Para onde queremos ir?!

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Para onde queremos ir?!
REDVET. Revista electrónica de Veterinaria. ISSN: 1695-7504
2009 Vol. 10, Nº 4
REDVET Rev. electrón. vet. http://www.veterinaria.org/revistas/redvet - http://revista.veterinaria.org
Vol. 10, Nº 4, Abril/2009 – http://www.veterinaria.org/revistas/redvet/n040409.html
A Educação Veterinária na Sociedade Global: Para onde
queremos ir?!
La Educación Veterinaria en la Societat Global: Hasta donde
queremos ir?!
The Veterinary Education in the Global Society: Were would we go?!
L´éducation Vétérinaire dans la Société Globale: On veut aller où?!
João Simões
Escola de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade
de Trás-os-Montes e Alto Douro, Vila Real, Portugal.
Emails: [email protected]; [email protected]
1- Introduçãoi: alguns factos
"Apsyrte, le plus renommé des hippiatres grecs, peut être, à
juste titre, appelé le père de la médicine vétérinaire. Avant lui, la
littérature vétérinaire n'avait, pour ainsi dire, acquis droit de cité que
dans les ouvrages des philosophes, des naturalistes, des agronomes,
dont elle était le complément nécessaire. Son traité vétérinaire, qui
n'existe plus, mais dont on retrouve probablement la plus grande
partie dans la collection des hippiatres grecs, peut donc être
considéré comme le premier en ce genre que nous ait transmis
l'antiquité. Il l'avait dédié à un médecin nommé Asclépiade, à qui il
s'adresse ainsi dans sa préface: 'Tu n'y trouveras pas une haute
éloquence, mais une éloquence suivant pas à pas la raison." (Moulé).
In: Neumann Louis Georges, Biographies vétérinaires, avec 42
portraits dessinés par l'auteur, Paris: Asselin et Houzeau, 1896
(Endereço
permanente:
http://www.bium.univparis5.fr/histmed/medica/cote?extalfo00016).
Apsirtos, nascido no século IV, é considerado o pai da Medicina
Veterinária no ocidente. Mas foi no ano de 1500, com os Reis
Católicos, a Rainha Isabel I de Castela e o Rei Fernando II de Aragão,
que ocorreu a reconhecimento da profissão Albeitar como “arte liberal
e científica” (Cordero del Campillo, 2005. Disponível em:
http://www.colvet.es/leon/Inauguracion/Conferencia%20.pdf).
O
termo Albeitar é de origem árabe e foi traduzido e usado em Portugal
como Alveitar. Mas somente em 1761 (no reinado de Luís XV) foi
criada a primeira Escola de Medicina Veterinária, em Lyon - França,
por Claude Bougerlat.
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O nosso símbolo (insígnia) consiste num cajado de pastor com
uma única serpente enrolada em 3 voltas, iniciando e acabando do
lado direito, símbolo de Esculápio, Deus Helénico da Medicina
(Cervera
Vila,
1953.
Disponível
em:
http://bvs.sld.cu/revistas/his/cua_87/cua0787.htm), ao qual se
agregou a letra V. Em 1902, o Departamento Médico do exército dos
USA (United States of America) adoptou o Caduceus como insígnia
estimulando um dualismo com a utilização dos 2 símbolos. No
entanto, a AVMA (American Veterinary Medical Association;
http://www.avma.org/) optou, em 1970, pela insígnia de Esculápio. A
NAVTA (National Association of Veterinary Technicians in America;
http://www.navta.net), associação representativa dos técnicos
veterinários nos USA desde 1981, usam a mesma insígnia, mas
associada neste caso ao T.
O Dia Mundial da Veterinária está estabelecido no último
Sábado do mês de Abril de cada ano. Este dia foi inicialmente
sugerido, em 2000, pela WVA (World Veterinary Association;
http://www.worldvet.org) tendo sido instaurado em 2008 em
concordância com a OIE (World Organisation for Animal Health;
http://www.oie.int/). Este ano será comemorado no dia 25 de Abril,
sob a temática “Os veterinários e os produtores pecuários, uma
parceria vencedora”, com algumas iniciativas específicas em diversos
países, um dos quais Espanha. No entanto, esta comemoração está
instituída a nível nacional em diferentes dias conforme os países. Por
exemplo, no Brasil, o Dia do Veterinário foi instituído, no dia 9 de
Setembro, através de decreto-lei (nº 23.133) em 1933! Em
Veterinaria.org, como sabemos, comemoramos o Dia Internacional do
Veterinário Ibero-Latinoamericano ou Dia da Veterinária na Internet a
3 de Maio.
O título com que é designado o Médico Veterinário (Veterinarian
em inglês americano e Veterinary Surgeon em inglês britânico) em
língua anglo-saxónica depende da região do globo. Nos USA, os
graduados denominam-se por DVM (Doctor of Veterinary Medicine)
ou, se graduado na Universidade da Pensilvânia por VMD
(Veterinariae Medicinae Doctoris). Na Grã-Bretanha, Irlanda, Nova
Zelândia e Austrália denominam-se por BVSc (Bachelor of Veterinary
Science) ou BVM&S (Bachelor of Veterinary Medicine and Surgery) de
modo a não serem confundidos com o título de Doutor (Dr. med. vet.
ou DVM, isto é, doutoramento) o qual é geralmente designado por
PhD ou Ph.D (e.g. Doctor of Philosophy: Doctorate). Já nos países
(europeus) aderentes ao tratado de Bolonha, incluindo como é óbvio
a EU (European Union), os graduados obtêm o título de Mestre
(Master; Mestrados integrados). Os restantes países mantêm o título
de licenciado em Medicina Veterinária.
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Na
Austrália
(Universidade
de
Sidney;
http://www.vetsci.usyd.edu.au) é também possível obter o grau de
BSc(Vet) [Bachelor of Science (Veterinary)], o qual consiste na
divergência curricular no 3º ou 4º ano do BVSc de modo a ingressar
numa carreira de investigação científica. É, ainda, possível após 4
anos específicos obter o grau de BAnVetBioSc (Bachelor of Animal
and Veterinary Bioscience) adaptado a um campo específico da
indústria dos animais de produção e da vida selvagem (Veterinary
Practitioners Board, 2007 nº 25).
2- O Acto Veterinário
A
FVE
(Federation
of
Veterinarians
of
Europe;
http://www.fve.org/) definiu, em 2008, no seu documento
FVE/08/doc/009 o acto veterinário como: a) todas as intervenções
materiais ou intelectuais que têm como objectivo diagnosticar, tratar
ou prevenir doenças físicas ou mentais, injúrias (traumatismos), dor
ou defeitos num animal, ou determinar o status de saúde e bemestar animal ou num grupo de animais, particularmente o seu estado
fisiológico, incluindo a prescrição de “medicinas veterinárias”; b)
todas as intervenções que causem ou tenham potencial de causar
dor; c) todas as intervenções invasivas; d) todas as intervenções
veterinárias, incluindo actividades da cadeia alimentar animal, ou de
produtos de origem animal, que afectem a saúde pública; e) a
certificação veterinária relativa ao mencionado nas alíneas anteriores.
De facto, esta definição parece-nos completa e adequada às
competências veterinárias. No entanto, deixa-nos algumas dúvidas
quanto à exclusividade de alguns dos seus actos. Actualmente, existe
na maioria dos países a nível mundial regimes jurídicos em que
outras profissões (incluindo os produtores pecuários) podem
contribuir, independentemente, para algumas destas tarefas.
Poderemos citar as profissões técnicas de produção animal,
zootecnia, agronomia, medicina humana, os farmacêuticos,
engenheiros de segurança alimentar, biólogos, economistas,
gestores, para não falar dos mais óbvios que são os para-veterinários
(enfermeiros e técnicos veterinários).
Em nossa opinião, esta definição deveria ser seguida de uma
regulamentação de actos específicos tendo em conta essa mesma
exclusividade ou não exclusividade. Existem sérios obstáculos a
serem ultrapassados. Falamos da competição intra- e interprofissional, da uniformização do ensino pré- e pós-graduado, da
competição entre académicos e mesmo entre estes e os profissionais
e da regulamentação nos diversos países, só para citar alguns
exemplos. Pode a profissão, e muito bem, formar competências
específicas para essas áreas e suas sub-áreas (já o afirmámos nesta
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revista em relação à zootecnia e mesmo à agronomia). Não poderá
(nem vejo como seria possível em ambiente de democracia), é
sujeitar outras profissões a desregulamentação sem contrapartidas.
Mesmo que a função veterinária fosse somente de supervisão (seria
sinónimo de limitação de independência a outras profissões), ela será
tanto menos eficaz quanto maior for o grau técnico-científico do
operador (profissional técnico).
Mas existe uma outra face da medalha! Com o objectivo de
inovação e competição saudável, foi fomentada a nível mundial a
investigação científica dos alunos de modo a que se possa mais
facilmente transmitir o carácter de investigação aplicada às
empresas. Ora, a investigação científica necessita bem mais de uma
regulação do ponto de vista ético, de bem-estar animal e suporte
financeiro do que regulamentação profissional. Também já o
dissemos nesta revista.
3- A demografia veterinária nos USA e na EU
De acordo com os dados actualizados em Janeiro de 2009, no
site da AVMA, existiam em final de 2008 nos USA, 90.644
veterinários, 43.287 dos quais homens e 42.690 mulheres. Já a FVE
representa aproximadamente 200.000 veterinários provenientes de
37 países (vide FVE/08/doc/009)!
Em 1998, a demografia veterinária estimava-se em 115.000
veterinários, na então Europa dos 15 (FVE/00/011final). Neste
relatório da FVE, estimava-se que a população veterinária poderia
duplicar em cerca de 10 anos (ver a figura 1). Em alguns países como
Portugal, é o que se tem vindo a verificar.
Figura 1: Estimativa do crescimento da população veterinária em 2010 nos estados
membros da União Europeia (FVE/00/011final).
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4- O Ensino Médico-Veterinário e a sua acreditação
Com a reestruturação dos cursos, implantando o processo de
Bolonha até 2010, e o já reconhecimento das qualificações
profissionais através da directiva 2005/36/EC pela EU e suportada
pela transferência de ECTS (European Credit Transfer and
Accumulation System), é possível incentivar a mobilidade estudantil
na Europa, de forma a incentivar o seu contacto com o mundo
empresarial e a obtenção do Mestrado Integrado em Medicina
Veterinária.
Estas
premissas
necessitam
(ou
pelo
menos
subentendem) da acreditação das instituições de ensino veterinário
de modo a possuírem os requisitos mínimos de qualidade educativa,
a qual é feita há já alguns anos. Na Europa, estão acreditadas pelo
Joint Education Committee da FVE e a EAEVE (European Association
of
the
Establishments
for
Veterinary
Education;
http://www.eaeve.org/) as escolas descriminadas na tabela 1.
Tabela 1: Escolas acreditadas junto da EAEVE/FVE (http://www.fve.org/education,
acedido em 29 de Março de 2009).
País
Austria
Belgium
Croatia
Czech Republic
Denmark
Finland
France
Germany
Greece
Hungary
Italy
Netherlands
Norway
Poland
Portugal
Romania
Slovenia
Spain
Escola / endereço electrónico
Veterinärmedizinische Universität Wien, http://www.vu-wien.ac.at/
University of Ghent Faculty of Veterinary Medicine, http://www.ugent.be/di/nl
University of Zagreb Faculty of Veterinary Medicine, http://www.vef.hr/
Veterinární a Farmaceutická Universita, http://www.vfu.cz/
Royal Veterinary and Agricultural University, http://www.kvl.dk/
University of Helsinki Faculty of Veterinary Medicine, http://www.vetmed.helsinki.fi/
École Nationale Vétérinaire d'Alfort (ENVA),
École Nationale Vétérinaire de Lyon (ENVL), http://www.vet-lyon.fr/
École Nationale Vétérinaire de Nantes (ENVN), http://www.vet-nantes.fr/
École Nationale Vétérinaire de Toulouse (ENVT), http://www.envt.fr/
Veterinärmedizinische Fakultät der Freien Universität Berlin, http://www.fu-berlin.de/
Fachbereich Veterinärmedizin der Universität Giessen, http://www.uni-giessen.de/
Veterinärmedizinische Fakultät der Universität Leipzig, http://www.uni-leipzig.de/
Tierärztliche Fakultät der Ludwig-Maximilians Universität München, http://www.vetmed.unimuenchen.de/
Aristoteles University – Thessaloniki, http://www.auth.gr/vet
University College Dublin Faculty of Veterinary Medicine, http://www.ucd.ie/
Facoltà di Medicina Veterinaria, http://www.uniba.it/
Università di Bologna Facoltà di Medicina Veterinaria, http://www.vet.unibo.it/
Università di Perugia Facoltà di Medicina Veterinaria, http://www.unipg.it/~facvet
Università di Torino Facoltà di Medicina Veterinaria, http://www.veter.unito.it/
Universiteit Utrecht Faculty of Veterinary Medicine, http://www.vet.uu.nl/
Norwegian College of Veterinary Medicine, www.veths.no
Akademia Rolnicza w Lublinie,
Uniwersytet Warmiñsko-Mazurski w Olsztynie - Wydzia³ Medycyny Weterynaryjnej,
http://www.uwm.edu.pl/wmw/
SGGW
Warsaw
Agricultural
University
Faculty
of
Veterinary
Medicine,
http://www.sggw.waw.pl/info/wet/index.html
Akademia
Rolnicza
we
Wrocawiu
Wydzia
Medycyny
Weterynaryjnej,
http://www.sggw.waw.pl/info/wet/index.html
Universidade Técnica de Lisboa - Faculdade de Medicina Veterinária, http://www.fmv.utl.pt/
University of Agricultural Sciences and Veterinary Medicine Bucharest, http://www.fmvb.ro/
Faculty of Veterinary Medicine, Cluj-Napoca
University of Ljubljana, http://www.vf.uni-lj.si/
Universitat Autònoma de Barcelona Facultat de Veterinària, http://www.uab.es/fac-veterinaria
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Sweden
Switzerland
Turkey
United Kingdom
Universidad de Murcia Facultad de Veterinaria, http://www.um.es/veterina/
Universidad Complutense de Madrid, Facultad de Veterinaria, http://www.ucm.es/info/webvet
Universidade de Santiago de Compostela - Licenciado en Veterinaria (LUGO),
http://www.facveterinarialugo.org/
University of Agricultural Sciences Faculty of Veterinary Medicine, http://www.slu.se/
Vetsuisse Fakultät, http://www.vetsuisse.ch/
Ankara University Faculty of Veterinary Medicine, www.veterinary.ankara.edu.tr
University of Bristol, http://www.bris.ac.uk/Depts/VetSci/lang.htm
University of Cambridge Veterinary School, http://www.vet.cam.ac.uk/
University of Edinburgh Royal (Dick) School of Veterinary Studies, http://www.vet.ed.ac.uk/
University of Glasgow Faculty of Veterinary Medicine, http://www.gla.ac.uk/faculties/vet/
University of Liverpool Faculty of Veterinary Science, http://www.liverpool.ac.uk/vets/
Royal Veterinary College, http://www.rvc.ac.uk/
Em França, as escolas de Medicina Veterinária apresentam
exigências invulgares na formação dos seus alunos (Alfort, Lyon,
Nantes e Toulouse), mesmo que adaptadas à declaração de Bolonha.
A partir de Setembro de 2005, foi gradualmente introduzido um novo
currículo nestas escolas que obriga a uma preparação de 2 anos às
candidaturas. É fornecida, seguidamente, uma formação base de 4
anos com a obtenção do denominado “Diplôme d'études
fondamentales de vétérinaire” e que equivale ao grau de mestre.
Adicionalmente, o estudante terá mais um ano de consolidação,
onde poderá associar-se a uma clínica/hospital veterinário,
complementar a sua formação na Universidade ou em saúde pública
na Ecole Nationale des Services Vétérinaires, onde prepara a sua tese
de exercício veterinário para a obtenção do diploma de Médico
Veterinário (Docteur Vétérinaire). O aluno pode, também, seguir uma
formação específica de investigação científica após a validação dos 3
primeiros
anos
base,
e
após
aceder
ao
2º
ano
de
Mestrado/investigação, preparar a sua tese de doutoramento (figura
2).
A primeira virtude deste modelo consiste na fase de preparação
aos concursos em que os eventuais futuros Médicos Veterinários têm
a possibilidade de realmente confirmar a sua aptidão para tão nobre
e responsável profissão. O seu tronco comum, associado à
possibilidade de escolha de áreas distintas a partir do final do 3º ano
(ingresso em investigação para doutoramento), a possibilidade de
estagiar e se formar em várias áreas opcionais do tecido produtivo ou
ainda a realização de um ano de trabalho específico em escola de
saúde pública (não devemos esquecer que a França tem tradições
nos países do Magrebe) são outra estruturação sinérgica. A esta
organização, é ainda associada a capacidade de realizar de modo
facultativo, especialidades veterinárias.
A Universidade de Sidney, como vimos anteriormente, optou
por uma solução mista, consoante as intenções dos seus estudantes e
as necessidades do mercado laboral.
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Figura 2: Formação em Medicina veterinária (Mestrado e Doutoramento) em França.
Acedido em: http://www.vet-nantes.fr/formaini/html/accueil_fi.htm, Março de 2009,
onde poderá obter informações mais pormenorizadas (Ecole Nationale Vétérinaire de
Nantes).
Na Europa, mesmo que haja correntes de pensamento para se
alterar, no futuro, o mestrado integrado em Medicina Veterinária, por
2 ciclos: um ciclo básico de 3 anos (com estudos básicos em ciências
veterinárias) e outro de 2 + 1 ano (conducente ao grau de Mestre Médico Veterinário) revela-se esta solução pouco eficaz, em nossa
opinião, na formação de profissionais de vários ramos, mesmo que
sob o tecto da Veterinária em sentido amplo. De facto, o diploma de
licenciado no primeiro ciclo, tronco comum, teria de dar lugar a
actividades profissionais no âmbito da medicina veterinária, cujo
centro seria essencialmente tecnológico. No entanto, a formação
básica recebida seria idêntica ao do futuro médico veterinário (da
qual não necessitariam) e não lhe seriam dadas competências nas
áreas em questão (ou teriam de as adquirir posteriormente!). Basta
olharmos para o que ocorre em Medicina Humana com uma enorme
quantidade de cursos de formação técnica, em direcção às diferentes
tecnologias da saúde!
Do outro lado do atlântico, nos USA, também sopram ventos de
mudança. À tradicional acreditação das escolas e colégios veterinários
pela AVMA (tabela 2), vão surgindo outras intenções motivadas pela
noção de globalização.
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Tabela 2: Acreditação provisória, limitada ou total das escolas e colégios veterinários
nos USA, Canadá, Austrália, Nova Zelândia e Europa pela AVMA
(http://www.avma.org/ ).
Pais
Estado / Cidade
Alabama
California
USA
Canada
Australia
New Zealand
England
Scotland
Ireland
The Netherlands
Colorado
Florida
Georgia
Illinois
Indiana
Iowa
Kansas
Louisiana
Massachusetts
Michigan
Minnesota
Mississippi
Missouri
New York
North Carolina
Ohio
Oklahoma
Oregon
Pennsylvania
Tennessee
Texas
Virginia - Maryland
Washington
Wisconsin
Calgary, Alberta
Ontario
Prince Edward Island
Quebec
Saskatchewan
Murdoch
Melbourne,
Sydney
Palmerston North
London
Glasgow
Edinburgh
Dublin
Utrecht
Universidade / endereço electrónico
Auburn University, http://www.vetmed.auburn.edu
Tuskegee Universit, http://tuskegee.edu
University of California; http://www.vetmed.ucdavis.edu
Western University of Health Sciences, http://www.westernu.edu/cvm.html
Colorado State University, http://www.cvmbs.colostate.edu
University of Florida, http://www.vetmed.ufl.edu
University of Georgia, http://www.vet.uga.edu
University of Illinois, http://www.cvm.uiuc.edu
Purdue University; http://www.vet.purdue.edu
Iowa State University; http://www.vetmed.iastate.edu
Kansas State University, http://www.vet.ksu.edu
Louisiana State University; http://www.vetmed.lsu.edu
Tufts University, http://www.tufts.edu/vet
Michigan State University, http://cvm.msu.edu
The University of Minnesota, http://www.cvm.umn.edu
Mississippi State University, http://www.cvm.msstate.edu
University of Missouri-Columbia, http://www.cvm.missouri.edu
Cornell University, http://www.vet.cornell.edu
North Carolina State University, http://www.cvm.ncsu.edu/
The Ohio State University, http://www.vet.ohio-state.edu
Oklahoma State University, http://www.cvm.okstate.edu
Oregon State University, http://www.vet.orst.edu
University of Pennsylvania, http://www.vet.upenn.edu
University of Tennessee, http://www.vet.utk.edu
Texas A&M University, http://www.cvm.tamu.edu
Virginia Tech, http://www.vetmed.vt.edu
Washington State University, http://www.vetmed.wsu.edu
University of Wisconsin-Madison, http://www.vetmed.wisc.edu
University of Calgary, http://www.vet.ucalgary.ca
University of Guelph, http://www.ovc.uoguelph.ca/
University of Prince Edward Island, http://www.upei.ca/~avc
Université de Montréal, www.medvet.umontreal.ca
University of Saskatchewan, http://www.usask.ca/wcvm
Murdoch University, http://wwwvet.murdoch.edu.au
The University of Melbourne, http://www.vet.unimelb.edu.au
The University of Sydney, http://www.vetsci.usyd.edu.au/
Massey University College of Sciences, http://ivabs.massey.ac.nz
University of London, http://www.rvc.ac.uk
University of Glasgow, http://www.gla.ac.uk/faculties/vet
The University of Edinburgh, http://www.vet.ed.ac.uk
University College Dublin, http://www.ucd.ie/agfoodvet
State University of Utrecht, http://www.vet.uu.nl
5- As especialidades Médico-Veterinárias
O EBVS (European Board of Veterinary Specialisation;
http://www.ebvs.org/) foi criado em 1990 e tem como missão a
gestão das especialidades. Em finais de 2008, estavam representadas
23 especialidades (tabela 3), existindo até ao momento 2028
especialistas reconhecidos pelo EBVS, cuja informação pode ser
publicamente acedida na sua base de dados.
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Tabela 3: Colégios europeus de especialidades veterinárias (http://www.ebvs.org/).
Acrónimo
ECAMS
ECAR
ECBHM
ECEIM
ECLAM
ECPHM
ECPVS
ECSRHM
ECVAA
ECVBM-CA
ECVCN
ECVCP
ECVD
ECVDI
ECVIM-CA
ECVN
ECVO
ECVP
ECVPH
ECVPT
ECVS
EVDC
EVPC
Nome completo
European College of Avian Medicine and Surgery
European College of Animal Reproduction
European College of Bovine Health Management
European College of Equine Internal Medicine
European College of Laboratory Animal Medicine
European College of Porcine Health Management
European College of Poultry Veterinary Science
European College of Small Ruminant Health Management
European College of Veterinary Anaesthesia and Analgesia
European College of Veterinary Behavioural Medicine Companion Animals
European College of Veterinary Comparative Nutrition
European College of Veterinary Clinical Pathology
European College of Veterinary Dermatology
European College of Veterinary Diagnostic Imaging
European College of Veterinary Internal Medicine –
Companion Animals
European College of Veterinary Neurology
European College of Veterinary Ophthalmology
European College of Veterinary Pathology
European College of Veterinary Public Health
European College of Veterinary Pharmacology and Toxicology
European College of Veterinary Surgery
European Veterinary Dentistry College
European Veterinary Parasitology College
Reconhecimento Reconhecimento
provisório
definitivo
1993
2005
1998
2004
2003
Por receber
2002
Por receber
2000
2008
2004
Por receber
2008
Por receber
2008
Por receber
1994
2003
2002
Por receber
1999
2002
1992
1994
Por receber
2007
2006
2002
1994
2002
1993
1992
1995
2000
1997
1991
1998
2003
2002
2003
2007
Por receber
Por receber
2000
Por receber
Por receber
Nos USA, estão reconhecidas pela AVMA, 21 especialidades
(RVSO - Recognized Veterinary Specialty Organizations), algumas
das quais com sub-especialidades. Em Dezembro de 2008 estavam
reconhecidos 9305 especialistas, embora alguns deles com mais de
uma especialidade ou sub-especialidade (http://www.avma.org).
Tabela
4:
Colégios
(http://www.avma.org).
Norte-americanos
de
especialidades
Organizações de Especialidades
American Board of Veterinary Practitioners (ABVP)
Avian
Beef Cattle
Canine & Feline
Dairy
Equine
Feline
Food Animal
Swine Health Management
American Board of Veterinary Toxicology (ABVT)
American College of Laboratory Animal Medicine (ACLAM)
American College of Poultry Veterinarians (ACPV)
American College of Theriogenologists (ACT)
American College of Veterinary Anesthesiologists (ACVA)
American College of Veterinary Behaviorists (ACVB)
American College of Veterinary Clinical Pharmacology (ACVCP)
American College of Veterinary Dermatology (ACVD)
American College of Veterinary Emergency & Critical Care (ACVECC)
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veterinárias
Nº de Diplomados*
831
129
13
453
36
80
77
21
22
94
718
270
342
170
45
48
187
263
9
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American College of Veterinary Internal Medicine (ACVIM)
Cardiology
Small Animal Internal Medicine
Large Animal Internal Medicine
Neurology
Oncology
American College of Veterinary Microbiologists (ACVM)
Bacteriology/Mycology
Immunology
Microbiology
Virology
American College of Veterinary Nutrition (ACVN)
American College of Veterinary Ophthalmologists (ACVO)
American College of Veterinary Pathologists (ACVP)
Anatomic Pathology
Clinical Pathology
American College of Veterinary Preventive Medicine (ACVPM)
Epidemiology
American College of Veterinary Radiology (ACVR)
Radiation Oncology
American College of Veterinary Surgeons (ACVS)
Small Animal
Large Animal
American College of Zoological Medicine (ACZM)
American Veterinary Dental College (AVDC)
* Um Veterinário pode ter mais que uma (sub-)especialidade em alguns casos.
1894
164
969
449
161
224
163
35
46
63
59
53
319
1524
1,275
284
607
60
338
68
1228
208
120
112
99
6- O conceito de Saúde à escala global
A Universidade de Wisconsin–Madison (http://www.wisc.edu/),
está empenhada num projecto a que chamou de Centro Global para a
Saúde (Center for Global Health). Vai, lentamente, estabelecendo
protocolos com numerosas universidades de todo o mundo,
muitas das quais em países em via de desenvolvimento. De
facto, assente num campus com numerosas valências da área da
saúde: 2.200 faculdades com 41.000 estudantes. Estão nele incluídas
escolas de Medicina e Saúde pública, Enfermagem, Farmácia e
Medicina Veterinária (Haq et al., Acad Med. 2008; 83:148 – 153.
Disponível
em:
http://pdfs.journals.lww.com/academicmedicine/2008/02000/7.pdf).
Sem qualquer sombra de dúvida, este novo paradigma de
saúde mundial, ainda recentemente justificado pelo surgimento de
epidemias (febre aftosa, febre catarral dos ovinos) e ameaças de
gripe aviária (vírus Influenza, H5N1), a isso levará. Os avanços
verificados nas plataformas das tecnologias de informação e a
necessidade de criar repositórios digitais científicos, de livre
acesso, não só em forma de texto mas multimédia, acelerada
pela ameaça que foi (e é) a crise financeira e económica
mundial, a escassez de recursos energéticos e alterações
climáticas estão a conduzir a formas totalmente inovadoras de
sistemas de sustentabilidade mundial.
A Educação Veterinária na Sociedade Global: Para onde queremos ir?!
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REDVET. Revista electrónica de Veterinaria. ISSN: 1695-7504
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Mas, no entanto, o próprio estudo e investigação nas
escolas locais em colaboração com esta rede mundial são
garantia de melhor benefício para as populações locais.
Não indiferente a isto, terá a acreditação veterinária de se
tornar global, aliás como na tabela 2 se começa a evidenciar. Bastaria
juntar o reconhecimento mútuo entre especialistas das tabelas 1 e 2
(…) para aprofundar o fosso entre os que podem e os que se
sujeitam, se em rigor estes últimos não forem respeitados como
parceiros ou intervenientes a vários níveis!
Mas o poderio Asiático, representado em primeira instância pela
China e pela Índia, regiões em vive parte significativa da população
mundial num mundo com cada vez menos recursos não renováveis, e
que cada vez mais vai tendo acesso às novas tecnologias, serão
travão ou serão alavanca?
Os países, ainda (!), em vias de desenvolvimento
(falamos dos continentes Americano, Africano e Asiático;
embora hajam ilhas, nos restantes…) terão de ter uma
participação activa no decurso desta evolução, criando eles
mesmos mecanismos próprios que se inter-relacionem com o
que ocorre na EU e USA, mas de modo a garantir a sua autodeterminação, embora não fugindo às suas responsabilidades
inter- e transnacionais.
Esta será a forma mais equilibrada de encontrar uma aldeia
global sustentável e regida pelo espírito da carta das Nações
Unidas.
A par destas mudanças, com o desenvolvimento científico nas
diversas áreas da veterinária foram surgindo, além dos colégios de
especialidades veterinárias, diferentes profissões relacionadas com a
veterinária a que de grosso modo poderíamos denominar os seus
técnicos de para-profissionais veterinários.
7- Os Técnicos Veterinários e Enfermeiros Veterinários: Paraprofissionais Veterinários ou Técnicos profissionais de saúde?
Relativamente
aos
técnicos
veterinários
directamente
envolvidos nas actividades da esfera veterinária, o OIE Terrestrial
Animal Health Code 2008 define, para propósitos do próprio código,
como para-profissional veterinário: a pessoa autorizada por uma
comissão veterinária autónoma (reguladora dos veterinários e paraprofissionais
veterinários)
para
exercer
tarefas
específicas,
dependentes da categoria (formação? diploma?) do veterinário paraprofissional em cada país e por delegação, sob a responsabilidade de
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REDVET. Revista electrónica de Veterinaria. ISSN: 1695-7504
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um
veterinário.
Estas
tarefas
específicas
são
designadas
dependentemente da qualificação e treino dos veterinários paraprofissionais e de acordo com as necessidades (espectáveis).
Relativamente aos enfermeiros e técnicos veterinários (serão,
pelo menos em parte, para-profissionais veterinários) existe na
Europa uma heterogeneidade de formação e reconhecimento
profissional. De facto, cada país da UE tem o seu modo de treinar
estes profissionais, com mais teoria ou mais prática de acordo com
cada caso. Em muito deles, não existe sequer regulamentação sobre
esta profissão. Existem variados programas de formação, cuja
frequência pode ser feita em escolas de formação e/ou instituições
públicas ou privadas, incluindo universidades, ou em clínicas
veterinárias. Alguns podem ser feitos em tempo parcial, outros por
formação à distância, com formações de diversa duração que podem
ir até aos 3 anos e conceder licenciatura como é o caso de Portugal.
Neste país, os cursos de Enfermagem Veterinária e de
Tecnologia Veterinária foram criados, ainda no início desta década e
são ministrados por algumas instituições de ensino superior:
Institutos Politécnicos. Têm uma duração de 3 anos e conferem o
grau de Licenciado. Existem, no entanto, pequenos cursos práticos de
auxiliares de consultório e outros, geralmente com uma duração de
alguns dias e leccionados por uma ou outra Associação Veterinária ou
instituição pública.
A natureza histórica, das funções de técnico auxiliar às
actividades médico-veterinárias de um e do outro lado do oceano
atlântico conduziram estes técnicos/enfermeiros a uma realidade
diferente do que ocorre com os profissionais homólogos de Medicina
Humana. Aliás, é comum designarmos na Europa estes técnicos como
Enfermeiros
Veterinários
(Veterinary
Nurses;
http://www.bvna.org.uk/),
enquanto
nos
USA
encontramos
referências a Técnicos Veterinários (NAVTA), o que demonstra certa
confusão.
De facto, enquanto o termo enfermagem denota os cuidados a
prestar aos animais, já o termo técnico é mais abrangente, de tal
forma que a NAVTA tem reconhecidas várias especialidades dos
técnicos veterinários: The Academy of Veterinary Dental Technicians;
Academy of Veterinary Technician Anesthetists; Academy of Internal
Medicine for Veterinary Technicians; Academy of Veterinary
Emergency and Critical Care Technicians; e a Academy of Veterinary
Behavior Technicians.
1965
Na Europa, mais precisamente no Reino Unido, foi criada em
a
BVNA
(British
Veterinary
Nursing
Association;
A Educação Veterinária na Sociedade Global: Para onde queremos ir?!
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REDVET. Revista electrónica de Veterinaria. ISSN: 1695-7504
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http://www.bvna.org.uk) para defender os interesses da profissão
naquele país. No entanto, é o RCVS (Royal College of Veterinary
Surgeons) que valida os diplomas após exame de avaliação dos
cursos de formação cujas instruções são fornecidas pela BVNA, para
exercício da profissão.
Nos USA, é a AVMA que tem este papel regulador na
acreditação dos cursos de formação, através do CVTEA (Committee
on Veterinary Technician Education and Activities), onde se pode
encontrar a listagem dos programas Norte-americanos acreditados.
A VETNNET (Veterinary European Transnational Network for
Nursing Education and Training; http://www.vetnnet.com/), apoiada
principalmente no programa Leonardo da Vinci, está empenhada em
fomentar uma homogeneização dos enfermeiros veterinários na
Europa, através da colaboração, desde 2005, da AVTE (Association of
Veterinary Technician Educators; http://www.avte.net). Por este
motivo, à semelhança do que ocorre com a Medicina Veterinária, a
VETNNET propõe uma acreditação pan-europeia para os enfermeiros
veterinários através da ACOVENE (Accreditation Committee for
Veterinary
Nurse
Education;
http://www.acovene.com).
Foi
acreditado o primeiro programa de formação em 2007, estando
actualmente dois totalmente aprovados: o Warwickshire College (UK)
e o Groenhorst College Barneveld (Netherlands). Outros 7 países
europeus têm programas com uma acreditação provisória. O sistema
de acreditação desta fundação é também apoiada pela FVE, UEVP
(Union of Veterinary Practitioners; secção da FVE) e FECAVA
(Federation of European Companion Animal Veterinary Associations).
8- Conclusões
Como verificámos ao longo deste texto, existe uma
heterogeneidade técnico-científica, administrativa e regulamentar na
área da Medicina Veterinária, a qual é devida em parte à sua grande
abrangência e às diferenças, algumas históricas, entre países ou
regiões do mundo. Muito tem sido realizado nos últimos anos,
principalmente nos USA e na Europa de modo a surgir uma
convergência para a aldeia global. No entanto, existem aspectos
regulamentares profissionais relevantes de interface com outras
profissões que exigem rigor e respeito mútuo.
Da mesma forma, os países em desenvolvimento necessitam de
uma política pró-activa, convergente com a dos países ditos
desenvolvidos. Existem enormes capacidades técnicas e científicas na
América Latina e Central, muitas das quais reflectidas nesta revista.
Tem a organização Veterinaria.org tentado cooptar vontades de
diferentes países. Não existe nenhuma razão plausível para que todos
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os envolvidos neste projecto (ou noutros) não possam convergir,
como um todo, para esta nova sustentabilidade. Os modelos
económicos passados, enquanto tal, claramente deixaram de se
mostrar funcionais. Devemos isso às gerações vindouras.
i
Este ano pretendemos dedicar a nossa contribuição para o Dia Internacional
do Veterinário Ibero-americano à produção pecuária, não somente porque esse
é o tema das comemorações do Dia Mundial da Veterinária, mas porque nos
queremos solidarizar com os tempos difíceis que se estão a passar na
Península Ibérica e em muitos outros países. Em Portugal, verificamos que,
pela primeira vez (pelo menos em 16 anos da nossa actividade veterinária), o
valor do alimento concentrado (0,27 € / Kg de ração) já é superior ao valor do
leite (0,25 € / Litro de leite) em muitas explorações de bovinos leiteiros. No
caso dos cunicultores, as perdas económicas líquidas anuais já têm, em
algumas situações, mais de 2 anos consecutivos!
Mas os momentos de crise, servem também para estimular a mudança
de hábitos enraizados já (sempre?) desadequados e lembrar aqueles que
marcam a formação dos seus alunos, não somente pelo seu profissionalismo,
mas pela sua forma de estar na vida. Refiro aqui, dois dos nossos professores:
o Prof. J. Alberto Montoya, Catedrático de Medicina animal da Facultade de
Veterinária da Universidade de Las Palmas de Gran Canaria e o Prof. Nuno
Moreira, Catedrático de formação agronómica na UTAD. À Honestidade não
chamavam Ingenuidade e à Lealdade não confundiam com Subserviência.
Permitam os tempos a conservação e multiplicação deste tipo de espírito.
Pois o alento no futuro, esse poderemos (nós produtores, veterinários,
professores e todos os restantes profissionais) encontrá-lo nas crianças, que
como o meu filho de 5 anos de idade e os de outros paroquianos, nos
impressionam quando entoam canções diversas (de espírito missionário e
Franciscano?), das quais destacamos a letra principal de uma delas: “Esta luz
pequenina, vou deixá-la brilhar; Por onde quer que eu vá, vou deixá-la brilhar”.
REDVET: 2009 Vol. 10, Nº 4
Recibido 02.04.09 - Aceptado 10.04.09 Ref. def. 040404REDVET Publicado: 14.04.09
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concretamente en http://www.veterinaria.org/revistas/redvet/n040409/040904.pdf
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