estudo de impacto ambiental

Transcrição

estudo de impacto ambiental
ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL
COMPLEXO EÓLICO CRISTAL
RELATÓRIO 02
TOMO I
DIAGNÓSTICO AMBIENTAL
TOMO I
MEIO FÍSICO
MEIO BIÓTICO
JUNHO/2011
SALVADOR/BA
Av. Santa Luzia 1136, Ed. Horto Empresarial Sala 506
Salvador - BA- CEP 40.295-050 - Tel.: 55 (71) 3357-3979
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1
V&S Ambiental, 2010 – Estudo de Impacto Ambiental (Relatório 02)
Complexo eólico Cristal / V&S Ambiental;
Coordenação Geral: Maria Bernadete Sande Vieira.
Chapada Diamantina/ BA.
V&S Ambiental, 2011
117p.; 23,5 cm
1. Estudo de Impacto Ambiental 2. Complexo Eólico Cristal 3. Energias Renováveis
4. V&S Ambiental. 5. Chapada Diamantina
Copyright © 2010 V&S Ambiental Ltda.
Todos os direitos desta edição reservados à V&S Ambiental Ltda.
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2
EQUIPE TÉCNICA
Coordenação
Geral
Meio Físico
Profissional
Maria Bernadete Sande Vieira
Eng. Civil e Sanitarista
CREA:8916-D
Assinatura
Isaac Góes de Queiroz
Geólogo, M.Sc.
CREA: 24.450-D
Fabiano Carvalho Melo
Eng. Sanitarista e Ambiental
CREA: 58.980
Meio Biótico Terrestre
Ivomar Carvalhal Britto
Biólogo MSc
CRBio: 0110/D5
Leida Baracat de Oliveira
Bióloga Especialista em Ecologia e Turismo e
em Educação Ambiental para a
Sustentabilidade
CRBio: 19.624/D5
Meio Biótico
Fitossociologia
Marta Fagundes Neves
Bióloga
CRBIO: 11.610-D5
Rogério Moreira Cerqueira
Biólogo Especialista em Gerenciamento
Ambiental
CRBio: 67.080/05-D
Bioespeleologia
Espeleologia e
Arqueologia
Edilson Pires de Gouvêa
Biólogo - CRBio: 11619/5-D
Bioespeleólogo
Doutor em Ciências, Zoológo
Elvis Pereira Barbosa
Licenciatura em História
Mestre em arqueologia
Doutorando de Ciências Sociais.
3
Meio Socioeconômico
Mônica Santos
Assistente Social
CRESS/BA: 03452
Cristina Pharaó
Assistente Social
CRESS/BA: 03979
Arqueologia
Fábio Origuela de Lira
Arqueólogo
Iberê Fernando de Oliveira Martins
Historiador e Arqueólogo
Adriana Meinking Guimarães
Turismóloga e Arqueóloga
Diagramação e
Formatação
Alexandre Filgueiras Mota
Acadêmico de Comunicação Social,
Publicidade e Propaganda
4
APRESENTAÇÃO
Atendendo ao estabelecido no Termo de Referência para Estudo de Impacto Ambiental para
UsinasEólicas,comvistasaimplantaçãodeComplexoEólicoCristallocalizadonosmunicípiosde
MorrodeChapéu,BonitoeCafarnaum,oPARQUEEÓLICOCRISTALLTDA.,apresentaoSegundo
Relatório do EIA (volume 2), referente à Etapa II do supracitado TDR, estudos estes que irão
subsidiar o processo de Licenciamento Ambiental junto ao Instituto de Meio Ambiente do
EstadodaBahia–IMA,deacordocomoProcessoNo.n°2009Ͳ000250/TEC/LLͲ0007.
O Relatório de Diagnóstico Ambiental foi elaborado em conformidade com o Termo de
ReferênciaemitidopeloIMA.Estesestudosdediagnósticoirãoservirdesubsídiosàavaliaçãoe
mitigaçãodosimpactosnosmeiosfísico,bióticoesocioeconômico,bemcomoaproposiçãode
programasdecontroleambiental.
Obedecendo a sequência apresentada no TDR este relatório se inicia pelo capítulo 5,
contemplando os estudos do Meio Físico e Biótio (TOMO I) e Meio Socioeconômico,
Caracterização das Unidades de Conservação e Areas de Preservação Permanente e a Análise
Integrada (TOMO II), que representa uma síntese da caracterização da área de influência do
empreendimentoconsiderandoasinterͲrelaçõesdosmeiosfísico,bióticoesocioeconômico.
Antesdaapresentaçãodecadacapítuloestátranscritoanumeraçãodoitemeaespecificação
correspondenteaotemaabordadoconformeoTermodeReferência.
A Caracterização do Empreendimento, Alternativas Locacionais e Delimitação das Áreas de
Influênciaforamapresentadosrespectivamentenoscapítulos2,3e4doVolumeIdesteestudo,
sendoestedocumentoͲVolumeII–TomoI,complementaraoanterior.
5
LISTA DE SIGLAS E TERMOS
ACAR
ADA
AGROBON
Associação Comunitária de Arizona
Área Diretamente Afetada
Associação dos Produtores Orgânicos de Hortifrutigranjeiros, Cafés e Flores de
Bonito
AID
Área de Influência Direta
AII
Área de Influência Indireta
ASPAB
Associação dos Pequenos Agropecuaristas do Município de Bonito
CAS
Circunferência à altura do solo
COOPERRECICLE Cooperativa de Reciclagem da Chapada Diamantina da Bahia
COOTEBA
Cooperativa de Trabalho do Estado da Bahia
CR
Campo Rupestre
DAS
Diâmetro à altura do solo
GAB
Grupo Ambientalista de Bonito
IDH
Índice de Desenvolvimento Humano
IDH-M
Índice de Desenvolvimento Humano Municipal
INE
Índice do Nível de Educação
INF
Índice de Infraestrutura
INS
Índice do Nível de Saúde
IPM
Índice do Produto Municipal
IQA
Índice de Qualidade das Águas
IQM
Índice de Qualificação da Mão-de-obra
IRMCH
Índice da Renda Média dos Chefes de Família
ISB
Índice dos Serviços Básicos
IUCN
União Internacional para a conservação da natureza
IVC
Índice de valor de cobertura
IVI
Índice de valor de importância
MMA
Ministério do Meio Ambiente
OMM
Organização Meteorológica Mundial
PNUD
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
SEI
Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia
SEPLAN
Secretaria Estadual do Planejamento
UCs
Unidades de Conservação
VCAS
Vórtices Ciclônicos de Ar Superior
ZCAS
Zona de Convergência do Atlântico Sul
6
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
15
5 DIAGNÓSTICO AMBIENTAL
5.1 Meio Físico
5.1.1 Características Climáticas
5.1.1.1 Classificação Climática
5.1.1.2 Variáveis Climáticas
5.1.1.2.1 Temperatura
5.1.1.2.2 Umidade Relativa do Ar
5.1.1.2.3 Insolação
5.1.1.2.4 Evaporação Total
5.1.1.2.5 Precipitação
5.1.1.2.6 Ventos
5.1.1.3 Balanço Hídrico
5.1.1.4 Conclusões
5.1.1.5 5.1.2 Geomorfologia
5.1.2 Geomorfologia
5.1.2.1 Planalto da Chapada Diamantina – Chapadas de Morro do Chapéu
5.1.2.2 Encosta Ocidental
5.1.2.3 Reversos do Planalto da Chapada Diamantina – Baixada do rio Jacaré
5.1.3 Geologia/Geotecnia
5.1.3.1 Supergrupo Espinhaço
5.1.3.2 Supergrupo São Francisco - Grupo Una
5.1.3.3 Formações Superficiais
5.1.3.4 Geologia e Condições Geotécnicas locais
5.1.3.5 Recursos Minerais
5.1.3.6 Situação dos Direitos Minerários
5.1.4 Pedologia
5.1.4.1 Caracterização das Unidades Pedológicas
5.1.4.2 Unidades de mapeamento
5.1.4.3 Aptidão Agrícola dos Solos
5.1.5 Recursos Hídricos
5.1.5.1 Hidrologia
5.1.5.1.1 Caracterização da Bacia e dos Mananciais Hídricos Superficiais
5.1.5.1.2 Nascentes e Surgências
5.1.5.1.3 Dados Hidrológicos Disponíveis
5.1.5.1.4 Caracterização das Vazões na Bacia do Rio Jacaré
5.1.5.1.5 Usos Atuais das Águas Superficiais
5.1.5.1.6 Hietogramas de Projeto
5.1.5.2 Geoquímica
5.1.5.3 Qualidade das Águas
5.1.5.4 Hidrogeologia
5.1.5.4 Hidrogeologia
5.1.5.4.1 Sistemas Aquíferos
5.1.5.4.2 Uso das Águas Subterrâneas
5.1.5.4.3 Interrelação entre águas subterrâneas e superficiais
5.2 Meio Biótico
5.2.1 Ecossistemas Terrestres
5.2.1.1 Vegetação
5.2.1.2 Macrofauna
5.2.2 Ecossistema Aquático
5.2.3 Ecossistema Transição
16
17
17
17
21
23
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37
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48
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100
100
116
116
116
119
121
123
135
135
170
217
217
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
218
7
RELAÇÃO DE ANEXOS
ANEXO V
ANEXO VI
ANEXO VII
ANEXO VIII
ANEXO XI
ANEXO X
ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
246
260
261
ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
263
8
RELAÇÃO DE QUADROS
QUADRO 5.1.1 – CLASSIFICAÇÃO CLIMÁTICA DE THORNTHWAITE DO COMPLEXO EÓLICO CRISTAL
20
QUADRO 5.1.2 - RELAÇÃO DAS ESTAÇÕES METEOROLÓGICAS DA REGIÃO
21
O
QUADRO 5.1.3 – TEMPERATURA MÉDIA COMPENSADA ( C)
23
O
QUADRO 5.1.4 – TEMPERATURA MÉDIA MÁXIMA ( C)
24
QUADRO 5.1.5 – TEMPERATURA MÉDIA MÍNIMA
25
QUADRO 5.1.6 – UMIDADE RELATIVA DO AR COMPENSADA (%)
25
QUADRO 5.1.7 – INSOLAÇÃO (HORAS/MÊS)
26
QUADRO 5.1.8 – EVAPORAÇÃO TOTAL (MM) – EVAPORÍMETRO DE PICHE
27
QUADRO 5.1.9 – PRECIPITAÇÃO ACUMULADA (MM)
28
QUADRO 5.1.10 – INTENSIDADE DOS VENTOS (M/S)
29
QUADRO 5.1.11 – DIREÇÃO PREDOMINANTE DOS VENTOS
30
QUADRO 5.1.12 – BALANÇO HÍDRICO CLIMATOLÓGICO PARA A ÁREA DO COMPLEXO ÉOLICO CRISTAL, SEGUNDO
THORNTHWAITE E MATHER (CAD=100MM), 1961 - 1990
34
QUADRO 5.1.13 – RESUMO DAS CARACTERÍSTICAS CLIMÁTICAS DO COMPLEXO EÓLICO CRISTAL
36
QUADRO 5.1.14 – CORRELAÇÃO DE CLASSES DE SOLOS ENTRE A CLASSIFICAÇÃO ANTERIOR A 1999 E O ATUAL
SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS
69
QUADRO 5.1.15 – UNIDADES DE MAPEAMENTO DAS CLASSES DE SOLOS
77
QUADRO 5.1.16 – POSTOS FLUVIOMÉTRICOS DA BACIA DO RIO JACARÉ
90
QUADRO 5.1.17 – POSTOS PLUVIOMÉTRICOS NO MUNICÍPIO DE MORRO DO CHAPÉU
91
QUADRO 5.1.18 – POSTOS PLUVIOMÉTRICOS NO MUNICÍPIO DE CAFARNAUM
92
QUADRO 5.1.19 – DADOS DE PRECIPITAÇÃO MÉDIA DO POSTO CAFARNAUM
92
QUADRO 5.1.20 – VAZÕES MÉDIAS MENSAIS – POSTO 47480000 (JAGUARARI)
94
QUADRO 5.1.21 – USOS DAS ÁGUAS SUPERFICIAIS NA SUB-BACIA DO CÓRREGO BAIXA DO CAFARNAUM
96
QUADRO 5.1.22 – PARÂMETROS, UNIDADES, MÉTODOS DE ANÁLISE, RESULTADOS E VALORES DE REFERÊNCIA
(CONAMA Nº357/05 E PORTARIA Nº158/04)
103
QUADRO 5.1.23 – UTILIZAÇÃO DA ÁGUA PELA COMUNIDADE NOS PONTOS DE AMOSTRAGEM
115
QUADRO 5.2.1 - ESTIMATIVA DE SUPRESSÃO DE VEGETAÇÃO EM CADA UMA DAS ALTERNATIVAS DE ACESSOS. 212
9
RELAÇÃO DE TABELAS
TABELA 5.2.1 - FÓRMULAS PARA OBTENÇÃO DO ÍNDICE FITOSSOCIOLÓGICOS ABSOLUTOS, RELATIVOS E SINTÉTICOS
(IVI E IVC) E ÍNDICE DE DIVERSIDADE DE SHANNON
127
TABELA 5.2.2 - LISTAGEM TAXONÔMICA COM ESTRATO VEGETAL DE ESPÉCIES DA CAAINGA DA AID (FAZENDA
CRISTAL), MUNICÍPIO DE MORRO DO CHAPÉU - BA.
144
TABELA 5.2.3 - LISTAGEM TAXONÔMICA COM ESTRATO VEGETAL DE ESPÉCIES DA AID (CAMPO RUPESTRE,
COORDENADA - 0234561 E 8691632), CAFARNAUM - BA.
145
TABELA 5.2.4 - FAMÍLIAS, ESPÉCIES E NOMES POPULARES DAS ÁRVORES AMOSTRADAS NA FORMAÇÃO CAATINGA,
NA ÁREA DE INFLUÊNCIA DIRETA DO COMPLEXO EÓLICO CRISTAL, MUNICÍPIO DE MORRO DO CHAPÉU,
BAHIA, DEZEMBRO 2010 E JANEIRO 2011.
155
TABELA 5.2.5 - PARÂMETROS FITOSSOCIOLÓGICOS DAS ESPÉCIES AMOSTRADAS NA FORMAÇÃO CAATINGA NA
ÁREA DE INFLUENCIA DIRETA DO COMPLEXO EÓLICO CRISTAL, MUNICÍPIO DE MORRO DO CHAPÉU, BAHIA,
DEZEMBRO 2010 E JANEIRO 2011.
157
TABELA 5.2.6 - FAMÍLIAS, ESPÉCIES E NOMES POPULARES DOS INDIVÍDUOS AMOSTRADAS NA FORMAÇÃO CAMPO
RUPESTRE, NA ÁREA DE INFLUÊNCIA DIRETA DO COMPLEXO EÓLICO CRISTAL, MUNICÍPIO DE CAFARNAUM,
BAHIA, DEZEMBRO 2010 E JANEIRO 2011
161
TABELA 5.2.7 - PARÂMETROS FITOSSOCIOLÓGICOS DAS ESPÉCIES AMOSTRADAS NA FORMAÇÃO CAMPO
RUPESTRE NA ÁREA DE INFLUENCIA DIRETA DO COMPLEXO EÓLICO CRISTAL, MUNICÍPIO DE MORRO DO
CHAPÉU, BAHIA, DEZEMBRO 2010 E JANEIRO 2011.
161
10
RELAÇÃO DE FIGURAS
FIGURA 5.1.1 -CLIMAS DO BRASIL – CLASSIFICAÇÃO DO IBGE
FIGURA 5.1.2 – ESTAÇÕES METEOROLÓGICAS DO INMET
FIGURA 5.1.3 – LOCALIZAÇÃO DAS TORRES DE MEDIÇÃO CRISTAL I E II
FIGURA 5.1.4 – LOCALIZAÇÃO DO COMPLEXO EÓLICO CRISTAL EM RELAÇÃO ÀS BACIAS HIDROGRÁFICAS
FIGURA 5.1.5 – BACIA DO RIO JACARÉ
FIGURA 5.2.1 - PERFIL ESQUEMÁTICO DA VEGETAÇÃO DA CAATINGA ARBUSTIVA / ARBÓREA
FIGURA 5.2.2 – PERFIL ESQUEMÁTICO DA VEGETAÇÃO DO CAMPO RUPESTRE
19
22
31
82
84
168
169
11
RELAÇÃO DE FOTOGRAFIAS
FOTOGRAFIA 5.1.1 - TORRE DE MEDIÇÃO 6206 – CRISTAL I.
32
FOTOGRAFIA 5.1.2 - TORRE DE MEDIÇÃO 6212 – CRISTAL II.
33
FOTOGRAFIA 5.1.3 - REGIÃO SERRANA DE TOPOGRAFIA ELEVADA ONDE SERÃO INSTALADOS OS
AEROGERADORES
38
FOTOGRAFIA 5.1.4 - RELEVO RUINEIFORME ASSOCIADO A LITOLOGIAS DA FORMAÇÃO MORRO DO CHAPÉU 39
FOTOGRAFIA 5.1.5 - RELEVO DE PLANALTO COM TOPOGRAFIA PLANA NA REGIÃO DE LAGOINHA.
40
FOTOGRAFIA 5.1.6 - ÁREAS DE PASTAGENS COM OCORRÊNCIA DE MURUNDUS ASSOCIADOS A PRÁTICAS
INADEQUADAS DE MANEJO E BAIXA FERTILIDADE DOS SOLOS.
40
FOTOGRAFIA 5.1.7 - CONJUNTO SERRANO QUE SE ELEVA CERCA DE 300 METROS EM RELAÇÃO AO VALE,
DENOMINADO ENCOSTAS OCIDENTAIS.
41
FOTOGRAFIA 5.1.8 - EROSÃO HÍDRICA NA MARGEM DA ESTRADA DE ACESSO A TORRE DE
43
FOTOGRAFIA 5.1.9 - ENCOSTA OCIDENTAL, E AO FUNDO, BAIXADA DO RIO JACARÉ.
44
FOTOGRAFIA 5.1.10 - BURACO DO POSSIDÔNIO
45
FOTOGRAFIA 5.1.11 - VISTA DO INTERIOR DA DOLINA BURACÃO MOSTRANDO DELIMITAÇÃO POR ESCARPAS
VERTICAIS.
46
FOTOGRAFIA 5.1.12 - AFLORAMENTOS DE ARENITOS DA FORMAÇÃO TOMBADOR NA MARGEM DA BA-052.
49
FOTOGRAFIA 5.1.13 - AFLORAMENTOS DE SILTITOS NA BORDA DA FEIÇÃO CONHECIDA COMO BURACO DO
POSSIDÔNIO.
51
FOTOGRAFIA 5.1.14 - LAMINITOS ALGAIS E ESTROMATÓLITOS NA ENTRADA DA GRUPA DO CRISTAL.
52
FOTOGRAFIA 5.1.15 - AFLORAMENTOS DE CALCISSILTITOS NA BA-052.
55
FOTOGRAFIA 5.1.16 - DEPÓSITOS COLUVIONARES NA BASE DA FORMAÇÃO MORRO DO CHAPÉU.
56
FOTOGRAFIA 5.1.17 - FORMAÇÕES SUPERFICIAIS COM BLOCOS SOLTOS EM MATRIZ
58
FOTOGRAFIA 5.1.18 - TRECHO DA ESTRADA DE ACESSO AO SUB-PARQUE PRIMAVERA, DANIFICADA PELAS ÁGUAS
DE ESCOAMENTO SUPERFICIAL, MOSTRANDO O SUBSTRATO ROCHOSO IRREGULAR.
59
FOTOGRAFIA 5.1.19 - AFLORAMENTOS DE ARENITOS DA FORMAÇÃO MORRO DO CHAPÉU. MARGEM DA BR-052.
60
FOTOGRAFIA 5.1.20 – NA AUSÊNCIA DE SOLOS AS ESTACAS DAS CERCAS SÃO APOIADAS EM ESTRUTURAS DE
CONCRETO CONSTRUÍDAS PARA ESSA FINALIDADE.
61
FOTOGRAFIA 5.1.21 - AFLORAMENTOS NA FORMA DE LAJEDOS E RELEVO RUINEIFORME.
61
FOTOGRAFIA 5.1.22 - ESTRUTURA DE COLAPSO NA ESTRADA LAGOA NOVA/LAGOINHA COORDENADAS
CONHECIDO COM BURACO DO ALECRIM.
62
FOTOGRAFIA 5.1.23 - ESTRUTURA DE COLAPSO SINALIZADA COM GALHOS SECOS, NA ESTRADA
CAFARNAUM/ARIZONA.
62
FOTOGRAFIA 5.1.24 - SALÃO PRINCIPAL DA GRUTA DO CRISTAL AFLORAMENTOS DE ARENITOS DA FORMAÇÃO
MORRO DO CHAPÉU. MARGEM DA BR-052.
62
FOTOGRAFIA 5.1.25 - AFLORAMENTOS DE ARENITOS NO PISO DA ESTRADA DE ACESSO À TORRE NORTE.
63
FOTOGRAFIA 5.1.26 - JAZIDA DE AREIA NAS MARGENS DA BA – 052.
64
FOTOGRAFIA 5.1.27 - JAZIDA DE CALCÁRIO DA INCOSOL NA MARGEM DO RIO JACARÉ.
65
FOTOGRAFIA 5.1.28 - LATOSSOLO AMARELO SOBRE SEDIMENTOS DA FORMAÇÃO CABOCLO.
70
FOTOGRAFIA 5.1.29 - PODZÓLICO VERMELHO-AMARELO DA FORMAÇÃO CABOCLO.
72
FOTOGRAFIA 5.1.30 - SOLOS LITÓLICOS ÁLICOS SOBRE A FORMAÇÃO CABOCLO.
75
FOTOGRAFIA 5.1.31 - AREIA QUARTZOSA VERMELHO-ESCURA EUTRÓFICA.
76
FOTOGRAFIA 5.1.32 - VALE DO CÓRREGO BAIXA DE CAFARNAUM - LIMITE NOROESTE DA ÁREA DE INFLUÊNCIA.79
FOTOGRAFIA 5.1.33 - OCORRÊNCIA DE MURUNDUS EM SOLOS DE BAIXA FERTILIDADE UTILIZADO COMO
PASTAGEM. COORDENADAS UTM 8.691.506 / 243.476 - FONTE: V&S, 2011.
80
FOTOGRAFIA 5.1.34 - NASCENTE NO LOCAL CONHECIDO COM OLHOS D´ÁGUA
83
FOTOGRAFIA 5.1.35 - VALE DO CÓRREGO BOA VISTA – LIMITE NORTE DA AID
83
FOTOGRAFIA 5.1.36 - LEITO DO RIACHO BAIXA DA CAFARNAUM NA LOCALIDADE DE PEDRAS
83
FOTOGRAFIA 5.1.37 - VALE DO RIO JACARÉ APÓS CONFLUÊNCIA COM O CÓRREGO BAIXA DO CAFARNAUM - BA052
83
FOTOGRAFIA 5.1.38 - NASCENTE NO LOCAL CONHECIDO COM OLHOS D´ÁGUA
86
FOTOGRAFIA 5.1.39 – EXUTÓRIO NAS PROXIMIDADES DA LOCALIDADE DE LAGOINHA
87
FOTOGRAFIA 5.1.40 – NASCENTE DIFUSAS NA CABECEIRA DO CÓRREGO DAS PEDAS
88
12
FOTOGRAFIA 5.1.41 - TANQUE NA LOCALIDADE DE LAGOINHA - UTILIZADO PARA ÁGUAS SERVIDAS E
DESSEDENTAÇÃO ANIMAL
97
FOTOGRAFIA 5.1.42 - POÇO ESCAVADO PARA ACUMULAÇÃO DAS ÁGUAS DE CHUVA – UTILIZADO PARA
DESSEDENTAÇÃO HUMANA DO POVOADO DE PAU DE COLHER
97
FOTOGRAFIA 5.1.43 - RESERVATÓRIO NO CÓRREGO BAIXA DO CAFARNAUM - PROXIMIDADES DA CIDADE DE
CAFARNAUM, LIMITE OESTE DA ÁREA DE INFLUÊNCIA
97
FOTOGRAFIA 5.1.44 - SISTEMA DE CAPTAÇÃO DE ÁGUA DE CHUVAS EM TELHADOS COM UTILIZAÇÃO PARA
DESSEDENTAÇÃO E CULTIVO DE SUBSISTÊNCIA
97
FOTOGRAFIA 5.1.45 - TANQUE ESCAVADO UTILIZADO PELA POPULAÇÃO DE LAGOINHA
120
FOTOGRAFIA 5.1.46 - SIAA DE LAGOINHA COMPOSTA DE CASA DE POÇO E RESERVATÓRIO ELEVADO
121
FOTOGRAFIA 5.1.47 - POÇO NA LOCALIDADE DE PEDRAS ÀS MARGENS DO RIO DAS PEDRAS
121
FOTOGRAFIA 5.2.1 - MEDIÇÃO DO DIÂMETRO ALTURA DO SOLO (DAS) DE VEGETAÇÃO DE CAATINGA COM USO
DO PAQUÍMETRO. FONTE - ROGÉRIO M. CERQUEIRA.
126
FOTOGRAFIA 5.2.2 - USO DO PAQUÍMETRO PARA MEDIÇÃO DO DIÂMETRO ALTURA DO SOLO (DAS) DE
ALAMANDRA NO CAMPO RUPESTRE (AID).
126
FOTOGRAFIA 5.2.3 - COLETA DE DADOS DA ALTURA DE ALAMANDRA (ALLAMANDRA PUBERULA) NO CAMPO
RUPESTRE (AID).
126
FOTOGRAFIA 5.2.4 - EQUIPE EM COLETA DE DADOS FITOSSOCIOLÓGICOS NO CAMPO RUPESTRE (AID).
127
FOTOGRAFIA 5.2.5 - USO DA FITA BIODEGRADÁVEL PARA MARCAÇÃO DOS INDIVÍDUOS ENCONTRADOS EM
PARCELAS NO CAMPO RUPESTRE (AID).
127
FOTOGRAFIA 5.2.6 - ENTREVISTA COM MORADOR LOCAL E GUIA DA EQUIPE DO MEIO BIÓTICO TERRESTRE, O SR.
BETO (ALBERTINO BEZERRA DA SILVA). COORDENADAS EM UTM: 0247804.46/8692102.29. FONTE - IVOMAR
CARVALHAL BRITTO.
129
FOTOGRAFIA 5.2.7 - MACAMBIRA-DE-FLECHA (BROMELIA LACINIOSA), PARQUE ESTADUAL MORRO DO CHAPÉU.
COORDENADA: UTM 245571.44ME/8727850.61MS. FONTE - LEIDA BARACAT DE OLIVEIRA, 13.01.2011. 138
FOTOGRAFIA 5.2.8 – CACTO CABEÇA-DE-FRADE (MELOCACTUS ALBICEPHALUS), PARQUE ESTADUAL MORRO DO
CHAPÉU. COORDENADA: UTM 245668.44 ME /8728775.04MS. FONTE - LEIDA BARACAT DE OLIVEIRA,
13.01.2011.
138
FOTOGRAFIA 5.2.9 – L-FACHEIRO (PILOSOCEREUS PACHYCLADUS) NO PARQUE ESTADUAL MORRO DO CHAPÉU.
COORDENADA: UTM 245638.49ME/8728659.92MS. FONTE - LEIDA BARACAT DE OLIVEIRA, 13.01.2011. 139
FOTOGRAFIA 5.2.10 - DEDALEIRA (ALLAMANDA PUBERULA) PLANTA MARCANTE NA PAISAGEM DO PARQUE
ESTADUAL MORRO DO CHAPÉU, PRINCIPALMENTE NAS MARGENS DA ESTRADA DE ACESSO PRINCIPAL.
COORDENADA: UTM 245619.16 ME/8728666.26MS. FONTE - LEIDA BARACAT DE OLIVEIRA, 13.01.2011. 140
FOTOGRAFIA 5.2.11 - VISTA GERAL DA ÁREA EMBREJADA FORMADA NA MARGEM DO CÓRREGO DAS PEDRAS.
COORDENADA: UTM 0234519 ME/ 8619683 MS. FONTE - LEIDA BARACAT DE OLIVEIRA, 13.01.2011.
141
FOTOGRAFIA 5.2.12 – MILHARAL EM LAGOINHA (AID). FONTE © LEIDA BARACAT DE OLIVEIRA. 12.01.2011. 142
FOTOGRAFIA 5.2.13 - ÁREA DE TRANSIÇÃO CAMPO RUPESTRE (PRIMEIRO PLANO) COM CAATINGA AO FUNDO.
FONTE - LEIDA BARACAT DE OLIVEIRA, 14.01.2011.
143
FOTOGRAFIA 5.2.14 – LICURIZEIRO NO ENTORNO DA ENTRADA DA GRUTA CRISTAL I. COORDENADA: UTM
0246606 / 8707375. FONTE - LEIDA BARACAT DE OLIVEIRA, 14.01.2011.
144
FOTOGRAFIA 5.2.15 - LICURIZEIRO, BROMÉLIAS E BARRIGUDA (LADO DIRETO) AO ALTO DA ENTRADA DA GRUTA
CRISTAL II. COORDENADA: UTM 245612.75/8728819.42. FONTE - LEIDA BARACAT DE OLIVEIRA, 14.01.2011.
144
FOTOGRAFIA 5.2.16 - BROMÉLIAS AO ALTO DA ENTRADA DA GRUTA CRISTAL II. COORDENADA: UTM
245612.75/8728819.42. FONTE - LEIDA BARACAT DE OLIVEIRA, 14.01.2011.
144
FOTOGRAFIA 5.2.17 - AMBURANA DE CAMBÃO (COMMIPHORA LEPTOPHLOEOS), (AID).
150
FOTOGRAFIA 5.2.18 - UMBUZEIRO (SPONDIAS TUBEROSA).11°49´24.63´´S E 41°25´52.89´´O. ELEVAÇÃO 1552
ALTITUDE DO PONTO DE VISÃO. FONTE © IVOMAR CARVALHAL BRITTO. 14.01.2011.
151
FOTOGRAFIA 5.2.19 - FRUTO DO UMBUZEIRO (SPONDIAS TUBEROSA).11°49´24.63´´S E 41°25´52.89´´O.
ELEVAÇÃO 1552 ALTITUDE DO PONTO DE VISÃO. FONTE © LEIDA BARACAT DE OLIVEIRA. 14.01.2011. 151
FOTOGRAFIA 5.2.20 – ORQUÍDEAS DO GÊNERO VANILLA (SETAS EM VERMELHO) EM BAINHAS DE LICURIZEIRO, NA
ÁREA DA FAZENDA CRISTAL, PRÓXIMA A GRUTA DO CRISTAL I. COORDENADA: UTM 0247987.63/8692250.
FONTE - IVOMAR CARVALHAL BRITTO, 205011.
152
FOTOGRAFIA 5.2.21 – TILLANDSIA SP. (INDICADA POR SETA VERMELHA) EM JATOBÁ (HYMENAEA SP.) (AID).
COORDENADA EM UTM: 0234796/8691862. FONTE © LEIDA BARACAT DE OLIVEIRA. 14.01.2011
153
FOTOGRAFIA 5.2.22 – VISÃO GERAL DE ÁREA DE
155
13
FOTOGRAFIA 5.2.23 – VISÃO GERAL DE ÁREA DE
155
FOTOGRAFIA 5.2.24 - VISÃO GERAL DO CAMPO RUPESTRE NA AID.
160
FOTOGRAFIA 5.2.25 - VEGETAÇÃO INCENDIADA NAS MARGENS DA ESTRADA DE ACESSO PRINCIPAL DO PARQUE
ESTADUAL MORRO DO CHAPÉU – BA. COORDENADA: UTM 0245612.75 / 8728819.42 DE ALTITUDE. FONTE LEIDA BARACAT DE OLIVEIRA, 13-01-2011.
165
FOTOGRAFIA 5.2.26 - ÁREA INCENDIADA PRÓXIMA AO CAMPO RUPESTRE. COORDENADA: UTM 0245612.75 /
8728819.42 . FONTE - LEIDA BARACAT DE OLIVEIRA, 14.02.2011.
165
FOTOGRAFIA 5.2.27 – CARCAÇA DE COBRA DO GÊNERO BOTHROPS ENCONTRADA NAS MARGENS DA BA 052 171
FOTOGRAFIA 5.2.28 - LAGOA DAS VELHAS NO PARQUE ESTADUAL MORRO DO CHAPÉU - BA. COORDENADA: UTM
245593.82ME/8727921.78ME.
176
FOTOGRAFIA 5.2.29 – CÓRREGO DAS PEDRAS EM ÁREA DE CAMPO RUPESTRE.
176
FOTOGRAFIA 5.2.30 – (TROPIDURUS SP.), NA ÁREA DE CAMPO RUPESTRE (AID). COORDENADA: UTM 0234544 /
8691672. FONTE – ALEXANDRE FILGUEIRAS MOTA, 14.01.2011.
177
FOTOGRAFIA 5.2.31 - LAGOA NA LOCALIDADE DE LAGOINHA COM JAÇANÃ (JACANA JACANA), (AID). COORDENADA:
UTM 0246606/ 8707375.
178
FOTOGRAFIA 5.2.32 – GADO NA MARGEM DA LAGOA E LAGOINHA (AID).
178
FOTOGRAFIA 5.2.33 – LIBÉLULA NA LAGOA NA LOCALIDADE DE LAGOINHA (AID). COORDENADA: UTM 0246606/
707375.
178
FOTOGRAFIA 5.2.34 – GARIBALDE AGELAIUS RUFICAPILLUS NA BORDA DA LAGOA, EM LAGOINHA (AID).
COORDENADA: UTM 0246606 / 8707375.
178
FOTOGRAFIA 5.2.35 – LAGARTO (CNEMIDOPHORUS OCELLIFER) NA ÁREA DE CAATINGA (AID).
183
FOTOGRAFIA 5.2.36 – ESCORPIÕES (TITYUS SERRULATUS) COM FILHOTES EM ÁREA DE CAATINGA (AID).
COORDENADA: UTM 234973.29 ME/8691431.03 MS.
183
FOTOGRAFIA 5.2.37 – LEPDÓPTEROS NA ÁREA DE CAATINGA (AID), NAS MARGENS DO CÓRREGO DAS PEDRAS.
COORDENADA: UTM: 0234964/ 8691421. FONTE – ALEXANDRE FILGUEIRAS MOTA, 14.01.2011.
183
FOTOGRAFIA 5.2.38 - FALCÃO-QUIRIQUIRI (FALCO SPARVERIUS), SINALIZADO EM VERMELHO,
184
FOTOGRAFIA 5.2.39 - ABELHA (APIS MELLIFERA) EM SOLANÁCEA (DATURA STRAMONIUM) NA LOCALIDADE
LAGOINHA (AID). COORDENADA: UTM 0246606 / 8707375, 13.17- ALTITUDE. FONTE - LEIDA BARACAT DE
OLIVEIRA, 12-01-2011.
187
FOTOGRAFIA 5.2.40 – ARANHA-CARANGUEJEIRA (GRAMOSTOLA SP.), ESTRADA DE ACESSO À LAGOINHA.
COORDENADA: UTM 0248393 / 8709068.
189
FOTOGRAFIA 5.2.41 - CARDEAL (PAROARIA DOMINICANA) NAS MARGENS DA LAGOA EM LAGOINHA (AID).
COORDENADA: UTM 0246606 / 8707375.
191
FOTOGRAFIA 5.2.42 - URUBU-DE-CABEÇA-PRETA (CORAGYPS ATRATUS). FAZENDA CRISTAL (AID). ÁREA AO ALTO
DA GRUTA CRISTAL II. COORDENADA: UTM 0247875 / 8692269.
191
FOTOGRAFIA 5.2.43 – MORCEGO (CAROLLIA PERSPICILLATA) NO INTERIOR
199
FOTOGRAFIA 5.2.44 – SOFRÊ (ICTERUS JAMACAII).
206
FOTOGRAFIA 5.2.45 - CORUJA BURAQUEIRA (ATHENE CUNICULARIA, SIN. SPEOTYTO
207
FOTOGRAFIA 5.2.46 – ARANHA LOBO (LYCOSA SP.) NA ENTRADA DA GRUTA DO CRISTAL II (AID). FONTE – ELVIS
BARBOSA, 10.01.2011.
214
FOTOGRAFIA 5.2.47 – ARANHA-MARROM (LOXOSCELES SP.) NO INTERIOR DO COMPLEXO GRUTA CRISTAL I E
GRUTA CRISTAL II, (AID). FONTE – ELVIS BARBOSA, 10.01.2011.
214
FOTOGRAFIA 5.2.48 – CONCHA DE CARACOL (MEGALOBULIMUS OBLONGUS), NA GRUTA CRISTAL II. FONTE ELVIS BARBOSA, 10-01-2011.
215
FOTOGRAFIA 5.2.49 – FEZES DE ROEDORES (CAVEA APEREA),
216
FOTOGRAFIA 5.2.50 – NINHO DE SABIÁ-LARANJA (TURDUS RUFIVENTRIS) NA MARQUISE DA GRUTA CRISTAL I.
FONTE – ELVIS BARBOSA, 10.01.2011.
216
FOTOGRAFIA 5.2.51 – CARCAÇA DE GAVIÃO-CARRAPATEIRO (MILVAGO CHIMACHIMA) NA MARQUISE DO
COMPLEXO GRUTA CRISTAL I E GRUTA CRISTAL II. FONTE – ELVIS BARBOSA, 10.01.2011.
216
14
INTRODUÇÃO
A energia eólica é uma importante alternativa de produção de energia renovável e limpa,
entretando, a implantação de um empreendimento do porte do Complexo Eólico Cristal
inevitavelmente irá afeta o ambiente local, constituído pelas populações que ali residem, pela
flora e fauna, e pelos fatores abióticos que mantêm relações com estes tais como o substrato, o
clima e a água.
No desenvolvimento dos Estudos Ambientais necessários ao processo de licenciamento do
empreendimento, antes de se proceder a Avaliação dos Impactos deve-se compreender a
dinâmica do ambiente sujeito as intervenções e as inter-relações entre o espaço - caracterizado
pelo meio físico, e os que nele habitam, caracterizados pelos meios biótico e socioeconômicos,
proporcionando desta forma subsídios para uma análise ambiental abrangente e condizente
com as condições locais.
O conhecimento detalhado deste sistema composto pelos distintos meios, e a inter-relação
entre eles, é construído a partir do Diagnóstico Ambiental, que deverá considerar as condições
atuais das variáveis físicas, biológicas e socioeconômicas tendo com abrangência territorial as
áreas de influência do empreendimento e a bacia hidrográfica, unidade básica de
planejamento.
Para a caracterização e entendimento de cada componente, o estudo do ambiente é
decomposto em temas básicos, tais como: clima, geologia, os solos, recursos hídricos, os
ecossistemas terrestres, fauna e flora, organização e dinâmica humana social e econômica,
dentre outros, sem contudo perder o entendimento das interfaces entre as disciplina estudada.
Retratar a realidade local a partir do conhecimento das peculiaridades e da dinâmica de cada
componente e do seu conjunto, a partir da análise integrada, com foco nas possíveis
interferências devido a implantação o Complexo Eólico, é o objetivo deste documento que se
apresenta a seguir.
1
2
3
4
NÃO DELETAR - APENAS PARA AJUSTE DA ITEMIZAÇÃO QUE INICIA EM 5 – COLOCAR FONTE BRANCA
NÃO CORRESPONDE A ESTE RELATÓRIO
NÃO CORRESPONDE A ESTE RELATÓRIO
NÃO CORRESPONDE A ESTE RELATÓRIO
15
5 DIAGNÓSTICO AMBIENTAL
Neste tópico será realizada uma completa descrição e análise dos recursos ambientais e suas
interações na área de influência dos projetos, de modo a caracterizar a situação ambiental da
área, levando em consideração peculiaridades e especificidades dos diversos fatores que
compõem o sistema ambiental, de forma a permitir o entendimento da dinâmica e das
interações existentes entre os meios físicos, bióticos e socioeconômicos.
O diagnóstico englobará os fatores susceptíveis de sofrer, direta ou indiretamente, efeitos
significativos das ações nas fases de implantação e operação do empreendimento. Os dados
necessários serão obtidos principalmente junto à instituições governamentais e privadas,
levantamentos bibliográficos e complementados por levantamentos de campo.
16
5.1
MEIO FÍSICO
5.1.1 Características climáticas
§
Caracterização do clima e condições meteorológicas da área potencialmente atingida pelo
empreendimento, incluindo:
1. Classificação climática;
2. Análise das séries meteorológicas, considerando-se temperatura do ar (máxima, média e
mínima), pluviosidade (valores mensais e anuais, delimitação dos períodos secos e chuvosos),
umidade do ar, ventos (direção e intensidade) e evaporação.
§
Balanço hídrico;
§
Caracterização da rede de estações e postos meteorológicos;
§
Apresentar os dados ou resultado do estudo de medição de ventos.
§
Apresentação das correlações existentes entre os diversos elementos considerados.
5.1.1 Características Climáticas
Segundo Torres e Machado (2008), clima é o conjunto de fenômenos meteorológicos observado
durante um longo período de tempo, o qual se estabelece o estado médio da atmosfera e sua
evolução num determinado local. Enquanto, o tempo é definido como o estado momentâneo
da atmosfera, o clima é o conjunto dos estados médios que caracterizam um lugar, observados
por um longo período.
Portanto, para definir o clima, é necessário estudar a atuação de diversos elementos e fatores
climáticos. Definem-se elementos do clima como os componentes principais que se conjugam
para formar o tempo atmosférico e o clima propriamente dito. Os principais elementos do clima
e do tempo são: temperatura, umidade relativa do ar, pressão atmosférica, ventos,
nebulosidade, insolação, precipitação e radiação solar. Quanto aos principais fatores climáticos
tem-se: latitude, altitude, maritimidade e continentalidade, solos, vegetação, correntes
marítimas, disposição do relevo e interferência antrópica.
5.1.1.1 Classificação Climática
Classificar o clima de uma região significa realizar uma generalização ou a integração das
condições do tempo para um período, em uma determinada área. Normalmente, são utilizados
no mínimo um período de 30 anos de dados, segundo o que preconiza a Organização
Meteorológica Mundial (OMM) com base em princípios estatísticos de tendência de valor
médio.
Para a classificação do Clima na região do empreendimento foram utilizados os dados da
publicação do Instituto Nacional de Meteorologia - INMET Normais Climatológicas do Brasil
17
(1961-1990). Definem-se normais como valores médios calculados para um período
relativamente longo e uniforme, considerando no mínimo 30 anos de dados consecutivos
(INMET, 2009).
Na classificação climática foram utilizadas três metodologias, a primeira é uma classificação
climática sob a perspectiva Regional (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE), a
segunda utiliza os critérios definidos por Köppen e a última utiliza a evapotranspiração como
elemento para classificar o clima, Thornthwaite. Finalizando este item, é feita uma breve
exposição sobre os sistemas meteorológicos atuantes na região.
A - Classificação – IBGE
Segundo o IBGE, o Brasil apresenta três tipos de clima: tropical, temperado e equatorial. Por
esta classificação, a área de estudo está localizada na porção central do Brasil, no estado da
Bahia, que corresponde a Zona Tropical Brasil Central. Verifica-se, também, que segundo a
classificação do IBGE, situa-se em uma transição de sub-quente para quente, considerando o
elemento Temperatura, podendo apresentar meses secos entre 4 a 6 meses.
A classificação do IBGE não é suficiente para descrever o clima na região de estudo, pois dentro
da grande área correspondente a Zona Tropical Brasil Central ocorrem variações climáticas
bastante expressivas, tanto da temperatura, quanto da pluviosidade e sua distribuição sazonal,
aliando as diferentes atuações das massas de ar. Desta forma, procura-se modelos climáticos
que definam, com bases em elementos climatológicos locais, a classificação climática.
A – Tipos de Clima
B – Temperatura
18
C – Período de Seca
Figura 5.1.1 -Climas do Brasil – Classificação do IBGE
B - Classificação Climática de Köppen
A Classificação Climática Köppen, elaborada por Wilhelm Köppen em 1918, é considerada a
primeira classificação climática mundial com base científica, e ainda bastante utilizada no Brasil
e no Mundo. É um modelo simples e compreende um conjunto de letras maiúsculas e
minúsculas para designar os grandes grupos climáticos, os subgrupos ou ainda as subdivisões
que sinalizam características sazonais (MENDONÇA, 2007).
Entre as estações climatológicas existentes na região, a mais próxima e com características
semelhantes à área de estudo é a de Morro do Chapéu, portanto para a classificação climática
será analisado os dados desta estação.
Para área do empreendimento, considerando os dados da estação climatológica de Morro do
Chapéu, tem-se a seguinte a classificação BSh, ou seja, Clima Seco, semiárido, quente com
temperatura média anual superior a 18 oC.
Foram consideradas as seguintes características da região para esta classificação:
·
·
·
·
O mês mais frio tem temperatura inferior a 18 oC;
A evapotranspiração potencial média anual é maior que a precipitação média anual;
A precipitação média anual em torno de 750 mm; e
A temperatura média do ar é igual a 19,7 oC.
19
C - Classificação Climática Thornthwaite
A Classificação bioclimática de Thornthwaite é obtida através evapotranspiração potencial como
elemento de identificação climática. Esta baseia-se em índices, funções diretas da
evapotranspiração potencial, são eles: índice hídrico, índice de aridez, índice de umidade e
eficiência térmica do verão.
Índice hídrico:
Índice de Aridez:
Índice de Umidade:
Eficiência Térmica de Verão:
Onde:
Ih – índice de umidade;
Ia – índice de aridez;
Iu – índice de umidade;
EfTV – eficiência térmica de verão;
EXC – representa o excedente hídrico – diferença entre a precipitação e a evapotranspiração
potencial;
DEF – indica a deficiência hídrica – diferença entre a evapotranspiração potencial e a real;
ETP – evapotranspiração potencial; e
ETP1, ETP2 e ETP3 – evapotranspiração dos três meses de verão.
A classificação climática segundo Thornthwaite é apresentada no Quadro 5.1.1.
Quadro 5.1.1 – Classificação Climática de Thornthwaite do Complexo eólico Cristal
Ih
Ia
Iu
EfTV (%)
1º símbolo
2º símbolo
3º símbolo
-9,72 16,20
0
29,61
Classificação:
Descrição:
C1
d
B’3
4º símbolo
a’
C1dB’3a’
Clima Seco com tendência a Sub-úmido, excesso hídrico inexistente,
mesotérmico
D - Sistemas Meteorológicos
Conforme descrito por Araújo e Rodrigues (2000), a variabilidade climática do Estado é
resultante de efeitos combinados da ação de diversos sistemas meteorológicos atuantes na
região, além das variações e intensidade de cada um deles. Fatores locais como características
topográficas, altos valores de albedo e forma geográfica, também colaboram para essa
variabilidade.
20
No estado da Bahia, o principal período chuvoso acontece entre os meses de novembro a
janeiro, e está associada à penetração de sistemas frontais ou vestígios delas em latitudes
tropicais (Chaves, 1999). A penetração desses sistemas pode atingir o Nordeste do Brasil até em
torno de 13ºS, quando os padrões de circulação nas latitudes subtropicais são favoráveis. Além
disso, eles fornecem os mecanismos de indução à convecção tropical e estão, algumas vezes,
relacionadas à Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) e aos Vórtices Ciclônicos de Ar
Superior (VCAS). Verifica-se ainda, que ocorre em parte das regiões Central e Norte do Estado
uma duplicação (dezembro e maio) dos máximos de chuvas decorrentes da interação dos
sistemas atuantes. Além disso, o fator orografia contribui com esses máximos de precipitação
na região, representada pela Chapada Diamantina (ARAÚJO, 2000).
Araújo e Rodrigues (2000) definiram oito regiões características no estado da Bahia. Nesta
classificação, a área de estudo está localizada na região denominada Chapada Diamantina. Com
a seguinte característica: período de ocorrência de chuvas de novembro a março, com máximo
em dezembro. O principal sistema causador das chuvas no período citado é o avanço dos
sistemas frontais para a região Nordeste e sua interação com a convecção da Amazônia
(ARAÚJO, 2000).
5.1.1.2 Variáveis Climáticas
Segundo Mendonça (2007) os elementos climáticos são definidos pelos atributos físicos que
representam as propriedades da atmosfera em um determinado lugar, sendo a temperatura, a
umidade a pressão os mais empregados. Estes elementos são influenciados pela diversidade
geográfica, manifestando-se por meio da precipitação, vento, nebulosidade etc.
Para a análise das variáveis climatológicas apresentada neste estudo foram utilizadas Normais
Climatológicas (1961-1990), elaboradas pelo Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). As
estações mais próximas do local do empreendimento são relacionadas no Quadro 5.1.2 e
mostradas na Figura 5.1.2.
Quadro 5.1.2 - Relação das estações meteorológicas da região
Altitude
Código
Estação
Município
Latitude
(m)
83.182
Irecê
Irecê
747
-11,3000
82.244
Itaberaba
Itaberaba
250
-12,5500
83.186
Jacobina
Jacobina
485
-11,1833
83.242
Lençóis
Lençóis
439
-12,5667
Morro do
Morro do
83.184
1.003
-11,2167
Chapéu
Chapéu
-41,8667
-40,4333
-40,4667
-41,3833
Período de
Dados
61-90
61-90
61-90
61-90
-41,2167
61-90
Longitude
Fonte: INMET, 1992.
Dentre as estações apresentadas, a mais próxima é a de Morro do Chapéu, localizada em torno
21
de 50 km de distância da área proposta para a implantação do Complexo eólico. As outras
estações da região (Irecê, Jacobina, Lençóis e Itaberaba) estão localizadas entre 70 e 140 km do
local do empreendimento. Segundo a Organização Mundial de Meteorologia (OMM) para
estudos de caracterização climática podem-se utilizar dados meteorológicos de estações
localizadas até um raio de 150 Km.
Figura 5.1.2 – Estações Meteorológicas do INMET
Fonte: INMET, ANA
Outro fator de grande relevância a ser considerado é a altitude das estações, neste aspecto
apenas as estações de Irecê e Morro do Chapéu possuem altitudes semelhantes à área onde
será implantado o empreendimento.
Considerando a proximidade e altitude, a estação meteorológica mais representativa das
condições climáticas do empreendimento é a Estação de Morro do Chapéu. Portanto para a
classificação climática e balanço hídrico será considerada esta estação.
Neste item serão apresentados os dados de Morro do Chapéu e demais estações para uma
visão geral da região, ressaltando que serão consideradas, para a área do empreendimento, as
características climáticas observadas na estação de Morro do Chapéu.
22
5.1.1.2.1 Temperatura
A temperatura do ar é definida como a medida do calor sensível nele armazenado, sendo
comumente apresentado em graus Celsius ou Fahrenheit e medida por termômetros. É um
elemento importante do clima e sofre influência de diversos fatores, dentre os quais destacamse: altitude, latitude, maritimidade e continentalidade.
Os valores apresentados neste trabalho visam caracterizar termicamente o clima da região em
estudo, apresentado as normais mensais das temperaturas médias, máximas e mínimas.
Temperatura Média Compensada (oC)
A temperatura média compensada é obtida através de média estatísticas da série considerada,
tendo normalmente como referência a temperatura compensada média diária.
Quadro 5.1.3 – Temperatura Média Compensada (oC)
Estação
Irecê
Itaberaba
Jacobina
Lençóis
Morro do
Chapéu
Jan
23,8
26,0
25,4
24,8
Fev
24,0
26,1
25,5
25,0
Mar
23,8
26,0
25,6
25,1
Abr
23,3
25,3
24,6
24,1
Mai
22,4
24,2
23,3
22,9
Jun
21,3
22,7
22,1
21,6
Jul
21,0
21,9
21,2
20,9
Ago
21,6
22,4
21,8
21,7
Set
23,2
23,4
23,2
22,7
Out
24,4
25,1
24,7
23,8
Nov
24,4
25,7
25,3
24,3
Dez
24,1
25,9
24,9
24,4
21,1
21,2
21,0
20,6
19,2
17,8
17,2
17,5
18,9
20,2
20,7
20,9
Fonte: INMET, 1992.
Gráfico 5.1.1 – Temperatura Média Compensada (oC)
Fonte: INMET
Embora o comportamento seja semelhante entre as estações, a estação de Morro do Chapéu
apresenta os menores valores de temperatura média compensada entre as estações da região,
não ultrapassando o valor de 21,2 oC. Este mesmo valor corresponde a aproximadamente aos
valores mínimos das demais estações. O clima mais ameno em Morro do Chapéu é explicado
23
pela variação vertical da temperatura que apresenta um resfriamento com o aumento da
altitude.
Considerando os dados de Morro do Chapéu, a temperatura média anual de é de 19,7 oC, e a
diferença entre o mês mais quente (fev-21,2) e o mais frio (jul-17,2 oC) é igual a 4 oC.
Temperatura Média Máxima (oC)
A temperatura máxima corresponde ao maior valor registrado no período considerado.
Quadro 5.1.4 – Temperatura Média Máxima (oC)
Estação
Irecê
Itaberaba
Jacobina
Lençóis
Morro do
Chapéu
Jan
30,1
32,1
31,3
30,6
Fev
30,3
32,2
31,7
30,7
Mar
30,2
32,3
31,4
30,7
Abr
28,3
31,1
30,0
29,4
Mai
28,8
29,7
28,4
28,0
Jun
27,9
28,4
26,7
26,5
Jul
27,7
27,8
26,2
26,5
Ago
28,6
28,8
27,4
27,7
Set
30,2
31,0
29,4
29,3
Out
30,9
31,6
31,1
30,1
Nov
30,8
32,1
31,6
30,1
Dez
30,1
32,2
31,1
30,6
26,6
26,6
26,6
25,5
24,0
22,5
22,1
23,1
24,9
26,3
26,6
26,1
Fonte: INMET, 1992.
Gráfico 5.1.2 – Temperatura Média Máxima (oC)
Fonte: INMET
Conforme visualizado no Gráfico anterior, o comportamento de temperatura é bem semelhante
em todas as estações. Com destaque para Morro do Chapéu que apresenta os menores valores
de temperatura média máxima durante todo o ano.
A temperatura média máxima anual de Morro do Chapéu é de 25,1 oC, com os maiores valores
de temperatura ocorrem no primeiro trimestre do ano (janeiro a março) em torno de 26,6 oC.
Os menores valores de temperatura ocorrem nos meses de junho a agosto.
Temperatura Mínima (oC)
Com exceção da Estação de Jacobina, no mês de junho, as estações mostram comportamento
24
semelhante. A temperatura média mínima anual na estação de Morro do Chapéu é de 15,9 oC,
sendo que os meses de julho e agosto apresentam os menores valores de temperatura.
Quadro 5.1.5 – Temperatura Média Mínima
Estação
Irecê
Itaberaba
Jacobina
Lençóis
Morro do
Chapéu
Jan
18,6
20,6
20,2
19,6
Fev
18,6
21,1
20,2
19,8
Mar
18,8
20,7
20,3
19,9
Abr
18,3
20,6
19,9
19,6
Mai
17,2
19,0
18,8
18,3
Jun
15,8
17,5
23,2
17,0
Jul
15,1
16,5
16,8
16,2
Ago
15,5
16,5
17,0
16,5
Set
17,0
18,0
17,7
16,7
Out
18,6
19,8
18,8
18,0
Nov
19,0
20,6
19,8
18,8
Dez
18,7
20,8
20,0
18,9
17,0
17,1
17,4
17,2
15,9
14,6
13,8
13,8
14,7
15,9
16,6
16,9
Fonte: INMET, 1992.
Gráfico 5.1.3 – Temperatura Média Mínima (oC)
Fonte: INMET
5.1.1.2.2 Umidade Relativa do Ar
A umidade relativa do ar (%) expressa uma relação de proporção relativa entre o vapor
existente no ar e o ponto de saturação do mesmo. Esta é calculada a partir de medidas obtidas
por termo-higrômetros e psicrômetros, sendo apresentados no Quadro a seguir os valores das
normais mensais.
Quadro 5.1.6 – Umidade Relativa do Ar Compensada (%)
Estação
Irecê
Itaberaba
Jacobina
Lençóis
Morro do
Chapéu
Jan
66,1
69,8
70,0
73,6
Fev
65,2
70,2
71,0
73,0
Mar
68,4
69,9
72,0
77,6
Abr
69,4
73,5
75,0
80,5
Mai
67,3
74,9
77,0
81,4
Jun
65,8
76,2
78,0
82,0
Jul
62,6
75,2
76,0
79,9
Ago
57,5
70,8
72,0
76,2
Set
55,4
68,3
68,0
72,8
Out
55,8
66,4
65,0
73,6
Nov
60,7
67,7
65,0
74,9
Dez
64,9
68,1
70,0
76,2
76,3
75,4
78,2
81,0
83,6
85,1
84,1
79,4
75,4
73,4
73,9
75,9
Fonte: INMET, 1992.
25
Gráfico 5.1.4 – Umidade Relativa do Ar (%)
Fonte: INMET
Com exceção da Estação de Irecê, o comportamento em relação a esta variável é semelhante
em todas as estações climatológicas. A umidade relativa do ar possui uma variação suave entre
73 a 85% na estação climatológica de Morro do Chapéu, a qual apresenta os maiores índices em
relação às estações da região, com os menores índices nos meses de outubro e novembro e
maiores nos meses de junho e julho.
5.1.1.2.3 Insolação
A insolação total é a duração do período do dia com o brilho da luz do sol, sendo medida por
meio de Heliógrafo, no Quadro a seguir é apresentado o comportamento mensal das normais
de insolação obtidos nas estações selecionadas.
Quadro 5.1.7 – Insolação (horas/mês)
Estação
Irecê
Itaberaba
Jacobina
Lençóis
Morro do
Chapéu
Jan
244,3
126,1
201,8
176,0
Fev
224,0
117,5
182,6
167,7
Mar
225,2
129,5
203,1
175,2
Abr
Mai
Jun
Jul
222,6 241,6 231,8 250,5
104,7 98,8
96,4
96,5
175,0 172,4 154,0 166,7
158,0 149,6 144,4 146,1
Ago
256,1
109,8
194,7
173,8
Set
253,8
100,9
192,7
159,6
Out
242,0
112,2
201,6
145,4
Nov
224,9
114,0
193,5
141,9
Dez
231,1
122,2
211,9
157,1
179,6
152,9
173,1
157,8
187,8
173,7
172,4
160,5
181,6
157,9
143,6
154,8
Fonte: INMET, 1992.
26
Gráfico 5.1.5 – Insolação (horas-mês)
Fonte: INMET
Conforme observado nos dados das normais de insolação, na estação de Morro do Chapéu, o
mês de junho apresentou o menor valor (143,6 horas) enquanto que no mês de agosto foi
obtido o maior valor (187,8 horas). Em termos gerais, observa-se que a insolação é alta, como
em toda a região Nordeste, região de alta disponibilidade deste elemento climático.
5.1.1.2.4 Evaporação Total
A evaporação é um fenômeno físico de mudança de fase líquida para vapor d’água presente em
condições naturais. Sua medição pode ser realizada por vários instrumentos, sendo os mais
comuns o Evaporímetro Piche e o Tanque Classe A. No Quadro a seguir é apresentado o
comportamento da evaporação nas estações selecionadas, medidas por meio de Evaporímetro
de Piche, que diz respeito a água evaporada dentro do abrigo meteorológico padrão.
Quadro 5.1.8 – Evaporação Total (mm) – Evaporímetro de Piche
Estação
Irecê
Itaberab
a
Jacobina
Lençóis
Morro
do
Chapéu
Jan
170,
2
126,
0
180,
0
105,
8
Fev
151,
8
112,
0
167,
5
103,
2
Mar
145,
8
137,
0
166,
1
Abr
134,
0
104,
0
142,
4
Mai
147,
4
Jun
147,
3
95,0
115,
9
89,0
106,
8
Jul
170,
0
101,
0
121,
8
97,5
75,5
71,7
68,2
76,8
126,
6
121,
0
124,
1
100,
2
114,
9
83,1
94,1
Ago
208,
2
128,
0
150,
5
102,
0
Set
216,
6
160,
0
181,
6
117,
4
Out
223,
7
190,
0
208,
0
122,
5
Nov
183,
4
167,
0
193,
8
105,
2
Dez
163,
4
156,
0
174,
7
110,
7
120,
8
142,
2
156,
8
142,
3
135,
0
Fonte: INMET, 1992.
27
Gráfico 5.1.6 – Evaporação (mm)
Fonte: INMET
Os valores da evaporação confirmam a sua tendência de aumento com o decréscimo da
umidade relativa e o aumento da temperatura. A taxa anual de evaporação de Morro do
Chapéu é de 1.461,1 mm, valor bastante expressivo. Observa-se que este parâmetro atinge
156,8 mm em outubro, maior valor da normal, e em junho atinge 83,1 mm, menor valor.
5.1.1.2.5 Precipitação
Dentre as variáveis climáticas, a precipitação é a que exerce maior influência direta sobre os
recursos hídricos. Esta variável pode ser definida como a quantidade de água que cai sobre uma
superfície horizontal durante um dia, um mês ou um ano e designada como precipitação diária,
mensal ou anual.
Quadro 5.1.9 – Precipitação Acumulada (mm)
Estação
Irecê
Itaberaba
Jacobina
Lençóis
Morro do
Chapéu
Jan
Fev
Mar
Abr
109,8 91,0 101,2 53,0
117,5 90,7 90,2 68,3
98,9 82,4 130,0 91,3
155,9 151,2 160,2 150,5
Mai Jun Jul Ago
11,7 6,1 3,2 2,7
43,1 46,4 32,6 24,5
48,3 53,5 41,3 39,8
78,2 81,6 65,3 46,3
92,8
33,3 39,4 27,1 20,6 19,1 42,6
86,4
93,4
67,8
Set
13,2
20,6
31,2
49,0
Out Nov
39,4 90,1
42,0 70,6
31,8 86,2
95,6 155,6
87,6
Dez
132,0
116,2
116,4
172,1
138,9
Fonte: INMET, 1992.
28
Gráfico 5.1.7 – Precipitação Acumulada Mensal (mm)
Fonte: INMET
As estações de Itaberaba, Irecê e Morro do Chapéu apresentam precipitação total anual inferior
a 800 mm, Jacobina está na faixa de 850 mm, e a estação de Lençóis com valores superiores a
1.300 mm.
Para a estação de Morro de Chapéu, os meses menos chuvosos são julho, agosto e setembro, da
mesma forma que para as estações de Lençóis e Itaberaba. A época de chuvas é bem definida
nos meses de dezembro a março para todas as estações climatológicas consideradas neste
estudo.
5.1.1.2.6 Ventos
Os ventos são caracterizados por sua intensidade e direção, que são medidos pelo
anemômetro.
Intensidade dos Ventos (m/s)
Quadro 5.1.10 – Intensidade dos Ventos (m/s)
Estação
Irecê
Itaberaba
Jacobina
Lençóis
Morro do
Chapéu
Jan
3,5
1,9
2,9
1,1
Fev
3,6
1,8
3,0
1,2
Mar
3,3
1,8
2,8
1,0
Abr
3,6
1,7
3,0
1,1
Mai
4,3
1,7
2,9
1,0
Jun
4,6
1,7
3,0
1,1
Jul
4,9
1,7
3,4
1,2
Ago
5,0
2,0
3,6
1,3
Set
4,9
2,5
3,9
1,3
Out
4,2
2,6
3,7
1,2
Nov
3,9
2,5
3,4
1,1
Dez
3,6
2,2
2,9
1,0
3,2
3,5
3,4
3,2
3,6
4,1
4,1
4,0
4,0
3,5
3,3
3,0
Fonte: INMET, 1992.
Conforme observado no gráfico, o vento ocorre com maior intensidade em Irecê e Morro do
Chapéu, com intensidade superior a 3,5 m/s, Grau 3 – brisa suave, de acordo com a classificação
29
de Beauford. As intensidades de Jacobina e Itaberaba possuem Grau 2 – brisa leve, enquanto
Lençóis possui Grau 1 - leve, com velocidade inferiores a 1,5 m/s.
Gráfico 5.1.8 – Velocidade dos Ventos (m/s)
Fonte: INMET
Direção Predominante dos Ventos
Quadro 5.1.11 – Direção predominante dos ventos
Estação
Irecê
Itaberaba
Jacobina
Lençóis
Morro do
Chapéu
Jan
Fev
Mar
Abr
SE
E
E
SE
SE
SE
SE
SE
SE
SE
SE
SE
calmo calmo calmo calmo
E
E
E
SE
Mai
SE
SE
SE
S
Jun
SE
SE
S
Jul
SE
SE
S
Ago
SE
SE
SE
S
Set
SE
SE
SE
S
Out
E
SE
SE
S
SE
SE
SE
E
E
E
Nov
Dez
E
E
calmo
SE
SE
SE
S
calmo
E
E
Legenda: SE – Sudeste; E – Leste; S – Sul
Fonte: INMET, 1992.
Conforme as Normais Climatológicas, para a estação de Morro do Chapéu, a direção
predominante é Leste, ocorrendo predominância de Sudeste nos meses de abril a julho.
Por outro lado, o Empreendedor, por determinação da ANEEL, realizou campanha de medição
de ventos.
A campanha de medição foi realizada através de duas torres de medição; a torre 6204 Cristal I
com 60m de altura e da torre de medição 6312 Cristal II com 80m de altura. Ambas as torres
possuem medições de velocidade do vento em três alturas e medição de direção do vento em
duas alturas. Tanto as torres com todos os instrumentos de medição foram instaladas conforme
recomendações da IEC 61400-12-1.
As torres de medição estão localizadas na Chapada Diamantina, no leste do estado da Bahia. A
30
estrutura do relevo na área de instalação das torres é caracterizada por um planalto com uma
vertente íngreme em direção a Oeste e uma vertente com pouca inclinação em direção a Leste.
O planalto tem uma altura máxima de cerca de 1100 m a.n.m. O uso principal do terreno ao
redor das torres é caracterizado por arbustos e árvores pequenas com uma altura máxima de 5
m. O regime de vento é dominado pela circulação de ventos alísios, com velocidade de vento
predominante Leste.
Figura 5.1.3 – Localização das torres de medição Cristal I e II
A - Torre de medição 6204 – Cristal I
Os dados foram coletados usando um Data Logger NRG Symphonie, 4 anemômetros NRG #40C
e dois Wind vanes NRG 200P. O data logger foi programado para salvar os dados em intervalos
de 10 minutos, com médias, desvio padrão e máximos e mínimos, apresentado as seguintes
características:
Pais
Estado
Cidade
Brasil
Bahia
Cafarnaum
Elevação
Altura da torre
Alturas de medição
1.080 m
60 m
20m; 40m; 60m
A torre de medição 6204 teve início de medição em 27.08.2008. Durante um período coerente
de medição foi escolhido para analise das condições anuais de vento o período de 15.02.2008 a
15.12.2009. Os dados obtidos fora submetidos a uma análise de qualidade para identificação de
datados afetados por falhas nos equipamento de medição ou outras anomalias que podem ter
ocorrido durante o período escolhido. A análise dos resultados apontou as seguintes
velocidades médias medidas na direção predominante:
31
Altura de medição (m)
20
40
60
Velocidade (m/s)
7,60
8,40
8,90
Fotografia 5.1.1 - Torre de medição 6206 – Cristal I.
Gráfico 5.1.9 – Distribuição Direção de do vento a 60 m
32
B - Torre de medição 6312 – Cristal II
Os dados foram coletados usando um Data Logger NRG Symphonie, 4 anemômetros NRG #40C
e dois Wind vanes NRG 200P. O data logger foi programado para salvar os dados em intervalos
de 10 minutos, com médias, desvio padrão e máximos e mínimos, apresentado as seguintes
características:
Pais
Estado
Cidade
Brasil
Bahia
Bonito
Elevação
Altura da torre
Alturas de medição
1050 m
80 m
40m; 60m; 80m
Fotografia 5.1.2 - Torre de medição 6212 – Cristal II.
A torre de medição 6212 teve início de medição em 23.09.2009. Adicionalmente também foi
instalado um sensor de temperatura e um sensor de pressão. Durante um período coerente de
medição foi escolhido para analise das condições anuais de vento o período de 23.07.2009 a
12.11.2010. Os dados obtidos fora submetidos a uma análise de qualidade para identificação de
datados afetados por falhas nos equipamento de medição ou outras anomalias que podem ter
ocorrido durante o período escolhido. A análise dos resultados apontou as seguintes
velocidades médias medidas na direção predominante:
Altura de medição (m)
40
60
80
Velocidade (m/s)
8,00
8,50
8,70
33
Gráfico 5.1.10 – Distribuição Direção de do vento a 80 m
5.1.1.3 Balanço Hídrico
Para análise das condições hídricas determinou-se por meio do método de Thornthwaite e
Mather (1955) o balanço hídrico, utilizando os dados de precipitação, evapotranspiração
potencial e real para a estação meteorológica de Morro do Chapéu.
Os resultados obtidos são apresentados no Quadro 5.1.12 e nos Gráficos 5.1.11 e 5.1.12.
Verifica-se que a precipitação média anual é de 749 mm, com 66,64% da precipitação anual
ocorrendo nos meses de novembro a março.
O déficit hídrico anual é de 144,8 mm, distribuído de abril a outubro. A região não apresenta
excedente hídrico. Observa-se que a região possui dois períodos bem definidos: um seco, que
vai de abril a outubro, e outro chuvoso, de novembro a março.
A evapotranspitração supera a precipitação no período em todos os meses do ano, sendo
setembro o mês que apresenta maior déficit (38,7 mm).
Quadro 5.1.12 – Balanço Hídrico Climatológico para a área do Complexo Éolico Cristal, segundo
Thornthwaite e Mather (CAD=100mm), 1961 - 1990
Decêndios Num
de
dias
NDA
T
oC
P
mm
N
horas
I
ETP
Thornthwaite
1948
P-ETP
mm
NEG-AC
ARM
mm
ALT
mm
ETR
mm
DEF
mm
EXC
mm
0,0
0,0
0,0
3,5
15,9
9,4
17,3
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
31
28
31
30
31
30
31
1
32
60
91
121
152
182
21,1
21,2
21,0
20,6
19,2
17,8
17,2
92,8
86,4
93,4
67,8
33,3
39,4
27,1
12,6
12,5
12,2
11,9
11,6
11,4
11,4
8,8
8,9
8,8
8,5
7,7
6,8
6,5
91,54
82,41
87,59
79,23
68,85
55,80
53,49
1,3
4,0
5,8
-11,4
-35,6
-16,4
-26,4
-45,0
-38,9
-30,7
-42,1
-77,7
-94,1
-120,5
63,76
67,75
73,55
65,61
45,98
39,03
29,97
1,26
3,99
5,81
-7,94
-19,63
-6,95
-9,05
91,5
82,4
87,6
75,7
52,9
46,4
36,2
Ago
31
213
17,5
20,6
11,5
6,7
56,24
-35,6
-156,1
20,99
-8,99
29,6
26,7
0,0
Set
Out
Nov
Dez
TOTAIS
MÉDIAS
30
31
30
31
244
274
305
335
18,9
20,2
20,7
20,9
236,3
19,7
19,1
42,6
87,6
138,9
749,0
62,4
11,8
12,1
12,4
12,6
144,0
12,0
7,5
8,3
8,6
8,7
95,8
8,0
65,56
80,01
83,56
89,52
893,80
74,48
-46,5
-37,4
4,0
49,4
-144,8
-12,1
-202,6
-240,0
-203,1
-47,0
13,19
9,07
13,11
62,49
505
42,0
-7,80
-4,12
4,04
49,38
0,00
26,9
46,7
83,6
89,5
749,0
62,4
38,7
33,3
0,0
0,0
144,8
12,1
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
34
Gráfico 5.1.11 – Balanço Hídrico Normal Mensal (mm) – Complexo eólico Cristal
Gráfico 5.1.12 – Balanço Hídrico – Complexo eólico Cristal
5.1.1.4 Conclusões
A análise comparativa dos elementos climáticos de estações, situadas no entorno da área em
estudo, comprova a característica climática peculiar da região de Morro do Chapéu, fortemente
influenciada pela sua altitude. Este fator determina sua classificação climática, BSh, devido aos
índices pluviométricos inferiores a 800 mm.
Conforme mencionado anteriormente, a caracterização climatológica do Complexo Eólico Cristal
deve ter como referência os dados da estação de Morro do Chapéu, como explicado
anteriormente.
No Quadro Resumo estão apresentadas as principais características climáticas para a área a ser
implantado o Complexo Eólico Cristal.
35
Quadro 5.1.13 – Resumo das Características Climáticas do Complexo Eólico Cristal
Elemento
Temperatura
Umidade
Insolação
Evaporação
Precipitação
Vento
Balanço Hídrico
Características Gerais
A temperatura média anual em torno 20 oC. O período mais quente vai de
janeiro a março e o mais frio de junho a agosto.
A umidade relativa do ar possui uma variação suave entre 73 a 85%, com os
menores índices nos meses de outubro e novembro e maiores nos meses de
junho e julho.
O mês de junho apresenta a menor insolação, enquanto o mês de agosto, o
maior valor. Em termos gerais, observa-se que a insolação é alta, como em
toda a região Nordeste, região de alta disponibilidade deste elemento
climático.
Os valores da evaporação confirmam a sua tendência de aumento com o
decréscimo da umidade relativa e o aumento da temperatura. A taxa anual de
evaporação é em torno de 1.500 mm, valor bastante expressivo. Os maiores
valores ocorrem em outubro, e em junho os menores valores.
Os meses menos chuvosos são julho, agosto e setembro. A época de chuvas é
bem definida nos meses de dezembro a março, com precipitação total anual
inferior a 800 mm.
O vento ocorre com maior intensidade na região, com intensidade superior a
3,5 m/s, Grau 3 – brisa suave, de acordo com a classificação de Beauford. A
direção predominante é Leste, ocorrendo predominância de Sudeste nos
meses de abril a julho.
A precipitação média anual é de 749 mm, com 66,64% da precipitação anual
ocorrendo nos meses de novembro a março.
O déficit hídrico anual é de 144,8 mm, distribuído de abril a outubro. A região
não apresenta excedente hídrico.
Observa-se que a região possui dois períodos bem definidos: um seco, que vai
de abril a outubro, e outro chuvoso, de novembro a março.
A evapotranspitração supera a precipitação em todos os meses do ano.
36
5.1.1.5 5.1.2 Geomorfologia
a) Caracterização topográfica (levantamento planialtimétrico em escala adequada);
b) Apresentar Mapa Topográfico, com cotas de 10 em 10 metros (linhas-mestra de 50 em 50
metros) em escala de 1:50.000.
c) Posição da área dentro da bacia hidrográfica;
d) Classificação das formas de relevo quanto à sua origem;
e) Caracterização do padrão de drenagem;
f) Mapa geomorfológico, incluindo os recursos hídricos, em escala de 1:50.000;
g) Características da dinâmica do relevo (presença ou propensão à erosão e assoreamento, áreas
sujeitas a inundações, escorregamentos de encostas e taludes, dentre outros), e sua relação
com as atividades propostas para o empreendimento (condições favoráveis ou adversas à
implantação das obras);
h) Compartimentação do relevo;
i) Relação geomorfologia/geologia;
j)
Classificação das formas do modelado.
5.1.2 Geomorfologia
A região pode ser caracterizada como composta por três compartimentos geomorfológicos de
expressão regional; um de relevo plano, altimetria elevada, nas áreas onde predominam
litotipos carbonáticos da Formação Caboclo denominada de Chapadas de Morro do Chapéu,
compondo o Domínio do Planalto da Chapada Diamantina. Um de relevo serrano, com
altimetria elevada, topografia movimentada e vertentes íngremes com exposições frequentes
de rochas na forma de lajedos, correspondente aos arenitos silicificados da Formação Morro do
Chapéu, denominada Encosta Ocidental, e um terceiro compartimento, de topografia rebaixada
em relação aos outros compartimentos, de relevo colinoso e vertentes suaves, correlacionadas
a litologias dominantemente carbonáticas da Formação Salitre, região do vale do rio jacaré,
denominado Baixada do rio Jacaré, no Reverso do Planalto da Chapada Diamantina. O mapa
geomorfológico em Anexo, apresenta a distribuição espacial destes compartimentos.
Regionalmente, as Chapadas de Morro do Chapéu, compondo o conjunto denominado Chapada
Diamantina, limitam-se a norte com as baixadas dos rios Jacaré e Salitre, a oeste com a chapada
de Irecê, a leste com o patamar colinoso esculpido sobre rochas do embasamento cristalino, a
sul apresenta continuidade com o planalto do rio Bonito (Projeto Radambrasil, 1983).
As formas de relevo refletem forte controle estrutural, mostrando serras alinhadas, escarpas e
vales direcionados, adaptados a falhas e fraturas. O relevo regional mais proeminente da
chapada foi modelado sobre sedimentos silicificados e metassedimentos do domínio das
37
coberturas cratônicas, afetada por dobramentos e deformações rúpteis, gerando falhas e
fraturas.
A rede de drenagem se apresenta fortemente controlada pelo arcabouço estrutural das rochas
da formação Morro do Chapéu, sendo caracterizada por vertentes íngremes, canais retilíneos
com inflexões bruscas e eventuais desníveis que condicionam a ocorrência de rios de leito
rochoso de alta energia de transporte. Já na região de relevo plano do vale do rio Jacaré, no
riacho Baixa de Cafarnaum, limite oeste da área de influência direta (AID), rede de drenagem se
apresenta com baixa energia de transporte eleito encaixado em litologias carbonáticas.
Os aerogeradores do Complexo eólico, divididos em cinco subparques, está situado nas áreas
topograficamente mais elevadas, conforme apresentado no mapa topográfico em anexo,
correspondente a região serrana formada pelos litotipos da Formação Morro do Chapéu. Esta
região serrana com cerca de 30,0 quilômetros de comprimento, e largura variando de 5,0 a10
quilômetros, encontra-se alinhada na posição NNE-SSW, com cotas variando em torno de 1000
metros.
A região serrana (Fotografia 5.3.1) é cortada transversalmente por riachos encaixados em vales
estruturais, com direção geral de drenagem de leste para oeste, fazendo parte da bacia
hidrográfica do rio Jacaré, ou Vereda do Romão Gramacho.
Fotografia 5.1.3 - Região serrana de topografia elevada onde serão instalados os aerogeradores
Coordenadas UTM 8.707.506 / 235.887 - Fonte: V&S, 2011.
5.1.2.1 Planalto da Chapada Diamantina – Chapadas de Morro do Chapéu
Na compartimento geomorfológico da Chapada de Morro do Chapéu pode-se diferenciar duas
regiões de características distintas quanto a origem das formas de relevo: uma dominante ao
norte, região da cidade de morro do Chapéu, em altitudes que variam entre 800 e 1.000m,
38
onde ocorrem afloramentos da Formação Morro do Chapéu, compondo um relevo estrutural
com afloramentos de rocha e solos arenosos originados a partir de arenitos e superfícies de
aplainamento com cobertura latossólica profunda, e um segundo já na área de influência direta
do empreendimento (AID), mais a sul, região do povoado de Lagoinha, com altitudes entre 880
e 1.000m constituída de uma superfície exumada, de aplainamento, desenvolvida a partir de
rochas da Formação Caboclo e das coberturas residuais areno-argilosas.
A unidade é representada por um conjunto de dobras exumadas a partir de uma superfície de
aplainamento que truncou as cumeeiras das anticlinais, cujo eixo está situado a cerca de 6,0
quilômetros a oeste da cidade de Morro do Chapéu.
Na porção norte desta unidade, as formações superficiais se apresentam descontínuas, de
espessura variável, textura areno-argilosa e cascalhosa, com eventuais afloramentos de rochas
na forma de lajedo e exposições de blocos compondo um relevo ruiniforme (Fotografia 5.1.4).
Fotografia 5.1.4 - Relevo ruiniforme associado a litologias da Formação Morro do Chapéu
Coordenadas UTM 8.728.906 / 245.252 - Fonte: V&S, 2011.
A sul, na área de influência indireta do empreendimento(AII), o modelado apresenta extensos
planos incluindo feições de lombas e vales largos e rasos com declives variando de 3º a 10º,
ocorrendo coberturas detríticas de espessuras variáveis. A erosão e rebaixamento deste
conjunto foi facilitada pela presença de rochas da Formação Caboclo, com conteúdo
carbonático, mais susceptível ao intemperismo e aos agentes erosivos.
Os morros testemunhos e serras alinhadas onde serão instalados os sub-parques atestam a
resistência dos arenitos da Formação Morro do Chapéu aos processos erosivos, enquanto que o
intemperismo nas litologias da Formação Caboclo, em área topograficamente mais rebaixada,
gerou formações superficiais argilosas espessas que se espraiam em alguns setores da
superfície do planalto.
39
Na porção leste da área de influência, sobre as litologias da Formação Caboclo, o modelado
predominante é de aplainamento (Fotografia 5.1.5), onde as superfícies planas são dissecadas
pela drenagem atual com densidade fraca. O escoamento laminar e a infiltração são os
processos predominantes em relação à dinâmica das águas pluviais. Em função do relevo
aplainado, coberturas arenosas permeáveis, mesmo sem a proteção de cobertura vegetal são
consideradas do ponto de vista morfodinâmico como áreas instáveis em grau fraco, com menor
possibilidade portanto do desenvolvimento de processos erosivos significativos.
Fotografia 5.1.5 - Relevo de planalto com topografia plana na região de Lagoinha.
Coordenadas UTM 8.711.774 / 243.356 - Fonte: V&S, 2011.
Nas áreas aplainadas, de cobertura arenosa e solos latossólicos de baixa fertilidade registra-se a
presença de murundus (Fotografia 5.1.6) em áreas de pastagens degradadas.
Fotografia 5.1.6 - Áreas de pastagens com ocorrência de murundus associados a práticas inadequadas
de manejo e baixa fertilidade dos solos.
Coordenadas UTM 8.691.306 / 241.446 - Fonte: V&S, 2011.
40
5.1.2.2 Encosta Ocidental
A unidade da Encosta Ocidental mostra-se como um conjunto de serras alinhadas na direção
NNE-SSW que se elevam cerca de 300 metros em relação a bacia de Irecê, na região do vale do
rio Jacaré (Fotografia 5.1.7). Trata-se de uma faixa longitudinal na porção central da área de
influência Direta (AID), correspondente ao alinhamento de serras formadas pelos arenitos da
formação Morro do Chapéu e suas encostas para oeste, com altitudes que variam de mais de
1.000 metros no topo das serras a 850 metros no sopé da encosta, em direção ao vale do riacho
Baixa de Cafarnaum, com cotas em trono de 750 metros.
Fotografia 5.1.7 - Conjunto serrano que se eleva cerca de 300 metros em relação ao vale, denominado
Encostas Ocidentais.
Coordenadas UTM 8.733.630 / 239.235 -Fonte: V&S, 2011.
A região serrana é cortada transversalmente por vales de direção aproximada oeste-leste,
mostrando forte controle estrutural, a exemplo dos córregos Boa vista e Baixa do Cristal. Nestas
áreas, o leito do rio se apresenta com declividade forte, em um vale estreito, muito encaixado,
com vertentes íngremes e rochosas, e leito do rio rochoso, que formam rápidos e corredeiras,
não apresentando acumulações aluviais significativas. Estes riachos apresentam forte
sazonalidade e intermitência, com vazões significativas e eventualmente elevadas somente nos
períodos de chuva.
Formada por rochas resistentes ao intemperismo, essa unidade apresenta uma longa encosta
com relevo influenciado pela estrutura geológica representando cristas, planos rochosos,
relevos ruiniformes, com frenquentes afloramentos de rochas na forma de lajedos e formações
superficiais de pouca espessura e solos litólicos.
Nas áreas de relevo mais proeminente e de forte controle estrutural, ocorre dissecação
diferencial e a morfologia é definida por modelados tabuliformes limitado por vales encaixados
41
e alinhados, com vertentes por vezes abruptas, mostrando trechos escarpados.
Nas proximidades da cidade de Morro do Chapéu são encontrados afloramentos rochosos, que
se apresentam principalmente na forma de lajedos. Em superfície observa-se uma acumulação
arenosa de cor esbranquiçada, sotoposta a solos litólicos proveniente da alteração dos
arenitos.
A topografia apresenta uma superfície irregular rochosas, por vezes ruiniforme, com escarpas e
vales profundos, facetas triangulares, com declives superiores a 15% e solos rasos de baixa
fertilidade, pedregosos, textura arenosa e afloramentos de Rocha, com formações superficiais
pouco profundas e taxa de infiltração elevada que não contribui para a retenção da água nas
camadas superficiais.
As vertentes de declividade moderada, e eventualmente forte, apresentam desníveis da ordem
de 120 metros e, por se tratarem de áreas com declividades acentuadas, comumente utilizadas
para atividades de pecuária extensiva, são expostas a uma ação erosiva intensa de chuvas,
função do escoamento laminar severo, e consideradas áreas de instabilidade média do ponto
de vista morfodinâmico.
O local onde está prevista a instalação dos sub-parques corresponde a um relevo de serras
alinhadas com topos aguçados, ás vezes alongados, encostas irregular de declividade forte,
variando de 10 a 20% na vertente leste e de 5 a 10% da vertente oeste, coincidente com a
direção de mergulho da rocha. O material de cobertura é composto de blocos e matacões,
soltos e deslocados, imersos em uma matriz arenosa, apresentando-se como uma cobertura
pouco espessa e irregular.
As formas se relevo se apresentam como cuestas com caimento suave para oeste e cornijas e
eventuais linhas de escarpas voltadas para leste.
Neste região, os rios que cortem transversalmente as serras formam vales encaixados com
incisões de até 100 metros de desnível do topo para o fundo dos vales, e as vertentes mostram
declividades fortes.
As formações superficiais arenosas do topo das serras onde a topografia é plana, apesar da
pouca espessura, apresenta elevada permeabilidade, fazendo com que as água superficiais
infiltrem de forma rápida, com baixa possibilidade de formação de fluxos concentrados de
escoamento superficial.
As ações antrópicas observadas nestas áreas de declividade mais acentuada estão relacionadas
principalmente à supressão da vegetação para abertura de vias de acesso ou implantação de
42
cercas divisórias de propriedades rurais paralelas à linha de maior declividade e sem estruturas
de drenagem superficial adequada, podendo evoluir para concentração de fluxo e conseqüente
processo erosivos localizados.
Ocorrência de pontos de erosão por escoamento de águas pluviométricas por conta de
intervenções antrópicas foram registrados na estrada de acesso à localidade de Pau de Colher,
a mesma utilizada para acesso à torre de medição Cristal I e que também será utilizada, após as
devidas melhorias, para acesso ao sub-parque São Judas. Neste trecho de declividade
acentuada foi observada formação de sulcos na margem esquerda. Entretanto com ocorrência
de rocha sã a pouca profundidade, não permitindo a evolução para ravinas.
Fotografia 5.1.8 - Erosão hídrica na margem da estrada de acesso a torre de
Medição Cristal I e a localidade Pau de Colher.
Coordenadas UTM 8.708.476 / 246.536 -Fonte: V&S, 2011.
A pequena espessura dos solos e formações superficiais associada a ocorrência de
afloramentos rochosos a pouca profundidade confere uma boa estabilidade as terrenos
situados nas vertentes da serra, com baixa probabilidade de ocorrência de processos erosivos
tipo escorregamento e desmoronamento.
As encostas da serra apresentam um substrato irregular formado por blocos e matacões de
dimensões submétricas tombados e rolados, imersos em uma matriz arenosa, condicionando a
necessidade de limpeza e descarte do material inconsolidado, e corte e aterro para
implantação das vias de acesso. Devido a pouca disponibilidade de material de alteração para
corte, sobretudo de material argiloso, serão necessário maiores volume de aterro como subbase, garantindo a declividade adequada e as características geomecânicas do piso de
rolamento para os caminhões que irão transportar os aerogeradores..
No topo plano da área serrana, onde serão instalados os aerogeradores, o substrato rochoso se
apresenta com pouca profundidade, e em rocha sã, compacta, com grau de fraturamento baixo
43
a médio, não sendo necessárias escavações profundas para fundações, desde quando essas
rochas apresentam excelente capacidade de suporte. Estava inicialmente estabelecida em
projeto escavações de 400 m² de área por 3 metros de profundidade para estrutura dos blocos
da ancoragem. Esta metodologia construtiva deverá ser reavaliada em função dos resultados
dos ensaios geotécnicos das fundações.
5.1.2.3
Reversos do Planalto da Chapada Diamantina – Baixada do rio Jacaré
A unidade da Baixada do Rio Jacaré ocupa a porção oeste da área, ocorrendo nas imediações do
vale do riacho Baixa de Cafarnaum, estendendo-se para a sua margem esquerda sobre litologias
dominantemente carbonáticas da Formação Salitre (Fotografia 5.1.9).
As cotas variam de 750 a 850 metros, com um relevo compondo uma superfície plana,
levemente dissecada em rampas em direção ao vale do rio, cujo leito apresenta cotas em torno
de 720 metros.
O relevo se apresenta como lombas e rampas coluviais com caimento geral para o rio Jacaré
(Vereda do Romão Gramacho) e localmente para córrego Baixa de Cafarnaum, com declividade
predominantemente fraca (< 5%) a moderada (< 10%).
Fotografia 5.1.9 - Encosta ocidental, e ao fundo, Baixada do rio Jacaré.
Coordenadas UTM 8.692.590 / 234.399 - Fonte: V&S, 2011.
Na margem direita do córrego Baixa de Cafarnaum as formações superficiais ocorrem depósitos
coluviais descontínuos, com material derivado da região serrana adjacente, de espessura
variável com eventuais feições cársticas devido a influência da rocha carbonática subjacente, e
dinâmica de relevo de moderada a forte.
Na margem esquerda do rio, já no limite da área de Influência, ocorrem formações superficiais
derivadas da alteração da rocha subjacente, com pouca remobilização de material,
44
caracterizando uma dinâmica de relevo de intensidade fraca a média.
Devido a ocorrência de rochas carbonáticas, nesta região são registradas formas de dissoluções
tais como cavernas e dolinas e encontradas estruturas de colapso de grande porte a exemplo
do buraco do Possidônio e Buracão.
Nesta região da baixada do rio Jacaré, como é comum em litologias carbonáticas, a baixa
densidade da rede de drenagem sugere a existência de zonas de percolação rápida e
sumidouros, que absorvem as águas da drenagem superficial, formando em vários trechos uma
drenagem subterrânea.
A feição geomorfológica denominada buraco do Possidônio (Fotografia 5.1.10), a nordeste do
povoado de Lagoinha, consiste em uma depressão circular, com cerca de 250 m de diâmetro
maior, no fundo da qual existe uma entrada sugestiva de uma caverna ainda não mapeada, e
indicativo de que se formou pelo abatimento de uma porção do teto desta caverna.
Fotografia 5.1.10 - Buraco do Possidônio
Coordenadas UTM 8.711.494 252.541 - Fonte: V&S, 2011.
Outra estrutura denominada Buracão, situada próximo a gruta do Cristal, constitui-se em uma
dolina cilíndrica – estrutura de colapso – de forma aproximada elipsoidal, com diâmetro
variável entre 70 e 120m e profundidade variável entre 25 e 50m (Fotografia 5.1.11). A sua
borda é formada por escarpas abruptas, com vegetação instalada entre blocos de rocha e
vegetação de caatinga arbórea no interior da estrutura.
45
Fotografia 5.1.11 - Vista do interior da dolina Buracão mostrando delimitação por escarpas verticais.
Coordenadas UTM 8.692.590 / 234.399 - Fonte: V&S, 2011.
Classificação das Formas do modelado
O modelado dominante é representado por uma extensa área de aplanamento entremeada por
estruturas residuais dissecadas, e localmente por formas de dissolução. O relevo regional mais
proeminente é composto pelo conjunto de serras alinhadas modelado sobre rochas
sedimentares do Grupo Chapada Diamantina – Formação Morro do Chapéu, onde
litologicamente predominam arenitos silicificados, compactos, caracterizando-se como uma
cama da mais dura e resistente a ação do intemperismo, submetida a processo de dissecação. A
oeste do relevo serrano mais proeminente, em direção ao vale do riacho Baixa de Cafarnaum,
ocorrem depósitos detríticos que caracterizam modelados de acumulação na forma de rampas
com caimento suave para oeste. A leste, em litolotipos da Formação Caboclo, ocorrem siltitos,
calcarenitos e argilitos com camadas de teor significativo de carbonatos, fazendo com que,
localmente, o terreno se comporte como um modelado de dissolução, ocorrendo estruturas de
colapso, dolinas e cavidades naturais.
Na caracterização geomorfológica da área de influencia indireta do complexo eólico Cristal,
foram identificados modelados de dissecação, aplainamento e dissolução.
O Modelado de Dissecação ocorre na região serrana, área de topografia elevada esculpida
sobre litotipos da formação Morro do Chapéu, sendo responsável pela exumação e exposição
das formas associadas à estrutura.
As formas relacionadas à dissecação são marcadas pelo forte controle estrutural, evidenciandose os modelados de serras alinhadas, alongadas no sentido norte-sul, e de topos tabulares, com
vertente mais abrupta na face leste e com caimento mais suave para oeste, assemelhando-se a
46
um relevo de “cuestas”, cortados transversalmente por vales encaixados de aprofundamento
médio a forte, com desníveis da ordem de 100 metros.
Este modelado apresenta uma densidade de drenagem grosseira, com vales alinhados e
adaptados a falhas e fraturas, com dissecação diferencial atual ou subatual associada ao
soerguimento do relevo de borda de um anticlinal e com entalhamento subseqüente da
drenagem.
O Modelado de Aplainamento está relacionado a superfícies retocadas inumadas formando
planos inclinados uniformizados por coberturas detríticas correspondentes aos depósitos de
talus da borda oeste da região serrana, formado a partir do retrabalhamento de material da
Formação Morro do Chapéu. Ocorrem também superfícies de aplainamento na borda leste da
serra, inumadas por coberturas autóctones arenosas e siltosas.
As regiões serranas de topografia elevada estão submetidas a desagregação mecânica sob a
ação do clima seco e parte do material resultante da desagregação esta distribuído na borda
oeste da vertente, em direção ao vale do riacho Baixa de Cafarnaum, representando o
modelado de aplainamento.
O modelado de aplanamento situado na porção leste da área de influência indireta, borda leste
da região serrana, está associado ao planalto de Morro do Chapéu, ocorrendo sobre as
litologias da Formação Caboclo, onde o escoamento laminar difuso e a infiltração são os
processos predominantes.
Compondo o modelado de dissolução, e de forma localizada, ocorrem as rochas com teores
elevados de carbonato – calcarenitos, argilitos e siltitos, que quando submetidas a
intemperismo químico proporcionam o desenvolvimento de formas específicas resultantes do
processo de dissolução, tanto em superfície quanto subterrâneas.
Na área de influência indireta do empreendimento os modelados de dissolução ocorrem em
subsuperfície, mascarados por formações superficiais, localmente, formas de dissolução
parcialmente expostas em superfície estão representada pelas estruturas de colapso, dolinas e
cavidades presentes nos litotipos da Formação Caboclo, a exemplo do buraco do Possidônio e
da Gruta do Cristal.
Nas planícies cársticas parcialmente inumadas, a impermeabilização natural dos calcários
contribui para a concentração de água que por sua vez, promove a dissolução através de
caminhos preferenciais da estrutura, ou se acumula em áreas topograficamente mais abatidas
formando em superfície depressões circulares ou mesmo alongadas, denominadas dolinas.
47
As formas de dissolução identificadas localmente em superfície apresentam uma evolução
subterrânea sendo caracterizadas como endocársticas (espeleogênese). As cavidades naturais
têm o seu desenvolvimento ao longo de linhas de maior fraqueza, considerando a baixa
permeabilidade das rochas carbonatadas, sendo as diáclases e os planos de estratificação
determinantes da geometria e orientação da caverna.
5.1.3 Geologia/geotecnia
a) Caracterização geológica da área de influência direta, incluindo avaliação litoestratigráfica,
esboço estrutural e condições geotécnicas gerais dos solos e rochas;
b) Apresentar Mapa Geológico acompanhado de perfil geológico em escala de 1:50.000.
5.1.3 Geologia/Geotecnia
A região de estudo está localizada no interior do Cráton do São Francisco, situada sobre rochas
das coberturas plataformais dos Supergrupos Espinhaço e São Francisco, coberturas estas que
se instalaram no interior do cráton a partir da acumulação de sedimentos em uma bacia de
caráter extensional, relacionada a um rift abortado, que posteriormente sofreram deformação.
Assim, o Supergurpo Espinhaço do mesoproterozóico e o Supergurpo São Francisco do
neoproterozóico representam um conjunto de rochas metassedimentares que compõem a
unidade geotectônica das Coberturas Cratônicas Dobradas.
O Supergrupo Espinhaço encontra-se subdividido me três grandes Grupos: o Grupo Rio dos
Remédios (inferior) com estruturas lenticulares e composto de rochas metavulcânicas ácidas,
riolitos, riodacitos, dacitos, brechas e tufos associados com rochas detríticas grossas. O Grupo
Paraguaçu (médio), formado por metaconglomerados, quartzitos, metassiltítos e xistos; e o
Grupo Chapada Diamantina (superior), conjunto de rochas que afloram na região de Morro do
Chapéu, área de interesse do presente estudo.
O Supergrupo São Francisco, sobreposto ao Espinhaço, é representado pelo Grupo Una,
compreendendo as Formações Bebedouro, na base, e Salitre, no topo, ambas aflorando na
porção oeste da área de influência, na bacia de Irecê, região de Cafarnaun.
O domínio estrutural de Morro do Chapéu é uma região com baixa magnitude de deformação.
As principais feições presentes são dobramentos de eixo N-S: de oeste para leste e o anticlinal
de Morro do Chapéu.
5.1.3.1
Supergrupo Espinhaço
O Grupo Chapada Diamantina, datado do Mesoproterozóico ocupa estratigraficamente o topo
do Supergrupo Espinhaço na região da Chapada Diamantina. É composto de três formações da
base para o topo: Tombador - dominantemente quartzítica; Caboclo - com predominância de
48
folhelhos e siltitos que passam a carbonatos, e às vezes estromatolíticos, como os observados
na gruta do Cristal; e a Formação Morro do Chapéu, também dominantemente quartzítica.
Segundo Rocha (1993), na Folha de Morro do Chapéu, o somatório das espessuras das diversas
unidades do Grupo Chapada Diamantina implica em um total de aproximadamente 800 metros.
Estruturalmente essas rochas se apresentam como uma mega-dobra suave, paralela e
orientada na direção norte-sul, com fraco caimento para norte, denominada de anticlinal de
Morro do Chapéu.
a) Formação Tombador
É denominada de Formação Tombador o conjunto de tipos litológicos composto por camadas
sub-horizontais de arenitos e quartzitos que formam áreas escarpadas das serra do Tombador,
feição geográfica que apresenta uma continuidade expressiva para norte, além da cidade de
Jacobina.
Estes tipos litológicos afloram de maneira contínua ao longo da borda lesta da Chapada
Diamantina formando escarpas com camadas de mergulho suave para oeste, podendo ser
observados ao longo da BA-052 – conhecida como estrada do feijão (Fotografia 5.1.12), na
subida para a região mais elevada da chapada, cerca de 36 quilômetros antes da cidade de
Morro do Chapéu. É caracterizada por apresentar um relevo muito escarpado, onde as camadas
mais silicificadas formam cristas proeminentes, com relevo ruiniforme.
Fotografia 5.1.12 - Afloramentos de arenitos da Formação Tombador na margem da Ba-052.
Coordenadas UTM 8.708.544 / 297.109 - Fonte: V&S, 2011.
O perfil típico é representado por uma base composta por um arenito de coloração creme a
cinza-claro com granulação média, estratificação irregular, apresentando bancos maciços de
49
até um metro de espessura com intercalações de siltitos. Sobreposto a esse, segue um arenito
cinza-claro a róseo, granulação fina a média, intercalado por alguns horizontes de granulação
grosseira, mostrando pouca esfericidade e arredondamento. Segue um pacote de arenitos
esbranquiçados com finas intercalações de siltitos e arenitos róseos com horizontes
ferruginosos e no topo ocorrem arenitos róseos com horizontes de conglomerados, e
finalmente um conglomerado de matriz arenosa contendo seixos centimétricos de quartzo,
arenitos e quatzitos verdes.
A formação apresenta estratificações cruzadas de amplitudes variadas, e marcas de corrente,
denotando ambiente de sedimentação do tipo continental a marinho raso, em condições
oxidantes. Estas feições denotam sedimentos depositados através de processos fluviais de
elevada carga detrítica, em canais anastomosados, que geralmente ocorrem quando há forte
quebra de energia fluvial por redução do gradiente de relevo ou por mudança súbita de fluxo
como as chuvas torrenciais de curta duração de regiões áridas, sendo comum também nas
zonas deltaicas e em leques aluviais formando barras arenosas e ilhas, onde a quebra de relevo
propicia forte deposição.
As espessuras determinadas para esta Formação na região das escarpas do Tombador são da
ordem de 100 metros.
b) Formação Caboclo
A formação Caboclo acompanha a formação Tombador na borda leste da chapada,
apresentando mergulho fraco, entre 10º e 15° para oeste. A área de afloramento desta
formação está condicionada pela porção central e rebaixada da anticlinal de Morro do Chapéu,
condicionada por uma grande estrutura anticlinal com eixo norte-sul, com caimento para norte.
Corresponde aos tipos litológicos com maior área de ocorrência na região de Morro do Chapéu,
compondo as áreas rebaixadas a leste do alinhamento das serras onde serão instalados os subparques.
É constituída por siltitos, arenitos e pelitos e, secundariamente por lamitos algais, calcarenitos e
estromatólitos colunares. Ocorrem ardósias cinza-escuro a negras com intercalações de
camadas de quartzitos e metassiltitos com algumas ardóseas calcíferas com finas lentes de
calcário. Regionalmente, as camadas apresentam-se perturbadas mostrado microdobramentos
e abundantes veios de quartzo, entretanto, no trecho entre Morro do Chapéu e a serra do
Tombador, a Formação Caboclo não apresenta perturbação, sendo constituídas por folhelhos,
siltitos e arenitos finos de cor vermelho-amarelada. A espessura desta formação foi estimada
em 400 metros (Rocha, 1997).
50
Exposições de siltitos da Formação Caboclo podem ser observadas nas escarpas da estrutura de
colapso denominada de buraco do Possídônio, a nordeste da área de influência do Complexo
eólico (Fotografia 5.1.13).
Os lamitos algais são rochas formadas por níveis alternados claros e escuros, de espessura
centimétrica, representando os intervalos com presença de sedimentos trapeados e de matéria
orgânica originada pelas algas.
Fotografia 5.1.13 - Afloramentos de siltitos na borda da feição conhecida como Buraco do Possidônio.
Coordenadas UTM 8.711.494 252.541 - Fonte: V&S, 2011.
Na região da Gruta do Cristal as litofácies são constituidas por estromatólitos colunares,
calcarenitos intraclásticos, laminitos algais (Fotografia 5.1.14)., calcilutitos e silexitos. Ocorrem
afloramentos com biohermas e biostromas compostas por estromatólitos estratiformes,
colunares, domais e oncólitos, derivadas de carbonatos depositados em ambiente marinho raso
com evidências de tempestades, que representam a base da Formação Caboclo.
Nos afloramentos que formam as paredes escarpadas da entrada da Gruta foram identificados
quatro tipos principais de estromatólitos associados às biohermas e biostromas: estromatólitos
estratiformes, estromatólitos colunares, estromatólitos domais e oncólitos. Estromatólitos são
estruturas biossedimentares construídas por ação de bactérias em mares rasos e quentes
desde o Arqueano até a atualidade, sendo vestígios de vida antiga nestes ambientes.
51
Fotografia 5.1.14 - Laminitos algais e estromatólitos na entrada da Grupa do Cristal.
Coordenadas UTM 8.692.558 / 247.893 - Fonte: V&S, 2011.
Os estromatólitos estratiformes são compostos de laminações milimétricas, irregulares ou
crenuladas, micríticas, escuras (ricas em matéria orgânica) e claras (constituídas de material
carbonático trapeado ou precipitado). É comum a presença de pseudomorfos de minerais
evaporíticos e nódulos de sílica com espessura de alguns centímetros e vários metros de
extensão acompanhando à estratificação da rocha.
Nas estrutura de colapso conhecidas como buraco do Possidônio e Buracão, ocorre uma
espessa camada de siltitos lenticulares, depositada em ambiente de submaré, que ocorrem
sobropostas às litofaces presentes na Gruta do Cristal.
c) Formação Morro do Chapéu
Encerrando o ciclo de deposição do grupo Chapada Diamantina ocorre o conjunto de arenitos
que capeiam os folhelhos da Formação Caboclo nas imediações da cidade de Morro do Chapéu,
sendo recoberta discordantemente a oeste pelas litologias carbonáticas do Grupo Una,
Formações Bebedouro e Salitre.
Formação Morro do Chapéu é constituída predominantemente por arenitos de granulometria
fina a média onde podem ser encontrados níveis intercalados de siltitos e lamitos e,
subordinadamente, por arenito conglomerático.
Pela constituição geológica mais resistente aos agentes da erosão a estes tipos litológicos
formam relevos proeminentes, constituindo as regiões mais elevadas, e exibindo excelentes
afloramentos, com grandes feições na forma de cuestas com caimento em torno de 10º para
sul e sudeste.
52
Segundo Rocha, 1997 a Formação Morro do Chapéu é constituída por cinco associações de
litofácies definidas da base para o topo como: i) conglomerado suportado por clastos; ii)
arenitos conglomeráticos; iii) arenitos de sistema fluvial e siltitos; iv) arenitos e arenitos
sigmoidais, e v) laminito e arenito fluidizado -sistema transicional que sofreu várias flutuações
do nível do mar.
Especificamente na região da cidade de Morro do Chapéu é constituída de arenitos de cores
claras, predominando o branco, róseo e creme, finamente granulado e estratificado, que
confere um aspecto de lajedo nos afloramentos onde a topografia coincide com o caimento
geral para oeste. As estruturas primárias estão bem preservadas e indicam deposição fluvial,
seguida de deposição em um ambiente costeiro raso, com pequenas oscilações do nível do mar.
Battilani et al. (2007),classificou os arenitos da Formação Morro do Chapéu em quartzoarenitos e quartzo-arenitos conglomeráticos. Estudos petrográficos desenvolvidos pela mesma
autora indicaram que os arenitos apresentam alta maturidade mineralógica e textural,
cimentação precoce por quartzo, sendo observado, entretanto, nos poucos fragmentos
argilosos (intraclastos) e inversão textural gerada pela presença de argila por infiltração
mecânica.
A composição mineralógica das rochas é constituída principalmente por cristais de quartzo
monocristalinos e subordinadamente policristalinos. O teor de quartzo somado ao de chert
ultrapassa 90% da composição mineralógica das rochas. Podem estar presentes ainda
fragmentos de rochas sedimentares, raros cristais de feldspato (teor máximo de 4,71%), cristais
tabulares de mica, argilas de infiltração mecânica (ilita e caulinita), minerais opacos, óxidos de
titânio, turmalina e zircão, Battilani et al. (2007).
Os arenitos da formação Morro do Chapéu apresentam forte cimentação de quartzo o que
confere à rocha uma consistência muito dura e compacta, constituindo uma fase diagenética
importante sendo responsável pela grande redução da porosidade primária dos quartzoarenitos. Admiti-se como fonte a de sílica a dissolução de silicatos instáveis do arcabouço da
própria rocha ou da dissolução por pressão das unidades subjacentes. A porosidade observada
é de natureza secundária, originada principalmente pela dissolução de grãos e pelo
fraturamento.
A tentônica rúptil dos eventos de deformação estão impressos nos arenitos da formação Morro
do Chapéu, devidos as suas características reológicas, mostrando sistemas de fraturas com
direções dominantes norte-sul e NW-SE, verticais e sub-verticas, condizentes com os esforços
compressivos que atuaram sobre essas rochas e relacionados aos eventos de deformação
regional.
Na região de Morro do Chapéu, a espessura da Formação Morro do Chapéu é da ordem de 390
53
metros (Pedreira et al. 1975). O contato superior tem caráter discordante, caracterizando hiato
deposicional e processo de erosão com o Grupo Una, do Neoproterozóico. Essas rochas do
Grupo Una, do Supergrupo São Francisco, ocorrem na porção central do Estado
compreendendo as Formações Bebedouro, na base e Salitre, no topo.
5.1.3.2
Supergrupo São Francisco - Grupo Una
As rochas do Grupo Una – Formações Bebedouro e Salitre, ocorrem a oeste da área de
influência, correspondente a parte mais rebaixada do relevo, a oeste das serras esculpidas
pelos arenitos da Formação Morro do Chapéu, na região de Cafarnaum.
Os sedimentos terrígenos glácio-marinhos da Formação Bebedouro foram depositados sob
condições de clima frio, enquanto, posteriormente, os carbonatos da Formação Salitre foram
depositados durante um período de clima ameno em ambiente marinho de água rasa a
profundas.
No domínio do Grupo Una as principais feições estruturas são dobras com orientação geral
ENE-WSW e vergência para sul e falhas de empurrão de baixo ângulo, com mergulho para
NNW. Os mergulhos das camadas variam em torno de 10°, geralmente para NW, e em direção a
leste, nas proximidades do contato com o Grupo Chapada Diamantina, tendem para oeste.
a) Formação Bebedouro
A Formação Bebedouro é constituída de diamictitos, pelitos e arenitos arcóseanos e quartzo
arenitos, estratificados e maciços, ordenados em camadas, alternadas ou não, limitadas por
contatos bruscos, erosivos e gradativos.
Os diamictitos são constituídos de argilitos cinza-esverdeados, com pirita disseminada e
grânulos de seixos milimétricos e centimétricos de composição variada dispersos em uma
matriz pelítica. As camadas possuem geometria tabular, com laminação plano-paralela, em uma
rocha muito litificada. Os arcósios apresentam coloração cinza-esverdeada, com grãos de
tamanho médio, subarredondados, localmente apresentando níveis com seixos e grânulos de
até 2,0 centímetros. Os argilitos são de cor cinza esverdeado, com a presença de quartzo bem
arredondado, feldspato caulinizados de cor de alteração bege.
Posteriormente à sedimentação da Formação Bebedouro ocorreu uma mudança climática,
passando a predominar um clima quente semiárido, que contribuiu para o degelo, com
elevação do nível relativo do mar, gerando condições para a deposição da Formação Salitre.
Assim, os sedimentos da Formação Bebedouro são recobertos, invariavelmente, pelos
carbonatos da Formação Salitre.
54
b) Formação Salitre - Unidade Gabriel
A Formação Salitre ocorre a oeste da área de estudo, região de Cafarnaum, sendo caracterizada
pela presença de calcarenitos, calcisiltitos, calcilutitos, dolarenitos e níveis de chert.
Ocorrem afloramentos de calcissiltitos com coloração cinza-escuro, com camadas de geometria
tabular (Fotografia 5.1.15), laminação plano-paralela, com fraturas preenchidas por veios de
calcita, e localmente nódulos de sílex e calcita, comumente dispostos paralelamente ao
acamamento, além de cristais de pirita. Ocorrem ainda lamito algal, calcarenitos bandados e
calcarenitos oncolítocos.
Fotografia 5.1.15 - Afloramentos de calcissiltitos na Ba-052.
Coordenadas UTM 8.733.630 / 237.118 -Fonte: V&S, 2011
5.1.3.3
Formações Superficiais
As formações superficiais são acumulações recentes de material inconsolidado, derivadas do
retrabalhamento das rochas mais antigas, com alteração in situ ou transportados por efeito da
gravidade ou do escoamento superficial, permitindo individualizar em alterações residuais,
depósitos coluvionares e depósitos aluvionares.
a) Alterações Residuais
Na região de estudo, a alterações são resultantes da alteração in situ dos diversos litótipos do
Grupo Chapada Diamantina e dos sedimentos carbonáticos da Formação Salitre, na Bacia de
Irecê.
Nas áreas onde essas alterações estão associadas a litofácies do Grupo Chapada Diamantina
55
existem localmente pequenas quebras de relevo refletindo superfícies de laterização. Essas
superfícies constituem depósitos supergênicos, constituídos por concentração de ferro e
manganês que cimentam fragmentos de diversos litótipos.
De um modo geral, as alterações residuais sobre a Formação Caboclo, a sul e sudoeste de
Morro do Chapéu, são de cor vermelha, areno-argilosas ou argilosas, com fragmentos de
quartzo e de material ferruginoso. As espessuras atingem até 3 metros.
Sobre as litofácies areníticas da Formação Morro do Chapéu, a leste da cidade homônima,
ocorrem alterações arenosas, cor cinza, granulometria fina a média e espessuras de até 3
metros, incluindo matacões de crosta ferruginosa.
Nos sedimentos da Formação Salitre produzem materiais areno-argilosos de cores amarela e
vermelha, subordinadamente com alguma contribuição detrítica.
b) Depósitos Coluvionares
Os depósitos coluvionares se distribuem ao longo das encostas das serras construídas sobre as
litologias da Formação Morro do Chapéu compondo-se de seixos e matacões de arenitos,
conglomerados e argilitos, por vezes de dimensões métricas, imersos em uma matriz arenoargilosa (Fotografia 5.1.16). Na área de influência ocorrem de forma mais representativa
bordejando a serra na sua borda oeste, em direção a cidade de Cafarnaum
Fotografia 5.1.16 - Depósitos coluvionares na base da Formação Morro do Chapéu.
Coordenadas UTM 8.693.798 / 239.966 - Fonte: V&S, 2011
Quando ocorrem na base dos alto topográficos da Formação Morro do Chapéu esses depósitos
apresentam níveis arenosos e pavimentos de seixos angulosos de quartzo e arenitos,
transportados por fluxo gravitacional.
56
c) Depósitos Aluvionares
São depósitos areno-argilosos por vezes com concentrações de cascalho que ocorrem de forma
muito pouco expressiva ao longo da rede de drenagem. Tornam-se mais representativos ao
longo do Córrego Baixa de Cafarnaum, limite oeste da área de influência, devido a condições
topográficas de menor declividade do leito, o que permite a acumulação desses sedimentos
inconsolidados.
Localmente, os depósitos argilosos são utilizados como fonte de material para fabricação de
tijolos e telhas. No rio do Ventura, a sudeste de Morro do Chapéu, os depósitos aluvionares são
diamantíferos, e já foram garimpados no passado, entretanto, sem produção expressiva.
5.1.3.4
Geologia e Condições Geotécnicas locais
No local onde serão instalados ao aerogeradores, correspondentes ao topo dos morros
sustentados pelas litologias de arenitos silicificados da Formação Morro do Chapéu, ocorrem
em superfície exposições de blocos de metarenitos de formas tabulares com até um metro de
diâmetro, imersos em uma matriz arenítica de granulação grosseira e coloração predominante
marrom a cinza.
Ao longo das encostas, na rampa de acesso ao topo das serras, em terrenos com declividade da
ordem de 10 a 20 %, caracteriza-se a presença descontínua de blocos rochosos soltos,
deslocados e tombados, constituindo material coluvionar também imersos em uma matriz
dominantemente arenosa.
Neste locais de topos de serras e meia encosta, na porção superior, os solos são rasos, com
profundidades em torno de 50 centímetros. Estas rochas que afloram geralmente em forma de
blocos soltos ao longo do terreno são arenitos silicificados e secundariamente conglomerados
de coloração cinza a rósea, granulação média, localmente grosseira, e de formato tabular
quando de maiores dimensões, devido a fraturas de alivio condicionada pelo acamamento
primário da rocha. (Fotografia 5.1.17)
57
Fotografia 5.1.17 - Formações superficiais com blocos soltos em matriz
arenosa na área do sub-parque Primavera.
Coordenadas UTM 8.703.078 /241.555 - Fonte: V&S, 2011.
Trata-se, portanto, de rochas duras, compactas, muito silicificadas e as características
estruturais indicam uma boa capacidade de suporte do ponto de vista geotécnico, sendo
necessário entretanto a remoção de todo o material inconsolidado e blocos soltos, fraturados e
deslocados.
Nos locais definidos como área diretamente afetada pôde-se observar localmente rochas
fraturadas segundo duas direções principais, podendo-se supor por afloramentos distintos
observados ao longo dos cortes das estradas a ocorrência de juntas de alívio planoparalelas,
horizontais com caimento geral para oeste, associadas ao acamamento primário da rocha
As investigações geológico-geotécnicas permitirão individualizar e caracterizar os materiais
encontrados no substrato do local previsto para implantação das fundações das torres dos
aerogeradores.
As formações superficiais apresentam elevada rochosidade e pedregosidade, com um substrato
rochoso irregular, com matacões deslocados e tombados (Fotografia 5.1.18), sendo necessária
a retirada deste material para uniformização de pavimento para implantação de estradas
destinada ao tráfego de caminhões pesados. Será necessário também um capeamento com
material areno-argiloso para construção da base.
58
Fotografia 5.1.18 - Trecho da estrada de acesso ao sub-parque Primavera, danificada pelas águas de
escoamento superficial, mostrando o substrato rochoso irregular.
Coordenadas UTM 8.701.618 / 242.410 - Fonte: V&S, 2011.
Os melhores afloramentos da Formação Morro do Chapéu ocorrem no entorno da cidade
homônima e na região serrana adjacente, quase sempre sob a forma de lajedo ao longo dos
cortes das estradas, principalmente da Ba-052 que corta transversalmente a área em direção à
cidade de Irecê. Nestes cortes, onde os litótipos dominantes são arenitos (Fotografia 5.1.19),
coloração cinza-claro, esbranquiçado ou amarelado, granulação fina a grosseira quartzosos e
feldspatos, com grãos subangulares e subarredondados e bastante silicificados.
As camadas apresentam geometria tabular com espessuras inferior a o,5 metros e estruturas
primárias preservadas a exemplo de estratificação cruzada e tabular de baixo ângulo, mascas
onduladas e gradação normal e inversa. Nos cortes das estradas ocorrem fraturas subverticais
que cortam todo o perfil, abertas, e preenchidas com material da superfície.
O perfil típico da formação observados nos cortes de estradas apresenta uma cobertura de 0,5
a 1,0 metros de material coluvionar com seixos e blocos de arenitos deslocados, imersos em
uma matriz arenoargilosa, seguindo uma seqüência de arenitos em camadas que variam de 5 a
40 centímetros, coloração bege, com planos de acamamento abertos, formando blocos na
forma tabular e fraturas sub-verticais abertas, que se repetem a cada 2 ou 3 metros com
profundidade observada de até 6 metros. Apresenta-se uma rocha dura, compacta, não
alterada, com baixo grau de fraturamento que, entretanto, apresenta fragilidade ao longo do
acamamento primário relacionado ao processo deposição dos sedimentos.
59
Fotografia 5.1.19 - Afloramentos de arenitos da Formação Morro do Chapéu. Margem da BR-052.
Coordenadas UTM 8.728.738 / 243.986 - Fonte: V&S, 2011.
Os sítios selecionados para implantação dos sub-parques apresentam constituição geológicogeotécnica de boa qualidade tanto do ponto de vista litológico como estrutural para a
implantação de obras civis de grande porte, considerando que os arenitos silicificados que
dominam o substrato local da fundação, quando inalterados, possuem excelentes índices de
resistência e compacidade, onde os possíveis pontos de fragilidade estão relacionados à
presença de fraturamentos verticais que ocorrem com pouca freqüência e fraturas de alivio
sub-horizontais, que deverão ser investigados nas fases de detalhamento e sondagens
geotécnicas.
Portanto, uma avaliação preliminar indica que o maciço rochoso da fundação apresenta
excelentes condições geomecânicas, infere-se que apenas a remoção dos materiais
inconsolidados superficiais será suficiente para assentamento das estruturas de concreto
projetadas. Apesar dessa impressão favorável acerca da qualidade geomecânica do maciço
rochoso, sondagens rotativas deverão ser executadas em fases posteriores dos estudos, de
modo a garantir essa avaliação, inclusive quanto às características e densidade das fraturas e
juntas de alívio sub-horizontais relacionadas ao acamamento.
Eventualmente, em alguns trechos, ocorre a ausência de solos ou material de alteração, e a
rocha aflora compondo uma paisagem de relevo ruiniforme, onde se instala uma vegetação
rupícola, ou no forma de lajedos, principalmente quando ao caimento da topografia coincide
com a direção de acamamento da rocha (Fotografias 20 e 21). A ausência de solo em alguns
trechos condiciona uma reavaliação da instalação do cabeamento de ligação entre
aerogeradores, previsto em projeto para ser subterrâneo.
60
Fotografia 5.1.20 – Na ausência de solos as Fotografia 5.1.21 - Afloramentos na forma de
estacas das cercas são apoiadas em estruturas de lajedos e relevo ruineiforme.
concreto construídas para essa finalidade.
Coordenadas UTM 8.722.901 / 245.252
Coordenadas UTM 8.722.906 / 245.252
Fonte: V&S, 2011.
Fonte: V&S, 2011.
Os caminhos de serviço, em rodovia não pavimentada desde a localidade de Arizona até o
povoado de Lagoinha, definida em projeto como a via de acesso principal ao empreendimento,
se desenvolvem sobre litotipos carbonáticos da Formação Caboclo.
A ocorrência de rochas calcárias têm como característica, a eventual presença de formas de
dissolução cárstica (dissolução química de rochas calcárias), formando cavernas, sumidouros,
dolinas e outras zonas de dissolução localizadas ou até como microestruturas, desenvolvidas a
partir de fraturas e outras superfícies de descontinuidade alargada pela dissolução química,
que, apesar de localizadas representam pontos de fraqueza estrutural da rocha.
O substrato rochoso das vias de acesso caracterizam-se, portanto, como terrenos de
capacidade de suporte localmente comprometida em função da presença de rochas
carbonáticas, fraturadas e sujeitas a processos de dissolução, podendo ocorrer vazios em subsuperfície, que eventualmente podem evoluir para estruturas de colapso de grande porte,
como observadas nas feições conhecidas como Buraco do Possidônio e Buracão, ou estruturas
localizadas e de pequeno porte tais como as observadas na estrada Cafarnaum/Arizona e na
estrada Lagoa Nova/Lagoinha – conhecida como buraco do Alecrim (Fotografias 5.1.22 e
5.1.23).
61
Fotografia 5.1.22 - Estrutura de colapso na estrada Fotografia 5.1.23 - estrutura de colapso
Lagoa Nova/Lagoinha coordenadas conhecido sinalizada com galhos secos, na estrada
com buraco do Alecrim.
Cafarnaum/Arizona.
Coordenadas UTM 8.701.569 e 252.836
Coordenadas UTM 8.692.590 e 234.399.
Fonte: V&S, 2011
Fonte: V&S, 2011
A Gruta do Cristal (Fotografia 5.1.24), cuja entrada está situada a uma distância de
aproximadamente 100 metros da estrada Catuaba-Lagoinha, formada a partir da dissolução de
carbonatos, com posterior desmoromamento.
Fotografia 5.1.24 - Salão principal da Gruta do Cristal afloramentos de arenitos da Formação Morro do
Chapéu. Margem da BR-052.
Coordenadas UTM 8.692.558 / 247.893 - Fonte: V&S, 2011.
62
No piso da estrada de acesso à torre de medição de ventos, situada a norte, próximo ao subparque São Judas, afloram metarenitos de coloração bege, duros, compactos, não alterados,
medianamente a muito fraturados, com 10 a 12 fraturas por metro (Fotografia 5.1.25).
Fotografia 5.1.25 - Afloramentos de arenitos no piso da estrada de acesso à torre norte.
Coordenadas UTM 8.712.122 244778 - Fonte: V&S, 2011.
5.1.3.5 Recursos Minerais
A produção mineral da área é inexpressiva, ocorrendo garimpagem esporádica de diamante e
barita, e retirada de material arenoso e brita para construção e material cascalhoso para
manutenção de estradas e vias de acesso.
·
Materiais Construtivos
Os arenitos silicificados da Formação Morro do Chapéu são utilizados para a extração de brita e
paralelepípedo, existindo uma grande pedreira às margens da BA-052, que foi intensamente
utilizada na época da pavimentação da referida rodovia e encontra-se atualmente desativada.
Material arenoso para construção civil (Fotografia 5.1.26) e cascalhoso para manutenção das
estradas é explorado preferencialmente ao longo das principais vias de acesso, pela facilidade
de transporte.
63
Fotografia 5.1.26 - Jazida de areia nas margens da BA – 052.
Coordenadas UTM 8.708.544 / 297.109 - Fonte: V&S, 2011.
·
Diamante
Existem registros de antigos garimpos que funcionavam na década de 1930, nas vizinhanças da
cidade de Morro do Chapéu, rio Ferro doido, rio Ventura, córrego Martim Afonso, dentre
outros. Os depósitos de diamantes estão relacionados a conglomerados e arenitos
conglomeráticos da Formação Morro do Chapéu.
Os garimpos estavam concentrados em eluviões, coluviões e em fraturas e cavidades
preenchidas com cascalho. Os eluviões são constituídos por cascalhos com seixos de arenitos e
quartzo apresentando pequena espessura, onde o diamante ocorre nas camadas grosseiras
basais, e os aluviões distribuem-se ao longo dos leitos dos rios e riachos e nas respectivas
planícies de inundação.
·
Cristal do rocha
Foram apenas registradas ocorrências de exploração de cristal de rocha a noroeste do povoado
de Lagoinha, com atividade garimpeira efêmera, e desativada.
·
Calcário para Corretivos de solo
Na Formação Salitre, na região onde a BA-052 corta o rio Jacaré, km 305 da referida rodovia,
está instalada uma unidade de produção da usina INCOSOL em funcionamento desde o ano de
1981 (Fotografia 5.1.27), que efetua britagem e moagem de calcário dolomítico para corretivo
de solo, além de britagem de calcário calcítico para uso químico. As unidades carbonáticas na
Formação Caboclo e na Formação Salitre são potencialmente utilizáveis como fonte de material
64
para corretivo de solos e as reservas de calcário são inesgotáveis, dada a considerável extensão
de ocorrência dessas rochas carbonáticas. O fator mais importante que viabiliza a exploração
desses materiais, devido ao baixo valor agregado, e a infraestrutura disponível, sobretudo
estrada e energia elétrica.
Fotografia 5.1.27 - Jazida de calcário da Incosol na margem do rio Jacaré.
Coordenadas UTM 8.733.654 / 236.676 - Fonte: V&S, 2011.
Segundo Rocha (1993), apenas uma ocorrência de calcário foi destacada na Formação Caboclo
(fazenda Cristal), em face dos resultados analíticos e a localização da mesma em relação ao
pólo cafeeiro de Bonito, o que a torna merecedora de avaliação econômica. As análises
químicas preliminares assinalaram teores de CaO entre 17,4 e 24,5%; de MgO entre 12,4 e
18,5%; de SiO2 variando entre 17,5 e 42,5%.
5.1.3.6 Situação dos Direitos Minerários
De acordo com as informações constantes nos arquivos do Departamento Nacional de
Produção Mineral - DNPM foram identificados na área diretamente afetada pelo
empreendimento (áreas arrendadas para implantação do Complexo eólico), requerimentos
relacionados à pesquisa e extração de bens minerais relacionados a rochas ornamentais,
minério de ferro e minério de cobre. No mapa geológico são apresentados os recobrimentos
das áreas requeridas junto ao DNPM, e a seguir são citados os referidos processos:
Três processos (874412/1994 - 874423/1994 - 874424/1994) de um mesmo titular referente a
pesquisa de quartzito, com últimos eventos registrados em agosto de 2009 quando da
notificação para pagamento de débitos referentes a Taxa Anual por Hectare, no processo para
autorização de pesquisa.
Um processo (874411/1994) para pesquisa de granito pertencente ao mesmo titular das áreas
65
anteriormente descritas com relatório de pesquisa não aprovado em agosto de 2004.
Um processo (873.179/2007) com alvará de pesquisa de minério de ferro emitido em dezembro
de 2007 – válido por três anos, já em processo de disponibilização.
Um processo (871.098/2009) para alvará de pesquisa de minério de Cobre, em fase de
autorização de pesquisa, com alvará de pesquisa publicado em agosto de 2009 (validade de três
anos)
E os processos 872.495/2008, 872.500/2008 e 872.755/2008 para minério de ferro, com
autorização de pesquisa, todos com vencimento em 03/10/2011.
A relação a seguir resume a situação dos processos de direito minerário na área de Influência
direta do empreendimento AID, e as áreas livres disponíveis para requerimento.
Processos - DNPM
Situação
874.411/1994
Livre
873.179/2007
Disponibilidade
872.495/2008
Em Autorização de Pesquisa até 03/10/11
874.412/1994
Livre
874.423/1994
Livre em parte (ocorreu recobrimento)
871.098/2009
Em Autorização de Pesquisa até 26/08/2012
874.424/1994
Livre
874.419/1994
Livre
874.420/1994
Livre
874.418/1994
Livre
874.417/1994
Livre
872.500/2008
Em Autorização de Pesquisa até 03/10/11
872.755/2008
Em Autorização de Pesquisa até 03/10/11
A pesquisa mineral é a execução dos trabalhos necessários para a definição da jazida, bem
como para a avaliação e determinação da exequibilidade do seu aproveitamento econômico.
Um Alvará de Pesquisa garante ao minerador proteção quanto aos direitos sobre a área
correspondente a poligonal requerida, bem como a todas as substâncias, conhecidas ou outras
que possam ser identificadas no interior desta poligonal.
Concedida a autorização de pesquisa, a área ficará “bloqueada” até o vencimento do prazo
validade do Alvará de Pesquisa. Sendo proibida a intervenção de terceiros, senão o titular do
título respectivo. Entretanto, para garantir a efetividade desta proteção é necessário que seja
66
sejam observados os prazos legais, sob pena de caducidade deste direito.
A partir da publicação do Alvará no Diário Oficial da União – DOU, o titular está autorizado a
realizar, num prazo de 2 ou 3 anos, dependendo da substância, os trabalhos de pesquisa que
têm como meta definir uma jazida, ou seja, qualificar, quantificar e localizar espacialmente a
substância mineral de interesse. Ao final deverá ser apresentado no DNPM relatório final de
pesquisa para aprovação. Uma vez aprovado o relatório, o interessado terá o prazo de 1 ano
para requerer a concessão de lavra.
Os Regimes de Autorização e de Concessão podem ser utilizados para todas as substâncias
minerais, com exceção daquelas protegidas por monopólio (petróleo, gás natural e substâncias
minerais radioativas).
Áreas máximas:
·
2.000 ha: substâncias minerais metálicas, substâncias minerais fertilizantes, carvão,
diamante, rochas betuminosas e pirobetuminosas, turfa, e sal-gema;
·
50 ha: substâncias de emprego imediato na construção civil, argila vermelha para a
indústria cerâmica, calcário para corretivo de solos, areia quando adequada a indústria
de transformação; feldspato, gemas (exceto diamante), pedras decorativas, e mica;
·
1000 ha: rochas para revestimento, e demais substâncias minerais.
O acesso do titular à área poderá ser realizado através de acordo amigável com o proprietário
do solo ou através de acordo judicial, em que são fixadas, pelo juiz da comarca, as rendas e
indenizações devidas por conta dos trabalhos de pesquisa.
O direito de requerer a lavra, o requerimento de lavra, e o título de lavra poderão ser objeto de
cessão ou transferência, desde que o cessionário satisfaça os requisitos legais exigidos. Os atos
de cessão ou transferência só terão validade depois de devidamente averbados no DNPM.
5.1.4 Pedologia
a) Relações dos solos com a geologia/geomorfologia;
b) Mapa pedológico na escala de 1:50.000 com classe, perfil, textura e profundidade;
c) Mapa de aptidão agrícola da área de influencia direta;
d) Mapa pedológico do entorno do reservatório descrevendo os grupos de solos e suas unidades,
baseado em levantamento de campo;
e) Extensão e distribuição das unidades de solos;
67
5.1.4 Pedologia
Na área de influência do empreendimento foram registradas como associações de solos
dominantes a ocorrência de Latossolos e Podzólicos Vermelho-Amarelos, Cambissolos, e Solos
litólicos.
Latossolos Vermelho-Amarelos e Podzólicos Vermelho-Amarelos Latossólicos álicos, de textura
média, argilosa e muito argilosa ocorrem com bastante freqüência na área de influência,
normalmente relacionados a sedimentos da Formação Caboclo. São profundos, bem drenados
e de baixa fertilidade natural. Geralmente ocorrem nas partes altas do terreno, sob relevo
plano e suave ondulado, em áreas com murundus.
Solos Litólicos álicos pedregosos e rochosos e Areias Quartzosas ocorrem sobre rochas da
Formação Morro do Chapéu, apresentando textura arenosa, resultando em solos de baixa
fertilidade natural e baixa capacidade de retenção de umidade, pouco utilizados com
agricultura, com forte limitação devido a pedregosidade e rochosidade.
Nas áreas de encostas dos arenitos da Formação Morro do Chapéu em direção ao vale do
córrego Baixa do Cafarnaum, relacionados a depósitos coluvionares, ocorrem solos mais leves
classificados como Latossolos de textura média leve e eventualmente de Areias Quartzosas, em
relevo ondulado a montanhoso.
Na porção oeste da área, região de Cafarnaun, sobre os calcários da formação Salitre, são
desenvolvidos Cambissolos profundos e pouco profundos, de fertilidade elevada, textura média
e argilosa, sob relevo predominantemente plano e suave ondulado.
Conforme a metodologia dos estudos contidos nos levantamentos de recursos naturais,
executados pelo Projeto RADAMBRASIL, as unidades de mapeamento são expressas por
associações de solos com alto nível categórico, entretanto, suficiente para uma visualização
espacial da ocorrência e distribuição das unidades.
Nestes estudos foram utilizados os dados e informações contidas no mapa e relatório da folha
SC.24/;25, volume 30, Folha Aracaju / Recife do referido projeto, e o Mapeamento executado
pelo Projeto Mapas Municipais de Morro do Chapéu da CPRM, adicionando-se os
conhecimentos adquiridos com as viagens de reconhecimento na área de influência do
empreendimento. As observações dos solos foram realizadas em cortes de estrada.
O mapa de Solos contém o delineamento das unidades e as legendas baseadas no Projeto
Mapas Municipais de Morro do Chapéu são apresentadas no texto, após da caracterização de
cada um dos grupos de solos.
68
As classes de solos foram descritas pela antiga classificação de solos, sendo assim, para cada
uma das classes apresentadas no texto, é utilizada a denominação do atual sistema de
classificação de acordo com o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos, da EMBRAPA e, entre
parênteses, o nome da classe como anteriormente designada pelo Projeto RADAMBRASIL e
Projeto Mapas Municipais de Morro do Chapéu. O Quadro 5.1.14 apresenta a correlação entre
a classificação anterior a 1999 (RADAMBRASIL) e o Atual Sistema de Classificação de Solos USCS.
Quadro 5.1.14 – Correlação de Classes de Solos entre a Classificação Anterior a 1999 e o Atual Sistema
de Classificação de Solos
Classificação RADAMBRASIL / Embrapa
Latossolo Vermelho-Amarelo álico
Sistema Atual de Classificação dos Solos
Latossolo Vermelho-Amarelo alumínico
Podzólico Vermelho-Amarelo álico
Argissolos amarelo
Cambissolos eutrófico
Cambissolos Háplico
Solos Litólicos
Neossolo Litólico
Areias Quartzosas
Neossolo Quartzarênico
Solos Aluviais
Neossolos Flúvicos
5.1.4.1 Caracterização das Unidades Pedológicas
A área de interesse abrangem solos desenvolvidos a partir da alteração de rochas resistentes ao
intemperismo e de relevo acidentado, como os arenitos silicificados da Formação Morro do
Chapéu, como por rochas mais susceptíveis às intempéries, como os litotipos carbonáticos da
Formação Caboclo que ocorrem em relevo plano a ondulado, parcialmente ou totalmente
cobertas por material coluvionar, o que resulta em variação locais, que entretanto, para efeito
de mapeamento, são agrupadas em unidades descrita pela predominância, em termos de área,
de uma determinada classe.
a) Latossolo Vermelho-Amarelo
Latossolo são solos minerais, não-hidromórficos, sempre com argila de atividade baixa, com
horizonte do B tipo latossólico. São considerados solos em avançado estágio de evolução,
suficiente para transformar os minerais primários oriundos do material de origem em caulinita
ou óxidos de ferro e alumínio. Apresentam baixa reserva de nutrientes para as plantas, mas, em
contrapartida, possuem ótimas condições físicas para o desenvolvimento radicular (Fotografia
5.1.28).
Compreende solos com horizonte B latossólico, com seqüência de horizontes A-Bw-C, com
predominância de minerais do tipo 1:1 (caulinita) na fração argila. São muito profundos, bem a
69
acentuadamente drenados, bastante permeáveis, muito porosos, de textura variando de média
a muito argilosa no horizonte B.
São desenvolvidos a partir de sedimentos argilo-arenosos da Formação Caboclo e, em menor
proporção, da Formação Bebedouro.
Na área de influência do Empreendimento, são predominantemente álicos, apresentando nível
de fertilidade natural muito baixo, com valores de soma de bases inferiores à unidade, alumínio
trocável entre 1.0 e 2.0 meq/100g e elevada saturação por alumínio. Podem ocorrer registros
de solo eutrófico, provavelmente devido à influência de rochas calcárias presente nas
proximidades.
Apresentam horizonte A predominantemente moderado e proeminente, e mais raramente A
fraco. O Bw possui cores de tonalidades amarelas, brunadas e amarelo-avermelhadas.
Fotografia 5.1.28 - Latossolo amarelo sobre sedimentos da formação Caboclo.
Coordenadas UTM 8.723.846 / 261.196 - Fonte: V&S, 2011.
Embora os Latossolos possuam boas propriedades físicas, o manejo destes solos deve ser
cuidadoso para evitar a sua degradação, devido principalmente ao decréscimo do nível de
matéria orgânica e alteração da distribuição de poros (compactação), acarretando maior
susceptibilidade à erosão e decréscimo da fertilidade natural. Apresentam boa permeabilidade
à água e ao ar, mesmo com alta percentagem de argila; são porosos, friáveis e de baixa
plasticidade.
70
Perfil característico: Latossolo Vermelho-Amarelo
Relevo plano, acentuadamente drenado; pedregosidade ausente; erosão laminar
ligeira. Litologia: arenitos e quartzitos
A1
00 - 20 cm.
bruno (7.5YR 4/4, úmido), bruno-amarelado-escuro (10YR
4/4, seco; franco-argilo-arenoso; fraca pequena blocos
subangulares e fraca muito pequena e pequena granular;
poucos poros pequenos e médios; duro, friável, plástico e
pegajoso; transição plana e gradual
A3
20 - 48 cm
bruno-amarelado-escuro (10YR 4/4, úmido); brunoamareIado (10YR 5/6, seco); franco-argilo-arenosa; fraca
pequena blocos subangulares e fraca muito pequena e
pequena granular; poucos poros pequenos e médios; duro,
friável, plástico e pegajoso; transição gradual e plana
B1
48 - 75 cm
bruno-forte (7,5YR 5/6, úmido); bruno-amarelado (10YR 5/6,
seco); franco-argilo-arenosa; pequena blocos subangulares
com aspecto maciço poroso "in situ"; muitos poros pequenos
e comuns médios; ligeiramente duro, muito friável, plástico e
pegajoso; transição difusa e plana.
B21 75 - 135 cm bruno-amarelado (10YR 5/8, úmido), bruno-forte (7,5YR 5/7,
seco); franco-argilo-arenosa; pequena blocos subangulares
com aspecto maciço poroso "in situ"; muitos poros pequenos
e comuns médios; ligeiramente duro, muito friável, plástico e
pegajoso; transição difusa e plana.
B22 135 - 180 bruno-amarelado (10YR 5/8, úmido), bruno-forte (7.5YR 5/8,
cm
seco); argilo-arenosa; pequena blocos subangulares com
aspecto maciço poroso "in situ"; muitos poros pequenos e
comuns médios; ligeiramente duro, mui to friável, plástico e
pegajoso
Perfil 185BA – Estrada Morro do Chapéu – América Dourado km 4,4. Município de
Morro do Chapéu. Fonte:Levantamento Exploratório – Reconhecimento de Solos
da Margem Direita do Rio São Francisco – Estado da Bahia – Volume 1.
b) Podzólico Vermelho-Amarelo
Podzólico são solos minerais que apresentam horizonte B textural de acumulação de argila,
com maior diferenciação entre os horizontes. São geralmente profundos e com estágio de
evolução desde recente até bastante evoluídos.
Essa classe compreende solos com horizonte B textural, argila de atividade baixa, com
sequência de horizontes A-Bt-C bem diferenciados, cujas transições são normalmente claras ou
graduais do A para o B.
71
São solos profundos, verificando-se com menor frequência solos pouco profundos, geralmente
bem drenados. Possuem textura média e média/argilosa, podendo ocorrer cascalhentos.
Desenvolvidos a partir de sedimentos de granulometrias variadas da formação Caboclo.
Nas áreas de ocorrência de siltitos, observou-se a presença de plintita (laterita) no perfil do solo
evidenciando condição de drenagem subsuperficial restrita, correspondendo ao Podzólico
Vemelho- Amarelo plíntico.
Possuem baixa reserva de nutrientes, sendo predominantemente álicos. Nos locais de
declividades mais íngremes das encostas ocorrem perfis cascalhentos e vestígios de minerais
primários, que certamente contribuem para um melhor nível de fertilidade desses solos.
Apresentam geralmente horizonte A moderado. O horizonte Bt é de cores amareladas e
brunoamareladas.
Podzólico são solos minerais que apresentam horizonte B textural de acumulação de argila,
com maior diferenciação entre os horizontes. São geralmente profundos e com estágio de
evolução desde recente até bastante evoluídos (Fotografia 5.1.29).
Fotografia 5.1.29 - Podzólico Vermelho-Amarelo da Formação Caboclo.
Coordendas UTM 8.716.380 / 257.729 - Fonte: V&S, 2011.
72
Perfil característico: Podzólico Vermelho-Amarelo – Argissolo amarelo
Relevo plano e suave ondulado, bem drenado, erosão laminar moderada, ausência
de pedrogosidade e rochosidade. Litologia: siltitos.
A
00 - 20 cm.
B2t
20 - 40 cm
B31t 40 - 70 cm
B32t 70 - 150 cm
bruno-escuro (10YR 3/3, úmido e seco); bruno-amareIadoescuro (10YR 4/3, seco triturado); argila arenosa; moderada
muito muito pequena, blocos subangulares, duro, firme,
ligeiramente plástico e ligeiramente pegajoso; transição
clara.
bruno-amarelado (10YR 5/6, úmido), bruno-amarelo (10YR
5/8, seco e seco triturado); argila-arenosa; moderada muito
pequena e pequena blocos subangulares e angulares;
ligeiramente duro, friável, plástico e pegajoso; transição
difusa
bruno-amarelado (10YR 5/6, úmido), bruno-amarelado (10YR
5/8, seco e seco triturado); argila arenosa; fraca a moderada
muito pequena blocos subangulares; ligeiramente duro,
friável, ligeiramente plástico e ligeiramente pegajoso;
transição difusa.
bruno-amarelado (10YR 5/6, úmido); bruno-amareIado (10YR
5/8, seco e seco triturado); franco-argilo-arenoso; fraca
muito pequena blocos subangulares; macio, muito friável,
ligeiramente plástico e ligeiramente pegajoso
Perfil 31 – Estrada Morro do Chapéu – Utinga, km 40. Município de Morro do
Chapéu. Fonte:Projeto Radambrasil
c) Cambissolo
Cambissolos são solos minerais, com horizonte B incipiente (ou câmbico) e espessuras
variáveis. Na região de interesse são desenvolvidos sobre rochas calcárias, apresentando
elevada fertilidade.
Caracterizam-se por apresentarem horizonte B incipiente sobrejacente à rocha calcária da
formação Salitre. São solos bem drenados, de profundidade variada, possuindo seqüência de
horizontes A-Bi-R ou A-Bi-Cca-R, com modesta diferenciação de horizontes. O horizonte A é
fraco ou moderado, de textura desde arenosa a argilosa. O horizonte Bi possui cores que
variam de bruno-avermelhadas a brunoamareladas e textura média e argilosa
Do ponto de vista analítico, possuem atividade de argila baixa, normalmente entre 13 e 24
meq/100g de argila, são eutróficos, com CTC geralmente de 5.0 a 10.0 meq/100g de solo,
sendo, portanto, de boa fertilidade natural.
73
Perfil característico: Cambissolo eutrófico (cambissolo Háplico)
Relevo plano, erosão laminar ligeira, imperfeitamente drenado, não pedregoso e
não rochoso
A
00 - 30 cm.
B1
30 - 65 cm
B2
65 - 120 cm
bruno-amarelado (10YR 5/6, úmido); bruno-amareIado (10YR
5/8, seco e seco triturado); argila; moderada muito pequena
e pequena, blocos subangulares, duro, friável, plástico e
pegajoso; transição gradual.
bruno-amarelado (10YR 5/8, úmido); amarelo-brunado (10YR
6/8, seco e seco triturado); argila; moderada pequena, blocos
subangulares e angulares, duro, plástico e pegajoso;
transição difusa
bruno-amarelado (10YR 5/8, úmido); mosqueado pouco,
pequeno e proeminante, vermelho escuro (10R 3/6, úmido);
argila; moderada pequena, blocos angulares e subangulares.
Perfil 67 – Estrada de Cafarnaum-Souto Soares, km 19, município de Cafarnaum.
Fonte: Projeto Radambrasil
d) Solos Litólicos
São solos rasos, com profundidade menor que 50cm até a rocha, e seqüência de horizontes A-R
ou A-C-R. Apresentam horizonte A do tipo fraco e moderado.
As características químicas, físicas e morfológicas estão intimamente relacionadas ao material
originário, cabendo ressaltar que aqueles que apresentam saturação de bases elevada são
derivados de calcários da formação Salitre, habitualmente de cores avermelhadas e textura
média e argilosa. Os solos álicos estão relacionados com arenitos das formações Morro do
Chapéu.
Compreende solos minerais com pequena expressão dos processos pedogenéticos (Fotografia
5.1.30) seja pela baixa intensidade de ação destes processos ou pela resistência das rochas ao
intemperismo devido à sua composição química, ou ainda, pelo relevo, fazendo com que a
morfogênese seja mais atuante que a pedogênese.
74
Fotografia 5.1.30 - Solos litólicos álicos sobre a Formação Caboclo.
Coordendas UTM 8.704.866 / 246.141 - Fonte: V&S, 2011.
Apresentam normalmente rochosidade, pedregosidade, cascalhos e concreções, relacionados,
via de regra, com a natureza do material originário. Ocorrem em relevo forte ondulado a
montanhoso associados principalmente a Afloramentos Rochosos.
É composta pela associação de Solos Litólicos álicos fase pedregosa e Afloramentos de Rocha,
relacionadas aos arenitos. Inclui Areias Quartzosas álicas profundas e pouco profundas A fraco
e moderado.
A decomposição arenitos origina solos litólicos, rasos, dominantemente arenosos, com elevada
porosidade e permeabilidade, capaz de absorver grande quantidade de águas pluviais, e
transmiti-las às partes subjacentes do aqüífero.
Perfil característico: Neossolos Litólicos
Relevo suave ondulado, matacões e afloramentos de rocha na superfície do solo,
erosão laminar moderada, bem drenado.
A1
00 - 20 cm. bruno-avermelhado-escuro (5YR 3/2, úmido); bruno (7,5YR
5/2, seco); areia: grãos simples muitos poros muito
pequenos; solto; não plástico e não pegajoso, transição
ondulada e abrupta.
R
20 - 40 cm
Rocha dura e compacta.
Perfil 91 – Estrada Morro do Chapéu –Mundo Novo, distando cerca de 4,0 km de
Morro do Chapéu. Município de Morro do Chapéu.
Fonte:Levantamento Exploratório – Reconhecimento de Solos da Margem Direita
do Rio São Francisco – Estado da Bahia – Volume 1
75
e) Areia Quartzosa e Areia Quartzosa Vermelho-Escura
Nessa classe estão agrupados solos bem drenados, profundos e muito profundos e, menos
freqüentemente, pouco profundos. São essencialmente quartzosos, com textura areia ou areia
franca ao longo do perfil.
Apresentam seqüência de horizontes A-C ou A-C-R, com horizonte A moderado e horizonte C
com cores claras e amareladas em função do material de origem, relacionado a arenitos da
formação Morro do Chapéu.
Devido à constituição essencialmente quartzosa, esses solos são pobres em nutrientes para as
plantas, além de não disporem de reservas nutricionais que possam ser liberadas
gradativamente. São álicos e possuem baixa soma de bases (valor S).
A classe das Areia Quartzosa Vermelho-Escura (Fotografia 5.1.31) é desenvolvida a partir do
material sedimentar arenoso que sofreu influência do substrato calcário da formação Salitre.
São profundos, bem drenados, de textura arenosa. Apresentam seqüência de horizontes A-C,
com horizonte A moderado e cores avermelhadas ao longo do perfil O nível de fertilidade
natural é médio, com elevada saturação por bases e capacidade de troca catiônica em torno de
3.0 a 6.0meq/100g de solo.
Fotografia 5.1.31 - Areia Quartzosa Vermelho-Escura eutrófica.
Coordendas UTM 8.732.310 / 239.235 - Fonte: V&S, 2011.
76
5.1.4.2 Unidades de mapeamento
O Quadro 5.1.15 a seguir apresenta as unidades de mapeamento com as respectivas
associações de solos utilizadas no mapa pedológico da área de influência.
Quadro 5.1.15 – Unidades de Mapeamento das Classes de Solos
Unidades de
Ocorrência e Distribuição
Classes de Solos
Mapeamento
Representa associação de classes de Latossolo Vermelho-Amarelo álico e distrófico A
maior ocorrência na área de moderado textura média, argilosa e muito
influência, correspondendo a área argilosa + Podzólico Vermelho-Amarelo
de topografia plana a suave Latossólico álico Amoderado textura média,
LVa
ondulada na região ao leste do média/argilosa e média/muito argilosa, relevo
alinhamento das serras, em áreas de plano.
afloramentos dos litotipos da
formação Caboclo, e porções
elevadas do terreno.
Encontra-se inserida na mesma área Podzólico Vermelho-Amarelo álico plíntico Tb A
de abrangência da unidade LVa1, moderado textura média/ argilosa e média
ocorrendo nas áreas deprimidas que relevo plano e suave ondulado com
acumulam maior umidade no microrrelevo.
PVa
período chuvoso, sobretudo ao
longo da rede de drenagem, na
região de Lagoinha e ao longo do
vale do Córrego do Cristal.
São solos rasos e aforamentos Solos Litólicos álicos A fraco e moderado textura
rochosos que ocorrem na área de arenosa substrato arenito fase pedregosa +
afloramento dos arenitos da Afloramentos de Rocha, relevo suave ondulado,
formação morro do Chapéu que ondulado e forte ondulado.
Ra
compõe o alinhamento das serras
no
topo
das
quais
serão
implantados os aerogeradores.
Ocorre bordejando o flanco oeste Areia Quartzosa Vermelho-Escura estrófica A
do alto topográfico onde serão moderado, relevo plano, suave ondulado e
instalados os aerogeradores até a ondulado.
margem direita do córrego Baixa do
AQe
Cafarnaum sob influência do
substrato calcário subjacente, o qual
proporciona elevada saturação de
bases a esses solos.
Ocorre ao longo da margem Cambissolo eutróficoTb profundo e pouco
esquerda do córrego baixa de profundo A fraco e moderado textura média e
Cafarnaum, já no limite oeste da argilosa, relevo plano e suave ondulado.
área de influência, relacionado a
Ce1
afloramentos
das
rochas
carbonáticas da Formação Salitre,
sob relevo plano e suave ondulado
com dolinas.
77
5.1.4.3
Aptidão Agrícola dos Solos
A principal limitação para o uso produtivo destes solos é a escassez de água, condicionado
pelos baixos índices de precipitação pluviométrica e elevada permeabilidade das formações
superficiais que não permitem a retenção da umidade.
A grande maioria dos solos é utilizado para pastagens em áreas de relevo acidentado
correspondente aos flancos das áreas serranas apresentam como limitações a ocorrência
eventual de solos rasos e pedregosos, baixa retenção de umidade (Areias Quartzosas) e locais
de relevo mais declivoso.
As planícies aluviais apresentam uma melhor condição de umidade em razão de sua posição
topográfica; embora de pouca expressão geográfica, são consideradas as terras de maior
potencial agrícola da área.
Apresentam-se de forma geral como solos com fortes limitações, portanto, como áreas
indicadas somente para pastagens no sistema de soltura e para preservação de ecossistemas.
a) Região de Planaltos e Serras de arenitos – Formação Morro do Chapéu
Apresentam superfície irregular rochosas, por vezes de relevo ruiniforme, com escarpas e vales
profundos, facetas triangulares, com declives superiores a 15%, com solos rasos de baixa
fertilidade, pedregosos, textura arenosa e afloramentos de Rocha.
Nas áreas de topo plano, em terrenos com declividade suave que são utilizados para pastagem
extensiva em meio à caatinga, apresentam solos arenosos, pouco profundos, com
pedregosidade e rochosidade tendendo para forte restrição nas encostas, por vezes com
trechos escarpados. Apresentam baixa retenção de umidade com taxa de infiltração elevada,
permitindo o escoamento rápido das águas.
Apresenta fortes restrições de utilização com severas limitações à agricultura e plantio de
pastagens sendo a aptidão das terras para áreas de preservação.
Nos topos das serras ocorrem áreas planas, com declividades inferiores a 5% onde
ocasionalmente ocorrem areias quartzosa de baixa fertilidade, associada a solos rasos, com
baixa ou nenhuma capacidade de retenção de umidade, com forte restrição devido a
pedregosidade, utilizada apenas como pastagem extensiva em meio à caatinga. Estão sujeitas,
por efeito do clima, a prolongados períodos de seca, que aliada a baixa fertilidade e
características desfavoráveis à mecanização torna a utilização destas terras muito restrita.
78
b) Encostas ocidentais das serras
Corresponde ao material remobilizado das encostas das serras sobre os litotipos carbonáticos
das Formações Bebedouro e Salitre. Apresenta plano retocado por dissecação incipiente, com
declividades moderadas e predominância de formações superficiais de textura arenosa e
pedregoso, com baixas reserva de nutrientes e drenagem excessiva. São utilizada para
pastagem extensiva em meio à caatinga e plantio de palma nas áreas de maior fertilidade sob
influência das litologias carbonáticas subjacentes. São Terrenos aptos para pastagens com
restrições a culturas de ciclo longo ou curto devido a baixa umidade.
c) Encostas dos vales e planícies de inundação
Correlacionado principalmente aos vales do riacho Baixa do Cristal e do Córrego Baixa de
Cafarnaum, apresenta vales entalhados, de fundo plano, com encostas de declividade
moderada a forte (Fotografia 5.1.32). Por atingir as rochas carbonáticas subjacentes, os solos
apresentam alta fertilidade, textura média e argilosa, por vezes pouco profundos com alguma
pedregosidade. São áreas aptas para desenvolvimento da Agricultura e Agropecuária.
Nos vales, são plantas culturas de ciclo curto condicionadas a períodos chuvosos ou com
utilização de agricultura irrigada. Apresenta localmente limitações quanto a pedregosidade e
rochosidade e declividades elevadas das encostas.
Fotografia 5.1.32 - Vale do Córrego Baixa de Cafarnaum - Limite noroeste da área de influência.
Coordendas UTM 8.715.492 / 235.413 - Fonte: V&S, 2011.
Nos fundos dos vales do córrego Baixa de Cafarnaum, que se apresenta de fundo plano, são
áreas sujeitas a inundação temporária.
79
d) Superfícies aplainadas e vales sobre litologias da Formação Caboclo
Em áreas de relevo plano, com declives de 0 a 3% e presença eventual de murundus (Fotografia
5.1.33), os solos apresentam baixa fertilidade e elevada saturação de alumínio trocável,
profundos, com textura média, argilosa ou muito argilosa dependendo da rocha fonte. São
utilizados para pastagem extensiva em meio à vegetação de caatinga. Apresentam fortes
limitações relacionadas a baixo nível de fertilidade, escassez de chuvas, restrições à
mecanização devido à presença de murundus.
Fotografia 5.1.33 - Ocorrência de murundus em solos de baixa fertilidade utilizado como pastagem.
Coordenadas UTM 8.691.506 / 243.476 - Fonte: V&S, 2011.
Em áreas de declividade mais acentuado, correspondente a baixos topográficos onde se
desenvolve solos plínticos (lateritas), profundos, de textura a argilosa, devido às melhores
condições de umidade são aptas para culturas de ciclos curto e para pastagens plantadas.
Apresentam baixo nível de fertilidade e eventual deficiência de oxigênio devido a possibilidade
de alagamento.
Em terrenos de relevo movimentado, com declives de até 20% acompanhando ressaltos
topográficos, apresentam com solos da baixa fertilidade, textura grossa e eventualmente
cascalhosa, aptas para pastagens e com risco da erosão devido a declividade dos terrenos.
5.1.5 Recursos Hídricos
5.1.5 Recursos Hídricos
Os estudos apresentados neste item têm como finalidade avaliar os recursos hídricos nas subbacias do Rio Jacaré, também conhecido como Vereda do Ramão Gramacho, a fim de subsidiar
o pleito de licenciamento ambiental na área de influência do empreendimento Complexo Eólico
80
Cristal.
5.1.5.1 Hidrologia
a) Mapa da rede hidrográfica da bacia localizando o empreendimento e demais estruturas
existentes;
b) Características físicas da bacia, incluindo corpos d´água na área de influência do projeto
(rios, riachos, olhos d´água, nascentes e outros), de caráter permanente ou intermitente;
profundidade do lençol freático e relação com as águas superficiais;
c) Condições atuais de proteção aos corpos d´água, especialmente aqueles utilizados como
mananciais de abastecimento e que poderão sofrer influência, direta ou indireta das
atividades relacionadas ao projeto, se for o caso;
d) Parâmetros hidrológicos (vazões máximas, médias e mínimas);
e) Classe de enquadramento da bacia hidrográfica;
f) Gráficos com as vazões do manancial considerando as vazões mínima; média das mínimas
com 90% de permanência ou (Q7,10); médias e máximas atuais, se couber;
5.1.5.1 Hidrologia
5.1.5.1.1 Caracterização da Bacia e dos Mananciais Hídricos Superficiais
A região de Morro do Chapéu, localizada nas maiores elevações do estado da Bahia, constitui
em divisor de águas de várias bacias hidrográficas (Bacia do Rio Itapicuru, Bacia do Rio
Paraguaçu e Bacia do São Francisco), conforme observado na Figura 5.1.4.
A área do Complexo Eólico Cristal está localizada dentro da Bacia do Rio São Francisco, na Subbacia do Rio Jacaré, entre os municípios de Cafarnaum e Morro do Chapéu. (Ver Mapa de
Situação x Bacia Hidrográfica).
A área do Complexo Eólico Cristal, situado numa região serrana de topografia elevada, é cortada
por diversos afluentes do Córrego Baixa de Cafarnaum, entre eles: Córrego Boa Vista, córrego
baixa da Onça e Baixa do Cristal. Todos esses córregos e riachos que cortam transversalmente a
região serrana apresentam caráter intermitente, e mesmo após a ocorrência de chuvas,
apresentam o leito seco. O Córrego Baixa de Cafarnaum é afluente, pela margem direita, do rio
Jacaré.
81
Figura 5.1.4 – Localização do Complexo Eólico Cristal em relação às bacias hidrográficas
Fonte: Adaptado de ANA, 2011.
De acordo com a divisão Nacional, a bacia do Rio Jacaré pertence à Região Hidrográfica do São
Francisco - Bacia 4, sub-bacia 47. Na divisão do Estado da Bahia, pertence à Região de
Planejamento e Gestão das Águas – RPGA XVIII - formada pela bacia dos rios Verde e Jacaré.
O rio Jacaré tem suas nascentes próximas às do rio Verde, na vertente ocidental da Chapada
Diamantina, banhando uma área de 15.200 km² (BAHIA, 1995). Tem a sua direção geral de
escoamento no sentido de Sul para Norte, até chegar a sua foz, no lago da Represa de
Sobradinho e possui regime intermitente.
O rio Jacaré e seus afluentes, se caracterizam por um regime fluvial intermitente devido
sobretudo a sua localização em uma região semi-árida, embora os postos fluviométricos
existentes dentro da bacia não apresentam vazão nula nas suas séries de dados. Considerando
que durante mais da metade do ano a bacia hidrográfica pode ficar sem chuvas, admite-se
como hipótese que esse comportamento seja resultante da exudação das águas subterrâneas
naqueles locais. As Fotografias a seguir apresentam alguns pontos na AID e AII apresentando tal
fato.
82
Fotografia 5.1.34 - Nascente no local conhecido Fotografia 5.1.35 - Vale do Córrego Boa Vista –
com Olhos D´água
Limite norte da AID
Coordendas UTM 8.707.594 / 241.378
Coordendas UTM 8.715.492 / 235.413
Fotografia 5.1.36 - Leito do Riacho Baixa da Cafarnaum
na localidade de Pedras
Fotografia 5.1.37 - Vale do rio Jacaré após confluência
com o Córrego Baixa do Cafarnaum - BA-052
Coordendas UTM 8.695.430 / 232.001
Coordendas UTM 8.733.654 / 236.676
Fonte: V&S, 2011.
Em termos geológicos, o Grupo Chapada Diamantina aflora de maneira contínua em toda a
borda leste e sul, constituindo o divisor de águas da bacia. É constituído, da base para o topo,
pelas Formações Tombador, Caboclo e Morro do Chapéu, apresentando mergulho suave em
direção ao centro da bacia. Os afloramentos da Formação Salitre ocupam toda a porção central
e oeste da área da bacia hidrográfica (BAHIA, 1996).
Com respeito aos solos, na parte alta da bacia, dominam os Neossolos Litólicos Distróficos e
Latossolos Vermelho-Amarelo Distrófico, enquanto que na parte média e baixa da bacia, nas
terras da margem esquerda do Rio Jacaré domina o Cambissolo Háplico Ta Eutrófico e na
margem direita há ocorrência de Latossolos Vermelho Eutrófico, Neossolos Litólicos Distróficos
e Latossolos Vermelho-Amarelo Distrófico (SRH, 2003).
83
Figura 5.1.5 – Bacia do Rio Jacaré
Fonte: Adaptado de Agência Nacional das Águas - ANA, 2011.
5.1.5.1.2 Nascentes e Surgências
A energia eólica é uma importante alternativa de produção de energia renovável e limpa,
entretanto, a implantação de um empreendimento do porte do Complexo Eólico Cristal
inevitavelmente irá afeta o ambiente local, constituído pelas populações que ali residem, pela
flora e fauna, e pelos fatores abióticos que mantêm relações com estes tais como o substrato, o
clima e a água.
84
No desenvolvimento dos Estudos Ambientais necessários ao processo de licenciamento do
empreendimento, antes de se proceder a Avaliação dos Impactos deve-se compreender a
dinâmica do ambiente sujeito as intervenções e as inter-relações entre o espaço - caracterizado
pelo meio físico, e os que nele habitam, caracterizados pelos meios biótico e socioeconômicos,
proporcionando desta forma subsídios para uma análise ambiental abrangente e condizente
com as condições locais.
O conhecimento detalhado deste sistema composto pelos distintos meios, e a inter-relação
entre eles, é construído a partir do Diagnóstico Ambiental, que deverá considerar as condições
atuais das variáveis físicas, biológicas e socioeconômicas tendo com abrangência territorial as
áreas de influência do empreendimento e a bacia hidrográfica, unidade básica de
planejamento.
Para a caracterização e entendimento de cada componente, o estudo do ambiente é
decomposto em temas básicos, tais como: clima, geologia, os solos, recursos hídricos, os
ecossistemas terrestres, fauna e flora, organização e dinâmica humana social e econômica,
dentre outros, sem contudo perder o entendimento das interfaces entre as disciplina estudada.
Retratar a realidade local a partir do conhecimento das peculiaridades e da dinâmica de cada
componente e do seu conjunto, a partir da análise integrada, com foco nas possíveis
interferências devido a implantação o Complexo Eólico, é o objetivo deste documento que se
apresenta a seguir.
Nascente Olhos D’água
Caracteriza-se como um afloramento de água no leito de um vale que corta transversalmente a
serra do Cristal, situada a uma distância de aproximadamente 6,0 quilômetros da localidade de
Lagoinha, seguindo pela estrada que liga Lagoinha a Cafarnaum, localizada a cerca de 270
metros da estrada, numa área de pastagem parcialmente preservada.
A vazão desta surgência, alforamento do lençol ao longo do leito do rio, é muito limitada e
praticamente não ocorre escoamento, ficando a água retida entre as rochas que formam o leito.
Na área onde ocorre o são visualizadas pinturas rupestres, caracterizado como um sítio
arqueológico. A ocorrência de pinturas rupestres nesta área, junto às nascentes, é indicativo de
que era uma área freqüentada desde tempos pretéritos, utilizada por estes povos como área de
descanso e dessendentação.
Tem seu uso principal na dessedentação de fauna silvestre e consumo humano esporádico. Não
há definição de freqüência devido a distância da área em relação a habitações.
85
Fotografia 5.1.38 - Nascente no local conhecido com Olhos D´água
Coordendas UTM 8.707.594 / 241.378 Fonte: V&S, 2011.
Tanque da comunidade de Lagoinha
Este exutório está localizado nas proximidades da comunidade de Lagoinha, situado a 420
metros em linha reta na direção sudeste. Foi formado a partir de uma região naturalmente
deprimida do relevo local, onde provavelmente ocorria acumulação da águas superficiais após
período de chuvas, água esta que era aproveitada pela população local. Posteriormente, após
períodos de estiagem, à medida que a água ia secando, os usuários faziam escavações,
transformando este ponto em um pequeno poço. Conforme informação de moradores locais
apresenta boa palatabilidade, melhore que a água encontrada no poço de Lagoinha, e
permanece com água durante todo o ano.
Para evitar o acesso de animais esta área foi protegida por uma cerca de madeira e arame
farpado, entretanto, em períodos de chuva a acumulação de água extrapola os limites do poço
e da cerca (Fotografia 5.1.39), inundando as áreas adjacentes, possibilitando a contaminação
por resíduos de amimais que eventualmente freqüentam o entorno, fora da cerca de proteção.
A qualidade da água diferenciada em relação a água de dureza elevada do poço de Lagoinha, a
cerca de 400 metros de distância, indica que são de contribuições superficiais que migram
lateralmente em lenços suspensos, formados a partir da infiltração de água de chuva e
geralmente de baixa capacidade de armazenamento e produção, atendendo apenas ao uso
esporádico e para dessedentação.
Entretanto, mesmo que alguns pontos de surgência de água não sejam caracterizados como
nascentes típicas – afloramento natural de água subterrânea, a exemplo deste tanque na
86
comunidade de Lagoinha, a região apresenta escassez de recursos hídricos e déficit acentuado,
fazendo com que qualquer acumulação de água, disponível em superfície, seja significativa.
Esta situado em terrenos de pastagem degradada com vegetação de caatinga arbustiva. Os
parâmetros de qualidade destas águas são apresentados no capítulo de recursos hídricos.
Estas águas são utilizadas para consumo humano e dessedentação da fauna. Sendo registrada
no período de escassez a frenquência diária de aproximadamente 15 famílias.
Fotografia 5.1.39 – Exutório nas proximidades da localidade de Lagoinha
Coordenadas UTM : 8706992 / 2473591 - Fonte: V&S, 2011.
Nascente de Pedras
Esta área de nascente dá origem a um riacho afluente do córrego das Pedras e ocorre na forma
de pequenos pontos difusos de água ao longo uma área de extensos afloramentos rochosos na
forma de lajedos, com vegetação de campo rupestre.
O córrego das Pedras, com leito de largura de 2 a 3 metros, após a localidade de Pedras, passa a
se chamar córrego Baixa de Cafarnaum, onde a água percorrer um leito escavado em rochas
calcárias, infiltrando nas zonas de dissolução e deixando de correr superficialmente. Segundo
informações de pessoas residentes na região, em anos muito chuvosos o escoamento
superficial permanece cerca de seis meses após o final do período chuvoso.
Esta nascente é classificada como intermitente, sendo formada a partir da água de chuva que
infiltra entre as fendas das rochas e migra lateralmente em sub-superfície até atingir obstáculos
87
ou camadas impermeáveis, ou em função de condicionantes do relevo, retornando para a
superfície sem atingir o lençol freático mais profundo.
Tem seu uso principal na dessedentação de fauna silvestre e consumo humano esporádico, não
havendo definição de freqüência devido a distância da área em relação a estrada e a núcleos
habitacionais mais próximos, a exemplo da comunidade de Pedras.
Fotografia 5.1.40 – Nascente difusas na cabeceira do córrego das Pedas
Coordenadas UTM : 8.691.940 / 234.087 - Fonte: V&S, 2011.
Não foram identificadas em campo as nescentes relatadas pela comunidade de Pedras,
denominadas de Capim e Fidalgo, se identificadas estas serão devidamente qualificadas no
desenvolvimento do programa de preservação de nascentes.
Condições de uso e preservação das nascentes e riachos
A qualidade da preservação das nascentes pode ser diagnosticada através da avaliação dos
principais de indicadores de degradação caracterizados pelo pisoteio de gado, ausência de mata
ciliar ou vegetação no entorno da área, ocorrência de solos compactados e ocorrência de
dejetos de gado, ou de lançamento de esgotos, em caso de proximidade de habitações.
Com base nestes indicadores pode-se caracterizar que as nascentes de Olhos D`água e Pedras
se encontram relativamente bem preservadas, enquanto que a surgência na localidade de
Lagoinha esta submetida á maiores riscos devido a proximidade do núcleo habitacional e pelo
uso destas águas por parte da população, mesmo que em escala muito reduzida, mas que
88
fazem uso freqüente, além da possibilidade de contaminação por dejetos do gado bovino e
caprino.
Pode-se visualizar nas áreas do entorno da surgência da localidade de Lagoinha, impressas na
lama formada pela chuva, marcas de patas de gado bovino, indicando que animais utilizam este
ponto para dessedentação o que pode provocar assoreamento e comprometer a qualidade da
água. A presença de gado acarreta dejetos nos terrenos adjacentes, que podem ser
eventualmente carreados, contribuindo para a contaminação tanto do solo quanto da água.
Quanto ao uso das águas, registra-se que a surgência na localidade de Lagoinha é utilizada para
a dessedentação humana, apenas por uma parcela da população que justifica o seu uso devido
a qualidade inferior da água do poço do sistema Integrado de abastecimento. Grande parcela
dos residentes em Lagoinha utiliza como fonte principal de água para dessedentação a captação
de água de chuva nos telhados das residências.
Embora não existem registros específicos, estes pontos de nascentes e surgências
provavelmente são utilizados pela fauna local como áreas de dessedentação, devido a escassez
de mananciais superficiais na região.
Os riachos e córregos da região, devido sobretudo a dificuldade de utilização das terras para a
agricultura e pecuária, que condiciona uma baixa taxa de ocupação, apresenta-se bem
preservados, sem modificações físicas significativas de seu leito e margens, e sem a ocorrência
de lançamentos direto de esgotos ou fontes de contaminação por áreas de descarte de resíduos
sólidos.
O riacho da localidade de Pedras corre apenas por alguns quilômetros até encontrar com o rio
Baixa de Cafarnaum, onde as águas infiltram pelo leito cárstico, com ocorrência de pontos de
infiltração, caracterizando sumidouros. Em períodos de precipitação elevada, quando apresenta
vazões mais significativas, é utilizado pelas comunidades locais como opção de lazer.
No Córrego Baixa de Cafarnaum, limite oeste da área de influência indireta, são registrados uso
para irrigação, devido a fertilidade dos solos existentes principalmente na margem esquerda, e
uso recreativo e para pesca no reservatório junto a cidade de Cafarnaum e ao longo do leito do
rio, onde a água fica acumulada em poços formados por dissolução do calcário.
A interferência direta ou indireta do empreendimento sobre as nascentes será avaliada de
forma mais detalhada no Programa de Preservação das Nascentes, que será apresentado
posteriormente no momento da solicitação da LI.
89
5.1.5.1.3 Dados Hidrológicos Disponíveis
Os dados hidrométricos da região em estudo foram obtidos no banco de dados HIDROWEB
(hidroweb.ana.gov.br) da ANA e da SUDENE (www.sudene.gov.br), com discretização diária
tanto para vazão como para chuva.
Na bacia hidrográfica do Rio Jacaré, em relação ao monitoramento dos rios, foram identificados
apenas três postos fluviométricos em operação, Sítio do Padre - 47441000, Jaguaraci 47480000 e Jaguarari/INGÁ, conforme apresentado no Quadro 5.1.16.
Todos os postos fluviométricos estão situados na calha principal do Rio Jacaré, portanto não
existe monitoramento fluviométrico na área do empreendimento.
Quadro 5.1.16 – Postos fluviométricos da bacia do Rio Jacaré
Código
47341000
47342000
47343000
47344000
Nome
Captação da Embasa Canarana
Ponte ba-046 - Barro Alto
Ponte ba-052 - América
Dourada
Curva da Serra - Cavalo
Morto
47440000
Próximo a Tareco
47441000
Sítio do Padre
47480000
Jaguaraci
47490000
Jaguaraci
47560000
Algodões
47575000
Roca do Luizão
47595000
Cajui
Fonte: Hidroweb (ANA), 2011.
Município
Responsável
Operadora
Área
Tipo de Dado
Canarana
CRA
CRA
-
-
Barro Alto
América
Dourada
América
Dourada
Morro do
Chapéu
América
Dourada
São
Gabriel
Irecê
Sento Sé
Sento Sé
Sento Sé
CRA
CRA
-
-
CRA
CRA
-
-
CRA
CRA
-
-
ANA
DESATIVADA
7.460,0
cotas
ANA
CPRM
7.460,0
cotas, vazões
ANA
CPRM
9.320,0
cotas, vazões
INGÁ
ANA
CHESF
CHESF
INGÁ
DESATIVADA
DESATIVADA
DESATIVADA
14.700,0
-
cotas
-
Para o presente estudo foram selecionadas (Hidroweb) as estações pluviométricas existentes
nos municípios de Morro do Chapéu e Cafarnaum.
90
Município de Morro do Chapéu
Quadro 5.1.17 – Postos pluviométricos no Município de Morro do Chapéu
Código
Nome
01041001 OLHO D'ÁGUA DO FACUNDO
01140008
FLORES
01140017
DUAS BARRAS DO MORRO
01140019
DIAS COELHO
01140026
VENTURA
01140035
VENTURA
01140046
VENTURA
01141001
MORRO DO CHAPÉU
01141002
MORRO DO CHAPÉU
01141003
MORRO DO CHAPÉU 83184
01141004
FAZENDA GARAPA
01241019
VÁRZEA DO CERCO
Fonte: ANA, 2011.
Sub-bacia
Município
Responsável
Operadora
47
51
51
51
51
47
51
51
51
51
47
51
Morro do Chapéu
Morro do Chapéu
Morro do Chapéu
Morro do Chapéu
Morro do Chapéu
Morro do Chapéu
Morro do Chapéu
Morro do Chapéu
Morro do Chapéu
Morro do Chapéu
Morro do Chapéu
Morro do Chapéu
SUDENE
SUDENE
SUDENE
SUDENE
DNOCS
SUDENE
INGÁ
EMBASA
SUDENE
INMET
SUDENE
SUDENE
DESATIVADA
DESATIVADA
DESATIVADA
DESATIVADA
DNOCS
DESATIVADA
INGÁ
EMBASA
DESATIVADA
INMET
DESATIVADA
DESATIVADA
91
Município de Cafarnaum
Quadro 5.1.18 – Postos pluviométricos no Município de Cafarnaum
Código
Nome
01141000
MULUNGO DO MORRO
01141010
CAFARNAUM
01141025
CAFARNAUM
Fonte: ANA, 2011.
Sub-bacia
Município
Responsável
Operadora
47
47
47
Cafarnaum
Cafarnaum
Cafarnaum
SUDENE
SUDENE
INGÁ
DESATIVADA
DESATIVADA
INGÁ
O posto pluviométrico Cafarnaum (01141025) é o posto mais próximo da área do Complexo
eólico Cristal. No Quadro 5.1.19 são apresentados os dados do período de 2001 a 2010,
entretanto apresentam muitas falhas que não permite fazer uma análise do comportamento
pluviométrico.
Quadro 5.1.19 – Dados de Precipitação Média do Posto Cafarnaum
INFORMAÇÕES CADASTRAIS
ESTAÇÃO: Cafarnaum
MUNICÍPIO: Cafarnaum
BACIA: I - Rio São Francisco
UF: BA
LATITUDE: 11 ° 40' 29.8''
TIPO: PCD - Pluviometrica
CÓD.ANA: 01141025
LONGITUDE: 41 ° 28' 7.1''
CÓD.SRH: VJ-PR-22
VOLUME PRECIPITADO MENSAL E ANUAL [mm]
ANO
JAN
FEV
MAR
ABR
MAI
JUN
JUL
2001
2002
211
AGO
SET
OUT
NOV
DEZ
1,5
0,25
17,25
5,5
197,75
117,25
0,5
0,25
4,5
1
0
2003
3,25
1
0,5
0,75
0
0,25
2004
95,25
2005
49,5
2006
0
2007
85,75
29
10
8,75
11,75
57,75 116,25
3,5
54
2,25
248
0
2008
2009
114,75
24,5
2010
46
22,25
MÉDIA
91,5
Fonte: INGÁ, 2011.
TOTAL
85,08
61,25
0
0
0,25
0
0,25
0,5
0,5
0,25 149,75
1,25 0,31
1,5
0,3
2,25
108,5
4,75
172,25
17,56
108,5
60,75
55,38 18,88
7,25
38,04
Os postos pluviométricos são em número mais abundante e pertenciam a Superintendência de
Desenvolvimento do Nordeste - SUDENE. As séries de dados foram interrompidas, na maioria
dos postos, em 1991.
5.1.5.1.4 Caracterização das Vazões na Bacia do Rio Jacaré
Na parte alta da bacia do rio Jacaré, predominam as formações metassedimentares e o clima
subúmido a seco. No trecho central da bacia, que representa cerca de 70% da área total, está
situada a região conhecida como Platôs de Irecê, que se encontra assentada sobre formações
calcárias e, em menor escala, metassedimentares sob clima semiárido. Junto à sua foz, no Lago
de Sobradinho, predominam as coberturas detríticas profundas e o clima semiárido.
92
Dentre os postos fluviométricos da bacia do Rio Jacaré, somente o posto 47480000 - Jaguaraci
tem uma série de dados considerável (Quadro 5.1.20). Localizado na parte baixa da bacia, serve
para caracterizar o comportamento geral do regime hidrológico.
O rio Jacaré tem um regime fluvial quase intermitente devido a sua localização em uma região
semiárida. O posto fluviométrico existente, com registros diários de cota e vazão por quase 30
anos, não apresenta vazão nula na sua série de dados. Considerando que durante metade do
ano a bacia hidrográfica pode ficar sem chuvas, admite-se como hipótese que esse
comportamento seja resultante da exudação das águas subterrâneas naquele local.
A distribuição das vazões mensais ao longo do ano pode ser observada no Gráfico 5.1.13 e
Quadro 5.1.20. O hidrograma das vazões médias mensais apresenta uma defasagem de tempo
em relação à ocorrência das chuvas. Tal fato pode ser decorrente justamente do domínio das
águas subterrâneas para o escoamento do rio, ou então, a uma distribuição da chuva diferente
durante o período de 1977 a 2006.
Posto 47480000 - Jaguaraci
1,8
1,6
Vazão (m³/s)
1,4
1,2
1
0,8
0,6
0,4
0,2
0
Set
Out Nov
Dez
Jan
Fev
Mar Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Mês
Gráfico 5.1.13 – Vazões médias mensais – Posto 47480000
93
Quadro 5.1.20 – Vazões Médias Mensais – Posto 47480000 (Jaguarari)
3
Vazões Médias Mensais (m /s)
Ano
Jan
Fev
Mar
1977
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
Média
0,06 0,033 0,013 0,006 0,003 0,019 0,042 0,023 0,229
1978
0,663
2,11
3,04
6,23
1979
1,12
4,68
7,65
1,64 0,724 0,427 0,329 0,249 0,212 0,134 0,172
0,2
1,46
1980
0,465
8,3
6,34
1,15 0,772 0,567 0,426 0,326 0,227
0,2 0,204 0,311
1,61
0,22 0,148
3,33
2,23 0,937 0,486 0,252 0,147 0,114
0,13 0,213 0,189
0,699
1981
3,21 0,865 0,345 0,226 0,165
0,11 0,149 0,228
1,44
1982
0,291
0,21 0,247 0,188 0,117 0,102 0,121 0,142 0,135 0,139 0,158 0,152
0,167
1983
0,332 0,552 0,419 0,412 0,223 0,154 0,173 0,159 0,131 0,191 0,312 0,404
0,289
1984
0,31 0,229 0,198 0,296 0,215 0,159 0,141 0,134 0,189 0,149
0,15 0,169
0,195
1985
1,89
1,45
3,8
0,949
1986
1,77
0,37 0,332 0,322 0,275 0,243
0,26
0,589
0,34 0,264 0,193 0,184 0,168 0,247 0,287
0,287
1,6 0,508 0,521 0,318
0,31 0,248 0,216 0,193 0,327
1,09 0,936 0,554 0,488 0,429
1987
0,319 0,268 0,367
1988
0,322 0,203
0,36 0,447
1989
0,882 0,612 0,645 0,564
1,73 0,799 0,632 0,454 0,399 0,461 0,484 0,518
1990
4,07
2,41
1,37 0,937
1991
1,17
1,02
1,31
1992
2,74
1993
1,64
1994
0,18 0,121
8,09
0,62
1,46
0,674
0,5 0,549 0,578 0,553 0,613 0,765 0,882
4,12
0,939
0,79 0,704
1,35 0,898
3,1
1,51
0,66 0,623 0,578 0,559 0,654
1,14
1,21
1,01
1,27
0,971
1,07 0,917 0,828 0,674 0,723
1,89
0,79 0,739 0,689 0,703 0,697
1,11
1,06 0,607 0,524 0,473 0,369 0,276 0,253 0,253 0,314 0,123 0,192
0,32 0,344 0,184 0,154 0,156 0,158 0,141
0,1
0,178
0,16 0,199 0,268 0,854
0,286
1995
0,168 0,262 0,184 0,449 0,302 0,227 0,191 0,166
1996
0,964 0,305 0,244 0,174 0,128 0,133 0,152 0,153 0,108 0,172 0,221
1997
0,247 0,276
1998
0,389 0,388 0,228 0,167 0,158 0,181 0,232 0,296 0,285 0,236 0,358
1999
0,906 0,467 0,865 0,406
2000
1,3
2001
2002
1,79 0,829 0,535 0,487 0,429
0,31
0,255
0,36 0,314 0,383 0,507
0,749
1,42
0,362
0,27 0,189 0,113 0,127 0,061 0,174 0,441 0,693
0,393
1,44
0,598
0,793 0,165 0,199 0,384 0,208 0,151 0,127 0,196 0,042 0,028 0,059 0,335
0,224
4,43
2003
2,83
0,507
0,12 0,159
1,14 0,717 0,478 0,334 0,211 0,137 0,127 0,096 0,075
2,99
1,61
0,721 0,517 0,121
2004
2,51
1,95
2005
0,514
2,01
2006
0,687 0,893
1,12
1,09 0,644 0,544 0,499 0,181 0,097 0,088 0,314 0,438
0,11
0,06 0,125 0,114
1,08
0,08 0,084 0,039 0,607 0,141
0,227
1,15 0,845 0,475 0,416 0,424 0,317 0,232 0,255 0,362 0,475
0,784
1,5 0,957 0,893 0,696
0,714
Média (l/s/km ) 0,118 0,137 0,177 0,114 0,066 0,045 0,038 0,034 0,030 0,030 0,049 0,090
Fonte: ANA, 2011.
0,077
1,28
1,65
1,12
1,07 0,907 0,758 0,772
1,29
0,891
1,06 0,612 0,417 0,357 0,314 0,282 0,282 0,453 0,836
1,1
1,6
0,71 0,835
1,26
Média (m /s)
3,6
0,66 0,695 0,608
1,16
3
1,24
0,62
2
A vazão média anual, ou vazão média de longo termo (Qmlt) obtida pela série de vazões da
estação 47480000 é igual a 0,714 m³/s, ou 0,077 l/s/km2.
A variação da vazão média anual ao longo dos anos pode ser visualizada no Gráfico 5.1.14.
94
Vazões Médias Anuais do Posto 47480000 e Precipitação Total Anual do Posto
0114214 - Barra do Mendes
0
4,5
200
4
400
3,5
600
3
800
2,5
1000
2
1200
1,5
1400
1
1600
0,5
1800
0
Precipitação (mm)
Vazão (m3/s)
5
2000
1977
1980
1983
1986
1989
1992
1995
1998
2001
2004
Ano
Gráfico 5.1.14 – Variação da vazão média anual no Rio Jacaré - Posto 47480000
Os valores máximo e mínimo médios anual, respectivamente, foram de 1,61 m³/s (1980) e 0,167
m³/s (1982), ou 0,173 ls/km2 e 0,0179 ls/km2, respectivamente.
A curva de permanência de vazões (Gráfico 5.1.15) foi determinada utilizando todos os dados
diários disponíveis da série histórica. De interesse à outorga, a vazão com 90% de permanência
tem valor de 0,118 m³/s, ou 0,0127 l/s/km2.
Posto 47480000 - Jaguaraci
2,50
Vazão (m³/s)
2,00
1,50
0,118 m³/s
1,00
0,50
0,00
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
Permanência (%)
65
70
75
80
85
90
95 100
Gráfico 5.1.15 – Curva de Permanência de Vazões – Posto 47480000
5.1.5.1.5 Usos Atuais das Águas Superficiais
O objetivo da gestão dos recursos hídricos é a distribuição das disponibilidades hídricas entre os
usos e usuários competitivos, assegurando padrões de qualidade e níveis de atendimento
95
compatíveis com suas necessidades e prioridades. Com base neste conceito, foram identificadas
as demandas hídricas existentes na sub-bacia da AID, com o intuito de caracterizá-las.
Conforme o INGÁ (Instituto de Gestão das Águas e Clima – BA), até 2010 tinha sido outorgado
na sub-bacia do Córrego Baixa do Cafarnaum, afluente do rio Jacaré, uma vazão de 2.510,65
m3/dia para usos consuntivos.
No Quadro 5.1.21 e Gráfico 5.1.16 são apresentados os diversos usos de água na sub-bacia do
Córrego Baixa do Cafarnaum.
Quadro 5.1.21 – Usos das Águas Superficiais na sub-bacia do Córrego Baixa do Cafarnaum
Usos (m3/dia)
Córrego Baixa do Cafarnaum
Abastecimento Humano
Industrial
Irrigação
38,80
0,00
2.471,85
Demanda Total (m3/dia)
2.510,65
Pode-se verificar, conforme o Gráfico acima, que do total outorgado nos mananciais superficiais,
o uso mais expressivo em vazões outorgadas è a irrigação com 98%, entanto que o uso
industrial não apresenta nenhuma demanda.
Córrego Baixa do Cafarnaum
Usos da Água em (m 3 /dia) e (%) do Total Outorgado
38,80; 2%
0,00; 0%
2.471,85; 98%
Abastec. Humano
Industrial
Irrigação
Gráfico 5.1.16 – Outorgas por tipo de uso na sub-bacia do Córrego Baixa do Cafarnaum
96
Fotografia 5.1.41 - Tanque na localidade de Fotografia 5.1.42 - Poço escavado para acumulação
Lagoinha - Utilizado para águas servidas e das águas de chuva – Utilizado para dessedentação
dessedentação animal
humana do Povoado de Pau de Colher
Coordendas UTM 8.707.528 / 248.215
Coordendas UTM 8.712.122 / 244.778
Fotografia 5.1.43 - Reservatório no Córrego Baixa Fotografia 5.1.44 - Sistema de captação de água de
do Cafarnaum - Proximidades da cidade de chuvas em telhados com utilização para
Cafarnaum, limite oeste da área de influência
dessedentação e cultivo de subsistência
Coordendas UTM 8.699.220 / 236.270
Coordendas UTM 8.713.806 / 254.256
Fonte: V&S, 2011.
5.1.5.1.6 Hietogramas de Projeto
As obras hidráulicas (pontes, pontilhões, deságües, canais, vertedores, etc.) são dimensionadas
para suportar a chamada vazão de projeto, que está associada ao período de retorno adotado
para cada tipo de obra.
Quando se dispõe de dados de vazão no local considerado, a vazão de projeto é estimada
fazendo-se tratamento estatístico sobre a série histórica de dados registrados. No entanto, em
pequenas bacias rurais, como è o caso da área de implantação do empreendimento, os dados
de vazão são parcamente disponíveis ou inexistentes.
Neste caso, a obtenção da vazão máxima de projeto utilizada no dimensionamento de obras, a
exemplo das estradas de acesso, serviços e operação e manutenção do Complexo eólico Cristal,
97
retratando a segurança da obra, o custo envolvido na sua construção e, em consequência, a boa
aplicação dos recursos financeiros, é necessário utilizar modelos precipitação-vazão.
A vazão de projeto é estimada indiretamente a partir da chamada chuva de projeto.
Uma das formas para determinar a chuva de projeto é através das equações de chuvas intensas
ou relação I-D-F. A chuva de projeto é calculada em função da duração e do período de retorno
desejado. Adota-se como duração da chuva de projeto, o tempo de concentração da bacia, visto
que se trata de duração que a torna mais crítica em termo de intensidade.
Para a chuva de projeto deve-se fornecer, além do total da altura pluviométrica, a distribuição
temporal dessa chuva, que é, em geral, apresentada na forma de hietogramas.
A geração do hietograma de projeto é feita, usualmente, pelo método dos blocos alternados,
que representa melhor a evolução temporal das chuvas intensas.
A - Precipitação Máxima
A precipitação máxima pode ser definida como a ocorrência extrema, com duração, distribuição
temporal e espacial crítica para uma determinada área, permitindo, na ausência de dados de
vazão, o cálculo da cheia de projeto.
Equações IDF
Matos (2006) estabeleceu a equação de chuvas para o posto do INMET, apresentando a
seguinte forma geral:
Onde:
I – intensidade da chuva (mm/h);
t – duração (min);
A, b e c são parâmetros a determinar.
A e b variam com o período de recorrência Tr e c é uma constante associada a uma freqüência
pré-estabelecida.
Para a estação de Morro do Chapéu têm-se os seguintes parâmetros e constantes (Matos,
2006):
98
Equação estabelecida para duração de 5 a 60 minutos.
B - Hietograma de Projeto
Com os dados da equação para estação Morro do Chapéu, foram construídos 06 (seis)
Hietogramas para a região com diferentes tempos de retorno.
Tr = 10 anos
25
30
20
25
Precipitação(mm)
Precipitação(mm)
Tr = 5 anos
15
10
5
20
15
10
5
0
0
0 - 10
10 - 20
20 - 30
30 - 40
40 - 50
50 -60
0 - 10 10 - 20 20 - 30 30 - 40 40 - 50 50 -60
Tempo (min)
Tempo (min)
Tr = 25 anos
35
35
30
30
Precipitação(mm)
Precipitação(mm)
Tr = 20 anos
25
20
15
10
5
25
20
15
10
5
0
0
0 - 10
10 - 20
20 - 30
30 - 40
40 - 50
50 -60
0 - 10
10 - 20
Tempo (min)
30 - 40
40 - 50
50 -60
40 - 50
50 -60
Tempo (min)
Tr = 50 anos
Tr = 100 anos
40
45
35
40
30
35
Precipitação(mm)
Precipitação(mm)
20 - 30
25
20
15
10
5
30
25
20
15
10
5
0
0
0 - 10
10 - 20
20 - 30
30 - 40
Tempo (min)
40 - 50
50 -60
0 - 10
10 - 20
20 - 30
30 - 40
Tempo (min)
Gráfico 5.1.17 – Hietogramas de Projeto – Método dos Blocos Alternados
99
5.1.5.2 Geoquímica
·
Determinação da composição química e mineralógica dos sedimentos de corrente;
·
Estudo de ocorrência de elementos e fontes contaminantes enfatizando metais pesados;
·
Identificação das fontes de contaminante caso constatada ocorrência;
·
Determinação da inter-relação entre água subterrânea e superficial.
5.1.5.2 Geoquímica
Não se aplica pois não há evidencias ou indícios de fontes de contaminação com metais pesados
que justifiquem coleta e analise de sedimentos de corrente. Uma avaliação entre a interrelação
entre águas superficiais e subterrâneas é apresentada no capítulo 5.1.5.4.3
5.1.5.3 Qualidade das águas
a) Caracterização dos principais fatores físico-químicos e microbiológicos dos corpos d’água que
serão utilizados e/ou afetados pelo empreendimento, se for o caso, apresentando a
metodologia analítica utilizada para sua determinação;
b) Caracterização dos usos da água;
c) Apresentação de mapa de localização dos pontos de amostragem, se for o caso, em escala
adequada.
As análises serão realizadas na matriz água e, quando necessário, em sedimento, considerando-se,
no mínimo, os parâmetros abaixo:
1. Água
Análise físico-química: cor, condutividade elétrica específica*, pH*, OD*, % de saturação de
oxigênio, turbidez, temperatura*, DBO, DQO, alcalinidade, cálcio, cloretos, magnésio, potássio,
sódio, sulfatos, amônia, nitrito, nitratos, nitrogênio total, fósforo total, sólidos totais, sólidos
totais dissolvidos, RAS, (cianeto, arsênio, ferro total, bário, alumínio, manganês, cromo total,
zinco, cádmio, mercúrio, chumbo)**.
* Parâmetros a serem medidos em campo
** Parâmetros a serem analisados quando detectadas fontes de contaminação
Análise bacteriológica: coliformes termotolerantes
5.1.5.3 Qualidade das Águas
A água é um insumo fundamental a sobrevivência humana, além de ser um recurso essencial
para o desenvolvimento de diversas atividades humanas, sendo bastante consumido. Fator
impulsionado pelo crescente desenvolvimento econômico que gera maiores necessidades,
potencializados pela diversificação no processo de utilização. Desta maneira, os recursos
hídricos se tornam cada vez mais disputados, conseqüentemente, mais escassos devido à ampla
utilização (ODUM e BARRET, 2007).
100
Um fator importante é que nem toda água existente possui características adequadas para
consumo nas atividades humanas, sendo necessário caracterizar o tipo de água encontrada em
um determinado ambiente. Por isso, a caracterização dos recursos hídricos é um fator
determinante para sua utilização, sendo necessários estudos que avalie a qualidade dos
ambientes aquáticos. A qualidade atua tanto na dinâmica da população humana, como em
diversas espécies (animais e vegetais), sendo fonte de vida (TUNDISI e TUNDISI, 2008).
Os principais impactos gerados sobre estes ambientes são provenientes de atividades humanas,
como o abastecimento (rural, urbano e industrial), irrigação, pecuária, agricultura, piscicultura,
geração de energia elétrica, navegação, pesca e recreação, entre outros. Todos estes fatores
contribuem de forma significativa para alteração da qualidade dos recursos hídricos, portanto,
existe a necessidade de acompanhar como estes processos atuam e modificam a estrutura
deste ambiente, direta e indiretamente (POLETO, 2010).
Por todas as pressões sobre este bem valioso, surge à necessidade da criação de leis que atuem
no gerenciamento e controle de lançamento de poluentes, além de direcionar os meios
necessários para avaliar a qualidade deste recurso. Portanto a resolução Conama n° 357/2005
“dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu
enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes e
dá outras providências” (CONAMA, 2008). Além desta, existe a Portaria nº518/2004 criada pelo
Ministério da Saúde que “estabelece os procedimentos e responsabilidades relativos ao controle
e vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade, e dá
outras providências” (ANA, 2010).
§
OBJETIVOS
― Caracterizar os principais fatores físico-químicos e microbiológicos dos corpos d’água
que serão utilizados e/ou afetados pelo empreendimento;
― Caracterizar quanto ao uso da água;
― Apresentar a localização dos pontos de amostragem.
§
MATERIAIS E MÉTODOS
As amostragens foram realizadas entre os dias 02 a 04 de fevereiro de 2011, em 05 (cinco)
pontos distribuídos dentro da área de influência do projeto. Para cada ponto foi adotado a
aferição de parâmetros referente à caracterização da qualidade da água, sendo estes, físicos,
químicos e microbiológicos.
Em relação aos parâmetros físico-químicos foram aferidas as seguintes variáveis: cor,
condutividade elétrica específica, pH, OD, % de saturação de oxigênio, turbidez, temperatura,
101
DBO, DQO, alcalinidade, cálcio, cloretos, magnésio, potássio, sódio, sulfatos, amônia, nitrito,
nitratos, nitrogênio total, fósforo total, sólidos totais, sólidos totais dissolvidos, RAS, metais
(cianeto, arsênio, ferro total, bário, alumínio, manganês, cromo total, zinco, cádmio, mercúrio,
chumbo). Para abordagem microbiológica, as análises utilizadas se referem às concentrações de
coliformes termotolerantes nos ambientes aquáticos, conforme exigido no escopo do Termo de
Referência.
Todos os parâmetros descritos são resultantes de levantamentos primários (aferição in situ),
seguindo uma padronização no método de amostragem. Em cada ponto, os frascos de coleta
foram submersos a 30 cm de profundidade, e posteriormente conservados à temperatura de
4ºc, armazenados em caixas de isopor. Alguns parâmetros necessitaram de reagentes
específicos (conservantes) que foram adicionados aos frascos imediatamente após a coleta,
todos estes procedimentos são exigidos pelo laboratório certificado que executa as análises (ex
situ).
Quanto à caracterização de utilização da água, esta foi realizada através de entrevistas junto aos
moradores das comunidades tradicionais que circunvizinham estas áreas. Neste levantamento,
alguns aspectos principais foram incluídos na caracterização, consistindo em: forma de
captação, finalidade da captação (uso), tratamento da água, tipo de tratamento, número de
pessoas por comunidade.
Para apresentação dos pontos de amostragens, foi utilizado um GPS da marca Garmim, modelo
60CSX, ajustado para o datum SAD-69 com unidade métrica (UTM), com precisão de
aproximadamente 3 metros.
Para avaliação da Qualidade da Água na área da influência direta do empreendimento foram
estabelecidos cinco pontos de coleta de água para a realização da campanha, marcados no
mapa de recursos hídricos, sendo quatro deles superficiais e um subterrâneo, conforme quadro
a seguir. A avaliação da qualidade da água do córrego das pedras será feita no desenvolvimento
do Plano de Preservação de nascentes.
Pontos de amostragem de água para avaliação de qualidade
ponto
P 01
P 02
P 03
P 04
P 05
Descrição
Poço de captação subterrânea de Lagoinha
Reservatório na localidade de Pau de Colher
Tanque escavado na localidade de Pau de Colher
Tanque escavado na localicade de Lagoinha
Nascente Olhos d’água
Coordenadas UTM
8707528 / 248215
8710982 / 246355
8712122 / 244778
8706992 / 247359
8707594 / 241378
O resultado obtido referente à qualidade da água segue o enquadramento de acordo com a
Resolução CONAMA n° 357/05, Classe II, sendo comparados com os limites referenciais
102
expressos. Ainda são comparados aos padrões de potabilidade emitidos pelo Ministério da
Saúde (Portaria 518/04).
Considerando o estabelecido na resolução CONAMA n° 357/05 o riacho das Pedras e o Córrego
Baixa da Cafarnaum são enquadrados na Classe II, a saber: Art. 42. Enquanto não aprovados os
respectivos enquadramentos, as águas doces serão consideradas classe 2, as salinas e salobras
classe 1, exceto se as condições de qualidade atuais forem melhores, o que determinara a
aplicação da classe mais rigorosa correspondente. Todos os pontos de coleta estão na bacia de
contribuição do Córrego Baixa de Cafarnaum e riacho das Pedras.
§
RESULTADOS
Um total de 37 (trinta e sete) parâmetros foi analisado e seus resultados são apresentados
integralmente na tabela 1, com suas respectivas unidades, métodos analíticos, pontos de
amostragem e valores de referência (V.R). Os resultados foram comparados de acordo com os
enquadramentos adotados pelas leis pertinentes (Quadro 5.1.22).
Quadro 5.1.22 – Parâmetros, unidades, métodos de análise, resultados e valores de referência
(Conama nº357/05 e Portaria nº158/04)
Parâmetros
Método
Analítico
Unidades
Cor
Condutividade
Elétrica Específica
pH
Oxigênio
Dissolvido
Saturação
de
oxigênio
Turbidez
Temperatura
DBO
-
SM 2021 C
µS/cm
SM 2510 B
+
Pontos de Amostragem
Valor de
Referência
n°
n°
357/05 518/04
75
-
P01
P02
P03
P04
P05
5.2
> 500
> 500
> 500
306
2350
282
141.5
93.3
95
-
-
-
SM-4500-H B
7.3
7.5
6.6
6.1
5.9
6-9
-
mgO2/l
SM-4500-C
6.1
5.8
2.4
1.4
1.2
5
-
%
-
74.39
70.73
29.27
17.5
15.38
-
-
NTU
mgO2/l
SM-2130 B
SM-2550 B
SM 5210 B
<1
NI
4.8
> 1000
NI
48
375
NI
8.7
84.5
NI
6.1
7.01
NI
40.8
100
5
-
DQO
Alcalinidade
Cloretos
mgO2/l
mg/L
mg Cl /l
111
62
32.7
108
29
10.1
40.4
10
15.1
172
10
12.6
250
250
Sulfatos
mg SO4 /l
< 10
< 10
< 10
113
250
250
Nitratos
mg/L
0.45
< 0,30
< 0,30
< 0,30
10
10
Nitritos
mg N-NO3/l
< 0,05
< 0,05
< 0,05
< 0,05
1
1
Amônia
mg NH3/l
0.47
5.13
0.67
1.32
-
1.5
Nitrogênio Total * mg N-NO3/l
SM 5220 D
43.8
SM 2320 B
334
SM-4500-Cl B
468
SM-4500-SO4
31.4
2
E
SM 4500 NO3
1.25
E
SM-4500-NO2
< 0,05
B
SM-4500 NH3
< 0,12
C
SM 4500 N - C 2.15
2.72
5.3
2.78
3.52
3.7
-
Fósforo Total
EPA 6010 C
0.3
4
0.11
0.45
0.03
-
-2
mg P-PO4/
0.06
103
Parâmetros
Unidades
Método
Analítico
Pontos de Amostragem
P01
Sólidos Totais
Sólidos
Totais
Dissolvidos
Óleos e Graxas
RAS
-
Cianeto
-
Mercúrio
mg/L
Alumínio
mg/L
Arsênio
mg/L
Bário
mg/L
Cádmio
mg/L
Calcio
Chumbo
Cromo Total
Ferro Total
Magnésio
Manganês
Potássio
Sódio
Zinco
Coliformes
Termotolerantes
mg/L
mg/L
mg/L
mg/L
mg/L
mg/L
mg/L
mg/L
mg/L
SM-2540 B
1608
SM
2540
1180
B/D/E
SM 5520 B
<5
7.93
HACH Method
< 0,01
8027
<
EPA 7470
0,001
EPA 6010 C
< 0,05
<
EPA 6010 C
0,005
EPA 6010 C
0.36
<
EPA 6010 C
0,001
EPA 6010 C
70.82
EPA 6010 C
< 0,01
EPA 6010 C
< 0,01
SM 3500 Fe B < 0,20
EPA 6010 C
86.44
EPA 6010 C
0.034
EPA 6010 C
18.2
EPA 6010 C
49.74
SM 3500 Zn B < 0,10
Col/100 mL
SM 9222 D
mg/ L
mg/ L
-
0
Valor de
Referência
n°
n°
357/05 518/04
-
P02
P03
P04
P05
2182
520
260
140
140
72.6
45.7
46.2
500
1000
<5
2.08
<5
2.19
<5
4.78
<5
5.38
-
-
0.02
< 0,01
< 0,01
< 0,01
0.05
0.07
<
0,001
19.36
<
0,005
0.18
<
0,001
5.06
0.03
0.03
52.84
7.67
0.09
38.94
3.71
< 0,10
<
0,001
17.08
<
0,005
< 0,05
<
0,001
1.55
< 0,01
0.02
19.84
2.2
0.06
13.9
2.12
< 0,10
<
< 0,001
0,001
7.44
0.22
<
< 0,005
0,005
< 0,05 < 0,05
<
< 0,001
0,001
1.94
1.19
< 0,01 < 0,01
< 0,01 < 0,01
8.24
3.94
1.81
1.87
0.05
0.05
4.91
4.39
4.63
4.71
< 0,10 < 0,10
0.0002
0.001
0.1
0.2
0.01
0.01
0.7
0.7
0.001
0.005
0.01
0.05
0.3
0.1
-
0.01
0.05
0.3
0.1
200
5
200
800
1000
0
500
400
Observações:
(1) Col: Colônias / UFC: Unidade Formadora de colônias;
(2) NI: Não informado.
Alguns parâmetros (n= 11) como, condutividade elétrica, % de saturação do oxigênio,
temperatura, DQO, alcalinidade, sólidos totais, óleos e graxas, RAS, cálcio, magnésio e potássio,
não possuem valores de referência indicados pela Legislação, sendo assim, estes valores ficam
impossibilitados de serem classificados. No entanto, vale ressaltar que estes apresentam
importâncias funcionais, pois concentrações de cálcio, magnésio e potássio são íons que ativam
enzimas, estabilizam proteínas, promovem excitabilidade e também atuam na regulação da
permeabilidade celular e ajudam a manter a regulação entre as trocas de íons entre os
organismos e o meio, destacando suas influências na fisiologia dos organismos aquáticos como
apontado por Tundisi e Tundisi (2008).
A condutividade elétrica, temperatura, alcalinidade, sólidos totais e saturação de oxigênio por
sua vez atuam, sobretudo nas variações de concentração de sais, ácido e bases em um sistema
aquático. Estes íons juntamente com outros fatores associados alteram a composição e fluxo
químico de um sistema.
104
Outros resultados indicam que alguns dos parâmetros (n=11) amostrados se encontram dentro
dos limites de referência, sendo estes, sulfatos, nitritos, nitratos, cianeto, mercúrio, arsênio,
bário, cádmio, cromo, manganês e sódio.
Os resultados destacados em vermelho (Figura 5.1.6) se encontram fora do limite estabelecido
(V.R.) pelas legislações vigentes, portanto para compreensão dos fatores que estão associados a
estas alterações, estes serão discutidos separadamente.
Concentração de Cor
600
500
400
300
200
100
0
P01
P02
P03
P04
P05
Cor
5.2
500
500
500
306
n° 357/05
75
75
75
75
75
Figura 5.1.1 – Valores da cor da água
A coloração que a água apresenta pode interferir na dinâmica das comunidades aquáticas, além
de interferir na produtividade no ambiente. Nos pontos (02, 03, 04 e 05) observamos valores
que extrapolam os limites estabelecidos, é importante ressaltar que os valores expressos nos
pontos (02, 03 e 04) estão no seu limite de quantificação, ou seja, o método analítico só permite
uma contagem até este valor, portanto os valores reais podem ser muito maiores do que os
expressos no gráfico. O indicativo deste elevado índice pode ter uma associação forte com a
turbidez encontrada.
A turbidez encontrada na água (Figura 5.1.7) pode alterar significativamente a absorção dos
feixes de luz no ambiente aquático, esta alteração pode interferir na produção primária do
corpo hídrico além de interferir na visibilidade dos organismos aquáticos (ANA, 2010). Nota-se
que nos pontos (02 e 03), os valores ultrapassam os valores referenciais, conseqüência de uma
forte interação particular com as características do ambiente ao qual se localiza. A causa desta
elevada turbidez pode ter sua origem explicada por: (a) tipo de solo; e (b) escoamento de
partículas sólidas deste material para os ambientes aquáticos com a chuva e vento.
105
Turbidez da Água
1200
1000
NTU
800
600
400
200
0
P01
P02
P03
P04
P05
Turbidez
1
1000
375
84.5
7.01
n° 357/05
100
100
100
100
100
Figura 5.1.2 – Valores turbidez da água
A concentração dos sólidos totais dissolvidos (Figura 5.1.8) inclui todos os sais presentes na
água, a utilização deste parâmetro como referência pode gerar indicativos de erosão química
quando associados a outros parâmetros específicos. O ponto 01 possui um valor duas vezes
acima do limite da resolução n° 357/05, enquanto que, comparado ao valor referencial da
Portaria n° 518/04 se enquadra próximo ao limite estabelecido, mesmo que ainda superior. Este
resultado pode ser justificado pela concentração de sais em águas que recebem tratamento,
como é o caso do ponto especificamente. Mas para melhor compreensão das fontes de sólidos
um parâmetro importante a ser avaliado é o Carbono Total Dissolvido (COT) que indica os
compostos orgânicos dissolvidos, desta maneira permite identificar a fonte destas
concentrações, conforme indicado pela CETESB (2009).
mg/L
Sólidos Totais Dissolvidos
1400
1200
1000
800
600
400
200
0
P01
P02
P03
P04
P05
Sólidos Totais
Dissolvidos
1180
140
72.6
45.7
46.2
n° 357/05
500
500
500
500
500
n° 158/04
1000
1000
1000
1000
1000
Figura 5.1.3 – Valores dos sólidos totais dissolvidos
As concentrações de pH (potencial hidrogeniônico), mostradas na Figura 5.1.9, alteram tanto
propriedades químicas da água, como funções de atividades enzimáticas metabólicas dos
106
organismos (TUNSISI & TUNDISI, 2008). Apenas um ponto apresentou-se fora abaixo dos limites
mínimos e máximos de referencia, mas em valor pouco significativo (diferença de 0.1, do
limite), portanto inferir sobre as interferências deste parâmetro no ponto em questão necessita
acompanhamento temporal para compreender as variações ao longo de um ciclo hidrológico.
Concentração do pH
10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
P01
P02
P03
P04
P05
7.3
7.5
6.6
6.1
5.9
Mínimo
6
6
6
6
6
Máximo
9
9
9
9
9
pH
Figura 5.1.4 – Valores do pH
A concentração de oxigênio dissolvido (Figura 5.1.10) é um importante indicativo da qualidade
dos ambientes, além de ser um dos parâmetros mais importantes para dinâmica de sistemas
aquáticos (ANA, 2010). Este elemento é um gás de importância biológica e química, por isso,
tamanha importância, e foram observados que 3 pontos apresentaram resultados abaixo dos
valores de referência (Ponto 03, 04 e 05). Destes, o ponto 05 apresenta a menor concentração
encontrada. Estes índices podem estar relacionados com: (a) a baixa produtividade dos
ambientes (fotossíntese); (b) perdas por oxidação químicas, conseqüência das atividades
bacterianas; (c) concentração de material suspenso na água (ressuspensão do sedimento, que
justifica a alta turbidez e cor); e (d) características hidráulicas do ambiente.
107
Concentração de Oxigênio Dissolvido
7
6
5
mg/L
4
3
2
1
0
OD
n° 357/05
P01
P02
P03
P04
P05
6.1
5.8
2.4
1.4
1.2
5
5
5
5
5
Figura 5.1.5 – Valores de oxigênio dissolvido
A demanda bioquímica (Figura 5.1.11) é responsável por oxidar a matéria orgânica encontrada
na água através de decomposição microbiana aeróbica (TUNDISI e TUNSISI, 2008). Os pontos
(02, 03, 04, 05) se encontram acima do valor referencial, sendo que os pontos (03 e 04) os
valores não indicam uma índices muito elevados, como acontece nos pontos (02 e 03), que
pode gerar uma diminuição significativa nas concentrações de oxigênio dissolvido no ambiente.
Os fatores potenciais podem ser: (a) influência de enriquecimento orgânico causado pelas fezes
dos animais (principalmente metano) bem próximos aos corpos de água; e (b) aporte de folhas
que entram em decomposição rapidamente. A utilização do COT (Carbono Orgânico Total)
também se aplica para identificar o enriquecimento de nutrientes e deve ser incorporado
durante o monitoramento.
Demanda Bioquímica de Oxigênio
60
50
mg/L
40
30
20
10
0
DBO
n° 357/05
P01
P02
P03
P04
P05
4.8
48
8.7
6.1
40.8
5
5
5
5
5
Figura 5.1.6 – Valores de demanda bioquímica de oxigênio
A concentração de cloretos (Figura 5.1.12) é um parâmetro bastante utilizado em análises da
qualidade da água, pois suas taxas podem indicar alteração na dinâmica dos ambientes
aquáticos (TUNDISI e TUNDISI, 2008). Os índices foram acima do referencial nos pontos 02, 03,
108
04 e 05, o que pode indicar uma fonte de poluição do meio aquático nestas áreas. A explicação
para presença destas concentrações pode ser uma interferência da: (a) utilização de produtos
agrotóxicos, principalmente os bactericidas, pois uma das propriedades da utilização de cloretos
é no controle de bactérias; (b) na utilização de adubos químicos que utilizem cloreto de potássio
em sua composição estrutural; e (c) percolação e escoamento das águas através do contato com
solo e rocha (SANTOS et al., 2006).
mg/L
Concentração de Cloretos
500
450
400
350
300
250
200
150
100
50
0
P01
P02
P03
P04
P05
Cloretos
468
32.7
10.1
15.1
12.6
n° 357/05
250
250
250
250
250
Figura 5.1.7 – Valores de cloretos
As concentrações de amônia (nitrogênio amoniacal total), mostrada na Figura 5.1.13, para o
ambiente, em sua maioria se encontram abaixo do limite estabelecido, porém quando
avaliamos o valor encontrado no Ponto 03 (5.13 mg/L) o valor esta 4 vezes maior do que o V.R.,
que pode estar associado com o tipo de utilização (dessedentação de fauna) e o aporte de
nutrientes orgânico pode ser compreendido pela notória presença de fezes dos animais
próximos ao aqüífero, conforme indicado pela CETESB (2009). Outro ponto que merece
destaque é no Ponto 05, pois o valor chegou próximo ao limite, neste caso, estas taxas também
podem ser explicadas pelo aporte de nutrientes orgânicos, mas com um contexto de fonte
diferente, explicado pela presença de vegetação densa próxima a área, acumulando grande
parte de matéria morta no próprio corpo hídrico. Estes fatores ainda podem ser conseqüências
da hidrodinâmica destes ambientes que permite maior concentração em ambientes com pouca
vazão, impulsionados pelos balanços hídricos do ambiente.
109
Concentração de Amônia
6
5
mg/L
4
3
2
1
0
P01
P02
P03
P04
P05
Amônia
0.12
0.47
5.13
0.67
1.32
n° 158/04
1.5
1.5
1.5
1.5
1.5
Figura 5.1.8 – Valores de amônia
A ocorrência de nitrogênios (Figura 5.1.14) em um ambiente pode ser identificada em forma de
nitrogênio orgânico, amoniacal, nitritos e nitratos, sendo este último tóxico aos humanos em
altas concentrações (ANA, 2010). A concentração total de nitrogênios envolve quantificação
total de suas formas, mas, para compreensão de processos de nitrificação e desnitrificação é
necessário avaliar cada parâmetro separadamente (TUNDISI e TUNSISI, 2008). O valor expresso
no ponto 03 ultrapassa o limite permitido de acordo com a resolução, desta forma é importante
mapear a fonte deste composto, que em relação ao ponto pode vir a ser (a) deposição
atmosférica (chuva); (b) lixiviação de nutrientes próximos as áreas agrícolas pela utilização de
fertilizantes; (b) aporte pluviométrico; e (c) fixação biológica (algas e bactérias) atmosférica.
Altas concentrações podem gerar eutrofização do ambiente, impossibilitando o abastecimento
para consumo humano, recreação e conservação da vida aquática.
Concentração de Nitrogênio Total
6
5
mg/L
4
3
2
1
0
P01
P02
P03
P04
P05
Nitrogênio Total
2.15
2.72
5.3
2.78
3.52
n° 357/05
3.7
3.7
3.7
3.7
3.7
Figura 5.1.9 – Valores de nitrogênio total
110
Assim como o nitrogênio, as concentrações de fósforo total (Figura 5.1.15) são fundamentais
para processos biológicos em ambientes aquáticos, mas altas concentrações geram alterações
significativas e impactos negativos nestes ambientes (CETESB, 2009). Os pontos (02, 03 e 04),
estão fora do limiar aceito, mas deve-se ressaltar o ponto 03, pelo alto índice encontrado deste
parâmetro no ambiente. Elevados níveis de fósforo associados com altos índices de nitrogênio
pode causar uma eutrofização da água, entretanto, outro parâmetro (clorofila a) necessita ser
mensurado para caracterizar o Índice de Estado Trófico (IET) do ambiente, portanto no
monitoramento da qualidade da água, deve-se incluir este parâmetro nas análises. As fontes de
fósforo também podem ser explicadas por: (a) drenagem pluvial de fertilizantes agrícolas; e (b)
matéria fecal. Estes dois fatores são bastante encontrados nas localidades.
mg/L
Concentração de Fósforo Total
5
4.5
4
3.5
3
2.5
2
1.5
1
0.5
0
P01
P02
P03
P04
P05
Fósforo Total
0.06
0.3
4
0.11
0.45
n° 357/05
0.03
0.03
0.03
0.03
0.03
Figura 5.1.10 - Valores de fósforo total
Os três últimos parâmetros merecem uma atenção especial, principalmente por terem
diagnosticados valores superiores aos limites permitidos. Estes elementos químicos são
classificados como metais, e suas concentrações podem gerar efeitos acumulativos e deletérios
para os seres vivos quando acumulados ao longo do tempo no organismo (ODUM e BARRET,
2007).
O ferro é um metal considerado como essencial, pois esta diretamente relacionada com os
processos fisiológicos dos organismos seja terrestre ou aquático. Mas devemos atentar que
pode ser enquadrado também como micro contaminante ambiental, pois, quando em taxas
elevadas no ambiente podem ser transferidos a cadeia trófica, sendo acumulado a depender
das concentrações encontradas, desta maneira, gerando efeitos nocivos (ex: câncer), como
indica De Azevedo e colaboradores (2003). As concentrações deste elemento (Figura 5.1.16) foi
evidenciada em 4 dos 5 pontos, sendo registrados valores acima do referencial nos pontos (02,
03, 04, 05), destes o ponto 02 e 03 apresentaram os maiores índices, gerando a necessidade de
uma investigação e mapeamento das fontes com maior critério dentro do monitoramento da
111
fonte de contaminação. As possíveis origens podem ser: (a) característica geológica do solo; (b)
utilização de adubos na agricultura; e (c) lixiviação de água de chuva.
Concentração de Ferro Total
60
50
mg/L
40
30
20
10
0
P01
P02
P03
P04
P05
Ferro Total
0
52.84
19.84
8.24
3.94
n° 357/05
0.3
0.3
0.3
0.3
0.3
Figura 5.1.11 - Valores de ferro total
Este elemento químico é um metal não essencial, enquadrado como micro contaminante, e
pode gerar efeitos prejudiciais ao metabolismo dos organismos, uma vez que não se conhece
uma função biológica conforme descrito por ODUM e BARRET (2007), este efeito ainda pode ser
potencializado pela acumulação temporal no organismo, aumentando seu poder de toxicidade.
A concentração (Figura 5.1.17) fora do limite estabelecido foi registrada em um ponto (02), dos
5 pontos amostrados, gerando a necessidade de identificar a origem deste elemento no corpo
hídrico. A presença deste parâmetro no ambiente pode ser indicada pelo uso de fertilizantes e
herbicidas utilizados na agricultura local, o levantamento do tipo de agrotóxicos utilizados é
fundamental para caracterizar esta origem.
Concentração de Chumbo
0.035
0.03
mg/L
0.025
0.02
0.015
0.01
0.005
0
P01
P02
P03
P04
P05
Chumbo
0.01
0.03
0.01
0.01
0.01
n° 357/05
0.01
0.01
0.01
0.01
0.01
Figura 5.1.12 - Valores de chumbo
112
O alumínio (Figura 5.1.18) também é um metal importante na formação óssea, mas também
micro contaminante, pois suas concentrações interferem na fisiologia dos organismos, quando
não são metabolizados, se acumulam com o passar do tempo. Foram encontrados resultados
acima dos limites nos pontos (02, 03, 04), destes os pontos 02 e 03, apresentam as maiores
taxas. A identificação das fontes de alumínio podem ser naturais, pela característica geológica
da área, ou por aporte de material alóctone (exterior). Para mapear esta fonte é necessário um
maior esforço espaço temporal, além de ampliação da malha amostral.
Concentração de Alumínio
25
mg/L
20
15
10
5
0
P01
P02
P03
P04
P05
Alumínio
0
19.36
17.08
7.44
0.22
n° 357/05
0.1
0.1
0.1
0.1
0.1
Figura 5.1.13 - Valores de alumínio
Os coliformes termotolerantes (Figura 5.1.19) por sua vez, são microorganismos encontrados no
ambiente, entretanto, alguns causam efeitos nocivos ao homem e aos animais. Podem estar
associados a flora intestinal, mas quando em cargas elevadas podem provocar algum tipo de
alteração fisiológica. A portaria nº 518/04, impõe um limite de 0 (ausência) deste parâmetro na
água quando se refere ao enquadramento para consumo humano, neste caso, com exceção do
ponto 01, todos os outros estariam inadequados ao consumo, pelos elevados índices
observados. Já a resolução Conama nº 357/05, propõe parâmetros de acordo com o
enquadramento de classes, neste caso, corresponde a águas de classe 2, e aceita-se um limite
de até 1000 coliformes termotolerantes para consumo após tratamento convencional. Mas
permite atividades, como uso para dessedentação de fauna, pesca, e recreação.
113
Coliformes Termotolerantes
Col/100ml
1200
1000
800
600
400
200
0
P01
P02
P03
P04
P05
0
200
800
500
400
n° 357/05
1000
1000
1000
1000
1000
n° 158/04
0
0
0
0
0
Coliformes
Termotolerantes
Figura 5.1.14 - Valores de coliformes termotolerantes
Outro ponto a ser considerado se refere à utilização do ambiente aquático que pode explicar
muitos resultados encontrados na físico-química e microbiológica do ambiente, por isso uma
tabela com estes indicativos será apresentada.
Os aqüíferos encontrados são utilizados como fonte de captação de água pela comunidade
local, das mais diversas maneiras, sendo as principais:
― Consumo humano: Ingestão1, utilização doméstica (banho, lavagem de roupa e louça) –
(ponto 01, 03, 04 e 05);
― Dessedentação de fauna: Principalmente bovinos e caprinos, animais domésticos
também utilizam as áreas (todos);
― Agricultura: Irrigação das plantações por métodos de captação simples (baldes), para
plantações de subsistência. Alguns utilizam como para irrigar maiores áreas, utilizadas
como fonte econômica (pontos 01, 02, 03 e 04);
― Pesca: Utilização do ambiente aquático para pescar, não havendo práticas de psicultura
(apenas no ponto 02); e
― Lazer: recreação esporádica, principalmente pelas crianças e jovens moradores da
comunidade (apenas no ponto 02).
No Quadro 5.1.23, encontra-se os pontos referenciados, e a discriminação do uso da água em
cada um dos pontos.
1
A forma de tratamento varia entre a utilização de filtros simples barro (pela decantação do material
suspenso), filtro convencional e aquecimento da água (ferver).
114
Quadro 5.1.23 – Utilização da água pela comunidade nos pontos de amostragem
Ponto 01 (Coordenadas)
à 24 L 248215/ 8707528
Uso:
― Consumo humano (higiene,
ingestão, cozimento);
― Dessedentação de fauna
(animal doméstico);
― Irrigação.
Frequência diária:
aproximadamente 30 famílias.
Ponto 02 (Coordenadas)
à 24 L 246355/ 8710982
Ponto 03 (Coordenadas)
à 24 L 244778 /8712122
Uso:
― Dessedentação de fauna
(bovinos e caprinos);
― Irrigação
― Pesca;
Frequência diária: Animais são
levados a área por pessoas não
próximas as comunidades, sem
definição de período.
Uso:
― Dessedentação de fauna
(gado/animais domésticos);
― Irrigação;
― Consumo humano (esporádico,
durante período de seca).
Frequência diária: 6 famílias.
Ponto 04 (Coordenadas)
à 24 L 247359 /8706992
Uso:
― Consumo humano;
― Irrigação;
― Dessedentação de fauna.
Frequência diária:
Aproximadamente 15 famílias
Ponto 05 (Coordenadas)
à 24 L 241378/ 8707594
Uso:
― Dessedentação de fauna
silvestre;
― Consumo humano esporádico.
Frequência: sem definição pelo
isolamento da área, e fora das
proximidades das comunidades.
115
§
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As características naturais particulares da área, como sazonalidade hidrológica, e fatores
socioambientais, como os costumes tradicionais de utilização dos ambientes aquáticos pela
comunidade, contribui para o direcionamento do monitoramento da qualidade das águas para
instalação do empreendimento.
Com a integração e análise do contexto das informações obtidas, sugere-se:
·
Ampliar a área amostral (nº de pontos) durante o monitoramento das atividades de
execução do empreendimento, nas ADA, AID e AII;
·
Caracterizar e acompanhar as variações sazonais (aumentar o número de campanhas –
variação temporal), de forma a identificar de como os regimes hidrológicos interferem
na dinâmica dos ambientes aquáticos;
·
Incluir outros parâmetros no monitoramento (salinidade; orgânicos; Clorofila a;
cianobactérias, coliformes fecais e totais, análise ecotoxicológica, toxicológica); e
·
Propor a instalação de uma Estação de Tratamento de Água e uma Estação de Efluente
Doméstico.
5.1.5.4 Hidrogeologia
a) Qualidade das águas subterrâneas parâmetros (químicos, físicos e bacteriológicos);
b) Caracterização dos aquíferos subterrâneos existentes na área de influência direta, indicando:
localização e aspectos geológicos; alimentação, fluxo e recarga;
c) Profundidade dos níveis d’água subterrâneos; relações com as águas superficiais e com
outros aquíferos;
d) Condições de explotação considerando localização e tipos de captação utilizados,
quantidades explotadas e regime de bombeamento em cada captação; representações
cartográficas;
e) Cadastramento dos poços, fontes e cacimbas existentes na área de influência direta bem
como tipo de captação.
5.1.5.4 Hidrogeologia
5.1.5.4.1 Sistemas Aquíferos
Na área de influência do empreendimento foi possível caracterizar três sistemas aqüíferos de
comportamento hidrogeológico distintos: um correspondente às rochas carbonáticas da
Formação Caboclo; um relacionado aos arenitos silicificados da formação Morro do Chapéu, e
um terceiro correspondente aos calcários da Formação Salitre. Ainda considerando esses três
grandes sistemas, são observadas condições diferenciadas quando as rochas da Formação
116
Salitre encontam-se recobertas por coberturas detríticas, o que confere características
especificas de alimentação, e ainda uma faixa de afloramento de rochas da Formação
Bebedouro, que possui características diferenciadas quanto ao comportamento hidrogeológico.
Apesar de apresentar delimitações próprias dos sistemas aqüíferos, destacando as condições
diferenciadas dos litotipos carbonáticos com coberturas detríticas e da Formação Bebedouro, os
estudos apresentados foram baseados no Projeto Cadastro de Fontes de Abastecimento por
Água Subterrânea/Diagnóstico do Município de Morro do Chapéu e no projeto Mapas
Municipais de Morro do Chapéu, além de outros estudos específicos relacionados aos
mananciais subterrâneos da área em apreço.
a) Rochas Carbonáticas da Formação Caboclo - Aqüífero granular/fissural/cárstico
Correspondente às áreas de topografia rebaixada a leste do alinhamento das serras onde serão
instalados os sub-parques com ocorrência de siltitos, arenitos e pelitos e, secundariamente por
calcarenitos.
Trata-se de um aqüífero descontínuo, associado a zonas fraturadas, com permeabilidade e
transmissividade baixas, podendo ocorrer localmente áreas com maior densidade de
fraturamento, bem como a o ocorrência de sedimentos inconsolidados em superfície, a
exemplo de coberturas arenosas, que favorecem a recarga, conferindo maior potencialidade.
Os poços perfurados neste domínio apresentam profundidade média em torno de de 100
metros, com vazão média de 7,1 m3/h, sendo registrada entretanto vazões de até 46,4 m3/h. A
capacidade específica média dos poços é de 0,62 l/s/m.
As águas são classificadas como cloretadas (56,5%), e secundariamente bicarbonatadas (43,5%).
A predominância de águas cloretadas se deve, primordialmente, à litologia e à dissolução dos
minerais presentes nas rochas. Os valores de resíduo seco variam de 70 a 1.100 mg/l. passíveis
de serem utilizadas para uso doméstico, dessedentação humana e animal, sem prejuízos para a
saúde.
O relevo do sistema aqüífero é predominantemente plano a suave ondulado ocorrendo feições
de dissolução tais com dolinas, estruturas de colapso e grutas, a exemplo do Buraco do
Possidônio e Gruta do Cristal.
A alimentação deste sistema ocorre indiretamente através da percolação da água pelas
formações superficiais arenosas, ou diretamente pelas zonas de dissolução, bem com ao longo
do leito da rede de drenagem superficial.
117
b) Arenitos da Formação Morro do Chapéu – Aqüífero fissural
Corresponde ao sistema aqüífero formado pelos litotipos das áreas serranas constituídas
predominantemente por arenitos de granulometria fina a média onde podem ser encontrados
níveis intercalados de siltitos e lamitos e, subordinadamente, por arenito conglomeráticos.
Apresenta-se como um sistema anisotrópico, descontínuo, onde a água está armazenada ao
longo de zonas fraturadas, com recarga facilitada pela ocorrência de coberturas arenosas
residuais e solos arenosos de permeabilidade elevada nas áreas planas dos topos das serras.
As rochas do Grupo Chapada Diamantina, de topografia elevada, intensamente fraturadas,
possuem alta porosidade secundária e uma importante permeabilidade secundária. Assim, suas
áreas de afloramentos constituem as principais zonas de recarga d’água.
Por está em situação topograficamente elevada, a recarga deste sistema ocorre exclusivamente
devido a infiltração de águas meteóricas que, em função das condições climáticas locais não
fornecem grandes volumes.
As rochas areníticas da Formação Morro do Chapéu apresentam litificação acentuada, forte
compactação e fraturamento, que lhe confere além do comportamento de aqüífero granular
com porosidade primária baixa e transmissividade quase nula, com baixo a médio potencial
hidrogeológico. O comportamento fissural é o que mais se destaca (porosidade secundária de
fendas e fraturas), motivo pelo qual é caracterizado como aqüífero do tipo fissural e
granular/fissural, onde ocorrem formações superficiais de espessura significativa para a recarga.
Os poços implantados neste sistema, mais a norte da área de influência, apresentam
profundidades de até 165 metros, com média de 60 metros. As vazões variam de poços secos
até 203 m3/hora, com média de 15 m3/hora. A capacidade específica média dos poços é de 1,13
l/s/m.
As águas classificadas como bicarbonatadas (58%), apresentam salinidade baixa, índices de
resíduo seco predominante abaixo de 100 mg/l, não havendo restrição de sua utilização para
dessedentação humana e animal. Geralmente podem ser utilizadas para a irrigação da maioria
das culturas e solos, apresentando baixo risco para salinização, exceto aquelas que
apresentaram salinidade média a elevada.
c) Formação Salitre – Aqüífero cárstico
A Formação Salitre é caracterizada na área de estudo pela ocorrência de calcarenitos,
calcisiltitos, calcilutitos e dolarenitos.
118
Constituem um sistema aqüífero desenvolvido em terrenos com predominância de rochas
calcárias, que apresentam como característica principal, a ocorrência de formas de dissolução
cárstica formando cavernas, sumidouros, dolinas e outras feições típicas de dissolução,
proporcionando ao sistema porosidade e permeabilidade secundária que permitem
acumulação de água em volumes consideráveis, ocorrendo entretanto com elevada
heterogeneidade e anisotropia , devido ao acumulo de água em feições localizadas.
Consiste portanto em aqüíferos descontínuos associados a zonas fraturadas, ampliadas pela
dissolução cárstica, localmente muito desenvolvida. O armazenamento da água ocorre ao longo
destas zonas de dissolução química da rocha formadas a partir das linhas de fraturas e fissuras,
conferindo heterogeneidade e anisotropia ao sistema aquífero. O relevo é plano com rede de
drenagem de água superficial pouco densa.
Os poços apresentam profundidade média em torno de 95 metros, com vazões muito variáveis,
sendo registrados poços secos até poços com vazões superiores a 100 m 3/h. A capacidade
específica média dos poços é de 1,78 l/s/m, representando uma produtividade elevada.
Quanto a qualidade, as águas são em sua maioria bicarbonatadas (57%), com teores de resíduo
seco, ou quantidade de sais, elevado, variando de 420 a 1.920 mg/1, fazendo com que essas
águas não sejam utilizadas frequentemente para dessedentação humana.
d) Formação Salitre com coberturas detríticas - Aqüífero granular/cárstico
Corresponde às rochas da Formação salitre, dominantemente carbonáticas, quando recobertas
pelos depósitos coluvionares, estes se distribuem ao longo das encostas ocidentais das serras
compondo-se de seixos e matacões de arenitos, conglomerados e argilitos, por vezes de
dimensões métricas, imersos em uma matriz areno-argilosa.
As formações superficiais que recobrem as rochas carbonáticas apresentam comportamento de
aqüífero granular com porosidade primária, com elevada permeabilidade e transmissividade, o
que confere boas condições de recarga e armazenamento.
e) Formação Bebedouro – Aqüífero cárstico
A formação Bebedouro, por sua posição estratigráfica e constituição geológica funciona com um
litotipo de características diferenciadas quanto potencial de manancial subterrâneas, sendo
constituída de argilitos, pelitos e arenitos arcóseanos e quartzo arenitos.
5.1.5.4.2 Uso das Águas Subterrâneas
A região onde será instalado o Complexo eólico apresenta restrições quanto a ocorrência e
119
utilização de mananciais subterrâneos, seja por condições relacionadas à ocupação das terras,
tais como baixa densidade demográfica, falta de infraestrurura, sobretudo de energia elétrica,
ou por condições naturais tais como salinidade ou dureza elevadas e baixas vazões. Condições
favoráveis de exploração e utilização desses mananciais ocorrem apenas na porção oeste da
área, no vale do rio Baixa do Cafarnaum, estendendo-se para oeste, região da bacia de Irecê,
onde a agricultura irrigada a partir de mananciais subterrâneos é prática comum.
O mapa de recursos hídricos apresenta a localização dos poços de captação de mananciais
subterrâneos cadastrados na Companhia de Engenharia Ambiental da Bahia, responsável pelo
cadastro e monitoramento das captações subterrâneas do Estado.
A água utilizada pela população de Lagoinha para a dessedentação deriva de um poço escavado
que, apesar da demanda contínua de retirada de água e das condições climáticas adversas, com
baixa precipitação e taxa de evaporação elevada, se mantém com níveis constantes durante
todo o ano, podendo-se concluir que recebe contribuições subterrâneas. Representa portando
um ponto de exutório do aqüífero.
Fotografia 5.1.45 - Tanque escavado utilizado pela população de Lagoinha
para dessedentação humana
Coordenadas UTM : 8706992 / 2473591 - Fonte: V&S, 2011.
A água deste poço escavado é utilizada pela população apesar de existir um poço de captação
profunda ligado a um sistema simplificado de abastecimento, devido ao fato deste último
apresenta água com salinidade elevada.
120
Fotografia 5.1.46 - SIAA de Lagoinha composta de casa de poço e reservatório elevado
Coordenadas UTM 8.707.528 248.215 - Fonte: V&S, 2011
Fotografia 5.1.47 - Poço na localidade de Pedras às margens do rio das Pedras
Coordenadas UTM 8.695.430 / 232.001 - Fonte: V&S, 2011.
5.1.5.4.3 Interrelação entre águas subterrâneas e superficiais
Nas áreas serranas de ocorrência de litotipos da formação Morro do Chapéu onde ocorrem
também áreas de afloramentos rochosos na forma de lajedos, as águas de precipitação infiltram
no solo arenoso raso ou migram lateralmente até atingir as fendas na rocha, ficando
armazenada neste sistema anisotrópico raso e de pouca capacidade de armazenamento.
Eventualmente estas águas podem aflorar temporariamente nas áreas de encostas e fundos de
vale.
No limite oeste da área de Influência Indireta, feita pelo córrego Baixa de Cafarnaum, as águas
de escoamento do leito principal do rio infiltram ao longo do leito esculpido em rochas
calcárias, indo se incorporar aos mananciais subterrâneos.
Da mesma forma os riacho Boa Vista, riachos do Cristal, e outros que cortam transversalmente a
região serrana apresentam o leito seco, mesmo em períodos de elevada precipitação,
121
caracterizando um leito desenvolvido sobre áreas de dissolução, com a presença de
sumidouros, por onde a água infiltra.
A região apresenta formações superficiais e leito de rio muito permeáveis e a água que escoa
em superfície, limitada a alguns meses do ano, é rapidamente direcionada para os mananciais
subterrâneos, caracterizando portanto rios e riachos influentes. Assim, água subterrânea
encontrada na Formação Caboclo, na região planáltica do lado leste da serra, ou no vale do
córrego Baixa de Cafarnaum em rochas calcárias, nas áreas mais rebaixadas do relevo, provém
da infiltração das precipitações pluviométricas.
Já no córrego Baixa de Cafarnaum, que representa o nível de base local, que tem seu leito
irregular com depressões formadas pela dissolução da rocha calcária, onde a água subterrânea
aflora em trechos descontínuos alongo do leito, formando poços dispersos, sem entretanto
apresentar escoamento superficial.
Os baixos índices pluviométricos, a baixa capacidade de retenção de umidade dos solos e
formações superficiais e a ocorrência de leitos permeáveis são responsáveis pela ausência de
escoamento superficial e caráter intermitente dos rios e riachos da região.
122
5.2 MEIO BIÓTICO
Neste item, serão apresentados os dados e principais características da fauna e flora regional, de tal
forma que, permita-se uma análise adequada da estrutura e função ecológica dos elementos vivos
predominantes na área de influência do projeto.
5.2 MEIO BIÓTICO
Para a caracterização e análise do Meio Biótico - ecossistemas terrestres - da área de influência
do empreendimento foram realizados levantamentos de dados secundários e campanhas de
atividades de campo. No período de 29 de junho a 03 de julho de 2010 foi realizado o
levantamento de avifauna e quiropterofauna pela Empresa Lacerta Consultoria, Projetos e
Assessoria Ambiental. No período de 05 a 07 de novembro de 2010; 08 a 11 de dezembro
2010; 19 a 22 de dezembro de 2010; 11 a 16 de janeiro de 2011 e 09 a 12 de fevereiro de 2011,
foi feito o diagnóstico da macrofauna terrestre pela V&S Ambiental Ltda. O esforço amostral
para levantamentos de todos os grupos faunísticos foram feitos durante os caminhamentos. De
25 a 29 de abril de 2011, realizou-se diagnóstico de avifauna e quiropterofauna pela Empresa
Papyrus Soluções Consultoria e Treinamento, Meio Ambiente, Qualidade e Saúde e Segurança
do Trabalho.
Durante o período de levantamento de dados secundários a equipe da V&S Ambiental realizou
contatos junto representantes da Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente do Morro do
Chapéu, Escritório da Diretoria de Unidade de Conservação (DUC) em Morro do Chapéu,
Associação dos Condutores de Visitantes do Morro do Chapéu (ACV- MC).
Os limites das áreas de influência, com referência ao Meio Biótico – ecossistemas terrestres são:
Área de Influência Indireta (AII), que é delimitada a leste e a sul pelos divisores de águas das
bacias hidrográficas dos rios Verde/Jacaré, que fazem fronteira com a bacia do rio Paraguaçu, a
leste e a sul, pelos córregos das Pedras a oeste, englobando a norte a zona de amortecimento e
a própria área do Parque Estadual de Morro do Chapéu. A AII abrange os contornos da AID
adicionados a área do Parque e uma zona tampão, na qual vivem espécies de animais raros e
ameaçadas de extinção e que preserva a vegetação característica de Cerrado, Caatinga e Campo
Rupestre. Levou-se em conta, ainda para a definição da AII: a localização da área no contexto do
semiárido, com vegetação caducifólia, que nos períodos de estiagens, sofre restrições climáticas
levando espécies animais, em particular a fauna alada, a se deslocarem para outras as áreas em
busca de recursos para a sua sobrevivência, podendo incluir aí o trânsito entre a área do
empreendimento e a área do Parque Estadual Morro do Chapéu.
Área de Influência Direta (AID), delimitada pelo divisor de águas das bacias hidrográficas dos
Rios Verde/Jacaré (limites Sul e Leste). À Oeste sendo limitado pelo rio das Pedras e a Norte
123
pelo Córrego Boa Vista. Para a definição da Área de Influência Direta – AID levou-se em conta
ainda: a distribuição da rede de drenagem de águas superficiais, que apesar de ser intermitente
e não apresentar escoamento durante quase todo o ano, forma em seu leito áreas deprimidas,
onde, eventualmente, ocorre acumulação de águas, característica de relevante valor,
principalmente no contexto do semiárido e por se constituir em: áreas de dessedentação,
nidificação e, conseqüentemente, de circulação de representantes da fauna. Esta área inclui as
Grutas do Cristal 1 e 2, pelo fato destas serem áreas de refúgio de morcegos, que fazem parte
da fauna cavernícola e saem para se alimentar em áreas vizinhas.
Área Diretamente Afetada (ADA): para a definição desta área levou-se em conta as áreas onde
serão executadas as obras de infra-estrutura, ou seja, implantação dos aerogeradores com uma
faixa de proteção de 150 m de raio. Partindo-se do eixo das estradas vicinais, reservou-se 45
metros de largura, considerando-se 30 metros para cada lado e, além dessa faixa, baseado na
Lei Federal 6.766/79 adotou-se uma reserva de mais 15 metros para cada lado da faixa de
domínio (faixa "non-aedificandi"), na qual não se pode construir. Levou-se em conta ainda as
áreas de intervenção para implantação de equipamentos e acessos, que serão objeto de
supressão de vegetação implicando em perda de espécies vegetais e destruição de habitats da
fauna silvestre; Escavação para implantação de equipamentos: que pode impactar a fauna
fossorial e as suas tocas; Geração de ruídos, poeira, movimentação de máquinas: que poderá
causar incômodo e evasão de animais.
A espacialização dos limites descritos acima consta no Mapa de Áreas de Influência do Meio
Biótico (mapa anexo ao relatório 1).
A metodologia adotada para este diagnóstico está apresentada a seguir, considerando-se a
cobertura vegetal, a flora, a fauna terrestre e a fauna cavernícola. Na fase de trabalho de
campo, utilizou-se o GPS (Global Positioning System – receptor de sinais de satélite para
posicionamento geográfico, modelo e Trex HC series) como instrumento de apoio e a câmera
fotográfica digital.
METODOLOGIA PARA DIAGNÓSTICO DA COBERTURA VEGETAL E FLORA
Inicialmente foram levantados dados sobre o meio biótico do Município de Morro do Chapéu,
junto à Companhia de Pesquisa e Recursos Minerais – CPRM, que disponibilizou em meio digital
(CD) o Projeto Mapas Municipais do Morro do Chapéu (BA) – Informações para o Planejamento
e Administração do Meio Físico – SIG elaborado em 2008 (CPRM/MME, 1995/2008). Dentre
outros dados secundários foram utilizados estudos fitogeográficos realizados pelo
RADAMBRASIL, que cobrem uma área relativamente grande e forneceram importantes
informações para elaboração da caracterização da cobertura vegetal natural e das áreas
124
antropizadas.
Para a elaboração do mapa de vegetação foram utilizadas bases cartográficas elaboradas pelo
Departamento de Desenvolvimento Florestal – DDF/SEAGRE, SDF-SEMARH, atual SEMA-IMA,
tendo sido atualizadas através de imagem satélite do Google Earth, além de observações de
campo.
A flora foi listada através de reconhecimento direto no campo com auxílio de guias de campo
(bibliografia especializada), sendo que alguns dos dados secundários foram submetidos a
atualizações referentes aos nomes científicos de espécies. Para cada espécie foi fornecido o
táxon, nome vulgar, uso e área de ocorrência. Para a identificação em laboratório foi necessário
coletar alguns exemplares botânicos que foram encaminhados ao Herbário da Bahia (BAH) da
Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA). Só foram coletadas partes em estado
fértil dos espécimes, como ramos com flores e/ou frutos. As espécies foram ordenadas na
tabela da Listagem Taxonômica das Espécies Vegetais no anexo V, seguindo a classificação
taxonômica.
Para a definição das espécies da flora ameaçadas de extinção, das áreas de influência foi
confrontada a listagem com nomes científicos obtidos neste trabalho com a nova Instrução
Normativa de setembro de 2008 do Ministério do Meio Ambiente, que diz respeito às espécies
da flora brasileira ameaçadas de extinção.
METODOLOGIA PARA REALIZAÇÃO DOS LEVANTAMENTOS FLORÍSTICOS E FITOSSOCIOLÓGICOS
Para análise da estrutura da vegetação (Fitossociologia), nas formações vegetacionais, Caatinga
e Campo Rupestre, apresentadas na área de influência direta do empreendimento foi usado o
método da parcela, segundo Braun-Blanquet (1932); Weaver e Clement (1950); Curtis e
Mcintosh (1951), onde para formação Caatinga foram alocadas 14 parcelas distribuídas de
forma aleatória, possuindo dimensão de 10x20 m, formando uma área de 200 m2, perfazendo
um total de 2800m2. De igual forma para formação Campo Rupestre foi usado o mesmo método
acima citado, porém foram alocadas 12 parcelas distribuídas de forma aleatória, possuindo
dimensão de 2x2 m, formando uma área de 4m², perfazendo um total de 48m².
Os indivíduos existentes nas parcelas foram todos marcados com fita biodegradável e medidos
com auxilio paquímetro ou fita métrica. Para marcação desses indivíduos no bioma Caatinga
usou-se como critério de inclusão o DAS (diâmetro à altura do solo) igual ou superior a 3,0 cm,
baseado na metodologia de Rodal, Sampaio e Figueiredo (1992) e para Formação Campo
Rupestre, usou-se como critério de inclusão o DAS igual ou superior a 2,0 cm, de forma
adaptada a metodologia de Pinto et al. (2009), pois como a vegetação do campo rupestre da
área estudada apresenta diâmetros pequenos, foi necessário adotar o DAS igual ou superior a
125
2,0 cm. Os indivíduos foram medidos a uma altura de 0,30 cm do substrato, no entanto, quando
houve deformações ou sapopemas no tronco a altura do solo, mediu-se o diâmetro acima do
mesmo ou, quando as árvores possuíam bifurcação abaixo da altura do solo, foram
considerados como indivíduos distintos, mensurando o diâmetro de cada ramificação.
(Fotografias 5.2.1 a 5.2.5)).
Fotografia 5.2.1 - Medição do Diâmetro Altura do Solo (DAS) de vegetação de caatinga
com uso do paquímetro. Fonte - Rogério M. Cerqueira.
Fotografia 5.2.2 - Uso do paquímetro para
medição do Diâmetro Altura do Solo (DAS) de
Alamandra no campo rupestre (AID).
Fotografia 5.2.3 - Coleta de dados da altura de
Alamandra (Allamandra puberula) no campo
rupestre (AID).
Em ficha de registro de campo foram levantados os dados: número de parcelas e dos indivíduos,
espécies, DAS ou CAS (circunferência altura do solo) e altura dos indivíduos, para medida da
altura utilizou-se uma vara graduada.
Para levantamento florístico foi coletado material botânico e a identificação foi realizada no
Herbário da BAH da EBDA (Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola), através do uso de
126
chaves analíticas de Freire (1943) e por comparação com exsicatas do acervo do BAH. O sistema
adotado foi de Cronquist, segundo Barroso (1986). Alguns gêneros foram introduzidos em novas
famílias baseado no Sistema de filogenia da APGII.
Fotografia 5.2.4 - Equipe em coleta de dados
fitossociológicos no campo rupestre (AID).
Fotografia 5.2.5 - Uso da fita biodegradável para
marcação dos indivíduos encontrados em
parcelas no campo rupestre (AID).
Os parâmetros utilizados na análise da estrutura da vegetação foram: número dos indivíduos,
altura, fuste, área basal, densidade, freqüência, dominância absolutas e relativas, IVI (Índice de
valor de importância), IVC (Índice de valor de cobertura), altura média dos indivíduos e índice
de diversidade de Shannon.
Para o cálculo dos parâmetros fitossociológicos foram empregadas as fórmulas introduzidas por
Mueller-Dombois e Ellemberg (1974) e Rodal, Sampaio e Figueiredo (1992). (Tabela 5.2.1).
Tabela 5.2.1 - Fórmulas para obtenção do índice fitossociológicos absolutos, relativos e sintéticos (IVI
e IVC) e Índice de diversidade de Shannon
Parâmetro
Unidade
Fórmula
Área basal (Abi)
m2
(Abi) = [(DAS)2 . π)]/4.(10000)
Densidade Absoluta (DA)
(ind./ha)
(DA) = n/área
Densidade Relativa (DR)
%
(DR) = n/N.100
Dominância Absoluta (DoA)
(m²/ha)
(DoA) = gi/área (gi=x/4.d²)
Dominância Relativa (DoR)
%
(DoR) = (gi/G).100
Freqüência Absoluta (FA)
FA = (Pi/P).100
Freqüência Relativa (FR)
%
FR = (FAj/FA).100
Índices de Valor de Importância (IVI)
%
(IVI) = DR+FR+DoR
Índices de Valor de Cobertura (IVC)
%
(IVC) = DR+DoR
Índice de Shannon (H’)
nats/individuo
H’ = - Σ pi. Ln pi
127
Onde:
n = Número de indivíduos da espécie i
N = Número total de indivíduos
gi = π / 4 * d² - área basal total da espécie i
d = Diâmetro à Altura do solo
G = Somatório das áreas basais individuais (gi)
Pi = número de parcelas com ocorrência da espécie i
P = número total de parcelas amostradas
FAi = frequência absoluta da espécie i
FA = somatória das frequências absolutas de todas as espécies amostradas
pi = estimativa da proporção de indivíduos (i) encontrados de cada espécie
pi = ni / N
Os dados fitossociologicos foram processados em planilhas do Microsoft Excel e apresentados
em forma de tabela.
Os levantamentos de campo foram realizados nos dias 8 a 11 de dezembro de 2010 e 11 a 16 de
janeiro de 2011.
METODOLOGIA PARA ELABORAÇÃO DOS PERFIS DA VEGETAÇÃO
Foram levantados dados secundários e em especial junto ao Centro Planejamento e Estudos
(Bahia), para que fossem obtidos dados de perfis da vegetação relacionados com os solos,
clima, relevo e atividades antrópicas.
Como dados primários foram elaborados perfis esquemáticos de vegetação de caatinga
arbustiva/arbórea tendo sido utilizado dados fitossociológicos obtidos nas parcelas 1 e 3
assinaladas no mapa de vegetação (Anexo) e áreas de influência respectivamente coordenadas
0243393 / 8711805 e 0243410 / 8711680 UTM, pelo fato destas terem apresentado o maior
número de indivíduos, expressando a fitofisionomia predominante de vegetação de caatinga
arbustiva/arbórea. Foram tomadas as alturas medias da vegetação destas 2 parcelas, assim
como, a porcentagem de ocorrência o que vem a dar um dado mais significativo para expressar
o padrão do perfil esquemático da vegetação existente.
Já para o campo rupestre foram tomados os dados fitossociológicos obtidos nas parcelas 5 e 6
assinaladas no mapa de vegetação e áreas de influências respectivamente coordenadas
0234556 / 8691614 e 0234586 / 8691528 UTM, por apresentarem maior numero de indivíduos
expressando a fitofisionomia predominante de vegetação campo rupestre. Foram tomadas as
alturas medias da vegetação destas 2 parcelas, assim como, a porcentagem de ocorrência, o
que vem a dar um dado mais significativo.
128
METODOLOGIA PARA DIAGNÓSTICO DA FAUNA TERRESTRE
Para um melhor dimensionamento do diagnóstico da macrofauna terrestre, a exemplo de
anfíbios, répteis, aves e mamíferos, foi organizado check-list das espécies animais com possível
ocorrência para aqueles tipos de ambientes, a partir de dados secundários, segundo trabalhos
técnico-científicos, alguns na própria área de influência.
Quanto ao levantamento das espécies animais em extinção das áreas de influência foi
confrontada a listagem com nomes científicos obtidos neste trabalho com a nova lista do MMA
- Lista Nacional das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção - Instrução Normativa
nº 3, de maio de 2003. Também foi consultado o Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada
de Extinção. (MMA/Fundação Biodiversitas, 2008).
Os estudos também tiveram como base contatos com representantes de órgãos ambientais
locais, bem como entrevistas com moradores e trabalhadores da região (Fotografia 5.2.6) como
o condutor de visitantes, e comunicações pessoais de pesquisadores, que desenvolveram
levantamentos nas áreas de influência, entretanto, sem efetuarem publicações, mas com
algumas documentações, através de registro fotográfico.
Fotografia 5.2.6 - Entrevista com morador local e guia da equipe
do meio biótico terrestre, o Sr. Beto (Albertino Bezerra da Silva).
Coordenadas em UTM: 0247804.46/8692102.29. Fonte - Ivomar
Carvalhal Britto.
Devido à grande extensão da área e das dificuldades de acessos em alguns locais, após análise
do mapa de vegetação do Estado da Bahia, disponível na SEMA foi possível selecionar,
preferencialmente, áreas onde a vegetação encontrava-se mais conservadas, para visitas
técnicas, partindo-se do pressuposto de que a fauna seria mais significativa nesses ambientes.
129
Posteriormente, caminhamentos foram realizados nas áreas objetos de estudo o que, além de
auxiliar nas interpretações sobre o estado da cobertura vegetal da área e a fauna associada a
estes ambientes, permitiu extrapolações de informações para áreas com características de
textura e cor semelhantes, tendo sido mapeados alguns pontos relevantes de ocorrência de
representantes da fauna.
Quanto ao critério para identificação das áreas de refúgio e de reprodução levou-se em conta as
formações vegetais fechadas, com especial referência às áreas de formação vegetal
predominante, como também áreas de habitações humanas com frutíferas cultivadas, uma vez
que estas representam abrigo, áreas de nidificação e atrativos para alimentação da fauna.
Também foram consideradas as áreas próximas aos corpos d’água, pois animais usam esses
ambientes para dessedentação e outras atividades em seus nichos ecológicos. No mapa de
caracterização de sítios de relevância para a fauna na escala de 1:100.000, estão assinalados os
pontos amostrais, onde foram realizadas as campanhas de campo (ver mapa anexo).
Os animais foram reconhecidos por avistamentos, a olho nu ou através de binóculo (Minolta MK
10X50); manifestações sonoras; pegadas; pistas; ninhos; tocas; excrementos e restos de
alimentos. De forma a se evitar captura de animais usou-se como recurso o registro fotográfico,
através de máquinas digitais, gerando arquivos com documentação da ocorrência de
representantes de diferentes grupos da fauna. Utilizou-se também guias de campo, ilustrados
para a identificação, além de chaves sistemáticas.
Para a identificação da artrofauna foram investigados os seguintes substratos: a superfície do
solo, incluindo camada orgânica e ambientes sob rochas, o epíxilo (ramos e troncos caídos em
decomposição), corticícolos (troncos e ramos de árvores vivas) e o ambiente rupícola (sobre as
rochas). Quanto ao levantamento da herpectofauna (répteis e anfíbios) foram revirados troncos
em putrefação, rochas e cascas de árvores. Também foram examinados cupinzeiros, tocas e as
fitotermas das bromélias. As margens de lagoa, com especial referência a Lagoinha, foram
percorridas à pé.
Os trabalhos referentes à avifauna e a quiropterofauna foram efetuados, inicialmente, em duas
frentes, ambas na Área de Influência Direta: uma desenvolvida na forma de monitoração prévia
realizada pela Lacerta Consultoria, Projetos e Assessoria Ambiental em 2010, a outra pela
equipe de Espeleologia da V&S Ambiental, abrangendo os anos de 2010 e 2011.
Posteriormente, para atender notificação de 2011 (IMA), foi realizado, de forma complementar,
diagnóstico da quiropterofauna da área de influência do empreendimento, pela empresa
Papyrus Soluções (2011).
O método adotado pela Lacerta para o diagnóstico da avifauna foi o da transecção livre, com
aplicação das técnicas de observação direta e registro sonoro das aves no período das 6h00min
130
às 18h00min, quando dois observadores percorreram trilhas e caminhos pré-existentes,
procurando cobrir a maior parte de da área influência do empreendimento proposto. No
método de captura por rede de neblina, empregado no segundo dia de amostragem nas áreas
estudas, ocorreram das 6h00min até 21h00min, de forma a possibilitar a captura de aves em
diferentes horários do dia, além de animais de hábitos noturnos. Foram utilizadas 12 redes, com
dimensões de 9m por 2,5m, armadas em dois grupos de 6, de modo a abranger
simultaneamente, áreas de características diferentes. Tomou-se dados morfométricos das aves
caídas em redes, as quais foram marcadas com anilhas coloridas, plásticas, abertas e realizadas
solturas nas mesmas áreas de captura (LACERTA, 2010, pp. 9 e 10).
Para o levantamento de campo, a Papyrus Soluções determinou a delimitação das áreas de
influência do empreendimento sobre a avifauna local, considerando dados da área de vida da
ave de rapina, o Gavião Carijó (Rupornis magnirostris), que tem ocorrência para a região,
salientando que “é a única espécie registrada na área do empreendimento com dados
disponíveis na literatura brasileira sobre extensão de uso de habitat. [Ainda acrescentam que]
Em geral aves de rapina apresentam grandes áreas de vida e desempenham importante papel
como predadores de topo de cadeia (THIOLLAY, 1989).” (PAPYRUS SOLUÇÕES, 2011, p.14 ).
Assim, a equipe baseada também em Granzinolli (2009) e Barros et al. (2010), diz que a
extensão máxima de movimentação para aves de rapina equivale a 1 a 1,5 km, optando por
adotar como raio da área de influência direta (AID), o dobro da extensão de movimentação
possível para o gavião-carijó e, para o raio da área de influência indireta (AII), o dobro da
extensão da AID. (Mapa das Áreas de Influência – Anexo II do relatório da PAPYRUS SOLUÇÕES,
2011, anexo IX deste relatório)
Ainda segundo a metodologia adotada pela Papyrus Soluções, foram percorridos 12 transectos,
além de amostragens em 36 pontos, escolhidos de forma aleatória, apresentados no Mapa de
Pontos de Amostragens – Lagoas e Tanques do relatório da Papyrus Soluções (2011) (vide Anexo
I, no anexo IX deste relatório). O método de amostragem adotado para o inventário foi o
Mackinnon List (2010), com listas consecutivas de 10 espécies (RIBON, 2010 apud PAPYRUS
SOLUÇÕES, 2011). A Papyrus Soluções comparou nos resultados e discussões os seus dados com
os amostrados na primeira etapa de trabalho realizados pela Lacerta (2010). (PAPYRUS
SOLUÇÕES, 2011, p. 15 à 23 no anexo IX)
Para a quiropterofauna a amostragem realizada pela Lacerta (2011) ocorreu com utilização de
12 redes de neblina (9m por 2,5m), que foram estrategicamente expostas em trilhas, clareiras,
próximas à coleções d´água e grutas. A estrutura das redes foram armadas em dois conjuntos
de 6, com o objetivo de amostrar áreas com características diferentes e favorecer maior
captura. Estas foram abertas em dias alternados das 18h00min as 22h00min, sendo verificadas
as redes a cada 30 minutos por 4 pessoas de forma a evitar que o animal permanecesse preso
131
por tempo prolongado, minimizando os riscos de morte. Durante o dia se fez procura visual e
reconhecimento de abrigos naturais e artificiais de morcegos. Após esta etapa realizou-se os
seguintes procedimentos:
Os animais capturados foram medidos, sexados, verificados quanto à condição
reprodutiva, categoria etária e identificados a menor nível taxonômico, de acordo com
a chave de identificação de VIZZOTO e TADDEI, 1973 e o trabalho de REIS e
colaborados, 2007 . Foram marcados com brinco numerado, fotografados e devolvidos
ao ambiente no mesmo local de captura. Um representante de cada espécie foi
coletado para confirmação da espécie, fixado em formalina a 10%, conservado em
álcool para posterior tombamento em coleção de referência para confirmação
sistemática (LACERTA, 2010, pp. 11 e 12)
No diagnóstico da quiropterofauna realizado pela Papyrus Soluções (2011) são apresentadas as
metodologias para a avaliação da diversidade desses mamíferos, quando se utilizou a
comparação os resultados com os do monitoramento prévio pela Lacerta (2010, p. 45),
realizados em 29/06/2010 e 03/07/2010 (LACERTA, 2010), sendo descritos os métodos
utilizados para a captura com redes de neblina ao acaso em áreas potenciais (pp. 45 a 49) e para
a Localização de colônias de quirópteros (pp. 49 e 50).
A captura de quirópteros com redes de neblina ao acaso em áreas potencias, ocorreram em
duas noites de amostragem, sendo a primeira em porções de área aberta com árvores e
arbustos esparsos na margem de um açude e a segunda, em uma sede inativa de propriedade
(Fazenda Juazeiro). Assim, a armação de oito redes de neblina (12x3 metros) em cada noite,
ocorreu em dois pontos da área de influência (uma na ADA e outra na AID) cujos resultados são
apresentados no QUADRO 3.1.2-1 (PAPYRUS SOLUÇÕES, 2011, p. 46, anexo IX). As redes abertas
após o pôr-do-sol (17h30min), permaneceram assim até as 22h30min, totalizando cinco horas
de exposição. Foram registrados os seguintes dados dos animais capturados: coordenadas
geográficas da área de captura, a descrição do tipo de ambiente, o número de redes instaladas,
o número total de espécies capturadas e o número de indivíduos de cada espécie. E cada
exemplar obteve os seguintes dados biológicos: sexo, idade, estágio reprodutivo, tamanho do
antebraço (mm) e massa (g). (PAPYRUS SOLUÇÕES, p.46).
No caso de dúvidas sobre a identificação da espécie de morcego, capturados em ambas
metodogologias, este foi fixado em formol 10% e conservado em álcool 70%, para posterior
análise em laboratório e confirmação da identificação taxonômica. Os exemplares coletados
serão, posteriormente, tombados em coleção científica. Nos demais casos foram realizados a
soltura dos morcegos logo após as medições, no mesmo local da captura. (PAPYRUS SOLUÇÕES,
p. 46 e 50)
De forma geral, os mamíferos foram observados em locais de dessedentação e de
disponibilidade de alimentos, ou seja, áreas com vegetais em processo de frutificação, a
132
exemplo de licurizeiros.
As espécies levantadas pela equipe da V&S Ambiental (2010/2011), juntamente com aquelas
registradas pela Lacerta (2010) foram ordenadas na Tabela do anexo VII, seguindo a
classificação sistemática para os diversos grupos. Para cada animal foram fornecidos o nome
científico, o nome vulgar, o status, a área de ocorrência e forma de registro.
A listagem das espécies de ocorrência da avifauna na área de estudo, organizada pela Papyrus
Soluções, e que inclui os estudos da Lacerta (2010) estão no Quadro 2.1.7-1: Lista preliminar da
avifauna no Complexo Eólico Cristal (Cafarnaum, Morro do Chapéu e Bonito, Bahia, Brasil, do
relatório (PAPYRUS SOLUÇÕES, 2011, pp. 32 a 40).
As espécies de morcegos levantadas pela V&S Ambiental estão na listagem com todos os grupos
da fauna da AII e da AID (Listagem taxonômica da fauna da área do empreendimento Complexo
Eólico Cristal, Morro do Chapéu, Cafarnaum e Bonito, Bahia – anexo VI).
Para a quiropterofauna, a Papyrus Soluções organizou duas listagens, sendo a primeira, mais
geral, constando espécies no Estado da Bahia e com possibilidade de ocorrência potencial para
Morro do Chapéu e a outra, mais específica, resultante de seus levantamentos de campo. Assim
os levantamentos de dados secundários pela Papyrus Soluções, estão incluídas em lista de
espécies e famílias de quirópteros com presença confirmada para o estado da Bahia e
ocorrência potencial para o município de Morro do Chapéu (BA), nordeste do Brasil. (QUADRO
3.2.1-1 in PAPYRUS SOLUÇÕES, 2011, pp. 51 a 54) (anexo IX). Em outra listagem são
apresentadas as espécies e famílias de quirópteros (Mammalia, Chiroptera) com presença
confirmada para área do empreendimento proposto, constando de distribuição geográfica e
status de conservação no Quadro 3.2.4-1 (PAPYRUS SOLUÇÕES, 2011, p. 72, (anexo IX). As
listagens, mais específicas da área de influência do empreendimento, contem dados biológicos
dos exemplares capturados com redes de neblina, ao acaso, em área de açude e vegetação
arbórea e arbustiva - 22/04/2011 (QUADRO 3.2.2-1 in PAPYRUS SOLUÇÕES, 2011, p. 55) e em
área aberta com vegetação arbórea e arbustiva - 25/04/2011 (QUADRO 3.2.2-2 in PAPYRUS
SOLUÇÕES, 2011, pp. 55 a 56 - anexo IX).
Os resultados da Lacerta (2010), que compreenderam captura em rede em áreas de influência,
não envolveram estudos realizados dentro das grutas estando apresentados, na íntegra, em
relatório técnico intitulado – Relatório Parcial do Monitoramento Prévio da Avifauna e
Chiropterofauna – Complexo Eólico Cristal. (LACERTA, 2010). (anexo VII) A Papyrus Soluções
comparou os dados sobre quiropterofauna da Lacerta com os seus resultados as considerações
estão no Relatório Diagnóstico da Avifauna e Quiropterofauna (item Discussão, PAPYRUS
SOLUÇÕES, 2011, p. 75 - anexo IX).
133
METODOLOGIA PARA DIAGNÓSTICO DA FAUNA CAVERNÍCOLA
Inicialmente realizou-se levantamento de dados secundários sobre as cavernas da Área de
Influência Direta – AID (Gruta Cristal I e Gruta Cristal II), compreendidas aqui como Complexo
Gruta Cristal I e Gruta do Cristal II, constatando-se a existência de dados gerados pela
CPRM/MME (1995/2008).
Os trabalhos referentes à fauna cavernícola, com enfoque à quiropterofauna foram efetuados,
inicialmente, em duas frentes na Área de Influência: uma desenvolvida na forma de
monitoração prévia, realizada pela Lacerta, que resultou no Relatório Parcial do Monitoramento
Prévio da Avifauna e Chiropterofauna - Complexo Eólico Cristal, o qual abrange os trabalhos
realizados fora das grutas Cristal I e Cristal II (LACERTA, 2010, anexo VII), e a outra frente de
trabalho foi realizada pela equipe da Espeleologia da V&S Ambiental, nos períodos de 11 a 16
de janeiro de 2011 e 9 a 12 de fevereiro de 2011, a qual fez parte o Consultor Técnico Biólogo
Dr. Edilson Pires de Gouvêa, cujas atividades como Bioespeleólogo tiveram como objetivo o
reconhecimento do ambiente do entorno e interior das grutas com o levantamento da fauna
local. Os resultados são apresentados nos itens o e s deste relatório.
Posteriormente, outra frente de trabalho foi gerada para atender Notificação do Instituto do
Meio Ambiente (IMA) de 01/04/2011, Processo: 2009-000250/ TEC/LL – 0007, sendo realizada
pela Empresa Papyrus Soluções, e que resultou em Relatório Complementar – Diagnóstico
Avifauna e Quiropterofauna cujos resultados encontram-se no anexo IX. Segundo a Papyrus
Soluções (2011) os estudos com armação de rede de neblina foram realizados na entrada das
Grutas Cristal I, Cristal II e Oliveira, sendo que na Gruta do Barrocão foram colocadas no interior
do primeiro saguão. Nesta última, o procedimento adotado é justificado pela equipe devido à
característica do relevo, que impossibilitou a armação da rede em frente à caverna.
Para observação das grutas foram feitas penetrações com luminosidade artificial. Inicialmente
enfatizou-se a caracterização topográfica e, em paralelo, foram feitos registros fotográficos do
ambiente interno destas, bem como, dos organismos e/ou vestígios da fauna no local, o que
envolve suas atividades e condição de permanência nas cavernas, ou seja: total, parcial ou
acidental, respectivamente. Na Espeleologia tais condições de vida são conhecidas como
troglóbias, troglófilas e trogloxenas. Também foram observados restos de alimentos, materiais
regurgitados, pegadas, pistas, excrementos e carcaças.
134
5.2.1 Ecossistema Terrestre
5.2.1.1 Vegetação
1. Área de Influência Indireta
Descrição e caracterização da cobertura vegetal, especificando o bioma, considerando a
extensão e distribuição das formações vegetais, apresentadas em escala 1:100.000.
5.2.1 Ecossistemas Terrestres
5.2.1.1 Vegetação
A seguir é apresentada a descrição das fisionomias de vegetação por área de influência.
§
Área de Influência Indireta (AII)
Na AII são encontradas as seguintes formações vegetais: Floresta Estacional, Caatinga, Cerrado e
Campo Rupestre. Alguns desses ambientes foram alterados pelo uso para a pecuária e
agricultura.
Vale destacar que foi inserido na AII o Parque Estadual de Morro do Chapéu com sua área de
amortecimento. O Parque tem uma área de 46.000 hectares, estando localizado na região da
Piemonte da Chapada Diamantina e está situado na bacia hidrográfica do Rio Paraguaçu.
Neste item são apresentadas a descrição e caracterização da cobertura vegetal, especificando o
bioma, considerando a extensão e distribuição das formações vegetais, apresentadas em escala
1.100.000.
DESCRIÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA COBERTURA VEGETAL
A vegetação do município do Morro do Chapéu tem uma característica singular devido ao fator
climático, composição química e estrutura do solo; a topografia do terreno e a altitude. Daí
serem encontrados vários biomas na região, a exemplo da Caatinga e Cerrado. A intensidade,
variação espacial e temporal do regime pluviométrico, explica o fato de que um mesmo tipo de
solo seja revestido por diferentes subformações vegetais. Outro aspecto relevante são as baixas
temperaturas registradas à noite, que propiciam a precipitação na forma de orvalho, que é
aproveitado pelos vegetais em período de estiagens. As orquídeas representam um grupo muito
importante na região que segundo Bastos (2009) perfazem 53 espécies listadas para o
município, as quais estão distribuídas em 29 gêneros (Listagem Taxonômica das Espécies
Vegetais – anexo V). Os gêneros de maiores representatividades foram Ocidium SW. e
Epidendrum L. com 5 espécies.
Ainda segundo Bastos (2009) a maioria das espécies ocorre, exclusivamente, em áreas de mata
135
(47%), sendo o campo rupestre o segundo tipo vegetacional mais rico em Orquidaceae no
município, com 27% das espécies, ocorrendo exclusivamente nesse ambiente. A capacidade das
orquídeas, por possuírem velame e pseudobulbos, faz com que captem e acumulem a umidade
proveniente do orvalho e neblina adaptando-se ao ambiente de campo rupestre. Ainda
segundo Bastos (2009), um número menor de representes das orquidáceas foi encontrado na
caatinga (22%), embora este ambiente seja predominante em Morro do Chapéu. Cerca de 4%
das espécies ocorrem em mais de um ambiente. Quanto ao habitat das espécies: 44% são
exclusivamente epífitas, 31% são exclusivamente terrestres, 21% exclusivamente rupícolas e 4%
apresentam mais de um hábito (BASTOS, 2009).
A flora da região do Morro do Chapéu possui a maior concentração e diversidade de cactos da
Bahia, o que pode ser atribuído à grande extensão de ‘habitats’ disponíveis, resultado das
características da geologia e da geomorfologia da região, que influenciam no clima, para a
colonização e distribuição de plantas suculentas. Nas rochas calcárias de coloração acinzentada
ocorre o Melocactus azureus, espécie rara e endêmica. As rochas metamórficas são derivadas
de sedimentos arenosos ricos em quartzo e de arenito, juntamente com o solo, formado por sua
decomposição se constituem em condições ideais para as cactáceas, as quais crescem, nas
fissuras ou depressões com acumulação de areia, gravilhões e outros detritos como o húmus
proveniente da biomassa da vegetação morta.
Muitas espécies de plantas foram descobertas e estudadas em áreas do município de Morro do
Chapéu, a exemplo do Philodendron leal-costae, que levou o nome do professor, botânico e
estudioso da região Alexandre Leal Costa.
FORMAÇÕES VEGETAIS
- Floresta Estacional
Estas matas também são conhecidas como matas secas e são chamadas estacionais por
perderem as folhas na estação seca. Geralmente são encontradas em solos profundos,
relativamente ricos em nutrientes, sendo que as que ocorrem nas áreas de afloramentos
rochosos, geralmente perdem totalmente as folhas na época seca e são denominadas decíduas
em contraste com as que ocorrem sobre solos planos e em encostas que mantém parte das
suas folhagens e são denominadas semideciduais. Já os troncos “a maioria das espécies
lenhosas são retilíneas com as copas formando-se após os 6m de altura”. (FELFILI; CARVALHO;
HAIDAR, 2005, p.32).
Dentre as espécies arbóreas típicas pode-se citar o Itapicurú (Goniorrhachis marginata Taub.).
Este ambiente florestal pode ser caracterizado por aspectos funcionais e florísticos e relaciona136
se ao clima de duas estações, uma chuvosa e outra seca, ou com acentuada variação térmica.
Neste clima determina uma estacionalidade foliar dos elementos arbóreos dominantes, os quais
têm adaptação, ora a deficiência hídrica, ora a queda de temperatura nos meses frios. Essas
matas também são conhecidas como matas secas.
- Caatinga
O termo “caatinga” de origem Tupi significa “mata branca”, fazendo uma analogia ao aspecto da
vegetação, quando durante a estação seca a maioria das árvores perde as folhas e os troncos
esbranquiçados e brilhantes dominam a paisagem (PRADO, 2003 apud LEAL et. al., 2005). Essa
paisagem “é dominada por uma vegetação arbustiva, ramificada e espinhosa, com muitas
euforbiáceas e bromeliáceas, cactáceas” (COIMBRA-FILHO e CÂMARA, 1996 apud LEAL. I. R. et.
al., 2005, p.140).
Acredita-se que a origem da vegetação da Caatinga faça parte de uma floresta tropical seca
sazonal, que ocupou grandes áreas da América do Sul em períodos mais secos e frios durante o
Pleistoceno (PENNINGTON et al., 2004 apud LEAL I.R. et et. al., 2005). Este Bioma,
compreendido entre os paralelos de 2º 54’ S a 17º 21’ W, integra parte dos Estados do Piauí,
Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e Minas Gerais.
(PRADO, 2003). Tem uma área aproximada de 800.000 km², correspondente a 11% do território
nacional, e 70% do território nordestino (DRUMOND, KIIL, LIMA. 2000).
A fisionomia de caatinga constitui aspecto dominante na região semi-árida, apresentando
variações florísticas e fisionômicas. “Sua vegetação xerófila é essencialmente heterogênea no
que se refere à fitofisionomia e à estrutura, tornando difícil a elaboração de esquemas
classificatórios, capazes de contemplar satisfatoriamente as inúmeras tipologias ali ocorrentes”.
(ANDRADE-LIMA, 1981; BERNARDES, 1985 apud CALIXTO et. al. 2009). As espécies das caatingas
ou nas caatingas passam por adaptações ao ambiente semiárido. Bromeliáceas, por sua vez,
representam um ecossistema à parte, pois abrigam vários representantes da fauna, sendo de
suma importância na sobrevivência desses organismos desde os primeiros momentos do seu
ciclo de vida até ocasiões críticas nas estiagens, considerando-se que estas são reservatórios
naturais de água, constituindo-se, portanto, em espécie chave. No Morro do Chapéu são
comuns bromélias sendo evidente a macambira-de-flecha (Bromelia laciniosa) (Fotografia 5.2.7)
no entorno da Lagoa das Velhas, na área do Parque Estadual Morro do Chapéu.
137
Fotografia 5.2.7 - Macambira-de-flecha (Bromelia laciniosa), Parque Estadual Morro do Chapéu.
Coordenada: UTM 245571.44mE/8727850.61mS. Fonte - Leida Baracat de Oliveira, 13.01.2011.
As orquídeas, no caso específico de Morro do Chapéu são muito expressivas, dentre as 53
espécies com ocorrência para a região, 22% ocorrem no ambiente de caatinga (BASTOS, 2009).
Essa região também é a mais rica em cactáceas no Estado da Bahia, sendo muito evidente,
assim como bromeliáceas os cactos-cabeça-de-frade (Fotografia 5.2.8), na área do Parque
Estadual Morro do Chapéu. No Morro do Chapéu ocorrem espécies endêmicas da Bahia, a
exemplo do Melocactus erythracanthus e o Melocactus glaucescens. Esta última é endêmica do
Morro do Chapéu.
Fotografia 5.2.8 – Cacto cabeça-de-frade (Melocactus albicephalus), Parque Estadual Morro do Chapéu.
Coordenada: UTM 245668.44 mE /8728775.04mS. Fonte - Leida Baracat de Oliveira, 13.01.2011.
Nesse sentido, a Caatinga com sua vasta área possui milhares de espécies de plantas vasculares
forma “um mosaico de arbustos espinhosos e de florestas sazonalmente secas, [...] com peixes,
répteis, anfíbios, aves e mamíferos, onde o endemismo varia entre 7% e 57%.” LEAL et. al.
(2005) Esses autores ainda acrescentam que 15% deste Bioma estão sob ameaça de
desertificação, devido ao inadequado uso do solo. O bioma também possui poucas unidades de
conservação, que possam proteger sua diversificada biota.
138
A região de caatinga é caracteriza pela presença de cactos altos como o mandacarú-de-boi,
Cereus jamacaru e o mandacaru-facheiro (Pilosocereus pachycladus),(Fotografia 5.2.9) tendo
ocorrência também de arbustivas como a Arrojadoa penicillata, cujas flores são polinizadas por
beija-flores e o arbusto pequeno, Cereus albicaulis. O Discocactus bahiensis é uma espécie
pequena e que aparece em solos pedregosos. Já o Discocactus zehntneri, sub-espécie
boomianus é endêmica e rara da Bahia e está catalogada no CITES.
Fotografia 5.2.9 – l-facheiro (Pilosocereus pachycladus) no Parque Estadual Morro do
Chapéu. Coordenada: UTM 245638.49mE/8728659.92mS. Fonte - Leida Baracat de
Oliveira, 13.01.2011.
Acredita-se que o Melocactus albicephalus seja um híbrido natural entre o Melocactus
erythracanthus e o Melocactus glaucescens, espécies endêmicas da Bahia. O Melocactus
concinnus ocorre numa longa extensão dos solos de caatinga e cerrado. O Melocactus
pachyacanthus subsp. viridis, cresce no mesmo habitat do Melocactus azureus, encontrado na
região. O Melocactus zehntneri é a que possui maior porte dentre as espécies deste gênero
encontradas na região.
O Micranthocereus flaviflorus subespécie densiflorus nascem em grande quantidade de um
pseudo-cálice lateral, composto de penugem e cerdas. Outra espécie muito comum é o quipá
(Opuntia inamoena) e a Opuntia palmadora, que dão frutos semelhantes, sendo os dessa
última, menores que os da primeira. A Pereskia bahiensis também é muito difundida na
caatinga.
Dentre outras, verificou-se na a presença marcante da dedaleira (Allamanda puberula) na
paisagem do Parque Estadual Morro do Chapéu e na sua área de amortecimento. Por ocasião
da visita de campo esta planta com potencial paisagístico, encontrava-se florida. (Fotografia
5.2.10)
139
Fotografia 5.2.10 - Dedaleira (Allamanda puberula) planta marcante na paisagem do
Parque Estadual Morro do Chapéu, principalmente nas margens da estrada de acesso
principal. Coordenada: UTM 245619.16 mE/8728666.26mS. Fonte - Leida Baracat de
Oliveira, 13.01.2011.
O bioma Caatinga ocorre em todas as áreas de influência, abrangendo as áreas do município de
Cafarnaum, Bonito e Morro do Chapéu.
- Campo Rupestre
Na parte superior de grande altitude (800 m) do município de Morro do Chapéu, como em
outras regiões da Chapada Diamantina, ocorre um tipo vegetação montês conhecida como
“campo rupestre”, que domina a paisagem. Apesar da zona de campo rupestre estar submetida
a um clima muito mais suave do que a caatinga situada em terras mais baixas e ocorrer em
temperaturas mais baixas, maior precipitação e umidade atmosférica, favorecida pelas neblinas,
as plantas nesse ambiente tem caráter xeromórfico, pois a vegetação cresce diretamente sobre
o substrato rochoso.
Este tipo de vegetação apresenta predominância de um estrato herbáceo-arbustivo extenso
sobre solos arenosos rasos, e um estrato mais arbustivo relacionado a presença de
afloramentos rochosos. É marcante a presença de espécies xerofíticas, em função do substrato
rochoso, nem o arenoso reterem água. Apesar das limitações o ambiente apresenta significativa
diversidade de espécies vegetais. A Vellozia é um gênero característico deste ambiente e na
Chapada Diamantina a cactacea Micranthracereus purpureus é uma das espécies características.
Essa formação vegetal apresenta predominância de um estrato herbáceo-arbustivo extenso
sobre solos arenosos rasos, e um estrato mais arbustivo relacionado à presença de
afloramentos rochosos. Nessas áreas são encontradas plantas pertencentes à família
140
Bromeliaceae (Vriesia sp., Orthopytum sp.), Cyperaceae (Trileps sp.), Guttiferae (Clusia sp.),
Melastomataceae (Tibouchina sp.), Mirtaceae (Myrcia sp.), Velloziaceae (Vellozia sp.), dentre
outras.
Os brejos com sua vegetação hidrófila, formados pelas áreas aluviais dos rios tem como
famílias mais representativas as Menyanthaceae (Nymphoides sp.), Typhaceae (Typha
dominguensis) e Araceae (Lemna valdiviana). (Fotografia 5.2.11)
Fotografia 5.2.11 - Vista geral da área embrejada formada na margem do Córrego das Pedras.
Coordenada: UTM 0234519 mE/ 8619683 mS. Fonte - Leida Baracat de Oliveira, 13.01.2011.
Algumas espécies são características da zona de campo rupestre, como a Micranthocereus
purpureus e Stephanocereus luetzelburgii, ou ainda ocasionalmente, o Melocactus oreas
subespécie cremnophilus, que normalmente não é encontrada nas zonas mais altas, habitando
áreas de ecótone entre o campo rupestre e zonas de Cerrado.
- Cerrado
O Cerrado está condicionado por solos pobres e ácidos, associado a um clima sazonal de um
período seco e de uma chuvosa. No Semiárido o Cerrado é mais expressivo em regiões
elevadas. A vegetação do cerrado pode ser definida como xeromorfa, oligotrófica, com
fisionomias variando do arbóreo denso ao gramíneo-lenhoso. É caracterizada, de modo geral,
por apresentar árvores tortuosas de pequeno porte, apresentando-se esparsas e, por vezes,
algumas de porte arbustivos, em moitas ou também isoladas, agrupadas sobre um estrato
gramíneo-herbáceo. O estrato graminoide, nem sempre contínuo é composto poaceas como
141
Paspalum sp., Trachypagon sp. e Aristida sp, entremeado por lenhosas raquíticas.
O Cerrado apresenta a fisionomia de campo limpo, sendo o estrato herbáceo bem desenvolvido
e quase contínuo, constituído por espécies de Poaceae, a exemplo dos gêneros Panicum,
Aristida, Axonopus e Trachypogon.
- Agrossistemas
Sob esta denominação foram incluídas as áreas que sofreram transformações pela intervenção
humana, através de cultivos diversos, a exemplo da palma Opuntia ficus-indica e outras
forrageiras como suporte para a pecuária: as poaceas braquiária (Brachiaria humidicola), o
campim-búfalo (Cenchrus ciliaris L.) e o milheto (Pennisetum typhoides) e a FabaceaePapilionaceae: anileira ou indigo (Indigofera endecaphylla).
Parte da vegetação natural encontra-se alterada devido à implantação de agrossistemas, a
exemplo do cultivo do maracujá e do café e a agricultura de subsistência como o milho (Zea
mays), (Fotografia 5.2.12), feijão (Phaseolus vulgaris) e mandioca (Manihot spp). Fruticultura
de clima temperado como morango, pêssego e figo, também são encontradas.
Fotografia 5.2.12 – Milharal em Lagoinha (AID). Fonte © Leida Baracat de Oliveira. 12.01.2011.
A região de Morro do Chapéu com clima apropriado para a produção de vinhos finos, pode se
transformar, num futuro próximo, em referencial mundial e ser reconhecida como a
“Champagne brasileira”. A Secretaria de Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária (SEAGRI)
assinou convênios de cooperação com Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), a
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Semiárido) e a Associação de Criadores
e Produtores de Morro de Chapéu, a partir do qual serão feitas avaliações técnicas e
econômicas de videiras viníferas destinadas à produção de uvas na Chapada Diamantina. O
covênio segundo o site (bahiaemfocos e da tribuna da Bahia) prevê a instalação de Unidades de
142
Observação (UO’s) na Chapada Diamantina, com vinhedos experimentais e as culturas do
pessegueiro, amexeira, pereira, macieira, cerejeira e oliveira. A avaliação do desempenho
agronômico ficou a cargo da Embrapa Semiárido e da EBDA. (Morro do Chapéu vai produzir o
champanhe
brasileiro.
03
de
agosto
de
2010.
Disponível
em:
http://www.bahiaemfocos.com/2010/08/morro-do-chapeu-vai-produzir-o.html, e Chapada vai
produzir uvas para vinhos finos Publicada: 03/08/2010 00:05| Atualizada: 02/08/2010 23:40
Disponível em: http://www.tribunadabahia.com.br/news.php?idAtual=55107).
2. Área de Influência Direta - Vegetação
a)Identificação e caracterização da cobertura vegetal, em escala com detalhe mínimo de
1:25.000, identificando espécies vegetais raras, ameaçadas de extinção, indicadoras de
alterações ambientais e de interesse econômico e científico;
§ Área de Influência Direta (AID)
a) Identificação e caracaterização da cobertura vegetal na escala com detalhe mínimo de
1:100.000, identificando espécies vegetais raras, ameaçadas de extinção, indicadores
de alterações ambientais e de interesse econômico e científico.
Na AID são encontradas Caatinga e Campo Rupestre (fotografia 5.2.13), além de ambientes
alterados por influência antrópica, tais como implantação de pastagens e agrossistemas. Estes
ambientes foram apresentados, preliminarmente, no item descrição geral das fitofisionomias.
No entanto foram feitos levantamentos específicos em área de Caatinga, mais especificamente
no entorno da Gruta Cristal I (Fotografia 5.2.14) e Gruta Cristal II (Fotografia 5.2.15), localizadas
na Fazenda Cristal (UTM 0247875 e 8692269) e em área de Campo Rupestre (UTM 0234561 e
8691632).
Fotografia 5.2.13 - Área de transição campo rupestre (primeiro plano) com caatinga
143
ao fundo. Fonte - Leida Baracat de Oliveira, 14.01.2011.
Fotografia 5.2.14 – Licurizeiro no entorno da
entrada da Gruta Cristal I. Coordenada: UTM
0246606 / 8707375. Fonte - Leida Baracat de
Oliveira, 14.01.2011.
Fotografia 5.2.15 - Licurizeiro, bromélias e
barriguda (lado direto) ao alto da entrada da
Gruta Cristal II. Coordenada: UTM
245612.75/8728819.42. Fonte - Leida Baracat de
Oliveira, 14.01.2011.
Fotografia 5.2.16 - bromélias ao alto da entrada da Gruta Cristal II. Coordenada: UTM
245612.75/8728819.42. Fonte - Leida Baracat de Oliveira, 14.01.2011.
Os resultados constando de estratos vegetais são apresentados a seguir nas Tabelas 5.2.2 e
5.2.3, respectivamente.
Tabela 5.2.2 - Listagem taxonômica com estrato vegetal de espécies da Caainga da AID (Fazenda
Cristal), Município de Morro do Chapéu - BA.
TAXON
NOME VULGAR
ESTRATO VEGETAL
HABITAT
AMARANTHACEAE
Alternanthera ficoidea
Herbáceo
CAA.
APOCYNACEAE
Aspidosperma pyrifolium M.
Pau pereiro
Arbóreo
CAA.
ARECACEAE
Syagrus coronata (Mart.)Becc
Licurizeiro
Arbóreo
CAA.
ASTERACEAE
Ageratum conyzoides L.
Mentrasto
Herbáceo
CAA.
BIGNONIACEAE
Handroanthus spongiosus
Cascudo, sete-cascas
Arbóreo
CAA.
(Rizzini)S.Grose
Telinum triangulare(Jack) Willd.
Lingua-de-vaca
Herbáceo
CAA.
144
TAXON
BROMELIACEAE
Aechmea aquilega(salisb.)Griseb.
CANNABACEAE
Celtis iguanae (Jacq.)Sarg.
CONVOLVULACEAE
Jacquemontia heterantha (Nees &
Mart.) Hallier
FABACEAE/MIMOSACEAE
Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan
FABACEAE/CAESALPINACEAE
Hymenaea courbaril L.
Poincianella pyramidalis (Tul.)
L.P.Queiroz
Senna spectabilis (DC.) H.S. Irwin &
Barneby
MALVACEAE
Gaya pilosa K. Schum.
Sida carpinifolia L.
ORCHIDACEAE
Vanilla sp.
POLYPODIACEAE
Micrograna vexiflora
RUTACEAE
Dictyoloma vandellianum A. Juss.
SOLANACEAE
Solanum erianthum D. Dom
Solanum lycocarpum St. Hil.
Salpichroa origanifolia (Lam.) Baill.
NOME VULGAR
ESTRATO VEGETAL
HABITAT
Gravatá
Arbustivo
CAA.
Juá-mirim
Arbóreo
CAA.
Cipó
CAA.
Angico
Arbóreo
CAA.
Jatobá
Pau-de-rato,
catingueira
Arbóreo
CAA.
Arbóreo
CAA.
São–joão
Arbóreo
CAA.
Guaxuma
Tupixa
Arbustivo
Arbustivo
CAA.
CAA.
Baunilha
Epífito
CAA.
Herbáceo/Epífito
CAA.
Arbóreo
CAA.
Arbustivo
Arbustivo/Árbóreo
Herbáceo
CAA.
CAA.
CAA.
-
Feto-rabo-de-rato
Para-tudo
Caiçara
Lobeira
Budim
Legenda: CAA = Caatinga.
No Campo Rupestre (CR), área com formação rochosa com muitos afloramentos, são possíveis
de observar a predominância de espécies como a Bromélia Dyckia sp., e outros gêneros típicos
deste ambiente como o Baccaris, Vellozias e outras espécies que tem tolerância por locais
ensolarados e abertos. O local é cortado pelo Córrego das Pedras. (UTM - 0234561 e 8691632).
Tabela 5.2.3 - Listagem taxonômica com estrato vegetal de espécies da AID (Campo Rupestre,
Coordenada - 0234561 e 8691632), Cafarnaum - BA.
TAXON
NOME VULGAR
ESTRATO VEGETAL
HABITAT
APOCYNACEAE
Mandevilla coccinea (Hook &
Jalapa silvestre
Herbáceo
CR
Am.)Woodson
ASPLENIACEAE
Asplenium nidus L.
Folha-de-urubú
Herbáceo
CR
ASTERACEAE
Baccharis dracunculifolia DC
Alecrim-de-vassoura Herbáceo
CR
Vernonia scorpioides (Lam.)Pers.
Erva-preá
Herbáceo
CR
145
TAXON
BROMELIACEAE
Deuterocohnia meziana Kuntze ex
Mez
Dyckia Glaziovii Bak.
Tillandsia recurvata L.
CACTACEAE
Melocactus zehntneri (Britton &
Rose) Luetzelb.
Opuntia inamoenaK.Schum.
Rhipsalis baccifera
Facheiroa cephaliomelana B & T
CYPERACEAE
Cyperus rotundus L.
EUPHORBIACEAE
Croton cellowii Baill.
Manihot epririnosa Pax.&
Hoffmann.
Croton migrans Casar.
ERIOCAULACEAE
Syngonanthus sp.
FABACEAE/MIMOSACEAE
Acacia bahiensis Benth
FABACEAE/PAPILIONACEAE
Stylosantres capitata Vog.
Crotalaria mucronata Dasv.
Cassia rotundifolia Pers.
Dahlstedtia pinnata (Benth.)
MALVACEAE
Malva sp.
MELASTOMATACEAE
Desmoscelis villosa (Aubl.) Naudin
Marcetia lanuginosa Wurdack
POACEAE
Brachiaria mutica
Asplenium nidus L.
POLYPODIACEAE
Erythroxylum sp.
RUBIACEAE
Rubia tetragona K. Schum
VELLOZIACEAE
Vellozia plicata Mart.
Vellozi epidendroides Mart. ex
Schult. & Schult.
Vellozia subscabra J.C. Mikan
VERBENACEAE
Stachytarpheta trispicata Nees &
NOME VULGAR
ESTRATO VEGETAL
HABITAT
Bromélia
Arbustivo
CR
Bromélia
Barba-de-bode
Arbustivo
Arbustivo
CR
CR
Cabeça-de-frade
Herbáceo
CR
Palma-de-lagêdo
Cacto macarrão
Facheiro de pedra ou
xique-xique
Herbáceo
Epífito
CR
CR
Arbustivo
CR
Capim-dandá
Herbáceo
CR
Arbustivo
CR
Mandioca-brava
Arbustivo
CR
Velaminho
Herbáceo
CR
Sempre-viva
Herbáceo
CR
Unha-de-gato
Arbóreo
CR
Estilosante
Cascaveleira
Alfafa-nativa
-
Herbáceo
Arbustivo
Arbustivo
Arbustivo
CR
CR
CR
CR
-
Arbustivo
CR
-
Arbustivo
Arbustivo
CR
CR
Capim-do-clima
Capim favorito
Herbáceo
Herbáceo
CR
CR
Avenquinha
Herbáceo
CR
-
Herbáceo
CR
Vellozia
Arbustivo
CR
Vellozia
Arbustivo
CR
Vellozia
Arbustivo
CR
Gerbão azul
Arbustivo
CR
-
146
TAXON
NOME VULGAR
ESTRATO VEGETAL
HABITAT
Mart.
Legenda: CR = Campo Rupestre.
Não foi possível apresentar mapa de vegetação da AID na escala de 1:25.000. Isto por se tratar
de uma área de grande extensão e de difícil acesso, o que nessa escala não seria possível
atender a exigências, uma vez que a maior folha para impressão é o tamanho AO, sendo que
seria necessária uma folha, ainda maior para atender a exigência. Foi usada a base do DDF em
escala 1:100.000 para o reconhecimento regional. De qualquer forma, o trabalho com os
elementos existentes permitiu que os biomas fossem checados, chegando até a alterar
informações na base pré-existente em que uma área identificada como de floresta estacional,
fosse modificada para área de caatinga. Também foram mapeadas e redelimitadas áreas
antropizadas, o que redefiniu o limite das unidades fitogeográficas (mapa de vegetação em
anexo).
Vale ressaltar que o mapa anteriormente apresentado, no primeiro relatório, no qual consta as
áreas de influência, foi na escala de 1:150.000 e o mapa constante neste relatório de
diagnóstico está sendo apresentado na escala de 1:100.000.
Espécies vegetais raras, ameaçadas de extinção
As características fitogeográficas, com ambientes diversificados, favorecem a existência de
endemismos. A descoberta de novas espécies como a Camarea elongata da Família
Malpighiaceae, descrita por Mamede (1990) e Mimosa morroensis – espécie endêmica do
Morro do Chapéu, conhecida por apenas uma coleta (LEWIS, 1987), traduzem a característica
da região. As cactáceas Melocactus paucispinus e Melocactus glaucescens endêmicas da Bahia,
estão incluídas na lista de espécies ameaçadas de extinção Convention ou Internactional Trade
in Endangered Species of Wild Fauna and Flora (CITES). O Melocactus glaucescens também está
incluída na lista de espécies ameaçadas do Ministério do Meio ambiente (M.M.A, 2008; CITES,
2009).
Os autores Resende (2010) e Colaço et al. (2006) trazem considerações importantes sobre a
distribuição dessas espécies de cactáceas, a saber: “A espécie M. glaucescens é endêmica da
região do Morro do Chapéu, na Bahia ocorrendo em uma pequena região de cerca de 10 km2,
sendo conhecidas apenas quatro populações com um número reduzido de indivíduos.” (TAYLOR,
2000; TAYLOR e ZAPPI, 2004 apud RESENDE, 2010, p. 13). Colaço et al. (2006) Estudaram duas
áreas com populações dessa espécie: a primeira população foi utilizada para o estudo de
visitantes florais, estando localizada em área a 22 km da sede de Morro do Chapéu, mais
especificamente ao lado da rodovia BA 052, no Parque Estadual de Morro do Chapéu, a 910 m
de altitude (11°29’19” S e 41°10’43” W). “ [...] Esta população possui cerca de 180 indivíduos,
147
sendo cerca de 80 adultos, em uma área de cerca de 3.300 m2, com densidade média 0,05
indivíduos por m2.” (COLAÇO et al. 2006, p.240). A outra população ainda segundo este autor
foi utilizada para o estudo do sistema reprodutivo, estando em área cerca de 50 km do
Município de Morro do Chapéu, próximo ao distrito de Brejões, em 748 m de altitude nas
coordenadas 11º 16’ 23” S e 41º 05’ 06” W.
Já a espécie M. paucispinus, encontrada nos municípios Morro do Chapéu, Rio de Contas,
Abaira, Seabra e Umburanas (TAYLOR e ZAPPI, 2004, MACHADO, 2009 apud RESENDE, 2010, p.
13), tem sua distribuição, de acordo com Resende (2010), ocupando “uma área menor que 500
km2, onde duas das cinco populações conhecidas contém menos de 50 indivíduos ...” (TAYLOR,
2000 apud RESENDE, 2010, p. 13). (COLAÇO et al. 2006). p. 241 ) realizaram estudos sobre a
biologia reprodutiva do M. paucispinus em populações localizadas a cerca de 3 km da sede do
Município de Morro do Chapéu, numa altitude de 1.104 m (11º 33’ 52” S e 41º 10’ 37” W).
Com referência às orquidáceas, embora não exista nenhuma espécie incluída na lista vermelha
da IUCN e do IBAMA, como ameaçada de extinção, merece maior cuidado de conservação a
Cattleya tenuis, que parece estar extinta no Morro do Chapéu. Essa orquídea, bem como a
caparácea Capparis jacobinae, é endêmica da Chapada Diamantina.
Ainda, de acordo a lista do IBAMA de espécies vegetais ameaçadas de extinção podem ser
citadas a baraúna (Schinopsis brasiliensis) registrada tanto na AII quanto na AID, como a
localizada em área entre as Grutas do Cristal I e Gruta do Cristal II (Coordenada: 24L 0247927
8692278) e a aroeira (Astronium urundeuva) que se encontra na categoria de vulnerável e
ocorre nas Áreas de Influência Indireta (AII).
Espécies vegetais indicadoras de alterações ambientais
Foram observadas áreas que apresentavam cobertura vegetal constituída, quase que
exclusivamente por caiçara (Solanum erianthum D.Don), espécie heliófila e colonizadora, que
ocorre no ambiente de caatinga. A referida espécie é muito freqüente e típica dos estádios
iniciais de sucessão secundária de áreas abandonadas, ou que depois de plantadas e retirado o
seu produto agrícola foram abandonadas, ou ainda, que tenham sido desmatadas para retirada
de lenha. As áreas antropizadas, estão indicadas no mapa de vegetação em anexo . Vizinho a
algumas dessas áreas, muitas vezes observa-se a vegetação nativa com a sua diversidade
vegetal característica, evidenciando o processo de supressão de vegetação.
Espécies vegetais de interesse econômico e científico
O município do Morro do Chapéu possui uma grande diversidade de biomas como a caatinga, as
matas estacionais, os campos rupestres e os cerrados. Considerando-se que a flora de vários
148
desses biomas ainda é pouco estudada, a exemplo das florestas estacionais, um dos biomas
menos conhecidos na Bahia, assim como a caatinga, toda a sua flora passa a ser de interesse
científico.
Algumas espécies, embora estejam taxonomicamente identificadas, pouco se conhece da
fisiologia e até mesmo da sua utilidade e importância econômica e científica.
Em contraste com a atenção dada as plantas exóticas o uso de espécies nativas tem sido objeto
de poucos estudos. Um dos fatores que contribuiu para o descaso foi a rápida destruição da
cultura indígena, resultante da destruição das tribos e “aculturação” das frentes de ocupação
dos seus territórios. No Semiárido os poucos remanescentes que foram se agregando à
fazendas preservaram algum conhecimento. As plantas medicinais de uso popular constituem
um grupo nativo mais bem preservado. Isto se deveu também ao fato de que o acesso limitado
das populações mais pobres aos produtos industrializados contribuiu para a guarda desta
memória e, até mesmo, pelo isolamento e difícil acesso a algumas áreas inseridas no bioma
caatinga.
Recentemente o interesse pelos sistemas de medicina tradicionais intensificou-se como assunto
de importância mundial, com especial referência ao uso de plantas medicinais. No Brasil há
considerável literatura sobre o assunto, destacando-se, mais recentemente, a publicação em
2008 do livro: Cactos úteis na Bahia – ênfase no Semiárido, pela Bióloga Cássia Tatiana da Silva
Andrade, o qual apresenta aspectos da etnobotânica da família Cactaceae. Este grupo de
plantas apresenta grande diversidade de espécies na região de Morro do Chapéu.
Existe uma ampla comercialização de plantas medicinais de uso popular realizada
principalmente nas feiras livres, que são consumidas com pouca ou nenhuma comprovação de
suas propriedades farmacológicas. Dentre as plantas medicinais de uso popular pode-se citar a
umburana de cheiro (Amburana cearensis), cujo xarope da casca do caule, sementes de frutos
são indicados no tratamento de asmas, bronquites e tosses, e o mandacaru (Cereus jamacaru),
cuja raiz é indicada no tratamento das infecções e problemas renais.
Com referência ao potencial madeireiro a vegetação da Caatinga tem sido voltada para
produção de lenha e carvão, entretanto existem muitas espécies de potencial madeireiro como
a braúna (Schinopsis brasiliensis), a catingueira (Ceasalpinea pyramidales), a umburana-decheiro (Amburana cearensis), umburana-de-cambão (Commiphora leptophloeos) – Fotografia
5.2.17, dentre outras.
149
Fotografia 5.2.17 - Amburana de cambão (Commiphora leptophloeos), (AID).
Coordenada: UTM 0234689/8691844; Fonte – Leida Baracat de Oliveira, 2011.
As plantas de Caatinga têm grande potencial como produtoras de óleo/resina como a faveleira
(Cnidoscolus phiyllacanthus), cujas sementes são ricas em óleo e possuem potencial para uso,
sendo ricas em proteínas e minerais. As folhas do licurí (Syagrus coronata) fornecem, por
raspagem, cera que é utilizada na fabricação do papel carbono, graxa para sapatos, móveis e
pintura de automóveis.
O óleo dos frutos do licurí é considerado de alta qualidade e pode ser utilizado para produção
de sabão em pó, detergentes, sabão em barra e sabonetes. Dentre outras frutíferas destaca-se o
umbuzeiro (Spondias tuberosa), (Fotografia 5.2.18) árvore resistente a seca e de grande
importância econômica que pode proporcionar renda às populações locais no período de safra,
quer seja através da venda dos frutos (Fotografia 5.2.19), da produção de polpa ou, ainda doces
produzidos com suas raízes e frutos. Em termos forrageiros apresenta espécies como a
catingueira (Caesalpinia pyramidalis), o juazeiro (Zizyphus joazeiro), o licurí (Syagrus coronata) e
o pau-ferro (Caesalpinia ferrea), dentre outras. Como plantas produtoras de fibras destacam-se
os caroás (Neoglaziovia variegata), que podem ser utilizados na confecção artesanal de cordas e
barbantes.
150
Fotografia 5.2.18 - umbuzeiro (Spondias
tuberosa).11°49´24.63´´S e 41°25´52.89´´O.
Elevação 1552 altitude do ponto de visão. Fonte
© Ivomar Carvalhal Britto. 14.01.2011.
Fotografia 5.2.19 - fruto do umbuzeiro (Spondias
tuberosa).11°49´24.63´´S e 41°25´52.89´´O.
Elevação 1552 altitude do ponto de visão. Fonte
© Leida Baracat de Oliveira. 14.01.2011.
A caatinga é reconhecida como o maior banco de proteínas do universo, utilizado pelo rebanho,
através de leguminosas e outras plantas forrageiras, destacando-se entre as forrageiras alguns
gêneros conhecidos como a Caesalpinia, Calliandra, Ciperus, Cereus, Mimosa, Opuntia e Senna,
dentre outras.
As espécies lenhosas são, geralmente, plantas com elevada capacidade de rebrota na estação
seca, sendo que, muitas delas são consumidas pelo gado, apenas nesse estado. Assim, a planta
é rebaixada ao nível do solo, aumentando, na rebrota a quantidade de biomassa disponível ao
animal. Além disso, as folhas da rebrota apresentam-se, inicialmente membranáceas e os ramos
tenros, aumentando sua palatabilidade. Dentre as leguminosas que são consumidas, encontrase a Caesalpinia ferrea.
A importância econômica das plantas está assinalada na listagem taxonômica das espécies
vegetais, anexo V.
b) Relações flora/flora, flora/fauna e fauna/fauna;
b) Relação flora/flora, flora/fauna
As principais relações entre a flora/flora registradas foram de inquilinismo e parasitismo.
Muitas plantas, sejam de porte arbustivo ou arbóreo, são utilizadas por vários organismos
inquilinos como fungos, líquens, briófitos, fetos e angiospermas, como cactáceas, bromeliáceas
e orquidáceas. Dentre os mais evidentes na área de estudo, identificou-se os fungos conhecidos
vulgarmente como “orelha-de-pau”. O caule, principalmente da vegetação arbórea, que cresce
em locais com maior altitude, com freqüente formação de neblina, possui a presença evidente
151
de líquens inquilinos crostosos, entretanto, também ocorrem líquens foliáceos e arbustivos.
Dentre os líquens crostosos, afoliáceos e os arbustivos foram identificados o Graphis sp., o
Parmelia sp. e o Usnea sp, respectivamente.
Nos períodos úmidos, ocorrem fungos, que crescem não somente sobre troncos apodrecidos,
mas também sobre caules de vegetais e bainhas do licurizeiro (Syagrus coronata). As briófitas
são encontradas, principalmente nas estações úmidas, vegetando, na maioria das vezes, na
região do colo das árvores ou em áreas de “forquilhas”, que retêm a umidade por mais tempo,
ou nas bainhas de licurizeiros (Syagrus coronata). O musgo (Octoblepharum albidum) é uma das
espécies mais freqüentes na área estudada.
A disposição do conjunto de bainhas do licurizeiro (Syagrus coronata) favorece a implantação de
vegetais epífitas. Dentre as mais freqüentes estão gameleiras (Ficus spp.); orquídeas,
principalmente, do gênero Vanilla – Fotografia 5.2.20, além de bromélias. Fetos também
emolduram esses locais, aparentando boa adaptação. Algumas plantas trepadeiras são
encontradas sendo a jitirana (Ipomoea spp.), muito comum nas áreas de caatinga.
Fotografia 5.2.20 – Orquídeas do gênero Vanilla (setas em vermelho) em bainhas de licurizeiro, na
área da Fazenda Cristal, próxima a Gruta do Cristal I. Coordenada: UTM 0247987.63/8692250. Fonte Ivomar Carvalhal Britto, 205011.
A bromélia do gênero Tillandsia é encontrada comumente, em grande quantidade, crescendo
em galhos de árvores da região, a exemplo da baraúna (Schinopsis brasiliensis), sendo
encontrado na AID em jatobá (Hymenaea sp.) (Fotografia 5.2.21). Vários representantes deste
gênero são comumente observados em fiações de rede elétrica da região.
152
Fotografia 5.2.21 – Tillandsia sp. (indicada por seta vermelha) em jatobá (Hymenaea sp.) (AID).
Coordenada em UTM: 0234796/8691862. Fonte © Leida Baracat de Oliveira. 14.01.2011
É freqüente na área o parasitismo da erva de passarinho (Psittacanthus spp.), no umbuzeiro
(Spondias tuberosa) e na umburana-de-cambão (Commiphora leptophloeos).
As plantas e animais evoluíram juntos, durante centenas de milhões de anos e, agora existem
entre eles as mais intrincadas interações e interdependência. Um passo importantíssimo da
evolução vegetal foi o surgimento das angiospermas. A reprodução das angiospermas
dispensou o vento e água, para aproveitar o trabalho de animais, sendo que entre eles, os mais
amplamente distribuídos são as abelhas, vespas e borboletas, embora muitas flores sejam
polinizadas por besouros e moscas, além de morcegos e aves como os beija-flores.
Mesmo a bananeira, da família das Musaceas, que produz flores, ainda que sem função
reprodutiva (estéreis), uma vez que, não possuem óvulos, é visitada por polinizador de suas
ancestrais, os morcegos, que continuará visitando-as todas as noites, uma vez que ainda se
alimenta de seu néctar.
c) Realização de estudos fitossociológicos, com a estimativa dos parâmetros de estrutura
horizontal, tais como; densidades absoluta e relativa, freqüência, dominâncias absoluta e
relativa, índice de valor de importância, índice de valor de cobertura e índice de diversidade;
c) Realização de estudos fitossociológico, com a estimativa dos parâmetros de estrutura
horizontal, tais como; densidade absoluta e relativa, freqüência, dominância absoluta
e relativa, índice de valor de importância, índice de valor de cobertura e índice de
diversidade.
A fitossociologia busca por meio de técnicas estatísticas conhecer a estrutura da vegetação
através de dados numéricos significativos (RIZZINI, 1997), fornecendo subsídios importantes
para o estabelecimento da área de distribuição da espécie e a relação das comunidades
153
vegetais com as características do ambiente (SILVA JÚNIOR & FELFILLI, 1988), desde modo
seguindo o termo de referência do IMA (Instituto de Meio Ambiente) foi realizado o estudo da
vegetação da Formação Caatinga e Formação Campo Rupestre na área de influência direta da
Usina Eólica Cristal, usando o metodologia já descrita no item específico do meio biótico
terrestre.
Formação Caatinga
Para a Formação Caatinga foi realizada amostragem na área de influência direta pelo
empreendimento totalizando 14 pontos de coleta (PC) conforme coordenadas em UTM abaixo:
·
·
·
PC 01 – 0243393 e 8711805
PC 02 – 0243394 e 8711817
PC 03 – 0244291 e 8712262
·
·
·
·
·
·
·
PC 04 – 0243879 e 8712359
PC 05 – 0243410 e 8711680
PC 06 – 0245502 e 8709568
PC 07 – 0245367 e 8709587
PC 08 – 0245607 e 8709620
PC 09 – 0242079 e 8701724
PC 10 – 0242080 e 8701724
·
PC 11 – 0237493 e 8693530
·
·
·
PC 12 – 0237530 e 8693586
PC 13 – 0237537 e 8693563
PC 14 – 0237493 e 8693521
Foram amostrados no levantamento fitossociológico na Formação Caatinga, um total de
novecentos e cinqüenta e um (951) indivíduos, pertencentes a dezesseis (16) famílias botânicas
nestas identificados trinta e quatro (34) gêneros, trinta e oito (38) espécies e sete (7) espécies
Sem Condições Fenológicas de Identificação (SCFI), dados que se encontram na tabela 5.2.4
(Fotografias 5.2.22 e 5.2.23).
154
Fotografia 5.2.22 – Visão geral de área de
Caatinga (AID).
Fotografia 5.2.23 – Visão geral de área de
Caatinga (AID).
Tabela 5.2.4 - Famílias, espécies e nomes populares das árvores amostradas na Formação Caatinga, na
área de influência direta do Complexo Eólico Cristal, município de Morro do Chapéu, Bahia, Dezembro
2010 e Janeiro 2011.
Família
Espécie
Nome Popular
Apocynaceae
Apocynaceae
Arecaceae
Asteraceae
Burseraceae
Burseraceae
Capparaceae
Euphorbiaceae
Euphorbiaceae
Euphorbiaceae
Euphorbiaceae
Euphorbiaceae
Euphorbiaceae
Fabaceae/
Caesalpiniaceae
Fabaceae/
Caesalpiniaceae
Fabaceae/
Caesalpiniaceae
Fabaceae/
Caesalpiniaceae
Fabaceae/
Caesalpiniaceae
Fabaceae/ Mimosaceae
Fabaceae/ Mimosaceae
Fabaceae/ Mimosaceae
Fabaceae/ Mimosaceae
Fabaceae/ Mimosaceae
Fabaceae/ Mimosaceae
Fabaceae/ Mimosaceae
Fabaceae/ Mimosaceae
Fabaceae/ Papilionaceae
Fabaceae/ Papilionaceae
Fabaceae/ Papilionaceae
Fabaceae/ Papilionaceae
Aspidosperma pyrifolium Mart.
Aspidosperma camporum Mull. Arg.
Syagrus coronata (Mart.) Becc.
Moquinia lucida Bak
Tetragastris catuaba Tris.
Tetragastris sp.
Capparis jacobinae Moric
Sapium glandulosum (Vrll.) Pax.
Croton. leptobotryus Muell.Arg
Croton phlomoides Pers.
Croton sp.
Jatropha curca L.
Manihot eprimosa Pax. & Hoffmann
Bauhinia cheilantha ( Bong.) D. Dietr
pau-pereiro
pítia
licurí
candeia de carrasco
catuaba
catuaba
iço
burra-leiteira
velame
cassutinga
cróton
pinhão bravo
mandioca-brava
pata-de-vaca
Holocalyx balansae Micheli.
alecrim-de-vaqueirro
Swartzia acutifólia Vog.
banha-de-galinha
Poincianella pyramidalis (Tul.) L.P. Queiroz
pau-de-rato
Cassia excelsa Schrad.
canela-dura
Mimosa ophthalmocentra Mart. ex Benth
Mimosa sp.
Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan
Anadenanthera macrocarpa Benth.
Piptadenia viridifolia (Kunth)Benth.
Piptadenia stipulacea (Benth.) Ducke
Acacia bahiensis Benth
Albizia polycephala (Benth.) Killlip.
Platycyamus regnelli Benth
Machaerium subcordatum Mart.
Machaerium acutifolium Vog
Macrolobium chrysostachyum Benth.
Loranthaceae
Phoradendron affine (DC.) Engler & K.
Klause
Helicteres muscosa Mart
Psidium sp.
Campomanesia xanthocarpa Berg.
angiquinho
cabelo-de-nêgo
angico
calombi
espinheiro
pau-de-formiga
unha-de-gato
monzê
angelim rosa
açoita-cavalo
bastião
pau d’arco de
carrasco
pau-de-enxerto
Malvaceae
Myrtaceae
Myrtaceae
rosquinha
araçá-de-porco
guabirabinha
155
Família
Espécie
Myrtaceae
Nyctaginaceae
Phyllanthaceae
Eugenia vellosiana Berg.
Guapira noxia (Netto) Lundell.
Savia dictiocarpa Miill. Arg.
Proteaceae
Rubiaceae
Rutaceae
Rutaceae
Vochysiaceae
Roupala brasiliensis
Declieuxim chiococcoides
Esenbeckia grandiflora Mart.
Dyctyoloma vandellianum A. Juss
Qualea sp.
Vochysiaceae
Qualea megalocarpa Stafleu
(SCFI) *01
(SCFI) *02
(SCFI) *03
(SCFI) *04
(SCFI) *05
(SCFI) *06
(SCFI) *07
Nome Popular
cambuí
farinha-seca
guardauruvai,guaraiuva
carne-de-vaca
regalo
limão-de-cutia
para-tudo
pau-de-colher folha
pequena
pau-de-colher/ murta
do campo
angolar
* Sem Condição Fenológicas de Identifição.
Na amostragem total do estudo, a família Fabaceae apresentou o maior número de indivíduos
totalizando 17 espécies perfazendo um total de 39,53% do total de espécie registrada. Dentro
desta família obtivemos 8 espécie pertencente a subfamília Mimosaceae, 5 da subfamília
Caesalpiniaceae e 4 da subfamília Papilioniaceae. A segunda família foi a Euphorbiaceae com 6
espécie perfazendo de 13,95% da espécies registrada, seguida da Myrtaceae com 3 espécies
perfazendo 6,98%. Juntas, essas 3 famílias contribuíram com 60,46% do total de espécies
amostradas. As famílias Arecaceae, Asteraceae, Capparaceae, Loranthaceae, Malvaceae,
Nyctaginaceae Phyllanthaceae, Proteaceae e Rubiaceae apresentaram apenas 1 espécie em
toda amostragem perfazendo um total de 20,97%.
As duas primeiras famílias acima citada também foram destacadas por Alcofora-Filho (2003),
em trabalho realizado no agreste de Pernambuco. Sampaio, 1996; Pereira et al. (2001) relata as
famílias Mimosaceae, Caesalpinaceae e Euphorbiaceae tendo geralmente as espécies ocupando
os primeiros lugares na maioria dos levantamentos florísticos, além de concentrar o maior
número de espécies em várias outras áreas da caatinga (Emperaire, 1991; Araújo et al. (1995);
Pereira et al. (2002). Cardoso & Queiroz (2007), destaca que a família Fabaceae nas caatingas
não tem sua importância relacionada só à riqueza de espécies, mas também por agrupar o
maior número de espécies endêmicas.
156
Tabela 5.2.5 - Parâmetros fitossociológicos das espécies amostradas na formação Caatinga na área de
influencia direta do Complexo Eólico Cristal, município de Morro do Chapéu, Bahia, Dezembro 2010 e
Janeiro 2011.
Espécie
Densidade
Freqüência
Dominância
IVI
IVC
Abs.
(m2/há)
0,072
Rel. (%)
7,143
Rel.
(%)
0,672
0,613
2,442
1,770
47,213
85,714
8,062
5,153
43,893
99,168
91,106
33,214
0,714
1,071
9,779
0,210
0,315
71,429
14,286
14,286
6,719
1,344
1,344
0,778
0,012
0,022
6,627
0,102
0,187
23,125
1,656
1,846
16,406
0,312
0,502
2,143
0,631
28,571
2,687
0,106
0,903
4,221
1,534
25,714
7,571
21,429
2,016
1,498
12,760
22,347
20,331
5,357
1,577
35,714
3,359
0,096
0,818
5,754
2,395
0,714
1,429
3,929
0,357
0,714
0,210
0,421
1,157
0,105
0,210
7,143
14,286
7,143
7,143
7,143
0,672
1,344
0,672
0,672
0,672
0,043
0,020
0,085
0,005
0,007
0,366
0,170
0,724
0,043
0,060
1,248
1,935
2,553
0,8200
0,942
0,576
0,591
1,881
0,148
0,270
2,143
0,631
21,429
2,016
0,055
0,468
3,115
1,099
0,357
0,105
7,143
0,672
0,003
0,026
0,803
0,131
5,714
1,682
42,857
4,032
0,103
0,877
6,591
2,559
Manihot eprimosa
Cassia excelsa
Syagrus coronata
Albizia polycephala
Macrolobium
chrysostachyum
Jatropha curca
Guapira noxia
Moquinia lucida
Helicteres muscosa
Capparis jacobinae
Sapium
glandulosum
Machaerium
acutifolium
Psidium sp.
Mimosa sp.
(SCFI) 02
0,357
0,357
0,357
0,357
0,105
0,105
0,105
0,105
7,143
7,143
7,143
7,143
0,672
0,672
0,672
0,672
0,008
0,029
0,046
0,029
0,068
0,247
0,392
0,247
0,845
1,024
1,169
1,024
0,173
0,352
0,497
0,352
1,071
0,315
14,286
1,344
0,014
0,119
1,778
0,434
0,357
1,786
7,143
0,357
0,357
0,105
0,526
2,103
0,105
0,105
7,143
28,571
14,286
7,143
7,143
0,672
2,687
1,344
0,672
0,672
0,014
0,055
0,311
0,005
0,003
0,119
0,468
2,649
0,043
0,026
0,896
3,681
6,096
0,820
0,803
0,224
0,994
4,752
0,148
0,131
2,500
0,736
21,429
2,016
0,179
1,525
4,277
2,261
2,857
0,841
21,429
2,016
0,068
0,579
3,436
1,420
1,786
0,714
0,526
0,210
21,429
7,143
2,016
0,672
0,029
0,021
0,247
0,179
2,789
1,061
0,773
0,389
0,357
0,105
7,143
0,672
0,009
0,077
0,854
0,182
Croton sp.
0,714
0,210
7,143
0,672
0,015
0,128
1,010
0,338
Roupala brasiliensis
Mimosa
ophthalmocentra
Savia dictiocarpa
Croton phlomoides
Holocalyx balansae
Anadenanthera
colubrina
Croton.
leptobotryus
Machaerium
subcordatum
(SCFI) 06
(SCFI) 05
(SCFI) 04
(SCFI) 03
Eugenia vellosiana
Piptadenia
viridifolia
Phoradendron
affine
Acacia bahiensis
Abs.
(ind./ha)
3,929
Rel. (%)
Abs.
1,157
160,357
157
Espécie
(SCFI) 01
Swartzia acutifólia
Aspidosperma
pyrifolium
(SCFI) 07
Anadenanthera
macrocarpa
Campomanesia
xanthocarpa
Poincianella
pyramidalis
Declieuxim
chiococcoides
Esenbeckia
grandiflora
Platycyamus
regnelli
Dyctyoloma
vandellianum
Bauhinia cheilantha
Tetragastris sp.
Tetragastris
catuaba
Piptadenia
stipulacea
Aspidosperma
camporum
Qualea
megalocarpa
Qualea sp.
Total
Densidade
Freqüência
Dominância
IVI
IVC
0,714
0,357
0,210
0,105
7,143
7,143
0,672
0,672
0,008
0,051
0,068
0,434
0,950
1,211
0,278
0,539
2,857
0,841
35,714
3,359
0,080
0,681
4,881
1,522
26,071
7,676
50,000
4,703
1,300
11,073
23,452
18,749
12,500
3,680
85,714
8,062
0,487
4,148
15,890
7,828
0,357
0,105
7,143
0,672
0,015
0,128
0,905
0,233
0,714
0,210
14,286
1,344
0,014
0,119
1,673
0,329
6,071
1,788
35,714
3,359
0,128
1,090
6,237
2,878
2,857
0,841
28,571
2,687
0,173
1,474
5,002
2,315
0,357
0,105
7,143
0,672
0,003
0,026
0,803
0,131
1,071
0,315
21,429
2,016
0,012
0,102
2,433
0,417
0,357
1,071
0,105
0,315
7,143
14,286
0,672
1,344
0,013
0,064
0,111
0,545
0,888
2,204
0,216
0,860
2,500
0,736
41,667
3,920
0,250
2,129
6,785
2,865
2,143
0,631
28,571
2,687
0,041
0,349
3,667
0,980
3,571
1,052
21,429
2,016
0,061
0,520
3,588
1,572
1,429
0,421
21,429
2,016
0,026
0,221
2,658
0,642
5,357
339,643
1,577
100
42,857
1063,10
4,032
100
0,122
11,740
1,039
100
6,648
300
2,616
200
Do total de 951 indivíduos por hectare (ind/ha), obteve-se a maior densidade absoluta a
espécie Mimosa ophthalmocentra (angiquinho) com 160,357 (ind/ha), seguido da Savia
dictiocarpa (guarda uruvai) com 33,214 (ind/ha) e (SCFI) 07 com 26,071 (ind/ha) (Tabela 5.2.5).
De igual forma a densidade relativa se mostrou com a angiquinho, sendo responsável pelo
maior valor, equivalente a 47,213% seguido pela guarda uruvai com 9,779% e (SCFI) 07 7,676%
(Tabela 5.2.5).
A Mimosa ophthalmocentra e o Anadenanthera macrocarpa (calombi) foram às espécies que
obtiveram os maiores valores para o índice de freqüência absoluta com 85,714 acompanhada
por Savia dictiocarpa com 71,429 e da (SCFI) 07 com 50,000. A freqüência relativa apresentou o
angiquinho e o calombi com maior valor 8,062% acompanhada pela guarda uruvai com valor
igual a 6,719% e a (SCFI) 07 com 4,703%. A angiquinho obteve os maiores valores para
dominância absoluta e para dominância relativa com valores respectivos de 5,153 m 2/há e
158
43,893%, seguida do Croton. leptobotryus (velame) com 1,498 m2/ha e 12,760% e da (SCFI) 07
com 1,300 m2/há e 11,073% (Tabela 5.2.5).
Para os valores sintéticos (IVI e IVC) a espécies que possuiu maior valor de IVI foi à angiquinho
com 99,168%, acompanhada da (SCFI) 07 com 23,452% e da guarda uruvai com 23,125% e para
o IVC apresentou a angiquinho com 91,106% seguida pela velame com 20,331% e (SCFI) 07 com
18,749% (Tabela 5.2.5). A área amostrada apresentou um índice de diversidade de Shannon (H’)
igual a 2, 211 nats/individuo.
A análise estrutural permitiu inferir que a espécie angiquinho registrou os maiores valores em
todos os índices absolutos e relativos e ainda nos índices sintéticos, está observação é
importante para caracterização fisionômica da vegetação inferindo a condição hierárquica de
espécie representativa (= característica) da vegetação.
O levantamento sobre pesquisa da estrutura fitossociológica da formação Caatinga não tem
mostrado a ocorrência da espécie Mimosa ophthalmocentra angiquinho como espécie
representativa dos estudos ou ainda nem a aparição da mesma nos trabalhos. Araujo et al.
(1998); Alcoforado-Filho et al. (2003); Gomes et al. (2006). Porém Giulietti & Queiroz (2006) em
seu estudo relata a espécie como sendo característica da caatinga, com distribuição do Rio
Grande do Norte ao centro-sul da Bahia.
A partir do resultado fitossociológico o índice de diversidade de Shannon foi considerado
normal, visto que o valor de H’ está normalmente situado entre 1,3 e 3,5 podendo alcançar 4,5
em ambientes tropicais (Felfilli & Rezende, 2003). Em comparação com trabalhos sobre
fitossociologia em Caatinga observou-se aproximação do valor obtido nos trabalhos de Araújo
et al., 1995; Rodal et al., 1998; Alcoforado Filho et al., 2003.
A espécie mais conspícua da área estudada foi à Swartzia acutifólia (banha de galinha)
apresentando altura média de 7m, seguida do Syagrus coronata (licurizeiro) com 5,4m e da
Acacia bahiensis (unha de gato) com 4,9m. De forma contraria o Phoradendron affine (pau de
enxerto), Campomanesia xanthocarpa (quabirabinha) e o Mimosa sp. (cabelo de nêgo) foram o
que apresentaram a menor altura média com 1,8m, acompanhada da (SCFI) 04 com 2,0m e da
Eugenia vellosiana (cambuí) com 2,3m. Esses baixos valores de altura média pode de ocorrido
por causa de diversos fatores abióticos como o clima (Santos et al., 2007), a qualidade de solo
(Santos et al., 2007), a não ocorrência de curso d’ água (Meyer et al., 2004; Santos et al., 2007)
e distúrbios (Nunes et al., 2003; Santos et al.,2007) podendo assim afetar a distribuição e
abundancia das espécies arbóreas, dentro de habitats específicos, agindo diretamente na
dinâmica das populações (Viana e Pinheiro, 1998; Santos et al.,2007) e na tipologia da caatinga.
A vegetação estudada apresentou uma altura média e máxima de 3,71 e 7m respectivamente.
Desta forma, apresentando fisionomia arbustivo-arbóreo densa, com árvores caducifólias,
folhas duras, coriáceas e membranosas.
159
Formação Campo Rupestre
Para a Formação Campo Rupestre foi realizada amostragem na área de influência direta pelo
empreendimento totalizando 12 pontos de coleta (PC) conforme coordenadas em UTM abaixo:
·
·
·
·
PC 01 – 0234561 e 8691632
PC 02 – 0234544 e 8691672
PC 03 – 0234532 e 8691660
PC 04 – 0234540 e 8691634
·
·
PC 05 – 0234556 e 8691614
PC 06 – 0234586 e 8691528
·
·
·
PC 07 – 0234577 e 8691552
PC 08 – 0234585 e 8691530
PC 09 – 0234582 e 8691498
·
·
·
PC 10 – 0234572 e 8691490
PC 11 – 0234590 e 8691530
PC 12 – 0234651 e 8691532
Foram amostrados no levantamento fitossociológico na formação campo rupestre, um total de
oitenta e sete indivíduos, pertencentes a seis (6) famílias botânicas nestas identificados nove (9)
gêneros, dez (10) espécies e duas (2) espécies Sem Condições Fenológicas de Identifição (SCFI).
(Tabela 5.2.6) (Fotografia 5.2.24).
Fotografia 5.2.24 - Visão geral do campo rupestre na AID.
Fonte – Leida Baracat de Oliveira, 2011.
160
Tabela 5.2.6 - Famílias, espécies e nomes populares dos indivíduos amostradas na Formação
Campo Rupestre, na área de influência direta do Complexo Eólico Cristal, município de
Cafarnaum, Bahia, Dezembro 2010 e Janeiro 2011
Família
Apocynaceae
Cactaceae
Euphorbiaceae
Euphorbiaceae
Euphorbiaceae
Fabacea/ Mimosaceae
Fabacea/ Mimosaceae
Fabaceae/ Papilionaceae
Moraceae
Velloziaceae
Espécie
Allamandra puberula A. DC.
Micranthocereus purpureus (Guerke) F. Ritter
Manihot eprimosa Pax. & Hoffmann.
Croton cellowii Baill.
Croton migrans
Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan
Acacia bahiensis Benth
Crotalaria mucronata Desv.
Ficus doriaria (Miq.)
Vellozia plicata Mart.
(SCFI) *01
(SCFI) *02
Nome Popular
dedaleira
cacto azul
mandioca brava
velame
velaminho
angico
unha-de-gato
xique-xique
gameleira
canela-de-ema
*Sem Condições Fenológicas de Identificação.
Na amostragem total do estudo, a família Fabaceae e Euphorbiaceae apresentaram o maior
número de indivíduos totalizando 3 espécies perfazendo um total de 30 % cada um do total de
espécie registrada. Dentro da família Fabaceae a subfamília Mimosaceae obteve 2 espécie e a
subfamília Papilioniaceae obteve 1 espécie. Todas as outras famílias Apocynaceae, Cactaceae,
Moraceae, Velloziaceae apresentaram apenas 1 espécie em toda amostragem perfazendo um
total de 40 %. As duas primeiras famílias acima citada também foram destaque no trabalho de
Neves & Conceição, 2010, que descreve a família como a mais freqüente e rica em espécies.
Porém as duas famílias acima citada não são comumente encontradas nos trabalhos realizados
na formação Campo Rupestre. (CONCEIÇÃO et.al., 2007; JACOBI et al., 2008; SANTOS et.al.,
2010).
Tabela 5.2.7 - Parâmetros fitossociológicos das espécies amostradas na formação Campo
Rupestre na área de influencia direta do Complexo Eólico Cristal, município de Morro do
Chapéu, Bahia, Dezembro 2010 e Janeiro 2011.
Espécie
Densidade
Freqüência
Dominância
IVI
IVC
Abs.
(ind./ha)
Rel.
(%)
Abs.
Rel. (%)
Abs.
(m2/há)
Rel.
(%)
Allamandra puberula
125,00
6,90
33,33
8,89
1,14
2,53
18,32
9,43
Vellozia plicata
687,50
37,93
75,00
20,0
18,19
40,30
98,23
78,23
Acacia bahiensis
479,17
26,44
91,67
24,45
8,79
19,47
70,36
45,91
Crotalaria mucronata
62,50
3,45
25,00
6,67
0,40
0,89
11,01
4,34
(SCFI) 01
20,83
1,15
8,33
2,22
0,25
0,55
3,92
1,70
161
Espécie
Densidade
Freqüência
Dominância
IVI
IVC
Croton migrans
62,50
3,45
16,67
4,45
0,90
1,99
9,89
5,44
Manihot eprimosa
83,33
4,60
33,33
8,89
1,80
3,99
17,48
8,59
Micranthocereus
purpureus
83,33
4,60
33,33
8,89
7,31
16,19
29,68
20,79
Ficus doriaria
20,83
1,15
833
2,22
2,68
5,94
9,31
7,09
(SCFI) 02
20,83
1,15
8,33
2,22
0,17
0,38
3,75
1,53
Croton cellowii
145,83
8,05
33,33
8,89
1,35
2,99
19,93
11,04
Anadenanthera
colubrina
20,83
1,15
8,33
2,22
2,18
4,83
8,2
5,98
1812,50
100
375,00
100
45,14
110
300
200
Total
Do total de 87 indivíduos por hectare (ind/ha), obteve-se a maior densidade absoluta a espécie
Vellozia plicata (canela de ema) com 687,50 (ind/ha), seguido da Acacia bahiensis (unha de
gato) com 479,17 (ind/ha) e da Croton cellowii (velame) com 145,83 (ind/ha) (Tabela 5). De igual
forma a densidade relativa se mostrou com a canela de ema, sendo responsável pelo maior
valor, equivalente a 37,93% seguido pela unha de gato com 26,44% e velame 8,05% (Tabela 5).
A Acacia bahiensis foi a espécie que deteve o maior valor para o índice de freqüência absoluta
com 91,67 acompanhada por Vellozia plicata com 75,00 e da Allamandra puberula (dedaleira),
Manihot eprimosa (mandioca brava), Micranthocereus purpureus (cacto azul) e Croton cellowii
todas com 33,33 (Tabela 5). A freqüência relativa apresentou a unha de gato com maior valor
24,45% acompanhada pela canela de ema com valor igual a 20,00% e pelas espécies dedaleira,
mandioca brava, cacto azul e velame todas com 8,89% (Tabela 5). Canela de ema obteve os
maiores valores para dominância absoluta e para dominância relativa com valores respectivos
de 18,19 m2/há e 40,30%, seguida da unha de gato com 8,79 m2/ha e 19,47% e do cacto azul
com 7,31 m2/há e 16,19% (Tabela 5.2.7).
Para os valores sintéticos (IVI e IVC) a espécies que possuiu maior valor de IVI foi à Vellozia
plicata com 98,23%, acompanhada da Acacia bahiensis com 70,36% e do Micranthocereus
purpureus com 29,68% e para o IVC apresentou a canela de ema com 78,23% seguida pela unha
de gato com 45,91% e cacto azul 20,79%. (Tabela 5) A área amostrada apresentou um índice de
diversidade de Shannon (H’) igual a 1,529 nats/individuo.
O estudo fitossociológico permitiu inferir que a espécie Vellozia plicata registrou os maiores
valores nos índices de dominância e densidade absolutas e relativas e nos índices sintéticos e
segundo lugar no índice de freqüência absoluta e relativa, desde modo inferindo a condição
hierárquica de espécie representativa (= característica) da vegetação.
162
O levantamento sobre pesquisa da estrutura fitossociológica da formação Campo Rupestre
mostra o gênero Vellozia como sendo o mais ocorrente e abundante isso é comprovado por
(Santos et al., 2010; Caiafa e Silva 2005), que descreve esse gênero como sendo comum na
áreas de Campo Rupestre devido a grande adaptabilidade dos representantes desses gênero a
condições de estresse hídrico e a grande incidência do sol, do mesmo modo com a pobreza de
nutrientes característica de áreas sobre afloramentos rochosos. Além de proporcionar um
suporte para o processo sucessionais, principalmente por aumentar a heterogeneidade do
ambiente em relação a disponibilidade de água (Benites et al., 2003). A espécie Vellozia plicata,
que no presente trabalho foi a espécie característica, apresentou-se de igual forma no estudo
de Santos et al. (2010), onde a espécie aparece como sendo a mais importante para a descrição
da estrutura da vegetação.
A partir do resultado fitossociológico o índice de diversidade de Shannon foi considerado
normal, visto que os valor de H’ estão normalmente situados entre 1,3 e 3,5 podendo alcançar
4,5 em ambientes tropicais (Felfilli & Rezende, 2003).
A vegetação estudada apresentou uma altura média e máxima de 2,00 e 4,00m
respectivamente, desta forma apresentando fisionomia arbustivo-herbácia. A espécie que
apresentou a maior altura média foi Anadenanthera colubrina (angico) com 4,00m, seguida do
Micranthocereus purpureus com 3,00m e da Acacia bahiensis com 2,47m. De forma contraria a
de menor altura média foi a (SCFI) 02 com 1,5 m acompanhada pelo Croton migrans com 1,53 e
da (SCFI) 01 com 1,6m.
Conclusões:
·
Das dezesseis famílias botânicas ocorrentes para a Formação Caatinga a família com maior
número de indivíduos foi a Fabaceae, dentro desta a subfamília Mimosaceae apresentou o
maior numero de indivíduos;
·
A Mimosa ophthalmocentra foi à espécie com maiores valores nos índices fitossociológicos
absolutos, relativos e sintéticos na Caatinga;
·
A Mimosa ophthalmocentra é a espécie características da Formação Caatinga;
·
O índice de diversidade de Shannon foi considerado normal comparado com outros
trabalhos na caatinga;
·
A vegetação da Caatinga apresentou altura média de 3,71m e altura máxima de 7,0m;
·
A Formação Caatinga apresentou aspecto fisionômico de porte arbustivo-arbóreo.
163
·
Das seis famílias botânicas ocorrentes para a Formação Campo Rupestre, a família com
maior número de indivíduos foi a Fabaceae e a Euphorbiaceae, dentro da família Fabaceae
a subfamília Mimosaceae apresentou o maior numero de indivíduos;
·
A Vellozia plicata foi à espécie com maiores valores de dominância e densidade absolutos e
relativos e dos índices sintéticos no levantamento fitossociológico no Campo Rupestre;
·
O gênero Vellozia é comumente encontrado na Formação Campo Rupestre;
·
A Vellozia plicata é a espécie característica da formação Campo Rupestre;
·
O índice de diversidade de Shannon foi considerado normal;
·
A vegetação do Campo Rupestre apresentou altura média de 2,00 m e altura máxima de
4,0m;
·
A Formação Campo Rupestre apresentou aspecto fisionômico de porte arbustivoherbáceo.
d)
Identificação das espécies vegetais existentes incluindo listagem taxonômica,
especificando os diferentes estratos vegetais, usos, habitat;
d) Identificação das espécies vegetais existentes, incluindo listagem taxonômica,
especificando os diferentes estratos vegetais, usos, habitat.
Os biomas que se encontram nas áreas de influência estão especializados nos mapas de uso do
solo e cobertura vegetal (Anexo), assim como a identificação dos diferentes estratos vegetais,
que variam desde o herbáceo, representado pelo cerrado, na fisionomia de campo limpo ou por
várias espécies ruderais encontradas nas áreas de recolonizarão de cultivos e pastagens
abandonadas, passando pelo arbustivo, através da caatinga arbustiva e finalmente o estrato
arbóreo, formado pelos elementos de porte arbóreo da caatinga arbórea e da floresta
estacional.
Os usos das diferentes espécies vegetais constam na listagem taxonômica (Anexo V).
e)
Diagnóstico do estado de conservação da vegetação nativa, destacando a pressão
antrópica a que está sujeita, bem como sua utilização;
e) Diagnóstico do estado de conservação da vegetação nativa, destacando a pressão
antrópica a que está sujeita, bem como sua utilização.
Uma das grandes ameaças à flora da região dos municípios Morro do Chapéu, Cafarnaum e
Bonito se constitui na retirada de espécies para uso ornamental/paisagístico. Merece destaque
especial a retirada de plantas da família das orquidáceas e cactáceas que são muito abundantes.
164
As características das áreas de campo rupestre, impróprias para práticas agrícolas, fazem com
que estas tenham sido pouco impactadas, com exceção para exploração de pedras. Já na
caatinga e cerrado, a vegetação nativa é cortada para uso como lenha, carvão ou para cultivos.
Entre as ameaças ocorrem ainda escavações de areia, para construções e incêndios.
Nas áreas de influência do empreendimento proposto, foram identificados ambientes que vêm
sendo submetidos a incêndios a exemplo de área em: AII - no Parque Estadual Morro do Chapéu
. (UTM 0245612.75 / 8728819.42) (Fotografia 5.2.25).
Fotografia 5.2.25 - Vegetação incendiada nas margens da estrada de acesso principal do
Parque Estadual Morro do Chapéu – BA. Coordenada: UTM 0245612.75 / 8728819.42 de
Altitude. Fonte - Leida Baracat de Oliveira, 13-01-2011.
Fotografia 5.2.26 - Área incendiada próxima ao campo rupestre. Coordenada: UTM
0245612.75 / 8728819.42 . Fonte - Leida Baracat de Oliveira, 14.02.2011.
Essa prática, comum na caatinga, é resultante de um modelo de exploração madeireira
predatória, da pecuária extensiva e agricultura, muitas vezes, de subsistência, manejo que pode
afetar o solo e sua fauna, seja de forma direta ou indireta. As queimadas, de forma geral.
São praticadas para limpar o terreno na caatinga e, em virtude da facilidade e do baixo custo,
elimina-se toda a cobertura vegetal do solo e, por conseguinte, a fonte de alimentos limitando o
número de nichos ecológicos e acarretando ainda numa simplificação da rede alimentar. (ARAÚJO
FILHO E BARBOSA, 2000 in NUNES et al., 2008).
A ampliação e a falta de orientação e acompanhamento da introdução de vários cultivos na
165
região, a exemplo do café, pode provocar impactos de caráter ambiental. O planejamento é
fundamental, devendo conciliar o aproveitamento dessas potenciais com áreas de preservação.
Considerando-se que a região tem importante papel na gênese e comportamento de bacias
pluviais das mais importantes para o Estado da Bahia a exemplo do Paraguaçu e do Jacuípe, os
desmatamentos em nascentes, uso irracional do solo interferirão negativamente, fornecendo
processos erosivos e de assoreamento, alterando o ciclo hidrológico como a do rio Jacuípe.
F) Perfil esquemático da vegetação, contemplando as diferentes tipologias vegetacionais.
f) Perfil esquemático da vegetação, contemplando as diferentes tipologias vegetacionais.
Nos dados levantados pelo Centro de Planejamento e Estudos CPE/BAHIA (1981), os perfis
transectos exibem painéis dos regimes pluviométricos que permitem visualizar as definições de
climas locais em meio a tendências regionais prevalentes, associadas a outros aspectos do meio
físico, que refletem na vegetação, fazendo com que estas apresentem perfis diferenciados.
Embora as restrições de uso sejam impostas pelo relevo, uma vez que as serras com declividade
acentuada e solos incipientes dificultam o desenvolvimento de cultivos, foi nesses ambientes
que teve início a exploração econômica da região com a atividade de mineração. Também é
nessas serras que detem atribuídos climáticos e paisagísticos que consistem em grande
potencial de uso ecoturístico. Atualmente também é na região serrana que começa, despontar
uma nova atividade na região que é o aproveitamento da energia eólica.
Os aspectos do meio natural, meio biótico e do meio físico, correlacionadas com a convivência
humana oferecem, portanto variações e combinações.
A altitude que é um fator relevante na definição da temperatura. Confere à região do Morro do
Chapéu, com altitude que ultrapassam 900m e temperatura média anual de 19,9 ºC, marcante
característica térmica, podendo ser considerada “refúgio salubre de altitude”. No Chapadão do
Morro do Chapéu ocorrem solos ácidos de baixa fertilidade natural, reduzidas índices
pluviométricos (600 a 700 mm anuais). Além da insuficiência das chuvas e a sua má distribuição
anual com chuvas concentradas num só período do ano e, por vezes, num certo espaço do
tempo, ou seja, poucos dias ou até mesmo horas, provocam escoamentos intermitentes e muito
intensos. (CPE/BAHIA, 1981).
São apresentados em Anexo de acordo com publicação da CPE/BAHIA (1981) a análise integrada
de aspectos dos meios físicos e bióticos, através da descrição perfis-transectos, nos quais
constam os perfis da vegetação. Vale mencionar que o PERFIL A-B , orienta-se no sentido W-E e,
através dele, pode ser visualizada o setor mais setentrional da área de estudo, tendo início nas
166
proximidades da cidade de Presidente Dutra e terminando na Serra de Jacobina. A CPE descreve
ainda que “no pequeno trecho (IIA3), nos limites do Chapadão do Morro do Chapéu, o grau de
secura se acentua (julho e agosto sem chuvas), com a redução do período chuvoso”.
(CPE/BAHIA, 1981, p.40).
Já no PERFIL C-D (anexo) posiciona-se na direção SW-SE e atravessa também parte do Chapadão
de Morro do Chapéu, passando pelo BA-052 e pelas localidades de Morro do Chapéu, Flores e
Duas Barras do Morro. Este trecho é cortado pelos rios Ventura e Preto. Ainda segundo a CPE:
A característica fundamental deste trecho do Chapadão é o aparecimento de uma vegetação de
floresta estacional semi-decidual, em meio aos cerrados nitidamente associada ao capeamento de
sedimentos Terciários, ao mesmo tempo que revela elevação dos totais anuais de chuvas que se
verificam a partir da localidade de flores. A partir daí na direção E – SE, penetra-se numa ampla faixa
mais úmida, à qual se constuma denominar “piemonte” da Chapada, já nos domínios do Pediplano.
(CPE/BAHIA, 1981, p.45).
Já o Perfil E-F está orientado no sentido NNW – SSE, atravessa também parte do planalto
calcário de Irecê e do Chapadão do Morro do Chapéu, chegando até o Planalto Calcário de
Utinga – Andaraí. De acordo com a CPE, o trecho inicial do referido perfil “destaca a periferia
mais seca do Planalto Cálcário de Irecê, em sua feição mais meriodonal (II A2), em torno da
cidade de Cafarnaum. [...] Em seguida penetra-se no trecho mais úmido do Chapadão de Morro
do Chapéu, onde o cultivo do café está mais disseminado”. (CPE/BAHIA, 1981, p.45).
Já com os dados primários foram obtidos perfis da caatinga arbustiva/arbórea (Figura 5.2.1) e
do campo rupestre (Figura 5.2.2) que são apresentados a seguir.
g)
h)
Criado apenas para ficar compatível com o índice do IMA que saltou estas letras de um capítulo para outro. (pintar de branco para
não aparecer no texto)
Criado apenas para ficar compatível com o índice do IMA que saltou estas letras. (pintar de branco para não aparecer no texto)
167
168
(1- Mimosa ophthalmocentra/2- Savia dictiocarpa/ 3 –(SCFI 07)/ 4 - Swartzia acutifólia/ 5 - Tetragastris catuaba/ 6 - Acacia bahiensis/ 7 Anadenanthera macrocarpa/ 8 - Piptadenia stipulacea/ 9 - Sapium glandulosum/ 10 - Aspidosperma pyrifolium/ 11 - Declieuxim
chiococcoides/ 12 - Macrolobium chrysostachyum/ 13 - Anadenanthera colubrina/ 14 - Qualea sp/ 15 - Qualea megalocarpa/ 16 Platycyamus regnelli/ 17 - Psidium sp.)
Figura 5.2.1 - Perfil esquemático da vegetação da caatinga arbustiva / arbórea
Figura 5.2.2 – Perfil esquemático da vegetação do campo rupestre
169
(1 - Acacia bahiensis/ 2 - Vellozia alicata/ 3 - Micranthocereus purpureus/ 4 - Manihot eprimosa/ 5 - Crotalaria mucronata/ 6 - Allamandra
puberula/ 7 - Melocactus zehntneri / 8 – Bromelia laciniosa / 9 – Cereus jamacaru)
5.2.1.2 Macrofauna
i) Identificação qualitativa da fauna da área de influência direta do empreendimento, incluindo
listagem taxonômica com ênfase para as espécies endêmicas, raras, ameaçadas de extinção,
indicadoras da qualidade ambiental e de interesse econômico e científico;
5.2.1.2 Macrofauna
i)
Identificação qualitativa da fauna da área de influência direta (AID) do
empreendimento, incluindo listagem taxonômica com ênfase para as espécies
endêmicas, raras, ameaçadas de extinção, indicadores da qualidade ambiental e de
interesse econômico e científico;
De forma geral, a fauna é típica de regiões semi-áridas, sendo que a herpectofauna, a
ornitofauna, e a mastofauna apresentam-se como os grupos de animais mais representativos.
De acordo com Freitas e Silva (2007), os anfíbios da Caatinga apresentam a menor diversidade
de espécies entre todos os biomas brasileiros, o que se deve, ao baixo índice pluviométrico e a
irregularidade das chuvas. Nas atividades de campo e através de entrevistas foi possível levantar
rãs (Rana sp), o sapo-cururu (Bufo sp), e representantes do gênero Leptodactylus.
Os répteis, juntamente com as aves, apresentam-se como os grupos mais amplamente
distribuídos na região, cuja incidência de ocorrências de seus representantes foi os que mais
obtiveram referências dos moradores locais que foram entrevistados.
A fauna de répteis é bastante variada nas caatingas de forma geral, tendo papel muito
relevante, sobretudo, na manutenção da cadeia alimentar, a exemplo de lagartos, que atuam
como reguladores das populações de insetos, servindo de alimento para outros vertebrados
como cobras.
Dentre as cobras peçonhentas da região, destacam-se as do gênero Bothrops (Fotografia 5.2.27)
e as cascavéis (Crotalus durissus), principalmente nas áreas de substrato rochoso.
.
Fotografia 5.2.27 – Carcaça de cobra do gênero Bothrops encontrada nas margens da BA 052
(AII: Zona de Amortecimento do Parque Estadual do Morro do Chapéu).
UTM: 247284.86 mE/8728118.64 mS.
Fonte © Leida Baracat de Oliveira. 13-01-2011.
Dentre as aves pode-se destacar a granívora pardal (Passer domesticus), bastante comum que
ocupa área com influência antrópica, assim como os urubus-de-cabeça-preta (Coragyps
atratus), sendo encontrado, dentre outros o urubu-de-cabeça-vermelha (Cathartes aura).
A mastofauna da área é representada por várias espécies como: Didelphis marsupialis (sarigüê);
Cerdocyon thous (raposa); Dasyphus septemcinctus (tatu); Callithrix jacchus (sagüi) e Carollia
perspicillata (morcego)
Moojen (1952), citado por Bordignon (2010) relata que ocorrem no Brasil, onze espécies de
Sciurideos, distribuídos em diferentes biomas, com exceção do Cerrado e da Caatinga.
Entretanto, foi justamente no contexto deste último bioma, mais especificamente na localidade
de Lagoinha (Coordenadas UTM 0246606- 8707375), em Morro do Chapéu, que foi relatado por
morador local, Sr. Alberto Bezerra da Silva, Sr. Beto, a ocorrência do roedor caxinguelê,
conhecido na região como serra-coco e que foi descrito por ele da seguinte forma: “um animal
que joga o seu rabo peludo sobre a sua própria cabeça” (informação verbal). É possível que se
trate da espécie Sciurus aestuans, uma das espécies de esquilos brasileiros, que possui cauda de
pelagem abundante, garras curvas e pontudas, adaptadas para escaladas em troncos e galhos
de árvores, o que lhes confere rápida e eficiente movimentação sendo, portanto, um animal
arborícola bem adaptado.
Dessa forma, o registro do animal na caatinga pode significar a expansão de sua zona de
ocorrência. Vale mencionar que a caatinga na sua citada zona de ocorrência, apresenta-se com
fisionomia de arbustiva-arbórea, o que pode se apresentar como um habitat favorável para o
estabelecimento do animal.
171
Os esquilos brasileiros ainda não são muito estudados. Pelo fato da caatinga se encontrar
verdejante, durante os períodos de campanha de campo, oferecendo disponibilidade de
alimentos. Os animais de modo geral sentem-se pouco atraídos pelas iscas de armadilhas e, em
particular, os esquilos são muito desconfiados e ágeis e investigam bastante as armadilhas antes
de entrarem. Na época em que a vegetação de caatinga apresenta-se com folhagem, a
observação também é dificultada e, quando observam a aproximação de possíveis predadores
escondem-se atrás de troncos ou permanecem imóveis, dificultando a sua observação. No
ambiente de caatinga tem os frutos do licurizeiro (Syagrus coronata), como uma das fontes de
alimentação.
Esses animais, os esquilos, costumam estocar sementes trazendo-as para suas tocas em “ocos
de paus” ou enterrando-as. Pelo fato de mudarem de território, terminam por esquecer onde as
deixaram ou, ainda, podem morrer predados por gaviões e felinos. Daí as sementes enterradas
terminam por germinar e os esquilos contribuem assim para a dispersão de sementes. É
possível que na caatinga tenham encontrado alimento, através de frutos de palmeiras, mas
estão vulneráveis pela presença marcante de felinos na região. Também próximos a habitações
podem ser predados por canídeos (raposa) e gatos domésticos ou até gatos ferais (gatos
domésticos que passaram a ter hábitos selvagens). É necessário que sejam feitas pesquisas para
melhorar conhecimento destes animais para que se possam estabelecer estratégias de
conservação dos mesmos.
Embora a presença de felinos tenham servido para indicar o bom estado de conservação do
ambiente, pois estes estão no topo da cadeia alimentar, de fato não é bem assim, pois dados
colhidos com criadores de caprinos, bovinos, eqüinos e até de galináceos, revelaram expressiva
diminuição de seus animais, o que atribuem e, até mostram a ação predatória de felinos.
Isto representa a adaptação dos felinos com o ambientes antropizados e o conflito entre
criadores e a conservação de destes animais, pois no objetivo de salvar as suas criações
terminam por matar estes animais.
A listagem taxonômica da fauna encontra-se no Anexo VI.
Espécies da fauna raras e ameaçadas de extinção
A espécie Xylopa (Diaxylocopa) truxali, aparentemente não tem nome popular. É um inseto da
Ordem Hymenoptera da família Apidae muito pouco conhecida e informações sobre ela são
praticamente inexistentes. Este animal é uma espécie endêmica dos campos rupestres, onde
ocorre em pequenas populações isoladas, associadas a agregações de espécies de canela-deema-grande (Vellozia spp.) da Família Velloziaceae, em cujos ramos mortos elas nidificam. Na
Bahia, o único registro conhecido é no Morro do Chapéu, cujo exemplar está na coleção do
172
Departamento de Zoologia da Universidade Federal do Paraná, segundo o Livro Vermelho de
Espécies Ameaçadas de Extinção). (MMA/FUNDAÇÃO BIODIVERSITA, 2008).
Para o reconhecimento das espécies animais em extinção, foi utilizada a nova lista do Ministério
do Meio Ambiente (MMA) - Lista Nacional das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de
Extinção - Instrução Normativa nº 3, de maio de 2003. Nesta lista, especificamente para o
Estado da Bahia não inclui nenhum anfíbio, mas sim aves, insetos, invertebrados terrestres,
mamíferos, e répteis descrevem-se estas espécies, adjudicando-lhes a categoria de ameaça.
Vale destacar a ocorrência do beija-flor-de-gravata-vermelha (Augastes lumachellus) para a
Chapada Diamantina e que está incluído na lista vermelha da União Internacional para a
conservação da natureza (IUCN) como quase ameaçada, bem como do colibri-dourado
(Hylocharis chrysura) no vale do rio Ferro Doido e a Aratinga cactorum (Sick, 1986), conhecida
como periquitão ou periquito-da-caatinga, que é endêmica do NE brasileiro (SOUZA & BORGES,
2008). A Papyrus Soluções (2011, p. 24 e 25) acrescenta, ainda segundo a lista da IUCN, o zabelê
(Crypturellus noctivagus) considerado como quase-ameaçado; a jacucaca (Penelope jacucaca); o
torom-do-nordeste (Hylopezus ochroleucus), endêmico quase-ameaçado e o rabo-branco-decauda-larga (Anopetia gounellei), endêmico.
Com referência aos mamíferos, vale destacar o registro de representantes da Família Felidae,
considerando-se, sobretudo, que todas as espécies brasileiras encontram-se ameaçadas de
extinção. Embora os felinos sejam animais de hábitos solitários e, predominantemente
noturnos, são escassas observações de campo, porém foram avistados cruzando estradas
indivíduos de algumas espécies, a exemplo da suçuarana ou onça-parda (Puma concolor), que é
a segunda maior espécie de felino do Brasil, que vive em área de vegetação primária e
secundária, a onça-pintada ou onça- preta (Panthera onca), que é o maior felino do Continente
Americano, outras espécies de menor porte como o gato-do-mato-pequeno, o Leopardus
tigrinus, que é a menor espécie de felino da região e o gato-mourisco (Herpailurus
yagouaroundi) de porte pequeno-médio com cabeça pequena, alongada e achatada. No que se
refere as onças pintadas, segundo Ricardo Westin (Revista Veja – 09/02/2011) “o reinado [...]
está ameaçado” e chama a atenção para Caatinga, citando que estudos realizados pelo Insituto
Onça Pintada estimam apenas 327 onças para esta região. (WESTIN, 2011). Também destaca
como livro abrangente sobre o tema, de autoria do ecólogo Evaristo Eduardo de Miranda e da
Jornalista Liana Jonh, Jaguar: O Rei das Américas, publicado em 2011.
A Resolução 005 de 6 de agosto de 1987 do CONAMA determinava, que animais troglóbios são
considerados como ameaçados de extinção. Atualmente a Resolução CONAMA 347 de 2004
determina, que qualquer atividade que ameace o patrimônio espeleológico brasileiro inclua em
sua avaliação de impactos: [...] VI a diversidade biológica.
173
Listagem da fauna da AID
As espécies levantadas pela equipe da V&S Ambiental (2010/2011), juntamente com aquelas
registradas pela Lacerta (2010), que incluem os resultados do monitoramento prévio de aves e
morcegos na área do empreedimento proposto foram ordenadas na tabela do anexo VI. A
listagem foi organizada, seguindo a classificação sistemática para os diversos grupos animais.
Para cada organismo foram fornecidos o nome científico, o nome vulgar, o status, a área de
ocorrência e forma de registro. Esta listagem geral, que também inclui dados de levantamentos
secundários realizados pela V&S Ambiental, abrange a Área de Influência Indireta – AII.
Uma vez que foram realizados estudos complementares pela Papyrus Soluções (2011),
resultando em listagens específicas para avifauna e quiropterofauna, estas estão citadas no
itens 0 (Quirópteros) e no item p (Avifauna) e estão apresentadas no relatório no anexo IX.
Espécies da fauna que possuem valor econômico
A cultura milenar de populações indígenas, convivendo em ambiente semiárido é detentora de
informações, muitas das quais permanecem até hoje sendo utilizadas pelo ser humano que vive
nas caatingas, em condições muito primitivas e com difícil acesso aos ambientes urbanos de
grandes centros. Daí o Estado da Bahia que possui a maior área de caatinga, dentre os estados
brasileiros possui relatos e experiências com a interação do conhecimento dos nativos com a
fauna, embora o relato de experiências desses com a fauna ainda seja incipiente.
Entretanto, muitos animais pertencentes a diferentes grupos, desde moluscos até mamíferos
com ocorrência também na caatinga são conhecidos e reconhecidos na Zooterapia popular no
Estado da Bahia. Isto, de qualquer maneira representa um grande potencial para estudos de
fármacos. Nesse contexto, de acordo com Costa Neto (1999), podem ser citadas, por exemplo, a
banha do sapo-cururu (Bufo paracnemis), que quando pingada sobre feridas ajuda no processo
de cicatrização, assim como a banha do teiú (Tupinambis merianae). Daí todo animal ocorrente
na caatinga se constitui num grande potencial econômico.
A potencialidade apícola se constitui em outro aspecto de valor econômico da caatinga, que
com sua vegetação silvestre, intensidade de floradas naturais, riqueza nectapolinífera,
anualmente produz milhares de toneladas de mel puro e orgânico na natureza, que deixam de
ser colhidos. Existe hoje um grande interesse mundial por produzidos por abelhas pelo fato de
que estes têm propriedades medicinais e nutritivas incomparáveis. Em particular produtos das
abelhas nativas são bastante utilizados pela medicina popular a exemplo da abelha Plebéia sp.,
que é utilizada para curar “sapinho” de criança e o mel é consumido para tratar dores de
garganta, como também a jataí cujo mel é pingado no olho para tratar glaucoma. (COSTA NETO,
1999).
174
As abelhas mandaçaias possuem ninhos grandes com potes de 15 cm 3, não sendo raro o
encontro de vários litros de mel de sabor agradável e aromático no ninho. (VON IHERING, 1968,
p.428). São consideradas rústicas e fáceis de criar. Deve-se tomar cuidado no manejo das
meliponas em relação aos forídeos, pois embora sejam raras, as colônias não resistem à
mortalidade da cria, se o trato não for adequado. (Disponível em:
http://meliponariodaserra.blogspot.com/2010/01/abelha-mandacaia.html. Acessso em: 19 de
agosto de 2010).
Para o apicultor e meliponicultor Sebastião Ramos Gonzaga, de Curitiba (PR), as mandaçaias
têm potencial econômico, porém devem ser tomados cuidados com a criação e produção de
mel:
Se os criadores não passarem simplesmente a ser meros extrativistas, e criar e manter as
Meliponinae, existentes em suas regiões, no seu habitat, com micro-clima bem definido e
ambientado não haverá problemas de extinção. Também é preciso ficar de olho nos locais com
distância maior que 50 km do local de origem. Isso já pode trazer dificuldades para a adaptação ao
micro-clima, quando se trata dos Meliponinae", explica.
Ele diz ainda que se deve formar as colônias, dividindo os enxames apurando conhecimentos,
dominando esta ou aquela técnica, freqüentando cursos, comparecendo a encontros, simpósios,
congressos,etc., pois a troca de informações é vital. Aperfeiçoar-se sempre é imprescindível para se
obter sucesso. "Os meliponários devem ser instalados em regiões de boa florada, onde não existam
apiários instalados, água poluída, e muitos predadores naturais como a irara, as formigas, a alma de
gato, os bem-te-vis, os siriris, etc., preferencialmente em ranchos com certa segurança, o que
impede
a
presença
de
visitantes
indesejáveis",
(Disponível
em:
http://www.scribd.com/doc/6555540/Melipona-Quadrifasciata-aia-e-Anthidioidessão. Acessso em:
19 de agosto de 2010).
Dessa forma, assim como em qualquer outra atividade econômica deste gênero, o mel deve
passar pelo processo de higienização, pasteurização para ser consumido, considerando-se que
estas abelhas apresentam hábitos pouco higiênicos como visitar estercos.
j) Identificação e mapeamento em escala compatível dos sítios de reprodução, nidificação,
deslocamento, áreas de dessendentação, incluindo áreas de circulação e/ou pousio de aves
migratórias e quirópteros;
j) Identificação e mapeamento em escala compatível dos sítios de reprodução,
nidificação, deslocamento, áreas de dessedentação, incluindo áreas de circulação e/ou
pousio de aves migratórias e quirópteros.
Neste item foram consideradas como sítios de reprodução, de nidificação as áreas em que a
vegetação encontra-se mais preservada, pois oferece melhor condições de desenvolvimento de
seus nichos ecológicos, constituindo-se em abrigo, dentre outros. Na área de estudo, a caatinga,
que é o bioma predominante, oferece vários sítios favoráveis. Também foram considerados os
175
ambientes dos corpos d’água (rios, riachos, córregos, tanto os permanentes quanto os
temporários e lagoas), e seu entorno, pois servem principalmente como áreas de circulação
para acesso à água, com pontos para dessedentação. Muitas espécies preferem esses
ambientes para reprodução, refúgio e alimentação. Em particular, algumas aves aquáticas
nidificam nestes ambientes e, até mesmo, aves terrestres costumam desempenhar essa função
em suas margens úmidas. O mapa de caracterização de sítios de relevância para a fauna na
escala de 1:100.000, encontra-se Anexo.
Estudos de aves aquáticas ou associadas a esses ambientes, realizados pela Papyrus Soluções,
acrescentam os tanques e outras lagoas à sua área de observações. Além da Lagoinha, incluiram
a Lagoa do Cemitério, a Lagoa do Eucalipto e a Lagoa do Araça. (Anexo I - Mapa de Pontos de
Amostragem – Lagoas e Tanques, escala 1:100.000 in PAPYRUS SOLUÇÕES, 2011)
A proximidade com áreas úmidas, como a Lagoa das Velhas no Parque Estadual do Morro do
Chapéu (AII) (Fotografia5.2.28), do Rio das Pedras (Fotografia 5.2.29), e da Lagoinha, que estão
na AID, oferece condições para atender as necessidades do nicho ecológico de animais, a
exemplo de aves migratórias, que se utilizam desses ambientes, não só para dessedentação,
mas também para pousio. Os répteis encontram abrigo nos lagedos na margem do Rio das
Pedras, em área de campo rupestre. (Fotografia 5.2.30).
Fotografia 5.2.28 - Lagoa das Velhas no Parque
Estadual Morro do Chapéu - BA. Coordenada:
UTM 245593.82mE/8727921.78mE.
Fonte - © Leida Baracat de Oliveira, 13.01.2011.
Fotografia 5.2.29 – Córrego das Pedras em área
de Campo Rupestre.
Coordenada: UTM 0234544 / 8691672 .
Fonte - ©Leida Baracat de Oliveira, 13.01.2011.
176
Fotografia 5.2.30 – (Tropidurus sp.), na área de Campo Rupestre (AID). Coordenada:
UTM 0234544 / 8691672. Fonte – Alexandre Filgueiras Mota, 14.01.2011.
Dentre outros animais, aves migratórias, endêmicas, etc. se utilizam desses ambientes, não só
para dessedentação, reprodução, mas também para pousio.
A única espécie de movimentos intercontinental encontrada na região durante a amostragem
pela equipe da Papyrus Soluções foi o maçarico-pintado (Actitis macularius). (PAPYRUS
SOLUÇÕES, 2011, p. 23). Citam também espécies endêmicas da caatinga como o periquito-dacaatinga (Aratinga cactorum); espécies em atividade reprodutiva como o beija-flor-tesoura
(Eupetomena macroura) e o gibão-de-couro (Hirundinea ferruginea) adulto e ninho e aves
aquáticas como o maçarico-pintado (Actitis macularius), a galinha-d’água (Gallinula galeata),
Irerê (Dendrocygna viduata) e o quero-quero (Vanellus chilensis), associadas aos tanques e
lagoas da região do empreendimento proposto, incluindo fotos de arquivos pessoas. (PAPYRUS
SOLUÇÕES, 2011, p. 21 a 23)
Somente na Lagoinha a equipe da Papyrus Soluções encontraram 12 indivíduos da espécie
aquática pato-irerê (Dendrocygna viduata), chamando a atenção, citando que estes formam
grandes grupamentos (NASCIMENTO e SCHULZ-NETO, 2000 in PAPYRUS SOLUÇÕES, 2011, p.23),
o que se constituiria em risco de choque com aerogerados, ao mesmo tempo que sinalizam a
dificuldade de acontecer, a julgar pela situação do ambiente, que tem seu corpo d´água
reduzido e sofre interferência de usuários (PAPYRUS SOLUÇÕES, 2011, p. 22, com modificações),
podendo-se acrescentar a esse cenário a ação do gado, como citado a seguir.
Na Lagoinha o gado dos sítios locais (Fotografia 5.2.32), convivem com libélulas, jaçanãs (Jacana
jacana), pois acessam o local para beber água, o que se constitui em problema, pois as margens
úmidas são muito pisoteadas. Nas bordas da lagoa também pôde ser observada aves em
deslocamento ou pousadas em cerca como o garibalde (Agelaius ruficapillus). (Fotografia
5.2.34).
177
Fotografia 5.2.31 - Lagoa na localidade de
Lagoinha com jaçanã (Jacana jacana), (AID).
Coordenada: UTM 0246606/ 8707375.
Fonte - Leida Baracat de Oliveira, 15.01.2011.
Fotografia 5.2.32 – Gado na margem da
lagoa e Lagoinha (AID).
Coordenada: UTM 0246606/8707375.
Fonte - Leida Baracat de Oliveira,
15.01.2011.
Fotografia 5.2.33 – Libélula na lagoa
na localidade de Lagoinha (AID).
Coordenada: UTM 0246606/ 707375.
Fonte - Leida Baracat de Oliveira,
15.01.2011.
Fotografia 5.2.34 – Garibalde Agelaius ruficapillus
na borda da lagoa, em Lagoinha (AID).
Coordenada: UTM 0246606 / 8707375.
Fonte - Leida Baracat de Oliveira, 15.01.2011.
Todos os ambientes são áreas de circulação da fauna, sejam de formações vegetais abertas ou
fechadas. Foram mapeadas e estudadas a Gruta do Cristal I e a Gruta do Cristal II localizadas na
Fazenda Cristal, ambientes que se constituem em sítios especiais de reprodução e nidificação da
quiropterofauna, embora estes possam ser encontrados em outros ambientes a exemplo de
cupinzeiros.
Entre as duas grutas supracitadas, a Cristal I consta como a ocorrência mais importante “que é
praticamente desprovida de espeleotemas, e tem como principal característica um padrão de
desenvolvimento espacial do tipo labiríntico reticulado. Devido à sua complexidade, essa gruta
ainda não foi totalmente explorada, mas seu comportamento físico e genético sugere um
grande potencial no que se refere ao desenvolvimento de galerias intercomunicantes.”
(SRIVASTAVA & ROCHA, in BRASIL/DMPN/ CPRM, p.92, 2002).
178
Segundo Srivastava & Rocha (2002), existem quatro entradas para a Gruta Cristal I, e a visitação
é praticamente restrita aos moradores da região. No entanto, vale ressaltar que a estrutura
geológica da gruta tem favorecido vários desmoronamentos, criando outras aberturas e,
consequentemente novas áreas de acessos para animais.
Ainda segundo os referidos autores, por se tratar de uma caverna seca esta é dependente dos
morcegos, “que funcionam como “importadores de energia”, sendo seus excrementos e
cadáveres base da cadeia alimentar dos animais que habitam o seu interior”.
As áreas de alimentação são constituídas não só por áreas naturais, que se apresentam
desfavoráveis nos períodos de estiagem, mas também por pomares situados nas localidades da
região.
k) Identificação de espécies vetores e/ou reservatórios de doenças;
k) Identificação de espécies vetores e/ou reservatórios de doenças.
De maneira geral, vários animais silvestres são considerados vetores e reservatórios de doenças,
entretanto estes representam menos riscos quando se encontram confinados aos seus
ambientes naturais preservados. Com a ocupação de seus habitats pelos seres humanos o risco
de transmissão de doenças aumenta grandemente. Dentre os animais silvestres, que mantém
maior contato com a população humana, devido ao fato de serem utilizados, através da caça
para alimentação, destacam-se os tatus-galinhas Dasypus septemcinctus (tatu-verdadeiro ou
tatu-galinha-pequeno) e o Dasypus novemcinctus (tatu-galinha), que segundo Deutsch e Puglia
(1988, p.94) também são vetores da hanseníase (lepra) e do tifo e doença de chagas. Este
último tatu é apontado também como hospedeiro do fungo Paracoccidioides brasiliensis, que
causa a doença PCM ou Blastomicose Sul Americana (FRANCO et.al., 1994 apud PEREIRA Jr. e
BAGAGLI, 2010).
A doença PCM ou Blastomicose Sul Americana é caracterizada por uma micose sistêmica
causada pelo fungo patogênico dimórfico P.brasiliensis, resultando no desenvolvimento de
lesões granulomatosas em órgãos. (FRANCO et.al., 1994 apud PEREIRA Jr. e BAGAGLI, 2010.
p.3). Já a porta de entrada da doença é através dos pulmões, por inalação de partículas fúngicas
(conídias) infectantes encontradas na natureza. (BUSTAMANTE et al., 1985; McEWEN et al.,
1987 apud PEREIRA Jr. e BAGAGLI, 2010, p.3.).
Quanto à doença de Chagas, enfermidade endêmica na América Latina, “a principal via de
infecção pelo T. cruzi é a transmissão vetorial, correspondendo a 80% dos casos da doença de
Chagas e está relacionada às características próprias dos vetores, baixas condições sociais e
179
ação desordenada do homem sobre o meio ambiente.” (ARAS et al., 2003). Tem como
reservatórios além de tatus, sariguês (gambás) ou pequenos roedores. Herrera, (s.d) cita que
cada bioma da América Latina, e em cada habitat em particular, podemos encontrar diferentes
espécies de mamíferos sustentando diferentes ciclos de transmissão que podem estar isolados
ou conectados. Esse caráter é particular e único para cada determinada localidade.” E
acrescenta:
[...], quando se discute a questão de potenciais reservatórios para T. cruzi, precisamos ter em mente
que o simples fato de um indivíduo ser encontrado naturalmente infectado não quer dizer
necessariamente que ele venha a constituir um risco à saúde de sua população, de outras espécies
simpátricas ou do homem. Ainda, o papel que cada espécie de hospedeiro desempenha na dispersão
e/ou manutenção do parasito pode ser extremamente inconstante devido à (i) complexidade dos
processos e inter-relações ecológicas e (ii) pressão do homem em modificar cada vez mais os
ambientes.
Aqui se pretende apenas destacar as espécies de mamíferos silvestres e domésticos que foram
encontradas naturalmente infectadas pelo T. cruzi e podem, sob determinadas circunstâncias
ambientais e sociais, atuar como potenciais reservatórios da infecção.
Alguns dos animais silvestres descritos [...] como tatus aproximam-se das casas, freqüentando
galinheiros, currais e depósitos na zona rural. Esse fato também é observado na periferia de algumas
cidades. Em alguns casos, como os morcegos, compartilham ambientes com o homem e animais
domésticos. Deste modo, essas espécies podem estar servindo como fonte de infecção aos insetos
vetores reduvídeos que habitam os mesmos habitats dos humanos. (HERRERA, s.d)
Vale ressaltar ainda segundo o autor supracitado sobre a relação dos morcegos como
hospedeiros para o T. cruzi, que estes mamíferos devem ser considerados nos estudos
epidemiológicos da doença de Chagas por diversos motivos, a saber:
“ (i) adaptação de muitas espécies ao domicílio humano, (ii) serem abundantes e (iii) pelas taxas de
parasitismo bastante elevadas (80% dos exemplares capturados no Pará e 75% do estado de São
Paulo). Especialmente Molossus molossus, uma espécie bastante comum encontrada em muitos
habitats, é tipicamente associada às habitações humanas e cidades, mais do que aos ambientes
naturais. Isolados de T. cruzi oriundos dessa espécie foram caracterizados como TCI e Z3. [...] Desta
forma, a semelhança dos tatus, os morcegos também participam de diferentes ciclos de transmissão,
porém, diferentemente dos tatus, ocupam extratos acima do solo como ocos de árvores, folhas de
bananeiras e forros de habitações humanas e construções rurais. (HERRERA, s.d).
Outro tatu, potencial hospedeiro reservatório da infecção de T. cruzi para o homem é o
Euphractus sexcintus, conhecido vulgarmente como tatu-peba. Segundo Herrera (s.d) do
Laboratório de Biologia de Tripanossomatídeos, Instituto Oswaldo Cruz, Fiocruz, “em áreas periurbanas e rurais é comum o tatu peba invadir galinheiros a procura de ovos e/ou animais,
aproximando-se desta forma do ambiente peridomiciliar podendo servir assim como fonte de
infecção aos vetores.” Os tatu como tamanduás constituem, segundo o autor em “parte da
dieta de povos [...] e pessoas que habitam áreas com baixa condição econômica, e que tanto a
manipulação da carcaça como a ingestão da carne mal cozida de animais infectados podem
constituir fontes de infecção.”
180
Por sua vez, o molusco do gênero Biomphalaria, quando infectado, pode transmitir a
esquistossomíase mansônica ou intestinal, doença que acomete a população local. Os
caramujos hospedam as fases de esporocistos ou miracídeos do Schistosoma mansoni, sendo
que a fase de miracídio antecede ao estágio de cercária, que se movimentam na água, após
deixar o caramujo nas horas de sol, podendo infestar o ser humano até 60 horas após saírem do
mesmo.
Outro causador de doenças é o mosquito Aedes aegypti, que transmite dengue e também febre
amarela em área urbana. As informações sobre o comportamento do mosquito, modo de
transmissão da doença e os ambientes propícios para reprodução desses insetos apresentadas a
seguir estão também de acordo com o Site http://www.combatadengue.com.br/o-mosquito/,
disponibilizado pelo Ministério da Saúde.
O Aedes aegypti pode ser facilmente reconhecido por apresentar características observáveis a
olho nu, chamando a atenção, principalmente para listras brancas no corpo e nas pernas,
medindo menos de um centímetro. As fêmeas e os machos vivem geralmente em domicílios e
áreas peridomiciliares, de hábito diurno costuma picar nas primeiras horas da manhã e nas
últimas da tarde, evitando o sol forte, mas, mesmo nas horas quentes, pode atacar à sombra,
dentro ou fora de casa.
Temperatura e umidade relativa são primordiais para o desenvolvimento do mosquito Aedes
aegypti e, principalmente, para manter os ovos viáveis mesmo fora d’água. Além de serem
densamente povoadas, as cidades apresentam índices de umidade relativa do ar elevados e
temperaturas entre 25 e 30ºC, condições ideais para a multiplicação do vetor que favorecem o
desenvolvimento da larva. Abaixo e acima destas temperaturas o Aedes aegypti diminui sua
atividade. Acima de 42ºC e abaixo de 5ºC ele morre. Dessa forma, muitas cidades brasileiras
possuem as condições propícias para o desenvolvimento do Aedes aegypti. Em média, o
mosquito vive em torno de 30 dias e a fêmea chega a colocar entre 150 e 200 ovos de cada vez.
Uma vez com o vírus da dengue, a fêmea torna-se vetor permanente da doença e calcula-se
que haja uma probabilidade entre 30 e 40% de chances de suas crias já nascerem também
infectadas. (Texto com modificações. Disponível em: http://www.combatadengue.com.br/omosquito/ disponibilizado no portal do Ministério da Saúde. Acesso em 18.02.2010.).
Os ovos não são postos na água, e sim milímetros acima de sua superfície, em recipientes tais
como latas e garrafas vazias, pneus, calhas, caixas d’água descobertas, pratos de vasos de
plantas ou qualquer outro que possa armazenar água de chuva. Quando chove, o nível da água
sobe, entra em contato com os ovos que eclodem em pouco mais de 30 minutos. Em um
período que varia entre cinco e sete dias, a larva passa por quatro fases até dar origem ao
mosquito adulto.
181
Pelo fato do Aedes aegypti se caracterizar por ser um inseto de comportamento estritamente
urbano, sendo raro encontrar amostras de seus ovos ou larvas em reservatórios de água nas
matas, é muito importante que todos participem do combate aos focos do vetor nos ambientes
que propiciam seu desenvolvimento de forma a se evitar que a dengue, doença infecciosa
aguda chegue a quadros de epidemias, que geralmente ocorrem no verão, após os períodos
chuvosos. (Texto com modificações. Disponível em: http://www.combatadengue.com.br/omosquito/ disponibilizado no portal do Ministério da Saúde. Acesso em 18.02.2010.) Este site
disponibiliza dicas, materiais, a exemplo de vídeos para o Brasil e específicos sobre o nordeste
para que as pessoas organizem mobilizações para combate ao mosquito e para prevenção da
dengue.
Resumo sobre vetores/reservatórios de doenças e respectivas doenças.
VETORES E/OU RESERVATÓRIOS DE DOENÇAS
Dasypus septemcinctus (tatu-verdadeiro ou tatu-galinha-pequeno)
Dasypus novemcinctus (tatu-galinha)
Dasypus novemcinctus (tatu-galinha)
DOENÇAS
Hanseníase (lepra); tifo e doença
de chagas.
Euphractus sexcintus (tatu-peba)
PCM ou Blastomicose
Americana.
Doença de chagas.
Sul
Biomphalaria sp. (molusco)
Esquistossomíase mansônica.
Aedes aegypti.
- Dengue.
- Febre Amarela em área urbana.
l) Identificação do habitat e nicho ecológico das espécies;
l) Identificação do habitat e nicho ecológico das espécies
O habitat de um organismo, é o local onde este vive, podendo-se ilustrar aqui espécies em seus
habitas em área de caatinga (AID) como lagartos (Fotografia 5.2.35), escorpiões (Fotografia
5.2.36) e borboletas (Fotografia 5.2.37) no campo rupestre. Já com referência ao nicho
ecológico, este termo tem maior âmbito, além do espaço físico ocupado por um organismo,
inclui o seu papel funcional na comunidade, com ênfase à sua posição na estrutura trófica. Daí
este aspecto é apresentado a seguir, encontrando-se atendido também nos itens m - Descrição
geral das inter-relações fauna-fauna e fauna-flora e no item o – Quirópteros e no item p –
Avifauna.
182
Fotografia 5.2.35 – lagarto (Cnemidophorus
ocellifer) na área de Caatinga (AID).
Coordenada: UTM: 0234964/ 8691421.
Fonte – Alexandre Filgueiras Mota, 14.01.2011.
Fotografia 5.2.36 – Escorpiões (Tityus
serrulatus) com filhotes em área de Caatinga
(AID). Coordenada: UTM 234973.29
mE/8691431.03 mS.
Fonte–Leida Baracat de Oliveira, 14.01.2011.
Fotografia 5.2.37 – Lepdópteros na área de Caatinga (AID), nas margens do Córrego das
Pedras. Coordenada: UTM: 0234964/ 8691421. Fonte – Alexandre Filgueiras Mota, 14.01.2011.
O lagarto foi encontrado sob rocha em pequena escavação e o escorpião Tityus serrulatus, que
também se encontrava sob rocha, estava com seus filhotes. As borboletas foram registradas em
áreas de campo rupestre (AID) nas margens do Córrego das Pedras.
O começo das chuvas provoca o aumento da população de insetos, principalmente de
lepdópteros, beneficiando as aves insetívoras que, por sua vez, possuem um ciclo reprodutivo
que depende do regime de chuvas e da disponibilidade de alimentação. As espécies de aves
insetívoras a exemplo das lavadeiras (Fluvicola nengeta) exercem, importante papel no controle
biológico de cigarrinhas, gafanhotos e outros insetos prejudiciais à agricultura e pastagens. Os
cupins abundantes na região atraem o joão-de-barro (Furnarius rufus), que se alimenta,
predominantemente, desses insetos.
As aves podem ser restritas a um único grupo, no que diz respeito à dependência do tipo de
alimentação, mas outras podem ser, ora frugívoras ora insetívoras, e algumas podem, até
183
mesmo, ser onívoras. Isso está muito dependente da característica climática, das estações do
ano e disponibilidade de alimento e do ambiente em que haja dominância da espécie. Pelo fim
da época seca, há maior abundância de frutas, favorecendo as frugívoras, sendo que as
granívoras a exemplo do papa-capim (Sporophila nigricollis) são dependentes da maturação de
sementes. Já entre os representantes dos carnívoros está o gavião quiriquiri (Falco sparverius)
(Fotografia 5.2.38), que alimenta-se principalmente de invertebrados. Eventualmente, também
apanha pequenos vertebrados como camundongos, aves e cobras (SICK, 1997). Assim estas
aves destacam-se, também, como controladoras naturais de animais peçonhentos.
Fotografia 5.2.38 - Falcão-quiriquiri (Falco sparverius), sinalizado em vermelho,
na margem de estrada. UTM: 24L 0250692/8711143.
Fotografia: © Leida Baracat de Oliveira.
De acordo com a Papyrus Soluções (2011, p. 24 e 25) as caatingas em bom estado de
conservação da área proposta para o empreendimento, têm papel importante na manutenção das
aves dependentes de florestas, porém faltam estudos sobre fragmentação desses tipos de
ambientes, que subsidiem avaliação real do efeito desses impactos sobre a fauna. Destacam entre
espécies dependentes de ambientes florestais o zabelê (Crypturellus noctivagus) considerada
como quase-ameaçado, segundo IUCN; a jacucaca (Penelope jacucaca); o torom-do-nordeste
(Hylopezus ochroleucus), endêmico quase-ameaçado (IUCN) e o rabo-branco-de-cauda-larga
(Anopetia gounellei), endêmico.
Na listagem das espécies de ocorrência da avifauna na área de estudo organizada pela Papyrus
Soluções (2011, pp. 32 a 40), que inclui os estudos da Lacerta (2010), estão contempladas a
dependência de habitat florestal pelas aves registradas, segundo critérios de Stotz et al. (1996):
D=dependente, I=independente e S=semi-independente. (Quadro 2.1.7-1: Lista preliminar da
avifauna no Complexo Eólico Cristal (Cafarnaum, Morro do Chapéu e Bonito, Bahia, Brasil)
184
(anexo IX).
Com relação aos mamíferos vale destacar os marsupiais do gênero Didelphis, que vivem em
ocos de paus e possuem dieta onívora, incluindo invertebrados, pequenos vertebrados, ovos e
frutos, sendo considerados um importante dispersor de semente e os Tamandua tetradactyla,
animais arborícolas cuja alimentação consiste em abelhas, formigas e cupins de árvores e de
chão. O tatu Euphractus sexcintus vive, principalmente em ambientes abertos e se alimenta de
invertebrados, principalmente formigas, pequenos vertebrados, sementes e frutos. Já o
Dasypus novemcinctus acrescenta na sua sua dieta a carniça.
O papa-mel ou irara (Eira Barbara) vive em tocas feitas por outros mamíferos ou em ocos de
árvores e a dieta é constituída por outros animais como aves, frutos e mel.
Os felinos de grande porte têm como preferência alimentar mamíferos tais como, incluindo
aqueles que fazem parte de criações domésticas.
Nesse contexto, os diversos representantes da fauna desempenham papel muito importante nos
ambientes da caatinga, como reguladores das comunidades de insetos e pequenos vertebrados,
além de atuarem, a exemplo da avifauna como disseminadoras de sementes e como agentes
polinizadores.
m) Descrição geral das inter-relações fauna-fauna e fauna-flora;
m) Descrição geral das inter-relações fauna-fauna e fauna-flora
Dando continuação a descrição dos hábitats preferenciais e nicho ecológico do item anterior,
acrescentam-se aqui aspectos sociais tais como, interações inter e intraespecíficas de algumas
espécies. As interações referentes à fauna cavernícola, por se tratarem de assunto mais
específico, são apresentadas no item Fauna Cavernícola em seu subitem Caracterização das
Interações Ecológicas da Fauna Cavernícola e desta com o Ambiente Externo.
As interações inter e intraespecíficas ficam evidentes, quando se observa, por exemplo, os
materiais abundantes em toda a região, não havendo área específica para mapeamento, e que
os animais usam como alimento e também para construírem abrigos e camuflarem ninhos.
Entre os mais evidentes estão artrópodes e aves. Merece destaque o cupim, inseto da Ordem
Isoptera, facilmente encontrados na região, pois estes são considerados como organismos
chaves, ou seja, aqueles que, se fossem extintos totalmente, causariam profundas alterações na
biota, ameaçando a sobrevivência de várias outras espécies. Os cupins são xilófagos,
alimentando-se de tecidos vegetais, sendo responsáveis pelo ataque de muitas madeiras no
185
ambiente natural de plantas cultivadas frutíferas e ornamentais, contribuindo também para a
decomposição desses materiais, atuando na ciclagem de nutrientes e na estruturação dos solos.
Eles servem de alimento para vários grupos diferentes de animais, constituindo-se, no caso de
alguns deles, como pelo menos metade de sua dieta básica.
Entre os animais dependentes de cupins encontram-se aves, a exemplo do João-de-barro
(Furnarius rufus), cuja alimentação é constituída em 50% desses isópteros. Além dessas, os
tamanduás, os morcegos, os tatus, muitos sapos, rãs, muitos répteis como lagartos e cobras,
outros insetos como as himenópteras formigas e, até Odonatas, têm cupins em sua dieta.
Na região são encontrados marimbondos, que assim como os cupins, abelhas e formigas são
seres sociais capazes de se organizarem em castas - com a presença de uma rainha e várias
operárias, com divisão de trabalho. Estes podem utilizar na construção de ninhos fibras de
troncos e galhos de madeiras, algumas podem incorporar aos seus ninhos, até mesmo barros.
Os padrões de localização também variam, podendo ser fechados ou abertos, no berial de
telhados de casa e, até no chão como vespas-solitárias. De qualquer forma, o importante é que
os abrigos os protejam de predadores como pássaros.
As aves, por sua vez, diversificam os materiais usados tanto para fazer ninhos quanto para
camuflagem de seu habitat. Existem as que utilizam gravetos em seus ninhos como o casaca-decouro (Pseudoseisura cristata) e o graveteiro (Phacellodomus sp.). Já no ninho do bem-tevizinho (Myiozetetes similis) são usadas fibras retiradas de palmeiras, como os licurizeiros,
facilmente encontrados na região. Para camuflagem, algumas aves como os beija-flores usam
liquens foliáceos, que também são comuns na região. O material usado para camuflagem é tão
importante quanto para a construção do próprio ninho, representantdo segurança para a
sobrevivência da espécie construtora do ninho e seus ninhegos, pois se os predadores
descobrirem onde estes estão, a ave e seus filhotes ficam ameaçados.
Existem materiais para as aves cujos ninhos são sofisticados como o do joão-de-barro (Furnarius
rufus) e do beija-flor, que usa teias de aranha, musgos e liquens para firmá-los e outros são mais
simples como os das pombas rolinha-picuí (Columbina picui).
Ainda algumas aves como o sofrê (Icterus jamacaii) e periquitos conhecidos como cuiubinha ou
tuim-de-asa-azul (Forpus xanthopterygius), utilizam ninhos de outros animais. O sofrê utiliza o
ninho do casaca-de-couro e o tuim-de-asa-azul os ninhos de joão-de-barro. Outras aves
reutilizam o material utilizado no seu próprio ninho para construir outro, quando se sentem
ameaçadas mudando para lugares mais seguros ou perto de condições ambientais mais
favoráveis, tal como, próxima de fontes de água e alimentos como é o caso do bem-te-vizinho.
186
A relação fauna-flora tem destaque, através de insetos que, muitas vezes, são considerados
como pragas agrícolas, comumente encontrados nas áreas de árvores frutíferas silvestres e nos
pomares da região, como o hemíptero Pachycoris torridus, que se constitui em praga da acerola
(Malpighia glabra), dos araçazeiros (Psidum araca), da goiabeira (Psidium guajava), da
laranjeira (Citus sinensis) e da mangueira (Mangifera indica).
As moscas das frutas, com especial referência à Ceratitis capitata (Diptera: Tephritidae),
infestam a maioria das frutos carnosos, destacando-se as seguintes famílias e tipos de frutíferas:
Anacardiacea: manga (Mangifera indica); Mirtacea: goiaba (Psidium guajava). Na verdade a
Ceratitis capitata é classificada como polífaga por se alimentar de frutas de várias famílias de
plantas.
Animais de diferentes grupos dividem um mesmo nível trófico o que ficou bem evidente por
ocasião do trabalho de campo, em função da frutificação de muitas espécies, com destaque
especial para a mangueira (Mangifera indica), que atraia principalmente insetos como abelhas
do gênero Apis, assim como micro ácaros que atacam folhas e gemas da referida planta. A Apis
e o arapuá (Trigona sp.) também podem ser encontrados em atividades de polinização em florde-maracujá. Na localidade Lagoinha (AID – UTM 0246606 8707375, 13.17- Altitude), foi
registrada uma Apis em Solanácea Datura stramonium conhecida vulgarmente como
mamoninha-brava, saia-branca. (Fotografia 5.2.39).
Fotografia 5.2.39 - Abelha (Apis mellifera) em Solanácea (Datura stramonium) na
localidade Lagoinha (AID). Coordenada: UTM 0246606 / 8707375, 13.17- Altitude.
Fonte - Leida Baracat de Oliveira, 12-01-2011.
No meio da vegetação, tanto nativa como cultivada, em particular, nas áreas de frutíferas
cultivadas ocorrem formigas cortadeiras pertencentes a dois gêneros: Atta (saúvas) e Acromyrex
(quenquéns). As saúvas causam danos maiores. Vale destaque no grupo das formigas, a nêga187
mina (Dinoponera quadriceps), cujo nome tem haver com a sua coloração negra, está entre as
maiores formigas operárias do mundo e injetam uma toxina letal para suas presas que são,
baratas, besouros, piolhos-de-cobra até mesmo vertebrados como lagartos, e podem causar
efeitos danosos ao ser humano como reações alérgicas que podem levar até a morte.
Os predadores naturais das saúvas são principalmente aves, sapos, rãs, tatus, tamanduás,
lagartos, lagartixas, besouros.
Estudos realizados durante os anos entre 1999 a 2007 por Nunes (2008), em sua dissertação de
Mestrado em Agronomia, registram a ocorrência de abelhas mandaçaias da espécie Melipona
quadrifasciata anthidioides. Segundo a pesquisadora esta espécie tem sua distribuição
correlacionada ao tipo de clima, vegetação, temperatura e relevo, ocorrendo em áreas mais
úmidas e com temperatura amenas, em altitude entre 132m (Cipó) a 1011m (Morro do
Chapéu), na Chapada Diamantina.
A mandaçaia do Tupi - mãda´saya - significa vigia bonito (mandá: vigia) (çai: bonito), na
linguagem indígena, pelo fato de se encontrar no orifício de entrada da colméia uma abelha
sempre presente, considerada como a vigia. Os ninhos são encontrados sempre nos ocos de
árvores, na altura mediana dos troncos, mesmo em áreas urbanas. O buraco de entrada do
ninho é feito de barro, em forma de placa perfurada, com sulcos irradiando do centro (VON
IHERING, 1968, p.428), processo envolve mistura de barro com resinas extraídas das plantas
(geoprópolis).
Quanto ao potencial econômico, as mandaçaias são importantes para a instalação de
meliponários, porém segundo o apicultor e meliponicultor Sebastião Ramos Gonzaga, de
Curitiba (PR), isso deve ocorrer em regiões de boa florada, em que não tenha apiários ainda
instalados, muito menos ambientes com água poluída, em área com certa segurança para evitar
visitações indesejáveis. Segundo ele essas abelhas possuem muitos predadores naturais
citando: “a irara, as formigas, a alma de gato, os bem-te-vis, os siriris, etc.,” (Disponível em:
http://www.scribd.com/doc/6555540/Melipona-Quadrifasciata-aia-e-Anthidioidessão. Acessso
em: 19 de agosto de 2010).
As vespas são comuns na região desempenhando papel de polinizadoras, além de servirem de
alimento para aves insetívoras.
Vários lepidópteros (Megolopygidae) conhecidas como “lagarta de fogo” são grandes
predadores polífagos, alimentando-se de várias espécies de vegetais.
Também cochonilhas, (Hemiptera: Diaspididae) infestam várias espécies vegetais causando
grandes danos, em especial para as mangueiras (Mangifera indica).
188
Os pulgões (Hemiptera: Aphidae), são insetos sugadores polífagos, atacando plantas cultivadas
e plantas nativas.
Os percevejos (Hemiptera: Coreidae) tem como hospedeiras plantas ruderais como o melão-desão-caetano (Momordica charantia), além de várias árvores frutíferas como o araçazeiro
(Psidium araca), cajueiro (Anacardium occidentale). (Marconi, 1976; Gallo et al. 2002 in
BARBOSA, F. R. e PARANHOS, B. A. J. 2005.)
Na relação fauna-fauna as aranhas (Fotografia 5.2.40) são predadores generalistas e constituem
um dos grupos mais numerosos do reino animal e se alimentam de muitos insetos predadores
de vegetais. Entretanto, a vespa solitária (Pepsis elevata), é uma predadora de aranhas, em
especial a aranha caranguejeira (Gramostola actaeon). Os escorpiões Tityus serrulatus se
alimentam de insetos em especial de grilos.
Fotografia 5.2.40 – aranha-caranguejeira (Gramostola SP.), Estrada de Acesso à
Lagoinha. Coordenada: UTM 0248393 / 8709068.
Fonte - Leida Baracat de Oliveira, 12.01.2011.
As aranhas-de-alçapão (Actinopus sp.) tem grande habilidade para construção de longas galerias
verticais no solo, com a abertura fechada por uma engenhosa tampa (alçapão) articulada com
dobradiça de seda que é tecida pela própria aranha e que fica presa em uma extremidade do
orifício. Os túneis também forrados com seda servem para esconderijo, abrigo para ninho e se
configura numa eficaz armadilha para caçar suas presas, também servindo para proteção contra
inimigos e contra ações do tempo como a chuva. A aranha escava as galerias com suas próprias
garras. Escondida atrás da tampa entreaberta, que serve de porta de entrada funcionando
também como saída, a aranha geralmente espreita suas presas como outros artrópodos.
O guia da equipe, o Sr. Alberto Bezerra da Silva, conhecido como Beto, descreveu o alçapão que
ele encontrou em barranco na estrada no entorno da Gruta Cristal I e Cristal II e que se
189
encontrava desprovida de materias na parte externa. Esta área do alçapão já foi encontrada em
outras regiões da Chapada Diamantina, camuflada com musgos, liquens, serrapilheira. No
entanto, esses materiais não dificultam a ação da aranha, que ao perceber a vibração nos
arredores, até mesmo pela própria existência das teias, sai da armadilha, pula e agarra a presa,
voltando novamente para o abrigo, que também pode ser encontrado com a área externa
desprovida de materiais.
Quanto aos anfíbios, estes dividem o seu tempo entre o chão firme e parte dele na água, sendo
que dos poucos avistados estão o sapo-cururu, Bufo paracnemis e as perereca Hylidae, a
exemplo das Hyla sp. e da perereca-de-banheiro Scinax fuscovarius, úteis ao ser humano por se
alimentarem de artrópodes, incluindo, aqueles transmissores de doenças.
Entre os répteis, o teiú (Tupinambis merianae) tem sua dieta omnívora, constituindo-se de
invertebrados e suas larvas (grilos, gafanhotos, besouros, aranhas, tenébrios, moscas,
borboletas), pequenos roedores (preás, cobaias, camundongos, etc.) pássaros, pintos, rãs,
girinos, moluscos, (caracóis, caramujos, lesmas), crustáceos (camarões, etc.), minhocas, vermes,
ovos, frutas doces, diversas flores e até peixes.
As lagartixas, a exemplo do Tropidurus spp, são encontradas abrigadas, também em troncos de
coqueiros. Este se alimenta de insetos, aracnídeos e pequenos frutos e sementes. Já o calango
verde (Ameiva ameiva) acrescenta à sua dieta, até mesmo, camundongos.
Na cadeia alimentar as cobras são consumidoras, apresentando dieta variada e constituída de
pequenos anfíbios, lagartos e roedores, no caso das jararacas; podendo ser enriquecida com aves
e pequenos mamíferos (marsupiais e primatas), pelas não-peçonhentas jibóias (Boa constrictor)
e, ainda peixes, segundo literatura específica (Freitas, 1999, p.17). Insetos também fazem parte
do cardápio das cobras verdes (Liophis sp.), dentre outras com ocorrência para a área de estudo e
região. As corais-verdadeiras podem consumir outras cobras, contribuindo, assim, para a
manutenção do equilíbrio ecológico. De forma geral, as cobras beneficiam o ser humano
controlando a população de roedores indesejáveis, transmissores de doenças como o rato
doméstico (Rattus rattus). Elas ainda servem de alimento para outros animais, tais como aves de
rapina, a exemplo do gavião caracará (Polyborus plancus).
As aves possuem hábitos alimentares diversificados, podendo-se citar: as nectarívoras: beijaflores esmeralda-de-bico-vermelho (Chlorostilbon aureoventris) e o beija-flor-tesoura
(Eupetomena macroura); insetívoras: bem-te-vi (Pitangus sulphuratus) e o gavião-carrapateiro
(Milvago chimachima), sabendo-se que formicídeos, a exemplo da formiga quenquén
(Acromyrmex spp.), servem de alimento para aves insetívoras; as granívoras como a rolinhafogo-apagou (Scardafella squammata) e o cardeal, (Paroaria dominicana) (Fotografia 5.2.41).
Dentre as frugívoras estão o periquito-da-caatinga (Aratinga cactorum) que é endêmico do
190
Nordeste e o tuim-de-asa-azul (Forpus xanthopterygius).
Fotografia 5.2.41 - Cardeal (Paroaria dominicana) nas margens da lagoa em Lagoinha
(AID). Coordenada: UTM 0246606 / 8707375.
Fonte - Leida Baracat de Oliveira, 15.01.2011.
Os corpos d´água atraem piscívoras como os martins-pescadores (Ceryle torguatus) e o socó
(Butorides striatus), além de lavadeiras-mascaradas (Fluvicola nengeta) que, também, habitam a
beira d´água. Os úteis necrófagos, que contribuem para a limpeza do ambiente, a exemplo do
urubú-de-cabeça-preta (Coragyps atratus) e o urubú-de-cabeça-vermelha (Cathartes aura),
ocorrem em a toda a região, tendo registro na AII e na AID, tanto no campo rupestre quanto no
entorno da gruta do Cristal II (Fotografia5.2.42).
Fotografia 5.2.42 - Urubu-de-cabeça-preta (Coragyps atratus). Fazenda Cristal (AID).
Área ao alto da Gruta Cristal II. Coordenada: UTM 0247875 / 8692269.
Foto - Leida Baracat de Oliveira, 2011.
Segundo observações sobre a avifauna, realizadas pela Papyrus Soluções, foram poucas as interrelações fauna-fauna verificadas ao longo do inventário e, ainda incluem relações agonísticas
191
(comportamento social ameaçador) intraespecíficas e interespecíficas em seus resultados.
Registraram a disputa entre Chlorostilbon lucidus (de mesmo sexo e de sexos de diferentes) por
flores em área de alimentação, bem como de beija-flor-rabo-de-tesoura (Eupetomena
macroura) disputando flores de uma Verbenaceae. Na interação intraespecífica vale citar um
par de suiriri (Tyrannus melancholicus) e um neinei (Megarynchus pitanguá) adulto que,
segundo relatado “investiram sobre um jovem do gavião carrapateiro Milvago chimachima” e
predação de anfíbio Bufonidae pela coruja-buraqueira (Athene cunicularia) documentado por
fotografia. (PAPYRUS SOLUÇÕES, 2011, p. 27) (anexo IX)
Apesar de terem encontrado bandos com representantes de diferentes espécies da avifauna na
área de estudo, a equipe da Papyrus Soluções afirma que “não há dados de estudos de bandos
mistos em áreas de Caatinga” (PAPYRUS SOLUÇÕES, 2011, p. 27), bem como não foi possível,
em outra agregação com sete espécies, confirmar se esta se tratava de um bando misto de área
aberta, a qual chamou a atenção pelo número de I. cayannensis e de T. rufus, de 8 a 10,
respectivamente.
Entre os mamíferos pode-se citar o morceguinho-das-casas (Tadarida brasiliensis, e o Noctilio
leporinus). Este último se alimenta de peixes e crustáceos, vivendo nas proximidades de
mananciais hídricos, onde é possível observar seus vôos razantes à superfície da água, à procura
de alimento.
Outros morcegos se alimentam de frutos de Sapotaceas (gênero Pouteria), Leguminosas como a
Angelim (gênero Andira), Combretaceas (Terminalia catapa), Anacardiaceas (Anacardium
occidentale, Mangifera indica, Spondias purpurea), dentre outras. Os morcegos insetívoros se
alimentam, em geral, de insetos de hábitos noturno, com especial referência, mariposas. Já os
hematófagos se alimentam de sangue de animais, desde aves domésticas como galinhas,
muares, eqüinos, bovinos, e até mesmo de seres humanos que neste caso, embora levem fama
de morderem o pescoço, mordem outras partes do corpo como lábios, rosto, pernas e braços.
Os tatus se alimentam principalmente de raízes de plantas, mas também de invertebrados
terrestres e de pequenos vertebrados. Em particular o tatu-peba (Euphractus sexcintus) tem
como significativa fonte de alimento os xilopódios (raízes) de plântulas do umbuzeiro (Spondias
purpurea) causando uma predação de aproximadamente 89,75% nessas plantas no seu
primeiro ano de crescimento. Este fato pode ser considerado como uma das causas da baixa
densidade de umbuzeiros na caatinga. (CAVALCANTI, 2007).
Ainda podem ser encontrados na região roedores de diferentes famílias como Cricetidae: rato
silvestre, Orizomys sp; Muridae: Rattus rattus; Caviidae: preá, Cavia operea, encontrado na área
da casa de hóspedes da Itaguarana; Erethizontidae: ouriço-cacheiro, Coendou prehensillis;
Dasyproctidae: paca, Agouti paca e cutia, Dasyprocta sp., de hábitos crepusculares e noturnos e
192
se alimentam de seus frutos e sementes.
Já adaptados à região os sagüis do gênero Callithrix de hábitos diurnos são encontrados com
maior freqüência, nas porções medianas das copas de frutíferas.
Os cajueiros, Ancacardium occidentale, além dos frutos fornecem outra fonte de alimento como
a goma exudada de seu tronco que atrai, principalmente, pelo sabor adocicado os sagüis. É
comum na região estas árvores apresentarem troncos com marcas deixadas por esses primatas,
ou seja, perfurações típicas produzidas pelos dentes desses animais, cujo objetivo é atingir a
parte superficial do lenho das árvores, para obterem a resina ou goma. Acredita-se que estas
marcas, também, sejam utilizadas para demarcação de território. Portanto, a dieta dos sagüis é
bastante abrangente e os pomares fornecem uma diversificada fonte de alimentação, que
servem de abrigo seguro para esses animais se reproduzirem.
Os marsupiais sariguês (Didelphis sp.) possuem hábitos crepusculares e noturnos e podem ser
encontrados nos ambientes naturais em ocos de troncos de árvores e folhagens de palmeiras,
porém já se adaptaram ao ambiente urbano chegando, até mesmo, a se domiciliarem.
Onívoros, consomem ovos, aves domésticas, podendo causar prejuízos para avicultores mas,
também, se alimentam de insetos e frutas, sendo responsáveis por dispersão de sementes.
Foram encontradas fezes de coelho silvestre (Sylvilagus brasiliensis) na ADA, no acesso à torre
de monitoramento, demonstrando que existe processo de forrageamento, uma vez que este
animal é herbívoro.Os coelhos silvestres alimentam-se de gramíneas e vegetais tenros e são
citados como presas da jaguatirica (Leopardus pardalis mitis) e do gato-do-mato (Leopardus
tigrinus). Esses dois predadores estão ameaçados de extinção pelo IBAMA, mas ainda podem
ser encontrados na região, segundo moradores. A jaguatirica também pode se alimentar de
roedores, marsupiais, além de lagartos, aves, cobras e outros vertebrados. (EDUEL/KLABIN,
2005).
Dentre os mamíferos de maior porte, destaca-se o veado-catingueiro (Mazama gouazoubira)
que se alimenta de gramíneas; flores, frutos e brotos de plantas cultivadas ou de nativas como o
quiabento (Pereskia bahiensis). Esta nativa, bastante comum na região, é utilizada
principalmente como cerca-viva. O veado é apontado como uma das principais presas de onças.
Nos trabalhos de campo não foi avistado nem veado nem onças.
n) Diagnóstico da situação geral da fauna e da ação antrópica sobre ela exercida
n) Diagnóstico da situação geral da fauna e da ação antrópica sobre ela exercida.
É grande a lista oficial das espécies da fauna brasileira ameaçadas de extinção, incluindo,
evidentemente, a do semiárido baiano. As causas principais da extinção dessas espécies são de
193
forma geral, a superexploração através da caça indiscriminada, captura de animais para
exportação ilegal e, principalmente, a destruição dos habitas naturais para ocupação do solo ou
extrativismo vegetal.
Vários tipos de ações antrópicas agressivas à fauna terrestre são aplicados na região, tais como,
a captura indiscriminada de aves e outros animais silvestres, seja para manutenção como
animal de estimação, ficando manditos engaiolados em residências, a exemplo do azulão
(Cyanoloxia brissonii), seja para comercialização ilegal, incluindo outras espécies, além da
citada, que estão nos levantamentos da Papyrus (2011, p.30), que envolvera entrevistas a
moradores da região. A caça é utilizada para o consumo, incluída na alimentação da família,
sendo as aves mais apreciadas, dentre as de grande e médio porte, a jacucaca (Penelope
superciliaris), a pomba-verdadeira (Patagioenas pacazuro) e a pomba-de-bando (Zenaida
auriculata). (PAPYRUS SOLUÇÕES, 2011, p. 31). A equipe da V&S Ambiental flagrou transeuntes
portando arma de fogo na região (Coordenadas: UTM 248092. 23 mE, 8688518,78 mS)
Traseunte portando arma comumente utilizada em caça de animais silvestres
na região de influência do empreedimento. Coordenada: UTM 248092. 23
mE/8688518,78 mS Fonte – Ivomar Carvalhal Britto 14.01.2011.
Além disso, a intensa atividade agropecuária, em expansão, vem utilizando o ambiente sem
qualquer preocupação com o manejo adequado dos recursos naturais, praticando a remoção
total da vegetação natural, incluindo as matas ciliares, acelerando o processo para a extinção
da vegetação, acompanhada da fauna associada.
Nesse cenário o impacto da ação antrópica, considerado como mais significativo e evidente
sobre as aves, na avaliação da Papyrus Soluções “é a conversão de áreas de Caatinga em
pastagens ou plantações”, o que implicou, segundo eles “na substituição da avifauna mais
dependente da estrutura arbustivo-arbórea da Caatinga em uma avifauna de áreas abertas e
degradadas”, citando dentre outros o papa-capim (Sporophila nigricollis) e o gavião quiri-quiri
194
(Falco sparverius) (PAPYRUS SOLUÇÕES, 2011, p. 30)
Especilistas apontam que a “conversão de habitats naturais é uma das causas de perda de
diversidade de aves ao nível global” (GASTON et al., 2003 apud PAPYRUS, 2011, p. 30) e a
“fragmentação e perda de habitat é uma das causas de declínio de espécies em áreas florestais”
(STRATFORD; STOUFFER, 1999; MARTENSEN et al., 2000 apud PAPYRUS, 2011, p. 30). Assim, a
destruição das áreas de refúgio da fauna, provedoras de abrigo e sítios adequados para a
reprodução pelo desmatamento descontrolado e queimadas, implica no continuado processo
de diminuição das populações, levando, paulatinamente, ao seu extermínio ou a raridade de
outras espécies.
Mamíferos, com exceção dos pequenos roedores e marsupiais, reproduzem-se geralmente,
gerando 1 a 4 filhotes, uma a duas vezes ao ano, e requerem uma área significativa para o
forrageio e cuidado parental. Nesse aspecto, a manutenção ou recomposição da mata ciliar dos
rios da região é de fundamental importância a fim de manter os corredores de acesso à áreas
menos devastadas.
Recomenda-se de modo incondicional a preservação da vegetação remanescente dos
ecossistemas da caatinga existentes na região, associada à fiscalização intensiva para coibir a
caça e o comércio de espécimes da fauna silvestre regional como mecanismo de preservação e
conservação deste segmento da Biodiversidade Tropical.
Como em outras regiões da caatinga baiana, a avifauna ainda é refém de aprisionamentos,
sendo encontrados engaiolados na Chapada Diamantina o azulão (Passerina brissoni), o
pintassilgo-de-cabeça-preta (Carduellis magellanicus), o pássaro-preto (Gnorimopsar chopi),
coleirinha (Sporophila caerulescens).
No caso específico da fauna cavernícola, estas também vêm sofrendo pressões antrópicas na
região, tendo como citação por Srivastava & Rocha (2002, p.92) o seguinte sobre a Gruta Cristal
I:
Desmatamentos e visitação intensa são os principais agentes que afugentam os
morcegos, fato que promove desequilíbrios e mesmo extinção da vida cavernícola. A
grande espessura de sedimentos existentes nesse local pode representar um potencial
fossilífero, o que constitui um dos aspectos de maior relevência para esta caverna
(SRIVASTAVA & ROCHA, in BRASIL/DMPN/ CPRM, p.92, 2002).
Foram observadas aberturas em rochas para colocação de dinamites no entorno das Grutas
Cristal I e Cristal II, o que se constitui em ação de impacto altamente negativo com reflexos para
os animais das cavernas e seu entorno, com especial referência à quiropterofauna.
Nas cavernas estudadas foi encontrada a estabilidade de uma alta temperatura (39ºC) e uma
195
umidade relativa do ar alta (98%), além da ausência de luz, exceto próximo àquelas aberturas
por onde se entra e sai das grutas, onde a temperatura e a umidade relativa do ar são
diretamente influenciadas pelo meio externo.
Quanto ao teor da matéria orgânica proveniente do meio externo, observou-se uma certa
escassez. Este material chega nas cavernas através de transporte de detritos vegetais por águas
de chuvas ou ventos, que penetram pelas aberturas destas grutas, além do guano deixado cair
pelo morcegos frugívoros, que possuem seu ponto de pouso no interior destes ambientes.
No que diz respeito à ação antrópica à ação antrópica sobre o ambiente do Complexo Gruta
Cristal I e Gruta Cristal II, é importante considerar sempre que o seu clima interno, onde a
temperatura é sempre maior do que a do meio externo. Este último sempre bem mais ventilado
e menos úmido que no interior delas e sofrendo menor variação. No meio escuro a temperatura
nas cavernas mais profundas está sempre em torno de 40ºC e a umidade relativa do ar por volta
de 98%. As populações troglóbias estão sempre bem adaptadas ao seu microclima e qualquer
atitude do ser humano que venha a modificar essas características causará grandes danos aos
seus habitantes e à sua estrutura geológica e arqueológico. Tudo isso vem corroborar com
estudos de outros autores citados in Trajano e Gnaspini-Netto (1991).
As cavernas possuem um clima mais estável, quando comparado com o meio externo, apresentando
umidade elevada, temperatura com pequena variação circadiana e circanual, ausência de luz e
matéria orgânica escassa e importada do meio externo (CULVER, 1982; BARR e HOLSINGER, 1985 in
TRAJANO e GNASPINI-NETTO, 1991). Esta importação ocorre de forma inconstante, como o
carreamento de detritos vegetais e animais por cursos d'água, através de fendas e outras
comunicações com o meio externo e sob a forma de guano de morcegos (BARR, 1967 in TRAJANO e
GNASPINI-NETTO, 1991) p. 21.
Nesse contexto, as populações troglóbias, que vivem à custa de restos alimentares,
provenientes de vegetações do entorno dos ambientes cavernícolas, podem sofrer modificações
ou serem ofendidas em virtude das agreções antrópicas ao meio ambiente externo de onde
provêm toda a matéria orgânica, que irá servir de base para a alimentação desses animais e que
se tornarão mais e mais pobres em representantes. O certo é que a contribuição da matéria
orgânica para tais ecossitemas vem do meio externo através das chuvas e ventos ou animais
troglófilos que saem da caverna para buscar o seu alimento no meio externo. Por outro lado a
ação antrópica age na alteração de todo o clima ambiental do exterior das cavernas, havendo
queda na fonte alimentar dos seres troglóbios detritívoros do meio cavernícola e,
conseqüentemente, dos seus predadores, prosseguindo com o aumento constante das
alterações e empobrecimento ambiental, podendo atingir a extinção de algumas espécies.
Conforme estudos citados por Poulson e Une (1977.p. 23).
É importante destacar que as cavernas com alta diversidade e/ou com presença de troglóbios devem
ser preservadas, bem como o seu entorno e áreas de drenagem situadas a montante. A retirada de
vegetação na área de entorno pode ocasionar menor aporte de alimento para o meio subterrâneo
196
(através da diminuição da área de forrageamento de morcegos: de transporte de detritos através de
cursos d'água ou vento), aumento do aporte de sedimentos (que pode alterar a topografia
subterrânea) e mesmo alterações no topoclima. O menor aporte de energia causa flutuações nas
populações, como o aumento de algumas e o decréscimo de outras, alterando o equilíbrio que existe
entre elas, podendo culminar com a sua extinção (POULSON e UNE, 1977.p. 23)
o) Quirópteros – avaliar a riqueza de espécies de quirópteros na área de estudo, seu status de
ocorrência, abundância e outras informações biológicas relevantes tais como: dados de
dieta, comportamento alimentar, altura de vôo, formação e tamanho das colônias, tipos de
abrigos preferenciais e outros.
o) Quirópteros – avaliação da riqueza de espécies de quirópteros na área de estudo, seu
status de ocorrência, abundância e outras informações biológicas relevantes tais
como: dados de dieta, comportamento alimentar, altura de vôo, formação e tamanho
das colônias, tipos de abrigos preferenciais e outros.
Os trabalhos referentes à quiropterofauna foram efetuados, inicialmente, em duas frentes,
ambas na Área de Influência Direta: uma desenvolvida na forma de monitoração prévia
realizada pela Lacerta Consultoria, Projetos e Assessoria Ambiental em 2010), a outra pela
equipe da Espeleologia da V&S Ambiental, abrangendo os anos de 2010 e 2011.
Posteriormente, para atender notificação de 2011 (IMA), foi realizado, de forma complementar,
diagnóstico da quiropterofauna da área de influência do empreendimento, pela empresa
Papyrus Soluções (2011) como já apresentado na metodologia geral deste relatório.
As espécies de morcegos levantadas pela V&S Ambiental estão na listagem com todos os grupos
da fauna da AII e da AID ( Listagem taxonômica da fauna da área do empreendimento Complexo
Eólico Cristal, Morro do Chapéu, Cafarnaum e Bonito, Bahia - anexo). Já as dos levantamentos
de dados secundários pela Papyrus Soluções, estão incluídas em lista de espécies e famílias de
quirópteros com presença confirmada para o estado da Bahia e ocorrência potencial para o
município de Morro do Chapéu (BA), nordeste do Brasil. (QUADRO 3.2.1-1 in PAPYRUS
SOLUÇÕES, 2011, pp. 51 a 54) (anexo IX). A Papyrus Soluções apresenta ainda listagem de
espécies e famílias de quirópteros (Mammalia, Chiroptera) com presença confirmada para área
do empreendimento proposto, constando de distribuição geográfica e status de conservação no
Quadro 3.2.4-1 (PAPYRUS SOLUÇÕES, 2011, p. 72, anexo IX) e outras listagens, mais específicas,
em área de influência do empreendimento, contendo dados biológicos dos exemplares
capturados com redes de neblina, ao acaso, em área de açude e vegetação arbórea e arbustiva 22/04/2011 (QUADRO 3.2.2-1 in PAPYRUS SOLUÇÕES, 2011, p. 55) e em área aberta com
vegetação arbórea e arbustiva - 25/04/2011 (QUADRO 3.2.2-2 in PAPYRUS SOLUÇÕES, 2011, pp.
55 a 56). (anexo IX ).
197
Os resultados da Lacerta (2010), que compreenderam captura em rede em áreas de influência,
não envolveram estudos realizados dentro das grutas estando apresentados, na íntegra, em
relatório técnico intitulado – Relatório Parcial do Monitoramento Prévio da Avifauna e
Chiropterofauna – Complexo Eólico Cristal. (LACERTA, 2010). (anexo VII) A Papyrus Soluções
comparou os dados sobre quiropterofauna da Lacerta com os seus resultados as considerações
estão no Relatório Diagnóstico da Avifauna e Quirotpetofauna (item Discussão, PAPYRUS
SOLUÇÕES, 2011, p. 75). (anexo IX).
Nos levantamentos de dados secundários pela V&S Ambiental, tem registro o morcego Anoura
caudifer, coletado no Abrigo das Lages (Parque Estadual Morro do Chapéu) por OLIVEIRA et al.
(2008) em 24 e 25 de fev de 2004. Foram identificados 2 machos e 4 fêmeas (OLIVEIRA J. A.;
PESSOA L. M., 2005 apud SBRAGIA, I.; CARDOSO, A., 2008.)
A avaliação da Papyrus (2011 p. 50), referente ao item diversidade de quirópteros na região,
destaca que no Estado da Bahia foram registradas 76 espécies com ocorrência potencial para o
município de Morro do Chapéu. Dentre as famílias levantadas, a Phyllostomidae possui maior
número de espécies - 47 espécies, correspondendo a 61,8% do toal e as Famílias Furipteridae,
Natalidae e Mormoopidae com apenas uma 1 espécie (1,3% ) do total. A grande totalidade das
espécies apresenta comportamento social gregário, com exceção de duas espécies Lasiurus
blossevillii e Lasiurus ega, solitárias e insetívoras (QUADRO 3.2.1-1 p. 51 a 54, anexo IX).
Quanto aos demais dados da quiropterofauna, são apresentados, incialmente, os resultados dos
estudos realizados pela equipe da espeleologia da V&S Ambiental, que incluem o interior das
Grutas Cristal I e Gruta Cristal II, aqui compreendidas como Complexo Gruta Cristal I e Gruta do
Cristal II, e estão localizadas na Área de Influência Direta (AID), considerando-se o mapemanto
destas grutas, segundo a definição das áreas de influência do meio biótico terrestre pela V&S
Ambiental. Para os estudos in loco, a equipe da Espeleologia da V&S Ambiental, fez penetrações
nas grutas com luminosidade artificial, para observações diretas, captura manual de morcego e
registro fotográfico.
A Papyrus, por sua vez, utilizou o método de localização de colônias de morcegos no período de
25 a 29 de abril de 2011, resultando em captura de exemplares, através de rede de neblina,
armadas em frente à abertura das cavernas Gruta Cristal I; Gruta Cristal II e na Gruta do Oliveira,
sendo que na Gruta do Barrocão as redes foram colocadas no interior do primeiro saguão,
procedimento já justificado na metodologia. Maiores detalhamentos se encontram na íntegra
no relatório da Papyrus (2011) ANEXO .
Os dados da V&S Ambiental (2011) estão correlacionados, a exemplo de itens anteriores, com
aqueles complementares, gerados pela Papyrus (2011).
198
No Complexo Gruta do Cristal I e Gruta do Cristal II que é praticamente desprovido de
estalactites e estalagmites foram encontrados, pela equipe da V&S Ambiental (2011), pontos de
pouso de morcegos, que circulam no ambiente, onde foi capturado e identificado, em loca, um
exemplar de Phillostomidae (Carollia perspicillata) (Fotografia 5.2.43).
Fotografia 5.2.43 – Morcego (Carollia perspicillata) no interior
do Complexo Gruta Cristal I e Gruta Cristal II.
Fonte - Elvis Barbosa, 10-01-2011.
As colônias de Carollia perspicillata formam grupos de mais ou menos 12 animais, em pontos
baixos e próximos da entrada das grutas do complexo Cristal I e Cristal II, onde fazem seu pouso
e deixam cair o guano. Esta espécie, também consta na listagem das colônias de quirópteros
localizadas em área de influência produzida pela Papyrus (Quadro 3.2.3-1, abril de 2011, p.60),
totalizando 5 espécies para a área do Complexo. Ainda são somadas à listagem de quirópteros
nas Cavernas Barrocão (total de 9 espécies) e à Gruta do Oliveira (total de 5 espécies),
consituindo-se, portanto, como a espécie mais abundante da área do empreendimento
proposto. (PAPYRUS SOLUÇÕES, 2011, p.60, anexo IX)
Quanto ao hábito alimentar da Carollia perspicillata, estes são totalmente frugívoros ou
complementado com insetos e, por vezes, néctar de flores. Tais animais deixam vestígios em
vários pontos do complexo das grutas. Contudo, o guano eliminado na direção do ponto de
pouso, permite o surgimento de fungos, que podem causar problemas à respiração do ser
humano e de outros animais. Todo esse material que pode ser usado como alimento, servirá
como fonte de energia, no caso de existr algum animal na caverna, verdadeiramente troglóbio,
a exemplo de grilos cavernícolas ou micro-crustáceos cavernícolas (Isópodos). Deve-se destacar
a importância do fruto do ouricurí, como fonte de alimento para esses morcegos frugívoros,
sendo assim, muito transportados para o interior das cavernas e encontrados, por vezes,
germinando.
199
Segundo observações da Papyrus Soluções (2011, p.74), corroboradas por autores dos EUA,
Austrália e Europa, a ocorrência de morcegos em uma área está condicionada pela presença de
vegetação arbórea e corpos d’água. Na verdade esses ambientes (riachos e lagoas) atraem os
morcegos pela disponibilidade de alimentos, constituídos de invertebrados e outros
vertebrados, a exemplo de anfíbios, como observado no açude e arredores, por ocasião das
atividades de campo da equipe da Papyrus Soluções.
Foram corfirmados pela Papyrus Soluções, para a região do empreendimento proposto,
espécies de morcegos de diferentes hábitos alimentares: além da Carollia perspicillata,
registram outros frugíforos Artibeus obscurus, Artibeus planirostris e Platyrrhinus lineatus;
onívoras do gênero (Phyllostomus) e nectívoras como Glossophaga soricina, passando pelas,
exclusivamente, insetívoras (Natalus stramineus) e, até mesmo, duas espécies de hematófagos
(Desmodus rotundus e Dyphylla ecaudata) e uma piscívora (Noctilio leporinus). (PAPYRUS, 2011,
p. 73)
Maiores informações sobre dieta e comportamento dos morcegos, com ocorrência potencial
para o Município de Morro do Chapéu, estão no Quadro 3.2.1-1 (PAPYRUS, 2011, p.51 a 54). Já
os dados biológicos (sexo, idade, estágio reprodutivo, medida do antebraço e peso) dos
exemplares estão apresentados da seguinte forma: quirópteros capturados com rede de
neblina, ao acaso, em área de açude e vegetação arbórea e arbustiva (22/04/2011) e em área
aberta com vegetação arbórea e arbustiva (25/04/2011), ambas na ADA do empreendimento
proposto, são apresentados em Quadro 3.2.2-1 (p. 55) e Quadro 3.2.2-2 (p.55), respectivamente
(PAPYRUS, 2011); os quirópteros capturados nas Grutas do Cristal I (20/04/2011) (Quadro 3.2.32, p.61); Cristal II (21/04/2011) (Quadro 3.2.3-2, pp.62 e 63); Gruta do Barrocão (23/04/2011)
(Quadro 3.2.3-4, pp. 63 e 64) e na Gruta do Oliveira (24/04/2011) (Quadro 3.2.3-5, p. 64 e 65),
encontram-se também no relatório da Papyrus Soluções (2011, p.61 a 65).
No que se refere à localização de colônias de quirópteros, os dados organizados no Quadro
3.2.3.1 (PAPYRUS, 2011, 60 e 61) apresentam as espécies registradas na entrada das Grutas
Cristal I e II e Gruta do Oliveira e no interior da Gruta do Barrocão, com suas respectivas
coordenadas e números de indivíduos.
Nesse contexto, os morcegos sendo animais troglófilos, podem ser encontrados, tanto dentro,
quanto fora das cavernas, necessitando se ausentar delas por algum período (noite ou dia),
através do vôo. A altura do vôo de morcegos depende da altura do ambiente em que eles estão
se deslocando, e a possibilidade de voar no túnel cavernícola, depende da amplitude desse
ambiente, porque muitas das partes do teto das cavernas são baixas e em muitos destes o
animal faz seu pouso. Dessa forma, a localização do ponto de pouso dos quirópteros nas
cavernas está de acordo com a altitude do teto, a luminosidade e o tipo de abrigo e
200
interferência do ser humano. Neste último caso, a ação ainda é relativamente pequena, pois as
grutas estudadas encontram-se distante de áreas mais densamente povoadas, o que restringe
vistiações a estas. Entretanto, para penetrar, vindo em vôo do meio externo, ele tem que descer
de acordo com a altura do túnel cavernícola para o piso desse ambiente.
Estando no meio externo, à procura do alimento, a questão altura do vôo é muito variável e,
caso ele esteja na captura de insetos, ou procurando frutos e néctar, estará também na
dependência do porte do vegetal. Contudo, a distância a partir do solo para o animal em vôo
externo, nem sempre ultrapassa 4 metros, que é uma altura de árvores do entorno, que
fornecem fontes de alimentação como o ouricurizeiro (Syagrus coronata). O entorno das
cavernas é caracterizado por vegetação típica de caatinga de diferentes portes, entremeada por
pastagens.
Observa-se que no município de Morro do Chapéu, existem terrenos sujeitos a afundamentos
(dolinas), alguns dos quais, até mesmo impossibilitam a passagem de carros. No início do
afundamento de tais terrenos, esses pontos funcionam como sumidouros das águas pluviais,
originando daí, túneis mais ou menos sustentáveis, em uma rocha mãe, metamórfica argilosa,
do tipo folhelho. As camadas ou folhas, que formaram estas rochas, continuam em um
desprendimento de pedaços, enquanto a terra e a água que penetram, vão erodindo mais e
mais os locais por onde passam, originando as cavernas. Foi possível observar túneis
cavernícolas com várias comunicações com o meio externo, por onde penetra luz. Em muitos
destes túneis, há profundidade de aproximadamente 300m para se encontrar a boca da
caverna, sendo toda esta área iluminada pela luz solar.
Em outros pontos, o desprendimento de partes das rochas, aliado ao carreamento da terra, vão
ocasionando a obliteração das entradas de alguns túneis, impedindo a circulação do ser
humano, mas possibilitando a entrada de outros vertebrados incluindo morcegos. Em
conversas com moradores locais foi citado que pessoas ao tentaram entrar deitadas em
determinados “buracos”, saíram contaminadas com fungos das fezes dos morcegos que por lá
se escondem.
Foram computados e registrados pela Papyrus Soluções (2011, p. 72) na lista de espécies e
famílias de quirópteros, com presença confirmada para as áreas do empreendimento proposto
(Quadro 3.2.4-1, anexo IX), 13 espécies desses mamíferos, distribuídas em duas famílias:
Phyllostomidae e Natalidae. Neste mesmo quadro estão registradas a distribuição geográfica e o
status de conservação, a partir da qual se chegou à conclusão de que, todas as espécies listadas
têm ampla distribuição na Região Neotropical, com exceção da Lonchophylla bokermanni
(restrita ao sudeste do Brasil). Esta por sua vez, é a única ameaçada (categoria “Vulnerável”), de
acordo com o Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção (MACHADO et al., 2008
201
apud PAPYRUS SOLUÇÕES, 2011, p. 71).
De acordo com a Papuryus Soluções (2011, p. 74) a eficiência dos dois métodos adotados redes de neblina ao acaso e método de localização de colônias - se deu pela ação conjunta dos
mesmos no inventário de quirópteros da região, observando-se que duas espécies (Tonatia
bidens e Artibeus obscurus), foram registradas, apenas durante as amostragens com redes de
neblina ao acaso, e o último método citado, foi responsável por 50% dos registros,
especialmente de espécies de difícil captura, como o Natalus stramineus. Assim, cada um dos
métodos tem sua importância para os diferentes tipos de espécies levantados.
P) Avifauna – listar as espécies de ocorrência na área de estudos, devendo os dados serem
apresentados em forma de tabela com as seguintes informações:
i) quantificação das aves;
ii) status de ocorrência, tais como: residente anual, migrante de primavera/ verão,
visitante migratória do (especificar origem);
iii) ocorrência ou não de reprodução na área de estudo ou proximidades;
iv) status de conservação em nível regional, nacional e mundial (caso se aplique)
v) variação de comportamento ou níveis de atividade em relação à sazonalidade, ao
período circadiano e às condições meteorológicas;
vi) informações biológicas relevantes tais como: dieta e comportamento alimentar, altura
do vôo, formação de bandos, época, locais de reprodução e outros. Dar especial
atenção às espécies de Strigiformes (corujas), Caprimulgiforme (bacuraus),
Falconiformes (falcões e gaviões), Anseriformes (marrecos), dentre outros, caso
ocorram na área.
vii) informações sobre existência de movimentos migratórios relevantes
p) Avifauna – listagem das espécies de ocorrência na área de estudos, com dados
apresentados em forma de tabela.
Os trabalhos referentes à avifauna foram efetuados em duas frentes: uma desenvolvida na
forma de monitoração prévia, realizada pela Lacerta Consultoria, Projetos e Assessoria
Ambiental, cujo relatório técnico intitulado – Relatório Parcial do Monitoramento Prévio da
Avifauna e Chiropterofauna – Complexo Eólico Cristal, que utilizou além de métodos de
observação direta, o método de captura por redes de neblina para identificação das aves.
(LACERTA, 2010). Este trabalho encontra-se, na íntegra, no Anexo VII. A outra frente de trabalho
foi realizada pela equipe do meio biótico terrestre da V&S Ambiental (2010, 2011), que fez
observações diretas no campo. Posteriormente, para atender notificação de 2011 (IMA), foi
realizado, de forma complementar, diagnóstico avifauna na área de influência do
empreendimento, pela empresa Papyrus Soluções (2011), como já apresentado na metodologia
202
geral deste relatório.
A listagem das espécies de ocorrência da avifauna na área de estudo organizada pela Papyrus
Soluções, e que inclui os estudos da Lacerta (2010) estão no Quadro 2.1.7-1: Lista preliminar da
avifauna no Complexo Eólico Cristal (Cafarnaum, Morro do Chapéu e Bonito, Bahia, Brasil, do
relatório (PAPYRUS SOLUÇÕES, 2011, pp. 32 a 40) (anexo IX).
i.
quantificação das aves.
A quantificação das aves consta na coluna Abundância (IFL) do Quadro 2.1.7-1: Lista preliminar
da avifauna no Complexo Eólico Cristal (Cafarnaum, Morro do Chapéu e Bonito, Bahia, Brasil),
onde a IFL, significa Índice de Frequencia nas Listas, de acordo com Ribon (2010) = abundância
relativa. (PAPYRUS SOLUÇÕES, 2011, pp. 32 a 40) (anexo IX ).
ii. status de ocorrência, tais como: residente anual, migrante de primavera/verão,
visitante migratória do (especificar origem).
Dados disponíveis na listagem taxonômica da fauna encontra-se no Anexo VI, deste relatório e
na coluna Status R= residente; VN= Visitante do Norte e E = endêmico das fronteiras do Brasil
disponível no Quadro 2.1.7-1: Lista preliminar da avifauna no Complexo Eólico Cristal
(Cafarnaum, Morro do Chapéu e Bonito, Bahia, Brasil). (PAPYRUS SOLUÇÕES, 2011, pp. 32 a 40)
(anexo IX).
iii. ocorrência ou não de reprodução na área de estudo ou proximidade.
Ninhos foram avistados durante os trabalhos de campo, incluindo dois de rolinhas (Columbina
talpacoti e Columbina picui) ambos com ninhegos. Contudo, os ninhos mais comumente
avistados na área de estudo foram os do casaca-de-couro (Pseudoseisura cristata), que
constroem um ninho de grande porte no alto das árvores e, até cactáceas, sendo estes
facilmente avistados. Da mesma forma os ninhos do joão-de-pau (Phacellodomus rufifrons).
Entretanto, outras aves, a exemplo do anum-preto (Crotophaga ani) escolhem lugares mais
abrigados, pouco visualizados como forma de proteção.
Dentre outros ninhos também são encontrados o do sabiá (Turdus sp.) em marquises de
caverna no complexo Gruta Cristal I e Gruta Cristal II. No entanto, qualquer ambiente são áreas
de reprodução da avifauna, até mesmo as construções humanas. As cavernas, em particular se
constituem num sítio de reprodução e nidificação da quiropterofauna.
Os dados estão disponíveis na coluna das ocorrências de reprodução (Repro) com registros a
partir de observação direta (D) ou indireta (I) no Quadro 2.1.7-1: Lista preliminar da avifauna no
Complexo Eólico Cristal (Cafarnaum, Morro do Chapéu e Bonito, Bahia, Brasil). (PAPYRUS
203
SOLUÇÕES, 2011, pp. 32 a 40).
iv. status de conservação em nível regional, nacional e mundial (caso se aplique)
Dados disponíveis na listagem taxonômica da fauna encontra-se no Anexo VI deste relatório e
na coluna status de ameaça, que segue a IUCN (2010) e o MMA (2003), disponível no Quadro
2.1.7-1: Lista preliminar da avifauna no Complexo Eólico Cristal (Cafarnaum, Morro do Chapéu e
Bonito, Bahia, Brasil). (PAPYRUS SOLUÇÕES, 2011, pp. 32 a 40). A partir do quadro a Papyrus
Soluções fez as seguintes discussões e considerações:
Cinco espécies estão em alguma categoria de ameaça de extinção, sendo duas
compartilhadas entre as listas da IUCN (International Union for Conservation of Nature
and Natural Resource, 2010) e do Ministério do Meio Ambiente (MMA, 2003) (Quadro
2.1.2-1) (Figura 2.2.2-6). Três espécies estão apontadas como “Quase ameaçadas”
segundo a IUCN. Três espécies são endêmicas da Caatinga (Penelope jacucaca,
Hylopezus ochroleucus e Gyalophylax hellmayri). P. jacucaca, dependente de habitat
florestal e de alta sensitividade a distúrbios ambientais, parece ocorrer em baixa
densidade na área. H. ochroleucus, outro dependente de habitat florestal e de média
sensitividade a distúrbios ambientais, merece estudos de abundância e seleção de
habitat. G. hellmayri é a espécie mais comum entre as “quase ameaçadas” e é
independente de habitat florestal. A fragmentação e perda de habitat é uma das
principais ameaças a essas espécies. A caça é ameaça a duas espécies, C. noctivagus e
P. jacucaca. O Parque Estadual do Morro do Chapéu era considerado uma IBA
(Important Bird Area) (BENCKE et al., 2006). Duas das seis espécies que serviram como
argumento para a indicação da IBA ocorrem na área do empreendimento, são elas o
Gyallophylax hellmayri e Herpsilochmus sellowi. Pelo menos mais uma espécie,
Herpsilochmus pectoralis, entre os ameaçados, pode ocorrer na área do Parque Eólico.
(PAPYRUS SOLUÇÕES, 2011, p. 41)
Os dados levantados apontam que a região apresenta aspectos de fragilidade para a
preservação da avifauna.
v. variação de comportamento ou níveis de atividade em relação à sazonalidade, ao
período circadiano e às condições meteorológicas.
Em função da área proposta para o empreendimento estar localizada no contexto do semiárido,
sujeito a longo período de estiagem, a avifauna altera seu comportamento diante desse regime
climático. Por sua vez, ainda considerando que “dados sobre a sazonalidade e resposta a
condições meteorológicas por parte das aves só devem ser acessados em estudos com
replicações temporais entre anos” (Papyrus Soluções, 2011, p. 41 - anexo IX), a equipe da
Papyrus Soluções cita que dados de outras regiões, sugerem que algumas espécies, a exemplo
da garça Ardea alba, podem realizar movimentos migratórios e, respaldados em Weller (2004),
indicam que esse comportamento de movimento migratório estaria relacionado à
“disponibilidade de alimentos e são influenciados pelo regime de chuvas”. (p. 41).
É evidente que na estiagem, muitas aves granívoras e frugívoras não encontram ali o seu
204
alimento predileto, mas faz a busca deste em micro-ambientes como grotões, lagoas e rios e
suas margens úmidas, onde muitos daqueles vegetais podem fornecer sementes e frutos. As
insetívoras, também encontram nesses ambientes uma fonte mais rica de alimento pela
facilidade de vida de muitos artrópodes.
Com as mudanças climáticas, muitas espécies podem fazer vôos nômades, alcançando regiões
circunvizinhas mais favoráveis, mas logo que as condições se tornem ideais retornam ao seu
habitat inicial.
Na Chapada Diamantina, durante o período de estiagem, apenas algumas espécies de beijaflores, permanecem na região, como o beija-flor-de-bico-vermelho (Chlorostilbon lucidus) e o
beija-flor-de-rabo-branco (Phaethornis pretrei), as populações das demais espécies (chamadas
de nômades) praticamente deslocando-se, provavelmente para outras áreas mais ricas em
recursos (CARVALHAES e MACHADO in FUNCH et. al., 2008).
De acordo com Zilio (2005) em seu estudo de Dissertação sobre as aves de rapina Falco
sparverius e Athene cunicularia, que abrangeu também o comportamento alimentar em relação
ao ciclo circadiano dessas espécies, a “Athene cunicularia utilizou os hábitats de maneira
diferente durante o dia e durante a noite, havendo variação sazonal na utilização dos mesmos,
com exceção do período diurno”. (ZILIO, 2005, p.2.). Ainda segundo o estudo “o Falco sparverius
e A. cunicularia forrageiam em períodos distintos, com pouquíssima sobreposição temporal.”
(ZILIO, 2005, p.2.).
Autores descrevem que tanto o Falco sparverius como a coruja Athene cunicularia, ainda que
“apresentem comportamento de forrageio similares, (...) tendem a diferir no período destinado
ao forrageio: F. sparverius é um predador diurno enquanto A. cunicularia forrageia
predominantemente à noite e crepúsculo (MARTINS & EGLER 1990, MARTI et al 1993 apud
ZILIO, 2005, p.8), embora seja ativa também durante o dia” (BELTON 1994, SICK 1997 apud
ZILIO, p.8).
vi. informações biológicas relevantes tais como: dieta e comportamento alimentar,
altura do vôo, formação de bandos, época, locais de reprodução e outros. Dar
especial atenção às espécies de Strigiformes (corujas), Caprimulgiforme (bacuraus),
Falconiformes (falcões e gaviões), Anseriformes (marrecos), dentre outros, caso
ocorram na área.
Aves como o curiango (Podager sp.), família Caprimulgidae, normalmente ficam pousadas no
chão mas, ao anoitecer, desempenham vôos sinuosos a procura de insetos, numa altura de
aproximadamente 8 metros. Segundo Sick (1985, p.199) os carnívoros gaviões e urubus planam
muito alto, tanto em vôos de passeio como de inspeção à procura do alimento. Os urubus que
205
podem ficar horas a fio planando, com o mínimo de dispêndio de energia, por aproveitarem as
correntes ascendentes de ar quente, chegam a alcançar 3.000 metros de altura, de onde
conseguem detectar um objeto de 30 cm de comprimento. Podem ser visualizados em ação a
uma distância de 90 km, quando descem para capturar sua presa de uma altura de 700 m.
As demais aves voam em diferentes alturas, deslocando-se para se refugiarem em busca de
acasalamento, alimento ou na dependência da altitude da vegetação regional, uma vez que elas
vivem nos galhos das mesmas. Apenas a juriti (Leptotila rufaxila) foi vista cruzando o espaço
numa altura maior que a das árvores.
Determinados animais como os Icteridae, a exemplo do sofrê (Icterus jamacaii) (Fotografia
5.2.44), e o pássaro-preto (Gnorimopsar chopi), eram muito abundantes na região, mas ainda
hoje podem ser observados na altura de árvores como os licurizeiros à procura dos frutos
maduros. Um Corvidae como o cancã (Cyanoporax cyanopogo), foi também muito encontrado,
o que não é comum em outras regiões da Chapada Diamantina. Das aves Tinamidae, como o
inhambu (Crypturelus parvirostris) e a codorna (Nothura maculosa) ouvia-se muito os seus
cantos, mas apenas nos deparamos com o vôo de uma codorna em um campo rupestre
regional.
Fotografia 5.2.44 – Sofrê (Icterus jamacaii).
Coordenada: UTM 0250692/8711143.
Fonte - Leida Baracat de Oliveira, 15.01.2011.
A Papyrus Soluções (2011, p.20) trouxe informações sobre a espécie Zenaida auriculata,
levantada em contato com moradores do povoado de Lagoinha que “comentaram sobre a
existência de reprodução da pomba-de-bando (Z. auriculata) até meados da década de 1990.”
Ainda de acordo com os moradores “desde então a espécie chega apenas na região no período
das chuvas mais fortes em busca dos frutos do velame (Croton sp. – Euphorbiaceae).” Segundo
206
a equipe, respaldada em Antas (1987); Azevedo-Júnior; Antas, (1990) “esse relato de
aparecimento em relação à frutificação do velame é reportado em outras regiões do nordeste”
(PAPYRUS SOLUÇÕES, 2011, p.20).
Dentre outros seguem informações biológicas sobre os grupos solicitados, especificamente:
Strigiformes
Este grupo de aves compreende as corujas e caburés, que são animais de hábito noturno, mais
alguns podem ser vistos habitualmente durante o dia como a coruja-buraqueira (Athene
cunicularia) (Fotografia 5.2.45) ou ainda, excepcionalmente durante o dia, a coruja-branca
também conhecida com coruja-de-igreja (Tyto Alba), em atividade de caça, ou junto com suas
crias na frente de suas tocas. Existem ainda outras que se mantem ativas, tanto de dia, quanto
de noite como o caburé (Glaucidium brasilianum). Fazem parte da dieta dos strigiformes:
anfíbios, répteis e aves, além de mamíferos, como marsupiais, quirópteros, quer estes últimos
sejam insetívoros e, até mesmo, hematófagos. Dentre os insetos, que fazem parte da
alimentação dos Stringiformes, estão besouros e gafanhotos.
Fotografia 5.2.45 - Coruja buraqueira (Athene cunicularia, sin. Speotyto
cunicularia.), em AID. Coordenada: UTM 0235069 / 8691933.
Fonte - Leida Baracat de Oliveira, 14.01.2011.
O referido grupo de aves constrói ninhos sobre forros de telhados de
processo de domiciliação, em grutas, ou ocos de paus, muitas vezes
cupinzeiros, tocas abandonadas de tatus er João de barro em torres de
podem ser vistas dormindo em palmeiras, ou simplesmente, põe seus
corujas de modo geral se reproduzem todo o ano.
casas, indicando seu
feitos por pica-paus,
igrejas, mas também
ovos no capinzal. As
207
Caprimulgiforme
Estão incluídos como representantes desse grupo o bacurau (Nyctidromus albicollis), mãe-dalua (Nyctibius griseus), que são aves noturnas e gregárias. Devido ao reflexo da luz dos faróis
dos automóveis nos olhos, alguns indivíduos puderam ser facilmente visualizados, durante os
trabalhos de campo, frequentemente à noite, em leito de estradas vicinais, certamente
aproveitando-se de fartura de insetos noturnos para capturá-los. Alguns caprimulgiformes
(Caprimulgidae) podem cair no sono tórpido e passar horas de frio e falta de alimento (SICK,
1997). Outros apanham pedrinhos e pedaços de madeira carbonizada, talvez devido ao seu teor
salino.
Já os urutaus não pousam o solo e permanecem eretos quando pousam em tocos e galhos ou
estacas de cerca permanencendo eretos e, muitas vezes se confundindo com a extremidade do
local, onde estão pousadas, constituindo numa camuflagem bastante eficiente. Eles não fazem
ninhos convencionais. Voam alto e planando, e durante o processo de vôo podem lembrar um
gavião. Põem os ovos em extremo de estacas, pedras, troncos de árvores e galhos a poucos
metros do solo. Contudo, o período de incubação 33 dias e permanecendo o filhote por sete
semanas “no ninho”, perfazendo um total de 84 dias, sendo, portanto, um dos períodos de
desenvolvimento mais prolongado para aves continentais (SICK, 1997).
Os bacuraus são muito territoriais e voam muito bem. Talvez a sua atividade reprodutiva esteja
sincronizada com o ciclo da lua, uma vez que a maior claridade garantiria um período ótimo de
alimentação, facilitando a criação da sua prole (SICK, 1997). Essas aves são muito sensíveis
contra distúrbios e mudam para outros locais, puxando os ovos e, até mesmo voando (SICK,
1997).
- Falconiformes
Neste grupo estão incluídos os gaviões e águias, representantes da avifauna facilmente
reconhecidos pelo bico adunco e garras afiadas.
Os falconiformes têm hábito alimentar bastante variado, que vai desde artrópodos (gafanhotos,
percevejos, formigas, vespas, cupins, aranhas, anfíbios, répteis, aves e mamíferos. Alguns se
alimentam de caramujos aquáticos como o gavião caramujeiro (Rostrhamus sociabilis).
A nidificação se dá individual, sobre árvores, rochas ou até mesmo em colônias, como no caso
do gavião caramujeiro, onde esta ocorre em juncos. Já foram constatadas migrações do gavião
caramujeiro vindos do Norte e se dirigindo ao sul, contra o vento forte (SICK, 1997). Podem
ocorrer deslocamentos crepusculares do gavião caramujeiro para dormirem em certos copões
alagados. (SICK, 1997). O falCão norte-americano (Falco peregrinus) é visitante regular do Brasil,
208
durante o inverno no hemisfério norte. Este falcão migratório nidifica em ocos de paus e
buracos de pica-paus, aberturas em postes, em edificações e cupinzeiros. De maneira geral, os
falconiformes não constroem ninhos, ocupando aqueles já feitos por outras aves e há a
tendência de ocuparem locais elevados.
Um registro faunístico de relevância com referência aos Falconiformes é a ocorrência da águia
chilena ou gavião-pé-de-serra (Geranoaetus melanoleucus), que pode alcançar uma
envergadura de 2 metros. Ela tem sido avista no município de Morro do Chapéu por moradores
locias. Inclusive foi citada a sua ocorrência pelo condutor de turistas, Jaime Matos, no Parque
do Morro do Chapéu, área de Influência Direta (AII) deste trabalho e na Cachoeira do Ferro
Doido. (Jaime Matos, informação verbal em 15.01.2011). Esta ave reSidente (R) (CBRO, 2011),
de acordo com a Lista de Aves do Estado da Bahia (SOUZA et al. 2008) tem ocorrência para o
interior do Nordeste do Estado, especificando, além da região central (C), as regiões W,
(Extremo Oeste), SF (Vale do São Francisco) e PC (Planalto de Conquissta).
A presença do Geranoaetus melanoleucus, representa uma ampliação da sua zona de
ocorrência, pois, no caso da Bahia, era citada apenas para a área Noroeste (SICK, 1985, p. 209).
Ainda segundo o último autor citado, esta ave come carniça, mas já foi vista quebrando um
ninho do joão-de-barro (Furnarius rufus) para tirar-lhe os filhotes. Ela inclui ainda na sua dieta
outras aves, répteis e pequenos mamíferos (BINI, 2009), sendo citado pelo Condutor de Turistas
de Chapéu, Jaime Matos que ela se alimenta também de mocó (JAIME MATOS, informação
verbal em 15.01.2011).
- Anseriformes (marrecos)
Neste grupo encontram-se os patos e marrecos. Alimentam-se de pequenas sementes e folhas,
e, por vezes, vermes, larvas de insetos e pequenos crustáceos. O irerê (Dendrocygna viduata)
alimenta-se de várias macrófitas aquáticas como a salvínia (SICK, 1997). Ainda segundo esse
ornitólogo nossas espécies de Anseriformes necessitam de água rasa para se alimentarem bem.
De acordo com os estudos da Papyrus Soluções (2011, p. 22) o “maior número de indivíduos
observados entre essas espécies foi do pato irerê (D. viduata), 12 indivíduos apenas, na
Lagoinha”. PAPYRUS SOLUÇÕES, p. 22) Também citam que “Essa é a espécie, entre as aquáticas,
que em geral forma grandes grupamentos” (NASCIMENTO; SCHULZ-NETO, 2000 apud PAPYRUS
SOLUÇÕES, 2011 p. 22).
O ninho pode ser bem mais elaborado ou, até mais rústico, mas quase sempre é formado de
penugem, podendo aproveitar oco de madeiras; fazer ninhos sobre árvores ou ainda aproveitar
ninhos de outras aves.
209
Quase todas as espécies que ocorrem no Brasil são migratórias, por diversos motivos, seja pela
disponibilidade de alimento, alterações dos níveis de água (tanto por excesso como pela falta)
ou procura de locais mais seguros para dormir, seja para muda (SICK, 1977).
Os representantes desse grupo de aves são predados por jacarés e peixes carnívoros e, até
mesmo, por teiús, que nadando alcançam seus ninhos para comer ovos.
No Quadro 2.1.7-1: Lista preliminar da avifauna no Complexo Eólico Cristal (Cafarnaum, Morro
do Chapéu e Bonito, Bahia, Brasil), constam dados sobre a quantificação das aves (Abundância);
uso do habitat florestal; sensibilidade; status, reprodução com registros de observações diretas
e indiretas; endemismo; status de ameaça, vôo acima de 50 metros de altura e dieta (PAPYRUS
SOLUÇÕES, 2011, pp. 32 a 40 - anexo IX).
vii. Informações sobre existência de movimentos migratórios relevantes.
No diagnóstico da avifauna a Papyrus Soluções (2011, p. 42) cita que não foram observadas
formações de bandos com grandes contingentes, exemplificando com os Anseriformes, muito
menos de espécies que realizam movimentos regionais e migratórios. Ainda acrescenta que
este fato é estendido às aves dos grupos Strigiformes, Caprimulgiformes e Falconiformes. O
trabalho apresenta como registro para a região, apenas um exemplar do maçarico-pintado
(Actitis macularius), espécie migrante do norte que tem a permanência no país segundo Sick
(1984) e Antas, (1986) é entre setembro e abril. De acordo com a Papyrus Soluções (2011, p. 23)
considerando-se que as lagoas e tanques são pequenos e segundo eles, movimentados, e que
em função disso, provavelmente apenas poucos indivíduos visitariam anualmente as áreas ao
redor do Complexo Eólico Cristal.
O outro registro pela Papyrus Soluções (2011, p.20) foi o da espécie Zenaida auriculata,
levantado em contato com moradores do povoado de Lagoinha que “comentaram sobre a
existência de reprodução da pomba-de-bando (Z. auriculata) até meados da década de 1990.”
Ainda de acordo com os moradores “desde então a espécie chega apenas na região no período
das chuvas mais fortes em busca dos frutos do velame (Croton sp. – Euphorbiaceae).” Segundo
a equipe, respaldada em Antas (1987); Azevedo-Júnior; Antas, (1990) “esse relato de
aparecimento em relação à frutificação do velame é reportado em outras regiões do nordeste”
(PAPYRUS SOLUÇÕES, 2011, p.20).
Dados da listagem taxonômica da fauna encontra-se no Anexo VI.
210
q) Selecionar e justificar bioindicadores ambientais para fins de monitoramento
q) Seleção e justificativa de bioindicadores ambientais para fins de monitoração.
Dados disponíveis na listagem taxonômica da fauna (Anexo VI) indicam diferentes níveis de
sensibilidade aos distúrbios humanos (baixa, média e alta) para aves que ocorrem na região de
caatinga. Essa classificação foi realizada por Silva J. M. C. et al. (2003),que tiveram como base
principalmente Stotz et al. (1996). Vale acrescentar, porém que de acordo com Carvalhaes e
Machado in Funch et. al (2008), a presença de ninhos do gavião pé-de-serra ou águia chilena
(Geranoaetus melanoleucus) no campo rupestre, no topo dos morros é um indicativo de boa
preservação ambiental. Assim, ainda que não tenha sido observada no campo, na AID, esta ave
foi citada pelo guia de visitantes local (Jaime Matos. Informação verbal, 15.01.2011), como
ocorrente no Parque do Morro do Chapéu (AII). Já o gavião-peregrino (Falco peregrinus) é uma
outra espécie que pode ser monitorada pelo fato de ser bastante sensível a distúrbios
provocados pelo ser humano, além de ser uma ave migratória visitante do norte. (SILVA J. M. C.
et al., 2003).
No diagnóstico da avifauna realizado pela Papyrus Soluções (2011, p.42), cerca de 29% das aves
identificadas na área do empreendimento proposto, podem alcançar vôo acima de 50 m em
relação ao solo. (Quadro 2.1.7-1: Lista preliminar da avifauna no Complexo Eólico Cristal Cafarnaum, Morro do Chapéu e Bonito, Bahia, Brasil in PAPYRUS SOLUÇÕES, 2011, pp. 32 a 40)
(anexo IX). Esta condição torna aves como o urubu-rei (Sarcoramphus papa) e o gavião-de-rabobranco (Geranoaetus albicaudatus), de maior porte, ainda mais “susceptíveis à colisões com
aerogeradores” (p. 42).
No que diz respeito à sensibilidade a distúrbios ambientais, considerando-se a classificação por
Stotz et al. (1996) apud Papyrus (2011, p. 44), os resultados apontam para a predominância de
comunidade de aves de baixa sensitividade (69%), seguida de média (27%) e alta (4%), (vide
gráfico - Figura 2.1.9-2, ANEXO ). O padrão coincide para as aves de toda a caatinga (SILVA et al.,
2003 apud PAPYRUS, 2011, p. 44). Foi recomendado que espécies de alta e média sensibilidade,
por serem mais dependentes de florestas, devem ser priorizadas em planos de monitoramneto
por se constituírem em boas bioindicadoras em estudos sobre os efeitos de perda de habitat e
fragmentação em áreas de Caatinga. (PAPYRUS, 2011, p.44).
211
r) Apresentar área total e percentual das fitofisionomias encontradas e cálculos de estimativa
de material lenhoso a ser gerado no ato da supressão da vegetação nativa inseridas nas
áreas passíveis de supressão a serem afetadas;
r) Apresentação da área total e percentual das fitofisionomias encontradas e cálculos de
estimativa de material lenhoso a ser gerado no ato da supressão da vegetação nativa
inseridas nas áreas passíveis de supressão a serem afetadas.
As áreas objeto de supressão de vegetação que compreendem atividades de sondagem tiveram
cálculos de estimativa do material lenhoso encaminhados para o IMA, o qual já autorizou o
processo de supressão, estando a mesma em andamento.
As áreas de supressão que abrange a abertura de vias de acessos para o empreendimento, se
encontram em fase de definição, sendo registrados os seguintes valores de supressão:
Quadro 5.2.1 - Estimativa de supressão de vegetação em cada uma das alternativas de acessos.
Estimativa da supressão de vegetação
Metros
quadrados
Hectares
Produção unitária
Estimativa do
Via de acessos
de supressão
(ha)
material lenhoso (m³ ha-¹)
material lenhoso
(m²)
(m³ ha-¹)
79.848
7,98
44,834
357,78
Alternativa 1
155.400
15,54
44,834
696,72
Alternativa 2
79.848
7,98
44,834
357,78
Alternativa 3
Fonte: V&S
Conforme o mapa de vegetação as alternativas de acesso passam por áreas de duas
fitofisionomias: Caatinga Arbórea/Arbustiva (49,21%) e Agricultura/Pecuária (antropismo) (50,79%).
Como com as áreas onde ocorre agricultura e pecuária não foram computadas no cálculo na estimativa
de supressão, temos que 100% (cem por cento) da supressão e da produção de material lenhoso
apresentadas no quadro 5.2.1, ocorrerá em áreas correspondente a fitofisionomia de
Caatinga
Arbórea/Arbustiva.
Áreas onde ocorrem outras fitofisionomias, a exemplo de Floresta estacional, Campo rupestre e
de Brejo, presentes no mapa de vegetação, ocorrem apenas a sul da área de influência direta do
meio biótico, não sendo afetada por nenhum dos acessos.
Considerando as áreas necessárias a canteiro de obras, pátio de estocagem e usina de concreto,
será utilizada em cada uma das quatro unidades uma área de 26.200 m², as duas subestações
ocuparão uma área de 4,30 hectares, enquanto que o pátio de montagem é instalado ao lado
do aerogerador, com área unitária de 1278 m² e 400 m² de fundação, perfazendo um total de
22,88 hectares de área, das quais 17,23 hectares em fitofisionomia de Caatinga/arbustiva, com
vegetação a ser suprimida, os quadros seguintes apresentam a área em cada fitofisionomia e a
212
estimativa de supressão de vegetação na área ocupada pelas estruturas.
Quadro 5.2.2 - Estimativa de interferência em cada fitofisionomia.
Área na fitofisionomia
Estrutura
Área total
de Caatinga Arbórea
Usina de concreto
32.000 m²
20.598 (64,37%)
Pátio de estocagem
56.000 m²
42.000 (0,75%)
Canteiro de obras
16.800 m²
9.627 (57,30%)
Pátio de montagem
83.070 m²
67.829 (81,65%)
Fundação da turbina
26.000 m²
21.229 (81,65%)
Subestação
15.000 m²
10.997 (73,3%)
Total estimado
Fonte: V&S
228.870 m²
172.280 (75,27%)
Área na fitofisionomia
de Agricultura/Pecuária
11.402 (35,63%)
14.000 (0,25%)
7173 (42,70%)
15.241 (18,34%)
4768 (18,34%)
4003 (26,7%)
56.587 (24,73%)
Quadro 5.2.3 - Estimativa de supressão da área ocupada pelas estruturas na fitofisionomia de
Caatinga Arbórea/arbustiva.
Estrutura
Área total
Área hectares
Material Lenhoso
Usina de concreto
Pátio de estocagem
Canteiro de obras
Pátio de montagem
Fundação dos aerogeradores
Subestação
Total estimado
20.598
42.000
9.627
67.829
21.229
10.997
172.280
2,06 ha
4,20 ha
0,96 ha
6,78 ha
2,12 ha
1,10 ha
17,23 ha
92,35
188,30
43,16
304,10
95,18
49,40
772,40
Fonte: V&S
Para o cálculo estimado da produção de material lenhoso das atividades de supressão da
vegetação da via de acessos e demais estruturas foi utilizado dados já obtidos em estudos
anterirores (supressão da vegetação com vista a execução de sondagens geotécnicas), sendo
medido o potencial comercial da produção volumétrica de material lenhoso de 44, 834m³ há-1.
Considerando a alternativa 1 de acesso e as demais estruturas será necessária a supressão de
vegetação em 25,208 hectares, perfazendo um total de 1.030,18 m³ de material lenhoso.
s) Fauna cavernícola
Na cavifauna encontram-se organismos com comportamento diversificado pela adaptação
ambiental. Muitos destes nunca saem da caverna (troglóbios), a exemplo de aranhas e
amblipígios e dos grilos e dos isópodes, que são cegos e vivem em locais totalmente
desprovidos de luz e desenvolveram outras estruturas, a exemplo de antenas, cerdas e palpos
maxilares, com um tato que compensa a falta da visão, possibilitando reconhecimento e
exploração do ambiente para desenvolvimento do seu nicho ecológico (alimentação,
reprodução, defesa, etc.). Os grilos e os isópodes sobrevivem em grutas à custa dos restos
alimentares caídos durante a atividade alimentar de troglófilos. Entre os vertebrados o lacertílio
Gymnodactilus geckoides é muito comum no interior de algumas cavernas da Chapada
213
Diamantina.
Como já foi dito anteriormente, sobre os quirópteros ( item 0 ), os troglófilos podem ser
encontrados, tanto dentro, quanto fora das cavernas, necessitando se ausentar da caverna por
algum período (noite ou dia). Isso, geralmente através do vôo, como os quirópteros (morcegos)
e a ave andorinha para buscarem alimentos (frutos, insetos, dentre outros) fora da caverna,
enquanto os que não possuem asas também saem como roedores que dormem nas cavernas a
exemplo dos mocós e preás. Já aqueles organismos que ocasionalmente caem nas cavernas
como anfíbios, aranhas (Fotografia 5.2.46 e 5.2.47), lacertílios, ofídios, etc., seja por dolinas ou
pequenas fendas nas paredes, sendo chamados de trogloxenos ou trogloxenos ocasionais,
podendo sobreviver nesse ambiente por algum período, o que depende das condições
ambientais locais.
Fotografia 5.2.46 – Aranha lobo (Lycosa sp.) na Fotografia 5.2.47 – Aranha-marrom (Loxosceles
entrada da Gruta do Cristal II (AID). Fonte – Elvis sp.) no interior do Complexo Gruta Cristal I e
Barbosa, 10.01.2011.
Gruta Cristal II, (AID). Fonte – Elvis Barbosa,
10.01.2011.
As falhas rochosas do teto do complexo das Grutas Cristal I e Cristal II deixam sempre
desprender pedaços de rochas, surgindo adiante novas dolinas. O desmoronamento sempre
ocorre e, portanto, tal processo erosivo ocasiona sempre um perigo para os visitantes, inclusive
o próprio ser humano. Dessa forma, do ponto de vista ligado ao turismo ecológico, não é muito
aconselhável a descida de tais ambiente porque a rocha mãe regional não é muito firme. Ainda,
reintera-se que a fauna no interior da localidade não é rica como em outros setores da Chapada
Diamantina.
O continuado aumento de tamanho da entrada dos túneis cavernícolas, permite que a chegada
da luz solar, que vai penetrando na sua parte inicial favoreça a presença de briófitas nas rochas.
Tais espaços se tornam abrigos mais tranqüilos, permitindo descanso e degustação da presa.
Foram encontrados na caverna, carcaças de animais como o tamanduá-bandeira
(Myrmecophaga tridactyla), demonstrando que a área é utilizada por felinos para consumirem
suas presas.
214
Em outros pontos, o desprendimento de partes das rochas, aliado ao carreamento da terra, vão
ocasionando a obliteração das entradas de alguns túneis, impedindo a circulação do ser
humano, mas possibilitando a entrada de outros animais como roedores e até morcegos. Em
conversas com moradores locais foi citado que pessoas ao tentaram entrar deitadas em
determinados “buracos”, saíram contaminadas com fungos das fezes dos morcegos que por lá
se escondem.
É muito comum nas grutas estudadas, bem como em muitas outras regiões da Chapada
Diamantina, a existência de conchas de moluscos Bulimulidae: caracol (Megalobulimus
oblongus). (Fotografia 5.2.48) Estes podem ser levados, tanto pelas águas pluviais, quanto
caírem casualmente em tais cavidades, como verdadeiros trogloxenos ocasionais.
Fotografia 5.2.48 – Concha de caracol (Megalobulimus oblongus), na Gruta Cristal II.
Fonte - Elvis Barbosa, 10-01-2011.
Muitos outros animais desempenham o papel de trogrófilo como os roedores da família
Caviidae: preá (Cavia aperea) e mocó (Kerodon rupestris), que utilizam o complexo da Gruta
Cristal I e Gruta Cristal II como habitat, mas obtêm seu alimento fora desse ambiente,
contribuindo para a alimentação de outros animais detritívoros que possam existir. Foram
observadas fezes de tais roedores na entrada destas cavernas (Fotografia 5.2.49) e, ainda foram
vistas pegadas em pontos de solo argiloso. Os lagartos, moluscos, insetos, grandes aranhas que
circulam na área, como a caranguejeira (Grammostola sp.); o Miriápodo Diplopoda Julidae
(Julus sp.), além da aranha Loxoscelidae, conhecida como aranha-marrom (Loxoscelis sp.) e
felinos, podem ser considerados trogloxenos ocasionais, uns como visitantes e outros que caem
e não conseguem a saída do ambiente. No piso argiloso da entrada das cavernas, foi visto o
funil deixado por larvas de insetos neuropteros da família Myrmeleontidae, conhecido
vulgarmente por piolho-de-urubu (Myrmeleon sp.), que pode ser considerado, no local, como
um trogloxeno.
215
Fotografia 5.2.49 – Fezes de roedores (Cavea aperea),
na entrada do Complexo Gruta Cristal I e Gruta Cristal II.
Fonte - Elvis Barbosa, 10-01-2011.
Algumas aves falconidae como o gavião-carrapateiro (Milvago chimachima) e, até o caracará
(Caracara plancus), podem fazer pouso na entrada dos túneis para degustar o alimento ou
dormir, não chegando a penetrar nas partes totalmente escuras do meio, o que também ocorre
com algumas aves que se utilizam do apoio das rochas na entrada das cavernas para construir o
seu ninho, fato observado e fotografado com o sabiá (Turdus sp.). (Fotografia 5.2.50) Muitas
vezes são encontradas carcaças de aves (Fotografia 5.2.51), a exemplo de gaviões sem
explicações para o motivo da sua morte.
Fotografia 5.2.50 – ninho de sabiá-laranja (Turdus
rufiventris) na marquise da Gruta Cristal I. Fonte –
Elvis Barbosa, 10.01.2011.
Fotografia 5.2.51 – Carcaça de gaviãocarrapateiro (Milvago chimachima) na marquise
do Complexo Gruta Cristal I e Gruta Cristal II.
Fonte – Elvis Barbosa, 10.01.2011.
Em duas cavernas, foram encontradas aranhas Licosidae com túneis na sua entrada enquanto
uma Ctenidae (Ctenus sp.), tinha seu habitat nas partes mais escuras do local. A realidade da
presença de felinos na entrada das grutas é demonstrada pelos restos mortais de muitos outros
mamíferos, inclusive o veado-catingueiro (Mazama gouazoubira) e, até tamanduá
(Myrmecophaga sp.) e aves falconidae como caracará (Caracara plancus).
216
5.2.2 Ecossistema Aquático – quando for o caso
Área de Influência Direta
a) Identificação das espécies animais e vegetais raras, ameaçadas de extinção, vetores e
reservatórios de doenças;
b) Análise quali-quantitativa dos componentes básicos das populações aquáticas plâncton, necton e bentos - contemplando os seguintes parâmetros:inventário
taxonômico, frequência por grupo taxonômico e pontos amostrais, densidade, índice de
diversidade
c) Apresentação de quadros com identificação de espécies animais e vegetais que possam
servir como indicadores biológicos das alterações ambientais nos ecossistemas
aquáticos.
5.2.2 Ecossistema Aquático
Não se aplica, pois não foram identificados na área de influência direta rios ou riachos perenes
que comportam ecossistemas aquáticos. Os rios da região correm apenas por alguns poucos
meses após o período chuvoso.
5.2.3 Ecossistema de Transição
Caracterizar os ecossistemas de transição, aquáticos e terrestres, devidamente identificados na
carta de vegetação.
5.2.3 Ecossistema Transição
Esse não ocorre na área.
217
REFERÊNCIAS BI BLIOGRÁFICAS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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