estudo de impacto ambiental
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ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL COMPLEXO EÓLICO CRISTAL RELATÓRIO 02 TOMO I DIAGNÓSTICO AMBIENTAL TOMO I MEIO FÍSICO MEIO BIÓTICO JUNHO/2011 SALVADOR/BA Av. Santa Luzia 1136, Ed. Horto Empresarial Sala 506 Salvador - BA- CEP 40.295-050 - Tel.: 55 (71) 3357-3979 [email protected] 1 V&S Ambiental, 2010 – Estudo de Impacto Ambiental (Relatório 02) Complexo eólico Cristal / V&S Ambiental; Coordenação Geral: Maria Bernadete Sande Vieira. Chapada Diamantina/ BA. V&S Ambiental, 2011 117p.; 23,5 cm 1. Estudo de Impacto Ambiental 2. Complexo Eólico Cristal 3. Energias Renováveis 4. V&S Ambiental. 5. Chapada Diamantina Copyright © 2010 V&S Ambiental Ltda. Todos os direitos desta edição reservados à V&S Ambiental Ltda. Av. Santa Luzia 1136, Ed. Horto Empresarial Sala 506 CEP 40.295-050 - Salvador, BA Fone/fax: 55 (71) 3357-3979 / Email:[email protected] 2 EQUIPE TÉCNICA Coordenação Geral Meio Físico Profissional Maria Bernadete Sande Vieira Eng. Civil e Sanitarista CREA:8916-D Assinatura Isaac Góes de Queiroz Geólogo, M.Sc. CREA: 24.450-D Fabiano Carvalho Melo Eng. Sanitarista e Ambiental CREA: 58.980 Meio Biótico Terrestre Ivomar Carvalhal Britto Biólogo MSc CRBio: 0110/D5 Leida Baracat de Oliveira Bióloga Especialista em Ecologia e Turismo e em Educação Ambiental para a Sustentabilidade CRBio: 19.624/D5 Meio Biótico Fitossociologia Marta Fagundes Neves Bióloga CRBIO: 11.610-D5 Rogério Moreira Cerqueira Biólogo Especialista em Gerenciamento Ambiental CRBio: 67.080/05-D Bioespeleologia Espeleologia e Arqueologia Edilson Pires de Gouvêa Biólogo - CRBio: 11619/5-D Bioespeleólogo Doutor em Ciências, Zoológo Elvis Pereira Barbosa Licenciatura em História Mestre em arqueologia Doutorando de Ciências Sociais. 3 Meio Socioeconômico Mônica Santos Assistente Social CRESS/BA: 03452 Cristina Pharaó Assistente Social CRESS/BA: 03979 Arqueologia Fábio Origuela de Lira Arqueólogo Iberê Fernando de Oliveira Martins Historiador e Arqueólogo Adriana Meinking Guimarães Turismóloga e Arqueóloga Diagramação e Formatação Alexandre Filgueiras Mota Acadêmico de Comunicação Social, Publicidade e Propaganda 4 APRESENTAÇÃO Atendendo ao estabelecido no Termo de Referência para Estudo de Impacto Ambiental para UsinasEólicas,comvistasaimplantaçãodeComplexoEólicoCristallocalizadonosmunicípiosde MorrodeChapéu,BonitoeCafarnaum,oPARQUEEÓLICOCRISTALLTDA.,apresentaoSegundo Relatório do EIA (volume 2), referente à Etapa II do supracitado TDR, estudos estes que irão subsidiar o processo de Licenciamento Ambiental junto ao Instituto de Meio Ambiente do EstadodaBahia–IMA,deacordocomoProcessoNo.n°2009Ͳ000250/TEC/LLͲ0007. O Relatório de Diagnóstico Ambiental foi elaborado em conformidade com o Termo de ReferênciaemitidopeloIMA.Estesestudosdediagnósticoirãoservirdesubsídiosàavaliaçãoe mitigaçãodosimpactosnosmeiosfísico,bióticoesocioeconômico,bemcomoaproposiçãode programasdecontroleambiental. Obedecendo a sequência apresentada no TDR este relatório se inicia pelo capítulo 5, contemplando os estudos do Meio Físico e Biótio (TOMO I) e Meio Socioeconômico, Caracterização das Unidades de Conservação e Areas de Preservação Permanente e a Análise Integrada (TOMO II), que representa uma síntese da caracterização da área de influência do empreendimentoconsiderandoasinterͲrelaçõesdosmeiosfísico,bióticoesocioeconômico. Antesdaapresentaçãodecadacapítuloestátranscritoanumeraçãodoitemeaespecificação correspondenteaotemaabordadoconformeoTermodeReferência. A Caracterização do Empreendimento, Alternativas Locacionais e Delimitação das Áreas de Influênciaforamapresentadosrespectivamentenoscapítulos2,3e4doVolumeIdesteestudo, sendoestedocumentoͲVolumeII–TomoI,complementaraoanterior. 5 LISTA DE SIGLAS E TERMOS ACAR ADA AGROBON Associação Comunitária de Arizona Área Diretamente Afetada Associação dos Produtores Orgânicos de Hortifrutigranjeiros, Cafés e Flores de Bonito AID Área de Influência Direta AII Área de Influência Indireta ASPAB Associação dos Pequenos Agropecuaristas do Município de Bonito CAS Circunferência à altura do solo COOPERRECICLE Cooperativa de Reciclagem da Chapada Diamantina da Bahia COOTEBA Cooperativa de Trabalho do Estado da Bahia CR Campo Rupestre DAS Diâmetro à altura do solo GAB Grupo Ambientalista de Bonito IDH Índice de Desenvolvimento Humano IDH-M Índice de Desenvolvimento Humano Municipal INE Índice do Nível de Educação INF Índice de Infraestrutura INS Índice do Nível de Saúde IPM Índice do Produto Municipal IQA Índice de Qualidade das Águas IQM Índice de Qualificação da Mão-de-obra IRMCH Índice da Renda Média dos Chefes de Família ISB Índice dos Serviços Básicos IUCN União Internacional para a conservação da natureza IVC Índice de valor de cobertura IVI Índice de valor de importância MMA Ministério do Meio Ambiente OMM Organização Meteorológica Mundial PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento SEI Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia SEPLAN Secretaria Estadual do Planejamento UCs Unidades de Conservação VCAS Vórtices Ciclônicos de Ar Superior ZCAS Zona de Convergência do Atlântico Sul 6 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 15 5 DIAGNÓSTICO AMBIENTAL 5.1 Meio Físico 5.1.1 Características Climáticas 5.1.1.1 Classificação Climática 5.1.1.2 Variáveis Climáticas 5.1.1.2.1 Temperatura 5.1.1.2.2 Umidade Relativa do Ar 5.1.1.2.3 Insolação 5.1.1.2.4 Evaporação Total 5.1.1.2.5 Precipitação 5.1.1.2.6 Ventos 5.1.1.3 Balanço Hídrico 5.1.1.4 Conclusões 5.1.1.5 5.1.2 Geomorfologia 5.1.2 Geomorfologia 5.1.2.1 Planalto da Chapada Diamantina – Chapadas de Morro do Chapéu 5.1.2.2 Encosta Ocidental 5.1.2.3 Reversos do Planalto da Chapada Diamantina – Baixada do rio Jacaré 5.1.3 Geologia/Geotecnia 5.1.3.1 Supergrupo Espinhaço 5.1.3.2 Supergrupo São Francisco - Grupo Una 5.1.3.3 Formações Superficiais 5.1.3.4 Geologia e Condições Geotécnicas locais 5.1.3.5 Recursos Minerais 5.1.3.6 Situação dos Direitos Minerários 5.1.4 Pedologia 5.1.4.1 Caracterização das Unidades Pedológicas 5.1.4.2 Unidades de mapeamento 5.1.4.3 Aptidão Agrícola dos Solos 5.1.5 Recursos Hídricos 5.1.5.1 Hidrologia 5.1.5.1.1 Caracterização da Bacia e dos Mananciais Hídricos Superficiais 5.1.5.1.2 Nascentes e Surgências 5.1.5.1.3 Dados Hidrológicos Disponíveis 5.1.5.1.4 Caracterização das Vazões na Bacia do Rio Jacaré 5.1.5.1.5 Usos Atuais das Águas Superficiais 5.1.5.1.6 Hietogramas de Projeto 5.1.5.2 Geoquímica 5.1.5.3 Qualidade das Águas 5.1.5.4 Hidrogeologia 5.1.5.4 Hidrogeologia 5.1.5.4.1 Sistemas Aquíferos 5.1.5.4.2 Uso das Águas Subterrâneas 5.1.5.4.3 Interrelação entre águas subterrâneas e superficiais 5.2 Meio Biótico 5.2.1 Ecossistemas Terrestres 5.2.1.1 Vegetação 5.2.1.2 Macrofauna 5.2.2 Ecossistema Aquático 5.2.3 Ecossistema Transição 16 17 17 17 21 23 25 26 27 28 29 34 35 37 37 38 41 44 48 48 54 55 57 63 65 68 69 77 78 80 81 81 84 90 92 95 97 100 100 116 116 116 119 121 123 135 135 170 217 217 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 218 7 RELAÇÃO DE ANEXOS ANEXO V ANEXO VI ANEXO VII ANEXO VIII ANEXO XI ANEXO X ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 246 260 261 ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 263 8 RELAÇÃO DE QUADROS QUADRO 5.1.1 – CLASSIFICAÇÃO CLIMÁTICA DE THORNTHWAITE DO COMPLEXO EÓLICO CRISTAL 20 QUADRO 5.1.2 - RELAÇÃO DAS ESTAÇÕES METEOROLÓGICAS DA REGIÃO 21 O QUADRO 5.1.3 – TEMPERATURA MÉDIA COMPENSADA ( C) 23 O QUADRO 5.1.4 – TEMPERATURA MÉDIA MÁXIMA ( C) 24 QUADRO 5.1.5 – TEMPERATURA MÉDIA MÍNIMA 25 QUADRO 5.1.6 – UMIDADE RELATIVA DO AR COMPENSADA (%) 25 QUADRO 5.1.7 – INSOLAÇÃO (HORAS/MÊS) 26 QUADRO 5.1.8 – EVAPORAÇÃO TOTAL (MM) – EVAPORÍMETRO DE PICHE 27 QUADRO 5.1.9 – PRECIPITAÇÃO ACUMULADA (MM) 28 QUADRO 5.1.10 – INTENSIDADE DOS VENTOS (M/S) 29 QUADRO 5.1.11 – DIREÇÃO PREDOMINANTE DOS VENTOS 30 QUADRO 5.1.12 – BALANÇO HÍDRICO CLIMATOLÓGICO PARA A ÁREA DO COMPLEXO ÉOLICO CRISTAL, SEGUNDO THORNTHWAITE E MATHER (CAD=100MM), 1961 - 1990 34 QUADRO 5.1.13 – RESUMO DAS CARACTERÍSTICAS CLIMÁTICAS DO COMPLEXO EÓLICO CRISTAL 36 QUADRO 5.1.14 – CORRELAÇÃO DE CLASSES DE SOLOS ENTRE A CLASSIFICAÇÃO ANTERIOR A 1999 E O ATUAL SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS 69 QUADRO 5.1.15 – UNIDADES DE MAPEAMENTO DAS CLASSES DE SOLOS 77 QUADRO 5.1.16 – POSTOS FLUVIOMÉTRICOS DA BACIA DO RIO JACARÉ 90 QUADRO 5.1.17 – POSTOS PLUVIOMÉTRICOS NO MUNICÍPIO DE MORRO DO CHAPÉU 91 QUADRO 5.1.18 – POSTOS PLUVIOMÉTRICOS NO MUNICÍPIO DE CAFARNAUM 92 QUADRO 5.1.19 – DADOS DE PRECIPITAÇÃO MÉDIA DO POSTO CAFARNAUM 92 QUADRO 5.1.20 – VAZÕES MÉDIAS MENSAIS – POSTO 47480000 (JAGUARARI) 94 QUADRO 5.1.21 – USOS DAS ÁGUAS SUPERFICIAIS NA SUB-BACIA DO CÓRREGO BAIXA DO CAFARNAUM 96 QUADRO 5.1.22 – PARÂMETROS, UNIDADES, MÉTODOS DE ANÁLISE, RESULTADOS E VALORES DE REFERÊNCIA (CONAMA Nº357/05 E PORTARIA Nº158/04) 103 QUADRO 5.1.23 – UTILIZAÇÃO DA ÁGUA PELA COMUNIDADE NOS PONTOS DE AMOSTRAGEM 115 QUADRO 5.2.1 - ESTIMATIVA DE SUPRESSÃO DE VEGETAÇÃO EM CADA UMA DAS ALTERNATIVAS DE ACESSOS. 212 9 RELAÇÃO DE TABELAS TABELA 5.2.1 - FÓRMULAS PARA OBTENÇÃO DO ÍNDICE FITOSSOCIOLÓGICOS ABSOLUTOS, RELATIVOS E SINTÉTICOS (IVI E IVC) E ÍNDICE DE DIVERSIDADE DE SHANNON 127 TABELA 5.2.2 - LISTAGEM TAXONÔMICA COM ESTRATO VEGETAL DE ESPÉCIES DA CAAINGA DA AID (FAZENDA CRISTAL), MUNICÍPIO DE MORRO DO CHAPÉU - BA. 144 TABELA 5.2.3 - LISTAGEM TAXONÔMICA COM ESTRATO VEGETAL DE ESPÉCIES DA AID (CAMPO RUPESTRE, COORDENADA - 0234561 E 8691632), CAFARNAUM - BA. 145 TABELA 5.2.4 - FAMÍLIAS, ESPÉCIES E NOMES POPULARES DAS ÁRVORES AMOSTRADAS NA FORMAÇÃO CAATINGA, NA ÁREA DE INFLUÊNCIA DIRETA DO COMPLEXO EÓLICO CRISTAL, MUNICÍPIO DE MORRO DO CHAPÉU, BAHIA, DEZEMBRO 2010 E JANEIRO 2011. 155 TABELA 5.2.5 - PARÂMETROS FITOSSOCIOLÓGICOS DAS ESPÉCIES AMOSTRADAS NA FORMAÇÃO CAATINGA NA ÁREA DE INFLUENCIA DIRETA DO COMPLEXO EÓLICO CRISTAL, MUNICÍPIO DE MORRO DO CHAPÉU, BAHIA, DEZEMBRO 2010 E JANEIRO 2011. 157 TABELA 5.2.6 - FAMÍLIAS, ESPÉCIES E NOMES POPULARES DOS INDIVÍDUOS AMOSTRADAS NA FORMAÇÃO CAMPO RUPESTRE, NA ÁREA DE INFLUÊNCIA DIRETA DO COMPLEXO EÓLICO CRISTAL, MUNICÍPIO DE CAFARNAUM, BAHIA, DEZEMBRO 2010 E JANEIRO 2011 161 TABELA 5.2.7 - PARÂMETROS FITOSSOCIOLÓGICOS DAS ESPÉCIES AMOSTRADAS NA FORMAÇÃO CAMPO RUPESTRE NA ÁREA DE INFLUENCIA DIRETA DO COMPLEXO EÓLICO CRISTAL, MUNICÍPIO DE MORRO DO CHAPÉU, BAHIA, DEZEMBRO 2010 E JANEIRO 2011. 161 10 RELAÇÃO DE FIGURAS FIGURA 5.1.1 -CLIMAS DO BRASIL – CLASSIFICAÇÃO DO IBGE FIGURA 5.1.2 – ESTAÇÕES METEOROLÓGICAS DO INMET FIGURA 5.1.3 – LOCALIZAÇÃO DAS TORRES DE MEDIÇÃO CRISTAL I E II FIGURA 5.1.4 – LOCALIZAÇÃO DO COMPLEXO EÓLICO CRISTAL EM RELAÇÃO ÀS BACIAS HIDROGRÁFICAS FIGURA 5.1.5 – BACIA DO RIO JACARÉ FIGURA 5.2.1 - PERFIL ESQUEMÁTICO DA VEGETAÇÃO DA CAATINGA ARBUSTIVA / ARBÓREA FIGURA 5.2.2 – PERFIL ESQUEMÁTICO DA VEGETAÇÃO DO CAMPO RUPESTRE 19 22 31 82 84 168 169 11 RELAÇÃO DE FOTOGRAFIAS FOTOGRAFIA 5.1.1 - TORRE DE MEDIÇÃO 6206 – CRISTAL I. 32 FOTOGRAFIA 5.1.2 - TORRE DE MEDIÇÃO 6212 – CRISTAL II. 33 FOTOGRAFIA 5.1.3 - REGIÃO SERRANA DE TOPOGRAFIA ELEVADA ONDE SERÃO INSTALADOS OS AEROGERADORES 38 FOTOGRAFIA 5.1.4 - RELEVO RUINEIFORME ASSOCIADO A LITOLOGIAS DA FORMAÇÃO MORRO DO CHAPÉU 39 FOTOGRAFIA 5.1.5 - RELEVO DE PLANALTO COM TOPOGRAFIA PLANA NA REGIÃO DE LAGOINHA. 40 FOTOGRAFIA 5.1.6 - ÁREAS DE PASTAGENS COM OCORRÊNCIA DE MURUNDUS ASSOCIADOS A PRÁTICAS INADEQUADAS DE MANEJO E BAIXA FERTILIDADE DOS SOLOS. 40 FOTOGRAFIA 5.1.7 - CONJUNTO SERRANO QUE SE ELEVA CERCA DE 300 METROS EM RELAÇÃO AO VALE, DENOMINADO ENCOSTAS OCIDENTAIS. 41 FOTOGRAFIA 5.1.8 - EROSÃO HÍDRICA NA MARGEM DA ESTRADA DE ACESSO A TORRE DE 43 FOTOGRAFIA 5.1.9 - ENCOSTA OCIDENTAL, E AO FUNDO, BAIXADA DO RIO JACARÉ. 44 FOTOGRAFIA 5.1.10 - BURACO DO POSSIDÔNIO 45 FOTOGRAFIA 5.1.11 - VISTA DO INTERIOR DA DOLINA BURACÃO MOSTRANDO DELIMITAÇÃO POR ESCARPAS VERTICAIS. 46 FOTOGRAFIA 5.1.12 - AFLORAMENTOS DE ARENITOS DA FORMAÇÃO TOMBADOR NA MARGEM DA BA-052. 49 FOTOGRAFIA 5.1.13 - AFLORAMENTOS DE SILTITOS NA BORDA DA FEIÇÃO CONHECIDA COMO BURACO DO POSSIDÔNIO. 51 FOTOGRAFIA 5.1.14 - LAMINITOS ALGAIS E ESTROMATÓLITOS NA ENTRADA DA GRUPA DO CRISTAL. 52 FOTOGRAFIA 5.1.15 - AFLORAMENTOS DE CALCISSILTITOS NA BA-052. 55 FOTOGRAFIA 5.1.16 - DEPÓSITOS COLUVIONARES NA BASE DA FORMAÇÃO MORRO DO CHAPÉU. 56 FOTOGRAFIA 5.1.17 - FORMAÇÕES SUPERFICIAIS COM BLOCOS SOLTOS EM MATRIZ 58 FOTOGRAFIA 5.1.18 - TRECHO DA ESTRADA DE ACESSO AO SUB-PARQUE PRIMAVERA, DANIFICADA PELAS ÁGUAS DE ESCOAMENTO SUPERFICIAL, MOSTRANDO O SUBSTRATO ROCHOSO IRREGULAR. 59 FOTOGRAFIA 5.1.19 - AFLORAMENTOS DE ARENITOS DA FORMAÇÃO MORRO DO CHAPÉU. MARGEM DA BR-052. 60 FOTOGRAFIA 5.1.20 – NA AUSÊNCIA DE SOLOS AS ESTACAS DAS CERCAS SÃO APOIADAS EM ESTRUTURAS DE CONCRETO CONSTRUÍDAS PARA ESSA FINALIDADE. 61 FOTOGRAFIA 5.1.21 - AFLORAMENTOS NA FORMA DE LAJEDOS E RELEVO RUINEIFORME. 61 FOTOGRAFIA 5.1.22 - ESTRUTURA DE COLAPSO NA ESTRADA LAGOA NOVA/LAGOINHA COORDENADAS CONHECIDO COM BURACO DO ALECRIM. 62 FOTOGRAFIA 5.1.23 - ESTRUTURA DE COLAPSO SINALIZADA COM GALHOS SECOS, NA ESTRADA CAFARNAUM/ARIZONA. 62 FOTOGRAFIA 5.1.24 - SALÃO PRINCIPAL DA GRUTA DO CRISTAL AFLORAMENTOS DE ARENITOS DA FORMAÇÃO MORRO DO CHAPÉU. MARGEM DA BR-052. 62 FOTOGRAFIA 5.1.25 - AFLORAMENTOS DE ARENITOS NO PISO DA ESTRADA DE ACESSO À TORRE NORTE. 63 FOTOGRAFIA 5.1.26 - JAZIDA DE AREIA NAS MARGENS DA BA – 052. 64 FOTOGRAFIA 5.1.27 - JAZIDA DE CALCÁRIO DA INCOSOL NA MARGEM DO RIO JACARÉ. 65 FOTOGRAFIA 5.1.28 - LATOSSOLO AMARELO SOBRE SEDIMENTOS DA FORMAÇÃO CABOCLO. 70 FOTOGRAFIA 5.1.29 - PODZÓLICO VERMELHO-AMARELO DA FORMAÇÃO CABOCLO. 72 FOTOGRAFIA 5.1.30 - SOLOS LITÓLICOS ÁLICOS SOBRE A FORMAÇÃO CABOCLO. 75 FOTOGRAFIA 5.1.31 - AREIA QUARTZOSA VERMELHO-ESCURA EUTRÓFICA. 76 FOTOGRAFIA 5.1.32 - VALE DO CÓRREGO BAIXA DE CAFARNAUM - LIMITE NOROESTE DA ÁREA DE INFLUÊNCIA.79 FOTOGRAFIA 5.1.33 - OCORRÊNCIA DE MURUNDUS EM SOLOS DE BAIXA FERTILIDADE UTILIZADO COMO PASTAGEM. COORDENADAS UTM 8.691.506 / 243.476 - FONTE: V&S, 2011. 80 FOTOGRAFIA 5.1.34 - NASCENTE NO LOCAL CONHECIDO COM OLHOS D´ÁGUA 83 FOTOGRAFIA 5.1.35 - VALE DO CÓRREGO BOA VISTA – LIMITE NORTE DA AID 83 FOTOGRAFIA 5.1.36 - LEITO DO RIACHO BAIXA DA CAFARNAUM NA LOCALIDADE DE PEDRAS 83 FOTOGRAFIA 5.1.37 - VALE DO RIO JACARÉ APÓS CONFLUÊNCIA COM O CÓRREGO BAIXA DO CAFARNAUM - BA052 83 FOTOGRAFIA 5.1.38 - NASCENTE NO LOCAL CONHECIDO COM OLHOS D´ÁGUA 86 FOTOGRAFIA 5.1.39 – EXUTÓRIO NAS PROXIMIDADES DA LOCALIDADE DE LAGOINHA 87 FOTOGRAFIA 5.1.40 – NASCENTE DIFUSAS NA CABECEIRA DO CÓRREGO DAS PEDAS 88 12 FOTOGRAFIA 5.1.41 - TANQUE NA LOCALIDADE DE LAGOINHA - UTILIZADO PARA ÁGUAS SERVIDAS E DESSEDENTAÇÃO ANIMAL 97 FOTOGRAFIA 5.1.42 - POÇO ESCAVADO PARA ACUMULAÇÃO DAS ÁGUAS DE CHUVA – UTILIZADO PARA DESSEDENTAÇÃO HUMANA DO POVOADO DE PAU DE COLHER 97 FOTOGRAFIA 5.1.43 - RESERVATÓRIO NO CÓRREGO BAIXA DO CAFARNAUM - PROXIMIDADES DA CIDADE DE CAFARNAUM, LIMITE OESTE DA ÁREA DE INFLUÊNCIA 97 FOTOGRAFIA 5.1.44 - SISTEMA DE CAPTAÇÃO DE ÁGUA DE CHUVAS EM TELHADOS COM UTILIZAÇÃO PARA DESSEDENTAÇÃO E CULTIVO DE SUBSISTÊNCIA 97 FOTOGRAFIA 5.1.45 - TANQUE ESCAVADO UTILIZADO PELA POPULAÇÃO DE LAGOINHA 120 FOTOGRAFIA 5.1.46 - SIAA DE LAGOINHA COMPOSTA DE CASA DE POÇO E RESERVATÓRIO ELEVADO 121 FOTOGRAFIA 5.1.47 - POÇO NA LOCALIDADE DE PEDRAS ÀS MARGENS DO RIO DAS PEDRAS 121 FOTOGRAFIA 5.2.1 - MEDIÇÃO DO DIÂMETRO ALTURA DO SOLO (DAS) DE VEGETAÇÃO DE CAATINGA COM USO DO PAQUÍMETRO. FONTE - ROGÉRIO M. CERQUEIRA. 126 FOTOGRAFIA 5.2.2 - USO DO PAQUÍMETRO PARA MEDIÇÃO DO DIÂMETRO ALTURA DO SOLO (DAS) DE ALAMANDRA NO CAMPO RUPESTRE (AID). 126 FOTOGRAFIA 5.2.3 - COLETA DE DADOS DA ALTURA DE ALAMANDRA (ALLAMANDRA PUBERULA) NO CAMPO RUPESTRE (AID). 126 FOTOGRAFIA 5.2.4 - EQUIPE EM COLETA DE DADOS FITOSSOCIOLÓGICOS NO CAMPO RUPESTRE (AID). 127 FOTOGRAFIA 5.2.5 - USO DA FITA BIODEGRADÁVEL PARA MARCAÇÃO DOS INDIVÍDUOS ENCONTRADOS EM PARCELAS NO CAMPO RUPESTRE (AID). 127 FOTOGRAFIA 5.2.6 - ENTREVISTA COM MORADOR LOCAL E GUIA DA EQUIPE DO MEIO BIÓTICO TERRESTRE, O SR. BETO (ALBERTINO BEZERRA DA SILVA). COORDENADAS EM UTM: 0247804.46/8692102.29. FONTE - IVOMAR CARVALHAL BRITTO. 129 FOTOGRAFIA 5.2.7 - MACAMBIRA-DE-FLECHA (BROMELIA LACINIOSA), PARQUE ESTADUAL MORRO DO CHAPÉU. COORDENADA: UTM 245571.44ME/8727850.61MS. FONTE - LEIDA BARACAT DE OLIVEIRA, 13.01.2011. 138 FOTOGRAFIA 5.2.8 – CACTO CABEÇA-DE-FRADE (MELOCACTUS ALBICEPHALUS), PARQUE ESTADUAL MORRO DO CHAPÉU. COORDENADA: UTM 245668.44 ME /8728775.04MS. FONTE - LEIDA BARACAT DE OLIVEIRA, 13.01.2011. 138 FOTOGRAFIA 5.2.9 – L-FACHEIRO (PILOSOCEREUS PACHYCLADUS) NO PARQUE ESTADUAL MORRO DO CHAPÉU. COORDENADA: UTM 245638.49ME/8728659.92MS. FONTE - LEIDA BARACAT DE OLIVEIRA, 13.01.2011. 139 FOTOGRAFIA 5.2.10 - DEDALEIRA (ALLAMANDA PUBERULA) PLANTA MARCANTE NA PAISAGEM DO PARQUE ESTADUAL MORRO DO CHAPÉU, PRINCIPALMENTE NAS MARGENS DA ESTRADA DE ACESSO PRINCIPAL. COORDENADA: UTM 245619.16 ME/8728666.26MS. FONTE - LEIDA BARACAT DE OLIVEIRA, 13.01.2011. 140 FOTOGRAFIA 5.2.11 - VISTA GERAL DA ÁREA EMBREJADA FORMADA NA MARGEM DO CÓRREGO DAS PEDRAS. COORDENADA: UTM 0234519 ME/ 8619683 MS. FONTE - LEIDA BARACAT DE OLIVEIRA, 13.01.2011. 141 FOTOGRAFIA 5.2.12 – MILHARAL EM LAGOINHA (AID). FONTE © LEIDA BARACAT DE OLIVEIRA. 12.01.2011. 142 FOTOGRAFIA 5.2.13 - ÁREA DE TRANSIÇÃO CAMPO RUPESTRE (PRIMEIRO PLANO) COM CAATINGA AO FUNDO. FONTE - LEIDA BARACAT DE OLIVEIRA, 14.01.2011. 143 FOTOGRAFIA 5.2.14 – LICURIZEIRO NO ENTORNO DA ENTRADA DA GRUTA CRISTAL I. COORDENADA: UTM 0246606 / 8707375. FONTE - LEIDA BARACAT DE OLIVEIRA, 14.01.2011. 144 FOTOGRAFIA 5.2.15 - LICURIZEIRO, BROMÉLIAS E BARRIGUDA (LADO DIRETO) AO ALTO DA ENTRADA DA GRUTA CRISTAL II. COORDENADA: UTM 245612.75/8728819.42. FONTE - LEIDA BARACAT DE OLIVEIRA, 14.01.2011. 144 FOTOGRAFIA 5.2.16 - BROMÉLIAS AO ALTO DA ENTRADA DA GRUTA CRISTAL II. COORDENADA: UTM 245612.75/8728819.42. FONTE - LEIDA BARACAT DE OLIVEIRA, 14.01.2011. 144 FOTOGRAFIA 5.2.17 - AMBURANA DE CAMBÃO (COMMIPHORA LEPTOPHLOEOS), (AID). 150 FOTOGRAFIA 5.2.18 - UMBUZEIRO (SPONDIAS TUBEROSA).11°49´24.63´´S E 41°25´52.89´´O. ELEVAÇÃO 1552 ALTITUDE DO PONTO DE VISÃO. FONTE © IVOMAR CARVALHAL BRITTO. 14.01.2011. 151 FOTOGRAFIA 5.2.19 - FRUTO DO UMBUZEIRO (SPONDIAS TUBEROSA).11°49´24.63´´S E 41°25´52.89´´O. ELEVAÇÃO 1552 ALTITUDE DO PONTO DE VISÃO. FONTE © LEIDA BARACAT DE OLIVEIRA. 14.01.2011. 151 FOTOGRAFIA 5.2.20 – ORQUÍDEAS DO GÊNERO VANILLA (SETAS EM VERMELHO) EM BAINHAS DE LICURIZEIRO, NA ÁREA DA FAZENDA CRISTAL, PRÓXIMA A GRUTA DO CRISTAL I. COORDENADA: UTM 0247987.63/8692250. FONTE - IVOMAR CARVALHAL BRITTO, 205011. 152 FOTOGRAFIA 5.2.21 – TILLANDSIA SP. (INDICADA POR SETA VERMELHA) EM JATOBÁ (HYMENAEA SP.) (AID). COORDENADA EM UTM: 0234796/8691862. FONTE © LEIDA BARACAT DE OLIVEIRA. 14.01.2011 153 FOTOGRAFIA 5.2.22 – VISÃO GERAL DE ÁREA DE 155 13 FOTOGRAFIA 5.2.23 – VISÃO GERAL DE ÁREA DE 155 FOTOGRAFIA 5.2.24 - VISÃO GERAL DO CAMPO RUPESTRE NA AID. 160 FOTOGRAFIA 5.2.25 - VEGETAÇÃO INCENDIADA NAS MARGENS DA ESTRADA DE ACESSO PRINCIPAL DO PARQUE ESTADUAL MORRO DO CHAPÉU – BA. COORDENADA: UTM 0245612.75 / 8728819.42 DE ALTITUDE. FONTE LEIDA BARACAT DE OLIVEIRA, 13-01-2011. 165 FOTOGRAFIA 5.2.26 - ÁREA INCENDIADA PRÓXIMA AO CAMPO RUPESTRE. COORDENADA: UTM 0245612.75 / 8728819.42 . FONTE - LEIDA BARACAT DE OLIVEIRA, 14.02.2011. 165 FOTOGRAFIA 5.2.27 – CARCAÇA DE COBRA DO GÊNERO BOTHROPS ENCONTRADA NAS MARGENS DA BA 052 171 FOTOGRAFIA 5.2.28 - LAGOA DAS VELHAS NO PARQUE ESTADUAL MORRO DO CHAPÉU - BA. COORDENADA: UTM 245593.82ME/8727921.78ME. 176 FOTOGRAFIA 5.2.29 – CÓRREGO DAS PEDRAS EM ÁREA DE CAMPO RUPESTRE. 176 FOTOGRAFIA 5.2.30 – (TROPIDURUS SP.), NA ÁREA DE CAMPO RUPESTRE (AID). COORDENADA: UTM 0234544 / 8691672. FONTE – ALEXANDRE FILGUEIRAS MOTA, 14.01.2011. 177 FOTOGRAFIA 5.2.31 - LAGOA NA LOCALIDADE DE LAGOINHA COM JAÇANÃ (JACANA JACANA), (AID). COORDENADA: UTM 0246606/ 8707375. 178 FOTOGRAFIA 5.2.32 – GADO NA MARGEM DA LAGOA E LAGOINHA (AID). 178 FOTOGRAFIA 5.2.33 – LIBÉLULA NA LAGOA NA LOCALIDADE DE LAGOINHA (AID). COORDENADA: UTM 0246606/ 707375. 178 FOTOGRAFIA 5.2.34 – GARIBALDE AGELAIUS RUFICAPILLUS NA BORDA DA LAGOA, EM LAGOINHA (AID). COORDENADA: UTM 0246606 / 8707375. 178 FOTOGRAFIA 5.2.35 – LAGARTO (CNEMIDOPHORUS OCELLIFER) NA ÁREA DE CAATINGA (AID). 183 FOTOGRAFIA 5.2.36 – ESCORPIÕES (TITYUS SERRULATUS) COM FILHOTES EM ÁREA DE CAATINGA (AID). COORDENADA: UTM 234973.29 ME/8691431.03 MS. 183 FOTOGRAFIA 5.2.37 – LEPDÓPTEROS NA ÁREA DE CAATINGA (AID), NAS MARGENS DO CÓRREGO DAS PEDRAS. COORDENADA: UTM: 0234964/ 8691421. FONTE – ALEXANDRE FILGUEIRAS MOTA, 14.01.2011. 183 FOTOGRAFIA 5.2.38 - FALCÃO-QUIRIQUIRI (FALCO SPARVERIUS), SINALIZADO EM VERMELHO, 184 FOTOGRAFIA 5.2.39 - ABELHA (APIS MELLIFERA) EM SOLANÁCEA (DATURA STRAMONIUM) NA LOCALIDADE LAGOINHA (AID). COORDENADA: UTM 0246606 / 8707375, 13.17- ALTITUDE. FONTE - LEIDA BARACAT DE OLIVEIRA, 12-01-2011. 187 FOTOGRAFIA 5.2.40 – ARANHA-CARANGUEJEIRA (GRAMOSTOLA SP.), ESTRADA DE ACESSO À LAGOINHA. COORDENADA: UTM 0248393 / 8709068. 189 FOTOGRAFIA 5.2.41 - CARDEAL (PAROARIA DOMINICANA) NAS MARGENS DA LAGOA EM LAGOINHA (AID). COORDENADA: UTM 0246606 / 8707375. 191 FOTOGRAFIA 5.2.42 - URUBU-DE-CABEÇA-PRETA (CORAGYPS ATRATUS). FAZENDA CRISTAL (AID). ÁREA AO ALTO DA GRUTA CRISTAL II. COORDENADA: UTM 0247875 / 8692269. 191 FOTOGRAFIA 5.2.43 – MORCEGO (CAROLLIA PERSPICILLATA) NO INTERIOR 199 FOTOGRAFIA 5.2.44 – SOFRÊ (ICTERUS JAMACAII). 206 FOTOGRAFIA 5.2.45 - CORUJA BURAQUEIRA (ATHENE CUNICULARIA, SIN. SPEOTYTO 207 FOTOGRAFIA 5.2.46 – ARANHA LOBO (LYCOSA SP.) NA ENTRADA DA GRUTA DO CRISTAL II (AID). FONTE – ELVIS BARBOSA, 10.01.2011. 214 FOTOGRAFIA 5.2.47 – ARANHA-MARROM (LOXOSCELES SP.) NO INTERIOR DO COMPLEXO GRUTA CRISTAL I E GRUTA CRISTAL II, (AID). FONTE – ELVIS BARBOSA, 10.01.2011. 214 FOTOGRAFIA 5.2.48 – CONCHA DE CARACOL (MEGALOBULIMUS OBLONGUS), NA GRUTA CRISTAL II. FONTE ELVIS BARBOSA, 10-01-2011. 215 FOTOGRAFIA 5.2.49 – FEZES DE ROEDORES (CAVEA APEREA), 216 FOTOGRAFIA 5.2.50 – NINHO DE SABIÁ-LARANJA (TURDUS RUFIVENTRIS) NA MARQUISE DA GRUTA CRISTAL I. FONTE – ELVIS BARBOSA, 10.01.2011. 216 FOTOGRAFIA 5.2.51 – CARCAÇA DE GAVIÃO-CARRAPATEIRO (MILVAGO CHIMACHIMA) NA MARQUISE DO COMPLEXO GRUTA CRISTAL I E GRUTA CRISTAL II. FONTE – ELVIS BARBOSA, 10.01.2011. 216 14 INTRODUÇÃO A energia eólica é uma importante alternativa de produção de energia renovável e limpa, entretando, a implantação de um empreendimento do porte do Complexo Eólico Cristal inevitavelmente irá afeta o ambiente local, constituído pelas populações que ali residem, pela flora e fauna, e pelos fatores abióticos que mantêm relações com estes tais como o substrato, o clima e a água. No desenvolvimento dos Estudos Ambientais necessários ao processo de licenciamento do empreendimento, antes de se proceder a Avaliação dos Impactos deve-se compreender a dinâmica do ambiente sujeito as intervenções e as inter-relações entre o espaço - caracterizado pelo meio físico, e os que nele habitam, caracterizados pelos meios biótico e socioeconômicos, proporcionando desta forma subsídios para uma análise ambiental abrangente e condizente com as condições locais. O conhecimento detalhado deste sistema composto pelos distintos meios, e a inter-relação entre eles, é construído a partir do Diagnóstico Ambiental, que deverá considerar as condições atuais das variáveis físicas, biológicas e socioeconômicas tendo com abrangência territorial as áreas de influência do empreendimento e a bacia hidrográfica, unidade básica de planejamento. Para a caracterização e entendimento de cada componente, o estudo do ambiente é decomposto em temas básicos, tais como: clima, geologia, os solos, recursos hídricos, os ecossistemas terrestres, fauna e flora, organização e dinâmica humana social e econômica, dentre outros, sem contudo perder o entendimento das interfaces entre as disciplina estudada. Retratar a realidade local a partir do conhecimento das peculiaridades e da dinâmica de cada componente e do seu conjunto, a partir da análise integrada, com foco nas possíveis interferências devido a implantação o Complexo Eólico, é o objetivo deste documento que se apresenta a seguir. 1 2 3 4 NÃO DELETAR - APENAS PARA AJUSTE DA ITEMIZAÇÃO QUE INICIA EM 5 – COLOCAR FONTE BRANCA NÃO CORRESPONDE A ESTE RELATÓRIO NÃO CORRESPONDE A ESTE RELATÓRIO NÃO CORRESPONDE A ESTE RELATÓRIO 15 5 DIAGNÓSTICO AMBIENTAL Neste tópico será realizada uma completa descrição e análise dos recursos ambientais e suas interações na área de influência dos projetos, de modo a caracterizar a situação ambiental da área, levando em consideração peculiaridades e especificidades dos diversos fatores que compõem o sistema ambiental, de forma a permitir o entendimento da dinâmica e das interações existentes entre os meios físicos, bióticos e socioeconômicos. O diagnóstico englobará os fatores susceptíveis de sofrer, direta ou indiretamente, efeitos significativos das ações nas fases de implantação e operação do empreendimento. Os dados necessários serão obtidos principalmente junto à instituições governamentais e privadas, levantamentos bibliográficos e complementados por levantamentos de campo. 16 5.1 MEIO FÍSICO 5.1.1 Características climáticas § Caracterização do clima e condições meteorológicas da área potencialmente atingida pelo empreendimento, incluindo: 1. Classificação climática; 2. Análise das séries meteorológicas, considerando-se temperatura do ar (máxima, média e mínima), pluviosidade (valores mensais e anuais, delimitação dos períodos secos e chuvosos), umidade do ar, ventos (direção e intensidade) e evaporação. § Balanço hídrico; § Caracterização da rede de estações e postos meteorológicos; § Apresentar os dados ou resultado do estudo de medição de ventos. § Apresentação das correlações existentes entre os diversos elementos considerados. 5.1.1 Características Climáticas Segundo Torres e Machado (2008), clima é o conjunto de fenômenos meteorológicos observado durante um longo período de tempo, o qual se estabelece o estado médio da atmosfera e sua evolução num determinado local. Enquanto, o tempo é definido como o estado momentâneo da atmosfera, o clima é o conjunto dos estados médios que caracterizam um lugar, observados por um longo período. Portanto, para definir o clima, é necessário estudar a atuação de diversos elementos e fatores climáticos. Definem-se elementos do clima como os componentes principais que se conjugam para formar o tempo atmosférico e o clima propriamente dito. Os principais elementos do clima e do tempo são: temperatura, umidade relativa do ar, pressão atmosférica, ventos, nebulosidade, insolação, precipitação e radiação solar. Quanto aos principais fatores climáticos tem-se: latitude, altitude, maritimidade e continentalidade, solos, vegetação, correntes marítimas, disposição do relevo e interferência antrópica. 5.1.1.1 Classificação Climática Classificar o clima de uma região significa realizar uma generalização ou a integração das condições do tempo para um período, em uma determinada área. Normalmente, são utilizados no mínimo um período de 30 anos de dados, segundo o que preconiza a Organização Meteorológica Mundial (OMM) com base em princípios estatísticos de tendência de valor médio. Para a classificação do Clima na região do empreendimento foram utilizados os dados da publicação do Instituto Nacional de Meteorologia - INMET Normais Climatológicas do Brasil 17 (1961-1990). Definem-se normais como valores médios calculados para um período relativamente longo e uniforme, considerando no mínimo 30 anos de dados consecutivos (INMET, 2009). Na classificação climática foram utilizadas três metodologias, a primeira é uma classificação climática sob a perspectiva Regional (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE), a segunda utiliza os critérios definidos por Köppen e a última utiliza a evapotranspiração como elemento para classificar o clima, Thornthwaite. Finalizando este item, é feita uma breve exposição sobre os sistemas meteorológicos atuantes na região. A - Classificação – IBGE Segundo o IBGE, o Brasil apresenta três tipos de clima: tropical, temperado e equatorial. Por esta classificação, a área de estudo está localizada na porção central do Brasil, no estado da Bahia, que corresponde a Zona Tropical Brasil Central. Verifica-se, também, que segundo a classificação do IBGE, situa-se em uma transição de sub-quente para quente, considerando o elemento Temperatura, podendo apresentar meses secos entre 4 a 6 meses. A classificação do IBGE não é suficiente para descrever o clima na região de estudo, pois dentro da grande área correspondente a Zona Tropical Brasil Central ocorrem variações climáticas bastante expressivas, tanto da temperatura, quanto da pluviosidade e sua distribuição sazonal, aliando as diferentes atuações das massas de ar. Desta forma, procura-se modelos climáticos que definam, com bases em elementos climatológicos locais, a classificação climática. A – Tipos de Clima B – Temperatura 18 C – Período de Seca Figura 5.1.1 -Climas do Brasil – Classificação do IBGE B - Classificação Climática de Köppen A Classificação Climática Köppen, elaborada por Wilhelm Köppen em 1918, é considerada a primeira classificação climática mundial com base científica, e ainda bastante utilizada no Brasil e no Mundo. É um modelo simples e compreende um conjunto de letras maiúsculas e minúsculas para designar os grandes grupos climáticos, os subgrupos ou ainda as subdivisões que sinalizam características sazonais (MENDONÇA, 2007). Entre as estações climatológicas existentes na região, a mais próxima e com características semelhantes à área de estudo é a de Morro do Chapéu, portanto para a classificação climática será analisado os dados desta estação. Para área do empreendimento, considerando os dados da estação climatológica de Morro do Chapéu, tem-se a seguinte a classificação BSh, ou seja, Clima Seco, semiárido, quente com temperatura média anual superior a 18 oC. Foram consideradas as seguintes características da região para esta classificação: · · · · O mês mais frio tem temperatura inferior a 18 oC; A evapotranspiração potencial média anual é maior que a precipitação média anual; A precipitação média anual em torno de 750 mm; e A temperatura média do ar é igual a 19,7 oC. 19 C - Classificação Climática Thornthwaite A Classificação bioclimática de Thornthwaite é obtida através evapotranspiração potencial como elemento de identificação climática. Esta baseia-se em índices, funções diretas da evapotranspiração potencial, são eles: índice hídrico, índice de aridez, índice de umidade e eficiência térmica do verão. Índice hídrico: Índice de Aridez: Índice de Umidade: Eficiência Térmica de Verão: Onde: Ih – índice de umidade; Ia – índice de aridez; Iu – índice de umidade; EfTV – eficiência térmica de verão; EXC – representa o excedente hídrico – diferença entre a precipitação e a evapotranspiração potencial; DEF – indica a deficiência hídrica – diferença entre a evapotranspiração potencial e a real; ETP – evapotranspiração potencial; e ETP1, ETP2 e ETP3 – evapotranspiração dos três meses de verão. A classificação climática segundo Thornthwaite é apresentada no Quadro 5.1.1. Quadro 5.1.1 – Classificação Climática de Thornthwaite do Complexo eólico Cristal Ih Ia Iu EfTV (%) 1º símbolo 2º símbolo 3º símbolo -9,72 16,20 0 29,61 Classificação: Descrição: C1 d B’3 4º símbolo a’ C1dB’3a’ Clima Seco com tendência a Sub-úmido, excesso hídrico inexistente, mesotérmico D - Sistemas Meteorológicos Conforme descrito por Araújo e Rodrigues (2000), a variabilidade climática do Estado é resultante de efeitos combinados da ação de diversos sistemas meteorológicos atuantes na região, além das variações e intensidade de cada um deles. Fatores locais como características topográficas, altos valores de albedo e forma geográfica, também colaboram para essa variabilidade. 20 No estado da Bahia, o principal período chuvoso acontece entre os meses de novembro a janeiro, e está associada à penetração de sistemas frontais ou vestígios delas em latitudes tropicais (Chaves, 1999). A penetração desses sistemas pode atingir o Nordeste do Brasil até em torno de 13ºS, quando os padrões de circulação nas latitudes subtropicais são favoráveis. Além disso, eles fornecem os mecanismos de indução à convecção tropical e estão, algumas vezes, relacionadas à Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) e aos Vórtices Ciclônicos de Ar Superior (VCAS). Verifica-se ainda, que ocorre em parte das regiões Central e Norte do Estado uma duplicação (dezembro e maio) dos máximos de chuvas decorrentes da interação dos sistemas atuantes. Além disso, o fator orografia contribui com esses máximos de precipitação na região, representada pela Chapada Diamantina (ARAÚJO, 2000). Araújo e Rodrigues (2000) definiram oito regiões características no estado da Bahia. Nesta classificação, a área de estudo está localizada na região denominada Chapada Diamantina. Com a seguinte característica: período de ocorrência de chuvas de novembro a março, com máximo em dezembro. O principal sistema causador das chuvas no período citado é o avanço dos sistemas frontais para a região Nordeste e sua interação com a convecção da Amazônia (ARAÚJO, 2000). 5.1.1.2 Variáveis Climáticas Segundo Mendonça (2007) os elementos climáticos são definidos pelos atributos físicos que representam as propriedades da atmosfera em um determinado lugar, sendo a temperatura, a umidade a pressão os mais empregados. Estes elementos são influenciados pela diversidade geográfica, manifestando-se por meio da precipitação, vento, nebulosidade etc. Para a análise das variáveis climatológicas apresentada neste estudo foram utilizadas Normais Climatológicas (1961-1990), elaboradas pelo Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). As estações mais próximas do local do empreendimento são relacionadas no Quadro 5.1.2 e mostradas na Figura 5.1.2. Quadro 5.1.2 - Relação das estações meteorológicas da região Altitude Código Estação Município Latitude (m) 83.182 Irecê Irecê 747 -11,3000 82.244 Itaberaba Itaberaba 250 -12,5500 83.186 Jacobina Jacobina 485 -11,1833 83.242 Lençóis Lençóis 439 -12,5667 Morro do Morro do 83.184 1.003 -11,2167 Chapéu Chapéu -41,8667 -40,4333 -40,4667 -41,3833 Período de Dados 61-90 61-90 61-90 61-90 -41,2167 61-90 Longitude Fonte: INMET, 1992. Dentre as estações apresentadas, a mais próxima é a de Morro do Chapéu, localizada em torno 21 de 50 km de distância da área proposta para a implantação do Complexo eólico. As outras estações da região (Irecê, Jacobina, Lençóis e Itaberaba) estão localizadas entre 70 e 140 km do local do empreendimento. Segundo a Organização Mundial de Meteorologia (OMM) para estudos de caracterização climática podem-se utilizar dados meteorológicos de estações localizadas até um raio de 150 Km. Figura 5.1.2 – Estações Meteorológicas do INMET Fonte: INMET, ANA Outro fator de grande relevância a ser considerado é a altitude das estações, neste aspecto apenas as estações de Irecê e Morro do Chapéu possuem altitudes semelhantes à área onde será implantado o empreendimento. Considerando a proximidade e altitude, a estação meteorológica mais representativa das condições climáticas do empreendimento é a Estação de Morro do Chapéu. Portanto para a classificação climática e balanço hídrico será considerada esta estação. Neste item serão apresentados os dados de Morro do Chapéu e demais estações para uma visão geral da região, ressaltando que serão consideradas, para a área do empreendimento, as características climáticas observadas na estação de Morro do Chapéu. 22 5.1.1.2.1 Temperatura A temperatura do ar é definida como a medida do calor sensível nele armazenado, sendo comumente apresentado em graus Celsius ou Fahrenheit e medida por termômetros. É um elemento importante do clima e sofre influência de diversos fatores, dentre os quais destacamse: altitude, latitude, maritimidade e continentalidade. Os valores apresentados neste trabalho visam caracterizar termicamente o clima da região em estudo, apresentado as normais mensais das temperaturas médias, máximas e mínimas. Temperatura Média Compensada (oC) A temperatura média compensada é obtida através de média estatísticas da série considerada, tendo normalmente como referência a temperatura compensada média diária. Quadro 5.1.3 – Temperatura Média Compensada (oC) Estação Irecê Itaberaba Jacobina Lençóis Morro do Chapéu Jan 23,8 26,0 25,4 24,8 Fev 24,0 26,1 25,5 25,0 Mar 23,8 26,0 25,6 25,1 Abr 23,3 25,3 24,6 24,1 Mai 22,4 24,2 23,3 22,9 Jun 21,3 22,7 22,1 21,6 Jul 21,0 21,9 21,2 20,9 Ago 21,6 22,4 21,8 21,7 Set 23,2 23,4 23,2 22,7 Out 24,4 25,1 24,7 23,8 Nov 24,4 25,7 25,3 24,3 Dez 24,1 25,9 24,9 24,4 21,1 21,2 21,0 20,6 19,2 17,8 17,2 17,5 18,9 20,2 20,7 20,9 Fonte: INMET, 1992. Gráfico 5.1.1 – Temperatura Média Compensada (oC) Fonte: INMET Embora o comportamento seja semelhante entre as estações, a estação de Morro do Chapéu apresenta os menores valores de temperatura média compensada entre as estações da região, não ultrapassando o valor de 21,2 oC. Este mesmo valor corresponde a aproximadamente aos valores mínimos das demais estações. O clima mais ameno em Morro do Chapéu é explicado 23 pela variação vertical da temperatura que apresenta um resfriamento com o aumento da altitude. Considerando os dados de Morro do Chapéu, a temperatura média anual de é de 19,7 oC, e a diferença entre o mês mais quente (fev-21,2) e o mais frio (jul-17,2 oC) é igual a 4 oC. Temperatura Média Máxima (oC) A temperatura máxima corresponde ao maior valor registrado no período considerado. Quadro 5.1.4 – Temperatura Média Máxima (oC) Estação Irecê Itaberaba Jacobina Lençóis Morro do Chapéu Jan 30,1 32,1 31,3 30,6 Fev 30,3 32,2 31,7 30,7 Mar 30,2 32,3 31,4 30,7 Abr 28,3 31,1 30,0 29,4 Mai 28,8 29,7 28,4 28,0 Jun 27,9 28,4 26,7 26,5 Jul 27,7 27,8 26,2 26,5 Ago 28,6 28,8 27,4 27,7 Set 30,2 31,0 29,4 29,3 Out 30,9 31,6 31,1 30,1 Nov 30,8 32,1 31,6 30,1 Dez 30,1 32,2 31,1 30,6 26,6 26,6 26,6 25,5 24,0 22,5 22,1 23,1 24,9 26,3 26,6 26,1 Fonte: INMET, 1992. Gráfico 5.1.2 – Temperatura Média Máxima (oC) Fonte: INMET Conforme visualizado no Gráfico anterior, o comportamento de temperatura é bem semelhante em todas as estações. Com destaque para Morro do Chapéu que apresenta os menores valores de temperatura média máxima durante todo o ano. A temperatura média máxima anual de Morro do Chapéu é de 25,1 oC, com os maiores valores de temperatura ocorrem no primeiro trimestre do ano (janeiro a março) em torno de 26,6 oC. Os menores valores de temperatura ocorrem nos meses de junho a agosto. Temperatura Mínima (oC) Com exceção da Estação de Jacobina, no mês de junho, as estações mostram comportamento 24 semelhante. A temperatura média mínima anual na estação de Morro do Chapéu é de 15,9 oC, sendo que os meses de julho e agosto apresentam os menores valores de temperatura. Quadro 5.1.5 – Temperatura Média Mínima Estação Irecê Itaberaba Jacobina Lençóis Morro do Chapéu Jan 18,6 20,6 20,2 19,6 Fev 18,6 21,1 20,2 19,8 Mar 18,8 20,7 20,3 19,9 Abr 18,3 20,6 19,9 19,6 Mai 17,2 19,0 18,8 18,3 Jun 15,8 17,5 23,2 17,0 Jul 15,1 16,5 16,8 16,2 Ago 15,5 16,5 17,0 16,5 Set 17,0 18,0 17,7 16,7 Out 18,6 19,8 18,8 18,0 Nov 19,0 20,6 19,8 18,8 Dez 18,7 20,8 20,0 18,9 17,0 17,1 17,4 17,2 15,9 14,6 13,8 13,8 14,7 15,9 16,6 16,9 Fonte: INMET, 1992. Gráfico 5.1.3 – Temperatura Média Mínima (oC) Fonte: INMET 5.1.1.2.2 Umidade Relativa do Ar A umidade relativa do ar (%) expressa uma relação de proporção relativa entre o vapor existente no ar e o ponto de saturação do mesmo. Esta é calculada a partir de medidas obtidas por termo-higrômetros e psicrômetros, sendo apresentados no Quadro a seguir os valores das normais mensais. Quadro 5.1.6 – Umidade Relativa do Ar Compensada (%) Estação Irecê Itaberaba Jacobina Lençóis Morro do Chapéu Jan 66,1 69,8 70,0 73,6 Fev 65,2 70,2 71,0 73,0 Mar 68,4 69,9 72,0 77,6 Abr 69,4 73,5 75,0 80,5 Mai 67,3 74,9 77,0 81,4 Jun 65,8 76,2 78,0 82,0 Jul 62,6 75,2 76,0 79,9 Ago 57,5 70,8 72,0 76,2 Set 55,4 68,3 68,0 72,8 Out 55,8 66,4 65,0 73,6 Nov 60,7 67,7 65,0 74,9 Dez 64,9 68,1 70,0 76,2 76,3 75,4 78,2 81,0 83,6 85,1 84,1 79,4 75,4 73,4 73,9 75,9 Fonte: INMET, 1992. 25 Gráfico 5.1.4 – Umidade Relativa do Ar (%) Fonte: INMET Com exceção da Estação de Irecê, o comportamento em relação a esta variável é semelhante em todas as estações climatológicas. A umidade relativa do ar possui uma variação suave entre 73 a 85% na estação climatológica de Morro do Chapéu, a qual apresenta os maiores índices em relação às estações da região, com os menores índices nos meses de outubro e novembro e maiores nos meses de junho e julho. 5.1.1.2.3 Insolação A insolação total é a duração do período do dia com o brilho da luz do sol, sendo medida por meio de Heliógrafo, no Quadro a seguir é apresentado o comportamento mensal das normais de insolação obtidos nas estações selecionadas. Quadro 5.1.7 – Insolação (horas/mês) Estação Irecê Itaberaba Jacobina Lençóis Morro do Chapéu Jan 244,3 126,1 201,8 176,0 Fev 224,0 117,5 182,6 167,7 Mar 225,2 129,5 203,1 175,2 Abr Mai Jun Jul 222,6 241,6 231,8 250,5 104,7 98,8 96,4 96,5 175,0 172,4 154,0 166,7 158,0 149,6 144,4 146,1 Ago 256,1 109,8 194,7 173,8 Set 253,8 100,9 192,7 159,6 Out 242,0 112,2 201,6 145,4 Nov 224,9 114,0 193,5 141,9 Dez 231,1 122,2 211,9 157,1 179,6 152,9 173,1 157,8 187,8 173,7 172,4 160,5 181,6 157,9 143,6 154,8 Fonte: INMET, 1992. 26 Gráfico 5.1.5 – Insolação (horas-mês) Fonte: INMET Conforme observado nos dados das normais de insolação, na estação de Morro do Chapéu, o mês de junho apresentou o menor valor (143,6 horas) enquanto que no mês de agosto foi obtido o maior valor (187,8 horas). Em termos gerais, observa-se que a insolação é alta, como em toda a região Nordeste, região de alta disponibilidade deste elemento climático. 5.1.1.2.4 Evaporação Total A evaporação é um fenômeno físico de mudança de fase líquida para vapor d’água presente em condições naturais. Sua medição pode ser realizada por vários instrumentos, sendo os mais comuns o Evaporímetro Piche e o Tanque Classe A. No Quadro a seguir é apresentado o comportamento da evaporação nas estações selecionadas, medidas por meio de Evaporímetro de Piche, que diz respeito a água evaporada dentro do abrigo meteorológico padrão. Quadro 5.1.8 – Evaporação Total (mm) – Evaporímetro de Piche Estação Irecê Itaberab a Jacobina Lençóis Morro do Chapéu Jan 170, 2 126, 0 180, 0 105, 8 Fev 151, 8 112, 0 167, 5 103, 2 Mar 145, 8 137, 0 166, 1 Abr 134, 0 104, 0 142, 4 Mai 147, 4 Jun 147, 3 95,0 115, 9 89,0 106, 8 Jul 170, 0 101, 0 121, 8 97,5 75,5 71,7 68,2 76,8 126, 6 121, 0 124, 1 100, 2 114, 9 83,1 94,1 Ago 208, 2 128, 0 150, 5 102, 0 Set 216, 6 160, 0 181, 6 117, 4 Out 223, 7 190, 0 208, 0 122, 5 Nov 183, 4 167, 0 193, 8 105, 2 Dez 163, 4 156, 0 174, 7 110, 7 120, 8 142, 2 156, 8 142, 3 135, 0 Fonte: INMET, 1992. 27 Gráfico 5.1.6 – Evaporação (mm) Fonte: INMET Os valores da evaporação confirmam a sua tendência de aumento com o decréscimo da umidade relativa e o aumento da temperatura. A taxa anual de evaporação de Morro do Chapéu é de 1.461,1 mm, valor bastante expressivo. Observa-se que este parâmetro atinge 156,8 mm em outubro, maior valor da normal, e em junho atinge 83,1 mm, menor valor. 5.1.1.2.5 Precipitação Dentre as variáveis climáticas, a precipitação é a que exerce maior influência direta sobre os recursos hídricos. Esta variável pode ser definida como a quantidade de água que cai sobre uma superfície horizontal durante um dia, um mês ou um ano e designada como precipitação diária, mensal ou anual. Quadro 5.1.9 – Precipitação Acumulada (mm) Estação Irecê Itaberaba Jacobina Lençóis Morro do Chapéu Jan Fev Mar Abr 109,8 91,0 101,2 53,0 117,5 90,7 90,2 68,3 98,9 82,4 130,0 91,3 155,9 151,2 160,2 150,5 Mai Jun Jul Ago 11,7 6,1 3,2 2,7 43,1 46,4 32,6 24,5 48,3 53,5 41,3 39,8 78,2 81,6 65,3 46,3 92,8 33,3 39,4 27,1 20,6 19,1 42,6 86,4 93,4 67,8 Set 13,2 20,6 31,2 49,0 Out Nov 39,4 90,1 42,0 70,6 31,8 86,2 95,6 155,6 87,6 Dez 132,0 116,2 116,4 172,1 138,9 Fonte: INMET, 1992. 28 Gráfico 5.1.7 – Precipitação Acumulada Mensal (mm) Fonte: INMET As estações de Itaberaba, Irecê e Morro do Chapéu apresentam precipitação total anual inferior a 800 mm, Jacobina está na faixa de 850 mm, e a estação de Lençóis com valores superiores a 1.300 mm. Para a estação de Morro de Chapéu, os meses menos chuvosos são julho, agosto e setembro, da mesma forma que para as estações de Lençóis e Itaberaba. A época de chuvas é bem definida nos meses de dezembro a março para todas as estações climatológicas consideradas neste estudo. 5.1.1.2.6 Ventos Os ventos são caracterizados por sua intensidade e direção, que são medidos pelo anemômetro. Intensidade dos Ventos (m/s) Quadro 5.1.10 – Intensidade dos Ventos (m/s) Estação Irecê Itaberaba Jacobina Lençóis Morro do Chapéu Jan 3,5 1,9 2,9 1,1 Fev 3,6 1,8 3,0 1,2 Mar 3,3 1,8 2,8 1,0 Abr 3,6 1,7 3,0 1,1 Mai 4,3 1,7 2,9 1,0 Jun 4,6 1,7 3,0 1,1 Jul 4,9 1,7 3,4 1,2 Ago 5,0 2,0 3,6 1,3 Set 4,9 2,5 3,9 1,3 Out 4,2 2,6 3,7 1,2 Nov 3,9 2,5 3,4 1,1 Dez 3,6 2,2 2,9 1,0 3,2 3,5 3,4 3,2 3,6 4,1 4,1 4,0 4,0 3,5 3,3 3,0 Fonte: INMET, 1992. Conforme observado no gráfico, o vento ocorre com maior intensidade em Irecê e Morro do Chapéu, com intensidade superior a 3,5 m/s, Grau 3 – brisa suave, de acordo com a classificação 29 de Beauford. As intensidades de Jacobina e Itaberaba possuem Grau 2 – brisa leve, enquanto Lençóis possui Grau 1 - leve, com velocidade inferiores a 1,5 m/s. Gráfico 5.1.8 – Velocidade dos Ventos (m/s) Fonte: INMET Direção Predominante dos Ventos Quadro 5.1.11 – Direção predominante dos ventos Estação Irecê Itaberaba Jacobina Lençóis Morro do Chapéu Jan Fev Mar Abr SE E E SE SE SE SE SE SE SE SE SE calmo calmo calmo calmo E E E SE Mai SE SE SE S Jun SE SE S Jul SE SE S Ago SE SE SE S Set SE SE SE S Out E SE SE S SE SE SE E E E Nov Dez E E calmo SE SE SE S calmo E E Legenda: SE – Sudeste; E – Leste; S – Sul Fonte: INMET, 1992. Conforme as Normais Climatológicas, para a estação de Morro do Chapéu, a direção predominante é Leste, ocorrendo predominância de Sudeste nos meses de abril a julho. Por outro lado, o Empreendedor, por determinação da ANEEL, realizou campanha de medição de ventos. A campanha de medição foi realizada através de duas torres de medição; a torre 6204 Cristal I com 60m de altura e da torre de medição 6312 Cristal II com 80m de altura. Ambas as torres possuem medições de velocidade do vento em três alturas e medição de direção do vento em duas alturas. Tanto as torres com todos os instrumentos de medição foram instaladas conforme recomendações da IEC 61400-12-1. As torres de medição estão localizadas na Chapada Diamantina, no leste do estado da Bahia. A 30 estrutura do relevo na área de instalação das torres é caracterizada por um planalto com uma vertente íngreme em direção a Oeste e uma vertente com pouca inclinação em direção a Leste. O planalto tem uma altura máxima de cerca de 1100 m a.n.m. O uso principal do terreno ao redor das torres é caracterizado por arbustos e árvores pequenas com uma altura máxima de 5 m. O regime de vento é dominado pela circulação de ventos alísios, com velocidade de vento predominante Leste. Figura 5.1.3 – Localização das torres de medição Cristal I e II A - Torre de medição 6204 – Cristal I Os dados foram coletados usando um Data Logger NRG Symphonie, 4 anemômetros NRG #40C e dois Wind vanes NRG 200P. O data logger foi programado para salvar os dados em intervalos de 10 minutos, com médias, desvio padrão e máximos e mínimos, apresentado as seguintes características: Pais Estado Cidade Brasil Bahia Cafarnaum Elevação Altura da torre Alturas de medição 1.080 m 60 m 20m; 40m; 60m A torre de medição 6204 teve início de medição em 27.08.2008. Durante um período coerente de medição foi escolhido para analise das condições anuais de vento o período de 15.02.2008 a 15.12.2009. Os dados obtidos fora submetidos a uma análise de qualidade para identificação de datados afetados por falhas nos equipamento de medição ou outras anomalias que podem ter ocorrido durante o período escolhido. A análise dos resultados apontou as seguintes velocidades médias medidas na direção predominante: 31 Altura de medição (m) 20 40 60 Velocidade (m/s) 7,60 8,40 8,90 Fotografia 5.1.1 - Torre de medição 6206 – Cristal I. Gráfico 5.1.9 – Distribuição Direção de do vento a 60 m 32 B - Torre de medição 6312 – Cristal II Os dados foram coletados usando um Data Logger NRG Symphonie, 4 anemômetros NRG #40C e dois Wind vanes NRG 200P. O data logger foi programado para salvar os dados em intervalos de 10 minutos, com médias, desvio padrão e máximos e mínimos, apresentado as seguintes características: Pais Estado Cidade Brasil Bahia Bonito Elevação Altura da torre Alturas de medição 1050 m 80 m 40m; 60m; 80m Fotografia 5.1.2 - Torre de medição 6212 – Cristal II. A torre de medição 6212 teve início de medição em 23.09.2009. Adicionalmente também foi instalado um sensor de temperatura e um sensor de pressão. Durante um período coerente de medição foi escolhido para analise das condições anuais de vento o período de 23.07.2009 a 12.11.2010. Os dados obtidos fora submetidos a uma análise de qualidade para identificação de datados afetados por falhas nos equipamento de medição ou outras anomalias que podem ter ocorrido durante o período escolhido. A análise dos resultados apontou as seguintes velocidades médias medidas na direção predominante: Altura de medição (m) 40 60 80 Velocidade (m/s) 8,00 8,50 8,70 33 Gráfico 5.1.10 – Distribuição Direção de do vento a 80 m 5.1.1.3 Balanço Hídrico Para análise das condições hídricas determinou-se por meio do método de Thornthwaite e Mather (1955) o balanço hídrico, utilizando os dados de precipitação, evapotranspiração potencial e real para a estação meteorológica de Morro do Chapéu. Os resultados obtidos são apresentados no Quadro 5.1.12 e nos Gráficos 5.1.11 e 5.1.12. Verifica-se que a precipitação média anual é de 749 mm, com 66,64% da precipitação anual ocorrendo nos meses de novembro a março. O déficit hídrico anual é de 144,8 mm, distribuído de abril a outubro. A região não apresenta excedente hídrico. Observa-se que a região possui dois períodos bem definidos: um seco, que vai de abril a outubro, e outro chuvoso, de novembro a março. A evapotranspitração supera a precipitação no período em todos os meses do ano, sendo setembro o mês que apresenta maior déficit (38,7 mm). Quadro 5.1.12 – Balanço Hídrico Climatológico para a área do Complexo Éolico Cristal, segundo Thornthwaite e Mather (CAD=100mm), 1961 - 1990 Decêndios Num de dias NDA T oC P mm N horas I ETP Thornthwaite 1948 P-ETP mm NEG-AC ARM mm ALT mm ETR mm DEF mm EXC mm 0,0 0,0 0,0 3,5 15,9 9,4 17,3 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul 31 28 31 30 31 30 31 1 32 60 91 121 152 182 21,1 21,2 21,0 20,6 19,2 17,8 17,2 92,8 86,4 93,4 67,8 33,3 39,4 27,1 12,6 12,5 12,2 11,9 11,6 11,4 11,4 8,8 8,9 8,8 8,5 7,7 6,8 6,5 91,54 82,41 87,59 79,23 68,85 55,80 53,49 1,3 4,0 5,8 -11,4 -35,6 -16,4 -26,4 -45,0 -38,9 -30,7 -42,1 -77,7 -94,1 -120,5 63,76 67,75 73,55 65,61 45,98 39,03 29,97 1,26 3,99 5,81 -7,94 -19,63 -6,95 -9,05 91,5 82,4 87,6 75,7 52,9 46,4 36,2 Ago 31 213 17,5 20,6 11,5 6,7 56,24 -35,6 -156,1 20,99 -8,99 29,6 26,7 0,0 Set Out Nov Dez TOTAIS MÉDIAS 30 31 30 31 244 274 305 335 18,9 20,2 20,7 20,9 236,3 19,7 19,1 42,6 87,6 138,9 749,0 62,4 11,8 12,1 12,4 12,6 144,0 12,0 7,5 8,3 8,6 8,7 95,8 8,0 65,56 80,01 83,56 89,52 893,80 74,48 -46,5 -37,4 4,0 49,4 -144,8 -12,1 -202,6 -240,0 -203,1 -47,0 13,19 9,07 13,11 62,49 505 42,0 -7,80 -4,12 4,04 49,38 0,00 26,9 46,7 83,6 89,5 749,0 62,4 38,7 33,3 0,0 0,0 144,8 12,1 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 34 Gráfico 5.1.11 – Balanço Hídrico Normal Mensal (mm) – Complexo eólico Cristal Gráfico 5.1.12 – Balanço Hídrico – Complexo eólico Cristal 5.1.1.4 Conclusões A análise comparativa dos elementos climáticos de estações, situadas no entorno da área em estudo, comprova a característica climática peculiar da região de Morro do Chapéu, fortemente influenciada pela sua altitude. Este fator determina sua classificação climática, BSh, devido aos índices pluviométricos inferiores a 800 mm. Conforme mencionado anteriormente, a caracterização climatológica do Complexo Eólico Cristal deve ter como referência os dados da estação de Morro do Chapéu, como explicado anteriormente. No Quadro Resumo estão apresentadas as principais características climáticas para a área a ser implantado o Complexo Eólico Cristal. 35 Quadro 5.1.13 – Resumo das Características Climáticas do Complexo Eólico Cristal Elemento Temperatura Umidade Insolação Evaporação Precipitação Vento Balanço Hídrico Características Gerais A temperatura média anual em torno 20 oC. O período mais quente vai de janeiro a março e o mais frio de junho a agosto. A umidade relativa do ar possui uma variação suave entre 73 a 85%, com os menores índices nos meses de outubro e novembro e maiores nos meses de junho e julho. O mês de junho apresenta a menor insolação, enquanto o mês de agosto, o maior valor. Em termos gerais, observa-se que a insolação é alta, como em toda a região Nordeste, região de alta disponibilidade deste elemento climático. Os valores da evaporação confirmam a sua tendência de aumento com o decréscimo da umidade relativa e o aumento da temperatura. A taxa anual de evaporação é em torno de 1.500 mm, valor bastante expressivo. Os maiores valores ocorrem em outubro, e em junho os menores valores. Os meses menos chuvosos são julho, agosto e setembro. A época de chuvas é bem definida nos meses de dezembro a março, com precipitação total anual inferior a 800 mm. O vento ocorre com maior intensidade na região, com intensidade superior a 3,5 m/s, Grau 3 – brisa suave, de acordo com a classificação de Beauford. A direção predominante é Leste, ocorrendo predominância de Sudeste nos meses de abril a julho. A precipitação média anual é de 749 mm, com 66,64% da precipitação anual ocorrendo nos meses de novembro a março. O déficit hídrico anual é de 144,8 mm, distribuído de abril a outubro. A região não apresenta excedente hídrico. Observa-se que a região possui dois períodos bem definidos: um seco, que vai de abril a outubro, e outro chuvoso, de novembro a março. A evapotranspitração supera a precipitação em todos os meses do ano. 36 5.1.1.5 5.1.2 Geomorfologia a) Caracterização topográfica (levantamento planialtimétrico em escala adequada); b) Apresentar Mapa Topográfico, com cotas de 10 em 10 metros (linhas-mestra de 50 em 50 metros) em escala de 1:50.000. c) Posição da área dentro da bacia hidrográfica; d) Classificação das formas de relevo quanto à sua origem; e) Caracterização do padrão de drenagem; f) Mapa geomorfológico, incluindo os recursos hídricos, em escala de 1:50.000; g) Características da dinâmica do relevo (presença ou propensão à erosão e assoreamento, áreas sujeitas a inundações, escorregamentos de encostas e taludes, dentre outros), e sua relação com as atividades propostas para o empreendimento (condições favoráveis ou adversas à implantação das obras); h) Compartimentação do relevo; i) Relação geomorfologia/geologia; j) Classificação das formas do modelado. 5.1.2 Geomorfologia A região pode ser caracterizada como composta por três compartimentos geomorfológicos de expressão regional; um de relevo plano, altimetria elevada, nas áreas onde predominam litotipos carbonáticos da Formação Caboclo denominada de Chapadas de Morro do Chapéu, compondo o Domínio do Planalto da Chapada Diamantina. Um de relevo serrano, com altimetria elevada, topografia movimentada e vertentes íngremes com exposições frequentes de rochas na forma de lajedos, correspondente aos arenitos silicificados da Formação Morro do Chapéu, denominada Encosta Ocidental, e um terceiro compartimento, de topografia rebaixada em relação aos outros compartimentos, de relevo colinoso e vertentes suaves, correlacionadas a litologias dominantemente carbonáticas da Formação Salitre, região do vale do rio jacaré, denominado Baixada do rio Jacaré, no Reverso do Planalto da Chapada Diamantina. O mapa geomorfológico em Anexo, apresenta a distribuição espacial destes compartimentos. Regionalmente, as Chapadas de Morro do Chapéu, compondo o conjunto denominado Chapada Diamantina, limitam-se a norte com as baixadas dos rios Jacaré e Salitre, a oeste com a chapada de Irecê, a leste com o patamar colinoso esculpido sobre rochas do embasamento cristalino, a sul apresenta continuidade com o planalto do rio Bonito (Projeto Radambrasil, 1983). As formas de relevo refletem forte controle estrutural, mostrando serras alinhadas, escarpas e vales direcionados, adaptados a falhas e fraturas. O relevo regional mais proeminente da chapada foi modelado sobre sedimentos silicificados e metassedimentos do domínio das 37 coberturas cratônicas, afetada por dobramentos e deformações rúpteis, gerando falhas e fraturas. A rede de drenagem se apresenta fortemente controlada pelo arcabouço estrutural das rochas da formação Morro do Chapéu, sendo caracterizada por vertentes íngremes, canais retilíneos com inflexões bruscas e eventuais desníveis que condicionam a ocorrência de rios de leito rochoso de alta energia de transporte. Já na região de relevo plano do vale do rio Jacaré, no riacho Baixa de Cafarnaum, limite oeste da área de influência direta (AID), rede de drenagem se apresenta com baixa energia de transporte eleito encaixado em litologias carbonáticas. Os aerogeradores do Complexo eólico, divididos em cinco subparques, está situado nas áreas topograficamente mais elevadas, conforme apresentado no mapa topográfico em anexo, correspondente a região serrana formada pelos litotipos da Formação Morro do Chapéu. Esta região serrana com cerca de 30,0 quilômetros de comprimento, e largura variando de 5,0 a10 quilômetros, encontra-se alinhada na posição NNE-SSW, com cotas variando em torno de 1000 metros. A região serrana (Fotografia 5.3.1) é cortada transversalmente por riachos encaixados em vales estruturais, com direção geral de drenagem de leste para oeste, fazendo parte da bacia hidrográfica do rio Jacaré, ou Vereda do Romão Gramacho. Fotografia 5.1.3 - Região serrana de topografia elevada onde serão instalados os aerogeradores Coordenadas UTM 8.707.506 / 235.887 - Fonte: V&S, 2011. 5.1.2.1 Planalto da Chapada Diamantina – Chapadas de Morro do Chapéu Na compartimento geomorfológico da Chapada de Morro do Chapéu pode-se diferenciar duas regiões de características distintas quanto a origem das formas de relevo: uma dominante ao norte, região da cidade de morro do Chapéu, em altitudes que variam entre 800 e 1.000m, 38 onde ocorrem afloramentos da Formação Morro do Chapéu, compondo um relevo estrutural com afloramentos de rocha e solos arenosos originados a partir de arenitos e superfícies de aplainamento com cobertura latossólica profunda, e um segundo já na área de influência direta do empreendimento (AID), mais a sul, região do povoado de Lagoinha, com altitudes entre 880 e 1.000m constituída de uma superfície exumada, de aplainamento, desenvolvida a partir de rochas da Formação Caboclo e das coberturas residuais areno-argilosas. A unidade é representada por um conjunto de dobras exumadas a partir de uma superfície de aplainamento que truncou as cumeeiras das anticlinais, cujo eixo está situado a cerca de 6,0 quilômetros a oeste da cidade de Morro do Chapéu. Na porção norte desta unidade, as formações superficiais se apresentam descontínuas, de espessura variável, textura areno-argilosa e cascalhosa, com eventuais afloramentos de rochas na forma de lajedo e exposições de blocos compondo um relevo ruiniforme (Fotografia 5.1.4). Fotografia 5.1.4 - Relevo ruiniforme associado a litologias da Formação Morro do Chapéu Coordenadas UTM 8.728.906 / 245.252 - Fonte: V&S, 2011. A sul, na área de influência indireta do empreendimento(AII), o modelado apresenta extensos planos incluindo feições de lombas e vales largos e rasos com declives variando de 3º a 10º, ocorrendo coberturas detríticas de espessuras variáveis. A erosão e rebaixamento deste conjunto foi facilitada pela presença de rochas da Formação Caboclo, com conteúdo carbonático, mais susceptível ao intemperismo e aos agentes erosivos. Os morros testemunhos e serras alinhadas onde serão instalados os sub-parques atestam a resistência dos arenitos da Formação Morro do Chapéu aos processos erosivos, enquanto que o intemperismo nas litologias da Formação Caboclo, em área topograficamente mais rebaixada, gerou formações superficiais argilosas espessas que se espraiam em alguns setores da superfície do planalto. 39 Na porção leste da área de influência, sobre as litologias da Formação Caboclo, o modelado predominante é de aplainamento (Fotografia 5.1.5), onde as superfícies planas são dissecadas pela drenagem atual com densidade fraca. O escoamento laminar e a infiltração são os processos predominantes em relação à dinâmica das águas pluviais. Em função do relevo aplainado, coberturas arenosas permeáveis, mesmo sem a proteção de cobertura vegetal são consideradas do ponto de vista morfodinâmico como áreas instáveis em grau fraco, com menor possibilidade portanto do desenvolvimento de processos erosivos significativos. Fotografia 5.1.5 - Relevo de planalto com topografia plana na região de Lagoinha. Coordenadas UTM 8.711.774 / 243.356 - Fonte: V&S, 2011. Nas áreas aplainadas, de cobertura arenosa e solos latossólicos de baixa fertilidade registra-se a presença de murundus (Fotografia 5.1.6) em áreas de pastagens degradadas. Fotografia 5.1.6 - Áreas de pastagens com ocorrência de murundus associados a práticas inadequadas de manejo e baixa fertilidade dos solos. Coordenadas UTM 8.691.306 / 241.446 - Fonte: V&S, 2011. 40 5.1.2.2 Encosta Ocidental A unidade da Encosta Ocidental mostra-se como um conjunto de serras alinhadas na direção NNE-SSW que se elevam cerca de 300 metros em relação a bacia de Irecê, na região do vale do rio Jacaré (Fotografia 5.1.7). Trata-se de uma faixa longitudinal na porção central da área de influência Direta (AID), correspondente ao alinhamento de serras formadas pelos arenitos da formação Morro do Chapéu e suas encostas para oeste, com altitudes que variam de mais de 1.000 metros no topo das serras a 850 metros no sopé da encosta, em direção ao vale do riacho Baixa de Cafarnaum, com cotas em trono de 750 metros. Fotografia 5.1.7 - Conjunto serrano que se eleva cerca de 300 metros em relação ao vale, denominado Encostas Ocidentais. Coordenadas UTM 8.733.630 / 239.235 -Fonte: V&S, 2011. A região serrana é cortada transversalmente por vales de direção aproximada oeste-leste, mostrando forte controle estrutural, a exemplo dos córregos Boa vista e Baixa do Cristal. Nestas áreas, o leito do rio se apresenta com declividade forte, em um vale estreito, muito encaixado, com vertentes íngremes e rochosas, e leito do rio rochoso, que formam rápidos e corredeiras, não apresentando acumulações aluviais significativas. Estes riachos apresentam forte sazonalidade e intermitência, com vazões significativas e eventualmente elevadas somente nos períodos de chuva. Formada por rochas resistentes ao intemperismo, essa unidade apresenta uma longa encosta com relevo influenciado pela estrutura geológica representando cristas, planos rochosos, relevos ruiniformes, com frenquentes afloramentos de rochas na forma de lajedos e formações superficiais de pouca espessura e solos litólicos. Nas áreas de relevo mais proeminente e de forte controle estrutural, ocorre dissecação diferencial e a morfologia é definida por modelados tabuliformes limitado por vales encaixados 41 e alinhados, com vertentes por vezes abruptas, mostrando trechos escarpados. Nas proximidades da cidade de Morro do Chapéu são encontrados afloramentos rochosos, que se apresentam principalmente na forma de lajedos. Em superfície observa-se uma acumulação arenosa de cor esbranquiçada, sotoposta a solos litólicos proveniente da alteração dos arenitos. A topografia apresenta uma superfície irregular rochosas, por vezes ruiniforme, com escarpas e vales profundos, facetas triangulares, com declives superiores a 15% e solos rasos de baixa fertilidade, pedregosos, textura arenosa e afloramentos de Rocha, com formações superficiais pouco profundas e taxa de infiltração elevada que não contribui para a retenção da água nas camadas superficiais. As vertentes de declividade moderada, e eventualmente forte, apresentam desníveis da ordem de 120 metros e, por se tratarem de áreas com declividades acentuadas, comumente utilizadas para atividades de pecuária extensiva, são expostas a uma ação erosiva intensa de chuvas, função do escoamento laminar severo, e consideradas áreas de instabilidade média do ponto de vista morfodinâmico. O local onde está prevista a instalação dos sub-parques corresponde a um relevo de serras alinhadas com topos aguçados, ás vezes alongados, encostas irregular de declividade forte, variando de 10 a 20% na vertente leste e de 5 a 10% da vertente oeste, coincidente com a direção de mergulho da rocha. O material de cobertura é composto de blocos e matacões, soltos e deslocados, imersos em uma matriz arenosa, apresentando-se como uma cobertura pouco espessa e irregular. As formas se relevo se apresentam como cuestas com caimento suave para oeste e cornijas e eventuais linhas de escarpas voltadas para leste. Neste região, os rios que cortem transversalmente as serras formam vales encaixados com incisões de até 100 metros de desnível do topo para o fundo dos vales, e as vertentes mostram declividades fortes. As formações superficiais arenosas do topo das serras onde a topografia é plana, apesar da pouca espessura, apresenta elevada permeabilidade, fazendo com que as água superficiais infiltrem de forma rápida, com baixa possibilidade de formação de fluxos concentrados de escoamento superficial. As ações antrópicas observadas nestas áreas de declividade mais acentuada estão relacionadas principalmente à supressão da vegetação para abertura de vias de acesso ou implantação de 42 cercas divisórias de propriedades rurais paralelas à linha de maior declividade e sem estruturas de drenagem superficial adequada, podendo evoluir para concentração de fluxo e conseqüente processo erosivos localizados. Ocorrência de pontos de erosão por escoamento de águas pluviométricas por conta de intervenções antrópicas foram registrados na estrada de acesso à localidade de Pau de Colher, a mesma utilizada para acesso à torre de medição Cristal I e que também será utilizada, após as devidas melhorias, para acesso ao sub-parque São Judas. Neste trecho de declividade acentuada foi observada formação de sulcos na margem esquerda. Entretanto com ocorrência de rocha sã a pouca profundidade, não permitindo a evolução para ravinas. Fotografia 5.1.8 - Erosão hídrica na margem da estrada de acesso a torre de Medição Cristal I e a localidade Pau de Colher. Coordenadas UTM 8.708.476 / 246.536 -Fonte: V&S, 2011. A pequena espessura dos solos e formações superficiais associada a ocorrência de afloramentos rochosos a pouca profundidade confere uma boa estabilidade as terrenos situados nas vertentes da serra, com baixa probabilidade de ocorrência de processos erosivos tipo escorregamento e desmoronamento. As encostas da serra apresentam um substrato irregular formado por blocos e matacões de dimensões submétricas tombados e rolados, imersos em uma matriz arenosa, condicionando a necessidade de limpeza e descarte do material inconsolidado, e corte e aterro para implantação das vias de acesso. Devido a pouca disponibilidade de material de alteração para corte, sobretudo de material argiloso, serão necessário maiores volume de aterro como subbase, garantindo a declividade adequada e as características geomecânicas do piso de rolamento para os caminhões que irão transportar os aerogeradores.. No topo plano da área serrana, onde serão instalados os aerogeradores, o substrato rochoso se apresenta com pouca profundidade, e em rocha sã, compacta, com grau de fraturamento baixo 43 a médio, não sendo necessárias escavações profundas para fundações, desde quando essas rochas apresentam excelente capacidade de suporte. Estava inicialmente estabelecida em projeto escavações de 400 m² de área por 3 metros de profundidade para estrutura dos blocos da ancoragem. Esta metodologia construtiva deverá ser reavaliada em função dos resultados dos ensaios geotécnicos das fundações. 5.1.2.3 Reversos do Planalto da Chapada Diamantina – Baixada do rio Jacaré A unidade da Baixada do Rio Jacaré ocupa a porção oeste da área, ocorrendo nas imediações do vale do riacho Baixa de Cafarnaum, estendendo-se para a sua margem esquerda sobre litologias dominantemente carbonáticas da Formação Salitre (Fotografia 5.1.9). As cotas variam de 750 a 850 metros, com um relevo compondo uma superfície plana, levemente dissecada em rampas em direção ao vale do rio, cujo leito apresenta cotas em torno de 720 metros. O relevo se apresenta como lombas e rampas coluviais com caimento geral para o rio Jacaré (Vereda do Romão Gramacho) e localmente para córrego Baixa de Cafarnaum, com declividade predominantemente fraca (< 5%) a moderada (< 10%). Fotografia 5.1.9 - Encosta ocidental, e ao fundo, Baixada do rio Jacaré. Coordenadas UTM 8.692.590 / 234.399 - Fonte: V&S, 2011. Na margem direita do córrego Baixa de Cafarnaum as formações superficiais ocorrem depósitos coluviais descontínuos, com material derivado da região serrana adjacente, de espessura variável com eventuais feições cársticas devido a influência da rocha carbonática subjacente, e dinâmica de relevo de moderada a forte. Na margem esquerda do rio, já no limite da área de Influência, ocorrem formações superficiais derivadas da alteração da rocha subjacente, com pouca remobilização de material, 44 caracterizando uma dinâmica de relevo de intensidade fraca a média. Devido a ocorrência de rochas carbonáticas, nesta região são registradas formas de dissoluções tais como cavernas e dolinas e encontradas estruturas de colapso de grande porte a exemplo do buraco do Possidônio e Buracão. Nesta região da baixada do rio Jacaré, como é comum em litologias carbonáticas, a baixa densidade da rede de drenagem sugere a existência de zonas de percolação rápida e sumidouros, que absorvem as águas da drenagem superficial, formando em vários trechos uma drenagem subterrânea. A feição geomorfológica denominada buraco do Possidônio (Fotografia 5.1.10), a nordeste do povoado de Lagoinha, consiste em uma depressão circular, com cerca de 250 m de diâmetro maior, no fundo da qual existe uma entrada sugestiva de uma caverna ainda não mapeada, e indicativo de que se formou pelo abatimento de uma porção do teto desta caverna. Fotografia 5.1.10 - Buraco do Possidônio Coordenadas UTM 8.711.494 252.541 - Fonte: V&S, 2011. Outra estrutura denominada Buracão, situada próximo a gruta do Cristal, constitui-se em uma dolina cilíndrica – estrutura de colapso – de forma aproximada elipsoidal, com diâmetro variável entre 70 e 120m e profundidade variável entre 25 e 50m (Fotografia 5.1.11). A sua borda é formada por escarpas abruptas, com vegetação instalada entre blocos de rocha e vegetação de caatinga arbórea no interior da estrutura. 45 Fotografia 5.1.11 - Vista do interior da dolina Buracão mostrando delimitação por escarpas verticais. Coordenadas UTM 8.692.590 / 234.399 - Fonte: V&S, 2011. Classificação das Formas do modelado O modelado dominante é representado por uma extensa área de aplanamento entremeada por estruturas residuais dissecadas, e localmente por formas de dissolução. O relevo regional mais proeminente é composto pelo conjunto de serras alinhadas modelado sobre rochas sedimentares do Grupo Chapada Diamantina – Formação Morro do Chapéu, onde litologicamente predominam arenitos silicificados, compactos, caracterizando-se como uma cama da mais dura e resistente a ação do intemperismo, submetida a processo de dissecação. A oeste do relevo serrano mais proeminente, em direção ao vale do riacho Baixa de Cafarnaum, ocorrem depósitos detríticos que caracterizam modelados de acumulação na forma de rampas com caimento suave para oeste. A leste, em litolotipos da Formação Caboclo, ocorrem siltitos, calcarenitos e argilitos com camadas de teor significativo de carbonatos, fazendo com que, localmente, o terreno se comporte como um modelado de dissolução, ocorrendo estruturas de colapso, dolinas e cavidades naturais. Na caracterização geomorfológica da área de influencia indireta do complexo eólico Cristal, foram identificados modelados de dissecação, aplainamento e dissolução. O Modelado de Dissecação ocorre na região serrana, área de topografia elevada esculpida sobre litotipos da formação Morro do Chapéu, sendo responsável pela exumação e exposição das formas associadas à estrutura. As formas relacionadas à dissecação são marcadas pelo forte controle estrutural, evidenciandose os modelados de serras alinhadas, alongadas no sentido norte-sul, e de topos tabulares, com vertente mais abrupta na face leste e com caimento mais suave para oeste, assemelhando-se a 46 um relevo de “cuestas”, cortados transversalmente por vales encaixados de aprofundamento médio a forte, com desníveis da ordem de 100 metros. Este modelado apresenta uma densidade de drenagem grosseira, com vales alinhados e adaptados a falhas e fraturas, com dissecação diferencial atual ou subatual associada ao soerguimento do relevo de borda de um anticlinal e com entalhamento subseqüente da drenagem. O Modelado de Aplainamento está relacionado a superfícies retocadas inumadas formando planos inclinados uniformizados por coberturas detríticas correspondentes aos depósitos de talus da borda oeste da região serrana, formado a partir do retrabalhamento de material da Formação Morro do Chapéu. Ocorrem também superfícies de aplainamento na borda leste da serra, inumadas por coberturas autóctones arenosas e siltosas. As regiões serranas de topografia elevada estão submetidas a desagregação mecânica sob a ação do clima seco e parte do material resultante da desagregação esta distribuído na borda oeste da vertente, em direção ao vale do riacho Baixa de Cafarnaum, representando o modelado de aplainamento. O modelado de aplanamento situado na porção leste da área de influência indireta, borda leste da região serrana, está associado ao planalto de Morro do Chapéu, ocorrendo sobre as litologias da Formação Caboclo, onde o escoamento laminar difuso e a infiltração são os processos predominantes. Compondo o modelado de dissolução, e de forma localizada, ocorrem as rochas com teores elevados de carbonato – calcarenitos, argilitos e siltitos, que quando submetidas a intemperismo químico proporcionam o desenvolvimento de formas específicas resultantes do processo de dissolução, tanto em superfície quanto subterrâneas. Na área de influência indireta do empreendimento os modelados de dissolução ocorrem em subsuperfície, mascarados por formações superficiais, localmente, formas de dissolução parcialmente expostas em superfície estão representada pelas estruturas de colapso, dolinas e cavidades presentes nos litotipos da Formação Caboclo, a exemplo do buraco do Possidônio e da Gruta do Cristal. Nas planícies cársticas parcialmente inumadas, a impermeabilização natural dos calcários contribui para a concentração de água que por sua vez, promove a dissolução através de caminhos preferenciais da estrutura, ou se acumula em áreas topograficamente mais abatidas formando em superfície depressões circulares ou mesmo alongadas, denominadas dolinas. 47 As formas de dissolução identificadas localmente em superfície apresentam uma evolução subterrânea sendo caracterizadas como endocársticas (espeleogênese). As cavidades naturais têm o seu desenvolvimento ao longo de linhas de maior fraqueza, considerando a baixa permeabilidade das rochas carbonatadas, sendo as diáclases e os planos de estratificação determinantes da geometria e orientação da caverna. 5.1.3 Geologia/geotecnia a) Caracterização geológica da área de influência direta, incluindo avaliação litoestratigráfica, esboço estrutural e condições geotécnicas gerais dos solos e rochas; b) Apresentar Mapa Geológico acompanhado de perfil geológico em escala de 1:50.000. 5.1.3 Geologia/Geotecnia A região de estudo está localizada no interior do Cráton do São Francisco, situada sobre rochas das coberturas plataformais dos Supergrupos Espinhaço e São Francisco, coberturas estas que se instalaram no interior do cráton a partir da acumulação de sedimentos em uma bacia de caráter extensional, relacionada a um rift abortado, que posteriormente sofreram deformação. Assim, o Supergurpo Espinhaço do mesoproterozóico e o Supergurpo São Francisco do neoproterozóico representam um conjunto de rochas metassedimentares que compõem a unidade geotectônica das Coberturas Cratônicas Dobradas. O Supergrupo Espinhaço encontra-se subdividido me três grandes Grupos: o Grupo Rio dos Remédios (inferior) com estruturas lenticulares e composto de rochas metavulcânicas ácidas, riolitos, riodacitos, dacitos, brechas e tufos associados com rochas detríticas grossas. O Grupo Paraguaçu (médio), formado por metaconglomerados, quartzitos, metassiltítos e xistos; e o Grupo Chapada Diamantina (superior), conjunto de rochas que afloram na região de Morro do Chapéu, área de interesse do presente estudo. O Supergrupo São Francisco, sobreposto ao Espinhaço, é representado pelo Grupo Una, compreendendo as Formações Bebedouro, na base, e Salitre, no topo, ambas aflorando na porção oeste da área de influência, na bacia de Irecê, região de Cafarnaun. O domínio estrutural de Morro do Chapéu é uma região com baixa magnitude de deformação. As principais feições presentes são dobramentos de eixo N-S: de oeste para leste e o anticlinal de Morro do Chapéu. 5.1.3.1 Supergrupo Espinhaço O Grupo Chapada Diamantina, datado do Mesoproterozóico ocupa estratigraficamente o topo do Supergrupo Espinhaço na região da Chapada Diamantina. É composto de três formações da base para o topo: Tombador - dominantemente quartzítica; Caboclo - com predominância de 48 folhelhos e siltitos que passam a carbonatos, e às vezes estromatolíticos, como os observados na gruta do Cristal; e a Formação Morro do Chapéu, também dominantemente quartzítica. Segundo Rocha (1993), na Folha de Morro do Chapéu, o somatório das espessuras das diversas unidades do Grupo Chapada Diamantina implica em um total de aproximadamente 800 metros. Estruturalmente essas rochas se apresentam como uma mega-dobra suave, paralela e orientada na direção norte-sul, com fraco caimento para norte, denominada de anticlinal de Morro do Chapéu. a) Formação Tombador É denominada de Formação Tombador o conjunto de tipos litológicos composto por camadas sub-horizontais de arenitos e quartzitos que formam áreas escarpadas das serra do Tombador, feição geográfica que apresenta uma continuidade expressiva para norte, além da cidade de Jacobina. Estes tipos litológicos afloram de maneira contínua ao longo da borda lesta da Chapada Diamantina formando escarpas com camadas de mergulho suave para oeste, podendo ser observados ao longo da BA-052 – conhecida como estrada do feijão (Fotografia 5.1.12), na subida para a região mais elevada da chapada, cerca de 36 quilômetros antes da cidade de Morro do Chapéu. É caracterizada por apresentar um relevo muito escarpado, onde as camadas mais silicificadas formam cristas proeminentes, com relevo ruiniforme. Fotografia 5.1.12 - Afloramentos de arenitos da Formação Tombador na margem da Ba-052. Coordenadas UTM 8.708.544 / 297.109 - Fonte: V&S, 2011. O perfil típico é representado por uma base composta por um arenito de coloração creme a cinza-claro com granulação média, estratificação irregular, apresentando bancos maciços de 49 até um metro de espessura com intercalações de siltitos. Sobreposto a esse, segue um arenito cinza-claro a róseo, granulação fina a média, intercalado por alguns horizontes de granulação grosseira, mostrando pouca esfericidade e arredondamento. Segue um pacote de arenitos esbranquiçados com finas intercalações de siltitos e arenitos róseos com horizontes ferruginosos e no topo ocorrem arenitos róseos com horizontes de conglomerados, e finalmente um conglomerado de matriz arenosa contendo seixos centimétricos de quartzo, arenitos e quatzitos verdes. A formação apresenta estratificações cruzadas de amplitudes variadas, e marcas de corrente, denotando ambiente de sedimentação do tipo continental a marinho raso, em condições oxidantes. Estas feições denotam sedimentos depositados através de processos fluviais de elevada carga detrítica, em canais anastomosados, que geralmente ocorrem quando há forte quebra de energia fluvial por redução do gradiente de relevo ou por mudança súbita de fluxo como as chuvas torrenciais de curta duração de regiões áridas, sendo comum também nas zonas deltaicas e em leques aluviais formando barras arenosas e ilhas, onde a quebra de relevo propicia forte deposição. As espessuras determinadas para esta Formação na região das escarpas do Tombador são da ordem de 100 metros. b) Formação Caboclo A formação Caboclo acompanha a formação Tombador na borda leste da chapada, apresentando mergulho fraco, entre 10º e 15° para oeste. A área de afloramento desta formação está condicionada pela porção central e rebaixada da anticlinal de Morro do Chapéu, condicionada por uma grande estrutura anticlinal com eixo norte-sul, com caimento para norte. Corresponde aos tipos litológicos com maior área de ocorrência na região de Morro do Chapéu, compondo as áreas rebaixadas a leste do alinhamento das serras onde serão instalados os subparques. É constituída por siltitos, arenitos e pelitos e, secundariamente por lamitos algais, calcarenitos e estromatólitos colunares. Ocorrem ardósias cinza-escuro a negras com intercalações de camadas de quartzitos e metassiltitos com algumas ardóseas calcíferas com finas lentes de calcário. Regionalmente, as camadas apresentam-se perturbadas mostrado microdobramentos e abundantes veios de quartzo, entretanto, no trecho entre Morro do Chapéu e a serra do Tombador, a Formação Caboclo não apresenta perturbação, sendo constituídas por folhelhos, siltitos e arenitos finos de cor vermelho-amarelada. A espessura desta formação foi estimada em 400 metros (Rocha, 1997). 50 Exposições de siltitos da Formação Caboclo podem ser observadas nas escarpas da estrutura de colapso denominada de buraco do Possídônio, a nordeste da área de influência do Complexo eólico (Fotografia 5.1.13). Os lamitos algais são rochas formadas por níveis alternados claros e escuros, de espessura centimétrica, representando os intervalos com presença de sedimentos trapeados e de matéria orgânica originada pelas algas. Fotografia 5.1.13 - Afloramentos de siltitos na borda da feição conhecida como Buraco do Possidônio. Coordenadas UTM 8.711.494 252.541 - Fonte: V&S, 2011. Na região da Gruta do Cristal as litofácies são constituidas por estromatólitos colunares, calcarenitos intraclásticos, laminitos algais (Fotografia 5.1.14)., calcilutitos e silexitos. Ocorrem afloramentos com biohermas e biostromas compostas por estromatólitos estratiformes, colunares, domais e oncólitos, derivadas de carbonatos depositados em ambiente marinho raso com evidências de tempestades, que representam a base da Formação Caboclo. Nos afloramentos que formam as paredes escarpadas da entrada da Gruta foram identificados quatro tipos principais de estromatólitos associados às biohermas e biostromas: estromatólitos estratiformes, estromatólitos colunares, estromatólitos domais e oncólitos. Estromatólitos são estruturas biossedimentares construídas por ação de bactérias em mares rasos e quentes desde o Arqueano até a atualidade, sendo vestígios de vida antiga nestes ambientes. 51 Fotografia 5.1.14 - Laminitos algais e estromatólitos na entrada da Grupa do Cristal. Coordenadas UTM 8.692.558 / 247.893 - Fonte: V&S, 2011. Os estromatólitos estratiformes são compostos de laminações milimétricas, irregulares ou crenuladas, micríticas, escuras (ricas em matéria orgânica) e claras (constituídas de material carbonático trapeado ou precipitado). É comum a presença de pseudomorfos de minerais evaporíticos e nódulos de sílica com espessura de alguns centímetros e vários metros de extensão acompanhando à estratificação da rocha. Nas estrutura de colapso conhecidas como buraco do Possidônio e Buracão, ocorre uma espessa camada de siltitos lenticulares, depositada em ambiente de submaré, que ocorrem sobropostas às litofaces presentes na Gruta do Cristal. c) Formação Morro do Chapéu Encerrando o ciclo de deposição do grupo Chapada Diamantina ocorre o conjunto de arenitos que capeiam os folhelhos da Formação Caboclo nas imediações da cidade de Morro do Chapéu, sendo recoberta discordantemente a oeste pelas litologias carbonáticas do Grupo Una, Formações Bebedouro e Salitre. Formação Morro do Chapéu é constituída predominantemente por arenitos de granulometria fina a média onde podem ser encontrados níveis intercalados de siltitos e lamitos e, subordinadamente, por arenito conglomerático. Pela constituição geológica mais resistente aos agentes da erosão a estes tipos litológicos formam relevos proeminentes, constituindo as regiões mais elevadas, e exibindo excelentes afloramentos, com grandes feições na forma de cuestas com caimento em torno de 10º para sul e sudeste. 52 Segundo Rocha, 1997 a Formação Morro do Chapéu é constituída por cinco associações de litofácies definidas da base para o topo como: i) conglomerado suportado por clastos; ii) arenitos conglomeráticos; iii) arenitos de sistema fluvial e siltitos; iv) arenitos e arenitos sigmoidais, e v) laminito e arenito fluidizado -sistema transicional que sofreu várias flutuações do nível do mar. Especificamente na região da cidade de Morro do Chapéu é constituída de arenitos de cores claras, predominando o branco, róseo e creme, finamente granulado e estratificado, que confere um aspecto de lajedo nos afloramentos onde a topografia coincide com o caimento geral para oeste. As estruturas primárias estão bem preservadas e indicam deposição fluvial, seguida de deposição em um ambiente costeiro raso, com pequenas oscilações do nível do mar. Battilani et al. (2007),classificou os arenitos da Formação Morro do Chapéu em quartzoarenitos e quartzo-arenitos conglomeráticos. Estudos petrográficos desenvolvidos pela mesma autora indicaram que os arenitos apresentam alta maturidade mineralógica e textural, cimentação precoce por quartzo, sendo observado, entretanto, nos poucos fragmentos argilosos (intraclastos) e inversão textural gerada pela presença de argila por infiltração mecânica. A composição mineralógica das rochas é constituída principalmente por cristais de quartzo monocristalinos e subordinadamente policristalinos. O teor de quartzo somado ao de chert ultrapassa 90% da composição mineralógica das rochas. Podem estar presentes ainda fragmentos de rochas sedimentares, raros cristais de feldspato (teor máximo de 4,71%), cristais tabulares de mica, argilas de infiltração mecânica (ilita e caulinita), minerais opacos, óxidos de titânio, turmalina e zircão, Battilani et al. (2007). Os arenitos da formação Morro do Chapéu apresentam forte cimentação de quartzo o que confere à rocha uma consistência muito dura e compacta, constituindo uma fase diagenética importante sendo responsável pela grande redução da porosidade primária dos quartzoarenitos. Admiti-se como fonte a de sílica a dissolução de silicatos instáveis do arcabouço da própria rocha ou da dissolução por pressão das unidades subjacentes. A porosidade observada é de natureza secundária, originada principalmente pela dissolução de grãos e pelo fraturamento. A tentônica rúptil dos eventos de deformação estão impressos nos arenitos da formação Morro do Chapéu, devidos as suas características reológicas, mostrando sistemas de fraturas com direções dominantes norte-sul e NW-SE, verticais e sub-verticas, condizentes com os esforços compressivos que atuaram sobre essas rochas e relacionados aos eventos de deformação regional. Na região de Morro do Chapéu, a espessura da Formação Morro do Chapéu é da ordem de 390 53 metros (Pedreira et al. 1975). O contato superior tem caráter discordante, caracterizando hiato deposicional e processo de erosão com o Grupo Una, do Neoproterozóico. Essas rochas do Grupo Una, do Supergrupo São Francisco, ocorrem na porção central do Estado compreendendo as Formações Bebedouro, na base e Salitre, no topo. 5.1.3.2 Supergrupo São Francisco - Grupo Una As rochas do Grupo Una – Formações Bebedouro e Salitre, ocorrem a oeste da área de influência, correspondente a parte mais rebaixada do relevo, a oeste das serras esculpidas pelos arenitos da Formação Morro do Chapéu, na região de Cafarnaum. Os sedimentos terrígenos glácio-marinhos da Formação Bebedouro foram depositados sob condições de clima frio, enquanto, posteriormente, os carbonatos da Formação Salitre foram depositados durante um período de clima ameno em ambiente marinho de água rasa a profundas. No domínio do Grupo Una as principais feições estruturas são dobras com orientação geral ENE-WSW e vergência para sul e falhas de empurrão de baixo ângulo, com mergulho para NNW. Os mergulhos das camadas variam em torno de 10°, geralmente para NW, e em direção a leste, nas proximidades do contato com o Grupo Chapada Diamantina, tendem para oeste. a) Formação Bebedouro A Formação Bebedouro é constituída de diamictitos, pelitos e arenitos arcóseanos e quartzo arenitos, estratificados e maciços, ordenados em camadas, alternadas ou não, limitadas por contatos bruscos, erosivos e gradativos. Os diamictitos são constituídos de argilitos cinza-esverdeados, com pirita disseminada e grânulos de seixos milimétricos e centimétricos de composição variada dispersos em uma matriz pelítica. As camadas possuem geometria tabular, com laminação plano-paralela, em uma rocha muito litificada. Os arcósios apresentam coloração cinza-esverdeada, com grãos de tamanho médio, subarredondados, localmente apresentando níveis com seixos e grânulos de até 2,0 centímetros. Os argilitos são de cor cinza esverdeado, com a presença de quartzo bem arredondado, feldspato caulinizados de cor de alteração bege. Posteriormente à sedimentação da Formação Bebedouro ocorreu uma mudança climática, passando a predominar um clima quente semiárido, que contribuiu para o degelo, com elevação do nível relativo do mar, gerando condições para a deposição da Formação Salitre. Assim, os sedimentos da Formação Bebedouro são recobertos, invariavelmente, pelos carbonatos da Formação Salitre. 54 b) Formação Salitre - Unidade Gabriel A Formação Salitre ocorre a oeste da área de estudo, região de Cafarnaum, sendo caracterizada pela presença de calcarenitos, calcisiltitos, calcilutitos, dolarenitos e níveis de chert. Ocorrem afloramentos de calcissiltitos com coloração cinza-escuro, com camadas de geometria tabular (Fotografia 5.1.15), laminação plano-paralela, com fraturas preenchidas por veios de calcita, e localmente nódulos de sílex e calcita, comumente dispostos paralelamente ao acamamento, além de cristais de pirita. Ocorrem ainda lamito algal, calcarenitos bandados e calcarenitos oncolítocos. Fotografia 5.1.15 - Afloramentos de calcissiltitos na Ba-052. Coordenadas UTM 8.733.630 / 237.118 -Fonte: V&S, 2011 5.1.3.3 Formações Superficiais As formações superficiais são acumulações recentes de material inconsolidado, derivadas do retrabalhamento das rochas mais antigas, com alteração in situ ou transportados por efeito da gravidade ou do escoamento superficial, permitindo individualizar em alterações residuais, depósitos coluvionares e depósitos aluvionares. a) Alterações Residuais Na região de estudo, a alterações são resultantes da alteração in situ dos diversos litótipos do Grupo Chapada Diamantina e dos sedimentos carbonáticos da Formação Salitre, na Bacia de Irecê. Nas áreas onde essas alterações estão associadas a litofácies do Grupo Chapada Diamantina 55 existem localmente pequenas quebras de relevo refletindo superfícies de laterização. Essas superfícies constituem depósitos supergênicos, constituídos por concentração de ferro e manganês que cimentam fragmentos de diversos litótipos. De um modo geral, as alterações residuais sobre a Formação Caboclo, a sul e sudoeste de Morro do Chapéu, são de cor vermelha, areno-argilosas ou argilosas, com fragmentos de quartzo e de material ferruginoso. As espessuras atingem até 3 metros. Sobre as litofácies areníticas da Formação Morro do Chapéu, a leste da cidade homônima, ocorrem alterações arenosas, cor cinza, granulometria fina a média e espessuras de até 3 metros, incluindo matacões de crosta ferruginosa. Nos sedimentos da Formação Salitre produzem materiais areno-argilosos de cores amarela e vermelha, subordinadamente com alguma contribuição detrítica. b) Depósitos Coluvionares Os depósitos coluvionares se distribuem ao longo das encostas das serras construídas sobre as litologias da Formação Morro do Chapéu compondo-se de seixos e matacões de arenitos, conglomerados e argilitos, por vezes de dimensões métricas, imersos em uma matriz arenoargilosa (Fotografia 5.1.16). Na área de influência ocorrem de forma mais representativa bordejando a serra na sua borda oeste, em direção a cidade de Cafarnaum Fotografia 5.1.16 - Depósitos coluvionares na base da Formação Morro do Chapéu. Coordenadas UTM 8.693.798 / 239.966 - Fonte: V&S, 2011 Quando ocorrem na base dos alto topográficos da Formação Morro do Chapéu esses depósitos apresentam níveis arenosos e pavimentos de seixos angulosos de quartzo e arenitos, transportados por fluxo gravitacional. 56 c) Depósitos Aluvionares São depósitos areno-argilosos por vezes com concentrações de cascalho que ocorrem de forma muito pouco expressiva ao longo da rede de drenagem. Tornam-se mais representativos ao longo do Córrego Baixa de Cafarnaum, limite oeste da área de influência, devido a condições topográficas de menor declividade do leito, o que permite a acumulação desses sedimentos inconsolidados. Localmente, os depósitos argilosos são utilizados como fonte de material para fabricação de tijolos e telhas. No rio do Ventura, a sudeste de Morro do Chapéu, os depósitos aluvionares são diamantíferos, e já foram garimpados no passado, entretanto, sem produção expressiva. 5.1.3.4 Geologia e Condições Geotécnicas locais No local onde serão instalados ao aerogeradores, correspondentes ao topo dos morros sustentados pelas litologias de arenitos silicificados da Formação Morro do Chapéu, ocorrem em superfície exposições de blocos de metarenitos de formas tabulares com até um metro de diâmetro, imersos em uma matriz arenítica de granulação grosseira e coloração predominante marrom a cinza. Ao longo das encostas, na rampa de acesso ao topo das serras, em terrenos com declividade da ordem de 10 a 20 %, caracteriza-se a presença descontínua de blocos rochosos soltos, deslocados e tombados, constituindo material coluvionar também imersos em uma matriz dominantemente arenosa. Neste locais de topos de serras e meia encosta, na porção superior, os solos são rasos, com profundidades em torno de 50 centímetros. Estas rochas que afloram geralmente em forma de blocos soltos ao longo do terreno são arenitos silicificados e secundariamente conglomerados de coloração cinza a rósea, granulação média, localmente grosseira, e de formato tabular quando de maiores dimensões, devido a fraturas de alivio condicionada pelo acamamento primário da rocha. (Fotografia 5.1.17) 57 Fotografia 5.1.17 - Formações superficiais com blocos soltos em matriz arenosa na área do sub-parque Primavera. Coordenadas UTM 8.703.078 /241.555 - Fonte: V&S, 2011. Trata-se, portanto, de rochas duras, compactas, muito silicificadas e as características estruturais indicam uma boa capacidade de suporte do ponto de vista geotécnico, sendo necessário entretanto a remoção de todo o material inconsolidado e blocos soltos, fraturados e deslocados. Nos locais definidos como área diretamente afetada pôde-se observar localmente rochas fraturadas segundo duas direções principais, podendo-se supor por afloramentos distintos observados ao longo dos cortes das estradas a ocorrência de juntas de alívio planoparalelas, horizontais com caimento geral para oeste, associadas ao acamamento primário da rocha As investigações geológico-geotécnicas permitirão individualizar e caracterizar os materiais encontrados no substrato do local previsto para implantação das fundações das torres dos aerogeradores. As formações superficiais apresentam elevada rochosidade e pedregosidade, com um substrato rochoso irregular, com matacões deslocados e tombados (Fotografia 5.1.18), sendo necessária a retirada deste material para uniformização de pavimento para implantação de estradas destinada ao tráfego de caminhões pesados. Será necessário também um capeamento com material areno-argiloso para construção da base. 58 Fotografia 5.1.18 - Trecho da estrada de acesso ao sub-parque Primavera, danificada pelas águas de escoamento superficial, mostrando o substrato rochoso irregular. Coordenadas UTM 8.701.618 / 242.410 - Fonte: V&S, 2011. Os melhores afloramentos da Formação Morro do Chapéu ocorrem no entorno da cidade homônima e na região serrana adjacente, quase sempre sob a forma de lajedo ao longo dos cortes das estradas, principalmente da Ba-052 que corta transversalmente a área em direção à cidade de Irecê. Nestes cortes, onde os litótipos dominantes são arenitos (Fotografia 5.1.19), coloração cinza-claro, esbranquiçado ou amarelado, granulação fina a grosseira quartzosos e feldspatos, com grãos subangulares e subarredondados e bastante silicificados. As camadas apresentam geometria tabular com espessuras inferior a o,5 metros e estruturas primárias preservadas a exemplo de estratificação cruzada e tabular de baixo ângulo, mascas onduladas e gradação normal e inversa. Nos cortes das estradas ocorrem fraturas subverticais que cortam todo o perfil, abertas, e preenchidas com material da superfície. O perfil típico da formação observados nos cortes de estradas apresenta uma cobertura de 0,5 a 1,0 metros de material coluvionar com seixos e blocos de arenitos deslocados, imersos em uma matriz arenoargilosa, seguindo uma seqüência de arenitos em camadas que variam de 5 a 40 centímetros, coloração bege, com planos de acamamento abertos, formando blocos na forma tabular e fraturas sub-verticais abertas, que se repetem a cada 2 ou 3 metros com profundidade observada de até 6 metros. Apresenta-se uma rocha dura, compacta, não alterada, com baixo grau de fraturamento que, entretanto, apresenta fragilidade ao longo do acamamento primário relacionado ao processo deposição dos sedimentos. 59 Fotografia 5.1.19 - Afloramentos de arenitos da Formação Morro do Chapéu. Margem da BR-052. Coordenadas UTM 8.728.738 / 243.986 - Fonte: V&S, 2011. Os sítios selecionados para implantação dos sub-parques apresentam constituição geológicogeotécnica de boa qualidade tanto do ponto de vista litológico como estrutural para a implantação de obras civis de grande porte, considerando que os arenitos silicificados que dominam o substrato local da fundação, quando inalterados, possuem excelentes índices de resistência e compacidade, onde os possíveis pontos de fragilidade estão relacionados à presença de fraturamentos verticais que ocorrem com pouca freqüência e fraturas de alivio sub-horizontais, que deverão ser investigados nas fases de detalhamento e sondagens geotécnicas. Portanto, uma avaliação preliminar indica que o maciço rochoso da fundação apresenta excelentes condições geomecânicas, infere-se que apenas a remoção dos materiais inconsolidados superficiais será suficiente para assentamento das estruturas de concreto projetadas. Apesar dessa impressão favorável acerca da qualidade geomecânica do maciço rochoso, sondagens rotativas deverão ser executadas em fases posteriores dos estudos, de modo a garantir essa avaliação, inclusive quanto às características e densidade das fraturas e juntas de alívio sub-horizontais relacionadas ao acamamento. Eventualmente, em alguns trechos, ocorre a ausência de solos ou material de alteração, e a rocha aflora compondo uma paisagem de relevo ruiniforme, onde se instala uma vegetação rupícola, ou no forma de lajedos, principalmente quando ao caimento da topografia coincide com a direção de acamamento da rocha (Fotografias 20 e 21). A ausência de solo em alguns trechos condiciona uma reavaliação da instalação do cabeamento de ligação entre aerogeradores, previsto em projeto para ser subterrâneo. 60 Fotografia 5.1.20 – Na ausência de solos as Fotografia 5.1.21 - Afloramentos na forma de estacas das cercas são apoiadas em estruturas de lajedos e relevo ruineiforme. concreto construídas para essa finalidade. Coordenadas UTM 8.722.901 / 245.252 Coordenadas UTM 8.722.906 / 245.252 Fonte: V&S, 2011. Fonte: V&S, 2011. Os caminhos de serviço, em rodovia não pavimentada desde a localidade de Arizona até o povoado de Lagoinha, definida em projeto como a via de acesso principal ao empreendimento, se desenvolvem sobre litotipos carbonáticos da Formação Caboclo. A ocorrência de rochas calcárias têm como característica, a eventual presença de formas de dissolução cárstica (dissolução química de rochas calcárias), formando cavernas, sumidouros, dolinas e outras zonas de dissolução localizadas ou até como microestruturas, desenvolvidas a partir de fraturas e outras superfícies de descontinuidade alargada pela dissolução química, que, apesar de localizadas representam pontos de fraqueza estrutural da rocha. O substrato rochoso das vias de acesso caracterizam-se, portanto, como terrenos de capacidade de suporte localmente comprometida em função da presença de rochas carbonáticas, fraturadas e sujeitas a processos de dissolução, podendo ocorrer vazios em subsuperfície, que eventualmente podem evoluir para estruturas de colapso de grande porte, como observadas nas feições conhecidas como Buraco do Possidônio e Buracão, ou estruturas localizadas e de pequeno porte tais como as observadas na estrada Cafarnaum/Arizona e na estrada Lagoa Nova/Lagoinha – conhecida como buraco do Alecrim (Fotografias 5.1.22 e 5.1.23). 61 Fotografia 5.1.22 - Estrutura de colapso na estrada Fotografia 5.1.23 - estrutura de colapso Lagoa Nova/Lagoinha coordenadas conhecido sinalizada com galhos secos, na estrada com buraco do Alecrim. Cafarnaum/Arizona. Coordenadas UTM 8.701.569 e 252.836 Coordenadas UTM 8.692.590 e 234.399. Fonte: V&S, 2011 Fonte: V&S, 2011 A Gruta do Cristal (Fotografia 5.1.24), cuja entrada está situada a uma distância de aproximadamente 100 metros da estrada Catuaba-Lagoinha, formada a partir da dissolução de carbonatos, com posterior desmoromamento. Fotografia 5.1.24 - Salão principal da Gruta do Cristal afloramentos de arenitos da Formação Morro do Chapéu. Margem da BR-052. Coordenadas UTM 8.692.558 / 247.893 - Fonte: V&S, 2011. 62 No piso da estrada de acesso à torre de medição de ventos, situada a norte, próximo ao subparque São Judas, afloram metarenitos de coloração bege, duros, compactos, não alterados, medianamente a muito fraturados, com 10 a 12 fraturas por metro (Fotografia 5.1.25). Fotografia 5.1.25 - Afloramentos de arenitos no piso da estrada de acesso à torre norte. Coordenadas UTM 8.712.122 244778 - Fonte: V&S, 2011. 5.1.3.5 Recursos Minerais A produção mineral da área é inexpressiva, ocorrendo garimpagem esporádica de diamante e barita, e retirada de material arenoso e brita para construção e material cascalhoso para manutenção de estradas e vias de acesso. · Materiais Construtivos Os arenitos silicificados da Formação Morro do Chapéu são utilizados para a extração de brita e paralelepípedo, existindo uma grande pedreira às margens da BA-052, que foi intensamente utilizada na época da pavimentação da referida rodovia e encontra-se atualmente desativada. Material arenoso para construção civil (Fotografia 5.1.26) e cascalhoso para manutenção das estradas é explorado preferencialmente ao longo das principais vias de acesso, pela facilidade de transporte. 63 Fotografia 5.1.26 - Jazida de areia nas margens da BA – 052. Coordenadas UTM 8.708.544 / 297.109 - Fonte: V&S, 2011. · Diamante Existem registros de antigos garimpos que funcionavam na década de 1930, nas vizinhanças da cidade de Morro do Chapéu, rio Ferro doido, rio Ventura, córrego Martim Afonso, dentre outros. Os depósitos de diamantes estão relacionados a conglomerados e arenitos conglomeráticos da Formação Morro do Chapéu. Os garimpos estavam concentrados em eluviões, coluviões e em fraturas e cavidades preenchidas com cascalho. Os eluviões são constituídos por cascalhos com seixos de arenitos e quartzo apresentando pequena espessura, onde o diamante ocorre nas camadas grosseiras basais, e os aluviões distribuem-se ao longo dos leitos dos rios e riachos e nas respectivas planícies de inundação. · Cristal do rocha Foram apenas registradas ocorrências de exploração de cristal de rocha a noroeste do povoado de Lagoinha, com atividade garimpeira efêmera, e desativada. · Calcário para Corretivos de solo Na Formação Salitre, na região onde a BA-052 corta o rio Jacaré, km 305 da referida rodovia, está instalada uma unidade de produção da usina INCOSOL em funcionamento desde o ano de 1981 (Fotografia 5.1.27), que efetua britagem e moagem de calcário dolomítico para corretivo de solo, além de britagem de calcário calcítico para uso químico. As unidades carbonáticas na Formação Caboclo e na Formação Salitre são potencialmente utilizáveis como fonte de material 64 para corretivo de solos e as reservas de calcário são inesgotáveis, dada a considerável extensão de ocorrência dessas rochas carbonáticas. O fator mais importante que viabiliza a exploração desses materiais, devido ao baixo valor agregado, e a infraestrutura disponível, sobretudo estrada e energia elétrica. Fotografia 5.1.27 - Jazida de calcário da Incosol na margem do rio Jacaré. Coordenadas UTM 8.733.654 / 236.676 - Fonte: V&S, 2011. Segundo Rocha (1993), apenas uma ocorrência de calcário foi destacada na Formação Caboclo (fazenda Cristal), em face dos resultados analíticos e a localização da mesma em relação ao pólo cafeeiro de Bonito, o que a torna merecedora de avaliação econômica. As análises químicas preliminares assinalaram teores de CaO entre 17,4 e 24,5%; de MgO entre 12,4 e 18,5%; de SiO2 variando entre 17,5 e 42,5%. 5.1.3.6 Situação dos Direitos Minerários De acordo com as informações constantes nos arquivos do Departamento Nacional de Produção Mineral - DNPM foram identificados na área diretamente afetada pelo empreendimento (áreas arrendadas para implantação do Complexo eólico), requerimentos relacionados à pesquisa e extração de bens minerais relacionados a rochas ornamentais, minério de ferro e minério de cobre. No mapa geológico são apresentados os recobrimentos das áreas requeridas junto ao DNPM, e a seguir são citados os referidos processos: Três processos (874412/1994 - 874423/1994 - 874424/1994) de um mesmo titular referente a pesquisa de quartzito, com últimos eventos registrados em agosto de 2009 quando da notificação para pagamento de débitos referentes a Taxa Anual por Hectare, no processo para autorização de pesquisa. Um processo (874411/1994) para pesquisa de granito pertencente ao mesmo titular das áreas 65 anteriormente descritas com relatório de pesquisa não aprovado em agosto de 2004. Um processo (873.179/2007) com alvará de pesquisa de minério de ferro emitido em dezembro de 2007 – válido por três anos, já em processo de disponibilização. Um processo (871.098/2009) para alvará de pesquisa de minério de Cobre, em fase de autorização de pesquisa, com alvará de pesquisa publicado em agosto de 2009 (validade de três anos) E os processos 872.495/2008, 872.500/2008 e 872.755/2008 para minério de ferro, com autorização de pesquisa, todos com vencimento em 03/10/2011. A relação a seguir resume a situação dos processos de direito minerário na área de Influência direta do empreendimento AID, e as áreas livres disponíveis para requerimento. Processos - DNPM Situação 874.411/1994 Livre 873.179/2007 Disponibilidade 872.495/2008 Em Autorização de Pesquisa até 03/10/11 874.412/1994 Livre 874.423/1994 Livre em parte (ocorreu recobrimento) 871.098/2009 Em Autorização de Pesquisa até 26/08/2012 874.424/1994 Livre 874.419/1994 Livre 874.420/1994 Livre 874.418/1994 Livre 874.417/1994 Livre 872.500/2008 Em Autorização de Pesquisa até 03/10/11 872.755/2008 Em Autorização de Pesquisa até 03/10/11 A pesquisa mineral é a execução dos trabalhos necessários para a definição da jazida, bem como para a avaliação e determinação da exequibilidade do seu aproveitamento econômico. Um Alvará de Pesquisa garante ao minerador proteção quanto aos direitos sobre a área correspondente a poligonal requerida, bem como a todas as substâncias, conhecidas ou outras que possam ser identificadas no interior desta poligonal. Concedida a autorização de pesquisa, a área ficará “bloqueada” até o vencimento do prazo validade do Alvará de Pesquisa. Sendo proibida a intervenção de terceiros, senão o titular do título respectivo. Entretanto, para garantir a efetividade desta proteção é necessário que seja 66 sejam observados os prazos legais, sob pena de caducidade deste direito. A partir da publicação do Alvará no Diário Oficial da União – DOU, o titular está autorizado a realizar, num prazo de 2 ou 3 anos, dependendo da substância, os trabalhos de pesquisa que têm como meta definir uma jazida, ou seja, qualificar, quantificar e localizar espacialmente a substância mineral de interesse. Ao final deverá ser apresentado no DNPM relatório final de pesquisa para aprovação. Uma vez aprovado o relatório, o interessado terá o prazo de 1 ano para requerer a concessão de lavra. Os Regimes de Autorização e de Concessão podem ser utilizados para todas as substâncias minerais, com exceção daquelas protegidas por monopólio (petróleo, gás natural e substâncias minerais radioativas). Áreas máximas: · 2.000 ha: substâncias minerais metálicas, substâncias minerais fertilizantes, carvão, diamante, rochas betuminosas e pirobetuminosas, turfa, e sal-gema; · 50 ha: substâncias de emprego imediato na construção civil, argila vermelha para a indústria cerâmica, calcário para corretivo de solos, areia quando adequada a indústria de transformação; feldspato, gemas (exceto diamante), pedras decorativas, e mica; · 1000 ha: rochas para revestimento, e demais substâncias minerais. O acesso do titular à área poderá ser realizado através de acordo amigável com o proprietário do solo ou através de acordo judicial, em que são fixadas, pelo juiz da comarca, as rendas e indenizações devidas por conta dos trabalhos de pesquisa. O direito de requerer a lavra, o requerimento de lavra, e o título de lavra poderão ser objeto de cessão ou transferência, desde que o cessionário satisfaça os requisitos legais exigidos. Os atos de cessão ou transferência só terão validade depois de devidamente averbados no DNPM. 5.1.4 Pedologia a) Relações dos solos com a geologia/geomorfologia; b) Mapa pedológico na escala de 1:50.000 com classe, perfil, textura e profundidade; c) Mapa de aptidão agrícola da área de influencia direta; d) Mapa pedológico do entorno do reservatório descrevendo os grupos de solos e suas unidades, baseado em levantamento de campo; e) Extensão e distribuição das unidades de solos; 67 5.1.4 Pedologia Na área de influência do empreendimento foram registradas como associações de solos dominantes a ocorrência de Latossolos e Podzólicos Vermelho-Amarelos, Cambissolos, e Solos litólicos. Latossolos Vermelho-Amarelos e Podzólicos Vermelho-Amarelos Latossólicos álicos, de textura média, argilosa e muito argilosa ocorrem com bastante freqüência na área de influência, normalmente relacionados a sedimentos da Formação Caboclo. São profundos, bem drenados e de baixa fertilidade natural. Geralmente ocorrem nas partes altas do terreno, sob relevo plano e suave ondulado, em áreas com murundus. Solos Litólicos álicos pedregosos e rochosos e Areias Quartzosas ocorrem sobre rochas da Formação Morro do Chapéu, apresentando textura arenosa, resultando em solos de baixa fertilidade natural e baixa capacidade de retenção de umidade, pouco utilizados com agricultura, com forte limitação devido a pedregosidade e rochosidade. Nas áreas de encostas dos arenitos da Formação Morro do Chapéu em direção ao vale do córrego Baixa do Cafarnaum, relacionados a depósitos coluvionares, ocorrem solos mais leves classificados como Latossolos de textura média leve e eventualmente de Areias Quartzosas, em relevo ondulado a montanhoso. Na porção oeste da área, região de Cafarnaun, sobre os calcários da formação Salitre, são desenvolvidos Cambissolos profundos e pouco profundos, de fertilidade elevada, textura média e argilosa, sob relevo predominantemente plano e suave ondulado. Conforme a metodologia dos estudos contidos nos levantamentos de recursos naturais, executados pelo Projeto RADAMBRASIL, as unidades de mapeamento são expressas por associações de solos com alto nível categórico, entretanto, suficiente para uma visualização espacial da ocorrência e distribuição das unidades. Nestes estudos foram utilizados os dados e informações contidas no mapa e relatório da folha SC.24/;25, volume 30, Folha Aracaju / Recife do referido projeto, e o Mapeamento executado pelo Projeto Mapas Municipais de Morro do Chapéu da CPRM, adicionando-se os conhecimentos adquiridos com as viagens de reconhecimento na área de influência do empreendimento. As observações dos solos foram realizadas em cortes de estrada. O mapa de Solos contém o delineamento das unidades e as legendas baseadas no Projeto Mapas Municipais de Morro do Chapéu são apresentadas no texto, após da caracterização de cada um dos grupos de solos. 68 As classes de solos foram descritas pela antiga classificação de solos, sendo assim, para cada uma das classes apresentadas no texto, é utilizada a denominação do atual sistema de classificação de acordo com o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos, da EMBRAPA e, entre parênteses, o nome da classe como anteriormente designada pelo Projeto RADAMBRASIL e Projeto Mapas Municipais de Morro do Chapéu. O Quadro 5.1.14 apresenta a correlação entre a classificação anterior a 1999 (RADAMBRASIL) e o Atual Sistema de Classificação de Solos USCS. Quadro 5.1.14 – Correlação de Classes de Solos entre a Classificação Anterior a 1999 e o Atual Sistema de Classificação de Solos Classificação RADAMBRASIL / Embrapa Latossolo Vermelho-Amarelo álico Sistema Atual de Classificação dos Solos Latossolo Vermelho-Amarelo alumínico Podzólico Vermelho-Amarelo álico Argissolos amarelo Cambissolos eutrófico Cambissolos Háplico Solos Litólicos Neossolo Litólico Areias Quartzosas Neossolo Quartzarênico Solos Aluviais Neossolos Flúvicos 5.1.4.1 Caracterização das Unidades Pedológicas A área de interesse abrangem solos desenvolvidos a partir da alteração de rochas resistentes ao intemperismo e de relevo acidentado, como os arenitos silicificados da Formação Morro do Chapéu, como por rochas mais susceptíveis às intempéries, como os litotipos carbonáticos da Formação Caboclo que ocorrem em relevo plano a ondulado, parcialmente ou totalmente cobertas por material coluvionar, o que resulta em variação locais, que entretanto, para efeito de mapeamento, são agrupadas em unidades descrita pela predominância, em termos de área, de uma determinada classe. a) Latossolo Vermelho-Amarelo Latossolo são solos minerais, não-hidromórficos, sempre com argila de atividade baixa, com horizonte do B tipo latossólico. São considerados solos em avançado estágio de evolução, suficiente para transformar os minerais primários oriundos do material de origem em caulinita ou óxidos de ferro e alumínio. Apresentam baixa reserva de nutrientes para as plantas, mas, em contrapartida, possuem ótimas condições físicas para o desenvolvimento radicular (Fotografia 5.1.28). Compreende solos com horizonte B latossólico, com seqüência de horizontes A-Bw-C, com predominância de minerais do tipo 1:1 (caulinita) na fração argila. São muito profundos, bem a 69 acentuadamente drenados, bastante permeáveis, muito porosos, de textura variando de média a muito argilosa no horizonte B. São desenvolvidos a partir de sedimentos argilo-arenosos da Formação Caboclo e, em menor proporção, da Formação Bebedouro. Na área de influência do Empreendimento, são predominantemente álicos, apresentando nível de fertilidade natural muito baixo, com valores de soma de bases inferiores à unidade, alumínio trocável entre 1.0 e 2.0 meq/100g e elevada saturação por alumínio. Podem ocorrer registros de solo eutrófico, provavelmente devido à influência de rochas calcárias presente nas proximidades. Apresentam horizonte A predominantemente moderado e proeminente, e mais raramente A fraco. O Bw possui cores de tonalidades amarelas, brunadas e amarelo-avermelhadas. Fotografia 5.1.28 - Latossolo amarelo sobre sedimentos da formação Caboclo. Coordenadas UTM 8.723.846 / 261.196 - Fonte: V&S, 2011. Embora os Latossolos possuam boas propriedades físicas, o manejo destes solos deve ser cuidadoso para evitar a sua degradação, devido principalmente ao decréscimo do nível de matéria orgânica e alteração da distribuição de poros (compactação), acarretando maior susceptibilidade à erosão e decréscimo da fertilidade natural. Apresentam boa permeabilidade à água e ao ar, mesmo com alta percentagem de argila; são porosos, friáveis e de baixa plasticidade. 70 Perfil característico: Latossolo Vermelho-Amarelo Relevo plano, acentuadamente drenado; pedregosidade ausente; erosão laminar ligeira. Litologia: arenitos e quartzitos A1 00 - 20 cm. bruno (7.5YR 4/4, úmido), bruno-amarelado-escuro (10YR 4/4, seco; franco-argilo-arenoso; fraca pequena blocos subangulares e fraca muito pequena e pequena granular; poucos poros pequenos e médios; duro, friável, plástico e pegajoso; transição plana e gradual A3 20 - 48 cm bruno-amarelado-escuro (10YR 4/4, úmido); brunoamareIado (10YR 5/6, seco); franco-argilo-arenosa; fraca pequena blocos subangulares e fraca muito pequena e pequena granular; poucos poros pequenos e médios; duro, friável, plástico e pegajoso; transição gradual e plana B1 48 - 75 cm bruno-forte (7,5YR 5/6, úmido); bruno-amarelado (10YR 5/6, seco); franco-argilo-arenosa; pequena blocos subangulares com aspecto maciço poroso "in situ"; muitos poros pequenos e comuns médios; ligeiramente duro, muito friável, plástico e pegajoso; transição difusa e plana. B21 75 - 135 cm bruno-amarelado (10YR 5/8, úmido), bruno-forte (7,5YR 5/7, seco); franco-argilo-arenosa; pequena blocos subangulares com aspecto maciço poroso "in situ"; muitos poros pequenos e comuns médios; ligeiramente duro, muito friável, plástico e pegajoso; transição difusa e plana. B22 135 - 180 bruno-amarelado (10YR 5/8, úmido), bruno-forte (7.5YR 5/8, cm seco); argilo-arenosa; pequena blocos subangulares com aspecto maciço poroso "in situ"; muitos poros pequenos e comuns médios; ligeiramente duro, mui to friável, plástico e pegajoso Perfil 185BA – Estrada Morro do Chapéu – América Dourado km 4,4. Município de Morro do Chapéu. Fonte:Levantamento Exploratório – Reconhecimento de Solos da Margem Direita do Rio São Francisco – Estado da Bahia – Volume 1. b) Podzólico Vermelho-Amarelo Podzólico são solos minerais que apresentam horizonte B textural de acumulação de argila, com maior diferenciação entre os horizontes. São geralmente profundos e com estágio de evolução desde recente até bastante evoluídos. Essa classe compreende solos com horizonte B textural, argila de atividade baixa, com sequência de horizontes A-Bt-C bem diferenciados, cujas transições são normalmente claras ou graduais do A para o B. 71 São solos profundos, verificando-se com menor frequência solos pouco profundos, geralmente bem drenados. Possuem textura média e média/argilosa, podendo ocorrer cascalhentos. Desenvolvidos a partir de sedimentos de granulometrias variadas da formação Caboclo. Nas áreas de ocorrência de siltitos, observou-se a presença de plintita (laterita) no perfil do solo evidenciando condição de drenagem subsuperficial restrita, correspondendo ao Podzólico Vemelho- Amarelo plíntico. Possuem baixa reserva de nutrientes, sendo predominantemente álicos. Nos locais de declividades mais íngremes das encostas ocorrem perfis cascalhentos e vestígios de minerais primários, que certamente contribuem para um melhor nível de fertilidade desses solos. Apresentam geralmente horizonte A moderado. O horizonte Bt é de cores amareladas e brunoamareladas. Podzólico são solos minerais que apresentam horizonte B textural de acumulação de argila, com maior diferenciação entre os horizontes. São geralmente profundos e com estágio de evolução desde recente até bastante evoluídos (Fotografia 5.1.29). Fotografia 5.1.29 - Podzólico Vermelho-Amarelo da Formação Caboclo. Coordendas UTM 8.716.380 / 257.729 - Fonte: V&S, 2011. 72 Perfil característico: Podzólico Vermelho-Amarelo – Argissolo amarelo Relevo plano e suave ondulado, bem drenado, erosão laminar moderada, ausência de pedrogosidade e rochosidade. Litologia: siltitos. A 00 - 20 cm. B2t 20 - 40 cm B31t 40 - 70 cm B32t 70 - 150 cm bruno-escuro (10YR 3/3, úmido e seco); bruno-amareIadoescuro (10YR 4/3, seco triturado); argila arenosa; moderada muito muito pequena, blocos subangulares, duro, firme, ligeiramente plástico e ligeiramente pegajoso; transição clara. bruno-amarelado (10YR 5/6, úmido), bruno-amarelo (10YR 5/8, seco e seco triturado); argila-arenosa; moderada muito pequena e pequena blocos subangulares e angulares; ligeiramente duro, friável, plástico e pegajoso; transição difusa bruno-amarelado (10YR 5/6, úmido), bruno-amarelado (10YR 5/8, seco e seco triturado); argila arenosa; fraca a moderada muito pequena blocos subangulares; ligeiramente duro, friável, ligeiramente plástico e ligeiramente pegajoso; transição difusa. bruno-amarelado (10YR 5/6, úmido); bruno-amareIado (10YR 5/8, seco e seco triturado); franco-argilo-arenoso; fraca muito pequena blocos subangulares; macio, muito friável, ligeiramente plástico e ligeiramente pegajoso Perfil 31 – Estrada Morro do Chapéu – Utinga, km 40. Município de Morro do Chapéu. Fonte:Projeto Radambrasil c) Cambissolo Cambissolos são solos minerais, com horizonte B incipiente (ou câmbico) e espessuras variáveis. Na região de interesse são desenvolvidos sobre rochas calcárias, apresentando elevada fertilidade. Caracterizam-se por apresentarem horizonte B incipiente sobrejacente à rocha calcária da formação Salitre. São solos bem drenados, de profundidade variada, possuindo seqüência de horizontes A-Bi-R ou A-Bi-Cca-R, com modesta diferenciação de horizontes. O horizonte A é fraco ou moderado, de textura desde arenosa a argilosa. O horizonte Bi possui cores que variam de bruno-avermelhadas a brunoamareladas e textura média e argilosa Do ponto de vista analítico, possuem atividade de argila baixa, normalmente entre 13 e 24 meq/100g de argila, são eutróficos, com CTC geralmente de 5.0 a 10.0 meq/100g de solo, sendo, portanto, de boa fertilidade natural. 73 Perfil característico: Cambissolo eutrófico (cambissolo Háplico) Relevo plano, erosão laminar ligeira, imperfeitamente drenado, não pedregoso e não rochoso A 00 - 30 cm. B1 30 - 65 cm B2 65 - 120 cm bruno-amarelado (10YR 5/6, úmido); bruno-amareIado (10YR 5/8, seco e seco triturado); argila; moderada muito pequena e pequena, blocos subangulares, duro, friável, plástico e pegajoso; transição gradual. bruno-amarelado (10YR 5/8, úmido); amarelo-brunado (10YR 6/8, seco e seco triturado); argila; moderada pequena, blocos subangulares e angulares, duro, plástico e pegajoso; transição difusa bruno-amarelado (10YR 5/8, úmido); mosqueado pouco, pequeno e proeminante, vermelho escuro (10R 3/6, úmido); argila; moderada pequena, blocos angulares e subangulares. Perfil 67 – Estrada de Cafarnaum-Souto Soares, km 19, município de Cafarnaum. Fonte: Projeto Radambrasil d) Solos Litólicos São solos rasos, com profundidade menor que 50cm até a rocha, e seqüência de horizontes A-R ou A-C-R. Apresentam horizonte A do tipo fraco e moderado. As características químicas, físicas e morfológicas estão intimamente relacionadas ao material originário, cabendo ressaltar que aqueles que apresentam saturação de bases elevada são derivados de calcários da formação Salitre, habitualmente de cores avermelhadas e textura média e argilosa. Os solos álicos estão relacionados com arenitos das formações Morro do Chapéu. Compreende solos minerais com pequena expressão dos processos pedogenéticos (Fotografia 5.1.30) seja pela baixa intensidade de ação destes processos ou pela resistência das rochas ao intemperismo devido à sua composição química, ou ainda, pelo relevo, fazendo com que a morfogênese seja mais atuante que a pedogênese. 74 Fotografia 5.1.30 - Solos litólicos álicos sobre a Formação Caboclo. Coordendas UTM 8.704.866 / 246.141 - Fonte: V&S, 2011. Apresentam normalmente rochosidade, pedregosidade, cascalhos e concreções, relacionados, via de regra, com a natureza do material originário. Ocorrem em relevo forte ondulado a montanhoso associados principalmente a Afloramentos Rochosos. É composta pela associação de Solos Litólicos álicos fase pedregosa e Afloramentos de Rocha, relacionadas aos arenitos. Inclui Areias Quartzosas álicas profundas e pouco profundas A fraco e moderado. A decomposição arenitos origina solos litólicos, rasos, dominantemente arenosos, com elevada porosidade e permeabilidade, capaz de absorver grande quantidade de águas pluviais, e transmiti-las às partes subjacentes do aqüífero. Perfil característico: Neossolos Litólicos Relevo suave ondulado, matacões e afloramentos de rocha na superfície do solo, erosão laminar moderada, bem drenado. A1 00 - 20 cm. bruno-avermelhado-escuro (5YR 3/2, úmido); bruno (7,5YR 5/2, seco); areia: grãos simples muitos poros muito pequenos; solto; não plástico e não pegajoso, transição ondulada e abrupta. R 20 - 40 cm Rocha dura e compacta. Perfil 91 – Estrada Morro do Chapéu –Mundo Novo, distando cerca de 4,0 km de Morro do Chapéu. Município de Morro do Chapéu. Fonte:Levantamento Exploratório – Reconhecimento de Solos da Margem Direita do Rio São Francisco – Estado da Bahia – Volume 1 75 e) Areia Quartzosa e Areia Quartzosa Vermelho-Escura Nessa classe estão agrupados solos bem drenados, profundos e muito profundos e, menos freqüentemente, pouco profundos. São essencialmente quartzosos, com textura areia ou areia franca ao longo do perfil. Apresentam seqüência de horizontes A-C ou A-C-R, com horizonte A moderado e horizonte C com cores claras e amareladas em função do material de origem, relacionado a arenitos da formação Morro do Chapéu. Devido à constituição essencialmente quartzosa, esses solos são pobres em nutrientes para as plantas, além de não disporem de reservas nutricionais que possam ser liberadas gradativamente. São álicos e possuem baixa soma de bases (valor S). A classe das Areia Quartzosa Vermelho-Escura (Fotografia 5.1.31) é desenvolvida a partir do material sedimentar arenoso que sofreu influência do substrato calcário da formação Salitre. São profundos, bem drenados, de textura arenosa. Apresentam seqüência de horizontes A-C, com horizonte A moderado e cores avermelhadas ao longo do perfil O nível de fertilidade natural é médio, com elevada saturação por bases e capacidade de troca catiônica em torno de 3.0 a 6.0meq/100g de solo. Fotografia 5.1.31 - Areia Quartzosa Vermelho-Escura eutrófica. Coordendas UTM 8.732.310 / 239.235 - Fonte: V&S, 2011. 76 5.1.4.2 Unidades de mapeamento O Quadro 5.1.15 a seguir apresenta as unidades de mapeamento com as respectivas associações de solos utilizadas no mapa pedológico da área de influência. Quadro 5.1.15 – Unidades de Mapeamento das Classes de Solos Unidades de Ocorrência e Distribuição Classes de Solos Mapeamento Representa associação de classes de Latossolo Vermelho-Amarelo álico e distrófico A maior ocorrência na área de moderado textura média, argilosa e muito influência, correspondendo a área argilosa + Podzólico Vermelho-Amarelo de topografia plana a suave Latossólico álico Amoderado textura média, LVa ondulada na região ao leste do média/argilosa e média/muito argilosa, relevo alinhamento das serras, em áreas de plano. afloramentos dos litotipos da formação Caboclo, e porções elevadas do terreno. Encontra-se inserida na mesma área Podzólico Vermelho-Amarelo álico plíntico Tb A de abrangência da unidade LVa1, moderado textura média/ argilosa e média ocorrendo nas áreas deprimidas que relevo plano e suave ondulado com acumulam maior umidade no microrrelevo. PVa período chuvoso, sobretudo ao longo da rede de drenagem, na região de Lagoinha e ao longo do vale do Córrego do Cristal. São solos rasos e aforamentos Solos Litólicos álicos A fraco e moderado textura rochosos que ocorrem na área de arenosa substrato arenito fase pedregosa + afloramento dos arenitos da Afloramentos de Rocha, relevo suave ondulado, formação morro do Chapéu que ondulado e forte ondulado. Ra compõe o alinhamento das serras no topo das quais serão implantados os aerogeradores. Ocorre bordejando o flanco oeste Areia Quartzosa Vermelho-Escura estrófica A do alto topográfico onde serão moderado, relevo plano, suave ondulado e instalados os aerogeradores até a ondulado. margem direita do córrego Baixa do AQe Cafarnaum sob influência do substrato calcário subjacente, o qual proporciona elevada saturação de bases a esses solos. Ocorre ao longo da margem Cambissolo eutróficoTb profundo e pouco esquerda do córrego baixa de profundo A fraco e moderado textura média e Cafarnaum, já no limite oeste da argilosa, relevo plano e suave ondulado. área de influência, relacionado a Ce1 afloramentos das rochas carbonáticas da Formação Salitre, sob relevo plano e suave ondulado com dolinas. 77 5.1.4.3 Aptidão Agrícola dos Solos A principal limitação para o uso produtivo destes solos é a escassez de água, condicionado pelos baixos índices de precipitação pluviométrica e elevada permeabilidade das formações superficiais que não permitem a retenção da umidade. A grande maioria dos solos é utilizado para pastagens em áreas de relevo acidentado correspondente aos flancos das áreas serranas apresentam como limitações a ocorrência eventual de solos rasos e pedregosos, baixa retenção de umidade (Areias Quartzosas) e locais de relevo mais declivoso. As planícies aluviais apresentam uma melhor condição de umidade em razão de sua posição topográfica; embora de pouca expressão geográfica, são consideradas as terras de maior potencial agrícola da área. Apresentam-se de forma geral como solos com fortes limitações, portanto, como áreas indicadas somente para pastagens no sistema de soltura e para preservação de ecossistemas. a) Região de Planaltos e Serras de arenitos – Formação Morro do Chapéu Apresentam superfície irregular rochosas, por vezes de relevo ruiniforme, com escarpas e vales profundos, facetas triangulares, com declives superiores a 15%, com solos rasos de baixa fertilidade, pedregosos, textura arenosa e afloramentos de Rocha. Nas áreas de topo plano, em terrenos com declividade suave que são utilizados para pastagem extensiva em meio à caatinga, apresentam solos arenosos, pouco profundos, com pedregosidade e rochosidade tendendo para forte restrição nas encostas, por vezes com trechos escarpados. Apresentam baixa retenção de umidade com taxa de infiltração elevada, permitindo o escoamento rápido das águas. Apresenta fortes restrições de utilização com severas limitações à agricultura e plantio de pastagens sendo a aptidão das terras para áreas de preservação. Nos topos das serras ocorrem áreas planas, com declividades inferiores a 5% onde ocasionalmente ocorrem areias quartzosa de baixa fertilidade, associada a solos rasos, com baixa ou nenhuma capacidade de retenção de umidade, com forte restrição devido a pedregosidade, utilizada apenas como pastagem extensiva em meio à caatinga. Estão sujeitas, por efeito do clima, a prolongados períodos de seca, que aliada a baixa fertilidade e características desfavoráveis à mecanização torna a utilização destas terras muito restrita. 78 b) Encostas ocidentais das serras Corresponde ao material remobilizado das encostas das serras sobre os litotipos carbonáticos das Formações Bebedouro e Salitre. Apresenta plano retocado por dissecação incipiente, com declividades moderadas e predominância de formações superficiais de textura arenosa e pedregoso, com baixas reserva de nutrientes e drenagem excessiva. São utilizada para pastagem extensiva em meio à caatinga e plantio de palma nas áreas de maior fertilidade sob influência das litologias carbonáticas subjacentes. São Terrenos aptos para pastagens com restrições a culturas de ciclo longo ou curto devido a baixa umidade. c) Encostas dos vales e planícies de inundação Correlacionado principalmente aos vales do riacho Baixa do Cristal e do Córrego Baixa de Cafarnaum, apresenta vales entalhados, de fundo plano, com encostas de declividade moderada a forte (Fotografia 5.1.32). Por atingir as rochas carbonáticas subjacentes, os solos apresentam alta fertilidade, textura média e argilosa, por vezes pouco profundos com alguma pedregosidade. São áreas aptas para desenvolvimento da Agricultura e Agropecuária. Nos vales, são plantas culturas de ciclo curto condicionadas a períodos chuvosos ou com utilização de agricultura irrigada. Apresenta localmente limitações quanto a pedregosidade e rochosidade e declividades elevadas das encostas. Fotografia 5.1.32 - Vale do Córrego Baixa de Cafarnaum - Limite noroeste da área de influência. Coordendas UTM 8.715.492 / 235.413 - Fonte: V&S, 2011. Nos fundos dos vales do córrego Baixa de Cafarnaum, que se apresenta de fundo plano, são áreas sujeitas a inundação temporária. 79 d) Superfícies aplainadas e vales sobre litologias da Formação Caboclo Em áreas de relevo plano, com declives de 0 a 3% e presença eventual de murundus (Fotografia 5.1.33), os solos apresentam baixa fertilidade e elevada saturação de alumínio trocável, profundos, com textura média, argilosa ou muito argilosa dependendo da rocha fonte. São utilizados para pastagem extensiva em meio à vegetação de caatinga. Apresentam fortes limitações relacionadas a baixo nível de fertilidade, escassez de chuvas, restrições à mecanização devido à presença de murundus. Fotografia 5.1.33 - Ocorrência de murundus em solos de baixa fertilidade utilizado como pastagem. Coordenadas UTM 8.691.506 / 243.476 - Fonte: V&S, 2011. Em áreas de declividade mais acentuado, correspondente a baixos topográficos onde se desenvolve solos plínticos (lateritas), profundos, de textura a argilosa, devido às melhores condições de umidade são aptas para culturas de ciclos curto e para pastagens plantadas. Apresentam baixo nível de fertilidade e eventual deficiência de oxigênio devido a possibilidade de alagamento. Em terrenos de relevo movimentado, com declives de até 20% acompanhando ressaltos topográficos, apresentam com solos da baixa fertilidade, textura grossa e eventualmente cascalhosa, aptas para pastagens e com risco da erosão devido a declividade dos terrenos. 5.1.5 Recursos Hídricos 5.1.5 Recursos Hídricos Os estudos apresentados neste item têm como finalidade avaliar os recursos hídricos nas subbacias do Rio Jacaré, também conhecido como Vereda do Ramão Gramacho, a fim de subsidiar o pleito de licenciamento ambiental na área de influência do empreendimento Complexo Eólico 80 Cristal. 5.1.5.1 Hidrologia a) Mapa da rede hidrográfica da bacia localizando o empreendimento e demais estruturas existentes; b) Características físicas da bacia, incluindo corpos d´água na área de influência do projeto (rios, riachos, olhos d´água, nascentes e outros), de caráter permanente ou intermitente; profundidade do lençol freático e relação com as águas superficiais; c) Condições atuais de proteção aos corpos d´água, especialmente aqueles utilizados como mananciais de abastecimento e que poderão sofrer influência, direta ou indireta das atividades relacionadas ao projeto, se for o caso; d) Parâmetros hidrológicos (vazões máximas, médias e mínimas); e) Classe de enquadramento da bacia hidrográfica; f) Gráficos com as vazões do manancial considerando as vazões mínima; média das mínimas com 90% de permanência ou (Q7,10); médias e máximas atuais, se couber; 5.1.5.1 Hidrologia 5.1.5.1.1 Caracterização da Bacia e dos Mananciais Hídricos Superficiais A região de Morro do Chapéu, localizada nas maiores elevações do estado da Bahia, constitui em divisor de águas de várias bacias hidrográficas (Bacia do Rio Itapicuru, Bacia do Rio Paraguaçu e Bacia do São Francisco), conforme observado na Figura 5.1.4. A área do Complexo Eólico Cristal está localizada dentro da Bacia do Rio São Francisco, na Subbacia do Rio Jacaré, entre os municípios de Cafarnaum e Morro do Chapéu. (Ver Mapa de Situação x Bacia Hidrográfica). A área do Complexo Eólico Cristal, situado numa região serrana de topografia elevada, é cortada por diversos afluentes do Córrego Baixa de Cafarnaum, entre eles: Córrego Boa Vista, córrego baixa da Onça e Baixa do Cristal. Todos esses córregos e riachos que cortam transversalmente a região serrana apresentam caráter intermitente, e mesmo após a ocorrência de chuvas, apresentam o leito seco. O Córrego Baixa de Cafarnaum é afluente, pela margem direita, do rio Jacaré. 81 Figura 5.1.4 – Localização do Complexo Eólico Cristal em relação às bacias hidrográficas Fonte: Adaptado de ANA, 2011. De acordo com a divisão Nacional, a bacia do Rio Jacaré pertence à Região Hidrográfica do São Francisco - Bacia 4, sub-bacia 47. Na divisão do Estado da Bahia, pertence à Região de Planejamento e Gestão das Águas – RPGA XVIII - formada pela bacia dos rios Verde e Jacaré. O rio Jacaré tem suas nascentes próximas às do rio Verde, na vertente ocidental da Chapada Diamantina, banhando uma área de 15.200 km² (BAHIA, 1995). Tem a sua direção geral de escoamento no sentido de Sul para Norte, até chegar a sua foz, no lago da Represa de Sobradinho e possui regime intermitente. O rio Jacaré e seus afluentes, se caracterizam por um regime fluvial intermitente devido sobretudo a sua localização em uma região semi-árida, embora os postos fluviométricos existentes dentro da bacia não apresentam vazão nula nas suas séries de dados. Considerando que durante mais da metade do ano a bacia hidrográfica pode ficar sem chuvas, admite-se como hipótese que esse comportamento seja resultante da exudação das águas subterrâneas naqueles locais. As Fotografias a seguir apresentam alguns pontos na AID e AII apresentando tal fato. 82 Fotografia 5.1.34 - Nascente no local conhecido Fotografia 5.1.35 - Vale do Córrego Boa Vista – com Olhos D´água Limite norte da AID Coordendas UTM 8.707.594 / 241.378 Coordendas UTM 8.715.492 / 235.413 Fotografia 5.1.36 - Leito do Riacho Baixa da Cafarnaum na localidade de Pedras Fotografia 5.1.37 - Vale do rio Jacaré após confluência com o Córrego Baixa do Cafarnaum - BA-052 Coordendas UTM 8.695.430 / 232.001 Coordendas UTM 8.733.654 / 236.676 Fonte: V&S, 2011. Em termos geológicos, o Grupo Chapada Diamantina aflora de maneira contínua em toda a borda leste e sul, constituindo o divisor de águas da bacia. É constituído, da base para o topo, pelas Formações Tombador, Caboclo e Morro do Chapéu, apresentando mergulho suave em direção ao centro da bacia. Os afloramentos da Formação Salitre ocupam toda a porção central e oeste da área da bacia hidrográfica (BAHIA, 1996). Com respeito aos solos, na parte alta da bacia, dominam os Neossolos Litólicos Distróficos e Latossolos Vermelho-Amarelo Distrófico, enquanto que na parte média e baixa da bacia, nas terras da margem esquerda do Rio Jacaré domina o Cambissolo Háplico Ta Eutrófico e na margem direita há ocorrência de Latossolos Vermelho Eutrófico, Neossolos Litólicos Distróficos e Latossolos Vermelho-Amarelo Distrófico (SRH, 2003). 83 Figura 5.1.5 – Bacia do Rio Jacaré Fonte: Adaptado de Agência Nacional das Águas - ANA, 2011. 5.1.5.1.2 Nascentes e Surgências A energia eólica é uma importante alternativa de produção de energia renovável e limpa, entretanto, a implantação de um empreendimento do porte do Complexo Eólico Cristal inevitavelmente irá afeta o ambiente local, constituído pelas populações que ali residem, pela flora e fauna, e pelos fatores abióticos que mantêm relações com estes tais como o substrato, o clima e a água. 84 No desenvolvimento dos Estudos Ambientais necessários ao processo de licenciamento do empreendimento, antes de se proceder a Avaliação dos Impactos deve-se compreender a dinâmica do ambiente sujeito as intervenções e as inter-relações entre o espaço - caracterizado pelo meio físico, e os que nele habitam, caracterizados pelos meios biótico e socioeconômicos, proporcionando desta forma subsídios para uma análise ambiental abrangente e condizente com as condições locais. O conhecimento detalhado deste sistema composto pelos distintos meios, e a inter-relação entre eles, é construído a partir do Diagnóstico Ambiental, que deverá considerar as condições atuais das variáveis físicas, biológicas e socioeconômicas tendo com abrangência territorial as áreas de influência do empreendimento e a bacia hidrográfica, unidade básica de planejamento. Para a caracterização e entendimento de cada componente, o estudo do ambiente é decomposto em temas básicos, tais como: clima, geologia, os solos, recursos hídricos, os ecossistemas terrestres, fauna e flora, organização e dinâmica humana social e econômica, dentre outros, sem contudo perder o entendimento das interfaces entre as disciplina estudada. Retratar a realidade local a partir do conhecimento das peculiaridades e da dinâmica de cada componente e do seu conjunto, a partir da análise integrada, com foco nas possíveis interferências devido a implantação o Complexo Eólico, é o objetivo deste documento que se apresenta a seguir. Nascente Olhos D’água Caracteriza-se como um afloramento de água no leito de um vale que corta transversalmente a serra do Cristal, situada a uma distância de aproximadamente 6,0 quilômetros da localidade de Lagoinha, seguindo pela estrada que liga Lagoinha a Cafarnaum, localizada a cerca de 270 metros da estrada, numa área de pastagem parcialmente preservada. A vazão desta surgência, alforamento do lençol ao longo do leito do rio, é muito limitada e praticamente não ocorre escoamento, ficando a água retida entre as rochas que formam o leito. Na área onde ocorre o são visualizadas pinturas rupestres, caracterizado como um sítio arqueológico. A ocorrência de pinturas rupestres nesta área, junto às nascentes, é indicativo de que era uma área freqüentada desde tempos pretéritos, utilizada por estes povos como área de descanso e dessendentação. Tem seu uso principal na dessedentação de fauna silvestre e consumo humano esporádico. Não há definição de freqüência devido a distância da área em relação a habitações. 85 Fotografia 5.1.38 - Nascente no local conhecido com Olhos D´água Coordendas UTM 8.707.594 / 241.378 Fonte: V&S, 2011. Tanque da comunidade de Lagoinha Este exutório está localizado nas proximidades da comunidade de Lagoinha, situado a 420 metros em linha reta na direção sudeste. Foi formado a partir de uma região naturalmente deprimida do relevo local, onde provavelmente ocorria acumulação da águas superficiais após período de chuvas, água esta que era aproveitada pela população local. Posteriormente, após períodos de estiagem, à medida que a água ia secando, os usuários faziam escavações, transformando este ponto em um pequeno poço. Conforme informação de moradores locais apresenta boa palatabilidade, melhore que a água encontrada no poço de Lagoinha, e permanece com água durante todo o ano. Para evitar o acesso de animais esta área foi protegida por uma cerca de madeira e arame farpado, entretanto, em períodos de chuva a acumulação de água extrapola os limites do poço e da cerca (Fotografia 5.1.39), inundando as áreas adjacentes, possibilitando a contaminação por resíduos de amimais que eventualmente freqüentam o entorno, fora da cerca de proteção. A qualidade da água diferenciada em relação a água de dureza elevada do poço de Lagoinha, a cerca de 400 metros de distância, indica que são de contribuições superficiais que migram lateralmente em lenços suspensos, formados a partir da infiltração de água de chuva e geralmente de baixa capacidade de armazenamento e produção, atendendo apenas ao uso esporádico e para dessedentação. Entretanto, mesmo que alguns pontos de surgência de água não sejam caracterizados como nascentes típicas – afloramento natural de água subterrânea, a exemplo deste tanque na 86 comunidade de Lagoinha, a região apresenta escassez de recursos hídricos e déficit acentuado, fazendo com que qualquer acumulação de água, disponível em superfície, seja significativa. Esta situado em terrenos de pastagem degradada com vegetação de caatinga arbustiva. Os parâmetros de qualidade destas águas são apresentados no capítulo de recursos hídricos. Estas águas são utilizadas para consumo humano e dessedentação da fauna. Sendo registrada no período de escassez a frenquência diária de aproximadamente 15 famílias. Fotografia 5.1.39 – Exutório nas proximidades da localidade de Lagoinha Coordenadas UTM : 8706992 / 2473591 - Fonte: V&S, 2011. Nascente de Pedras Esta área de nascente dá origem a um riacho afluente do córrego das Pedras e ocorre na forma de pequenos pontos difusos de água ao longo uma área de extensos afloramentos rochosos na forma de lajedos, com vegetação de campo rupestre. O córrego das Pedras, com leito de largura de 2 a 3 metros, após a localidade de Pedras, passa a se chamar córrego Baixa de Cafarnaum, onde a água percorrer um leito escavado em rochas calcárias, infiltrando nas zonas de dissolução e deixando de correr superficialmente. Segundo informações de pessoas residentes na região, em anos muito chuvosos o escoamento superficial permanece cerca de seis meses após o final do período chuvoso. Esta nascente é classificada como intermitente, sendo formada a partir da água de chuva que infiltra entre as fendas das rochas e migra lateralmente em sub-superfície até atingir obstáculos 87 ou camadas impermeáveis, ou em função de condicionantes do relevo, retornando para a superfície sem atingir o lençol freático mais profundo. Tem seu uso principal na dessedentação de fauna silvestre e consumo humano esporádico, não havendo definição de freqüência devido a distância da área em relação a estrada e a núcleos habitacionais mais próximos, a exemplo da comunidade de Pedras. Fotografia 5.1.40 – Nascente difusas na cabeceira do córrego das Pedas Coordenadas UTM : 8.691.940 / 234.087 - Fonte: V&S, 2011. Não foram identificadas em campo as nescentes relatadas pela comunidade de Pedras, denominadas de Capim e Fidalgo, se identificadas estas serão devidamente qualificadas no desenvolvimento do programa de preservação de nascentes. Condições de uso e preservação das nascentes e riachos A qualidade da preservação das nascentes pode ser diagnosticada através da avaliação dos principais de indicadores de degradação caracterizados pelo pisoteio de gado, ausência de mata ciliar ou vegetação no entorno da área, ocorrência de solos compactados e ocorrência de dejetos de gado, ou de lançamento de esgotos, em caso de proximidade de habitações. Com base nestes indicadores pode-se caracterizar que as nascentes de Olhos D`água e Pedras se encontram relativamente bem preservadas, enquanto que a surgência na localidade de Lagoinha esta submetida á maiores riscos devido a proximidade do núcleo habitacional e pelo uso destas águas por parte da população, mesmo que em escala muito reduzida, mas que 88 fazem uso freqüente, além da possibilidade de contaminação por dejetos do gado bovino e caprino. Pode-se visualizar nas áreas do entorno da surgência da localidade de Lagoinha, impressas na lama formada pela chuva, marcas de patas de gado bovino, indicando que animais utilizam este ponto para dessedentação o que pode provocar assoreamento e comprometer a qualidade da água. A presença de gado acarreta dejetos nos terrenos adjacentes, que podem ser eventualmente carreados, contribuindo para a contaminação tanto do solo quanto da água. Quanto ao uso das águas, registra-se que a surgência na localidade de Lagoinha é utilizada para a dessedentação humana, apenas por uma parcela da população que justifica o seu uso devido a qualidade inferior da água do poço do sistema Integrado de abastecimento. Grande parcela dos residentes em Lagoinha utiliza como fonte principal de água para dessedentação a captação de água de chuva nos telhados das residências. Embora não existem registros específicos, estes pontos de nascentes e surgências provavelmente são utilizados pela fauna local como áreas de dessedentação, devido a escassez de mananciais superficiais na região. Os riachos e córregos da região, devido sobretudo a dificuldade de utilização das terras para a agricultura e pecuária, que condiciona uma baixa taxa de ocupação, apresenta-se bem preservados, sem modificações físicas significativas de seu leito e margens, e sem a ocorrência de lançamentos direto de esgotos ou fontes de contaminação por áreas de descarte de resíduos sólidos. O riacho da localidade de Pedras corre apenas por alguns quilômetros até encontrar com o rio Baixa de Cafarnaum, onde as águas infiltram pelo leito cárstico, com ocorrência de pontos de infiltração, caracterizando sumidouros. Em períodos de precipitação elevada, quando apresenta vazões mais significativas, é utilizado pelas comunidades locais como opção de lazer. No Córrego Baixa de Cafarnaum, limite oeste da área de influência indireta, são registrados uso para irrigação, devido a fertilidade dos solos existentes principalmente na margem esquerda, e uso recreativo e para pesca no reservatório junto a cidade de Cafarnaum e ao longo do leito do rio, onde a água fica acumulada em poços formados por dissolução do calcário. A interferência direta ou indireta do empreendimento sobre as nascentes será avaliada de forma mais detalhada no Programa de Preservação das Nascentes, que será apresentado posteriormente no momento da solicitação da LI. 89 5.1.5.1.3 Dados Hidrológicos Disponíveis Os dados hidrométricos da região em estudo foram obtidos no banco de dados HIDROWEB (hidroweb.ana.gov.br) da ANA e da SUDENE (www.sudene.gov.br), com discretização diária tanto para vazão como para chuva. Na bacia hidrográfica do Rio Jacaré, em relação ao monitoramento dos rios, foram identificados apenas três postos fluviométricos em operação, Sítio do Padre - 47441000, Jaguaraci 47480000 e Jaguarari/INGÁ, conforme apresentado no Quadro 5.1.16. Todos os postos fluviométricos estão situados na calha principal do Rio Jacaré, portanto não existe monitoramento fluviométrico na área do empreendimento. Quadro 5.1.16 – Postos fluviométricos da bacia do Rio Jacaré Código 47341000 47342000 47343000 47344000 Nome Captação da Embasa Canarana Ponte ba-046 - Barro Alto Ponte ba-052 - América Dourada Curva da Serra - Cavalo Morto 47440000 Próximo a Tareco 47441000 Sítio do Padre 47480000 Jaguaraci 47490000 Jaguaraci 47560000 Algodões 47575000 Roca do Luizão 47595000 Cajui Fonte: Hidroweb (ANA), 2011. Município Responsável Operadora Área Tipo de Dado Canarana CRA CRA - - Barro Alto América Dourada América Dourada Morro do Chapéu América Dourada São Gabriel Irecê Sento Sé Sento Sé Sento Sé CRA CRA - - CRA CRA - - CRA CRA - - ANA DESATIVADA 7.460,0 cotas ANA CPRM 7.460,0 cotas, vazões ANA CPRM 9.320,0 cotas, vazões INGÁ ANA CHESF CHESF INGÁ DESATIVADA DESATIVADA DESATIVADA 14.700,0 - cotas - Para o presente estudo foram selecionadas (Hidroweb) as estações pluviométricas existentes nos municípios de Morro do Chapéu e Cafarnaum. 90 Município de Morro do Chapéu Quadro 5.1.17 – Postos pluviométricos no Município de Morro do Chapéu Código Nome 01041001 OLHO D'ÁGUA DO FACUNDO 01140008 FLORES 01140017 DUAS BARRAS DO MORRO 01140019 DIAS COELHO 01140026 VENTURA 01140035 VENTURA 01140046 VENTURA 01141001 MORRO DO CHAPÉU 01141002 MORRO DO CHAPÉU 01141003 MORRO DO CHAPÉU 83184 01141004 FAZENDA GARAPA 01241019 VÁRZEA DO CERCO Fonte: ANA, 2011. Sub-bacia Município Responsável Operadora 47 51 51 51 51 47 51 51 51 51 47 51 Morro do Chapéu Morro do Chapéu Morro do Chapéu Morro do Chapéu Morro do Chapéu Morro do Chapéu Morro do Chapéu Morro do Chapéu Morro do Chapéu Morro do Chapéu Morro do Chapéu Morro do Chapéu SUDENE SUDENE SUDENE SUDENE DNOCS SUDENE INGÁ EMBASA SUDENE INMET SUDENE SUDENE DESATIVADA DESATIVADA DESATIVADA DESATIVADA DNOCS DESATIVADA INGÁ EMBASA DESATIVADA INMET DESATIVADA DESATIVADA 91 Município de Cafarnaum Quadro 5.1.18 – Postos pluviométricos no Município de Cafarnaum Código Nome 01141000 MULUNGO DO MORRO 01141010 CAFARNAUM 01141025 CAFARNAUM Fonte: ANA, 2011. Sub-bacia Município Responsável Operadora 47 47 47 Cafarnaum Cafarnaum Cafarnaum SUDENE SUDENE INGÁ DESATIVADA DESATIVADA INGÁ O posto pluviométrico Cafarnaum (01141025) é o posto mais próximo da área do Complexo eólico Cristal. No Quadro 5.1.19 são apresentados os dados do período de 2001 a 2010, entretanto apresentam muitas falhas que não permite fazer uma análise do comportamento pluviométrico. Quadro 5.1.19 – Dados de Precipitação Média do Posto Cafarnaum INFORMAÇÕES CADASTRAIS ESTAÇÃO: Cafarnaum MUNICÍPIO: Cafarnaum BACIA: I - Rio São Francisco UF: BA LATITUDE: 11 ° 40' 29.8'' TIPO: PCD - Pluviometrica CÓD.ANA: 01141025 LONGITUDE: 41 ° 28' 7.1'' CÓD.SRH: VJ-PR-22 VOLUME PRECIPITADO MENSAL E ANUAL [mm] ANO JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL 2001 2002 211 AGO SET OUT NOV DEZ 1,5 0,25 17,25 5,5 197,75 117,25 0,5 0,25 4,5 1 0 2003 3,25 1 0,5 0,75 0 0,25 2004 95,25 2005 49,5 2006 0 2007 85,75 29 10 8,75 11,75 57,75 116,25 3,5 54 2,25 248 0 2008 2009 114,75 24,5 2010 46 22,25 MÉDIA 91,5 Fonte: INGÁ, 2011. TOTAL 85,08 61,25 0 0 0,25 0 0,25 0,5 0,5 0,25 149,75 1,25 0,31 1,5 0,3 2,25 108,5 4,75 172,25 17,56 108,5 60,75 55,38 18,88 7,25 38,04 Os postos pluviométricos são em número mais abundante e pertenciam a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste - SUDENE. As séries de dados foram interrompidas, na maioria dos postos, em 1991. 5.1.5.1.4 Caracterização das Vazões na Bacia do Rio Jacaré Na parte alta da bacia do rio Jacaré, predominam as formações metassedimentares e o clima subúmido a seco. No trecho central da bacia, que representa cerca de 70% da área total, está situada a região conhecida como Platôs de Irecê, que se encontra assentada sobre formações calcárias e, em menor escala, metassedimentares sob clima semiárido. Junto à sua foz, no Lago de Sobradinho, predominam as coberturas detríticas profundas e o clima semiárido. 92 Dentre os postos fluviométricos da bacia do Rio Jacaré, somente o posto 47480000 - Jaguaraci tem uma série de dados considerável (Quadro 5.1.20). Localizado na parte baixa da bacia, serve para caracterizar o comportamento geral do regime hidrológico. O rio Jacaré tem um regime fluvial quase intermitente devido a sua localização em uma região semiárida. O posto fluviométrico existente, com registros diários de cota e vazão por quase 30 anos, não apresenta vazão nula na sua série de dados. Considerando que durante metade do ano a bacia hidrográfica pode ficar sem chuvas, admite-se como hipótese que esse comportamento seja resultante da exudação das águas subterrâneas naquele local. A distribuição das vazões mensais ao longo do ano pode ser observada no Gráfico 5.1.13 e Quadro 5.1.20. O hidrograma das vazões médias mensais apresenta uma defasagem de tempo em relação à ocorrência das chuvas. Tal fato pode ser decorrente justamente do domínio das águas subterrâneas para o escoamento do rio, ou então, a uma distribuição da chuva diferente durante o período de 1977 a 2006. Posto 47480000 - Jaguaraci 1,8 1,6 Vazão (m³/s) 1,4 1,2 1 0,8 0,6 0,4 0,2 0 Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Mês Gráfico 5.1.13 – Vazões médias mensais – Posto 47480000 93 Quadro 5.1.20 – Vazões Médias Mensais – Posto 47480000 (Jaguarari) 3 Vazões Médias Mensais (m /s) Ano Jan Fev Mar 1977 Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Média 0,06 0,033 0,013 0,006 0,003 0,019 0,042 0,023 0,229 1978 0,663 2,11 3,04 6,23 1979 1,12 4,68 7,65 1,64 0,724 0,427 0,329 0,249 0,212 0,134 0,172 0,2 1,46 1980 0,465 8,3 6,34 1,15 0,772 0,567 0,426 0,326 0,227 0,2 0,204 0,311 1,61 0,22 0,148 3,33 2,23 0,937 0,486 0,252 0,147 0,114 0,13 0,213 0,189 0,699 1981 3,21 0,865 0,345 0,226 0,165 0,11 0,149 0,228 1,44 1982 0,291 0,21 0,247 0,188 0,117 0,102 0,121 0,142 0,135 0,139 0,158 0,152 0,167 1983 0,332 0,552 0,419 0,412 0,223 0,154 0,173 0,159 0,131 0,191 0,312 0,404 0,289 1984 0,31 0,229 0,198 0,296 0,215 0,159 0,141 0,134 0,189 0,149 0,15 0,169 0,195 1985 1,89 1,45 3,8 0,949 1986 1,77 0,37 0,332 0,322 0,275 0,243 0,26 0,589 0,34 0,264 0,193 0,184 0,168 0,247 0,287 0,287 1,6 0,508 0,521 0,318 0,31 0,248 0,216 0,193 0,327 1,09 0,936 0,554 0,488 0,429 1987 0,319 0,268 0,367 1988 0,322 0,203 0,36 0,447 1989 0,882 0,612 0,645 0,564 1,73 0,799 0,632 0,454 0,399 0,461 0,484 0,518 1990 4,07 2,41 1,37 0,937 1991 1,17 1,02 1,31 1992 2,74 1993 1,64 1994 0,18 0,121 8,09 0,62 1,46 0,674 0,5 0,549 0,578 0,553 0,613 0,765 0,882 4,12 0,939 0,79 0,704 1,35 0,898 3,1 1,51 0,66 0,623 0,578 0,559 0,654 1,14 1,21 1,01 1,27 0,971 1,07 0,917 0,828 0,674 0,723 1,89 0,79 0,739 0,689 0,703 0,697 1,11 1,06 0,607 0,524 0,473 0,369 0,276 0,253 0,253 0,314 0,123 0,192 0,32 0,344 0,184 0,154 0,156 0,158 0,141 0,1 0,178 0,16 0,199 0,268 0,854 0,286 1995 0,168 0,262 0,184 0,449 0,302 0,227 0,191 0,166 1996 0,964 0,305 0,244 0,174 0,128 0,133 0,152 0,153 0,108 0,172 0,221 1997 0,247 0,276 1998 0,389 0,388 0,228 0,167 0,158 0,181 0,232 0,296 0,285 0,236 0,358 1999 0,906 0,467 0,865 0,406 2000 1,3 2001 2002 1,79 0,829 0,535 0,487 0,429 0,31 0,255 0,36 0,314 0,383 0,507 0,749 1,42 0,362 0,27 0,189 0,113 0,127 0,061 0,174 0,441 0,693 0,393 1,44 0,598 0,793 0,165 0,199 0,384 0,208 0,151 0,127 0,196 0,042 0,028 0,059 0,335 0,224 4,43 2003 2,83 0,507 0,12 0,159 1,14 0,717 0,478 0,334 0,211 0,137 0,127 0,096 0,075 2,99 1,61 0,721 0,517 0,121 2004 2,51 1,95 2005 0,514 2,01 2006 0,687 0,893 1,12 1,09 0,644 0,544 0,499 0,181 0,097 0,088 0,314 0,438 0,11 0,06 0,125 0,114 1,08 0,08 0,084 0,039 0,607 0,141 0,227 1,15 0,845 0,475 0,416 0,424 0,317 0,232 0,255 0,362 0,475 0,784 1,5 0,957 0,893 0,696 0,714 Média (l/s/km ) 0,118 0,137 0,177 0,114 0,066 0,045 0,038 0,034 0,030 0,030 0,049 0,090 Fonte: ANA, 2011. 0,077 1,28 1,65 1,12 1,07 0,907 0,758 0,772 1,29 0,891 1,06 0,612 0,417 0,357 0,314 0,282 0,282 0,453 0,836 1,1 1,6 0,71 0,835 1,26 Média (m /s) 3,6 0,66 0,695 0,608 1,16 3 1,24 0,62 2 A vazão média anual, ou vazão média de longo termo (Qmlt) obtida pela série de vazões da estação 47480000 é igual a 0,714 m³/s, ou 0,077 l/s/km2. A variação da vazão média anual ao longo dos anos pode ser visualizada no Gráfico 5.1.14. 94 Vazões Médias Anuais do Posto 47480000 e Precipitação Total Anual do Posto 0114214 - Barra do Mendes 0 4,5 200 4 400 3,5 600 3 800 2,5 1000 2 1200 1,5 1400 1 1600 0,5 1800 0 Precipitação (mm) Vazão (m3/s) 5 2000 1977 1980 1983 1986 1989 1992 1995 1998 2001 2004 Ano Gráfico 5.1.14 – Variação da vazão média anual no Rio Jacaré - Posto 47480000 Os valores máximo e mínimo médios anual, respectivamente, foram de 1,61 m³/s (1980) e 0,167 m³/s (1982), ou 0,173 ls/km2 e 0,0179 ls/km2, respectivamente. A curva de permanência de vazões (Gráfico 5.1.15) foi determinada utilizando todos os dados diários disponíveis da série histórica. De interesse à outorga, a vazão com 90% de permanência tem valor de 0,118 m³/s, ou 0,0127 l/s/km2. Posto 47480000 - Jaguaraci 2,50 Vazão (m³/s) 2,00 1,50 0,118 m³/s 1,00 0,50 0,00 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 Permanência (%) 65 70 75 80 85 90 95 100 Gráfico 5.1.15 – Curva de Permanência de Vazões – Posto 47480000 5.1.5.1.5 Usos Atuais das Águas Superficiais O objetivo da gestão dos recursos hídricos é a distribuição das disponibilidades hídricas entre os usos e usuários competitivos, assegurando padrões de qualidade e níveis de atendimento 95 compatíveis com suas necessidades e prioridades. Com base neste conceito, foram identificadas as demandas hídricas existentes na sub-bacia da AID, com o intuito de caracterizá-las. Conforme o INGÁ (Instituto de Gestão das Águas e Clima – BA), até 2010 tinha sido outorgado na sub-bacia do Córrego Baixa do Cafarnaum, afluente do rio Jacaré, uma vazão de 2.510,65 m3/dia para usos consuntivos. No Quadro 5.1.21 e Gráfico 5.1.16 são apresentados os diversos usos de água na sub-bacia do Córrego Baixa do Cafarnaum. Quadro 5.1.21 – Usos das Águas Superficiais na sub-bacia do Córrego Baixa do Cafarnaum Usos (m3/dia) Córrego Baixa do Cafarnaum Abastecimento Humano Industrial Irrigação 38,80 0,00 2.471,85 Demanda Total (m3/dia) 2.510,65 Pode-se verificar, conforme o Gráfico acima, que do total outorgado nos mananciais superficiais, o uso mais expressivo em vazões outorgadas è a irrigação com 98%, entanto que o uso industrial não apresenta nenhuma demanda. Córrego Baixa do Cafarnaum Usos da Água em (m 3 /dia) e (%) do Total Outorgado 38,80; 2% 0,00; 0% 2.471,85; 98% Abastec. Humano Industrial Irrigação Gráfico 5.1.16 – Outorgas por tipo de uso na sub-bacia do Córrego Baixa do Cafarnaum 96 Fotografia 5.1.41 - Tanque na localidade de Fotografia 5.1.42 - Poço escavado para acumulação Lagoinha - Utilizado para águas servidas e das águas de chuva – Utilizado para dessedentação dessedentação animal humana do Povoado de Pau de Colher Coordendas UTM 8.707.528 / 248.215 Coordendas UTM 8.712.122 / 244.778 Fotografia 5.1.43 - Reservatório no Córrego Baixa Fotografia 5.1.44 - Sistema de captação de água de do Cafarnaum - Proximidades da cidade de chuvas em telhados com utilização para Cafarnaum, limite oeste da área de influência dessedentação e cultivo de subsistência Coordendas UTM 8.699.220 / 236.270 Coordendas UTM 8.713.806 / 254.256 Fonte: V&S, 2011. 5.1.5.1.6 Hietogramas de Projeto As obras hidráulicas (pontes, pontilhões, deságües, canais, vertedores, etc.) são dimensionadas para suportar a chamada vazão de projeto, que está associada ao período de retorno adotado para cada tipo de obra. Quando se dispõe de dados de vazão no local considerado, a vazão de projeto é estimada fazendo-se tratamento estatístico sobre a série histórica de dados registrados. No entanto, em pequenas bacias rurais, como è o caso da área de implantação do empreendimento, os dados de vazão são parcamente disponíveis ou inexistentes. Neste caso, a obtenção da vazão máxima de projeto utilizada no dimensionamento de obras, a exemplo das estradas de acesso, serviços e operação e manutenção do Complexo eólico Cristal, 97 retratando a segurança da obra, o custo envolvido na sua construção e, em consequência, a boa aplicação dos recursos financeiros, é necessário utilizar modelos precipitação-vazão. A vazão de projeto é estimada indiretamente a partir da chamada chuva de projeto. Uma das formas para determinar a chuva de projeto é através das equações de chuvas intensas ou relação I-D-F. A chuva de projeto é calculada em função da duração e do período de retorno desejado. Adota-se como duração da chuva de projeto, o tempo de concentração da bacia, visto que se trata de duração que a torna mais crítica em termo de intensidade. Para a chuva de projeto deve-se fornecer, além do total da altura pluviométrica, a distribuição temporal dessa chuva, que é, em geral, apresentada na forma de hietogramas. A geração do hietograma de projeto é feita, usualmente, pelo método dos blocos alternados, que representa melhor a evolução temporal das chuvas intensas. A - Precipitação Máxima A precipitação máxima pode ser definida como a ocorrência extrema, com duração, distribuição temporal e espacial crítica para uma determinada área, permitindo, na ausência de dados de vazão, o cálculo da cheia de projeto. Equações IDF Matos (2006) estabeleceu a equação de chuvas para o posto do INMET, apresentando a seguinte forma geral: Onde: I – intensidade da chuva (mm/h); t – duração (min); A, b e c são parâmetros a determinar. A e b variam com o período de recorrência Tr e c é uma constante associada a uma freqüência pré-estabelecida. Para a estação de Morro do Chapéu têm-se os seguintes parâmetros e constantes (Matos, 2006): 98 Equação estabelecida para duração de 5 a 60 minutos. B - Hietograma de Projeto Com os dados da equação para estação Morro do Chapéu, foram construídos 06 (seis) Hietogramas para a região com diferentes tempos de retorno. Tr = 10 anos 25 30 20 25 Precipitação(mm) Precipitação(mm) Tr = 5 anos 15 10 5 20 15 10 5 0 0 0 - 10 10 - 20 20 - 30 30 - 40 40 - 50 50 -60 0 - 10 10 - 20 20 - 30 30 - 40 40 - 50 50 -60 Tempo (min) Tempo (min) Tr = 25 anos 35 35 30 30 Precipitação(mm) Precipitação(mm) Tr = 20 anos 25 20 15 10 5 25 20 15 10 5 0 0 0 - 10 10 - 20 20 - 30 30 - 40 40 - 50 50 -60 0 - 10 10 - 20 Tempo (min) 30 - 40 40 - 50 50 -60 40 - 50 50 -60 Tempo (min) Tr = 50 anos Tr = 100 anos 40 45 35 40 30 35 Precipitação(mm) Precipitação(mm) 20 - 30 25 20 15 10 5 30 25 20 15 10 5 0 0 0 - 10 10 - 20 20 - 30 30 - 40 Tempo (min) 40 - 50 50 -60 0 - 10 10 - 20 20 - 30 30 - 40 Tempo (min) Gráfico 5.1.17 – Hietogramas de Projeto – Método dos Blocos Alternados 99 5.1.5.2 Geoquímica · Determinação da composição química e mineralógica dos sedimentos de corrente; · Estudo de ocorrência de elementos e fontes contaminantes enfatizando metais pesados; · Identificação das fontes de contaminante caso constatada ocorrência; · Determinação da inter-relação entre água subterrânea e superficial. 5.1.5.2 Geoquímica Não se aplica pois não há evidencias ou indícios de fontes de contaminação com metais pesados que justifiquem coleta e analise de sedimentos de corrente. Uma avaliação entre a interrelação entre águas superficiais e subterrâneas é apresentada no capítulo 5.1.5.4.3 5.1.5.3 Qualidade das águas a) Caracterização dos principais fatores físico-químicos e microbiológicos dos corpos d’água que serão utilizados e/ou afetados pelo empreendimento, se for o caso, apresentando a metodologia analítica utilizada para sua determinação; b) Caracterização dos usos da água; c) Apresentação de mapa de localização dos pontos de amostragem, se for o caso, em escala adequada. As análises serão realizadas na matriz água e, quando necessário, em sedimento, considerando-se, no mínimo, os parâmetros abaixo: 1. Água Análise físico-química: cor, condutividade elétrica específica*, pH*, OD*, % de saturação de oxigênio, turbidez, temperatura*, DBO, DQO, alcalinidade, cálcio, cloretos, magnésio, potássio, sódio, sulfatos, amônia, nitrito, nitratos, nitrogênio total, fósforo total, sólidos totais, sólidos totais dissolvidos, RAS, (cianeto, arsênio, ferro total, bário, alumínio, manganês, cromo total, zinco, cádmio, mercúrio, chumbo)**. * Parâmetros a serem medidos em campo ** Parâmetros a serem analisados quando detectadas fontes de contaminação Análise bacteriológica: coliformes termotolerantes 5.1.5.3 Qualidade das Águas A água é um insumo fundamental a sobrevivência humana, além de ser um recurso essencial para o desenvolvimento de diversas atividades humanas, sendo bastante consumido. Fator impulsionado pelo crescente desenvolvimento econômico que gera maiores necessidades, potencializados pela diversificação no processo de utilização. Desta maneira, os recursos hídricos se tornam cada vez mais disputados, conseqüentemente, mais escassos devido à ampla utilização (ODUM e BARRET, 2007). 100 Um fator importante é que nem toda água existente possui características adequadas para consumo nas atividades humanas, sendo necessário caracterizar o tipo de água encontrada em um determinado ambiente. Por isso, a caracterização dos recursos hídricos é um fator determinante para sua utilização, sendo necessários estudos que avalie a qualidade dos ambientes aquáticos. A qualidade atua tanto na dinâmica da população humana, como em diversas espécies (animais e vegetais), sendo fonte de vida (TUNDISI e TUNDISI, 2008). Os principais impactos gerados sobre estes ambientes são provenientes de atividades humanas, como o abastecimento (rural, urbano e industrial), irrigação, pecuária, agricultura, piscicultura, geração de energia elétrica, navegação, pesca e recreação, entre outros. Todos estes fatores contribuem de forma significativa para alteração da qualidade dos recursos hídricos, portanto, existe a necessidade de acompanhar como estes processos atuam e modificam a estrutura deste ambiente, direta e indiretamente (POLETO, 2010). Por todas as pressões sobre este bem valioso, surge à necessidade da criação de leis que atuem no gerenciamento e controle de lançamento de poluentes, além de direcionar os meios necessários para avaliar a qualidade deste recurso. Portanto a resolução Conama n° 357/2005 “dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes e dá outras providências” (CONAMA, 2008). Além desta, existe a Portaria nº518/2004 criada pelo Ministério da Saúde que “estabelece os procedimentos e responsabilidades relativos ao controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade, e dá outras providências” (ANA, 2010). § OBJETIVOS ― Caracterizar os principais fatores físico-químicos e microbiológicos dos corpos d’água que serão utilizados e/ou afetados pelo empreendimento; ― Caracterizar quanto ao uso da água; ― Apresentar a localização dos pontos de amostragem. § MATERIAIS E MÉTODOS As amostragens foram realizadas entre os dias 02 a 04 de fevereiro de 2011, em 05 (cinco) pontos distribuídos dentro da área de influência do projeto. Para cada ponto foi adotado a aferição de parâmetros referente à caracterização da qualidade da água, sendo estes, físicos, químicos e microbiológicos. Em relação aos parâmetros físico-químicos foram aferidas as seguintes variáveis: cor, condutividade elétrica específica, pH, OD, % de saturação de oxigênio, turbidez, temperatura, 101 DBO, DQO, alcalinidade, cálcio, cloretos, magnésio, potássio, sódio, sulfatos, amônia, nitrito, nitratos, nitrogênio total, fósforo total, sólidos totais, sólidos totais dissolvidos, RAS, metais (cianeto, arsênio, ferro total, bário, alumínio, manganês, cromo total, zinco, cádmio, mercúrio, chumbo). Para abordagem microbiológica, as análises utilizadas se referem às concentrações de coliformes termotolerantes nos ambientes aquáticos, conforme exigido no escopo do Termo de Referência. Todos os parâmetros descritos são resultantes de levantamentos primários (aferição in situ), seguindo uma padronização no método de amostragem. Em cada ponto, os frascos de coleta foram submersos a 30 cm de profundidade, e posteriormente conservados à temperatura de 4ºc, armazenados em caixas de isopor. Alguns parâmetros necessitaram de reagentes específicos (conservantes) que foram adicionados aos frascos imediatamente após a coleta, todos estes procedimentos são exigidos pelo laboratório certificado que executa as análises (ex situ). Quanto à caracterização de utilização da água, esta foi realizada através de entrevistas junto aos moradores das comunidades tradicionais que circunvizinham estas áreas. Neste levantamento, alguns aspectos principais foram incluídos na caracterização, consistindo em: forma de captação, finalidade da captação (uso), tratamento da água, tipo de tratamento, número de pessoas por comunidade. Para apresentação dos pontos de amostragens, foi utilizado um GPS da marca Garmim, modelo 60CSX, ajustado para o datum SAD-69 com unidade métrica (UTM), com precisão de aproximadamente 3 metros. Para avaliação da Qualidade da Água na área da influência direta do empreendimento foram estabelecidos cinco pontos de coleta de água para a realização da campanha, marcados no mapa de recursos hídricos, sendo quatro deles superficiais e um subterrâneo, conforme quadro a seguir. A avaliação da qualidade da água do córrego das pedras será feita no desenvolvimento do Plano de Preservação de nascentes. Pontos de amostragem de água para avaliação de qualidade ponto P 01 P 02 P 03 P 04 P 05 Descrição Poço de captação subterrânea de Lagoinha Reservatório na localidade de Pau de Colher Tanque escavado na localidade de Pau de Colher Tanque escavado na localicade de Lagoinha Nascente Olhos d’água Coordenadas UTM 8707528 / 248215 8710982 / 246355 8712122 / 244778 8706992 / 247359 8707594 / 241378 O resultado obtido referente à qualidade da água segue o enquadramento de acordo com a Resolução CONAMA n° 357/05, Classe II, sendo comparados com os limites referenciais 102 expressos. Ainda são comparados aos padrões de potabilidade emitidos pelo Ministério da Saúde (Portaria 518/04). Considerando o estabelecido na resolução CONAMA n° 357/05 o riacho das Pedras e o Córrego Baixa da Cafarnaum são enquadrados na Classe II, a saber: Art. 42. Enquanto não aprovados os respectivos enquadramentos, as águas doces serão consideradas classe 2, as salinas e salobras classe 1, exceto se as condições de qualidade atuais forem melhores, o que determinara a aplicação da classe mais rigorosa correspondente. Todos os pontos de coleta estão na bacia de contribuição do Córrego Baixa de Cafarnaum e riacho das Pedras. § RESULTADOS Um total de 37 (trinta e sete) parâmetros foi analisado e seus resultados são apresentados integralmente na tabela 1, com suas respectivas unidades, métodos analíticos, pontos de amostragem e valores de referência (V.R). Os resultados foram comparados de acordo com os enquadramentos adotados pelas leis pertinentes (Quadro 5.1.22). Quadro 5.1.22 – Parâmetros, unidades, métodos de análise, resultados e valores de referência (Conama nº357/05 e Portaria nº158/04) Parâmetros Método Analítico Unidades Cor Condutividade Elétrica Específica pH Oxigênio Dissolvido Saturação de oxigênio Turbidez Temperatura DBO - SM 2021 C µS/cm SM 2510 B + Pontos de Amostragem Valor de Referência n° n° 357/05 518/04 75 - P01 P02 P03 P04 P05 5.2 > 500 > 500 > 500 306 2350 282 141.5 93.3 95 - - - SM-4500-H B 7.3 7.5 6.6 6.1 5.9 6-9 - mgO2/l SM-4500-C 6.1 5.8 2.4 1.4 1.2 5 - % - 74.39 70.73 29.27 17.5 15.38 - - NTU mgO2/l SM-2130 B SM-2550 B SM 5210 B <1 NI 4.8 > 1000 NI 48 375 NI 8.7 84.5 NI 6.1 7.01 NI 40.8 100 5 - DQO Alcalinidade Cloretos mgO2/l mg/L mg Cl /l 111 62 32.7 108 29 10.1 40.4 10 15.1 172 10 12.6 250 250 Sulfatos mg SO4 /l < 10 < 10 < 10 113 250 250 Nitratos mg/L 0.45 < 0,30 < 0,30 < 0,30 10 10 Nitritos mg N-NO3/l < 0,05 < 0,05 < 0,05 < 0,05 1 1 Amônia mg NH3/l 0.47 5.13 0.67 1.32 - 1.5 Nitrogênio Total * mg N-NO3/l SM 5220 D 43.8 SM 2320 B 334 SM-4500-Cl B 468 SM-4500-SO4 31.4 2 E SM 4500 NO3 1.25 E SM-4500-NO2 < 0,05 B SM-4500 NH3 < 0,12 C SM 4500 N - C 2.15 2.72 5.3 2.78 3.52 3.7 - Fósforo Total EPA 6010 C 0.3 4 0.11 0.45 0.03 - -2 mg P-PO4/ 0.06 103 Parâmetros Unidades Método Analítico Pontos de Amostragem P01 Sólidos Totais Sólidos Totais Dissolvidos Óleos e Graxas RAS - Cianeto - Mercúrio mg/L Alumínio mg/L Arsênio mg/L Bário mg/L Cádmio mg/L Calcio Chumbo Cromo Total Ferro Total Magnésio Manganês Potássio Sódio Zinco Coliformes Termotolerantes mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L SM-2540 B 1608 SM 2540 1180 B/D/E SM 5520 B <5 7.93 HACH Method < 0,01 8027 < EPA 7470 0,001 EPA 6010 C < 0,05 < EPA 6010 C 0,005 EPA 6010 C 0.36 < EPA 6010 C 0,001 EPA 6010 C 70.82 EPA 6010 C < 0,01 EPA 6010 C < 0,01 SM 3500 Fe B < 0,20 EPA 6010 C 86.44 EPA 6010 C 0.034 EPA 6010 C 18.2 EPA 6010 C 49.74 SM 3500 Zn B < 0,10 Col/100 mL SM 9222 D mg/ L mg/ L - 0 Valor de Referência n° n° 357/05 518/04 - P02 P03 P04 P05 2182 520 260 140 140 72.6 45.7 46.2 500 1000 <5 2.08 <5 2.19 <5 4.78 <5 5.38 - - 0.02 < 0,01 < 0,01 < 0,01 0.05 0.07 < 0,001 19.36 < 0,005 0.18 < 0,001 5.06 0.03 0.03 52.84 7.67 0.09 38.94 3.71 < 0,10 < 0,001 17.08 < 0,005 < 0,05 < 0,001 1.55 < 0,01 0.02 19.84 2.2 0.06 13.9 2.12 < 0,10 < < 0,001 0,001 7.44 0.22 < < 0,005 0,005 < 0,05 < 0,05 < < 0,001 0,001 1.94 1.19 < 0,01 < 0,01 < 0,01 < 0,01 8.24 3.94 1.81 1.87 0.05 0.05 4.91 4.39 4.63 4.71 < 0,10 < 0,10 0.0002 0.001 0.1 0.2 0.01 0.01 0.7 0.7 0.001 0.005 0.01 0.05 0.3 0.1 - 0.01 0.05 0.3 0.1 200 5 200 800 1000 0 500 400 Observações: (1) Col: Colônias / UFC: Unidade Formadora de colônias; (2) NI: Não informado. Alguns parâmetros (n= 11) como, condutividade elétrica, % de saturação do oxigênio, temperatura, DQO, alcalinidade, sólidos totais, óleos e graxas, RAS, cálcio, magnésio e potássio, não possuem valores de referência indicados pela Legislação, sendo assim, estes valores ficam impossibilitados de serem classificados. No entanto, vale ressaltar que estes apresentam importâncias funcionais, pois concentrações de cálcio, magnésio e potássio são íons que ativam enzimas, estabilizam proteínas, promovem excitabilidade e também atuam na regulação da permeabilidade celular e ajudam a manter a regulação entre as trocas de íons entre os organismos e o meio, destacando suas influências na fisiologia dos organismos aquáticos como apontado por Tundisi e Tundisi (2008). A condutividade elétrica, temperatura, alcalinidade, sólidos totais e saturação de oxigênio por sua vez atuam, sobretudo nas variações de concentração de sais, ácido e bases em um sistema aquático. Estes íons juntamente com outros fatores associados alteram a composição e fluxo químico de um sistema. 104 Outros resultados indicam que alguns dos parâmetros (n=11) amostrados se encontram dentro dos limites de referência, sendo estes, sulfatos, nitritos, nitratos, cianeto, mercúrio, arsênio, bário, cádmio, cromo, manganês e sódio. Os resultados destacados em vermelho (Figura 5.1.6) se encontram fora do limite estabelecido (V.R.) pelas legislações vigentes, portanto para compreensão dos fatores que estão associados a estas alterações, estes serão discutidos separadamente. Concentração de Cor 600 500 400 300 200 100 0 P01 P02 P03 P04 P05 Cor 5.2 500 500 500 306 n° 357/05 75 75 75 75 75 Figura 5.1.1 – Valores da cor da água A coloração que a água apresenta pode interferir na dinâmica das comunidades aquáticas, além de interferir na produtividade no ambiente. Nos pontos (02, 03, 04 e 05) observamos valores que extrapolam os limites estabelecidos, é importante ressaltar que os valores expressos nos pontos (02, 03 e 04) estão no seu limite de quantificação, ou seja, o método analítico só permite uma contagem até este valor, portanto os valores reais podem ser muito maiores do que os expressos no gráfico. O indicativo deste elevado índice pode ter uma associação forte com a turbidez encontrada. A turbidez encontrada na água (Figura 5.1.7) pode alterar significativamente a absorção dos feixes de luz no ambiente aquático, esta alteração pode interferir na produção primária do corpo hídrico além de interferir na visibilidade dos organismos aquáticos (ANA, 2010). Nota-se que nos pontos (02 e 03), os valores ultrapassam os valores referenciais, conseqüência de uma forte interação particular com as características do ambiente ao qual se localiza. A causa desta elevada turbidez pode ter sua origem explicada por: (a) tipo de solo; e (b) escoamento de partículas sólidas deste material para os ambientes aquáticos com a chuva e vento. 105 Turbidez da Água 1200 1000 NTU 800 600 400 200 0 P01 P02 P03 P04 P05 Turbidez 1 1000 375 84.5 7.01 n° 357/05 100 100 100 100 100 Figura 5.1.2 – Valores turbidez da água A concentração dos sólidos totais dissolvidos (Figura 5.1.8) inclui todos os sais presentes na água, a utilização deste parâmetro como referência pode gerar indicativos de erosão química quando associados a outros parâmetros específicos. O ponto 01 possui um valor duas vezes acima do limite da resolução n° 357/05, enquanto que, comparado ao valor referencial da Portaria n° 518/04 se enquadra próximo ao limite estabelecido, mesmo que ainda superior. Este resultado pode ser justificado pela concentração de sais em águas que recebem tratamento, como é o caso do ponto especificamente. Mas para melhor compreensão das fontes de sólidos um parâmetro importante a ser avaliado é o Carbono Total Dissolvido (COT) que indica os compostos orgânicos dissolvidos, desta maneira permite identificar a fonte destas concentrações, conforme indicado pela CETESB (2009). mg/L Sólidos Totais Dissolvidos 1400 1200 1000 800 600 400 200 0 P01 P02 P03 P04 P05 Sólidos Totais Dissolvidos 1180 140 72.6 45.7 46.2 n° 357/05 500 500 500 500 500 n° 158/04 1000 1000 1000 1000 1000 Figura 5.1.3 – Valores dos sólidos totais dissolvidos As concentrações de pH (potencial hidrogeniônico), mostradas na Figura 5.1.9, alteram tanto propriedades químicas da água, como funções de atividades enzimáticas metabólicas dos 106 organismos (TUNSISI & TUNDISI, 2008). Apenas um ponto apresentou-se fora abaixo dos limites mínimos e máximos de referencia, mas em valor pouco significativo (diferença de 0.1, do limite), portanto inferir sobre as interferências deste parâmetro no ponto em questão necessita acompanhamento temporal para compreender as variações ao longo de um ciclo hidrológico. Concentração do pH 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 P01 P02 P03 P04 P05 7.3 7.5 6.6 6.1 5.9 Mínimo 6 6 6 6 6 Máximo 9 9 9 9 9 pH Figura 5.1.4 – Valores do pH A concentração de oxigênio dissolvido (Figura 5.1.10) é um importante indicativo da qualidade dos ambientes, além de ser um dos parâmetros mais importantes para dinâmica de sistemas aquáticos (ANA, 2010). Este elemento é um gás de importância biológica e química, por isso, tamanha importância, e foram observados que 3 pontos apresentaram resultados abaixo dos valores de referência (Ponto 03, 04 e 05). Destes, o ponto 05 apresenta a menor concentração encontrada. Estes índices podem estar relacionados com: (a) a baixa produtividade dos ambientes (fotossíntese); (b) perdas por oxidação químicas, conseqüência das atividades bacterianas; (c) concentração de material suspenso na água (ressuspensão do sedimento, que justifica a alta turbidez e cor); e (d) características hidráulicas do ambiente. 107 Concentração de Oxigênio Dissolvido 7 6 5 mg/L 4 3 2 1 0 OD n° 357/05 P01 P02 P03 P04 P05 6.1 5.8 2.4 1.4 1.2 5 5 5 5 5 Figura 5.1.5 – Valores de oxigênio dissolvido A demanda bioquímica (Figura 5.1.11) é responsável por oxidar a matéria orgânica encontrada na água através de decomposição microbiana aeróbica (TUNDISI e TUNSISI, 2008). Os pontos (02, 03, 04, 05) se encontram acima do valor referencial, sendo que os pontos (03 e 04) os valores não indicam uma índices muito elevados, como acontece nos pontos (02 e 03), que pode gerar uma diminuição significativa nas concentrações de oxigênio dissolvido no ambiente. Os fatores potenciais podem ser: (a) influência de enriquecimento orgânico causado pelas fezes dos animais (principalmente metano) bem próximos aos corpos de água; e (b) aporte de folhas que entram em decomposição rapidamente. A utilização do COT (Carbono Orgânico Total) também se aplica para identificar o enriquecimento de nutrientes e deve ser incorporado durante o monitoramento. Demanda Bioquímica de Oxigênio 60 50 mg/L 40 30 20 10 0 DBO n° 357/05 P01 P02 P03 P04 P05 4.8 48 8.7 6.1 40.8 5 5 5 5 5 Figura 5.1.6 – Valores de demanda bioquímica de oxigênio A concentração de cloretos (Figura 5.1.12) é um parâmetro bastante utilizado em análises da qualidade da água, pois suas taxas podem indicar alteração na dinâmica dos ambientes aquáticos (TUNDISI e TUNDISI, 2008). Os índices foram acima do referencial nos pontos 02, 03, 108 04 e 05, o que pode indicar uma fonte de poluição do meio aquático nestas áreas. A explicação para presença destas concentrações pode ser uma interferência da: (a) utilização de produtos agrotóxicos, principalmente os bactericidas, pois uma das propriedades da utilização de cloretos é no controle de bactérias; (b) na utilização de adubos químicos que utilizem cloreto de potássio em sua composição estrutural; e (c) percolação e escoamento das águas através do contato com solo e rocha (SANTOS et al., 2006). mg/L Concentração de Cloretos 500 450 400 350 300 250 200 150 100 50 0 P01 P02 P03 P04 P05 Cloretos 468 32.7 10.1 15.1 12.6 n° 357/05 250 250 250 250 250 Figura 5.1.7 – Valores de cloretos As concentrações de amônia (nitrogênio amoniacal total), mostrada na Figura 5.1.13, para o ambiente, em sua maioria se encontram abaixo do limite estabelecido, porém quando avaliamos o valor encontrado no Ponto 03 (5.13 mg/L) o valor esta 4 vezes maior do que o V.R., que pode estar associado com o tipo de utilização (dessedentação de fauna) e o aporte de nutrientes orgânico pode ser compreendido pela notória presença de fezes dos animais próximos ao aqüífero, conforme indicado pela CETESB (2009). Outro ponto que merece destaque é no Ponto 05, pois o valor chegou próximo ao limite, neste caso, estas taxas também podem ser explicadas pelo aporte de nutrientes orgânicos, mas com um contexto de fonte diferente, explicado pela presença de vegetação densa próxima a área, acumulando grande parte de matéria morta no próprio corpo hídrico. Estes fatores ainda podem ser conseqüências da hidrodinâmica destes ambientes que permite maior concentração em ambientes com pouca vazão, impulsionados pelos balanços hídricos do ambiente. 109 Concentração de Amônia 6 5 mg/L 4 3 2 1 0 P01 P02 P03 P04 P05 Amônia 0.12 0.47 5.13 0.67 1.32 n° 158/04 1.5 1.5 1.5 1.5 1.5 Figura 5.1.8 – Valores de amônia A ocorrência de nitrogênios (Figura 5.1.14) em um ambiente pode ser identificada em forma de nitrogênio orgânico, amoniacal, nitritos e nitratos, sendo este último tóxico aos humanos em altas concentrações (ANA, 2010). A concentração total de nitrogênios envolve quantificação total de suas formas, mas, para compreensão de processos de nitrificação e desnitrificação é necessário avaliar cada parâmetro separadamente (TUNDISI e TUNSISI, 2008). O valor expresso no ponto 03 ultrapassa o limite permitido de acordo com a resolução, desta forma é importante mapear a fonte deste composto, que em relação ao ponto pode vir a ser (a) deposição atmosférica (chuva); (b) lixiviação de nutrientes próximos as áreas agrícolas pela utilização de fertilizantes; (b) aporte pluviométrico; e (c) fixação biológica (algas e bactérias) atmosférica. Altas concentrações podem gerar eutrofização do ambiente, impossibilitando o abastecimento para consumo humano, recreação e conservação da vida aquática. Concentração de Nitrogênio Total 6 5 mg/L 4 3 2 1 0 P01 P02 P03 P04 P05 Nitrogênio Total 2.15 2.72 5.3 2.78 3.52 n° 357/05 3.7 3.7 3.7 3.7 3.7 Figura 5.1.9 – Valores de nitrogênio total 110 Assim como o nitrogênio, as concentrações de fósforo total (Figura 5.1.15) são fundamentais para processos biológicos em ambientes aquáticos, mas altas concentrações geram alterações significativas e impactos negativos nestes ambientes (CETESB, 2009). Os pontos (02, 03 e 04), estão fora do limiar aceito, mas deve-se ressaltar o ponto 03, pelo alto índice encontrado deste parâmetro no ambiente. Elevados níveis de fósforo associados com altos índices de nitrogênio pode causar uma eutrofização da água, entretanto, outro parâmetro (clorofila a) necessita ser mensurado para caracterizar o Índice de Estado Trófico (IET) do ambiente, portanto no monitoramento da qualidade da água, deve-se incluir este parâmetro nas análises. As fontes de fósforo também podem ser explicadas por: (a) drenagem pluvial de fertilizantes agrícolas; e (b) matéria fecal. Estes dois fatores são bastante encontrados nas localidades. mg/L Concentração de Fósforo Total 5 4.5 4 3.5 3 2.5 2 1.5 1 0.5 0 P01 P02 P03 P04 P05 Fósforo Total 0.06 0.3 4 0.11 0.45 n° 357/05 0.03 0.03 0.03 0.03 0.03 Figura 5.1.10 - Valores de fósforo total Os três últimos parâmetros merecem uma atenção especial, principalmente por terem diagnosticados valores superiores aos limites permitidos. Estes elementos químicos são classificados como metais, e suas concentrações podem gerar efeitos acumulativos e deletérios para os seres vivos quando acumulados ao longo do tempo no organismo (ODUM e BARRET, 2007). O ferro é um metal considerado como essencial, pois esta diretamente relacionada com os processos fisiológicos dos organismos seja terrestre ou aquático. Mas devemos atentar que pode ser enquadrado também como micro contaminante ambiental, pois, quando em taxas elevadas no ambiente podem ser transferidos a cadeia trófica, sendo acumulado a depender das concentrações encontradas, desta maneira, gerando efeitos nocivos (ex: câncer), como indica De Azevedo e colaboradores (2003). As concentrações deste elemento (Figura 5.1.16) foi evidenciada em 4 dos 5 pontos, sendo registrados valores acima do referencial nos pontos (02, 03, 04, 05), destes o ponto 02 e 03 apresentaram os maiores índices, gerando a necessidade de uma investigação e mapeamento das fontes com maior critério dentro do monitoramento da 111 fonte de contaminação. As possíveis origens podem ser: (a) característica geológica do solo; (b) utilização de adubos na agricultura; e (c) lixiviação de água de chuva. Concentração de Ferro Total 60 50 mg/L 40 30 20 10 0 P01 P02 P03 P04 P05 Ferro Total 0 52.84 19.84 8.24 3.94 n° 357/05 0.3 0.3 0.3 0.3 0.3 Figura 5.1.11 - Valores de ferro total Este elemento químico é um metal não essencial, enquadrado como micro contaminante, e pode gerar efeitos prejudiciais ao metabolismo dos organismos, uma vez que não se conhece uma função biológica conforme descrito por ODUM e BARRET (2007), este efeito ainda pode ser potencializado pela acumulação temporal no organismo, aumentando seu poder de toxicidade. A concentração (Figura 5.1.17) fora do limite estabelecido foi registrada em um ponto (02), dos 5 pontos amostrados, gerando a necessidade de identificar a origem deste elemento no corpo hídrico. A presença deste parâmetro no ambiente pode ser indicada pelo uso de fertilizantes e herbicidas utilizados na agricultura local, o levantamento do tipo de agrotóxicos utilizados é fundamental para caracterizar esta origem. Concentração de Chumbo 0.035 0.03 mg/L 0.025 0.02 0.015 0.01 0.005 0 P01 P02 P03 P04 P05 Chumbo 0.01 0.03 0.01 0.01 0.01 n° 357/05 0.01 0.01 0.01 0.01 0.01 Figura 5.1.12 - Valores de chumbo 112 O alumínio (Figura 5.1.18) também é um metal importante na formação óssea, mas também micro contaminante, pois suas concentrações interferem na fisiologia dos organismos, quando não são metabolizados, se acumulam com o passar do tempo. Foram encontrados resultados acima dos limites nos pontos (02, 03, 04), destes os pontos 02 e 03, apresentam as maiores taxas. A identificação das fontes de alumínio podem ser naturais, pela característica geológica da área, ou por aporte de material alóctone (exterior). Para mapear esta fonte é necessário um maior esforço espaço temporal, além de ampliação da malha amostral. Concentração de Alumínio 25 mg/L 20 15 10 5 0 P01 P02 P03 P04 P05 Alumínio 0 19.36 17.08 7.44 0.22 n° 357/05 0.1 0.1 0.1 0.1 0.1 Figura 5.1.13 - Valores de alumínio Os coliformes termotolerantes (Figura 5.1.19) por sua vez, são microorganismos encontrados no ambiente, entretanto, alguns causam efeitos nocivos ao homem e aos animais. Podem estar associados a flora intestinal, mas quando em cargas elevadas podem provocar algum tipo de alteração fisiológica. A portaria nº 518/04, impõe um limite de 0 (ausência) deste parâmetro na água quando se refere ao enquadramento para consumo humano, neste caso, com exceção do ponto 01, todos os outros estariam inadequados ao consumo, pelos elevados índices observados. Já a resolução Conama nº 357/05, propõe parâmetros de acordo com o enquadramento de classes, neste caso, corresponde a águas de classe 2, e aceita-se um limite de até 1000 coliformes termotolerantes para consumo após tratamento convencional. Mas permite atividades, como uso para dessedentação de fauna, pesca, e recreação. 113 Coliformes Termotolerantes Col/100ml 1200 1000 800 600 400 200 0 P01 P02 P03 P04 P05 0 200 800 500 400 n° 357/05 1000 1000 1000 1000 1000 n° 158/04 0 0 0 0 0 Coliformes Termotolerantes Figura 5.1.14 - Valores de coliformes termotolerantes Outro ponto a ser considerado se refere à utilização do ambiente aquático que pode explicar muitos resultados encontrados na físico-química e microbiológica do ambiente, por isso uma tabela com estes indicativos será apresentada. Os aqüíferos encontrados são utilizados como fonte de captação de água pela comunidade local, das mais diversas maneiras, sendo as principais: ― Consumo humano: Ingestão1, utilização doméstica (banho, lavagem de roupa e louça) – (ponto 01, 03, 04 e 05); ― Dessedentação de fauna: Principalmente bovinos e caprinos, animais domésticos também utilizam as áreas (todos); ― Agricultura: Irrigação das plantações por métodos de captação simples (baldes), para plantações de subsistência. Alguns utilizam como para irrigar maiores áreas, utilizadas como fonte econômica (pontos 01, 02, 03 e 04); ― Pesca: Utilização do ambiente aquático para pescar, não havendo práticas de psicultura (apenas no ponto 02); e ― Lazer: recreação esporádica, principalmente pelas crianças e jovens moradores da comunidade (apenas no ponto 02). No Quadro 5.1.23, encontra-se os pontos referenciados, e a discriminação do uso da água em cada um dos pontos. 1 A forma de tratamento varia entre a utilização de filtros simples barro (pela decantação do material suspenso), filtro convencional e aquecimento da água (ferver). 114 Quadro 5.1.23 – Utilização da água pela comunidade nos pontos de amostragem Ponto 01 (Coordenadas) à 24 L 248215/ 8707528 Uso: ― Consumo humano (higiene, ingestão, cozimento); ― Dessedentação de fauna (animal doméstico); ― Irrigação. Frequência diária: aproximadamente 30 famílias. Ponto 02 (Coordenadas) à 24 L 246355/ 8710982 Ponto 03 (Coordenadas) à 24 L 244778 /8712122 Uso: ― Dessedentação de fauna (bovinos e caprinos); ― Irrigação ― Pesca; Frequência diária: Animais são levados a área por pessoas não próximas as comunidades, sem definição de período. Uso: ― Dessedentação de fauna (gado/animais domésticos); ― Irrigação; ― Consumo humano (esporádico, durante período de seca). Frequência diária: 6 famílias. Ponto 04 (Coordenadas) à 24 L 247359 /8706992 Uso: ― Consumo humano; ― Irrigação; ― Dessedentação de fauna. Frequência diária: Aproximadamente 15 famílias Ponto 05 (Coordenadas) à 24 L 241378/ 8707594 Uso: ― Dessedentação de fauna silvestre; ― Consumo humano esporádico. Frequência: sem definição pelo isolamento da área, e fora das proximidades das comunidades. 115 § CONSIDERAÇÕES FINAIS As características naturais particulares da área, como sazonalidade hidrológica, e fatores socioambientais, como os costumes tradicionais de utilização dos ambientes aquáticos pela comunidade, contribui para o direcionamento do monitoramento da qualidade das águas para instalação do empreendimento. Com a integração e análise do contexto das informações obtidas, sugere-se: · Ampliar a área amostral (nº de pontos) durante o monitoramento das atividades de execução do empreendimento, nas ADA, AID e AII; · Caracterizar e acompanhar as variações sazonais (aumentar o número de campanhas – variação temporal), de forma a identificar de como os regimes hidrológicos interferem na dinâmica dos ambientes aquáticos; · Incluir outros parâmetros no monitoramento (salinidade; orgânicos; Clorofila a; cianobactérias, coliformes fecais e totais, análise ecotoxicológica, toxicológica); e · Propor a instalação de uma Estação de Tratamento de Água e uma Estação de Efluente Doméstico. 5.1.5.4 Hidrogeologia a) Qualidade das águas subterrâneas parâmetros (químicos, físicos e bacteriológicos); b) Caracterização dos aquíferos subterrâneos existentes na área de influência direta, indicando: localização e aspectos geológicos; alimentação, fluxo e recarga; c) Profundidade dos níveis d’água subterrâneos; relações com as águas superficiais e com outros aquíferos; d) Condições de explotação considerando localização e tipos de captação utilizados, quantidades explotadas e regime de bombeamento em cada captação; representações cartográficas; e) Cadastramento dos poços, fontes e cacimbas existentes na área de influência direta bem como tipo de captação. 5.1.5.4 Hidrogeologia 5.1.5.4.1 Sistemas Aquíferos Na área de influência do empreendimento foi possível caracterizar três sistemas aqüíferos de comportamento hidrogeológico distintos: um correspondente às rochas carbonáticas da Formação Caboclo; um relacionado aos arenitos silicificados da formação Morro do Chapéu, e um terceiro correspondente aos calcários da Formação Salitre. Ainda considerando esses três grandes sistemas, são observadas condições diferenciadas quando as rochas da Formação 116 Salitre encontam-se recobertas por coberturas detríticas, o que confere características especificas de alimentação, e ainda uma faixa de afloramento de rochas da Formação Bebedouro, que possui características diferenciadas quanto ao comportamento hidrogeológico. Apesar de apresentar delimitações próprias dos sistemas aqüíferos, destacando as condições diferenciadas dos litotipos carbonáticos com coberturas detríticas e da Formação Bebedouro, os estudos apresentados foram baseados no Projeto Cadastro de Fontes de Abastecimento por Água Subterrânea/Diagnóstico do Município de Morro do Chapéu e no projeto Mapas Municipais de Morro do Chapéu, além de outros estudos específicos relacionados aos mananciais subterrâneos da área em apreço. a) Rochas Carbonáticas da Formação Caboclo - Aqüífero granular/fissural/cárstico Correspondente às áreas de topografia rebaixada a leste do alinhamento das serras onde serão instalados os sub-parques com ocorrência de siltitos, arenitos e pelitos e, secundariamente por calcarenitos. Trata-se de um aqüífero descontínuo, associado a zonas fraturadas, com permeabilidade e transmissividade baixas, podendo ocorrer localmente áreas com maior densidade de fraturamento, bem como a o ocorrência de sedimentos inconsolidados em superfície, a exemplo de coberturas arenosas, que favorecem a recarga, conferindo maior potencialidade. Os poços perfurados neste domínio apresentam profundidade média em torno de de 100 metros, com vazão média de 7,1 m3/h, sendo registrada entretanto vazões de até 46,4 m3/h. A capacidade específica média dos poços é de 0,62 l/s/m. As águas são classificadas como cloretadas (56,5%), e secundariamente bicarbonatadas (43,5%). A predominância de águas cloretadas se deve, primordialmente, à litologia e à dissolução dos minerais presentes nas rochas. Os valores de resíduo seco variam de 70 a 1.100 mg/l. passíveis de serem utilizadas para uso doméstico, dessedentação humana e animal, sem prejuízos para a saúde. O relevo do sistema aqüífero é predominantemente plano a suave ondulado ocorrendo feições de dissolução tais com dolinas, estruturas de colapso e grutas, a exemplo do Buraco do Possidônio e Gruta do Cristal. A alimentação deste sistema ocorre indiretamente através da percolação da água pelas formações superficiais arenosas, ou diretamente pelas zonas de dissolução, bem com ao longo do leito da rede de drenagem superficial. 117 b) Arenitos da Formação Morro do Chapéu – Aqüífero fissural Corresponde ao sistema aqüífero formado pelos litotipos das áreas serranas constituídas predominantemente por arenitos de granulometria fina a média onde podem ser encontrados níveis intercalados de siltitos e lamitos e, subordinadamente, por arenito conglomeráticos. Apresenta-se como um sistema anisotrópico, descontínuo, onde a água está armazenada ao longo de zonas fraturadas, com recarga facilitada pela ocorrência de coberturas arenosas residuais e solos arenosos de permeabilidade elevada nas áreas planas dos topos das serras. As rochas do Grupo Chapada Diamantina, de topografia elevada, intensamente fraturadas, possuem alta porosidade secundária e uma importante permeabilidade secundária. Assim, suas áreas de afloramentos constituem as principais zonas de recarga d’água. Por está em situação topograficamente elevada, a recarga deste sistema ocorre exclusivamente devido a infiltração de águas meteóricas que, em função das condições climáticas locais não fornecem grandes volumes. As rochas areníticas da Formação Morro do Chapéu apresentam litificação acentuada, forte compactação e fraturamento, que lhe confere além do comportamento de aqüífero granular com porosidade primária baixa e transmissividade quase nula, com baixo a médio potencial hidrogeológico. O comportamento fissural é o que mais se destaca (porosidade secundária de fendas e fraturas), motivo pelo qual é caracterizado como aqüífero do tipo fissural e granular/fissural, onde ocorrem formações superficiais de espessura significativa para a recarga. Os poços implantados neste sistema, mais a norte da área de influência, apresentam profundidades de até 165 metros, com média de 60 metros. As vazões variam de poços secos até 203 m3/hora, com média de 15 m3/hora. A capacidade específica média dos poços é de 1,13 l/s/m. As águas classificadas como bicarbonatadas (58%), apresentam salinidade baixa, índices de resíduo seco predominante abaixo de 100 mg/l, não havendo restrição de sua utilização para dessedentação humana e animal. Geralmente podem ser utilizadas para a irrigação da maioria das culturas e solos, apresentando baixo risco para salinização, exceto aquelas que apresentaram salinidade média a elevada. c) Formação Salitre – Aqüífero cárstico A Formação Salitre é caracterizada na área de estudo pela ocorrência de calcarenitos, calcisiltitos, calcilutitos e dolarenitos. 118 Constituem um sistema aqüífero desenvolvido em terrenos com predominância de rochas calcárias, que apresentam como característica principal, a ocorrência de formas de dissolução cárstica formando cavernas, sumidouros, dolinas e outras feições típicas de dissolução, proporcionando ao sistema porosidade e permeabilidade secundária que permitem acumulação de água em volumes consideráveis, ocorrendo entretanto com elevada heterogeneidade e anisotropia , devido ao acumulo de água em feições localizadas. Consiste portanto em aqüíferos descontínuos associados a zonas fraturadas, ampliadas pela dissolução cárstica, localmente muito desenvolvida. O armazenamento da água ocorre ao longo destas zonas de dissolução química da rocha formadas a partir das linhas de fraturas e fissuras, conferindo heterogeneidade e anisotropia ao sistema aquífero. O relevo é plano com rede de drenagem de água superficial pouco densa. Os poços apresentam profundidade média em torno de 95 metros, com vazões muito variáveis, sendo registrados poços secos até poços com vazões superiores a 100 m 3/h. A capacidade específica média dos poços é de 1,78 l/s/m, representando uma produtividade elevada. Quanto a qualidade, as águas são em sua maioria bicarbonatadas (57%), com teores de resíduo seco, ou quantidade de sais, elevado, variando de 420 a 1.920 mg/1, fazendo com que essas águas não sejam utilizadas frequentemente para dessedentação humana. d) Formação Salitre com coberturas detríticas - Aqüífero granular/cárstico Corresponde às rochas da Formação salitre, dominantemente carbonáticas, quando recobertas pelos depósitos coluvionares, estes se distribuem ao longo das encostas ocidentais das serras compondo-se de seixos e matacões de arenitos, conglomerados e argilitos, por vezes de dimensões métricas, imersos em uma matriz areno-argilosa. As formações superficiais que recobrem as rochas carbonáticas apresentam comportamento de aqüífero granular com porosidade primária, com elevada permeabilidade e transmissividade, o que confere boas condições de recarga e armazenamento. e) Formação Bebedouro – Aqüífero cárstico A formação Bebedouro, por sua posição estratigráfica e constituição geológica funciona com um litotipo de características diferenciadas quanto potencial de manancial subterrâneas, sendo constituída de argilitos, pelitos e arenitos arcóseanos e quartzo arenitos. 5.1.5.4.2 Uso das Águas Subterrâneas A região onde será instalado o Complexo eólico apresenta restrições quanto a ocorrência e 119 utilização de mananciais subterrâneos, seja por condições relacionadas à ocupação das terras, tais como baixa densidade demográfica, falta de infraestrurura, sobretudo de energia elétrica, ou por condições naturais tais como salinidade ou dureza elevadas e baixas vazões. Condições favoráveis de exploração e utilização desses mananciais ocorrem apenas na porção oeste da área, no vale do rio Baixa do Cafarnaum, estendendo-se para oeste, região da bacia de Irecê, onde a agricultura irrigada a partir de mananciais subterrâneos é prática comum. O mapa de recursos hídricos apresenta a localização dos poços de captação de mananciais subterrâneos cadastrados na Companhia de Engenharia Ambiental da Bahia, responsável pelo cadastro e monitoramento das captações subterrâneas do Estado. A água utilizada pela população de Lagoinha para a dessedentação deriva de um poço escavado que, apesar da demanda contínua de retirada de água e das condições climáticas adversas, com baixa precipitação e taxa de evaporação elevada, se mantém com níveis constantes durante todo o ano, podendo-se concluir que recebe contribuições subterrâneas. Representa portando um ponto de exutório do aqüífero. Fotografia 5.1.45 - Tanque escavado utilizado pela população de Lagoinha para dessedentação humana Coordenadas UTM : 8706992 / 2473591 - Fonte: V&S, 2011. A água deste poço escavado é utilizada pela população apesar de existir um poço de captação profunda ligado a um sistema simplificado de abastecimento, devido ao fato deste último apresenta água com salinidade elevada. 120 Fotografia 5.1.46 - SIAA de Lagoinha composta de casa de poço e reservatório elevado Coordenadas UTM 8.707.528 248.215 - Fonte: V&S, 2011 Fotografia 5.1.47 - Poço na localidade de Pedras às margens do rio das Pedras Coordenadas UTM 8.695.430 / 232.001 - Fonte: V&S, 2011. 5.1.5.4.3 Interrelação entre águas subterrâneas e superficiais Nas áreas serranas de ocorrência de litotipos da formação Morro do Chapéu onde ocorrem também áreas de afloramentos rochosos na forma de lajedos, as águas de precipitação infiltram no solo arenoso raso ou migram lateralmente até atingir as fendas na rocha, ficando armazenada neste sistema anisotrópico raso e de pouca capacidade de armazenamento. Eventualmente estas águas podem aflorar temporariamente nas áreas de encostas e fundos de vale. No limite oeste da área de Influência Indireta, feita pelo córrego Baixa de Cafarnaum, as águas de escoamento do leito principal do rio infiltram ao longo do leito esculpido em rochas calcárias, indo se incorporar aos mananciais subterrâneos. Da mesma forma os riacho Boa Vista, riachos do Cristal, e outros que cortam transversalmente a região serrana apresentam o leito seco, mesmo em períodos de elevada precipitação, 121 caracterizando um leito desenvolvido sobre áreas de dissolução, com a presença de sumidouros, por onde a água infiltra. A região apresenta formações superficiais e leito de rio muito permeáveis e a água que escoa em superfície, limitada a alguns meses do ano, é rapidamente direcionada para os mananciais subterrâneos, caracterizando portanto rios e riachos influentes. Assim, água subterrânea encontrada na Formação Caboclo, na região planáltica do lado leste da serra, ou no vale do córrego Baixa de Cafarnaum em rochas calcárias, nas áreas mais rebaixadas do relevo, provém da infiltração das precipitações pluviométricas. Já no córrego Baixa de Cafarnaum, que representa o nível de base local, que tem seu leito irregular com depressões formadas pela dissolução da rocha calcária, onde a água subterrânea aflora em trechos descontínuos alongo do leito, formando poços dispersos, sem entretanto apresentar escoamento superficial. Os baixos índices pluviométricos, a baixa capacidade de retenção de umidade dos solos e formações superficiais e a ocorrência de leitos permeáveis são responsáveis pela ausência de escoamento superficial e caráter intermitente dos rios e riachos da região. 122 5.2 MEIO BIÓTICO Neste item, serão apresentados os dados e principais características da fauna e flora regional, de tal forma que, permita-se uma análise adequada da estrutura e função ecológica dos elementos vivos predominantes na área de influência do projeto. 5.2 MEIO BIÓTICO Para a caracterização e análise do Meio Biótico - ecossistemas terrestres - da área de influência do empreendimento foram realizados levantamentos de dados secundários e campanhas de atividades de campo. No período de 29 de junho a 03 de julho de 2010 foi realizado o levantamento de avifauna e quiropterofauna pela Empresa Lacerta Consultoria, Projetos e Assessoria Ambiental. No período de 05 a 07 de novembro de 2010; 08 a 11 de dezembro 2010; 19 a 22 de dezembro de 2010; 11 a 16 de janeiro de 2011 e 09 a 12 de fevereiro de 2011, foi feito o diagnóstico da macrofauna terrestre pela V&S Ambiental Ltda. O esforço amostral para levantamentos de todos os grupos faunísticos foram feitos durante os caminhamentos. De 25 a 29 de abril de 2011, realizou-se diagnóstico de avifauna e quiropterofauna pela Empresa Papyrus Soluções Consultoria e Treinamento, Meio Ambiente, Qualidade e Saúde e Segurança do Trabalho. Durante o período de levantamento de dados secundários a equipe da V&S Ambiental realizou contatos junto representantes da Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente do Morro do Chapéu, Escritório da Diretoria de Unidade de Conservação (DUC) em Morro do Chapéu, Associação dos Condutores de Visitantes do Morro do Chapéu (ACV- MC). Os limites das áreas de influência, com referência ao Meio Biótico – ecossistemas terrestres são: Área de Influência Indireta (AII), que é delimitada a leste e a sul pelos divisores de águas das bacias hidrográficas dos rios Verde/Jacaré, que fazem fronteira com a bacia do rio Paraguaçu, a leste e a sul, pelos córregos das Pedras a oeste, englobando a norte a zona de amortecimento e a própria área do Parque Estadual de Morro do Chapéu. A AII abrange os contornos da AID adicionados a área do Parque e uma zona tampão, na qual vivem espécies de animais raros e ameaçadas de extinção e que preserva a vegetação característica de Cerrado, Caatinga e Campo Rupestre. Levou-se em conta, ainda para a definição da AII: a localização da área no contexto do semiárido, com vegetação caducifólia, que nos períodos de estiagens, sofre restrições climáticas levando espécies animais, em particular a fauna alada, a se deslocarem para outras as áreas em busca de recursos para a sua sobrevivência, podendo incluir aí o trânsito entre a área do empreendimento e a área do Parque Estadual Morro do Chapéu. Área de Influência Direta (AID), delimitada pelo divisor de águas das bacias hidrográficas dos Rios Verde/Jacaré (limites Sul e Leste). À Oeste sendo limitado pelo rio das Pedras e a Norte 123 pelo Córrego Boa Vista. Para a definição da Área de Influência Direta – AID levou-se em conta ainda: a distribuição da rede de drenagem de águas superficiais, que apesar de ser intermitente e não apresentar escoamento durante quase todo o ano, forma em seu leito áreas deprimidas, onde, eventualmente, ocorre acumulação de águas, característica de relevante valor, principalmente no contexto do semiárido e por se constituir em: áreas de dessedentação, nidificação e, conseqüentemente, de circulação de representantes da fauna. Esta área inclui as Grutas do Cristal 1 e 2, pelo fato destas serem áreas de refúgio de morcegos, que fazem parte da fauna cavernícola e saem para se alimentar em áreas vizinhas. Área Diretamente Afetada (ADA): para a definição desta área levou-se em conta as áreas onde serão executadas as obras de infra-estrutura, ou seja, implantação dos aerogeradores com uma faixa de proteção de 150 m de raio. Partindo-se do eixo das estradas vicinais, reservou-se 45 metros de largura, considerando-se 30 metros para cada lado e, além dessa faixa, baseado na Lei Federal 6.766/79 adotou-se uma reserva de mais 15 metros para cada lado da faixa de domínio (faixa "non-aedificandi"), na qual não se pode construir. Levou-se em conta ainda as áreas de intervenção para implantação de equipamentos e acessos, que serão objeto de supressão de vegetação implicando em perda de espécies vegetais e destruição de habitats da fauna silvestre; Escavação para implantação de equipamentos: que pode impactar a fauna fossorial e as suas tocas; Geração de ruídos, poeira, movimentação de máquinas: que poderá causar incômodo e evasão de animais. A espacialização dos limites descritos acima consta no Mapa de Áreas de Influência do Meio Biótico (mapa anexo ao relatório 1). A metodologia adotada para este diagnóstico está apresentada a seguir, considerando-se a cobertura vegetal, a flora, a fauna terrestre e a fauna cavernícola. Na fase de trabalho de campo, utilizou-se o GPS (Global Positioning System – receptor de sinais de satélite para posicionamento geográfico, modelo e Trex HC series) como instrumento de apoio e a câmera fotográfica digital. METODOLOGIA PARA DIAGNÓSTICO DA COBERTURA VEGETAL E FLORA Inicialmente foram levantados dados sobre o meio biótico do Município de Morro do Chapéu, junto à Companhia de Pesquisa e Recursos Minerais – CPRM, que disponibilizou em meio digital (CD) o Projeto Mapas Municipais do Morro do Chapéu (BA) – Informações para o Planejamento e Administração do Meio Físico – SIG elaborado em 2008 (CPRM/MME, 1995/2008). Dentre outros dados secundários foram utilizados estudos fitogeográficos realizados pelo RADAMBRASIL, que cobrem uma área relativamente grande e forneceram importantes informações para elaboração da caracterização da cobertura vegetal natural e das áreas 124 antropizadas. Para a elaboração do mapa de vegetação foram utilizadas bases cartográficas elaboradas pelo Departamento de Desenvolvimento Florestal – DDF/SEAGRE, SDF-SEMARH, atual SEMA-IMA, tendo sido atualizadas através de imagem satélite do Google Earth, além de observações de campo. A flora foi listada através de reconhecimento direto no campo com auxílio de guias de campo (bibliografia especializada), sendo que alguns dos dados secundários foram submetidos a atualizações referentes aos nomes científicos de espécies. Para cada espécie foi fornecido o táxon, nome vulgar, uso e área de ocorrência. Para a identificação em laboratório foi necessário coletar alguns exemplares botânicos que foram encaminhados ao Herbário da Bahia (BAH) da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA). Só foram coletadas partes em estado fértil dos espécimes, como ramos com flores e/ou frutos. As espécies foram ordenadas na tabela da Listagem Taxonômica das Espécies Vegetais no anexo V, seguindo a classificação taxonômica. Para a definição das espécies da flora ameaçadas de extinção, das áreas de influência foi confrontada a listagem com nomes científicos obtidos neste trabalho com a nova Instrução Normativa de setembro de 2008 do Ministério do Meio Ambiente, que diz respeito às espécies da flora brasileira ameaçadas de extinção. METODOLOGIA PARA REALIZAÇÃO DOS LEVANTAMENTOS FLORÍSTICOS E FITOSSOCIOLÓGICOS Para análise da estrutura da vegetação (Fitossociologia), nas formações vegetacionais, Caatinga e Campo Rupestre, apresentadas na área de influência direta do empreendimento foi usado o método da parcela, segundo Braun-Blanquet (1932); Weaver e Clement (1950); Curtis e Mcintosh (1951), onde para formação Caatinga foram alocadas 14 parcelas distribuídas de forma aleatória, possuindo dimensão de 10x20 m, formando uma área de 200 m2, perfazendo um total de 2800m2. De igual forma para formação Campo Rupestre foi usado o mesmo método acima citado, porém foram alocadas 12 parcelas distribuídas de forma aleatória, possuindo dimensão de 2x2 m, formando uma área de 4m², perfazendo um total de 48m². Os indivíduos existentes nas parcelas foram todos marcados com fita biodegradável e medidos com auxilio paquímetro ou fita métrica. Para marcação desses indivíduos no bioma Caatinga usou-se como critério de inclusão o DAS (diâmetro à altura do solo) igual ou superior a 3,0 cm, baseado na metodologia de Rodal, Sampaio e Figueiredo (1992) e para Formação Campo Rupestre, usou-se como critério de inclusão o DAS igual ou superior a 2,0 cm, de forma adaptada a metodologia de Pinto et al. (2009), pois como a vegetação do campo rupestre da área estudada apresenta diâmetros pequenos, foi necessário adotar o DAS igual ou superior a 125 2,0 cm. Os indivíduos foram medidos a uma altura de 0,30 cm do substrato, no entanto, quando houve deformações ou sapopemas no tronco a altura do solo, mediu-se o diâmetro acima do mesmo ou, quando as árvores possuíam bifurcação abaixo da altura do solo, foram considerados como indivíduos distintos, mensurando o diâmetro de cada ramificação. (Fotografias 5.2.1 a 5.2.5)). Fotografia 5.2.1 - Medição do Diâmetro Altura do Solo (DAS) de vegetação de caatinga com uso do paquímetro. Fonte - Rogério M. Cerqueira. Fotografia 5.2.2 - Uso do paquímetro para medição do Diâmetro Altura do Solo (DAS) de Alamandra no campo rupestre (AID). Fotografia 5.2.3 - Coleta de dados da altura de Alamandra (Allamandra puberula) no campo rupestre (AID). Em ficha de registro de campo foram levantados os dados: número de parcelas e dos indivíduos, espécies, DAS ou CAS (circunferência altura do solo) e altura dos indivíduos, para medida da altura utilizou-se uma vara graduada. Para levantamento florístico foi coletado material botânico e a identificação foi realizada no Herbário da BAH da EBDA (Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola), através do uso de 126 chaves analíticas de Freire (1943) e por comparação com exsicatas do acervo do BAH. O sistema adotado foi de Cronquist, segundo Barroso (1986). Alguns gêneros foram introduzidos em novas famílias baseado no Sistema de filogenia da APGII. Fotografia 5.2.4 - Equipe em coleta de dados fitossociológicos no campo rupestre (AID). Fotografia 5.2.5 - Uso da fita biodegradável para marcação dos indivíduos encontrados em parcelas no campo rupestre (AID). Os parâmetros utilizados na análise da estrutura da vegetação foram: número dos indivíduos, altura, fuste, área basal, densidade, freqüência, dominância absolutas e relativas, IVI (Índice de valor de importância), IVC (Índice de valor de cobertura), altura média dos indivíduos e índice de diversidade de Shannon. Para o cálculo dos parâmetros fitossociológicos foram empregadas as fórmulas introduzidas por Mueller-Dombois e Ellemberg (1974) e Rodal, Sampaio e Figueiredo (1992). (Tabela 5.2.1). Tabela 5.2.1 - Fórmulas para obtenção do índice fitossociológicos absolutos, relativos e sintéticos (IVI e IVC) e Índice de diversidade de Shannon Parâmetro Unidade Fórmula Área basal (Abi) m2 (Abi) = [(DAS)2 . π)]/4.(10000) Densidade Absoluta (DA) (ind./ha) (DA) = n/área Densidade Relativa (DR) % (DR) = n/N.100 Dominância Absoluta (DoA) (m²/ha) (DoA) = gi/área (gi=x/4.d²) Dominância Relativa (DoR) % (DoR) = (gi/G).100 Freqüência Absoluta (FA) FA = (Pi/P).100 Freqüência Relativa (FR) % FR = (FAj/FA).100 Índices de Valor de Importância (IVI) % (IVI) = DR+FR+DoR Índices de Valor de Cobertura (IVC) % (IVC) = DR+DoR Índice de Shannon (H’) nats/individuo H’ = - Σ pi. Ln pi 127 Onde: n = Número de indivíduos da espécie i N = Número total de indivíduos gi = π / 4 * d² - área basal total da espécie i d = Diâmetro à Altura do solo G = Somatório das áreas basais individuais (gi) Pi = número de parcelas com ocorrência da espécie i P = número total de parcelas amostradas FAi = frequência absoluta da espécie i FA = somatória das frequências absolutas de todas as espécies amostradas pi = estimativa da proporção de indivíduos (i) encontrados de cada espécie pi = ni / N Os dados fitossociologicos foram processados em planilhas do Microsoft Excel e apresentados em forma de tabela. Os levantamentos de campo foram realizados nos dias 8 a 11 de dezembro de 2010 e 11 a 16 de janeiro de 2011. METODOLOGIA PARA ELABORAÇÃO DOS PERFIS DA VEGETAÇÃO Foram levantados dados secundários e em especial junto ao Centro Planejamento e Estudos (Bahia), para que fossem obtidos dados de perfis da vegetação relacionados com os solos, clima, relevo e atividades antrópicas. Como dados primários foram elaborados perfis esquemáticos de vegetação de caatinga arbustiva/arbórea tendo sido utilizado dados fitossociológicos obtidos nas parcelas 1 e 3 assinaladas no mapa de vegetação (Anexo) e áreas de influência respectivamente coordenadas 0243393 / 8711805 e 0243410 / 8711680 UTM, pelo fato destas terem apresentado o maior número de indivíduos, expressando a fitofisionomia predominante de vegetação de caatinga arbustiva/arbórea. Foram tomadas as alturas medias da vegetação destas 2 parcelas, assim como, a porcentagem de ocorrência o que vem a dar um dado mais significativo para expressar o padrão do perfil esquemático da vegetação existente. Já para o campo rupestre foram tomados os dados fitossociológicos obtidos nas parcelas 5 e 6 assinaladas no mapa de vegetação e áreas de influências respectivamente coordenadas 0234556 / 8691614 e 0234586 / 8691528 UTM, por apresentarem maior numero de indivíduos expressando a fitofisionomia predominante de vegetação campo rupestre. Foram tomadas as alturas medias da vegetação destas 2 parcelas, assim como, a porcentagem de ocorrência, o que vem a dar um dado mais significativo. 128 METODOLOGIA PARA DIAGNÓSTICO DA FAUNA TERRESTRE Para um melhor dimensionamento do diagnóstico da macrofauna terrestre, a exemplo de anfíbios, répteis, aves e mamíferos, foi organizado check-list das espécies animais com possível ocorrência para aqueles tipos de ambientes, a partir de dados secundários, segundo trabalhos técnico-científicos, alguns na própria área de influência. Quanto ao levantamento das espécies animais em extinção das áreas de influência foi confrontada a listagem com nomes científicos obtidos neste trabalho com a nova lista do MMA - Lista Nacional das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção - Instrução Normativa nº 3, de maio de 2003. Também foi consultado o Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção. (MMA/Fundação Biodiversitas, 2008). Os estudos também tiveram como base contatos com representantes de órgãos ambientais locais, bem como entrevistas com moradores e trabalhadores da região (Fotografia 5.2.6) como o condutor de visitantes, e comunicações pessoais de pesquisadores, que desenvolveram levantamentos nas áreas de influência, entretanto, sem efetuarem publicações, mas com algumas documentações, através de registro fotográfico. Fotografia 5.2.6 - Entrevista com morador local e guia da equipe do meio biótico terrestre, o Sr. Beto (Albertino Bezerra da Silva). Coordenadas em UTM: 0247804.46/8692102.29. Fonte - Ivomar Carvalhal Britto. Devido à grande extensão da área e das dificuldades de acessos em alguns locais, após análise do mapa de vegetação do Estado da Bahia, disponível na SEMA foi possível selecionar, preferencialmente, áreas onde a vegetação encontrava-se mais conservadas, para visitas técnicas, partindo-se do pressuposto de que a fauna seria mais significativa nesses ambientes. 129 Posteriormente, caminhamentos foram realizados nas áreas objetos de estudo o que, além de auxiliar nas interpretações sobre o estado da cobertura vegetal da área e a fauna associada a estes ambientes, permitiu extrapolações de informações para áreas com características de textura e cor semelhantes, tendo sido mapeados alguns pontos relevantes de ocorrência de representantes da fauna. Quanto ao critério para identificação das áreas de refúgio e de reprodução levou-se em conta as formações vegetais fechadas, com especial referência às áreas de formação vegetal predominante, como também áreas de habitações humanas com frutíferas cultivadas, uma vez que estas representam abrigo, áreas de nidificação e atrativos para alimentação da fauna. Também foram consideradas as áreas próximas aos corpos d’água, pois animais usam esses ambientes para dessedentação e outras atividades em seus nichos ecológicos. No mapa de caracterização de sítios de relevância para a fauna na escala de 1:100.000, estão assinalados os pontos amostrais, onde foram realizadas as campanhas de campo (ver mapa anexo). Os animais foram reconhecidos por avistamentos, a olho nu ou através de binóculo (Minolta MK 10X50); manifestações sonoras; pegadas; pistas; ninhos; tocas; excrementos e restos de alimentos. De forma a se evitar captura de animais usou-se como recurso o registro fotográfico, através de máquinas digitais, gerando arquivos com documentação da ocorrência de representantes de diferentes grupos da fauna. Utilizou-se também guias de campo, ilustrados para a identificação, além de chaves sistemáticas. Para a identificação da artrofauna foram investigados os seguintes substratos: a superfície do solo, incluindo camada orgânica e ambientes sob rochas, o epíxilo (ramos e troncos caídos em decomposição), corticícolos (troncos e ramos de árvores vivas) e o ambiente rupícola (sobre as rochas). Quanto ao levantamento da herpectofauna (répteis e anfíbios) foram revirados troncos em putrefação, rochas e cascas de árvores. Também foram examinados cupinzeiros, tocas e as fitotermas das bromélias. As margens de lagoa, com especial referência a Lagoinha, foram percorridas à pé. Os trabalhos referentes à avifauna e a quiropterofauna foram efetuados, inicialmente, em duas frentes, ambas na Área de Influência Direta: uma desenvolvida na forma de monitoração prévia realizada pela Lacerta Consultoria, Projetos e Assessoria Ambiental em 2010, a outra pela equipe de Espeleologia da V&S Ambiental, abrangendo os anos de 2010 e 2011. Posteriormente, para atender notificação de 2011 (IMA), foi realizado, de forma complementar, diagnóstico da quiropterofauna da área de influência do empreendimento, pela empresa Papyrus Soluções (2011). O método adotado pela Lacerta para o diagnóstico da avifauna foi o da transecção livre, com aplicação das técnicas de observação direta e registro sonoro das aves no período das 6h00min 130 às 18h00min, quando dois observadores percorreram trilhas e caminhos pré-existentes, procurando cobrir a maior parte de da área influência do empreendimento proposto. No método de captura por rede de neblina, empregado no segundo dia de amostragem nas áreas estudas, ocorreram das 6h00min até 21h00min, de forma a possibilitar a captura de aves em diferentes horários do dia, além de animais de hábitos noturnos. Foram utilizadas 12 redes, com dimensões de 9m por 2,5m, armadas em dois grupos de 6, de modo a abranger simultaneamente, áreas de características diferentes. Tomou-se dados morfométricos das aves caídas em redes, as quais foram marcadas com anilhas coloridas, plásticas, abertas e realizadas solturas nas mesmas áreas de captura (LACERTA, 2010, pp. 9 e 10). Para o levantamento de campo, a Papyrus Soluções determinou a delimitação das áreas de influência do empreendimento sobre a avifauna local, considerando dados da área de vida da ave de rapina, o Gavião Carijó (Rupornis magnirostris), que tem ocorrência para a região, salientando que “é a única espécie registrada na área do empreendimento com dados disponíveis na literatura brasileira sobre extensão de uso de habitat. [Ainda acrescentam que] Em geral aves de rapina apresentam grandes áreas de vida e desempenham importante papel como predadores de topo de cadeia (THIOLLAY, 1989).” (PAPYRUS SOLUÇÕES, 2011, p.14 ). Assim, a equipe baseada também em Granzinolli (2009) e Barros et al. (2010), diz que a extensão máxima de movimentação para aves de rapina equivale a 1 a 1,5 km, optando por adotar como raio da área de influência direta (AID), o dobro da extensão de movimentação possível para o gavião-carijó e, para o raio da área de influência indireta (AII), o dobro da extensão da AID. (Mapa das Áreas de Influência – Anexo II do relatório da PAPYRUS SOLUÇÕES, 2011, anexo IX deste relatório) Ainda segundo a metodologia adotada pela Papyrus Soluções, foram percorridos 12 transectos, além de amostragens em 36 pontos, escolhidos de forma aleatória, apresentados no Mapa de Pontos de Amostragens – Lagoas e Tanques do relatório da Papyrus Soluções (2011) (vide Anexo I, no anexo IX deste relatório). O método de amostragem adotado para o inventário foi o Mackinnon List (2010), com listas consecutivas de 10 espécies (RIBON, 2010 apud PAPYRUS SOLUÇÕES, 2011). A Papyrus Soluções comparou nos resultados e discussões os seus dados com os amostrados na primeira etapa de trabalho realizados pela Lacerta (2010). (PAPYRUS SOLUÇÕES, 2011, p. 15 à 23 no anexo IX) Para a quiropterofauna a amostragem realizada pela Lacerta (2011) ocorreu com utilização de 12 redes de neblina (9m por 2,5m), que foram estrategicamente expostas em trilhas, clareiras, próximas à coleções d´água e grutas. A estrutura das redes foram armadas em dois conjuntos de 6, com o objetivo de amostrar áreas com características diferentes e favorecer maior captura. Estas foram abertas em dias alternados das 18h00min as 22h00min, sendo verificadas as redes a cada 30 minutos por 4 pessoas de forma a evitar que o animal permanecesse preso 131 por tempo prolongado, minimizando os riscos de morte. Durante o dia se fez procura visual e reconhecimento de abrigos naturais e artificiais de morcegos. Após esta etapa realizou-se os seguintes procedimentos: Os animais capturados foram medidos, sexados, verificados quanto à condição reprodutiva, categoria etária e identificados a menor nível taxonômico, de acordo com a chave de identificação de VIZZOTO e TADDEI, 1973 e o trabalho de REIS e colaborados, 2007 . Foram marcados com brinco numerado, fotografados e devolvidos ao ambiente no mesmo local de captura. Um representante de cada espécie foi coletado para confirmação da espécie, fixado em formalina a 10%, conservado em álcool para posterior tombamento em coleção de referência para confirmação sistemática (LACERTA, 2010, pp. 11 e 12) No diagnóstico da quiropterofauna realizado pela Papyrus Soluções (2011) são apresentadas as metodologias para a avaliação da diversidade desses mamíferos, quando se utilizou a comparação os resultados com os do monitoramento prévio pela Lacerta (2010, p. 45), realizados em 29/06/2010 e 03/07/2010 (LACERTA, 2010), sendo descritos os métodos utilizados para a captura com redes de neblina ao acaso em áreas potenciais (pp. 45 a 49) e para a Localização de colônias de quirópteros (pp. 49 e 50). A captura de quirópteros com redes de neblina ao acaso em áreas potencias, ocorreram em duas noites de amostragem, sendo a primeira em porções de área aberta com árvores e arbustos esparsos na margem de um açude e a segunda, em uma sede inativa de propriedade (Fazenda Juazeiro). Assim, a armação de oito redes de neblina (12x3 metros) em cada noite, ocorreu em dois pontos da área de influência (uma na ADA e outra na AID) cujos resultados são apresentados no QUADRO 3.1.2-1 (PAPYRUS SOLUÇÕES, 2011, p. 46, anexo IX). As redes abertas após o pôr-do-sol (17h30min), permaneceram assim até as 22h30min, totalizando cinco horas de exposição. Foram registrados os seguintes dados dos animais capturados: coordenadas geográficas da área de captura, a descrição do tipo de ambiente, o número de redes instaladas, o número total de espécies capturadas e o número de indivíduos de cada espécie. E cada exemplar obteve os seguintes dados biológicos: sexo, idade, estágio reprodutivo, tamanho do antebraço (mm) e massa (g). (PAPYRUS SOLUÇÕES, p.46). No caso de dúvidas sobre a identificação da espécie de morcego, capturados em ambas metodogologias, este foi fixado em formol 10% e conservado em álcool 70%, para posterior análise em laboratório e confirmação da identificação taxonômica. Os exemplares coletados serão, posteriormente, tombados em coleção científica. Nos demais casos foram realizados a soltura dos morcegos logo após as medições, no mesmo local da captura. (PAPYRUS SOLUÇÕES, p. 46 e 50) De forma geral, os mamíferos foram observados em locais de dessedentação e de disponibilidade de alimentos, ou seja, áreas com vegetais em processo de frutificação, a 132 exemplo de licurizeiros. As espécies levantadas pela equipe da V&S Ambiental (2010/2011), juntamente com aquelas registradas pela Lacerta (2010) foram ordenadas na Tabela do anexo VII, seguindo a classificação sistemática para os diversos grupos. Para cada animal foram fornecidos o nome científico, o nome vulgar, o status, a área de ocorrência e forma de registro. A listagem das espécies de ocorrência da avifauna na área de estudo, organizada pela Papyrus Soluções, e que inclui os estudos da Lacerta (2010) estão no Quadro 2.1.7-1: Lista preliminar da avifauna no Complexo Eólico Cristal (Cafarnaum, Morro do Chapéu e Bonito, Bahia, Brasil, do relatório (PAPYRUS SOLUÇÕES, 2011, pp. 32 a 40). As espécies de morcegos levantadas pela V&S Ambiental estão na listagem com todos os grupos da fauna da AII e da AID (Listagem taxonômica da fauna da área do empreendimento Complexo Eólico Cristal, Morro do Chapéu, Cafarnaum e Bonito, Bahia – anexo VI). Para a quiropterofauna, a Papyrus Soluções organizou duas listagens, sendo a primeira, mais geral, constando espécies no Estado da Bahia e com possibilidade de ocorrência potencial para Morro do Chapéu e a outra, mais específica, resultante de seus levantamentos de campo. Assim os levantamentos de dados secundários pela Papyrus Soluções, estão incluídas em lista de espécies e famílias de quirópteros com presença confirmada para o estado da Bahia e ocorrência potencial para o município de Morro do Chapéu (BA), nordeste do Brasil. (QUADRO 3.2.1-1 in PAPYRUS SOLUÇÕES, 2011, pp. 51 a 54) (anexo IX). Em outra listagem são apresentadas as espécies e famílias de quirópteros (Mammalia, Chiroptera) com presença confirmada para área do empreendimento proposto, constando de distribuição geográfica e status de conservação no Quadro 3.2.4-1 (PAPYRUS SOLUÇÕES, 2011, p. 72, (anexo IX). As listagens, mais específicas da área de influência do empreendimento, contem dados biológicos dos exemplares capturados com redes de neblina, ao acaso, em área de açude e vegetação arbórea e arbustiva - 22/04/2011 (QUADRO 3.2.2-1 in PAPYRUS SOLUÇÕES, 2011, p. 55) e em área aberta com vegetação arbórea e arbustiva - 25/04/2011 (QUADRO 3.2.2-2 in PAPYRUS SOLUÇÕES, 2011, pp. 55 a 56 - anexo IX). Os resultados da Lacerta (2010), que compreenderam captura em rede em áreas de influência, não envolveram estudos realizados dentro das grutas estando apresentados, na íntegra, em relatório técnico intitulado – Relatório Parcial do Monitoramento Prévio da Avifauna e Chiropterofauna – Complexo Eólico Cristal. (LACERTA, 2010). (anexo VII) A Papyrus Soluções comparou os dados sobre quiropterofauna da Lacerta com os seus resultados as considerações estão no Relatório Diagnóstico da Avifauna e Quiropterofauna (item Discussão, PAPYRUS SOLUÇÕES, 2011, p. 75 - anexo IX). 133 METODOLOGIA PARA DIAGNÓSTICO DA FAUNA CAVERNÍCOLA Inicialmente realizou-se levantamento de dados secundários sobre as cavernas da Área de Influência Direta – AID (Gruta Cristal I e Gruta Cristal II), compreendidas aqui como Complexo Gruta Cristal I e Gruta do Cristal II, constatando-se a existência de dados gerados pela CPRM/MME (1995/2008). Os trabalhos referentes à fauna cavernícola, com enfoque à quiropterofauna foram efetuados, inicialmente, em duas frentes na Área de Influência: uma desenvolvida na forma de monitoração prévia, realizada pela Lacerta, que resultou no Relatório Parcial do Monitoramento Prévio da Avifauna e Chiropterofauna - Complexo Eólico Cristal, o qual abrange os trabalhos realizados fora das grutas Cristal I e Cristal II (LACERTA, 2010, anexo VII), e a outra frente de trabalho foi realizada pela equipe da Espeleologia da V&S Ambiental, nos períodos de 11 a 16 de janeiro de 2011 e 9 a 12 de fevereiro de 2011, a qual fez parte o Consultor Técnico Biólogo Dr. Edilson Pires de Gouvêa, cujas atividades como Bioespeleólogo tiveram como objetivo o reconhecimento do ambiente do entorno e interior das grutas com o levantamento da fauna local. Os resultados são apresentados nos itens o e s deste relatório. Posteriormente, outra frente de trabalho foi gerada para atender Notificação do Instituto do Meio Ambiente (IMA) de 01/04/2011, Processo: 2009-000250/ TEC/LL – 0007, sendo realizada pela Empresa Papyrus Soluções, e que resultou em Relatório Complementar – Diagnóstico Avifauna e Quiropterofauna cujos resultados encontram-se no anexo IX. Segundo a Papyrus Soluções (2011) os estudos com armação de rede de neblina foram realizados na entrada das Grutas Cristal I, Cristal II e Oliveira, sendo que na Gruta do Barrocão foram colocadas no interior do primeiro saguão. Nesta última, o procedimento adotado é justificado pela equipe devido à característica do relevo, que impossibilitou a armação da rede em frente à caverna. Para observação das grutas foram feitas penetrações com luminosidade artificial. Inicialmente enfatizou-se a caracterização topográfica e, em paralelo, foram feitos registros fotográficos do ambiente interno destas, bem como, dos organismos e/ou vestígios da fauna no local, o que envolve suas atividades e condição de permanência nas cavernas, ou seja: total, parcial ou acidental, respectivamente. Na Espeleologia tais condições de vida são conhecidas como troglóbias, troglófilas e trogloxenas. Também foram observados restos de alimentos, materiais regurgitados, pegadas, pistas, excrementos e carcaças. 134 5.2.1 Ecossistema Terrestre 5.2.1.1 Vegetação 1. Área de Influência Indireta Descrição e caracterização da cobertura vegetal, especificando o bioma, considerando a extensão e distribuição das formações vegetais, apresentadas em escala 1:100.000. 5.2.1 Ecossistemas Terrestres 5.2.1.1 Vegetação A seguir é apresentada a descrição das fisionomias de vegetação por área de influência. § Área de Influência Indireta (AII) Na AII são encontradas as seguintes formações vegetais: Floresta Estacional, Caatinga, Cerrado e Campo Rupestre. Alguns desses ambientes foram alterados pelo uso para a pecuária e agricultura. Vale destacar que foi inserido na AII o Parque Estadual de Morro do Chapéu com sua área de amortecimento. O Parque tem uma área de 46.000 hectares, estando localizado na região da Piemonte da Chapada Diamantina e está situado na bacia hidrográfica do Rio Paraguaçu. Neste item são apresentadas a descrição e caracterização da cobertura vegetal, especificando o bioma, considerando a extensão e distribuição das formações vegetais, apresentadas em escala 1.100.000. DESCRIÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA COBERTURA VEGETAL A vegetação do município do Morro do Chapéu tem uma característica singular devido ao fator climático, composição química e estrutura do solo; a topografia do terreno e a altitude. Daí serem encontrados vários biomas na região, a exemplo da Caatinga e Cerrado. A intensidade, variação espacial e temporal do regime pluviométrico, explica o fato de que um mesmo tipo de solo seja revestido por diferentes subformações vegetais. Outro aspecto relevante são as baixas temperaturas registradas à noite, que propiciam a precipitação na forma de orvalho, que é aproveitado pelos vegetais em período de estiagens. As orquídeas representam um grupo muito importante na região que segundo Bastos (2009) perfazem 53 espécies listadas para o município, as quais estão distribuídas em 29 gêneros (Listagem Taxonômica das Espécies Vegetais – anexo V). Os gêneros de maiores representatividades foram Ocidium SW. e Epidendrum L. com 5 espécies. Ainda segundo Bastos (2009) a maioria das espécies ocorre, exclusivamente, em áreas de mata 135 (47%), sendo o campo rupestre o segundo tipo vegetacional mais rico em Orquidaceae no município, com 27% das espécies, ocorrendo exclusivamente nesse ambiente. A capacidade das orquídeas, por possuírem velame e pseudobulbos, faz com que captem e acumulem a umidade proveniente do orvalho e neblina adaptando-se ao ambiente de campo rupestre. Ainda segundo Bastos (2009), um número menor de representes das orquidáceas foi encontrado na caatinga (22%), embora este ambiente seja predominante em Morro do Chapéu. Cerca de 4% das espécies ocorrem em mais de um ambiente. Quanto ao habitat das espécies: 44% são exclusivamente epífitas, 31% são exclusivamente terrestres, 21% exclusivamente rupícolas e 4% apresentam mais de um hábito (BASTOS, 2009). A flora da região do Morro do Chapéu possui a maior concentração e diversidade de cactos da Bahia, o que pode ser atribuído à grande extensão de ‘habitats’ disponíveis, resultado das características da geologia e da geomorfologia da região, que influenciam no clima, para a colonização e distribuição de plantas suculentas. Nas rochas calcárias de coloração acinzentada ocorre o Melocactus azureus, espécie rara e endêmica. As rochas metamórficas são derivadas de sedimentos arenosos ricos em quartzo e de arenito, juntamente com o solo, formado por sua decomposição se constituem em condições ideais para as cactáceas, as quais crescem, nas fissuras ou depressões com acumulação de areia, gravilhões e outros detritos como o húmus proveniente da biomassa da vegetação morta. Muitas espécies de plantas foram descobertas e estudadas em áreas do município de Morro do Chapéu, a exemplo do Philodendron leal-costae, que levou o nome do professor, botânico e estudioso da região Alexandre Leal Costa. FORMAÇÕES VEGETAIS - Floresta Estacional Estas matas também são conhecidas como matas secas e são chamadas estacionais por perderem as folhas na estação seca. Geralmente são encontradas em solos profundos, relativamente ricos em nutrientes, sendo que as que ocorrem nas áreas de afloramentos rochosos, geralmente perdem totalmente as folhas na época seca e são denominadas decíduas em contraste com as que ocorrem sobre solos planos e em encostas que mantém parte das suas folhagens e são denominadas semideciduais. Já os troncos “a maioria das espécies lenhosas são retilíneas com as copas formando-se após os 6m de altura”. (FELFILI; CARVALHO; HAIDAR, 2005, p.32). Dentre as espécies arbóreas típicas pode-se citar o Itapicurú (Goniorrhachis marginata Taub.). Este ambiente florestal pode ser caracterizado por aspectos funcionais e florísticos e relaciona136 se ao clima de duas estações, uma chuvosa e outra seca, ou com acentuada variação térmica. Neste clima determina uma estacionalidade foliar dos elementos arbóreos dominantes, os quais têm adaptação, ora a deficiência hídrica, ora a queda de temperatura nos meses frios. Essas matas também são conhecidas como matas secas. - Caatinga O termo “caatinga” de origem Tupi significa “mata branca”, fazendo uma analogia ao aspecto da vegetação, quando durante a estação seca a maioria das árvores perde as folhas e os troncos esbranquiçados e brilhantes dominam a paisagem (PRADO, 2003 apud LEAL et. al., 2005). Essa paisagem “é dominada por uma vegetação arbustiva, ramificada e espinhosa, com muitas euforbiáceas e bromeliáceas, cactáceas” (COIMBRA-FILHO e CÂMARA, 1996 apud LEAL. I. R. et. al., 2005, p.140). Acredita-se que a origem da vegetação da Caatinga faça parte de uma floresta tropical seca sazonal, que ocupou grandes áreas da América do Sul em períodos mais secos e frios durante o Pleistoceno (PENNINGTON et al., 2004 apud LEAL I.R. et et. al., 2005). Este Bioma, compreendido entre os paralelos de 2º 54’ S a 17º 21’ W, integra parte dos Estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e Minas Gerais. (PRADO, 2003). Tem uma área aproximada de 800.000 km², correspondente a 11% do território nacional, e 70% do território nordestino (DRUMOND, KIIL, LIMA. 2000). A fisionomia de caatinga constitui aspecto dominante na região semi-árida, apresentando variações florísticas e fisionômicas. “Sua vegetação xerófila é essencialmente heterogênea no que se refere à fitofisionomia e à estrutura, tornando difícil a elaboração de esquemas classificatórios, capazes de contemplar satisfatoriamente as inúmeras tipologias ali ocorrentes”. (ANDRADE-LIMA, 1981; BERNARDES, 1985 apud CALIXTO et. al. 2009). As espécies das caatingas ou nas caatingas passam por adaptações ao ambiente semiárido. Bromeliáceas, por sua vez, representam um ecossistema à parte, pois abrigam vários representantes da fauna, sendo de suma importância na sobrevivência desses organismos desde os primeiros momentos do seu ciclo de vida até ocasiões críticas nas estiagens, considerando-se que estas são reservatórios naturais de água, constituindo-se, portanto, em espécie chave. No Morro do Chapéu são comuns bromélias sendo evidente a macambira-de-flecha (Bromelia laciniosa) (Fotografia 5.2.7) no entorno da Lagoa das Velhas, na área do Parque Estadual Morro do Chapéu. 137 Fotografia 5.2.7 - Macambira-de-flecha (Bromelia laciniosa), Parque Estadual Morro do Chapéu. Coordenada: UTM 245571.44mE/8727850.61mS. Fonte - Leida Baracat de Oliveira, 13.01.2011. As orquídeas, no caso específico de Morro do Chapéu são muito expressivas, dentre as 53 espécies com ocorrência para a região, 22% ocorrem no ambiente de caatinga (BASTOS, 2009). Essa região também é a mais rica em cactáceas no Estado da Bahia, sendo muito evidente, assim como bromeliáceas os cactos-cabeça-de-frade (Fotografia 5.2.8), na área do Parque Estadual Morro do Chapéu. No Morro do Chapéu ocorrem espécies endêmicas da Bahia, a exemplo do Melocactus erythracanthus e o Melocactus glaucescens. Esta última é endêmica do Morro do Chapéu. Fotografia 5.2.8 – Cacto cabeça-de-frade (Melocactus albicephalus), Parque Estadual Morro do Chapéu. Coordenada: UTM 245668.44 mE /8728775.04mS. Fonte - Leida Baracat de Oliveira, 13.01.2011. Nesse sentido, a Caatinga com sua vasta área possui milhares de espécies de plantas vasculares forma “um mosaico de arbustos espinhosos e de florestas sazonalmente secas, [...] com peixes, répteis, anfíbios, aves e mamíferos, onde o endemismo varia entre 7% e 57%.” LEAL et. al. (2005) Esses autores ainda acrescentam que 15% deste Bioma estão sob ameaça de desertificação, devido ao inadequado uso do solo. O bioma também possui poucas unidades de conservação, que possam proteger sua diversificada biota. 138 A região de caatinga é caracteriza pela presença de cactos altos como o mandacarú-de-boi, Cereus jamacaru e o mandacaru-facheiro (Pilosocereus pachycladus),(Fotografia 5.2.9) tendo ocorrência também de arbustivas como a Arrojadoa penicillata, cujas flores são polinizadas por beija-flores e o arbusto pequeno, Cereus albicaulis. O Discocactus bahiensis é uma espécie pequena e que aparece em solos pedregosos. Já o Discocactus zehntneri, sub-espécie boomianus é endêmica e rara da Bahia e está catalogada no CITES. Fotografia 5.2.9 – l-facheiro (Pilosocereus pachycladus) no Parque Estadual Morro do Chapéu. Coordenada: UTM 245638.49mE/8728659.92mS. Fonte - Leida Baracat de Oliveira, 13.01.2011. Acredita-se que o Melocactus albicephalus seja um híbrido natural entre o Melocactus erythracanthus e o Melocactus glaucescens, espécies endêmicas da Bahia. O Melocactus concinnus ocorre numa longa extensão dos solos de caatinga e cerrado. O Melocactus pachyacanthus subsp. viridis, cresce no mesmo habitat do Melocactus azureus, encontrado na região. O Melocactus zehntneri é a que possui maior porte dentre as espécies deste gênero encontradas na região. O Micranthocereus flaviflorus subespécie densiflorus nascem em grande quantidade de um pseudo-cálice lateral, composto de penugem e cerdas. Outra espécie muito comum é o quipá (Opuntia inamoena) e a Opuntia palmadora, que dão frutos semelhantes, sendo os dessa última, menores que os da primeira. A Pereskia bahiensis também é muito difundida na caatinga. Dentre outras, verificou-se na a presença marcante da dedaleira (Allamanda puberula) na paisagem do Parque Estadual Morro do Chapéu e na sua área de amortecimento. Por ocasião da visita de campo esta planta com potencial paisagístico, encontrava-se florida. (Fotografia 5.2.10) 139 Fotografia 5.2.10 - Dedaleira (Allamanda puberula) planta marcante na paisagem do Parque Estadual Morro do Chapéu, principalmente nas margens da estrada de acesso principal. Coordenada: UTM 245619.16 mE/8728666.26mS. Fonte - Leida Baracat de Oliveira, 13.01.2011. O bioma Caatinga ocorre em todas as áreas de influência, abrangendo as áreas do município de Cafarnaum, Bonito e Morro do Chapéu. - Campo Rupestre Na parte superior de grande altitude (800 m) do município de Morro do Chapéu, como em outras regiões da Chapada Diamantina, ocorre um tipo vegetação montês conhecida como “campo rupestre”, que domina a paisagem. Apesar da zona de campo rupestre estar submetida a um clima muito mais suave do que a caatinga situada em terras mais baixas e ocorrer em temperaturas mais baixas, maior precipitação e umidade atmosférica, favorecida pelas neblinas, as plantas nesse ambiente tem caráter xeromórfico, pois a vegetação cresce diretamente sobre o substrato rochoso. Este tipo de vegetação apresenta predominância de um estrato herbáceo-arbustivo extenso sobre solos arenosos rasos, e um estrato mais arbustivo relacionado a presença de afloramentos rochosos. É marcante a presença de espécies xerofíticas, em função do substrato rochoso, nem o arenoso reterem água. Apesar das limitações o ambiente apresenta significativa diversidade de espécies vegetais. A Vellozia é um gênero característico deste ambiente e na Chapada Diamantina a cactacea Micranthracereus purpureus é uma das espécies características. Essa formação vegetal apresenta predominância de um estrato herbáceo-arbustivo extenso sobre solos arenosos rasos, e um estrato mais arbustivo relacionado à presença de afloramentos rochosos. Nessas áreas são encontradas plantas pertencentes à família 140 Bromeliaceae (Vriesia sp., Orthopytum sp.), Cyperaceae (Trileps sp.), Guttiferae (Clusia sp.), Melastomataceae (Tibouchina sp.), Mirtaceae (Myrcia sp.), Velloziaceae (Vellozia sp.), dentre outras. Os brejos com sua vegetação hidrófila, formados pelas áreas aluviais dos rios tem como famílias mais representativas as Menyanthaceae (Nymphoides sp.), Typhaceae (Typha dominguensis) e Araceae (Lemna valdiviana). (Fotografia 5.2.11) Fotografia 5.2.11 - Vista geral da área embrejada formada na margem do Córrego das Pedras. Coordenada: UTM 0234519 mE/ 8619683 mS. Fonte - Leida Baracat de Oliveira, 13.01.2011. Algumas espécies são características da zona de campo rupestre, como a Micranthocereus purpureus e Stephanocereus luetzelburgii, ou ainda ocasionalmente, o Melocactus oreas subespécie cremnophilus, que normalmente não é encontrada nas zonas mais altas, habitando áreas de ecótone entre o campo rupestre e zonas de Cerrado. - Cerrado O Cerrado está condicionado por solos pobres e ácidos, associado a um clima sazonal de um período seco e de uma chuvosa. No Semiárido o Cerrado é mais expressivo em regiões elevadas. A vegetação do cerrado pode ser definida como xeromorfa, oligotrófica, com fisionomias variando do arbóreo denso ao gramíneo-lenhoso. É caracterizada, de modo geral, por apresentar árvores tortuosas de pequeno porte, apresentando-se esparsas e, por vezes, algumas de porte arbustivos, em moitas ou também isoladas, agrupadas sobre um estrato gramíneo-herbáceo. O estrato graminoide, nem sempre contínuo é composto poaceas como 141 Paspalum sp., Trachypagon sp. e Aristida sp, entremeado por lenhosas raquíticas. O Cerrado apresenta a fisionomia de campo limpo, sendo o estrato herbáceo bem desenvolvido e quase contínuo, constituído por espécies de Poaceae, a exemplo dos gêneros Panicum, Aristida, Axonopus e Trachypogon. - Agrossistemas Sob esta denominação foram incluídas as áreas que sofreram transformações pela intervenção humana, através de cultivos diversos, a exemplo da palma Opuntia ficus-indica e outras forrageiras como suporte para a pecuária: as poaceas braquiária (Brachiaria humidicola), o campim-búfalo (Cenchrus ciliaris L.) e o milheto (Pennisetum typhoides) e a FabaceaePapilionaceae: anileira ou indigo (Indigofera endecaphylla). Parte da vegetação natural encontra-se alterada devido à implantação de agrossistemas, a exemplo do cultivo do maracujá e do café e a agricultura de subsistência como o milho (Zea mays), (Fotografia 5.2.12), feijão (Phaseolus vulgaris) e mandioca (Manihot spp). Fruticultura de clima temperado como morango, pêssego e figo, também são encontradas. Fotografia 5.2.12 – Milharal em Lagoinha (AID). Fonte © Leida Baracat de Oliveira. 12.01.2011. A região de Morro do Chapéu com clima apropriado para a produção de vinhos finos, pode se transformar, num futuro próximo, em referencial mundial e ser reconhecida como a “Champagne brasileira”. A Secretaria de Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária (SEAGRI) assinou convênios de cooperação com Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Semiárido) e a Associação de Criadores e Produtores de Morro de Chapéu, a partir do qual serão feitas avaliações técnicas e econômicas de videiras viníferas destinadas à produção de uvas na Chapada Diamantina. O covênio segundo o site (bahiaemfocos e da tribuna da Bahia) prevê a instalação de Unidades de 142 Observação (UO’s) na Chapada Diamantina, com vinhedos experimentais e as culturas do pessegueiro, amexeira, pereira, macieira, cerejeira e oliveira. A avaliação do desempenho agronômico ficou a cargo da Embrapa Semiárido e da EBDA. (Morro do Chapéu vai produzir o champanhe brasileiro. 03 de agosto de 2010. Disponível em: http://www.bahiaemfocos.com/2010/08/morro-do-chapeu-vai-produzir-o.html, e Chapada vai produzir uvas para vinhos finos Publicada: 03/08/2010 00:05| Atualizada: 02/08/2010 23:40 Disponível em: http://www.tribunadabahia.com.br/news.php?idAtual=55107). 2. Área de Influência Direta - Vegetação a)Identificação e caracterização da cobertura vegetal, em escala com detalhe mínimo de 1:25.000, identificando espécies vegetais raras, ameaçadas de extinção, indicadoras de alterações ambientais e de interesse econômico e científico; § Área de Influência Direta (AID) a) Identificação e caracaterização da cobertura vegetal na escala com detalhe mínimo de 1:100.000, identificando espécies vegetais raras, ameaçadas de extinção, indicadores de alterações ambientais e de interesse econômico e científico. Na AID são encontradas Caatinga e Campo Rupestre (fotografia 5.2.13), além de ambientes alterados por influência antrópica, tais como implantação de pastagens e agrossistemas. Estes ambientes foram apresentados, preliminarmente, no item descrição geral das fitofisionomias. No entanto foram feitos levantamentos específicos em área de Caatinga, mais especificamente no entorno da Gruta Cristal I (Fotografia 5.2.14) e Gruta Cristal II (Fotografia 5.2.15), localizadas na Fazenda Cristal (UTM 0247875 e 8692269) e em área de Campo Rupestre (UTM 0234561 e 8691632). Fotografia 5.2.13 - Área de transição campo rupestre (primeiro plano) com caatinga 143 ao fundo. Fonte - Leida Baracat de Oliveira, 14.01.2011. Fotografia 5.2.14 – Licurizeiro no entorno da entrada da Gruta Cristal I. Coordenada: UTM 0246606 / 8707375. Fonte - Leida Baracat de Oliveira, 14.01.2011. Fotografia 5.2.15 - Licurizeiro, bromélias e barriguda (lado direto) ao alto da entrada da Gruta Cristal II. Coordenada: UTM 245612.75/8728819.42. Fonte - Leida Baracat de Oliveira, 14.01.2011. Fotografia 5.2.16 - bromélias ao alto da entrada da Gruta Cristal II. Coordenada: UTM 245612.75/8728819.42. Fonte - Leida Baracat de Oliveira, 14.01.2011. Os resultados constando de estratos vegetais são apresentados a seguir nas Tabelas 5.2.2 e 5.2.3, respectivamente. Tabela 5.2.2 - Listagem taxonômica com estrato vegetal de espécies da Caainga da AID (Fazenda Cristal), Município de Morro do Chapéu - BA. TAXON NOME VULGAR ESTRATO VEGETAL HABITAT AMARANTHACEAE Alternanthera ficoidea Herbáceo CAA. APOCYNACEAE Aspidosperma pyrifolium M. Pau pereiro Arbóreo CAA. ARECACEAE Syagrus coronata (Mart.)Becc Licurizeiro Arbóreo CAA. ASTERACEAE Ageratum conyzoides L. Mentrasto Herbáceo CAA. BIGNONIACEAE Handroanthus spongiosus Cascudo, sete-cascas Arbóreo CAA. (Rizzini)S.Grose Telinum triangulare(Jack) Willd. Lingua-de-vaca Herbáceo CAA. 144 TAXON BROMELIACEAE Aechmea aquilega(salisb.)Griseb. CANNABACEAE Celtis iguanae (Jacq.)Sarg. CONVOLVULACEAE Jacquemontia heterantha (Nees & Mart.) Hallier FABACEAE/MIMOSACEAE Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan FABACEAE/CAESALPINACEAE Hymenaea courbaril L. Poincianella pyramidalis (Tul.) L.P.Queiroz Senna spectabilis (DC.) H.S. Irwin & Barneby MALVACEAE Gaya pilosa K. Schum. Sida carpinifolia L. ORCHIDACEAE Vanilla sp. POLYPODIACEAE Micrograna vexiflora RUTACEAE Dictyoloma vandellianum A. Juss. SOLANACEAE Solanum erianthum D. Dom Solanum lycocarpum St. Hil. Salpichroa origanifolia (Lam.) Baill. NOME VULGAR ESTRATO VEGETAL HABITAT Gravatá Arbustivo CAA. Juá-mirim Arbóreo CAA. Cipó CAA. Angico Arbóreo CAA. Jatobá Pau-de-rato, catingueira Arbóreo CAA. Arbóreo CAA. São–joão Arbóreo CAA. Guaxuma Tupixa Arbustivo Arbustivo CAA. CAA. Baunilha Epífito CAA. Herbáceo/Epífito CAA. Arbóreo CAA. Arbustivo Arbustivo/Árbóreo Herbáceo CAA. CAA. CAA. - Feto-rabo-de-rato Para-tudo Caiçara Lobeira Budim Legenda: CAA = Caatinga. No Campo Rupestre (CR), área com formação rochosa com muitos afloramentos, são possíveis de observar a predominância de espécies como a Bromélia Dyckia sp., e outros gêneros típicos deste ambiente como o Baccaris, Vellozias e outras espécies que tem tolerância por locais ensolarados e abertos. O local é cortado pelo Córrego das Pedras. (UTM - 0234561 e 8691632). Tabela 5.2.3 - Listagem taxonômica com estrato vegetal de espécies da AID (Campo Rupestre, Coordenada - 0234561 e 8691632), Cafarnaum - BA. TAXON NOME VULGAR ESTRATO VEGETAL HABITAT APOCYNACEAE Mandevilla coccinea (Hook & Jalapa silvestre Herbáceo CR Am.)Woodson ASPLENIACEAE Asplenium nidus L. Folha-de-urubú Herbáceo CR ASTERACEAE Baccharis dracunculifolia DC Alecrim-de-vassoura Herbáceo CR Vernonia scorpioides (Lam.)Pers. Erva-preá Herbáceo CR 145 TAXON BROMELIACEAE Deuterocohnia meziana Kuntze ex Mez Dyckia Glaziovii Bak. Tillandsia recurvata L. CACTACEAE Melocactus zehntneri (Britton & Rose) Luetzelb. Opuntia inamoenaK.Schum. Rhipsalis baccifera Facheiroa cephaliomelana B & T CYPERACEAE Cyperus rotundus L. EUPHORBIACEAE Croton cellowii Baill. Manihot epririnosa Pax.& Hoffmann. Croton migrans Casar. ERIOCAULACEAE Syngonanthus sp. FABACEAE/MIMOSACEAE Acacia bahiensis Benth FABACEAE/PAPILIONACEAE Stylosantres capitata Vog. Crotalaria mucronata Dasv. Cassia rotundifolia Pers. Dahlstedtia pinnata (Benth.) MALVACEAE Malva sp. MELASTOMATACEAE Desmoscelis villosa (Aubl.) Naudin Marcetia lanuginosa Wurdack POACEAE Brachiaria mutica Asplenium nidus L. POLYPODIACEAE Erythroxylum sp. RUBIACEAE Rubia tetragona K. Schum VELLOZIACEAE Vellozia plicata Mart. Vellozi epidendroides Mart. ex Schult. & Schult. Vellozia subscabra J.C. Mikan VERBENACEAE Stachytarpheta trispicata Nees & NOME VULGAR ESTRATO VEGETAL HABITAT Bromélia Arbustivo CR Bromélia Barba-de-bode Arbustivo Arbustivo CR CR Cabeça-de-frade Herbáceo CR Palma-de-lagêdo Cacto macarrão Facheiro de pedra ou xique-xique Herbáceo Epífito CR CR Arbustivo CR Capim-dandá Herbáceo CR Arbustivo CR Mandioca-brava Arbustivo CR Velaminho Herbáceo CR Sempre-viva Herbáceo CR Unha-de-gato Arbóreo CR Estilosante Cascaveleira Alfafa-nativa - Herbáceo Arbustivo Arbustivo Arbustivo CR CR CR CR - Arbustivo CR - Arbustivo Arbustivo CR CR Capim-do-clima Capim favorito Herbáceo Herbáceo CR CR Avenquinha Herbáceo CR - Herbáceo CR Vellozia Arbustivo CR Vellozia Arbustivo CR Vellozia Arbustivo CR Gerbão azul Arbustivo CR - 146 TAXON NOME VULGAR ESTRATO VEGETAL HABITAT Mart. Legenda: CR = Campo Rupestre. Não foi possível apresentar mapa de vegetação da AID na escala de 1:25.000. Isto por se tratar de uma área de grande extensão e de difícil acesso, o que nessa escala não seria possível atender a exigências, uma vez que a maior folha para impressão é o tamanho AO, sendo que seria necessária uma folha, ainda maior para atender a exigência. Foi usada a base do DDF em escala 1:100.000 para o reconhecimento regional. De qualquer forma, o trabalho com os elementos existentes permitiu que os biomas fossem checados, chegando até a alterar informações na base pré-existente em que uma área identificada como de floresta estacional, fosse modificada para área de caatinga. Também foram mapeadas e redelimitadas áreas antropizadas, o que redefiniu o limite das unidades fitogeográficas (mapa de vegetação em anexo). Vale ressaltar que o mapa anteriormente apresentado, no primeiro relatório, no qual consta as áreas de influência, foi na escala de 1:150.000 e o mapa constante neste relatório de diagnóstico está sendo apresentado na escala de 1:100.000. Espécies vegetais raras, ameaçadas de extinção As características fitogeográficas, com ambientes diversificados, favorecem a existência de endemismos. A descoberta de novas espécies como a Camarea elongata da Família Malpighiaceae, descrita por Mamede (1990) e Mimosa morroensis – espécie endêmica do Morro do Chapéu, conhecida por apenas uma coleta (LEWIS, 1987), traduzem a característica da região. As cactáceas Melocactus paucispinus e Melocactus glaucescens endêmicas da Bahia, estão incluídas na lista de espécies ameaçadas de extinção Convention ou Internactional Trade in Endangered Species of Wild Fauna and Flora (CITES). O Melocactus glaucescens também está incluída na lista de espécies ameaçadas do Ministério do Meio ambiente (M.M.A, 2008; CITES, 2009). Os autores Resende (2010) e Colaço et al. (2006) trazem considerações importantes sobre a distribuição dessas espécies de cactáceas, a saber: “A espécie M. glaucescens é endêmica da região do Morro do Chapéu, na Bahia ocorrendo em uma pequena região de cerca de 10 km2, sendo conhecidas apenas quatro populações com um número reduzido de indivíduos.” (TAYLOR, 2000; TAYLOR e ZAPPI, 2004 apud RESENDE, 2010, p. 13). Colaço et al. (2006) Estudaram duas áreas com populações dessa espécie: a primeira população foi utilizada para o estudo de visitantes florais, estando localizada em área a 22 km da sede de Morro do Chapéu, mais especificamente ao lado da rodovia BA 052, no Parque Estadual de Morro do Chapéu, a 910 m de altitude (11°29’19” S e 41°10’43” W). “ [...] Esta população possui cerca de 180 indivíduos, 147 sendo cerca de 80 adultos, em uma área de cerca de 3.300 m2, com densidade média 0,05 indivíduos por m2.” (COLAÇO et al. 2006, p.240). A outra população ainda segundo este autor foi utilizada para o estudo do sistema reprodutivo, estando em área cerca de 50 km do Município de Morro do Chapéu, próximo ao distrito de Brejões, em 748 m de altitude nas coordenadas 11º 16’ 23” S e 41º 05’ 06” W. Já a espécie M. paucispinus, encontrada nos municípios Morro do Chapéu, Rio de Contas, Abaira, Seabra e Umburanas (TAYLOR e ZAPPI, 2004, MACHADO, 2009 apud RESENDE, 2010, p. 13), tem sua distribuição, de acordo com Resende (2010), ocupando “uma área menor que 500 km2, onde duas das cinco populações conhecidas contém menos de 50 indivíduos ...” (TAYLOR, 2000 apud RESENDE, 2010, p. 13). (COLAÇO et al. 2006). p. 241 ) realizaram estudos sobre a biologia reprodutiva do M. paucispinus em populações localizadas a cerca de 3 km da sede do Município de Morro do Chapéu, numa altitude de 1.104 m (11º 33’ 52” S e 41º 10’ 37” W). Com referência às orquidáceas, embora não exista nenhuma espécie incluída na lista vermelha da IUCN e do IBAMA, como ameaçada de extinção, merece maior cuidado de conservação a Cattleya tenuis, que parece estar extinta no Morro do Chapéu. Essa orquídea, bem como a caparácea Capparis jacobinae, é endêmica da Chapada Diamantina. Ainda, de acordo a lista do IBAMA de espécies vegetais ameaçadas de extinção podem ser citadas a baraúna (Schinopsis brasiliensis) registrada tanto na AII quanto na AID, como a localizada em área entre as Grutas do Cristal I e Gruta do Cristal II (Coordenada: 24L 0247927 8692278) e a aroeira (Astronium urundeuva) que se encontra na categoria de vulnerável e ocorre nas Áreas de Influência Indireta (AII). Espécies vegetais indicadoras de alterações ambientais Foram observadas áreas que apresentavam cobertura vegetal constituída, quase que exclusivamente por caiçara (Solanum erianthum D.Don), espécie heliófila e colonizadora, que ocorre no ambiente de caatinga. A referida espécie é muito freqüente e típica dos estádios iniciais de sucessão secundária de áreas abandonadas, ou que depois de plantadas e retirado o seu produto agrícola foram abandonadas, ou ainda, que tenham sido desmatadas para retirada de lenha. As áreas antropizadas, estão indicadas no mapa de vegetação em anexo . Vizinho a algumas dessas áreas, muitas vezes observa-se a vegetação nativa com a sua diversidade vegetal característica, evidenciando o processo de supressão de vegetação. Espécies vegetais de interesse econômico e científico O município do Morro do Chapéu possui uma grande diversidade de biomas como a caatinga, as matas estacionais, os campos rupestres e os cerrados. Considerando-se que a flora de vários 148 desses biomas ainda é pouco estudada, a exemplo das florestas estacionais, um dos biomas menos conhecidos na Bahia, assim como a caatinga, toda a sua flora passa a ser de interesse científico. Algumas espécies, embora estejam taxonomicamente identificadas, pouco se conhece da fisiologia e até mesmo da sua utilidade e importância econômica e científica. Em contraste com a atenção dada as plantas exóticas o uso de espécies nativas tem sido objeto de poucos estudos. Um dos fatores que contribuiu para o descaso foi a rápida destruição da cultura indígena, resultante da destruição das tribos e “aculturação” das frentes de ocupação dos seus territórios. No Semiárido os poucos remanescentes que foram se agregando à fazendas preservaram algum conhecimento. As plantas medicinais de uso popular constituem um grupo nativo mais bem preservado. Isto se deveu também ao fato de que o acesso limitado das populações mais pobres aos produtos industrializados contribuiu para a guarda desta memória e, até mesmo, pelo isolamento e difícil acesso a algumas áreas inseridas no bioma caatinga. Recentemente o interesse pelos sistemas de medicina tradicionais intensificou-se como assunto de importância mundial, com especial referência ao uso de plantas medicinais. No Brasil há considerável literatura sobre o assunto, destacando-se, mais recentemente, a publicação em 2008 do livro: Cactos úteis na Bahia – ênfase no Semiárido, pela Bióloga Cássia Tatiana da Silva Andrade, o qual apresenta aspectos da etnobotânica da família Cactaceae. Este grupo de plantas apresenta grande diversidade de espécies na região de Morro do Chapéu. Existe uma ampla comercialização de plantas medicinais de uso popular realizada principalmente nas feiras livres, que são consumidas com pouca ou nenhuma comprovação de suas propriedades farmacológicas. Dentre as plantas medicinais de uso popular pode-se citar a umburana de cheiro (Amburana cearensis), cujo xarope da casca do caule, sementes de frutos são indicados no tratamento de asmas, bronquites e tosses, e o mandacaru (Cereus jamacaru), cuja raiz é indicada no tratamento das infecções e problemas renais. Com referência ao potencial madeireiro a vegetação da Caatinga tem sido voltada para produção de lenha e carvão, entretanto existem muitas espécies de potencial madeireiro como a braúna (Schinopsis brasiliensis), a catingueira (Ceasalpinea pyramidales), a umburana-decheiro (Amburana cearensis), umburana-de-cambão (Commiphora leptophloeos) – Fotografia 5.2.17, dentre outras. 149 Fotografia 5.2.17 - Amburana de cambão (Commiphora leptophloeos), (AID). Coordenada: UTM 0234689/8691844; Fonte – Leida Baracat de Oliveira, 2011. As plantas de Caatinga têm grande potencial como produtoras de óleo/resina como a faveleira (Cnidoscolus phiyllacanthus), cujas sementes são ricas em óleo e possuem potencial para uso, sendo ricas em proteínas e minerais. As folhas do licurí (Syagrus coronata) fornecem, por raspagem, cera que é utilizada na fabricação do papel carbono, graxa para sapatos, móveis e pintura de automóveis. O óleo dos frutos do licurí é considerado de alta qualidade e pode ser utilizado para produção de sabão em pó, detergentes, sabão em barra e sabonetes. Dentre outras frutíferas destaca-se o umbuzeiro (Spondias tuberosa), (Fotografia 5.2.18) árvore resistente a seca e de grande importância econômica que pode proporcionar renda às populações locais no período de safra, quer seja através da venda dos frutos (Fotografia 5.2.19), da produção de polpa ou, ainda doces produzidos com suas raízes e frutos. Em termos forrageiros apresenta espécies como a catingueira (Caesalpinia pyramidalis), o juazeiro (Zizyphus joazeiro), o licurí (Syagrus coronata) e o pau-ferro (Caesalpinia ferrea), dentre outras. Como plantas produtoras de fibras destacam-se os caroás (Neoglaziovia variegata), que podem ser utilizados na confecção artesanal de cordas e barbantes. 150 Fotografia 5.2.18 - umbuzeiro (Spondias tuberosa).11°49´24.63´´S e 41°25´52.89´´O. Elevação 1552 altitude do ponto de visão. Fonte © Ivomar Carvalhal Britto. 14.01.2011. Fotografia 5.2.19 - fruto do umbuzeiro (Spondias tuberosa).11°49´24.63´´S e 41°25´52.89´´O. Elevação 1552 altitude do ponto de visão. Fonte © Leida Baracat de Oliveira. 14.01.2011. A caatinga é reconhecida como o maior banco de proteínas do universo, utilizado pelo rebanho, através de leguminosas e outras plantas forrageiras, destacando-se entre as forrageiras alguns gêneros conhecidos como a Caesalpinia, Calliandra, Ciperus, Cereus, Mimosa, Opuntia e Senna, dentre outras. As espécies lenhosas são, geralmente, plantas com elevada capacidade de rebrota na estação seca, sendo que, muitas delas são consumidas pelo gado, apenas nesse estado. Assim, a planta é rebaixada ao nível do solo, aumentando, na rebrota a quantidade de biomassa disponível ao animal. Além disso, as folhas da rebrota apresentam-se, inicialmente membranáceas e os ramos tenros, aumentando sua palatabilidade. Dentre as leguminosas que são consumidas, encontrase a Caesalpinia ferrea. A importância econômica das plantas está assinalada na listagem taxonômica das espécies vegetais, anexo V. b) Relações flora/flora, flora/fauna e fauna/fauna; b) Relação flora/flora, flora/fauna As principais relações entre a flora/flora registradas foram de inquilinismo e parasitismo. Muitas plantas, sejam de porte arbustivo ou arbóreo, são utilizadas por vários organismos inquilinos como fungos, líquens, briófitos, fetos e angiospermas, como cactáceas, bromeliáceas e orquidáceas. Dentre os mais evidentes na área de estudo, identificou-se os fungos conhecidos vulgarmente como “orelha-de-pau”. O caule, principalmente da vegetação arbórea, que cresce em locais com maior altitude, com freqüente formação de neblina, possui a presença evidente 151 de líquens inquilinos crostosos, entretanto, também ocorrem líquens foliáceos e arbustivos. Dentre os líquens crostosos, afoliáceos e os arbustivos foram identificados o Graphis sp., o Parmelia sp. e o Usnea sp, respectivamente. Nos períodos úmidos, ocorrem fungos, que crescem não somente sobre troncos apodrecidos, mas também sobre caules de vegetais e bainhas do licurizeiro (Syagrus coronata). As briófitas são encontradas, principalmente nas estações úmidas, vegetando, na maioria das vezes, na região do colo das árvores ou em áreas de “forquilhas”, que retêm a umidade por mais tempo, ou nas bainhas de licurizeiros (Syagrus coronata). O musgo (Octoblepharum albidum) é uma das espécies mais freqüentes na área estudada. A disposição do conjunto de bainhas do licurizeiro (Syagrus coronata) favorece a implantação de vegetais epífitas. Dentre as mais freqüentes estão gameleiras (Ficus spp.); orquídeas, principalmente, do gênero Vanilla – Fotografia 5.2.20, além de bromélias. Fetos também emolduram esses locais, aparentando boa adaptação. Algumas plantas trepadeiras são encontradas sendo a jitirana (Ipomoea spp.), muito comum nas áreas de caatinga. Fotografia 5.2.20 – Orquídeas do gênero Vanilla (setas em vermelho) em bainhas de licurizeiro, na área da Fazenda Cristal, próxima a Gruta do Cristal I. Coordenada: UTM 0247987.63/8692250. Fonte Ivomar Carvalhal Britto, 205011. A bromélia do gênero Tillandsia é encontrada comumente, em grande quantidade, crescendo em galhos de árvores da região, a exemplo da baraúna (Schinopsis brasiliensis), sendo encontrado na AID em jatobá (Hymenaea sp.) (Fotografia 5.2.21). Vários representantes deste gênero são comumente observados em fiações de rede elétrica da região. 152 Fotografia 5.2.21 – Tillandsia sp. (indicada por seta vermelha) em jatobá (Hymenaea sp.) (AID). Coordenada em UTM: 0234796/8691862. Fonte © Leida Baracat de Oliveira. 14.01.2011 É freqüente na área o parasitismo da erva de passarinho (Psittacanthus spp.), no umbuzeiro (Spondias tuberosa) e na umburana-de-cambão (Commiphora leptophloeos). As plantas e animais evoluíram juntos, durante centenas de milhões de anos e, agora existem entre eles as mais intrincadas interações e interdependência. Um passo importantíssimo da evolução vegetal foi o surgimento das angiospermas. A reprodução das angiospermas dispensou o vento e água, para aproveitar o trabalho de animais, sendo que entre eles, os mais amplamente distribuídos são as abelhas, vespas e borboletas, embora muitas flores sejam polinizadas por besouros e moscas, além de morcegos e aves como os beija-flores. Mesmo a bananeira, da família das Musaceas, que produz flores, ainda que sem função reprodutiva (estéreis), uma vez que, não possuem óvulos, é visitada por polinizador de suas ancestrais, os morcegos, que continuará visitando-as todas as noites, uma vez que ainda se alimenta de seu néctar. c) Realização de estudos fitossociológicos, com a estimativa dos parâmetros de estrutura horizontal, tais como; densidades absoluta e relativa, freqüência, dominâncias absoluta e relativa, índice de valor de importância, índice de valor de cobertura e índice de diversidade; c) Realização de estudos fitossociológico, com a estimativa dos parâmetros de estrutura horizontal, tais como; densidade absoluta e relativa, freqüência, dominância absoluta e relativa, índice de valor de importância, índice de valor de cobertura e índice de diversidade. A fitossociologia busca por meio de técnicas estatísticas conhecer a estrutura da vegetação através de dados numéricos significativos (RIZZINI, 1997), fornecendo subsídios importantes para o estabelecimento da área de distribuição da espécie e a relação das comunidades 153 vegetais com as características do ambiente (SILVA JÚNIOR & FELFILLI, 1988), desde modo seguindo o termo de referência do IMA (Instituto de Meio Ambiente) foi realizado o estudo da vegetação da Formação Caatinga e Formação Campo Rupestre na área de influência direta da Usina Eólica Cristal, usando o metodologia já descrita no item específico do meio biótico terrestre. Formação Caatinga Para a Formação Caatinga foi realizada amostragem na área de influência direta pelo empreendimento totalizando 14 pontos de coleta (PC) conforme coordenadas em UTM abaixo: · · · PC 01 – 0243393 e 8711805 PC 02 – 0243394 e 8711817 PC 03 – 0244291 e 8712262 · · · · · · · PC 04 – 0243879 e 8712359 PC 05 – 0243410 e 8711680 PC 06 – 0245502 e 8709568 PC 07 – 0245367 e 8709587 PC 08 – 0245607 e 8709620 PC 09 – 0242079 e 8701724 PC 10 – 0242080 e 8701724 · PC 11 – 0237493 e 8693530 · · · PC 12 – 0237530 e 8693586 PC 13 – 0237537 e 8693563 PC 14 – 0237493 e 8693521 Foram amostrados no levantamento fitossociológico na Formação Caatinga, um total de novecentos e cinqüenta e um (951) indivíduos, pertencentes a dezesseis (16) famílias botânicas nestas identificados trinta e quatro (34) gêneros, trinta e oito (38) espécies e sete (7) espécies Sem Condições Fenológicas de Identificação (SCFI), dados que se encontram na tabela 5.2.4 (Fotografias 5.2.22 e 5.2.23). 154 Fotografia 5.2.22 – Visão geral de área de Caatinga (AID). Fotografia 5.2.23 – Visão geral de área de Caatinga (AID). Tabela 5.2.4 - Famílias, espécies e nomes populares das árvores amostradas na Formação Caatinga, na área de influência direta do Complexo Eólico Cristal, município de Morro do Chapéu, Bahia, Dezembro 2010 e Janeiro 2011. Família Espécie Nome Popular Apocynaceae Apocynaceae Arecaceae Asteraceae Burseraceae Burseraceae Capparaceae Euphorbiaceae Euphorbiaceae Euphorbiaceae Euphorbiaceae Euphorbiaceae Euphorbiaceae Fabaceae/ Caesalpiniaceae Fabaceae/ Caesalpiniaceae Fabaceae/ Caesalpiniaceae Fabaceae/ Caesalpiniaceae Fabaceae/ Caesalpiniaceae Fabaceae/ Mimosaceae Fabaceae/ Mimosaceae Fabaceae/ Mimosaceae Fabaceae/ Mimosaceae Fabaceae/ Mimosaceae Fabaceae/ Mimosaceae Fabaceae/ Mimosaceae Fabaceae/ Mimosaceae Fabaceae/ Papilionaceae Fabaceae/ Papilionaceae Fabaceae/ Papilionaceae Fabaceae/ Papilionaceae Aspidosperma pyrifolium Mart. Aspidosperma camporum Mull. Arg. Syagrus coronata (Mart.) Becc. Moquinia lucida Bak Tetragastris catuaba Tris. Tetragastris sp. Capparis jacobinae Moric Sapium glandulosum (Vrll.) Pax. Croton. leptobotryus Muell.Arg Croton phlomoides Pers. Croton sp. Jatropha curca L. Manihot eprimosa Pax. & Hoffmann Bauhinia cheilantha ( Bong.) D. Dietr pau-pereiro pítia licurí candeia de carrasco catuaba catuaba iço burra-leiteira velame cassutinga cróton pinhão bravo mandioca-brava pata-de-vaca Holocalyx balansae Micheli. alecrim-de-vaqueirro Swartzia acutifólia Vog. banha-de-galinha Poincianella pyramidalis (Tul.) L.P. Queiroz pau-de-rato Cassia excelsa Schrad. canela-dura Mimosa ophthalmocentra Mart. ex Benth Mimosa sp. Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan Anadenanthera macrocarpa Benth. Piptadenia viridifolia (Kunth)Benth. Piptadenia stipulacea (Benth.) Ducke Acacia bahiensis Benth Albizia polycephala (Benth.) Killlip. Platycyamus regnelli Benth Machaerium subcordatum Mart. Machaerium acutifolium Vog Macrolobium chrysostachyum Benth. Loranthaceae Phoradendron affine (DC.) Engler & K. Klause Helicteres muscosa Mart Psidium sp. Campomanesia xanthocarpa Berg. angiquinho cabelo-de-nêgo angico calombi espinheiro pau-de-formiga unha-de-gato monzê angelim rosa açoita-cavalo bastião pau d’arco de carrasco pau-de-enxerto Malvaceae Myrtaceae Myrtaceae rosquinha araçá-de-porco guabirabinha 155 Família Espécie Myrtaceae Nyctaginaceae Phyllanthaceae Eugenia vellosiana Berg. Guapira noxia (Netto) Lundell. Savia dictiocarpa Miill. Arg. Proteaceae Rubiaceae Rutaceae Rutaceae Vochysiaceae Roupala brasiliensis Declieuxim chiococcoides Esenbeckia grandiflora Mart. Dyctyoloma vandellianum A. Juss Qualea sp. Vochysiaceae Qualea megalocarpa Stafleu (SCFI) *01 (SCFI) *02 (SCFI) *03 (SCFI) *04 (SCFI) *05 (SCFI) *06 (SCFI) *07 Nome Popular cambuí farinha-seca guardauruvai,guaraiuva carne-de-vaca regalo limão-de-cutia para-tudo pau-de-colher folha pequena pau-de-colher/ murta do campo angolar * Sem Condição Fenológicas de Identifição. Na amostragem total do estudo, a família Fabaceae apresentou o maior número de indivíduos totalizando 17 espécies perfazendo um total de 39,53% do total de espécie registrada. Dentro desta família obtivemos 8 espécie pertencente a subfamília Mimosaceae, 5 da subfamília Caesalpiniaceae e 4 da subfamília Papilioniaceae. A segunda família foi a Euphorbiaceae com 6 espécie perfazendo de 13,95% da espécies registrada, seguida da Myrtaceae com 3 espécies perfazendo 6,98%. Juntas, essas 3 famílias contribuíram com 60,46% do total de espécies amostradas. As famílias Arecaceae, Asteraceae, Capparaceae, Loranthaceae, Malvaceae, Nyctaginaceae Phyllanthaceae, Proteaceae e Rubiaceae apresentaram apenas 1 espécie em toda amostragem perfazendo um total de 20,97%. As duas primeiras famílias acima citada também foram destacadas por Alcofora-Filho (2003), em trabalho realizado no agreste de Pernambuco. Sampaio, 1996; Pereira et al. (2001) relata as famílias Mimosaceae, Caesalpinaceae e Euphorbiaceae tendo geralmente as espécies ocupando os primeiros lugares na maioria dos levantamentos florísticos, além de concentrar o maior número de espécies em várias outras áreas da caatinga (Emperaire, 1991; Araújo et al. (1995); Pereira et al. (2002). Cardoso & Queiroz (2007), destaca que a família Fabaceae nas caatingas não tem sua importância relacionada só à riqueza de espécies, mas também por agrupar o maior número de espécies endêmicas. 156 Tabela 5.2.5 - Parâmetros fitossociológicos das espécies amostradas na formação Caatinga na área de influencia direta do Complexo Eólico Cristal, município de Morro do Chapéu, Bahia, Dezembro 2010 e Janeiro 2011. Espécie Densidade Freqüência Dominância IVI IVC Abs. (m2/há) 0,072 Rel. (%) 7,143 Rel. (%) 0,672 0,613 2,442 1,770 47,213 85,714 8,062 5,153 43,893 99,168 91,106 33,214 0,714 1,071 9,779 0,210 0,315 71,429 14,286 14,286 6,719 1,344 1,344 0,778 0,012 0,022 6,627 0,102 0,187 23,125 1,656 1,846 16,406 0,312 0,502 2,143 0,631 28,571 2,687 0,106 0,903 4,221 1,534 25,714 7,571 21,429 2,016 1,498 12,760 22,347 20,331 5,357 1,577 35,714 3,359 0,096 0,818 5,754 2,395 0,714 1,429 3,929 0,357 0,714 0,210 0,421 1,157 0,105 0,210 7,143 14,286 7,143 7,143 7,143 0,672 1,344 0,672 0,672 0,672 0,043 0,020 0,085 0,005 0,007 0,366 0,170 0,724 0,043 0,060 1,248 1,935 2,553 0,8200 0,942 0,576 0,591 1,881 0,148 0,270 2,143 0,631 21,429 2,016 0,055 0,468 3,115 1,099 0,357 0,105 7,143 0,672 0,003 0,026 0,803 0,131 5,714 1,682 42,857 4,032 0,103 0,877 6,591 2,559 Manihot eprimosa Cassia excelsa Syagrus coronata Albizia polycephala Macrolobium chrysostachyum Jatropha curca Guapira noxia Moquinia lucida Helicteres muscosa Capparis jacobinae Sapium glandulosum Machaerium acutifolium Psidium sp. Mimosa sp. (SCFI) 02 0,357 0,357 0,357 0,357 0,105 0,105 0,105 0,105 7,143 7,143 7,143 7,143 0,672 0,672 0,672 0,672 0,008 0,029 0,046 0,029 0,068 0,247 0,392 0,247 0,845 1,024 1,169 1,024 0,173 0,352 0,497 0,352 1,071 0,315 14,286 1,344 0,014 0,119 1,778 0,434 0,357 1,786 7,143 0,357 0,357 0,105 0,526 2,103 0,105 0,105 7,143 28,571 14,286 7,143 7,143 0,672 2,687 1,344 0,672 0,672 0,014 0,055 0,311 0,005 0,003 0,119 0,468 2,649 0,043 0,026 0,896 3,681 6,096 0,820 0,803 0,224 0,994 4,752 0,148 0,131 2,500 0,736 21,429 2,016 0,179 1,525 4,277 2,261 2,857 0,841 21,429 2,016 0,068 0,579 3,436 1,420 1,786 0,714 0,526 0,210 21,429 7,143 2,016 0,672 0,029 0,021 0,247 0,179 2,789 1,061 0,773 0,389 0,357 0,105 7,143 0,672 0,009 0,077 0,854 0,182 Croton sp. 0,714 0,210 7,143 0,672 0,015 0,128 1,010 0,338 Roupala brasiliensis Mimosa ophthalmocentra Savia dictiocarpa Croton phlomoides Holocalyx balansae Anadenanthera colubrina Croton. leptobotryus Machaerium subcordatum (SCFI) 06 (SCFI) 05 (SCFI) 04 (SCFI) 03 Eugenia vellosiana Piptadenia viridifolia Phoradendron affine Acacia bahiensis Abs. (ind./ha) 3,929 Rel. (%) Abs. 1,157 160,357 157 Espécie (SCFI) 01 Swartzia acutifólia Aspidosperma pyrifolium (SCFI) 07 Anadenanthera macrocarpa Campomanesia xanthocarpa Poincianella pyramidalis Declieuxim chiococcoides Esenbeckia grandiflora Platycyamus regnelli Dyctyoloma vandellianum Bauhinia cheilantha Tetragastris sp. Tetragastris catuaba Piptadenia stipulacea Aspidosperma camporum Qualea megalocarpa Qualea sp. Total Densidade Freqüência Dominância IVI IVC 0,714 0,357 0,210 0,105 7,143 7,143 0,672 0,672 0,008 0,051 0,068 0,434 0,950 1,211 0,278 0,539 2,857 0,841 35,714 3,359 0,080 0,681 4,881 1,522 26,071 7,676 50,000 4,703 1,300 11,073 23,452 18,749 12,500 3,680 85,714 8,062 0,487 4,148 15,890 7,828 0,357 0,105 7,143 0,672 0,015 0,128 0,905 0,233 0,714 0,210 14,286 1,344 0,014 0,119 1,673 0,329 6,071 1,788 35,714 3,359 0,128 1,090 6,237 2,878 2,857 0,841 28,571 2,687 0,173 1,474 5,002 2,315 0,357 0,105 7,143 0,672 0,003 0,026 0,803 0,131 1,071 0,315 21,429 2,016 0,012 0,102 2,433 0,417 0,357 1,071 0,105 0,315 7,143 14,286 0,672 1,344 0,013 0,064 0,111 0,545 0,888 2,204 0,216 0,860 2,500 0,736 41,667 3,920 0,250 2,129 6,785 2,865 2,143 0,631 28,571 2,687 0,041 0,349 3,667 0,980 3,571 1,052 21,429 2,016 0,061 0,520 3,588 1,572 1,429 0,421 21,429 2,016 0,026 0,221 2,658 0,642 5,357 339,643 1,577 100 42,857 1063,10 4,032 100 0,122 11,740 1,039 100 6,648 300 2,616 200 Do total de 951 indivíduos por hectare (ind/ha), obteve-se a maior densidade absoluta a espécie Mimosa ophthalmocentra (angiquinho) com 160,357 (ind/ha), seguido da Savia dictiocarpa (guarda uruvai) com 33,214 (ind/ha) e (SCFI) 07 com 26,071 (ind/ha) (Tabela 5.2.5). De igual forma a densidade relativa se mostrou com a angiquinho, sendo responsável pelo maior valor, equivalente a 47,213% seguido pela guarda uruvai com 9,779% e (SCFI) 07 7,676% (Tabela 5.2.5). A Mimosa ophthalmocentra e o Anadenanthera macrocarpa (calombi) foram às espécies que obtiveram os maiores valores para o índice de freqüência absoluta com 85,714 acompanhada por Savia dictiocarpa com 71,429 e da (SCFI) 07 com 50,000. A freqüência relativa apresentou o angiquinho e o calombi com maior valor 8,062% acompanhada pela guarda uruvai com valor igual a 6,719% e a (SCFI) 07 com 4,703%. A angiquinho obteve os maiores valores para dominância absoluta e para dominância relativa com valores respectivos de 5,153 m 2/há e 158 43,893%, seguida do Croton. leptobotryus (velame) com 1,498 m2/ha e 12,760% e da (SCFI) 07 com 1,300 m2/há e 11,073% (Tabela 5.2.5). Para os valores sintéticos (IVI e IVC) a espécies que possuiu maior valor de IVI foi à angiquinho com 99,168%, acompanhada da (SCFI) 07 com 23,452% e da guarda uruvai com 23,125% e para o IVC apresentou a angiquinho com 91,106% seguida pela velame com 20,331% e (SCFI) 07 com 18,749% (Tabela 5.2.5). A área amostrada apresentou um índice de diversidade de Shannon (H’) igual a 2, 211 nats/individuo. A análise estrutural permitiu inferir que a espécie angiquinho registrou os maiores valores em todos os índices absolutos e relativos e ainda nos índices sintéticos, está observação é importante para caracterização fisionômica da vegetação inferindo a condição hierárquica de espécie representativa (= característica) da vegetação. O levantamento sobre pesquisa da estrutura fitossociológica da formação Caatinga não tem mostrado a ocorrência da espécie Mimosa ophthalmocentra angiquinho como espécie representativa dos estudos ou ainda nem a aparição da mesma nos trabalhos. Araujo et al. (1998); Alcoforado-Filho et al. (2003); Gomes et al. (2006). Porém Giulietti & Queiroz (2006) em seu estudo relata a espécie como sendo característica da caatinga, com distribuição do Rio Grande do Norte ao centro-sul da Bahia. A partir do resultado fitossociológico o índice de diversidade de Shannon foi considerado normal, visto que o valor de H’ está normalmente situado entre 1,3 e 3,5 podendo alcançar 4,5 em ambientes tropicais (Felfilli & Rezende, 2003). Em comparação com trabalhos sobre fitossociologia em Caatinga observou-se aproximação do valor obtido nos trabalhos de Araújo et al., 1995; Rodal et al., 1998; Alcoforado Filho et al., 2003. A espécie mais conspícua da área estudada foi à Swartzia acutifólia (banha de galinha) apresentando altura média de 7m, seguida do Syagrus coronata (licurizeiro) com 5,4m e da Acacia bahiensis (unha de gato) com 4,9m. De forma contraria o Phoradendron affine (pau de enxerto), Campomanesia xanthocarpa (quabirabinha) e o Mimosa sp. (cabelo de nêgo) foram o que apresentaram a menor altura média com 1,8m, acompanhada da (SCFI) 04 com 2,0m e da Eugenia vellosiana (cambuí) com 2,3m. Esses baixos valores de altura média pode de ocorrido por causa de diversos fatores abióticos como o clima (Santos et al., 2007), a qualidade de solo (Santos et al., 2007), a não ocorrência de curso d’ água (Meyer et al., 2004; Santos et al., 2007) e distúrbios (Nunes et al., 2003; Santos et al.,2007) podendo assim afetar a distribuição e abundancia das espécies arbóreas, dentro de habitats específicos, agindo diretamente na dinâmica das populações (Viana e Pinheiro, 1998; Santos et al.,2007) e na tipologia da caatinga. A vegetação estudada apresentou uma altura média e máxima de 3,71 e 7m respectivamente. Desta forma, apresentando fisionomia arbustivo-arbóreo densa, com árvores caducifólias, folhas duras, coriáceas e membranosas. 159 Formação Campo Rupestre Para a Formação Campo Rupestre foi realizada amostragem na área de influência direta pelo empreendimento totalizando 12 pontos de coleta (PC) conforme coordenadas em UTM abaixo: · · · · PC 01 – 0234561 e 8691632 PC 02 – 0234544 e 8691672 PC 03 – 0234532 e 8691660 PC 04 – 0234540 e 8691634 · · PC 05 – 0234556 e 8691614 PC 06 – 0234586 e 8691528 · · · PC 07 – 0234577 e 8691552 PC 08 – 0234585 e 8691530 PC 09 – 0234582 e 8691498 · · · PC 10 – 0234572 e 8691490 PC 11 – 0234590 e 8691530 PC 12 – 0234651 e 8691532 Foram amostrados no levantamento fitossociológico na formação campo rupestre, um total de oitenta e sete indivíduos, pertencentes a seis (6) famílias botânicas nestas identificados nove (9) gêneros, dez (10) espécies e duas (2) espécies Sem Condições Fenológicas de Identifição (SCFI). (Tabela 5.2.6) (Fotografia 5.2.24). Fotografia 5.2.24 - Visão geral do campo rupestre na AID. Fonte – Leida Baracat de Oliveira, 2011. 160 Tabela 5.2.6 - Famílias, espécies e nomes populares dos indivíduos amostradas na Formação Campo Rupestre, na área de influência direta do Complexo Eólico Cristal, município de Cafarnaum, Bahia, Dezembro 2010 e Janeiro 2011 Família Apocynaceae Cactaceae Euphorbiaceae Euphorbiaceae Euphorbiaceae Fabacea/ Mimosaceae Fabacea/ Mimosaceae Fabaceae/ Papilionaceae Moraceae Velloziaceae Espécie Allamandra puberula A. DC. Micranthocereus purpureus (Guerke) F. Ritter Manihot eprimosa Pax. & Hoffmann. Croton cellowii Baill. Croton migrans Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan Acacia bahiensis Benth Crotalaria mucronata Desv. Ficus doriaria (Miq.) Vellozia plicata Mart. (SCFI) *01 (SCFI) *02 Nome Popular dedaleira cacto azul mandioca brava velame velaminho angico unha-de-gato xique-xique gameleira canela-de-ema *Sem Condições Fenológicas de Identificação. Na amostragem total do estudo, a família Fabaceae e Euphorbiaceae apresentaram o maior número de indivíduos totalizando 3 espécies perfazendo um total de 30 % cada um do total de espécie registrada. Dentro da família Fabaceae a subfamília Mimosaceae obteve 2 espécie e a subfamília Papilioniaceae obteve 1 espécie. Todas as outras famílias Apocynaceae, Cactaceae, Moraceae, Velloziaceae apresentaram apenas 1 espécie em toda amostragem perfazendo um total de 40 %. As duas primeiras famílias acima citada também foram destaque no trabalho de Neves & Conceição, 2010, que descreve a família como a mais freqüente e rica em espécies. Porém as duas famílias acima citada não são comumente encontradas nos trabalhos realizados na formação Campo Rupestre. (CONCEIÇÃO et.al., 2007; JACOBI et al., 2008; SANTOS et.al., 2010). Tabela 5.2.7 - Parâmetros fitossociológicos das espécies amostradas na formação Campo Rupestre na área de influencia direta do Complexo Eólico Cristal, município de Morro do Chapéu, Bahia, Dezembro 2010 e Janeiro 2011. Espécie Densidade Freqüência Dominância IVI IVC Abs. (ind./ha) Rel. (%) Abs. Rel. (%) Abs. (m2/há) Rel. (%) Allamandra puberula 125,00 6,90 33,33 8,89 1,14 2,53 18,32 9,43 Vellozia plicata 687,50 37,93 75,00 20,0 18,19 40,30 98,23 78,23 Acacia bahiensis 479,17 26,44 91,67 24,45 8,79 19,47 70,36 45,91 Crotalaria mucronata 62,50 3,45 25,00 6,67 0,40 0,89 11,01 4,34 (SCFI) 01 20,83 1,15 8,33 2,22 0,25 0,55 3,92 1,70 161 Espécie Densidade Freqüência Dominância IVI IVC Croton migrans 62,50 3,45 16,67 4,45 0,90 1,99 9,89 5,44 Manihot eprimosa 83,33 4,60 33,33 8,89 1,80 3,99 17,48 8,59 Micranthocereus purpureus 83,33 4,60 33,33 8,89 7,31 16,19 29,68 20,79 Ficus doriaria 20,83 1,15 833 2,22 2,68 5,94 9,31 7,09 (SCFI) 02 20,83 1,15 8,33 2,22 0,17 0,38 3,75 1,53 Croton cellowii 145,83 8,05 33,33 8,89 1,35 2,99 19,93 11,04 Anadenanthera colubrina 20,83 1,15 8,33 2,22 2,18 4,83 8,2 5,98 1812,50 100 375,00 100 45,14 110 300 200 Total Do total de 87 indivíduos por hectare (ind/ha), obteve-se a maior densidade absoluta a espécie Vellozia plicata (canela de ema) com 687,50 (ind/ha), seguido da Acacia bahiensis (unha de gato) com 479,17 (ind/ha) e da Croton cellowii (velame) com 145,83 (ind/ha) (Tabela 5). De igual forma a densidade relativa se mostrou com a canela de ema, sendo responsável pelo maior valor, equivalente a 37,93% seguido pela unha de gato com 26,44% e velame 8,05% (Tabela 5). A Acacia bahiensis foi a espécie que deteve o maior valor para o índice de freqüência absoluta com 91,67 acompanhada por Vellozia plicata com 75,00 e da Allamandra puberula (dedaleira), Manihot eprimosa (mandioca brava), Micranthocereus purpureus (cacto azul) e Croton cellowii todas com 33,33 (Tabela 5). A freqüência relativa apresentou a unha de gato com maior valor 24,45% acompanhada pela canela de ema com valor igual a 20,00% e pelas espécies dedaleira, mandioca brava, cacto azul e velame todas com 8,89% (Tabela 5). Canela de ema obteve os maiores valores para dominância absoluta e para dominância relativa com valores respectivos de 18,19 m2/há e 40,30%, seguida da unha de gato com 8,79 m2/ha e 19,47% e do cacto azul com 7,31 m2/há e 16,19% (Tabela 5.2.7). Para os valores sintéticos (IVI e IVC) a espécies que possuiu maior valor de IVI foi à Vellozia plicata com 98,23%, acompanhada da Acacia bahiensis com 70,36% e do Micranthocereus purpureus com 29,68% e para o IVC apresentou a canela de ema com 78,23% seguida pela unha de gato com 45,91% e cacto azul 20,79%. (Tabela 5) A área amostrada apresentou um índice de diversidade de Shannon (H’) igual a 1,529 nats/individuo. O estudo fitossociológico permitiu inferir que a espécie Vellozia plicata registrou os maiores valores nos índices de dominância e densidade absolutas e relativas e nos índices sintéticos e segundo lugar no índice de freqüência absoluta e relativa, desde modo inferindo a condição hierárquica de espécie representativa (= característica) da vegetação. 162 O levantamento sobre pesquisa da estrutura fitossociológica da formação Campo Rupestre mostra o gênero Vellozia como sendo o mais ocorrente e abundante isso é comprovado por (Santos et al., 2010; Caiafa e Silva 2005), que descreve esse gênero como sendo comum na áreas de Campo Rupestre devido a grande adaptabilidade dos representantes desses gênero a condições de estresse hídrico e a grande incidência do sol, do mesmo modo com a pobreza de nutrientes característica de áreas sobre afloramentos rochosos. Além de proporcionar um suporte para o processo sucessionais, principalmente por aumentar a heterogeneidade do ambiente em relação a disponibilidade de água (Benites et al., 2003). A espécie Vellozia plicata, que no presente trabalho foi a espécie característica, apresentou-se de igual forma no estudo de Santos et al. (2010), onde a espécie aparece como sendo a mais importante para a descrição da estrutura da vegetação. A partir do resultado fitossociológico o índice de diversidade de Shannon foi considerado normal, visto que os valor de H’ estão normalmente situados entre 1,3 e 3,5 podendo alcançar 4,5 em ambientes tropicais (Felfilli & Rezende, 2003). A vegetação estudada apresentou uma altura média e máxima de 2,00 e 4,00m respectivamente, desta forma apresentando fisionomia arbustivo-herbácia. A espécie que apresentou a maior altura média foi Anadenanthera colubrina (angico) com 4,00m, seguida do Micranthocereus purpureus com 3,00m e da Acacia bahiensis com 2,47m. De forma contraria a de menor altura média foi a (SCFI) 02 com 1,5 m acompanhada pelo Croton migrans com 1,53 e da (SCFI) 01 com 1,6m. Conclusões: · Das dezesseis famílias botânicas ocorrentes para a Formação Caatinga a família com maior número de indivíduos foi a Fabaceae, dentro desta a subfamília Mimosaceae apresentou o maior numero de indivíduos; · A Mimosa ophthalmocentra foi à espécie com maiores valores nos índices fitossociológicos absolutos, relativos e sintéticos na Caatinga; · A Mimosa ophthalmocentra é a espécie características da Formação Caatinga; · O índice de diversidade de Shannon foi considerado normal comparado com outros trabalhos na caatinga; · A vegetação da Caatinga apresentou altura média de 3,71m e altura máxima de 7,0m; · A Formação Caatinga apresentou aspecto fisionômico de porte arbustivo-arbóreo. 163 · Das seis famílias botânicas ocorrentes para a Formação Campo Rupestre, a família com maior número de indivíduos foi a Fabaceae e a Euphorbiaceae, dentro da família Fabaceae a subfamília Mimosaceae apresentou o maior numero de indivíduos; · A Vellozia plicata foi à espécie com maiores valores de dominância e densidade absolutos e relativos e dos índices sintéticos no levantamento fitossociológico no Campo Rupestre; · O gênero Vellozia é comumente encontrado na Formação Campo Rupestre; · A Vellozia plicata é a espécie característica da formação Campo Rupestre; · O índice de diversidade de Shannon foi considerado normal; · A vegetação do Campo Rupestre apresentou altura média de 2,00 m e altura máxima de 4,0m; · A Formação Campo Rupestre apresentou aspecto fisionômico de porte arbustivoherbáceo. d) Identificação das espécies vegetais existentes incluindo listagem taxonômica, especificando os diferentes estratos vegetais, usos, habitat; d) Identificação das espécies vegetais existentes, incluindo listagem taxonômica, especificando os diferentes estratos vegetais, usos, habitat. Os biomas que se encontram nas áreas de influência estão especializados nos mapas de uso do solo e cobertura vegetal (Anexo), assim como a identificação dos diferentes estratos vegetais, que variam desde o herbáceo, representado pelo cerrado, na fisionomia de campo limpo ou por várias espécies ruderais encontradas nas áreas de recolonizarão de cultivos e pastagens abandonadas, passando pelo arbustivo, através da caatinga arbustiva e finalmente o estrato arbóreo, formado pelos elementos de porte arbóreo da caatinga arbórea e da floresta estacional. Os usos das diferentes espécies vegetais constam na listagem taxonômica (Anexo V). e) Diagnóstico do estado de conservação da vegetação nativa, destacando a pressão antrópica a que está sujeita, bem como sua utilização; e) Diagnóstico do estado de conservação da vegetação nativa, destacando a pressão antrópica a que está sujeita, bem como sua utilização. Uma das grandes ameaças à flora da região dos municípios Morro do Chapéu, Cafarnaum e Bonito se constitui na retirada de espécies para uso ornamental/paisagístico. Merece destaque especial a retirada de plantas da família das orquidáceas e cactáceas que são muito abundantes. 164 As características das áreas de campo rupestre, impróprias para práticas agrícolas, fazem com que estas tenham sido pouco impactadas, com exceção para exploração de pedras. Já na caatinga e cerrado, a vegetação nativa é cortada para uso como lenha, carvão ou para cultivos. Entre as ameaças ocorrem ainda escavações de areia, para construções e incêndios. Nas áreas de influência do empreendimento proposto, foram identificados ambientes que vêm sendo submetidos a incêndios a exemplo de área em: AII - no Parque Estadual Morro do Chapéu . (UTM 0245612.75 / 8728819.42) (Fotografia 5.2.25). Fotografia 5.2.25 - Vegetação incendiada nas margens da estrada de acesso principal do Parque Estadual Morro do Chapéu – BA. Coordenada: UTM 0245612.75 / 8728819.42 de Altitude. Fonte - Leida Baracat de Oliveira, 13-01-2011. Fotografia 5.2.26 - Área incendiada próxima ao campo rupestre. Coordenada: UTM 0245612.75 / 8728819.42 . Fonte - Leida Baracat de Oliveira, 14.02.2011. Essa prática, comum na caatinga, é resultante de um modelo de exploração madeireira predatória, da pecuária extensiva e agricultura, muitas vezes, de subsistência, manejo que pode afetar o solo e sua fauna, seja de forma direta ou indireta. As queimadas, de forma geral. São praticadas para limpar o terreno na caatinga e, em virtude da facilidade e do baixo custo, elimina-se toda a cobertura vegetal do solo e, por conseguinte, a fonte de alimentos limitando o número de nichos ecológicos e acarretando ainda numa simplificação da rede alimentar. (ARAÚJO FILHO E BARBOSA, 2000 in NUNES et al., 2008). A ampliação e a falta de orientação e acompanhamento da introdução de vários cultivos na 165 região, a exemplo do café, pode provocar impactos de caráter ambiental. O planejamento é fundamental, devendo conciliar o aproveitamento dessas potenciais com áreas de preservação. Considerando-se que a região tem importante papel na gênese e comportamento de bacias pluviais das mais importantes para o Estado da Bahia a exemplo do Paraguaçu e do Jacuípe, os desmatamentos em nascentes, uso irracional do solo interferirão negativamente, fornecendo processos erosivos e de assoreamento, alterando o ciclo hidrológico como a do rio Jacuípe. F) Perfil esquemático da vegetação, contemplando as diferentes tipologias vegetacionais. f) Perfil esquemático da vegetação, contemplando as diferentes tipologias vegetacionais. Nos dados levantados pelo Centro de Planejamento e Estudos CPE/BAHIA (1981), os perfis transectos exibem painéis dos regimes pluviométricos que permitem visualizar as definições de climas locais em meio a tendências regionais prevalentes, associadas a outros aspectos do meio físico, que refletem na vegetação, fazendo com que estas apresentem perfis diferenciados. Embora as restrições de uso sejam impostas pelo relevo, uma vez que as serras com declividade acentuada e solos incipientes dificultam o desenvolvimento de cultivos, foi nesses ambientes que teve início a exploração econômica da região com a atividade de mineração. Também é nessas serras que detem atribuídos climáticos e paisagísticos que consistem em grande potencial de uso ecoturístico. Atualmente também é na região serrana que começa, despontar uma nova atividade na região que é o aproveitamento da energia eólica. Os aspectos do meio natural, meio biótico e do meio físico, correlacionadas com a convivência humana oferecem, portanto variações e combinações. A altitude que é um fator relevante na definição da temperatura. Confere à região do Morro do Chapéu, com altitude que ultrapassam 900m e temperatura média anual de 19,9 ºC, marcante característica térmica, podendo ser considerada “refúgio salubre de altitude”. No Chapadão do Morro do Chapéu ocorrem solos ácidos de baixa fertilidade natural, reduzidas índices pluviométricos (600 a 700 mm anuais). Além da insuficiência das chuvas e a sua má distribuição anual com chuvas concentradas num só período do ano e, por vezes, num certo espaço do tempo, ou seja, poucos dias ou até mesmo horas, provocam escoamentos intermitentes e muito intensos. (CPE/BAHIA, 1981). São apresentados em Anexo de acordo com publicação da CPE/BAHIA (1981) a análise integrada de aspectos dos meios físicos e bióticos, através da descrição perfis-transectos, nos quais constam os perfis da vegetação. Vale mencionar que o PERFIL A-B , orienta-se no sentido W-E e, através dele, pode ser visualizada o setor mais setentrional da área de estudo, tendo início nas 166 proximidades da cidade de Presidente Dutra e terminando na Serra de Jacobina. A CPE descreve ainda que “no pequeno trecho (IIA3), nos limites do Chapadão do Morro do Chapéu, o grau de secura se acentua (julho e agosto sem chuvas), com a redução do período chuvoso”. (CPE/BAHIA, 1981, p.40). Já no PERFIL C-D (anexo) posiciona-se na direção SW-SE e atravessa também parte do Chapadão de Morro do Chapéu, passando pelo BA-052 e pelas localidades de Morro do Chapéu, Flores e Duas Barras do Morro. Este trecho é cortado pelos rios Ventura e Preto. Ainda segundo a CPE: A característica fundamental deste trecho do Chapadão é o aparecimento de uma vegetação de floresta estacional semi-decidual, em meio aos cerrados nitidamente associada ao capeamento de sedimentos Terciários, ao mesmo tempo que revela elevação dos totais anuais de chuvas que se verificam a partir da localidade de flores. A partir daí na direção E – SE, penetra-se numa ampla faixa mais úmida, à qual se constuma denominar “piemonte” da Chapada, já nos domínios do Pediplano. (CPE/BAHIA, 1981, p.45). Já o Perfil E-F está orientado no sentido NNW – SSE, atravessa também parte do planalto calcário de Irecê e do Chapadão do Morro do Chapéu, chegando até o Planalto Calcário de Utinga – Andaraí. De acordo com a CPE, o trecho inicial do referido perfil “destaca a periferia mais seca do Planalto Cálcário de Irecê, em sua feição mais meriodonal (II A2), em torno da cidade de Cafarnaum. [...] Em seguida penetra-se no trecho mais úmido do Chapadão de Morro do Chapéu, onde o cultivo do café está mais disseminado”. (CPE/BAHIA, 1981, p.45). Já com os dados primários foram obtidos perfis da caatinga arbustiva/arbórea (Figura 5.2.1) e do campo rupestre (Figura 5.2.2) que são apresentados a seguir. g) h) Criado apenas para ficar compatível com o índice do IMA que saltou estas letras de um capítulo para outro. (pintar de branco para não aparecer no texto) Criado apenas para ficar compatível com o índice do IMA que saltou estas letras. (pintar de branco para não aparecer no texto) 167 168 (1- Mimosa ophthalmocentra/2- Savia dictiocarpa/ 3 –(SCFI 07)/ 4 - Swartzia acutifólia/ 5 - Tetragastris catuaba/ 6 - Acacia bahiensis/ 7 Anadenanthera macrocarpa/ 8 - Piptadenia stipulacea/ 9 - Sapium glandulosum/ 10 - Aspidosperma pyrifolium/ 11 - Declieuxim chiococcoides/ 12 - Macrolobium chrysostachyum/ 13 - Anadenanthera colubrina/ 14 - Qualea sp/ 15 - Qualea megalocarpa/ 16 Platycyamus regnelli/ 17 - Psidium sp.) Figura 5.2.1 - Perfil esquemático da vegetação da caatinga arbustiva / arbórea Figura 5.2.2 – Perfil esquemático da vegetação do campo rupestre 169 (1 - Acacia bahiensis/ 2 - Vellozia alicata/ 3 - Micranthocereus purpureus/ 4 - Manihot eprimosa/ 5 - Crotalaria mucronata/ 6 - Allamandra puberula/ 7 - Melocactus zehntneri / 8 – Bromelia laciniosa / 9 – Cereus jamacaru) 5.2.1.2 Macrofauna i) Identificação qualitativa da fauna da área de influência direta do empreendimento, incluindo listagem taxonômica com ênfase para as espécies endêmicas, raras, ameaçadas de extinção, indicadoras da qualidade ambiental e de interesse econômico e científico; 5.2.1.2 Macrofauna i) Identificação qualitativa da fauna da área de influência direta (AID) do empreendimento, incluindo listagem taxonômica com ênfase para as espécies endêmicas, raras, ameaçadas de extinção, indicadores da qualidade ambiental e de interesse econômico e científico; De forma geral, a fauna é típica de regiões semi-áridas, sendo que a herpectofauna, a ornitofauna, e a mastofauna apresentam-se como os grupos de animais mais representativos. De acordo com Freitas e Silva (2007), os anfíbios da Caatinga apresentam a menor diversidade de espécies entre todos os biomas brasileiros, o que se deve, ao baixo índice pluviométrico e a irregularidade das chuvas. Nas atividades de campo e através de entrevistas foi possível levantar rãs (Rana sp), o sapo-cururu (Bufo sp), e representantes do gênero Leptodactylus. Os répteis, juntamente com as aves, apresentam-se como os grupos mais amplamente distribuídos na região, cuja incidência de ocorrências de seus representantes foi os que mais obtiveram referências dos moradores locais que foram entrevistados. A fauna de répteis é bastante variada nas caatingas de forma geral, tendo papel muito relevante, sobretudo, na manutenção da cadeia alimentar, a exemplo de lagartos, que atuam como reguladores das populações de insetos, servindo de alimento para outros vertebrados como cobras. Dentre as cobras peçonhentas da região, destacam-se as do gênero Bothrops (Fotografia 5.2.27) e as cascavéis (Crotalus durissus), principalmente nas áreas de substrato rochoso. . Fotografia 5.2.27 – Carcaça de cobra do gênero Bothrops encontrada nas margens da BA 052 (AII: Zona de Amortecimento do Parque Estadual do Morro do Chapéu). UTM: 247284.86 mE/8728118.64 mS. Fonte © Leida Baracat de Oliveira. 13-01-2011. Dentre as aves pode-se destacar a granívora pardal (Passer domesticus), bastante comum que ocupa área com influência antrópica, assim como os urubus-de-cabeça-preta (Coragyps atratus), sendo encontrado, dentre outros o urubu-de-cabeça-vermelha (Cathartes aura). A mastofauna da área é representada por várias espécies como: Didelphis marsupialis (sarigüê); Cerdocyon thous (raposa); Dasyphus septemcinctus (tatu); Callithrix jacchus (sagüi) e Carollia perspicillata (morcego) Moojen (1952), citado por Bordignon (2010) relata que ocorrem no Brasil, onze espécies de Sciurideos, distribuídos em diferentes biomas, com exceção do Cerrado e da Caatinga. Entretanto, foi justamente no contexto deste último bioma, mais especificamente na localidade de Lagoinha (Coordenadas UTM 0246606- 8707375), em Morro do Chapéu, que foi relatado por morador local, Sr. Alberto Bezerra da Silva, Sr. Beto, a ocorrência do roedor caxinguelê, conhecido na região como serra-coco e que foi descrito por ele da seguinte forma: “um animal que joga o seu rabo peludo sobre a sua própria cabeça” (informação verbal). É possível que se trate da espécie Sciurus aestuans, uma das espécies de esquilos brasileiros, que possui cauda de pelagem abundante, garras curvas e pontudas, adaptadas para escaladas em troncos e galhos de árvores, o que lhes confere rápida e eficiente movimentação sendo, portanto, um animal arborícola bem adaptado. Dessa forma, o registro do animal na caatinga pode significar a expansão de sua zona de ocorrência. Vale mencionar que a caatinga na sua citada zona de ocorrência, apresenta-se com fisionomia de arbustiva-arbórea, o que pode se apresentar como um habitat favorável para o estabelecimento do animal. 171 Os esquilos brasileiros ainda não são muito estudados. Pelo fato da caatinga se encontrar verdejante, durante os períodos de campanha de campo, oferecendo disponibilidade de alimentos. Os animais de modo geral sentem-se pouco atraídos pelas iscas de armadilhas e, em particular, os esquilos são muito desconfiados e ágeis e investigam bastante as armadilhas antes de entrarem. Na época em que a vegetação de caatinga apresenta-se com folhagem, a observação também é dificultada e, quando observam a aproximação de possíveis predadores escondem-se atrás de troncos ou permanecem imóveis, dificultando a sua observação. No ambiente de caatinga tem os frutos do licurizeiro (Syagrus coronata), como uma das fontes de alimentação. Esses animais, os esquilos, costumam estocar sementes trazendo-as para suas tocas em “ocos de paus” ou enterrando-as. Pelo fato de mudarem de território, terminam por esquecer onde as deixaram ou, ainda, podem morrer predados por gaviões e felinos. Daí as sementes enterradas terminam por germinar e os esquilos contribuem assim para a dispersão de sementes. É possível que na caatinga tenham encontrado alimento, através de frutos de palmeiras, mas estão vulneráveis pela presença marcante de felinos na região. Também próximos a habitações podem ser predados por canídeos (raposa) e gatos domésticos ou até gatos ferais (gatos domésticos que passaram a ter hábitos selvagens). É necessário que sejam feitas pesquisas para melhorar conhecimento destes animais para que se possam estabelecer estratégias de conservação dos mesmos. Embora a presença de felinos tenham servido para indicar o bom estado de conservação do ambiente, pois estes estão no topo da cadeia alimentar, de fato não é bem assim, pois dados colhidos com criadores de caprinos, bovinos, eqüinos e até de galináceos, revelaram expressiva diminuição de seus animais, o que atribuem e, até mostram a ação predatória de felinos. Isto representa a adaptação dos felinos com o ambientes antropizados e o conflito entre criadores e a conservação de destes animais, pois no objetivo de salvar as suas criações terminam por matar estes animais. A listagem taxonômica da fauna encontra-se no Anexo VI. Espécies da fauna raras e ameaçadas de extinção A espécie Xylopa (Diaxylocopa) truxali, aparentemente não tem nome popular. É um inseto da Ordem Hymenoptera da família Apidae muito pouco conhecida e informações sobre ela são praticamente inexistentes. Este animal é uma espécie endêmica dos campos rupestres, onde ocorre em pequenas populações isoladas, associadas a agregações de espécies de canela-deema-grande (Vellozia spp.) da Família Velloziaceae, em cujos ramos mortos elas nidificam. Na Bahia, o único registro conhecido é no Morro do Chapéu, cujo exemplar está na coleção do 172 Departamento de Zoologia da Universidade Federal do Paraná, segundo o Livro Vermelho de Espécies Ameaçadas de Extinção). (MMA/FUNDAÇÃO BIODIVERSITA, 2008). Para o reconhecimento das espécies animais em extinção, foi utilizada a nova lista do Ministério do Meio Ambiente (MMA) - Lista Nacional das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção - Instrução Normativa nº 3, de maio de 2003. Nesta lista, especificamente para o Estado da Bahia não inclui nenhum anfíbio, mas sim aves, insetos, invertebrados terrestres, mamíferos, e répteis descrevem-se estas espécies, adjudicando-lhes a categoria de ameaça. Vale destacar a ocorrência do beija-flor-de-gravata-vermelha (Augastes lumachellus) para a Chapada Diamantina e que está incluído na lista vermelha da União Internacional para a conservação da natureza (IUCN) como quase ameaçada, bem como do colibri-dourado (Hylocharis chrysura) no vale do rio Ferro Doido e a Aratinga cactorum (Sick, 1986), conhecida como periquitão ou periquito-da-caatinga, que é endêmica do NE brasileiro (SOUZA & BORGES, 2008). A Papyrus Soluções (2011, p. 24 e 25) acrescenta, ainda segundo a lista da IUCN, o zabelê (Crypturellus noctivagus) considerado como quase-ameaçado; a jacucaca (Penelope jacucaca); o torom-do-nordeste (Hylopezus ochroleucus), endêmico quase-ameaçado e o rabo-branco-decauda-larga (Anopetia gounellei), endêmico. Com referência aos mamíferos, vale destacar o registro de representantes da Família Felidae, considerando-se, sobretudo, que todas as espécies brasileiras encontram-se ameaçadas de extinção. Embora os felinos sejam animais de hábitos solitários e, predominantemente noturnos, são escassas observações de campo, porém foram avistados cruzando estradas indivíduos de algumas espécies, a exemplo da suçuarana ou onça-parda (Puma concolor), que é a segunda maior espécie de felino do Brasil, que vive em área de vegetação primária e secundária, a onça-pintada ou onça- preta (Panthera onca), que é o maior felino do Continente Americano, outras espécies de menor porte como o gato-do-mato-pequeno, o Leopardus tigrinus, que é a menor espécie de felino da região e o gato-mourisco (Herpailurus yagouaroundi) de porte pequeno-médio com cabeça pequena, alongada e achatada. No que se refere as onças pintadas, segundo Ricardo Westin (Revista Veja – 09/02/2011) “o reinado [...] está ameaçado” e chama a atenção para Caatinga, citando que estudos realizados pelo Insituto Onça Pintada estimam apenas 327 onças para esta região. (WESTIN, 2011). Também destaca como livro abrangente sobre o tema, de autoria do ecólogo Evaristo Eduardo de Miranda e da Jornalista Liana Jonh, Jaguar: O Rei das Américas, publicado em 2011. A Resolução 005 de 6 de agosto de 1987 do CONAMA determinava, que animais troglóbios são considerados como ameaçados de extinção. Atualmente a Resolução CONAMA 347 de 2004 determina, que qualquer atividade que ameace o patrimônio espeleológico brasileiro inclua em sua avaliação de impactos: [...] VI a diversidade biológica. 173 Listagem da fauna da AID As espécies levantadas pela equipe da V&S Ambiental (2010/2011), juntamente com aquelas registradas pela Lacerta (2010), que incluem os resultados do monitoramento prévio de aves e morcegos na área do empreedimento proposto foram ordenadas na tabela do anexo VI. A listagem foi organizada, seguindo a classificação sistemática para os diversos grupos animais. Para cada organismo foram fornecidos o nome científico, o nome vulgar, o status, a área de ocorrência e forma de registro. Esta listagem geral, que também inclui dados de levantamentos secundários realizados pela V&S Ambiental, abrange a Área de Influência Indireta – AII. Uma vez que foram realizados estudos complementares pela Papyrus Soluções (2011), resultando em listagens específicas para avifauna e quiropterofauna, estas estão citadas no itens 0 (Quirópteros) e no item p (Avifauna) e estão apresentadas no relatório no anexo IX. Espécies da fauna que possuem valor econômico A cultura milenar de populações indígenas, convivendo em ambiente semiárido é detentora de informações, muitas das quais permanecem até hoje sendo utilizadas pelo ser humano que vive nas caatingas, em condições muito primitivas e com difícil acesso aos ambientes urbanos de grandes centros. Daí o Estado da Bahia que possui a maior área de caatinga, dentre os estados brasileiros possui relatos e experiências com a interação do conhecimento dos nativos com a fauna, embora o relato de experiências desses com a fauna ainda seja incipiente. Entretanto, muitos animais pertencentes a diferentes grupos, desde moluscos até mamíferos com ocorrência também na caatinga são conhecidos e reconhecidos na Zooterapia popular no Estado da Bahia. Isto, de qualquer maneira representa um grande potencial para estudos de fármacos. Nesse contexto, de acordo com Costa Neto (1999), podem ser citadas, por exemplo, a banha do sapo-cururu (Bufo paracnemis), que quando pingada sobre feridas ajuda no processo de cicatrização, assim como a banha do teiú (Tupinambis merianae). Daí todo animal ocorrente na caatinga se constitui num grande potencial econômico. A potencialidade apícola se constitui em outro aspecto de valor econômico da caatinga, que com sua vegetação silvestre, intensidade de floradas naturais, riqueza nectapolinífera, anualmente produz milhares de toneladas de mel puro e orgânico na natureza, que deixam de ser colhidos. Existe hoje um grande interesse mundial por produzidos por abelhas pelo fato de que estes têm propriedades medicinais e nutritivas incomparáveis. Em particular produtos das abelhas nativas são bastante utilizados pela medicina popular a exemplo da abelha Plebéia sp., que é utilizada para curar “sapinho” de criança e o mel é consumido para tratar dores de garganta, como também a jataí cujo mel é pingado no olho para tratar glaucoma. (COSTA NETO, 1999). 174 As abelhas mandaçaias possuem ninhos grandes com potes de 15 cm 3, não sendo raro o encontro de vários litros de mel de sabor agradável e aromático no ninho. (VON IHERING, 1968, p.428). São consideradas rústicas e fáceis de criar. Deve-se tomar cuidado no manejo das meliponas em relação aos forídeos, pois embora sejam raras, as colônias não resistem à mortalidade da cria, se o trato não for adequado. (Disponível em: http://meliponariodaserra.blogspot.com/2010/01/abelha-mandacaia.html. Acessso em: 19 de agosto de 2010). Para o apicultor e meliponicultor Sebastião Ramos Gonzaga, de Curitiba (PR), as mandaçaias têm potencial econômico, porém devem ser tomados cuidados com a criação e produção de mel: Se os criadores não passarem simplesmente a ser meros extrativistas, e criar e manter as Meliponinae, existentes em suas regiões, no seu habitat, com micro-clima bem definido e ambientado não haverá problemas de extinção. Também é preciso ficar de olho nos locais com distância maior que 50 km do local de origem. Isso já pode trazer dificuldades para a adaptação ao micro-clima, quando se trata dos Meliponinae", explica. Ele diz ainda que se deve formar as colônias, dividindo os enxames apurando conhecimentos, dominando esta ou aquela técnica, freqüentando cursos, comparecendo a encontros, simpósios, congressos,etc., pois a troca de informações é vital. Aperfeiçoar-se sempre é imprescindível para se obter sucesso. "Os meliponários devem ser instalados em regiões de boa florada, onde não existam apiários instalados, água poluída, e muitos predadores naturais como a irara, as formigas, a alma de gato, os bem-te-vis, os siriris, etc., preferencialmente em ranchos com certa segurança, o que impede a presença de visitantes indesejáveis", (Disponível em: http://www.scribd.com/doc/6555540/Melipona-Quadrifasciata-aia-e-Anthidioidessão. Acessso em: 19 de agosto de 2010). Dessa forma, assim como em qualquer outra atividade econômica deste gênero, o mel deve passar pelo processo de higienização, pasteurização para ser consumido, considerando-se que estas abelhas apresentam hábitos pouco higiênicos como visitar estercos. j) Identificação e mapeamento em escala compatível dos sítios de reprodução, nidificação, deslocamento, áreas de dessendentação, incluindo áreas de circulação e/ou pousio de aves migratórias e quirópteros; j) Identificação e mapeamento em escala compatível dos sítios de reprodução, nidificação, deslocamento, áreas de dessedentação, incluindo áreas de circulação e/ou pousio de aves migratórias e quirópteros. Neste item foram consideradas como sítios de reprodução, de nidificação as áreas em que a vegetação encontra-se mais preservada, pois oferece melhor condições de desenvolvimento de seus nichos ecológicos, constituindo-se em abrigo, dentre outros. Na área de estudo, a caatinga, que é o bioma predominante, oferece vários sítios favoráveis. Também foram considerados os 175 ambientes dos corpos d’água (rios, riachos, córregos, tanto os permanentes quanto os temporários e lagoas), e seu entorno, pois servem principalmente como áreas de circulação para acesso à água, com pontos para dessedentação. Muitas espécies preferem esses ambientes para reprodução, refúgio e alimentação. Em particular, algumas aves aquáticas nidificam nestes ambientes e, até mesmo, aves terrestres costumam desempenhar essa função em suas margens úmidas. O mapa de caracterização de sítios de relevância para a fauna na escala de 1:100.000, encontra-se Anexo. Estudos de aves aquáticas ou associadas a esses ambientes, realizados pela Papyrus Soluções, acrescentam os tanques e outras lagoas à sua área de observações. Além da Lagoinha, incluiram a Lagoa do Cemitério, a Lagoa do Eucalipto e a Lagoa do Araça. (Anexo I - Mapa de Pontos de Amostragem – Lagoas e Tanques, escala 1:100.000 in PAPYRUS SOLUÇÕES, 2011) A proximidade com áreas úmidas, como a Lagoa das Velhas no Parque Estadual do Morro do Chapéu (AII) (Fotografia5.2.28), do Rio das Pedras (Fotografia 5.2.29), e da Lagoinha, que estão na AID, oferece condições para atender as necessidades do nicho ecológico de animais, a exemplo de aves migratórias, que se utilizam desses ambientes, não só para dessedentação, mas também para pousio. Os répteis encontram abrigo nos lagedos na margem do Rio das Pedras, em área de campo rupestre. (Fotografia 5.2.30). Fotografia 5.2.28 - Lagoa das Velhas no Parque Estadual Morro do Chapéu - BA. Coordenada: UTM 245593.82mE/8727921.78mE. Fonte - © Leida Baracat de Oliveira, 13.01.2011. Fotografia 5.2.29 – Córrego das Pedras em área de Campo Rupestre. Coordenada: UTM 0234544 / 8691672 . Fonte - ©Leida Baracat de Oliveira, 13.01.2011. 176 Fotografia 5.2.30 – (Tropidurus sp.), na área de Campo Rupestre (AID). Coordenada: UTM 0234544 / 8691672. Fonte – Alexandre Filgueiras Mota, 14.01.2011. Dentre outros animais, aves migratórias, endêmicas, etc. se utilizam desses ambientes, não só para dessedentação, reprodução, mas também para pousio. A única espécie de movimentos intercontinental encontrada na região durante a amostragem pela equipe da Papyrus Soluções foi o maçarico-pintado (Actitis macularius). (PAPYRUS SOLUÇÕES, 2011, p. 23). Citam também espécies endêmicas da caatinga como o periquito-dacaatinga (Aratinga cactorum); espécies em atividade reprodutiva como o beija-flor-tesoura (Eupetomena macroura) e o gibão-de-couro (Hirundinea ferruginea) adulto e ninho e aves aquáticas como o maçarico-pintado (Actitis macularius), a galinha-d’água (Gallinula galeata), Irerê (Dendrocygna viduata) e o quero-quero (Vanellus chilensis), associadas aos tanques e lagoas da região do empreendimento proposto, incluindo fotos de arquivos pessoas. (PAPYRUS SOLUÇÕES, 2011, p. 21 a 23) Somente na Lagoinha a equipe da Papyrus Soluções encontraram 12 indivíduos da espécie aquática pato-irerê (Dendrocygna viduata), chamando a atenção, citando que estes formam grandes grupamentos (NASCIMENTO e SCHULZ-NETO, 2000 in PAPYRUS SOLUÇÕES, 2011, p.23), o que se constituiria em risco de choque com aerogerados, ao mesmo tempo que sinalizam a dificuldade de acontecer, a julgar pela situação do ambiente, que tem seu corpo d´água reduzido e sofre interferência de usuários (PAPYRUS SOLUÇÕES, 2011, p. 22, com modificações), podendo-se acrescentar a esse cenário a ação do gado, como citado a seguir. Na Lagoinha o gado dos sítios locais (Fotografia 5.2.32), convivem com libélulas, jaçanãs (Jacana jacana), pois acessam o local para beber água, o que se constitui em problema, pois as margens úmidas são muito pisoteadas. Nas bordas da lagoa também pôde ser observada aves em deslocamento ou pousadas em cerca como o garibalde (Agelaius ruficapillus). (Fotografia 5.2.34). 177 Fotografia 5.2.31 - Lagoa na localidade de Lagoinha com jaçanã (Jacana jacana), (AID). Coordenada: UTM 0246606/ 8707375. Fonte - Leida Baracat de Oliveira, 15.01.2011. Fotografia 5.2.32 – Gado na margem da lagoa e Lagoinha (AID). Coordenada: UTM 0246606/8707375. Fonte - Leida Baracat de Oliveira, 15.01.2011. Fotografia 5.2.33 – Libélula na lagoa na localidade de Lagoinha (AID). Coordenada: UTM 0246606/ 707375. Fonte - Leida Baracat de Oliveira, 15.01.2011. Fotografia 5.2.34 – Garibalde Agelaius ruficapillus na borda da lagoa, em Lagoinha (AID). Coordenada: UTM 0246606 / 8707375. Fonte - Leida Baracat de Oliveira, 15.01.2011. Todos os ambientes são áreas de circulação da fauna, sejam de formações vegetais abertas ou fechadas. Foram mapeadas e estudadas a Gruta do Cristal I e a Gruta do Cristal II localizadas na Fazenda Cristal, ambientes que se constituem em sítios especiais de reprodução e nidificação da quiropterofauna, embora estes possam ser encontrados em outros ambientes a exemplo de cupinzeiros. Entre as duas grutas supracitadas, a Cristal I consta como a ocorrência mais importante “que é praticamente desprovida de espeleotemas, e tem como principal característica um padrão de desenvolvimento espacial do tipo labiríntico reticulado. Devido à sua complexidade, essa gruta ainda não foi totalmente explorada, mas seu comportamento físico e genético sugere um grande potencial no que se refere ao desenvolvimento de galerias intercomunicantes.” (SRIVASTAVA & ROCHA, in BRASIL/DMPN/ CPRM, p.92, 2002). 178 Segundo Srivastava & Rocha (2002), existem quatro entradas para a Gruta Cristal I, e a visitação é praticamente restrita aos moradores da região. No entanto, vale ressaltar que a estrutura geológica da gruta tem favorecido vários desmoronamentos, criando outras aberturas e, consequentemente novas áreas de acessos para animais. Ainda segundo os referidos autores, por se tratar de uma caverna seca esta é dependente dos morcegos, “que funcionam como “importadores de energia”, sendo seus excrementos e cadáveres base da cadeia alimentar dos animais que habitam o seu interior”. As áreas de alimentação são constituídas não só por áreas naturais, que se apresentam desfavoráveis nos períodos de estiagem, mas também por pomares situados nas localidades da região. k) Identificação de espécies vetores e/ou reservatórios de doenças; k) Identificação de espécies vetores e/ou reservatórios de doenças. De maneira geral, vários animais silvestres são considerados vetores e reservatórios de doenças, entretanto estes representam menos riscos quando se encontram confinados aos seus ambientes naturais preservados. Com a ocupação de seus habitats pelos seres humanos o risco de transmissão de doenças aumenta grandemente. Dentre os animais silvestres, que mantém maior contato com a população humana, devido ao fato de serem utilizados, através da caça para alimentação, destacam-se os tatus-galinhas Dasypus septemcinctus (tatu-verdadeiro ou tatu-galinha-pequeno) e o Dasypus novemcinctus (tatu-galinha), que segundo Deutsch e Puglia (1988, p.94) também são vetores da hanseníase (lepra) e do tifo e doença de chagas. Este último tatu é apontado também como hospedeiro do fungo Paracoccidioides brasiliensis, que causa a doença PCM ou Blastomicose Sul Americana (FRANCO et.al., 1994 apud PEREIRA Jr. e BAGAGLI, 2010). A doença PCM ou Blastomicose Sul Americana é caracterizada por uma micose sistêmica causada pelo fungo patogênico dimórfico P.brasiliensis, resultando no desenvolvimento de lesões granulomatosas em órgãos. (FRANCO et.al., 1994 apud PEREIRA Jr. e BAGAGLI, 2010. p.3). Já a porta de entrada da doença é através dos pulmões, por inalação de partículas fúngicas (conídias) infectantes encontradas na natureza. (BUSTAMANTE et al., 1985; McEWEN et al., 1987 apud PEREIRA Jr. e BAGAGLI, 2010, p.3.). Quanto à doença de Chagas, enfermidade endêmica na América Latina, “a principal via de infecção pelo T. cruzi é a transmissão vetorial, correspondendo a 80% dos casos da doença de Chagas e está relacionada às características próprias dos vetores, baixas condições sociais e 179 ação desordenada do homem sobre o meio ambiente.” (ARAS et al., 2003). Tem como reservatórios além de tatus, sariguês (gambás) ou pequenos roedores. Herrera, (s.d) cita que cada bioma da América Latina, e em cada habitat em particular, podemos encontrar diferentes espécies de mamíferos sustentando diferentes ciclos de transmissão que podem estar isolados ou conectados. Esse caráter é particular e único para cada determinada localidade.” E acrescenta: [...], quando se discute a questão de potenciais reservatórios para T. cruzi, precisamos ter em mente que o simples fato de um indivíduo ser encontrado naturalmente infectado não quer dizer necessariamente que ele venha a constituir um risco à saúde de sua população, de outras espécies simpátricas ou do homem. Ainda, o papel que cada espécie de hospedeiro desempenha na dispersão e/ou manutenção do parasito pode ser extremamente inconstante devido à (i) complexidade dos processos e inter-relações ecológicas e (ii) pressão do homem em modificar cada vez mais os ambientes. Aqui se pretende apenas destacar as espécies de mamíferos silvestres e domésticos que foram encontradas naturalmente infectadas pelo T. cruzi e podem, sob determinadas circunstâncias ambientais e sociais, atuar como potenciais reservatórios da infecção. Alguns dos animais silvestres descritos [...] como tatus aproximam-se das casas, freqüentando galinheiros, currais e depósitos na zona rural. Esse fato também é observado na periferia de algumas cidades. Em alguns casos, como os morcegos, compartilham ambientes com o homem e animais domésticos. Deste modo, essas espécies podem estar servindo como fonte de infecção aos insetos vetores reduvídeos que habitam os mesmos habitats dos humanos. (HERRERA, s.d) Vale ressaltar ainda segundo o autor supracitado sobre a relação dos morcegos como hospedeiros para o T. cruzi, que estes mamíferos devem ser considerados nos estudos epidemiológicos da doença de Chagas por diversos motivos, a saber: “ (i) adaptação de muitas espécies ao domicílio humano, (ii) serem abundantes e (iii) pelas taxas de parasitismo bastante elevadas (80% dos exemplares capturados no Pará e 75% do estado de São Paulo). Especialmente Molossus molossus, uma espécie bastante comum encontrada em muitos habitats, é tipicamente associada às habitações humanas e cidades, mais do que aos ambientes naturais. Isolados de T. cruzi oriundos dessa espécie foram caracterizados como TCI e Z3. [...] Desta forma, a semelhança dos tatus, os morcegos também participam de diferentes ciclos de transmissão, porém, diferentemente dos tatus, ocupam extratos acima do solo como ocos de árvores, folhas de bananeiras e forros de habitações humanas e construções rurais. (HERRERA, s.d). Outro tatu, potencial hospedeiro reservatório da infecção de T. cruzi para o homem é o Euphractus sexcintus, conhecido vulgarmente como tatu-peba. Segundo Herrera (s.d) do Laboratório de Biologia de Tripanossomatídeos, Instituto Oswaldo Cruz, Fiocruz, “em áreas periurbanas e rurais é comum o tatu peba invadir galinheiros a procura de ovos e/ou animais, aproximando-se desta forma do ambiente peridomiciliar podendo servir assim como fonte de infecção aos vetores.” Os tatu como tamanduás constituem, segundo o autor em “parte da dieta de povos [...] e pessoas que habitam áreas com baixa condição econômica, e que tanto a manipulação da carcaça como a ingestão da carne mal cozida de animais infectados podem constituir fontes de infecção.” 180 Por sua vez, o molusco do gênero Biomphalaria, quando infectado, pode transmitir a esquistossomíase mansônica ou intestinal, doença que acomete a população local. Os caramujos hospedam as fases de esporocistos ou miracídeos do Schistosoma mansoni, sendo que a fase de miracídio antecede ao estágio de cercária, que se movimentam na água, após deixar o caramujo nas horas de sol, podendo infestar o ser humano até 60 horas após saírem do mesmo. Outro causador de doenças é o mosquito Aedes aegypti, que transmite dengue e também febre amarela em área urbana. As informações sobre o comportamento do mosquito, modo de transmissão da doença e os ambientes propícios para reprodução desses insetos apresentadas a seguir estão também de acordo com o Site http://www.combatadengue.com.br/o-mosquito/, disponibilizado pelo Ministério da Saúde. O Aedes aegypti pode ser facilmente reconhecido por apresentar características observáveis a olho nu, chamando a atenção, principalmente para listras brancas no corpo e nas pernas, medindo menos de um centímetro. As fêmeas e os machos vivem geralmente em domicílios e áreas peridomiciliares, de hábito diurno costuma picar nas primeiras horas da manhã e nas últimas da tarde, evitando o sol forte, mas, mesmo nas horas quentes, pode atacar à sombra, dentro ou fora de casa. Temperatura e umidade relativa são primordiais para o desenvolvimento do mosquito Aedes aegypti e, principalmente, para manter os ovos viáveis mesmo fora d’água. Além de serem densamente povoadas, as cidades apresentam índices de umidade relativa do ar elevados e temperaturas entre 25 e 30ºC, condições ideais para a multiplicação do vetor que favorecem o desenvolvimento da larva. Abaixo e acima destas temperaturas o Aedes aegypti diminui sua atividade. Acima de 42ºC e abaixo de 5ºC ele morre. Dessa forma, muitas cidades brasileiras possuem as condições propícias para o desenvolvimento do Aedes aegypti. Em média, o mosquito vive em torno de 30 dias e a fêmea chega a colocar entre 150 e 200 ovos de cada vez. Uma vez com o vírus da dengue, a fêmea torna-se vetor permanente da doença e calcula-se que haja uma probabilidade entre 30 e 40% de chances de suas crias já nascerem também infectadas. (Texto com modificações. Disponível em: http://www.combatadengue.com.br/omosquito/ disponibilizado no portal do Ministério da Saúde. Acesso em 18.02.2010.). Os ovos não são postos na água, e sim milímetros acima de sua superfície, em recipientes tais como latas e garrafas vazias, pneus, calhas, caixas d’água descobertas, pratos de vasos de plantas ou qualquer outro que possa armazenar água de chuva. Quando chove, o nível da água sobe, entra em contato com os ovos que eclodem em pouco mais de 30 minutos. Em um período que varia entre cinco e sete dias, a larva passa por quatro fases até dar origem ao mosquito adulto. 181 Pelo fato do Aedes aegypti se caracterizar por ser um inseto de comportamento estritamente urbano, sendo raro encontrar amostras de seus ovos ou larvas em reservatórios de água nas matas, é muito importante que todos participem do combate aos focos do vetor nos ambientes que propiciam seu desenvolvimento de forma a se evitar que a dengue, doença infecciosa aguda chegue a quadros de epidemias, que geralmente ocorrem no verão, após os períodos chuvosos. (Texto com modificações. Disponível em: http://www.combatadengue.com.br/omosquito/ disponibilizado no portal do Ministério da Saúde. Acesso em 18.02.2010.) Este site disponibiliza dicas, materiais, a exemplo de vídeos para o Brasil e específicos sobre o nordeste para que as pessoas organizem mobilizações para combate ao mosquito e para prevenção da dengue. Resumo sobre vetores/reservatórios de doenças e respectivas doenças. VETORES E/OU RESERVATÓRIOS DE DOENÇAS Dasypus septemcinctus (tatu-verdadeiro ou tatu-galinha-pequeno) Dasypus novemcinctus (tatu-galinha) Dasypus novemcinctus (tatu-galinha) DOENÇAS Hanseníase (lepra); tifo e doença de chagas. Euphractus sexcintus (tatu-peba) PCM ou Blastomicose Americana. Doença de chagas. Sul Biomphalaria sp. (molusco) Esquistossomíase mansônica. Aedes aegypti. - Dengue. - Febre Amarela em área urbana. l) Identificação do habitat e nicho ecológico das espécies; l) Identificação do habitat e nicho ecológico das espécies O habitat de um organismo, é o local onde este vive, podendo-se ilustrar aqui espécies em seus habitas em área de caatinga (AID) como lagartos (Fotografia 5.2.35), escorpiões (Fotografia 5.2.36) e borboletas (Fotografia 5.2.37) no campo rupestre. Já com referência ao nicho ecológico, este termo tem maior âmbito, além do espaço físico ocupado por um organismo, inclui o seu papel funcional na comunidade, com ênfase à sua posição na estrutura trófica. Daí este aspecto é apresentado a seguir, encontrando-se atendido também nos itens m - Descrição geral das inter-relações fauna-fauna e fauna-flora e no item o – Quirópteros e no item p – Avifauna. 182 Fotografia 5.2.35 – lagarto (Cnemidophorus ocellifer) na área de Caatinga (AID). Coordenada: UTM: 0234964/ 8691421. Fonte – Alexandre Filgueiras Mota, 14.01.2011. Fotografia 5.2.36 – Escorpiões (Tityus serrulatus) com filhotes em área de Caatinga (AID). Coordenada: UTM 234973.29 mE/8691431.03 mS. Fonte–Leida Baracat de Oliveira, 14.01.2011. Fotografia 5.2.37 – Lepdópteros na área de Caatinga (AID), nas margens do Córrego das Pedras. Coordenada: UTM: 0234964/ 8691421. Fonte – Alexandre Filgueiras Mota, 14.01.2011. O lagarto foi encontrado sob rocha em pequena escavação e o escorpião Tityus serrulatus, que também se encontrava sob rocha, estava com seus filhotes. As borboletas foram registradas em áreas de campo rupestre (AID) nas margens do Córrego das Pedras. O começo das chuvas provoca o aumento da população de insetos, principalmente de lepdópteros, beneficiando as aves insetívoras que, por sua vez, possuem um ciclo reprodutivo que depende do regime de chuvas e da disponibilidade de alimentação. As espécies de aves insetívoras a exemplo das lavadeiras (Fluvicola nengeta) exercem, importante papel no controle biológico de cigarrinhas, gafanhotos e outros insetos prejudiciais à agricultura e pastagens. Os cupins abundantes na região atraem o joão-de-barro (Furnarius rufus), que se alimenta, predominantemente, desses insetos. As aves podem ser restritas a um único grupo, no que diz respeito à dependência do tipo de alimentação, mas outras podem ser, ora frugívoras ora insetívoras, e algumas podem, até 183 mesmo, ser onívoras. Isso está muito dependente da característica climática, das estações do ano e disponibilidade de alimento e do ambiente em que haja dominância da espécie. Pelo fim da época seca, há maior abundância de frutas, favorecendo as frugívoras, sendo que as granívoras a exemplo do papa-capim (Sporophila nigricollis) são dependentes da maturação de sementes. Já entre os representantes dos carnívoros está o gavião quiriquiri (Falco sparverius) (Fotografia 5.2.38), que alimenta-se principalmente de invertebrados. Eventualmente, também apanha pequenos vertebrados como camundongos, aves e cobras (SICK, 1997). Assim estas aves destacam-se, também, como controladoras naturais de animais peçonhentos. Fotografia 5.2.38 - Falcão-quiriquiri (Falco sparverius), sinalizado em vermelho, na margem de estrada. UTM: 24L 0250692/8711143. Fotografia: © Leida Baracat de Oliveira. De acordo com a Papyrus Soluções (2011, p. 24 e 25) as caatingas em bom estado de conservação da área proposta para o empreendimento, têm papel importante na manutenção das aves dependentes de florestas, porém faltam estudos sobre fragmentação desses tipos de ambientes, que subsidiem avaliação real do efeito desses impactos sobre a fauna. Destacam entre espécies dependentes de ambientes florestais o zabelê (Crypturellus noctivagus) considerada como quase-ameaçado, segundo IUCN; a jacucaca (Penelope jacucaca); o torom-do-nordeste (Hylopezus ochroleucus), endêmico quase-ameaçado (IUCN) e o rabo-branco-de-cauda-larga (Anopetia gounellei), endêmico. Na listagem das espécies de ocorrência da avifauna na área de estudo organizada pela Papyrus Soluções (2011, pp. 32 a 40), que inclui os estudos da Lacerta (2010), estão contempladas a dependência de habitat florestal pelas aves registradas, segundo critérios de Stotz et al. (1996): D=dependente, I=independente e S=semi-independente. (Quadro 2.1.7-1: Lista preliminar da avifauna no Complexo Eólico Cristal (Cafarnaum, Morro do Chapéu e Bonito, Bahia, Brasil) 184 (anexo IX). Com relação aos mamíferos vale destacar os marsupiais do gênero Didelphis, que vivem em ocos de paus e possuem dieta onívora, incluindo invertebrados, pequenos vertebrados, ovos e frutos, sendo considerados um importante dispersor de semente e os Tamandua tetradactyla, animais arborícolas cuja alimentação consiste em abelhas, formigas e cupins de árvores e de chão. O tatu Euphractus sexcintus vive, principalmente em ambientes abertos e se alimenta de invertebrados, principalmente formigas, pequenos vertebrados, sementes e frutos. Já o Dasypus novemcinctus acrescenta na sua sua dieta a carniça. O papa-mel ou irara (Eira Barbara) vive em tocas feitas por outros mamíferos ou em ocos de árvores e a dieta é constituída por outros animais como aves, frutos e mel. Os felinos de grande porte têm como preferência alimentar mamíferos tais como, incluindo aqueles que fazem parte de criações domésticas. Nesse contexto, os diversos representantes da fauna desempenham papel muito importante nos ambientes da caatinga, como reguladores das comunidades de insetos e pequenos vertebrados, além de atuarem, a exemplo da avifauna como disseminadoras de sementes e como agentes polinizadores. m) Descrição geral das inter-relações fauna-fauna e fauna-flora; m) Descrição geral das inter-relações fauna-fauna e fauna-flora Dando continuação a descrição dos hábitats preferenciais e nicho ecológico do item anterior, acrescentam-se aqui aspectos sociais tais como, interações inter e intraespecíficas de algumas espécies. As interações referentes à fauna cavernícola, por se tratarem de assunto mais específico, são apresentadas no item Fauna Cavernícola em seu subitem Caracterização das Interações Ecológicas da Fauna Cavernícola e desta com o Ambiente Externo. As interações inter e intraespecíficas ficam evidentes, quando se observa, por exemplo, os materiais abundantes em toda a região, não havendo área específica para mapeamento, e que os animais usam como alimento e também para construírem abrigos e camuflarem ninhos. Entre os mais evidentes estão artrópodes e aves. Merece destaque o cupim, inseto da Ordem Isoptera, facilmente encontrados na região, pois estes são considerados como organismos chaves, ou seja, aqueles que, se fossem extintos totalmente, causariam profundas alterações na biota, ameaçando a sobrevivência de várias outras espécies. Os cupins são xilófagos, alimentando-se de tecidos vegetais, sendo responsáveis pelo ataque de muitas madeiras no 185 ambiente natural de plantas cultivadas frutíferas e ornamentais, contribuindo também para a decomposição desses materiais, atuando na ciclagem de nutrientes e na estruturação dos solos. Eles servem de alimento para vários grupos diferentes de animais, constituindo-se, no caso de alguns deles, como pelo menos metade de sua dieta básica. Entre os animais dependentes de cupins encontram-se aves, a exemplo do João-de-barro (Furnarius rufus), cuja alimentação é constituída em 50% desses isópteros. Além dessas, os tamanduás, os morcegos, os tatus, muitos sapos, rãs, muitos répteis como lagartos e cobras, outros insetos como as himenópteras formigas e, até Odonatas, têm cupins em sua dieta. Na região são encontrados marimbondos, que assim como os cupins, abelhas e formigas são seres sociais capazes de se organizarem em castas - com a presença de uma rainha e várias operárias, com divisão de trabalho. Estes podem utilizar na construção de ninhos fibras de troncos e galhos de madeiras, algumas podem incorporar aos seus ninhos, até mesmo barros. Os padrões de localização também variam, podendo ser fechados ou abertos, no berial de telhados de casa e, até no chão como vespas-solitárias. De qualquer forma, o importante é que os abrigos os protejam de predadores como pássaros. As aves, por sua vez, diversificam os materiais usados tanto para fazer ninhos quanto para camuflagem de seu habitat. Existem as que utilizam gravetos em seus ninhos como o casaca-decouro (Pseudoseisura cristata) e o graveteiro (Phacellodomus sp.). Já no ninho do bem-tevizinho (Myiozetetes similis) são usadas fibras retiradas de palmeiras, como os licurizeiros, facilmente encontrados na região. Para camuflagem, algumas aves como os beija-flores usam liquens foliáceos, que também são comuns na região. O material usado para camuflagem é tão importante quanto para a construção do próprio ninho, representantdo segurança para a sobrevivência da espécie construtora do ninho e seus ninhegos, pois se os predadores descobrirem onde estes estão, a ave e seus filhotes ficam ameaçados. Existem materiais para as aves cujos ninhos são sofisticados como o do joão-de-barro (Furnarius rufus) e do beija-flor, que usa teias de aranha, musgos e liquens para firmá-los e outros são mais simples como os das pombas rolinha-picuí (Columbina picui). Ainda algumas aves como o sofrê (Icterus jamacaii) e periquitos conhecidos como cuiubinha ou tuim-de-asa-azul (Forpus xanthopterygius), utilizam ninhos de outros animais. O sofrê utiliza o ninho do casaca-de-couro e o tuim-de-asa-azul os ninhos de joão-de-barro. Outras aves reutilizam o material utilizado no seu próprio ninho para construir outro, quando se sentem ameaçadas mudando para lugares mais seguros ou perto de condições ambientais mais favoráveis, tal como, próxima de fontes de água e alimentos como é o caso do bem-te-vizinho. 186 A relação fauna-flora tem destaque, através de insetos que, muitas vezes, são considerados como pragas agrícolas, comumente encontrados nas áreas de árvores frutíferas silvestres e nos pomares da região, como o hemíptero Pachycoris torridus, que se constitui em praga da acerola (Malpighia glabra), dos araçazeiros (Psidum araca), da goiabeira (Psidium guajava), da laranjeira (Citus sinensis) e da mangueira (Mangifera indica). As moscas das frutas, com especial referência à Ceratitis capitata (Diptera: Tephritidae), infestam a maioria das frutos carnosos, destacando-se as seguintes famílias e tipos de frutíferas: Anacardiacea: manga (Mangifera indica); Mirtacea: goiaba (Psidium guajava). Na verdade a Ceratitis capitata é classificada como polífaga por se alimentar de frutas de várias famílias de plantas. Animais de diferentes grupos dividem um mesmo nível trófico o que ficou bem evidente por ocasião do trabalho de campo, em função da frutificação de muitas espécies, com destaque especial para a mangueira (Mangifera indica), que atraia principalmente insetos como abelhas do gênero Apis, assim como micro ácaros que atacam folhas e gemas da referida planta. A Apis e o arapuá (Trigona sp.) também podem ser encontrados em atividades de polinização em florde-maracujá. Na localidade Lagoinha (AID – UTM 0246606 8707375, 13.17- Altitude), foi registrada uma Apis em Solanácea Datura stramonium conhecida vulgarmente como mamoninha-brava, saia-branca. (Fotografia 5.2.39). Fotografia 5.2.39 - Abelha (Apis mellifera) em Solanácea (Datura stramonium) na localidade Lagoinha (AID). Coordenada: UTM 0246606 / 8707375, 13.17- Altitude. Fonte - Leida Baracat de Oliveira, 12-01-2011. No meio da vegetação, tanto nativa como cultivada, em particular, nas áreas de frutíferas cultivadas ocorrem formigas cortadeiras pertencentes a dois gêneros: Atta (saúvas) e Acromyrex (quenquéns). As saúvas causam danos maiores. Vale destaque no grupo das formigas, a nêga187 mina (Dinoponera quadriceps), cujo nome tem haver com a sua coloração negra, está entre as maiores formigas operárias do mundo e injetam uma toxina letal para suas presas que são, baratas, besouros, piolhos-de-cobra até mesmo vertebrados como lagartos, e podem causar efeitos danosos ao ser humano como reações alérgicas que podem levar até a morte. Os predadores naturais das saúvas são principalmente aves, sapos, rãs, tatus, tamanduás, lagartos, lagartixas, besouros. Estudos realizados durante os anos entre 1999 a 2007 por Nunes (2008), em sua dissertação de Mestrado em Agronomia, registram a ocorrência de abelhas mandaçaias da espécie Melipona quadrifasciata anthidioides. Segundo a pesquisadora esta espécie tem sua distribuição correlacionada ao tipo de clima, vegetação, temperatura e relevo, ocorrendo em áreas mais úmidas e com temperatura amenas, em altitude entre 132m (Cipó) a 1011m (Morro do Chapéu), na Chapada Diamantina. A mandaçaia do Tupi - mãda´saya - significa vigia bonito (mandá: vigia) (çai: bonito), na linguagem indígena, pelo fato de se encontrar no orifício de entrada da colméia uma abelha sempre presente, considerada como a vigia. Os ninhos são encontrados sempre nos ocos de árvores, na altura mediana dos troncos, mesmo em áreas urbanas. O buraco de entrada do ninho é feito de barro, em forma de placa perfurada, com sulcos irradiando do centro (VON IHERING, 1968, p.428), processo envolve mistura de barro com resinas extraídas das plantas (geoprópolis). Quanto ao potencial econômico, as mandaçaias são importantes para a instalação de meliponários, porém segundo o apicultor e meliponicultor Sebastião Ramos Gonzaga, de Curitiba (PR), isso deve ocorrer em regiões de boa florada, em que não tenha apiários ainda instalados, muito menos ambientes com água poluída, em área com certa segurança para evitar visitações indesejáveis. Segundo ele essas abelhas possuem muitos predadores naturais citando: “a irara, as formigas, a alma de gato, os bem-te-vis, os siriris, etc.,” (Disponível em: http://www.scribd.com/doc/6555540/Melipona-Quadrifasciata-aia-e-Anthidioidessão. Acessso em: 19 de agosto de 2010). As vespas são comuns na região desempenhando papel de polinizadoras, além de servirem de alimento para aves insetívoras. Vários lepidópteros (Megolopygidae) conhecidas como “lagarta de fogo” são grandes predadores polífagos, alimentando-se de várias espécies de vegetais. Também cochonilhas, (Hemiptera: Diaspididae) infestam várias espécies vegetais causando grandes danos, em especial para as mangueiras (Mangifera indica). 188 Os pulgões (Hemiptera: Aphidae), são insetos sugadores polífagos, atacando plantas cultivadas e plantas nativas. Os percevejos (Hemiptera: Coreidae) tem como hospedeiras plantas ruderais como o melão-desão-caetano (Momordica charantia), além de várias árvores frutíferas como o araçazeiro (Psidium araca), cajueiro (Anacardium occidentale). (Marconi, 1976; Gallo et al. 2002 in BARBOSA, F. R. e PARANHOS, B. A. J. 2005.) Na relação fauna-fauna as aranhas (Fotografia 5.2.40) são predadores generalistas e constituem um dos grupos mais numerosos do reino animal e se alimentam de muitos insetos predadores de vegetais. Entretanto, a vespa solitária (Pepsis elevata), é uma predadora de aranhas, em especial a aranha caranguejeira (Gramostola actaeon). Os escorpiões Tityus serrulatus se alimentam de insetos em especial de grilos. Fotografia 5.2.40 – aranha-caranguejeira (Gramostola SP.), Estrada de Acesso à Lagoinha. Coordenada: UTM 0248393 / 8709068. Fonte - Leida Baracat de Oliveira, 12.01.2011. As aranhas-de-alçapão (Actinopus sp.) tem grande habilidade para construção de longas galerias verticais no solo, com a abertura fechada por uma engenhosa tampa (alçapão) articulada com dobradiça de seda que é tecida pela própria aranha e que fica presa em uma extremidade do orifício. Os túneis também forrados com seda servem para esconderijo, abrigo para ninho e se configura numa eficaz armadilha para caçar suas presas, também servindo para proteção contra inimigos e contra ações do tempo como a chuva. A aranha escava as galerias com suas próprias garras. Escondida atrás da tampa entreaberta, que serve de porta de entrada funcionando também como saída, a aranha geralmente espreita suas presas como outros artrópodos. O guia da equipe, o Sr. Alberto Bezerra da Silva, conhecido como Beto, descreveu o alçapão que ele encontrou em barranco na estrada no entorno da Gruta Cristal I e Cristal II e que se 189 encontrava desprovida de materias na parte externa. Esta área do alçapão já foi encontrada em outras regiões da Chapada Diamantina, camuflada com musgos, liquens, serrapilheira. No entanto, esses materiais não dificultam a ação da aranha, que ao perceber a vibração nos arredores, até mesmo pela própria existência das teias, sai da armadilha, pula e agarra a presa, voltando novamente para o abrigo, que também pode ser encontrado com a área externa desprovida de materiais. Quanto aos anfíbios, estes dividem o seu tempo entre o chão firme e parte dele na água, sendo que dos poucos avistados estão o sapo-cururu, Bufo paracnemis e as perereca Hylidae, a exemplo das Hyla sp. e da perereca-de-banheiro Scinax fuscovarius, úteis ao ser humano por se alimentarem de artrópodes, incluindo, aqueles transmissores de doenças. Entre os répteis, o teiú (Tupinambis merianae) tem sua dieta omnívora, constituindo-se de invertebrados e suas larvas (grilos, gafanhotos, besouros, aranhas, tenébrios, moscas, borboletas), pequenos roedores (preás, cobaias, camundongos, etc.) pássaros, pintos, rãs, girinos, moluscos, (caracóis, caramujos, lesmas), crustáceos (camarões, etc.), minhocas, vermes, ovos, frutas doces, diversas flores e até peixes. As lagartixas, a exemplo do Tropidurus spp, são encontradas abrigadas, também em troncos de coqueiros. Este se alimenta de insetos, aracnídeos e pequenos frutos e sementes. Já o calango verde (Ameiva ameiva) acrescenta à sua dieta, até mesmo, camundongos. Na cadeia alimentar as cobras são consumidoras, apresentando dieta variada e constituída de pequenos anfíbios, lagartos e roedores, no caso das jararacas; podendo ser enriquecida com aves e pequenos mamíferos (marsupiais e primatas), pelas não-peçonhentas jibóias (Boa constrictor) e, ainda peixes, segundo literatura específica (Freitas, 1999, p.17). Insetos também fazem parte do cardápio das cobras verdes (Liophis sp.), dentre outras com ocorrência para a área de estudo e região. As corais-verdadeiras podem consumir outras cobras, contribuindo, assim, para a manutenção do equilíbrio ecológico. De forma geral, as cobras beneficiam o ser humano controlando a população de roedores indesejáveis, transmissores de doenças como o rato doméstico (Rattus rattus). Elas ainda servem de alimento para outros animais, tais como aves de rapina, a exemplo do gavião caracará (Polyborus plancus). As aves possuem hábitos alimentares diversificados, podendo-se citar: as nectarívoras: beijaflores esmeralda-de-bico-vermelho (Chlorostilbon aureoventris) e o beija-flor-tesoura (Eupetomena macroura); insetívoras: bem-te-vi (Pitangus sulphuratus) e o gavião-carrapateiro (Milvago chimachima), sabendo-se que formicídeos, a exemplo da formiga quenquén (Acromyrmex spp.), servem de alimento para aves insetívoras; as granívoras como a rolinhafogo-apagou (Scardafella squammata) e o cardeal, (Paroaria dominicana) (Fotografia 5.2.41). Dentre as frugívoras estão o periquito-da-caatinga (Aratinga cactorum) que é endêmico do 190 Nordeste e o tuim-de-asa-azul (Forpus xanthopterygius). Fotografia 5.2.41 - Cardeal (Paroaria dominicana) nas margens da lagoa em Lagoinha (AID). Coordenada: UTM 0246606 / 8707375. Fonte - Leida Baracat de Oliveira, 15.01.2011. Os corpos d´água atraem piscívoras como os martins-pescadores (Ceryle torguatus) e o socó (Butorides striatus), além de lavadeiras-mascaradas (Fluvicola nengeta) que, também, habitam a beira d´água. Os úteis necrófagos, que contribuem para a limpeza do ambiente, a exemplo do urubú-de-cabeça-preta (Coragyps atratus) e o urubú-de-cabeça-vermelha (Cathartes aura), ocorrem em a toda a região, tendo registro na AII e na AID, tanto no campo rupestre quanto no entorno da gruta do Cristal II (Fotografia5.2.42). Fotografia 5.2.42 - Urubu-de-cabeça-preta (Coragyps atratus). Fazenda Cristal (AID). Área ao alto da Gruta Cristal II. Coordenada: UTM 0247875 / 8692269. Foto - Leida Baracat de Oliveira, 2011. Segundo observações sobre a avifauna, realizadas pela Papyrus Soluções, foram poucas as interrelações fauna-fauna verificadas ao longo do inventário e, ainda incluem relações agonísticas 191 (comportamento social ameaçador) intraespecíficas e interespecíficas em seus resultados. Registraram a disputa entre Chlorostilbon lucidus (de mesmo sexo e de sexos de diferentes) por flores em área de alimentação, bem como de beija-flor-rabo-de-tesoura (Eupetomena macroura) disputando flores de uma Verbenaceae. Na interação intraespecífica vale citar um par de suiriri (Tyrannus melancholicus) e um neinei (Megarynchus pitanguá) adulto que, segundo relatado “investiram sobre um jovem do gavião carrapateiro Milvago chimachima” e predação de anfíbio Bufonidae pela coruja-buraqueira (Athene cunicularia) documentado por fotografia. (PAPYRUS SOLUÇÕES, 2011, p. 27) (anexo IX) Apesar de terem encontrado bandos com representantes de diferentes espécies da avifauna na área de estudo, a equipe da Papyrus Soluções afirma que “não há dados de estudos de bandos mistos em áreas de Caatinga” (PAPYRUS SOLUÇÕES, 2011, p. 27), bem como não foi possível, em outra agregação com sete espécies, confirmar se esta se tratava de um bando misto de área aberta, a qual chamou a atenção pelo número de I. cayannensis e de T. rufus, de 8 a 10, respectivamente. Entre os mamíferos pode-se citar o morceguinho-das-casas (Tadarida brasiliensis, e o Noctilio leporinus). Este último se alimenta de peixes e crustáceos, vivendo nas proximidades de mananciais hídricos, onde é possível observar seus vôos razantes à superfície da água, à procura de alimento. Outros morcegos se alimentam de frutos de Sapotaceas (gênero Pouteria), Leguminosas como a Angelim (gênero Andira), Combretaceas (Terminalia catapa), Anacardiaceas (Anacardium occidentale, Mangifera indica, Spondias purpurea), dentre outras. Os morcegos insetívoros se alimentam, em geral, de insetos de hábitos noturno, com especial referência, mariposas. Já os hematófagos se alimentam de sangue de animais, desde aves domésticas como galinhas, muares, eqüinos, bovinos, e até mesmo de seres humanos que neste caso, embora levem fama de morderem o pescoço, mordem outras partes do corpo como lábios, rosto, pernas e braços. Os tatus se alimentam principalmente de raízes de plantas, mas também de invertebrados terrestres e de pequenos vertebrados. Em particular o tatu-peba (Euphractus sexcintus) tem como significativa fonte de alimento os xilopódios (raízes) de plântulas do umbuzeiro (Spondias purpurea) causando uma predação de aproximadamente 89,75% nessas plantas no seu primeiro ano de crescimento. Este fato pode ser considerado como uma das causas da baixa densidade de umbuzeiros na caatinga. (CAVALCANTI, 2007). Ainda podem ser encontrados na região roedores de diferentes famílias como Cricetidae: rato silvestre, Orizomys sp; Muridae: Rattus rattus; Caviidae: preá, Cavia operea, encontrado na área da casa de hóspedes da Itaguarana; Erethizontidae: ouriço-cacheiro, Coendou prehensillis; Dasyproctidae: paca, Agouti paca e cutia, Dasyprocta sp., de hábitos crepusculares e noturnos e 192 se alimentam de seus frutos e sementes. Já adaptados à região os sagüis do gênero Callithrix de hábitos diurnos são encontrados com maior freqüência, nas porções medianas das copas de frutíferas. Os cajueiros, Ancacardium occidentale, além dos frutos fornecem outra fonte de alimento como a goma exudada de seu tronco que atrai, principalmente, pelo sabor adocicado os sagüis. É comum na região estas árvores apresentarem troncos com marcas deixadas por esses primatas, ou seja, perfurações típicas produzidas pelos dentes desses animais, cujo objetivo é atingir a parte superficial do lenho das árvores, para obterem a resina ou goma. Acredita-se que estas marcas, também, sejam utilizadas para demarcação de território. Portanto, a dieta dos sagüis é bastante abrangente e os pomares fornecem uma diversificada fonte de alimentação, que servem de abrigo seguro para esses animais se reproduzirem. Os marsupiais sariguês (Didelphis sp.) possuem hábitos crepusculares e noturnos e podem ser encontrados nos ambientes naturais em ocos de troncos de árvores e folhagens de palmeiras, porém já se adaptaram ao ambiente urbano chegando, até mesmo, a se domiciliarem. Onívoros, consomem ovos, aves domésticas, podendo causar prejuízos para avicultores mas, também, se alimentam de insetos e frutas, sendo responsáveis por dispersão de sementes. Foram encontradas fezes de coelho silvestre (Sylvilagus brasiliensis) na ADA, no acesso à torre de monitoramento, demonstrando que existe processo de forrageamento, uma vez que este animal é herbívoro.Os coelhos silvestres alimentam-se de gramíneas e vegetais tenros e são citados como presas da jaguatirica (Leopardus pardalis mitis) e do gato-do-mato (Leopardus tigrinus). Esses dois predadores estão ameaçados de extinção pelo IBAMA, mas ainda podem ser encontrados na região, segundo moradores. A jaguatirica também pode se alimentar de roedores, marsupiais, além de lagartos, aves, cobras e outros vertebrados. (EDUEL/KLABIN, 2005). Dentre os mamíferos de maior porte, destaca-se o veado-catingueiro (Mazama gouazoubira) que se alimenta de gramíneas; flores, frutos e brotos de plantas cultivadas ou de nativas como o quiabento (Pereskia bahiensis). Esta nativa, bastante comum na região, é utilizada principalmente como cerca-viva. O veado é apontado como uma das principais presas de onças. Nos trabalhos de campo não foi avistado nem veado nem onças. n) Diagnóstico da situação geral da fauna e da ação antrópica sobre ela exercida n) Diagnóstico da situação geral da fauna e da ação antrópica sobre ela exercida. É grande a lista oficial das espécies da fauna brasileira ameaçadas de extinção, incluindo, evidentemente, a do semiárido baiano. As causas principais da extinção dessas espécies são de 193 forma geral, a superexploração através da caça indiscriminada, captura de animais para exportação ilegal e, principalmente, a destruição dos habitas naturais para ocupação do solo ou extrativismo vegetal. Vários tipos de ações antrópicas agressivas à fauna terrestre são aplicados na região, tais como, a captura indiscriminada de aves e outros animais silvestres, seja para manutenção como animal de estimação, ficando manditos engaiolados em residências, a exemplo do azulão (Cyanoloxia brissonii), seja para comercialização ilegal, incluindo outras espécies, além da citada, que estão nos levantamentos da Papyrus (2011, p.30), que envolvera entrevistas a moradores da região. A caça é utilizada para o consumo, incluída na alimentação da família, sendo as aves mais apreciadas, dentre as de grande e médio porte, a jacucaca (Penelope superciliaris), a pomba-verdadeira (Patagioenas pacazuro) e a pomba-de-bando (Zenaida auriculata). (PAPYRUS SOLUÇÕES, 2011, p. 31). A equipe da V&S Ambiental flagrou transeuntes portando arma de fogo na região (Coordenadas: UTM 248092. 23 mE, 8688518,78 mS) Traseunte portando arma comumente utilizada em caça de animais silvestres na região de influência do empreedimento. Coordenada: UTM 248092. 23 mE/8688518,78 mS Fonte – Ivomar Carvalhal Britto 14.01.2011. Além disso, a intensa atividade agropecuária, em expansão, vem utilizando o ambiente sem qualquer preocupação com o manejo adequado dos recursos naturais, praticando a remoção total da vegetação natural, incluindo as matas ciliares, acelerando o processo para a extinção da vegetação, acompanhada da fauna associada. Nesse cenário o impacto da ação antrópica, considerado como mais significativo e evidente sobre as aves, na avaliação da Papyrus Soluções “é a conversão de áreas de Caatinga em pastagens ou plantações”, o que implicou, segundo eles “na substituição da avifauna mais dependente da estrutura arbustivo-arbórea da Caatinga em uma avifauna de áreas abertas e degradadas”, citando dentre outros o papa-capim (Sporophila nigricollis) e o gavião quiri-quiri 194 (Falco sparverius) (PAPYRUS SOLUÇÕES, 2011, p. 30) Especilistas apontam que a “conversão de habitats naturais é uma das causas de perda de diversidade de aves ao nível global” (GASTON et al., 2003 apud PAPYRUS, 2011, p. 30) e a “fragmentação e perda de habitat é uma das causas de declínio de espécies em áreas florestais” (STRATFORD; STOUFFER, 1999; MARTENSEN et al., 2000 apud PAPYRUS, 2011, p. 30). Assim, a destruição das áreas de refúgio da fauna, provedoras de abrigo e sítios adequados para a reprodução pelo desmatamento descontrolado e queimadas, implica no continuado processo de diminuição das populações, levando, paulatinamente, ao seu extermínio ou a raridade de outras espécies. Mamíferos, com exceção dos pequenos roedores e marsupiais, reproduzem-se geralmente, gerando 1 a 4 filhotes, uma a duas vezes ao ano, e requerem uma área significativa para o forrageio e cuidado parental. Nesse aspecto, a manutenção ou recomposição da mata ciliar dos rios da região é de fundamental importância a fim de manter os corredores de acesso à áreas menos devastadas. Recomenda-se de modo incondicional a preservação da vegetação remanescente dos ecossistemas da caatinga existentes na região, associada à fiscalização intensiva para coibir a caça e o comércio de espécimes da fauna silvestre regional como mecanismo de preservação e conservação deste segmento da Biodiversidade Tropical. Como em outras regiões da caatinga baiana, a avifauna ainda é refém de aprisionamentos, sendo encontrados engaiolados na Chapada Diamantina o azulão (Passerina brissoni), o pintassilgo-de-cabeça-preta (Carduellis magellanicus), o pássaro-preto (Gnorimopsar chopi), coleirinha (Sporophila caerulescens). No caso específico da fauna cavernícola, estas também vêm sofrendo pressões antrópicas na região, tendo como citação por Srivastava & Rocha (2002, p.92) o seguinte sobre a Gruta Cristal I: Desmatamentos e visitação intensa são os principais agentes que afugentam os morcegos, fato que promove desequilíbrios e mesmo extinção da vida cavernícola. A grande espessura de sedimentos existentes nesse local pode representar um potencial fossilífero, o que constitui um dos aspectos de maior relevência para esta caverna (SRIVASTAVA & ROCHA, in BRASIL/DMPN/ CPRM, p.92, 2002). Foram observadas aberturas em rochas para colocação de dinamites no entorno das Grutas Cristal I e Cristal II, o que se constitui em ação de impacto altamente negativo com reflexos para os animais das cavernas e seu entorno, com especial referência à quiropterofauna. Nas cavernas estudadas foi encontrada a estabilidade de uma alta temperatura (39ºC) e uma 195 umidade relativa do ar alta (98%), além da ausência de luz, exceto próximo àquelas aberturas por onde se entra e sai das grutas, onde a temperatura e a umidade relativa do ar são diretamente influenciadas pelo meio externo. Quanto ao teor da matéria orgânica proveniente do meio externo, observou-se uma certa escassez. Este material chega nas cavernas através de transporte de detritos vegetais por águas de chuvas ou ventos, que penetram pelas aberturas destas grutas, além do guano deixado cair pelo morcegos frugívoros, que possuem seu ponto de pouso no interior destes ambientes. No que diz respeito à ação antrópica à ação antrópica sobre o ambiente do Complexo Gruta Cristal I e Gruta Cristal II, é importante considerar sempre que o seu clima interno, onde a temperatura é sempre maior do que a do meio externo. Este último sempre bem mais ventilado e menos úmido que no interior delas e sofrendo menor variação. No meio escuro a temperatura nas cavernas mais profundas está sempre em torno de 40ºC e a umidade relativa do ar por volta de 98%. As populações troglóbias estão sempre bem adaptadas ao seu microclima e qualquer atitude do ser humano que venha a modificar essas características causará grandes danos aos seus habitantes e à sua estrutura geológica e arqueológico. Tudo isso vem corroborar com estudos de outros autores citados in Trajano e Gnaspini-Netto (1991). As cavernas possuem um clima mais estável, quando comparado com o meio externo, apresentando umidade elevada, temperatura com pequena variação circadiana e circanual, ausência de luz e matéria orgânica escassa e importada do meio externo (CULVER, 1982; BARR e HOLSINGER, 1985 in TRAJANO e GNASPINI-NETTO, 1991). Esta importação ocorre de forma inconstante, como o carreamento de detritos vegetais e animais por cursos d'água, através de fendas e outras comunicações com o meio externo e sob a forma de guano de morcegos (BARR, 1967 in TRAJANO e GNASPINI-NETTO, 1991) p. 21. Nesse contexto, as populações troglóbias, que vivem à custa de restos alimentares, provenientes de vegetações do entorno dos ambientes cavernícolas, podem sofrer modificações ou serem ofendidas em virtude das agreções antrópicas ao meio ambiente externo de onde provêm toda a matéria orgânica, que irá servir de base para a alimentação desses animais e que se tornarão mais e mais pobres em representantes. O certo é que a contribuição da matéria orgânica para tais ecossitemas vem do meio externo através das chuvas e ventos ou animais troglófilos que saem da caverna para buscar o seu alimento no meio externo. Por outro lado a ação antrópica age na alteração de todo o clima ambiental do exterior das cavernas, havendo queda na fonte alimentar dos seres troglóbios detritívoros do meio cavernícola e, conseqüentemente, dos seus predadores, prosseguindo com o aumento constante das alterações e empobrecimento ambiental, podendo atingir a extinção de algumas espécies. Conforme estudos citados por Poulson e Une (1977.p. 23). É importante destacar que as cavernas com alta diversidade e/ou com presença de troglóbios devem ser preservadas, bem como o seu entorno e áreas de drenagem situadas a montante. A retirada de vegetação na área de entorno pode ocasionar menor aporte de alimento para o meio subterrâneo 196 (através da diminuição da área de forrageamento de morcegos: de transporte de detritos através de cursos d'água ou vento), aumento do aporte de sedimentos (que pode alterar a topografia subterrânea) e mesmo alterações no topoclima. O menor aporte de energia causa flutuações nas populações, como o aumento de algumas e o decréscimo de outras, alterando o equilíbrio que existe entre elas, podendo culminar com a sua extinção (POULSON e UNE, 1977.p. 23) o) Quirópteros – avaliar a riqueza de espécies de quirópteros na área de estudo, seu status de ocorrência, abundância e outras informações biológicas relevantes tais como: dados de dieta, comportamento alimentar, altura de vôo, formação e tamanho das colônias, tipos de abrigos preferenciais e outros. o) Quirópteros – avaliação da riqueza de espécies de quirópteros na área de estudo, seu status de ocorrência, abundância e outras informações biológicas relevantes tais como: dados de dieta, comportamento alimentar, altura de vôo, formação e tamanho das colônias, tipos de abrigos preferenciais e outros. Os trabalhos referentes à quiropterofauna foram efetuados, inicialmente, em duas frentes, ambas na Área de Influência Direta: uma desenvolvida na forma de monitoração prévia realizada pela Lacerta Consultoria, Projetos e Assessoria Ambiental em 2010), a outra pela equipe da Espeleologia da V&S Ambiental, abrangendo os anos de 2010 e 2011. Posteriormente, para atender notificação de 2011 (IMA), foi realizado, de forma complementar, diagnóstico da quiropterofauna da área de influência do empreendimento, pela empresa Papyrus Soluções (2011) como já apresentado na metodologia geral deste relatório. As espécies de morcegos levantadas pela V&S Ambiental estão na listagem com todos os grupos da fauna da AII e da AID ( Listagem taxonômica da fauna da área do empreendimento Complexo Eólico Cristal, Morro do Chapéu, Cafarnaum e Bonito, Bahia - anexo). Já as dos levantamentos de dados secundários pela Papyrus Soluções, estão incluídas em lista de espécies e famílias de quirópteros com presença confirmada para o estado da Bahia e ocorrência potencial para o município de Morro do Chapéu (BA), nordeste do Brasil. (QUADRO 3.2.1-1 in PAPYRUS SOLUÇÕES, 2011, pp. 51 a 54) (anexo IX). A Papyrus Soluções apresenta ainda listagem de espécies e famílias de quirópteros (Mammalia, Chiroptera) com presença confirmada para área do empreendimento proposto, constando de distribuição geográfica e status de conservação no Quadro 3.2.4-1 (PAPYRUS SOLUÇÕES, 2011, p. 72, anexo IX) e outras listagens, mais específicas, em área de influência do empreendimento, contendo dados biológicos dos exemplares capturados com redes de neblina, ao acaso, em área de açude e vegetação arbórea e arbustiva 22/04/2011 (QUADRO 3.2.2-1 in PAPYRUS SOLUÇÕES, 2011, p. 55) e em área aberta com vegetação arbórea e arbustiva - 25/04/2011 (QUADRO 3.2.2-2 in PAPYRUS SOLUÇÕES, 2011, pp. 55 a 56). (anexo IX ). 197 Os resultados da Lacerta (2010), que compreenderam captura em rede em áreas de influência, não envolveram estudos realizados dentro das grutas estando apresentados, na íntegra, em relatório técnico intitulado – Relatório Parcial do Monitoramento Prévio da Avifauna e Chiropterofauna – Complexo Eólico Cristal. (LACERTA, 2010). (anexo VII) A Papyrus Soluções comparou os dados sobre quiropterofauna da Lacerta com os seus resultados as considerações estão no Relatório Diagnóstico da Avifauna e Quirotpetofauna (item Discussão, PAPYRUS SOLUÇÕES, 2011, p. 75). (anexo IX). Nos levantamentos de dados secundários pela V&S Ambiental, tem registro o morcego Anoura caudifer, coletado no Abrigo das Lages (Parque Estadual Morro do Chapéu) por OLIVEIRA et al. (2008) em 24 e 25 de fev de 2004. Foram identificados 2 machos e 4 fêmeas (OLIVEIRA J. A.; PESSOA L. M., 2005 apud SBRAGIA, I.; CARDOSO, A., 2008.) A avaliação da Papyrus (2011 p. 50), referente ao item diversidade de quirópteros na região, destaca que no Estado da Bahia foram registradas 76 espécies com ocorrência potencial para o município de Morro do Chapéu. Dentre as famílias levantadas, a Phyllostomidae possui maior número de espécies - 47 espécies, correspondendo a 61,8% do toal e as Famílias Furipteridae, Natalidae e Mormoopidae com apenas uma 1 espécie (1,3% ) do total. A grande totalidade das espécies apresenta comportamento social gregário, com exceção de duas espécies Lasiurus blossevillii e Lasiurus ega, solitárias e insetívoras (QUADRO 3.2.1-1 p. 51 a 54, anexo IX). Quanto aos demais dados da quiropterofauna, são apresentados, incialmente, os resultados dos estudos realizados pela equipe da espeleologia da V&S Ambiental, que incluem o interior das Grutas Cristal I e Gruta Cristal II, aqui compreendidas como Complexo Gruta Cristal I e Gruta do Cristal II, e estão localizadas na Área de Influência Direta (AID), considerando-se o mapemanto destas grutas, segundo a definição das áreas de influência do meio biótico terrestre pela V&S Ambiental. Para os estudos in loco, a equipe da Espeleologia da V&S Ambiental, fez penetrações nas grutas com luminosidade artificial, para observações diretas, captura manual de morcego e registro fotográfico. A Papyrus, por sua vez, utilizou o método de localização de colônias de morcegos no período de 25 a 29 de abril de 2011, resultando em captura de exemplares, através de rede de neblina, armadas em frente à abertura das cavernas Gruta Cristal I; Gruta Cristal II e na Gruta do Oliveira, sendo que na Gruta do Barrocão as redes foram colocadas no interior do primeiro saguão, procedimento já justificado na metodologia. Maiores detalhamentos se encontram na íntegra no relatório da Papyrus (2011) ANEXO . Os dados da V&S Ambiental (2011) estão correlacionados, a exemplo de itens anteriores, com aqueles complementares, gerados pela Papyrus (2011). 198 No Complexo Gruta do Cristal I e Gruta do Cristal II que é praticamente desprovido de estalactites e estalagmites foram encontrados, pela equipe da V&S Ambiental (2011), pontos de pouso de morcegos, que circulam no ambiente, onde foi capturado e identificado, em loca, um exemplar de Phillostomidae (Carollia perspicillata) (Fotografia 5.2.43). Fotografia 5.2.43 – Morcego (Carollia perspicillata) no interior do Complexo Gruta Cristal I e Gruta Cristal II. Fonte - Elvis Barbosa, 10-01-2011. As colônias de Carollia perspicillata formam grupos de mais ou menos 12 animais, em pontos baixos e próximos da entrada das grutas do complexo Cristal I e Cristal II, onde fazem seu pouso e deixam cair o guano. Esta espécie, também consta na listagem das colônias de quirópteros localizadas em área de influência produzida pela Papyrus (Quadro 3.2.3-1, abril de 2011, p.60), totalizando 5 espécies para a área do Complexo. Ainda são somadas à listagem de quirópteros nas Cavernas Barrocão (total de 9 espécies) e à Gruta do Oliveira (total de 5 espécies), consituindo-se, portanto, como a espécie mais abundante da área do empreendimento proposto. (PAPYRUS SOLUÇÕES, 2011, p.60, anexo IX) Quanto ao hábito alimentar da Carollia perspicillata, estes são totalmente frugívoros ou complementado com insetos e, por vezes, néctar de flores. Tais animais deixam vestígios em vários pontos do complexo das grutas. Contudo, o guano eliminado na direção do ponto de pouso, permite o surgimento de fungos, que podem causar problemas à respiração do ser humano e de outros animais. Todo esse material que pode ser usado como alimento, servirá como fonte de energia, no caso de existr algum animal na caverna, verdadeiramente troglóbio, a exemplo de grilos cavernícolas ou micro-crustáceos cavernícolas (Isópodos). Deve-se destacar a importância do fruto do ouricurí, como fonte de alimento para esses morcegos frugívoros, sendo assim, muito transportados para o interior das cavernas e encontrados, por vezes, germinando. 199 Segundo observações da Papyrus Soluções (2011, p.74), corroboradas por autores dos EUA, Austrália e Europa, a ocorrência de morcegos em uma área está condicionada pela presença de vegetação arbórea e corpos d’água. Na verdade esses ambientes (riachos e lagoas) atraem os morcegos pela disponibilidade de alimentos, constituídos de invertebrados e outros vertebrados, a exemplo de anfíbios, como observado no açude e arredores, por ocasião das atividades de campo da equipe da Papyrus Soluções. Foram corfirmados pela Papyrus Soluções, para a região do empreendimento proposto, espécies de morcegos de diferentes hábitos alimentares: além da Carollia perspicillata, registram outros frugíforos Artibeus obscurus, Artibeus planirostris e Platyrrhinus lineatus; onívoras do gênero (Phyllostomus) e nectívoras como Glossophaga soricina, passando pelas, exclusivamente, insetívoras (Natalus stramineus) e, até mesmo, duas espécies de hematófagos (Desmodus rotundus e Dyphylla ecaudata) e uma piscívora (Noctilio leporinus). (PAPYRUS, 2011, p. 73) Maiores informações sobre dieta e comportamento dos morcegos, com ocorrência potencial para o Município de Morro do Chapéu, estão no Quadro 3.2.1-1 (PAPYRUS, 2011, p.51 a 54). Já os dados biológicos (sexo, idade, estágio reprodutivo, medida do antebraço e peso) dos exemplares estão apresentados da seguinte forma: quirópteros capturados com rede de neblina, ao acaso, em área de açude e vegetação arbórea e arbustiva (22/04/2011) e em área aberta com vegetação arbórea e arbustiva (25/04/2011), ambas na ADA do empreendimento proposto, são apresentados em Quadro 3.2.2-1 (p. 55) e Quadro 3.2.2-2 (p.55), respectivamente (PAPYRUS, 2011); os quirópteros capturados nas Grutas do Cristal I (20/04/2011) (Quadro 3.2.32, p.61); Cristal II (21/04/2011) (Quadro 3.2.3-2, pp.62 e 63); Gruta do Barrocão (23/04/2011) (Quadro 3.2.3-4, pp. 63 e 64) e na Gruta do Oliveira (24/04/2011) (Quadro 3.2.3-5, p. 64 e 65), encontram-se também no relatório da Papyrus Soluções (2011, p.61 a 65). No que se refere à localização de colônias de quirópteros, os dados organizados no Quadro 3.2.3.1 (PAPYRUS, 2011, 60 e 61) apresentam as espécies registradas na entrada das Grutas Cristal I e II e Gruta do Oliveira e no interior da Gruta do Barrocão, com suas respectivas coordenadas e números de indivíduos. Nesse contexto, os morcegos sendo animais troglófilos, podem ser encontrados, tanto dentro, quanto fora das cavernas, necessitando se ausentar delas por algum período (noite ou dia), através do vôo. A altura do vôo de morcegos depende da altura do ambiente em que eles estão se deslocando, e a possibilidade de voar no túnel cavernícola, depende da amplitude desse ambiente, porque muitas das partes do teto das cavernas são baixas e em muitos destes o animal faz seu pouso. Dessa forma, a localização do ponto de pouso dos quirópteros nas cavernas está de acordo com a altitude do teto, a luminosidade e o tipo de abrigo e 200 interferência do ser humano. Neste último caso, a ação ainda é relativamente pequena, pois as grutas estudadas encontram-se distante de áreas mais densamente povoadas, o que restringe vistiações a estas. Entretanto, para penetrar, vindo em vôo do meio externo, ele tem que descer de acordo com a altura do túnel cavernícola para o piso desse ambiente. Estando no meio externo, à procura do alimento, a questão altura do vôo é muito variável e, caso ele esteja na captura de insetos, ou procurando frutos e néctar, estará também na dependência do porte do vegetal. Contudo, a distância a partir do solo para o animal em vôo externo, nem sempre ultrapassa 4 metros, que é uma altura de árvores do entorno, que fornecem fontes de alimentação como o ouricurizeiro (Syagrus coronata). O entorno das cavernas é caracterizado por vegetação típica de caatinga de diferentes portes, entremeada por pastagens. Observa-se que no município de Morro do Chapéu, existem terrenos sujeitos a afundamentos (dolinas), alguns dos quais, até mesmo impossibilitam a passagem de carros. No início do afundamento de tais terrenos, esses pontos funcionam como sumidouros das águas pluviais, originando daí, túneis mais ou menos sustentáveis, em uma rocha mãe, metamórfica argilosa, do tipo folhelho. As camadas ou folhas, que formaram estas rochas, continuam em um desprendimento de pedaços, enquanto a terra e a água que penetram, vão erodindo mais e mais os locais por onde passam, originando as cavernas. Foi possível observar túneis cavernícolas com várias comunicações com o meio externo, por onde penetra luz. Em muitos destes túneis, há profundidade de aproximadamente 300m para se encontrar a boca da caverna, sendo toda esta área iluminada pela luz solar. Em outros pontos, o desprendimento de partes das rochas, aliado ao carreamento da terra, vão ocasionando a obliteração das entradas de alguns túneis, impedindo a circulação do ser humano, mas possibilitando a entrada de outros vertebrados incluindo morcegos. Em conversas com moradores locais foi citado que pessoas ao tentaram entrar deitadas em determinados “buracos”, saíram contaminadas com fungos das fezes dos morcegos que por lá se escondem. Foram computados e registrados pela Papyrus Soluções (2011, p. 72) na lista de espécies e famílias de quirópteros, com presença confirmada para as áreas do empreendimento proposto (Quadro 3.2.4-1, anexo IX), 13 espécies desses mamíferos, distribuídas em duas famílias: Phyllostomidae e Natalidae. Neste mesmo quadro estão registradas a distribuição geográfica e o status de conservação, a partir da qual se chegou à conclusão de que, todas as espécies listadas têm ampla distribuição na Região Neotropical, com exceção da Lonchophylla bokermanni (restrita ao sudeste do Brasil). Esta por sua vez, é a única ameaçada (categoria “Vulnerável”), de acordo com o Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção (MACHADO et al., 2008 201 apud PAPYRUS SOLUÇÕES, 2011, p. 71). De acordo com a Papuryus Soluções (2011, p. 74) a eficiência dos dois métodos adotados redes de neblina ao acaso e método de localização de colônias - se deu pela ação conjunta dos mesmos no inventário de quirópteros da região, observando-se que duas espécies (Tonatia bidens e Artibeus obscurus), foram registradas, apenas durante as amostragens com redes de neblina ao acaso, e o último método citado, foi responsável por 50% dos registros, especialmente de espécies de difícil captura, como o Natalus stramineus. Assim, cada um dos métodos tem sua importância para os diferentes tipos de espécies levantados. P) Avifauna – listar as espécies de ocorrência na área de estudos, devendo os dados serem apresentados em forma de tabela com as seguintes informações: i) quantificação das aves; ii) status de ocorrência, tais como: residente anual, migrante de primavera/ verão, visitante migratória do (especificar origem); iii) ocorrência ou não de reprodução na área de estudo ou proximidades; iv) status de conservação em nível regional, nacional e mundial (caso se aplique) v) variação de comportamento ou níveis de atividade em relação à sazonalidade, ao período circadiano e às condições meteorológicas; vi) informações biológicas relevantes tais como: dieta e comportamento alimentar, altura do vôo, formação de bandos, época, locais de reprodução e outros. Dar especial atenção às espécies de Strigiformes (corujas), Caprimulgiforme (bacuraus), Falconiformes (falcões e gaviões), Anseriformes (marrecos), dentre outros, caso ocorram na área. vii) informações sobre existência de movimentos migratórios relevantes p) Avifauna – listagem das espécies de ocorrência na área de estudos, com dados apresentados em forma de tabela. Os trabalhos referentes à avifauna foram efetuados em duas frentes: uma desenvolvida na forma de monitoração prévia, realizada pela Lacerta Consultoria, Projetos e Assessoria Ambiental, cujo relatório técnico intitulado – Relatório Parcial do Monitoramento Prévio da Avifauna e Chiropterofauna – Complexo Eólico Cristal, que utilizou além de métodos de observação direta, o método de captura por redes de neblina para identificação das aves. (LACERTA, 2010). Este trabalho encontra-se, na íntegra, no Anexo VII. A outra frente de trabalho foi realizada pela equipe do meio biótico terrestre da V&S Ambiental (2010, 2011), que fez observações diretas no campo. Posteriormente, para atender notificação de 2011 (IMA), foi realizado, de forma complementar, diagnóstico avifauna na área de influência do empreendimento, pela empresa Papyrus Soluções (2011), como já apresentado na metodologia 202 geral deste relatório. A listagem das espécies de ocorrência da avifauna na área de estudo organizada pela Papyrus Soluções, e que inclui os estudos da Lacerta (2010) estão no Quadro 2.1.7-1: Lista preliminar da avifauna no Complexo Eólico Cristal (Cafarnaum, Morro do Chapéu e Bonito, Bahia, Brasil, do relatório (PAPYRUS SOLUÇÕES, 2011, pp. 32 a 40) (anexo IX). i. quantificação das aves. A quantificação das aves consta na coluna Abundância (IFL) do Quadro 2.1.7-1: Lista preliminar da avifauna no Complexo Eólico Cristal (Cafarnaum, Morro do Chapéu e Bonito, Bahia, Brasil), onde a IFL, significa Índice de Frequencia nas Listas, de acordo com Ribon (2010) = abundância relativa. (PAPYRUS SOLUÇÕES, 2011, pp. 32 a 40) (anexo IX ). ii. status de ocorrência, tais como: residente anual, migrante de primavera/verão, visitante migratória do (especificar origem). Dados disponíveis na listagem taxonômica da fauna encontra-se no Anexo VI, deste relatório e na coluna Status R= residente; VN= Visitante do Norte e E = endêmico das fronteiras do Brasil disponível no Quadro 2.1.7-1: Lista preliminar da avifauna no Complexo Eólico Cristal (Cafarnaum, Morro do Chapéu e Bonito, Bahia, Brasil). (PAPYRUS SOLUÇÕES, 2011, pp. 32 a 40) (anexo IX). iii. ocorrência ou não de reprodução na área de estudo ou proximidade. Ninhos foram avistados durante os trabalhos de campo, incluindo dois de rolinhas (Columbina talpacoti e Columbina picui) ambos com ninhegos. Contudo, os ninhos mais comumente avistados na área de estudo foram os do casaca-de-couro (Pseudoseisura cristata), que constroem um ninho de grande porte no alto das árvores e, até cactáceas, sendo estes facilmente avistados. Da mesma forma os ninhos do joão-de-pau (Phacellodomus rufifrons). Entretanto, outras aves, a exemplo do anum-preto (Crotophaga ani) escolhem lugares mais abrigados, pouco visualizados como forma de proteção. Dentre outros ninhos também são encontrados o do sabiá (Turdus sp.) em marquises de caverna no complexo Gruta Cristal I e Gruta Cristal II. No entanto, qualquer ambiente são áreas de reprodução da avifauna, até mesmo as construções humanas. As cavernas, em particular se constituem num sítio de reprodução e nidificação da quiropterofauna. Os dados estão disponíveis na coluna das ocorrências de reprodução (Repro) com registros a partir de observação direta (D) ou indireta (I) no Quadro 2.1.7-1: Lista preliminar da avifauna no Complexo Eólico Cristal (Cafarnaum, Morro do Chapéu e Bonito, Bahia, Brasil). (PAPYRUS 203 SOLUÇÕES, 2011, pp. 32 a 40). iv. status de conservação em nível regional, nacional e mundial (caso se aplique) Dados disponíveis na listagem taxonômica da fauna encontra-se no Anexo VI deste relatório e na coluna status de ameaça, que segue a IUCN (2010) e o MMA (2003), disponível no Quadro 2.1.7-1: Lista preliminar da avifauna no Complexo Eólico Cristal (Cafarnaum, Morro do Chapéu e Bonito, Bahia, Brasil). (PAPYRUS SOLUÇÕES, 2011, pp. 32 a 40). A partir do quadro a Papyrus Soluções fez as seguintes discussões e considerações: Cinco espécies estão em alguma categoria de ameaça de extinção, sendo duas compartilhadas entre as listas da IUCN (International Union for Conservation of Nature and Natural Resource, 2010) e do Ministério do Meio Ambiente (MMA, 2003) (Quadro 2.1.2-1) (Figura 2.2.2-6). Três espécies estão apontadas como “Quase ameaçadas” segundo a IUCN. Três espécies são endêmicas da Caatinga (Penelope jacucaca, Hylopezus ochroleucus e Gyalophylax hellmayri). P. jacucaca, dependente de habitat florestal e de alta sensitividade a distúrbios ambientais, parece ocorrer em baixa densidade na área. H. ochroleucus, outro dependente de habitat florestal e de média sensitividade a distúrbios ambientais, merece estudos de abundância e seleção de habitat. G. hellmayri é a espécie mais comum entre as “quase ameaçadas” e é independente de habitat florestal. A fragmentação e perda de habitat é uma das principais ameaças a essas espécies. A caça é ameaça a duas espécies, C. noctivagus e P. jacucaca. O Parque Estadual do Morro do Chapéu era considerado uma IBA (Important Bird Area) (BENCKE et al., 2006). Duas das seis espécies que serviram como argumento para a indicação da IBA ocorrem na área do empreendimento, são elas o Gyallophylax hellmayri e Herpsilochmus sellowi. Pelo menos mais uma espécie, Herpsilochmus pectoralis, entre os ameaçados, pode ocorrer na área do Parque Eólico. (PAPYRUS SOLUÇÕES, 2011, p. 41) Os dados levantados apontam que a região apresenta aspectos de fragilidade para a preservação da avifauna. v. variação de comportamento ou níveis de atividade em relação à sazonalidade, ao período circadiano e às condições meteorológicas. Em função da área proposta para o empreendimento estar localizada no contexto do semiárido, sujeito a longo período de estiagem, a avifauna altera seu comportamento diante desse regime climático. Por sua vez, ainda considerando que “dados sobre a sazonalidade e resposta a condições meteorológicas por parte das aves só devem ser acessados em estudos com replicações temporais entre anos” (Papyrus Soluções, 2011, p. 41 - anexo IX), a equipe da Papyrus Soluções cita que dados de outras regiões, sugerem que algumas espécies, a exemplo da garça Ardea alba, podem realizar movimentos migratórios e, respaldados em Weller (2004), indicam que esse comportamento de movimento migratório estaria relacionado à “disponibilidade de alimentos e são influenciados pelo regime de chuvas”. (p. 41). É evidente que na estiagem, muitas aves granívoras e frugívoras não encontram ali o seu 204 alimento predileto, mas faz a busca deste em micro-ambientes como grotões, lagoas e rios e suas margens úmidas, onde muitos daqueles vegetais podem fornecer sementes e frutos. As insetívoras, também encontram nesses ambientes uma fonte mais rica de alimento pela facilidade de vida de muitos artrópodes. Com as mudanças climáticas, muitas espécies podem fazer vôos nômades, alcançando regiões circunvizinhas mais favoráveis, mas logo que as condições se tornem ideais retornam ao seu habitat inicial. Na Chapada Diamantina, durante o período de estiagem, apenas algumas espécies de beijaflores, permanecem na região, como o beija-flor-de-bico-vermelho (Chlorostilbon lucidus) e o beija-flor-de-rabo-branco (Phaethornis pretrei), as populações das demais espécies (chamadas de nômades) praticamente deslocando-se, provavelmente para outras áreas mais ricas em recursos (CARVALHAES e MACHADO in FUNCH et. al., 2008). De acordo com Zilio (2005) em seu estudo de Dissertação sobre as aves de rapina Falco sparverius e Athene cunicularia, que abrangeu também o comportamento alimentar em relação ao ciclo circadiano dessas espécies, a “Athene cunicularia utilizou os hábitats de maneira diferente durante o dia e durante a noite, havendo variação sazonal na utilização dos mesmos, com exceção do período diurno”. (ZILIO, 2005, p.2.). Ainda segundo o estudo “o Falco sparverius e A. cunicularia forrageiam em períodos distintos, com pouquíssima sobreposição temporal.” (ZILIO, 2005, p.2.). Autores descrevem que tanto o Falco sparverius como a coruja Athene cunicularia, ainda que “apresentem comportamento de forrageio similares, (...) tendem a diferir no período destinado ao forrageio: F. sparverius é um predador diurno enquanto A. cunicularia forrageia predominantemente à noite e crepúsculo (MARTINS & EGLER 1990, MARTI et al 1993 apud ZILIO, 2005, p.8), embora seja ativa também durante o dia” (BELTON 1994, SICK 1997 apud ZILIO, p.8). vi. informações biológicas relevantes tais como: dieta e comportamento alimentar, altura do vôo, formação de bandos, época, locais de reprodução e outros. Dar especial atenção às espécies de Strigiformes (corujas), Caprimulgiforme (bacuraus), Falconiformes (falcões e gaviões), Anseriformes (marrecos), dentre outros, caso ocorram na área. Aves como o curiango (Podager sp.), família Caprimulgidae, normalmente ficam pousadas no chão mas, ao anoitecer, desempenham vôos sinuosos a procura de insetos, numa altura de aproximadamente 8 metros. Segundo Sick (1985, p.199) os carnívoros gaviões e urubus planam muito alto, tanto em vôos de passeio como de inspeção à procura do alimento. Os urubus que 205 podem ficar horas a fio planando, com o mínimo de dispêndio de energia, por aproveitarem as correntes ascendentes de ar quente, chegam a alcançar 3.000 metros de altura, de onde conseguem detectar um objeto de 30 cm de comprimento. Podem ser visualizados em ação a uma distância de 90 km, quando descem para capturar sua presa de uma altura de 700 m. As demais aves voam em diferentes alturas, deslocando-se para se refugiarem em busca de acasalamento, alimento ou na dependência da altitude da vegetação regional, uma vez que elas vivem nos galhos das mesmas. Apenas a juriti (Leptotila rufaxila) foi vista cruzando o espaço numa altura maior que a das árvores. Determinados animais como os Icteridae, a exemplo do sofrê (Icterus jamacaii) (Fotografia 5.2.44), e o pássaro-preto (Gnorimopsar chopi), eram muito abundantes na região, mas ainda hoje podem ser observados na altura de árvores como os licurizeiros à procura dos frutos maduros. Um Corvidae como o cancã (Cyanoporax cyanopogo), foi também muito encontrado, o que não é comum em outras regiões da Chapada Diamantina. Das aves Tinamidae, como o inhambu (Crypturelus parvirostris) e a codorna (Nothura maculosa) ouvia-se muito os seus cantos, mas apenas nos deparamos com o vôo de uma codorna em um campo rupestre regional. Fotografia 5.2.44 – Sofrê (Icterus jamacaii). Coordenada: UTM 0250692/8711143. Fonte - Leida Baracat de Oliveira, 15.01.2011. A Papyrus Soluções (2011, p.20) trouxe informações sobre a espécie Zenaida auriculata, levantada em contato com moradores do povoado de Lagoinha que “comentaram sobre a existência de reprodução da pomba-de-bando (Z. auriculata) até meados da década de 1990.” Ainda de acordo com os moradores “desde então a espécie chega apenas na região no período das chuvas mais fortes em busca dos frutos do velame (Croton sp. – Euphorbiaceae).” Segundo 206 a equipe, respaldada em Antas (1987); Azevedo-Júnior; Antas, (1990) “esse relato de aparecimento em relação à frutificação do velame é reportado em outras regiões do nordeste” (PAPYRUS SOLUÇÕES, 2011, p.20). Dentre outros seguem informações biológicas sobre os grupos solicitados, especificamente: Strigiformes Este grupo de aves compreende as corujas e caburés, que são animais de hábito noturno, mais alguns podem ser vistos habitualmente durante o dia como a coruja-buraqueira (Athene cunicularia) (Fotografia 5.2.45) ou ainda, excepcionalmente durante o dia, a coruja-branca também conhecida com coruja-de-igreja (Tyto Alba), em atividade de caça, ou junto com suas crias na frente de suas tocas. Existem ainda outras que se mantem ativas, tanto de dia, quanto de noite como o caburé (Glaucidium brasilianum). Fazem parte da dieta dos strigiformes: anfíbios, répteis e aves, além de mamíferos, como marsupiais, quirópteros, quer estes últimos sejam insetívoros e, até mesmo, hematófagos. Dentre os insetos, que fazem parte da alimentação dos Stringiformes, estão besouros e gafanhotos. Fotografia 5.2.45 - Coruja buraqueira (Athene cunicularia, sin. Speotyto cunicularia.), em AID. Coordenada: UTM 0235069 / 8691933. Fonte - Leida Baracat de Oliveira, 14.01.2011. O referido grupo de aves constrói ninhos sobre forros de telhados de processo de domiciliação, em grutas, ou ocos de paus, muitas vezes cupinzeiros, tocas abandonadas de tatus er João de barro em torres de podem ser vistas dormindo em palmeiras, ou simplesmente, põe seus corujas de modo geral se reproduzem todo o ano. casas, indicando seu feitos por pica-paus, igrejas, mas também ovos no capinzal. As 207 Caprimulgiforme Estão incluídos como representantes desse grupo o bacurau (Nyctidromus albicollis), mãe-dalua (Nyctibius griseus), que são aves noturnas e gregárias. Devido ao reflexo da luz dos faróis dos automóveis nos olhos, alguns indivíduos puderam ser facilmente visualizados, durante os trabalhos de campo, frequentemente à noite, em leito de estradas vicinais, certamente aproveitando-se de fartura de insetos noturnos para capturá-los. Alguns caprimulgiformes (Caprimulgidae) podem cair no sono tórpido e passar horas de frio e falta de alimento (SICK, 1997). Outros apanham pedrinhos e pedaços de madeira carbonizada, talvez devido ao seu teor salino. Já os urutaus não pousam o solo e permanecem eretos quando pousam em tocos e galhos ou estacas de cerca permanencendo eretos e, muitas vezes se confundindo com a extremidade do local, onde estão pousadas, constituindo numa camuflagem bastante eficiente. Eles não fazem ninhos convencionais. Voam alto e planando, e durante o processo de vôo podem lembrar um gavião. Põem os ovos em extremo de estacas, pedras, troncos de árvores e galhos a poucos metros do solo. Contudo, o período de incubação 33 dias e permanecendo o filhote por sete semanas “no ninho”, perfazendo um total de 84 dias, sendo, portanto, um dos períodos de desenvolvimento mais prolongado para aves continentais (SICK, 1997). Os bacuraus são muito territoriais e voam muito bem. Talvez a sua atividade reprodutiva esteja sincronizada com o ciclo da lua, uma vez que a maior claridade garantiria um período ótimo de alimentação, facilitando a criação da sua prole (SICK, 1997). Essas aves são muito sensíveis contra distúrbios e mudam para outros locais, puxando os ovos e, até mesmo voando (SICK, 1997). - Falconiformes Neste grupo estão incluídos os gaviões e águias, representantes da avifauna facilmente reconhecidos pelo bico adunco e garras afiadas. Os falconiformes têm hábito alimentar bastante variado, que vai desde artrópodos (gafanhotos, percevejos, formigas, vespas, cupins, aranhas, anfíbios, répteis, aves e mamíferos. Alguns se alimentam de caramujos aquáticos como o gavião caramujeiro (Rostrhamus sociabilis). A nidificação se dá individual, sobre árvores, rochas ou até mesmo em colônias, como no caso do gavião caramujeiro, onde esta ocorre em juncos. Já foram constatadas migrações do gavião caramujeiro vindos do Norte e se dirigindo ao sul, contra o vento forte (SICK, 1997). Podem ocorrer deslocamentos crepusculares do gavião caramujeiro para dormirem em certos copões alagados. (SICK, 1997). O falCão norte-americano (Falco peregrinus) é visitante regular do Brasil, 208 durante o inverno no hemisfério norte. Este falcão migratório nidifica em ocos de paus e buracos de pica-paus, aberturas em postes, em edificações e cupinzeiros. De maneira geral, os falconiformes não constroem ninhos, ocupando aqueles já feitos por outras aves e há a tendência de ocuparem locais elevados. Um registro faunístico de relevância com referência aos Falconiformes é a ocorrência da águia chilena ou gavião-pé-de-serra (Geranoaetus melanoleucus), que pode alcançar uma envergadura de 2 metros. Ela tem sido avista no município de Morro do Chapéu por moradores locias. Inclusive foi citada a sua ocorrência pelo condutor de turistas, Jaime Matos, no Parque do Morro do Chapéu, área de Influência Direta (AII) deste trabalho e na Cachoeira do Ferro Doido. (Jaime Matos, informação verbal em 15.01.2011). Esta ave reSidente (R) (CBRO, 2011), de acordo com a Lista de Aves do Estado da Bahia (SOUZA et al. 2008) tem ocorrência para o interior do Nordeste do Estado, especificando, além da região central (C), as regiões W, (Extremo Oeste), SF (Vale do São Francisco) e PC (Planalto de Conquissta). A presença do Geranoaetus melanoleucus, representa uma ampliação da sua zona de ocorrência, pois, no caso da Bahia, era citada apenas para a área Noroeste (SICK, 1985, p. 209). Ainda segundo o último autor citado, esta ave come carniça, mas já foi vista quebrando um ninho do joão-de-barro (Furnarius rufus) para tirar-lhe os filhotes. Ela inclui ainda na sua dieta outras aves, répteis e pequenos mamíferos (BINI, 2009), sendo citado pelo Condutor de Turistas de Chapéu, Jaime Matos que ela se alimenta também de mocó (JAIME MATOS, informação verbal em 15.01.2011). - Anseriformes (marrecos) Neste grupo encontram-se os patos e marrecos. Alimentam-se de pequenas sementes e folhas, e, por vezes, vermes, larvas de insetos e pequenos crustáceos. O irerê (Dendrocygna viduata) alimenta-se de várias macrófitas aquáticas como a salvínia (SICK, 1997). Ainda segundo esse ornitólogo nossas espécies de Anseriformes necessitam de água rasa para se alimentarem bem. De acordo com os estudos da Papyrus Soluções (2011, p. 22) o “maior número de indivíduos observados entre essas espécies foi do pato irerê (D. viduata), 12 indivíduos apenas, na Lagoinha”. PAPYRUS SOLUÇÕES, p. 22) Também citam que “Essa é a espécie, entre as aquáticas, que em geral forma grandes grupamentos” (NASCIMENTO; SCHULZ-NETO, 2000 apud PAPYRUS SOLUÇÕES, 2011 p. 22). O ninho pode ser bem mais elaborado ou, até mais rústico, mas quase sempre é formado de penugem, podendo aproveitar oco de madeiras; fazer ninhos sobre árvores ou ainda aproveitar ninhos de outras aves. 209 Quase todas as espécies que ocorrem no Brasil são migratórias, por diversos motivos, seja pela disponibilidade de alimento, alterações dos níveis de água (tanto por excesso como pela falta) ou procura de locais mais seguros para dormir, seja para muda (SICK, 1977). Os representantes desse grupo de aves são predados por jacarés e peixes carnívoros e, até mesmo, por teiús, que nadando alcançam seus ninhos para comer ovos. No Quadro 2.1.7-1: Lista preliminar da avifauna no Complexo Eólico Cristal (Cafarnaum, Morro do Chapéu e Bonito, Bahia, Brasil), constam dados sobre a quantificação das aves (Abundância); uso do habitat florestal; sensibilidade; status, reprodução com registros de observações diretas e indiretas; endemismo; status de ameaça, vôo acima de 50 metros de altura e dieta (PAPYRUS SOLUÇÕES, 2011, pp. 32 a 40 - anexo IX). vii. Informações sobre existência de movimentos migratórios relevantes. No diagnóstico da avifauna a Papyrus Soluções (2011, p. 42) cita que não foram observadas formações de bandos com grandes contingentes, exemplificando com os Anseriformes, muito menos de espécies que realizam movimentos regionais e migratórios. Ainda acrescenta que este fato é estendido às aves dos grupos Strigiformes, Caprimulgiformes e Falconiformes. O trabalho apresenta como registro para a região, apenas um exemplar do maçarico-pintado (Actitis macularius), espécie migrante do norte que tem a permanência no país segundo Sick (1984) e Antas, (1986) é entre setembro e abril. De acordo com a Papyrus Soluções (2011, p. 23) considerando-se que as lagoas e tanques são pequenos e segundo eles, movimentados, e que em função disso, provavelmente apenas poucos indivíduos visitariam anualmente as áreas ao redor do Complexo Eólico Cristal. O outro registro pela Papyrus Soluções (2011, p.20) foi o da espécie Zenaida auriculata, levantado em contato com moradores do povoado de Lagoinha que “comentaram sobre a existência de reprodução da pomba-de-bando (Z. auriculata) até meados da década de 1990.” Ainda de acordo com os moradores “desde então a espécie chega apenas na região no período das chuvas mais fortes em busca dos frutos do velame (Croton sp. – Euphorbiaceae).” Segundo a equipe, respaldada em Antas (1987); Azevedo-Júnior; Antas, (1990) “esse relato de aparecimento em relação à frutificação do velame é reportado em outras regiões do nordeste” (PAPYRUS SOLUÇÕES, 2011, p.20). Dados da listagem taxonômica da fauna encontra-se no Anexo VI. 210 q) Selecionar e justificar bioindicadores ambientais para fins de monitoramento q) Seleção e justificativa de bioindicadores ambientais para fins de monitoração. Dados disponíveis na listagem taxonômica da fauna (Anexo VI) indicam diferentes níveis de sensibilidade aos distúrbios humanos (baixa, média e alta) para aves que ocorrem na região de caatinga. Essa classificação foi realizada por Silva J. M. C. et al. (2003),que tiveram como base principalmente Stotz et al. (1996). Vale acrescentar, porém que de acordo com Carvalhaes e Machado in Funch et. al (2008), a presença de ninhos do gavião pé-de-serra ou águia chilena (Geranoaetus melanoleucus) no campo rupestre, no topo dos morros é um indicativo de boa preservação ambiental. Assim, ainda que não tenha sido observada no campo, na AID, esta ave foi citada pelo guia de visitantes local (Jaime Matos. Informação verbal, 15.01.2011), como ocorrente no Parque do Morro do Chapéu (AII). Já o gavião-peregrino (Falco peregrinus) é uma outra espécie que pode ser monitorada pelo fato de ser bastante sensível a distúrbios provocados pelo ser humano, além de ser uma ave migratória visitante do norte. (SILVA J. M. C. et al., 2003). No diagnóstico da avifauna realizado pela Papyrus Soluções (2011, p.42), cerca de 29% das aves identificadas na área do empreendimento proposto, podem alcançar vôo acima de 50 m em relação ao solo. (Quadro 2.1.7-1: Lista preliminar da avifauna no Complexo Eólico Cristal Cafarnaum, Morro do Chapéu e Bonito, Bahia, Brasil in PAPYRUS SOLUÇÕES, 2011, pp. 32 a 40) (anexo IX). Esta condição torna aves como o urubu-rei (Sarcoramphus papa) e o gavião-de-rabobranco (Geranoaetus albicaudatus), de maior porte, ainda mais “susceptíveis à colisões com aerogeradores” (p. 42). No que diz respeito à sensibilidade a distúrbios ambientais, considerando-se a classificação por Stotz et al. (1996) apud Papyrus (2011, p. 44), os resultados apontam para a predominância de comunidade de aves de baixa sensitividade (69%), seguida de média (27%) e alta (4%), (vide gráfico - Figura 2.1.9-2, ANEXO ). O padrão coincide para as aves de toda a caatinga (SILVA et al., 2003 apud PAPYRUS, 2011, p. 44). Foi recomendado que espécies de alta e média sensibilidade, por serem mais dependentes de florestas, devem ser priorizadas em planos de monitoramneto por se constituírem em boas bioindicadoras em estudos sobre os efeitos de perda de habitat e fragmentação em áreas de Caatinga. (PAPYRUS, 2011, p.44). 211 r) Apresentar área total e percentual das fitofisionomias encontradas e cálculos de estimativa de material lenhoso a ser gerado no ato da supressão da vegetação nativa inseridas nas áreas passíveis de supressão a serem afetadas; r) Apresentação da área total e percentual das fitofisionomias encontradas e cálculos de estimativa de material lenhoso a ser gerado no ato da supressão da vegetação nativa inseridas nas áreas passíveis de supressão a serem afetadas. As áreas objeto de supressão de vegetação que compreendem atividades de sondagem tiveram cálculos de estimativa do material lenhoso encaminhados para o IMA, o qual já autorizou o processo de supressão, estando a mesma em andamento. As áreas de supressão que abrange a abertura de vias de acessos para o empreendimento, se encontram em fase de definição, sendo registrados os seguintes valores de supressão: Quadro 5.2.1 - Estimativa de supressão de vegetação em cada uma das alternativas de acessos. Estimativa da supressão de vegetação Metros quadrados Hectares Produção unitária Estimativa do Via de acessos de supressão (ha) material lenhoso (m³ ha-¹) material lenhoso (m²) (m³ ha-¹) 79.848 7,98 44,834 357,78 Alternativa 1 155.400 15,54 44,834 696,72 Alternativa 2 79.848 7,98 44,834 357,78 Alternativa 3 Fonte: V&S Conforme o mapa de vegetação as alternativas de acesso passam por áreas de duas fitofisionomias: Caatinga Arbórea/Arbustiva (49,21%) e Agricultura/Pecuária (antropismo) (50,79%). Como com as áreas onde ocorre agricultura e pecuária não foram computadas no cálculo na estimativa de supressão, temos que 100% (cem por cento) da supressão e da produção de material lenhoso apresentadas no quadro 5.2.1, ocorrerá em áreas correspondente a fitofisionomia de Caatinga Arbórea/Arbustiva. Áreas onde ocorrem outras fitofisionomias, a exemplo de Floresta estacional, Campo rupestre e de Brejo, presentes no mapa de vegetação, ocorrem apenas a sul da área de influência direta do meio biótico, não sendo afetada por nenhum dos acessos. Considerando as áreas necessárias a canteiro de obras, pátio de estocagem e usina de concreto, será utilizada em cada uma das quatro unidades uma área de 26.200 m², as duas subestações ocuparão uma área de 4,30 hectares, enquanto que o pátio de montagem é instalado ao lado do aerogerador, com área unitária de 1278 m² e 400 m² de fundação, perfazendo um total de 22,88 hectares de área, das quais 17,23 hectares em fitofisionomia de Caatinga/arbustiva, com vegetação a ser suprimida, os quadros seguintes apresentam a área em cada fitofisionomia e a 212 estimativa de supressão de vegetação na área ocupada pelas estruturas. Quadro 5.2.2 - Estimativa de interferência em cada fitofisionomia. Área na fitofisionomia Estrutura Área total de Caatinga Arbórea Usina de concreto 32.000 m² 20.598 (64,37%) Pátio de estocagem 56.000 m² 42.000 (0,75%) Canteiro de obras 16.800 m² 9.627 (57,30%) Pátio de montagem 83.070 m² 67.829 (81,65%) Fundação da turbina 26.000 m² 21.229 (81,65%) Subestação 15.000 m² 10.997 (73,3%) Total estimado Fonte: V&S 228.870 m² 172.280 (75,27%) Área na fitofisionomia de Agricultura/Pecuária 11.402 (35,63%) 14.000 (0,25%) 7173 (42,70%) 15.241 (18,34%) 4768 (18,34%) 4003 (26,7%) 56.587 (24,73%) Quadro 5.2.3 - Estimativa de supressão da área ocupada pelas estruturas na fitofisionomia de Caatinga Arbórea/arbustiva. Estrutura Área total Área hectares Material Lenhoso Usina de concreto Pátio de estocagem Canteiro de obras Pátio de montagem Fundação dos aerogeradores Subestação Total estimado 20.598 42.000 9.627 67.829 21.229 10.997 172.280 2,06 ha 4,20 ha 0,96 ha 6,78 ha 2,12 ha 1,10 ha 17,23 ha 92,35 188,30 43,16 304,10 95,18 49,40 772,40 Fonte: V&S Para o cálculo estimado da produção de material lenhoso das atividades de supressão da vegetação da via de acessos e demais estruturas foi utilizado dados já obtidos em estudos anterirores (supressão da vegetação com vista a execução de sondagens geotécnicas), sendo medido o potencial comercial da produção volumétrica de material lenhoso de 44, 834m³ há-1. Considerando a alternativa 1 de acesso e as demais estruturas será necessária a supressão de vegetação em 25,208 hectares, perfazendo um total de 1.030,18 m³ de material lenhoso. s) Fauna cavernícola Na cavifauna encontram-se organismos com comportamento diversificado pela adaptação ambiental. Muitos destes nunca saem da caverna (troglóbios), a exemplo de aranhas e amblipígios e dos grilos e dos isópodes, que são cegos e vivem em locais totalmente desprovidos de luz e desenvolveram outras estruturas, a exemplo de antenas, cerdas e palpos maxilares, com um tato que compensa a falta da visão, possibilitando reconhecimento e exploração do ambiente para desenvolvimento do seu nicho ecológico (alimentação, reprodução, defesa, etc.). Os grilos e os isópodes sobrevivem em grutas à custa dos restos alimentares caídos durante a atividade alimentar de troglófilos. Entre os vertebrados o lacertílio Gymnodactilus geckoides é muito comum no interior de algumas cavernas da Chapada 213 Diamantina. Como já foi dito anteriormente, sobre os quirópteros ( item 0 ), os troglófilos podem ser encontrados, tanto dentro, quanto fora das cavernas, necessitando se ausentar da caverna por algum período (noite ou dia). Isso, geralmente através do vôo, como os quirópteros (morcegos) e a ave andorinha para buscarem alimentos (frutos, insetos, dentre outros) fora da caverna, enquanto os que não possuem asas também saem como roedores que dormem nas cavernas a exemplo dos mocós e preás. Já aqueles organismos que ocasionalmente caem nas cavernas como anfíbios, aranhas (Fotografia 5.2.46 e 5.2.47), lacertílios, ofídios, etc., seja por dolinas ou pequenas fendas nas paredes, sendo chamados de trogloxenos ou trogloxenos ocasionais, podendo sobreviver nesse ambiente por algum período, o que depende das condições ambientais locais. Fotografia 5.2.46 – Aranha lobo (Lycosa sp.) na Fotografia 5.2.47 – Aranha-marrom (Loxosceles entrada da Gruta do Cristal II (AID). Fonte – Elvis sp.) no interior do Complexo Gruta Cristal I e Barbosa, 10.01.2011. Gruta Cristal II, (AID). Fonte – Elvis Barbosa, 10.01.2011. As falhas rochosas do teto do complexo das Grutas Cristal I e Cristal II deixam sempre desprender pedaços de rochas, surgindo adiante novas dolinas. O desmoronamento sempre ocorre e, portanto, tal processo erosivo ocasiona sempre um perigo para os visitantes, inclusive o próprio ser humano. Dessa forma, do ponto de vista ligado ao turismo ecológico, não é muito aconselhável a descida de tais ambiente porque a rocha mãe regional não é muito firme. Ainda, reintera-se que a fauna no interior da localidade não é rica como em outros setores da Chapada Diamantina. O continuado aumento de tamanho da entrada dos túneis cavernícolas, permite que a chegada da luz solar, que vai penetrando na sua parte inicial favoreça a presença de briófitas nas rochas. Tais espaços se tornam abrigos mais tranqüilos, permitindo descanso e degustação da presa. Foram encontrados na caverna, carcaças de animais como o tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla), demonstrando que a área é utilizada por felinos para consumirem suas presas. 214 Em outros pontos, o desprendimento de partes das rochas, aliado ao carreamento da terra, vão ocasionando a obliteração das entradas de alguns túneis, impedindo a circulação do ser humano, mas possibilitando a entrada de outros animais como roedores e até morcegos. Em conversas com moradores locais foi citado que pessoas ao tentaram entrar deitadas em determinados “buracos”, saíram contaminadas com fungos das fezes dos morcegos que por lá se escondem. É muito comum nas grutas estudadas, bem como em muitas outras regiões da Chapada Diamantina, a existência de conchas de moluscos Bulimulidae: caracol (Megalobulimus oblongus). (Fotografia 5.2.48) Estes podem ser levados, tanto pelas águas pluviais, quanto caírem casualmente em tais cavidades, como verdadeiros trogloxenos ocasionais. Fotografia 5.2.48 – Concha de caracol (Megalobulimus oblongus), na Gruta Cristal II. Fonte - Elvis Barbosa, 10-01-2011. Muitos outros animais desempenham o papel de trogrófilo como os roedores da família Caviidae: preá (Cavia aperea) e mocó (Kerodon rupestris), que utilizam o complexo da Gruta Cristal I e Gruta Cristal II como habitat, mas obtêm seu alimento fora desse ambiente, contribuindo para a alimentação de outros animais detritívoros que possam existir. Foram observadas fezes de tais roedores na entrada destas cavernas (Fotografia 5.2.49) e, ainda foram vistas pegadas em pontos de solo argiloso. Os lagartos, moluscos, insetos, grandes aranhas que circulam na área, como a caranguejeira (Grammostola sp.); o Miriápodo Diplopoda Julidae (Julus sp.), além da aranha Loxoscelidae, conhecida como aranha-marrom (Loxoscelis sp.) e felinos, podem ser considerados trogloxenos ocasionais, uns como visitantes e outros que caem e não conseguem a saída do ambiente. No piso argiloso da entrada das cavernas, foi visto o funil deixado por larvas de insetos neuropteros da família Myrmeleontidae, conhecido vulgarmente por piolho-de-urubu (Myrmeleon sp.), que pode ser considerado, no local, como um trogloxeno. 215 Fotografia 5.2.49 – Fezes de roedores (Cavea aperea), na entrada do Complexo Gruta Cristal I e Gruta Cristal II. Fonte - Elvis Barbosa, 10-01-2011. Algumas aves falconidae como o gavião-carrapateiro (Milvago chimachima) e, até o caracará (Caracara plancus), podem fazer pouso na entrada dos túneis para degustar o alimento ou dormir, não chegando a penetrar nas partes totalmente escuras do meio, o que também ocorre com algumas aves que se utilizam do apoio das rochas na entrada das cavernas para construir o seu ninho, fato observado e fotografado com o sabiá (Turdus sp.). (Fotografia 5.2.50) Muitas vezes são encontradas carcaças de aves (Fotografia 5.2.51), a exemplo de gaviões sem explicações para o motivo da sua morte. Fotografia 5.2.50 – ninho de sabiá-laranja (Turdus rufiventris) na marquise da Gruta Cristal I. Fonte – Elvis Barbosa, 10.01.2011. Fotografia 5.2.51 – Carcaça de gaviãocarrapateiro (Milvago chimachima) na marquise do Complexo Gruta Cristal I e Gruta Cristal II. Fonte – Elvis Barbosa, 10.01.2011. Em duas cavernas, foram encontradas aranhas Licosidae com túneis na sua entrada enquanto uma Ctenidae (Ctenus sp.), tinha seu habitat nas partes mais escuras do local. A realidade da presença de felinos na entrada das grutas é demonstrada pelos restos mortais de muitos outros mamíferos, inclusive o veado-catingueiro (Mazama gouazoubira) e, até tamanduá (Myrmecophaga sp.) e aves falconidae como caracará (Caracara plancus). 216 5.2.2 Ecossistema Aquático – quando for o caso Área de Influência Direta a) Identificação das espécies animais e vegetais raras, ameaçadas de extinção, vetores e reservatórios de doenças; b) Análise quali-quantitativa dos componentes básicos das populações aquáticas plâncton, necton e bentos - contemplando os seguintes parâmetros:inventário taxonômico, frequência por grupo taxonômico e pontos amostrais, densidade, índice de diversidade c) Apresentação de quadros com identificação de espécies animais e vegetais que possam servir como indicadores biológicos das alterações ambientais nos ecossistemas aquáticos. 5.2.2 Ecossistema Aquático Não se aplica, pois não foram identificados na área de influência direta rios ou riachos perenes que comportam ecossistemas aquáticos. Os rios da região correm apenas por alguns poucos meses após o período chuvoso. 5.2.3 Ecossistema de Transição Caracterizar os ecossistemas de transição, aquáticos e terrestres, devidamente identificados na carta de vegetação. 5.2.3 Ecossistema Transição Esse não ocorre na área. 217 REFERÊNCIAS BI BLIOGRÁFICAS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ― DIAGNÓSTICO MEIO FÍSICO ANA. Agência Nacional de Água: Hidroweb. ANA, 2010. Indicadores de qualidade da água. Material <http://pnqa.ana.gov.br/IndicadoresQA>, acesso em 25/02/2010. disponível em: ARAÚJO, H. A. & RODRIGUES, R. S. Regiões Características do Estado da Bahia para Previsão de Tempo e Clima. Outubro, 2000. ARAÚJO, S. A.; HAYMUSSI, H.; REIS, F. H. & SILVA, F. E. 2006. Caracterização climatológica do município de Penha, SC., 11-28p. Disponível em: http://www.avesmarinhas.com.br/bases%20ecologicas-cap%C3%ADtulo%201.pdf. Acesso em 25 de janeiro de 2011 AULER, A.; RUBBIOLI, E.; BRANDI, R. As grandes cavernas do Brasil. 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