apêndice a - GRUME

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apêndice a - GRUME
1
ADRIANO ELIAS
MER20128986
EMOÇÕES DESENCADEADAS POR RECORDAÇÕES MUSICAIS DO
PASSADO INFLUENCIAM A PERCEPÇÃO DO TEMPO?
Dissertação apresentada como pré-requisito à
obtenção do grau de mestre. Curso de Pós-Graduação
em Música, Setor de Artes, Comunicação e Design,
Universidade Federal do Paraná.
Orientador: Prof. Dr. Danilo Ramos
CURITIBA
2014
2
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais Arismar e Ivete, e minha irmã Ariane, pelo amor incondicional.
Aos meus tios João Carlos, Humberto, Eunice, Maria Nilcéia, Eliane e Elenice, pelo constante
suporte.
Ao professor Danilo Ramos, pelas orientações.
Aos professores Guilherme G. B. Romanelli e Beatriz S. Ilari, pela disponibilidade e pelas
sugestões na etapa de qualificação deste trabalho.
Aos professores Miguel Carid Naveira e Almaz Mymrina, pelos conselhos.
Aos professores Norton Dudeque e Rosane Cardoso de Araújo, pelos ensinamentos.
A todos os graduandos que participaram deste estudo, assim como aos demais familiares,
amigos e colegas que contribuíram, de forma direta ou indireta, para a conclusão deste
trabalho.
3
Quando era criança viajava aproximadamente 100 km de Rio Negro à Curitiba para visitar meus
familiares.
Apesar de gostar muito deles, as duas horas que levavam para o ônibus chegar ao destino pareciam
durar uma eternidade.
Além de achar essa espera tediosa, ficava irritado e passava mal.
Tudo mudou quando ganhei um walkman e passei a viajar escutando minhas músicas favoritas
gravadas em fitas K7.
As viagens ficaram mais agradáveis.
O tempo passou a voar.
Desde então, penso sobre isso.
Adriano Elias
Curitiba – 2013
4
RESUMO
O presente estudo buscou investigar a influência das emoções desencadeadas pela música
sobre a percepção temporal. Primeiramente foi realizado um pré-teste, que consistiu de uma
entrevista semiestruturada com 20 participantes (10 músicos e 10 não). Cada participante foi
questionado sobre músicas relacionadas a experiências emocionais passadas, associadas à
Alegria, Tristeza, Serenidade e Raiva, totalizando 12 músicas (3 para cada emoção). Os
participantes ainda relataram os motivos pelos quais associaram cada música a cada emoção.
Na etapa de teste, em um primeiro momento, os participantes escutaram e julgaram o grau de
familiaridade de 12 trechos musicais utilizados em um estudo anterior, representativos das
mesmas emoções acima mencionadas (trechos do grupo controle). Após a finalização desta
parte do experimento, cada participante estimou a duração dos trechos musicais selecionados
no pré-teste (trechos do grupo experimental), além dos trechos apresentados na primeira parte
do experimento (trechos do grupo controle), de forma aleatória. O método empregado nesta
fase foi o de bissecção temporal em que a duração de diferentes estímulos é classificada como
'curta' ou 'longa'. Neste caso, foram apresentadas duas gamas de durações: a primeira, com
trechos musicais variando de 1 a 5 segundos (gama de durações curtas: D1=1 s., D2=2s., e
assim por diante) e de 4 à 20 segundos (gama de durações longa: D1=4 s., D2= 8s., D3=12 s.,
e assim por diante). A tarefa dos participantes consistiu em julgar, por meio do teclado do
computador, se a duração de cada trecho apresentado foi curta (tecla C) ou longa (tecla L). O
teste ANOVA foi utilizado para comparar a porcentagem de respostas longas dos
participantes referente aos trechos de cada emoção nas duas gamas de duração analisadas.
Para as emoções Alegria, Serenidade e Tristeza, o teste ANOVA não apresentou diferenças
estatísticas significativas sobre a comparação da estimação temporal dos trechos musicais
controle e experimental na gama de duração curta, assim como não foram encontradas
diferenças estatísticas significativas para a estimação temporal dos trechos musicais
representantes da emoção Raiva em ambas as gamas de duração (curta e longa). Diferenças
estatísticas significativas foram encontradas na gama de duração longa para a emoção Alegria
(F 27,4141; p=0,000047), Serenidade (F 15,54545; p=0,000873) e Tristeza (F 7,6294;
p=0,012404), indicando que os trechos representantes do grupo controle foram
superestimados em relação aos trechos do grupo experimental para ambas as emoções. Este
resultado não corrobora os resultados encontrados por Droit-Volet e Gil (2009). Em tarefas
envolvendo bissecção temporal, parece haver um processamento de superestimação temporal
relacionado de maneira mais preponderante à cognição da obra musical do que à experiência
de cada indivíduo para estas três emoções.
Palavras-chave: percepção temporal; emoções musicais; memória emocional.
5
ABSTRACT
The present study investigated the influence of emotions triggered by music on time
perception. At first, a pre-test phase, which consisted of a semi structured interview with 20
participants (10 musicians and 10 non musicians) was performed. Each participant was asked
about songs related to past emotional experiences associated with Happiness, Sadness, Anger
and Tenderness (3 excerpts for each emotion), totaling 12 songs (experimental excerpts).
Participants also reported the reasons why they associated each song with each emotion. In
the test phase, at first, participants heard and judged the degree of familiarity of 12 musical
excerpts representative of the same emotions mentioned above (control excerpts) used in a
previous study. In a second task, each participant estimated the duration of musical excerpts
selected in the interview in addition to the control excerpts. Both excerpts (control and
experimental) were presented randomly to the participants. The method employed in this
stage was temporal bisection task. In this kind of test, different stimuli are judged as "short "
or " long ". In this case, two ranges of durations were made: the first range consisted with
pieces of music ranging from 1 to 5 seconds (“short”: D1 = 1, D2 = 2s, and so forth) and the
second range consisted from 4 to 20 seconds (“long”: D1 = 4 s, 8s D2 = D3 = 12 s, and so
forth...). Participants judged the durations of stimuli using a computer keyboard. They pressed
the key C if the length of each piece submitted was short and pressing the key L if the length
of each piece was long. An ANOVA was used to compare the percentage of long responses
from participants regarding the excerpts of each emotion in both duration ranges analyzed.
For Happiness, Tenderness and Sadness, ANOVA showed no statistic differences in
comparison of temporal estimation of musical control and experiment in the range of short
durations. No statistic differences were found for the temporal estimation of musical excerpts
representatives of emotion Anger for both ranges of duration (short and long). Statistic
differences were found in the range of long-term durations for Happiness (F 27.4141, p =
0.000047), Tenderness (F 15.54545, p= 0.000873) and Sadness (F 7.6294, p = 0.012404),
indicating that control excerpts were overestimated compared to the experimental excerpts for
the three emotions. This result corroborates the findings of Droit-Volet and Gil (2009). In
tasks involving temporal bissection, the overestimation temporal processing seems to be
related in a more prominent way to cognition of musical work than the experience of each
individual for these three emotions.
Keywords: time perception; musical emotions; emotional memory.
6
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURA 1 – MODELO DE TREISMAN (1963) .................................................................... 24
FIGURA 2 – MODELO DE GIBBON, CHURCH E MECK (1984) ...................................... 25
FIGURA 3 – MODELO CIRCUMPLEXO DE RUSSELL (1980) ......................................... 28
FIGURA 4 – PROPORÇÃO DE RESPOSTAS “LONGA” DOS PARTICIPANTES EM
RELAÇÃO AOS TRECHOS DO GRUPO CONTROLE E EXPERIMENTAL PARA A
EMOÇÃO ALEGRIA NA GAMA DE DURAÇÃO CURTA................................................. 40
FIGURA 5 – PROPORÇÃO DE RESPOSTAS “LONGA” DOS PARTICIPANTES EM
RELAÇÃO AOS TRECHOS DO GRUPO CONTROLE E EXPERIMENTAL PARA A
EMOÇÃO RAIVA NA GAMA DE DURAÇÃO CURTA ..................................................... 41
FIGURA 6 – PROPORÇÃO DE RESPOSTAS “LONGA” DOS PARTICIPANTES EM
RELAÇÃO AOS TRECHOS DO GRUPO CONTROLE E EXPERIMENTAL PARA A
EMOÇÃO SERENIDADE NA GAMA DE DURAÇÃO CURTA ......................................... 41
FIGURA 7 – PROPORÇÃO DE RESPOSTAS “LONGA” DOS PARTICIPANTES EM
RELAÇÃO AOS TRECHOS DO GRUPO CONTROLE E EXPERIMENTAL PARA A
EMOÇÃO TRISTEZA NA GAMA DE DURAÇÃO CURTA ............................................... 42
FIGURA 8 – PROPORÇÃO DE RESPOSTAS “LONGA” DOS PARTICIPANTES EM
RELAÇÃO AOS TRECHOS DO GRUPO CONTROLE E EXPERIMENTAL PARA A
EMOÇÃO RAIVA NA GAMA DE DURAÇÃO LONGA ..................................................... 42
FIGURA 9 – PROPORÇÃO DE RESPOSTAS “LONGA” DOS PARTICIPANTES EM
RELAÇÃO AOS TRECHOS DO GRUPO CONTROLE E EXPERIMENTAL PARA A
EMOÇÃO ALEGRIA NA GAMA DE DURAÇÃO LONGA ................................................ 43
FIGURA 10 – PROPORÇÃO DE RESPOSTAS “LONGA” DOS PARTICIPANTES EM
RELAÇÃO AOS TRECHOS DO GRUPO CONTROLE E EXPERIMENTAL PARA A
EMOÇÃO SERENIDADE NA GAMA DE DURAÇÃO LONGA......................................... 44
FIGURA 11 – PROPORÇÃO DE RESPOSTAS “LONGA” DOS PARTICIPANTES EM
RELAÇÃO AOS TRECHOS DO GRUPO CONTROLE E EXPERIMENTAL PARA A
EMOÇÃO TRISTEZA NA GAMA DE DURAÇÃO LONGA ............................................... 44
7
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 – PISTAS ACÚSTICAS EMPREGADAS PELOS MÚSICOS QUE FORAM
ASSOCIADAS A EMOÇÕES ESPECÍFICAS EM UM ESTUDO ENVOLVENDO
REVISÃO DA LITERATURA SOBRE COMUNICAÇÃO EMOCIONAL EM MÚSICA .. 29
TABELA 2 – PONTOS DE BISSECÇÃO E RAZÕES WEBER TRECHOS MUSICAIS
CONTROLE E EXPERIMENTAL PARA AS QUATRO CATEGORIAS EMOCIONAIS
NAS DURAÇÕES 1/5 S E 4/20 S ........................................................................................... 45
TABELA 3 – TRECHOS MUSICAIS QUE OBTIVERAM AS MAIS ALTAS
PORCENTAGENS DE ASSOCIAÇÕES EMOCIONAIS POR PARTICIPANTES COM
FORMAÇÃO MUSICAL NO ESTUDO DESENVOLVIDO POR RAMOS (2008) ........... 105
TABELA 4 – TRECHOS MUSICAIS QUE OBTIVERAM AS MAIS ALTAS
PORCENTAGENS DE ASSOCIAÇÕES EMOCIONAIS POR PARTICIPANTES SEM
FORMAÇÃO MUSICAL NO ESTUDO DESENVOLVIDO POR RAMOS (2008) ........... 105
TABELA 5 – TRECHOS MUSICAIS SELECIONADOS PELOS PARTICIPANTES COM
FORMAÇÃO MUSICAL PARA A CATEGORIA EMOCIONAL ALEGRIA ................... 106
TABELA 6 – TRECHOS MUSICAIS SELECIONADOS PELOS PARTICIPANTES COM
FORMAÇÃO MUSICAL PARA A CATEGORIA EMOCIONAL RAIVA ........................ 107
TABELA 7 – TRECHOS MUSICAIS SELECIONADOS PELOS PARTICIPANTES COM
FORMAÇÃO MUSICAL PARA A CATEGORIA EMOCIONAL SERENIDADE ............ 108
TABELA 8 – TRECHOS MUSICAIS SELECIONADOS PELOS PARTICIPANTES COM
FORMAÇÃO MUSICAL PARA A CATEGORIA EMOCIONAL TRISTEZA ................. 109
TABELA 9 – TRECHOS MUSICAIS SELECIONADOS PELOS PARTICIPANTES SEM
FORMAÇÃO MUSICAL PARA A CATEGORIA EMOCIONAL ALEGRIA ................... 110
TABELA 10 – TRECHOS MUSICAIS SELECIONADOS PELOS PARTICIPANTES SEM
FORMAÇÃO MUSICAL PARA A CATEGORIA EMOCIONAL RAIVA ........................ 111
TABELA 11 – TRECHOS MUSICAIS SELECIONADOS PELOS PARTICIPANTES SEM
FORMAÇÃO MUSICAL PARA A CATEGORIA EMOCIONAL SERENIDADE ............ 112
TABELA 12 – TRECHOS MUSICAIS SELECIONADOS PELOS PARTICIPANTES SEM
FORMAÇÃO MUSICAL PARA A CATEGORIA EMOCIONAL TRISTEZA .................. 113
8
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 10
1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS SOBRE O TEMPO ................................................... 12
1.1.1 O passado ............................................................................................................. 14
1.1.2 O futuro ............................................................................................................... 15
1.1.3 O presente ............................................................................................................ 18
1.2 A PERCEPÇÃO TEMPORAL.................................................................................... 19
1.2.1 Modelos científicos para o processamento temporal........................................... 19
1.2.2 O Relógio Interno ................................................................................................ 23
1.3 EMOÇÕES DESENCADEADAS PELA MÚSICA E O TEMPO ............................. 27
1.3.1 Comunicação emocional em música ................................................................... 27
1.3.2 Emoções desencadeadas pela música .................................................................. 30
1.3.3 Emoções desencadeadas pela música e a percepção temporal ............................ 33
2 OBJETIVOS ....................................................................................................................... 35
2.1 OBJETIVO GERAL .................................................................................................... 35
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ...................................................................................... 35
3 MÉTODO ............................................................................................................................ 36
3.1 PRÉ-TESTE.................................................................................................................. 36
3.1.1 Método ................................................................................................................. 36
3.2 TESTE .......................................................................................................................... 37
3.2.1 Método ................................................................................................................. 37
4 RESULTADOS ................................................................................................................... 40
5 DISCUSSÃO ....................................................................................................................... 46
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 52
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 55
9
APÊNDICE .............................................................................................................................. 60
APÊNDICE A – Termos de consentimento, questionários e protocolos
experimentais (pré-teste e teste) ......................................................................................... 60
APÊNDICE B – Transcrição das entrevistas (Pré-teste) ................................................... 77
ENTREVISTAS – PARTICIPANTES COM FORMAÇÃO MUSICAL .................... 77
Aldo R. ................................................................................................................ 77
Shosanna D. ......................................................................................................... 80
Omar U. ............................................................................................................... 81
Hugo S. ................................................................................................................ 83
Bridget V. H. ....................................................................................................... 85
Julie L. ................................................................................................................. 87
Smithson U. ......................................................................................................... 88
Suzanne L. ........................................................................................................... 89
Charlotte L........................................................................................................... 90
Donny D. ............................................................................................................. 92
ENTREVISTAS – PARTICIPANTES SEM FORMAÇÃO MUSICAL ..................... 93
Venus E. .............................................................................................................. 93
Jackie B.. ............................................................................................................. 95
Jungle J. ............................................................................................................... 95
Melanie R. ........................................................................................................... 97
Broomhilda V. S. ................................................................................................. 98
Lanna F. ............................................................................................................... 99
Dakota B. ........................................................................................................... 100
Jöe B. ................................................................................................................. 101
Jules W. ............................................................................................................. 102
Mia W................................................................................................................ 103
TRECHOS MUSICAIS DO GRUPO CONTROLE – PARTICIPANTES COM
FORMAÇÃO MUSICAL .......................................................................................... 105
TRECHOS MUSICAIS DO GRUPO CONTROLE – PARTICIPANTES SEM
FORMAÇÃO MUSICAL .......................................................................................... 105
TRECHOS MUSICAIS DO GRUPO EXPERIMENTAL – PARTICIPANTES COM
FORMAÇÃO MUSICAL .......................................................................................... 106
TRECHOS MUSICAIS DO GRUPO EXPERIMENTAL – PARTICIPANTES SEM
FORMAÇÃO MUSICAL .......................................................................................... 110
ANEXO .................................................................................................................................. 114
DVD – Trechos musicais – (Teste) ................................................................................. 114
10
1 INTRODUÇÃO
Em nossas vidas pessoais, vivenciamos à passagem do tempo por meio dos domínios
sensoriais e intuição. Lembramos de acontecimentos, percebemos durações, organizamos e
prevemos eventos futuros. Mesmo sem ter plena consciência dessas ações, a realidade se
constrói momento a momento em nossas mentes. Estas representações mentais geradas pelo
cérebro não se equiparam a real forma do mundo físico, uma vez que consistem apenas de
ilusões criadas por nosso sistema perceptivo diante de estímulos presentes no ambiente
(Levitin, 2010). Em outras palavras, a realidade não passa de “um conjunto de sonhos
perfeitamente integrados” (Leibniz como citado em Magnin, 1992, p. 87).
Como argumenta Andrade (1995, p. 95), “a vida se manifesta pelo movimento” e a
busca por compreender esse movimento fez com que o homem estabelecesse formas objetivas
e subjetivas de organizar o tempo. Tal organização permeia diversas atividades do cotidiano,
desde dirigir um carro, seguir uma rotina de trabalho, até ouvir uma música. Todavia, “o
tempo não é uma dimensão fria, de pura constatação; permeia-se de desejos e afetos” (Ades,
2002, p. 28). O caráter dominante de aspectos emocionais pode ser evidenciado nas relações
humanas, no comportamento, na motivação e nas mais diversas atividades desempenhadas
pelo homem, como por exemplo, na arte, em que cineastas, “escritores, artistas e músicos
sempre procuraram recorrer às emoções para influenciar e mover a plateia através de uma
comunicação emocional” (Sloboda & Juslin, 2001, p. 73). Deste modo, a conexão existente
entre estímulos musicais e respostas afetivas evocadas por ouvintes pode ser evidenciada de
forma objetiva, por meio de mudanças no comportamento ou na fisiologia do corpo, e de
forma subjetiva, através de relatos de ouvintes sobre emoções sentidas (Meyer, 1956). Tais
respostas afetivas podem ser evocadas a partir de aspectos estruturais da própria música modo, andamento, melodia - assim como por meio de associações pessoais - recordações,
história de vida (Ramos, 2008).
Juslin e Laukka (2004) ao analisar aspectos estruturais da música, elaboraram um
modelo chamado de Brunswikian Lens Model, criado com a finalidade de buscar sistematizar
a comunicação de emoções musicais entre compositor, intérprete e ouvinte. Tal modelo
propõe a identificação de pistas acústicas utilizadas pelo compositor, posteriormente pelo
intérprete, com o intuito de provocar emoções como Alegria, Tristeza, Serenidade e Raiva no
ouvinte. Neste contexto, as pistas acústicas são compreendidas como sendo características
relacionadas à manipulação de elementos estruturais da música, entre os quais, o andamento,
o modo e a dinâmica (Ramos, 2008).
11
Pesquisas recentes têm demonstrado que fatores emocionais podem influenciar a
estimação temporal de estímulos musicais (Ramos, 2008). Contudo, em tais pesquisas foram
consideradas apenas as respostas afetivas de grupos de participantes e não associações
emocionais de cada indivíduo ligadas a experiências passadas. Neste sentido, este trabalho se
propõe a analisar a influência das emoções desencadeadas pela música sobre a percepção
temporal, por meio da apreciação de trechos relacionados a experiências musicais passadas de
participantes músicos e não músicos.
12
1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS SOBRE O TEMPO
Время (дело известное) летит иногда птицей, иногда ползет червяком; но
человеку бывает особенно хорошо тогда, когда он даже не замечает – скоро
ли, тихо ли оно проходит. (Иван Тургенев – Отцы и дети – 1862, cтр. 47).
O tempo (assim se sabe) por vezes voa como um pássaro, por vezes rasteja como
uma minhoca; mas para o homem o tempo é particularmente bom quando nem se
percebe passar – quer seja breve, ou silencioso. (Ivan Turgueniev – Pais e filhos –
1862, p. 47, tradução nossa).
A acepção do tempo se apresenta como uma das questões mais complexas que compõe
nossa realidade e existência (Moura, 2007). Ao longo dos séculos, o respectivo problema
gerou múltiplas abordagens e divergências nas mais diversas áreas do conhecimento. Desta
forma, a presente seção limita-se a expor algumas concepções sobre a percepção temporal
reduzidas a uma abordagem objetiva (compreensão do tempo como realidade externa) e uma
abordagem subjetiva (o tempo como realidade interna).
Considerando o fluxo temporal como uma realidade externa, Platão (427-347 a.C)
postula que o tempo é “uma imagem móvel da eternidade”, sendo dessa forma um processo
cíclico que coexiste com o mundo físico. Tal constatação também era apreciada por
Aristóteles (384-322 a.C), no entanto, compreendendo o sentido de “móvel” de um modo
mais amplo; como mudança e deslocação. Conduzindo a presente questão para as ciências
exatas, nos trabalhos de Nicholas Bonet (? – 1360) e Issac Newton (1642-1727) o tempo
objetivo é considerado como “algo abstraído da totalidade experiencial e separado da
multiplicidade das coisas.” (Fraser, 1990 como citado em Moura, 2007). Já para Gottfried W.
Leibniz (1646-1716) e Albert Einsten (1879-1955), a compreensão do fluxo temporal depende
fundamentalmente da presença de um observador.
Não obstante, observando a proposição do tempo como uma realidade interna, pode-se
sugerir que a nossa percepção temporal surge da interação entre eventos externos e
mecanismos cognitivos presentes na mente humana. Segundo Immanuel Kant (Elias, 1998
como citado em Elias, 2011, p. 14), “o espirito do homem capta fragmentos da realidade por
meio dos aparelhos sensoriais”, sendo que os quais só adquirem sentido e significado após
terem sido ordenados pelo próprio espirito do homem”.
Para Elias (1998), o tempo não se caracteriza fundamentalmente nem como um dado
objetivo, muito menos em uma estrutura a priori do espirito do homem. Acima disso, o tempo
é um símbolo social, advindo da experiência e de longo aprendizado. Com efeito, segundo o
autor:
13
A noção de "tempo" remete a alguns aspectos do fluxo contínuo de
acontecimentos em meio aos quais os homens vivem, e dos quais eles
mesmos fazem parte. Esses aspectos podem ser designados como o que constitui,
nos acontecimentos, a dimensão do "quando", ainda que esta definição não abranja
todo o campo de sua realidade. Se tudo ficasse imóvel, não poderíamos falar de
tempo. (Elias, 1998, p. 13).
O tempo, desta forma, estabelece ordem às ações dos seres humanos. A percepção de
eventos recorrentes e demarcação de fenômenos naturais são ações comuns a qualquer
cultura.
A expressão “tempo” remete a esse relacionamento de posições ou segmentações
pertencentes a duas ou mais sequências de acontecimentos em evolução continua. Se
as sequências em si são perceptíveis, relacioná-las representa a elaboração dessas
percepções pelo saber humano (Elias, 1998, p. 13).
Ora, mas por que o tempo passa de maneira diferente quando estamos entretidos com
uma atividade prazerosa do que quando estamos entediados? A percepção do tempo durante
um domingo ensolarado é a mesma que a percepção do tempo de uma segunda-feira chuvosa?
A relação que temos com o tempo é subjetiva ou objetiva? Há um processo psicológico
temporal geral para a espécie humana ou trata-se de um processo psicológico que leva em
conta variáveis interculturais?
Ades (2002) afirma que a densidade dos eventos experienciados, assim como fatores
emocionais, são aspectos determinantes na percepção do tempo pelo indivíduo. Intervalos
temporais preenchidos com eventos redundantes ou aleatórios, como esperar por uma consulta
olhando para um relógio de parede ou observar o movimento de pombos em uma praça,
podem provocar diversas respostas emocionais no ser humano; contudo, “a estimativa de
duração depende [...] da perspectiva em que se coloca a pessoa: se ela está atenta ao tempo
durante sua passagem ou se ela está simplesmente vivenciando e julgando depois”. (Ades,
2002, p. 26).
No campo da Música, o tempo se faz presente como um elemento fundamental para a
sua existência (Seincman, 2001). De Selincourt (1958), superando tal pensamento, considera a
própria música como sendo uma categoria de duração, capaz de substituir o tempo ordinário e
conduzir o ouvinte por meio dos sons. Corroborando com essa ideia, Langer (2006), afirma
que, ao ouvir uma música, os seres humanos experienciam tensões, que podem ser de ordem
física, emocional ou intelectual. Eventos musicais são experienciados como demais eventos
presentes no cotidiano. Entretanto, “diferentemente de eventos como o amanhecer ou
anoitecer, a música se mostra manipulável” (Langer, 2006).
14
1.1.1 O passado
A memória define aquilo que somos (Izquierdo, 2011). O modo como percebemos,
compreendemos e reagimos a estímulos do mundo físico é circunscrito por lembranças de
eventos experienciados. Logo, constata-se que “o tempo não é unidimensional, simples, mas
denso, presença maciça de um passado que se desdobra no presente e avança em direção ao
futuro”. (Seincman, 2001, p. 32). Deste modo, tendo em vista que nossa memória é formada
por diversas experiências, Izquierdo (2011) afirma que é coerente usar o termo “memorias” ao
invés de “Memória”.
Sob o presente plano conceitual, o autor distingue os vários tipos de memória de
acordo com a função, o tempo de duração e o conteúdo.
Para o primeiro caso, tem-se a memória de trabalho, a qual gerencia informações
advindas da realidade e determina o contexto de ocorrência, dando continuidade às nossas
ações (se as informações são recorrentes e/ou relevantes para um novo arquivamento). Pode
ser tomada como exemplo, situações em que se observa a mudança das luzes de um semáforo,
ou mesmo, na ingestão de algum alimento. Trata-se de uma memória de curta duração, a qual
regula nossos comportamentos e define a percepção da realidade.
Considerando o conteúdo, Izquierdo (2011) aponta memórias chamadas declarativas,
que por sua vez, armazenam por mais tempo fatos, eventos ou conhecimentos. Tais memórias
podem se ramificar em (1) episódicas ou autobiográficas (eventos que participamos ou
assistimos) e (2) semânticas (de conhecimento gerais). A determinação de começos e fins de
episódios é definida por meio da interação entre a memória declarativa e a memória de
trabalho.
Com efeito, é por meio desses tipos de memória que compreendemos a música como
um fenômeno temporal. Sem isso, qualquer trecho musical “seria realmente um eterno
renascer, e não se poderia dizer que o tempo existe” (Seincman, 2001, p. 31). Representações
mentais, tais como o reconhecimento de melodias, cadências, frases e formas musicais,
surgem da relação entre o passado (nossas lembranças) e o presente da obra (eventos que
estão a se desenrolar no tempo).
Como argumentado por Jäncke (2006), ao ouvir um simples contorno melódico, várias
estruturas específicas da memória são ativadas. Em primeiro lugar, frequências são
identificadas e organizadas sequencialmente pela memória de trabalho; a informação
decodificada interage com os conhecimentos já armazenados na memória de longa duração e,
por fim, torna-se significativa ou não.
15
Nesse sentido, vale ressaltar que de fato, os sons que escutamos e imaginamos
(lembramos) são igualmente significativos para a mente, uma vez que “tanto para ouvir como
para imaginar ouvir uma melodia, são as mesmas áreas nos lobos temporais que são ativadas”.
(Weinberger, 2004 como citado em Rizzon, 2009, p. 25). Tal constatação sugere que as
impressões e representações formadas a partir da percepção de um estímulo não geram
significados apenas para o que é percebido. A respectiva significação deriva da estrutura e
atividade cognitiva de cada individuo.
O passado, nossas memórias, nossos esquecimentos voluntários, não só nos dizem
quem somos, como também, nos permitem projetar o futuro; isto é, nos dizem quem
podemos ser. O passado contém o acervo de dados, o único que possuímos, o
tesouro que nos permite traçar linhas a partir dele, atravessando, rumo ao futuro, o
efêmero presente em que vivemos. (Izquierdo, 2011, p. 11).
1.1.2 O futuro
Por que quando ouvimos uma música constantemente buscamos prever sua
continuidade? Por que, por vezes nos sentimos satisfeitos e por vezes surpreendidos com o
modo como os eventos são encadeados? Pesquisas no campo da Neurologia têm sugerido que
as expectativas são geradas por inúmeras estruturas cerebrais, as quais resultam de um longo
processo evolutivo. Previsões e antecipações mais acuradas oferecem aos organismos
melhores condições de reação, o que por sua vez, determinam a sobrevivência (Huron, 2006).
Deste modo, pode-se sugerir que a seleção natural tenha contribuído de forma decisiva
no desenvolvimento desse sistema, no sentido de que a antecipação de eventos futuros
possibilita “não apenas ações mais adequadas, mas percepções igualmente mais adequadas”.
(Oliveira & Manzolli, 2008, p. 208). Com efeito, visualizando a respectiva questão sob o viés
biológico e fisiológico, tais mecanismos ligados à geração de expectativas se mostram
diretamente atrelados a características operacionais do próprio organismo. Atividades físicas
ou psíquicas consomem reservas de energia, as quais são recuperadas por meio da
alimentação e do metabolismo. Dentre as principais atividades, é possível observar dois
sistemas interligados que influenciam no gasto de tais reservas: (1) o arousal, responsável por
controlar funções associadas ao movimento, e (2) a atenção, designada a ordenar e organizar
os estímulos percebidos pelos canais e domínios sensoriais.
Não se restringindo apenas ao domínio biológico, o respectivo processo pode ser
compreendido também por meio de fatores culturais. Partindo do pensamento de Boas (1951,
p. 1), o qual propõe a “igualdade fundamental dos processos mentais em todas as raças e em
16
todas as formas culturais atuais”; membros de sociedades consideradas primitivas ou
civilizadas apresentam diferenças cognitivas apenas na forma como compreendem e
organizam o mundo físico (Aubert, 2007). Por conseguinte, pode-se sugerir que os
mecanismos de ação e reação dos indivíduos, dentre eles os de geração de expectativas, são
definidos segundo a adaptação ecológica da sociedade em questão (Bastos, 1999).
Sob o olhar de Huron (2006), as antecipações se mostram diretamente atreladas a
estados emocionais. De acordo com a confirmação ou não de expectativas e da
situação/emoção resultante ser favorável ou não ao indivíduo, atitudes futuras são motivadas
ou desencorajadas, o que forma um reforço comportamental. Suposições sobre “como” e
“quando” eventos futuros irão acontecer “advertem e preparam a mente para possíveis
experiências emocionais futuras, não apenas imaginadas, como também, sentidas no tempo
presente” (Huron, 2006 como citado em Ramos & Elias, 2012).
Ao escutar uma música, o tempo futuro é experienciado de forma subjetiva; previsões
são confirmadas ou violadas em meio ao fluxo contínuo dos sons e silêncios. Em um estudo
inicial, Meyer (1956) propôs que as expectativas estão relacionadas ao significado musical,
sendo este, segmentado pelo autor em três tipos: (1) hipotético, levantamento de hipóteses –
antecedentes; (2) evidente, observação de confirmações – consequentes; e (3) determinado,
“fruto de um processo objetificante, que opera sobre a dinâmica da escuta transformada em
objeto de análise consciente” (Oliveira & Manzolli, 2008, p. 211).
Por meio dessa
perspectiva, sugere-se que o significado musical deva ser buscado por meio da relação
existente entre o estimulo, a percepção do ouvinte, processos mentais e suas respostas
(Meyer, 1956, p. 24).
Desta forma, Meyer (1956) postula que o significado hipotético equivale ao processo
de geração de expectativas. Segundo o autor, antecipações e predições surgem da capacidade
do estímulo em evocar ou inibir tendências, as quais são compreendidas como sendo padrões
de resposta automáticos, conscientes ou inconscientes, apreendidos ou inatos. Em um sentido
amplo . Para o autor:
[...] todas as tendências, até mesmo aquelas que nunca atingem o nível de
consciência, são expectativas. Visto que uma tendência é uma espécie de reação em
cadeia em que um estímulo presente é conduzido através de uma série de ajustes
para um consequente mais ou menos especificado, o consequente é sempre implícito
na tendência, uma vez que a tendência tem sido posta em jogo. Assim, enquanto a
nossa mente consciente não espera ativamente uma reação consequente a menos que
o padrão seja perturbado, nossos hábitos e tendências são expectativas no sentido de
17
que cada um procura ou "espera" consequentes relevantes e adequados para si.1
(Meyer, 1956, p. 25, tradução nossa)
Apesar dos pressupostos defendidos por Meyer (1956) sugerirem que a eficácia das
expectativas geradas está diretamente ligada a estados emocionais, o autor não aborda como
ocorre tal correlação (Oliveira & Manzolli, 2008).
Décadas mais tarde, Huron (2006) analisou a relação entre antecipações, estados
emocionais e diferentes funções biológicas do organismo. O autor observou cinco sistemas
diferentes de resposta e estabeleceu a teoria de expectativa ITPRA. A respectiva sigla
apresenta cada um dos cinco sistemas, sendo que o primeiro,
Resposta Imagética (Imagination response), mobiliza o organismo para agir de
acordo com possíveis benefícios futuros. O segundo, Resposta Tencionada (Tension
response), prepara o organismo para possíveis eventos repentinos, interligando os
mecanismos de arousal e a atenção. O terceiro, Resposta Prevista (Prediction
response), auxilia na formação de antecipações mais precisas, por meio de induções
positivas e negativas. O quarto, Resposta Reacionária (Reaction response), protege
imediatamente o organismo de possíveis ameaças, gerando respostas protetoras. E o
quinto sistema, Resposta Avaliada (Appraisal response), forma reforços positivos e
negativos de acordo os diferentes estados finais de emoção (Huron, 2006, como
citado em Ramos e Elias, no prelo).
Huron (2006) também clarifica a relação entre expectativas musicais e estados
emocionais do ouvinte. No entanto, assim como na perspectiva de Meyer (1956) o autor
parece não disponibilizar ferramentas conceituais para investigar a geração de hipóteses, a
formulação de expectativas e a experiência emocional da escuta musical (Oliveira &
Manzolli, 2008, p. 212). Toda via, pode-se sugerir que
[...] à medida que nossas predições alcançam ou não as realizações de implicações
prévias, entendemos os eventos musicais como ‘normais’, ‘regulares’, ‘inesperados’,
etc. (Meyer, 1967, p. 71-2). Por seu turno, tais inferências contribuem para evocar
novas ordens (níveis mais elevados, por assim dizer) de implicações e
previsibilidade. (Moura, 2007, p. 72).
Em um senso geral, a acurácia de nossas expectativas depende das experiências as
quais fomos expostos. Quando ouvimos uma música, modos de percepção e compreensão
articulam-se com nossos conhecimentos sobre intenções estilísticas do compositor, que por
1 […] all tendencies, even those which never reach the level of consciousness, are expectations. For since a
tendency is a kind of chain reaction in which a present stimulus leads through a series of adjustments to more or
less specified consequent, the consequent is always implied in the tendency, once the tendency has been brought
into play. Thus while our conscious minds do not actively expect a consequent unless the pattern reaction is
disturbed, our habits and tendencies are expectant in the sense that each seeks out or “expects” the consequents
relevant and appropriate to itself.
18
sua vez estabelecem uma conexão entre o que esperamos e as possibilidades estruturais da
obra em questão. Desta forma, o fato de um gênero ou de uma música específica ser familiar
ou não acaba por determinar nossas predições. Sem ver o interior da caixa, o gato de
Schrödinger2 pode tanto estar vivo, quanto morto.
1.1.3. O presente
Ao escutarmos uma obra musical, dizemos que aquilo que está sendo ouvido é o
presente. De maneira geral, ninguém lança qualquer tipo de dúvida a respeito desta
constatação. Se, no entanto, perguntarmos o que é o presente, talvez nos respondam:
o presente não é nem o passado, pois este já se foi, e nem tampouco o futuro, pois
este ainda não se deu; é um intervalo entre ambos. Mas, logo em seguida, viria a
questão: qual é, então, a duração deste intervalo de tempo?. (Seincman, 2001, p. 25).
Percebemos fatos e eventos de se desenrolam do passado em direção ao futuro, mas e
o presente? Seria possível estimá-lo ou defini-lo? Onde se localiza temporalmente o “agora”?
Tendo em vista a complexidade de tais questionamentos, pretende-se conceituar aqui alguns
mecanismos atuantes na decodificação de informações e, por consequência, na formação da
realidade subjetiva.
Expostos a diferentes estímulos sensoriais no mundo físico, o ser humano busca
constantemente determinar similaridades, diferenças, proximidades, ou seja, estabelecer
padrões. Tal processo está diretamente ligado as funções de arousal e atenção,
proporcionando uma economia no gasto de reservas metabólicas e gerando, como resultado,
prazer estético (Coelho de Souza, 2006). Assim, o estabelecimento de padrões se apresenta
como um mecanismo primitivo e inato; “todos nós podemos constatar que no trem nós
inconscientemente agrupamos em séries – ordenamos – os ruídos produzidos pelo som das
rodas nos interstícios dos trilhos” (Andrade, 1995, p. 75).
Ao escutar uma música, não é difícil evidenciar o funcionamento de tal mecanismo.
Como argumenta Levitin (2006), em nossa cultura aprendemos aspectos estruturais,
sequências de notas e acordes que acabam por definir a forma como estabelecemos padrões.
2 Experimento hipotético elaborado por Erwin Schrödinger com o objetivo de elucidar diferenças entre interação
e medida no campo da mecânica quântica. O autor propôs que se imaginasse um gato aprisionado dentro de uma
caixa lacrada com um dispositivo mortal, o qual consistia de uma ampola de vidro com veneno e um martelo
estrategicamente posicionado sobre a mesma (de modo a quebra-la caso caísse). Conectado ao martelo, um
detector de partículas alfa controla sua sustentação. Schrödinger sugeriu que se fosse inserido um átomo
radioativo, cuja probabilidade de emitir uma partícula alfa é de 50% a cada hora, não teríamos conhecimento se
o gato estaria vivo ou se havia morrido envenenado. Em outras palavras, segundo o formalismo quântico, o gato
estaria 'vivo' e 'morto', sendo dois estados indistinguíveis.
19
Mesmo que de forma inconsciente, estimamos começos, finais, e repetições em meio ao fluxo
continuo do tempo. Na visão de Jones (1987b), tais referencias temporais são situadas com a
finalidade de fixar processos de atenção, formando por sua vez um elo entre a atenção
analítica (consciência de detalhes locais) e a atenção para eventos futuros (consciência de
processos globais e metas).
No entanto, constata-se que a ordenação de eventos imposta pela mente é subjetiva e
arbitraria, dependendo exclusivamente da intuição heurística3 do ouvinte (Coelho de Souza,
2006). Retomando os questionamentos iniciais sobre a essência do tempo presente, pode-se
sugerir que tanto em música como nas demais atividades do cotidiano
[...] o “agora” é experimentado como um “já não mais” e um “ainda não”, como um
instante ativo relacionado aos outros instantes ativos – quer do passado, quer do
futuro – que o circundam e que estão em ressonância com ele. O tempo é, pois, em
última instância, uma falácia: é produto de uma vontade de ordenação; a realidade é,
pois, lacunar, pulsante, espantosa, estranha, inquieta e surpreendente. (Seincman,
2001, p. 42).
1.2 A PERCEPÇÃO TEMPORAL
O comportamento de qualquer organismo está atrelado ao ambiente que ele ocorre,
sendo esta uma constatação substancial da pesquisa psicológica (Viera de Castro, Carvalho,
Kroger-Costa & Machado, 2013, p. 50). Dentre o conjunto complexo de objetos e atributos
que definem um ambiente particular, temos a presença de inúmeros tipos de estímulos
sensoriais (cheiro, luminosidade, sabor, som), os quais acabam por definir a sensibilidade que
um determinado animal inserido neste meio possui. Observando as propriedades dos
estímulos de uma forma mais analítica, nota-se que a duração é um dado comum, senão
fundamental a todos eles (Viera de Castro et. al., 2013).
1.2.1 Modelos científicos para o processamento temporal
Ao longo das últimas décadas, inúmeras pesquisas na área da Psicologia Experimental
(especialmente a subárea da Cronologia) vêm sendo desenvolvidas com o intuito de
compreender como os seres vivos percebem e mensuram o tempo. Os dados obtidos mostram
que os seres humanos, assim como outras espécies de animais “são sensíveis à duração dos
3 Conhecimento que prevê ou tenta antecipar a uma verdade.
20
estímulos ambientais, podendo inclusive aprender a regular o seu comportamento com base
nesta propriedade” (Viera de Castro, Carvalho, Kroger-Costa & Machado, 2013, p. 50). Neste
campo de estudo, definido por timing, a regulação temporal do comportamento de animais e
seres humanos
[...] divide-se em duas grandes classes, a classe associada aos ritmos biológicos, que
explora as periodicidades estáveis do ambiente, como a alternância do dia e da noite
(ritmos circadianos), das marés, ou das estações do ano, por exemplo e a classe
associada a intervalos de tempo significativamente mais curtos e de duração
arbitrária, da ordem de segundos a minutos. As correspondentes áreas de estudo
designam-se, respectivamente, por timing circadiano e timing intervalar (Church,
2002; Richelle & Lejeune, 1980; Roberts, 1998; Shettleworth, 1998 como citado por
Viera de Castro, Carvalho, Kroger-Costa & Machado, 2013, p. 51).
Na área do timing intervalar, a qual busca explicar como ocorre a mensuração de
curtos intervalos de tempo, Ornstein (1969) estabelece um modelo partindo da hipótese de
que o tamanho de armazenamento de informações define a estimativa temporal dos seres
humanos. Considerando intervalos de 10 segundos ou mais, o autor postula que quanto maior
for o número e a complexidade de eventos armazenados, maior será a duração experienciada
pelo individuo. Jones e Boltz (1989, p. 460), compreendem que a hipótese de Ornstein propõe
um conhecimento metafórico da questão, no sentido que a experiência de duração é
considerada basicamente uma construção do volume de armazenamento de informações.
Após resultados conflitantes em replicações dos pressupostos de Ornstein (1969),
sobretudo em estudos envolvendo a mensuração da percepção de duração para sequencias de
palavras, novas hipóteses foram sendo formadas e empregadas. Underwood e Swain (1973
como citado por Jones & Boltz, 1989), incorporando alguns preceitos previstos por Ornstein
(1969), constataram que a experiência de duração depende de forma mais enfática do esforço
atencional e (ou) da excitação perante a informação apresentada do que propriamente da carga
mnemônica armazenada. Segundo Thomas e Weaver (1975, p. 363), a principal fraqueza do
modelo de Ornstein “é que não existe nenhuma teoria independente para a determinação do
tamanho de armazenamento, quando a informação de estímulo é relativamente complexa. (ex.
linguística).”.
Logo, outros pesquisadores também passaram estudar sistematicamente processos
atencionais envolvidos na mensuração de curtos intervalos de tempo, o que resultou na
formulação de modelos alternativos. Block (1985), inspirado por teorias da memoria vigentes
em sua época, sugere que a duração julgada está correlacionada ao aumento linear do número
de alterações ocorridas no respectivo contexto. Sua hipótese consiste em acreditar na
21
existência de um mecanismo cognitivo que monitora tais alterações e estabelece um índice de
complexidade com base nas mudanças ocorridas em determinado intervalo de tempo.
Ao investigar hipóteses sobre a duração lembrada, Block e Reed (1978, p. 656)
desenvolveram um estudo relacionado à escrita, em que as tarefas dos participantes requeriam
dois níveis de processamento. Inicialmente, os participantes julgavam o estilo de digitação
(nível de processamento superficial) ou a categoria semântica (nível de processamento
profundo) de palavras apresentadas em uma lista, enquanto que em outro momento do
experimento, alternavam entre as duas tarefas. Depois, de forma inesperada, todos os
participantes foram questionados sobre qual das atividades pareceu ter a maior duração.
Contrariando as previsões dos modelos de Esforço Atencional e de Tamanho de
Armazenamento (quanto maior for o número de informações, maior será o esforço atencional
e a duração estimada), os resultados mostraram que os participantes julgaram o intervalo de
tempo mais longo quando desempenhavam as duas tarefas alternadamente (processamento
superficial e profundo).
Com efeito, os respectivos autores presumem que os eventos que lembramos
dependem do contexto físico e psicológico, dos conhecimentos e habilidades que o individuo
traz para o contexto, da situação experienciada e da relação estabelecida entre estes fatores.
Assim, a abordagem contextualista
[...] divide o mundo em duas categorias ontológicas básicas – eventos e mudanças.
O Contextualismo enfatiza que a mudança e a novidade são inerentes nas interações
observador-ambiente e que todos os eventos têm uma única qualidade e textura. Isso
rejeita a noção de estruturas permanentes; em vez disso, enfatiza os importantes ou
salientes aspectos dos eventos, que dependem do propósito particular do observador.
(Hoffman & Nead, 1983, p. 519 tradução nossa)4.
Zakay (1989 como citado por Boltz, 1998) incorporando e integrando ideias de Block
e de outros teóricos sobre a percepção de durações (dentre elas as de Ornstein), desenvolveu
um outro modelo na tentativa de explicar os processos psicológicos envolvidos na estimação
temporal humana. O principal pressuposto desta abordagem,
[...] é que quando os indivíduos estão realizando qualquer atividade, como ouvir
uma melodia ou resolver um conjunto de problemas de matemática, a atenção é
dividida entre o evento temporal (i.e. intervalo de tempo total) e informações não
temporais (notas ou números, por exemplo). Assume-se que cada dimensão é
4
[…] divides the world into two basics ontological categories – events and changes. Contextualism emphasizes
that change and novelty are inherent in observer-environment interactions and that every has a unique quality
and texture. It rejects the notion of permanent structures; instead, it emphasizes the “salient or important aspects
of events” that depend upon “the observer’s purposes” (Hoffman & Nead, 1983, p. 519).
22
independente da outra de tal modo que a informação temporal é codificada por meio
de um temporizador cognitivo, enquanto que a informação não temporal é
codificada por um mecanismo separado. Ambas competem por um conjunto
limitado de recursos, do modo que o aumento da atenção dirigida para uma
dimensão irá reduzir o desempenho da outra. (Boltz, 1998, p. 519 tradução nossa)5.
Com efeito, supõe-se que o comportamento do individuo em relação à duração
depende diretamente do processo de julgamento empregado. Em uma situação prospectiva, na
qual o participante está ciente que terá de fornecer uma resposta sobre a duração de
determinado evento, mais recursos da atenção são destinados às informações temporais, o que
por sua vez resulta em estimativas mais precisas sobre a duração e um fraco desempenho nas
tarefas envolvendo informações não temporais. Porém, se houver um aumento na
complexidade da tarefa (maior dificuldade dos problemas de matemática), ou a realização de
duas atividades simultaneamente (resolver problemas de matemática enquanto escuta uma
melodia), mais recursos são destinados ao processamento de informações não temporais e a
duração é avaliada (de forma imprecisa) como sendo mais curta (Boltz, 1998, p. 1088).
Numa condição retrospectiva, Zakay (1989) prevê outros tipos de comportamento.
Partindo do pressuposto que sem aviso prévio, os participantes normalmente não prestam
atenção em informações temporais, julgamentos sobre a duração de intervalos se baseiam
essencialmente no conteúdo das informações não temporais lembradas. Inspirado por
conceitos de Ornstein (1989) e Block (1985) e considerando que as pessoas não codificam
informações sobre a duração do evento em condições retrospectivas de julgamento, o autor
afirma que a duração lembrada resulta da quantidade de informações armazenadas na
memória e (ou) da percepção (recordação) de alterações dentro da matriz de informações não
temporais (Boltz, 1998).
Por meio de dados experimentais, verificou-se que o aumento progressivo da
complexidade exerce um efeito diferencial sobre a “duração experienciada” (contada) em
comparação a “duração lembrada”.
Além de teorias estritamente dicotômicas, alguns
pesquisadores acreditam que esses processos não atuam de forma independente, mas também
de modo integrado. Segundo Ades (2002, p. 28),
[...] as pessoas, mesmo quando (como no paradigma retrospectivo) não foram
levadas a prestar atenção à passagem do tempo, o avaliam assim mesmo através de
5
[…] is that when individuals are performing any given activity, such as listening to a melody or doing a set of
math problems, attention is split between the event's temporal (i.e., total time span) and nontemporal (e.g., notes
or numbers) information. Each dimension is assumed to be independent of the other such that temporal
information is encoded via a cognitive timer and nontemporal information is encoded through its own separate
mechanism. Both compete for a limited pool of resources, such that increased attention directed toward one
dimension will decrease performance on the other.” (Boltz, 1998, p. 1077).
23
um processador temporal automático. O que implica em considerar que os mesmos
processos atuam em ambos os paradigmas, Prospectivo e Retrospectivo, uma
posição teórica capaz de dar conta dos resultados conflitantes da pesquisa sobre
percepção de duração.”.
1.2.2 O relógio interno
A origem da ideia de um relógio interno responsável pela estimação temporal surge
em pesquisas no começo do século XX. Hoagland (1935) se interessou pela questão após
contatar que sua esposa gripada percebia a passagem do tempo como sendo mais lenta.
Investigando se a percepção do tempo subjetivo de sua esposa havia sido alterada, o autor
pediu repetidamente para que ela contasse até 60 (1 contagem por segundo). Como resultado,
Hoagland constatou que sua esposa contava mais rápido à medida que a temperatura corporal
se elevava, o que por sua vez, o levou a supor que,
[...] se algum processo químico subjacente fornece "tiques" para um mecanismo de
estimativa temporal, então como qualquer processo químico, este irá correr mais
rápido quando aquecido e mais lento quando resfriado. A relação entre a velocidade
de uma reação química e a temperatura é regulada por uma equação proposta por
Arrhenius em 1880, em que um parâmetro crítico é a "energia de ativação" ou a
"característica de temperatura" da reação, e, Hoagland considerou à hipótese do
relógio químico de forma suficientemente literal para tentar realmente medir este
parâmetro a partir de dados de julgamento temporal (Wearden, no prelo, p. 5
tradução nossa)6.
Após conhecer trabalhos anteriores sobre a questão, como os de François (1927),
Hoagland definitivamente concluiu por meio da manipulação da temperatura corpórea, que
um processo químico servia de base para a percepção subjetiva do tempo. Desta forma, outros
estudos foram realizados buscando averiguar as mesmas hipóteses, contudo, como salienta
Wearden (no prelo), apesar de existirem fortes indícios que comprovavam a ativação deste
processo químico, o mesmo dependia das condições prospectivas ou retrospectivas de
julgamento temporal em que os participantes eram colocados.
Um marco no desenvolvimento do modelo do Relógio Interno foi produzido por
Michel Treisman em 1963, que ao incorporar hipóteses vigentes até então, traçou de forma
sofisticada o funcionamento desde dispositivo. De acordo com o seu modelo, os julgamentos
6
[…] if some underlying chemical process provides "ticks" for a time estimation mechanism, then like any
chemical process it will run faster when heated and slower when cooled. The relation between the rate of a
chemical reaction and temperature is governed by an equation proposed by Arrhenius in 1880, where a critical
parameter is the "energy of activation" or "temperature characteristic" of the reaction, and, Hoagland took the
chemical clock hypothesis sufficiently literally to attempt to actually measure this parameter from time
judgement data. (Wearden, in press, p. 5).
24
temporais são fornecidos por um “Marcapasso” sensível a excitações específicas, que
transmite os pulsos a um “contador”. Tanto os pulsos contados, como os armazenados ao
longo do respectivo intervalo de tempo, são enviados para outro compartimento que
determinaria a relativa duração experienciada, chamado “Comparador”. A Figura 1 demonstra
o modelo proposto por Treisman (1963, tradução nossa):
Figura 1. Modelo de Treisman (1963)
Assim, Treisman prevê que o compartimento de contagem trabalha simultaneamente e
de modo sincrônico com a armazenagem dos pulsos emitidos pelo centro especifico de
excitação, que por sua vez, foram captados pelo marcapasso. Como argumenta Wearden (no
prelo), é desta forma que o respectivo modelo passa de um mecanismo simples para um
sistema cognitivo complexo, no sentido que envolve dispositivos de memória referencial
(pulsos armazenados) e de decisão (comparador). Entretanto, sem dados empíricos
consistentes e numerosos (estritamente com seres humanos), este trabalho permaneceu à
margem dos interesses da psicologia naquele tempo.
Anos mais tarde surge um novo modelo, baseado no de Treisman, que supre a
carência de dados e desperta o interesse da área sobre a questão da duração intervalar.
Gibbon, Church e Meck, desenvolvendo pesquisas sobre a Teoria da Expectativa Escalar
(Scalar Expectancy Theory – SET) de forma independente, conseguiram um número muito
maior de testes utilizando ratos e pombos. Apesar de empregarem domínios de aplicação
diferentes, os autores chegaram a um modelo com componentes similares aos de Treisman
(1963).
25
Ao utilizar um procedimento de recompensas com animais, Church (1984) presumiu
que os pulsos captados pelo marcapasso eram influenciados por fatores externos e internos. O
modelo comporta também
[...] um interruptor, estrutura que determina quando serão registrados os pulsos, e
que possui uma latência para ser acionado, ligando ou desligando o registro. Os
pulsos captados são somados num acumulador e têm seus valores retidos na
memória operacional que funciona durante uma tarefa, não conservando a
informação armazenada de uma oportunidade para outra. A memória de referência
contém os parâmetros de experiência passada que são relevantes para uma
determinada tarefa, por exemplo, “responder somente se o estímulo tiver uma
duração t”. Um dispositivo de comparação permite o cotejo entre a duração presente
e a duração de referência (Ades, 2002, p. 28).
Com feito, ao atuar em intervalos relativamente curtos, o relógio interno tem “sua
vigência determinada, não através de fatores rítmicos ou zeitgebers, mas via eventos
iniciadores e terminadores ambientais.” (Ades, 2002, p. 28). A figura 2 mostra o modelo
proposto por Gibbon, Church e Meck (1984):
Figura 2. Modelo de Gibbon, Church e Meck (1984)
Segundo os autores, a representação temporal está atrelada ao número de unidades
temporais emitidas pelo relógio interno e “[...] acumuladas durante o período decorrido.
Quando a atenção é desviada do processamento do tempo, menos unidades temporais são
26
acumuladas, e a duração é julgada como sendo mais curta (Droit-Volet, Bigand, Ramos &
Bueno, 2010, p. 226, tradução nossa)”. Dentre as muitas as observações de experiências com
animais, Gibbon (1991) salienta uma característica notável chamada de “tempo proporcional”,
em que o comportamento parecia se ajustar as proporções de intervalos de tempo.
Outro avanço que as pesquisas com animais possibilitaram foi a averiguação do efeito
de farmacológicos radicais na percepção do tempo. Meck (1983 como citado por Wearden, no
prelo) conseguiu demonstrar que (1) os medicamentos que estimulam o sistema de dopamina
do cérebro alteram a velocidade do marcapasso (níveis elevados de dopamina resultam na
maior velocidade de contagem), e (2) que os medicamentos colinérgicos afetam
sistematicamente processos temporais de memória.
Após o sucesso obtido com animais, no final da década de 80 foram conduzidos novos
experimentos envolvendo seres humanos. Wearden (1991) conceitua essas experiências como
“análogas”, no sentido que se inspira em métodos utilizados com animais. Dentre eles, tem-se
o de “bissecção temporal”; hoje, considerado “um dos procedimentos de discriminação
temporal mais utilizado nos últimos 30 anos” (Viera de Castro, Carvalho, Kroger-Costa &
Machado, 2013, p. 53). Esse método está inserido em uma área de pesquisa denominada
“timing”, a qual busca investigar os mecanismos e processos que regulam a percepção do
tempo por seres humanos e animais. Basicamente, o procedimento prevê que os participantes
devam descrever diferentes estímulos em duas categorias básicas de duração, “curto” ou
“longo”.
Por meio dos dados obtidos, têm-se evidenciado que os seres humanos, assim como os
animais, possuem uma notável precisão em tarefas de estimação temporal, reforçando a
existência e funcionamento do relógio interno. Igualmente, tem sido demonstrado que o
julgamento de intervalos temporais por este dispositivo estaria subordinado, além do
processamento de informações do ambiente (se eventos são constantes ou não), a outros
fenômenos do comportamento humano (dados físicos e químicos do organismo).
Sendo a música uma arte que só existe no fluxo temporal (Seincman, 2001), e
também, capaz de provocar tensões de ordem física, emocional ou intelectual nos ouvintes
(Langer, 2006), a próxima sessão procura levantar alguns pressupostos sobre a influência das
emoções musicais sobre a percepção do tempo em um contexto específico: o da escuta
musical.
27
1.3 EMOÇÕES DESENCADEADAS PELA MÚSICA E O TEMPO
No mundo físico, os seres humanos estão expostos a eventos e situações que provocam
diversas respostas afetivas, às quais podem ser agradáveis ou não. A imersão neste ambiente
propicia ao indivíduo experiências emocionais que determinam não somente suas
interferências no meio, como também, a forma com que este indivíduo percebe e compreende
o mundo. Como argumentado por Pichin (2009), as emoções influenciam e definem aspectos
da vida pessoal nas relações, nas motivações e comportamento humano. Tal preposição pode
ser confirmada nas mais diversas atividades desempenhadas pelo homem, como por exemplo,
na arte, em que cineastas, “escritores, artistas e músicos sempre procuraram recorrer às
emoções, para influenciar e mover a audiência através de uma comunicação emocional”
(Sloboda & Juslin, 2001, p. 73).
1.3.1 Comunicação emocional em música
Sob o presente plano investigativo, alguns pesquisadores têm utilizado uma
abordagem dimensional no estudo das emoções. Apesar de ainda serem debatidas a
nomenclatura e o número de dimensões para a análise do espaço emocional, “investigações
empíricas têm geralmente mostrado que os modelos, incluindo apenas duas dimensões,
valência7 e arousal8, são superiores aos modelos, incluindo mais do que estas duas
dimensões” (Mikels et. al. 2005, p. 626). Neste sentido, um dos modelos bidimensionais
utilizados é o de Russell (1980), chamado de Modelo Circumplexo, o qual compreende as
emoções de forma cartesiana.
Dividido em quatro quadrantes, o respectivo modelo propõe que categorias
emocionais sejam distribuídas espacialmente de acordo com o nível de excitação fisiológica
(arousal), no eixo das ordenadas e com o valor hedônico (valência afetiva), no eixo das
abcissas. A Figura 1 demonstra o modelo proposto por Russell (1980):
7 Nível de excitação fisiológica (Ramos, 2008).
8 Valor hedônico (Relativo ao gosto ou prazer), o qual é moldado segundo fatores culturais e biológicos (Ramos,
2008).
28
Figura 3. Modelo Circumplexo de Russell (1980).
Ao considerar o respectivo modelo e analisar aspectos da estrutura musical, Juslin e
Laukka (2004) organizaram um modelo chamado de Brunswikian Lens Model, concebido
com a finalidade de buscar sistematizar a comunicação de emoções musicais entre intérprete e
ouvinte. Tal modelo propõe a identificação de pistas acústicas utilizadas pelo intérprete, com
o intuito de provocar emoções como Alegria, Tristeza, Amor e Raiva ou Medo (emoções de
base) no ouvinte. Com efeito, (1) em uma situação em que o nível de arousal seja alto e
valência afetiva seja positiva (primeiro quadrante), então o evento apreciado estará associado
a categoria emocional Alegria; (2) se o arousal for alto (ou moderado) e a valência negativa
(segundo quadrante), o evento apreciado estará associado a categoria emocional Raiva (ou
medo); (3) se o arousal for baixo e valência for negativa (terceiro quadrante), o evento
apreciado estará associado a categoria emocional Tristeza, e por fim, (4) se o arousal for
baixo e a valência positiva (quarto quadrante), o evento apreciado estará associado a categoria
emocional Amor (ou serenidade). Neste contexto, as pistas acústicas são compreendidas como
sendo características relacionadas à manipulação de elementos estruturais da música, entre os
quais, o andamento, o modo, a dinâmica, o timbre, as articulações (Ramos, 2008). Desta
forma, a Tabela 1 demonstra uma síntese proposta por Juslin (2001) de estudos realizados
sobre a comunicação de emoções musicais.
29
Tabela 1
Pistas acústicas empregadas pelos músicos que foram associadas a emoções especificas em um estudo
envolvendo revisão da literatura sobre comunicação emocional, em música (Juslin, 2001 como citado em
Ramos e Santos, 2010).
Emoção
Alegria
Tristeza
Raiva
Amor
Medo
Pistas acústicas utilizadas pelos músicos
Arousal
Valência
Andamento rápido e com pouca variabilidade, uso de staccato,
grande variabilidade de articulação, alto volume sonoro, timbre
brilhante, rápido ataque das notas, pouca variação temporal,
crescimento dos contrastes de duração entre notas curtas e longas,
uso de microintonação para o agudo, pequena extensão de vibrato.
Alto
Positiva
Andamento muito lento, uso excessivo do legato, pouca
variabilidade de articulação, baixo volume sonoro, contrastes
reduzidos entre as durações das notas curtas e longas, ataques lentos
entre as notas, microintonação para o grave, final ritardando e frases
decelerando.
Baixo
Negativa
Alto volume sonoro, timbre agudo, ruídos espectrais, andamento
rápido, uso do staccato, ataques tonais abruptos, crescimento dos
contrastes de duração entre notas curtas e longas, ausência do
ritardando, acentos súbitos, acentos sobre notas harmonicamente
instáveis, crescendo, uso de frases em accelerando, grande extensão
de vibrato.
Alto
Negativa
Andamento lento, ataques lentos, baixo volume sonoro, com
pequenas variações, uso do legato, timbre leve, moderadas variações
do “timing musical”, uso intenso do vibrato, contrastes reduzidos
entre as durações das notas curtas e longas, final ritardando, acentos
em notas harmonicamente estáveis.
Baixo
Positiva
Moderado
Negativa
Uso do staccato, volume sonoro
variabilidade, andamento rápido, com
variações do “timing musical”,
superficial, vibrato irregular, uso de
sincopas súbitas.
muito baixo, com muita
grande variabilidade, grandes
espectro brilhante, rápido,
pausas entre as frases e de
A classificação dessas cinco categorias principais foi resultado de diversos estudos, os
quais identificaram que, muito embora os inúmeros léxicos emocionais empregados nos
experimentos fossem diferentes, os significados eram semelhantes. (Juslin & Laukka, 2004).
Nessa perspectiva, o termo “comunicação emocional” é compreendido como situações
em que o compositor ou performer busca comunicar emoções específicas aos ouvintes de
forma intencional (Juslin & Persson, 2002). Inúmeras pesquisas no campo da Cognição
Musical têm procurado analisar a acurácia desta comunicação, a maioria delas procedendo do
seguinte modo:
[...] (1) o músico é convidado a executar uma peça musical que expresse uma
emoção específica (tristeza, por exemplo), escolhida pelo pesquisador; (2) as
performances são gravadas e depois analisadas de acordo com as suas características
acústicas; (3) em seguida, as mesmas performances são julgadas por ouvintes, no
30
intuito de verificar se as emoções intencionadas pelos músicos são as mesmas
emoções percebidas pelos ouvintes. (Sloboda & Juslin, 2001 como citado em Ramos
& Santos, 2010, p. 38).
Por conseguinte, a realização de diferentes estudos tem ampliado as discussões sobre a
eficácia do Brunswikian Lens Model. Timmers e Ashley (2004), ao investigar o uso de
ornamentos na música barroca, para comunicar emoções específicas aos seus ouvintes,
evidenciaram que eles distinguiram a emoção “Raiva” de maneira mais precisa em relação às
demais. No entanto, entre “Amor” e “Tristeza” e entre “Amor” e “Alegria”, esta distinção não
ocorreu.
Ao analisar respostas emocionais de músicos e não músicos a trechos musicais do
repertório erudito ocidental, Ramos e Bueno (2012) verificaram que, de forma geral, as
associações realizadas pelo primeiro grupo (músicos) foram mais consistentes. Entretanto,
para as emoções de “Medo” e “Raiva”, os julgamentos de ambos os grupos foram parecidos.
Estes dados corroboram as pesquisas realizadas por Bigand e Poulin-Charronat (2006), as
quais demonstraram que músicos e não músicos respondem a mudanças estruturais sutis
durante a escuta musical de modo semelhante. Além disso, tem sido sugerido que tal
coerência nas associações emocionais pode ser observada em adultos e crianças (Dallabella et.
al., 2001), e em diferentes culturas (Balkwill & Thompson, 1999).
As constatações discutidas ajudam a confirmar que os ouvintes podem associar
emoções especificas a trechos musicais. Entretanto, os estudos apresentados nessa sessão se
preocuparam em investigar a relação entre aspectos estruturais da música e emoções
percebidas pelos ouvintes.
1.3.2 Emoções desencadeadas pela música
Na vida cotidiana, pesquisas tem demostrado que a música é utilizada
predominamente para a regulação do humor e estados emocionais. (Zentner, Grandjean &
Scherer, 2008, p. 494). Do mesmo modo, contatou-se que as regiões cerebrais ativadas
durante o envolvimento emocional com a música são similares àquelas ativadas mediante as
fortes recompensas, como sexo, comida ou drogas (Menon & Levitin, 2005). Ainda segundo
Menon e Levitin (2005, p. 175),
A música representa uma forma dinâmica de emoção (Dowling & Harwood, 1986;
Helmholtz 1863/1954; Langer, 1951), e a transmissão de emoção é considerada a
essência da música (Meyer, 1956; Nietzsche, 1871/1993) é a razão pela qual a
maioria das pessoas relata gastar grandes quantidades de tempo ouvindo música
31
(Juslin e Sloboda, 2001). Um tanto paradoxalmente, os aspectos cognitivos e
estruturais da música têm sido mais estudados, talvez porque os métodos para
estudá-los têm sido parte dos paradigmas psicologia cognitiva padrão por décadas.
Avanços da neurociência afetiva, bem como novas ligações entre neuroquímica e
cognição apenas recentemente fizeram possível estudar emoção na música
rigorosamente (Blood & Zatorre, 2001; Blood et al, 1999;. Panksepp, 2003) 9.
Com efeito, eventos musicais são capazes de desencadear emoções específicas em
ouvintes e podem ser observadas de forma objetiva, por meio de mudanças no comportamento
(como bater os pés no chão, demonstrações de sono, etc.) ou na fisiologia do corpo (batimento
cardíaco, atividade cerebral ou condutância da pele), e de forma subjetiva, através de relatos
de ouvintes sobre emoções sentidas. Tais respostas afetivas podem ser evocadas a partir de
aspectos estruturais da própria música - modo, andamento, melodia - assim como por meio de
associações pessoais - recordações, história de vida (Ramos, 2008). Contudo, entre os
respectivos procedimentos experimentais empregados ao longo das últimas décadas, poucos
têm buscado verificar respostas emocionais em música por meio de relatos de ouvintes, ou
mesmo, considerado experiências pessoais (como história de vida).
Não obstante, nesse plano emergem pesquisas no campo da “Embodied Cognition”,
que enfatizam a influência do ambiente no desenvolvimento dos processos cognitivos.
Diferente de teorias que tratam da mente e do corpo como causas separadas, sugere-se que a
personificação do corpo ajuda a constituir a mente, e, por conseguinte, as emoções. Segundo
Barrett e Lindquist (2008, p. 246), tal personificação se fundamenta em três pressupostos: (1)
eventos cognitivos derivam de capacidades sensório-motoras, logo, as emoções se baseiam na
estrutura dos eventos físicos; (2) o corpo ajuda a delinear o espírito em que o sistema
conceitual (para a emoção ou para qualquer conjunto de categorias) atua em simulações
sensório-motoras; e por fim, as percepções
[...] de ocorrências dentro e fora do corpo são capturadas por simuladores e estão
perfeitamente ligadas, de modo que os símbolos de percepção são inferências
específicas da situação de comportamento que são adaptadas a uma determinada
situação. O contexto é particularmente importante na representação de exemplares
de conceitos abstratos (Barsalou & Weimer-Hastings, 2005), tais como raiva,
tristeza, medo e assim por diante. Como resultado, percebendo a situação de uma
9
Music represents a dynamic form of emotion (Dowling and Harwood, 1986; Helmholtz, 1863/1954; Langer,
1951), and the conveying of emotion is considered to be the essence of music (Meyer, 1956; Nietzsche,
1871/1993) and the reason that most people report spending large amounts of time listening to music (Juslin and
Sloboda, 2001). Somewhat paradoxically, the cognitive and structural aspects of music have been the most
extensively studied, perhaps because methods for studying them have been part of the standard cognitive
psychology paradigms for decades. Advances in affective neuroscience as well as new links between
neurochemistry and cognition have only recently made it possible to study emotion in music rigorously (Blood
and Zatorre, 2001; Blood et al., 1999; Panksepp, 2003). (Menon & Levitin, 2005, p. 175).
32
maneira particular ajuda a constituir, e não causar, a conceituação de emoção
(Barrett & Lindquist, 2008, p. 246)10.
Segundo estas pesquisas, o ambiente parece ser um repositório de informações
significativas, sendo que em quase todas as interações sociais, o indivíduo pode ser
confrontado com sinais carregados de aspectos afetivos. De acordo com Winkielman,
Niedenthal e Oberman (2008, p. 265), a importância de tais informações se deve ao fato que
objetos emocionalmente carregados podem capturar a atenção, o viés da percepção, modificar
a memória, assim como guiar julgamentos e decisões. Assim, constata-se que os estados
emocionais e os comandos sensório-motores ativados durante o contato com um estímulo
significativo são armazenados em áreas associativas especificas no cérebro, para que depois,
“durante a recuperação da experiência na consciência [...], o padrão sensório-motor original e
os estados afetivos que ocorreram [...] possam ser reativados”. (Winkielman, Niedenthal &
Oberman, 2008, p. 265).
Outro ponto importante desta perspectiva diz respeito a como estímulos emocionais
podem influenciar o comportamento. Para Winkielman, Niedenthal & Oberman (2008),
existem várias evidencias comprovando a eficácia que estímulos emocionais possuem na
modelagem das atitudes do individuo em direção a uma variedade de alvos. Essa influência
[...] é muitas vezes explorada usando um paradigma de priming afetivo. Neste
paradigma, os pesquisadores primeiro expõem os participantes a estímulos
emocionais (por exemplo, os rostos emocionais, cenas ou palavras) e, em seguida,
testam o impacto desses estímulos em um comportamento alvo. Por exemplo,
Winkielman, Berridge, e Wilbarger (2005), colocaram inicialmente os participantes
diante de uma série de rostos subliminares felizes ou com raiva e, em seguida,
pediram-lhes para executar um conjunto de comportamentos simples de consumo
(deitar e beber uma bebida). Os resultados mostraram que os participantes
derramaram e beberam mais após serem expostos a rostos felizes, do que a rostos
com raiva, especialmente quando eles estavam com sede (Winkielman, Niedenthal
& Oberman, 2008, p. 275)11.
10
[…] of occurrences both inside and outside the body are captured by simulators and are seamlessly bound, so
that perceptual symbols are situation-specific inferences for behavior that are tailored to a given situation.
Context is particularly important in representing exemplars of abstract concepts (Barsalou & Weimer-Hastings,
2005) such as anger, sadness, fear, and so on. As a result, perceiving the situation in a particular way helps to
constitute, not cause, a conceptualization of emotion. (Barrett & Lindquist, 2008, p. 246).
11
[…] is often explored using an affective priming paradigm. In this paradigm, researchers first expose
participants to emotional stimuli (e.g., emotional faces, scenes, or words) and then test the impact of these
stimuli on a target behavior. For example, Winkielman, Berridge, and Wilbarger (2005) first exposed
participants to a series of subliminal happy or angry faces and then asked them to perform a set of simple
consumption behaviors (pour and drink a novel beverage). The results showed that participants poured and drank
more after being exposed to happy than angry faces, especially when they were thirsty. (Winkielman, Niedenthal
& Oberman, 2008, p. 275).
33
Contudo, os autores argumentam que para interferir em uma conduta hedônica mais
complexa (relativa ao gosto ou prazer), o estimulo deve primeiro obter uma resposta
incorporada do individuo, a qual ocorre durante a recuperação da experiência anterior na
consciência, como já descrita nesta sessão. Logo, por meio dessas considerações, é possível
supor que estados emocionais possam influenciar na percepção temporal, e, por conseguinte,
alterar o modo como percebemos a passagem do tempo em música.
1.3.3 Emoções desencadeadas pela música e a percepção do tempo
Segundo Mangels e Ivry (2001), a percepção temporal atua de forma decisiva na
coordenação motora, sincronização, planejamento de respostas, reação e demais processos
relacionados à cognição e ao comportamento. Mas,
[...] a capacidade para estimar intervalos de tempo é um fenômeno complexo e
apresenta enviesamentos (i.e., sobrestimativas ou substimativas temporais). Estes
desvios são explicados em função de interferências várias, determinadas por fatores
cognitivos associados ao processamento da informação temporal e ao tipo,
modalidade e contexto de apresentação dos estímulos (Gibbon & Church, 1984
como citado por Fernandes, Garcia-Marques e Sá, 2006).
Retomando os preceitos assumidos sobre o relógio interno (Gibbon & Church, 1984),
a duração percebida de determinado evento depende do número de impulsos emitidos pelo
marcapasso e transferidos ao acumulador (quanto maior o número de impulsos, maior a
estimativa do tempo), sendo que estes dois mecanismos são influenciados por processos de
atenção e excitação (arousal).
Inúmeros estudos têm demonstrado que quando os recursos da atenção são desviados,
pela indução de outra tarefa (informação) não temporal, a duração percebida é subestimada
(Effron et. al, 2006). De acordo com Effron et. al. (2006) a subestimação ocorre pela
interrupção da transferência de pulsos para o acumulador, decorrente da falta de atenção
destinada ao processamento de informações temporais. E por outro lado, têm se verificado
que a excitação (arousal) aumenta a velocidade do marcapasso, o que por sua vez, aumenta
também o número de impulsos transferidos ao acumulador e a duração do evento é
superestimada. Desde modo, é possível deduzir que as emoções sentidas podem influenciar o
funcionamento do relógio interno, no sentido que acontecimentos emocionais são capazes de
desviar a atenção do processamento de informações temporais e, igualmente, são excitantes
(Effron et. al., 2006).
34
No campo da música, Droit-Volet e Gil (2009) sugerem a interferência do arousal
(estado de excitação fisiológica provocada pela música no indivíduo) como um fator que
influencia a percepção temporal de não músicos. No estudo realizado por Ramos (2008), esta
influência também foi contatada em músicos. Contudo, em tais pesquisas foi considerada
apenas a relação entre as emoções percebidas e respostas temporais sobre grupos de trechos
musicais em comum a todos os ouvintes (e não associações a trechos escolhidos pelos
próprios participantes das pesquisas em questão).
A estimação temporal de eventos musicais estaria relacionada à cognição da própria
obra musical (aspectos objetivos) ou à experiência musical passada de cada indivíduo
(aspectos subjetivos)? O presente estudo se propôs a investigar a influência das emoções
desencadeadas pela música (sentidas) sobre a percepção temporal, por meio da apreciação de
trechos relacionados a experiências musicais passadas dos participantes.
35
2 OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
Este trabalho se propôs a investigar a influência de emoções desencadeadas pela
música relacionadas a experiências passadas sobre a percepção temporal, no intuito de dar
continuidade à pesquisa de Ramos (2008).
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
• Realizar uma entrevista semi-estruturada, no intuito de fazer com que cada
participante escolha trechos musicais que,
segundo experiências passadas,
desencadeiem as emoções Alegria, Tristeza, Serenidade e Raiva.
• Selecionar trechos músicais controle, que segundo o estudo de Ramos (2008),
obtiveram altos índices de associação com as respectivas categorias emocionais.
• Verificar o grau de familiaridade que os participantes atribuem aos trechos
selecionados no estudo de Ramos (2008).
• Submeter os trechos escolhidos pelos participantes e selecionados a partir do estudo de
Ramos (2008) a tarefas de bissecção temporal (vide procedimento).
• Verificar se emoções desencadeadas por aspectos estruturais da música exercem maior
ou menor influência na percepção temporal, do que as emoções associadas a
experiências passadas.
• Examinar e discutir os dados obtidos com pesquisas realizadas sobre o Modelo do
Relógio Interno.
36
3 MÉTODO
3.1 PRÉ-TESTE
3.1.1 Método
Objetivo específico: investigar os processos psicológicos que regem a associação emocional
de músicas ligadas a experiências passadas de cada participante envolvido na pesquisa.
Participantes: 10 alunos matriculados no curso de licenciatura e bacharelado em Música da
Universidade Federal do Paraná, com idade entre 19 e 33 anos; e 10 estudantes matriculados
no curso de Pedagogia da Universidade Federal do Paraná que nunca tenham recebido lições
formais de música.
Materiais e equipamentos: o experimento foi realizado em uma sala de estudos silenciosa,
com paredes lisas, sem estímulos visuais, iluminada por lâmpadas fluorescentes. Foram
dispostas duas cadeiras e carteiras, uma para o pesquisador e outra para o participante. Foi
usado 1 iPhone 4S para a gravação das entrevistas.
Procedimento: foi realizada uma entrevista semiestruturada com cada participante, permitindo
desta forma, uma liberdade necessária a produção do discurso (Zago, 2003). A entrevista foi
feita com a presença de um participante por vez na sala para entrevista. Um termo de
consentimento referente ao Comitê de Ética e Pesquisa foi entregue ao participante, que foi
questionado sobre músicas relacionadas a experiências passadas. Estas músicas deveriam
estar associadas a emoções de Alegria, Tristeza, Serenidade e Raiva, totalizando, assim, 12
músicas (3 para cada emoção). Seguindo a entrevista, o participante deveria relatar os motivos
pelos quais associou cada música à cada emoção. Concluída a entrevista, o participante ainda
respondeu um questionário complementar, referente a dados sobre o seu nível de
conhecimento musical. Após o preenchimento do questionário, foi declarado fim do
experimento.
Análise de dados: as músicas foram listadas, bem como foi feita a transcrição das entrevistas,
na íntegra (ver Apêndice B). Para preservar a identidade dos participantes, os seus respectivos
nomes foram substituídos por pseudônimos.
37
3.2 TESTE
3.2.1 Método
Objetivo específico: verificar a influência de associações emocionais na percepção temporal
dos trechos selecionados para cada participante.
Participantes: os mesmos que participaram do pré-teste.
Materiais e equipamentos: o experimento foi realizado em uma sala de estudos silenciosa,
com paredes lisas, sem estímulos visuais, iluminada por lâmpadas fluorescentes. Os
equipamentos utilizados foram: o software Pro Tools 8, para edição dos trechos musicais; o
programa E-prime, para o registro das respostas dos participantes; 1 notebook Dell Inspiron,
para o armazenamento e apresentação dos trechos musicais; 1 fone de ouvido Shure SRH440,
para a escuta dos trechos musicais.
Caracterização dos trechos musicais: 12 trechos musicais (grupo controle) utilizados no
estudo desenvolvido por Ramos (2008), associados às emoções Alegria, Tristeza, Serenidade
e Raiva, além dos 12 trechos musicais selecionados no pré-teste individualmente pelos
participantes (grupo experimental) (ver Apêndice B).
Características do método empregado: No presente estudo, o procedimento de bissecção
temporal foi aplicado para avaliar a forma como os participantes se comportavam em função
da duração de trechos musicais associados a categorias emocionais (Alegria, Tristeza,
Serenidade e Raiva). Neste caso, foram apresentadas duas gamas de durações: a primeira,
com trechos musicais variando de 1 a 5 segundos (gama de durações curtas: D1=1 s., D2=2s,
e assim por diante) e de 4 à 20 segundos (gama de durações longa: D1=4 s., D2= 8s., D3=12
s., e assim por diante). A tarefa dos participantes consistiu em julgar, por meio do teclado do
computador, se a duração de cada trecho apresentado foi curta (tecla C) ou longa (tecla L).
Procedimento: cada participante recebeu as seguintes instruções: “A primeira tarefa consiste
em escutar um trecho musical, por meio deste fone de ouvido. Na tela de seu computador tem
a seguinte mensagem: ‘Você vai dar a sua contribuição para um estudo sobre Cognição
Musical. Aperte a barra de espaço para continuar !’. Pressionando uma vez a barra de
espaço, aparecerá uma nova tela com a seguinte mensagem: ‘Sua tarefa consiste em julgar o
nível de FAMILIARIDADE de cada trecho musical. Em outras palavras, você deve escutar e
avaliar, em uma escala de 0 a 10, o quanto conhece cada trecho musical apresentado. Desta
38
forma, você também pode utilizar valores intermediários. Aperte a barra de espaço para dar
início ao experimento!’ Pressionando uma vez a barra de espaço, aparecerá uma nova tela
com a seguinte mensagem: ‘Pronto?’ O trecho musical será reproduzido quando você
pressionar novamente a barra de espaço. Após escutar o respectivo trecho, aparecerá uma
nova tela com a seguinte mensagem: ‘Familiaridade 0 - 1 - 2 - 3 - 4 - 5 - 6 - 7 - 8 - 9 - 10’.
Esta tarefa consiste em você identificar o nível de familiaridade do trecho apresentado, ou
seja, o quanto você o conhece. Para isto, você apertará a tecla do número referente da escala
de 0 a 10, no qual 0 significa ‘desconhecido’ e 10 significa ‘conhecido’. Você deverá
proceder estas duas tarefas, de escuta e julgamento, nesta mesma sequência para todos os
outros onze trechos musicais. Após ter sido realizado o julgamento do décimo segundo
trecho, aparecerá a seguinte mensagem: ‘Agora as regras do jogo mudaram. Sua tarefa, a
partir desse momento, consiste em julgar a DURAÇÃO de cada trecho musical, ou seja, você
deve: (1) pressionar a tecla “C”, se considera a DURAÇÃO do trecho apresentado CURTA
ou (2) pressionar a tecla “L”, se considera a DURAÇÃO do trecho apresentado LONGA.
Aperte a barra de espaço para dar início ao experimento!’ O trecho musical vai começar a
tocar quando você pressionar novamente a barra de espaço. Após escutar o trecho,
aparecerá uma nova tela com a seguinte mensagem: ‘Curta (C) – Longa (L)’. Esta tarefa
consiste em você julgar a duração do trecho apresentado. Para isto, você apertará a tecla
‘C’ se considerar que a duração do trecho foi ‘curta’ ou ‘L’ se considerar que a duração do
trecho foi ‘longa’. Você deverá proceder estas duas tarefas, de escuta e julgamento, nesta
mesma sequência para todos os outros trechos musicais. O experimento terá um intervalo, o
qual será indicado pela seguinte mensagem: ‘Intervalo! Por favor, aguarde um sinal do
pesquisador’ Ao aparecer esta mensagem, eu peço que vocês se mantenham no mesmo lugar
e em silêncio, até que os demais participantes também cheguem nesta etapa. Após o
intervalo, você terá a seguinte mensagem em seu computador: ‘Aperte a barra de espaço
para dar continuidade ao experimento!’ Pressionando uma vez a barra de espaço, aparecerá
uma nova tela com a seguinte mensagem: ‘Pronto?’ O trecho musical será reproduzido
quando você pressionar novamente a barra de espaço. Suas tarefas continuam as mesmas, ou
seja, escutar e julgar se a duração dos trechos musicais foi curta ou longa. O experimento
terminará quando aparecer na tela a seguinte mensagem: ‘Final do experimento! Por favor,
aguarde um sinal do pesquisador. Muito obrigado pela participação!’ Eu peço que me
comuniquem quando aparecer esta mensagem na tela, porque esta mensagem significa o
término do experimento. Realizado o teste, peço que vocês se mantenham no mesmo lugar e
em silêncio, até que os demais participantes terminem também. Alguma dúvida? Caso tenham
39
dúvidas ou problemas durante a realização do experimento, levantem o braço e eu irei até
vocês. Peço que vocês executem o experimento todo em completo silêncio”. Os trechos
musicais foram apresentados aleatoriamente entre os participantes. Após a finalização do
experimento, os participantes responderam um questionário referente a dados sobre o nível de
conhecimento musical. O experimento durou, em média, 75 minutos.
Análise de dados: para cada gama de duração, uma análise de variância foi utilizada para
comparar a porcentagem de respostas longas dos participantes para cada emoção avaliada, que
configura, deste modo, um design experimental: 2 grupos (experimental x controle) x 2 gamas
de duração (longa x curta) x 5 durações. Foram consideradas diferenças significativas
comparações cujos níveis de significância foram iguais ou menores do que 0,05.
40
4 RESULTADOS
O teste ANOVA foi utilizado para comparar a porcentagem de respostas longas dos
participantes referente aos trechos representantes de cada emoção analisada em cada gama de
duração investigada. Para as respectivas análises, não foi considerada a expertise dos
participantes, tendo em vista que em análises preliminares, as respostas do grupo de ouvintes
com formação musical se mostrou semelhante as do grupo sem formação musical. Do mesmo
modo, os trechos do grupo controle não obtiveram altas médias de familiaridade, sendo que .
O teste ANOVA não apresentou diferenças estatísticas significativas sobre a comparação da
estimação temporal dos trechos musicais controle e experimental na gama de duração curta
para as quatro emoções analisadas. As Figuras 4, 5, 6 e 7 demonstram a proporção de
respostas “longa” dos participantes para as respectivas categorias emocionais na gama de
duração curta:
Figura 4: Proporção de respostas “longa” dos participantes em relação aos trechos do grupo
controle e experimental para a emoção Alegria na gama de duração curta.
41
Figura 5: Proporção de respostas “longa” dos participantes em relação aos trechos do grupo
controle e experimental para a emoção Raiva na gama de duração curta.
Figura 6: Proporção de respostas “longa” dos participantes em relação aos trechos do grupo
controle e experimental para a emoção Serenidade na gama de duração curta.
42
Figura 7: Proporção de respostas “longa” dos participantes em relação aos trechos do grupo
controle e experimental para a emoção Tristeza na gama de duração curta.
Da mesma forma, não foram encontradas diferenças significativas na gama de duração
longa para a categoria emocional de Raiva, conforme ilustra a Figura 8:
Figura 8: Proporção de respostas “longa” dos participantes em relação aos trechos do grupo
controle e experimental para a emoção Raiva na gama de duração longa.
43
Para as emoções Alegria, Serenidade e Tristeza, diferenças estatísticas significativas
foram encontradas entre os grupos (controle e experimental) na gama de duração longa para a
emoção Alegria (F 27,4141; p=0,000047), Serenidade (F 15,54545; p=0,000873) e Tristeza (F
7,6294; p=0,012404), indicando que os trechos representantes do grupo controle foram
superestimados em relação aos trechos do grupo experimental para ambas as emoções. AS
figuras 9, 10 e 11 ilustram os dados acima mencionados, respectivamente:
Figura 9: Proporção de respostas “longa” dos participantes em relação aos trechos do grupo
controle e experimental para a emoção Alegria.
44
Figura 10: Proporção de respostas “longa” dos participantes em relação aos trechos do
grupo controle e experimental para a emoção Serenidade.
Figura 11: Proporção de respostas “longa” dos participantes em relação aos trechos do
grupo controle e experimental para a emoção Tristeza.
45
A partir das médias obtidas de y (proporção de respostas “longa”) e dos valores de x
(durações), foi possível calcular os Pontos de Bissecção (pontos de igualdade subjetiva, sendo
p(duração) = 0.50) e as Razões Weber {índice de sensibilidade temporal: Limiar de diferença

(çã).(çã).

 dividido pelo Ponto de Bissecção} para os grupos controle
e experimental de trechos musicais nas gamas de durações curta (1/5 s) e longa (4/20 s). Para
se encontrar os respectivos valores de x (as durações quando y = 0,5; 0,75 e 0,25), utilizou-se
um calculo de regressão linear (y = a + bx), sendo b = 
ΣΣΣ
Σ²(Σ)²
 e a = (y¹ - bx¹); em que y¹
= (Σy/n); x¹ = (Σx/n) e n = número de pares da função (neste caso, n = 5).
Tabela 2
Pontos de Bissecção e Razões Weber dos trechos musicais controle e experimental para as
quatro categorias emocionais nas durações 1/5 s e 4/20 s.
1/5 s
Emoção
Alegria
Raiva
Serenidade
Tristeza
4/20 s
Grupo
Controle
Experimental
Controle
Experimental
Controle
Experimental
Controle
Experimental
PB
RW
PB
RW
4,64
4,25
4,13
4,47
5,31
4,97
4,75
4,97
0,19
0,20
0,35
0,88
0,40
0,38
0,38
0,35
11,94
17,50
12,08
12,56
12,78
15,49
12,75
15,40
0,17
0,29
0,68
0,37
0,33
0,35
0,52
0,64
46
5 DISCUSSÃO
O respectivo teste experimental buscou verificar a influência de emoções percebidas e
sentidas sobre a percepção temporal. Os doze trechos do grupo controle selecionados a partir
do estudo desenvolvido por Ramos (2008) foram organizados de acordo com as porcentagens
de associações emocionais dos participantes músicos e não músicos que realizaram aquela
pesquisa, considerando as emoções de Alegria, Serenidade, Tristeza e Raiva. Já para os
trechos do grupo experimental, os próprios participantes escolheram os doze trechos que
segundo experiências passadas lhe causavam as quatro categorias emocionais acima citadas.
Desta forma, os trechos do grupo controle, assim como os trechos do grupo experimental
foram recortados em duas gamas de duração, uma curta (que variava de 1 a 5 segundos) e
outra longa (que variava de 4 à 20 segundos). Para esta edição, consideraram-se apenas os
segundos iniciais de cada música. Neste experimento, houve primeiramente um pré-teste, em
que os participantes avaliavam em uma escala de 0 a 10 o quanto eles conheciam os trechos
do grupo controle. Após a respectiva etapa, os participantes realizaram tarefas de escuta e
resposta sobre a duração de cada trecho na gama de durações longa (4/20 s.), indicando se a
julgavam “curta” ou “longa”. No terceiro momento, depois de um intervalo de
aproximadamente 15 minutos, realizaram as mesmas tarefas na gama de durações curta (1/5
s.).
Os dados obtidos em relação à estimação temporal dos trechos musicais controle e
experimental na gama de duração curta (1/5 s.), não evidenciaram diferenças significativas
nos julgamentos dos participantes para as quatro emoções analisadas. Além disso, as médias
dos Pontos de Bissecção foram maiores que a proporção de respostas “longa” dos
participantes para os trechos editados com três segundos (com altas Razões Weber para os
trechos do grupo experimental e controle nas emoções Raiva, Serenidade e Tristeza,
indicando que as funções psicofísicas foram menos acentuadas e, por consequência, a
sensibilidade temporal foi menor para as respectivas emoções). Observando estes resultados,
podemos sugerir que os julgamentos dos participantes não diferiram em função da natureza
dos trechos (relacionados ou não com experiências pessoais), porque as variações de durações
(1/5s) não possibilitaram tal assimilação. A principal hipótese que pode ser retirada dos dados
acima mencionados é a de que se tratando de um teste de bissecção temporal, os ouvintes
necessitam de um intervalo de tempo maior para avaliar eventos musicais, tendo em vista
fatores ligados a semântica da música.
47
Nogueira (2006, p. 868) acredita que a experiência é indissociável do entendimento
musical. Segundo o autor, a experiência de escuta pode ser considerada por sinalização, assim
como por ela mesma, sendo que
[...] a primeira relaciona-se a uma capacidade perceptiva comum tanto a seres
humanos quanto a animais em geral. As especificidades da imaginação humana,
entretanto, nos tornam seres capazes de voltar a atenção para os sons eles mesmos e
de escutá-los com um interesse no próprio ato da escuta, ou seja, com interesse em
como soam os sons. Caso prescindamos de uma busca por informação ou tão logo
ela se efetive, iniciamos a busca por padrões, ordem e sentido nos sons que
escutamos, prolongando nosso interesse neles. E essa é a condição para que
possamos ouvir música. No instante que passamos a ouvir sons como música,
nossa experiência deixa de ser estruturada em termos de conteúdo
informacional e adquire estruturação mais imaginativa e criativa, passa a ser
organizada por metáforas. (Nogueira, 2006, p. 868, grifo nossos).
Assim, podemos sugerir que a duração dos trechos do grupo experimental e controle,
não possibilitou que os participantes deixassem de ouvi-los de forma analítica (atenção
destinadas a informações dos estímulos), uma vez que o próprio conteúdo musical (frases,
padrões, cadências, etc.) mostrava-se incompleto. Estudos recentes, envolvendo método de
Bissecção Temporal, também não tem apresentado diferenças estatísticas significativas entre
variáveis apresentadas em intervalos curtos de tempo (ver Droit-Volet, Bigand, Ramos e
Bueno, 2010), sendo, do mesmo modo, índice desse comportamento.
Não obstante, na gama de durações “longa”, os resultados do presente estudo sugerem
uma subestimação temporal dos trechos representantes de emoções de valência afetiva
positiva (Alegria e Serenidade) e para Tristeza (valência afetiva negativa) sobre trechos
representantes de emoções relacionadas às experiências passadas dos participantes. Este
resultado não corrobora os resultados encontrados por Droit-Volet e Gil (2009). Em tarefas
envolvendo estimação temporal, parece haver um processamento de superestimação temporal
relacionado de maneira mais preponderante à cognição da obra musical do que à experiência
de cada indivíduo para estas três emoções.
Conforme os pressupostos do Modelo do Relógio Interno (Gibbon, Church & Meck,
1984), estes resultados podem sugerir que o efeito de superestimação temporal para os trechos
do grupo controle (trechos não escolhidos pelos participantes) para Alegria, Serenidade e
Tristeza, se manifestou por meio da aceleração do marcapasso em resposta a excitação. Neste
sentido, os trechos musicais controles empregados no presente estudo continham
características acústicas semelhantes com relação ao modo musical. Entretanto, Droit-Volet,
Bigand, Ramos e Bueno (2010) não encontraram, em seu estudo, diferenças estatísticas
significativas em tarefas de estimação temporal sobre trechos musicais apresentados em
48
diferentes modos (maior ou menor) em participantes não músicos, o que pode indicar a
interferência de aspectos não estruturais da música (associações extramusicais) nas respostas
dos participantes desta pesquisa.
Já para os trechos do grupo experimental (escolhidos pelos participantes), o efeito de
subestimação temporal pode ser explicado
[...] à luz de teorias baseadas em atenção no tempo (para revisões, ver Lejeune,
1998; Zakay, 2005). De acordo com essas teorias, há dois processadores, um para
informações temporais e outro para informações não temporais, que competem por
recursos de atenção tomados a partir de um conjunto comum de capacidades
limitadas. Quando mais atenção está voltada para o processamento de informações
não temporais, menos unidades de tempo são acumuladas e o tempo é julgado mais
curto. Os modelos de atenção baseados em um sistema de marcapasso/acumulador
(Zakay & Block, 1996) explicam este efeito de encurtamento em termos de um
interruptor de atenção que registra as unidades temporais (pulsos), emitidas por um
marcapasso, em um acumulador que fecha e abre no início e no fim da duração do
estímulo, respectivamente. Nestes modelos, o efeito de encurtamento da atenção
pode ser produzido por encerramento mais longo no interruptor de latência ou por
uma cintilação do interruptor durante a passagem do tempo (alternando as fases de
fechamento e de abertura) (Lejeune, 1998; Penney, 2003). Em ambos os casos,
alguns impulsos são perdidos e a duração é percebida como mais curto. No entanto,
apenas no primeiro caso, o efeito de encurtamento é independentemente constante
do valor de duração (Burle & Casini, 2001). (Droit-Volet, Bigand, Ramos & Bueno,
2010, p. 230)12.
Segundo Konečni, Brown e Wanic (2007), características morfológicas e acústicas do
comportamento orientado a emoção são familiares a músicos e ouvintes de música, mas devese sempre ponderar a diferença entre o perceber e o sentir. Entre os principais problemas
contidos na indução de uma emoção (sentir), estão as associações que as pessoas geram ao
ouvir determinada música. Desta forma, psicólogos tem sugerido que as emoções musicais
dependem totalmente do conteúdo cognitivo interpolado (Música – Associação – Emoção),
isto é, “a música só tem efeito sobre as emoções porque ela dá origem a associações mentais;
e mesmo que eventos não musicais também podem desencadear tais associações, a música
pode ser, por uma variedade de razões, particularmente um poderoso gatilho” (Konečni,
Brown & Wanic, 2007, p. 3).
12 […] in the light of attention-based theories on time (for reviews, see Lejeune, 1998; Zakay, 2005). According
to these theories, there are two processors, one for temporal information and the other for non-temporal
information, that compete for attentional resources taken from a common pool of limited capacity. When more
attention is directed toward the processing of non-temporal information, fewer units of time are accumulated and
the time is judged shorter. The attentional models based on a pacemaker–accumulator clock system (Zakay &
Block, 1996) explain this shortening effect in terms of an attentional switch that gates the temporal units (pulses)
emitted by a pacemaker into an accumulator by closing and opening at the beginning and the end of the stimulus
duration, respectively. In these models, an attention-shortening effect may be produced by a longer switchclosure latency or by a flickering of the switch during the passage of time (alternating closure–opening phases)
(Lejeune, 1998; Penney, 2003). In both cases, some pulses are lost and the duration is perceived as shorter.
However, only in the former case is the shortening effect constant irrespective of duration value (Burle & Casini,
2001). (Droit-Volet, Bigand, Ramos & Bueno, 2010, p. 230).
49
Com efeito, ao se observar os relatos verbais obtidos no presente estudo, verifica-se
que a escolha das músicas do grupo experimental, de modo geral, foi motivada por: (1)
histórias pessoais, (2) aspectos da estrutura musical, (3) letra ou (4) fatores externos a música
(um vídeo clipe ou filme). Buscando exemplos destas quatro categorias gerais, para a emoção
Alegria, Shossana D. (apêndice B, p. 81) menciona É D’Oxum do compositor Gerônimo,
relacionando sua escolha a uma fase de sua vida:
A música é do Gerônimo, é de um compositor Baiano. É um afroxé. Eu morei na
Bahia por um tempo e por causa de Pedagogia eu fui fazer Biologia por um tempo.
Eu fui fazer vários estágios fora. Aí fiz estágio na Bahia, fiz estágio em Noronha
também. E essa “É D’Oxum” me remete a tudo que eu vivi lá. Tudo de bom. Eu
acho que foi uma das melhores fases da minha vida e quero muito voltar pra lá.
Então essa música me emociona em um sentido bom, adoro essa música.
Para a emoção Serenidade, Omar U. (apêndice B, p. 82) expõe aspectos estruturais do
Kyrie da Missa Papae Marcelli de Palestrina:
Eu gosto muito de contraponto e gosto de ouvir música renascentista vocal. Depois
que eu comecei a entender aquele alto grau de sofisticação, de composição, aliado ao
resultado sonoro. Eu sou ateu, mas eles fazem para Deus, tocam na igreja e dá um
efeito super lindo. É um negócio que me deixa susse mesmo. Para mim está
relacionado à serenidade. Tem uma ação, mas muito bem pensada e sacra, eu acho.
Relacionando sua escolha à letra e a fatores externos a música, para a emoção Alegria
Jackie B. (apêndice B, p. 95) cita No Rain da banda Blind Melon, afirmando:
Também gosto de “No Rain” do Blind Melon. Eu gosto da letra da música. Não é só
por causa do clipe que tem uma abelhinha. Por mais que a letra da música fale de
alguém que quer ficar em casa dormindo, ela me causa alegria.
Assim, os relatos acima mencionados ajudam a ilustrar tais categorias, da mesma
forma que revelam algumas implicações da relação entre emoções básicas e eventos musicais.
De acordo com Zentner, Grandjean e Scherer (2008, p. 495), as emoções básicas “têm
funções importantes na adaptação e adequação do individuo a eventos que têm consequências
potencialmente importantes para a sua integridade física e psicológica”. Condições ambientais
se definem como antecedentes destas emoções, as quais têm
[...] reais implicações para o bem-estar do indivíduo. Dependendo da avaliação do
significado do comportamento destes eventos para os objetivos do indivíduo, essas
emoções tendem a preparar várias tendências de ação (luta ou fuga em caso de
ameaça, recuperação e reorientação, no caso de perda, as ações separatistas, no caso
de violações das convenções sociais). Tais emoções tendem a ser de alta intensidade,
por vezes de emergência, as reações mobilizando sistemas corporais. Em contraste,
antecedentes musicais geralmente não têm qualquer efeito material evidente no bem-
50
estar do indivíduo e raramente são seguidos por respostas externos diretos de uma
natureza orientada a meta (Krumhansl, 1997). É plausível que estes dois tipos
radicalmente diferentes de condições levam a diferentes tipos de experiência
emocional (Zentner, Grandjean & Scherer, 2008, p. 495)13.
Logo, outro ponto a ser observado, é que os dados obtidos não apresentaram
diferenças significativas na gama de duração longa para a categoria emocional Raiva. Em
uma pesquisa desenvolvida por Zentner, Grandjean e Scherer (2008), participantes foram
conduzidos para compilar uma lista de termos referentes a emoções musicais, buscando desta
forma, estudar a frequência de ambas as emoções sentidas e percebidas por cinco grupos de
ouvintes com experiências musicais distintas. Nesta lista, os termos relacionados à categoria
emocional Raiva foram: agressivo, irritado, enfurecido, revoltado e furioso, os quais estavam
intimamente ligados a preferencia musical dos participantes daquela pesquisa.
Por meio de alguns relatos presentes neste estudo, é possível evidenciar a ambiguidade
existente na compreensão da categoria emocional Raiva. Para a música “5 minutes alone” do
Pantera, por exemplo, Donny D. (apêndice B, p. 92) afirma:
Pantera, “5 Minutes Alone”. Pantera está no mesmo nível do RATM. Timbrera
mesmo! É raiva! Porrada, soco na cara!.
Também citando a mesma música para Raiva, Melanie R. (apêndice B, p. 97) relata o
seguinte:
Outra é do Pantera, “5 minutes alone”. Eu não gosto desse estilo, tem muito barulho
para pouca mensagem.
Com efeito, a categoria emocional Raiva por alguns participantes foi interpretada
como sendo um estado de agitação (empolgação) por alguns participantes. Já por outros
participantes, esta emoção parece ter sido interpretada como um estado de insatisfação
(desagrado). Tal consideração pode ajudar a explicar os valores altos das razões Weber
(sensibilidade) para estimação do tempo nessa emoção. Esse dado corrobora com o argumento
de Zentner, Grandjean e Scherer (2008), o qual sugere que a emoção Raiva é desencadeada
não por aspectos estruturais propriamente, mas sobretudo, por experiências extramusicais.
13 […] real implications for the individual’s well-being. Depending on the appraisal of the behavioral meaning
of these events for the goals of the individual, these emotions tend to prepare various action tendencies (fight or
flight in the case of threat, recovery and reorientation in the case of loss, reparative actions in the case of
violations of social conventions). Such emotions tend to be high-intensity, sometimes emergency, reactions
mobilizing bodily systems. In contrast, musical antecedents do not usually have any obvious material effect on
the individual’s well-being and are infrequently followed by direct external responses of a goal-oriented nature
(Krumhansl, 1997). It is plausible that these two radically different kinds of eliciting conditions will lead to
different kinds of emotional experience (Zentner, Grandjean & Scherer, 2008, p. 485).
51
Em relação a discussão sobre a capacidade de eventos musicais acessarem e
desencadearem emoções específicas nos ouvintes, Scherer (2004) prefere categorizar as
emoções musicais pelo seu conteúdo “estético”, em detrimento do seu valor “utilitário”, tendo
em vista que elas não aparentam ser objetivamente orientadas ou comportamentalmente
adaptativas. Assim, a principal contribuição desta pesquisa para a área, é o conhecimento
obtido (ainda que breve) sobre a relação entre as emoções musicais desencadeadas por
experiências pessoais e sua interferência na percepção do tempo.
52
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por meios dos dados obtidos neste estudo pode-se evidenciar que, para as emoções
Alegria, Serenidade e Tristeza, trechos relacionados às experiências passadas foram
subestimados pelos participantes. Esses resultados corroboram os pressupostos de DroitVolet, Bigand, Ramos e Bueno (2010), os quais sugerem que a subestimação do tempo em
música ocorre pelo desvio de recursos de atenção destinados ao processamento temporal,
muitas vezes devido ao prazer sentido na escuta. Conduzindo a respectiva questão para o
funcionamento do Relógio Interno, podemos sugerir que quando ocorre esse desvio de
atenção, menos unidades temporais são armazenadas no acumulador e, como resultado, o
tempo é percebido como sendo mais curto. Do mesmo modo, podemos supor que os trechos
do grupo controle, para estas emoções, foram superestimados devido a aceleração do
marcapasso em resposta a excitação, a qual pode ter sido causada pelo fato dos trechos não
serem familiares aos ouvintes.
Segundo Solonenko (2013, p. 167), a percepção subjetiva do tempo é, muitas vezes,
mais importante que a própria compreensão abstrata do seu significado físico. Nas palavras do
autor,
[...] se uma pessoa está à espera de alguém, o tempo do relógio flui, para ela, mais
lento. Além disso, se neste momento for medido o pulso da pessoa ou a sua pressão
arterial, poderá se constatar mudanças nesses parâmetros fisiológicos objetivos e
características físicas, uma vez que tais parâmetros podem ser influenciados pela
alteração da velocidade de percepção do tempo. Tudo isto sugere que a percepção
subjetiva do tempo psicológico, no entanto, é muito mais importante do que a
percepção objetiva do tempo físico (por medição), por isso a percepção subjetiva do
tempo psicológico de uma pessoa pode afetar a velocidade do fluxo do tempo.
(Solonenko, 2013, p. 167, tradução nossa)14.
Não obstante, um ponto que deve ser observado sobre o possível funcionamento do
Relógio Interno, é se a percepção do tempo modula de acordo com o valor hedônico (valência
afetiva) ou com o nível de excitação fisiológica (arousal). Tendo em vista os dados obtidos na
presente pesquisa, em que os trechos do grupo controle representantes de emoções de valência
afetiva positiva (Alegria e Serenidade) e valência afetiva negativa (Tristeza) foram
superestimados em comparação com os trechos do grupo experimental (nas durações de 4/20
14
что если человек кого-то ждет, то для него время течет медленнее, стрелки часов как будто бы
останавливаются. Больше того, если в этот момент измерить пульс человека или давление его крови, то
налицо будут изменения этих объективных физиологических параметров и физических характеристик,
изменив которые можно повлиять на скорость восприятия времени. Все это говорит о том, что
субъективное психологическое восприятие времени не менее, а гораздо более важно, чем объективное
физическое восприятие времени путем его измерения, так при субъективном психологическом
восприятии времени человек может повлиять на скорость течения времени. (Солоненко, 2013, cтр. 167).
53
s), pode-se julgar que o valor hedônico prevaleceu. Tal consideração seria sustentada pelos
moderados valores das Razões Weber (sensibilidade temporal) que os trechos do grupo
controle e experimental obtiveram nas categorias emocionais Alegria (controle: 0,17 e
experimental: 0,29) e Serenidade (controle: 0,33 e experimental: 0,35), em comparação a
Tristeza (controle: 0,52 e experimental: 0,64). Todavia, algumas questões devem ser
levantadas antes de se formular possíveis conclusões a este respeito.
De acordo com Konečni, Brown e Wanic (2007, p. 2), a indução de uma emoção
musical tem sido compreendida de duas formas pelas atuais pesquisas: a primeira pressupõe
que a música seja capaz de induzir emoções comparáveis às sentidas perante eventos da vida
real; e a segunda, propõe diferenças de espécie e intensidade. Após conduzirem estudos
experimentais buscando explicações sobre o assunto, os autores concluíram que as pessoas
são capazes de dissociar emoções musicais de emoções do mundo real, como Alegria e
Tristeza. No entanto, as músicas empregadas no respectivo teste experimental não tinham sido
escolhidas pelos participantes, como também não se verificou possíveis associações
provocadas pelos eventos musicais durante a escuta.
Ora, músicas relacionadas a experiências pessoais são capazes de provocar emoções
potencialmente semelhantes às do mundo real? Quais as implicações dos relatos dos
participantes sobre os resultados de estimação temporal do presente estudo?
Zentner, Grandjean e Scherer (2008) argumentam que apesar dos avanços obtidos na
área cognitiva, atualmente ainda não existe nenhuma taxonomia sistemática, derivada por
meios empíricos, de emoções sentidas a partir da música. Assim, pesquisas tem que adaptar e
aplicar medidas que originalmente não foram pensadas para música, tendo em vista que
também “não há um consenso em relação aos processos que, a partir de um estímulo musical,
o conduzem para uma emoção experienciada, apesar de uma antiga tradição de teorização
sobre esses processos” (Zentner, Grandjean & Scherer, 2008, p. 494).
É nesta problemática que está inserido o respectivo estudo. Talvez, pesquisas no
campo da “Embodied Cognition” possam a vir fornecer algumas direções para se refletir
acerca da elaboração de estudos futuros. Ao se partir do pressuposto de que o mundo físico é
um repositório de informações significativas, pode-se avaliar que a música possua sinais,
como os próprios relatos dos participantes sugerem, carregados de aspectos afetivos. Sendo
possível, na recuperação da experiência, a reativação dos estados afetivos originais
(Winkielman, Niedenthal & Oberman, 2008, p. 265). Porém, limitações ligadas ao método
(emprego de categorias emocionais presentes em pesquisas sobre comunicação emocional),
54
ou mesmo a escolha das perguntas inseridas nas entrevistas, impedem a formulação de
generalizações a este respeito.
No estudo desenvolvido por Ramos (2008), foi constatado que manipulações no
arousal influenciaram na percepção temporal dos participantes. Do mesmo modo, segundo o
autor, pesquisas recentes têm sugerido que propriedades estruturais da música são capazes de
modular a percepção das emoções. Entretanto, como sugerido por Trost, Ethofer, Zentner e
Vuilleumier (2011), as emoções estéticas (musicais) muitas vezes ocorrem de forma mesclada
(associadas a eventos não musicais), “[...] talvez porque seus gatilhos são menos específicos
que os gatilhos de respostas adaptativas mais básicas para os eventos do mundo real”
(Zentner, 2010 como citado em Trost, Ethofer, Zentner & Vuilleumier, 2011, p. 13). Neste
sentido, em relação ao estudo de Ramos (2008), a presente pesquisa contribuiu no sentido de
abrir uma questão sobre as possíveis associações geradas pelos participantes em suas
respostas temporais, medida em que o procedimento e os dados obtidos neste trabalho podem
auxiliar estudos futuros na busca de um delineamento mais eficiente das emoções sentidas e
percebidas em música, assim como sua influência sobre a percepção temporal.
55
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Characterization, Classification, and Measurement. Emotion, 8(4), 494-521.
60
APÊNDICE A
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
PRÉ-TESTE
Nós, Adriano Elias e Prof. Dr. Danilo Ramos, pesquisadores da Universidade Federal do
Paraná, estamos convidando você, estudante de graduação, a participar de um estudo
intitulado “A inconstância do tempo pelo caminhar da música: emoções musicais e sua
influência na estimação temporal”. Tal pesquisa pode contribuir para uma melhor
compreensão dos processos psicológicos envolvidos na percepção do tempo subjetivo em
Música, assim como da influência de emoções intrapessoais nesse processo.
a)
O objetivo desta pesquisa é avaliar respostas cognitivas de ouvintes músicos e não
músicos.
b)
Caso você participe da pesquisa, sua tarefa consistirá em listar músicas que, segundo
experiências passadas, lhe provoquem as emoções: “Alegria”, “Tristeza”, “Serenidade”
e “Raiva”. Além disso, você deverá relatar o motivo pelo qual associou cada música às
respectivas emoções. Concluindo sua participação, você ainda irá preencher um
questionário complementar referente a dados sobre sua vivência e experiência musical.
c)
Para tanto você deverá comparecer no Departamento de Artes (DeArtes), Setor de
Ciências Humanas, de Letras e Artes da Universidade Federal do Paraná, para a
realização do estudo (entrevista). A sua participação durará, em média, 30 minutos.
d)
Este estudo não apresenta riscos previsíveis à sua integridade física e moral ou mesmo à
sua saúde. Contudo, em alguns casos, relembrar de experiências emocionais passadas
pode causar certo desconforto.
e)
O presente estudo pode colaborar para um maior entendimento dos processos
psicológicos relacionados à escuta musical de músicos e não músicos, dando, assim,
uma relevante contribuição para a área de Educação Musical (em especial, a Percepção
Musical), bem como para a área de Cognição Musical (em especial, o estudo sobre as
emoções musicais).
Rubricas:
Sujeito da Pesquisa e /ou responsável legal_________
Pesquisador Responsável________
Orientador________Orientado_________
Comitê de Ética em Pesquisa do Setor de Ciências da Saúde da UFPR
Telefone: (41) 3360-7259 e-mail: [email protected]
61
f)
Os pesquisadores Adriano Elias (Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Música
da UFPR) e o Prof. Dr. Danilo Ramos (Professor Adjunto da UFPR), responsáveis por
este estudo poderão ser contatados para esclarecer eventuais dúvidas que você possa ter
e fornecer-lhe as informações que queira, antes, durante ou depois de encerrado o
estudo.
GRUME
Grupo de Pesquisa “Música e Emoção”
http://grumeufpr.wordpress.com/
Departamento de Artes - Universidade Federal do Paraná
Contato: [email protected]
Rua Coronel Dulcídio, 638 – Bairro Batel / CEP: 80420-170 – Curitiba – PR.
Fone: (41) 3222 6856 ou (41) 9960 3193
(Segundas-feiras das 13h30 às 15h30)
k)
A sua participação neste estudo é voluntária e se você não quiser mais fazer parte da
pesquisa poderá desistir a qualquer momento e solicitar que lhe devolvam o termo de
consentimento livre e esclarecido assinado.
l)
As informações relacionadas ao estudo serão conhecidas apenas pelos pesquisadores
responsáveis que lhe apresentam esse termo. Se qualquer informação for divulgada em
relatório ou publicação, isto será feito sob forma codificada, para que a sua identidade
seja preservada e seja mantida a confidencialidade. A sua entrevista será gravada,
respeitando-se completamente o seu anonimato. Tão logo transcrita a entrevista e
encerrada a pesquisa o conteúdo será desgravado ou destruído.
m) As despesas necessárias para a realização da pesquisa não são de sua responsabilidade e
pela sua participação no estudo você não receberá qualquer valor em dinheiro.
n)
Quando os resultados forem publicados, não aparecerá seu nome, e sim um código.
Rubricas:
Sujeito da Pesquisa e /ou responsável legal_________
Pesquisador Responsável________
Orientador________Orientado_________
Comitê de Ética em Pesquisa do Setor de Ciências da Saúde da UFPR
Telefone: (41) 3360-7259 e-mail: [email protected]
62
Eu,_________________________________ li esse termo de consentimento e
compreendi a natureza e objetivo do estudo do qual concordei em participar. A explicação que
recebi menciona os riscos e benefícios. Eu entendi que sou livre para interromper minha
participação a qualquer momento sem justificar minha decisão.
Eu concordo voluntariamente em participar deste estudo.
_________________________________
(Assinatura do sujeito de pesquisa ou responsável legal)
Local e data
Assinatura do Pesquisador
Comitê de Ética em Pesquisa do Setor de Ciências da Saúde da UFPR
Telefone: (41) 3360-7259 e-mail: [email protected]
63
APÊNDICE A
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
TESTE
Nós, Adriano Elias e Prof. Dr. Danilo Ramos, pesquisadores da Universidade Federal do
Paraná, estamos convidando você, estudante de graduação, a participar de um estudo
intitulado “A inconstância do tempo pelo caminhar da música: emoções musicais e sua
influência na estimação temporal”. Tal pesquisa pode contribuir para uma melhor
compreensão dos processos psicológicos envolvidos na percepção do tempo subjetivo em
Música, assim como da influência de emoções intrapessoais nesse processo.
a)
O objetivo desta pesquisa é avaliar respostas cognitivas de ouvintes músicos e não
músicos.
b)
Caso você participe da pesquisa, sua tarefa consistirá em escutar trechos musicais e
julgar se conhece ou não cada trecho, além de avaliar se a duração dos mesmos foi
“curta” ou “longa”. Concluindo sua participação, você ainda irá preencher um
questionário complementar referente a dados sobre sua vivência e experiência musical.
c)
Para tanto você deverá comparecer no Departamento de Artes (DeArtes), Setor de
Ciências Humanas, de Letras e Artes da Universidade Federal do Paraná, para a
realização do teste experimental. A sua participação durará, em média, 75 minutos.
d)
Este estudo não apresenta desconfortos ou riscos previsíveis à sua integridade física e
moral ou mesmo à sua saúde.
e)
O presente estudo pode colaborar para um maior entendimento dos processos
psicológicos relacionados à escuta musical de músicos e não músicos, dando, assim,
uma relevante contribuição para a área de Educação Musical (em especial, a Percepção
Musical), bem como para a área de Cognição Musical (em especial, o estudo sobre a
estimação temporal).
Rubricas:
Sujeito da Pesquisa e /ou responsável legal_________
Pesquisador Responsável________
Orientador________Orientado_________
Comitê de Ética em Pesquisa do Setor de Ciências da Saúde da UFPR
Telefone: (41) 3360-7259 e-mail: [email protected]
64
f)
Os pesquisadores Adriano Elias (Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Música
da UFPR) e o Prof. Dr. Danilo Ramos (Professor Adjunto da UFPR), responsáveis por
este estudo poderão ser contatados para esclarecer eventuais dúvidas que você possa ter
e fornecer-lhe as informações que queira, antes, durante ou depois de encerrado o
estudo.
GRUME
Grupo de Pesquisa “Música e Emoção”
http://grumeufpr.wordpress.com/
Departamento de Artes - Universidade Federal do Paraná
Contato: [email protected]
Rua Coronel Dulcídio, 638 – Bairro Batel / CEP: 80420-170 – Curitiba – PR.
Fone: (41) 3222 6856 ou (41) 9960 3193
(Segundas-feiras das 13h30 às 15h30)
k)
A sua participação neste estudo é voluntária e se você não quiser mais fazer parte da
pesquisa poderá desistir a qualquer momento e solicitar que lhe devolvam o termo de
consentimento livre e esclarecido assinado.
l)
As informações relacionadas ao estudo serão conhecidas apenas pelos pesquisadores
responsáveis que lhe apresentam esse termo. Se qualquer informação for divulgada em
relatório ou publicação, isto será feito sob forma codificada, para que a sua identidade
seja preservada e seja mantida a confidencialidade.
m) As despesas necessárias para a realização da pesquisa não são de sua responsabilidade e
pela sua participação no estudo você não receberá qualquer valor em dinheiro.
n)
Quando os resultados forem publicados, não aparecerá seu nome, e sim um código.
Rubricas:
Sujeito da Pesquisa e /ou responsável legal_________
Pesquisador Responsável________
Orientador________Orientado_________
Comitê de Ética em Pesquisa do Setor de Ciências da Saúde da UFPR
Telefone: (41) 3360-7259 e-mail: [email protected]
65
Eu,_________________________________ li esse termo de consentimento e
compreendi a natureza e objetivo do estudo do qual concordei em participar. A explicação que
recebi menciona os riscos e benefícios. Eu entendi que sou livre para interromper minha
participação a qualquer momento sem justificar minha decisão.
Eu concordo voluntariamente em participar deste estudo.
_________________________________
(Assinatura do sujeito de pesquisa ou responsável legal)
Local e data
Assinatura do Pesquisador
Comitê de Ética em Pesquisa do Setor de Ciências da Saúde da UFPR
Telefone: (41) 3360-7259 e-mail: [email protected]
66
APÊNDICE A
QUESTIONÁRIO EXPERIMENTAL
(PRÉ-TESTE)
N° do participante: ____________ N° do computador: ___________
Idade: _______________________
Sexo: ________________________
Nacionalidade: ___________________________
Lateralidade: ____________________________
•
Você se considera músico (ou musicista)?

•
R: ___________
Você toca algum instrumento musical?

R: ___________

•

Instrumentos que toca: ________________________________________________________

Há quanto tempo: ______________________________________________________________

Que estilo você prefere tocar: _____________________________________________________
R: ________________________________________________________________________________________
R: _________________________________________________________________________________________________
R: __________________________________________________________________________________________
Você tem algum problema de audição?

R: _____________________________________________________________________________________
Você está tomando algum tipo de remédio? Se sim, qual e para qual tratamento?

•
Se sim, responda:
Aproximadamente quanto tempo da sua semana você destina para a escuta musical?

•
Que estilo você prefere tocar: _____________________________________________________
Qual a sua preferência musical para escuta?

•
Há quanto tempo: ____________________________________________________________

Você já fez (ou faz) aulas de música? Se sim, durante (ou há) quanto tempo?

•
Instrumentos que toca: _________________________________________________________

R: ___________

•

Você apreendeu a tocar algum instrumento musical de forma autodidata?

•
Se sim, responda:
R: ___________________________________________________________________________________
Qual a sua opinião sobre o objetivo desse estudo? Você formulou alguma hipótese sobre ele?

R: ___________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
67
APÊNDICE A
QUESTIONÁRIO EXPERIMENTAL
(TESTE)
N° do participante: ____________ N° do computador: ___________
Idade: _______________________
Sexo: ________________________
Nacionalidade: ___________________________
Lateralidade: ____________________________
•
Você teve algum problema para realizar o experimento? Se sim, explique:
 R:___________________________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________________________
•
Você está tomando algum tipo de remédio? Se sim, qual e para qual tratamento?
 R: _______________________________________________________________________________________________
•
Você notou algo de particular durante o experimento? Se sim, explique:
 R:___________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________
•
Quais estratégias ou pistas você utilizou para dar os seus julgamentos, no estudo?
 R: __________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________________
•
Qual a sua opinião sobre o objetivo desse estudo? Você formulou alguma hipótese sobre ele?
 R: __________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________________
•
Você tem alguma remarca ou sugestão sobre este experimento?
 R: __________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________________
68
APÊNDICE A
PROTOCOLO EXPERIMENTAL
(PRÉ-TESTE)
1. PREPARAÇÃO
O experimento deverá ser realizado com a participação de um pesquisador e de 20
participantes (10 músicos e 10 não músicos), definidos como estudantes universitários
matriculados nos cursos de licenciatura ou bacharelado em Música e Pedagogia da
Universidade Federal do Paraná, com idade entre 19 e 29 anos.
Antes da realização do Experimento, seguir os seguintes itens:
a) Pegar a chave da porta de entrada da sala experimental;
b) Abrir a porta de entrada da sala experimental;
c) Acender as lâmpadas da sala experimental;
d) Verificar a ordem e organização da sala experimental; caso esteja desorganizada,
retirar da sala qualquer elemento (mobília, objeto, ruído ou estímulos visuais) que
interfiram realização da entrevista semiestruturada.
1.1. Sala Experimental
Colocar sobre a mesa (bancada):
o Termos de consentimento do participante.
o Questionário complementar.
o Caneta esferográfica preta.
o Aparelho celular iPhone 4S (Gravador de voz).
o Papeis com as emoções a serem sorteadas na entrevista.
1.2 Últimos Cuidados
Cinco minutos antes da realização do Experimento:
a) Fechar as portas da Sala Experimental;
b) Verificar novamente a ordem e organização da sala experimental.
2. REALIZAÇÃO DO EXPERIMENTO
2. 1. Encaminhamento do participante
a) Receber cada participante na porta de entrada da sala experimental;
69
b) Quando o participante entrar, fechar a porta da sala experimental;
c) Conversar de forma descontraída com o participante;
2. 2. Monitoramento da sessão
a) Acomodar o participante na cadeira localizada em frente à bancada do entrevistador
(pesquisador) e pedir para que ele leia e assine o termo de consentimento;
b) Preencher o campo “N° do participante” de cada questionário complementar com o
número atribuído a cada participante (número com o qual será nomeado o áudio
gravado e a transcrição da entrevista).
c) Pedir para que o participante desligue o telefone celular, mp3, mp4 ou qualquer outro
aparelho que possa interferir durante a realização do experimento e recolher o termo
de consentimento;
d) Iniciar a gravação do som;
e) Dar as seguintes instruções:
Você vai dar uma contribuição importante para nossos estudos. Para isso, eu vou
pedir que você sorteie uma emoção, cite as músicas escolhidas e relate o motivo pelo
qual associou essas músicas à respectiva emoção. Realizada a entrevista, você ainda
deverá preencher um questionário complementar referente a informações pessoais.
Alguma dúvida?
Esclarecer as dúvidas do participante (conforme o caso) e após o consentimento, começar a
entrevista semiestruturada.
Terminada a entrevista, o pesquisador entregará o questionário complementar e uma
caneta esferográfica preta, monitorando o participante no preenchimento do referido
questionário. Atenção! O questionário deverá ser preenchido pelo próprio participante! O
pesquisador deverá somente ser responsável pela retirada de dúvidas que possam surgir
durante a aplicação do questionário!
e) Durante o preenchimento dos questionários, o pesquisador deverá esclarecer as
dúvidas que poderão surgir;
f) Após o preenchimento do questionário, o pesquisador deverá recolher o questionário
(preenchido) e arquivá-lo em uma pasta;
g) Em silêncio, encaminhar o participante para a porta da sala experimental, retirá-lo da
sala e fechar novamente a porta.
70
h) Realizar esse procedimento para todos os outros participantes;
3. SALVANDO OS DADOS
Após a saída do (último) participante da sala experimental, o experimentador deverá
selecionar os dados de cada participante, estes, salvos automaticamente após realização do
teste no celular e copiá-los no notebook do pesquisador (Back up);
o Importante: o número atribuído a cada participante deverá ser o mesmo, tanto nos
questionários complementares quanto nos arquivos de áudio do celular!
o Após a saída do participante da sala experimental, o pesquisador deverá preparar
novamente a sala para receber o próximo participante.
4. FINALIZANDO A SESSÃO EXPERIMENTAL
Quando os dados do último participante do dia tiverem sido salvos no notebook, o
experimentador deverá finalizar a coleta de dados do dia. Assim, deverão ser seguidos os
respectivos passos:
c) Guardar todos os equipamentos experimentais nas mochilas utilizadas, seguindo a
ordem:
“aparelho
celular”,
“termos
de
consentimento”,
“questionários
complementares”, “canetas Bic” e papeis com as emoções;
d) Verificar a ordem e organização da sala experimental, deixando-a do mesmo jeito em
que foi encontrada para a participação do primeiro participante do dia;
e) O experimentador deverá guardar as pastas nas mochilas utilizadas na coleta;
f) Desligar as lâmpadas da sala experimental;
g) Fechar a porta de entrada da sala experimental;
h) Devolver a chave da porta de entrada da sala experimental.
71
APÊNDICE A
PROTOCOLO EXPERIMENTAL
(TESTE)
1. PREPARAÇÃO
O experimento deverá ser realizado com a participação de um pesquisador, 10 músicos
e 10 não músicos, definidos como estudantes universitários matriculados nos cursos de
licenciatura ou bacharelado em Música e de Pedagogia da Universidade Federal do Paraná,
com idade entre 19 e 33 anos.
Antes da realização do Experimento, seguir os seguintes itens:
a) Pegar a chave da porta de entrada da sala experimental;
b) Abrir a porta de entrada da sala experimental;
c) Acender as lâmpadas da sala experimental;
d) Verificar a ordem e organização da sala experimental; caso esteja desorganizada,
retirar da sala qualquer elemento (mobília, objeto, ruído ou estímulos visuais) que
interfiram na escuta e/ou nas tarefas de julgamentos emocionais dos participantes.
1.1. Sala Experimental
Colocar sobre as mesas (bancadas):
o Termos de consentimento do participante (que deverão estar à esquerda de cada
microcomputador).
Colocar sobre outra mesa (bancada) ou em alguma carteira:
o Questionários complementares.
1.2. Tarefas de ordem prática
a) Certificar a conexão dos microcomputadores à tomada localizada abaixo das
bancadas;
b) Colocar e posicionar centralmente à mesa cadeiras confortáveis para os participantes;
c) Ligar os microcomputadores;
d) Conectar os fones de ouvidos correspondentes a cada um dos microcomputadores
experimentais;
e) Estabelecer determinados microcomputadores para os participantes ímpares e outros
microcomputadores para os participantes pares, tendo em vista que, o número
72
atribuído a cada participante deverá ser o mesmo, tanto nos questionários
complementares quanto nos hardwares dos microcomputadores.
1.3. Configuração do equipamento:
As tarefas relacionadas aos itens “a, b, c, d, f e g” devem ser realizadas uma de cada
vez, em cada um dos microcomputadores:
a) Clicar duas vezes em “Meus documentos”;
b) Clicar duas vezes na Pasta “Teste Experimental”;
c) Clicar duas vezes em “AdrianoTempo (finalizado).ebs2”;
o abrirá uma janela com os dizeres: “Please enter the subject number:”;
o escrever o número do participante;
o clicar uma vez no ícone “OK”;
o abrirá uma janela com os dizeres: “Please enter the session number:”;
o escrever o número da seção (N°1);
o clicar uma vez no ícone “Yes”;
o abrirá uma janela com os dados escritos anteriormente e com os seguintes dizeres:
“Continue with the above startup info?”;
o clicar uma vez no ícone “Yes”;
o o teste se abrirá;
o aparecerá na tela a seguinte mensagem: “Você vai dar a sua contribuição para um
estudo sobre Cognição Musical. Aperte a barra de espaço para continuar !”
d) Colocar o fone de ouvido;
o apertar uma vez a barra de espaço;
o aparecerá na tela a seguinte mensagem: “Sua tarefa consiste em julgar o nível de
FAMILIARIDADE de cada trecho musical. Em outras palavras, você deve escutar e
avaliar, em uma escala de 0 a 10, o quanto conhece cada trecho musical apresentado.
Desta forma, você também pode utilizar valores intermediários. Aperte a barra de
espaço para dar início ao experimento !”
o apertar uma vez a barra de espaço;
o aparecerá na tela a seguinte mensagem: “Pronto?”
o apertar uma vez a barra de espaço;
e) Reproduzir o primeiro estímulo musical (para verificar se o vídeo está funcionando e
se o volume está adequado para a realização do teste);
73
o aparecerá na tela a seguinte mensagem: “Familiaridade 0 - 1 - 2 - 3 - 4 - 5 - 6 - 7 - 8
– 9 - 10"
o apertar uma vez a tecla de um dos números citados (para verificar se o programa
está funcionando normalmente);
f) Fechar o programa (pressionando Ctrl + Alt + Del);
g) Repetir os itens “a, b, e c” novamente;
o deixar o microcomputador no modo “stand by”;
1. 4. Últimos Cuidados
Cinco minutos antes da realização do Experimento:
a) Fechar as portas da Sala Experimental;
b) Verificar novamente a ordem e organização da sala experimental.
2. REALIZAÇÃO DO EXPERIMENTO
2. 1. Encaminhamento do participante
a) Receber os oito participantes na porta de entrada da sala experimental;
b) Quando os participantes entrarem, fechar a porta da sala experimental;
c) Conversar de forma descontraída com cada participante;
2. 2. Monitoramento da sessão
a) Acomodar cada participante em cada uma das cadeiras localizadas em frente aos
microcomputadores e pedir para que os participantes leiam e assinem o termo de
consentimento;
b) Pedir para que cada participante retire relógio, telefone celular, mp3, mp4 ou
qualquer outro aparelho que possa interferir durante a realização do experimento e
recolher os termos de consentimento;
c) Dar as seguintes instruções:
“A primeira tarefa consiste em escutar um trecho musical, por meio deste fone de
ouvido. Na tela de seu computador tem a seguinte mensagem: ‘Você vai dar a sua
contribuição para um estudo sobre Cognição Musical. Aperte a barra de espaço para
continuar !’. Pressionando uma vez a barra de espaço, aparecerá uma nova tela com a
seguinte mensagem: ‘Sua tarefa consiste em julgar o nível de FAMILIARIDADE de
cada trecho musical. Em outras palavras, você deve escutar e avaliar, em uma escala
de 0 a 10, o quanto conhece cada trecho musical apresentado. Desta forma, você
74
também pode utilizar valores intermediários. Aperte a barra de espaço para dar início
ao experimento!’ Pressionando uma vez a barra de espaço, aparecerá uma nova tela
com a seguinte mensagem: ‘Pronto?’ O trecho musical será reproduzido quando você
pressionar novamente a barra de espaço. Após escutar o respectivo trecho, aparecerá
uma nova tela com a seguinte mensagem: ‘Familiaridade 0 - 1 - 2 - 3 - 4 - 5 - 6 - 7 - 8 9 - 10’. Esta tarefa consiste em você identificar o nível de familiaridade do trecho
apresentado, ou seja, o quanto você o conhece. Para isto, você apertará a tecla do
número referente da escala de 0 a 10, no qual 0 significa ‘desconhecido’ e 10 significa
‘conhecido’. Você deverá proceder estas duas tarefas, de escuta e julgamento, nesta
mesma sequência para todos os outros onze trechos musicais. Após ter sido realizado o
julgamento do décimo segundo trecho, aparecerá a seguinte mensagem: ‘Agora as
regras do jogo mudaram. Sua tarefa, a partir desse momento, consiste em julgar a
DURAÇÃO de cada trecho musical, ou seja, você deve: (1) pressionar a tecla “C”, se
considera a DURAÇÃO do trecho apresentado CURTA ou (2) pressionar a tecla “L”,
se considera a DURAÇÃO do trecho apresentado LONGA. Aperte a barra de espaço
para dar início ao experimento!’ O trecho musical vai começar a tocar quando você
pressionar novamente a barra de espaço. Após escutar o trecho, aparecerá uma nova
tela com a seguinte mensagem: ‘Curta (C) – Longa (L)’. Esta tarefa consiste em você
julgar a duração do trecho apresentado. Para isto, você apertará a tecla ‘C’ se
considerar que a duração do trecho foi ‘curta’ ou ‘L’ se considerar que a duração do
trecho foi ‘longa’. Você deverá proceder estas duas tarefas, de escuta e julgamento,
nesta mesma sequência para todos os outros trechos musicais. O experimento terá um
intervalo, o qual será indicado pela seguinte mensagem: ‘Intervalo! Por favor, aguarde
um sinal do pesquisador’ Ao aparecer esta mensagem, eu peço que vocês se
mantenham no mesmo lugar e em silêncio, até que os demais participantes também
cheguem nesta etapa. Após o intervalo, você terá a seguinte mensagem em seu
computador: ‘Aperte a barra de espaço para dar continuidade ao experimento!’
Pressionando uma vez a barra de espaço, aparecerá uma nova tela com a seguinte
mensagem: ‘Pronto?’ O trecho musical será reproduzido quando você pressionar
novamente a barra de espaço. Suas tarefas continuam as mesmas, ou seja, escutar e
julgar se a duração dos trechos musicais foi curta ou longa. O experimento terminará
quando aparecer na tela a seguinte mensagem: ‘Final do experimento! Por favor,
aguarde um sinal do pesquisador. Muito obrigado pela participação!’ Eu peço que me
comuniquem quando aparecer esta mensagem na tela, porque esta mensagem significa
75
o término do experimento. Realizado o teste, peço que vocês se mantenham no mesmo
lugar e em silêncio, até que os demais participantes terminem também. Alguma dúvida?
Caso tenham dúvidas ou problemas durante a realização do experimento, levantem o
braço e eu irei até vocês. Peço que vocês executem o experimento todo em completo
silêncio”.
e) Esclarecer as dúvidas dos participantes, conforme o caso;
f) Declarar o início do experimento para todos os participantes, na mesma hora;
g) Anotar, no questionário complementar de cada participante, a hora correspondente ao
início do experimento;
h) Preencher o campo “N° do participante” e “N° do computador” de cada questionário
complementar com o número atribuído a cada participante. Este número deverá ser o
mesmo número a ser salvo no hardware de cada microcomputador (ver item 3,
“salvando os dados”);
i) Quando cada participante finalizar o experimento, preencher no questionário
complementar correspondente o horário referente ao término do experimento;
j) Quando todos os participantes terminarem o experimento, entregar uma caneta
esferográfica preta e o questionário complementar a ser preenchido por cada
participante (de acordo o “N° do participante” e “N° do computador”);
k) O pesquisador deverá monitorar os participantes no preenchimento do referido
questionário. Atenção! Os questionários deverão ser preenchidos pelos próprios
participantes! O pesquisador deverá somente ser responsável pela retirada de dúvidas
que possam surgir durante a aplicação dos questionários!
l) Durante o preenchimento dos questionários, o pesquisador deverá esclarecer as
dúvidas que poderão surgir;
m) Após o preenchimento dos questionários, o pesquisador deverá recolher os
questionários (preenchidos) e arquivá-los em uma pasta;
n) Em silêncio, encaminhar o participante para a porta da sala experimental, retirá-lo da
sala e fechar novamente a porta.
o) Realizar esse procedimento para todos os outros participantes;
3. SALVANDO OS DADOS
Após a saída do oitavo (último) participante da sala experimental, o experimentador
deverá selecionar os dados cada participante, estes, salvos automaticamente após realização
76
do teste no hardware do microcomputador (Pasta “Teste Experimental”) e copiá-los no
pendrive do pesquisador (Back up);
o Importante: o número atribuído a cada participante deverá ser o mesmo, tanto nos
questionários complementares quanto nos hardwares dos microcomputadores!
o Após a saída do último (oitavo) participante da sala experimental, o pesquisador
deverá preparar novamente a sala experimental para receber mais oito participantes
(repetir o mesmo procedimento referente aos itens 1.3. “Configuração do
Equipamento” em diante).
4. FINALIZANDO A SESSÃO EXPERIMENTAL
Quando os dados do último participante do dia tiverem sido salvos no pendrive, o
experimentador deverá finalizar a coleta de dados do dia. Em cada microcomputador, deverão
ser seguidos os seguintes passos:
a) Desligar o microcomputador (clicando em “iniciar” → “desligar o computador”);
b) Desconectar o fone de ouvido;
c) Guardar todos os equipamentos experimentais nas mochilas utilizadas, seguindo a
ordem:
“fone
de
ouvido”,
“termos
de
consentimento”,
“questionários
complementares” e “canetas Bic”;
d) Verificar a ordem e organização da sala experimental, deixando-a do mesmo jeito em
que foi encontrada para a participação do primeiro participante do dia;
e) O experimentador deverá guardar as pastas nas mochilas utilizadas na coleta;
f) Desligar as lâmpadas da sala experimental;
g) Fechar a porta de entrada da sala experimental;
h) Devolver a chave da porta de entrada da sala experimental.
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APÊNDICE B
ENTREVISTAS – PARTICIPANTES COM FORMAÇÃO MUSICAL
(PRÉ-TESTE)
ALDO R. – CURITIBA, 26 DE SETEMBRO DE 2012.
Você vai dar uma contribuição importante para nossos estudos. Para isso, eu vou pedir que
você sorteie uma emoção, cite as músicas escolhidas e relate o motivo pelo qual associou
essas músicas à respectiva emoção. Realizada a entrevista, você ainda deverá preencher
um questionário complementar referente a informações pessoais. Alguma dúvida?
Não
Ok. Pode sortear a primeira emoção.
Alegria
Então, exponha três que segundo experiências passadas lhe provoquem essa emoção:
Tá, eu posso expor as três sequencialmente? Ou exponho cada uma e depois falo sobre elas?
Você pode citar cada música e relatar o motivo na sequência.
Ah, beleza.
A primeira que eu escolhi é “Come Back” de uma banda curitibana que se chama Rosie and
Me. Ela fala de coisas boas e é uma canção com letra em inglês. Fala de coisas boas que está
num Cd que eu acho super bonitinho. É uma história de amor entre um pássaro e uma baleia.
Não lembro qual dos dois, acho que o pássaro ou a baleia brigou e então é um pedido de
volte para mim e eu acho bastante alegre. A segunda que eu escolhi chama-se “Joia pra
Alegria” de uma banda aqui de Curitiba que chama-se Simonami. A letra dela fala bastante
de alegria e ela é numa pegada que lembra um pouco música folk, sabe? Os caras gravaram
o clipe num lar de idosos ou uma coisa assim. Então, eu vi o clipe e associei imediatamente a
coisas alegres, porque é como se eles tivessem ido lá levar um pouco de alegria e o refrão da
música é: eu li no jornal que solidão faz mal. Pô, uma parada totalmente pra cima né!? Ah,
não sei, pra mim pelo menos. E a última que eu escolhi foi “Águas de março” do Tom Jobim,
que para mim tem a ver com a letra. Ela passa uma sensação de alegria. Parece que tem uma
simplicidade assim na hora de escrever a letra. A sequência que ele segue eu acho. Talvez o
fluxo de ideias que ele segue faz parecer que as coisas são simples. É isso.
Perfeito, perfeito. Pode sortear a próxima.
A próxima emoção é raiva.
Ok.
Nossa que legal! Raiva foi a primeira que eu pensei quando você comentou das emoções.
Raiva foi a mais fácil. A primeira chama-se “Eguinha Mijoleta”. Cara, é uma música, eu não
sei explicar porque que eu sinto raiva, ou se é ódio. Não sei diferenciar direito. Mas essa
aqui eu acho que cabe uma história. Eu trabalhava num lugar que não gostava muito, com
uma galera que não gostava muito. E aí um dia essa galera combinou de sair e eu fui junto
com os caras e lá pelas tantas, no carro de um dos caras que eu estava de carona, ele botou
para tocar a maldita dessa “Eguinha Mijoleta” num volume ensurdecedor. Eu estava no
78
banco de trás e tinha uma caixa de som do lado da minha orelha. E a letra é irritante. Eu
ouvi uma vez só essa música na minha vida inteira, eu nunca mais quero ouvir, mas tem
trechos que eu me lembro bem, Assim, eu fiquei com tanta raiva. É muito ruim a música e eu
fiquei bem feliz porque depois a gente combinou de ir num estante de paintball e aí chegando
lá deu para descontar a raiva. Você me fez ouvir isso né seu safado?! Agora você vai ver.
(risos) Nessas músicas que me despertam raiva, eu pensei por um viés mais cômico da coisa.
Tem uma música que chama-se “Liga da justiça” que é ridículo cara. Eu acho estupido. A
música toda é feita pra justificar um trocadilho sexual. Vai falando das personagens da liga
da justiça. É um funk eu acho, eu não sei. A “Mijoleta” eu não sei que gênero maldito é.
(risos)
Quem compôs a música Eguinha Mijoleta?
Cara, eu não sei o autor. Eu não consegui achar nada. Não quis pesquisar muito também,
porque realmente ela me desperta uma ira assim. (risos)
Ok.
Essa “Liga da justiça” eu acho que é Leva noiz o nome do grupo. Ela vai falando dos
personagens da liga da justiça. É um troço que musicalmente eu achei ridículo. Construído
em cima de uma batida tosca e um cara cantando mal. A música toda é construída pra
justificar o refrão que diz uma parada tipo: “foge mulher maravilha, foge, foge com o
superman” (risos). Só que o cara fala rápido e parece que ele está falando fode sabe? “Fode
mulher maravilha, fode, fode com o superman” (risos). A música toda é feita pra isso cara.
Eu escuto e sinto raiva. Não sei se é da música ou das pessoas que fizeram. Enfim, é isso. E a
última que eu escolhi pra essa emoção, raiva, é “Tchubaruba” da Mallu Magalhães. Porque
eu acho que eu associo a Mallu Magalhaes diretamente a impressão que me dá quando vejo
as músicas que ela faz, quando ouço. A maneira como ela se comporta, até musicalmente. Ela
quer dar a entender que a música dela não é para qualquer público, é uma coisa mais seleta.
E eu fico pensando nisso sempre que talvez a música que não seja acessível realmente a
todos, seja por complexidade, construção, seja por qualquer motivo, talvez ela não se
proponha a isso. Ela simplesmente é daquele jeito e aí o público que se interessa vai atrás e o
público que não se interessa não vai. Mas a impressão que eu tenho quando ouço
principalmente essa música aqui da Mallu Magalhaes é que eu acho um negócio esquisito
né!? Tipo é “Tchubaruba” o nome da música e o refrão é alguma coisa: “tchuba ruba tchuba
ruba”. Acho meio descabido. É que tem essa diferenciação do tipo: não, meu público é
restrito.
Foram as três músicas, certo?
Certo, isso. Foram as três.
Ok. Próxima.
A próxima é serenidade.
Serenidade.
A primeira que eu escolhi pra serenidade é o segundo movimento da “Sinfonia N°9” do
Dvorak, que é a sinfonia do novo mundo. É um movimento até bem conhecido. Porque ela
tem no segundo movimento, eu acho, um solo de corne inglês sabe? Que eu acho super
bonito, me remete a coisas serenas. Tem a ver com uma época que eu estava trabalhando
com o pessoal da orquestra sinfônica. É uma sinfonia que eu ouvi bastante e esse movimento
sempre me causava impressões boas quando eu ouvia. A segunda é uma instrumental, chamase “Sonora”, de um baixista brasileiro que se chama Arthur Maia. É uma música que a
primeira vez que eu ouvi eu achei super legal. Tem uma coisa pra cima, só que não é aquela
79
alegria descarada. Não é um tema feliz, sabe? É uma coisa que eu classificaria como
serenidade dentro dessas possibilidades aqui né!? É que depois eu fui pesquisar e vi que tem
por trás da música. O baixo elétrico sobressai bastante. Tem uma gravação de voz da vó do
Arthur Maia, como se fosse uma entrevista da avó dele falando do Arthur Maia quando era
criança. E aí ela começa a música dizendo: “é muito sonora”, e aí começa a música.
Pensando bem não é um solo de baixo elétrico, lá pelo meio tem um acordeom e aí volta a
voz da avó dele contando coisas da infância do Arthur Maia. Eu achei super bonito, super
sereno. E a última que eu pensei foi “Mother Nature’s Son” dos Beatles né!? Eu não sei,
acho que por ter um tema bucólico assim, que fala de alguma coisa do campo. Me passa essa
ideia de serenidade.
Ok. Pode sortear a próxima.
A próxima é tristeza. Pô, foi engraçado porque pensando assim em músicas de tristeza ou que
me façam lembrar de coisas tristes, eu acho que são as minhas músicas favoritas. Talvez seja
uma relação que existe. A primeira que eu escolhi chama-se “Morning Nightcap”, que é uma
música de um grupo irlandês chamado Lúnasa. Música é instrumental também. Ela é dividida
em três momentos, mas a música toda se chama “Morning Nightcap”.
Mas você considera ela inteira?
Isso, ela inteira. Ela tem uma certa mudança de ambiente durante a música, mas eu acho que
o balanço geral da música tem a ver com essa coisa de tristeza. Eu acho que talvez esse seja
o motivo pelo qual ela me invoca uma coisa de tristeza e que seja recorrente também.
Acontece numa outra música que eu falar depois. Que é por eu ter conhecido ela num
momento interessante da vida, ter ouvido e gostado. Tem a ver com uma namorada.
Terminou o namoro e daí as coisas mudaram. Ela ficou associada a memorias boas que eu
não tenho. Então essa era a “Morning Nightcap”. A segunda que eu escolhi chama-se
“Cantus in Memory of Benjamin Britten” do Arvo Pärt. Desde a primeira vez que eu ouvi já
achei ela extremamente triste e extremamente bonita sabe? Porque ela é pensada pra cordas,
pra orquestra de cordas e um campanário. Então o compositor pensou em justamente fazer
um canto, uma composição em memória do Beijamin Britten que tinha morrido há não muito
tempo. Não tenho certeza dessa história. Mas acho que pelas cordas e pela própria
movimentação da música, a maneira que as coisas acontecem e como é o final, eu acho
extremamente bonito. Ela começa com notas longas. Ela é toda pensada como se fosse uma
estrutura de cânone. Então, não tenho certeza agora se são os contrabaixos, mas eles
começam tocando notas longas, muito longas, vários compassos ligados e aí essas notas
muito longas vão pros violoncelos, eu acho, então, elas vão passando de instrumento para
instrumento, vai aparecendo uma melodia nisso tudo e um campanário toca junto algumas
vezes. Mas ele é bem disfarçado. Você não ouve absolutamente um som de sino em nenhum
momento e no final quando está toda a orquestra tocando aquela melodia bonita, tem um
ataque no sino aí tudo para e só fica a ressonância do sino no final. Acho que eu divaguei na
resposta (risos).
Não, foi perfeita.
Mas acho que essa história dela ter sido composta por causa da morte do outro compositor e
o som do sino me remete a uma coisa triste e bonita. E a última é “#41” do Dave Matthews
Band. Ela tem a ver com a primeira coisa da “Morning Nightcap” que eu falei lá. Eu conheci
num momento extremamente bom da vida e que mudou pra um momento extremamente ruim.
Acho que a música restou de um momento para o outro e então, foi o que fez a conexão entre
as coisas, pelo menos na minha memória. É o que faz a conexão entre os dois momentos né!?
Um momento alegre e outro momento triste.
80
Perfeito, perfeito.
Como se a vida da gente fosse só momentos alegres e tristes (risos).
Perfeito.
SHOSANNA D. – CURITIBA, 03 DE OUTUBRO DE 2012.
Você vai dar uma contribuição importante para nossos estudos. Para isso, eu vou pedir que
você sorteie uma emoção, cite as músicas escolhidas e relate o motivo pelo qual associou
essas músicas à respectiva emoção. Realizada a entrevista, você ainda deverá preencher
um questionário complementar referente a informações pessoais. Alguma dúvida?
Não
Ok. Pode sortear a primeira emoção.
Serenidade. Tá, as três músicas que eu escolhi: A primeira eu não tenho certeza se é esse o
nome, é a “Suite No.1 in G Major BWV1007 – Prelude” de J. S. Bach. Na verdade todas as
músicas de serenidade que eu escolhi, não sei, talvez sejam músicas que baixam um pouco o
meu batimento cardíaco e me deixem em um estado um pouco Zen assim. Pelo meu histórico
de música em casa, a gente tem muito Cds de música clássica em casa, desde pequena eu
escuto. Quando eu estava muito agitada meu pai botava esse Cd para tocar e tinha essa
música. E funcionava. É uma música que me remete a diminuir o ritmo e ficar mais serena. E
a outra é a “Society” do Eddie Vedder, que tem no filme Natureza selvagem. Essa música
também me remete a momentos que eu tive de serenidade. Eu sou montanhista também,
escalo e daí eu relaciono com o filme. Ele fez para esse filme do cara que abandona todo
mundo e vai viver sozinho na natureza. Então isso me traz essa sensação de serenidade em
relação a natureza, aos momentos que eu estive em paz, principalmente nas montanhas. A
outra música se chama “Copo de leite” da banda Massorock, é uma banda brasileira. Ela é
só instrumental. Ela me remete a um dia que eu estava na praia, não conhecia essa música e
também estava um pouco eufórica, ansiosa porque tinham alguns amigos surfando e eu
queria ir embora. Aí começou a tocar essa música no rádio e eu relaxei. Comecei a curtir a
música e acabou minha pressa. Hoje em dia sempre que eu estou um pouco estressada eu
escuto essa música e relaxo.
Ok. Pode sortear a próxima emoção.
Raiva. A primeira é da Marisa Monte, “Universo ao meu redor”. Eu gosto até da música,
mas ela me irrita, eu pulo de raiva sempre, porque ela me lembra de uma fase de vida que eu
morei um pouco em Fernando de Noronha e eu odiava morar lá, não gostava. E lá Uma da
meninas com quem eu trabalhava botava pra tocar o CD toda hora. Eu tinha raiva estar lá e
tinha raiva de ficar escutando aquela música o dia inteiro. Então toda vez que eu escuto essa
música, que era a primeira do CD, eu já me dá uma sensação de raiva. Outra de Raiva é “No
use for a name”, uma banda de Hardcore. Chama-se Dumb Reminders a música. Toda vez
que eu escuto eu pulo porque lembro de um ex-namorado, daí a gente sempre tem uns
estresses com os ex-namorados. Eu gosto muito de Hardcore, normalmente não me dá raiva,
mas essa música em específico sim por causa da letra e associo tudo que aconteceu com o
meu ex-namorado. E a próxima eu coloquei Ponto de equilíbrio, porque no geral, a voz do
cara me irrita muito. Ele faz uma voz fanha assim de proposito e eu não entendo porque ele
faz aquilo. E me irrita assim. E aí, por acaso eu coloquei o nome de uma música, “Tão bela”.
81
Ok.
Alegria. Essa tem várias, é bem mais fácil. A primeira chama-se “Satchita”, que eu não sei
de quem é essa música. É do grupo Playing for Change. Essa música é do segundo CD deles.
Acho que é a terceira música do Cd. É uma salsa que também na verdade me remete a Bahia,
só que a uma outra situação. Eu fui de novo para lá esse ano e também foi uma semana que
foi maravilhoso. Foi quando eu comecei a gostar de salsa, porque a gente foi a uma salsa e
eu sempre gostei muito de Ballet, então a dança me chama muito a atenção. A salsa é uma
ritmo novo para mim agora e ela me remete a dança e Bahia. Então é super pra mim. A outra
é “Trips”, uma música do Beca Arruda. Ele é aqui de Curitiba o Beca Arruda. Ela toca um
reggaezinho assim xexelentinho, mas essa música me lembra dos meus amigos da época de
cursinho, ensino médio. Que a gente tinha uma galera de Pontal, os meus amigos todos de
Pontal do Paraná. A gente vinha pra praia e passava todas as temporadas lá. E essa música
ficou sendo o hino dessa fase de vida. A última chama-se “É D’Oxum”. A música é do
Gerônimo, é de um compositor Baiano. É um afroxé. Eu morei na Bahia por um tempo e por
causa de Pedagogia eu fui fazer Biologia por um tempo. Eu fui fazer vários estágios fora. Aí
fiz estágio na Bahia, fiz estágio em Noronha também. E essa “É D’Oxum” me remete tudo
que eu vivi lá assim. Tudo de bom. Eu acho que foi uma das melhores fases da minha vida e
quero muito voltar pra lá. Então essa música me emociona em um sentido bom, adoro essa
música.
Perfeito.
E agora tristeza, bom, tristeza é triste. A primeira é do Charlie Brown Jr. que se chama “Só
os loucos sabem”. Essa música me dá um sentimento de tristeza porque teve uma menina que
morreu agora no começo do ano. Ela era surfista aqui de Curitiba e morreu em Matinhos
enroscada em uma rede de pesca. Morreu afogada. Todas as homenagens que eles fazem
para essa menina é com essa música. Eu não conhecia ela, mas eu também surfo e isso me
tocou de alguma forma. Toda vez eu escuto, eu me lembro dela e mesmo sem conhece-la, me
emociono por ela. A próxima é uma do Ennio Morricone, que é a música tema do filme “Uma
vez no oeste”, Once Upon a Time in The West. Ela é instrumental também e com voz. É uma
música super zen, super calminha. Meu pai ama essa música e ele falou que quer que a gente
toque ela no enterro dele. Então até hoje nem eu, nem minha irmã conseguimos escutar essa
música. Porque meu pai já está velhinho assim, quase choro até de falar. Já lembro da morte
do meu pai que nem aconteceu ainda. E a última da Mercedes Sosa, “Solo le pido a Dios”.
Eu não sei se é dela essa música, mas todas as vezes que escutei foram na versão dela
cantando. Essa música eu escutei pela primeira vez no primeiro ano da Pedagogia. Eu estava
super revoltada com o mundo. A gente tem essas fases as vezes que estamos mais indignados,
às vezes mais resignados. É uma fase que fala de injustiça, como várias músicas da
Mercedes. Isso me tocou no começo da faculdade e isso me traz tristeza pelo que ela fala,
pelo momento de primeiro ano de curso que eu estava super empolgada. Mas até hoje me
toca neste sentido, apesar de eu não ser tão revoltada assim.
Ok. Perfeito.
OMAR U. – CURITIBA, 10 DE OUTUBRO DE 2012.
Você vai dar uma contribuição importante para nossos estudos. Para isso, eu vou pedir que
você sorteie uma emoção, cite as músicas escolhidas e relate o motivo pelo qual associou
82
essas músicas à respectiva emoção. Realizada a entrevista, você ainda deverá preencher
um questionário complementar referente a informações pessoais. Alguma dúvida?
Não
Ok. Pode sortear a primeira emoção.
Primeira emoção serenidade. A primeira de serenidade é do George Harrison, chamada
“Gopala Krishna”. Ela não é muito famosa, mas tem no youtube. Ela é da época que os
Beatles começaram a entrar no mundo oriental da música, na Índia. Não sei em qual região
da Índia. O George Harrison começou a aprender a tocar uma citara e gravou essa música
que é baseada em um mantra. Eu acho que algum aspecto estrutural da música me passa um
sentimento de serenidade. O cara era um roqueiro e pega uma citara, pra mim passa
serenidade. “Missa Papae Marcelli (Kyrie)” do Palestina. Eu gosto muito de contraponto e
gosto de ouvir música renascentista vocal. Depois que eu comecei a entender aquele alto
grau de sofisticação, de composição, aliado ao resultado sonoro. Eu sou ateu, mas eles fazem
para Deus, tocam na igreja e dá um efeito super lindo. É um negócio que me deixa susse
mesmo. Para mim está relacionado a serenidade. Tem uma ação, mas muito bem pensada e
sacra, eu acho. “Chove chuva” do Sergio Mendes & Brasil’66. É um samba cuja a letra fala
“Chove chuva, chove sem parar”. Eu adoro fazer trabalho com chuva. Eu acho mais
tranquilo que com calor. Eu gosto do Sergio Mendes, do jeito que ele trata as harmonias. Eu
acho que tem a ver com isso, serenidade.
Ok. Pode sortear a próxima.
Tristeza.
Ok.
A primeira é o “segundo movimento da 3° Sinfonia em Eb” de Beethoven. Não só porque é
uma marcha fúnebre no meio de uma sinfonia. Mas porque tem aquela famosa história que o
Beethoven rasgou um pedaço, riscou o nome de Napoleão. Daí é meio triste porque depois de
uma revolução que os caras fizeram na França, o Beethoven adora esse negócio de
revolução, o cara d´um golpe e fica no poder, depois que o pessoal fez uma revolução que
estava esperando há anos para fazer. Para mim essa música reflete isso. Tem até uma
marcha fúnebre que representa o grande homem que o Napoleão deixou de ser. Outra é
“Candle in the Wind” do Elton John. Ele tocou no velório da princesa Dayane. É uma
música que fala que você foi uma vela ao vento, uma homenagem mesmo. E ainda porque ele
tocou na missa de corpo presente. Isso me deixa triste. Eu acho bonito essa questão da
nacionalidade, milhares de ingleses assistindo. Tem-se a morte de uma pessoa muito
importante para eles e o Elton John faz uma homenagem para a amiga dele que morreu. É
um negócio que mexe. Serviu? A última música que dá tristeza é a “Samurai” do Djavan. Eu
acho que é um jazz o formato dela. Eu só dizer que ela é meio seca e a letra um pouco mais
poética que a minha mente me permite entender. Daí eu fico triste porque não entendo e
também porque a ideia da música fala de alguma coisa que talvez não tenha sentido na
minha vida. E eu não vou entender por causa disso também.
Claro. Ok.
A próxima é Raiva. A primeira que me deixa com um misto de raiva e perplexidade chama-se
“Crente pipoquinha”, não sei a autora direito porque tem várias pessoas que cantam. Eu não
tenho nada contra você querer passar a mensagem da sua religião, mas eu acho curioso que
canções como essa estereotipam pessoas que não são da religião. Essa ação me deixa com
raiva: opa, se você não é da minha religião, você não presta. Pô quem é você para falar? Eu
estou em um país livre. E ainda uma música pra criança que fala isso? Nossa, me deixa puto
83
mesmo. A criança irá crescer tendo um julgamento que a religião dela é a correta. Outra é
“Ai se eu te pego” do Michel Teló. A primeira coisa que eu não gosto é o fato dela ser
totalmente machista. Se a guria usou tal roupa, o cara olha e diz: nossa, aí se te pego. Um
material musical que está presente em milhares de músicas, I, V, VI e IV, mais ou menos
falando assim. E ainda exportaram para o mundo inteiro como se fosse o símbolo do Brasil,
da nossa música. E não isso. Além de me deixar um pouco triste, me deixa mais com raiva
mesmo. Porque, poxa, a gente tem muita coisa boa aqui. Parece que a levada, aquele
violãozinho é o mesmo na música inteira. Não sei, acho que é isso. Outra que dá raiva é
“Twinkle Twinkle Little Star”, Mozart para bebês. Na verdade é apenas um exemplo desses
cds Beethoven para bebês, Mozart para bebês. Daí vai lá um cara com uma ocarina, uma
flautinha doce e toca a linha melódica da nona sinfonia do Beethoven por exemplo. Ou toca
uma linha no piano do Mozart. Mas eles pegam concertos que eram para uma orquestra
inteira, uma coisa grandiosa, e resumem em um instrumento. Eles falam que por estar
resumido é para bebê. Mas porque tem que se poupar o bebê da grandiosidade dos grandes
mestres? Daí eles vendem isso e isso me dá raiva. Meus tios me perguntaram se valia a pena
comprar o cd Mozart para bebês e eu disse que não, toca o concerto inteiro. Porque eu acho
que é mais interessante. Esse resumo que eles fazem me deixa com raiva.
Ok. Perfeito.
A última é alegria. “Concerto para fagote do Mozart K191”. Eu gosto muito do fagote. É um
instrumento com um timbre muito bonito. E Mozart, com sua genialidade, fez um concerto
para o fagote. O concerto inteiro me agrada. Eu gosto da música de Mozart, ela é alegre por
si só. Por ela ser altamente padronizada. Mesmo ela sendo previsível, ainda tem uma
surpresa ou outra. Eu gosto disso. A próxima é uma música do Seu Jorge, “A doida”. É uma
música que saiu em um Cd meio recente dele. É um samba que dá para vender fácil, mas eu
não tenho preconceito com isso. É que a história da música aconteceu comigo uma vez. A
história de um cara que foi com uma guria numa balada, pagou tudo pra ela e achou que iria
conseguir namorar com ela e não deu. A guria foi embora. Eu acho engraçado, mas na época
eu fiquei perplexo. Eu acho engraçado que a letra dela relata algo que aconteceu comigo.
Isso faz eu me sentir alegre quando ouço ela. Eu peguei a “trilha de abertura do Saturday
Night Lite americano”, temporada de 1995/97. Eu gosto de jazz elétrico. Jazz elétrico eu
digo, contrabaixo elétrico, guitarra elétrica e o piano microfonado. E tem também um monte
de instrumentos de metais, trompete, saxofone alto, tenor, trombone e ainda tem um saxofone
solista. É uma música alegre. Ela é maior e fica o sax tenor moendo nos solos, é incrível. Eu
fico arrepiado quando eu ouço porque fica uma pergunta e resposta entre a banda. Daí eles
fazem uns riffs, frases em banda inteira e o sax tenor aqui arrebentando. É uma coisa que me
deixa alegre. Eles ainda mostram na abertura cenas de Nova York e eu gosto da capital. É
um programa de comédia que eu assistia antigamente e eu gosto muito dessa abertura.
Certo. Perfeito.
HUGO S. – CURITIBA, 11 DE OUTUBRO DE 2012.
Você vai dar uma contribuição importante para nossos estudos. Para isso, eu vou pedir que
você sorteie uma emoção, cite as músicas escolhidas e relate o motivo pelo qual associou
essas músicas à respectiva emoção. Realizada a entrevista, você ainda deverá preencher
um questionário complementar referente a informações pessoais. Alguma dúvida?
Não
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Ok. Pode sortear a primeira emoção.
Raiva. Talvez seja da minha psique, eu não me lembro de ter sentindo raiva ao ouvir uma
música. Mas eu associo a raiva músicas que me deixam num estado de euforia, energia,
agressividade. Eu coloquei “Trigger” do In Flames, “In the name of God” do Dream Theater
e “Used” do Pain of Salvation. Todas elas são do estilo metal progressivo. “In the name of
God”, o instrumental é bastante agressivo e pesado, o que traz essa emoção para mim.
“Used” do Pain of Salvation também, toda hora é uma pancadaria que faz com que eu não
me relacione com ela de outra forma. O tema “Used”, usado. Bom, como são todas canções,
a mensagem da letra fala antes de qualquer outra coisa. Senão seria meio incoerente. A
“Trigger” no sentido mais cru sintetiza o que todas elas representam para mim. A voz é cheia
de Overdrive. Talvez não seria nem tanto pela mensagem, mas pela expressão que elas me
passam. É isso que me faz associá-las a essa emoção.
Perfeito, perfeito. Pode sortear a próxima.
Tristeza. “Sob o mesmo céu” do Lenine. Um dia eu estava no ônibus e a ouvi. Bom, é bem
atual. A Lú foi pro Canadá e eu fiquei aqui, mas tenho essa ideia de ir para lá também. E
existe a possibilidade de eu ficar lá pro Canadá, porque a gente não pode prever o futuro.
Isso tudo me faz pensar no nosso país. Bom, é algo específico. A gente sabe que o nosso país
tá uma droga. Politica, economia convergem sempre de um jeito que a gente não tem como
controlar e a nossa profissão já é uma escolha mais difícil também né!? Pelo menos eu
interpreto desse jeito. E aí ele fala: com quantos Brasis se faz um Brasil? Por mais que a
situação fora do nosso país é melhor, eu não quero abandonar o Brasil. É aquela coisa
irracional e inexplicável que você quer ficar perto desse chão, família e amigos. Mas mais
pela língua que a gente fala. Minha maior ancora é o idioma português. Por causa da textura
da música, do timbre, eu coloquei “Still Day Beneath The Sun” e “Patterns in The Ivy” do
Opeth. Elas te arrastam um pouco.
Ok.
Serenidade. Bom, serenidade eu pensei mais como uma calmaria. Eu coloquei “Tonada de
Luna Llena” do Caetano Veloso, álbum Fina estampa. Não sei porque, a língua espanhola
sempre me traz essa tranquilidade. “Vide Vida Marvada” do Rolando Boldrin. Ela é caipira.
Eu cresci em São Paulo e meu pai me levava para um chalé em Igaratá, que é campo. Lá,
todos os dias ao acordar tinha uma música caipira tocando e era extremamente condizente.
Além do campo, tinha uma represa, barulho de passarinho. Não era que nem aqui, poxa,
esses passarinhos que temos são todos biônicos. Lá era de verdade. Essa música faz eu me
sentir em casa, um saudosismo gostoso. E por último eu coloquei um instrumental “Tres
notas para decir te quiero” do Vicente Amigo. É uma música flamenca. Ela faz eu me sentir
em casa.
Ok. Perfeito.
E ficou alegria. Para alegria eu coloquei três músicas que para mim foram bem marcantes,
ou melhor, são marcantes para mim. A primeira foi um marco para mim, porque foi quando
eu descobri que queria fazer música, quando eu cheguei em Curitiba, fiz novos amigos. Essa
música foi uma pista para onde eu deveria seguir. A música “No Rain” do Blind Melon. Bem
legal. Além de coincidir com essa época, tem dessa coisa irracional. E por isso eu acho essas
pesquisas sobre emoção de vocês muito legal. Porque isso eu não consigo explicar.
Simplesmente eu ouço e a porcentagem de vir um sorriso na minha cara é de 75%. E outra,
quando eu estava no segundo ou terceiro ano da faculdade. Eu comecei a andar com
companhias legais e descobri esse outro tipo de música que não é progressivo. Progressivo é
esse sentido que a gente dá para uma música que começa em um padrão, outra hora quebra
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esse padrão, daí quebra de novo o padrão. Esse é o sentido de progressivo que eu estou
tentando dizer. É bom esclarecer isso nessa entrevista. E ela não é de forma nenhuma
progressiva. Se tiver, tem uma progressão na música toda. Se você fosse ver a forma
estrutural ela tem uma tônica, uma dominante e uma tônica de volta. O Dave Matthews
constrói um padrão no violão e em cima dele ele varia loucamente, porque esse padrão vira
base para a música toda. E é por isso que eu falei que talvez ele quebre esse padrão uma vez
só na música, faz uma grande cadência, volta para o mesmo padrão e acaba a música.
Basicamente todas as músicas dele são assim, só que o jeito da variação, a expressão em si é
genial. Nunca vi igual. Essa música do Dave Matthews se chama “Shake me like a monkey”.
Uma música extremamente energética, com metais, guitarra, ritmo quebrado. É aquele
carnaval de rua. É muito legal. E foi isso, foi um marco também para mim. Desde pequeno,
quando eu ouço a música “Black or White” do Michael Jackson, eu curto demais. A música é
muito legal. Eu acho ela energética. Eu sou muito fã do Michael Jackson, mas essa música
desde que eu sou pequeno me desperta uma euforia, uma alegria e eu não sei por que. Canto
no banho, canto correndo, em todo lugar.
Certo. Perfeito.
BRIDGET V. H. – CURITIBA, 08 DE NOVEMBRO DE 2012.
Você vai dar uma contribuição importante para nossos estudos. Para isso, eu vou pedir que
você sorteie uma emoção, cite as músicas escolhidas e relate o motivo pelo qual associou
essas músicas à respectiva emoção. Realizada a entrevista, você ainda deverá preencher
um questionário complementar referente a informações pessoais. Alguma dúvida?
Não
Ok. Pode sortear a primeira emoção.
Tristeza. Daí eu peguei “Geni e o Zepelim” do Chico Buarque. Eu acho essa música muito
pesada. Eu não sei definir se ela me causa raiva ou tristeza. Porque ela me dá raiva, mas ela
me dá mais tristeza. Eu queria classificar ela em uma das emoções. Tem a ver com a letra,
com certeza. É uma história. Letras que tem história mexem com essas minhas emoções de
tristeza e etc. Mas eu acho que a estrutura harmônica dela que faz acontecer dessa maneira.
Se ela tivesse essa mesma historia com outra melodia, não ia funcionar, eu acho. Eu sou
muito defensora dos fracos e oprimidos e a Geni nessa história aí é uma prostituta, como a
história do Moulin Rouge assim. Essa história mexe muito comigo. Esse filme mexe muito
comigo, então eu me sinto injustiçada pela guriazinha da música. Eu me sinto como se fosse
ela, é muito louco. Isso só o Chico Buarque é capaz de fazer. Eu tomo as dores da Geni da
música. Acho que é por isso que eu fico tão triste. Ela me abala. Eu peguei a música
“Milagreiro” do Djavan. Ele canta com a Cassia Eller. Eu acho uma música triste. Ela não
me deprime, eu só acho que é uma música triste. Você sabe a diferença?
Você saberia dizer o motivo?
A letra conta a história de uma pessoa triste. Tem um contexto. Mas também é uma música
menor, toda cheia de nuances. Ela não é uma música animada. Acho que ela é uma música
obvia, ela é melancólica.
Ok.
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Agora vai o mico da semana (risos). “Homeless” da Leona Lewis. É uma música inglesa. É
uma música triste. Eu acho que tem tudo a ver com a harmonia do negocio. A letra ajuda,
tudo ajuda, mas se ela fosse maior com aquela letra talvez não me deixasse triste. E ela é só
piano, que eu me lembro. Então também tem esse ar. Ela canta “you don’t love anymore”,
daí você fala: meu Deus coitada da pessoa. Essa questão assim.
Ok. Pode sortear a próxima.
Alegria. Ai que divertido! Tristeza e alegria (risos). Daí tem “It’s rainning men” das The
Weather Girls. Essa música cara, é a música da minha vida. Ela me deixa muito alegre. Ela
tem a ver com a minha adolescência. Além de eu achar o ritmo fantástico, de eu adorar
cantar essa música, ela tem um negócio de vida. Aí tem “Sina” do Djavan, que com o
Caetano eu também acho massa. Eu não queria repetir cantor mais não consegui. Essa
música me deixa alegre em qualquer arranjo. O que é curioso. Aqui são arranjos especiais
que me deixam assim. Se mudar o cantor, vai mudar o sentimento. Isso sempre acontece
comigo. Mas essa música, qualquer pessoa que cantar vai me deixar alegre. Ela tem a ver
com a minha infância. Era a abertura de um programa de TV que eu assistia. Desde aquela
época eu gosto, então cada vez que eu escuto eu sinto um negócio diferente. Eu não podia
deixar de pôr essa música. Todo mundo me xinga quando eu falo que gosto dessa música.
“Eine Kleine Nachtmusik K525 – W. A. Mozart”, o Allegro. Essa música me traz muita
alegria. Nossa, é engraçado, já deu tanta discussão por causa disso. Porque é uma música
simples. Enfim, ela me deixa muito alegre, ela me anima pra caramba. Todos os movimentos
são bonitos, mas esse primeiro movimento é o melhor pra mim.
Ok. Perfeito.
Raiva. Raiva tinha tipo, duas mil música que eu poderia colocar aqui. Mas só podia escolher
três né!? Daí eu escolhi algumas que me irritam desde pequena. Quando você escuta um CD
inteiro, daí você pula a faixa antes de começar de tanto nervoso. “Mistérios” que é o Boca
Livre que interpreta. Me irrita profundamente essa música, não sei porque. “The Blower's
Daughter”, Damien Rice. A Ana Carolina fez uma versão. Dá vontade de matar uma pessoa
quando eu escuto essa música. Ela é irritante, ela é asquerosa. Eu odeio essa música. Não
sei, acho que não é por causa do cara, apesar da interpretação dele ser muito chata, eu acho
que a melodia é muito chata, tudo é muito chato. E me dá raiva. “Bijuteria” do João Bosco.
Eu ouvi no “Astro” e não achei tão ruim. Eu ouvi no show e senti vontade de jogar tomate na
cara dele, de verdade assim. Odiei, odiei. Me deu raiva.
Certo. Perfeito.
Serenidade. “Ter que esperar”, Chicas. Filhas do Gonzaguinha, netas do Gonzagão. Elas
têm uma banda, acho que essa é uma composição delas. É uma música muito linda,
maravilhosa, fofa. A letra faz com que você queira flutuar. A letra diz isso e a melodia
também é bem serena. E é isso. Tá, daí tem “Canon in D Major” do Pachelbel. Acho fofo,
acho lindo acho querido. Não sei, gosto. Na verdade a versão orquestra. Todas as versões me
agradam, a do cravo me irrita um pouco porque não combina. Mas eu acho que essa música
é massa. Ela me dá tranquilidade, me dá paz. Clichezona assim, mas eu gosto de música
cliché. Então faz todo sentido. Vai tocar no meu casamento. “Soul on Soul” do Rod Stewart.
Essa música é rara, eu gosto. Tem a ver com a letra, a letra é massa, mas eu acho que é o
jeito que ela é executada. O arranjo dela é que me traz tudo, tudo, ela é muito massa.
Ok. Perfeito.
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JULIE L. – CURITIBA, 04 DE DEZEMBRO DE 2012.
Você vai dar uma contribuição importante para nossos estudos. Para isso, eu vou pedir que
você sorteie uma emoção, cite as músicas escolhidas e relate o motivo pelo qual associou
essas músicas à respectiva emoção. Realizada a entrevista, você ainda deverá preencher
um questionário complementar referente a informações pessoais. Alguma dúvida?
Não
Ok. Pode sortear a primeira emoção.
Tristeza. “Dream on” do Nazareth. É uma música relacionada com uma pessoa que eu perdi.
Essa era a banda favorita dessa pessoa, a gente teve um desentendimento e acabei perdendo
contato com ela. Sempre que eu ouço essa música lembro dessa pessoa e fico triste por isso.
A próxima eu coloquei “There is a Light That Never Goes Out” do The Smiths. Em si ela é
uma música muito triste. Ela tem uma letra terrível que fala sobre um acidente de ônibus, de
pessoas morrendo. Eu ouvia muito quando era adolescente. Então as vezes eu estava triste e
eu insistia na música para ressaltar aquele sentimento. E o “Vento no litoral” do Legião
Urbana. Também pelo mesmo motivo da primeira música. A música em si já é bastante triste
e eu ouvia pra ficar triste mesmo.
Perfeito. Pode sortear a próxima.
Raiva. Então, da emoção raiva pode ser um pouco engraçado. Mas eu coloquei “Choro pro
guinga” do André Egg. Porque foi a peça de confronto do vestibular da FAP no ano que eu
prestei. Ela é uma música muito difícil. Para começar está uma tonalidade que violonista
quase nunca toca, Mib Maior. Então eu fiquei estudando, estudando, estudando e não saia.
Chegou uma semana antes da prova e eu só tinha lido as duas primeiras linhas. Eu fiquei
muito decepcionada com isso. Eu falei poxa, eu nunca vou conseguir tocar essa música.
Então eu acabei ficando com raiva dela, porque eu não tinha conseguido tocar ela. Apesar de
eu, por outros motivos, acabar passando no vestibular. Mas a música ficou marcada pra
mim. “Paranoid” do Black Sabbath. Porque ela está relacionada com uma pessoa que me
decepcionou. Eu tinha uma amizade com ela, a gente acabou tendo um desentendimento. Ela
fez uma coisa que eu não gostei e essa música ficou relacionada com essa pessoa. Então toda
vez que ouço eu lembro dela e sinto raiva. A outra é “O Milionário” dos Incríveis. Porque é
uma música que está nestes carros de comércio de conserto de panela. Eu trabalhava até
tarde e eram poucos os dias que eu podia acordar tarde. Que podia acordar umas 9 horas.
Eu normalmente acordava às 6, 5 horas. Justamente nesses dias passava o carro perto da
minha casa com essa música e eu ficava com muita raiva. Era uma música que o meu pai
gostava, daí ele falava: você pode aprender a tocar essa música? E eu falava: Não, eu não
vou aprender a tocar essa música, porque eu não gosto dela! (rs)
Ok. Perfeito.
Alegria.
A primeira que eu coloquei foi “Paisagem matuta” do Contrasteduo. Porque esse foi o duo
de violões que o meu primeiro professor que violão tocava. E ele foi uma pessoa muito
importante para a minha carreira musical. Foi ele que me incentivou a seguir por esse
caminho. Sempre que eu ouço essa música eu fico muito feliz porque quando eu dei a notícia
para ele que eu passei no vestibular, ele me deu o Cd de presente. É a primeira faixa do Cd.
Então sempre que eu ouço essa música eu fico muito feliz, porque eu me lembro dele. E “Eu
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quero sempre mais” do Ira e da Pitty. Em si só ela já é uma música vibrante. Ela era tema de
uma novela, não me lembro qual. Mas sempre que tocava essa música estava saindo um
surfista da praia. Então era aquela imagem de calor, de alegria. “Just Breathe” do Pearl
Jam. Essa música me lembra de uma pessoa amada. Ela me marcou muito porque eu fui no
show da banda no ano passado e quando começou a tocar essa música eu fiquei muito
emocionada, comecei a chorar. Porque eu estava com essa pessoa no show, isso contribuiu
muito.
Agora tem Serenidade.
Eu coloquei “Sentindo” do Alessandro Penezzi. É uma faixa do Cd dele que eu costumava
ouvir para dormir. Eu tinha um radinho do lado da cabeceira da minha cama e eu costumava
colocar ela antes de dormir. Essa era uma música que estava ali no meio que me deixava bem
relaxada. “The Ghost of Rockschool” do Belle and Sebastian. É uma música bem calma que,
quando eu estou nervosa com alguma coisa, eu já passo para um estado de relaxamento. E o
“Astronauta de Mármore” do Nenhum de nós. Também é uma música que me relaxa
bastante. Ela está relacionada com o meu pai. Quando eu era mais nova, a gente alugava
karaokês nas festas de final de ano e eu sempre cantava essa música com o meu pai. Eu
lembro de uma vez que eu até estava triste, chorando e meu pai me convidou para cantar ela
no Karaokê.
Certo. Perfeito.
SMITHSON U. – CURITIBA, 11 DE DEZEMBRO DE 2012.
Você vai dar uma contribuição importante para nossos estudos. Para isso, eu vou pedir que
você sorteie uma emoção, cite as músicas escolhidas e relate o motivo pelo qual associou
essas músicas à respectiva emoção. Realizada a entrevista, você ainda deverá preencher
um questionário complementar referente a informações pessoais. Alguma dúvida?
Não
Ok. Pode sortear a primeira emoção.
Serenidade. Eu achei engraçado que as três músicas que eu selecionei são do Santana. Elas
me passam serenidade porque foram músicas que fizeram eu me interessar a apreender a
tocar guitarra. Essas músicas me causam bem essa sensação de serenidade. As músicas são:
“Maria, Maria”, “Love of my life” e “Primavera”. Então, acho que sinto serenidade, por
isso. Por serem músicas que no passado fizeram eu me interessar pela guitarra. E também
são músicas que eu gosto muito. Acho que é isso.
Perfeito. Pode sortear a próxima.
Tristeza. São três músicas de animes. Tem a “Abertura” do Dragon Quest Fly, a “Catch you,
catch me”, que é a abertura da Sakura Card Captor” e “Tactics”, final do Samurai X. Não
sei se elas me causam bem a sensação de tristeza. Mas me sinto mal em ouvir. Talvez por
pensar que não quero voltar para o passado. Pode ser isso. Eu não sei por quê. Foi uma
época bem legal da minha vida e não teve nada de errado. Não sofri nenhum trauma. Elas me
dão uma sensação de nostalgia, mas ao mesmo tempo uma vontade de não querer voltar pra
trás. Então é uma coisa de presente. É engraçado, todas as músicas que eu escolhi para
tristeza estão relacionadas com desenhos animados. Lembram-me da infância.
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Perfeito, perfeito. Pode sortear a próxima.
Raiva.
Ok.
Eu selecionei músicas que me passam esse sentimento no sentido de adrenalina. Eu peguei
“The Four Horsemen” e “Seek & Destroy” do Metallica e “Cowboys from hell” do Pantera.
Quanto mais pesado o som, mais me dá esse sentimento. Todas são meio rápidas, com
pegada. Não tem como ouvir isso e ficar indiferente, você acaba entrando no clima. Raiva no
sentido de adrenalina, de sair e querer socar todo mundo.
Ok.
Ficou Alegria. A “Segunda abertura” do Dragon Ball Z. É engraçado porque as outras
músicas de anime me passam um sentimento ruim. E essa já me dá um sentimento de alegria
pelo ritmo da música. Essa é mais pra frente, mais alegre. Acho que é por isso. Eu anotei
“Another Brick In The Wall (live)”, do Pink Floyd.
A parte I ou II?
A parte que tem o solo. Essa música me dá uma energia como as músicas de metal, só que
não é raiva. É um tesão. Você fica escutando e se sente bem. Pelo solo, até pelo groove tem
bastante a ver. A outra é do Santana, “Corazon Espinado”. Porque tem um ritmo meio latino
que me dá um sentimento legal, mais de alegria. Acho que também por causa do groove, do
ritmo mais pra frente. Acho que é isso.
Certo. Perfeito.
SUZANNE L. – CURITIBA, 17 DE DEZEMBRO DE 2012.
Você vai dar uma contribuição importante para nossos estudos. Para isso, eu vou pedir que
você sorteie uma emoção, cite as músicas escolhidas e relate o motivo pelo qual associou
essas músicas à respectiva emoção. Realizada a entrevista, você ainda deverá preencher
um questionário complementar referente a informações pessoais. Alguma dúvida?
Não
Ok. Pode sortear a primeira emoção.
É Raiva. As três músicas?
Isso.
“Minha alma” do Rappa, interpretação da Maria Rita. Não que me cause raiva, mas um
pouco de indignação. A outra é “Camaro Amarelo”, que é uma música que tem muitos
alunos meus que pedem para apreender a tocar no violão e por ser uma música que eu não
gosto eu acho que acabei criando um pouquinho de raiva dela. E “O último dia” do Paulinho
Mosca. Porque quando eu ouço eu gosto muito da música, eu penso que ela é muito
verdadeira e que a gente não sabe até quando vamos viver.
Perfeito, perfeito. Pode sortear a próxima.
Alegria.
Ok.
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Essa foi fácil. A “La Valse d’Amélie” que é do filme que eu mais gosto, O Fabuloso Destino
de Amélie Poulain. Então quando eu ouço ela eu lembro do filme e fico muito feliz. “Oh
Happy Day”, pela letra, pelo ritmo. E “I Feel Good” do James Brown. Não tem como não
fica bem.
Para a segunda música, “Oh Happy Day”, você tem uma gravação preferida?
Eu gosto muito daquela do filme “A noviça rebelde”.
Ok.
A próxima é Serenidade. “A paz que sempre quis” é uma música católica do Walmir Alencar.
Eu gosto muito dela porque eu ouvi há uns cinco anos atrás em um retiro que eu participei.
Foi uma música que me trouxe muita tranquilidade naquele momento e sempre que eu ouço
lembro-me do meu retiro. E uma música que tem no filme “Edward mãos de tesoura”, na
cena que a menina dança. O nome da música que eu anotei aqui é “The ice dance”. É uma
música que me deixa serena. “Paciência” do Lenine é outra. Eu gosto muito dela.
Ok. Perfeito.
A última é tristeza. A “Caicó - Cantiga” do Milton Nascimento com a melodia do VillaLobos. A letra eu acho ela muito profunda, triste e a melodia também é muito melancólica. A
música que toca no filme Titanic no momento que o barco está afundando que é “Nearer my
God to thee” por lembrar do filme e sempre que eu escuto esta música me causa tristeza. E a
terceira é “Tu te abeiraste da praia”, uma música católica que foi cantada no velório do meu
tio que morreu em um acidente e sempre que eu ouço relembro de todo o episódio e causa
tristeza.
Certo. Perfeito.
CHARLOTTE L. – CURITIBA. 18 DE DEZEMBRO DE 2012.
Você vai dar uma contribuição importante para nossos estudos. Para isso, eu vou pedir que
você sorteie uma emoção, cite as músicas escolhidas e relate o motivo pelo qual associou
essas músicas à respectiva emoção. Realizada a entrevista, você ainda deverá preencher
um questionário complementar referente a informações pessoais. Alguma dúvida?
Não
Ok. Pode sortear a primeira emoção.
A primeira que eu sorteei aqui foi Serenidade.
Ok.
Uma das músicas se chama “Mary, did you know?”. É uma música que a gente usou em uma
cantata de natal e a primeira justificativa é em questão da técnica. Ela tem uma construção
em uma tonalidade menor que automaticamente ela me deixa um pouco serena. Quando eu
canto essa música normalmente ela me acalma. Enfim, pela construção melódica e pela letra
também. A segunda música é “A casa de farinha” e ela me traz serenidade porque dentro de
uma emoção que eu estava sentido, de incomodo, de raiva mesmo, eu comecei a tocar ela e
em dez minutos eu me acalmei de uma forma incrível que eu nem sei como. E a terceira que é
“Milagreiro” do Djavan. Pelo mesmo motivo. Quando eu toco, ela também me acalma.
Simplesmente eu esqueço tudo que está em volta e fica tudo sereno.
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Perfeito, perfeito. Pode sortear a próxima.
Tristeza.
Ok.
“Mais perto eu quero estar”. Essa música foi tocada em um velório específico de uma amiga
minha e eu tive que cantar essa música. Então eu lembro dela e associo diretamente a aquilo
mesmo. Àquela pessoa que era um pouco mais próxima e eu que tive que cantar ela. O
terceiro movimento da “Sinfonia N°1” de Mahler. Por causa da construção, da técnica dela.
Ela é em menor e automaticamente deixa todo mundo pra baixo. Tristeza na verdade eu
associei a uma única lembrança e uma única música. A música se chama “Se as águas do
mar da vida”. É uma música que normalmente, na igreja onde eu participo, a gente canta
quando há velórios. Quando uma pessoa querida falece a gente sempre canta essa música
pela letra e ela causa tristeza por causa disso. Normalmente são pessoas que a gente
conhece, pessoas do nosso convívio. A gente fica chateada e essa música está associada a
essa morte, a essa perda.
Ok.
A próxima é Raiva. A primeira música ela se chama “Monalisa” do Djavan. Essa música e a
música “Em plena lua de mel” do grupo Pedra Letícia. Ela começou com uma brincadeira de
um namorado que começou a cantar a música. No começo a música era só boba, só que
agora ele canta porque sabe que eu não gosto. Então ele canta propositalmente para me
irritar. As duas estão associadas a Raiva por causa disso. Ele canta já sabendo que eu não
gosto e que eu vou ficar com Raiva. Então ele já faz propositalmente. Uma terceira música
“O palhaço” do Egberto Gismonti. Embora ela não tenha uma construção para deixar
ninguém com Raiva, no grupo que a gente tem, de concertos didáticos, a gente tem uma
carga de ensaios grande e essa música é do repertório. Então a gente toca ela milhões de
vezes para acertar todos os aspectos técnicos. Um ensaio de 4 horas, daí você entra no
ônibus lotado, no calor e começa a música “Pã rã rã rã rã rã rã nã nã”. isso me deixa com
extrema raiva porque eu já não aguento mais ouvir a música. E daí você também tem um
ambiente que não colabora com a audição!?
Perfeito.
Alegria. Pra alegria eu coloquei “Solideu gloria” que é uma música que a gente cantou
também em uma cantata de natal. A construção dela é em modo Maior e ela tem toda uma
dinâmica em que o back vocal canta e o coro responde. Até por uma experiência de coral
mesmo, você está naquela emoção e a própria música em aspectos técnicos. Então me causa
alegria porque eu estava cantando com o coral e a emoção que me veio associada àquela
apresentação, nesta música especifica, foi de alegria. Outra música é “In My Life” dos
Beatles. Porque em numa matéria aqui da universidade mesmo foi solicitado um arranjo
instrumental pra um quarteto de cordas dessa música. Independente da nota que eu tirei na
matéria, um elogio do professor em relação ao baixo que eu fiz nessa música e da construção
mesmo do arranjo que ficou bom, obvio, me deixou alegre por causa disso. Isso associado a
emoção e a experiência. A terceira é “Oceano” do Djavan. Porque era uma música que, não
quando eu estava começando a tocar violão, mas quando estava pegando músicas de uma
construção um pouco mais diferentes, acordes um pouco mais diferentes, um pouco mais
complexos digamos assim. Quando eu consegui tocar essa música do inicio ao fim, é uma
lembrança que eu tenho também, porque eu fiquei muito alegre. Eram acordes totalmente
novos na minha vivencia musical do violão. Então quando eu consegui tocar essa música no
violão inteira eu fui no ápice da alegria.
Certo. Perfeito.
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DONNY D. – CURITIBA, 04 DE FEVEREIRO DE 2013.
Você vai dar uma contribuição importante para nossos estudos. Para isso, eu vou pedir que
você sorteie uma emoção, cite as músicas escolhidas e relate o motivo pelo qual associou
essas músicas à respectiva emoção. Realizada a entrevista, você ainda deverá preencher
um questionário complementar referente a informações pessoais. Alguma dúvida?
Não
Ok. Pode sortear a primeira emoção.
É Alegria.
Isso.
A primeira é Dave Matthews Band, “Shake me like a monkey”. Porque teve uma fase da
minha vida que eu escutava muito Dave Metthews e essa música é do começo de um dos
álbuns. É uma porrada. Era uma fase boa da minha vida. A segunda é do John Meyer, “No
such thing”. Ela deve ser a primeira música do album também e ela é maneira assim,
alegrinha. Como uma música de formatura. A última é do Mozart, “Piano Sonata N°11, K331
em Lá Maior – 3° Mov. Rondó Alla Turca”. Tem um filme do Jim Carrey que toca ela todas
as vezes que ele sai de casa feliz e eu tenho essa pira com a música.
Perfeito, perfeito. Pode sortear a próxima.
Tristeza.
Ok.
“Hope There’s Someone” do Antony and the Johnsons. Essa música é foda porque esse cara
é meio bizarro. Ele é muito homem, meio mulher e tem uma voz toda bizarra. Então é uma
música triste. “Gymnopédie No.1” do Erik Satie. Essa música é foda, lenta no piano, tem
uma melodia massa. E me remete a tristeza, mas não consigo me lembrar o motivo. Pearl
Jam, “Unthought Know”. Eu gostei mais dessa música quando eu ouvi no show e foi um
show bonito, essa música era bonita e fiquei emocionado.
Ok.
Serenidade. “Sweet” do Dave Matthews Band. Essa música é do último álbum e tem um som
de ukelele e ele canta bem no falsete. E Eddie Vedder “Guaranteed”. Porque o Eddie Vedder
é foda também né!? Já tem o Pearl Jam lá. É que o Eddie Vedder manda bem na voz e é uma
parada que remete muito aos sentimentos. Beatles, “Black Bird”. Porque na época que eu
selecionei eu estava escutando os Beatles e é uma música bonita.
Ok.
Raiva. “2 + 2 = 5 (The Lukewarm)”, do Radiohead. Eu selecionei por causa do livro, porque
na época eu estava bem na pira de odiar essa porra. Pantera, “5 Minutes Alone”. Pantera
está no mesmo nível do RATM. Timbrera mesmo! É raiva! Porrada, soco na cara! E
“Testify” do Rage Against The Machine. Quando eu fiz essa lista estava bem na pira do 1984
e essa música fala do livro. É porrada, RATM é uma das banda mais representativas para
criar revolta.
Perfeito.
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ENTREVISTAS – PARTICIPANTES SEM FORMAÇÃO MUSICAL
(PRÉ-TESTE)
VENUS E. – CURITIBA, 19 DE OUTUBRO DE 2012.
Você vai dar uma contribuição importante para nossos estudos. Para isso, eu vou pedir
que você sorteie uma emoção, cite as músicas escolhidas e relate o motivo pelo qual
associou essas músicas à respectiva emoção. Realizada a entrevista, você ainda deverá
preencher um questionário complementar referente a informações pessoais. Alguma
dúvida?
Não
Ok. Pode sortear a primeira emoção.
É Raiva.
Isso.
A primeira que eu escolhi foi a “Pretty Fly (For a white guy)” do The Offspring. Eu
relacionei ela com raiva porque na época eu comecei a namorar com a pessoa que hoje é o
meu futuro marido e tinha um colega dele que eu achava muito boçal. E esse colega sempre
passava de carro com essa música. Eu não gostava da influência desse amigo sobre ele, eu
tinha uma desconfiança. No fim era uma pessoa legal, mas na época eu não o conhecia e
relacionei ele, a boçalidade que achava que ele tinha e essa música. Então toda vez que eu
escuto essa música me dá uma raiva, porque até no refrão tem umas mulheres falando num
tipo de voz que tem uma representação feminina meio degradante. Isso me irrita. A outra
música que relacionei foi “Pra não dizer que não falei das flores” do Geraldo Vandré.
Porque a primeira vez que ouvi essa música eu tinha uns 6 anos de idade e a minha mãe
estava participando de um coral numa igreja. Eu era muito pequena, mas eu lembro que fui
na missa com ela, a missa acabou, e ela queria continuar ensaiando essa música. Essa
música é repetitiva e eu queria muito ir embora, não aguentava mais! Eu era pequena e ela
falava, “não, espera só mais um pouquinho”. E esse “espera”... a música fala “vem, vamos
embora porque esperar não é saber” (risos). Toda vez que eu escuto essa música, eu sinto ela
como uma coisa repetitiva, eu não gosto! E a terceira que eu escolhi, foi “Sabão crá crá” do
Mamonas Assassinas. Porque quando essa música foi lançada eu era pré-adolescente e os
meninos amavam cantar essa música na sala, o tempo todo cantando, eles eram bastante
irritantes. A música pra mim também é irritante!
Perfeito, perfeito. Pode sortear a próxima.
Tristeza.
Ok.
Todas as músicas que eu escolhi tem a ver com a morte. A primeira que eu escolhi que é a
mais triste, na minha opinião é a “Bachianas Brasileiras N°5” do Villa-Lobos. Porque
quando eu tinha 17 anos a minha tia faleceu e era o desejo dela ser cremada. Na cerimonia
de cremação foi escolhida essa música. Foi muito forte pra mim porque era um crematório
em São Paulo, um espaço redondo de vidro, no centro tem um retângulo no chão que se abre
e vem o caixão e o fogo embaixo. Aquela música tocando naquele salão, minha tia morta, e
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eu pensando tudo aquilo. Então, eu escuto essa música, me lembro dela e especialmente do
funeral dela. É uma música que me dá uma sensação de tristeza. A segunda música que eu
escolhi foi “What a Wonderful World” do Louis Armstrong. Quando eu escutei essa música
pela primeira vez foi em uma homenagem a ele que havia acabado de falecer. Eu ficava
analisando a letra da música, em que ele fala que vê isso, que tudo é lindo, mas acabou de
morrer. Ele não vai ver isso mais e eu achei isso muito triste. Também lembra a morte. A
terceira é “In the Arms of an Angel” da Sarah Mclachlan. Tem a ver com o filme, no qual eu
ouvi essa música pela primeira vez, “Cidade dos Anjos”. Ela é bonita, mas também fala da
morte, da separação de duas pessoas. Na verdade a morte é isso né!? A morte é uma
separação entre as pessoas e uma separação em relação à vida. Então foram essas três.
Ok.
Alegria. Para alegria eu escolhi “Where the streets have no name” do U2. Eu sou muito fã
do U2 e eu consegui ir ao show deles em 2011. Especialmente nessa música que eu já
gostava, o Bono e o The Edge foram ao lugar onde eu estava. Foi bem legal porque eu não
tive a sorte de ficar em um lugar bom, eu fiquei bem atrás do palco, apesar de ser 360°. Mas
foi a única música que eles foram tocar para quem estava na parte de trás do palco. Eu
lembro dessa música, eu lembro do show. Para mim é uma música que me dá uma sensação
de alegria. A outra que eu escolhi foi “You get what you give” do New Radicals. Quando eu
ouvi essa música pela primeira vez eu estava passando por uma situação difícil. Eu estava em
Londres, com 17 anos e tinha feito mil planos para essa viagem. Quando cheguei lá tudo deu
errado, mas escutando essa música eu tinha uma sensação boa, porque ela fala de esperança.
Naquela situação, que de certo modo era caótica, essa música me fazia eu me sentir bem. Ela
me traz memórias boas das coisas que eu passei lá, apesar de terem acontecido coisas ruins.
Mas as coisas boas eu lembro escutando essa música. A terceira música foi “Asa Branca” do
Luiz Gonzaga. Por um motivo engraçado. Porque meu pai sempre tocava essa música na
flauta para a gente, quando éramos criança. Ele só sabia essa música, então era meio
engraçado. E outra coisa que eu também relacionei, é porque ela sempre toca em festa
junina. Eu faço aniversário em junho e as minhas festas, quando eu era criança, eram
geralmente com temática junina. Então eu ouço essa música e sinto que tem a ver com
alegria.
Ok. Perfeito.
Serenidade. Eu escolhi “Come Away With Me” da Norah Jones. A música em si já é
tranquila. Eu lembro do vídeo, porque no clip ela está dirigindo numa tarde ensolarada e eu
acho que essa imagem, é uma imagem de tranquilidade, de tempo bom. Você está no carro e
vem o vento. Eu relacionei mais pelo som. Outra foi “Fields of gold” do Sting. Não só pela
sonoridade, mais também pela letra. É uma letra que fala do passado, dá uma sensação de
eternidade. Eu acho que inspira serenidade. A última que eu escolhi foi “Romeiro ao lonxe”
do Luar na Lubre. Porque também fala dessa sensação de eternidade, fala de um amor que
está longe, mas que continua. Acho que o tipo de instrumentos também influencia nessa
música.
Certo. Perfeito.
95
JACKIE B. – CURITIBA, 30 DE OUTUBRO DE 2012.
Você vai dar uma contribuição importante para nossos estudos. Para isso, eu vou pedir
que você sorteie uma emoção, cite as músicas escolhidas e relate o motivo pelo qual
associou essas músicas à respectiva emoção. Realizada a entrevista, você ainda deverá
preencher um questionário complementar referente a informações pessoais. Alguma
dúvida?
Não
Ok. Pode sortear a primeira emoção.
Tristeza. As músicas do Pink Floyd me dão tristeza, em específico “Comfortably Numb”. Ela
me lembra um sentimento de vazio, perturbação. Os gritos da música me angustiam. Ela me
dá um sentimento de aflição. A outra música é “Creep” do Radiohead. Eu conheço a letra,
ela é muito triste e melancólica “Yellow” do Coldplay também. Elas são tristes e eu não sei
explicar.
Perfeito. Pode sortear a próxima.
Serenidade. Eu escolhi a música do Ben Harper, “Diamonds on the inside”. É uma música
que eu gosto muito. Lembro-me do clipe dela, em que ele aparece numa casinha na praia
tocando um violão. Isso para mim está ligado a simplicidade, tranquilidade e me traz um
sentimento de paz. A outra música é “Porcelain” do Moby. Também me lembro do clipe da
música, em que mostra a criança nascendo, as fases da vida. O som da música também me
traz serenidade. Outra música que me passa esse sentimento é “Why me, Lord” do Johnny
Cash. A letra dela me faz parar para pensar na minha relação com Deus. Por isso me passa
esse sentimento de serenidade.
Perfeito. Pode sortear a próxima.
Raiva. Eu coloquei “Eu sem você” da Paula Fernandes. Eu odeio ter que ouvir essa voz
desafinada dela. Não gosto do estilo, o nome sertanejo universitário é ofensivo. As outras
foram “Rap das armas” por causa da letra ser vulgar. Do filme Tropa de elite e “Ooh La
La” (BSOD Mix). Elas me causam dor de cabeça.
Ok.
Alegria. A primeira é “Soul Singing” do Black Crowes. Ela me faz dançar. Ela me causa
alegria. Também gosto do “No Rain” do Blind Melon. Eu gosto da letra da música. Não é só
por causa do clipe que tem uma abelhinha. Por mais que a letra da música fale de alguém
que quer ficar em casa dormindo, ela me causa alegria. A última é “Summer song” do Joe
Satriani. Ela tocava na abertura do Globo Esporte. Ela me dá uma adrenalina e me
desencadeia um sentimento de alegria.
Certo. Perfeito.
JUNGLE J. – CURITIBA, 26 DE JANEIRO DE 2013.
Você vai dar uma contribuição importante para nossos estudos. Para isso, eu vou pedir
que você sorteie uma emoção, cite as músicas escolhidas e relate o motivo pelo qual
associou essas músicas à respectiva emoção. Realizada a entrevista, você ainda deverá
preencher um questionário complementar referente a informações pessoais.
96
Alguma dúvida?
Não
Ok. Pode sortear a primeira emoção.
É Alegria
Isso.
A primeira música é o “Nosso pequeno castelo” do Teatro Mágico. A primeira vez que eu a
ouvi tive um sentimento de esperança. E quando assisti o clipe esse sentimento foi
correspondido. É uma música que gosto muito e me faz eu me sentir bem. A segunda música é
“Simples desejo” do Sâmbo. É uma música que eu sinto alegria porque sempre a colocava
pela manhã para trabalhar. Eu me sentia bem ouvindo essa música.
É uma versão ao vivo?
É, ela é ao vivo.
Ok.
A última é “Hey ya” do Outcast. Ela me faz eu lembrar da época de infância e adolescência
que eu assistia um programa de clips. Eu gostava muito dela e ficava esperando por todo
sábado para ouvir essa música.
Perfeito, perfeito. Pode sortear a próxima.
Serenidade.
Ok.
A primeira é a música “Tema da campanha da fraternidade” de 2005. É uma música que foi
feita em cima da quinta sinfonia de Beethoven. Ela me traz paz e serenidade porque tocava
todo dia, às 7 horas da manhã no colégio que eu trabalhava. Era um momento que estava
entrando o sol e ela me transmitia muita paz, muita tranquilidade. A segunda é “Nalgum
lugar” do Zeca Baleiro. Parece-me que é uma música que me transporta para outro lugar.
Traz-me uma paz, uma alegria que é indescritível, eu gosto muito dessa música. A última é
“Eyes open” do Snow Patrol. Eu a ouvi em um documentário que se referia a derrubar
barreiras, superar limites do corpo humano. Ela foi tão bem colocada que me transmitiu uma
sensação muito bonita. Eu acho que o vídeo só teve esse sentido por causa dessa música. Eu
gosto de ouvi-la justamente para me sentir mais serena, em paz.
Ok.
Tristeza. A primeira é o tema do “Forrest gump” do Alan Silvestri e a segunda é “Chicago”
do filme Little Miss Sunshine. Elas me fazem lembrar-se de uma pessoa muito querida. A
primeira porque era uma música favorita dela e a segunda porque eu a escolhi para fazer
uma homenagem a essa pessoa. São músicas que me causam tristeza porque essa pessoa não
está mais entre a gente. A última é “Canção pra viver mais” do Pato fu. Eu a acho
extremamente triste. Por saber a história da composição dela. Então é pela letra, pela
mensagem que ela passa.
Ok. Perfeito.
Raiva. A primeira é “Rap das armas” que foi usada no filme Tropa de Elite. Justamente por
eu não gostar de violência, achar extremamente repulsiva à situação retratada no filme. Eu
associei com essa música, então eu sinto raiva. A segunda é a “Abertura do BBB” do Paulo
Ricardo. Eu sinto raiva por não gostar desse tipo de programa. Eu acabo associando a raiva
que sinto pelo programa com a música que serve de introdução dele. A última é “Despedida
97
de solteiro” do Latino. Funk e Tecno são gêneros que eu não gosto. Eu achei o cúmulo essa
música. Ele só fez para embarcar no sucesso de outra música que estava na mídia. Eu sinto
raiva.
Certo. Perfeito.
MELANIE R. – CURITIBA, 25 DE MAIO DE 2013.
Você vai dar uma contribuição importante para nossos estudos. Para isso, eu vou pedir
que você sorteie uma emoção, cite as músicas escolhidas e relate o motivo pelo qual
associou essas músicas à respectiva emoção. Realizada a entrevista, você ainda deverá
preencher um questionário complementar referente a informações pessoais. Alguma
dúvida?
Não
Ok. Pode sortear a primeira emoção.
Alegria. Francesco Napoli, a música “Baila, baila”. Ela me lembra de um tempo bom.
Também gosto da música “Eu quero tchu, eu quero tcha” do João Lucas e Marcelo, porque
me lembra de uma pessoa e eu a via dançando. Gosto também da “Castelhana” do grupo
“Os Nativos”, porque me lembro de reuniões de família.
Perfeito. Pode sortear a próxima.
Raiva. “Escrito nas estrelas” da Tetê Espíndola, porque ela ganhou um festival de canções e
com isso tocava muito nas rádios. Ela ficou cansativa. Por isso que eu não gosto dessa
música. Outra é do Pantera, “5 minutes alone”. Eu não gosto desse estilo, tem muito barulho
para pouca mensagem. A última é a música “Segura o Tchan”, do grupo É o Tchan. Porque
ela não tem mensagem nenhuma.
Ok. Pode sortear a próxima.
Serenidade. A primeira é “À noite sonhei contigo” da Paula Toller. É uma música que me
transmite serenidade, é suave. É pela mensagem que ela transmite. Outra é o tema do filme
Forrest Gump do Alan Silvestri. Eu gostei muito do filme e associo ela ao sentimento de
serenidade. E a terceira é o “Tema de Lara” do filme Dr. Zhivago. Sempre que escuto essa
música me dá uma sensação de tranquilidade.
Perfeito. Pode sortear a próxima.
Tristeza. A primeira que escolhi é do Rolando Boldrin, “Vide Vida Marvada”. Ela fala da
vida no campo e isso me faz lembrar da vida do meu pai. Que era uma vida difícil e eu
associo essa música com a vida dele. Outra é do Roupa Nova, a música “Hey Jude”. Eu
trabalhava em uma escola de crianças especiais e vi um aluno cedo cantando essa música.
Quando ouço essa canção, me lembro dessa criança e me sinto triste. Porque apesar de tudo,
a criança parecia feliz. A última é o “Tema da vitória”, porque me lembro da morte do
Ayrton Senna. Causa-me certa tristeza a forma como a imprensa divulgou a morte dele, o
sensacionalismo.
Certo. Perfeito.
98
BROOMHILDA V. S. – CURITIBA, 31 DE MAIO DE 2013.
Você vai dar uma contribuição importante para nossos estudos. Para isso, eu vou pedir
que você sorteie uma emoção, cite as músicas escolhidas e relate o motivo pelo qual
associou essas músicas à respectiva emoção. Realizada a entrevista, você ainda deverá
preencher um questionário complementar referente a informações pessoais. Alguma
dúvida?
Não
Ok. Pode sortear a primeira emoção.
Raiva. Eu relacionei “Deixe estar” do Los Hermanos. É uma música que dá uma raiva por
questões ligadas ao passado. “Baby one more time” da Britney Spears, porque não suporto e
do NxZero, “Razões e emoções”. Eu acho muito repetitivo, é muito maçante. A Britney
Spears é porque eu acho ela ridícula, não vejo letra nas músicas dela, não suporto o tipo de
pessoa que ela é. Isso cria uma distância musical, digamos assim. A música do Los Hermanos
me faz pensar em momentos de raiva, por causa da letra. Não que me faça sentir, mas faz-me
pensar em raiva.
Ok.
Tristeza. A primeira é da Norah jones, “Come away with me”. Eu acho linda a letra, mas
acho muito triste. A melodia me remete a tristeza. Principalmente o tom dela é muito
dramático. Me faz pensar muito em tristeza. “Valsa Brasileira” do Chico Buarque. Também
é muito triste.Pelo tempo da música, é uma música muito dramática. E a letra é super triste.
E “Tudo que se quer”, do Emilio Santiago. Eu acho a letra muito triste. As três músicas tem
uma melodia muito dramática. Acho que isso faz-me lembrar de tristeza.
Perfeito, perfeito. Pode sortear a próxima.
Alegria. A primeira é “Ho Hey” do The Lumineers. É uma música nova, mas bem animada. A
batida dela é bem empolgante. Acho que me faz lembrar “festa”. Me deixa alegre. À Lina, da
Trupe Chá de Boldo, é uma música não muito conhecida, mas tem uma letra bem romântica.
Um ritmo gostoso de ouvir. E por último “Paradise” do Cold Play. Porque o ritmo me remete
alegria. Eu gosto da melodia dela. Eu gosto das três pela melodia, pelo ritmo e pela letra
também. Porque acho que é uma letra que edifica, não é uma letra que faz você ficar
deprimido, querendo cortar os pulsos.
Ok.
Serenidade. Eu coloquei “Simples desejo” da Luciana Mello que é uma música bem da paz.
A letra dela me traz serenidade. “Home” do Phillip Phillips. Ela é mais agitada, mas a letra
é bem serena. Bem tranquila, digamos assim. E “Jóia para a alegria” do Simonami. A letra é
bem tranquila assim, o clipe é em um asilo. Acho que é mais a letra que me traz serenidade.
De fazer pensar e tal. E o ritmo também. Por mais que na “Simples desejo” eu não curta
muito o ritmo, acho muito parado. Mas eu gosto da letra. Então, é isso.
Certo. Perfeito.
99
LANNA F. – CURITIBA, 31 DE MAIO DE 2013.
Você vai dar uma contribuição importante para nossos estudos. Para isso, eu vou pedir
que você sorteie uma emoção, cite as músicas escolhidas e relate o motivo pelo qual
associou essas músicas à respectiva emoção. Realizada a entrevista, você ainda deverá
preencher um questionário complementar referente a informações pessoais. Alguma
dúvida?
Não
Ok. Pode sortear a primeira emoção.
Tristeza. A primeira é “Love Story”. Ela me lembra tristeza porque era da caixinha de
música da minha mãe. Foi meu irmão que deu para ela, então quando eu nasci já existia a
caixinha. Eu sempre gostei daquela música, porque ela me lembra da minha mãe. Quando eu
era criança eu tinha umas crises de ansiedade. Se minha mãe demora-se para chegar em
casa eu começava a achar que ela tinha morrido. Então sempre que eu pensava na morte, no
medo de perder a minha mãe um dia, eu sempre se lembrava dessa música. Mesmo que
depois eu acabei descobrindo que minha mãe na verdade era a minha tia, quando eu escuto
essa música, eu sinto medo de perdê-la. A segunda música é do Paralamas do Sucesso,
“Seguindo estrelas”. Porque quando eu tinha uns 13 anos, uma amiga minha me apresentou
um amigo que a gente conversava por celular. Eu nunca o conheci pessoalmente, mas fiquei
meses conversando com ele. Ficamos muito amigos. Ele sempre dizia que se um dia a gente
perdesse contato, era sempre para eu escutar essa música quando estivesse triste, lembrar-se
dele e ficar mais alegre. Então sempre que eu estou triste, eu escuto essa música e lembro-me
dele. E a terceira é do Paramore, “The Only Exception”. Eu comecei a escutar ela no
comecinho do meu namoro, eu e ele cantávamos juntos. E sempre que tinha uma briga, eu
colocava essa música e chorava, chorava, chorava. Mas sempre essa música me lembra dele.
Essa música me lembra dos momentos que tinha brigado com ele e recorria a ela.
Ok.
Serenidade. A primeira foi do Caetano Veloso, “Leãozinho”. Porque quando eu tinha uns 5
anos, meu irmão cantava muito essa música para mim. Eu sempre fui ligada ao meu irmão e
a gente nunca brigou. Eu não me lembro de nenhuma briga com ele. E ele cantava essa
música para mim porque eu tinha o cabelo brandinho, uma juba. A segunda é do Legião
Urbana, “A ordem dos templários”. Não tem exatamente um “porque”. Meu marido me deu
um CD do Legião. Eu sempre a escutava dirigindo. Eu ficava mais tranquila. Mesmo se
estivesse no transito, eu colocava ela e ficava mais tranquila. A terceira é do João Donato,
“Flor de Maracujá”. Eu gosto bastante dela e me lembra da terra em que nasci.
Perfeito, perfeito. Pode sortear a próxima.
Alegria. A primeira é do The Black Eyed Peace, “I gotta felling”. Eu gosto muito dessa
música, eu gosto muito do clipe, eles são muito alegres. Foi uma das músicas que eu escolhi
para tocar no casamento, no começo da festa. Eu acho ela muito alegre, fico feliz quando
escuto. A segunda é do ABBA, “Dancing Queen”. Porque foi uma das primeiras músicas que
eu aprendi a cantar em inglês. No cursinho a professora sempre a levava e tinha uma amiga
que adorava essa música. Daí quando a professora levou, ela disse: “Ai, eu adoro essa
música!”. E ela me ajudou, me ensinou e essa virou a nossa música. Eu gosto muito. A
terceira é da Kesha, “Tik Tok”. Porque também foi uma das músicas em inglês que eu sabia
cantar bem. E eu dirigia escutando ela e cantando. Eu me lembro de um caso, em que o meu
marido brigou comigo, estava com raiva e ele escutou essa música e lembrou de mim. Isso foi
muito legal.
100
Ok.
Raiva. A primeira é do Paramore, “Ignorance”. Eu acho que é mais por causa da letra. Acho
que no refrão, eu não lembro muito bem da tradução da letra, mas é forte assim. É meio
Rock. Acho que é isso. Adele, “Rolling in the deep”. De todas as músicas dela, essa música é
a que me passa esse sentimento. A última é da Marisa Monte, “Vai saber”. Eu comecei a
escutar ela depois que havia terminado um namoro. A pessoa não me queria porque ainda
pensava em uma ex. E na época essa música tinha muito significado para mim. Eu sentia
muita raiva. E tem a ver com a letra dela, “não vá pensando que determinou, sobre só o que
o amor pode saber”. Ela me apoiou muito. E é isso.
Certo. Perfeito.
DAKOTA B. – CURITIBA, 16 DE JUNHO DE 2013.
Você vai dar uma contribuição importante para nossos estudos. Para isso, eu vou pedir
que você sorteie uma emoção, cite as músicas escolhidas e relate o motivo pelo qual
associou essas músicas à respectiva emoção. Realizada a entrevista, você ainda deverá
preencher um questionário complementar referente a informações pessoais. Alguma
dúvida?
Não
Ok. Pode sortear a primeira emoção.
Serenidade. Walter Franco, “Vela aberta”. Porque ela me passa a ideia de estar em frente ao
mar e a sua imensidão dá uma sensação de liberdade. Acho que é a forma que ele canta. A
outra é do The Beatles, “Here comes the sun”, que é uma das poucas músicas que o George
Harinson canta. Ele é o meu preferido. Acho que toda a influência mística dele, influência da
índia, dos instrumentos indianos. Eu acho muito bonito. E a última é do Beto Guedes, “Sal da
terra”. Eu acho que é a letra da música e o timbre da voz dele. E dá essa sensação de paz.
Ok.
Tristeza. A primeira é “Pedaço de mim” do Chico Buarque. Porque ela me remete a ideia de
perda e ele fez exatamente por isso. Durante o período da ditadura militar, a Zuzu Angel
perde o filho e nunca o pode enterrar. Então dá uma sensação de angustia de morte. É uma
experiência terrível. Eu vivia essa experiência. Na música é uma relação da mãe com o filho;
da mãe que não pode enterrar o filho. A minha vida inteira eu tive um embate muito grande
com a minha mãe e nos últimos anos de vida dela, as coisas se inverteram. Eu tenho a
impressão que essa música mostra exatamente isso. Por sorte, no meu caso é uma perda, mas
parece que ela foi resolvida ao longo da vida. Não é angustiante. Radiohead, “The fake
plastic trees”. As músicas deles no geral são assim. Eu necessariamente não sou uma pessoa
depressiva, mas eu gosto da melancolia. As músicas deles basicamente são isso. E Rolling
Stones, “Lady Jane”. Pela interpretação do Mike Jagger. Por causa de um período da minha
vida bastante difícil. Algumas decepções, principalmente comigo mesma. E como ele canta,
parece um lamento. Embora eu não saiba, me parece isso.
Perfeito, perfeito. Pode sortear a próxima.
Alegria. A primeira é “Dança dos meninos” do Milton Nascimento. Ela parece uma canção
de roda. As crianças cantando em contraste com a voz dele, para mim é maravilhoso.
Quando eu era criança eu adorava brincar de roda e parece que ela é de fato uma canção de
101
roda, a mistura de vozes dos meninos e com a voz forte dele. Então acho que é por isso que
eu gosto tanto dessa música. “All need is love”, do The Beatles. A ideia é que todo mundo
precisa de amor. Eles cantam essa música com um monte de gente, com uma orquestra.
Então ela é pra cima, alegre, por isso que eu gosto. E “Castelhana”, do grupo Os Nativos. É
por causa dos momentos em família. Essa música parecia a trilha sonora dos natais. Acho
que é isso.
Ok.
Raiva. As três músicas que eu escolhi foram a trilha sonora de um momento muito difícil que
eu vivi. A primeira foi do RPM, “Olhar 43”. Foi um grupo que estourou de repente. A forma
arrogante de cantar do vocalista, de interpretar me faz não gostar a ponto de me fazer sentir
raiva. Tem também “Deusa” e “Você” do Roupa Nova, pelo mesmo motivo. Por estar
vivendo um momento difícil e por essas músicas estarem estourando na mídia. Era um
contraponto. Na época e até hoje elas me remetem a um sentimento de raiva, de repulsa.
Certo. Perfeito.
JÖE B. – CURITIBA, 16 DE JUNHO DE 2013.
Você vai dar uma contribuição importante para nossos estudos. Para isso, eu vou pedir
que você sorteie uma emoção, cite as músicas escolhidas e relate o motivo pelo qual
associou essas músicas à respectiva emoção. Realizada a entrevista, você ainda deverá
preencher um questionário complementar referente a informações pessoais. Alguma
dúvida?
Não
Ok. Pode sortear a primeira emoção.
Tristeza. “Velho casarão” do Teixeirinha. Ela me remete a episódios que meu pai viveu. Na
mesa, ele sempre contava histórias de momentos difíceis da vida dele. E essa música me
remete a esses momentos. “Vida passageira” do Ira. Porque fala sobre a morte. Foi uma
experiência que eu vivi, na época que o meu irmão morreu. Talvez foi uma morte mais
próxima. Isso me deixa muito triste, uma pessoa que tinha tudo para viver e que acabou indo
muito cedo.“Além do silencio” do Blindagem. Ela também me remete a tristeza, porque são
pessoas que não aproveitam suas vidas, desperdiçam sua saúde e perdem a vida muito cedo.
Ok.
Serenidade. “Segundo sol” do Nando Reis; “Palavras ao vento” da Cassia Eller e “Só os
loucos sabem” do Charlie Brown Jr. Eu me imagino como se eu estivesse em alto mar, sem
preocupações, sem problemas externos, viajando.
Perfeito, perfeito. Pode sortear a próxima.
Raiva. Genival Lacerda, “Severina Xique Xique”. Eu acho a interpretação dele nojenta. Ela
me dá raiva. As outras são “Brincar de Índio” e “Cinco patinhos” da Xuxa. Porque eu não a
suporto. Não suporto esse tipo de pessoa dondoquinha. Não gosto disso. Odeio esse tipo de
coisa.
Ok.
Alegria. A primeira é do Skank, “Uma partida de futebol”. Eu acho que essa música anima.
Parece que vem alguma coisa de dentro. A forma como ela é tocada, me remete alegria.
102
A outra que eu coloquei foi “Relicário” do Nando Reis. Ela é uma música tranquila que me
deixa alegre. E “Vermelho” da Fafá de Belém é aquela dança, aquele frenesi. Elas me
deixam alegre.
Certo. Perfeito.
JULES W. – CURITIBA, 27 DE JUNHO DE 2013.
Você vai dar uma contribuição importante para nossos estudos. Para isso, eu vou pedir
que você sorteie uma emoção, cite as músicas escolhidas e relate o motivo pelo qual
associou essas músicas à respectiva emoção. Realizada a entrevista, você ainda deverá
preencher um questionário complementar referente a informações pessoais. Alguma
dúvida?
Não
Ok. Pode sortear a primeira emoção.
Felicidade-“Choram as rosas” Bruno e Marrone. Ela me dá alegria, felicidade porque uma
vez eu estava voltando de uma pescaria com o meu pai e ele colocou essa música bem alto. A
principio eu achei ela estranha, mas depois comecei a achar legal e gostei dessa música. A
segunda que eu coloquei foi “Crazy train” do Ozzy Osbourne. Foi a primeira música que eu
gostei de rock. Eu ouvi quando estava numa pescaria em um rádio de vinil. Foi a primeira
música que eu ouvi. E “E.C.T.” da Cassia Eller. Quando eu era criança eu cantava ela no
Karaoquê e até hoje eu gosto dela, ela me traz felicidade.
Ok.
Bom, músicas que me trazem Raiva. A primeira é “Garota de Ipanema” do Tom Jobim. Ela
me desperta raiva porque traz aquela ideia que ser brasileiro é ser carioca. A capital do
Brasil é o Rio de Janeiro. Isso me deixa com raiva, eu fico puto com essas coisas. A segunda
música é “Ela é carioca”, ela estava na trilha da novela América. Eu não gosto dela pelo
mesmo motivo que eu não gosta da música do Tom Jobim. A última música é “Malandro é
malandro, mané é mané”. É uma música que para mim não acrescenta nada. Me lembra essa
coisa do carioca assim e me deixa muito irritado. É uma música meio babaca.
Ok.
Serenidade. “Girl, you'll be a woman soon” do Urge Overkill. Essa música tem uma melodia
legal que eu gosto. Tem no filme Pulp Fiction e minha mãe tinha esse CD. Eu ficava ouvindo
quando era criança muitas vezes e acabei ficando gravada na minha mente. A outra música é
“Aniversário” do Palavra cantada. Foi uma música que quando eu era criança a minha mãe
colocou para eu ouvir. Ela comprou um CD do Palavra cantada, eu ouvia e também acabou
ficando na minha mente. A última é “Bittersweet symphony” do The verve. Tem uma melodia
que eu acho muito boa. Traz uma sensação de serenidade como nenhuma outra.
Ok.
Tristeza. Edith Piaf, “La Vie En Rose”. Também me lembro que minha mãe tem essa música
em um CD e eu acabava ouvindo bastante. Isso me marcou e me traz tristeza porque eu acho
ela muito melancólica. Tem uma coisa meio triste na música. A segunda é “Time” do Hans
Zimmer. Tem naquele filme, A origem. Nossa, eu acho ela muito boa. A própria melodia da
música me traz uma coisa de tristeza. Me deixa triste, meio pra baixo. E outra música que me
deixa triste é o “Tema da saga de filmes Jogos mortais”. Eu acho muito boa também, Ela me
103
traz uma lembrança do filme, O tema do filme é dar outra chance para o cara viver, já que o
mesmo destruiu a vida dele. Então é uma música que me deixa bem triste. É isso.
Perfeito, perfeito.
MIA W. – CURITIBA, 27 DE JUNHO DE 2013.
Você vai dar uma contribuição importante para nossos estudos. Para isso, eu vou pedir
que você sorteie uma emoção, cite as músicas escolhidas e relate o motivo pelo qual
associou essas músicas à respectiva emoção. Realizada a entrevista, você ainda deverá
preencher um questionário complementar referente a informações pessoais. Alguma
dúvida?
Não
Ok. Pode sortear a primeira emoção.
Alegria. “Batuque” da Daniela Mercury. Ela me dá alegria, primeiro porque ela é baiana.
Bom, poderia ser uma porção de músicas, mas essa me em especifico me dá alegria. Na
época que eu a conheci eu gostei da música. É isso. A segunda é “I Can See Clearly Now” do
Jimmy Cliff. A primeira vez que eu ouvi ela me fez lembrar de uma manhã de sábado, que
você não precisa trabalhar. Ela é linda. Me lembra de um filme, “Thelma & Louise” que
aparece essa música também. É uma música que se eu estiver triste, certamente ficarei alegre
ao ouvir. A terceira, “What’s Up”, 4 Non Blondes. Eu não sei. Eu gosto do clipe dela, da
garota que canta. Eu gostaria de ter cantado essa música. (risos) Sabe aquelas música,
“puta, por que não fui eu que inventei essa música?”. (risos)
Ok.
Tristeza. A primeira é “Valsinha” do Chico Buarque. Eu acho a história triste. Você vê que
as pessoas mais simples amam também. Me dá uma certa tristeza, mas não por causa disso.
Sei lá, porque fala de um relacionamento. Apesar de ser um relacionamento parece que ele
até dá importância para ela, parece ser longo demais, até que um dia ele resolve olha-la de
uma forma diferente. Me dá uma certa tristeza. “Pale Blue Eyes” da Marisa Monte. Ela não
me dá tanta tristeza, mas não sei. Até me dá uma certa tranquilidade. Mas associo como ela
sendo triste. “Dança dos Meninos” do Milton Nascimento. Essa com certeza me dá mais
tristeza. Porque essa música me faz lembrar do meu gato “Mickey”, que foi o gato que eu
mais amei na minha vida. Porque ele me amava também, eu era correspondida. Desde que eu
ouvi ela, eu pensei, “essa música é para ele”. E quando ele morreu, essa música ficou
associada a ele e me dá uma tristeza. Não posso nem falar dessa música que já choro.
Ok.
Raiva. Eu escolhi “Ai se eu te pego” do Michel Teló. Não é só por estar tocando demais. Eu
até nem tenho raiva dele e normalmente eu não pego muita raiva assim, não sou uma pessoa
preconceituosa nesse sentido. Mas quando eu vi a coreografia dessa música, eu achei
terrível, obscena demais. E até canto a música, sabe quando você canta para a música passar
mais rápido? (risos). Eu faço isso. A outra, “Madri” do Fernando e Sorocaba. Eu acho ela
pedante demais! O cara dizer que tem um amor lá em Madri, daí fica falando sabe!? Eu fico
envergonhada de ouvir essa música. Sabe aquela música que você tem vergonha alheia?
(risos). É isso. A última é “Eternal Flame” do grupo The Bangles. Essa música eu odeio!
Dentre todas as músicas que eu odeio, está bem colocada no ranking das top 10. (risos).
104
Ok.
Serenidade. Tem a “Harvest Moon” e a “Heart of Gold” do Neil Young. São de um filme que
eu assisti que chama-se “Comer, rezar e amar”. Bom, todo mundo fala: “que piegas, que
horror, que brega!”, mas eu adoro esse filme. O momento que eu assisti esse filme foi
justamente o momento da separação. Foi um momento que eu me identifiquei com a
personagem do filme. A letra das músicas têm tudo a ver com o momento que eu estava
vivendo. Então até hoje ela me dá serenidade. No sentido de “Não, você fez a coisa certa”. E
a última é “Minha Casa” do Zeca Baleiro. Bom, primeiro que do Zeca Baleiro eu teria uma
música para cada emoção, mas era difícil fazer essa seleção né!? Dá vontade de colocar um
monte né?! (risos). Essa não lembra a minha casa atual, ela lembra da casa em que vivi a
minha infância. Para mim aquela ainda é a minha casa no sentido de acolhimento, de
conforto, de família. Não que eu não goste da minha casa atual, mas quando eu escuto essa
música, eu não penso nessa casa, eu penso naquela casa. Lá eu fui muito feliz, durante muito
tempo. Então é por isso, essa música me dá serenidade.
Certo. Perfeito.
105
TRECHOS MUSICAIS DO GRUPO CONTROLE – PARTICIPANTES COM
FORMAÇÃO MUSICAL
Tabela 3
Trechos musicais que obtiveram as mais altas porcentagens de associações emocionais por
participantes com formação musical no estudo desenvolvido por Ramos (2008).
Emoção
Música N°1
Música N°2
Música N°3
Alegria
Hungarian Rapsody N°02
(Liszt)
That certain feeling
(Gershwin)
O tambor dos granadeiros
(Chapí)
Raiva
Totentanz
(Liszt)
Tod and Verklärung 7’ to
7’36
(Strauss)
Trio 2 for violin, cello and
piano - moderato
(Shostakovitch)
Serenidade
Sonata A for Harpsichord
(Scarlatti)
Violin romance
(Beethoven)
Violin Concerto Adágio
(Brahms)
Tristeza
Erwartung
(Schöenberg)
Gnossiènne N°02
(Satie)
Tristan act 03
(Wagner)
TRECHOS MUSICAIS DO GRUPO CONTROLE – PARTICIPANTES SEM
FORMAÇÃO MUSICAL
Tabela 4
Trechos musicais que obtiveram as mais altas porcentagens de associações emocionais por
participantes sem formação musical no estudo desenvolvido por Ramos (2008).
Emoção
Música N°1
Música N°2
Música N°3
Alegria
That certain feeling
(Gershwin)
Hungarian Rapsody N°02
(Liszt)
Petrouchka
(Stravinsky)
Raiva
Totentanz
(Liszt)
Tod and Verklärung 7’ to 7’36
(Strauss)
Tasso Lamento &
Triomfo (Liszt)
Serenidade
Suite française G –
Sarabande (Bach)
Violin Concerto Adágio
(Brahms)
Waltz N°03
(Chopin)
Tristeza
Piano Concerto Adágio
(Mozart)
Gnossiènne N°02
(Satie)
Erwartung
(Schöenberg)
106
TRECHOS MUSICAIS DO GRUPO EXPERIMENTAL – PARTICIPANTES COM
FORMAÇÃO MUSICAL
Tabela 5
Trechos musicais selecionados pelos participantes com formação musical para a categoria
emocional Alegria.
Participante
Música N°1
Música N°2
Música N°3
Aldo R.
Come Back
(Rosie and Me)
Jóia pra Alegria
(Simonami)
Águas de Março
(Tom Jobim)
Shosanna D.
Satchita
(Playing for Change)
Trips
(Beca Arruda)
É D'Oxum
(Gerônimo)
Omar U.
Concerto para Fagote K191
(W. A. Mozart)
A Doida
(Seu Jorge)
Opening Theme
(SNL – 1995-1996)
Hugo S.
No Rain
(Blind Melon)
Shake Me Like a Monkey
(Dave Matthews Band)
Black or White
(Michael Jackson)
Bridget V. H.
It's Rainning Men
(The Weather Girls)
Sina
(Djavan)
Eine Kleine Nachtmusik K525
(Allegro)
(W. A. Mozart)
Julie L.
Paisagem Matuta
(Comtrasteduo)
Eu quero sempre mais
(Ira & Pitty)
Just Breathe
(Pearl Jam)
Smithson U.
Segunda Abertura do Dragon
Ball Z
Another Brick In The Wall
(Pink Floyd)
Corazon Espinado
(Santana)
Suzanne L.
La Valse d’Amélie
(Yann Tiersen)
Oh Happy day
(Aretha Franklin)
I Feel Good
(James Brown)
Charlotte L.
Soli Deo Gloria
In My Life
(The Beatles)
Oceano
(Djavan)
Donny D.
Shake Me Like a Monkey
(Dave Matthews Band)
No Such Thing
(John Mayer)
Piano Sonata No.11 in A Major
K331 - 3° Mov. Rondo Alla
Turca
(W. A. Mozart)
107
Tabela 6
Trechos musicais selecionados pelos participantes com formação musical para a categoria
emocional Raiva.
Participante
Música N°1
Música N°2
Música N°3
Aldo R.
Eguinha Mijoleta
(Dj Leno)
Liga da Justiça
(Leva Noiz)
Tchubaruba
(Mallu Magalhães)
Shosanna D.
Universo ao meu redor
(Marisa Monte)
No Use for a Name
(Dumb Reminders)
Tão bela
(Ponto de Equilíbrio)
Omar U.
Crente Pipoquinha
(Cristina Mel)
Ai se eu te pego
(Michel Teló)
Twinkle Twinkle Little Star
(Mozart for Babies)
Hugo S.
Trigger
(In Flames)
In the name of God
(Dream Theater)
Used
(Pain of Salvation)
Bridget V. H.
Mistérios
(Boca Livre)
The Blower's Daughter
(Damien Rice)
Bijuteria
(João Bosco)
Julie L.
Paranoid
(Black Sabbath)
Choro pro Guinga
(André Egg)
O Milionário
(Os Incríveis)
Smithson U.
The Four Horsemen
(Metallica)
Seek & Destroy
(Metallica)
Cowboys from Hell
(Pantera)
Suzanne L.
Minha alma
(O Rappa - Maria Rita)
Camaro amarelo
(Munhoz & Mariano)
O último dia
(Paulinho Moska)
Charlotte L.
Monalisa
(Djavan)
O Palhaço
(Egberto Gismonti)
Em plena lua de mel
(Pedra Letícia)
Donny D.
2 + 2 = 5 (The Lukewarm)
(Radiohead)
5 Minutes Alone
(Pantera)
Testify
(Rage Against The Machine)
108
Tabela 7
Trechos musicais selecionados pelos participantes com formação musical para a categoria
emocional Serenidade.
Participante
Música N°1
Música N°2
Música N°3
Aldo R.
Sinfonia N°9 em mi menor (2° mov)
(A. Dvorak)
Sonora
(Arthur Maia)
Mother Nature's Son
(The Beatles)
Shosanna D.
Suite No.1 in G Major BWV1007
(Prelude)
(J. S. Bach)
Society
(Eddie Vedder)
Copo de Leite
(Massorock)
Omar U.
Gopala Krishna
(George Harrison)
Missa Papae Marcelli
(Kyrie)
(Palestrina)
Chove Chuva
(Sergio Mendes & Brasil '66)
Hugo S.
Tonada de Luna Llena
(Caetano Veloso)
Vide Vida Marvada
(Rolando Boldrin)
Tres notas para decir te quiero
(Vicente Amigo)
Bridget V. H.
Ter que esperar
(Chicas)
Canon in D Major
(J. Pachelbel)
Soul on Soul
(Rod Stewart)
Julie L.
Sentindo
(Alessandro Penezzi)
The Ghost of Rockschool
(Belle and Sebastian)
Astronauta de Mármore
(Nenhum de Nós)
Smithson U.
Maria Maria
(Santana)
Love of my life
(Santana)
Primavera
(Santana)
Suzanne L.
A paz que eu sempre quis
(Vida Reluz)
The ice dance
(Danny Elfman)
Paciência
(Lenine)
Charlotte L.
Mary, did you know?
Casa de farinha
Milagreiro
(Djavan – Cassia Eller)
Donny D.
Sweet
(Dave Matthews Band)
Guaranteed
(Eddie Vedder)
Blackbird
(The Beatles)
109
Tabela 8
Trechos musicais selecionados pelos participantes com formação musical para a categoria
emocional Tristeza.
Participantes
Música N°1
Música N°2
Música N°3
Aldo R.
Morning Nightcap
(Lúnasa)
Cantus in Memory of
Benjamin Britten
(Arvo Pärt)
#41
(Dave Matthews Band)
Shosanna D.
Só os loucos sabem
(Charlie Brown Jr.)
Finale (Once Upon a Time in
The West)
(Ennio Morricone)
Solo le pido a Dios
(Mercedes Sosa)
Omar U.
Sinfonia No.3 em Eb (2° mov)
(L. V. Beethoven)
Candle In The Wind
(Elton John)
Samurai
(Djavan)
Hugo S.
Sob o mesmo céu
(Lenine)
Still Day Beneath The Sun
(Opeth)
Patterns in The Ivy
(Opeth)
Bridget V. H.
Geni e o Zepelim
(Chico Buarque)
Milagreiro
(Djavan – Cassia Eller)
Homeless
(Leona Lewis)
Julie L.
Dream On
(Nazareth)
There is a Light That Never
Goes Out
(The Smiths)
Vento no Litoral
(Legião Urbana)
Smithson U.
Abertura do Dragon Quest Fly
Catch you, catch me (Abertura)
– Sakura Card Captors
Tactics (Ending) – Samurai X
Suzanne L.
Caicó (cantiga)
(Milton Nascimento)
Nearer my God to thee
(Hino)
Tu te abeiraste da praia
(A barca)
Charlotte L.
Mais perto eu quero estar
Sinfonia N°1 – 3° Mov.
(Mahler)
Se as águas do mar da vida
Donny D.
Hope There's Someone
(Antony and the Johnsons)
Gymnopédie No.1
(Erik Satie)
Unthought Known
(Pearl Jam)
110
TRECHOS MUSICAIS DO GRUPO EXPERIMENTAL – PARTICIPANTES SEM
FORMAÇÃO MUSICAL
Tabela 9
Trechos musicais selecionados pelos participantes sem formação musical para a categoria
emocional Alegria.
Participante
Música N°1
Música N°2
Música N°3
Venus E,
Where the streets have no name
(U2)
You get what you give
(New Radicals)
Asa Branca
(Luiz Gonzaga)
Soul Singing
(Black Crowes)
No Rain
(Blind Melon)
Summer song
(Joe Satriani)
Jungle J.
Nosso pequeno castelo
(Teatro Mágico)
Simples desejo
(Sâmbo)
Hey ya
(Outcast)
Melanie R.
Baila, baila
(Francesco Napoli)
Eu quero tchu, eu quero tchã
(João Lucas e Marcelo)
Castelhana
(Os Nativos)
Broomhilda V. S.
Ho Hey
(The Lumineers)
À Lina
(Trupe Chá de Boldo)
Paradise
(Cold Play)
Lanna F.
I gotta felling
(The Black Eyed Peace)
Dancing Queen
(ABBA)
Tik-Tok
(Ke$ha)
Dakota B.
Dança dos meninos
(Milton Nascimento)
All need is love
(The Beatles)
Castelhana
(Os Nativos)
Jöe B.
Uma partida de futebol
(Skank)
Relicário
(Nando Reis)
Vermelho
(Fafá de Belém)
Jules W.
Choram as rosas
(Bruno e Marrone)
Crazy train
(Ozzy Osbourne)
E. C. T.
(Cassia Eller)
Mia W.
Batuque
(Daniela Mercury)
I can see clearly
(Jimmy Cliff)
What’s up
(4 Non Blondes)
Jackie B.
111
Tabela 10
Trechos musicais selecionados pelos participantes sem formação musical para a categoria
emocional Raiva.
Participante
Música N°1
Música N°2
Música N°3
Venus E,
Pretty Fly (For a white guy)
(The Offspring)
Pra não dizer que não falei das flores
(Geraldo Vandré)
Sabão crá crá
(Mamonas Assassinas)
Eu sem você
(Paula Fernandes)
Rap das armas
(Trilha - Tropa de Elite)
Ooh La La
(BSOD Mix)
Jungle J.
Rap das armas
(Trilha - Tropa de Elite)
Abertura do BBB
(Paulo Ricado)
Despedida de solteiro
(Latino)
Melanie R.
Escrito nas estrelas
(Tetê Espíndola)
5 minutes alone
(Pantera)
Segura o Tchan
(É o Tchan)
Broomhilda V. S.
Deixe estar
(Los Hermanos)
Baby one more time
(Britney Spears)
Razões e emoções
(NxZero)
Lanna F.
Ignorance
(Paramore)
Rolling in the deep
(Adele)
Vai saber
(Marisa Monte)
Dakota B.
Olhar 43
(RPM)
Deusa
(Roupa Nova)
Você
(Roupa Nova)
Jöe B.
Severina Xique Xique
(Genival Lacerda)
Brincar de Índio
(Xuxa)
Cinco patinhos
(Xuxa)
Jules W.
Garota de Ipanema
(Tom Jobim)
Ela é carioca
(Trilha – Novela América)
Malandro é malandro,
mané é mané
Mia W.
Ai se eu te pego
(Michel Teló)
Madri
(Fernando e Sorocaba)
Eternal Flame
(The Bangles)
Jackie B.
112
Tabela 11
Trechos musicais selecionados pelos participantes sem formação musical para a categoria
emocional Serenidade.
Participante
Música N°1
Música N°2
Música N°3
Venus E,
Come away with me
(Norah Jones)
Fields of gold
(Sting)
Romeiro ao lonxe
(Luar na Lubre)
Jackie B.
Diamonds on the inside
(Ben Harper)
Porcelain
(Moby)
Why me, Lord
(Johnny Cash)
Jungle J.
Tema da Campanha da
Fraternidade (2005)
Nalgum lugar
(Zeca Baleiro)
Eyes open
(Snow Patrol)
Melanie R.
À noite sonhei contigo
(Paula Toller)
Tema do filme Forrest Gump
(Alan Silvestri)
Tema de Lara
(Trilha - filme Dr.
Zhivago)
Broomhilda V. S.
Simples desejo
(Los Hermanos)
Home
(Phillip Phillips)
Jóia para a alegria
(Simonami)
Lanna F.
Leãozinho
(Caetano Veloso)
A ordem dos templários
(Legião Urbana)
Flor de Maracujá
(João Donato)
Dakota B.
Vela aberta
(Walter Franco)
Here comes the sun
(The Beatles)
Sal da terra
(Beto Guedes)
Jöe B.
Segundo sol
(Nando Reis)
Palavras ao vento
(Cassia Eller)
Só os loucos sabem
(Charlie Brown Jr.)
Jules W.
Girl, you’ll be a woman soon
(Urge Overkill)
Aniversário
(Palavra cantada)
Bittersweet symphony
(The verve)
Mia W.
Harvest Moon
(Neil Young)
Heart of gold
(Neil Young)
Minha casa
(Zeca Baleiro)
113
Tabela 12
Trechos musicais selecionados pelos participantes sem formação musical para a categoria
emocional Tristeza.
Participante
Música N°1
Música N°2
Música N°3
Venus E,
Bachianas brasileiras N°5
(Villa-Lobos)
What a wonderful world
(Louis Armstrong)
In the arms of na angel
(Sarah Mclachlan)
Jackie B.
Comfortably Numb
(Pink Floyd)
Creep
(Radiohead)
Yellow
(Coldplay)
Jungle J.
Tema do filme Forrest Gump
(Alan Silvestri)
Chicago
(Filme The Little Miss Sunshine)
Canção pra viver mais
(Pato Fu)
Melanie R.
Vide Vida Malvada
(Rolando Boldrin)
Hey Jude
(Roupa Nova)
Tema da vitória (F1)
Broomhilda V. S.
Come away with me
(Norah Jones)
Valsa brasileira
(Chico Buarque)
Tudo que se quer
(Emilio Santiago)
Lanna F.
Love story
Seguindo estrelas
(Paralamas do Sucesso)
The only exception
(Paramore)
Dakota B.
Pedaço de mim
(Chico Buarque)
The fake plastic trees
(Radiohead)
Lady Jane
(Rolling Stones)
Jöe B.
Velho casarão
(Teixeirinha)
Vida Passageira
(Ira)
Além do silêncio
(Blindagem)
Jules W.
La vie en rose
(Edith Piaf)
Time
(Hans Zimmer)
Tema do Filme – Jogos
mortais
Mia W.
Valsinha
(Chico Buarque)
Pale Blue Eyes
(Marisa Monte)
Dança dos meninos
(Milton Nascimento)
114
ANEXO
DVD – Trechos musicais (Teste)

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