A orientação de enfermagem a gestantes que fazem uso de álcool e

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A orientação de enfermagem a gestantes que fazem uso de álcool e
A orientação de enfermagem a gestantes que fazem uso
de álcool e tabaco
The guidance of nursing the pregnant women that make use of alcohol and tobacco
La orintación de enfermería las mujeres embarazadas que hacen uso del
alcohol y tabaco
Resumo: Este trabalho objetiva, através de pesquisa bibliográfica, analisar o uso e as consequências do álcool e
tabaco durante a gestação. Foram utilizados artigos científicos publicados entre 2005 e 2011. O álcool é absorvido
pela corrente sanguínea, afetando todos os tecidos do corpo. Estudos apontam que 30 ml/dia pode causar o
abortamento espontâneo, alterações funcionais, anomalias do SNC, déficit de crescimento, prematuridade,
deficiências cardíacas, SAF (síndrome alcoólica fetal), entre outras. O tabaco possui mais de 4.000 substâncias em
sua composição, muitas ainda não conhecidas, mas prejudiciais ao feto. Estudos apontam que apenas 20% das
mulheres gestantes param de fumar durante a gestação, as primigestas são as que abandonam o vício. Embora
muitas orientações sejam feitas durante as consultas médicas no pré-natal, é de competência do enfermeiro,
através de palestras, grupos de gestantes e até mesmo nas consultas de pré -natal, orientar sobre os malefícios do
uso dessas substâncias.
Descritores: Álcool, Tabaco, Riscos Gestacionais.
Abstract: The goal of this paper is, through bibliographic research; analyze the use and consequences of alcohol
and tobacco during pregnancy. For this study, we used scientific articles published between 2005 and 2011. The
alcohol absorbed into the bloodstream, affects all body tissues. Studies show that 30 ml/day can cause
spontaneous abortion, functional alterations, facial abnormalities, CNS anomalies, impaired growth, prematurity,
heart failure, AFS, among others. The tobacco has more than 4,000 substances in their composition, many not yet
known, but harmful to the fetus. Studies show that only 20% of pregnant women stop smoking during pregnancy,
prim gravidae are the ones who abandon the habit. Although many guidelines are m ade during the visits of
prenatal care, it is the competence of nurses, through lectures, pregnancy groups and even in prenatal
consultations, guidance about the dangers of these substances.
Descriptors: Alcohol, Tobacco, Pregnancy Risks.
Resumen: Este artículo pretende, a través de la literatura, analizar el uso y consecuencias del alcohol y el
tabaco durante el embarazo. Se utilizó artículos científicos publicados entre 2005 y 2011. El alcohol se absorbe en
el torrente sanguíneo, afectando todos los tejidos del cuerpo. Los estudios muestran que 30 ml / día puede causar
aborto espontáneo, los cambios funcionales, alteraciones del SNC, retraso del crecimiento, prematuridad,
insuficiencia cardíaca, SAF, entre otros. El tabaco tiene más de 4.000 sustancias e n su composición, muchos aún
no se conoce, pero perjudicial para el feto. Los estudios muestran que sólo el 20% de las mujeres embarazadas a
dejar de fumar durante el embarazo, primigravidas están abandonando el hábito. Aunque las directrices muchos
se hacen durante las visitas de atención prenatal es la competencia de las enfermeras, a través de conferencias,
grupos de orientación de las mujeres embarazadas e incluso en las consultas previas al parto, sobre los peligros
de estas sustancias.
Descriptores: Alcohol, Tabaco, Riesgos del Embarazo.
Jander Neves dos Santos, Emili de Fátima Martins de Souza
Acadêmico e Acadêmica do Curso de Enfermagem da Universidade Braz Cubas.
E-mail: [email protected]
Ana Paula de Aquino, Josiane Neves dos Santos, Daniela Maria Bissaco
Acadêmicas do Curso de Enfermagem da Universidade Braz Cubas.
Elisabeth Rocco Suano
Enfermeira. Especialista em obstetrícia pela Universidade São Camilo. Doutoranda pela UMC. Docente do Curso de Enfermagem da Universidade
Braz Cubas.
Amanda Zapparoli Tandrafilov
Enfermeira. Doutora em Enfermagem Fundamental pela EERP/USP. Docente do Curso de Enfermagem da Universidade Braz Cubas.
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Santos NS, Souza EFM, Aquino AP, Santos JN, Bissaco DM, et al
São Paulo: Revista Recien. 2014; 4(10):5-11
A orientação de enfermagem em gestantes que fazem uso do álcool e tabaco
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------escolar e doméstico. Essas crianças apresentam menor
Introdução
capacidade de adaptação e habilidades abaixo da média
O nascimento de uma criança saudável é a principal
expectativa
dos
pais
logo
que
uma
gestação
em relação a indivíduos da mesma idade, demonstram
é
problemas
de
socialização
e
comunicação,
desenvolve
desajustes
sendo que
confirmada. A emancipação faz da mulher um alvo
grande
para a indústria do álcool e do cigarro, que passou a
significativos, como impulsividade e promiscuidades 3,8.
divulgar essas substâncias como símbolo de libe rdade
Para
1
e independência .
sendo
oportunidade
adotando
a
mãe,
agravos,
A gravidez é uma época de alterações físicas e
psíquicas,
parte
assim,
para
deve
alterações
comportamentos
também
no
mais
ser
estilo
de
saudáveis.
uma
vida,
a
como
depressão
e
associada
ao
exposição
doenças
distúrbios
ganho
de
ao
comportamentais
álcool
também
cardiovasculares,
neurológicos.
peso
câncer,
Está
gestacional
traz
também
insuficiente,
menor número de consultas no pré-natal e aumento do
Neste
risco de utilização de outras drogas 3.
contexto, os profissionais de saúde tem um papel de
As gestantes que fazem uso de cigarro e álcool devem
extrema importância na ação preventiva da mudança
ser tratadas como de risco. Entende-se por gestação de
de hábitos e atitudes 2.
risco aquela na qual a saúde e/ou a vida tanto da mãe
Achados apontam a presença de álcool no leite
quanto do concepto têm maiores chances de sofrerem
materno, promovendo alterações na produção, volume,
danos do que as da média da população considerada 3.
composição e excreção do leite, causando prejuízos ao
O uso do cigarro durante a gestação associa -se o maior
recém-nascido. O álcool ingerido atravessa a barreira
risco de intercorrências maternas e tal observação é feita
placentária
mesma
pela análise comparativa do risco de intercorrências entre
concentração alcóolica que a mãe. Porém, a exposição
as gestantes e não fumantes. Sabe-se que ocorre uma
é maior para o feto, pois seu metabolismo e eliminação
diminuição
são mais lentos 3,4 .
mulheres que fumam. Diferenças nos níveis de prolactina
e
o
feto
fica
exposto
à
O uso do álcool tem seus malefícios conforme o
da
quantidade
de
leite
produzido
pelas
entre as mães fumantes e que deixaram de amamentar e
período gestacional, os danos ao feto são diferentes:
as
no primeiro trimestre, o risco é de anomalias físicas e
que
fumam
e
amamentam
ainda
não
foram
3
evidenciadas .
dimorfismo; no segundo, há o risco de abortamento e,
O tabaco durante a gestação tem implicações que vão
no terceiro, pode ocorrer diminuição do crescimento
além dos prejuízos à saúde materna. Os malefícios sobre a
fetal, em especial, o perímetro cefálico e o cérebr o5,6 .
saúde fetal são tantos, que justificam dizermos que o feto
O
consumo
de
bebidas
alcoólicas
durante
a
é um verdadeiro fumante ativo 9.
gestação tem sido assunto amplamente estudado pela
comunidade
cientifica,
tendo
em
vista
as
De acordo com o Ministério da Saúde, o uso de álcool
várias
e/ou
cigarro
pelas
gestantes
deve
ser
rigorosamente
repercussões diretas para o feto, sendo a síndrome
desencorajado,
alcoólica fetal (SAF) a mais conhecida e mais grave
conhecimento dos níveis seguros de consumo de tais
delas 3,7 .
substâncias durante o período gestacional 3 .
considerando
que
não
se
tem
A SAF caracteriza-se por danos ao sistema nervoso
central,
que
causam
anomalias
neurológicas,
Objetivo
craniofaciais, deficiência no crescimento pré e pós natal,
disfunções
comportamentais
e
malformações
Este estudo objetiva fazer uma revisão da literatura
associadas. Entre as alcoolistas, existe um risco de
acerca
aproximadamente 6% de dar à luz a uma criança
neonatais sobre o uso de álcool e cigarro na gestação.
portadora
de
SAF.
Mesmo
crianças
que
sofreram
exposição pré-natal ao álcool e que não apresentam os
critérios da SAF têm dificuldades comportamentais e
emocionais que interferem no seu convívio social,
6
dos
principais
problemas
obstétricos,
fetais
e
Santos NS, Souza EFM, Aquino AP, Santos JN, Bissaco DM, et al
São Paulo: Revista Recien. 2014; 4(10):5-11
A orientação de enfermagem em gestantes que fazem uso do álcool e tabaco
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------estimulado, a fim de fortalecer o vínculo entre mãe e filho
Material e Método
geralmente desgastado 11.
Estudo realizado através de revisão bibliográfica, os
O uso do tabaco surgiu aproximadamente no ano 1000
dados foram obtidos através de artigos científicos em
antes de Cristo, nas sociedades indígenas da América
publicações de 2005 a 2010 no período de janeiro de
Central,
2011 a maio de 2011, utilizando as palavras chaves:
cientificamente chamada Nicotiana Tabacum, chegou ao
Álcool
Brasil
na
gestação;
Tabaco
na
gestação;
Riscos
Gestacionais. Foram encontrados 25 artigos da base de
pela
migração
A
de
planta,
tribos
tupis-
No final do século XIX, iniciou-se a sua industrialização
cinco
artigos
encaixavam no assunto proposto.
feitos
provavelmente
mágico-religiosos.
guaranis .
Realizado uma leitura dos resumos dos artigos,
descartados
rituais
12
dados LILACS e SciELO.
foram
em
levantamentos
dos
que
se
epidêmica por todo o mundo a partir de meados do século
Destes 20 foram
XX, ajudado pelo desenvolvimento de técnicas avançadas
maiores
não
sob a forma de cigarro. Seu uso espalhou-se de forma
problemas
de publicidade e marketing 12.
encontrados no uso de álcool e tabaco durante a
O tabaco possui mais de 4000 substâncias presentes na
gestação e seus malefícios para mãe e concepto, sendo
sua
utilizados 17 por apresentarem dados mais condizentes
conhecidos, sabe se que das substâncias tóxicas presentes
com a revisão bibliográfica.
no
composição,
cigarro,
mas
quase
muitos
todas
ainda
não
são
repercutem
bem
sobre
o
desenvolvimento do feto. O monóxido de carbono inalado
Resultados e Discussão
leva a um aumento da concentração de carboxiemoglobina
(CoHb)
Segundo
alguns
registros
arqueológicos,
primeiros indícios do consumo de
no
sangue
materno
e
fetal,
dificultando
o
os
transporte de oxigênio e a menor oxigenação tecidual
álcool pelo ser
podendo causar hipóxia fetal; o alcatrão interfere no
humano datam de mais de oito mil anos. No primeiro
transporte
momento,
pela
passagem de nutrientes essenciais ao crescimento fetal; a
teor
nicotina
as
fermentação
bebidas
e,
por
isso,
eram
produzidas
tinham
um
baixo
10
alcoólico .
Em
de
cruza
substâncias
a
à
barreira
placenta,
placentária,
diminuindo
aumentando
a
a
resistência vascular através da vasoconstrição dos vasos
1952
com
a
primeira
edição
do
DSM -I
uterinos,
reduzindo
se
assim
a
perfusão
do
espaço
(Diagnostic and Statistical Manual of Mental Desorders)
intraviloso reduzindo a disponibilidade de oxigênio para o
que o alcoolismo passou a ser tratado como doença.
feto13.
No ano de 1967, o conceito de doença do alcoolismo
Existem vários estudos realizados sobre o assunto, a
foi incorporado pela Organização Mundial de Saúde à
maioria com questionários esclarecendo o uso do álcool
Classificação Internacional das Doenças (CID -8), a
por gestantes, indicando a quantidade de consumo e
10
partir da oitava Conferencia Mundial de Saúde .
O tratamento de
período da gestação. Os achados relatam que na maioria
de
dos casos a orientação do enfermeiro é essencial para o
álcool está centrado na retirada dessa substância e no
esclarecimento das dúvidas das gestantes sobre o uso das
auxílio para que atinja ou readquira sua saúde física,
duas substâncias. Faltam planejamentos e objetividade na
mental
assistência, vamos descrever alguns destes questionários
e
social.
uma gestante dependente
Frequentemente
podem
ocorrer
associações entre a patologia clínica (álcool) com a
desnutrição
materna,
havendo
a
necessidade
apontando dados e estatísticas sobre este assunto.
de
Um
questionário
que
foi
desenvolvido
na
versão
suplementação vitamínico e nutricional, e em alguns
brasileira chamado T-ACE que foi padronizado para a
casos
há
a
programas
de
rotina e prática dos serviços de ginecologia e obstetrícia 14,
síndrome
de
onde foi realizado um estudo que levanta o consum o de
abstinência sempre com a orientação de clínicos e
álcool ao longo da gestação para identificação do uso
psiquiatras.
nocivo
desintoxicação
necessidade
e
O
tratamento
aleitamento
de
da
materno
deve
ser
e
dependência
ao
álcool,
segundo
critérios
diagnósticos do CID-10. Neste questionário as quatro
7
Santos NS, Souza EFM, Aquino AP, Santos JN, Bissaco DM, et al
São Paulo: Revista Recien. 2014; 4(10):5-11
A orientação de enfermagem em gestantes que fazem uso do álcool e tabaco
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------principais
questões
integrantes
levantar
de consumo de álcool que é composto por 9 (nove)
informações sobre a tolerância; investigar a existência
perguntas relativas à frequência e hábitos de consumo de
de aborrecimento com relação às críticas de familiares
bebidas alcoólicas. O estudo revelou que 65% das mães
e terceiros sobre o modo de beber da gestante; avaliar
entrevistadas estão entre 18 e 29 anos e que o alcoolismo
a percepção da necessidade de redução do consumo; e
é
conseguir
informações
procuram;
persistência
nas
faixas
etárias
do
economicamente ativas. Mulheres separadas entre 26 e 34
anos estão em risco e, neste estudo foi possível perceber
compulsão para beber durante a manhã. Algumas
que, por mais que 60% das mulheres sejam solteiras,
perguntas
a
75,4% delas vivem com o companheiro e não se encaixam
quantidade que você precisa beber para se sentir
no perfil de mulheres separadas, 47,1% das gestantes são
desinibida
lhe
primigestas o que normalmente indica um conhecimento
incomodado por criticar o seu modo de beber? Você
defasado em relação às questões de gravidez, maior
tem percebido que deve diminuir seu consumo de
prevalência de dúvidas e risco para ansiedade e medo. Das
bebida? Você costuma tomar alguma bebida logo pela
gestantes que tiveram filho, 64% delas tiveram bebê com
manhã para manter-se bem ou para se livrar do mal
o tamanho fetal adequado, 36 gestantes de 150 consomem
estar do “dia seguinte” (ressaca)?
bebidas
ou
neste
a
encontrado
consumo e dependência, por meio de forte desejo e
feitas
sobre
comumente
“mais
estudo
alegre”?
foram:
Alguém
Qual
tem
Este estudo foi
alcoólicas
e em
sua maioria não se
sentem
realizado em uma maternidade de Ribeirão Preto - SP
culpadas, pois das 36, 23 relataram não sentir culpa. O
em 2001 com 450 mulheres onde foram encontrados
que chama mais a atenção são as gestantes que relata ram
os
ser alcoolistas, dessas 16,7% relatam consumi -lo de forma
seguintes
resultados:
do
total
100
gestantes
abusiva 15.
(22,1%) tiveram resultado igual ou superior a dois
pontos pela tabela aplicada indicando alta suspeita
Estudo analítico realizado com 433 puérperas adultas e
para o consumo alcoólico de risco durante a gestação,
seus conceptos em maternidade pública do Rio de Janeiro,
64 (14,2%) dois pontos e foram identificadas como
no período de 1999 a 2006, coletadas no momento do
“caso positivo”, 23 casos (5,1%) tiveram resultados
parto e
positivos com três pontos; 11 gestantes (2,4%) com
gestação e uso de cigarro na gestação. Nesse estudo
quatro pontos e duas gestantes com cinco pontos. O
relatado, verificou-se que
grupo de gestantes consideradas como caso negativo
relataram uso de cigarro e álcool na gestação. Quanto ao
foram: o seguinte: 256 gestantes com zero pontos
fumo, os fatores associados são situação marital; idade
(56,9% da amostra) e de 94 gestantes com um ponto
materna
(20,9),
durante a gestação foi fortemente associado ao uso do
totalizando
350
gestantes
(77,8%)
casos
negativos 14.
e
considerando
assistência
o
5,5 e
uso
de
7,4% das
nutricional
pré-natal.
álcool
na
puérperas
O
fumo
álcool. As características maternas associadas ao álcool
Na Maternidade Pública do Rio de
realizado
puerpério,
estudo
sugerem que o uso das substâncias deve ser i nvestigado
consumo de bebida alcoólica por gestantes que foram
na assistência pré-natal, especialmente entre as que vivem
atendidas,
a
sem companheiro, com mais de 35 anos, com história de
frequência a gestante consome álcool e as bebidas que
aborto. A assistência nutricional mostrou efeito protetor
aparecem com maior frequência. Nesse estudo 150
contra o tabagismo na gestação 3.
sobre
o
que
teve
como
questionamento
responderam
de
Estudo realizado no Hospital e Maternidad e Santa Maria
perguntas, onde 20 perguntas fechadas buscavam a
(Lisboa) com 475 gestantes, em dias fixos da semana,
história obstétrica da gestante e outras 15 procurando
período de 24 a 48 horas após o parto até perfazerem
saber sobre o consumo de álcool. Nas gestantes que
aproximadamente 15% dos nascimentos anuais (2945 em
relataram
2033), sobre a prevalência do tabagismo na mulher e
álcool
formulário
qual
35
consumir
um
objetivo
foram situação marital; e história de aborto. Os achados
o
gestantes
um
Janeiro, foi
foi
com
aplicado
outro
instrumento - Teste de Avaliação de Consumo de
respectiva
Bebida
Disorders
fatores sócios demográficos relacionados e consequências
Identification Test), adotado pela OMS para pesquisa
desse hábito. Do número de mulheres avaliadas acima,
Alcoólica
-
AUDIT
(Alcohol
Use
8
alteração
durante
a
gravidez,
identificando
Santos NS, Souza EFM, Aquino AP, Santos JN, Bissaco DM, et al
São Paulo: Revista Recien. 2014; 4(10):5-11
A orientação de enfermagem em gestantes que fazem uso do álcool e tabaco
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------(16% dos partos / ano) com idade média de 29,8 em
Estudo realizado em um Centro de Treinamento em
média 5,4 anos, no intervalo de 16 a 44 anos. Quanto
Ultrassonografia (Diagnosis), na região de Ribeirão Preto,
à etnia, predominou a caucasiana com 408 casos
São Paulo entre abril de 2004 e junho de 2005, que teve
(86%). A maioria das mães eram casadas (347; 73%),
como objetivo avaliar as repercussões ultrassonográficas
com escolaridade secundária (190; 40%) ou concurso
do tabagismo materno na placenta, com ênfase no seu
universitário (155; 33%). As maiorias das puérperas
grau de maturação (calcificação) e correlacionar estes
trabalhavam (378; 79%) 2.
achados com o padrão hemodinâmico útero placentário
Das 475 mulheres, 248 (52%) eram primíparas em
com o uso da doplervelocimetria das artérias uterinas e
460 (97%) a gestação tinha sido vigiada medicamente
umbilicais, em 244 gestantes com idade inferior a 17
com
idade
semanas, tabagistas ou não, com feto único ou vivo sem
gestacional foi de 38,8 aproximadamente 2,1 semanas
intercorrências clínicas obstétricas que pudessem alterar o
e
desenvolvimento
seis
a
ou
média
mais
de
consultas.
peso
ao
A
média
nascer
foi
da
de
3198,3
placentário
e
a
hemodinâmico
útero
aproximadamente 545,3 gramas. Na presente amostra
placentário. Excluídas as pacientes com ameaça de aborto,
verificou-se que 142 (30%) mulheres eram fumantes
hipertensão
antes de engravidar. Destas, 50 (35%) deixaram de
prematuro de placenta, gravidez ectópica, más formações
fumar durante a gravidez. As que mantiveram este
fetais ou neoplasias gestacionais 16.
hábito
reduziram
significativamente
o consumo de
De
arterial,
acordo
Diabetes
com
Mellitus,
resultados
descolamento
obtidos,
não
foram
cigarros, passando de 19,3 + 10,5 para 8,8 + 7,9
encontradas diferenças significativas na distribuição dos
cigarros/dia, verificando uma relação estatisticamente
diversos graus placentários entre fumantes e não fuman tes
significativa entre tabagismo e o estado civil da mãe,
na 28ª, 32ª e 36ª semanas de gestação. A soma das
sendo este hábito menos prevalente sobre as mulheres
frequências de placentas grau II e III, na 28ª, 32ª e 36ª
casadas.
Não se verificou relação estatisticamente
semana, foi de 4,8; 31,4 e 68,6% para as não fumantes e
significativa entre o tabagismo durante a gravidez e a
5,9; 38,2 e 76,5% entre as fumantes respectivamente,
idade gestacional, ou o peso ao nascer dos recém-
estas
nascidos, contudo a diferença do peso médio foi de 244
pequenas diferenças na 28ª e 32ª semanas a média do IR
gramas, sendo o valor mais baixo nas fumantes.
(Índice de Resistência) das artérias uterinas das gestantes
Constatou-se que 111 (23%) mulheres se encontravam
fumantes comparada a das não fumantes não mostrou
bem
pouco
diferenças significantes. O IR médio das artérias umbilicais
mal
das gestantes fumantes mostrou-se maior em todas as
informadas,
informadas
e
215
149
(31%)
(45%)
se
estavam
encontravam
informadas ou não tinham qualquer informação 2.
diferenças
não
foram
significativas.
Apesar
de
idades gestacionais (0,66; 0,64 e 0,59) em comparação
Quanto aos efeitos do tabagismo na gravidez foram
com as não fumantes (0,65; 0,61 e 0,57) mais somente na
citadas com maior frequência as doenças respiratórias
32ª semana a diferença foi
significante
(0,64 versus
16
nas crianças (194), o baixo peso ao nascerem (76), as
0,61) .
alterações do desenvolvimento estatuto ponderais da
As
gestantes
tabagistas
têm
maior prevalênci a
de
criança (31) e o parto pré-termo (27). Também muito
placentas grau III e o seu surgimento é mais precoce. O
referidas
problemas
achado de placenta grau III antes da 37ª semana, é duas
cardíacos (10) e as alergias (7) que aparentemente
vezes mais frequente entre as fumantes do que as não
não se associam ao tabagismo. A principal fonte de
fumantes
informação foi a comunicação social e/ou folhetos
identificada, em média, em gestações de 34,4 semanas
informativos em 257 (54%) casos, a informação foi
nas
dada por uma fonte médica em 65 (14%) casos 2.
fumantes 16.
às
más
formações
(18),
os
Conforme os estudos realizados, as características
(36
fumantes
versus
e
Concluindo que,
com
14%).
38,3
A
placenta
semanas
grau
entre
as
III
é
não
apesar da tendência à maturação
mais associadas ao tabagismo foram o estado civil de
precoce placentária nas fumantes quando comparadas às
não
não fumantes, não se evidenciou associação do tabagismo
casada,
a
menor
escolaridade
e
a
falta
de
2
emprego .
com aceleração de maturação placentária. As tabagistas
9
Santos NS, Souza EFM, Aquino AP, Santos JN, Bissaco DM, et al
São Paulo: Revista Recien. 2014; 4(10):5-11
A orientação de enfermagem em gestantes que fazem uso do álcool e tabaco
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------tiveram aumento significante da impedância vascular
informação, e 1:10 muita informação, objetivando assim a
nas artérias umbilicais na 32ª semana, sem alteração
necessidade de incluir treinamentos formais de acordo com
16
na impedância das artérias uterinas .
Convém
comentar
enfermeiros
um
(alunos,
os níveis básicos e especializados, aumentando assim a
estudo
docentes
realizado
e
por
enfermeiros
abordagem inicial e aconselhamentos sem julgamentos e
mesmo um simples encaminhamentos à especialidade 17.
assistenciais) de uma universidade pública brasileira
durante
a
formação
educacional,
através
de
um
Conclusão
questionário que contém avaliações sobre os conteúdos
O uso de drogas lícitas como álcool e tabaco vem
elementares específicos relacionados aos problemas do
alcoolismo,
baseado
no
NEADA
FACULTY
SURVEY
crescendo
no
decorrer
dos
anos;
as
propagandas,
o
(PROJECT NEADA - Nursing Education in Alcohol na
marketing e a facilidade de compra ajudam no consumo,
Drug
603
algumas mulheres já utilizavam estas substancias antes da
sujeitos, através de um questionário distribuído. 512
gestação, fazendo com que grande maioria delas, não
(85%)
por
deixe de usar durante a gestação, principalmente as que
ou
não são primigestas, não tem companheiros ou tem um
education),
da
completo,
onde
foram
população
os
retornados
total
demais
entrevistados
responderam-no
(15%)
completamente
foram
em
perdidos
branco,
sendo
grau
de
escolaridade
muito
baixo.
Alguns
estudos
justificados pelos enfermeiros com falta de tempo para
comprovam que o uso de tais substâncias durante o
respondê-lo,
deixou,
período gravídico, pode acarretar varias consequências
mesmo assim foi oferecida uma segunda amostra do
para a vida do concepto como da mulher, como a SAF,
mesmo.
mau formações, problemas circulatórios e baixo peso ao
Da
ou
por
não
amostra
lembrar
52%
eram
onde
o
formados,
48%
estudantes de graduação em enfermagem. Entre os
nascer entre outros agravos.
248
Muitas mulheres não são bem orientadas durante o pré -
(primeiro ano 25%, segundo ano 30%, terceiro ano
natal sobre os danos que o consumo de álcool e o tabaco
22% e quarto ano 23%), e entre os enfermeiros 264
podem causar a ela e ao concepto, por isso o enfermeiro
(docentes de enfermagem 28% e assistenciais 72%).
tem um papel fundamental na vida delas, esclarecendo
Da amostra eram 93% mulheres, com idade média de
duvidas,
21 anos entre os estudantes (Min 17 e Max 37 anos) e
consultas médicas, dando todo o respaldo para que ela não
enfermeiros idade média de 22 anos (Min 22 e Max 60
fique desorientada sobre os riscos, saber avaliar quando
anos), com tempo de formado entre os enfermeiros em
elas
média 9 anos (Min 1 e Max 36 anos), sendo que 72%
universitários e docentes do curso de enfermagem mostra
dos
que, eles em sua grande maioria não sabe quais são os
estudantes
da
enfermeiros
públicas.
Os
receberam
graduação
eram
de
enfermagem
formados
achados
foram
conteúdos
os
em
universidades
estão
com
fazendo
que
uso.
a
Um
gestante
estudo
participe
realizado
das
com
62%
tipos de gestantes que tem mais riscos paro o uso, e qual
problemas
o perfil destas mulheres, este estudo vem para comprovar
seguintes:
abordando
fazendo
relacionados ao uso do álcool durante a formação lato
que eles
senso, uma proporção de 1:4 não receberam nenhuma
enfermagem a estas pacientes, mostrando assim que tem
informação a este respeito, e a proporção de 2:3
que se fazer um treinamento para os enfermeiros que
receberam
principais
foram trabalhar com essas grávidas para que possa assim
problemas relacionados ao uso dom álcool. Quanto às
saber ver quando ele está em risco de uso ou já esta
questões abordando as populações específicas de risco
fazendo uso de álcool ou tabaco no período gestacional.
para
Faltam mais estudos sobre
o
poucos
informações
alcoolismo,
como
sobre
os
adolescentes,
idosos
e
não sabem
como fazer
uma assistência de
o uso destas substancias
gestantes houve uma proporção de 1:3 que receberam
durante a gravidez e quais as medidas que o enfermeiro
poucas
muita
deve tomar durante a abordagem a esta paciente e quais
informação sobre esse tema. Quanto à assistência de
os cuidados de enfermagem e como fazer com que elas
enfermagem a essa população, 4:5 dos sujeitos não
participem das consultas.
informações
e
1:10
receberam
receberam nenhuma informação, 1:5 receberam pouca
10
Santos NS, Souza EFM, Aquino AP, Santos JN, Bissaco DM, et al
São Paulo: Revista Recien. 2014; 4(10):5-11
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11
uma
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Revista

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