A NECESSIDADE de reconectarcom a NATUREZA
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A NECESSIDADE de reconectarcom a NATUREZA
Meditatio Newsletter- Outubro 2012 Newsletter da Comunidade Mundial para Meditação Cristã (The World Community For Christian Meditation - WCCM) EDIÇÃO INTERNACIONAL, 36(3); OUTUBRO 2012 - www.wccm.org A NECESSIDADE de reconectar com a NATUREZA NESTE NÚMERO O Seminário John Main 2012 ajudou-nos a refletir sobre a crise ambiental e mostrou que a contemplação é uma verdadeira fonte de esperança 2 La e urenc Um encontro pessoal com a natureza na Amazônia 11 co Em Fo Mick Lowcock Um meditante no deserto australiano 12 ntos e m a ç n La The Book of the Heart Stages of Contemplation (O livro de coração -estágios da contemplação) e Jean Vanier- palestras – JMS 1992, em CD 2 Meditatio Newsletter– October 2012 g os Ami s o d i r e u Q De manhã cedo, quando a densa noite amazônica começava a ser redimida pela luz do dia, eu ia até o pequeno cais, para meditar à beira do rio. Em São Paulo ou em Los Angeles, em Sydney ou em Londres, o dia de trabalho também começa nessa hora, quando os seres humanos começam seu deslocamento, leem os jornais, tomam um cappuccino e preparam-se para a luta pela sobrevivência. Aqui também, na selva, há um aumento evidente nos níveis de atividade. O reino animal acorda para trabalhar. Porém aqui, mais parecia a transição do repouso natural e profundo. Era um ritual da natureza, um novo começo de uma celebração antiga, uma expansão de ação em paz, em vez de uma batalha. Os conflitos das espécies, a sobrevivência dos mais aptos, o matar para comer, motores de seu ciclo de vida, não constituíam pecado. Havia predadores, mas não opressores, aqueles cujo tempo de vida acabou, mas não vítimas. O frescor e a pureza da manhã refletiam essa ordem natural como o rio refletia a crescente intensidade do sol. Do outro lado do rio veio um barulho que distraiu minha atenção da constante sinfonia da vida - o rio e a selva ao longo da qual ele fluía, o zumbido dos insetos e pássaros, o mergulho dos peixes que pulavam e ondulavam a água lisa, e os incontáveis sussurros não identificáveis que povoam o dia e a noite. A selva amazônica é silenciosa. Mas, como qualquer meditante sabe, o silêncio não é a ausência de ruído, é a inocência essencial do ser, a existência em harmonia com a própria natureza, a união entre o si-mesmo e tudo o que é o outro. Foi difícil localizar esse ruído novo, estranhamente agressivo, mas também triste e perturbador. Ele vinha de algum lugar - ali, ou atrás de mim, ou a jusante. Por um momento, pareceu quase humano e em um lampejo de imaginação vi uma carga de escravos que eram levados rio abaixo para seu futuro sem esperança. Em contraponto, vozes individuais ocasionalmente dominavam o coro desse discurso pré-linguístico os machos alfa, disseram-me depois, fazendo valer seus direitos sobre os macacos uivantes, seus companheiros. Senti-me seguro por ter nomeado e localizado o ruído. Os que seguem a versão literal perguntam-se como Adão poderia ter nomeado todas as espécies Uma carta de Laurence Freeman animais em um único dia. Mas, como guardião da criação, ele precisava dar-lhes nomes, a fim de entendê-los e ver quão maravilhosamente eles formavam um todo unificado. Aqueles que leram o relato bíblico da criação à luz da meditação sabem que há muitas maneiras de medir o tempo e que o trabalho de entender a vida reforça o sentimento de admiração. Minha associação dos uivos dos macacos à melancolia humana tornou-se menos antropocêntrica. O barulho assumiu seu lugar na orquestra da milagrosa biodiversidade do mundo, à qual o homem pertence para servir, e não para explorar. Tantas espécies, tantos universos paralelos a meu redor. Quanto mais vemos e entendemos, mais vasto se torna o mundo, e mais ele reflete a glória refulgente e sem limites de sua origem. Como diz Santo Agostinho, “Em todas as coisas naturais existe algo de “Em sua verdadeira natureza, todas as coisas são belas: Deus contemplou toda a sua obra, e viu que tudo era muito bom.” maravilhoso.” O crescendo de energia silenciosa na selva amazônica é intensificado na luz do amanhecer, e acalma-se novamente ao pôr do sol. Nos dois momentos, é intensamente pacífico. Você sente que a paz é uma energia, um poder que vitaliza e renova tudo o que toca. Ele envolve o mundo, mas sem possessividade. Nossa capacidade para essa paz é ilimitada, mas tem que ser ampliada gradualmente. Se recebemos demais, ou muito depressa, podemos sentir-nos ameaçados e até mesmo, paradoxalmente, assustados. Mas, por ser energia, ela pode ser transmitida (Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou). Quando estamos perto de uma pessoa cujo coração está cheio de paz, nosso próprio coração é aberto para além de todas as restrições impostas pela ansiedade, por medo ou raiva. Mas, mesmo na presença mais forte da paz e do mistério do amor do qual ela emana - tudo o que é real deriva do amor - somos livres, e a paz também pode ser recusada. Sentir esta paz natural à beira do rio liso como vidro, enquanto os pássaros dançam acima, e o céu vai clareando, como um irresistível sorriso humano, que você sabe que não vai lhe deixar na mão, é encontrar-se de novo. É ser restaurado para a harmonia da natureza – num estado de shalom no qual ficamos em ressonância com toda a criação, com todos os seres, na bela ordem do cosmos. Nestas condições, compreender a paz apenas como uma ausência de conflito ou como fuga do perigo - como fazem os seres humanos urbanos em seus presídios de segurança máxima, em que andam sob o olhar frio de câmeras de segurança - é simplesmente não estar lá. É perder o dom da paz, e estar muito longe, em um mundo ilusório. Tal ressonância com todas as formas da natureza faz dos seres humanos que a experimentam mais presentes para si mesmos e para os outros, mais vivos, mais em casa no universo - e mais naturais. Ela nos perdoa e nos abençoa. A selva, a natureza real, sempre nos dá uma segunda chance. É um canal da graça. Sua miríade de sistemas vitais, e todas as rotinas sincronizadas de vida levam inexoravelmente à sua realização. A firme determinação de que tudo na natureza tem de ser cumprido pode parecer impessoal. A presença humana mal parece ser reconhecida. Mas, no ser humano que sente dentro de si essa ressonância, é uma presença que embora não tenha consciência de si, não pode ser experimentada sem despertar um tipo de consciência mais profunda. Ela não está tentando ter sucesso a custa dos outros, mas simplesmente ser, porque a vida existe para florescer. O que pretendemos significar pela expressão “natureza” – seria a selva que as pessoas, em ótica moderna, ao mesmo tempo temem e romantizam, e muitas vezes preferem encontrar no cinema, em vez de encontrá-la na realidade? Seria nosso verdadeiro si-mesmo essencial que, se nos sentimos em harmonia com ele, faz-nos sentir bem? O natural é bom, o antinatural não, porque é falso. A natureza de Buda? A união das naturezas divina e humana na pessoa de Cristo? Muitas vezes usamos a palavra “natureza” vagamente, outras tantas, contraditoriamente – e no entanto, ela aponta para algo que experimentamos continuamente. A “verdadeira natureza” de qualquer coisa é sua essência irredutível, sua identidade real. Quando somos “naturais” estamos Meditatio Newsletter- Outubro 2012 sem adornos, nossas máscaras foram deixadas de lado e penetramos através dos filtros e camadas da identidade do ego que tão facilmente nos induzem à ilusão. Ser natural, ser nós mesmos, é perceber o sentimento de autorrecuperação. Descobrir o nosso verdadeiro si-mesmo - de novo - é o coração de uma autoconsciência isolante e culpada. De todas as numerosas perguntas de Deus à humanidade “Quem te revelou que estavas nu?” é uma das mais desconcertantes, porque revela como Deus nos conhece e ama melhor do que conhecemos ou amamos a nós mesmos. toda a recuperação, de toda cura. É a grande volta para casa da vida e, talvez, de todas as coisas na natureza, a conclusão da grande oscilação de volta para a fonte. Quando este avanço acontece em nós - após árduo trabalho interior e abundante graça - somos abençoados com um novo grau de confiança e de paz. Nossos “falsos eus”, que têm dificuldade de lidar com as decepções e as perdas da vida, são relativizados. Quando os tomamos como verdade, somos levados à amargura ou ao desespero. Ao passo que, ao estarmos em harmonia com o nosso si-mesmo, podemos ficar admirados com nossa capacidade de, mais do que sobreviver às provações da vida e suportá-las com esperança, até mesmo florescer nas épocas de aflição. Os místicos chamam frequentemente de nudez da alma o estado no qual nós somos um com o nosso verdadeiro eu. A Nuvem do Não Saber diz que quando meditamos chegamos, depois de algum tempo, a uma “consciência nua de nós mesmos”. Em um dos poemas de Rumi ele canta: “Então, isto é amor ... de repente, estar nu no farol da verdade.” Estar nu espiritualmente, como estar nu fisicamente, é um sinal de confiança, uma aceitação daquela força autêntica que só é encontrada na vulnerabilidade e honestidade absolutas. A vergonha de Adão e Eva, quando ficaram nus diante de Deus, mostra como a humanidade começou sua dolorosa jornada para a maturidade. Eles já tinham caído de sua inocente harmonia com a natureza para A busca humana fundamental é sempre a de nossa verdadeira natureza. Ela se realiza tanto por diminuição e renúncia quanto por aquisição e sucesso. Não somente as grandes experiências e realizações, mas também as perdas e desapego – e talvez ainda mais estes – guiam-nos em uma alegre e pacífica volta para casa, para o surpreendente reconhecimento do óbvio: que somos quem somos e nada mais. Contudo, o milagre da natureza não para por aí. À medida em que nos tornamos mais naturais a nós mesmos (menos inibidos, mais atentos aos outros, mais capazes de maravilhar-nos) também despertamos para a nossa harmonia com toda a natureza com outros seres humanos e com o próprio “mundo natural”. Este aprofundamento da ressonância da natureza foi o tema do Seminário John Main no Brasil, em agosto, quando refletimos sobre a lgação entre espiritualidade e meio ambiente. A verdade que fomos levados a compreender melhor é que nossa crise ecológica aconteceu porque a humanidade simplesmente age de modo antinatural e insensato com sua casa terrestre. Não conseguimos ver e ressoar com a rica relação entre nossa natureza humana e toda a ordem natural. É nesta relação que a beleza do mundo nos é revelada e, nesta beleza, a misteriosa radiância de Deus, cujo ser está em todas as coisas - que, como diz São Paulo, é “tudo em todos”. Em sua verdadeira natureza, todas as coisas são belas: Deus contemplou toda a sua obra, e viu que tudo era muito bom. Quando vemos isso, vemos com a mente de Deus. “Seremos salvos pela beleza”. Em O Idiota, de Dostoiévski, esta idéia é colocada como uma pergunta galhofeira ao Príncipe Myshkin, retratado como parecido com Cristo, que ele não responde. Não é uma esperança fácil de descartar. Não é um lugar-comum, que pode ser usado para recobrir o trabalho ascético necessário para purificar nossos modos de percepção, para que possamos experimentar a beleza dessa forma redentora. Myshkin diz apenas que “a beleza é um enigma”. Mas, em outras passagens, Dostoiévski expressou sua crença de que “o mundo se tornará a beleza de Cristo”. Aqui ele antecipou Simone Weil, que tão sensivelmente sentiu a beleza do mundo, mesmo (ou especialmente) através das tragédias de sua vida e de seu tempo: “A beleza do mundo é o terno sorriso de Cristo para nós, que nos vem através da matéria.” Quando escapamos de uma cidade populosa e poluída ou nos arrancamos de rotinas viciantes e estressantes do estilo de vida moderno, quando vamos para a natureza – às vezes simplesmente um parque ou jardim na cidade – a palavra “lindo” nos vem à mente. Que palavra melhor, mais simples, podemos encontrar? Olhamos a vista, aspiramos o ar puro, carregado de novos sabores orgânicos, sentimos a textura das plantas com nossos dedos e vemos o mundo animal, reconhecendo-nos nele. A experiência coletiva de todos esses canais da consciência constitui o que chamamos de “beleza”. Imerso no mundo natural, sentimos dissolverem-se os hábitos não naturais de nossa mente. Recobramos a perspectiva. Recuperamos nossa verdadeira natureza. Enquanto estamos neste modo de ser, não somos capazes de explorar ou prejudicar o meio ambiente, porque seria verdadeiramente, e sentiríamos que era, uma autoflagelação. Enquanto estamos assim em harmonia com a natureza, vêmo-la simplesmente como um dom, misterioso e natural, a ser apreciado, compartilhado e protegido igualmente por todos. Nesse estado mental sensível, a beleza desperta a dimensão espiritual. Um sentido do transcendente fun- 4 de-se com a sensação de estarmos profundamente enraizados na realidade física que nos revela o belo. No pensamento clássico, a beleza é a manifestação do todo através de uma parte. A influência curativa e a redentora da beleza pode ser entendida dessa forma. Não vamos para a natureza simplesmente para deixar, por um fim de semana, um estilo de vida desequilibrado, para ficar longe de tudo isso. Não gostamos de coisas belas apenas em nível estético elitista, como vestir roupas elegantes quando vamos a um concerto ou ópera. Quando estamos verdadeiramente abertos ao impacto da beleza em nossas mentes, almas e corpos, somos mudados. As doenças de nossa alma começam a ser curadas. E quando o todo se dá a nós na parte, todo o nosso ser é acariciado. Santo Agostinho disse que só podemos amar o que é belo. Isso significa que o amor revela a beleza, mesmo em coisas ou pessoas que não nos parecem inicialmente tão bonitas. Quantas vezes vemos que, à medida em que nossa primeira impressão de alguém esfumaça, pois era baseada em aparências superficiais ou preconceitos, vem à tona uma visão mais profunda e nossa resposta a esta pessoa muda totalmente. Sentimo-nos incomodados por nosso erro de julgamento, e deixamos que ele desapareça. Sua verdadeira natureza é agora mais visível e ressoamos com ela a partir de uma parte mais simples, mais verdadeira, do nosso ser. Talvez seja isso o que nos espera no final da vida, independente de quão equivocadamente escolhemos viver. Todos os nossos modos de ver e saber serão fundidos na grande simplicidade curativa quando virmos Deus. Naquele instante de pura percepção - da beleza sempre antiga, sempre nova - não seremos capazes de resistir ou evitar apaixonarmo-nos pelo amor que sempre nos envolveu. E assim seremos salvos. Uma vida sem beleza é uma meia -vida, trágica e tristemente deformada em sua capacidade de autotranscendência e ternura. Muito do malestar e dos padrões perigosos de nossa crise global surgem dessas deficiências radicais interiores. A comerci- Meditatio Newsletter– October 2012 alização da educação, os fracassos da religião em conectar-se com as pessoas em crise, a despersonalização das nossas instituições e a paranóia da nossa preocupação com “segurança”, a nossa perda de moderação nas coisas materiais e nossa fuga para a distração, em vez de encontrar nossa verdadeira natureza na contemplação - esses são sintomas que constituem e agravam as causas básicas de nossa crise. A instabilida- país ou canadenses à sua vasta área natural ao norte. As poucas áreas de natureza intocadas do planeta que ainda sobrevivem re-encantariam o nosso mundo se as visitássemos com coragem, simplesmente do jeito certo. Elas poriam em cheque nossos hábitos auto-destrutivos, não por fazer-nos sentir culpados – as pessoas modernas são geralmente imunes à culpa –, mas pela experiência de admiração e reverência pela beleza de financeira preocupa-nos mais obsessivamente neste momento; todavia, por trás disso, e piorando cada vez mais, está o ambiente em deterioração, como um ramo em que toda a humanidade está sentada. Como viciados fixados em manter seu suprimento, negamos o principal problema e suas consequências. Como podemos extrair-nos desta crise em espiral, se não lembrarmos o que significa amar a nós mesmos e como podemos amar a nós mesmos se recusamos amar a terra que nos alimenta e revela tal beleza para nós? Assistir os maravilhosos documentários de TV que passam nos canais dedicados à natureza não resolve. A verdadeira maravilha da natureza está no tempo real e no encontro pessoal. Quando eu disse às pessoas que ia passar um tempo na Amazônia antes do Seminário, quase todos me falaram dos perigos - as cobras, as aranhas e os insetos venenosos. Muito poucos brasileiros já foram até lá, assim como poucos australianos foram ao centro do seu que encontramos lá. O medo do deserto, das áreas selvagens, seria então suplantado por um amor pela natureza, que inclui a natureza humana em todas as formas. Foi essa barreira do medo que os grandes pioneiros do espírito enfrentaram e superaram quando foram para as áreas isoladas, Elias e Jesus para o deserto, os primeiros monges cristãos para Scetis e Nitrea, Bento em sua caverna remota, os rishis da Índia para a floresta. O medo do deserto reflete o nosso medo de entrar no silêncio e imobilidade no centro de nosso próprio ser. A meditação é atraente – como o são a selva, o deserto ou as altas montanhas. Mas é sempre mais fácil ler sobre meditação, ou pesquisar sobre ela, do que abraçar a disciplina de uma prática diária. Esse, no entanto, é o consenso de todas as tradições espirituais: não há transformação – nem conversão, nem iluminação – sem a prática. Rituais exteriores, ortodoxia de crença, conformidade a convenções ritualísticas não Meditatio Newsletter- Outubro 2012 podem substituir uma prática contemplativa que vai ao coração da pessoa e, dali para o coração do mundo. Como disse Evágrio, um mestre da sabedoria do deserto, guardar os mandamentos não basta para curar completamente as potências da alma, porque também precisamos da contemplação para penetrar no centro profundo do coração. Apatheia, a saúde da alma, exige a prática contemplativa. Este ensinamento foi o centro de nossa contribuição para o Seminário Meditatio sobre saúde mental, que reuniu profissionais da área em diálogo com professores de diferentes tradições espirituais. Também é fundamental para o Seminário sobre Dependência, que acontecerá no final do mês de outubro. O mistério da totalidade e os poderes de cura estão em nossa verdadeira natureza, nas áreas intocadas do coração. As grandes verdades precisam ser redescobertas e reformuladas por cada geração. Transmitimos pistas e símbolos para os nossos sucessores, mas temos que reviver a busca e, assim, renovar e ampliar a tradição na qual fluimos. A história da humanidade é, portanto, revivida no desenvolvimento pessoal de cada indivíduo, ainda que o indivíduo não saiba disso até que o trabalho esteja bem avançado, e que progressos irreversíveis tenham ocorrido. Em nossas vidas pessoais, vemos como os tempos de quebra estão muitas vezes relacionados a momentos de avanço. Nem sempre acontece, e parece haver mais quebras do que avanços; e é por isso que temos de responder às crises pessoais com tanta ternura e preocupação com o indivíduo. Nem todo mundo parece ter sucesso, ao menos da primeira vez. Mas talvez a quebra seja a condição necessária para toda evolução e crescimento. Se tudo corresse bem, não precisaríamos procurar novos modelos da realidade que nos ajudassem a melhorar a adaptação à mudança das circunstâncias. Em uma utopia maçante de segurança máxima e complacência, jamais poderíamos despertar para as verdades universais, jamais veríamos além da nossa zona de conforto. Historicamente, talvez o maior avanço da consciência, cuja influência a humanidade ainda está assimi- lando, tenha sido o que os historiadores chamam de idade axial, a descoberta do mundo humano interior. Este foi o resultado de muitos avanços que divulgaram esta sabedoria do coração humano através das grandes tradições religiosas e de seus mestres emblemáticos, os profetas hebreus, os autores dos Upanishads, Lao Tsé, Confúcio, o Buda. No entanto, esses avanços ocorreram em momentos de grande agitação social e instabilidade e seus mestres - inclusive Jesus, que pode ser visto como seu herdeiro e ápice cultural – conheceram mais o fracasso do que o sucesso. Essa perspectiva da história humana como parte da grande história “Precisamos sentir que estamos em casa, no deserto, na selva ao lado do grande rio.” da evolução da natureza promove humildade e esperança. Ela não nos impede de cometer novamente os mesmos erros, mas ajuda a entender melhor quando erramos. Ela nos guarda dos piores excessos do egoísmo coletivo, a ilusão antropocêntrica que nos permite explorar os recursos naturais e os membros mais vulneráveis da humanidade. Estes são os verdadeiros problemas morais de nosso tempo. Mais profunda do que a moral, entretanto, está a dimensão espiritual. Nossa saída da crise exige, em primeiro lugar, uma consciência gerada espiritualmente. Isto é, uma consciência nascida da atenção pura, antes que ela se revista do pensamento, que é boa antes de tentar fazer o bem. A evolução da consciência desde os estágios primordiais parece ser impulsionada por nossa capacidade de atenção. À medida em que nossa atenção se torna mais ampla e mais profunda, nossas formas de organização social e a cultura evoluem. Quando a atenção encolhe e se torna autofixada, o ser humano é diminuído e a sociedade se dissolve. Nossa distração crônica, nossa incapacidade de prestar atenção em qualquer coisa por mais de alguns minutos, ou até mesmo para lembrar e absorver o que ouvimos, são sintomas de um mal-estar generalizado que afeta a dimensão espiritual e que também mina os valores essenciais de qualquer vida civilizada. Nossa capacidade de contemplação – vista tão claramente na criança e naqueles que humildemente abraçaram seu próprio processo de cura – está ligada a esse instinto natural para desenvolver nosso dom da atenção. Em animais e talvez até mesmo em plantas, sentimos esse poder da atenção. Na selva, você nunca se sente sozinho. Mas, quando o dom humano da atenção é desenvolvido, ele desabrocha em algo puro e centrado no outro. Ele é includente. Ele abre o olho do coração, que nos capacita a ver Deus em todas as coisas, reconhecer a atenção divina em todos os níveis de consciência e em todas as formas da natureza. Simplesmente, são estes os frutos da meditação. Para reuni-los e replantá-los para os que vierem depois de nós, precisamos, acima de tudo, da amizade humana – a comunidade criada pela meditação, que também apóia a prática. Mas também precisamos de amizade com o mundo natural. Precisamos sentir que estamos em casa no deserto, na selva ao lado do grande rio. Precisamos rir da exuberância brincalhona dos pássaros decorados surrealmente, que usam cocares e cores carnavalescas. Precisamos nos ver nessas formas mais simples de vida e recordar nossa capacidade de brincar, pelo prazer e pela simplicidade. Quando for preciso, então, voltarmos nossa atenção para os complexos problemas que confrontam nosso mundo, vamos nos sentir menos sós, menos isolados na ilha da consciência humana. De fato, veremos mais contemplativamente, e agiremos com mais sabedoria. Laurence Freeman, OSB Com muito amor, 6 Meditatio Newsletter– October 2012 A necessidade reconexão com a natureza O Se minário John Main 2012 mostrou que a contemplação é uma importante fonte de esperança para a questão ambiental Espiritualidade e natureza. Estes assuntos tão interrelacionados estiveram muito fortemente presentes no Seminário John Main de 2012, realizado em agosto, em Indaiatuba, perto de São Paulo, Brasil. Representan- tes de 12 países da Comunidade Mundial de Meditação Cristã foram ouvir o Professor Leonardo Boff e Frei Betto OP. Antes do seminário, D. Laurence Freeman pregou o retiro “Seja quem você é”, também em sintonia com o tema principal. Após o seminário, um grupo de peregrinos foi às Cataratas do Iguaçu, na “tríplice fronteira” (Brasil, Argentina e Paraguai), para viver uma experiência de meditação e poder da natureza. Pedimos o depoimento de alguns participantes sobre a experiência do JMS 2012. No próximo ano, este, que é o mais importante evento da WCCM, será realizado em Hong Kong. riquezas naturais do Brasil. As Cataratas do Iguaçu foram a escolha óbvia. As visitas ao Parque Nacional das Cataratas do Iguaçu, ao exótico Parque das Aves e à enorme Usina de Itaipu foram muito apreciadas. Queremos estender nossos sinceros agradecimentos a todos os que contribuíram para o sucesso do JMS 2012, e desejar boa sorte à comunidade de Hong Kong, na realização do JMS 2013. Jane Serrurier, UK Roldano Giuntoli, Brasil Em fins de 2010, decidimos aceitar o desafio de realizar o Seminário John Main 2012. A escolha natural para o local foi a Vila Kostka, a 110 km de distância da cidade de São Paulo. A preocupação com a sustentabilidade do meio ambiente resultou na escolha do tema do Seminário “Espiritualidade e Meio Ambiente”, pois 2012 era o ano da Conferência Mundial Eco Rio 92+20, também no Brasil. Poucos brasileiros teriam tanto renome, no âmbito internacional, sobre esse tema quanto os do professor Leonardo Boff e o de Frei Betto OP. Eles apresentaram palestras igualmente profundas, e complementares. A abordagem acadêmica do Prof. Boff foi equilibrada pela maneira mais coloquial de Frei Betto. “Seja quem você é” foi o tema das muito apreciadas palestras de D. Laurence, no Retiro PréSeminário. Decidimos realizar também, como extensão do Seminário, a contemplação de uma das muitas Senti que nossa Comunidade era uma “Comunidade Mundial” de um jeito que eu ainda não tinha entendido. O calor e a energia gerados por nosso encontro no Brasil encheramme de um sentimento de respeito e admiração ao nível do espetacular encontro com as Cataratas do Iguaçu! As realidades quânticas de nossa interconexão, com nós mesmos e com o mundo em que vivemos, e nosso lugar neste vasto universo em expansão, exigem que sondemos nossos corações e mentes (...) a harmonia que você experimenta, por exemplo, com a natureza quando vê um lindo dia, uma bela vista, um céu maravilhoso. Nesses momentos de revelação, temos um lampejo de que é disso que se trata: uma sensação de unidade com a natureza, com nós mesmos, com os outros. Meditatio Newsletter- Outubro 2012 com uma nova urgência. O “grito da terra” por uma nova ecologia, reciprocidade e respeito só pode acontecer se abraçarmos o desafio real de uma espiritualidade contemplativa, abrindo-nos ao Infinito. ∙∙∙ Vila Kotska e seu belo parque, a boa comida, a organização cuidadosa de todo o evento. Foi uma experiência de paz e de graça, para divulgar e compartilhar em nossas comunidades nacionais e regionais, em nossos grupos de meditação, bem como para ser atentos e aprofundarmos o engajamento, seja pessoal ou comunitário, com o professor interior da meditação diária. Agradecemos profundamente à WCCM, especialmente em seu ramo brasileiro, aos organizadores, aos palestrantes e aos participantes pela oportunidade de compartilhar este evento importante para alimentar o nosso caminho na meditação cristã. ... Rev. Stuart Fenner, Austrália Vindo da Austrália, o continente mais seco do mundo, para o Brasil, conhecido pelos seus recursos hídricos e pela floresta, senti-me estranhamente em casa, no meio da vibrante comunidade de meditantes brasileiros e dos cerca de 40 estrangeiros vindos de vários países. O silêncio faz isso – chama a atenção das pessoas para a sua unidade essencial, ao invés de suas diferenças. O alarme e a ansiedade que sentimos, ouvindo a exposição Leonardo Boff sobre a terrível situação do planeta, transformou-se em esperança quando ele nos assegurou que a idéia de nos juntarmos aos outros em meditação é essencial para salvar o planeta. O doloroso silêncio do isolamento causado pelo individualismo e pelo consumismo deve ser substituído pelo silêncio curativo da espiritualidade contemplativa . ... Marina Müller, Argentina Foi uma experiência intensa e maravilhosa, em que prevaleceu a harmonia, compartilhando a amigável convivência de todos os participantes em sua diversidade e unidade, a transmissão de conteúdo profundo, a beleza natural e artística, as questões tratadas, a agradável e confortável casa da Fred Jass, Canadá Durante a Conferência, ocorreu -me que, quando as ciências descobrirem a impor tância da oração, pr incipal mente da oração silenciosa, para limpar os meios de comunicação do cri me e do pecado que os poluem, e se eles publicarem os resultados como publicam infor mações do mercado de ações, ent ão estaremos no caminho certo para limpar a Mãe Terra poluída . ... Magda Jass, Canadá Sol quente, povo acolhedor, belo ambiente, e um monte de pessoas voltados uns aos outros e para o meio ambiente. D. Laurence falou sobre a necessidade de ser quem somos, sobre a beleza, e destacou que somos parte da natureza. Leonardo Boff disse-nos que estamos utilizando os recursos da terra mais rápido do que eles podem recuperar-se. Frei Betto compartilhou um pouco de sua história pessoal. A peregrinação às Cataratas do Iguaçu foi uma imersão e participação na beleza e na natureza. Todos abriam um grande sorriso. Tal como a oração contemplativa, foi uma experiência indescritível. Lina Lee, Agnes Wong, Pamela Yeung, de Hong Kong Nossos corações resplandecem pela participação no Seminário John Main. Como meditantes, sentimo-nos encorajadas quando Boff disse que, embora os recursos humanos sejam finitos, quanto mais meditamos, mais aumentamos nosso “capital espiritual”, a fim de amar e cuidar de tudo. Betto ressaltou que os direitos humanos e a dignidade são partes inseparáveis que integram essas duas arenas. Agradecemos aos nossos amigos da comunidade brasileira por sua hospitalidade calorosa, por realizar este seminário tão cintilante, tão mágico e de uma atmosfera tão familiar. Obrigado, Senhor, por soar um acorde de harmonia através deste seminário, para que possamos ser fortalecidos pelo nobre espírito de John Main - principalmente agora, que é a nossa vez de organizar o Seminário de 2013 . Vemos vocês em Hong Kong! Deo Gratias! Meditação e Medicina O médico gerontologista brasileiro Dr. Fernando Bignardi, pesquisador do Centro de Ecologia Médica Florescer na Mata, em São Paulo, fez uma palestra durante o Seminário sobre a necessidade de uma abordagem multidimensional e transdisciplinar na saúde física e mental. Está sendo planejado um Seminário Meditatio sobre Meditação e Saúde no Brasil. 8 Meditatio Newsletter– October 2012 vis Entre ta Leonardo Boff: “A contemplação pode curar o planeta” leva a um compromisso social, um compromisso com um mundo melhor. Você destacou a gravidade da situação ambiental. Com o apoio da espiritualidade, é possível ter mais esperança de reverter a situação? Frei Betto OP (a esquerda) e Leonardo Boff Por Leonardo Correa Frei Betto: “A meditação nos leva a ultrapassar o estilo de vida consumista” Você observou que a meditação é contra o consumismo. Então, isso ajuda a levar o novo paradigma para um bom caminho? Betto: É verdade. A meditação é o mergulho dentro de si mesmo, uma introspecção, e leva as pessoas a descobrirem que a felicidade não está fora, mas dentro delas. Assim, numa sociedade em que toda a publicidade tenta induzir uma idéia de felicidade baseada em bens materiais e em prazeres devidos ao que é consumido, a densidade espiritual alcançada por um meditante certamente cria um comportamento anticonsumista. Então, neste caso, ajuda a construir um paradigma de solidariedade? Betto: Exatamente. Porque a meditação não deve ser considerada como narcisismo espiri- tual, ou distanciamento da realidade, ou como um fim em si. Ela precisa dar frutos, frutos de amor, de serviço, de solidariedade, de participação, para a construção de um mundo melhor. Este é o desafio da meditação. Você falou sobre os “perigos” da meditação. Como evitá-los? Basta estar consciente deles? Ou será que a comunidade pode ajudar aqui? Betto: Precisamos fazer parte de uma comunidade. E a comunidade não deve ver a meditação como um fim porque, neste caso, caímos em “solipsismo” espiritual. É como o uso egocêntrico de uma prática de meditação, que pode ser chamada de qualquer coisa, menos cristã. Porque, no Evangelho, Jesus frequentemente enfatiza que “pelos seus frutos conhecereis a árvore”. Então, a oração não é válida se não nos Boff: É preciso pensar em termos da física quântica. Na física quântica, a matéria não existe, tudo é energia: até a matéria é energia, altamente condensada. E a energia organiza-se em redes. A lei básica da energia é que tudo tem que estar em tudo em todos os pontos, em todos os movimentos e em todas as circunstâncias. As energias se entrelaçam. Assim, a energia espiritual é, provavelmente, a energia mais poderosa. E podemos cultivar esta energia. Ela não fica presa em nós. Ela entra na rede de energia, fortalecendo os mais fracos e os mais ameaçados. Então, entendo que os místicos e os contemplativos são aqueles que fazem as revoluções moleculares, as revoluções silenciosas. No silêncio, eles geram energia que será importante para o casal ser fiel, para garantir que o militante social seja transparente, para evitar que o político seja corrompido e para garantir que ele continue a servir o povo. Todas as formas geram energias que circulam. Assim, o misticismo e a contemplação são fontes importantes de geração de energias positivas que podem curar nosso planeta doente e reforçar suas energias, e sempre ajudarão e fortalecerão tudo que é bom, luminoso, decente e santo. Meditatio Newsletter- Outubro 2012 ditatio otícias Me N Neste verão, muitos hóspedes bem-vindos, e muitos bons amigos vieram ficar na nova Casa Meditatio, em Londres e, apesar do imprevisível clima inglês, tivemos momentos felizes no jardim. Dissemos adeus a Francisco Wullf, que passou o último ano como oblato na casa, como parte da equipe Meditatio, e que agora volta para o Canadá; e demos as boas vindas a Mike Rathbone, um professor de música da Inglaterra, e a Lucy Beck, dos EUA. A Casa Meditatio continua sua rotina diária de meditação, três vezes ao dia, e tem um novo programa de eventos. Meditatio realizou um Seminário em York, no início deste ano, sobre saúde mental, com mais de 160 participantes, que reuniu profissionais de diferentes tradições de fé. Organizou também, em Londres, um animado diálogo entre D. Laurence Freeman e Alan Wallace, um budista tibetano, sobre “Salvação ou Iluminação?”. O programa de meditação com crianças Por Briji Waterfield continua a florescer, e realizamos Foruns Meditatio nas Filipinas, na Indonésia, em Cingapura e na Irlanda - onde professores e diretores reuniram-se para ouvir como podemos apresentar a meditação para crianças. No próximo ano, a Polônia, os EUA e, esperamos, o Canadá, também sediarão estes eventos, tendo Cathy Day e Ernie Christie, da Austrália, como palestrantes. Meditatio agora pretende desenvolver o tema da meditação e da dependência (adicção), no seminário de 30 de outubro, em Londres. Todos os seminários são gravados, e as publicações de Meditatio são disponibilizadas em nosso site. Meditatio programa também uma nova aventura no próximo ano - o lançamento do Centro Internacional Meditatio em St Marks, Londres. Pretendemos desenvolvê-lo como espaço público de reunião e centro de treinamento. Esperamos que essa localização urbana seja um espaço contemplativo, onde os meditantes possam reunir-se com outros em comunidade, amizade, e extensão. Publicações THE BUSINESS OF SPIRIT (Presença do Espírito no Mundo dos Negócios ) Resultante do Forum Meditatio realizado na Univesidade de Georgetown, EUA, no qual os líderes de organizações que operam em nível de responsabilidade global falam de sua experiência pessoal da prática da meditação e de seu lugar em sua vida profissional. Eles dão testemunho da necessidade de uma abordagem verdadeiramente iluminada para os negócios, em que a espiritualidade informa a liderança e onde a contemplação é inseparável da ação. MEDITATION & ADDIC TION [Meditação & Adicção] Este livreto é um guia para aqueles que estão interessados no papel que a meditação pode ter em ajudar as pessoas a recuperar-se de todos os tipos de vícios. Ele dá informações e incentivo a essas pessoas - e aos que as apoiam. ISBN 978-0-9571040-7-5 Preço £ 2,00 APOIE O NOSSO TRABALHO: Torne-se um Amigo Este ano, nossa comunidade completa 21 anos. A simplicidade do ensino essencial continua sendo o coração da comunidade e isso, acredito, moldou e guiou nosso crescimento até hoje. As raízes penetram mais fundo e os ramos espalham-se como a semente de mostarda do Evangelho. No Seminário John Main no Brasil, sobre espiritualidade e meio ambiente, vimos o quanto é necessário desenvolver uma nova consciência contemplativa para nossos desafios globais. Ele esclareceu, para mim, o significado de nossa extensão para as crianças, para as pessoas em recuperação, para os presos, para os doentes mentais, os pobres e esquecidos, bem como para o mundo em desenvolvimento, além do nosso trabalho com milhares de grupos regulares de meditação semanal. Nossa missão é grande, e nossas necessidades financeiras são relativamente modestas. Temos compromissos que exigem uma renda anual estável. Por favor, ajude-nos tornando-se um “Amigo”. Sua colaboração anual nos inspira e constitui apoio prático a nossa missão diária. Tanto o Reino Unido quanto os EUA agora gerenciam seus próprios programas “Amigo” em nome da WCCM. Para doações ao programa “Amigo” no Reino Unido, por favor acesse www.christianmeditation.org.uk, nos EUA, por gentileza acesse www.wccm-us.org. Para todas as outras doações, acesse www.wccm. org. Se você tiver dúvidas sobre o programa “Amigos”, entre em contato com Carla Cooper, em [email protected] Obrigado por compartilhar esta visão e ajudar a transmitir o dom, tornando-se um Amigo da Comunidade Mundial. Para doar online, visite a página “Amigos” em www.wccm.org/ content/donate. Laurence Freeman, OSB 10 Meditatio Newsletter– October s Evento Retiro Nacional da Austrália O Retiro Nacional da Austrália foi realizado em julho, em Melbourne, com o tema Etapas da Contemplação: O caminho de subida é o caminho de descida, com cerca de 200 participantes. ONLINE: As palestras de D. Laurence Freeman estão disponíveis para download no www.wccm.org Meditação com crianças -turnê asiática Seminário Meditatio sobre Meditação com Crianças na Irlanda A Irlanda realizou um Fórum Meditatio sobre Meditação com Crianças – “Um presente para a Vida” – em Dublin, no dia 2 de outubro, com 220 participantes. Charles e Patricia Posnett (coordenadores do Reino Unido para Meditação com Crianças), Laurence Freeman, OSB, Maria Savage (professora em Belfast) e Kim Nataraja (Diretora da Escola de Meditação da WCCM) foram os oradores. Retiro na Califórnia A dra. Cathy Day, Ernie Christie (da Austrália) e D. Laurence Freeman fizeram uma série de palestras sobre Meditação com crianças na Indonésia, Filipinas e Cingapura, para incentivar a prática entre professores, alunos e pais. ONLINE: confira um vídeo sobre a turnê em nosso Canal do YouTube (em www.wccm.org) Em setembro, mais de 80 meditantes acolheram D. Laurence no Centro de Retiros San Damiano, em Danville, Califórnia, para um fim de semana de silêncio e meditação. O tema do retiro foi “Primeira Vista - a Experiência da Fé.” Retiro na Holanda Pela primeira vez na Holanda, D. Laurence conduziu um retiro de meditação silenciosa em setembro, para cerca de 70 participantes. Novo programa em Georgetown Um programa de meditação para a Business School da Universidade de Georgetown, foi lançado em 25 de setembro, numa sessão dirigida por Laurence Freeman e Sean Hagan, Diretor Jurídico do FMI (acima), à qual compareceram numerosos estudantes e professores. O Deão David Thomas, que também estava presente e participou de toda a reunião, dirigiu a palavra ao grupo para expressar seu forte apoio à idéia de incluir a meditação na formação de futuros líderes empresariais. A alta visibilidade do lançamento foi seguida na semana seguinte, por uma sessão de trabalho regular mais discreta, isto é, por uma meditação silenciosa de vinte minutos, em uma das salas de aula da Business School, que foi precedida por uma palestra introdutória do diretor do Centro John Main, Gregory Robison. O plano é continuar as sessões de final de tarde às terças-feiras até o fim do período letivo e, no próximo período, começar a incluir módulos de meditação em cursos de Comportamento Organizacional. ONLINE: veja vídeos desse evento em nosso canal no YouTube (em www.wccm.org) Meditatio Newsletter- Outubro 2012 o Em Foc Mick Lowcock, Austrália Meu primeiro retiro com a WCCM foi no Monte Oliveto, que é bem longe de Mount Isa, Queensland, na Austrália. Ao chegar, encontrei D. Laurence Freeman, que me disse “Vou ao Mount Isa no ano que vem” e Desley Deike na recepção que me disse: “Você veio mesmo de Mount Isa? Foi de lá que vim, e estudei, antes de ir para a Inglaterra.” Sem dúvida, senti-me em casa, entre amigos, que eu nunca tinha encontrado. D. Laurence veio para Mount Isa e a idéia de enviar um noviço oblato da comunidade de meditação para uma espécie de estágio nasceu quando Pierre Corcoran veio passar três meses em Mount Isa. Entre as várias lembranças de diversas situações, recordo o dia em que Pierre chegou, eu dirigindo o carro, com Pierre sentado no banco de trás, ao lado do caixão, para dar espaço de modo a caber o caixão. Era uma viagem para um funeral em uma comunidade aborígene. A atuação de Pierre fez uma grande diferença para alguns dos nossos aborígenes enquanto esteve aqui. Ele ia toda segunda-feira ao Grupo de Homens Aborígines, e apresentou-lhes a meditação para encerrar os encontros. Essa prática continuou, principalmente porque eu garanti a ele que não a deixaria morrer. Nós terminamos nosso “Grupo de Homens Yurru Ngartathati” com um tempo para refletir sobre a reunião de duas horas e com um tempo para meditação. Eu nunca pensei que isso seria tão importante para al- “Estou realmente convencido de que a meditação me ajudou a relaxar e a permitir que os efeitos físicos do acidente se dissipassem” guns deles, que precisavam da paz e da cura interior que ela oferece. No voo de volta para casa, depois de seis meses fora, com vários retiros e experiências em minha mente e coração, lembro de ler no avião, na revista “Time” que tinha um cérebro na primeira página, com um artigo descrevendo como a meditação pode mudar a estrutura do cérebro. Minha experiência mostroume que isso é certamente verdade. Sofri um grave acidente de carro, há alguns anos, logo depois de passar a direção para um companheiro, no dia conhecido como Melbourne Cup Day, na Austrália. Quando fui levado a um hospital local na cidade do Meditatio Newsletter (4 números por ano), editada pela Comunidade Mundial para Meditação Cristã (The World Community For Christian Meditation St Mark’s, Myddelton Square, Londres EC1R 1XX, UK (tel +44 20 7278 2070 / fax +44 20 7713 6346) Email: [email protected] (Copyright The World Community for Christian Meditation) interior, para observação, tive algum tempo de repouso, e eu apenas foquei a janela e, com o mantra em meu coração, passei algum tempo em meditação, enquanto a equipe do hospital acompanhava a grande corrida de cavalos. No dia seguinte, eu não sentia qualquer dor, e quase nenhum efeito do acidente, a não ser pelo trauma que experimentei por algum tempo. Estou realmente convencido de que a meditação me ajudou a relaxar e a permitir que os efeitos físicos do acidente se dissipassem. Sei que ela pode nos curar de muitas maneiras, mesmo que não tenhamos consciência disso. Meu simples tempo de meditação quase diária permite-me estar focado durante o dia, ser curado sem ter consciência do fato, e carregar uma carga que eu talvez não conseguisse sozinho. Ela realmente me põe em contato com os princípios básicos da vida espiritual, e encerra louvando o Pai, o Filho e o Espírito Santo pelo que foi, que é e que será. Que grande maneira de começar o dia e de ver Deus dentro e fora. Breve reflexão do Frei Mick Lowcock, Paróquia Bom Pastor, Mount Isa, Diocese de Townsville. Queensland, Austrália. Editor: Leonardo Corrêa ([email protected]) Projeto Gráfico: Gerson Laureano Tradução:Evangelina Oiveira Arte Final:Ângela Reis Revisão:Jader Britto Coordenadora Internacional: Pauline Peters ([email protected]) Coordenadora, Centro Internacional, Londes: Susan Spence ([email protected]) Página Web da Comunidade: www.wccm.org Página Web Medio Media: www.mediomedia.org 12 Resenh Meditatio Newsletter– October a The Book of de Heart - Stages of Contemplation [O Livro do Coração -Etapas da Contemplação] Retiro de Silêncio no Monte Oliveto 2012 Por Laurence Freeman OSB Embora não possamos medir a jornada espiritual, certamente podemos identificar etapas que nos ajudam a perseverar e a compreender o que está acontecendo conosco. Nessas palestras esclarecedoras, Laurence Freeman utiliza uma série de esculturas medievais da Catedral de Chartres para ilustrar este jornada de uma forma surpreendentemente pessoal e contemporânea. O símbolo do livro pode ser visto como o próprio coração, abrindo-se em etapas de um processo de conhecimento espiritual que leva à progressiva transformação no amor. Ao ligar essas etapas à prática da meditação, D. Laurence faz reviver essa antiga sabedoria em nossa experiência diária. Catálogo # 6244 ISBN 978-981-073822-8 Conjunto 6-CD Preço no varejo US$ 34,90 e £ 22,50. From Brokenness to Wholeness [Do estilhaçamento à integridade] Por Jean Vanier Seminário John Main 1992 Geralmente nos fechamos em nossa produtividade e na atividade estéril para evitar olhar a dor interior. E negamos nossas feridas porque tememos a crítica. A mais profunda busca do coração humano, diz Vanier, é a do amor incondicional, como aquele experimentado pela mulher no poço, quando Jesus pediu-lhe de beber. Nós também precisamos experimentar essa aceitação incondicional. Segundo Vanier, a meditação abre o espaço onde podemos encontrar o coração de Cristo, ser quem somos em toda extensão de nossa ferida e permitir-nos ser curados. Tal encontro, então nos libertará para sair de uma visão de rivalidade e competição para a de ajudar outros a encontrar seu lugar e exercitar seus dons. Jean Vanier é um filósofo canadense, humanitário e fundador da L'Arche, uma federação internacional de casas coletivas para pessoas com deficiências de desenvolvimento e para aqueles que os ajudam. Esta é uma reedição digitalmente aperfeiçoada do Seminário John Main conduzido por Jean Vanier, em Londres, em 1992. Desde então, a amizade entre L'Arche e a comunidade mundial foi aprofundada. Ele e Laurence Freeman vão conduzir um retiro juntos no centro internacional L'Arche em Trosly, França, de 22 a 26 de maio de 2013. Catálogo # 6246 ISBN (a ser confirmado) Conjunto 6-CD preço no varejo US$ 34,90 £ 22,50 Para comprar: Página da Meditação Cristã na Amazon: http://astore.tamazon.com/w0575-20 Outras opções:
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