o triunvirato - Escola do Caminho

Transcrição

o triunvirato - Escola do Caminho
CRISTANDADE BRANCA UNIVERSAL
BEZERRA NETO (TRANSMITANTE)
O TRIUNVIRATO
REGENTE TUMUCHY (ORG.)
HISTÓRIA ESPIRITUAL
1
O TRIUNVIRATO
O TRIUNVIRATO
HISTÓRIA ESPIRITUAL
2
O TRIUNVIRATO
CRISTANDADE BRANCA UNIVERSAL
O TRIUNVIRATO
HISTÓRIA ESPIRITUAL
BEZERRA NETO (TRANSMITANTE)
TRINO HERDEIRO REGENTE TUMUCHY (ORG.)
2.ª EDIÇÃO
VOLUME 1
EDIÇÃO DO ORGANIZADOR
3
O TRIUNVIRATO
Edição do Organizador
Este livro, no seu todo ou em parte poderá ser divulgado,
reproduzido ou transmitido, sejam quais forem os meios
empregados: eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravação
ou quaisquer outros sem autorização prévia. Os editores não
se responsabilizam por qualquer forma de alteração
conteudística, ou ainda por qualquer forma de utilização do
presente material, que seja discordante em relação aos
ensinos do Mestre Jesus.
Direção Editorial: Trino Tumuchy
Adaptação e revisão: Trino Tumuchy
Edição do autor
St. Baixio dos Monteiros, 00050
Distrito Romualdo - Crato
Fone: (88) 8801-1070
E-mail: [email protected]
Home page: www.aescoladocaminho.com
Neto, Bezerra; Tumuchy, Trino (org.).
O Triunvirato. Crato: edição do organizador, 2013.
92p
ISBN:
CDD: 110
4
O TRIUNVIRATO
Em sua programação essência,
Roma é escolhida nos planos
celestes como a nação
espiritual do novo mundo, cuja
missão é a de fazer a
transposição do sistema cristão
para o sistema crístico. A águia
Roma deveria ter sido o
conciliador entre o velho e o
novo...
5
O TRIUNVIRATO
SUMÁRIO
PREFÁCIO PARA A SEGUNDA EDIÇÃO ............... 7
INTRODUÇÃO ................................................. 9
PETRUCIUS CORNÉLIO.................................. 13
A SITUAÇÃO POLÍTICA .................................. 23
MARCUS LICINIUS CRASSUS DIVES .............. 27
CNAEUS POMPEIUS MAGNUS........................ 34
LUCIUS CORNELIUS SULLA .......................... 43
TRAMAS E ALIANÇAS ................................... 47
FORÇAS POLÍTICAS ....................................... 55
GAIUS IULIUS CAESAR ................................. 59
POMPEU AGE ............................................... 65
A TRAIÇÃO .................................................. 73
A MORTE DE PETRUCIUS .............................. 82
6
O TRIUNVIRATO
PREFÁCIO PARA A SEGUNDA EDIÇÃO
Amigos e irmãos, salve Deus.
A primeira vez que recebi algo
documental sobre a história de Roma,
estávamos em Juazeiro do Norte, e corria o ano
de 1997. Tratavam-se de uns retratos a lápis,
feitos muito rapidamente, e que davam conta de
cerca de sessenta personagens da trama que se
segue, acompanhados de seus nomes passados
e atuais. Posteriormente, quando já nos
encontrávamos em Brasília, recebi mais cerca
de 40 nomes, estes sem gravura. Desta segunda
lista, chamou-me atenção o fato de que
constavam nomes de pessoas que na presente
encarnação ainda nem conhecíamos.
Ficou-me, das mãos de tio Chico,
um resumo de 15 páginas, feito a lápis, onde se
podia perceber o traço corrido, a letra mal feita,
a escrita às pressas, de modo a não perder o
fluxo mediúnico, o momento em que os quadros
se projetavam na tela mental. Depois de muito
instá-lo a continuar aquela narrativa, recebi do
próprio, a missão de o fazer. Deveria estudar e
desenvolver o presente enredo, tarefa para a
qual me dediquei durante longo tempo.
O trabalho constituía-se de
pesquisa em livros de gabarito sobre o assunto,
7
O TRIUNVIRATO
consultas sobre nomes, datas, fatos, bem como
a escrita livre, intuitiva, porque fui orientado a,
quando encontrasse momento propício,
escrever livremente, deixando que o mediúnico
fluísse. Acerca disto, fui somente orientado que
antes de qualquer publicação deveríamos ler
junto o material.
Sobre o enredo em si, sentimo-nos
no dever de esclarecer que os fatos aqui
narrados nem sempre se coadunam às narrativas
da história tradicional, o que, em nosso
entender não desmerece nem desqualifica um e
outro. Ao contrário, um se soma ao outro em
diálogo e debate fraternos. E no tocante à
conclusão, esta deixamos a você leitor.
Sinto-me, contudo, no dever de
registrar mais uma vez meu profundo
agradecimento pela confiança em mim
depositada pelos mentores, por tio Chico,
supervisor deste trabalho. Particularmente por
tia Sônia, que em madrugadas dividia comigo
impressões, orientava-me a escrita e vibrava
comigo, a cada pequena confirmação recebida.
Muito obrigado a todos. Jesus nos
abençoe. Trino Triada Herdeiro Regente
Tumuchy.
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O TRIUNVIRATO
INTRODUÇÃO
Amigos, salve Deus.
Em sua programação essência,
Roma é escolhida nos planos celestes como a
nação espiritual do novo mundo, cuja missão é
a de fazer a transposição do sistema cristão para
o sistema crístico. A águia Roma deveria ter
sido o conciliador entre o velho e o novo. A era
romana marca a novo ciclo e se coloca como
estrela alfa na terra candidatando-se a ser o
berço do décimo primeiro avatar, prenunciando
a vinda do Divino Messias, Jesus o Enviado do
Cristo O Sublime Galileu - aquele que
transformaria e uniria toda a sociedade humana
numa só verdade, num só pensamento, numa só
linguagem, num só sentimento: o de amor, o
amor que busca o próximo.
Então Jesus abre o quinto ciclo
evolutivo; lança a ideia do “amai-vos uns aos
outros” e nos convida todos a cultivar e semear
a paz, o perdão, a tolerância e a praticar a
humildade, as novas bases do novo mundo que
abalariam as estruturas da velha estrada
marcada pela lei de Talião: “olho por olho,
dente por dente” - A coluna mestra do sistema
cristão, sendo o oposto do Sistema Crístico:
9
O TRIUNVIRATO
perdão e amor é sua estrutura devendo repousar
no perdão e na tolerância para consigo mesmo
e com o próximo o sentimento em essência, que
transfigura o indivíduo cristão no ser crístico.
Cumpre assim Jesus o planejamento evolutivo
do planeta chamado Terra.
No aspecto individual, ecoam na
memória do passado e muitas vezes como
determinantes do presente, as lembranças de
nossas passagens em Roma. Estávamos todos
encarnados, envolvidos nos contextos políticos
e sociais daquele povo.
Neste particular, Jesus havia-nos
conferido uma grande oportunidade de mudar
os rumos nos quais Roma alicerçava suas
conquistas. Aquele império tinha no mundo
espiritual, a função de ser o berço, o
educandário do mundo; de suas fronteiras se
espalhariam as sementes de uma maturação
espiritual, do homem edificado no respeito, nas
diretrizes do trabalho redentor, de espíritos
carentes de organização política, social e
cultural, ao invés de se deixar levar pelas
paixões terrenas, pelo poder temporário. Seus
condutores enveredaram pelos caminhos da
guerra quando lhes cabiam as conquistas no
campo moral, e intelectual, guiando todas as
almas ao amor crístico.
10
O TRIUNVIRATO
Em seus séculos de hegemonia,
vamos encontrar Roma constantemente
mergulhada em crises constantes, pelas
conquistas que se estendiam a terras distantes
escravizando povos vizinhos, sem, contudo
poder governá-los. O senado estava vencido e
na verdade, aquele que se destacasse frente aos
exércitos, no comando das legiões, era quem
governava.
Ale estávamos nós, espalhados,
agindo, colocando em prática os nossos baixos
interesses, abastados com funções especiais nos
mais diversos setores, sempre ocupando altos
cargos, no comando da política ou nas fileiras
de seus exércitos, como capitães, generais,
tribunos, pretores, sensores, procuradores,
centuriões,
cônsules,
pró-cônsules,
governadores de províncias e assessores do
imperador.
Entre essas figuras vamos encontrar
César, Caius, Vespaziano, Vesprúcio, Cícero,
Petrucius Flávius, Glaucus Caius, Marcus
Antonio, Marcus Vinicius, Caius Petrus, Mário,
Cornélio de Cina, Pompeu, Crasso, Brutus,
Lépido, Otávio, Agripa e mais como
Espartacus, Valério de Saurus, Saulo, Maria
Otília, Odalesca Verônica, Marta, Andrasa e
tantos outros...
11
O TRIUNVIRATO
A você, amigo e irmão, leitor que
conosco compartilha neste momento. Procure
sentir este percurso e se encontrar nestas
páginas. Não ao acaso estes escritos chegaram
às vossas mãos.
Jesus nos abençoe a todos. Boa
leitura. Salve Deus.
12
O TRIUNVIRATO
I
PETRUCIUS CORNÉLIO
Petrucius Cornélio era um senador
romano dos mais influentes de toda aquela
época e em toda aquela região, por toda aquela
casta de fidalgos, de patrícios romanos. Filho
único, herdara tudo do seu pai, que gozava de
grande comodidade e fortuna financeira,
acumulada em longos anos de trabalho e
dedicação ao império...
Era amigo de Mário, homem
também de grande influência em todo
patriciado daquela época. Devido à prudência,
que lhe era peculiar, Petrucius, o filho,
resguardara agora, já no fim da vida,
considerável fortuna (parte vinda do pai), que
lhe permitia viver sem preocupações desta
ordem até o fim dos seus dias na terra.
Casou-se muito novo com uma
jovem patrícia de nome Cormélia 1, dama de
rara e singular beleza, possuidora de traços
morais que alegrariam e apaixonariam todo
homem desejoso de prolongar e coroar sua vida
no seio de uma sólida família.
1
No decorrer da redação, recebemos a notícia de que Cormélia
evoluíra, e trabalhava pela evolução de seu companheiro, o
nosso saudosos amigo José Cardoso.
13
O TRIUNVIRATO
Dessa união, nasceram dois filhos,
que mais tarde desapareceriam em guerras
pelos exércitos da temida águia romana.
Batalhas, aliás, que o próprio Petrucius
comandara, quando jovem, pelas terras da
África. Contudo, desde a partida dos dois
jovens para os planos espirituais, o nosso
personagem nunca mais fora o mesmo.
Profunda dor, de quem perde o tesouro de sua
vida, se fazia sempre presente no seu coração
de pai afetuoso, como também, um cismar
sobre o porquê de tantas guerras o
acompanharia por toda a vida.
Desde que recebera o golpe fatal do
destino, passara a pensar em tantos pais
vitimados pela máquina imperial a que ele,
orgulhosamente servira por tantos anos...
No seu olhar notava-se certa
amargura, certo sofrimento, que não se sabia de
onde vinha, mas que se juntavam à discrição
que lhe era característica das mais marcantes. Já
na senectude, mas ainda viril, Petrucius não
frequentava a alta sociedade romana. Apesar de
compô-la, raras foram as vezes em que se viu
este senhor em alguma festa ou acontecimento
de gala da coorte. Antes, dedicava-se à calma
do lar, onde encontrava-se à larga em
silenciosas meditações ou em diálogos sobre a
14
O TRIUNVIRATO
vida, a morte, e tantos outros temas assim com
os que lhe eram sintônicos...
Levava uma vida pacata com sua
esposa e alguns escravos, aos quais sempre
tratara como amigos da casa, comportamento
que fazia questão de manter. Era contra a
escravidão e aqueles que lhe prestavam serviços
em sua herdade, o faziam com satisfação filial...
Tornara-se general relativamente
cedo e durante muito tempo estivera fora de
Roma, em missão diplomática na Ásia menor e
África, ali permanecendo em lutas e conquistas,
levando sempre em punho todo o temido
esplendor da poderosa águia romana. Trazia
consigo sempre a companhia de seu grande e
devotado amigo: Lúculo 2, o general romano
mais temido e respeitado dentre todos que se
lançavam nas fileiras e conquistas daquela
época.
2 Importante político e
general da República Romana, partidário
de Lúcio Cornélio Sula, combatendo sob seu comando
na Guerra Social (91–88 a.C.). Desenvolveu uma importante
ação no Oriente, sendo vencedor da Terceira Guerra
Mitridática, na Ásia Menor. No entanto, no fim da campanha
foi substituído por Pompeu, o Grande, que a terminou rápida e
eficientemente, tendo regressado a Roma coberto de glória e
com enormes quantidades de despojos que vieram encher os
tesouros de Roma. Após a campanha do Oriente, Lúculo, foi
progressivamente perdendo a outrora grande influência que
possuíra, tendo ficado seriamente debilitado pelas substâncias
tóxicas que gostava de consumir.
15
O TRIUNVIRATO
Lúculo
Lúculo era famoso por sua
crueldade. Dizia-se que seu nome corria mais
do que todas as centúrias romanas juntas,
estendendo-se de uma ponta a outra daquele
imenso império, que começava na Europa e se
perdia na imensidão do grande continente
asiático.
Voltando a Petrucius, o tempo, as
batalhas, as dificuldades e os benefícios de uma
vida conferiram a Petrucius Cornélio
qualidades de um homem calmo e detentor de
muita prudência.
Foi com base nestes atributos, que o
senado lhe conferira o título de sensor,
possuindo lá a primeira cadeira. Passando um
lustro dos sessenta anos, gozava de grande
autoridade naquele meio e do respeito e
16
O TRIUNVIRATO
admiração de muitos, acima de qualquer
suspeita.
Homem honesto e leal a Roma, via
sempre os interesses do estado e nunca as
preferências pessoais, fato que era dos mais
raros entre todos os personagens que
compunham aquela classe.
Era comum, principalmente na sua
propriedade, encontrá-lo, nas horas de folga, de
olhos perdidos no nada, na imensidão do céu
escuro repleto de estrelas, como se estivesse
vislumbrando algo invisível aos olhos dos
demais...
Comumente vestia uma túnica clara,
cruzando-lhe com uma fita púrpura
avermelhada, presa no ombro esquerdo por um
broche de ouro no qual se viam talhadas as
insígnias de família. Calçava sandálias grossas
que lhe subiam as canelas até os joelhos com
cordões em tranças, peça da vestimenta, aliás,
muito característica de toda aquela civilização.
No braço direito, um grosso
bracelete do mesmo material do broche
completava a roupagem física daquele homem
não alto, já meio calvo e mostrando sua
senectude nas madeixas brancas a lhe rarear na
testa marcada pelos sulcos que as experiências,
ao longo dos anos, lhe impuseram.
17
O TRIUNVIRATO
As noites eram para ele, um refúgio,
um momento de se refazer das batalhas dos dias
que se sucediam. Sempre com Cormélia,
passava os seus melhores momentos,
geralmente andando pelos jardins, hora
meditando sobre as decisões que teria que
tomar no dia seguinte ou analisando o meio em
que vivia, de feras em túnicas muito pomposas
dispostas a matar por seu interesses e suas
paixões, seus desejos mais secretos e
desprovidas de qualquer consciência no bem
comum.
Seu palácio ficava distante alguns
quilômetros de Roma, justamente para se
resguardar da vida agitada dos patrícios mais
chegados a tal comportamento, a quem via
sempre com reservas devido ao seu caráter
apurado e tipo recatado, de pouca conversa a
não ser o trabalho.
Na Roma daquela época, era muito
comum nas grandes festas, após todos se
fartarem de comida e bebida o quanto
quisessem, se dirigirem para as varandas e
sacadas dos ornamentados palacetes, jogar as
sobras sujas aos mendigos, que, lá embaixo se
acotovelavam, se pisavam, se matavam por
qualquer ninharia que lhes aliviasse a fome.
18
O TRIUNVIRATO
Depois daquela diversão dantesca e
cruel, todos voltavam para dentro e se
entregavam aos prazeres sexuais dando vazão
aos extintos animalizados de um povo adoecido
pela força da vida material que levavam.
Petrucius ao contrário, nunca
aprovara aquele ritual que se fazia acontecer em
toda festa daquela gente, como se fosse um
esporte, um jogo para saciar os prazeres e as
paixões. Toda aquela vida, no seu
entendimento, não o fazia superior a qualquer
outro homem como imaginavam todos de seu
convívio. E sendo um homem honesto e
humano como de fato o era, aquilo lhe era
inaceitável e vergonhoso principalmente para
os governantes de Roma, que naquelas ocasiões
condenavam seus próprios filhos, manchavamlhe os brios; afundavam Roma e ajudavam a lhe
escrever um futuro nada glorioso.
Discordante
em
relação
às
conquistas militares, muito lutou para que fosse
dado um cunho, no mínimo, mais racional para
aquele movimento.
Toda essa conduta e esses
posicionamentos pessoais foram motivo para
grandes palestras e grandes debates no átrio do
senado romano. Dizia em sua lógica eloquente,
que daquela forma, estavam conquistando
19
O TRIUNVIRATO
escravos, mas também estavam humilhando os
povos que cedo ou tarde se rebelariam. Que
convinha ao Estado manter o que já possuía, em
tom harmonioso, pois os próprios romanos já
eram presos àquela aristocracia que se voltava
ao militarismo inconsciente, apoiando-os
simplesmente para manter os seus privilégios.
Dessa forma, lutou pela reforma do
estado romano, pela distribuição de terra e
reforma agrária; defendia a promoção de uma
melhor forma de vida para a massa romana que
vagava pelas ruas, indo e vindo pela Via Ápia,
aglomerando-se no Esquilino, engrossando a
fileira de esfomeados que circulavam dia-a-dia
por toda cidade.
Célebre em muitas ocasiões, ficou
marcado nos memoriais do senado um discurso
seu sobre a política belicosa de Roma, quando
do alto de sua tribuna disse:
“Roma conquista o mundo e é
incapaz de administrar suas próprias terras,
escravizando os homens justos e trabalhadores
para depois ter que sustentá-los. Isso não é
política, é militarismo imprudente, ambicioso e
cruel. Não se destroem homens livres porque se
confiscam suas terras; pior, enfileiram-se
inimigos de Roma que a destruirão com seu
ódio. Roma nascera para ser a mãe das nações
20
O TRIUNVIRATO
mais jovens, e não senhora de nações
escravizadas, e, sendo mãe, não é licito
escravizar seus próprios filhos”.
Político sagaz; sabia maestrar a
política e intimidar cautelosamente aqueles
impiedosos generais, jovens, maravilhados e
embevecidos pelas conquistas de seus
exércitos. Na verdade, do alto da sua
experiência, aquele sensor via que dia a dia,
crescia a força militar desgovernadamente.
Apesar do prestígio do qual gozava,
no momento ao qual nos reportamos,
averiguava aquele nobre senhor que,
gradualmente, perdia força política. Sentia, em
sua acuidade, que tornava-se mais difícil
manter as linhas de outrora. Concluía que, cada
vez mais, se oporiam com aguda determinação
às
suas
posições
moderadas
e
democraticamente justas, que eram opostas ao
que pretendia a maciça maioria de seus colegas.
Sabia, portanto, que o seu poder de voto e
influência tinham dias contados, embora,
quanto a isso, não soubesse precisar...
Vivido, experiente, sagaz, sabia que
não seguraria aquela situação por muito mais
tempo. Em breve os generais – jovens, viris,
dispostos a tudo pelo poder lhe atropelariam a
filosofia. Na vida política, o que vale é o
21
O TRIUNVIRATO
navegar do momento e ele, Petrucius, por
algum certo pressentimento, sabia que seu
tempo expirava; assim aprendera e assim viu
por toda a vida que não há homem
suficientemente forte para mudar o curso de
certas coisas.
Maduro, sabia que o seu trabalho
estava em retardar o quanto pudesse o modismo
cruel que se apresentava, de novas forças
políticas, que por inaudita sede tentariam se
impor. Por essa bandeira deitaria os últimos
dias da sua vida, com todo o vigor que lhe
restava nos braços cansados da batalhas e lutas
fora. E se antes Roma lhe exigira o testemunho
em terras distantes, somente agora compreendia
que a verdadeira luta era ali, dentro de casa,
porque justamente dentro de casa estavam os
maiores inimigos de Roma...
22
O TRIUNVIRATO
II
A SITUAÇÃO POLÍTICA
Corria o ano 130 a.C. Roma vivia
sócio politicamente, uma fase turbulenta e
agitada. A anarquia mostrava sua face e
dominância e o senado tentava a todo custo, na
figura de Petrucius, trazer uma tendência mais
amena àquela forma de governo.
Contudo nos últimos anos, aquela
instituição perdera grande parte de sua força e
de seu prestígio. Sim amigos, o senado não era
mais o mesmo. Na situação em que nos
achávamos, quem mandava em Roma eram
aqueles que se lançavam nas conquistas dos
povos vizinhos; eram os capitães, que
comandando suas legiões faziam os reis
vizinhos escravos, e isso ofuscava, censurava o
poder daquele senado, que poderia trazer algum
desenvolvimento, algum equilíbrio ao império.
Por outro lado, as conquistas em
excesso fizeram com que a extensão geográfica
daquela unidade fosse muito grande; cresceram
muito os limites territoriais de Roma e era
difícil controlar tudo aquilo. Muitos povos
haviam sido conquistados pela força da temida
águia vermelha. Suas centúrias não conheciam
a derrota. Entretanto, a questão não era somente
23
O TRIUNVIRATO
conquistar. Depois disso era necessário manter
a ordem e a administração e assim, Roma era
um gigante ingovernável...
Os povos conquistados estavam
rendidos, subjugados e humilhados e
constantemente se revoltavam contra o
governo. Os exércitos romanos por onde
passavam, deixavam seu rastro vermelho de
sangue e agora começavam a pagar por isso.
As revoluções nessa fase atingiram
o seu ponto máximo e todas estavam sendo
sufocadas pela força militar. Isso fazia com que
a manutenção dos exércitos romanos fosse
muito dispendiosa e cara, pesada aos cofres
públicos, que, assim, não aguentariam muito
tempo...
O mais relevante de todos os
movimentos em favor da libertação dos povos
nessa época ocorreu na baixa Itália. A
revolução dos escravos, como ficou conhecida
tinha a liderança de Espartacus, um romano
que, feito escravo por dívida, se revoltara contra
seu próprio país.
No ano 93 a. C. Espartacus quebrara
as cadeias da escravidão, e, tendo reunido seus
companheiros de infortúnio, que povoavam as
casernas dos gladiadores, apossara-se do
Vesúvio. Depois de resistir a algumas
24
O TRIUNVIRATO
investidas seu contingente ganhou número e
força. Penetrou até os primeiros maciços dos
Alpes, onde ainda engrossaria suas fileiras com
alguns revoltos daquela região.
À frente de um exército de cento e
vinte mil homens, Espartacus marchou sobre
Roma. Os escravos organizaram-se na intenção
de lançar-se à luta de igual para igual. Foi o que
aconteceu. Entretanto as forças vermelhas,
lideradas por um jovem pretor, encarregado
pela repressão, contando com a ajuda das forças
um grande general não tiveram muita
dificuldade em sufocar o movimento e matar o
seu líder, na pequena cidade de Siralus.
O pretor chamava-se Marcus
Licínius Crassus3. O general: Cneu Pompeu
Magnus. A revolta dos escravos, que durante
3
Patrício, general e político romano do fim da Antiga república
romana, mais conhecido como Crasso o Triúnviro. Comandou
a vitória decisiva de Lúcio Cornélio Sula na Batalha da Porta
Collina, e esmagou a revolta dos escravos liderada por
Espártaco. A importância de Crasso na história provém, porém,
do apoio financeiro e político que brindou ao jovem nobre
empobrecido Júlio César, apoio que lhe permitiria o sucesso na
carreira política. Chegou a um pacto secreto com Júlio César e
Cneu Pompeu Magno, o chamado primeiro triunvirato, para
ficarem com o poder em Roma. Apesar da sua proverbial
riqueza, ansiava a glória militar, e por isso liderou uma
campanha contra o Império Parta, na qual encontrou a morte,
junto ao seu filho e várias legiões, na Batalha de Carras.
25
O TRIUNVIRATO
três longos anos lançara sobre Roma, angústia
e terror estava terminada.
26
O TRIUNVIRATO
III
MARCUS LICINIUS CRASSUS DIVES
Marco Licínio Crasso era o terceiro
e menor dos filhos de Públio Licínio Crasso
Dives, cônsul em 97 a.C., a cujas ordens lutou
no exército. O maior dos seus irmãos, Públio,
faleceu durante a Guerra Social, enquanto que
o seu pai e o seu outro irmão, Lúcio, foram
vítimas da sangrenta repressão de Caio Mário e
de Lúcio Cornélio Cinna quando Marco Crasso
era ainda jovem. Para escapar da morte, buscou
refúgio na Hispânia (85 a.C.), onde,
aproveitando as clientelas que o seu pai
estendera durante o seu governo na Hispânia
Ulterior, recrutou um pequeno exército, pondose às ordens de Sula quando este voltou para
a Itália como legado ou prefeito.
Marcus Licinius Crassus
27
O TRIUNVIRATO
Destacou-se na Primeira Guerra
Civil, e especialmente na conhecida Batalha da
Porta Collina (1 de novembro de 82 a.C.).
Desde então, as manobras financeiras que se
seguiram ao estabelecimento da ditadura de
Sula enriqueceram-no extraordinariamente. A
partir de então ficou de manifesto a sua
habilidade para os negócios.
Negociando,
especulando
e
extorquindo, reuniu uma enorme fortuna com
atividades que incluíam de casas de prostituição
até brigadas de bombeiros. Quando o
processaram por se deitar com uma virgem
vestal, um crime brutal, absolveram-no por
questões de dinheiro.
Boa parte da sua fortuna foi
investida com fins políticos, estendendo as
clientelas populares, facilitando empréstimos
para famílias nobres em difícil situação
econômica e mantendo boas relações com os
núcleos capitalistas da ordem equestre.
Não arriscava a deixar rasto em
nenhum
assunto,
mas
empregava
intermediários para que comprovassem por ele
até onde se podia chegar, especialmente
homens com boas perspectivas de futuro,
28
O TRIUNVIRATO
utilizando-os como testa de ferro, saindo
sempre indene de qualquer situação.
Feito Pretor em 73 a.C., recebeu no
ano seguinte o imperium proconsular –
designação do senado para pôr fim à revolta de
escravos encabeçada pelo célebre Espártaco.
Após seis meses de preparativos e algumas
derrotas iniciais, conseguiu vencer o exército de
escravos em Apúlia, ordenando a crucificação
de diversos deles ao longo da via Ápia. Seu
sucesso compartilhou-o com Pompeu Magno...
Em 65 a.C. revestiu a censura junto
a Quinto Lutácio Catulo. Tratou então de obter
poderes extraordinários para transformar o
reino do Egito, aliado de Roma, numa
província, bem como de inscrever em bloco os
cidadãos latinos da Gália Transpadana nas
listagens dos cidadãos romanos (o que lhe
proporcionaria uma considerável clientela
política).
Durante estes anos protegeu Lúcio
Sérgio Catilina. Por volta de 59 a.C. aconteceu
a aliança segreda entre Crasso e os dois
políticos mais importantes do momento,
Pompeu e César, aliança conhecida como
Primeiro Triunvirato. Cada um dos seus
integrantes tinha os seus próprios interesses e os
de Crasso centravam-se em que fora aprovada
29
O TRIUNVIRATO
uma lei que rebaixara o montante de
arrendamento do cobro de impostos na
Província da Ásia bem como que se criara uma
comissão encarregada de efetuar as repartições
de terra aos veteranos. De acordo com estes
objetivos, em 59 Crasso formava já parte de
uma comissão para a execução das repartições
de terra entre os veteranos.
Em novembro do 55, Crasso
abandonou a Itália para se dirigir a uma
grandiosa expedição contra o Império Parta.
Invernava... No mês de junho crê-se em 53 a.C.,
o exército de Crasso, composto por sete legiões,
4.000 ginetes e tropas auxiliares, seria
massacrado na Batalha de Carras — frente da
superioridade da cavalaria inimiga. Mais de
20.000 soldados perderam a vida e cerca de
10.000 foram feitos prisioneiros. A cabeça e a
mão direita de Crasso foram levadas ao rei
parta, Orodes II.
Nesta batalha Crasso cometeu uma
série de falhas grosseiras. Confiou demais na
superioridade numérica de suas tropas,
abandonou as tradicionais táticas militares
romanas e, na ânsia de chegar logo ao inimigo,
atacou cortando caminho por um vale estreito,
de pouca visibilidade. As saídas do vale, então,
30
O TRIUNVIRATO
foram ocupadas pelos partos e o exército
romano foi dizimado.
Se grande parte daquele patriciado
tinha como característica os domínios e o gosto
das artes bélicas, Crasso era o símbolo vivo do
dinheiro e do poder. Tratava-se do mais rico
homem de toda aquela casta. Aliás, Crasso, do
grego significa grosso e ele ainda assinava com
o sobrenome, por ele mesmo atribuído, de
Dives, que significa ‘o mais rico’.
E, se herdara da sua família, toda
essa fortuna que ainda multiplicava, nem por
isso era gordo no sentido exato da palavra,
característica essa que não se coloca entre os
seus pecados. Pelo contrário, fisicamente, era
de belho talhe, característico da linhagem dos
Crassus. De boa estatura, tinha o físico robusto
e bem moldado, mostrando-se dono de beleza e
garbo. Os olhos castanhos, bem desenhados lhe
saltavam em combinação com os cabelos
escuros jogados à frente, como era comum.
Contava nessa época aproximadamente 38 anos
e se dispunha com toda força de sua juventude
ás lutas em prol de Roma, embora nunca
deixasse de ver primeiro os seus próprios
interesses.
Em contraposição, era trabalhador e
tenaz, especulador e calculista, possuindo o que
31
O TRIUNVIRATO
se pode chamar de faro quanto aos negócios de
dinheiro. Banqueiro astuto e avisado, ocupavase com empresas de construção, e fazia questão
de acompanhar pessoalmente todo seu
orçamento. Desconfiado, sabia do poder que
seu dinheiro tinha e se cuidava quanto a isso.
Ocupava-se também com questões
legais, em que se debatiam seus amigos e seu
círculo de relações. Corrupto, usava toda a
força que possuía. Subornava em quase todas as
situações, e depois, terminados os processos,
para a satisfação do cliente, este deveria pagar
a Crasso, pesada soma em dinheiro como
reconhecimento por seus serviços prestados.
De vida fútil e burguesa, pouco
antes de sua morte, contava uma fortuna de
aproximadamente, cento e setenta milhões de
sestércios. Agiota, emprestava dinheiro sem
juros sob pena dele mesmo fixar o montante
final a ser pago. Astuto psicólogo, sabia
reconhecer todas as situações que lhes fossem
úteis no alargamento de suas relações.
Atuava há algum tempo comprando
a preços baixos os bens, geralmente extensões
de terras e construções, confiscados por
Cornélio de Cina, líder do partido popular e
homem importante no meio. Não se ligava aos
partidos mais diretamente, pela razão de que
32
O TRIUNVIRATO
tais ligações políticas eram-lhe muitas vezes
atrapalhantes, embora nunca tenha tirado os
olhos do meio. Concordava somente em
conceder empréstimos sem exceção a todos
aqueles que se mostrassem bons pagadores.
Era colega do jovem Pompeu e por
este nutria competição, sobretudo quanto às
hierarquias públicas em jogo naquele cenário.
Devido a agiotagem, muitos os
senadores pretores, procuradores, cônsules e
tribunos que lhe deviam somas consideráveis.
Deste modo, era-lhe fácil conseguir o apoio dos
seus devedores, e estes tinham que o aceitar
pela força moral que não possuíam em face do
credor.
33
O TRIUNVIRATO
IV
CNAEUS POMPEIUS MAGNUS
Pompeu era o único filho e herdeiro
de Cneu Pompeu Estrabão, proprietário rico da
zona do Picenum, chefe de um ramo da família
Pompeia, tradicionalmente rural e que se
tornaria influente em Roma. Aos olhos da elite
aristocrática de Roma, a família da qual
descendia Pompeu Magno não era bem vista.
Não obstante, dada a sua riqueza, Estrabão
progrediu na vida política e foi o primeiro
senador da família, eleito cônsul em 89 a.C., no
meio da crise política da Guerra Social.
Pompeu crescera junto do seu pai
nos acampamentos militares, envolvido em
questões políticas desde a adolescência.
Estrabão morreu por volta de 87 a.C., no meio
da guerra civil entre a facção populista de Caio
Mário e os conservadores de Lúcio Cornélio
Sula, deixando Pompeu no controle dos seus
negócios e fortuna.
Embora sem os privilégios de um
cargo político, devido à idade, Pompeu manteve
os seus comandos sob a tutela de Sula e
revelou-se um general talentoso. O ditador
confiava nos seus instintos e enviou-o em
34
O TRIUNVIRATO
diversas missões, em especial para a Sicília.
Tratava-se de uma ilha estrategicamente muito
importante, uma vez que era a origem dos
cereais que abasteciam Roma. Pompeu varreu a
ilha com as suas legiões, acabando com a
resistência que os insulares ofereciam ao
governo.
Em África obteve igual sucesso e
no fim da campanha foi aclamado imperator
(diferente de imperador) pelas suas fiéis tropas.
De acordo com a tradição, Pompeu requereu ao
senado o direito de celebrar uma parada
triunfal, apesar de não ter estatuto consular,
nem sequer senatorial.
Os senadores recusaram o pedido
do que consideravam um miúdo nem sequer
oriundo de boas famílias, mas Pompeu
estacionou as tropas à saída de Roma,
recusando-se a conceder-lhes licença enquanto
o seu desejo não fosse concedido.
Sula acabou por intervir e
conceder-lhe o triunfo, para fazer-lhe a vontade.
É também nesta altura que Pompeu adquire o
cognome Magnus, "o Grande", atribuído pelo
próprio Sula com uma certa dose de sarcasmo.
Depois de celebrar um triunfo
apesar de não ter idade nem status adequados,
Pompeu pediu um imperium proconsular, sem
35
O TRIUNVIRATO
nunca ter sido cônsul, para fazer frente a fortes
inimigos romanos e, juntamente com Quinto
Cecílio 4, dirigiu-se à Hispânia.
Uma sucessão de vitórias em
demoradas campanhas sabidas em difíceis
terrenos, contribuiu para que Pompeu crescesse
em prestígio.
No regresso a Itália em 71 a.C.,
Pompeu utilizou as suas legiões veteranas da
guerra na Hispânia para auxiliar Marco Licínio
Crasso na sua luta na Terceira Guerra
Servil contra a revolta dos escravos liderada
por Espártaco (Spartacus).
A sua chegada provou-se decisiva
para resolver o conflito e valeu-lhe o ódio de
Crasso, que pretendia a glória apenas para si
próprio. Em Roma, Pompeu celebra o seu
segundo triunfo ilegal, juntamente com Metelo
Pio, pelas vitórias alcançadas na Península
Ibérica. No ano seguinte (70 a.C.), com apenas
35 anos, Pompeu é eleito cônsul pela primeira
vez, apesar de esta eleição ser mais uma
machadada nas tradições do cursus honorum.
Nessa altura, era odiado por boa parte da cúpula
romana e visto com desconfiança pelo resto da
classe senatorial, muito embora contasse com o
4
Quinto Cecílio Metelo Pio.
36
O TRIUNVIRATO
apoio dos eleitores das camadas sociais mais
baixas, que o viam como herói.
Dois anos depois do seu mandato
de cônsul, foi nomeado comandante de uma
frota especial e responsável por uma campanha
destinada a combater o problema da
pirataria no Mar Mediterrâneo. A nomeação,
como quase tudo o resto na sua vida, esteve
rodeada de polêmica.
A facção conservadora detestava-o
pelo constante ataque às tradições e pela sua
ascendência pouco notável. Tentaram por todos
os meios legais impedir este comando, até que
um tribuno levou o assunto à Assembleia do
Povo. No seu círculo de apoiantes, Pompeu
encontrou um apoio esmagador.
Para desgosto dos seus adversários,
o general levou apenas alguns meses a eliminar
os principais núcleos de piratas e garantir a
segurança das rotas comerciais entre a Itália,
África e Ásia Menor. A rapidez e sucesso
desta Guerra dos Piratas mostrou que era
obstinado no que se propunha.
No fim de 61 a.C., Pompeu regressa
a Roma, ao fim de seis anos, com um dilema
nas mãos. Por um lado, queria celebrar tantos
triunfos; por outro, ansiava por um segundo
mandato de cônsul. As leis de Roma
37
O TRIUNVIRATO
estipulavam que um general não poderia
atravessar o pomerium (fronteira simbólica da
cidade) sem perder o direito ao triunfo, mas um
candidato eleitoral tinha que apresentar a
intenção de concorrer em pessoa no Fórum da
cidade.
Contava Pompeu nesta época, cerca
de trinta anos. Bom soldado, tratava-se de um
estrategista genial, embora quem o visse não lhe
desse todo esse crédito. Todos os seus atos e
empresas contavam com um êxito que lhe era
marcante e peculiar. A prudência nos seus
ataques era a sua grande arma. Só atacava
quando tinha certeza de vitória.
Militar, um tanto quanto rígido,
tratava-se de um homem extremamente fiel aos
seus objetivos.
Ademais, era muito mais seco e
pouco inclinado às paixões, diferentemente do
que se pensa e do que se registrou
historicamente. Taciturno, trazia a expressão de
um leve aborrecimento e severidade virtuosa e
puritana. Físico um pouco forte, seu rosto era
largo e os olhos pequenos davam sempre a
impressão, a quem os olhasse, de alguém
perigoso e sorrateiro, que sabe sempre o
próximo passo a tomar. Bastante dado às
38
O TRIUNVIRATO
guerras, era muito bom cavaleiro e esgrimista
perfeito.
Querido de seus soldados, gozava
de menos popularidade entre os cidadãos
romanos. Aliás, não gostava de estar entre os
cidadãos comuns. Evitava comparecer ao
fórum e muito a contragosto se ocupava com
negócios dos outros. Seu tempo e sua energia
era totalmente concentrada em seus mais
secretos projetos e ambições.
Calculista, media tudo antes de
levar a cabo. Conveniente, quando julgava
necessário sua eloquência se fazia valer e nessa
época bastava sua presença para impor certa
cerimônia, tal eram as repercussões de suas
conquistas. E se os retratos esculpidos, nos
fazem crer que não se tratava de um Adônis, era
um homem que trazia, por seu conjunto de
conduta e modos, de uma certa beleza em
importância e magnetismo pessoal.
Tendo vencido Mitídrates,5 que era
o grande comandante das forças asiáticas, das
forças partas que sempre disputavam com a
águia vermelha o controle daquela região,
Pompeu sabia do seu momento.
5
Explicar em nota e colocar fotografia.
39
O TRIUNVIRATO
Mitídrates era temido e respeitado, e
muitos foram os generais romanos que
morreram nas mãos dos seus exércitos.
Pompeu, pelo contrário o vencera. E para seu
maior regozijo, trazia como prisioneiras, cinco
de suas filhas, bem como o rei da Judéia, grande
parte dos nobres armênios e muitos reis e
rainhas de tantos povos conquistados, além de
tantos tesouros, em peças de ouro e pedras
preciosas que valiam verdadeira fortuna.
O regresso de seu exército vitorioso
foi um acontecimento grandioso. Dos países do
oriente trouxe inúmeros presentes que ofereceu
à cidade romana e por toda parte foi aclamado
e festejado pela populaça arrebatada de
entusiasmo. Em sua campanha, deixara as
colônias da Ásia, todas consolidadas e
garantidas. Por onde passava, conquistava
países, destronava reis e elevava os homens que
lhe pareciam capazes ao mais alto cume da
dignidade romana.
Nessa altura, as camadas populares
ganham dois representantes, que apesar dos
esforços, não conseguiram mudar quase nada
daquela situação. Neste ano, dois irmãos
chegam ao senado. Tibério e Caio 6, propõem
6
Tribunos e reformadores romanos, filhos de diplomata e governador
de província. O mais velho, Tibério (164 a.C.?-133 a.C.), segue a
40
O TRIUNVIRATO
reformas estruturais naquela ruína que se
anunciara. Vinham de uma família tradicional e
poderosa de Roma: os Graco tinham fama e
eram bem vistos por toda casta.
Com dinheiro, compraram títulos e
faziam destes, o meio de colocar e divulgar seus
ideais. Quem levou a bandeira das reformas
mais acirradamente foi Tibério. Mais velho era
mais radical em suas posições. Defendiam a
reforma agrária, bem como mudanças
administrativas em Roma. É dele a política do
pão e do circo, que pretendia levar comida e
diversão a todos os habitantes de Roma.
tradição liberal da família desde o início da carreira, como questor
(magistrado) na Espanha. Seu avô, Cipião, herói da guerra entre Roma
e Cartago, já havia sugerido a distribuição das terras entre os romanos.
Eleito tribuno da plebe em 133 a.C., Tibério propõe a Lei Agrária, que
estabelece a divisão das terras públicas, por acreditar que o
empobrecimento dos camponeses gera tensão social e política e põe
em risco a república. O Senado recusa sua proposta, vetada por outro
tribuno, Otávio. Tibério subleva a plebe e destitui Otávio. Depois se
candidata à reeleição para defender de novo a aprovação da lei, mas é
assassinado durante um comício. O irmão Caio Semprônio (160/153
a.C.?-121 a.C.) assume a liderança da facção radical dos populares após
sua morte. Elege-se tribuno em 123 a.C. e 122 a.C. e persiste no projeto
de reforma agrária até conseguir certo sucesso. Defende a aprovação
de outros projetos políticos. Candidata-se à reeleição em 121 a.C., mas
sofre a oposição do Senado e acaba derrotado. Seus partidários se
rebelam, e Caio é morto durante o levante.
41
O TRIUNVIRATO
Tibério e Caio Graco
Entretanto, navegar naquele mar de
jovens patrícios, ambiciosos, embevecidos,
orgulhosos e dispostos a tudo pelos seus
interesses, era arte que alguns poucos
conheciam. Seu discurso inflamado, direto lhe
rendeu muitos inimigos e não demorou muito
para que saísse de cena, sendo assassinado junto
com 300 de seus simpatizantes em sua casa.
Depois de sua morte, Caio, seu irmão tenta
ainda prosseguir naquele ideal. Entretanto foge
para não ter o mesmo fim.
42
O TRIUNVIRATO
V
LUCIUS CORNELIUS SULLA
Com o sumiço dos Graco, a política
romana se desenrola por trás, nos bastidores,
nos palácios dos nobres patriarcas, através de
suas festas, fanfarras, troca de gentilezas... Mas
acontece que o poder estava confuso e havia
muitos desejando o poder, assumir o império
romano.
Disputava-se ali uma corrida
silenciosa e isso estava prejudicando tudo e
todos. Era necessário achar alguém a altura
daquele cargo; uma pessoa que estivesse em
situação de conciliar, senadores e militares, ou
pelo menos, amainar os ânimos.
Sula7, ‘o ditador’, torna-se então o
imperador romano naquela ocasião. Em 88 a. C.
fora nomeado cônsul, sendo encarregado do
comando supremo dos exércitos enviados
contra um dos grandes inimigos do império
romano: Mitríades, cargo aliás, conseguido
após várias vitórias sobre o mesmo. Sula
sempre fora um grande general, tanto no
aspecto tático quanto nas barbaridades que
cometia.
7
Registrou-se na história Lúcio Cornélio Sula.
43
O TRIUNVIRATO
No começo da sua carreira trava
imensa disputa com Mário, e desta sai vitorioso.
Audacioso, após ser banido de Roma, volta e
marcha sobre a capital com seu exército. Seu
oponente se rende e é prescrito. O banido, mais
tarde vagaria pelo mediterrâneo; aportaria no
litoral italiano e vagaria ainda algum tempo
como mendigo pelo país que governara.
É, nessa época, preso pelos esbirros
de Sula, que o descobrem nas esquinas dos
brejos do miturno, bairro romano. Encarcerado,
aguarda Mario sua execução, que é
encomendada a um escravo cimbro. Todavia,
na hora do abatimento, reconhecem os
escravos, o grande imperador Mario. Desta feita
ele é libertado e desaparece, deportado para as
ilhas de Ísquia.
Em suas campanhas pela Ásia,
sempre encontrou numerosas vitórias. Contudo,
regularmente, quando se tratava da Ásia, os
romanos sempre tropeçavam em Mitríades.
Entretanto, este hábil general persa agora havia
encontrado um general à altura. Sula o vence
repetidas vezes. Em 84 o rei persa é obrigado a
pagar um tributo de dois mil talentos, soma
ainda hoje inominável.
Em 74, Mitríades, que já havia
reconquistado a Ásia menor encontra outro
44
O TRIUNVIRATO
grande comandante. O celebre Lúculo, faz ele
voltar e se refugiar na Armênia. Em 68 volta
Mitríades a avançar sobre os domínios romanos
e desta vez Pompeu o afasta de vez. Mais tarde,
quando planejava novo ataque é traído por seu
filho. Tenta o suicídio sem sucesso e não tento
outra saída, faz-se apunhalar por um escravo.
Mas em Roma, propositalmente se espalhou e
todos sabiam que fora Sula, o general a abater
Mitríades.
Gozador, monstro sanguinário,
tratava-se, de um homem bastante poderoso e
rico; gozava do mais alto prestígio que se podia
ter em Roma naquela época. Portanto, ele era a
pessoa capaz de fazer calar a todos envolvidos
em toda aquela situação política...
E o fez, mantendo a ordem pelos
punhos de aço, sob os olhos de seu grande
exército, de suas poderosas centúrias.
Orgulhoso e déspota, andava sempre à frente de
sua tropa. Matava por esporte. Com Sula,
reforçam-se as conquistas aos povos vizinhos.
De formação militar, logicamente daria toda a
atenção a esse setor daquele império, o que
colocou o senado mais a margem ainda naquela
situação, tendo uma função decorativa e pouco
participativa.
45
O TRIUNVIRATO
Contava ele por essa época,
aproximadamente 45 anos. Seu casamento fora
arranjado cedo, atendendo às necessidades
políticas. Sua vida familiar era de simples
aparência, situação que levava com indiferença.
Possuía inúmeras amantes e se gabava disso.
Sua esposa, da mesma forma se entregava a
toda forma de desregramentos sexuais, fato que
ele sabia, e ao qual dispensava fria indiferença.
Naquele movimento, jogo de tantos
interesses, havia coisas mais importantes do
que o seu casamento... É justamente neste
círculo que encontraremos Cneu Pompeu
Magno...
46
O TRIUNVIRATO
VI
TRAMAS E ALIANÇAS
A lua brilhava solene no alto do céu,
ofuscando as suas filhas mais diletas e
próximas: as estrelas. Corria o vento tão comum
na Itália, que vem do Adriático e banha toda
aquela extensão de terra que destemidamente
avança no Mediterrâneo. As árvores contudo,
eram as maiores agraciadas por aquele bálsamo
num melancólico bailar de suas copas.
Corria o verão fresco daquela região
da Europa e toda vegetação se abria às brisas
marítimas como um filho faminto a receber o
alimento direto da fonte materna. Findara-se
mais um dia naquelas terras hoje tão distantes,
e tão presentes e a noite trazia sua poesia e seu
encanto aos olhos daqueles que, estivessem a
altura de apreciar as belezas do criador...
Nesse
cenário
aparentemente
calmo, onde tudo parecia concorrer para
felicidade eterna, vamos nos encontrar entre os
jardins, entre as palmeiras e figueiras de um
grande e suntuoso palácio, dentre os muitos que
ali compunham aquela paisagem.
Suas colunas de cor marfim e em
estilo jônico se erguiam a cada grande espaço
daquelas varandas, sustentando toda aquela
47
O TRIUNVIRATO
luxuosa residência, mostrando de cima a baixo
seus arabescos esculpidos por mãos de grande e
técnico artífice, sempre a impressionar pela sua
rara beleza e única imponência.
A entrada, triunfal, denunciava que
ali residia um dos muitos nobres patrícios. A
escada também em marfim, findava entre duas
colunas de proporções colossais e mais adiante,
conduzia à grande porta principal, que dava
acesso à grande sala de recepção, acima da qual
júpiter, moldado em mármore olhava todos que
ali entrassem ou saíssem.
Do lado de fora, a grama corria
impecável pelo solo daquela herdade, forrando
a grossa terra daquela região. Entre as muitas
plantas daquele belo pomar, apoiados em
pequena mesa isolada, longe de quem os
pudesse ouvir, estão dois grandes amigos e
cúmplices, duas figuras de todo aquele cenário
político, que, em conversa confidencial se
colocam agora a arquitetar seus planos de
subida, suas estratégias de carreira ao trono
romano.
Estamos no palácio do senador
Glaucus, nobre pretor da república que já há
algum tempo, figurava nos altos escalões
daquele patriciado, lá chegando graças às suas
artimanhas ilícitas...
48
O TRIUNVIRATO
Inescrupuloso, via sempre em
primeiro lugar os seus interesses, não medindo
esforços para realizá-los a contento. Gozando
de todo vigor, na flor da idade, era a perfeita
estátua de Apolo, no molde característico
daqueles jovens dispostos a tudo pelo poder;
alto, claro, mostrava físico bem talhado e sobre
o peito, bem destacado, carregava com orgulho
o broche de ouro que prendia a túnica branca a
cair-lhe pelo abdômen.
Glaucus conseguira sair das
obscuras centúrias devido a eficiência
dispensada aos seus superiores e aos
assassinatos, muitas vezes por suas próprias
mãos, de seus concorrentes e adversários. Fora
assim que conquistara o cargo de primeiro
general de Sila. Nesta condição tratava da
guarda pessoal do imperador, especialmente
vigiando suas costas nas batalhas, mas também
cuidando de sua segurança pessoal em todas as
demais situações. Tinha portanto, acesso
irrestrito à pessoa do imperador.
Lá, com ele, está Cneu Pompeu, seu
antigo amigo de infância, de semelhante
temperamento, igual caráter e ainda mais
ousado que o primeiro. Por ocasião deste
encontro, tramam o assassinato do próprio tio
49
O TRIUNVIRATO
de Pompeu, Sula, o ditador, que agora era a
autoridade máxima em Roma.
Pretendiam, ousadamente a um só
termo, chegar no ápice do poder daquele
vastíssimo império. E para sentarem-se ao trono
e era imprescindível que Sula saísse. Para a
empreitada, entretanto, era necessário um apoio
mais substancial. Pompeu era um dos homens
de ascendente prestígio naquele cenário, mas
não poderia se desprezar seu apoio...
Sula, no momento que se desenrola
a nefasta trama, certamente se entregava aos
cuidados dos vinhos e das amantes.
Embriagado e saciado, não dava acordo de si e
não supunha os escusos sucessos que haveriam
de lhe esperar num breve futuro...
Pompeu, seu sobrinho, e com o qual
vivera toda a sua vida, era amante daquela que
se passava por mulher do imperador: Valéria,
que tal como Pompeu e Glaucus, desejava
destruir Sula, para que pudesse dar vazão aos
seus projetos futuros.
De iguais índoles e similares
interesses, não foi difícil ao ambicioso casal,
Pompeu e Valéria, tramarem a morte do
imperador.
Numa das noites seguintes, Valéria,
sob as orientações de Pompeu conduziu
50
O TRIUNVIRATO
Glaucus ao seu quarto, declarando-se
apaixonada por ele. Este, por sua vez, não
acreditou, mas, em todo caso, aquela era-lhe
uma aliança muito interessante. Daí por diante,
sempre que possível, passaram a se encontrar
regularmente. Quando caíam as noites, eis que
vamos encontrá-los no quarto da imperatriz
traçando planos para o futuro de conquista de
felicidade e poder juntos.
No curso de pouco tempo, devido
aos encantos da beleza de Valéria, que se
juntavam à sua ambição desmedida, não foi
difícil a Glaucus, vislumbrar um futuro cheio de
luzes e pompas, quando então daria facilmente
um destino a aquela que agora lhe servia como
concubina e como ponte para o poder...
Por essa época, rebeliões de vários
povos conquistados avançavam, criando
problemas para a administração de Sula.
Necessário se fazia que fossem sufocadas o
quanto antes, caso contrário, diversas forças
políticas que agora somente aguardavam,
investiriam contra Sula, e isso era tudo que o
imperador não desejava.
Desta forma, por ordem imperial,
dentro de poucos dias, partiriam fileiras e mais
fileiras em ordem de guerra. As primeiras e
mais rápidas, guiadas pelo próprio Sula...
51
O TRIUNVIRATO
Astuta, Valéria fez ver a Glaucus
que essa era a ocasião perfeita: no calor e na
confusão do enfrentamento das tropas, o
general mataria o monarca romano, situação
que, se ele soubesse agir com discrição, não
despertaria nenhum tipo de suspeita em relação
aos verdadeiros arquitetos e mandantes da
trama. Em troca, em Roma, ela, Valéria, o
esperaria, junto a um futuro muito promissor.
Foi assim que tudo ocorreu.
Ainda nas redondezas da cidade
eterna, o nosso imperador preparava-se para
atacar o inimigo. As tropas já haviam cercado a
extensão e a vitória era questão de pouco
tempo. Esperava-se o grito de ataque para que
o sangue banhasse as terras...
Entretanto, logo no começo da
batalha o general lhe chega por trás e em golpe
decidido e certeiro finca-lhe a espada a um só
termo, que, gelada, corre-lhe na altura dos rins,
rasgando-lhe as carnes cegando-lhe de dor.
Sula sente, se assusta, sabe quem é,
mas já não tem forças para gritar. O sangue
sobe-lhe na boca, lhe embarga a voz e lhe
impede a fala. Ele também não tem mais forças
para virar e confirmar a presença de seu general
a lhe atravessar com aquela fria lâmina de
52
O TRIUNVIRATO
metal, que por mais gelada não fora tão fria
quanto a traição da qual fora vítima.
Seus olhos pesam mais do que o
trono que sustentava em Roma e seu prestígio
não é tão grande quanto a cobiça pelo seu lugar,
pelo seu poder. Ajoelha-se, vê a espada a sair
de seu peito untada com o vermelho de seu
sangue... Em poucos momentos a frente Sula
não respira mais8. Estava de novo vazio o trono
romano. Seu general então mais do que rápido
voltou à luta contra o inimigo, os povos
escravizados que, inocente e bravamente, se
lançavam à revolta.
Roma ganharia aquela batalha,
reconquistaria aqueles territórios, domando
como animais selvagens os povos daquela
região, mas o seu imperador não voltaria e
entraria para a história de uma outra forma...
De volta a Roma, Glaucus procurou
sua companheira na trama realizada. Após
cumpridos os ritos de chegada e o desenrolar
dos fatos, numa noite calma, de clima ameno e
sem vento, vamos vê-lo adentrar o palácio e,
certo de que penetrava em segurança, buscou a
ala que conduzia aos aposentos de Valéria.
8
Os registros históricos dão outro destino para vida de
Sila.
53
O TRIUNVIRATO
Ela o aguardava, e durante toda a
noite festejaram o sucesso da empreitada entre
vinhos e promessas para o futuro. Contudo, não
se confiavam. Cada um, por seu turno, arguto,
conhecia as intenções serpentinas e sibilinas do
outro. Eram víboras dividindo, enquanto lhes
fosse necessário, o mesmo ninho.
Por isso, somente quando Glaucus
já se encontrava quase inconsciente devido à
bebida embriagante, foi que Valéria, sacando
um discreto anel do dedo, pode manipular
pequena, porém fatal dose de veneno nos
últimos goles de vinho que Glaucus bebeu,
antes de começar a se contorcer e perceber que
fora usado...
Seu último lampejo foi um abrir de
boca na intenção de praguejar contra aquela
que, serena, olhava e aguardava... Sim, o plano
de Pompeu fora um sucesso...
54
O TRIUNVIRATO
VII
FORÇAS POLÍTICAS
A notícia não demoraria a chegar à
capital. O herói de guerra, nobre representante
da águia romana receberia as honras de homem
de estado, as falsas lágrimas da esposa, agora
viúva e feliz, do sobrinho cruel e audacioso,
grande idealizador de sua morte, e de mais
tantos ‘correligionários’ e simpatizantes tão
fartos e perigosos naquele meio.
Por ocasião da sua morte, estava de
novo o trono vazio e a corrida novamente
começaria em busca do mais alto cargo do
escalão romano. Aconteceu então o que o nobre
senhor Petrucius temia, mas que na verdade era
o mais óbvio. Os grandes generais de guerras
assumiriam o comando daquela imensa
máquina. Sim, aqueles que mais honras
tivessem, os mais respeitados e poderosos
tomariam conta da casa literalmente.
O ambicioso Cneu Pompeu e o
financista Magnus Crasso estavam na frente de
todos os outros e traziam consigo o emergente
Julius César. Sim, estes tomariam as rédeas
daquele império e a história viria a queda da
república
romana
e
a
consequente
55
O TRIUNVIRATO
concretização do império na figura daquele
triunvirato.
Pompeu, dos três, era o mais
ambicioso e de caráter mais audacioso possível;
calculista, via sempre na frente dos demais e
suas estratégias executava com grande e
assustadora frieza; pretendia governar sozinho
e ser senhor absoluto daquele império desde
muito tempo, como já demonstrara em sua
conduta, e para isso levaria a cabo qualquer
empreitada ou plano.
Crasso,
era
um
habilidoso
financista, contudo nunca fora dado às artes
políticas nem às bélicas. Rico e poderoso, agia
inescrupulosamente, e todos naquele senado
deviam vultosas quantias para ele. Além de
influente e respeitado, era conhecedor da
situação financeira de grande parte daquele
patriciado, e assim chegou ao poder.
Júlio César, de pró-cônsul, cargo
conseguido a custo no partido popular, passara
a compor uma das três mais importantes figuras
daquela situação, graças ao apoio de Crasso.
Desde que começara a ter um maior
vulto e ganhar respeito militar, Júlio César
alimentava o desejo de subir aos países
gauleses. Ele sabia que aqueles povos viviam
em pequenas e médias tribos semi-isoladas e
56
O TRIUNVIRATO
isso facilitaria a conquista deles, além de se
tratar de um povo não muito dado às lutas.
Esse aspecto se unia com o fato de
que há muito tempo Roma já olhava para
aquelas terras, sem, no entanto, ninguém nunca
as buscar, e isso o firmaria de vez como um
grande general frente às quatro legiões que
comandava e, principalmente, frente a toda
casta da capital, que, em sua maioria, não lhe
creditava as devidas considerações.
Assim as tropas romanas, orientadas
e comandadas por Caius Julius César, deixaram
ao amanhecer do dia, a cidade eterna, rumando
para as terras do norte. O exército buscava o que
hoje se conhece por França, Bélgica e
Luxemburgo, além das terras baixas da
Holanda.
Entre os auxiliares e conselheiros de
César, estavam experientes homens de guerra,
já maduros neste haver: Petruscus, Áquila,
Flávius, e aquele a quem César depositava toda
sua confiança: Glaucus Vinicius.
Devido ao rápido deslocamento das
tropas, característica marcante deste general,
em torno de uma semana depois, já em terras
gaulesas acampavam na promessa de trazer o
rei daquele povo, como troféu para Roma...
57
O TRIUNVIRATO
Do outro lado, Crasso partiria para a
Ásia, o extremo oriente. Buscava os povos
descendentes dos persas, da antiga raiz dos
hititas, povo que por muito tempo dominou
aquela região, chegando mesmo até a atual
Índia, junto de Lúculo, outro grande general e
seu braço direito. Dizia-se mesmo que Lúculo
era o segundo Crasso, considerando aí as
devidas proporções.
Pompeu, por sua vez, buscou as
terras da península ibérica. Rebeliões
aconteciam por aquelas bandas e era necessário
sufocá-las antes que tomassem maior vulto,
alimentando também ideais libertadores em
outros povos já conquistados. Assim aconteceu.
Deste modo estavam fora os homens de maior
importância para Roma naquele tempo.
58
O TRIUNVIRATO
VIII
GAIUS IULIUS CAESAR
Caio Júlio César nasceu em Roma
no seio de uma antiga e tradicional família de
patrícios romanos: Iulius (Julius num
aportuguesamento
aproximado).
Sua
ascendência, contudo, vem de Iulus, filho do
príncipe troiano Eneias, e, portanto,
descendente das tribos fundadoras de Roma.
O seu pai era o homônimo Caio
Júlio César e a sua mãe Aurélia, pertencia
também ao patriciado: Cottae, que vertido ao
português se torna Cottas. O cognome "César"
se originou, de acordo com Plínio, o velho, de
um antepassado que nascera próximo à região
de cesariana, enquanto jovem, Caio Júlio viveu
na Subura, bairro de classe baixa e média de
Roma.
Embora aristocratas, não eram ricos
para os padrões da aristocracia romana da época
e por este motivo, nem o seu pai nem o seu avô
atingiram cargos proeminentes na república. A
sua tia paterna Júlia casou com o talentoso
general e reformador Caio Mário, líder da
facção populista do senado.
Perspicaz, soube, Júlio César,
aproveitar um período de disputas internas e
59
O TRIUNVIRATO
que culminou uma guerra civil interna, cujo
resultado foi a ditadura de Lúcio Cornélio Sula.
Nesta ocasião, César estava ligado
ao lado derrotado: Caio Mário. A sua situação
não era portanto das melhores. Inimigo de Sula,
chegou mesmo a fugir de Roma para evitar
previsíveis e cruéis perseguições.
Contudo, ainda assim, não era de
seu talhe, nem de seu feitio, abaixar a cabeça.
Diversas vezes desagradara o ditador, que
sabia-lhe os passos, mas lhe poupara a vida,
segundo,
especialmente,
Suetônio.
Desagradava ao ditador, ao mesmo tempo em
que lhe empolgava o desafio arrogante
mostrado pelo jovem de pouco mais de vinte
anos...
Dessa forma, partiu César, para a
província romana da Ásia onde pode realizar,
sem nenhuma menção de prodígio, o seu
serviço
militar.
Durante
umas
das
campanhas na Cilícia, César distinguiu-se pela
liderança que exerceu sobre muitos de seus
companheiros de batalhas.
Em Roma destacou-se na cena
do Fórum Romano e tornou-se conhecido pela
oratória, aliada a uma espécie de orgulhoso
perfeccionismo.
60
O TRIUNVIRATO
Depois de trabalhar como questor
pela Assembleia do Povo em 69 a.C., calhoulhe um cargo na província romana da Hispania
Ulterior, situada mais ou menos nos modernos
Portugal e sul de Espanha.
No regresso a Roma, prosseguiu a
carreira de advogado até ser eleito edil em 65
a.C.. As funções de um edil podem ser
equiparadas às de um moderno presidente da
câmara municipal e incluíam a regulação das
construções, do trânsito, do comércio e outros
aspectos da vida diária.
Júlio César
O sucesso como edil foi uma ajuda
importante na sua eleição para pontifex
61
O TRIUNVIRATO
maximus, aproximadamente em 63 a.C., depois
da morte de Quinto Cecílio. O cargo significava
para a vida pessoal de César, o alívio definitivo
das dívidas...
A sua estreia como pontifex
maximus ("pontífice máximo") foi marcada
pela morte de Cornélia, primeira esposa. Daí
em curto período de tempo, casa-se novamente
com Pompeia, uma das netas de Sula e uma das
mais importantes matronas de Roma.
Em 63 a.C. foi eleito pretor e Marco
Túlio Cícero, cônsul sênior na Assembleia das
Centúrias. Foi um ano particularmente difícil
não só para César, mas também para a
República Romana. Durante o seu consulado,
revelou-se uma conspiração para destronar os
magistrados eleitos liderada por Lúcio Sérgio
Catilina, aristocrata patrício frustrado pela sua
falta de sucesso político.
O resultado foi a execução sem
julgamento de cinco proeminentes romanos
aliados de Catilina. Isto era um anátema para a
sociedade romana, que raramente executava os
seus cidadãos e quando o fazia era apenas
depois de complicados procedimentos judiciais.
César opôs-se a esta medida com
toda a sua oratória, mas acabou suplantado. Os
cinco homens acabaram executados no próprio
62
O TRIUNVIRATO
dia. Foi também nesta dramática reunião
do senado que o caso amoroso de César com
Servília Cepião9 foi trazido a público.
Os opositores políticos de César
acusaram-no, neste particular, de fazer parte da
conspiração de Catilina, o que nunca fora
provado, mas que, efetivamente, nunca
chegaria a prejudicar grandemente sua carreira.
Em 59 a.C., César foi eleito cônsul
sênior da República Romana pela Assembleia
das Centúrias. Para seu colega, foi eleito o seu
inimigo político, Marco Calpúrnio Bíbulo
(Marcus Calpurnius Bibulus), membro da
facção conservadora. Bíbulo empenhou-se em
fazer difícil a vida política de César, mas este
encontrou aliados onde menos se esperava.
Nesse mesmo ano, Cneu Pompeu
Magno (Pompeu, o grande) encontrava-se em
franca ascendência e, ao mesmo tempo, o
antigo cônsul Marco Licínio Crasso,
alegadamente o homem mais rico de Roma,
granjeava desejado comando na guerra contra o
Império Parta. Nesse ambiente os três se
9
Patrícia romana, descendente de Gaius Servilius Ahala,
amante de Júlio César, esposa de Décimo Júnio Silano e depois
de Marco Júnio Bruto, o velho, com quem teve Brutus, a quem
Júlio Cesar acolheria com grande afeição, e que participaria da
trama contra o imperador.
63
O TRIUNVIRATO
encontram. Entre eles nasce uma aliança
informal.
64
O TRIUNVIRATO
IX
POMPEU AGE
Ciente da situação, e sabedor de que,
se quisesse a perfeita consecução de seus
objetivos, a hora chegara, Pompeu age. Estando
os outros dois fora de Roma, pouco tempo
depois de partir, Pompeu retorna à cidade
eterna. Voltara vitorioso da sua investida pela
Espanha, nos embates contra os revoltosos.
Conseguira sufocar com êxito as rebeliões que
se faziam nas extremidades daquele império.
Segundo o próprio, não fora até a
África alegando cansaço de suas tropas e
necessidade de reaparelhamento e reposição de
homens que ali haviam ficado, nas facas dos
povos rebelados.
Ao chegar, imediatamente vamos
ver Pompeu indo ao encontro de Petrucius, o
dignitário do senado no seu nobre palácio nos
arredores de Roma. Este estranhou a presença
de Pompeu em Roma em tão pouco tempo,
afinal, havia os povos da África e os motivos de
Pompeu não lhe pareciam convincentes;
primeiro porque as rebeliões, via de regra, eram
sempre insipientes, e não ofereciam maior risco
65
O TRIUNVIRATO
à segurança romana e, no caso em questão, não
tinham o potencial de causar dano maior às
tropas.
No início da noite, vamos encontrar
um homem já cansado pela idade, nevado pelo
tempo, debruçado sobre um grande calhamaço
de anotações, envolvido em complexidades
políticas mesmo estando meio que podado,
reduzido o seu poder no senado. Sim, Petrucius
sempre fora um autodidata, um pesquisador, um
intelectual e naqueles tempos essa era a tarefa
que mais lhe tomava tempo. Nessa noite
Pompeu o procurou fazendo-o ver o que
desejava.
O Magno fora bem recebido e por
alguns momentos ficaram abraçados, embora o
visitante estivesse longe dos princípios que
regiam a conduta daquele nobre senhor.
Petrucius via naquele general, o vigor e a
virilidade do império romano, mas também a
ambição e o orgulho, filhos da vaidade que
embebia a alma daquele homem, e, portanto
não lhe confiava o que de mais importantes
havia naquele meio.
Conhecia aquele jovem impetuoso
porque conhecia sua família, sabia de sua
procedência, de sua raiz e tinha convicção de
que ele não merecia sua confiança, como
66
O TRIUNVIRATO
também não merecia a confiança de qualquer
um porque não enxergava senão seu
interesses...
Pompeu, nos primeiros minutos
daquela visita contou-lhe detalhes da
revolução. Como abafara os rebeldes, as
investidas, as táticas usadas, os presos que
foram executados em praça pública por traição
ao império romano, bem como o que falou a
Transcilinius, governador daquela província,
por sua covardia e negligência para com os
interesses do império...
Entretanto dentre as muitas
qualidades de Petrucius estavam a prudência e
a ponderação. Ele sabia que estava diante de um
homem forte, um dos mais importantes naquela
conjuntura.
Elogiou os feitos de Pompeu,
rendendo-lhe homenagens e comentários de
admiração,
embora
conhecesse
bem
Transcilinius, e sabia que ele não era nada do
que Pompeu lhe pintara.
Estava mentindo o jovem general e
o sensor romano já começava a farejar o cheiro
escusos interesses, de intriga e de grandes
mudanças
em
breve.
Conversavam
animadamente, Petrucius sempre medindo de
67
O TRIUNVIRATO
cima a baixo as palavras e o comportamento de
Pompeu.
Quando este lhe pediu notícias de
Crasso e Júlio César, Petrucius solícito, narroulhe os últimos proveitosos sucessos, como a
vitoriosa e ainda promissora campanha de
César, juntos aos gauleses e germânicos. Mas
uma notícia desagradável se fazia, infelizmente,
presente. Crasso, pego pela retaguarda em falha
tática de combate, morrera em demorado
embate nas terras baixas da Ásia, em acirrada
luta contra os Persas na sua parte mais oriental.
Seu corpo, mutilado que estava, fora
enterrado ali mesmo, sob a égide da bandeira
romana, com a águia a tremular embalada pelas
bênçãos de júpiter que certamente olharia por
ele. Assim sendo, aguardaria, ele, Pompeu, a
chegada de Júlio César para que os dois juntos
prestassem as últimas homenagens àquele herói
de guerra, pontífice máximo do império romano
post-mortem.
Pompeu, a esta notícia, sorriu
discretamente.
- Nobre Petrucius, um soldado
romano não deve temer a morte, pois a guerra é
para ele, a única liberdade possível. E se assim
aconteceu, foi porque os deuses quiseram deste
modo. Não lamentemos caro Petrucius, todos
68
O TRIUNVIRATO
morremos um dia e agora, a nós que ficamos,
compete-nos guardar o império que pelos
deuses, nos fizeram a única raça inteligente a
dominar este mundo. Contudo, quanto a Júlio
César, quero há muito, em particular vos falar
nobre Petrucius. Sabemos que hoje o seu poder
ameaça essa instituição, que há séculos tem sido
mantida e conservada para dar a Roma e aos
romanos, a ordem e o respeito. Veja se não
tenho razão: sei que me tens como um amigo
vosso. Embora eu tenha apoiado Júlio César
contra essa casa, só o fiz porque me vi
pressionado e não tinha escolha. Contudo,
César constitui uma ameaça para Roma e seu
povo... Deve portanto, ser detido na sua
ambição de governar sozinho, como um
imperador, desrespeitando a todos os nobres
deste senado. Eu queria, nobre Petrucius no
levantar desta bandeira, o vosso não só valioso,
como indispensável apoio; conto nesse
momento com o apoio do senado e falta-me a
sua colaboração; espero do amigo fiel e justo
que sempre fostes, a ajuda indispensável, pois
tenho certeza da sua fidelidade em
primeiríssimo lugar a Roma. Sei de vossas
simpatias em relação a César. Contudo, temo
que, para o bem de Roma, deveis escolher,
porque me apoiando, estarás a favor da ordem e
69
O TRIUNVIRATO
do povo romano e sei que este é o absoluto
ofício desta casa; nunca poderíamos conviver
com o imperialismo que Júlio César quer nos
forçar a aceitar e o momento é esse. Ele está em
campanha, distante daqui e este é o momento.
Façamos agora o que é melhor, mais sensato...
Por seu turno, Petrucius entendeu a
importância do momento que vivia. Não tinha
opção. Entendera o tom ameaçador que
Pompeu colocara em suas palavras. Aquilo era
uma intimidação velada e Petrucius sabia que
estava diante de um poderoso triúnviro.
Não era prudente ousar medir
forças, ou mesmo contrariá-lo naquele
momento. No entanto, ele também sabia jogar.
Via claramente agora as intenções de Pompeu e
sabia que estava sendo jogado contra o primeiro
homem daquele império.
Sagaz como velha serpente, ali
mesmo, em caráter informal marcou uma
assembleia extraordinária no senado para um
mês depois, a contar daquela data, daquele
encontro em sua casa. Nessa reunião decidiriam
o pleito a respeito das verdadeiras intenções de
César no tocante ao governo do império e dos
povos conquistados.
Quando
Pompeu
saiu,
imediatamente, Petrucius ficou a pensar. Sabia
70
O TRIUNVIRATO
do que pretendia o visitante e também do que
era ele capaz. Acalmou-se porém, quando
lembrou que teria um mês para decidir a melhor
estratégia. Sim, ganhara algum tempo e isso
seria muito importante com o passar dos dias.
De qualquer maneira, não seria
prudente esperar um minuto sequer. Ali mesmo,
sob a luz da lua, decidiu que expediria um
documento a César, dizendo que, por decisão
unânime do senado, ele não estava mais a
serviço de Roma, e que de nada adiantariam as
conquistas sobre os povos vizinhos. Sabia que
isso iria deixá-lo louco, mas era uma forma de
avisá-lo do grau de importância da situação sem
despertar desconfianças em Pompeu.
Pompeu, na verdade forçou
Petrucius a tomar essa importante decisão. O
sensor do senado, do alto de sua história entre o
poder e os poderosos de Roma sabia que estava
declarando uma guerra entre os próprios
romanos: Pompeu e César.
Entretanto, não tinha escolha. As
intenções de Pompeu eram desprovidas de
qualquer sentimento por Roma e sim por seus
próprios interesses de governar sozinho e por
isso se fazia mister tirar César do pleito, já que
Crasso não lhe dera nenhum trabalho,
deixando-se morrer em lutas nas terras
71
O TRIUNVIRATO
distantes. Ponderou, pensou, mas, nada tinha a
fazer, afinal de contas ele já se sabia inofensivo
diante de Pompeu.
No final daquela importante noite,
ainda vamos ver nosso nobre ancião, a
caminhar, já tarde, por entre os jardins, como a
cismar, a pensar no porvir, no senado, na sua
vida, em Pompeu, em César, em Roma...
Entrementes,
Petrucius
não
descansou; tentou de alguma maneira, articular
discretamente o apoio dentro do senado para
impedir toda aquela investida de Pompeu na
tentativa de assumir sozinho o comando do
império, sabendo ser ele um tirano sem nenhum
atributo para o cargo, desprovido de honra e
dignidade para tal. Petrucius sabia que se ele
assumisse o controle, a tirania estaria de uma
vez por todas estabelecida.
72
O TRIUNVIRATO
X
A TRAIÇÃO
As tribos da atual França caíram
diante das centúrias romanas sem muita
resistência. Os exércitos vermelhos marchavam
sem muita dificuldade, destruindo tudo e todos.
Era fácil seguir a trilha romana.
O preço daquelas conquistas era
demasiado caro e desumano; rios de sangue
banhavam as terras da Gália e sem clemência,
as tropas cesarianas abriam caminho,
subjugando seus adversários, escravizando e
assassinando comandantes e comandados,
molestando mulheres, enfim, destruindo os
povos vizinhos.
Nessa altura, César marchava em
direção a Germânia, pois já havia conquistado
as terras que se avizinhavam ao rio Sena e toda
a parte mais ocidental daquela parte da Europa.
Suas
conquistas
eram
extraordinárias, embora muitas vezes tenha
enfrentado situação difíceis, devido ao seu
pouco manejo bélico e à valentia daqueles
povos, sempre dispostos a morrer ao que ver
suas terras, suas casas, suas famílias
escravizadas...
73
O TRIUNVIRATO
Numa noite de singular beleza, os
exércitos romanos estavam acampados junto a
um pequeno rio, razoavelmente próximo do
local que atacariam no dia seguinte. Contudo, o
ânimo geral estava abatido, bem como se sentia
uma certa tristeza a se fazer presente ali entre
todos, pois se perdera o oficial Galpeano,
centurião de rara qualidade antigo naquela
função, que fora inclusive amigo do pai de
César e lhe dedicara atenção especial pela sua
fidelidade e bravura.
Fora ele o saldo daquele dia contava
mais 380 soldados mortos e 180 feridos, o que
era raro de se ver nas fileiras romanas. Os
outros oficiais, eram Partilius, Gamuel,
Galbano e Luterius, todos da confiança pessoal
de César. Estes últimos, embora estivessem
bem de saúde, tinham experimentado revezes
que os colocaram a todos em pertinaz
abatimento.
Sentiam-se com a moral ofendida,
com o orgulho no chão pelo forçado recuar,
feito a duras penas, afinal de contas não
estavam acostumados a situação de
desvantagem e esta, quando lhes chegava era
faca afiada no orgulho patrício.
César, mais do que ninguém sabia o
que significara aquele dia e era preciso chamar
74
O TRIUNVIRATO
todos ao combate, firmes e decididos da vitória
porque só com a confiança recobrada, teriam
chance de mostrar aos ditos bárbaros quem
eram eles e o que estavam ali para fazer...
“Valentes guerreiros romanos,
Aqui chegamos para conquistar a vitória e
até então não conhecemos a derrota. Hoje
esses homens nos mostraram que nascemos
para morrer antes de aceitarmos a derrota.
Filhos de Roma! Levantai-vos. Eles
conhecerão o voo da águia. Durmam esta
noite sobre os túmulos dos valentes soldados
romanos. Amanhã eles sentirão o peso da
nossa vingança”.
A mensagem encheu aquele
acampamento triste de um brilho esplendoroso;
acendera o fogo do orgulho romano e não se
falava noutra coisa, senão na vingança que eles
depositariam em cada um que fosse abatido por
eles.
Júlio César conseguira, e ele tinha
esse poder de transformar o cansaço em
disposição pela indução que produzira em seus
comandados.
75
O TRIUNVIRATO
Ele tinha a força do comando e não
ao acaso possuía o maior contingente militar
daquela época, no comando de quatro grandes
legiões, a frente dos mais experimentados
generais, chefe dos mais destemidos e valentes
centuriões, mesmo sendo pouco experiente no
campo beligerante e ainda aprendiz perto dos
demais.
Entretanto nessa mesma noite, o
triúnviro, seria tomado por uma grande
surpresa, que definiria de vez o destino de sua
vida. Não sabia ele que, em Roma, iam de vento
em popa os enlaces de Pompeu no objetivo de
tomar-lhe a posição.
Já era avançado da noite. Poucos
soldados ainda permaneciam acordados, em
trabalho de vigília ou ainda em conversas entre
si sobre o dia que se passara, ou ainda sobre as
saudades da capital, da família, de projetos ali
deixados e outras coisas mais. A maioria
descansava o corpo e a mente daquele dia tão
duro e preparava-se para a grande vingança
através do sono necessário e reparador a todo
contingente.
Em dado momento, Glaucus,
inesperadamente, transpôs a sala de espera, em
direção ao quarto de César, que se situava mais
ou menos no centro de todo o grande
76
O TRIUNVIRATO
acampamento por questões óbvias. Sua
expressão estava tensa e nervosa e seu caminhar
apressado deixava transparecer a urgência em
conduzir Caprius, o mensageiro oficial do
senado à presença do tribuno.
Quando César ouviu os passos em
direção ao seu quarto, estranhou; sentou-se no
leito e esperou aparecer aquele que se deslocava
com tanta pressa aos seus aposentos.
- És tu, Glaucus. Que acontece para
justificar tua presença?
- Aqui está um mensageiro oficial
do senado de Roma e trouxe-lhe mensagem do
conselheiro e sensor Petrucius.
César estranhou; em alguns
segundos tentou imaginar o que poderia estar
acontecendo que justificasse uma mensagem
em caráter oficial. Depois respondeu:
- Vai Glaucus; Faze-o entrar e
espera no átrio que me encontro a caminho.
O átrio era uma espécie de sala
destinada à recepção e despachos. Ali só tinham
acesso os mais achegados do tribuno ou só
quem ele autorizava a entrada por situações que
julgasse necessário.
Em poucos minutos, encontra-se
César diante de Glaucus e do mensageiro
Caprius, que o reverenciou, se apresentou
77
O TRIUNVIRATO
dando o seu nome, filiação e graduação no
exército, sua função no senado e por ordem de
quem ali estava.
Caprius tirou de dentro do alforje,
um papiro, enrolado dentro de um outro canudo
com as insígnias de honra do senado.
César percebeu a importância pelo
timbre oficial, que marcava o documento na
mão do mensageiro; abriu o conteúdo e o
começou a ler. Antes de terminar, porém,
arremessou-a distante, num impulso de fúria e
revolta.
- Cães malditos!
Glaucus correu e inteirou-se da
mensagem. Ao término, compreendeu o que se
passava: César fora traído, e era, agora,
considerado inimigo de Roma.
O jovem mensageiro, permanecia de
cabeça baixa: sinal de respeito ao cargo
daqueles dois oficiais romanos que estavam ali
e somente a ergueria se lhe fosse ordenado.
Após o primeiro impacto, César,
recuperando a calma parcial, disse:
- Sentemo-nos todos. E dirigindo-se
ao mensageiro continuou:
- Quero saber tudo que tens a me
dizer e te ordeno em nome de Roma e de júpiter
78
O TRIUNVIRATO
que não mintas para mim, informando-me da
real situação que deixastes ao sair de Roma.
Caprius contou-lhe o que sabia.
Com dificuldade foi narrando os últimos
acontecimentos sob os olhos de César e
Glaucus Vinícius que a tudo escutavam sem
uma interrupção sequer.
Detalhe a detalhe, o jovem romano
foi tecendo tudo que sabia a respeito do
movimento que se montara em sua ausência na
cidade eterna. Entretanto notava-se que o
mensageiro não sabia do conteúdo do que
levava, devido ao seu estado de surpresa e
apreensão mostrado mediante a reação de
César.
Caprius falou da morte de Crasso no
oriente diante das forças partas, dizendo que seu
corpo lá mesmo ficara; de que Pompeu havia
rapidamente sufocado as rebeliões espanholas e
voltara a Roma antes do esperado. Informou
também que o senado estava discreta, mas
severamente vigiado de dia e de noite pelos
comandados de Pompeu, na intenção de
intimidar qualquer reação contrária ao seu
intento. Por fim voltou-se ao tribuno e lhe disse:
- Senhor, tudo que lhe narrei é a
mais pura verdade dos últimos movimentos que
presenciei em Roma. Permita-me senhor, tecer
79
O TRIUNVIRATO
um último comentário a respeito da pequena
visão que tenho da realidade, no que ainda pude
acompanhar.
César o fitou de cima a baixo, como
desvendando
se
aquele
jovem
agia
honestamente. Fez sua leitura e respondeu.
- Fales, não demores e vá buscar
abrigo e descanso no alojamento dos oficiais,
estando você obrigado a guardar e não
comentar o que aqui ouvistes.
- Senhor, esteja tranquilo que não
comentarei um assunto que diz respeito
somente a vós e a vossos confiantes. Agora
senhor, gostaria de lhe dizer sobre o movimento
do senado. Aquele que se dizia o vosso amigo e
que divide juntamente com vós o comando de
Roma, é que está por trás desta terrível manobra
contra tua pessoa.
Sei senhor porque sou oficial da
mais alta confiança de meu venerando amigo
que exerce a figura de pai para mim: Petrucius.
Sinto-me na obrigação de vos dizer um trecho
da conversa que presenciei entre o senador e o
colegas mais chegados seus. Petrucius afirmara
que Pompeu havia lhe ameaçado a vida se não
fizesse o que ele determinara.
Falo-vos senhor, porque pelo que
percebi da mensagem, leva a assinatura do meu
80
O TRIUNVIRATO
nobre amigo. Contudo, vos afirmo que ele não
teve escolha, pois como seu oficial, presenciei
soldados romanos que acompanhavam seus
passos, vigiando a entrada e a saída de sua casa
dia e noite, como também seu gabinete pessoal
numa ameaça constante a sua vida e a da sua
esposa.
César e Glaucus a tudo escutavam.
Ao término, Caprius se despediu e saiu
deixando aquele recinto que agora se tornara
palco do destino que aguardava Roma e os
romanos.
A decisão ali tomada, naquele
pequeno esconderijo, sob o bruxulear das
tochas, havia de alcançar o futuro de muitas
criaturas e que tudo que ali se desenrolava
alcançaria seus filhos, e os filhos dos seus filhos
em muitas gerações e encarnações futuras...
81
O TRIUNVIRATO
XI
A MORTE DE PETRUCIUS
Salve Deus mestres. Vamos deixar
por um instante o acampamento de César, na
Gália e voltar a Roma, naquele labirinto de
forças desiguais, onde as ambições e o orgulho
ensaiam o seu declínio na figura dos nossos
personagens.
Durante algumas décadas, Roma
permanecia alinhada à ordem dos domínios
geográficos, de povos que na medida que eram
vencidos, iam acumulando em seus corações
um ódio pelo maior inimigo da sua liberdade: o
império romano.
Em Roma, entre os muitos ansiosos,
vamos encontrar os correligionários de
Pompeu, o grande como era cognominado.
Entre os preocupados e receosos, vamos
encontrar
aqueles
que
assistiam
os
acontecimentos sem poder evitá-los. Falamos
82
O TRIUNVIRATO
de Petrucius, o nobre sensor estando na difícil
posição, entre Pompeu e César.
Apesar de sua experiência, e de tudo
que vivera, de todo seu respaldo político, nunca
enfrentara uma situação política tão delicada
como a que vivia naqueles longos dias. Abateuse grave e visivelmente na sua saúde, dando
mostras de grande debilidade.
Todos notavam que ele não passava
por bons momentos, que aquele quadro estava
dia a dia lhe roubando a cor e a vitalidade físicomental, atributos estes que lhe eram tão
característicos.
Depois que Pompeu lhe induziu a
publicar o texto que tornara César, inimigo
declarado de Roma, não mais fora o mesmo.
Sua expressão, antes serena, tomava-se
definitivamente de um ar preocupado e tenso,
sempre a cismar, taciturno ao mesmo tempo
abatido e cansado. Em seu juízo, pensara como
pudera fazer aquilo, como se submetera àquela
situação, para ele, desonrosa e covarde?
Pensamentos obscuros e o todo dos
fatos e dos personagens vinham toldando os
sentimentos e sentenciando o velho general,
que desfigurado e sem forças, já mal
comparecia ao senado e mesmo em casa dava
sinais visíveis de grandes perturbações.
83
O TRIUNVIRATO
Sua esposa, nobre e devotada
companheira de tantos anos, notara-lhe o
taciturno
perturbar-se
e,
mostrando
preocupação e buscava auxiliá-lo, sem, no
entanto conseguir.
Petrucius fora vencido naquela
conjuntura, esmagado entre os dois leões
daquele enredo transcendental. Sabia do poder
de Pompeu, de toda sua influência e seu caráter
inescrupuloso, capaz de tudo pelo sucesso e
pelos interesses pessoais. Do outro lado estava
César, orgulhoso, caprichoso, que com certeza
marcharia sobre Roma em fúria.
Petrucius sabia que César tinha
muito mais força militar do que Pompeu. Em
combate, este último estaria liquidado.
De um modo ou de outro, qualquer
um deles – César ou Pompeu - esmagaria o
velho senador, como o mais forte, fatalmente
vence o mais fraco. E mesmo sendo o sensor do
senado, ele sabia que na verdade, esta
instituição passara a ter uma função muito mais
decorativa do que efetiva. Era assim que
Petrucius, se sentia. Contudo, o seu cismar não
se ligava somente a aquele momento político,
mas, desde que lançara o edito contra César,
mergulhara ele em intrincada conjuntura
transcendental, da qual não tinha plena
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O TRIUNVIRATO
consciência em psíquico, mas a traduzia em
forma de a-sentimentos de longas eras...
Foi assim, aflito e soturno, que
numa triste noite de maio, quando ela se fazia
especialmente serena e melancólica, Petrucius
atenta contra a própria vida. Usa suas próprias
mãos e se suicida em seus aposentos, no
palácio... Tudo foi por ele muito bem
arquitetado. Esperou que todos estivessem
dormindo para que não fosse socorrido e ter
certeza do desfecho.
Morrer era um ritual e merecia toda
a pompa que lhe era peculiar. Para a ocasião,
Petrucius colocou sua túnica de honra,
testemunha e prova de suas muitas conquistas;
suas armas e insígnias conseguidas nos seus
sessenta e cinco anos de trabalho lhe foram ao
peito;
passou-lhe
instintivamente
pela
memória, naqueles últimos instantes em que se
preparava para morrer, as muitas imagens de
sua vida: sua farta infância, seu pai, do qual o
nome também herdara, seus familiares, sua
casa; lembrou do seu casamento, dos filhos e
suas mortes nas batalhas; dos dias de glórias do
senado, enfim, de toda a vida em muitas
lembranças...
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O TRIUNVIRATO
Sentou-se na cama e olhou de lado
a taça que lhe levaria ao portal da morte. Num
golpe rápido e decidido, sorveu a tisana fatal.
Deitou e esperou alguns minutos
para que a bebida fizesse efeito. Instantes a
frente, começaria a sentir grande dificuldade
em respirar e levando a mão ao pescoço, no
instinto da sobrevivência, agoniou-se.
Letal foi a dose. Desta forma,
também ele, Petrucius fechava seus olhos na
vida terrena e não mais figuraria naquele vulcão
que era Roma por aqueles dias e também pelos
outros que se anunciavam aterradores para
todos que estavam envolvidos na trama, no jogo
sangrento pelo poder e pelo domínio do senhor
do mundo....
No dia seguinte, um dos seus
criados encontraria seu corpo prostrado sobre o
leito. Mãos no pescoço, o cadáver contava o que
acontecera na noite anterior.
As repercussões invadiram como
chamas
a
cidade.
Provocou
grande
instabilidade no senado.
Em seu lugar, assumiria do senado
Catão, jovem romano, filho de uma rica família,
descendente de imigrantes plebeus. Era nessa
altura aliado de Pompeu, de suas ideias e não
admitia o comando de César.
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O TRIUNVIRATO
O novo sensor reforçara sua posição
por seus conceitos e sentimentos republicanos;
amante e seguidor dos pensamentos de Cícero,
ele devotava-se à carreira diplomática e para
isso comprara uma cadeira no senado. Na
ocasião da morte inesperada de Petrucius,
Pompeu o indicara para sensor, desde que
comungassem dos mesmos ideais.
O suicídio de Petrucius vinha
detonar uma crise muito mais profunda no
raciocínio da aristocracia romana, trazendo de
volta figuras que estavam distante do convívio
político daquele momento. Velhos senadores,
cônsules aposentados, procuradores, enfim. A
morte do patrício provocara um levante em
todos os lados.
Pompeu, a seu turno, era na verdade
um grande estrategista. Seus feitos militares
deram a ele grande respaldo junto à população
e à aristocracia romana e disso tirava proveito.
Nos últimos dias, invocara o amigo
Crasso, que mesmo morto, tendo sido o homem
mais rico de todos, ainda influenciava nas
decisões romanas. Tanto assim que Pompeu se
intitulou seu procurador post-mortem.
Amigos que eram, Pompeu sabia
das pessoas que deviam dinheiro a Crasso e era
o momento dessa teia de interesses se fazer
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O TRIUNVIRATO
valer, muito mais em tom de ameaça, para
silenciar os altos escalões romanos do que para
reaver os sestércios emprestados.
Deve-se dizer que Pompeu, em toda
sua estratégia nunca apostara no sucesso de
César como comandante militar, de modo que
certo estava de que ele voltaria desmoralizado
das incursões às Gálias. Mas o que aconteceu
foi que, quando a notícia chegou, César já
houvera transposto o Rubicão e se preparava
para entra na cidade.
Militarmente os dois não se
comparavam. César estava muito mais bem
armado. Trazia consigo um conselho de velhos
generais como Lumário, Verducius, Patricius
Calmos e muitos outros oficiais de grandes
conquistas, mesclados com o vigor e a força da
juventude de suas centúrias, que famosas eram
pela velocidade com que se deslocavam. Serlhe-ia fácil passar por cima de Pompeu.
Este porém, ainda encontra tempo
de organizar sua armada e tentar uma fuga pela
Grécia. César prontamente lhe intercepta e o
derrota na Batalha de Farsália, sobre a qual
trataremos em continuação.
Salve Deus, amigos e irmãos.
Busquemos nos encontrar neste transcendental
enredo. Até a próxima. Jesus nos abençoe.
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O TRIUNVIRATO
Em sua programação essência, Roma é escolhida
nos planos celestes como a nação espiritual do novo
mundo, cuja missão é a de fazer a transposição do
sistema cristão para o sistema crístico. A águia
Roma deveria ter sido o conciliador entre o velho e
o novo. A era romana marca a novo ciclo e se
coloca como estrela alfa na terra candidatando-se a
ser o berço do décimo primeiro avatar,
prenunciando a vinda do Divino Messias, Jesus o
Enviado do Cristo O Sublime Galileu - aquele que
transformaria e uniria toda a sociedade humana
numa só verdade, num só pensamento, numa só
linguagem, num só sentimento: o de amor, o amor
que busca o próximo.
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