do arquivo - Programas de Pós
Transcrição
do arquivo - Programas de Pós
1 Dissertação EFEITOS METABÓLICOS E CARDIOVASCULARES DA SUPLEMENTAÇÃO COM CAPSAICINA SINTÉTICA EM MODELO ANIMAL DE SÍNDROME METABÓLICA Camila da Silva Tremarin 2 INSTITUTO DE CARDIOLOGIA DO RIO GRANDE DO SUL FUNDAÇÃO UNIVERSITÁRIA DE CARDIOLOGIA Programa de Pós Graduação em Ciências da Saúde: Cardiologia EFEITOS METABÓLICOS E CARDIOVASCULARES DA SUPLEMENTAÇÃO COM CAPSAICINA SINTÉTICA EM MODELO ANIMAL DE SÍNDROME METABÓLICA Autora: Camila da Silva Tremarin Orientadora: Profa. Dra. Beatriz D’Agord Schaan Co-orientadora: Profa. Dra. Karina Rabello Casali Dissertação submetida como requisito para obtenção do grau de Mestre ao Programa de Pós Graduação em Ciências da Saúde: Cardiologia, da Fundação Universitária de Cardiologia / Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul. Porto Alegre 2012 3 AGRADECIMENTOS À minha orientadora Profa. Beatriz D’Agord Schaan, pela oportunidade de realizar esse trabalho, pelo exemplo de pesquisadora e pela paciência de ensinar. À co-orientadora Profa. Karina Rabello Casali, pelos ensinamentos, empatia e compreensão. À co-autora Profa. Luise Meurer, pela perseverança. Ao grupo de pesquisa do Laboratório de Experimentação como um todo e em especial à Lucinara Dadda Dias, Graziela Hünning Pinto e Ariel Silveira pela colaboração na realização dos experimentos. Aos funcionários do Laboratório de Patologia Experimental do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Aos professores, colegas e funcionários do Instituto de Cardiologia e a todos os profissionais que colaboraram para a realização deste trabalho. 4 SUMÁRIO 1 SÍNDROME METABÓLICA.......................................................................... 01 1.1 CONCEITO.................................................................................................... 01 1.2 IMPORTÂNCIA.............................................................................................. 02 1.3 EPIDEMIOLOGIA.......................................................................................... 03 1.4 FISIOPATOLOGIA......................................................................................... 05 1.5 TRATAMENTOS PARA SÍNDROME METABÓLICA............................... 09 1.5.1 Tratamentos Farmacológicos..................................................................... 09 1.5.2 Tratamentos Não Farmacológicos............................................................. 12 2 MODELO ANIMAL DE SÍNDROME METABÓLICA............................... 16 3 CAPSAICINA.................................................................................................... 19 3.1 AÇÃO TERMOGÊNICA E O EFEITO SOBRE A PRESSÃO ARTERIAL. 20 3.2. METABOLISMO DOS SUBSTRATOS: LIPÍDIOS E GLICOSE................ 24 4 JUSTIFICATIVA.............................................................................................. 26 5 HIPÓTESES...................................................................................................... 27 6 OBJETIVOS...................................................................................................... 28 6.1 OBJETIVO GERAL........................................................................................ 28 6.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS........................................................................... 28 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................ 29 ARTIGO................................................................................................................ 49 Abstract and Keywords....................................................................................... 50 Introduction.......................................................................................................... 51 Methods................................................................................................................. 53 Results................................................................................................................... 58 Discussion.............................................................................................................. 61 References............................................................................................................. 66 5 Figure legends....................................................................................................... 72 Tables..................................................................................................................... 73 ANEXO I: ARTIGO ORIGINAL EM LÍNGUA PORTUGUESA................. 75 ANEXO II: FIGURE 1........................................................................................ 103 ANEXO III: FIGURE 2....................................................................................... 104 ANEXO IV: FIGURE 3....................................................................................... 105 6 1 1 SÍNDROME METABÓLICA 1.1 CONCEITO A síndrome metabólica (SM), descrita inicialmente por Reaven1, é caracterizada pela agregação de fatores de risco cardiovasculares: excesso de adiposidade abdominal, hipertensão arterial sistêmica, intolerância à glicose ou diabetes mellitus, hipertrigliceridemia e colesterol HDL baixo. Tal condição identifica indivíduos com maior risco para doença cardiovascular 2 e diabetes mellitus3, o que, associado a sua alta prevalência4 torna-a um problema de saúde pública. A primeira definição formal da SM, proposta, em 1998, pela Organização Mundial de Saúde (OMS), dependia da presença de intolerância à glicose, diabetes mellitus tipo 2 (DM2), ou resistência à insulina5. Em 2002, o National Cholesterol Education Program Adult Treament Panel III (NCEP ATPIII) apresentou uma definição que não exigia um fator de risco específico 6, sendo a mesma, logo após, revisada para adequar-se aos limiares de glicemia de jejum da American Diabetes Association (ADA)7,8. Em 2005, a definição proposta pela International Diabetes Federation (IDF) restabeleceu um pré-requisito para o diagnóstico e tornou necessária a presença de obesidade central, considerando diferentes pontos de corte para circunferência da cintura (CC) de acordo com as etnias9. Por fim, foi publicada em 2009 a declaração Joint Interim Statement (JIS) na tentativa de padronizar os parâmetros para definição da SM. As organizações que participaram da redação deste documento estabeleceram que o diagnóstico não enfatizasse um único fator do risco, mas o conjunto de três alterações de 5 condições obesidade abdominal com valores específicos de circunferência da cintura para cada população; triglicerídeos séricos elevados; lipoproteína de alta densidade (HDL) 2 diminuída; pressão arterial elevada e glicose de jejum alterada. Ainda a inclusão do tratamento medicamentoso para triglicerídeos, hiperglicemia ou hipertensão arterial, como item presente10. 1.2 IMPORTÂNCIA A SM é uma condição clínica preditora de pior prognóstico quando comparada ao risco individual de cada um de seus componentes. A presença da síndrome está associada a complicações cardiovasculares e aumento no risco de mortalidade geral e cardiovascular. Em uma coorte na Finlândia e Suécia (n=4.483), indivíduos com SM apresentaram um aumento no risco de morbidade e mortalidade cardiovascular em, aproximadamente, 3 e 1,81 vezes, respectivamente11. Resultados semelhantes foram encontrados em uma coorte de homens de meia idade (n=1209), com seguimento médio de 11 anos, no qual, mesmo na ausência de doença cardiovascular ou diabetes prévio, o risco para mortalidade cardiovascular e geral estava aumentado na presença SM2. Também na análise do banco de dados americano Second National Health and Nutrition Examination Survey (NHANES II) compreendendo indivíduos com idades entre 30 e 74 anos (n =6.255), a SM estava associada a um aumento em duas vezes no risco de mortalidade cardiovascular e 1,40 por todas as outras causas12. Ainda, quanto mais precoce a exposição, maior a incidência de eventos cardiovasculares relacionadas aos componentes da SM. Um estudo apontou que o diagnóstico de SM na infância aumenta a chance de um evento cardiovascular na vida adulta em 14,6 vezes quando comparado à criança não exposta13. Na análise das coortes Bogalusa Heart Study e Cardiovascular Risk in Young Finns Study foi observado que a presença da SM aumentou o risco para DM2 e aterosclerose 3 subclínica na vida adulta, em 2 a 3 vezes no primeiro estudo, e em, aproximadamente, 2 vezes no último14. Uma revisão sistemática rastreou todos os estudos que referenciassem Gerald Reaven1, até o ano de 2005, e o risco para incidência de eventos cardiovasculares encontrados foi 78% maior naqueles indivíduos com fenótipo para SM15. Mais recentemente, em outra revisão, a SM esteve associada com um aumento de 2 vezes no risco para doença cardiovascular, mortalidade cardiovascular, infarto agudo do miocárdio (IAM) e acidente vascular cerebral (AVC), seguida por um aumento de 1,5 vezes no risco de mortalidade por todas as outras causas. O alto risco para morbidade e mortalidade cardiovascular em pacientes com SM persistiu mesmo na ausência de DM216. No intuito de ratificar esta associação, um grupo da Europa Ocidental aplicou o escore de Framingham em 1.349 indivíduos para predizer o risco de doença arterial coronariana. O grupo com SM, definido por 3 critérios diagnósticos diferentes, apresentou sempre maior risco, independente da definição utilizado 17. 1.3 EPIDEMIOLOGIA A SM tem apresentado crescente prevalência. Pela análise do banco de dados representativo da população americana (NHANES), compreendendo o período entre 1988 a 1994, a prevalência de SM em indivíduos com idade igual ou maior de 20 anos (n=8.814) foi de 23,7%, usando critérios do NCEP6; no período entre 1999 e 2002 (n=3.601) a prevalência foi de 34,6 e 39,1% usando os critério do NCEP revisado e IDF, respectivamente 18,4 . Em 2002, Earl Ford 18 estimou que aproximadamente 47 milhões de americanos adultos fossem portadores de SM. Na análise realizada por Mozumdar e Liguori19, no período de 1999 a 2006 (NHANES), as estimativas atingiram aproximadamente 68 milhões de americanos. 4 Na Europa, um estudo realizado na atenção básica de saúde na Alemanha, pacientes com idade igual ou superior a 18 anos (n=35.869) apresentaram prevalências em torno de 28,6%, conforme NCEP revisada 7,20 . Em estudo realizado em Luxemburgo (Europa Ocidental) a prevalência encontrada também foi de 28% usado o menor ponto de corte para circunferência da cintura (94 cm para homens e 80 cm para mulheres), enquanto que com valores maiores (102/88) a taxa reduziu para 24,7% 21. Em ambos os estudos a SM foi mais prevalente entre os homens e aumentou com a idade em ambos os sexos, independente da definição utilizada. Existem inúmeros estudos internacionais abordando a SM, entretanto os países em desenvolvimento estão subrepresentados nos dados atuais15. Contraditório a isso, se observam nestas populações crescente prevalência de obesidade. Dados publicados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostraram o retrocesso do estado nutricional em 34 anos de acompanhamento. Na década de 70 a prevalência de excesso de peso nos adultos era de 18,5% para homens e 28,7% para mulheres; hoje estão estimados valores de 50,1 e 48,0% entre homens e mulheres, respectivamente. E a obesidade no mesmo período, mostrou aumentou absoluto de, aproximadamente, 10,0% na população22. O estudo mais recente de base populacional, realizado no Brasil, ocorreu na região urbana da cidade de São Carlos, em São Paulo. A SM estava presente em 35,7 e 38,0% segundo critérios revisados da NCEP, e 45,3 e 45,5% pelo IDF, entre homens e mulheres, respectivamente, numa amostra de 1.116 indivíduos entre 30 e 79 anos. Mais de 80% dos indivíduos com SM tinham índice de massa corporal (IMC) maior ou igual a 25 kg/m² 23. Entre as razões para baixa produção de estudos epidemiológicos sobre SM no país, destaca-se a extensão territorial, heterogeneidade de raça, cultura e condições 5 socioeconômicas24. Um exemplo da diversidade econômica pôde ser observado na região sul. A prevalência de SM entre idosos da região em que predominam os setores de comércio e serviço, e outra, onde as atividades estão voltadas para agricultura e a pecuária, diferem entre si. Usando os critérios da IDF, a SM foi encontrada em 56,9% na cidade de Novo Hamburgo, e 35,2% em Marques de Souza 25,26. 1.4 FISIOPATOLOGIA A etiologia da SM é multifatorial e compreende fatores genéticos e ambientais. Envolvidos no seu diagnóstico encontram-se os elementos não controláveis, como a idade11, ação hormonal e estado pré-inflamatório27, e controláveis, como hábitos alimentares e o sedentarismo28. Está bem descrito na literatura que o excesso de peso e a obesidade são fatores de risco independentes para aterosclerose e eventos coronarianos29. O aumento do tecido adiposo está associado a hipertensão arterial sistêmica30, DM231 e ao diagnóstico de SM 32-39 , e ainda, tanto a adiposidade geral quanto a abdominal estão associadas com aumento da mortalidade40. O tecido adiposo é considerado um órgão endócrino centro das complicações associadas à obesidade, como dislipidemia, resistência à insulina e DM2. Os adipócitos, pré adipócitos e macrófagos no tecido adiposo secretam uma gama de hormônios e citocinas, ou adipocinas, que são peptídeos envolvidos na resposta imunológica e inflamatória, incluindo as interleucinas (IL-6, IL-8, IL-1) e proteína quimioatrativa de monócito tipo 1 (MCP-1). Além disso, secreta leptina, hormônio que regula a ingestão alimentar e o gasto energético 41. O adipócito é uma célula muito complexa, que sob condições normais está envolvida na síntese de lipídios, produção de hormônios, armazenamento energético, efeito térmico e secreção de citocinas anti- 6 inflamatórias, IL-10 e adiponectina. Com o aumento das células adiposas há um recrutamento de macrófagos dentro do tecido dando início ao processo inflamatório42. E quanto maior a presença de tecido adiposo, maiores níveis de citocinas próinflamatória, IL-6, TNF-α, proteína C-reativa, inibidor do ativador do plasminogênio1 (PAI-1); e menores os níveis de citocinas anti-inflamatórias, como adiponectina43. O tecido adiposo visceral é considerado mais metabolicamente ativo na SM, pois secreta maiores níveis de citocinas inflamatórios, como IL-6, IL-8, angiotensinogênio e PAI-1, dessa forma torna o indivíduo com esse tipo de distribuição mais suscetível a complicações cardíacas44. A adiposidade visceral é um marcador de risco metabólico associado à resistência à insulina45, DM246, perfil lipídico aterogênico 47,48 . Por isso, a presença da obesidade abdominal é um dos mais importantes fenótipos clínicos da SM 49. Uma das principais funções da insulina é estimular a captação de glicose pelas células musculares, evitando aumento no plasma. A glicose é uma molécula hidrofílica e sua entrada nas células se dá através de dois mecanismos: transporte ativo sódio-dependente, contra o gradiente de concentração, ou difusão facilitada. Este último é realizado por meio de proteínas transportadoras (GLUTs) que se localizam na membrana celular. Os GLUTs estão expressos em diferentes tecidos, sendo o GLUT4, que é um transportador de glicose dependente de insulina, encontrado nos músculos (esquelético e cardíaco), tecido adiposo, ou seja, tecidos sensíveis à insulina. A estimulação celular pela insulina promove a exocitose e a translocação das vesículas contendo GLUT4 do citoplasma para a membrana plasmática, resultando em aumento na captação de glicose por essas células50. O fator de necrose tumoral alfa (TNF-) e a interleucina-1, estão envolvidos no apoptose de células no pâncreas, reduzindo a secreção de insulina e predispondo 7 à hiperglicemia51. O possível elo entre SM e inflamação é a resistência insulínica. A resistência à insulina refere-se à diminuição da sensibilidade do tecido adiposo, do músculo e do fígado a ação deste hormônio 52. Com o aumento da massa adiposa, ocorre um aumento da liberação de ácidos graxos na circulação 53. Como o tecido adiposo está resistente à insulina, o efeito deste hormônio na diminuição da liberação de ácidos graxos deste tecido para o sangue está suprimido 1. Mesmo durante o período absortivo, após uma refeição mista habitual onde a concentração de insulina plasmática atinge seu pico, a lipólise nos adipócitos não cessa54. Adicionalmente, a enzima lipase lipoprotéica, responsável pela hidrólise dos triglicerídeos presentes nas lipoproteínas VLDL (lipoproteína de muito baixa densidade) e quilomícrons, principalmente, também se encontra resistente à insulina, portanto com sua atividade diminuída55. Durante o período pós-prandial, onde esta enzima apresenta um papel fundamental na depuração de triglicerídeos do plasma, o que se observa é um aumento ainda maior da lipemia56. Os estímulos à secreção de insulina pelas células do pâncreas são inúmeros, principalmente, glicose e ácidos graxos livres. Nos indivíduos obesos a concentração plasmática de ácidos graxos é elevada e, portanto, sua disponibilidade para as células também é estímulo à secreção de insulina, o que resulta em um aumento das concentrações basais deste hormônio. Em longo prazo, este processo caracteriza o quadro de resistência à insulina57. Em relação à influência do ambiente na gênese da SM tem se observado uma mudança importante nos padrões alimentares em todo o mundo, sobretudo em culturas que tradicionalmente eram beneficiadas por seus hábitos saudáveis com base no consumo de peixes, cereais, frutas e vegetais frescos. Em aldeia indígena, foi encontrada a prevalência de SM de 65,3% entre índios com mais de 40 anos conforme critério NCEP/ATP III 39,6. E entre nipo-brasileiros residentes da cidade de Bauru, em 8 São Paulo, a SM estava presente em 46,5 a 56,5% da população, conforme critérios NCEP/ATP III revisados7, utilizando parâmetros de circunferência da cintura estabelecidos para adultos de origem não asiática e asiática respectivamente58. O Japanese-Brazilian Diabetes Study Group também mostrou a associação entre hábitos ocidentais, especialmente alimentação rica em gordura saturada, e a ocorrência de SM59. A urbanização e estilo de vida sedentário também são caracterizados por um consumo predominante de alimentos de fácil preparo, industrializados, processados, e por isso, pobres em fibras, ricos em gorduras aterogênicas, adicionados de conservantes, açúcares e sódio. Desta forma, qualifica-se um padrão alimentar associado ao aumento de doenças crônicas inflamatórias como obesidade e SM 60. 1.5 TRATAMENTOS PARA SÍNDROME METABÓLICA As diretrizes que abordam o manejo dos componentes da SM enfatizam a modificação no estilo de vida como terapia de primeira escolha, salvo indicação contrária das diretrizes de prevenção a doenças cardiovasculares, ou quando os pacientes não conseguem perder peso ou aderir a tratamentos dietéticos 61. Mesmo naqueles com níveis elevados de proteína C-reativa ou LDL colesterol, a primeira intervenção sugerida para todos os pacientes com risco cardiovascular deve incluir prescrição dietética e mudança no estilo de vida, assim como intervenções para cessar o tabagismo quando presente62. Ainda grupos de estudo reforçam que o padrão alimentar seguido por redução de peso permanece a base da terapia para a SM 63,64 .A prevalência da SM foi reduzida quase pela metade após dois anos seguindo a dieta do Mediterrâneo63, enquanto a incidência da SM foi reduzida em 41% após intervenção no estilo de vida com dieta pobre em gorduras e exercícios entre os participantes do Diabetes Prevention Program64. 9 1.5.1 Tratamentos Farmacológicos As tiazolidinedionas são uma classe de agentes utilizados no tratamento do DM2. Por meio da ação sobre receptores nucleares intracelulares PPAR gama (Peroxisome Proliferator Activated Receptor), são fármacos que promovem aumento da sensibilidade à insulina. Ao melhorar a captação de glicose periférica, as tiazolidinedionas reduzem as concentrações plasmáticas de glicose de jejum e pósprandial assim como de ácidos graxos livres e insulina65. Em estudo conduzido por Esposito e colaboradores66 a prevalência da SM foi reduzida em 30% após 1 ano de tratamento com rosiglitazona, em pacientes sem diabetes. Observou-se melhoras nos parâmetros metabólicos, aumento do HDL colesterol, redução dos triglicerídeos e pressão arterial. Também foram reduzidos parâmetros inflamatórios (proteína Creativa, IL-6, IL-18) e aumentou a adiponectina. Outro estudo avaliou os efeitos da pioglitazona em curto prazo. Seu uso em pacientes não diabéticos com SM, não alterou o peso corporal, glicemia, triglicerídeos ou LDL colesterol em 12 semanas. No entanto, observou-se menor número de partículas pequenas de LDL (mais aterogênicas), e aumento de níveis de HDL colesterol. Houve também melhoras nos parâmetros inflamatórios com aumento da adiponectina, redução da resistina e proteína C-reativa67. No entanto, evidências associaram o uso da rosiglitazona ao risco aumentado de IAM, insuficiência cardíaca, AVC e outros eventos cardiovasculares 68,69 . Em 2010, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) cancelou o registro do medicamento que tinha a substância como princípio-ativo, alegando que os riscos da utilização do medicamento superam seus benefícios. Já a pioglitazona se mostrou eficaz em aumentar o HDL colesterol, reduzir a ocorrência de IAM, fatal e não fatal, 10 síndrome coronariana aguda70 e AVC71 em pacientes diabéticos de alto risco72. Em recente estudo, a pioglitazona reduziu em mais de 70% desenvolvimento de diabetes em pacientes com tolerância diminuída à glicose73. Entretanto seu uso está associado ao aumento de peso, retenção de líquidos, edema e piora do quadro de insuficiência cardíaca 74,75. Considerando a dislipidemia, as estatinas são consideradas fármacos de primeira escolha no tratamento da SM. Agem inibindo a enzima 3-hidroxi-3metilglutaril-coenzima (HMG-CoA redutase), deste modo reduzindo a síntese de colesterol e aumentando a expressão hepática dos receptores da LDL e, consequentemente, a captação dele pela VLDL pelo hepatócito. Além disso, bloqueia a síntese hepática de triglicerídeos, diminui colesterol total, fração LDL e aumenta o HDL colesterol76. No ensaio JUPITER (Justification for the Use of statins in Primary prevention: an International Trial Evaluating Rosuvastatin) a rosuvastatina foi avaliada na prevenção primária, redução na incidência de eventos cardiovasculares maiores (IAM, AVC, revascularização, hospitalização por angina instável), mortalidade geral e cardiovascular, em indivíduos saudáveis com proteína C-reativa elevada e LDL colesterol abaixo do limiar estabelecido pelas diretrizes para tratamento, menor de 130 mg/dL6. O grupo que recebeu a rosuvastatina, comparado com o placebo, após 1 ano, reduziu o LDL colesterol em 50% (diferença média de 47 mg/dL) e proteína C-reativa em 37%. Não houve aumento nos níveis de glicemia ou glicosúria durante o acompanhamento, mas pequenos aumentos nos valores de hemoglobina glicada (5,9 versus 5,8, p=0,001) e relatos médicos de diabetes (270 versus 216, p=0,01) foram observados. Os riscos entre os pacientes com glicemia de jejum alterada e DM2 são IAM, AVC e morte vascular, o que de fato foram reduzidos 11 com a rosuvastatina 62,77 . Em meta análise foi avaliado o uso da estatina e desenvolvimento de diabetes, para tal foram selecionados 13 ensaios com estatina envolvendo 91.140 participantes, o risco de desenvolver diabetes foi 9% (odds ratio de 1,09) mais alto com uso da estatina durante um acompanhamento médio de 4 anos. O desenvolvimento de diabetes no uso da estatina foi maior entre os indivíduos com maior idade. A terapia com estatinas está associada a um risco ligeiramente aumentado no desenvolvimento de diabetes, mas o risco é baixo, e é superado pelos benefícios cardiovasculares em curto e médio prazo 78 . Para investigar se esta incidência estava associada à intensidade do tratamento/dose da estatina, foram avaliados 5 estudos com 32.752 indivíduos sem diabetes no ingresso do estudo. Os participantes que receberam terapia intensiva apresentaram um odds ratio de 1,12 e 0,84 para incidência de diabetes e eventos cardiovasculares respectivamente, comparados com a dose moderada. Esta revisão sistemática seguida por meta-análise demonstrou que o aumento da incidência de diabetes com terapia de estatina foi dosedependente 79. A diacereína é um anti-inflamatório utilizado no tratamento de osteoartrose80 que inibe a síntese de citocinas inflamatórias, tais como a IL-1 e TNF-α81. Tem-se hipotetizado que o tratamento com tal fármaco possa atenuar o processo inflamatório observado em doenças metabólicas. Em estudo randomizado duplo cego, 20 pacientes diabéticos tipo 2 e com excesso de peso receberam diacereína 50 mg uma vez ao dia na primeira quinzena e duas vezes ao dia nos 45 dias seguintes. No final de dois meses do tratamento, houve diminuições significativas na glicemia de jejum, hemoglobina glicada, TNF- e IL-1, e um aumento na secreção de insulina após administração de diacereína 82 . No entanto, em ensaio piloto conduzido por Joo e 12 colaboradores83 não foram encontrado efeitos adicionais nos parâmetros inflamatórios ou redução de peso com o uso do fármaco com mesma dose por 12 semanas. 1.5.2 Tratamentos Não Farmacológicos A adoção de um padrão alimentar saudável, caracterizado pelo consumo de frutas e verduras frescas, de forma a preservar vitaminas e minerais, laticínios desnatados e carnes brancas, reduzindo o consumo de ácidos graxos saturados, com acréscimo de ácidos graxos insaturados, através de frutos oleaginosos e óleos vegetais, tem sido associado com um menor risco para desenvolvimento de doenças crônicas60. Alguns estudos mostraram que modificações no estilo de vida podem prevenir ou postergar o aparecimento destas condições mesmo em grupos de alto risco, como foi observado por Tuomilehto e colaboradores84 num grupo de indivíduos obesos com tolerância diminuída à glicose. Através da prática de atividade física, consumo de fibras alimentares aumentadas, e redução dietética de gordura total e saturada foi possível alcançar a prevenção primária do diabetes em 523 indivíduos. Apesar de pequenas alterações no peso corporal, em 4 anos de acompanhamento a incidência cumulativa de diabetes foi de 11% no grupo que aderiu ao programa versus 23% no controle. Num segundo momento, confrontou-se a modificação no estilo de vida à metformina. Foram randomizados 3.234 indivíduos e a incidência cumulativa de diabetes em 3 anos foi de 28,9, 21,7 e 14,4% no grupo placebo, metformin e programa com reeducação alimentar e exercícios respectivamente. Este último aconteceu mediante palestras sobre alimentação saudável e exercícios, dieta hipocalórica e de baixa gordura para redução de pelo menos 7% do peso corporal inicial, e no mínimo 150 minutos de caminhadas por semana85. 13 Em revisão sistemática e meta-análise Esposito e colaboradores86 observaram que a adesão a uma dieta saudável rica em frutas e vegetal, grão integrais, peixe, e reduzida em carne vermelha, alimentos processados, bebidas adoçadas e alimentos ricos em amido foi associado com redução do risco de desenvolvimento de DM2, com HR de -0,39 (IC 95% -0.54 a -0.24). Em uma população de nipo-brasileiros com elevada prevalência de SM, um programa de modificação no estilo de vida através de consultas nutricionais e estímulo à prática de atividade física, resultou, após dois anos, em reduções na circunferência da cintura, pressão arterial, colesterol total e LDL, mas também foi observada redução no HDL colesterol. Este último pôde ser explicado pela redução no consumo de ácidos graxos monoinsaturados, e uso de medicações (fibratos e ácido nicotínico), visto que era uma população com alta prevalência de indivíduos com dislipidemia. Ainda, os resultados podem estar interligados às limitações da ferramenta utilizada para registro alimentar, o recordatório de 24 horas, em virtude do viés de memória ou sub-relatos de ingestão alimentar 87. A dieta do Mediterrâneo tem mostrado efeitos benéficos sobre os fatores de riscos cardiovasculares e DM2. O ensaio clínico randomizado multicêntrico PREDIMED (The Prevención con Dieta Mediterránea) teve como objetivo avaliar a eficácia da dieta do Mediterrâneo na prevenção primária de eventos cardiovasculares (morte cardiovascular, IAM e AVC) como desfecho principal, e secundário, mortalidade por qualquer causa, incidência de insuficiência cardíaca, DM, demência e alguns tipos de cânceres. Os participantes foram de ambos os sexos, adultos, sem doença cardiovascular prévia, mas com fatores de risco cardiovascular. Neste estudo, três intervenções dietéticas são comparadas, a dieta do Mediterrâneo com azeite de oliva virgem, a dieta do Mediterrâneo com frutos oleaginosos (30 gramas por dia, rico 14 em ácidos graxos mono e polinsaturados), e a dieta pobre em gordura (orientação padrão da American Heart Association)88. Em análise preliminar do Predimed 89 as intervenções dietéticas num grupo de 772 indivíduos por três meses foram descritas. Comparando com a dieta pobre em gordura, os indivíduos que participaram dos grupos das dietas do Mediterrâneo apresentaram diminuição da pressão arterial, e da glicemia, além de melhora da sensibilidade insulínica e aumento nos níveis de HDL colesterol. Num seguimento de 4 anos, foi possível observar que a incidência de DM2 foi reduzida em 52% com esta dieta90. Apesar dos resultados promissores, a influência motivacional deve ser considerada, visto que a educação nutricional foi mais intensa nos grupos que receberam a dieta do Mediterrâneo. Abordagens não farmacológicas requerem que a implementação e manutenção de mudanças necessárias na dieta tenham configuração de “vida real”, o que pode ser um desafio. No entanto, pequenas intervenções no estilo de vida, incluindo a dieta, não devem ser desvalorizadas e substituídas pelo uso intensivo de fármacos. Alimentação saudável pode ajudar as pessoas a viver mais anos sem DM2. Ainda, a intervenção precoce nos fatores de risco identificáveis na infância e adolescência, como foi visto por Magnussen e colaboradores14 que mostraram que o IMC, ferramenta simples, é um preditor de SM na vida adulta. É provável que seja mais relevante identificar alterações metabólicas a buscar pelo diagnóstico em si38. A substituição de planos resolutivos e assistências por medidas preventivas, incentivos a hábitos de vida saudável, nutrição adequada e prática de atividade física regular poderiam ajudar a retardar ou impedir a progressão da SM para DM2, doenças cardiovasculares e outras complicações. E com isso conter a epidemia atual marcada 15 por doenças crônicas degenerativas, hospitalização na vida adulta35-36. que exigem tratamentos onerosos e 16 2 MODELO ANIMAL DE SÍNDROME METABÓLICA Na tentativa de desenvolver obesidade em animais experimentais e permitir o estudo desta condição, diversos modelos experimentais de obesidade têm sido desenvolvidos53. Alguns modelos experimentais de SM são desenvolvidos através da mudança no padrão dietético. A sobrecarga de frutose acrescida à ração ou água mostrou promover aumento da pressão arterial91 e de triglicerídeos séricos92, e ainda, causar resistência à insulina93 quando administrada em roedores. Foi observado em camundongos que o aumento da pressão arterial é resultado da modulação simpática, pelo aumento da componente espectral de baixa frequência (LF) da variabilidade da pressão arterial sistólica, mostrando assim o predomínio do sistema nervoso simpático (SNS)94. Em relação aos modelos genéticos de obesidade e DM2, um dos primeiros modelos utilizados para estudo do DM foram os camundongos (C57BL/6J) ob/ob, que contêm uma mutação no cromossomo 6 do gene que expressa a leptina95, 96 . A ausência de leptina faz com que este camundongo seja hiperfágico, diabético e obeso97. Ao contrário dos seres humanos com SM, estes animais mostraram redução da pressão arterial98 e não desenvolveram dislipidemia, mesmo após a idade de 36 semanas99. Esses modelos são úteis na avaliação de mecanismos moleculares específicos envolvidos na gênese da obesidade, entretanto a SM não é uma desordem monogênica e abrange uma cascata de sinalizações muito mais complexas100. Um dos modelos utilizados de obesidade é aquele que induz a condição através da administração subcutânea de glutamato monossódico (MSG) em ratos Wistar. O MSG é um aminoácido neuroexcitatório que é lesivo ao sistema nervoso central em ratos. Ao ser administrado no período neonatal em roedores, quando a 17 barreira hematoencefálica não está totalmente desenvolvida, o MSG mostrou resultar numa degeneração aguda do núcleo arqueado do hipotálamo levando a alterações neuroendócrinas e metabólicas como obesidade, disfunção sexual, parada no crescimento, déficit comportamental 101,102 . Ainda, os animais obesos deste modelo desenvolvem maior deposição de tecido adiposo na região central, possivelmente em virtude de hipercortisolismo, diminuição da lipólise no tecido adiposo, aumento da lipogênese no fígado e da atividade da lipase lipoprotéica103. Considerando-se a hipertensão arterial, os ratos espontaneamente hipertensos (SHR) são considerados um dos modelos que mais se assemelham à hipertensão arterial que ocorre em humanos. Esses animais apresentam, ainda, hipertrofia ventricular esquerda, aumento da adiposidade visceral periepididimal resistência insulínica, atribuída à hiperatividade adrenérgica 104,105 e 106,107 . No entanto, esses animais não desenvolvem dislipidemia ou alterações glicêmicas. A associação da indução de obesidade com MSG ao modelo animal de hipertensão citado (SHR) já foi estudada, no entanto os efeitos sobre a pressão arterial são inconclusivos visto que há relatos de que os animais tornam-se menos hipertensos do que os SHR que não foram injetados com MSG 108-110 . Nosso grupo recentemente vem trabalhando com este modelo, e dados preliminares sugerem que o fenótipo alcançado é efetivamente muito semelhante ao da SM que ocorre em humanos111. Dessa forma, o modelo de obesidade induzido por MSG em animais SHR demonstra-se satisfatório no que tange ao fenótipo múltiplo que a SM manifesta clinicamente (obesidade visceral, hipertensão arterial, dislipidemia e resistência insulínica). Estes são animais facilmente obtidos em nosso meio, tanto pelo alcance financeiro, quanto pela oferta. 18 Ainda não há um fármaco específico que atenda a rede de sinais e sintomas que a SM manifesta, especialmente pelos questionamentos que cercam a sua fisiopatologia. A terapêutica é baseada em associações de fármacos e árdua manobra entre seus efeitos colaterais. Neste cenário, prosseguem ensaios na busca por alternativas que reduzam os efeitos desta condição e impeçam ou retardem sua evolução, sejam elas intervenções comportamentais ou tratamentos auxiliares. farmacológicas, não farmacológicas, 19 3 CAPSAICINA As pesquisas apontam para o uso acessório de substâncias presentes nos alimentos na prevenção, evolução ou tratamento de condições associadas à obesidade42. Essas substâncias, denominadas nutracêuticos, podem ser consideradas um alimento ou parte dele, contudo deve proporcionar algum benefício à saúde 112. Um dos alimentos com conhecidas alegações funcionais é o fruto pimenta vermelha do gênero Capsicum que pertence à família das Solanáceas. Nela são encontradas elevadas concentrações de capsaicinóides que são as substâncias nutracêuticas que diferem os frutos pela picância. Os capsaicinóides mais abundantes na pimenta são a capsaicina e dihidrocapsaicina. A capsaicina (8-metil-N-vanilil-6nonenamide) consiste em três secções principais, uma cadeia lipofílica alquila em uma extremidade, ligado através de uma ligação acil-amida ao grupo vanilil contendo o grupo polar hidroxila na outra extremidade da molécula113. As pimentas do gênero Capsicum são amplamente consumidas em vários países, em especial nos países do continente asiático e na América do Norte. O consumo estimado por dia por pessoa, em gramas, na Índia é de 2,5, na Tailândia de 5,0, na Coréia 9,0 e no México 20,0, ou o equivalente a uma pimenta. A ingestão diária de capsaicinóides nesses países foi estimada em 25-200 mg/pessoa/dia. Nos EUA e Europa a ingestão diária máxima de capsaicina foi estimada em cerca de 1,5mg/pessoa/dia114, 115. O uso tópico da capsaicina na forma de cremes vem de longa data. Seu uso analgésico está associado diretamente à ação sobre a substância P, principal mensageiro químico dos impulsos da dor periférica para o sistema nervoso central113. A depleção da substância P possivelmente explica as respostas anti-inflamatórias 20 produzidas pelo uso da capsaicina em experimentos animais, visto que este neuropeptídio parece exibir um potencial pró-inflamatório116. Assim, foi observado em ratos que o uso da capsaicina melhorou a resposta inflamatória produzida pela artrite117. As lesões gástricas produzidas por uso de etanol foram atenuadas quando tratadas previamente com a capsaicina118. No tecido adiposo de camundongos obesos tratados com capsaicina, os níveis de IL-6 e MCP-1 diminuíram, enquanto a expressão de adiponectina aumentou 119, 120. Em modelo animal de inflamação aguda, o pré-tratamento com extrato de pimenta reduziu a migração de leucócitos e neutrófilos, o volume de exsudato e a concentração de citocinas pró-inflamatórias TNF- e IL-1121. Desde último experimento, não pode ser excluída a possibilidade dos efeitos benéficos do extrato de pimenta ser atribuídos ao potencial antioxidante do fruto e não a ação depletora da substância P pela capsaicina. Outros mecanismos de ação da capsaicina sobre os componentes relacionados à SM, isoladamente ou em conjunto, instigam os investigadores na área da saúde, pois os resultados parecem promissores, em especial, no campo de atenção da atualidade, a obesidade122. Entretanto, não há evidências que suportem seu uso indiscriminado. A inconsistência dos resultados nestes experimentos se deve ao uso de diferentes doses e apresentações da capsaicina, bem como diferentes vias de administração e duração dos tratamentos. Ainda, os mecanismos de ação não estão plenamente esclarecidos na literatura existente. 3.1 AÇÃO TERMOGÊNICA E O EFEITO SOBRE A PRESSÃO ARTERIAL Ação termogênica designada à capsaicina está fundamentada no efeito térmico que ela produz no organismo além do gasto energético essencial para realização de 21 processos vitais de respiração, digestão, absorção e armazenamento 123 . Este efeito “a mais” é chamado de termogênese facultativa ou adaptativa e ocorre por meio de estimulação do SNS. Tal efeito foi demonstrado por análise espectral em experimento com mulheres. Após consumirem refeições acrescidas de pimentas foram avaliadas, no período de 24 horas, e apresentaram aumento da razão entre os componentes de baixa (Low Frequency) e alta freqüência (High Frequency) da variabilidade da freqüência cardíaca, ou seja, aumento do balanço simpatovagal 124. A hiperatividade simpática causa aumento imediato no metabolismo celular com liberação de norepinefrina e epinefrina no sangue. Isso pôde ser observado em experimento com a capsaicina administrada via intraperitoneal em ratos125; e confirmado ao ser combinada ao beta bloqueador (propanolol) que reduziu a resposta termogênica da capsaicina em 50%126. Ainda, ao final de um treinamento físico de resistência, os ratos que receberam a substância administrada duas horas antes apresentaram níveis séricos aumentados de catecolaminas e ácidos graxos livres 127. Entretanto, em indivíduos adultos jovens praticantes de atividade física, a ingestão de cápsula contendo capsaicina não alterou as concentrações plasmáticas de epinefrina e norepinefrina, mas aumentou dos níveis de ácidos graxos livres no plasma128. A descarga adrenérgica iniciada pela ativação simpática estimula a glicogenólise, gliconeogênese e lipólise. Por esse mecanismo a capsaicina mostrou aumentar a oxidação de lipídeos com respostas pós-prandial de aumento consumo de oxigênio e redução do quociente respiratório 129, também encontrados após 13 semanas do uso concomitante da substância130. Pelo controle dos vasos sangüíneos periféricos, o SNS é capaz de regular, por curtos períodos de tempo, o débito cardíaco e a pressão arterial; a constrição das veias e dos reservatórios venosos aumenta o débito cardíaco, e a constrição das arteríolas 22 aumenta a resistência periférica, o que eleva a pressão arterial. Tal estimulação produz vasoconstrição dos vasos sangüíneos renais e diminui, de forma muito acentuada, a produção de urina. Esse é um importante mecanismo para a regulação do volume sangüíneo e da pressão arterial, pois quando é necessária a estimulação simpática pode causar a retenção de líquidos na circulação, aumentando o volume sangüíneo e o retorno venoso para o coração, ao mesmo tempo. Esses efeitos, por período de horas ou de dias, aumentam o débito cardíaco e a pressão arterial131. O grupo de Belza e colaboradores132, ao avaliar o efeito da capsaicina combinada com outros ingredientes, considerados também termogênicos como cafeína e o chá verde não observou alterações hemodinâmicas com seu uso por 8 semanas. Contudo, este mesmo grupo avaliou pontualmente o composto em indivíduos normotensos e foi observado um aumento da pressão arterial sistólica e diastólica e freqüência cardíaca em comparação ao placebo 126. O efeito da capsaicina sobre a pressão arterial ainda parece contraditório. Entre os mecanimos subjacentes à estimulação simpática encontra-se o fato da capsaicina ser um análogo do receptor potencial transitório vanilóide tipo 1 (TRVP1). A capsaicina se liga aos receptores específicos vanilóides tipo1 (VR-1) na membrana dos neurônios sensoriais, levando à ativação de um canal cátion e induzindo despolarização e influxo de Ca2 +. A despolarização de nociceptores polimodais (fibras C, lentas) causa a liberação neuronal periférica de neuropeptídios. Estes são neurotransmissores presentes em todo o sistema nervoso e secretados pelas fibras nervosas cutâneas113. A substância P libera óxido nítrico, exerce vasodilatação, mas também tem ação pró-inflamatória como já foi mencionado, aumenta a expressão de moléculas de adesão, macrófagos, citocinas pró-inflamatórias, e prostaglandinas. O peptídeo 23 relacionado ao gene da calcitonina (CGRP), também é vasodilatador, atua de forma pró-inflamatória, potencializa a formação de edema induzida por IL-1 e IL-8; e antiinflamatória, diminui a produção de IL-2 e a expressão de TNF-, TNF- e Interferon gama133. Foi relatado que ativação da TRPV1 pode afetar a diferenciação dos préadipócitos134. Os pré-adipócitos são células menores, mais sensíveis à ação da insulina que produzem adipocitocinas menos inflamatórias e mais adiponectina135. Em concordância, na obesidade, se observa a diminuição da expressão TRPV-1 no tecido adiposo136. Além disso, TRPV1 tem efeito sobre a pressão arterial, e seu agonista capsaicina, apresentou ambos vasorelaxamento e vasoconstrição 137, 138. Em ratos Wistar com dieta hiperssódica a associação a capsaicina por 4 semanas aumentou pressão arterial média. Os níveis plasmáticos de CGRP não apresentaram diferenças entre os grupos, no entanto, no gânglio da raiz dorsal, os níveis foram menores naqueles pré-tratados com capsaicina. O tratamento neonatal com capsaicina resultou na degeneração do nervo aferente o que levou ao aumento da pressão arterial139. Tal mecanismo é sustentado por Patanè e colaboradores que relataram dois casos hipertensivos atribuídos ao consumo excessivo de pimenta e a capacidade da capsaicina de despolarizar as fibras C e assim provocar depleção de CGRP (vasodilatadora) e induzir a vasoconstrição 140-142 . Entretanto, em cães foi observado que aumento na pressão arterial média ocorre nos 2 minutos iniciais de infusão de capsaicina, segue por um pico de hipertensivo ao final da infusão de 15 minutos e cerca de 5 minutos após o término da infusão, retorna aos valores basais 115. A combinação da capsaicina à isoflavona, fitoestrógeno, por 5 meses reduziu pressão arterial proporcional ao tempo de tratamento nos indivíduos hipertensos com alopécia. No entanto, no grupo de normotensos não houve alterações nos níveis 24 pressóricos. Os níveis séricos de IGF-1 (fator de crescimento semelhante à insulina tipo 1) aumentaram após o tratamento com associação de capsaicina e isoflavona. Administração combinada dessas substâncias pode ter reduzido a pressão arterial através da vasodilatação pela ativação TRPV-1, tento em vista que a IGF-1 sensibiliza esse canal143. Por isto, que é possível que a ativação dos neurônios sensoriais pela IGF-1 possa ter aumentado a produção de oxido nítrico e prostaglandinas e assim contribuído para reduzir a pressão arterial nos hipertensos144. 3.2. METABOLISMO DOS SUBSTRATOS: LIPÍDIOS E GLICOSE Em adultos com sobrepeso o consumo regular de pimenta vermelha (30g/dia), por 4 semanas, não provocou alteração dos níveis plasmáticos de lipídeos, mas redução do potencial de oxidação de LDL in vitro 145 . Este efeito foi atribuído à provável ação antioxidante da pimenta vermelha, que é conhecida por ser rica em vitamina C e carotenóides. O mesmo grupo avaliou a resposta glicêmica após 8 semanas e não encontrou alterações, mas os níveis de insulina pós-prandial foram reduzidos, e o efeito da pimenta sobre a quantidade de insulina foi mais pronunciada quanto maior o peso do indivíduo 146. É possível que a capsaicina melhore a sensibilidade à insulina em resposta secundária à ação sobre o aumento da oxidação de lípideos e termogênese induzida pela dieta. Isto explicaria sua ação ser mais evidente quanto maior a quantidade de gordura corporal. Entretanto, no estudo com camundongos obesos tratados com capsaicina a melhor resposta à ação da insulina foi justificada por maiores níveis de expressão, no tecido adiposo, de receptor de insulina 1 (IRS-1) e GLUT4 120. Foi observado em coelhos, que receberam dieta hipercolesterolêmica acrescida de pimenta vermelha por 12 semanas, melhora do perfil lipídico e menor conteúdo 25 lipídico na camada íntima da artéria aorta147. Em ratos Wistar, com mesma dieta, o acréscimo de capsaicina por 8 semanas reduziu os níveis plasmáticos de colesterol total e LDL148. O coelho é considerado um bom modelo animal para estudo da aterosclerose, também por esse motivo a resposta pode ter sido mais acentuada. Ainda o tempo de administração, foi relativamente longo comparado aos outros estudos. No entanto, não foi contabilizada a ingestão de líquidos ou ração entre os grupos nos estudos. Em outro estudo, in vitro, o nível de colesterol total da cultura de células musculares lisas vasculares da aorta tóracida de camundongos foi reduzido pela administração de capsaicina149. In vivo, camundongos knockout para apolipoproteína E (ApoE-/-) que receberam ração rica em gordura acrescida de capsaicina por 24 semanas reduziram o armazenamento lipídico e lesões ateroscleróticas no seio aórtico e na aorta toracoabdominal em comparação aos animais que receberam a ração sem capsaicina. Ainda, ocorreram menores níveis de triglicerídeos e colesterol total. O que foi observado neste estudo é que a ativação TRPV1, análogo a capsaicina, aumenta a expressão ABCA1 (ATP binding cassette transporter A1)149. A apolipoproteína A-I, pobre em lipídeos, uma vez formada capta o colesterol celular através do ABCA-1, dando início à formação de uma nova partícula de HDL150 o que explicaria as excelentes respostas do uso da capsaicina no metabolismo lipídico destes animais. 26 4 JUSTIFICATIVA Considerando o exposto, existem lacunas científicas que despertam para uma nova experiência. Não há dados sólidos sobre o efeito da capsaicina na estimulação do SNS e ação sobre a pressão arterial. Os efeitos da capsaicina sobre o sistema nervoso autônomo foram previamente estudados somente de forma aguda. Também é desconhecida a ação da capsaicina sobre a sensibilidade barorreflexa espontânea e decorrente da ação de agentes farmacológicos. Além disso, não foram avaliados os efeitos da capsaicina sobre o metabolismo de lipídeos e carboidratos em um modelo animal que mimetize a hipertensão, resistência à insulina, dislipidemia e o processo inflamatório decorrente do quadro da SM. 27 5 HIPÓTESES H0: A suplementação com capsaicina sintética não interfere no metabolismo e controle cardiovascular de animais em modelo de síndrome metabólica. H1: A suplementação com capsaicina sintética interfere no metabolismo e controle cardiovascular de animais em modelo de síndrome metabólica. 28 6 OBJETIVOS 6.1 OBJETIVO GERAL Avaliar os efeitos metabólicos e cardiovasculares da suplementação com capsaicina sintética em um modelo animal de síndrome metabólica. 6.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Avaliar peso corporal, índice de Lee, glicemia, resistência à insulina e perfil lipídico (colesterol total, colesterol HDL e LDL, triglicerídeos) em modelo animal de SM com dieta regular e submetido a tratamento com capsaicina em duas diferentes doses (0,5 e 1,0 mg /kg/dia) por 2 semanas. Avaliar a quantidade de alimento e água ingeridos, assim como a diurese, em 24 horas, em modelo animal de SM com dieta regular e submetido a tratamento com capsaicina em duas diferentes doses (0,5 e 1,0 mg /kg/dia) ao final de 2 semanas. Avaliar os efeitos cardiovasculares (pressão arterial, freqüência cardíaca, controle autonômico, sensibilidade baroreflexa espontânea) em modelo animal de SM com dieta regular e submetido a tratamento com capsaicina em duas diferentes doses (0,5 e 1,0 mg /kg/dia) por 2 semanas. Avaliar a espessura da parede e expressão imuno-histoquímica de CD 68 da artéria aorta torácica em modelo animal de SM com dieta regular e submetido a tratamento com capsaicina em duas diferentes doses (0,5 e 1,0 mg /kg/dia) por 2 semanas. 29 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Reaven GM. Banting lecture 1988. Role of insulin resistance in human disease. Diabetes 1998; 37(12):1595-607 2. Lakka HM, Laaksonen DE, Lakka TA, et al. The metabolic syndrome and total and cardiovascular disease mortality in middle-aged men. JAMA 2002; 288(21):2709-16. 3. Hanson RL, Imperatore G, Bennett PH, Knowler WC. Components of the "metabolic syndrome" and incidence of type 2 diabetes. Diabetes 2002; 51:3120–27. 4. Ford ES. Prevalence of the metabolic syndrome defined by the International Diabetes Federation among adults in the U.S. Diabetes Care 2005; 11(28):2745-9. 5. Alberti KG, Zimmet PZ. Definition, diagnosis and classification of diabetes mellitus and its complications. Part 1: diagnosis and classification of diabetes mellitus provisional report of a WHO consultation. Diabet Med 1998; 15(7):539-53. 6. Grundy SM, Becker D, Clark LT, et al. Third Report of the National Cholesterol Education Program (NCEP) Expert Panel on Detection, Evaluation, and Treatment of High Blood Cholesterol in Adults (Adult Treatment Panel III) final report. Circulation 2002, 106(25):3143-421. 7. Grundy SM, Cleeman JI, Daniels SR, et al. Diagnosis and management of the metabolic syndrome. An American Heart Association/ National Heart, Lung, and Blood Institute Scientific Statement. Executive Summary. Cardiol Rev 2005; 13(6):322-7. 8. Genuth S, Alberti KGMM, Bennett P, et al. Report on the expert committee on the diagnosis and classification of diabetes mellitus. Diabetes Care 2003; 26(Suppl 1):S5-20. 30 9. Alberti KG, Zimmet P, Shaw J, IDF Epidemiology Task Force Consensus Group. The metabolic syndrome - a new worldwide definition. Lancet 2005; 366(9491):1059-62. 10. Alberti KG, Eckel RH, Grundy SM, et al. Harmonizing the metabolic syndrome: a joint interim statement of the International Diabetes Federation Task Force on Epidemiology and Prevention; National Heart, Lung, and Blood Institute; American Heart Association; World Heart Federation; International Atherosclerosis Society; and International Association for the Study of Obesity. Circulation 2009; 120(16):1640-5. 11. Isomaa B, Almgren P, Tuomi T, et al. Cardiovascular morbidity and mortality associated with the metabolic syndrome. Diabetes Care 2001; 24(4):683–9. 12. Malik S, Wong ND, Franklin SS, et al. Impact of the metabolic syndrome on mortality from coronary heart disease, cardiovascular disease, and all causes in United States adults. Circulation 2004; 110(10):1245-50. 13. Morrison JA, Friedman LA, Gray-McGuire C. Metabolic syndrome in childhood predicts adult cardiovascular disease 25 years later: The Princeton Lipid Research Clinics Follow-up Study. Pediatrics 2007; 120(2):340-5. 14. Magnussen CG, Koskinen J, Chen W, et al. Pediatric metabolic syndrome predicts adulthood metabolic syndrome, subclinical atherosclerosis, and type 2 diabetes mellitus but is no better than body mass index alone: the Bogalusa Heart Study and the Cardiovascular Risk in Young Finns Study. Circulation 2010; 122(16):1604-11. 15. Gami AS, Witt BJ, Howard DE, et al. Metabolic syndrome and risk of incident cardiovascular events and death. A systematic review and meta-analysis of longitudinal studies. J Am Coll Cardiol 2007; 49(4):403-14. 31 16. Mottillo S, Filion KB, Genest J, et al. The metabolic syndrome and cardiovascular risk: a systematic review and meta-analysis. J Am Coll Cardiol 2010; 56(14):1113-32. 17. Alkerwi A, Donneau AF, Sauvageot N, et al. Prevalence of the metabolic syndrome in Luxembourg according to the Joint Interim Statement definition estimated from the ORISCAV-LUX study. BMC Public Health 2011; 11(1):1-9. 18. Ford ES, Giles WH, Dietz WH. Prevalence of the metabolic syndrome among US adults: findings from the Third National Health and Nutrition Examination Survey. JAMA 2002; 287(3):356-9. 19. Mozumdar A, Liguori G. Persistent increase of prevalence of metabolic syndrome among US adults: NHANES III to NHANES 1999-2006. Diabetes Care 2011; 34(1):216-9. 20. Moebus S, Hanisch JU, Neuhäuser M, Aidelsburger P, Wasem J, Jöckel KH. Assessing the prevalence of the Metabolic Syndrome according to NCEP ATP III in Germany: feasibility and quality aspects of a two steps approach in 1550 randomly selected primary health care practices. GMS German Medical Science 2006; 4:16127. 21. Alkerwi A, Donneau AF, Sauvageot N, et al. Prevalence of the metabolic syndrome in Luxembourg according to the Joint Interim Statement definition estimated from the ORISCAV-LUX study. BMC Public Health 2011; 11(1):1-9. 22. Ministério da Saúde, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa de Orçamento Familiares 2008-2009. Antropometria e Estado Nutricional de Crianças, Adolescentes e Adultos no Brasil. Rio de Janeiro, 2010. 32 23. Gronner MF, Bosi PL, Carvalho AM, et al. Prevalence of metabolic syndrome and its association with educational inequalities among Brazilian adults: a population-based study. Braz J Med Biol Res 2011; 44(7):713-9. 24. Barbosa JB, Silva AAM, Barbosa FF, et al. Síndrome metabólica em ambulatório cardiológico. Arq Bras Cardiol 2010; 94(1):46-54. 25. Rigo JC, Vieira JL, Dalacorte RR, Reichert CL. Prevalência de síndrome metabólica em idosos de uma comunidade: comparação entre três métodos diagnósticos. Arq Bras Cardiol 2009; 93(2):85-91. 26. Scherer F, Vieira JLC. Estado nutricional e sua associação com risco cardiovascular e síndrome metabólica em idosos. Rev Nutr Campinas 2010; 23(3):347-55. 27. Dandona P, Aljada A, Chaudhuri A, Mohanty P, Garg R. Metabolic syndrome a comprehensive perspective based on interactions between obesity, diabetes, and inflammation. Circulation 2005; 111:1448-54. 28. Ford ES, Kohl HW 3rd, Mokdad AH, Ajani UA. Sedentary behavior, physical activity, and the metabolic syndrome among U.S. adults. Obes Res 2005; 13(3):608-14. 29. Hubert HB, Feinleib M, McNamara PM, Castelli WP. Obesity as an independent risk factor for cardiovascular disease: a 26-year follow-up of participants in the Framingham Heart Study. Circulation 1983; 67(5):968-77. 30. Matsuo T, Sairenchi T, Suzuki K, Tanaka K, Muto T. Long-term stable obesity increases risk of hypertension. Int J Obes (Lond) 2011; 35(8):1056–62. 31. Wang Y, Rimm EB, Stampfer MJ, Willett WC, Hu FB. Comparison of abdominal adiposity and overall obesity in predicting risk of type 2 diabetes among men. Am J Clin Nutr 2005; 81:555– 63. 33 32. Cook S, Weitzman M, Auinger P, Nguyen M, Dietz WH. Prevalence of a metabolic syndrome phenotype in adolescents findings from the Third National Health and Nutrition Examination Survey, 1988-1994. Arch Pediatr Adolesc Med 2003; 157:821-7. 33. Oliveira BEP, Souza MLA, Lima MDA. Prevalência de síndrome metabólica em uma área rural do semi-árido. Arq Bras Endocrinol Metab 2006; 50(3):456-65. 34. Salaroli LB, Barbosa GC, Mill JG, Molina MCB. Prevalência de síndrome metabólica em estudo de base populacional, Vitória, ES-Brasil. Arq Bras Endocrinol Metab 2007; 51(7):1143-52. 35. Bopp M, Barbiero S. Prevalência de síndrome metabólica em pacientes de um ambulatório do Instituto de Cardiologia do Rio grande do Sul (RS). Arq Bras Cardiol 2009; 93(5): 473-7. 36. Silveira VMF, Horta BL, Gigante DP, Junior MRA. Metabolic syndrome in the 1982 Pelotas cohort: effect of contemporary lifestyle and socioeconomic status. Arq Bras Endocrinol Metab. 2010; 54(4):390-7. 37. Pimenta AM, Gazzinelli A, Velásquez-Meléndez G. Prevalência da síndrome metabólica e seus fatores associados em área rural de Minas Gerais (MG, Brasil). Rev Panam Salud Publica 2004; 16:308-14. 38. Alvarez MM, Vieira ACR, Sichieri R, Veiga GV. Prevalence of metabolic syndrome and of its specific components among adolescents from Niterói city, Rio de Janeiro State, Brazil. Arq Bras Endocrinol Metab 2011; 55(2):164-70. 39. Rocha AKS, Bós AJG, Huttner E, Machado DC. Prevalência da síndrome metabólica em indígenas com mais de 40 anos no Rio Grande do Sul, Brasil. Rev Panam Salud Publica 2011:29(1):41–5. 34 40. Pischon T, Boeing H, Hoffmann K, et al. General and abdominal adiposity and risk of death in Europe. N Engl J Med 2008; 359:2105-20. 41. Gustafson B. Adipose tissue, inflammation and atherosclerosis. J Atheroscler Thromb 2010; 4(17):332-41. 42. Yu R, Kim CS, Kang JH. Inflammatory Components of Adipose Tissue as Target for Treatment of Metabolic Syndrome. Forum Nutr 2009; 61:95-103. 43. Volp ACP, Alfenas RC, Costa NMB, Minin VPR, Stringueta PC, Bressan J. Capacidade dos Biomarcadores Inflamatórios em Predizer a Síndrome Metabólica. Arq Bras Endocrinol Metab 2008; 52(3):537-49. 44. Wang Z, Nakayama T. Inflammation, a link between obesity and cardiovascular disease. Mediators Inflamm 2010; 2010:535918. 45. Hayashi T, Boyko EJ, McNeely MJ, Leonetti DL, Kahn SE, Fujimoto WY. Visceral adiposity, not abdominal subcutaneous fat area, is associated with an increase in future insulin resistance in Japanese Americans. Diabetes 2008; 57:1269– 75. 46. Boyko JE, Fujimoto WY, Leonetti DL, Newell-Morris L. Visceral adiposity and risk of type 2 diabetes: a prospective study among Japanese Americans. Diabetes Care 2000; 23(4):465–71. 47. Nguyen-Duy TB, Nichaman MZ, Church TS, Blair SN, Ross R. Visceral fat and liver fat are independent predictors of metabolic risk factors in men. Am J Physiol Endocrinol Metab 2003; 284(28):1065–71. 48. Oka R, Miura K, Sakurai M, et al. Impacts of visceral adipose tissue and subcutaneous adipose tissue on metabolic risk factors in middle-aged Japanese. Obesity (Silver Spring) 2010; 18(1):153–60. 35 49. Despré JP, Lemieux I, Bergeron J, et al. Abdominal Obesity and Metabolic Syndrome: contribution to global cardiometabolic risk. Arterioscler Thromb Vasc Biol 2008; 28:1039-49. 50. Machado UF, Schaan BD, Seraphim PM. Transportadores de glicose na síndrome metabólica. Arq Bras Endocrinol Metab 2006; 50(2):177-89. 51. Donath MY, Storling J, Berchtold LA, Billestrup N, Mandrup-Poulsen T. Cytokines and -cell biology: from concept to clinical translation. Endocr Rev 2008; 29(3):334-50. 52. Dandona P, Chaudhuri A, Ghanim H, Mohanty P. Proinflammatory effects of glucose and anti-inflammatory effects of insulin: relevance to cardiovascular disease. Am J Cardiol 2007; 99:15-26. 53. Pereira LO, Francischi RP, Lancha Jr AH. Obesidade: hábitos nutricionais, sedentarismo e resistência à insulina. Arq Bras Endocrinol Metab 2003; 47(2):111-2. 54. Geloneze B, Lamounier RN, Coelho OR. Hiperglicemia pós-prandial: tratamento de seu potencial aterogênico. Arq Bras Cardiol 2006; 87:660-70. 55. Hermsdorff HHM, Monteiro JBR. Gordura visceral, subcutânea ou intramuscular: onde está o problema? Arq Bras Endocrinol Metabol 2004; 48(6):80311. 56. Filho FFR, Mariosa LS, Ferreira SRG, Zanella MT. Gordura visceral e síndrome metabólica: mais que uma simples associação. Arq Bras Endocrinol Metabol 2006; 50(2):230-8. 57. Haber EP, Curi R, Carvalho CRO, Carpinelli AR. Secreção da insulina: efeito autócrino da insulina e modulação por ácidos graxos. Arq Bras Endocrinol Metab 2001; 45(3):219-27. 36 58. Xavier NP, Chaim RC, Gimeno SGA, et al. Prevalence of metabolic syndrome in Japanese-Brazilians according to specific definitions for ethnicity. Metab Syndr Relat Disord 2010; 8(2):143-8. 59. Ferreira SRG, Almeida-Pittito B, Japanese-Brazilian Diabetes Study Group (JBDS Group). Reflexão sobre a imigração japonesa no Brasil sob o ângulo da adiposidade corporal. Arq Bras Endocrinol Metab 2009; 53(2):175- 82. 60. Bressan J, Hermsdorff HHM, Zulet MA, Martínez JA. Impacto hormonal e inflamatório de diferentes composições dietéticas: ênfase em padrões alimentares e fatores dietéticos específicos. Arq Bras Endocrinol Metab 2009; 53(5):572-81. 61. Grundy SM, Hansen B, Smith SCS, Cleeman JI, Kahn RA. Clinical management of metabolic syndrome: report of the American Heart Association/National Heart, Lung, and Blood Institute/American Diabetes Association conference on scientific issues related to management. Circulation 2004; 109:551-6. 62. Ridker PM. The JUPITER Trial: results, controversies, and implications for prevention. Circ Cardiovasc Qual Outcomes 2009; 2(3):279-85. 63. Esposito K, Marfella R, Ciotola M, et al. Effect of a mediterranean-style diet on endothelial dysfunction and markers of vascular inflammation in the metabolic syndrome: a randomized trial. JAMA 2004; 292(12):1440-6. 64. Orchard TJ, Temprosa M, Goldberg R, et al. The effect of metformin and intensive lifestyle intervention on the metabolic syndrome: the Diabetes Prevention Program randomized trial. Ann Intern Med 2005; 142(8):611-9. 65. Yki-Järvinen, H. Thiazolidinediones. N Engl J Med 2004; 351(11):110618. 37 66. Esposito K, Ciotela M, Carleo D, et al. Effect of rosiglitazone on endothelial function and inflammatory markers in patients with the metabolic syndrome. Diabetes Care 2006; 29(5):1071–6. 67. Szapary PO, Bloedon LT, Samaha FF, et al. Effects of pioglitazone on lipoproteins, inflammatory markers, and adipokines in nondiabetic patients with metabolic syndrome. Arterioscler Thromb Vasc Biol 2006; 26(1):182-8. 68. Nissen SE, Wolski K. Effect of rosiglitazone on the risk of myocardial infarction and death from cardiovascular causes. N Engl J Med 2007; 356(24):245771. 69. Nissen SE, Wolski K. Rosiglitazone revisited: an updated meta-analysis of risk for myocardial infarction and cardiovascular mortality. Arch Intern Med 2010; 170(14):1191-201. 70. Erdmann E, Dormandy JA, Charbonnel B, Massi-Benedetti M, Moules IK, Skene AM. The effect of pioglitazone on recurrent myocardial infarction in 2.445 patients with type 2 diabetes and previous myocardial infarction: results from the PROactive (PROactive 05) Study. J Am Coll Cardiol 2007; 49(17):1772-80. 71. Wilcox R, Bousser MG, Betteridge J, et al. Effects of pioglitazone in patients with type 2 diabetes with or without previous stroke: results from PROactive (PROspective pioglitAzone Clinical Trial In macroVascular Events 04). Stroke 2007; 38(3):865-73. 72. Dormandy JA, Charbonnel B, Eckland EJA, et al. Secondary prevention of macrovascular events in patients with type 2 diabetes in the PROactive Study (PROspective pioglitAzone Clinical Trial In macroVascular Events): a randomized controlled trial. Lancet 2005; 366(9493):1279 –89. 38 73. DeFronzo RA, Tripathy D, Schwenke DC, et al. Pioglitazone for diabetes prevention in impaired glucose tolerance. N Engl J Med 2011; 364(12):1104-15. 74. Erdamann E, Charbonnel B, Wilcox RG, et al. Pioglitazone use and heart failure in patients with type 2 diabetes and preexisting cardiovascular disease: data from the PROactive Study (PROactive 08). Diabetes Care 2007; 30(11):2773-8. 75. Erdmann E, Charbonnel B, Wilcox R. Thiazolidinediones and cardiovascular risk – a question of balance. Curr Cardiol Rev 2009; 5(3):155-65. 76. Sociedade Brasileira de Hipertensão et al. I Diretriz Brasileira de diagnóstico e tratamento da síndrome metabólica. Arq Bras Cardiol 2005; 84(suplem 1):1-27. 77. Ridker PM, Danielson E, Fonseca FAH, et al. Rosuvastation to prevent vascular events in men and women with elevated C-reactive protein. N Engl J Med 2008; 359(21):2195-207. 78. Sattar N, Preiss D, Murray HM, et al. Statins and risk of incident diabetes: a collaborative meta-analyisis of randomized statin trials. Lancet 2010; 375(9716):735-42. 79. Preiss D, Seshasai SRK, Welsh P, et al. Risk of incident diabetes with intensive-dose compared with moderate-dose statin therapy: a meta-analysis. JAMA 2011; 305(24):2556-64. 80. Rezende MU, Gobbi RR. Tratamento medicamentoso da osteoartrose do joelho. Rev Bras Ortop 2009; 44(1):14-9. 81. Verbruggen G. Chondroprotective drugs in degenerative joint diseases. Rheumatology 2006; 45(2):129–38. 82. Ramos-Zavala MG, González-Ortiz M, Martínez-Abundis E, RoblesCervantes JA, González-López R, Santiago-Hernández NJ. Effect of diacerein on 39 insulin secretion and metabolic control in drug-naïve patients with type 2 diabetes: a randomized clinical trial. Diabetes Care 2011; 34(7):1591–4. 83. Joo NS, Kim SM, Kim KM, Kim CW, Kim BT, Lee DJ. Changes of body weight and inflammatory markers after 12-week intervention trial: results of a doubleblind, placebo-control pilot study. Yonsei Med J 2011; 52(2):242-8. 84. Tuomilehto J, Lindstrom J, Eriksson JG, et al. Prevention of type 2 diabetes mellitus by changes in lifestyle among subjects with impaired glucose tolerance. N Engl J Med 2001; 344(18):1343-50. 85. Knowler WC, Barrett-Connor E, Fowler SE, et al. Reduction in the incidence of type 2 diabetes with lifestyle intervention or metformin. N Engl J Med 2002; 346(6):393-403. 86. Esposito K, Kastorini CM, Panagiotakos DB, Giuliano D. Prevention of type 2 diabetes by dietary patterns: a systematic review of prospective studies and meta-analysis. Metab Syndr Relat Disord 2010; 8(6):471-6. 87. Damião R, Sartorelli DS, Hirai A. Impact of a lifestyle intervention program on metabolic, anthropometrical and dietary profile of Japanese-Brazilians with and without metabolic syndrome. Arq Bras Endocrinol Metab 2011; 55(2):13445. 88. Martínez-González MA, Corella D, Salvadó JS et al. Cohort Profile: design and methods of the PREDIMED study. Int J Epidemiol 2010; 20:1–9. 89. Estruch R, Martinez-Gonzalez MA, Corella D, et al. Effects of a Mediterranean-style diet on cardiovascular risk factors: a randomized trial. Ann Intern Med 2006; 145(1):1-11. 90. Salas-Salvadó J, Bulló M, Babio N, et al. Reduction in the incidence of type 2 diabetes with the mediterranean diet: results of the PREDIMED-Reus nutrition 40 intervention randomized trial. Diabetes Care 2011; 34(1):14-9. 91. Unger BS, Patil BM. Apocynin improves endothelial function and prevents the development of hypertension in fructose fed rat. Indian J Pharmacol 2009; 41(5):208–12. 92. Sánchez-Lozada LG, Tapia E, Jiménez A, et al. Fructose-induced metabolic syndrome is associated with glomerular hypertension and renal microvascular damage in rats. Am J Physiol Renal Physiol 2007; 292(1):423-9. 93. Giani JF, Mayer MA, Munoz MC, et al. Chronic infusion of angiotensin(1-7) improves insulin resistance and hypertension induced by a high-fructose diet in rats. Am J Physiol Endocrinol Metab 2009; 296:262-71. 94. Farah V, Elased KM, Chen Y, et al. Nocturnal hypertension in mice consuming a high fructose diet. Auton Neurosci 2006; 130(1-2):41-50. 95. Friedman JM, Leibel RL, Siegel DS, et al. Molecular mapping of the mouse ob mutation. Genomics 1991; 11(4):1054–62. 96. Zhang Y, Proenca R, Maffei M, et al. Positional cloning of the mouse obese gene and its human homologue. Nature 1994; 372(6505):425–32. 97. Dubuc PU. The development of obesity, hyperinsulinemia, and hyperglycemia in ob/ob mice. Metabolism 1976; 25(12):1567–74. 98. Mark AL, Shaffer RA, Correia MLG, et al. Contrasting blood pressure effects of obesity in leptin-deficient ob/ob mice and agouti yellow obese mice. J Hypertens 1999; 17(12):1949–53. 99. Van den Bergh A, Vanderper A, Vangheluwe P, et al. Dyslipidaemia in type II diabetic mice does not aggravate contractile impairment but increases ventricular stiffness. Cardiovasc Res 2008; 77(2):371–9. 41 100. Panchal SK, Brown L. Rodent models for metabolic syndrome research. J Biomed Biotechnol 2011; 2011:351982. 101. Lobato NS, Filgueira FP, Akamine EH, et al. Obesity induced by neonatal treatment with monosodium glutamate impairs microvascular reactivity in adult rats: role of NO and prostanoids. Nutr Metab Cardiovas Dis 2011; 21(10):80816. 102. Voltera AF, Cesaretti MLR, Ginoza M, Kohlmann OJ. Efeito da indução de obesidade neuroendócrina sobre a hemodinâmica sistêmica e a função ventricular esquerda de ratos normotensos. Arq Bras Endocrinol Metab 2008; 52(1):47-54. 103. Bueno AA, Oyama LM, Estadella D, et al. Lipid metabolism of monosodium glutamate obese rats after partial removal of adipose tissue. Physiol Res 2005; 54(1):57-65. 104. Gouveia LM, Kettelhut IC, Foss MC. Abnormalities of glucose metabolism in spontaneously hypertensive rats. Braz J Med Biol Res 2000; 33(11):1357-62. 105. Pravenec M, Zídek V, Landa V, et al. Genetic analysis of “metabolic syndrome” in the spontaneously hypertensive rat. Physiol Res 2004; 53(Suppl 1):1522. 106. Chiappe De Cingolani GE, Caldiz CI. Insulin resistance and GLUT-4 glucose transporter in adipocytes from hypertensive rats. Metabolism 2004; 53(3):382-7. 107. Cesaretti MLR, Kohlmann OJ. Modelos experimentais de resistência à insulina e obesidade: lições aprendidas. Arq Bras Endocrinol Metab 2006; 50(2):1907. 42 108. Hirata AE, Andrade IS, Vaskevicius P, Dolnikoff MS. Monosodium glutamate (MSG)-obese rats develop glucose intolerance and insulin resistance to peripheral glucose uptake. Braz J Med Biol Res 1997; 30(5):671-4. 109. Iwase M, Yamamoto M, Iino K, et al. Obesity induced by neonatal monosodium glutamate treatment in spontaneously hypertensive rats: an animal model of multiple risk factors. Hypertens Res 1998; 21(1):1-6. 110. Iwase M, Ichikawa K, Tashiro K, et al. Effects of monosodium glutamate-induced obesity in spontaneously hypertensive rat vs. Wistar Kyoto rats: serum leptin and blood flow to brown adipose tissue. Hypertens Res 2000; 23(5):50310. 111. Leguisamo NM, Lehnen AM, Azambuja F, Pinto G, Machado UF, Okamoto M, Schaan BD. MSG-induced obesity in spontaneously hypertensive rats: An animal model characterized by clustering of cardiovascular disease risk factors. In: 20th World Diabetes Congress, 2009, Montreal. 20th World Diabetes Congress, 2009. 112. Andlauer W, Furst P. Nutraceuticals: a piece of history, present status and outlook. Food Res Int 2002; 35:171–6. 113. Szallasi A, Blumberg PM. Vanilloid (capsaicin) receptors and mechanisms. Pharmacol Rev 1999; 51(2):159-212. 114. Scientific Committee on Food. Opinion of the Scientific Committee on Food on Capsaicin. European Commission Health & Consumer Protection Directorate-General. Bruxelles/Brussel – Belgium 2002: 1-12. 115. Chanda S, Mould A, Esmail A, Bley K. Toxicity studies with pure transcapsaicin delivered to dogs via intravenous administration. Regul Toxicol Pharmacol 2005; 43(1):66–75. 43 116. Schaffer M, Beiter T, Becker HD. Neuropeptides: mediators of inflammation and tissue repair? Arch Surg 1998; 133(10):1107-16. 117. Ahmed M, Bjurholm A, Srinivasan GR, et al. Capsaicin effects on substance P and CGRP in rat adjuvant arthritis. Regul Pept 1995; 55(1):85-102. 118. Park JS, Choi MA, Kim BS, Han IS, Kurata T, Yu R. Capsaicin protects against ethanol-induced oxidative injury in the gastric mucosa of rats. Life Sciences 2000; 67:3087–93 119. Kang JH, Kim CS, Han IS, Kawada T, Yu R. Capsaicin, a spicy component of hot peppers, modulates adipokine gene expression and protein release from obese-mouse adipose tissues and isolated adipocytes, and suppresses the inflammatory responses of adipose tissue macrophages. FEBS Letters 2007; 581(23):4389-96. 120. Kang JH, Tsuyoshi G, Han IS, Kawada T, Kim YM, Yu R. Dietary capsaicin reduces obesity-induced insulin resistance and hepatic steatosis in obese mice fed a high-fat diet. Obesity (Silver Spring) 2010; 18(4):780–7. 121. Spiller F, Alves MK, Vieira SM, et al. Anti-inflammatory effects of red pepper (Capsicum baccatum) on carrageenan- and antigen-induced inflammation. J Pharm Pharmacol 2008; 60(4):473-8. 122. Wahlqvist ML, Wattanapenpaiboon N. Hot foods—unexpected help with energy balance? The Lance 2001; 358:348-9. 123. Mahan LK, Escott-Stump S. Krause: alimentos, nutrição e dietoterapia, 10ª ed. São Paulo: Roca, 2002. 124. Yoshioka M, Doucet E, Drapeau V, Dionne I, Tremblay A. Combined effects of red pepper and caffeine consumption on 24 h energy balance in subjects given free access to foods. Br J Nutr 2001; 85(2):203-11. 44 125. Watanabe T, Kawada T, Iwai K. Enhancement by capsaicin of energy metabolism in rats through secretion of catecholamine from adrenal medulla. Agric Biol Chem 1987; 51(1):75-9. 126. Belza A, Gille MB, John SS, Kondrup J. The β-adrenergic antagonist propranolol partly abolishes thermogenic response to bioactive food ingredients. Metabolism 2009; 58(8):1137–44. 127. Oh TW, Oh TW, Ohta F. Dose-dependent effect of capsaicin on endurance capacity in rats. Br J Nutr 2003; 90(3):515-20. 128. Bloomer RJ, Canale RE, Shastri S, Suvarnapathki S. Effect of oral intake of capsaicinoid beadlets on catecholamine secretion and blood markers of lipolysis in healthy adults: a randomized, placebo controlled, double-blind, cross-over study. Lipids Health Dis 2010; 9(72):1-7. 129. Yoshioka M, St-Pierre S, Suzuki M, Tremblay A. Effects of red pepper added to high-fat and high-carbohydrate meals on energy metabolism and substrate utilization in Japanese women. Br J Nutr 1998; 80(6):503-10. 130. Lejeune MPGM, Kovacs EM, Westerterp-Plantenga MS. Effect of capsaicin on substrate oxidation and weight maintenance after modest body-weight loss in human subjects. Br J Nutr 2003; 90(3):651–9. 131. Guyton A. Tratado de Fisiologia Médica. 9ª ed. Rio de Janeiro, RJ: Guanabara Koogan, 1996. 132. Belza A, E Frandsen E, Kondrup J. Body fat loss achieved by stimulation of thermogenesis by a combination of bioactive food ingredients: a placebocontrolled, double-blind 8-week intervention in obese subjects. Int J Obes (Lond) 2007; 31(1):121–30. 45 133. Kalil-Gaspa P. Neuropeptídeos na pele. An bras Dermatol 2003; 78(4):483-98. 134. Wang X, Miyares RL, Ahern GP. Oleoylethanolamide excites vagal sensory neurons induces visceral pain and reduces short-term food intake in mice via capsaicin receptor TRPV1. J Physiol 2005; 541-7. 135. Okuno A, Tamemoto H, Tobe K, et al. Troglitazone increases the number of small adipocytes without the change of white adipose tissue mass in obese Zucker rats. J Clin Invest 1998; 101(6):1354-61. 136. Zhang LL, Yan Liu D, Ma LQ, et al. Activation of transient receptor potential vanilloid type-1 channel prevents adipogenesis and obesity. Circ Res 2007; 100(7):1063-70. 137. Bratz IN, Dick GM, Tune JD, et al. Impaired capsaicin-induced relaxation of coronary arteries in a porcine model of the metabolic syndrome. Am J Physiol Heart Cir Physiol 2008; 294(6):2489-96. 138. Scotland RS, Chauhan S, Davis C, et al. Vanilloid receptor TRPV1, sensory C-fibers, and vascular autoregulation: a novel mechanism involved in myogenic constriction. Circ Res 2004; 95(10):1027-34. 139. Li J, Wang DH. High-salt-induced increase in blood pressure: role of capsaicin-sensitive sensory nerves. J Hypertens 2003; 21(3):577–82. 140. Patanè S, Marte F, Bella GD, Cerrito M, Coglitore S. Capsaicin, arterial hypertensive crisis and acute myocardial infarction associated with high levels of thyroid stimulating hormone. Int J Cardiol 2009; 134(1):130-2. 141. Patanè S, Marte F, La Rosa FC, La Rocca R. Capsaicin and arterial hypertensive crisis. Int J Cardiol 2010; 144(2):26-7. 46 142. Dutta A, Deshpande SB. Mechanisms underlying the hypertensive response induced by capsaicin. Int J Cardiol 2010; 145(2):358-9. 143. Van Buren JJ, Bhat S, Rotello R, Pauza ME, Premkumar LS. Sensitization and translocation of TRPV1 by insulin and IGF-I. Mol Pain 2005, 1:17. 144. Harada N, Okajima K. Effects of capsaicin and isoflavone on blood pressure and serum levels of insulin-like growth factor-I in normotensive and hypertensive volunteers with alopecia. Biosci Biotechnol Biochem 2009; 73(6):14569. 145. Ahuja KD, Ball MJ. Effects of daily ingestion of chilli on serum lipoprotein oxidation in adult men and women. Br J Nutr 2006; 96(2):239–42. 146. Ahuja KD, Robertson IK, Geraghty DP, Ball MJ. Effects of chili consumption on postprandial glucose, insulin, and energy metabolism. Am J Clin Nutr 2006; 84(1):63–9. 147. Kwon MJ, Song YS, Choi MS, Song YO. Red pepper attenuates cholesteryl ester transfer protein activity and atherosclerosis in cholesterol-fed rabbits. Clin Chim Acta 2003; 332(1-2):37–44. 148. Kempaiah RK, Manjunatha H, Srinivasan K. Protective effect of dietary capsaicin on induced oxidation of low-density lipoprotein in rats. Mol Cell Biochem 2005; 275(1-2):7-13. 149. Ma L, Zhong J, Zhao Z, et al. Activation of TRPV1 reduces vascular lipid accumulation and attenuates atherosclerosis. Cardiovasc Res 2011; 92(3):50413. 150. Lima ES, Couto RD. Estrutura, metabolismo e funções fisiológicas da lipoproteína de alta densidade. J Bras Patol Med Lab 2006; 42(3):169-78. 47 British Journal of Nutrition Original Article Capsaicin-induced metabolic and cardiovascular effects in an animal model of metabolic syndrome Tremarin CS1, Casalli KR1, Meurer L2, Schaan BD1,2 1 Instituto de Cardiologia/Fundação Universitária de Cardiologia, Rio Grande do Sul, Brazil 2 Serviço de Endocrinologia, Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brazil Correspondence Address: Beatriz D’Agord Schaan Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul Av. Princesa Isabel, 395. Bairro Santana, 90620 001 Porto Alegre, RS, Brazil Tel.: +55 51 3230.3600, ramal 3636 / 3757 – Fax: +55 51 3230.3600, ramal3757 e-mail: [email protected] / [email protected] Camila da Silva Tremarin – [email protected] 48 Abstract Metabolic syndrome (MS) is associated with increased cardiovascular mortality, but there is no single treatment. Studies have shown that capsaicin (red pepper) may be useful as a nutraceutical, ameliorating metabolic profile and cardiovascular function. The aim of this study is to investigate the cardiovascular and metabolic effects of orally administered capsaicin to rats with MS. Neonate spontaneously hypertensive rats were injected with monosodium glutamate and submitted to one of 3 treatments, by oral gavage for 14 days, between 27-30 weeks: CAP05 or CAP1 (synthetic capsaicin powder diluted in vehicle, 0.5 mg/kg or 1 mg/kg b.w) and C (vehicle). Lee index, lipid/metabolic profile, full cardiovascular evaluation with the rats conscious, including arterial pressure (AP) and heart rate (HR) variability, were evaluated, and also aorta thickness (H&E staining) and monocytes/macrophage immunostaining (CD-68 antibody). Weight, Lee index, lipid and metabolic parameters were similar between groups, as well as AP and HR and aorta thickness. Capsaicin determined HR variability improvement (16.0 ± 9.0, 31.0 ± 28.2, and 31.3 ± 19.0 ms², for C, CAP05 and CAP1, respectively, P=0.003), increased vascular sympathetic drive (LF component of systolic AP variability: 3.3 ± 2.8, 8.2 ± 7.7, and 12.1 ± 8.8 mmHg², for C, CAP05 and CAP1, respectively, P<0.001) and increased alpha index (spontaneous baroreflex sensitivity). Our data show that capsaicin did not improve lipid and glucose abnormalities in rats with MS. However, beneficial cardiovascular effects were obtained with this nutraceutical. Key words: Metabolic Syndrome X; Capsaicin; Cholesterol; Blood Glucose; Autonomic Nervous System; Blood Pressure 49 Introduction Metabolic syndrome (MS) is highly prevalent condition where multiple cardiovascular risk factors aggregate, which is associated with increases in cardiovascular morbidity and mortality (1) . The subcutaneous administration of monosodium glutamate (MSG) in neonate spontaneously-hypertensive rats (SHR) is an animal model that presents similar phenotype to MS that occurs in humans (2) , making it useful for its study. Due to the lack of a single drug for treating MS, there is a growing interest in the study of alternative substances, such as nutraceuticals. Capsaicin (8-methyl-nvanillyl-6-nonenamida), the pungent principle of the hot red pepper, has shown multiple health-related benefits in both animal studies and human trials benefits could be accounted for its anti-inflammatory properties dietary-induced thermogenesis (4) and improvement in lipid profile (5) (6) (3, 4) . These , increases in . However, the acute and chronic effects of capsaicin on glycemia and insulin resistance, main characteristics of MS, were not studied yet. Blood pressure reduction was related to its use (7), but some studies observed high blood pressure effects (8). Considering these controversies and that most studies evaluated capsaicin after acutely administered, it is not possible to recommend the use of capsaicin. The aim of this study was to investigate metabolic and cardiovascular changes induced by chronic oral administration of capsaicin to an animal model of MS. 50 Experimental methods The investigation followed the ethical rules established by the Guide for the Care and Use of Laboratory Animals research (10) (9) , and the ARRIVE guidelines on animal . The study was approved by the Research Ethics Committee of our Institution. Animals Neonate male SHR (n=55) were submitted to the subcutaneous administration of MSG (5mg/g/day, Sigma Chemical Co, St Louis, MO, USA) diluted in saline solution (0.9% NaCl) for 9 consecutive days; 21 days after, the animals were weaned and placed into plastic boxes, 4 animals per box. Animals were bred and kept under standard laboratory animal housing conditions at the Animal Production and Research Unit at our Institutions, receiving standard laboratory chow and tap water ad libitum. They were exposed to a 12-hour light and 12-hour dark cycle (6 a.m/6 p.m). At 6 months of age, animals were randomized into controls, which received a regular diet (C, n = 18); capsaicin low dose, which received a regular diet plus 0.5 mg/kg b.w. capsaicin (CAP05, n = 18) and a capsaicin high dose, which received a regular diet plus 1mg/kg b.w. of capsaicin (CAP1, n = 19). The capsaicin used was synthetic, n-vanililnonanamida, its chemical structure similar to pure capsaicin (Sigma Chemical Co, St. Louis, MO, USA), diluted in 10% ethyl alcohol and administered daily (2 mL/kg b.w.) for 14 days via orogastric gavage. Controls received the same amount of alcohol vehicle solution during the same period. Metabolic evaluation Weight and the Lee index (cube root of body weight in grams divided by noseto-anus length in centimeters) (11) were evaluated before and after the protocols. 51 At the end of treatment with capsaicin or vehicle, all animals were placed into individual metabolic cages for 24 hours. In the next morning, an insulin tolerance test was performed using commercially available regular insulin (Biohulin, Biobrás, Montes Claros, Brazil). The rats were anesthetized (sodium thiopental i.p.) after 3 hours of food deprivation, and then insulin (0.75 U/kg) was administered into the penile vein. Six blood glucose measures (Accu-Chek Advantage, Roche, Indianapolis, IN, USA) were performed: at baseline, and 4, 8, 12, 16, and 20 minutes after insulin administration. Glycemias were then converted into the natural logarithm (Ln); the slope was calculated using linear regression [time × Ln (glucose)] and multiplied by 100 to obtain the glucose decay constant rate during the insulin tolerance test (kITT) per minute (%/min-1) (12). In the next day, rats were anesthetized (90 mg/kg ketamine and 10 mg/kg xylazine, i.p.) to implant a catheter filled with heparinized saline into the femoral artery for direct measurements of arterial pressure. The end of the cannula was tunneled subcutaneously and exteriorized at the top of the head. Cardiovascular evaluation was performed 24 h after catheter placement. Cardiovascular Evaluation Rats were conscious in their cages and allowed to move freely during the experiments. The cannula was connected to a transducer (P23Db, Gould-Statham), and arterial pressure signals were recorded for a 30-minute period by a microcomputer equipped with an analog-to-digital converter (CODAS, 2Kz, DATAQ Instruments, USA). The recorded data were analyzed on a beat-to-beat basis to quantify changes in systolic (SAP), diastolic (DAP) and mean arterial pressure (MAP), and heart rate (HR). Assessment of autonomic control - Spectral analysis 52 Time series of pulse intervals (PI, tachograms) and SAP (systograms) were obtained from arterial pressure records. Stationary fragments with about 300 beats, coincident in tachogram and systogram, were selected and spectral analysis was performed using an autoregressive model. The spectral bands for rats (very low frequency, VLF: 0.0-0.2 Hz, low frequency, LF: 0.2-0.75 Hz, high frequency, HF: 0.75-3.0 Hz) were defined as previous citations (13). Tachogram and systogram spectra for each stationary fragment were evaluated quantitatively, obtaining values of HR variability (HRV) and SAP variability (SAPV). Parameters distinguished for their physiological significance are: the LF/HF index (sympathetic-vagal balance) (14) , the absolute powers of the LF and VLF components of SAPV (vascular sympathetic modulation and renin-angiotensin system modulation on SAP) (15) . Moreover, the relationship expressed by the root of the ratio between the absolute powers of LF components of HRV and VPAS (LF alpha index) is known to express spontaneous baroreflex sensitivity (16). The animals were again anesthetized with the same amounts of anesthetics mentioned above. Blood samples were drawn by cardiac puncture after 5 hours of food deprivation. After centrifugation, the sera were aliquoted and frozen until assayed for glycemia, triglycerides, cholesterol and HDL-cholesterol concentrations (enzymatic method; commercial kit Labtest); LDL-cholesterol was calculated using the Friedewald formula (17). Immunohistochemistry Euthanasia was done by exsanguination, the thoracic aorta was removed, dissected and fixed in formalin, embedded in paraffin. Four-micron sections were stained with hematoxylin and eosin (H&E). CD-68 monoclonal antibody to immunostain monocytes/macrophages (Millipore, Barueri, Brazil) at a dilution of 53 1:200 was used. Stains were performed in the Experimental Pathology Unit, Hospital de Clínicas de Porto Alegre, following a routine protocol (deparaffinization, rehydration, antigen retrieval, inactivation of endogenous peroxidase and blocking of nonspecific reactions). Primary antibody was incubated for 12 h at 4°C, followed by application of the streptavidin-biotin-peroxidase complex (LSAB, Dako Corporation, Santa Barbara, USA) and revelation with diaminobenzidine (DAB kit, Dako Corporation, Santa Barbara, USA). Aorta thickness was evaluated in the H&E sections, using computerized image analysis (Image-Pro Express). We measured the thickness of the intima and media of wall assembly of the aorta in pixels for each animal. We also included a SHR (n=4) and Wistar-Kyoto (WKY, normotensive, non-obese, n=5) group to compare with rats with MS (n=9). All data were expressed as the means ± SEM. Data were compared by using one-way ANOVA or Kruskal-Wallis. Tukey’s post-hoc test or Dunn’s method was used to detect whether differences existed. The differences between groups were accepted to be significant at p<0.05. 54 Results Weight, Lee index and metabolic parameters were not changed by capsaicin use. These data are shown in Table I. Hemodynamic parameters and spectral analysis results are show in Figure 1 and in Table II. Mean arterial pressure, systolic and diastolic arterial pressure did not change by capsaicin treatment, but it caused an improvement in HRV, which was higher in the group receiving the lower dose of capsaicin (CAP05, Figure 1, panel D). High dose treatment with capsaicin (CAP1) was associated with an increase in the LF component of systolic arterial pressure variability, indicating an increment of the vascular sympathetic drive (Figure 1, panel F); the same happened on the HF component of SAPV (synchronous with respiratory rate) (Table II). Both groups receiving capsaicin had an increased alpha index (spontaneous baroreflex sensitivity), which was more pronounced with higher doses (CAP1) (Figure 1, panel E). Figure 2 shows representative examples of the histology and immunohistochemical analyses of WKY rats (panels A and B), SHR (panels C and D,) and MS (panels E and F). Panels A, C and E show representative examples from each group of the H&E-stained thoracic aorta tissue section. Panels B, D and F represent the immunohistochemical expression of CD-68 in the same tissue of representative examples from each group. The comparison between the groups showed a higher aortic wall thickness in the SHR (358.8 ± 40.3 pixels) and MS (401.5 ± 29.7 pixels) vs. WKY rats (251.4 ± 31.4 pixels), p<0.001. The number of stained cells with CD-68 was not different between groups [number of positive cells/20 fields: SHR; 21.0 (11.5 – 28.2), MS; 20.0 (8.0 – 30.0) and WKY; 5.0 (4.0 – 6.0), p = 0.188]. There were no differences in aorta wall thickness (358.8 ± 40.3; 365.1 ± 40.0; 55 374.4 ± 40.8 pixels, for C, CAP05 and CAP1, respectively, p= 0.718) and the number of cells expressed in the immunohistochemical staining CD-68 (number of positive cells/20 fields: 20.0 (8.0 – 30.0); 17.0 (8.0 – 23.0); 8.0 (4.5 – 25.0) for C, CAP05 and CAP1, respectively, p = 0.692) between the groups of MS rats that received capsaicin. 56 Discussion Capsaicin has potential beneficial cardiovascular and metabolic effects which could be interesting for MS management, but the present results indicated that there was no benefit from using it for a short period of time on the metabolic parameters evaluated. However, capsaicin promoted global improvement in cardiovascular autonomic control, which has well-known impact in better cardiovascular prognosis. The doses of capsaicin used did not influence food/water intake and weight during the short period of the experiments, showing that in two weeks, the animals had good acceptance of the substance, which did not affect their welfare. These results are consistent with previous findings (18) , which showed that even when the supplement was added to the diet, its pungent flavor did not affect its palatability. However, mice fed a high-fat diet had their body weight reduced with no change in food intake (19) , suggesting that capsaicin can increase diet-induced thermogenesis, as showed with acute administration (4). The lipid profile also did not change by capsaicin use. Studies in dyslipidemic (6) or obese mice (19) with capsaicin supplemented to a high-fat diet showed reductions on serum triglycerides. However, no decrease in plasma cholesterol was observed (20), as we also showed. In longer-period treatments (3, 6) , capsaicin added to a hypercholesterolemic or high fat diet determined a reduction of serum cholesterol. We presume there is thermogenic inefficiency in the animal model of MS, in which capsaicin does not have the same effect on the lipid profile as showed successfully in others studies. It is possible that in the combination of obesity (22) (21) and hypertension, an impaired metabolism occurs, because of reduced brown adipose tissue (BAT), 57 responsible for thermogenic activity. Moreover, it is known that this specialized tissue decreases with age and other authors (3, 18, 20) used younger animals than we did. No changes were induced by capsaicin on blood glucose levels and insulin resistance. Other authors showed that capsaicin increased glycemia regardless of insulin levels, but evaluations were performed acutely during the course of the oral glucose tolerance test in healthy subjects (23) . Similar to our findings, regular consumption of chili did not change glycemia in humans (24). An overall improvement in the autonomic control of SAP with increased HRV and spontaneous baroreflex sensitivity was shown by the spectral analysis. Previous data showed contrary results, but the animals studied were healthy and assessed after an acute oral administration of capsaicin, showing increases in HR and LF/HF ratio, supporting an increase in the sympathetic drive (25) . Other acute experiments, performed in healthy women, showed increased LF/HF ratio after red pepper ingestion (4) . Despite the beneficial effects of chronic treatment with capsaicin on cardiac autonomic control first shown by us, the sympathovagal balance did not change, as both groups that received capsaicin showed increased sympathetic modulation of the vascular tone, which was different only when capsaicin was administered in high doses. Although paradoxical effects of improved autonomic modulation and increased sympathetic vascular modulation were observed, these did not influence arterial pressure and HR levels, results that are consistent with those presented before in humans who received red pepper for 4 weeks (26) . However, after long periods of capsaicin treatment, decreased arterial pressure was observed in hypertensive patients (7) . These contradictory effects have been reported and they are supported by capsaicin’s ability to activate an ion channel, a transient potential vanilloid type 1 58 (TRVP1), which controls the endothelial expression of neuropeptides involved in nitric oxide release (27) . These imbalances of neuropeptides possibly explain why the capsaicin effects on blood pressure showed vasorelaxation in some studies, but vasoconstriction in others (28, 29). Rats with MS had higher aorta thickness as compared to non-obese and normotensive controls, but capsaicin did not change these structural changes, nor caused inflammation reduction. This negative result is probably related to the short period of treatment, as other authors reported benefits in mice fed a high fat diet with capsaicin supplementation for 10 weeks (19). Moreover, capsaicin could be less potent in reducing the inflammatory processes, as atorvastatin was previously reported to cause reduction in macrophage infiltration in diabetic rats (30). We conclude that capsaicin was not able to improve lipid and glucose abnormalities in an animal model of MS. However, beneficial cardiovascular effects were obtained with this nutraceutical. It is possible that the cardiovascular system is adapted to offset the acute increase in the sympathetic drive shown in other studies. 59 Acknowledgements Research supported by Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) and Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (FAPERGS). Conflict of interest The authors declare that they have no competing interests. 60 References 1. Mottillo S, Filion KB, Genest J, et al. The Metabolic Syndrome and Cardiovascular Risk: A Systematic Review and Meta-Analysis. J Am Coll Cardiol. 2010; 56:1113-1132. 2. Leguisamo NM, Lehnen AM, Machado UF, et al. GLUT4 content decreases along with insulin resistance and high levels of inflammatory markers in rats with metabolic syndrome. Cardiovasc Diabetol. 2012; 11:100. 3. Kempaiah RK, Manjunatha H, Srinivasan K. Protective effect of dietary capsaicin on induced oxidation of low-density lipoprotein in rats. Mol Cell Biochem. 2005; 275:7-13. 4. Yoshioka M, St-Pierre S, Suzuki M, et al. Effects of red pepper added to high-fat and high-carbohydrate meals on energy metabolism and substrate utilization in Japanese women. Br J Nutr. 1998; 80:503-510. 5. Kang JH, Kim CS, Han IS, et al. Capsaicin, a spicy component of hot peppers, modulates adipokine gene expression and protein release from obese-mouse adipose tissues and isolated adipocytes, and suppresses the inflammatory responses of adipose tissue macrophages. FEBS Lett. 2007; 581:4389-4396. 6. Ma L, Zhong J, Zhao Z, et al. Activation of TRPV1 reduces vascular lipid accumulation and attenuates atherosclerosis. Cardiovasc Res. 2011; 92:504-513. 7. Harada N, Okajima K. Effects of capsaicin and isoflavone on blood pressure and serum levels of insulin-like growth factor-I in normotensive and hypertensive volunteers with alopecia. Biosci Biotechnol Biochem. 2009; 73:14561459. 8. Li J, Wang DH. High-salt-induced increase in blood pressure: role of capsaicin-sensitive sensory nerves. J Hypertens. 2003; 21:577–582. 61 9. NIH. Guide for the Care and Use of Laboratory Animals. Washingtion, DC: National Academy Press; 1996. 10. Kilkenny C, Browne WJ, Cuthill IC, et al. Improving bioscience research reporting: The ARRIVE guidelines for reporting animal research. J Pharmacol Pharmacother 2010; 1:94-99. 11. Bernardis LL. Prediction of carcass fat, water and lean body mass from Lee's "nutritive ratio" in rats with hypothalamic obesity. Experientia. 1970; 26:789790. 12. Geloneze B, Tambascia M. Laboratorial evaluation and diagnosis of insulin resistance. Arq Bras Endocrinol Metabol. 2006; 50:208-215. 13. Malliani A, Pagani M, Lombardi F, et al. Cardiovascular neural regulation explored in the frequency domain. Circulation. 1991; 84:482-492. 14. Montano N, Porta A, Cogliati C, et al. Heart rate variability explored in the frequency domain: a tool to investigate the link between heart and behavior. Neurosci Biobehav Rev. 2009; 33:71-80. 15. Stauss HM. Identification of blood pressure control mechanisms by power spectral analysis. Clin Exp Pharmacol Physiol. 2007; 34:362-368. 16. Fazan R Jr, de Oliveira M, da Silva VJ, et al. Frequency-dependent baroreflex modulation of blood pressure and heart rate variability in conscious mice. Am J Physiol Heart Circ Physiol. 2005; 289:1968-1975. 17. Friedewald WT, Levy RI, Fredrickson DS. Estimation of the concentration of low-density lipoprotein cholesterol in plasma, without use of the preparative ultracentrifuge. Clin Chem. 1972; 18:499–502. 62 18. Manjunatha H, Srinivasan K. Hypolipidemic and antioxidant effects of dietary curcumin and capsaicin in induced hypercholesterolemic rats. Lipids. 2007; 42:1133-1142. 19. Kang JH, Tsuyoshi G, Han IS, et al. Dietary capsaicin reduces obesityinduced insulin resistance and hepatic steatosis in obese mice fed a high-fat diet. Obesity (Silver Spring). 2010; 18:780-787. 20. Kawada T, Hagihara K, Iwai K. Effects of capsaicin on lipid metabolism in rats fed a high fat diet. J Nutr. 1986; 116:1272-1278. 21. Tsukahara F, Uchida Y, Ohba K, et al. The effect of acute cold exposure and norepinephrine on uncoupling protein gene expression in brown adipose tissue of monosodium glutamate-obese mice. Jpn J Pharmacol. 1998; 77:247-249. 22. Kirby RF, Sokoloff G, Perdomo E, et al. Thermoregulatory and cardiac responses of infant spontaneously hypertensive and Wistar-Kyoto rats to cold exposure. Hypertension. 1999; 33:1465-1469. 23. Dömötör A, Szolcsányi J, Mózsik G. Capsaicin and glucose absorption and utilization in healthy human subjects. Eur J Pharmacol. 2006; 534:280-283. 24. Ahuja KD, Robertson IK, Geraghty DP, et al. Effects of chili consumption on postprandial glucose, insulin, and energy metabolism. Am J Clin Nutr. 2006; 84:63-69 25. Ohnuki K, Moritani T, Ishihara K, et al. Capsaicin increases modulation of sympathetic nerve activity in rats: measurement using power spectral analysis of heart rate fluctuations. Biosci Biotechnol Biochem. 2001; 65:638-643. 26. Ahuja KD, Robertson IK, Geraghty DP, et al. The effect of 4-week chilli supplementation on metabolic and arterial function in humans. Eur J Clin Nutr. 2007; 61:326-333. 63 27. Szallasi A, Blumberg PM. Vanilloid (Capsaicin) receptors and mechanisms. Pharmacol Rev. 1999; 51:159-212. 28. Yang D, Luo Z, Ma S, et al. Activation of TRPV1 by dietary capsaicin improves endothelium-dependent vasorelaxation and prevents hypertension. Cell Metab. 2010; 12:130–141. 29. Scotland RS, Chauhan S, Davis C, et al. Vanilloid Receptor TRPV1, sensory C-fibers, and vascular autoregulation a novel mechanism involved in myogenic constriction. Circ Res. 2004; 95:1027-1034. 30. Linthout SV, Riad A, Dhayat N, et al. atorvastatin improve left ventricular function cardiomyopathy. Diabetologia. 2007; 50:1977–1986. Anti-inflammatory effects of in experimental diabetic 64 Figure legends Figure 1: Cardiovascular autonomic evaluation by spectral analysis. (A) Systolic arterial pressure; (B) heart rate; (C) systolic arterial pressure variability; (D) heart rate variability; (E) spontaneous baroreflex sensibility, related to alpha low frequency (LF) index (square root of the ratio of absolute LF component of heart rate variability and systolic arterial pressure variability); (F) LF component of systolic arterial pressure. C: control (white bars), n=17; CAP05: capsaicin 0.5 mg/kg b.w. daily (gray bars), n=18; CAP1: capsaicin 1.0 mg/kg b.w. daily (black bars), n=16. Values presented as mean + SE. *P<0.05 vs. control group. One-way ANOVA, Dunn's Method. Figure 2: Histology and immunohistochemistry (Wistar-Kyoto, n=5; SHR, n=4; SHR injected with MSG, n=9, respectively). A, C and E: Hematoxylin- and eosin-stained thoracic aorta tissue sections representative of examples of each group. Red line marks the thickness of the aorta. Original magnification 400x. B, D and F: Immunohistochemical expression of CD 68 in the same tissue of representative examples from each group. The arrows indicate the macrophages. Original magnification 1000x. 65 Tables Table I – Metabolic parameters of the animals studied after oral supplementation with capsaicin (CAP05 and CAP1) or alcohol for 14 days C CAP05 CAP1 p Food intake (g/24h) 19.9 4.7 22.5 7.4 22.7 7.6 0.494 Water intake (ml/24h) 42.5 12.1 38.8 10.1 38.8 10.9 0.581 Diuresis (ml/24h) 18.6 7.1 19.2 5.2 20.6 7.5 0.718 Weight (g) 292.0 30.2 293.9 31.7 296.8 31.6 0.888 Lee index (g/cm) 0.30 0.02 0.30 0.02 0.30 0.02 0.554 Glycemia (mg/dL) 116.2 27.4 119.4 27.5 133.9 33.2 0.852 kITT (%/min) 5.18 1.97 5.01 2.12 5.14 2.01 0.970 Total cholesterol (mg/dL) 55.9 19.9 52.2 12.1 47.4 18.8 0.433 LDL cholesterol (mg/dL) 23.5 18.0 16.9 10.8 19.0 10.3 0.435 HDL cholesterol (mg/dL) 19.4 11.4 24.9 10.0 18.4 9.5 0.179 Triglycerides (mg/dL) 66.2 (40.9 – 82.4) 55.8 (50.1 – 72.5) 49.7 (35.6 – 79.8) 0.435 Values are reported as mean SD or median, percentiles 25 and 75. C: control group; CAP05: capsaicin 0.5 mg/kg b.w. daily; CAP1: capsaicin 1.0 mg/kg b.w. daily. N=12-18 in each group. *P<0.05 vs. C; ** P<0.05 vs. CAP05 (one-way ANOVA, post hoc Tukey or Kruskal-Wallis test). 66 Table II – Hemodynamic parameters and spectral analysis results of the animals studied after oral supplementation with capsaicin (CAP05 and CAP1) or alcohol for 14 days C CAP05 CAP1 p MAP (mmHg) 152.5 28.2 165.2 24.6 147.6 26.2 0.123 DAP (mmHg) 124.9 28.9 135.7 24.0 118.7 25.5 0.149 HRV - LF abs (ms2) 3.1 2.9 12.2 26.9 6.2 7.6 - LF (nu) 21.3 14.0 33.4 20.2 26.7 14.4 0.235 0.251 - HF abs (ms2) 8.6 5.2 12.4 8.2 14.9 13.9 0.173 - HF (nu) 77.2 12.9 65.3 19.8 71.9 14.1 0.164 - LF/HF index 0.4 0.3 0.8 0.9 0.4 0.4 0.397 9.5 9.0 16.6 17.7 7.1 10.3 0.104 3.6 6.1 3.1 2.4 7.2 7.5 * 0.032 SAPV – 2 (mmHg ) VLF - HF (mmHg2) Values are expressed as mean SD. C: control group; CAP05: capsaicin 0.5 mg/kg b.w. daily; CAP1: capsaicin 1.0 mg/kg b.w. daily. N= 16-19 for each group. *P<0.05 compared against the control group (one-way ANOVA, Dunn's method). Spectral parameters of heart rate (tachograms) and systolic arterial pressure (systograms) calculated from time series using autoregressive model. Mean arterial pressure, MAP; diastolic arterial pressure, DAP; heart rate variability, HRV; systolic arterial pressure variability, SAPV; very low frequency component, VLF; low frequency component, LF; high frequency component, HF, expressed in absolute (ms²) and normalized unit (nu). 67 Artigo original em língua portuguesa submetido ao periódico British Journal of Nutrition Capsaicina induz efeitos metabólicos e cardiovasculares em um modelo animal de síndrome metabólica Tremarin CS1, Casalli KR1, Meurer L2, Schaan BD1,2 1 Instituto de Cardiologia/Fundação Universitária de Cardiologia, Rio Grande do Sul, Brasil 2 Serviço de Endocrinologia, Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil Endereço para correspondência: Beatriz D’Agord Schaan Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul Av. Princesa Isabel, 395. Bairro Santana, 90620 001 Porto Alegre, RS, Brasil Tel.: 51 3230.3600, ramal 3636 / 3757 – Fax: 51 3230.3600, ramal 3757 Email: [email protected] / [email protected] Camila da Silva Tremarin – [email protected] 68 Resumo A síndrome metabólica está associada com aumento da mortalidade cardiovascular, entretanto não há um tratamento único. Estudos apontam a pimenta vermelha, gênero Capsicum, como ferramenta na melhora do perfil cardiovascular. O componente responsável por sua ação é a capsaicina. O objetivo deste estudo é investigar os efeitos metabólicos e cardiovasculares da suplementação dietética com capsaicina sintética, n-vanililnonanamida, em um modelo animal de síndrome metabólica. Ratos espontaneamente hipertensos neonatos foram injetados com glutamato monossódico e submetidos a um de 3 tratamentos, entre 27-30 semanas: CAP05 ou CAP1 (capsaicina sintética em pó diluída em veículo 0,5 mg/kg ou 1 mg/kg) e C (veículo), administrados por gavagem durante 14 dias. Foram avaliados índice de Lee, perfil lípico/ metabólico, avaliação cardiovascular, com os ratos conscientes, incluindo pressão arterial (PA) e variabilidade da freqüência cardíaca (VFC), ainda a espessura da artéria aorta (H&E) e imunohistoquímica para monócitos/macrófagos (anticorpo CD-68). Parâmetros de peso, índice de Lee e perfil lípidico/metabólico foram semelhantes entre os grupos, assim como a PA, FC e a espessura da aorta. A capsaicina promoveu melhora na VFC (16,0 ± 9,0, 31,0 ± 28,2 e 31,3 ± 19,0 ms², para C, CAP05 e CAP1, respectivamente, P = 0,003), aumento da atividade simpática vascular (componente LF da variabilidade da pressão sistólica: 3,3 ± 2,8, 8,2 ± 7,7, e 12,1 ± 8,8 mmHg², para C, CAP05 e CAP1, respectivamente, P <0,001) e aumento índice alfa (sensibilidade barorreflexa espontânea). Nossos dados mostram que a capsaicina não melhorou anormalidades de lipídios e glicose em ratos com SM. No entanto, efeitos cardiovasculares benéficos foram obtidos com este nutracêutico. 69 Palavras-chave: Síndrome metabólica; Capsaicina; Colesterol; Glicose; Sistema nervoso autônomo; Pressão arterial. 70 Introdução A síndrome metabólica (SM), caracterizada por um conjunto de fatores de risco, é condição altamente prevalente e está associada com o aumento da morbidade e mortalidade cardiovascular (1). A administração subcutânea de glutamato monossódico (MSG) em ratos neonatos espontaneamente hipertensos (SHR) é um modelo animal que apresenta fenótipo similar à SM que ocorre em humanos (2), tornando-se útil para o estudo desta condição. Devido à inexistência de um fármaco específico para o tratamento da SM, há um crescente interesse no estudo de substâncias alternativas, tais como nutracêuticos. A capsaicina (8-metil-n-vanilil-6-nonenamida), princípio pungente da pimenta vermelha, tem mostrado benefícios relacionados com a saúde, em ambos os estudos animais e humanos (3,4). Esses benefícios podem ser responsáveis por suas propriedades anti-inflamatórias (5), o aumento da termogênese induzida pela dieta (4) e melhora no perfil lipídico (6). No entanto, os efeitos agudos e crônicos da capsaicina sobre a glicemia e resistência à insulina, características principais de SM, não foram ainda estudadas. Redução da pressão arterial foi relacionada ao seu uso (7), enquanto outros estudos observaram efeitos hipertensivos (8). Considerando o exposto e o fato da maioria dos estudos avaliarem a capsaicina agudamente, não é possível recomendar o uso indiscriminado desta substância. O objetivo deste estudo foi investigar alterações metabólicas e cardiovasculares induzidas pela administração oral de capsaicina a um modelo animal de SM. 71 Métodos experimentais A investigação seguiu as normas éticas estabelecidas pelo Guide for the Care and Use of Laboratory Animals (9), e The ARRIVE guidelines: Animal Research: Reporting In Vivo Experiments (10). O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Fundação Universitária de Cardiologia do Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul (CEP/IC-FUC) sob protocolo #UP: 4168/08. Animais Foram utilizados 55 ratos neonatos espontaneamente hipertensos (SHR), tratados com glutamato monossódico (MSG) (5mg/g/dia, Sigma Chemical Co, St Louis, MO, USA) diluído em solução fisiológica (0,9% Nacl) por 9 dias consecutivos. Aos 21 dias de vida, os animais foram desmamados e mantidos em caixa plásticas, com capacidade para 4 animais cada, até atingiram a idade para o início dos tratamentos. Os animais provenientes do biotério da Fundação Estadual de Produção e Pesquisa em Saúde do Rio Grande do Sul, Brasil, foram mantidos em condições adequadas recebendo ração padrão (Nuvital, Brasil) e água ad libitum. A temperatura ambiente foi mantida entre 20 e 25C, com ciclo claro escuro de 12 horas (06:00 às 18:00). Ao atingirem a idade de 6 meses os animais foram randomizados em três grupos: controle, que recebeu ração regular (C, n=18); capsaicina menor dose, ração regular mais 0,5mg/kg de peso corporal (CAP05, n=18); e capsaicina maior dose, ração regular mais 1,0mg/kg de peso corporal (CAP1, n=19). A capsaicina utilizada foi n-vanililnonanamida, de estrutura química idêntica a capsaicina pura (Sigma Chemical Co, St. Louis, MO, USA). A substância em pó foi diluída em álcool etílico 72 a 10% e oferecida diariamente (2 ml/kg) por 14 dias via gavagem orogástrica. O grupo controle recebeu a mesma quantidade de solução alcoólica durante o mesmo período. Avaliação Metabólica A confirmação da obesidade foi determinada por parâmetros antropométricos e avaliada através do índice de Lee (raiz cúbica do peso corporal em gramas dividido pelo comprimento naso-anal em centímetros) (11). Após 2 semanas de tratamento com capsaicina ou veículo, todos os animais foram colocados em gaiolas metabólicas individuais e mantidos por 24 horas. No período da manhã do dia seguinte, foi realizado o teste de tolerância à insulina usando insulina regular comercial (Biohulin, Biobrás Montes Claros, Brasil). Os ratos foram anestesiados com tiopental sódico, intraperitonealmente, após três horas de jejum, a insulina (0,75 U/kg) foi injetada na veia peniana do animal. Este teste compreendeu 6 aferições da glicemia usando fitas reagentes (Accu-Chek Advantage, Roche, Indianapolis, IN, USA). Antes da infusão de insulina mensurou-se a glicemia no tempo zero e após aferida nos tempo 4, 8, 12, 16 e 20 minutos. Os valores de glicemia foram transformados em logaritmo natural (Ln) que fizeram parte de um gráfico. A inclinação foi calculada usando regressão linear [tempo x Ln (glicemia)] e multiplicada por 100 para obter a taxa de decaimento da glicemia durante o teste de tolerância a insulina (kITT) por minuto (%/min -1)(12). No dia seguinte, os ratos foram anestesiados (90mg/kg quetamina e 10mg/kg de cloridrato de xilasina, via intraperitoneal) para implantação de cateter preenchido com solução de heparina sódica. Através de uma incisão na região inguinal esquerda, a extremidade da cânula foi introduzida na artéria femoral, para obtenção dos registros de pressão arterial e freqüência cardíaca. A cânula foi passada subcutaneamente e 73 exteriorizada no dorso da região cervical. Após esses procedimentos, os animais foram colocados em caixas individuas e receberam água e ração ad libitum. Avaliação Cardiovascular No dia seguinte, 24 horas após o procedimento cirúrgico descrito acima, com o animal acordado, a cânula arterial foi conectada a uma extensão, que permitiu livre movimentação do animal pela caixa durante a avaliação cardiovascular. Os registros foram obtidos a partir da conexão da extensão a um transdutor de pressão (P23Db, Gould-Statham) acoplado a um amplificador de sinais. Os sinais de pressão arterial e freqüência cardíaca foram gravados durante 30 minutos contínuos por um microcomputador acoplado a um conversor analógico-digital (CODAS, 2Kz, DATAQ Instruments, USA). Os dados gravados foram analisados batimento-a-batimento a fim de quantificar mudanças na pressão arterial sistólica (PAS), diastólica (PAD), pressão arterial média (PAM) e freqüência cardíaca (FC). Avaliação do controle autonômico – Análise espectral As séries temporais de intervalos de pulso (IP, tacogramas) e PAS (sistogramas) foram obtidas a partir dos registros da pressão arterial. De tais series foram selecionados trechos estacionários de aproximadamente 300 batimentos, coincidentes no sistograma e no tacograma e a análise espectral foi realizada usando modelo auto-regressivo. As faixas de frequência relativas aos sinais de variabilidade de ratos (muito baixa freqüência, VLF (very low frequency): 0-0,20Hz; baixa freqüência, LF (low frequency): 0,20-0,75Hz; alta freqüência, HF (high frequency): 0,75-3,00Hz) foram definidas de acordos com estudos prévios (13). Os espectros das séries temporais de tacograma e sistograma, referentes a cada trecho selecionado, foram avaliados quantitativamente e obtidos valores da variabilidade da FC (VFC) e da PAS (VPAS). Os parâmetros obtidos pela análise espectral que se diferenciam por 74 sua significância fisiológica são a relação entre as potências das componentes LF/HF da VFC (balanço simpato-vagal) (14) e a potência absoluta das componentes LF e VLF da VPAS (relativa à modulação simpática e do sistema renina angiotensina sobre a PAS, respectivamente) (15). Além disso, o índice alfa é conhecido por expressar a sensibilidade baroreflexa espontânea (16), e corresponde à raiz quadrada da relação entre as componentes LF absolutas da VFC e VPA. Após o registro cardiovascular, os animais foram novamente anestesiados com a mesma quantidade de anestésico mencionado previamente. As amostras de sangue foram coletadas por meio de punção cardíaca após 5 horas de privação alimentar. Após a centrifugação, o soro foi congelado para posterior análise das concentrações de glicose, triglicerídeos, colesterol total e colesterol HDL usando kits comerciais (Labtest) de procedimentos manuais de reações enzimáticas seguidas de espectrofotometria. O cálculo do LDL colesterol foi feito através da fórmula de Friedewald (17). Imuno-histoquímica Após a eutanásia por exsangüinação, a porção torácica da artéria aorta foi removido e dissecada. O material coletado foi fixado em formalina e embebido em parafina. Secções de 4 micra foram corados com hematoxilina-eosina (HE). Foi usado anticorpo monoclonal CD 68 para coloração de monócitos/macrófagos (Millipore, Barueri, Brasil) na diluição de 1:200. As colorações foram realizadas na Unidade de Patologia Experimental do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, seguindo o protocolo de rotina que consiste em desparafinização e reidratação, recuperação antigênica, inativação da peroxidase endógena e bloqueio de reações inespecíficas. O anticorpo primário foi incubado por 12 horas, a 4° C, na diluição de 1:200, seguido pela aplicação do complexo estreptavidina-biotina-peroxidase (LSAB, Dako Corporation, 75 Santa Barbara, USA) e revelação com diaminobenzidina (DAB kit, Dako Corporation, Santa Barbara, USA). Nas lâminas coradas por HE, e utilizando um sistema computadorizado de análise de imagens (Image-Pro Express), foram medidas em pixels as espessuras das túnicas íntima e média em conjunto da parede da aorta de cada animal. Também incluímos um grupo SHR (n=4) e Wistar Kyoto (n=5) a fim de comparar com o modelo animal de SM (n=9). Os resultados foram expressos em médias e desvios-padrão. Para a comparação entre os grupos estudados foram utilizadas análise de variância (ANOVA one-way) ou teste não paramétrico de Kruskal-Wallis. Post-hoc de Tukey ou teste de Dunn foi usado para detectar as diferenças entre os grupos. As diferenças foram consideradas significativas quando o valor de p<0,05. 76 Resultados Os parâmetros antropométricos e metabólicos estão apresentados na Tabela I. A capsaicina não promoveu alterações no peso corporal e índice de Lee dos animais, assim como consumo alimentar, ingestão de líquidos e diurese. O tratamento com capsaicina não alterou a glicemia, sensibilidade a insulina e perfil lipídico. Parâmetros hemodinâmicos e análise espectral Os parâmetros hemodinâmicos e análise espectral estão apresentados na Figura 1 (pressão arterial sistólica no painel A, frequência cardíaca no painel B,variabilidade da pressão arterial sistólica no painel C, variabilidade da frequência cardíaca no painel D, sensibilidade baroreflexa espontânea no painel E, componente LF da variabilidade da pressão arterial sistólica no painel F) e na Tabela II. A pressão arterial média, pressão arterial sistólica e diastólica não sofreram alterações com o tratamento da capsaicina. Os resultados relacionados à análise espectral mostraram melhora na variabilidade da frequência cardíaca após o tratamento com capsaicina, que foi mais pronunciada no grupo que recebeu a menor dose (Figura 1, painel D). Não foram encontradas diferenças entre os grupos na avaliação da FC e a razão das componentes LF/HF da variabilidade da freqüência cardíaca. O tratamento com a maior dose de capsaicina (CAP1) foi associado com um aumento na componente LF da variabilidade da pressão arterial sistólica, indicando um incremento na ação simpática vascular (Figura 1, painel F). O mesmo aconteceu com a componente HF da variabilidade da pressão arterial sistólica (representativo da frequência respiratória) (Tabela II). Além disso, ambos os grupos que receberam capsaicina tiveram aumento no índice alfa (sensibilidade baroreflexa espontânea), que foi mais pronunciada na dose mais alta (CAP1) (Figura 1, painel E). 77 Histologia e imuno-histoquímica A Figura 2 mostra exemplos representativos das análises histológicas e imunohistoquímicas de ratos Wistar Kyoto (painéis A e B), SHR (painéis C e D) e SHR injetados com MSG (painéis de E e F). Os painéis A, C e E representam exemplos representativos de cada grupo da secção de tecido da aorta torácica corados com hematoxilina-eosina. Painéis B, D e F representam a expressão imuno-histoquímica de CD 68 (coloração para macrófagos) no mesmo tecido de exemplos representativos de cada grupo. A comparação entre os grupos mostrou uma maior espessura de parede da aorta no SHR (358,8 ± 40,3 pixels) e SM (401,5 ± 29,7 pixels) versus Wistar Kyoto (251,4 ± 31,4 pixels), p <0,001. O número de células coradas com CD-68 não foi diferente entre os grupos [número de células em 20 campos: SHR; 21,0 (11,5 - 28,2), SM, 20,0 (8,0 - 30,0) e WKY, 5,0 (4,0 - 6,0), p = 0,188]. Não foram observadas diferenças na espessura da parede da aorta (358,8 ± 40,3; 365,1 ± 40,0; 374,4 ± 40,8 pixels, para C, e CAP05 Cap1, respectivamente, p = 0,718) e no número de células expressas pela imunohistoquímica com CD-68 (número de células em 20 campos: 20,0 (8,0 - 30,0); 17,0 (8,0 - 23,0); 8,0 (4,5 - 25,0) para C, e CAP05 Cap1, respectivamente, p = 0,692) entre os grupos de ratos que receberam capsaicina MS. 78 Discussão A capsaicina tem potenciais efeitos benéficos cardiovasculares e metabólicos que podem ser interessantes no manejo SM, mas os resultados indicam que não houve vantagem de utilizá-la em curto período de tempo sobre os parâmetros metabólicos avaliados. No entanto, a capsaicina promoveu melhora global no controle autonômico cardiovascular, que tem conhecido impacto em um melhor prognóstico cardiovascular. As doses de capsaicina utilizado não influenciaram no consumo de ração/água e peso durante o curto período dos experimentos, mostrando que, em duas semanas, os animais tiveram boa aceitação da substância, o que não afetou o seu bem-estar. Estes resultados são consistentes com descobertas anteriores (18), que mostraram que, mesmo quando o suplemento foi adicionado à dieta, o seu sabor picante não afetou a sua palatabilidade. No entanto, ratos alimentados com uma dieta hiperlipidica tiveram peso corporal reduzido sem qualquer alteração na ingestão de alimentos (19), sugerindo que a capsaicina pode aumentar a termogênese induzida pela dieta, como mostrado com administração aguda (4). O perfil lipídico também não se alterou com o uso de capsaicina. Estudos com camundongos dislipidêmicos (6), ou obesos (19), suplementados com capsaicina em dieta rica em gorduras mostraram reduções sobre os triglicerídios séricos. No entanto, nenhuma diminuição no colesterol plasmático foi observada (20), como o resultado aqui apresentado. Em tratamentos mais longos (3,6), a capsaicina adicionada a uma dieta rica em gordura ou colesterol determinou uma redução do colesterol sérico. Nós presumimos que há uma ineficiência termogênica no modelo animal de SM, em que a capsaicina não tem o mesmo efeito sobre o perfil de lípidos, como mostrou com 79 sucesso em estudos de outros. É possível que da combinação da obesidade (21) e hipertensão (22) ocorra um metabolismo prejudicado, reduzido em tecido adiposo marrom, responsável pela atividade termogênica. Além disso, sabe-se que este tecido especializado diminui com a idade e os outros autores (3, 18, 20) utilizaram animais mais jovens que os nossos. Nenhuma mudança foi induzida pela capsaicina sobre os níveis de glicose no sangue e resistência à insulina. Outros autores demonstraram que a capsaicina aumentou a glicemia, independentemente dos níveis de insulina, mas as avaliações foram realizadas de forma aguda durante o curso do teste oral de tolerância à glicose em indivíduos saudáveis (23). Similar aos nossos resultados, o consumo regular de pimenta não modificou a glicemia em humanos (24). Uma melhora global no controle autonômico da PA com aumento da VFC e sensibilidade barorreflexo espontânea foi mostrado pela análise espectral. Os dados anteriores mostraram resultados contrários, mas os animais estudados eram saudáveis e avaliados após a administração oral aguda de capsaicina, mostrando aumentos da FC e da razão LF/HF, indicando um predomínio da atividade simpática (25). Outros experimentos agudos, realizados em mulheres saudáveis, mostraram aumento da razão LF/HF após a ingestão de pimenta vermelha (4). Apesar dos efeitos benéficos do tratamento crônico com capsaicina na regulação autonômica cardíaca, mostrado por nós, o balanço simpatovagal não se alterou, como ambos os grupos que receberam capsaicina demonstraram aumento da modulação simpática do tônus vascular, o qual foi diferente somente quando se administrou capsaicina em doses altas. Embora os efeitos paradoxais na melhora da modulação autonômica e aumento da modulação simpática vascular foram observadas, estas não influenciaram na pressão arterial e FC, resultados que são consistentes com os apresentados 80 anteriormente em humanos que receberam pimenta vermelha durante 4 semanas (26). No entanto, após longos períodos de tratamento com capsaicina a diminuição da pressão arterial foi observado em pacientes hipertensos (7). Resultados contraditórios em relação à ação da capsaicina sobre a pressão arterial têm sido associados, pelo menos em parte, a capacidade da capsaicina ativar um canal iônico – receptor de potencial transitório vanilóide tipo 1 (TRVP1) - que controla a expressão endotelial de neuropeptídeos envolvidas na liberação de óxido nítrico (27). E o desequilíbrio entre esses, possivelmente explicaria porque os efeitos da capsaicina sobre a pressão arterial em alguns estudos demonstrou vasorelaxamento e, em outros vasoconstrição (28, 29). Ratos com SM apresentaram maior espessura de aorta em relação aos controles não obesos e hipertensos, mas a capsaicina não promoveu mudanças estruturais, nem redução de inflamação. Este resultado está provavelmente relacionado ao curto período de tratamento, outros autores relataram benefícios em ratos alimentados com uma dieta rica em gordura com a suplementação de capsaicina durante 10 semanas (19). Além disso, a capsaicina pode ser menos potente na diminuição do processo inflamatório, como a atorvastatina mostrou reduzir a infiltração de macrófagos em ratos diabéticos (30). Nós concluímos que a capsaicina não foi capaz de melhorar as anormalidades no metabolismo da glicose e lípidos em um modelo animal de SM. No entanto, efeitos cardiovasculares benéficos foram obtidos com este nutracêutico. É possível que o sistema cardiovascular sofra adaptações para compensar o aumento agudo da atividade simpática demonstrada em outros estudos. 81 Agradecimentos À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (FAPERGS). Conflitos de interesses Os autores declaram que não há conflitos de interesses. 82 Referências 1. Mottillo S, Filion KB, Genest J, et al. The Metabolic Syndrome and Cardiovascular Risk: A Systematic Review and Meta-Analysis. J Am Coll Cardiol. 2010; 56:1113-1132. 2. Leguisamo NM, Lehnen AM, Machado UF, et al. GLUT4 content decreases along with insulin resistance and high levels of inflammatory markers in rats with metabolic syndrome. Cardiovasc Diabetol. 2012; 11:100. 3. Kempaiah RK, Manjunatha H, Srinivasan K. Protective effect of dietary capsaicin on induced oxidation of low-density lipoprotein in rats. Mol Cell Biochem. 2005; 275:7-13. 4. Yoshioka M, St-Pierre S, Suzuki M, et al. Effects of red pepper added to high-fat and high-carbohydrate meals on energy metabolism and substrate utilization in Japanese women. Br J Nutr. 1998; 80:503-510. 5. Kang JH, Kim CS, Han IS, et al. Capsaicin, a spicy component of hot peppers, modulates adipokine gene expression and protein release from obese-mouse adipose tissues and isolated adipocytes, and suppresses the inflammatory responses of adipose tissue macrophages. FEBS Lett. 2007; 581:4389-4396. 6. Ma L, Zhong J, Zhao Z, et al. Activation of TRPV1 reduces vascular lipid accumulation and attenuates atherosclerosis. Cardiovasc Res. 2011; 92:504-513. 7. Harada N, Okajima K. Effects of capsaicin and isoflavone on blood pressure and serum levels of insulin-like growth factor-I in normotensive and hypertensive volunteers with alopecia. Biosci Biotechnol Biochem. 2009; 73:14561459. 8. Li J, Wang DH. High-salt-induced increase in blood pressure: role of capsaicin-sensitive sensory nerves. J Hypertens. 2003; 21:577–582. 83 9. NIH. Guide for the Care and Use of Laboratory Animals. Washingtion, DC: National Academy Press; 1996. 10. Kilkenny C, Browne WJ, Cuthill IC, et al. Improving bioscience research reporting: The ARRIVE guidelines for reporting animal research. J Pharmacol Pharmacother 2010; 1:94-99. 11. Bernardis LL. Prediction of carcass fat, water and lean body mass from Lee's "nutritive ratio" in rats with hypothalamic obesity. Experientia. 1970; 26:789790. 12. Geloneze B, Tambascia M. Laboratorial evaluation and diagnosis of insulin resistance. Arq Bras Endocrinol Metabol. 2006; 50:208-215. 13. Malliani A, Pagani M, Lombardi F, et al. Cardiovascular neural regulation explored in the frequency domain. Circulation. 1991; 84:482-492. 14. Montano N, Porta A, Cogliati C, et al. Heart rate variability explored in the frequency domain: a tool to investigate the link between heart and behavior. Neurosci Biobehav Rev. 2009; 33:71-80. 15. Stauss HM. Identification of blood pressure control mechanisms by power spectral analysis. Clin Exp Pharmacol Physiol. 2007; 34:362-368. 16. Fazan R Jr, de Oliveira M, da Silva VJ, et al. Frequency-dependent baroreflex modulation of blood pressure and heart rate variability in conscious mice. Am J Physiol Heart Circ Physiol. 2005; 289:1968-1975. 17. Friedewald WT, Levy RI, Fredrickson DS. Estimation of the concentration of low-density lipoprotein cholesterol in plasma, without use of the preparative ultracentrifuge. Clin Chem. 1972; 18:499–502. 84 18. Manjunatha H, Srinivasan K. Hypolipidemic and antioxidant effects of dietary curcumin and capsaicin in induced hypercholesterolemic rats. Lipids. 2007; 42:1133-1142. 19. Kang JH, Tsuyoshi G, Han IS, et al. Dietary capsaicin reduces obesityinduced insulin resistance and hepatic steatosis in obese mice fed a high-fat diet. Obesity (Silver Spring). 2010; 18:780-787. 20. Kawada T, Hagihara K, Iwai K. Effects of capsaicin on lipid metabolism in rats fed a high fat diet. J Nutr. 1986; 116:1272-1278. 21. Tsukahara F, Uchida Y, Ohba K, et al. The effect of acute cold exposure and norepinephrine on uncoupling protein gene expression in brown adipose tissue of monosodium glutamate-obese mice. Jpn J Pharmacol. 1998; 77:247-249. 22. Kirby RF, Sokoloff G, Perdomo E, et al. Thermoregulatory and cardiac responses of infant spontaneously hypertensive and Wistar-Kyoto rats to cold exposure. Hypertension. 1999; 33:1465-1469. 23. Dömötör A, Szolcsányi J, Mózsik G. Capsaicin and glucose absorption and utilization in healthy human subjects. Eur J Pharmacol. 2006; 534:280-283. 24. Ahuja KD, Robertson IK, Geraghty DP, et al. Effects of chili consumption on postprandial glucose, insulin, and energy metabolism. Am J Clin Nutr. 2006; 84:63-69 25. Ohnuki K, Moritani T, Ishihara K, et al. Capsaicin increases modulation of sympathetic nerve activity in rats: measurement using power spectral analysis of heart rate fluctuations. Biosci Biotechnol Biochem. 2001; 65:638-643. 26. Ahuja KD, Robertson IK, Geraghty DP, et al. The effect of 4-week chilli supplementation on metabolic and arterial function in humans. Eur J Clin Nutr. 2007; 61:326-333. 85 27. Szallasi A, Blumberg PM. Vanilloid (Capsaicin) receptors and mechanisms. Pharmacol Rev. 1999; 51:159-212. 28. Yang D, Luo Z, Ma S, et al. Activation of TRPV1 by dietary capsaicin improves endothelium-dependent vasorelaxation and prevents hypertension. Cell Metab. 2010; 12:130–141. 29. Scotland RS, Chauhan S, Davis C, et al. Vanilloid Receptor TRPV1, sensory C-fibers, and vascular autoregulation a novel mechanism involved in myogenic constriction. Circ Res. 2004; 95:1027-1034. 30. Linthout SV, Riad A, Dhayat N, et al. atorvastatin improve left ventricular function cardiomyopathy. Diabetologia. 2007; 50:1977–1986. Anti-inflammatory effects of in experimental diabetic 86 Legenda das figuras Figura 1: Avaliação do controle autonômico por análise espectral. (A) Pressão arterial sistólica; (B) frequência cardíaca; (C) variabilidade da pressão arterial sistólica; (D) variabilidade da frequência cardíaca; (E) sensibilidade baroreflexa espontânea, relacionada ao índice alfa (raiz quadrada da razão entre os valores absolutos da componente LF da variabilidade de freqüência cardíaca e variabilidade da pressão arterial sistólica); (F) componente LF da variabilidade da pressão arterial sistólica. C: controle (barras brancas), n=17; CAP05: capsaicina 0,5 mg/kg/dia (barras cinzas), n=18; CAP1: capsaicina 1,0 mg/kg/dia (barras pretas), n=16. Valores expressos em média ± DP. *P<0.05 vs. grupo controle. One-way ANOVA, teste de Dunn. Figura 2: Histologia e imuno-histoquímica (Wistar Kyoto, n=1; SHR, n=1; SHR injetado com MSG, n=9, respectivamente). A, C e E: Secções de tecidos da artéria torácica coradas com hematoxilina-eosina representativos de exemplos de cada grupo. A linha vermelha marca a espessura da aorta. Aumento original de 400x. B, D e F: Expressão imuno-histoquímica de CD 68 no mesmo tecido, exemplos representativos de cada grupo. As setas em marrom indicam alguns macrófagos. Aumento original de 1000x. 87 Tabela I – Parâmetros metabólicos dos animais estudados após suplementação oral com capsaicina (CAP05 e CAP1) ou álcool por 14 dias C CAP05 CAP1 p 19,9 4,7 22,5 7,4 22,7 7,6 0,494 Consumo água 42,5 12,1 (ml/24h) 38,8 10,1 38,8 10,9 0,581 Diurese (ml/24h) 18,6 7,1 19,2 5,2 20,6 7,5 0,718 Peso corporal (g) 292,0 30,2 293,9 31,7 296,8 31,6 0,888 Índice de Lee (g/cm) 0,30 0,02 0,30 0,02 0,30 0,02 0,554 Glicemia (mg/dL) 116,2 27,4 119,4 27,5 133,9 33,2 0,852 kITT (%/min) 5,18 1,97 5,01 2,12 5,14 2,01 0,970 Colesterol total (mg/dL) 55,9 19,9 52,2 12,1 47,4 18,8 0,433 LDL colesterol 23,5 18,0 (mg/dL) 16,9 10,8 19,0 10,3 0,435 HDLcolesterol (mg/dL) 19,4 11,4 24,9 10,0 18,4 9,5 0,179 Triglicerídeos (mg/dL) 66,2 (40,9 – 82,4) 55,8 (50,1 – 72,5) 49,7 (35,6 – 79,8) 0,435 Consumo ração (g/24h) Valores expressos em média DP ou mediana, percentil 25 e 75. C: grupo controle; CAP05: capsaicina 0,5 mg/kg/dia; CAP1: capsaicina 1,0 mg/kg/dia. N=1218 em cada grupo.*P<0.05 vs. C; **P<0.05 vs. CAP05 (one-way ANOVA, post hoc Tukey ou teste Kruskal-Wallis). 88 Tabela II – Parâmetros hemodinâmicos e resultados da análise espectral dos animais estudados após suplementação oral com capsaicina (CAP05 e CAP1) ou álcool por 14 dias C CAP05 CAP1 p PAM (mmHg) 152,5 28,2 165,2 24,6 147,6 26,2 0,123 PAD (mmHg) 124,9 28,9 135,7 24,0 118,7 25,5 0,149 VFC - LF abs (ms2) 3,1 2,9 12,2 26,9 6,2 7,6 - LF (nu) 21,3 14,0 33,4 20,2 26,7 14,4 0,235 0,251 - HF abs (ms2) 8,6 5,2 12,4 8,2 14,9 13,9 0,173 - HF (nu) 77,2 12,9 65,3 19,8 71,9 14,1 0,164 - LF/HF index 0,4 0,3 0,8 0,9 0,4 0,4 0,397 16,6 17,7 7,1 10,3 0,104 3,1 2,4 7,2 7,5 * 0,032 VPAS - VLF (mmHg2) 9,5 9,0 - HF (mmHg2) 3,6 6,1 Valores expressos em média DP. C: grupo controle; CAP05: capsaicina 0,5 mg/kg/dia; CAP1: capsaicina 1,0 mg/kg/dia. N= 16-19 para cada grupo. *P<0,05 comparado com grupo controle (one-way ANOVA, teste de Dunn). Parâmetros do espectro da frequência cardíaca (tacograma) e pressão arterial sistólica (sistograma) calculada de séries temporais usando modelo auto-regressivo. Pressão arterial média, PAM; pressão arterial diastólica, PAD; variabilidade da frequência cardíaca, VFC; variabilidade da pressão arterial sistólica, VPAS; componente de muito baixa freqüência (very low frequency component), VLF; componente de baixa freqüência (low frequency component), LF; componente de alta freqüência (high frequency component), HF; expressa em unidade absoluta (ms²) e normatizada (nu). 89 FIGURE 1 90 FIGURE 2