FORMAÇÃO DE PROFESSORES E ENSINO DE
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FORMAÇÃO DE PROFESSORES E ENSINO DE
FORMAÇÃO DE PROFESSORES E ENSINO DE HABILIDADES SOCIAIS PARA CRIANÇAS COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAL 1 Regina Keiko Kato Miura - UNESP 2 Ariane Seiko Kubo Yassuda - UNESP Miriam Nascimento de Lima2 - UNESP Formação de professores na perspectiva inclusiva PROEX-REITORIA-UNESP Palavras-chave: Problemas de Comportamento. Relatos. Habilidades Sociais 1.Introdução Na área educacional, se preconiza o trabalho integrado entre a escola e a família. O envolvimento dos pais é uma necessidade para o efetivo trabalho educacional. Questões referentes ao trabalho de orientação educacional às famílias e formação de pais, na área da deficiência intelectual mostraram a prevalência e o desenvolvimento comportamento alvo de desobedecer de forma persistente e duradoura em crianças. (DUNLAP, ROBBINS, DARROW, 1994; MAYO, LEBLANC, 1989; MIURA,1999; 2006). O desenvolvimento da desobediência pode ser entendido a partir das considerações sobre os comportamentos prósociais e desviantes. Patterson, Reid, Dishion (2002) relatam que os comportamentos prósociais e desviantes podem ser subproduto direto de intercâmbios sociais, especialmente com membros da família e outros pares. Os autores explicam que tais comportamentos ocorrem diante de um estímulo discriminativo observável no ambiente social imediato e mantido por consequências reforçadoras ou punitivas. O efeito desses padrões de ação e reação, altamente previsíveis, seria produzir comportamentos igualmente estáveis da criança-problema, tanto pelos pares como pelos pais e professores. Nessa perspectiva, o desvio é como um processo 1 Departamento de Educação Especial- Faculdade de Filosofia e Ciências – UNESP-Campus de Marília. E-mail: [email protected] . 2 Graduadas em Pedagogia- Faculdade de Filosofia e Ciências – UNESP-Campus de Marília. E-mail: [email protected] ISSN 21774013 de desenvolvimento em que um tipo de ato desviante (por exemplo: a desobediência) é precedente de atos mais extremos. Nas famílias, a progressão inicia-se com altas taxas de desobediência e acessos de raiva e caminha em direção ao bater e atacar fisicamente. Somente estes últimos atos mais extremos seriam chamados de agressivos. Soares e Mello (2009) em seus estudos realiza uma reflexão sobre a importância das habilidades sociais para o contexto educacional, que contribui para novos estudos na área. E podem ainda servir de alerta para que as instituições escolares se preocupem com o desenvolvimento das relações interpessoais entre seus professores e alunos, com o intuito de favorecer a formação desse sujeito não só em termos de conteúdo, mas também a sua formação enquanto ser humano. Neste último caso, as habilidades sociais têm demonstrado se constituir um aspecto relevante para a formação de professores. Meireles (2009) aponta que nas estratégias dos programas de desenvolvimento das habilidades sociais do professor deve ser considerado o modelo da assertividade, que fortalecerá e manterá comportamentos interpessoais (DEL PRETTE & DEL PRETTE, 2002), e também a empatia, pois a habilidade empática possui efeitos positivos sobre o comportamento humano (FALCONE, 1999). 2. Objetivo O objetivo geral do estudo foi identificar se os graduandos de Pedagogia apresentam as habilidades pró-social ou não, para lidar com problemas de comportamento de educandos com problema de comportamento. 3. Método 3.1. Participantes Participaram do estudo três graduandos de Pedagogia da Faculdade de Filosofia e Ciências-UNESP/Marília e três crianças em atendimento no Centro de Estudos da Educação e Saúde-CEES-PROEX/UNESP. Quadro 1. Caracterização dos participantes-díade. Díade1 Participante G1 Sexo Masculino Idade Curso Masculino 27 Pedagogia Díade2 A1 11 EMEF G2 Feminino Díade3 A2 Feminino 28 Pedagogia 7 EMEF ISSN 21774013 G3 Feminino A3 Feminino 32 Pedagogia 7 EMEF Diagnóstico/ Queixa Síndrome Koolen deVries.dificudade de aprendizagem/fala infantilizada e mudanças de humor. Histórico de Atraso no DNPM, adotiva. Dificuldade na leitura e escrita, apatia. Síndrome de Down. Atraso na linguagem, birras, recusa em realizar atividades. Fonte: Elaborado pelos autores. 3.1.2.Local e material O estudo foi realizado no CEES-FFC–UNESP/Marília/SP. Os materiais consistiram da elaboração e assinatura do termo de consentimento livre-esclarecido; da elaboração e análise de roteiro de avaliação funcional e de entrevista semiestruturada e diário de campo. 3.3 Procedimento O estudo caracteriza como pesquisa qualitativa. No primeiro momento realizou-se a pesquisa bibliográfica sobre a temática proposta. No segundo momento estabeleceu-se o contato inicial para explicação de objetivos e relevância da pesquisa e respectiva colaboração dos graduandos. No terceiro momento, houve a seleção dos educandos, como prioridade àqueles que tivessem problemas de comportamento diante de situações em sala de espera e em atendimento pedagógico. No quarto momento, elaborou-se um roteiro para avaliação funcional cujo foco foi analisar dados de interação entre os graduandos e os educandos selecionados. A avaliação funcional permitiu a identificação de variáveis que poderão produzir o comportamento alvo. A entrevista para análise funcional consistiu em quatro etapas: as perguntas da primeira etapa consistem em perguntas para saber qual é especificamente o problema, como ele acontece e quando ele ocorre, na segunda etapa consiste de conhecer a história do comportamento, quando ele ocorreu pela primeira vez, qual a frequência do comportamento e se houve algum evento familiar ou médico significativo para a criança, na terceira etapa as perguntas servem para fazer uma análise dos eventos antecedentes ao comportamento, se o ambiente, pessoas ou momentos do dia em que o comportamento problema piora, na quarta etapa são as análises das consequências, o que ocorre e qual é a reação dos pais após a apresentação do comportamento e se essas ocorrências diminuem ou fortalecem o problema. As anotações em diário de campo permitiram registrar relatos de graduandos sobre a apresentação das habilidades para lidar com problemas de comportamento. 4. Resultados e Discussão ISSN 21774013 Os dados do presente estudo podem ser observados por meio do quadro 1 sobre relato de graduandos sobre os comportamentos dos alunos, da analise funcional do problema de comportamento da díade e relato de graduandos sobre as habilidades utilizadas para minimizar a apresentação dos problema de comportamento. Ressalta-se, que houve recorte na apresentação dos resultados devido ao espaço para apresentação do resumo do evento. 1- Relato de graduandos sobre os comportamentos dos alunos Quadro1. Relato de graduandos sobre os comportamentos dos participantes: G1A1 “Esse aluno apresentava muita dificuldade nas atividades escolares e seu comportamento era de agressividade a essas atividades. No começo dos atendimentos tinha a postura de dar instrução mais de uma vez, e de não prever o comportamento inadequado.” G2A2 “Foi difícil trabalhar com a aluna, pois ela conversa pouco e quando apresentava condutas inadequadas e eu ia para conversar com ela a aluna nada falava e continuava com as atitudes inadequadas, eu não sabia direito como agir, pois não conseguia identificar se o aluna havia entendido a ordem dada. Então, oferecia vários brinquedos ao mesmo tempo, e repetia instrução” G3A3 “Essa aluna apresentava comportamentos inadequados em todos os lugares, como: bater na porta, não respeitar regras e limites estabelecidos, negação de realizar atividades pedagógicas e sociais. A comunicação na maioria das vezes é difícil de compreensão, pois comunica por gestos.” 2. Analise funcional do problema de comportamento alvo: A metodologia que permitiu a avaliação funcional do comportamento alvo favoreceu aos graduandos, certamente, a reflexão e a interação dialógica que foram fundamentais para alterar o comportamento destes mediadores, conforme as descrições dos relatos abaixo: “Eu mudei minha postura diante dele valorizando os comportamentos adequados e ignorando atitudes inadequadas diante das atividades propostas, com isso ele começou a se interessar e chamar a atenção pelas atividades que ele concluía com sucesso.”(G1A1) “Porém percebi que ela entendia tudo e tinha esse comportamento para continuar a fazer o que queria. Contudo, mudei a minha postura e comecei a ignorar o comportamento inadequado e dar somente uma instrução por vez, sem repetição.”(C2A2) “Em relação ao comportamento melhorou, começou a se interessar pelas atividades, a ter condutas adequadas, como guardar os materiais. Isso através de redirecionamento de comportamento inadequado e planejamento de atividades adequadas” (G3A3) 3. Relato de graduandos sobre as habilidades utilizadas para minimizar a apresentação dos problemas de comportamento. A partir da Análise Funcional planejaram-se estratégias de ensino de habilidades social e acadêmico como, por exemplo: adaptação do aluno em diversas situações sociais; constantes retomadas das regras em situações de rotina; modelos de falas e comportamentos adequados; definição de um único objetivo por vez; a partir das atividades desenvolvidas com ISSN 21774013 os alunos, em alguns momentos houve a necessidade de adaptações curriculares e de recursos; níveis de ajuda total e parcial em atividades sociais, principalmente em atividades que envolvem leitura e escrita entre outros. Os dados, descritos a partir dos relatos dos graduandos, apontaram que diante dos fatores ambientais que podem conduzir o aluno ao insucesso escolar pode haver uma espécie de mensagem de que, possivelmente, as atividades educacionais não estão adequadas àquele aluno “sujeito único”. Segundo a literatura, a inclusão pressupõe a formação de um sujeito que seja o construtor, o protagonista, sujeito único em sua caminhada e em suas relações com o “outro”, é a busca de identidade, conhecer-se e assumir-se como único e com um papel social e sua subjetividade individual (MANTOAN,2001). 5. Considerações Finais Por lidar com a formação de pessoas, a escola dispõe de oportunidades riquíssimas que, se bem aproveitadas, podem transformar conceitos e práticas sociais. É preciso valorizar e oportunizar constantemente situações que contribuam cada vez mais para uma formação funcional e responsável dos professores. Neste caso, observou-se a importância de capacitar os graduandos também para lidar com comportamentos pró-sociais que promovam o acesso ao conhecimento igualitário a todos, inclusive, para educandos que apresentam características de aprendizagem e estilos cognitivos distintos. 6. Referências -DEL PRETTE, Z.A.P. & DEL PRETTE, A Habilidades Sociais, Desenvolvimento e Aprendizagem. Editora Alínea. São Paulo: Campinas, 2002. -DUNLAP,G.; ROBBINS,F.; DARROW,M.A. Parents’ reports of their children’s challenging behaviors: results of statewide survey. Mental Retardation. v.32, n. 3, p.206-212, 1994. FALCONE,E.M.O.A avaliação de programa de treinamento da empatia com universitários.Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva,,p23-32, 1999. MANTOAN,M. T. E.Pensando e fazendo educação de qualidade. São Paulo: Moderna, 2001. -MAYO, L.; LEBLANC, J. M. Programa de entrenamiento para padres. In. UNIVERSTY OF KANSAS, Manuscrito publicado, Kansas-EUA: University of Kansas, p.1-6, 1989. MEIRELES, R. M. As relações entre as medidas de habilidades sociais do professor do ensino fundamental II e seu desempenho social em sala de aula. Revista Visões, 6ª Edição, nº 6. Volume 1 – Jan/Jun 2009. -MIURA, R.K.K. Comportamento de obedecer em pessoas com necessidades educacionais especiais: efeito do ensino de habilidades para mães. Tese (Doutorado em Educação) Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista – UNESP, Marília, 2006. -______. Currículo Funcional Natural e o Ensino de pessoas com Necessidades Especiais. Mensagem da APAE, v.26, n. 84, p. 32-35, Janeiro a março de 1999. -PATTERSON, G. R; REID, J.; DISHION, T. Antisocial boys. Tradução Aléa Cristina de Lima e Giovana Veloso Munhoz da Rocha. 2.ed. São Paulo: Esetec Editora,2002. 108 p ISSN 21774013 - SOARES, A. B.; MELLO, T. V. S. .Habilidades sociais entre professores e não professores. Rev. bras.ter. cogn.[online]. 2009, vol.5, n.2, p. 15-27. ISSN 21774013