Vida Intra

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Vida Intra
Especial
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COMO OCORRE A TERAPIA REGRESSIVA A VIVÊNCIAS PASSADAS.
COMO NOSSA PERSONALIDADE PODE SER CONSTRUÍDA A PARTIR DA VIDA INTRA-UTERINA
A
Por Juliane Prieto Peres e Maria Júlia Prieto Peres
Terapia Regressiva Vivencial Peres, (TRVP) ou
Terapia Regressiva a Vivências Passadas – Técnica Peres foi sistematizada pela médica Maria Júlia
Pereira de Moraes Prieto Peres em mais de 15 anos
de experiência no assunto, quando além do aprendizado no trabalho pessoal com seus clientes, contou
com a colaboração de sugestões e críticas construtivas de colegas, com leituras constantes em bibliografia internacional e viagens para fins didáticos, mantendo-se em constante atualização.
Essa técnica diferencia-se das demais por atender
somente a objetivos terapêuticos, não satisfazendo,
portanto, curiosidades pessoais. E, como uma psicoterapia, mantém neutralidade na área religiosa, respeitando a interpretação que o paciente faz em relação ao conteúdo aflorado na vivência, e trabalhando essa vivência segundo as crença do paciente.
Na TRVP, as sessões têm sempre a duração de duas
horas. Após uma cuidadosa entrevista inicial, se for
indicada a aplicação da TRVP, o terapeuta procede às
sessões de anamnese, quando há um extenso e minucioso levantamento de toda sua história. Somente
então as suas sessões de regressão são iniciadas.
A sessão
Em uma sessão de regressão, o processo se inicia pela
indução a estado modificado da consciência, através do
relaxamento físico e mental do paciente. Faz a conexão com o inconsciente, detectando traumas do passado que constituem a etiologia de seu problema atual.
Em uma situação traumática, muitas vezes a mente faz um registro distorcido da realidade. Ele grava um
determinado padrão de comportamento e passa a repeti-lo, numa tentativa de se defender da possibilidade de passar novamente por aquele trauma. O indivíduo vai se acostumando, se habituando a fazer isso, até
que chega em um ponto que não se lembra mais quando criou esse padrão, como e porque o está repetindo.
Só tem consciência de seu problema, que se manifesta
através de sintomas e características especiais.
Através das vivências da regressão de memória
(TRVP), a pessoa tem a oportunidade de se conscientizar daqueles traumas do passado que lhe causaram o problema atual. Ela revivencia aquele fato
traumático, liberando o conteúdo emocional e
organo-sensorial correspondente, extravasando e
se distanciando daquela emoção através de uma
catarse integrativa.
Por todas as vivências da regressão de uma sessão,
obtém-se do paciente o momento mais traumático, em
que se estabeleceu uma decisão de vida (padrão negativo de comportamento) que está causando desajustes
atuais. Nesse momento, o paciente tem a chance de
modificar esse registro negativo que vem repetindo,
criando uma redecisão com propostas de respostas mais
adequadas para a auto-resolução de seus conflitos.
Essa técnica introduz a desprogramação das emoções vinculadas às lembranças traumáticas por padrões mais saudáveis, baseando-se em sua redecisão.
Segue-se ao retorno, pelo qual o paciente é conscientizado de sua situação no tempo e no espaço, no
aqui e agora (nome, data e local da sessão) e do seu
estado de vigília. Em seguida, há a finalização, quando o cliente é incentivado a permanecer em profundo equilíbrio emocional e mental.
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Especial
O FETO CAPTA OS PENSAMENTOS, SENTIMENTOS E SENSAÇÕES DA MÃE, QUE
INTERFEREM NO MODO SIGNIFICATIVO EM SUA FORMA DE SER. EXISTE UMA
COMUNICAÇÃO FISIOLÓGICA, PSICOLÓGICA E EXTRA-SENSORIAL ENTRE MÃE E FETO
Em sessões subseqüentes, o terapeuta trabalha com
o paciente integrando-o e elabora o conteúdo aflorado
em regressão, conduzindo-o a refletir sobre analogias
entre os traumas vivenciados e o problema que está
em pauta. Trabalha os recursos do paciente para desenvolver os primeiros passos práticos, comportamentais, no sentido de sua transformação, utilizando-se
dos instrumentos adquiridos na vivência regressiva. É
preciso aprender a lidar com essa ferramenta nova e
isso exige um treinamento para levar à prática, ao
hábito desse novo comportamento.
Muitas vezes, o padrão negativo, que está gerando o problema, vem sendo repetido há muito tempo,
estando enraizado. Essa mudança é árdua e exige um
investimento intenso, através da vontade e do trabalho diário do paciente consigo mesmo, no sentido da
autopercepção, exercício e utilização dos recursos
adquiridos na vivência regressiva.
Essa técnica é vivenciada e explicada nos Cursos
de Formação e Especialização em TRVP, que constam
de 16 módulos teóricos e prático-vivenciais, em que
todos os participantes, somente médicos e psicólogos, passam por experiências da terapeuta, paciente, observador, relator, assistente e questionador dos
processos regressivos ocorridos durante o curso.
A Terapia Regressiva a Vivências Passadas ou Terapia Vivencial Peres trabalha com lembranças traumáticas de algum período do passado, que pode referirse a um fato traumático ocorrido na semana passada,
ano passado, adolescência, infância, nascimento, vida
intra-uterina, concepção ou um conteúdo que, segundo o modelo reencarnatório, pode ser focalizado como
em vidas passadas. Esse conteúdo pode ser considerado como uma manifestação do inconsciente e como
tal tem um sentido e uma relação com o problema
trabalhado. Existem, também, muitos outros modelos
explicativos para a regressão de memória.
Regressão à vida Intra-Uterina
O assunto aqui tratado é especificamente a regressão à Vida Intra-Uterina (VIU), ou seja, quando um
trauma de VIU origina um problema, uma dificuldade,
um transtorno futuro, mais, ou quando esse trauma é
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um evento reforçador de um problema já existente.
A criança, antes do nascimento, é um ser dotado
de sentimentos, de lembranças e de consciência, portanto, tudo o que lhe acontece nos nove meses de
gestação tem grande importância na formação e na
estruturação da personalidade.
O feto pode ver (sensibilidade à luz), ouvir, degustar, entender e aprender num nível primitivo. Ele é
capaz de manifestar sentimentos menos elaborados
que os adultos, mas bem reais. Ele pode acionar uma
ou outra tendência, conforme as mensagens que recebe no útero (que, de alguma forma vão sendo moldadas). A principal fonte dessas mensagens é a mãe.
O feto capta os pensamentos, sentimentos e sensações da mãe, que interferem no modo significativo
em sua forma de ser.
Pesquisadores como os médicos Thomas Verny,
Dominik Purpura, David Chamberlain Stanislaw Grof,
e outros, descobriram que existe uma ligação intrauterina muito complexa, gradativa e sutil quanto à
estrutura racional que se estabelece após o nascimento. A ligação entre mãe e filho, que se estabelece após
o nascimento, é a conseqüência do que a precedeu.
Existe uma comunicação fisiológica, psicológica e
extra-sensorial entre mãe e feto. As perturbações do
bebê são provocadas tanto pelas conseqüências psicológicas, quanto pelas conseqüências físicas da ansiedade, depressão, aflições, medo, estresse etc. O
que traz uma repercussão mais profunda na criança
não são as preocupações menores da mãe, mas uma
ansiedade crônica ou uma ambivalência perturbadora
dos pensamentos e dos sentimentos em relação a maternidade. Por exemplo, um sentimento negativo,
imenso e duradouro de rejeição à criança pode deixar uma cicatriz profunda.
Perdas afetivas, mortes, separações, choques emocionais, grandes catástrofes, acidentes, agressões etc.,
podem gerar desajustes emocionais no paciente, que
variam de acordo com a forma e com a intensidade
com que ele registrou aquele fato traumático. Podem
ainda esgotar as reservas emocionais da mulher grávida a ponto de torná-la incapaz de se comunicar com
o filho que carrega. E ele percebe isso.
No ambiente familiar, o pai também tem influên-
cia muito importante sobre o feto. O estresse do pai,
por exemplo, tem uma repercussão direta sobre o filho em formação, e também indireta através da mãe.
Uma discussão entre os pais e o desajuste familiar
também podem perturbar intensamente o ser que
está no útero materno.
Traumas em Vida Intra-Uterina, dependendo das
heranças que aquele ser traz, podem gerar diferentes transtornos futuros como: insegurança, dificuldade de relacionamento, transtornos depressivos, transtornos ansiosos (na tentativa de satisfazer o outro
para ser amado), personalidade dependente etc.
O feto tem necessidades intelectuais e afetivas
mais primitivas que as nossas, mas que realmente
existem, como as de querer se sentir amado e desejado. Esse sentimento tem uma repercussão importante na segurança e auto-confiança. Emoções positivas
de alegria e espera contribuem de maneira importante no desenvolvimento afetivo da criança sadia.
Se considerarmos o modelo reencarnatório, que é
apenas um dos modelos explicativos da regressão da
memória, podemos perceber que essa criança apresenta um passado muitas vezes tumultuado com esta
família, trazendo vivências de inimizade. Esse passado pode ser mais ou menos aflorado dependendo
dos estímulos por ela vivenciados.
A criança dentro do útero pode manifestar um
comportamento de rejeição da mãe em relação a ela.
Ou a criança pode manifestar um sentimento espontâneo de rejeição àquela mãe, àquela família, àquela
condição financeira, cultural, social, racial, sentimento este que pode levar a desânimo, tristeza, falta de motivação, revolta, depressão, insegurança, ansiedade, dificuldade de relacionamento em geral ou
especificamente entre mãe e filho.
Como acontece essa comunicação?
A criança percebe uma ação ou pensamento da
mãe e seu cérebro transforma isso imediatamente em
uma emoção e comanda o seu corpo a um conjunto
de reações. Se a mãe sente medo, ansiedade, depressão ou estresse, ela desencadeia uma descarga
hormonal, que se de forma intensa e contínua, pode
trazer nessa criança uma predisposição a esse sentimento. Se a atenção da mãe está completamente
absorvida pela tristeza, por uma perda e se ela se
fecha em si mesma, é provável que sua criança sofra
profundamente. O feto não dispõe de recursos suficientes para tolerar essa sobrecarga.
Um consumo excessivo de tabaco, álcool e de medicamentos, ingestão excessiva de alimentos ou privação alimentar, insônia ou hipersônia também são
formas de comunicação materna, que prejudica fisicamente o feto e, emocionalmente, traduzem de
modo indireto a sua ansiedade.
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NONONON OONONONON OONONONON ONONONONOON
ONNONONONON ONONONONONN NONONONONONON
ONONONONONONO NONONONONON
ONONONONNOONONONONNOONONOONO
As emoções paternas também influenciam o psiquismo do feto
Mesmo sem estar em perigo, no momento em que
o feto percebe a aflição materna, ele pode reagir com
vigorosos pontapés. O feto reage diante do crescimento da taxa de adrenalina produzida pela mãe e
em “solidariedade” à aflição da mãe.
Portanto, a ameaça mais grave ao feto é a reação
emocional da mãe a longo prazo e quando suas necessidades físicas ou psicológicas são ignoradas. Ele
não exige nada de extraordinário, tudo o que quer é
um pouco de amor e de atenção, e quando os obtém,
tudo mais, mesmo a formação da ligação com sua
mãe, acontece automaticamente.
A formação da ligação entre a mãe e o feto exige
tempo, amor e compreensão para que ela exista e
funcione de maneira satisfatória. A criança antes do
nascimento possui recursos resistentes para fazer
durar uma emoção materna. Mas ela não pode se comunicar sozinha. Se a mãe bloqueia a comunicação
afetiva, ela fica desamparada.
Segundo a medicina tradicional, a criança, antes
de dois anos era incapaz de ter lembranças porque
seu sistema nervoso não está completamente
mielinizado (mielina é uma substância que envolve
a fibra nervosa) e não pode assim transmitir mensagens. Porém, pesquisadores descobriram que a falta
de mielina retarda a condução de impulsos nervosos,
mas não os impede de passar.
Também a psiquiatria tradicional afirmava que a
criança antes de dois anos era incapaz de pensar. Porém, hoje sabemos que mesmo antes do nascimento,
os esquemas de memória estão delineados e que eles
seguem modelos reconhecíveis. Nesse estágio, o cé-
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rebro da criança e seu sistema nervoso estão suficientemente desenvolvidos para que isto seja possível, e
o fato de a lembrança desse período ter uma forma e
um contorno identificáveis, que pode ser acionada
através da regressão de memória, vem confirmar a
hipótese de que antes do nascimento o cérebro já tem
um funcionamento semelhante ao adulto.
A formação da memória
No fim da décima segunda semana, o feto está inteiramente formado e nesse período aparecem os primeiros sinais da atividade cerebral. A partir do terceiro
trimestre de gestação, o cérebro já tem um funcionamento semelhante ao do adulto. A partir do sexto mês
após a concepção, o sistema nervoso central da criança
é capaz de receber, tratar e codificar as mensagens;
a memória neurológica já está funcionando.
Muitas lembranças escapam à memória voluntária,
talvez pelo processo em que intervém o neuropolipeptídio ocitocina, produzida pelas mulheres no momento do parto, e que controlam o ritmo das contrações
do útero nessa ocasião e fluem para a circulação da
criança. A ocitocina produzida em grande quantidade
provoca amnésia em animais de laboratório. Talvez
essa possa ser a explicação para as lembranças anteriores desaparecerem durante o nascimento.
A capacidade de recuperar essas memórias de vida
intra-uterina, mais tarde, está ligada à produção de
hormônio adrenocorticopina ou ACTH, que ajuda a
fixar as lembranças. Quando uma mulher grávida ou
que está dando a luz se sente tensa, sofre pressão ou
A AMEAÇA MAIS GRAVE AO FETO É A REAÇÃO EMOCIONAL DA MÃE A
LONGO PRAZO E QUANDO SUAS NECESSIDADES FÍSICAS OU PSICOLÓGICAS
SÃO IGNORADAS. ELE NÃO EXIGE NADA DE EXTRAORDINÁRIO, TUDO O
QUE QUER É UM POUCO DE AMOR E DE ATENÇÃO
medo, libera hormônios do estresse (cortizol), e a
substância que regula seu fluxo é o ACTH, como acontece em qualquer pessoa que sinta medo ou ansiedade. A gestante nessa situação libera muito hormônio
que chega à circulação sanguínea da criança e ajuda
a conservar uma imagem mental do sentimento de
sua mãe e seus efeitos sobre si.
Elaborando a vivência
No processo de Terapia Regressiva Vivencial Peres,
trabalha-se com um tema de cada vez, com uma série de regressões focalizando esse tema, nos diferentes períodos da vida do paciente. Entre uma regressão e outra, trabalha-se aquele conteúdo que aflorou na regressão, com o objetivo de conduzir o paciente e elaborá-lo. Essas sessões de elaboração e integração têm extrema importância para o paciente
poder aproveitar da melhor forma possível aquela
vivência, e utilizá-la no seu dia-a-dia na solução de
seus problemas fazendo a relação entre os pensamentos, sentimentos, sensações e comportamentos vivenciados na regressão suas características atuais. Nessa série de regressões, é importante focalizar alguns
períodos de vida, significativos, como idade adulta,
adolescência, infância, nascimento, vida intrauterina e supostas vidas passadas; momentos importantes em que a pessoa pode ter criado um padrão
de comportamento negativo ou pode ter reforçado
um padrão que já existia. Então, a vida intra-uterina
sempre será vivenciada em regressão, em cada problema que o paciente trabalhar.
Existe algumas fases importantes no período gestacional, como: momentos e circunstâncias que pre-
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músico que canta a fraternidade.
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Fonseca, Marielza Tiscate, Sérgio Santos, Andrey Cechelero,
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cedem a concepção; suspeita da gravidez e confirmação da gravidez; período subseqüente da gestação e
momentos que precedem o nascimento. Vejamos
agora alguns exemplos clínicos de regressão à VIU.
Depressão
E.F.G. mulher, 40 anos, solteira, engenheira. Queixa-se de depressão desde a adolescência. Sua mãe
havia tido um aborto espontâneo, seis meses antes
de engravidar dela. Parto difícil e demorado, quando a mãe sente medo e desespero. O paciente com
dificuldade de relacionamento afetivo com os homens
porque não aceitava-se como mulher. Dificuldade de
relacionamento com a mãe, por sentir-se rejeitada
por ela, e rejeitá-la também.
Vivências regressivas: Vivencia sua mãe se contorcendo de dor, assustada. Sente-se como em um turbilhão. Vai sentindo apertada. Sente que algo está dando errado. Sente-se fraca e com a respiração difícil.
Tudo escuro. Mãe está com medo. A paciente diz que
tem a impressão de estar cometendo suicídio. Tem um
sentimento de fracasso. Mãe tem medo de engravidar.
Sente vontade de ajudá-la a não ter medo, mas também tem um impulso de não querer nascer como mulher, porque acha que vai sofrer muito. Sente contra
essa condição e medo de enfrentar a vida num corpo
feminino. Não quer estar ali, sente-se contrariada. A
paciente diz perceber que a mãe pressente que ela não
quer estar ali e sente medo e insegurança. Diz que acha
que transmite esses sentimentos para a mãe. Diz sentir provocar seu próprio abortamento, por não querer
nascer, pelo medo de passar por todo sofrimento de
novo; tem a sensação de fracasso e de culpa. Sente
A união entre o palestrante espírita Jacob Melo e o Grupo Seres
Imortais. E mais: entrevistas com
Tim e Vanessa, Nathália Paiva,
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Luz, entre outros.
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Especial
OS PAIS DEVEM ESTIMULAR INTELECTUALMENTE E AFETIVAMENTE O NOVO SER,
DESDE O INÍCIO DE SUA VIDA INTRA-UTERINA, CONTRIBUINDO PARA
DESENVOLVER SUAS MELHORES TENDÊNCIAS
que aproveita o medo da mãe e provoca sensações desagradáveis no corpo dela, através de movimentos
bruscos e desordenados, que fazem com que a mãe aumente o seu medo. Percebe sua mãe sonhando com um
parto mal sucedido e sente que esse sonha exerce influência sobre ela.
E, ao mesmo tempo, também sente medo. A mãe
vai ficando perturbada, descontrolada emocionalmente, deixa de ter cuidados com o próprio corpo e
acaba tendo um aborto espontâneo.
Momento mais traumático: Abortamento.
Decisão: Eu me destruí. Sinto culpa por ter
destruído essa chance.
Relação com o tema repressão: Não mereço viver.
Sentimento de culpa e de fracasso. Autopunição através da depressão.
Redecisão: Eu aceito, valorizo e agradeço pela
minha vida.
Mais ou menos de um terço dos abortos espontâneos, são clinicamente inexplicáveis; a mãe tem boa
saúde e é fisicamente capaz de carregar uma criança em seu útero, mas suas dificuldades são emocionais. O pesquisador T. Verny concluiu que o temor ou
o sentimento de sua responsabilidade e o medo de pôr
no mundo uma criança anormal aumentam, organicamente, o risco de aborto espontâneo.
Através da TRVP percebemos que a mãe pode provocar um aborto espontâneo inconscientemente, através da falta de cuidado físico e emoções desequilibradas. Uma parte da responsabilidade pela gravidez também é do feto, que garante o bom funcionamento endócrino da gravidez e desencadeia uma parte das inúmeras mudanças físicas, pelas quais passa o corpo da
mãe, para assegurar seu desenvolvimento e sua alimentação antes do nascimento. Ela produz substâncias,
contribuindo ativamente para a sua sobrevivência .
Em outra regressão, essa paciente vivenciou novamente a vida intra-uterina, com a mesma mãe, agora
na gestação da vida atual. Entrou em contato com uma
sensação de que sempre deve estar em alerta, porque
tem a impressão de que vai acontecer alguma coisa
ruim. A mãe sente medo de abortar novamente e a
paciente, na vivência dentro do útero, sente medo de
morrer antes de nascer e medo de se movimentar. Fica
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imóvel com medo de assustá-la. Sentimento de culpa
por estar desencadeando mal-estar em sua mãe. Sensação de angústia como se estivesse perdendo tempo.
Nessa vivência, surgiu um aspecto de depressão,
medo, revolta, culpa. Sua depressão estava intimamente relacionada à revolta contra a própria vida, ou
contra o próprio corpo feminino, situação financeira, cultura, raça etc., fazendo com que ela entrasse
num processo de vitimização, sentimento de injustiça, desânimo, falta de motivação pela vida, tristeza. Essa paciente apresenta uma doença auto-imune, que pode ser melhor compreendida num processo de autopunição pela sua parcela de responsabilidade pelo aborto. Tinha também pesadelos, nos quais
via-se girando num meio a um turbilhão.
Depois de esgotado o tema da depressão, essa
mesma paciente trabalhou a dificuldade em aceitarse como mulher e vivenciou em regressão um outro
aspecto da vida intra-uterina: seus pais desejavam um
filho do sexo masculino. Não queria decepcioná-los
porque sabia que ela não era quem eles gostariam que
fosse. Não queria nascer. Desenvolve então um padrão: “vou ser forte como um homem para satisfazêlos, para conquistar o amor deles”. Em algumas regressões anteriores, a paciente vivenciou cenas em
que ela própria entendeu como, em vidas passadas,
em que era homem, fez sofrer muitas mulheres, tratando-as como um ser inferior.
Insegurança
H.I.J. mulher, 48 anos, divorciada, empresária.
Queixa-se de insegurança, manifestadas por medos,
há 17 anos.
Vivências regressivas: Aos dois meses. Mãe está tomando algo ruim para abortá-la, sente desconforto
na garganta e no nariz. “É para eu morrer, eu não
quero morrer”. Sente a boca amarga. Percebe-se intoxicada fisicamente e pelo sentimento da mãe.
Manifesta raiva da mãe por ela rejeitar a sua gravidez. Depois sente alívio por não ter morrido.
Diz que identifica pensamentos do tipo: “o mundo
é ruim”. Percebe que a mãe esta passando fome porque sente uma fraqueza, uma queda da sua vitalidade.
Aos três meses. Sente que seu pai também quer matá-la. Pai bate na mãe e ela se
percebe como se estivesse apanhando também. Apresenta dor no corpo e fica toda encolhida. Sente-se rejeitada.
Tem medo de nascer e continua apanhando. “tenho que ser encolhida”, “tenho
que ficar quieta”.
Quer dizer para o pai que ela quer viver
e dá um chute. Diz sentir-se como se estivesse chorando por dentro, como se estivesse saindo a tristeza de dentro dela, através
do seu coração. A mãe sente-se também
rejeitada pelo pai.
Aos quatro meses. Chora. “Ninguém me
quer”. Encolhe-se toda. Mãe está triste e
quer morrer. Ouve a mãe dizer: “O que eu
fiz para merecer isso?”. Mãe refere-se às dificuldades financeiras, desprezo de sua família, mas a paciente diz que sente como
se referisse a ela. Sentimento de querer dar
forças à mãe. Sente que precisa morrer.
Momento mais traumático: Tentativa da mãe em
provocar abortamento.
Decisão: “Se nem meus pais me querem, ninguém
mais vai me querer. Não sou digna do amor de ninguém”.
Redecisão: “Eu me valorizo e me aproximo das
pessoas, com amor”.
A paciente estava fixada no sentimento da vítima,
acreditando que ninguém poderia querê-la; ela também afastava-se das pessoas e foi necessário em seu
processo psicoterápico trazer a responsabilidade para
ela mesma, para se tornar mais ativa, indo em direção às pessoas e melhorando sua auto-estima.
Seu sentimento de rejeição fazia com que nenhum
afeto fosse suficiente, e fazia com que a paciente criasse uma defesa de também rejeitar os pais e sentir
raiva deles. Ela apresentava um problema sério de relacionamento com os pais e com as pessoas em geral, pela insegurança, timidez e sentimento de incapacidade. Tinha uma personalidade independente por
ter auto-estima comprometida. Após as sessões de
regressão e da prática de suas redecisões, seus pro-
blemas foram plenamente solucionados.
Uma ligação intra-uterina sólida constitui a melhor proteção da criança contra os perigos do mundo
externo. Através desses conhecimentos, mães e pais
dispõem de uma oportunidade rica de participar da
formação da personalidade de seu filho antes do nascimento, acionando suas tendências mais positivas,
registrando nos níveis físico e espiritual, e incentivando nesse novo ser, sentimentos éticos de interesse e
compreensão pelo outro de trabalho e doação.
Fica clara a responsabilidade dos pais de estimularem intelectualmente e afetivamente o novo ser,
desde o início de sua vida intra-uterina, contribuindo para desenvolver suas melhores tendências, ensinamentos positivos, inibindo e diluindo as suas dificuldades.
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Para obter maiores informações sobre a Terapia Regressiva, poderá entrar e contato com a clínica do Dr.
Júlio Peres através do telefone: (11) 288-6523
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