- Câmara de Comércio Americana

Transcrição

- Câmara de Comércio Americana
Brasil Urgente O empreendedorismo feminino
Perfil FMC Technologies
Revista da
Câmara de
Comércio
Americana
para o Brasil
Desde 1921 nº279
jan/fev 2013
Entrevista
Eduarda La Rocque:
empenho à frente
do Instituto
Pereira Passos
Desafios
energéticos
Secas e reservatórios
baixos fazem Brasil
discutir os caminhos
para o sistema elétrico
CASA DA CRIAÇÃO
A gente ama
cuidar de você.
ANS - Nº 417165
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editorial
Conselho editorial
Helio Blak
Henrique Rzezinski
João César Lima
Omar Carneiro da Cunha
Rafael Sampaio da Motta
Roberto Castello Branco
Robson Barreto
Editora-chefe e jornalista responsável
Andréa Blum (MTB 031188RJ)
[email protected]
Colaboraram nesta edição:
Fábio Matxado (edição de arte), Cecília Acioli
(fotos), Luciana Maria Sanches (revisão),
Cláudio Rodrigues, Isabel Correia
e Sol Mendonça (texto)
Canal do leitor
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Os artigos assinados são de total
responsabilidade dos autores, não representando,
necessariamente, a opinião dos editores e a da
Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro
Publicidade
Liliane Dippolito
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A tiragem desta edição, de 6 mil exemplares,
é comprovada por Ernst & Young Terco
artigos relacionados
Impressão: Walprint
Uma publicação da Câmara de Comércio
Americana do Rio de Janeiro
Praça Pio X, 15, 5º andar
20040-020 Rio de Janeiro RJ
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Leia a revista também pelo site amchamrio.com
Henrique Rzezinski,
presidente da Câmara
de Comércio Americana
do Rio de Janeiro
fotos cecília acioli
O
ano de 2013 promete ser de grandes realizações para a Câmara
de Comércio Americana do Rio de Janeiro, que, após dois anos,
terá um novo presidente à frente da instituição, a partir de abril,
quando termina o meu mandato. Faço um balanço positivo do trabalho
empenhado na Amcham Rio neste biênio, pois foi um período de, com o
apoio entusiástico do staff da câmara, promover os ajustes e a reestruturação
na entidade. Mudanças que certamente a ajudarão a deslanchar como
território de novos negócios e articulações com as diferentes lideranças e
poderes que compõem o ambiente de negócios propício ao desenvolvimento
do município, Estado e das empresas aqui representadas.
De fato, 2012 entra para a história da Amcham Rio como um período
de muitas transformações estruturais, tanto nas instalações, que foram
completamente modernizadas, como na criação de novos serviços, e a
estreia, agora em março, de plataformas digitais. Acabamos de lançar um
novo site da instituição, mais moderno, dinâmico e interativo, que dá a
largada ao avanço de territórios inovadores de fomento a novos negócios
para os associados, como uma rede corporativa exclusiva aos membros e
um aplicativo para mobile, além de um amplo portfólio de produtos capazes
de serem customizados pelas empresas para se ajustar às necessidades de
cada uma. E, naturalmente, conteúdos atualizados para incrementar as
informações capazes de contribuir na tomada de decisões do empresariado.
O Amcham Rio Digital inaugura uma nova fase desta câmara, em que a
dinâmica entre os associados ganha uma perspectiva inédita a partir de novas
possibilidades de interações em meio digital, intensificando o networking.
Estamos trilhando o caminho que culminará nas comemorações do centenário
desta instituição, em 2016, celebração de grande porte que contará não só
com eventos de negócios, como também de atividades culturais, esportivas
e de responsabilidade social corporativa, fixando a marca da Amcham Rio
como a mais antiga Câmara de Comércio Americana na América Latina.
Nada mais harmônico, tendo em vista a história que a própria cidade está
prestes a escrever nos anos vindouros.
Estamos muito satisfeitos em poder dividir as nossas realizações deste
ano e as inovações que virão e reforçarão a presença da Amcham Rio como
uma das mais relevantes entidades empresariais do Rio. Com a sensação do
dever cumprido, mas entendendo que há muito ainda a se construir para o
crescimento constante, me despeço do cargo de presidente, mas continuarei
a participar do Comitê Executivo na qualidade de ex-presidente empenhado
em dar meu suporte e contribuição para o sucesso da nossa Amcham Rio.
Boa leitura!
Caso não esteja recebendo o seu exemplar ou queira
atualizar seus dados, entre em contato com Terezinha
Marques: (21) 3213-9220 ou [email protected]
34 Secas e reservatórios baixos fazem País discutir a
segurança do sistema elétrico
38 A opinião do especialista e
professor da Coppe/UFRJ
Roberto Schaeffer sobre a situação
atual do País e como desatar o nó
vivido pelo setor energético
44 O diretor de Energia e
Desenvolvimento de Novos
Negócios da Light, Evandro
Vasconcelos, discute a atual
situação do sistema com
empresários no Comitê de
Energia da Câmara de Comércio
Americana do Rio
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Em Foco
Notícias sobre as empresas associadas
e a agenda de eventos da Amcham Rio para 2013
Entrevista
Eduarda La Rocque, ex-secretária de Fazenda
do Rio, assume a presidência do Instituto
Pereira Passos pela transformação social e
econômica da cidade e de sua população
Perfil
A premiada FMC Technologies fornece soluções
tecnológicas para a indústria de energia ao redor
do mundo. No Brasil, seus equipamentos estão
em metade das operações de óleo e gás
Brasil Urgente
A ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres,
Eleonora Menicucci, e o trabalho de uma década da
pasta pelo incremento de oportunidades e políticas
para as lideranças femininas também nos negócios
Empreendedorismo
Mulheres brasileiras recebem pela primeira vez
o programa de coaching empresarial
da Ernst & Young Terco, o Winning Women
Ponto de Vista
Hospital Pró-Cardíaco inova com tecnologia
pioneira na América Latina. É o que nos conta
o diretor-executivo do hospital,
Marcus Vinícius J. dos Santos
Radar
O presidente da Rio Film Comission, Steve Solot,
mostra a evolução na criação de incentivos e
promoção das film commissions na América Latina,
progresso este que não foi vivido pelo Brasil
Comitês Amcham Rio
As novidades para 2013 e as propostas de trabalho
do Comitê de Entretenimento, Esportes e Cultura
Especial – Os desafios para o setor
energético em 2013
Ponto de Vista
Nem todo mundo concorda com o gap de mão
de obra na área de óleo e gás. O diretor-presidente
da Radix, Luiz Eduardo Rubião, e o case de sucesso
da empresa na contramão do mercado
em foco
Rio recebe maior evento de
audiovisual da América Latina
A terceira edição do RioContentMarket, evento de referência do
mercado de audiovisual na América Latina, foi realizada entre os
dias 19 e 22 de fevereiro, no Rio de Janeiro, e recebeu cerca de 3 mil
participantes. O evento, que teve o apoio da Câmara de Comércio
Americana do Rio de Janeiro, contou com a presença de profissionais de TV e mídias digitais que estiveram no hotel Windsor Barra
para discutir sobre o setor.
Foram realizados 93 painéis, com a presença de 290 palestrantes
e players, 16 keynote speakers brasileiros e internacionais e 38 canais
expondo demandas e modelos de negócios no “30 Minutos com...”.
As rodadas de negócios do evento proporcionaram mais de mil reuniões, sendo 820 pré-agendadas e cerca de 300 encontros organizados entre 74 players brasileiros e 54 estrangeiros.
Durante o evento, foram firmados importantes acordos institucionais e de mercado para o setor audiovisual, a exemplo da assinatura do Termo de Convênio de Cooperação Audiovisual pela
ABPITV e Sicav. Já a Spirit of Football (SOF) anunciou sua primeira
parceria com a produtora brasileira DGT Filmes, que renderá negócios da ordem de US$ 5 milhões.
O potencial internacional, marca registrada do RioContentMarket
desde sua criação, esteve traduzido na presença de delegações
internacionais e representantes de 29 países.
O presidente da ABPITV, Marco Altberg
Light Recicla
O projeto socioambiental de geração de renda Light Recicla, que consiste na
troca de material reciclável
por desconto na conta de
energia elétrica, recolheu
842 toneladas de material
e 3.945 litros de óleo entre
junho de 2011 e janeiro de
2013. O foco do programa
são as comunidades pacificadas do Rio de Janeiro, as
chamadas UPPs. O projeto
é destinado a clientes residenciais da Light que moram nesses locais. No período mencionado, foram
cadastrados 3.585 domicílios. A energia economizada chegou a 2.989 MWh, o
equivalente ao consumo de
14.945 casas por mês, ou
1.245 casas por ano.
6_Edição 279_jan/fev 2013
Conte com a Transvisas
para descomplicar
o que pode parecer
complicado.
Fusão no ar
A Embraer Defesa e Segurança e sua associada AEL Sistemas, subsidiária da empresa israelense Elbit Systems,
anunciaram em fevereiro a entrada da Avibras Divisão Aérea e Naval no capital social da Harpia Sistemas, a fim de
desenvolver de forma conjunta o mercado de aeronaves remotamente pilotadas (ARP) no Brasil. Assim, a Avibras passará a deter uma participação de 9% das ações da empresa
enquanto a AEL Sistemas responde por 40% da composição acionária. A Embraer Defesa e Segurança permanece
como acionista majoritária, com 51% das ações.
Educação corporativa
O gerente-executivo da Escola de Negócios da PUCRio (IAG), Marco Oliveira, e a sócia-diretora da empresa ID
Projetos Educacionais, Andrea Ramal, coordenam o curso
de extensão “Educação corporativa – fundamentos e gestão”, que começa em abril. O programa terá duração de
80 horas, com aulas presenciais aos sábados no Campus
Gávea da PUC-Rio, além de interações a distância.
Perenidade
A Transvisas é especialista em:
• Legalização de estrangeiros;
• Emissão de vistos de
trabalho temporários ou
permanentes;
• Documentos para estrangeiros;
• Suporte a brasileiros para
emissão de passaportes e vistos
consulares;
• Despachos de navios
e liberação de tripulantes.
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A Xerox apresentará na ExpoPrint Digital 2013, que
acontece de 13 a 16 de março em São Paulo, a nova impressora iGen 150. O equipamento promete simplificar as
rotinas de setup, acelerar o ciclo de produção e manter a
precisão e confiabilidade da imagem impressa por muito
mais tempo, o que torna a iGen 150 a impressora de produção gráfica em cores de maior produtividade do segmento
trabalhando com folhas soltas.
Chocolate oficial
O chocolate e sorvete
oficiais da Copa do
Mundo de 2014
e da Copa das
Confederações
de 2013 são da
Chocolates Garoto.
Este é o maior investimento
em marketing da história
da empresa. Serão cerca
de R$ 200 milhões em
desenvolvimento de novos
produtos, ações de mídia
e redes sociais, além da
exclusividade da venda
dos produtos da marca
nos estádios.
8_Edição 279_jan/fev 2013
em foco
Vale ouro
A Vale fechou um acordo inédito com a empresa Silver Wheaton (SLW), do Canadá. O contrato dá direto à SLW de adquirir 25% de todo o ouro a ser produzido nas
unidades de cobre da Vale em Salobo, no Pará, durante toda a vida das minas, calculada em 50 anos. No caso do ouro extraído de sete minas de níquel, em Sudbury,
no Canadá, a empresa comprará 70% do metal precioso por um período de 20 anos.
A Vale receberá um pagamento inicial em dinheiro no valor de US$ 1,9 bilhão, mais
10 milhões de warrants (título que confere ao detentor o direito de compra de ativos
por um preço predeterminado).
Coca-Cola investe R$ 2,6 bi
no Brasil este ano
O Sistema Coca-Cola Brasil, formado pela Coca-Cola Brasil e 16
fabricantes autorizados, avançou
5% no volume de vendas em 2012,
com 11,3 bilhões de litros vendidos.
A companhia registra nove anos de
crescimento consecutivos da operação brasileira e, em 2013, investirá
R$ 2,6 bilhões no Brasil. De 2012 a
2016, o total investido será de R$ 14,1
bilhões. O valor é compatível com
o planejamento que engloba ações
relevantes nos eventos de Copa do
Mundo e Jogos Olímpicos, dos quais
a Coca-Cola é patrocinadora oficial.
O desempenho positivo e o crescimento da empresa no Brasil são baseados em sustentabilidade. O índice
de uso de água na operação brasileira, por exemplo, é um dos melhores
do mundo: 1,91 litro de água para
cada litro de bebida produzido – menos da metade do volume utilizado 13
anos atrás.
10_Edição 279_jan/fev 2013
Programa Trainee da DPC
A Domingues e Pinho
Contadores, associada à
GBrasil no Rio de Janeiro e
em São Paulo, registrou um
marco histórico em 2012. As
duas unidades da empresa
admitiram 109 trainees, a partir
de um concorrido processo de
seleção, do qual participaram
1.193 candidatos graduados
em ciências contábeis,
administração, economia,
tecnologia da informação e
recursos humanos. O programa
Trainee DPC é realizado duas
vezes por ano, e praticamente
todas as universidades
canalizam alunos para o
recrutamento. A empresa possui
hoje 593 colaboradores, e 65%
dos gerentes da organização
contábil tiveram origem nos
programas de trainee.
Prêmio Excelência
A Petrobras recebeu o Prêmio Excelência Profissional em Convergência Contábil, que está em sua primeira
edição, na categoria Empresa Estatal,
Óleo e Gás, que reconhece os melhores
profissionais contábeis. Durante a premiação, organizada pela Federação dos
Contabilistas do Estado de São Paulo
(Fecontesp), foram destacados os melhores trabalhos voltados à contabilidade de 2011 visando incentivar o aprimoramento profissional dos trabalhadores
do setor.
O gerente-executivo de Contabilidade,
Marcos Menezes, recebeu o troféu pela
companhia. “A Petrobras está muito contente em participar desta primeira premiação idealizada pela Fecontesp. É uma
oportunidade de conhecer trabalhos de
outras entidades e todo trabalho em torno da convergência do IFRS (Normas Internacionais de Contabilidade), que vem
sendo produzido no âmbito das empresas
brasileiras, das entidades acadêmicas e
de classe”, afirmou Menezes.
Compromisso de longo prazo
com o desenvolvimento do país
A BG Brasil é parte do BG Group, companhia integrada de gás natural que atua na exploração e produção
de hidrocarbonetos em mais de 20 países. Presente no Brasil desde 1994, a BG Brasil tem compromisso de
longo prazo com o país e conta com um programa multibilionário para o pré-sal.
A companhia apresenta alta taxa de sucesso no programa de perfuração em águas profundas na Bacia de
Santos, tendo já investido mais de US$ 5 bilhões no país.
A educação e o desenvolvimento de capital humano voltado à economia do conhecimento estão entre
as prioridades da BG Brasil. A estratégia de sustentabilidade da companhia tem foco em tecnologia,
investimento social, conteúdo local, meio ambiente e segurança – pilares que guardam estreita sintonia
com os interesses nacionais.
www.bg-group.com/brasil
em foco
Auditoria e impostos
A KPMG no Brasil está lançando
uma publicação que traz as principais
alterações contábeis e tributárias ocorridas no País em 2012. Trata-se da 12ª
edição de Sinopse Contábil & Tributária, publicação que aborda importantes
mudanças ocorridas ao longo do último
ano e cujo objetivo é contribuir para que
as empresas brasileiras se adaptem às
novas normas e padrões de contabilidade, bem como atentem para as principais novidades tributárias.
Na atual edição, são enfatizados
na seção “Highlights” alguns dos aspectos mais relevantes e críticos de
certas normas contábeis brasileiras
e internacionais. A primeira parte da
publicação inclui um resumo das normas e regulamentos mais importantes
relacionados à elaboração e apresentação de demonstrações financeiras
para o exercício encerrado em 31 de
dezembro de 2012. Já o segundo tre-
Agenda 2013
Amcham Rio
março
8/3 Tax Friday | Multas e
Penalidades Administrativas
Tributárias
12/3 Curso “Inglês para óleo
e gás” | Parceria Amcham Rio
e BridgeBrazil – Início: 12/3 e
término: 2/5 (terças e quintas,
na parte da manhã)
abril
1/4 Seminário “Eficiência
energética: projetos,
determinações e investimentos”
5/4 Posse da Diretoria
da Amcham Rio
10/4 Ideas Exchange –
“Importação e exportação
de executivos: novo panorama
em recursos humanos
e seus aspectos jurídicos”
12/4 Tax Friday | Transfer Pricing
- As novas exigências da Instrução
Normativa nº 1.312/12
cho do trabalho apresenta uma síntese
das principais alterações da legislação
tributária no Brasil.
A publicação terá uma versão impressa, mas pode ser acessada gratuitamente no site da KPMG.
Novos poços
Após pouco mais de um mês desde sua chegada ao local definitivo de produção, no pós-sal da Bacia de Santos,
nos campos de Baúna e Piracaba, o FPSO Cidade de Itajaí,
da Odebrecht Óleo & Gás, produziu seu primeiro óleo. Esta
é a primeira unidade de produção da empresa a operar no
Brasil. A unidade, operada pelo Consórcio OOG TK FPSO,
está afretada para a Petrobras por nove anos, com opção
de extensão por até mais seis anos.
No momento, o FPSO está conectado a um poço cujo
potencial de produção é de 12 mil barris de óleo por dia,
sendo que sua capacidade de processamento é de até 80
mil barris. Os próximos passos associados ao desenvolvimento da produção incluem a interligação da unidade a
mais cinco poços produtores e cinco injetores, sendo quatro de água e um de gás.
ÁREAS DE ATUAÇÃO
PRACTICE AREAS
Direito Administrativo, Regulação e Infraestrutura
Administrative Law
Direito Societário
Corporate Law
Mercado Financeiro e de Capitais
Financial and Capital Markets
Direito da Concorrência
Competition Law
Direito da Energia
Energy Law
Direito Tributário
Tax Law
Contencioso Judicial e Administrativo
Judicial and Administrative Litigation
Arbitragem
Arbitration
Contratos
Contracts
Direito Imobiliário
Real-Estate Law
Direito do Trabalho
Labor Law
Direito Previdenciário
Pension Law
Direito Ambiental
Environmental Law
Direito Eleitoral
Election Law
Propriedade Intelectual
Intellectual Property
Direito Internacional
International Law
Premiação
O Citibank foi nomeado o Melhor Provedor Global de
Tesouraria e Gestão de Caixa na América Latina pela revista Global Finance. Pelo quinto ano consecutivo, o banco
foi classificado como o principal fornecedor regional na indústria, sendo reconhecido por sua contínua liderança regional na categoria. O Citibank também ficou em primeiro
lugar nas categorias Melhor Banco para Gestão de Liquidez, Melhor Banco de Gerenciamento de Riscos e Melhor
Banco para Pagamentos e Cobrança.
Rua Dias Ferreira 190, 7º andar
Rua Sete de Setembro 99, 18º andar
Av. Juscelino Kubitschek 1726, 18º andar
Leblon – Rio de Janeiro – RJ
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Itaim Bibi – São Paulo – SP
22431-050 – Brasil
20050-005 – Brasil
04543-000 – Brasil
T 55 21 3543.6100 F 55 21 2507.0640
T 55 21 3543.6100 F 55 21 2507.0640
T 55 11 4097.2001 F 55 11 4097.2100
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12_Edição 279_jan/fev 2013
entrevista
Eduarda La Rocque,
presidente do Instituto
Pereira Passos
A economista que conseguiu atrair
investimentos inéditos do BIRD para o
Rio de Janeiro e implantar a Nota Fiscal
Carioca sequer pestanejou ao aceitar o
convite do prefeito Eduardo Paes para
liderar o Instituto Pereira Passos (IPP).
Eduarda La Rocque está empenhada
em reduzir as diferenças e incluir
as favelas no mapa da cidade
Por Andréa Blum e Cláudio Rodrigues
Fotos Cecília Acioli
P
Uma cidade inclusiva e a conta
14_Edição 279_jan/fev 2013
ara um economista, praticamente tudo na vida tem preço.
Para a presidente do Instituto Pereira Passos (IPP) não é muito diferente. No entanto, em vez de observar apenas o saldo
de sua própria conta bancária, Eduarda La Rocque busca o lucro
que vem em outra moeda. Ao apostar na união das ferramentas de
mercado com as questões socioambientais da cidade, investindo em
programas como o UPP Social, ela espera colher os rendimentos da
vida com qualidade numa cidade mais inclusiva e amigável.
Pouco antes de ela aceitar a proposta do prefeito Eduardo Paes
de trocar o rentável mercado financeiro pela titularidade da Secretaria Municipal de Fazenda, o carro de Eduarda havia levado um tiro.
Em vez de se blindar, apostando na proteção individual, ela percebeu que era o momento de partir para a vida pública, trabalhar pela
cidade, por todos os cariocas.
Sua gestão na Fazenda foi marcada por vários sucessos. Eduarda
obteve empréstimo de US$ 1 bilhão do Banco Mundial (Bird) – fato
inédito para municípios –, implantou o projeto Nota Fiscal Carioca,
que ajudou a reduzir a evasão fiscal, e saneou as finanças públicas.
Durante sua administração, o Rio recebeu grau de investimento por
três agências internacionais de rating.
Mesmo assim, voltou a apostar em mudanças. Trocou a secretaria – uma das pastas mais importantes do primeiro escalão do
governo municipal – pelo IPP. Para muitos, isso poderia significar
um rebaixamento na estrutura do Governo. Para Eduarda, não. É o
grande desafio de estar mais perto das causas sociais, carregando a
eficiência que ela já provou ter no mundo financeiro, no qual atuou
em bancos e fundou um sistema de gestão de risco. Ao costurar dois
mundos tão distintos, economia e social, ela quer cerzir a cidade
partida. Tanto que comprou um apartamento de frente para uma favela da Zona Sul. Uma mostra de sua confiança no trabalho de unificação do Rio. E de sua paixão pela praia, pelo esporte (foi jogadora
de vôlei) e pela própria Cidade Maravilhosa. Leia a seguir a íntegra
da entrevista concedida por Eduarda La Rocque com exclusividade
à Brazilian Business, na sede do IPP, na Zona Sul da cidade.
Edição 279 Brazilian Business_15
entrevista Eduarda La Rocque
Brazilian Business: Qual o principal papel
e o maior desafio do IPP?
Eduarda La Rocque: Eu costumo dizer que
o coração do IPP é a base de informações
da cidade. São informações para subsidiar
planejamento estratégico. Há uma brincadeira que diz que IPP significa Instituto de
Políticas Públicas. Na verdade, é um pouco disso sim. Reflexo de sua criação como
Instituto Municipal de Urbanismo, inspirado na experiência de Curitiba, do prefeito
Jaime Lerner. O IPP foi criado para ser um
moderno instituto de urbanismo. Historicamente, organizou o Favela-Bairro, um
grande projeto urbanístico de transformar
favelas em bairros. Ao longo do tempo, foi
ganhando outra configuração: o planejamento da candidatura olímpica, a concepção da Cedurp (Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio
de Janeiro), que gerou o Porto Maravilha.
Então, na gestão do prefeito Eduardo Paes,
esse papel inicial de urbanismo do IPP foi
para a Secretaria de Urbanismo. O IPP se
transformou num órgão de desenvolvimento econômico. Neste sentido, foi criada a Rio Negócios, por exemplo. Depois,
veio o programa UPP Social, de desenvolvimento social. Ou seja, o IPP é um misto
de IBGE com Ipea, mas com foco municipal. Aqui, temos informação, pesquisa,
planejamento e prática. E integração de
política pública, que é o que a minha experiência na Secretaria de Fazenda mostra, é a coisa que mais falta para a gente
conseguir efetividade na gestão pública.
Queremos transformar o IPP num grande
integrador de política pública.
BB: Como fazer essa integração?
ELR: Com uma agenda muito forte de articulação entre as várias
secretarias municipais, com o setor privado e o terceiro setor. Eu
tenho trabalhado muito na ideia de que para a gente conseguir
avançar esse tema de sustentabilidade, precisamos desenvolver
estruturas de governança e transparência adequadas para um conceito que eu chamo de PPP3: Parcerias Público-Privadas com o
Terceiro Setor. A gente tem um caminho longo pela frente. Precisa
criar estruturas de governança apropriadas. A nossa nova missão
é gestão de conhecimento, integração de política pública com o
setor privado, que é uma missão muito importante. O Rio precisa
promover um desenvolvimento sustentável, aproveitar a oportunidade da Olimpíada para efetivamente construir um legado de
longo prazo. A gente precisa de muito planejamento para conseguir o sucesso dessa virada histórica que a gente deu com essa
nova administração. O Rio estava no fundo do poço. Então a gente
conseguiu promover uma virada, um círculo vicioso que virou um
círculo virtuoso. O Rio deixou de afugentar o investimento privado para atraí-lo. São investimentos em infraestrutura urbana.
Há um ambiente propício para negócios, muito investimento em
curso. Queria citar o livro Rio: A Hora da Virada, de André Urani
e Fabio Giambiagi. Eles citam três grandes motivos. O primeiro
é uma mobilização da sociedade muito grande, uma consciência
coletiva de que todo mundo precisa fazer alguma coisa. Pessoas
que, como eu, saem do setor privado para dar sua contribuição
para o setor público local. O segundo é o boom de petróleo e gás,
que realmente dá um dinamismo para a economia. O terceiro é o
nível de seriedade da gestão pública. Desde a política de segurança
de Sérgio Cabral até a aliança política importante dos três níveis
de governo. Com prefeitura, Estado e Governo Federal alinhados,
é possível ser mais eficiente no setor público, em que as coisas são
muito enroladas. Ainda mais com um sistema tributário tão complexo, com transferências entre os entes federativos. Sem um alinhamento muito forte, as coisas não acontecem. A revitalização do
Porto, por exemplo, estava no papel há 20 anos. O prefeito, que é
um grande gestor, conseguiu tirá-la do papel. Um desafio gigantesco, até porque aqui no Rio, que já foi capital, Estado, a questão
fundiária é muito difícil.
“Quando surgiu o convite
para o IPP, que é um cargo
de segundo escalão,
penso que poucas pessoas
aceitariam o downgrade
do ponto de vista político.
Eu aceitei na hora”
16_Edição 279_jan/fev 2013
BB: E como o setor privado deve participar,
qual é a importância das empresas neste
momento que o Rio está vivendo?
ELR: O setor privado é fundamental. O pro-
jeto de revitalização do Porto é um exemplo.
A maior PPP do Brasil. A contribuição não
é apenas o investimento, mas o nível de eficiência para complementar o setor público,
que deve atuar como um coordenador, definidor das políticas públicas e de incentivos.
O setor privado é inevitavelmente mais ágil
para operacionalizar esses projetos de grande escala. Precisamos das parcerias públicoprivadas e com o terceiro setor. O PPP3 é o
caminho natural. Um exemplo é a BVRio,
que é a Bolsa Verde do Rio de Janeiro: uma
parceria do Governo do Estado, por meio
da Secretaria de Economia Verde, querendo
estimular o desenvolvimento da economia
verde no Estado do Rio, com a participação
da prefeitura, desde a época em que eu era
a secretária de Fazenda. Tendo esse projeto
de revitalização do setor financeiro, eu criei
o Grupo Financeiro Carioca, pois perdemos
boa parte do movimento, os bancos foram
para São Paulo, mas temos certamente um
lugar muito importante ao sol nessa área financeira. Toda essa cadeia de óleo e gás exige
uma série de instrumentos e inovações financeiras. Agora, trouxe para o IPP essa iniciativa, de estímulo ao desenvolvimento do setor
financeiro local, que é um setor que alavanca
muito o crescimento.
BB: Também há projetos
ambientais previstos?
ELR: Um projeto que a gente não abando-
nou ainda, que é o projeto dos meus sonhos,
que é finalmente conseguir limpar a Baía de
Guanabara. A gente tem aqui no IPP uma das
áreas fundamentais, a avaliação dos impactos
e o monitoramento de políticas públicas. Tenho certeza de que a despoluição da Baía de
Guanabara seria um dos projetos mais caros,
não só pelo ponto de vista financeiro, de orçamento, que é muito alto, mas também por
causa dessa questão de governança, muito difícil. São sete municípios limítrofes despejando esgoto na baía. Para coordenar isso não é
fácil. Mas traria grandes benefícios, como as
áreas de lazer ao redor da Baía de Guanabara,
o que evitaria muito o fluxo de pessoas para
as praias da Zona Sul. Neste processo, estou
trabalhando em inovação de finanças, nos
mecanismos que possam promover o desenvolvimento sustentável.
BB: Por que trocar o setor privado pelo público?
ELR: Deixar o setor privado para virar a secretária de Fazenda foi
um processo estranho. Eu estava em um momento de vida no qual
realmente queria contribuir mais com a sociedade, principalmente
com o Rio. Tenho um caso de amor com esta cidade. Fiz doutorado
aqui, na PUC-Rio. Não quis ir para o exterior estudar. Trabalhei 11
anos no mercado financeiro, também no Rio. Fui uma das poucas
que conseguiu ficar aqui. Eu estava pensando em montar um projeto
social, criar uma ONG, tentar contribuir mais com a sociedade. Fico
muito indignada com a desigualdade de oportunidades no Brasil, em
particular. Quando surgiu a oportunidade, o convite para ser secretária de Fazenda, pensei: “Grande oportunidade, se eu estou querendo ir para o terceiro setor, o setor público aumentaria muito a minha
experiência”. De fato, foi uma experiência muito enriquecedora para
justamente poder conseguir no futuro articular o privado com o público e com o terceiro setor. Já tinha falado com o prefeito que gostaria de trabalhar mais perto da área social. Quando surgiu o convite
para o IPP, que é um cargo de segundo escalão, uma autarquia vinculada à Secretaria de Casa Civil, quando a Fazenda está entre as três
secretarias mais importantes, penso que poucas pessoas aceitariam
o downgrade do ponto de vista político. Eu aceitei na hora. Assumi o
IPP e estou participando muito ativamente. Vamos ter muita notícia
boa num futuro próximo em relação ao fundo de desenvolvimento
das favelas e integração das favelas da cidade. O BNDES é parceiro,
já está entrando com o dinheiro e já temos R$ 30 milhões garantidos
para esse fundo. O IPP foi escolhido para criar a estrutura adequada,
o arcabouço para a gestão e definição de critérios para a escolha dos
projetos e toda a parte de avaliação de desempenho, de impacto. É
muita coisa boa que vai acontecer num futuro próximo.
BB: Qual o desafio do Rio, a vocação da cidade?
ELR: Serviços e turismo. Uma cidade que apresenta qualidade de
vida. Toda essa beleza estupenda, a praia, a qualidade de vida, estimula setores mais flexíveis, a economia criativa. Setor de TI, audiovisual, e a vocação natural óbvia é turismo. Não tem porque depois
da Olimpíada não se tornar um dos principais destinos turísticos
do mundo. Mas, para isso, a gente tem que mudar muito a nossa
cultura de serviços. O Rio acabou de comemorar que no ano passado recebeu 2 milhões de turistas estrangeiros, o Brasil, 5 milhões.
Cidades como Paris e Nova York recebem 15 milhões por ano. Então aí você vê nosso potencial. O carioca é um guia turístico em
potencial. Gosto muito de praia. Tem até a questão de que carioca
trabalha pouco. No meu caso, é mentira. Mas concordo que o custo
de oportunidade de trabalhar é alto.
BB: Como lidar com as diferenças entre favela e asfalto?
ELR: Acho que a gente vai passar por um processo de revitaliza-
ção urbana e reintegração, acredito no Rio como cidade flexível, de
braços abertos para o turista, para as pessoas, muito amigável, integrada. A minha principal missão é integrar as favelas. Como estava falando, gosto muito da praia. Quis comprar um apartamento
perto do mar, mas os preços estão muito altos. E devem aumentar
ainda mais. Então, comprei de frente para a favela. Vou trabalhar
por isso, pela integração. Acredito que seja uma política que vai
dar certo. Sou compradora de imóveis de regiões tidas como mais
vulneráveis. Espero uma Zona Sul muito integrada.
Edição 279 Brazilian Business_17
entrevista Eduarda La Rocque
BB: Em relação aos grandes eventos, como fazer com que o
carioca aproveite as oportunidades que estão surgindo?
ELR: O foco é legado para dentro. A gente precisa gerar um número
BB: O IPP lida com dados. O que falta colocar no mapa da cidade?
ELR: Estamos incluindo a favela no mapa. O projeto é lindo. A UPP
enorme de empregos nesses novos hotéis. Camareiras, garçons, recepcionistas. E precisamos capacitar a população e buscar mão de
obra nas favelas para promover a interação. É importante um planejamento integrado para superar todos os desafios até a Olimpíada,
essa é minha missão. Ensinar idiomas, falar inglês.
Social está sendo ampliada com outros agentes públicos. Em breve
teremos notícias sobre esse novo planejamento integrado de gestão
territorial com vários parceiros: BNDES, arquidiocese, rede de comunidades, ONGs e trabalho voluntário. Muita gente é reticente com
a cultura de voluntariado carioca, mas acredito que, daqui a quatro
anos, teremos uma cidade mais integrada e com o capital social.
BB: As empresas podem participar desse processo de capacitação?
ELR: Percebo isso muito claramente. Todas as iniciativas mais so-
BB: Pode explicar melhor a atuação da UPP Social?
ELR: Atualizamos a cartografia da cidade com moradores de comu-
ciais do setor privado também têm que ser integradas. Estava no
consulado e eles falando do projeto de levar inglês para as favelas, e
temos que aumentar essa escala.
BB: Como fazer com que esse crescimento seja sustentável?
ELR: A Secretaria Municipal de Obras faz o BRT (corredor exclusivo
de ônibus) com a obrigação de criar ciclovias. Este é um tema estratégico para a Secretaria Municipal de Meio Ambiente. A Cedurp faz
ciclovias no Porto. Este é um dos exemplos, mas teremos novidades
boas num futuro próximo. Posso citar aqui a preocupação de fazer
com que a Secretaria de Transportes seja a Secretaria da Mobilidade
Urbana, diminuindo o número de ônibus em circulação. A Avenida
Rio Branco deverá ser fechada aos coletivos. A Comlurb terá grande
foco em coleta seletiva de lixo. Vamos avançar muito.
BB: Mas ainda há os passivos ambientais?
ELR: É um desafio enorme, a despoluição da Baía de Guanabara é
o maior deles. Mas conseguimos fechar (o aterro sanitário controlado de) Gramacho, que foi um dos grandes avanços do primeiro
mandato. E agora temos projeto de uma concessão privada para o
saneamento da Zona Oeste, que é absolutamente fundamental. Os
desafios são enormes, precisamos trazer o setor privado junto.
“Fico muito indignada
com a desigualdade de
oportunidades no Brasil, em
particular”
nidades que a gente recruta com a ONU-Habitat (agência das Nações
Unidas). A primeira atividade foi ir pessoalmente às ruelas para colocar a favela no mapa. Assim, o jovem da comunidade vai ter um endereço para colocar no seu currículo, fazer a carta chegar à sua casa.
Meu foco é menos de assistência social e mais de desenvolvimento
econômico inclusivo. São três grandes eixos: empreendedorismo e
capacitação; esporte para o desenvolvimento; cultura. Nesse sentido, há os projetos de capacitação profissional, com vários parceiros.
Também identificamos as quadras de esporte, as vilas olímpicas e fazemos um projeto de melhor utilização de equipamentos públicos.
Mapeamos as quadras que precisam de melhorias e viabilizamos o
dinheiro para a reforma. Vamos criar o comitê da orla. As comunidades da Zona Sul podem ter moradores capacitados para dar aulas
na areia, fazendo da praia um playground para turista o ano todo, gerando trabalho e oportunidade para os moradores de comunidades.
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Áreas de Prática | Practice Areas
Administrativo
Arbitration and Mediation
Arbitragem e Mediação
Bancário e Financeiro
Comércio Exterior
BB: É possível ser otimista?
ELR: Sou otimista com o mundo. A gente viveu um período capi-
Compliance
Consumer Law
Corporate
Corporate Immigration
Energia Elétrica
Credit Recovery & Corporate Reorganization
Entretenimento
Energy
Financiamento de Projetos
Entertainment
Fusões e Aquisições
Environmental
Imobiliário
Infraestrutura
Mercado de Capitais
Mineração
Naval
Petróleo e Gás
Private Equity
Propriedade Intelectual
Recuperação de Créditos e de Empresas
Seguro e Resseguro
Societário
Tecnologia da Informação
Telecomunicações
Trabalhista e Previdenciário
Tributário
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Capital Markets
Contracts
Imigração Empresarial
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231 / 23º andar
Castelo – 20030-021 – RJ
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Fax: (55 21) 2262-4247
Banking and Finance
Contencioso
Governança
talista muito concentrador de renda, mas esse modelo se exauriu.
Acho que vamos ter um capitalismo mais inclusivo. O modelo concentrador gera baixo bem-estar para o 1% que tem a renda, mas não
está feliz. O processo de enriquecimento permite acumular riquezas,
bens, exige mais contratação de empregados, e as pessoas ficam sem
qualidade no tempo com os filhos, que têm tudo e não dão valor para
nada. O que me fez aceitar o convite para ser secretária de Fazenda
foi um tiro no meu carro. Em vez de blindar meu carro, não queria
fazer isso de jeito nenhum, quero poder viver na cidade, ir à praia. Se
pegar o dinheiro de blindagem e investir em causas socioambientais,
em projetos inclusivos, podemos acabar com a cidade partida.
Aviation
Consumidor
Contratos
BB: A clara prestação de contas ajuda nesse processo
com a sociedade?
ELR: Projeto de comunicação é fundamental. Um dos desafios da
18_Edição 279_jan/fev 2013
Antitrust and Competition
Aeronáutico
Ambiental
noção de limite, de garra, espírito coletivo. A Adriana e a Shelda (jogadoras de vôlei de praia) são nossas parceiras. Elas podem passar
noções de superação de autoestima. A Shelda, por exemplo, veio de
uma família pobre do Ceará. As pessoas assim percebem que podem
avançar. A mobilidade social precisa ser trabalhada.
Administrative
Aduaneiro
Antitruste e Concorrência
BB: O esporte é uma ferramenta de transformação?
ELR: Sou fã do esporte. Faz a gente crescer como ser humano. Traz
UPP Social é o marketing. Descobri um diamante, que precisa ser lapidado e virar produto. Há muita informação, mas esse conteúdo não
chega. Não está direcionado para o público certo. Mas faz toda a diferença comunicar o que estamos fazendo aqui para a população.
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perfil
U
20_Edição 279_jan/fev 2013
O Separador Submarino Água-Óleo
SSAO, o sistema de processamento
submarino mais sofisticado do mundo,
desenvolvido pela FMC Technologies
Inovação em alta profundidade
No Brasil, cerca de 50% de todo o petróleo
e gás produzido em alto-mar passa por
algum equipamento da FMC Technologies
Por Cláudio Rodrigues
A companhia é detentora
do recorde mundial de
instalação em maior
profundidade
divulgação
m borrifador de origem agrícola,
criado por John Bean, fundador
da FMC, em 1884, foi o primeiro
passo. Desde então, a companhia se diversificou. Até que, em 2000, a divisão de Sistemas de Energia saiu da FMC, surgindo assim a FMC Technologies, que se consolida
como uma fornecedora global de soluções
tecnológicas para a indústria de energia.
Hoje, são aproximadamente 18.400 colaboradores em 30 unidades de produção de 16
países. Ano passado, a corporação foi mais
uma vez nomeada pela revista Fortune a
empresa de equipamentos e serviços de
óleo e gás mais admirada do mundo. E, pela
Forbes, a mais inovadora do mundo no
ranking das empresas de óleo e gás. No
Brasil, cerca de 50% de todo o petróleo e
gás produzido em alto-mar passa por algum equipamento da FMC Technologies.
Da herança de Bean, a aposta na inovação e pesquisa, desde sempre. A FMC Technologies quer estar à frente da demanda do
mercado, seja na capacidade de atendimento,
seja no desenvolvimento de novas tecnologias e soluções para seus clientes. Localizada
no Rio de Janeiro, onde desenvolve, projeta
e qualifica seus sistemas e equipamentos, a
companhia tem ainda duas unidades de fabricação e uma base de serviços em Macaé.
Possui um quadro de funcionários composto por brasileiros e investe constantemente
no desenvolvimento de produtos nacionais,
com alto índice de conteúdo local. São centenas de equipamentos submarinos em operação na costa brasileira. A companhia é
detentora do recorde mundial de instalação
em maior profundidade.
Nos sistemas de produção submarinos, isso significa desenvolver engenharia
intensiva para projetar equipamentos com
as características adequadas para atender
requisitos operacionais dos campos em
que serão instalados. Falando em oceano
profundo, muitas vezes é necessário superar altas pressões e corrosividade dos
fluidos. Adversidades que requerem novos padrões de equipamentos, o que exige
engenharia de desenvolvimento e simulações operacionais.
A companhia busca identificar novas soluções para a produção de campos maduros
ou novos, como sistemas de separação óleo,
água e gás submarinas e bombeio. Inovações
que se traduzem em soluções econômicas
para a extensão da vida do campo.
No Brasil, a FMC Technologies contribuiu
para a quebra de sucessivos recordes mundiais
de profundidade. Em 1978, a companhia fabricou a primeira árvore de Natal no Brasil e,
desde então, já forneceu mais de 350 árvores de
Natal submarinas (ANMs) e mais de 30 manifolds submarinos, todos com engenharia e fabricação locais.
Em 2011, a empresa desenvolveu o sistema de processamento submarino mais sofisticado do mundo, que visa a separação de
óleo pesado em águas profundas, instalado
no campo de Marlim. O projeto levou o prêmio Spotlight on New Technology, da OTC
– Offshore Technology Conference de 2012,
conhecido como SSAO (Separador Submarino Água-Óleo).
Soluções nascidas no País são fundamentais para o sucesso da FMC Technologies. Em
janeiro de 2012, o Centro de Tecnologia do
Brasil, no Parque Tecnológico da Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), foi inaugurado. Ele ocupa uma das maiores áreas úteis do
local (22 mil metros quadrados), concentrando
a engenharia de desenvolvimento, laboratórios
de qualificação de produtos e hangar para testes
e integração de protótipos em escala real, além
de sistemas de grande porte, e tem um centro
de treinamento para os novos engenheiros. É o
centro mais moderno da empresa.
Atualmente, o desafio é desenvolver uma
nova geração de ANMs. Elas serão fornecidas
para o pré-sal. A companhia também realiza
estudos de novas tecnologias para a Petrobras
e para a Shell. É tempo de executar os projetos
contratados com ambas as petrolíferas para entregas nos próximos anos. O maior deles prevê
a entrega de 78 ANMs para o pré-sal, com início em 2014.
A história da empresa no Brasil começou
com a CBV Indústria Mecânica, fundada em
1956, no Rio de Janeiro, que produzia peças
para a indústria automobilística e ferroviária e,
posteriormente, expandiu suas atividades para
a indústria do petróleo. Em 1961, a CBV firmou
contrato de licenciamento tecnológico com a
FMC para fabricar equipamentos para produção de petróleo, tais como válvulas, cabeças de
poço e árvores de Natal, na época, para os campos em terra. Em 1997, a abertura do mercado
de óleo e gás no Brasil para outros operadores
motivou a FMC a ter maior presença local e dar
suporte diretamente para seus clientes internacionais e, em 1998, a FMC veio a adquirir o
controle da CBV, tornando-se a FMC Technologies do Brasil Ltda.
Edição 279_Brazilian Business_21
brasil urgente
A vez das mulheres
nos negócios
Brasil é o terceiro país no mundo em empreendedorismo,
sendo as mulheres responsáveis por 46% dos negócios. “Não oferecer
trabalho e renda às mulheres é perder oportunidades de negócio,
circulação de riquezas e produtividade”, defende a ministra
C
Eleonora Menicucci_ministra de Estado Chefe da Secretaria
de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM-PR)
ada vez mais presentes no mercado de trabalho, as mulheres são
determinantes para o crescimento
da economia mundial. Com elas, aumenta o contingente de população economicamente ativo e a renda se distribui de
modo mais uniforme. Hoje, não oferecer
trabalho e renda às mulheres é perder
oportunidades de negócio, circulação de
riquezas e produtividade.
No entanto, segundo o Banco Mundial,
há desperdício de, pelo menos, 25% de
produtividade nos países em desenvolvimento em virtude da desigualdade de gênero. Concentrando as mulheres em profissões ligadas a cuidados, o mercado ainda
reserva aos homens vagas estratégicas e de
projeção nas grandes corporações.
Embora sejam 51% da população, as
brasileiras respondem por 44% da População Economicamente Ativa (PEA) e 43%
da ocupada. Segundo pesquisa do Instituto Ethos, em 2010, as mulheres ocupavam 14% dos cargos executivos, 22% dos
de gerência, 27% da supervisão e 33% do
quadro funcional das 500 maiores empresas do País que responderam às questões
do levantamento sobre o perfil de gênero e
raça das corporações.
Para a Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência
da República, a autonomia econômica é catalisadora para o empoderamento feminino. A mulher assegura o sustento próprio e de
suas famílias, sua valorização no mundo do trabalho e a relação de
independência com a sociedade, fazendo escolhas e tomando suas
próprias decisões. Ou seja, toma as rédeas da própria vida.
Liderada pelos movimentos feministas e de mulheres, a autonomia econômica começa a se intensificar no mundo corporativo.
Faz parte da agenda do Governo Federal, e a SPM tem, no Programa Pró-Equidade de Gênero e Raça, uma das iniciativas importantes direcionada ao empresariado. Ele busca promover a igualdade
de oportunidades e de tratamento entre homens e mulheres nas
organizações por meio do desenvolvimento de novas concepções
na gestão de pessoas e na cultura organizacional. A meta é eliminar
todas as formas de discriminação, assumindo o compromisso com
a equidade de gênero e etnicorracial na promoção da cidadania e a
difusão de práticas exemplares no mundo do trabalho. O programa já alcançou mais de 800 mil pessoas.
A partir dessas ações que objetivam o aproveitamento de talentos profissionais a despeito das diversas formas de discriminação, poderemos concretizar o cenário favorável à inserção e
à valorização das mulheres no mundo do trabalho. Poderemos
enfrentar a histórica e perversa desigualdade de gênero que marca trajetórias femininas.
Não é à toa que, hoje, o Brasil é o terceiro país no mundo em
empreendedorismo, sendo as mulheres responsáveis por 46% dos
negócios. Tenho certeza de que chegou a hora das mulheres no
mundo dos negócios. E todos, mulheres e homens, fazemos parte
dessa história.
“Segundo o Banco Mundial, há desperdício
de, pelo menos, 25% de produtividade
nos países em desenvolvimento em virtude
da desigualdade de gênero”
22_Edição 279_jan/fev 2013
Edição 279_Brazilian Business_23
empreendedorismo
A hora das mulheres brasileiras
O Winning Women, programa internacional de coaching de mulheres empreendedoras,
chega ao Brasil com a tarimba da Ernst & Young Terco. Estudo da multinacional prevê
que rendimentos globais de empresas com mulheres em cargos executivos devem
saltar de US$ 13 trilhões para US$ 18 trilhões em apenas cinco anos Por Andréa Blum e Isabel Correia
24_Edição 279_jan/fev 2013
Divulgação E&Y Terco
M
ulheres empreendedoras no comando de empresas brasileiras
de pequeno e médio porte estão
na mira da consultoria internacional Ernst
& Young Terco, que está selecionando 15
líderes femininas para participar da versão
nacional de seu programa Winning Women, uma espécie de coaching empresarial.
Ao lado do time de novatas, uma equipe de
influentes e bem-sucedidas mulheres vai
trabalhar, ao longo de um ano, para preparálas para prosperar e se consolidar no mundo
dos negócios. A iniciativa prevê reconhecer,
inspirar e aconselhar mulheres com visão
inovadora e, preferencialmente, que estejam
desbravando setores em que costumam ter
mais dificuldades para se estabelecer.
De acordo com Andrea Weichert, sócia
da Ernst & Young Terco e responsável pelo
programa no Brasil, a empresa pretende
buscar empreendedoras dos mais diversos
setores e regiões. “Para ir ao encontro da diversidade, gostaríamos de sair um pouco do
eixo Rio de Janeiro-São Paulo e ter mulheres
do Nordeste, Sul, Centro-Oeste para poder
vislumbrar essas empreendedoras que estão
fazendo grandes coisas”, explica. “O fundamental mesmo para participar é ter o tal do
espírito empreendedor”, reforça.
Para Andrea, o foco do programa são
mulheres que tenham paixão por seu negócio e que queiram crescer. Os critérios específicos para participar do programa são
inovação, métricas de crescimento, integridade pessoal e da empresa, visão estratégica
e espírito empreendedor. “Também vamos
usar como critério a influência dessas mulheres dentro da sociedade e da comunidade em que atuam”, ressalta Andrea. O programa será regular e terá outras edições.
O Winning Women Brasil ainda pretende conectar as empreendedoras com
outras organizações e indivíduos relevantes, que possam apoiar suas empresas,
organizações ou comunidades na jornada
para o crescimento.
Andrea Weichert,
sócia da Ernst
& Young Terco e
responsável pelo
programa no Brasil
Mulheres no comando
Segundo estudo recente da multinacional, os rendimentos globais de empresas com mulheres em cargos executivos devem saltar
de US$ 13 trilhões para US$ 18 trilhões em apenas cinco anos – o
que corresponde a quase duas vezes o PIB da China e Índia juntas.
“Mulheres notáveis estão no centro das recentes conquistas brasileiras, como na política, cultura e economia. A Ernst & Young Terco
acredita que as mulheres têm um papel vital a desempenhar no crescimento e na transformação dos mercados mundiais”, afirma Jorge
Menegassi, CEO da empresa.
A responsável pelo projeto espera que a iniciativa ajude a aumentar o número de mulheres em cargos de liderança. “Esperamos
que daqui a um tempo não consigamos mais enumerar as histórias
das empreendedoras como hoje, não por serem poucas e quase exceções, mas porque serão muitas”, disse a executiva.
A voz da experiência
Entre os membros já escolhidos para o conselho mentor estão
Sônia Hess (Dudalina); Esther Schattan (Ornare); Ana Paula Padrão
(Tempo de Mulher); Luiza Helena Trajano (Magazine Luiza); Beatriz Galloni (Mastercard); Deborah Wright (conselheira Renner);
Rebecca Tavares (ONU); Sylvia Coutinho (HSBC); Anna Paula Dacar (Dow Brasil).
O programa no mundo
Nos Estados Unidos, onde o Winning Women já está na quinta
edição, as empreendedoras participantes tiveram, nos últimos cinco
anos, uma média anual de crescimento da receita das empresas de
49%. Já a média anual de aumento da geração de empregos ficou
em 26% no mesmo período. Outros países também promovem o
programa: Indonésia, que está em sua terceira edição, Reino Unido e
África do Sul, que estão recebendo a iniciativa pela primeira vez.
Nosso futuro depende de inovação
para operarmos de forma mais limpa,
mais segura e mais inteligente.
A cada ano, investimos bilhões
em tecnologias mais inteligentes
para o desenvolvimento de petróleo e gás,
introduzimos
novas formas de energia
Nosso futuro depende de inovação
para
operarmos
de forma mais limpa,
no
mercado,
e investimos
mais segura e mais inteligente.
A cada
ano, investimos
bilhões
em
projetos
inovadores com
em tecnologias mais inteligentes
ideias
para o futuro.
para o brilhantes
desenvolvimento
de petróleo e gás,
introduzimos novas formas de energia
Portanto,
não apenas pensamos
no mercado, e investimos
em projetos
inovadores
com
como
uma empresa
de tecnologia
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ideias brilhantes para o futuro.
Portanto,
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pensamos
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CHEVRON, aa logomarca
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Dr. John Kelly III
John McDonald
Vice-presidente Sênior
IBM
Dr. Research
John Kelly III
Vice-presidente
Sênior
IBM
IBM Research
Vice-presidente e Diretor de
Tecnologia
John McDonald
Vice-presidente e Diretor de
Chevron
Tecnologia
IBM
Chevron
ponto de vista
Marcus Vinícius J. dos Santos
diretor-executivo do Hospital Pró-Cardíaco
Tecnologia pioneira na América Latina
chega ao Pró-Cardíaco
O
Brasil tem, agora, uma solução antes
encontrada apenas em poucos hospitais
da Europa e dos Estados Unidos. Como centro
altamente capacitado para o tratamento de
pacientes com doenças de alta complexidade,
acreditado com a nacional ONA-3 e com a
internacional Accreditation Canada, o PróCardíaco acaba de inaugurar uma sala híbrida
pioneira no Brasil, com tecnologia única na
América Latina.
A sala híbrida do Pró-Cardíaco é um novo
conceito para o desenvolvimento de soluções
não apenas na área cardiovascular, mas também
neurovascular, urológica e ortopédica. Este é seu
maior diferencial. Tecnologia, processos assistenciais e pessoas são agrupados numa área
física especial no centro cirúrgico, capacitada
tanto para a realização de cirurgias e cateterismo cardíaco como para uma grande variedade
de procedimentos combinados ou híbridos de
alta complexidade.
O objetivo é minimizar os riscos das intervenções e possibilitar uma abordagem mais
precisa e segura, particularmente útil para
pacientes idosos, parcela cada vez maior da
população e mais vulnerável às complicações
advindas de procedimentos invasivos e cirurgias. Por exemplo, a cirurgia cardíaca combinada (cirurgia convencional, aberta, com colocação de endoprótese) com a angioplastia
coronária vem sendo progressivamente incorporada pelos centros de excelência. Com isso,
há a redução do tamanho das incisões e do
tempo de recuperação após a cirurgia.
Ocupando um espaço de 77 metros quadrados, a sala híbrida do Pró-Cardíaco une o aparato de um centro cirúrgico ao
uso de um equipamento de ponta: a mesa cirúrgica telecomandada da Maquet, um dos principais fornecedores de produtos e
serviços de tecnologia médica para salas cirúrgicas e unidades
de terapia intensiva em todo o mundo. A mesa é acoplada a um
aparelho robótico da Siemens, uma inovação no Brasil, que permite a combinação de duas tecnologias de ponta para realização
de procedimentos complexos, tais como colocação de endopróteses de aorta, fechamento de vazamentos (ou leaks) de próteses
de válvulas cardíacas, cirurgia híbrida coronária, colocação de
prótese valvar por cateter e correção de aneurisma cerebral.
Além de ser uma sala de uso híbrido, ela tem um sistema
inteligente de gravação e aquisição de imagens com dez monitores móveis, um fixo e sistemas de suporte de fácil movimento,
com melhor ergonomia para os cirurgiões. Toda a sala é projetada conforme as necessidades dos usuários, para garantir
melhores resultados nos procedimentos.
A mesa cirúrgica faz movimentos extremos, tem tampos
translúcidos e executa mais de 200 posições para movimentação
de membros inferiores, região pélvica e dorso; já o braço robótico realiza 58 posições, diminuindo o grau de invasão de procedimentos cirúrgicos, ao mesmo tempo que proporciona
maior amplitude terapêutica à equipe médica. O novo serviço
permite, ainda, que exames feitos com imagens de alta resolução
e em 3D ajudem a planejar e executar cirurgias mais difíceis e
facilitem o procedimento, minimizando riscos e otimizando o
tempo cirúrgico.
Esse novo conceito agrega, ainda, um grande valor, que é a
atuação de uma equipe multidisciplinar formada por médicos
intervencionistas, clínicos, cirurgiões, anestesistas, especialistas
em tomografia, em ecografia, enfermeiros e técnicos de enfermagem: o trabalho de um time com habilidades complementares colaborando em benefício do paciente.
“O Pró-Cardíaco acaba
de inaugurar uma sala
híbrida pioneira no Brasil,
com tecnologia única
na América Latina”
26_Edição 279_jan/fev 2013
radar
Grandes avanços das
film commissions
e seus incentivos
à produção na
América Latina
Crescimento vivido pelos demais países da AL
não foi notado no Brasil, e País perde mais um ano
sxc
Steve Solot_presidente da Filme Rio – Rio Film Commission
e chairman do Comitê de Entretenimento, Esportes e Cultura,
da Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro
O
ano de 2012 foi marcado por
grandes avanços na estruturação,
criação de incentivos e promoção
de film commissions – escritórios de apoio
a produções audiovisuais estrangeiras em
determinado país – na América Latina. O
mesmo progresso, contudo, não foi compartilhado pelo Brasil.
No México, por exemplo, o Instituto Mexicano de Cinematografia (Imcine)
anunciou que o Programa de Apoio de Alto
Impacto à Indústria Audiovisual (Fundo
ProAV) reduziu o gasto mínimo exigido
para que projetos audiovisuais sejam habilitados para um reembolso. Nas fases de préprodução e produção, o mínimo exigido
caiu de 70 milhões de pesos mexicanos para
40 milhões. Já na pós-produção, o mínimo
caiu de 20 milhões de pesos mexicanos para
10 milhões, o que também se aplica a jogos
eletrônicos e projetos de animação. A mudança tem como objetivo ampliar o leque
de projetos beneficiados pelo incentivo,
particularmente os independentes de baixo
e médio orçamentos da Europa e dos Estados Unidos, além dos projetos mexicanos
de financiamento privado. O benefício prevê ainda a possibilidade de “agrupamento”
(bundling) de vários projetos, para que estes
possam se beneficiar do reembolso. O Fundo
ProAV, que oferece um reembolso de 17,5%
dos gastos de produção, foi anunciado pelo
presidente Felipe Calderón, em março de
2010, como um mecanismo para ampliar as
vantagens de desenvolver e filmar projetos
audiovisuais no México e, consequentemente, promover o crescimento econômico e a
criação de empregos no país.
Outro exemplo bem-sucedido é o da
República Dominicana, que, após a promulgação de uma lei do audiovisual e a criação
de incentivos em 2011, atraiu diversas produções internacionais em 2012. O estímulo
veio por meio do estabelecimento de um
crédito tributário transferível de 25% sobre
todos os gastos de produção habilitados. Ele
pode ser usado em produções para cinema e
televisão, tanto nacionais quanto internacionais, que tenham um gasto mínimo de US$
500 mil em custos de produção, tais como
equipamentos, serviços e mão de obra, bem
como qualquer despesa que possa ser classificada como above-the-line. Além disso,
todos os gastos de produção estão isentos do
Imposto Sobre Valor Agregado (IVA) e da
tributação alfandegária.
Contudo, a grande notícia vinda desse
pequeno país caribenho é a instalação do
novo complexo de estúdios da Pinewood
Indomina. A primeira fase dessa gigantesca
estrutura cinematográfica de última geração,
situada numa área de 140 mil metros quadrados e que inclui um reservatório de água
de frente para o mar de 5.100 metros quadrados, será inaugurada no início de 2013.
O investimento também tem estimulado a
produção cinematográfica do país. Cerca de
dez filmes dominicanos tiveram as filmagens
iniciadas em 2012, um crescimento significativo, já que a média anual nos últimos 28
anos não passava de três a quatro filmes.
Já o governo do Chile, por meio do
Conselho Nacional de Artes e Cultura, contratou, no início de 2012, uma agência de
consultoria internacional a fim de criar um
plano operacional de uma nova film commission nacional, uma estrutura administrativa interna, além de um programa nacional
unificado para afiliação, treinamento e certificação de film commissions locais e regionais. Sem poupar esforços, o objetivo dessa
iniciativa é promover o Chile como destino
internacional para a produção de cinema,
televisão, publicidade e projetos de novas
mídias, por meio de uma estratégia nacional
e regional integrada e, ainda, potencializar o
impacto positivo, tanto econômico quanto
cultural, da indústria audiovisual.
Mas, seguramente, a mais importante
notícia sobre incentivos concedidos por film
commissions às produções audiovisuais na
região vem da Colômbia, o primeiro país na
América do Sul a criar um sistema de incentivos agregado a um fundo para atrair produções cinematográficas. A lei nº 1.556 irá
beneficiar as produções com investimento
no país superior a 1 bilhão de pesos colombianos (US$ 500 mil) ao oferecer um reembolso de 40% sobre serviços relacionados à
indústria cinematográfica e um reembolso
adicional de 20% sobre despesas de hospedagem, alimentação e transporte. O fundo e
o incentivo foram anunciados em julho de
2012 e entraram em vigor em 1º de janeiro
de 2013, com US$ 14 milhões em recursos
disponíveis para o primeiro ano, com a possibilidade de aumento a cada ano. →
“Não ter um sistema de film commissions
eficaz gera perdas reais para o Brasil”
Edição 279_Brazilian Business_29
radar
Apesar do expressivo progresso das film
commissions e dos incentivos às produções
na América Latina, um dos modelos mais
bem-sucedidos do mundo continua sendo o
da França. A célebre Film France é composta
de uma rede de 40 film commissions
locais espalhadas por todo o país. Essa
rede oferece informações gratuitas sobre
locações, equipes, custos de mão de obra,
procedimentos administrativos, incentivos,
assim como um guia de produção e
assistência na obtenção de autorizações de
filmagem. A Film France é uma associação
de natureza híbrida, com membros do setor
público e privado. Ela é financiada por
subsídios do governo e de taxas pagas pelos
afiliados. Sua organização interna inclui um
código de conduta, estatutos formais, um
formulário de afiliação de film commission
e regulamentos internos.
No Brasil, o interesse por film commissions e o seu potencial para atrair produções
audiovisuais nacionais e internacionais,
promover o crescimento econômico e a
criação de empregos, assim como beneficiar
produções de cinema e televisão locais e gerar maior visibilidade para a região, cresce a
cada ano. Desde 2008, ao menos 15 entidades que se intitulam film commissions surgiram para promover suas respectivas jurisdições como locais ideais para produções de
conteúdo audiovisual. Entretanto, apenas
quatro oriundas de São Paulo, do Amazonas, de Minas Gerais e do Rio de Janeiro
constam como membros da Association of
Film Commissioners International (AFCI).
Em 2009, a proliferação de film
commissions no Brasil levou o Governo
Federal a criar um Grupo de Trabalho
Interministerial (GTI) para analisar o
fenômeno e recomendar ações para
organizar a atividade e garantir um patamar
mínimo de profissionalismo e apoio
capacitado às produções no País. Até hoje,
porém, nada concreto foi feito nesse sentido,
nem pelo Ministério da Cultura nem pela
Agência Nacional do Cinema (Ancine).
“Pela primeira vez, as film commissions
estão incluídas no Plano de Diretrizes e Metas
para o Audiovisual, que a Ancine colocou
em consulta pública de 22 de agosto de 2012
a 22 de dezembro de 2012, com prorrogação
até o dia 8 de março de 2013”
30_Edição 279_jan/fev 2013
Por outro lado, pela primeira vez, as film commissions estão incluídas no Plano de Diretrizes e Metas para o Audiovisual, que a Ancine colocou em consulta pública de 22 de
agosto de 2012 a 22 de dezembro de 2012, com prorrogação
até o dia 8 de março de 2013. O documento traz um conjunto
de objetivos que nortearão as políticas e as ações regulatórias
para o setor audiovisual até 2020. O plano foi aprovado pelo
Conselho Superior de Cinema (CSC), ao qual cabe estabelecer
as diretrizes políticas do trabalho da Ancine, ainda que o documento tenha sido elaborado pela própria agência. De fato,
as film commissions no Brasil aparecem em dois momentos
do plano: no item 8.12, página 128, e no item 234, página 164,
que têm como meta geral “ampliar o número de escritórios de
apoio a produções audiovisuais estrangeiras no Brasil”, embora não haja referência à sua qualificação e certificação.
Embora o texto não represente nenhum compromisso ou ação formais, ele serve, nas palavras do próprio documento, como “referência e orientação para esses planos”,
estabelecendo “responsabilidades para todos os agentes econômicos”. Em outra recente consulta pública publicada pela
Ancine sobre a Agenda Regulatória para 2013-2014, não há
sequer uma referência sobre a regulamentação do setor de
film commissions no Brasil.
Não ter um sistema de film commissions eficaz gera perdas reais para o Brasil. Segundo as estimativas da AFCI, a
produção de um longa-metragem tem um gasto médio de
US$ 200 mil por dia em locação. Serviços oferecidos a produtores internacionais por film commissions não qualificadas e certificadas não só provocarão perdas econômicas e
menor geração de empregos, como poderão trazer outros
riscos. Por exemplo, um produtor deparar-se com profissionais não qualificados, tanto nas grandes cidades quanto nas locações rurais, poderá resultar na transferência da
produção para outra jurisdição, tal como a Colômbia ou
o Chile. E uma vez que um país se torna conhecido como
uma má escolha para filmagens em virtude da falta de infraestrutura ou profissionais qualificados, é extremamente
difícil reverter essa imagem negativa.
Com o advento dos grandes eventos internacionais, tais
como a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos, os holofotes
estão voltados para o Brasil. Portanto, nada mais natural
que o País esteja se tornando um dos locais favoritos entre
produtores internacionais que buscam locações para longasmetragens, séries de televisão, documentários e comerciais.
Certamente, o Brasil estará pronto para receber a entrada
maciça de fãs de esportes e turistas. Mas estarão as film
commissions do País preparadas e devidamente capacitadas
para receber os produtores e as equipes de filmagem?
*Texto publicado originalmente na Revista de Cinema
on-line, em 10 de janeiro de 2013
comitês amcham rio
Novo Comitê de
Entretenimento
ancora também
ações ligadas
a esportes
e à cultura
O
ano de 2013 começou cheio de novidades para o Comitê
de Entretenimento, Esportes e Cultura, da Câmara de
Comércio Americana no Rio de Janeiro. Acompanhando o momento atual, em que a cidade e o Estado do Rio estão
sendo observados por todo o mundo por conta dos eventos esportivos e culturais, o grupo adequou sua missão e, por isso, mudou o nome para Comitê de Entretenimento, Esportes e Cultura.
Liderado pelo presidente da Filme Rio – Rio Film Commission,
Steve Solot, o comitê pretende debater questões como incentivos
à cultura, megaeventos esportivos e oportunidades de negócios
no mercado de entretenimento. Confira a entrevista concedida
por Steve Solot à Brazilian Business e saiba mais sobre os planos
do comitê para este ano.
Quais os planos para o comitê neste ano?
O comitê tem uma série de planos ambiciosos para 2013.
Além de promover reuniões, debates e eventos sobre temas culturais, de entretenimento e de interesse para os associados da
Amcham Rio, em linha com a mudança do nome do comitê, esperamos expandir nossas atividades para incluir eventos esportivos e de toda a gama de ações que estão inseridas na área de
economia criativa.
O que motivou a alteração do nome do comitê?
Neste momento, esses setores oferecem inúmeras possibilidades para a câmara, as empresas e os associados. Decidimos
mudar o nome do comitê para garantir que a câmara represente
adequadamente os interesses dos associados em relação aos megaeventos esportivos previstos para os próximos anos no Rio de
Janeiro. Nosso comitê está perfeitamente posicionado para dar
suporte à Amcham Rio em seu relacionamento com as organizações que coordenam esses eventos.
32_Edição 279_jan/fev 2013
Axia Value Chain agora
é Ernst & Young Terco
Ernst & Young Terco e Axia se unem para oferecer mais inovação em gestão.
Value Chain é um modelo para a gestão dos negócios, uma forma sistêmica
e diferente de pensar. Considera a imprevisibilidade e a complexidade
do ambiente para os gestores e facilita o processo de tomada de decisão.
Value Chain engloba:
Steve Solot, chairman
do Comitê de
Entretenimento,
Esportes e Cultura
Quais os principais focos e eventos previstos para 2013?
Estamos trabalhando na realização de uma série de projetos, relacionados a todos os segmentos do comitê. Um de nossos objetivos
é fechar uma parceria com a Rio Negócios para criar a publicação
How to do Audiovisual Business in Rio de Janeiro, voltada para o mercado audiovisual. Outro objetivo é conhecer profundamente a política estadual e municipal para a área cultural e discutir como investir
em projetos culturais por meio das leis de incentivo. Estamos planejando um encontro com o Instituto Gênesis, da PUC-Rio, e suas
start-ups que deverá ser realizado em março. Também queremos
debater questões relativas à Propriedade Intelectual, como direitos
autorais, patentes, marcas, entre outros, em parceria com o comitê
de PI da própria Amcham Rio. Pretendemos promover eventos relacionados à indústria da moda e debater os impactos da lei que exige
uma cota de conteúdo nacional em todos os canais de TV paga. Vamos acompanhar ainda o impacto dos grandes eventos esportivos
no Rio, como a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016.
Qual o perfil de associados que vão encontrar sinergia nos
encontros propostos pelo grupo?
• Estratégia do negócio
• Otimização financeira e fiscal
• Gestão de mercado e riscos
• Desenvolvimento de produtos
• Cadeias de suprimento
• Tecnologia da informação
• Sustentabilidade
• Desenvolvimento humano
e organizacional
Fale com:
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Além das atividades ligadas ao mercado
de entretenimento, grupo quer priorizar
movimentos que destaquem os debates
centrais do País nas áreas esportiva e cultural
Inovação em gestão
Antônio Vita
Líder de Consultoria
( 11 2573 3707
Plínio Targa
Líder de Value Chain
( 11 2573 3021
Carlos Bremer
Sócio Sênior de Consultoria
em Value Chain
( 11 2573 3297
Daniel Henrich
Sócio Sênior de Consultoria
em Value Chain
( 11 2573 3297
ey.com.br/valuechain
Acesse o site
para saber mais
informações.
O comitê está aberto à participação de todos os associados da
Amcham Rio, de qualquer setor de negócios. No entanto, imaginamos que haja um interesse natural no comitê por escritórios de
advocacia, empresas de mídia, hotéis, empresas de promoção de
eventos, de seguros, serviços financeiros e turismo.
De que forma o comitê pode ajudar os associados nos negócios?
Claramente, o comitê será diretamente útil para associados,
abrindo portas para novas oportunidades de negócios. Acreditamos
que os investidores estrangeiros, assim como os nacionais que estão
fora do Rio, também poderão se beneficiar do atual momento do Estado e do País, que estão recebendo muita atenção internacional.
Auditoria I Consultoria I Impostos I Transações
especial
Secas e reservatórios baixos
fazem País discutir a segurança
do sistema elétrico
Enquanto o Governo afasta
qualquer risco de apagão,
especialistas focam o debate na
capacidade do País de diversificar
o uso de fontes e garantir um
equilíbrio também nas contas
Por Cláudio Rodrigues, do Rio
D
urante os Jogos Olímpicos de Inverno, parece que o brasileiro se torna especialista em esportes nem sempre populares,
como o curling (praticado em pistas de gelo bem liso, sobre
as quais são lançadas pedras de granito que deslizam até chegar perto de um alvo demarcado). Já nos de verão, até mesmo o pentatlo
moderno, com suas cinco modalidades (esgrima, natação, hipismo,
corrida e tiro), pode ser o centro das atenções. Temas econômicos
não ficam de fora de debates acirrados. Quando as chuvas demoram
para cair e grande parte do País enfrenta secas severas, passamos a
discutir o risco de apagão e o nível dos reservatórios. Falar em matriz energética nacional já não causa estranheza. E sim preocupação:
nosso sistema é seguro?
Enquanto as discussões esportivas ficam restritas aos encontros
de amigos, dos cafés às mesas de bar, rumores econômicos são capazes de derrubar ações nas bolsas, afetam os bolsos dos brasileiros.
E podem levar a presidente da República à televisão, para, em cadeia nacional, acalmar os ânimos e enfrentar especulações. Foi o que
aconteceu no dia 23 de janeiro. Dilma Rousseff declarou: “O Brasil,
que já é uma potência energética, passa a viver uma situação ainda
mais especial no setor elétrico. Somos agora um dos poucos países
que está, ao mesmo tempo, baixando o custo da energia e aumentando sua produção elétrica. Explico com números: como acabei
de dizer, a conta de luz, neste ano de 2013, vai baixar 18% para o
consumidor doméstico e até 32% para a indústria, a agricultura, o
comércio e os serviços. Ao mesmo tempo, com a entrada em operação de novas usinas e linhas de transmissão, vamos aumentar em
mais de 7% a nossa produção de energia, e ela irá crescer ainda mais
nos próximos anos”.
Categoricamente, Dilma afastou qualquer risco de apagão: “O Brasil vai ter energia
cada vez melhor e mais barata; significa que o
Brasil tem e terá energia mais que suficiente
para o presente e para o futuro, sem nenhum
risco de racionamento ou de qualquer tipo de
estrangulamento no curto, no médio ou no
longo prazo”.
De acordo com a presidente, só em 2012 o
Brasil colocou em operação 4 mil megawatts
e 2.780 quilômetros de linhas de transmissão.
Para 2013, estão previstos mais 8.500 megawatts de energia e 7.540 quilômetros de novas
linhas. Com um punhado de outras obras, já
previstas ou em andamento, será possível dobrar, em 15 anos, a capacidade instalada de
energia elétrica, que hoje é de 121 mil megawatts. “Ou seja, temos contratada toda a energia de que o Brasil precisa para crescer, e bem,
neste e nos próximos anos”, garantiu Dilma.
A firmeza da presidente – além das chuvas, que fizeram com que os reservatórios
subissem mais um pouco – fez minguar as
especulações sobre o risco de um apagão,
mas não cessou o debate sobre a segurança
do sistema brasileiro.
Por um lado, o Governo Federal sustenta
que o Brasil está entre as nações cuja matriz
energética é uma das mais seguras do mundo, porque, além da enorme capacidade hidrelétrica, há fontes diversas de produção de
energia (nucleares, eólicas e, principalmente, térmicas, que usam gás, diesel, carvão e
biomassa). As termoelétricas podem ser rapidamente instaladas, ficam perto dos centros consumidores (proporcionando menos
perdas na transmissão) e dão a alternativa
de apenas serem acionadas quando o nível
dos reservatórios das hidrelétricas for considerado baixo.
Já os pesquisadores, por sua vez, ressaltam que as usinas térmicas têm preço de produção mais alto. Além disso, as emissões de
dióxido de carbono disparam. Em 2012, pela
primeira vez, a geração de energia causou
mais emissões de gases de efeito estufa do que
os desmatamentos. →
Edição 279_Brazilian Business_35
TECNOLOGIAS
UTÁRIA CONCORRÊNCIA ACIRRADA
especial
Mesmo assim, os especialistas são praticamente unânimes em
afastar o risco de apagão. Mas não sem fazer muitas ressalvas. Por
exemplo, Guilherme de Azevedo Dantas, pesquisador sênior do
Grupo de Estudos do Setor Elétrico, do Instituto de Economia da
UFRJ, pondera: “Cada vez mais será difícil atender a demanda por
energia elétrica com base apenas na geração hídrica, pois as novas
usinas hidrelétricas não possuem grandes reservatórios de acumulação. Logo, geram um grande montante de energia no período úmido
do ano, mas no período seco produzem muito pouco. No entanto, é
preciso enfatizar que é absolutamente pertinente que o Brasil continue explorando o seu potencial hídrico, pois se trata de uma energia extremamente competitiva e com reduzida emissão de gases do
efeito estufa em relação às outras fontes de geração. A questão é que
a operação de um sistema baseado essencialmente na hidroeletricidade requer um dimensionamento adequado do sistema, incluindo
a existência de um parque térmico de backup, pois, no limite, a geração hídrica é função das afluências verificadas. E esta dependência
tende a se acentuar com a redução da capacidade de regularização
da oferta ao longo do ano”.
O entendimento geral é que as hidrelétricas continuarão dominando a matriz de produção de eletricidade brasileira. O coordenador dos cursos de pós-graduação em gestão ambiental da UFRJ,
Haroldo Mattos de Lemos, resume: “A matriz é segura, desde que
não tenhamos secas muito prolongadas, como a deste ano”.
Além da abundância de águas, a experiência brasileira também
é fundamental para o gerenciamento das hidrelétricas. Edgardo Olivares Gómez, pesquisador do Programa de Avaliação Tecnológica
(PAT), do Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol, do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais, em
Campinas, São Paulo – pertencente ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação –, acredita que “a energia hidrelétrica no Brasil é
uma fonte já bastante consolidada e madura. Isso, em termos técnicos, se traduz em menores custos de geração considerando a curva
de aprendizado”.
A produção hidrelétrica responde por 74% da oferta de energia
elétrica no Brasil. A previsão para os próximos anos é de crescimento, sobretudo com a instalação das chamadas pequenas centrais hidrelétricas (PCHs). “As PCHs operam de maneira descentralizada.
Esta tendência se deve a fatores como aceitação pública da tecnologia, principalmente no que diz respeito à segurança das barragens, a
impactos ambientais, impactos sociais, à disponibilidade geográfica,
além dos custos de capital. As PCHs têm vantagens: custo de capital
viável, curto ciclo de construção e utilizam tecnologias modernas
totalmente automatizadas, reduzindo os custos operacionais. Além
disso, há novas pesquisas voltadas principalmente para as novas
tecnologias de geração, novos métodos operacionais e redução dos
impactos socioambientais”, prevê Gómez.
GERENCIAR RISCO
COMPE
STRUTURAR OPERAÇÕES
ESTRUTURAR OPERA
“cada vez será mais difícil atender a
demanda por energia elétrica com base
apenas na geração hídrica, pois as novas
usinas hidroelétricas não possuem grandes
reservatórios de acumulação”
Conciliar a necessidade de geração de
energia com a preservação ambiental é um
enorme desafio, que nem sempre consegue
atender ambas as partes. Ambientalistas ressaltam os impactos dos barramentos, mesmo nas PCHs. Albano Araújo, coordenador
de Conservação de Água Doce da ONG
The Nature Conservancy – uma das maiores organizações não governamentais do
mundo, atuando na área ambiental em mais
de 35 países –, diz que é fundamental, para
qualquer país, ter uma matriz diversificada.
“Ainda que o Brasil mantenha uma matriz
com predominância de hidroeletricidade,
este percentual deveria ser menor que o atual. Uma matriz pouco diversificada sempre
traz riscos, como pudemos ver recentemente
quando surgiu novamente a discussão sobre
a possibilidade de racionamento em função
do baixo nível dos reservatórios”.
O baixo aproveitamento de fontes alternativas, como a solar e a eólica, também é
alvo de muitas críticas. Os especialistas alegam que o custo de geração, que em alguns
casos ainda é muito alto (exemplo: a energia
solar fotovoltaica), poderia ser reduzido com
incentivos do Governo. Mesmo diante deste
cenário, em alguns casos, há vantagem competitiva, quando os preços são comparados.
Nem isso, porém, garante o investimento em
outras fontes de energia. “Nas eólicas, o custo de geração caiu muito, chegando a ficar
abaixo das hidrelétricas”, revela Araújo.
Além disso, as usinas eólicas são complementares ao regime hídrico, podendo fornecer mais energia quando os reservatórios de
hidrelétricas enfrentam baixa. “No caso específico das eólicas, ocorreu uma expressiva
contratação nos últimos anos, entretanto,
o ritmo de inserção da fonte tem sido mais
moroso que o previsto em razão de atrasos
nas linhas de transmissão”, ressalva o pesquisador Dantas, que também destaca o potencial energético brasileiro para aproveitar
a biomassa, sobretudo a partir do bagaço da
cana-de-açúcar e da palha.
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36_Edição 279_jan/fev 2013
PREVENÇ
RAÇÕES
DEMANDA POR
especial entrevista Roberto Schaeffer
Anúncio de redução da
tarifa de energia elétrica e
prejuízo inédito da Petrobras.
Temas sensíveis ao Brasil.
Para Roberto Schaeffer,
acadêmico com mais de 20
anos de experiência no setor
energético, a redução na tarifa
de energia vai custar caro tanto
ao País como ao consumidor.
Apesar de o Brasil ter um
sistema excepcional, é preciso
investir em planejamento e na
conscientização do usuário,
defende o professor. Paga-se
mais caro, pois o brasileiro,
segundo ele, não sabe o valor
da energia. A solução seria
buscar eficiência na complexa
matriz energética e educar
a usar, com parcimônia,
a valiosa fonte
Por Isabel Correia, do Rio Fotos Cecília Acioli
“A tendência do
mundo é cada vez
mais se eletrificar”
Roberto Schaeffer,
professor associado
da UFRJ, com
atuação no
Programa de
Planejamento
Energético da Coppe
38_Edição 279_jan/fev 2013
R
ecentemente, o Governo Federal lançou a Medida Provisória 579, que prevê a renovação das concessões de geração
e transmissão de energia elétrica, além da redução de até
32% nas tarifas para a indústria e de 18% para a população. Em
contrapartida, a Petrobras anunciou, no fim de janeiro, aumento
de 6,6% no valor da gasolina e de 5,4% no do diesel. Os preços dos
combustíveis fósseis comercializados pela companhia estavam defasados há alguns anos em relação aos valores internacionais. Com
essa diferença, a Petrobras teve seus resultados prejudicados em
2012, quando a empresa enfrentou o primeiro prejuízo trimestral
em 13 anos.
Os assuntos geram controvérsia. Para Roberto Schaeffer, professor associado da Coppe/UFRJ que atua no Programa de Planejamento Energético da instituição, a discussão sobre o custo da
energia elétrica no Brasil ultrapassa as medidas de redução das
tarifas anunciadas recentemente pelo Governo. Ele acredita que o
Brasil precisa consumir energia de forma mais consciente, buscando sempre maior eficiência, o que, segundo ele, não ocorre no País.
Schaeffer crê que a redução das tarifas de energia elétrica pode estimular o consumo, o que, a médio prazo, tende a aumentar os custos da geração. “Esta política é equivocada. Pode haver um ganho a
curto prazo, mas vai forçar a tarifa lá na frente a subir, porque estão
gastando mais energia do que o necessário”, alertou.
Sobre o preço dos combustíveis, Schaeffer teme os impactos
sofridos pela Petrobras. O professor afirma que a manutenção artificial dos valores da gasolina e do diesel pode ter prejudicado o endividamento da petroleira e comprometido os investimentos. “O
certo seria que tudo fosse cobrado pelo preço que vale”, afirma. Essas e outras opiniões do acadêmico você acompanha na entrevista
a seguir, concedida com exclusividade à revista Brazilian Business,
no prédio da Coppe, na Ilha do Fundão.
Brazilian Business: Como o senhor avalia
a medida provisória 579, proposta pelo
Governo Federal, que prevê a redução
das tarifas de energia elétrica?
Roberto Schaeffer: No Brasil, há uma esti-
mativa de tarifa que varia muito em função
de como as térmicas são acionadas. Quando
se faz um cenário em que a tarifa pode ser
reduzida em um determinado percentual, é
algo que pode ou não se realizar, muito em
função de como as térmicas serão utilizadas ao longo do tempo.
Atualmente, o Brasil está passando por
um mau momento hídrico. Já está melhorando um pouco, mas está muito pior do
que em anos anteriores recentes. É natural
esperar que a tarifa brasileira, por conta
dos despachos de térmicas, vá subir com o
tempo. Assim, dizer por decreto que a ta-
rifa será reduzida no fundo significa que o
desconto será em relação ao que ocorreria
na ausência da Medida Provisória. Em valor absoluto, não há como dizer o quanto
essa tarifa vai ser mais cara ou mais barata
em relação ao que ela foi no ano passado.
Qualquer política que reduza o preço
de tarifas – e isso vale para gasolina e álcool
também –, a médio e longo prazos, não é
produtiva porque estimula o mau uso do
equipamento. Sou contra qualquer tipo de
subsídio, acredito que as pessoas têm que
saber que as coisas têm um preço. É preciso haver uma conscientização do uso da
energia, o que não há no Brasil. Dificilmente alguém de classe média, quando troca
de carro, escolhe um veículo pelo nível de
consumo. E são as mesmas pessoas que reclamam do preço da gasolina. →
Edição 279_Brazilian Business_39
especial entrevista Roberto Schaeffer
BB: Haveria uma alternativa mais adequada
às necessidades do País?
RS: Gerar energia é caro e, no caso do Brasil,
vai ser cada vez mais caro porque os melhores
aproveitamentos já foram embora. À medida
que está mais difícil se fazer uma hidrelétrica,
em razão dos impactos ambientais, é preciso
usar alternativas mais caras. Hoje, quando se
faz uma hidrelétrica a fio d’água, é necessário
mais investimento do que o praticado em um
reservatório, como é o caso de Belo Monte. Se
for preciso uma térmica, fica ainda mais caro.
Se a geração é cada vez mais dispendiosa, a
única forma de evitar que se pague caro é usar
energia de maneira eficiente.
Quando a tarifa é muito barata, a população acaba comprando qualquer geladeira,
qualquer ar-condicionado, porque sabe que
vai poder pagar. Se a tarifa é cara, o consumidor começa a optar por equipamentos mais
eficientes, que não obrigatoriamente vão levar
a uma conta de luz maior. Já há estudos comprovando essa mudança de comportamento
em vários países em que as tarifas já subiram.
Em resumo, baixar o custo da energia estimula
o uso do recurso, o que naturalmente vai encarecer, a longo prazo, a energia.
BB: Então uma melhor alternativa seria
uma conscientização do uso da energia?
RS: É preciso sinalizar que energia é cara, sim.
Já estamos começando a ter no Brasil, mas isso
ainda é muito lento, equipamentos com índices mínimos de eficiência energética. Com os
carros, já existe o Inovar-Auto, que é uma meta
de aumento de eficiência dos carros no País. O
fabricante que não conseguir cumprir a meta
terá que começar a pagar um IPI (Imposto
Sobre Produtos Industrializados) mais alto. E
aquele fabricante que for além da meta terá um
desconto. Assim, estão jogando com o mercado para aumentar a produção de veículos mais
eficientes. Isso vale também para o setor elétrico. É preciso ter uma política de equipamentos
mais eficientes e dar desconto de IPI. Mas se a
tarifa de energia é baixa, isso não pega. O Governo pode ajudar a aquecer a economia e definir suas diretrizes, mas é preciso algum critério
– me parece que eficiência energética é um dos
critérios esquecidos no Brasil.
BB: Essas questões sobre o sistema elétrico brasileiro
deveriam ter sido conversadas há mais tempo?
RS: Também é uma tradição nossa falar mal das coisas. O sistema
elétrico brasileiro é excepcional, não há país em desenvolvimento
com um sistema elétrico tão confiável como o brasileiro. Somos
um país em desenvolvimento, diferentemente dos países da Europa e dos Estados Unidos, em que o consumo de energia elétrica
quase não cresce mais. O Brasil está em um momento de crescimento econômico, o que faz com que o consumo de energia também cresça. Mas é preciso aumentar a geração de forma diferente
da que foi feita nos EUA e na Europa.
Estamos fazendo isso em outro contexto, já que a questão ambiental hoje é muito presente. Cerca de 70% dos rios da Europa e
dos EUA já estão explorados por hidrelétricas. No Brasil, não chega a 30%. E talvez não cheguemos a 70% porque a pressão ambiental presente hoje não existia quando os EUA e a Europa fizeram
sua parte. E ela é um impeditivo. Mesmo assim, temos uma matriz
energética bastante limpa. Diferentemente das matrizes europeia
e americana, em que a maior parte da geração é por combustíveis
fósseis, no Brasil temos energia renovável.
BB: Então o Brasil só tem a ganhar com sua farta
oferta de matrizes energéticas?
RS: O problema é que uma energia 100% renovável não é tão con-
fiável. Se, por alguma razão, tivermos secas prolongadas, a hidrelétrica não dá conta. No passado, tínhamos, no Brasil, hidrelétricas
com reservatórios capazes de armazenar água por até três anos
porque eram reservatórios enormes. Hoje, o Brasil tem reservatórios que duram três ou quatro meses, e períodos prolongados
de estiagem de fato comprometem o sistema elétrico brasileiro.
Por isso, estamos começando a precisar de mais térmicas, para dar
mais segurança ao sistema.
Também estamos investindo, e é correto investir, em energia eólica. Mas essa fonte de energia é intermitente. E se parar de ventar?
É preciso ter uma reserva. Este seria o caso de usar térmicas a gás,
que, 30 segundos após serem ligadas, já começam a gerar. Há essa
contradição, de que quanto mais energia eólica o Brasil tiver mais
térmicas a gás teremos que ter, para “não usar” e por garantia. Mas
se temos uma coisa que nunca é usada, isso custa dinheiro. A solução mais barata, talvez, seja ter térmicas a carvão, mas também
não defendo isso. O mundo hoje é mais complicado. Se quisermos
ter tudo direitinho, segurança energética e proteção ambiental, teremos um sistema elétrico mais caro. Por outro lado, temos um
Governo que quer reduzir as tarifas de energia elétrica.
BB: Mas essa questão da tarifa está muito em voga...
RS: Isso é modismo. Tem a ver com esse momento meio compli-
cado da economia brasileira. A inflação começou a sair da meta.
Segurar tarifa pública é uma política populista. Por outro lado, já
temos há alguns anos um preço totalmente artificial dos derivados
de petróleo no Brasil. O Governo segura artificialmente os preços
dos derivados, o que é um absurdo. Hoje é difícil imaginar alguém
de classe média que não use o carro porque a gasolina é cara. Estão
ajudando a classe média a andar mais de carro, poluindo mais, e
acabam prejudicando a maior empresa brasileira. O certo, na minha visão, seria a gasolina ser mais cara e a Petrobras receber mais
dinheiro. Seguraram por tanto tempo o preço da gasolina, que a
Petrobras agora está com problemas. E se liberar o preço da gasolina agora, isso terá impacto na inflação. Trazer as tarifas da energia
elétrica para baixo é uma maneira de equilibrar esse impacto.
O certo era que tudo fosse cobrado pelo preço que vale. Se o preço
do petróleo está caríssimo, a gasolina tem que ser caríssima, e as
pessoas têm que parar de usar carro ou teriam que andar mais de
bicicleta e comprar o próximo carro mais eficiente. Hoje a gasolina é tão barata que ninguém compra
carro por esse critério. Isso quase acabou também com o programa do álcool no Brasil. Seguraram tanto o preço
da gasolina no Brasil, que o álcool não
consegue mais competir. Os usineiros
agora estão preferindo fazer açúcar e
não estão investindo em canavial. Estão
acabando com o Proálcool. Um programa de mais de 20 anos, que foi exemplo
mundial, está sendo jogado no lixo. O
Brasil sempre foi exportador de etanol
e agora está precisando importar.
BB: A Petrobras acabou sendo prejudicada com a questão
do preço da gasolina?
RS: Violentamente. As empresas de petróleo fazem investimentos
muito grandes. Elas têm que ir ao mercado captar dinheiro. Há
um limite de endividamento que uma empresa pode ter. Quanto
mais endividada a empresa, mais caro é o dinheiro que ela capta.
O nível de endividamento da empresa é calculado por quanto ela
capta no mercado, em função de seu valor de mercado. Se os preços das ações da Petrobras caírem pela metade, o endividamento
dela dobra. Com isso, a Petrobras está chegando ao teto do endividamento. Se o Brasil quer expandir a produção do pré-sal, a
Petrobras não vai poder investir, porque ela bateu no teto, o preço
da ação caiu e assim ela parece uma empresa que vale pouco. E
vale pouco porque o Governo segurou o preço da gasolina. É uma
maluquice completa.
BB: E as empresas do setor elétrico? Qual o impacto sofrido
por elas com a redução das tarifas?
RS: O setor elétrico é um pouco diferente. Claro que sofrem tam-
bém, mas é diferente do setor de petróleo, em que o risco é muito
alto e é preciso ter um grande retorno, porque estão sempre lidando com riscos. O setor elétrico é um mercado cativo e, por isso, a
taxa de retorno é relativamente baixa. Mas é baixa porque é um
investimento sem risco. Quem é dono de uma usina de geração
elétrica sabe que terá clientes para o seu produto pelos próximos
cem anos. Empresas do setor petroleiro têm que ser muito lucrativas a curto prazo, porque o tempo todo corre-se o risco de dar
tudo errado. Já o setor elétrico está sempre numa boa. Pode ganhar
menos, mas não tem risco nenhum, muito pelo contrário. A tendência do mundo é cada vez mais se eletrificar.
BB: Falando de transmissão de energia elétrica, como podemos
justificar os pequenos blecautes que têm ocorrido no Brasil?
RS: O Brasil tem um sistema de transmissão único no mundo,
por ser interligado. É uma característica de um sistema fortemente baseado em hidroeletricidade. Podemos ter usinas em diferentes partes do País. A transmissão tem um papel fundamental no
funcionamento do sistema elétrico brasileiro. Se não tivéssemos
o sistema de transmissão todo interligado, a capacidade instalada brasileira teria que ser da ordem de 20% maior do que é hoje.
Mas esse modelo exige investimentos em transmissão. Em alguns
momentos, negligenciamos uma dessas etapas. Aparentemente,
a transmissão brasileira não está avançando ou incorporando os
avanços tecnológicos na velocidade em que deveria. É difícil falar
porque o sistema é muito complexo. Isso pode ser um sinal de que
o sistema está com problemas. De fato, estão ocorrendo mais falhas
na transmissão do que o esperado. Isso acende um sinal amarelo.
Mas é certo que a transmissão no Brasil é mais importante do que
em quase qualquer país do mundo.→
“Gerar energia é caro sim e, no caso do Brasil,
vai ser cada vez mais caro, porque os melhores
aproveitamentos já foram embora”
40_Edição 279_jan/fev 2013
Edição 279_Brazilian Business_41
especial entrevista Roberto Schaeffer
BB: Falamos da possibilidade de falha humana nessas ocasiões.
Será que falta especialização?
RS: No setor elétrico, há pessoas muito jovens, começando a car-
reira, e pessoas muito velhas. Não há um meio-termo. O quadro
técnico atual do Brasil é mais fraco do que no passado. A questão
da falha humana talvez seja hoje a mais possível de ocorrer porque há pessoas não tão bem treinadas neste momento. Na parte de
transmissão, também há essa dificuldade. Isso pode ser uma das
razões para os problemas que têm ocorrido.
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AS CAMAS. ISSO MESMO, CAMAS.
BB: O Brasil é um dos países em que a energia eólica mais cresceu
nos últimos anos. Que fatores impulsionam esse crescimento?
RS: A eólica está crescendo muito no Brasil porque parte de uma
base muito baixa. Ano passado, o Brasil teve instalado cerca de 1
GW de eólica. Hoje, o potencial instalado brasileiro seria da ordem
de 2,5 GW. Em um ano, a capacidade de eólica foi quase duplicada.
Mas é pouco, porque a base é muito pequena. Para ter uma ideia,
hoje a potência elétrica instalada no Brasil é de 120 mil MW. Ou
seja, 2% da nossa potência elétrica é eólica. Isso é muito pouco.
Mas temos que relativizar. Em alguns países, como a China e os
EUA, que têm forte base térmica, há espaço para a energia renovável entrar de maneira pesada. O Brasil já parte de mais de 80%
hidrelétrica. O País está investindo bem em eólica, e acho que tem
um futuro brilhante por aqui. Tudo tem certa velocidade. Aparentemente, a energia eólica está entrando numa velocidade boa, na
velocidade em que é econômica.
BB: E ganhou espaço porque é muito competitiva?
RS: Neste momento, a fonte eólica é a mais competitiva que existe.
O Brasil está com uma política inteligente. A geração eólica está
entrando com a velocidade que tem que entrar e vai se tornar cada
vez mais importante. O problema é que a energia eólica casa bem
com hidrelétrica com reservatório. Hidrelétrica a fio d’água com
eólica não dá muito certo. A eólica tem certa previsibilidade do
vento, mas há momentos em que não venta. É preciso ter outra coisa que entre naquele período. Tem que casar com térmicas a gás,
que iniciam a geração em pouco tempo. Mas para a eólica entrar
no Brasil, é preciso preparar o sistema para isso. Aparentemente, a
eólica e a solar podem responder por até 20% da capacidade instalada de um país. Mais que 20%, é preciso ter cuidado. Há um
espaço grande para a eólica no Brasil ainda.
Roberto Schaeffer_Professor associado
da UFRJ, com atuação no Programa
de Planejamento Energético da Coppe,
além de pesquisador do Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico
e Tecnológico (CNPq). Realizou pósdoutorado na University of Pennsylvania,
nos Estados Unidos (Center for Energy and
Environment), e trabalhou como professor
visitante nesta mesma universidade.
Mantém colaboração estreita com o LBNL
– Lawrence Berkeley National Laboratory,
da University of California, e tem atuado
regularmente como consultor externo
da International Atomic Energy Agency
(Iaea), em Viena. Tem mais de 20 anos de
atuação em ensino, pesquisa e extensão,
nas áreas de planejamento energético e
de mudanças climáticas, com pesquisas
e trabalhos apoiados por organismos
internacionais, como BID e Bird, órgãos
nacionais de fomento e órgãos do Governo,
como Ministério de Minas e Energia,
Ministério do Meio Ambiente, Aneel e ANP,
além de empresas públicas e privadas
nacionais e estrangeiras.
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BB: E a energia solar?
RS: Estamos começando a engatinhar na solar. A energia solar tem
que entrar em doses homeopáticas, porque o investimento é caríssimo. O Brasil demorou a investir em energia eólica, e parece que ela
se tornou competitiva. Agora, é o momento de deixar a eólica entrar.
A energia solar não está pronta ainda. O que vale a pena fazer são
usinas piloto, programas parcimoniosos, de pré-condições, para dar
chance de a energia solar entrar e começar a ficar competitiva. Há
situações em que a energia solar já é interessante, como em comunidades da Amazônia. A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica)
criou uma legislação para incentivar a geração distribuída. É a possibilidade de usar o telhado da sua casa. Uma coisa é a geração solar de
grande porte. Esta é muito cara. Já a geração solar localizada começa
a ser competitiva. Mas, para isso, é preciso criar pré-condições.
42_Edição 279_jan/fev 2013
“O sistema elétrico brasileiro é excepcional,
não há país em desenvolvimento
com um sistema elétrico tão confiável
como o brasileiro”
DELTA.COM
/DeltaAirLinesBrasil
*As poltronas-cama podem não estar disponíveis em todos os voos.
especial
Comitê de Energia da Amcham Rio
recebe a visita de diretor da Light
Condições estruturais de hoje minimizam risco de racionamento
“E
m 1993, estávamos estudando a
utilização dos sistemas hidráulicos e fomos visitar um dos
maiores complexos do mundo, que fica na
costa oeste dos Estados Unidos, em Columbia. Lá, eles têm um sistema de aproveitamento de grandes reservatórios, uma instalação complexa, com uma operação que se
situa nos estados de Oregon e Washington
e que, sozinha, tinha uma capacidade de
reserva hidráulica maior do que a do Brasil
inteiro. Um dos diretores nos perguntou o
que pretendíamos ver por lá e, quando dissemos que queríamos entender como eles
utilizavam esse potencial, ele respondeu:
‘Acho que vocês perderam a viagem. Nós,
aqui, estamos estudando como vocês a utilizam no Brasil. Vocês são mais avançados
do que a gente’.”
Foi com essa história que o diretor de
Energia e Desenvolvimento de Novos Negócios da Light, Evandro Vasconcelos, iniciou
sua apresentação, como palestrante convidado, na primeira reunião do ano realizada
pelo Comitê de Energia, em 31 de janeiro
de 2013, para membros da Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro. O encontro contou com a presença de mais de 40
representantes de diversas empresas ligadas
ao setor de energia elétrica no Brasil.
Com expertise de quem tem mais de 30
anos de serviços prestados como engenheiro
do setor de energia elétrica, primeiro na Cemig, por onde se aposentou e, há três anos
atuando como dirigente do setor na Light,
Vasconcelos fala com otimismo do panorama do País: “O setor de energia elétrica no
Brasil é extremamente organizado, embora
seja complexo. É um setor de infraestrutura
fundamental do qual nós, brasileiros, temos
orgulho por ser um dos mais bem estruturados do País e do mundo. Somos referência
global, até mesmo em países com sistemas
hidráulicos com capacidade de produção
maior do que a nossa”, revelou.
44_Edição 279_jan/fev 2013
Por Sol Mendonça
Vasconcelos lembrou que o Brasil tem
uma matriz de energia predominantemente
hídrica: limpa, renovável, barata. Além disso, o País está à frente de muitos outros em
matéria de exploração de fontes de energia
renováveis. Além de água (74,30%), temos
derivados da cana-de-açúcar (5,10%) e já
avançamos no aproveitamento de energia
eólica. Quanto à oferta de energia no Brasil,
em comparação com o mundo, dispomos
de 42,3% de energia renovável (boa parte
graças à biomassa) contra 12,2% do resto
do mundo. Boas notícias também no que se
refere à emissão de gases de efeito estufa em
razão do consumo de energia elétrica. Ainda comparando, o carvão, não renovável e
altamente poluente, concentra-se em alguns
países. Estamos também muito à frente na
discussão da emissão de gases de efeito estufa. Vasconcelos lembrou ainda que há um
potencial imenso a ser explorado, como é o
caso da Região Norte do Brasil, com apenas
10% do potencial hidrelétrico utilizado. Já
em termos de extensão, o Brasil desenvolveu um megassistema de transmissão, interligado do Chuí ao norte da Amazônia,
que exigiu altíssimo investimento e, ainda
em comparação com as dimensões da Europa, por exemplo, é como se houvesse um
sistema interligando Lisboa ao interior da
Rússia. “Isso não ocorre em nenhum outro
país”, ressaltou.→
Divulgação Light / Paula Kossatz
“Estamos sempre associados a esta incerteza
que estamos vivendo agora. A capacidade de
produção das hidrelétricas depende mais da
chuva do que das máquinas”
O diretor de Energia
e Desenvolvimento
de Novos Negócios
da Light, Evandro
Vasconcelos
Edição 279_Brazilian Business_45
especial
Para o engenheiro, que trabalha na implementação de usinas
hidrelétricas há três décadas, um dos grandes impasses para o desenvolvimento do setor, senão o maior problema institucional, é a
questão do licenciamento ambiental. Nos últimos dez anos, avançamos muito pouco na exploração do potencial hidráulico do País
por conta de barreiras ambientais que ele considera equivocadas.
Ele afirma que não é contra tais discussões e restrições, mas esclarece que a legislação brasileira sobre o assentamento ambiental
foi toda elaborada com base em licenciamentos ambientais para
empreendimentos da iniciativa privada que visam benefícios econômicos apenas para quem explora aquela atividade econômica,
como um posto de gasolina. O setor licencia um empreendimento
essencial, que traz benefícios para uma nação inteira, sob os mesmos princípios. “É preciso pensar o impacto local sob o ponto de
vista do benefício global”, ressaltou.
A situação hoje
Sobre a atual situação brasileira no setor energético, o especialista enfatizou que, do ponto de vista estrutural, temos usinas hidrelétricas e capacidade de atender ao mercado brasileiro, hoje, amanhã
e nos próximos anos. Por outro lado, o País vive, no momento, um
problema conjuntural pela falta de chuvas nos meses de dezembro
e janeiro. No caso das hidrelétricas, não somos capazes de garantir
a produção de energia a partir da potência instalada o tempo todo
porque dependemos de um insumo natural, a água. “Estamos sempre associados a esta incerteza que estamos vivendo agora. A capacidade de produção das hidrelétricas depende mais da chuva do que
das máquinas”, lembrou, enfatizando que é preciso estudar e avaliar
o que se consegue garantir em períodos críticos. Na maior parte do
tempo, contamos com um excedente hidráulico, o que faz com que
seja possível evitar que as térmicas sejam despachadas.
Vasconcelos alertou para a importância da tomada de decisão
para a geração de energia elétrica, quando se tem uma série de hidrelétricas e de térmicas, e disse que este é um conceito fundamental para entender a situação do Brasil. O operador do sistema
tem duas alternativas, que só podem ser avaliadas levando-se em
conta análises probabilísticas, mas sempre contando com um grau
de incerteza. Ele pode parar a térmica e gerar com a hidrelétrica
e, nesse caso, se chover, essa terá sido uma boa decisão. Ou gerar
com a térmica e, se chover, provavelmente haverá desperdício de
insumo, caso os reservatórios transbordem e não haja tempo hábil
para produção. “O custo de geração não é um custo momentâneo,
mas de longo prazo, e uma decisão pode ser, em um primeiro momento, boa financeiramente, mas péssima no futuro.”
Hoje o Brasil tem uma potência instalada de 121 mil MW e uma
demanda máxima de 76 mil MW. Embora estejamos muito bem,
do ponto de vista de atendimento, temos um problema conjuntural
justamente porque estamos vivendo um momento muito próximo
do período crítico, ou seja, de poucas chuvas. Segundo Vasconcelos,
o mês de dezembro e a primeira quinzena de janeiro foram muito
ruins, o que fez acender o sinal de alerta. O preço do mercado de
curto prazo subiu muito, assim como o custo da geração hidráulica
a partir do momento que o risco do futuro aumentou. Outra consequência é o aumento do custo das térmicas. Quanto à capacidade
de gerar, temos aproximadamente 67 mil MW, em média, para um
mercado de cerca de 64 mil MW. Ou seja, temos uma folga de 5%.
46_Edição 279_jan/fev 2013
“O sinal econômico para o
consumidor só chega um ano
depois. É necessário pensar
uma forma de alertá-lo de
maneira racional, como é
feito em outros países, por
exemplo, com campanhas de
uso racional de energia”
As condições estruturais, hoje, são muito diferentes das que o setor tinha no passado, tanto em capacidade térmica, quanto
em capacidade de reserva, com uma participação maior de usinas termoelétricas na
matriz energética. Ele alerta, no entanto,
que o preço da energia pode subir para o
consumidor final, caso as chuvas se mantenham escassas nos meses de fevereiro e
março, principalmente na Região Sudeste,
que tem a maior capacidade de armazenamento. Neste pior cenário, pode ser que
chegue uma conta de R$ 15 bilhões no ano
que vem para as empresas de distribuição,
que já estão sinalizando que não têm como
bancar isso. Esta é a principal crítica do engenheiro ao setor. “O sinal econômico para
o consumidor só chega um ano depois. Sabemos que é complicado, mas é necessário
pensar uma forma de alertá-lo de maneira
racional, como é feito em outros países, por
exemplo, com campanhas de uso racional
de energia”, sinaliza.
Na abertura do encontro, o diretorsuperintendente da Amcham Rio, Helio
Blak, lembrou a vocação natural do Estado
para a questão energética e afirmou que o
comitê procura tratar não só da questão do
óleo e gás, mas de todas as questões ligadas à energia que nos afetam. O chairman
do Comitê de Energia, Manuel Fernandes,
mencionou a importância de se ter uma
agenda de debates acerca de temas que
impactam o setor. “Nos últimos três, quatro meses, a energia elétrica e os próximos
leilões de blocos para óleo e gás foram os
assuntos em destaque”, disse.
ponto de vista
Luiz Eduardo Rubião
diretor-presidente da Radix
O mantra do “gap da mão de obra”
C
omecei meu curso de engenharia em
1983, no Instituto Militar de
Engenharia, o IME, no Rio de Janeiro.
Naquele início dos anos 1980, o Brasil
estava encerrando um ciclo de projetos e
de partidas de grandes unidades. A Revap
(última refinaria construída no País no
século 20), a hidrelétrica de Itaipu, a Usina
Nuclear de Angra dos Reis, os polos petroquímicos de Camaçari e de Triunfo e muitas outras unidades industriais e obras de
infraestrutura. Minha geração pegou justamente esse momento de mudança do
governo militar para a chamada Nova
República. Foram 20 anos que eu arrisco
qualificar como uma grande maratona no
deserto da engenharia.
Empresas exuberantes até a década de
1980, como a Natron, simplesmente sumiram do mapa. E, com ela, várias outras
organizações que reuniam equipes de centenas de engenheiros e projetistas. Não
havia mais trabalho para tanta gente depois
que todos aqueles projetos se foram. E as
equipes foram sendo desmontadas. Mesmo
uma empresa sobrevivente como a Promon
teve que se reinventar para fazer a transição
entre aquele período e os tempos atuais.
Foram anos em que só os teimosos realmente continuaram na engenharia. E,
mesmo assim, tendo que buscar formas
alternativas de trabalho que se adaptassem
à realidade de um país sem grandes obras,
sem grandes empreendimentos. Eu e dois
companheiros de engenharia química do
IME e da Coppe decidimos, em 1989, montar uma empresa de engenharia, a
Chemtech, e vivemos pelo menos dez anos
tendo que matar um leão a cada dia.
48_Edição 279_jan/fev 2013
Como nação, nós não deveríamos estranhar o fato de hoje
estarmos sentindo falta de profissionais brasileiros especialistas em determinadas áreas ou em certos tipos de equipamentos
ou serviços. O mercado praticamente ficou zerado para eles e
não havia como manter uma massa crítica de pessoas atuando
de forma consistente no nosso País.
A retomada dos grandes projetos chegou a assustar muita
gente. Eu me lembro de ter vivido o início dos projetos da
Rnest (Refinaria do Nordeste) e do Comperj (Complexo
Petroquímico do Rio de Janeiro). Naquela época, nossa empresa, então com 17 anos, tinha uma equipe de 500 pessoas e
tivemos que recrutar mais 700 engenheiros em todo o País
para poder conduzir os dois projetos. Fomos a diversas universidades de todo o Brasil em busca desses profissionais e,
enquanto muitos falavam que talvez fosse necessário contratar
boa parte dos serviços de engenharia no exterior, conseguimos
montar uma equipe com jovens brasileiros e com os remanescentes da década de 1980 resgatados no mercado. Contratamos
e treinamos essas equipes com afinco e foi, sim, possível fazer
os projetos com esse time. Aproveitamos para equipar o grupo
recém-reunido com ferramentas mais modernas de automação de projetos. O objetivo era potencializar o pessoal e fazer
o projeto andar de uma maneira nova desde o seu início. Com
isso, as pranchetas da década de 1980 estavam sendo definitivamente trocadas pelas maquetes 3D desenvolvidas em microcomputadores. Chegamos a reunir um grupo de quase 1.500
profissionais e estagiários ligados à engenharia.
O Governo Federal percebeu que uma nova e mais intensa
demanda por engenheiros aconteceria. E foi até veloz em promover algumas mudanças nas universidades brasileiras, criando novos cursos e aumentando o número de vagas em universidades existentes. Cansei de visitar universidades (desde Santa
Maria até Campina Grande), em que era possível ver, na
segunda metade da década passada, diversos investimentos
nessa direção, de formar mais jovens engenheiros em todo o
País. A tarefa não é simples. Exigiria mudanças desde a educação fundamental, e estas são mudanças bem mais complexas. Mas o fato é que pelo menos a camada superior do ensino
levou uma chacoalhada.
A verdade é que foi só aumentar um pouco o número de projetos e a demanda por engenheiros para começar a imperar o mantra
do “gap da mão de obra”. A situação era absolutamente previsível.
Seria necessário, no entanto, que as empresas investissem também.
E procurassem formas de lidar com um período não tão longo de
dificuldades inerentes a um país de altos e baixos econômicos.
Esperar que o Governo resolvesse esse problema sozinho e criasse
magicamente formas de compensar os gaps numéricos de pessoas
mais experientes era certamente uma estratégia ingênua e sem
chances de êxito. E olha que a Petrobras e o Governo até tentaram.
Com o Prominp, por exemplo.
Eu vivi esse momento de intensificação do mantra do “gap da
mão de obra” já em minha segunda empresa, a Radix. Fundamos a
companhia no fim de março de 2010 e, menos de três anos depois,
já reunimos uma equipe de mais de 300 profissionais das áreas de
engenharia e software. E, mesmo sendo uma jovem empresa, nós
conseguimos recrutar as pessoas necessárias estreitando os laços
com as principais universidades do Brasil.
Uma alternativa a essa estratégia de aproximação das universidades é a importação de profissionais. Honestamente, eu não tenho
nenhum problema com o trabalho com estrangeiros, mas não consigo enxergar esta como uma solução sustentável a longo prazo.
Com certeza, em alguns postos de trabalho, esse pode, ainda hoje,
ser o único caminho viável. E que pode até se tornar sustentável se
houver um investimento de parte das empresas de transferir o
conhecimento e a experiência desses profissionais importados e
seniores para jovens profissionais brasileiros. Mas o fato é que a
importação indiscriminada e afobada de mão de obra não se mostrou benéfica nem mesmo para as empresas que optaram por ela.
Afinal de contas, o que fazer com todos os expatriados quando, por
exemplo, a Petrobras demora a tomar algumas decisões sobre seus
próximos passos?
Neste exato momento, o País vive uma fase de questionamentos
sobre o futuro e de dúvidas se seremos realmente capazes de levar
adiante os planos sonhados nos últimos anos.
Até por já ter passado pela experiência de montar grandes equipes brasileiras de engenharia em pouquíssimo tempo, tenho a mais
absoluta convicção de que “o gap da mão de obra” é, como dizia o
Cazuza, “pretensão de quem fica escondido, fazendo fita”. O Brasil
tem uma população estudantil do mais alto nível. Esta turma pode
fazer milagres se o País conseguir ter uma verdadeira visão do que
quer daqui pra frente.
A interação com profissionais estrangeiros pode ser bem interessante e proveitosa para o Brasil e para os países com os quais
temos parceria comercial e de negócios. Um programa como o
Ciência Sem Fronteiras pode operar mudanças de base na mentalidade dos jovens e das famílias brasileiras. Mas, acima de tudo,
precisamos todos, brasileiros e parceiros do Brasil, entender que um
país como o nosso precisa de uma visão de futuro e precisa ir construindo algo diferente para que possamos ser realmente capazes de
ajudar não apenas o Brasil, mas o mundo todo nos grandes desafios
globais que teremos pela frente. E o mantra do “gap da mão de obra”
é algo incompatível com a grandeza que o Brasil precisa ter.
Case de sucesso Radix
Na Radix, todos nós notamos que,
para sensibilizar os novos universitários
e trazê-los para o nosso time,
precisaríamos usar uma estratégia muito
mais agressiva do que a que tínhamos
desenvolvido anteriormente. Decidimos
nos lançar de corpo e alma nessa
empreitada e começamos, entre outras
coisas, a patrocinar diversas equipes de
competição acadêmica.
Nos mais diferentes cursos e nas mais
diferentes universidades, começaram a
ganhar força os movimentos de empresas
juniores, de educação tutorial, de equipes
de competição acadêmica, de organização
de semanas acadêmicas (sempre
com muitos minicursos) e outros
eventos técnicos.
A equipe de barcos solares da UFSC,
a equipe de robótica de combate da PUCRJ, as equipes de carros elétricos da
UFRJ e da USP, a equipe de minibajas da
Univasf, as equipes de aeromodelismo da
UFU e da UFRJ, a equipe de fórmula SAE
da UFRJ, as equipes de robótica da UFU,
do ITA e da UnB.
Quando começamos a mexer nessa
área, começamos logo a ser procurados
também por estudantes do ensino médio
altamente motivados e interessados
pelo tema da robótica e de outras artes
tecnológicas. Em pouco tempo, estávamos
patrocinando duas equipes de robótica
do Colégio Franco-Brasileiro e uma do
Colégio Liessin, ambos no Rio de Janeiro.
Edição 279_Brazilian Business_49
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CEP 04103-000
CEP: 27.910-1 0
Tel. 5511 3330-3330
Tel. 5522 2773 3318
| [email protected]
Rio de Janeiro
São Paulo
Macaé
Av. Rio Branco, 311, 4º e 10º andares
Centro - Rio de Janeiro - RJ
CEP: 20.040-903
Tel. 5521 3231 3700
Rua do Paraíso, 45, 4º andar
Paraíso - São Paulo - SP
CEP 04103-000
Tel. 5511 3330-3330
Rua Teixeira de Gouveia, 989, Sala 302
Centro - Macaé - RJ
CEP: 27.910-110
Tel. 5522 2773 3318
expediente
COMITÊ EXECUTIVO
PRESIDENTE
Henrique Rzezinski_Vice-presidente de Assuntos
Corporativos, BG E&P do Brasil Ltda.
1º. VICE-PRESIDENTE
Fabio Lins de Castro_Presidente,
Prudential do Brasil Seguros de Vida S.A.
2º. VICE-PRESIDENTE
Pedro Paulo Pereira de Almeida_Vice-presidente
de vendas da IBM Brasil
3º. VICE-PRESIDENTE
Rafael Sampaio da Motta_CEO,
Case Benefícios e Seguros
DIRETOR-SECRETÁRIO
Steve Solot_Presidente & CEO, LATC - Latin
American Training Center
DIRETOR-TESOUREIRO
Manuel Domingues e Pinho_Presidente,
Domingues e Pinho Contadores
CONSELHEIRO JURÍDICO
Julian Fonseca Peña Chediak_Sócio,
Chediak Advogados
EX-PRESIDENTES
João César Lima, Robson Goulart Barreto
e Sidney Levy
Luiz Ildefonso Simões Lopes_Presidente, CEO,
Brookfield Brasil
Manuel Domingues e Pinho_Presidente,
Domingues e Pinho Contadores
Manuel Fernandes R. de Sousa_Sócio, KPMG
Marco Antônio Gonçalves_Diretor-gerente
Auto/RE, Bradesco Seguros S.A.
Mauricio Vianna_Diretor, MJV Tecnologia Ltda.
Patricia Pradal_Diretora de Desenvolvimento
de Negócios e Relações Governamentais,
Chevron Brasil Petróleo Ltda.
Pedro Paulo Pereira de Almeida_Vice-presidente
de vendas da IBM Brasil
Petronio Ribeiro Gomes Nogueira_Sócio-diretor,
Accenture do Brasil
Roberto Castello Branco_Diretor de Relações
com Investidores, Vale S.A.
Álvaro Emídio Macedo Cysneiros_Diretor de
Mercado Internacional, Totvs Rio de Janeiro
DIRETORES EX-OFÍCIO
Carlos Alexandre Guimarães_Diretor Regional Rio
de Janeiro e Espírito Santo, SulAmérica Companhia
Nacional de Seguros
Andres Cristian Nacht | Carlos Augusto C. Salles
| Carlos Henrique de Carvalho Fróes | Gabriella
Icaza | Gilberto Duarte Prado | Gilson Freitas de
Souza | Ivan Ferreira Garcia | João César Lima
| Joel Korn | José Luiz Silveira Miranda | Luiz
Fernando Teixeira Pinto | Omar Carneiro da Cunha
| Peter Dirk Siemsen | Robson Goulart Barreto |
Ronaldo Camargo Veirano | Rubens Branco da Silva
| Sidney Levy
Carlos Henrique Moreira_Presidente do Conselho,
Embratel
PRESIDENTES DE COMITÊS
Fernando José Cunha_Gerente-executivo para
América, África e Eurásia - Diretoria internacional,
Petrobras
Assuntos Jurídicos - Julian Chediak
Propriedade Intelectual - Andreia
de Andrade Gomes
Tax Friday - Richard Edward Dotoli
Energia – Manuel Fernandes
Entretenimento, Esportes e Cultura - Steve Solot
Logística e Infraestrutura - Álvaro Palma de Jorge
Marketing - Noel De Simone
Meio Ambiente - Kárim Ozon
Recursos Humanos - Claudia Danienne Marchi
Guillermo Quintero_Presidente,
BP Energy do Brasil Ltda.
Relações Governamentais - João César Lima
Henrique Rzezinski_Vice-presidente de
Assuntos Corporativos, BG E&P do Brasil Ltda.
Saúde - Gilberto Ururahy
Responsabilidade Social Empresarial - Silvina Ramal
Ítalo Mazzoni da Silva_Presidente, Ibeu
Seguros, Resseguros e Previdência - Luiz
Wancelotti
Julian Fonseca Peña Chediak_Sócio,
Chediak Advogados
Tecnologia da Informação e Comunicação André Bertrand
52_Edição 279_jan/fev 2013
João Carlos Pedroza da Fonseca_Superintendente,
Rede Tribuna
Marcos Guerra_Presidente, Findes
Steve Solot_Presidente & CEO, LATC - Latin
American Training Center
Fabio Lins de Castro_Presidente,
Prudential do Brasil Seguros de Vida S.A.
Carlos Fernando Lindenberg Neto_Diretor-geral,
Rede Gazeta
Richard Klien_Presidente do Conselho,
Multiterminais Alfandegados do Brasil Ltda.
DIRETORES
Eduardo de Albuquerque Mayer_Private Banker,
Banco Citibank S.A.
Bruno Moreira Giestas_Diretor, Realcafé Solúvel
do Brasil S.A.
Márcio Brotto Barros_Sócio, Bergi Advocacia –
Sociedade de Advogados
Rodrigo Tostes Solon de Pontes_Advogado
David Zylbersztajn_Diretor-geral, Agência Rio 360
Comunicação Ltda.
DIRETORES
Ricardo Karbage_Presidente,
Xerox Comércio e Indústria Ltda.
Mauro Vieira_Embaixador do Brasil nos EUA
Thomas Shannon_Embaixador dos EUA no Brasil
Cassio Zandoná_Superintendente Amil Rio de
Janeiro, Amil - Assistência Médica Internacional Ltda.
VICE-PRESIDENTE
Maurício Max_Diretor do Departamento
de Pelotização, Vale S.A.
Liberato Milo_Diretor-geral, Chocolates Garoto
PRESIDENTES DE HONRA
Carlos Affonso d’Albuquerque_Diretor Financeiro
e de Relações com Investidores, Valid
PRESIDENTE
Otacílio José Coser Filho_Membro do Conselho
de Administração, Coimex Empreendimentos e
Participações Ltda.
Rafael Sampaio da Motta_CEO,
Case Benefícios e Seguros
Roberto Prisco Paraíso Ramos_Diretorpresidente, Odebrecht Óleo e Gás S.A.
Benedicto Barbosa da Silva Junior_Diretorpresidente, Odebrecht Infraestrutura
DIRETORIA AMCHAM ESPÍRITO SANTO
Paulo Ricardo Pereira da Silveira_Gerente-geral
Industrial, Fibria Celulose
Ricardo Vescovi Aragão_Presidente,
Samarco Mineração
Rodrigo Loureiro Martins_Advogado-sócio
Principal, Advocacia Rodrigo Loureiro Martins
Simone Chieppe Moura_Diretora-geral,
Metropolitana Transportes e Serviços
Victor Affonso Biasutti Pignaton_Diretor,
Centro Educacional Leonardo da Vinci
Negócios Internacionais
Marcilio Rodrigues Machado
Relações Governamentais
Maria Alice Paoliello Lindenberg
LINHA DIRETA COM A AMCHAM RIO
Diretor-superintendente: Helio Blak
(21) 3213-9205 |[email protected]
Administração e Finanças: Ednei Medeiros
(21) 3213-9208 | [email protected]
Produtos e Serviços: Helen Mazarakis
(21) 3213-9231 | [email protected]
Jaqueline Paiva | (21) 3213-9232 |
[email protected]
Conteúdo Institucional: Andréa Blum
(21) 8105-9338 | [email protected]
LINHA DIRETA COM A AMCHAM ES
Diretor-executivo: Clóvis Vieira
(27) 3235-2242 | [email protected]
Coordenadora de Associados: Keyla Corrêa
(27) 3324-8681 | [email protected]

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