Baixar - Etec Arquivos

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ficha
técnica
Leandro Vieira - CEO
Flávio Augusto - Board member
EBOOK
Edição: Fábio Bandeira de Mello,
Mayara Chaves e Simão Mairins
Revisão: Mayara Chaves
Capa e diagramação: Ricardo Melo
Brasil - 2016
3
5
Introdução
6
14 coisas que você precisará
saber quando chegar ao sucesso
por FLÁVIO AUGUSTO
9
Empreendedorismo é Administração.
Deal with it
por LEANDRO VIEIRA
su
má
rio
13
Por que eu quero que meus filhos
sejam empreendedores?
por JOÃO KEPLER
22
Diagrama de Ishikawa: espinha de
peixe ajudando sua startup
por MARCELO TOLEDO
27
Autossabotagem pode prejudicar
os negócios
por EUZAIRA MIRANDA
32
Profissional empreendedor: uma
nova classe de empreendedores?
por AUREA VELL
38
Como e por que deixei meu “emprego seguro” para
abrir um negócio e fazer o que gosto
por RAFAEL RECIDIVE
43
5 passos para transformar uma grande
ideia em um grande negócio
por VANESSA MEDEIROS
48
Afinal, existe um perfil empreendedor?
55
7 canvas que todo empreendedor deve conhecer
63
Onde estão os mentores?
por MARCOS HASHIMOTO
por FELIPE SCHERER
por ANA FONTES
introdução
Caro leitor,
Sempre entendemos que o caminho para
Aqui, você encontrará a experiência
o progresso de uma nação e a formação
de pessoas que entendem muito de
de uma economia forte dentro de um país
empreendedorismo.
passa pela Administração e pelo fomento
que foram escolhidos a dedo por sua
ao empreendedorismo, com a geração de
trajetória e pela sua capacidade de tornar
novos negócios. E quem impulsiona essa
ideias realidade. Eles trazem lições e dicas
evolução são os empreendedores, aqueles
assertivas para quem deseja seguir esse
capazes de criar ideias criativas, de fazer
caminho com mais eficácia. Além disso,
a roda da economia girar, de pensar em
esse livro inicia um projeto inédito em
possibilidades que outros jamais pensariam.
nossos e-books: selecionamos, entre mais
São
profissionais
de 500 artigos publicados pelos assinantes
Ainda assim, sem dúvida, os desafios para
dos Administradores Premium sobre
isso são muitos. No Brasil, temos uma
o tema, quatro textos que compõem
das piores cargas tributárias do mundo
o nosso conteúdo fora de série em
e vivemos em uma constante incerteza
empreendedorismo.
de mercado. Mas como já diz o ditado
popular: “enquanto uns choram, outros
Aproveite mais esse ebook com o selo do
vendem lenços”. E se você está lendo
Administradores.com para desenvolver
esse ebook “Empreendedorismo Fora de
a sua carreira.
Série”, temos a certeza que é um daqueles
que está na segunda parte desse dito.
— Equipe Administradores.com
Uma ótima leitura!
14
coisas
que você precisará
saber quando
chegar ao
sucesso
Por FLÁVIO AUGUSTO
14 coisas que você
precisará saber quando
chegar ao sucesso
Por FLÁVIO AUGUSTO
Q
uando você apresenta sua ideia, dão risadas. No
dia em que você resolve implementar, criticam.
Depois de seu sucesso, se perguntam: “Mas
como?”. Em seguida, tentam imitar. Quando
fracassam, dizem que você teve sorte. Alguns vão te admirar.
Outros vão se corroer de inveja. Uma parte vai querer aprender
com você. Outra parte vai dizer que você é burguês.
Depois de chegar ao topo, você vai chegar a algumas
conclusões:
1 - Vale a pena não seguir a boiada;
2 - A sociedade é hipócrita;
3 - Os que te chamam de burguês são invejosos e gostariam
de estar no seu lugar;
4 - Só vale a pena ajudar quem quer ser ajudado;
5 - Uma única pessoa que corresponde compensa todas as
outras que foram ingratas;
6 - Compartilhar vale a pena;
7
14 coisas que você
7 - Nenhum sucesso justificará o fracasso de sua família.
precisará saber
Não é necessário escolher. Dê conta dos dois;
quando chegar
8 - Dinheiro é muito bom, mas é menos do que as
ao sucesso
pessoas imaginam;
9 - A simplicidade compensa;
10 - Não vale a pena viver em função do que as pessoas
pensam sobre você;
11 - Se possível, evitar a fama;
12 - Simplificar a vida compensa;
13 - Se tem um dinheiro que vale a pena gastar é aquele
com viagens com a família;
14 - Falando em gastar, sempre gastar menos do que se
ganha. Colocar o dinheiro no seu devido lugar. Ele deve
trabalhar para você e jamais o contrário.
Flávio Augusto
É um dos principais ícones do empreendedorismo
no Brasil. Fundou a Wise Up e, mais tarde, o
Ometz Group, que englobou uma série de empresas
fundadas por ele e em 2013 foi vendido para a
Abril Educação, da qual passou a ser sócio. No
mesmo ano, adquiriu o Orlando City, clube da
principal liga norte-americana de futebol. É também
o idealizador do Geração de Valor, projeto focado
em inspirar jovens que estão iniciando a carreira
e desejam chegar mais longe, aprendendo com a
8
experiência de um empreendedor de sucesso.
empreendedorismo é
ADMINIS
TRAÇÃO
Deal
with it
Por LEANDRO VIEIRA
9
Empreendedorismo
é Administração.
Deal with it
Por LEANDRO VIEIRA
E
mpreender está na moda. E já não era sem tempo.
Depois de muito levarem na cabeça perseguindo
ilusões como estabilidade e segurança, muitas pessoas
estão acordando para o fato de que, para terem uma vida plena
e realizada, devem assumir riscos e apostar em suas ideias. Essas
pessoas estão não apenas construindo novas rotas para suas
vidas, mas ajudando a mudar toda uma cultura secular que ainda
reina em nosso país que é, justamente, contrária à inovação e ao
empreendedorismo.
A moda de empreender criou, inclusive, oportunidades para
diversos empreendedores. Tem muita gente ganhando dinheiro
“ensinando” pessoas a empreender. A fórmula é bastante simples:
você aprende uma série de jargões bonitos sobre como vencer
na vida e, se não der certo aplicar isso num negócio de verdade,
pode abrir um curso de como empreender ensinando esses
mesmos jargões para outras pessoas, num loop infinito.
10
Eric Ries abre o primeiro capítulo de seu célebre livro A
startup enxuta com a seguinte frase: “desenvolver uma startup
Empreendedorismo
é um exercício de desenvolver uma instituição, portanto,
é Administração.
envolve necessariamente administração”. Ries é enfático:
Deal with it
empreender é administrar. Sempre nutri essa mesma visão,
que desafia totalmente o meio acadêmico e seu eterno vício
em criar conceitos, muitas vezes sem entender a própria
essência daquilo que se pretende conceituar.
Os candidatos a empreendedores costumam torcer o nariz para
a Administração. Administrar, segundo eles, é a parte chata, a
parte que deve ser delegada a alguém menos talentoso, alguém
que não conte com a sua visão privilegiada e sua postura mental
vencedora. Parece que o mais importante é ter uma ideia
revolucionária, acreditar no seu potencial e compartilhar frases
bonitinhas no Facebook. Para essa turma, o sucesso não é uma
questão de esforço inteligente (e bem administrado), mas de
destino. Se empreender é algo que se aprende com os erros,
esse certamente é o primeiro deles.
Lembra do filme Karate Kid (o dos anos 80, por favor)?
Daniel Larusso, mais conhecido como Daniel San, o franzino
protagonista que queria aprender caratê para não apanhar
mais na escola, foi ter aulas com o lendário Senhor Miyagi. As
primeiras lições pareciam não ter nada a ver com a arte marcial
e, inclusive, deixaram Daniel San muito frustrado: ele passava
os dias a pintar a cerca, polir o carro e lixar o assoalho de
Miyagi. Entretanto, lá pelas tantas, Daniel San se viu repetindo
naturalmente os movimentos dessas atividades aparentemente
nonsense no meio das diversas lutas que veio a travar ao longo
11
do filme, o que foi essencial para que ele desenvolvesse a
maestria no caratê. Empreender tem muito de executar
movimentos básicos também. Peter Drucker (sempre ele)
Empreendedorismo
evidenciou exatamente isso em Inovação e Espírito Empreendedor,
é Administração.
quando disse que empreender “requer, sobretudo, a aplicação
Deal with it
de conceitos básicos, a techné básica, da Administração para
problemas novos e oportunidades novas”. Drucker, inclusive,
credita à Administração o sucesso dos Estados Unidos como
uma nação empreendedora.
Empreender vai muito além de pensamento positivo. Se você
quer realmente empreender com maestria, comece agora mesmo
a pintar a sua cerca. Dedique seu tempo a aprender a administrar.
Será a sua habilidade como administrador que determinará
o seu sucesso como empreendedor. Empreendedorismo é
Administração. Deal with it.
Leandro Vieira
Fundador e CEO do Administradores. Mestre
em Administração pela UFRGS e Certificado
em Empreendedorismo pela Harvard Business
School. Tem MBA em Marketing pelo IPAM.
Administrador de Empresas pela UFPB e bacharel
em Direito pelo UNIPÊ. Foi professor da Escola de
Administração da UFRGS. É autor do livro Seu
Futuro em Administração e um dos organizadores
do livro Gestão da Mudança: Explorando o
Comportamento Organizacional. Recebeu em 2015
o Troféu Jubileu de Ouro do Conselho Federal de
Administração, como homenagem e agradecimento
12
pelos serviços prestados à profissão.
por que
eu quero que
meus filhos sejam
empreen
dedores?
Por JOÃO KEPLER
13
Por que eu quero que
meus filhos sejam
empreendedores?
Por JOÃO KEPLER
E
u li uma estatística chocante: o número de
desempregados sobe a cada dia no Brasil. É realmente
alarmante a perspectiva de empregos para os próximos
dois anos. Além disso, outro dado que me assusta é que apenas
13% dos funcionários que estão efetivamente empregados estão
felizes e “empenhados” em seus trabalhos, ou seja, muitas pessoas
passam a vida de trabalho se sentindo desmotivadas em fazer o
que são obrigadas ou o que não gostam. São infelizes!
Digo isso apenas para começar a justificar porque eu quero que
meus filhos sejam empreendedores e não empregados, ou seja,
que procurem trabalho e não emprego. Mas não é só a questão
ligada ao emprego formal pois, na verdade, há muitas razões
para encorajar meus filhos para uma jornada empreendedora.
Pois bem, inspirado em um artigo que li outro dia onde uma
empreendedora americana relata seus motivos de ter seguido por
esse caminho, eu resolvi mostrar as minhas razões, constatações
e experiências próprias na educação empreendedora que pratico
em casa com meus 3 filhos. Seguem 10 delas:
14
Por que eu quero
que meus
filhos sejam
empreendedores?
1) Estilo de vida
Levar uma vida mais saudável e ter liberdade de horário podem
fazer com que o empreendedor divida melhor as horas entre o
trabalho e o lazer. Não estou falando que vão trabalhar menos
e sim distribuir melhor, conforme seus interesses. Até porque,
quando se é apaixonado pelo que faz, não se trata de trabalho
e sim de missão. Eles sentem adrenalina no lugar do estresse,
se sentem desafiados em vez de sufocados e, principalmente, a
autoestima que vem da sensação de agregar valor à sociedade.
Mas, o melhor em relação ao estilo de vida do empreendedor
é a flexibilidade. Ele pode manipular a agenda para passar mais
tempo com a sua prioridade, sem peso ou culpa, pois pode
compensar as horas perdidas no negócio. Sem falar que pode
melhorar os hábitos alimentares e viver de forma não sedentária.
É claro que muitos empreendedores preferem o estilo de vida
workaholic, mas até isso é uma livre escolha.
2) Criatividade e Inovação
Fazendo uma simples comparação, o empreendedor tem de ser
criativo ou encontrar formas inovadoras de resolver problemas.
Já os funcionários, por outro lado, muitas vezes têm a sua
criatividade sufocada. Eles não têm a liberdade para ir além da
sua obrigação, dos seus limites. Esta abordagem frustra o talento
e desencoraja a liberdade de pensamento que leva à inovação. A
15
criatividade, portanto, abre o caminho para aventuras pessoais e
profissionais que trazem muito mais satisfação na vida.
Por que eu quero
que meus
filhos sejam
empreendedores?
3) Responsabilidades
O empreendedor é responsável perante si mesmo e todos ao seu
redor, a partir das decisões que toma e a forma como gasta os
seus recursos que, muitas vezes, são limitados e imprevisíveis.
Isto significa desenvolver a capacidade de fazer com menos,
de andar com as próprias pernas, tomar decisões rápidas e de
assumir completa responsabilidade pelos seus atos.
Em um nível pessoal, isso significa desenvolver comportamento
independente e traços de confiança e caráter. Esse tipo de atitude
muitas vezes é desencorajada ou simplesmente não é possível
quando se é empregado. Isso acontece porque muitas ideias,
para serem implementadas, precisam de aprovações repletas de
regras e restrições, que levam o funcionário a se sentir apenas
mais uma parte da engrenagem, impotente para assumir a
responsabilidade, porque muitas vezes não é dada a oportunidade
de ousar e experimentar o novo.
Enfim, mesmo quando as ideias empreendedoras não são boas
ou dão errado, se cultiva um senso de aprendizado, oportunidade
e responsabilidade muito mais aguçado, pois o dinheiro é
proveniente de seu próprio bolso!
4) Paixão
16
Quero meus filhos apaixonados por alguma coisa interessante,
uma causa, uma ideologia, um estilo ou um hobby, até porque os
Por que eu quero
empreendedores também podem construir ideias de negócios
que meus
em torno de suas paixões pessoais e isso é muito mais gratificante
filhos sejam
do que trabalhar em um emprego que não traga prazer. Ou
empreendedores?
seja, os que pensam assim se preocupam em criar, implementar
ou vender produtos e serviços em que realmente acreditam.
Quero eles felizes, apaixonados e satisfeitos! A falta da paixão
tira o brilho dos olhos!
5) Desafios
Uma queixa clássica de funcionários de empresas é que eles estão
entediados ou nada de novo acontece, muitos ficam presos nesta
rotina durante anos até que encontrem um emprego melhor.
Quando se é empreendedor, a vida nunca é monótona. A
pessoa é obrigada a tomar direções, desafiada a adquirir novas
qualificações, a enfrentar barreiras e o inesperado, e a superar
medos e fracassos. O mais interessante na vida empreendedora
é a aprendizagem contínua e o exercício diário mental. Cada
dia é um novo desafio que exige um novo pensamento que te
leva a explorar e maximizar o potencial individual.
6) Dinheiro
Apesar de o dinheiro não ser o fator chave para a maioria dos
empreendedores, se eles forem bem sucedidos nos seus negócios
vão conseguir acumular sem limites e terem segurança financeira
bem mais rápido do que em empregos formais. É claro que os
riscos são maiores e é mais difícil, mas quem disse que o melhor
17
é ser fácil?
Por que eu quero
que meus
7) Garantias
filhos sejam
empreendedores?
Você pode pensar: “O emprego tem a garantia do salário fixo
e da segurança. Sim, isso pode até passar a sensação da garantia
do fixo, mas por quanto tempo? Qual é a garantia de segurança
que existe? O empregado de empresa privada está sujeito ao
humor do patrão, ao jogo de convivência empresarial, ao QI
(quem indica), às oscilações do mercado e, claro, à instabilidade
de qualquer negócio. Ah, você pode fazer concurso público e
ter estabilidade. Ok, pode, mas sobre isso vou tratar em outro
artigo ;) . A única garantia que o empreendedor tem é ele mesmo
e isso, se bem trabalhado, é instigante e motivador!
8) Legado
A famosa pirâmide de Maslow, aquela da teoria da hierarquia
das necessidades, revela que o topo a que se pode chegar na
vida é a autorrealização. A pirâmide mostra que para percorrer
o todo é necessário passar pelas partes, mas também há quem
chegue lá sem passar por todas as etapas da pirâmide.
Bem, o que quero dizer com isso é que para o empreendedor a
vida não é uma escada ou engessada, de modo que precise passar
por etapas: o que importa é que a visão de autorrealização seja
substituída pelo legado.
18
O que posso deixar marcado como minha realização? O que
posso ensinar? Como as pessoas se lembrarão de mim? O que
Por que eu quero
fiz de bom nesta vida? Qual o impacto social e aprendizado
que meus
que deixarei? Essas são as preocupações e as metas sociais do
filhos sejam
empreendedor. Aliás, a responsabilidade social é a base na
empreendedores?
jornada empreendedora, pois a colaboração e o envolvimento
em projetos sociais é encarado como condição para mudança
da realidade em que vivemos.
9) Independência
Aqui deixo um alerta e peço uma atenção redobrada. Uma das
frustrações do empreendedorismo é quando nos damos conta
de que não é fácil ser dono do seu próprio negócio. Muitos
empreendedores simplesmente se sentem totalmente perdidos e
desorientados por conta da liberdade, da chamada independência,
quando percebe que dependem sim e muito dos outros: seus
clientes, fornecedores, parceiros, sócios etc.
A independência do empreendedor é relativa e não está só ligada
à questão de ser livre e desimpedido de um emprego formal,
por exemplo. A questão é usar bem a liberdade conquistada,
amadurecer sua autonomia, praticar, aprender, se relacionar,
desenvolver mecanismos para viver em sociedade para alcançar
sua independência, principalmente a financeira.
10) Propósito
Muitas pessoas passam a vida toda sem saber porque estão
19
nesta vida. Muitas pessoas traçam objetivos mas não sabem os
Por que eu quero
porquês destes objetivos. No empreendedorismo, a primeira
que meus
coisa com que devemos nos preocupar é o propósito de vida.
filhos sejam
Sabemos que sem um porquê suficientemente forte, de nada
empreendedores?
adianta traçar objetivos.
Para isso, o exercício que eu faço em casa com os meus filhos
é perguntar: “Se você tivesse certeza absoluta do sucesso, a que
dedicaria a sua vida? Por quê?”. Quando visualizamos claramente
os nossos propósitos de vida (no plural, porque podemos ter
mais de um), o trabalho deixa de ser trabalho e passa a ser fonte
de alegria, prazer, entusiasmo e realização. Ah, o empreendedor
também pode mudar de propósito ao longo do caminho! ;) O
sucesso é viver do seu propósito!
Bem, esses são alguns dos fatores e argumentos que embasam a
minha decisão de incentivar os meus filhos de 16, 14 e 10 anos a
serem empreendedores. Aliás, já são! Porém, eu reconheço que
nem todos têm a aptidão, coragem e motivos para construir um
negócio ou seguir este caminho.
Por isso, eu respeito quem decide ir pelo modelo tradicional e
formal, mas enquanto eu tiver forças, estarei dando exemplos para
que os meus filhos tenham comportamento empreendedor desde
agora. Assim, acredito que estarão melhor preparados e fortes
psicologicamente para enfrentar a competição no novo mundo,
buscarão seus próprios negócios, enfim, serão os protagonistas
dos seus próprios destinos. Inclusive para decidirem trilhar por
outro caminho.
20
Por que eu quero
Em relação a ser empregado, é lógico que existem empregos
que meus
maravilhosos onde você se sente parte do todo, onde a inovação
filhos sejam
está presente, onde a criatividade é incentivada, o patrão é
empreendedores?
colaborativo, participativo, delega e é humano, onde o ambiente
de trabalho é incrível e os funcionários têm prazer e orgulho
em trabalhar. Se você trabalha em uma empresa assim, parabéns,
cuide disso! Mas acredite, não é fácil encontrar esse emprego
dos sonhos, na maioria dos casos.
João Kepler
Reconhecido como um dos palestrantes mais
sintonizados com Inovação e Convergência
Digital do Brasil. É investidor anjo e líder do
núcleo Nordeste da Anjos Do Brasil. Participa de
mais de 40 startups e é associado nas Investidoras
Bossa Nova Investimentos e Seed Participações.
Foi premiado pelo Spark Awards da Microsoft
como Investidor Anjo do Ano 2015. Além disso
é empreendedor serial, conselheiro da Global
Council of Sales Marketing, CEO na Plataforma
SDI de Event Ticketing, colunista de diversos
portais no Brasil, palestrante internacional, escritor
e autor dos livros O vendedor na Era Digital e
Atendimento & Vendas.
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Diagrama de
Ishikawa:
espinha de peixe
ajudando sua
startup
Por MARCELO TOLEDO
22
Diagrama de Ishikawa:
espinha de peixe
ajudando sua startup
Por MARCELO TOLEDO
C
onhecido popularmente como espinha de peixe,
o diagrama de causa e efeito surgiu na década de
40, desenvolvido por Kaoru Ishikawa, como uma
ferramenta com objetivo de identificar problemas no processo de
produção de um produto. Já muitas décadas depois, a espinha de
peixe ainda é uma das ferramentas mais utilizadas por empresas
no mundo todo! Seu uso não se limita, entretanto, apenas às
linhas de produção industrial, pois pode te ajudar a entender
sua startup de acordo com a análise dos processos utilizados para
alcançar os objetivos desejados.
O diagrama de Ishikawa identifica possíveis causas para os
problemas ou efeitos em seu processo de produção. Você pode
usar a espinha de peixe na sua startup para entender os fatores que
determinam os resultados que você deseja obter e para analisar
as causas de problemas a serem evitados.
23
Diagrama de
A espinha de peixe tem sua divisão baseada em causas primárias,
Ishikawa: espinha
que podem ser os 6 Ms ou 4 Ps, entre outras, onde podemos
de peixe ajudando
identificar as causas dos problemas analisando o todo. Citamos
sua startup
dois tipos de causas primárias e, abaixo, as detalhamos:
6 Ms
Método: da forma de execução do trabalho, de processos
incorretos ou aplicados indevidamente;
Material: toda causa proveniente do material usado, na matériaprima;
Máquina: causa que envolva a máquina, como ajustes incorretos
ou defeitos mecânicos e elétricos;
Meio Ambiente: além dos fatores climáticos, agrega também
situações políticas e de mercado que podem causar problemas;
Medição: avaliações feitas de forma incorreta e levantamento
de dados impreciso;
Mão de obra: toda causa que envolva a ação de um colaborador.
4 Ps
Os 4 Ps são as causas primárias mais indicadas para efeitos de
gestão, sendo: políticas, procedimentos, pessoal e planta. A
partir dessas causas primárias definimos as subcausas do efeito.
24
Diagrama de
Ishikawa: espinha
de peixe ajudando
Aplicando a espinha de peixe
em sua startup
sua startup
Para montar seu diagrama, primeiramente você deve definir o
problema a ser analisado, ou o resultado esperado. Trace uma
linha horizontal e escreva o resultado esperado no fim desta linha.
Analise todo o processo necessário até o resultado final; analise
como e por quem o processo ou cada etapa dele é desenvolvido.
Para identificar as causas, precisa-se de um bom brainstorming
levantando as possíveis razões a serem discutidas e analisadas.
Organize as informações obtidas nas reuniões de brainstorming e,
se possível, documente-as para uma futura análise de evolução.
Com as informações das possíveis causas definidas, defina as
causas primárias.
Mantenha a hierarquia das causas, eliminando informações que
não sejam relevantes à análise das causas.
Agora você já pode visualizar os fatores mais importantes que
influenciam no resultado desejado por sua startup.
Pontos positivos para sua startup
Com as reuniões de brainstorming, todos sentirão que são
importantes no processo de solução do problema. Todos
25
os envolvidos podem ter uma visão diferente do processo
Diagrama de
e poderão propor soluções que sejam mais eficazes e
Ishikawa: espinha
inovadoras. Essas discussões das causas ajudam a melhorar
de peixe ajudando
a comunicação na startup e nos grupos de trabalho.
sua startup
Entendendo as causas dos efeitos, você poderá visualizar
as melhores ações a serem tomadas.
Marcelo Toledo
Toledo trabalha em startups de tecnologia há mais
de 15 anos. Foi diretor da Vex até sua venda para
a Oi e, em sua trajetória como empreendedor,
foi fundador e CEO de diversas startups de
tecnologia. Entre elas está o Payleven, investida
do grupo Rocket Internet. Foi também Diretor de
Tecnologia da área de Inovação da Oi, operadora
de Telecom. Atualmente é CTO do Grupo LTM.
É autor do best seller DONO, publicado pela
editora AltaBooks.
26
Auto
ssabotagem
pode prejudicar os
negócios
Por EUZAIRA MIRANDA
27
Autossabotagem
pode prejudicar
os negócios
Por EUZAIRA MIRANDA
J
im Rohn, empresário norte-americano e escritor na
área de desenvolvimento pessoal e motivação, fala
que: “Se realmente você quer fazer algo, encontrará
uma maneira. Se não, encontrará uma desculpa”.
Atitudes como inventar desculpas, procrastinar, assumir posturas
defensivas, não ouvir, ter problemas em delegar tarefas ou
medo de fazer e receber avaliações de desempenho são formas
de autossabotagem.
Quem se boicota não possui consciência do comportamento
vicioso ou indesejado e, quando tem, não consegue ver a situação
por completo, apenas em partes. Algumas características são
comuns aos sabotadores como, por exemplo, o frequente excesso
de sono, estresse e procrastinação. Distrações excessivas também
fazem parte do cotidiano do gestor ou líder que se sabota, o
que afeta, muitas vezes, tanto as relações com a equipe e outros
colaboradores no ambiente da empresa, quanto os resultados
finais do negócio.
28
Autossabotagem
Evitar essas repetições destrutivas é difícil, mas não impossível.
pode prejudicar
Como elas estão consolidadas em nosso inconsciente desde
os negócios
muito cedo, geralmente são atitudes e ações que estiveram
presentes durante a infância e que ficaram mal resolvidas. Por
questões neurológicas, que estão ligadas ao prazer e sensação
de satisfação rápidos, protelamos algumas ações que requerem
mais atenção e tempo para se dedicar e preferimos o que pode
ser solucionado de maneira mais rápida. Acredito que alguns
pontos necessitam de atenção para dar fim a autossabotagem na
vida e no ambiente de trabalho:
Definir objetivos - É necessário ter um objetivo claro (por
exemplo: bons resultados na empresa, crescimento dos lucros).
Saber exatamente o que se quer é a melhor forma de alcançar o
que se deseja e não se boicotar na conquista dessas metas;
Planejamento - Traçar um plano para alcançar os seus objetivos
é fundamental. Saber o caminho para alcançar suas metas e
organizá-lo de maneira estratégica é um ótimo método contra
o autoboicote;
Sacrifício x Objetivo - Seu objetivo vale mesmo os sacrifícios
que tem feito na sua empresa, equipe e carreira? Se sim, está
no caminho certo, os resultados certamente chegarão. Porém,
em caso negativo, há que se pensar nas estratégias que vem
adotando e como as coloca em prática;
Busca por certezas - Ao traçar um objetivo, realizar um ótimo
29
planejamento e se esforçar para conseguir alcançá-lo, certamente
Autossabotagem
você obterá sucesso, certo? Nem sempre. Todos nós sempre
pode prejudicar
estamos em busca de certezas, mas não temos garantia que tudo
os negócios
acontecerá como planejamos.
É preciso fazer o que é necessário, sempre em busca de bons
resultados, mesmo que eles não cheguem como foi planejado.
O importante é não desistir, não abandonar os projetos
pela metade, não mudar completamente os planos e não se
autossabotar.
Você conhece um gestor que sempre encontra problemas em
sua equipe? Ou que sempre encontra uma forma de transferir as
responsabilidades sem assumir a liderança? A autossabotagem leva
as pessoas a arriscarem o sucesso de seus negócios e empresas, a
carreira e, por consequência, a reputação pessoal e da companhia.
O medo de aprender coisas e se ajustar a novos cenários faz
com que, por vezes, a responsabilidade sobre os problemas
seja transferida para outras pessoas e situações, trazendo à
tona sentimentos como frustração, culpa e dúvida, por mais
qualificado e talentoso que o profissional possa ser. Mas, fique
atento, transferir responsabilidades é diferente de delegar tarefas:
o líder que está atento à sua equipe não se boicota.
De acordo com o relatório divulgado pelo Serviço Central de
Proteção ao Crédito (SCPC - Boa Vista), os pedidos de falência,
em razão da atual crise econômica, tiveram alta de 9,2% nos
primeiros seis meses de 2015, em comparação ao mesmo período
30
do ano de 2014. Neste mesmo período, o número de pedidos
de recuperação judicial teve aumento de 17,2%.
Autossabotagem
As micro e pequenas empresas representam cerca de 85% dos
pode prejudicar
pedidos de falência e 87% dos pedidos de recuperação judicial.
os negócios
Entre os setores, os que apresentaram mais casos de pedidos de
falência foram: o de serviços, responsável por 40% dos casos,
seguido pelo industrial, com 34%, e o de comércio, com 26%.
Não seja mais um nas estatísticas. Repense suas atitudes, reveja
e reavalie seus objetivos, e, se necessário, mude o planejamento
e não se autossabote.
Euzaira Miranda de Vasconcelos
Graduada em Administração de Empresas e com
MBA e Mestrado em Administração Profissional,
ganhou o Prêmio MPE em gestão em 2008, pelo
Sebrae-Bahia. É consultora e instrutora parceira da
Escola de Administração da UFBA, e instrutora
para pós-graduação da UNIFACS. É business
coach, certificada no México pela Action Coach em
dezembro de 2010, e franqueada para atuação no
Nordeste do Brasil. Realiza atendimento a mais
de 80 empresários nos programas plano mentor,
grupo e workshops. É membro do Núcleo de
Estudos para Sucessão em Empresas Familiares –
CRA/EAUFBA, co-autora do livro Gestão de
Conflitos em Empresas Familiares, coach personal
e professional pela SBC, e é executive coach pela
Action Coach desde 2014.
31
Profissional
empreendedor:
uma nova classe de
empreen
dedores?
Por AUREA VELL
32
Profissional empreendedor: uma nova classe
de empreendedores?
Por AUREA VELL
E
xceto numa época da minha vida em que queria ter
uma escola de dança (mas não tinha nenhuma ideia
de como faria), nunca quis fundar uma empresa. Os
motivos? Muitos: altos custos de impostos, a responsabilidade de
manter funcionários qualificados e motivados, o capital inicial e
social, os riscos que todo empresário tem (profissionais e pessoais),
entre outros. Até aí, problemas normais, mas altos se compararmos
com os do funcionário. Principalmente nesta atual crise, temos
visto muitas empresas fechando as portas, sendo que no início
investiram pesado em estrutura, RH, treinamentos etc., além de
ter toda uma história, principalmente se for empresa familiar.
Apesar disso, sempre fui avaliada pelos meus gestores por ter
uma veia empreendedora. Muitos até perguntavam isso mesmo,
se não iria criar meu próprio negócio, pois achavam que eu
tinha potencial. E tenho! Sempre procurei “abraçar” meu setor,
a empresa, as causas, os objetivos, desenvolver minha liderança
e trabalhar duro a fim de chegar aonde o empreendedor queria.
“Mas por quê?”, você deve estar se perguntando. Por que se
33
Profissional
dedicar a algo que não é seu e em que o lucro real não virá até
empreendedor: uma
você (Não da forma que irá para os investidores, proprietários,
nova classe de
presidentes...)? Para que gastar sua formação, conhecimento,
empreendedores?
habilidades e tempo com algo que não é seu? Simples:
1- Primeiro, devemos
considerar a vontade
Do que você tem vontade? Está mesmo afim de empreender
em seu próprio negócio? Fazer um plano de negócios, levantar
capital, investidores, possíveis sócios, que tipo de funcionários
precisa, escolher treinamentos... Se for de sua vontade, deve
mesmo ir em frente. Porém, você pode apenas querer fazer a
diferença, trabalhando em uma empresa já existente. Portanto,
avalie sua real vontade (e o momento) para empreender onde
você quiser!
2- Dinheiro é importante, mas
não deve ser o que te move
Você deve trabalhar porque acredita no seu potencial (e que isso
pode contribuir para a empresa), porque acredita no produto/
serviço da organização, porque gosta do que faz. Quando menos
esperar estará recebendo uma divisão de lucros, promoção,
aumento de salário, bonificação etc. Dinheiro vem e sempre
34
mediante o seu esforço e foco no trabalho.
Profissional
empreendedor: uma
nova classe de
empreendedores?
3- É preciso trabalhar
de forma genuína
Ou seja, atuar com o que você acredita para a empresa acreditar
em você! Não só estará contribuindo com a empresa, mas com
consigo mesmo. É muito bom colocar a cabeça no travesseiro
e saber que fez a coisa certa, além de te dar mais visibilidade
na empresa ou até mesmo no mercado de trabalho. Ou seja,
ambos saem ganhando. Seja qual for sua tarefa, faça com gosto,
com prazer, com verdade.
4- Toda empresa vai precisar de
uma pessoa tão empreendedora
como o dono
Às vezes tem investidores que querem apenas investir e
precisam de um profissional que faça praticamente toda a
gerência da empresa, passando apenas informações e relatórios
aos proprietários, para tomadas de decisão. Esses profissionais
são necessários no mercado de trabalho e sempre serão. Um
representante da empresa de verdade sempre será valorizado
(na empresa ou até mesmo fora dela, não se preocupe). Só
tome cuidado para não absorver responsabilidades além
das que consegue lidar ou transferir responsabilidades dos
35
proprietários para você.
Profissional
empreendedor: uma
nova classe de
empreendedores?
5- Vestir a camisa faz parte,
em qualquer empresa e cargo
Se não gosta do que a empresa oferece, nem ali deveria estar!
Pense nisso!
6- O melhor:
Você vai ganhar muito conhecimento, com possibilidades
de reconhecimentos, e até mesmo ajustes na remuneração
(promoção, bonificação)! Afinal, poderá passar por experiências
que sequer passaria se ficasse apenas delimitado ao seu cargo.
Aprender é sempre bom e vai te preparar para um cargo acima!
Seja saudavelmente curioso, disposto e dinâmico. Aprenda até
mesmo como é feita a gestão da limpeza, quantas vezes por dia é
feito o cafezinho, como foi montada a rede para o funcionamento
dos computadores... informação nunca é demais!
Diversas vezes já me perguntei se não estaria me doando demais
para a empresa. Mas todo o conhecimento que tenho hoje se
deve a ter buscado todo tipo de informação sobre a empresa,
mesmo que por curiosidade (tal informação não serviria para meu
trabalho) e desde que eu pudesse realmente saber (informações
sigilosas devem ser respeitadas). Além disso, você também é um
colaborador e estão todos focados em um bem comum.
36
Profissional
Não importa se você cuida de uma baia de telemarketing ou
empreendedor: uma
de uma equipe de 100 pessoas. Apenas cuide como se fosse sua
nova classe de
empresa! Tenha em mente que em ambos os casos (empreendedor
empreendedores?
empresário ou profissional empreendedor) você colherá os frutos
por estar se dedicando!
Aurea Vell
Administradora de Empresas com MBA em
Gestão Estratégica de Pessoas, possui experiência
com foco na gestão financeira e amplo conhecimento
em recursos humanos e liderança de equipes
em médias e grandes empresas. Tem formação
em Coaching e Consultoria pela metodologia
Vitadenarium Consultoria e está constantemente
em processo de autoaperfeiçoamento e
conhecimento. Escreve também em seu blog,
Cotidiano ADM, sobre Administração.
37
como
e
por que
deixei meu “emprego seguro”
para abrir um negócio
e fazer o que
gosto
38
Por RAFAEL RECIDIVE
Como e por que deixei
meu “emprego seguro”
para abrir um negócio
e fazer o que gosto
Por RAFAEL RECIDIVE
-P
odes dizer-me, por favor, que caminho devo seguir para sair
daqui? - perguntou Alice ao gato.
- Isso depende muito de para onde queres ir. - respondeu o gato.
- Preocupa-me pouco aonde ir. - disse Alice.
- Nesse caso, pouco importa o caminho que sigas. - replicou o gato.
Essa passagem de Alice no País das Maravilhas lhe parece familiar?
Há algum tempo eu poderia dizer que era familiar para mim.
Não mais.
Uma simples pergunta mudou toda a minha vida.
Aos 18 anos fui morar sozinho e comecei a trabalhar, enquanto
entrava na universidade.
Naquela época, a vida era trabalhar, estudar e curtir o tempo
de descanso. Eu ainda não tinha percebido que estava apenas
39
reproduzindo o que a maioria das pessoas faz: estudam, se
formam, arrumam um emprego e esperam chegar sexta-feira
para “curtir a vida”.
Como e por que dei-
A ideia era arrumar formas de ganhar mais para poder gastar mais.
xei meu “emprego
Até que eu resolvi prestar um concurso. Imagina aos 23 anos ter
seguro” para abrir
um emprego estável e com vários benefícios? Passei.
um negócio e fazer
o que gosto
Cinco anos depois já tinha mudado de cidade três vezes e estava
exercendo um cargo gerencial, quando percebi que estava fazendo
a mesma coisa que boa parte dos meus colegas de trabalho:
aceitando cargos apenas pelo salário, enquanto a insatisfação
crescia. Lembro-me de ouvir, muitas vezes, colegas de trabalho
dizendo: “as cobranças são as mesmas, então é melhor ganhar 20
mil do que 2 mil”. E eu, por um tempo, aceitei isso como verdade.
Só que poderia ser a verdade de outras pessoas, não a minha.
Foi assim até que eu me perguntei: “é isso mesmo que eu
quero para minha vida ou estou apenas fazendo o que as outras
pessoas fazem?”.
Aqui ficam algumas perguntas para você: o que você acredita é
seu mesmo ou é uma crença de alguém que você ouviu? O que
você faz é o que você quer fazer ou é o que você viu alguém
fazendo e está reproduzindo?
Essas perguntas mudaram totalmente o rumo da minha vida.
Aprenda a fazer perguntas, que você encontra as respostas. É tipo
aquele velho ditado: quem procura, acha. Nesse momento, estava
aberta a minha empresa.
Aí eu tinha um dilema: como eu ia deixar um cargo para perder
40
70% da minha renda (ainda não tinha pedido demissão), para
Como e por que dei-
procurar algo que eu não sabia ainda bem o que era? Nesse ponto
xei meu “emprego
já comecei a ser chamado de louco.
seguro” para abrir
um negócio e fazer
Só que as pessoas que me chamavam de louco já tinham me dito
o que gosto
que queriam fazer algo da vida bem diferente daquilo que estavam
fazendo. Ficavam reclamando do trabalho, dizendo que queriam
sair dali e me chamando de louco porque eu estava fazendo
exatamente o que me diziam que queriam fazer? Não entendi.
Eu ainda não estava satisfeito. Essa simples pergunta me trouxe
dezenas de outras perguntas, que me levaram a encontrar muitas
pessoas e que me abriram mais uma série de opções. Parece
complexo, né? Mas é simples.
Eu mal sabia que era o início da realização de um sonho que eu
não lembrava que tinha até então.
Aqui fica uma dica: decida o que você quer e comece agora.
Faça agora o que você pode com o que você tem e o que te
deixa mais próximo do objetivo. Em pouco mais de um ano
foram muitas mudanças, muito estudo e muito aprendizado.
Meus objetivos hoje são bem diferentes dos iniciais, mas se eu
não tivesse começado por um caminho, não saberia o que fazer.
Essa busca me trouxe inúmeros aprendizados. Dentre eles
posso citar:
1- A vida vale muito mais que o meu salário;
41
2- A vida não começa após o trabalho. O trabalho é vida,
ou a vida é trabalho;
Como e por que dei-
3- Se estou vivendo os dias sem percebê-los, é hora de parar
xei meu “emprego
por um minuto para questionar o que estou fazendo;
seguro” para abrir
4- Se há dúvida em relação ao que estou fazendo, preciso
um negócio e fazer
procurar alternativas para ter certeza do caminho que
o que gosto
quero seguir;
5- Ser vendedor é uma das atividades mais prazerosas que
existem. Se você não gosta de vender o que vende é porque
está vendendo algo em que não acredita.
Antes de encerrar, quero deixar bem claro que não há nada de
errado para mim no trabalho com carteira assinada, desde que
você esteja fazendo algo que gosta.
Eu vou cuidar do meu negócio e fazê-lo prosperar.
Esse foi um breve resumo de uma longa história que não termina
aqui. Está apenas começando.
Então, deixo mais uma pergunta: se você parar agora e se
perguntar sobre o que gosta de fazer, a resposta é o que
você está fazendo hoje?
Rafael Recidive
Administrador pela UFU, Coach e fundador da
Gestão Essencial, empresa de desenvolvimento
humano. Ajuda as pessoas a terem vidas melhores
por meio da educação para a vida e do coaching.
42
“Eu acredito que todo ser humano tem um
potencial ilimitado dentro de si, muitas vezes
esperando apenas ser despertado.”
5
passos
ideia
para transformar uma grande
em um grande negócio
43
Por VANESSA MEDEIROS
5 passos para transformar uma grande ideia
em um grande negócio
Por VANESSA MEDEIROS
V
ocê acorda num belo dia, ou melhor, você para um
dia e pensa: “Como eu nunca pensei nisso? Nossa...
Essa minha ideia é brilhante e pode me trazer grande
lucro!”. A empolgação toma conta de todo o seu ser mas, muitas
vezes, o desejo de conquistar algo é tão grande que o impede
de dar o próximo passo.
Ter boas ideias é maravilhoso, mas colocá-las em prática é tão
ou mais importante, se você deseja ter um grande negócio.
Como dizia Thomas Edison: “A genialidade é 1% de inspiração
e 99% de transpiração”, e a chave para o sucesso é tentar sempre
uma vez mais. Se este é o seu caso, ou seja, se você tem uma
grande ideia, mas sabe bem pouco como fazer para colocá-la
em prática, espero que possa aprender com as dicas deste artigo
e seguir rumo a um sucesso grandioso.
1º passo – Planejamento
44
Você conhece o ramo em que deseja abrir seu negócio? Já
trabalhou nele? Conhece o público-alvo que irá adquirir este
5 passos para
produto ou serviço proveniente desta sua grande ideia? Sabe as
transformar uma
necessidades e desejos deste público? Conhece sua concorrência?
grande ideia em um
Reconhece os pontos fortes da concorrência e quais oportunidades
grande negócio
e ameaças o mercado lhe oferece? Já pesquisou sobre tributação
e lei que rege seu negócio? Como irá divulgar seu negócio para
seu público? Quanto pretende investir?
Parece muita coisa e pode ser que, só de olhar, te desanime.
Mas pense que é melhor perceber, durante o planejamento, que
sua ideia precisa crescer e se desenvolver, do que não ter todas
as informações e perder tempo, dinheiro e pior, seu sonho, em
poucos meses.
Segundo dados atualizados da Ibracom, das 405.021 empresas
que abriram suas portas em 2014, 211.553 fecharam, ou seja,
uma taxa de mortalidade de 52,18%. O Sebrae mostra dados
parecidos em sua última pesquisa. E uma das principais causas
é a falta de planejamento.
2º passo – Preparação
e treinamento
Caso deseje abrir algo em uma área que você não domina, que
não tem experiência, é importante fazer cursos na área e, quem
sabe, trabalhar como empregado no setor, de forma a conhecer
a fundo seu futuro negócio. Capacite-se!
45
5 passos para
transformar uma
grande ideia em um
grande negócio
3º passo – Coloque tudo no papel
Depois que já pesquisou, que conseguiu adquirir conhecimento
na área a atuar, é hora de colocar tudo no papel. De especificar
todos os aspectos deste negócio. De planejar também
financeiramente. Quanto você precisará para abrir, quanto
deverá ter de capital de giro até que o negócio consiga andar
com suas “próprias pernas”. Tudo o que você pesquisou deve
estar contido em um papel que lhe dará base para abrir e
também tomar decisões futuras em seu negócio.
4º passo – Separe as finanças
da empresa
Na hora de abrir um negócio, é preciso ter um CNPJ, certo?
Também é importante abrir uma conta jurídica, e separar os
ganhos da empresa dos seus. Você deverá estipular um prólabore, de forma a constar nos gastos da empresa. O valor só
deve ser retirado após a virada do mês, como todas as outras
contas que serão pagas.
5º passo – Resiliência
É importante que você esteja preparado para ver os erros como
acertos. Afinal, é errando que se aprende. Como afirma Érico
46
5 passos para
Rocha, “nenhum plano sobrevive ao campo de batalha”. Então,
transformar uma
quando abrir seu negócio, esteja pronto para acertos e erros. E
grande ideia em um
também aprenda a consertar o que está errado tendo como base
grande negócio
a experiência conquistada.
Vanessa Medeiros de Carvalho
Jornalista, especialista em Marketing e mestre
em Administração. Possui experiência na área de
comunicação, tendo atuado como repórter, editora
de revistas, gestora de conteúdo web e assessora
de comunicação organizacional. Durante 9 anos,
foi professora universitária, lecionando em cursos
de graduação e pós-graduação. Atualmente, é
consultora e palestrante com foco em comunicação
estratégica para empresas, empreendedorismo e
marketing digital. Também é diretora de marketing
da E-communicare.
47
afinal,
existe um
perfil
empreen
dedor?
Por MARCOS HASHIMOTO
48
Afinal, existe um
perfil empreendedor?
MARCOS HASHIMOTO
P
ara você ser um empreendedor bem sucedido você
precisa de: comprometimento, criatividade, valores,
habilidades específicas, conhecimento do negócio,
princípios, atitudes positivas, reconhecimento de oportunidade,
autoconfiança, sabedoria, coragem para enfrentar desafios,
perseverança e determinação, habilidades de relacionamento
interpessoal, boa comunicabilidade, liderança, facilidade de
trabalhar em equipe, automotivação, capacidade de tomar
decisões rapidamente, pensamento crítico, visão estratégica, foco
em resultados, planejamento, fome de aprender, familiaridade
com o mundo dos negócios, ótima rede de contatos, flexibilidade
à mudança e ambientes dinâmicos, capacidade de resolução
de problemas e conflitos, visão sistêmica e holística, ousadia,
receptividade a riscos, tolerância a erros e falhas, familiaridade
com tecnologia, capacidade de realização, habilidades de
negociação, integridade, honestidade, fortes princípios éticos,
eloquência, facilidade para absorção de novos conceitos, alta
percepção do ambiente, retórica, agilidade e dinamismo, forte
personalidade, firmeza de caráter, ser enérgico, desenvolvedor de
talentos, grande experiência, empatia, persuasão, organização,
rapidez de raciocínio, autocontrole, ser sonhador realista,
agressividade,
49
independência,
pragmatismo,
entusiasmo,
proatividade, iniciativa, forte presença pessoal, arrojo, faro para
negócios, onipotência, ajudar velhinhas a atravessar a rua...
Afinal, existe
Ufa! E aí? Já desistiu de ser empreendedor? Pois é, a lista não
um perfil
termina. Se você fizer uma busca na internet sobre competências
empreendedor?
empreendedoras, você verá uma interminável lista de artigos
sobre características que inquestionavelmente são obrigatórias
em qualquer empreendedor e cada artigo traz uma lista diferente
de virtudes – desanimando qualquer pessoa que vai empreender,
por não se julgar apta a desenvolver todas estas qualidades e
concluindo que o empreendedor é um verdadeiro super-herói.
Vamos encerrar esta discussão: todo mundo é empreendedor...
e ninguém é! Confuso? Pois é.
Todo mundo é empreendedor no sentido de que todos possuem
algumas características (natas ou adquiridas) para empreender.
Ninguém é porque o empreendedor-herói não existe, ninguém
consegue deter sozinho todas estas qualidades. Está bem, esta
resposta não é suficiente, parece sair pela tangente, não é?
Que tal essa: quem precisa deter estas competências todas é o
negócio e não o empreendedor.
Assim, se você não se julga empreendedor porque não sabe
vender, contrate alguém que saiba! Se você não é bom com
planilhas financeiras, contrate um administrador. Se você não
tem pleno domínio técnico sobre o produto, traga alguém que
tenha. No fundo, empreendedorismo é sempre coletivo.
Um negócio bem-sucedido está nas mãos de uma boa
50
equipe e não de um grande empreendedor
Afinal, existe
Os empreendedores precisam aprender a separar o negócio do
um perfil
indivíduo e quando falamos de perfil, falamos do empreendedor
empreendedor?
e não do negócio.
Para ajudar a pensar, vamos pensar da seguinte forma: o que é
que ninguém pode fazer por você?
Perfil empreendedor está mais relacionado com o ser do
que com o fazer
Agora volte para a lista acima e repasse-a com esta pergunta:
quais itens daquela lista não podem ser delegados, estão
relacionados com quem o empreendedor é e não com o que
ele faz? Eis algumas sugestões:
1) Determinação
Barreiras e dificuldades vão surgir, sempre. Nem sempre adianta
lutar contra elas, e também não tem como delegar, portanto, o
empreendedor precisa estar fortalecido pela sua determinação
para resistir à tentação de desistir quando as coisas ficam feias.
2) Autonomia
Não confunda com independência. O empreendedor não é
independente, pelo contrário, ele depende de muitas pessoas
e empresas, mas a decisão é dele. Autonomia é o controle, a
51
capacidade de deter o poder de decidir, de definir por conta
própria o caminho que vai seguir.
Afinal, existe
um perfil
empreendedor?
3) Receptividade ao risco
Não tem como delegar, quanto mais o empreendedor
compromete recursos (financeiros ou não) no negócio,
maior é o risco que assume. Quanto maior o grau de
incerteza do empreendimento, maior o risco. Só que a
medida aqui não é quanto maior, melhor, senão ele deixa de
ser um empreendedor e se transforma em jogador. O risco é
sempre calculado e se torna tolerável na medida em que ele
pode agir para minimizá-lo.
4) Autoconfiança
Não há dúvida da importância da autoconfiança, é o que
alimenta sua determinação, perseverança e otimismo. É o que
torna o futuro claro para ele, mas também não pode existir
em excesso. O excesso de autoconfiança leva à soberba, aos
julgamentos equivocados, à cegueira.
5) Resiliência
O empreendedor, no começo, não vai ter todos os recursos
de que precisa, vai ter que mudar os planos várias vezes, vai
ter que se adaptar a circunstâncias que mudam o tempo todo,
precisa estar sempre com a mente aberta para aprender sempre.
52
A resiliência é a capacidade de evoluir para incorporar (e não só
aceitar) uma mudança.
Afinal, existe
um perfil
empreendedor?
6) Visão
Em diversos aspectos, ter visão é condição fundamental
para o empreendedor enxergar a si mesmo e o seu negócio
sob perspectiva, seja do ponto de vista do cliente ou de
outro funcionário. Isso alimenta um olhar crítico que
ajuda a redirecionar a estratégia, quando necessário, ou
vislumbrar o futuro que este empreendimento vai criar por
meio de suas mãos.
O que estas características têm em comum é que são inerentes
ao empreendedor, são competências pessoais e não de negócios.
O negócio pode estar indo muito bem, mas se o empreendedor
não possuir uma ou algumas destas características, pode pôr
tudo a perder ou, no mínimo, estagnar o crescimento da
empresa. Todas as demais características são dispensáveis para o
empreendedor. Ele não tem ideias? Alguém vai trazer as ideias
para ele desenvolver. Ele não tem bons contatos? Alguém pode
conhecer as pessoas que ele vai precisar trazer para o negócio.
Ele não tem empatia? Um sócio pode exercer influência sobre
as pessoas, principalmente funcionários.
Por isso, se você vai empreender, procure iniciar um processo
de autoconhecimento. Você precisa saber no que você é bom e
o que você não sabe (ou não gosta) de fazer. A partir daí, o seu
negócio deverá ser muito bom nas suas competências básicas
e, de alguma forma, você precisa trazer pessoas para ajudá-lo
53
naquilo que você não domina bem, mas que o negócio vai
Afinal, existe
precisar. Lembre-se, os melhores empreendedores do mundo
um perfil
podem ter as mesmas virtudes e defeitos que você.
empreendedor?
Por fim, muitos empreendedores começaram tão
despreparados, ingênuos e imaturos quanto você, mas eles
aprenderam com o processo, por isso não importa tanto
quais são as competências que você detém e sim a sua
capacidade de incorporar novas e fazer com que evoluam
suas competências empreendedoras tanto quanto o seu
negócio se desenvolve. O empreendedor verdadeiro está
em constante evolução, constantemente aprendendo e
crescendo, acabando por se tornar uma pessoa muito
diferente de quando começou o negócio e isso pode e vai
acontecer com você também.
Marcos Hashimoto
Doutor em Administração de Empresas pela EAESP/
FGV, professor pesquisador da Faculdade Campo
Limpo Paulista e co-fundador da Polifonia Escola
Livre de protagonismo criativo. Sócio-fundador e
tesoureiro da Anegepe (Associação Nacional de
Estudos em Empreendedorismo e Pequenas Empresas).
Professor em programas de MBA e educação
executiva. Consultor em empreendedorismo, planos
de negócios e inovação corporativa. Autor dos livros
Espírito Empreendedor nas Organizações, Lições de
54
Empreendedorismo, Práticas de Empreendedorismo e
Planos de Negócios em 40 Lições.
7
canvas
que todo
empreendedor
deve
conhecer
55
Por FELIPE SCHERER
7 canvas que todo
empreendedor deve
conhecer
Por FELIPE SCHERER
D
urante muito tempo, quem fosse empreender
era estimulado a montar um plano de negócios
detalhado que pudesse prever todas as variáveis
e comportamentos futuros do negócio. Essa era a principal
ferramenta de planejamento e execução de quem estava
começando um negócio.
Felizmente a abordagem de gestão evoluiu bastante sobre
esse tema e hoje o modelo está mais baseado em constantes
interações e validações dos produtos inovadores que são criados
pelas startups. Essa nova forma de pensar estimulou a criação de
uma série de novas ferramentas que simplificam e ajudam muito
os empreendedores e os Canvas são uma ótima representação
desse novo momento.
Basicamente, um Canvas é um mapa visual que apresenta uma
estrutura fixa a ser preenchida visando planejamento, reflexão
ou mesmo facilitar a visualização de alguma situação específica.
Entre as vantagens de utilizar os Canvas está a velocidade de
56
construção / preenchimento e facilidades de comunicação que
7 canvas que todo
eles trazem, além da garantia de que haverá uma relação entre
empreendedor
o preenchimento dos blocos que os compõem, já que estão na
deve conhecer
mesma página lado a lado.
Abaixo apresento alguns dos principais Canvas relacionados
que podem ajudar os empreendedores na identificação de
oportunidades, planejamento, validação do negócio e execução.
1. Canvas da Jornada do Cliente
Uma boa leitura de como os consumidores realizam as tarefas
serve de ponto de partida para identificar possíveis pontos de
melhoria nos produtos e serviços atualmente disponíveis.
O Canvas da Jornada do Cliente está estruturado para mapear
o antes, durante e depois de um consumidor de serviços.
Promove uma reflexão sobre as expectativas, experiências e o
que traz satisfação para o consumidor do serviço.
Quando usar: na fase inicial do processo de inovação, para
identificar pontos de fricção nas propostas vigentes que
resolvem a tarefa do cliente.
2. Mapa de Empatia
Os insights são as matérias-primas. Entender o consumidor
57
e buscar insights que possam se transformar em boas ideias é
fundamental para os empreendedores.
7 canvas que todo
Um dos modelos de Canvas que melhor organiza os insights
empreendedor
relacionados ao comportamento do consumidor é o Mapa
deve conhecer
de Empatia. As técnicas de imersão, observação, desk research
e entrevistas servem para gerar os dados que irão alimentar
o Canvas. Como o próprio nome diz, é preciso se colocar
no lugar do consumidor para entender o que ele sente, vê,
ouve, pensa e faz. Tudo isso é muito valioso para identificar as
dificuldades e ganhos esperados.
Quando usar: na fase inicial do processo de inovação, para
buscar insights que irão apoiar na identificação de problemas
relevantes dos consumidores que a startup pode resolver.
3. COCD Canvas
Talvez um dos maiores desafios para os empreendedores seja
priorizar quais ideias serão implementadas, especialmente
quando estamos falando de funcionalidades ou mesmo de novos
produtos e serviços.
A matriz de tomada de decisão foi criada pelo Center for
Development of Creative Thinking na Bélgica e tem dois eixos
principais: originalidade e facilidade de implementação. Pode
parecer simplista, mas para uma separação inicial ela é bastante
útil. Nos projetos que participo na Innoscience, classificamos as
ideias em bola (precisam rodar mais para ficarem boas), maçã
(prontas e fáceis de implementar), osso (duro de roer) e estrela
58
(aquelas realmente inovadoras).
7 canvas que todo
Quando usar: após sessões de brainstorming para selecionar e
empreendedor
priorizar ideias para implementação.
deve conhecer
4. Canvas do Modelo de Negócios e
Proposta de Valor
O Canvas do modelo de negócios foi a fonte de inspiração para
praticamente todos os outros que estão nessa lista. Ficou famoso
após a publicação do livro de Alexander Osterwalder chamado
Business Model Generation, em 2010, e serve para estruturar os
negócios sob 9 diferentes blocos complementares.
Percebendo a necessidade de aprofundar o conceito da
construção da proposta de valor, o autor lançou em 2014
um Canvas específico para isso. O Canvas da Proposta
de Valor apresenta os conceitos do job to be done, dores
e ganhos esperados pelos segmentos alvo. É preciso que
o produto ou serviço criado consiga resolver o “job” ou
tarefa desejada pelo cliente, aliviando suas dores e/ou
potencializando os ganhos esperados.
Quando usar: as duas ferramentas formam uma ótima
dobradinha para a fase de estruturação das ideias e dos
novos negócios.
59
7 canvas que todo
empreendedor
deve conhecer
5. Lean Startup Canvas
O Lean Startup Canvas, como o próprio nome diz, serve para
modelar novos negócios utilizando a filosofia lean startup.
Utilizar essa ferramenta é um exercício valioso para colocar na
mesma tela o problema, a solução, a proposta de valor, early
adopters e outros elementos importantes em uma startup, como
custo de aquisição de clientes e life cicle value.
O autor combinou os conceitos de customer develop e lean
startup. No Lean Startup Canvas foram trocados 4 blocos
em relação ao Canvas do Modelo de Negócios – Parceiros,
Atividades, Recursos e Relacionamento por: Problema, Solução,
Indicadores e Barreira de Imitação.
Quando usar: o ideal é primeiro montar o Lean Startup Canvas e
posteriormente o Canvas do Modelo de Negócios.
6. Canvas de Projeto
Para empreender um novo negócio de sucesso é preciso
combinar criação, planejamento e execução. Depois da fase de
validação, o conceito de negócio demanda uma série de ações
para serem colocadas em prática.
O Canvas de Projeto é uma ótima ferramenta para organizar
elementos básicos no planejamento de projetos, como escopo,
60
milestones, stakeholders, riscos etc... Ele resume as principais
7 canvas que todo
deliberações da fase de planejamento. Existem diferentes
empreendedor
modelos, mas todos eles garantem um exercício interessante
deve conhecer
para a equipe de projeto de uma startup.
Quando usar: na fase de planejamento da execução do projeto.
7. Scrum Board
A abordagem ágil de projetos ganhou muitos adeptos no
universo startup. Inicialmente virou febre entre empresas de
desenvolvimento de software mas hoje qualquer projeto pode
ser executado seguindo essa filosofia.
Para empreendedores que não conhecem a metodologia do
Scrum, vale a pena buscar leitura e treinamento a respeito
pois os resultados são significativos. Em resumo, o objetivo
é organizar a execução em ciclos chamados de Sprints e fazer
com que a equipe se comprometa com a execução das tarefas
planejadas. A cada Sprint, o time aumenta a velocidade de
execução removendo barreiras e sobretudo validando o que
foi construído com o cliente. Não há mais um planejamento
sequenciado com entregas em períodos muito longos.
Uma das ferramentas fundamentais utilizadas é o Scrum Board.
Seguindo a filosofia de gerenciamento à vista, nele é que são
feitos o planejamento das tarefas e o acompanhamento da
execução ao longo do Sprint. Basicamente o Scrum Board é
61
dividido em objetivos, tarefas a fazer, em andamento e feitas
(variações podem ser aplicadas e novas colunas incluídas).
7 canvas que todo
Quando usar: para acelerar a execução das atividades de
empreendedor
desenvolvimento do produto ou serviços da startup, sempre
deve conhecer
com o foco e visão do consumidor.
Cada um dos Canvas apresentados cumpre seu papel na
estruturação e desenvolvimento de uma startup inovadora.
É importante que os empreendedores possam dominar essas
ferramentas para aumentar a taxa de sucesso e velocidade de
crescimento de suas startups.
Felipe Ost Scherer
Sócio-fundador da Innoscience Consultoria em
Gestão da Inovação. Mestre em Administração de
Empresas pela UFRGS. Consultor empresarial,
palestrante, professor dos cursos de Administração
e MBA na ESPM/SUL. É autor dos livros
Gestão da Inovação na Prática (vencedor do Troféu
Cultura Econômica 2011 – melhor livro de
Administração), Práticas dos Inovadores e O Time
dos Sonhos da Inovação. Também é mentor de
inovação na Endeavor Brasil.
62
onde
estão os
mentores?
Por ANA FONTES
63
ONDE ESTÃO
OS MENTORES?
Por ANA FONTES
N
esta serra pelada do mundo dos empreendedores
ter a pá não é suficiente, você precisa ter alguém
que te ensine a cavar. Muitos têm sido orientados
a procurar um mentor para ajudar na jornada e boa parte das
pessoas realmente quer um mentor. Mas como faço para achar
um? Como esta pessoa deve ser?
Primeiro você precisa de fato ser uma pessoa aberta e não ser
avesso a ouvir opiniões dos outros. Acredite, tem gente que
não gosta e só quer ouvir opiniões sobre seu negócio desde que
sejam positivas.
O segundo passo é descobrir como achar um mentor. Existem
alguns caminhos, mas não há fórmula mágica. Procure em sua
rede de relacionamentos, amigos, familiares, pessoas que você
admira ou instituições que oferecem programas de mentoria.
Sou empreendedora há quase oito anos e nesta minha
trajetória já tive e ainda tenho vários mentores. Pessoas
que admiro ou que estão na minha rede de relacionamento
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e de alguma forma querem me ajudar ou têm um super
alinhamento com o meu trabalho.
onde estão
Confira abaixo o perfil que um bom mentor deve ter:
os mentores?
1. Ser ético é condição básica;
2. Tem que ser alguém inspirador e empático, porque um
mentor não é um consultor que analisa seu negócio e dá as
soluções. Mentor mostra o caminho, mas quem encontra
soluções é o empreendedor;
3. Tem que ser verdadeiro e dizer o que acha
importante para ajudar o empreendedor, mesmo que
isto possa desagradar;
4. Ter boa comunicação é essencial;
5. Tem que ser paciente e ser um bom ouvinte;
6. Um bom mentor tem que ser alguém de fácil trato e que
esteja com objetivo de colaborar com o sucesso de outra
pessoa, com humildade acima de tudo.
Que tipo de experiência deve
ter um mentor?
Todos concordam que ter uma experiência empreendedora
é muito importante para um mentor, afinal ele pode falar
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com mais propriedade e segurança. Mas isto não impede que
onde estão
você tenha um mentor (você pode ter mais de um) que não
os mentores?
tenha esta experiência.
Ter uma boa rede de relacionamentos é importantíssimo,
afinal ele poderá indicar empresas, parceiros e profissionais que
podem ajudar o empreendedor. Networking é essencial para
quem está começando um negócio e um mentor pode ajudar a
construir estas pontes e relações.
O mentor deve ter visão multidisciplinar e estratégica do
negócio. Existem muitos empreendedores com uma visão
bastante operacional, o que é natural para um negócio que está
começando, mas se você não tiver o apoio de alguém com uma
visão externa mais estratégica você poderá falhar.
3 dicas importantes para
o empreendedor
1. Um mentor não é um consultor, portanto não leve questões
do dia a dia do seu negócio. Leve questões estratégicas.
Esteja preparado para os encontros com informações gerais
atualizadas: faça a lição de casa e saiba tudo sobre seu negócio e
o máximo possível sobre seu mercado;
2. Mentor não adivinha tudo, portanto ele vai lhe dar o
caminho e não as respostas;
3. Anote tudo e organize as tarefas. Esteja preparado para dar
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feedback sobre o andamento.
onde estão
os mentores?
3 dicas importantes para
os mentores
1. Mantenha uma agenda de atendimento ao empreendedor:
não existe regra, mas atender pessoalmente uma vez ao mês é
um bom caminho;
2. Não dê respostas, dê caminhos. Não ensine, oriente;
3. Mostre ferramentas, apresente pessoas, dê lição de casa e faça
acompanhamento. É natural que o empreendedor com muitas
tarefas acabe se perdendo.
Ser empreendedor é uma jornada e ter a pessoa certa
do seu lado, certamente lhe dará mais segurança para
enfrentar os desafios.
Ana Fontes
Empreendedora, especialista em empreendedorismo
feminino e fundadora da Rede Mulher
Empreendedora, a 1ª e maior rede de apoio a
empreendedoras do Brasil. Fundadora e Curadora
da Virada Empreendedora. Palestrante TEDx
e professora de empreendedorismo no INSPER.
Consultora do Programa 10 mil mulheres da FGV
e do Itaú Mulher Empreendedora.
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