relao entre o consumo de alimentos anti oxidantes e o cncer

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relao entre o consumo de alimentos anti oxidantes e o cncer
RELAÇÃO ENTRE O CONSUMO DE ALIMENTOS ANTI OXIDANTES E O
CÂNCER DE MAMA DE MULHERES ATENDIDAS PELA ASSOCIAÇÃO DE
AMPARO A CRIANÇAS, ADOLESCENTES E ADULTOS COM O CÂNCER
DO MUNCÍPIO DE UBERLÂNDIA, MINAS GERAIS
PEREIRA, Mariana Nunes (UNITRI – [email protected])
MORSOLETTO, Regina Helena Cappeloza (UNITRI)
RESUMO: Introdução: O câncer de mama é o segundo mais frequente em
todo mundo. Objetivo: avaliar o consumo de alimentos anti oxidantes de
portadoras de câncer de mama atendidas pela Associação de Amparo a
Crianças e Adolescentes e adultos com Câncer de Uberlândia MG.
Metodologia: Aplicação de questionário semi-estruturado que avalia o
consumo de alimentos cancerígenos, dos alimentos anticancerígenos e estilo
de vida. Feita também aferição de peso e altura e cálculo de índice de massa
corpórea. Para a avaliação do peso corporal foi usada balança antropométrica
mecânica, da marca Welmy, com capacidade mínima de 2,1 Kg e máxima de
150 Kg, previamente calibrada e registrando zero antes da medida, com
precisão de 100 gramas. A altura foi obtida estando o indivíduo de pé na
balança antropométrica encostado na haste vertical inextensível, nuca,
nádegas e calcanhares tocando esta haste, estando este descalço e sem
nenhum tipo de acessório, com os pés juntos e os braços estendidos ao longo
do corpo no centro do equipamento. Resultados e Discussão: A média do
índice de massa corporal foi de 27,74 kg/m² que é classificado como
sobrepeso, resultado importante já que a obesidade tem sido associada ao
aumento global do risco de câncer. Peto ressaltou que 5% da incidência de
câncer na Europa poderia ser evitada com um Índice de Massa Corporal (IMC)
máximo de 25kg/m². De acordo com o Instituto Nacional do Câncer6 (INCA) o
câncer de mama é relativamente raro antes dos 35 anos, acima desta faixa
etária sua incidência cresce rápida e progressivamente. Na presente pesquisa
as idades encontradas confirmam os dados apresentados pelo INCA, pois
foram encontradas faixas etárias de 38 a 93 anos, com média de 59 anos e um
mês. Os dados obtidos pela presente pesquisa apontam que 87,5 % das
participantes ingerem de 1-3 porções diárias de carne vermelha, 50% das
participantes ingerem de 1-3 porções de linguiça, 47,92% das participantes
ingerem de 1-3 porções diárias de suco artificial, 47,92% das participantes
ingerem de 1-3 porções diárias de enlatados e 45,83% das participantes
ingerem de 1-3 porções diárias de bebida gasosa. Os resultados encontrados
apontam para alto consumo deste grupo de alimentos que tem sido apontados
por inúmeras pesquisas com agentes que contribuem para maior incidência de
câncer. Conclusão: Os resultados mostram que as pacientes pesquisadas
realizam uma ingestão muito maior dos alimentos cancerígenos do que
alimentos que exercem prevenção do câncer de mama por conter
antioxidantes. Além disso, o índice de massa corporal também colabora para o
surgimento da doença, já que a maioria delas se encontram em sobrepeso, e o
excesso de gordura corporal tem correlação com o aparecimento da doença.
1
Palavras chaves: antioxidante, câncer de mama e consumo alimentar.
INTRODUÇÃO
O Câncer é uma doença crônica não transmissível que pode ser
prevenida. Estima-se que 60 a 70% de todos os cânceres estão relacionados
ao estilo de vida, incluindo aqui a alimentação, o tabagismo, o sedentarismo, o
álcool e a obesidade. Esses fatores são passíveis de mudança, porque
dependem da vontade do indivíduo. ¹
Entre todos os tipos de cânceres, o segundo mais frequente no mundo,
é o câncer de mama. Este é o mais comum entre as mulheres, correspondendo
a 22% de casos novos a cada ano e geralmente atinge faixas etárias acima de
35 anos. O câncer de mama feminino emerge como uma doença de
importância cada vez maior em todas as partes do mundo, por sua frequência
elevada e, principalmente, pela dimensão do problema, enfatizando a situação
atual de morbidade e mortalidade da doença. 3
Segundo estudos, as causas para o desenvolvimento do câncer de
mama incluem idade elevada, geralmente após os 50 anos; história familiar e
pessoal de câncer de mama; menarca
precoce; menopausa tardia;
nuliparidade; primeira gestação após 30 anos; terapia de reposição hormonal;
uso prolongado de contraceptivos orais e exposição a altas doses de radiação
ionizante. Além desses, aparecem como fatores de risco passíveis de
intervenção e de grande relevância, a dieta, o sedentarismo e a obesidade. 4
Portanto objetivo deste trabalho é avaliar o consumo alimentar de
mulheres com câncer de mama através de questionário dando ênfase na
ingestão de alimentos anticancerígenos e cancerígenos, assim como investigar
outros fatores correlacionados ao estilo de vida que são fatores de risco para
está doença.
METODOLOGIA
A presente pesquisa foi realizada na Associação de Amparo á Crianças,
Adolescentes e Adultos com o Câncer de Uberlândia, situada na Avenida:
Araguari, N°280, bairro: Martins na cidade de Uberlândia MG. Participaram
desta pesquisa, 48 mulheres com câncer de mama, com idade superior a 18
2
anos de idade, que são atendidas pela Associação de Amparo á Crianças,
Adolescentes e Adultos com o Câncer de Uberlândia, da cidade de Uberlândia
MG e que concordaram participar da pesquisa e assinaram o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido. As participantes da pesquisa responderam
a um questionário semi-estruturado com questões gerais sobre dados de
identificação, histórico de gestação, histórico da doença, dados de saúde,
avaliação da atividade física, e investigação dietética. Após aplicação do
questionário,
as
participantes
foram
encaminhadas
para
avaliação
antropométrica, onde foram aferidos peso e altura e posteriormente cálculo de
índice de massa corporal. Para a avaliação do peso corporal foi usada balança
antropométrica mecânica, da marca Welmy, com capacidade mínima de 2,1 Kg
e máxima de 150 Kg, previamente calibrada e registrando zero antes da
medida, com precisão de 100 gramas. O indivíduo foi posicionado de costas
para a balança, com o mínimo de roupa possível, descalço, no centro do
equipamento, ereto, com os pés juntos e os braços estendidos ao longo do
corpo. Foi mantido parado nessa posição. Foi feita realização da leitura de
frente para o equipamento, anotado o peso e retirado o indivíduo. O indivíduo
foi orientado a retirar objetos pesados tais como chaves, óculos, telefone
celular e quaisquer objetos que possam interferir no peso atual.
A altura foi obtida estando o indivíduo de pé na balança antropométrica
encostado na haste vertical inextensível, nuca, nádegas e calcanhares tocando
esta haste, estando este descalço e sem nenhum tipo de acessório, com os
pés juntos e os braços estendidos ao longo do corpo no centro do
equipamento.
RESULTADOS
Participaram desta pesquisa, 48 mulheres, portadoras de câncer de
mama, com idade que variaram de 38 a 93 anos, com média de 59 anos e um
mês e desvio padrão de 11 anos e um mês.conforme demonstrado pela tabela
1.
3
Tabela 1 – Valores mínimos, valores máximo, médias e desvios padrão,
relativos às medidas de peso, altura e IMC.
Variáveis
Peso
Altura
IMC
V. Mínimos
V. Máximos
36,80
1,45
14,74
Médias
99,40
1,66
40,10
65,29
1,53
27,74
Desvios
Padrão
14,05
0,06
5,58
Na tabela 2, estão demonstradas as frequências e porcentagens
relativas aos alimentos potencialmente cancerígenos, consumidos pelas
pacientes, antes do diagnóstico e resultados totais.
Tabela 2 – Distribuição de frequências e porcentagens relativas aos alimentos
potencialmente cancerígenos, consumidos pelas pacientes, antes do
diagnóstico e resultados totais.
Alimentos
Carne
Vermelha
Bacon
Salsicha
Linguiça
Presunto
Batatas Fritas
Salgadinhos
Bebidas
Gasosas
Sucos Artificiais
Hambúrgueres
Hot Dogs
Enlatados
Guloseimas
Total
1-3 porções
diárias
Frequências
1-3 porções
diárias
Porcentagens
Nunca
Comeu
Nunca Comeu
Frequências
06
Porcentagens
12,50
42
87,50
08
12
24
17
16
13
22
16,67
25,00
50,00
35,42
33,33
27,08
45,83
39
33
24
30
31
36
25
81,25
68,75
50,00
62,50
64,58
75,00
52,08
23
05
05
23
24
234
47,92
10,42
10,42
47,92
50,00
25
41
35
25
23
373
52,08
85,42
72,92
52,08
47,92
OBS 1 - As porcentagens foram calculadas dividindo-se as frequências
encontradas, por 48. Por exemplo, na primeira linha, 87,50% das pacientes
ingerem carne vermelha e 12,50% nunca ingeriram carne vermelha.
4
OBS 2 – Somente uma paciente assinalou que consome bebidas gasosas,
mais de 3 porções diárias.
Na tabela 3, estão demonstradas as frequências e porcentagens
relativas aos alimentos com alto teor antioxidante do diagnóstico, consumidos
pelas pacientes e resultados totais.
Tabela 3 – Distribuição de frequências e porcentagens relativas aos alimentos
com alto teor antioxidante do diagnóstico, consumidos pelas pacientes, antes
do diagnóstico e resultados totais.
Alimentos
1-3
p.diárias
Frq
1-3
p.diárias
%
Mais 3
diárias
Frq
p. Mais 3
diárias
%
p Nunca
Nunca
Frq
%
Morango
06
12,50
00
0,00
42
87,50
Maçã
22
45,83
03
6,25
24
50,00
Cereja
01
2,08
00
0,00
46
95,83
Ameixa
02
4,17
00
0,00
44
91,67
Abacate
15
31,25
01
2,08
31
64,58
Pêra
20
41,67
01
2,08
28
58,33
Laranja
28
58,33
03
6,25
15
31,25
Pêssego
06
12,50
01
2,08
41
85,42
Manga
15
31,25
02
4,17
26
54,17
Abacaxi
17
35,42
01
2,08
27
56,25
Banana
31
64,58
06
12,50
05
10,42
Repolho
23
47,92
04
8,33
22
45,83
Cebola
37
07
14,58
09
18,75
Berinjela
14
29,17
01
2,08
35
72,92
Espinafre
03
6,25
00
0,00
42
87,50
Brócolis
02
4,17
02
4,17
43
89,58
Batata doce
16
33,33
02
4,17
32
66,67
77,08
5
Batata
Russet
30
Feijão
vermelho
34
Total
322
62,50
70,83
01
2,08
12
25,00
04
8,33
14
29,17
39
538
DISCUSSÃO
Segundo Peto5 a obesidade tem sido associada ao aumento global do
risco de câncer. Peto ressaltou que 5% da incidência de câncer na Europa
poderia ser evitada com um Índice de Massa Corporal (IMC) máximo de
25kg/m². Estes dados são preocupantes, visto que para a população brasileira,
a estimativa de sobrepeso (IMC de 25kg/m² a 29,9kg/m²) e obesidade
(IMC>30kg/m²) é de 32% e 8%, respectivamente. Na presente pesquisa de
acordo com a tabela 2, a média do índice de massa corporal foi de 27,74 kg/m²
que é classificado como sobrepeso.
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer6 (INCA) o câncer de
mama é relativamente raro antes dos 35 anos, acima desta faixa etária sua
incidência cresce rápida e progressivamente. Estatísticas indicam aumento de
sua
incidência
tanto
nos
países
desenvolvidos
quanto
nos
em
desenvolvimento. Na presente pesquisa as idades encontradas confirmam os
dados apresentados pelo INCA, pois foram encontradas faixas etárias de 38 a
93 anos, com média de 59 anos e um mês.
Em uma pesquisa realizada em 2010 pelo Ministério da Saúde,
observou-se que o padrão alimentar do brasileiro mudou, evidenciando maior
consumo de alimentos ricos em gorduras saturadas (carne vermelhas), em
nitratos e nitritos (lingüiças e embutidos), ricos em sódio (bebidas gasosas,
sucos em pó e guloseimas)². Os dados obtidos pela presente pesquisa
apontam que 87,5 % das participantes ingerem de 1-3 porções diárias de carne
vermelha, 50% das participantes ingerem de 1-3 porções de lingüiça, 47,92%
das participantes ingerem de 1-3 porções diárias de suco artificial, 47,92% das
participantes ingerem de 1-3 porções diárias de enlatados e 45,83% das
participantes ingerem de 1-3 porções diárias de bebida gasosa. Os resultados
6
encontrados apontam para alto consumo deste grupo de alimentos que tem
sido apontados por inúmeras pesquisas com agentes que contribuem para
maior incidência de câncer.
Em dados levantados pelo INCA em 2010 através de alguns estudos,
demonstrou que uma dieta rica em fontes de antioxidantes (frutas, vegetais e
cereais), reduziu o risco do surgimento de diversos cânceres entre eles o
câncer de mama². O consumo de frutas das pacientes pesquisadas apontou
que de 11 frutas com teor de antioxidante somente duas foram consumidas por
mais de 50% das participantes, sendo a laranja ingerida de 1-3 porções diárias
por 58,36% e a banana ingerida de 1-3 porções por 64% das participantes. Já
os vegetais de 8 tipos presentes nesta pesquisa, somente 3 foram consumidos
por mais de 50% da população. A cebola foi consumida por 77,08% das
entrevistadas, logo depois o feijão sendo ingerido por 70,83% e a batata
consumida por 62,5% das entrevistadas.
CONCLUSÃO
As mulheres portadoras de câncer de mama atendidas pela Associação
do Câncer de Amparo á Crianças, Adolescentes e Adultos com o Câncer de
Uberlândia permitiram comprovar que realizam uma ingestão muito maior dos
alimentos cancerígenos do que alimentos que exercem prevenção do câncer
de mama por conter antioxidantes.
Além disso, o índice de massa corporal também colabora para o
surgimento da doença, já que a maioria delas se encontram em sobrepeso, e o
excesso de gordura corporal tem correlação com o aparecimento da doença.
Todos
os
resultados
obtidos
estão
em
concordância
com
os
apresentados em recentes pesquisas, ficando evidente a importância da
redução de peso e aumento de consumo de alimentos com poder anti
oxidantes na prevenção do câncer de mama.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1- BELIVEAU R, GIBRAS D. O flagelo do câncer. In: Os Alimentos Contra o
Câncer. 2ª Ed Rio de Janeiro: Vozes; 2007. P.17-29
7
2- BVS- Biblioteca
Virtual
em
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(<http://bvsm.saude.gov/bvs/controle_cancer)
disponível
no
Portal
do
em:
INCA
(http://www.inca.gov.br). Acessado em: 1 jul.2012
3- INCA
-
Instituto
Nacional
de
Câncer,
disponível
em:<http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/tiposdecancer/site/home/
mama/cancer_mama>. Acessado em: 29 fev. 2012
4- PINHO, V.F.S, COUTINHO, E.S.F. Variáveis associadas ao câncer de
mama em usuárias de unidades básicas de saúde. Rio de Janeiro,
vol.23, no.5, mai. 2007. Cad. Saúde Pública. Disponível em:
<http://www.scielosp.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102311X2007000500008&lng=en&nrm=iso&tlng=pt>.
Acesso
em:1
mar.2012.
5- Peto J. Cancer epidemiology in the last century and the next decade.
Nature 2001; 411(6835): 390-5.
[ Links ]
6- INCA
Instituto
Nacional
de
Câncer,
disponível
em:
http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/tiposdecancer/site/home/mam
a/cancer_mama Acessado em: 25 set. 2012.
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