O Mentoring no Sucesso do Empreendedorismo
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O Mentoring no Sucesso do Empreendedorismo
ÍNDICE INTRODUÇÃO 4 OS MENTORES 7 OS EMPREENDEDORES 13 BENCHMARKING INTERNACIONAL DE PRÁTICAS DE MENTORING Enquadramento concetual Caraterização de práticas conhecidas Realização de estudos de caso de âmbito internacional Proposta de um modelo geral Referências ESTUDOS DE Mentoring “METODOLOGIAS E PRÁTICAS DE MATCHING” - FASE I Metodologias e PrátIcas de Matching projeto “Mentor” Anexo - Caraterização do Projeto Mentor ESTUDOS DE Mentoring “METODOLOGIAS E PRÁTICAS DE MATCHING” - FASE II Enquadramento Definição de um modelo geral para implementação de mentoring no Projeto MENTOR Programas de Mentoring nas regiões Centro e Norte Anexos Referências 25 26 43 47 63 71 75 76 94 103 104 107 115 122 130 INTRODUÇÃO Mentoring é um processo de desenvolvimento profissional assente numa relação pessoal de transferência de conhecimento, experiência, aconselhamento e apoio entre mentor e mentorado, com o objetivo de motivar e inspirar o mentorado, aumentando o seu potencial. O mentor, no exercício da relação de mentoring, renova os seus conhecimentos quanto a novas ideias que vão surgindo, sendo desafiado pela irreverência de jovens empreendedores, perpetuando o seu legado de competências ao meio empresarial, investindo no futuro da sociedade. A solidez da relação de mentoring assenta numa conduta ética rigorosa subscrita pelos pares, na qual a honestidade, o compromisso e a confidencialidade assumem papel de destaque. Através da implementação do projeto Mentor – Rede de Apoio ao Empreendedorismo, os promotores Conselho Empresarial do Centro – Câmara de Comércio e Indústria (CEC-CCIC) e Associação Industrial do Minho criaram uma Rede de Mentores para as Regiões Norte e Centro do País, crucial para a dinamização do empreendedorismo jovem, através do apoio ao desenvolvimento dos seus negócios. A alavancagem do crescimento das novas empresas por recurso ao mentoring, permite produzir e disseminar conhecimento, passível de ser apropriado pelos vários agentes do ecossistema do empreendedorismo. A presente publicação, por um lado, representa uma homenagem aos Jovens Empreendedores pelo dinamismo e inovação demonstradas e pela capacidade de marcar a diferença e, por outro lado, representa um agradecimento aos Mentores pela disponibilidade demonstrada e pela capacidade de motivar e inspirar os Jovens Empreendedores. Procede-se ainda à compilação na presente publicação de 3 estudos elaborados no âmbito do projeto: 1 - Benchmarking internacional de práticas de mentoring e análise de resultados 2 - Metodologias e práticas de matching fase I 3 - Formulação de metodologia de atuação - fase II O Projeto Mentor, está enquadrado no Programa Operacional Fatores de Competitividade, no âmbito do Sistema de Apoio a Ações Coletivas (SIAC) e é co-financiado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional. 5 6 OS MENTORES 8 9 10 11 12 OS EMPREENDEDORES 13 BARROCA DO RETIRO Ana Manso Caramujo DANCE FIT CLUB Ariana Camarneiro 14 DELIGHTBUGS Tiago Almeida Joana Cardoso DESCLA Tiago Canoso Ana Gomes 15 DIDEQ Diogo Vieira EARTH ESSENCES Rita Trindade André Moreira 16 ENGING Martinho Simões EXPLICAS-ME? Tiago Loureiro Bruno Costa Lina Balciunaite Lino Gonçalves Renato Chainho Zé Tiago 17 MA PETITE PRINCESSE Bernardo do Lago Cruz Ana Peixoto d’Almeida MEIK YOU FEEL UNIQUE Márcio Marques da Silva 18 NEGÓCIOS NA HORA Luís Rufo ONDAMAGNA SURFSHOP Francisco Araújo 19 SNAILSICÓ Sónia Góis TAKISERVIÇOS Carlos Reis 20 TEKNA CREATIVE Carlos Pereira Pedro Oliveira TIME FOR MINHO Sofia Alves Melanie Alves José Dias 21 TITULUS CLÍNICA DE NEGÓCIOS Carla Lima BIOPOLI MONITORING Ana Malta António Almeida CLAVE VIRTUAL GLEXYZ Marco Silva André Godinho Luz Catarina Gomes * A caraterização de cada projeto baseou-se nas informações facultadas pelos empreendedores 22 23 24 BENCHMARKING INTERNACIONAL DE PRÁTICAS DE MENTORING 1 E NQUAD R AME N TO C O NC E T UAL 1.1. /EMPREENDEDORISMO, INOVAÇÃO E DESENVOLVIMENTO REGIONAL Nesta secção abordamos de forma sucinta conceitos fundamentais sobre empreendedorismo, inovação e desenvolvimento regional. Estes conceitos enquadram o contexto em que o Projeto Mentor foi pensado, enquanto instrumento de uma estratégia de desenvolvimento económico e social a nível regional, estratégia essa que assenta em boas práticas de criação e difusão de conhecimento através do estimulo ao empreendedorismo e à inovação. É hoje amplamente reconhecido que o conhecimento e a inovação desempenham um papel essencial na determinação das trajetórias de desenvolvimento económico e social, quer a nível regional quer a nível nacional (Solow, 1956; Temple, 1999; Romer, 1990). Para melhor se entender a relevância do conhecimento e da inovação no desenvolvimento das regiões começamos por lembrar três conceitos essenciais ligados à ideia de ecossistema regional: os sistemas regionais de inovação e empreendedorismo; o grau de especialização e variedade numa região; o conceito de inovação aberta. 26 Sistemas regionais de inovação e empreendedorismo Em primeiro lugar consideramos o conceito de Sistemas Regionais de Inovação e Empreendedorismo – entendido como as interacções entre a infra-estrutura regional e o conjunto de instituições (formais e informais), bem como os mecanismos associados ao desenvolvimento do conhecimento e sua transferência para a esfera económica e que incluem o mercado de trabalho e os estabelecimentos de educação superior e de investigação científica e tecnológica. Em boa verdade a geração de mais valias económicas e sociais assenta, não num processo de geração e aplicação de conhecimento exclusivamente interno às empresas, mas sim num processo sistémico, embebido em redes de conhecimento distribuído, que embora com foco regional, é também em grande parte um processo extra-regional. O conceito de sistemas regionais de inovação e empreendedorismo é, portanto, construído em torno da ideia que a rede de ligações ou interacções de colaboração e networking, envolvendo vários tipos de atores, é o elemento principal que permite um melhor entendimento de como funciona o processo de criação e difusão de inovações (Edquist, 1997). Com base na demarcação dos elementos que constituem o sistema, diferentes autores diferenciam entre sistemas nacionais (Lundvall, 1992; Nelson, 1993; Freeman, 1987), sistemas setoriais (Malerba, 2002), sistemas tecnológicos (Carlsson, 1995; Carlsson & Stankeiwitz, 1995; Callon, 1992) e sistemas regionais (Cooke, Gomez, Uranga & Etxebarri, 1997). Paradoxalmente, o facto de o conhecimento que alimenta o desenvolvimento económico ser um conhecimento distribuído a nível global, aumenta o papel das regiões na promoção de riqueza através da inovação (Doloreux & Parto, 2004). A região torna-se mais importante por causa dos elementos culturais e da proximidade física e institucional que favorece a confiança e formas de colaboração de maior flexibilidade. As regiões são, portanto, um ponto de encontro territorial para desenvolvimento de conhecimento dentro de cada empresa e para trocas intencionais e não intencionais de informação e de conhecimento tácito (conhecimento que não viaja distâncias longas) e, assim sendo, as regiões condicionam os processos de acumulação, distribuição e geração de externalidades. Daqui decorre que o processo de criação / aplicação de conhecimento é um processo fortemente territorializado, processo esse que alimenta o empreendedorismo local (Rondé & Hussler, 2005, Asheim & Isaksen, 1997; Maskell & Malmberg, 1999). Michael Porter foi um dos primeiros a argumentar que as vantagens competitivas das empresas são formadas com o apoio de capacidades dinâmicas localizadas e através de interações com recursos e competências a nível regional (Porter, 1998), recursos esses que não são facilmente imitáveis por concorrentes localizados em outros contextos regionais. No essencial o conceito de sistemas regionais de inovação e empreendedorismo foi desenvolvido com intenção de melhorar o nosso entendimento de como a politica pública pode melhor influenciar esses processos (Maskell & Malmberg, 1999). A relevância politica do conceito está precisamente no facto de chamar a atenção para a necessidade de considerar as interações mútuas entre um conjunto heterogéneo e alargado de atores, incluindo agências de financiamento, autoridades regionais, associações empresariais, intermediários financeiros, estabelecimentos de ensino e de investigação científica, etc. Note-se que à luz deste conceito as práticas de mentoring podem ser vistas como um mecanismo eficaz de criação e reforço de ligações e interações entre diferentes tipos de atores do sistema regional. Especialização e variedade O segundo conceito importante, para o enquadramento de práticas de mentoring no contexto da inovação, empreendedorismo e desenvolvimento regional, diz respeito ao relativo grau de especialização (tecnológica, de sectores e de conhecimentos) de uma região. O grau de especialização de uma região determina em grande medida a sua relativa exposição a flutuações cíclicas ou a disrupções estruturais dos mercados. Por causa da acumulação de conhecimento numa direção (ou domínio de conhecimento) e da dependência do caminho que daí decorre, o grau de especialização também determina as oportunidades acessíveis i.e. o “espaço” que a região tem para desenvolvimentos futuros (Storper, 1997). Por exemplo, o empreendedorismo de uma região pode ser focado em pequenas variações em torno do mesmo sector / tecnologias ou ser um factor de forte diversificação de mercado e consequentemente de 27 segmentação de recursos regionais.São as ligações de colaboração (incluindo os mercados de trabalho localizados) que criam spill-overs de proximidade, que resultam no aumento de oportunidades para inovação e empreendedorismo (Malmberg & Maskell, 2002). É conhecido que “fortes” interdependências entre a infraestrutura local e os padrões pouco diversificados de investimento, acumulação de conhecimento e empreendedorismo podem conduzir a situações de bloqueio. Note-se que, assim sendo, o estimulo à inovação e ao empreendedorismo (e respetivos instrumentos onde se inclui o mentoring) não são um fim em si mesmo (Howells, 2005). O que se pretende é que a inovação e o empreendedorismo estejam ao serviço da dinâmica social e económica da região, gerando melhores níveis de competitividade nos mercados internacionais. Recentemente as teorias económicas introduziram o conceito de variedade-relacionada (Frenken et al. 2007) para explicar a importância da relação entre a composição tecnológica - sectores e a base de conhecimentos da região. É pois importante compreender o papel que o empreendedorismo, a inovação e respetivos instrumentos de apoio, desempenham como mecanismos de geração de variedade-relacionada, evitando especializações demasiado estreitas e espaços de oportunidade relativamente mais limitados. Este conceito reforça a ideia que a competitividade de uma região se baseia na forma como a inovação e o empreendedorismo contribuem para reforçar, alargar ou aprofundar as cadeias de valor, i.e. na forma como contribuem para que a parcela da cadeia de valor global que incide sobre a região seja precisamente aquela parcela que permite (algum) controlo da cadeia a nível global. 28 Inovação Aberta Por último, o terceiro conceito de enquadramento associado à importância do empreendedorismo e da inovação no desenvolvimento regional é o conceito de inovação aberta, vista como opção estratégica das empresas para aquisição e desenvolvimento de conhecimento em parceria com entidades externas (Chesbrough 2003, 2005). Nos dias de hoje a distribuição do conhecimento em redes (à escala global) reforçou a necessidade de abrir os processos de inovação, outrora mais herméticos e executados intramuros i.e. exclusivamente dentro das empresas. A abertura do processo de inovação ao exterior acelera os lead-times e aumenta a produtividade e performance geral do processo (Herstad et al. 2008). Isto resulta também num maior estímulo ao empreendedorismo e, a nível regional, a disseminação de práticas de inovação aberta permite reforçar a colaboração e o efeito de cluster. Embora se possa pensar que a inovação aberta conduz a um nivelamento na distribuição e acesso a conhecimento e capacidades dinâmicas (Friedman 2005, Chesbrough 2003), a verdade é que continua a haver forte divergência económica regional (medida e.g. em taxas de crescimento económico e emprego), resultante de acentuadas diferenças regionais na capacidades de criar, importar e difundir conhecimentos (Florida, 2005; Simmie, 2003, 2004). Isto significa que existem “por aí” a nível global muitos ambientes regionais com contextos específicos, recheados de ideias e conhecimentos que podem ser utilizados por quem se queira iniciar nas práticas de inovação aberta (estendidas a escalas extra regionais) (Cooke 2007, 2005, Asheim 2005, Bathelt et al 2004). As práticas da inovação aberta trazem três lições valiosas. Em primeiro lugar, chamam a atenção para a importância da heterogeneidade do conhecimento externo às empresas. Segundo, apontam claramente para a ideia de que o acesso a conhecimento externo deve ser pensado à escala global, não apenas à escala regional ou nacional. Em terceiro lugar, relembram que a geração e desenvolvimento de ideias e projetos não deve estar confinada a fronteiras organizacionais fechadas. O empreendedorismo aparece assim como a atividade chave nos processos de inovação aberta, pois em muitos casos a externalização de ideias (geradas com base em conhecimento interno) é realizada através da criação de novas iniciativas empresarias (o mesmo para a internalização de ideias com base em conhecimento externo) Carlsson & Eliasson, 2002). 29 1.2. /MENTORING NO CONTEXTO DO EMPREENDEDORISMO E DA INOVAÇÃO Resulta do que atrás foi exposto que os programas de mentoring têm um papel importante a desempenhar no contexto da inovação e do empreendedorismo, como fatores de desenvolvimento regional. As atividades de mentoring devem ser encaradas como uma componente do ecossistema de empreendedorismo, componente essa que deve ser orientada de forma a contribuir para a estratégia de desenvolvimento da região de forma a complementar e/ou suplementar relativamente aos outros instrumentos de apoio ao serviço da mesma estratégia. No que se segue, começamos por justificar a necessidade da existência de esquemas de apoio baseados em mentoring (nas suas diferentes formas). De seguida procuraremos ilustrar como pode o mentoring enquanto esquema de apoio (público ou semi-público) desempenhar um papel importante em complementaridades com outros apoios. Finalmente procuraremos mostrar de que forma os programas de mentoring podem contribuir para o desenvolvimento do ecossistema regional, nas componentes atrás explicadas, nomeadamente: o sistema regional de inovação e empreendedorismo; o relativo grau de especialização versus variedade; e as práticas de inovação aberta. A necessidade de Mentoring como apoio ao empreendedorismo Podemos encontrar várias justificações para a necessidade de mentoring como forma de apoio aos ecossistemas de empreendedorismo e inovação. Num trabalho de Baptista et al. (2008) sobre novas empresas em Portugal entre 1982 e 2002 , é sugerido que a criação de novos negócios teve 30 um impacto muito reduzido sobre o crescimento do emprego. Os autores justificam dizendo que uma das principais causas está relacionada com a falta de qualidade das startup que são criadas. Pelos relatórios GEM (Global Entrepreneurship Monitor) sabe-se que, quando comparado com outros países, Portugal apresenta de facto uma preponderância em empreendedorismo de necessidade que, como se sabe, é de menor qualidade e tem menor relevância para a consolidação dos ecossistemas regionais de inovação e empreendedorismo. Por outro lado é conhecido que os principais problemas na realização de negócios (ver por exemplo Doing Business, 2013. Economy Profile: Portugal) em Portugal passam por: difícil acesso ao financiamento, ineficiência administrativa ou excesso de burocracia, instabilidade nas regras fiscais, regulação laboral rígida, instabilidade política, etc. No que respeita a condições estruturais menos favoráveis ao empreendedorismo os inquéritos GEM chamam também a atenção para a “falta de estímulo, por parte da cultura nacional, ao sucesso individual, conseguido através do esforço próprio.” Ou seja, as normas culturais e sociais não estão orientadas para estimular o empreendedorismo. Ora o mentoring pode ajudar a minorar todas estas barreiras ao empreendedorismo com sucesso, nomeadamente a melhorar a qualidade das iniciativas empresariais, tornando-as mais orientadas a oportunidades validadas (e menos resultantes de necessidades de subsistência), centrando-as em ideias mais inovadoras e sobretudo apoiando os empreendedores nas múltiplas dificuldades burocráticas, fiscais, administrativas, etc. O mentoring apresenta-se assim como um mecanismo que aumenta a eficácia do processo empreendedor. Embora as ideias de negócio sejam pertença dos empreendedores e não dos mentores, e portanto possam ser por isso mesmo expressão de necessidades e não de oportunidades, através de mentoring o processo de tentativa-erro (também conhecido por “pivoting”) pode contribuir para aproximar iniciativas de necessidade a iniciativas de oportunidade, contribuindo assim para um desejado aumento da qualidade do empreendedorismo. Mentoring enquanto esquema de apoio complementar a outros apoios A importância do mentoring como mecanismo de apoio ao empreendedorismo com base na inovação está também associada à sua complementaridade com outros instrumentos de apoio. Com efeito existem inúmeros esquemas*, públicos e privados, de apoio ao empreendedorismo. As iniciativas públicas podem adotar posturas regionais ou ao nível nacional e com sistemas de incentivos a programas específicos. Por sua vez várias entidades privadas, como por exemplo Fundações e Bancos, disponibilizam apoios na forma de concursos e prémios. Na perspetiva do promotor, especialmente no caso de empresas startup, os prémios podem ser mesmo muito eficazes como estímulo (Kamenetz, 2008). Face aos apoios que podem existir, podemos * Sem ser exaustivo podemos referir apoios públicos como: a “call for entrepreneurship” da Portugal Ventures, o Passaporte para o Empreendedorismo – Impulso Jovem, as ILEs Iniciativas Locais de Emprego – IEFP, as Linha de crédito MICROINVEST, INVEST+ do IEFP, o programa FINICIA – IAPMEI, os sistema de incentivos à inovação e empreendedorismo no QREN, etc. constatar que não parecem, portanto, faltar apoios públicos ou privados que, com diferentes objetivos, metodologias e montantes se disponibilizam para financiar o empreendedorismo. O que parece faltar é esse apoio ser acompanhado por aconselhamento especializado em gestão de forma a aumentar a eficácia dos apoios meramente financeiros. Ora é precisamente nesta lacuna que os programas de mentoring e/ou coaching podem atuar. A importância do mentoring pode, portanto, ser enfatizada precisamente como mecanismo de apoio ao empreendedorismo que é complementar aos esquemas de financiamento públicos e privados já existentes, aumentando a sua eficácia. Se é verdade que desde há muito existem apoios ao empreendedorismo baseados em financiamento, e fundamentados na noção de que existe uma falha de mercado no financiamento a startups, é também verdade que outros tipos de apoio que se centram no fornecimento de aconselhamento, são muito mais recentes. À semelhança do que está a acontecer na Europa e nos EUA, existe hoje uma maior aderência a um novo tipo de apoio, na forma de programas de aceleração. Estes programas (veremos alguns casos com maior detalhe mais à frente) são dinamizados por Universidades, centros de incubação de base universitária, grandes empresas multinacionais, empresas de consultoria ou pessoas em nome individual, etc. Em vez de financiamento os programas de aceleração funcionam como programas de formação muito intensos – em clima imersivo. Nos programas de aceleração, embora o acesso e concessão de financiamentos continue a ser uma componente importante, o principal focus do apoio dado é o aconselhamento. Em muitos casos esse aconselhamento consiste num programa de mentoring alinhado com a duração do 31 programa de aceleração. A grande aderência (relativa aos apoios meramente financeiros) que este tipo de programas tem conhecido em Portugal e na Europa, sobretudo quando associados ao empreendedorismo nos jovens e nos estudantes e em alguns casos no empreendedorismo de base tecnológica, sugere uma importante lacuna no atual panorama de apoios, que é o desenvolvimento de esquemas baseados em programas de ação, ou “empreendedorismo de ação”. Rasmussen & Sørheim (2006) já tinham chamado a atenção para a importância deste tipo de programas que possibilitam, ganhos de experiência num contexto real de negócio, formação de equipas, identificação e teste real de oportunidades, que em muito podem contribuir para o dinamismo regional aumentando o número de novas empresas com potencial de crescimento mais rápido. A contribuição dos programas de mentoring para o desenvolvimento do ecossistema regional Como atrás sugerimos um ecossistema de inovação e empreendedorismo pode ser visto através de três vertentes: o sistema de ligações e interações entre os atores e entre estes e a infraestrutura regional (incluindo a infraestrutura de ensino e de tecnologia); o grau de especialização e/ou variedade (relacionada); e a relativa abertura na operacionalização de processos de inovação realizados em colaboração. A contribuição dos programas de mentoring pode portanto ser vista de forma diferenciada nestas três vertentes. Assim no que respeita à contribuição para o sistema de interações um programa de mentoring – onde os mentores sejam personalidades da região onde vão prestar mentoria, pode contribuir para o fortalecimento das ligações regionais. Com efeito sendo o mentor sobretudo alguém que ajuda o mentorando a fazer contactos, a sua ação leva a um aumento das interações 32 nas empresas mentoradas. O mentor contribui também para uma certa “legitimação” dos processos de empreendedorismo regionais, i.e. a sua ação aumenta a aceitação social a falhas do empreendedor. Em segundo lugar, a ação dos mentores é também um processo de transmissão de conhecimentos. Dependendo da orientação do programa de mentoring e do alinhamento desse programa com a estratégia da região, a ação do mentor pode ser no sentido de “focar” as iniciativas empresariais que acompanha, ou de privilegiar a geração de variedade-relacionada através de estratégias de diversificação a montante ou a jusante da cadeia de valor regional. A ideia base é que os programas de mentoring podem ser geridos de forma a promoverem o necessário equilíbrio entre especialização e variedade, através da variedade-relacionada. Sendo que as atuais estratégias regionais de inovação assentam no conceito RIS3 – Smart Specialization, o mentoring pode ajudar a uma maior focalização na relativa especialização inteligente que a região escolher ser estratégica. Por último, os programas de mentoring são também essenciais enquanto mecanismos de suporte à inovação aberta. O mentor é por definição alguém que introduz o empreendedor no ecossistema e na rede de contactos que ele necessita, promovendo projetos e iniciativas em colaboração com outras organizações. 1.3. /DEFINIÇÃO DE CONCEITOS ASSOCIADOS AO MENTORING Explicada a importância do empreendedorismo e inovação no desenvolvimento regional e o papel do mentoring nestes últimos, nesta secção concentramo-nos em definir mais em detalhe os conceitos associados ao Mentoring. No essencial o mentoring pode ser caracterizado como uma relação entre uma pessoa mais experiente e outra que pretende adquirir e desenvolver conhecimentos em determinada área. Desde os tempos da mitologia grega com a Odisseia de Homero*, têm sido inúmeras as variantes do conceito de Mentoring enquanto relação entre Mestre e Aprendiz. O mentor na sua definição original é a pessoa que introduz o mentorando às redes de contactos (e poder) de que ele necessita para ter sucesso. Ao longo dos tempos o mentoring desenvolveu-se nas ordens religiosas ou profissionais, na administração pública, e no setor privado como apoio à integração dos recém recrutados. Por outro lado, sabe-se hoje que a transmissão ou transferência de saber, e efetiva absorção pelo recetor, envolve aspetos tácitos que só podem ser adquiridos através da “experimentação” i.e. da tentativa-erro e do “learning by doing”. O mentoring pode pois também ser encarado como um mecanismo que facilita a transmissão de conhecimento tácito entre mentor (mais experiente) e mentorado (aprendiz). Atualmente existem práticas de mentoring em muitos outros contextos como por * Na Odisseia de Homero, Ulisses entrega a educação de seu filho Telémaco ao seu amigo Mentor exemplo, na relação professor-aluno, na relação entre alunos mais experientes (ou mesmo ex-alunos) e alunos recém chegados, e mais recentemente e no domínio da gestão e do empreendedorismo na relação entre gestores mais experientes e outros gestores principiantes que procuram apoio para o desenvolvimento das suas carreiras profissionais. O aparecimento e sobretudo o reconhecimento da importância das práticas de mentoring na gestão de empresas é, porém, um fenómeno recente e aparentemente associado a um importante artigo da Harvard Business Review em 1979 (ver Roche, 1979) onde o autor chamava a atenção para a maior performance de profissionais de gestão que se socorriam de mentores. A prática de mentoring é uma atividade social e psicológica de elevada complexidade pelo que não existe uma definição universal. Algumas definições possíveis no domínio da gestão e do empreendedorismo são: - Uma relação dinâmica em que um gestor com mais experiência se interessa pelo desenvolvimento da carreira/negócio de um gestor-principiante. - Mentores são pessoas que através da sua ação diligente prestam ajuda para que outras possam realizar o seu potencial. Uma das definições de mentoring mais utilizadas é a de (MacLennan, 1999): O processo pelo qual um gestor sénior (com maior experiência) fica disponível para estabelecer um relacionamento não especificado com um gestor principiante, onde deverá ajudar a procurar informação; comportar-se como “modelo” (role model); elaborar pareceres; ensinar sobre quaisquer 33 aspetos que possam ser importantes para como mecanismo de apoio às empresas a performance do gestor-aprendiz no seu nos seus estágios iniciais pode ser decicontexto organizacional. sivo. No contexto deste trabalho propomos utili- Sobretudo em áreas de empreendedoriszar a seguinte definição: mo tecnológico os empreendedores precisam de muito mais do que financiamento Mentoring é um processo, onde se promo- e apoio técnico no domínio da sua especiave uma relação entre mentor e mentoran- lidade. Em muitos casos os empreendedodo, e onde o mentor promove contactos e res necessitam sobretudo de alguém que contribui com conhecimentos e experiên- os introduza no ecossistema de empreencias, de forma criativa e construtiva, per- dedorismo local e à rede de contactos chamitindo ao mentorado acelerar a absorção ve que “abram portas”. Precisam também de conhecimento tácito e a aprendizagem de alguém em quem possam aprender a (tentativa – erro), ao mesmo tempo que de- confiar e que possa complementar o seu senvolve autoconfiança para mais rapida- conhecimento técnico, de forma a consemente atingir os seus objetivos. guir acelerar um processo que é essencialmente de aprendizagem tentativa-erro e aquisição de conhecimento tácito e que Como processo de apoio à aprendizagem o na ausência de um mentor iria certamente mentoring tem semelhanças e sobreposi- demorar mais, gerar mais erros e logo ter ções com outros processos, e.g. coaching, maiores custos. aconselhamento, tutoria, ensino, etc., coaching e mentoring são provavelmente os Na relação de Mentoring, o mentor desemmais comparados e contrastados. Contu- penha vários papéis que alimenta com do, deve-se ter em atenção que a distinção diferentes competências e comportamenfundamental está ao nível da relação que é tos. O papel que o mentor adota a cada criada. Em coaching existe apoio e trans- instante depende das necessidades do missão de conhecimentos com áreas e empreendedor e da situação em concreto. objetivos específicos definidos. Em mentoring vai-se mais além e pretende-se cul- Papéis a desempenhar pelo mentor tivar uma relação de longo prazo com base numa troca mútua de informações, expe- Facilitador: identifica potenciais oporturiências e perspetivas. nidades e arranja contactos e formas de acesso a pessoas; Além disso, em mentoring o mentor tem de ter conhecimento e experiência no tipo Desafiador: faz de advogado do diabo, testa de trabalho e funções realizadas pelo seu pressupostos, ensaia argumentações conmentorado. De certa forma o mentoring in- trárias. clui coaching, mas o inverso não é verdade. Conselheiro: fornece aconselhamento obPrecisamente porque o mentoring se defi- jetivo para um conjunto de assuntos; ne como uma relação de confiança única em que o mentor não é apenas um conse- Perito: é fonte de conhecimento técnico e lheiro técnico, mas sobretudo alguém que profissional em várias áreas; promove contactos com terceiros e desenvolve uma relação aberta onde quaisquer Coacher: fornece assistência em áreas e questões, conselhos e discussões possam com objetivos específicos; surgir, em ambos os sentidos, o seu efeito 34 Modelo: promove e encoraja determinados comportamentos; Confidente: sabe ouvir - receios, ansiedades; Feedback: fornece juízos construtivos; responsabilidades mútuas pelo que a relação de mentoring deve de alguma forma ser regulada (ou formalizada) através de um Código de Conduta entre a iniciativa de mentoring e o mentor e um acordo de mentoring entre o mentor e o mentorado onde se incluem os direitos e responsabilidades de mentores e mentorados. Motivador: sabe encorajar e motivar; No essencial as principais responsabilidades dos mentores são as seguintes: Função do mentor no relacionamento com o mentorado Como ilustra a figura seguinte os papéis mais importantes que o mentor pode assumir vão desde a gestão da relação, motivação, treino e ensino, desenvolvimento de respeito e confiança mútua, resposta a necessidades de resolução de problemas concretos e apoio em qualquer situação. • Realizar reuniões periódicas com o(s) mentorado(s); • Elevado grau de compromisso e empenho; • Disponibilidade permanente para fornecer recursos e acesso a pessoas chave; • Saber ouvir as questões, problemas, desafios; Responsabilidades do mentor Os múltiplos papéis desempenhados pelo mentor trazem consigo diferentes tipos de • Estar preparado para fornecer aconselhamento, deixando os empreendedores decidir por si. • Ensino e desenvolvimento de competências que melhorem a capacidade dos empreendedores; • Preparação para a partilha de experiências com ilustração dos desafios que foram alcançados; • Promoção e facilitação da participação de empreendedores em eventos importantes na respetiva área de negócios; • Participação em reuniões, no contexto do programa de mentoring em que se encontra envolvido. (Fonte: Figura 1 - As funções de um mentor University of Wolverhampton Business School, 2009/2010) 35 • Partilhar experiências, sucessos, falhanços e ilustrar a forma como os desafios foram alcançados; • Pedir ao mentor para facilitar o acesso a eventos essenciais na sua área de negócios; • Participar em reuniões do programa de mentoring onde se encontra inserido sempre que tal for solicitado. Problemas típicos do relacionamento entre mentor e mentorado Figura 2. As 10 Competências de um mentor (Fonte: Clutterbuck 2004) Responsabilidades dos mentorados Por seu turno, os empreendedores ou iniciativas empresariais participantes num programa de mentoring devem também estar conscientes das suas responsabilidades e obrigações para que a relação possa funcionar com sucesso. No essencial as principais responsabilidades dos empreendedores-participantes são: • Realizar reuniões periódicas com o mentor; • Evidenciar as necessidades e pedir ao mentor recursos e acesso a redes e contactos chave; • Saber ouvir os conselhos, avaliações e juízos do mentor, mas tomá-los como input para decisões próprias; • Aprender áreas de competência complementar; • Cumprir as orientações e tarefas combinadas com o mentor. 36 A clarificação de funções e responsabilidades, quer da parte do mentor quer da parte do Empreendedor-mentorado, pode porém não evitar o surgimento de problemas no desenvolvimento da relação. Os principais problemas que podem surgir prendem-se com: • Conflitos de interesse; • Definição inadequada de expetativas, funções e responsabilidades; • Dificuldades de relacionamento, normalmente associadas a desigualdades no grau de compromisso, falta de tempo por parte do mentor, questões de género, etc.; • Problemas de matching - perfis mentor e mentorado pouco compatíveis; • Reduzido cuidado por parte da coordenação do programa de mentoring no acompanhamento da relação; • Acentuadas diferenças de cultura, valores, entre mentor e empreendedor. Estes problemas podem ser reduzidos se existir um bom matching e uma boa coordenação entre os intervenientes. Dos potenciais problemas existem dois que nos parecem recorrentes e que merecem maior destaque. Desde logo a questão da confidencialidade e dos direitos de propriedade industrial e intelectual sobre a iniciativa empresarial e respetivos produtos/ serviço. Sobretudo em áreas tecnológicas deve ser claro que todos os direitos pertencem à empresa e não aos mentores, mesmo quando o seu aconselhamento possa abranger expertise nas áreas técnicas relevantes. Uma outra questão importante prende-se com o facto de na sua maioria os problemas estarem associados a um matching deficiente, i.e. ajustamento entre as caraterísticas do mentor e do empreendedor mal conseguido. A reincidência deste problema justifica a importância das metodologias de matching ou intermediação (não abordadas neste trabalho), que podem ajudar a melhorar o processo de escolha de mentores em função das caraterísticas da iniciativa empresarial e vice-versa. Benefícios do mentoring e respetiva aplicação Um outro aspeto importante dos programas de mentoring, ou num plano mais geral dos programas de incubação e/ou aceleração que fazem uso de práticas de mentoring, é a identificação de benefícios e avaliação de resultados. Em geral, quer em contextos de aceleração, quer em períodos mais alargados, o uso de mentoring traz os seguintes benefícios para os empreendedores: - Oportunidade para aumento das suas competências, conhecimentos de gestão e da autoconfiança; - Aumento potencial da visibilidade das suas ideias promoção e oportunidades de networking; - Melhor entendimento dos papeis do fundador/gestor de empresas e negócios; - Acesso a conhecimento tácito em gestão – “formas não escritas de fazer as coisas”; - Desenvolvimento de profissionalismo i.e. maior eficácia profissional; - Reconhecimento como empreendedor; - Aprendizagem relativa às práticas de gestão do trabalho, recursos humanos, finanças, etc. Porém, a aplicação de modelos de mentoring tem também impactos positivos no mentor. Por exemplo: - Satisfação pessoal pela contribuição dada ao empreendedor; - Oportunidade para partilhar experiências e conhecimento; - Oportunidade para adicionar valor e contribuir para propostas de negócio com valor económico; - Oportunidade para aprender com os problemas de outros negócios / empreendedores; - Oportunidade de participação no negócio como Business Angel num estágio mais avançado. Benefícios do mentoring e respetiva aplicação Um ponto importante no que respeita à participação voluntária e não-remunerada dos mentores é a motivação e a recompensa que os mentores podem receber por participarem em programa de mentoring. De certa forma como atrás se referiu os mentores procuram não só oportunidades de aprendizagem, mas sobretudo nos casos 37 em que são também investidores Business Angels, procuram oportunidades para investir. De certa forma em alguns casos essa é também a expectativa de empreendedores que entendem que o envolvimento do mentor como investidor significa um maior compromisso. É nosso entendimento, porém que no caso em que mentores se constituam como Business Angels passam a ser em primeira mão parceiros do negócio, que também são mentores. O conceito de mentor que aqui usamos é o de mentor desinteressado e voluntário e assim sendo uma forma eficaz de o motivar e recompensar é o programa de mentoring estabelecer uma qualquer forma de contrato de responsabilidade social. Ou seja o programa de mentoring divulgar (através de campanha de comunicação adequada) quem são os seus mentores e que os considera indivíduos / empresários de superior notoriedade e responsabilidade social. 38 1.4. /PRINCIPAIS MODELOS DE MENTORING No que respeita a modelos de mentoring e sua respetiva implementação, começamos por distinguir dois tipos de modelos: modelos de programas de mentoring a nível regional/nacional (ou focando determinados aspetos tecnológicos, sectoriais ou de inovação); modelos do funcionamento e desenvolvimento da relação de mentoring a nível individual i.e. no plano do relacionamento entre o mentor e o empreendedor – aprendiz, que por sua vez se podem classificar em modelos de mentoring “1 para 1” ou modelos de mentoria múltipla, i.e. onde um mentorando pode ser tutorado por vários tipos de mentores em simultâneo ou em fases diferentes de evolução da sua iniciativa empresarial. No que respeita aos modelos de programas de mentoring a nível regional, o modelo mais geral assenta na gestão cuidada do triângulo de intermediação entre o programa, os mentores e as iniciativas empresariais/empreendedores. Neste modelo cada região em função da estratégia que tem para desenvolvimento da inovação e empreendedorismo deve definir os objetivos e os resultados esperados para o programa de mentoring. A contribuição esperada do programa de mentoring enquadra, portanto, as atividades de coordenação geral do programa e os critérios de elegibilidade e seleção de mentores e iniciativas empresariais, bem como o processo de matching. COORDENAÇÃO DO PROGRAMA MENTORES EMPREENDEDORES RESULTADOS - Retenção na região de talentos em empreendedorismo (empreendedores e mentores) - Valorização das iniciativas e experiências existentes nas pessoas da região - Aumento da probabilidade de sobrevivência das empresas alvo de mentoring - Melhoria dos resultados económicos e sociais nas empresas alvo de mentoring - Fertilização cruzada a nível regional entre pessoas de formações/idades e capacidades diferentes Um outro tipo de modelo de mentoring diz respeito ao desenvolvimento da relação que se estabelece entre o mentor e o mentorando. Na maioria dos casos, o mentoring é definido como uma relação de 1 para 1, onde o um mentor assume várias funções/ 39 papéis, sendo da maior importância a confiança mútua que se estabelece entre ambos. O consagrado Professor de Empreendedorismo de Stanford, Steve Blank define a relação de mentoring como: “… a two-way street. To make it work, you have to bring something to the party”. Como veremos mais à frente, embora mais raro, é também possível estabelecer relações de múltipla mentoria. Neste caso o mentorando tem vários mentores, orientados por funções ou especialidades ou separados no tempo. De acordo com Crawell-Ward o ciclo de mentoring, na figura 2, tem uma fase inicial onde o importante é ganhar o compromisso e o envolvimento de ambas as partes, explicitando desde logo, expetativas e direções de trabalho. Segue-se uma fase intermédia que consiste em construir a relação de uma forma positiva, reforçar o conhecimento mútuo, potenciar a aprendizagem conjunta e estabelecer uma rotina de reuniões de trabalho. Finalmente, a última fase corresponde a uma fase de revisão, avaliação e eventual fecho da relação de mentoring (dando eventual início de um outro tipo de relação em que por exemplo o mentor possa ser investidor Business Angel). Nesta fase o mentorando pode passar a ser considerado como um potencial mentor. Figura 2 - O ciclo de Mentoring (fonte Cranwell-Ward et al., 2005 ) 40 Um outro modelo mais simples é o proposto por MacLennan (1999) e no essencial envolve 4 fases: 1. Início ou Nascimento da relação; 2. Compromisso que corresponde à fase de consolidação de confiança, e de uma direção de trabalho envolvendo focalização do negócio; 3. Desenvolvimento que corresponde à fase de progresso na obtenção de resultados; 4. Encerramento da relação que corresponde a uma fase de revisão, avaliação e possível inicio de um outro tipo de relacionamento. Modelos de Mentoria Múltipla - Peer Mentorship & Learning Embora menos utilizados, começam a existir também modelos de mentoria múltipla, i.e. o mentorando estabelece uma rede de contactos e não um relacionamento aprofundado com apenas uma pessoa mais experiente. Note-se que este tipo de modelos é, portanto, menos adequado ao mentoring enquanto mecanismo de tutoria pessoal individualizada e é mais adequado para situações de coaching, onde o que está em causa é a transmissão de conhecimentos técnicos, neste caso provenientes de vários mentores/coachers e não tanto a criação de uma relação de confiança mais duradoura e estruturada. De acordo com um artigo do Wall Street Journal (2009), centrado nas relações entre mentor e gestores juniores (recém chegados), as relações de mentoring não têm de ser monogâmicas. O artigo recomenda que mentorandos procurem mais do que um mentor pensando na complementaridade de competências que eles possam oferecer. Não obstante, sobretudo no domínio do empreendedorismo, pensamos que a múltipla mentoria ou tutoria pode ter várias desvantagens, já que nem sempre é fácil delimitar as áreas de aconselhamento entre mentores e, por outro lado, é frequente o desacordo e até contradição de conselhos dados por diferentes mentores ao mesmo mentorando. Um caso interessante de mentoria múltipla pare ser o mentoring peer-to-peer, ou mentoring interpares. Modelos de Mentoria Múltipla - Peer Mentorship & Learning Em contraste com o tradicional modelo de mentoring one-to-one onde um gestor mais experiente desempenha o papel de mentor de um empreendedor-aprendiz, o modelo de peer Mentoring, consiste em 41 juntar vários empreendedores com problemas semelhantes para que possam partilhar experiências e aprendizagens. Neste modelo não há, portanto, um mentor “mais experiente”. A ideia é estimular a aprendizagem peer-to-peer, onde empreendedores que tenham recentemente resolvido determinados problemas possam partilhar as suas soluções com outros empreendedores nas mesmas condições. O mentoring no contexto dos aceleradores de negócios Embora tradicionalmente os modelos de mentoring aplicados a empreendedores e iniciativas empresariais nos estágios iniciais, sejam aplicados ao longo dos primeiros anos de crescimento da empresa, mais recentemente os “aceleradores de negócios” criaram um novo contexto para a aplicação de programas de mentoring. De acordo com a Bloomberg “os aceleradores visam transformar ideias de negócios em protótipos ou produtos que estão prontos para o mercado de forma muito mais rápida (semanas ou meses)”. Neste contexto os programas de mentoring encontram novas formas de aplicação em ambientes de formação em que mentor e empreendedor (ou equipa empreendedora) convivem de forma intensa durante horas/dias para, por exemplo, construção ou validação do modelo de negócio, teste e validação das necessidades do cliente e funcionalidades do produto/serviço, ou até para processos de “desenvolvimento de cliente”. Estes diferentes contextos de aplicação de Programas de mentoring acelerados são suportados por metodologias de trabalho específicas como é o caso do Business Model Canvas ou do Lean Startup. Alguns exemplos de programas de aceleração que usam mentoring e que atingiram grande notoriedade internacional são: 42 StartupBootCamp - SBC http://www.startupbootcamp.org/ (já aplicado em 6 países Europeus), o Lean Startup Machine – LSM http://leanstartupmachine.com/ (já aplicado em mais de 40 cidades em todo o mundo) ou o maior programa de aceleração nos EUA conhecido como o US-Techstars http://www.techstars.com/ . Para além disso temos ainda contextos de mentoring semelhantes a estes programas mas patrocinados por grandes empresas. É o caso do BizzSpark da Microsoft, ou do Intel Business Challenge. Alguns desses exemplos socorrem-se de plataformas Web para suporte de todo o processo de mentoring, sendo possível usar videoconferência para a realização de sessões entre Mentores e mentorandos. Avaliação dos programas de mentoring Quanto à avaliação dos resultados da aplicação dos modelos mentoring em programas específicos, ela está inevitavelmente associada aos processos de acompanhamento do programa de mentoring ou do programa mais geral de aceleração e/ou apoio ao empreendedorismo, onde o mentoring está inserido. Por exemplo, através de reuniões periódicas do coordenador do programa com os mentores servirão o objetivo de acompanhamento mas também o de avaliação das atividades. Neste tipo de programas é boa prática criar fichas especificas para reporting dos mentores e dos mentorados. 2 C AR ATE RI Z AÇ ÃO D E P R ÁT I C A S C O N H E C I DA S 2.1. /DIAGNÓSTICO DAS MELHORES PRÁTICAS AO NÍVEL NACIONAL/INTERNACIONAL Nesta secção do trabalho, realizamos um breve diagnóstico de alguns casos mais conhecidos em Portugal e no estrangeiro. O diagnóstico é essencialmente descritivo e realizado com base em informação secundária imediatamente disponível. Recorremos a documentos ou websites para análise dos programas de mentoring e respetivos contextos de funcionamento. Na secção seguinte (3 - Realização de estudos de caso de âmbito internacional), os casos de estudo estão estruturados com base num processo de identificação, triagem e seleção seguidas de visitas e entrevistas no local aos responsáveis pelos programas de mentoring e, portanto, complementam, a primeira revisão de práticas aqui apresentada. No que se segue selecionámos os seguintes casos: • Casos em Portugal: Beta-i , CEBT, IPN, StartupLisboa, OUSAR – AIMinho • Casos Internacionais: Rede de Mentores de Madri+d, INTEL Business Challenge, StartupLab - Young Enterprise Council YEC 43 CASO BETA-I HTTP://BETA-I.PT/ A Beta-i, Associação para a Promoção da Inovação e do Empreendedorismo, é uma organização sem fins lucrativos. Utiliza mentoring nos programas de “aceleração” que promove como é o caso do Beta-start do Founder Institute (programa de Silicon Valley) ou o SeedCamp (programa Europeu líder em capital semente). A Beta-i Organiza cerca de 8 aceleradores Startup-weekend por ano. Os mentores da Beta-i são os seus 30 associados. Para além destes, em cada programa de aceleração pode ter mentores próprios. A Beta-i identifica e convida mentores entre jovens empreendedores com sucesso, na sua maioria pessoas com elevadas qualificações e com provas dadas em criação de empresas. Os empreendedores que participam em programas de mentoring são os que se inscrevem nos programas de aceleração e são quase sempre ligados ao empreendedorismo tecnológico. CASO CEBT HTTP://WWW.UC.PT/ GATS/CURSOS/CEBT O CEBT é um curso de E mp re en d e d or i s m o que também oferece sessões de Mentoring. O curso teve a primeira edição em 2006, e apresentou a originalidade de ser promovido por três universidades da região Centro: U. 44 Coimbra, U. Beira Interior e U. Aveiro - em parceria com o CEC – Conselho Empresarial do Centro/CCIC – Câmara de Comércio e Indústria do Centro. O curso intercala sessões workshop temáticas com sessões de Mentoring. Os mentores são Professores recrutados nas Universidades de Coimbra, Beira Interior e Aveiro. Também estão envolvidas no mentoring as unidades de transferência de tecnologia das respetivas universidades e/ou alunos de doutoramento em áreas associadas à inovação e empreendedorismo. As sessões de mentoring são organizadas em torno de temas específicos e os participantes têm oportunidade de mostrar e receber feedback sobre o trabalho desenvolvido no seu projeto por parte de equipas de mentores experientes convidados para cada sessão de apresentações dos projetos. CASO IPN HTTPS://WWW.IPN-INCUBADORA.PT Criada em 2002 por iniciativa do Instituto Pedro Nunes (IPN) e da Universidade de Coimbra, a IPN-Incubadora, promove a criação de empresas spin-offs, de base tecnológica oriundas dos laboratórios do IPN, da Universidade de Coimbra, do sector privado ou de projetos de I&DT em consórcio com a indústria. Não havendo um programa de mentoring explícito, todas as empresas têm a possibilidade de recorrer a uma bolsa de consultores especializados em distintas áreas (Gestão, Investimentos, Marketing, Fiscal, SHST, Estratégia, Tecnologias, Qualidade, etc.). CASO STARTUP LISBOA HTTP://STARTUPLISBOA.COM/ A criação, em 2011, da Incubadora de Empresas de Lisboa resulta de uma medida aprovada no Orçamento Participativo da Câmara Municipal de Lisboa (www.lisboaparticipa.pt). A incubadora visa facilitar a criação e desenvolvimento da iniciativa empresarial através da combinação de infraestruturas e serviços de apoio especializados. Oferece programas de pré-incubação, desenvolvimento do modelo de negócios, consultoria especializada, acompanhamento por mentores. Oferece também formação especifica, organiza eventos de networking e atividades complementares. Tem uma vasta rede de mentores da área financeira e da área tecnológica sendo o processo de matching feito pela equipa de gestão e a partir do conhecimento específico das necessidades dos projetos e das caraterísticas dos mentores. CASO OUSAR – ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL DO MINHO HTTP://WWW.OUSAR.PT O Programa OUSAR insere-se no âmbito do Sistema de Apoio a Ações coletivas do Compete / QREN e visa a Inovação e o Empreendedorismo em três vertentes: Empreendedorismo e Espírito Empresarial, Inovação e Propriedade Industrial. Este programa é uma intervenção aglutinadora, que pretende reunir esforços da Regiões Norte e Centro, no domínio dos apoios à criação e consolidação de novas empresas. O projeto OUSAR inclui a criação de um Clube de Mentores para apoio a 10 empreendedores selecionados no âmbito do Desafio OUSAR II, acompanhando, aconselhando e apoiando o desenvolvimento da ideia/negócio do empreendedor. Dentro do Clube de Mentores é selecionado um profissional com experiência comprovada na área empresarial que dá apoio a cada um dos projetos selecionados. CASO MADRID HTTP://WWW.MADRIMASD.ORG/EMPRENDEDORES/REDMENTORESMADRID/ A rede de mentores de Madrid é uma iniciativa dirigida a projetos empresariais e novas empresas de base tecnológica na Comunidade de Madrid, gerida pela Fundação Madrid+d. O seu objetivo é dar apoio de Mentoring, durante 6 meses, a startups. O serviço prestado consiste em reuniões periódicas entre empreendedores e mentores complementadas com formação específica. A rede de mentores é constituída por empresários e profissionais de gestão, voluntários, com uma trajetória profissional de mérito reconhecido. O matching é baseado no interesse mútuo de ambas as partes – sem qualquer custo para o empreendedor. Uma vez criada a relação de mentoring os empreendedores apoiados comprometem-se a fazer mentoring a outros empreendedores. 45 CASO INTEL BUSINESS CHALLENGE HTTP://WWW.INTELCHALLENGE.EU/ O Programa Intel Business Challenge 2013 é um concurso internacional para projetos empresariais baseados em aplicações web & mobile inovadores em áreas como: Saúde, Dispositivos Médicos, Energias Limpas, ICT, Biotecnologia e Nanotecnologia. O concurso fornece sessões de mentoring on-line a todas as equipas participantes. O concurso decorre em duas fases sendo que das cerca de 200 propostas da primeira fase apenas 24 passam a segunda fase, onde terão acesso a mais sessões on-line de Mentoring. A plataforma de mentoring MilestoneHero. com funciona como uma rede social entre mentores e empreendedores. No final a equipa vencedora ganha um programa executivo de formação em Sillicon Valley - Califórnia. 46 CASO STARTUPLAB - YOUNG ENTERPRISE COUNCIL - YEC HTTP://MY STARTUPLAB.COM/ O StartupLab é um programa de mentoring organizado pelo Young Enterprise Council que fornece sessões de mentoring através da plataforma do Facebook. No essencial o programa permite que empreendedores nas fases iniciais se possam ligar a outros empreendedores que se mostrem disponíveis para responder a perguntas e acompanhar o desenvolvimento das iniciativas. O programa tem enorme aderência nas camadas jovens e é considerado um dos maiores programas de mentoring à escala global, com milhares de empreendedores on-line fornecendo aconselhamento, sem quaisquer encargos para os mentorados. O programa permite ainda aos empreendedores mentorados acesso a vídeos, fóruns de debate, comunidades on-line, entrada em eventos YEC para networking e visibilidade nos media. 3 RE AL I Z AÇ ÃO D E E ST U D O S D E C A S O D E ÂM B I TO I N TE RNAC I O NAL 3.1. /JUSTIFICAÇÃO DA ESCOLHA DOS CASOS Na sequência da primeira parte do trabalho, onde nos debruçámos sobre o enquadramento concetual e caraterização das práticas conhecidas, nesta parte do trabalho pretende-se realizar quatro estudos de caso de boas práticas internacionais. Enquanto na secção anterior o diagnóstico das melhores práticas foi realizado com base em informação secundária, nesta parte do trabalho, os casos de estudo são realizados mediante um processo de identificação, triagem e seleção de casos, seguidos de visita e entrevista no local aos responsáveis. Assim sendo os casos que se seguem foram identificados em conjunto com o cliente e tiveram como base de referência o reconhecimento internacional e complementaridade das suas abordagens no apoio ao empreendedorismo e analisou-se a forma como é inserido o mentoring no contexto dos programas e dos objetivos gerais de promoção do empreendedorismo nas respetivas regiões. Os casos escolhidos são os seguintes: Kompass, CATAPULT - Media.Net Berlinbrandenburg, BAND Business Angels Netzwerk Deutschland e.V., e Bilbao Ekintza. Esta fase termina com a síntese das lições de experiência que se podem retirar dos casos e a proposta de um modelo genérico para programas de Mentoring, a adaptar às caraterísticas de cada região. 47 3.2. /APRESENTAÇÃO DO CASO 1 - KOMPASS A Kompass é uma iniciativa para promover jovens empresas startups no contexto da rede de apoio ao empreendedorismo da região de Frankfurt, Rhine Main, Alemanha. A região de Rhine Main criou uma rede regional de apoio ao Empreendedorismo onde participam as autoridades do Estado Federal de Hesse, institutos regionais e organizações privadas de apoio. A rede foi construída na lógica de eficiência coletiva regional e funciona como “balcão” único para referência de todos os tipos de apoio existentes na região e encaminhamento das iniciativas empresariais para os apoios disponíveis mais adequados. A rede é conhecida internacionalmente por ter ganho vários prémios e tornou-se um benchmark para outras regiões que pretendem desenvolver os seus sistemas regionais de apoio. No essencial a rede oferece diferentes tipos de apoios complementares, incluindo financiamento, a startups que cumpram com critérios de qualificação adequados. Figura 3 - Os stakeholders da rhine main.net Fonte: Kompass 48 Criada há quase 10 anos, a Kompass é o pilar da coordenação da Rede regional de Rhine-Main para os serviços de apoio ao empreendedorismo. A sua missão consiste em juntar os parceiros e os patrocinadores relevantes, garantindo um bom funcionamento da rede regional em termos de disponibilidade de diferentes tipos de apoio, articulação das complementaridades e acessibilidade a todos os tipos de projetos e iniciativas empresariais da região. A ideia é criar um espaço onde empresas startup possam ter acesso a serviços de formação, estudos de mercado, mentoring e coaching, estratégia e serviço de consultoria de gestão em geral. Um aspeto interessante das atividades da Kompass é a utilização do modelo e apoio 4+1, como pode ser visto na figura seguinte. Figura 4 - Modelo de incubação 4+1 Fonte: kompas 49 O modelo 4+1 é baseado numa caraterização socioeconómica da ideia e do empreendedor/a e na respetiva qualificação. Esta metodologia considera portanto não só os aspetos económicos e financeiros da startup mas também os aspetos pessoais do empreendedor como por exemplo a motivação, os antecedentes sociais, as suas competências, tentando o ajuste com as caraterísticas específicas do negócio e do sector onde se insere. e na avaliação de necessidades de mentoring e coaching. O modelo 4+1 é pois particularmente adequado para processos de mentoring e coaching e particularmente flexível para se ajustar a questões de género (empreendedorismo feminino), empreendedorismo de emigrantes ou empreendedorismo sénior (para pessoas com mais de 50 anos). Este é um aspeto muito valorizado pela Kompass já que homens e mulheres têm diferentes constrangimentos em termos das suas vidas pessoais, diferentes necessidades de apoio e também diferentes perceções relativamente às atividades empresariais. Os candidatos admitidos têm direito a 4 semanas de formação gratuita e/ou seminários e a 4 meses de consultoria que simultaneamente serve para a elaboração do Business Plan. Este Business Plan tem que ser aprovado pela KOMPASS para poder obter financiamento do Estado. O Governo faculta verbas para a criação de empresas, mas estas têm que ter o “carimbo” da KOMPASS, que funciona como um certificado de aptidão. O modelo 4+1 é um modelo de processos ou estágios de desenvolvimento de uma empresa. Consiste em 4 estágios: orientação e informação; planeamento e qualificação; startup e implementação; sucesso e crescimento. Estas 4 fases são precedidas de uma fase introdutória de caraterização e divulgação da ideia. Um outro aspeto importante na atuação da Kompass é a utilização, na fase de orientação e informação de uma ferramenta de caraterização de perfil – “profiling”. Através de uma criteriosa definição do perfil do empreendedor é possível avaliar se as propostas de ideia/empresa podem ou não ser realizadas de acordo com o Plano de Negócios inicialmente proposto. Ou seja a viabilidade do plano de negócios é avaliada recorrendo não só à avaliação dos aspetos económicos mas também a aspetos pessoais do empreendedor são portanto também levadas em conta na preparação do lançamento da empresa, cálculo do período de incubação 50 A Kompass utiliza uma ferramenta de profiling (constituída por 7 “critérios de avaliação”) dos candidatos que pretendem iniciar uma startup. Esta ferramenta é gratuita. A primeira abordagem e admissão demora cerca de 2 a 3 horas e normalmente é efetuada via videoconferência. Durante as fases de planeamento e startup a Kompass oferece facilidades de incubação com capacidade para cerca de 46 salas, utilização de salas comuns para reuniões e eventos, etc. O networking é promovido e facilitado através da permanente organização de múltiplos fóruns (Talk rounds), partilha de melhores práticas (Round Table debate) eventos de negócios, mostras e participação em feiras, etc. Por último as atividades de mentoring e coaching são organizadas pela Kompass numa lógica de consultoria permanente em que consultores especialistas em diversos domínios são colocados à disposição das startups de acordo com as necessidades despistadas no profiling. Os resultados alcançados pela Kompass fazem desta iniciativa uma das mais conhecidas na Europa. Destacamos os seguintes resultados: • Desde 2000, as atividades da Kompass contribuíram para um crescimento regional de 15% (contra 8% a nível nacional), colocando Frankfurt no top das cidades empresariais alemãs. • A Kompass tem prestado serviços de empreendedorismo a mais de 20 mil clientes. • Mais de 5.000 empresas fundadas na Kompass foram sujeitas a uma abordagem socioeconómica individualizada que contribuiu de forma positiva para a taxa de sobrevivência das startups. Hoje, 42% das fundadoras são do sexo feminino versus cerca de 20%, em 2000. • 85% das startups incubadas na Kompass encontram-se ativas e crescendo, cinco anos após a sua fundação (versus 30-50% das startups que sobrevivem além de três anos a nível nacional em toda a Alemanha). 51 3.3. /APRESENTAÇÃO DO CASO 2 – CATAPULT MEDIA.NET BERLINBRANDENBURG O ecossistema de empreendedorismo de Berlim destaca-se de outros ecossistemas alemães e europeus pela presença de melhores condições para o desenvolvimento de iniciativas empresariais em meio urbano, como é caso das 2 ou 3 últimas gerações de empresas na área das tecnologias de internet, incluindo a mais recente geração de startups em tecnologias WebMobile. Trata-se de um ecossistema dinâmico mas relativamente menos conhecido em comparação com os de Londres ou Paris. Em geral as atividades de mentoring em Berlim, ocorrem de uma de duas formas: (i) decorrente da relação com Business Angels e (ii) por recurso a um dos vários clubes de empreendedorismo que congregam vários mentores. Com a sua cultura underground e informal, Berlim tem sido propícia a múltiplas manifestações artísticas e ao desenvolvimento de empreendedorismo social e tecnológico. Para esta cultura muito contribuem as grandes Universidades locais e a consequente coexistência de uma vasta população jovem estudantil. Um outro facto que parece ser determinante é a relativa abundância na cidade de espaços com rendas relativamente baixas, para instalação de empresas. No que se segue descrevemos com maior detalhe as atividades de mentoring da CATAPULT iniciativa da MEDIA.NET BERLIN BRANDEBOURG. Por outro lado, a existência de várias gerações de empreendedores também contribui fortemente para o dinamismo do networking existente em Berlim. Por ser a cidade capital de um dos países mais ricos da Europa, não faltam operadores de Capital de Risco e Business Angels, pelo que o acesso a fontes de financiamento é aparentemente facilitado. Por último a recente proliferação de eventos de pitching e aceleração de negócios, clubes de investimento e de Mentoring, à semelhança do que está a acontecer em grandes cidades Americanas, serve para manter toda esta comunidade de empreendedores e investidores constantemente em contacto, e estimula fortemente a rápida evolução do ecossistema local de empreendedorismo. 52 A MEDIA.NET BERLINBRANDENBURG é uma associação empresarial intersectorial das indústrias criativas na região da capital (música, cinema, televisão e multimédia para publicidade e design). Coopera com instituições, associações e líderes de opinião de negócios, investigação científica e cultura para melhorar as condições económicas regionais. Tem cerca de 350 membros e inclui grandes empresas globais, como a Universal Music Entertainment, UFA Film & TV Produção e do Grupo Scholz & Friends, bem como jovens startups como Adspert, Kunst-Stoff ou Moviepilot. A media.net mantém os seus membros informados e conectados, realiza estudos e organiza eventos que oferecem desenvolvimento profissional orientado para a prática. CATAPULT é o programa de mentoring de um ano oferecido pelo media.net berlinbrandenburg a jovens empresas criativas. Apoia jovens startups inovadoras das indústrias criativas e visa contribuir para acelerar a sua competitividade. A metodologia de mentoring envolve quer relações entre mentor e mentorado, quer reuniões mensais peer to peer. Nestes casos, jovens empresários reúnem-se mensalmente em grupos de aprendizagem para trocar experiências e ganhar novos insights. Ao mesmo tempo, permite que empreendedores contactem com gestores e empresários experientes (mentores) em encontros one-to-one. Os mentores contribuem com as suas perceções pessoais e dão valiosos contributos para abrir portas, fazer novos contactos e identificar oportunidades. Além disso, os participantes podem fazer uso dos contactos dos parceiros da Media.net berlinbrandenburg. O Media.net, promove, através do programa CATAPULT vários eventos como o “Jantar de Investidores” onde promovem o encontro de startups promissoras com capitalistas alemães e internacionais de renome. O Alumniclub permite reforçar a rede entre os diferentes anos do programa Catapult e conecta todo o ecossistema regional de startups. O objetivo da Media.net-Catapult é aumentar a probabilidade de sucesso permanente, a fim de criar empregos sustentáveis e fortalecer o crescimento de uma economia digital globalmente competitiva na região (media.net: catapultEXPERT). O programa de mentoring da Catapult (media.net: catapultEXPERT) tem a duração 10 meses e conta já com mais de 130 participantes nos últimos três anos. As iniciativas/empreendedores são selecionados através de speed-dating com VC e através de outras iniciativas como o Jantar de Investidores. Todos estes eventos são patrocinados por entidades associadas ao processo de investimento, como a Ernst & Young, a Sociedade de Investimento IBB, o Banco de Investimento de Brandemburgo ou a Olswang Alemanha LLP. preenche um questionário. São depois selecionados os participantes em cada sessão (cerca de 13 selecionados por cada 1000 inscritos). A media.net não faz desta atividade um negócio assumindo-a como responsabilidade social e empreendedorismo social com ambições claramente politicas. Existem vários tipos de mentores e diferentes formas de realizar Mentoring, mas, neste programa nenhum deles é pago ao preço de custo do seu valor hora. O valor máximo é de 25€/hora. Por isso a seleção de mentores é realizada entre aqueles que procuram investir, os que têm ideais de empreendedorismo social e têm outras fontes de rendimento. O pagamento do mentorado realiza-se geralmente através de participação no capital da iniciativa empresarial. Quanto à seleção de mentores, o programa seleciona gestores com experiência e empreendedores (fundadores) experientes. Para o mentoring em peer-learning usamse outros requisitos. Trata-se de organizar reuniões de debate entre pares, sendo que a discussão visa a troca de informações entre empreendedores que passaram recentemente por experiências similares e resolveram problemas semelhantes. O matching realiza-se ao longo das reuniões que se realizam inicialmente durante os eventos. Assume caráter espontâneo e decorre do interesse mútuo entre as partes. Todo o processo de mentoring é pouco disciplinado, obedecendo a poucas regras formais. No entanto logo nas fases iniciais de formação na preparação dos eventos, é dada grande importância à sensibilização dos mentorados para a escassez de tempo dos mentores e para a necessidade de cumprimento das tarefas acordadas entre ambos no período estipulado. Para concorrer, cada iniciativa/empreendedor inscreve-se numa plataforma digital e 53 3.4. /APRESENTAÇÃO DO CASO 3 BAND - BUSINESS ANGELS NETZWERK DEUTSCHLAND E.V. Outro caso a apresentar no âmbito deste estudo de benchmarking é o caso de um clube de Business Angels. Os clubes de Business Angels existem na Alemanha há mais de 15 anos. São hoje cerca de 40 networks regionais onde no total participam cerca de 1000 Business Angels . Cada clube tem cerca de 25 a 100 membros. Berlim e Frankfurt são as cidades com maior número de Business Angels nos seus respetivos clubes regionais. Em geral para qualquer clube de Business Angels o processo de seleção inicia-se com o preenchimento de um formulário que está on-line no Portal da Business Angels Network (a nível nacional). A ficha de caraterização – conhecida como o OnePager - fica disponível não apenas para os Business Angels da região, mas para todos os Business Angels da rede nacional. Da mesma forma todos os Business Angels da rede estão inscritos e possuem uma ficha de caraterização . As atividades e matching decorrem ao nível nacional de forma automática levando em conta as caraterísticas da proposta e as especialidades de cada Business Angel. A Business Angel Beteilingungs AG é um clube de Business Angels da região de Frankfurt que, ao contrário de outros clubes na Alemanha, se constituiu como sociedade anónima – corporate venture capital. Cada membro que queira aderir a clube tem que investir 50.000 euros. O clube funciona como uma espécie de Seed Fund e é gerido por um CEO. Atualmente recebem cerca de 25 projetos / mês e têm 3 elementos a fazer o primeiro 54 “screening” - avaliação de risco das propostas que chegam através do portal da rede nacional. No processo de seleção podem também intervir peritos especializados em áreas temáticas. Com a validação da proposta e a decisão de investir, qualquer clube de Business Angels na Alemanha pode alavancar o montante requerido através de um esquema de matching com o banco KFW que co investe no projeto desde que o mesmo seja apoiado por um Business Angel (banco público Alemão, criado para o financiamento do Plano Marshall no pós-guerra. Havendo financiamento por parte dos Business Angels há lugar a mentoring e acompanhamento da gestão. As fees de gestão por parte dos Business Angels podem variar entre 8.000 a 12.500 €/mês. De uma forma genérica o funcionamento dos Business Angels pode ser ilustrado pela figura seguinte. Figura 5 – Modelo de análise e acompanhamento do Business Angels Beteilingungs AG Fonte: entrevistas 55 3.5. /PROGRAMA DE MENTORING DE BILBAO EKINTZA O programa de mentoring da rede Bilbao Ekintza*, foi lançado em 2006 na sequência de uma reflexão estratégica das empresas e das entidades de Bilbao. Visa melhorar o ambiente de negócios da região e promover novas oportunidades de negócios. Atualmente, a rede Bilbao Ekintza desenvolve o programa de mentoring como um dos instrumentos de reforço do “ecossistema” regional de empreendedorismo (incluindo também aspetos como a inovação aberta, a realização de reuniões de negócios para promover relações comerciais entre empresas da região, ou a deteção de sinergias entre as empresas para o desenvolvimento de projetos colaborativos). 56 - no processo de enriquecimento das competências empresariais, permitindo ganhar experiência e conhecimento; - na melhoraria da sua visão de longo prazo do mundo dos negócios; - na facilidade de tomada de decisões na gestão dos seus negócios. No desempenho do seu papel, o mentor é visto como: “um orientador(a), com uma vasta experiência no mundo dos negócios, que ajuda a aprender, mostra caminhos, acompanhando, e partilhando com os orientandos a sua experiência, habilidades, conhecimentos e contactos, tanto no mundo dos negócios, como ao nível social”. A dinamização do programa de mentoring insere-se numa aposta no desenvolvimento de competências de gestão de negócios e formação de empreendedores, que na opinião dos seus responsáveis deve começar em idades muito precoces integradas no sistema educativo - incluindo o Programa Erasmus para Empreendedores. Os gestores do programa consideram que um bom mentor deve ter os seguintes atributos: Na perspetiva da Bilbao Ekintza, o mentoring destina-se a apoiar pessoas que começam a sua iniciativa empresarial, contribuindo para a sua evolução individual enquanto empresários e atuando sobre os seguintes aspetos: - Conhecimento e experiência de mercado; * Em 2012 as autoridades de Bilbao procederam à centralização de três entidades públicas dedicadas à promoção empresarial, ao turismo, ao comércio, à organização de eventos internacionais e à internacionalização numa única rede a Bilbao Ekintza. O programa de mentoring foi lançado anteriormente por uma dessas entidades: a Lan Ekintza. - Visão de longo prazo. - Capacidade de comunicação e saber ouvir; - Capacidade de realizar boas perguntas sem fornecer soluções; - Contactos profissionais e pessoais; - Motivação para partilhar e ajudá-los a aprender; O processo de mentoring inicia-se com a assinatura de um acordo de confidencialidade e após a realização de quatro sessões de formação para o mentor e de uma sessão para o empreendedor. O programa tem a duração de um ano, estando previstas a realização de 12 reuniões com a duração de 2 horas cada uma. O papel da gestão da rede passa pela (i) escolha dos mentores e pela interiorização do seu papel; (ii) formação de mentores (realizando quatro sessões) e formação dos mentorados (uma sessão) antes de iniciarem a sua participação no programa; (iii) pela escolha dos empreendedores com potencial para aproveitar o programa; (iv) pela afetação de mentores a mentorados e (v) pelo acompanhamento da sua relação (duas vezes por ano). A existência de um Fórum de Mentores* é um aspeto importante para o envolvimento dos mentores no apoio ao programa de mentoring. Os membros são selecionados a partir de um painel de peritos setoriais identificados pela Bilbao Ekintza, que conta com o apoio da universidade de Deusto. Este Fórum funciona como um ponto de encontro e de partilha de experiências. É também neste espaço que se afina o âmbito das sessões de formação tendo em consideração as necessidades e preocupações dos mentores. Por último, importa referir que na opinião dos técnicos da Bilbao Ekintza o “sucesso da rede depende da sua gestão contínua, requerendo, pelo menos, uma pessoa dedicada a tempo inteiro a esta função”. O matching entre mentores e empreendedores é realizado em função dos objetivos e do potencial de crescimento das empresas aderentes ao programa, que normalmente se destina a empresas com dois anos de vida, ou seja que já consolidaram o modelo de negócio e para as quais é mais fácil avaliar o seu potencial de evolução e aceleração. Em Bilbao o trabalho dos mentores não é pago. Para os mentores aderentes a sua participação no programa é uma forma de responsabilidade social. As empresas apoiadas no passado, colaboram no desenvolvimento de outras empresas no futuro, beneficiando do conhecimento, inovação ou dos serviços que podem oferecer. Uma vez que o trabalho dos mentores não é remunerado, a Bilbao Ekintza procura valorizar socialmente a participação dos mentores através do reconhecimento público pelo serviço prestado à comunidade através da participação em eventos com peso político e institucional (contando com reconhecimento oficial da Câmara Municipal) e pela exposição mediática. * Quando se iniciou a rede era constituída por apenas quatro mentores, atualmente conta com 20 e encontra-se em permanente renovação. 57 FUNÇÕES DOS MENTORES • Realizar uma “escuta ativa”. • Ajudar o aprendiz a aprender mais rápido a partir da sua própria experiência. • Facilitar a tomada de decisões com o objetivo de que o mentorado cometa o menor número de erros. • Fornecer uma visão de longo prazo do mundo dos negócios. • Contrastar as ideias do mentorado com o seu conhecimento do mercado (clientes, concorrentes e fornecedores), com base em sua experiência. • Facilitar os contactos e conhecimento do mundo dos negócios. ATITUDE DOS MENTORADOS • Ter uma atitude muito ativa e positiva para discutir a sua situação, ouvir e fazer perguntas. • Autoestima elevada, que permite tratar o orientador como igual. • Não esperar por uma resposta ou solução para um problema particular. • Dispor e querer passar tempo no relacionamento de mentoring. Fonte: Bilbao Ekintza 58 3.6. /LIÇÕES DA EXPERIÊNCIA Tendo como base os casos atrás expostos, a caracterização das melhores práticas ao nível nacional/internacional realizado na secção anterior e os múltiplos contactos da equipa ao longo do trabalho, nesta secção do trabalho, fazemos a análise resumida dos pontos mais salientes: 1. Todos os casos caraterizados e analisados sugerem que existem hoje muitos e variados modelos e programas para a prática de mentoring associada ao empreendedorismo. A aplicação de práticas de mentoring depende em boa medida quer dos objetivos gerais dos apoios ao empreendedorismo, na região onde o mentoring se insere, quer, no sentido mais vasto, dos problemas específicos de cada região nos domínios da gestão, empreendedorismo, promoção da criação e crescimento de empresas como fator de mais valia económica e social para a região. 2. A missão principal de um mentor é facilitar ou acelerar o acesso a contactos de negócio e a aprendizagem do mentorado. Alguns dos casos estudados sugerem que coaching não deve ser confundido com mentoring. Coaching é centrado na formação de competências do empreendedor enquanto mentoring se centra na abertura de novas redes de contactos, discussão sobre estratégias, descoberta de talentos para a empresa, etc. 3. Uma clara liderança e competência da equipa de coordenação associada ao programa de mentoring e uma adequação do programa e aos problemas da região parece ser um fator chave de sucesso dos programas e práticas de mentoring. 4. Regras claras, critérios de admissão e seleção de empreendedores e mentores, códigos de conduta ou regulamento do programa, para mentores e mentorados bem como um acompanhamento de perto por parte da coordenação do programa em todas as fases da relação mentor-empreendedor, mas em especial na fase inicial da relação. 5. Um modelo de aplicação e em particular a existência de uma metodologia de matching parece contribuir para o aumento das possibilidades de sucesso quer na fase inicial da relação, quer no seu desenvolvimento. Os casos analisados sugerem que em boa medida alguns dos problemas associados ao mentoring podem surgir quando não há uma clara metodologia de matching, ou uma sua aplicação menos conseguida. 6. Os casos parecem confirmar é que as atividades de matching envolvem necessariamente um acerto de expetativas entre mentores e mentorandos, quer no que respeita à disponibilidade e âmbito de intervenção dos mentores quer no que respeita às necessidades do empreendedor. 7. Em algumas práticas de mentoring uma questão que pode surgir é o receio por parte dos mentores relativamente a abusos por parte do mentorando, no que respeita à sua disponibilidade. Com efeito os mentores são voluntários não-remunerados (podem ou não ter interesse em se tornar investidores) e em muitos casos são empresários, com uma vida muito ocupada, que não podem ser constantemente interpelados. 59 Empreendedores menos compreensivos ou mais inseguros podem muitas vezes abusar da disponibilidade do seu mentor em vez de a usar com bom senso e parcimónia. 8. As práticas e casos estudados evidenciaram que nem sempre o programa de mentoring clarificou com os mentores (voluntários) quais são os seus benefícios, ou seja: o que é que podem ganhar participando como mentores no programa. Este é um aspeto essencial a levar em conta para evitar elevadas taxas de desistência de mentores em alguns programas. Em muitos casos a expetativa do mentor é a de poder acompanhar o negócio para mais tarde decidir investir como Business Angel. Porém, ainda assim, os programas de mentoring devem tornar claro que existem benefícios esperados para o mentor na forma de reconhecimento no domínio público da responsabilidade social. Alguns programas propõem aos mentores um “contrato de responsabilidade social”. Assim sendo, um aspeto da maior importância parece ser a existência de uma componente de promoção dos mentores no contexto da promoção global do programa. Esta componente deve estar orientada para a valorização da imagem pública dos mentores no domínio da responsabilidade social. 9. A elevada taxa de desistência de mentores é um problema recorrente nos casos estudados que pode comprometer o bom funcionamento o programa. De certa forma isto resulta do que foi dito no ponto anterior i.e. défice de comunicação quanto às 60 expetativas e benefícios do mentor. 10. Por último, uma outra lição que se pode tirar da caracterização e análise de casos efetuada é que a coordenação do programa deve ter em atenção o acerto no timing de entrada do mentor. Se as ideias e modelos de negócio estão numa fase muito incipiente há sempre o risco de isso poder gerar desinteresse por parte do mentor, ou ao contrário demasiada influência por parte do mentor na “formatação” do negócio. Com base na revisão dos conceitos, das melhores práticas e dos casos, fazemos na secção 4 uma proposta para criação de um modelo geral de mentoring que no essencial se divide nas seguintes frases: definição de objetivos do programa, seleção de empreendedores, seleção de mentores, matching, gestão do ciclo de mentoring, avaliação dos resultados. Embora os detalhes deste modelo sejam explicados na secção seguinte, pensamos ser útil a organização das lições da experiência de acordo com as fases do modelo geral proposto, que apresentamos de seguida. Promover empresas startups da região de Frankfurt, Rhine Main, Alemanha. Criar um espaço onde empresas startup possam ter acesso a serviços de formação, estudos de mercado, mentoring e coaching, estratégia e serviço de consultoria de gestão. O clube funciona como uma espécie de grupo Seed Fund e é gerido por um CEO com o objetivo de financiar projetos potencialmente lucrativos. Apoiar jovens startups inovadoras das indústrias criativas e acelerar a sua competitividade. Aumentar a probabilidade de sucesso, a criação de empregos sustentáveis e fortalecer o crescimento de uma economia digital globalmente competitiva na região. Acelerar empresas com bom potencial de crescimento e capacitar o empreendedor para ser bem sucedido enquanto pessoa de negócios. Cumprimento dos critérios de qualificação adequados, avaliação das competências empresariais e aspetos pessoais do empreendedor como por exemplo a motivação, os antecedentes sociais, as suas competências. Preenchimento de um formulário on-line no Portal da Business Angels Network (a nível nacional). A ficha de caraterização – conhecida como o OnePager - fica disponível não apenas para os Business Angels da região, mas para todos os Business Angels da rede nacional. Um grupo de 3 elementos avaliadores faz o primeiro “screening” - avaliação de risco. Podem também intervir peritos especializados em áreas temáticas. Através de speed-dating com Venture Capital e através de outras iniciativas como o Jantar de Investidores. Potencial de crescimento da empresa a partir do conhecimento dos técnicos da Bilbao Ekintza das iniciativas acompanhadas pelas associações empresariais e demais entidades do sistema de inovação regional Avaliação das competências empresariais. n/d Seleciona gestores com experiência e empreendedores (fundadores) experientes. Para o Mentoring em peer-learning usam-se outros requisitos - trata-se de organizar reuniões de debate entre pares, sendo que a discussão visa a troca de informações entre empreendedores que passaram recentemente por experiências similares e resolveram problemas semelhantes. Experiência empresarial, painel de peritos setoriais e participantes bem sucedidos em programas de mentoring anteriores. 61 Através da avaliação de perfil é possível avaliar se as propostas de ideia/empresa podem ou não ser realizadas de acordo com o Plano de Negócios inicialmente proposto. A viabilidade do plano de negócios é avaliada recorrendo não só à avaliação dos aspetos económicos mas também a “profiling” e questões pessoais do empreendedor. Decorre ao nível nacional de forma automática levando em conta as caraterísticas da proposta e as especialidades de cada Business Angel. Cada iniciativa/empreendedor inscreve-se numa plataforma digital e preenche um questionário. São depois selecionados os participantes em cada sessão (cerca de 13 selecionados por cada 1000 inscritos). Ao longo das reuniões que se realizam inicialmente durante os eventos, assume um caráter espontâneo e decorre do interesse mútuo entre as partes. Gestor da Bilbao Ekintza em função do conhecimento do projeto e do empreendedor e das caraterísticas dos mentores que fazem parte do Fórum de Mentores. O networking é promovido e facilitado através da permanente organização de múltiplos fóruns (Talk rounds), partilha de melhores práticas (Round Table debate) eventos de negócios, mostras e participação em feiras. As atividades são desenvolvidas numa lógica de consultoria permanente Pelo menos um dia por mês é reservado para apoio e resolução de problemas. Mantém os seus membros informados e conetados, realiza estudos e organiza eventos que oferecem desenvolvimento profissional orientado para a prática. Reuniões mensais peer to peer (jovens empresários reúnem-se mensalmente em grupos de aprendizagem para trocar experiências e ganhar novos insights). Contacto com gestores e empresários experientes (mentores) em encontros one-to-one. 62 Os mentores têm formação prévia, participando num curso com quatro sessões. Os mentorados realizam também uma sessão de formação sobre como aproveitar o processo de acompanhamento dos mentores ao longo do programa. Na fase de orientação e informação é utilizada uma ferramenta de caraterização de perfil – “profiling”. São avaliados os resultados alcançados – sucesso das empresas incubadas. n/d n/d Faz o acompanhamento dos relacionamentos realizando uma reunião em cada semestre, ou seja duas por programa. 4 P RO P O STA DE UM MODELO G E R AL 4.1. /ETAPAS DA PROPOSTA DE MODELO GERAL Resulta da revisão que se fez dos modelos gerais da relação de mentoring (Cranwell-Ward et al., 2005; MacLennan, 1999), do diagnóstico das práticas conhecidas e dos estudos de caso aprofundados, a necessidade de propor um modelo genérico que, com as devidas alterações, possa servir para a implementação de programas de mentoring em diferentes contextos. Na figura seguinte propomos um modelo geral (e respetivo fluxograma) com base nos seguintes componentes: • Definição de objetivos do programa (regional) de mentoring; • Processo de seleção de mentores e empreendedores, alinhado com os objetivos definidos na fase anterior; • Processo de matching ou de identificação de perfis de compatibilidade; • Ciclo de mentoring – de acordo com o modelo de relacionamento proposto por MacLennan; • Avaliação de resultados do programa. 63 Figura 6 – Proposta de um modelo geral 64 MATCHING E ACOMPANHAMENTO Figura 7 – Diagrama de fluxo de operações – modelo de aplicação de Mentoring 65 4.2. /DEFINIÇÃO DE OBJETIVOS DO PROGRAMA Um programa de mentoring insere-se normalmente no contexto dos apoios ao empreendedorismo, inovação e desenvolvimento económico de uma região, pelo que os seus objetivos devem estar alinhados com os principais problemas da região. Por exemplo se os problemas regionais forem: - Falta de conhecimentos práticos sobre gestão (nos sectores relevantes); - Dificuldades em se estabelecer no mercado - falta de contactos com potenciais clientes; - Necessidades de reestruturar a economia regional através do empreendedorismo; - Falta de conhecimentos sobre a cultura empresarial e consequentes dificuldades em ganhar competitividade; - Dispersão geográfica das empresas, formação e informação. Os objetivos de um programa de mentoring devem ser, por exemplo: • Promover o empreendedorismo em geral, principalmente em públicos menos frequentes, e.g. empreendedorismo tecnológico, feminino, industrias criativas, empreendedorismo étnico, etc.; • Contribuir para o sucesso dos negócios colmatando a falta de experiências dos empreendedores/as na gestão do negócio; • Contribuir para a antecipação de problemas e apoio na sua resolução; 66 • Facilitar a ligação entre novos empreendedores e empresário(a)s instalado(a)s; • Facilitar e acelerar a entrada no mercado; • Aumentar a proximidade geográfica. 4.3. / PROCESSO DE SELEÇÃO O processo de seleção é um duplo processo que inclui a identificação, admissão e seleção dos empreendedores / iniciativas empresariais e a identificação, admissão e seleção de mentores. Estes dois processos são chave para o sucesso do programa. Devem ser definidos critérios de seleção alinhados com os objetivos do programa. A seleção das iniciativas empresariais e dos mentores é realizada com base em informação enviada à gestão do programa, e.g. através de preenchimento de fichas. Após seleção, a admissão da iniciativa empresarial deve ser formalizada e registada na Base de Dados do Programa. Para a admissão/seleção de Mentores o processo é semelhante. Ou por iniciativa própria dos mentores que se oferecem, por convite da gestão do programa ou por recomendação (e.g. outros mentores), deve ser formalizada a entrada de um mentor no programa. Esta formalização dos mentores obriga em muitos casos à assinatura de um código de conduta que regula a atividade de mentoring do programa. A notoriedade e competência dos mentores selecionados é um dos aspetos mais relevantes para o sucesso na divulgação do programa. 67 4.4. /MATCHING Ressalta dos casos e do diagnóstico da melhor prática que o matching é uma das componentes principais em qualquer programa de Mentoring. No contexto do Projeto Mentor, o matching é aliás objeto de estudo próprio, mais aprofundado. Embora, como se viu, em muitos casos não existe de forma explícita qualquer metodologia de matching, pelo menos de forma implícita existem regras e critérios para escolha do mentor mais adequado em função do mentorado e dos problemas específicos da sua startup. Por exemplo, critérios que tenham a ver com proximidade geográfica, interesses comuns, necessidades previsíveis do empreendedor (e da sua startup), semelhança de personalidades ou até de género/etnia/ cultura parecem estar sempre presentes. Os casos e exemplos atrás caraterizados sugerem que a organização de eventos de speed dating e networking ou de formação para mentores-mentorados, podem ser importantes no processo de facilitação do encontro e escolha do mentor em função das necessidades e caraterísticas dos mentorados. Uma outra boa prática que pode facilitar uma boa compatibilização de perfis mentor-mentorado é permitir que durante algum tempo (por exemplo uma semana) mentorados façam contactos prospetivos com potenciais mentores antes de escolherem o mentor. Um ponto importante nos casos estudados em que o matching funciona melhor é que a procura e a escolha deve ser feita pelo mentorado. 68 Após a escolha um ponto crucial em todo o processo é o primeiro encontro / reunião que marca o início da relação de Mentoring. Nos casos visitados esse primeiro encontro é frequentemente preparado por ambas as partes com grande cuidado. A decisão final de atribuição de mentores é em alguns casos realizada só após a 1ª reunião, perguntando aos mentorados se confirmam querer ficar com o mentor escolhido. 4.5. /CICLO DE MENTORING Nos casos analisados um dos pontos importantes é a existência de um acompanhamento, por parte da coordenação do programa, de todo o ciclo da relação de mentoring - desde o nascimento da relação até à sua conclusão. De acordo com o modelo de MacLenann definimos o ciclo da relação-mentoring como contendo as seguintes fases: de relacionamento. Por exemplo nos casos em que o mentor se torna um parceiro-investidor, inicia-se um outro tipo de relação. a - Nascimento b - Compromisso c - Desenvolvimento d - Encerramento Em alguns casos (e.g. Intel Business Challenge) a gestão do ciclo de mentoring (e em geral todas as fases do programa) é suportada pelo uso de plataformas on-line para as sessões de Mentoring, e na ausência destas fazem uso de Skype. Parece ser importante que sessões de teleconferência sejam alternadas com sessões presenciais. Como atrás já foi referido o importante parece ser que o mentor abra portas, descubra novas centralidades de aprendizagem, estimule o empreendedor a explorar os seus talentos, promova a autoconfiança, ao mesmo tempo que, em algumas situações, fornece aconselhamento técnico especializado. Por último, note-se que o encerramento da relação de mentoring não significa necessariamente o fim da relação. Em muitos casos o encerramento da relação de mentoring corresponde ao inicio de outro tipo 69 4.6 /AVALIAÇÃO A avaliação e acompanhamento dos programas de mentoring parece em muitos casos ser um aspeto a que a gestão / coordenação dá grande relevância. As componentes de uma estrutura lógica para avaliação de programas de mentoring devem ser as seguintes: missão, foco, objetivos, tipo de iniciativas, entradas, atividades de mentoring, saídas e impactos. Os coordenadores devem em particular determinar os impactos i.e. as repercussões de seu programa de mentoring em termos dos benefícios ou consequências que resultam da sua execução. Pode ser importante distinguir efeitos de curto prazo (primeiro nível) e impactos de longo prazo. No que respeita às atividades de mentoring, a avaliação da relação entre mentor e respetivo mentorado é realizada através de questionários enviados quer aos promotores quer aos mentores. Estes questionários incluem também espaço para avaliação e sugestões de melhoria para o programa. No essencial, tendo em conta o que atrás foi revisto no que respeita aos benefícios para mentores e mentoradas a avaliação do programa na componente que diz respeita às atividades de relacionamento mentor-mentorando deve ter em contas as seguintes questões: - Oportunidade para aumento das suas competências, conhecimentos de gestão e da autoconfiança; - Aumento potencial da visibilidade das suas ideias promoção e oportunidades de networking; 70 - Melhor entendimento dos papéis do fundador/gestor de empresas e negócios; - Acesso a conhecimento tácito em gestão – “formas não escritas de fazer as coisas”; - Desenvolvimento de profissionalismo i.e. maior eficácia profissional; - Reconhecimento como empreendedor; - Aprendizagem relativa às práticas de gestão do trabalho, recursos humanos, finanças, etc. 5 RE F E RÊ NC I A S ASHEIM, B. T. (2005) Constructing Regional Advantage, Report, European Commission. tion, 5. Dordrecht: Kluwer Academic Publishers. ASHEIM, B. T., & ISAKSEN, A. (1997). 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No essencial pretende-se rever as abordagens existentes para a identificação de empreendedores e iniciativas empresariais fazendo-as corresponder de forma apropriada com a identificação das suas necessidades de mentoring; práticas de identificação, qualificação e seleção dos mentores mais aptos a contribuir para o programa de mentoring em causa; metodologias de intermediação e adequação dos dois perfis – empreendedores e mentores, e metodologias de acompanhamento do processo de mentoring. Este trabalho leva, portanto, em consideração as conclusões do estudo de “Benchmarking Internacional de práticas de mentoring”, no sentido de as desenvolver e aprofundar, no que respeita às atividades de matching no contexto de um programa de mentoring, bem como no sentido de as adequar às caraterísticas específicas das regiões e respetivos ecossistemas de apoio ao empreendedorismo. 76 O trabalho de Benchmarking Internacional de Melhores Práticas chamou a atenção para o enquadramento do mentoring no contexto das estratégias de desenvolvimento regional e respetivos instrumentos, propondo modelos de programas de mentoring (figura 1) e modelos da relação mentormentorado. Foram identificados casos de boas práticas bem como fatores críticos que em muito podem influenciar as operações de matching e, em geral, todas as outras atividades que fazem parte de um programa de mentoring, nomeadamente: - A existência de regras claras no que respeita à seleção e admissão de empreendedores e mentores. - A existência de uma metodologia de matching. Os casos de estudo analisados no estudo de benchmarking sugerem que os problemas que surgem neste tipo de programas resultam de um matching deficiente e requerem, portanto metodologias e abordagens claras e específicas. - Um outro aspeto realçado no estudo de benchmarking foi a necessidade da coordenação do programa dar atenção e acompanhar a fase de matching e, logo após esta, a fase inicial de introdução ou criação da relação entre mentor e mentorado. No estudo de Benchmarking, foi proposto um modelo geral para programas de mentoring – que reproduzimos na figura seguinte. De acordo com esse modelo a operação de matching pressupõe a identificação prévia de empreendedores (que procuram mentoria) e mentores em regime de voluntariado e com perfil adequado. OBJETIVOS PROCESSO DE SELEÇÃO MATCHING CICLO DE MENTORING AVALIAÇÃO Figura 1 –Modelo geral de um programa de mentoring 77 De acordo com o modelo, podemos ver que a fase de matching é uma das componentes essenciais em qualquer programa. De acordo com a nossa definição, matching significa “intermediação” ou ajustamento entre caraterísticas e necessidades de apoio dos empreendedores e respetivas iniciativas empresariais, com o perfil mais adequado dos mentores associados ao programa de mentoring. Sendo que as definições de mentoring se centram no estabelecimento de uma relação entre o mentor e o empreendedor-aprendiz (ou equipa empreendedora), um aspeto crítico é, por um lado, a forma como iniciativas empresariais candidatas a mentoring são identificadas e admitidas num programa de mentores e, por outro lado, como são os mentores identificados, escolhidos e colocados em contacto com as iniciativas empresariais, i.e. como é realizada a intermediação ou matching, incluindo-se aqui a fase inicial de arranque ou nascimento da relação. Note-se que o processo de matching ou intermediação de pares mentor-mentorado com perfil adequado, está, portanto, muito dependente das fases que o antecedem, nomeadamente: a identificação e seleção de empreendedores e a identificação e seleção de mentores. Na seção seguinte fazemos um resumo do enquadramento desta componente do projeto (metodologias e práticas de matching) no contexto do projeto Mentor (em anexo colocamos descrição mais detalhada de toda a estrutura do projeto). De seguida, voltamos às questões centrais nas metodologias de matching e começamos por abordar a primeira componente do modelo geral i.e. identificação e caracterização das necessidades de empreendedores e critérios para a sua admissão num programa de mentoring. 78 Passamos de seguida para os métodos de identificação de mentores com perfl adequado. Segue-se a discussão de metodologias alternativas de compatibilização de perfis de empresas / mentorados versus mentores, nomeadamente metodologias que classificamos como métodos sistemáticos, métodos holísticos e escolha condicionada. Abordamos também as questões associadas à eventual necessidade de formação para mentores e mentorados bem como o importante papel das entidades gestoras da rede de mentoring e, finalmente, os mecanismos de acompanhamento do processo de mentoring. 1.2. /ENQUADRAMENTO NO PROJETO MENTOR Nesta secção fazemos um breve enquadramento da presente componente – Metodologias e Práticas de Matching no global das componentes do projeto Mentor. A descrição da estrutura e de todas as componentes e atividades do projeto encontra-se em Anexo. experiência e rede de contactos de empresários e gestores bem-sucedidos. É, portanto, objetivo essencial do Projeto Mentor, a criação de uma rede de mentoring (com instanciação diferenciada e ajustada às regiões centro e norte), devidamente organizada, baseada em metodologias testadas e orientada à dinamização dos respetivos O Projeto MENTOR – Rede de Apoio ao Em- ecossistemas de empreendedorismo e inopreendedorismo está enquadrado no Pro- vação. grama Operacional Fatores de Competitividade, no âmbito do Sistema de Apoio a A presente componente do projeto foca as Ações Coletivas – SIAC – cofinanciado pelo “Metodologias e práticas de matching” (AtiFundo Europeu de Desenvolvimento Re- vidade 2) para implementação de redes de gional (FEDER). Este projeto é liderado pelo mentoring. Esta parte do trabalho surge Conselho Empresarial do Centro / Câmara após a realização prévia de um estudo de de Comércio e Indústria (CEC / CCIC) e será “Benchmarking Internacional de práticas implementado em copromoção com a As- de Mentoring” (Atividade 1), que foi objeto sociação Industrial do Minho (AIMinho). de um outro relatório, e que fornece exemO projeto Mentor visa contribuir para o re- plos concretos das metodologias e práticas forço do ecossistema de apoio ao empreen- de matching bem como de metodologias de dedorismo e à inovação, atuando sobre a atuação, necessárias para a Fase II do presofisticação e na complementaridade dos sente estudo (Atividade 3). mecanismos que contribuem para a promoção da criação de empresas, em espe- É pois, com base nos modelos gerais de cial no segmento de empresas cujos mo- programas de mentoring e da relação mendelos de negócio privilegiam a geração de tor-mentorado (resumidos na secção 1.1 de valor acrescentado e das novas empresas enquadramento concetual), importados do lideradas por jovens e mulheres empreen- estudo de Benchmaking Internacional de dedoras. práticas de Mentoring, que o presente traO projeto reflete, por um lado, o défice de balho procurará explorar em maior detalhe resultados face aos recursos utilizados na as práticas de identificação de empreendepromoção de novas iniciativas empresa- dores, ou potenciais mentorados; identifiriais e por outro, as conhecidas dificulda- cação de mentores com perifl adequado, e; des de aparecimento de um número signi- identificação de perfis de compatibilidade ficativo de empresas que se afirmem pela mentor-mentorado. O presente trabalho forte dinâmica de crescimento e pela entra- fará também uma chamada de atenção da rápida em mercados internacionais. para o importante papel que as entidades gestoras desempenham ao longo de todo o De uma forma pragmática os promotores processo de mentoring e para os mecanisdeste projeto tencionam dinamizar a eco- mos de acompanhamento do processo de nomia regional capitalizando a sabedoria, mentoring . 79 1.3. /IDENTIFICAÇÃO DE EMPREENDEDORES. MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO RÁPIDO DAS SUAS NECESSIDADES E CARATERÍSTICAS. SELEÇÃO DE INICIATIVAS EMPRESARIAIS STARTUP A seleção de Empreendedores ou iniciativas empresariais potenciais participantes num programa de mentoring é portanto um dos primeiros passos em qualquer programa de mentoring. Esta seleção deve ser realizada de acordo com critérios pré-definidos e alinhados com os objetivos do programa. Se o programa de mentoring estiver ao serviço de uma estratégia de reforço da inovação tecnológica, a seleção de iniciativas empresariais deve levar em conta ideias de negócio com base em conhecimento científico e tecnológico, possivelmente associadas a universidades ou centros de investigação. Se a estratégia regional for mais abrangente e tiver como alvo para um programa de mentoring diferentes tipos de empreendedorismo (p.e. empreendedorismo feminino ou empreendedorismo étnico) então o processo de identificação e seleção de iniciativas empresariais deve ser orientado por critérios diferentes. Em qualquer caso, importantes fontes de identificação de projetos empresariais são normalmente as incubadoras, os concursos de ideias e, em alguns casos, os parques de ciência e tecnologia, que por isso mesmo devem estar associadas ao programa. É importante que haja uma caraterização, ainda que sumária, do tipo de iniciativa empresarial que carece de mentoria e das suas necessidades específicas de apoio. Não se trata verdadeiramente de uma análise diagnóstica da iniciativa empresarial ou do empreendedor mas apenas uma breve caraterização que ajude a despistar o tipo de negócio, mercado e tecnologia envolvida, de forma a ser possível aferir se o tipo de iniciativa se ajusta aos objetivos do programa e qual o tipo de mentor mais adequado. 80 Para que seja possível essa primeira caraterização (a complementar com diagnóstico, numa fase posterior, após primeira reunião de mentoring) deve-se usar uma “ficha” de inscrição onde se recolha a informação necessária para poder caraterizar o empreendedor e a sua iniciativa empresarial. O mais usual é a ficha de inscrição estar disponível numa plataforma web que suporta não apenas a candidatura e acompanhamento do processo de mentoring mas também alguma divulgação sobre o programa. Na fase II do presente estudo apresenta-se um exemplo de ficha de inscrição do empreendedor (OnePager). Na CAIXA 1.1 mostramos as caraterísticas ideais para um empreendedor participante em esquemas de mentoring. Nos casos em que o mentoring faça parte de programas de incubação, aceleração ou até de investimento em capital semente por parte de Business Angels e/ou operadores de capital de risco, pode existir um período para inscrições, após o qual as iniciativas empresariais candidatas são apreciadas de acordo com um conjunto de critérios. Embora haja casos em que os critérios de admissão e participação são muito restritos, na maioria das situações, como por exemplo no caso do programa de mentoring dinamizado pela associação Madri+d, os critérios de seleção de startups para a Rede de Mentores de Madrid são relativamente simples: - Ser empreendedor com empresas constituídas há mais de 1 ano e há menos de 5 anos; - Ter um projeto empresarial inovador de base tecnológica com elevado potencial de crescimento e criação de emprego. Note-se que, em princípio, os programas de CAIXA 1.1 – Caraterísticas do Empreendementoring são melhor aproveitados quandor ideal para um programa de mentoria do se dirigem a iniciativas empresariais já devidamente formatadas, mesmo que ainda não se tenham materializado em em• Auto motivação presas legalmente constituídas. No caso de empreendedores que disponham apenas • Capacidade de articular expectativas com de ideias pouco definidas, mas que tenham objetivos um perfil indicado a utilização de mentoring pode ser igualmente eficaz. • Cumprimento dos compromissos O mentoring faz-se relativamente a pes• Aceitação de opiniões, feedback e capacisoas e não às suas ideias e, portanto, quandade de ação do as ideias são menos boas ou pouco definidas ainda assim pode valer a pena usar • Capacidade de ouvir mentoring como fator de evolução do mentorado para ideias de maior valia. • Capacidade de refletir • Mentalidade Aberta • Inspirar confiança • Percebe os objetivos do programa • Recetivo a novos desafios • Assume atitude ativa no processo Embora um dos critérios para identificação de empreendedores e sua inclusão num programa de mentoring seja o estado de maturação da ideia o talento do promotor pode ser um critério ainda mais determinante. Para recolha de informação sobre as caraterísticas da ideia aconselha-se o uso de uma ficha adequada como aquela que colocámos em anexo no Relatório da Fase II. • Ambicioso e com aspirações a ir mais lonNem sempre é, portanto, claro se a entrada ge de um empreendedor (grupo de empreendedores/fundadores de uma iniciativa em• Realista no que respeita às expectativas presarial) num programa de mentoring faz do mentoring mais sentido em fases adiantadas da ideia, ou se pelo contrário nas fases iniciais. • Fortes capacidades de relacionamento interpessoal Em ideias mais maduras há a vantagem de já se poder perceber (pelo menos em parte) • Preparado para assumir responsabilidao modelo inicial do negócio. Em ideias poudes co definidas, desde que propostas por promotor (ou grupo de promotores) de grande • Capacidade para respeitar a relação com talento, há a vantagem de poder aproveitar o Mentor o empreendedor para outras ideias a descobrir durante o processo, reforçando assim o • Atento às suas obrigações e responsabilipotencial de crescimento do projeto. dades para com o Mentor e o programa de mentoring. 81 Note-se que no curto prazo, o benefício principal para o promotor de uma startup, é o acesso ao networking do mentor e à suacapacidade de abrir portas, ajudando a encontrar clientes referência, processo esse que muitas vezes conduz à descoberta de oportunidades e ideias melhores do que a inicial. Como veremos mais à frente, a seleção de empreendedores pode ser feita com recurso à rede de mentores. Por causa da recorrência das mesmas ideias (e dos mesmos empreendedores) em diferentes programas de mentoring, em alguns casos as entidades gestoras dos programas de mentoring, socorrem-se da experiência dos seus mentores (sobretudo aqueles que são Business Angels e ou mentores em outros contextos) para apoio à seleção das ideias de iniciativa empresarial candidatas ao programa. 82 1.4. /MÉTODOS PARA IDENTIFICAÇÃO DE MENTORES COM PERFIL ADEQUADO Tal como no caso dos empreendedores o perfil dos mentores é definido tendo em conta os objetivos do programa. Assim, após ou em paralelo com, a componente de identificação e qualificação de empreendedores, uma outra componente importante de um programa de mentoring é a identificação, qualificação e seleção de mentores com perfil adequado. maior disponibilidade que poderão, portanto, orientar um número maior de promotores em simultâneo. No que respeita ao número de empresas que cada mentor pode acompanhar em simultâneo, não existe nenhuma regra fixa. Parece, no entanto, razoável por questões de empenho e compromisso limitar o mentoring a uma média, de quatro empresas A identificação de mentores de perfil ade- por mentor dependendo da efetiva disponiquado passa antes de mais por definir bilidade de cada mentor. condições mínimas de participação/colaboração. Devem integrar um programa de Havendo uma boa aderência regional de mentoring pessoas capazes de partilhar potenciais mentores com interesse em parexperiências e potenciar o seu conheci- ticipar no programa de mentoring, a coormento empírico através do aconselhamen- denação do programa deve procurar estato e orientação personalizada. Isto significa belecer um registo de mentores em Base de que devem ser gestores(as) no ativo ou re- Dados. Na fase II do presente estudo apreformados(as) com disponibilidade para tra- senta-se uma ficha de inscrição de Menbalhar várias horas por semana. Pessoas tor, cuja informação pode servir para criar com formação e vivências diferentes das essa Base de Dados. O registo do mentor do domínio da gestão ou economia, podem deve, portanto, ser feito de forma a se poder também ser excelentes mentores, mas tra- aplicar critérios de admissão e participata-se de casos mais raros. ção. No registo do perfil dos mentores deve constar por exemplo: um sumário da expePor definição, os programas de mentoring riência profissional, qualificações académisão sempre em regime de voluntariado e, cas, competências chave que oferecem ao portanto, não há qualquer remuneração programa, porque é que querem participar do trabalho de mentores. Caso assim não como mentores, disponibilidade (nº de hoseja o apoio poderia ser considerado não de ras/semana), etc. (ver relatório da Fase II – mentoria mas sim uma ação de consulto- Metodologias e Práticas de Matching). ria. Quanto ao processo de admissão e particiO programa deve, porém, definir de forma pação de mentores pode haver uma chaclara, qual a quantidade de trabalho mí- mada pública (que se pode realizar on-linima que se espera que um mentor pos- ne) para inscrição de mentores de forma sa dar ao programa (e.g. uma reunião de voluntária dirigida aos empresários da 1 hora por semana) e/ou perguntar a cada região, sobretudo aqueles que tenham exmentor qual a disponibilidade que efetiva- periência de vida e conhecimento profunmente pode dar ao programa, uma vez que do dos mercados e negócios. A informação em alguns casos existem mentores com recolhida durante a inscrição é usada para 83 uma primeira classificação de mentores por mercados, áreas de negócio, ou tecnologias onde detenham maior conhecimento e experiência. As redes de mentores podem também ser constituídas por convite direto a personalidades da região que possam estar interessadas em prestar este tipo de apoio. Ou podem coexistir em simultâneo ambas as metodologias. Porém, deve haver uma classificação que ajude a caraterizar os seus perfis. Nas Caixas 1.2 e 1.3 são dados exemplos de critérios de admissão e seleção de mentores, bem como das suas caraterísticas ideais. Note-se que a idade do Mentor nem sempre é sinónimo de “experiência”. Em alguns casos jovens empreendedores que tenham experiências de montagem e lançamento de empresas podem ser excelentes mentores e sobretudo inspiradores para outros jovens. Com efeito, uma caraterística essencial num mentor, independentemente da sua idade, é a sua experiência em processos de “pivoting” – na linguagem Lean Startup. Ou seja, é importante que os mentores tenham passado por processos em que através de recolha de evidência se vejam obrigados a abandonar ideias - modelos de negócio, dando origem, ao longo desse processo, a outros modelos de negócio com maior potencial. Esse processo de “saída” de uma ideia inicial cujo teste não provou, dando origem a ideias sucessivamente alteradas até encontrar um bom modelo de negócio é conhecido por “pivoting” e é uma competência essencial num Mentor. Por outras palavras não chega ter mentores com experiência em gestão e negócios. A qualidade e tipo de experiência que detém é importante. Para além das capacidades de networking implícitas na definição de mentor, trata-se sobretudo de experiência em testes e desenvolvimento comercial e na validação de negócios. 84 Uma outra questão recorrente quando se trata de identificar mentores é se deve o Mentor ser também um investidor – i.e. de certa forma se pode ou não ser um Business Angel. Com efeito os Business Angels são por vezes os primeiros mentores voluntários num programa de mentoring pois as atividades de mentoring podem ser para um Business Angel a oportunidade de identificar, observar e estudar de perto futuras oportunidades de investimento. Os Bussiness Angels têm as caraterísticas essenciais de um mentor, podendo portanto ser considerados num programa de mentoring. Como fazem parte do ecossistema de empreendedorismo e inovação regional a sua presença num programa de mentoring tem também benefícios óbvios em termos de contribuição para a relevância do programa de mentoring. A questão da participação do mentor na empresa mentorada bem como o respetivo timing de investimento deve ser, contudo, deixada ao critério do empreendedor e em função da boa evolução da relação de mentoring. Existem casos em que o empreendedor escolhe o seu mentor já a pensar na possibilidade de este ganhar interesse em se tornar um investidor, pois vê nisso um sinal de maior compromisso com a iniciativa empresarial. De certa forma a expetativa de partilha de ganhos, é aqui encarada como essencial para motivar o trabalho do mentor. Existem casos em que o mentor não dispõe de fundos para participar na empresa e ainda assim o empreendedor acorda que o número de horas de trabalho do mentor pode ser convertido em ações da empresa. Deve no entanto ser acautelada a ideia de que os mentores não são remunerados e que, nestes casos, se trata de uma remuneração em capital, que marca o início de um outro tipo de relação. Podemos portanto encarar todos os Business Angels de uma região como potenciais mentores com perfil adequado. Do ponto de vista do Business Angels, começar por ser mentor numa fase inicial do relacionamento e, depois de estudar o negócio e conhecer melhor o empreendedor, pode numa fase posterior, confirmar a sua vontade de se constituir como investidor na empresa, entrando portanto no seu capital. Note-se que, do ponto de vista da gestão de um programa de mentoring, no instante em que um mentor entre no capital deve deixar de ser considerado como mentor dessa empresa. Como teremos oportunidade de ver na Fase II do presente relatório – Metodologias e práticas de Matching – a passagem de mentor a investidor pode ser o encerramento da relação como mentor e o começo de um outro tipo de relação. Em todo o caso, depois de uma avaliação inicial do perfil de competências e da disponibilidade do mentor para entrada no programa, a sua participação efetiva deve ser de alguma maneira formalizada através da aceitação pelo próprio do regulamento ou código de conduta do programa, que inclui definição das responsabilidades e atividades dos mentores. Na fase II do presente trabalho é sugerido um regulamento das atividades no programa de mentoring. CAIXA 1.2 Critérios de Admissão – mentores • Ser voluntário; CAIXA 1.3 Critérios de Seleção – mentores • Ter um conhecimento profundo da envolvente empresarial e das dificuldades previsíveis nas suas fases de nascimento, consolidação e crescimento; • Ter experiência comprovada no lançamento e gestão de novos negócios em novos mercados; • Ter tido experiência de “pivoting!” • Ter uma trajetória ética e social reconhecida; • Ser capaz de assumir o compromisso de dedicar uma parte considerável do seu tempo às atividades de mentoring; • Ter capacidades para comunicar e transmitir as suas experiências, vivências e visões. CAIXA 1.4 – As caraterísticas ideais de um Mentor • Pessoa com um curriculum de experiências em apoio ao desenvolvimento de outras pessoas; • Genuíno interesse em ver os outros aprender e avançar sabendo como relacionar os seus problemas; • Trabalhar ou residir na área de intervenção do programa; • Com profundos conhecimentos em muitas e diferentes áreas; • Ter experiência/conhecimentos na gestão de negócios; • Com grande conhecimento e experiência em organização de empresas; • Ter disponibilidade para realizar reuniões periódicas com o(s) empreendedor(es) (especifcar o número e horas / semana, expectável); • Ter tempo suficiente para dedicar ao desenvolvimento deste tipo de relacionamento; • Ter disponibilidade para participar em reuniões no contexto do programa de mentoring em que se encontra envolvido; • Capaz de inspirar nos mentorados respeito e admiração; • Ter a sua rede de contactos que disponibiliza para apoio no mentoring. 85 1.5. /IDENTIFICAÇÃO DE PERFIS DE COMPATIBILIDADE - MATCHING Estando em funcionamento os dois mecanismos que identificam, caraterizam e qualificam empreendedores e mentores, a componente seguinte é o processo de matching i.e. o emparelhamento entre mentor e empreendedor aprendiz. Não existe forma, por mais metódica e metodológica que seja, de garantir o “emparelhamento” perfeito numa relação de mentoring. Ainda que o conhecimento das necessidades de apoio dos empreendedores e das suas lacunas de competência, bem como a classificação de mentores por áreas de especialidade (importante sobretudo no mentoring de iniciativas de base tecnológica), sejam essenciais e possam servir de guia numa fase pré matching, o importante é o ter em conta que o mentoring se define como o estabelecimento de uma relação pessoal única entre mentor e mentorado. Existem inúmeros métodos de matching, sendo que no nosso entendimento eles podem ser classificados em dois grandes grupos: Métodos Sistemáticos e Métodos Holísticos. Métodos Sistemáticos do empreendedor ou da startup que sejam relevantes para o matching, por exemplo: área de negócios, interesses especiais dos promotores, tecnologias, mercados alvo, etc. Numa primeira iteração recomenda-se o agrupamento de empreendedores e mentores que tenham, o mesmo background educativo. Numa 2ª iteração, podemos focar em startups ou empresas que se centram em áreas de negócio e mercados semelhantes aqueles que os mentores têm experiências prévias. Quando possível, as boas práticas recomendam que o matching sistemático deve também ter em conta o género i.e. mentor e empreendedor devem ser do mesmo sexo. Em geral os critérios de matching mais comuns são: • Proximidade geográfca; • Interesses comuns; • Necessidades previsíveis do empreendedor (e da sua startup); • Semelhança de personalidades; Os métodos sistemáticos funcionam por comparação iterativa entre interesses, objetivos e carências das empresas startup com as competências e experiência profissional dos mentores. Determina-se o máximo de startups participantes no programa de acordo com o número de potenciais mentores registados como disponíveis e revê-se sistematicamente todas as fichas de caraterização das iniciativas empresariais, recolhidas com o pedido de mentoring. Nesta revisão deve-se anotar as caraterísticas 86 • Semelhança de género/etnia/ cultura. Pode ser útil num modelo sistemático de matching a utilização de uma ficha de requisitos de mentoring, preenchida pelos empreendedores que se inscrevam no programa. Uma vez obtida uma primeira versão do exercício de matching, revê-se cada situação de compatibilidade mentor-men- torado e, levando em conta outras informações relativas a expetativas ou preferências dos empreendedores, bem como os benefícios que as diferentes redes de contactos do mentor podem trazer para aquele empreendedor em particular, fazer os ajustes necessários até ter a certeza que se trata da melhor compatibilidade possível. Deve-se também deixar alguns mentores fora do matching para o caso de haver outros empreendedores que se queiram juntar ao programa, ou caso haja desistência de mentores ou necessidade de refazer alguma situação de matching que não tenha sido bem sucedida. Repare-se que ao contrário do método holístico, que veremos a seguir, no método sistemático o emparelhamento já se encontra efetuado antes do primeiro encontro – reunião entre mentor e mentorado, sendo que quer mentor quer mentorado têm a possibilidade de recusar ou pedir nova tentativa. Métodos holísticos Nos métodos holísticos a preocupação central é que o ajuste não se baseie (apenas) num matching entre necessidades por parte do empreendedor e perfl de competências do mentor. Em geral, mentores experientes podem desempenhar um bom papel mesmo em áreas fora da sua especialidade. Por outro lado, é frequente os empreendedores não quererem mentores dos mesmos domínios, para evitar conflitos de confidencialidade. Neste tipo de métodos o importante é que as escolhas sejam realizadas a nível individual. Tendo em conta que o mentoring é uma relação entre pessoas, tipos de personalidade bastante diferentes podem colocar problemas ao desenvolvimento da relação, pelo que a ideia é que a escolha de mentor seja feita pelo empreendedor (escolha entre uma lista de disponíveis) e que o mentor possa aceitar ou declinar o convite. Em geral o matching funciona melhor quando mentor e mentorado se escolhem mutuamente. Ou seja, nos programas de mentoring o importante é que o processo de matching envolva contacto pessoal e permita escolhas a nível individual. Um dos pontos essenciais da operação de matching é o início da relação. Deve haver especial cuidado na fase inicial de apresentação do mentorado ao seu mentor, realizando uma primeira reunião, desejavelmente acompanhada pela coordenação do Programa de Mentoring. Deve ser explicitado como funciona o processo de mentoring e se for necessário haver acordo de mentoring, deve ser explicado com detalhe o conteúdo do acordo. Antes da primeira reunião pode ser importante que mentor e mentorado recebam informação mais detalhada acerca do que é expectável de forma a se poderem melhor preparar. Para que o início da relação possa ter sucesso, devem ser explicitadas as expectativas de ambos, mentor e empreendedor. O início da relação pode prolongar-se por várias reuniões de forma a que mentor e mentorado se possam conhecer e desenvolver confiança. O empreededor deve poder colocar questões ao seu mentor. Como os mentores são pessoas com reduzida disponibilidade, a eficácia do matching assenta sobretudo na discussão dos “porquês”, e das visões sobre mercados e negócio. Ou seja não se trata apenas de trocar contactos, é necessário estabelecer objetivos, necessidades e estabelecer agendas, datas de reunião e limites de tempo para diferentes tarefas de ambas as partes. A decisão final sobre a atribuição dos mentores a cada startup deverá em última análise ser sempre decidida após o contacto inicial entre mentor e mentorado e validada pela Coordenação do Programa. No contexto dos métodos holísticos onde, 87 como atrás se referiu, o emparelhamento vai para além da consulta sistemática de fichas de caracterização e assenta no essencial na escolha mútua com base na “empatia” do(s) primeiro(s) encontro(s), valerá a pena talvez especificar melhor como pode então ser melhorada a eficácia desse primeiro encontro. Uma forma bastante comum de realizar encontros entre empreendedores e mentores é através de sessões de pitch que servem para o empreendedor apresentar a sua ideia, ou proposta de valor ao mentor (ou a um conjunto de potenciais mentores). Um pitch é uma sessão de apresentação muito curta. No máximo um pitch dura 5 minutos cronometrados, sem tolerância, havendo possibilidade de recurso a diapositivos. Para grupos de empreendedores, estes fazem-se representar por um porta-voz que fará a apresentação. A apresentação deve conter todas as informações pertinentes acerca da proposta de valor associada à ideia de negócio. Num pitch dirigido ao potencial mentor, é desejável que o empreendedor faça uma breve explicação acerca de si mesmo e do que procura numa relação de mentoring. Havendo vários mentores possíveis para cada promotor-empreendedor as sessões pitch deverão ser realizadas para grupos de mentores (evita a repetição do pitch). Após as apresentações pitch de vários empreendedores para vários mentores podem ser organizadas reuniões bilaterais para que empreendedores e mentores se conheçam melhor (também conhecidas por encontros brokerage - ou de intermediação). De certa forma este tipo de “encontros de intermediação” usam metodologias semelhantes a um encontro speed-dating. Num encontro speed-dating começase por constituir grupos de acordo com algum critério (p.e. faixas etárias compa- 88 tíveis ou experiência em áreas de negócio semelhante). Depois, num mesmo espaço equipado com mesas ou dividido em gabinetes, os mentores podem dar-se a conhecer em encontros de 3 minutos. Ao conhecer um maior número de pessoas num menor espaço de tempo, do que aquele que pode ser habitualmente praticado (inclusive nas sessões pitch), os empreendedores têm oportunidade de avaliar qual o mentor mais adequado ao seu projeto. Este método é, normalmente, tempo-eficiente e a interação estruturada facilita o matching correto. Por último, sabendo que não existem metodologias perfeitas, assinalamos no quadro seguinte algumas vantagens e desvantagens na escolha entre ambos os métodos mas importa referir que a escolha entre métodos depende no essencial do contexto de mentoring e dos objetivos do programa. Mais abrangente, pode direcionar mentores para áreas fora da sua especialidade. O matching envolve proximidade e contacto pessoal. Assegura que os interesses, objetivos e competências são compatveis através de uma análise interativa. Questões que advêm de possíveis incompatibilidades entre perfis (personalidade). O início pode ser demorado, requer a promoção de encontros pessoais até a atribuição ser definitva. Pode existr dificuldade em ajustar interesses comuns caso não existam pessoas em número sufciente. Diferenças na personalidade ou outras caraterísticas podem gerar conflitos. Tabela 1 – Principais vantagens e desvantagens entre os métodos Holístico e Sistemático 89 Os métodos holísticos são bastante usados em contextos onde é necessário haver rapidez no matching baseados em informação secundária – deixando a “pessoalização” do emparelhamento para a parte final do processo. Em ações organizadas por clubes de Business Angels, este tipo de matching entre empreendedor e Mentor-Business Angel ou Mentor potencial investidor é muito usado. Com efeito, a nível internacional é frequente encontrar situações em que os Business Angels fomentam relações de mentoring como uma forma de se familiarizarem com os negócios antes de se decidirem tornar investidores. No estudo sobre Benchmarking das melhores práticas, realizado também no âmbito do presente projeto Mentor, é mencionado o exemplo da rede de Business Angels na Alemanha e da utilização sistemática de fichas de caracterização de empreendedores – disponíveis para todos os Business Angels da rede, como forma de acelerar o encaminhamento seletivo de projetos de empresa para Mentores-Business Angels com o perfil mais adequado. Da mesma forma, em contextos de workshops imersivos em torno de metodologias de aceleração e desenho de modelos de negócios (ex. Business Model Canvas, Customer Development, Lean Startup) que requerem mentoring, os mentores são previamente atribuídos aos grupos de trabalho através de métodos sistemáticos, com base em informação previamente recolhida sobre perfil das ideias de negócios (e dos empreendedores) e características e interesses dos mentores voluntários. Outra questão associada ao matching, independente da metodologia usada, é se cada empreendedor necessita apenas de um mentor ou se pode associar vários mentores. Pensamos que faz sentido dizer que existem vários tipos de coaching (p.e. coaching de empresários mais experientes, coaching para questões ambientais, eco inovação e responsabilidade social, etc.), mas mentor – entendido como alguém que 90 apoia o acesso a contactos networking, etc., deve existir apenas um em simultâneo. No entanto pode ser vantajoso verificar-se a sucessão de diferentes mentores, adaptando os seus estilos e experiências diversas à fase da vida do empreendedor e do desenvolvimento do negócio. Dos métodos sistemáticos e holísticos à escolha condicionada Não existindo um método preferido, mas antes um ajuste da escolha de método ao contexto em que o programa de mentoring funciona, é no entanto útil mencionar que podem existir abordagens intermédias ou mistas. Chamamos a atenção para o caso em que o processo possa começar por aplicação de uma abordagem sistemática com base na comparação do perfil do empreendedor (e respetivos requisitos de mentoring) versus o perfil do mentor (e respetivas preferências), de forma a gerar vários mentores alternativos para cada empreendedor. Assume-se que nesta abordagem o número/variedade de mentores disponíveis é, portanto, suficientemente abundante para permitir gerar várias alternativas. O processo de matching prossegue depois numa lógica holística de escolha condicionada. Isto é a promoção do contacto pessoal (sem prévia atribuição de mentor) é realizada encaminhando os empreendedores para o conhecimento das suas alternativas de mentor, num leque de escolha previamente selecionado de forma sistemática. mentor – promotor pode ser bastante melhorada com pequenas ações de formação. Atrás referimos que quer mentor quer mentorado devem ser informados e esclarecidos sobre o regulamento do programa (código de conduta – da relação de mentoring), sobre as expectativas e objetivos pretendidos, bem como os diversos procedimentos de acompanhamento e monitorização que fazem parte da gestão do programa. Uma forma eficaz de fornecer toda esta informação pode ser através da organização de cursos curtos de formação que ajudem a clarificar os papéis, regras e expectativas. Sobretudo para contextos onde o mentoring não seja muito habitual é aconselhável usar pequenas ações de formação dirigidas aos potenciais mentores, até porque isso é uma forma eficaz de distinguir o mentoring de outras formas de apoio como p.e. apoio em gestão através de investidores, consultoria, coaching, etc. Os cursos poderão ser úteis também para formação de mentorados (ou potenciais mentorados) na organização de pitch eficientes, como forma de conseguirem apresentar o potencial da ideia e de si mesmos no breve período de tempo que têm disponíveis. Esta abordagem mista pode ser particularmente indicada para contextos onde o apoio ao empreendedorismo é de espectro largo, i.e. quando o mentoring faz parte de um conjunto de apoios pensados para abranger muitos tipos de diferentes iniciativas empresariais – em diferentes áreas tecnológicas, diferentes mercados e obedecendo a uma grande variedade de modelos de negócio. Programas de formação para mentores e mentorados Seja qual for o método de matching adotado, mais sistemático ou mais holístico, a identificação de perfis de compatibilidade 91 1.6. /O PAPEL DAS ENTIDADES GESTORAS DA REDE A entidade gestora – coordenação do Programa de Mentoring - tem um papel muito relevante em todas as atividades atrás descritas. Desde logo em toda a promoção do programa no sentido de conseguir aderência, quer por parte de mentores devidamente qualificados quer por parte de empreendedores e iniciativas empresariais, alinhadas com os objetivos do programa, é uma tarefa essencial a cargo da coordenação do programa É determinante para o sucesso do programa a motivação e noção de “recompensa” dos mentores. A assunção do papel de mentor como uma obrigação ou dever pode comprometer, na maioria dos casos, o sucesso da relação mentor-mentorado. Embora a motivação de muitos dos mentores (sobretudo no caso em que são Business Angels) esteja associada à possibilidade de, através do mentoring, descobrir oportunidades de investimento, o reconhecimento é essencial para assegurar o compromisso dos mentores. Recomenda-se um plano de comunicação que chame a atenção para a contribuição dos mentores para os valores sociais e para a economia da região. Como em muitos casos os mentores são conhecidos empresários ou gestores (personalidades com reputação pública) o reconhecimento público da sua ação no plano da responsabilidade social é muito valorizada. Em segundo lugar, a organização dos processos de inscrição de empreendedoresmentorados, recolha de requisitos de mentoring e inscrição de mentores é também uma função essencial a cargo da coordenação do programa. A organização do processo de seleção dos promotores, e do matching pode eventualmente ser assessorada pelos mentores mais experientes (e 92 / ou por consultores externos). O controlo e gestão desse processo, bem como a escolha da metodologia é da responsabilidade dos coordenadores do programa. Assim sendo, as funções essenciais da coordenação de um programa de mentoring são: - Promoção e divulgação do programa; - Plano de comunicação da imagem dos mentores associada à responsabilidade social: - Registo e gestão dos pedidos e contactos com empreendedores interessados em mentoring; - Registo e gestão de pedidos, contactos de eventuais mentores; - Organização de ações de formação / sessões de esclarecimento sobre o papel dos mentores e mentorados; - Seleção de empreendedores ou empresas startup interessadas em mentoring; - Seleção, recrutamento e, se necessário, treino de mentores; - Apoiar as fases iniciais do processo de matching – acompanhamento da 1ª reunião e do início do relacionamento; - Monitorização do funcionamento dos pares mentor-mentorado, durante os primeiros meses; - Assegurar que novos mentores são devidamente integrados na rede existente; - Sinalizar e avisar mentores e mentorados relativamente a sistemas de apoio público que possam utilizar. - Assegurar a disponibilidade de mentores substitutos no caso de desistência ou saída de mentores pela via do seu investimento na empresa mentorada; - Fazer a avaliação final do programa, recolhendo lições e experiências para melhoria de próximos programas. 1.7. /OS MECANISMOS DE ACOMPANHAMENTO DO PROCESSO DE MENTORING Para o acompanhamento de um Programa de Mentoring e dos seus resultados será necessário criar e manter um sistema de informação – plataforma Web para interface com empreendedores e mentores e Base de Dados para registo das suas caraterísticas e das suas atividades ao longo do programa. Este sistema constitui portanto o principal mecanismo de acompanhamento do processo de mentoring. mentoring, incluem as avaliações de satisfação, quer por parte dos mentores quer por parte dos mentorados, pressupõe que haverá ações de follow up que permitam a permanente melhoria do programa. Também neste caso se deve pedir aos participantes que preencham uma ficha de avaliação. Na Fase II do presente estudo, consta também exemplo deste tipo de ficha. O sistema de informação deve, portanto, registar as inscrições de empreendedores e respetivos requisitos de mentoring, mentores e respetivas aptidões e, após o início da relação deve também registar a evolução das atividades de mentoring. Como atrás foi referido a relação de mentoring só se inicia depois de aceitação do regulamento do programa e eventualmente da assinatura de um Acordo de Mentoring - acordo entre mentor e mentorado, que regula de forma mais concreta os direitos e as obrigações de ambas as partes. No essencial as actividades de acompanhamento de um programa de mentoring, visam a sua melhoria contínua, avaliando se os seus objetivos estão a ser alcançados e se o nível de satisfação dos participantes e a qualidade do envolvimento dos mentores com os promotores é aceitável. Para acompanhamento da evolução de cada relação mentor-mentorado a coordenação do programa pode pontualmente promover reuniões com a presença do três elementos: coordenador, mentor e mentorado de modo a fazer a avaliação on-going do processo e introduzir alterações quando necessário. A coordenação do programa pode também pedir relatórios das reuniões mentor-mentorado (elaborados pelos empreendedores) em formato simplificado ou pequenos relatórios de progresso. Na fase II do presente estudo é incluído template exemplo para relatório de reuniões. As componentes de uma estrutura lógica para avaliação de programas de mentoring devem ser as seguintes: • missão, • foco, • objetivos, • tipo de iniciativas, • entradas, • atividades de mentoring, • saídas e impactos . Os coordenadores do programa devem em particular determinar os impactos i.e. as repercussões de seu programa de mentoring em termos dos benefícios ou consequências que resultam da sua execução. Pode ser importante distinguir efeitos de curto prazo (primeiro nível) e impactos de longo prazo. Por último as atividades de acompanhamento relativas a um programa de 93 2 AN E X O C AR ATE RI Z AÇ ÃO D O P R OJE TO ME N TO R 1-Designação: Projeto MENTOR Rede de Apoio ao Empreendedorismo 2-Promotores Este projeto é liderado pelo Conselho Empresarial do Centro/ Câmara de Comércio e Indústria (CEC/ CCIC) implementado em copromoção com a Associação Industrial do Minho (AIMinho). 94 bens tendencialmente públicos, visando a promoção de fatores de competitividade de finalidade coletiva. 3-Abrangência geográfca Norte e Centro do País (NUT’s II) 5-Público-alvo O Projeto Mentor é dirigido a empreendedores jovens dos 18 aos 35 anos que pretendam beneficiar de um apoio de mentoring, no desenvolvimento de projetos localizados nas regiões Norte e Centro do país e em sectores de atividade enquadráveis em CAÉ s elegíveis no âmbito do COMPETE. 4-Financiamento O Projeto MENTOR – Rede de Apoio ao Em preendedorismo está enquadrado no Programa Operacional Fatores de Competitvidade, no âmbito do Sistema de Apoio a Ações Coletivas – SIAC – cofinanciado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER). O projeto é financiado pelo QREN, no âmbito do Programa Operacional Fatores de Competitividade As Ações Coletivas constituem um instrumento de apoio indireto às empresas e aos empreendedores, materializando intervenções de caráter estruturante e sustentado, envolvendo entidades públicas e privadas em torno de ações orientadas para o interesse geral através da disponibilização de 6-Breve Descrição do Projeto Este projeto visa contribuir para o reforço do ecossistema de apoio ao empreendedorismo, atuando sobre a sofisticação dos mecanismos que contribuem para a promoção da eficácia das medidas de apoio à criação de empresas, em especial nos segmentos de empresas cujos modelos de negócio privilegiam a geração de valor acrescentado e das novas empresas lideradas por jovens e mulheres empreendedoras. O projeto reflete, por um lado, o diagnóstico de existência de resultados que ficam aquém das expectativas quando se comparam recursos utilizados e “outputs” obtidos na promoção de novas iniciativas empresariais, nomeadamente, a dificuldade de aparecimento de um número significativo de empresas que se afirmem pela forte dinâmica de crescimento e pela entrada rápida em mercados internacionais. Por outro lado, este projeto reflete a leitura dos parceiros (CEC/CCIC e AIMinho) sobre a eficácia das políticas de apoio ao empreendedorismo em que têm estado envolvidos, que devem começar também a centrar-se na necessidade de elevar a sofisticação da oferta de serviços de suporte, abrindo novas abordagens que valorizem também o apoio ao processo de aceleração empresarial. O foco em políticas que promovam a aceleração empresarial consagra a combinação das medidas de apoio à criação de empresas e de afirmação de uma nova cultura mais recetiva aos desafios do empreendedorismo. Assim, pretende-se mais iniciativa com novas medidas que valorizem também o sucesso dos projetos, a sua velocidade de crescimento e o seu contributo para a criação de riqueza e de emprego. De uma forma pragmática, procura-se dinamizar a economia, capitalizando a sabedoria, experiência e rede de contactos de empresários e gestores (em várias áreas, como a financeira, comercial e marketing, tecnologia e inovação, etc.) bem-sucedidos em processos de apoio eficazes a iniciativas de jovens empreendedores e empreendedoras. A criação e gestão de redes de mentores, devidamente organizadas, aplicando metodologias testadas e com resultados comprovados, constituem um elemento crucial na dinamização de mecanismo mais sofisticados e eficazes de suporte ao empreendedorismo que os ecossistemas do CEC/ CCIC e da AIMinho consideram fundamentais implementar com a maior brevidade. 7-Objetivos: Objetivos Estratégicos: - Constituição de rede de Mentores de empreendedorismo - Alavancar os ritmos de crescimento das novas empresas - Assegurar a sustentabilidade dos negócios reduzindo a taxa de mortalidade empresarial - Contribuir para a sofisticação da oferta de serviços de apoio ao empreendedorismo - Dinamizar casos de sucesso de empreendedorismo feminino e jovem Operacionais: - Constituição de rede de Mentores de empreendedorismo que sirva os ecossistemas do CEC / CCIC e da AIMinho - Constituição de plataforma de gestão da rede de mentores - Definição de metodologia de dinamização da rede e de gestão do processo -Implementação de projetos-piloto de mentoring. 8-Atividades O projeto estrutura-se em torno dos seguintes eixos estratégicos e atividades: Eixo 1 – Definição de metodologias de mentoring Atividade 1 – Benchmarking de Práticas de Mentoring Esta atividade constitui a base do processo de definição de uma metodologia para a estruturação de uma rede de mentores com abrangência das regiões Centro e Norte de Portugal. O estudo de “Benchmarking” visa sobretudo identificar práticas comprovadamente bem-sucedidas que possam servir de inspiração para a definição de um modelo eficaz de funcionamento da rede de mentores que se pretende estruturar. 95 Os objetivos desta atividade são: - Identificação de metodologias/técnicas de “mentoring”; - Modelos dinamização de redes de mentores; - Identificação de experiências potencialmente interessantes para a dinamização da rede de mentores subjacente ao projeto. Este estudo envolve a realização de duas fases distintas: Fase 1 – Enquadramento concetual e caraterização das práticas conhecidas A atividade empreendedora gera-se per si sendo estimulada por diferentes instrumentos de política. Um dos instrumentos a que se tem recorrido de diferentes formas, especialmente fora de Portugal, é através do apoio prestado por empresários e gestores reformados ou seniores, que permitem aliar ao dinamismo dos jovens a sabedoria de quem já passou por processos semelhantes. Este processo de tutoria ou “mentoring” tem sido estudado em diferentes sedes sendo uma prática desenvolvida no interface de várias ciências como a psicologia, a sociologia e a gestão. Interessa compreender as bases e os conceitos associados a esta prática, bem como os modelos desenvolvidos em diversos países. Paralelamente a esta atividade será feito o levantamento dos casos existentes em Portugal e, sempre que possível, realizarse-á uma avaliação dos respetivos impactos como medida de comparação para os futuros estudos de caso. Fase 2 – Realização de 3 estudos de caso de âmbito internacional Nesta fase é efetuado o diagnóstico de três casos internacionais reconhecidamente identificados como tendo uma experiência relevante de valorização de redes de 96 mentores. Entre o conjunto de casos exemplares são identificados e selecionados um número restrito de casos estudados aprofundadamente, objeto de visitas técnicas. Desta forma, os casos são selecionados tendo em consideração o desafio de apresentar propostas de metodologias de “mentoring” aplicado ao suporte de empreendedorismo que resultem no aumento da competitividade e crescimento das iniciativas apoiadas. A análise de “benchmarking” permite propor formas de apoio estruturadas de modo a que a avaliação da sua eficiência e impacto possam servir para a, eventual, transposição para a realidade nacional das abordagens mais pragmáticas identificadas, tendo, naturalmente, em consideração os aspetos relacionados com a afinidade cultural e económica. Esta fase de trabalho contempla a produção dos seguintes outputs: Resumo dos principais conceitos associados ao “mentoring”, necessários para a sua compreensão e uniformização de termos; Apresentação dos principais modelos de “mentoring” e respetiva aplicação; Diagnóstico das melhores práticas ao nível nacional/ internacional; Realização de 3 estudos de caso de âmbito internacional; Sistematização das experiências recolhidas. Atividade 2 – Metodologias e Práticas de Matching Esta atividade visa fundamentalmente estruturar o modelo de gestão da rede de mentores, propondo abordagens práticas para a identificação de necessidades de apoio dos empreendedores e para a seleção dos mentores mais aptos a contribuir com a suas capacidades para a resolução das dificuldades identificadas. As metodologias de acompanhamento do processo de “mentoring” têm como base de partida as conclusões do estudo de “benchmarking”, mas serão definidas tendo em consideração as lições resultantes das boas-práticas identificadas, as características específicas da organização das duas entidades parceiras e da rede de governação regional de apoio ao empreendedorismo do ecossistema liderado pelo CEC /CCIC e pela AIMinho. As metodologias de trabalho identificam práticas de encontro entre as necessidades do promotor de novas iniciativas e entre os mentores da rede, tendo a preocupação de definir perfis de compatibilidade e regras de relacionamento que contribuam para a eficácia do projeto. Os objetivos desta atividade são: - Identificação do modelo de gestão mais adequado para a rede de mentores do projeto - Criação de normas e procedimentos que estruturem a atividade da rede de mentores Esta atividade materializa-se com o desenvolvimento das seguintes ações: - Definição de métodos de diagnóstico rápido das necessidades dos empreendedores - Definição de métodos de identificação do “mentor adequado” - Identificação de perfis de compatibilidade mentor/promotor - Definição do papel das entidades gestoras da rede - Definição de mecanismos de acompanhamento do processo de “mentoring”. Atividade 3 – Formulação de Metodologia de Atuação Esta atividade tem como principal objeti- vo a definição de propostas de aplicação de metodologias de “mentoring” que suportem a eficácia das políticas de apoio ao empreendedorismo e que resultem no aumento da competitividade e crescimento das iniciativas apoiadas. Todas as fases anteriores são instrumentais, contribuindo para a realização de metodologias de apoio e desenvolvimento do empreendedorismo através de “mentoring”. Será feita uma análise dos constrangimentos encontrados no nosso país, a verificação da eficiência dos instrumentos de apoio desenvolvidos e serão apresentadas propostas concretas de um modelo, ou modelos a aplicar nos dois ecossistemas em análise. Os objetivos desta atividade são: - Definição de metodologia/abordagens de atuação para a implementação de um sistema de “mentoring” - Enquadramento a aplicações às diferentes situações identificadas e às várias fases necessárias à implementação de um sistema de “mentoring” - Estruturação de plano de ação para a implementação das redes de mentores de âmbito regional. Esta atividade incidirá sobre os aspetos práticos da aplicação de técnicas eficientes de gestão de “mentoring” e, também, sobre a utilização de outros instrumentos, necessários a mentores e a empreendedores de forma a otimizar o processo e permitir maximizar os seus resultados. Serão apresentados os seguintes outputs: - Modelo, ou modelos, de “mentoring” a aplicar nos ecossistemas definidos e aplicáveis às diferentes temáticas. - Plano de implementação da metodologia, com definição de prioridades, sequenciação 97 de atividades a implementar na fase Projeto-piloto. Eixo 2 – Constituição de rede de mentores Atividade 4 – Plataforma Relacional Esta atividade consubstancia-se na conceção de uma ferramenta de trabalho em ambiente web com três objetivos centrais: - funcionar como canal de comunicação para o exterior, nomeadamente assumindo um papel de plataforma disseminadora de informação sobre a Rede de Mentores, suas atividades e temas variados relacionados com empreendedorismo e inovação; - funcionar como porta de entrada de pedidos de informação sobre a Rede de Mentores, incluindo uma área para candidaturas a mentorados; - estabelecer uma área de trabalho entre Mentores, disponibilizando documentos, notícias e outras informações relevantes para o relacionamento da Rede. Atividade 5 – Criação da Rede de Mentores Esta atividade visa identificar e integrar os elementos que farão parte da rede de mentores (supra-regional) que apoiará os empreendedores, tendo em consideração as suas competências, disponibilidades de intervenção e motivações para participação neste projeto. Os objetivos desta atividade são: - Recrutar e selecionar um conjunto de mentores, em número e qualidade que permita a realização de ações de “mentoring” a um conjunto alargado de empreendedores jovens e empreendedoras. - Criar uma base de dados, integrável na plataforma relacional (atividade 2.1), que 98 permita, de maneira fácil e rápida, encontrar os mentores com as características necessárias às diferentes solicitações e/ou diferentes tipo de empreendedor/a. Para a aplicação dos modelos e metodologias definidos é realizado um processo de seleção de mentores. A base de recrutamento é encontrada preferencialmente entre empresários ou ex-empresários, mas poderá incluir também gestores e outros profissionais com comprovada experiência e reconhecimento pela sua carreira e cujas competências sejam importantes para impulsionar ritmos de crescimento mais elevados dos projetos promovido pelos novos empreendedores. A seleção dos membros da rede de mentores visa encontrar pessoas em número considerado adequado e com perfil definido com apetência para a atividade de “mentoring”. Esta atividade concretiza-se com a realização das seguintes ações: - Constituição de base de dados, organizada pelos vários elementos relevantes necessários para a prática de “mentoring”. - Acordos com os vários membros da rede de forma a enquadrar o seu desempenho como mentores. Atividade 6 – Alargamento da Rede de Mentores A atividade 6 prevista em candidatura foi incorporada na atividade 5. Atividade 7 – Workshop da Rede de Mentores Decorrente das atividades iniciais sobre as boas práticas de mentoring, e na sequência do desenho da metodologia de atuação, realiza-se em cada uma das regiões, um workshop de capacitação da rede de mentores identificados. É objetivo desta iniciativa dotar os mentores de uma base partilhada de informação relevante que não só permite homogeneizar a abordagem dos mentores, como por via da adoção de metodologias comuns facilitará a sua intervenção junto dos empreendedores e o acompanhamento por parte dos promotores do projeto CEC/ Câmara de Comércio e Indústria do Centro e AIMinho (Associação Industrial do Minho). Objetivos dos workshops: - capacitar os mentores para a partilha e socialização do saber tácito; - sensibilizar os mentores para o universo específico de empreendedores que encontrarão, suas principais características e necessidades; - fomentar o conhecimento sobre as boas práticas de mentoring identificadas, promovendo uma abordagem semelhante dos vários mentores; - disseminar pelos mentores a metodologia de atuação; - apoiar os mentores na utilização da ferramenta. Eixo 3 – Implementação das Redes de Mentoring Atividade 8 – Projeto Piloto CEC Depois de terem sido concretizadas as atividades previstas nos dois primeiros eixos de atuação, em que se faz a preparação das condições de operacionalização, o arranque desta atividade marca a entrada do projeto na sua fase mais nobre: o desenvolvimento de iniciativas de mentoring em que a rede de mentores do CEC passa a apoiar os empreendedores. Os objetivos da atividade são: - Dinamizar o crescimento de novos projetos empresariais; - Colocar em ação os mentores no apoio concreto a iniciativas de empreendedorismo; - Consolidação das metodologias de atuação para apoio a empreendedores. Nesta atividade são testadas as metodologias de mentoring identificadas, as práticas de correspondência entre necessidades dos novos empreendedores com as competências dos mentores e as normas e procedimentos definidos no desenvolvimento do eixo 1-definição de metodologias de mentoring. Do mesmo modo, são também testadas as ferramentas de apoio à gestão da rede de mentores (nomeadamente, a plataforma relacional criada na atividade 2.1) e a forma como os gestores do projeto (CEC/CCIC nesta atividade e AIMinho na atividade 3.2) interagem com os mentores, com os novos empreendedores (jovens, feminino e em novas atividades geradoras de maior valor acrescentado) e os motivam para a obtenção de resultados. Interessa também perceber quais são as práticas que contribuem para o sucesso das intervenções, ou seja que possibilitam o estabelecimento de uma relação profissional mutuamente vantajosa entre novos empreendedores e os mentores, com reflexos positivos no crescimento dos novos projetos empresariais, em especial em áreas mais arrojadas como projetos de base tecnológica com ambição de penetração e crescimento rápido em mercados internacionais. Esta atividade concretiza-se com o desenvolvimento das seguintes ações: - Implementação da rede de mentores; - Gestão de necessidades dos empreendedores e da oferta de competências dos membros das redes de mentores; 99 - Acompanhamento das ações de dinamização dos novos projetos empresariais liderados pelos promotores que adiram ao programa de mentoring. importância das redes de mentores; Atividade 9 – Projeto Piloto AIMinho - Capacitar empreendedores para o relacionamento com mentores e financiadores; Esta atividade apresenta os mesmos objetivos, metodologia e ações da atividade anterior, distinguindo-se apenas por ser desenvolvida na área de infuência da AIMinho. Eixo 4 – Promoção e Divulgação Atividade 10 – Encontros Temáticos Esta atividade consiste na organização de dois Encontros Temáticos, um na NUT II Norte e outro na NUT II Centro, onde se pretende, de uma forma informal e descontraída, acrescentar valor através da partilha de experiências, contactos e casos de estudo, bem como estimular o sentimento de pertença pela Rede de Mentores de todos quantos participam, direta ou indiretamente, neste projeto, quer sejam Mentores, quer Mentorados, quer parceiros atuais e futuros. Com estes eventos pretende-se também envolver diferentes tipos de agentes ligados ao ecossistema empreendedor, desde jovens ainda no meio escolar, a empresas nas incubadoras, de investigadores universitários agentes ligados ao financiamento, passando também pelos quadros das entidades da envolvente, públicas e privadas. O objetivo desta opção consiste na criação de uma abordagem que se autorreforça com a entrada de novos mentores e com a adesão das empresas que pretendem este tipo de apoio. Esta atividade tem os seguintes objetivos: - Sensibilizar potenciais empreendedores e promotores de Startups para a existência e 100 - Facilitar o matching entre empreendedores, mentores e financiadores; - Apoiar a capacitação de agentes da envolvente para o suporte à aceleração empresarial, nomeadamente Business Angels, para técnicos de incubadoras, oficinas de transferência e afins. Atividade 11 – Análise de Resultados Esta atividade tem como principal propósito consolidar de forma tácita as principais aprendizagens do projeto resultantes da implementação dos projetos-piloto (atividade 3.1. e 3.2), tendo em consideração que a criação de uma rede de mentoring constitui um processo que, ao longo do tempo, se deve ir autorreforçando com o aumento da experiência dos vários intervenientes. Os objetivos desta atividade são: . Avaliar a eficácia dos projetos-piloto de operacionalização da rede de mentores; . Analisar práticas do projeto com capacidade de estimular o sucesso de projetos de empreendedorismo de maior valor acrescentado (empresas gazela e projetos high tech/high growth) e de empreendedorismo jovem e empreendedorismo feminino; . Propor adaptações às metodologias e procedimentos de trabalho no sentido de incrementar a eficiência da atuação; . Potenciar a eficácia dos projetos empreendedores. A realização desta atividade concretiza-se através do desenvolvimento das seguintes ações: - Obtenção de feedback dos intervenientes no processo (gestores da rede, empreendedores e empreendedoras, mentores) -Identificação de práticas eficientes de gestão da rede resultantes da implementação dos projetos-piloto do CEC/CCIC e da AIMinho -Identificação de dificuldades recorrentes - Proposta de melhorias na metodologia de atuação Atividade 12 – Seminário de Divulgação Esta atividade consiste na realização de um Seminário de Divulgação a realizar no Norte com o objetivo triplo de: - Sensibilizar o grande público e os potenciais empreendedores, bem como os órgãos de comunicação social e todas entidades que encerram potencial de empreendedorismo e de inovação (como por exemplo Entidades ligadas ao ensino superior) para a temática do empreendedorismo e da inovação; - Promover a Rede de Mentores, o seu potencial e a sua metodologia, no apoio à criação de novas empresas e à consolidação de projetos empresariais recentes; - Dar a conhecer os casos de estudo internacionais, debater assuntos relacionados com a temática do empreendedorismo e inovação e estimular o debate com os empreendedores, empresas e entidades ligadas ao meio universitário e científico. Deste modo, deverá esta ação ser uma iniciativa de promoção, quer do projeto quer da rede de mentores, mas também de divulgação dos resultados do mesmo, pelo menos aqueles que se considera terem um efeito alavancador das motivações e razões para que os empreendedores apostem na criação e/ou consolidação das suas empresas. Atividade 13 – Seminário de Encerramento Esta atividade consiste num evento marcante que promove a disseminação das atividades, reflexões e conclusões do projeto, propondo em simultâneo novas áreas para intervir futuramente, criando continuidade para as iniciativas lançadas, nomeadamente através da consolidação da rede de mentores e da dinamização das suas atividades no horizonte pós-projeto. A conclusão do projeto será por isso assinalada num evento de grande projeção que reúna os principais agentes do ecossistema empreendedor onde se tentará projetar os casos de sucesso ou exemplos marcantes de instituições, empresas, recursos e personalidades dos territórios, em torno da temática do projeto e com a intervenção de especialistas reconhecidos, contribuir para gerar nos ecossistemas regionais uma atitude mais favorável à promoção do empreendedorismo e à aceleração empresarial. Eixo 5 – Gestão da parceria, do projeto e da rede Atividade 14 – Gestão e Coordenação Esta atividade é de maior importância para boa execução do projeto e consiste na constituição de um Gabinete RME (Rede de Mentores de Empreendedorismo) que não só será responsável pela coordenação da execução do projeto aqui candidatado, inclusive contactos a efetuar no âmbito das atividades previstas e de relacionamento com os diversos públicos, como comportará todas as atividade transversais do projeto relativas a comunicação, imagem. Este Gabinete será ainda responsável pela gestão informativa e dinamização da plataforma Relacional da Rede de Mentores, assumindo a posição de frontoffice do projeto. 101 102 ESTUDOS DE MENTORING “FORMULAÇÃO DE METODOLOGIA DE ATUAÇÃO” Fase II 1 E NQUAD R A M E N TO 1.1. / MODELOS DE MENTORING De acordo com a revisão efetuada no estudo de “Benchmarking internacional de melhores práticas” identificaram-se dois tipos de modelos com interesse para a prática de programas de mentoring a nível regional: e as iniciativas empresariais/empreendedores, fazer com que o programa de mentoring esteja alinhado com a estratégia de inovação e empreendedorismo da região e por consequência alinhado por complementaridade com outros instrumentos regionais • modelos de programas de mentoring a e nacionais (e infraestruturas) de apoio ao nível regional/nacional ou focando deter- empreendedorismo. minados aspetos tecnológicos, sectoriais ou de inovação; • modelos do funcionamento e desenvolvimento da relação de mentoring a nível individual i.e. modelos que exploram o funcionamento da relação entre o Mentor e o Empreendedor, que por sua vez se podem classificar em modelos de mentoring 1 para 1 ou modelos de mentoria múltipla, onde um mentorado pode ser tutorado por vários tipos de mentores em simultâneo ou em fases diferentes de evolução da sua iniciativa empresarial. Relativamente ao primeiro tipo de modelos, a figura da página seguinte reproduz o modelo preconizado. No essencial trata-se de, no contexto do triângulo de relações entre a entidade gestora do programa, os mentores 104 Por outro lado, no estudo de “Benchmarking internacional de melhores práticas”, foi recomendada a utilização do modelo simples proposto por MacLennan (1999), para a relação de mentoring (que iremos aqui retomar mais à frente) e que no essencial envolve 4 fases: Na secção seguinte fazemos um resumo do enquadramento desta componente do projeto (formulação de metodologias de atuação) no contexto do projeto Mentor. De seguida fazemos um resumo da forma como as práticas de mentoring estão pensadas no quadro do projeto Mentor, para logo de seguida explorarmos em maior de• Início ou Nascimento da relação; talhe o desenvolvimento do ciclo de mentoring, tendo em vista o desenvolvimento de • Compromisso que corresponde à fase de dois programas de mentoring, nas regiões consolidação de confiança, e de uma dire- Centro e Norte. ção de trabalho envolvendo focalização do negócio; • Desenvolvimento que corresponde à fase de progresso na obtenção de resultados; • Encerramento da relação que corresponde a uma fase de término da relação com respetiva revisão e avaliação. De acordo com este modelo um Programa de Mentoring tem, após a fase de matching, uma fase de gestão do ciclo de mentoring ou gestão do desenvolvimento da evolução da relação entre mentor e mentorado. 105 1.2 /ENQUADRAMENTO NO PROJETO MENTOR Nesta secção fazemos um breve enquadramento da presente componente – Formulação de Metodologias de Atuação (para implementação de programas de mentoring), no global das componentes do projeto Mentor. É, portanto, objetivo essencial do Projeto Mentor, a criação de uma rede de mentoring (com instanciação diferenciada e ajustada às regiões Centro e Norte), devidamente organizada, baseada em metodologias testadas e orientada à dinaO Projeto MENTOR – Rede de Apoio ao Em- mização dos respetivos ecossistemas de preendedorismo está enquadrado no Pro- empreendedorismo e inovação. grama Operacional Fatores de Competitividade, no âmbito do Sistema de Apoio a A presente componente do projeto foca Ações Coletivas – SIAC – cofinanciado pelo a “Formulação de metodologias de atuaFundo Europeu de Desenvolvimento Re- ção” (Atividade 3) para implementação de gional (FEDER). Este projeto é liderado pelo uma rede de mentoring nas regiões CenConselho Empresarial do Centro/ Câmara tro e Norte. Esta parte do trabalho surge de Comércio e Indústria (CEC/ CCIC) e será após a realização prévia de um estudo de implementado em copromoção com a As- “Benchmarking Internacional de práticas sociação Industrial do Minho (AIMinho). de Mentoring” (Atividade 1), que foi objeto de um outro relatório, e que fornece não O projeto Mentor visa contribuir para o re- só exemplos concretos das metodologias forço do ecossistema de apoio ao empreen- e práticas de matching e de atuação, mas dedorismo e à inovação, atuando sobre a também, pistas para desenho de modelos sofisticação e na complementaridade dos gerais de programas de mentoring (elemecanismos que contribuem para a pro- mentos de apoio ao empreendedorismo remoção da criação de empresas, em especial gional) e modelos gerais de relacionamento nos segmentos de empresas cujos modelos mentor-mentorado. Surge também após a de negócio privilegiam a geração de valor realização da Fase I deste estudo que reviu acrescentado e das novas empresas lidera- em maior detalhe as “Metodologias e Prátidas por jovens e mulheres empreendedo- cas de Matching”. É pois, com base nos moras. O projeto reflete, por um lado, o défice delos gerais atrás sugeridos, que são aqui de resultados face aos recursos utilizados recomendadas as metodologias de atuação na promoção de novas iniciativas empre- gerais (no plano do projeto Mentor para as sariais e por outro, as conhecidas dificulda- duas regiões em causa) e respetivos plades de aparecimento de um número signi- nos de ação específicos e adequadas aos ficativo de empresas que se afirmem pela problemas e desafios concretos de cada forte dinâmica de crescimento e pela entra- ecossistema – na região Centro e na região da rápida em mercados internacionais. Norte. De uma forma pragmátca, é intenção dos promotores deste projeto, dinamizar a economia regional capitalizando a sabedoria, experiência e rede de contactos de empresários e gestores bem-sucedidos. 106 2 D E F IN I Ç ÃO D E U M M O D E L O G E R AL PAR A IMP L E ME N TAÇ ÃO D E ME N TO RING NO P ROJE TO ME N TO R MODELOS DE MENTORING De acordo com os conceitos e modelos estudados no estudo de Benchmarking, e do modelo geral que reproduzimos na secção anterior, propomos aqui uma metodologia geral de atuação para Programas de Mentoring do Projeto MENTOR que possam ser inseridos em apoios mais gerais no âmbito dos ecossistemas de inovação e empreendedorismo das regiões Norte e Centro. O modelo é aplicável a cada uma das regiões com as devidas alterações que resultam das especificidades das suas redes regionais e da gestão do programa e que veremos na parte fnal deste trabalho. 2.1. / DEFINIR OS OBJETIVOS DO PROGRAMA MENTORING 2.2. /PROCESSOS DE SELEÇÃO DE EMPREENDEDORES E DE MENTORES 2.3. /IDENTIFICAÇÃO DE PERFIS DE COMPATIBILIDADE - MATCHING 2.4. / GESTÃO DO CICLO DE MENTORING – 4 FASES 2.5. / AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS DO PROGRAMA 107 2.1. / DEFINIR OS OBJETIVOS DO PROGRAMA MENTORING O primeiro passo para a implementação de um programa de mentoring deve ser a definição e objetivos dos programas. Estes são definidos em função das ações de apoio ao empreendedorismo onde o programa se insere. Por exemplo, no caso de se tratar de apoios ao empreendedorismo social os objetivos de mentoring passam necessariamente por reforçar as redes de apoio social da região. Caso se trate de empreendedorismo tecnológico um dos objetivos poderá ser a captação de capital semente / capital de risco através da melhoria da qualidade de gestão das startups. 108 2.2. /PROCESSOS DE SELEÇÃO DE EMPREENDEDORES E DE MENTORES O processo de seleção é um duplo processo. Por um lado, a identificação, qualificação e seleção de empreendedores em áreas que correspondam aos objetivos do programa. Por outro, a seleção de mentores. Seleção de Empreendedores Para assegurar que o programa tenha grande aderência e diversidade de iniciativas empresariais que possam constituir uma boa base de seleção é importante que exista um plano de comunicação e divulgação. A presença de responsáveis da entidade gestora do programa de mentoring em quaisquer atividades associadas à promoção e apoio ao empreendedorismo é essencial. Por exemplo deve haver divulgação junto das universidades e politécnicos, junto das incubadoras e outras infraestruturas de apoio. A inscrição de empreendedores no programa deve fazer-se através de respetiva ficha de inscrição. Em anexo colocamos uma ficha de inscrição de empreendedores que serve para sumário e rápido diagnóstico de quem procura apoio de um mentor. A ficha proposta é a conhecida OnePAGER – usada pela Rede de Business Angels na Alemanha (BAND – Business Angels Netzwerk Deustchland) e pela CATAPULT – media. net Brandeburg (Berlim). Tratando-se de uma ficha muito popular na internet e usada pelos investidores para uma primeira classificação, ela afigura-se também muito útil no contexto do mentoring, podendo ser a informação base para aplicação de critérios para admissão de um empreendedor (grupo de empreendedores e respetiva ideia de negócio) num programa de mentoring. Para além da ficha de inscrição – caracterização, pode também, ser utilizada uma ficha de requisitos de Mentoring (colocamos também em anexo um exemplo). A ideia aqui é recolher mais informação relativamente às características do mentor que os empreendedores procuram, de forma a apoiarem numa fase mais à frente o processo de matching. Seleção de Mentores Uma outra atividade essencial num programa de mentoring é a identificação e seleção de mentores com perfil adequado. A identificação de mentores é um processo mais focalizado e dirigido a personalidades do mundo empresarial da região, incluindo os investidores e em particular os Business Angels formais ou informais. Note-se que, independentemente da idade, sexo, religião ou origem étnica a procura de mentores dirige-se no essencial a pessoas que tenham experimentado processos de “pivoting” i.e. pessoas que para além de conhecimentos e experiência em gestão tenham falhado e aprendido de forma iterativa a melhorar propostas e modelos de negócio. Um aspeto importante é a credibilização do programa através da divulgação dos perfis dos seus mentores. Se no elenco dos mentores figuram personalidades de reputação pública a divulgação dos perfis serve como mais um elemento de divulgação e atração de empreendedores para o programa. Tal como no caso da seleção dos empreendedores, os mentores devem também preencher uma ficha de inscrição – caraterização. Em anexo incluímos um exemplo de “ficha de inscrição” de Mentores. 109 2.3. /IDENTIFICAÇÃO DE PERFIS DE COMPATIBILIDADE - MATCHING A fase de matching é uma das fases mais importantes de um programa de mentoring. Como se viu na Fase I do presente estudo há essencialmente duas abordagens: os métodos sistemáticos e os métodos holísticos. Sobretudo no contexto dos métodos holísticos, é necessário preparar a facilitação do processo de matching através da organização de eventos de formação de mentores e de mentorados. A formação justifica-se para ajuste de expectativas, para conhecimento sobre questões de confidencialidade e/ou conflitos de apropriação indevida e no caso dos mentores para que haja também conhecimento acerca dos código de conduta ou regulamento do programa. Nos métodos holísticos onde mentor e empreendedor se encontram para que “se escolham” (ao contrário dos sistemáticos onde já estão escolhidos antes do 1º encontro), o ponto essencial do processo é organização do primeiro encontro. Na fase I do presente estudo procurámos descrever algumas das técnicas que podem ajudar, como speed dating, organização de pitchs etc. Em alternativa pode também ser permitido que os mentorados façam contactos prospetivos com mentores durante por exemplo uma semana. Após esse período de tempo devem indicar qual o mentor que escolhem. Os mentores devem então aceitar (ou não) os convites que lhes são dirigidos pelos futuros mentorados, avançando-se para uma primeira reunião. Após primeira reunião e consolidação de expetativas e compromissos de ambas as partes, mentor e mentorado, a decisão final de atribuição de mentores – 110 matching pertence à coordenação do programa. Lembramos ainda que uma metodologia mista entre uma abordagem sistemática e holística pode consistir numa “escolha condicionada” por parte dos empreendedores. Isto é, seja qual for o formato do(s) primeiro(s) encontro(s) a escolha de mentores por parte dos empreendedores, não abrange toda a lista de mentores disponíveis, mas apenas um pequeno subconjunto dessa lista (por exemplo 4 mentores). 2.4. /GESTÃO DO CICLO DE MENTORING – 4 FASES Estando estabelecidos os pares mentor-mentorado, segundo este modelo de atuação dá-se então início ao ciclo de mentoring. De acordo com o modelo de MacLennan (1999) apresentado no estudo de Benchmarking internacional de melhores práticas. Como ilustra a figura o ciclo de MacLennan envolve 4 fases: a) Início ou Nascimento da relação; b) Compromisso que corresponde à fase de consolidação de confiança, e de uma direção de trabalho envolvendo focalização do negócio; c) Desenvolvimento que corresponde à fase de progresso na obtenção de resultados; d) Encerramento da relação que corresponde a uma fase de termino da relação com respetiva revisão e avaliação. a. Nascimento da relação Como atrás foi referido, deve haver um considerável investimento em tempo necessário para conhecimento mútuo e desenvolvimento de confiança. A tríade mentor-coordenador-empreendedor deve nesta fase do momento manter um contacto mais estreito. É importante o papel de acompanhamento do Coordenador do Programa e a sua rápida intervenção caso haja problemas no matching. Uma forma de agilizar este processo é fazer com que o empreendedor possa entrevistar o seu mentor colocando questões do tipo: como é que o mentor criou/desenvolveu os seus negócios; que estratégias experimentou que não tenham tido sucesso, etc. É também importante nesta fase que haja visitas mútuas aos locais de trabalho de cada um. De um modo geral, mentor e mentorado devem: - Trocar pontos de vista sobre as ideias de desenvolvimento de negócio; - Testar se conseguem ganhar respeito e consideração mútua; - Acordar nos termos do acordo de mentoring – confidencialidade; - Concordar sobre a responsabilização do mentorado no que respeita à aprendizagem; - Concordar numa forma de trabalho cooperativo – papéis e responsabilidades; - Estabelecer um padrão regular de contactos e reuniões de trabalho; Figura 2 - Ciclo de MacLenann, 1999 111 - Estabelecer fronteiras no que respeita a assuntos que não querem envolver; - Sobretudo, ganhar compromisso, envolvimento e dinâmica de trabalho conjunto. b. Compromisso A fase compromisso corresponde à fase onde ambos (mentor e mentorado) convergem para um acordo sobre as metas a atingir durante o apoio de mentoring. O mentorado deve elaborar um plano específico de trabalho que visa alcançar as metas delineadas. É mais importante estabelecer objetivos que sejam alcançáveis do que falhar a relação de mentoring por imposição de objetivos demasiado ambiciosos. Esta fase serve também para solidificar a relação entre as partes, ganhando confiança e criando um clima favorável à entre ajuda espontânea entre mentor e mentorado. O compromisso ganha-se nos pequenos detalhes como por exemplo: - Conseguir determinar com maior precisão o diagnóstico das necessidade de apoio da empresa startup; - Existência de consenso sobre a visão e o potencial da empresa; - Um melhor conhecimento mútuo da realidade; - Uma melhor clarificação sobre os objetivos de médio prazo bem como das áreas prioritárias; - Uma melhor clarificação do focus; etc. O importante nesta fase é que o mentorado veja no mentor um recurso disponível para ser utilizado na aceleração da sua aprendizagem. Não há um número fixo de reuniões, o importante é que haja as necessárias para que se crie compromisso e que não passem mais de 4 semanas sem reuniões. 112 c. Desenvolvimento Tal como nas fases anteriores nesta fase de desenvolvimento da relação é importante que Mentor e Empreendedor estejam de acordo na forma como se processam os encontros ou reuniões. Podem-nas organizar por tópicos ou discutir os mais recentes problemas. Os tópicos mais frequentes em sessões de mentoring de startups centram-se por exemplo nos seguintes aspetos: marketing e comunicação; como cultivar e manter os clientes; negociação; técnicas de vendas; contabilidade; fiscalidade; financiamentos, e questões associadas à gestão e recursos humanos como contratação, despedimento, motivação, etc. Para o sucesso do desenvolvimento da relação pode ser importante uma boa capacidade de comunicação quer da parte do mentor quer do empreendedor. Esta fase pode, portanto, envolver: - A criação de um registo dos assuntos de aprendizagem percorridos; - A revisão sistemática do progresso e dos objetivos com vista a eventuais adaptações e correções ao plano inicialmente estabelecido; - O confronto emocional com resultados positivos e menos positivos; - A celebração de concretizações e sucessos esperados e inesperados; Identificação de novos assuntos (mercados, produtos, áreas de aprendizagem); - A revisão dos termos da relação no sentido de a intensificar ou de a aligeirar face aos progressos do mentorado . d. Fecho da relação O fecho da relação deve ser falado antecipadamente. Deve ser clarificado o que ficou por fazer que gostariam (ambos) de ter feito. Deve haver uma atitude construtiva. Pode ser importante encontrar uma forma formal de organizar a despedida. Independentemente do fecho se realizar de forma natural no final de ciclo ou antes (por algum motivo). Esta fase do ciclo envolve: - Revisitar os objetivos iniciais; - Avaliar a evolução da empresa e a aprendizagem conseguida pelo empreendedor; - Avaliar a relação de mentoring; De acordo com as definições de mentoring (no quadro de programas regionais de mentoring inseridos nos apoios ao empreendedorismo) chamamos a atenção para os casos em que, seja qual for a fase do ciclo de mentoring, o mentor se tornar um investidor Business Angel na empresa, deve então deixar de ser formalmente um mentor associado ao programa. De certa forma, do ponto de vista da empresa, o novo investidor continuará certamente também a desempenhar o papel de mentor. Do ponto de vista do programa, a relação de mentoring termina no momento em que o mentor se torna investidor, sendo que a coordenação do programa deve averiguar se o empreendedor, no quadro do programa, deseja escolher um outro mentor para o acompanhar. - Expor sentimentos e preocupações; - Permitir a continuação da relação noutro enquadramento (p.E. De amizade). No fecho da relação e tendo já em conta as necessidades da fase seguinte, mentor e mentorado devem preencher questionários de avaliação relativos à relação e ao programa de mentoring. Note-se que em muitos casos, como já foi referido, o encerramento da relação pode corresponder ao início de um outro tipo de relação, como ocorre quando o mentor se torna parceiro investidor. O fecho da relação não deve, porém, ser entendido, como uma separação absoluta entre mentor e mentorado , mas apenas como o encerramento da relação de mentoring. Por ventura, em algumas situações, o encerramento da relação de mentoring corresponde ao início de um outro tipo de relação. Nos casos em que o mentor é simultaneamente um potencial parceiro, investidor, ou Business Angel, o encerramento da relação de mentoring pode corresponder ao início de uma relação de parceria. 113 2.5. / AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS DO PROGRAMA A avaliação do programa visa apurar os resultados em termos do número de empresas aderentes, número de mentores pertencentes à rede (número total e número de mentores ativos) e resultados de crescimento de volume de vendas e criação de emprego nas empresas participantes. Nesse sentido a avaliação tem como objetivo apurar qual a efetiva contribuição do programa de mentoring no contexto do fomento dos tipos de empreendedorismo, onde se insere. No entanto o processo de avaliação tem também uma importante contribuição a dar para a melhoria do programa. No essencial a avaliação pode contribuir para: - Identificar áreas de melhoria; - Identificar as melhores práticas; - Partilhar ideias e experiências entre diferentes casos de mentoring de forma a contribuir para a valorização da rede de mentores associada ao programa. 114 3 P R O G R AM A S D E ME N TO RING NA S RE G I Õ E S C E N TRO E NO RTE 3.1. /O PROJETO OUSAR No caso das regiões do Norte e do Centro as iniciativas no domínio do Mentoring tiveram no Projeto OUSAR um antecedente que também enquadra o presente Projeto Mentor e que procuramos aqui resumir. Com efeito, o Projeto OUSAR constituiu uma experiência piloto na implementação de um programa de apoio ao empreendedorismo, com a maior importância no contexto do projeto Mentor. As dificuldades e o sucesso desta primeira iniciativa são o ponto de partida do projeto Mentor que pode portanto ser encarado como uma nova fase das ações de mentoring na região do Norte. O alvo do programa foram indivíduos com idades entre os 18 e os 35 anos, com qualificações iguais ou superiores ao nível IV (Ensino Secundário e nível 3 de formação – nível IV de qualificação), dos distritos de Braga, Viana do Castelo, Porto, Bragança, Vila Real, Aveiro, Coimbra, Leiria, Viseu, Guarda e Castelo Branco. No projeto OUSAR existiam áreas de negócio preferenciais, enquadradas nos setores das Tecnologias da Informação, da Comunicação e da Eletrónica, da Biotecnologia, da Saúde e Bem-estar, da Energia e das Indústrias Criativas. O Projeto OUSAR orientou a sua intervenção para três elementos essenciais do processo empreendedor: a qualificação da ideia; a aumento de competências e conhecimentos do empreendedor; e a melhoria das condições, através da atribuição de prémios aos melhores resultados e da criação de um Clube de Mentores. Iniciado em Maio de 2011 e com duração até 31 de Dezembro de 2012, o projeto OUSAR iniciou-se com um convite à apresentação de ideias para constituição de novas empresas. Um aspeto interessante do programa OUSAR foi a construção de um portal que serviu para apresentação de candidaturas e participação. O funcionamento deste portal constitui um aspeto relevante no contexto da realização da plataforma relacional no projeto Mentor. Após submissão de ideias para novas empresas, as candidaturas eram avaliadas através do indicador Mérito Empreendedor (ME) e com base numa metodologia de 115 cálculo definida no regulamento do projeto. Os 10 projetos vencedores receberam apoios na forma de prémios pecuniários, consultoria e assistência técnica, incubação, mentoring e auxílio na procura de financiamento. Um outro aspeto relevante para o projeto Mentor foi a constituição de uma rede de entidades associadas ao projeto, que constituiu uma base para lançamento dos respetivos programas de mentoring no Norte e no Centro. A rede criada no contexto do projeto OUSAR teve como objetivo criar um ambiente mais favorável à criação e consolidação de novas empresas, bem como desenvolver um conjunto de atividades articuladas que promoviam o empreendedorismo e apoiavam com informação e conhecimento os empreendedores, sempre num modelo interativo e sempre virado para a criação de novas empresas como resultado. As entidades que aderiram à rede de apoio ao empreendedorismo no âmbito do projeto OUSAR foram: da Região Centro; Incubadora de empresas da Figueira da Foz; Factory Business Center; AVE PARK- Parque de Ciência e Tecnologia S.A.; CITEVE- Centro Tecnológico das Indústrias Têxtil e do Vestuário de Portugal; Incubadora Parque Tecnológico de Óbidos; Incubadora D. Dinis; Powercoahing Entidades Associativas de apoio às empresas: Associação Industrial do Minho; AEVC Associação Empresarial de Viana do Castelo; AIL- Associação Industrial de Lousada; UERN – União das Associações Empresariais da Região Norte ; CEC – Conselho Empresarial do Centro; Associação empresarial de Ponte de Lima. Apoio à formação avançada e de pós-graduação: Escuela de Negocios novacaixagalicia; EGP University of Porto Business School; Católica Porto Business School; ISLA Business School Financiamento: CGD; BPI; BCP; INOVCAPITAL; Invicta Angels; Vima Angels; CBA - Centro Business Angels do Centro; Millenium BCP; ADRAVE – Programa Finicia.. Naturalmente o projeto OUSAR deve ver no projeto MENTOR e respetivas rede regional de apoio ao mentoring, abrangendo o Centro e o Norte, uma oportunidade para alargamento da rede já criada, não só em número de entidades envolvidas, como também nas áreas abrangidas. Inovação, gestão e empreendedorismo: O projeto MENTOR pode assim construir CITMAD – Centro de Inovação de Trás-os- sobre a rede existente aproveitando as atiMontes e Alto Douro; Oficina da Inovação – vidades e as experiências já conseguidas Business and Innovation Centre do Minho; no projeto OUSAR. TECVAL – Centro de Incubação de Novas Tecnologias do Vale do Sousa; IEMinho – Instituto Empresarial do Minho – Incubadora de Base Tecnológica; UPTEC – Parque de Ciências e Tecnologias da Universidade do Porto; NET – Novas Empresas e Tecnologias - Business and Innovation Centre do Porto; RIERC – Rede de Incubação e Empreendedorismo 116 3.2 /PROJETO DE MENTORING - REGIÃO CENTRO Definição de prioridades Partindo das entrevistas realizadas na região com promotores do Projeto Mentor e responsáveis do CEC bem como com empreendedores e mentores da região, fazemos nesta secção a adaptação dos modelos gerais de programa de mentoring, desenvolvidos no âmbitos dos vários estudos do projeto Mentor, para o contexto específico da região centro. A região Centro dispõe de um significativo conjunto de infraestruturas de apoio ao empreendedorismo e à inovação, incluindo as infraestruturas ligadas à transferência de tecnologia dos institutos de investigação científica (em alguns casos associados a universidades) para o mercado. Esta é uma situação que contrasta com o passado recente sendo mesmo de prever no futuro próximo algum reforço e consolidação das infraestruturas existentes. Para além das infraestruturas, existe também todo um conjunto de atores e atividades que denotam a existência de um ecossistema local de empreendedorismo e inovação já muito desenvolvido. Por outro lado, no âmbito da estratégia de desenvolvimento da região “Centro de Portugal – CRER 2020” o empreendedorismo é assumido como elemento essencial para a captação, desenvolvimento e retenção de talento e é uma das prioridades estratégicas que deve ser alinhada com um novo modelo de desenvolvimento assente no capital humano como base da criação de valor, competitividade e inovação. Tendo em conta a estratégia regional, os pontos mais salientes do ecossistema de empreendedorismo da região Centro e os objetivos do projeto Mentor, as prioridades a ter em conta num programa de Mentoring poderão ser: - O aumento da qualidade e do número de empresas gazela; - O reforço dos apoios ao empreendedorismo e à inovação, posicionando o mentoring como esquema de apoio complementar; - O aumento da qualidade das startups lideradas por jovens e mulheres empreendedoras; - O aumento da qualidade das startups que surgem por spin-off de tecnologias desenvolvidas nos institutos tecnológicos e na Universidade. Âmbito do programa e stakeholders Começamos por definir o âmbito do programa como o mais abrangente possível i.e. o programa de mentoring deve estar orientado a todos os tipos de empreendedorismo. Deve contudo haver uma preocupação especial no empreendedorismo de oportunidade, dirigido a iniciativas de elevado valor acrescentado e validadas no que respeita à relação com os principais sectores, clusters e polos tecnológicos da região. Face ao número de infraestruturas, incubadoras, parques, etc. e à relativa extensão territorial da região recomenda-se que a rede de mentoring esteja associada à Rede de Incubadoras de Empresas da Região Centro – RIERC. Outros atores relevantes para o ecossistema regional 117 de empreendedorismo, que devem, estar associados a um programa de mentoring são: - aceleradores de negócio; ser alta e que outras regiões que terão começado com um menor número de mentores, têm agora um número superior. Como exemplo o programa de Bilbao Ekintza que começou com 4 mentores em 2006 e atualmente conta com 20. - incubadoras e centros de empresas; - universidades e institutos politécnicos; - clubes de empreendedorismo; - centros de emprego e formação profissional; - bolsas de ideias, gabinetes, centros e institutos de transferência de tecnologia; Plano de ação para um programa de Mentoring na região Centro O lançamento de um programa de mentoring na região centro poderia obedecer à seguinte sequenciação de ações : 1. Ação de divulgação, promoção do programa - associações empresariais; - Polos e Clusters; - Business Angels individuais e clubes de Business Angels; - etc. Uma forma de estruturar o programa de mentoring seria utilizar a rede RIERC (12 incubadoras) e construir em torno desta as ações de promoção e divulgação do programa. Tendo em conta que através de cada incubadora se possa identificar pelo menos 3 empresas (iniciativas empresariais alvo de mentoring) o programa de mentores da região Centro poderia ter pelo menos 36 mentores. Um programa com 36-40 mentores terá capacidade para acompanhar pelo menos 100 empresas. O crescimento no número de mentores deve posteriormente ser feito em função da procura e do sucesso do programa. O número de mentores deve ser tido em conta como objetivo a médio longo prazo, uma vez que a formação de um clube de mentores requer persistência e capacidade de envolvimento. Importa referir que a rotação de mentores num clube costuma 118 2. Formação de parcerias com stakeholders regionais centrada na rede RIERC; 3. Call para participação de ideias e startups que procurem mentoring (usar caracterização e fichas de requisitos de mentoria); 4. Processo de identificação de mentores – target 40; 5. Matching – método holístico ou escolha condicionada, com suporte na organização de um Match Day – Meet your Mentor com eventual utilização de metodologias de brokerage tipo speed dating; 6. Acompanhamento do ciclo de mentoring e do programa; 7. Divulgação da execução do programa; 8. Atividades de animação e desenvolvimento do programa Mentor – programa de eventos; 9. Identificação de situações de encerramento. 3.3 /PROJETO DE MENTORING - REGIÃO NORTE Definição de prioridades Com base nas entrevistas realizadas na região com promotores do Projeto Mentor na Associação Industrial do Norte bem como com empreendedores e mentores da região, fazemos nesta secção uma proposta de adaptação dos modelos gerais de programas de mentoring, desenvolvidos no âmbito dos vários estudos do projeto Mentor, para o contexto específico da região do Minho. Como se sabe o Norte é uma das regiões do País com maior concentração de atividade empresarial. Os índices de empreendedorismo da região são também dos mais elevados. Por outro lado, a região dispõe também de um conjunto significativo de infraestruturas de apoio ao empreendedorismo, que fomentam a dinamização do tecido empresarial e a criação de novos projetos inovadores com grande valor acrescentado. O espírito empreendedor está bem presente nesta região e, por isso, deve ser mantido, motivado, enriquecido e encarado como um dos motores de desenvolvimento regional. Por outro lado no contexto das Estratégias Regionais de Crescimento Inteligente e Sustentável a região Norte terá uma especialização natural em torno das Ciências da Vida e da Saúde, dos sectores associados aos serviços especializados e às TIC, nas indústrias da Moda (têxteis e calçado), bem como nos sectores produtores de bens e equipamentos com base em tecnologias de produção avançadas. Em todos estes domínios o Minho poderá dar uma contribuição significativa e em particular a iniciativas que promovam a qualidade do empreendedorismo e que contribuam para a concretização da estratégia de especialização inteligente da região Norte. Embora no últimos anos quer as infraestruturas quer os programas e incentivos de apoio tenham contribuído significativamente para melhorar o funcionamento do ecossistema regional de empreendedorismo e inovação, subsistem algumas questões chave onde o mentoring, em particular, poderá dar uma contribuição para a sua resolução, nomeadamente: - A necessidade de melhorar a sustentabilidade das iniciativas empreendedoras. Por exemplo, subsistem em alguns casos problemas relativos à escalabilidade e/ou replicabilidade dos projetos; - O acesso a mercados internacionais e o desenvolvimento do controlo das operações comerciais é uma questão de difícil resolução, sobretudo no quadro das startups de base tecnológica (em alguns casos com ligações à Universidade) e com elevado valor acrescentado. Esta questão prende-se com a necessidade de um apoio a startups mais eficaz que incida não nas fases de incubação mas sim logo após entrada nos mercados, onde se impõe uma lógica de aceleração de negócio com base na agilização dos processos; - A necessidade de adequar o empreendedorismo à especialização inteligente. Tendo em conta a estratégia que está a ser preparada pela autoridades da região Norte, como racional dos apoios do próximo quadro comunitário de apoio, um programa de mentoring terá que estar associado não só ao quadro institucional de apoio ao 119 empreendedorismo já instalado, mas também aos clusters com incidência na região, de forma a fomentar uma competitividade com base em clusters e em variedade relacionada. Tendo em conta a estratégia regional da região Norte, os pontos mais salientes do ecossistema de empreendedorismo da região e os objetivos do projeto Mentor, as prioridades a ter em conta num programa de Mentoring para o Norte poderão ser: - Aumento da qualidade do empreendedorismo; - Valorização do know-how existente na Universidade do Minho na área das tecnologias e sistemas internet TICs; - Promoção da fase de aceleração empresarial orientada para mercados internacionais; - Reforço da ação de mentoring como elemento complementar de outros apoios ao empreendedorismo; - Capitalizar a sabedoria, experiência e rede de contactos de empresários e gestores regionais bem-sucedidos. O âmbito do programa de mentoring deverá então ter em conta não só a lógica de geração de variedade relacionada – com base nos polos e clusters da região (Pólo da moda; sector têxtil, vestuário e calçado; materiais de construção; construção; distribuição e comércio; metalomecânica ligeira, etc.), mas também polos e sectores emergentes como por exemplo o sector das TICE em torno das empresas startup que nascem da Universidade do Minho. Tendo em conta as infraestruturas de apoio ao empreendedorismo já existentes, um programa de mentoring para a região coordenado centralmente pela Associação Industrial do Minho, devia procurar associar todos os centros de incubação. 120 Prevê-se que possa ser necessário chegar aos 40 mentores para um alvo de cerca de 100 mentorados – iniciativas empresariais a mentorar. Tal como se referiu para a região Centro a formação de um clube de mentores com 40 membros deve ser visto como um objetivo a médio prazo, tendo em consideração os desafios de sensibilização e formação associados a esta iniciativa. Plano de ação para um programa de Mentoring na região Norte O lançamento de um programa de mentoring na região Norte poderia obedecer à seguinte sequenciação de ações : 1. Ação de divulgação, promoção do programa; 2. Formação de parcerias com stakeholders regionais; 3. Call para participação de ideias e startups que procurem mentoring - usar caraterização e fichas de requisitos de mentoria; 4. Processo de identificação de mentores – target 40; 5. Matching – método holístico ou escolha condicionada, com suporte na organização de um Match Day – Meet your Mentor com eventual utlização de metodologias de brokerage tipo speed datng; 6. Acompanhamento do ciclo de mentoring e do programa; 7. Divulgação da execução do programa; 8. Atividades de animação e desenvolvimento do programa Mentor – programa de eventos; 9. Identificação de situações de encerramento. 3.4/RECOMENDAÇÕES PARA EXECUÇÃO DOS PLANOS DE AÇÃO Os programas de mentoring não só constituem uma forma de contacto entre os empreendedores e os profissionais experientes a fim de potenciar as oportunidades de concretização de negócio, como também contribuem para a execução da estratégias regionais de inovação e empreendedorismo. No entanto mesmo o programa de mentoring melhor estruturado carece de requisitos, sem os quais poderão ver a sua continuação dificultada. O programa de mentoring deve ser assente no modelo de governança regional, baseado nos seus atores e com forte incidência e exploração do potencial das incubadores e da universidade, nas regiões Centro e Norte respetivamente. Importa referir que o sucesso dos vários programas dependerão da capacidade do orquestrador (gestor da rede) em envolver os mentores e todos os atores, da forma como o clube é constituído e de como a formação está organizada. A política de promoção e divulgação dos programas deve ser reforçada e constantemente atualizada para dar a conhecer acontecimentos, eventos, oportunidades e com particular enfâse aos resultados alcançados. Um clube de mentores pode e deve apelar à responsabilidade social de cada mentor, importa referir que fazer parte de um clube seletivo que preconiza a partilha de experiências em prol da região, reforça o prestigio empresarial, social e político de cada mentor perante outros atores da região. 121 4 AN E XO S 4.1. /FICHA DE INSCRIÇÃO – EMPREENDEDORES FONTE: ADAPTADO DO ONEPAGER, BAND – BUSINESS ANGELS NETZWERK DEUSTCHLAND 122 4.2. /FICHA DE REQUISITOS PARA ATRIBUIÇÃO DE MENTOR FICHA DE REQUISITOS PARA ATRIBUIÇÃO DE MENTOR De forma a facilitar a atribuição do seu mentor voluntário solicitamos que nos indique qual o perfl do mentor ideal. No contexto das questões e afirmações que se seguem complete e atribua o grau de importância para a definição do perfil ideal de mentor. (explicitação dos critérios: se o critério for sexo masculino/feminino, deve colocar X em sem importância se para si, não tiver importância ter um mentor homem ou mulher; se for importante que o mentor seja masculino coloca X no masculino e no importante; se achar que é pertinente e muito importante coloca o X no fundamental selecionando masculino ou feminino.) Qual o seu perfil ideal de mentor? Sem Importância Importante Fundamental 1. Sexo: Feminino Masculino 2. Idade 25 a 35 ; 35 a 45 ; + de 45 3. Residir ou com negócio instalado no concelho __________________ 4. Empresário: reformado ativo 5. Com negócio na área de atividade ____________________________ 6. Com experiência no(s) ramo(s) de atividade _____________________ 7. Bom ouvinte 8. Comunicativo 9. Conservador 10. Aberto a novas Ideias 11. Criativo e Inovador 12. Imparcial 13. Observador 14. Prático 15. Outros critérios; Quais? ___________________________________ 16. _________________________________________________________ 17. _________________________________________________________ 18. _________________________________________________________ Dados pessoais do empreendedor Nome: ____________________________________________________________ Morada: __________________________________________________________ Concelho do negócio____________________________________ e-mail________________________________________________ Telefone__________________Telemóvel ______________________________ Fax _____________________________ 123 4.3. /FICHA DE INSCRIÇÃO – MENTORES VOLUNTÁRIOS FICHA DE INSCRIÇÃO - MENTORES VOLUNTÁRIOS Dados pessoais Nome: __________________________________________________________________________ Morada: _________________________________________________________________________ Código postal: _________________ Localidade__________________________________________ Concelho________________________________ Telefone ________________ Fax ________________ Telemóvel ______________________ e-mail ____________________________________________ Dados Profissionais Empresa/Instituição_______________________________________________________________ Função ____________________________ Sector de atividade ______________________________ N.º de Trabalhadores _______________ Início de atividade (ano/mês)_______________ Preferências Quais os sectores/ramos de atividade dos negócios onde detém mais conhecimentos e/ou interesse em ser mentor de novos empreendedores? ____________________________________ ________________________________________________________________________________ Disponibilidade Está disponível para a participação em reuniões conjuntas periódicas com outros empresáriosmentores associados ao Programa ? Sim Não. Quantas horas semanais disponibiliza para esta atividade? _____ horas Motivação O que o(a) motiva a participar no Programa de Mentoring ? ______________________________ ________________________________________________________________________________ Outros aspetos Além de mentor(a) voluntário(a) gostaria de colaborar mais com o Programa ? Patrocinando: investindo com financiamento em novas iniciativas empresariais e contribuindo para o seu sucesso apoiando novos empreendedores com a minha experiência e competências como empresário(a) Investindo: investindo com financiamento em novas iniciativas empresariais Outras colaborações. Quais , orador(a), formador(a), …)? _________________________________ ________________________________________________________________________________ Data: _______________ Assinatura: ________________________________________ 124 4.4 /CÓDIGO DE CONDUTA (OU REGULAMENTO DA REDE) FONTE: BASEADO NO PROGRAMA GLOCAL CÓDIGO DE CONDUTA 1. Introdução Reconhece-se que este Código de Ética baseia-se em valores e princípios que nortearão a conduta de todos os mentores voluntários, permitindo assim a uniformidade, e foi reduzido a escrito de forma a assegurar que não haja lugar a mal entendidos. 2. Interesses & Confdencialidade 2.1 Os voluntários do Programa de Mentores devem sempre colocar os interesses dos empreendedores em primeiro lugar aquando do desenvolvimento das suas atividades de aconselhamento e mentoring. Os mentores deverão assegurar que os recursos apropriados serão disponibilizados aos empreendedores, incluindo o apoio prestado por outros conselheiros e consultores do Programa. 2.2 Os mentores deverão estabelecer contactos de acompanhamento de forma a assegurar o potencial sucesso dos empreendedores. Se o mentor ficar indisponível, por qualquer razão, para continuar as atividades de aconselhamento/mentoring será designado um outro mentor. 2.3 Os mentores devem sempre proteger a confidencialidade da informação do negócio fornecido pelos empreendedores. Nenhuma divulgação (à exceção das solicitadas no âmbito do Programa de Mentoring) será feita de tal informação, ou da existência de um relacionamento de aconselhamento/mentoring, sem aprovação prévia do empreendedor. 2.4 Os mentores não aconselharão ou serão mentores em simultâneo de X ou mais empreendedores diretamente concorrentes ao mesmo tempo sem o conhecimento pleno de todas as partes. 2.5 Os mentores voluntários não deverão aceitar participar no aconselhamento que crie um conflito de interesses entre os seus negócios ou da sua família, bem como as suas atividades financeiras ou outros interesses. 2.6 Os mentores voluntários deverão preservar a confidencialidade de todos os documentos e informações recebidas do Programa, ou de qualquer dos seus parceiros, bem como dos empreendedores. Além disso, os mentores deverão respeitar os direitos de autor e de propriedade intelectual de quaisquer informação ou materiais que são usados na prestação de serviços de apoio aos negócios, sejam eles em formato impresso ou electrónico. 3. Compensação 3.1 Os Mentores, devido ao seu estatuto de voluntariado, não poderão aceitar taxas, honorários ou coisas de valor como pagamento para serviços individuais de consultoria ou mentoring ao empreendedor ou pela sua participação em alguma outra atividade do Programa. 3.2 Os mentores não poderão aceitar pagamentos do empreendedor para viagens ou qualquer outra atividade, mesmo que consideradas necessárias para a prestação de mentoring, com excepção das despesas pagas ou reembolsadas pelo programa. 4. Terceiros 4.1 Os mentores não aceitarão taxas, comissões ou coisas do valor de terceiros por terem recomendando qualquer serviço, equipamento ou consumíveis nem recomendarão a compra de bens ou serviços em que têm um interesse directo, indirecto, financeiro ou de qualquer outro tipo. 4.2 Os mentores não deverão aceitar comissões ou coisas do valor pelo auxílio na preparação de candidaturas a empréstimos ou outras fontes de financiamento. 125 4.3 Os mentores, ao recomendar aos empreendedores fornecedores de serviços ou bens, devem identificar, sempre que possível, diversas opções de entre as quais o empreendedor pode seleccionar. 4.4 Os mentores deverão consultar as entidades parceiras da Iniciativa de forma a assegurar que as recomendações a fazer aos empreendedores não entram em conflito com os serviços que essas entidades oferecem. 6.3 Os Mentores não deverão fazer intervenções públicas que associem o Programa às sua opiniões pessoais ou que sejam críticas ao Programa. Existem mecanismos previstos no processo de avaliação que permitem recolher, registar e tratar as opiniões, reclamações e sugestões dos Mentores Voluntários. 6.4 Os Mentores não deverão fazer intervenções públicas que de alguma forma identifiquem o Programa com um partido ou orientação política. 5. Interesses Pessoais 5.1 Os Mentores não devem publicitar, solicitar ou propor a utilização dos seus negócios no curso de suas atividades de aconselhamento/mentoring. O Programa de Mentoring não deve ser usado como uma fonte ou uma plataforma para contactos e desenvolvimento dos negócios pessoais ou familiares. 5.2 Os Mentores não devem diretamente ou indiretamente tornarem-se colaboradores, gestores ou acionistas, ou financiar (por investimento, empréstimos ou de outra maneira) entidades com fins lucrativos que procurem o aconselhando no âmbito do Programa ou que dele tenham usufruído nos últimos três anos. Caso esta situação se coloque, o Mentor deverá informar de imediato a coordenação do Programa, cessando ao mesmo tempo a atividade de mentoring a essa entidade/empreendedor. 6.Conduta Pessoal 6.1 Os Mentores serão responsáveis na sua atualização pessoal em práticas de negócio bem sucedidas e em desenvolvimentos de técnicas relevantes. 6.2 Os Mentores não devem discriminar, em qualquer das suas atividades relacionadas com o Programa, qualquer pessoa em função da raça, cor, etnia, nacionalidade, sexo, idade, religião, estado civil ou deficiência. 126 6.5 Os Mentores devem, em qualquer altura, durante o desempenho das suas atividades de mentoring, comportar-se de forma a não descredibilizar os seus empreendedores, a si próprios, e ao Programa de Mentoring. 6.6 Os Mentores deverão procurar aconselhamento junto da coordenação do Programa sobre a possibilidade de alguma ação ou inação que tenham motivos para acreditar ser, ou poder conduzir a, uma violação a este Código de Conduta, antes desta ter lugar. 6.7 Aos Mentores é requerida a assinatura deste Código de Conduta como reconhecimento das suas responsabilidade. Local e data: _________________________ ____________________________________ Nome:______________________________ ____________________________________ Assinatura: _________________________ ____________________________________ 4.5 /FICHAS DE REUNIÃO FONTE: ADAPTADO DA REDE DE MENTORES MADRID Dados: Nome Mentor:________________________________________________________________ Nome Empreendedor: _________________________________________________________ Data:___________ Fase de Desenvolvimento do Negócio: ___________________________ Temáticas abordadas: • __________________________________________________________________________ • __________________________________________________________________________ • __________________________________________________________________________ Principais dificuldades sentidas: Principais sugestões de melhoria: Outras Observações e Comentários: Data: _______________ Assinatura Mentor:__________________________________ Assinatura Empreendedor: ___________________________ 127 4.6 /FICHAS DE AVALIAÇÃO FONTE: ADAPTADO DA REDE DE MENTORES MADRID FICHAS DE AVALIAÇÃO DO MENTOR, PREENCHIDA PELO MENTORADO Pontuação: 1 Falso, 2 mais falso que verdadeiro, 3 mais verdadeiro que falso , 4 verdadeiro O apoio do teu mentor foi útil para alcançar as metas a que se propuseram? Foi fácil reunires com o teu mentor? Recebeste críticas construtivas e feedback das tuas ações? O teu mentor facilitou a tua participação profissional em atividades relacionadas? O mentor colocou-te em contacto com outros profissionais – peritos para aconselhamento? O mentor conseguiu dar-te motivação para prosseguir as tuas ideias e passá-las à prática? Estabeleceram um plano escrito com metas e direções de trabalho conjunto? Estabeleceram no início da relação indicadores claros para avaliação de sucesso? Alcançaram as metas definidas no acordo de mentoring? Estás satisfeito com a frequência com tiveste contacto com o teu mentor? Agrada-te o estilo de mentoring criado na tua relação? A relação de mentoring contribuiu para as tuas expectativas sobre o Programa? O teu mentorado mostrou iniciativa? Opiniões pessoais sobre o teu mentor: ____________________________________________ ____________________________________________________________________________ Sobre a relação: Dá dois exemplos de situações em que tenhas beneficiado da relação com o teu mentor __ ____________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________ Sobre o teu crescimento: Descreve a melhoria em conhecimentos e aptidões que resulta da relação com o mentor __ ____________________________________________________________________________ Menciona algo que pensas vir a fazer e que resulta do trabalho com o mentor __________ ____________________________________________________________________________ Sobre o Mentoring: De que forma a relação de mentoring poderia ter sido mais eficaz ____________________ ____________________________________________________________________________ Que recomendações farias para futuros programas de mentoring _____________________ ____________________________________________________________________________ Comentários gerais sobre o programa de mentoring ___________________________________ ______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ 128 FICHAS DE AVALIAÇÃO DO MENTORADO, PREENCHIDA PELO MENTOR Pontuação: 1 Falso, 2 mais falso que verdadeiro, 3 mais verdadeiro que falso , 4 verdadeiro 1 2 3 4 Foi fácil reunir e falar com o teu mentorado? O teu mentorado aceitou bem os teus conselhos e apoio? Foi recetivo às criticas construtivas e feedback geral? O mentorado aceitou participar em atividades profissionais por ti indicadas? Aceitou ficar ligado a outros peritos por ti indicados em áreas relevantes? O mentorado ficou motivado a prosseguir com as suas ideias e passá-las à prática? Estabeleceram um plano escrito com metas e direções de trabalho conjunto? Alcançaram as metas definidas no acordo de mentoring? Estás satisfeito com a frequência com tiveste contato com o teu mentorado ? Agrada-te o estilo de mentoring criado na relação? A relação de mentoring contribuiu para as tuas expetativas sobre o Programa? Recebeste algum feedback do mentorado sobre o teu trabalho enquanto mentor? Sobre a relação: Quais as atividades do mentorado que terão sido mais beneficiadas? _____________________ ______________________________________________________________________________ Qual a mudança mais importante no mentorado que podes identificar como resultado da relação ____________________ Sobre o teu crescimento: Descreve a melhoria em conhecimentos e aptidões que resulta da relação com o mentorado _______________________________________________________________________________ Menciona algo que pensas vir a fazer e que resulta desta relação ________________________ _______________________________________________________________________________ Sobre o Mentoring: De que forma a relação de mentoring poderia ter sido mais eficaz ? ______________________ ______________________________________________________________________________ Que recomendações farias para futuros programas de mentoring? _______________________ _______________________________________________________________________________ Comentários gerais sobre o programa de mentoring ___________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ 129 5 RE F E RÊ NC I A S MACLENNAN, N (1999). Coaching and Mentoring Hampshire: Gower BAND – Business Angels Netzwerk Deustchland htp://www.business-angels.de/ Programa GLOCAL htp://iniciativaglocal. eu/ Redes de mentores Madri+d htp://www. madrimasd.org/emprendedores/redmentoresmadrid/ 130 Investir no seu futuro