Ficha dos nossos apelidos (EE) - Docentes de Português na Galiza

Transcrição

Ficha dos nossos apelidos (EE) - Docentes de Português na Galiza
Ficha dos nossos apelidos (EE)
Os apelidos provêm de alcunhas dos nossos antepassados que podem ter várias origens:
Toponímica: a de todos os que coincidem com o nome de uma localidade.
Patronímica: aqueles que significavam 'filho/a de', normalmente acabados em -es
Profissional: Ferreiro, Cordeiro
Caracterizadora: em geral, quase todos os outros, como Preto, Calvo...
a. Utilizando os seguintes modelos (mas não reproduzindo-os fielmente), faça uma ficha (20 linhas
no máximo) do seu apelido, em que conste:
b. Entregue a ficha ao professor ou professora, que lha devolverá plastificada para que lha possa
oferecer a algum familiar com o seu mesmo apelido.
1. Forma portuguesa ou galega, caso fosse castelhanizada
2. Origem lendária ou real
3. Vitalidade atual e extensão geográfica
4. Pessoas famosas que o levaram
5. Se for toponímico: localidades que se chamam assim
6. Qualquer outra coisa que quiser comentar
Para além de livros sobre toponímia e antroponímia (por exemplo, Consultório dos Nomes e
Apelidos Galegos, de Méndez Ferrín), pode utilizar dicionários, bases topográficas, o Topogal, a
'Cartografia dos Apelidos Galegos' e outros recursos que considerar interessantes na Internet:
http://www.iessanclemente.net/files/ANTROPONIMIA%20GALEGA%20DEFINITIVO.pdf
http://ilg.usc.es/cag/
http://anossavida.pt/sites/anossavida.pt/files/100_apelidos.pdf
Não deixe de escrever a ficha por não saber uma informação. Contorne o problema falando de
outras coisas.
MODELOS DE OUTROS ANOS
Três toponímicos:
Fraga
Apelido toponímico muito habitual na Galiza. Tanto que dificilmente poderemos
investigar a origem mais remota da minha família, que poderia provir de qualquer
uma das mais de cem localidades assim chamadas na Galiza atual. As fragas fazem
referência, no Norte da Galiza, aos bosques de folha caducifólia espalhados por
terras dedicadas a outros usos, florestais ou de cultura, normalmente à beira de
rios, mas isto tem mais a ver com o infeliz declínio deste tipo de vegetação. No Sul
da Galiza e Portugal conserva o significado de ‘penedo’ ou ‘penedos espalhados por
um monte escarpado’. Os topónimos eram alcunhas habituais para identificar
recém chegados a uma terra qualquer, de outra terra assim chamada. Com o passar
dos anos, as alcunhas passavam a ser familiares e depois apelidos oficiais.
Abundante sobretudo no Norte da Galiza, levam este apelido mais de 12.000
pessoas.
Alvaredo
É a forma galego-portuguesa que, por sorte, não foi castelhanizada.
Trata-se dum apelido de origem toponímica. Segundo Almeida Fernandes, «O
que se tem em Alvaredo é o derivado em -edo < -etu de «alvar», relativo ao
carvalho: este produziu topônimos como Alvares, Alvarenga, Alvarinho, etc; e o
sufixo -edo é «botânico» por excelência, sendo aquela espécie vegetal a
caracterizadora de região fitoclimática na metade norte de Portugal e da Galiza.»
O topónimo aparece em muitos lugares da Galiza e Norte de Portugal (Entre Douroe-Minho, Trás-os-Montes e Beira).
É o que se passa com a província do Minho, onde aparecem dous lugares do distrito
de Viana do Castelo com o topónimo Alvaredo:
•
Freguesia no município de Ponte da Barca (distrito de Viana do Castelo)
•
Freguesia de Alvaredo (município de Melgaço), com 4,48 km² de área e 614
habitantes (2001), possui jardim de infância e uma igreja do mesmo nome dedicada a
São Martinho.
Confina com o rio Minho, a norte e poente e ainda com a Galiza, na outra
margem do rio. Primitivamente era uma igreja com planta em cruz latina com
uma só nave central. Sofreu uma derrocada em 1939 ficando com o telhado e
parte das paredes demolidas até que foi reconstruída abrindo de novo ao
culto em 1943, sendo-lhe acrescentada uma nave lateral do lado direito.
Em Trás-os-Montes aparece, no distrito de Bragança, a freguesia de Alvaredos
(município de Vinhais), localizada a cerca de 14 km da sua sede concelhia. É
detentora de uma área de 7,4 quilómetros quadrados, e com 83 habitantes, a
freguesia de Alvaredos possui uma densidade de 11,2 hab/km2.
Na região há um ditado popular que diz "Boa raba de Soeira, bom trigo de Paçó,
bom vinho dos Alvaredos e castanhas de Sobreiró.”
Na Galiza o topónimo aparece em vários lugares também:
•
A freguesia de Alvaredo na periferia de Sárria (perto da família materna do
Zé), e ainda é o nome dum acidente terrestre em Pedrafita do Cebreiro.
•
Denomina o nome de dois lugares em Palas de Rei;
•
E em Quiroga temos o lugar de São Martinho de Alvaredos na parróquia de
Montefurado;
•
Quanto aos erros ortográficos, aparecem mais 41 lugares ou acidentes
terrestres grafados com “b” (8 deles em plural: Albaredos).
Vitalidade atual e extensão geográfica. É um apelido um pouco esquisito. Na
Galiza apenas temos 320 pessoas (0,0117% do total), a maioria nos seguintes 3
concelhos: Sárria, Oíncio e Samos que superam o 0,40 %. Por sinal a família
materna do Zé é de Oíncio. Grafado com “b” apenas existem 3 pessoas, enquanto
com o apelido Albarado existem 6 pessoas, 5 delas em Ourense. E ainda aparecem
540 pessoas com o apelido Alvarado (0,0195% do total).
No país vizinho, na Espanha, há 92 pessoas em Zamora, 36 em Astúrias e 16 em
Leão.
De Portugal não conseguimos registos da distribuição do apelido.
E naturalmente, da Galiza e Norte, também chegou ao Brasil, porquanto há várias
pessoas com esse sobrenome.
Não há pessoas famosas com o apelido Alvaredo. Entre as mais populares, apenas
descobrimos: um diretivo da BMW responsável pela avaliação das transmissões da
marca; uma monitora de ioga alemã, Anette Alvaredo, que faz programas de TV;
Dhyanaina Alvaredo quem é Miss Limeira e candidata a Miss São Paulo e para
concluir, o grupo britânico, de música tradicional (“folk”), Alvaredo Jones que
participou em 2007 no Bristol Rhythm and Roots Festival.
Freguesia de Alvaredo
Dhyanaina Alvaredo, miss Alvaredo Jonesé um
(Melgaço): escudo e igreja Limeira e modelo.
desconhecido grupo de
de Alvaredo
música tradicional.
FONTES:
•
CIBERDÚBIDAS
•
Glossário Toponímico - Galiza, Portugal e Brasil (José Cunha-Oliveira)
http://glossariotoponimiagpb.blogspot.com/
•
Toponímia galego-portuguesa e brasileira:
http://toponimialusitana.blogspot.com/
•
Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa (José Pedro
Machado)
•
Toponímia Portuguesa, Arouca, Associação de Defesa Arouquense, 1999,
(pág. 40) de A. de Almeida Fernandes;
•
Google e Google Imagens.
•
Cartografia dos apelidos da Galiza (USC)
•
WIKIPEDIA
•
Vocabulário típico de Moimenta:
http://www.bragancanet.pt/moimenta/Vocabulario%20tipico.html
•
http://www.myheritage.com/apellido/ES/Alvaredo
•
http://www.misabueso.com/nombres/apellido_alvarado.html
•
http://www.apellidosweb.com/apellido/alvaredo.html
Vila Nova
Vila Nova é um apelido toponímico mais habitual na Galiza na sua versão espanhola
(Villanueva, com 4.460 pessoas) do que na galega (Vilanova, com 1.577). Os que nos
apelidamos assim representamos a maior proporção no Ribeiro e no Morraço,
embora sendo muito minoritários em todo o caso, já que mal atingimos os 1% dos
vizinhos no melhor dos casos.
Quanto à origem do apelido, há quem refira que os Vilanova provêm da Occitânia,
provavelmente da Gasconha, mas também quem indique a proveniência catalã (em
todo o caso, não vão muito longe); se estivermos a falar dos Villanueva fala-se
sempre dum apelido com origem no Aragão.
Há muitas povoações que conservam o apelido na sua denominação oficial: em
Portugal são Vila Nova de Gaia, Vila Nova de Famalicão e Vila Nova de Cerveira as
mais importantes; na Galiza, Vilanova de Arousa e Vilanova de Lourenzá; mesmo
na Catalunha é Vilanova i la Geltrú e em Espanha Villanueva de los Infantes, por
exemplo. Há muitas Villanueva na América e, como curiosidade, nas Filipinas há un
local que não se chama Villanueva, mas “Municipality of Enrique Villanueva”. A
razão, quem sabe?
Quer como apelido, quer como topónimo, a Vilanova galega parte-se para ser a Vila
Nova portuguesa. Corcodam nisto os galegos com os catalães, que também
escrevem junto. É precisamente un catalão o Vilanova mais conhecido na
actualidade e foi un português quem ajudou a fazê-lo popular quando lhe meteu un
dedo no olho e depois fez que não sabia quem era. Por que o agrediu? Por quê? Se
calhar por não se porem de acordo em se Vila Nova se escreve à moda de Porto ou à
moda de Port Aventura? E como é que se chama o tal Vilanova? Pito Vilanova?
Tito!!!
Outras pessoas famosas que levam ou levaram o apelido, na língua que fosse, são o
escritor e académico espanhol Darío Villanueva e os pilotos canadianos Gilles e
Jacques Villeneuve, pai e filho, para além, com certeza, do misterioso Enrique
Villanueva que quem sabe que coisas terá feito nas Filipinas…
Um caracterizador:
Camanho
O mais provável é que a primeira pessoa da minha família que levou este apelido
fosse uma pessoa grande e forte, porque Camanho (com duplicação do ‘a’ se for
Caamanho) provém de quam magnum (‘que grande!’) da mesma maneira que
tamanho provém de tam magnu (‘tão grande!’). Ora bem, também pode ter origem
na única localidade (ou nalguma outra já desaparecida) chamada assim na Galiza: o
lugar e freguesia chamada Caamanho do concelho de Porto d’Ozom, na comarca de
Nóia. Porém, no concelho de Vilalva, freguesia de Codessido, existe um outro
lugarejo chamado Cás-Camanho (este com um só ‘a’, como aparece o apelido em
Portugal). A duplicação do ‘a’ é uma forma arcaica de alguns topónimos e apelidos:
Vaamonde, Caaveiro... Os topónimos eram alcunhas habituais para identificar
recém chegados a uma terra qualquer, de outra terra assim chamada. Com o passar
dos anos, as alcunhas passavam a ser familiares e depois apelidos oficiais. Uma das
maiores concentrações de apelidos Caamanho/Camanho, que levam mais de 9.000
pessoas, encontra-se nas comarcas de Bergantinhos, a minha terra, e a Costa da
Morte.
Um patronímico:
Rodrigues
‘Filho de Rodrigo’; a terminação -es (‘filho de’) corresponde-se, na tradição
castelhano-leonesa com -ez (Rodríguez) e na catalã com -is (Peris). É um tipo de
formação de apelidos comum a muitas línguas e culturas (Benicassim: ‘filho de
Cassim’; O’Neal: ‘filho de Neal’; McDonald: ‘filho de Donald’). O meu apelido
paterno é, com muitíssima diferença, o mais frequente da Galiza; só na Comunidade
Autónoma Galega levam este apelido mais de duzentas trinta mil pessoas, sendo
nas comarcas do Sul e do Leste onde mais abunda.
Um profissional:
Taberneiro
Levam o meu mesmo apelido, Tabernero, só 65 pessoas na Comunidade Autónoma
Galega, e só 10 sob a forma Taberneiro, nomeadamente no concelho de Forcarei. É
evidente que a origem do apelido é uma alcunha que serviu para motejar uma
pessoa nos primórdios da minha estirpe materna, que, claro, trabalhava numa
taberna.