Anatomia de um clássico
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Anatomia de um clássico
QUI SALVADOR 9/5/2013 SEG PERSONA TER POP QUA VISUAIS HOJE CENA/VIAJAR SEX FIM DE SEMANA SAB LETRAS DOM TELEVISÃO atarde.com.br/caderno2mais 2 EDITORA-COORDENADORA: SIMONE RIBEIRO / [email protected] TELEVISÃO NEGOCIAÇÕES DO SBT COM ADRIANE GALISTEU (FOTO) DESAGRADAM ELIANA. VEJA NA ESTREIA DA COLUNA DE RICARDO FELTRIN 5 CÊNICAS ESPETÁCULO AMNÉSIS ESTÁ EM CARTAZ NA SALA DO CORO DO TCA 3 Band / Divulgação s dos os detalhes de bastidore to a br em sm de e qu ro liv lo be Demônio (1981) ganha um do te or M A z, rta ca em e ak m LIVRO Com o re ÔNIO EVIL DEAD - A MORTE DO DEM WARREN [ARQUIVOS MORTOS] / B. Bruce Campbell e Ellen Sandweiss em cena do filme DarkSide/ 320 p./ R$ 49,90/ R$ 64,90 (edição capa dura) / darksidebooks.com.br Fotos Divulgação CHICO CASTRO JR. Objeto de culto desde seu lançamento em 1983, o filme A Morte do Demônio (The Evil Dead) gerou uma trilogia, um remake (em cartaz nos cinemas), HQs, games e até um musical, além de ganhar lugar privilegiado na cultura pop. Agora, os fãs ganham também um livro, contando os bastidores da saga. Evil Dead - A Morte do Demônio [Arquivos Mortos], de Bill Warren, traz a história do trio por trás do filme, desde suas infâncias até a realização da trilogia e além. Fruto da mente criativa (e ligeiramente pervertida) dos então jovens Sam Raimi (diretor), Bruce Campbell (ator e coprodutor) e Rob Tapert (produtor), A Morte do Demônio é uma montanha-russa macabra de possessões demoníacas, desmembramentos, sustos e uma pitada de comédia. Essa sensação de sobe e desce das montanhas-russas, na realidade, era justamente a intenção do trio desde o início. “Comecei a ver que existe arte neles (nos filmes de terror), e que há uma técnica na criação do suspense. (...) Eu observava o suspense sendo construído em um filme, e quando ele era disparado, o público pulava e gritava. (...) Entendi que fazer um filme de terror era como escrever uma peça musical”, disse Raimi à revista New Yorker. Peça-inaugural do subgênero de terror “filme de cabana”, no qual jovens farristas são encurralados e mortos em alguma cabana isolada na floresta, A Morte do Demônio coloca dois rapazes e três moças em sérios apuros quando um deles encontra um estranho livro e um gravador no porão. A gravação informa, em voz sinistra, que o livro é um volume ancestral utilizado na in- vocação de forças demoníacas. E começa a recitar as palavras que chamam essas forças. A câmera e a tábua Instantaneamente, o próprio espectador “se torna” parte dessas forças, por meio do recurso da câmera subjetiva (primeira pessoa), que percorre os bosques em alta velocidade, entre árvores e sobre lagos, até a cabana – um dos muitos truques exibidos por Raimi. No livro, Warren desenterra muitos detalhes até então desconhecidos. Raimi, um garoto de classe-média de Detroit, já fazia filmes caseiros em su- Cena da levitação, com a atriz Linda Blair, um dos efeitos especiais de O Exorcista Pai de todos os demônios completa quatro décadas JOÃO CARLOS SAMPAIO que, por sua vez, teria se inspirado num fato real. Na tela, o público vê uma garotinha de 12 anos (encarnada pela atriz Linda Blair) tomada por uma “doença” que a medicina e a religião não dão jeito. Somente um velho padre (Max Von Sydow), acostumado a exorcismos, consegue diagnosticar a situação, mas acaba por provocar a ira do demônio. Efeitos visuais, que incluem o famoso giro completo da cabeça, além de levitação, jatos de vômitos e até a ousada masturbação com o crucifixo, causaram espanto e polêmica. O clássico da possessão demoníaca, o filme O Exorcista, de William Friedkin, vai completar 40 anos de idade este ano (foi lançado em dezembro de 1973). São quatro décadas de um novo filão nas fitas de terror, que inovou técnica e conceitualmente o gênero. O filme não inaugurou o tema, obras como o polonês Madre Joana dos Anjos (1961), de Jerzy Kawalerowicz, chocaram o mundo antes. Proibido em muitos países, o filme circulou pouco, mesmo premiado em Cannes, com sua história sobre freiras endemoniadas. O primeiro grande sucesso mundial acabou sendo O Exorcista (1973), que popularizou o tema e gerou continuações e cópias. Virou uma referência no imaginário coletivo, ganhando até citação na música do roqueiro baiano Raul Seixas (Rock do Diabo). Muito conhecida, a história se baseia no best seller homônimo de William Peter Blatty, Impacto Passados 40 anos, o filme continua impactante. A fórmula, que empresta um ritmo de thriller, garantindo um misto de medo e suspense e as atuações marcantes do elenco, entre a caricatura e o realismo, fizeram deste filme algo especial. O Exorcista II - O Herege (1977), protagonizado por Linda Blair, O Exorcista III (1990), mem-Aranha e Oz - Mágico e Poderoso (2013). Mas foi ali, nos bosques gelados dos cafundós do Tennessee em pleno inverno, que o cineasta, aos 21 anos, cimentou sua estrada rumo à fama e fortuna. Warren revela que, para os famosos travelings pela floresta, foi utilizada uma tábua carregada por dois homens, sobre a qual a câmera foi presa com fita adesiva. Steadycam (equipamento profissional)? Com que dinheiro? Caudaloso, o [Arquivos Mortos] de Warren traz muitos e muitos outros detalhes sobre a trilogia. Essencial para os fãs. per-8 desde criança. Sua maior inspiração, contudo, não eram os monstros da Universal ou da Hammer – e sim as comédias dos Três Patetas, influência leve em A Morte do Demônio e escancarada em sua sequência, Uma Noite Alucinante (Evil Dead 2). Com o filme, rodado com orçamento ínfimo e muito sacrifício da parte de toda a equipe envolvida, Raimi, Campbell e Tapert foram aclamados em festivais mundo afora, chegando a ser aplaudidos de pé em Cannes. Raimi é hoje um diretor de blockbusters milionários como a trilogia Ho- COINCIDÊNCIA OU MALDIÇÃO? William Friedkin surgiu como cineasta promissor nos anos 1970. Com Operação França ganhou prestígio, confirmado com O Exorcista. Mas depois de “mexer com o diabo” sua carreira jamais foi a mesma. O Exorcista, de William Friedkin, popularizou o tema e gerou continuações e cópias. Virou uma referência no imaginário coletivo O Exorcista - O Início (2004), além do prequel O Exorcista (2005), estão entre os herdeiros diretos da fita de William Friedkin. No entanto, são muitos os rebentos, incluindo A Repossuída (1990), novamente com Linda Blair. Entre os mais famosos aparecem ainda Stigmata (1999), O Exorcismo de Emily Rose (2005) e O Último Exorcismo (2010). Este último, por sinal, ganhou uma continuação, bati- zada de Parte 2, que estreia amanhã nos cinemas. Faz companhia a outro lançamento recente, o remake A Morte do Demônio, produzido por Sam Raimi, que ainda está em cartaz em Salvador. Depois de O Exorcista, Friedkin jamais conseguiu repetir a acolhida de público e crítica. A fita segue assombrando sua carreira, verdadeiro “fantasma” também para todos que enveredaram no tema e no gênero.
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