Edição de Janeiro de 2010.
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Edição de Janeiro de 2010.
Jornal de www.jornaldeoleiros.com Ano 1, Nº4, Janeiro de 2010 Preço: 0,50 • Edição Mensal Director: Paulino B. Fernandes OLEIROS • Peixes Frescos Grelhados • Grelhados • Cabrito Estonado • Bucho e Maranho INFLUENTE NA REGIÃO DO PINHAL INTERIOR SUL, BEIRA INTERIOR SUL E COVA DA BEIRA AMIEIRA, freguesia que se afirma Continuando a fazer o acompanhamento do Concelho, entrevistámos o Presidente da Junta de Freguesia da Amieira, Senhor Francisco Mateus, que se apresentou aos eleitores com um projecto concreto de actividades a executar, baseados em cinco pontos principais, dos quais afirma, ter já assegurados a concretização de três PÁGINA 2 Campeonato OPEN de RALIS 2010 Rali ROTA DO MEDRONHO 20 e 21 de Março Um upgrade de qualidade ! Depois do sucesso conseguido com a prova organizada pela Escuderia Castelo Branco em 2009, integrada no Campeonato Open de Ralis, o clube albicastrense decidiu apostar num verdadeiro “upgrade” de qualidade, deslocando a prova para uma outra zona da Beira-Baixa, que desde o lançamento da ideia, a acolheu de braços abertos. A procura de classificativas mais interessantes para os concorrentes, com desenho e competitividade exemplares, levou a Escuderia Castelo Branco a rumar a terras de Oleiros e Proença-a-Nova, para avaliar a disponibilidade de estradas, algumas delas outrora utilizadas em terra, nos ralis dos anos 70 e 80, que o “progresso asfaltou” Passagem de Ano em Oleiros Oleiros entrou em 2010 com a convicção de que este será um ano de afirmação continuada. Novo Centro de saúde, novo Hotel e outras realizações que acompanharemos de perto. A Pirotecnia Oleirense exibiu um grandioso fogo de artifício, tão nobre e espectacular como aqueles que vêm produzindo em todo o Mundo 2 Jornal de OLEIROS JANEIRO 2010 EDITORIAL ENTREVISTA AMIEIRA, freguesia que se afirma Homenagem Em 6 de Setembro de 1924, Augusto Martins, Director de O HERALDO DE OLEIROS jornal que nos antecedeu, afirmava: “ Rapazes, cheios de mocidade e de vida, que mourejamos longe da terra que nos foi berço e amamos com um amor que a saudade avigora, resolvemos fundar este jornal, onde nos lançamos com denodo à defesa dos interesses desse pequeno torrão pátrio abandonado”. Numa outra nota desta primeira edição de O HERALDO DE OLEIROS, podia ler-se: “ Esperamos que este jornal seja bem recebido, porque ele representa um grande esforço nosso, e não tem outro fim senão o de engrandecer a nossa terra”. Com estas duas notas, prestamos homenagem a quem nos antecedeu com os mesmos propósitos. Um Novo ano Partimos para 2010 com fé redobrada. Se em Outubro de 2009 o JORNAL DE OLEIROS era um projecto animado e crente na possibilidade de fazer um jornal interessado na defesa do concelho, do distrito e mesmo do país, hoje, após as primeiras edições, estamos confiantes que o rumo traçado e em cada mês consolidado, nos propiciará novas responsabilidades e maior afirmação. Cresce a adesão Rompendo os limites do concelho que se afirma no conjunto dos concelhos do distrito, chegamos em cada dia mais longe (encontrará nota em separado nesta edição referindo onde nos pode encontrar) e, agora, apoiados com o site www.jornaldeoleiros.com, cumpriremos com melhores meios a função de unir os que estão na terra aos que partiram e pelo mundo se encontram. Portugal em nova encruzilhada Com um défice a aproximar-se de 100% do PIB, um desemprego galopante a aproximar-se dos 11% e dos 600 000 desempregados, Portugal não terá em 2010 um ano fácil. Será um ano que requer coragem, novas capacidades, clarividência nas decisões, rigor na actuação, justiça clara e célere. Teremos essa capacidade? Desejamos que sim.n Director [email protected] e-mail: [email protected] Telef.: 272 107 999 Agora com pagamento de facturas domésticas e carregamento de telemóveis “ A propósito, diz Francisco Mateus, quero salientar a excelente relação que possuo com o Presidente da Câmara e Vereação, sem a qual não era certamente possível anunciarlhe isto, desvalorizando e esvaziando desde já interpretações que se fizeram com o facto da minha candidatura ser independente. É apenas uma forma de estar pessoal” A AMIEIRA, freguesia desde 1804, fica situada a norte de Oleiros e possui 28,2 kms2 de área. Tem uma população de cerca de 150 pessoas, possuindo S. Francisco de Assis como Padroeiro e uma Capela com o mesmo nome. Além da sede da freguesia, possui ainda outras localidades que a integram como a Abitureira, Urraca e Sendinho da Senhora. Todas estão ligadas por estrada. JO: Quais são os projectos que tanto o animam? FM: “ São projectos estruturantes e que trarão à freguesia a concretização de sonhos antigos, justos e a resolução de problemas pendentes. Destaco o Cemitério novo, a Casa Mortuária e a reestruturação da escola que dará origem a um Centro de Dia tão reclamada justamente. Destaquei as duas primeiras porque preservar a memória de um povo é garantir-lhe o futuro. Também procurarei concretizar a estrada da Abitureira para as margens do Zêzere, com 1,5 kms de extensão, de forma a criar uma plataforma flutuante, ancoradouro para barcos, dinamizando do ponto de vista Continuando a fazer o acompanhamento do Concelho, entrevistámos o Presidente da Junta de Freguesia da Amieira, Senhor Francisco Mateus, que se apresentou aos eleitores com um projecto concreto de actividades a executar, baseados em cinco pontos principais, dos quais afirma, ter já assegurados a concretização de três turístico e de lazer a minha região” JO: A tranquilidade da zona tem trazido estrangeiros para a Sua região. O que se passa afinal? FM: “ É verdade e quero salientar como estão integradas estas famílias inglesas. São pessoas normalmente de cultura elevada que animam um estilo próprio de vida. Actualmente são 4 famílias com o total de cerca de 20 elementos. Praticam uma alimentação racional, auto-sustentada, vivem perto entre si mas gostam de manter a privacidade. Trabalham arduamente e os filhos frequentam a escola em Oleiros. Por se sentirem bem aqui, vão gradualmente chamando outras famílias. Fogem do stress das grandes cidades. JO: Quer destacar outros problemas? FM: “ Não são propriamente problemas, são dificuldades que resultam do isolamento e da pouca densidade populacional, dispersa. Mais de 95% da população possui água e electricidade. Apenas o saneamento é extremamente difícil pela dispersão que originaria custos insuportáveis”. JO: Está então confiante? “ Muito. FM: Concretizarei os projectos e reforçarei a relação com a autarquia principal. Com esta postura, trarei sempre melhores condições para a população, razão principal e única para a minha candidatura”. Bom trabalho Presidente e até breve, despedimo-nos, anotando a postura de um Homem decidido, de convicções sólidas.n 2010 JANEIRO Jornal de OLEIROS 3 A “VILLA” DE ÁLVARO E O SEU PATRIMÓNIO RELIGIOSO Património religioso: As outras Capelas Na Praça da Misericórdia, logo abaixo da Igreja Matriz, e um pouco abaixo da antiga Casa da Câmara, pode ver-se um pequeno oratório, a Capela da Senhora da Nazaré, encastrada na correnteza de casas que formam o lado Norte da rua. A sua gestão pertence à Santa Casa da Misericórdia. Tem um pequeno altar com a Senhora da Nazaré, imagem de vulto do século XVIII, e duas imagens de roca de grande dimensão, assentes sobre dois andores, que saiem em 6ª Feira Santa, na Procissão do Senhor dos Passos: S. João Evangelista e a Verónica, que tem nas mãos o pano com que limpou o rosto macerado de Cristo a caminho do Calvário. No sítio do Chão do Paço, na zona poente da Aldeia, com uma vista extraordinária sobre o Rio Zêzere, foi construída uma Capela dedicada a Santo António. Datada provavelmente do século XVII, é alpendrada, de uma única nave rematada em cúpula; foi sujeita a reformas sucessivas, uma das quais, já no século XX, alterou profundamente as proporções do alpendre, bem como do recinto envolvente. Tem um retábulo simples, naíf, com várias fiadas de anjinhos, encimando as colunas e delimitando espaços. Possui apenas uma imagem moderna de Santo António com o Menino. Os quadros que a envolvem são reproduções a cores dos Sagrados Corações de Jesus e de Maria, de meados do século XX. Por cima, na parte central, tem uma pintura da Virgem Maria, óleo sobre tela, com uma moldura em talha, muito provavelmente coeva da construção da Capela. Á direita de quem entra encontra-se uma pequena Pia de Água Benta, sobre a qual existe uma bonita tampa de talha dourada, do século XVII, que a protege. No extremo nascente, oposto ao da Capela de Santo António encontra-se a pequenina Capela de S. Gens, santo padroeiro dos agricultores, evocado contra a seca1. Dela se vislumbra igualmente uma paisagem extraordinária sobre o lado contrário do Rio. A imagem do padroeiro é recente, encontra-se em nicho central, e veio substituir a imagem antiga. Numa peanha do lado esquerdo do altar, pode ver-se a mutilada de um imagem presbítero, provavelmente S. Francisco Xavier, “apóstolo das Indias”, que enviado por D. João III para a Índia, dinamizou um apostolado marcante em todo o Oriente, ou São Caetano de Thiene, “caçador de almas para o céu”2. Na peanha simétrica, do lado direito do altar, encontra-se a imagem de S. Martinho, santo cultuado em todo o país, símbolo da caridade e da partilha cristãs. Nascido no século IV, foi soldado romano. Converteuse ao cristianismo e chegou a ser Bispo de Tours. O seu culto está também ligado à agricultura, nomeadamente à festa do vinho e das castanhas. A imagem é do século XVIII. O culto a S. Sebastião é também generalizado em todo o Portugal, sobretudo a partir do século XVI. Ele é o santo protector da peste, da fome e da guerra e tal como encontramos em Álvaro, as suas capelas estão geralmente fora do perímetro urbano da localidade, “ fora de portas”, pois que eram sítios onde se cumpriam quarentenas ou se aguardava a permissão para entrar na Villa. No caso de Álvaro, é interessante a localização, que parece ser a única possível!... Se se recordar que Álvaro era um local de passagem de viandantes, entende-se a necessidade imperiosa de isolar a aldeia dos perigos que daí pudessem vir. A história da Villa de Álvaro, envolvida pelos enigmas da sua fundação e do seu nome, tece-se por entre as malhas do seu património religioso Assim, logo abaixo da Capela de Santo António encontra-se, do lado direito, um caminho que se dirige a um local ermo, um pequeno morro que forma como que uma espécie de “promontório” sobre a Ribeira de Alvelos. O adro, um espaço amplo naturalmente arredondado, foi lajeado, e serviu como eira comunitária até há pouco tempo. Infelizmente, e à revelia do plano existente para a reabilitação do local, foi calcetado e deformado. Uma escadaria central, que vence o acentuado desnível do terreno, dá acesso ao alpendre, de onde se pode ver a porta principal, de cantarias rectas de granito, sobre o qual assenta um nicho de madeira onde se encontrava até 2003, um Cristo Crucificado, em pedra policroma. No Verão de 2003, houve um enorme incêndio que ameaçou Álvaro; nessa altura retiraram da capela o Crucifixo e a imagem de S. Sebastião. A meio do amplo alpendre encontra-se uma mó perfurada, local onde se coloca a Cruz, aquando da Procissão dos Passos. O interior da Capela, que teve uma reforma desastrosa nos anos 80 do século XX, apresenta apenas um altar do século XVIII, de talha Jornal de dourada e policroma, de características populares, que necessita de um arranjo urgente. A cimalha do altar é suportada por quatro anjinhos que a sustêm com a cabeça, levando uma das mãos a apoiá-la, enquanto a outra cruza sobre o peito, num gesto característico das mulheres que vindas da fonte seguram os cântaros à cabeça… Estes anjinhos estão apoiados num cesto formado pelas próprias asas, que arremata centralmente com um medalhão em flor. O Altar tem ainda o painel central pintado com motivos vegetalistas, enquanto que as partes laterais, mostram os dois santos fundadores das Ordens Mendicantes: São Francisco, vestido de burel, recebendo os estigmas, e São Domingos, de túnica e escapulário brancos, e capa negra, segurando na mão direita o báculo e na mão esquerda as Sagradas Escrituras. Há ainda duas Capelas na área adjacente a Álvaro: a da Senhora da Consolação num local aprazível, ainda hoje isolado, é uma Capela de Romaria, que teve grande número de romeiros. Tem um alpendre semelhante ao da Capela de Santo António, e também como ela foi alterada por obras no século XX. Como testemunho da devoção à Senhora da Consolação resta um Ex-voto na Capela da Misericórdia. A Capela de S. Pedro, do século XVII, outrora local de Romaria, situa-se a cerca de dois quilómetros da Vila, num monte sobranceiro à Ribeira de Alvelos. Para além do Património religioso existem ainda alguns edifícios com aspectos interessantes, como o da Casa da Comenda da Ordem de Malta, do século XVIII, em ruínas. Foi adquirido por particulares que dele fizeram uma casa para receber hóspedes. No parede da casa que dá para a varanda da parte traseira, encontrava-se encastrado um pequeno lavatório. A casa apresentava os tectos pintados nas salas. A cozinha mostrava a zona de estar, com sobrado de madeira, contrastando com uma zona lajeada, mais baixa, onde se fazia o lume. Aí ainda se podia há pouco tempo observar o gancho onde se pendurava o caldeiro sobre o lume. O Barbeiro era uma pessoa importante numa Villa isolada como esta, dado que para além de fazer a barba e o cabelo, estava autorizado a sangrar e a fazer emplastros e outros tratamentos, para além de poder receitar chás e mezinhas diversas. Próximo da Capela de S. Gens, pode ver-se esculpida na ombreira de uma porta uma referência à residência de um Barbeiro, em 1838…n Ana Faria 1 - TAVARES, 1999, p. 65 2 - Olhando atentamente a imagem pode ver-se que a sua mão direita segurava um objecto, que poderá ter sido um Crucifixo, o que justifica a sua identificação como São Francisco Xavier, jesuíta, que viveu entre 15061552, tendo sido um dos primeiros companheiros de Santo Inácio de Loyola. Foi canonizado no século XVII, época em que o seu culto teve grande expansão. Por outro lado, a imagem apresenta-se como um presbítero, vestindo-se como os Teatinos, de sotaina preta, sobrepeliz branca e estola, podendo também ser identificada como S. Caetano de Thiene. Este santo viveu entre 14801547, época da Reforma, foi fundador da Ordem dos teatinos, clérigos regulares, que tinha como propósito restaurar a verdadeira vida apostólica no interior do clero; foi canonizado no século XVII, época em que o culto se divulgou. Cf. GIORGI, 2002, pp. 139 e 146; QUEIROZ, s.d., p. 179; DAIX, 2000, p.80; NEVES, 2006, pp.145-148; ROMÁN, 1999, p. 99; TAVARES, 1990, p. 60; LEITE, 2006, pp. 13-24. OLEIROS COMERCIAL E CORRESPONDENTES O Jornal de Oleiros, edições Online e em papel, procura cooperação de COMERCIAL experiente, pretendendo a cobertura de algumas das zonas abaixo indicadas. Os interessados podem ainda considerar a possibilidade de cooperar com o Jornal Povo de Portugal ( ver em www.jornalpovo deportugal.eu) . Sertã . Vila de Rei . Proença-a-Nova . Belmonte . Vila Velha de Ródão . Covilhã . Idanha-a-Nova . Castelo Branco Agradecemos aos interessados o favor de enviar email’s para [email protected] [email protected] Indicando o que considerem útil para valorização de candidatura. Telef. 967 258 298 AGORA COM A GERÊNCIA DO RESTAURANTE SALINAS 4 Jornal de OLEIROS REVISTA JANEIRO 2010 O ANO EM REVISTA DE ALGUNS EVENTOS DE 2009 2009 foi um ano terrível a nível nacional e internacional. O terrorismo veio para ficar e transformou o mundo. As guerras nunca mais têm fim e muitos milhares de pessoas – incluindo crianças – morrem em nome de interesses que na maior parte das vezes nem percebemos bem porquê. A crise económica motivou uma floresta humana e ilimitada de desempregados, mas os Bancos portugueses apresentaram lucros de milhões de euros, com a excepção que todos bem conhecem e para esse todos pagamos (?). Os senhores do mundo não conseguiram sequer chegar a acordo em Copenhaga quanto à redução de gases com efeito de estufa. Uma vergonha! A gripe A matou e continua a matar e a controvérsia, mesmo no seio dos médicos, persiste sobre a vacina. O sismo abanou Portugal mas felizmente não deixou destruição mas as cheias e tornados que se verificaram em muitas zonas de Portugal continental, Açores e Madeira, essas, especialmente as dos últimos dias do ano, foram catastróficas na destruição de casas, culturas, carros e outros bens. Torres Vedras teve apagão, pois só postes de alta tensão foram 26 ao chão e no Algarve, as culturas também foram destruídas. Outros locais também foram BIG bar atingidos criando ainda mais pobreza e desânimo. E, como sabem, enchíamos este jornal com a lista de tantas outras preocupações que todos gostaríamos não se repetissem em 2010 mas, todos sabemos, que quando os elegemos, até parece que passam a viver noutro planeta e que não fomos nós os seus eleitores. Um mundo cheio de egoísmo, de jogos políticos, de estratégias mais partidárias do que de interesse nacional, cheios de palavreado a mais e algum até de muito baixo nível, criando um descrédito generalizado. Todos queremos e exigimos é soluções para 2010 e seguintes. Entendam-se! Concentremo-nos, agora, no concelho de Oleiros, respigando para este jornal o que, a meu ver, merece evidência neste resumo de acções levadas a efeito pelas autarquias e outros agentes culturais e desportivos. Por motivos de espaço, não podemos ser tão exaustivos como desejávamos. Mesmo assim, já é longo, o que de alguma maneira demonstra que muito se fez em 2009. Alguns eventos marcaram, pela positiva, o concelho de Oleiros, numa dimensão envolvente, importante e que extravasou as fronteiras desta terra. Deram lugar a notícias em televisões, rádios, jornais e revistas. Oportunidades Sérgio André Martins Henriques Estr. Nac. 238, Ameixoeira • Telem. 965 839 770 muito bem aproveitadas para divulgação das nossas realidades e potencialidades culturais, gastronómicas e turística. Poderei afirmar mesmo que, a meu ver, foi um ano bem aproveitado na comunicação social, colocando o nosso concelho no mapa aumentando o pontinho que nos indica a situação geográfica. - A 9ª Feira do Pinhal decorreu em Agosto em estreita ligação com a festa de Santa Margarida (as festas do concelho) e marcaram o Verão de 2009. Este evento foi um dos que não passou ao lado dos media e proporcionou a quem esteve presente, momentos absolutamente inesquecíveis. Integrados neste período, decorreram várias acções de complemento, como colóquios e exposições. Na abertura do certame esteve presente o então Secretário de Estado da Protecção Civil. - Em Novembro tivemos a realização da 3ª edição da Mostra Gastronómica - Semana do Medronho e da Castanha – tendose afirmado como um projecto com muitas potencialidades turísticas do concelho. Sete restaurantes aderiram à iniciativa e as suas ementas puderam ser apreciadas por muitos dos residentes e muitos visitantes que puderam ter uma visão das nossas riquezas a vários níveis e que são, já hoje, a porta para o futuro de Oleiros: turismo em várias vertentes. Houve várias actividades integradas nesta semana, como a 3.ª Maratona de BTT “Rota do Medronho”, que contou com 150 elementos e deu visibilidade a nível nacional. No posto de turismo podiam ser adquiridos vários produtos e as montras dos estabelecimentos davam um colorido diferente nestas datas enquanto o S. Martinho era festejado nas Piscinas Municipais. A “Mostra” teve honras de presença na RTP1 no programa “Praça da Alegria”.Oleiros já era considerada a “capital do cabrito estonado”, agora também se tem afirmado como “capital do Medronho”. - O Carnaval em Oleiros mais uma vez se realizou com apoio do município, das Juntas de Freguesias e Associações. Um Carnaval que não coincide com os meses quentes e, por isso, abandona o “jeito brasileiro” para ser muito ao nosso estilo. - As Piscinas Municipais, que festejaram o seu 3º aniversário no final de Dezembro) têm sido um pólo de dinamização de várias acções. Facto que sublinhamos de muito interessante. A “Semana das Piscinas” é uma delas com a utilização gratuita de todos os utentes já com as instalações e água climatizadas. No Verão foram um êxito esperado com alto índice de frequência. Fazem parte de largo complexo desportivo, o ginásio, as piscinas com bar, um parque infantil, campo de futebol de 7, campo de ténis e um circuito de manutenção. Uma realidade a servir Oleiros com todas as condições. - Em 2009, o então Secretário de Estado Adjunto da Obras Públicas visitou Oleiros para se aperceber do andamento das obras da estrada 351 no troço que liga a Isna ao Pontão do Laranjeiro. Esta é uma via útil que dá continuidade às características da estrada que morria de qualidade na Isna, mas não é esta ainda que resolve a ligação necessária à capital do Distrito. - Ainda não foi este ano que o troço de estrada entre a Sertã e Oleiros (estrada 238). Tudo se encaminha para que a vejamos, agora em 2010, a rasgar os montes. O processo já passou por onde deveria passar, mas entretanto temos o Orçamento para 2010… e a verdade até aqui é que ainda não foi feita. Há mesmo quem diga por aqui que ela está embruxada! - A Estalagem de Santa Margarida encorpou visivelmente e a Câmara Municipal deu já o segundo passo, ou seja, o concurso para os arranjos paisagísticos ao nível dos espaços verdes. Arruamentos, iluminação pública, construção de piscinas exteriores e ainda jacuzzi compreendem o mesmo passo. Uma realidade que vai engrandecer Oleiros decisivamente e que é peça fundamental para o suporte de muitos dos projectos a realizar neste vasto concelho. - A 18 de Outubro, a Associação Humanitária dos Bombeiros de Oleiros celebrou 61 anos. O aniversário foi realizado com toda a dignidade. - Também a Filarmónica 2010 JANEIRO Jornal de OLEIROS 5 realizou a sua Oleirense Assembleia Geral a 28 de Novembro, onde já foram apresentadas as contas de gerência do mandato 2007-2008, que foram aprovadas. Na mesma Assembleia foram já eleitos os novos corpos gerentes. - No mesmo mês (3 e 4) a Casa do Benfica comemorou o seu 2º aniversário nas Sarnadas de São Simão. Embora a sua sede tenha muita dignidade, as actividades que desenvolvem e nos têm surpreendido, efectuam-se em diversos locais. A “casa” não se fecha ao seu espaço, e só assim tem sentido. Tem sido muito dinâmica. - Na noite de 5 de Outubro (feriado) Oleiros pode contar com uma realização cultural designada por “IV Encontro de Ranchos de Oleiros”. Decorreu no Pavilhão Desportivo e estiveram presentes, para além do Rancho Folclórico e Etnográfico de Oleiros, o Grupo Folclórico “O Arrais” de Ilhavo e o Rancho Folclórico Pescadores de Matosinhos. Foi um ótimo momento, na sequência de outros que já realizaram. - A 21 de Novembro “Trilho Estreito” levou a efeito a 10ª edição do passeio turístico de TT (Todo o Terreno). Estas iniciativas têm tido o imprescindível apoio do Grupo Desportivo Águias do Moradal. Mais uma vez se traduziu num êxito assinalável. São estas iniciativas que diversificam as ofertas nas acções que se realizam. - Já a 27 de Setembro, o Grupo Maltez do Mosteiro promoveu um passeio de motorizadas que percorreu algumas das freguesias do nosso concelho e que criou momentos de autêntico convívio aos participantes. Foi bom. - Este ano, decorreu também a 1ª Maratona designada por “Oleiros a correr” promovida pelas Piscinas Municipais. - A 8 de Novembro a iniciativa veio da ARCVASO – Associação Recreativa e Cultural de Vale de Souto – realizando um passeio inédito de tractores, mas já vai na sua IV edição. Muitas são as pessoas que gostam de ver este tipo de evento. - Já a finalizar o ano o Grupo Desportivo e Recreativo do Milrico levou a efeito o seu primeiro passeio de Motorizadas. Mais uma iniciativa que movimenta a juventude e que cria oportunidades para se aperceberem das lindas paisagens deste concelho. - Oleiros passou a contar com uma casa de convívio no lugar de Adgiraldo, freguesia de Orvalho. - D. António Dias, Bispo da Diocese de Portalegre e Castelo Branco, veio ao concelho, mais propriamente às freguesias de Sobral e Madeirã. Na Cava, presidiu à celebração da missa na capela que teve melhoramentos realizados recentemente. Estiveram presentes muitos cristãos que assim puderam assistir à santa missa. Note-se que, também aqui, existe a Associação Recreativa e de Melhoramentos. - O Município, com o objectivo claro de promover os produtos locais, produziu um cabaz de Natal tipo, com várias hipóteses para o seu recheio, de cheiros e sabores, colocando tudo isso no Posto de Turismo. Esta medida, conjuntamente com muitas outras que foram tomadas em 2009, foram importantes e o resultado se verá num futuro próximo. - Também no Posto de Turismo esteve em exposição “O Presépio”, cujo autor é Luís Alenquer. Trata-se uma obra feita essencialmente com materiais como a pedra, o ferro e a madeira . - Falando de época e símbolos de natal, as ruas de Oleiros, este ano, tiveram uma iluminação muito bonita. As pessoas gostaram imenso e a Vila ficou mais natalícia e maravilhosa. - No auditório da Junta de Freguesia do Orvalho, decorreu no dia 20 de Dezembro, um excelente Concerto de Natal com a Orquestra Típica de Alcains. Uma acção a aplaudir com muita alegria. - Oleiros, mais uma vez esteve na televisão, e desta vez na noite de Natal (depois da missa do galo) onde se assistiu à forma como se prepara e o que é o cabrito estonado à moda de Oleiros. Aconteceu no programa “Gestos dos Sabores”. Já noutra data anterior esta situação tinha estado em programa de grande audiência nacional. Recorde-se que, foi publicado no D. R. o Despacho BAR CALADO: [email protected] Estr. Nac. 238, Alverca, Oleiros Telefone 936 355 742 (Frente à zona indústrial) 25483/2009 que “viabiliza a continuidade da produção de Cabrito Estonado, sem prejudicar as adequadas condições de segurança alimentar”. - Em Novembro já o nosso concelho e o Geopark Naturtejo estiveram nas câmaras da RTP2, num documentário designado por GEOPORTUGAL. Este programa foi de âmbito mais alargado “abordando os geoparques portugueses e a importância das Ciências da Terra” - A Câmara de Oleiros entregou, em Novembro, uma casa nova mobilada, a um casal com duas filhas menores. Esta família não tinha meios nem onde morar. O investimento rondou os 50 mil euros e foi construída na povoação do Moucho, freguesia de Oleiros. Os terrenos foram oferecidos por familiares. Um bom Natal para esta família e fica a sensibilidade da autarquia para as questões sociais. - Depois de realizados melhoramentos, a 20 de Setembro, foi inaugurada e requalificada a Escola Básica nº 1 do Orvalho (EB1). - A junta de Freguesia de Oleiros passou a disponibilizar à população um Serviço de Psicologia contando com um Gabinete de Apoio e Aconselhamento, Funciona todas as terças-feiras da parte da manhã. Uma Freguesia que se preocupa com outras situações que, não são somente, limpezas e caminhos. - Várias exposições foram feitas em Oleiros, numa aposta cultural que serve todos os alunos e a população em geral. Já indicámos algumas, mas relembramos a de “Xistos, Barros, Formas e Figuras” da autoria de Elisabete Lyon de Castro. Já em Lisboa, na Casa da Comarca da Sertã, esteve o artista Abílio Lourenço, durante um mês, com a exposição “Pura Paixão”. Um êxito. - Na Casa da Comarca foi dedicado um dia à gentes do concelho de Oleiros, estando presentes o Presidente da Câmara, Grupos e Ligas do Concelho e outros. Os órgãos da própria CCS estiveram neste jantar de cerimónia, nomeadamente o seu Presidente da Direcção Eng. Pedro Amaro. - No futebol, os “Águias do Moradal” continuaram a manter-se sempre na parte cimeira da classificação, enquanto que, Oleiros (ARCO) nunca desceu, mas mantém-se na tabela numa situação alguns pontos mais abaixo. A verdade é que a rivalidade saudável entre estas duas equipas continua a marcar o momento alto do campeonato aqui para os nossos sítios. Em 2009 nada fugiu à regra. - O Futsal foi uma modalidade em destaque e que movimenta mais equipas. Tudo isto é possível pelas excelentes condições que foram criadas para a prática do desporto. Uma aposta ganha e que a juventude agarrou definitivamente. - Já quase no final do ano (19/12) a Casa do Benfica levou a efeito um Encontro de Escolas de Futebol, do nível B, em Oleiros. Na parte da manhã, estiveram presentes, além da equipa da Casa, o Desportivo C, Valongo B1 e Valongo B2 , no campo municipal. Já de tarde foram os alunos da Escolinha de Futebol com idades entre 5 e 7 anitos que participaram em Proença-a-Nova. - Os técnicos da área de Desporto da CMO lançaram o cartão gratuito “Plena Vida”, com autorização da Câmara. Os utentes daquele Ginásio e das Piscinas podem agora verificar a sua condição física e de saúde. Falamos da percentagem de massa gorda, gordura visceral e massa muscular. A pressão arterial, índica de matéria corporal, o nível cardiovascular e peso ideal, são outras que podem ser medidas. Isto mostra que este Pólo dinamizador tem vindo a realizar várias acções de extrema importância. Nas Piscinas também se organizaram semanas temáticas como as “semana da boa acção” e “semana do aluno”, entre outras. - Montarias a Javalis foram acontecimentos repetidos, a atender pela nossa principal fonte. - A Comissão de Melhoramentos da Gaspalha, na freguesia de Álvaro, promoveu em 10 de Outubro, na Casa da Cultura daquela localidade, uma noite de fados. - Em 2009 tivemos eleições para a Assembleia da República e para as Autárquicas (11 de Outubro). Nestas, José Santos Marques, antigo e actual Presidente da Câmara pelo PSD foi o que obteve a maior percentagem nacional (75,16%) O PS não concorreu a nenhuma Freguesia, mas tem um Vereador. Em Proença, foi o candidato e agora Presidente da Câmara que teve também uma vitória retumbante. A CMO tomou posse no dia 26 de Outubro e a Assembleia Municipal em 27 do mesmo mês tendo tomado posse 27 Deputados Municipais. Nas legislativas o PSD ganhou com 55,37%. - Trimestralmente foi editada pela CMO a “Agenda Cultural”, com muito interesse e de leitura e sucesso. Esta agenda, trata de uma questão específica em cada número, como o linho, o milho, o mel, etc. A coordenação tem sido do Vereador Victor Antunes. - a 15 de Outubro, fomos nós “Jornal de Oleiros” que aparecemos com o primeiro número, pretendendo ser e ter um trabalho sério, leal e estimulador de novos projectos no concelho e região. - O nosso concelho é o que teve menor índice de desemprego. No entanto, a crise chegou a todos, mas levou a “fábrica dos brinquedos” (como é conhecida) a ter de despedir várias pessoas. A crise sentiu-se também fortemente ao nível do negócio das madeiras, que é uma vertente económica muito importante neste concelho, muito embora a enorme dimensão ardida nos anos transactos. - Abriu na Vila uma clínica de fisioterapia, que muito ajudará as pessoas deste concelho, especialmente quando tiver estabelecido acordos com várias entidades. Mesmo assim já funciona (foi alvo de reportagem deste jornal). - Abrimos 2009 com cheias , frio e neve. Encerrámos o ano com muita chuva e frio. - Também terminámos o ano, com excelente fogo de artifício. Ao que sabemos, a Pirotecnia Oleirense e grupo em que está associada apresentou excelentes espectáculos na capital do Distrito e deslumbrou Lisboa mais uma vez. Este resumo foi possível fundamentalmente com recurso à página da Câmara Municipal (www. cm-oleiros.pt) que recomendamos visitar e fica o nosso agradecimento. E para 2010, desejamos ter muitas e boas notícias a dar e um resumo melhor no final do ano.n Luís Mateus [email protected] 6 Jornal de OLEIROS JANEIRO 2010 O Testamento de D. João Maria, Bispo de Angra (28º) - IV Disposições patrimoniais (continuação) e posterior correcção, aditamento e alteração. No número anterior ficou a transcrição das mais primeiras e mais importantes disposições sobre bens patrimoniais. Prosseguimos com as restantes e finais disposições. O testamento veio a ser corrigido, aditado e alterações que alterado, ultimam esta transcrição. “…” - Outras disposições “Finalmente queremos que no ano do nosso falecimento se dê a quantia de cinquenta mil réis para o Dinheiro de São Pedro. Declaramos que as quantias mencionadas, que forem satisfeitas no continente serão pagas pela moeda forte, e as que o forem neste Arquipélago, em moeda fraca corrente. Nomeamos nossos testamenteiros os presbíteros Manoel Maria da Costa, nosso Secretario particular, e António Maria Ferreira, nosso familiar, aos quais pedimos queiram tomar sobre si este encargo, e queremos que se apossem de todos os bens que Nos pertencerem logo depois do nosso falecimento, excepto dos existentes em Oleiros, e os administrem até darem cumprimento ás disposições deste testamento e instruções que lhes dermos, podendo, se for necessário vender ou distratar quaisquer títulos ou acções de bancos ou companhias, que possuímos, ou receber quaisquer capitais, juros ou dividendos, para satisfazerem os legados e encargos do presente testamento, e cumprirem nossa ultima vontade. Crucifixo e castiçais em prata no museu de Angra do Heroísmo. Oferta de D. João Maria O tempo que marcamos para o cumprimento das disposições do presente testamento é de três anos. Entretanto, os ditos nossos testamenteiros ficam por Nós encarregados de cobrarem todas as dívidas activas de que formos credor, e de Nos representarem em juízo em quaisquer pendências ou causas que possam suscitar-se sobre a execução das disposições do presente testamento. Das dívidas activas que cobrarem receberão a decima parte pelo seu trabalho. Na sua falta, ou passados os três anos da administração dos ditos nossos testamenteiros, passarão as suas atribuições e poderes para s nossos Sucessores, aos quais pedimos as queiram exercer, por si, ou pelo Vice-Reitor do Seminário, até inteira execução do presente testamento. Os ditos nossos testamenteiros ficam por Nós autorizados a dispor como bem lhes aprouver da roupa do nosso uso, excepto das MINI MERCADO DO POVO • Variedade de produtos de qualidade ao melhor preço. • Pagamos na hora facturas da EDP, Telefones, TVCabo, Seguros etc... • Em compras superiores a 30€, podemos entregar ao domicílio, até 5 Km. • Horário: 8 às 13 e 14,30 às 20 horas, de 2ª a Sábado. Domingo das 9 às 15 horas. Rua Padre António de Andrade - Oleiros Tel.. 272 682 682 vestes pontifícias, e alfaias de pequeno valor, segundo as instruções que lhes dermos. Tendo Nós disposto em vida dalguns objectos, dos quais poderão existir ainda alguns em nosso poder por ocasião do nosso falecimento, e tendo os ditos nossos testamenteiros muitos móveis e alfaias próprias no Paço, sendo aliás incapazes de quererem o que lhes não pertencer, queremos e ordenamos que ninguém lhes peça conta dos nossos bens, a não serem os legatários de seus respectivos legados e a Autoridade Pública da satisfação dos legados pios. A conservação e reparos da nossa capela funerária no cemitério do Livramento fica a cargo dos nossos testamenteiros; e findos os três anos da sua administração, ficará a cargo do Seminário Diocesano, sob a inspecção cuidado dos nossos Sucessores. Declaramos que todos os bens que deixamos ao Seminário desta Diocese d’Angra são para a dotação permanente do mesmo, e não para se gastar em despesas correntes. E recomendamos aos nossos Sucessores que elevem a mesma dotação, capitalizando as novas doações juros vencidos, pelo menos á soma de vinte contos de réis, para que posam render anualmente um conto de réis. Se o governo não conceder licença para que a nossa Quinta do Imaculado Coração de Maria seja propriedade da Mitra desta Diocese, depois do falecimento do nosso Secretario, o presbítero Manoel Maria da Costa; ou se em algum tempo pretender vendê-la, queremos que por esse facto fique pertencendo ao Seminário desta Diocese. Igualmente determinamos que se alguém impugnar ou se opuser às disposições do presente testamento perca todo o legado ou vantagem que dele lhe possa provir. Deixamos a nossa propriedade literária, segundo a Lei, ao nosso familiar o presbítero António Maria Ferreira. E finalmente declaramos que os nossos Testamenteiros poderão dispor das nossas alfaias e bens de pequeno valor ao modo que lhes aprouver e na conformidade das instruções que lhes dermos. E queremos que as despesas que houverem de fazer-se, ou contribuições que hajam de pagar-se com a transmissão dos legados que deixamos à Mitra desta Diocese, ao Seminário, e ao nosso Secretário sejam satisfeitas pelos bem que deixarmos. E deste modo damos por concluído o presente Testamento, se cumpra que queremos inteiramente como nele se declara, revogando todas as disposições testamentárias, que dantes tivermos feito. Feito, escrito rubricado e assinado por Nós e selado com o selo das nossas armas no dia 24 de Maio de 1885.” “Lugar do selo. João Maria, Bispo d’Angra.” Termina o testamento inicial. 2010 JANEIRO Jornal de OLEIROS 7 HOMENAGEM Contudo, mais tarde, veio a ser sujeito a uma “correcção e aditamento”, e a “outra declaração e disposição” passo a que transcrever. Correcção e aditamento “ EM NOME DE DEUS AMEN .Nós João Maria Pereira do Amaral e Pimentel, Bispo d’Angra do Heroísmo, tendo feito o nosso testamento, que foi aprovado em três de Junho de 1885, e que por este confirmamos, excepto a parte em que o alteramos, havemos por bem fazer-lhe a seguinte correcção e aditamento, que queremos se cumpra como se nele se fossem exaradas, a saber: - Deixamos o usufruto da nossa quinta do Imaculado Coração de Maria, sita no lugar da Estrela, subúrbios desta cidade, em que vivemos, compreendendo a casa da mesma quinta e tudo o que nela se encontrar à hora do nosso falecimento, excepto o numerário, que será aplicado até onde chegar para o cumprimento das nossas disposições testamentárias assim como todas as suas dependências e acessórios, aos nossos dois familiares e testamenteiro os presbíteros Manoel Maria da Costa e António Maria Ferreira, simultaneamente, e sobrevivência dum ao outro; devendo passar a propriedade da mesma quinta, e casa e do que nela se encontrar, que nos tenha pertencido, à Mitra desta diocese só por morte do último usufrutuário, como se acha disposto no mencionado testamento. Além disso declaramos que todo o resto de nossos bens, que deixamos ao Seminário desta Diocese é como esmola e subscrição para a dotação do mesmo Seminário, subscrição que por Nós foi aberta por pastoral de 22 de Dezembro de 1880; e à qual queremos sejam aplicados aos mesmos bens. Queremos e pedimos que estas disposições sejam consideradas como fazendo parte do mesmo testamento, e a ele adicionadas. E para que assim se cumpram escrevemos por nossa própria mão a presente declaração testamentária, que será competentemente aprovada em esta Nossa quinta do Imaculado Coração de Maria, aos 2 de Agosto de 1887. João Maria, Bispo d’Angra.” declaração e Outra disposição “Em tempo, mais declaramos e ordenamos que aos mencionados nossos familiares e usufrutuários, os presbíteros Manoel Maria da Costa e António Maria Ferreira, se não exija caução alguma, nem mesmo inventário dos bens de que lhes deixamos o usufruto; não só porque tudo confiamos da sua consciência e probidade, mas porque também dalguns objectos do nosso espólio temos já disposto, e doutros tencionamos dispor em vida, outros são já próprios dos mesmos usufrutuários, e finalmente porque é nossa última vontade que para a Mitra só venham a passar os bens pertencentes ao nosso espólio que existirem por ocasião do falecimento do último usufrutuário ao qual recomendamos que em tempo competente faça deles urna relação, para que, por ocasião do seu falecimento se não extraviem. Assim queremos e mandamos que se cumpra. Quinta do Imaculado Coração de Maria, aos 3 de Agosto de 1887. João Maria, Bispo d’Angra.” O testamento tem a aprovação do tabelião José Julianno Gonçalves Cotta, em data de três do mês de Agosto de mil oitocentos oitenta e sete; servindo do testemunhas João do Carvalhal da Silveira, Vital de Betencourt Vasconcellos e Lemos, João Pereira Forjaz Pacheco de Mello, Fernando Coelho Rocha, Francisco José da Silveira Ávila de Bettencourt. Foi aberto no dia 27 do mês de Janeiro do ano da morte de D. João Maria e acha-se registado a folhas 2 verso, do livro 48 da administração do concelho de Angra do Heroísmo, em um de Fevereiro. Termina aqui a transcrição do testamento. Em próxima oportunidade, se tempo e inspiração me forem bastantes, espero poder voltar com outros escritos sobre D. João Maria, nomeadamente com alguns traços biográficos e com uma perspectiva sobre a sua obra intelectual e sobre as várias polémicas em que viu envolvido.n João H. Santos Ramos [email protected] António Manuel dos Reis Torgal Mendes António Manuel dos Reis Torgal Mendes, descendente de uma família tradicional do Estreito, nasceu a 22 de Agosto de 1932, tendo falecido precocemente no dia 13 de Maio de 1986. Quem o conheceu afirma que a sua escrita estaria ao nível de um génio literário como Fernando Pessoa, Florbela Espanca ou Sophia de Mello Breyner. A sua passagem por Coimbra, onde deixou incompleto o curso de Direito, ficou marcada pela colaboração no jornal humorístico “Poney” e pelas diversas tertúlias literárias existentes, tendo posteriormente ingressado no curso de professor liceal de ensino particular, que o habilitou a leccionar Matemática e Português em Negais (Angola). Ainda em Luanda, chegou a a ser Director de Departamento do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio e Indústria. À data da morte, estava radicado em Castelo Branco onde exercia solicitadoria. Autor da primeira Marcha do Outrora foste sol E vento que já foste Agora és brisa da tarde fresca Que me embala amena pela vida fora Outrora foste mar, agora és lago Suave e calmo como as noites calmas Onde eu, cansado, vou banhar a minha alma Banhar as penas que na alma trago Outrora foste Mas passaram anos Passaram tantos, quantos desenganos Estreito, das Quadras de S. João e do Vira da Serra, era dotado de uma inteligência brilhante e de um apurado espírito crítico, sendo definido como um Homem à frente do seu tempo. Ousado e sem preconceitos, era um ser inquieto que arriscava e assumia as suas convicções, sendo ao mesmo tempo um humanista de trato afável que a todos encantava pela sua rebelde solenidade. Passaram sonhos e ilusões também Outrora foste Mas que importa outrora Se outrora foste como o és agora O meu enlevo doce, a minha mãe! A. M. R. Torgal Mendes TESTEMUNHOS Nas deambulações cada vez mais frequentes do nosso jornal por terras do Concelho, encontrámos e conversámos com um Homem notável, empenhado em prestar homenagem aos que um dia rumaram a África para defender aquilo que ao tempo era parte do país. Falamos de António dos Santos Ferreira Nunes, do Estreito. O, hoje Amigo, António Nunes tudo tem feito para que esta homenagem, que pode ser singela, tenha lugar. “ Partiram um dia, ainda nos seus verdes anos mas no início da plenitude das suas vidas, deixando para trás as suas casas, a sua família, muitas vezes constituída já por mulher e filhos, em direcção ao desconhecido”. “Lá, para onde foi necessário ir, eles deram de si o melhor, eles combateram, eles foram feridos, eles não regatearam mesmo a própria vida, o seu bem mais precioso e supremo”. “Por tudo isto, é da mais elementar justiça que, como noutros pontos do país, a memória destes nossos conterrâneos também aqui não seja esquecida”. Referimo-nos a parte de uma “Exposição-Testemunho” que nos foi facultada pelo António Nunes, onde se fala ainda de uma Comissão para tratar do projecto toponímico do Estreito, constituída pelo Presidente da Junta do Estreito, pelo Arqto. Felipe Bartolo e pelo Magistrado João Ramos que a partir das nossas páginas, desejamos incentivar para que concretizem a homenagem a que nos associamos na qualidade de excombatentes. O nosso Concelho pagou um alto preço em vidas que desejamos recordar: Perdemos 15 Homens, 13 do Exército, 1 da Marinha e 1 da Força Aérea, sendo: 3 do Orvalho, 4 do Estreito, 2 do Mosteiro, 1 da Madeirã, 2 de Oleiros, 2 de Cambas e 1 das Sardeiras. Recordamos os nomes: . Alberto da Conceição Vaz; . Américo das Neves Almeida; . António Luís Fernandes; . António Mendes Martins; . António Vaz Mateus; . David Lourenço do Carmo; . João Farinha Castanheira; . José Maria Antunes; . José Martins Ramos; . José Mateus; . Lino Paula Martins; . Manuel Ventura; . Mário Antunes Nunes; . Silvano Farinha Alves; . Victor Garcia Guerra. Aqui deixamos o nosso apoio a todas as iniciativas que visem enaltecer a abnegação destes nossos conterrâneos e um abraço ao António Nunes por nos receber. Director 8 Jornal de OLEIROS JANEIRO 2010 RURALIDADES O azeite é o sumo de um fruto, a azeitona, a qual provém da Oliveira (Olea eropaea). Traz bastantes benefícios para a saúde devido à sua abundância em ácido oleico, um ácido gordo monoinsaturado ideal para prevenir os malefícios do colesterol. Esta gordura é também recomendada para prevenir a obesidade e o cancro, duas preocupações da sociedade actual que se presume estarem correlacionadas. Em Oleiros, assim como em toda a região, a variedade dominante nos olivais é a Galega, de onde se obtêm excelentes frutos que estão na base de um produto alimentar de elevada qualidade como é o caso do “Azeite da Beira Baixa”, classificado com Denominação de Origem Protegida (DOP). As “azeitonas “O ouro da terra” galegas” caracterizam-se pelo seu aroma frutado e suave, com sabor herbáceo de fruta verde e algumas notas amendoadas. Depois de processadas, dão origem a um óleo amarelo dourado, de sabor frutado acentuado por notas picantes e amargas: o verdadeiro “ouro da terra”. A qualidade do azeite Quando falamos em qualidade do azeite, convém referir que esta depende de factores como a região, a variedade, o grau de maturação das azeitonas, o estado sanitário dos frutos, o processo de extracção do azeite e o seu modo de conservação. Para controlar a qualidade deste produto, podem ser efectuadas análises físicoquímicas (onde são determinados parâmetros como a acidez, o índice de peróxidos ou a absorvância) e análises sensoriais. Neste último caso, importa verificar as características organolépticas do produto, de onde o cheiro e o sabor são as mais importantes. Para o efeito, recorrese a um painel de provadores pessoas experientes que são seleccionadas para apreciarem o cheiro e o gosto de um azeite aquecido num copo. Após o processo de controlo de qualidade, se a análise ao azeite revelar que este não tem qualidade suficiente para ser consumido, é possível eliminar alguns dos seus defeitos procedendo-se à Refinação, da qual se obtém o “azeite refinado”. Este processo compreende as operações de neutralização (eliminação da acidez – ou seja, dos ácidos gordos livres), descoloração (eliminação de pig- mentos) e desodorização (eliminação de mau gosto ou de aromas indesejáveis). Resumindo, a qualidade do azeite é medida pela acidez, estado de oxidação e existência ou não de defeitos organolépticos (principalmente ao nível da cor, cheiro e sabor). É a conjugação destes parâmetros que define os três tipos de qualidade de azeite: “azeite virgem extra”, “azeite virgem” e “azeite comum” que encontramos vulgarmente mencionados nos rótulos e contra-rótulos das garrafas de azeite que consumimos. Assim, de uma forma genérica, os “azeites virgens” caracterizamse por serem obtidos directamente de azeitonas unicamente por processos mecânicos e o que distingue um “virgem extra” de um “virgem” é o facto de o primei- ro ser considerado um azeite superior. O “virgem extra” é tido como o melhor dos azeites, uma vez que após o controlo de qualidade se conclui que não possui defeitos e que o parâmetro acidez não é superior a 0,8%. O “azeite virgem”, por seu lado, é considerado um azeite de categoria inferior ao anterior, uma vez que se admite nesta categoria a existência de defeitos muito ligeiros. Neste caso, o parâmetro acidez não pode exceder os 2%. Por último, a categoria “azeite comum” diz respeito a azeites de qualidade mais baixa, constituídos por “azeites refinados” misturados com outros azeites obtidos directamente de azeitonas, unicamente por processos mecânicos (“virgens”) ou não.n Inês Martins CRÓNICA Começo esta crónica por desejar um Bom Ano de 2010 para todos. Espero que as festas de Natal e de Passagem de ano tenham corrido da melhor maneira. O ano que se inicia será concerteza um ano muito importante para as Associações, quer seja para a afirmação e consolidação de algumas, quer O Que Se Vê Daqui seja para a continuidade do trabalho desenvolvido por outras. Pelo que se pode constatar, o início do ano terá bastantes motivos de interesse, desde logo com o Torneio de Futsal para não federados organizado pela ARCO, com início a 15 de Janeiro. Numa modalidade em clara expansão, este será concerteza um torneio com bastante interesse e onde podem surgir novos valores. A acompanhar aos fins-de-semana no Pavilhão Gimnodesportivo de Oleiros. Para dia 23 de Janeiro esta marcado o encerramento do 2º Torneio de Sueca da Casa do Benfica. Com início no mês de Novembro, entra agora na fase final com 6 equipas a disputarem o 1º Lugar. Para o mês de Fevereiro esta agendado um dia de aventura. No dia 20, a Pinhal Total realiza o seu já tradicional passeio Todo o Terreno, neste caso o 3º . Uma oportunidade para conhecer as belas paisagens da nossa região, num dia de contacto com a T U R I S M O S, Torcato do Moradal Tel/Fax. 272 654 008 • Telem.: 964 437 401 natureza e de convívio que esta Associação nos irá proporcionar. Façam já a vossa inscrição. Para terminar, desejo a todas as Associações um excelente ano de 2010, que consigam atingir os vossos objectivos.n António Mendes [email protected] 2010 JANEIRO Jornal de OLEIROS 9 OPINIÃO BREVES Ano Novo, Vida Nova ? Jornal de Oleiros visitou a Casa da Comarca da Sertâ Na transição para o ano que se inicia, seguindo uma tradição que se perde nos tempos, olhamos atentamente o relógio, contamos regressivamente os últimos segundos, comemos apressadamente as passas de uva, cada qual acompanhada de um voto, um desejo íntimo, até que a última das doze badaladas da meia-noite nos transmite a certeza daquilo que esperávamos: o Ano Velho morreu, viva o Ano Novo. Dum só golpe, numa só cartada, conseguimos um funeral e um nascimento. Trata-se, sem dúvida alguma, de um segundo carregado de magia. Escorraçado à pressa, sem dó nem piedade, ninguém verte uma lágrima pelo defunto, rápida e postumamente alcunhado de Ano Velho, por melhor que ele tenha sido. Todos brindam, bebem, dançam, pulam, cantam e sei lá que mais, sempre e só em honra ao recém-nascido. O Velho morreu, viva o Novo. E a vida recomeça … Em termos práticos, o primeiro dia de um ano não se diferencia de outro qualquer dia do ano anterior. Trata-se de uma necessidade humana o estabelecer desta distinção. Para se começar qualquer coisa, seja ela qual for, necessitamos de estabelecer pontos de partida e metas. A mudança de ano, com toda a tradição que em si mesma encerra, serve tais propósitos como nenhuma outra ocasião. Fazemos promessas a nós próprios e aos outros, tecemos projectos, acalentamos novas esperanças, sonhamos em voz alta e, em menor ou maior grau, todos acreditamos ser possível que, como por magia, a vida se (re)inicie a partir daquele segundo como se passado não tivesse: sem agruras ou dificuldades, sem problemas, sem tristezas, sem contratempos, sem sofrimentos… Por melhor que o Ano Velho tenha sido, faz parte da alma humana desejar que o Novo seja melhor, muito melhor, sempre melhor. Igual é pouco… As denominações de Velho e Novo, mais não são que o Mais um ano passou. Não fugindo à regra e seguindo todos quantos o antecederam, morreu – paz à sua alma - com a tenra idade de trezentos e sessenta e poucos dias. Apesar disso, como que por ironia, apelidamo-lo sempre de Ano Velho resultado desse ensejo, dessa esperança por todos e cada um de nós acalentada. Um Ano Novo, todos o sabemos, raramente significa uma vida nova. Constitui no entanto, e sem dúvida alguma, um novo alento para a vida que se segue, o renascer de uma esperança que de há muito se alimenta, o fortalecimento de um sonho que nunca abandonámos, o anseio de uma vida que pretendemos ver renovada. Sonho e esperança são estados de espírito positivos e inseparáveis da alma humana. Deixá-los morrer é desistir da vida. Por falar em Ano Novo e em esperança, ainda não consegui definir se foi com ela ou sem ela que fiquei, após ouvir a mensagem de Ano Novo do Sr. Presidente da República. Trata-se, na opinião de alguns, de um discurso que envolve um certo alarmismo e no qual o Sr. Presidente da República terá assumido, na parte final, uma atitude paternalista. Ainda relativamente à interpretação do discurso em causa parece-me ter ficado bem claro, pelo menos implícito, que o Prof. Cavaco Silva pretende recandidatar-se às próximas eleições presidenciais, sendo que é a primeira vez que deixa transparecer tal intenção. Não creio, de modo algum, ter sido esta subjacente intenção de recandidatura que ditou o alarmismo do discurso e/ou a atitude paternalista eventualmente assumida. Julgo ser unânime a opinião sobre a dignidade e seriedade do Prof. Cavaco Silva em toda a sua vida política, como unânime julgo a opinião sobre a isenção com que tem exercido a mais alta magistratura da Nação. É inegável, por outro lado, a sua reconhecida competência enquanto economista. Todos já sabíamos ou, pelo menos, tínhamos fortes suspeitas sobre a grave situação em que o país se encontra. O reiterar de tais factos pelo Chefe de Estado enquanto tal, e precisamente no início de um novo ano, apenas nos confirma que a situação do país é de facto grave, provavelmente muito mais grave do que imaginávamos. Resulta daqui, em minha opinião, que o discurso em causa nada tem de alarmista mas, bem ao contrário, reflecte uma fria análise da realidade em que o país se encontra. A ser assim, também a eventual atitude paternalista se torna perfeitamente compreensível. Ninguém ignora o aumento da pobreza e do desemprego, o desequilíbrio das contas públicas, o enorme endividamento externo, as cada vez maiores assimetrias sociais, a falta de credibilidade das instituições, a quebra de confiança dos portugueses nessas mesmas instituições, etc, etc, etc… Trata-se, de facto, como referiu o Sr. Presidente da República, de uma crise que para além de económica, é também de valores. De realçar, finalmente, ter sido expresso pelo Presidente da República o sentir dos portugueses acerca dos políticos e dos partidos que os integram. Continuamos, de facto, à espera que de uma vez por todas ponham de lado querelas partidárias perfeitamente irrelevantes, jogos florais de assembleia que a nada conduzem, interesses partidários por vezes inconfessáveis e, de uma vez por todas, unam esforços, conjuguem vontades e aproveitem o que de comum e positivo existe para, em tempo útil, levar este barco a bom porto. A mensagem de Ano Novo do Sr. Presidente da República não foi, de modo algum, animadora ou acalentadora de esperanças vãs. Foi, isso sim, séria e responsável. Neste ano que agora se inicia, não queria terminar sem uma palavra de apreço, e também de renovada esperança, ao recémnascido “Jornal de Oleiros”. Contrariando as previsões de uns e a sistemática crítica de outros tantos, o jornal nasceu, cresceu, afirmou-se e tem vindo a ganhar, a pouco e pouco, a importância que merece. Trata-se de um jornal de Oleiros e para Oleiros, independente, sem avenças certas ou colagens camufladas, no qual os colaboradores escrevem sobre o que querem e como bem lhes apetece. Nas palavras do Director, é um jornal aberto a todos quantos, séria e responsavelmente, queiram participar. Por isto mesmo, mal se entendem as críticas explícita ou veladamente tecidas sobre a utilidade da sua edição, a boa fé e desinteressada atitude de todos quantos nele colaboram, a autenticidade, genuinidade e intenção de tudo quanto se escreve. Haverá sempre gente a vestir as roupagens dos “Velhos do Restelo”e outros que, não as envergando, batem palmas sempre que qualquer iniciativa cai por terra. Quanto a esta, podem esperar… O “Jornal de Oleiros” veio para ficar e o Director, grande impulsionador deste projecto, encontra-se de parabéns. A todos quantos se encontram ligados a esta iniciativa, aos nossos amigos e leitores, os meus votos de um excelente Novo Ano.n António Romão de Matos [email protected] O Director do Jornal, acompanhado pelos Presidentes do Conselho Editorial e de Fundadores, Drs. Luis Mateus e João Ramos, visitaram a Casa da Comarca da Sertã e foram recebidos pelo Presidente, Eng. Pedro Amaro e Vice-Presidente, Dra. Maria Manuel Simões. Foram informados das actividades em curso e a lançar pela nova Direcção agora reeleita e que toma posse em Fevereiro, sendo decidido ampliar a proximidade entre ambas as partes. Salientamos a actividade intensa da CCS que vai voltar a ter os bailes para sócios.n Torneio de Futsal de Oleiros O Torneio de Futsal de Oleiros, destinado a jogadores não federados, teve início dia 15 de Janeiro. A iniciativa é da Associação Recreativa e Cultural de Oleiros (ARCO) e tem o apoio da Câmara Municipal e Junta de Freguesia de Oleiros. Os jogos disputar-se-ão no Pavilhão Gimnodesportivo de Oleiros.n Academia de Xadrez de Castelo ranco No proximo mês de Fevereiro, “ A ACADEMIA DE XADREZ DE CASTELO BRANCO vai realizar cursos de iniciação (nivel 1;2;e 3) de xadrez em OLEIROS para jovens a partir dos 5 anos. O curso terá inicio em Fevereiro e será realizado a partir das 18 horas ou fim de semana com a duração de dois meses e meio. Este curso visa formar jogadores para disputar provas distritais e nacionais. O curso tem o custo unico de ? 20,00 que inclui um manual e um diploma de aproveitamento no final. Qualquer informação adicional, contactar o tm 963 097 432” , Nuno Miguel Abreu.n 10 Jornal de OLEIROS JANEIRO 2010 DE “OLHO” NA EDUCAÇÃO ME e SINDICATOS Negociações à mesa de Natal e Ano Novo Tel. 272 682 250 Tlm. 926 786 616 O Ministério da Educação e a Federação Nacional de Sindicatos da Educação não chegaram a acordo perante a proposta de Acordo de Novos Princípios para a revisão do Estatuto da Carreira Docente e Avaliação de Desempenho. «Considerando a necessidade de proporcionar às escolas e aos docentes um espírito de tranquilidade, que favoreça o cumprimento da missão da escola pública e assegure a prioridade ao trabalho com os alunos (…)» o ME apresenta princípios que praticamente não alteram muito as políticas anteriores, nem dignificam e muito menos respeitam a carreira docente. Vejamos, como exemplo, a divisão da carreira em duas categorias: quão fácil foi, na anterior legislatura, seriar os professores e passado tão pouco tempo, acabar com essa classificação – de professor titular a professor ex-titular. Todos sabemos que os professores lutaram e lutarão, se for caso disso, para terminar com esta divisão absurda, mas o parco tempo que passou na meditação para decidir acabar com essa mesma divisão demonstra, igualmente, desrespeito pelo professor: pôr e dispor como nos apraz – “És professor titular, ponto final…Agora não dá jeito nenhum, por isso voltas a professor…”- Não parece que somos o brinquedo preferido do Ministério da Educação?! E é assim que o ME considera poder dar às escolas, aos alunos e professores “espírito de tranquilidade”. Conhecemos e aceitamos, naturalmente, que negociações são sempre problemáticas e é difícil ter à mesma mesa “Gregos” e “troianos”, mas estamos numa época particularmente tocante e festiva no sentido mais espiritual da palavra, pelo que deveria motivar os corações dos nossos governantes a agir com espírito de igualdade, fraternidade e justiça. Não foram, pois, estas as iguarias apresentadas pelo Governo na proposta de acordo, mas sim uma tentativa de tapar o sol com a peneira. Por isso, já sabemos como será, em termos profissionais, o ano de 2010 para os docentes deste país, mais instabilidade e luta. Abordemos um pouco algumas das propostas apresentadas, relativamente aos objectivos da avaliação de desempenho docente: «12. São objectivos essenciais da avaliação do desempenho: a. Melhorar a qualidade do serviço educativo e do desempenho docente; b. Desenvolver a avaliação num processo de acompanhamento e supervisão da prática docente; c. Valorizar o trabalho e a profissão docente; d. Identificar as necessidades formativas para um melhor desempenho; e. Promover a prestação de contas quanto ao exercício da actividade profissional; f. Assegurar instrumentos de desenvolvimento profissional e mecanismos de progressão na carreira que promovam, reconheçam e valorizem o mérito, estimulando a melhoria do desempenho.» Como se pode melhorar a qualidade do serviço educativo e do desempenho docente, quando são os próprios docentes a avaliar os seus colegas?! Parece-me isto um paradoxo. E a este propósito preciso de partilhar algo que me aflige relativamente a estas questões da valorização do trabalho e da profissão, bem como supervisão da prática docente. Há uns anos, como professora deambulante, por essas escolas públicas do país, encontrei-me numa, que não nomeio, por considerar desnecessário, já que tenho a certeza que muitos dos meus colegas se depararam com situações bem piores do que aquela que passo a relatar: a minha colocação nessa escola foi no mínimo “sui generis”, visto que ocupei um horário que não existia, não me fora relatado a tempo pelo órgão de gestão da escola que não haveria horário para mim e que deveria retomar a fase seguinte do concurso de modo a prestar as funções para as quais trabalhei ao longo da minha juventude, e assim, permaneci um ano inteiro a prestar apoio na Educação Especial (sem ter qualificação para trabalhar com alunos tão especiais), pois à escola dava imenso jeito ter mais um professor nesta área tão pouco contemplada pela direcção Geral dos Recursos Humanos da Educação. No entanto, como pertencia a outro Grupo Disciplinar, tinha de estar presente nas reuniões do meu Grupo e Departamento Curricular. Foi uma imensa confusão. Nesse ano da minha vida profissional como poderia eu melhorar o meu desempenho se nem sequer estava a prestar as funções para as quais me licenciei?! Continuando a narrativa, aconteceu que numa dessas reuniões que mencionei (acrescento que no actual acordo de princípios do ME para a revisão da avaliação de desempenho, os cargos de orientação e coordenação e supervisão pedagógica, assim como o cargo de avaliador são reservados aos docentes posicionados, pelo menos, no 4º escalão, sendo que os do 3º escalão também, em situações particulares, poderão exercer essas funções) quem presidia à reunião arremessou, a certa altura do seu discurso, uma frase cujo contexto não me recordo, mas a gaffe ficou na memória, uma vez que não foi uma única vez que a ouvi, dos mesmos lábios: “deiam” (certamente, quereria dizer dêem). Ora de acordo com o ME essa pessoa estaria em condições de ser avaliador docente. Agora coloca-se a questão - Estamos nós professores dispostos a sermos avaliados por professores Relatores (nova terminologia para professor observador de aulas e gestor da avaliação de desempenho) que certamente cometem estas e outras gaffes. Considero que um modelo de avaliação que assente nesta conduta, nunca poderá ser eficaz, nem producente e por conseguinte a avaliação não poderá ser justa e igual. Não pretendo, como é óbvio, expor criticamente ninguém, muito menos os meus colegas de profissão, mas é verdade que, embora todos erremos, pois ninguém é perfeito, também é verdade que há aqueles que trabalham para contrariar essa tendência e há aqueles que se acomodam e nada fazem para a alterar. Fiquei surpreendidíssima com a entrevista que a Senhora Ministra da Educação deu no dia 30 de Dezembro ao Canal 2, onde afirmou que 0,5% dos professores, na última T-Shirts, Long Sleeves no Natal CONSTRUÇÃO CIVIL Venda de terrenos, apartamentos e moradias www.andrelimadesign.com Telem: 966 092 649 - 964 785 156 design + web 2010 JANEIRO Jornal de OLEIROS 11 MEMÓRIAS avaliação de desempenho, tinham obtido INSUFICIENTE, e fiquei assim porque julguei que era praticamente impossível do ponto de vista holístico da carreira docente obter tal classificação. E estava a Ministra feliz porque só era aquele valor e eu, tristíssima, por existir aquele valor… Adoro a minha profissão e todos os dias da minha vida tento dar o meu melhor, quer a nível científico, quer a nível pedagógico, embora, cada vez mais se torne difícil levar o barco a porto seguro, quando aqueles que me deviam auxiliar a conduzir o barco, remam contra a maré. Um dos outros objectivos essenciais da avaliação de desempenho, atrás referido é a necessidade de formação para melhorar o desempenho. E aqui há, também, uma palavra a dizer. Penso muitas vezes em todas aquelas pessoas (felizes!) cujas profissões têm horário consentâneo e não trazem trabalho para casa, podendo estar mais tempo com as suas famílias e penso, ainda, naqueles que também como eu não terminam o trabalho a uma hora exacta e não o deixam no local de expediente para o retomar no dia seguinte, mas que ao contrário de mim têm compensações pelas horas que trabalham fora do expediente. Isto leva-me às horas de formação que tenho de fazer na minha área científica e fora dela, todos os anos, em horário pós – laboral, a uma distância de 130 km, pois, por razões economicistas, os centros de formação das zonas do interior foram acabando para se situarem nos grandes centros. Com tantos reveses, questiono se será possível chegarmos a Muito Bom ou Excelente, pelo menos aqueles professores que vivem a prática docente no seu quotidiano, com tantos níveis para leccionar, com tantos alunos para atender, individualmente, pois cada um é tão distinto nas suas necessidades, com tanta formação para fazer e tantas vicissitudes que não tranquilizam nem promovem uma missão clara e inovadora para a escola. E questiono o motivo pelo qual um Bom não pode trazer-me compensações salariais na carreira, quando acredito que por trás de alguns Muito Bom e Excelente há algumas gaffes… Pensando em 2010 desejo a todos um novo ano cheio de Saúde, Esperança e Boa Vontade e faço votos para que a razão e o coração nos brindem com novas expectativas e motivações.n 30/12/2009 A professora Manuela Marques [email protected] Onde pode encontrar o Seu Jornal de Oleiros . OLEIROS - Papelaria JARDIM - Papelaria Alves . ESTREITO - Café “O LAPAREIRO” Estreito 6100 Oleiros . PROENÇA-A-NOVA - Da Idalina de Jesus Avenida do Colégio, nº 1 6150-410 Proença-a-Nova E - Tabacaria do Centro Largo do Rossio 6150-410 Proença-a-Nova Da Memória ao Presente Neste início de ano, a preocupação geral vai para o desemprego que tem aumentado de uma forma assustadora e no concreto, para todos os que enfrentam a incerteza do futuro. É o maior flagelo social da actualidade que atinge muitas famílias portuguesas. As notícias sobre a economia do país também não são animadoras. Vem-me à memória, nas décadas passadas de cinquenta e sessenta, o que era ser trabalhador rural e labutar na terra desde o nascer ao pôr-do-sol. Nos campos cultivados que davam apenas para a subsistência, o trabalho findava, após um momento de recolhimento, com o toque das Trindades pelo sino da igreja (vi esta imagem retratada num impressionante quadro, Angélus de Millet, no Museu d´Orsay, em Paris). E era na Praça da Vila, ao Domingo de manhã, que os trabalhadores se juntavam esperando o pagamento incerto pelo trabalho já executado e a requisição para novas tarefas. Nesta época não havia subsídio de desemprego, de férias ou de Natal; abono de família; assistência na doença e outras regalias sociais que para nós portugueses, “orgulhosamente sós” e con- finados ao país mais ocidental da Europa, eram totalmente desconhecidas. Com a “Primavera Marcelista” e a chegada da Democracia, fomos conseguindo alcançar benefícios sociais que nos aproximavam do resto da Europa. E entrámos na Comunidade Europeia, na moeda única, recebemos fundos que aplicámos fomentando assimetrias regionais, reduzimos a mortalidade infantil e o analfabetismo, assumimos a presidência da Comunidade e até assinámos um tratado com o nome da nossa capital. Será que tal como na época dos Descobrimentos fomos muito longe para ficar tão perto...? Nesta passagem de ano, no Largo do Município e entre Oleirenses, vendo subir nos céus luzes, desejos e votos que se transmitem aos mais próximos, um antigo combatente teve este desabafo feliz: -“Partimos de Oleiros para uma Angola em guerra e para lá irão agora Oleirenses, em PAZ, levar a festa”. São bons presságios de progresso e paz para 2010. Um bom ano para todos.n Ana Neves [email protected] CONSELHOS EDITORIAL e de FUNDADORES DO JORNAL DE OLEIROS * João Ramos, Magistrado ilustre, estudioso e apaixonado pela região do Pinhal Interior, oriundo da Freguesia do Estreito, é o Presidente do Conselho Editorial e Provedor do Leitor do Jornal de Oleiros. Velará pelo rigor de princípios do Jornal, pela manutenção da sua linha editorial. Pode ser contactado através do email: [email protected] * Luís Mateus, Licenciado em Matemáticas, Oleirense insigne, é o Presidente do Conselho de Fundadores e responsável pelas relações institucionais do jornal. Pode ser contactado para o email: [email protected] ou telefone 917 613 245.n Ficha técnica Jornal de OLEIROS INFLUENTE NA REGIÃO DO PINHAL INTERIOR SUL, BEIRA INTERIOR SUL E COVA DA BEIRA . CASTELO BRANCO - Quiosque da Cláudia Zona Industrial, lote P-6 C Loja nº 4, Edifício Intermarché 6000 Castelo Branco . AMEIXOEIRA - BIG bar Estação de Serviço Estª Nacional 238 Ameixoeira 6 100 Oleiros E-mail. [email protected] Tel.: 272 321 050 CONTACTOS ÚTEIS Agrupamento de Escolas do concelho de Oleiros – 272 680 110 Bombeiros Voluntários de Oleiros – 272 680 170 Centro de Saúde – 272 680 160 Correios – 272 680 180 Farmácias Estreito – 272 654 265 Farmácia – Oleiros – 272 681 015 Farmácia – Orvalho – 272 746 136 G.N.R – 272 682 311 Postos de Abastecimento . COVILHÃ - Pedro Luz Rua General Humberto Delgado Quiosque 6200-014 Covilhã VILA DE REI - Quiosque Notícias Novas e - Papelaria Tertúlia SERTÃ - Papelaria Paulino & Irmão Av. Gonçalo Rodrigues Caldeira, 46-A PAMPILHOSA DA SERRA - Livraria Riscos e Rabiscos Galp (Oleiros) – 272 682 832 Galp (Ameixoeira) – 272 654 037 Galp (Oleiros) – 272 682 274 António Pires Ramos (Orvalho) – 272 746 157 Infra-Estruturas Câmara Municipal – 272 680 130 Piscinas Municipais/Ginásio – 272 681 062 Posto de Turismo/Espaço net – 272 681 008 Casa da Cultura/Biblioteca – 272 680 230 Campo de Futebol – 272 681 026 Pavilhão Gimnodesportivo (Oleiros) – 272 682 890 Cupão de Assinatura Jornal de OLEIROS INFLUENTE NA REGIÃO DO PINHAL INTERIOR SUL, BEIRA INTERIOR SUL E COVA DA BEIRA Desejo receber em minha casa, mensalmente, o Jornal de Oleiros q Nacional q Estrangeiro 10,00€ 15,00€ Nome Morada Localidade Código Postal Contr. nº. Telefone / / Data Novo Renovação Nº. Assinante Quero pagar por: Numerário q Cheque q para o endereço abaixo Transferência bancária q para o NIB: 0045 4111 4023 172359 643 para o IBAN: PT50- 0045 4111 4023 172359643 Ass. Enviar para: Rua Conselheiro Martins de Carvalho, 9, 1 Esqº, 1400-069 Lisboa E-mail: [email protected] Telefone: (00351) 922 013 273 Director: Paulino B. Fernandes • Fundador: Paulino B. Fernandes • Registo legal: ERC nº 125 751 • Proprietário: Paulino B. Fernandes • Periodicidade: Mensal • Redacção: Rua Jacinto Domingues, 3, 6100 Oleiros • Sede: Rua Conselheiro Martins de Carvalho, 9,1º esq, 1400-069 Lisboa • www.jornaldeoleiros.pt • email da redacção: [email protected] • email do Director: [email protected] • Telefone: 922 013 273 • Site: www.jornaldeoleiros.pt (em construção) • Tiragem: 3 000 exemplares • Redacção: Oleiros • Distribuição: Massiva através dos CTT nas residências e postos de venda • Colaboradores: Luís da Silva Mateus, João H. Santos Ramos, Inês Martins, António Mendes, Manuela Marques, Ana Faria, António Romão de Matos, Rui Pedro Brás, Ana Maria Neves, Ivone Roque, Feliciano Barreiras Duarte • Correspondentes: Silvino Potêncio (Natal, Brasil) • Correspondente em Castelo Branco: Rui Manuel Almeida Nunes (www.ruianunes.no.sapo.pt) • Catarina Fernandes (Lisboa) • Impressão: Gráfica: Coraze, Oliveira de Azeméis • Paginação: Imafix (www.imafix.08.com) 12 Jornal de OLEIROS JANEIRO 2010 ENSAIO SOBRE O AMBIENTE COMO FAZER DE UM DESAFIO… UMA OPORTUNIDADE A festa onde é costume comer passas, beber champanhe, admirar o fogo-de-artifício e dançar pela noite dentro, este ano, deve ser encarada como muito mais do que um mero reveillon. Foi, isso sim, uma passagem de ano que assinala a entrada numa década verdadeiramente marcante para a humanidade – precisamente a segunda do século XXI. A década que se avizinha é particularmente importante na medida em que, num sucinto balanço, podemos concluir que os primeiros 10 anos deste século mais não foram do que a continuação de tudo aquilo que de mau havíamos feito ao longo do penoso e pernicioso século XX. De facto, o século passado ficou indelevelmente marcado como a era dos conflitos armados à escala global, com as I e II Guerras Mundiais, a Guerra-fria e ameaça nuclear a dominarem décadas a fio do século XX. Para este cenário muito contribuíram os ditadores que o Mundo nos ofereceu nesses 100 anos – nomes que vão de Adolf Hitler a Benito Mussolini, passando por Mao Tse-tung, Josef Stalin, Generalíssimo Franco ou Saddam Hussein, ainda hoje nos fazem temer (e tremer) perante a possibilidade de que a história se repita. Por tudo isto, no último fôlego do segundo milénio, há precisamente 10 anos, a esperança era muita. O ocaso do século XX foi marcado por um algo irracional medo do desconhecido, mas também pela inabalável fé de que o Homem seria definitivamente capaz de se assumir como raça una e indivisível, ultrapassando diferenças de raça, credo, nacionalidade ou religião, unindo esforços para que este seja, a cada dia que passa, um Mundo melhor. Hoje, olhando para trás, concluímos facilmente que essa esperança era infundada… 10 anos de terrorismo e contra-terrorismo sob a égide de George W. Bush, e eis que uma década subjugados aos devaneios de um “líder do Mundo livre” (que aos ditadores do século XX não ficou a dever nada no que concerne a decisões inenarráveis) é tudo o que temos para apresentar à entrada para 2010. Finalmente, no dealbar da segunda década deste (ainda) novo século, parece que as mentalidades, os intérpretes e o discurso estão mesmo a mudar – a “guerra”, agora, só pode ser uma: lutar por um Mundo melhor, no verdadeiro sentido da palavra, sob pena de não deixarmos nada para as gerações vindouras. De acordo com os mais credíveis e sustentados estudos científicos, o Planeta está a morrer. O aquecimento global, provocado por décadas a fio de poluição, séculos de actos irresponsáveis na busca permanente da evolução, da produtividade e do comodismo, é mesmo uma realidade… Empurrados para o abismo pelas normas impostas por um capitalismo cada vez mais galopante (numa escalada desenfreada que teve início na já longínqua Revolução Industrial do século XVIII), parecemos finalmente perceber que as coisas vão mesmo ter que mudar de uma vez por todas. E porque o Mundo, tal como o conhecemos hoje, não vai ser igual daqui a 10 anos, esta é (tem mesmo que ser!) a década da mudança de mentalidades. Em 2020 ninguém vai conduzir automóveis a gasóleo ou gasolina, já que os combustíveis fósseis estão na recta final da sua existência e os veículos movidos a energia renovável tomarão o seu lugar com toda a naturalidade. Se serão as baterias de lítio ou a combustão a mesmo a mudar. Em 2020 todos os telhados das casas que hoje habitamos estarão equipados com painéis solares que nos permitirão não só produzir a nossa própria energia limpa, como até ganhar dinheiro com essa mesma produção. Em 2020 os limites impostos pelo Protocolo de Quioto para a emissão de GEE (Gases Efeito de Estufa) terão mesmo que ser respeitados, e Cimeiras como a de Copenhaga em Dezembro de 2009 não serão inconclusivas. Em suma, em 2020 o Mundo será, se tudo correr bem, um lugar bem melhor para se viver. hidrogénio a tomar o lugar do petróleo, isso é irrelevante e dependerá apenas dos próximos 2 a 3 anos de investigação, mas que ninguém se iluda: os tempos estão Rui Pedro Brás É perante este desafio de salvar o Mundo (talvez o maior desafio com que já nos deparámos) que se encontra esta geração da Humanidade. Leu bem: esta geração, a nossa geração, a nossa humanidade, tem uma década para salvar o Mundo e não pode mesmo falhar, sob pena de ser tarde de mais. E chegado a este ponto crítico do meu raciocínio, dou também por mim na génese da premissa que queria transmitir desde o início deste texto – toda a Zona do Pinhal de um modo geral (e o Concelho de Oleiros em particular) tem condições para fazer deste desafio uma verdadeira oportunidade. Uma oportunidade única, irrepetível e, acima de tudo, exequível… Se tomarmos como exemplo o distrito de Castelo Branco, que apresenta uma componente eólica superior a 50% da potência renovável do distrito e é já o distrito do País com maior potência eólica instalada, este dado por si só já é digno de registo. Mas se tivermos em conta que Castelo Branco ostenta esta liderança num País que é já o quarto produtor mundial de energia eólica em termos relativos, então, o feito assume contornos assombrosos! Mas não fiquemos por aqui – a Estação de Biomassa cuja instalação está a ser equacionada para a Freguesia de Orvalho, Concelho de Oleiros, permitirá (caso o projecto se concretize) a produção de energia a partir da combustão de material orgânico do nosso ecossistema. Uma energia renovável de baixo custo, pouco poluente, e que permite um reaproveitamento de resíduos com um balanço final nulo de emissões de CO2. Quer isto dizer que, sendo a Zona do Pinhal um dos maiores “pulmões” da Península Ibérica, se a essa incomensurável dádiva da Natureza conseguirmos juntar a capacidade de produzir energias renováveis em larga escala, a conclusão só pode ser uma e é de fácil dedução: o destino para onde o Mundo inteiro pretende caminhar na década que agora se inicia, é precisamente o ponto onde nós nos encontraremos muito em breve – um habitat verde e limpo; puro e sustentável; ecológico e natural. Em suma… o Paraíso na Terra. Para mim, para si, para nós, que conhecemos esta zona desde que nascemos, isto não é novidade nenhuma. Mas se conseguirmos fazer passar esta mensagem de forma eficaz, talvez esteja encontrada a forma de transformarmos o maior de todos os desafios… na mais valiosa das oportunidades. PS – O Geopark Naturtejo da Meseta Meridional (que une os municípios de Castelo Branco, Idanha-a-Nova, Nisa, Proença-aNova, Vila Velha de Ródão e, como não podia deixar de ser, Oleiros) é classificado pela UNESCO como um dos mais importantes santuários de vida selvagem da Europa. E você? Já parou para pensar como é que classifica o Paraíso onde vive?n [email protected]
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