entrevista - Junta de Freguesia de Queluz

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QUELUZ
O CORREIO DA LINHA | 23 Agosto 2011
António Barbosa de Oliveira
“Queluz é uma freguesia
com vida própria”
lT
exto: RAQUEL DIAS
lF
otos: J.R.
A cumprir o seu último manda­
to enquanto presidente da Junta
de Freguesia de Queluz, António
Barbosa de Oliveira, não baixa
os braços e continua empenhado
na requalificação da freguesia. O
Correio da Linha falou com o au­
tarca sobre o passado, o presente
e o futuro de uma freguesia “com
vida própria”.
C
orreio da linha (C.L.) - Como
tem sido o ano de 2011 para a
freguesia de Queluz?
António Barbosa de Oliveira
(A.B.O) - Não tem sido um ano fácil. O
Estado tirou-nos 20 mil euros do orçamento – actualmente recebemos180 mil
euros - pelo que tivemos de fazer alguns
ajustes. Isto não significa que deixemos
de fazer aquilo que nos comprometemos: vamos continuar com os nossos
projectos, vamos continuar a apoiar as
associações da freguesia, etc., temos é de
redefinir as nossas prioridades e tentar
fazer melhor com menos dinheiro, adaptando-nos às circunstâncias actuais.
C.L. - Desde que assumiu o seu 1º
mandato - há 14 anos - o que é que mu­
dou na freguesia?
A.B.O. –Há 14 anos, Queluz não tinha
o Parque Felício Loureiro, que era então
uma lixeira, nem o Parque Urbano do
Pendão. Actualmente temos cinco parques infantis – quando vim para a Junta
só existia um e três complexos desportivos, que estão sempre cheios de pessoas. A nossa grande aposta tem sido
a requalificação das ruas tendo sempre
em conta o binómio carro/peão, ou
seja, o peão passou a ter passeios sendo
que, ao mesmo tempo, os carros continuaram a ter estacionamento. Hoje em
dia,pode ir-se desde a estação de comboios até ao Palácio de Queluz em passeio. Fizemos também a requalificação
da Avenida Doutor Miguel Bombarda,
que foi um investimento da Câmara
Municipal de Sinta com um custo de 2
milhões e meio de euros. Actualmente
estamos a tratar da zona central da freguesia que foi deixada para o fim, dado
que era a mais intervencionada. Optei
por fazer obras em zonas onde ainda
ninguém tinha tocado, como o Pêgo
Longo, a Quinta do Mirante, e o Bairro
do Chinelo.
C.L. - Que projectos tem para o futuro
da freguesia?
A.B.O. – Até 2013, quando termina
o meu mandato, gostava de ter pelo
menos dois projectos concluídos ou
em obra: um novo centro de saúde e
a requalificação do mercado da freguesia. Estou também empenhado na
requalificação das ruas, mas não vou
conseguir findar todo esse trabalho
pois estamos a falar de 140 ruas. Em
Setembro, por exemplo, vamos começar a requalificar a Av. da República
até ao Palácio de Queluz. Até ao final
do ano, vamos também melhorar o parque infantil em frente à Junta, que será
um dos melhores parques infantis do
concelho. Estamos a recuperar os passeios da principal zona de Queluz, os
Quatro Caminhos, onde pusemos cinco
ou seis árvores, quatro bancos e dois
vasos com flores, para dar cor à freguesia e para animar as pessoas. Falta-nos
aplicar bancos sem costas nas paragens
de autocarro daquela zona, para evitar
que as pessoas se sentem nas escadas.
Quero sair daqui com mais de metade
da freguesia requalificada.
C.L. – A Junta costuma organizar festas, exposições e outras actividades.
Considera a cultura uma área primordial?
A.B.O. -Quando assumi a presidência
da freguesia não se fazia nada nessa
área e devagarinho fui implementando várias actividades à medida que ia
fazendo protocolos com associações de
cariz desportivo, cultural, ambiental,
etc., ajudando simultaneamente essas
Mais uma árvore plantada no jardim
Auto Rápida
de
de
Monte Abraão
instituições a chegar à população da
Queluz. Antes de virmos para o actual edifício, a Junta trabalhava numas
instalações bastante velhas que comprei e transformei num salão onde se
realizam exposições mensais (caso haja
quem queira expor). No campo dos
eventos regulares fazemos dez bailes
por ano, no último sábado de cada
mês, no Salão Nobre dos Bombeiros de
Queluz (excepto Agosto e Dezembro)
e quatro espectáculos de música coral – três no Palácio e um na Igreja da
Nossa Senhora da Conceição de Queluz
- com o Grupo Coral de Queluz. De
igual modo, promovemos espectáculos
musicais, como a comemoração do 25
de Abril que conta com a presença de
algumas referências musicais do país e
com uma assistência de cerca de cinco/
seis mil pessoas. Este ano fizemos um
espectáculo de apresentação do hino da
cidade de Queluz, onde estiveram presentes mais de 600 pessoas. Também
este ano, pela primeira vez, tivemos
na freguesia um concerto de jazz que
contou com a presença de 200 pessoas,
o que superou as minhas expectativas.
Em Junho realizámos, pelo segundo
ano consecutivo, uma gincana infantil
que foi um sucesso, sendo que já estou
a pensar para o ano fazer uma gincana
do mesmo tipo mas envolvendo pais e
filhos. A nível cultural, com um orçamento tão pequeno, fazemos mais do
que muitas câmaras municipais.
C.L. – Recentemente plantou uma árvore especial…
A.B.O. –Isso foi a forma que encontrei
de prestar homenagem a um morador
da nossa freguesia, Miguel Barbosa,
que é um paleontólogo, escritor e pintor, conhecido mundialmente. As suas
peças no campo da paleontologia suscitaram o interesse da UNESCO que ofereceu 25 milhões de euros por elas. Ele
optou, porém, por doá-las ao Museu de
História Natural de Sintra. Inicialmente,
pensei em colocar o nome dele numa
rua ou numa rotunda, mas ele recusou
sempre, até ao dia em que me lembrei
de lhe plantar uma árvore. Não queria
que fosse uma árvore qualquer, portanto mandei vir uma cedrodo-líbano e
no dia 21 de Março a árvore foi plantada no Parque Felício Loureiro com
a presença do homenageado, da sua
mulher, Fernanda Barbosa e do seu sobrinho, Paulo Macedo, actual Ministro
da Saúde. A árvore está plantada num
local onde há um banco que permite o
paleontólogo sentar-se e apreciar a sua
árvore.
C.L. –Que actividades já tem planeadas para Setembro?
A.B.O. -No dia 11 de Setembro realizar-se-á o X Grande Prémio de Queluz
– Prémio Manuel Faria, que é um evento de grande prestígio inserido no tro-
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Queluz inova ao ajudar os séniores a descansar
23 Agosto 2011 | O CORREIO DA LINHA
pancadaria, touradas, jogos de espada
entre os marqueses,
etc. É um ambiente
descontraído, onde
toda a gente se diverte. Outra novidade este ano é o
aumento do espaço
da Feira, de forma
a evitar as grandes
filas que se verificaram o ano passado,
tal foi a afluência.
Isto vai-nos permitir pôr no terreiro
mais tasquinhas de
alimentação e de
feirantes.
A boa disposição na inauguração da 3.ª Feira Setecentista
C.L. – Que tipo
féu “Sintra a Correr”. Reunindo cerca de artigos podem ser adquiridos na
de 1500 pessoas,esta corrida é conside- Feira?
rada uma prova de grau nacional pela A.B.O. – Temos uma grande variedade
Associação de Atletismo de Lisboa. É de artesanato, licores feitos tradiciohábito, neste evento, sortearmos uma nalmente, mel de várias zonas do país,
bicicleta mas este ano vão haver mais regueifas, Ginja de Óbidos e muitos ousorteios. Nos dias 16,17 e 18 decorre- tros produtos tradicionais.
rá a 4ª edição da Feira Setecentista no C.L. – Que apoio tem tido da parte da
Palácio de Queluz,que recria o ambiente Câmara Municipal de Sintra?
e o comércio da época. Este é um even- A.B.O. –Há 14 anos atrás disse à Dra.
to organizado pela Câmara Municipal Edite Estrela – então presidente da
de Sintra e que conta com o apoio da Câmara Municipal de Sintra – que só
Junta de Freguesia de Queluz.
me candidataria à presidência da Junta,
C.L. – Quais os objectivos desta Feira? caso ela me apoiasse na requalificação
A.B.O. –Esta feira é uma forma de dina- da freguesia. Ela concordou com isto e
mizar o Palácio e de divulgar uma zona implementou-se o programa mini-pólis
da freguesia que grande parte da sua de Queluz. No meu primeiro mandato
população desconhece.
– último dela – fizemos o Parque Felício
C.L. – Como disse, esta é a 4ª edição Loureiro, o Parque Urbano do Pendão,
desta Feira…quais as diferenças rela- construímos as actuais instalações da
tivamente a anos anteriores?
Junta, cinco parques infantis, conseguiA.B.O. – Graças à pesquisa que o nosso mos dar início à obra da biblioteca de
grupo de animadores faz no Palácio e Queluz…a requalificação da freguesia
nos arquivos históricos, todos os anos, decorria a um bom ritmo. Quando ela
a Feira conta com animações diferentes. perdeu as eleições,o Dr. Fernando Seara
O ano passado tínhamos os saltimban- resolveu alterar o programa mini-pólis e
cos, os ferradores, os cabeleireiros que os investimentos na freguesia deixaram
faziam às senhoras aqueles penteados de ser tão frequentes. Portanto Queluz
muito volumosos próprios da época, só não está melhor, porque a Câmara
etc. No ano anterior tivemos cenas de não tem feito os investimentos que eu
reclamo todos os anos. Mas o
trabalho vai-se fazendo.
C.L. - Quais são os grandes
problemas da freguesia?
A.B.O – O estacionamento e
a falta de capacidade de resposta em alguns sectores da
solidariedade social. O que
se passa é que nós temos as
instituições necessárias, mas
as freguesias à nossa volta
não têm: temos dois lares e
escolas para todos os nossos
alunos – falta-nos o 5º e o 6º
ano - mas as freguesias adjacentes não têm e como tal as
Na apresentação do Hino de Queluz
pessoas de lá vêm frequentar
QUELUZ 13
as nossas instituições e nós não temos
capacidade para esta gente toda. Era
necessário que as freguesias envolventes tivessem este tipo de instituições
para minorar os problemas. Até porque
Queluz nem sequer tem espaço para
construir ao passo que Monte Abraão e
Massamá, por exemplo, têm.
C.L. – E que projectos tem para Queluz
no que respeita ao apoio social?
A.B.O. – A Junta apoia várias associações de cariz solidário: a Associação de
Reformados, Pensionistas e Idosos de
Queluz, que presta apoio domiciliário
a pessoas idosas e acamadas da freguesia; o Centro de Bem-estar Social, que
recebe pessoas que vão lá fazer as suas
refeições e voltam para casa, sendo que
também presta apoio domiciliário; a
Universidade da Terceira Idade, onde
as pessoas podem tirar diversos cursos como pintura, cavaquinhos, teatro,
jardinagem, etc. Além disto, prestamos
acompanhamento a cerca de 200 famílias indicando-lhes como devem proceder em determinadas situações – ir a
uma consulta médica ou a um hospital, Um presidente que desenvolve a fregueinscrever-se num centro de saúde ou sia e apoia os residentes
noutras instituições, etc. No final do
ano damos-lhes uma senha no valor criticar. Posso preocupar-me enquanto
de 55 euros que eles podem trocar por cidadão, mas nunca deixarei de ser o
produtos alimentares, excepto tabaco e antigo presidente da Junta e não posso
bebidas alcoólicas.
tornar-me num poço de reclamações.
C.L. – Em 2013 termina o seu mandato e
deixa de poder recandidatar-se. Enquanto
cidadão vai continuar
empenhado em fazer
o melhor pela freguesia?
A.B.O. – Neste momento não me posso
candidatar, para o ano
já não sei porque de
acordo com o que está
pensado com a Troika,
serão extintas 1500
juntas de freguesia e, Uma junta que se preocupa com os seus fregueses colocancaso Queluz se aglu- do novos ecopontos e bancos no centro da freguesia
tine com Massamá ou
Monte Abraão – ou
qualquer outra hipótese – já me poderei
candidatar, mas claro
que isso é algo que
tem de ser muito bem
pensado. Se não for
candidato a nada voume afastar porque não
quero ver destruído
aquilo que eu construí.
Se a seguir vier alguém
que faça melhor pela
freguesia venho darlhe os parabéns, caso
contrário não venho
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QUELUZ
A junta apoia provas de atletismo
O CORREIO DA LINHA | 23 Agosto 2011
vore morreu queriam cortála e colocar outra e eu disse
que não queria. Mandei petrificá-la e pintá-la de azul.
Na altura toda a gente me
chamou maluco, chegou a
vir à Junta uma manifestação de comerciantes com
um abaixo-assinado. Eu
não desisti da minha ideia
e actualmente todos reconhecem que aquela árvore
é um elemento identificativo da freguesia. Vim para
esta freguesia muito jovem
e para mim esta é a minha
“terra”. Queluz tem uma
mística especial. n
Melhor ou pior, a freguesia há-de
seguir o seu caminho.
C.L. - Como classifica a freguesia
de Queluz?
A.B.O. – Queluz é uma freguesia
com vida própria: tem cerca de 500
estabelecimentos, 20 agências bancárias…vêm trabalhar para aqui
quase 5000 pessoas por dia.
Já para não falar da monumentalidade: por ano, o Palácio recebe cerca de 200 mil pessoas. Além disso,
Queluz é uma freguesia diferente
de todas as outras. O que eu faço
aqui não se vê em mais lado nenhum, não quero fazer réplicas de
nada. Mesmo as nossas rotundas
têm elementos completamente diferentes do habitual. Em mais lado
nenhum se vê uma árvore azul,
como esta que está no jardim em
frente à Junta. Quando aquela ár- Os feirantes estão vestidos à época
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Feira Setecentista
O descanso do guardador de melões
N
o espaço exterior e junto à
Pousada D. Maria I e ao Quartel
RAAA1 vai realizar-se mais
uma feira Setecentista com a
organização da Câmara Municipal de
Sintra- Departamento de Turismo sendo
a produção e concepção do evento da
responsabilidade da Câmara dos Ofícios
e com o apoio da Junta de Freguesia de
Queluz e do Tu­
rismo deLisboa.Car­
los Coxo é o responsável da animação
que terá 4 formas
de apresentação ao
público nomeada­
mente:
Quadros
fi­xos em que a animação se desenrola
em espaços cenografados como
é
o caso do barbeiro
Carlos Coxo
sangrador, mestre
peruqueiro, costureira etc em que os personagens estão
num determinado espaço e interagem
com o público dando a conhecer a história e as estórias do período em questão.
A animação do espaço da feira será realizada por vários personagens característicos da época de setecentos como é
o caso dos aguadeiros moços de fretes,
colarejas, regateiras do peixe, etc que
interagem com os visitantes e que os levam a participar em diferentes actividades. o espaço será igualmente animado
por um grupo de galegos tocando gaitas
por serem nesta época a maior comunidade de estrangeiros em Portugal.
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nobre no séc XVIII em
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estão em permanência no recinto. A transformação dos actores em personagens desta
época tem uma preparação de 2 meses, está
a cargo da Câmara dos Ofícios que fornece
não só o guarda roupa mas também os elementos necessários, previamente recolhidos
numa investigação, para que cada actor
possa criar e pesquisar o personagem que lhe
foi atribuído, como não existe texto cada actor deve de estar bem enquadrado na época
não só da história de Portugal e da Europa mas também das pequenas estórias de forma
a poder interagir com o público com determinado registo que pretendemos que seja
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