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O USO DE OBJETOS VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM NO ENSINO DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO COM ENFOQUE EM CIÊNCIA, TECNOLOGIA E SOCIEDADE (CTS) Kecia Karine Santos de Oliveira Universidade Federal de Sergipe - SE Maria José dos Santos Sacramento Universidade Federal de Sergipe - SE RESUMO: A inserção das tecnologias na educação deve ultrapassar a visão que se limita somente aos benefícios técnicos que esta traz, evidenciando a preocupação do ponto de vista pedagógico. Isto é, reconhecer o emprego dessas tecnologias em sala de aula e designar mecanismos que instigue o aluno a criticar, problematizar, questionar, a fim de que ele possa construir seu próprio conhecimento. Neste sentido, o presente artigo tem como objetivo discutir a utilização de objetos virtuais de aprendizagem no processo de ensino do conhecimento científico fazendo uma articulação entre Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS). A metodologia adotada foi um estudo bibliográfica sobre o tema, tendo como principais autores Yager (1993), Aikenhead (1994), Santos e Schnetzler (1997), Miley (2000) e Macêdo et al. (2007), e a pesquisa de dois Objetos Virtuais de Aprendizagem (OVA) que podem auxiliar o professor na prática pedagógica. Os primeiros trabalhos em CTS surgiram como decorrência da necessidade de formar os cidadãos em ciências e em tecnologia, questão essa que não ocorria no ensino convencional de ciências. O currículo de ciências com ênfases na educação Ciência, Tecnologia e Sociedade são aqueles que tratam das inter-relações entre explicação científica, planejamento tecnológico e solução de problemas e tomada de decisão sobre temas práticos de importância social. A finalidade central da educação Ciência, Tecnologia e Sociedade para o ensino básico é desenvolver a alfabetização científica e tecnológica dos cidadãos, auxiliando o aluno a construir conhecimentos, habilidades e valores necessários para tomar decisões responsáveis sobre questões de ciência e tecnologia na sociedade e atuar na solução de tais questões. A acessibilidade digital é encontrada em todas as partes e influenciam diretamente o meio em que se vive tornando-se exigência precípua para a evolução social. Dessa forma, imperioso que a educação se envolva com a tecnologia como forma de melhoria para a sua evolução e aplicabilidade.Com relação aos Objetos Virtuais de Aprendizagem, nota-se que dão ao professor um maior suporte à aprendizagem dos seus alunos. O educador pode procurar na internet um objeto virtual de acordo com a faixa etária trabalhada e o nível de conhecimento dos seus alunos, bem como trabalhar com o computador utilizando a internet. Portanto, destacou as principais características e funcionalidades analisadas nos dois objetos encontrados no BIOE (Banco Internacional de Objetos Educacionais) com a análise dos dois objetos virtuais foi possível perceber características quanto à interatividade, acessibilidade, e navegação. Por meio desses objetos e com a pesquisa, pode-se concluir que a utilização de Objetos Virtuais de Aprendizagem no ensino do conhecimento científico abordando as questões CTS é contribuinte ao processo de ensino-aprendizagem, pois podem potencializar a aquisição do conhecimento significativo. A finalidade da educação escolar na sociedade tecnológica e globalizada é o de possibilitar que os alunos trabalhem os conhecimentos científicos e tecnológicos, desenvolvendo habilidades para operá-los e reconstruí-los com sabedoria. Diante disso, o professor que se utilizar do Objeto Virtual de Aprendizagem abordando a questão Ciência, Tecnologia e Sociedade, tem um grande trabalho a realizar com as crianças e jovens, que é o de proceder á mediação entre a sociedade da informação e os alunos, contribuindo para o trabalho coletivo interdisciplinar, possibilitando a inserção os alunos na sociedade para participarem de sua construção histórica, e não nelas simplesmente estarem representados. PALAVRAS-CHAVE: Objetos Virtuais de Aprendizagem; Ciência, Tecnologia e Sociedade; Ensino-aprendizagem. 1. Introdução A educação, fenômeno presente nos mais variados espaços da sociedade, ocorre nas relações pessoais onde há intenção de ensinar e aprender. Ela também “[...] participa do processo de produção de crenças e ideias, de qualificações e especialidades que envolvem as trocas de símbolos, bens e poderes que, em conjunto, constroem tipos de sociedades” (BRANDÃO, 2006, p.10). A educação se desenvolve nos mais variados espaços sociais, como por exemplo, na vida familiar, no trabalho, movimentos sociais e instituições escolares. A escola, instituição responsável pela educação formal, tem como objetivo promover o desenvolvimento integral do indivíduo torná-lo apto ao exercício da cidadania e prepará-lo para o trabalho. Ressalta-se que a educação escolar pública e gratuita é dever do Estado e direito de todo cidadão. Esta é organizada pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB, Lei 9394/96) que a divide em Educação Básica (Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio) e Educação Superior. A Educação Infantil, primeira etapa da educação básica, tem como objetivo desenvolver as habilidades físicas, psicológicas, intelectuais e sociais das crianças de 0 a 5 anos. O Ensino Fundamental, obrigatório para crianças a partir dos 6 anos de idade tem duração de 9 anos e deve garantir aos educandos o desenvolvimento da capacidade de aprender, compreender o ambiente natural e social, adquirir conhecimentos e habilidades, formar atitudes e valores e fortalecer os laços familiares e de solidariedade humana (LDB, Lei 9394/96). Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998) “propostas para a renovação do ensino de Ciências Naturais orientavam-se, então, pela necessidade de o currículo responder ao avanço do conhecimento científico e às demandas pedagógicas geradas por influência do movimento denominado Escola Nova”. Neste sentido, a fim de trabalhar dessa forma, pode-se propor atividades que articule temas como Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS). O currículo com enfoque em CTS buscar fazer uma relação entre esses três setores (ciências, tecnologia e sociedade), tendo a preocupação de evidenciar as diferentes dimensões do conhecimento. Um estudo das aplicações da ciência e tecnologia, sem explorar as suas dimensões sociais, pode propiciar uma falsa ilusão de que o aluno compreende o que é ciência e tecnologia. A importância para trabalhar tal enfoque no contexto escolar possibilitar a inserção os alunos na sociedade para participarem de sua construção histórica, e não nelas simplesmente estarem representados. No mundo moderno e tecnológico em que estamos vivendo surge cada vez mais a necessidade de estarmos inseridos no universo virtual. Com isso, a sociedade exige um novo perfil do trabalhador, agora dotado de múltiplas habilidades e com capacidade de se adaptar a situações inusitadas. Para isso, está se modificando o ensino oferecido, reformulando o currículo, os métodos e investindo em tecnologias para atender a demanda. A inserção das tecnologias na educação deve ultrapassar a visão que se limita somente aos benefícios técnicos que esta traz, evidenciando a preocupação do ponto de vista pedagógico. Isto é, reconhecer o emprego dessas tecnologias em sala de aula e designar mecanismos que instigue o aluno a criticar, problematizar, questionar, a fim de que ele possa construir seu próprio conhecimento. Neste sentido, o presente artigo tem como objetivo discutir a utilização de objetos virtuais de aprendizagem no processo de ensino do conhecimento científico fazendo uma articulação entre Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS). 2. Referencial Teórico A tecnologia e a contemporaneidade são termos visceralmente interligados, sendo impossível falar de um sem vincular a existência de outro. A tecnologia é encontrada e utilizada nos lugares mais remotos do globo, permitindo que o fenômeno da globalização ocorra em seu sentido mais amplo influenciando todos os setores da sociedade. A acessibilidade digital é encontrada em todas as partes e influenciam diretamente o meio em que se vive tornando-se exigência precípua para a evolução social. Dessa forma, imperioso que a educação se envolva com a tecnologia como forma de melhoria para a sua evolução e aplicabilidade. Segundo Moran (2007, p. 164) As tecnologias são pontes que abrem a sala de aula para o mundo, que representam o nosso conhecimento do mundo. São diferentes formas de representação da realidade, de forma mais abstrata ou concreta, mais estática ou dinâmica, mais linear ou paralela, mas todas elas, combinadas, integradas, possibilitam uma melhor apreensão da realidade e o desenvolvimento de todas as potencialidades do educando, dos diferentes tipos de inteligência, habilidades e atitudes. A educação não pode se esquivar desses avanços. As escolas não podem ficar de fora desse mundo tecnológico, sob o risco de tornarem-se obsoletas e com isso surgem os grandes desafios para atualizar e introduzir na comunidade escolar tornando possível que essa possa encarar o leque de possibilidades que se abre com a aplicação dessas novas tecnologias. Formar cidadãos preparados para o mundo contemporâneo é um grande desafio para quem dimensiona e promove a educação. “Em plena Era do Conhecimento, na qual inclusão digital e Sociedade da Informática são termos cada vez mais freqüentes, o ensino não poderia se esquivar dos avanços tecnológicos que se impõem ao nosso cotidiano” (COSCARELLI & RIBEIRO, 2007, p. 13) Mesclar essas tecnologias com o processo educacional e aplicar dentro de ambientes educacionais diversos é o grande desafio a ser superado, uma vez que a Tecnologia Educacional é entendida como “a forma sistemática de planejar, implementar e avaliar o processo total da aprendizagem e da instrução em termos de objetivos específicos”. (LUCKESI, 1986, p.56) Infelizmente, observa-se que o tradicionalismo ainda está muito presente nas escolas, onde permeia a ideia de que o professor detém todo o conhecimento, enquanto o aluno somente o recebe. Com a inclusão do computador na escola pensa-se que essa situação pode mudar os papeis do educador e do educando, visto que todos terão acesso a maior quantidade de informação. Todavia, segundo Kenski (2008, p. 73), O que se vê na prática escolar, nas escolas que já utilizam os equipamentos tecnológicos de última geração, é que, apesar deles, muito pouca coisa se alterou no processo de ensino. [...] Os professores, por sua vez, utilizam as formas mais viáveis de ensino nessas condições, que são aquelas fortemente baseadas na “fala”, na exposição oral do conteúdo, seja pelo professor ou pelos alunos, em intermináveis e enfadonhos seminários, debates. Desta forma, por que isso ainda acontece? Nota-se que o computador é embutido no planejamento pedagógico, porém, na maioria das vezes, não há uma preocupação em elencar objetivos educacionais que interligue o conteúdo dado com a tecnologia trabalhada, como também o professor não permite que se construa um ambiente colaborativo de aprendizagem onde promova discussão e interação na construção do conhecimento. O mundo, atualmente, sofre grandes influências da ciência e da tecnologia, porém, essas influências podem acarretar certas consequências, tais como: o mito da salvação da humanidade e o da neutralidade científica. Para tanto, Maldaner (2000, p. 15) afirma que: [...] não basta ao professor ter um compromisso social, detectar as deficiências do seu ensino, as necessidades dos seus alunos. É necessário buscar a integração dos conhecimentos teóricos com a ação prática, explicitar o saberes tácitos que a embasam, num contínuo processo de ação-reflexão que precisa ser vivenciado e compartilhado com outros colegas. Corroborando com o autor, nota-se que hoje se fala da necessidade da alfabetização científica, não somente de mostrar a ciência por se só, mas disponibilizar as informações que permite aos cidadãos agir, tomar decisões e compreender os conceitos e fatos que são expostos. Os primeiros trabalhos em CTS surgiram como decorrência da necessidade de formar os cidadãos em ciências e em tecnologia, questão essa que não ocorria no ensino convencional de ciências. De acordo Roberts (1991), o currículo de ciências com ênfases na educação CTS são aqueles que tratam das inter-relações entre explicação científica, planejamento tecnológico e solução de problemas e tomada de decisão sobre temas práticos de importância social. Para Borges (2010, p.08): No que diz respeito à relação CTSA, pôde-se perceber que o conhecimento se constrói quando os alunos interagem entre si, com o professor, com o local em que vivem, com os órgãos administrativos da escola e da cidade; enfim com a sociedade em que se encontram. A participação ativa do aluno, apropriando-se do conhecimento investigado, discutido e compreendido, pode modificar a realidade em que vive, transforma os alunos em reais sujeitos da construção e da reconstrução do saber, ao lado do educador, igualmente sujeito do processo. Ainda neste sentido, o contexto do Ensino de Ciências e Tecnologias integradas é considerado um campo interdisciplinar, onde o Ensino Ambiental permite ainda uma melhor integração. (BORGES, 2010, p.08) Neste sentido, o objetivo central da educação CTS para o ensino básico é desenvolver a alfabetização científica e tecnológica dos cidadãos, auxiliando o aluno a construir conhecimentos, habilidades e valores necessários para tomar decisões responsáveis sobre questões de ciência e tecnologia na sociedade e atuar na solução de tais questões (YAGER, 1993; AIKENHEAD,1994; SANTOS e SCHNETZLER, 1997; SANTOS e MORTIMER, 2000). Yager (1996) aborda que o conhecimento científico adquirido pelos alunos quando a aula é trabalhada de forma tradicional é diferente quando tem enfoque CTS. Observe o quadro 01: Quadro 1: Conceitos adquiridos em aulas tradicionais e em enfoque em CTS Tradicional Enfoque CTS 1. Os conceitos científicos são informações 1. Os estudantes veem os conceitos como algo útil dominadas para um teste do professor; pessoalmente; 2. Os conceitos são vistos como resultados deles 2. Os conceitos são vistos como objetos necessários mesmos; para lidar com os problemas; 3. O principal objetivo de aprender é passar nos 3. A aprendizagem ocorre por causa da atividade; testes; ela é um acontecimento importante, mas não um foco em si mesma; 4. A aprendizagem tem vida curta. 4. Estudantes que aprendem por experiência retêm a informação e podem usualmente relacioná-la a novas situações. Fonte: Yager (1996, p. 11) Para que se consiga chegar ao objetivo do ensino com enfoque em CTS, o professor deve organizar o currículo por meio de etapas. Algumas sugestões apontadas por Hofstein e Aikenhead (1988) consistem em: palestras, demonstrações, sessões de discussões, soluções de problemas, pesquisa de campo e ações comunitárias, onde se sugere que sejam organizadas na forma de trabalhos cooperativos entre alunos e/ou alunos e professores. Byrne (1988) aponta ainda outras atividades como estudo de caso, envolvendo problemas reais da sociedade. Jamieson (1993), fala em construção de modelos de artefatos tecnológicos e Solomon (1988) no uso de fatos da historia da ciência e discussão em grupo sobre vídeos envolvendo questões cientificas e tecnológicas. Para Souza (2009, p.08): O ensino das Ciências via CTSA é conduzido através da seleção dos conceitos que são importantes para o desenvolvimento de uma explicação/interpretação plausível para o nível de estudos em questão. Estes são vinculados a grandes temas em torno de problemáticas reais e atuais. Dessa forma, podem ser levantadas questões criadas na sociedade pela repercussão da tecnologia ou pelas implicações sociais do conhecimento científico e tecnológico. Os temas são propostos como objetos do conhecimento e se articulam com uma análise sobre as contradições sociais, emergência e universalidade, no sentido de construir uma melhor compreensão da realidade e de atuar na perspectiva das transformações. Souza (2009, p.08) Essas situações irá contribuir para o aluno desenvolver suas habilidades e atitudes necessárias a tomada de decisões que futuramente estes irão se deparar. Dessa forma é preciso refletir sobre aos diversos fatores que influenciam e/ou influenciará a atitude dos estudantes frente a um problema social, levando em consideração não só o conhecimento cientifica, mas também o conhecimento humano, tendo em mente que não podemos ter a ilusão que o conhecimento científico responderá todas as nossas inquietações. Hoje as tecnologias que se destacam, dentre as envolvidas no sistema educacional, são as ligadas à informática, especialmente os computadores por conter grande diversidade de funções, visto que eles admitem a produção, o armazenamento e difusão de informações por meio de texto, imagem e/ou vídeos. Por isso, é válido ressaltar que “cabe à instituição de ensino propor mudanças para proporcionar a integração das tecnologias, tanto como ferramentas pedagógicas motivacionais quanto objetos de estudo e reflexão” (FERRETE, 2007, p.41). Segundo Kenski (2007, p.46), [...] Vídeos, programas educativos na televisão e no computador, sites educacionais, softwares diferenciados transformam a realidade da aula tradicional, dinamizam o espaço de ensino-aprendizagem, onde, anteriormente, predominava a lousa, o giz, o livro e a voz do professor. Um dos instrumentos que podem ser utilizados com o auxílio da internet em sala de aula são os Objetos Virtuais de Aprendizagem (OVA). A pesquisa sobre OVA são recentes, assim, não há ainda uma definição universal, entretanto, segundo Miley (2000, p.03), objeto de aprendizagem é “qualquer recurso digital que possa ser reutilizado para o suporte ao ensino”. Os OVA podem ser encontrados ou criados em forma de animações, simulações, imagens, fragmentos de vídeos e/ou de áudios, textos, gráficos, apresentação em slides, dentre outros. Esta metodologia de ensino pode trazer benefícios ao processo de ensino-aprendizagem, pois segundo Macêdo et al. (2007, p.20) alguns fatores apontam o favorecimento do uso de Objetos de Aprendizagem em sala de aula, tais como: Em primeiro lugar, podemos citar a flexibilidade: os Objetos de Aprendizagem são construídos de forma simples e, por isso, já nascem flexíveis, de forma que podem ser reutilizáveis sem nenhum custo com manutenção. Em segundo, temos a facilidade para a atualização: como os OA são utilizados em diversos momentos, a atualização dos mesmos em tempo real é relativamente simples, bastando apenas que todos os dados relativos a esse objeto estejam em um mesmo banco de informações. Em terceiro lugar, temos a customização: como os objetos são independentes, a idéia de utilização dos mesmos em um curso ou em vários cursos ao mesmo tempo torna-se real, e cada instituição educacional pode utilizar-se dos objetos e arranjá-los da maneira que mais convier. Em quarto lugar, temos a interoperabilidade: os OA podem ser utilizados em qualquer plataforma de ensino em todo o mundo. Desta forma, nota-se que os OVA dão ao professor um maior suporte à aprendizagem dos seus alunos. O educador pode procurar na internet um objeto virtual de acordo com a faixa etária trabalhada e o nível de conhecimento dos seus alunos, bem como trabalhar com o computador utilizando a internet. A utilização dos novos meios, requer a integração das tecnologias no currículo da escola, propondo atividades planejadas. Para tanto, É necessário que os professores se sintam confortáveis para utilizar esses novos auxiliares didáticos. Estar confortável significa conhecê-los, dominar os principais procedimentos técnicos para sua utilização, avaliá-los criticamente e criar novas possibilidades pedagógicas, partindo da integração desses meios com o processo de ensino. (KENSKI, 2008 p. 77) Corroborando com a autora, o professor necessita ser capacitado para essa nova realidade. Nota-se que o atual perfil do educador, dentre muitos aspectos, é uma abertura ao novo, pois as transformações que ocorrem na sociedade influenciam diretamente no cotidiano escolar, visto que a escola forma indivíduos. Porém, cabe ao educador adequar sua prática pedagógica a favor da construção do conhecimento do seu aluno. 3. Metodologia Os objetos virtuais são encontrados em repositórios, sistemas estruturados com bancos de dados, onde são armazenados, como por exemplos: Portal do Professor; RIVED (Rede Interativa Virtual de Educação); Banco Internacional de Objetos Educacionais; Atividades Educativas; Portal do Domínio Público. Existem também aqueles específicos para cada disciplina, como por exemplo: Portal Matemático (Só matemática); Portal da Língua Portuguesa (Só Português); Portal Geográfico (Só Geografia); e dentre outros. Devido a quantidade de objetos, o procedimento metodológico foi focar em pesquisas de objetos virtuais de aprendizagem em somente um repositório: Banco Internacional de Objetos Educacionais. Este site funciona como um banco de dados onde possuem objetos referentes a todas as disciplinas, mas direcionaremos nossa pesquisa para Ciências. Figura 1 – Banco Internacional de Objetos Educacionais – Fonte: BIOE Neste repositório, os OVA são divididos em modalidades de ensino, por exemplo: Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio, Educação Profissional e Educação Superior. Ao delimitar a pesquisa para o Ensino de Ciências no ensino fundamental, pode ser encontrado objetos em forma de animações/simulações, áudios, experimentos básicos, hipertextos, imagens, mapas, softwares educacionais e vídeos. Portanto, como o foco do artigo é discutir a utilização Objetos Virtuais de Aprendizagem (OVA) de no processo de ensino do conhecimento científico fazendo uma articulação entre Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS) é que destacaremos as principais características e funcionalidades analisadas nos dois objetos encontrados no BIOE (Banco Internacional de Objetos Educacionais). 4. Objetos Virtuais De Aprendizagem No Ensino Do Conhecimento Científico A inclusão das tecnologias reflete na educação formal, visto que ocorrem mudanças no método de ensino-aprendizagem. Para isso, os educadores devem ultrapassar as paredes das salas de aula e proporcionar “novas” formas de atrair, contagiar e estimular os alunos, de maneira que eles se interessem e participem mais das aulas. Uma das formas desse uso é a utilização de OVA. É necessário saber que ao utilizarmos um objeto em sala de aula, precisa-se fazer uma pesquisa em repositórios a fim de escolher OVA que esteja contextualizado com o conteúdo trabalhado em sala de aula e com o nível da turma, bem como é necessário que o seu uso possa contribuir para a aprendizagem. (KENSKI, 2007) Ricardo (2007, p.04) afirma que: Quando se pensa em Educação CTS na escola, uma via natural é integrar a tecnologia aos programas e conteúdos, uma vez que aparentemente sua justificativa é facilitada. Ao ser questionado pelos alunos a respeito do porquê se aprender física, é comum se fazer referência ao mundo tecnológico atual. No entanto, é permitido duvidar que a ciência ensinada na escola tenha alguma relação substancial com tal mundo, para além de ilustração ou motivação. (RICARDO, 2007, p.04) Neste contexto, trabalhar com enfoque CTS requer mudanças na prática pedagógica, ou seja, existirá necessidade de uma reorientação tanto nos saberes a ensinar como nas estratégias metodológicas adotadas. Neste caso, o repositório escolhido foi o Banco Internacional de Objetos Educacionais, com foco em dois objetos para a utilização no ensino fundamental maior com enfoque em Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS). Objeto 1: Ciclo da Água O objeto é de alto nível de interação encontrado em forma de experimento/simulação, disponibilizando linguagens de áudio e escrita. Este necessita do acesso à internet para utilizá-lo, pois fica localizado em uma página da Web e não pode ser baixado. Figura 2 – Objeto sobre o Ciclo da Água – Fonte: BIOE Na Figura 2 podemos ver que o objeto aborda um experimento de um terrário, mostrando e explicando o desenvolvimento das plantas de forma dinâmica. Terrário: Trata-se de um recipiente aberto ou fechado, onde cultivamos algumas espécies de plantas, simulando o seu ambiente natural. Um terrário fechado apresenta, a uma micro-escala, o nosso meio ambiente, constituído por solo, água, ar, luz e seres vivos. Além disso, permite-nos observar fenómenos da natureza, como o ciclo da água (só possível de ser observado em terrários fechados). Desta forma, esta atividade tem como objetivo observar fenômenos como o ciclo da água, o ciclo da vida vegetal e animal desde seu nascimento, crescimento, morte e decomposição virtualmente. Além destas características, o processo só acontece se o aluno participar, manipulando as variáveis e verificando o que acontece, trazendo, assim, um grau de interatividade entre o objeto e o aprendiz. Observa-se que o objeto é bem desenvolvido em toda a sua navegação, e pode se encaixar no enfoque metodológico CTS, já que permite que o aluno perceba as diversas relações entre as questões científicas, tecnológicas, sociais, como também ambientais. Santos (1999, p. 25) quando diz que. A concepção de CTS de ensino de Ciências aponta para um ensino que ultrapasse a meta de uma aprendizagem de conceitos e de teorias centrados em conteúdos canônicos. Um ensino que tenha uma validade cultural, para além da validade científica, e como meta ensinar a cada cidadão o essencial para chegar a sê-lo de facto aproveitando os contributos de uma educação científica e tecnológica. (SANTOS, 1999, p. 25) Com essa abordagem, os alunos podem aprender verificar a ocorrência do Ciclo da água no terrário, tendo mais consciência no cuidado com a natureza e na importância da água por meio de tecnologias, dinamizando o processo de ensino-aprendizagem e envolvendo temas que afetam a sociedade. Objeto 2: Dengue O objeto é considerado mais simples e é encontrado em forma de hipertextos e imagens estáticas. Este é uma atividade on-line onde o aluno encontraria informações sobre a Dengue. Na figura 3 nota que este objeto está subdividido em sete possibilidades de trabalho com o mesmo. A primeira possibilidade o objeto traz um texto, explicando como pode pegar essa doença, e em seguida faz uma pequena atividade com caça-palavras das palavras-chave do texto citado. A segunda aborda o que é a dengue e quando foi descoberta. A terceira fala sobre o Aedes Aegypti. A quarta detalha os sintomas que o infectado pode estar. A quinta, como tratar. A sexta, a prevenção. Figura 3 – Objeto sobre a Dengue – Fonte: BIOE O objeto apresenta links o que permite o aluno interaja com o objeto que abrem possibilidades de compreensão do conteúdo. Conforme Mercado (2002, p.138) “o educador que adota as novas tecnologias perde o posto de dono do saber, mas ganha um novo e importante posto, o de mediador da aprendizagem”. Conforme esse objeto, Rodrigues (2011, p. 15), destaque que, Conscientes da evolução da ciência e da tecnologia nos últimos anos e dos reflexos que esse progresso tem na sociedade, julgamos ser necessário pensar-se na formação que proporcionamos às crianças e jovens e em que medida essa formação contribui para os ajudar a construir a sua literacia científica, de forma a que se sintam parte integrante da sociedade global e nela possam participar. (RODRIGUES, 2011, p. 15) Portanto, trabalhar de maneira contextualizada contribui para que os alunos possam olhar para a sociedade de forma crítica e se sentindo mais participativos. O repositório BIOE também disponibiliza um objeto em forma de áudio para servir como complemento entre os objetos. Com relação ao aspecto do método CTS, o conteúdo propicia a relação dos três temas, pois traz uma reflexão sobre o conhecimento adquirido no ensino de Ciência, por meio de uma tecnologia e que está diretamente ligado ao meio social. 5. Considerações finais A partir das explanações, pode-se concluir que o professor tem a responsabilidade de escolher a melhor forma de conduzir sua aula, incluindo a tecnologia para cada situação de ensino, dentre as possibilidades existentes, desde o tradicional quadro e giz ao computador conectado a internet. Para isso, e necessário que ele esteja confortável com sua escolha e domine seu instrumento de trabalho, visto que não é somente introduzir a tecnologia, é necessário usá-la de forma pedagógica, respeitando as especificidades do método escolhido. Todavia, observa-se que o tradicionalismo ainda está muito presente nas escolas, pois ainda existe uma grande resistência por parte dos professores ao trabalhar de forma diferente ao costume, principalmente se for por meio das novas tecnologias. Segundo alguns autores, o uso dessas ferramentas em sala de aula transformam a realidade da aula tradicional, dinamizam o espaço de ensino-aprendizagem. Com isso a internet permite configurar diferentes cenários a potencializar práticas pedagógicas online, a fim de tornar uma aprendizagem mais significativa e dinâmica. Neste sentido, o uso de Objetos Virtuais de Aprendizagem (OVA) agrega a adequação do planejamento, sendo utilizando antes, durante ou depois da ministração da aula, como também possibilidade de desenvolver habilidades e competências de autonomia e criatividade. Com a análise dos dois objetos virtuais foi possível perceber características quanto à interatividade, acessibilidade, e navegação. Por meio desses objetos e com a pesquisa, pode-se concluir que a utilização de OVA no ensino do conhecimento científico abordando as questões CTS é contribuinte ao processo de ensino-aprendizagem pois podem potencializar a aquisição do conhecimento significativo. Chegando dessa forma na finalidade da educação escolar na sociedade tecnológica e globalizada que é o de possibilitar que os alunos trabalhem os conhecimentos científicos e tecnológicos, desenvolvendo habilidades para operá-los e reconstruí-los com sabedoria. O que implicar analisá-los, confrontá-los, contextualizá-los. Diante disso, o professor que se utilizar do OVA abordando a questão CTS, tem um grande trabalho a realizar com as crianças e jovens, que é o de proceder á mediação entre a sociedade da informação e os alunos, contribuindo para o trabalho coletivo interdisciplinar, possibilitando a inserção os alunos na sociedade para participarem de sua construção histórica, e não nelas simplesmente estarem representados. 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