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Boletim Informativo 9-2007 PPEETT IIM MA AG GEEM M –– DDIIA AG GN NÓ ÓSSTTIIC CO OSS V VEETTEERRIIN NÁ ÁRRIIO OSS PPRRO OBBEESSO OJJEETTO O PPEETT O O Devido ao grande interesse de empresas de nutrição animal estamos ainda em estudo e fase de reestruturação do projeto, que certamente ficará mais completo e atrativo. Aguardem que em breve entraremos em contato. M ATTÉÉRRIIA A TTÉÉC OM MÊÊSS MA CN NIIC CA AD DO Estamos disponibilizando uma matéria a respeito da Displasia do Cotovelo, importante causa de claudicação em cães de grande porte. M V responsável pelo serviço de Diagnóstico por Imagem PET IMAGEM – Diagnósticos Veterinários Vivien Midori Morikawa Especialista em Radiodiagnóstico Veterinário DISPLASIA DO COTOVELO – UM PROBLEMA PREOCUPANTE – PARTE I Na rotina da clínica veterinária, a constante presença de animais jovens com claudicação em membros torácicos representa um desafio para o médico veterinário, uma vez que essa sintomatologia pode decorrer de muitas causas. Dentre as diferentes doenças osteoarticulares que acometem os cães, a displasia do cotovelo é uma importante causa de claudicação. A displasia de cotovelo é uma doença hereditária, poligênica e resume-se em cinco doenças que levam a uma má formação e degeneração da articulação úmero-rádio-ulnar. Apesar de ser de origem genética, trata-se também de uma condição multifatorial, podendo agravar-se com influências ambientais tais como: dietas hipercalóricas, obesidade, piso liso, excesso de exercício, crescimento rápido, má utilização de suplementos alimentares, dentre outros. As quatro afecções envolvidas na displasia do cotovelo são: - Não união do processo ancôneo; - Fragmentação do processo coronóide medial da ulna; - Osteocondrose do côndilo medial do úmero; - Não união do epicôndilo medial do úmero. Qualquer uma das lesões primárias citadas acima pode ocasionar um processo de artrose na região, o qual irá desencadear sensibilidade dolorosa local e claudicação. Apesar das lesões primárias ocorrerem durante a fase de crescimento do animal, a artrose é sempre progressiva. O fator mais preocupante da displasia de cotovelo é seu alto grau de hereditariedade, podendo variar de 25 a 45%, logo, os animais comprometidos não devem ser colocados para reprodução. A incidência da displasia do cotovelo é predominante em raças grandes ou gigantes, tais como Pastor Alemão, Rottweiler, Labrador Retriever, Pastor Alemão, São Bernardo, Bernese Mountain Dog, Golden Retriever, Chow-chow entre outras. PET IMAGEM – Diagnósticos Veterinários www.petimagem.com Boletim Informativo 9-2007 Habitualmente, o exame clínico das afecções osteoarticulares é de difícil interpretação, pois alterações das articulações do ombro e do cotovelo podem produzir sinais clínicos semelhantes. O diagnóstico é confirmado por exame radiográfico do cotovelo do animal, mas, em decorrência da complexidade anatômica dessa região, a identificação de algumas lesões tem sido baseada em alterações degenerativas secundárias da articulação. A principal projeção radiográfica para a avaliação da displasia da articulação do cotovelo é a médio-lateral em flexão, aproximadamente 45˚, acrescida da crânio-caudal. Outras projeções complementares podem ser necessárias. Uma articulação normal possui espaços articulares estreitos e uniformes. As alterações radiográficas freqüentemente são sutis, nem por isso menos importantes, requerendo para sua visualização imagens de excelente qualidade, além da avaliação bastante criteriosa do radiologista. Por estas razões a tomografia computadorizada passa a ser o método diagnóstico mais apropriado, infelizmente de difícil acesso na medicina veterinária. As principais manifestações clínicas apresentadas são dificuldades de locomoção, claudicação do membro afetado, relutância ao movimento, sensibilidade dolorosa à palpação, extensão e flexão do cotovelo. Alguns animais portadores da doença podem não apresentar sintomatologia clínica. A incidência da displasia do cotovelo aumenta em animais portadores de displasia coxofemoral, já que para aliviar o peso sobre os membros posteriores, este recai sobre os membros anteriores, sobrecarregando as articulações do cotovelo. Observa-se o aumento de volume destas articulações e desvio lateral do terço distal dos respectivos membros em decorrência da sua supinação. Pode-se observar ainda o “arqueamento” dos membros anteriores, especialmente ao nível das articulações do cotovelo. Classificação da Displasia do Cotovelo Grau Achados Radiográficos Sem alterações radiográficas 0 (Livre de artrose) 1 (Artrose mínima) menos de 2 mm de altura de osteofitose na crista dorsal de processo ancôneo, formação mínima de osteofitose (- 2 mm em qualquer direção) na crista dorsal proximal do rádio, ou na crista dorsal do processo coronóide, ou no aspecto palmar lateral da tróclea do úmero, esclerose na área caudal da porção distal da tróclea ulnar e proximal 2 (Artrose moderada) osteofitose 2 - 5 mm de altura no processo ancôneo osteofitose moderada (2 - 5 mm em qualquer direção) 3 (Artrose severa) mais de 5 mm de altura de osteofitose no processo ancôneo, osteofitose severa (mais de 5 mm em qualquer direção) * Adicionalmente em projeções crânio-caudais, osteófitos são mais visíveis na parte distal, medial do côndilo do úmero e parte medial do processo coronóide. PET IMAGEM – Diagnósticos Veterinários www.petimagem.com Boletim Informativo 9-2007 A Displasia de Cotovelo é algo muito comum em cães apesar de pouco diagnosticada. A OFFA, instituição americana de ortopedia veterinária mantém dados estatísticos sobre a ocorrência da doença em diferentes raças, conforme demonstrado a seguir. Raças Ranking Avaliações % Normal % Displásico % Grau I % Grau II % Grau II CHOW CHOW 1 392 51.5 46.4 21.2 17.1 8.2 ROTTWEILER 2 9407 58.5 40.9 30.3 9.0 1.6 BERNESE MOUNTAIN DOG 3 6725 69.9 29.5 18.6 7.5 3.5 CHINESE SHAR-PEI 4 206 69.4 28.6 11.2 11.7 5.8 NEWFOUNDLAND 5 3744 74.4 25.3 14.8 5.8 4.7 FILA BRASILEIRO 6 153 78.4 21.6 14.4 5.2 2.0 AMERICAN BULLDOG 7 191 80.1 19.9 13.1 5.8 1.0 GERMAN SHEPHERD DOG 8 23088 80.3 19.5 14.0 4.1 1.5 ST. BERNARD 9 118 81.4 18.6 14.4 2.5 1.7 DOGUE DE BORDEAUX 10 105 81.0 18.1 13.3 4.8 0.0 AMERICAN STAFFORDSHIRE TERRIER 11 339 82.9 16.5 14.5 1.2 0.9 BLOODHOUND 12 662 83.1 15.9 12.1 1.8 2.0 ENGLISH SETTER 13 1611 84.0 15.5 11.2 3.9 0.4 MASTIFF 14 3848 84.2 15.3 9.5 4.0 1.8 AMERICAN PIT BULL TERRIER 15 106 85.8 14.2 11.3 1.9 0.9 GORDON SETTER 16 366 85.2 13.9 10.4 1.9 1.6 SHILOH SHEPHERD 17 109 86.2 13.8 8.3 5.5 0.0 BULLMASTIFF 18 1378 86.1 13.7 8.9 3.0 1.7 ENGLISH SPRINGER SPANIEL 19 781 87.5 12.5 10.0 1.9 0.6 IRISH WATER SPANIEL 20 164 87.8 12.2 8.5 3.0 0.6 AUSTRALIAN CATTLE DOG 21 355 87.3 12.1 9.6 2.0 0.6 IRISH WOLFHOUND 22 272 88.2 11.8 8.1 2.9 0.7 GREATER SWISS MOUNTAIN DOG 23 1175 87.8 11.7 10.2 1.4 0.1 LABRADOR RETRIEVER 24 33094 88.3 11.5 8.5 2.1 1.0 GOLDEN RETRIEVER 25 14295 88.3 11.5 8.9 2.0 0.7 AIREDALE TERRIER 26 139 88.5 11.5 8.6 2.9 0.0 BELGIAN MALINOIS 27 724 89.5 10.4 8.6 1.4 0.4 GIANT SCHNAUZER 28 185 89.2 10.3 8.6 1.6 0.0 TIBETAN MASTIFF 29 176 89.2 10.2 7.4 0.6 2.3 KUVASZ 30 230 90.9 9.1 8.3 0.4 0.4 CLUMBER SPANIEL 31 102 89.2 8.8 7.8 1.0 0.0 BOUVIER DES FLANDRES 32 1908 91.1 8.7 6.8 1.6 0.3 CANE CORSO 33 108 91.7 8.3 5.6 1.9 0.9 KEESHOND 34 241 92.9 7.1 5.4 0.4 1.2 HAVANESE 35 295 92.5 6.8 3.4 3.4 0.0 AFGHAN HOUND 36 117 93.2 6.8 4.3 2.6 0.0 RHODESIAN RIDGEBACK 37 2863 93.6 6.2 5.6 0.5 0.1 PET IMAGEM – Diagnósticos Veterinários www.petimagem.com Boletim Informativo 9-2007 ANATOLIAN SHEPHERD 38 181 94.5 5.5 5.5 0.0 0.0 CHESAPEAKE BAY RETRIEVER 39 1028 94.7 5.2 3.8 1.2 0.2 PETIT BASSET GRIFFONS VENDEEN 40 121 95.0 5.0 3.3 0.8 0.8 BELGIAN SHEEPDOG 41 1035 95.0 4.8 3.8 1.0 0.1 AUSTRALIAN SHEPHERD 42 1975 95.3 4.3 3.2 1.0 0.1 BORDER TERRIER 43 117 95.7 4.3 2.6 1.7 0.0 LEONBERGER 44 808 95.7 4.3 3.8 0.5 0.0 PEMBROKE WELSH CORGI 45 305 95.4 4.3 3.6 0.7 0.0 GREAT DANE 46 923 95.7 4.2 3.5 0.5 0.2 BELGIAN TERVUREN 47 1895 95.7 4.0 3.1 0.8 0.1 WELSH SPRINGER SPANIEL 48 213 95.8 3.8 3.8 0.0 0.0 IRISH SETTER 49 257 96.5 3.5 3.1 0.4 0.0 GERMAN WIREHAIRED POINTER 50 290 95.9 3.4 2.8 0.7 0.0 ALASKAN MALAMUTE 51 323 96.6 3.4 1.5 1.2 0.6 SHETLAND SHEEPDOG 52 296 96.6 3.4 3.0 0.0 0.3 OLD ENGLISH SHEEPDOG 53 226 95.6 3.1 1.8 0.9 0.4 SPINONE ITALIANO 54 105 97.1 2.9 1.9 1.0 0.0 NOVA SCOTIA DUCKTOLLING RET. 55 108 97.2 2.8 2.8 0.0 0.0 SHIBA INU 56 263 97.0 2.7 2.7 0.0 0.0 SAMOYED 57 641 97.5 2.3 1.6 0.8 0.0 VIZSLA 58 562 97.5 2.3 1.8 0.5 0.0 COTON DE TULEAR 59 177 97.2 2.3 2.3 0.0 0.0 BASENJI 60 138 97.8 2.2 2.2 0.0 0.0 KERRY BLUE TERRIER 61 102 98.0 2.0 2.0 0.0 0.0 POODLE 62 440 98.2 1.8 1.1 0.7 0.0 BEARDED COLLIE 63 242 97.9 1.7 1.2 0.4 0.0 BRITTANY 64 549 98.0 1.6 1.1 0.2 0.4 PORTUGUESE WATER DOG 65 1276 98.2 1.6 1.4 0.2 0.0 GREAT PYRENEES 66 323 98.5 1.5 0.9 0.6 0.0 AKITA 67 1283 98.4 1.5 1.0 0.2 0.3 BORDER COLLIE 68 904 98.2 1.4 0.8 0.4 0.2 FRENCH BULLDOG 69 143 93.0 1.4 1.4 0.0 0.0 DOBERMAN PINSCHER 70 1080 98.4 1.3 1.1 0.1 0.1 WEIMARANER 71 632 98.7 1.3 1.1 0.2 0.0 COLLIE 72 164 98.8 1.2 1.2 0.0 0.0 GERMAN SHORTHAIRED POINTER 73 661 98.8 1.2 1.1 0.2 0.0 FLAT-COATED RETRIEVER 74 1021 99.1 0.9 0.7 0.2 0.0 CAVALIER KING CHARLES SPANIEL 75 216 98.6 0.9 0.9 0.0 0.0 BICHON FRISE 76 238 98.3 0.8 0.8 0.0 0.0 DALMATIAN 77 143 99.3 0.7 0.7 0.0 0.0 CURLY-COATED RETRIEVER 78 161 98.1 0.6 0.6 0.0 0.0 PET IMAGEM – Diagnósticos Veterinários www.petimagem.com Boletim Informativo 9-2007 BRIARD 79 297 99.7 0.3 0.3 0.0 0.0 COCKER SPANIEL 80 BOXER 81 163 98.2 0.0 0.0 0.0 0.0 217 100.0 0.0 0.0 0.0 0.0 SIBERIAN HUSKY 82 121 100.0 0.0 0.0 0.0 0. O tratamento em grande parte dos casos é cirúrgico, mas só alcança resultados satisfatórios se aliado a mudanças na dieta alimentar do animal e a alterações restritivas nos processos de exercício do mesmo. Veremos a seguir os aspectos anatômicos e fisiológicos da articulação envolvida e cada uma das displasias. ANATOMIA E FISIOLOGIA DO COTOVELO DO CÃO 1. Úmero (epífise distal) As faces articulares envolvidas são: - Côndilo umeral; - Epicôndilo medial, inervado pelos músculos flexor do carpo, dos dedos, ulnar do carpo, superficial dos dedos, digital profundo, pronador teres e ligamento colateral (medial); - Epicôndilo lateral, inervado pelos músculos extensor do carpo e dos dedos, colateral. 2. Rádio (epífise proximal) Cabeça radial, a qual limita a capacidade supinadora. 3. Ulna As faces articulares envolvidas são: - Olécrano, no qual se insere o músculo tríceps braquial; - Processo ancôneo, responsável pela estabilidade lateral e rotatória, impedindo o movimento; - Processo coronóide, o qual aumenta a superfície da articulação dividido em medial (saliente, articulado com o rádio) e lateral (menor, articulado com o úmero). 4. Articulação úmero-radial Cerca de 75-80% do peso do animal recai sobre esta articulação. Tem como função estabilizar e restringir o movimento no plano sagital (antero-posterior). 5. Articulação rádio-ulnar proximal Tem como função manter o movimento de pronação e supinação. Placas de crescimento Processo ancôneo Rádio proximal Olécrano Côndilos umerais distais Idade de fechamento 5 a 6 meses 8 a 9 meses 8 a 9 meses 7 a 8 meses PET IMAGEM – Diagnósticos Veterinários www.petimagem.com Boletim Informativo 9-2007 No próximo número teremos mais informações a respeito das patologias que englobam a Displasia de Cotovelo. Aguardem e aproveitem ... PET IMAGEM – Diagnósticos Veterinários www.petimagem.com
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