Amanda Lustig - Mangás: Do Medieval ao
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Amanda Lustig - Mangás: Do Medieval ao
COLÉGIO OFÉLIA FONSECA MANGÁ: DO MEDIEVAL AO CONTEMPORÂNEO Amanda Lustig São Paulo 2012 Amanda Lustig MANGÁ: DO MEDIEVAL AO CONTEMPORÂNEO Trabalho realizado e apresentado sob a orientação do Professor André Renato, da disciplina de Técnicas de Redação. -Agradecimentos- Apesar de todo o trabalho e problemas que foram aparecendo no decorrer deste trabalho, este me serviu para adquirir mais conhecimento sobre uma arte que me agrada e está muito presente em minha vida nos últimos anos, e que de uma forma ou de outra me ajudou a ser quem sou hoje. Para concluir esse trabalho, precisei de toda a ajuda de meus amigos principalmente, que me ouviram e ajudaram quando necessário. Muitos acompanharam o desenvolvimento do trabalho, criticando e opinando sempre que possível o que foi essencial para o resultado final. Agradecimentos especiais aos meus pais que ouviram minhas reclamações sobre os prazos do trabalho, aos meus revisores voluntários que me ajudaram muito: Victor e Gabriel, sem eles muitos erros seriam encontrados no trabalho, e também agradeço ao meu orientador, André Renato, que sempre se mostrou disposto a me ajudar. -SUMÁRIOResumo ................................................................................................................ 5 1. Introdução (Capítulo 1) ................................................................................. 6 1.1 – Contexto Histórico ................................................................................... 7 1.2 – A Indústria Atualmente ............................................................................ 9 1.3 – O Mangá e a Sociedade ............................................................................ 9 1.4 – O Mangá e seus Gêneros ........................................................................ 11 2. Desenvolvimento (Capítulo 2) ..................................................................... 15 2.1 – A Sociedade se importa mais com quantidade do que com qualidade ... 15 2.2 – O Potencial de uma história pode ser influenciado no meio percurso.... 16 2.3 – Ocidentalização do Oriente .................................................................... 17 2.4 – O público pede, a indústria faz................................................................ 18 2.5 – A imposição dos ideais capitalista-americanos no país .......................... 18 2.6 – Mangás X HQ – Características e sucesso .............................................. 19 2.7 – A sociedade muda, o que ela produz também......................................... 20 2.8 – Uma sociedade visual.............................................................................. 21 2.9 – Contextualizando e analisando algumas obras ....................................... 21 3. Conclusão ....................................................................................................... 28 4. Anexo: Outros gêneros ................................................................................. 30 5. Referências Bibliográficas ............................................................................ 32 - RESUMO - O mangá, também conhecido como ‘quadrinhos japoneses’, está cada vez mais presente mundo afora e no dia a dia de pessoas de todas as idades. Esse trabalho tem como objetivo mostrar de onde essa arte veio e como surgiu, assim como as mudanças que foram ocorrendo com o passar dos séculos e o motivo destas. Muitas pessoas já ouviram falar, mas nunca procuraram saber do que realmente se tratam essas histórias trabalhadas nos mangás, e esse trabalho procura mostrar um pouco sobre as histórias em geral e fazer a análise de algumas obras, dando assim uma visão geral para o leitor do que ele pode encontrar nas páginas desses quadrinhos. No decorrer do trabalho, também serão mostrados diversos fatores que contribuíram para as mudanças físicas e temáticas do mangá, de seu surgimento ao seu estado atual, que não são poucos se partirmos do princípio de que até as artes mais conhecidas foram se alterando com o passar do tempo em função da sociedade e suas necessidades. - SUMMARY - Manga, also known as “Japanese comics”, is each day more and more present around the world in everyday's people from all ages. This school work aims to show where this art came from, how it emerged and the changes that have been happening through the centuries. Many people have already heard about it but didn’t looked for knowing what are the stories about, and this school work seeks to show a bit of the stories in general and also shows some reviews, giving to the reader an overview of what he/she can find in a manga’s pages. During this essay, it’ll be shown many reasons that contributed for the thematic and physical changes since its appearance. There are a lot of reasons if we start from the idea that until the most renowned arts were being changed in the course of time in order to please the society and its needs. - CAPITULO 1 - 1 – Introdução. Quadrinhos japoneses, também conhecidos como ‘Mangá’, datam de uma história milenar, tendo sua primeira aparição em pergaminhos do Japão medieval, e desde então vêm progredindo até se tornarem o grande mercado que hoje movimenta bilhões de dólares por ano. Em 2010, por exemplo, apenas a venda de quadrinhos rendeu cerca de 5 bilhões de dólares, mas se formos pensar no mercado do mangá em geral, incluído produtos relacionados como filmes e animações baseadas nas histórias, temos o número de 37.5 bilhões. Os lucros estão hoje em uma fase de decadência, se comparado com anos anteriores, principalmente pelo fato da tecnologia estar progredindo e as pessoas lerem por uma via digital, mas essa perda não é muito significativa por enquanto. Mesmo assim, essa arte vem se espalhando mundialmente e se tornando cada vez mais popular. A palavra mangá é definida pelo dicionário japonês Kojien por “Simples, humorístico e exagerado desenho. Caricatura ou sátira social. Série de imagens contando uma história; ‘quadrinhos’” (tradução livre). Pode-se separar essa arte em duas fases: a “antiga” e a “moderna”, que correspondem a antes e depois da II Guerra Mundial, respectivamente. Antes da guerra, os apreciadores eram em sua maioria de uma classe social mais elevada, mas após, o mangá se tornou uma arte para todos, e assim é até os dias de hoje. Quando, antes da guerra, houve o surgimento dos primeiros quadrinhos como suplementos de jornais que foram criados e popularizados por Kitazawa Rakuten1, eles eram geralmente usados para divertir adultos, pois continham temas satíricos sobre a época, mas depois da aparição de duas histórias infantis nos periódicos, como Sho-chan no boken e Manga Taro. As tirinhas voltadas para o público infantil foram se tornando mais comuns e adquiriram uma grande fatia do mercado. Porém, durante a guerra, houve certa pressão por parte do governo para usar os personagens criados para incentivar a defesa do país e também como meios de propaganda nacionalista. 1 Considerado por muitos historiadores o criador do mangá moderno, em sua época trouxe novos métodos de desenho, inspirando assim novos artistas. Também foi o primeiro a utilizar o termo “mangá” para denominar as histórias que conhecemos por esse nome hoje. 6 Com o passar do tempo, o estilo do mangá foi sendo aprimorado, mas os temas apresentados nas histórias se mantiveram, assim como uma tradição; afinal, as tradições japonesas costumam ser milenares, como as “fábulas” que são contadas para as crianças que, assim como as nossas, contêm uma moral, sendo essa outra característica das histórias que compõem o mangá: na maioria das vezes, as histórias nos trazem uma lição ou, pelo menos, traziam no período pré e durante a II Guerra Mundial, quando as histórias em sua maioria continham uma crítica política e social que, após a guerra, tentava servir como apoio aos cidadãos devastados. Nos dias de hoje, está cada vez mais difícil achar uma história que contenha algum ensinamento e, quando há, em sua maioria são ideias clichês que já foram vistas em outras obras, embora elas sirvam para entreter muitos cidadãos que passam por pressões diárias vindas da escola ou do trabalho, e como os nipônicos tendem a ser pessoas mais caladas e que guardam para si seus sentimentos e frustrações, o mangá serve como um meio de “válvula de escape” que os fazem esquecer por um momento essa pressão, pois, muitas vezes os leitores vivem as histórias como se fossem as personagens, devido a uma característica do mangá que aproxima a história da realidade da sociedade japonesa tornando mais fácil se ter um apego a determinados tipos de personagens. Quando e por que será que essa arte chegou ao ponto onde apenas o que faz sucesso é reproduzido incansavelmente, sem haver uma preocupação com as ideias que ela vai transmitir a seus leitores, ideias que, originalmente eram um dos seus pontos principais? 1.1 – Contexto Histórico. Dizem que o mangá surgiu no Japão medieval, durante a Era Kamakura2, mas esse seria o mangá em sua fase “antiga”, que não tem a “cara” do mangá que conhecemos hoje. Os desenhos eram feitos em pergaminhos para a diversão de uma elite, além de ter um traço e um foco diferente, esses foram nomeados Ê-makimono. Tinham como temas geralmente 2 A história do Japão foi dividida em “eras”, cada uma marcada por algum acontecimento, totalizando-se 14 eras: Era Jomon (10.000 AC~300 AC), Era Yayoi (300 AC~300 DC), Era Kofun (300~645), Era Asuka (645~710), Era Nara (710~794), Era Heian (794~1185), Era Kamakura (1185~1333), Era Muromachi (1333~1568), Era Azuchi Momoyama (1568~1600), Era Edo (1600~1868), Era Meiji (1868~1912), Era Taisho (1912~1926), Era Showa (1926~1989) e a atual Era Heisei. 7 retratações de eventos religiosos e cenas da literatura local que eram mostrados com uma combinação de desenhos e escritas numa sequência. O começo do mangá moderno e para as massas se deu aproximadamente no final do século XVIII, com o desenvolvimento e crescimento de um país onde cada vez mais surgiam consumidores, devido principalmente à revolução industrial ocorrida na Inglaterra, que foi se espalhando pelo mundo e trouxe facilidades industriais de produção em larga escala. Para fabricar essas obras (agora em forma de livros), 1.1 Kibyôshi utilizava-se a xilogravura, e foi dado o nome Kibyôshi (“Capas amarelas”). Fizeram sucesso até meados do século XIX, quando foram vítimas da censura imposta pelo governo, pois se utilizavam de sátiras governamentais, e também pelo avanço de novas tecnologias. Assim, deixaram de ser produzidos. Seguindo o Kibyôshi, no século XX começou a ser produzido o Akahon (“Livro Vermelho”), criado pelo famoso Osamu Tezuka, considerado por todos como o “Deus do Mangá”, pois foi ele quem reinventou o antigo mangá e o transformou no sucesso que é hoje. Tezuka escrevia quadrinhos para jornais durante a II Guerra Mundial e, quando se tornou um sucesso, inventou o Akahon, que era 1.2 Akahon produzido por Osamu Tezuka destinado às crianças que precisavam de um meio barato para se entreterem durante a reconstrução de seu país no pós-guerra. Depois do sucesso de Tezuka, editores começaram a procurar mais pessoas como ele para criarem cada vez mais histórias. Assim, obtiveram sucesso, e logo o mangá começou a se desenvolver como uma nova indústria. No decorrer dos anos foram surgindo mais escritores e a concorrência cresceu. No início, a maioria dos autores eram homens e escreviam um determinado tipo de história que, com o tempo e com a entrada das mulheres nesse mercado, foi se diversificando e ganhando cada vez mais leitores. A primeira mulher a ter reconhecimento na área foi Hasegawa Machiko, com a história “Sazae san” em 1946, e até hoje sua história continua a ser produzida, mas em animê3, não em mangá. 3 O “desenho animado” japonês, geralmente inspirado em histórias dos mangás. 8 1.2 – A Indústria Atualmente. Após a II Guerra Mundial, o mangá começou a se popularizar e ser comercializado globalmente cada vez mais, dando mais popularidade ao Japão no exterior. Mas, assim como muitas coisas do nosso cotidiano, o mangá também teve seus altos e baixos. Nos dias de hoje, pode-se dizer que ele não está nos melhores anos, e podemos explicar esse fato pela globalização. O mangá está sendo “globalizado”, dando fácil acesso às pessoas, mas não da maneira esperada pelos vendedores, e sim de uma maneira virtual. A partir do momento em que um exemplar de algum mangá é colocado na internet, qualquer um pode ter acesso de forma gratuita. Dessa maneira, as pessoas podem traduzir os mangás para sua língua nativa e espalhá-lo para mais pessoas que não precisarão comprar o exemplar, o que prejudica principalmente as empresas e distribuidoras, além de prejudicar também os autores que dependem da venda de suas obras para sobreviverem. Mesmo assim, há um lado positivo, porque com mais fãs pelo mundo, os produtos inspirados nas histórias ganham um mercado mais amplo, e são eles que têm maior “expressividade” econômica, afinal, pode-se encontrar quase qualquer produto relacionado às histórias mais conhecidas, desde bonecos a roupas de cama. Mas vale ressaltar que, mesmo com essa “pirataria”, muitos títulos não tão famosos, alguns mais underground, não conseguem chegar a terras ocidentais. Este caso pode ser considerado pirataria, mas, por enquanto, não há uma maneira de controlar, pois existem grupos organizados que fazem o trabalho de traduzir e distribuir as histórias virtualmente e nenhuma medida foi tomada para impedi-los. 1.3 – O Mangá e a Sociedade. O mangá hoje tem milhares de fãs pelo mundo, e a cada dia ganha mais leitores. Os japoneses têm o que podemos chamar de uma cultura tradicional, com costumes e pensamentos milenares. Na sociedade japonesa, a população masculina sempre dominou e, assim, podemos dizer que é uma sociedade um tanto machista, mas, assim como em outros países, isso está mudando com a entrada da mulher no mercado de trabalho. Muitos não concordam com essa introdução feminina no mercado por acreditarem que elas devem cuidar dos filhos e da casa, embora a mulher tenha mais voz numa família no quesito organização. 9 Por exemplo: é ela quem controla as finanças; quanto cada um pode gastar e o que será comprado. Em 2005, foi realizado um estudo pela ‘Allen & Ingulsrud’, que mostra “quem são” os leitores de mangá no Japão: 40% dos entrevistados leem mangá na pré-escola, 27% da 1ª à 3ª série, 32% da 4ª à 9ª e 39% no ensino médio4. Os leitores não aprendem a ler mangás na escola e também não são influenciados pelos professores por não ser considerado uma alternativa educativa de estudo, embora o mangá não seja algo tão “inútil” como muitos pensam; afinal, assim como com qualquer livro, aprimoram-se a leitura, o conhecimento e a escrita. Mundo afora, os mangás são bem vistos por uns e mal vistos por outros. Uns acham que são histórias interessantes e divertidas; outros associam as ilustrações a algo estranho e que pode trazer prejuízo aos leitores. Nesse pensamento, entram questões tanto morais quanto religiosas, pois muitas histórias podem conter assuntos que envolvem sexualidade ou com os quais as igrejas não concordam, como alquimia e exorcismo. Não querendo entrar no mérito de analisar casos específicos de desgosto pela indústria dos mangás, podemos citar como exemplo o atual governador Shintaro Ishihara, que é totalmente contra essa produção. O governador divulgou muitas falas polêmicas sobre o assunto, dizendo que os fãs – chamados de Otakus – têm o “DNA corrompido” e que são “anormais”, acusando os mangás que apresentam sexo explicito – hentais 1.3 Shintaro Ishihara, governador de Tóquio. Visa censurar alguns mangás de teor apelativo. – de “causarem danos sem ter algum benefício”, além de chamar os fãs e as pessoas que não concordam com a sua opinião de “pervertidos”, embora esse mesmo governador tenha escrito uma série de livros que tinham como tema o estupro e que são vendidos nas livrarias sem restrições. Houve incidentes de estupro no Japão que, após análises, se assemelhavam aos ocorridos dos livros de Ishihara. Mas esse assunto não convém ser aprofundado neste trabalho. 4 O sistema de ensino japonês difere um pouco do brasileiro. Ambos têm o ensino fundamental e o ensino médio, divididos em 11 anos: Primário – pré até 5ª série no Brasil, no Japão vai até a 6ª série; Ginásio – 6ª a 8ª série no Brasil, 7ª à 9ª série no Japão; Colegial – 3 anos cada, nesse quesito são similares. 10 1.4 – O Mangá e seus Gêneros. Assim como livros e filmes, os mangás também possuem diversos gêneros, talvez até mais específicos do que os que conhecemos em outros meios, e muitas vezes os gêneros se interligam nas histórias, pois dependem uns dos outros. Como se pode perceber a partir dos gêneros citados, muitos têm um conteúdo mais adulto que faz sucesso entre os japoneses. Porém, mesmo com a separação desses gêneros, uma obra pode se encaixar em mais de uma classificação como, por exemplo, alguma história que seja de aventura, mas ao mesmo tempo de fantasia e comédia. Aventura – Geralmente tem um personagem principal que parte em uma jornada para um lugar distante e descobre novos lugares e pessoas no caminho. Esse gênero tornou-se mais popular durante a ‘Depressão Mundial’, onde havia uma grande massa de desempregados desmotivados e que não tinham muito lazer, e as histórias de aventura foram desenvolvidas para entretê-los com personagens cômicos e histórias empolgantes. - ‘Digimon’ – Típica história de uma longa jornada. Escrita por Akiyoshi Hongo em parceria com Hiroshi Izawa, conta em sua primeira fase a história de Taichi e seus amigos, que, em um acampamento de verão, recebem ‘digivices’ e assim são levados para o digimundo (Mundo Digital), onde encontram digimons (monstros digitais) que, com sua ajuda, tentam voltar para casa ao mesmo tempo em que auxiliam seus companheiros que estão em perigo no digimundo por conta de criaturas más que ameaçam a paz do lugar. Comédia – Histórias que têm sempre humor, diversão, sátiras, e onde os conflitos são resolvidos com um final feliz. Mais famosas entre o publico infantil, embora também apareça em histórias para outras idades. - ‘Crayon Shin chan’ – Famoso mundo afora, o personagem Shin-chan, criado por Yoshito Usui, é carismático, engraçado e não tem pudor nenhum. Com apenas cinco anos, ele aterroriza sua família, vizinhos e colegas de escola com suas brincadeiras de criança com um pouco de conteúdo adulto e, dessa forma, cativa os leitores da série. 1.4 Primeiro volume da série Crayon Shin Chan, com o protagonista Shin na capa. 11 Drama – Assim como em filmes, tem um teor mais emocional e traz temas ligados à tristeza, depressão, conflitos, doenças. - ‘Ichi Rittoru no Namida’ (Um litro de lágrimas) – História baseada em fatos reais, escrita por Kita em um volume único. Conta a história de Aya Kito, uma garota que vivia uma vida comum, mas que em sua adolescência descobre ter uma doença incurável, a degeneração espinocerebelar. O mangá nos mostra a vida da personagem, desde a descoberta da doença ao seu fim, ilustrando cada prova que Aya enfrentou. Antes de se tornar um mangá, foi lançado um livro com o diário que ela escrevia todos os dias até seu fim. Também foi gravada uma “novela” (Dorama) sobre os mesmos fatos. Ecchi – É um meio termo entre os gêneros romance e hentai, onde o autor procura dar um “gostinho” do que certo tipo de fã gosta, mostrando cenas de quase nudez de meninas e meninos. É voltado para um publico masculino, embora existam muitas leitoras também. - ‘Highschool of the Dead’ – Mangá criado por Daisuke Sato e Shouji Sato, que conta a história de um grupo de estudantes que enfrentam um apocalipse zumbi. Em princípio, é uma história mais sobrenatural que não se encaixaria no gênero Ecchi; porém, ao longo da história, as meninas recebem mais atenção do que os zumbis, os quais, em teoria, seriam o “foco principal” da história. Por isso, as personagens são mais atraentes na visão do público masculino, por possuírem o estereótipo da mulher desejada; são altas, magras e possuem um detalhe que é muito destacado nas cenas: seios particularmente grandes e, além disso, muitas vezes parecem ser “dependentes” dos homens da história, dando certo ar de fragilidade, mas não durante toda a história, pois muitas vezes os papéis se invertem. Personagens como uma criança e um “gordinho” são deixados em segundo plano. Fantasia – Envolve temas relacionados à magia, criaturas mitológicas e mundos paralelos. - ‘Fairy Tail’ – De Hiro Mashima, Fairy Tail tem como protagonistas Natsu e Lucy, inicialmente dois estranhos com diferentes objetivos. Natsu está em busca de Dragneel, o dragão que o criou e que um dia desapareceu misteriosamente; Lucy é uma maga estelar que está em busca das 12 chaves do zodíaco para ter seus poderes completos. Ambos se juntam a 12 uma guilda5 chamada Fairy Tail e conhecem novas pessoas com outras metas, trabalhando para ajudar os outros e ganhar dinheiro, enquanto procuram o que precisam. Hentai – O foco desse tipo de história é o sexo explicito entre um homem e uma mulher. Não há uma história mais profunda. O enredo é algo superficial colocado apenas para encaixarem o que “realmente importa”. - Ane to Otouto to (irmã e irmão) – No começo, pode parecer uma história comum, mas, assim como qualquer hentai, o foco não é exatamente a história. Nesse caso, temos também o tema do incesto, que nos mangás atuais é muitas vezes mostrado, independentemente de seu gênero. A história é sobre Anna Kazushima e seu irmão Aoto. Anna se divorcia e, após a recuperação, traz o irmão para morar com ela, mas depois de alguns dias ela começa a “abusar” do irmão, que acha a situação um tanto estranha e vai para a casa de um amigo. 1.5 Capa do Mangá de Ane to otouto to. Na capa, a personagem Anna. Com saudades e preocupado com a irmã, eles voltam a morar juntos, pois Aoto descobre que ela é seu amor verdadeiro. Mecha – Tem como foco principal a utilização de robôs e máquinas gigantes. Embora pareça com o gênero ‘Sci-fi’ que conhecemos, não é a mesma coisa, pois esse é um gênero a parte. - ‘Code Geass’ – Robôs gigantes muitas vezes aparecem em histórias, como no caso de Code Geass. A história se passa no Japão do ano de 2010, onde o país é invadido por ‘Knightmares’ (robôs) vindos de Britannia. Após a derrota na guerra, o Japão é tomado e Lelouch, um jovem estudante que fugia de policiais, acaba conhecendo uma “bruxa”, que lhe dá o poder de comandar as pessoas e com esse poder ele tenta fazer uma revolução e reaver o antigo Japão. 5 Local onde diversos personagens se reúnem para aprender novas habilidades e procurar trabalhos, uma espécie de “agência de empregos”. 13 Vida escolar – Conta a história de algum aluno comum dentro de uma escola. - ‘K-ON!’ – Uma série em que não se pode prever o que vai acontecer no próximo capítulo, pois é tudo muito casual. A história gira em torno do clube de música de uma escola formado por cinco meninas, que sempre procuram mais membros para manter o clube no ano seguinte e que adoram tomar chá e comer bolos, mais do que tocar os instrumentos. As musicas do clube têm temas “fofos” e românticos, típicos de meninas. A 1.6 Capa do mangá KON! Com a protagonista, Yui. franquia tem milhares de fãs pelo mundo. Shoujo – Histórias voltadas ao púbico feminino, com um enredo de romance idealizado como em um conto de fadas, onde os personagens, ao final da história, vivem felizes para sempre. - ‘Kaichou wa Maid-Sama!”(A chefe é uma Maid!) – Escrita por Hiro Fujiwara. ‘MaidSama!” é a história de Misaki, uma bolsista em uma escola que inicialmente era apenas para meninos e, como chefe do conselho estudantil, tenta proteger as poucas meninas que lá estudam. Além disso, ela tem um emprego num Maid Café6 para ajudar a família, e não quer que ninguém descubra, para não perder a imagem que amedronta os meninos da escola, até que um dia um de seus colegas descobre seu segredo e se apaixona por Misaki. Shounen – Voltado para o público masculino, tem muita ação e luta, assim como no gênero “ação”. - ‘Bleach’ – Criado por Tite Kubo, Bleach é uma história voltada para meninos, que envolve lutas e magia. A história gira em torno de Kurosaki Ichigo, um estudante que, após uma noite estranha, ganha poderes de Kuchiki Rukia, uma Shinigami (Deusa da Morte), para salvar a irmã do perigo. Com os poderes adquiridos ele passa a fazer o trabalho de Rukia, exorcizando Hollows (Espécie de demônio) e mandando-os para o céu, se foram bons; ou para o inferno, se foram maus. Rukia é condenada à morte pela ‘Soul Society’ (Sociedade dos espíritos. Céu) por transferir seus poderes a um humano e é obrigada a retornar ao céu. A história prossegue com Ichigo e seus amigos indo à ‘Soul Society’ impedirem que Rukia seja executada. 6 São cafés onde o diferencial é o atendimento. As garçonetes se vestem de Maids, espécie de “empregadas francesas” e tratam os clientes por ‘mestres’ e ‘mestras’. 14 - CAPÍTULO 2 - Tendências vêm e vão, empresas aprimoram seus produtos para melhor atender seus consumidores e garantirem seu lucro, e com isso tradições se perdem. É isso que pode ter acontecido com os famosos quadrinhos japoneses. 2.1 – A sociedade se importa mais com quantidade do que com qualidade. Não é de hoje que muitos produtos perderam certa qualidade com o advento da produção em massa. Mercadorias Made in China, por exemplo, são consumidas diariamente e não têm a mesma qualidade do mesmo produto produzido por uma empresa de “marca”, mas por serem mais baratas, são mais procuradas. A qualidade, muitas vezes, deixa de ser prioridade na vida do consumidor, tornando o valor do produto o fator mais importante. Tomamos como exemplo os móveis: antigamente eram feitos de modo artesanal, com uma madeira boa, e poderiam ser usados por muitos anos, o que não ocorre com os móveis que se encontram no mercado hoje em dia, que, por serem feitos de um material mais barato e menos resistente, são muitas vezes trocados poucos anos após a compra. Os mangás também sofreram essa mudança, mas não estruturalmente, e sim em seu conteúdo. O fato é que, quando a arte foi sendo criada e desenvolvida, tudo era novidade e sempre havia uma história diferente da outra para se contar, tornando-as inusitadas. Nos dias de hoje, não é sempre que encontramos essa surpresa, pois a raiz das histórias já foi trabalhada anteriormente e o que já fez sucesso foi sendo cada vez mais reproduzido, pois os escritores tinham a certeza de que venderiam. Um exemplo é a febre dos ‘zumbis’, que estão sendo usados como tema de histórias em diferentes mídias, como filmes – [REC]³ Genesis (2012) –, séries – The Walking Dead (2010) –, e também em mangás, como na série ‘Highschool of the Dead’, de Daisuke e Shouji Sato (vide tópico 1.4 página 10), que começou a ser publicada em 2006 em quadrinhos e, em 2010, ganhou sua versão em animação para a TV. Vale ressaltar que uma das razões para o mangá não ter mais a mesma qualidade de antes se deve ao fato de o lucro geralmente estar em primeiro plano na produção. 15 Mas, apesar das mudanças ocorridas, ainda aparecem novidades em algumas obras, só que diferem do que se tinha antigamente, pois o foco não é mais o mesmo. 2.2 – O potencial de uma história pode ser influenciado no meio do percurso Cada mangaká7 que tem seus trabalhos publicados tem para si um editor que cuida de tudo, desde o almoço do autor até a entrega dos desenhos para a editora. O problema é que, como foi dito anteriormente, hoje as pessoas visam apenas o lucro e os editores são em parte responsáveis pela qualidade de uma obra, pois eles opinam no enredo, cenários, personagens, mas acima de tudo, estabelecem prazos de entrega, o que pressiona os autores, e o resultado final às vezes não sai como o esperado, afinal, os seres humanos não são máquinas que podem trabalhar 24 horas por dia. Muitos mangakás, na época de um lançamento, mal saem de casa, comem ou dormem, por causa do curto período de tempo que têm para a entrega. Mas isso também depende de quanto em quanto tempo o mangá é publicado, pois podem ser capítulos semanais, quinzenais ou mensais. E assim, volta-se à época prérevolução industrial, onde todos os trabalhos eram 1.7 O mangaká Makoto Raiku (Criador de Zatch Bell) em seu ambiente de trabalho. exercidos manual e incansavelmente, em jornadas de trabalho estafantes. Mas o mangá está cada vez mais junto à tecnologia durante sua produção, por meio de uso de computadores e tablets para desenhar, embora alguns artistas ainda prefiram o velho papel e nanquim. Essa carreira pode ser mais difícil do que os leitores pensam, pois envolve muito mais do que apenas desenhar e criar uma história qualquer. O autor Naoki Urasawa (Monster, 20th 7 Autor de mangás. 16 Century Boys) diz: “Essa profissão é tão difícil que eu nunca recomendaria para alguém” (livre tradução)8. Os autores afirmam que se deve ter um bom relacionamento com seu editor, caso contrário, o trabalho pode não ser tão prazeroso e isso também pode afetar o produto final mais ainda. 2.3 – Ocidentalização do Oriente. Com a globalização, os países começaram a ter mais contato entre si, tornando a troca de informações e produtos mais rápida e eficaz, e com ela surgiu a “ocidentalização do oriente”, em que o diversificado ocidente entra em contato com o reservado oriente. O Japão, por estar localizado no oriente, fez parte desse processo. Antes disso, houve uma época em que ele se abriu comercialmente para parte da China e Coreia, aproximadamente de 206 até 700 D.C. Na era Edo (1600-1868), o Japão foi novamente isolado dos outros países pelo Xogunato Tokugawa9 (1603-1868), mas em 1854 foi assinada a Convenção de Kanagawa²10, proposta por Matthew Perry, e devido à pressão internacional, os Xoguns a assinaram, e assim os portos japoneses foram abertos para os Estados Unidos e depois para países como França, Alemanha e Rússia. A entrada dos Estados Unidos no Japão afetou de diversas maneiras o país, pois os norte-americanos introduziram sua cultura, e os japoneses, de certa forma, tiveram que aceitála, alterando a sua própria. Alguns pontos que sofreram grande influência, tanto americana quanto dos outros países, foram a educação, religião, organização militar, e até a constituição da sociedade como um todo. 8 Extraído da matéria “Naoki Urasawa talks about relationship between mangaka and editors” do site: comipress.com 9 Também conhecido como “Bakufu de Edo”, foi uma ditadura militar instituída pelo clã Tokugawa que assumiu o controle do Japão, pelo ganho da batalha de Sekigahara, após a morte do imperador antecedente. 10 Tratado que forçava o Japão a abrir seus portos para os Estados Unidos. 17 Essa influência na educação pôde ser vista inclusive nas artes encontradas no séc. XIX, que tinham algumas características ocidentais, e nessa época o “mangá moderno” estava tomando forma para se tornar o que é hoje. Também foi com essa chegada do ocidente que foi introduzida a moeda no Japão em 1871, conhecida como Yen (¥)11, pois antigamente havia trocas com arroz. 2.4 – O público pede, a indústria faz. Assim como foi dito anteriormente, o que faz sucesso vende, e o que não faz é deixado em segundo plano pelos vendedores do produto. No “universo” dos mangás, se um tema específico, como personagens tsunderes12, por exemplo, faz sucesso, mais histórias com temas assim tendem a aparecer, tanto novas quanto antigas que foram “encontradas” e receberam a devida atenção. Algumas vezes, um tema pode não agradar o público, ou agradar apenas uma parcela dos leitores, e o objetivo do capitalismo é agradar a todos para assim maximizar seu lucro, possivelmente afetando a vida dos escritores que às vezes seguem a demanda e não fazem o projeto inicial, porém muitas vezes eles têm uma ideia original que envolve um tema ou outro qualquer e com sorte, lançam até uma nova “moda” no mercado. 2.5 – A imposição dos ideais capitalista-americanos no país. Pode soar como um argumento anti-americano, mas não se pode negar que os Estados Unidos deixam sua marca por onde passam, seja culturalmente ou monetariamente. No Japão não foi diferente. O Japão deixou de ser um país regido por tradições milenares, e sim pelos ideais capitalistas vindos da América que, de certa forma, induziram o povo nipônico a ser como eles; isto pode ser justificado pelo fato do país ser detentor da terceira maior economia 11 12 Cotação 25/10/2012: US$1,00 = R$2,027 = ¥79,973 Termo utilizado para caracterizar personagens que são ao mesmo tempo extremamente frias e extremamente amáveis, variando as características dependendo da situação. 18 mundial e por fazerem parte do G2013. E como na “terra do sol nascente” a vida também gira em torno do dinheiro, vale dizer novamente que a imposição dessa cultura financeira influencia a tudo e a todos no cotidiano. 2.6 – Mangás X HQ – Características e sucesso. As Histórias em quadrinhos americanas, também conhecidas como ‘HQ’ ou ‘Comics’, antecederam o mangá atual e possivelmente foram uma “fonte de inspiração” para esse estilo em sua fase mais moderna. Ambos têm diferentes características, e embora sigam a linha de “história sequencial”, são elas que definem a intenção de cada estilo. Na época do “mangá antigo”, mais ou menos nos anos 70/ 80, o modo de se contar as histórias se diferenciava muito do estilo das HQ’s americanas e isso atraiu curiosos e futuros fãs. Existem muitos fatores que separam um estilo do outro como, por exemplo, os citados pelo quadrinista Scott Mccloud (Zot! Destroy!!): “Variedade de design de personagens, forte sensação de estar no lugar, presença de painéis sem fala que mostram uma transição de acontecimentos, linhas de movimento subjetivo, maturidade dos gêneros, detalhes mundanos, abuso da expressividade e personagens icônicos.” 1.8 Capa do HQ Zot! De Scott Mccloud Alguns desses aspectos, com o tempo, foram adotados pelas HQ’s e deixados de lado pelo mangá. As artes estão sempre se modificando. Se fosse perguntado a alguém qual a característica que primeiro lhe chama atenção na história de um mangá, muito provavelmente os “olhos grandes e brilhantes” seriam citados. Essa característica foi criada por Osamu Tezuka e passou a ser usada a partir dos anos 50. Esses olhos trazem diferentes ideias para um leitor, eles podem trazer conforto ou reprovação por serem bem expressivos, mas tudo depende de um contexto. No ocidente, esse estilo não é muito usual, o que causa certo estranhamento aos leitores; enquanto que, no Japão, isso é visto como normal e muito bem vindo, afinal, numa sociedade de olhares frios em cada esquina, um olhar mais “carinhoso” não vem a ser recusado. 13 Grupo das 20 economias mais desenvolvidas do mundo junto da União Europeia representados por grandes bancos e ministros. Quando reunidos tratam das finanças internacionais e seus problemas. 19 Os personagens, em geral, são um tanto estereotipados, variando de gênero para gênero. Em histórias para meninas (Shoujo), por exemplo, os homens são altos, magros e com o rosto um pouco “afeminado”, muitas vezes parecendo ser ainda mais ocidentais devido aos olhos grandes que geralmente possuem, o que também ajuda na hora de agradar as fãs. Sobre as características gerais de uma história, vale a pena lembrar que nem todas as histórias têm um final feliz, como nos contos de fada. 2.7 – A sociedade muda, o que ela produz também. A sociedade está em constante mudança. Mudam-se ideais, estilos, modos de vida e, consequentemente, o que é produzido. Na época pós-guerra, a população precisava de incentivo para seguir em frente, hoje isso já não é necessário. Mesmo com os recentes e catastróficos acontecimentos, o Japão se tornou uma nação que sabe como lidar com situações envolvendo desastres naturais, embora não possa evitá-los. Mas deixando os ocorridos de lado, os japoneses não precisam de incentivo e voltam-se para a ideia de entretenimento da arte, como havia antes da guerra. Crianças, jovens e até adultos leem mangás diariamente por todo o país, e cada um tem seu estilo preferido e cabe às indústrias entreterem o público. Com a mudança de valores que também ocorre no Japão, muitas histórias têm temas que antigamente não eram abordados, seja por desconhecimento, seja pela censura imposta pelo governo. A sexualidade, por exemplo, desde as primeiras ilustrações medievais, foi um tema recorrente, mas com a modernização do país, tornou-se uma espécie de tabu e não podia ser publicada a torto e a direito. Esse tema era considerado comum devido ao seu uso em ritos religiosos, mas com a abertura dos portos e as influência da igreja católica no país, eles foram “ensinados” que esse tema era algo que deveria ser escondido dos outros, influência que grande parte da população segue até hoje, embora isso esteja aos poucos mudando, e a prova são mais mangás com temas eróticos sendo publicados. Mas mesmo com essa nova “tendência”, nem tudo nesse gênero pode ser mostrado, pois há uma lei que proíbe a aparição de pelos em regiões íntimas nas ilustrações. Os japoneses muitas vezes têm vergonha de assumir que leem esse tipo de história e uma prova disso é o comércio de algumas obras em máquinas na rua, como aquelas de doces e refrigerantes, dessa forma o leitor não corre risco de alguém, no caso um vendedor, saber de 20 seu gosto que muitos desaprovam, afinal, os japoneses sempre tentam ser os melhores, embora não tentem “pular” sobre os outros, havendo assim certa igualdade em determinada classe. 2.8 – Uma sociedade visual. O Japão é um país onde muitas das situações cotidianas envolvem o uso de imagens. No Brasil, por exemplo, temos ilustrações simples nos ônibus e metrôs indicando assentos preferenciais, e o que não fazer em uma escada rolante. Já em terras orientais, essas ilustrações têm mais diversidade e também são mais “trabalhadas” artisticamente, contendo muitas vezes detalhes que não são vistos por aqui. O Japão sofre constante influência das imagens e talvez os mangás possam ter um pouco a ver com isso, influenciando ou sendo influenciados pelo país. 1.9 Placa localizada em um metro no Japão, com uma das maneiras de como não se portar no trem. 2.9 – Contextualizando e analisando algumas obras. Astro Boy (Tetsuwan Atom) Sinopse – Foi escrito por Osamu Tezuka e publicado pela editora Kodansha em 1963. Com o sucesso, foi sendo traduzido para outras línguas, entre elas em inglês, onde obteve grande destaque. Conta a história do robô “Astro”, criado por um cientista que queria substituir seu falecido filho, e por isso criou um robô semelhante a seu filho, tratando-o como tal. Análise – O drama de Astro Boy trabalha com diversas “side stories”, ou seja, várias pequenas histórias dentro da principal, que geralmente envolvem temas diversos, mais profundos e trabalhados. No primeiro capitulo, por exemplo, temos um personagem que tem problemas para superar seus medos, o robô-golfinho Gunon que foi criado para fazer buscas no fundo do mar, mas tem medo do escuro e de monstros, porém, ao longo da história vai recebendo incentivos de seus amigos e para salvá-los em um momento de perigo, supera seus medos. 21 O interessante nessa história é que foi escrita no período pós-guerra, onde os japoneses se reconstruíam e precisavam de incentivo, e, de uma forma ou de outra, precisavam de forças para conseguir prosseguir. Na história, pode-se comparar o povo japonês a Gunon e seus amigos aos fatores que ajudaram os japoneses a não desistirem, dentre eles a ajuda mútua entre a população, relacionando, assim, a história ao contexto sócio-cultural da época. Também ao longo dos capítulos, percebemos outros temas importantes que vão sendo trabalhados, como por exemplo, a perda de um filho, a visão negativa do ser humano e a pressão imposta aos filhos pelos pais. O personagem principal, Astro, representa o herói de que a sociedade precisava. Apesar de ser um robô, ele tem um bom coração e é amigo dos seres humanos, além de sempre ajudá-los quando necessário. Ele foi criado pelo professor Tenma para substituir seu filho, Toby, que morreu em um acidente. Possuía as mesmas características físicas, porém, em um primeiro momento não conseguiu ser um substituto como o pai queria e acabou sendo desmontado e depois encontrado pelo Professor Ochanomizu, que o reconstruiu e melhorou. O professor Tenma, pai e criador de Astro, transforma Daichi em um robô que se dá o nome de Atlas e este vive para tentar destruir os seres humanos por serem criaturas tão más que maltratam e menosprezam uns aos outros. Daichi era filho de um empresário muito rico e iria herdar a empresa do pai, por isso, muitas cobranças caíam sobre ele que procurava uma “válvula de escape”, correndo de moto e se envolvendo em brigas. Enquanto as cobranças vindas do pai surgiam, sua mãe se encontrava doente e ele sentia falta da família unida. E além de tudo, não se sentia inteiramente amado pelo pai, achando que ele apenas queria se aproveitar do garoto para continuar a empresa. Observando melhor esse personagem, pode-se encontrar certa semelhança com a sociedade japonesa, que sempre foi tradicionalmente rígida sobre a educação dos jovens, procurando sempre dar a melhor condição para terem uma vida estável e, principalmente, sem atrapalhar o próximo, ato que Atlas fazia para tentar se esquecer dos problemas. Outro tema citado anteriormente é a visão negativa que alguns robôs têm do ser humano, afinal, é de senso comum que é uma raça que muitas vezes é egoísta e despreza quem lhes ajuda e que joga fora o que não lhes têm utilidade sem pensar duas vezes, por exemplo, quando abandonam um cachorro como se ele também não possuísse sentimentos. 22 É exatamente assim que alguns robôs se sentem quando são abandonados e desmontados por seus donos e, como alguns possuem coração e sentimentos, acabam ficando ressentidos e às vezes desenvolvendo ódio e querendo vingança, o que aconteceu no caso de Atlas, mas que ocorreu de forma paradoxal em Astro. E esse é um dos motivos pelos quais Atlas quer destruir Astro, pois ele, mesmo sendo abandonado, continuou sendo amigo dos humanos e não possui tal sentimento de ódio. Astro acredita que os robôs foram construídos para ajudar os seres humanos quando problemas são apresentados, e que ajudá-los pode trazer-lhes felicidade. Outro motivo é o ódio de Atlas que pensa que, destruindo a cidade, irá se livrar da dor e do peso que carrega pela morte de sua mãe e pela indiferença de seu pai, e que em uma de suas tentativas, fez tal estrago que colocou a vida de muitos em risco e fez com que os humanos se virassem contra os robôs. Essa situação acabou gerando certo caos na cidade, pois os humanos queriam destruir todos os robôs e voltar a “dominar” seu território, mas Astro não desistiu e provou que nem todos os robôs são maus, e quem o ajudou foi um amigo humano que estudava na mesma escola. Com a iminente destruição de uma parte da empresa de seu pai na lua, vinda de grupos anti-robôs, Astro e Atlas se juntam para destruir a bomba encontrada no local, pois Atlas recupera as memórias de Daichi. Mas antes disso, Daichi reencontra seu pai, que lhe pede perdão pelo que aconteceu, afinal, pensava que ele estava morto. Sendo assim, Atlas se torna um robô melhor e, junto de Astro, destrói uma bomba, mas para isso, primeiramente teria que se sacrificar levando a bomba para ser destruída no espaço, o que surpreendeu e chocou a todos, mas com a força de vontade e com o incentivo de seus amigos, Atlas consegue sobreviver. Essa iniciativa de fazer o bem e deixar de ser um personagem “mau” poderia servir para, de alguma maneira, provar aos japoneses que todos têm um lado bom e ruim, mas que o bem sempre prevalece e que às vezes temos que nos sacrificar para um bem maior. Como na maioria das vezes os leitores de Astro boy eram crianças, essas ideias podem influenciá-las a serem indivíduos melhores. Outro fator que pode ser facilmente notado tanto pelo tema quanto pelos personagens, é a influência da tecnologia, dado o fato de que a história foi criada numa época pós II Revolução Industrial, onde são apresentadas técnicas de produção em massa, novas máquinas e tecnologias, inclusive como mão de obra. Em Astro boy, os robôs representam esses avanços, ou pelo menos os sonhos dos japoneses de que tais invenções fossem realmente de verdade. Alguns detalhes também podem ser comparados, como no caso da mão de obra que, no período pós-Revolução, é representada por mais máquinas e menos trabalhadores, o que 23 não era muito comum antigamente, e, na história, os robôs trabalham nas fábricas e indústrias, fazendo o trabalho de ambos, dispensando boa parte da ajuda humana. – A construção de imagens Nessa obra de Tezuka, já são perceptíveis as mudanças ocorridas na construção e montagem das imagens que compõem a obra. A ideia da ação corrente, inspirada no cinema e desenvolvida por Tezuka, por exemplo, pode ser vista na imagem abaixo, extraída da 3ª e 4ª páginas do segundo volume da obra. Na cena em questão, Astro tenta impedir Atlas de destruir a cidade e acaba havendo um conflito. Ao observar as imagens, tem-se uma sensação de que a cena está se passando na frente do leitor, pois vemos quadro pós-quadro de uma maneira que traz a ideia do movimento, tanto pela sobreposição quanto pela sequência. Também é apresentada a tão famosa característica dos grandes e expressivos olhos dos personagens. No primeiro quadro superior (da direita pra a esquerda), o olhar de Astro consegue remeter certo ar de tristeza, enquanto no último quadro inferior da mesma página (da direita para a esquerda), o olhar já é uma mistura de surpreso e assustado, mas mantendo o tamanho dos olhos. 24 Kimi ni Todoke (Que chegue a você) Sinopse – Kimi ni Todoke é um mangá shoujo (geralmente para meninas) que conta o “romance” entre Sawako Kuronuma e Shouta Kazehaya. O mangá ainda não chegou ao seu fim, mas até o momento, percebem-se uma série de mal entendidos, que mudam o rumo da história. Análise – A personagem principal, Sawako, no início da história, é isolada de sua turma na escola por ter uma aparência que assusta as pessoas, pois, por ser muito branca e ter cabelos longos e pretos, lembra a personagem do filme “O Chamado”, no Brasil conhecida como ‘Samara’ e no Japão como ‘Sadako’, semelhante ao nome da personagem, e é por esse nome que ela é conhecida por todos. Só essa condição da personagem já faz com que muitas meninas se identifiquem com ela, pois a “exclusão social” em sala de aula é comum no Japão e em muitos outros países, ainda mais nos dias de hoje. Afinal, vivemos em um mundo de aparências, onde a primeira impressão é o que se leva em conta para manter contato com outro indivíduo. E, além disso, os sentimentos da personagem são adotados pelas leitoras, pois, muitas vezes, Sawako se mostra insegura quanto a seus sentimentos e ao mesmo tempo encontra forças para superar as dificuldades quando necessário, mas com apoio moral indireto de Kazehaya. Kazehaya é da sala de Sawako. Eles se conheceram no primeiro dia de aula quando ela deu uma informação para ele. O personagem é alegre, popular e amigo de todos, e no início é o único que ao menos cumprimenta Sawako e conversa um pouco com ela, incentivando-a a tentar esclarecer os maus entendidos com seus colegas de sala, os quais acreditam que ela vê espíritos e traz azar a todos que a olham nos olhos por mais de 3 segundos. É assim que ela consegue suas duas primeiras amigas: Chizuru Yoshida e Ayane Yano, quando, ao ouvir uma conversa, resolve dizer que não pode ver espíritos nem trazer má sorte, e aos poucos vão se tornando mais e mais próximas, o que alegra Sawako, que, em toda sua vida escolar, nunca tivera amigos. No decorrer dos capítulos, tanto Sawako quando Kazehaya vão descobrindo que gostam um do outro mais do que como amigos, mas não sabem bem o que fazer. Para dificultar ainda mais, aparecem personagens que atrapalham a relação, como por exemplo, Kurumi, uma amiga de infância de Kazehaya que também o ama, e tenta fazer de tudo para se aproximar do garoto, inclusive espalhar boatos sobre as amigas de Sawako, dizendo que foi ela quem falou as mentiras, porém, no final, Kurumi é desmascarada. 25 Em situações como essa apresentada, as leitoras podem se apegar muito à personagem, pois se sentem no lugar dela, muitas vezes tomando suas dores e sofrimentos. Essa característica é apresentada em muitas histórias do estilo Shoujo. Cada personagem tem uma personalidade que de alguma forma cativa o leitor a ponto de fazê-lo colocar-se em seu lugar e ter os mesmos sentimentos do mesmo. A história de ‘Kimi ni Todoke’ não é o tipo de história onde são utilizados “atrativos” físicos das personagens para entreter os leitores, e sim, uma história mais envolvente, embora com muitas características que são vistas em muitas obras do gênero, como por exemplo, um “futuro-casal” que enfrenta dificuldades para demonstrar seus sentimentos; personagens secundários que os ajudam ou atrapalham; e um personagem enigmático que vai sendo trabalhado ao longo da história e que não se sabe ao certo o que quer. Até agora, esse foi o 5º mangá mais vendido no primeiro semestre de 2012, perdendo apenas para obras de grande circulação, popularidade e número de edições, como ‘One Piece’, ‘Naruto’ e ‘Hunter x Hunter’, todas mais voltadas para o público masculino, mas ficando ainda na frente da nova febre: ‘Fairy Tail’, também voltada ao público masculino, porém com adeptas femininas, assim como em toda obra. 26 – A construção de imagens Já com as características do mangá moderno, na página em questão (Volume 2, página 43) são perceptíveis características na construção da página, onde os quadrinhos não são todos simetricamente iguais, e em uma mesma página, são apresentadas falas primárias, falas ao fundo e pensamentos do personagem. Também se percebe que são duas cenas que acontecem simultaneamente, trazendo uma ideia “cinematográfica” de ação contínua e paralela. O personagem em destaque na cena, Kazehaya, mostra três diferentes expressões durante essa ação: vergonha, tristeza e uma “reconscientização” que são facilmente percebidas durante a leitura, tanto pelo desenho quanto pelo contexto. 27 -CONCLUSÃO- No decorrer deste trabalho, foram apresentados diversos fatores que fizeram com que o mangá se tornasse o que é hoje, dentre eles temos, por exemplo, influências de países do exterior e clichês que agradam os leitores. Mas também existem outros fatores que influenciaram a arte, assim como influenciam muitas outras. Apesar de certa ênfase ter sido dada sobre a questão dos apelos comerciais e seus adjacentes, observando as maiores vendas e tiragens de histórias, as mais vendidas nos últimos anos não têm necessariamente uma temática mais “comercial”. Analisando brevemente as obras mais vendidas, independentemente do titulo, elas são geralmente dos gêneros Shoujo e Shounen, os primeiros gêneros constituídos na criação do mangá atual. Independentemente da época, o mangá sempre procurou 1.10 One Piece. Obra estilo shounen, a mais vendida no Japão nos últimos anos com 180 milhões de cópias vendidas. atender a demanda da sociedade em determinado contexto, seja como forma de entretenimento ou ajuda emocional; para cada situação uma história diferente. Pode-se dizer que esse é o diferencial do mangá entre os outros métodos de se contar histórias; ele faz com que o leitor se identifique e que de alguma forma seja ajudado pela história, assim como as lições de moral das fábulas que conhecemos. Mesmo pertencendo a um mesmo estilo, as histórias geralmente possuem detalhes que as diferenciam entre si, o que faz com que sejam únicas, principalmente na questão do traço das histórias que varia de autor para autor fazendo deste sua respectiva “marca”. Os personagens do famoso estúdio CLAMP (Tsubasa Reservoir Chronicles, X-1999), por exemplo, são facilmente reconhecidos pelos leitores devido ao estilo com que são produzidos. Obras de diferentes épocas, como foi visto anteriormente, também têm suas diferenças e semelhanças, principalmente devido ao contexto histórico do momento, logo, não se pode comparar essas obras usando o conteúdo como base, pois ele muda de acordo com a época em que foi escrito, além de também variar da visão de mundo e ponto de vista de cada autor, tornando a análise subjetiva. 28 Um rumo completamente diferente foi sendo tomado com o passar do tempo, o que para os mais conservadores não é bem visto, mas nada pode-se fazer, afinal, mudanças fazem parte de todo processo e deve-se seguir o novo e recordar o que passou, porém, nunca se esquecendo de como tudo começou. Um dos fatores que causou essa mudança foi o processo de ocidentalização do oriente, em que muitos dos valores foram sendo alterados e os conservadores procuram preservar suas tradições, que, em parte, caracterizam a “Terra do Sol nascente” e passam a imagem do Japão de um povo disciplinado e trabalhador. Um lado interessante que foi sendo apresentado no trabalho foi justamente essa mudança, seja ela boa ou ruim, pois foi visto que uma arte criada em uma época medieval conseguiu sobreviver mesmo com adversidades tornando-se o que é hoje, mesmo que de uma forma completamente nova, tanto na estética quanto no conteúdo. O Japão, como já foi dito, é um país que segue uma cultura milenar e, seguindo esse princípio, outras expressões artísticas ainda são mantidas, mas estas não tiveram a mesma influência externa que afetou o mangá e se preservaram como uma cultura tradicional de determinada arte, como por exemplo, a escrita deles, que pode ser, em partes, considerada uma arte, pois é por vezes fundamentada em desenhos. Quando o assunto é a concorrência, foi mostrado que as HQ’s americanas competem com os mangás japoneses, mas nada impede que o leitor simpatize por ambos os estilos, embora muitas vezes opte por um em especial, por ter achado mais características que lhe agradem. Mas o termo “concorrência” não é levado ao pé da letra, pois são diferentes mercados. Embora o público-alvo muitas vezes seja o mesmo, as indústrias não competem diretamente, já que há espaço suficiente para as duas. Seja como for, essa arte vem ganhando cada vez mais fãs e simpatizantes pelo mundo afora, o que comprova que veio pra ficar, e que não é de todo mal como alguns pensam, pois, como foi apresentado, existem muitas pessoas, em geral adultos, que não acreditam que os mangás podem servir tanto como forma de entretenimento quanto como método de aprendizado, principalmente ao público mais jovem e em fase de alfabetização, já que a língua japonesa é relativamente complexa, mesmo para os adultos. Além disso, ler, independente da língua, é uma maneira divertida de aprender. 29 - ANEXO: OUTROS GÊNEROS - Gekiga – Mangá voltado para pessoas amadurecidas. Foi criado com a intenção de se diferenciar dos mangás que conhecemos, pois, para os autores de Gekiga, esse não é tão sério e a proposta seria influenciada se carregasse esse termo já que trabalha mais com temas reais do que fictícios. Como surgiu no contexto pós II Guerra Mundial, onde os mangás infantis faziam mais sucesso, esse foi outro motivo por ter sido dado outro nome. Shoujo-ai – Também conhecido como ‘Yuri’ trabalha com relacionamentos entre meninas, porém com tramas mais leves, sem cenas fortes para os leitores. O termo Shoujo-ai vem de Shoujo (menina) e Ai (amor). Orange – Assim como o ‘Shoujo-ai’, mostra relacionamentos entre meninas, porém com maior teor sexual, contendo cenas explícitas dessa relação. Ambos os gêneros tem geralmente como leitores o público masculino por uma questão de talvez afinidade; também existem leitoras. Shounen-ai – Assim como o ‘Shoujo-ai’, trata de histórias homossexuais, mas com meninos no lugar de meninas. Também conta a história de maneira mais leve e romântica. Também é conhecido como Yaoi. Lemon – Retrata uma história de amor entre homens, porém mais focada no teor sexual, mostrando cenas explicitas do que geralmente se espera que ocorra nesse gênero. Muitas vezes, em ambos os tipos de história, o público é geralmente feminino também por questões de afinidade. Harém – Como o próprio nome diz, são histórias que geralmente envolvem um personagem (masculino ou feminino) rodeado de três ou mais personagens do sexo oposto em, muitas vezes, uma comédia romântica; embora não haja bem uma atração romântica entre os personagens. 1.11 Junjou Romantica. Exemplo de mangá do gênero “Yaoi”. Lolicon – É um gênero um tanto complexo por seus diversos significados, pois, para os brasileiros é apenas um termo utilizado para se referir a histórias que mostram meninas menores de idade em situações constrangedoras como, por exemplo, as de nudez; no Japão esse termo é também utilizado para se referir a pedófilos. Shotacon – É em termos a mesma base do Lolicon, porém como uma inversão de papéis e, no lugar de meninas menores de idade, se encontram meninos. Geralmente mulheres mais velhas, tanto dentro quanto fora da história se sentem atraídas por esses personagens. Vale lembrar que fãs de Lolicon e Shotacon não podem ser considerados pedófilos, pois se sentem atraídos por personagens em 2D e não necessariamente 3D, reais. Bara – Também voltada ao tema homossexual com homens. Ao contrário do Shounen-ai, as histórias não são escritas por mulheres, mas sim por homossexuais para homossexuais. Os personagens são mais reais quanto à estética pois apresentam, por exemplo, pelos no corpo e fisionomia semelhante. 30 Mahou Shoujo – Esse gênero conta a história de meninas (geralmente a personagem principal) que possuem poderes sobrenaturais e mágicos; lutam contra o mal para salvar o mundo. Os poderes das personagens geralmente se concentram em algum objeto mágico que elas carregam consigo e o usa quando necessário. Com o passar do tempo as protagonistas vão aprimorando seus poderes e ficando mais fortes. Nessas obras, também aparecem muitas vezes meninos que as ajudam com seus poderes e que, às vezes, se apaixonam por elas. Terror – Assim como os filmes que conhecemos, mostram histórias assustadoras com temas sobrenaturais, como fantasmas e espíritos. Muitas vezes se passa em escolas ou cemitérios. Em algumas obras, há presença de sangue, esquartejamentos e mutilações. 1.12 Mahou Shoujo Madoka Magica. Exemplo de mangá do gênero “Mahou Shoujo”. Artes Marciais – Os japoneses são conhecidos por praticarem artes marciais, e esse tema não poderia ser deixado de fora dos mangás, pois também servem como um incentivo ao esporte. Mangás desse gênero geralmente contam a história de um personagem que vai progredindo e aprimorando suas técnicas ao longo da história. Lutas como jiu-jitsu, judô, e karate são muitas vezes trabalhadas. Esportes – Esses mangás também servem como incentivo a prática de esportes e tem como personagem principal alguém que vai progredindo em determinado esporte ao longo da história. São muitas vezes apresentados esportes como basquete, futebol e basebol. 31 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS - -Livros RICHARD, Brigitte Koyama. One Thousand Years of Manga. Paris: Flammarion, 2007. LUYTEN, Sonia Bibe. Mangá: O poder dos quadrinhos japoneses. 3ª edição. São Paulo: Hedra, 2011 PACHECO, Eloyr (Org.). Almanaque Shoujo Mangá: O poder da sedução feminina. São Paulo: Editora Escala, 2009. -Sites FRASIER, Alexander Nghiem. 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Acesso em: 24 out.2012 SASAKI, Umiko. Western Influences on Meiji, Japan. Disponível em: http://www.ehow.com/list_6162415_western-influences-meiji_-japan.html. Acesso em: 24 out. 2012 32 O Tratado de Kanagawa (The treaty of kanagawa). Disponível em: http://www.archives.gov/exhibits/featured_documents/treaty_of_kanagawa/. Acesso em: 23 out. 2012 MCCLOUD, Scott. Disponível em: http://scottmccloud.com. Acesso em: 23 out. 2012. http://www.tcj.com/manga-3-11-the-tsunami-the-japanese-publishing-industry-suzukimiso%E2%80%99s-reportage-and-the-one-piece-lifeboat/ HOLMBERG, Ryan. Manga 3.11: The Tsunami, the Japanese Publishing Industry, Suzuki Miso’s Reportage, and the One Piece Lifeboat. Disponível em: http://www.tcj.com/manga-311-the-tsunami-the-japanese-publishing-industry-suzuki-miso%E2%80%99s-reportage-andthe-one-piece-lifeboat/. Acesso em: 23 out. 2012 MATSUI, Takeshi. The Difusion of Foreign Cultural Products: The Case Analysis of Japanese Comics (Manga) Market in the US. 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