Memoria, tradición e invención - VI Congreso Iberoamericano de
Transcrição
Memoria, tradición e invención - VI Congreso Iberoamericano de
MEMORIA, TRADICIÓN E INVENCIÓN O Fórum em Defesa das Tradições Populares de Piracicaba: entre desafios, conquistas e contradições Iara Machado Universidade de São Paulo Brasil O Fórum em Defesa das Tradições Populares de Piracicaba1 é um projeto idealizado em 2008, por Chico Galvão, programador cultural do SESC2 Piracicaba, São Paulo, Brasil. Surgiu da ideia de salvaguardar a memória, o tempo e a história de culturas originárias e incentivar a herança destas tradições impactadas pelo processo de homogeneização da cultura, que tem seu início desde o processo de colonização/ globalização. Na primeira edição do Fórum, no ano de 2008, fui convidada a participar de sua abertura com uma palestra sobre a Festa do Divino3, uma tradicional festa popular religiosa da cidade e uma das mais antigas do Brasil, que envolve várias manifestações como e o Cururu4 e as danças da Congada5 do Divino (folia do Divino, o fandango, o cateretê, a cana verde, o samba-desafio, samba-roda, a congada, a dança dos tangarás, e o arrasta-pé). 1 Piracicaba é um município brasileiro no interior do estado de São Paulo, à 160 KM de distância da capital, com uma população de 367 289 habitantes. 2 O Serviço Social do Comércio (Sesc) é uma instituição brasileira privada, sem fins lucrativos, mantida pelos empresários do comércio de bens, serviços e turismo, através de recursos públicos, com atuação em todo âmbito nacional, voltada prioritariamente para o bem-estar social dos seus empregados e familiares, mas aberto à comunidade em geral. Atua nas áreas da Educação, Saúde, Lazer, Cultura e Assistência Médica. 3 Festa do Divino é uma festa religiosa popular de origem portuguesa. Presente em todo Brasil, se configurou de formas diferentes de acordo com dinâmica cultural de cada região, porém mantendo o seu significado maior: a ideia de que um dia haverá pão para todos, os presos serão soltos e a inocência reinará. 4 O cururu para Antônio Cândido, Mario de Andrade e Alceu Maynard de Araújo é uma “dança cantada do caipira paulista, em forma de repentismo, um desafio entre violeiros feito em improviso, proveniente de danças cerimoniais indígenas. Câmara Cascudo (1993) define como uma dança que tem origem na ação catequese dos jesuítas. Já para João Chiarini, o cururu é uma ―competição popular, luta amistosa entre canturiões de origem luso-afroindígena. Dança ou música, dança e música ao mesmo tempo como quer os africanos, o cururu tem como característica: a mistura do tema religioso, a louvação ou a llição, com assuntos do cotidiano. 5 A Congada que se apresenta na festa do Divino foi introduzida na Festa do Divino pelos escravos nos tempos do Brasil - colônia. Ela foi denominada, junto com o Moçambique, por Mário de Andrade (1982:57) como dança dramática, cuja especificidade é a realização de bailados coletivos que obedeçam a um tema característico tradicional, e que tenham o formato de obra musical constituída por meio da apresentação de coreografia sequencialmente ordenada, também conhecida por suíte. Sua origem é relacionada por alguns autores à apropriação de autos populares ibéricos reinterpretados por irmandades ou grupos de negros bantos em diferentes lugares e épocas. Para outros, a encenação é constituída essencialmente de costume africano de manutenção de Todas essas manifestações são híbridas, de origem indígena, negra ou portuguesa, que se configuraram de formas diferentes de acordo com a dinâmica cultural de cada região do Brasil. Mas, em suas simbologias todas “convergem para visões inspiradas na concórdia, solidariedade e justiça, as quais destoam dramaticamente do destino de desigualdade, violência e obscurantismo que marcam a história do país” como afirmou o historiador Sevcenko6. Este obscurantismo manteve essas expressões marginalizadas pela sociedade durante muitos anos, como é o caso do batuque de umbigada e o samba lenço em Piracicaba, que praticamente ocorriam nos núcleos familiares de seus mestres, ou em comunidades isoladas, sendo que estas práticas eram passadas dos mestres aos mais jovens, mantendo a tradição. Com o processo de globalização, a urbanização das cidades, o desenvolvimento das novas tecnologias, a criação da indústria do espetáculo e o aumento do consumo, a dificuldade em passar a tradição para os mais novos tornou-se uma preocupação, bem como uma ameaça ao sentido de identidade, de comunidade e pertença dos indivíduos, dos grupos e das sociedades. Este fenômeno não é local, trata-se de uma crise de identidades global, decorrente de um projeto de homogeneização planetária da cultura determinada pelo lógica do mercado e da globalização, ou seja, da imposição de um pensamento único. No entanto, a retórica unificadora não consegue sustentar as diferenças econômicas, sociais, culturais, ao contrário, agrava as assimetrias e, ao mesmo tempo, se aproveita delas para hierarquizar as culturas, a arte, os modos de viver e pensar. Somam-se a esta ditadura de um discurso uno, as ideias do fim da História e das ideologias disfarçadas na ideia de pluralismo que não é senão, formas diversas de um sistema único onde não há crítica e tudo é validado pela lógica do mercado. Estes fatos desencadeiam um movimento contra hegemônico de minorias que se articulam por redes, comunidades, blogs para debater a necessidade do direito de se expressar. Esta constatação fez com que as questões relativas à cultura despontassem, a partir dos anos 90, nos debates, nos fóruns e em reuniões intergovernamentais como o (SELA) Sistema Econômico Latino Americano, UNESCO e o BID (Banco Internacional para o Desenvolvimento). Nos fóruns contemporâneos de debates culturais promovidos pela UNESCO, desde 2001, ganharam força as discussões sobre o impacto dos processos de comunicação sobre as história oral via dramatização, no caso, de rememorações de lutas havidas em África contra os invasores europeus, sendo tal dramatização transmitida de geração para geração, representando um dos grandes legados de história oral afro-brasileira ainda existente. 6 SEVCENKO, Nicolau. Pindorama revisitada - cultura e sociedade em tempos de virada. São Paulo: Peirópolis, 2000,p.17. identidades culturais potenciados pelas novas tecnologias, contribuindo para o reconhecimento de que a cultura não pode ser considerada apenas como um produto comercial de fácil consumo como aponta Gonçalves7 (2004), e que, portanto, a produção cultural precisa ser mediatizada pelo Estado, e que, portanto, devem–se estabelecer políticas culturais. Se reconhece o peso que as indústrias culturais têm sobre a cultura e que esta deve ser pensada dentro de uma concepção de agente de interesses públicos para “defender tudo que na vida simbólica das sociedades não pode ser comercializado: por exemplo: os direitos humanos, as inovações estéticas, a construção coletiva do sentido histórico” (Canclini.2007)8. Dentro desta perspectiva surgem ações culturais de incentivo às memórias coletivas constituindo-se em políticas de resistência contra uma “história imediata em grande parte fabricada pela media” (Le Goff, 2003)9 gerando assim, uma história construída “sob pressão dessas memórias coletivas” (Ibidem), de histórias que não se situam sob a ideia de uma história universal da humanidade. É no bojo deste movimento histórico, que começa a se delinear, por meio de conferências e documentos, a importância da cultura para o desenvolvimento e a necessidade de se estabelecer políticas culturais que orientem ações culturais e promovam a produção da mesma, numa perspectiva de cooperação internacional. Dentre os documentos e conferências, destaca-se a criação da Convenção sobre a Proteção e Promoção da Diversidade das Expressões Culturais de 2005, e aumentam os estudos e discursos sobre patrimônio imaterial, a necessidade de salvaguardar a memória e o reconhecimento da história local. O Fórum em Defesa das Tradições Populares de Piracicaba reflete este momento e se alinha com o discurso da Convenção da Diversidade reivindicando que o poder público estabeleça uma política cultural para que ampare e promova as tradições populares de Piracicaba. A primeira edição contou com intelectuais de todos os tipos: acadêmicos artistas, e mestres do saber fazer, representantes das diversas culturas vivas: a congada, o samba-lenço10, a catira11, 7 GONÇALVES, Lisbeth R. As identidades culturais e a comunicação. In: Revista Arte e Cultura da América Latina, São Paulo. Vol. XIII 2/ 2004 8 CANCLINI, Nestor García. A globalização imaginada. São Paulo: Ed. Iluminuras Ltda., 2007. 9 LE GOFF, Jacques. História e memória. Campinas: Editora da Unicamp, 2003. 10 Samba-lenço. O Samba de Lenço é de origem africana. Em Piracicaba era mantido há 30 anos vinha pela família de seu Antônio Carlos Ferraz. Hoje a família formou um grupo que se apresenta, participa dos fóruns e das discussões sobre cultura na cidade, se apresentam em instituições culturais, ministram oficinas para toda a população. o batuque de umbigada12, o cururu e a festa do divino. Contava também com pessoas ligadas a instituições ligadas a cultura, ONGs e OSCIPs. A partir de palestras, discussões sobre o impacto cultural nas tradições populares, sobre os conflitos internos dos grupos, a falta de recursos e de políticas públicas de cultura para esta demanda e teve como resultado a produção de uma carta em Defesa das Tradições Populares de Piracicaba para ser publicada no principal jornal da cidade. Terminado o Fórum, as reuniões continuaram uma vez por semana, para criar ações, intervenções na cidade e projetos que envolvessem nos setores privados (Universidade SESC, SESI13) governamentais (prefeitura, Secretaria de Estado da Cultura e Ministério da Cultura) e de terceiro setor (ONGs14, OSCIPs15) e para elaborar a segunda edição do Fórum. 11 Catira. De origem indígena, é uma dança acompanhada pelo som de uma viola e pelas batidas de pés e mãos. Tem coreografia executada na maioria das vezes por homens (boiadeiros e lavradores) e pode ser formada por seis a dez componentes e mais uma dupla de violeiros, que tocam e cantam a moda. A tradição cultural é preservada em Piracicaba pela família Cantovicz. In defesadastradicoes.blogspot.com.br/2008/08/.html 12 Batuque de umbigada. O “Batuque de umbigada” dança originaria da África que assemelha o movimento do corpo com o axé e a capoeira tem como principal função festejar a fertilidade. “O Batuque é uma manifestação em que, junto à batucada, há uma dança na qual um homem e uma mulher encostam seus umbigos como parte da coreografia”, comenta o representante da tradição cultural Vanderlei Bastos. O elemento principal da coreografia é a "umbigada", ou seja, quando o ventre da mulher bate à altura do ventre do homem. Os participantes dão passos laterais arrastados, depois levantam os braços, batendo palmas acima da cabeça, inclinam o corpo para trás e dão vigorosas batidas com os ventres. Esse gesto é repetido ao fim de todos os passos. “A umbigada tem uma espiritualidade muito grande. Dentro da cultura banto existe a visão de que o umbigo é a nossa primeira boca e o ventre materno a primeira casa, a umbigada celebra o momento único em que eles se tocam, é como uma ode, um agradecimento ao dom da concepção, uma ação rápida e mágica, materializada através da dança” explica Bastos. In www.defesadastradicoes.blogspot.com.br/2008/08/.html. 13 O Serviço Social da Indústria (SESI) é uma rede de instituições privadas brasileiras e de atuação em âmbito nacional. Foi criado em 1 de julho de 19461 com a finalidade de promover o bem-estarsocial, o desenvolvimento cultural e a melhoria da qualidade de vida do trabalhador que atua nas indústrias, de sua família e da comunidade na qual estão inseridos, em geral. 14 Organizações não governamentais (ONG) atualmente significam um grupo social organizado, sem fins lucrativos, constituído formal e autonomamente, caracterizado por ações de solidariedade no campo das políticas públicas e pelo legítimo exercício de pressões políticas em proveito de populações excluídas das condições da cidadania. Porém seu conceito não é pacífico na doutrina, e com muitas divergências. Fazem parte do chamado Terceiro setor. 15 Organização da Sociedade Civil de Interesse Público ou OSCIP é um título fornecido pelo Ministério da Justiça do Brasil, cuja finalidade é facilitar o aparecimento de parcerias e convênios com todos os níveis de governo e órgãos públicos (federal, estadual e municipal) e permite que doações Dentre as ações e projetos realizados naquele ano, destacam-se: • A “Noite das Tradições Populares”, projeto apresentado para a prefeitura e que que se tornou permanente, reúne todo mês, ao ar livre, em um palco, diversas manifestações culturais e artísticas das tradições de Piracicaba. • Os “Bonecos do Elias”: Confeccionados em tamanho natural pelo artista Elias Rocha16, feitos a partir de sucata e de roupas doadas por parte da população, eram inseridos nas margens do rio Piracicaba, constituindo-se em uma “instalação de arte popular a céu aberto”17. Sempre foram a marca da cidade. Eram confundidos com pessoas por quem não os conhecia. Dizia o artista que o rio estava morrendo e os bonecos foram criados para “dar vida ao rio”. Com a morte do artista, os bonecos foram esquecidos em um depósito na “Casa do Povoador”18 já que quem os mantinha em bom estado era o artista. Lá se encontravam alguns bonecos, mais precisamente 23, que compõem o “Acervo Folclórico Elias Rocha”. Diante deste descaso, um grupo de artistas fez uma intervenção que se chamou “Congelamento dos Bonecos do Elias”19, que envolveu a catalogação, a limpeza (inclusive de resíduos de ratos e baratas que se encontravam nas roupas dos bonecos) e o “congelamento” , que consistiu em envolver os bonecos em panos, como múmias a espera de um tratamento adequado, com o intuito de reivindicar uma atitude do poder público para salvaguardar os bonecos que restaram, pois muitos se perderam e outros foram vendidos ao exterior. realizadas por empresas possam ser descontadas no imposto de renda. OSCIPs são ONGs criadas por iniciativa privada, que obtêm um certificado emitido pelo poder público federal ao comprovar o cumprimento de certos requisitos, especialmente aqueles derivados de normas de transparência administrativas. Em contrapartida, podem celebrar com o poder público os chamados termos de parceria, que são uma alternativa interessante aos convênios para ter maior agilidade e razoabilidade em prestar contas. 16 Elias Rocha (1932- 2008) foi um artista popular, participou de diversas exposições, tema de obras de teatro, filmes, livros e artes plásticas e visuais. 17 Comentário encontrado no jornal O Estado de São Paulo de 05/07/2006 – A cidade de Piracicaba, como a única a ter uma instalação de arte popular a céu aberto citado por Nordhal Neptune em sua tese de mestrado defendida no departamento de Multimeios da UNICAMP, intitulada ―Elias dos bonecos”. 18 A Casa do Povoador é um equipamento de Cultura, e também patrimônio da cidade, e também patrimônio da cidade, tombado pelo CODEPAC. (Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Piracicaba). 19 Anexo visual 8 Diversas ações se seguiram a esta, desde a exibição de um filme realizado sobre o artista em vários locais, passando por instalações com bonecos miniaturas e exposições até a construção de bonecos parecidos que foram colocados no rio, durante uma noite, como forma de pedir a recuperação e o tratamento devido aos bonecos, patrimônio da cidade. Outras ações como encontros mensais com apresentação dos grupos, viagens e intercâmbios entre manifestações de outros estados, oficinas para crianças, jovens e adultos em Centros Culturais e Escolas Públicas. Os bonecos foram restaurados, dois mestres do saber fazer e uma artista plástica conquistaram prêmios de instância federal voltados para a cultura popular, e na terceira edição do Fórum, é instituída uma lei municipal estabelecendo a anuidade do Fórum, assim como crianças, jovens e adultos fazendo aprenderam a dançar, cantar e tocar, a valorizar e reinventar as tradições populares. E assim se seguiram sucessivamente, a quarta e a quinta edições, e a esperança de fazer o sexto Fórum neste ano de 2014. Houve avanços e conquistas não se pode negar. A acidade desenhou uma “nova” cartografia da cultura nunca vista antes. No entanto também houve retrocessos: grupos que desapareceram, outros em vias de extinção. Apesar da lei, as dificuldades para manter o fórum e a coesão entre os grupos são muitas. A falta de verbas e de recursos para que os grupos mantenham suas atividades e o próprio Fórum fez com que muitos abandonassem o projeto em defesa das tradições. Além disso, a apropriação indevida das expressões populares pela indústria do espetáculo (confundida com políticas de incentivo) privilegia a forma em detrimento da estética inerentes as manifestações. Isto desarticula os grupos e acirra seus conflitos internos, dada a necessidade criada de atender as demandas do mercado. A importância de levar esta experiência ao VI Congresso Iberoamericano de Cultura deve-se ao fato de se tratar de problemas comuns a maioria dos povos das culturas originárias deste continente, tais como: os impactos do mercado em suas culturas, a falta de recursos que estes povos têm para levar adiante seus projetos, a falta de reconhecimento de seus “sistemasmundo” por parte da sociedade e das políticas públicas para suas expressões, e, sobretudo, e o entendimento de suas expressões como culturas estéticas para além da ideia de patrimônio imaterial, por parte das sociedade , dos indivíduos e dos próprios grupos. Ao meu ver, a ideia de patrimônio imaterial, ao menos na forma como vem sendo tratada, se de uma certa forma valoriza a diversidade cultural e as tradições, por outro lado, se observada a fundo, as petrifica. Portanto, este conceito deve ser também discutido para um maior entendimento do que realmente significa ou deve significar, pois “a diversidade pode às vezes se manifestar como antagonismo, mas também como transação e negociação” (Canclini, 2007)20. Muitos conflitos desencadeados nos grupos da tradições devem-se a necessidade criada de responder a um mercado que se criou sob o nome da preservação do patrimônio imaterial. Assim, suas expressões são transformadas em valor rentável, são desmanteladas, e em consequência, “o grupos sociais produtores dessas expressões são silenciados, pior ainda, são transformados em consumidores seriais - em simulacros de suas próprias expressões" (Foster 1996)21. Prova disso é o que aconteceu com o grupo da catira, que desapareceu, e o grupo do batuque que se dispersou. Assim, a tradição não pode ser vista como resquício do passado ou como apropriação do contemporâneo, nem tampouco como mercadoria e sim como uma cultura que não cessa nunca de acontecer e que portanto, é contemporânea, carregada de questões estéticas. Para além da ideia de patrimônio imaterial é preciso reconhecer estes grupos como produtores de expressões que vão além da forma e que, em seus contextos a forma não é representativa, mas significativa. Portanto é preciso ver suas expressões como reflexo de culturas estéticas. E somente estas asseguram uma produção cultural capaz de interromper o processo mercadológico, pois devolve às expressões coletivas, o seu sentido. Desta forma, é preciso repensar sob que ideias de patrimônio imaterial e culutra popular, originária se delineiam as políticas para a diversidade. Talvez seja necessário entender o patrimônio imaterial sob a luz do conceito de “patrimônio espiritual”. Definido como “aquilo que faz um povo ser o que é” (Le Goff. 2003) a partir da união dos patrimônios natural, material e imaterial, quiçá seja possível pensar o patrimônio imaterial como uma questão estética: a junção do conteúdo, da forma e da ideia; ou do pensamento complexo: da união do corpo-mente e ambiente. Dado que um dos eixos abordado pelo Movimento Culturas Vivas Comunitárias refere-se às culturas originárias, refletir e discutir sobre os desafios e contradições inerentes a questões do conceito de patrimônio imaterial, da diversidade e das diferenças, da arte e da estética destes povos, a experiência aqui relatada pode contribuir para pensar ações e políticas voltadas para estes povos, bem como as que vem sendo desenvolvidas até aqui. 20 Opus. Cit. P. 3 21 FOSTER, Hal. Recodificação - arte, espetáculo, política cultural. São Paulo: Casa Editorial Paulista, 1996. Para tanto, é preciso dar a ver que neste tempo, sobrevivem vários outros tempos que se sobrepõem e se intercalam, desprezando assim a “ditadura do discurso uno”, de um só tempo e um só pensamento. Ao contrário, que se faça um tempo onde coexistam espaços para esculpir a memória de todos os tempos! Patrimonio Cultural y Territorio en Iberoamérica Visualización de la Cultura Tradicional y Popular Campesina Registro sonoro y audiovisual de músicas campesinas en Colombia Oscar Alviar Pedagogo Musical Antioquia, Colombia A ustdes, caros amigos/ Mi gratitud infinita/ Teniendo a Dios por testigo/ Pues merecía castigo/ Si yo en esta confesión/ Que brota del corazón/ No dijera voz en cuello/ Hasta perder el resuello:/ ¡Ustedes, chéveres son!... Patrimonio Cultural A partir de los años sesenta se aprecia una preocupación social por la conservación de los vestigios y prácticas del pasado. Un movimiento conservacionista, que tiene como motivación colectiva la preservación, el estudio y la difusión del patrimonio cultural. Al constituirse el patrimonio en un territorio relativamente autónomo y extenso como resultado de transformaciones más amplias en el ámbito de la producción y circulación de bienes culturales, se han ampliado también nuevas maneras de uso y explotación. El interés que el patrimonio cultural ha suscitado en los medios de comunicación, junto al incremento de éste como un objeto de interés turístico y comercial, han hecho que se constituya en un componente privilegiado de las demandas de consumo cultural. Esta vinculación cada vez mayor del mercado en el ámbito de la producción y circulación cultural, ha orientado el interés en el patrimonio como objeto cultural de consumo, relegando el valor simbólico-significativo que éste tiene para la identidad e integración de los grupos sociales. Precisamente la extensión de esta nueva forma de concebir los objetos y prácticas culturales es la que ha hecho que desde diversas disciplinas se plantee un análisis más profundo respecto al concepto de patrimonio cultural, en cómo es construido socialmente y las implicaciones que una cierta noción de patrimonio tiene para los diversos grupos sociales y para la elaboración de políticas en torno al tema. Territorio Los territorios son construcciones sociales, configurados en procesos históricos de apropiación social y de establecimiento de formas de relación entre las poblaciones humanas y su entorno natural, formando paisaje. El conjunto de relaciones, visiones, códigos y normas, simbologías, lenguajes, reglas de juego, instituciones, expresiones estéticas y formas de vida, que constituyen ese paisaje, conforman la cultura propia de un territorio, lo que lo cohesiona y lo caracteriza. El Proyecto Turpial entiende el Patrimonio Cultural como, el conjunto de expresiones producto de las relaciones antropológicas de un grupo humano determinado, en el contexto de un territorio, más que política o geográficamente, DELIMITADO por la capacidad de generar identidad colectiva y representaciones simbólicas que les permita sentirse identificado con su entorno. En tal sentido el proyecto de Visualización de la Cultura Tradicional y Popular Campesina se inscribe: 1. En el entorno más de lo cultural, que de lo musicológico. 2. Las regiones que se abordan en él están delimitadas por el alcance de las simbologías, más que por fronteras geopolíticas. 3. Se ve el patrimonio como un bien cultural, propiedad de las comunidades, a quienes les pertenece, vivo, dinámico y variable. Este proyecto está orientado al reconocimiento y la circulación de músicos y grupos, prioritariamente en su propio medio y territorio, antes que pretender integrarlos a circuitos o escenarios del mercado global. Permitirá la visibilización de agrupaciones con cualidades interpretativas y creativas que se destaquen en su entorno, que no hayan sido registradas ni visual ni en medio sonoro. Grupos que habiten en zonas rurales o cabeceras municipales, que representen comunidades locales y regionales y cuyo quehacer musical esté relacionado con su modo de vida, entorno geográfico y que simbolicen las prácticas y hábitos propios de su comunidad. Las etapas en que se desarrolla este proyecto son: 1. Estandarización y definición de formatos de grabación, textos y documentales. 2. Definición de los grupos con los asesores del proyecto y ubicación geográfica. Contacto y definición de contenidos. Elaboración de cronogramas. 3. Contextualización del medio, grabación en vivo en el lugar de cada grupo, producción documental. 4. Edición y mezcla sonora y audiovisual. 5. Elaboración de textos y cartografía (ubicación geográfica). 6. Revisión y producción de materiales de cada núcleo. 7. Divulgación local, regional y global (medios, Internet, centros de documentación, universidades, coleccionistas, otros). Las líneas de acción que se ponen en práctica son: 1. 2. 3. 4. Investigativa: definición de criterios, estudio de antecedentes, contextualización. De producción: desarrollo de las actividades del proyecto. Comunicativa: divulgación y promoción del proyecto. Distribución en canales y medios. Gestión y administración: financiación, logística y seguimiento de metas y actividades, evaluación. Trabajo en el Caribe Nicaragüense22 Montserrat Martell Especialista Sector Cultural UNESCO, Costa Rica Martell retoma la dificultad de lograr consensos cuando participan una gran diversidad de grupos (189 Estados miembros en el caso de la UNESCO), así como las alianzas que se deben crear entre las diferentes instancias institucionales y las comunidades para lograr un adecuado desarrollo cultural. La experiencia que se presenta, gira en torno al trabajo con comunidades del Caribe nicaragüense. En este caso, distintas comunidades autóctonas del caribe nicaragüense abordaron diferentes temas propios de su cultura y desarrollaron, en conjunto con la UNESCO, un cuadernillo cultural que es un producto material final que corresponde a una prueba de la puesta en práctica de los textos de las convenciones que realiza esta agencia de la ONU y ejemplifica la alianza que se puede dar entre las instancias institucionales y las comunidades. Dentro de la experiencia de trabajo con las comunidades, Martell destaca la importancia de realizar una apropiada gestión que no lleve a la apropiación y beneficio de terceros. Es decir, una apropiada gestión debe evitar la caída del patrimonio cultural en la lógica del mercado. Además, la experiencia, desde la perspectiva institucional, visualiza las dificultades que se enfrentan para llegar a trabajar directamente con la comunidad. Hay un dilema para trabajar con la comunidad ya que, en muchos casos, se requiere un “permiso” institucional. Finalmente, señala la importancia de trabajar en la dotación de herramientas que permitan a la comunidad el continuar trabajando en la investigación y desarrollo de su patrimonio cultural una vez que la ayuda y los fondos institucionales hayan desaparecido. Ahora, para que esto sea posible es importante trabajar en la revaloración, por parte de los miembros de las comunidades, de su cultura. 22 Tomado de la Relatoría del Taller 8: Memoria, Tradición e Invención, 13 de abril, 2014 Nuestra Gente, Memoria y tradición, rescate del patrimonio y tradición oral en Tabio, Cundinamarca, Colombia Adrián Ibañez Representante Vive Tabio Cundinamarca, Colombia Alicia, Ana, Antonio, German, Juan, Luis, Eduardo, María del Carmen, Rosalba…Todas y todos ellos y muchos más son Nuestra Gente. Nuestra gente es el testimonio audiovisual y documental del patrimonio cultural de Tabio, acervo de saberes y tradición oral de un pueblo genuino, honesto y tierno que amó la tierra y la trabajó con fervor, antes que llegaran las industrias, la urbanización desbordada y el desapego a la tradición y la memoria. Mujeres y hombres cuyas historias merecen ser visibilizadas correspondiendo al llamado de la historia de no dejar morir la llama del saber ancestral para transmitirlo de generación en generación. Las tradiciones del pueblo, los relatos de vida, que construyen el imaginario y memoria colectiva de Tabio, de su territorio físico y humano. Las costumbres se van perdiendo, y hay que dar la dar relevancia a los adultos mayores y sus memorias. Porque el patrimonio cultural no se limita a monumentos y colecciones en un museo, sino también a las tradiciones y expresiones vivas heredadas de los antepasados y transmitidas a nuestros descendientes, como tradiciones orales, usos sociales, conocimientos y cotidianidades relativos a la naturaleza y al contexto. Para mantener vivo este patrimonio intangible, debe ser difundido, socializado y practicado por las nuevas generaciones. La gente, los abuelos y abuelas, ellos quieren ser visibilizados y puestos en el lugar preponderante que deben tener en la sociedad, en nuestros pueblos, porque ellos son portadores de la experiencia, de la vivencia y del tiempo. Vive Tabio con este proyecto de Nuestra Gente pretende empoderar a la comunidad adulta mayor del Municipio de Tabio, con el fin de rescatar, difundir, socializar y documentar la memoria e imaginario colectivo como pueblo, desde los procesos de vida de cada abuelo y abuela que han habitado y vivido el día a día de Tabio. El proyecto Nuestra Gente se encuentra en su primera etapa, en la cual se trata de crear una plataforma transmedia, Vive Tabio, para visibilizar y recopilar en formato de reportajes gráficos, reseñas escritas y entrevistas en audio, las memorias y tradiciones de la comunidad, adelantar un proceso personal, generando dinámicas de participación e inclusión, en las que ellos y ellas deciden libremente participar y compartir sus recuerdos. Se espera recopilar las memorias y tradiciones de al menos 100 abuelos y abuelas, como muestra simbólica y representativa de una época y una sociedad, la segunda etapa del proyecto Nuestra Gente es llevar toda esta investigación y recopilación al mundo editorial, generando así un libro que documente y preserve este patrimonio, el cual estará acompañado de un disco con las entrevistas en audio, las cuales darán inicio al primer centro de interpretación sonora de la región. Vive Tabio considera primordial la participación comunitaria y la inclusión como medios de desarrollo social y cultural, la cultura como dinamizador y herramienta para el desarrollo sostenible de los pueblos. Comunidad de Arturos: Patrimonio Cultural Intangible, ritmos, danzas y sonidos afrobrasileños Luis Gustavo Molinari Mundim, Gerente de Patrimonio Inmaterial, Instituto Estadual do Patrimonio Histórico e Artístico de Minas Gerais -IEPHA/MG Minas Gerais, Brasil La Comunidad de Arturos es una comunidad tradicional afrodescendiente, que tienen en sus prácticas diarias varias expresiones culturales brasileñas. El Instituto Estatal de Patrimonio Histórico y Artístico de Minas Gerais - IEPHA / MG, a través del Departamento de Patrimonio Inmaterial está llevando a cabo el proceso de Registro de la Comunidad de Arturos, que será la tercera expresión cultural inmaterial protegida por la Provincia de Minas Gerais y la primera en Brasil de una comunidad tradicional. En la comunidad se conserva y recrea diversas tradiciones de la cultura brasileña como Batuque, Folia de Reis, el candombe, el Reinado de Nuestra Señora del Rosario, la Fiesta de abolición, la Fiesta de João do Mato. Los sonidos y los ritmos son presencias constantes en todos los eventos. En los patios, permanecen las antiguas prácticas de los conocimientos relacionados con las raíces y plantas. Además, existe el conocimiento de los curanderos tradicionales, la fabricación de tambores y la ropa, el Congado, la cocina y muchos otros. Todas las expresiones han hecho a la Comunidad de Arturos un lugar de referencia cultural reconocido, que ha preservado el patrimonio cultural, que ha desaparecido en otros contextos. El proyecto comenzó en 2012 con el propósito de conocer la comunidad. El objetivo era y es agregar valor a las expresiones culturales existentes y reconocer a la comunidad como patrimonio cultural del Estado. El objetivo también era construir un inventario que representaba a la Comunidad de Arturos y en el que sus miembros se reconocen. La experiencia permitió a la institución desarrollar una metodología de trabajo que puede servir como un incentivo para el reconocimiento de otras comunidades tradicionales que se mantienen con vida y que promuevan la conservación de bienes culturales. En este proceso se llevaron a cabo varias acciones, siempre con la participación de Arturos como: Estudio de las referencias culturales; Inventario de los bienes culturales; Producción de Documentario Etnográfico de la Comunidad; Registro de Patrimonio de la Comunidad y la Cultura; Desarrollo e implementación de acciones para la salvaguarda. Guaraní Cuapé Yayembuate María de los Ángeles Andrade Representante Guaraní Cuapé Yayembuate Argentina El proyecto La Música del Arete Guasu fue presentado en el Programa Puntos de Cultura y tiene como objetivos la recuperación de la música ancestral Guaraní y los saberes ancestrales de los abuelos que fueron inmortalizados en un CD que será legado a las futuras generaciones. Muy pocos los adultos mayores de esta comunidad tocan la música Guaraní y para el proyecto es muy importante que pueda ser recuperada y difundida por este medio. La presentación del CD se llevó a cabo en el salón cultural en el mes de febrero, como parte de la fiesta del Arete Guaso, tradicional en la comunidad, donde es transmitida toda la cosmovisión del pueblo guaraní a través de valores y principios, los mayores de la comunidad dicen que en esta fiesta participan los que ya no están, del monte llegan a compartir con todo el pueblo. En esta fiesta se congregan músicos de diferentes lugares para confraternizar y el proyecto tiene la posibilidad de tocar la música tradicional guaraní. Durante este proyecto también se elaboró instrumentos musicales autóctonos que se realizan con cuero de animales del monte y con madera de árboles nativos, que además es utilizada para la confección de artesanías. Para los pueblos originarios es importante formar parte del Programa Puntos de Cultura, ya que permite compartir la cultura, tanto con el CD mencionado anteriormente, como con la elaboración de un libro que se distribuyó en las escuelas, lo que tiene una gran importancia ya que esto contribuye a que la cultura guaraní no se pierda. La transmisión de la cultura guaraní siempre fue oral, por lo que es de mucha relevancia la publicación de dicho libro para que se preserve por más tiempo; este libro contiene relatos de los abuelos y vivencias de la comunidad. Como parte del trabajo conjunto con el Programa Puntos de Cultura, se realizó un taller de corto animación con el objetivo de incluir a la juventud, para que por medio de las tecnologías puedan plasmar toda su cultura guaraní. Después de muchos años, es muy importante que en la actualidad el Estado se interese y brinde acompañamiento a la comunidad en su proceso de crecimiento, además de apoyarles en la publicación y grabación tanto del libro como del CD. La comunidad forma parte de una organización tradicional llamada Asamblea del Pueblo Guaraní, que realiza encuentros en Bolivia y Paraguay para construir una visión a futuro como Nación Guaraní, para buscar la unión de todos los pueblos guaraní y su buen vivir. Guamanique: Un proyecto de transformación social y rescate de la identidad cultural Olvín Valentín Director Ejecutivo Guamanique Puerto Rico Guamanique de Puerto Rico nace en el 1994 como respuesta a las inquietudes de un grupo de jóvenes estudiantes de varias comunidades de la región norte del país por mayores espacios y oportunidades de participar en el quehacer cultural y folklórico nacional. Hasta ese momento, las únicas expresiones de música y baile folklórico estaban disponibles solo en la ciudad capital y, a menor escala, en otras grandes metrópolis, y el acceso de éstas era muy limitado. Con 20 años de desarrollo, Guamanique tiene un norte claramente definido: promover las tradiciones, bailes, músicas y cultura puertorriqueña, principalmente a los jóvenes y nuevas generaciones. El trabajo principal se divide en tres grandes áreas: 1) la educación y transformación social y comunitaria a través de las artes, 2) la presentación y producción artística, y 3) la internacionalización y exportación de la cultura puertorriqueña. El arte como herramienta de transformación social y comunitaria es precisamente la misión principal. Recurriendo a la cultura como vehículo de enseñanza, se ha logrado integrar las artes y la educación para lograr el fortalecimiento de las comunidades, familias y jóvenes que allí habitan. A lo largo de la trayectoria de la organización se ha impactado sobre 300 jóvenes del área norte del país que han participado de algunos de los programas de expresión y desarrollo artístico, sea mediante la agrupación de baile folklórico, conjuntos musicales o grupos de teatro comunitario o escolares. Entre las principales iniciativas figuran actividades extracurriculares disponibles para estudiantes fuera del horario escolar, eventos o programas para adultos mayores o personas con dificultades físicas, actividades dirigidas a niños pequeños y eventos culturales comunitarias para el disfrute familiar. Gran parte de estos servicios se ofrecen libres de costo y el fin principal es la propagación del saber y el aprecio cultural a nuevas generaciones. En el área de la internacionalización y exportación de la cultura puertorriqueña, Guamanique ha logrado la realización de intercambios y giras artísticas a diferentes festivales folklóricos alrededor del mundo. Con esto, no solo ha logrado promover la cultura puertorriqueña, bailes y música folklórica fuera del país, sino también se ofrece la oportunidad a los jóvenes participantes de los programas de exponerse a otras culturas, sentirse orgullosos de representar a su país y sus tradiciones, e interactuar con otros artistas jóvenes de alrededor del mundo que realizan igual labor que ellos. Hasta la fecha, Guamanique ha realizado intercambios a 25 países en 4 continentes, proveyendo experiencias únicas a muchos jóvenes que de otra forma nunca tendrían oportunidades similares. Museo Histórico de Placilla…promoción y defensa de nuestro patrimonio histórico, cultural y natural Pamela Fuentes Pradenas Directora Museo Histórico de Placilla (Centro Cultural Placilla) Placilla de Peñuelas - Valparaíso, Chile El proyecto de la creación del museo comunitario Museo Histórico de Placilla surgió, en primera instancia, ante la necesidad y organización de los propios vecinos de la localidad de reunir y dar a conocer en un solo lugar, todos aquellos “tesoros” encontrados y acumulados por años por diversas familias, y que no habían sido rescatados por el Estado bajo ninguna circunstancia. El proyecto se concretó bajo la coordinación y ardua tarea de una organización social sin fines de lucro: el Centro Cultural Placilla, conformada por estos vecinos y vecinas de la localidad, el que se constituye con Personalidad Jurídica propia, lo que le permite postular a diversas fuentes de financiamiento estatales y/o de cooperación internacional, así como de privados. Durante el año 2006 y bajo el programa de Gobierno “Quiero mi Barrio” del Ministerio de Vivienda y Urbanismo se incluyó a Placilla de Peñuelas como un barrio a ser intervenido mediante un Plan de Gestión Social y un Plan de Gestión de Obras, los que incluían “obras de confianza”. Dentro de estas obras de confianza se solicitó la construcción de un inmueble destinado para el museo de la localidad. Y es de esta manera, como el Centro Cultural Placilla quedó bajo la administración del espacio y de las actividades a desarrollarse en él, con total independencia en su actuar respecto de la gestión municipal o estatal. El trabajo del Centro Cultural Placilla se ve reflejado en la labor diaria de su museo comunitario, el Museo Histórico de Placilla. Es desde este espacio donde se gestan las ideas de trabajo, proyectos y actividades, además de encuentros con los vecinos y vecinas, así como profesionales de la localidad para la organización y defensa del patrimonio natural y cultural. El espacio físico se proyecta más allá de sus límites y hace parte del territorio. De allí que no sólo se restrinja a las murallas del inmueble, sino que de la localidad en su globalidad. Se han desarrollado diversas iniciativas en estos ámbitos a los largo de estos años, no sólo en el museo, sino que en innumerables espacios como: Ferias artesanales; Exposición Fotográfica “Placilla en el Pasado”; Exposición de “Antigüedades y Curiosidades”, en la que participaron una gran cantidad de antiguos placillanos, mediante el aporte con fotos familiares; Exposición “Placilla y su Historia sobre ruedas”, con el objeto de dar un valor a la labor y quehacer de la vida del camionero en Placilla; Participación en conmemoración festividad Procesión de San Cristóbal “El Santo de San Cristóbal”, patrono de los viajeros, entre muchas otras actividades que fomentan el intercambio de los y las habitantes de Placilla. Conclusiones y Recomendaciones La discusión sobre el tema de este apartado se dividió en los principales desafíos y sugerencias que enfrentan las Culturas Vivas Comunitarias en los temas de: memoria, tradición e invención. Tradición Se identificó como uno de los principales retos el abordaje que se le da al concepto de tradición. Ante una concepción sólida del concepto de tradición que es hegemónica, elitista, estática y conservadora se propone una reelaboración que implique una visión de la tradición como algo vivo, dinámico y producto de una construcción social. Es decir, se propone la apertura a nuevas visiones y concepciones del concepto de tradición, el abandono de la manera convencional de entender la tradición. Por otro lado, partiendo de esta nueva concepción del concepto de tradición se propone la potenciación de prácticas comunitarias tradicionales para que sean potenciales acciones de cambios positivos. De este modo, los miembros de las comunidades, a través de sus tradiciones, pueden ser sujetos de cambio. Invención Se identificaron cuatro problemas o desafíos principales. El primero es la contraposición que existe entre los conceptos de tradición e invención. Hay una concepción que indica que ser creativo e innovador implica un rompimiento con lo tradicional. Un segundo desafío se plantea a partir de que el discurso renovado del patrimonio le llega a quitar vida a las culturas y las inmiscuye en las dinámicas del mercado. Es otras palabras, se comprende y valora el patrimonio sólo en términos de su función comercial. Un tercer desafío son las formas en que el Estado asume sus tareas ante lo público. La intervención del Estado conduce al desconocimiento del papel de la comunidad y sus capacidades. Un último desafío plantea la problemática que genera la creencia que las Culturas Vivas Comunitarias son escenarios y experiencias cargadas de carencias. Ante estos desafíos, se propone el pertinente reconocimiento de que las Culturas Vivas Comunitarias, como procesos innovadores. La tradición no está necesariamente en contraposición con la innovación ya que no es algo antiguo que se retoma sino que son procesos que se viven de forma contemporánea. Además, es imperiosa la necesidad de luchar porque se reconozca que la gestión cultural requiere de la intervención de las comunidades, la intervención y las propuestas de trabajo no pueden detenerse en lo estatal. Memoria Se plantearon retos a partir de sus inquietudes respecto al concepto de memoria que se tiene y que determina las acciones de los individuos. También, se expone la inquietud respecto a la función que tiene el investigar sobre la memoria. ¿Se investiga para rescatarla? ¿Se investiga para salvaguardarla? Del mismo modo, se planteó la existencia de formas de homogenización hegemónica que niegan y hacen desaparecer otras formas alternativas de saber. Ahora bien, entre las sugerencias para trabajar dentro del tema de la memoria se señaló que es importante abordar la gestión cultural de manera que incluya formas de conocimiento no convencionales, por ejemplo, el trabajo con adultos mayores de las comunidades y otros portadores de tradiciones. Además, el reconocimiento cultural de las comunidades debe hacerse desde la comunidad, como una forma de apropiación por parte de sus miembros, con la participación de distintos grupos etarios, en síntesis, la producción de la memoria debe ser por parte de la comunidad. Y finalmente, la transmisión debe hacerse con el objetivo de revitalizar el conocimiento de las prácticas vivas de las comunidades.