Suplementação com óleo de soja na dieta

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Suplementação com óleo de soja na dieta
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS
Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde
Departamento de Medicina Veterinária
Curso de Medicina Veterinária em Betim
Consuelo Marelli
Juliana Monteiro dos Santos Freire
Suplementação com óleo de soja na dieta de éguas da raça Mangalarga Marchador
submetidas a treinamento para provas de marcha.
Betim
2013
Consuelo Marelli
Juliana Monteiro dos Santos Freire
Suplementação com óleo de soja na dieta de éguas da raça Mangalarga Marchador
submetidas a treinamento para provas de marcha.
Monografia apresentada ao Curso de Medicina
Veterinária em Betim da Pontifícia Universidade
Católica de Minas Gerais, como requisito parcial
para obtenção do título de Bacharel em Medicina
Veterinária.
Orientador: João Carlos Toledo Júnior
Co-orientador: Tiago de Resende Garcia
Betim
2013
Consuelo Marelli
Juliana Monteiro dos Santos Freire
Suplementação com óleo de soja na dieta de éguas da raça Mangalarga Marchador
submetidas a treinamento para provas de marcha.
Monografia apresentada ao Curso de Medicina
Veterinária em Betim da Pontifícia Universidade
Católica de Minas Gerais, como requisito parcial
para obtenção do título de Bacharel em Medicina
Veterinária.
____________________________________________
João Carlos Toledo Júnior – PUC Minas
____________________________________________
Tiago de Resende Garcia – UFMG - ABCCMM
____________________________________________
Mayara Gonçalves Fonseca - UFMG
Betim, 01 de Julho de 2013
Dedico este trabalho aos animais,
grande inspiração do curso.
Aos pais já falecidos, que amamos muito,
pelo exemplo de vida.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradecemos a Deus por sempre nos proteger e guiar proporcionando a
oportunidade de conquistarmos todos nossos objetivos.
À nossa família que pacientemente nos apoiou em nossa jornada, despendendo muita
compreensão e carinho nas horas delicadas e difíceis.
À Helena e Valquíria por nos acolher em seu Haras (Haras Élio Quadrado), que além
de confiar seus animais para serem utilizados no experimento disponibilizaram toda dieta
fornecida de acordo com o protocolo estipulado.
Aos funcionários do Haras Élio Quadrado: Zulu, Gilmar e Denis, agradecemos o apoio
indispensável em todos os momentos.
Ao Tiago, verdadeiro mentor e amigo. Muito Obrigada pelos conhecimentos
transmitidos e pela oportunidade de trabalhar ao seu lado.
Ao Juliano Martins Santiago, que nos ajudou na estatística
À Suellen do laboratório de nutrição, que deu todo apoio na análise bromatológica.
Agradecemos à Claudinha, Mayara e Paula que muito nos ajudaram.
Por último, não menos importante agradecemos com carinho especial todas as éguas:
Bartira, Berta, Catedral, Chiala, Cori, Dalila, Dinâmica, Grega, Imburana, Lusa, Mariposa e
Quibela.
E todos que direta ou indiretamente contribuíram para a construção deste trabalho,
nosso MUITO OBRIGADO!
"Bom mesmo é ir à luta com determinação, abraçar a vida com
paixão, perder com classe e vencer com ousadia, pois o mundo
pertence a quem se atreve, e a vida é MUITO pra ser
insignificante"
(Charles Chaplin)
RESUMO
Objetivou-se com este experimento avaliar os efeitos da suplementação da dieta com óleo de
soja no desempenho atlético de éguas da raça Mangalarga Marchador durante o treinamento
para provas de marcha. Foram utilizadas 12 éguas, com faixa etária entre 3 e 8 anos de idade e
peso corporal entre 325 e 420 Kg. Os animais foram distribuídos em um delineamento
inteiramente ao acaso, em esquema de parcelas subsubdivididas, sendo os tratamentos
constituídos pelo grupo suplementado com óleo de soja e controle, com seis repetições
(éguas) por tratamento, as subparcelas representadas pelos testes de marcha realizados antes
(Teste I) e após o treinamento (Teste II) e as subsubparcelas formadas pelos tempos de
avaliação. O experimento se deu no prazo de 60 dias e foi realizado em duas fases: Fase de
pré-condicionamento e fase do treinamento. No final de cada uma dessas fases foram
realizados os testes de marcha. A dieta das éguas foi balanceada contendo a mesma densidade
energética. O concentrado comercial e a utilização de óleo diferiram entre grupos
(suplementado e controle). O protocolo do teste de marcha foi constituído por séries de dez
minutos de marcha (10-12 km/h). Imediatamente no final de cada série de marcha foi
mensurada frequência cardíaca e concentração sanguínea de lactato. Os testes foram
interrompidos quando as éguas atingiram o limiar anaeróbico (Frequência Cardíaca (FC) ≥
200 bpm e lactato ≥ 4 mmol/L) com limite máximo de cento e cinqüenta minutos (150’) de
marcha. Avaliou-se tempo para atingir o limiar anaeróbico (interação entre FC x lactato),
lactato (basal e a cada 10 minutos do teste), frequência cardíaca (FC) (basal e a cada 10
minutos do teste), hemogasometria (basal e final do teste), Aspatato amino tranferase (AST),
Creatina fosfoquinase (CK) e Lactato desigrogenase (LDH) (basal, 1hora, 6 horas e 12 horas
após término do exercício). A suplementação de 350 ml de óleo de soja mostrou ser
importante ferramenta no balanceamento da dieta dos eqüinos, pois não influenciou
negativamente o desempenho das éguas. Dietas balanceadas com suplementação de óleo de
soja reduzem os custos com alimentação. O protocolo de treinamento utilizado (treinamento
intervalado) foi capaz de promover melhora do condicionamento físico de éguas da raça
Mangalarga Marchador.
Palavras Chave: Condicionamento físico, Custos, Equinos, Limiar anaeróbico e Treinamento
Intervalado.
ABSTRACT
The objective of this experiment was to evaluate the effects in diet supplementation with
soybean oil in athletic performance mares Mangalarga Marchador during training for the
marcha competition. We used 12 mares, aged between 3 and 8 years of age and weighing
between 325 and 420 Kg. Animals were distributed in a completely randomized design in a
split plot design scheme. The treatments were the group supplemented with oil soybean and
control group, with six replications (mares) per treatment, subplots represented by marcha
tests performed before (Test I) and after training (Test II), and the split formed by the time of
evaluation. The experiment took place within 60 days and was conducted in two phases:
preconditioning and training. At the end of each phase, one test of marcha was performed to
evaluate conditioning. The mares received balanced diet containing the same energy density,
but commercial concentrate and oil amount differ between groups (control and
supplemented). The testing protocol consisted of ten minutes marcha (10-12 km/h) series.
Immediately at the end of each serie of marcha was measured heart rate and blood lactate
concentration. The tests were interrupted when the mares reached the anaerobic threshold
(Heart Rate (HR) ≥ 200 bpm and lactate ≥ 4 mmol / L) or when to the limit maximum one
hundred and fifty minutes (150 '). We evaluated time to reach anaerobic threshold (interaction
between HR x lactate), lactate (baseline and every 10 minutes of the test), HR (baseline and
every 10 minutes of the test), blood gas analysis (baseline and end of the test), Amino
aspatato transferase (AST), Creatine fosforoquinase (CK) and Lactate desigrogenase (LDH) (baseline, 1 hour, 6 hours and 12 hours after cessation of exercise). The supplementation of
350 ml of soybean oil proved to be an important tool in balancing the diet of Mangalarga
Marchador horses in training for marcha competition. Balanced diets supplemented with
soybean oil reduce feed costs.The training protocol used was able to promote improvement in
physical condition the mares for an official marcha competition.
Keywords: Anaerobic threshold, Costs, Equine, Interval Training and Physical conditioning.
LISTA DE TABELAS
TABELA 1-
Cálculo balanceamento da dieta (concentrado) ...............................38
TABELA 2 -
Concentração de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), fibra em
detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), extrato
etéreo (EE), matéria mineral (MM) e carboidrato não fibroso (CNF)
dos alimentos fornecidos em diferentes momentos do período
experimental (I início – 13/01/2013; II meio – 16/02/2013 e III final
– 28/02/2013) sendo concentrado (C) 12% e 15% e volumoso (V).
* % na MS ........................................................................................40
TABELA 3 -
Tempo de marcha (minutos) necessário para a frequência cardíaca
(FC) das éguas Mangalarga Marchador atingirem 150 batimentos por
minuto (bpm) nos testes realizados antes do treinamento (teste I) e
após o treinamento (teste II), com seu coeficiente de variação (CV)
(n=12) ...............................................................................................42
TABELA 4 -
Tempo de marcha (minutos) necessário para a frequência cardíaca
(FC) das éguas Mangalarga Marchador atingirem 200 batimentos por
minuto (bpm) nos testes realizados antes do treinamento (teste I) e
após o treinamento (teste II), com seu coeficiente de variação (CV)
(n=12)................................................................................................42
TABELA 5 -
Tempo de marcha (minutos) necessário para a concentração
sanguínea de lactato (Lac.) das éguas Mangalarga Marchador
atingirem 4,0 mmol/L nos testes realizados antes do treinamento
(teste I) e após o treinamento (teste II), com seu coeficiente de
variação (CV) (n=12) .......................................................................43
TABELA 6 -
Tempo de marcha (minutos) necessário para as éguas Mangalarga
Marchador atingirem o limiar anaeróbico, nos testes realizados antes
do treinamento (teste I) e após o treinamento (teste II), com seu
coeficiente de variação (CV) (n=12) ...............................................44
TABELA 7 -
Valores médios das concentrações sanguíneas de creatinocinase
(CK) das éguas Mangalarga Marchador antes do treinamento (teste
I) e após o treinamento (teste II), com seu coeficiente de variação
(CV) (n=12) .....................................................................................46
TABELA 8 -
Valores
médios
das
concentrações
sanguíneas
de
aspartatoaminotransferase (AST) das éguas Mangalarga Marchador
antes do treinamento (teste I) e após o treinamento (teste II), com seu
respectivo
coeficiente
de
variação
(CV)
(n=12).................................................................................................47
TABELA 9 -
Valores médios das concentrações sanguíneas de lactato
desidrogenase (LDH) das éguas Mangalarga Marchador antes do
treinamento (teste I) e após o treinamento (teste II), com seu
coeficiente de variação (CV) (n=12) ................................................48
TABELA 10 -
Valores médios das pressões sanguíneas de O2 (pO2) e CO2 (pCO2),
concentrações sanguíneas de íons bicarbonato (HCO3), pH, potássio
(K+), sódio (Na+), cálcio ionizado (iCa), concentrações séricas de
glicose, hematócrito, hemoglobina e concentrações plasmáticas de
glicose das éguas Mangalarga Marchador antes do treinamento (teste
I) e após o treinamento (teste II), com seus respectivos de variação
(CV) (n=12).......................................................................................54
TABELA 11 -
Valores médios entre os grupos controle e suplementado com óleo de
soja na concentração sanguínea de sódio (Na+) e pressão sanguínea
de CO2 (pCO2) ..................................................................................55
TABELA 12 -
Custo da dieta (concentrado e óleo de soja) .....................................55
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABCCMM
Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Mangalarga Marchador
ADP
Adenosina difosfato
AG’s
Ácidos graxos
AGV’s
Ácidos graxos voláteis
AMP
Monofosfato de adenosina
ATP
Adenosina trifosfato
AST
Aspartato aminotransferase
bpm
Batimentos por minuto
CK
Creatinocinase ou Creatina fosfoquinase
CNF
Carboidrato não fibroso
CO2
Dióxido de carbono
CPM
Cadeia pesada de miosina
FC
Frequência cardíaca
FCmáx.
Frequência cardíaca máxima
FDA
Fibra em detergente ácido
FDN
Fibra em detergente neutro
H+
Hidrogênio
H2CO3
Ácido carbônico
H2O
Água
Hb
Hemoglobina
HCO3-
Bicarbonato
Ht
Hematócrito
iCa
Cálcio ionizado
K+
Potássio
Kcal
Quilocalorias
LDH
Lactato desidrogenase
MM
Mangalarga Marchador
MS
Matéria Seca
+
Na
Sódio
NAD+
Dinucleótido de nicotinamida e adenina
NADH
Dinucleótido de nicotinamida e adenina mais hidrogênio
O2
Oxigênio
PB
Proteína bruta
pCO2
Pressão de oxigênio
pH
Logarítmo negativo da concentração de íons hidrogênio
Pi
Fosfato inorgânico
pO2
Pressão de oxigênio
VFCmáx.
Velocidade que atinge frequência cardíaca máxima
Vlac2
Velocidade ou intensidade em que a concentração de lactato atinge 2 mmol/L
Vlac4
Velocidade ou intensidade em que a concentração de lactato atinge 4 mmol/L
VO2máx
Volume de oxigênio máximo
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................
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2 REVISÃO DE LITERATURA...........................................................................
2.1 Mangalarga Marchador ..................................................................................
2.2 Nutrição de Equinos .........................................................................................
2.2.1 Digestão e Absorção de Carboidratos ............................................................
2.2.2 Digestão e Absorção de Lipídeos ...................................................................
2.2.3 Suplementação com óleo de soja e exercício .................................................
2.4 Metabolismo Energético ..................................................................................
2.4.1 Fase Aeróbica .................................................................................................
2.4.2 Fase Alática da Anaerobiose .........................................................................
2.4.3 Fase Lática da Anaerobiose ...........................................................................
2.5 Treinamento e Condicionamento ....................................................................
2.6 Avaliação do desempenho atlético de equinos ...............................................
2.6.1 Lactato ............................................................................................................
2.6.2 Frequência Cardíaca ......................................................................................
2.6.3 Glicose .............................................................................................................
2.6.4 Hematócrito e Hemoglobina ..........................................................................
2.6.5 Enzimas Musculares ......................................................................................
2.6.6 Eletrólitos ........................................................................................................
2.6.7 Equilíbrio ácido-básico sanguíneo ................................................................
15
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16
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20
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23
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3 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................
3.1 Local ..................................................................................................................
3.2 Animais ..............................................................................................................
3.3 Procedimento Experimental ............................................................................
3.3.1 Pré-condicionamento .....................................................................................
3.3.2 Teste de marcha ..............................................................................................
3.3.3 Coleta de amostras ..........................................................................................
3.3.4 Dietas .............................................................................................................
3.3.5 Treinamento ....................................................................................................
3.3.6 Análises Bromatológicas ................................................................................
3.4 Delineamento Experimental ............................................................................
3.5 Análises Estatísticas .........................................................................................
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34
34
34
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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................
4.1 Frequência Cardíaca ........................................................................................
4.2 Lactato ..............................................................................................................
4.3 Tempo para atingir o limiar anaeróbico.........................................................
4.4 Enzimas musculares .........................................................................................
4.5 Hemogasometria ...............................................................................................
4.6 Custo da dieta ...................................................................................................
5. CONCLUSÃO ....................................................................................................
40
40
42
42
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55
REFERÊNCIAS .....................................................................................................
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ANEXOS
Tabela: Temperatura Ambiente e Umidade Relativa do Ar nos dias
de teste .........................................................................................................
70
Artigo: Suplementação com óleo de soja na dieta de éguas da raça
Mangalarga Marchador submetidas a treinamento para provas de
marcha ......................................................................................................... 1
14
1. INTRODUÇÃO
Os equinos foram condicionados a atletas de elite após domesticação e seleção
genética para atividades como caça, trabalho no campo, policiamento montado e atividades de
lazer. Assim como atletas humanos, os equinos de esporte respondem ao exercício físico de
maneira individual, sofrendo alterações físicas relacionadas com o tipo de esforço. O
treinamento destes animais é um fator estressante que lhes provoca várias alterações
orgânicas, principalmente quando são submetidos a treinamentos extenuantes e desgastantes
sob o risco de lesões, principalmente músculo-esqueléticas, acarretando em perda da vida útil
do atleta (FERRAZ, 2007).
O Brasil possui o quarto maior rebanho de equinos do mundo, sendo o maior da
América Latina. De acordo com os estudos do Complexo do Agronegócio do Cavalo,
realizado em 2005, pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada – CEPEA
(2006), essa atividade movimenta valores econômicos superiores a R$ 7,5 bilhões anualmente
e emprega direta e indiretamente 3,2 milhões de pessoas.
A raça Mangalarga Marchador (MM) se tornou o maior e mais representativo rebanho
equino do Brasil, sendo difundida em todo o mundo. Em contraposição, a literatura é restrita
no que se refere ao desenvolvimento e desempenho destes animais. Portanto, estudos nessa
área se fazem necessários (BORTONI, 1991).
A Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Mangalarga Marchador
(ABCCMM) possui como principal competição da raça as provas de marcha, além de provas
funcionais, maneabilidade, cavalgadas e outos. Todas essas provas possuem regulamentos
específicos para raça e exigem dos animais força e resistência, demandando grande gasto
energético. Portanto, nutrição, treinamento e manejo adequados são indispensáveis ao bom
desempenho dos animais nessas competições.
A suplementação de óleo vegetal na dieta vem sendo utilizada como estratégia para
reduzir os distúrbios musculares e metabólicos devido a suas propriedades, aceitabilidade e
digestibilidade. O óleo de soja é uma excelente fonte de ácidos graxos (AG’s) essenciais, tais
como o Ômega 3 e 6, favorecendo o metabolismo energético como maior mobilização e
utilização de gorduras, poupando glicogênio do músculo e diminuindo a quantidade de
carboidratos a ser fornecida. Por ser facilmente encontrado e apresentar custo acessível, a
adição de óleo de soja na dieta torna-se viável a medida que consideramos que os custos de
alimentação representam maior impacto no sistema de criação de eqüinos de esporte,
15
tornando-o uma das melhores opções na suplementação da dieta dos equinos submetidos a
exercícios de intensidade moderada e de longa duração. (MOREIRA, 2008).
A pouca existência de dados sobre a fisiologia do exercício de eqüinos da raça MM e a
escassez de trabalhos específicos com a raça torna imprescindível a realização de testes e mais
estudos na área.
Baseado nesse contexto, a fim de contribuir para o melhor conhecimento da raça
Mangalarga Marchador e fornecer dados que possam efetivamente contribuir para redução do
custo da criação associando dieta balanceada e treinamento adequado para os animais,
desenvolveu-se o presente estudo, cujo objetivo foi avaliar os efeitos da suplementação da
dieta com óleo de soja no desempenho atlético de éguas da raça MM durante treinamento.
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Mangalarga Marchador
A raça Mangalarga Marchador é genuinamente brasileira e surgiu no Sul de Minas
Gerais, por meio do cruzamento de cavalos da raça Alter – trazidos da Coudelaria de Alter do
Chão, em Portugal, em 1808 por D. João VI – com éguas selecionados pelos criadores da
região sul mineira, de sangue predominantemente Berbere e Andaluz (BORTONI, 1991).
A marcha é o andamento característico da raça, sendo um andamento marchado,
natural, simétrico, há quatro tempos, com apoios alternados dos bípedes laterais e diagonais,
intercalados por momentos de tríplice apoio. Essa marcha pode ser batida ou picada, diferindo
na dissociação, rendimento, tempo e frequência de apoios (ABCCMM, 2013). Esse
andamento marchado é de origem genética e resultante da coordenação neuromotora dos
movimentos e também de medidas morfométricas adequadas ao desempenho dessa função
(PINTO et al., 2005).
A prova de marcha praticada pelos cavalos MM possui regulamento específico, sendo
definido como uma prova de longa duração, com grande gasto energético, no qual o animal
desenvolve em círculo um longo percurso sem descanso (REZENDE et al., 2009). Dá-se
início quando o cavaleiro realiza uma volta completa pela pista em passo livre (7 Km/h), em
seguida na marcha reunida (9km/h), permanecendo assim até que o árbitro solicite a marcha
média com velocidade de 10-12Km/h, continuando até a fase classificatória. O árbitro
avaliará comparativamente os animais de acordo com os critérios da marcha que são: gesto,
16
comodidade, estilo, adestramento, rendimento e regularidade. O tempo de duração varia de 20
a 70 minutos (ABCCMM, 2013).
Segundo Prates et al. (2009), a prova de marcha foi caracterizada como exercício de
intensidade submáxima, através das médias da frequência cardíaca (FC) durante provas de
marcha. Por isso, requer nutrição, treinamento e manejo diferentes daqueles exigidos pelas
raças de trote (JORDÃO, 2009 e REZENDE et al., 2009)
2.2 Nutrição de Equinos
A composição das dietas para os equinos nunca pode ser composta por 100% de grãos,
podendo variar 100:0 até 20:80 de volumoso:concentrado respectivamente. Esse fato se deve
à necessidade mínima de fibra na dieta desses animais para garantir o perfeito funcionamento
do sistema digestivo (MARLIN, NANKERVIS, 2002).
A presença da fibra é essencial na nutrição de cavalos e para digeri-la, o trato digestivo
depende da ação dos microrganismos presentes no ceco e colon, os quais realizam sua
fermentação, produzindo, além de metano e dióxido de carbono (CO2), os ácidos graxos
voláteis (AGV’s), sendo estes: acético, propiônico e butírico. Esses AGV’s são absorvidos e
utilizados como fonte de energia complementar, podendo suprir até 30% das necessidades
energéticas dos equinos (BERGMAN, 1990).
2.2.1 Digestão e Absorção de Carboidratos
A digestão e metabolismo dos carboidratos estruturais no intestino grosso dos equinos
pode ser capaz de satisfazer as necessidades energéticas de animais em mantença, mas esta
fonte de energia torna-se incapaz de suprir as exigências energéticas de animais de alto
desempenho, corroborando na necessidade de aumentar a densidade energética da dieta, que
tradicionalmente é feita com a adição de grãos ou subprodutos de grãos de cereais, contendo
grandes quantidades de açúcares e amido, fornecendo mais energia que as forragens
(NATIONAL RESEARCH COUNCIL, 2007).
O fornecimento de grandes quantidades de carboidratos não estruturais, tais como o
amido, compromete a digestão no intestino delgado dos equinos, pois passam para o intestino
grosso (ceco-cólon) sendo rapidamente fermentados e produzindo excesso de gases e lactato.
A alta concentração de lactato, retém água e reduz o pH (logaritmo negativo da concentração
de íons hidrogênio) do lúmen intestinal para valores inferiores a seis, aumentando o risco de
17
desordens digestivas, como diarréia osmótica e cólicas associadas à distensão intestinal por
gases e fluídos. Também podem resultar em complicações metabólicas como endotoxemias e
laminte. A capacidade crítica para a sobrecarga da digestão dos carboidratos hidrolisáveis é
de, aproximadamente 0,4% do peso vivo dos eqüinos (COHEN, GIBBS, WOODS, 1999;
POTTER et al., 1992).
2.2.2 Digestão e Absorção de Lipídeos
Os eqüinos toleram proporções mais altas de óleos na dieta com sua digestibilidade
podendo alcançar 90% ou mais em gorduras com baixo ponto de fusão, como por exemplo, os
óleos vegetais. Dependendo da composição dos lipídeos contidos na dieta, estes são
primordialmente degradados e absorvidos no intestino delgado. Para incrementar o uso de
óleo na dieta dos equinos, se faz necessário que este possua alta digestibilidade para que não
passe para o ceco inibindo a fermentação microbiana (FRAPE, 2008; MEYER, 1995). Devido
aos lipídeos serem absorvidos no intestino delgado, a ação hidrogenante da microflora do
intestino grosso não pode ser exercida sobre os AG’s insaturados contidos na dieta. Portanto,
os lípedes contidos na dieta podem influnciar o tipo de gordura corporal do animal (FRAPE,
2008).
Grande parte dos lipídeos contidos nos alimentos dos animais são os triglicerídeos que
ao chegarem ao tubo digestivo que contém diversas lipases, são quebrados em uma molécula
de glicerol e três moléculas de AG’s (LEWIS, 2000). A enzima mais importante para a
digestão dos triglicerídeos é a lípase pancreática presente no suco pancreático, cuja atividade
é inversamente proporcional à quantidade de sais biliares (CUNNINGHAN, 1999).
A primeira etapa da digestão das gorduras á a sua emulsificação, que consiste no
desdobramento dos glóbulos de gordura em partículas menores de forma que as enzimas
hidrossolúveis possam atuar sobre a superfície dos glóbulo por ação da bile (LEWIS, 2000;
MEYER, 1995).
As secreções biliares têm as funções de fornecer uma fonte de ácidos biliares para
digestão e absorção de gorduras, fornecer uma rota de excreção para certos metabólitos e
drogas e fornecer um tampão adicional para a neutralização de íons no duodeno (BERG,
TYMOCCZKO, STRYER, 2004; CUNNINGHAN, 1999).
Segundo Berg, Tymocczko, Stryer (2004), a maior parte de AG’s ingeridos seguem
duas vias, conforme a necessidade orgânica: são incorporados em triacilgliceróis e
armazenados em energia metabólica ou são integrados em fosfolipídios componentes de
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membranas. Um animal em fase de crescimento rápido necessita da síntese de fosfolipídios
para síntese de novas membranas, diferente de um animal que já completou seu
desenvolvimento.
Ainda não está bem definido quanto tempo antes da competição deve ser iniciada a
alimentação com dieta contendo óleos, nem por quanto tempo à mesma deve ser mantida,
contudo é recomendado que o óleo seja consumido por durante pelo menos 6 a 11 semanas
antes de qualquer evento para que haja adaptação enzimática e metabólica (FRAPE, 2008).
2.2.3 Suplementação com óleo de soja e exercício
Cavalos que consomem óleos são menos propensos a terem problemas digestivos e
metabólicos, como cólica, laminite e úlceras estomacais. Isto é especialmente verdade quando
comparado com os cavalos que são alimentados com grandes quantidades de grãos. Os óleos
são a forma mais altamente calóricas de energia, proporcionando três vezes o número de
quilocalorias (Kcal) de energia comparado com os carboidratos e proteínas (PAVIA,
GENTRY, 2008; ARAÚJO, 2004). Além disso, podem também prover ácidos graxos
essenciais, ajudar na absorção de vitaminas lipossolúveis, melhoroar a condição geral dos
pêlos, controlar a poeira da dieta e reduzir excitabilidade (OLDHAM et al., 1990).
Outro benefício que o uso de óleos promove é melhorar a performance de equinos
quando executam exercício do tipo sub- máximo tanto em treinamento quanto em
competições (HAMBLETON et al., 1990).
O óleo de soja é composto por gordura vegetal, possuindo em sua constituição AG’s
poliinsaturados (ácido linolênico e linoleico), monoinsaturados (ácido olêico) e saturados
(ácido palmítico e esteárico), correspondendo 61%, 25% e 15% respectivamente. São raras as
fontes vegetais que apresentam Ômega 3 (ácido linolênico) em sua composição, contudo a
soja o possui, correspondendo a 7% da fração total (MOREIRA, 2008).
Brandi et al. (2009) afirmaram que inclusão de óleos na ração de equinos submetidos a
exercícios favorece a utilização de AG’s livres para a produção de energia economizando o
glicogênio muscular, e desta maneira, auxiliando na prevenção da fadiga muscular.
Harkins et al. (1992) observaram que a adição de 10% de óleo de milho em cavalos
PSI melhorou significativamente os tempos de corrida, aumentou os níveis plasmáticos de
glicose sanguínea e das reservas de glicogênio muscular.
Marqueze, Kessler e Bernardi (2001) adicionaram 4,7% de óleo de soja em dietas
para cavalos e verificaram que o aumento de óleo na dieta não influenciou significativamente
19
as freqüências cardíacas e respiratórias e os níveis plasmáticos de glicose e lactato, antes e
após treinamento. Observaram diferenças na concentração de glicogênio muscular que foi
maior dos animais que receberam dietas com adição de óleo.
De acordo com Resende et al., (2004) a adição diária de até 750 ml de óleo de milho
no concentrado de eqüinos, 8,3% na dieta total, durante 23 dias, aumentou a digestibilidade de
energia bruta e do extrato etéreo, sendo recomendada para eqüinos, visando principalmente,
aumentar a concentração energética da dieta sem aumentar fornecimento de matéria seca.
Araújo et al., (2006) adicionaram 250 e 500g de óleo de soja na dieta de equinos
submetidos ao exercício de média intensidade. Verificaram melhora no desempenho atlético
dos cavalos. Aqueles que consumiram 500g de óleo apresentaram melhor recuperação pósprova.
2.4 Metabolismo Energético
São três as vias metabólicas musculares para produção de adenosina trifosfato (ATP) o
e são conhecidas como aeróbica, anaeróbica aláctica e anaeróbica láctica. É importante
ressaltar que independente do tipo do exercício, alta ou baixa intensidade, curta ou longa
duração, todas as vias de produção de energia são ativadas e o que determina qual será
predominante é a intensidade e duração do mesmo (BERG, TYMOCCZKO, STRYER, 2004).
A via anaeróbica predomina em exercícios de alta intensidade e curta duração. Com o
aumento da duração do exercício, a via aeróbica se torna mais importante (CLAYTON,
1991).
Antigamente acreditava-se que o déficit de oxigênio (O2) era o único fator para o
acúmulo de lactato, contudo hoje acredita-se que não é a falta de O2 e sim a não utilização
deste associado ao aumento no fluxo de glicose e o recrutamento das fibras musculares tipo
IIX produzem energia pela via anaeróbica e com isso são responsáveis pelo acúmulo do
lactato (SOARES, 2008).
No metabolismo anaeróbico, um mol de glicose produz 3 moles de ATP e 2 moles de
lactato, enquanto no aeróbico, 1 mol de glicose geram 36 moles de ATP; e 1 mol de ácido
graxo produz 120 moles de ATP (FRAPE, 2008; BERG, TYMOCCZKO, STRYER, 2004;
LEWIS, 2000).
20
2.4.1 Fase Aeróbica
O metabolismo aeróbico é embasado na via oxidativa, pois o O2 é usado no
processo de transferência de energia. Lipídeos e carboidratos são utilizados como substratos
energéticos sendo quebrados na presença de O2 para liberar ATP, tendo o Dióxido de Carbono
(CO2)e água (H2O) como subprodutos. Para cada molécula de glicose na presença de 6
moléculas de O2 (via oxidativa) e 36 Adenosina Difosfato (ADP) são gerados 6 CO2, 6
moléculas de H2O e 36 moléculas de ATP (FRAPE, 2008; BERG, TYMOCCZKO, STRYER,
2004).
2.4.2 Fase Alática da Anaerobiose
Independente do tipo de fibra muscular, todos os indivíduos quando em início do
exercício utilizam no primeiro momento a energia (ATP) armazenada no músculo como
creatina fosfato (SOARES, 2008). A transferência da ligação de alta energia da creatina
fosfato ao ATP é catalisada pela enzima creatina fosfoquinase (CK) (PRATES, 2010).
Os estoques da creatina fosfato são pequenos, e quando em exercício sua utilização é
rápida podendo levar à fadiga. A restauração deste estoque leva em torno de 3 minutos, se o
animal descansar completamente, contudo se o exercício prolongar, a restauração do estoque
pode ser alongada (CLAYTON, 1991).
2.4.3 Fase Lática da Anaeróbiose
O ATP é sintetizado por meio de uma reação química catalisada pela enzima lactatodesidrogenase (LDH). Por possuir o carboidrato como substrato e juntando ao fato de que este
ATP e a enzima estão presentes na fibra muscular, leva esta fase a funcionar quase que
imediatamente depois que o exercício começa (BERG, TYMOCCZKO, STRYER, 2004).
De acordo com Berg, Tymocczko, Stryer (2004), a glicose armazenada no músculo em
forma de glicogênio na ausência de O2 se une a 2 fosfato inorgânico (Pi) e 2 ADP sendo
quebrada, gera 2 lactato, 2 moléculas de H2O e 2 ATP. Então há produção de energia
rapidamente, o que é suficiente para suportar exercícios de alta intensidade, porém possui tem
o lactato como um subproduto que reduz o pH.
A descarboxilação oxidativa do piruvato formando Acetil CoA é o elo entre a glicólise
e o ciclo do ácido cítrico, onde a regeneração do dinucleótido de nicotinamida e adenina
21
(NAD+) na redução do piruvato à lactato mantém a operação continuada da glicose em
anaerobiose (BERG, TYMOCCZKO, STRYER, 2004).
Uma vez que o lactato adentra células bem oxigenadas, este pode voltar a piruvato
através do ciclo do ácido cítrico e fosforilação oxidativa gerando ATP, ou seja, o excesso de
lactato vai para o fígado sendo transformado primeiro a piruvato e depois em glicose pela
gliconeogênese que, por conseguinte é quebrada no músculo para gerar ATP tendo o lactato
como subproduto novamente, este ciclo é chamado de ciclo de cori. Uma das desvantagens
desta rota metabólica é que produz apenas três moléculas de ATP por cada molécula de
glicose, e pela ineficiência da quantidade de ATP produzida, no sistema anaeróbico láctico os
estoques de glicogênio diminuem rapidamente (BERG, TYMOCCZKO, STRYER, 2004).
2.5 Treinamento e Condicionamento
Independentemente da modalidade esportiva ou espécie animal, a habilidade atlética
pode ser originada por três fatores: genética que determina o limite final do desempenho
atlético; fatores ambientais tais como, a superfície em que a atividade é realizada e a
temperatura e umidade relativa do ar e por último o treinamento que é o fator mais importante
na determinação do sucesso e na melhora do desempenho. O treinamento é responsável pela
forma como cada cavalo pode se aproximar do limite final de desempenho atlético,
determinado pela sua genética (THOMASSIAN, 2005; ROSE, HODGSON, 1994).
Rivero (2007) ressaltou que o treinamento promove adaptações periféricas incluindo
alterações relevantes na musculatura esquelética e em outros tecidos, como ossos, cartilagens
e tendões; e que a musculatura esquelética dos equinos possui uma considerável capacidade
de se adaptar durante o treinamento, influenciando a resistência à fadiga, a velocidade e a
geração de força.
Nos músculos, a adaptação mais comum em resposta ao treinamento é o aumento da
capacidade aeróbica devida à remodelação das fibras musculares, as quais adquirem
diferentes características bioquímicas e estruturais. Essas adaptações são: o aumento do
número de mitocôndrias, aumento da atividade das enzimas aeróbicas, melhora do transporte
da glicose e dos ácidos graxos livres e transformação do tipo de fibra muscular (RIVERO,
2007; MUÑOZ et al., 1999; COUROUCÉ, CHATARD, AUVINET, 1997).
O conhecimento da composição média dos diferentes tipos de fibras musculares em
uma raça é uma ferramenta importante, embora não a única, na determinação do potencial
atlético de um indivíduo. Além disso, as avaliações morfométricas periódicas dos diferentes
22
tipos de fibras musculares podem direcionar o treinamento físico dos animais para provas
específicas (RIVERO, 2007).
Um programa de treinamento deve considerar os três princípios: sobrecarga,
especificidade e reversibilidade. A sobrecarga refere-se em forçar o sistema orgânico
(cardiovascular, músculo-esquelético, etc.) acima do nível ao qual ele está habituado, ou seja,
aumentando a sua capacidade em resposta a uma sobrecarga de treinamento. Esse padrão de
sobrecarga seguida pela adaptação, continua até o sistema ou tecido não conseguirem mais se
adaptar. As variáveis típicas que constituem a sobrecarga incluem a intensidade, duração e a
frequência (dias por semana) do exercício. Uma consequência do princípio da sobrecarga é a
reversibilidade, que indica apenas que os ganhos são rapidamente perdidos quando a
sobrecarga é removida (POWERS, HOWLEY, 2005). Já o efeito do treinamento é específico
para cada cavalo, ou seja, está limitado às fibras musculares envolvidas na atividade e na
geração de ATP pelos sistemas energéticos (BOFFI, 2007; RIVERO, BOFFI, 2007;
POWERS, HOWLEY, 2005; EVANS, 2000).
Toda sessão de treinamento deve ser constituída por três componentes: aquecimento,
atividade e resfriamento. O aquecimento antes de uma atividade aumenta o débito cardíaco e
o fluxo sanguíneo aos músculos esqueléticos que serão utilizados durante o treinamento.
Além de acarretar no aumento da temperatura muscular, a qual eleva a atividade enzimática e
também ajuda nos exercícios de alongamento. A duração do aquecimento pode ser de 5 a 20
minutos, dependendo das condições ambientais e da natureza da atividade do treinamento
(POWERS, HOWLEY, 2005).
Logo após a sessão de treinamento, deve ser realizado um período de exercícios de
baixa intensidade de resfriamento. Seu principal objetivo é retornar o sangue acumulado nos
músculos esqueléticos que se exercitaram à circulação central. A duração do resfriamento
pode variar de 10 a 30 minutos, dependendo das condições ambientais, idade, estado de
condicionamento físico do animal e da natureza da sessão de treinamento (POWERS,
HOWLEY, 2005).
O processo de condicionamento compreende em melhorar o desempenho do animal,
aumentando a produção energética máxima durante exercícios, alocando a quantidade
adequada de tempo de treinamento de acordo com as demandas energéticas aeróbicas e
anaeróbicas do esporte (POWERS, HOWLEY, 2005; CLAYTON, 1991).
O treinamento de resistência aumenta o volume de oxigênio máximo (VO2máx),
aumentando tanto a potência máxima quanto na diferença de O2. Contudo, um programa de
treinamento destinado a aumentar a potência aeróbica máxima deve sobrecarregar o sistema
23
circulatório, assim como as capacidades oxidativas dos músculos esqueléticos. Para o
treinamento aeróbico podemos adotar vários métodos de treinamentos, embora existam
controvérsias sobre qual dos métodos acarretam o maior aumento do VO2máx., existe um
crescente volume de evidências de que é a intensidade, e não a duração, o fator mais
importante no seu aumento (RIVERO, 2007; POWERS, HOWLEY, 2005).
Interval training ou treinamento intervalado é o método que envolve a realização de
períodos de exercícios repetidos intercalados por breves períodos de recuperação. Uma
vantagem desse método de treinamento é que consegue-se realizar grandes quantidades de
exercício de alta intensidade em um curto período de tempo, além de oferecer duas formas de
gerar uma sobrecarga do treinamento, sendo por meio do aumento do número total de
intervalos de exercícios realizados ou da intensidade do intervalo de trabalho, tais ajustes
permitem aumento da potência aeróbica e anaeróbica do animal (FOX, MATHEWS, 1974).
No planejamento desse método de treinamento deve-se considerar a extensão do trabalho de
intervalo, a intensidade do esforço, duração do intervalo de repouso, número de séries de
intervalos e números de repetições do trabalho (LAURSEN, JENKINS, 2002). Este método
pode predispor a ocorrência de lesões sendo importante a monitorização da velocidade do
exercício para que os períodos de recuperação entre as séries de exercícios sejam adequados
(ROSE, HODGSON 1994).
Programas de treinamento para equinos devem ter como metas incrementar a
capacidade do animal ao exercício, postergar o tempo de inicio da fadiga, melhorar o
desempenho físico considerando a destreza, força, velocidade e resistência do animal e
diminuir riscos de lesões por exercícios exagerados (overtraining), sendo as principais causas
de retirada de animais de competições e término precoce de sua vida atlética (ROSE, 2000).
2.6 Avaliação do desempenho atlético de equinos
2.6.1 Lactato
O lactato é proveniente do metabolismo anaeróbico, em que o piruvato, sob ação da
enzima LDH é transformado em lactato. A maior geração de lactato ocorre quando o animal é
submetido a exercício que excede a capacidade aeróbica, tendo a via glicolítica anaeróbica a
principal forma de geração de energia (MUÑOZ et al., 1999).
As mensurações de lactato permitem a adoção de condutas preventivas à saúde atlética
do equino, bem como a modificação do programa de treinamento. Assim sendo, o
24
conhecimento dos valores de lactato sanguíneo auxilia na avaliação da capacidade atlética de
um cavalo submetido a determinado programa de treinamento, de tal modo que, alterações
neste treinamento possam melhorar seu desempenho e prevenir lesões que estejam limitando
sua
capacidade
funcional,
por
vezes
despercebidas
ou
observadas
tardiamente
(THOMASSIAN, WATANABE, RIBEIRO, 2004).
A concentração de lactato é facilmente aferida mesmo em condições de campo por
meio de analisadores portáteis (KOBAYASHI, 2007; ROSE, HODGSON, 1994), servindo
como indicador do grau de condicionamento físico de equinos ou mesmo da diferença no
desempenho individual, como consequência de dietas ou tipo de treinamento (CUSTALOW
et al., 1993; KINDERMANN, SIMON, KEUL, 1979), estabelecendo assim, a fronteira entre
o trabalho aeróbico e anaeróbico do animal (EVANS, GOLLAND, 1996).
Os valores de lactato sanguíneo de equinos em repouso variam de 0,5 a 1,5 mmol/L,
podendo aumentar após esforço máximo para valores superiores a 30 mmol/L (COUROUCÉ,
1998; ROSE, HODGSON, 1994). Nos cavalos, o limiar anaeróbico é considerado o momento
em que os atletas apresentam, durante o esforço, uma concentração de 4 mmol/L de lactato no
sangue (POSO, HYYPPA, GEOR, 2008; EVANS, GOLLAND, 1996). É o ponto em que há
perda do equilíbrio dinâmico entre a produção, utilização e remoção do lactato, em razão da
produção excessiva do mesmo, ocasionando a elevação exponencial de suas concentrações no
sangue (FERRAZ et. al, 2008).
Um dos parâmetros mais importantes para a avaliação da condição física do cavalo é a
velocidade ou intensidade em que a concentração de lactato no sangue atinge os 4 mmol/L
(Vlac4). A VLac4 tem também um papel fundamental na determinação da capacidade
aeróbica dos equinos (POSO, HYYPPA, GEOR, 2008; COUROUCÉ, 1998; EVANS,
GOLLAND, 1996) e constitui ainda uma ferramenta de muita utilidade para os treinadores na
determinação da intensidade que os animais deverão cumprir, em regime aeróbico ou
anaeróbico, o treinamento (EVANS, GOLLAND, 1996).
O limiar aeróbico é a velocidade ou intensidade em que a concentração de lactato é 2
mmol/L (VLac2). Nessa fase, a produção e eliminação de lactato estão equilibradas e por isso,
não há acúmulo de lactato no músculo, indicando que o exercício realizado é eminentemente
aeróbico (CASTEJÓN et al., 1995).
A velocidade no limiar aeróbico e no anaeróbico depende da raça, tipo de fibras
musculares predominante, dieta, tempo de treinamento e fatores individuais. Os cavalos de
resistência tem uma VLac2 muito alta e por isso podem realizar exercícios de longa duração
25
sem chegar a fadiga. Os cavalos de exercícios de explosão tem VLac4 muito alta, podendo
correr muito rápido, sem acúmulo acelerado de lactato (CASTEJÓN et al., 1995).
A associação do limiar anaeróbico a outro parâmetro que possa mais facilmente ser
medido durante o treino pode fornecer informações relativas à intensidade do esforço
realizado e à via metabólica predominante. Os testes a campo permitem calcular valores de
frequência cardícaca e de lactato em que é atingido o limiar anaeróbico, estes valores quando
obtidos em esforços de intensidade máxima podem avaliar a condição física do cavalo
(MARLIN, NANKERVIS, 2002).
2.6.2 Frequência Cardíaca
As necessidades metabólicas dos músculos em atividade aumentam intensamente
durante o exercício. A capacidade do coração em bombear sangue suficiente para atender às
exigências do cavalo durante o exercício e proporcionar uma redistribuição efetiva do sangue
para a musculatura esquelética em funcionamento é essencial para manter o desempenho
(ERICKSON, 1996).
A mensuração da frequência cardíaca tem sido utilizada em equinos atletas para
avaliar o condicionamento físico, efeitos do treinamento e período de destreinamento, sendo
facilmente aferida durante o exercício, fornecendo um índice indireto da capacidade e função
cardiovascular (EVANS, 1994; ROSE, HODGSON, 1994).
Na maioria dos equinos, a FC basal varia de 28-45 batimentos por minuto (bpm) com
média de 35 bpm (LEWIS, 2000; ERICKSON, 1996; CLAYTON, 1991). No início do
exercício, ocorre geralmente uma elevação rápida da FC seguida de uma diminuição e
estabilização para valores correspondentes à intensidade e velocidade do esforço realizado.
Este mecanismo representa uma resposta cardiovascular antecipado a realização de esforços
mais exigentes (LINDNER, BOFFI, 2007, MARLIN, NANKERVIS, 2002). Como resposta
ao exercício, a FC aumenta linearmente em relação à velocidade até se atingir um pico
máximo de FC (FCmáx.), que pode variar entre os 210 e 240 bpm para a maioria dos cavalos.
O mecanismo que desencadeia o aumento da FC durante o exercício, caracteriza-se
por aumento da estimulação simpática e diminuição da parassimpática, com liberação de
adrenalina na circulação sistêmica (BABUSCI, LOPEZ, 2007; MARLIN, NANKERVIS,
2002; EVANS, 1994). A FC geralmente não supera os 60% do seu valor máximo em
exercícios de intensidade baixa e moderada, porém, pode aumentar devido ao grau de
susceptibilidade ao stress e excitação de cada raça e animal (MARLIN, NANKERVIS, 2002).
26
A FC é uma determinação individual e altamente repetitiva em equinos a cada nova
avaliação de performance, porém quando avaliada isoladamente, não é parâmetro importante
de condicionamento atlético por não ser afetada pelo treinamento (POOLE; ERICKSON,
2008; MARLIN, NANKERVIS, 2002). A velocidade no qual o cavalo atinge a FCmax
(VFCmax) é o melhor indicador da capacidade cardiovascular. A VFCmax pode variar de
acordo com o condicionamento do atleta: quanto mais alta esta velocidade, melhor o
condicionamento (MARLIN, NANKERVIS, 2002, OHMURA et al, 2001).
2.6.3 Glicose
A glicose é o principal combustível celular utilizado pela maioria das células do
organismo para obtenção de energia (GUYTON, 1997), sendo o glicogênio a principal forma
de armazenamento, que pode ser encontrado no fígado (8%) e músculo (1-2%)
(CUNNINGHAN, 1999; GUYTON, 1997).
Segundo Frape (2008), a concentração de glicose é a expressão do equilíbrio dinâmico
da quebra e da síntese de glicogênio e a produção a partir de outras fontes – amionoácidos,
lactato e propionato (gliconeogênese. A glicemia em repouso de equinos em jejum varia de
60-110 mg/dL (BERG, TYMOCCZKO, STRYER, 2004; MEYER, 1995).
O fator mais importante para a magnitude do aumento da captação da glicose no
exercício e no estado pós-absortivo é a intensidade do exercício e sua duração. Isto se deve ao
aumento na utilização por cada fibra muscular e ao incremento no número de fibras
musculares em atividade (GODOI, 2008; MATTOS, 2006; ROSE, RICHTER, 2005).
A glicemia geralmente aumenta em todos os tipos de exercício devido ao estimulo da
glicogenólise hepática, contudo, em exercícios prolongados a concentração tende a reduzir
como resultado da depleção de glicogênio hepático (FARIAS et al., 2009; HINCHCLIFF,
GEOR, KANEPS, 2008; OROZCO, 2007; ROSE, PURDUE, HENSLEY, 1977), esta
hipoglicemia pode causar fadiga prematura, devido a captação de glicose pelo músculo
também diminuir. Dessa forma, a glicemia é um importante fator limitante da captação de
glicose pelo músculo (GODOI, 2008; ROSE, RICHTER, 2005).
2.6.4 Hematócrito e Hemoglobina
A importância da resposta hematológica no campo da fisiologia do exercício se deve
ao seu vínculo com a capacidade de transporte de oxigênio. A atividade física provoca uma
27
série de respostas hematológicas que são devidas, principalmente à hipóxia tissular e à
esplenocontração, já que o baço é o principal reservatório de eritrócitos no equino (OROZCO,
2007; FOREMAN, WALDSMITH, LALUM, 2004; CASTEJÓN et al, 1995).
O hematócrito (Ht) é expresso em porcentagem e corresponde à fração celular
possuindo relação com o volume sanguíneo total. Por isso, o esforço de alta intensidade
promove a maior parte do aumento no Ht devido à contração esplênica. Contudo, as trocas de
fluidos induzidas pelo exercício também desempenham importante papel em relação a este
aumento, a extensão dessas trocas está aparentemente relacionadas à duração e intensidade do
esforço, grandes perdas de fluidos ocorridas durante esforço prolongado acarreta na redução
do volume plasmático, consequentemente, levam a alterações do hematócrito (FREITAS,
2007; MATTOS, 2006; KINGSTON, 2004). Elevações na contagem de eritrócitos também
alteram o hematócrito, assim como o aumento na concentração de hemoglobina, levando ao
aumento na capacidade de transporte de oxigênio, que é fator importante na capacidade
aeróbica dos equinos (MACHADO, 2011; FREITAS, 2007; EVANS, ROSE, 1988). Os
valores normais citados por Rose e Hodgson (1994) para essa variável é de 32-48%, porém
depende da raça e modalidade esportiva. Segundo Wanderley e colaboradores (2010) e Boffi
(2007), quanto mais se exercita um cavalo, maior será seu hematócrito com limite máximo de
65-70%.
A hemoglobina é a metalo-proteína mais importante dos eritrócitos, devido a sua
função de transportar oxigênio aos tecidos. Sabe-se que o equino é uma espécie animal
bastante eficaz no consumo de oxigênio durante o exercício, sendo importante destacar que as
alterações fisiológicas nos parâmetros eritrométricos tais como o número de eritrócitos, Ht e
concentração de Hb constituem consequências deste fato (CHRISTLEY et al., 1999). Os
valores normais para hemoglobina varia de 10-18 g/dL (ROSE, HODGSON, 1994).
Embora algumas doenças possam desencadear o aumento dos valores de Ht, Hb e
eritrócitos (WILLIANS, HARKINS, HAMMOND, 2001), o principal causador do aumento
desses valores é estresse fisiológico causado pelo exercício, que promove a contração
esplênica. Outros fatores fisiológicos como raça, idade, tempo de colheita da amostra, manejo
alimentar, temperamento dos animais, qualidade e intensidade dos exercícios realizados antes
da obtenção da amostra também podem acarretar em alteração dos valores de Ht, Hb e
eritrócitos (FELDMAN, ZINKL, JAIN, 2000).
28
2.6.5 Enzimas Musculares
A creatinocinase é uma enzima presente nos músculos com função de catalisar a
reação reversível da creatinafosfato à creatina, doando um grupamento fosfato ao ADP,
formando ATP. Ela é encontrada livre no citoplasma de células musculares que, quando
lesadas, deixam extravasar. A magnitude do aumento não necessariamente se correlaciona à
extensão da lesão muscular. Necrose e isquemia muscular, injeção intramuscular de
substâncias irritantes, exercício vigoroso e traumatismo do animal durante o transporte
também podem acarretar aumento da atividade de CK (THRALL et al., 2007; HARRIS et
al.,1998; VALBERG et al, 1993).
A atividade sérica de CK aumenta rapidamente (6-12 horas) após lesão muscular
aguda e diminui imediatamente (24-48 horas) depois da sua resolução (THRALL et al., 2007,
KINGSTON, 2004). Os valores de referência para equinos de esporte variam de 90-500 U/l
podendo aumentar de 10-900 vezes em equinos com lesão muscular (MUÑOZ et al., 2002). A
taxa de aumento da CK depende da intensidade do exercício e de sua duração, bem como do
condicionamento físico, idade e dieta do animal (MacLEAY et al., 2000).
A enzima aspartato aminotransferase (AST) é uma enzima encontrada tanto no
citoplasma quanto nas organelas dos hepatócitos e miócitos e o aumento da atividade sérica
desta enzima se deve à lesão dessas células (HARRIS, 2007; THRALL et al., 2007). Os
valores de referência para equinos de esporte são 200-500 U/l (MUÑOZ et al., 2002).
Após lesão muscular aguda a atividade sérica de AST aumenta mais lentamente do
que a CK, seu valor máximo é notado em aproximadamente 24 a 36 horas, e após resolução
da lesão sua atividade sérica diminui mais lentamente (50 horas) quando comparado a
atividade de CK (24-48 horas) (THRALL et al., 2007).
A determinação simultânea de AST e CK em equinos representa valioso potencial
diagnóstico e ajuda na determinação do prognóstico da lesão muscular, em razão das
diferentes taxas de desaparecimento no soro ou plasma (MacLEAY et al., 2000). O aumento
exclusivamente da atividade sérica de CK sugere lesão muscular muito aguda, por não haver
tempo suficiente para o aumento da atividade sérica de AST depois da lesão. O aumento das
atividades séricas de ambas as enzimas sugere lesão muscular ativa ou recente. Aumento
exclusivo de AST indica que a lesão muscular cessou há mais de dois dias e que a atividade
sérica de CK retornou ao normal devido a curta meia-vida. Esta última associação de
resultados também pode ocorrer em lesão hepática, pois a AST é oriunda do fígado, a
29
atividade de CK se mantém normal (THRALL et al., 2007; HARRIS et al.,1998; VALBERG
et al., 1993).
A enzima lactato desidrogenase é um tetrapeptídeo constituído por combinações de
dois peptídeos diferentes H (coração) e M (músculo), que formam cinco isoenzimas
conhecidas como LDH1 a LDH5. É encontrada no citoplasma da maior parte das células do
organismo, catalisa a interconversão de piruvato e lactato com uma concomitante
interconversão de dinucleótido de nicotinamida e adenina mais hidrogênio (NADH) e NAD.
Converte o piruvato, produto final da glicólise em lactato em situações de anaerobiose e
realiza a reação reversa durante o ciclo de cori, via glicolítica anaeróbica, no fígado. A sua
concentração sanguínea máxima é atingida 12 horas depois do exercício, de acordo com
Valberg e colaboradores (1993), podendo apresentar valores muito elevados em relação ao
basal em situações de lesão hepática ou muscular, ou em situações de hemólise (KINGSTON,
2004). Quando o lactato está em grandes concentrações, a enzima inibe por feedback e a taxa
de conversão do piruvato à lactato é reduzida. São considerados valores normais os inferiores
a 350 U/l em equinos em treinamento (FAVERO, STAVRIANEAS, KLUG, 1999), porém,
sabe-se que há uma grande variação desta enzima descrito na literatura de acordo com
Thomassian (2005) e Oosterbaan et al (1991).
2.6.6 Eletrólitos
A principal função dos eletrólitos é a manutenção das forças osmóticas possibilitando
o equilíbrio de líquidos entre os compartimentos intra e extracelulares. Estão
também
envolvidos na condução nervosa e despolarização de fibras musculares possibilitando a
contração muscular (THRALL, 2007; GREEN, 1998; DUKES, 1996; HINTON, 1978;
HINTON, 1977).
Nos equinos submetidos ao esforço físico ocorre um grande aumento na produção de
calor devido à ineficiência do metabolismo energético. O calor produzido pode aumentar
durante o exercício 40 a 60 vezes acima dos valores de repouso e está relacionado com a taxa
de utilização de oxigênio. No entanto, dentro de limites bastante amplos, o calor produzido
pelo esforço muscular é eficientemente dissipado através da sudorese (McCUTCHEON e
GEOR, 2008; ROSE, HODGSON, 1994).
O suor nos equinos é isotônico para sódio e hipertônico para cloro e potássio em
relação ao plasma sanguíneo (BAYLY e KLINE, 2007; FERNANDEZ, LARSSON, 2000;
ROSE et al., 1979). Embora a atividade metabólica seja elevada nos cavalos que realizam
30
exercícios de intensidade máxima, o reduzido período de duração destes trabalhos impede o
desenvolvimento de alterações graves no estado de equilíbrio de eletrólitos séricos e na
osmolaridade sanguínea. Por outro lado, nos exercícios submáximos, os volumes de fluidos
perdidos por meio da sudação são extremamente elevados e podem ser inadequadamente
repostos, constituindo nestes casos o fator causal de desidratação (SCHOTT II et al., 1997).
Quando
as
perdas
hidroeletrolíticas
estão
associadas
a
déficits
energéticos
e
termorregulatórios, existe a possibilidade do desenvolvimento de quadros de exaustão
(LACERDA-NETO et al., 2003). Ajustes hemodinâmicos sistêmicos e a excreção renal de
sódio constituem os dois mecanismos recrutados para manter a normovolemia e a perfusão
tecidual em resposta à estimulação do volume circulante. O esgotamento de fluidos corporais
e reservas de eletrólitos, como consequência da sudorese, representa uma limitação
importante para manutenção do desempenho durante exercícios submáximos de longa
duração (ROSE, HODGSON, 1994; SCHOTT II, HINCHCLIFF, 1993).
O sódio (Na+) é o cátion mais importante do líquido extracelular e se encontra no suor
equino em concentrações semelhantes ou superiores às do plasma. É responsável pela
manutenção da osmolaridade e, consequentemente, do volume de líquido extracelular,
manutenção da funcionalidade normal do sistema nervoso central, geração de potencial de
ação e excitabilidade dos tecidos e transporte de inúmeras substâncias através das membranas
celulares (FREITAS, 2007). Seus valores basais se encontram entre 134-144 mmol/L. Sua
regulação se dá principalmente pela ação da aldosterona nos túbulos renais distais, a qual
promove sua reabsorção e excreção de potássio. O sódio, sob forma ionizada, é um dos
principais fatores de regulação osmótica do sangue, plasma, fluidos corpóreos e equilíbrio
ácido-base (ROSE, HODGSON, 1994).
O potássio (K+) é o principal cátion do líquido intracelular (98%) (DUKES, 1996). Sua
manutenção em níveis fisiológicos é resultado da ingestão, absorção intestinal e perdas na
urina, suor e fezes. Seus valores plasmáticos normais variam entre 2,4 e 4,9 mmol/L e,
geralmente, há aumento nas suas concentrações relativas conforme a intensidade do esforço
executado, devido à sua saída da célula muscular, podendo atingir valores maiores que 10
mmol/L (ROSE, HODGSON,1994). O aumento nas concentrações plasmáticas de potássio
está diretamente relacionado com elevações nas concentrações de lactato e íon hidrogênio
(HARRIS, SNOW, 1988; SEJERSTED, 1992). A hipopotassemia está associada com a
fadiga, paralisia flácida dos músculos esqueléticos, hipomotilidade gastrointestinal,
rabdomiólise (BAYLY e KLINE, 2007; ROSE, HODGSON, 1994).
31
O cálcio encontra- se no meio extracelular e sua fração ionizada é a forma
biologicamente ativa e compõe aproximadamente 50% do total de cálcio presente no sangue,
enquanto o restante se encontra ligado à albumina e a outras proteínas plasmáticas. A
diminuição na concentração de albumina acarreta diminuição na concentração de cálcio total,
mas não de sua fração ionizada, portanto, somente a quantificação do cálcio ionizado (iCa+)
reflete verdadeiramente na concentração do cálcio no organismo animal (SEAHORN,
SEAHORN, 2003; McCONAGHY, 1994). O cálcio participa durante o exercício no processo
de contração muscular, que ao ser liberado pelo retículo sarcoplasmático, entra em contato
com as miofibrilas desbloqueando os sítios de ligação da actina e permitindo que esta se ligue
à miosina, iniciando a contração muscular (DUKES, 1996). Os valores plasmáticos de iCa+
normais variam de 1,54-1,69 mmol/L, e decréscimos na concentração plasmática desse íon
estão associados ao exercício intenso, podendo ocorrer variação em média de apenas 0,5
mmol/L, pois maiores perdas estão relacionadas a distúrbios gastrointestinais (HINCHCLIFF,
GEOR, KANEPS, 2008).
2.6.7 Equilíbrio ácido-básico sanguíneo
Nos sistemas biológicos um dos íons mais simples, porém um dos mais importantes é
o íon hidrogênio. A sua concentração influencia a velocidade das reações químicas, a forma
das enzimas assim como suas funções (POWERS, HOWLEY, 2005).
Os ácidos são substâncias que produzem íons hidrogênio. Em solução aquosa, a acidez
do sangue ou de outras soluções é expressa como pH. As bases são moléculas capazes de se
combinar com os íons H+, consequentemente, reduzindo a concentração desse íon na solução
(FRAPE, 2008; POWERS, HOWLEY, 2005; SNOW, MARCKENZIE, 1977). O pH normal
do sangue arterial é 7,5 e o do sangue venoso é 7,32 a 7,44 (FRAPE, 2008 e CARLSON,
1995).
Embora pequenas quantidades de ácidos ou de bases estejam presentes nos alimentos,
a maior ameaça ao pH dos líquidos corporais são os ácidos formados nos processos
metabólicos, que são divididos em três grupos: ácidos voláteis (CO2), ácidos orgânicos
(lactato) e ácidos fixos (ácido sulfúrico, fosfórico), sendo que este último grupo não é
contribuinte importante de íons H+ durante o exercício intenso (COSTABLE, 1999;
POWERS, HOWLEY, 2005).
A pressão de O2 (pO2) é dada pela quantidade de oxigênio consumida durante um ciclo
completo de batimento cardíaco (ASTRAND, RODAHI, 1996). Os valores basais de referêcia
32
variam de 35-40 mmHg de acordo com Carlson (1995). Esse parâmetro pode ser modificado
pelo treinamento, alcançando valores máximos ao mesmo tempo em que o VO2max é atingido
(LÓPEZ, FERNANDEZ, 1998). A pressão de O2 é considerada um parâmetro adequado para
indicar a eficiência cardiovascular e sua melhora pode acontecer devido ao aumento da
hemoglobina no limiar anaeróbico, aumento do inotropismo, aumento do volume de ejeção e
da pressão e aumento da extração do oxigênio pelo músculo, devido ao aumento da
capilarização, da concentração de mitocôndrias e da hemoglobina (TERRA et al., 2011;
KOWAL et al., 2008; SILVA, 2008). Com o aumento da extração de oxigênio, há aumento da
diferença arterio-venosa desse mesmo, com aumento do seu consumo em cada limiar. A
avaliação da pO2 com amostras de sangue venoso não são adequadas para avaliação das trocas
gasosas e da função pulmonar (SUCUPIRA, ORTOLANI, 2003).
O dióxido de carbono é um produto final da oxidação dos carboidratos, gorduras e
proteínas, podendo ser considerado um ácido em virtude de sua capacidade de reagir com a
água para formar o ácido carbônico (H2CO3) (POWERS, HOWLEY, 2005). O sangue carreia
CO2 para os pulmões parcialmente na forma de H2CO3, que juntamente com a hemoglobina
atua como o principal tampão do sangue, ou seja, evita ou não permite que o pH sofra
alterações consideráveis evitando o óbito por essa causa. No plasma, o CO2 de maneira
relutante e lenta forma o H2CO3, entretanto, ao se difundir para dentro das hemácias essa
reação é acelerada 13000 vezes pela enzima anidrase carbônica, porém, mesmo com essa
modificação acelerada, somente 6% de CO2 forma H2CO3. Então, quase todo H2CO3 se
dissocia para formar íons H+ e bicarbonato (HCO-3) (FRAPE, 2008; POWERS, HOWLEY,
2005). O H+ é tamponado de forma parcial pela Hb e o HCO3- em grande parte difunde-se
novamente para o plasma, ou seja, cerca de 20% do CO2 é carreado na forma de bicarbonato,
permanecendo na forma de gás dissolvido (FRAPE, 2008; WEST, 2002). Os valores de
referência variam de 38-46 mmHg (CARLSON, 1995).
Os ácidos orgânicos como o lactato e acetoacético, são formados a partir do
metabolismo dos carboidratos e das gorduras, respectivamente. Estes ácidos são
metabolizados em CO2 em condições normais de repouso, por isso não influenciam de forma
significativa o pH dos líquidos corporais. No entanto, durante o exercício intenso, cujo
trabalho excede o limiar anaeróbico, os músculos esqueléticos em contração produzem muito
lactato que se acumula, resultando em queda do pH e consequentemente em acidose. Em
geral, parece que a produção do lactato durante o exercício intenso representa o maior desafio
na manutenção do equilíbrio do pH e a falha em manter a homeostasia ácido-básico durante o
exercício pode comprometer o desempenho por meio da inibição das vias metabólicas
33
responsáveis pela produção de ATP ou pela interferência no processo contrátil do músculo em
atividade (POWERS, HOWLEY, 2005). Os valores de referência para as pressões O2 e CO2
variam de 35-40, e 38-46 mm/Hg respectivamente (FRAPE, 2008).
A fadiga durante o exercício está associada aos desvios dos valores ideais do pH
sanguíneo, e a compensação desta alteração parece ser explicada por duas linhas de defesa. A
primeira linha defende que, a compensação da acidose contra os íons H+ produzidos pelo
exercício caracteriza o sistema-tampão químico do compartimento intracelular e do sangue.
Esse sistema age rapidamente para converter ácidos fortes em ácidos fracos. O tamponamento
intracelular ocorre com o auxilio de proteínas celulares, HCO3- e grupos fosfato. Como a
capacidade de tamponamento do músculo é limitada, o liquido extracelular (sangue) tampona
os íons H+ com utilização do HCO3- sanguíneo (POWERS, HOWLEY, 2005; WEST, 2002).
O valores normais de bicabornato sanguíneo dos equinos estão entre 24-27 mEq/L (FRAPE,
2008). Na acidose metabólica, a proporção de bicabornato para pressão parcial de CO2 (PCO2)
cai, abaixando assim o pH. A segunda linha defende que há a compensação respiratória,
devido ao aumento da ventilação que abaixa a PCO2 e eleva a relação HCO3- / PCO2. O estímulo
para aumentar a ventilação é advindo principalmente da ação dos íons H+ sobre os
quimiorreceptores periféricos (FRAPE, 2008; FOREMAN, WALDSMITH, LALUM, 2004;
WEST, 2002; POWERS, HOWLEY, 2000; DUKES, 1996).
Na alcalose metabólica, há aumento da relação HCO3- / PCO2, elevando assim o pH. A
compensação respiratória, às vezes, ocorre por uma redução na ventilação alveolar elevando a
PCO2, contudo essa compensação é frequentemente pequena e pode estar ausente (WEST,
2002; DUKES, 1996).
O impacto que o treino representa no equilíbrio ácido-básico das células musculares e
do sangue é variável conforme a sua intensidade (CARLSON, 1995). Desta forma, o treino de
resistência permite um aumento da capacidade aeróbica devido à elevação do metabolismo
oxidativo celular, com maior utilização de ácidos graxos e menor recurso à glicólise para
produção de lactato e menor acumulo de lactato e H+ no músculo e no sangue (LINDINGER,
WALLER, 2008; MILNE, 1974).
34
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Local
O experimento foi desenvolvido de 02 de Janeiro a 02 de Março de 2013, no Haras
Élio Quadrado, localizado no município de Betim, na rua dos batatais, 21, Várzea das Flores,
região metropolitana de Belo Horizonte, Minas Gerais (latitude 19º 54’8”S, longitude 44º
10’29”W, altitude 860m).
3.2 Animais
Foram utilizadas 12 éguas da raça Mangalarga Marchador, clinicamente sadias, entre 3
a 8 anos de idade e peso corporal entre 325 e 420 Kg. As éguas, anteriormente soltas em
piquetes distintos, com baixo ou nenhum condicionamento físico e ou treinamento, foram
introduzidas em um mesmo piquete com 3273 m2, previamente vermifugadas1, casqueadas,
ferrageadas e banhadas com solução carrapaticida2.
3.3 Procedimento Experimental
Os procedimentos realizados neste experimento foram submetidos à Comissão de
Ética no uso de animas da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (CEUA – PUC
Minas) em Outubro de 2012, para subsequente aprovação.
A execução do experimento se deu no prazo de 60 dias e foi realizado em duas fases:
Fase de pré-condicionamento (8 dias), fase do treinamento (42 dias). No final de cada fase
foram realizados os testes de marcha.
3.3.1 Pré-condicionamento
Na primeira fase (pré-condicionamento) com duração de oito dias, as éguas foram
introduzidas em um mesmo piquete para se adaptarem progressivamente à nova rotina de
manejo e alimentação. Durante este período as éguas receberam 1 quilo de ração comercial 3
1
Eqvalan® Plus
Butox®
3
Ração Guabi® - Nutriage 15% PB
2
35
por fornecimento, sendo estes realizados duas vezes ao dia, às 07:00 e às 17:00 horas. No
final dessa fase, foi realizado o teste de marcha a fim de avaliar as variáveis físicas,
bioquímicas de cada animal e assim estabelecer o protocolo de treinamento. Após a realização
do primeiro teste as éguas foram divididas aleatoriamente em grupo controle e suplementado.
3.3.2 Teste de marcha
O teste de marcha foi realizado em dois momentos, um antes do treinamento e outro
após o treinamento.
O protocolo do teste de marcha foi adaptado segundo Abrantes et al. (2012) e
constituído por dez minutos de aquecimento ao passo (7 km/h), seguido por séries de dez
minutos na marcha em velocidade de 10-12 km/h. Imediatamente ao final de cada série de
marcha foi mensurada a FC e a concentração sanguínea de lactato. Os testes foram
interrompidos quando as éguas atingiram o limiar anaeróbico (FC ≥ 200 bpm e lactato ≥ 4
mmol/L) com limite de cento e cinquenta minutos (150’) de marcha. Após a interrupção dos
testes as éguas passaram por um período de desaquecimento permanecendo 10 minutos ao
passo.
Os dados da temperatura ambiente e umidade relativa do ar foram anotados no início e
ao final do teste de marcha com termômetro digital com analisador de umidade relativa do ar4.
3.3.3 Coleta de amostras
Amostras sanguíneas foram coletadas para determinação das concentrações de lactato,
eletrólitos (Na+, K+, iCa+), gases (pCO2, pO2, HCO3-), hematócrito, hemoglobina, pH e
enzimas musculares (CK, AST, LDH).
As coletas sanguíneas foram realizadas por punção venojugular utilizando agulhas e
seringas, ambas descartáveis e esterilizadas. A determinação das concentrações basais foram
realizadas nos dias dos testes de marcha com as éguas em repouso, no início da manhã antes
do fornecimento da alimentação.
As análises de lactato procederam-se com éguas em repouso e imediatamente após as
coletas de sangue, no fim de cada série de 10 minutos durante os testes de marcha, utilizando
o lactímetro portátil5
4
5
Matsuri®
Accutrend Plus – Roche®
36
As análises de eletrólitos, gases, hematócrito, hemoglobina e pH também foram
realizadas nas éguas em repouso (basal) e no fim do teste de marcha, assim que as éguas
atingiram o limiar anaeróbico, utilizando-se hemogasômetro portátil.6
As análises bioquímicas das enzimas musculares, procederam-se com 4 amostras
sanguíneas em tempos distintos (Basal, 1, 6 e 12 horas após o término do teste de marcha),
essas amostras também foram coletadas por punção venojugular com agulhas e seringas,
ambas descartáveis e esterilizadas, transferidas imediatamente para tubos (Vacutainer BD ®)
fornecidos pelo laboratório7, sem anticoagulante para obtenção do soro sanguíneo. Essas
amostras foram refrigeradas a 8ºC em geladeira e para transportar, permaneceram
acondicionada em caixa térmica contendo gelo eutético e enviada no mesmo dia para o
laboratório7 situado em Belo Horizonte onde as amostras foram processadas.
A frequência cardídaca foi mensurada antes do inicio do teste (basal) e imediatamente
no final de cada série de 10 minutos durante os testes de marcha, utilizando-se o
estetoscópio8, na área de auscultação cardíaca que compreende o lado esquerdo entre a
terceira e quinta costela.
Todos os dados coletados foram anotados em planilhas individuais de cada animal.
3.3.4 Dietas
Após a realização do primeiro teste, as éguas foram separadas aleatoriamente em dois
grupos, sendo seis éguas no grupo controle e seis éguas no grupo suplementado com óleo de
soja9.
No inicio do período experimental e semanalmente, todas as éguas foram pesadas e
tiveram o escore corporal avaliado conforme escala de 0 à 5 (CARROL, HUNTINGTON,
1988). A cada pesagem, a quantidade de alimento a ser fornecida diariamente foi calculada
como 2,0% do peso vivo de cada animal, calculado em matéria seca (MS). A quantidade de
concentrado fornecida representou 50% desse valor para as éguas que apresentaram escore
corporal acima de 2,5, e 60% desse valor para as éguas que apresentaram escore corporal
abaixo de 2,5. Esses valores foram determinados para equinos em trabalho moderado, de
6
I-Stat – Abbott®
Laboratório - Tecsa®
8
Littmann® Cardiology
9
Coamo®
7
37
acordo com o NRC (2007). A dieta foi ajustada semanalmente conforme resultados da
pesagem e da avaliação de escore corporal.
Os tratamentos foram compostos por dois concentrados comerciais10 distintos e
diferiram entre si pela quantidade de extrato etéreo adicionado à dieta, mantendo entre os
tratamentos a mesma densidade energética e proteica, conforme demonstrado na tabela 1:
Tabela 1: Cálculo balanceamento da dieta (concentrado)
Grupo Controle
Grupo suplementado
Proteína Bruta (PB)
120 g/Kg (12%)
150 g/Kg (15%)
Extrato Etéreo (EE)
50 g/Kg (5%)
40 g/Kg (4%)
Fibra Bruta (FB)
120 g/Kg (12%)
120 g/Kg (12%)
Matéria Mineral (MM)
120 g/Kg (12%)
120 g/Kg (12%)
Cálcio (Ca)
1,6 g/Kg
1,8 g/Kg
Fósforo (P)
5 g/Kg
5 g/Kg
Energia Digestível (ED)
3.230 Kcal/Kg
3040 Kcal/Kg
Balanceamento da dieta (concentrado)
Quantidade Ração
4 kg de ração / dia / animal
3,2 Kg de ração / dia / animal
Proteína Bruta (PB)
4 x 120 g de PB = 480 g de PB 3,2 X 150 g de PB = 480g de PB
Energia Digestível (ED)
4 x 3230 kcal = 12.920 kcal
3,2 x 3040 kcal = 9.728 kcal
0,350 L de óleo x 9190 kcal = 3216,50 Kcal
Óleo de soja
9728 + 3216,50 = 12944,50 K cal
Calcio : Fósforo (Relação) 0,32
0,36
O fornecimento do óleo de soja foi fracionado em duas porções diárias, sendo
administrado por seringa de 50 ml (via oral). A administração deste para os animais teve que
obedecer período de adaptação, que no presente experimento teve duração de 8 dias, onde:
1º e 2º dia: 50 ml / fornecimento (100 ml por dia)
3º dia: 50 ml / fornecimento de manhã e 100 ml / fornecimento de tarde
4º e 5º dia: 100 ml / fornecimento (200 ml por dia)
6º dia: 100 ml / fornecimento de manhã e 150 ml / fornecimento de tarde
7º e 8º dia: 150 ml / fornecimento (300 ml por dia)
9º dia: 175 ml / fornecimento (350 ml por dia)
O alimento concentrado foi dividido em dois fornecimentos diários, às 07h00min e às
17h00min e fornecido em cochos individuais. Foi adotado tempo livre de consumo, em que as
éguas permaneceram presas até que acabassem de consumir o concentrado. O volumoso
consistiu de feno de tifton 85 (Cynodon spp.) e foi fracionado no piquete de forma que todas
as éguas, ao serem soltas pudessem alimentar-se. Água e sal mineral11 permaneceram ad
libidum no piquete.
10
11
Ração Guabi® - Equitage 12% PB e Nutriage 15% PB
Suplemento Mineral Guabi® - Centauro 80
38
3.3.5 Treinamento
A fase de treinamento teve duração de 42 dias. O protocolo de treinamento utilizado
foi de exercícios intervalados “ Interval Training” realizados cinco dias por semana, com
descanso aos sábados e domingos.
Nas segundas, quartas e sextas-feiras, as éguas foram submetidas ao exercício em pista
oval com dimensões de 50 metros de comprimento por 30 metros de largura, com duração de
45 minutos.
Para as éguas que atingiram o limiar anaeróbico no primeiro teste em um tempo maior
que 70 minutos, o protocolo de treinamento consistiu de um período inicial de aquecimento
de 5 minutos ao passo, seguido por 10 minutos na marcha, 5 minutos ao passo, 5 minutos no
galope sendo 2,5 minutos de cada lado, 5 minutos ao passo, 10 minutos na marcha e
finalizando com 5 minutos ao passo. Já as éguas que atingiram o limiar anaeróbico no
primeiro teste em um tempo menor que 70 minutos, o protocolo de treinamento consistiu de
um período inicial de aquecimento de 10 minutos ao passo, seguido por 5 minutos na marcha,
5 minutos ao passo, 5 minutos no galope sendo 2,5 minutos de cada lado, 5 minutos ao passo,
5 minutos na marcha e finalizando com 10 minutos ao passo.
Nas terças e quintas feiras, as éguas foram exercitadas ao passo em velocidade de 7
km/h durante 1 hora no exterior do haras em superfícies e topografias distintas.
Após a fase de treinamento, todas as éguas foram submetidas novamente ao teste de
marcha para avaliação do condicionamento físico, seguindo o mesmo protocolo do primeiro
teste.
3.3.6 Análises Bromatológicas
As coletas de amostras do feno e concentrado foram realizadas no início (16/01/2013),
no meio (13/02/2013) e no final (28/02/2013) do período experimental, para avaliação da
composição bromatológica. Essas amostras foram acondicionadas em saco plástico,
identificadas e encaminhadas no mesmo dia para o Labarotório de Nutrição Animal da
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, campus Betim. Essas amostras foram
pesadas e moídas em peneira de 1 mm, em moinho do tipo Thomas Willey, para posterior
análise físico-química desses alimentos.
No final do período experimental, as amostras dos alimentos concentrado e volumoso
armazenadas, foram submetidas às análises de composição bromatológica. A porcentagem de
39
matéria seca dos alimentos foi determinada secagem da amostra pré-seca a 105ºC por 12
horas. A proteína bruta foi determinada por aparelho de destilação a vapor Microkjeldahl
(A.O.A.C., 1975) e o extrato etéreo, segundo A.O.A.C. (1990). O conteúdo de cinzas foi
determinado por incineração a 550ºC por 8 horas na Mufla. A FDN e FDA (fibra em
detergente ácido) livre de cinzas foi determinado segundo Van Soest et al. (1991). O CNF foi
determinado segundo o National Research Council (2007) por equação matemática resultante
da subtração de 100, com a soma das porcentagens de proteína bruta (PB), fibra detergente
neutro (FDN), extrato etéreo (EE) e matéria mineral (MM).
Os valores da análise bromatológica dos alimentos compontentes da dieta estão
representados na tabela 2.
3.4 Delineamento Experimental
O delineamento experimental foi inteiramente ao acaso em esquemas de parcelas
subsubdividas, sendo os tratamentos constituídos pelo grupo suplementado com óleo de soja e
controle com seis repetições (éguas) por tratamento, as subparcelas representadas pelos testes
de marcha realizados antes (Teste I) e após o treinamento (Teste II) e as subsubparcelas
formadas pelos tempos de avaliação e coletas de amostras.
40
3.5 Análises estatísticas
Os resultados da frequência cardíaca de cada animal em cada teste físico foram
submetidos à análise de regressão quadrática, sendo estimados os índices Fc150 e Fc200, e os
resultados da concentração plasmática de lactato foram submetidos à análise de regressão
linear, sendo estimado o índice La4, utilizando o Sistema de Análises Estatísticas e Genéticas
– SAEG (versão 9.0).
Os
resultados
obtidos
foram
testados
quanto
à
distribuição
normal
e
homocedasticidade entre os tratamentos. Em seguida foram submetidos à análise de variância
e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade, utilizando o Sistema de
Análises de Variância para Dados Balanceados – SISVAR (versão 5.0).
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Frequência Cardíaca
Os resultados da frequência cardíaca em relação ao tempo de marcha, encontra-se
descrita nas tabelas 3 e 4.
Não houve diferença (p>0,05) entre os grupos controle e suplementado em relação ao
tempo de marcha (minutos) gasto para a frequência cardíaca atingir 150 bpm e 200 bpm nos
testes realizados tanto antes do treinamento (teste I) quanto após o treinamento (teste II).
Houve diferença (p<0,05) entre as médias dos testes realizados antes (teste I) e após
(teste II) o treinamento: As éguas gastaram mais tempo para a frequência cardíaca atingirem
os 150 e 200 bpm após o treinamento (teste II).
Segundo Lindner & Boffi (2007), equinos destreinados apresentam maiores
frequências cardíacas durante exercícios. Após período de treinamento, equinos submetidos a
exercícios submáximos apresentam redução de 20 a 30 bpm (EVANS, 1994). Ohmura et al.
(2001), avaliando o período de sete meses de treinamento de 63 equinos de corrida,
observaram redução significativa da frequência cardíaca, durante testes físicos a campo.
Babusci & López (2007) relata que um equino treinado deve ser capaz de desenvolver
determinada velocidade à uma frequência cardíaca inferior a desempenhada antes de iniciar o
treinamento. Segundo Evans (1994), o treinamento promove aumento da velocidade onde a
frequência cardíaca máxima é atingida, não sendo observada, entretanto, a influência do
41
treinamento sobre a frequência cardíaca durante exercício moderados e submáximos.
De acordo com Dukes (1996), a frequência cardíaca é a capacidade que o coração tem
em bombear sangue para todo organismo, sabe-se, que durante exercícios esse sangue é
redistribuído e a maior parte vai para os músculos em atividade, assim, podemos afirmar que
no presente estudo, houve melhora na capacidade e função cardiovascular de acordo com
Evans, Rose e Hodgson (1994), em que as éguas trabalharam com maior tempo de marcha
para que a FC atingissem o limiar de 200 bpm.
Marlin e Nankervis (2002), salienta que o fato dos valores de FC serem altamente
influenciados durante o teste de esforço, pelas condições atmosféricas, pela atitude do
cavaleiro, terreno, assim como por alterações físicas e comportamentais do cavalo. Desta
forma, também afirmado por Poole e Erickson (2008), a FC não representa um parâmetro
fisiológico cuja análise isolada, permita a obtenção de conclusões relativas à condição física e
à capacidade aeróbica dos animais testados.
Tabela 3: Tempo de marcha (minutos) necessário para a frequência cardíaca (FC) das éguas
Mangalarga Marchador atingir 150 batimentos por minuto (bpm) nos testes realizados antes do
treinamento (teste I) e após o treinamento (teste II), com seu coeficiente de variação (CV) (n=12)
Teste I
Teste II
Controle
10,22
22,48
Suplementado
9,92
18,41
10,07b
20,45a
Média testes
CV (%)
39,33
Letras distintas diferem entre os testes pelo teste de Fisher (P<0,05)
Tabela 4: Tempo de marcha (minutos) necessário para a frequência cardíaca (FC) das éguas
Mangalarga Marchador atingir 200 batimentos por minuto (bpm) nos testes realizados antes do
treinamento (teste I) e após o treinamento (teste II), com seu coeficiente de variação (CV) (n=12)
Teste I
Teste II
Controle
15,05
35,65
Suplementado
14,15
28,74
Média testes
14,60b
32,20a
Letras distintas diferem entre os testes pelo teste de Fisher (P<0,05)
CV (%)
38,90
42
4.2 Lactato
Os resultados da concentração de lactato em relação ao tempo de marcha, encontra-se
descrita na tabela 5.
Não houve diferença (p>0,05) entre os grupos controle e suplementado em relação ao
tempo de marcha (minutos) gasto para a concentração sanguínea de lactato atingir 4,0 mmol/L
nos testes realizados tanto antes do treinamento (teste I) quanto após o treinamento (teste II).
Houve diferença (p<0,05) entre as médias dos testes realizados antes (teste I) e após
(teste II) o treinamento: As éguas gastaram mais tempo para a concentração sanguínea de
lactato atingir o valor de 4,0 mmol/L após o treinamento (teste II).
No presente estudo observou-se que os animais gastaram mais tempo após o
treinamento para atingirem o limiar do lactato (4 mmol/L), o que resultou em esforço
predominantemente aeróbico. Ferraz et al. (2008) e Rivero (2007) também descreveram essa
melhora da capacidade aeróbica e maior resistência do sistema musculoesquelético
proporcionada pelo treinamento, Ferraz et al. (2008) afirma que a avaliação do desempenho
físico pelas variáveis bioquímicas, como lactato, enzimas musculares, assim realizada neste
estudo, são fundamentais para o manejo dos programas de treinamento para os animais que
necessitam melhorias na capacidade aeróbica.
Tabela 5: Tempo de marcha (minutos) necessário para a concentração sanguínea de lactato
(Lac.) das éguas Mangalarga Marchador atingirem 4,0 mmol/L nos testes realizados antes do
treinamento (teste I) e após o treinamento (teste II), com seu coeficiente de variação (CV) (n=12)
Teste I
Teste II
Controle
37,78
95,57
Suplementado
31,62
94,94
Média testes
34,70b
95,25a
CV (%)
37,7
Letras distintas diferem entre os testes pelo teste de Fisher (P<0,05)
4.3 Tempo para atingir o limiar anaeróbico
Os resultados do limiar anaeróbico em relação ao tempo de marcha, encontra-se
descrita na tabela 6.
Não houve diferença (p>0,05) entre os grupos controle e suplementado em relação ao
tempo de marcha (minutos) gasto para atingir o limiar anaeróbico nos testes realizados tanto
antes do treinamento (teste I) quanto após o treinamento (teste II).
43
Houve diferença (p<0,05) entre as médias dos testes realizados antes (teste I) e após
(teste II) o treinamento: As éguas demoraram mais tempo para atingirem o limiar anaeróbico
após o treinamento (teste II). Esses resultados mostraram a melhora da capacidade aeróbica
dos animais, comprovando que o protocolo de treinamento utilizado em 42 dias foi benéfico
para o condicionamento físico das éguas, tornando-as mais aptas a participarem das provas de
marcha com excelência de acordo com a duração regulamentada pela ABCCMM. Segundo
Fox e Mathews (1974), esse tipo de treinamento permitem aumento da potência aeróbica e
anaeróbica do animal.
Marlin e Nankervis (2002) afirmaram que a associação do limiar anaeróbico a outro
parâmetro que possa mais facilmente ser medido durante o treino pode fornecer informações
relativas à intensidade do esforço realizado e a via metabólica predominante. Os testes a
campo permitem calcular valores de frequência cardícaca e de lactato em que é atingido o
limiar anaeróbico, estes valores podem avaliar a condição física do cavalo. Ainda podemos
afirmar de acordo com Rezende et al. (2009) e Jordão (2009) que a prova de marcha é um
exercício predominantemente aeróbico, e podendo estabelecer como um exercício de
intensidade submáxima confirmado por Prates et al. (2009).
De acordo com Garcia (2012), um dos fatores responsáveis pelo aumento dos limiares
aeróbico e anaeróbico, induzidos pelo treinamento, pode ser o maior poder oxidativo do
metabolismo. Quando ocorrem altas taxas de oxidação do piruvato, induzidas pelo exercício
prolongado há uma tendência de haver mudança no metabolismo, que passa a obter mais
energia a partir da beta-oxidação dos ácidos graxos livres. Esse fato causa diminuição da
glicogenólise muscular, causando menor produção de lactato, fato também descrito por
Castejón et al. (1995).
Tabela 6: Tempo de marcha (minutos) necessário para as éguas Mangalarga Marchador
atingirem o limiar anaeróbico, nos testes realizados antes do treinamento (teste I) e após o
treinamento (teste II), com seu coeficiente de variação (CV) (n=12)
Controle
Suplementado
Média testes
Teste I
40,00
38,33
39,17a
Teste II
104,00
85,00
94,50b
Letras distintas diferem entre os testes pelo teste de Fisher (P<0,05)
CV (%)
39,2
44
4.4 Enzimas musculares
Os resultados dos valores médios das concentrações sanguíneas de creatinocinase
(CK), encontra-se descrita na tabela 7.
Não houve diferença (p>0,05) entre os grupos controle e suplementado para os
valores da enzima CK realizados antes e após o treinamento (teste I e II) e nos diferentes
tempos de avaliação (basal, 1,6,12 horas após o término do teste de marcha).
Houve diferença (p<0,05) entre os testes realizados antes e após o treinamento (teste
I e II): Houve aumento na concentração média de CK no teste II, porém os valores
apresentaram dentro dos padrões de normalidade, resultado esperado, pois de acordo com
Harris et al. (1998) quando a duração do exercício é mantida constante, a intensidade do
exercício determina o aumento na concentração de CK, entretanto todas éguas demoraram
mais tempo para atingir o limiar anaeróbico permanecendo por mais tempo no teste,
elevando a CK sérica.
A enzima CK é produzida nas células musculares durante o exercício, apresentando
um aumento rápido no sangue de 4 a 6 horas após o esforço (VALBERG et al., 1993). A sua
liberação para a circulação sanguínea ocorre devido à alteração da permeabilidade da
membrana celular que se verifica sempre que existe atividade muscular. A CK pode também
ser produzida no trato gastrointestinal, útero, rins, coração e tiróide, encontrando-se bastante
aumentada em casos de lesão muscular pronunciada ou como consequência de alterações
em órgãos constituídos por músculo liso (KINGSTON, 2004).
De acordo com Thomassian, Watanabe e Ribeiro (2004), seria aconselhável que o
valor de referênciade cada animal fosse o valor da atividade enzimática do animal em
repouso, permitindo assim analisar a variação da enzima ao longo do exercício.
A atividade sérica de CK aumenta rapidamente (6-12 horas) após lesão muscular
aguda e diminui imediatamente (24-48 horas) depois da sua resolução (THRALL et al.,
2007, KINGSTON, 2004). Os valores de referência para equinos de esporte variam de 90500 U/l podendo aumentar de 10-900 vezes em equinos com lesão muscular (MUÑOZ et
al., 2002). A taxa de aumento da CK depende da intensidade do exercício e de sua duração,
bem como do condicionamento físico, idade e dieta do animal (MacLEAY et al., 2000).
O resultado obtido neste experimento concordou com Valberg et al. (1993) que ao
trabalharem com animais em exercício submáximo, observaram aumento significativo da
CK após o exercício; e Lewis (2000) que relata que em animais que apresentam
45
predominância de fibras tipo IIA podem demonstrar maior atividade dessa enzima.
Tabela 7: Valores médios das concentrações sanguíneas de creatinocinase (CK) das éguas
Mangalarga Marchador antes do treinamento (teste I) e após o treinamento (teste II), com seu
coeficiente de variação (CV) (n=12).
Média
Basal
1 hora
6 horas
12 horas
Teste I
300,50
389,58
585,58
404,00
419,92B
Teste II
386,92
554,17
612,42
599,00
538,13A
testes
CV (%)
5,5
Letras distintas diferem entre os testes pelo teste de Fisher (P<0,05)
Os
resultados
dos
valores
médios
das
concentrações
sanguíneas
de
aspartatoaminotransferase, encontra-se descrita na tabela 8.
Não houve diferença (p>0,05) entre os grupos controle e suplementado para os
valores da enzima AST realizados antes e após o treinamento (teste I e II) e nos diferentes
tempos de avaliação (basal, 1,6,12 horas após o término do teste de marcha).
Houve diferença (p<0,05) entre os testes realizados antes e após o treinamento (teste
I e II): Aumento da concentração média de AST no teste I. De acordo com Harris (1997) e
Valberg et al. (1993) a ocorrência de aumento moderado da AST e CK em equinos sadios
pode ser observada quando são submetidos a exercícios de moderada e alta intensidade. No
entanto a liberação de AST nas fibras musculares é mais lenta, atingindo o máximo da sua
concentração sanguínea 24 a 36 horas após lesão muscular.
Então o resultado da atividade dessa enzima, sugere que neste experimento, no teste
II não houve tempo suficiente desta elevar-se. Conforme o resultado da atividade enzimática
das éguas, as diferenças nas concentrações de CK e AST ocorreram por influência da
evolução do treinamento, (distância e velocidade) e aptidão física, não pela dieta. Os
animais do presente estudo mostraram alterações adaptativas depois do treinamento, ou seja,
aumentaram o condicionamento físico.
Os valores de referência de concentração de AST para equinos de esporte são 200500 U/l (MUÑOZ et al., 2002).
46
Tabela 8: Valores médios das concentrações sanguíneas de aspartatoaminotransferase (AST)
das éguas Mangalarga Marchador antes do treinamento (teste I) e após o treinamento (teste
II), com seu coeficiente de variação (CV) (n=12).
Média
Basal
1 hora
6 horas
12 horas
Teste I
338,00
345,00
357,92
341,83
345,69A
Teste II
297,58
305,83
274,50
284,25
290,54B
testes
CV (%)
11,3
Letras distintas diferem entre os testes pelo teste de Fisher (P<0,05)
Os resultados dos valores médios das concentrações sanguíneas de lactato
desidrogenase (LDH), encontra-se descrita na tabela 9.
Não houve diferença (p>0,05) entre os grupos controle e suplementado para os
valores da enzima LDH antes e após o treinamento (teste I e II).
Houve diferença (p<0,05) entre os testes realizados antes e após o treinamento (teste
I e II): O teste II apresentou maior atividade enzimática de LDH comparando com o teste I.
Observou-se ainda que, ao longo do período avaliado, a concentração de LDH aumentou.
Proporcionalmente verificou-se maior aumento da atividade enzimática da LDH, no
teste II, justificada por sua localização celular e pela elevação de CK do Teste II.
Thomassian (2005) afirmou que CK e LDH estão localizadas no citoplasma das células,
então quando há alteração de permeabilidade ou grau de lesão muscular as mesmas
extravasam diretamente. Por este motivo, Harris (1997) citou que as enzimas CK ou LDH,
liberadas no sangue, são indicadores de perda de integridade do sarcolema, cuja extensão de
resposta pode estar relacionada a vários fatores, como por exemplo, a distância percorrida
pelo animal.
A LDH possui atividade em diversos tecidos e encontra-se envolvida na conversão
do piruvato em lactato durante a glicólise (KINGSTON, 2004). A sua concentração
sanguínea máxima é atingida 12 horas depois do exercício, de acordo com Valberg e
colaboradores (1993) podendo apresentar valores muito elevados em situações de lesão
hepática ou muscular, ou em situações de hemólise (KINGSTON, 2004).
A grande variação nos valores de LDH descritos na literatura (OOSTERBAAN et
al., 1991) talvez seja devido à menor especificidade desta enzima e situações que ocorram
durante o exercício, de acordo com Thomassian (2005) essa variação das concentrações
dessa enzima se dá pela distribuição em vários tecidos e devido ao aumento da
permeabilidade da membrana celular e não de sua ruptura. Thomassian (2005) também
47
afirma que essa variação das concentrações de LDH é influenciada pelo sexo, em que as
fêmeas apresentam maiores concentrações em relação aos machos.
Correlacionando os valores das enzimas musculares descritas nas tabelas (7, 8 e 9),
podemos concluir que, ao analisarmos os tempos em que essas enzimas atingem o seu pico
após lesão muscular, estes valores já encontravam em decréscimo, justificando que o
protocolo de treinamento utilizado neste estudo não causou danos musculares aos animais.
Tabela 9: Valores médios das concentrações sanguíneas de lactato desidrogenase (LDH) das
éguas Mangalarga Marchador antes do treinamento (teste I) e após o treinamento (teste II),
com seu coeficiente de variação (CV) (n=12).
Média
Basal
1 hora
6 horas
12 horas
Teste I
785,66
833,08
907,33
862,67
847,19B
Teste II
845,58
919,50
907,42
899,42
892,98A
Média tempos
815,63b
876,29ab
907,38a
881,04a
testes
CV (%)
9,2
Letras maiúsculas distintas diferem entre os testes pelo teste de Fisher (P<0,05)
Letras minúsculas distintas diferem entre os tempos de avaliação pelo teste de Tukey (P<0,05)
4.5 Hemogasometria
Os resultados das variáveis hemogasométricas encontram-se descritas na tabela 10.
Não houve diferença (p>0,5) entre os tempos de avaliação basal e final do teste de
marcha realizado após o treinamento (teste II) nas pressões de oxigênio.
Não houve diferença (p>0,5) entre os tempos de avaliação basal e final do teste de
marcha realizado antes do treinamento (teste I) nas concentrações sanguíneas dos íons
bicarbonato.
Houve diferença (p<0,5) entre os tempos de avaliação no final do teste de marcha
realizado antes do treinamento (teste I), onde foi observado aumento da pressão de oxigênio,
diminuição da pressão de dióxido de carbono e aumento do pH sanguíneo.
Houve diferença (p<0,5) entre os tempos de avaliação no final do teste de marcha
realizado após o treinamento (teste II), observou-se diminuição na pressão de dióxido de
carbono, aumento das concentrações séricas de íons bicarbonato e aumento do pH sanguíneo.
Não houve efeito (p>0,5) do treinamento (teste I e II) nos valores basais das pressões
de oxigênio, dióxido de carbono, nas concentrações de íons bicarbonato e ph sanguíneo.
Não houve efeito (p>0,5) do treinamento (teste I e II) nos valores finais da pressão de
dióxido de carbono.
48
Foi observado efeito (p>0,5) do treinamento a qual a pressão de oxigênio foi menor, as
concentrações sanguíneas de íons bicarbonato e pH foram maiores no final do teste de marcha
realizado após o treinamento (teste II).
No presente trabalho, os valores da pressão de oxigênio obtiveram melhora
significativa com o treinamento, mostrando aumento da condução do oxigênio a cada ciclo de
batimento cardíaco, estes valores também foram encontrados nos trabalhos de Garcia (2012) e
Silva (2008) que utilizaram animais da raça Mangalarga Marchador e Puro Sangue Árabe
respectivamente, através de testes com intensidade máxima em esteira rolante. Segundo
Astrand, Rodahi (1996), com o treinamento, os cavalos possuem adaptações estruturais que
melhoram a oxigenação sanguínea dos pulmões, a eficiência de transmissão do mesmo para
os tecidos e a capacidade de transporte desse oxigênio, sendo comprovado pelo aumento da
hemoglobina no limiar anaeróbico, observado neste estudo, indicando assim que o
treinamento foi satisfatório na eficiência cardiovascular dos animais estudados. Observou-se
que, antes do treinamento, os valores obtidos da pressão de O2 foram maiores no final do teste
de marcha indicando provável origem da hiperventilação alveolar, contudo, de acordo com
Sucupira e Ortolani (2003), amostras venosas não são adequadas para avaliação das trocas
gasosas e da função pulmonar. Estes valores também foram encontrados nos trabalhos de
Terra et al. (2011), Santiago (2010), Filippo et al. (2009), Kowal (2008), que utilizaram
sangue venoso para avaliação das amostras.
Correlacionando os valores das pressões de oxigênio com o dióxido de carbono,
observou-se que antes do treinamento (teste I) a pressão de oxigênio foi superior e a pressão
de dióxido de carbono inferior aos valores no final do teste de marcha. Observou-se também
aumento do pH, aumento dos íons bicarbonato e redução na pressão de dióxido de carbono no
final do teste de marcha realizado após o treinamento (teste II). Estes resultados foram
observados no trabalho de Terra et al. (2011), utilizando cavalos da raça Mangalarga
Marchador em testes a campo, e os resultados concordaram com Santiago (2010) e Foreman
et al. (2004) em testes simulando provas de ‘cross country’. Provavelmente, durante o
intervalo entre o final da prova e a coleta sanguínea para hemogasometria, ocorreu
hiperventilação compensatória, justificando os resultados obtidos.
Podemos afirmar que em testes realizados a campo, os dados climáticos influenciam
os resultados, pois no teste realizado antes do treinamento (teste I) a condição climática
(Anexo II) apresentou-se com menor temperatura ambiente e maior umidade relativa do ar em
relação ao teste realizado após o treinamento (teste II).
49
Segundo Carlson (1995), durante exercício de intensidade máxima, o bicabornato e a
concentração de lactato são inversamente proporcionais, pois o bicabornato é consumido no
processo de tamponamento do lactato acumulado. Como a marcha é considerado um exercício
de intensidade submáxima (Prates et al, 2009), sugere-se que o aumento dos íons bicarbonato
após treinamento (teste II) no final do teste de marcha, observado neste estudo, seja devido ao
condicionamento que favoreceu o metabolismo aeróbico com menores concentrações de
lactato. Observa-se aumento do pH sanguíneo entre os treinamentos (teste I e II) com aumento
no final de cada teste. Entre os tempos de coleta (basal e final), observa-se aumento do pH no
final do teste de marcha tanto antes como após o treinamento (teste I e II). Esses dados
também foram encontrados nos trabalhos de Filippo et al. (2009), Kowal et al. (2008) e Silva
(2008). O pH apresenta queda, mas que com o treinamento essa queda tende a ser menor de
acordo com Constable (1999), Snow e Marckenzie (1977), justificando o resultado obtido no
presente estudo, o que indica mais uma vez que o condicionamento físico reduziu a queda do
pH, menor deposição de lactato e assim favorecendo o metabolismo aeróbico.
Foi observada diferença (p<0,05) entre o grupo controle e suplementado na pressão
sanguínea de CO2 (tabela 11), em que o valor do grupo controle foi menor que o grupo
suplementado. Esse resultado também pode ser justificado pela maior hiperventilação
compensatória do grupo controle comparado com o grupo suplementado, que podem ser
devido a maior excitação, stress calórico do grupo controle ou até mesmo pela influência da
temperatura ambiente e umidade relativa do ar, porém, os valores encontram dentro da
normalidade. Segundo Freitas (2007), os cavalos tem um alcance aeróbico muito alto, com
grande capacidade de aumentar o consumo de oxigênio entre repouso e exercício máximo. A
prática de exercício submáximo prolongado, realizado em condições de temperatura e
umidade ambientes altas, é um grande desafio para o sistema respiratório. Neste caso a perda
de calor evaporativo fica prejudicada. Como a sudorese é o principal meio de resfriamento em
cavalos em exercício, o trato respiratório além das suas funções normais, também tem que
contribuir para a perda de calor.
Não houve diferença (p>0,05) entre os tempos de avaliação (basal e final) do teste de
marcha realizado antes do treinamento (teste I) nas concentrações sanguíneas de sódio.
Foi observada diferença (p<0,05) entre os tempos de avaliação, em que os valores
séricos dos íons potássio foram maiores antes e após o treinamento (teste I e II) no final do
teste de marcha, as concentrações séricas dos íons sódio foram maiores somente após o
treinamento (teste II) no final do teste de marcha.
Não houve efeito (p>0,05) do treinamento (teste I e II) nas concentrações séricas
50
basais dos íons sódio.
Não houve efeito (p>0,05) do treinamento (teste I e II) nas concentrações de iCa+.
Foi observado efeito (p>0,05) do treinamento (teste I e II): As concentrações
sanguíneas de potássio foram menores após o treinamento (teste II), tanto no repouso (basal)
quanto no final do teste de marcha. As concentrações sanguíneas de sódio foram maiores após
o treinamento (teste II) no final do teste de marcha. O aumento dos íons potássio entre os
tempos de avaliação, pode ser justificado, segundo Boffi (2007) que durante o exercício
intenso, observa-se rápida e pronunciada hiperpotassemia causada pelo fluxo transmembrana
de potássio. Esse aumento está diretamente relacionado com elevações nas concentrações de
lactato e íon hidrogênio (SEJERSTED, 1992; HARRIS, SNOW, 1988), o que torna a redução
de potássio no pós treinamento mais um indicativo de que o condicionamento favoreceu o
metabolismo aeróbico das éguas do experimento. Terra et al. (2011) em seu trabalho,
observaram diminuição dos níveis de potássio após o período de treinamento no teste de
campo. Segundo Rose e Hodgson (1994), o aumento da concentração de potássio após
exercício está relacionado com à intensidade do esforço, logo valores inferiores no teste a
campo indicam que este teste não causou máximo esforço dos animais. Filippo et al. (2011)
observaram em seu experimento, diminuição na concentração sérica de potássio e segundo
Baily e Kline (2007), Fernandez e Larsson (2000) e Rose et al. (1979) essa diminuição foi
ocasionada pela perda no suor. O treinamento de acordo com Carlson (1995), resulta em
alterações relativamente rápidas nos fluidos corpóreos bem como na homeostasia de
eletrólitos, sendo as principais alterações o aumento do volume plasmático e a diminuição da
osmolaridade. A expansão do volume plasmático causa melhorias nas funções cardiovascular
e termorregulatória. Silva (2008) em seu trabalho utilizando cavalos da raça Puro Sangue
Àrabe em testes feitos com esteira rolante, também observou diminuição das concentrações de
potássio pós treinamento, afirmando que esta diminuição está relacionada com a hipovolemia
que se desenvolveu durante o treinamento. McCutcheon e Geor (2008) observaram que
cavalos adultos submetidos a exercícios de moderada intensidade há aumento de 23% na
concentração da bomba sódio/potássio ATPase no músculo glúteo médio, e potros
apresentaram 23% nos músculos glúteo médio e semitendinoso. Green (1998), ressalta que o
incremento da atividade da bomba sódio/potássio ATPase após o treinamento, há aumento da
receptação do potássio pelas fibras e portanto, consequente diminuição das concentrações
plasmáticas deste eletrólito.
O treinamento promoveu aumento dos valores de sódio no final do teste de marcha,
observou-se também aumento entre os tempos de avaliação, sendo que os valores finais do
51
teste de marcha foram superiores aos valores basais no teste II. Embora muitos autores (Terra
et al. 2011, Orozco, 2007; Lacerda-Neto et al. 2003 e Fernandez e Larsson, 2000) relatem que
as concentrações plasmáticas de sódio se mantêm inalteradas em equinos durante atividade
física, seja ela de intensidade máxima ou submáxima, corrobando com nosso estudo e nos de
Filippo et al. (2011) e Santiago (2010). Segundo Rose e Hodgson (1994), durante exercícios
intensos, há mudanças transitórias nas concentrações dos eletrólitos plasmáticos. As
concentrações de sódio aumentam como resultado do movimento dos fluidos para o espaço
extracelular. Segundo Freitas (2007), o sódio tende a permanecer inalterado, porém,
dependendo das condições e duração das provas essa concentração pode ocorrer alterações,
Bayly e Kline (2007) ainda ressalta que devido ao suor dos equinos serem hipertônico, eles
perdem grandes quantidades de eletrólitos durante o exercício, assim, justifica que o
condicionamento após treinamento fez com que os animais desse estudo perdessem menos
sódio no suor. Em relação aos grupos experimentais, observou-se que a concentração de sódio
do grupo controle foi inferior ao grupo suplementado de acordo com a tabela 11. Sabe-se que
o oferecimento de dietas ricas em óleo vegetal e o bom condicionamento físico diminuem a
produção de calor corporal, também são bastante úteis na minimização da sudorese e,
portanto, dos déficits hídricos e eletrolíticos dos equinos. O excesso de grãos na dieta pode
ocasionar redução na ingestão de forragens, levando a redução do consumo de água e
eletrólitos, e também utilizam esse concentrado para gerar energia, aumentando as perdas
hídricas e eletrolíticas urinárias para excreção do seu nitrogênio (LEWIS, 2000).
Devido a concentração de sódio no suor do equino ser mais alta que no plasma, uma
sudorese excessiva diminui essa concentração do plasma. Assim, os equinos suplementados
com óleo de soja nesse estudo, produziram menos calor que o grupo controle,
consequentemente a perda desse eletrólito no suor do grupo suplementado foi menor que do
grupo controle, porém, ambos apresentaram dentro da normalidade.
As concentrações de cálcio ionizado reduziram após o teste de marcha em relação aos
valores basais tanto antes quanto após o treinamento (teste I e II). A diminuição da
concentração de cálcio ionizado também foi observada por Terra et al. (2011), Santiago
(2010), Filippo et al. (2009), Orozco (2007), Thrall et al (2004) e McConaghy (1994), que
afirmaram que durante o exercício, esses íons são mobilizados para o processo de contração
muscular e o maior decréscimo está atribuída à intensidade e duração do exercício. Filippo et
al. (2009) também ressaltam que essa diminuição nos valores de cálcio ionizável é devido a
perda no suor, como descrito por Schott e Hinchliff (1993), porém, sabemos que este íon
possui baixa concentração no suor e que em exercícios de intensidade submáxima essa perda
52
seria mais restrita. A hipocalcemia também pode exacerba-se na presença da alcalose
metabólica hipoclorêmica e da hemoconcentração segundo Kronfeld (2001).
Não houve efeito (p>0,05) do treinamento nas concentrações séricas de glicose.
Foi observada diferença (p<0,05) entre os tempos de avaliação em que os valores de
glicose foram superiores ao final de cada teste de marcha. Este aumento também foi
observado nos trabalhos de Brandi et al. (2009), Farias (2009), Godoi (2008) e Orozco (2007),
Mattos et al. (2006). A glicemia geralmente aumenta em todos os tipos de exercício devido à
captação da glicose pelo músculo em trabalho (glicogenólise) ou sua liberação pelo fígado
(gliconeogênese). O fator mais importante para a magnitude do aumento da captação da
glicose no exercício e no estado pós-absortivo é a intensidade do exercício e também de sua
duração. Isto se deve a um maior recrutamento de fibras musculares e a um maior estresse
metabólico das fibras musculares ativas (ROSE, RICHTER, 2005), justificando também o
aumento da glicose no teste realizado após o treinamento, pois os animais gastaram muito
mais tempo para atingir o limiar anaeróbico. Godoi (2008) e Mattos et al. (2006) afirmaram
que esse aumento se deu devido ao aumento do metabolismo oxidativo poupando glicogênio
do músculo disponibilizando mais glicose sanguínea, dados este confirmados por Frape
(2008). Wanderley et al. (2010) que também utilizaram cavalos da raça Mangalarga
Marchador, afirmaram que esses valores indicam, provavelmente, que os cavalos utilizados
desenvolveram exercícios de intensidade média com baixo acúmulo de lactato e aumento da
disponibilidade da glicose a partir das reservas corporais, confirmados por Evans (1996) e
Thomassian et al. (2004).
Foi observada diferença (p<0,05) entre os tempos de avaliação em que os valores
basais de hematócrito e hemoglobina, tanto antes quanto após o treinamento (teste I e II)
foram inferiores em relação aos valores finais do teste de marcha. Estes dados também foram
descritos por Garcia (2012), Terra et al. (2011), Santiago (2010), Wanderley et al. (2010),
Filippo et al. (2009), Rezende (2009), Silva (2008), Kowal et al. (2008) Orozco (2007),
Freitas (2007) e Mattos et al. (2006), que atribuíram segundo Foreman et al. (2004), Kingston
(2004) e Castejón et al. (1995) o aumento do hematócrito e hemoglobina durante o exercício
ao mecanismo adrenérgico que atua sobre as fibras musculares lisas do baço, provocando
contração esplênica e assim liberando grande quantidade de eritrócitos para a circulação
sanguínea e aumentando a capacidade de oxigênio para os tecidos. Essas alterações sao
devidas principalmente pela hipóxia tissular e esplenocontração, já que o baço é o principal
reservatório de eritrócitos no equino. Wanderley et al. (2010) e Fillipo et al. (2009) afirmaram
que o aumento do hematócrito após o exercício também está relacionado com o grau de
53
desidratação, porém, os valores neste presente estudo se encontram dentro da normalidade.
Mattos et al. (2006) afirmaram que o hematócrito de 40-50% para cavalo em exercício, como
visto no presente estudo, é indicativo que o sangue teve concentrações de hemoglobina
suficientes para transportar oxigênio sem prejudicar o trabalho do sistema cardiorespiratório.
Não houve efeito (p>0,05) do treinamento nos valores de hematócrito e hemoglobina
nas coletas realizadas ao final de cada teste de marcha.
Foi observado efeito (p<0,05) do treinamento (teste I e II), os valores basais de
hematócrito e hemoglobina foram inferiores após o treinamento (teste II), concordando com
os valores encontrados no trabalho de Machado (2011).
Segundo Hinchcliff et al. (2008) os valores mais elevados do hematócrito em repouso
podem ser associados a uma melhora na capacidade aeróbica resultante da maior quantidade
de glóbulos vermelhos em circulação disponíveis para o transporte de oxigênio às células,
contudo, existem grandes variações no hematócrito relacionadas com alterações no volume
plasmático ou com aumento nos eritrócitos circulantes resultante do stress e excitação dos
animais. Assim, podemos afirmar que as éguas durante a coleta basal no primeiro teste
apresentaram mais estressadas e excitadas em relação ao segundo teste, ocorrendo a
esplenocontração e liberação de eritrócitos para circulação sanguínea.
Tabela 10: Valores médios das pressões sanguíneas de O2 (pO2) e CO2 (pCO2), concentrações sanguíneas
de íons bicarbonato (HCO3), pH, potássio (K+), sódio (Na+), cálcio ionizado (iCa), concentrações séricas de
glicose, hematócrito, hemoglobina e concentrações plasmáticas de glicose das éguas Mangalarga
Marchador antes do treinamento (teste I) e após o treinamento (teste II), com seus respectivos coeficientes
de variação (CV) (n=12).
Antes do treinamento
Após o treinamento
(Teste I)
(Teste II)
CV (%)
Basal
Final
Basal
Final
pO2 (mmHg)
28,17Ab
35,08Aa
27,00Aa
27,58Ba
12,2
pCO2 (mmHg)
45,50a
37,65b
46,26a
36,72b
8,5
HCO3- (mmol/L)
29,08Aa
27,10Ba
29,62Ab
33,77Aa
10,7
pH
7,42Ab
7,46Ba
7,42Ab
7,57Aa
0,3
K+ (mmol/L)
4,21Ab
4,77Aa
3,89Bb
4,29Ba
9,1
Na (mmol/L)
138,83Aa
138,92Ba
137,58Ab
139,33Aa
1,1
iCa (mmol/L)
1,69a
1,40b
1,70a
1,30b
7,3
Glicose (mg/dL)
93,08b
106,58a
93,42b
130,67a
23,2
Hematócrito (%)
35,00Ab
42,33Aa
30,67Bb
41,92Aa
8,4
Hemoglobina g/dL
11,89Ab
14,39Aa
10,43Bb
14,24Aa
8,4
+
Letras maiúsculas distintas diferem entre os testes pelo teste de Fisher (p<0,05)
Letras minúsculas distintas diferem entre os tempos de avaliação pelo teste de Fisher (p<0,05)
54
Tabela 11: Valores médios entre os grupos controle e suplementado com óleo de soja na
concentração sanguínea de sódio (Na+) e pressão sanguínea de CO2 (pCO2)
Controle
Suplementado
Na+
137,79b
139,54a
pCO2
40,50b
42,57a
Letras distintas diferem entre os grupos pelo teste de Fisher (P<0,05)
4.6 Custo da dieta
As exigências energéticas variam de forma significativa entre os eqüinos. O peso vivo
e a condição corporal podem ser usados como referenciais para se adequar à ingestão de
energia. É importante determinar a quantidade de dieta necessária para um animal alcançar
suas exigências energéticas, pois o nível de ingestão irá indicar a concentração dos outros
nutrientes; portanto, as dietas dos cavalos não podem ser formuladas sem o conhecimento de
seus conteúdos energéticos.
Como sabemos que o custo da alimentação é o que mais onera em um sistema de
criação, e com os equinos isso não é diferente, segue abaixo (tabela 12) a descrição do custo
por animal/mês com a alimentação concentrada e suplementação com óleo de soja
Tabela 12: Custo da dieta (concentrado e óleo de soja)
DESCRI ÇÃO
Preço Ração/Kg
Ração/Kg/animal
Gasto Ração/animal
Gasto Ração/30 dias/animal
Gasto Óleo/dia/animal
Gasto Óleo/30dias
GASTO ANI M AL/30 dias
Grupo Controle Grupo Suplementado
Equitage 12
Nutriage 15
R$
1,68
R$
1,38
4
3,2
R$
6,70
R$
4,40
R$
201,00
R$
132,00
R$
R$
0,58
R$
17,4
R$
201,00
R$
149,40
Considerando o valor do óleo de soja (900ml) a um real e cinquenta centavos
(R$1,50), nota-se economia de cinquenta e um reais e sessenta centavos (R$51,60)
animal/mês, porém, de acordo com as variações do preço do óleo de soja no mercado a
economia é de trinta e três reais e noventa centavos (R$33,90) considerando o valor do óleo
de soja (900ml) à três reais (R$3,00).
55
Por não influenciar o desempenho das éguas, a suplementação com 350 ml de óleo de
soja, mostrou ser importante ferramenta no balanceamento da dieta dos equinos, podendo ser
utilizado por profissionais da área e criadores da raça como estratégia para aumentar a
densidade energética da dieta dos animais sem ocorrência de distúrbios digestivos e
metabólicos como cólicas e laminites, além de proporcionar menor excitabilidade, pêlos
sedosos e brilhantes, bem como vários outros benéficios que o óleo de soja proporciona aos
animais e também na redução de custos do sistema de criação.
5. CONCLUSÃO
A suplementação de 350 ml de óleo de soja pode ser utilizada para eqüinos da raça
MM durante treinamento para provas de marcha.
Dieta balanceada suplementada com óleo de soja reduz custos com alimentação.
O protocolo de treinamento utilizado nesse experimento (Interval Training - 42 dias)
associado à dieta balanceada torna eqüinos adultos da raça Mangalarga Marchador
fisicamente aptos a participarem das provas de marcha conforme a duração regulamentada
pela ABCCMM.
56
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70
ANEXOS
Tabela: Temperatura Ambiente e Umidade Relativa do Ar nos dias de teste
GRUPO CONTROLE - Teste 1 - BASAL
Data
Hora URA% TAºC
3. Cori
11/01/13 11:12
99 19,6
5. Grega
10/01/13 11:15
54 31,6
7. Lusa
11/01/13 10:10
99 19,4
8. Quibela
11/01/13 11:35
99 19,3
9. Mariposa 11/01/13 10:32
99 19,0
11. Dinâmica 11/01/13 09:07
99 19,4
Média
92 21,4
GRUPO CONTROLE - Teste 2 - BASAL
Data
Hora URA% TAºC
3. Cori
27/02/13 08:59
87 23,8
5. Grega
28/02/13 09:05
76 23,3
7. Lusa
27/02/13 18:26
99 22,3
8. Quibela
27/02/13 08:45
84 24,2
9. Mariposa 27/02/13 08:52
85 23,8
11. Dinâmica 28/02/13 08:35
86 23,0
Média
86 23,4
GRUPO SUPLEMENTADO - Teste 1 - BASAL
Data
Hora URA% TAºC
1. Chiala
11/01/13 09:36
99 19,0
2. Bartira
11/01/13 09:50
99 19,4
4. Imburana 10/01/13 11:26
56 31,1
6. Catedral
10/01/13 11:07
56 30,9
10. Berta
11/01/13 11:53
99 19,6
12. Dalila
10/01/13 11:00
56 30,0
Média
78 25,0
GRUPO SUPLEMENTADO - Teste 2 - BASAL
Data
Hora URA% TAºC
1. Chiala
01/03/13 08:29
75 26,2
2. Bartira
01/03/13 08:34
75 26,2
4. Imburana 28/02/13 09:11
76 23,3
6. Catedral
28/02/13 08:56
76 23,3
10. Berta
27/02/13 08:38
77 25,2
12. Dalila
27/02/13 17:43
83 24,3
Média
77 24,8
GRUPO CONTROLE - Teste 1 - TEMPO MÁX. MARCHA GRUPO CONTROLE - Teste 2 - TEMPO MÁX. MARCHA
Data
Hora URA% TAºC
Data
Hora URA% TAºC
3. Cori
11/01/13 16:11
81 22,6
3. Cori
27/02/13 23:46
99 21,3
5. Grega
10/01/13 16:43
99 22,3
5. Grega
28/02/13 13:45
48 34,8
7. Lusa
11/01/13 17:22
80 22,1
7. Lusa
27/02/13 20:15
88 23,1
8. Quibela
11/01/13 16:02
80 22,6
8. Quibela
27/02/13 23:11
91 21,8
9. Mariposa 11/01/13 15:39
85 22,6
9. Mariposa 27/02/13 13:24
27 42,8
11. Dinâmica 11/01/13 17:27
80 22,1
11. Dinâmica 28/02/13 19:57
71 28,8
Média
84 22,4
Média
71 28,8
GRUPO SUPLEMENTADO - Teste 1 - TEMPO MÁX. MARCHA
GRUPO SUPLEMENTADO - Teste 2 - TEMPO MÁX. MARCHA
Data
Hora URA% TAºC
Data
Hora URA% TAºC
1. Chiala
11/01/13 16:46
82 22,1
1. Chiala
01/03/13 20:27
99 20,2
2. Bartira
11/01/13 17:04
90 22,1
2. Bartira
01/03/13 18:14
90 22,0
4. Imburana 10/01/13 13:35
61 29,5
4. Imburana 28/02/13 13:00
60 28,0
6. Catedral
10/01/13 18:21
99 21,6
6. Catedral
28/02/13 20:22
75 24,0
10. Berta
11/01/13 17:52
80 22,6
10. Berta
27/02/13 13:19
33 42,3
12. Dalila
10/01/13 19:40
99 21,5
12. Dalila
27/02/13 20:20
88 23,1
Média
85 23,2
Média
74 26,6

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