Newsletter: Vol. 06 – # 15 – Comentário do Artigo
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Newsletter: Vol. 06 – # 15 – Comentário do Artigo
GETH Newsletter Volume 06 Número 14 01 de junho de 2008 GETH Newsletter é uma publicação semanal distribuída aos sócios do Comentário do Artigo: Mutações no KRAS e BRAF Pode Contribuir para o Fenótipo Metilador no Câncer Colorretal Grupo de Estudos de Tumores Hereditários Sede R José Getúlio, 579 cjs 42/43 Aclimação São Paulo - SP Nagasaka T, Koi M, Kloor M, Gebert J, Vilkin A, Nishida N et al. Mutations in Both KRAS and BRAF May Contribute to the Methylator Phenotype in Colon Cancer. Gastroenterology. 2008 Mar 8. [Epub ahead of print] Ligia Petrolini de Oliveira Centro de Pesquisa e Ensino, Hospital A.C. Camargo CEP 01503-001 E-mail [email protected] Site http://www.geth.org.br A hipermetilação aberrante de promotores associada ao silenciamento da transcrição de múltiplos genes supressores de tumor, tem sido proposta como um componente na evolução de vários tumores. Tumores com metilação aberrante possuem o chamado fenótipo metilador de ilhas CpG (CIMP – CpG island methylator phenotype). Desde Editores Erika Maria Monteiro Santos Ligia Petrolini de Oliveira Diretoria Presidente Benedito Mauro Rossi a primeira descrição do CIMP, seu papel na carcinogênese tem sido controverso. Evidências experimentais dão suporte a presença do CIMP em vários grupos de câncer colorretal (CCR), e que tal fenótipo é correlacionado significativamente com a mutação V600E no gene BRAF. Entretanto, algum grau de metilação também é encontrado em tecidos normais ou outros grupos de CCR, o que faz com que se argumente que o CIMP não se constitui uma via patogênica única. Em razão esta controvérsia em torno do CIMP, muitos laboratórios buscam Vice-Presidente construir painéis otimizados de marcadores específicos para CIMP. Dois painéis têm Erika Maria Monteiro Santos sido propostos: um painel com os marcadores identificados pelos descobridores do Diretor Científico conceito, e outro painel recentemente descrito após análise de grande grupo de Gilles Landman marcadores candidatos. No entanto, ainda há falta de consenso na freqüência do CIMP Secretário Geral no CCR pelas muitas definições de CIMP (CIMP+, CIMP-, CIMP-high, CIMP- Fábio de Oliveira Ferreira low ou outros), e pelo uso de diferentes grupos de marcadores, e pelas diferenças de Primeira Secretária metodologias diagnósticas. Sendo assim, o maior desafio é o de categorizar um tumor Ligia Petrolini de Oliveira Tesoureiro Wilson Toshihiko Nakagawa como CIMP positivo ou CIMP negativo através de um critério consistente. Aproximadamente todos dos 15% dos CCRs esporádicos com instabilidade de microssatélites (MSI) possuem CIMP, causado pelo silenciamento epigenético de Comentário do Artigo: Mutações no KRAS e BRAF Pode Contribuir para o Fenótipo Metilador no Câncer Colorretal MLH1. Muitos estudos associam estes CCRs com a mutação Dos 243 tumores, 36 (15%) possuíam MSI. Destes, 15 V600E em BRAF, mas muito raramente com mutações em CCRs (42%) eram esporádicos e 21 CCRs (58%) eram KRAS. Entretanto, quando outros marcadores de metilação de pacientes com Síndrome de Lynch. Dos 243 CCRs, 20 são estudados, novos grupos de CCR são identificados com CCRs (8%) possuíam a mutação V600E em BRAF, e 80 extensiva metilação; estes tumores eram os que apresentavam CCRs (33%) possuíam mutações nos códons 12 e 13 de estabilidade de microssatélites (MSS) e mutações no gene KRAS. Concordante com a literatura, a idade média dos KRAS. Apesar de estes tumores serem considerados como pacientes com CCRs esporádicos era avançada (≥65 anos) CIMP positivos, eles são considerados como negativos e a dos pacientes com Síndrome de Lynch era menor. Os porque, por definição, o critério de definição de CIMP é tumores MSI esporádicos eram mais freqüentes em mulheres estritamente associado à mutação em BRAF. (MSI esporádico 60%; Síndrome de Lynch 19%; não-MSI Os produtos dos genes BRAF e KRAS funcionam na 35%). Além disso, 92% dos CCRs esporádicos MSI, e 69% mesma via, e as mutações nestes genes são mutuamente dos CCRs da Síndrome de Lynch possuíam localização exclusivas. Interessantemente, estudos recentes propõem proximal. Entre os pacientes com 65 anos ou mais, 65% que as mutações em KRAS são possivelmente a causa de possuíam mutação em BRAF e 56% em KRAS. A mutação hipermetilação aberrante. em BRAF foi mais freqüente em mulheres (65%). As Dessa maneira, a hipótese deste estudo é de que o CIMP em CCR pode não ser exclusivamente o resultado de mutações em BRAF, mas pode ser conseqüência de superregulação da via RAS-RAF. O objetivo foi estudar a relação entre as mutações em BRAF e KRAS e hipermetilação usando vários marcadores. tumores, 208 tecidos colônicos normais de pacientes com CCR (C-N), e 36 tecidos colônicos normais de pacientes sem CCR (N-N) do Okayama University Hospital (Japão) e da Heidelberg University (Alemanha). Dos 243 tumores, 21 eram provenientes de pacientes com Síndrome de Lynch que apresentavam mutação em um dos genes de reparo, e 222 eram tumores esporádicos. Foram avaliados 14 marcadores de metilação: MLH1-5´, MLH1-3´, p16 , p14 localização proximal (65% BRAF e 46% KRAS). Dentre as mutações em BRAF, 67% foram detectadas em CCRs esporádicos com MSI, e em nenhum CCR da Síndrome de Lynch. Já as mutações em KRAS não foram encontradas nos CCRs esporádicos com MSI, mas sim em 33% de CCRs da Síndrome de Lynch e em 35% dos CCRs não-MSI. Foram coletados 487 tecidos colorretais, sendo 243 INK4a mutações também foram mais freqüentes para tumores com , MINT1, MINT2, MINT31, ARF SFRP2, RASSF2A, MGMT, Reprimo, 3OST2, HPP1 e APC. Do total, 97% dos CCRs (236/243), 46% dos C-N (96/208) e 19% dos N-N (7/36) mostraram evidência de metilação em pelo menos um dos marcadores. Os níveis de metilação dos tecidos C-N e N-N apresentaram-se inferiores em comparação com o encontrado nos CCRs, o que sugere a especificidade de vários marcadores de metilação. Além disso, a proporção de tecidos com metilação em 2 marcadores ou mais foi significativamente maior nos CCRs (90%, 219/243) do que nos C-N (14%, 29/208) ou N-N (3%, 1/36). A freqüência de metilação dos marcadores foi variável: MLH1-5´(24%), MLH1-3´ (4%), p16INK4a (17%), p14 ARF As análises de microssatélites foram feitas utilizando o (10%), MINT1 (12%), MINT2 (21%), MINT31 (26%), painel proposto pelo National Cancer Institute, e também os SFRP2 (63%), RASSF2A (68%), MGMT (24%), Reprimo marcadores: D5S107, D8S87, D17S261, D18S35, D18S58 (24%), 3OST2 (82%), HPP1 (69%) e APC (29%). Em e MYCL1. relação aos CCRs, os marcadores MINT31, SFRP2 e APC Para identificação de mutação em BRAF e KRAS foi realizado seqüenciamento direto com primers específicos. eram mais freqüentes em CCRs da Síndrome de Lynch, e pouco freqüentes nos CCRs esporádicos MSI. Sete marcadores de metilação se apresentaram GETH Newsletter 2008 Volume 06 Número 15 Comentário do Artigo: Mutações no KRAS e BRAF Pode Contribuir para o Fenótipo Metilador no Câncer Colorretal significativamente mais metilados em CCRs com mutação Em relação às mutações, o número médio de marcadores em BRAF: MLH1-5´, MLH1-3´, p16INK4a, MINT1, MINT2, metilados foi de 8 para tumores com mutação em BRAF, MINT31, Reprimo. Outros marcadores de metilação e 5,5 para tumores com mutação em KRAS, e 3,9 para se apresentaram significativamente mais metilados em tumores sem nenhuma das mutações. CCRs com mutação em KRAS: SFRP2, RASSF2A, MGMT, 3OST2 e HPP1. Os marcadores p14 O estudo mostra que a hipermetilação aberrante de e APC vários genes supressores de tumor não se relaciona somente apresentaram-se independentes de mutações em BRAF ou com mutações em BRAF, mas também com mutações KRAS. em KRAS. Além disso, mostrou que CCRs da Síndrome ARF Em relação ao número de marcadores que se de Lynch apresentam freqüente metilação, desafiando a apresentaram metilados, dentre os 14 marcadores: 8,4 nos suposição de que o CIMP era uma característica molecular CCRs esporádicos com MSI; 5,1 nos CCRs da Síndrome exclusiva de CCRs esporádicos. de Lynch e 4,4 nos CCRs não-MSI. GETH Newsletter 2008 Volume 06 Número 15