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SERGIPANOS NA 2ª GUERRA MUNDIAL: A HISTÓRIA NÃO CONTADA NOS LIVROS DIDÁTICOS. Luiz Manoel dos Santos, aluno do 6º Período Graduação em História EAD Universidade Tiradentes e aluno do Curso de Direito - FASER. Email: [email protected] Ricardo Antonio Cruz Júnior, aluno do 6º Período Graduação em História -EAD Universidade Tiradentes. Email: [email protected] Tânia de Jesus Dantas Santos, aluna do 6º Período Graduação em Historia -EAD Universidade Tiradentes. Email: [email protected] RESUMO. Muitos estudantes sergipanos e inclusive a sociedade de um modo geral não sabem ou não tem acesso a informações sobre a participação dos bravos pracinhas sergipanos na 2ª guerra mundial bem como muitos não tem notícias sobre o torpedeamento de navios brasileiros na costa de Sergipe por submarinos alemães. Essa falta de informação é notada ao analisar os livros didáticos que várias instituições de ensino utilizam para estudar a disciplina história de Sergipe. Sendo que os mesmos deixam de lado ou fazem apenas breves comentários sobre tal assunto. Infelizmente muitos estudantes só ouvem falar nos ex- combatentes através da voz que narra o desfile cívico de 7 de setembro em comemoração a Independência do Brasil. As histórias desses bravos homens e mulheres que combateram nesse conflito de proporções mundiais deve receber a devida importância e ser divulgada para os estudantes da nossa sociedade para que nós os sergipanos possamos verificar que não precisamos ir a outro lugar, ou assistir filmes sobre a referida guerra para achar heróis sendo que nosso Estado está repleto desses homens e mulheres que são verdadeiros heróis sergipanos. Esse estudo tem como objetivo verificar como se deu a participação de Sergipe na 2ª Guerra Mundial e como essa participação é abordada nos livros didáticos sobre a história de Sergipe. A metodologia empregada nesse estudo foi a entrevista com ex-combatentes e a pesquisa bibliográfica. Palavras-Chaves: Sergipe. FEB. Pracinhas. 2ª Guerra Mundial. Getúlio Vargas. ABSTRACT. Many students Sergipe and even society in general do not know or have access to information about the participation of the brave GIs Sergipe in World War 2 and many do not have news about the torpedoing of Brazilian ships off the coast of Sergipe by German submarines. This lack of information is noted when examining the textbooks that many educational institutions use to study the discipline of history Sergipe. Being that they leave out or make only brief comments on this issue. Unfortunately many students only hear about on ex-combatants through the voice that narrates the civic parade on September 7 to commemorate the Independence of Brazil. The stories of these brave men and women who fought in the conflict of global proportions should be given due importance and not released to the students of our society so that we can verify that the Sergipeans not need to go somewhere else, or watching movies about that war to find heroes and that our state is full of these men and women who are true heroes Sergipe. This study aims to verify how was the participation of Sergipe in the 2nd World War and how that participation is addressed in textbooks on the history of Sergipe. The methodology employed in this study was the interview with ex-combatants and the literature search. Key Words: Sergipe. FEB. Squares. 2nd World War. Getúlio Vargas Hino da Força Expedicionária Brasileira Letra: Guilherme de Almeida Musica: Spartaco Rossi Você sabe de onde eu venho ? Venho do morro, do Engenho, Das selvas, dos cafezais, Da boa terra do coco, Da choupana onde um é pouco, Dois é bom, três é demais, Venho das praias sedosas, Das montanhas alterosas, Dos pampas, do seringais, Das margens crespas dos rios, Dos verdes mares bravios Da minha terra natal. Por mais terras que eu percorra, Não permita Deus que eu morra Sem que volte para lá; Sem que leve por divisa Esse "V" que simboliza A vitória que virá: Nossa vitória final, Que é a mira do meu fuzil, A ração do meu bornal, A água do meu cantil, As asas do meu ideal, A glória do meu Brasil. Eu venho da minha terra, Da casa branca da serra E do luar do meu sertão; Venho da minha Maria Cujo nome principia Na palma da minha mão, Braços mornos de Moema, Lábios de mel de Iracema Estendidos para mim. Ó minha terra querida Da Senhora Aparecida E do Senhor do Bonfim! Por mais terras que eu percorra, Não permita Deus que eu morra Sem que volte para lá; Sem que leve por divisa Esse "V" que simboliza A vitória que virá: Nossa vitória final, Que é a mira do meu fuzil, A ração do meu bornal, A água do meu cantil, As asas do meu ideal, A glória do meu Brasil. Você sabe de onde eu venho ? E de uma Pátria que eu tenho No bôjo do meu violão; Que de viver em meu peito Foi até tomando jeito De um enorme coração. Deixei lá atrás meu terreno, Meu limão, meu limoeiro, Meu pé de jacarandá, Minha casa pequenina Lá no alto da colina, Onde canta o sabiá. Por mais terras que eu percorra, Não permita Deus que eu morra Sem que volte para lá; Sem que leve por divisa Esse "V" que simboliza A vitória que virá: Nossa vitória final, Que é a mira do meu fuzil, A ração do meu bornal, A água do meu cantil, As asas do meu ideal, A glória do meu Brasil. Venho do além desse monte Que ainda azula o horizonte, Onde o nosso amor nasceu; Do rancho que tinha ao lado Um coqueiro que, coitado, De saudade já morreu. Venho do verde mais belo, Do mais dourado amarelo, Do azul mais cheio de luz, Cheio de estrelas prateadas Que se ajoelham deslumbradas, Fazendo o sinal da Cruz ! Por mais terras que eu percorra, Não permita Deus que eu morra Sem que volte para lá; Sem que leve por divisa Esse "V" que simboliza A vitória que virá: Nossa vitória final, Que é a mira do meu fuzil, A ração do meu bornal, A água do meu cantil, As asas do meu ideal, A glória do meu Brasil. Retirado do Livro Hinos e Canções Militares, Edição de 1976 INTRODUÇÃO. A revolução de 30 inaugurou uma série de mudanças no esquema de poder político no Brasil. A classe que dominava Sergipe (produtores de açúcar) foi afetada pelo processo de substituição de engenhos por usinas e pelo fortalecimento de pecuaristas e produtores de algodão. Entre 1930 e 1945, durante o primeiro governo de Vargas, o Brasil viveu sob um regime autoritário. Não havia eleições para o povo escolher seus governantes. O então Presidente Getúlio Vargas nomeava interventores para governar os Estados. Os principais Interventores nomeados para governar Sergipe foram Maynard Gomes, Eronildes de Carvalho e Milton Azevedo. Em Sergipe, o governo ampliou a máquina administrativa e reformulou a estrutura de poder proporcionando o desgaste às oligarquias e ao coronelismo. Houve também a sindicalização de diversas categorias profissionais com apoio dos interventores. A partir 1933 houve, com a participação de vários grupos sociais, uma reorganização dos partidos que incluíam justiça eleitoral, voto secreto e voto feminino. Porém em 1937 ocorre o golpe de Estado colocando a sociedade dentro de um Estado unitário, poderoso, intervencionista e pastoral. Ao decorrer dos anos os governantes modernizaram os serviços públicos e demonstrou maior preocupação como o social, mas a participação dos empresários foi inibida pela política interventora. Durante o período da Segunda Guerra alguns agentes econômicos prosperaram. Durante o Estado Novo os trabalhadores que antes formaram sindicatos e órgão de representação, foram reprimidos e desmobilizados. Em contrapartida a CLT foi editada concedendo direitos importantes ao trabalhador. Apesar da predominância do autoritarismo no período, ficavam os feitos modernizadores e as experiências a serem lembradas no novo tempo de aprendizado de reconstrução da democracia. Quanto às manifestações culturais um debate entre socialistas e integralistas prejudicou parcialmente a produtividade dos artistas. Mas a principal característica desse período foi a grande interferência do Estado, assumindo responsabilidades no setor educacional revelando preocupações sociais ao tempo que inibia a ação do mercado. Num outro momento o governo mostrou-se explicitamente autoritário e passaram a implantar uma educação voltada para a valorização da história, preservação do patrimônio histórico e maior controle das informações a fim de justificar o Estado Novo. DESENVOLVIMENTO Entre os dias 15 e 17 de agosto 1945 a costa Sergipana foi palco de um fato militar que levaria o Brasil a ingressar na 2ª Guerra Mundial. Tal fato se refere ao afundamento de navios brasileiros por submarinos alemães. Esse acontecimento criou um sentimento de revolta por parte da população onde a mesma exigiu que o Brasil declarasse guerra aos países do Eixo. Sergipe participou ativamente da segunda guerra mundial enviando, segundo o ex-combatente Sizenando, um número que não chegou a 300 homens. Homens estes, que foram incorporados a Força Expedicionária Brasileira, conhecida pela sigla FEB, a mesma contou com o efetivo de 25.334 homens que lutaram ao lado dos Aliados na Itália, durante a Segunda Guerra Mundial. Constituída inicialmente por uma divisão de infantaria, acabou por abranger todas as forças militares brasileiras que participaram do conflito. Adotou como lema "A cobra está fumando", em alusão ao que se dizia à época que era "mais fácil uma cobra fumar do que o Brasil entrar na guerra1 (Murilo Melins-2004) registra que houve um clima de horror presente em todos os habitantes de Aracaju provocado com o torpedeamento dos navios de nossa marinha mercante ( Aníbal Benévolo, Itagiba, Arara, Araraquara e Baipendy) em costas sergipanas, atacados por submarinos alemães. Durante a tensão houve muita comoção e tristeza, alguns aviões paulistinhas pertencente ao aeroclube de Aracaju, que eram pilotados pelos pilotos Walter Batista, José Correia de Araújo (Araujinho), Lindolfo Calazans, Dr. Lourival Bonfim, Valfrido Rezende, sobrevoam a nossa costa, com a missão de localizar os cadáveres e os sobreviventes que se debatiam nas águas, muitas vezes eles foram encontrados agarrados em tábuas ou em pedaços dos navios torpedeados pelo submarino nazista. Os aviadores que davam apoio no resgate, procuravam aterrissar onde podiam, transportando médicos com a missão de prestarem os primeiros socorros aos sobreviventes. Em terra soldados do exército faziam o patrulhamento das praias, a exemplo da praia de atalaia, costa de estância e as localizadas na zona do mosqueiro, prestando socorro aos náufragos e realizando o sepultamento dos mortos. A sociedade Sergipana, triste e tomada por um sentimento de revolta com o surgimento da notícia que os (quintas colunas), que eram simpatizantes do nazi-facismo, (alemães e italianos). A desconfiança é que os suspeitos Sergipanos teriam passado orientação para o submarino alemão, que culminaram com o ataque aos navios em nossa costa. Os Aracajuanos em fúria, partiram para praticar a primeira depredação, que foi a casa pertencente ao Senhor Nicola Mandarino, cuja residência era localizada no Parque Teófilo Dantas, onde hoje encontra-se o Palácio da Arquidiocese de Aracaju. Essa ação resultou na destruição de um piano. Os móveis, as cortinas, peças de roupas encontradas, utensílios domésticos, papéis e um caríssimo enxoval de noivas foram jogados pela janela. Depois a multidão foi até a indústria do Sr Nicola, que era localizada na Avenida Coelho e Campos, e lá foram destruídos os móveis, maquinarias, e produtos industrializados (farinha de batata tipo exportação), que foi atirada no meio da rua, e apanhada por populares que passavam pelo cenário de depredação e a industria acabou sendo incendiada. Depois os vândalos foram até o comércio de Aracaju e invadiram a Sapataria Única de propriedade de Vicente Mandarino, irmão de Nicola, quebrando as vitrines, e as bolsas e caçados foram jogados no meio da rua. Melins relata que houve um grande treinamento na cidade contra o ataque nazista, o parque Teófilo Dantas parecia uma praça de guerra. Centenas de sacos de areia eram amontoados, formando trincheiras e abrigo anti-aéreo, guarnecidos pelos soldados do Exercito Brasileiro. Os aviões do aeroclube, anunciados por sirenes, sobrevoavam o centro da cidade lançando pequenos sacos de areia simulando um bombardeio. Soldados estavam em cima do prédio Pernambucano, atiravam com metralhadora com balas de festim em direção aos aviões, que supostamente eram inimigos. Os homens e as mulheres foram convocados ou se alistarem voluntariamente para servirem as forças armadas, fazendo o patrulhamento das praias. Muitos deles após o treinamento foram enviados para a Itália. Outra ação bastante que teve bastante relevância como esforço de guerra foi promovida por alunos dos Colégio Atheneu Sergipense e Colégio Tobias Barreto, era o recolhimento ou catação de materiais metálicos em quintais, ruas e terrenos baldios. Depois de selecionados eles seriam transformados em material bélico, para ajudar os aliados, a combaterem as forças do eixo. Era muito comum ver rapazes carregando em carrinhos de mão fios de cobre, pedaços de bicicletas, canos de metal, enfim todo e qualquer tipo de metal que encontravam. Todo esse material era enviado a um navio americano atracado no rio Sergipe. Maria Goreth Pimentel ufs 2009-1, pgs 69,80 e 89, destaca recortes do jornal Correio de Aracaju, 20 ago 1942 Numero 3.164 – pg01. Descritos a seguir: Rio, 20 (A.N.B.0 – Os maritmos do Loide Brasileiro, da Costeira e do Loide Nacional, reunidos num grande ato público de desagravo e pezar pelo torpedeamento dos navios brasileiros, realizaram uma grande passeata e uma grande manifestação ao Presidente Vargas, no Palácio Guanabara. Rio, 20 (A.N.B.0 – O general Góis Monteiro, Chefe do Estado Maior do Exército, falando sobre os últimos acontecimentos declarou que o momento exige que cada brasileiro tenha alma de espartano, para ir às derradeiras conseqüências com coragem e espírito de decisão para enfrentar qualquer perigo. Lima, 20 (United Press)- Em Buenos Aires inúmeros parlamentares argentinos discurssaram na Câmara, atacando violentamente os agressores nazistas e hipotecendo a sua solidariedade aos brasileiros em seu atual transe de sofrimentos. Ao colocar-se fora do campo de legalidade, à margem dos acordos, pactos e convenções que regulam até as próprias guerras, o nazi-facismo caiu francamente no terreno da delinqüência internacional, por cujo plano inclinado vai resvalando aos mais horrendos abiasmos. Disse, mais, adiante, o editorial que a guerra já chegou até nós, e não sabemos até que ponto se intensificará, se os submarinos alemães se julgam autorizados a afundar navios de uma nação com a qual não se encontram em guerra, como o Brasil. Seja como for – conclui – qualquer que seja a reação do governo brasileiro, ante este novo crime, pode ter a certeza de que todos os povos americanos, estarão com ele. Os Soldados sergipanos foram incorporados a vários Regimentos e combateram com bravura as tropas do Eixo, mas mesmo assim não tiveram suas histórias e valores divulgados para a classe estudantil através dos livros didáticos sobre a história de Sergipe. A participação da FEB na guerra durou sete meses e 19 dias: e 16 de setembro de 1944, quando um batalhão do 6o Regimento de Infantaria iniciou a marcha na frente do rio Serchio (entre Pietrassanta e Luca), que redundaria na conquista de Camaiore, até 2 de maio de 1945, dia em que a ordem de cessar fogo, vinda do comando do 4o Corpo de Exército, deteve o 3o Batalhão do 11o Regimento de Infantaria na localidade de Vercelli, no vale do Pó,nas proximidades de Novara2 Palavras de um ex-combatente. O ex-combatente Dr. Sizenando Azevedo Faro nos relata em entrevista que durante a mobilização, os voluntários passavam por rigorosos exames médicos aqui em Aracaju, e após aprovação se deslocavam para o quartel central do exército em Salvador e onde eram realizados novos exames e muitos eram reprovados e retornavam. Com a aprovação o contingente seguia para o Rio de Janeiro, e depois para o teatro de operações. O Governo brasileiro deu total apoio, e a FEB tinha comando e bandeira própria porém seguia os padrões dos Estados Unidos. O combatente brasileiro era visto como um homem de fibra e de grande valor humanitário. Nossa tropa inverteu a situação e ganhou o respeito da população da Itália, pois os alemães tinham várias estações de radio clandestinas e denegriam a imagem do soldado do Brasil, principalmente do negro, falando que o soldado preto do Brasil comia crianças. A FEB conseguiu prender dois locutores da rádio que para surpresa de todos, eram “alemães de São Paulo”. Os combates se sucediam e as patrulhas faziam levantamento para organizar o ataque aos alemães, que estavam bem preparados e possuíam uma metralhadora moderna; dada a capacidade arrasadora de fogo, ela foi batizada pelos pracinhas de lurdinha. Dentre as cidades conquistada pela FEB, destacou-se a tomada de Monte Castelo, haja vista os alemães ocupavam o pico do morro e, estavam bem instalados, fortemente armados e tinham uma visão privilegiada para deter um ataque. Mas nossos homens ganhavam terreno palmo a palmo, o combate foi bastante violento, centenas de munições de lurdinhas eram disparadas do alto, provocando algumas baixas, mas os guerreiros da FEB conquistaram o objetivo em Monte Castelo. Com destaque para o soldado Bocozinho nascido em Lagarto, o mesmo recebeu várias condecorações por bravura. Outras conquistas aconteceram libertando as comunidades e regiões que estavam sob o domínio alemão a exemplo de Norone, uma cidade medieval, cuja torre da catedral, serviu de posto de observação contra o avanço das tropas do Brasil. Santa Maria em 04/03/45. Castelnuovo em 05/03/45. Montese em 14/04/45, uma cidade industrial próximo ao valo do pó, onde, infelizmente, houve uma grande perda de vidas. O último combate da Força expedicionária brasileira foi em 02/05/45 em Susa. Outro Sergipano que participou da rendição nazista em 28/04/45 em Fornuovo foi o Cabo Nelson Domingos ou Cabo poeira, do 6º Regimento de Infantaria de Caçapava. Apesar do corpo franzino sua agilidade era invejada desde o tempo que jogava futebol no antigo campo do Adolfo. O cabo poeira é vivo e mora na rua de Riachão no bairro cirurgia. Ainda na guerra, nos conta Sizenando, conheceu um tenente, que por coincidência, tinha nascido em Capela mas foi morar em Niterói, e tinha a curiosidade de saber como estava o estado de Sergipe. Em outra oportunidade aproximou de Sizenando (branco) um soldado inglês (negro), prestou continência, e falou um português limpo, pedindo para tirar uma fotografia ao lado do nosso soldado sergipano, para enviar à sua família na África do Sul, mostrando assim, que o soldado brasileiro não tem preconceito. Nosso entrevistado nos revelou que familiares de pessoas públicas como o neto de Silvio Romero, o filho de Getulio Vargas e o filho de Osvaldo Aranha também participaram da guerra. Ainda durante a guerra ele foi acometido por uma enfermidade vulgarmente batizada pelos soldados com o apelido de pé de trincheira. Diante da nossa curiosidade, nos foi explicado que eles usavam uma bota 44 num pé 40, esse “vazio” que era preenchido com várias meias, já que a temperatura local na época era baixíssima, e a circulação congelava e parava causando assim o pé de trincheira. E muitos combatentes foram encaminhados as enfermarias para amputarem os membros inferiores com gangrena. A participação de Sergipe na 2ª Guerra Mundial não se limitou a presença masculina, a FEB contou também com a participação feminina durante o conflito com um efetivo de 53 enfermeiras, dentre elas três sergipanas que serviam bravamente em hospitais de campanha com honra de oficial que ia de tenente a capitã. Elas eram naturais de Lagarto, Capela, e Riachão do Dantas. Sergipe também marcou presença nos ares da 2ª Grande Guerra. Um jovem tenente aviador sergipano, Aurélio Vieira Sampaio, era piloto do 1º grupo de caça, a ele foi dada a ordem de cumprir uma missão na cidade de Bolonha, cujo objetivo era destruir uma rede ferroviária que estava trabalhando em favor dos nazistas. Infelizmente o avião do jovem tenente foi abatido pelas metralhadoras alemãs ceifando assim a sua vida. O palco de operações contou também com a presença de um jornalista sergipano chamado Joel Silveira, o mesmo foi enviado como correspondente de guerra pelo Diários Associados para realizar a cobertura da guerra junto a Força Expedicionária Brasileira. Ou seja mais um herói sergipano na guerra. Segundo Joel Silveira em entrevista concedida ao repórter Márcio Sampaio de Castro da abril quando perguntado sobre se o Brasil estava preparado para a guerra o mesmo respondeu que: A FEB realizou todas as tarefas que lhe foram acometidas com o maior heroísmo, com a maior bravura, culminando com a tomada de Monte Castelo e Montese, duas batalhas ferozes. Era tese do general Mascarenhas de Morais que Monte Castelo deveria ser tomado por toda a divisão. Eu estive lá pessoalmente e vi isso. Já o comando americano defendia outra tese, de que o ataque poderia ser feito somente por um regimento (o equivalente a um terço de uma divisão). As duas primeiras tentativas fracassaram. Na terceira, o Mascarenhas desobedeceu os americanos. Começou às 5 horas da manhã e, às 6 da tarde, os brasileiros estavam no cume, inclusive eu. Foi aí que eu percebi a situação terrível em que esteve a FEB durante meses. Estávamos em uma verdadeira cratera. No terreno montanhoso dos Apeninos, os alemães estavam nas gripas e a qualquer movimento eles atiravam. Quando pude ver tudo lá de cima, pensei comigo: “Meu Deus, onde a FEB veio se meter!” Voltando a 15 de agosto de 1942, submarinos nazistas torpedearam os navios da marinha mercante, Baependy, Araraquara, Aníbal benévolo, na costa sul de Sergipe. E no dia 16 quando o soldado Rubens Ribeiro, 85 anos, patrulhava a região do mosqueiro em Aracaju, avistaram uma sena macabra, destroços dos navios torpedeados, mortos e sobreviventes que chagavam a praia. SERGIPANOS QUE LUTARAM NO FRONT (Por Patente) OFICIAIS 20 SARGENTOS 22 CABOS 22 SOLDADOS 217 O sergipano Zacarias Isidoro Cardoso integrante da VI companhia do 2º batalhão do 11º regimento de infantaria, tem marcas da guerra no corpo e na alma. Na tomada Montese tombou ferido, e no meio dos destroços, foi socorrido coincidentemente pela enfermeira natural de Riachão dos Dantas, Jane Simões. Zacarias foi o quarto homem a receber a medalha silver star concedida pelas nações unidas por atos excepcionais praticados em guerra. Hoje aos 84 anos mora no Asilo Rio Branco, altera momentos de lucidez e lapsos de memória quando volta ao front imaginário3. CONCLUSÃO A participação dos sergipanos na campanha da segunda guerra mundial foi importante, tanto em território brasileiro, salvaguardando a costa, quanto no front. Os nossos soldados demonstraram coragem, superação e destemor no combate cara a cara com os alemães. Com o retorno ao Brasil, houve a desmobilização onde os pracinhas a princípio não foram amparados pelo governo. Foi necessária a criação de uma associação para amparar os que foram mandados para casa por não pertencerem ao quadro permanente das forças armadas. Mas, com muita luta no Congresso Nacional conseguiram aprovar legislação própria. Essa foi uma grande vitória para os bravos soldados que lutaram bravamente na guerra. Porém, a grande maioria da população sergipana não tem acesso aos feitos realizados por esses bravos sergipanos, devido principalmente, como falado anteriormente, a forma como o assunto é abordado ou até mesmo não é abordado nos livros didáticos utilizados no ensino público e particular do nosso Estado. Seria muito interessante e enriquecedor que nossos jovens pudessem crescer sabendo que Sergipe e por conseqüência nós os sergipanos tivemos participação ativa na guerra. E que os mesmo jovens possam reconhecer nossos heróis que atualmente só são lembrados em datas cívicas. NOTAS DE FIM DE TEXTO 1 territorioscuola.com/wikipedia/pt.wikipedia.php?title=For%C3%A7a_Expedicion%C3%A1r ia_Brasileira. Acesso em 04 de novembro de 2010 2 http://adluna.sites.uol.com.br/300/333.htm. Acesso em 21 de outubro de 2010. 3 http://coisasdesaocristovao.blogspot.com/2009/02/bombardeio-alemao-na-costa-desao.html. Acesso em 09 de setembro de 2009. REFERÊNCIAS Entrevista do Ex-combatente Dr. Sizenando Azevedo Faro aos autores. 15 de Outubro de 2009 DANTAS, Ibarê. História de Sergipe: República (1889-2000). Rio de Janeiro: T. Brasileiro, 2004. TEXTOS PARA A HISTÓRIA DE SERGIPE. Diana M. Diniz; Beatriz Dantas; Lenalda A. Santos; Maria de A. Gonçalves; Mª da Glória S. Almeida; Teresinha Alves de Oliva. Aracaju: Universidade Federal de Sergipe/BANESE, 1991. MELINS, Murilo - Aracaju Romantica que vi e vivi / Murilo Melins, 3 edição Aracaju. Unit 2007. Maria Goreth Pimentel ufs 2009-1, pgs 69,80 e 89. Correio de Aracaju, 20 ago 1942 Numero 3.164 – pg01 Tabela Sergipanos que lutaram no front por patente organizada pelos autores. 2009 historia.abril.com.br/gente/joel-silveira-front-brasil-434854.shtm www.sentandoapua.com.br http://www.jornaldacidade.net/noticia.php?id=12774 http://www.territorioscuola.com/wikipedia/pt.wikipedia.php?title=For%C3%A7a_Expedicion %C3%A1ria_Brasileira http://adluna.sites.uol.com.br/300/333.htm http://www.2guerra.com.br/sgm/index.php?option=com_content&task=view&id=608&Itemid =38 Hinos e Canções Militares, Edição de 1976