literatura de unha de gato

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literatura de unha de gato
LITERATURA DE UNHA DE GATO
Nome Científico: Uncaria tomentosa (Willd. Ex Roem. & Schult) DC.
Sinônimo Científico: Uncaria guianensis J.F.Gmel.
Nomes Populares: Unha-de-gato, unha-de-cigana, carrapato-amarelo, garra-degavião, cat’s claw.
Família Botânica: Rubiaceae
Parte Utilizada: Cascas
Descrição:
Arbusto vigoroso e robusto, pouco ramificado, perenifólio, de ramos escandentes ou
trepadores com um espinho em forma de gancho em cada axila foliar, de 30m de
comprimento (quando cresce isolado fora da mata forma uma pequena touceira de
hastes mais ou menos verticais de até 5m de altura). É nativa da Amazônia,
principalmente na parte central e noroeste, quase sempre em matas de várzeas
inundáveis ou não. Folhas simples, opostas, pecioladas, membranáceas, de 5-10
cm de comprimento. Inflorescência em glomérulos axilares, pedunculados, de
forma perfeitamente globosa, com flores branco-amareladas. Existem na América
tropical pelo menos 50 espécies deste gênero. Multiplica-se por sementes e por
meios vegetativos.
Constituintes Químicos Principais: Alcalóides oxindólicos tetracíclicos,
isorincofilina, rincofilina, alcaloides indólicos di-hidrocorinanteína, hirsutina,
hirsuteína e ácido quinóvico.
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CEP: 09991 000 - Diadema – SP
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Indicação e Usos:
Ambas as espécies de Uncaria citadas são amplamente empregadas na medicina
caseira para os mesmos fins, indiferentemente. Contudo, alguns autores afirmam
que os mesmos fins, indiferentemente. Acredita-se que os indígenas do Peru usamnas pelo menos por 2mil anos e, hoje, exportam suas hastes e ramos para vários
países. Indígenas da Amazônia empregam esta planta para o tratamento de uma
ampla gama de moléstias, como asma, artrite, reumatismo, como anti-inflamatório
do trato urinário e purificador dos rins, para a cura de ferimentos profundos e
controle da inflamação de úlceras gástricas, dores nos ossos e até câncer. O
sucesso do seu uso pelas populações indígenas logo despertou a atenção do mundo
civilizado, tendo o primeiro registro escrito sobre suas propriedades na década de
60. Logo em seguida iniciaram-se os levantamentos de seus usos étnicos, coletas
de material e os primeiros estudos químicos e farmacológicos. Em 1994 a
Organização Mundial da Saúde organizou na Suíça uma conferência internacional
sobre esta planta, recebendo o reconhecimento oficial como “planta medicinal”.
Nenhuma outra planta tropical, depois da quina-quina (Cinchona calisaya) no
século XVII, havia recebido tão ampla atenção. A maior atenção dispensada a esta
planta até hoje é relativo à presença em suas raízes e cascas de alcaloides
oxindólicos, com vários estudos relatando o poder de estimular o sistema
imunológico em até 50%. Isto induziu, em todo o mundo, o seu amplo uso como
adjuvante no tratamento da AIDS, do câncer e de outras doenças que afetam o
sistema imunológico. Outra propriedade desta planta que vem merecendo ampla
atenção dos cientistas atualmente é a anti-inflamatória principalmente os
“glicosídeos do ácido quinóvico”, considerados os mais potentes anti-inflamatórios
encontrados em plantas, capazes de inibir inflamações em até 69%. Com estes
resultados validou-se sua longa história de uso indígena desta planta contra artrite
e reumatismo, bem como contra outros tipos de inflamações associadas com vários
males do estômago e úlceras, onde se mostrou clinicamente eficaz. Esta planta
contém ainda outros alcaloides em que estudos farmacológicos demonstraram
atividades vasodilatadoras e hipotensiva.
As sementes, o tronco e as folhas da unha-de-gato têm sido utilizados para tratar
úlceras gástricas, artrite, gonorreia, disenteria, herpes zoster, herpes simples e
HIV, e como contraceptivo. Em vários estudos pré-clínicos, as propriedades
antiviral, anti-inflamatória, antirreumática, imunoestimulatória, antimutagênica,
antitumoral e hipotensiva foram demonstradas. Existem algumas evidências de que
os alcaloides oxindolicos tetracíclicos antagonizam os efeitos imunomodulatórios
dos alcaloides oxindólicos pentacíclicos, e algumas preparações para artrite são
padronizadas para conter um pequeno ou nenhum teor de alcaloides oxindólicos
tetracíclicos. Outras preparações são totalmente livres de alcaloides oxindólicos.
Uma pesquisa da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) mostra que a planta unha-degato, típica da Amazônia, pode servir como matéria-prima para um remédio
destinado a controlar os efeitos da dengue. O estudo indicou que o medicamento
poderá evitar complicações em razão da doença, como pressão baixa e hemorragia.
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Curiosidades: Planta conhecida também pelos nomes de Cat’s claw em inglês, e
Uña de gato em espanhol. O seu nome é atribuído a pequenos espinhos que são
muito parecidos às unhas dos gatos.
Farmacocinética:
Em dois estudos in vitro, foi observado que o extrato alcoólico da Uncaria
tomentosa foi um potente inibidor da isoenzima CYP3A4 do citocromo P450. Os
efeitos inibitórios entre CYP2D6, CYP2C9 e CYP2C19 foram menores (em ordem de
decréscimo de potência). Foi sugerido que a Uncaria tomentosa pode
potencialmente interferir no metabolismo de substratos da CYP3A4, mas observe
que o hipérico foi utilizado nesse mesmo estudo como um inibidor da CYP3A4,
enquanto, clinicamente (uso de várias doses), ele é um indutor da CYP3A4. Isso
serve para lembrar que estudos in vitro não podem ser diretamente extrapolados
para situações clínicas, e que os resultados precisam ser confirmados no cenário
clínico.
Efeitos Colaterais: Em altas doses pode provocar diarreia ou obstipação,
dependendo da sensibilidade do indivíduo. Em pessoas que usam laxativos, pode
ocorrer cólica e diarreias transitórias. Apresenta efeito anticonceptivo relativo.
Contraindicações: Não usar na gravidez, lactante e crianças menores de 3 anos.
Evitar em pacientes transplantados ou que vão fazer transplante de órgãos.
Revisão de Interação:
A unha-de-gato apresenta alguns efeitos antiplaquetários e anti-hipertensivos, que
podem ser sinérgicos àqueles de medicamentos convencionais. Dados de estudos
clínicos sugerem que a unha-de-gato pode seguramente ser administrada com
sulfasalazina e hidroxicloroquina. Um relato de caso isolado demonstrou um
aumento nos níveis de atazanavir, ritonavir e saquinavir em pacientes também
tratados com unha-de-gato.
a) Unha-de-gato + Alimentos
Nenhuma interação foi encontrada.
b) Unha-de-gato + Anti-hipertensivos
As interações entre unha-de-gato e anti-hipertensivos são baseadas
somente em evidências experimentais.
Evidências experimentais: Em um estudo, foi observado que 10mg/kg de
isorincofelina, um alcaloide oxindólico tetracíclico da unha-de-gato,
administrado intravenosamente, diminuiu a pressão sanguínea sistólica e
diastólica e a frequência cardíaca em aproximadamente 9%, 21% e 14%,
respectivamente, em ratos normotensos, e em aproximadamente 9%, 6% e
19%, respectivamente, em ratos hipertensos. Os efeitos pareceram ser
dose-dependentes, pois 20mg/kg de isorincofilina, administrados via
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duodenal, reduziram a pressão sistólica em aproximadamente 25%, a
pressão diastólica em aproximadamente 38% e a frequência cardíaca em
aproximadamente 25% em ratos normotensos. Um efeito similar foi
observado em cães.
Mecanismo: É sugerido que o efeito hipotensor ocorre principalmente devido
ao efeito vasodilatador e à redução momentânea da frequência e da força de
contração cardíaca. Portanto, podem ocorrer efeitos aditivos na diminuição
da pressão sanguínea com o uso concomitante da unha-de-gato e de
medicamentos anti-hipertensivos
Importância e conduta: As evidências parecem ser limitadas a dados
experimentais, e uma potencial interação não foi estabelecida. As espécies
da Uncaria são comumente utilizadas na medicina tradicional para
hipertensão, e evidências pré-clínicas demonstraram que a isorincofilina, um
alcaloide oxindólico tetracíclico da unha-de-gato, apresenta atividade antihipertensiva. Etretanto, nem todas as variedades da Uncaria tomentosa
contêm isorincofilina, e alguns produtos são especificamente padronizados
para não conter este constituinte, então nem todos os produtos contendo
unha-de-gato irão interagir. Contudo, apesar da falta de evidências clínicas,
existe potencial de ocorrer um efeito aditivo na redução da pressão
sanguínea se a unha-de-gato contendo isorincofilina for administrada com
qualquer anti-hipertensivo. O uso concomitante não necessita ser evitado,
mas os pacientes devem ser alertados para a possibilidade de aumento dos
efeitos anti-hipertensivos.
c) Unha-de-gato + Antiplaquetários
As interações entre unha-de-gato e fármacos antiplaquetários são baseadas
somente em evidências experimentais.
Evidências experimentais: Um estudo realizado com coelhos demonstrou
que a rincofilina, um alcaloide oxindólico tetracíclico da unha-de-gato,
causou uma inibição da agregação plaquetária, dose-dependente, de
aproximadamente 78%. A rincofilina também inibiu a trombose venosa em
mais de 70% em ratos. Resultados similares foram observados em um
segundo estudo com ratos.
Mecanismo: Os autores sugeriram que o efeito antiplaquetário pode ocorrer
devido à supressão da liberação do ácido araquidônico (um indutor da
agregação plaquetária) das membranas das plaquetas e à redução da
liberação de outros compostos. Teoricamente, é possível que ocorram
efeitos antiplaquetários sinérgicos com fármacos antiplaquetários, podendo
aumentar o risco de hemorragias.
Importância e conduta: As evidências são limitadas a esses estudos
experimentais. Qualquer interação é complexa, pois nem todas as
variedades de Uncaria tomentosa contêm rincofilina, e algumas preparações
são especificamente padronizadas para não conter este constituinte, então
nem todos os produtos contendo unha-de-gato necessariamente irão
interagir. As informações conhecidas indicam que alguns produtos contendo
unha-de-gato podem apresentar efeitos antiplaquetários, que podem ser
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sinérgicos a fármacos antiplaquetários. O uso concomitante não necessita
ser evitado (de fato, combinações de medicamentos antiplaquetários são
frequentemente prescritas), mas pode ser prudente alertar para o potencial
de hemorragias, caso a unha-de-gato for ingerida com outros fármacos
antiplaquetários como ácido acetilsalicílico (p.ex., Aspirina) e clopidogrel. É
importante aconselhar os pacientes a relatarem qualquer episódio
prolongado de sangramento para um profissional da saúde.
d) Unha-de-gato + Antirreumáticos
Nenhum efeito adverso aditivo parece ocorrer quando a unha-de-gato é
ingerida com sulfassalazina ou hidroxicloroquina.
Evidências, Mecanismos, Importância e Conduta: Uma preparação com
unha-de-gato (sem alcaloide oxindólicos tetracíclicos) foi utilizada por 52
semanas em um pequeno estudo clínico realizado com pacientes tratados
com sulfassalazina ou hidroxicloroquina. Não houve preocupações quanto à
segurança do uso combinado, quando comparado com placebo, e um
benefício clínico moderado foi observado. Embora esse estudo não exclua a
possibilidade de uma interação medicamentosa, ele fornece algumas
evidências de que a unha-de-gato pode ser combinada com esses fármacos
sem problemas.
e) Unha-de-gato + Inibidores da protease
Um relato de caso isolado descreveu o aumento dos níveis de atazanavir,
ritonavir e saquinavir após o uso de unha-de-gato.
Evidências clínicas: Umas mulher HIV positivo, aguardando transplante
hepático, tratada com 300mg de atazanavir, 100mg de ritonavir e 1g de
saquinavir, diariamente, combinados com 600mg de abacavir e 300mg de
lamivudina, também administrados diariamente, apresentou um aumento
dos níveis séricos dos três inibidores da protease do HIV. A paciente não
relatou mudanças no seu tratamento medicamentoso, mas contou que havia
ingerido um suplemento contendo unha-de-gato nos 2 meses anteriores.
Nenhuma evidência de toxicidade relacionada aos inibidores da protease foi
observada, e a paciente não relatou efeitos adversos. A suplementação foi
interrompida e, em 15 dias, os níveis dos três fármacos retornaram aos seus
limites normais.
Mecanismo: Estudos in vitro sugeriram que a unha-de-gato pode inibir a
isoenzima CYP3A4 do citocromo P450, a principal isoenzima responsável
pelo metabolismo de atazanavir, ritonavir e saquinavir; entretanto, os
resultados desses estudos são questionáveis.
Importância e conduta: As evidências parecem ser limitadas a um relato de
caso, a partir do qual é difícil delinear conclusões gerais. O que se pode
afirmar é que mais pesquisas são necessárias para avaliar o uso de unhade-gato com inibidores da protease. Pacientes tratados com medicamentos
para condições graves, como a infecção HIV, devem considerar
cuidadosamente os riscos e os benefícios da adição de medicamentos
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fitoterápicos aos seus tratamentos, em que o resultado do uso concomitante
é desconhecido.
f) Unha-de-gato + Medicamentos fitoterápicos
Nenhuma interação foi encontrada.
Referências Bibliográficas:
1. LORENZI, Harri; ABREU MATOS, F.J. Plantas Medicinais no Brasil
Nativas e Exóticas. Instituto Plantarum, 2ª Edição, Nova Odessa – SP Brasil, 2008.
2. WILLIAMSON, E.; DRIVER, S.; BAXTER, K. Interações Medicamentosas
de Stockley: Plantas Medicinais e Medicamentos Fitoterápicos.
Editora Artemed, Porto Alegre – RS, 2012.
3. UNHA
DE
GATO.
Disponível
em:
http://capimcidrera.blogspot.com.br/2010/11/unha-de-gato-uncariatomentosa.html
4. Uncaria
tomentosa.
Disponível
em:
http://www.oficinadeervas.com.br/detalhe.php?id_produto=132&p=unhade-gato
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