- Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de

Transcrição

- Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de
JORNAL DOS JORNALISTAS
NOVEMBRO - 2010 número 333
Cobertura
eleitoral
afetou a
credibilidade
da mídia?
Págs 11 a 13
Pág. 3
Foto de autor desconhecido do culto na Catedral da Sé
- Equipe que trabalhou com
Vlado na TV Cultura relata os
seus últimos momentos
Jornalistas e intelectuais analisam desempenho
da imprensa na campanha política
Deflagrada a
Campanha Salarial
de Rádio e TV
Especial 35 anos da
morte de Vladimir Herzog
Págs. 7 a 9
Plebiscito aprovou
reajuste de Jornais
e Revistas
Pág. 3
- A cerimônia de entrega do
32º Prêmio de Jornalismo
Págs. 6 e 10
- Fotos inéditas do culto em
memória do jornalista
Pág. 16
Roberto Stuckert Filho
Diretora do Sindicato revive dias da prisão
política com Dilma Rousseff
Pág. 5
E ditorial
O novo governo e a
regulação da mídia
UNIDADE NOVEMBRO 2010
C
2
om a eleição de Dilma Rousseff para presidente, a sociedade volta a atenção sobre
seu governo. Um assunto – que causou polêmica durante a campanha – será tema de
discussão na nova gestão: a comunicação
social. A posição dos veículos de comunicação na campanha presidencial apenas comprovou a importância do tema.
Dois pontos de vista claramente antagônicos estarão em análise; um que afirma ser necessária a criação de regras para
o funcionamento da mídia dado o seu
caráter social e outro que entende ser a
comunicação um negócio privado que não
requer a regulação do Estado.
A contraposição de ideias é saudável
para a democracia. O que é irresponsável
é a mistificação de que toda ação para regular a comunicação é um ato de censura.
O discurso de que só existe regulação em
sociedades autoritárias é mentiroso. No
mundo contemporâneo, onde já se utiliza
corriqueiramente o termo sociedade da
informação, a discussão sobre o sistema
midiático é constante.
Em 2003, a União Européia produziu
comunicado sobre a política de regulação
audiovisual dizendo que visava “promover o desenvolvimento do setor audiovisual na União, designadamente através
da realização do mercado interno”. Ele
parte do princípio que “os meios audiovisuais desempenham papel central não só
no funcionamento das sociedades democráticas modernas, mas também na definição e transmissão de valores sociais,
na medida em que exercem grande influência sobre os conhecimentos, crenças e
sentimentos dos cidadãos.”
O trabalho traz um capítulo sobre co-regulação e auto-regulação. Mesmo reconhecendo que os termos são imprecisos afirma que
“nos casos em que o recurso a este mecanismo não der os resultados esperados, o legislador reserva-se a possibilidade de empregar
diretamente medidas legislativas”.
Além disso, existe a Plataforma Européia
de Autoridades Reguladoras (EPRA), fórum
que reúne 52 entidades que regulam a rádiodifusão no continente. Entre os dias 6 e 8 de
outubro, ocorreu em Belgrado a 32ª reunião
da Plataforma, com presença de 135 delegados de 44 países. Entre os temas discutidos
estava a regulação da publicidade, os métodos e critérios para avaliação dos serviços
públicos de Rádio e Televisão e a regulação e
licenciamento do sistema digital para garantir a presença de canais regionais e locais.
Nos EUA, tido como modelo ideal de liberalismo econômico, a Federal Communications Commission (FCC), agência reguladora
que existe desde 1934, é a responsável pela
regulação das comunicações por rádio, televiC A agência tem um deparsão, satélite e cabo.
tamento para tratar de assuntos e políticas
para os indígenas, assim como outro voltado
para os direitos dos deficientes.
Até a África possui mecanismos regulatórios Trata-se da Rede das Instâncias Africanas de Regulação e da Comunicação (IARC),
criada em junho de 1998 por onze entidades
de diferentes países africanos, atualmente é
composta por 32. Naturalmente, a realidade dos continentes é distinta e as instituições se voltam para objetivos diferentes. No
continente africano trata-se de estabelecer
condições mínimas para organização e funcionamento do setor, fortemente marcado
pela presença estatal.
Na Constituição o Capítulo V (Da comunicação social) nunca foi efetivamente implantado. A presença do assunto no texto
legal garante à comunicação o status de
direito fundamental baseado em princípio
claros: I - preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas; II
- promoção da cultura nacional e regional
e estímulo à produção independente que
objetive sua divulgação; III - regionalização
da produção cultural, artística e jornalística, conforme percentuais estabelecidos
em lei e IV - respeito aos valores éticos e
sociais da pessoa e da família.
Nos nossos meios de comunicação esses princípios não são levados a sério.
Além disso, o capítulo sobre a comunicação ainda não ter sido regulamentado, nenhuma lei complementar sobre o
assunto foi votada pelo Congresso nestes 22 anos. Sequer o Art. 224, que prevê que o Congresso Nacional instituirá,
como órgão auxiliar, o Conselho de Comunicação Social, oficialmente instituído em 1991, está em vigor.
Portanto, o governo da presidente Dilma
Rousseff precisará, urgentemente, trabalhar a questão da comunicação social.
Diretoria do Sindicato
Órgão Oficial do Sindicato dos Jornalistas
Profissionais no Estado de São Paulo
Rua Rego Freitas, 530 - sobreloja CEP
01220-010 - São Paulo - SP * Tel: (11)
3217-6299 - Fax: (11) 3256-7191
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site: www.jornalistasp.org.br
Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do jornal ou do Sindicato.
DIRETORIA EXECUTIVA
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José Augusto de Oliveira Camargo (Guto)
Secretário Geral
André Luiz Cardoso Freire
Secretário de Finanças
Kepler Polamarçuk
Secretário do Interior
Alcimir Antonio do Carmo
Secretária de Cultura e Comunicação Rose
Nogueira
Secretária de Relações Sindicais
e Sociais
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Secretário Jurídico e de Assistêncial Paulo
Leite Moraes Zocchi
Secretária de Ação e Formação Sindical
Telé Cardim
Secretária de Sindicalização
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CONSELHO DE DIRETORES
Suely Torres de Andrade
Luigi Bongiovanni
José Aparecido Dos Santos (Zezinho)
Cláudio Luís De Oliveira Soares
Candida Maria Rodrigues Vieira
Luiz Francisco Alves Senne (Kiko)
Ari De Moura
Wladimir Miranda
Lílian Mary Parise (Diretor adjunto de
finanças)
DIRETORES REGIONAIS
Bauru -Flavio Augusto Melges
Campinas- Agildo Nogueira Júnior
Oeste Paulista-Sèrgio Barbosa
Piracicaba- Martim Vieira Ferreira
Ribeirão Preto- Aureni Faustino de Menezes
Santos-Carlos Alberto Ratton Ferreira
São José do Rio Preto- Daniele Jammal
Sorocaba- José Antonio Rosa
Vale do Paraíba,Litoral Norte
e Mantiqueira - (Diretor adjunto do Interior)
Edivaldo Antonio Almeida
COM.REG.E FISC. EXERC. PROF.
(CORFEP)
Douglas Amparo Mansur, Vítor Ribeiro,
José Eduardo De Souza. Rodrigo da Silva
Ferrari.Suplente: Alan Rodrigues (Diretor
adjunto de comunicação)
CONSELHO FISCAL
José Donizeti Costa, Marcelo Carlos Dias
dos Santos, Dulcimara Cirino, Carlos
Eduardo Luccas (suplente) e Simone De
Marco Rodrigues (suplente)
DIRETORIAS DE BASE
Bauru
R. Primeiro de Agosto,447 sala 604E
CEP. 17010-011 Tel.(14) 3222-4194
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Marcelo De Souza Carlos, Ieda Cristina
Borges, Sergio Luiz Bento, Karina
Fernanda Prado Grin e Flavio Augusto
Melges (Tuca Melges)
Campinas
R. Dr Quirino, 1319 9° and
CEP . 13015-082 Tel (19) 3231-1638
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Hugo Arnaldo Gallo Mantellato, Katia Maria
Fonseca Dias Pinto, Orlando De Arco e
Flexa Neto e Fernanda De Freitas
Oeste Paulista
R. Pedro de Olveira Costa,64 Sbs da CUT
CEP. 19010-100 Tel. (18) 3901-1633
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Tânia Brandão, Priscila Guidio Bachiega,
Danilo Augusto Maschio Pelágio, Fernando
Sávio Rodrigues Dos Santos, Hércules
Farnesi Da Costa Cunha e Sergio Ricardo
Guzzi
Piracicaba
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Montenegro Carnevale, Paulo Roberto
Botão,Ubirajara Toledo,Poliana Salla
Ribeiro e Fabrice Desmont’s Da Silva
Ribeirão Preto
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Firmino Luciano Piton,Eduardo Augusto
Schiavoni, Antônio Claret Gouvêa e Tadeu
Queiroz Da Silva
Santos
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Reynaldo Salgado,Eraldo José Dos Santos
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Chaves,Marcelo Luciano Martins Di Renzo
e Pedro Figueiredo Alves Da Cunha
Sorocaba
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Jocelito Paganelli, Rubens Cárdia Neto,
Luiz Roberto Montagna Zanatta, Sérgio
Ricardo Do Amaral Sampaio, Cássia
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Vale do Paraíba, Litoral Norte e Mantiqueira
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Cep.12209-540 Tel.(12) 3241-2686
E mail – [email protected]
Jorge Silva, Sirlene Santana Viana, Neusa
Maria De Melo,Rita De Cássia Dell’ Áquila e
Fernanda Soares De Andrade
COMISSÃO DE ÉTICA
Denise Fon, Roland Marinho Sierra, Antonio
Raimundo Chastinet Pontes Sobrinho, Alcides
Rocha, Flávio Tiné, Fernando Jorge, Dr. Lúcio
França ,Cristina Charão, Antonio Funari Filho
e Padre Antonio Aparecido Peres
EXPEDIENTE
Diretor responsável: Rose Nogueira (MTb
9736/SP) Editor: Simão Zygband (MTb 12.474/
SP) Diagramação: Rubens M. Ferrari (MTb
27.183/SP) Reportagem: Ana Paula Carrion
(MTb-8842/RS) Colaborador: Eduardo Ribeiro
(Moagem) Impressão: Foma Certa Fone (11)
3672-2727 Tiragem:10.000 exemplares.
Conselho Editorial: Jaqueline Lemos, Luiz
Carlos Ramos, Laurindo (Lalo) Leal Filho,
Carlos Mello, Assis Ângelo, Renato Yakabe e
Adunias Bispo da Luz.
A
e
Ação Sindical
Aumento real para Jornais
e Revistas da Capital e Interior
Não
Total
UOL
4
3
7
Valor Econômico
25
9
34
Ed.Globo
44
2
46
Diário SP
12
2
14
Diário do Comércio
25
5
30
Ed. Abril
40
6
46
Folha
18
13
31
Estadão
63
8
71
Infoglobo
15
1
16
Brasil Ecônomico
81
3
84
Ed.Três
35
0
35
Total
362 (87,5%)
52 (12,5%) 414 (100 %)
PLR na UOL, Folha e Valor
DGABC e DCI
O Sindicato conquistou pagamento
da Participação nos Lucros e Resultados
(PLR) na UOL, Grupo Folha e Valor Econômico. Todas já assinaram acordo se
comprometendo a pagar.
O Grupo Folha pagará 25% do salário e
o acréscimo de R$ 313,00 e será realizada
em duas parcelas: março e setembro de
2011. Na UOL haverá variação de valor de
até um salário mínimo no período de 2010
e 2011. A parcela deste ano já foi paga em
julho e a próxima será em janeiro de 2011,
se as metas da empresa forem atingidas. O
Valor fixou a PLR em R$ 600,00. A data de
pagamento ainda será definida.
Após denúncias de irregularidades no
banco de horas do jornal Diário do Grande ABC, o Sindicato marcou reunião com
a empresa para resolver o problema. O
objetivo é entrar em acordo. A proposta
da empresa será apresentada e referendada com voto dos jornalistas.
O Sindicato também agendou reunião
com a direção do Diário do Comércio e
Indústria (DCI) para tratar do alto número de contratação de PJs (Pessoa
Jurídica). A prática de pagamento com
nota fiscal de terceiros vem obrigando os
trabalhadores a abrirem empresas, pagas
por eles, para receber salários.
Sindicato realiza workshop com Milton Neves
A Comissão Permanente e Aberta de
Jornalistas em Assessoria de Comunicação
(CPAJAC), do Sindicato dos Jornalistas de
São Paulo promove, no dia 10 de dezembro, às 19 horas, o workshop: "O trabalho
da Assessoria de Comunicação nos grandes
eventos esportivos - Copa 2014 e Olimpíadas 2016". O palestrante será o jornalista e
publicitário Milton Neves.
As inscrições, limitadas, devem ser feitas
até dia 03 pelo telefone (11) 3217-6291 /
6299 com Eloisa. As inscrições são R$
20,00 para jornalistas não sindicalizados e
R$ 10,00 para sindicalizados em dia com as
mensalidades e estudantes de Jornalismo.
A CPAJAC, coordenada por Sylvio Micelli, está aberta a sugestões de eventos e
temas a serem debatidos pela categoria. A
Comissão reúne-se toda primeira e terceira
segunda-feira de cada mês. Mais informações pelo e-mail: comissaoassessoriasjsp@
yahoogrupos.com.br.
Jornalistas de Rádio
e TV iniciam
campanha salarial
Os jornalistas de Rádio e TV da Capital e Interior aprovaram em assembleias
realizadas no dia 26 de outubro, a pauta
que reivindicação que exigirá 7,2% de reajuste salarial (ou seja, INPC do período
+ 3% de aumento real) aos salários de
dezembro. Além disso, os profissionais
querem piso unificado (salário para jornada de trabalho de 5 horas) no valor de
R$ 1.600,00 e, ainda, a recomposição de
perdas dos últimos dez anos (e ainda que
parceladas), da ordem de 7,17% (2000 a
2009). A data-base da categoria é 1º de
dezembro.
Pontos como a manutenção e atualização de itens que já fazem parte da
atual Convenção Coletiva de Trabalho
também serão abordados. O principal
deles é a atualização e a inclusão de
nomenclaturas de funções que surgiram nos últimos anos, realizadas por
jornalistas, porém, não constantes da
regulamentação profissional, como infografista, chefe de redação, produtor
de conteúdo, entre outras. Outro ponto que será discutido é a mudança de
data-base, sugerindo para 1º de junho
(Dia da Imprensa) e data de outros segmentos, como o de jornais e revistas e
de assessoria de imprensa tanto para a
Capital quanto para o Interior e Litoral
do Estado.
“A ideia é iniciar já o processo de negociação, para que elas estejam concluídas no período da data-base, para que
a categoria não seja prejudicada com
a morosidade das negociações”, diz o
presidente do Sindicato dos Jornalistas
Profissionais de São Paulo, José Augusto
Camargo (Guto).
A pauta será entregue ao Sindicato das
Empresas de Radiodifusão no Estado de
São Paulo (SERTESP) e aguardará a marcação das rodadas de negociação, que devem acontecer em novembro.
Os jornalistas devem participar da
Campanha Salarial para fortalecer a luta
por melhores salários.
NOVEMBRO 2010
Sim
UNIDADE
Redação
Quadro de votação
A
pós uma campanha salarial
que contou com a realização
de três plebiscitos, os jornalistas de Jornais e Revistas
de São Paulo obtiveram importante vitória, fruto da mobilização da categoria.
Pela primeira vez nas últimas negociações, os trabalhares conquistaram um aumento real de salários.
A proposta aprovada foi de 5,8% de reajuste para os salários até R$ 10 mil, que corresponde a reposição integral da inflação
(5,31%) mais aumento real de 0,5%. Para
salários superiores a esse valor, incidirá o
índice de inflação (INPC) sobre a diferença.
Desta forma, o piso salarial da categoria, com um reajuste total de 5,84%,
(0,5% acima da inflação) passa a ser de R$
1.940,00 para uma jornada de 5 horas e de
R$ 3.104,00 para 7 horas. Os valores são
retroativos a 1º de junho.
Segundo o presidente do Sindicato dos
Jornalistas Profissionais no Estado de
São Paulo, José Augusto Camargo (Guto),
"a proposta aprovada pela categoria trouxe para todos jornalistas aumento real e
mais de 80% dos jornalistas conquistou
ganho real de 0,5%”.
Para conquistar o reajuste, os jornalistas
enfrentaram um patronato com pouca disposição de negociar. A proposta inicial era
abaixo da inflação. Os empresários sequer
queriam repor perdas. Nas negociações que
se seguiram, as propostas foram avançando.
Os patrões do Interior foram os primeiros a acenar com aumento real de 0,5% e
os jornalistas em assembleias realizadas
nas subsedes, aceitaram a proposta. Há
denúncias, entretanto, que alguns deles
(Tribuna de Santos e Diário do Grande
ABC, por exemplo) não cumpriram o acordo e não pagaram com o aumento em outubro, como haviam acordado.
Já na Capital, os empresários endureceram nas negociações e queriam pagar
somente inflação e um valor fixo de R$
350,00 para os que ganhavam acima de
R$ 7 mil. A proposta foi recusada.
O Sindicato patronal orientou as empresas para dificultassem a realização do
plebiscito nas redações, o que obrigou
que a votação fosse realizada até na rua.
O caso mais vergonhoso aconteceu na
Editora Abril, que primou pela prepotência e pelo espírito anti-democrático e
não permitiu a entrada das urnas .
3
UNIDADE NOVEMBRO 2010
4
Guto (à direita) no
ato pela Liberdade
de Expressão
André Freire
C omunicação
Sindicato participa
de ato pela liberdade
de expressão
O
Sindicato dos Jornalistas
de São Paulo participou
no dia 27 de novembro,
no Sindicato dos Bancários, do ato pela liberdade de expressão
em repúdio à censura à Revista do Brasil,
Jornal da CUT e outros veículos que se
tentou calar durante a campanha eleitoral, seja por ações impetradas pela candidatura do tucano José Serra (PSDB) à
presidência da República ou por ações
dos grande veículos contra blogs, sites e
publicações independentes.
O presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de São Paulo, José
Augusto Camargo (Guto), disse que o
país vive um novo momento e que atos
pela liberdade de expressão, como o
ocorrido em outubro no Sindicato ou
o realizado no Sindicato dos Bancários
marcarão nova etapa na luta pela democratização dos meios de comunicação no
Brasil. “Amanhã seremos reconhecidos
como aqueles que iniciaram a luta contra
a ditadura dos barões da mídia, tal qual
foram os movimentos sociais que lutaram contra a ditadura militar”.
Para o presidente da CUT, Artur Henrique, o pedido de suspensão da Revista
do Brasil e do Jornal da CUT, pela coligação que reúne PSDB e DEM, encarnou a tentativa de calar os movimentos
sociais. Artur lembrou que o pedido de
tucanos e democratas tinha mais ações
que não foram atendidas, como o pedido
de segredo de Justiça e a suspensão do
blogue do próprio Artur.
O dirigente sindical criticou o pedido
de censura aos meios de comunicação
que expressam a opinião dos trabalhadores, ao mesmo tempo em que publica-
ções como a revista Veja estampam com
liberdade em sua capa e no conteúdo as
supostas virtudes de José Serra. "Eles
também tentaram a suspensão da edição
número 1 da revista do Brasil, mas a Veja
com Serra e Aécio Neves pode, mostrar
Dilma Rousseff com duas caras também
pode", dispara.
Sérgio Nobre, presidente do Sindicato
dos Metalúrgicos do ABC, destacou a seriedade e os motivos que levaram ao lançamento da Revista do Brasil. "Quando
criamos a revista não foi para contrapor
a grande mídia. Foi para dar informação
de qualidade para os trabalhadores", afirma. "Quando li a revista suspensa, com
um conteúdo que nenhuma outra revista tem, como a matéria sobre suicídio e
assédio moral, eu tive certeza da decisão
acertada de criar a Revista do Brasil para
informar de verdade", afirmou Nobre. A
grande imprensa, aposta o dirigente, enfrenta hoje o descrédito.
Juvandia Leite, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, avalia
que há interesse de "calar o projeto" da
revista do Brasil que atinge a 360 mil
leitores e que partidos políticos e grandes empresas de comunicação "não
conseguem controla-la". "Os meios de
comunicação têm dono. O problema
não é o fato de terem interesses. O problema é que não dizem isso claramente", criticou Juvandia.
O ato foi mediado pelo diretor da Revista do Brasil, Paulo Salvador e teve as
presenças da deputada federal reeleita (PSB/SP) Luiza Erundina, Altamiro
Borges (Portal Vermelho), Lino e Mário
Bocchini (do site censurado Falha de São
Paulo), entre outros.
Semana Nacional de Comunicação:
Democracia, defesa do diploma e
regulamentação
A Semana Nacional de Comunicação, organizada pela Federação
Nacional dos Jornalistas e os seus
31 sindicatos filiados, ocorrida de
18 a 23 de outubro, defendeu a
democratização dos meios de comunicação, a exigência do diploma
e regulamentação da profissão. O
ato de abertura ocorreu na Afubesp, em São Paulo, com a presença maciça da diretoria da Fenaj e
de representantes do Sindicato dos
Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo.
Os estados realizaram debates
sobre a função social da mídia e
divulgaram o “Manifesto aos Jornalistas Brasileiros em Defesa da
Democratização da Comunicação”,
que convoca a sociedade brasileira a
“libertar a Liberdade de Expressão
e de Imprensa” do jugo dos monopólios da comunicação que as transformaram em patrimônio privado.
O íntegra do documento pode ser
acessado no site do sindicato, no
endereço (http://www.jornalistasp.
org.br)
Amparada nas deliberações da 1ª
Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), realizada em 2009,
A Semana de Comunicação reforçou
temas fundamentais da categoria
como a implementação do Conselho Nacional de Comunicação e a
imediata aprovação, pelo Congresso
Nacional, das propostas de emenda
constitucional (PEC) que restabelecem a exigência do diploma para
o exercício do Jornalismo. Em São
Paulo, as atividades se concentraram
sobretudo na Capital e em Campinas, no Interior do Estado, com participação de jornalistas, professores
e alunos da PUC/Campinas
Para o presidente do Sindicato,
José Augusto Camargo (Guto), a
atividade nacional defendeu a democratização da comunicação, luta
histórica dos jornalistas e trabalhadores no setor de comunicação em
geral. “A realização da Conferência
Nacional de Comunicação (Confecom) teve significativos avanços que
hoje são nossas diretrizes em defesa
da liberdade de imprensa e da democratização da comunicação”.
Na opinião do presidente da Fenaj, Celso Schröder, o momento exige da sociedade e dos jornalistas um
amplo debate sobre a liberdade de
expressão e a liberdade de imprensa,
e este foi um dos papéis da Semana
Nacional de Comunicação.
aulas de economia para as companheiras.
"Mas Dilma era muito bem humorada
também", lembra Rose. "Cantava, botava
apelido em todo mundo e era muito solidária. Era tempo da Copa do Mundo no
México, a do Tri, e torceram pelo Brasil,
mesmo sabendo que a ditadura usaria
a vitória da seleção como se fosse dela.
"Para mim ficou claro: é impossível torcer contra o Brasil", diz Rose.
Além de diretora do Sindicato, Rose
Nogueira, que é jornalista há 47 anos
(começou com 17) e atualmente trabalha
na TV Brasil, passou pela editora Abril,
Folha da Tarde, TVs Globo, Bandeirantes e Cultura (no período de Vladimir
Herzog). Sua história está ligada à defesa intransigente dos direitos humanos.
Foi presidente do Conselho Estadual de
Defesa dos Direitos da Pessoa Humana
(Condepe) e é atualmente membro do
grupo Tortura Nunca Mais (SP), do qual
já foi presidente.
mesmo dia e hora, dando prazo para que
elas instruíssem seus pedidos, já que, pelo
art. 26 § 1º do Regimento Eleitoral (RE), os
trabalhos das mesas coletoras foram acompanhados por fiscais das duas chapas.
Cada mesa apuradora, encerrada a apuração, é obrigada a elaborar ata que conterá, inclusive, apresentação de protestos e
ocorrências de irregularidades. A CEN, até
o final do prazo regimental, não recebeu
uma única ata apontando as irregularidades
arguidas nos requerimentos das Chapas 1 e
2! O que a carta da Chapa 2 para o UNIDADE não revela é o seguinte: a CEN, com base
no art. 39 do RE, alertou os representantes
presentes, no dia 30/7, sobre o prazo de três
dias úteis, após a divulgação dos votos apurados (o que não havia ocorrido ainda no dia
30/7), para que a chapa interessada pudesse
apresentar recurso instruído, objetivando
impugnação de resultados, respeitando-se,
entretanto, o contraditório e a ampla defesa
dos possíveis atingidos.
Divulgados os votos apurados e esgotado o
prazo do art. 39, a CEN não recebeu nenhum
documento da Chapa 2! A ata, assinada por
todos os integrantes efetivos da CEN e registrada em Cartório, relata todo o ocorrido
“omitido” nessa carta, inclusive que o secre-
tário da CEN, no mesmo dia 30/7, justificando seu voto, reitera que o protesto entregue
pela Chapa 2 (apenas duas folhas) não apresentava uma única prova das alegações mencionadas! Com base nas circunstâncias e no
prazo dado pelo art. 39 do RE, a Chapa 2 teria
tempo mais do que suficiente para cumprir o
próprio Regimento Eleitoral que ela invoca
nessa carta enganosa. Entretanto, a Chapa 2
não protocolou seu pedido fundamentado e
instruído, como orientado pela CEN no dia
30/7, mas preferiu, dias depois, recorrer ao
Poder Judiciário. Parece que a Chapa 2 não
compreendeu que dentro da CEN da Fenaj,
por tradição, não é o melhor lugar para tentar manobras que afrontam não só o seu RE,
mas também os princípios éticos e morais
que ainda estão em vigor em nossa profissão,
como jornalistas. Independentemente de
quem tenha o privilégio de integrar a CEN da
Fenaj, a ninguém é dado o direito, sem provas, de lançar suspeição sobre ela.
Presidente eleita
Dilma Rousseff
e a foto de seu
prontuário nos
órgãos da repressão
Rose Nogueira e
sua foto na ficha
no Dops: “Dilma
tinha um grande
amor pelo Brassil”
C artas
Amadeu Mêmolo – secretário
da CEN da Fenaj
A carta da Chapa 2, publicada na edição
de outubro do Unidade precisa sofrer correção para que sua alegada pretensão de
“repor a verdade sobre a disputa eleitoral
na Fenaj” não ganhe ares de ... verdade!
Essa carta deve estar a serviço de algum
propósito obscuro, ainda ignorado por este
signatário, que teve o privilégio de exercer
a função de secretário da Comissão Eleitoral Nacional (CEN) da Fenaj, cujo comando
esteve sob a serena presidência da jornalista indicada pela própria Chapa 2! Ao longo
das atividades da CEN, nenhum caso foi
negligenciado ou ficou sem solução.
No dia 30/7, representantes das Chapas 1
e 2 encaminharam, respectivamente, pedido de impugnação e protesto por contagem
errônea de votos. Até essa data, a CEN não
havia recebido das Comissões Eleitorais Locais um único registro de irregularidade que
pudesse ter ocorrido no processo eleitoral.
Por respeito aos leitores do Unidade e
desfazendo inverdades assacadas contra a
CEN, é necessário que fique registrado que
a Comissão recebeu – não rejeitou! – os documentos produzidos pelas Chapas 1 e 2 no
José Hamilton Ribeiro
Queria agradecer de coração a maneira generosa como Unidade deste mês tratou matérias a meu respeito, principalmente quanto
ao lançamento, em Rio Preto, do “ Prêmio de
NOVEMBRO 2010
tenham dado a notícia de sua prisão. Do
convívio com Dilma guarda boas lembranças. "Eu me lembro dela estudando
sem parar. Dilma tinha um grande amor
pelo Brasil, a questão nacional era muito clara para ela. Acho que ela enxergava
mais longe, já tinha um olhar de estadista aos 20 anos", disse Rose no primeiro
programa no horário eleitoral da TV, que
mostrou a biografia da candidata do PT.
Rose se lembra também que Dilma,
mesmo torturada nos porões da ditadura,
defendeu a demarcação das 200 milhas
territoriais marítimas, proposta pelos militares.. "Isso é importante para o Brasil.
Um dia a o governo militar acaba, mas as
200 milhas permanecem. São importantes para o país", disse Dilma.
Rose lembra que as presas dividiam
tarefas de organização e limpeza da cela
e que Dilma Rousseff já desempenhava
um papel de liderança. Era uma militante bem informada, culta e chegava a dar
UNIDADE
N
o ano de 1969, a atual diretora de Comunicação do
Sindicato, Rose Nogueira,
e seu marido, Luiz Roberto Clauset, foram presos pela equipe do
delegado Fleury, mais tarde denunciada
e condenada como sendo o Esquadrão da
Morte, e levada para o Dops. Separada
do filho nascido há apenas um mês, Rose
ficou perto de 50 dias naquele centro de
torturas - hoje Memorial da Resistência
- e, processada pela Justiça Militar, foi
transferida para o presídio Tiradentes.
Junto com dezenas de outras mulheres,
também presas por motivos políticos,
Rose ficou numa torre centenária, onde
existiam cinco celas. Estava lá há dois
meses, quando chegou a presidenta eleita, Dilma Rousseff.
Na época Rose era repórter da Folha
da Tarde, do grupo Folha da Manhã.
A empresa a demitiu por abandono de
emprego, embora seus próprios jornais
Roberto Stuckert Filho
Diretora recorda dias de prisão
política com Dilma Rousseff
Rogerio Lorenzoni
H istória
Jornalismo José Hamilton Ribeiro”, iniciativa da seccional riopretense do Sindicato.
Por outro lado, quero elogiar a colega
Ana Paula, que, tendo-me entrevistado rapidamente, soube transcrever a entrevista
de maneira completa com irreparável fidelidade ao que conversamos, dando a ela,
também, agradável exposição. Parabéns a
Ana Paula e minha gratidão ao Unidade.
Heitor Augusto
Estive fora alguns dias e só agora pude
ler a matéria (sobre os 60 anos de TV).
Mas, já sabia que estava boa porque recebi e-mails de dois colegas elogiando e
me parabenizando. Aliás, um deles brincou dizendo que fazíamos jornalismo em
branco e preto. Mas, quero lhe afirmar
que fiquei muito satisfeito. Primeiro, pela
forma como vocês conduziram o assunto,
encaixando outros companheiros com os
quais tive o prazer de trabalhar. Segundo,
por poder colaborar para mantermos viva a
memória de fatos que marcam nossa vida.
No meu caso, a televisão entrou e, repito,
vivi momentos inesquecíveis.
A vocês, um carinho especial pelo profissionalismo e cortesia que me dispensaram.
5
UNIDADE NOVEMBRO 2010
Fotos: Rogerio lorenzon
‘
P rêmio Vladimir Herzog
Para que
violações aos
Direitos
Humanos
não mais ocorram
Assim como no passado, aqueles que heroicamente
tombaram na luta em defesa da liberdade e do Estado
democrático de Direito eram considerados terroristas,
criminosos e tidos como elementos perigosos, os que
atualmente lutam pela democratização
das comunicações são chamados de censores” (Guto).
O
6
teatro da Pontifícia Universidade
de São Paulo (TUCA), referência
na luta contra a ditadura, foi palco
do 32º Prêmio Vladimir Herzog de
Anistia e Direitos Humanos e do 2º Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco. No total, receberam prêmios e menções honrosas 33 jornalistas e três estudantes de Jornalismo. O prêmio
é concedido pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, desde 1979, e
hoje conta com a parceria do Instituto Vladimir
Herzog, criado há um ano.
O presidente do Sindicato dos Jornalistas
Profissionais no Estado de São Paulo, José
Augusto Camargo (Guto), abriu a solenidade
relembrando a importância histórica de Vladimir Herzog (Vlado) para a democratização do
país. Na ocasião, o jornalista denunciou ações
que violam os direitos humanos e conclamou
a sociedade a se envolver na luta pela criação
do Conselho de Comunicação, uma das propostas da Conferência Nacional de Comunicação
(Confecom), que já está sendo implementada
no Ceará e em vários estados brasileiros e que
têm enfrentado grande resistência por parte da
grande mídia.
Fazendo referência ao Plano Nacional de Di-
reitos Humanos (PNDH-3), o sindicalista fez
um desagravo ao ministro Paulo Vannuchi, da
Secretaria de Direitos Humanos da Presidência
da República, presente na cerimônia, atacado
e alvo de críticas nos debates sobre o Plano de
Direitos Humanos.
O ministro Paulo Vannuchi agradeceu a solidariedade e reconhecimento do presidente do
Sindicato dos Jornalistas. “Agradeço a extrema
generosidade do seu gesto, Guto, que é um jornalista militante dos direitos humanos”. Ao se
referir ao prêmio, ele salientou a importância na
produção do bom jornalismo que “contribui para
que a violação dos diretos humanos não ocorra
mais".
O presidente do Instituto Vladimir Herzog, Ivo
Herzog, apresentou os vencedores da 2ª edição
do Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco
Jordão, voltado a estudantes e anunciou o tema
de 2011: “Coleta e tratamento de esgoto: um direito violado”. O jornalista e cronista Lourenço
Diaféria, falecido há dois anos, foi homenageado.
Este ano, mais de 300 trabalhos de todo país
disputaram 11 categorias de rádio, jornal, TV
reportagem, TV documentário, TV imagem, fotografia, arte, revista, rádio e internet, além do
2º Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco.
Acervo pessoal
C
onheci o Vlado de passagem
na redação da revista Visão,
mas foi na sucursal do jornal
Opinião, um conjunto de salas
no centro de São Paulo, que eu o conheci melhor. Era muito exigente quanto às
matérias e não se levava muito a sério.
Não tinha meias palavras diante da qualidade de certas colaborações, mas era
um gozador também.
Algum tempo depois, recebi novo convite: enquanto estivesse no exterior,
acompanhando a Clarice numa viagem
de trabalho, queria que eu o substituísse
na chefia da sucursal. No Rio, onde ficava
a sede do jornal, Vlado desentendeu-se
com o editor por uma bobagem e saiu do
jornal. Assumi o posto e meses depois,
ele me convidou para ir trabalhar com
ele no jornalismo da TV Cultura. Aceitei
e vivemos um mês e meio na tormenta, a partir do dia em que ele assumiu.
Os comunistas tinham tomado a TV do
governo, diziam alguns deputados e jornalistas de aluguel, reverberando ordens
vindas do submundo do regime.
Fui preso uma semana antes dele.
Mandei dois recados que ele recebeu: por
minha irmã e meu pai. A ambos, Vlado
disse que nada tinha a ver com o PC e
que eu deveria estar perturbado. O recado informava o que ocorria no Doi-Codi
e que ele já tinha sido citado no meu
interrogatório e seria preso. Só soube
da prisão de Vlado depois de sua morte, quando os interrogadores pediram a
alguns companheiros jornalistas que escrevessem tudo o que sabiam sobre ele e
tentaram provar que ele cometera suicídio. Foi uma conversa maluca sobre Vlado agente da KGB, dirigentes secretos do
Partidão, um documento em que o PC teria aderido à luta armada. Chegaram ao
extremo de me fazer dar choques num
torturador, girando a manivela de uma
máquina cujos fios estavam nas mãos
dele. Girei o mais devagar que pude, para
evitar represálias...
No dia seguinte à posse de Vlado na direção de jornalismo, começou a campanha contra a Cultura, pilotada pelo jornalista Claudio Marques, que tinha uma
coluna política influente e por diversos
parlamentares. O pretexto foi uma matéria da BBC sobre Ho Chi Min, exibida
no telejornal do meio dia e colocada no
ar por um integrante da antiga equipe de
jornalismo.
Enfrentamos todo tipo. Havia o que
parte da imprensa publicava, discursos
na Assembleia, recados do governo. Vla-
Paulo Markun:
“Vivemos um mês e meio
de tormenta na TV Cultura”
do chegou a se encontrar com o representante do SNI em São Paulo. Não soube da
conversa, pois já tinha sido preso. Apenas um exemplo: horas depois de assumir o jornalismo, foi ao ar um documentário inglês sobre Ho Chi Min. Fizeram
um escarcéu. A matéria sobre o Vietnã
foi motivo de uma reclamação do coronel
Paiva ao secretário da Cultura. De acordo com Mindlin, na conversa “bastante
áspera, apesar da aparência cordial,” ele
tentou explicar que Vlado lhe parecera
um profissional sério, tinha a ficha limpa e não podia ser responsabilizado por
algo que havia sido colocado no ar no dia
de sua posse e que, portanto, era produto da equipe anterior. Nessas condições,
argumentou, seria uma injustiça demitilo. O coronel reagiu com um alerta:
- Eu não estou pedindo para que o senhor o demita, depende do grau de risco
que o senhor quer assumir.
Mindlin respondeu que não tinha
medo de assumir riscos, mas que, naquele caso, a responsabilidade não era dele,
já que a TV Cultura tinha autonomia. O
coronel não aceitou o argumento:
- Mas o responsável é sempre o chefe...
Combinaram que Mindlin pediria a
Vlado que fosse conversar com o coronel, para que este orientasse o diretor de
jornalismo. Se depois disso, o telejornal
continuasse avançando o sinal, a situação seria diferente, acordaram.
No dia sete de setembro, um colunista de triste memória, patrocinado pela
construtora Adolpho Lindenbergh , diretor-tesoureiro da TFP assinalou:
TV Educativa continua uma nau sem
rumo. Repercutindo – pessimamente – o
documentário exibido pelo Canal 2, fazendo a apologia do Vietcong. Eu acho
que o pessoal do PC da TV Cultura pensa
que isto aqui virou o fio....
Quando souberam que Vlado tinha
morrido, pelo que me contam os colegas, foi uma tensão total. O fato dos
agentes terem ido à emissora prendê-lo
e terem sido temporariamente engambelados (se é que o termo se aplica)
pelos jornalistas que diziam ser impossível manter o telejornal no ar sem a
presença do diretor de jornalismo, dá
uma ideia do que aconteceu.
Por ocasião da missa na catedral da
Sé, eu estava preso no Dops. Li a respeito mais tarde e sei que foi um desses momentos de união geral, emoção
à flor da pele e reação coletiva e pacífica a uma série de atentados contra os
direitos humanos.
Na manhã seguinte à da morte de Vlado, eu e outros companheiros jornalistas
fomos liberados para ir ao enterro, depois de assinar um pedido formal neste
sentido e um compromisso de que nos
reapresentariamos às oito da manhã de
terça-feira. Havia muita gente ali, embora minha memória seja meio enevoada.
Reconheci muitos colegas de profissão,
dom Paulo Evaristo Arns e alguns políticos, entre eles, os senadores Franco
Montoro e Orestes Quércia e Goldman.
Encontrei Clarice ao lado do caixão lacrado. Ela me abraçou e eu lhe perguntei
se ela achava que o Vlado tinha se suicidado, hipótese que ela rejeitou com veemência. Randau Marques, repórter do
Jornal da tarde, tentou me entrevistar.
Perguntou se eu tinha sido bem tratado
e respondi evasivamente:
- Depois da morte do Vlado, estão nos
tratando bem.
Randau nada mais perguntou, nem eu
lhe disse coisa nenhuma.
O ator Juca de Oliveira me contou dez
anos depois, que não me conhecia até então, mas fez questão de me abraçar longamente no pátio do hospital, para evitar
a ação de fotógrafos e cinegrafistas, que
todos suspeitavam, estavam registrando
o velório para or organismos de segurança. Essa mistura de temor e resistência
estava presente no velório marcado pelas
crises de choro e por desmaios, mas com
a participação de mais de 600 pessoas. E
se reafirmou durante o enterro.
Em 1998, depois de idas e vindas profissionais, Marco Antonio Coelho Filho
me convidou para apresentar o Roda
Viva. Voltei à Cultura, que pretendia
implantar um projeto batizado de jornalismo público, com vários pontos de contato com o que Jordão, Vlado e outros
profissionais sonharam realizar. Fiquei
doze anos, os últimos três como diretorpresidente. Penso que Vlado não teria
muito a festejar, mas também pouco a
reclamar do que foi feito por lá
Paulo Markun era chefe de reportagem
UNIDADE
O Jornal Unidade procurou reviver os dias
da morte do jornalista Vladimir Herzog,
assassinado nos porões da ditadura militar, ouvindo o relato de alguns de seus
companheiros de trabalho na TV Cultura,
por ocasião de sua prisão e assassinato nas
depedências do Doi/Codi.
NOVEMBRO 2010
Prêmio Vladimir Herzog
7
Acervo pessoal
P rêmio Vladimir Herzog
F
ui redator chefe do Hora da Notícia, a convite do Vlado. Trabalhávamos juntos na revista
Visão antes de ele ir para a TV.
A gente se entendia - e brigava - como
irmãos. Tinhamos em comum a paixão
pelo que faziamos, a esperança de fazer
bom jornalismo (o termo queria dizer o
mesmo para os dois), alargando os limites
do possível da informação sob a ditadura.
Mas, ao lado das tensões comuns ao dia a
dia do ofício, das enormes limitações estruturais da Cultura, sabíamos que se tratava de uma situação politicamente incerta. E, como dois "perfeccionistas", nunca
estávamos satisfeitos com o resultado do
trabalho.Conheci Vlado desde os meus 15
anos. Estudamos juntos no Colégio Estadual de São Paulo (antigo Roosevelt D
Pedro II), na USP, embora em cursos diferentes, e começamos juntos na profissão
(no Estadão, em 1959).
Quando ele foi preso eu tinha saído
da Cultura isso foi no começo de outubro. Minha demissão foi pedida pelo então secretário estadual de Cultura, José
C
Demétrio
Costa:
“Mataram
o Vlado”
8
Mindlin. O pretexto foi o fato de eu pertencer à diretoria do sindicato dos jornalistas e, nessa condição, detentor de estabilidade - e a presidência da Fundação
Padre Anchieta, ou o governo, não queria na emissora funcionários que não pudessem ser demitidos. A razão principal,
evidentemente, era política. Em retrospecto, fica claro que o meu afastamento
era parte da operação de desmanche do
jornalismo independente e crítico que o
Vlado tentava fazer na Cultura.
A TV em geral tinha um clima de repartição pública" no sentido que as pessoas
usam, pejorativamente. Ou seja, apatia,
corpo mole e espírito burocrático. Na
Redação, o clima era de busca do melhor,
exasperação constante com as limitações
- era como rolar uma pedra morro acima
o tempo todo – e medo de que a qualquer
momento tudo fosse desabar, como acabaria acontecendo – mas de forma que
ninguém imaginava.Havia uma campanha pública de difamação - na coluna de
Claudio Marques, no Shopping News,
nos discursos do deputado estadual Wa-
onheci o Vlado na TV Cultura em 1974,
onde trabalhamos juntos por alguns
meses na preparação do telejornal da
hora do almoço, que ele editava, e depois, a partir de setembro de 1975, quando retornou à casa como novo diretor de jornalismo.
Do bom convívio pessoal e profissional da primeira fase veio o convite para ser um dos editores do
telejornal noturno, o “Hora da Noticia”, que deveria ser o principal espelho de seu trabalho.
Um trabalho que mal começou, atingido primeiro
pelo clima de tensão gerado por uma campanha que
tinha como principal porta-voz o colunista Cláudio
Marques, dos jornais Shopping News – City News,
acusando de comunista a nova direção do departamento e batizando a Cultura de TV Viet, e, depois,
por uma série de prisões de jornalistas ligados ao
Vlado, culminando com a do Paulo Markun, que era
nosso chefe de reportagem.
Apesar da preocupação e tensão daqueles dias, na
Redação tocávamos o trabalho na esperança de que
as nuvens sumissem. O próprio Vlado pouco deixava transparecer do que guardava consigo. Na tarde
da sexta-feira, 24 de outubro, chamou-me para
uma conversa em sua sala. Falou das prisões e do
dih Helu – que prefiguravam o pior para
o nosso projeto, as pressões, naturalmente, caíam sobre o Vlado, como diretor de Jornalismo. Tenho certeza de que
ele guardava para si boa parte delas. Mas
quaisquer que tenham sido, ele nunca
pensou em desistir.
Só vim da sua morte dias depois. Eu
tinha sido procurado em casa na mesma
noite de 24 de outubro, quando tentaram levar o Vlado. Não me encontraram
porque estava trabalhando (na Veja).
Nos dias seguintes, fiquei fora de circulação, enquanto a direção da revista negociava a minha apresentação no QG do
II Exército, aonde fui acompanhado pelo
redator-chefe José Roberto Guzzo e pelo
presidente do Sindicato, Audálio dantas.
Dali fui levado ao DOI-Codi onde fiquei
preso por uma semana.
Quando o cerco ao Jornalismo da Cul-
horror pelas torturas, que
sabia, estavam sofrendo, e
pediu-me que fizesse para
ele o plantão do sábado,
redobrando a cautela com
a edição do telejornal. Queria passar o fim de semana
com a Clarice e os filhos na
chácara.
Às 9 da noite, fomos os
dois para o switcher, no
bloco dos estúdios, acompanhar a transmissão do Hora
da Notícia. Vlado desceu
um pouco antes do término do telejornal para ir à
lanchonete, mas dois agentes do DOI-CODI já estavam à sua espera. Minutos depois, diante de brutamontes que não dialogavam, ouvi, trêmulo, a argumentação vitoriosa do companheiro Chico Falcão
para ganhar tempo e levar Vlado de volta à Redação
(já com a presença da Clarice e dos dois filhos), sob
a alegação de que ainda teríamos a gravação de um
programa e o Departamento não poderia ficar acéfalo. Seguiram-se duas horas de mobilização até que
um dos agente comunicou ao Vlado que ele poderia
tura começou a se estreitar, sugeri - e o
Vlado concordou - que tomássemos a
iniciativa de denunciar a campanha ao
governo federal. Pedi para falar com o secretário de Imprensa do Planalto, Humberto Barreto, a quem, por sinal, tinha
conhecido semanas antes, ao cobrir para
a TV uma ida do presidente Ernesto Geisel a Recife, para um evento considerado
importante (a cobertura era para mostrar que não éramos contra o governo...).
Depois de ouvir o meu relato, Barreto
disse que não havia motivo para nos preocuparmos porque tudo não passava de
"questões de política local". Lembro até
hoje das sobrancelhas arqueadas do Vlado, em sinal de perplexidade, quando lhe
contei como tinha sido a conversa com o
secretário e o seu comentário final, literalmente inacreditável.
Acervo pessoal
UNIDADE NOVEMBRO 2010
Luiz Weis: “Havia uma
campanha pública
de difamação contra nós ”
se apresentar na manhã seguinte, às 8 horas, na rua
Tomás Carvalhal, sede do
DOI-CODI.
Foi um grande e esperançoso alívio. Despedi-me do
Vlado com um forte abraço,
ouvindo dele um “só espero
que possamos conversar cavalheirescamente”.
Sábado à tarde, tudo o
que sabíamos na Redação
era que ele se havia apresentado
normalmente,
mas só deveria ser liberado na segunda. À noite,
encerrado o Hora da Notícia, fui para casa e já estava na cama quando atendi a ligação do Sandro
Villar, da Redação, informando com voz de choro
– “Mataram o Vlado!”
Desde o primeiro momento, não me recordo
de nenhum companheiro que não fizesse coro
ao Sandro no “mataram o Vlado”. Da conversa
da véspera e do último abraço ficou para mim a
certeza de quanto o próprio Vlado temia por sua
capacidade de suportar tortura.
das no quadro de avisos da redação.
Se antes já sussurrávamos, depois do
crime, quase não falávamos. Tornamonos uma raridade para a época: uma redação silenciosa.
Lembro da tensão que foi chegar à Praça da Sé e entrar na Catedral. Havia policiais para todos os lados. Deixei o carro
perto da antiga sede do Diário Popular
e caminhei até a igreja. Havia policiais
por todos os lados. Nos prédios das ruas
laterais eles eram visíveis nas janelas e
encostados nas paredes externas da Catedral.
Lembro do enterro também que foi
trágico. Além do crime cometido houve
uma total falta de respeito para com os
familiares e amigos do Vlado. Lembro da
velocidade em que tínhamos que dirigir
para acompanhar o féretro entre o Hospital Albert Einstein, onde se realizou o
velório, e o cemitério israelita do Butantã. Não houve um cortejo fúnebre e sim
uma correria desabalada determinada
pela policia. A ordem era para que o enterro fosse realizado o mais rapidamente possível, passando por cima inclusive
das cerimônias religiosas. Como na Catedral, alguns dias depois, era grande o
número de policiais. Se não me engano
não houve nem tempo para que a mãe
do Vlado chegasse para o sepultamento
(ou chegou em cima da hora, a conferir).
Lembro apenas que o silêncio foi quebrado por um grito de justiça (ou até quando?) da atriz Ruth Escobar.
NOVEMBRO 2010
pediu uma carona até a sede da revista
Visão, na Vila Mariana. Era quase o meu
caminho, já que eu morava em Moema.
Conversamos pouco sobre os companheiros que já estavam presos mas nada
faria supor que não nos veríamos mais.
Nós dois folgaríamos naquele fim de semana e nos despedimos na Rua Afonso
Celso com um “até segunda”.
A TV Cultura vive um clima tenso. Afinal jornalistas estavam sendo presos e
não havia certeza sobre o papel desempenhado por alguns profissionais na
redação. O Vlado havia substituído um
diretor que deixara na redação homens
de sua confiança. Um deles colocou no
ar uma reportagem simpática ao Vietnã,
um dia antes de deixar a Cultura e uma
das primeiras a ser veiculada na gestão
Herzog. No dia seguinte, em ação claramente orquestrada, o jornalista Claudio
Marques denunciou em sua coluna no
Shopping News que a responsabilidade
sobre a matéria era da nova direção e
passou a chamar quase que diariamente
a TV Cultura de Vietcultura. A campanha
era completada na Assembléia Legislativa por pronunciamentos do deputado
Wadih Helu cujo teor acompanhava os
textos de Cláudio Marques. Como se vê,
o clima não era nada ameno.
Além das relatadas na resposta anterior sofríamos uma pressão mais “institucionalizada”: da Policia Federal com
suas determinações sobre o que não poderia ser veiculado e que ficavam coloca-
UNIDADE
Acervo pessoal
Laurindo Leal:
“A TV Cultura
vivia um clima
tenso”
E
u era subeditor do telejornal
veiculado pela TV Cultura na
hora do almoço. Chamava-se
“Hora da Notícia, 1ª edição”. A
relação era profissional e respeitosa. Ele
era cuidadoso com a qualidade das matérias e, quando necessário, conversava
sobre o conteúdo e a forma daquilo que
poríamos no ar. Ressalto a palavra conversava porque era isso mesmo que ocorria. Não me lembro de nenhuma imposição e, muito menos, de voz mais elevada.
Ele sempre argumentava, sem achismos.
O nosso contato profissional foi relativamente curto, interrompido de forma dramática. Mas ainda assim tivemos
dois contatos mais pessoais. Uma vez,
com minha mulher encontrei Vlado,
Clarice e outro casal no Guarujá e fomos
todos ao cinema. Não lembro do filme,
mas lembro dos comentários do Vlado
sobre o que havíamos assistido. Em outra ocasião, fui a casa dele – na rua Oscar
Freire – em busca de contatos de alguns
médicos que ele conhecia em Londres.
Era a véspera de uma viagem que eu faria
para a Inglaterra e que incluía a necessidade de consultas médicas para a minha
mulher. Vlado, gentilmente, forneceu o
endereço dos médicos que haviam acompanhado os partos dos seus filhos.
A última vez que estive com ele foi cerca de 12 horas antes do seu assassinato.
Na sexta-feira, véspera do crime cometido no Doi-Codi do 2º Exército, ao se
encerrar o jornal da hora do almoço. Ele
N
a redação, como sabíamos
que tinham acontecido prisões de jornalistas na cidade, da mulher do chefe de
reportagem do jornalismo da Cultura,
Dilea Frate, dele mesmo, Paulo Markun,
do Rodolfo Konder, Pola Galé, Sérgio
Gomes, Duque Estrada e outros de várias redações -, e que todos estavam no
Doi-Codi, na rua Tutóia, a redação estava
tensa. Igualmente era o clima em outras
redações e principalmente na sede do
Sindicato dos Jornalistas Profissionais
de São Paulo. Os telefones entre os jornalistas eram muitos e a paranóia,ou
não, de estar sendo seguido pela ruas, a
pé, por viaturas,de estar com seu telefone censurado, aumentava.
Clarice Herzog e seus dois filhos, tinham
ido para a redação porque era final de semana e ao terminar o jornal"Hora da Noticia", 20h30, iria com seu marido, Vladimir
Herzog, para um sitio que tinham nos arredores. Mesmo apreensivos, pensava-se
que a vida continuava normal e que o episódio seria ultrapassado em breve.
Na redação, quem fechava o jornal era
Demétrio Costa. Rose Nogueira era editora internacional. O editor chefe interino era o Fábio Perez.
Gabriel Priolli, Chico Falcão, Paulo Roberto Leandro, Afonso de Mônaco eram
alguns dos repórteres. Roberto Dupré
editava o jornal da manhã.
Com o jornal fechado às 19h55 horas,
Vladimir Herzog subiu para o switer com
o coordenador, Osvaldo Salerno, levando
os textos da edição e os filmes de reportagens já montados. O "Hora da Noticia",
da TV Cultura, iria entrar no ar.
Tivemos a informação da portaria da
rua Carlos Spera (pouco depois fechada
definitivamente) que duas pessoas queriam falar com o Vlado. Fomos lá, Chico
Falcão e eu. Eram dois agentes do DOPS.
Se identificaram. E entraram
Entendemos na hora o que desejavam e
explicamos a eles que não poderiam "con-
versar" com o Vlado porque ele
estava colocando o jornal no ar.
Entramos e explicamos na redação
o que estava acontecendo.
Paulo Nunes, repórter setorista da área militar, ligou para os
militares do Doi/Codi. A pressão
era total. Clarice recebeu conselho de pegar o Vlado na suíte e
sair pelos fundos com os filhos.
Vlado não aceitou. "Nada tinha a
temer e tudo seria explicado", falou.
Contatos houveram com o secretário
da Cultura, José Mindlin, a quem a TV
Cultura era, e é, subordinada. Sem outra
opção, Chico Falcão e eu fomos então, de
viatura da emissora, até a casa do presidente da Fundação Padre Anchieta, Rui
Nogueira Martins, nos Jardins, explicar
o que estava acontecendo e pedir sua intervenção para evitar a prisão do Vlado.
Depois de nos atender pela janela, pediu
para que fossemos encontrar o chefe de
segurança da fundação, que era tio do
André Freire
Raul Varassin: “Tínhamos a sensação de
estar sendo seguidos pelas ruas”
delegado Sergio Paranhos Fleury para
encaminhar uma solução. Seguimos para
a casa dele e o apanhamos.
Quando chegamos na redação, estava
sendo fechado um acordo com o capitão
(ou coronel?) Ubirajara,(nome ficticio),
chefe do Doi/Codi da época. O acordo
permitia que Vlado fosse dormir em
casa com a família e que o setorista Paulo Nunes fosse junto. Cedinho no sábado
dia 25, Vlado e Paulo Nunes se apresentariam no Doi/Codi, na rua Tutóia,"para
prestar esclarecimentos".
Raul Varassin era redator de notícias
9
P rêmio Vladimir Herzog
UNIDADE NOEMBRO 2010
FOTOGRAFIA
Tortura em domicílio
Guto Kuerten - Diário Catarinense
Menções honrosas
De frente para o crime
Weimer Carvalho - O Popular
de Goiás
Morta ao sair da delegacia
Ney Douglas Marques - Novo
Jornal, Rio Grande do Norte/RN
Jurados
Elvira Alegre, Amâncio Chiodi e
Kiko Farkas
RÁDIO
Infância perdida
Fabiana Maranhão, Sofia Costa
Rego, Vanessa Beltrão e Vanessa
Cortez - Rádio Jornal (PE)
Menções Honrosa
Desaparecidos... feridas que não
cicatrizam, de Letícia Cardoso e
Rodrigo Lira, Rádio CBN Vitória
(ES)
Poder que abusa, Carlos Morais,
Fábio de Figueiredo Mendes, e
Glynner Freire Brandão Costa,
Rádio Jornal Recife AM 780 (Sistema Jornal de Comércio)
Jurados:
Benê Rodrigues, Benê Correia e
Oswaldo Luiz Colibri Vitta
JORNAL
Crimes de maio
Renato Santana - A Tribuna (Santos-SP)
Menções honrosas
Diários da liberdade
Paula Sarapu - O Dia (Rio de Janeiro)
Inquisição - no rastro dos amaldiçoados
Demitri Túlio, Luis Henrique
Campos, Cláudio Ribeiro, Ana
Mary C. Cavalcante e Fátima Su-
10
dário - O Povo (Fortaleza-CE)
Jurados
Sinval Itacarambi, Paulo Salvador
e Rose Nogueira
LIVRO
O Cardeal e o repórter - histórias
que fazem História
Ricardo Carvalho - Editora Global
Menção Honrosa
Não foi por acaso - A história
dos trabalhadores que construíram a Usiminas e morreram no
massacre de Ipatinga, de Marcelo Freitas, Comunicação de Fato
Editora
Jurados
Professor Mario Sergio de Moraes, Maurice Politi e Mouzart Benedito
INTERNET
O Verbo se fez vida
Inês Calado - JC Online
Menções Honrosa
Filhos do tremor - Crianças e seus
direitos em um Haiti devastado,
de Marcelo Bauer (webdocumentátio)
Infância perdida, de Fabiana Maranhão, Sofia Costa Rego, Vanessa Beltrão e Vanessa Cortez, JC
Online
Jurados
Gilberto Nascimento, Rodrigo Savazoni e Dácio Nitrini
ARTE
Crime e Castigo
Fernando de Castro Lopes, Correio Braziliense
Menção Honrosa
Fidel solta um passarinho, de SAMUCA - Samuel Rubens de Andrade, Diário de Pernambuco
Jurados
Professor Adolpho Queiroz, Mar-
ly Bolina e Elifas Andreato
TV/Reportagem
Infância roubada
Fabiana Maranhão, Sofia Costa
Rego, Vanessa Beltrão e Vanessa
Cortez, TV Jornal do Comércio
(SBT)
Menção Honrosa
Combate à tortura - CDHM (parte 1 e 2), Hanna Costa, Adson
Sousa Palma, Fábio Henrique
Pedrosa, Luciana César Cordeiro Couto e Sebastião Vicente TV
Câmara
Menção Honrosa
Presídios - sobrevivendo no inferno, Thatiana Brasil, Célio Galvão e
equipe, Rede de Televisão Record
Jurados
Dr. Belisario dos Santos Jr. , Raul
Varassin e José Vidal Pola Galé
TV DOCUMENTÁRIO
Vencedor - Raça Humana
Dulce Queiroz e equipe - TV Câmara
Menções Honrosa
Paredes pintadas
Pedro Santos e equipe - TV UFSC
Pistolagem: tradição ou impunidade?, de Paulo Garritano, Gélson Domingos e Carlos Alexandrino - TV Brasil
Jurados
Evaldo Dell'Omo, Nelma Salomão
e Antônio Carlos de Jesus
IMAGEM
Rebelião Fundação Casa
Carlos Velardi - EPTV/Rede Globo (Campinas)
Menção Honrosa
Série Sertão Nordestino
Kaká Trovo (Carlos Renato Trovó) - TV Clube/Bandeirantes (Ribeirão Preto)
Jurados
Evaldo Dell'Omo, Nelma Salomão
Rogerio Lorenzoni
Os jornalistas premiados
e Antônio Carlos de Jesus
REVISTA
Escravas da moda
Maria Laura Neves, Revista Marie Claire
Menções Honrosa
Grupos de extermínio matam
com a certeza da impunidade, de
Tatiana Merlino, Revista Caros
Amigos
Terra sem lei
Carlos Juliano Barros , Revista
Rolling Stones
Jurados
Magda Oliveira, Ana Trigo e Ri-
valdo Chinen
Especial
Saúde como direito do cidadão
Hanseníase: a marca do estigma
Solange Calmon e equipe - TV Senado (DF)
Menções Honrosa
Feirão do aborto
Eduardo Faustini e equipe - Fantástico - TV Globo
Amor nos tempos da Aids
Pâmela Oliveira - O Dia (RJ)
Jurados
Roseli Tardeli, Dr. Samir Salman e
Reginaldo Dutra
2º Prêmio Jovem
Jornalista Fernando Pacheco Jordão
“Direito à vida e direito
à justiça”
Projeto de pauta – Como os
moradores de favelas paulistanas que tiveram suas moradias
incendiadas no ano de 2010 estão sendo atendidos pelo poder
público
Estudantes – Rodolfo Blancato
de Barros e Eduardo Paschoal
de Sousa.
Professor Orientador – Claudio
Júlio Tognolli
Universidade de São Paulo
Escola de Comunicação e
Artes
Projeto de pauta – Um paciente muito especial: retrato da
saúde adolescente no Brasil
Estudante – Lucas de Tommaso Gomes Carvalho
Professor Orientador – Cristiane Henriques Costa
Universidade Federal do Rio
de Janeiro
Escola de Comunicação
Projeto de pauta – Uma causa,
um gesto, um direito para todos
Estudante – Elizângela Maliszewski
Professor Orientador – Deivison Moacir Cézar de Campos
Universidade Luterana
do Brasil
Especial – “Violência contra a
mulher”
Projeto de pauta – Face obscura: retratos de uma realidade da
violência contra mulher
Estudantes – Beatriz Sobral Backes Costa, Bruna Kfouri Portella
e Vanessa de Cássia Serafim
Professor Orientador – Denise Paiero
Universidade Presbiteriana Mackenzie
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O jornal Unidade convidou quatro
importantes personalidades da vida
institucional brasileira para falar sobre
a questão da credibilidade da imprensa
ao assumir a defesa de determinada
candidatura na campanha eleitoral. Os
entrevistados se posicionaram sobre a
questão da liberdade de imprensa, sobre
demissão de jornalistas que não seguem
a linha editorial do veículo e outras
consequências que esta decisão pode ocasionar. Esta situação ficou transparente
após editorial publicado, dias antes da
votação do 1° turno, no jornal O Estado
de São Paulo (Estadão), que assumiu
apoio ao candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra.
Os convidados foram o professor e jurista,
Dalmo Dallari, o sociólogo e cientista
político Emir Sader e os jornalistas Celso
Schröder e Mylton Severiano (Myltainho).
Os motivos do convite é que a campanha
trouxe desdobramentos para os que trabalham na mídia: a demissão da psicanalista
Maria Rita Kehl, colaboradora do Estadão
(que teve sua coluna descontinuada), o
afastamento do âncora Heródoto Barbeiro
do programa Roda Viva da governamental
TV Cultura, quando questionou Serra
sobre o preço abusivo nos pedágios nas
Unidade: É justo que profissionais de
comunicação que não compartilham da
mesma posição política de seus veículos
sejam punidos por expressar opiniões
ou questionar fatos discordantes da linha editorial do veículo?
Dalmo Dallari: Não considero justo
exigir que os profissionais de comunicação compartilhem da mesma posição política dos dirigentes dos veículos para os
quais trabalham. Esses profissionais são
pessoas livres, com todos os direitos inerentes à cidadania, entre os quais o direito de ter e de externar livremente suas
opiniões políticas. É evidente que isso
não lhes dá o direito de utilizar os meios
postos à sua disposição por força do contrato de trabalho para fazerem proselitismo, defendendo suas idéias políticas e
fazendo propaganda de seus candidatos
a um cargo eletivo. Mas é óbvio que na
abordagem dos temas, na transmissão
de informações e no comentário sobre
os fatos estará, inevitavelmente, refletida sua posição política, assim como sua
avaliação ética do assunto comentado. O
que é lícito exigir do profissional é que
ele respeite a verdade. Nesses termos,
um comentário sobre os altos preços do
pedágio no estado de São Paulo tem por
base um fato verdadeiro, que a imprensa
em divulgado. E evidentemente o comu-
nicador não poderá ser forçado a dizer
que considera justo e razoável o que, em
sua avaliação baseada em fatos, tendo
em conta os valores sociais e as opiniões
externadas por representantes de entidades da sociedade civil, é injusto e deve
ser noticiado com ênfase para que seja
revisto. É absolutamente injusto e eticamente condenável punir um profissional
porque manifesta essas idéias.
Unidade: Esta postura vai contra a
prática do jornalismo e o seu papel de
informar de forma imparcial. Em sua
opinião esta prática abala a credibilidade do veículo ou dos profissionais
em questão?
Dalmo Dallari: A punição do profissional que, cumprindo seu dever com
inatacável nível ético externa uma opinião serena, imparcial e desprovida de
sectarismo sobre fato que é verdadeiro,
é injusta e anti-ética. A manifestação
de opinião nesses temos é um serviço
público relevante e faz parte do conteúdo essencial da liberdade de opinião e
expressão, que é atributo da cidadania
no Estado Democrático. É óbvio que a
punição do profissional que usou desse
modo a sua liberdade de expressão é um
atentado à prática do bom jornalismo e
ao seu papel de informar respeitando a
verdade, sem ocultar ou distorcer os fatos de que tem conhecimento e que são
de interesse público. Não há dúvida de
é criticável, se for assegurado o
mesmo espaço aos que adotam
posições divergentes, mas a publicação dessa matéria deve ser
de inteira responsabilidade dos
signatários, sem a afirmação ou
insinuação de que essa ou aquela
é a posição do veículo. Tenha-se
em conta, além disso, que o engajamento de um grande órgão
de imprensa na campanha de
candidato implica, também, uma
interferência ilegal do poder econômico na disputa eleitoral.
Unidade: Como fica a credibilidade dos profissionais que
foram punidos como Maria Rita Kehl,
Lino Bocchini e Heródoto Barbeiro?
Dalmo Dallari: Os profissionais de
imprensa que foram punidos por manifestarem uma opinião serena e imparcial, sobre fatos verdadeiros, desagradando as preferências dos proprietários
e dirigentes dos veículos, como ocorreu
com Maria Rita Kehl, Lino Bocchini e
Heródoto Barbeiro não têm afetada sua
credibilidade, pois o conjunto das circunstâncias deixou evidente que eles
foram vítimas da intolerância. Qualquer pessoa razoavelmente informada
desses fatos, e respeitadora dos princípios fundamentais da sociedade democrática, não tem dúvida de que eles
sofreram uma injustiça. A partir de agora eles serão conhecidos como profissionais respeitáveis que foram vítimas da
intolerância totalitária.
Acervo pessoal
Dalmo Dallari: “Fazer
campanha de candidato
é uma degeneração da
liberdade de imprensa”
estradas paulistas e a ação movida pelo
jornal Folha de São Paulo contra o blog
“Falha de São Paulo”, assinado pelos jornalistas Mario e Lino Bocchini, que satirizava a posição política do jornal paulista.
Também teve aspecto de censura o pedido
realizado pelo PSDB junto à Justiça
Eleitoral de recolhimento dos exemplares
da Revista do Brasil e do jornal da Central
Única dos Trabalhadores (CUT).
que a punição dos profissionais em tais
circunstâncias é uma injustiça evidente e
tem efeito negativo sobre a credibilidade
do veículo e de seus dirigentes.
Unidade: Como você analisa o fato eleitoral da imprensa assumir claramente
sua preferência política e fazer campanha para determinado candidato?
Dalmo Dallari: O fato de um grande órgão de imprensa, não vinculado
a partido político, assumir claramente
sua preferência política, fazendo campanha em favor de determinado candidato, é uma degeneração da liberdade
de imprensa. Com efeito, o que justifica
a garantia constitucional da liberdade
de imprensa. Com efeito, o que justifica
a garantia constitucional da liberdade
de imprensa é o pressuposto de que ela
é um veículo de todo o povo, que informa com imparcialidade. Ela influi sobre
a formação das opiniões, mas a formação que a imprensa proporciona deve
ser decorrência do conhecimento e da
avaliação que fazem seus usuários de
um noticiário imparcial. A publicação de
artigos em favor de um candidato não
Dalmo de Abreu Dallari - É jurista e professor
emérito da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) e professor catedrático
da UNESCO na cadeira de Educação para a Paz,
Direitos Humanos e Democracia e Tolerância.
UNIDADE NOVEMBRO 2010
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C redibilidade
A polêmica do alinhamento político
dos veículos de comunicação
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Unidade: Como você analisa a atuação dos meios de comunicação na cobertura da campanha eleitoral?
Schröder: Esta é uma luta política
contra as ações predatórias que envolvem mentiras e silêncios. O que está por
trás de tudo isto é a disputa do conceito de liberdade de expressão. É isto que
está em jogo. Espertamente, a mídia se
apropriou disto, sequestrou o conceito e
junto com ela a ideia de liberdade de imprensa. E eles usam isso como se fosse
um sinônimo. Na verdade, a liberdade
de imprensa é um dever que empresas e
jornalistas, inclusive têm de realizar. A
profissão como um direito da sociedade.
Unidade: E a democratização dos
meios de comunicação. Ela é possível
no país?
Schröder: É uma luta difícil e complexa porque nós não temos espaço para
fazê-la, já que os empresários têm ao seu
lado organizações internacionais onde o
fato de ter comprado um jornal lhe dá o
direito de dizer o que quiser sem que isto
tenha algum tipo de controle da sociedade. Isto é inominável, é absolutamente
contraditório com a ideia generosa de que
a liberdade de expressão é o direito que
o cidadão tem de falar e ouvir o que ele
quiser. Para isso, é preciso ter pessoas que
o façam e quem realiza isto é a imprensa.
Unidade: Como romper com este modelo?
Schröder: Temos que combater isto
em várias frentes. Uma delas é conceitualmente. Temos que constituir aliados que
tenham coragem de mudar esta realidade.
Temos que produzir opiniões a respeito.
Temos que disputar a opinião pública
e trazer o debate para luz do dia e dizer
“olha o que significa liberdade de expressão”. Nossa tarefa é difícil e complexa.
Unidade: Você acha que um grande jornal tomar decisão em defender
publicamente um candidato é reflexo
disto?
Schröder: Acho que a tomada de posição foi reflexo da ação do presidente Lula
associada à luta histórica dos movimentos sociais de exigir regras para comunicação. O Estadão se sentiu obrigado a se
manifestar e tentou usar uma conhecida
postura norte-americana de expressar
posições estabelecidas pela elite. Ao
declarar-se favorável ao candidato Serra,
o jornal acha que está autorizado a jogar
toda publicação em defesa do candidato
deles.
Não é isso que os jornais norte-americanos fazem. Eles usam a parte de opinião, inclusive, declarando os recursos
que disponibilizam para o candidato,
resguardando para o conteúdo do editorial. A imprensa brasileira não fez isso
ao posicionar-se desta maneira. Pressionando e demitindo seus profissionais,
ela impede que os jornalistas exerçam a
liberdade de expressão.
Unidade: Isso prejudica o jornalismo?
Schröder: Que o jornalismo está em
crise todos sabem e alguns teóricos tendem a acreditar que os inimigos do jornalismo são as novas tecnologias. Há uma
dimensão da sociedade, uma velocidade
da vida que impede que as pessoas leiam.
Eu acredito que o inimigo é o mau jornalismo, ou seja, fazer da informação um
espetáculo e atribuir ao jornalismo dimensão publicitária ou relações públicas
a partir de interesse dos empresários. Isso
sim macula o jornalismo.
Unidade: Esta tendência ganhou
força com a retirada do diploma do
jornalismo?
Schröder: Sim. O tiro no pé que o jornalismo sofreu é um tiro do fogo amigo
de empresários que não conseguem compreender os mecanismos das novas tecnologias, que capitulam para uma lógica
fácil em que o jornalismo desaparece e é
substituído pela publicidade. Isto é um
equívoco do ponto de vista dos seus negócios. Por isto estão quebrando, falindo.
Unidade: Como reagir a este vício?
Schröder: A reação deve vir da sociedade brasileira a partir do entendimento de que a liberdade de expressão não
é monopólio da grande imprensa. Esta
realidade reafirma a necessidade de regulação e regulamentação. Portanto, o
debate tem que ser no parlamento para
que se faça um marco regulatório. É notório o desconforto tanto da sociedade
quanto dos profissionais que são reféns
deste tipo de cobertura. É imprescindível conquistarmos mecanismos que proteja e impeça esta política insustentável.
Atribuir à liberdade de expressão como
uma verdade absoluta é imaginar que
qualquer segmento tenha a sua liberdade acima de qualquer outra prioridade.
Isto não é possível.
Emir Sader:
“A intolerância do
pensamento único
é totalitária”
Unidade: Qual é a sua opinião sobre a posição política assumida pelos grandes veículos de comunicação durante a cobertura da campanha eleitoral e seus desdobramentos?
Emir Sader: Um órgão de comunicação deveria, por definição, ser um órgão pluralista, reservando para os editoriais as posições dos proprietários. Os jornalistas, por seu lado, deveriam
poder, em momentos agudos, como as eleições, usar os espaços
de que dispõem para manifestar suas posições. A intolerância
do pensamento único é totalitária.
Unidade: Esta postura
coloca em dúvida a credibilidade do veículo ou dos profissionais em questão?
Emir Sader: Sim, porque
se sabe que toda a edição dos
meios é unidirecionada, sem
pluralismo, sem objetividade. Mesmo quando, de forma
sincera, assuma o apoio a algum candidato, o órgão não
deveria funcionar como um
órgão de partido, como tem
ocorrido.
Unidade: Como você avalia a censura aos profissionais que
foram punidos por emitir opiniões contrárias à linha de pensamento do veículo?
Emir Sader: São vitimas desse pensamento único que se abate sobre os órgãos atuais da mídia, punidos por expor suas posições livremente.
Acervo pessoal
UNIDADE NOVEMBRO 2010
Schröder: “Liberdade
de expressão não
é monopólio da
grande imprensa”
André Freire
C redibilidade
Celso Schröder, presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) e presidente da Federação dos Periodistas da América Latina e Caribe (Fepalc) faz análise
a questão da democratização e da crebibilidade dos meios de comunicação,
a exigência do diploma, entre outros temas.
Emir Sader é sociólogo e cientista político, graduado em Filosofia, mestre
em filosofia política e doutor em ciência política pela Universidade de São
Paulo (USP), onde foi professor, de filosofia e de ciência política. Trabalhou
como pesquisador do Centro de Estudos Sócio Econômicos da Universidade
do Chile e foi professor de Política na Unicamp.
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Mylton Severiano (Myltainho)
trabalhou em diversos veículos como
Folha de São Paulo, Estadão, Jornal
da Tarde, revista Realidade, Quatro
Rodas, Rede Globo, TV Cultura (SP),
TV Tupi, TV Abril,entre outros.
Escreveu a coluna “Enfermaria” para
a revista Caros Amigos e edita textos
do Almanaque Brasil de Cultura
Popular (revista de bordo da TAM).
Unidade: Como você avalia a cobertura das eleições presidências, onde
um órgão de comunicação dá apoio um
candidato. Seu apoio ultrapassa a sessão editorial e assume também o conteúdo da publicação e com punições
para aqueles tentam mostrar os dois
lados da campanha?
Mylton Severiano: Tais punições
mostram justamente a verdadeira face
desses santarrões da “liberdade de expressão”, da “liberdade de imprensa”.
Os donos dos veículos da mídia gorda
são os mesmos ou descendem dos que
no começo da década de 1960 iniciaram
traiçoeira campanha contra a constitucionalidade vigente, ou seja, promoveram o “caldo de cultura” para ali vicejar
a mais facinorosa ditadura militar que
este país já sofreu com a derrubada do
presidente civil João Goulart, a quem
acusaram de ser pró-comunista, de
preparar um golpe, de rumar para uma
república sindicalista – não faltou sequer o achincalhe pessoal, com alusões
a uma pretensa infidelidade conjugal da
primeira-dama. (Dariam apoio inclusive logístico, na sequência, caso da Folhona, que fornecia caminhonetes para
os antros de tortura.)
Como se vê, a técnica hoje continua a
mesma: notícias sem fundamento com
“acusações” sobre ninharias vão para as
manchetes tentando provocar estardalhaço, quando contra a candidata que querem
impedir de vencer as eleições – ver Folhona
de domingo 17 de outubro de 2010: Irmão
de diretor de estatal negocia projetos de
energia (detalhe: o irmão desmentiu e saiu
apenas como uma dentre inúmeras cartas no dia seguinte; a notícia que ensejou
manchete contra Dilma é aquilo que chamamos de pastel de vento). Mas, quando
vem à baila um Paulo Preto, que se acusa
de fugir com 4 milhões de reais da campanha do candidato que eles querem pôr
em Brasília; ou quando uma ex-aluna de
Mônica Serra – que saiu por aí espalhando a barbaridade de que Dilma é “a favor
de matar criancinhas” - relembra que ela,
Mônica Serra, fez um aborto constrangida
pelo próprio marido, aí a notícia vai dentro
do jornal, de preferência na parte de baixo
da página e sem sequer chamada na capa!
Ah, se Dilma tivesse feito um a borto! Deus
do céu, levariam o caso em manchetes até a
véspera da eleição.
E o jornalista que resolvesse questionar, na certa seria punido com o foram.
O fato é que nossa mídia gorda, em geral,
continua a serviço do que há de pior na
política nacional e ainda não chegou ao
estágio republicano.
Unidade: Esta postura vai contra a
prática do jornalismo e o seu papel de
informar de forma imparcial. Como
fica a credibilidade do jornalismo?
Mylton Severiano: De saída, afirmo
que precisamos avaliar melhor a questão
da imparcialidade. Isto não existe e, de
certa forma, é bom. Senão, bastaria um
só jornal e um só noticiário de televisão
– para quê vários se todos fossem igualmente “imparciais”?
Posto isso, vamos lá. Que cada veiculo
tenha seu estilo, sua escolha de pautas,
o ângulo pelo qual examina os fatos, o
critério de importância, desde que nos
narrassem os “fatos” o mais próximo
possível de como se deram. E deixassem
o “opinionismo” para as páginas dos
editoriais. De modo que todo veículo,
assim penso eu, tem o direito e até o
dever de declarar seu voto, mas separar
opinião de notícia. E não é o que estão
fazendo. Assim, concordo “esta prática
Amancio Chiodi
“A mídia está a serviço
do que há de pior no
país”, diz Myltainho
A mídia tradicional assumiu o papel de
partido político contra a democratização
da comunicação no país. A opinião
é de Mylton Severiano, o Myltainho, um
dos profissionais que fez história no
jornalismo brasileiro, considerado
um dos melhores textos na profissão
abala a credibilidade do veículo” e “dos
profissionais em questão”.
Unidade: Como você classifica este
tipo de imprensa?
Mylton Severiano: O que temos
visto, especialmente nos veículos impressos, é um opinionismo camuflado
de noticiário. Mal falaram as urnas do
primeiro turno, já os jornais saiam atrás
da boataria de que Dilma é a favor do
aborto – note: a favor do aborto, e não
da “legalização” do aborto, que é outra
coisa, coisa de país realmente laico, republicano, com separação entre Igreja
e Estado, modernismo civilizatório por
cima do qual passaram como brucutus.
Uma gráfica de São Paulo recebeu a encomenda de 20 milhões – repitamos: 20 milhões – de panfletos que acusam Dilma e o
PT de favoráveis ao aborto, encomendados
por uma diocese paulista. Da gráfica é sócia
uma irmã de Sergio Kobayashi, coordenador de infraestrutura da campanha de José
Serra Chiricco (ele esconde o último sobrenome). Vamos destrinchar o passado. Kobayashi foi no meio dos anos de 1970, auge
da ditadura militar facinorosa, candidato a
deputado federal pela Arena – Aliança Re-
novadora Nacional, partido que sustentava
a ditadura.
Então, o caso da gráfica que ia imprimindo 20 milhões de panfletos,
dos quais o primeiro (espero) milhão
foi apreendido pela Polícia Federal, virou uma simples chamadinha de primeira página na Folhona. Como vivo
em Florianópolis e bem distante do
centro, não sei como outros veículos
publicaram a notícia. Mas, temos pleno direito de supor que, se isto acontecesse com Dilma, suponhamos uma
encomenda de 20 milhões de panfletos na gráfica de um apaniguado do
PT acusando Serra, por exemplo, de
lavar as mãos com álcool toda vez que
aperta mão de gente do povo, Deus do
céu! Era manchete diária até o fim da
campanha: Cunhado da madrinha de
filha de Dilma leu o panfleto e aprovou – Irmão de amigo de ex-marido de
Dilma também lava a mão com álcool
– Farmacêutico de Belo Horizonte diz
que pais de Dilma compravam álcool
em sua farmácia – Denúncia provoca
queda das ações da indústria alcooleira etc.
UNIDADE NOVEMBRO 2010
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O
vaivém
do mercado
Por Eduardo Ribeiro
UNIDADE NOVEMBRO 2010
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CHEGOU ÀS BANCAS Lola Magazine, aposta da Abril para mulheres com
mais de 30 anos, que é mensal, tem circulação nacional e aborda temas como
beleza, moda, consumo e lazer. A equipe
da diretora de Redação Angélica Santa
Cruz conta com Almir de Freitas (editor sênior), Lena Carderari (editora de
Moda), Luara Anic (editora de Beleza),
Thais Gouveia (editora de Fotografia),
Mayu Tanaka (diretora de Arte), Rafael
Sens (editor-assistente), Carol Vaisman
e Naila Maia (repórteres), e Klaus Bernhoeft e Bruna Sanches (designers). Na
versão online, a equipe é composta por
Gabriella Galvão (editora), Luísa Dalcin
(repórter) e Ângela Bacon (designer).
A NASTARI EDITORES já colocou
nas bancas as quatro edições simultâneas de Meridiani, sobre Roma, Egito,
França Mediterrânea e Argentina. O título é licenciado da italiana Editoriale Domus. A Direção Editorial é de Walterson
Sardenberg, o Berg, e ao seu lado estão
Geiza Martins (editora-assistente), Leda
Trota (editora de Arte), Sheila Martinez
(assistente de Arte), Valdemir Cunha
(editor de Imagem), Fernando Martinho
(editor-assistente de Imagem) e Mario
Bresighello (coordenador de tradução).
COMEÇOU A CIRCULAR em São Paulo a trimestral Mesa Tendências, filhote
da Prazeres da Mesa. O diretor Editorial é
Ricardo Castilho, que tem na equipe Marta Barbosa (redatora-chefe), André Clemente (diretor de Arte), Ricardo D’Angelo
(editor de Fotografia), Leticia Rocha
(editora) e Horst Kissmann (repórter especial). Os colaboradores são Alexander
Landau, Alexandra Forbes, Antonio Rodrigues, Jorge Carrara e Sérgio Coimbra.
SIBELLE PEDRAL, editora-sênior de
Claudia, foi promovida a redatora-chefe.
Ainda por lá, registro para as chegadas
das repórteres Bruna Bittencourt (Beleza) e Karen Fujisaki (Moda).
JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO começou na revista Poder, de Joyce Pascowitch.
A REVISTA DO BRASIL, publicação
da Editora Gráfica Atitude foi censura a
pedido da coligação “O Brasil pode mais”,
encabeçada pelo PSDB, de José Serra. O
Tribunal Superior Eleitoral notificou a
edição 52, que foi tirada de circulação por
trazer na capa foto da presidenta eleita,
Dilma Rousseff (PT). Além da Revista do
Estão nesta edição do Moagem nomes como Goulart de Andrade, Luiz Voltolini,
Karla Jimenez, Cristina Padiglione, Adriana Teixeira, Carlos Haag, Wladyr Nader,
João Luiz Vieira, entre outros. A edição também destaca uma dúzia de lançamentos. Boa leitura!
Brasil, foi suspensa circulação do Jornal
da CUT, ano 3, nº 28 e o Blog do Artur
Henrique, presidente da Central Única
dos Trabalhadores (CUT).
J ornal
CRISTINA PADIGLIONE é a nova titular da coluna Sem Intervalo, do Caderno 2, do Estadão, no lugar de Keila Jimenez, que foi para a Folha de S.Paulo para
assumir a Outro Canal, da Ilustrada.
AINDA NA FOLHA, Thais Bilenky
passou a integrar a equipe de Monica
Bergamo e Lulie Macedo, que dirigia a
revista Serafina, passou a editora-geral
do Núcleo Revistas, passando a responder pela área editorial e a dividir operações com Cleusa Turra, que assumiu a
área comercial. Iara Crepaldi, editora de
Fotografia de Serafina, ficou interinamente no lugar de Lulie.
EDMUNDO OLIVEIRA LEITE JR.
migrou do portal para a Coordenação
do Arquivo do Estadão. Em Conteúdos
Digitais, Marcelo Hargreaves assumiu a
Coordenação de Cultura, Suplementos e
do portal Limão.
DEIXARAM O DIÁRIO DE S.PAULO
a editora-executiva Adriana Teixeira
([email protected]), os repórteres Eric
Fujita e Rafael Ribeiro e os fotógrafos
João Clara, Fernando Dantas, Lawrence
Bodnar e Anderson Prado. E começaram
os editores Carlos Haag, para o caderno
Viva, Edu Garcia na Fotografia e Daniele
Fontinelle na Arte. Marcelo Pereira, que
editava Fotografia, retomou o trabalho
como repórter fotográfico.
ESTÁ MARCADO para o feriado de 15
de novembro o lançamento de duas novas edições da Rede Bom Dia de jornais,
respectivamente nas cidades de São José
dos Campos e Taubaté. Elas nascem de
parceria entre Ferdinando Salerno, dono
de O Vale, e J. Háwilla, da Traffic e Rede
Bom Dia de Jornais.
A METRO BRASIl, que edita o Metro,
lançou o Metro Quadrado (ou Metro²),
publicação quinzenal, com tiragem de
120 mil exemplares e distribuição gratuita aos sábados na capital, focado no
mercado de imóveis. Dirigida por José
Luiz Longo a equipe conta ainda com
Irineu Masiero (coordenador de Redação), Paola Carvalho (editora-executiva),
Vitor Iwasso (editor de Arte) e Wilson
Dell´Isola, Adriana Cardillo e Marianna
Pedrozo (repórteres).
T elevisão
AOS 76 ANOS de idade e 52 de atuação no jornalismo, Goulart de Andrade
deixou a Record News e foi para o SBT,
para atuar no SBT Repórter.
CAROLINA CHAGAS voltou à rotina
das redações na Rede TV. Vai cuidar de
projetos especiais e ajudar na pauta de
todos os programas jornalísticos.
AMIR LABAKI aceitou convite para
ser o apresentador do Cultura Documentários, novo programa da TV Cultura que
vai ao ar, de 2ª a 6ª.feiras, às 23h30.
PATRÍCIA FAZAN está cobrindo licença-maternidade de Liliane Oliveira,
produtora do Jornal das Dez, da GloboNews
R ádio
ÁLVARO OLIVEIRA FILHO assumiu
a Gerência-Executiva Nacional da CBN,
no lugar de Zallo Comucci, que deixou a
emissora, após 19 anos de casa. Outras
duas novidades foram as promoções de
Leonardo Stamillo a gerente de Jornalismo e de André Sanches a coordenador de
Esportes.
SÉRGIO NOGUEIRA passou a apresentar o quadro Língua Solta na Rádio
Bandeirantes (AM 840 e FM 90,9), sobre
questões gramaticais e curiosidades do
nosso idioma.
MICHELLE TROMBELLI, vinda da
CBN, começou na BandNews FM, reforçando o time de repórteres especiais e
âncoras da emissora.
I
nternet
WLADIR NADER lançou este mês a
Escritablog (http://escritablog.blogspot.
com), com foco exclusivo em Literatura,
como sua antecessora, a revista Escrita,
que ele criou há 35 anos e dirigiu por 13,
até deixar de circular, em 1989.
JOÃO LUIZ VIEIRA deixou o portal
Terra, onde havia pouco mais de um ano
era editor-executivo de Vida e Estilo.
NO R7, o portal de notícias da Rede
Record, o diretor de Conteúdo Antônio
Guerreiro foi promovido a diretor geral.
Ainda por lá, o repórter Miguel Arcanjo Prado passou a editor de Famosos e
TV, substituindo Lele Siedschlag, que
agora cuida apenas do blog Te Dou Um
Dado (http://migre.me/1CmHH). Marina Yakabe e Mariana Poli assumiram,
respectivamente, as coordenações dos
canais de Música e Moda & Beleza. Mariana Garcia passou a coordenar Receitas
& Dietas e Bichos. Thiago Blumenthal é o
novo coordenador de Cinema. E Gabriela
Quintela passou a editar a home page do
R7, ao lado de Daniel Pinheiro.
A FOLHA DE S.PAULO estreou em
seu site a Rádio Folha, que fica online
24 horas e combina programação musical com jornalismo. A rádio é um trabalho conjunto da empresa Aorta Mobile
e do Núcleo de Novas Mídias da Folha,
dirigido por Ana Busch e que tem como
diretor de Tecnologia Fernando Nemec
e Ricardo Feltrin na Secretaria de Redação. No mesmo dia, o jornal fez a primeira transmissão em vídeo e em rede, em
caráter experimental, da TV Folha, com
Fernando Rodrigues como âncora.
O BLOG DO TAS, de Marcelo Tas, deixou o UOL, em que estava desde 2003, e
foi para o Terra (http://blogdotas.terra.
com.br).
A ssessorias
A TAM passou a fazer internamente
todo o trabalho de assessoria de imprensa que até então contava com o apoio da
MVL. Costurou um acordo com a agência para ficar com a própria equipe que
vinha atuando no atendimento. À exceção da coordenadora, Silvana Cintra, que
preferiu continuar na MVL, os demais
profissionais foram contratados pela
companhia – Roberta Isfer, Marcelo Couto, Adriana Stadella, Tatiana Assumpção
e Catherine Midori, além de Michel Vita,
que fazia parte de outro núcleo da agência. Na TAM, a coordenação da área é da
gerente de Relações com Imprensa Carla Dieguez, que já tem na equipe Fideo
Miya e Tathiane Cavalcante. A direção é
de Marcelo Mendonça. Contatos pelos
[email protected] e 11-55829748 / 8167 / 8153.
LUIZ VOLTOLINI deixou a Gerência
da Assessoria de Comunicação Corporativa da Fiesp, onde esteve por pouco
mais de dois anos. Os contatos dele são
[email protected] e 13-34559268.
VIRGINIA GARBIN, ELIZABETH
BOAS e Aline de Oliveira começaram
O vaivém do mercado
na equipe da Assessoria de Imprensa e
Comunicação da Rede Record. Saíram
Cristina Peter e Fernanda Guarda, para
Caras, e Bruno Kono, para o iG.
RENATA HERNANDES despediu-se
do Senac e começou na Luares Comunicações. Rosangela Florêncio assumiu a
vaga dela na coordenação da assessoria
de imprensa do Senac.
A MTV BRASIL tem nova equipe de
assessoria de imprensa: o gerente Edgard
Ribeiro Jr., a assessora Aninha Guerra e
a estagiária Camila Pereyra.
ROSÂNGELA BEZERRA deixou a Ricardo Viveiros Oficina de Comunicação.
Seus contatos são rosangela.bezerra43@
gmail.com e 11-8821-4150.
CRISTINA SEGATTO, após atuar em
diversas frentes na Prefeitura de Amparo, está de mudança para São Paulo. Os
contatos dela são [email protected]
ou 19-3817-3079 / 9121-7229.
BETE ALINA SKWARA, que estava
na S/A desde 2009, volta à carreira solo,
em home office, com sua B.A. Comunicação.
COMEÇARAM NA S/A Patrícia Acioli,
Bêni Biston, Fernando Irribarra, Rafaela
Trida, Luiz Giagio e Juliana Sá.
COMEÇOU A OPERAR na semana
passada, em São Paulo e São José dos
Campos, a agência Empório dos Textos
(www.emporiodostextos.com.br). Informações com Ana Gabriela Saboya ([email protected] e 118887-8707).
A ASSESSORIA DE IMPRENSA da
Secretaria Municipal de Segurança Urbana de São Paulo (11-3124-5197 / 5186 /
5194) passou a funcionar na rua Augusta, 435, 2º – CEP 01305-000. A coordenadora de Comunicação é Fátima Brito
([email protected]).
T elegráficas
COMEÇOU A CIRCULAR a Revista
Conexão (Editora p2i), distribuída gratuitamente nos bairros de Aclimação,
Cambuci, Chácara Klabin e Vila Monumento. É dirigida por Ivan Darghan,
Paulo Esteves e Paulo Pacheco.
A REVISTA AUTODATA celebrou um
novo recorde editorial e comercial com a
edição 254, de outubro, em que apagou
as velinhas de seu 18º aniversário. Foram 236 páginas (aí incluídas as quatro
capas), quase cem delas de publicidade.
MASSA é o nome do novo jornal popular da Bahia, lançado pelo grupo A
Tarde. O Correio também se prepara
para lançar um popular, cujo título provavelmente será 15 Segundos.
P essoais
JOSÉ MARQUES DE MELO, diretortitular da Cátedra Unesco de Comunicação, recebeu em outubro o Prêmio Iberoamericano de Teoria da Comunicação,
pela Universidade de Oviedo, da Espanha.
JOÃO PAULO NUCCI está de volta
ao Brasil depois de passar seis meses em
San Francisco, nos Estados Unidos, em
temporada de estudos e frilas. Seus contatos são [email protected] e 11-99637555.
OUTRO QUE ESTÁ de volta ao Brasil
é Leandro Beguoci (ex-Veja), após período de estudo em Londres. Os contatos
dele são [email protected] e 11-81152906.
TIDA MEDEIROS, ex-diretora de nosso Sindicato e há 12 anos morando em
Brasília, para onde foi após ser aprovada
em concurso público para trabalhar no
Senado, aposentou-se e deixou a casa.
Vai, agora, dedicar-se a projetos pessoais. Seu e-mail pessoal é tidamed@gmail.
com.
VALÉRIA BARACCAT, presidente
do Instituto Arte de Viver Bem, lançou
o terceiro fascículo da Cartilha sobre o
Câncer de Mama, para circular em hospitais públicos e privados do Estado de
São Paulo.
MARCOS TODESCHINI (Época Negócios) foi um dos quatro brasileiros
selecionados pelo Programa Balboa para
Jovens Jornalistas Ibero-americanos,
cuja décima edição acontecerá na Espanha em 2011. Os outros são Vitor Bittencourt Rocha (A Tarde/BA), Fernando
Nakagawa (Estadão/DF) e Mahomed
Mahmud Saigg (O Dia/RJ). Foram mais
de 2.700 inscritos em toda a América
Latina para o programa, que inclui seis
meses de trabalho como jornalista em
Madri. As inscrições para 2012 começam
em abril do ano que vem. Mais informações em www.programabalboa.com.
L ivros
RAIMUNDO PEREIRA escreveu O
escândalo Daniel Dantas – Duas investigações (Editora Manifesto), reportagem sobre a investigação de Protógenes
Queiroz, ex-delegado da Polícia Federal,
que conduziu a Operação Satiagraha, e a
investigação dele próprio, Raimundo, sobre o trabalho do recém-eleito deputado
federal pelo PC do B-SP.
HERÓDOTO BARBEIRO lançou Por
dentro do mundo corporativo (Editora
Saraiva), que traz uma seleção de personalidades entrevistadas no programa
CBN Mundo Corporativo.
RICARDO VIVEIROS é o autor de Laudo Natel: um bandeirante, sobre a vida do
ex-governador do Estado e que também
presidiu o São Paulo Futebol Clube.
MÔNICA KRAUSZ lançou Almanaque de Ovnis, ETs, Alienígenas e outros
seres espaciais (Panda Books).
MOUZAR BENEDITO é o autor de
Pobres, porém perversos (Editora Publisher), seu sexto livro – um romance sobre matutos na cidade grande.
WILLIAM SALASAR estreou no
mundo do livro com A longa estrada da
dívida, “uma grande reportagem sobre
como o Brasil nasceu e cresceu devendo
as calças, mas acabou se arrumando e virando investment grade".
MATTHEW SHIRTS lançou O jeitinho americano (Realejo), que reúne suas
99 melhores crônicas entre as 800 que
escreveu para o jornal desde 1994.
VILMAR SIDNEI BERNA escreveu
Comunicação ambiental – Reflexões e
práticas em educação e comunicação ambiental (Paulus).
MAURÍCIO OLIVEIRA conta sua experiência de trabalhar por conta própria
no livro Manual do Frila – o jornalista
fora da redação (Editora Contexto).
MARÍLIA CARDOSO e Luciano Gissi explicam a importância da educação
financeira para as crianças no livro Você
sabe lidar com o seu dinheiro? Da infância à velhice (Primavera Editorial).
ALINE ANJOS, repórter do Jornal da
Comunicação Corporativa (Mega Brasil),
é a autora de Amado Batista – O cantador de histórias (Editora Horizonte).
ANA FLAVIA MAGALHÃES PINTO
escreveu Imprensa Negra no Brasil do
século XIX (Selo Negro Edições).
R egistro
MORREU em 17 de setembro, aos 56
anos, em São Paulo, Maurício Ielo, profissional que se especializou em futebol do
interior do estado e turfe. Esteve muitos
anos no Estadão (Esportes e Economia)
e passou por Gazeta Esportiva e Gazeta
Mercantil. Faleceu de complicações pósoperatórias no Hospital Igesp, dois dias
após uma cirurgia do coração.
UNIDADE NOVEMBRO 2010
Por Eduardo Ribeiro
Jornalista remonta a história do
saxofonista Casé
Um dos mais geniais músicos brasileiros, o saxofonista José Ferreira Godinho
Filho (Casé) era quieto e despojado. Tornou-se mito mesmo antes de ser encontrado morto num hotel da Boca do Lixo
paulistana, em 1978. No livro Casé –
Como Toca Esse Rapaz! (Prêmio Funarte
de Produção Crítica em Música 2010), o
jornalista e músico Fernando Lichti Barros recupera a quase esquecida trajetória
do saxofonista, que teve entre seus admiradores os críticos Walter Silva, Zuza
Homem de Mello, Tárik de Souza, Roberto Muggiati e João Marcos Coelho.
Entre os músicos, Casé foi referência
para João Donato, Paulo Moura, Sadao
Watanabe, Dick Farney, Major Holley, Elis Regina, Claudete Soares, Tim
Maia, Raul de Souza, Julio Medaglia,
Theo de Barros, Zimbo Trio e Proveta,
líder da Banda Mantiqueira. A eles se
alinha o escritor e também saxofonista
Luís Fernando Veríssimo, que assina a
quarta capa do livro: “Casé era um músico extraordinário e uma personalidade única. Teve uma vida cujo desfecho
misterioso foi o arremate final, a coda,
do mito em formação.”
O autor iniciou em 2004 o trabalho
que resultou na
recomposição da
movimentada
vida de Casé. “Ele
passou boa parte
do tempo escondido atrás das estantes de partitura. Começou a
carreira num circo, tornou-se aos
13 anos o primeiro sax alto da orquestra da Rádio
Tupi e aos 20 foi
tocar sem contrato no Iraque. Apresentou-se tanto nas
melhores orquestras e nos teatros mais
luxuosos como nas bibocas mais remotas, deixou poucas gravações, que se
tornaram antológicas, e foi encontrado
morto aos 46 anos”, resume Fernando
Barros.
15
UNIDADE NOVEMBRO 2010
P rêmio Vladimir Herzog
Culto
ecumênico
revela fotos históricas
N
16
a seção Imagem deste mês, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de
São Paulo divulga fotos inéditas
encontradas no arquivo da entidade sobre o culto ecumênico em
homenagem a Vladimir Herzog,
realizada na Igreja da Sé, no dia 31
de outubro, em 1975. Após ser torturado o jornalista foi assassinado
nas dependências Doi-Codi, no dia
25. Vlado acabou virando símbolo
da resistência contra a ditadura
militar implantada em 1968.
As fotos retratam momento histórico que uniu jornalistas e socie-
dade civil na luta contra a ditadura
no país. O ato reuniu na mesma
cerimônia Dom Paulo Evaristo
Arns, arcebispo de São Paulo, Dom
Helder Câmara, arcebispo de Olinda e Recife, o rabino Henry Sobel
e o pastor presbiteriano Jaime
Wright. Audálio Dantas presidia a
entidade dos Jornalistas. Foi a primeira grande manifestação contra
a tortura e os assassinatos da ditadura após o AI-5.
O Sindicato desconhece a autoria
das fotos históricas e tenta localizar
o autor ou alguém que saiba a quem
elas pertencem.

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