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ANAIS
III Congresso de Natureza, Turismo e Sustentabilidade
30 de junho a 03 de julho de 2013
Centro de Convenções de Bonito
Bonito – Mato Grosso do Sul
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III CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE
30 de junho a 03 de julho de 2013
REALIZAÇÃO
Fundação Neotrópica do Brasil
PARCEIROS INSTITUCIONAIS
Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul
Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agrário, da Produção, da
Indústria, do Comércio e do Turismo de Mato Grosso do Sul
(SEPROTUR)
Governo do Estado de Mato Grosso do Sul
Prefeitura Municipal de Bonito – MS
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS
PATROCINIO PRATA
MMX Mineração e Metais S.A.
PATROCINIO BRONZE
Instituto Semeia
Petrobrás/ Governo Federal
III CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE
30 de junho a 03 de julho de 2013 – Bonito/ MS
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III CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE
30 de junho a 03 de julho de 2013
APOIO
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio)
Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE)
Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado
de Mato Grosso do Sul (FUNDECT)
Universidade Católica Dom Bosco
Universidade Anhanguera Uniderp
Fundação Manuel de Barros
Portal O Eco
Instituto Homem Pantaneiro
EcoBrasil
Photo in Natura
Promossel
Associação Brasileira de Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura (ABETA)
Conselho Municipal de Turismo de Bonito (COMTUR)
Associação de Atrativos Turísticos de Bonito e Região (ATRATUR)
Bonito Convention Bureau
Rio da Prata
Hotel Piramiúna
Hotel Paraíso das Águas
Hotel Águas de Bonito
Pousada Olho D'Água
Hotel Marruá
Pousada Chamamé
Hotel Cabanas
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Idealizador do evento
Dr. Miguel Serediuk Milano
Conselheiro Honorário da Fundação Neotrópica do Brasil
Coordenação geral
Drª Gláucia Helena Fernandes Seixas
Superintendente Executiva da Fundação Neotrópica do Brasil
Coordenação executiva
M. Sc. Marja Zatoni Milano
Coordenadora de Projetos da Fundação Neotrópica do Brasil
Coordenação logística
Cecilia Brosig
Bióloga da Fundação Neotrópica do Brasil
Equipe
Anne de Souza Galvão | Jornalista | Fundação Neotrópica do Brasil
Anne Zugman | Bióloga-Educadora Ambiental | Fundação Neotrópica do Brasil
Giana Alves Correa | Auxiliar administrativo e financeiro | Fundação Neotrópica do
Brasil
Michele Chincoviaki Pereira | Voluntária | Fundação Neotrópica do Brasil
Vandir Fernandes da Silva | Técnico de campo voluntário| Fundação Neotrópica do
Brasil
Victor do Nascimento | Técnico de campo | Fundação Neotrópica do Brasil
Walter Alexandre Oliveira Figueiredo | Auxiliar administrativo e financeiro
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Monitores Voluntários
Camila da Silva Pereira | UFMS | Campo Grande| MS
Cláudia Naomi Oyama | Fepar | INSEP | Almirante Tamandaré| PR
Fabricio Gomes Figueiredo | UFGD | Dourados | MS
Gabriel Felix Ortega | UFMS | Campo Grande | MS
Inês Regina Dias De Souza Braga| Curso de Guias | Bonito| MS
Johnny Alexandre Ferreira | UFMS | Campo Grande| MS
João Carlos Raimundo Junior | UEMS | Aquidauana| MS
Marcelo Minuzzi Niederauer | Guia local |Bonito | MS
Marcia Regina De Alencar | Colégio Falcão | Bonito| MS
Marina Mayumi |Colégio Falcão | Bonito | MS
Morgana Pereira Gonçalves da Silva | Curso de Guias | Bonito |MS
Tânia Regina Fernandes Seixas |Voluntária da Fundação Neotrópica do Brasil
Verónica Ramirez Martinez | UFMS | Ponta Porã | MS
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APRESENTAÇÃO
O turismo e a natureza possuem uma estreita relação de dependência. Podese dizer, inclusive, que o meio ambiente é a base de um amplo segmento do
turismo, quando o homem desloca-se para outros lugares em busca do contato
com a natureza, do desconhecido, da aventura e de novas culturas. Entretanto, toda
atividade turística gera impactos, que podem ser negativos ou positivos, quer em
termos ambientais como sociais.
Os impactos negativos de projetos turísticos incluem a degradação dos
mesmos ambientes dos quais dependem para o êxito das suas iniciativas,
colocando em risco suas operações e condições de sustentabilidade. Isso inclui, no
campo social, por exemplo, as características das relações com as comunidades
locais e a sociedade como um todo. Por outro lado, com bom planejamento, é
possível gerenciar o desenvolvimento do turismo para minimizar seus impactos
negativos e potencializar os benefícios para o ambiente e a sociedade. Só assim, o
turismo torna-se aliado da conservação da natureza e pode desempenhar um papel
fundamental ao contribuir para a valorização de áreas naturais protegidas, a
conservação de espécies-bandeira da fauna nativa, a sensibilização e educação
ambiental do público visitante, a obtenção de recursos para a preservação
ambiental e o desenvolvimento socioeconômico local de forma sustentada.
Quando se fala em turismo e sustentabilidade, é preciso reconhecer a
importância de planejar em longo prazo e utilizar indicadores de desempenho que
avaliem aspectos econômicos, ambientais e sociais. Além disso, é preciso investir
em práticas e tecnologias que permitam minimizar e monitorar os impactos
negativos do turismo sobre o ambiente e as comunidades locais.
Nesse contexto, o Congresso de Natureza, Turismo e Sustentabilidade foi
idealizado para discutir o turismo como promotor da conservação ambiental e da
natureza como capital de base para o turismo.
Tomando por base a experiência e o sucesso alcançados nas edições
anteriores (2010 em Bonito/MS e 2011 em Cuiabá/MT), o CONATUS está se
tornando uma referência para todos que de alguma forma pensam, pesquisam e
atuam no turismo de natureza e sustentável no Brasil.
Vale ressaltar que não há momento mais oportuno para as discussões e
reflexões aqui propostas, vistos os investimentos em turismo que já estão
acontecendo para a Copa de 2014 no Brasil e as Olimpíadas de 2016 no Rio de
Janeiro. Logo, é fundamental o planejamento cuidadoso, que gere bons e perenes
frutos, preparando o Brasil para se inserir na indústria de turismo mundial de
grande escala.
Ainda mais diversificado, em sua terceira edição o Conatus contou com a
participação de palestrantes da Argentina, Costa Rica, México e Portugal, além de
especialistas de renome nacional e internacional, para compartilharem os seus
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conhecimentos com os congressistas. No total foram 31 palestrantes, e mais de 350
participantes, três dias de palestras, mesas redondas, reuniões paralelas e sessões
de apresentações de trabalhos técnicos e científicos em painéis.
As palestras e artigos aqui apresentados correspondem às apresentações
realizadas durante as palestras, mesas redondas que fizeram parte do III CONATUS
também compõe este documento os resumos expandidos que foram selecionados
pelo comitê técnico científico do III CONATUS.
É importante ressaltar que os trabalhos presentes nesta publicação são de
inteira responsabilidade dos autores, independentemente de seus vínculos
institucionais, bem como não necessariamente retratam a opinião dos
organizadores do evento.
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SUMÁRIO
1. FUNDAÇÃO NEOTRÓPICA DO BRASIL ............................................................................................... 10
2. PROGRAMAÇÃO III CONATUS .......................................................................................................... 15
3. MESAS REDONDAS ........................................................................................................................... 20
3.1. CASOS DE SUCESSO ......................................................................................................................... 20
NAS TRILHAS DA BIODIVERSIDADE DO PANTANAL: OPORTUNIDADES E AMEAÇAS ......................... 20
ECOTURISMO NO JALAPÃO: TRAJETÓRIAS E DESAFIOS .................................................................... 26
ALTERNATIVAS PARA SUSTENTAÇÃO FINANCEIRA DE RPPN: DESAFIO COMPARTILHADO ENTRE
EMPRESA E ONG ............................................................................................................................... 27
3.2 EXPERIÊNCIAS TEMÁTICAS ............................................................................................................... 33
OBSERVAR É PARA QUEM ENXERGA LONGE .................................................................................... 33
MERGULHO EM FERNANDO DE NORONHA ...................................................................................... 35
CAMINHADAS DE LONGO PERCURSO ............................................................................................... 39
3.3 PARECERIAS PÚBLICO PRIVADAS...................................................................................................... 40
PARCERIA PÚBLICO PRIVADA - A VISÃO DO ICMBIO ......................................................................... 40
PARCERIA PÚBLICO PRIVADA: A VISÃO DO INSTITUTO SEMEIA ....................................................... 41
PARCERIA PÚBLICO PRIVADA: A VISÃO DO CONCESSIONÁRIO ......................................................... 42
3.4 TURISMO DE BASE COMUNITÁRIA E GESTÃO DESCENTRALIZADA ................................................... 46
TRAJETÓRIA DO TURISMO NO SUL DA BAHIA: SOCIEDADE, BIODIVERSIDADE E PLANEJAMENTO ... 46
CONSTRUINDO UM MODELO DE TURISMO DE BASE COMUNITÁRIA PARA AS UNIDADES DE
CONSERVAÇÃO FEDERAIS ................................................................................................................. 56
UM MODELO DE GESTÃO DESCENTRALIZADA DO TURISMO: A PARCERIA ENTRE A SECRETARIA
MUNICIPAL DE TURISMO E O CONSELHO MUNICIPAL DE TURISMO DE BONITO-MS ....................... 57
3.5 POLÍTICAS PÚBLICAS SOBRE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE ...................................... 58
FUNDO DE COMPENSAÇÕES AMBIENTAIS E A IMPLANTAÇÃO E MANUTENÇÃO DE UC NO BRASIL 58
USO PÚBLICO NAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DO RIO DE JANEIRO ........................................... 59
A EXPERIÊNCIA DA FUNDAÇÃO DE TURISMO DE MS ........................................................................ 61
SOBRE OS DESTAQUES DO III CONATUS – ENCERRAMENTO ............................................................ 62
4. PALESTRAS ...................................................................................................................................... 63
EXPERIÊNCIAS DE USO PÚBLICO NA ARGENTINA: LIÇÕES A APRENDER ........................................... 63
ROTA VICENTINA: 350 KM DE CAMINHADA NO SUDESTE DE PORTUGAL ........................................ 64
UMA EXPERIÊNCIA DE TURISMO DE AVENTURA NO MÉXICO .......................................................... 67
TURISMO DE VIDA SELVAGEM: A VISÃO DE UM CONSUMIDOR E ALGUMAS LIÇÕES ...................... 68
PARCERIAS PÚBLICO-PRIVADAS PARA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NO BRASIL ........ 73
HOTÉIS SUSTENTÁVEIS ...................................................................................................................... 76
INFRAESTRUTURAS SUSTENTÁVEIS PARA USO PÚBLICO EM UC ...................................................... 80
ASPECTOS FILOSÓFICOS E JURÍDICOS DA REGULAÇÃO E LICENCIAMENTO DO TURISMO DE
NATUREZA NO BRASIL ....................................................................................................................... 81
5. RESUMOS EXPANDIDOS ................................................................................................................... 82
AÇÕES AMBIENTAIS EM HOTÉIS DO RIO DE JANEIRO/RJ: ................................................................. 82
CONHECIMENTO E GESTÃO DOS HOTELEIROS CARIOCAS ................................................................ 82
SUELLEN ALICE LAMAS ...................................................................................................................... 82
AS MOTIVAÇÕES E O CUSTO DE VIAGEM DOS VISITANTES DO PARQUE NACIONAL DA CHAPADA
DOS VEADEIROS (PNCV) - UMA CONTRIBUIÇÃO AO DESENVOLVIMENTO DA COMUNIDADE DE SEU
ENTORNO .......................................................................................................................................... 88
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CAMA E CAFÉ MULHERES DE PEDRA: UMA PROPOSTA PARA DESENVOLVIMENTO DE TURISMO DE
BASE LOCAL ....................................................................................................................................... 95
CARACTERIZAÇÃO DOS SERVIÇOS AMBIENTAIS PRESTADOS PELA ................................................. 101
GRUTA DO SALITRE, DIAMANTINA-MG .......................................................................................... 101
FERRAMENTA DE GESTÃO OPERACIONAL PARA O FORTALECIMENTO DO USO PÚBLICO NO ESTADO
DO RIO DE JANEIRO: ANÁLISES E PERSPECTIVAS DOS “PARQUES DA COPA” ................................. 107
FORTALECIMENTO DO USO PÚBLICO NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO: CONCEPÇÃO E AÇÃO EM
UNIDADES DE CONSERVAÇÃO ESTADUAIS ..................................................................................... 113
NORMALIZAÇÃO EM TURISMO DE NATUREZA: A EXPERIÊNCIA DO PROGRAMA AVENTURA
SEGURA.. ......................................................................................................................................... 119
O DESENVOLVIMENTO TURÍSTICO NO MUNICÍPIO DE VARGEM-SP/BRASIL .................................. 125
O PAPEL DO TURISMO DE CONSERVAÇÃO NA CONSTRUÇÃO DE NOVOS VALORES AMBIENTAIS EM
PROJETOS DE PESQUISA .................................................................................................................. 131
O PROGRAMA TURISMO SOLIDÁRIO NA COMUNIDADE DE MENDANHA, MG ............................... 138
O TURISMO COMO PROMOTOR DA CONSERVAÇÃO AMBIENTAL .................................................. 145
PROJETO AVES URBANAS – ARARAS NA CIDADE E O TURISMO DE OBSERVAÇÃO ......................... 151
SELEÇÃO DE INDICADORES PARA MEDIR O GRAU DE SUSTENTABILIDADE EM MATÉRIA DE
QUALIDADE DO MEIO FÍSICO E DOS RECURSOS NATURAIS PARA DESTINOS DE PRAIA ................. 155
TRILHA TRANSCARIOCA ................................................................................................................... 163
TURISMO EM ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL: UM ESTUDO, SOBRE A RESEX MARINHA CAETÉTAPERAÇU/BRAGANÇA ................................................................................................................... 169
TURISMO DE BASE COMUNITARIA: UMA ALTERNATIVA PARA O DESENVOLVIMENTO DO TURISMO
NO PARÁ. O CASO DA ASSOCIAÇÃO DE MULHERES DAS ILHAS DE BELÉM,LOCALIZADO NA ILHA DE
COTIJUBA. ....................................................................................................................................... 175
TURISMO INDÍGENA: UMA ALTERNATIVA PARA A REVITALIZAÇÃO DA CULTURA KADIWÉU ......... 181
TURISMO RURAL COMUNITÁRIO: UMA NOVA ALTERNATIVA NO SALAR DE UYUNI ...................... 188
USO PÚBLICO NAS RESERVAS PARTICULARES DO PATRIMÔNIO NATURAL DO ESTADO DO MATO
GROSSO DO SUL- MS: UM POTENCIAL POUCO EXPLORADO .......................................................... 194
USO PÚBLICO NA RESERVA BIOLÓGICA Estadual DA Praia do Sul ILHA GRANDE/RJ ...................... 201
COMITÊ TÉCNICO CIENTÍFICO .............................................................................................................. 207
TRABALHOS PREMIADOS COM MENÇÃO HONROSA ........................................................................... 209
COMISSÃO AVALIADORA DOS TRABALHOS ......................................................................................... 209
6. MOÇÕES APROVADAS PELA PLENÁRIA .......................................................................................... 210
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1. FUNDAÇÃO NEOTRÓPICA DO BRASIL
A Fundação Neotrópica do Brasil é uma organização não governamental
sem finslucrativos com sede em Bonito, Mato Grosso do Sul, Brasil. Tem como
missão promover e praticar ações de conservação da natureza para garantir a
manutenção dos diferentes ambientes naturais e da diversidade de vida na terra.
Desde sua criação, em 30 de Julho de 1993, a organização desenvolveu
diversas açõesjunto aos órgãos governamentais de meio ambiente e organizações
não governamentais do Estado. É membro do Fórum Estadual de Meio Ambiente
de MS, da Coalizão Rios Vivos, do Comitê Estadual de Recursos Hídricos do Rio
Miranda, Conselho da Rede Nacional Pró-Unidades de Conservação e está
cadastrada no CNEA (Cadastro Nacional de Entidades Ambientais) do Ministério
do Meio Ambiente.
Ao longo desses anos desenvolveu projetos de pesquisa científica,
mobilização da sociedade para a conservação da natureza e atividades que
contribuíram para a criação e o fortalecimento de unidades de conservação (p.ex.
Parque Nacional da Serra da Bodoquena, Monumento Natural da Gruta do Lago
Azul e Reservas Particulares do Patrimônio Natural) além de recuperação de áreas
degradadas e adequação de propriedades rurais.
Atualmente, a Fundação Neotrópica do Brasil realiza projetos focados nas
seguintes linhas de ação:
1) Fomento a criação e apoio a gestão das Unidades de Conservação, públicas e
privadas;
2) Recuperação de áreas degradadas e adequação de propriedades rurais no
Cerrado, Mata Atlântica e Pantanal;
3) Pesquisa científica sobre biodiversidade e conservação;
4) Comunicação, mobilização e sensibilização da sociedade para as questões
ambientais;
5) Estímulo ao desenvolvimento de políticas públicas ambientais;
6) Discutir e promover o turismo como promotor da conservação ambiental e a
natureza como capital de base para o turismo no Brasil.
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PROJETOS EXECUTADOS PELA FUNDAÇÃO NEOTRÓPICA DO BRASIL
2001 /2002
Elaboração do Plano de Ecodesenvolvimento no Entorno do
Parque
Nacional
da
Serra
da
Bodoquena.
Apoio:
MMA/PROBIO/CNPq/BIRD.
2003 e 2005
Implementação
das
Ações
Prioritárias
do
Plano
de
Ecodesenvolvimento no Entorno do Parque Nacional da Serra da
Bodoquena. Apoio: MMA/PROBIO/CNPq/BIRD.
2003 – 2009
Projeto Formoso Vivo: Proteção e Recuperação das Matas
Ciliares e Reservas Legais da Bacia Hidrográfica do Rio Formoso,
Bonito/MS: parceria com a Promotoria de Justiça de Bonito.
Apoio: Fundação Grupo O Boticário de Proteção à Natureza.
2004/2005
Projeto Corredor de Biodiversidade do Miranda - Serra da
Bodoquena: Fase I - Características e oportunidades. Apoio:
Conservação Internacional do Brasil.
2004 – 2007
Projeto Pé da Serra - Qualificação e diversificação da produção
de alimentos pelas mulheres dos assentamentos rurais do
Entorno do Parque Nacional da Serra da Bodoquena. Apoio:
Programas de Pequenos Projetos/ GEF / PNUD.
2004 – 2010
Projeto Papagaio Verdadeiro e Galego: Monitoramento e
Conservação
no
Corredor
de
Biodiversidade
Cerrado
-
Pantanal/MS. Apoio: Conservação Internacional Brasil.
2004 – 2006
Projeto Execução e Monitoramento do Plano de Conservação e
Recuperação das Matas Ciliares do Rio Formoso, em Bonito/MS.
Apoio: Fundação Grupo O Boticário de Proteção à Natureza.
2005 – 2006
Projeto Corredor de Biodiversidade Miranda - Serra da
Bodoquena Fase II: ações prioritárias do plano de conservação e
implementação. Apoio: Conservação Internacional do Brasil.
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2005 – 2007
Projeto Frutificando, diminuindo os impactos sobre os recursos
naturais com a educação ambiental, novas alternativas de
produção e renda, e organização comunitária. Apoio: Instituto
HSBC Solidariedade.
2004/2006/2008 Participação no Programa Trainee em Meio Ambiente da
Fundação Grupo O Boticário de Proteção à Natureza.
2007 – 2012
Proteção e recuperação das nascentes e corpos d'água da microbacia do rio Anhumas na região da Serra da Bodoquena, Bonito –
MS. Apoio: Fundo Nacional de Meio Ambiente.
2007 - 2010
Projeto estruturação de um laboratório de geoprocessamento
para o Ministério Público de Mato Grosso do Sul. Apoio:
Fundação AVINA.
2007-2008
Projeto Corredor de Biodiversidade Miranda - Serra da
Bodoquena - Fase III Apoio: Conservação Internacional do Brasil.
2008-2009
Projeto Corredor de Biodiversidade Miranda - Serra da
Bodoquena - Fase IV Apoio: Conservação Internacional do Brasil.
2008-2009
Projeto Reflorestar Legal. Apoio: MMX - Minerais e Metálicos.
2009-2010
Projeto Consciência Ecológica através do Ecoturismo - Guia
ECOnsciente. Apoio: Fundação Citi.
2010-2011
Projeto Corredor de Biodiversidade Miranda - Serra da
Bodoquena - Fase V. Apoio: Conservação Internacional do Brasil.
2010-2011
Ecologia e Conservação dos Psitacídeos no Parque Nacional da
Serra da Bodoquena e seu entorno, Mato Grosso do Sul. Apoio:
Fundação Grupo O Boticário de Proteção à Natureza.
2010
Realização
do
Congresso
de
Natureza,
Turismo
e
Sustentabilidade – Conatus 2010. Apoio: diversas fontes
financiadoras.
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2010-2012
Projeto Rede Latino-Americana de Ministério Público Ambiental.
Apoio: Fundação Avina, Fundação Ford e Fundação Grupo O
Boticário de Proteção à Natureza.
2011
Realização
do
II
Congresso
de
Natureza,
Turismo
e
Sustentabilidade – CONATUS 2011. Apoio: diversas fontes
financiadoras.
2011 – 2012
Projeto Corredor de Biodiversidade Miranda - Serra da
Bodoquena - Fase VI. Apoio: Conservação Internacional do
Brasil.
2011-2012
Projeto Produtores de Biodiversidade do Rio Formoso: mercado
voluntário para PSA de Biodiversidade na Bacia Hidrográfica do
Rio Formoso, em Bonito, Mato Grosso do Sul. Apoio:
Funbio/AFCoF.
2011-2012
Projeto Criação de uma unidade de conservação municipal de
uso sustentável no Entorno do Parque Nacional da Serra da
Bodoquena,
em
Bonito,
Mato
Grosso
do
Sul.
Apoio:
Funbio/AFCoF.
2011-2012
Projeto Mimoso Vivo: Adequação Ambiental de Propriedades
Rurais da Micro-bacia do Rio Mimoso, em Bonito-MS. Apoio:
PDA/MMA.
2011-2012
Projeto Inclusão Verde: Observadores Mirins de Aves da Serra
da Bodoquena e Curso de Formação de Monitores Ambientais.
Projeto realizado em parceria com o Instituto Família Legal.
Apoio: Oi Futuro.
2012-2013
Projeto Corredor de Biodiversidade Miranda - Serra da
Bodoquena - Fase VII. Apoio: Conservação Internacional do
Brasil.
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2012 – 2014
“Mapeamento de ninhos de Harpia harpyja no Parque Nacional
da Serra da Bodoquena e entorno em Bonito – Mato Grosso do
Sul”. Apoio: Fundaç~o Grupo O Boticário de Proteção à Natureza.
2012 – 2014
Projeto Eco-comunicadores do Pantanal: rede de comunicadores
ambientais no Pantanal Sul Matogrossense. Apoio: IUCN.
2012 – 2014
O papagaio verdadeiro como indutor da conservação do
Pantanal Sul. Apoio SPVS – E-cons.
2013
Realização
do
III
Congresso
de
Natureza
Turismo
e
Sustentabilidade – CONATUS 2013. Apoio: diversas fontes
financiadoras.
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2. PROGRAMAÇÃO III CONATUS
Domingo (30 de junho)
16h-19h
RETIRADA DE CREDENCIAIS
19:30
Cerimônia de abertura
Coquetel de boas vindas
Segunda-feira (01 de julho)
Temática do dia
Manhã
NATUREZA
Livre para visitas locais
13h –
13:30
Apresentação de painéis
13:30
às
14:30
Palestra 1
14:30
às
15:30
Palestra 2
Experiência de uso público na Argentina: lições a aprender
Diego Cannestraci – Nodocom Comunicaçãoe eventos
15:30
às 16h
Rota Vicentina: 350 km de caminhada no sudoeste de Portugal
Marta Cabral – Casas Brancas
INTERVALO
16h às
Palestra 3
17h
Uma experiência de turismo de aventura no México
Mauricio Morales Contel – México Verde Expediciones
Casos de Sucesso
17h às
18:30
Mesaredonda
1
Nas trilhas da biodiversidade do Pantanal: oportunidades e
ameaças
José Sabino - UNIDERP
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Ecoturismo no Jalapão: trajetórias e desafios
Lucio Flavo Adorno - UFT
Alternativas para a sustentação financeira de RPPN: desafio
compartilhado entre empresa e ONG
Rubens de Souza – MMX
Ângelo Rabelo – Instituto Homem Pantaneiro
Experiências Temáticas
Observar é para quem exgerga longe
Guto Carvalho – Avistar Brasil
18:30
às 20h
Mesaredonda
2
Mergulho em Fernando de Noronha
Ismael Escote – Atlantis Divers
Caminhadas de longo percurso
Alexandre Lorenzetto - INEA
Terça-feira (02 de julho)
Temática do dia
TURISMO
“Marca Parque: como valorizá-la”
1. Apresentação da proposta do Semeia ligada à Marca
Parque Brasil – Anna Carolina Lobo / Instituto Semeia
9:30 às
11:30
Reunião
Paralela
I
2. A visão do ICMBio- Giovanna Palazzi /Diretora de criação e
manejo de UC / ICMBio
3. Aprofundamento do tema e apresentação de experiências –
Tiago Guimarães / Consultor de Projetos e Marcas
4. A visão do operador – uma experiência do uso da Marca
Parque na Argentina – Diego Cannestraci / Operador de
turismo
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17
13h –
13:30
13:30
às
14:30
14:30
às
15:30
Apresentação de painéis
Turismo de Vida Selvagem: a visão de um consumidor e algumas
lições
Palestra 4
Fábio Olmos - Permian Global
Palestra 5
Península Papagayo na Costa Rica: um modelo sustentável
Manuel Ardón - Península Papagayo
15:30
às 16h
INTERVALO
16h às
Palestra 6
17h
Parcerias público-privadas para a gestão de Unidades de
Conservação no Brasil
Marco Aurélio de Barcelos Silva - Portugal Ribeiro & Navarro
Prado Advogados
Parcerias Público Privadas
A visão do ICMBio
Giovanna Palazzi – Diretora de Criação e Manejo de UC (ICMBio)
17h às
18:30
Mesaredonda
A proposta do Instituro Semeia
3
Anna Carolina Lobo – Coordenadora – Instituto Semeia
A visão do concessionário
Diego Cannestraci – Nodocom Comunicação e Eventos
Turismo de Base Comunitária e gestão descentralizada
18:30
às 20h
Mesaredonda
4
A cadeia do turismo beneficiando as comunidades em Itacaré –
BA
Rui Barbosa da Rocha – Instituto Floresta Viva
Construindo um modelo de Turismo de Base Comunitária para
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18
as unidades de conservação federais
Denise Carvalho - ICMBio
Um modelo de gestão descentralizada do turismo: a parceria
entre a Secretaria Municipal de Turismo e o Conselho Municipal
de Turismo de Bonito – MS
Juliane Salvadori – Secretaria Municipal de Turismo de Bonito
Quarta-feira (03 de julho)
Temática do dia
SUSTENTABILIDADE
“O avanço da cultura da soja em Bonito – MS: quais
os possíveis efeitos sobre o turismo?”
9:30 às
11:30
Reunião
Paralela
II
1. Quadro atual no Município de Bonito – MS – Paulo Sergio
Gimenes /AGRAER
2. O efeito da soja nos ecossistemas e o papel do ZEE – Dr.
Paulino Medina Jr. / UFGD
3. Esta questão na perspectiva do Direito Ambiental - Dr.
Marcelo Buzaglo Dantas/Advogado
4. Uma proposta para promover o adequado uso da terra no
município – Carolina Ximenes de Macedo / Fundação Grupo
O Boticário
13h –
13:30
Apresentação de painéis
13:30
às
14:30
Palestra 7
14:30
às
15:30
Palestra 8
15:30
às 16h
Hotéis Sustentáveis
Alexandre Garrido – Sextante Ltda.
Infraestruturas sustentáveis para uso público em UC
Sérgio Pamplona - Arquinatura
INTERVALO
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19
16h às
Palestra 9
17h
Aspectos filosóficos e jurídicos da regulação e licenciamento do
turismo de natureza no Brasil
Marcelo Buzaglo Dantas – Buzaglo Dantas Advocacia
Políticas públicas sobre Natureza, Turismo e
Sustentabilidade
Fundo de compensações ambientais e a implantação e
manutenção de UC no Brasil
Rosa Lemos de Sá - FUNBIO
17h às
18:30
Mesaredonda
5
Uso público nas UC do Rio de Janeiro
Manuela Tambellini – INEA
A experiência da Fundação de Turismo de MS
Nilde Brun – FundTur MS
Destaques do CONATUS 2013
18:30
às 20h
ENCERRAMENTO
Marcos Martins Borges – EcoBrasil
Renata L. Weiss – Instituto Semeia
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20
3. MESAS REDONDAS
3.1. Casos de sucesso
Nas trilhas da biodiversidade do Pantanal: oportunidades e
ameaças
JOSÉ SABINO: Coordena o Projeto Peixes de Bonito, pela Universidade Anhanguera
(Uniderp). Sua produção acadêmica tem foco em comportamento animal e
conservação da biodiversidade; dedica especial atenção à compreensão pública da
ciência no Brasil.
Resumo da apresentação
NAS TRILHAS DA BIODIVERSIDADE DO PANTANAL:
OPORTUNIDADES E AMEAÇAS AO TURISMO SUSTENTÁVEL
JOSÉ SABINO1
Abstract
The Pantanal's biodiversity - and the surroundinghighlands - is recognized as
natural resource with economic, cultural, aesthetic, scientific and educational
values. It is also undeniable that the Pantanal's flora and fauna provides resources
for recreation, especially for tourism. The landscape and the biological rhythm of
the biome are shaped by the flood pulse, cyclical. This natural wealth gives to the
Pantanal a remarkableability for ecotourism, with a diversity of attractions rarely
seen elsewhere. In recent years, this potential was more adequately exploited. As
the antithesis of mass tourism, sustainable tourism requires planning and training
of the business sector and government in order to meet the increasing demands
without causing damage to the environments.Examples of low-impact tourism,
combined with scientific research resulted in good references for the region, and
this activity can be expanded. At the same time, the vast natural richness of the
Pantanal is under intense threatdue to the opening of new areas for exploration
and of the development current model. Thus, the sustainable use of biodiversity is
a challenge that requires resources ranging from scientific knowledge to the
management of the natural heritage, through public and private policies that
promote ecotourism.
Palavras-chave: Ecoturismo. Conservação. Econegócios. Ameaças ambientais.
1.
1
Projeto Peixes de Bonito – Universidade Anhanguera-Uniderp.
Av. Alexandre Herculano, 1400 Jardim Veraneio, 79037-280 Campo Grande -MS
Endereço eletrônico: [email protected]
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Key words: Ecotourism. Conservation. Ecobusiness. Environmental threats.
Introdução
A biodiversidade do Pantanal – e dosplanaltos de seu entorno – constitui recurso
natural com reconhecido valor econômico, cultural, estético, científico e
educacional. Com área remanescente estimada em 146.000 km2(PETRY et al.,
2011), a planície alagável do Pantanal abriga uma das mais ricas concentrações de
vida selvagem da Terra. O bioma é povoado por uma espetacular concentração de
espécies de aves, peixes, mamíferos e tantos outros elementos de sua profícua
biodiversidade (MITTERMEIERet al., 2003).
A região tem um pronunciado contraste entre a planície sazonalmente inundável
do Pantanal e os planaltos do seu entorno, que não é inundável.A
dinâmicahidrológica pantaneira caracteriza-sepela inundação anual cíclica, que
dita o ritmo biológico do bioma, molda a paisagem e nutre um complexo mosaico
de matas, cordilheiras, campos secos, campos inundados, baías, corixos e rios.
Desse modo, os hábitats mudam em função do fluxo de água, que leva nutrientes e
sedimentos que enriquecem os hábitats, favorecendo a proliferação de
microrganismos, plantas, invertebrados, peixes, herpetofauna, aves e
mamíferos(ALHO e SABINO, 2012).
A vegetação mais a produtiva, predominante nas áreas sazonalmente alagadas,
nutre as cadeias tróficas e suportaa fauna abundante. Muitas espécies ameaçadas
de extinção, como a onça-pintada (Pantera onca) e a arara-azul-grande
(Anodorhynchus hyacinthinus) ocorrem com populações viáveis na região. Aves
aquáticas são excepcionalmente abundantes durante a estação seca, sustentadas
pela fauna aquática confinada em baías e corixos (ALHO e SABINO,
2011).Entretanto, a riqueza natural do Pantanal está sob ameaça devido à abertura
de novas áreas para exploração e pressionada pelo atual modelo de
desenvolvimento.
Ameaças à biodiversidade
O Pantanal é uma região vulnerável a riscos e ameaças ambientais (PETRY et al.,
2011).A perda de hábitats naturais e de sua biota associada tem sido drástica nas
últimas décadas. Parte das ameaças provém da pecuária bovina e de práticas
agrícolas insustentáveis, que convertem a vegetação natural em pastagens e
lavouras, sem cuidados com a conservação dos solos, especialmente nos planaltos
circundantes, onde se localizam as nascentes dos rios que correm para o Pantanal
(PETRY et al., 2011). Incêndios causados por seres humanos são graves e
tornaram-se parte do ciclo anual. Existe, ainda, a ameaça potencial da modificação
do fluxo das águas, devido à implantação de pequenas centrais hidrelétricas em
rios de planalto do entorno da Bacia do alto Paraguai, cujas águas regulam o ciclo
hidrológico do Pantanal (PETRY et al., 2011; ALHO e SABINO, 2012).
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De maneira sintética, as principais ameaças ambientais ao bioma pantaneiro
podem ser listadas em sete tópicos: (1) conversão da vegetação natural em pasto e
campos agrícolas, (2) destruição e degradação de hábitats principalmente pelo
emprego de fogo, (3) sobre-exploração de espécies, sobretudo pela pesca, (4)
poluição de água, (5) modificação de fluxo de rios principalmente pela implantação
de pequenas usinas hidrelétricas, (6) introdução de espécies invasoras exóticase
(7) turismo não sustentável (ALHO e SABINO, 2011).
A implantação de áreas protegidas é apenas uma parte da estratégia necessária à
conservação, mas – dada a variedade de ameaças – fica evidente que o uso
sustentável da biodiversidade do Pantanal demanda por uma complexa agenda
deconservação (ALHO e SABINO, 2011).
Potencial ao Ecoturismo
As principais atividades econômicasna região são a pecuária, a mineração, a pesca
comercial, de subsistência elazer, e– mais recentemente –o turismo (SEIDL,2001).
Por suas belezas naturais, o Pantanal apresenta aptidão para o ecoturismo, com
uma diversidadede atrativos raramente vista em outros locais (SABINO, 2012). O
turismo sustentável desponta como alternativa econômica para região
pantaneirapor meio de projetos, programas e políticas – públicas e privadas – que
fomentem a boa governança dos recursos naturais.No âmbito oficial, programas
como“Polos de Ecoturismo” e “Brasil dos Viajantes” s~o referências de diagnóstico,
indução e capacitação de pessoal, enquanto organizaçõesnão governamentais
como aSOS Pantanal (2012) compilam e divulgam um conjunto de boas práticas de
turismo na região.
Exemplos de turismo de baixo impacto, combinados com ações de pesquisa
científica, têm resultado em boas referências para a região, e essa atividade tende a
se ampliar. Casos de turismo baseados na observação de vida silvestre proliferam
no Pantanal, com destaque para projetos como Arara-Azul, Gadonça e Onçafari
(PIVATTO e GUEDES, 2012). Pivatto e Sabino (2007) apontam o potencial para
expans~o do “birdwachting” no Brasil, com destaque ao Pantanal.A pesca também
representa um ativo de alto valor ao turismo regional (SHRESTHAet al., 2002),
embora existam críticas à sustentabilidade do modelo predominante(BENANTE et
al., 2012).
O desenvolvimento de ferramentas e métricas confiáveis de monitoramento de
impactos do ecoturismo é essencial para manter, ou mesmo recuperar ambientes
(SABINO e ANDRADE, 2003; TERESA et al., 2011).A produção desse tipo de
conhecimento, centrado no biomonitoramento, gera capacidade de prevenir e
restaurar eventuais impactos e, em essência, resulta na segurança da operação
turística de longo prazo.
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Conclusões
Manter e usar de modo sustentável a riqueza biológica envolve apreciáveis
investimentos em recursos para a produção de conhecimento científico, além da
proteção à própria natureza. Entender a economia dos ecossistemaspode nos
orientar na tomada de decisões sobre o que e quanto devemos conservar nomundo
natural, em meio a escolhas conflitantes e demandasconcorrentespor
recursos(SUKHDEV, 2011).
Nesse cenário que conecta a economia à valoração da biodiversidade, o ecoturismo
ocupa lugar de destaque. A busca por novas experiências ao ar livre, maior contato
com a natureza e a possibilidade de conhecer lugares pouco explorados são alguns
dos motivos que tem levado cada vez mais pessoas a praticarem ecoturismo e a
gerarem negócios da economia verde(SABINO, 2012).
O turismo baseado na vida selvagem é, muitas vezes, identificado como atividade
sustentável (ROE et al., 1997). Junto dosbenefícios do ecoturismo, contudo, existem
impactos negativos que podem desencadearalterações nos sistemas naturais
(GIANNECCHINI 1993). Tais impactos foram demonstrados em diferentes grupos
taxonômicos, comomamíferos (RODE et al., 2006), aves (GILL, 2007),répteis
(ROMERO EWIKELSKI, 2002)e peixes (SABINO e ANDRADE, 2003).
Acomodar o crescente número de turistas no Pantanal, sem prejudicar a biota, é
um desafio. Há registros de que parte deste turismo é predatório. Por exemplo,
grupos de turistas podem invadir áreas frágeis que devem ser preservadas, como
locais de nidificação de aves aquáticas. Grupos de pesca esportiva podem espalhar
lixo, particularmente em acampamentos ilegais em mata de galeria, onde os
pescadores deixam sinais de sua presença destrutiva. Numerosos barcos-hotéisdo
Pantanal não tratam os resíduos de forma adequada e espalhamlixoem seu
caminho (ALHO, 2005).
Por ser a negação do turismode massa, os empresários do setor, o Poder Público e
mesmo os visitantes precisam estar preparados para se adequar às demandas cada
vez maiores,sem prejudicar os ambientes,tratando comrespeito as peculiaridades e
limites da natureza. Assim, usar de modo sustentável o patrimônio natural do
Pantanal é um desafio que demanda por recursos que vão desde o conhecimento
científico à gestão dos recursos naturais, passando por políticas públicas que
fomentem o turismo sustentável.
Agradecimentos
À Universidade Anhanguera-Uniderp pelo financiamento ao Projeto Peixes
de Bonito. Aos parceiros de Bonito e região, em especial o Grupo Rio da Prata e o
Rio Sucuri, por permitir e apoiar pesquisas em suas propriedades.
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Ecoturismo no Jalapão: trajetórias e desafios
LÚCIO FLAVO ADORNO: É geógrafo e professor da Universidade Federal do
Tocantins; presidiu por 3 anos o Fórum Estadual de Turismo do Tocantins; possui
projetos de pesquisas sobre o turismo no Jalapão patrocinados pela Fundação O
Boticário e pela Conservação Internacional; foi responsável pela instituição e
implementação da RPPN Catedral do Jalapão; esteve como Secretário de Turismo do
Estado do Tocantins nos dois últimos anos onde participou da implantação um
voucher ecológico na Cachoeira do Jalapão.É Diretor Executivo da REPANATO Associação de RPPNs do Tocantins, foi membro da CONACER - Conselho Nacional do
Programa Cerrado Sustentável (MMA/PR), do Comitê Científico da Iniciativa
Cerrado/ GEF/SBPC e Diretor da Agência de Desenvolvimento Turístico da Amazônia
– ADETUR.
Resumo da apresentação
O Jalapão, localizado no Estado do Tocantins, abrange uma área de
34.113,20 Km², composto por 8 municípios, compreendendo um Território da
Cidadania e ao mesmo tempo o maior Mosaico de Unidades de Conservação do
Cerrado. Ao todo são sete diferentes tipos de áreas protegidas, com destaque para
a vocação turística e uso público para o Parque Estadual do Jalapão, o Parque
Nacional das Nascentes do Parnaíba, o Monumento Natural Canyon e Corredeiras
do Rio Sono e a RPPN Catedral do Jalapão. As atividades turísticas só começaram
na segunda metade da década de 1990 através de expedições de aventura na
natureza por duas empresas com serviços inspirados no estilo overlanding
africano. A busca por uma terra inóspita da civilização moderna, ainda selvagem,
alicerçou o surgimento desses produtos ao desenvolvimento desse destino, que
teve no início da primeira década desse novo século um grande reforço com a
projeção da cultura local de comunidades remanescentes de quilombolas ao
demonstrarem seu conhecimento tradicional de produzirem utensílios doméstico
ao tecerem com uma planta conhecida como capim dourado. Assim firmou-se o
destino de aventura agregando o ecoturismo e o artesanato envolvendo essas
comunidades locais no roteiro das operadoras nacionais, o que ascendeu o
mercado regional com o surgimento de várias pequenas agências de receptivo
principalmente da capital do estado, entrando em disputa no mercado com o
oferecimento de serviços off road no sistema de viagem com duas caminhonetes.
Por outro lado as frequentes passagens do Rally Internacional dos Sertões
estimulou a visitação autônoma por grupos de jeppeiros e motociclistas, ao ponto
de gerar impasses entre os diferentes usuários dos atrativos naturais da região.
Atualmente o Jalapão enfrenta vários desafios de gestão ambiental de seus
atrativos, um forte desgaste e esvaziamento das instâncias de governança turística
da região, bem como de investimentos públicos e de sustentabilidade econômica
dos empresários do trade turístico.
III CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE
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Alternativas para sustentação financeira de RPPN: desafio
compartilhado entre empresa e ONG
RUBENS SOUZA: Analista de Responsabilidade Social Sênior da MMX Sudeste, MBA
em Responsabilidade Socioambiental-FGV/RJ, Pós-graduado em Educação
Ambiental-UNB, Especialista em Melhores Praticas em Ecoturismo-MPE/FunBio,
Analista de Sistemas com ênfase em Sistemas Administrativos-PUC/MG. Experiência
em Gestão de entidade civil e articulação para o fomento de iniciativas
socioambientais. Atualmente junto com a equipe de Responsabilidade Social da MMX,
é responsável pelos projetos sociais estratégicos e os previsto no EIAs do projeto
Serra Azul/MG e de Corumbá/MS.
ÂNGELO RABELO: Oficial da Reserva da PMMS no Posto de Coronel, formado pela
Academia da Brigada Militar do Rio Grande do Sul; mestre em Ciências Policiais de
Segurança e Ordem Pública pela PMESP, 2013; curso de Comunicação Social –
Especialização em Relações Públicas, Academia de Polícia Militar de Barro Branco,
1986, São Paulo – SP; Direito na Universidade Católica Dom Bosco, 1994, MBA
Marketing, Fundação Getulio Vargas, 2004, Campo Grande; curso de Especialização
em Conservação de Recursos Naturais - USP-SP; curso de Manejo de Recursos
Naturais e Áreas Silvestres - Colorado State University, 1994, Fort Collins/Colorado –
USA; diversos cursos na área de Educação Ambiental. Trabalhou dois anos como
Diretor do Departamento de Educação Ambiental - SEMA-MS; atuou com Consultor
do WWF, Sesc Pantanal e do Banco Mundial Projeto PRODEAGRO, gerente da
Atividade de Fiscalização do Programa Nacional de Meio Ambiente -Pantanal Banco Mundial, Consultor da SODEPAM para Assuntos de Proteção e Fiscalização.
Exerceu inúmeras funções publicas : Secretario de Meio Ambiente, Cultura e Turismo,
1996 a 2004, Município de Corumbá. Coordenou a implantação do Programa
Monumenta – Minc -no município de Corumbá. Ocupou o cargo de Assessor
Parlamentar no Senado Federal com Senador Delcídio do Amaral.Possui 2 Prêmios
Internacionais: Memorial Prize do WWF, Estados Unidos 1991 – WWF- USA, 1989 e
Memorial Prize do WWF , Inglaterra 1992 pelos trabalhos de Conservação a
Natureza do Brasil . Em 2010 foi agraciado com o prêmio anual Individual de
Conservação a Natureza pela Fundação Ford. Medalhas de Mérito da PMMS, PMSP e
PMRS. De 2011 a 2013 atuou na iniciativa privada como Diretor de Licenciamento
ambiental do Grupo EBX na Diretoria de Sustentabilidade, RJ. Em 2013 Recebeu em
Londres a homenagem do fotógrafo Sebastião Salgado no lançamento do Projeto
Genesis, o reconhecimento pelo trabalho em prol da conservação do Pantanal.
Atualmente exerce a função de Conselheiro do Instituto Homem Pantaneiro.
Resumo da apresentação
Em 2006 a MMX – Mineração e Metálicos S.Aempresa de mineração do
grupo EBX, adquiriu em Corumbá, Mato Grosso do Sul, uma mina para exploração
de minério de ferro.
Além de cumprir todas as exigências legais junto aos órgão ambientais para
o início das operações, adquiriu no mesmo ano voluntariamente uma área de
20.000 hectares na Serra do Amolar, com objetivos específicos de conservação e
preservação.
III CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE
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Neste mesmo ano a empresa estabeleceu uma parceria com o Instituto
Homem Pantaneiro, uma organização local que desenvolve projetos e programa
socioambiental para o Pantanal. O Instituto ficou responsável de criar uma unidade
de conservação na área e gerir programas estratégicos e os previstos em seu plano
de manejo.
O IHP organizou e coordenou duas expedições para área em dois
períodos(seca e cheia), em parceria com outras instituições como EMBRAPA e
UFMS, realizando uma Avalição Ecológica Rápida, que balizou e deu subsídios para
elaboração dos documentos necessário para criação de uma RPPN.
Em 2008 o ICMBio concedeu o titulo criação da RPPN Engenheiro Eliezer
Batista com 12.608,79 hectares considerando um polígono socioambiental
adequado a realidade local, neste mesmo ano também foi apresentado e
protocolado o Plano de Manejo da RPPN.
Com o intuito de fomentar outras iniciativas de conservação ambiental o
Instituto Homem Pantaneiro articulou com outras instituições publicas e privadas
detentoras de áreas no Pantanal e criou a Rede de Proteção e Conservação da
Serra do Amolar, agregando outras unidades de conservação publicas e privadas
somando um total de 272.000 hectares de áreas protegida, afim de criar um
mosaico com iniciativas de conservação e preservação do pantanal, para esta
iniciativa a rede contou com o apoio de outras empresas do Grupo EBX,além de
outros parceiros institucionais.
Durante estes anos o IHP e a MMX vem buscando alternativas de
sustentabilidade para a RPPN, dentro deste contexto o turismo mais
especificamente o Ecoturismo é apontando como uma possível forma de
sustentação financeira, seria esta atividade viável para a área?
Para responder esta pergunta fomos buscar fundamentos que possam
balizar possíveis investimentos e aviabilidade da atividade na área.
Em uma pesquisa2 realizada em 2006 em 14 RPPNs, mostrou-se que o
ecoturismo é mais expressivo na Mata Atlântica (41%dos casos), Pantanal (24%)e
Cerrado (17%), seguidas da Amazônia (7%), dos Costeiros(5%), da Caatinga e dos
Campos Sulinos (ambos com 3%).No Pantanal, verificou-se 161.915,2 ha em
RPPNs com ecoturismo, apresentando as reservas privadas de maiorextensão.
Tendo como os principais objetivos para sua criação: a conservação (100% dos
casos), o ecoturismo (79%), a educação ambiental (72%), a pesquisa científica
(64%). Isso evidência em que os objetivos das reservas privadas brasileiras foram
prioritariamente voltados para as questões conservacionistas, aliados a outras
intenções secundárias, com destaque para o ecoturismo.
Outro dado importante é que o ecoturismo foi avaliado como
economicamente lucrativo pela maioria dos proprietários das RPPNs (57%), em
2
RUDZEWICZ, Laura; LANZER, Rosane Maria. Práticas de ecoturismo nas Reservas de Patrimônio
Natural/2006
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que o retorno do investimento inicial para o desenvolvimento das práticas de
ecoturismo ainda não ocorreu, em 79% dos casos. Esses dados levam a considerar
que o ecoturismo deve ser um complemento à busca pela viabilidade financeira das
reservas.
Em 79% dos casos as RPPNs demonstraram integrar-se a outras áreas
protegidas, formando corredores ecológicos, ampliando sua importância para a
conservação dos ecossistemas e, na perspectiva do turismo, integrando e
diversificando as possibilidades de uso público em áreas naturais protegidas.
As dificuldades para a viabilidade financeira das reservas é a ausência de
planejamento e monitoramento ambiental demonstraram ser fatores limitantes à
perspectiva de longo prazo, tanto para fins de conservação, quanto para o
desenvolvimento do ecoturismo nos ambientes protegidos.
Um outro estudo demonstra o fluxo turismo em áreas com características
parecidas com a RPPN Engenheiro Eliezer Batista vejamos a tabela abaixo:
PERCEPÇÃO DO TURISMO EM ZONAS ÚNIDAS3
Parque EtoshaPans
Namíbia
200
mil
turistas/ano
Parque Estadual do Rio Doce*
Marliéria - Minas Gerais
25
mil
turistas/ano
Carvenas de Skocjan
Eslovênia
200
mil
turistas/ano
Parque de KaKadu
Austrália
200
mil
turistas/ano
Sesc Pantanal (RPPN)*
Poconé - Mato Grosso
20
mil
turistas/ano
De um total de 1.927 Sítios RAMSAR no mundo apenas 680(35%) tem alguma
atividade turística.
A RPPN EngenheiroEliezer Batista tem previsto em seu Plano de Manejo a
visitação publica, a área ainda não dispõem de infraestrutura adequada para o
desenvolvimento da atividade turística, porém desde 2010 recebe pesquisadores e
visitantes técnicos que desejam realizar seus trabalhos e conhecer a área. Nos
últimos 3 anos a RPPN EEB recebeu 651 pessoas formadoras de opinião,
acadêmicos de diversas universidades, estudantes, pesquisadores e
pessoasreconhecidas mundialmente.Podemos destacar as presenças como:
Thomas Lovejoy, Michael Begon, Sebastião Salgado, Lawrence Wabba, FamiliaKink
entre outros.
3
Turismo em Zonas Úmidas: Uma Grande Experiência –MMA/2011
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Atualmente são desenvolvidos na RPPN EEB diversos projetos de pesquisa e
apoio a comunidade como:




Ecologia e Conservação de pequenos e grandes felinos da Serra do Amolar,
Pantanal do Brasil;
Doenças transmitidas por vetores em canídeo silvestre (Cerdocyonthous) e
cães domésticos da região da Serra do Amolar;
Curso de Campo da UFMS, Curso Estratégias de Conservação para Natureza;
Projeto criação de peixes em taques redes e criação de abelha nativa.
Recentemente o IHP em parceria com a MMX lançou um Livro com os
aspectos biológicos da Reserva Particular do Patrimônio Natural Engenheiro
Eliezer Batista intitulada “Descobrindo o Paraiso”, que identificou diversas espécies
endêmicas ainda não descritas pela ciência mundial, ressaltando a importância e
relevância ambientalda área. O IHP também mantem parceria estratégicas
importantes para o desenvolvimento da área como: SOS Pantanal,
IBAMA/Prevfogo, Parque Nacional do Pantanal, PMA/MS, PANTHERA, SPVS, UFMS,
Acaia Pantanal, ICMBio, REPAMS, Fundação Ecotrópica, Fundação Boticário,
EMBRAPA/Pantanal.
Consideramos alguns fatores críticos e favoráveis o desenvolvimento
turístico na RPPN EEB e na região, pois existem variáveis pontos da qual os
proprietários e gestores não tem controle e não de sua responsabilidade o seu
desenvolvimento. Abaixo apontamos estes fatores
FATORES CRÍTICOS E FAVORÁVEIS AO DESENVOLVIMENTO
DE TURISMO NA RPPN EEB E REGIAO
Críticos
Favoráveis
Infraestrutura básica de apoio
turísticos nos gateways deficiente e
inexistente;
Diversidade de fauna e flora com
certa facilidade para observação;
Pouco
levantamento
da
biodiversidade;
(Criação e divulgação de lista de
fauna e Flora)
Proximidade a um parque nacional e
a outras UCs;
Distancia de
receptivos;
centros
Possibilidade de agregar a outros
destinos consolidados nacional e
internacional;
Exploração excessiva do segmento
da pesca; Inexistência de outro
produto turístico (eco)
o Pantanal apresenta ecossistemas e
dinâmicas ecológicas frágeis e as
dificuldades de acesso inibem a
presença
massificada
de
equipamentos e turistas.
grandes
III CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE
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Sazonalidade (Clima, Queimadas,
Mosquito)
Destino único com interesse de
grupos bem específicos;
Alto custo de operacionalização;
Participação e alternativa
desenvolvimento
para
comunidades do entorno;
Falta de controle e fiscalização em
área natural de grande extensão e de
difícil acesso;
Diferentes tipos de atividades
podem ser desenvolvidas na RPPN
EEB e seus entorno.
Descrédito por parte de operadores
ecoturismo com destino Corumbá;
Diferentes paisagens ao longo do
ano, por conta do pulso hídrico da
região e clima.
de
as
Aqui apontamos algumas alternativas de atividades que devem ser
precedidas de um estudo mais aprofundado para avaliar sua viabilidade
econômica e ambiental para implementação de um negócio turístico:
•
Ecolodge com atividades de:Ecoturismo - Observação de fauna e flora e
turismo segmentado/exclusivo;
•
•
•
Aventura – Canoagem, mergulho;
EtnoCutural;
Turismo Cientifico;
Apontamos ainda outras alternativas de sustentabilidade e geração de
renda para área:
•
•
•
•
•
PSA por desempenhar um importante papel de repositório(berçário) de
estoque pesqueiro que influencia diretamente a cadeia do turismo de pesca;
Pagamento de taxa de conservação aos visitantes com renda revertida para
fundo das comunidades locais e para custos operativos de conservação e
manutenção do valor natural e cultural da área;
Valoração da Biodiversidade – Banco Genético;
REDD - Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação florestal;
Utilização dos recursos naturais de forma sustentável;
Neste contexto podemos concluir que noPantanal existem práticas bemsucedidas e grande potencial turístico nas RPPNs, porém, em sua maioria o
ecoturismo praticado no Pantanal Sul Matogrossense ainda é uma atividade
inexpressiva, desordenada, de baixa qualidade impulsionada, quase que
exclusivamente, pela oportunidade mercadológica, deixando a rigor, de gerar os
benefícios sócio-econômicos e ambientais esperados e comprometendo não raro, o
conceito de imagem do produto ecoturístico brasileiro nos mercados interno e
externo.
III CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE
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Neste sentido a MMX e o IHP estão desenvolvendo um plano de negócios e
de sustentabilidade que apontem a viabilidade, alternativase soluções com o
objetivo de estruturar e dotar a região da Serra do Amolar de equipamentos e
serviços turísticos de alta qualidade explorando o seu potencial natural e cultural
de forma sustentável, objetivando a conservação, proteção e sustentabilidade da
RPPN EEB, bem como o retorno financeiros aos parceiros envolvidos.
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3.2 Experiências temáticas
Observar é para quem enxerga longe
GUTO CARVALHO: É profissional de comunicação e birdwatcher. Atou muitos anos
como diretor publicitário, produziu e dirigiu séries de TV como Ecoprático e
Sustentáculos além de programas especiais com foco em conhecimento e
sustentabilidade. É criador e organizador do Encontro Brasileiro de Observação de
Aves - AvistarBrasil.
Resumo da apresentação
Observação de aves pode ser definida como a necessidade compulsiva de
identificar objetos voadores. Um observador de aves não é somente aquele ser com
roupas camufladas, binóculos e um compêndio ornitológico, nem o fotógrafo
solitário com um tripé nas costas e uma lente-bazuca nas mãos. Antes de ser
profissional um observador de aves se esconde naquele tiozinho que atrapalha o
trânsito ao estacionar seu carro pra olhar uma gavião pousado na marginal do
Tietê em São Paulo, ou ainda na madame que coloca comidinha na varanda do
prédio dos Jardins. E esse estilo não se perde, nem mesmo após fotografar a sua
1749º espécie.
Ser observador é um estilo de vida e se manifesta em todas suas atividades.
Em sua origem, "observar uma ave" é a experiência criadora do birdwatching e tem
sua potência máxima no prazer de ver e identificar uma espécie desejada, o
chamado "orgasmo ornitológico".
Diferente de outras modalidades como por exemplo canyoning ou escalada,
onde o "objeto do desejo" é estático, no birdwatching ele é móvel: as aves tem asas
e podem voar… Isso cria condições únicas de mobilidade e dispers~o: Basta uma
ave migratória aparecer no centro de Belo Horizonte, para converter a urbana
lagoa da Pampulha num centro pop-up de birdwatching. Os recentes burburinhos
(twitching) em torno do gavião de penacho, tuits, caburé-acanelado são outros
bons exemplos desse fenômeno.
A experiência da observação segue intrincadas regras estatísticas, mas de
modo geral será freqüente onde houver muitas aves e algumas pessoas, ou onde
houver muitas pessoas e algumas aves e atinge o ápice em locais com muitas gente
e muitas aves… (Manaus por exemplo). Isso explica que a maioria dos registros
ocorre em locais inusitados para o turismo de natureza. São Paulo, por exemplo,
ocupa um surpreendente e honroso quarto lugar na lista de espécies.
A observação de aves, se analisada pela ótica de seu produto (orgasmo
ornitológico), apresenta uma distribuição estatísticas do tipo Cauda Longa, onde
alguns destinos líderes dominam o mercado (Pantanal, Alta Floresta, Lagoa do
Peixe, Itatiaia, etc) mas paralelamente uma infinidade de locações alternativas
gera um volume de negócios muito superior ao gerado pelos líderes.
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Isso aponta caminhos alternativos ao atendimento dos top birders,
brasileiros ou gringos. Abre espaço para inovação e exploração de nichos. Indica
uma estratégia de consolidação e fortalecimento dessa cauda longa. Os hotspots
sempre serão importantes, mas a verdadeira consolidação do segmento depende
de entender melhor a demanda, a dinâmica e a diversidade de um segmento com
asas e uma longa cauda.
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Mergulho em Fernando de Noronha
ISMAEL ESCOTE: Iniciou a carreira como profissional de mergulho em Bonito-MS,
onde chegou em 1995 e viveu por 9 anos; formou-se como Guia de Turismo do MS em
1996 e como Instrutor de Mergulho em 1998; em 1999 criou a operadora de
mergulho Sub Mundo, especializada em mergulho técnico e cavernas, e esta se tornou
pioneira na implementação comercial de mergulhos com misturas gasosas no Brasil.
Mora em Fernando de Noronha desde 2006, assumindo a coordenação de mergulho
técnico e tornou-se responsável pela coordenação geral das operações de mergulho,
pela seleção e treinamento da equipe. Participou de diversos treinamentos de gestão
e qualidade pelo Sebrae em Fernando de Noronha e auxiliou na implementação do
Sistema de Gestão de Segurança (SGS) na Atlantis Divers. É instrutor de mergulho
pelas certificadoras PADI - NAUI - SSI - TDI - IANTD – IANTD, especializado em
mergulho em cavernas, mergulho profundo, mergulho em naufrágios, misturas
gasosas, foto sub, vídeo sub, DPV e emergências e resgate.
Resumo da apresentação
Introdução
A atividade de mergulho autônomo em Fernando de Noronha é sem dúvida
um dos pilares de sustentação da cadeia turística da Ilha. O fluxo anual, de acordo
com dados da administração de FN, foi de aproximadamente 62.000 visitantes em
2012. Para tratar deste tema os tópicos abordados nesta apresentação serão os
seguintes:



Localização geográfica e infraestrutura urbana.
Mergulho em suas diversas modalidades.
Importância da atividade para a ilha e para o mercado de mergulho
brasileiro.
Localização geográfica e características do arquipélago
O Arquipélago de Fernando de Noronha está localizado na costa nordeste
do Brasil, fora da plataforma continental à uma distância de aproximadamente,
550 km de Recife-PE e de 350 km de Natal-RN. Trata-se de um conjunto de ilhas
oceânicas formado pela ilha principal e mais 12 ilhas e ilhotas, com uma área de
112 km2. As ilhas têm origem em uma cadeia vulcânica cuja base encontra-se a
4000 metros de profundidade. Fernando de Noronha é um Distrito Estadual de
Pernambuco, sendo este o único do país. Além disso, toda a áreaterrestre do
Arquipélago é composta por duas unidades de conservação, sendo dividas da
seguinte forma: Na área da APA que equivale a 30% está a maior parte da
infraestrutura urbana e o Parque Nacional Marinho abrange os 70% restantes.
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Infraestrutura
A única ilha habitada do arquipélago é a ilha principal chamada Fernando
de Noronha. A população de Noronha varia entre 3500 a 4000 habitantes
dependendo do período do ano. Este número considera a população fixa e a
flutuante, que são os visitantes e os prestadores de serviço temporários.
A ilha dispõe de um aeroporto com capacidade para operar com aeronaves
de grande porte. Dois voos diários de Recife e um voo diário de Natal realizados
por duas companhias aéreas fazem o transporte de visitantes e moradores da ilha
até o continente. Um pequeno porto serve aos diversos barcos de carga que
abastecem a ilha semanalmente com gêneros alimentícios, combustível, gás etc. e
também atende às embarcações de turismo e mergulho que levam os visitantes
para as atividades ao redor da ilha.
Existe um hospital público e um posto de saúde para o atendimento da
população e visitantes, porém a infraestrutura e os equipamentos são limitados e
nos casos de emergências graves pode ser necessário a remoção para o continente.
Existe também o atendimento móvel de emergências feito por uma equipe do
SAMU.
Na área de segurança pública há uma delegacia da Polícia Civil, uma
delegacia da Polícia Federal, um destacamento da Polícia Militar e um
destacamento do Corpo de Bombeiros.
O comércio é composto de pequenos mercados e outros estabelecimentos
que atendem à demanda por alimentos, bebidas, remédios, vestuário e materiais
de construção. Além disso há uma quantidade considerável de bares e
restaurantes.Os meios de hospedagem também são diversificados com oferta de
acomodações simples e pousadas familiares até bangalôs de luxo com serviços
personalizados.
A maior parte da água tratada disponível vem de processo de dessalinização
e apenas uma pequena parte do esgoto é tratado. A energia elétrica é
disponibilizada por uma usina geradora que funciona com motores à combustão de
óleo diesel.
Para comunicação há rede de telefonia fixa, rede de telefonia celular que
atende às principais operadoras e também internet entretanto bastante limitada
em termos de velocidade e pontos de conexão. O sistema de dados disponível para
celular é o Edge que tem velocidade bem inferior ao 3G. Há apenas uma agência
bancária e alguns postos de serviço, pouquíssimas opções de caixa eletrônico e
nenhuma casa de câmbio.
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Mergulho
São três as operadoras que prestam serviços de mergulho autônomo em
Fernando de Noronha somando entre elas oito embarcações que possuem licença
para esta atividade. Noronha é sem dúvida o melhor local do Brasil para a prática
desta atividade do turismo devido aos seguintes fatores:
Condição climática, temperatura e visibilidade da água muito boa durante o
ano todo. Por se tratar área protegida, a vida marinha é abundante e diversificada e
além disso, há também uma diversidade muito grande na paisagem sub aquática,
tornando cada mergulho uma experiência diferente do ponto de vista cênico. É
possível realizar mergulho em fundo rochoso, arenoso, em cavernas e naufrágios,
mergulhos profundos e mergulho de correnteza onde o fluxo da água leva o
mergulhador como se ele estivesse em um rio. São basicamente três modalidades
de mergulho autônomo exploradas na ilha:
1. Mergulho de Batismo –Modalidade em que o visitante deseja fazer somente
uma experiência, acompanhado de um instrutor, sem que isto se converta
em um treinamento para emissão de certificação. No Batismo, também
conhecido como “Discovery scubadiving”, o visitante recebe uma instruç~o
teórica durante a navegação até o ponto de mergulho e em seguida vai para
a água onde é feita a adaptação ao equipamento antes de descer,
acompanhado e em contato físico o tempo todo com um instrutor de
mergulho. A duração da imersão é de aproximadamente 30 minutos e a
profundidade máxima é de 12 metros.
2. Mergulho Credenciado – Nesta modalidade o visitante já participou de
curso de treinamento e possui credencial de mergulhador recreativo, que o
habilita a mergulhar até o limite de seu nível de treinamento, que pode ser
básico, avançado ou mergulhador técnico. Em função das regras do Parque
Nacional Marinho, estes mergulhos serão sempre acompanhados de um
condutor de mergulho, que é um profissional qualificado para instruir e
conduzir outros mergulhadores. Nas saídas embarcadas os grupos são
divididos em até 8 mergulhadores sendo conduzidos por 2 profissionais
obedecendo sempre a razão de 1:4 nos mergulhos convencionais e 1:2 nos
mergulhos técnicos. A atividade pode ser conduzida em três períodos:
manhã, tarde e noite. Nos mergulhos diurnos as saídas são programadas
para duas imersões de aproximadamente 40 minutos e no período noturno
apenas uma imersão. As profundidades máximas dependem do nível de
treinamento dos mergulhadores, sendo os limites para básico – 25 metros,
avançado – 40 metros e técnico – 65 metros.
3. Cursos de mergulho – É a modalidade onde o visitante deseja obter a
credencial ou certificação de mergulhador autônomo. Esta credencial é
emitida por entidades certificadoras que treinam seus instrutores de
acordo com padrões reconhecidos internacionalmente e portanto têm
validade ao redor do mundo sendo reconhecidas na grande maioria dos
países onde se opera mergulho autônomo. Após o primeiro curso, de nível
básico, o mergulhador tem a oportunidade de acessar outros níveis e uma
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infinidade de especialidades que vão desde fotografia sub até mergulho em
cavernas, sem falar dos programas profissionalizantes.
Ao todo são 23 pontos de mergulho cadastrados na área do PARNAMAR –
Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha.
Importância da atividade
O mergulho autônomo é uma das atividades que mais agrada aos turistas
que vêm à Noronha, de acordo com as estatísticas do perfil do visitante,
divulgadas pela Administração da Ilha. Além disso, devido ao volume de
operações ao longo do ano Noronha é também um grande polo de capacitação
profissional para esta atividade. Além de formar profissionais de mergulho,
algumas empresas também contratam profissionais formados que tem intenção
de passar um período curto na ilha, no máximo três meses, com o objetivo de se
qualificar melhor para atuar em seu local de origem.
Outro ponto bastante importante da atividade de mergulho é seu potencial
como ferramenta de educação ambiental. O impacto exercido pelo mergulho
enquanto experiência é tão forte para as pessoas, que seria um desperdício não
utilizar isso, agregando consciência ambiental e passando informações sobre a
importância do participante como elo na cadeia conservacionista.
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Caminhadas de longo percurso
ALEXANDRE LORENZETTO: Biólogo; mestre em Áreas Naturais Protegidas
(Espanha); pesquisador associado do Programa Parkswatch-Greenvest, realizando
avaliações de efetividade de gestão de áreas protegidas e programas de apoio e
fortalecimento para as mesmas, na América Latina. Realizou trabalhos em áreas
protegidas na América Latina, com especial ênfase na Argentina, onde fez parte da
Comissão de Uso Público para parques de alta montanha. Experiência também na
Europa (Espanha e Itália) e África, realizando pesquisas, consultorias e
voluntariados, sempre com especial interesse no tema de uso público. Usuário assíduo
de unidades de conservação, montanhista com mais de 15 anos de atividades, é
também membro voluntário do Corpo de Socorro em Montanha- COSMO (Parque
Estadual Marumbi- PR). Atualmente é o coordenador do Projeto de Fortalecimento
do Uso Público para o Instituto Estadual do Ambiente- RJ, executado pelo ITPA
(Instituto Terra de Preservação Ambiental)
Resumo da apresentação
A palestra aborda conceitos gerais de caminhadas de longa distância pelo
mundo, citando alguns exemplos das mais conhecidas. Será aprofundado o tema de
caminhadas de longo percurso na Europa, com as suas diversas associações e a
estrutura que eles possuem para organizar este tipo de produto turístico. Como
estudo de caso será apresentado o caso espanhol, como funcionam as trilhas de
longa distância naquele país, como se fomenta, como se divulga, organiza, etc. Além
disso, será mostrado como a Espanha está inserida dentro do contexto europeu,
principalmente relacionado às trilhas transnacionais. Também foram abordadas
experiências do autor em percorrer algumas destas trilhas de longo percurso,
exemplificando com fotos e comentando sobre a logística necessária e preparação
para os determinados tipos percursos, outros relatos de experiências na América
Latina foram trazidos, em locais onde se pratica muito esta atividade, como na
Patagônia. Por fim, será feito um paralelo sobre as travessias que possuímos no
Brasil e alguns projetos de trilhas de longa distância que estão sendo executados e
planejados atualmente.
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3.3 Parecerias Público Privadas
Parceria Público Privada - A visão do ICMBio
GIOVANNA PALAZZI: Graduada em Ecologia pela Universidade Estadual Paulista
(UNESP), desde 2000. Ingressou na carreira de Especialista em Meio Ambiente em
2002 no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama) e em 2007 passou a integrar o quadro funcional do Instituto Chico Mendes
de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). No período de 2011/2012 atuou como
Gerente de Projetos do Ministério do Meio Ambiente (MMA), no Departamento de
Áreas Protegidas, onde coordenou ações de implementação do Sistema Nacional de
Unidades de Conservação (SNUC). No período de 2010/2011 foi coordenadora geral
de Criação, Planejamento, Avaliação e Monitoramento de Unidades de Conservação
na Diretoria de Unidades de Conservação de Proteção Integral do ICMBio (DIREP),
atual DIMAN. Em 2009 foi coordenadora regional do ICMBio em Manaus – CR 02,
onde atuou na estruturação e implementação do ICMBio em nível local. No período
de 2002 a 2008 foi chefe da Floresta Nacional do Tapajós, UC gerida pelo Instituto
localizada em Santaré/PA, e do Parque Nacional de Anavilhanas, gerido pelo
Instituto localizado no Amazonas. Atualmente Giovanna é diretora de Criação e
Manejo de UCs do Instituto Chico Mendes
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Parceria Público Privada: A visão do Instituto Semeia
ANNA CAROLINA LOBO: Bacharel em Turismo, com pós-graduação em Tecnologia e
Gestão Ambiental. É coordenadora de Projetos do Instituto Semeia desde janeiro de
2012. O Instituto Semeia é uma ONG brasileira dedicada a reunir entidades públicas
e privadas para desenvolver modelos de gestão responsáveis, de classe mundial para
as áreas protegidas do Brasil. Anteriormente, ela trabalhou por 6 anos como Gerente
de Visitação Pública e Ecoturismo na Fundação Florestal, órgão responsável pela
gestão de Unidades de Conservação do Governo do Estado de São Paulo. Durante o
mesmo período coordenou o Projeto de Desenvolvimento do Ecoturismo na
Secretaria de Estado do Meio Ambiente de São Paulo, financiado pelo Banco
Interamericano de Desenvolvimento. Atuou como conselheira no Conselho Estadual
de Turismo e Conselho Estadual de Monumentos Geológicos. De 2003 a 2006
trabalhou na Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo do Estado de São
Paulo, onde esteve a frente do programa de regionalização do turismo em diversas
regiões do Estado, assim como do financiamento de projetos de turismo, hotelaria e
outros negócios relacionados a cadeia produtiva do turismo, pelo Fundo de
Desenvolvimento do Vale do Ribeira. Também foi conselheira do Consema - Conselho
Estadual do Meio Ambiente. Foi autora e coautora das seguintes publicações:
“Modelo de Tomada de Decisão para o Desenvolvimento de Parcerias entre os setores
público e privado na conservação e no empreendedorismo turístico em UC” (2012);
“Unidades de Conservação devem ser Fontes de Riqueza para o País” (2012); “Trilhas
de longo curso e diversificação do uso público nos parques estaduais de São Paulo”
(2011); "Manual de Monitoramento e Gestão dos Impactos da Visitação em UC"
(2010); "Manual para Construção e Manutenção de Trilhas" (2010), "Cadernos de
Educação Ambiental - Ecoturismo" (2010); "Passaporte para as Trilhas de São
Paulo" (2008); "Roteiros de Mergulho" (2009); e "Programa de Ecoturismo: As UCs
Paulistas para a Sociedade" (2009).
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Parceria Público Privada: A visão do concessionário
DIEGO CANNESTRACI: Diretor da Nodocom Comunicación y Eventos, que desenvolve
eventos esportivos em parques nacionais e áreas protegidas da Argentina. Formado
em física pela Universidade Nacional de Comahue, com especialização em atividades
recreativas na natureza e cursos de ciências sociais, geografia e negócios, além de ter
feito cursos do comitê Olímpico Argentino e Internacional. É guia de montanha;
autor e editor publicações técnicas de cartografia e livros de trekking.
Resumo da apresentação
Experiencias de uso público, garantías y sustentabilidad real.
Antes de contar mi experiencia técnica como prestador de servicios
privados en la naturaleza en los Parques Nacionales de Argentina, debo hacer una
breve reseña sobre el contexto de histórico y geográfico de las áreas protegidas
ambientalmente en la Argentina y brevemente sobre mi historia personal como
actor subjetivo en la economía y uso público de los Parque Nacionales.
Es interesante conocer que la historia de los PNs Argentinos, que
oficialmente fueron creados por el estado argentino en 1920, con el primer parque
llamado Parque Nacional del Sud (Luego Nahuel Huapi) y creando luego en 1934 la
Dirección de Parques Nacionales. Pero que en realidad tuvieron su origen en una
donación privada y desinteresada en el área del PN Nahuel Huapi en 1903.
“El 6 de noviembre de 1903, el Dr. Francisco P. Moreno, geógrafo, paleontólogo y
gran explorador, en una carta dirigida al entonces Ministro de Agricultura
Wenceslao Escalante, manifestaba lo siguiente:
“Durante las excursiones que en aquellos años hice en el sur admiré lugares
excepcionalmente hermosos y más de una vez enuncié la conveniencia de que la
Nación conservara la propiedad de algunas de ellas, para mejor provecho de las
generaciones presentes y venideras. Vengo por ello, invocando los términos de la Ley,
a solicitar la ubicación de un área de tres leguas cuadradas con el fin de que sea
conservada como parque público. Al hacer esta donación emito el deseo de que la
fisonomía actual del perímetro que abarca no sea alterada y que no se hagan más
obras que aquellas que faciliten comodidades para la vida del visitante.”
La donación del terreno, se hizo con la exclusiva condición de ser reservada como
"Parque Nacional sin que en ella pueda hacerse concesión alguna a particulares".
Convencido sobre el devenir de la región, pronosticó que "convertida en propiedad
pública inalienable llegaría a ser pronto centro de grandes actividades intelectuales
y sociales y por lo tanto, excelente instrumento de progreso humano".
De esta manera, la donación y acto simbólico del Perito Moreno marco el
rumbo de Parques de Uso público del país, estableciendo que se realicen “m|s
obras que aquellas que faciliten la vida del visitante”, integrando de manera
natural el turismo al concepto de |rea protegida. Especificando adem|s que “sus
III CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE
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excursiones por aquellos años como explorador” dieron la visión de bellezas
naturales únicas a ser preservadas.
En el transcurso de 110 años desde esta donación inicial, Argentina tiene
hoy 40 aéreas protegidas bajo la Administración de Parques Nacionales, presidida
por primera vez desde hace 2 meses por un Guardaparque como autoridad
máxima, mostrando sin dudas una madurez muy solida como institución, pero
sobre todo coherencia en su mensaje. Esto sin contar las áreas provinciales y
municipales de conservación, más de 300.
Se protegen más de 4 millones de hectáreas, y se están por agregar en
diferentes proyectos de PNs más de 1,5 millones de hectáreas nuevas al manejo de
la APN.
Algunas lecciones aprendidas
Al tener nuestros PNs una misión fundacional orientada al uso público, no
han sido pocas las lecciones que la historia ha dejado, pero sin dudas aún queda
mucho por aprender y sobre todo para implementar de estas lecciones en la
interacción entre diferentes aéreas del estado y los sectores privados.
Un breve repaso por mi historia, para entender un poco más mi visión
subjetiva:
Nacionales la Patagonia, hace 33 años, muy cerca de 2 parques nacionales
que reúnen más de 1 millones de hectáreas de áreas protegidas. (Nahuel huapi y
Lanin). Desde muy chico mi familia me llevo de vacaciones a los PNs, y pude desde
muy chico disfrutar d ela naturaleza a través de las actividades recreativas como
las caminatas, la pesca, el esquí y los campamentos.
A los 13 comencé a practicar el montañismo seriamente, agregando a las
experiencias nuevas disciplinas como la escalada, el kayaking, y el ascenso de
montañas con fines “deportivos”.
A los 17 elegí irme a vivir a una de las 2 ciudades dentro del PN Nahuel
Huapi, Bariloche, que aunque parezca un cuento es una ciudad de 22.000 hectáreas
dentro de un parque nacional de más de 700.000. Allí conocí más de cerca el
mensaje del Perito Moreno, fundador espiritual de los PNs, compartiendo cada
mañana su visión desde mi ventana.
Me forme como profesor de educación física, y me hice guía de montaña,
comenzando a trabajar con turismo en áreas protegidas a los 19 años, llevando a
gente a la montaña para explorar la naturaleza. Trabaje como guía de montaña,
profesor de niños en escalada, trekking y esquí. También muchos años integre y
organice un grupo de rescate en montaña.
Paralelamente a comenzar a trabajar como guía, funde una agencia de
turismo especializada en montañismo y actividades en la naturaleza, trabajando
III CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE
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durante 10 años en con habilitaciones en 5 PNs de la Patagonia (operador multi
parques).
Entre los años 2002 y 2005 publique algunos trabajos bibliográficos de
montañismo, como al guía Infotrekking, del PN Nahuel Huapi y mapas topográficos
de muchos puntos de montañismo del país. Algunos de estos trabajos sirvieron
como base para el trabajo territorial en muchos PNs, inclusive generando un plan
de manejo nuevo para la red de trekking más grande de la Patagonia en Bariloche.
Desde 2009, trabajo enfocado en la organización de eventos deportivos
(carreras de calle) dentro de los Parques Nacionales, en diferentes puntos del país,
realizando eventos en Bariloche, Mendoza; Iguazú y el Calafate. Estos eventos son
promotores del uso público de los PNs de manera sustentable, ayudando a
expandir el mensaje y valores del uso público y sustentable de los mismos.
Pero, son sustentables los PNs? Por qué?
Es de por si un UCs un área sostenible?
Puede solo por ser conservada un área ser sostenible?
Como contribuye el turismo a la sostenibilidad de las UCs?
Sostenibilidad, concepto de tres ejes.
Partiendo de la base de que la creación de un PNs o UCs es generalmente
enfocado en la preservación ambiental, esto solo completa un eje del concepto de
sostenibilidad (Ambiental). Faltará entonces dar sentido a los ejes sociales y
económicos.
En primer lugar después de más de 10 años de trabajo con turismo en UCs o
PNs, puedo contar que el uso público es la primer herramienta para que la
población de un país conozca la naturaleza y aprenda a valorarla, estas
experiencias han sido condensadas en los PNs de argentina a través de sus áreas
de Educación Ambiental, que dan cuerpo a las políticas de comunicación sobre las
características de los PNs. Esto incluye su biodiversidad, su historia y su valor
como unidad de conservación.
Cada visitante se convierte en un garante de la conservación de un área, y
cuanto más conozca de sus características más puede pesar el criterio de los
turistas en la defensa de los PNs. Nadie puede defender o valorar lo que no conoce.
Entonces: USO Publico = Conocimiento popular = Valorización = Garantía.
Ahora este aspecto o reflexión sobre el uso público, se suma al eje de
conservación implícito en los PNs, y se suma como el referente del eje SOCIAL de la
sostenibilidad. Este aspecto de la sostenibilidad, es quizás el más complejo de
alcanzar, porque implica que la sociedad debe dar su consentimiento genuino para
que un área pública sea conservada y no explotada buscando la satisfacción de otro
III CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE
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fines. Entonces el uso público se convierte no solo en un garante de la
conservación, sino en un legitimador social del valor de la conservación en sí.
La experiencia histórica en la perdida de hábitats y especies en el mundo
demuestra que no puede existir la conservación, si no es legitimada por la
sociedad.
Está reflexión también lleva a entender el uso público, como un proceso de
educación permanente y combativo, que debe guía la utilización de las UCs hacia
metodologías coherentes y competitivas (*comentario sobre necesidadescompetitividad social), frente a otros estímulos que la sociedad recibe, y que
afectan el criterio con el cual las sociedades se relacionan con su entorno. Aquí
entra en juego el tercer eje de la sostenibilidad. El económico.
Así como un sociedad no puede valorar algo que no conoce plenamente,
tampoco puede valorar de manera abstracta la conservación como valor y es aquí
donde entendemos que el turismo es una herramienta generadora de recursos
genuinos para una región, que si bien probablemente no garanticen la generación
de dividendos como otras actividades económicas, es una barrera más para la
protección y legitimización de las UCs.
Entonces: Turismo = actividad económica sostenible en las UCs = Garantía
de conservación.
La creación de nuevas UCs y la gestión de las existentes, debe ser diseñada
con una visión sostenible REAL y no solo IDEAL.
La articulación del estado, con los emprendedores civiles y privados,
también es una metodología con experiencias muy exitosas y productivas en
Argentina (*ejemplos breves de desarrollos turísticos ejemplares de Argentina).
Algunas deudas en la gestión de aéreas (*comentarios).
Nuestro objetivo “M|s Áreas protegidas!”(* Desarrollo de la experiencia
Meseta Infinita y el proyecto del PN Somuncura, el más grande de Argentina!).
Una pequeña historia contradictoria en mi experiencia con la el mundo de
la ONGs de la conservación. Casi un CAMPAIGNER (solo en la presentación).
Propuesta: Creación e una red de experiencias latam. de uso público en UCs
y bolsa de negocios turísticos sostenibles.
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3.4 Turismo de base comunitária e gestão descentralizada
Trajetória do turismo no Sul da Bahia: sociedade, biodiversidade e
planejamento
RUI BARBOSA DA ROCHA: É engenheiro agrônomo, professor do Departamento de
Ciências Agrárias e Ambientais da Universidade Estadual de Santa Cruz e dirige o
Instituto Floresta Viva. Coordena programas e projetos de conservação e uso da
biodiversidade no Sul da Bahia desde 1996; coopera com o trade turístico regional e
promove a interface deste setor com as áreas protegidas e com as comunidades
locais, influenciando políticas públicas locais para ampliar a qualidade e
sustentabilidade no território. Empreendedor Ashoka, conselheiro do Banco
Interamericano de Desenvolvimento - BID e do Conselho de Meio Ambiente de Ilhéus.
Resumo da apresentação
Resumo
O Sul da Bahia, no meio do litoral brasileiro, é conhecido pelo cacaudescrito
na literatura de Jorge Amado, aexpressiva Mata Atlântica e por um recortadoe
encantador litoral. Neste cenário, o turismo se desenvolve gradualmente desde os
anos setenta, mas com maior ímpeto desde os anos 90 com o Prodetur, programa
dos Governos Federal e estaduais no Nordeste.
Financiado pelo Banco Interamericano do Desenvolvimento e pelo Banco do
Nordeste, o programaassociou infra estrutura, áreas protegidas e gestão de novos
destinos turísticos: Costas do Dendê, Cacau, Descobrimento, Baleias e Coqueiros,
espalhados neste litoral. O planejamento de territórios turísticos com áreas
protegidas é um imenso desafio, mas alcança resultados gradualmente pela
proteção da paisagem e dos ecossistemas de alta relevância ecológica, com gradual
adesão da sociedade civil e do setor privado. A democratização do país motivou a
criação dos conselhos gestores destas unidades de conservação, que têm
contribuído na avaliação e qualificação de projetos privados e políticas públicas no
território. Os maiores riscos para o turismo e mesmo para estes ecossistemas
costeirosestão nos conflitos entre políticas públicas locais, estaduais e federais,
nem sempre alinhadas no espaço e no tempo.
1. A natureza singular do Sul da Bahia
Árvores e palmeiras seculares cobrem cerca de 1 milhão de hectares de
florestas, lavouras de cacau e dezenas de outras lavouras tropicais, em todo o
litoral do Sul da Bahia. Pescadores remam calmamente em canoasrústicas nos Rios
Caraíva,Pardo, Jequintinhonha,Cachoeira, Contas, Unae em tantos outros que
desaguam nesta costa, vindos das montanhas do interior baiano e de Minas Gerais.
Frutas tropicais de todo o mundo, inclusive algumas endêmicas desta floresta,
estão espalhadas emdezenas de milhares de roças de subsistência e fazendas. Coco,
Jaca, mangustão, cana de açúcar, fruta pão, açaí, baunilha, guaraná, cravo da índia,
dendê e dezenas de outras frutas amazônicas, africanas e asiáticas se misturam
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comamesclas, abius, jenipapos, cajás, mangabas, juçara, piaçavae tantas outras
espécies nativas, indicando que a região conectou-se ao mundo desde o século XVI,
no meio do comércio europeu/asiático/africanode especiarias e da própria
biodiversidade reinante neste ponto da costa brasileira.
Os sons que surgem da floresta são variados ao longo do dia e da noite,
numa sinfonia conduzida pelo clima e pela luz solar e que envolvemiríades de
espécies de insetos, répteis e pássaros, que seguem espalhando sementes das
árvores e ampliando a riqueza biológica tão marcante nesta região. A natureza
exuberante é marcada pelo clima tropical úmido quase sempre agradável –a
temperatura está mediada entre 20 e 29 graus, quase todos dias do ano.
Os recortes no litoral são quase sempre surpreendentes e nos fazem
cantarolar músicas de Dorival Caymmi, um brilhante compositor brasileiro do
século XX:O mar, quando quebra na praia é bonito, ébonito...
Desde a Ponta do Curral, em Valença, a Garapuá, Boipeba, Pratigi, Barra
Grande, Saquaíra, Itacarezinho e Caraiva, mais ao sul, todos os recantos do litoral
sul baiano formaram-se ao longo de milhões de anos com o movimento da corrente
Brasil, moldando com força e serenidade o litoral nordestino e que gerou neste
trecho da costa extensas planícies de restingas, recifes de corais, estuários
gigantescos, penínsulas, arquipélagos e baías generosas, como a de Camamu, ao
norte de Ilhéus.
A riqueza cultural baiana, tão conhecida no Brasil, adquire contornos
próprios neste litoral. O bucolismo da paisagem, a generosidade do clima e o ir e
vir das águas das marés conferem ao povo desta região um humor próprio, nem
sempre compatível com o ritmo acelerado dos grandes centros urbanos. A
produção de cestarias, o azeite de dendê, a secagem do cacau e outros tantos
produtos, como o camarão, a pimenta e o guaraná, a extração e beneficiamento da
fibra de piaçava, a pesca artesanal e o fabrico de cerâmicas seguem ritmos mais
orgânicos e dão a economia local um tempo próprio, nem sempre apto a conviver
com a velocidade de cidades do centro sul do Brasil e da Europa. O cacau,
especialmente, é uma cultura de imenso impacto na história regional dos dois
últimos séculos, alcançando praticamente toda a população regional, direta e
indiretamente. Para ser economicamente viável, requer sete (07) anos de cuidados
desde o plantio, envolvendo também o manejo da sombra e uma fermentação e
secagem bastante cuidadosas por muitos dias, até a produção final do chocolate.
A tradição agrícola tropical, vivíssima nesta região mesmo com as múltiplas
crises econômicas e provocadas por pragas e doenças severas, amplia o caldo
cultural regional se somada a incrível experiência dos povos locais com os peixes,
crustáceos, madeiras, óleos e fibras diversas que ocorrem abundantemente ao
longo da costa, mesmo sob pressão crescente e novas regras do comércio regional
e leis do país. Um destaque fica para a construção naval artesanal que ainda resiste
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na baía de Camamu, precisamente no povoado de Cajaíba do Sul. Ali, dezenas de
marceneiros reformam ou constroem saveiros e escunas com madeiras de lei
oriundas da Amazônia ou da região, com base em um saber de valor incalculável.
Em que pese a legislação ambiental brasileira ter fortalecido a proteção de árvores
ameaçadas, a exemplo do Jataipeba (Bwodriguesiasantosiigowam), esta é uma das
madeiras especiais para a construção do convés de embarcações, pela resistência
ao tempo e as condições náuticas. O conhecimento local da biodiversidade requer
assim o plantio das espécies nativas para um uso continuado, com fortes
implicações culturais e para a economia do turismo.
2. A trajetória do turismo regional
Uma resultante de processos históricos, culturais, econômicos e uma
alternativa à crise do cacau
O turismo neste litoral teve início em remotas eras, seguindo o hábito
europeu de se frequentar locais na costa aprazíveis para retiros de verão ou por
razões terapêuticas. Famíias mais abastadas construíram residências em muitas
vilas de pescadores nos anos quarenta até os anos oitenta do século passado,
sendo um exemplo clássico a Ilha de Itaparica, na Baía de Todos os Santos, ou a vila
de Morro de São Paulo, no município de Cairu, assim como tantos locais da
América e do mundo. Nos anos oitenta, destinos de veraneio locais e regionais
passaram a ser visitados por mochileiros e aventureiros das principais cidades
brasileiras, especialmente São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro. A mídia
passa a descrever novos destinos turísticos no Nordeste em revistas de ampla
circulação nacional. O acesso a estes destinos passou a ser revelado
detalhadamente no guia Quatro Rodas (1) publicados anualmente e de consumo
generalizado pela classe média urbana de todo o Brasil.
Este fluxo turístico doméstico se intensificou a cada ano desde 1985,
somado ao fluxo turístico internacional que passou a ver o Brasil como um destino
amigável, mesmo com a imagem do país ainda associada a violência urbana e
fragilidade institucional, desde o regime militar pós 1964. Jovens europeus,
também com suporte de guias especializados, alcançavam com facilidade novas
pousadas artesanais que surgiam das casas de pescadores ou dos veranistas,
geradas pela demanda destes novos visitantes. No início da década de noventa,
atentos a esta realidade, os governos estaduais do Nordeste, liderados pela Bahia e
pelo Ceará, conceberam plano ambicioso de expansão do turismo regional, que no
caso baiano considerou como estratégico a implementação de áreas de proteção
ambiental, as APAs, em escala e distribuição geográfica superior a todos os estados
do Brasil.
A APA, categoria de unidade de conservação de uso direto, segundo o
Sistema Brasileiro de Unidades de Conservação - SNUC, é bem mais flexível para
III CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE
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atividades econômicas do que as reservas biológicas e parques nacionais,
admitindo quase todas as atividades econômicas de baixo impacto, como
agricultura e criação em pequena escala em zonas já desmatadas, turismo e
existência de pequenas cidades e vilas. Por outro lado, as APAs podem conter
ambientes costeiros de altíssima relevância ecológica, como florestas primárias,
restingas e manguezais, especificadas como zonas de preservação rigorosa e
portanto vocacionadas exclusivamente para conservação strictu sensu. A Bahia
possui atualmente 24 (vinte e quatro) APAs tanto na costa quanto no interior do
estado, inclusive dentro da Região Metropolitana de Salvador, sua capital
administrativa, econômica e cultural. No caso do Sul da Bahia e como referência
para este artigo, extraímos muitas lições da APA de Itacaré Serra Grande, uma das
mais ativas da Bahia e do Brasil (veremos mais detalhes no capítulo seguinte).
O Sul da Bahia e a zona cacaueira em crise
O desenvolvimentodo turismo, portanto, é uma resultante positiva de
processos históricos, culturais, econômicos e de políticas públicas- no caso do Sul
da Bahia, também como resposta à crise sócio-econômicado cacau. O incremento
da atividade, que já supera o número de 500 mil visitantes por ano na região de
Ilhéus, tem motivado inúmeros projetos de novos hotéis e resorts entre Ilhéus e
Morro de São Paulo, com destaque para Itacaré, Maraú, Boipeba e também Una, ao
sul de Ilhéus. Este dinamismo, por um lado, minimiza as perdas sociais e
econômicas da agricultura do cacau, quase que diretamente, ao menos aonde as
atividades ocorrem no mesmo local.
O cacau tem sido uma cultura extremamente vigorosa por dois séculos.
Viveu o seu apogeu em 1978 e entrou em quase colapso 16 anos depois, quando
uma sucessão de fatores, no mesmo período, atingiu duramente esta atividade
econômica de alto valor agregado, intensiva em mão de obra e bastante amigável à
biodiversidade das florestas tropicais aonde se desenvolve. A produção regional do
cacau declinou para 20 % da produção máxima, de 1985. Centenas de milhares de
trabalhadores foram demitidos em menos de 5 anos, desde que a doença fúngica
vassoura de bruxa (Crinipelisperniciosus) atacou as lavouras, o preço mundial caiu
de 5000 (cinco mil) para 1200 (hum mil e duzentos) U$ a tonelada, neste período,
o custo do trabalho rural aumentou consideravelmente com a constituinte
brasileira de 1988, e quatro anos seguidos com chuvas escassas afetou
dramaticamente a produtividade do cacau, desde 1985.
O declínio econômico da região afetou tão profundamente os costumes
regionais que a migração do campo para a cidade foi intensa desde 1989,
ampliando a população urbana de Ilhéus, Itacaré, Porto Seguro, Valença e mesmo
Morro de São Paulo, uma vila que multiplicou a sua população em cinco (05) vezes,
desde 1990. Todas as localidades foram destino dos ex-trabalhadores rurais do
cacau. Ao mesmo tempo, a diversificação econômica para o turismo atingiu
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diretamente muitas famílias de produtores rurais, que com residências e fazendas
na costa, passaram a investir em pousadas ou loteamentos residenciais,
substituindo os usos agrícolas tradicionais ou de veraneio para serviços de
hospedagem, gastronomia ou pequenas agências de turismo.
A nova economia do turismo não só ocupou o lugar do meio rural e urbano
tradicional, como também se conectou com a produção rural existente,
diversificando-a e abrindo novas demandas de produtos e serviços. Polpas de
frutas tropicais, leite e queijo, pescado, ovos, hortaliças orgânicas e produção
artesanal de chocolates passaram a ser produzidos diretamente para hotéis,
pousados e restaurantes. Esta complementariedade revitalizou a economia
regional e abre inúmeras possibilidades de negócios, aliados das atividades
econômicas pre-existentes nesta região.
Linha ilustrativa do tempo no Sul da Bahia
Anos
Início da atividade turística doméstica e internacional em vilas e
70 E cidades costeiras do nordeste brasileiro
80
1993
ECO 92 e a agenda ambiental se intensifica no Brasil
1991a
1995
19961998
2000
2000
a
2002
2000
a2012
2008
a
2012
2030
Concepção do PRODETUR para os estados do Nordeste, com a liderança
baiana e do Ceará
Na Costa do Cacau, a pavimentação da Rodovia Ilhéus Itacaré, a Criação do
Parque do Conduru e a implementação da APA de Itacaré Serra Grande e
APA da Lagoa Encantada junto com a política de desenvolvimento turístico
da Bahia
Itacaré torna-se um destino turístico diferenciado no Brasil e no Mundo
Meios de hospedagem como Txai, Villas de São José, Aldeia da Mata Lodge e
Vila Ecoporan surgem entre Serra Grande e Itacaré
Gestão continuada de áreas protegidas com participação da sociedade civil,
mesmo com baixos investimentos estatais em proteção.
Projeto Porto Sul versus atividade turística de natureza e amplo debate
sobre o futuro regional
Sul da Bahia como centro econômico e cultural complexo, dinâmico e
inovador, pautado na conservação e relação sadia com a natureza, tendo o
turismo papel fundamental na economia regional.
3. Um sistema de áreas protegidas associado ao turismo regional
Em 1993, um ano depois da ECO-92, o Prodetur na Bahia tinha esboçado
uma estratégia muito clara – planejamento territorial do turismo com base em
APAs, a categoria de unidade de conservação de maior aderência e funcionalidade
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para as zonas turísticas definidas no litoral do Sul da Bahia. Cobrindo quase todo o
litoral, oficialmente protegiam os manguezais, as restingas, rios e riachos, florestas
ainda remanescentes, bem como a paisagem turística, a exemplo das falésias e
costões rochosos.
Na região entre Ilhéus, Uruçuca e Itacaré, por exemplo, denominada de
Costa do Cacau, o plano incluía a pavimentação asfáltica de uma estrada vicinal que
ligava os três municípios ao longo do litoral. A nova obra de infra-estrutura a
serviço do turismo regional, entretanto, desconsiderava no seu projeto conceitual
variáveis ambientais importantes, a exemplo da paisagem costeira e dos
ecossistemas previamente protegidos pela APA de Itacaré Serra Grande. Órgãos
distintos de governo operando os investimentos do Prodetur, com equipes e
culturas profissionais diferenciadas, tomavam decisões opostas sobre como
realizar investimento desta natureza. Por um lado o Departamento de Estradas e
Rodagens, com engenheiros de meia idade acostumados a construir rodovias
convencionais no interior do estado, e do outro arquitetos urbanistas e biólogos
atentos ao traçado futuro da rodovia, com impactos diretos sobre a paisagem de
alto valor para a nova economia que surgia. A sociedade civil, com amplo diálogo
com o Banco Interamericano de Desenvolvimento desde Washington, nos Estados
Unidos, questionou os riscos da política de turismo baiana, que continha ameaças
para a biodiversidade e mesmo para a paisagem do turismo em transformação.
Em 1997, atendendo a solicitação de instituições ambientalistas locais e
nacionais, o Governo da Bahia criou o Parque Estadual da Serra do Conduru e
iniciou nestes municípios uma ampla articulação com a sociedade civil e
prefeituras locais para consolidar as APAs de Itacaré Serra Grande e da Lagoa
Encantada, esta em Ilhéus. Ao final, a região abrigou um sistema de áreas
protegidas complexo, que inclui reservas privadas e um projeto de reserva
extrativista marinha, além de parques municipais na cidade de Ilhéus, tanto para a
proteção de florestas urbanas quanto os corais que estão próximos a cidade. Em
2006 o Ministério do Meio Ambiente aprovou projeto de implementação de
Corredor Ecológico nesta microrregião, consolidando assim este sistema de áreas
protegidas (ver mapa).
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Conflitos persistem entre as políticas públicas
Em que pese a diretriz estabelecida conciliando áreas protegidas com a
atividade turística, agrícola, pesqueira e urbana no litoral, associando agregação
econômica e social gerada pelas economias tradicionais e pelo turismo com a
conservação mais ampla da paisagem regional, através de zoneamentos territoriais
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bem definidos, o plano segue com muitos desafios e ajustes ao longo do tempo. O
populismo ainda presente na administração pública local, que vê as APAs como
obstáculos para a gestão político-eleitoral dos espaços de expansão urbana, é um
dos maiores entraves para o sucesso e eficácia das áreas protegidas na viabilização
do turismo e a conservação da paisagem em longo prazo.
Além das prefeituras, que gerenciam notadamente o ambiente urbano, o
Estado da Bahia, com a alternância dos governos, não tem seguido a risca o plano
original do Prodetur de conciliar turismo com áreas protegidas. A implementação
do Parque do Conduru e das APAs tem sido deficiente e só alcança resultados
parciais pela persistência da sociedade civil em manter a agenda de conservação e
sustentabilidade regional, com inúmeras alianças institucionais, inclusive com o
Ministério do Meio Ambiente, o Banco Interamericano de Desenvolvimento e a
UNESCO.
Em 2008, atingindo um princípio básico da gestão pública -a continuidade
de políticas públicas de longo prazo, a exemplo das áreas protegidas e do próprio
desenvolvimento do turismo regional - o Estado da Bahia reviu a sua estratégia
para esta região inserindo um novo projeto de infra estrutura portuária,
denominado de Porto Sul, visando escoar minério de ferro do interior da Bahia,
exatamente sobre a rodovia turística ambientalmente planejada, entre Ilhéus e
Itacaré.
O projeto de porto foi concebido no meio do Corredor Ecológico instituído
pelo Ministério do Meio Ambiente em 2006 e da APA da Lagoa Encantada criada
pelo estado da Bahia em 1993. Uma ampla retroárea portuária, com cerca de 2 mil
hectares, foi projetada e anunciada com ampla visibilidade pelo governo baiano
desde 2008 até a presente data desta publicação. Ajustes locacionais realizados
nos últimos meses foram insuficientes para corrigir os eventuais danos já
detectados pelo Estudo de Impacto Ambiental do projeto na nova área, cinco
quilômetros ao sul do sítio original, sobre a Mata Atlântica.Além do Porto Sul,
políticas de Reforma agrária, saneamento básico, eletrificação rural, planejamento
urbano e rural afetam ou cooperam diretamente para o desenvolvimento do
turismo regional, e merecem acompanhamento permanentes.
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4. A visão do futuro com o turismo
O Prodetur tem sido peça chave para a transformação econômica e cultural
regional, na medida em que estabeleceu vários instrumentos de planejamento e de
indução produtiva e de novos serviços com o turismo. No entanto, o Sul da Bahia
tem requerido investimentos ainda mais expressivos em várias cadeias produtivas,
inclusive o cacau e o chocolate. Odesenvolvimento integralda região carece de uma
integração mais ampla dos distintos setores da economia e também da proteção da
natureza, envolvendo o cacau e o chocolate, o turismo,a pesca, a informática (que
catalisou um polo em Ilhéus), a geração de conhecimento nestas áreas e a efetiva
implementação das áreas protegidas, garantindo assim a manutenção dos
ecossistemas e sua biodiversidade. Ao mesmo tempo, o futuro requer
aprofundamento da democracia participativa na região,com a inclusão social dos
distintos atores econômicos, inclusive as populações locais, nestes investimentos
em sua governança.
Especialmente quando descrevemos a agricultura e o turismo regional, a
infra-estrutura deste setor está alicerçada em um patrimônio natural e cultural
mais amplo. A rodovia entre Ilhéus e Itacaré, os aeroportos de Salvador e Ilhéus
conectam o Sul da Bahia ao mundo com toda a sua relevância natural, paisagística,
social e cultural – e por isso um sistema de áreas protegidas que dê sentido de
perenidade a paisagem e a economia rural e urbana tornaram-se algo fundamental.
Por fim, a singularidade regional poderá ser percebida por todos – moradores,
empresários, tecnocratas, acadêmicos, mídia, políticos locais, estaduais e nacionais,
gerando assim perenidade das iniciativas para um desenvolvimento sustentável no
Sul da Bahia.
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Visão áerea do norte de Ilhéus – zona turística em expansão no século XXI com
áreas protegidas no entorno.
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Construindo um modelo de Turismo de Base Comunitária para as
Unidades de Conservação Federais
DENISE CARVALHO: Formada em educação artística, especialista em análise e
planejamento ambiental pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e mestre em
desenvolvimento sustentável pelo Centro de Desenvolvimento Sustentável da
Universidade de Brasília (UnB/CDS). Ingressou no serviço público em 1984 na
Secretaria Especial do Meio ambiente – SEMA. Com a criação do IBAMA, passou a
trabalhar com planejamento ambiental por meio de análise de imagens de satélites
no Centro de Sensoriamento Remoto do Instituto. Em 2000 foi trabalhar com
unidades de conservação – UC atuando como supervisora e coordenadora de planos
de manejo, período em que teve a oportunidade de vivenciar com maior proximidade
as diversas realidades e especificidades das unidades de conservação federais.
Também foi neste período, durante a supervisão do plano de manejo do Parque
Nacional do Cabo Orange/AP que teve sua primeira experiência com o turismo de
base comunitária em uma unidade de conservação federal. Em 2007, com a criação
do Instituto Chico Mendes da Conservação da Biodiversidade - ICMBio passou a atuar
na área de uso público e desde então vem trabalhando o tema visitação em Unidades
de Conservação. Atualmente coordena um grupo de trabalho que tem por objetivo
desenvolver instrumentos metodológicos para a gestão do TBC nas UC federais.
Resumo da apresentação
ICMBio – Construindo um Modelo de Turismo de Base Comunitária para as
Unidades de Conservação Federais
As práticas relacionadas ao turismo de natureza fundamentam-se,
prioritariamente, na exploração dos atributos naturais dos ambientes, na maioria
das vezes sem uma referência e diálogo adequados com a história e as culturas
locais. O turismo de base comunitária - TBC, quando em unidades de conservação
tem como protagonista as populações a elas vinculadas - tanto em seu interior ,
quando de uso sustentável, quanto de seu entorno, quando de proteção integral.
Tal fato incorpora à paisagem valores relacionados ao universo do imaginário e do
pensamento, da história e dos saberes locais, enriquece a experiência do visitante,
contribuindo para despertar nos turistas um sentimento mais profundo de
conservação da natureza e de respeito e valorização às culturais locais (GUERRA,
2013). Além disso, pode contribuir para um aumento na renda dessas famílias e,
em determinadas situações, representa ainda uma resistência ao crescente turismo
desordenado no entorno das UC, ao êxodo rural e a especulação imobiliária. O
ICMBio promoveu, em outubro de 2011, o I Seminário de Ecoturismo de Base
Comunitária, em São Luiz do Maranhão. A princípio, o seminário tinha por objetivo
compreender melhor as possibilidades deste viés do turismo nas unidades de
conservação, em especial nas de uso sustentável, bem como reunir as experiências
existentes sobre o turismo de base comunitária no âmbito do Instituto. O encontro
resultou na criação e publicação em boletim de serviço do Instituto Chico Mendes
do grupo de trabalho que tem por objetivo “definir as diretrizes institucionais,
juntamente com e a metodologia para o planejamento e implementação do TBC nas
Unidades de Conservaç~o Federais”.
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Um modelo de gestão descentralizada do turismo: a parceria entre
a Secretaria Municipal de Turismo e o conselho Municipal de
Turismo de Bonito-MS
JULIANE SALVATORI: É turismóloga, com pós graduação em Gestão Ambiental e fez
intercâmbio no exterior. Atuou como gerente de turismo de Bonito e atualmente é
Secretária de Turismo, Indústria e Comércio do município.
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3.5 Políticas públicas sobre natureza, turismo e sustentabilidade
Fundo de compensações ambientais e a implantação e manutenção
de UC no Brasil
ROSA LEMOS DE SÁ: Formada em Manejo de Vida Silvestre pela Universidade de
Wisconsin (EUA), fez mestrado em Ecologia na Universidade de Brasília e é Ph.D. em
Conservação da Natureza pela Universidade da Flórida (EUA). Liderou a Iniciativa
Andes - Amazônia da Fundação Moore entre 2006 e 2008 nos Estados Unidos;
trabalhou no WWF-Brasil por 10 anos, ocupando a posição de Diretora de
Conservação entre 2003 e 2006. Assumiu a Secretaria Geral do Funbio em janeiro de
2010, após seis meses na direção da Superintendência de Programas.
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Uso público nas unidades de conservação do Rio de Janeiro
MANUELA TORRES TAMBELLINI: Turismóloga formada pela Faculdade de Turismo
da Bahia e mestre em Ciência Ambiental pela Universidade Federal Fluminense, onde
pesquisou sobre Mosaicos de Áreas Protegidas. Realizou trabalhos na Ong Grupo
Ambientalista da Bahia, participando de projetos como de Monitoramento do
Programa de Desenvolvimento de Turismo do Nordeste – PRODETUR II e Chapada
Diamantina Sustentável, onde é conselheira consultiva até hoje. Trabalha no
Instituto Estadual do Ambiente (Inea), desde a criação deste órgão em 2009, na
Diretoria de Biodiversidade e Áreas Protegidas, elaborando e coordenando projetos
para a implantação da visitação nas Unidades de Conservação (UC) estaduais do Rio
de Janeiro. Entre os projetos coordenados estão: projetos executivos para
implantação das trilhas e atrativos dos parques estaduais da Copa 2014;
Fortalecimento e implantação da gestão do uso público para o incremento da
visitação nos parques estaduais do Rio de Janeiro e Sistema de sustentabilidade da
Ilha Grande e autonomia de custeio do conjunto de UC estaduais que a compõem. É
representante da Secretaria de Estado do Ambiente (SEA) e do Inea no Conselho
Estadual de Turismo do Rio de Janeiro. Liderou o reconhecimento do Mosaico Carioca
e acredita que o ecoturismo é uma atividade estratégica e fundamental para atingir
os objetivos das UC e a gestão integrada das áreas protegidas.
Resumo da apresentação
Apresentam-se as principais ações que o Instituto Estadual do Ambiente Inea vem desenvolvendo desde a sua criação em 2009 diretamente para implantar
a visitação ordenada nas Unidades de Conservação, entre elas estão:
- A publicação do decreto nº 42.483 de 27 de maio de 2010 que estabelece
diretrizes para o uso público nos parques estaduais administrados pelo Inea;
- Projeto Sistema de sustentabilidade da Ilha Grande e autonomia de custeio do
conjunto de UC estaduais que a compõem, que objetiva criar o sistema do
ordenamento turístico sustentável da Ilha Grande, visando o manejo sustentável
dos recursos naturais e da paisagem, com ênfase na ampla participação das
instituições públicas e privadas, assim como das comunidades locais na
constituição de um arranjo de governança para este sistema. Este sistema
abrangerá também a autonomia de custeio do conjunto de UC estaduais presentes
na Ilha Grande: Área de Proteção Ambiental de Tamoios (APA Tamoios), Parque
Estadual da Ilha Grande (PEIG), Parque Estadual Marinho do Aventureiro (PEMA)
e Reserva Biológica Estadual da Praia do Sul (REBIO Praia do Sul);
- Projeto Trilhas da Copa 2014 que tem finalidade de implantação das trilhas e
atrativos dos Parques Estaduais da Copa 2014 – Parque Estadual da Serra da
Tiririca, Parque Estadual dos Três Picos e Parque Estadual da Pedra Branca de
forma que as atividades de administração, fiscalização e uso público sejam
efetivamente desenvolvidas.
- Projeto fortalecimento e implementação da gestão do uso público para o
incremento da visitação nos Parques Estaduais do Estado do Rio de Janeiro que
objetiva a regulamentaçao do Decreto de Uso Publico nͦ . 42.483/10, a elaboração
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do Planejamento Estratégico do Uso Público das UC até 2016, a elaboração de
manuais dos procedimentos operacionais para a de consolidação e ordenamento
da visitação nas UC, a capacitação de funcionários e a criação do marco regulatório
institucional para concessões, permissões e autorizações de serviços de apoio à
visitação nos parques.
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A experiência da Fundação de Turismo de MS
NILDE CLARA DE SOUZA B. BRUN: É economista pela Faculdades Unidas Católicas de
Mato Grosso (FUCMAT), com pós graduação em Administração em Turismo e
Hotelaria pela UCDB, e Planejamento Estratégico e Curso de Estudos e Políticos e
Estartégia pela UCDB. Iniciou sua carreira no tuirsmo em 1993 no SEBRAE. Foi
superintendente de Turismo na Secretaria de Estado da Produção e Desenvolvimento
Sustentável de Mato Grosso do Sul (1999 a 2002), consultora em Turismo da Milênio
Cosultoria Empresarial LTDA (2002 a 2003), diretora institucional e de planejamnto
da Editoria Jornalística Vertente – Campo Grande /MS (2003). É diretora presidente
da Fundação de Turismo do Estado de Mato Grosso do Sul desde 2004. Participou na
elaboração e implementação de vários planos, programas e projetos em âmbito
estadual e federal, e recebeu sete reconhecimentos públicos entre Títulos &
Homenagens & Prêmios.
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SOBRE OS DESTAQUES DO III CONATUS – ENCERRAMENTO
MARCOS MARTINS BORGES: Possui graduação em Licenciatura em Geografia pela
Universidade Católica de Goiás (1992), mestrado em Arts in Geography - University of
Wyoming (1995). Atualmente é professor da Faculdade de Tecnologia SENAC Goiás e
Gerente de Pesquisa da Diretoria do Instituto de Pesquisas Turísticas da Agência
Estadual de Turismo do Estado de Goiás. Tem experiência na área de turismo e meio
ambiente, com ênfase em turismo sustentável, atuando principalmente nos seguintes
temas: turismo, ecoturismo, desenvolvimento sustentável e planejamento.
RENATA WEISS: Formada em Administração de Empresas pela Escola Superior de
Propaganda e Marketing (ESPM), com especialização em Gestão para
Sustentabilidade pela Fundação Getúlio Vargas e intercâmbio em programa
equivalente para a HEC School of Management, na França. Membro da equipe do
Instituto Semeia desde o início da sua operacionalização, Renata coordena as
iniciativas de comunicação, educação e gestão do conhecimento. O Semeia é uma
ONG brasileira dedicada a reunir entidades públicas e privadas para desenvolver
modelos de classe mundial de gestão para as áreas protegidas do Brasil.
Anteriormente, Renata trabalhou como pesquisadora em projeto do INSEAD Business
School na França e em Cingapura, desenvolvendo estudo de caso sobre
sustentabilidade e as negociações na indústria de óleo de palma – óleo vegetal mais
produzido no mundo. Nessa oportunidade ela interagiu com lideranças regionais e
internacionais do setor. Foi pesquisadora do Centro de Estudos em Sustentabilidade
(GVces) da Fundação Getúlio Vargas, de 2004 a 2008. Entre muitas iniciativas,
desenvolveu e implementou metodologias para seleção de empresas para participar
do Índice Brasileiro em Sustentabilidade Empresarial da Bolsa de Valores de São
Paulo (ISE-Bovespa) e o Guia de Sustentabilidade Empresarial da Exame, a revista de
negócios mais importante do Brasil. Também tem experiência relevante em
relatórios de sustentabilidade corporativa e finanças sustentáveis. Em 2010,
desenvolveu relatórios sobre oportunidades para estabelecer uma economia de baixo
carbono no setor de serviços financeiros para uma iniciativa relacionada com GVces
em parceria com a Embaixada Britânica e o Programa das Nações Unidas para o
Meio Ambiente (PNUMA). Começou sua carreira em marketing na Johnson& Johnson
e Bunge Alimentos. Renata é bacharel em Administração de Empresas, com ênfase
em Marketing, pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM). Ela se
especializou na Fundação Getúlio Vargas, no Programa de Desenvolvimento
Sustentável, e participou do HEC School of Management como estudante de
intercâmbio na Especialização em Gestão do Desenvolvimento Sustentável.
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4. PALESTRAS
Experiências de uso público na Argentina: lições a aprender
DIEGO CANNESTRACI: Diretor da Nodocom Comunicación y Eventos, que desenvolve
eventos esportivos em parques nacionais e áreas protegidas da Argentina. Formado
em física pela Universidade Nacional de Comahue, com especialização em atividades
recreativas na natureza e cursos de ciências sociais, geografia e negócios, além de ter
feito cursos do comitê Olímpico Argentino e Internacional. É guia de montanha;
autor e editor publicações técnicas de cartografia e livros de trekking.
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Rota Vicentina: 350 Km de caminhada no sudeste de Portugal
MARTA CABRAL: Licenciada em Organização e Gestão de Empresas e iniciou a sua
atividade profissional em 1998 com um estágio na FIEMG, em Belo Horizonte.
Trabalhou durante 3 anos na Parque Expo 98, a empresa que resultou da exposição
mundial que decorreu em Lisboa em 1998 e que reabilitou uma importante parte do
lado oriental desta cidade ribeirinha. Há 10 anos cuida da gestão da recém criada
Associação Casas Brancas, que fez crescer e transformar-se numa sólida rede de
turismo de natureza com 62 micro-empresas. Desde 2008 coordena o
desenvolvimento do projeto Rota Vicentina e assumiu o cargo de Presidente da
Direção em 2013.
Resumo da palestra
A Rota Vicentina é uma grande rota pedestre, com cerca de 350 kms, que
percorre a Costa Alentejana e Vicentina no Sudoeste de Portugal, entre Santiago do
Cacém e o Cabo de S. Vicente.
Surge em 2008 como uma iniciativa das Casas Brancas, uma associação
regional de pequenos empresários da área do turismo rural e de natureza, que há
11 anos desenvolvem um trabalho de promoção conjunta, desenvolvendo uma
rede de turismo de natureza, e organizando toda a oferta de forma elucidativa e
atrativa para o público alvo, nomeadamente internacional.
A Costa Alentejana e Vicentina é um destino turístico já muito conceituado
em Portugal, entre os que apreciam o turismo rural e um ritmo de lazer mais ligado
à natureza. O seu reconhecimento internacional foi, no entanto e até há pouco
tempo, quase nulo, o que ofereceu a este projeto a oportunidade única de
apresentar um destino de elevadíssima qualidade em primeira mão e de forma
coesa: a costa oeste do Alentejo e do Algarve sob um único nome: SW PORTUGAL.
A Rota Vicentina pretende apresentar o Sw Portugal como uma das mais
belas e bem preservadas zonas costeiras do sul da Europa, mas à qual é intrínseca
toda uma região rural, com uma cultura viva e autêntica que marcam diariamente a
sua identidade e dinâmica. Pescadores e pastores, ninhos de cegonhas nas falésias
e plantas carnívoras na serra, a rudeza do Atlântico e as barragens artificiais, todos
contribuem igualmente para oferecer mais do que belas vistas sobre o mar.
Foram desenhados dois caminhos complementares: O Caminho Histórico
percorre as principais vilas e aldeias num itinerário rural com vários séculos de
história; constituído majoritariamente por caminhos rurais, é uma clássica grande
rota totalmente percorrível por BTT, com troços de montado, serra. Vales, rios e
ribeiras, numa viagem pelo tempo, pela cultura local e pelos trilhos da natureza. O
Trilho dos Pescadores, sempre junto ao mar, segue os caminhos usados pelos
locais para acesso às praias e pesqueiros. Trata-se de um single track percorrível
apenas a pé, ao longo das falésias e mais exigente do ponto de vista físico. Um
desafio ao contacto permanente com o vento do mar, à rudeza da paisagem
costeira e à presença de uma natureza selvagem e persistente.
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Numa primeira fase foi feito o levantamento e validação dos trilhos, com
critérios como a qualidade técnica e cênica, biodiversidade, antiguidade dos
caminhos, proximidade de recursos turísticos, viabilidade legal, entre outros.
Procedeu-se à sua marcação, de modo a possibilitar o seu usufruto pelos
caminhantes em total autonomia.
Foi dada especial atenção à articulação dos caminhos com as populações
locais, através de sessões de esclarecimento, trabalho “porta a porta”, recurso a
cafés e outros pontos informais de partilha de informação, caminhadas de
apresentação, etc. Foi dado especial enfoque às oportunidades de negócio
inerentes a um projeto desta natureza, como no caso dos cafés/mercearias,
produtos locais e artesanato, táxis e transferes, comércio, alojamento local, etc.
A articulação com as empresas esteve sempre garantida através da rede
Casas Brancas, mas foi assegurado o alargamento a outras empresas, incluindo
parques de campismo, hotéis, etc. A todas as empresas associadas é
disponibilizado o serviço de promoção integrada, através dos materiais do projeto,
mas também através de fam/press trips e apoio à comercialização.
Em termos de promoção, foi feito um fortíssimo investimento na imagem do
projeto, que se pretendeu atual, dinâmica e autêntica. O vídeo promocional
convenceu turistas e locais, o que foi uma importante conquista em termos da
afirmação na região, já com diversos prêmios conquistados em festivais e eventos
internacionais. As fotografias profissionais surpreendem os que já conhecem bem
a região. O website dá as respostas aos futuros caminhantes, incluindo um mapa
interativos, caminhos, recursos turísticos, informação sobre a região, clima,
patrimônio, como chegar, eventos, notícias, curiosidades, etc. Estão ainda a ser
desenvolvidos mapas à escala 1:50.000, com os pontos turísticos mais relevantes e
um guia de campo. Todos os materiais estão a ser concebidos com um muito
elevado nível de exigência, no que respeita à informação escrita, layout, imagens,
materiais, etc. A página de Facebook é um caso de sucesso, mais na qualidade da
interação com os seus seguidores do que no número de seguidores, neste
momento cerca de 7.800.
Desde 2012 que a equipa tem levado o projeto a várias feiras internacionais,
onde a receptividade de mercados como a Holanda, Bélgica, Alemanha, França e
Reino Unido tem sido insuperável. Os operadores turísticos rendem-se à qualidade
da região e dos serviços turísticos associados, bem como à natureza sustentável do
projeto e dos seus objetivos. A imprensa, nacional e internacional, também tem
mostrado um fortíssimo interesse, e são já as mais importantes publicações que
nos procuram para reportagens extensas e muito proveitosas, como The Sunday
Times, The Independent, Die Zeit, The Guardian, BBC Travel, Travel Channel, Geo
Saison, National Geographic, The Times, entre muitos outros, de caráter mais
especializado e eventualmente menos conhecidos do público português.
Genericamente o projeto tem sido muito bem recebido a nível local, por
habitantes, empresas, instituições públicas e privadas. A notoriedade da marca em
Portugal tem superado todas as expectativas, se considerar que o esforço de
promoção foi quase exclusivamente internacional. É expectável que o investimento
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já feito possa agora ser rentabilizado, em benefício do próprio projeto e da sua
evolução futura.
Para além da associação de turismo Casas Brancas, que coordena o projeto,
a parceria conta também com a Associação Almargem, que assumiu a
implementação do projecto a sul de Odeceixe, e também os Municípios de Santiago
do Cacém, Sines, Odemira, Aljezur e Vila do Bispo, o Instituto de Conservação da
Natureza e das Florestas, o Polis Sudoeste Litoral, as Entidades Regionais de
Turismo do Alentejo e do Algarve, Turismo de Portugal, entre outras entidades.
Em Junho de 2013 foi criada a Associação Rota Vicentina que ficará
encarregue da gestão, manutenção, promoção e comercialização da Rota Vicentina
e serviços turísticos associados. Desta associação fazem parte as empresas
parceiras, mas também entidades públicas e privadas com interesses diversos na
região e no sector.
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Uma experiência de turismo de aventura no México
MAURICIO MORALES CONTEL: Formado em Direito pela Universidade Anáhuac;
Mestre em Finanças. É diretor geral do Expediciones Máxico Verde desde 1989 e
presidente do Conselho Pronatura de Veracruz desde 2007; Sócio fundador do
Conselho de Empresas de Turismo Alternativo (200) e da Associação Mexicana de
Aventura e Ecoturismo.Recebeu o Prêmio Nacional do México de Turismo de
Aventura em 2009.
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Turismo de Vida Selvagem: a visão de um consumidor e algumas
lições
FÁBIO OLMOS: Biólogo com mestrado em ecologia e doutorado em zoologia.
Publicou mais de 100 artigos sobre temas que vão do comportamento de jacarés aos
impactos da reforma agrária sobre áreas protegidas. Foi gestor de unidade de
conservação e trabalhou na elaboração de planos de manejo e em avaliações
ecológicas para identificação de novas UCs. Também atuou como consultor
ambiental para ONGs, agências de cooperação e iniciativa privada na elaboração de
planos de ação para espécies ameaçadas, estudos de impacto ambiental e programas
de monitoramento associados a grandes obras, entre outros. Hoje é diretor da
Permian Global, lidando com projetos que conectam a conservação de florestas ao
mercado de carbono. Também é conselheiro da Fundação Grupo Boticário e colunista
do O Eco. É um observador de aves dedicado que também aprecia fotografar,
caminhar e mergulhar.
Resumo da palestra
O turismo de vida selvagem é dedicado à observação, contato e registro (em
geral fotográfico, mas também através de filmes, gravações sonoras e diferentes
formas de desenho e pintura) da fauna e flora e seu habitat. Existem modalidades
específicas deste tipo de turismo, como a observação de aves (bird-watching),
turismo botânico, mergulho, general natural history tours, etc. A observação de
vida selvagem também é um componente importante de algumas modalidades de
turismo de aventura e contemplação da natureza, como ocorre nas caminhadas.
O desejo de contato com a vida selvagem é o que motiva visitantes que
viabilizam operadores turísticos que organizam excursões a locais que, de outra
maneira, dificilmente receberiam visitantes. Estes incluem desde locais remotos
como as regiões polares a países politicamente instáveis e inseguros. Esta
modalidade de turismo transformou economias locais e regionais, desde países
africanos que têm boa parte de seu PIB dependente da fauna que atrai turistas a
seus parques a um sem número de indivíduos que implantaram pequenos negócios
como receptivos para observadores de aves.
O sucesso de um empreendimento turístico baseado na vida selvagem
depende de vários fatores. Os mais óbvios são a existência de uma atração
interessante e o turista ter uma boa experiência, já que a propaganda boca a boca,
via web e nas redes sociais, é mais efetiva que participar de feiras e outras formas
tradicionais de divulgação.
As atrações oferecidas por um tour são um ponto chave na análise de custobenefício (ou alegria-desconforto) feita por quem planeja sua viagem. Uma atração
única, como uma colônia de 40 mil pinguins na paisagem espetacular da South
Georgia, compensa o custo e o desconforto de uma longa viagem marítima,
temperaturas abaixo de zero e desembarques arriscados. Na verdade, o que seria
inconveniente pode ser transformado em vantagem se você o explora bem (os dias
de travessia são usados para observar baleias e albatrozes, e o risco e desconforto
torna a coisa “a aventura de uma vida”).
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Nem só de grandes espetáculos naturais vive o turismo de vida selvagem.
Há empresas que vivem de experiências aparentemente simples como observar
aves em parques urbanos. A chave de seu sucesso não é apenas mostrar os
passarinhos que os clientes querem ver, mas a experiência como um todo.
O que faz uma experiência valer a pena e que um visitante a recomende
para seus amigos e poste fotos em seu Facebook? Os interesses das pessoas
naturalmente variam, mas minha perspectiva pessoal é que, indo além de oferecer
atrações e experiências singulares que alguém contará aos amigos por anos (como
mergulhar com tubarões ou ver a migração no Serengeti), excursões de vida
selvagem dependem em grande parte do lado social e psicológico da experiência.
A qualidade da experiência é o que fará com que deslizes, desconfortos e
outros aspectos negativos da viagem desapareçam da lembrança ou a dominem. Se
eu acordo de madrugada, encaro o frio e um mar agitado que me deixa enjoado
mas os tubarões brancos que paguei caro para ver não só aparecem mas também
fazem um show além do que eu esperava, tudo aquilo se torna irrelevante e quero
repetir a experiência. Dane-se o custo e o desconforto. Isso implica em pontos
básicos que devem ser tomados em consideração. Antes de entrar no importante,
há os óbvios. Como oferecer uma boa relação custo-benefício: explore o turismo, e
não o turista. Oferecer segurança – basicamente contra humanos hostis - é
fundamental, assim como logística adequada: nada melhor que
carro/hospedagem/comida ruins para arruinar a melhor das experiências.
Sobre o turismo de vida selvagem, a atração deve ser devidamente
empacotada. Uma pedra pode ser mais uma pedra ou algo espetacular que você
pode explorar por horas, dependendo da história ligada a ela. Somos animais que
contam histórias e norteiam suas vidas por estas histórias. É o teor da história
associada a uma atração e a forma como ela é contatada que irá cativar o visitante.
Além da história, logicamente é preciso ter uma experiência à altura. Os
operadores devem sempre lembrar que estão vendendo experiências que o cliente
provavelmente não poderá repetir e devem respeitar isso. Parte desse respeito
está associada a manter as expectativas do cliente realistas. Não venda algo que
tenha 1% de probabilidade de acontecer ou, pior, minta. Por exemplo, certa vez fui
a um tour de bird-watching na Hungria que anunciava uma espécie como atração
principal. Ao chegar lá descobri a população havia se extinguido 5 anos antes.
O operador também deve ter sensibilidade aos interesses do cliente. Nem
todo mundo quer saber de ver criancinhas da tribo do lugar ou cultura local
pasteurizada. Pessoalmente, acho que criar um circo baseado no exotismo da
cultura local é um desrespeito a todos os envolvidos. Por outro lado, o operador
deve sempre avaliar se pode adicionar tempero ao tour adicionando informações
sobre história, geologia, etcda região. Por exemplo, em um tour de bird-watching
na Transilvânia visitei a cidade onde VladDracula nasceu mas o guia não sabia
coisa alguma sobre o lugar. Decepcionante.
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A experiência social do tour é importantíssima. A dinâmica do grupo tem
muito a ver com isso e estive em várias excursões onde estranhos se deram
extremamente bem e a sinergia tornou a experiência (novamente bird-watching)
ainda mais agradável. Isso quer dizer que o guia é a peça fundamental e deve ter
preparo, preparo e mais preparo. O guia tem que ter habilidades sociais para ser
meio professor, meio showman, meio piadista, meio segurança e segurar as coisas
quando imprevistos acontecem. E lembrar que profissionalismo é fundamental e
que, enquanto adaptabilidade é uma boa coisa, o jeitinho brasileiro é abominável.
A pior coisa é um guia sem habilidades sociais que sabe menos do que você
e tenta te enrolar. Por exemplo, uma das minhas piores experiências foi na
Chapada dos Veadeiros, com um guia (obrigatório) que só sabia falar da “energia
dos cristais”. Também vi como budget safaris na Tanzania contratavam “guias” que
não sabiam conduzir um 4x4 (e atolavam) ou chegar noslodges dentro dos
parques, um claro exemplo do barato saindo caro.
Por fim, toda atividade econômica, incluindo o turismo, deve estar ciente de
seus efeitos na área onde atua e se comportar de forma ética. É inaceitável explorar
pessoas em situação frágil, causar danos ambientais e abusar de animais.
Por exemplo, há locais, como nos arredores de Manaus, onde excursões
incluem fotos com animais que foram ilegalmente capturados na natureza e vivem
vidas miseráveis em cativeiro. Na Islândia há excursões que te levam a
restaurantes que vendem carne de baleias ameaçadas de extinç~o para te dar “um
gosto da cultura local”. Estas empresas jamais ter~o um centavo meu e desejo-lhes
a mais dolorosa das falências.
Operadores turísticos são responsáveis por cuidar daquilo que vendem. Em
muitos locais é comum ver guias violando regras como sair de trilhas e estradas
autorizadas, dirigindo por onde não devem, dispondo de lixo de maneira incorreta
e estimulando comércios irregulares (como lenha retirada da área protegida onde
atuam).
A falta de cuidado e cuidado de operadores, incapazes de se auto-regular em
um contexto de governos inoperantes, está destruindo locais espetaculares como o
Everest e é a desculpa usada por aqueles, aqui no Brasil, hostis à abertura de
parques e reservas à visitação.
Acredito que o turismo é parte da solução para conservar os espaços
selvagens que restam, mas isso depende tanto das atitudes dos operadores como
dos consumidores. De minha parte,me sinto muito mais satisfeito em gastar meu
dinheiro, mesmo que a mais, com operadores que compartilham desta visão
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Península Papagayo na Costa Rica: um modelo sustentável
MANUEL ARDÓN: Engenheiro Civil com especialidade em Administração da
Construção. De 1978 a 2002 trabalhou em diversos países latinoamericanos como
diretor de projetos grandes, como trilhos, campos de petróleo, aeroportos e expansão
do Canal do Panamá. Uniu-se à equipe da Península Papagayo, na Costa Rica, e logo
foi nomeado como chefe de operações. Atualmente suas responsabilidades são a
supervisão de uma organização de aproximadamente250 pessoas que oferecem
todos os serviços dentro da Península.
Resumo da palestra
Península Papagayo es un desarrollador turístico e inmobiliario. Se trata de
uno de los 23 concesionarios privados del Polo Turístico Golfo de Papagayo,
proyecto del estado costarricense que consiste en una serie de atractivos
derivados del patrimonio natural y cultural.
Este desarrollador trabaja conforme a la visión que establece que
“Península Papagayo ser| un desarrollo turístico e inmobiliario único en el mundo
que combine calidad, naturaleza, cultura y responsabilidad social” y bas|ndose en
los pilares de respeto por la legislación nacional, calidad, respeto por el ambiente y
fortalecimiento de las relaciones comunitarias.
En cuanto al tema ambiental la empresa creó el programa “Compromiso con
un Desarrollo Sostenible” que tiene como objetivo “desarrollar un proyecto
turístico e inmobiliario sostenible, único y que sea modelo mundial por su
responsabilidad en materia ambiental y el manejo de los recursos no solo en sus
fases de construcción, sino también en su operación” y desarrolla acciones con los
colaboradores, comunidades, proveedores y segregaciones de la concesión.
Además cuenta con una Política Ambiental que establece 26 protocolos que se
deben seguir en la fase constructiva, 8 en la operativa y 8 generales. La protección
de árboles en veda, el control de erosión, el tratamiento de aguas residuales y la
separación de desechos sólidos son tan solo algunos de los 42 protocolos
establecidos. Por su parte Península Papagayo se ha caracterizado por el desarrollo
de prácticas ambientales en alianza con instituciones nacionales y regionales.
Además de todos estos esfuerzos en el área de medioambiente, Península
Papagayo trabaja en los restantes 6 stakeholders del modelo IndicaRSE, que son los
indicadores centroamericanos consensuados por los entes promotores de RSE en
la región: Gobernabilidad (valores, transparencia y gobernanza), Política Pública
(Gobierno y sociedad), Mercadeo (consumidores y clientes), Proveedores, Público
Interno y Comunidad.
Todos estos esfuerzos en RSE hicieron posible que, en el 2011, Península
Papagayo ingresara a The Global Partnership for Sustainable Tourism, un comité
adscrito al Programa Ambiental de Naciones Unidas, que tiene como misión
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integrar la sostenibilidad en el turismo como única opción para mantener la
industria turística en el largo plazo.
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Parcerias público-privadas
Conservação no Brasil
para
gestão
de
Unidades
de
MARCO AURÉLIO DE BARCELOS SILVA: Graduado em Direito pela UFMG, com
especialização em Direito Público pela PUC/Minas e em Finanças pelo IBMEC
Business School. É mestre em Direito Administrativo pela UFMG e Master of Laws
(LL.M.) pela Univ. de Londres. Foi assessor jurídico e diretor da Unidade de Parcerias
Público-Privadas (Unidade PPP) de MG, onde participou da estruturação dos
primeiros projetos de PPP do país; foi assessor da Vice-Presidência do Superior
Tribunal de Justiça (STJ); foi professor substituto de Direito Administrativo na UFMG
e professor dos cursos de Pós-Graduação da Escola de Contas do Tribunal de Contas
de MG. É professor dos cursos de Pós-Graduação em Direito Administrativo e em
Direito da Regulação do Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP), em Brasília, e
do LL.M. em Direito Corporativo do IBMEC Business School em Minas Gerais; é sócio
na Portugal Ribeiro & Navarro Prado Advogados, escritório especializado nos setores
de infraestrutura, contratos públicos e regulação.
Resumo da palestra
As unidades de conservação são figuras previstas na Lei Federal nº 9.985,
de 18 de julho de 2000. Elas traduzemo esforço do legislador brasileiro de
fortalecer a proteção de áreas naturais especialmente relevantes. Uma unidade
desse tipo envolve o espaço territorial e os recursos naturais de áreas naturais, que
assumem limite definido e passam a se submeter a regras especiais de
administração e preservação. São categorias de unidades de conservação, dentre
outras: as estações ecológicas, as reservas biológicas, os parques nacionais.
Existem, na atualidade, importantes reflexões sobre como viabilizar a
manutenção das unidades de conservação no Brasil. O Poder Público costuma
enfrentar dois obstáculos para implementar, adequadamente, as medidas de
preservação dessas áreas ambientais, a saber: a falta de recursos orçamentários e a
pouca eficiência de sua atuação.
Dentre as alternativas debatidas bem recentemente para se contornarem
aqueles problemas, tem-se destacado a formalização de parcerias com atores da
iniciativa privada, os quais poderiam assumir parte da gestão daquelas unidades,
juntando ações de conservação com a exploração racional do potencial turístico
das áreas. Existem diversas formas de parceriasadotáveis para essa finalidade, que
são tipicamente viabilizadas por meio de contratos. No Brasil, inclusive, já há
algumas experiência em contratos do tipo “terceirizaç~o”, por meio dos quais
tarefas isoladas, tais como a vigilância, limpeza, restauração etc., passam a ser
executadas por empresas privadas.
Uma parceria público-privada (PPP) propriamente dita, todavia, apesar de
ser um contrato, apresenta uma dimensão bem mais abrangente quemeros
contratos deterceirização. Trata-se, na verdade, de um contrato de “concess~o”, em
que a “gest~o” de um empreendimento público, de maneira sistematizada e global,
é transferida a um concessionário. Oconcessionário, por sua vez, encontra duas
formas de ser remunerado pelo serviços que presta na PPP: ou recebe do próprio
Poder Público o pagamento de prestações (em geral,condicionadas ao
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cumprimento de indicadores de desempenho); ou se remunera por meio de
receitas decorrentes da exploração do empreendimento, como tarifas, receitas
acessórias etc.
Tratando-se de uma unidade de conservação, uma PPP trariatodas essas
características. O parceiro privado tanto poderia se remunerar por meio de valores
diretamente pagos pelo parceiro público, como também poderia auferir renda de
outras atividades que desempenhasse, por além da conservação das áreas, a
exemplo da exploração do potencial turístico da unidades, cobrança de ingresso
para atrações especiais, venda de souvenires, lanchonetes, eventos etc.
É importante, de toda a maneira, ter em mente que a opção pela PPP não se
confunde com a privatização de uma unidade de conservação. Para todos os
efeitos, o Poder Público continua sendo o responsável pela preservação da área, o
concession|rio funcionado apenas como um “prestador de serviços”. Na realidade,
não havendo o cumprimento das obrigações contratuais pelo privado, o Estado
pode extinguir o contrato e, na sequencia, reassumir a gestão da unidade, ou
promover nova contratação para que outro concessionário prossiga na prestação
dos serviços.
Costumam-se apontar diversas vantagens decorrentes da adoção, pela
Administração Pública, de parcerias público-privadas para a gestão de
empreendimentos de interesse público. Dentre elas, ganha destaque a
possibilidade de se obterem serviços mais baratos e com mais qualidade, haja vista
a maior flexibilização de que dispõe o concessionário (que é tipicamente uma
empresa privada), a sua financiabilidade, a sua expertise e a maior capacidade de
congregar e administrar diversos fornecedores ao mesmo tempo, com menos
custos de transação. Na literatura especializada, essas vantagens costumam ser
ilustradas por meio a express~o de origem inglesa “value for money" (ou “melhor
relaç~o entre qualidade e custo”).
Há várias atividades que poderiam integrar um contrato de PPP para uma
unidade de conservação. Elas podem incluir desde o monitoramento, o controle de
acessos, combate a incêndio, manutenção periódica, limpeza de áreas, até a
despoluição de mananciais, conservação e restauração de sítios arqueológicos.
Paralelamente, o parceiro privado ainda poderiacuidar da disponibilização de
atividade como arvorismo, visitas guiadas, escalada, ciclismo, promoção de
exposições, implantação de lanchonetes e restaurantes, exploração da marca de
parques e estações etc. O ideal seria, em última análise, fazer com que o conjunto
de gastos com a gestão da unidade pudesse ser compensado pelas receitas
potencialmente obtidas com o turismo.
Evidentemente, para que um modelo dessa natureza dê certo, é
imprescindível que o Poder Público e os órgãos ambientais realizem a permanente
fiscalização das atividades desempenhadas pelo concessionário, assim como o
regular monitoramento dos indicadores de desempenho que ele estaria obrigado a
cumprir. Esse acompanhamento deve poder ser realizado em conjunto com os
órgãos de controle especializados (como os próprios Tribunais de Contas), e
também pela sociedade.
No Brasil, embora vários outros projetos de parcerias público-privadas em
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distintas áreas, como transporte e saneamento, já estejam em pleno
funcionamento, ainda não há iniciativas específicas para unidades de conservação.
Em Minas Gerais, no entanto, o Governo está se dedicando à modelagem daquela
que provavelmente será a primeira PPP sobre o assunto no país. O desenho
mineiro envolve a gestão de um parque estadual e de dois outros monumentos
naturais. Existem boas expectativas de que iniciativa seja bem sucedida e possa ser
replicada para outras unidades do tipo, em outros entes da Federação. A depender
do que a experiência dos primeiros projetos revelar, será possível antever um novo
marco para a gestão de unidades de conservação no Brasil.
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Hotéis sustentáveis
ALEXANDRE GARRIDO: É engenheiro Geólogo pela Universidade Federal de Ouro
Preto, com MBA em Gestão estratégica pela Fundação Getúlio Vargas e Mestre em
Engenharia da Produção éla Univ. Federal Fluminense, com 20 anos de experiência
profissional.Especialista em normalização, certificação e gestão empresarial; atua
com o tema Turismo Sustentável há 12 anos, com desenvolvimento e implementação
de metodologias de gestão para Meios de Hospedagem e Operadoras.Autor de Guias
sobre Gestão da Sustentabilidade para Meios de Hospedagem, Instrutor do Curso da
ABNT sobre a norma brasileira NBR 15401 – Meios de Hospedagem - Sistema de
Gestão da Sustentabilidade e Coordenador da ABNT/CB 54/CE 54:004.01 – Comissão
de Estudo de Gestão da Sustentabilidade em Meios de Hospedagem.Atualmente, é
Diretor da Sextante, consultoria especializada em tecnologias para a
competitividade
Resumo da palestra
De acordo com a Organização Mundial do Turismo – OMT, em 2012 o
número de chegadas internacionais de turistas cresceu aproximadamente 4%,
atingindo a histórica marca de 1.035 bilhões. Mesmo em crise econômica a Europa
apresentou um crescimento de 3%, que representa o valor estimado de 535
milhões de chegadas internacionais. A previsão para todo o globo para os próximos
anos continua sendo de crescimento, onde espera-se para um índice médio de
3,8% por ano até 2030.
O crescimento do turismo está acontecendo em cenário de constantes
transformações econômicas, políticas, sociais e comportamentais. Os países e
destinos
turísticos estão se posicionando na tentativa de se tornarem competitivos e atrair a
maior fatia possível de turistas. Isto tem ocorrido por vezes de forma estruturada e
com base numa estratégia sólida, mas outras vezes sem nenhuma organização.
Neste ambiente de risco e oportunidade as empresas do segmento tentam
se diferenciar e influenciar o poder de decisão dos turistas, trabalhando em
questões relativas à preços, ofertas, promoções, produtos e serviços diferenciados,
usando cada vez mais mecanismos tecnológicos e com foco em dois grandes temas:
inovação e sustentabilidade.
É fundamental para o turismo que os empreendimentos dos destinos
desenvolvessem suas atividades, capacitando mão de obra local, valorizando as
tradições e produtos da região, preservando e promovendo os patrimônios
ambientais e culturais, além de oferecer produtos e serviços com qualidade para
superar as expectativas de seus clientes. Afinal, o cliente indica e retorna ao
destino quando sai de lá satisfeito e com a sensação de que valeu a pena, o que
gastou e o que desfrutou.
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Os meios de hospedagem têm um papel singular neste contexto em função
do seu papel central na cadeia do turismo, principalmente para garantir uma
experiência significativa para os visitantes, aumentando sua consciência sobre as
questões de sustentabilidade e promovendo práticas de turismo sustentável.
Assim, a questão que se coloca é: O que é um Hotel sustentável? Um Hotel
sustentável deve ser ao mesmo tempo ambientalmente responsável, socialmente
justo e economicamente viável. Pode dizer que um Hotel sustentável é aquele que
segue os 7 princípios do turismo sustentável, a saber:
(1) Diretor da Sextante, consultoria especializada em tecnologias para a
competitividade e Coordenador da ABNT/CB 54/CE 54:004.01 – Comissão de
Estudo de Gestão da Sustentabilidade em Meios de Hospedagem.
1. Respeitar a legislação vigente
O turismo deve respeitar a legislação vigente em todos os níveis no país e as
convenções internacionais de que o país é signatário.
2. Garantir os direitos das populações locais
O turismo deve buscar e promover mecanismos e ações de responsabilidade
social, ambiental e de eqüidade econômica, inclusive a defesa dos direitos
humanos e de uso da terra, mantendo ou ampliando, a médio e longo prazos, a
dignidade dos trabalhadores e comunidades envolvidas.
3. Conservar o ambiente natural e sua biodiversidade
Em todas as fases de implantação e operação, o turismo deve adotar
práticas de mínimo impacto sobre o ambiente natural, monitorando e mitigando
efetivamente os impactos, de forma a contribuir para a manutenção das dinâmicas
e processos naturais em seus aspectos paisagísticos, físicos e biológicos,
considerando o contexto social e econômico existente.
4. Considerar o patrimônio cultural e valores locais
O turismo deve reconhecer e respeitar o patrimônio histórico-cultural das
regiões e localidades receptoras e ser planejado, implementado e gerenciado em
harmonia com as tradições e valores culturais, colaborando para seu
desenvolvimento.
5. Estimular o desenvolvimento social e econômico dos destinos turísticos
O turismo deve contribuir para o fortalecimento das economias locais, a
qualificação das pessoas, a geração crescente de trabalho, emprego e renda e o
fomento da capacidade local de desenvolver empreendimentos turísticos.
6. Garantir a qualidade dos produtos, processos e atitudes
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O turismo deve avaliar a satisfação do turista e verificar a adoção de
padrões de higiene, segurança, informação, educação ambiental e atendimento
estabelecidos, documentados, divulgados e reconhecidos.
7. Estabelecer o planejamento e a gestão responsáveis
O turismo deve estabelecer procedimentos éticos de negócio, visando
engajar a responsabilidade social, econômica e ambiental de todos os integrantes
da atividade, incrementando o comprometimento do seu pessoal, fornecedores e
turistas, em assuntos de sustentabilidade, desde a elaboração de sua missão,
objetivos, estratégias, metas, planos e processos de gestão.
Mas em termos práticos, para um Hotel ser sustentável ele deve conhecer e
gerenciar os aspectos e impactos relacionados as três dimensões da
sustentabilidade. Isso deve ser feito pelo mapeamento das principais atividades
desenvolvidas no empreendimento, indo a cada área e identificando as principais
atividades executadas e, em seguida, relacionando os aspectos e impactos ligados à
sustentabilidade, pensando sempre nas três dimensões envolvidas: ambiental,
social-cultural e econômica.
A partir desta identificação deve-se avaliar quais são os impactos
significativos, para que então se possa implementar ações para mitigá-los ou
minimizá-los, ou seja, para que sejam implementadas práticas sustentáveis
efetivas.
Não obstante deve-se acompanhar o desempenho das práticas sustentáveis
por meio do uso de indicadores, o que permitirá a tomada de decisões gerenciais
adequadas e fundamentadas em termos de sustentabilidade.
Desta forma pode-se afirmar que o Hotel é sustentável porque ele detém um
Sistema de Gestão da Sustentabilidade e, não só porque o Hotel realiza uma série
de práticas de sustentabilidade.
Atualmente encontramos um conjunto extenso de informações de práticas
sustentáveis adotadas por Hotéis de todos portes e tipos, em inúmeras localidades
do mundo. Além disto há proliferação de mecanismos de demonstração destas
práticas, como prêmios, programas de certificação e outras iniciativas, as quais
pretendem ajudar os turistas na identificação de empresas mais sustentáveis e,
portanto, mais responsáveis.
Hoje identificamos 140 iniciativas voltadas para o turismo sustentável,
aplicadas em 48 países, sendo 30 utilizadas nos Estados Unidos, 11 na Alemanha ,
9 na França, 7 Inglaterra e na Austrália e 6 na África do Sul e no Brasil.
Do ponto de vista do foco, destas 140 iniciativas observamos que 72 são
aplicadas somente para Hotéis e 13 são específicas para as operadoras de turismo,
10 para restaurantes em regiões turísticas, 6 para destinos turísticos e 4 parques,
sem falar naquelas que são aplicadas em vários tipos de negócios.
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No Brasil observa-se que existem pelo menos 230 Hotéis relacionados a
alguma das 6 iniciativas identificadas. Contudo a principal iniciativa é a certificação
de Sistemas de Gestão da Sustentabilidade de Meios de Hospedagem realizada com
base na norma brasileira ABNT NBR 15401:2006 Meios de hospedagem — Sistema
de gestão da sustentabilidade — Requisitos. Atualmente são 8 os Hotéis
certificados neste programa a saber:
- Hotel Canto das Águas – Lençois/ BA
-Hotel Lençois – Lençois/ BA
- Pousada Ville la Plage – Búzios/RJ
- MABU Thermas & Resorts – Foz do Iguaçu/PR
- Pousada Lagoa do Cassange – Maraú/BA
-Hotel Pousada Blumenberg – Canela/RS
- Pousada Spa Dom Ramon – Canela/RS
- Hotel Pousada Encantos da Terra – Canela/RS
Enfim temos todas as condições necessárias para avançar em termos de
Hotéis sustentáveis no Brasil, pois já temos base técnica, experiência, competência,
Hotéis iniciados no tema da sustentabilidade e uma tendência crescente do
interesse do turista no assunto.
O nosso desafio passa a ser então como promover a sustentabilidade dos
Hotéis e fazer com que isso se espalhe nos destinos turísticos em que eles
encontram-se inseridos.
Referências Bibliográficas
ABNT NBR 15401:2006 Meios de hospedagem — Sistema de gestão da
sustentabilidade — Requisitos
GARRIDO, A.E. e NASCIMENTO, D.P. Guia de meios de hospedagem - Sistema de
Gestão da Sustentabilidade. ABNT/SEBRAE. Rio de Janeiro,2012.
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Infraestruturas sustentáveis para uso público em UC
SERGIO PAMPLONA: É arquiteto formado pela UnB. Atua, desde sua graduação em
1989, com projetos voltados para a sustentabilidade. Tal foco fez com que
incorporasse a permacultura em seu trabalho desde 1996, filosofia e ciência que
embasa seu trabalho desde então.Entre 2000 e 2003 atuou no Proecotur, Programa
de Desenvolvimento do Ecoturismo na Amazônia Legal, do Ministério do Meio
Ambiente, pesquisando, desenvolvendo e sugerindo Melhores Práticas em Ecoturismo.
Ministrou a disciplina “Práticas Sustentáveis” no curso de Pós-Graduação
“Planejamento e Gestão em Ecoturismo e Turismo Rural” da Universidade Católica de
Brasília e o tema “Uso Público em Unidades de Conservação” para gestores de
Parques do ICMBio. Foi também presidente da Rede Brasileira de Permacultura e
editor da revista Permacultura Brasil, tendo dado inúmeros cursos e palestras sobre
o tema. Atualmente, dirige a Arquinatura, um escritório de projetos integrados
sustentáveis, com enfoque em ecovilas e condomínios ecológicos, propriedades
permaculturais, sistemas construtivos de baixo impacto e sistemas sustentáveis de
tratamento de esgotos. E, principalmente, vive em um sítio permacultural, onde
busca levar uma vida o mais sustentável possível.
Resumo da palestra
Em primeiro lugar será abordada a permacultura, sistema de planejamento
integrado para ocupações humanas sustentáveis. Trata-se de um contexto
conceitual e prático dentro do qual se pode falar de infraestrutura sustentável de
modo coerente e abrangente, e com o qual o palestrante trabalha.
Embora seja um tema vasto e multifacetado, o palestrante tentará mostrar
de forma sucinta do que se trata e as muitas áreas em que atua na construção de
uma cultura de sustentabilidade.
Em seguida, será abordada a bioarquitetura, área específica de atuação do
palestrante dentro da moldura permacultural. Nesse campo, serão abordados
muitos temas. Primeiramente, serão os materiais de construção natural e técnicas
construtivas que realmente possibilitam construções de baixo impacto ambiental e
grande conforto térmico. Entre elas, terra crua, madeira, bambu, fibras naturais e
até materiais reaproveitados.
Finalmente, serão abordados aspectos e técnicas específicos de
bioclimatismo nas construções (conforto térmico por meio de sistemas naturais),
fontes de energia renovável e sistemas de ecossaneamento que utilizam plantas
para reciclar o esgoto produzido.
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Aspectos filosóficos e jurídicos da regulação e licenciamento do
turismo de natureza no Brasil
MARCELO BUZAGLO DANTAS: É advogado, mestre e doutor em Direitos Difusos e
Coletivos pela PUC-SP. Foi "Visiting Scholar do Environmental Law Program da Pace
Law School (White Plains/NY)” e é ex-presidente da Comissão de Meio Ambiente da
OAB/SC (2007-2009 e 2010-2012).Professor de Direito Ambiental da Universidade do
Vale do Itajaí e da Escola de Preparação e Aperfeiçoamento do Ministério Público de
SC, assim como dos Cursos de Especialização em Direito Ambiental da PUC/SP,
PUC/RJ, UNISINOS, UNIVALI e CESUSC. Coordenador dos cursos de especialização em
Licenciamento Ambiental e em Direito e Gestão Ambiental do CESUSC.Autor,
organizador e coordenador de seis obras na área do Direito Ambiental e mais de 50
artigos publicados em livros e revistas especializadas, no Brasil e no exterior.Entre
2007 e 2012 foi indicado pela Revista Análise Advocacia, dentre “Os Mais Admirados
do Direito”, na categoria “Ambiental”. É membro do Conselho Curador da Fundação
Grupo Boticário de Proteção à Natureza.
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5. RESUMOS EXPANDIDOS
AÇÕES AMBIENTAIS EM HOTÉIS DO RIO DE JANEIRO/RJ:
CONHECIMENTO E GESTÃO DOS HOTELEIROS CARIOCAS
SUELLEN ALICE LAMAS4
Abstract
Is the environmental dimension taken into account in the strategic planning of
hotels? Do hotel managers know environmental actions in this sector? What
procedures are used? What reasons for? Based on these questions, the article aims
to analyze the information of hotel managers in Rio de Janeiro about the
environmental dimension in the hotel trade. In order to achieve such an aim, hotel
managers were interviewees and literature review on the subject was carried out.
The selection of hotels was based on four main characteristics: be registered in the
Cadastur, typology, location and type of daily. The results showed isolated
initiatives within the hotel sector, still incipient, which denote that environmental
actions are directly conditioned by interests, knowledge, liberty of action and
resources of managers.
Palavras-chave: Gestão Ambiental. Hotelaria. Informações de gestores
hoteleiros.
Key words: Environmental Management. Hotel.Hotel Managers Information
Introdução
Para atender a uma demanda cada vez mais exigente e consciente, empresas
de diversos segmentos, inclusive do turismo, vêm buscando adequar seus
procedimentos, incorporando programas de gestão ambiental às estratégias
administrativas. Com destaque, a atividade hoteleira, base do turismo, que é
pioneira na busca de adequações do setor.
O setor hoteleiro mundial aderiu aos Sistemas de Gestão Ambiental no
início na década de 1980 (GONÇALVES, 2004). No Brasil os sistemas ambientais
começaram a ser adotados pelos empreendimentos hoteleiros a partir de 2000.
Um Sistema de Gestão Ambiental constitui-se parte da gestão global de uma
empresa, incluindo organização, planejamento, responsabilidades, práticas,
procedimentos, processos e recursos a se desenvolver para implementar a política
ambiental (ABNT, 2004).
4
Professora do curso de Gestão de Turismo do CEFET/RJ UnEd Petrópolis. Endereço postal: Rua do
Imperador, 971 Centro – CEP: 25.620-003 - Petrópolis, RJ. E-mail: [email protected]
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No Brasil os sistemas ambientais comumente implantados na hotelaria são:
Sistema Ambiental de Produção mais Limpa (P+L), Sistema Ambiental Autônomo,
Sistema de Gestão Ambiental série ISO 14000, Programa de Certificação em
Turismo Sustentável (PCTS) do Instituto de Hospitalidade e Sistema Ambiental
ABIH “Hóspedes da Natureza” (GONÇALVES, 2004). Os empreendimentos que
aderem a esses sistemas são certificados a partir do atendimento às orientações e
de uma postura ambientalmente correta.
As ações ambientais em empreendimentos hoteleiros abrangem as áreas de
energia, resíduos sólidos, água, efluentes, emissões, educação ambiental,
programas de sensibilização, aspectos de mercado (legislação, tecnologias) e
fornecedores (DE CONTO, 2005).
Com base nesse contexto, faz-se a reflexão: a dimensão ambiental está
inserida no planejamento estratégico dos meios de hospedagem cariocas? As ações
ambientais no setor são de conhecimento dos gestores? Quais procedimentos são
utilizados?
A partir desses questionamentos o presente artigo tem como objetivo
conhecer se o debate ambiental se insere nos empreendimentos hoteleiros
cariocas, analisando o conhecimento e a preocupação dos gestores hoteleiros por
meio das práticas de ações ambientais, quando desenvolvidas nesses meios de
hospedagem.
Em destaque a cidade do Rio de Janeiro/RJ que além de destino turístico de
referência do país, sediará grandes eventos internacionais, como a Copa das
Confederações (2013), a Copa do Mundo (2014) e as Olimpíadas (2016), o que
aumentará significativamente o número de turistas na cidade, e, por conseguinte, o
número de hóspedes.
Nessa direção, o presente artigo, ao conhecer as ações realizadas pelo setor
hoteleiro carioca visa agregar novas informações consistentes para se
complementar os estudos da área de gestão ambiental em meios de hospedagem
do Brasil.
Cabe destacar que o artigo decorre de pesquisas realizadas por Lamas
(2012) em sua dissertação de mestrado.
Métodos
O presente artigo retrata um estudo interdisciplinar que busca analisar
sobre práticas ambientais no contexto dos meios de hospedagem.
Foi realizada uma pesquisa bibliográfica e exploratória. A coleta de dados
em campo contou com entrevistas estruturadas com gestores dos hotéis
selecionados e foi realizada entre os meses de agosto de 2010 e janeiro de 2011.
Para a seleção dos hotéis a serem entrevistados, utilizou-se o Cadastur, um
sistema online de cadastro de empresas e profissionais do turismo, executado pelo
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Ministério do Turismo em parceria com Órgãos Oficiais de Turismo dos Estados
(CADASTUR, 2010).
Além do cadastro em órgão oficial, adotaram-se três outros critérios para a
seleção dos hotéis: Tipo de meio de hospedagem - hotéis; localização – área urbana
e tipo de diária – pensão completa. A partir desses critérios, 41 hotéis foram
identificados do total de 240 meios de hospedagem cadastrados do Rio de
Janeiro/RJ em 09 de agosto de 2010.
Resultados e discussão
Após cinco meses de trabalho em campo (de agosto de 2010 a janeiro de 2011), 14
hotéis foram entrevistados (34%) enquanto 11 (27%) não manifestaram interesse
em participar da pesquisa e 16 (39%) foram desconsiderados, pois eram somente
motéis ou ofereciam ambos os serviços de hospedagem, apesar de estarem
cadastrados como hotel no site do CADASTUR.
Os gestores foram inicialmente
questionados sobre o conhecimento
de hotéis da cidade do Rio de Janeiro
que desenvolvem ações ambientais.
Cinco
gestores
(36%)
não
demonstraram esse conhecimento, os
nove
(64%)
demais,
todavia
afirmaram que os hotéis locais
desenvolvem ações voltadas para a
economia de energia (três respostas),
reutilização
(uma
resposta)
e
economia de água (duas respostas),
reciclagem e coleta seletiva (cinco
respostas) e separação e venda de
resíduos sólidos (uma resposta),
conforme indicado no gráfico 1.
Gráfico 1. Áreas de atuação ambiental
dos hotéis do Rio de Janeiro/RJ segundo
os gestores
Posteriormente, os gestores foram questionados se o compromisso
ambiental está previsto no planejamento estratégico dos hotéis onde atuam.
Somente dois hotéis (14%) afirmaram que isso ainda não acontece, os outros doze
(86%) disseram que o compromisso se dá por meio de projetos e/ou ações
práticas nas áreas de economia de energia (quatro hotéis), água (três hotéis) e
coleta seletiva e descarte correto dos resíduos sólidos (quatro hotéis).
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Após à análise do conhecimento das questões ambientais por parte dos
hoteleiros, iniciou-se a verificação da preocupação dos mesmos para com estas
questões. Nesse sentido, os entrevistados foram indagados sobre o
desenvolvimento de ações e/ou programas ambientais nos hotéis. Somente um dos
hoteleiros afirmou realizar ações ambientais de economia de energia
esporadicamente no hotel, por não haver necessidade de fazê-la. Os demais
hoteleiros, 13 ou 93%, afirmaram realizar ações ambientais nos hotéis (gráfico 2).
Tais ações se concentram nas áreas de economia de energia (13 hotéis), água (10
hotéis) e gestão de resíduos sólidos (12 hotéis).
Gráfico 2. Áreas de Atuação Ambiental dos Hotéis Pesquisados Segundo os
Gestores
Fazendo uma análise comparativa entre as respostas relacionadas ao
comprometimento e as respostas sobre a realização de ações ambientais (Gráfico
3), percebe-se que o número de ações nas principais áreas ambientais destacadas
na pesquisa (resíduos sólidos, energia e água) é superior às citações de
comprometimento nas mesmas áreas. Denota-se com isso que, em geral, as ações
realizadas nos hotéis não são sustentadas por uma base teórica, um conhecimento
prévio. E, muitas vezes, a informação ambiental não é transformada em condutas:
técnicas e tecnologias ambientais implantadas de forma efetiva nos meios de
hospedagem.
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Gráfico 3. Correlação entre as áreas de comprometimento informadas e as ações
ambientais realizadas nos hotéis segundo respostas dos sujeitos da entrevista
Quanto às ações desenvolvidas, os hotéis foram, por fim, questionados
sobre a consideração de fatores ambientais na escolha dos fornecedores ou quanto
terceiriza seus serviços.
Dois hoteleiros (14%) assumiram que essa opção ainda não faz parte da
gestão do hotel. Os 12 demais hoteleiros (86%) consideram os fatores ambientais
na escolha dos fornecedores, ainda que esta seja uma ação pontual e não contínua.
O presente trabalho objetivou conhecer se o debate ambiental se insere nos
empreendimentos hoteleiros cariocas, analisando para isso, o conhecimento e a
preocupação dos gestores hoteleiros para com as ações ambientais desenvolvidas
nos meios de hospedagem. As pesquisas bibliográficas e entrevistas realizadas
possibilitaram um diagnóstico preliminar.
Pode-se dizer que as ações ambientais nos meios de hospedagem ainda são
escassas, limitando-se à economia de custos (água, energia, resíduos) e não
necessariamente à ações em prol do meio ambiente.
O conhecimento e a preocupação dos gestores estão associados mais à
prática diária do que propriamente à busca por informações sobre o tema, fato
corroborado pela análise comparativa (gráfico 3).
Verifica-se também iniciativas isoladas, ainda incipientes, condicionadas
aos interesses, conhecimentos, liberdade de atuação e recursos dos gestores
hoteleiros.
Agradecimentos
Agradeço aos gestores hoteleiros que se dispuseram à esta pesquisa, bem
como aos professores Emílio Maciel Eingenheer e Suzana Maria De Conto pela
orientação na dissertação de mestrado em Ciência Ambiental – UFF (2012) que
deu base para este artigo. Ao CEFET/RJ, agradeço pelo apoio na participação do
CONATUS.
Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. NBR ISSO 14001:
Sistemas da gestão ambiental – Requisitos com orientações para uso. Rio de
Janeiro: ABNT, 2004.
CADASTUR. Disponível em <http://www.cadastur.turismo.gov.br>. Acesso em: 09
ago. 2010.
DE CONTO, S. M. Gerenciamento de Resíduos Sólidos em Meios de Hospedagem. In:
______ TRIGO, Luiz Gonzaga Godoi (Orgs). Análises Regionais e Globais do
Turismo Brasileiro. São Paulo: Roca, 2005.
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GONÇALVES, Luiz Cláudio. Gestão ambiental em meios de hospedagem. São
Paulo: Aleph, 2004. (Série Turismo).
LAMAS, Suellen Alice. Gestão de resíduos sólidos em meios de hospedagem:
diagnóstico da atuação de hotéis do Rio de Janeiro - RJ. Niterói: 2012. 74f.
Dissertação (Mestrado em Ciência Ambiental) – Universidade Federal Fluminense,
Niterói, 2012.
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AS MOTIVAÇÕES E O CUSTO DE VIAGEM DOS VISITANTES DO
PARQUE NACIONAL DA CHAPADA DOS VEADEIROS (PNCV) - UMA
CONTRIBUIÇÃO AO DESENVOLVIMENTO DA COMUNIDADE DE SEU
ENTORNO
CARLOS SHILEY DOMICIANO5
FRANCIS LEE RIBEIRO6
FELIPE SILVA DOMCIANO7
Abstract This study aims to present preliminary data from a field research
conducted for the environmental valuation of the set of environmental goods and
services that form the Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros (PNCV), Alto
Paraíso de Goiás - Goiás- Brazil. It is based on focus of desire and motivations of
tourists, to get in touch with nature and enjoy its amenities. It is a qualitative and
quantitative survey with questionnaires to the visitors of PNCV, at a particular
time. It was found that the motivations are varied, connected to personal and
group nature, and the tourists spending’s can contribute to the community
development of the District of São Jorge, in the vicinity of the National Park.
Palavras-chave: Valoração ambiental. Chapada dos Veadeiros. Lazer e
recreação. Localidade.
Keywords: Environmental valuation. Chapada dos Veadeiros. Leisure and
recreation. Locality.
Introdução
A proposta deste trabalho consiste em apresentar dados preliminares para
a realização de uma valoração de um conjunto de bens e serviços ambientais que
constituem o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros (PNCV), com enfoque no
desejo dos turistas visando a satisfação de uma necessidade e suas motivações, ao
entrar em contato com a natureza e desfrutar de suas amenidades. Essa valoração
se dá em função dos gastos incorridos pelas pessoas para a realização da viagem.
5
Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás - IFG - Coordenação de
Turismo e Hospitalidade (Rua 75, nº 46, Setor Central, CEP: 74055-110, Goiânia-GO.
Email:[email protected]), doutorando em Ciências Ambientais - UFG. –
[email protected]
6
Professora da Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos /UFG -(Campus Samambaia - Rodovia
Goiânia / Nova Veneza, Km 0 - Caixa Postal 131, CEP 74690-900) Goiânia - GO –
[email protected]
7
Discente do curso de Ciências Econômicas da Fac. de Administração, Ciências Contábeis e Econômicas
/UFG (Caixa Postal: 131 - CEP: 74.001-970)- Goiânia - GO - [email protected]
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Trata-se de um conceito de cunho econômico, aplicado a uma Unidade de
Conservação (UC), considerando as relações existentes entre esse valor aferido e
as condições sociais, culturais e econômicas das pessoas que usufruem desse
conjunto de bens e serviços naturais, os turistas que buscam certo bem-estar, do
entrar em contato com a “natureza intocada”. O valor atribuído ao usufruto dessas
atratividades naturais pode nortear formas que subsidiem políticas ou decisões
governamentais que venham trazer maiores benefícios, não só para os visitantes,
como para as comunidades locais do entorno dessas UC.
Em relação ao turismo que é realizado nas UC, destaca-se a sua importância
por ser, em diversos casos, uma das principais fontes de emprego e renda para as
populações das localidades onde estão assentadas, conforme asseguram Medeiros
et al (2011, p.6) “o turismo que dinamiza a economia de muitos dos municípios do
país só é possível pela proteção das paisagens proporcionada pela presença das
Unidades de Conservaç~o”.
A proposição de se realizar uma valoração ambiental do PNCV vai utilizar o
Método do Custo de Viagem (MCV) e tem a intenção de poder captar o valor que os
visitantes atribuem ao conjunto de bens e serviços que o Parque oferece,
permitindo determinar o seu valor de uso direto (PEARCE e TURNER, 1990), na
forma de lazer e recreação.
De acordo com o Plano de Manejo do PNCV a preservação do cerrado de
altitude com suas “chapadas ainda intocadas” é fundamental para “a proteç~o das
reservas hídricas da área do alto curso do Rio Tocantins, bem como para a
realização de atividades de ecoturismo, recreação e educação ambiental em áreas
naturais não só para a população das cidades próximas e do Centro Oeste, mas
também para aquela de diferentes pontos do país” (MMA/ICMBio, 2009, p.10), a
exemplo do que se nota na Figura 1.
Quanto às motivações para as pessoas se deslocarem a um determinado
atrativo turístico em busca de lazer, Swarbrooke e Horner (2002), com base na
Escala Motivacional do Lazer (Leisure Motivations Scale - proposta por Mounir
Ragheb e Jacob Beard) indicam existirem quatro componentes indutores de
viagem, sintetizados a seguir: a) intelectual, ligado ao conhecimento; b) social,
balizado pelas relações interpessoais; c) domínio-competência, relacionado com a
atividade física na natureza e; d) estímulo-escapismo, associado à fuga dos estilos
de vida estressantes.
Para tal procedimento é necessária a coleta de dados e informações
socioeconômicas junto aos turistas que visitaram o PNCV, em um determinado
período, com intuito de dar suporte a essa metodologia de valoração ambiental,
cuja análise descritiva, para traçar o perfil socioeconômico dos visitantes e
apuração de gastos tornaram-se os objetivos deste estudo, bem como sondar suas
motivações para a realização da viagem.
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Materiais e métodos
A área total do PNCV (65514 ha) abrange os municípios de Alto Paraíso de
Goiás, Cavalcante, São João da Aliança e Teresina de Goiás, sendo que somente 3%
encontram-se abertos à visitação. Situa-se a cerca de 250 km ao norte de Brasília e
470 km ao nordeste de Goiânia. Dentre os municípios de sua abrangência, destacase o primeiro, incluso o Distrito de São Jorge (com cerca de 500 habitantes), que a
partir da década de 1990, desenvolveu um importante fluxo turístico, com ênfase
no ecoturismo, turismo de aventura e cultural. Nos últimos anos, os mais de vinte
mil visitantes ao ano que se destinaram ao PNCV, conforme apontado por
Domiciano e Oliveira (2012, p.181), “invariavelmente, passam pelo Distrito de S~o
Jorge que, de acordo com a administração local, possui 28 pousadas, 15 áreas de
camping e residências que alugam parte de suas dependências para alojamento
das pessoas”.
Por intermédio do MCV é possível estimar o valor econômico que as pessoas
estipulam para um determinado conjunto de bens e serviços ambientais de um
local que possui atrativos naturais, em função do dispêndio monetário e do tempo
gasto, para nessas localidades poderem aproveitar dos seus benefícios e até, para
sua manutenção e conservação. O método consiste em um modelo baseado na
teoria da função de demanda do consumidor (MARSHALL, 1985), em que as
pessoas demonstram ou revelam uma disposição a pagar (DAP) para desfrutar dos
benefícios encontrados em um sítio natural, como um Parque Nacional (PEARCE e
TURNER, 1990; HAAB e McCONNELL, 2002; MUELLER, 2012).
Para a realização da coleta de dados, foram aplicados 389 questionários aos
visitantes do PNCV, entre 13 e 27 de julho de 2012, que chegaram ao seu portão de
entrada, abordados pelos pesquisadores, de acordo com a oportunidade de
aproximação – amostragem de conveniência (DENCKER, 2007), enquanto
aguardavam a formação dos grupos para o ingresso no Parque.
Esses questionários tinham o intuito de identificar o perfil socioeconômico
dos visitantes, considerando variáveis como a região de origem, sexo, idade, o nível
de escolaridade, o motivo da viagem, o número de pessoas no passeio, o meio de
locomoção, o tempo de viagem, a renda pessoal, estipulada em faixas baseadas no
salário mínimo vigente no país e os gastos efetivos com a viagem, além de duas
questões para exposição dos motivos relacionados ao passeio.
Resultados e discussões
Analisando-se a região de procedência dos visitantes, observou-se que
48,59% são oriundos da Região I, distante até 500 km do PNCV; 43,18% da Região
II, situada numa faixa entre 500 e 1500 km de distância do Parque; enquanto que,
8,23% provieram da Região III, a mais de 1500 km do Parque - modelo zonal
(HAAB e McCONNELL, 2002) notando um equilíbrio entre as Regiões I e II, com até
1500 km de distância do local. Os visitantes provieram das mais variadas unidades
da federação (Figura 1).
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40,00%
140
Unidades da Federação
DF
35,00%
SP
GO
30,00%
RJ
104
MG
25,00%
SC
20,00%
RS
MT
15,00%
10,00%
5,00%
49
PA
38
PR
BA
19
12
4 3 3 3 2 1 1 1 1
0,00%
UF
8
CE
ES
MS
Figura 1: Regiões de proveniência dos visitantes do PNCV ( julho / 2012)
Quando se observou a faixa etária dos visitantes abordados no PNCV, notouse que 16,97% possuiam idade entre 16 e 25 anos; que 40,62% estavam na faixa
entre 26 e 35 anos; que 21,59% situavam-se no intervalo entre 36 e 45 anos; que
19,54% se encontravam entre 46 e 60 anos e que apenas 1,29% estava na faixa de
idade acima dos 61 anos.
Relativo ao nível de escolaridade dos visitantes do PNCV, pode-se constatar
que 20,31% possuiam o ensino médio completo e 79,69%, um curso de graduação.
Do total, 22,11% relataram ter cursado ou estar cursando uma pós-graduação.
Constatou-se que a média do número de pessoas (NP) viajantes aproximouse de 3, por grupo de viagem e, que o tempo de viagem e permanência no local(T),
na maioria das vezes é de aproximadamente 6 dias (Tabela 1). Esse último
elemento é um fator importante a ser considerado, pois no Método do Custo de
Viagem (MCV), o custo de oportunidade do tempo das pessoas deve ser computado
como um componente do custo de viagem.
Quanto ao aspecto da renda pessoal, os visitantes do PNCV se enquadraram
nas seguintes faixas salariais, baseadas no salário mínimo vigente à época
(R$622,00): 5,91% declararam-se sem renda ou sem uma renda fixa mensal;
7,71% afirmaram receber uma quantia de até 2 salários mínimos; 25,96%
colocaram-se numa faixa que varia de 2 a 5 salários mínimos; 22,88% situaram-se
num intervalo entre 5 e 10 salários mínimos; 33,42% dos respondentes
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declararam auferir uma renda superior a 10 salários mínimos, e 4,11% optaram
por não responder ao quesito perguntado.
A entrada no PNCV é gratuita, porém exige-se o acompanhamento
obrigatório de condutores de viagem (“guias”). O custo desse serviço era de R$
100,00, para um grupo de no máximo dez pessoas, o que resultaria em um valor
de R$ 10,00 por pessoa. Inquiridos sobre esse valor, 34,36 % consideraram barato;
55,53 %, mediano; 7,45 %, caro; e 2,06%, não responderam. Além desse valor, foi
indagado aos visitantes sobre uma disposição a pagar por um valor que
representasse uma taxa de ingresso no PNCV, dos quais 51,42 % concordaram com
a existência da mesma, numa faixa que variou de R$ 2,00 até R$ 50,00,
encontrando-se uma média de R$ 5,27.
Alusivo ao principal motivo da viagem ao PNCV e seu entorno pode-se
perceber que 48,58% dos entrevistados referiram-se a busca de conhecimento que
a região proporciona; 27,51% destacaram a fuga da agitação dos centros urbanos e
busca de tranquilidade no local; 12,60% relataram gosto pela aventura e os
“desafios” que um passeio como esse propicia; 5,91% mencionaram a import}ncia
do convívio social nesse tipo de viagem; 2,83% relacionaram os diversos motivos
combinados e 2,57% não responderam à questão.
Concernente ao custo total da viagem(CV), por parte dos visitantes do
PNCV, que é a questão central do trabalho de valoração, este foi calculado
somando-se as despesas com transporte, alimentação, pagamento de entradas em
atrativos, hospedagem, produtos locais (como artesanato, lembranças, etc.) e
outros (medicamentos, gastos imprevistos), foram apuradas uma média de R$
2.126,53 por respondente, com desvio padrão aproximado de R$ 2.270,10 e
variância de 5.153.377,194.
Tabela 1: Dados comparativos do CV, T e NP dos visitantes do PNCV das Regiões I,
II e III – julho/2012
Região
I
II
III
Geral*
CV (R$)
1.288,81
2.646,01
4.304,69
2.126,53
T (dias)
3,94
7,32
8,03
5,73
NP (pessoas)
3,18
2,78
3,16
3,00
R$/dia/pes.
102,86
130,03
169,64
123,70
* O item Geral refere-se à média agregada dos itens das Regiões I, II e III.
Considerações finais
Referente às motivações indutoras para o deslocamento das pessoas em
uma viagem a uma UC, observou-se que vários elementos contribuem para as
mesmas, desde estímulos de caráter pessoal, físico e emocional até os de natureza
social e cultural, na busca de um bem-estar em contato com o meio ambiente.
Nesse estágio da pesquisa, foi possível determinar (Tabela 1) que o custo de
viagem agregado para as três regiões ficou em torno de R$123,70 por dia/pessoa,
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sabendo que conforme informações da administração do PNCV, em julho de 2012,
o Parque recebeu 4714 visitantes, perfazendo um total parcial de 14622 visitantes
até aquele momento, no ano. Grande parte desses recursos financeiros foi
movimentada no Distrito de São Jorge, onde se constata que a maioria da
população encontrou no ecoturismo uma forma de garantir a sua reprodução
social e econômica, integrada ao meio ambiente.
Espera-se que o valor atribuído ao conjunto de bens e serviços do PNCV
pelos turistas possa se tornar um instrumento de gestão da UC e nortear políticas
de desenvolvimento para a comunidade de seu entorno, que dá suporte à sua
atividade turística.
Agradecimentos
Em especial, pela colaboração na pesquisa de campo de Felipe Silva Domiciano,
Gabriela Silva Domiciano e Luana Beatriz Silvéria, que com afinco e dedicação se
empenharam na obtenção dos dados desse trabalho, uma equipe genuinamente
familiar.
À Pró - Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação do Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia de Goiás- IFG pela concessão da bolsa do Programa
Institucional de Bolsas de Qualificação de Servidores.
Referências bibliográficas
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São Paulo: Futura, 2007.
DOMICIANO, Carlos S. e OLIVEIRA, Ivanilton J. Cartografia dos impactos ambientais
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HAAB, Timothy C. e McCONNELL, Kenneth E. Valuing environmental and natural
resources: the econometrics of non-market valuation. Cheltenham: Edward
Elgar Publishing Limited: Northamptom: Edward Elgar Publishing, Inc., 2002.
MARSHALL, Alfred. Princípios de economia: tratado introdutório. Tradução
Rômulo Almeida e Ottolmy Strauch – 2 ed. São Paulo: Nova Cultural, 1985.
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brasileiras para a economia nacional. Sumário Executivo. Brasília: UNEP-WCMC,
2011.
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE – MMA/INSTITUTO CHICO MENDES DE
CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE – ICMBio. Plano de Manejo do Parque
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Disponível em: <www.icmbio.gov.br/parna_veadeiros> Acesso em out. 2011.
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MUELLER, Charles C. Os economistas e as relações entre o sistema econômico
e o meio ambiente. Brasília: Editora Universidade de Brasíla, 1ª reimpressão,
2012.
PEARCE, David W. e TURNER, R. Kerry. Economics of natural resources and the
environment. Baltimore: The Johns Hopkins University Press, 1990.
SWARBROOKE, John e HORNER, S. O comportamento do consumidor no
turismo. Tradução de Saulo Krieger - São Paulo: Aleph, 2002.
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CAMA E CAFÉ MULHERES DE PEDRA: UMA PROPOSTA PARA
DESENVOLVIMENTO DE TURISMO DE BASE LOCAL8
LEANDRO DE ARAÚJO DIAS9, STELLA MAGALY DE ANDRADE SOUSA10
Abstract
This summary presents a proposal for homestays accommodation, the type bed
and breakfast, which is being implemented in the community of Pedra de
Guaratiba, a district in the west area of Rio de Janeiro. In the proposed model, the
management of the Bed and Breakfast is in a central administrative office, which is
led by a group of women called “Mulheres de Pedra”. The central intermediates
hosting operations between tourists and residents who offer their homes. The
methodology for the development of activities for the implementation of the Bed &
Breakfast was inspired in experiments of tourism development in communities
based on community participation, as well as some existing Bed & breakfast
experiments developed in Brazil. As a result, is expected an improvement in
quality of life of a part of Pedra de Guaratiba´s population, by introducing a new
activity that can serve as support for traditional activities, while watch, both locals
and tourists to the social and environmental responsibility in tourism. Within the
group “Mulheres de Pedra”, it is expected that the enterprise generates revenue for
continuing their activities and strengthen its operations.
Palavras-chave: Hospedagem Domiciliar – Responsabilidade social e
ambiental – Turismo de base comunitária – Pedra de Guaratiba, RJ.
Key Words: Homestays accommodation - Social and Enviromental
Responsibility – Community based tourism - Pedra de Guaratiba, RJ.
Introdução
O projeto de extens~o, “Cama & Café Mulheres de Pedra”, versa sobre o
desenvolvimento de um meio de hospedagem do tipo Cama e Café na sede de um
grupo denominado “Mulheres de Pedra”, localizado no bairro de Pedra de
Guaratiba, zona oeste da cidade do Rio de Janeiro. O grupo “Mulheres de Pedra” é
um empreendimento que desenvolve ações com a comunidade para valorização da
cultura, produção de artesanato, sensibilização para as questões ambientais,
cidadania e incremento de renda, segundo os princípios da economia solidária.
8
Projeto de extensão desenvolvido no Bairro de Pedra de Guaratiba por docentes e alunos da
UFRRJ.
9
Discente graduando Bacharelado em Hotelaria pela Universidade Federal Rural do Rio de
Janeiro. BR 465 - KM 7 - CEP 23890-000 - Seropédica – RJ. E-mail: [email protected]
10
Profª Ms. do Curso de Hotelaria na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. BR 465 KM 7 - CEP 23890-000 - Seropédica – RJ. E-mail: [email protected]
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Pedra de Guaratiba é uma antiga aldeia de pescadores que possuía alguma
atividade pecuária, porém devido a pressões ambientais como a poluição da Baía
de Sepetiba e outras, está perdendo as condições essenciais para a continuidade de
suas atividades tradicionais. A pesca e as profissões derivadas, bem como a cultura
tradicional relacionada a essas atividades vão pouco a pouco desaparecendo.
De acordo com o Manual de Ecoturismo de Base Comunitária (MITRAUD,
2003), a proposta de implantação do meio de hospedagem Cama e Café, justifica-se
por inserir-se em uma forma de turismo voltado para o desenvolvimento local, o
turismo de base comunitária. Nessa forma de turismo a comunidade participa
diretamente da atividade turística e os benefícios colhidos são distribuídos
socialmente, pois envolve não somente a hospedagem, mas os serviços de
alimentação e o comércio, além de promover a valorização da história e da cultura
local.
Com o desenvolvimento do modelo de hospedagem Cama e Café na
comunidade de Pedra de Guaratiba, RJ, visa-se o incremento de renda para a
comunidade a partir da conscientização da responsabilidade social e ambiental,
promovendo a preservação das características originais do lugar, além da geração
de recursos para a manutenção das atividades do grupo Mulheres de Pedra e o
fortalecimento de suas ações.
Assim sendo, vale ressaltar os objetivos específicos do projeto, tais como:
Sensibilizar a comunidade para as interações entre visitantes e comunidade
visitada; Identificar, na comunidade, interessados em receber turistas em suas
residências; Estruturar a parte física de um meio de hospedagem Cama e Café na
sede do Empreendimento “Mulheres de Pedra”; Capacitar os envolvidos no
atendimento ao meio de hospedagem nas áreas de Recepção e Governança;
Capacitar gestores do meio de hospedagem; Implantar o meio de hospedagem
Cama e Café; Acompanhar o início das operações do meio de hospedagem; Realizar
o cadastramento o e triagem das residências interessadas; Promover um curso de
capacitação em hospedagem Cama e Café para os moradores das residências
cadastradas; Expandir o cama e café estruturando, na sede do grupo “Mulheres de
Pedra”, uma central de recepç~o das residências participantes do Projeto Cama e
Café Mulheres de Pedra.
Métodos
A metodologia empregada na proposta de implantação do meio de
hospedagem Cama e Café, em Pedra de Guaratiba, RJ, baseia-se em experiências
para desenvolvimento turístico em comunidades, tendo como base a participação
comunitária.
Nesse sentido, este projeto, utilizou-se da leitura de experiências como a
dissertaç~o “Hospedagem domiciliar na cidade do Rio de Janeiro: o espaço de
encontro entre turistas e anfitriões”, defendida na UFRJ, que trata da rede de Cama
e Café do bairro de Santa Tereza, no Rio de Janeiro, bem como o artigo “Cama, Café
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e rede”, apresentado no semin|rio da ANPTUR11, que apresenta um estudo de caso
do projeto de cama e café existente na região do Seridó do Estado do Rio Grande do
Norte. Muito importante também foi o “Manual de ecoturismo de base
comunit|ria”, do WWF12 que aborda experiências de projetos envolvendo
comunidades tradicionais de forma participativa.
O método proposto envolve etapas para a concretização dos objetivos do
projeto. As etapas são: Realizar oficinas com a comunidade para troca de
conhecimentos a respeito do turismo, seus benefícios e impactos na área
ambiental, social, cultural e econômica; Oferecer 4 mini-cursos de capacitação para
os envolvidos nas áreas de Reservas e atendimento, Governança, Alimentos e
Gestão em meios de hospedagem; Estruturar, em 6 meses, o meio de hospedagem
na sede do Grupo Mulheres de Pedra, com capacidade para acomodação de 8 (oito)
hóspedes/dia; Por meio de avaliações de desempenho e aplicação de pesquisa com
os turistas hospedados, aferir a eficiência do meio de hospedagem implementado;
Cadastrar as residências participantes do projeto, em ficha própria, de acordo com
suas características e de seus moradores, com a finalidade de realização de uma
triagem e adequação das mesmas; Estabelecer, no prazo de 12 meses, na sede do
“Mulheres de Pedra”, uma organizaç~o que centralize informações, coordene ações
e intermedeie o contato entre turistas interessados e residências disponíveis.
Será necessária, ainda, a criação de um site do projeto, que ficará a cargo do
Núcleo Estadual de Assistência Técnica à Empreendimentos Solidários,
organização parceira do projeto, vinculada ao Centro Integrado de Estudos e
Programas de Desenvolvimento Sustentável - CIEDS, órgão pertencente à
Prefeitura do Rio de Janeiro.
A área de estudo desse projeto envolve a hospitalidade, o turismo, meios de
hospedagem e desenvolvimento comunitário. O cuidado na participação
comunitária tem em vista maximizar os resultados que, no caso do cama e café,
promove o incremento de renda da dos envolvidos diretos e indiretos. De acordo
com Pimentel (2007, p. 54) “A hospedagem domiciliar beneficia diretamente as
famílias dos proprietários e anfitriões, que recebem de forma direta a maior parte
das diárias pagas pelos turistas. Com o dinheiro da hospedagem, os envolvidos
com o projeto melhoram seu orçamento e aumentam a qualidade de suas vidas”.
Resultados e discussão
O público alvo atendido pelo projeto Cama e Café Mulheres de Pedra serão,
de forma direta, as mulheres componentes do grupo “Mulheres de Pedra” e, de
maneira indireta, toda a comunidade de Pedra de Guaratiba, já que, nesse tipo de
meio de hospedagem, o benefício é compartilhado com a comunidade e os ganhos
não ficam restritos apenas ao meio de hospedagem.
No modelo de hospedagem Cama e Café o hóspede é, a todo o momento,
incentivado a interagir com o comércio local, com a cultura da localidade e com os
11
Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Turismo, 2008.
World Wild Foudation – ONG internacional de defesa da vida natural e que desenvolve também
projetos sociais.
12
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habitantes. Pimentel (2008) argumenta que a idéia é que a hospitalidade do local
seja parte da atratividade do mesmo, compondo com a cultura, a história da
localidade, suas peculiaridades sociais e ambientais o produto apresentado ao
turista. Assim sendo, parte do trabalho a ser realizado por meio desse projeto é a
sensibilização da comunidade para sua efetiva participação nas questões do
turismo, ou seja, na forma como pretende conduzir a experiência de turismo na
localidade.
O resultado desejado ao se implantar esse modelo de hospedagem em
detrimento de outro vai, de maneira geral, além do incremento de renda para
comunidades. Nos dizeres de Kanitz et al. (2008), o desenvolvimento do modelo de
hospedagem Cama e Café, passa pela responsabilidade social e ambiental,
promovendo a preservação das características originais de um lugar.
Nesse sentido no primeiro trimestre de execução do projeto, foram
realizadas atividades, como: Encontros com o Grupo Mulheres de Pedra para
apresentação e ajustes na metodologia de trabalho; Visitas técnicas ao bairro de
Pedra de Guaratiba para reconhecimento dos possíveis atrativos turísticos e
estudo do local onde será abrigada a sede do Cama e Café; Contatos com lideranças
locais para difundir a idéia do projeto e arregimentar participantes para as
oficinas; Levantamento inicial de interessados em receber turistas em sua
residência no sistema Cama e Café; Pesquisa de campo por meio de aplicação de
questionários na semana dos Festejos de São Pedro (Festa tradicional da
comunidade) para investigar a percepção dos moradores e visitantes a respeito do
potencial turístico local e da viabilidade de implantação de um Cama e Café; início
do planejamento da estruturação física da sede do Cama e Café e Oficinas
participativas tendo por temática a responsabilidade social e ambiental do turismo
de base comunitária, como pode-se observar nas figuras 1 e 2, dispostas a seguir:
Fonte 1: Arquivo pessoal
Fonte 2: Arquivo pessoal
A partir das ações realizadas no período de três meses os objetivos
alcançados são: Contato com lideranças e sensibilização da comunidade, isso se
iniciou em nossa primeira visita técnica a Pedra de Guaratiba, na qual foi possível a
comunicação com pessoas importantes na área do turismo, e também onde
tivemos nosso primeiro contato com Pedra de Guaratiba e o ateliê Mulheres de
Pedra, fizemos um tour pela cidade tanto de carro quanto a pé. O que se pode notar
enquanto fazíamos esses trajetos que é um bairro muito simplório e com grande
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força na área do turismo, vale ressaltar que a localidade parece estar esquecida
pelo poder Público do Município do Rio de Janeiro e por alguns moradores que
também se conformaram com a situação de Pedra de Guaratiba. Por isso sentimos
também algumas dificuldades em nossa primeira oficina, com poucas pessoas
comparecendo para tentar melhorar essa situação, tendo em vista que os poucos
que foram estavam animados a fazer a diferença assim como a Leila responsável
pelo Mulheres de Pedra.
O Planejamento físico do Cama e Café Mulheres de Pedra é outro resultado
que está sendo realizado por duas etapas a primeira foi o levantamento de
necessidades e a segunda o orçamento para obra. A realização das obras será
executada com o apoio de parceiros obtidos por intermédio do CIEDS. Nos três
primeiros meses foi concluído a primeira etapa, onde foi necessário formar um
grupo de 8 discentes para identificar problemas na parte física dos quartos e
banheiros, durante um mês foram feitas algumas reuniões onde o assunto
principal era a modificação da parte física mas sempre tentando manter a
arquitetura típica da casa, tendo em vista que todas as mudanças deveriam ser
realizadas para se aproximar ao máximo da Cartilha de Classificação de Cama e
Café SBClass13, documento que serviu como norteador.
A realização de oficina com a comunidade e identificação de futuros
anfitriões foi realizada em julho no colégio da comunidade para termos contato
com os moradores e para passarmos o que nosso projeto possui como objetivo
para Pedra de Guaratiba e também como eles seriam influenciados a partir do
momento em que este projeto estiver concluído. Pudemos apresentar alguns
pontos relevantes quando se trata de adaptar um local em nível macro para
turismo, onde há pontos positivos e negativos, mas com planejamento adequado
esses pontos negativos podem ser minimizados.
A oficina contou ainda com a participação ativa do público onde cada um
pôde expressar o seu sentimento pelo bairro e pela expectativa desse novo projeto.
Essas ações, são assim, algumas discussões e resultados preliminares que se
desenvolveram de acordo com a proposta de implantação do modelo de
hospedagem de base comunitária Cama e Café no bairro de Pedra de Guaratiba, RJ.
Agradecimentos
Primeiramente, agradeço a minha instituição de ensino - Universidade
Federal Rural do Rio de Janeiro - pela aprovaç~o do projeto “Cama e Café Mulheres
de Pedra” no programa BIEXT, no qual concedeu uma bolsa de auxílio para um
estagiário.
Agradeço também ao Centro de Estudos Integrados e Programas de
Desenvolvimento Sustentável (CIEDS) pelo apoio e parceria no desenvolvimento
das ações do projeto.
13
Sistema Brasileiro de Classificação de Meios de Hospedagem do Ministério do Turismo.
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100
Um agradecimento muito especial também a todos os discentes e docentes
envolvidos na realização das tarefas do projeto. A saber, o prof° Doutor Lélio
Galdino Rosa, Profª Doutora Isabella Fogaça e a Profª Ms. Stella Magaly de Andrade
Sousa.
E por fim, um agradecimento especial a srª Leila de Souza Netto,
coordenadora do empreendimento Mulheres de Pedra.
Referências bibliográficas
ALMEIDA, J. V. de; ARAUJO, M. A. D. de; KANITZ, H. G.; PEREIRA, A. S. A
hospitalidade familiar como negócio no sertão nordestino: um estudo de caso
do
programa
cama,
café
e
rede.
Disponível
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http://anptur.org.br/anais/seminario2008/data/30t.pdf. Acesso em 17 out. 2011.
BARTHOLO, Roberto; BURSZTYN, Ivan; SANSOLO, Davis G. (Orgs.). Turismo de
base comunitária: diversidade de olhares e experiências brasileiras. Rio de
Janeiro, Letra e Imagem, 2009.
BASTELLI, Vinícius. Relações interpessoais e de hospitalidade em bed and
breakfast.
Disponível
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http://www.portcom.intercom.org.br/pdfs/86663890753405417065952137034
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MEDEIROS, Bianca Freire. Gringo na laje: produção, circulação e consumo na
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MITRAUD, Sylvia (org). Manual de ecoturismo de base comunitária:
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PIMENTEL, Ana Bauberger. Hospedagem Domiciliar na cidade do Rio de
Janeiro: o espaço de encontro entre turistas e anfitriões. Dissertação (Mestrado
em Psicossociologia de Comunidades e Ecologia Social) – Centro de Filosofia e
Ciências Humanas, Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2007.
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101
CARACTERIZAÇÃO DOS SERVIÇOS AMBIENTAIS PRESTADOS PELA
GRUTA DO SALITRE, DIAMANTINA-MG
HUGO RODRIGUES DE ARAUJO14,3
ARNALDO FREITAS DE OLIVEIRA JUNIOR15
ALEXSANDER ARAÚJO AZEVEDO16
Abstract
TheSalitreCave, located in Diamantina, State of Minas Gerais, Southeast Brazil,is
one of the most important natural attractions, butuntil recently it was ina complete
stateof abandonment. In March 2011, a Non Governamental Organization called
Instituto Biotrópicostook over the managementof the cavewith the intentionof
structuringpublic use. However, the costof maintaining this area ishigh,preventing
properconservation. Thesolution foundtothis problemisthe establishment ofa
reserve fundthat can bestructuredbased on the mechanismof Payment
forEnvironmental Services (PES). From this perspective, thisstudy aims toidentify
theenvironmental services providedby thecavein order toestablishvaluation
methodswhose purpose is to focus on the value of the conservation
ofenvironmental heritage. The research was conductedin an exploratory manner,
analyzing the in situactivities which occurredin the caveduring the last two years.
According tothe observations of the research, the most frequentenvironmental
serviceswere:Contemplationof the landscape andrecreationin touch withnature,
sports activities such as abseilingand climbing, the promotion of environmental
education, and the developmentof study andscientific research. It wasalso possible
to observecultural servicesas the celebrationofMass,concertsand film screenings.
Palavras-chave: Serviços ambientais; Valoração; Turismo; Sustentabilidade.
Key words: Environmental services; Valuation; Tourism; Sustainability.
Introdução
A Gruta do Salitre, localizada no município de Diamantina, Minas
Gerais, é um enorme afloramento rochoso de quartzito em meio à vegetação de
14
Programa de Pós-Graduação em Sustentabilidade Socioeconômica Ambiental da
Universidade Federal de Ouro Preto-UFOP. Endereço: Campus Universitário Morro
do Cruzeiro. CEP:35400-000 Ouro Preto-MG. Email: [email protected]
15
Instituto Federal de Minas Gerais-IFMG (Campus Ouro Preto). Endereço: Rua Pandiá
Calógeras, 898. Bauxita. CEP: 35400-000 Ouro Preto-MG. Email:
[email protected]
16
Instituto Biotrópicos. Endereço: Praça JK, 25, Centro. CEP: 39100-000 DiamantinaMG. Email:[email protected]/[email protected]
III CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE
30 de junho a 03 de julho de 2013 – Bonito/ MS
102
cerrado e campos rupestres, cujo relevo escarpado, em forma de ruínas,
proporciona uma belíssima paisagem que se assemelha a um castelo medieval ou a
uma igreja construída no estilo gótico (AZEVEDO & ARAUJO, 2011; Figura 1). O
sistema cárstico da Gruta do Salitre ainda abriga uma cavidade subterrânea com
vários condutos, um cânion com aproximadamente 125 metros de extensão e uma
dolina circundada por paredões de 80 metros de altura (BAGGIO et al. 2012).
A importância deste patrimônio natural somada a sua importância
sociocultural, a facilidade de acesso a menos de 9 km do centro histórico de
Diamantina e a poucos metros da estrada, coloca a gruta entre os principais
roteiros turísticos da cidade (AZEVEDO & ARAUJO, 2011). De acordo com a
pesquisa de perfil da demanda turística de Diamantina, a Gruta do Salitre é o
segundo atrativo natural mais visitado do município (SILVEIRA & MEDAGLIA,
2012).
Figura 1. Gruta do Salitre: a) Vista da entrada e área de estacionamento; b)
Visão superior do cânion.
Apesar de sua relevância como atrativo turístico, a gruta
vivenciava um cenário de abandono, de insegurança e de conservação
ambiental vulnerável até cerca de dois anos atrás, quando o Instituto
Biotrópicos – ONG de cunho científico e socioambiental – assumiu por meio de
um contrato de comodato com os proprietários do imóvel onde se situa a
gruta, o compromisso de estruturar a gestão do seu uso público (AZEVEDO &
ARAUJO, 2011). Desde então, diversas ações foram conduzidas com o intuito
de assegurar a conservação ambiental, de alavancar o potencial turístico
regional e de melhorar a qualidade de vida dos moradores locais.
Porém, um grande desafio para a gestão do uso público tem sido
buscar a sustentabilidade do atrativo. A criação de um fundo de Pagamento
dos Serviços Ambientais (PSA) poderia contribuir fortemente para o alcance
dessa meta de gestão da gruta. Entende-se por PSA transações voluntárias, na
qual um serviço ambiental é adquirido por pelo menos um comprador e no
mínimo um provedor, sob a condição de que ele garanta a provisão do serviço
(WUNDER, 2006). Segundo Oliveira Junior (2004), para que seja incluído nas
III CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE
30 de junho a 03 de julho de 2013 – Bonito/ MS
103
análises econômicas o valor dos benefícios gerados pelo ambiente natural é
preciso reconhecer seus efeitos sobre o cotidiano humano, devendo-se criar
soluções alternativas para incorporar o valor do meio ambiente ao sistema
econômico convencional.
Nesse contexto, este estudo teve como objetivo identificar e
caracterizar os serviços ambientais prestados pela Gruta do Salitre para
subsidiar a implementação de um fundo para se garantir a sustentabilidade do
atrativo turístico.
Metodologia
A Gruta do Salitre (18°16'35''S; 43°32'12''O) está localizada no
Distrito de Extração, município de Diamantina, MG, a 300 km de Belo Horizonte
(Figura 2). O acesso ao sítio é feito por estrada vicinal encascalhada, relativamente
conservada (AZEVEDO & ARAUJO, 2011; BAGGIO et al., 2012).
Figura 2: Localização da área de estudo, mostrando a inserção do sítio
geomorfológico no contexto estadual, municipal e local. Fonte: Baggio et al., 2012.
A identificação dos serviços ambientais prestados pela Gruta do Salitre
contou com informações obtidas em pesquisa de campo ao longo de 2 anos
compiladas em banco de dados fornecido pelos gestores, a cerca da utilização
III CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE
30 de junho a 03 de julho de 2013 – Bonito/ MS
104
pública dos espaços oferecidos pelo atrativo natural. Concomitantemente foi
realizada uma revisão bibliográfica e entrevistas diretas com atores da
comunidade local que forneceram informações históricas complementares a
respeito da utilização da gruta.
A categorização dos serviços ambientais prestados pela Gruta do Salitre foi
estabelecida de acordo com a classificação do TEEB que distingue quatro
categorias: Abastecimento, Regulação, Habitat e Amenidades e Cultura (SUKHDEV
et al. 2010).
Resultados e discussões
As principais atividades registradas na Gruta do Salitre, em ordem de maior
ocorrência, foram:





Contemplação da paisagem e recreação em contato com natureza;
Prática de atividades esportivas: rapel e escalada;
Promoção da educação ambiental, através de visitas técnicas organizadas por
instituições de ensino fundamental, médio e superior;
Desenvolvimento de estudo e pesquisas científicas em todas as áreas do
conhecimento: biótico, abiótico e social.
Utilização como palco ou cenário para apresentações musicais, gravação de
documentários, filmes e minisséries de televisão.
Destaca-se que há a mais de 10 anos ocorrem concertos musicais
organizado por uma empresa de turismo de Belo Horizonte que atrai grande
aglomeração de pessoas de uma só vez para o interior da Gruta (AZEVEDO &
ARAUJO, 2011). Nos últimos dois anos a Gruta serviu de cenário para gravação de 2
minisséries de televisão e um programa educativo. Nas entrevistas com moradores
locais, também foi apontado o uso da gruta para celebração de missa.
De acordo com o método de classificação utilizado, os serviços ambientais
prestados pela Gruta do Salitre identificados acima se agrupam à categoria
“Amenidades e Cultura” que incluem serviços culturais, recreaç~o, lazer e
entretenimento, apreciação da beleza cênica e a inspiração para a cultura, arte e
design, assim como às experiências espirituais (SUKHDEV et al. 2010).
Pode-se observar que mesmo a Gruta não dispondo de uma infra-estrutura
adequada para receber visitantes, o fluxo de pessoas que a visitam é regular,
principalmente nos finais de semana e feriados. Os turistas, em sua maioria,
visitaram a Gruta de forma independente, porém muitos contrataram os serviços
de alguma das agências de turismo ou guia local para acompanhá-los no passeio.
No horário em que o atrativo encontra-se oficialmente aberto para visitação
(exclusivamente aos finais de semana) as pessoas são recepcionadas por jovens
uniformizados da comunidade de Curralinho que foram capacitados pelo Instituto
Biotrópicos para atuarem como monitores. Eles comercializam por conta própria a
venda de bebidas não-alcóolicas, como água, refrigerantes, sucos e isotônicos. A
III CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE
30 de junho a 03 de julho de 2013 – Bonito/ MS
105
receita gerada com a venda das bebidas complementa a diária de serviço que os
mesmos recebem.
Diante disso, pode-se afirmar que a Gruta do Salitre provém serviços
ambientais importantes que beneficiam toda a sociedade. Alguns destes são
exclusivos, como a apreciação da sua exuberante paisagem. Do ponto de vista
esportivo, chega-se a conclusão que a gruta dispõe de um grande potencial para a
prática de atividades verticais, fato comprovado com os relatos dos praticantes
dessas atividades que estiveram na gruta no período em que a pesquisa foi
realizada. Quanto aos estudos científicos, ainda é bastante incipiente o
conhecimento a respeito dos aspectos bióticos e abióticos da gruta. Pouco se
conhece sobre as espécies que habitam a porção cavernícola e entorno do
afloramento rochoso. Considerando a existência de universidades atuantes na
região, esse é um campo de oportunidades aberto para o desenvolvimento de
pesquisas.
Espera-se que a identificação e a categorização dos usos e serviços
ambientais prestados pela Gruta do Salitre, apresentados aqui possam sensibilizar
a comunidade quanto a necessidade da manutenção do funcionamento adequado
do atrativo turístico, bem como para sua conservação ambiental. Além do público
visitante, é fundamental o envolvimento do poder público e privado, neste último
caso, sobretudo das empresas ligadas ao turismo, para que se garanta a efetivação
de um fundo que garantirá a sustentabilidade das ações de gestão da gruta. Dessa
forma, este estudo também poderá nortear futuras pesquisas e ações em prol da
manutenção dos serviços ambientais prestados pela Gruta do Salitre.
Referências Bibliográficas
AZEVEDO, A.A.; ARAUJO, H.R. Processo de estruturação da gestão do uso
público da Gruta do Salitre, Diamantina, Minas Gerais. In: ANAIS do 31º
Congresso Brasileiro de Espeleologia. 2011, Ponta Grossa-PR, 201-208p.
BAGGIO, H. et al. Morfologia Cárstica do Maciço Quartzítico da Gruta do Salitre,
Diamantina – MG. Revista Vozes dos Vales da UFVJM: Publicações Acadêmicas –
MG – Brasil – Nº 01 – Ano I – 05/2012
OLIVEIRA JUNIOR, Arnaldo Freitas de. Valoração econômica da função
ambiental de suporte relacionada às atividades de turismo, Brotas, SP. São
Carlos: UFSCar, 2004. Tese dedoutorado.
SILVEIRA, C.E.; MEDAGLIA, J. Perfil da Demanda Turística Real de Diamantina e
Região:
Características
de
Viagem, Motivações, Percepções
&
Expectativas.Relatório Final de Pesquisa. Departamento de Turismo.
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri – UFVJM, 2012.
SUKHDEV P. et al. TEEB (2010). A Economia dos Ecossistemas e da
Biodiversidade. Integrando a economia da natureza. Uma síntese da abordagem,
conclusões e recomendações do TEBB. 49p. 2010
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WUNDER, S. 2006. Pagos por servicios ambientales: princípios básicos
esenciales. Centro Internacional de Investigación Florestal. CIFOR Occasional
paper No 42. 32p 2006
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30 de junho a 03 de julho de 2013 – Bonito/ MS
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FERRAMENTA DE GESTÃO OPERACIONAL PARA O FORTALECIMENTO
DO USO PÚBLICO NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO: ANÁLISES E
PERSPECTIVAS DOS “PARQUES DA COPA”17
GALIANA DA SILVEIRA LINDOSO2,3, ALEXANDRE LORENZETTO2,4, ALEXANDER
COPELLO MORAES2, EMILENA MUZOLON MARQUES2, CLAUDIA RODRIGUES
ROSA2, LORENA ANDRADE PINTO2, DANIELLE BRASIL FANZARES MARTINS2
Abstract
A process that allows the monitoring of the work of teams in protected areas,
specifically on the issue of public use, is necessary for promoting protected areas
as places that should provide a pleasant and sensitizing experience for their
visitors. Thinking about this issue, and facing the challenge of developing a
strategic plan for public use for state protected areas of Rio de Janeiro, the Project
"Fortalecimento e Implantação da Gestão do Uso Público para o Incremento da
Visitação nas Unidades de Conservação Estaduais do Rio de Janeiro" developed a
facility tool for operational management that indicates the dedication work of
teams in the execution of actions in order to improve the public use in 12
protected areas contemplated in the Project. This tool enables the evaluation of
actions, potential and gaps on the development of the public use in the state
protected areas.
Palavras-chave: Gerenciamento, Unidades de Conservação, Visitação
Key words: Management, Protected Areas, Visitation
Introdução
A aclamada flexibilidade do brasileiro, que é reconhecido
internacionalmente como criativo e inovador na busca de soluções, peca em um
dos pilares da execução de um bom gerenciamento: a disciplina. Buscar cumprir os
objetivos e metas, executar as ações planejadas, acompanhar e se responsabilizar
pelos resultados obtidos são os desafios da cultura nacional de gerenciamento para
diminuir o hiato existente entre o plano e a ação (ARAUJO, 2007).
Na gestão das unidades de conservação (UC) não é diferente, onde a
mensuração dos resultados das mesmas pode ser visto, por muitos gestores, como
uma atividade quase impossível. Ao se pensar nas questões envolvidas com a
gestão do uso público que permeiam diversos aspectos do planejamento e manejo
das UC, é de grande importância buscar ferramentas de gerenciamento de
17
Projeto “Fortalecimento e Implantação da Gestão do Uso Público para o Incremento da Visitação nas
Unidades de Conservação Estaduais do Rio de Janeiro”, idealizado pelo Inea – Instituto Estadual do
Ambiente e executado pelo ITPA – Instituto Terra de Preservação Ambiental; 2. Instituto Terra de
Preservação Ambiental; Avenida Rio Branco, 251, sala 1505, Rio de Janeiro – RJ; 3.
[email protected]; 4. [email protected]
III CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE
30 de junho a 03 de julho de 2013 – Bonito/ MS
108
atividades e pessoas, para que as metas estabelecidas possam ser alcançadas e
ações de uso público possam ser executadas e padronizadas
O gerenciamento das ações em todo o sistema UC de forma a serem
realçadas as potencialidades e dinâmicas de cada área, pode ser um objetivo
ambicioso, mas extremamente necessário para se acompanhar as atividades
relacionadas com o uso público, principalmente quando se trata de áreas
protegidas com realidades e estruturas bem diferenciadas, como ocorre no estado
do Rio de Janeiro.
O “Projeto de Fortalecimento e Implantaç~o da Gestão do Uso Público para o
Incremento da Visitaç~o nas Unidades de Conservaç~o Estaduais” tem buscado
atingir esse objetivo para a gestão segura e de qualidade da visitação nas UC
contempladas, estabelecendo a gestão operacional como um dos pilares para o
desenvolvimento do Projeto, junto com os eixos de Planejamento e Produção e
Gest~o do Conhecimento. O desafio é a “aceitaç~o”, pelas equipes gestoras, de uma
ferramenta simples, objetiva, de fácil aplicação, e que responde análises sistêmicas,
além das perguntas específicas de uso público para cada UC e que faça parte de um
ciclo estratégico de gestão, ou seja, Planejar, Executar, Verificar e Ajustar,
conhecida internacionalmente como PDCA (“Plan-Do-Check-Act”). Porém, o que se
vê na maioria dos casos de gestão de muitas UC é a resposta às demandas, onde o
planejamento é algo complicado de fazer e o gerenciamento das atividades
executadas mais difícil ainda.
Os resultados apresentados no presente trabalho são parciais e prospectam
novas ações frente às particularidades de cada UC contemplada no Projeto,
evidenciando as lacunas e potencialidades a serem exploradas e fomentadas.
Apresentam também o início de um processo de monitoramento de ações de uso
público nas UC estaduais e uma importante aproximação aos indicadores que
deverão finalmente avaliar a eficiência das atividades de uso público no estado.
Métodos
A gestão operacional da visitação, no âmbito do Projeto de Fortalecimento
do Uso Público, ocorre nas seguintes unidades de conservação estaduais do Rio de
Janeiro: Estação Ecológica estadual de Guaxindiba, Parque Estadual (PE)
Cunhambebe, PE da Costa do Sol, PE do Desengano, Parque Estadual da Ilha
Grande, PE da Pedra Branca, PE da Serra da Concórdia, PE da Serra do Tiririca, PE
dos Três Picos, Reserva Biológica Araras, Reserva Biológica de Guaratiba e Reserva
Ecológica da Juatinga.
O eixo Operacional do Projeto envolve atividades como a capacitação da
equipe de uso público, o atendimento de visitantes, o treinamento e a capacitação
de guarda-parques, a manutenção de trilhas, o mapeamento de atrativos e trilhas,
o manejo de trilhas, o desenvolvimento de atividades de visitação (como a
educação ambiental e a observação de aves), o estabelecimento do perfil de
visitantes, a contagem de visitantes, a consolidação de parcerias, entre outras
atividades.
III CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE
30 de junho a 03 de julho de 2013 – Bonito/ MS
109
Dentro desse eixo, para visualização das atividades realizadas em cada UC,
foi elaborada uma ferramenta de gerenciamento, denominada “Relatório
Gerencial”, para acompanhamento das atividades realizadas e descritas a seguir:
1. Elaboração de planos estratégicos emergenciais de uso público – compreende
atividades de planejamento e capacitação, realização de reuniões e organização de
demandas de uso público já consolidadas e não previstas nas demais ações;
2. Orientação e capacitação de guarda-parques sobre os procedimentos de uso
público – compreende o repasse de informações adquiridas em cursos, oficinas e
seminários aos guarda-parques e padronização de procedimentos de uso público;
3. Ações do programa de voluntariado – compreende atividades de assessoria aos
possíveis voluntariados das UC, assim como planejamento de ações para
divulgação de atividades para voluntariado;
4. Ações junto aos usuários das UC – compreende todas as atividades relacionadas
à recepção dos visitantes que buscam a UC para a execução de atividades de lazer,
incluindo a aplicação de questionários de perfil e satisfação, estimativas de
visitantes, acompanhamento de grupos em trilhas, etc;
5. Ações de planejamento e manejo de trilhas – envolve as atividades de
diagnóstico, mapeamento, planejamento e manejo das diversas trilhas existentes
em cada UC, buscando soluções para a infraestrutura, sinalização, manutenção, etc;
6. Ações de interpretação ambiental – compreende as atividades relacionadas às
visitas escolares e acadêmicas, como reuniões com diretores de escolas e
professores, planejamento de atividades escolares, guiagem em trilhas e no centro
de visitantes, elaboração de palestras dentro das UC e nas escolas, aplicação de
questionários de Percepção Ambiental aos alunos, etc;
7. Ações de comunicação social – envolve a participação em eventos, organizados
pela UC ou comunidade no geral, a participação em matérias jornalísticas, a
elaboração de folders, informativos, banners e apresentações, entre outros;
8. Ações de relacionamento com o trade turístico – envolve a divulgação da UC e
reunião com organizações que executam atividades vinculadas à UC ou que
possuem potencial para tal, como secretarias de turismo, rede hoteleira, empresas,
associações de guias, vendedores ambulantes, entre outros, a fim de estreitar as
relações, buscar apoio e mostrar as áreas naturais como um importante destino
turístico na região;
9. Ações das câmaras técnicas de turismo do conselho consultivo das UC –
compreende na participação da equipe de uso público na reunião dos conselhos e
fomento à criação de câmaras técnicas de ecoturismo, montanhismo e afins, para
propiciar um ambiente participativo e orientado às demandas de uso público da
UC;
10. Alimentação do banco de dados: ação diretamente vinculada ao eixo de Gestão
e Produção de Conhecimentos, com o preenchimento de formulários para
subsidiar o diagnóstico e demais ações de uso público de cada UC, e também com o
preenchimento do Relatório Gerencial Mensal.
O Relatório Gerencial é uma ferramenta desenhada no programa Excel,
configurada em uma planilha divida por abas, e cada aba corresponde a uma ação
de uso público (descrita acima). Cada aba possui calendários mensais vinculados à
III CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE
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gr|ficos “pizza” mensais e anuais da aç~o e um quadro para a descriç~o, de forma
sucinta, das atividades nos seguintes campos: “O quê” (descriç~o da atividade),
“Quem” (atores da equipe envolvidos), “Como” (descriç~o da realizaç~o da
atividade), “Resultados e Indicadores”, “ Fotos” e “Observações”. Nos calend|rios, a
equipe de uso público assinala os períodos em que executa alguma atividade de
determinada ação, e automaticamente, os gráficos são formados (Figura 1). Em
uma última aba do Relatório Gerencial, um gr|fico “pizza” mostra a execuç~o de
todas as ações em conjunto, e a partir daí, pode ser observado o tempo dedicado
em determinada ação em relação às outras, mostrando as potencialidades e
necessidades de desenvolvimento de atividades de uso público em cada UC (Figura
2).
Resultados e discussão
Ferramentas de gerenciamento auxiliam nas decisões sobre a melhor
utilização dos recursos, muitas vezes escassos nas UC, o que facilita o
monitoramento das ações anteriormente direcionadas em planos de manejo ou
outros instrumentos de planejamento.
Com 06 meses de execução em campo do Projeto de Fortalecimento do Uso
Público, os cenários das ações desenvolvidas em cada UC podem ser facilmente
observados, e destacamos, no presente trabalho, as três unidades de conservação
do Projeto “Parques da Copa”, gerenciadas pelo Instituto Estadual do Ambiente
(Inea) e contempladas no Projeto de Fortalecimento do Uso Público (Figura 2) (PE
da Serra da Tiririca, PE dos Três Picos, PE da Pedra Branca).
Figura 1. Detalhe de parte do Relatório Gerencial preechido pelas equipes de uso
público de cada UC, com a formação de gráficos na medida em que a execução de
atividades são marcadas no calendário.
Observando a Figura 2, é possível notar as particularidades e tendências do
uso público em cada parque, como algumas descritas a seguir. O Parque Estadual
da Pedra Branca (PEPB) atualmente está envolvido em um grande projeto para a
implantaç~o da “Trilha Transcarioca”, trilha de longa dist}ncia com
aproximadamente 140 km, que está sendo implantada em conjunto com o Parque
III CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE
30 de junho a 03 de julho de 2013 – Bonito/ MS
111
Nacional da Tijuca, o Parque Natural Municipal de Grumari e o Parque Natural
Municipal Prainhas. Dessa forma, no seu gráfico nota-se um grande investimento
de tempo para o manejo e sinalização dessa trilha. Por outro lado, nota-se que
poucas ações tem sido desenvolvidas juntas ao Trade Turístico e ao Conselho
Consultivo, e essas terão que receber maior atenção em um momento posterior à
primeira fase da implantação da Transcarioca no PEPB.
Parque Estadual Serra da
Tiririca
Parque Estadual de Três
Picos
Parque Estadual da Pedra
Branca
Figura 2. Gráficos que representam a dedicação de tempo relativa para a
execução das atividades de cada ação de uso público nas unidades de conservação
“Parques da Copa” e contempladas no Projeto de Fortalecimento do Uso Público.
Tanto no Parque Estadual da Serra da Tiririca (PESET) quanto no Parque
Estadual dos Três Picos (PETP), que já possuem uma visitação bem consolidada,
nota-se que são realizadas diversas atividades juntos aos visitantes, tanto no geral
(usuários), como ressaltando PETP nas atividades de interpretação ambiental, pois
esse parque possui um centro de visitantes bem estruturado e com trilhas de
interpretação ambiental próximas ao centro de visitantes, propiciando a visita de
muitos grupos escolares semanalmente.
No PETP, devido à sua extensão e quantidade de informações relacionadas
ao uso público, nota-se um grande investimento para a coleta e sistematização
dessas informações para o banco de dados.
O PESET possui site, página no Facebook e diversos parceiros para a
execução de atividades no entorno, além de ser uma UC que tem sido
frequentemente vinculada em jornais do município e estaduais, o que está
diretamente refletido na parte de comunicação no gráfico da Figura 2, pois a
equipe de uso público está executando diretamente essas ações.
O Relatório Gerencial, como um meio de ordenamento e gerenciamento,
permite acompanhar e avaliar as atividades da equipe mês a mês, de forma
acumulativa, propiciando a observação e análise de resultados parciais e atuais e
permitindo a compreensão do tempo investido para se cumprir as metas
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112
estabelecidas ou onde têm surgido mais demandas sem planejamento,
possibilitando adaptação das ações, como também o direcionamento para metas e
ações futuras
A ferramenta de gestão de atividades de uso público desenvolvida, aliada ao
momento de grande desenvolvimento que a visitação em UC está passando no
estado do Rio de Janeiro, forma a base para se iniciar o estabelecimento de
indicadores de uso público que propiciarão a verificação do alcance da visitação
segura e de qualidade.
Ressalta-se ainda, que a ferramenta utilizada no Projeto e aqui apresentada,
embora focada em ações de uso público, pode ser considerada como uma
metodologia para a análise da efetividade da gestão da UC (LEDERMAN; ARAUJO,
2012) ou monitoramento, porém como está baseada nas ações executadas
mensalmente, possibilita uma reavaliação em períodos mais curtos, para o manejo
efetivo da UC e possibilitando o desenvolvimento de uma nova cultura, na qual
estejam profundamente arraigados os fundamentos da excelência em gestão
(ARAUJO, 2007).
Agradecimentos
Aos gestores de UC do Inea, às equipes de campo de uso público (do Projeto
e guarda-parques), ao Inea e ITPA, que trabalham para que a sociedade fluminense
tenha mais simpatia pela conservação da natureza.
Referências bibliográficas
Araújo, M. A. R. Unidades de Conservação no Brasil: da República a Gestão de
Classe Mundial. SEGRAC & R.A. Consultoria e Treinamento. Belo Horizonte, 2007.
LEDERMAN, M.R.; ARAUJO, M.A.R. Avaliação da efetividade do manejo de unidades
de conservação. In: Gestão de unidades de conservação: compartilhando uma
experiência de capacitação. Cases, M.O (Org.). WWF-Brasil e IPÊ. Brasilia, 2012.
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113
FORTALECIMENTO DO USO PÚBLICO NO ESTADO DO RIO DE
JANEIRO: CONCEPÇÃO E AÇÃO EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
ESTADUAIS18
ALEXANDRE LORENZETTO19, 20
GALIANA DA SILVEIRA LINDOSO2, 21
CLAUDIA RODRIGUES ROSA2
MANUELA TORRES TAMBELLINI22,
LORENA DE ANDRADE PINTO2
EMILENA MUZOLON MARQUES2,
DANIELLE BRASIL FANZERES MARTINS2,
ALEXANDER COPELLO MORAES2
Abstract
Currently public policies for conservation at the state of Rio de Janeiro have
strengthened protected areas and have increasingly consolidated the public use in
these areas. Seeking for a friendly society to nature conservation, the Project
“Fortalecimento e Implantação da Gestão do Uso Público para o Incremento da
Visitação nas Unidades de Conservação Estaduais do Rio de Janeiro” has been
providing the foundation for the establishment of a visitation with safety and
quality in 12 state protected areas, each one with different realities and degree of
implementation. By the execution of various activities on the axes of Planning,
Operations and Knowledge Management, the Project seeks the standardization of
public use procedures and the development of tools to improve the management of
public use. Many results have been achieved such as the prioritization of public use
in the management of some protected areas, lots of actions to a better
comprehension of the public use dynamics and to provide better services to
visitors, training courses to actors who work directly with visitation, the
development of manuals and subsidies to strategic areas of the environmental
agency.
Palavras-chave:
Planejamento,
operacionalização,
produção
de
conhecimento, visitação.
Key words:
Planning, operationalization, production of knowledge,
visitation.
18
Projeto “Fortalecimento e Implantação da Gestão do Uso Público parao Incremento da Visitação nas
Unidades de Conservação Estaduais do Rio de Janeiro”, idealizado pelo Inea – Instituto Estadual do
Ambiente e executado pelo ITPA – Instituto Terra de Preservação Ambiental;
19
Instituto Terra de Preservação Ambiental - Avenida Rio Branco, 251, sala 1505, Rio de Janeiro – RJ;
20
[email protected]
[email protected]
22
INEA – Instituto Estadual do Ambiente- Av. Venezuela, 110, 3° andar, Rio de Janeiro– RJ
21
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30 de junho a 03 de julho de 2013 – Bonito/ MS
114
Introdução
A histórica falta de conhecimento sobre as vantagens do uso público nas
unidades de conservação (UC) no Brasil talvez seja um dos motivos da visitação
nas mesmas ainda não ser uma atividade muito divulgada, consolidada, efetiva ou
habitual. Essa falta de conhecimento, muitas vezes camuflada de “princípio da
precauç~o”, tem ajudado a manter os parques com as “portas fechadas”, deixando
as pessoas (potenciais visitantes) do lado de fora. A consequência disso é
certamente o enfraquecimento, com a perda de potenciais aliados para a
conservação, perante a sociedade.
O turismo de natureza é um dos segmentos mais promissores do mercado
de turismo, com cresecimento estimado de 10% a 30% ao ano (BRASIL, 2006).
Talvez por isso, de alguns anos para cá, percebe-se que há uma intenção de
mudança em relação às unidades de conservação brasileiras, seja estimulada pelas
tendências mundiais, pelos financiamentos ou pela pressão nacional para que
essas áreas saiam do ostracismo e passem a ser polos de desenvolvimento regional
(KINKER, 2002).
Políticas públicas adequadas, garantindo certa estabilidade de pessoal e
recursos, s~o fatores que podem ampliar as perspectivas de “abertura” de
unidades de conservação à visitação, se enquadrando nas tendências atuais do
turismo de natureza e tentando modificar o negativo paradigma que tem
acompanhado as UC brasileiras. No Estado do Rio de Janeiro, o Inea (Instituto
Estadual do Ambiente) tem investido muito em ações relacionadas à criação,
implantação e manejo de suas unidades de conservação, onde há investimentos
consideráveis em planos de manejo, regularização fundiária, infraestruturas,
contratação de guarda- parques23, implantação de Unidades de Polícia Ambiental
(UPAm), ordenamento e capacidade de carga turística e especificamente, ações que
visam fortalecer o uso público.
Com unidades de conservação mais estruturadas, cria-se o “Projeto de
Fortalecimento e Implantação da Gestão do Uso Público para o Incremento da
Visitaç~o nas Unidades de Conservaç~o Estaduais do Rio de Janeiro”, doravante
denominado Projeto de Fortalecimento do Uso Público, implantado
simultaneamente em 12 unidades de conservação de proteção integral do estado.
O Projeto tem como objetivo principal proporcionar o incremento da visitação
segura e de qualidade nas UC contempladas, a partir da implantação de metas
estratégicas de gestão do uso público em nível institucional, que promovam essas
áreas naturais como destino turístico, propiciando o aumento de cidadãos
simpatizantes à conservação da natureza e induzindo o desenvolvimento local.
O presente trabalho objetiva apresentar o Projeto de Fortalecimento do Uso
Público, que vem sendo implementado no estado do Rio de Janeiro e que é pioneiro
em termos de escala e quantidade de ações orientadas ao uso público no Brasil.
Serão destacados os principais eixos e ações que estão sendo executadas nestas 12
UC estaduais e serão apresentados ainda, como resultados preliminares, alguns
23
Em novembro de 2012, 220 guarda-parques foram contratados para atuação nas UC estaduais através de concurso
público.
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avanços e conquistas referentes ao fortalecimento do uso público e incremento da
visitação.
Métodos
O Projeto de Fortalecimento do Uso Público possui diretrizes e metas
definidas em um detalhado plano de trabalho, tendo como premissa norteadora, o
fortalecimento de ações relacionadas ao uso público já em andamento nas UC mais
consolidadas do estado e o estabelecimento do uso público nas UC menos
conhecidas, com menor estrutura, recém criadas ou com menor quantidade de
visitantes.
Com distintos graus de implantação das UC, o Projeto também contempla
distintas categorias de manejo, sendo: oito Parques Estaduais, duas Reservas
Biológicas, uma Estação Ecológica e uma Reserva Ecológica24. Dessa forma, o
planejamento das ações do Projeto se adapta às especificidades e objetivos de cada
UC. As UC que fazem parte deste Projeto são: Parque Estadual da Serra da Tiririca,
Parque Estadual da Pedra Branca, Parque Estadual dos Três Picos, Parque Estadual
da Ilha Grande, Parque Estadual Cunhambebe, Parque Estadual do Desengano,
Parque Estadual da Serra da Concórdia, Parque Estadual da Costa do Sol, Reserva
Ecológica da Juatinga, Reserva Biológica de Araras, Reserva Biológica de Guaratiba
e Estação Ecológica de Guaxindiba.
Para a execução das ações previstas no plano de trabalho conta-se uma
equipe de coordenadores de campo, auxiliares de coordenação de campo,
monitores ambientais e equipe de coordenação sediada no Rio de Janeiro, além de
guarda-parques e outros funcionários do Inea. O Projeto possui duração de um ano
e foi iniciado em outubro de 2012.
Fundamentado nas diretrizes institucionais do Inea e orientado por um
instrumento legal específico, que regula as atividades de uso público dentro dos
parques estaduais (Decreto Estadual nº 42.483/2010), o Projeto de
Fortalecimento do Uso Público atua em três principais eixos, a saber:
(i)
Planejamento – abordando o planejamento estratégico de uso público, a
integração com planos de manejo e planos emergenciais, a construção de novos
projetos, a regulamentação de artigos do Decreto nº 42.483/10, a padronização de
procedimentos de uso público, a realização de oficinas de planejamento estratégico
e de cursos de capacitação;
(ii)
Operacional – orientado ao atendimento de visitantes, o treinamento e a
capacitação de guarda-parques, a manutenção de trilhas, o mapeamento de trilhas
e atrativos, o manejo de trilhas, o desenvolvimento de atividades de educação
ambiental e de observação de aves, estabelecimento do perfil de visitantes, entre
outras ações;
(iii) Gestão e produção de conhecimento – com a sistematização e padronização
contínua de dados sobre uso público nas unidades de conservação contempladas e
a produção de manuais de procedimentos de uso público.
24
A Reserva Ecológica da Juatinga é localizada no município de Paraty, e está em processo de recategorização, em
cumprimento e regulamentação ao Sistema Nacional de Unidades de Conservação .
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Resultados e discussões
i. Planejamento
Dentro do eixo Planejamento, um dos logros alcançados pelo Projeto de
Fortalecimento do Uso Público é o direcionamento à consolidação da gestão do uso
público nas UC contempladas. Esse direcionamento tem sido refletido nas
oportunidades propiciadas para a elaboração de planejamento estratégico, com
discussões sobre a “vis~o de futuro” de cada UC em oficinas decorrentes ao longo
do Projeto, onde cada vez mais o uso público encontra alicerces para a sua
consolidação. E assim, visões de futuro como a do Parque Estadual da Ilha Grande:
“Ter condições ideais para realizaç~o de atividades de uso público em espaços
conservados onde a educação ambiental seja crítica e transformadora, e que a
visitaç~o ordenada gere renda e valorizaç~o da história e cultura local” ou como a
do Parque Estadual do Desengano: “Alcançar a eficiência na gest~o oferecendo
condições de acesso e opções de uso para diferentes públicos, promovendo a
conservaç~o e integraç~o socioambiental”, ganham espaço e se consolidam como
pilares na gestão dessas UC. Nesse sentido é importante salientar que um dos
resultados esperados pelo Projeto é apresentar um planejamento estratégico do
uso público para aplicação até 2016, com metas, ações e meios de verificação bem
definidos para execução nas UC.
ii. Operacional
No eixo Operacional, considerando todas as unidades de conservação
contempladas no Projeto de Fortalecimento do Uso Público, já foram realizados o
diagnóstico, mapeamento e manejo de diversas trilhas, a aplicação de cerca de 950
questionários de perfil e satisfação de visitantes, de cerca de 100 questionários de
demanda de visitação e 200 de percepção ambiental, a visitação de diversas
escolas, o fomento à criação de câmaras técnicas dentro dos Conselhos Consultivos,
a participação em eventos organizados pelas comunidades, a capacitação de
guarda-parques para atuarem diretamente com o uso público, entre outras
atividades.
Dentro deste eixo, para visualização das atividades realizadas em cada UC,
foi elaborada uma ferramenta de gerenciamento e acompanhamento mensal das
atividades desenvolvidas nas seguintes ações de uso público: (i) elaboração de
planos estratégicos emergenciais de uso público; (ii) orientação e capacitação de
guarda-parques sobre os procedimentos de uso público; (iii) ações do programa de
voluntariado; (iv) ações junto aos visitantes; (v) ações de planejamento e manejo
de trilhas; (vi) ações de interpretação ambiental; (vii) ações de comunicação; (viii)
ações de relacionamento com o trade turístico; (ix) ações dos Conselhos
Consultivos -câmaras técnicas de turismo ou similares; e (x) alimentação do banco
de dados.
iii. Gestão e produção de conhecimentos
Para a sistematização contínua dos dados, foram elaborados formulários
para organizar as informações relacionadas ao uso público, que irão compor a base
de dados sobre o uso público das UC contempladas no Projeto de Fortalecimento
do Uso Público e subsidiarão ações de diversas linhas do manejo das UC, uma vez
III CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE
30 de junho a 03 de julho de 2013 – Bonito/ MS
117
que a visitação está ligada diretamente à implantação de infraestrutura,
necessidades de pesquisa, segurança e proteção, desenvolvimento local, processos
participativos, etc.
Estão sendo produzidos manuais de procedimentos de uso público
relacionados à documentação fotográfica nas UC, à estimativa de visitantes, ao
monitoramento e manejo de trilhas, à utilização de banco de dados, ao
cadastramento de guias e condutores, além do diagnóstico do uso público do
sistema de unidades de conservação estaduais.
Com objetivo de fortalecer o uso público com responsabilidade, sempre
considerando a missão e as potencialidades de cada UC, bem como seus
instrumentos normativos e objetivos de criação, as equipes que compõe o Projeto
de Fortalecimento do Uso Público estão protagonizando todas as ações de uso
público (gerando, reaproveitando, adaptando e organizando toda a informação
relacionada direta ou indiretamente ao uso público nas mesmas).
O resultado disso, além das ações imediatas, está sendo não somente a
organização e padronização de uma quantidade de informações considerável,
contendo desde todas as estruturas para visitação e pesquisa, passando pelos
recursos humanos, trilhas e atrativos, levantamento de demandas, análise de
oportunidades e lacunas, perfil de visitantes, metodologia padronizada para
estimativa de visitantes, entre outras, mas também, com a produção de manuais e
treinamentos, a garantia de continuidade de todas essas ações que serão realizadas
pelas equipes fixas das UC, representadas hoje pelos guarda-parques e demais
técnicos do órgão.
Além disso, essas informações proporcionam o direcionamento para
aprimoramento da gestão do uso público nas UC, respaldando tecnicamente o
relacionamento e interação com outros setores concernentes à gestão da UC como
um todo, promovendo uma relação de troca e acessibilidade entre a UC e o
escritório central do Inea, otimizando assim a realização de análises,
planejamentos e direcionamento de recursos.
Assim, os dados saem dos relatórios e das gavetas, são transformados em
conhecimento e subsidiam todas as ações, orientadas diretamente ao alcance das
metas propostas, contribuindo assim, para a estruturação das UC e a consequente
consolidação das atividades de uso público nas áreas naturais no estado,
propiciando que cada vez mais, a sociedade seja uma aliada na conservação da
natureza.
Agradecimentos
Aos gestores de unidades de conservação do Inea, principalmente aos que
estão acreditando nesta estrutura para fortalecer as áreas que administram. Ao
Inea e ITPA que estão apostando e financiando tão diferente e ousada iniciativa.
Por fim, às equipes de campo de uso público, que têm feito toda a diferença no
estabelecimento de uma cultura de visitação às UC estaduais.
III CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE
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Referências Bibliográficas
BRASIL. Diretrizes para Visitação em Unidade de Conservação. Ministério do
Meio Ambiente, Secretaria de Biodiversidade e Florestas, Diretoria de Áreas
Protegidas. Brasília, 2006.
INSTITUTO ESTADUAL DO AMBIENTE - INEA. Decreto N° 42.483 de 27 de maio
de 2012. Estabelece diretrizes para o Uso Público nos Parques Estaduais
administrados pelo INEA. INEA. Rio de Janeiro, 2010.
KINKER, S. Ecoturismo e conservação da natureza em parques nacionais.
Editora Papirus. Campinas, 2002.
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NORMALIZAÇÃO EM TURISMO DE NATUREZA: A EXPERIÊNCIA DO
PROGRAMA AVENTURA SEGURA.25.
FÁBIO ORLANDO EICHENBERG26
CHARLEI APARECIDO DA SILVA27
Abstract: The standardization process in tourism can be considered one of the
greatest advances in industry policies. Arrange the adventure segment is of
fundamental importance for a country that has claimed to be bastion of this
economic activity. The expected results are being achieved and in a few years the
thread is already one of the fastest growing in Brazil. This text is a summary of the
actions of the sector for the implementation of the standardization process.
Analyzes in particular the norm 15: 331 adventure tourism: safety management
system, requirements and does not have the pretension to scrimp, but to disclose
this important achievement.
Palavras chave: Segmentação turística; normas técnicas; gestão de risco.
Key words: tourist segmentation; technical standards; risk management.
Introdução
É de fundamental importância à gestão da segurança no turismo de
aventura, para garantir a prática segura das atividades que compõem o segmento,
para investidores e também poder público. Considera-se neste trabalho, a
perspectiva sistêmica de analise fundamental para avaliação de todos os aspectos
envolvidos. Segundo (NBR: 15: 331 p. 5) “As organizações envolvidas com as
atividades de turismo de aventura vêm procurando sistematizar e controlar assuas
atividades, inclusive incorporando práticas de gestão de riscos, de maneira a
proverem atividades de turismo de aventura de forma respons|vel e segura”. Os
procedimentos iniciados com a implementação de um sistema de gestão da
segurança é um grande passo, porém deve estar atrelado a outros elementos de
igual importância. Deve respeitar aspectos de integração junto ao sistema como
um todo. Assim, uma norma de sistema de gestão da segurança pode ser uma
referência para toda organização envolvida com a prestação de serviços que
incluam atividades de turismo de aventura, ou seja, pode ser utilizada por
operadoras e por aqueles que recebem os turistas nos destinos, que devem
também estar envolvidos no esforço da segurança nas atividades de turismo de
aventura.O SGS deve estar sintonizado com as necessidades da gestão dos atrativos
e as implicações dos riscos principalmente, que são inerentes a prática do turismo
de aventura. Cabe ressaltar que um conjunto de técnicas de minimização de riscos
é de extrema importância para um atrativo de Turismo de aventura, entretanto,
25
Trabalho elaborado no Laboratório de Geografia Física da Faculdade de Ciências Humanas da UFGD
UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS: [email protected]
27
UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS: [email protected]
26
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será insuficiente se não estiver vinculado a gestão do todo, sistêmica e integrada. É
necessário ainda entender um pouco mais do segmento de Turismo de Aventura e
suas particularidades, o que tentaremos detalhar no decorrer desse texto.
Características naturais da aventura, nossa natureza
O Turismo de Natureza brasileiro nos últimos anos tem sido
estrategicamente, pensado para atingir níveis de qualidade internacionais
espelhado em países com reconhecida atuação e tradição no segmento de turismo
na natureza. A Associação Brasileira de Ecoturismo e Turismo de Aventura
(ABETA) sistematicamente tem incentivado os proprietários de atrativos turísticos
que atuam no segmento de natureza a se capacitarem e a seus colaboradores,
através do Programa Aventura Segura (PAS) em parceria com o Ministério do
Turismo (MTUR) e a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT28) e os
resultados apontam para avanços significativos no segmento de natureza, em
especial, nas atividades e tipologias ligadas a aventura.
Em relação ao turismo de aventura, podemos inicialmente destacar a
origem do mesmo, o ecoturismo. No entanto por ocasião da segmentação do
turismo, decidiu-se que para atenção ao mercado, alguns elementos
caracterizariam e diferenciariam essas duas categorias de turismo na natureza. Ou
seja, o turismo de aventura pode ser definido como: “Uma atividade de lazer
realizada em um local não usual, remoto, exótico, ou de vida selvagem, envolve
algum meio de transporte não convencional, e tende a ser associado a níveis de
risco elevados da atividade”.
Segundo Ramos (2005.p.470) “o turismo de aventura implica em atividades
de lazer e viagens que são contratadas na esperança de produzirem uma
experiência de aventura recompensadora”, que poderá ser de natureza intensiva e
envolverá as emoções do turista que a pratica a atividade... Resultará em riscos e
desafios físicos... E ajunta que esses desafios vão alem da natureza física, pois,
durante uma situação de risco, o participante enfrentará e terá que decidir partir
de suas habilidades técnicas, intelectuais e sensitivas.
Já o estudioso em Turismo John Swarbrooke comenta em seus trabalhos
sobre ecoturismo e turismo de aventura, e com maior cuidado para o último que:
“incerteza é um dos fatores determinantes de um desafio, ela pode ser criada de
inúmeras formas. A presença do perigo que por sua vez gera o risco assegura a
imprevisibilidade do resultado”. (SWARBROOKE, 2003). Os turistas que buscam
essa categoria de turismo buscam entre outros fatores exclusividade, pois quase
sempre são pequenos grupos, às vezes amigos, buscam também pouco conforto,
pois entendem que o contato com o meio físico, as instabilidades climáticas, e
28
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é o Fórum Nacional de Normalização. As
Normas Brasileiras, cujo conteúdo é de responsabilidade dos Comitês Brasileiros (ABNT/CB), dos
Organismos de Normalização Setorial (ABNT/ONS) e das Comissões de Estudo Especiais Temporárias
(ABNT/CEET), são elaboradas por Comissões de Estudo (CE), formadas por representantes dos setores
envolvidos, delas fazendo parte: produtores, consumidores e neutros (universidades, laboratórios e
outros).
III CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE
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outras privações fazem parte do desafio e exigem um alto nível de planejamento
das atividades por parte das operadoras.
O que tem se observado é que algumas operadoras, assim como no
ecoturismo anteriormente citado, acabam comercializando roteiros que deixam de
lado as características citadas no parágrafo anterior e que identificam a categoria
de turismo na natureza proposta. Ou seja, acaba oferecendo conforto exagerado
aos praticantes, o que se entende não ser o que se busca. Entende-se que tanto
turismo de aventura como ecoturismo quer em seu bojo conceitual aproximar os
praticantes do meio visitado, e n~o o inverso. “Os turistas devem experimentar
novas sensações, quebrar paradigmas, romper barreiras psicológicas, sociais,
interpessoais, entre outras”. (RAMOS, 2005.p.475)
Como proposta fundamental dessa conceituação prévia do que estamos
chamando de ecoturismo e turismo de aventura cabe ressaltar o que Ramos
(2005.p.475) afirma ser essencial: “a motivaç~o e o enfoque da atividade”, quanto
menos intensa e não exigir muito esforço e mais educativa no sentido de
interpretação do ambiente visitado, mais próxima à atividade estará do
ecoturismo. Por outro lado, quanto mais intensa, imersiva, incerta, de risco e
composta de adrenalina, mais próximo do arcabouço conceitual que se refere à
aventura. Contudo esse exercício conceitual é muito primário e exige a reflexão de
que, não estamos, com essa classificação, querendo excluir as demais.
O programa aventura segura (PAS)
O PAS tem como principal finalidade “enquadrar” os atrativos em processos
de formação que vai desde o atrativo como um todo com a norma técnica NBR:
15331 do Sistema de Gestão da Segurança (SGS), até os condutores em atrativos de
turismo de natureza. O aceite por parte dos atrativos se da de maneira voluntária,
e a partir daí a ABETA inicia os processos de implementação das normas junto ao
atrativo.
Existem normas diversas que visam aperfeiçoar desde: condutores de
rafting, de espeleoturismo (turismo em cavernas) rapel, tirolesa, mergulho, entre
outras tipologias que são definidas, concebidas e implementadas em parcerias
firmadas entre a ABETA e o atrativo, de acordo com seu perfil de atuação. Existem
diversas normas em fase de estudo, outras já estão em operação. Segundo a
ABETA, dos mais de 130 atrativos cadastrados no sistema CADASTUR (cadastro de
empreendimentos turísticos) do MTUR, mais de 90 implantaram alguma norma em
seus domínios e tipologia de atuação, elevando o compromisso desses atrativos
com seus clientes, os turistas.
Assim, uma norma de sistema de gestão da segurança pode
ser uma referência para toda organização envolvida com a
prestação de serviços que incluam atividades de turismo de
aventura, ou seja, pode ser utilizada por operadoras e por
aqueles que recebem os turistas nos destinos, que devem
também estar envolvidos no esforço da segurança nas
atividades de turismo de aventura. (ABETA, 2005.p.V).
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Basicamente, o processo de normalização em turismo de aventura e
ecoturismo, segue os padrões internacionais de normas técnicas implantado
originalmente na Nova Zelândia. Em 2003, uma missão brasileira visitou o país e
trouxe as boas práticas para o Brasil iniciando em 2006 com o PAS, um novo
momento para esse segmento do Turismo que mais cresce no mundo.
Inicialmente foram priorizados 17 destinos brasileiros sendo realizado um
trabalho em 13 unidades de federação. Existem atualmente dois produtos que
reforçam a necessidade de tornar cada vez mais segura essa prática turística no
Brasil, o PAS: concepção, metodologia e resultados, e o Relatório de Impactos da
Aventura Segura (RIAS), ambos os documentos servem como um referencial para o
Turismo na Natureza do Brasil.
Com 28 normas técnicas publicadas e um processo de certificação em
Ecoturismo e Turismo de Aventura com acreditação pelo Instituto Nacional de
Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO), o Brasil tem sido
apontado como referência mundial nestes segmentos. As empresas são certificadas
conforme a ABNT NBR 15331:2005 - Sistemas de Gestão da Segurança29 –
Requisitos.
O objetivo do programa é qualificar empresas e profissionais do
“ecoturismo e turismo de aventura e auxili|-los na implementação do sistema de
gestão da segurança (SGS), tendo como referência normas brasileiras publicadas
pela ABNT. Ao todo, o programa mobilizou mais de 100 municípios e mais de 600
empresas”. (ABETA, 2011)
As organizações envolvidas com as atividades de turismo de
aventura vêm procurando sistematizar e controlar as suas
atividades, inclusive incorporando práticas de gestão de
riscos, de maneira a proverem atividades de turismo de
aventura de forma responsável e segura. Por si só essas
iniciativas de sistematização e controle podem não ser
suficientes para proporcionar a uma organização a garantia
de que seu desempenho em termos de segurança não apenas
atenda, mas continue a atender, aos requisitos legais e aos
de sua política. Para que sejam eficazes, é necessário que
estes procedimentos sejam realizados dentro de um sistema
de gestão estruturado e integrado às atividades gerais de
gestão. (SISTEMA DE GESTÃO DA SEGURANÇA, 2005.p.v).
A gestão de riscos, especificamente, é notadamente reconhecida como parte
integrante e fundamental de um sistema de gestão da segurança. Nesse sentido, a
adoção e implementação, de forma sistemática, de um conjunto de técnicas da
gestão de riscos podem contribuir para a obtenção de resultados ótimos para todas
as partes interessadas. Contudo, somente a adoção deste conjunto de técnicas de
gestão de riscos por si só não garantirá resultados de segurança ótimos.
29
A ABNT NBR 15331 foi elaborada no Comitê Brasileiro de Turismo (ABNT/CB-54), pela
Comissão de Estudo de Gestão da Segurança (CE-54:003.02). O Projeto circulou em Consulta
Nacional conforme Edital nº 09, de 30.09.2005, com o número de Projeto 54:003.02-001.
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Sendo assim, a norma NBR 15331 - SGS (Sistema de Gestão da Segurança)
especifica os requisitos de tal SGS do turismo de aventura. Foi redigida de forma a
aplicar-se a todos os tipos e portes de organizações turísticas que trabalham com
sítios de turismo de aventura, de natureza e ecoturismo e para adequar-se a
diferentes condições geográficas, culturais e sociais desses espaços.
O sucesso do SGS a priori depende do comprometimento de todos os níveis
e funções na organização, em especial da direção. Um sistema deste tipo permite
que uma organização estabeleça e avalie a eficácia dos procedimentos, desenvolva
uma política e objetivos do nível de segurança desejado, e ainda atinja a
conformidade em relação aos demais destinos e atrativos demonstrando o
resultado das ações ao público alvo, ao Estado e a terceiros. A finalidade geral
desta Norma é assegurar, de maneira sistemática e consistente, a prática segura e
responsável de atividades turísticas nos destinos de aventura, natureza e
ecoturismo.
Como se baseia em um processo de planejamento dos atrativos é
recomendável que vários destes requisitos sejam abordados simultaneamente ou
reapreciados a qualquer momento, tendo em vista os processos de planejar,
implementar, agir, corrigir e sucessivamente, numa tentativa de prever as
variáveis recorrentes dessa atividade turística.
Métodos
A análise do Turismo exige cada vez mais um olhar complexo, do todo e de
cada parte. O pensamento sistêmico tem colaborado no entendimento das
capilaridades dessa que é uma importante atividade econômica, e necessita de uma
atenção especial principalmente se dirigida a ambientes naturais. O Turismo faz
parte da natureza humana, e dessa forma, os desafios que a natureza, o natural
impõem ao visitante, turista, são igualmente naturais. Esta pesquisa busca a partir
de relatos documentais, bibliográficos e de empirismo abordar pela perspectiva
sistêmica o calcanhar de Aquiles do Turismo brasileiro, as políticas de organização
de seus diversos segmentos. A aventura na natureza aponta para um crescimento
que vale a pena incentivar, com planejamento ambiental, elaboração de plano de
manejo e capacidade de carga entre outras providências, para que se desenvolva
em harmonia e apenas com o risco inerente a atividade.
Resultados e discussões
Os principais avanços na atividade turística no Brasil têm ocorrido nos
segmentos que tem na natureza seu recurso principal. O processo de normalização
tem estimulado esse crescimento dentro do segmento de Turismo de Aventura. O
PAS e principalmente a norma de Gestão da Segurança com sua filosofia voltada à
melhoria contínua tem dado ao Brasil um alento e a segurança necessária para que
deixemos de ser o país do futuro e avancemos para o topo do segmento de
natureza no mundo.
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Agradecimentos
Agradecimento especial ao laboratório de Geografia Física (LGF)
dauniversidade federal da grande dourados e também a CAPES pela bolsa de
pesquisa tão valorosa e essencial para o trabalho de mestrado ao qual esse artigo
representa.
Referências bibliográficas
ABETA. Relatório de Impactos do Programa Aventura Segura / ABETA e
Ministério do Turismo. – Belo Horizonte: Ed. dos autores, 2011.
ABNT - NBR: 15331. Turismo de Aventura: sistema de gestão da segurança requisitos. Rio de Janeiro, 2005.
EICHENBERG, F.O; SILVA, C. A Da. Turismo de Natureza: a relação
homem/natureza e seus desdobramentos a partir dessa categoria de
turismo. Foz do Iguaçu – VI Festival Internacional de turismo das Cataratas, 2012.
RAMOS, M.V. Aventura e Turismo de Aventura: Faces Mutantes. In: Análises
regionais e globais do turismo brasileiro. Trigo, Luis Gonzaga Godói. (Org.), 2005
SWARBROOKE, John. Turismo Sustentável: setor público e cenário geográfico.
São Paulo: ALEPH, 2000; série turismo; vol. 3.
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O DESENVOLVIMENTO TURÍSTICO NO MUNICÍPIO DE VARGEMSP/BRASIL
CRISTIANE FERRAZ E SILVA SUAREZ30
NAYRA DE MORAES GONÇALVES31
JOÃO LUIZ DE MORAES HOEFFEL32
Abstract
Considering the difficultyof developingtourism innatural areasin a sustainable
manner, as well as the impactsthat this activitymay resultin protected areas, this
paper aims toanalyze the process oftourism developmentthathas been occurring in
the municipality ofVargem-SP (Brazil) andidentifyopportunitiesfor it tooccurin a
sustainable manner. This municipalityis part of theCantareira System
Environmental Protected Area(Cantareira System EPA), andhas been undergoing
aprocess of urbanization andintensesocial and environmental transformations,
which have resulted in thedevelopment of a disordered tourism. Amongthe
methods usedcan be highlighted thetechnicalassessmentoftourism potential,
proposed byCerro (1993) and environmental diagnosisandstudy oftourism
demand, conducted through semi-structured interviewsbasedon the works
ofLavilleandDionne(1999),
Whyte(1978)
andBardin(1983).The
results
indicatethat rural tourismand ecotourismare suitedto local conditionsand can
providebenefitsand assistin the management ofnegative impactsarising from
thedevelopment of tourism. For this, this activityin the municipalityshouldbe
accompanied byproper environmental andtourism planning, and involve the
participationof the local population, seeking effective resultsin the long term.
Palavras-chave: Turismo, Áreas naturais, APA do Sistema Cantareira,
Ecoturismo, Turismo Rural.
Key-Words: Tourism, Natural areas, Cantareira System EPA, Ecotourism,
Rural Tourism.
Introdução
O presente artigo é resultado da tese de doutorado intitulada “Turismo
Sustentável, Qualidade de Vida e Políticas Públicas em Unidades de conservação:
Um estudo de caso em Vargem–SP (APA do Sistema Cantareira)” desenvolvida no
30
Universidade São Francisco. AV. São Francisco de Assis, 218. Jardim São José.
12914-500. Braganca Paulista, SP – Brasil. [email protected]
31
Moinho d’Água Treinamentos. Estrada Mauro de Próspero, 500, bloco 16 apto 22.
Residencial das Ilhas. 12913-045. Bragança Paulista, SP - Brasil.
[email protected]
32
Núcleo de Estudos em Sustentabilidade - Faculdades Atibaia (NES/FAAT). Estrada
do Ribeirão Acima 777. Moinho I. 12960-970 - Nazaré Paulista, SP - Brasil - Caixapostal: 20. [email protected]
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Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Sociedade do Núcleo de Pesquisas e
Estudos Ambientais, da Universidade Estadual de Campinas. O projeto originou-se
da constatação de que a região vem apresentando vários problemas
socioambientais gerados a partir das alterações decorrentes, principalmente, de
dois eventos: a construção do Sistema Cantareira - um empreendimento de
captação de recursos hídricos para abastecer a Região Metropolitana de São Paulo,
e a duplicação da Rodovia Fernão Dias. O fato de o município estar inserido em
uma Unidade de Conservação (a APA do Sistema Cantareira) enfatiza a
necessidade de estudos que contribuam para a elaboração de políticas públicas
que possam embasar planos turísticos sustentáveis aliados à conservação dos
recursos naturais.
Esta necessidade justifica-se pelo fato do turismo desenvolvido em áreas
naturais utilizar-se de recursos naturais como sua “matéria-prima”, consumindoos enquanto bens de mercado, o que pode gerar inúmeros impactos
socioambientais, econômicos e culturais negativos, decorrentes do
desenvolvimento desordenado da atividade turística.
Para Boullón (2002), uma vez que se permite visitar as áreas naturais, a
existência de impactos do turismo é evidente, exigindo estudos que balizem o
desenvolvimento da atividade. Fadini; Hoeffel e Suarez (2009; 2010)
compartilham esta preocupação considerando que o turismo pode ser um dos
principais responsáveis por processos de transformação do espaço e
reconfiguração paisagística.
Um dos aspectos mais relevantes desta questão é o aumento significativo de
turistas que visitam áreas naturais sem planejamento e administração adequados
dos locais visitados, e um dos desafios do turismo sustentável é justamente
acomodar e ajustar este crescente número de visitantes em áreas naturais sem
sacrificar sua integridade ecológica (SABINO; ANDRADE, 2003).
Assim, sem negar a importância econômica da atividade e seu potencial
como difusora de culturas, é importante promover pesquisas sobre os reflexos
efetivos do turismo na sociedade, tornando-se necessárias propostas de turismo
sustentável, o qual é caracterizado como uma alternativa ao turismo de massa, que
estimula um grande fluxo de turistas a um destino ao mesmo tempo, e que durante
anos vem agredindo as paisagens e destruindo os ecossistemas (SUAREZ, 2005).
Para Ruschmann (2008, p.109), os conceitos de “desenvolvimento
sustentável e de turismo estão intimamente ligados à sustentabilidade do meio
ambiente, o que se deve ao fato de que encontrar o equilíbrio entre os interesses
econômicos que o turismo estimula e um desenvolvimento da atividade que
preserve o meio ambiente n~o é tarefa f|cil”.
Desta forma, o objetivo deste trabalho é analisar o processo de
desenvolvimento turístico que já vem ocorrendo município de Vargem- SP e
identificar possibilidades para que o mesmo ocorra de forma sustentável.
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127
Métodos
Esta pesquisa possui caráter documental e exploratório, cujo objetivo é o
aprimoramento de idéias e maior familiarização com o objeto de estudo. Para a
identificação das potencialidades turísticas locais foram utilizadas as técnicas de
avaliação do potencial turístico, propostas por Cerro (1993), com posterior
realização de diagnóstico ambiental e estudo da demanda turística, realizada por
meio de entrevistas semi-estruturaras elaboradas com base nos trabalhos de
Laville e Dionne (1999), Whyte (1978) e Bardin (1983), objetivando caracterizar o
perfil socioeconômico do turista entrevistado, sua relação, interesses e ações
referentes à área de estudo.
Em uma breve caracterização destaca-se que o município de Vargem está
situado na Região Bragantina, no interior do estado de São Paulo a 97 km da
capital, às margens da Rodovia Fernão Dias, fazendo divisa com o estado de Minas
Gerais ao confrontar-se com o município de Extrema. Vargem possui uma área de
142,9 Km2, cerca de 7.098 habitantes (IBGE, 2009) e densidade demográfica de
49,45 hab./km², a maioria concentrada na área rural.
É importante considerar que a localidade vem passando por um processo de
urbanização e intensas transformações socioambientais, contudo ainda apresenta
uma estrutura rural com características socioeconômicas preservadas, com
atividades de agropecuária desenvolvidas em pequena escala, como a criação de
gado leiteiro, cultivo de milho e silvicultura de eucalipto. É possível observar
também que algumas festas tradicionais se mantêm, principalmente, as religiosas
nas capelas e igrejas dos bairros. Cabe salientar que a presença do reservatório,
associado a outros fatores, como a facilidade de acesso proporcionado pela
duplicação da Rodovia Fernão Dias, vem estimulando o desenvolvimento turístico
desordenado,
principalmente
no
entorno
do
reservatório.
Vargem
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Resultados e discussão
Os dados coletados e as características socioambientais de Vargem
demonstram que o município apresenta diversas potencialidades para o
desenvolvimento do turismo, relacionadas, principalmente, aos recursos naturais,
destacando sua localização privilegiada dentro de uma Unidade de Conservação – a
APA do Sistema Cantareira - e no entorno do reservatório Jaguary/Jacareí, além de
sua proximidade com grandes centros como São Paulo e Campinas, grande
potencial agrícola nos bairros rurais, e a existência de atrativos histórico-culturais,
como as grandes fazendas antigas e a estação ferroviária do ano de 1913, embora
ainda não haja a formatação de um produto turístico.
A maioria das áreas naturais em Vargem é considerada um atrativo turístico
real ou potencial, destacando-se as cachoeiras, as corredeiras do rio Jaguary, a
Serra do Lopo, que possibilitam a prática de esportes como montanhismo,
escalada, rapel, trilhas e a contemplação da natureza e o Reservatório dos rios
Jaguary-Jacareí.
Os usos mais frequentes do reservatório estão relacionados aos esportes
náuticos (passeios de barco e Jet-sky) e de pesca (pesca esportiva e predatória),
provocando grande preocupação por parte de diversos atores sociais, já que o uso
do solo em seu entorno ocorre para diversos fins e de forma não planejada,
impulsionando a especulação imobiliária, prejudicando a sustentabilidade
ecológica e turística local e a qualidade de vida dos moradores.
A atividade turística no município também apresenta potencial de
desenvolvimento pelo fato de Vargem fazer parte do Circuito Turístico Entre
Serras e Águas, estruturado através da Agência de Desenvolvimento Regional –
UNICIDADES - que tem como objetivo apresentar potencialidades e produtos
turísticos de cada município, contribuindo para a formação de um calendário
regional de destinos turísticos, para o desenvolvimento urbano e para a
conservação da paisagem e da biodiversidade regional.
Considerando estas potencialidades, o turismo rural e o ecoturismo
apresentam-se como alternativas para o desenvolvimento do turismo em Vargem.
Justifica-se esta indicação pelo fato do turismo rural ter como proposta
melhorar os rendimentos de proprietários rurais e valorizar os modos de vida
tradicionais, a ruralidade e o contato harmonioso com o ambiente natural,
podendo ser um meio de diversificação da economia local (SCHNEIDER, 2006).
O ecoturismo, por sua vez, também é um segmento turístico potencial a ser
desenvolvido em áreas naturais. De acordo com Serrano (2001), trata-se de um
segmento da atividade turística que utiliza de forma sustentável o patrimônio
natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma
consciência ambientalista através da interpretação do ambiente, promovendo o
bem-estar das populações.
III CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE
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No entanto, deve-se reconhecer que tanto o ecoturismo, como o turismo
rural podem produzir impactos de características diversas e em sentidos muitas
vezes antagônicos. O primeiro aspecto a ser levado em consideração quando se
pretende desenvolver o turismo, principalmente em áreas naturais, é ter
consciência que se está propondo uma intervenção sobre as relações
socioambientais e produtivas previamente existentes que precisam ser respeitadas
em sua essência, compreendidas em sua especificidade e atendidas em suas
preocupações e demandas (SCHNEIDER, 2006). É fundamental, portanto, indagar
quais os possíveis impactos que podem ser gerados pela intensificação de
empreendimentos turísticos.
Para se consolidar como atividade responsável e ambientalmente adequada,
faz-se necessário o planejamento e o monitoramento das atividades turísticas em
espaços naturais e rurais, os quais significam verdadeiros desafios de
pesquisadores e outros atores sociais envolvidos com a relaç~o “turismo e meio
ambiente”, j| que o turismo se apoia sobre o espaço rural e sobre os recursos
ambientais (naturais, sociais, econômicos e culturais), e o seu planejamento deve
ser integrado ao desenvolvimento local (HANAI, 2006).
Neste sentido, para se alcançar a sustentabilidade turística no município de
Vargem, é preciso que a atividade seja desenvolvida com o suporte de um
adequado planejamento participativo, o qual deverá ser realizado com base em
informações provenientes de estudos e análises referentes ao cenário da
localidade, bem como das potencialidades de desenvolvimento futuro e
envolvimento da comunidade local, reconhecendo a importância da realização de
projetos em longo prazo, que tenham como objetivo proporcionar à comunidade e
aos participantes envolvidos um reencontro com a natureza, uma mudança de
conduta durante o lazer, bem como a busca da conciliação entre o
desenvolvimento de atividades turísticas e a proteção das áreas naturais.
Agradecimentos
À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP que
financiou a I e II fases do Projeto de Pesquisa no 2007/59833 denominado de
“Qualidade de Vida, Turismo e Sustentabilidade na APA do Sistema Cantareira: um
estudo de caso em Vargem, SP – BR” que se desenvolveu concomitantemente com a
tese de doutorado intitulada “Turismo Sustentável, Qualidade de Vida e Políticas
Públicas em Unidades de conservação: Um estudo de caso em Vargem–SP (APA do
Sistema Cantareira)” desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Ambiente e
Sociedade do Núcleo de Pesquisas e Estudos Ambientais - NEPAM, da Universidade
Estadual de Campinas - UNICAMP.
Referências
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RUSCHMANN, D V. N. Turismo e Planejamento Sustentável – a proteção do
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III CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE
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O papel do turismo de conservação na construção de novos valores
ambientais em projetos de pesquisa
CARVALHO-JUNIOR, OLDEMAR33; SOUZA, P. ANDERSON2; BEZ-BIROLO,
ALESANDRA1; GALASTRI, GABRIELA1
Abstract
This paper discusses the importance of conservation tourism in the conservation
of biodiversity with social mobilization and environmental education through selfsustainability research projects. Although there is no a still a clear definition of
conservation tourism, or a public policy for the subject, this may represent an
important economic force with social and environmental responsibility. The
Instituto Ekko Brazil (IEB), through the Otter Project, have been developing
research with the participation of Brazilian and international ecovolunteers since
2002. This is done through partnerships with international agencies that promote
the participation of ecovolunteers in similar projects in several countries.
Unfortunately, in Brazil, the tourism sector has not noticed this movement. Despite
the difficulties, IEB received 43 ecovolunteers in 2012, grossing approximately R$
24.000.00. The average stay ranges from 7 to 14 days, a period that ecovolunteers
participate in all project activities. Financial resources and available workforce are
an important aid for sustainability research and for social mobilization with
biodiversity conservation. The growth potential in Brazil, for this sector is
promising.
Palavras Chave: ecovoluntarios, biodiversidade, educação ambiental,
mobilização social
Keywords: ecovolunteers, biodiversity, environmental education, social
mobilization
Introdução
O turismo de conservação implica na participação ativa do turista em ações
voltadas para a conservação da biodiversidade. Dentro de um projeto de pesquisa,
33
Instituto Ekko Brasil, R. Henrique Veras do Nascimento, 82/Cx Postal 10121, Lagoa da Conceição,
Florianópolis/SC, 88062-970. [email protected]
2
Instituto Ekko Brasil, R. Augusto Mascarenhas, 309, Centro, Aquidauana/MS,
79200-000 [email protected]
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o turismo de conservação pode ser visto como um tema transversal, podendo,
inclusive, representar uma ferramenta de mobilização social. No mês de setembro
de 2012, em diferentes datas, buscas no site Google Brasil com a expressão turismo
de conservação, resultaram em 0 (zero) de retorno, tanto para páginas como para
títulos da internet. A exceção foi para os trabalhos publicados pelo próprio
Instituto Ekko Brasil e/ou pesquisadores deste. A maior parte dos resultados
associaram o turismo em Unidades de Conservação, mas não exatamente o turismo
de conservação.
O conceito de turismo de conservação ainda não é bem definido, sendo
pouco conhecido no Brasil, podendo muitas vezes ser confundido como ecoturismo
ou turismo de aventura. No caso do turismo de conservação, o turista tem
participação ativa em um projeto de pesquisa e/ou conservacionista voltado para a
conservação da biodiversidade. Em função disso, o termo turismo científico
também pode ser aplicado.
Entretanto, como o termo turismo científico pode ser muito restritivo
quanto ao público alvo, o turismo de conservação pode representar a escolha mais
apropriada do ponto de vista econômico e social, além do ambiental, voltado para a
sustentabilidade do projeto (CARVALHO JUNIOR; SCHMIDT, 2004).
A preocupação com a definição do conceito procede a partir do momento que
o turismo de conservação pode representar uma alternativa econômica importante
em Unidades de Conservação, em especial Áreas de Proteção Ambiental (APAs)
(HOEFFEL et al., 2008). Contudo, o enfoque meramente econômico trás consigo o
risco de que o discurso do turismo de conservação caia no mesmo sentido
reducionista do “sustent|vel”. O potencial do turismo como estimulador de rede
social, aproximando diferentes culturas e povos, não deve ser negligenciado,
principalmente se pode ser aplicado para modificar realidades adversas ou
impeditivas à melhoria de qualidade de vida.
Desde 2004, o Instituto Ekko Brasil/Projeto Lontra vem desenvolvendo
pesquisas com turismo de conservação e espécies ameaçadas no Estado de Santa
Catarina. O envolvimento das comunidades, como forma de mobilização social, é
visto como de fundamental importância. Um processo de mobilização representa
convocação de vontades que, por sua vez, é feita através de ações de comunicação
(TORO; WERNECK, 2004). O projeto de comunicação para mobilização social inclui
a coletivização dos objetivos, ou seja, a causa pela conservação passará a ser
coletiva. As ações sociais são baseadas principalmente no processo educativo e
informativo, objetivando implementar alternativas exequíveis para a conservação
local. Vários projetos fazem parte desse processo como o Projeto Lontra, o Projeto
Tucano, o Refúgio Animal, Pró-Lontrinha e o Sea Horse do Brasil. O Projeto Lontra,
que desenvolve pesquisas desde 1986, foi incorporado ao Instituto em 2004. Desde
então vêm sendo desenvolvido metodologias próprias que incorporam à pesquisa
as ações de mobilização social, com o envolvimento das comunidades do entorno
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através das ações de educação ambiental que são apresentadas aos visitantes no
projeto e ações externas chamadas caravana da lontra; quando a equipe leva a
informação em forma de palestras, apresentações artísticas, teatro de fantoches e
jogos educativos às escolas da região. O turismo de conservação vem sendo a
ferramenta utilizada para tal, associado à auto sustentabilidade do projeto.
Métodos
A metodologia é dividida em duas partes principais. A parte de pesquisa
técnica, relativa à execução do projeto na área de estudo e a parte acadêmica
relacionada com o gerenciamento do projeto. O gerenciamento do projeto segue as
boas práticas do PMBOK⎝, organizado em processos de iniciação, planejamento,
execução e finalização. O monitoramento e controle, como mais um grupo de
processos, é feito durante todas as etapas do projeto. Para tanto, o projeto é
dividido em nove áreas de conhecimento (PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE,
2008), gerenciamento da integração, gerenciamento do escopo, gerenciamento do
tempo, gerenciamento de custo, gerenciamento da qualidade, gerenciamento de
risco, gerenciamento da comunicação, gerenciamento da aquisição, gerenciamento
dos recursos humanos e gerenciamento dos stakeholders.
A sustentabilidade do projeto é garantida com a participação de
ecovoluntarios, visitas de turistas, visitas de escolas e universidades. Para tanto o
projeto conta com um alojamento para ecovoluntarios, um centro de visitação para
receber os visitantes e um criadouro científico com fins de pesquisa. A participação
dos ecovoluntarios ocorre durante todo o ano, mas as visitas de grupos escolares e
universitários acompanhados dos professores são restritas a apenas dois dias da
semana de forma a não causar stress aos animais em cativeiro.
O projeto definido é apresentado a um parceiro internacional que trabalha
com a organização da participação de ecovoluntarios em projetos de pesquisa. No
presente caso o parceiro é a Cybelle Planète, com sede em Paris
(http://www.cybelle-planete.org/cybelle2/) e o projeto é o Projeto Lontra. O
ecovoluntario participa de todas as atividades de pesquisa de campo e coleta de
dados sempre acompanhados de um pesquisador do projeto. Todas as atividades
são organizadas em um cronograma e também incluem caminhadas em trilhas
para conhecer os habitats naturais da espécie (Figura 1).
Tabela 1. Exemplo de cronograma semanal para a participação de
ecovoluntarios no Projeto Lontra.
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Resultados e Discussão
Durante o biênio 2010/2011 o Projeto recebeu 1920 pessoas entre
capacitados (oficinas, cursos e visitas) e mobilizados (ecovoluntarios e
estagiários). Dentre os multiplicadores cabe destacar a presença de professores
(99), gestores ambientais (99), crianças/jovens (353), jornalistas (19),
ecovoluntarios e pesquisadores (288) (Figura 1).
Figura 1. Público visitante no Projeto Lontra durante o ano de 2011.
No ano de 2012 o Projeto recebeu 43 ecovoluntarios, sendo 28 brasileiros e
15 estrangeiros (Figura 2). O total de recursos arrecadados com ecovoluntarios foi
R$23.687,00, sendo que, a maior parte, veio de ecovoluntarios brasileiros (Figura
3). A média de estadia para ecovoluntarios brasileiros e estrangeiros é de 7 dias,
sendo de 14 dias para estrangeiros que fecham o pacote com a Cybelle Planète
(Figura 4).
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Figura 2. Ecovoluntarios que participaram no Projeto Lontra em 2012.
Figura 3. Captação de recursos provenientes de ecovoluntarios no ano de 2012.
Figura 4. Média de estadia para ecovoluntarios brasileiros e estrangeiros.
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O Turismo de Conservação no Brasil ainda é um modo diferente de fazer
turismo para os brasileiros quando comparados aos europeus por exemplo.
Segundo Carvalho Junior, (2011) o próprio conceito ainda não é bem definido,
sendo pouco conhecido no Brasil e sua preocupação com a definição, procede a
partir do momento que o turismo de conservação pode representar uma
alternativa econômica importante na gestão de projetos de biodiversidade em
unidades de conservação, em especial Áreas de Proteção Ambiental (APA).
Quando abordamos este tema de Turismos de Conservação, estamos falando em
iniciativas de projetos de pesquisa, voltados a conservação da biodiversidade
envolvendo a comunidade de entorno. Fechando o ciclo com trabalhos de
mobilização social dentro dela.
Apesar de tímidos, os números acima, sugerem um aumento na procura
deste segmento de turismo no estado de Santa Catariana, quando comparados com
o início dos trabalhos pela instituição em 2004. O maior público do Projeto Lontra
sempre foi europeus (CARVALHO JUNIOR et al, 2006) e com a expansão e extensão
da crise europeia o numero decresceu. Iniciativas e investidas no mercado
brasileiro foram realizadas, principalmente para o público universitário. Contudo
a participação é livre, não há um público definido, a pessoa que deseja participar
pode participar, sem problemas.
Um aspecto importante a ser colocado é a falta de agências divulgando este
tipo de segmento de turismo. Existe toda uma ação muito voltada ao Turismo de
Aventura e válida por sinal, pois representa outro segmento muito procurado. Mas
para as causas sociais e ambientais as ações ficam muito isoladas, o que dificulta a
busca pelos interessados e sugere um trabalho mais focado pelas próprias agências
e Ministério de Turismo.
A demanda por iniciativas que visem sustentabilidade seja no primeiro,
segundo e terceiro setor, estão mudando nossa cultura com relação às causas
ambientais e sociais. Sejam visitantes ou ecovoluntarios, assim chamados, de
alguma forma estão sendo mobilizados em prol de uma causa coletiva. Seja a
conservação das espécies ou de educação ambiental.
Cabe ressaltar também a importância cultural do conhecimento adquirido
pelos envolvidos. Pessoas de outras nacionalidades, países e regiões trabalhando
juntas e trocando importantes informações.
Agradecimentos
À Petrobrás através do Programa Petrobrás Ambiental, pelo patrocínio
durante o biênio 2010/2011 e renovação 2013/2104, proporcionando a instalação
de uma nova base de pesquisas e educação ambiental na cidade de Aquidauana-Ms.
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A toda equipe do Instituto Ekko Brasil, voluntários, estagiários e
ecovoluntarios que fizeram e fazem parte deste processo, movidos pela
preservação e conservação da lontra e seus ecossitemas
Referências
CARVALHO-JUNIOR, O.; SPERB, R. A bacia catarinense do Rio Uruguai e o turismo
de conservação como ferramenta ao desenvolvimento sustentável regional. In:
Anaisdo VIII Congresso Nacional de Ecoturismo e do IV Encontro Interdisciplinar
de Ecoturismo em Unidades de Conservação. Revista Brasileira deEcoturismo,
São Paulo, v.4, n.4, 2011, p. 528.
CARVALHO-JUNIOR, O.; SCHMIDT, A.D. Ecotourism as a Tool for the Conservation
of Endangered Species in the Coastal Region of Santa Catarina , Brazil. Journal of
Coastal Research, Coconut Creek, p. 959-961, 2004.
HOEFFEL, J. L. et al. Trajetorias do Jaguary
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Percepçã o Ambiental e Turismo - Um Estudo na APA do Sistema Cantareira.
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PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE. Um Guia do Conjunto de Conhecimento do
Gerenciamento de Projetos. 4.ed. Pennsylvania: Project Management Institute,
2008.
TORO, Jose Bernardo; WERNECK, Nisia Maria Duarte. Mobilização Social: Um
modo de construir a cidadania e a participação. Belo Horizonte: Autentica,
2004.
III CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE
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O PROGRAMA TURISMO
MENDANHA, MG
SOLIDÁRIO
NA
COMUNIDADE
DE
KAMILA BRANT DE ARAÚJO MAURÍCIO34
Abstract
This study presents a reflection on the implementation of the Solidary Tourism
Program in the Mendanha community, Minas Gerais. We investigated the
development of the program and the results demonstrated the necessity of a
structuration in an emergency character and it proposes a reevaluation of the
program itself.
Palavras-chave: Corresponsabilidade, Estudo de Caso, Turismo.
Key words: Co-responsibility, Case Study, Tourism.
Introdução
O Programa Turismo Solidário é uma proposta inovadora para a prática da
atividade turística.Surgiu por intermédio do Ministério do Turismo - MTur, da
parceria do Governo de Minas Gerais por meio da Secretaria Extraordinária para o
Desenvolvimento dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri e do Norte de Minas –
SEDVAN, juntamente com o Instituto de Desenvolvimento do Norte e Nordeste de
Minas Gerais - IDENE, a Fundação Banco do Brasil e o Serviço de Apoio às Micro e
Pequenas Empresas de Minas Gerais – SEBRAE.
Este segmento da atividade turística torna-se diferenciado, por possibilitar
aos turistas uma hospedagem em residências familiares, vivenciar a cultura,
estabelecer relações diretas com os moradores locais e conhecer o destino.
Programa de segmento diferenciado de atividade turística, onde esta
clientela pode se hospedar em residências familiares explicitamente definido por
menor custo, passeios turísticos, vivência com diferentes culturas, estabelecimento
de relações diretas com os moradores locais. Na sua implantação no inicio em
Julho de 2004, foram definidos 04 (quatro) destinos-pilotos; Serro (distritos de
Milho Verde e São Gonçalo do Rio das Pedras e localidade de Capivari) e São
Gonçalo do Rio Preto (Alecrim). O programa prevê sensibilização, mobilização e
capacitação dos atores e desenvolvimento e promoção dos produtos turísticos
locais.
34
Acadêmica do Programa de Pós Graduação em Ambiente Construído e Patrimônio Sustentável,
MACPS - Universidade Federal de Minas Gerais, UFMG. Faculdade de Arquitetura da UFMG - Av.
Antônio Carlos, 6627 - Pampulha – Belo Horizonte- MG. CEP: 31270-901 / Fone: (31)3499-5000 / Fax:
(31) 3499-4188 - E-mail: [email protected]
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Na segunda etapa outros seis das regiões do norte, nordeste e sudeste de
Minas Gerais como: Mendanha, distrito de Diamantina, os municípios de Couto de
Magalhães de Minas, Grão Mogol, Turmalina, Chapada do Norte e Minas Novas
foram inclusos no projeto.
Dentre as propostas do Programa está a de possibilitar a participação de
turistas em ações solidárias, na valorização da identidade e cultura local, na
preservação dos atrativos culturais e naturais nas regiões, contribuindo para a
geração de novas oportunidades de trabalho, negócios e melhoria da renda nas
comunidades locais. De acordo com Ulhoâ35:
O Programa Turismo Solidário surgiu a partir do
pressuposto que existe um turista solidário apto a permutar
habilidades, conhecimentos ou interesses com a população
visitada. Acredita-se que ele possa vir a participar como
protagonista no processo de transformação dessa realidade
(...), pois envolve valores éticos contidos na solidariedade.
A comunidade Mendanha é distrito de Diamantina e se localiza no Vale do
Jequitinhonha, MG, encontra-se inserida no entorno de Unidade de Conservação36
e faz parte do Circuito Turístico dos Diamantes37.
O programa ao ser implantado gerou na comunidade mendanhense,
expectativas em relação à chegada de turistas, porém essa demanda não vem
sendo correspondida. Sobreposto a este problema existe uma lacuna de estudos a
acerca da efetividade do Programa.
Desta forma, o presente estudo analisou o desenvolvimento do Programa
Turismo Solidário nesta comunidade e investigou as expectativas geradas através
do estudo da escala de níveis de vinculação proposta por Márcio Simeone
Henriques (2007). De posse desses dados foi propostas ações relacionadas ao
fortalecimento e continuidade do Programa.
MENDANHA
O distrito de Mendanha pertence ao município de Diamantina e situa-se às
margens do Rio Jequitinhonha, possui 2.550 habitantes e se localiza a 27 km da
sede38. Sua localização torna-se estratégica tendo em vista que Diamantina é
35
REVISTA TURISMO SOLIDÁRIO. Na bagagem a Cidadania. Ed. ABC Propaganda Integrada
LTDA, s/d.
36
Unidade de conservação é um espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas
jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com
objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam
garantias
adequadas
de
proteção.
Disponível
em:
<http://www.rbma.org.br/rbma/pdf/Caderno_18_2ed.pdf>. Acesso em 30 de março de 2011.
37
Circuito Turístico é um conjunto de municípios de uma mesma região, com afinidades culturais, sócias
e econômicas que se unem para organizar e desenvolver a atividade turística regional de forma
sustentável, através da integração contínua dos municípios, consolidando uma atividade regional.
Disponível em: <http://www.revistaturismo.com.br/artigos/minasgerais.html>. Acesso em 30 de março de
2011.
38
Dados retirados do Banco de Informações do Turismo Solidário.
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Patrimônio Cultural da Humanidade, preserva em sua cultura local fornos de
quitanda, alambiques, moinhos d’|gua e plantas típicas de quintais.
Está no entorno do Parque Estadual do Biribiri que possui vários atrativos
históricos e culturais, dentre os destaques, podemos citar o Caminho dos Escravos
que se constitui de um trecho de pedras construído por escravos no período
colonial que liga o distrito à cidade de Diamantina, cachoeiras e sítios
arqueológicos. O Programa Turismo Solidário na localidade foi implantado na
primeira etapa do Programa e tinha durante a realização deste estudo hoje três
receptivos familiares a disposição dos turistas. Um diferencial é a Associação dos
Moradores e Amigos de Mendanha- AMA-ME, que também recebe turistas, se
constituindo como um dos receptivos.
Métodos
Para análise do processo de implantação e desenvolvimento do Programa
Turismo Solidário foram realizadas pesquisas com os atores locais, com aplicação
de questionários com os agentes envolvidos no processo de implantação do
Programa39. Em abril de 2011 foram aplicados vinte e dois questionários na
comunidade de Mendanha.
Para que pudesse ser possível levantar dados, que fundamentassem as
questões e problemas que esta pesquisa visava observar foram realizadas
entrevistas semi-estruturadas que anteriormente foram enviadas por meio
eletrônico para representantes de cada instituição parceira do Programa,
envolvidas direta ou indiretamente na idealização e/ ou participação, são elas:
SEBRAE-MG, SEDVAN, IDENE, TRANSFORMAR-SISTEMA DE HUMANIZAÇÃO
ORGANIZACIONAL.
As questões que foram respondidas, através desta entrevista se referem
as seguintes instituições: SEBRAE- Belo Horizonte, SEBRAE- Diamantina, IDENEBelo Horizonte e TRANSFORMAR SISTEMA DE HUMANIZAÇÃO ORGANIZACIONAL.
Não se obteve resposta das entrevistas enviadas ao IDENE- Diamantina e SEDVANBelo Horizonte.
O instrumento de pesquisa utilizado para a análise do Programa Turismo
Solidário na comunidade de Mendanha foi a Escala de Níveis de Vinculação
proposta por Henriques (2007). O autor estabelece oito níveis de vinculação dos
públicos com determinado projeto: a localização das pessoas no projeto, a
quantidade de informação que possuem ao seu respeito, o julgamento
(posicionamento) que tem diante dele, as contribuições para o desenvolvimento do
projeto e a continuidade das ações, se estas pessoas se sentem responsáveis pelo
sucesso do projeto e por fim se o vinculo destas é tão forte a ponto de se
concretizar em contratos, convênios com a participação de técnicos e
financiadores.
39
Pessoas constatadas na 2º Edição da pesquisa do ano de 2005, denominada “Turismo Solidário
Desenvolvimento dos Vales do Jequitinhonha, Mucuri, São Mateus e do Norte de Minas (2006)”, neste
documento constava uma relação dos indivíduos que auxiliaram na formulação do mesmo, independente
de terem ou não receptivo domiciliar.
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Resultados e discussão
Os resultados dos dados obtidos foram analisados e discutidos, através da
construção de gráficos, dos relatos das entrevistas com as Instituições e pela
aplicação da análise escala de níveis de vinculação, onde foi possível identificar o
estágio em que se encontra o desenvolvimento do Programa nas comunidades,
bem como o vínculo das pessoas com ele.
ANÁLISE DOS FORMULÁRIOS: MENDANHA
Como você avaliou o Programa neste Agora como
primeiro contato? (Julgamento)
(Julgamento)
você
avalia
o
Programa?
Você participou de cursos, ações e/ou Obteve retornos financeiros com o Programa?
outras
atividades
oferecidas
pelo (Coesão)
Programa? (Ação)
35%
0% 2%
17%
29%
17%
Reuniões de
Planejamento
Visitas
Técnicas
Grupo Gestor
Com que frequência recebe/tem contato Você
se
sente
responsável
pelo
com turistas pelo Programa Turismo desenvolvimento do Programa em sua
Solidário?(Continuidade)
comunidade? (Co-responsabilidade)
9%
0% 18%
14%
14%
4%
41%
Você
acredita
no
desenvolvimento local?
Nunca
01 vez ao ano
2 a 4 vezes ao ano
5 a 7 vezes ao ano
turismo
como Existe algum grupo/instituição que dê suporte
aos receptivos da comunidade? (Participação
Institucional)
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Grupos citados: AMA-ME, Grupo Gestor, SEBRAE e
IDENE
Como apresentado na metodologia a Escala de Níveis de Vinculação proposta por
Henriques (2007) foi utilizada neste estudo para analise da comunidade, a partir as
respostas obtidas e analises dos gráficos obteve os seguintes resultados:
As comunidades são os espaços do estudo de caso apresentado, onde se
desenvolve o Programa, que na escala de níveis de vinculação proposta por Henriques
(2007) é o primeiro nível, chamado de “Localizaç~o Espacial”.
A “Informaç~o” é entendida no instante em que as pessoas souberam do
Programa, segundo nível na escala do autor. Com as informações obtidas e
consolidadas a comunidade pôde realizar a avaliação do Programa, o que se constituiu
no terceiro nível, determinado “Julgamento”. Este item foi avaliado tanto na
apresentação do programa (implantação) como no julgamento pós implantação que
ocorreu durante a realização das entrevistas.
A “Aç~o” foi avaliada através dos cursos, ações e/ou outras atividades
oferecidas pelo Programa como as visitas técnicas.
A “Coes~o” foi avaliada atraves da das alternativas de renda e os recusrso
financeiris não tem se apresentado com exito nas comunidades, ou seja, a coesão não
tem se apresentado.
A “Continuidade”, foi avaliada através do contato dos autóctones com os
turistas, da frequência e o tempo de permanência destes nas comunidades e demostrou
que não esta havendo frequencia.
Em relaç~o a “Corresponsabilidade” 40, a comunidade possui uma porcentagem
significante que não se sente corresponsável com o Programa, o que dificulta o apego
da populaç~o com o Programa e a geraç~o de vínculos para a “Corresponsabilidade”.
O último nível da escala é a “Participaç~o Institucional”, nas entrevista foi
citado a Associação de Moradores e Amigos de Mendanha, AMA-ME, o Instituto de
40
Quando o público se sente também responsável pelo sucesso do projeto, entendendo a sua participação
como uma parte essencial no todo. Esta é gerada, basicamente, através dos sentimentos de solidariedade e
compaixão. Henriques (2007, p.44 apud Franco, 1995)
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Desenvolvimento do Norte e Nordeste de Minas Gerais, IDENE. Porém vale ser
resaltado que a “Participaç~o Institucional” neste caso ocorreu deste a implantaç~o do
Programa através das Intituições prepussoras do Programa
De acordo com a pesquisa de campo e os questionários realizados foi
constatado que a comunidade de Mendanha se localiza estagnadas no nível “Aç~o” em
relação ao nível da Escala de Níveis de Vinculação (como apresentado na fígura I). Isso
porque as pessoas foram mobilizadas, capacitadas e atualmente estão aptas a
receberem visitantes, porém estes não são frequente, necessitano de mais apoio das
instituições locais, mais coesão entre si, de forma que o fluxo de turistas nas
comunidades seja mais frequente, gerando assim mais beneficios para a população.
Figura 1 – Escala de Níveis de Vinculação (Adaptada para demonstração)
Considerações finais
Pode-se perceber a aceitação e a validação do Programa Turismo Solidário
quando da sua implantação, porém vale ressaltar que este se encontra em uma fase de
estagnação.
É necessária articulação maior entre todos os agentes. Também são de suma
importância as parcerias com as agências de Turismo, para uma maior divulgação
desses destinos, além da necessidade de maior apoio dos órgãos locais aos receptivos
familiares, principalmente do poder público. Constatou-se também uma carência de
estruturação na comunidade para receber os visitantes.
Foi detectado durante a realização deste estudo carência de informação e falta de
monitoramento do site oficial do Programa, o que sugere umaadequação para melhoria
do mesmo.
Uma alternativa para que o Programa seja contínuo e atinja a
corresponsabilidade por parte dos moradores é o emponderamento da necessidade de
mobilização social. Vale ressaltar que mobilizar as pessoas não é uma tarefa simples,
nem existe um conjunto específico de ações que se aplicam a todos os casos. Uma vez
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detectadas as falhas as soluções podem ser pensadas com a participação da comunidade,
pois cada local possui uma realidade diferente.
Como a comunidade se encontra “estagnada” no nível “Aç~o”, propõe-se que seja
realizada uma reavaliação do Programa, para obter um monitoramento e avaliação do
andamento do mesmo possibilitando que haja comunicação planejada que auxilie as
ações de Coesão e Continuidade do Programa.
A reavaliação deve acontecer de forma conjunta entre o saber técnico e o saber
local, ou seja, o institucional e a comunidade, servindo como ferramenta de
amadurecimento e aprendizado entre os envolvidos para melhorias e aperfeiçoamentos
do Programa, podendo neste instante propor mudanças a fim de melhorá-lo ainda
durante seu andamento.
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O TURISMO COMO PROMOTOR DA CONSERVAÇÃO AMBIENTAL
JULIA ANDRADE RODRIGUEZ DE LA IGLESIAS41
EUNICE MANCEBO RODRIGUES FERNANDES42
Abstract
The 90'srepresentsan important milestonewhere the term"sustainable" is
nowwidelydiscussedtobe directlylinkedto development.Changesoccurringin the
economic, social, cultural directly reflectedin tourism. Theobjective of this
researchwas toidentify howtourism activityhas been adapting tothis new
realitywhere societymakes use oflabelsto alignthe concept ofsustainable
development. The methodological approachof the research,in turn, fallsin the
category ofexploratoryand descriptive study. In a waythe outcomeof this
matterand thedirect relationshipbetween the developmentof this activityand
environmental conservationis still a topicvery ambiguousanddiscussed, and no
further, in fact, aproof, butthe trendthat certainmeasuresshould betaken to
mitigate,effectively, the evils thatcan be generatedto the environmentand
communitiesof the tourist sites. However, this unionbetweenthe developmentof
tourismand environmental conservationbecomesfeasible in thetourism
sectorwhere natureis respected andrecognized as anexhaustible resource, aimed
at the care andconservation,as the conceptof ecotourism.
Palavras-chave: Patrimônio; Desenvolvimento Sustentável; Ecoturismo.
Key Words: Heritage; Sustainable Development;Ecotourism.
Introdução
O ato de viajar está presente na sociedade desde a antiguidade, porém, com
as mais diversas finalidades ao longo da história. Inicialmente somente os
comerciantes tinham o costume de se deslocar entre vilarejos e feudos, motivados
pela necessidade de se comercializar suas mercadorias possibilitando a sua
própria sobrevivência. Posteriormente, na Idade Média, tem-se início as
peregrinações religiosas, seguidas pela evolução do conceito de tempo livre na
Idade Moderna, através do qual, jovens de famílias ricas realizavam o Grand Tour,
tipo de viagem para se adquirir experiência e crescer espiritualmente,
enobrecendo-se a partir da aquisição de conhecimento.
41
Graduanda do Curso de Turismo da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO).
Bolsista PET/UNIRIO. Rua Pardal Malet, 14/303; CEP 20270-280; Tijuca; Rio de Janeiro.
[email protected]
42
Docente Adjunta e Chefe do Departamento de Turismo e Patrimônio da Universidade Federal do
Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Líder do Grupo de Pesquisa GETDS – Gestão Empresarial, Turismo e
Desenvolvimento Sustentável. Coordenadora PET/UNIRIO linha Turismo e Desenvolvimento Sustentável.
Av. Pasteur, 458; Centro de Ciências Humanas e Sociais - CCH; Departamento de Turismo e Patrimônio;
CEP 22290-240; Urca; Rio de Janeiro. [email protected]
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Com o advento das grandes navegações, da divisão social em classes, do
capitalismo e da revolução industrial, a classe trabalhadora reivindicaria jornadas
menores de trabalho e a existência de tempo livre para descanso, logo, com o
passar do tempo, surge o conceito de lazer. A grande diferença entre tempo livre e
lazer (que permanece até os dias atuais) é que o primeiro visa somente o tempo de
ociosidade, enquanto o segundo busca aperfeiçoar este tempo através da execução
de atividade que lhe deem prazer.
Thomas Cook foi o responsável por organizar a primeira viagem da história
com fim comercial em um trem à vapor e, a partir de então, com a constatação de
que esta atividade era muito lucrativa, há o desenvolvimento da forma de como se
realizar viagens, sistematizando os processos e otimizando os serviços, logo, são
criadas agências de viagens e há a introdução de vouchers.
Segundo a definição da Organização Mundial do Turismo (OMT) de 1994:
"[...] o turismo engloba as atividades da pessoas que viajam e permanecem em
lugares fora de seu ambiente usual durante não mais do que um ano consecutivo, por
prazer, negócios ou outros fins." Através do deslocamento de massas populacionais
para locais fora de seu convívio habitual, é necessário que haja uma estrutura para
que estes possam se abrigar/hospedar durante sua estadia, com isso, Cesar Ritz
deu um passo à frente de muitas gerações, até mesmo futuras, tendo a ideia
inovadora de construir um enorme hotel de luxo no centro de Paris, o Hotel Ritz
Paris, que até os dias atuais é tido como referência para a hotelaria de alto luxo
internacional.
Porém, juntamente ao desenvolvimento da atividade turística em nível
internacional desenfreado ao passar dos anos, inicia-se a degradação de prédios
públicos antigos maltratados pelo tempo e pelo descuido. Logo, na França (uma
das principais potências do mundo moderno devido à sua influência econômica,
artística e cultural), percebe-se a necessidade da preservação/conservação de
prédios públicos e monumentos que fossem importantes para a história e
identidade daquele povo/local, surgindo a necessidade de tombá-los. Com isso,
surge o conceito de patrimônio.
Inicialmente, patrimônio era considerado tudo aquilo que fosse bem
material, posteriormente nasce a ramificação deste conceito expandindo-se. Para
tal, iremos considerar os patrimônios natural/ambiental, imaterial e cultural. Estes
se diferenciam no ponto em que o primeiro considera tudo aquilo que provém da
natureza, o segundo tudo o que caracteriza e singulariza algo presente na memória
e que por sua vez é intocável, enquanto o terceiro considera todos os fatores que
representem ou identifiquem certa cultura/povo.
"Um segmento da atividade turística que utiliza,
de forma sustentável, o patrimônio natural e
cultural, incentiva sua conservação e busca a
formação de uma consciência ambientalista,
através da interpretação do meio ambiente,
promovendo o bem-estar das populações
envolvidas" (BRASIL, 1994, p. 19).
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Procedimento metodológico
A abordagem metodológica da pesquisa, por sua vez, se inscreve na
modalidade de estudo descritivo (Martins, 2009). Pois, descreve a realidade acerca
da produção de conhecimentos. Trata-se de uma investigação de natureza
exploratória, visto que são poucos os estudos que alinhem o tema
desenvolvimento da atividade turística sob o viés da conservação do meio
ambiente considerando o segmento do ecoturismo. A questão norteadora do
método de investigação incidiu em averiguar o impacto da prática turística e sua
incidência no meio ambiente.
Assim, pretendeu-se identificar através do referencial teórico os impactos
advindos da prática do turismo para com as comunidades receptoras dos turistas
bem como perceber aspectos a serem adotados de forma a mitigar quaisquer
agressões que possam emergir.
O percurso metodológico seguiu a busca por informações em fontes
primárias, secundárias e terciárias onde foram consultados livros, periódicos,
fontes online, sites da Base Capes nos últimos três anos com o termo turismo,
desenvolvimento sustentável e ecoturismo. Assim, o procedimento seguinte
permeou a harmonização das informações buscando a análise de conceitos
existentes relacionando-os com a transformação do modo “de se fazer turismo” ao
longo da história, sua transformação até o surgimento do ecoturismo.
Resultados e discussão
Desenvolvimento, turismo e meio ambiente encontram-se em uma relação
recíproca: atividades econômicas transformam o meio ambiente e o ambiente
alterado constitui restrição externa para o desenvolvimento econômico e social.
Contudo essa relação pode ser feita de forma controlada, mitigando impactos e
agressões (CORIOLANO, 2003, p. 19).
A imagem do Brasil comercializada no exterior que retratava o exótico,
tropical e sensual, em belas paisagens e de natureza sempre presente, desperta no
turista estrangeiro a curiosidade de vivenciar esta realidade muitas vezes tão
distante da sua. Com isso, desde a realização da Conferência Mundial sobre o Meio
Ambiente na cidade do Rio de Janeiro em 1992, conhecida como ECO 92, há uma
enorme preocupação em se mudar esta imagem para algo voltado à cultura e à
natureza, disseminando essa nova tendência ecológica através do discurso do
desenvolvimento sustentável.
Este, por sua vez, desempenha um papel mútuo juntamente à atividade
turística de apropriação e transformação, pois a atividade turística em certa
localidade (principalmente nas pequenas) não sendo desenvolvida de maneira
correta, pode acabar gerando um processo de desculturação do povo local, levando
a perda de seus valores e produção em massa daquilo que seria exclusiva, como o
artesanato passado de geração em geração, com matérias primas e meios de
produção diferentes, retirando sua especificidade visando somente o lucro.
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De maneira a evitar o enunciado acima, desde que a atividade turística se
segmentou de maneira incalculável e com demandas específicas para cada tipo de
destino ou atividade a ser desenvolvidas em certas localidades, a solução
encontrada foi a introdução do conceito de educação ambiental não só nas
comunidades como em cada turista, no subconsciente de cada pessoa que visita
locais naturais, estimulando a conservação e o respeito pelo mesmo.
"[...] há muitas formas de turismo na natureza: de
sol e praia, de aventura, rural entre outro.
Contudo cada segmento é realizado em
ambientes especiais, com focos diferenciados,
tendo como ponto em comum o contato com a
natureza. No ecoturismo a contemplação da
paisagem, a interação com as comunidades locais
têm foco especial" (CORIOLANO; LIMA, 2008, p.
338).
Os estudos e as pesquisas que envolveram a prática do turismo, seus
impactos positivos e/ou negativos para com o meio ambiente social e natural,
trouxeram importantes contribuições para compreensão das diversas variáveis
que perpassam pela atividade turística. No tangente ao ambiente natural a
atividade turística deve estar alinhada aos novos ensejos do homem que deseja um
turismo menos predatório ao meio ambiente. Aspectos que visam mitigar os
impactos negativos podem ser percebidos na esfera social, pois ao inserir os
stakeholders na atividade desde seu planejamento até execução final
a
participação dos envolvidos será relevante no produto a ser oferecido. Por
exemplo: um hotel que busque atender as expectativas de um turismo sustentável
deverá usar madeira certificada em seus aposentos, painéis de energia fotovoltaica,
proceder ao reuso da água.
Diante do cenário internacional, face às oportunidades de crescimento da
indústria do turismo decorrente dos grandes eventos, colaboradores estarão
dialogando com novos consumidores de produtos e serviços turísticos.
Propiciar um diálogo entre fornecedores, consumidores e cliente/turista de
forma a atender à expectativa mundial acerca da conservação dos recursos
naturais corroborá para uma mudança paradigmática da prática do turismo.
Mudança que refletirá para a sociedade um novo turismo que busca harmonizar
sua prática ao que todos almejam: perenidade dos recursos naturais do Planeta.
O ecoturismo surge com a responsabilidade de valorizar as comunidades
locais, seus valores culturais, históricos e suas especificidades de maneira que se
torne possível a promoção do ideário do desenvolvimento da atividade turística
respeitando-se as singularidades, podendo gerar a manutenção da atividade sem a
destruição dos recursos naturais e de suas paisagens, culminando em novas
formas de ocupação e emprego aos moradores locais. Esta segmentação da
atividade tem a capacidade de gerar recursos financeiros que estimulem a
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perpetuação da mesma valorizando-a. Esta evolução da maneira de se pensar o
turismo só se torna possível quando se forma o tripé entre educação ambiental,
ecoturismo e o desenvolvimento sustentável da atividade, em si.
Consideramos de vital a importância de novas pesquisas que alinhem a
perspectiva do turismo ao desenvolvimento sustentável, de forma a produzir
material para consulta tanto para pesquisadores, quanto para os profissionais e
colaboradores que se preocupem com a atividade turística.
Agradecimentos
Agradeço a professora Eunice Mancebo que além de ser a coordenadora do
grupo de pesquisas do qual faço parte (PET/UNIRIO), será a orientadora em minha
monografia. Muito obrigada por todo o suporte.
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PROJETO AVES URBANAS – ARARAS NA CIDADE E O TURISMO DE
OBSERVAÇÃO
EDSON LINO DINIZ PEREIRA1,KALYENNY DA COSTA RABENHORST2, LARISSA
TINOCO BARBOSA3, NEIVA MARIA ROBALDO GUEDES4
1 Biólogo; 2 Ac. Biologia da Universidade Anhanguera Uniderp e Bolsista do
PIBIC/CNPq, 3 Bióloga, mestranda do MDR da Universidade Anhanguera Uniderp;
4 Profa. Dra. MDR Universidade Anhanguera Uniderp e Presidente do Instituto
Arara Azul.
Email: [email protected]
Abstract
The bird watching is an activity performed poorly in the city of Campo Grande, as
there are many impediments to its expansion, such as the major deficiency of
available infrastructure and qualified guides and especially the lack of initiative in
the educational field. However, this activity has a high potential for tourist
attraction, and may present a significant economic return. The Project Urban Birds
- Macaws in the City, focused on biodiversity conservation and environmental
education in urban areas since 2010 have been studying the behavior, feeding and
breeding Macaw (Ara ararauna) in Campo Grande-MS in the interest of knowing
and conserving this species the city and to encourage and support for tourism
birdwatching in Campo Grande.
Palavras-chave: Ara ararauna, biologia reprodutiva, turismo de natureza
Key words: Ara ararauna, reproductive biology, nature tourism
Introdução
Entre os muitos segmentos do ecoturismo, a observação de aves ou
birdwatching se destaca por ser uma atividade de recreação ao ar livre
economicamente viável, educacional e compatível com a preservação ambiental e
com o uso sustentável dos recursos. Consiste basicamente em colecionar registros
visuais ou auditivos das aves na natureza, utilizando- se binóculos e gravadores.
(FARIAS, 2007).
Entre as muitas vantagens de se fomentar a observação de aves, destaca-se
a de ser uma atividade de baixo impacto ambiental. Geralmente, quem observa
aves se desloca nos ambientes naturais em pequenos grupos, caminhando de
forma discreta e silenciosa, anotando as espécies vistas, gerando o menor impacto
possível no local.
A grande deficiência de guias especializados, da infra-estrutura disponível e
a falta de uma iniciativa que venha promover o turismo de observação por meio da
educação ambiental tornam o Brasil um país despreparado para atender a
demanda nacional e internacional (Lopes e Santos, 2004). A observação de aves
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pode, sem dúvida, se constituir numa ferramenta de atração turística, não apenas
em áreas com grande extensão de matas, mas também em áreas rurais e urbanas
onde existam fragmentos de florestas nativas, como Campo Grande, a capital de
Mato Grosso do Sul que por ser bastante arborizada possui uma diversidade de
espécies da avifauna.
As araras-canindés (Ara ararauna) e araras-vermelhas (Ara chloropterus)
são duas espécies exemplo de adaptação em áreas urbanas, e que começaram a
migrar para Campo Grande em 1991. Nesta cidade encontraram alimento com
facilidade e também cavidades para se reproduzir em trocos de palmeiras mortas.
Estudos sobre comportamento e biologia reprodutiva destas espécies
começaram em 2010 e 2011, respectivamente. Em 2012, foi criado o Projeto Aves
Urbanas – Araras na Cidade, com o objetivo de estudar a biologia da arara-canindé
e as interações desta espécie na cidade (pessoas, trânsito, prédios), bem como
utilizá-la como instrumento para educação, ecoturismo e promover a conservação
da biodiversidade.
O Projeto Aves Urbanas – Araras na Cidade além de realizar estudos sobre a
biologia reprodutiva principalmente da arara-canindé (Ara ararauna), incentiva e
dá suporte para o turismo de observação em Campo Grande.
Este trabalho é importante, pois promove bem estar para quem observa
além da educação ambiental levando informação para as pessoas que visitam a
nossa cidade.
O objetivo deste trabalho é mostrar como a reprodução da espécie (A.
ararauna) pode incentivar o turismo de observação e ser utilizado para a
conservação da fauna e flora local através da educação ambiental.
Material e Métodos
O Projeto Aves Urbanas – Araras na Cidade é um projeto realizado em área
urbana no Município de Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul, com as
seguintes coordenadas geogr|ficas 20º26’34” S e 54º38’47” W.
A equipe do projeto durante a estação reprodutiva das araras-canindés (A.
ararauna), monitora semanalmente cerca de 28 ninhos. Fazem a biometria de
filhotes e acompanhamentos fotográficos do desenvolvimento destes filhotes.
Além do trabalho sobre a biologia reprodutiva e o incentivo a novos
trabalhos, o Projeto pretende receber pequenos grupos de turistas, montar visitas
a ninhos naturais, a locais que possam observar as diversas espécies de aves que
habitam a cidade intensificando o turismo de observação em Campo Grande.
Resultados e discussão
Em 2009 foram listadas 14 espécies frutíferas que serviram como alimento
para as araras-canindé na área urbana, sendo consumidas principalmente os frutos
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30 de junho a 03 de julho de 2013 – Bonito/ MS
153
de Acrocomia aculeata, Mauritia flexuosa, Mangifera indica e Terminalia catappa.
Em 2010, o resultado da observação do comportamento reprodutivo dos dois
casais de arara-canindé demonstrou que ambos estavam adaptados a cidade,
criando seus filhotes com sucesso. Voaram três filhotes dos dois ninhos
observados. Em 2011, com um total de 16 ninhos cadastrados e monitorados, 12
ninhos foram ativos na área urbana de Campo Grande. Foi encontrado um total de
30 ovos, dos quais 66% eclodiram. Dos filhotes que nasceram 80% voaram.
Estes dados diferiram dos resultados encontrados no Parque Nacional de
Emas, em que dos 51 ovos depositados 52% eclodiram e destes apenas 63% dos
filhotes voaram. No ano de 2012, foram monitorados 30 ninhos, com 22 ninhos
ativos e 69 ovos postos até outubro, dentro do perímetro urbano da cidade de
Campo Grande. Os ninhos foram encontrados em quatro espécies de palmeira
mortas: buriti (Mauritia flexuosa), bocaiúva (Acrocomia aculeata) palmeira
Imperial (Roystonia oleraceae) e a palmeira-rabo-de-peixe (Caryota sp). Os ninhos
estavam localizados em passeios de avenidas, calçada da rua, jardim dentro e fora
das residências, igrejas, borda de parques e reservas. A maior mortalidade dos
filhotes foi provocada por mudança brusca da temperatura e chuva forte. Foi
realizado o manejo de ninhos para salvar filhotes soterrados e/ou inundados e
instalado ninho artificial.
O Projeto recebeu no ano de 2012 um pequeno grupo de norte-americanos
o grupo era composto por um guia de São Paulo e 13 turistas de diferentes
profissões que trabalham voluntariamente na ONG Phoenix Landing. Eles
visitaram dois ninhos de A. ararauna na área urbana, onde acompanharam o
trabalho da equipe do projeto tendo acesso a informações sobre a espécie em
questão, a sua importância na natureza e da sua preservação e, como muitas
espécies da fauna conseguiram se adaptar ao ambiente urbano.
Pode-se dizer que apesar de todas as implicações de uma cidade, com cerca
de 800 mil habitantes como Campo Grande, que envolve barulho, movimentação
de pessoas, trânsito intenso, proximidades com prédios e igrejas, não houve
impedimento para o estabelecimento das araras-canindé em área urbana do
Município. Por ser uma das capitais mais arborizadas do Brasil, onde é possível
encontrar árvores frutíferas em abundância, várias manchas com resquícios de
cerrado, buritizais, parques e reservas, Campo Grande está se destacando por
possibilitar a reprodução das araras com sucesso e assim, agregar biodiversidade a
qualidade de vida da população humana. Pretende-se ampliar estes estudos para
aumentar o conhecimento sobre a espécie, envolver as pessoas para conservação e
propor novas alternativas de ecoturismo na região.
Agradecimentos
Agradecimento a Instituto Arara Azul pelos materiais e veiculo cedidos durante a
pesquisa. Agradeço a Professora Doutora Neiva Maria Robaldo Guedes pela
orientação desse trabalho e pelo auxilio dado durante o todo o período de
pesquisa, agradeço também a acadêmica Kalyenny da Costa Rabenhorste a bióloga
Larissa Tinoco Barbosa pelo tempo e dedicação prestados na pesquisa e montagem
deste resumo.
III CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE
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154
Referências bibliográficas
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Psittacidae) no Parque Nacional das Emas, Goiás. Dissertação de mestrado.
Brasília, 1998. Universidade de Brasília.
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São Paulo, 2007.
GUEDES, N.M.R.. Araras da Cidade. In: Thiago Lopes Quevedo. Araras da cidade
– Músicas do Mato. Editora Alvorada. ISBN 978-85-8178-032-2. Campo GrandeMS, 2012. Pp.45-140.
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Psitacídeos. In: Ecologia e conservação de psitacídeos no Brasil. Eds. M. Galetti
& M.A Pizo. Melopsittacus Pub. Científicas. Belo Horizonte, 2002. Pp. 123-139.
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ambiental. Caminhos da Geografia, 2004. Pp.103-121.
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ararauna - Psittacidae) em ambiente urbano, Campo Grande, Mato Grosso do
Sul. XXVII Encontro Anual de Etologia. Bonito, Mato Grosso do Sul, 2009.
III CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE
30 de junho a 03 de julho de 2013 – Bonito/ MS
155
SELEÇÃO DE INDICADORES PARA MEDIR O GRAU DE
SUSTENTABILIDADE EM MATÉRIA DE QUALIDADE DO MEIO FÍSICO E
DOS RECURSOS NATURAIS PARA DESTINOS DE PRAIA
MARIA DANIELLE PASSOS RIBEIRO CAMPOS BARBOSA43
MAGDA QUEIROZ44
CELSO GUIMARÃES BARBOSA45
Abstract
The need for summary information related to the state and trends of tourism,
based on data collection and statistics, led to the development of indicators as
specific tools of information. This work was developed with the goal of obtaining
an inventory of indicators widely validated by experts as to their ability to cope
with the guarantee of sustainability, in terms of quality of the physical
environment and natural resources for beach destinations. Coastal area
urbanization, urban solid waste management related to tourism, water
consumption of drinking water related to tourism, the percentage of land surface
protection, sea water quality and investment in the preservation of coastal areas,
evaluated with grades 4 or 5 for at least 80% of the interviewees were classified as
suitable indicators to assess the degree of sustainability of tourism development
over the quality of the physical environment and natural resources.
Keywords: experts, Likert scale, environment indicators
Palavras-chave: especialistas, escala Likert, indicadores ambientais
Introdução
O turismo tem se revelado, em muitos países e regiões, como um motor
importante de desenvolvimento econômico e de transformações sociais. O
desenvolvimento apresentado por muitos países se caracteriza, infelizmente, pela
destruição ou a degradação dos recursos naturais, pondo o desenvolvimento
econômico e a conservação da natureza como atividades completamente
contraditórias e incompatíveis.
A necessidade de dispor de informação sintética sobre o estado e a evolução
do turismo, além do levantamento de dados e elaboração de estatísticas, tem
43
Colégio Técnico da Universidade Rural – UFRRJ – BR 465 km 8 – Seropédica – RJ: e-mail:
[email protected]
44
Colégio Técnico da Universidade Rural – UFRRJ – BR 465 km 8 – Seropédica – RJ: e-mail:
[email protected]
45
Departamento de Matemática – UFRRJ – BR 465 km 7 – Seropédica – RJ: e-mail:
[email protected]
III CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE
30 de junho a 03 de julho de 2013 – Bonito/ MS
156
propiciado o desenvolvimento de indicadores como ferramentas específicas de
informação. Este trabalho foi desenvolvido com o objetivo de obter um inventário
de indicadores amplamente validado por especialistas quanto à sua capacidade em
fazer frente à garantia de sustentabilidade, em matéria de qualidade do meio físico
e dos recursos naturais, para destinos de praia.
Os indicadores propostos têm como principais antecedentes os trabalhos
referentes ao Sistema de Indicadores da Organização Mundial do Turismo (OMT),
do Sistema de Indicadores Estatísticos de Sustentabilidade do Turismo da
Macaronésia (SIET-MAC), do Sistema Espanhol de Indicadores Ambientais de
Turismo e o Core Set da Eurostat. Além destes integram a proposta outros
indicadores presentes como os do Programa de Execução - Indicadores de
Monitoramento (CCDRC, 2010), o Conjunto Básico de Indicadores da AEMA - Guia
(EC, 2006) e o Sistema de Indicadores de Desenvolvimento Sustentável de Portugal
(SIDS - Portugal) (DGA, 2000).
Métodos
Após a análise dos trabalhos referente aos indicadores de sustentabilidade
foram selecionados 22 indicadores que passaram a compor o questionário enviado
por e-mail a especialistas nacionais e internacionais, aos quais era solicitado que
avaliassem em uma escala tipo Likert, de 1 a 5, a capacidade de cada indicador na
avaliação da sustentabilidade das atividades turísticas em um destino de sol e
praia. Nesta escala o grau 1 correspondia ao grau muito baixo para avaliar a
sustentabilidade, 2 pequeno, 3 médio, 4 grande e 5 com grande capacidade para
avaliar a sustentabilidade do turismo. A escala de Likert foi aplicada
satisfatoriamente em diversos estudos (FILIPPIM et al, 2006; AGUADO et al, 2008 e
BACHA et al, 2009) entre outros.
Aos consultados foi distribuído um questionário auto-administrado onde
eram explicitados os objetivos do estudo e a garantia do anonimato das respostas.
A análise e as conclusões da primeira consulta foram enviadas aos especialistas
juntamente com o segundo questionário, agora individualizado, onde além do grau
atribuído ao indicador pelo especialista, apresentava-se o grau médio atribuído
pelos demais especialistas. Neste momento foi solicitada ao consultados a
confirmação do grau por ele atribuído ao indicador ou uma nova avaliação.
Na tabulação dos resultados foram utilizados recursos do programa
Microsoft Excel. Os indicadores avaliados com grau acima de 3 por pelo menos
80% dos especialistas, na segunda rodada de consulta, foram selecionados como
indicadores aptos a avaliarem o grau de sustentabilidade na categoria qualidade
do meio físico e dos recursos naturais, para destinos de praia.
Resultados e discussão
Tínhamos um grande interesse em conhecer a opinião dos especialistas a
respeito da importância do uso de indicadores, como uma ferramenta segura, para
o controle do desenvolvimento dos espaços turísticos. Na tabela 1 apresentamos os
dados coletados, nas duas consultas, sobre o grau de importância atribuído a cada
III CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE
30 de junho a 03 de julho de 2013 – Bonito/ MS
157
indicador quanto a sua capacidade para avaliar a sustentabilidade do turismo na
categoria qualidade do meio físico e dos recursos naturais, para destinos de praia.
Os indicadores apresentaram alterações, ainda que pequenas entre os graus
atribuídos pelos especialistas entre as duas consultas. Na segunda consulta um
maior número de indicadores passaram a ser avaliados com graus 4 ou 5. Uma
mudança expressiva foi observado na avaliação feita ao indicador acesso a
portadores de necessidades especiais que apresentou grau 5 na escala de Likert
por 7,7% dos consultados, e na segunda consulta nenhum consultado o avaliou
com esse grau. Para os demais indicadores percebem-se mudanças em relação à
frequência, ainda que, os graus mantiveram os mesmos da primeira consulta.
III CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE
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Tabela 1. Resultados da avaliação dos indicadores relacionados com a qualidade do meio físico e dos recursos naturais
Indicadores
1
Área da costa urbanizada
Primeira consulta
Escala ordinal
2
3
4
Frequência (%)
5
1
Segunda consulta
Escala ordinal
2
3
4
Frequência (%)
0,0
0,0
7,7
61,5
30,8
0,0
0,0
0,0
83,3
0,0
0,0
7,7
30,8
61,5
0,0
0,0
0,0
16,7
0,0
0,0
7,7
38,5
53,8
0,0
0,0
0,0
83,3
0,0
23,1
23,1
38,5
15,4
0,0
8,3
25,0
66,7
0,0
0,0
30,8
30,8
38,5
0,0
0,0
33,3
50,0
0,0
0,0
7,7
61,5
30,8
0,0
0,0
8,3
66,7
7,7
7,7
15,4
53,8
15,4
0,0
16,7
8,3
66,7
0,0
7,7
7,7
46,2
38,5
0,0
0,0
8,3
58,3
0,0
0,0
0,0
46,2
53,8
0,0
0,0
0,0
16,7
7,7
7,7
15,4
46,2
23,1
0,0
0,0
8,3
75,0
Qualidade do ar
0,0
7,7
7,7
53,8
30,8
0,0
8,3
8,3
50,0
Temperatura média do ar
Investimentos na redução
23,1
0,0
15,4
0,0
46,2
30,8
15,4
46,2
0,0
23,1
16,7
0,0
8,3
0,0
66,7
25,0
8,3
58,3
Produção de resíduos sólidos urbanos
atribuídos ao turismo
Consumo de água de abastecimento humano
atribuído ao turismo
Valor médio do consumo de água
(m3/hab./dia) em épocas de baixa temporada
Valor médio do consumo de água
(m3/hab./dia) em épocas de alta temporada
Porcentagem de água economizada ou
reciclada
Grau de naturalidade do meio
Incorporação de critérios ambientais na
legislação e planejamento turístico e territorial
Porcentagem da superfície de terra protegida
Porcentagem de turistas conscientes
importância da conservação do destino
da
da
poluição
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5
16,
7
83,
3
16,
7
0,0
16,
7
25,
0
8,3
33,
3
83,
3
16,
7
33,
3
0,0
16,
159
atmosférica
7
33,
3
83,
3
16,
7
Limpeza da areia
7,7
7,7
15,4
30,8
38,5
0,0
16,7
0,0
50,0
Qualidade da água do mar
0,0
0,0
7,7
30,8
61,5
0,0
0,0
0,0
16,7
Existência ou não de lixeiras
23,1
0,0
15,4
30,8
30,8
16,7
0,0
8,3
58,3
0,0
15,4
30,8
46,2
7,7
0,0
8,3
25,0
66,7
0,0
7,7
23,1
23,1
46,2
0,0
0,0
25,0
16,7
58,3
0,0
0,0
38,5
46,2
15,4
0,0
0,0
8,3
66,7
0,0
0,0
7,7
30,8
61,5
0,0
0,0
0,0
25,0
0,0
23,1
0,0
53,8
23,1
0,0
16,7
0,0
66,7
0,0
0,0
25,0
50,0
25,0
0,0
0,0
0,0
83,3
0,0
25,
0
75,
0
16,
7
16,
7
Acessos para portadores de necessidades
especiais
Serviços de alimentação
Existência de zonas verdes e árvores
Número de turistas por metro quadrado máxima de afluência
Percepção da qualidade da água do mar pelos
turistas
Investimentos na preservação de zonas
costeiras
Fonte: Elaboração própria.
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160
De acordo com a valorização por parte dos especialistas estabeleceu-se os
indicadores mais adequados para o controle do desenvolvimento do turismo para
destinos de praia. A proposta de indicadores apresentados tem por objetivo
principal configurar um marco de referencia adaptável aos processos de
planejamento e gestão do turismo, e portanto, caracteriza-se como uma proposta
aberta que se pode a todo momento incorporar, modificar ou eliminar indicadores
dependendo da realidade e necessidade vigente.
Entre os 20 indicadores apresentados inicialmente, 6 indicadores foram
selecionados (tabela 2), por terem sido avaliados com graus 4 ou 5 por no mínimo
80% dos consultados, ou seja, por serem indicadores, na opinião dos especialistas,
como indicadores com grande ou com máxima capacidade para avaliar a
sustentabilidade do turismo em destinos de praia.
Tabela 2. Indicadores relacionados com a qualidade do meio físico e dos recursos
naturais
Indicadores relacionados com a qualidade do meio físico e dos recursos
naturais
ÁREA: Meio ambiente
INDICADOR
Área da costa urbanizada
Produção de resíduos sólidos urbanos atribuídos ao turismo
Consumo de água de abastecimento humano atribuído ao turismo
Porcentagem da superfície de terra protegida
Qualidade da água do mar
Investimentos na preservação de zonas costeiras
Fonte: Elaboração própria.
Os indicadores aqui apresentados referem-se ao âmbito ambiental e se
prestam ao controle de áreas importantes, como solo, água, atmosfera e praia. A
avaliação de tais aspectos, além de sua importância para a continuidade da
atividade turística local, serve para garantir a segurança dos residentes. Nesta
categoria de indicadores pretende-se caracterizar de forma clara e objetiva o
impacto do turismo sobre o meio ambiente.
As praias são tidas como fontes indiscutíveis de ingresso para o setor
turístico em muitos destinos. Os indicadores relativos à gestão de praias são de
grande importância uma vez que as praias constituem desde um primeiro
momento o principal fator de atração em muitos lugares. Estamos diante de um
recurso de grande fragilidade, que necessita de um controle constante da
qualidade de suas águas e uma adequada gestão do seu desenvolvimento.
III CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE
30 de junho a 03 de julho de 2013 – Bonito/ MS
161
A avaliação e comunicação regular do desempenho local são essenciais na
busca pela sustentabilidade e neste sentido é fundamental garantir e incentivar o
processo de registro, processamento, avaliação e comunicação de como se
desenvolvem as atividades nos destinos.
A necessidade de conciliar o desenvolvimento turístico com a conservação e
gestão responsável do território e de seus recursos humanos e materiais não
podem ser vista como uma obrigação e sim como uma oportunidade de
prosperidade econômica desenvolvida dentro dos princípios de coesão e equilíbrio
social, não esquecendo a proteção ambiental e cultural.
Os indicadores turísticos podem avaliar os impactos ambientais,
socioculturais, econômicos e institucionais do turismo em um destino concreto e
informar, de forma sintética e simples para a sociedade e para os gestores
turísticos e territoriais, se as práticas turísticas caminham para a sustentabilidade.
Um sistema de indicadores coerentes, consistentes e estruturados por áreas
temáticas permite decidir com base técnica que pontos devem estar presentes nas
políticas aplicadas. Com eles é possível refletir os problemas e quantificar o
impacto turístico.
Referências bibliográficas
AGUADO, I. et al. Métricas para el desarrollo sostenible. In: JORNADAS DE
ECONOMÍA CRÍTICA, ECOCRI, 11., 2008, Bilbao. Disponível em: <http:
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<http://www.ead.fea.usp.br/semead/12semead/resultado/trabalhosPDF/668.pdf
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%2Findex.php%3Foption%3Dcom_docman%26task%3Ddoc_download%26g
id%3D1690%26Itemid%3D91%26lang%3Dpt&ei=1cWrUMv9FZCc9QTkmIB
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III CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE
30 de junho a 03 de julho de 2013 – Bonito/ MS
163
Trilha Transcarioca
CAMILA LINHARES DE REZENDE¹; PEDRO DE CASTRO DA CUNHA E
MENEZES²; CELSO JUNIUS SANTOS³; ALEXANDRE MARAU PEDROSO¹;
ERNESTO VIVEIROS DE CASTRO4; CLAUDIA MAGNANINI³
¹Instituto Estadual do Ambiente do Rio de Janeiro - [email protected]
²Ministério das Relações Exteriores - [email protected]
³Secretaria Municipal de Meio Ambiente do Rio de Janeiro [email protected]
4Instituto
Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade [email protected]
Abstract
The Transcarioca Trail will cross the city of Rio de Janeiro for a journey of
approximately 180 km, leaving Barra de Guaratiba to the Sugar Loaf. During their
journey, visitors will have the opportunity to enjoy natural attractions and uncover
the Wonderful City from unusual angles. Symbol of the union between the three
spheres of government, this initiative also aims integrating and strengthening
protected areas in Rio. Its implementation is an initiative of the Mosaico Carioca of
Protected Areas, and has been intensively planned and implemented by the
managers of protected areas involved through meetings, workshops and
management actions. The Transcarioca Trail was initially conceived by Pedro da
Cunha e Menezes, backed by many successful examples of long-distance trails. It is
thus intended that the establishment of the Transcarioca Trail will provide
environmental improvements to the city, as the ecological corridor between the
massifs of Pedra Branca and Tijuca. Currently the Transcarioca Trail has about 60
km managed and signaled. The trail has also been subject of reports in TV, more
than 300 articles and quotes on websites and two movies on YouTube.
Keywords: long-distance trail, Rio de Janeiro, protected area
Introdução
A Trilha Transcarioca cruzará o Rio de Janeiro por um percurso de
aproximadamente 180 km, saindo da Barra de Guaratiba até o Morro da Urca, aos
pés do Pão de Açúcar (figura 1). Durante o seu trajeto, o visitante terá a
oportunidade de apreciar atrativos naturais pouco conhecidos da cidade e
descortinar a Cidade Maravilhosa de ângulos inusitados. A trilha poderá ser
percorrida na sua integralidade ou em seções, de acordo com o interesse, a aptidão
e a disponibilidade de tempo de seus usuários.
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30 de junho a 03 de julho de 2013 – Bonito/ MS
164
Símbolo da união entre as três esferas do poder público, esta iniciativa visa
também à integração e o fortalecimento das áreas protegidas cariocas, no contexto
da realização dos grandes eventos de abrangência internacional sediados pela
cidade. Sua implantação é uma iniciativa do Mosaico Carioca de Áreas Protegidas,
criado oficialmente pelo MMA em julho de 2011, e vem sendo intensamente
planejada e implementada pelos gestores das unidades de conservação envolvidas,
por meio de reuniões, oficinas e ações de manejo.
A Trilha Transcarioca foi inicialmente idealizada por Pedro da Cunha e
Menezes, em seu livro Transcarioca: todos os passos de um sonho (2000),
respaldada em diversos exemplos bem sucedidos de trilhas de longo curso, tais
como a Appalachian Trail (EUA), Huella Andina (Argentina), Hoerikwaggo Trail
(África do Sul) e Te Araroa Trail (Nova Zelândia). Ademais da geração de emprego
e renda dentro dos princípios norteadores do desenvolvimento sustentável, é
propósito do Mosaico Carioca que a Trilha Transcarioca siga o exemplo dessas
trilhas, que geraram um incremento na visitação e diversas melhorias na gestão
das áreas protegidas que cruzam. Pretende-se assim que o estabelecimento da
Trilha Transcarioca proporcione melhorias ambientais para a cidade, como o tão
sonhado corredor ecológico entre os maciços da Tijuca e da Pedra Branca e a
racionalização das unidades de conservação do Mosaico Carioca. Dessa forma, o
Projeto atenderá seu objetivo de utilizar um equipamento de uso público como
uma ferramenta de conservação.
Metodologia
A trilha integrará 5 unidades de conservação de proteção integral: o Parque
Natural Municipal de Grumari, o Parque Estadual da Pedra Branca, o Parque
Nacional da Tijuca, o Parque Natural Municipal da Catacumba, a APA dos Morros
do Leme, Babilônia e São João e o Monumento Natural dos Morros do Pão de
Açúcar e da Urca, permitindo ainda o acesso a áreas protegidas como o Sítio Burle
Max, Parque Natural Municipal da Cidade e o Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
Em um segundo momento, a Trilha deverá também abranger a Restinga da
Marambaia e o Morro Cara de Cão. Dessa forma deverá assegurar a manutenção de
um corredor natural contínuo que permitirá a migração de fauna e o fluxo gênico
de flora. Também servirá de modelo de conservação de todos os ecossistemas da
Mata Atlântica, servindo assim como uma ferramenta viva de educação ambiental
(a Trilha cruzará Restinga, Mangue, Praias, Vegetação de Costões Rochosos, Mata
de Baixada e Mata Montana). Seu traçado inicial foi elaborado por um grupo de
trabalho constituído pelos gestores das unidades de conservação e técnicos do
ICMBio, INEA e SMAC, bem como por voluntários conhecedores da malha de
caminhos das unidades abrangidas, com base no percurso descrito por CUNHA e
MENEZES (2000). O planejamento iniciou-se pelo diagnóstico dos atrativos e
trilhas existentes nas unidades de conservação e seu entorno imediato, com base
nas cartas topográficas do Instituto Pereira Passos de planejamento urbano (IPP,
1999) e nos bancos de dados das unidades. O traçado foi então proposto de
maneira a permitir a passagem pelos principais atrativos ecoturísticos da cidade,
aproveitando as trilhas preexistentes.
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165
A fim de ampliar a discussão para outros setores da sociedade, em maio de
2013, o Mosaico Carioca organizou o evento “Trilha Transcarioca: Semin|rio
Internacional de Trilhas de Longo Curso”, que apresentou um panorama geral
sobre as trilhas de longo curso no Brasil e no mundo, reunindo cerca de duzentos
convidados. Além de conferencistas norte-americanos e da África do Sul,
especialistas em trilhas como montanhistas, excursionistas, pesquisadores e
gestores de unidades de conservação participaram de oficinas técnicas para
debater temas como segurança, comunicação, sinalização, manejo, divulgação,
geração de emprego e renda, assim como o traçado da Trilha em seus diferentes
trechos. Os resultados das discussões foram sumarizados pelos coordenadores de
cada oficina na forma de relatórios com recomendações.
A divulgação da trilha vem sendo feita por meio de redes sociais e em
diversos veículos de mídia impressa, televisão, rádio e websites. Na ocasião do
seminário internacional, também foi produzido material de divulgação como
folhetos, mapas, camisetas e banners informativos (figura 2).
Resultados
Atualmente a Trilha Transcarioca possui cerca de 60 km manejados e
sinalizados por meio de sinalização rústica (figura 3), que utiliza tabuletas de
madeira indicando nominalmente o próximo destino, intermediadas por pinturas
em árvores e rochas de um logotipo cuja representação é uma pegada de bota com
uma figura do Cristo Redentor carregando uma mochila desenhada em sua sola.
Essa logomarca, também usada na folhetaria e demais materiais atinentes à Trilha,
foi desenvolvida pelo INEA para o Mosaico Carioca e é aplicada ao longo do
traçado, segundo um Manual de Sinalização, desenvolvido pelo Mosaico.
A metodologia utilizada na sinalização segue o padrão em vigor em
caminhos de longo curso europeus, norte-americanos, argentinos e sul-africanos
entre outros. No Brasil a sinalização rústica, tal como adotada na Trilha
Transcarioca, tem sido testada com êxito no Parque Nacional da Tijuca desde 1999
(após o início de sua utilização o número de pessoas perdidas no PNT caiu em
média de 100 por ano para menos de 5 ao ano).
A
p|gina
do
“Facebook”
da
Trilha
Transcarioca
(https://www.facebook.com/TrilhaTranscarioca) possui cerca de 900 seguidores.
Já foram publicadas diversas matérias em meios de divulgação impressos, como
jornais de grande circulação, revistas de circulação nacional, revistas de bairro e
veículos oficiais. A trilha também já foi tema de reportagens na TV aberta, e mais
de 300 reportagens e citações em websites especializados em meio ambiente, com
2 filmes no YouTube.
A implementação da trilha, deverá continuar sendo feita em etapas
seguindo cronograma e padrão uniformizados decididos em comum acordo por
todas as partes envolvidas, no contexto do Mosaico Carioca. Nesse sentido,
acordou-se que a Trilha terá três estágios básicos de implementação:
(1) poda, sinalização direcional e obras de arte absolutamente imprescindíveis.
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166
(2) sinalização interpretativa e educativa, mapas, website completo, inventário de
serviços associados (acomodação, alimentação, guiagem, transportes etc) e obras
de arte principais (pontes, drenos, escadas, corrimãos etc).
(3) demais obras de arte (abrigos, banheiros, bancos, mirantes etc) e
implementação de uma malha de trilhas secundária devidamente manejada
(trilhas de acesso, rotas de fuga, caminhos opcionais a atrativos que não estão no
roteiro principal como picos, cachoeiras e atrativos histórico-culturais).
De acordo com o cronograma acordado o primeiro estágio da Trilha deverá
estar completo para os seguintes eventos:



Copa das Confederações (2013): Floresta da Tijuca ao Parque Lage,
passando pelo Corcovado.
Copa do Mundo (2014): Parque Nacional da Tijuca até o Pão de Açúcar e
trechos do Parque Estadual da Pedra Branca, Parque Natural Municipal da
Catacumba e APA dos Morros do Leme, Babilônia e S. João
Jogos Olímpicos (2016): Toda a Trilha.
Figura 1 – Traçado preliminar da Trilha Transcarioca.
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Figura 2 - Material de divulgação.
Figura 3 - Sinalização rústica.
Conclusão
A Trilha Transcarioca é um equipamento de uso público que serve como
ferramenta de conservação. Sua implementação e manutenção servem para criar
uma cultura profissional de manejo coordenado entre as diversas unidades de
conservação por ela atravessada. Também assegura, pelo uso, a consolidação de
um corredor ecológico entre o Parque Nacional da Tijuca e o Parque Estadual da
Pedra Branca. Do ponto de vista da educação ambiental, ao servir de espinha
dorsal de um mosaico, chama a atenção da população em geral para a necessidade
imperiosa da gestão ecossistêmica. Por fim, ao estimular o uso mais espaçado da
visitação pelas diversas Unidades de Conservação do Mosaico, gerando emprego e
renda ao longo do processo, a Trilha tem o potencial de aumentar o apoio da
população ao Mosaico como um todo, mudando assim a percepção de que apenas
pontos de maior afluxo como o Cristo Redentor ou o Pão de Açúcar têm algum
valor para a cidade. A Trilha representará ainda um marco para o verdadeiro
turismo ecológico na cidade.
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168
O conceito de Trilhas de Longo Curso existe há cerca de 100 anos e já foi
amplamente testado com sucesso em quase todos os países do mundo. Nesse
tocante o Brasil é ainda uma exceção. Segundo a Professora Jaqueline Muniz a
Trilha Transcarioca tem o potencial de ser “a costura que vai emendar a cidade
partida”. Mais do que isso, o Mosaico Carioca acredita que ela pode servir também
de exemplo para o resto do Brasil ao demonstrar que visitação bem manejada e
conservação são não somente compatíveis, mas sobretudo são um objetivo
desejável e que merece ser perseguido.
Referências Bibliográficas
CUNHA e MENEZES, P. Transcarioca, todos os passos de um sonho. Sextante
Artes, 2000.
IPP. Cartas Topográficas da Cidade do Rio de Janeiro. Prefeitura Municipal do
Rio de Janeiro, 1999.
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TURISMO EM ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL: Um estudo, sobre a
RESEX Marinha Caeté-Taperaçu/Bragança
CARLA MARINETE GEMAQUE46
KASSIA SUELEN DA S. FARIAS47
THILIANE REGINA BARBOSA MEGUIS48
Abstract
This paper has as main subject in the tourism area of environmental protection,
taking as a case study to RESEX Navy Caeté-Taperaçu/Bragança that aims
strategize reciprocal protection of biodiversity. The proposed study identifies the
feasibility of the development of tourism in this conservation area. This is mainly a
process of scientific research which used a broad literature review of the relevant
issues of the relationship: nature and society, as well as visiting the communities
that are directly and indirectly affected by RESEX Navy Caeté Taperaçu and
interviews residents.
Palavras-chave: Turismo, Área de proteção ambiental, Planejamento, Gestão.
Keywords: Tourism, Environmental Protection Area, Planning, Management.
Introdução
Verifica-se que desde o final do século XIX, a preocupação ambiental
começou a se direcionar para uma visão interdisciplinar e aos poucos conseguiu
mobilizar fortemente uma grande parte da sociedade industrial. Tal mobilização
afetou não somente os ambientalistas, biólogos e outros, como também diversas
atividades econômicas, dentre elas o turismo.
Para chegar à formulação do conhecimento ambiental, inicialmente buscouse repensar os conceitos sobre a relação entre o meio ambiente e sociedade. A
visão de natureza passou por diversas transformações, passando pelo conceito de
forte ameaça para a civilização, conhecida como- natureza selvagem-,
predominando no fim do século XIX; até o reconhecimento da sua importância
46
Graduanda em Turismo pela Universidade Federal do Pará, Rua Augusto Corrêa- 01- Guamá. CEP
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47
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para a sociedade, conceituada como natureza intocada, que marcou o início das
teorias mais amplas relativas aos estudos das relações entre a sociedade e
natureza, no inicio do século XX.
Entre os conceitos formulados ao longo dos anos, ressalta-se a importância
do meio ambiente para a atividade turística, uma vez que há uma grande relação
entre o meio ambiente e a mesma. E conforme Gunha (1997 apud DIEGUES, 2000.
p. 4) “s~o cinco os maiores grupos sociais que alimentam a conservaç~o da vida
selvagem no Terceiro Mundo: em primeiro lugar, estão os moradores das cidades e
turistas estrangeiros que tomam algum tempo de férias para visitar o mundo
selvagem [..]”, esta idéia comprova o quanto a atividade turística usufrui desses
“espaços naturais” (BÓULLÓN, 2002. p. 73) para o seu desenvolvimento.
Contudo, observa-se que esta relação pode ocasionar sérios impactos
ambientais e sociais, o que requer o dobro de atenção para o seu desenvolvimento
em Unidade de Conservação. A solução encontrada por diversos pesquisadores da
área seria a utilização de um planejamento adequado, que possam controlar os
possíveis impactos gerados pelo desenvolvimento do turismo.
A preocupação em torno do meio ambiente propôs, com o passar dos anos,
novas formas de pensar e agir dentro de um local, modifica a ideia de que a
produção turística é somente uma das produções econômicas que o mercado
induz, despreocupadas com a sociedade, com as condições de vida da população
local bem como as problemáticas produzidas em tais localidades. Atualmente, os
impactos sobre a cultura e as paisagens dos locais visitados passaram a ser
estudados em nível cientifico (KRIPPENDORF, 1975), o que tem causado a grande
sensibilização do poder público para as questões ambientais nas viagens turísticas
(RUSHMANN, 2010).
Tendo como base todo o referencial teórico acerca da sustentabilidade e o
turismo em Unidades de Conservação, o proposto artigo propõe uma análise
acerca da viabilidade de desenvolvimento da atividade turística, pautada na
sustentabilidade, na Reserva Extrativista (RESEX) Caeté Taperaçú, localizada no
município de Bragança no Estado do Pará. Este município situa-se no Pólo
Amazônia Atlântica do Estado do Pará, mais precisamente na região Nordeste do
Pará, possui um legado histórico e cultural vasto e valoroso para oferecer ao
turista, devido suas tradições que atravessam os séculos e encantam aos visitantes
que por ali passam. A RESEX Marinha de Caeté-Taperaçu, foi criada em 20 de maio
de 2005, e está localizada no município de Bragança a 210 quilômetros de BelémPA. Conforme o decreto de criação desta RESEX, a área abrange aproximadamente
quarenta e dois mil, sessenta e oito hectares e oitenta e seis centiare e objetiva
proteger os meios de vida e garantir a utilização e a conservação dos recursos
naturais renováveis, tradicionalmente utilizados pela população extrativista
residente na área de sua abrangência.
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Figura 01: Mapa mostrando mosaico de unidade de conservação no litoral
bragantino
Fonte: Ministério do Meio Ambiente/MMA, 2013.
Métodos
Resultado do “car|ter construtivo e interligado do olhar, ouvir e do
escrever” (OLIVEIRA, 1996, p 15), este artigo tratar|, em especial, da possibilidade
de utilização da Reserva Extrativista Marinha de Caeté Taperaçu pelo Ecoturismo.
Neste caso, trata-se, sobretudo, de um processo de investigação científica, cujo
intuito é evidenciar os problemas existentes nas comunidades inseridas na RESEX,
e as possibilidades de utilização do ecoturismo pelos seus moradores. Utilizou-se
de um amplo levantamento bibliográfico dos assuntos pertinentes a relação:
sociedade e natureza, bem como a visitação (o olhar) na comunidade Tamatateua,
que esta dentro dos limites da RESEX e as comunidades da Vila Bonifacio e Vila
Que era que direta e indiretamente são atingidas pela RESEX Caeté. As entrevistas
dos moradores (o ouvir) que foram realizadas ao longo de cada visitação e a
produção científica de todos os fatos observados – vistos e ouvidos-.
Resultados e discussão
Na atividade de campo à RESEX Marinha de Caeté-Taperaçu, visitaram-se
três comunidades, sendo que duas estão no entorno da RESEX – Vila Bonifacio e
Vila Que era, e uma está dentro da mesma - Tamatateua. Ao logo da pesquisa,
diversos problemas foram identificados, dentre elas, a má distribuição de recursos,
o que influencia diretamente em cada comunidades fazendo na configuração do
espaço e infraestrutura física. Essa problemática fortalece as relações desiguais de
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30 de junho a 03 de julho de 2013 – Bonito/ MS
172
poder e influenciam o uso e acesso aos recursos naturais e fazem da noção de
território categoria fundamental na discussão da questão ambiental.
Segundo Cunha e Coelho (2009), até meados da década de 1980, o Estado
ditou, de forma centralizada, a política ambiental a ser seguida no Brasil, porém,
percebe-se que na RESEX visitada, o processo de formulação e implementação da
política ambiental ocorre de forma interativa entre o Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiversidade (ICMBIO) e a comunidade, onde os mesmos traçam
estratégias de ações, para que todos os interesses sejam levados em consideração e
a proteção do meio ambiente aconteça de forma articulada entre esses atores
sociais.
Conforme a Dona Socorro (2013), moradora e presidente da associação de
moradores da Vila Bonif|cio a relaç~o entre a comunidade e o ICMBIO é “muito boa
eles dão muito apoio pra gente, graças a Deus deles terem vindo aqui pra ajudar
em muitas coisas que estavam acontecendo”. Essa relaç~o trouxe uma significativa
diminuição do desmatamento e outros fatores que ocasionavam os problemas
ambientais. Conforme Fernando Repinaldo (2013), administrador da RESEX, os
principais objetivo do ICMBIO é, sobretudo, garantira educação ambiental,
divulgação e mobilização que consiga sensibilizar a comunidade para a
importância da conservação da biodiversidade local.
Uma das formas de subsistência dessas comunidades é a pesca, sendo a
principal fonte de renda das comunidades. Conforme diversos estudos (Glaser,
2005; Oliveira & Fernandes; Barboza, 2006) são retiradas da região litorânea de
Bragança aproximadamente dezessete (17)produtos do manguezal: Caranguejo,
peixe, sururu, siri, turu, lenha, varas, remédios naturais, saracura (ave – graça),
mel, tinta, cutuca (peixe), crustáceo, sapequara (molusco), ostra, sarnanbi
(molusco), caramujo, além dos peixes do mar, rio e igarapés.
Essa atividade refere-se aos mais variados tipos de captura (rede puçá,
matapi, curral, espinhel, tarrafa, coleta de mariscos e caranguejo); confecção/
conserto de equipamentos; preparo do produto. Não se restringe somente à pesca
de fora, ou no mar, mas também às feitas nos mangues, nos rios nos igarapés, nas
quais é possível uma presença mais constante de mulheres, além das tarefas pré e
pós-captura. (ALMEIDA, 2002 p. 95)
Fonte de renda de subsistência e/ou monetária para a maioria (83%) dos
habitantes da zona rural costeira do Caeté (GLASER, et. al., 2005). A renda familiar
mensal varia de R$ 50,00 a R$ 400,00, sendo em media de R$ 100,00 para os
coletores de caranguejo e menos de R$ 300,00 para os pescadores (GLASER, 1997
apud OLIVEIRA, 2004). Os sistemas de produção pesqueira são artesanais.A
importância dessas atividades é revelada também, para sobrevivência da cultura
local. Modos de vida que oscilam entre a sobrevivência e a criação de símbolos com
o meio ambiente e refletem em um dos objetivos da criação da Reserva
Algumas problemáticas são encontradas dentro das três comunidades que
foram visitadas, como por exemplo: o processo de formulação e execução de
políticas públicas, com o propósito de dar qualidade de vida para essas
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comunidades. O lixo é uma das problemáticas aparentemente causadas pelas
enchentes do rio e por falta da coleta seletiva, causando assim muitos problemas
ambientais e sociais.
A comunidade Vila do Bonifácio apresentou uma séria problemática de
saúde pública - a falta de água potável. Conforme entrevistas com a Dona Socorro
(Representante da comunidade) houve uma verba de mais de R$170.000
destinados a perfuração de poço, porém ao perfurar 60 metros de profundidade
encontrou uma área rochosa, o que impossibilitou a continuação do serviço. Cerca
de quatro anos o poço continua incompleto e enquanto não há a solução para esse
grave problema, as famílias quando tem condições, compram a sua água, porém a
grande parte depende de poços improvisados em sua casa cuja qualidade é
completamente insalubre.
Conforme Dourojeanni&Padua (apud MAGRO, 2003), as atividades
turísticas são vistas como uma grande oportunidade para a sustentabilidade
econômica das UC brasileiras, mas reconhece também que, tanto o turismo
tradicional como essa nova proposta de ecoturismo, pode representar uma ameaça
para a preservação do meio ambiente caso não seja devidamente planejado
(RUSCHANN 2010; QUARESMA, 2008; BOO, 1995). Nesse prisma, é de extrema
importância ter-se um planejamento voltado para o desenvolvimento sustentável
do turismo nessas Unidades de Conservações.
As estratégias de planejamentos e gestão do ecoturismo nas Unidades de
Conservação deverá:
Guiar o desenvolvimento e gestão do ecoturismo a fim de
assegurar que a área protegida não seja excessivamente
ocupada nem destruída por turistas, de criar mecanismos
capazes de gerar empregos e renda para a área protegida e
para as comunidades próximas, e de oferecer educação
ambiental aos visitantes. (BOO, 1995 p. 37)
Uma série de estratégias deve ser bem definida para que de fato o turismo
seja sustentável e ofereçam benefícios para o meio ambiente, visitante, e
comunidades receptoras.No entanto observou-se que há a tentativa de uma gestão
participativa, porém, alguns problemas sérios como: a falta de água potável,
educação, infraestrutura e o capital social dificultam fortemente o
desenvolvimento da atividade turística sustentável.
A conclusão do plano de manejo é esperada com ansiedade, por todos
envolvidos (direta ou indiretamente) da RESEX, na esperança de resoluções dos
problemas. Além disso, este documento poderá, de fato, definir se o turismo pode
ser uma das atividades econômicas ligada a RESEX Marinha Caeté-Taperaçú,
podendo assim, servir futuramente, como exemplo de práticas sustentáveis de
turismo, objetivando não apenas a geração de renda a partir desta atividade, como
também valorização e preservação cultural, ambiental eo capital social.
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Agradecimentos
À Faculdade de Turismo da Universidade Federal do Pará, que através do
seu projeto pedagógico possibilitou aos alunos do 6º semestre uma experiência
enriquecedora com a realização da viagem campo. Aos professore Msc Diana
Alberto e Dr Raul Raiol que incentivaram a realização da pesquisa de campo.
Referências bibilográficas
ARRUDA, Rinaldo. Populações tradicionais e a Proteção dos recursos naturais
em Unidades de Conservação. In Anais do Primeiro Congresso Brasileiro de
Unidades de Conservação. Vol. 1 Conferência e palestra, p. 262-276. Curitiba.
Brasil, 1997.
BOULLÓN, Roberto C. Planejamento do espaço turístico. Tradução Josely Vianna
Baptista. Bauru, SP: EDUSC, 2002.
BRASIL. Planalto. Lei nº 9.985, de 18 de Jul. de 2000. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9985.htm> Acesso em 20 de fev.
2012.
BRASIL. Planalto. Lei nº 98.897, de 30 de Jan. de 1990. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/Antigos/D98897.htm> Acesso em
20 de fev. 2012
CUNHA, L. H.; COELHO, M. C. N. Política e Gestão Ambiental. In: CUNHA, S. B. da.;
GUERRA, A. J. T. (Orgs.). A questão ambiental: diferentes abordagens. Rio de
Janeiro: Bertrand Brasil, 2009. (p. 43-79).
DIEGUES, Antônio Carlos. 2000. “Etnoconservação da natureza: enfoques
alternativos”. Etnoconservaç~o: novos rumos para a proteç~o da natureza nos
trópicos. Antônio Carlos Diegues (Org.). São Paulo, Hucitec. p. 1-46.
OLIVEIRA, Roberto Cardoso. O trabalho do antropólogo. Brasília: Paralelo 15; São
Paulo: Editora Unesp, 2006.
RUSCHMANN, Doris. Turismo e planejamento sustentável: A proteção do meio
ambiente. Campinas, SP: Papirus, 2010. (Coleção Turismo)
RUSCHMANN, Doris, e, TOLEDO, Karina (Org). Planejamento Turístico. Barueri
SP: Manole, 2006. p.26.
Site das Unidades de Conservação no Brasil, disposto em:
http://uc.socioambiental.org/uc/4342 acesso em: 30/jan/2013 às 15:30 h.
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TURISMO DE BASE COMUNITARIA: UMA ALTERNATIVA PARA O
DESENVOLVIMENTO DO TURISMO NO PARÁ. O CASO DA ASSOCIAÇÃO
DE MULHERES DAS ILHAS DE BELÉM,LOCALIZADO NA ILHA DE
COTIJUBA.
KASSIA FARIAS49
Abstract:
The sustainable discourse that has been developed since the late nineteenth
century offers new interpretations and (re) adjustments of relations established by
man and nature. And while speaking about the development of tourism in the
country, there is the importance of democracy as tools for community
participation in generating and obtaining benefits from tourism. It is a new
approach to tourism, known as community-based tourism which adds to its
foundations the understanding of the distribution of this activity results in a fair
and organized, but known as social capital. This work will study if the Women's
Movement of the island of Bethlehem MMIB, community association located in
Island cotijuba that some years been developing this alternative tourism. A process
of scientific research that used a broad literature of pertinent issues that have been
tested and analyzed through field research, where researchers could from the
"constructive character and interconnected look, listen and write" (OLIVEIRA
1996, p 15) to detect the level of social partition.
Palavras-chave: Turismo. Capital Social. Marketing.
Keywords: Tourism. Social Capital.Marketing.
Introdução
A busca pelo equilíbrio ambiental nos últimos séculos vem despertando
cada vez mais o interesse do turismo em criar viagens alternativas/sustentáveis,
que estimule um diferencial na sua estrutura como: na geração de lucros, na
relação com o meio ambiente e a sociedade e na inspiração de políticas públicas de
turismo mais comprometidas e eficazes.
O turismo consciente com o meio ambiente e com as pessoas, ao longo dos
anos “tem se configurado com base nos paradigmas da sustentabilidade e do
ecoturismo” (QUARESMA 2003, p 105), o que recentemente tem-se mostrado um
forte aliado no desafio da sustentabilidade. Em junho de 2012 a Organização
Mundial de Turismo participou de uns dos eventos paralelos ao Rio+20, com o
título: “Turismo para um futuro sustentável» e no decorrer da reunião afirmaram
que “o turismo pode contribuir para os três pilares da sustentabilidade, seja
econômico, social e ambiental” (OMT, 2012).
49
Graduanda em Turismo pela Universidade Federal do Pará, RuaAugusto Corrêa- 01- Guamá. CEP
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Neste aspecto firma-se o Turismo de Base Comunitária, que se atrela ao
conceito de Turismo Sustentável, que, ao contrario da visão acumulativa e
concentrada procura gerar lucro a partir da criação de uma rede solidária, do qual
todos tenham a garantia que irão se beneficiar. Deste modo, quando se fala em
planejar o desenvolvimento do “TBC” nessas comunidades, a comunidade deve ter
noção do produto turístico que ela oferecerá para esse segmento, que consiga
estabelecer estratégias de divulgação específica para o TBC. Sabe-se que quando se
trata de um desenvolvimento local, baseado em recursos endógenos (IRVING,
2010) implica na valorização da cultura, modo de vida, das tradições e das
cosmologias locais que compõe o produto principal do Tursimo de base
comunitária.
Ressalta-se a grande importância do marketing para a divulgação dos seus
produtos e para o conhecimento que cada ator social deverá ter ao lidar com as
especificidades do TBC. Deverá estar ciente que o produto principal a ser oferecido
é a própria comunidade bem como o seu modo de vida- o “saber endógeno” e a sua
relação harmoniosa com o meio ambiente e social.
Nesse sentido, o artigo objetiva analisar as várias interfaces sustentáveis
que o turismo pode proporcionar para o meio ambiente e para sociedade local, em
especial, o turismo de base comunitária que por sua característica principal é
marcada pelo envolvimento endógeno da comunidade local e pela valorização do
“saber endógeno” (valorizaç~o cultural). Portanto, buscar| um entendimento da
importância da participação social na construção de alternativa sustentável a
partir dos recursos endógenos. Os dados puderam ser analisados por meio “car|ter
construtivo e interligado do olhar, ouvir e do escrever” (OLIVEIRA, 1996, p 15)
observados na pesquisa de campo à Ilha de Coijuba.
Figura 01: Entrada de acesso a Ilha de Cotijuba-Pa.
Fonte: COSTA, Marcos. A. 2012
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Metodologia
Buscou-se a partir dos referenciais bibliográficos, primeiramente
compreender as várias interfaces que a participação social pode proporcionar a
uma comunidade, além de entender os desafios do turismo
alternativo/sustentável. Utilizou-se do “car|ter construtivo e interligado do olhar,
ouvir e do escrever” (OLIVEIRA, 1996, p 15) para verificar a existência, de fato, do
Turismo de base comunitária na Ilha de Cotijuba em Belém do Pará, tendo como
estudo de caso o Movimento de Mulheres das Ilhas de Belém.
Resultados e discussão
Localizado na Ilha de Cotijuba, confluência da Baia de Marajó com a Baia do
Guajará, no Estado do Pará, o Movimento de Mulheres da Ilha de Belém- MMIB foi
fundado em 1998 inicialmente com o nome GMAPIC, na ilha de Cotijuba, por
mulheres que já faziam parte da Associação de Produtores da Ilha de cotijubaAPIC. Ao longo de sua criação foram desenvolvidos projetos como: “Sons da Ilha”
com o apoio da “Comunidade Solid|ria”, que oferecem trabalhos com os jovens da
Ilha de Cotijuba. Somente quatro anos depois criaram a denominação atualMovimento de Mulheres das Ilhas de Belém (MMIB). A partir de então, diversos
projetos foram criados pela associação articulados com empresas privadas. Dentre
esses projetos está a produção da Pripioca (Cyperusarticulatus), uma erva
aromática e medicinal da Amazônia que a partir da manipulação de sua raiz
produz-se uma das fragrâncias naturais da linha Ekos da Empresa Natura.
A geração do capital social é evidenciada na forma como é distribuído os
lucros obtidos na venda dos produtos produzidos pela comunidade, como a
priprioca, artesanatos, bijuterias e outros. Um processo que não só almeja a
arrecadação individual, mas principalmente o investimento na sede da associação
das Mulheres das Ilhas de Belém, como a Infraestrutura, tecnologia, além de
investimentos em projetos da comunidade.
Ressalta-se que uma das importantes conquistas foi à reforma da sede da
Associação, que hoje abriga uma biblioteca, capaz de atender os associados e mais
seis escolas da ilha. Cursos de capacitação e a certificação orgânica criaram
possibilidade de melhorar e diversificar sua produção.Atualmente, segundo o blog
do MMIB, são várias as parcerias que ajudam a dar continuidade do movimento,
como: o Instituto Peabiru, a Mapinguari Design, o FMAP, o GMB, as empresas
Natura e Beraca e Bradesco.
Cerca de dois anos, o movimento vêm desenvolvendo com o apoio da
faculdade de turismo da UFPA o projeto “Trilhas do MMIB” oferecendo aos seus
visitantes a paisagem natural da Ilha de Cotijuba, como as praias de água doce que
estão em sua volta, além de roteiros que permitem conhecer a vivência da
comunidade, os seus projetos e ações e os seus produtos criados pela associação.
Uma das atrações é a “rota priprioca” que mostra ao visitante os est|gios da
plantação da priprioca em uma das propriedades dos associados. Vale ressalta que
de forma direta e indireta todos os associados ao MMIB participam do projeto
“Trilhas do MMIB”. H| associados que tem plantações de priprioca, outros que
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possuem restaurantes, hotéis e aqueles que produzem artesanatos e bijuterias. A
participam dos mesmos se da através de um sistema de rotatividade de modo que
todos participem desse processo. A organização do roteiro é realizada em conjunto
com todos os associados de forma que todos sejam beneficiados
Figura 01: Thilha da priprioca, Ilha de Cotijuba-Pa.
Fonte: COSTA, Marcos. A. 2012
Sabe-se que, a principal estratégia do Turismo de Base Comunitária,
segundo o Ministério de Turismo (2010, p.16) “é associar-se a instituições locais
para apoiar a criação de roteiros turísticos que beneficiam prioritariamente as
comunidades visitadas, por meio da geração de renda e da participação direta da
populaç~o local”. Deste modo, s~o comunidades que se organizam em um trabalho
mútuo para a geração do desenvolvimento social e econômico, e que por
consequente o turismo se põe como um dos mecanismos de viabilização desse
processo.
O sistema de capital social remete ao nível de cooperação existente na
comunidade, o qual permite o exercício de um conjunto de responsabilidades que
cada um deverá ter e o estabelecimento de igualdades, fatores que estão interrelacionados a confiança e a reciprocidade na comunidade. Sistemas que na fala de
Araújo (2003, p.19) “permitem {s pessoas cooperar, ajudar-se mutualmente, zelar
pelo bem publico, promover a prosperidade” o que na vis~o de Putnam (1993),
está associado a valores partilhados, cultura, tradições, saber, redes de interação,
em uma perspectiva de horizontalidade de poder.
Eduardo Gomes, professor Mrs da faculdade de turismo da Universidade
Federal do Pará e um dos associados do movimento, vêm debatendo há 10 anos
com a comunidade, assuntos que reforcem o conhecimento acerca do capital social
e incentive os associados a manter-se unidos em todos os processos de sua
organização. Essas conquistas vêm provocando intensas mudanças na forma como
os associados veem a união da comunidade.
Para o desenvolvimento do “TBC” sabe-se que não basta somente discutir
esses aspectos, mas sobretudo vivencia-las diariamente. Depende da forma como a
comunidade se relaciona, se há o desenvolvimento dessa rede solidária/
Endógeno/capital social ou não, respostas que implicarão diretamente no seu
desenvolvimento. A comunidade precisa ter uma relação de confiança entre os
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atores locais, para que consequentemente desenvolva estratégias para o
desenvolvimento do turismo.
A pesquisa pôde observa que além de ter belas praias de água doce e uma
paisagem cênica típica da Amazônia, a Ilha de Cotijuba possui também pessoas
interessadas em desenvolver um turismo justo para a comunidade, que preserve a
meio ambiente e as tradições do local. Motivações estas, que instigam a criação de
produtos turísticos, sem que com isso altere o modo de vida da comunidade.
Figura 02:Ruínas do Educandário Nogueira de Faria , Ilha de Cotijuba-Pa.
Fonte: COSTA, Marcos. A. 2012
Agradecimentos
À Faculdade de Turismo da Universidade Federal do Pará, que através do
seu projeto pedagógico possibilitou aos alunos do 5º semestre uma experiência
enriquecedora com a realização da viagem de campo à Ilha de Cotijuba. Ao
professor Msc. Eduardo Gomes por ter contribuído com o enriquecimento do
conhecimento teórico e por ter transmitido o seu entusiasmos pela pesquisa.
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TURISMO INDÍGENA: UMA ALTERNATIVA PARA A REVITALIZAÇÃO
DA CULTURA KADIWÉU
MARTA REGINA DA SILVA MELO50
DJANIRES LAGEANO NETO DE JESUS51
Abstract
The striking feature that differentiates the Kadiwéu population of other ethnic
groups is its cultural identity. However it is necessary safeguards to prevent the
extinction of the traditions and customs over time. We believe that ecotourism is a
mechanism for maintaining the natural and cultural heritage of these people. The
documentary survey and fieldwork were based on qualitative research through
semi-structured interview with the representative of the culture involved. The
focus on Indigenous Tourism addressed in this study has as starting point, the
understanding of the traditions and cultural heritage of the Kadiwéu people,
through its heritage elements, material and immaterial, targeting a practice of
sustainable actions.
Palavras-chave: cultura indígena, ecoturismo, sustentabilidade.
Key-words: indigenous culture, ecotourism, sustainability.
Introdução
Desde o descobrimento do Brasil, seguindo os principais ciclos: do paubrasil, da cana-de-açúcar e do café, às inovações dos dias atuais, a população
indígena vem sofrendo com a influência dos exploradores, tendo como
consequência a perda da territorialidade, que culminou com a extinção de etnias,
tradições e culturas que representaram e representam as raízes da nossa nação.
Desta forma, o imagin|rio brasileiro sobre os índios, ainda preso { “história da
descoberta” é de coloc|-los numa redoma puros - imaculados (BORGES, 2011).
O conceito de turismo indígena busca o ecoturismo como ponto de
convergência e vai além de ser uma atividade que possa proporcionar prazer,
satisfação e encontro com a natureza por parte de quem visita as aldeias. Muitos
aspectos relacionados à sustentabilidade, principalmente quanto ao legado
histórico e cultural indígena, devem ser levados em consideração. Certamente, a
proposta da inserção do turismo não é apenas experimentar, mas sim de inovar
por meio de um planejamento em que toda a comunidade possa participar na
evolução desse processo. Destaca-se a interculturalidade dos Kadiwéu, difundida
50
MELO, M.R.S. Acadêmica do Curso de Turismo com Ênfase em Empreendedorismo e Políticas Públicas – UEMS, Unidade
Universitária de Campo Grande, MS, Bolsista de PIBIC/UEMS/FUNDECT, e-mail: [email protected]. Rua Dos Dentistas,
500, Bairro Arnaldo Estevão de Figueiredo, CEP 79043-250.
51
NETO DE JESUS, D. L. Doutor em Geografia. Orientador do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica
(PIBIC/UEMS), Unidade Universitária de Campo Grande, MS, e-mail: [email protected] Dos Dentistas, 500, Bairro Arnaldo
Estevão de Figueiredo, CEP 79043-250.
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através da produção artístico-cultural, que revela e reafirma a sua identidade. A
cultura não é algo que flui numa única direção (GRÜNEWALD, 2001). Sendo assim,
ainda que a influência do global sobre o local seja abrangente, a composição dessa
cultura é intrínseca.
O estar presente em uma aldeia indígena, ou até mesmo transformada
exclusivamente para a comercialização do artesanato, das danças e do modo de
vida indígena, possibilita a experiência turística, seja ela satisfatória ou não,
dependendo do olhar de cada visitante. Faria (2008) elucida a importância do
ecoturismo nos territórios indígenas, classificando-o em uma nova segmentação
turística: [...] o ecoturismo promovido dentro dos limites das terras indígenas
através do planejamento - gestão participativa e comunitária, respeitando os
valores sociais, culturais e ambientais dos diferentes povos envolvidos em que a
comunidade é a principal beneficiada.
A autora ainda defende o ecoturismo indígena, como uma modalidade
turística que melhor atende às necessidades das comunidades indígenas, levando
em conta a possibilidade da organização e gestão participativa entre os atores
envolvidos na composição do produto, respeitando-se a identidade,
territorialidade e alteridade cultural. Ademais, pode estabelecer critérios para o
seu desenvolvimento, divulgação e comercialização de suas produções. Para Faria
(2008), tanto o turismo indígena como o ecoturismo indígena convergem na
essência, aos objetivos de promoverem a cultura e no melhoramento da qualidade
de vida das comunidades envolvidas. Ao passo que os diferenciam dos demais
tipos de segmentos turísticos, ultrapassam formas específicas de planejamento e
correspondem aos limites que cada uma das modalidades possa abranger, ou seja,
o primeiro segmento limita-se ao contorno dos territórios e fora deles, já o
segundo, o ecoturismo indígena, está compreendido dentro dos territórios
demarcados ou tradicionalmente ocupados.
Desenvolver o turismo em Terras Indígenas é um dos grandes desafios para
todos aqueles envolvidos e preocupados com os destinos dos povos indígenas e de
seus ambientes (GUIMARÃES, 2006). No entanto, os verdadeiros protagonistas
devem gerir os recursos existentes em suas terras. Leal (2009) corrobora com a
ideia de que esses povos têm pensado na atividade turística como uma alternativa
sustentável de desenvolvimento local, empreendida a partir de critérios
estabelecidos pelos próprios grupos étnicos.
A comunidade Kadiwéu está inserida em um local propício para expandir o
turismo de base comunitária. Este, por sua vez, abrange um segmento que
possibilita benefícios sociais, econômicos e culturais, podendo contribuir para a
conservação do espaço onde vivem esses povos. No tocante, é essencial uma ação
conjunta das lideranças, pela qual a promoção da comunidade Kadiwéu deverá ser
conduzida em bases sólidas, visando a sua sobrevivência, pela mediação de
práticas sustentáveis, a fim de possibilitar a manutenção das tradições e costumes
que permeiam os Saberes e Fazeres. Vale destacar que esses elementos são
intensos e se consagram como um patrimônio valioso.
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É por meio do setor turístico que os povos indígenas têm extraído condições
de garantir sua existência nesse cenário capitalista desigual, utilizando-se também
da atividade turística como possibilidade de revitalização cultural (LEAL, 2009).
Ainda que haja entrave nas políticas que fomentem o turismo indígena, é possível
idealizar e executar ações que possam contribuir para o próprio desenvolvimento
socioeconômico.
O espectro de conhecimento envolvido nesta pesquisa pode servir como um
instrumento valioso para a explanação de marcos teóricos sobre o assunto, dada a
sua complexidade e importância aos futuros estudos relacionados à temática
indígena. O presente estudo tem como objetivo avaliar os aspectos culturais dos
Kadiwéu, por meioda análise dos elementos patrimoniais, legado cultural e suas
finalidades turísticas e sustentáveis.
Métodos
Os estudos foram fundamentados na pesquisa qualitativa, inicialmente por
levantamentos bibliográficos e fichamentos, seguidos de um levantamento
documental para a identificação de elementos etnográficos; do estudo de
oralidade; e da identificação dos principais pontos de propagação da cultura
Kadiwéu em Campo Grande, capital do estado de Mato Grosso do Sul.
A pesquisa qualitativa é adequada para obter conhecimento mais profundo
de casos específicos, sendo um processo de coleta e interpretação de dados, de
modo interativo durante a investigação (DENCKER, 2007).
O estudo da oralidade baseou-se na metodologia de entrevista semiestruturada, a fim de abordar os elementos relativos à identidade cultural
Kadiwéu, que somente foi possível com a utilização de um Termo de
Consentimento do Entrevistado, abordado e preenchido durante a pesquisa.
As entrevistas semi-estruturadas combinam perguntas
abertas e fechadas, onde o informante tem a possibilidade de
discorrer sobre o tema proposto. O pesquisador deve seguir
um conjunto de questões previamente definidas, mas ele o
faz em um contexto muito semelhante ao de uma conversa
informal (BONI E QUARESMA, 2005).
O levantamento bibliográfico e de campo foram selecionados a partir de
fontes fidedignas que aproximassem o mais possível da realidade dos povos
indígenas, de forma interdisciplinar, direta e objetiva.
O diagnóstico dos pontos de propagação da cultura Kadiwéu em Campo
Grande, MS, foi utilizado para dimensionar o nível de representatividade dessa
etnia e a sua importância para o desenvolvimento do turismo regional.
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Resultados e Discussão
O setor turístico caracteriza-se pelo crescimento de forma acelerada em
todo o mundo e utiliza-se de elementos, como a história e a cultura de um povo
para o seu desenvolvimento. Os elementos que constituem as tradições indígenas
existem, mas sofrem influências nos aspectos culturais, econômicos e sociais.
Entretanto, as análises de Grünewald (2001) apontam que, apesar das mudanças
culturais experimentadas, eles continuam a se identificar como população
indígena, permanecendo unidos, inclusive politicamente para se impor como grupo
étnico. As modificações de um mundo globalizado impostas a esse povo ainda não
foram suficientes para extinguir sua cultura, uma vez que ela não pode ser
descartável e que o processo de aculturação vai além da fusão das culturas. Essa
totalidade de características nos distingue ou nos individualiza como nação.
As pesquisas etnográficas e documentais possibilitaram a potencialização
da importância para uma melhor compreensão da dinâmica sociocultural das
populações tradicionais indígenas e em especial a Kadiwéu. Dentre os pontos
destacados, induz que não se pode prever se a atividade turística será uma
assertiva positiva para essa comunidade. É necessária a busca de uma forma de
conciliar ações planejadas que possam agregar valores àquela comunidade, sem
que inviabilize o seu potencial cultural e legado histórico. Contudo, a produção
artesanal é essencial para a manutenção das tradições culturais indígenas.
Destarte, não se deve visualizá-la apenas como uma fonte de renda, pois deve ser
valorizada como parte do dinamismo que uma cultura é capaz de produzir. Desse
modo, a exposição desses signos e acervos tende a fortalecer cada vez mais a
identidade da etnia Kadiwéu, uma das mais influentes do país.
O estudo da oralidade foi conduzido com a entrevistada Benilda Vergílio, 24
anos – índia Kadiwéu, graduada em Design pela Universidade Católica Dom Bosco
(UCDB) em Campo Grande, MS. Professora Indígena formada no Curso Normal
Médio Indígena Povos do Pantanal, pela Secretária Estadual de Educação de Mato
Grosso do Sul – a qual destacou, de forma expressiva, aspectos relevantes
relacionados à temática indígena, possibilitando uma melhor compreensão quanto
à inserção da atividade turística na comunidade Kadiwéu. A entrevistada é líder
atuante na inserção da comunidade Kadiwéu nas ações de inclusão social e de
desenvolvimento cultural da sua etnia. Tem suas origens na Aldeia Alves de Barros
e atualmente reside na Aldeia Tomázia, próxima ao município de Bonito, MS.
Considerando as ponderações da entrevistada sobre qual a sua visão quanto
ao turismo indígena Kadiwéu, refletiu e destacou positivamente os aspectos
relacionados ao fortalecimento e incentivo na promoção cultural; melhoria de
renda para as famílias, valorização ambiental e na revitalização da cultura.
Acredita que a cultura do seu povo não está perdida, mas está guardada e que um
trabalho responsável poderá favorecer a por em prática essa ação.
Quanto ao quesito sobre o que seria melhorado com o turismo na
comunidade, revelou que resultaria na melhoria da qualidade de vida; numa renda
extra para as famílias; na revitalização cultural e no apoio aos jovens. Mencionou
que as atividades turísticas podem contribuir para estimular o resgate da cultura,
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intrínseca nos índios mais antigos. Reforçou que as mulheres mais idosas
poderiam repassar os seus conhecimentos para as mais jovens da aldeia.
Os principais pontos de propagação da cultura indígena no município de
Campo Grande evidenciaram a dimensão da representatividade Kadiwéu na
capital, considerada o portal de entrada do pantanal, cenário geográfico que marca
historicamente a representação dessa etnia. A cidade representa uma das
principais fontes de dispersão da cultura Kadiwéu e demais etnias do estado de
Mato Grosso do Sul. Destacaram-se: o Museu das Culturas Dom Bosco, o Parque
das Nações Indígenas, a Feira Central e Turística de Campo Grande, a Casa do
Artesão, o Memorial da Cultura Apolônio de Carvalho (Fundação de Cultura), a
Praça dos Imigrantes (Feira Permanente de Artesanatos) e o Aeroporto
Internacional de Campo Grande. A influência indígena Sul-mato-grossense é
latente, por isso, o grafismo da etnia Kadiwéu está presente em diversos locais da
Capital, fazendo parte da ornamentação de residências, no comércio e em centros
que evidenciam a cultura.
É oportuno destacar que a sustentabilidade possa estar presente no
universo do turismo indígena e divulgação da cultura, inter-relacionando o
material e o imaterial, na compreensão de que essas práticas possam proporcionar
a prevenção e o sustento da comunidade local, bem como a conservação da cultura
e de todos os recursos que favoreçam a vida. Embora a realidade vivenciada no
turismo indígena ainda sofra com os percalços e entrave das políticas públicas, é
fundamental transpor os obstáculos e minimizar as deficiências impostas pela falta
de incentivo que aflige a comunidade Kadiwéu.
Analisando os diferentes conceitos apresentados e levando em conta o
espaço de produção e reprodução tradicional, tem-se como definição, segundo
Neto de Jesus (2012):
O turismo indígena pode ser compreendido como um
segmento da atividade turística que é desenvolvido dentro
ou fora dos territórios tradicionais, segmento este que
fomenta ações de base comunitária envolvendo em sua
essência a conservação e sustentabilidade sociocultural e
ambiental das comunidades, bem como, a revitalização de
modos de vida tradicional coesos com a realidade de vida
atual, além da geração de renda para a própria comunidade
local. Para sua composição, a comunidade indígena decidirá
as ações a serem desenvolvidas e posteriormente articuladas
com os agentes de fomento do turismo.
Considerando a dinâmica evolutiva na tradição dos povos, a prática do
turismo indígena não se restringe à cultura, materializada e estanque no tempo,
uma vez que os povos indígenas acompanham as tendências mundiais de
desenvolvimento, não desmerecendo seus valores tradicionais de identidade e
alteridade étnica. Isto não se trata, portanto, de questionar sua autenticidade
tradicional, pois a própria experiência turística promove, de fato, a prova de
intercâmbio intercultural entre o indígena e o visitante do atrativo.
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Limitar a abrangência de desenvolvimento da atividade (se acontece dentro
ou fora do território indígena), para definir uma modalidade da outra não
contribui para o próprio conceito de território e territorialidade, que os
compreende como um sistema em que os atores usufruem cotidianamente do
território, deixando suas marcas culturais, independente de sua autoctonia, ou
seja, tanto faz o indígena estar dentro ou fora do território tradicional, ele levará
consigo sua manifestação de identidade e alteridade cultural, inclusive na
produção turística em que estiver inserido.
Agradecimentos
Agradecimentos à Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS),
pelo incentivo e apoio à pesquisa; à Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do
Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul (FUNDECT); e um
agradecimento especial à índia Kadiwéu Benilda Vergilio, que contribuiu de forma
significativa para a realização deste trabalho.
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TURISMO RURAL COMUNITÁRIO: UMA NOVA ALTERNATIVA NO
SALAR DE UYUNI
VAGNER RANGEL MOREIRA52, HÉCTOR ALBERTO ALIMONDA53; RENATA
GOMES DE SOUZA54.
Abstract
This study aims to discuss the rural community-based tourism in Salar de Uyuni, in
particular, in the community of Coqueza, as an alternative for family agriculturists
and indigenous - who have in this activity an opportunity to increase their income
by offering typical products, handicrafts and tourism services under the context of
sustainability - as well as for tourists who, much more than take photographs, may
experience a greater interaction with the host community, live their routine and
learn their customs, traditions and wisdoms. This discussion is quite appropriate,
since in Bolivia the public policies of rural community-based tourism are seen as a
new strategy for protection, conservation and preservation of natural and cultural
places, a mean of generation of employment, resources and reduction of poverty
and social inequality. Qualitative Descriptive Research Method is being used,
through bibliographical researching and analysis of official documents such as law
No. 292/2012 and the national Community Tourism Program. The result that can
be observed is that community-based tourism in Coqueza is quite feasible for the
locals and fits the interests of a new type of tourist, concerned with the socioenvironmental and cultural issues.
Key words: rural community-based tourism, tourism policy, Salar de Uyuni.
Palavra-chaves: turismo rural comunitário, políticas públicas de turismo,
Salar de Uyuni.
Introdução
O setor de turismo apresenta-se como uma das mais importantes atividades
na atual economia mundial, responsável, em 2012, por 2.9% do PIB global e pela
geração de aproximadamente 101,2 milhões de empregos diretos, segundo dados
do World Travel and Tourism Council (WTTC).
52
Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Ciência, Tecnologia e Inovação Agropecuária
(PPGCTIA), área de concentração em Políticas Públicas Comparadas, da UFRRJ, pós-graduado em
Direito da Administração Pública (UFF) e Gestão Pública (UCAM), e Professor de Direito e Legislação
da Secretaria Estadual de Educação do Rio de Janeiro. Endereço: BR 465, Km 7, Seropédica – RJ, CEP:
23890-000. E-mail: [email protected]
53
Doutor em Ciência Política pela USP, Professor Associado III da Universidade Federal Rural do Rio de
Janeiro (UFRRJ), Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq - Nível 2. Endereço: BR 465, Km 7,
Seropédica – RJ, CEP: 23890-000. E-mail: [email protected]
54
Graduanda em Administração Pública da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ).
Endereço: BR 465, Km 7, Seropédica – RJ, CEP: 23890-000. E-mail: [email protected]
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Nesse cenário, a participação do turismo boliviano é pouco relevante no
contexto mundial, uma vez que a Bolívia encontra-se na 117ª posição de 139
países e em penúltimo lugar no âmbito da América Latina de acordo com o Índice
de Competitividade de Turismo e Viagens do Foro Econômico Mundial de 2012.
Preocupado com essa conjuntura e consciente da grande potencialidade
turística nacional, já que a Bolívia é detentora de singulares recursos naturais de
importância reconhecida mundialmente (Cordilheira Real, Altiplano Andino, Salar
de Uyuni e Lago Titicaca), de sítios arqueológicos declarados pela UNESCO como
patrimônio da humanidade (centros cerimoniais de Tiwanaku, Amaipata, Misiones
de Chiquitos etc.), além da riqueza cultural oriunda das mais de 36 etnias e de
povos originários, o atual governo de Evo Morales, presidente boliviano, aposta no
turismo comunitário como uma nova estratégia de proteção, conservação e
preservação dos lugares naturais e culturais, geração de emprego e divisas, e
redução da pobreza e desigualdade social.
Ações públicas, então, têm sido implementadas, embasadas pela recente Lei
Geral de Turismo “Bolivia te espera” (Lei nº 292/2012) e pelo Programa Nacional
de Turismo Comunitário, com US$ 20 milhões em financiamento pelo Banco
Interamericano de Desenvolvimento (BID) para a promoção de 12 destinos
turísticos nacionais, nos quais o Salar de Uyuni está inserido.
É nesse contexto que o referido trabalho objetiva apresentar o turismo rural
comunitário no Salar de Uyuni como uma alternativa tanto para os campesinos e
indígenas, que têm nessa atividade uma oportunidade de incrementar a sua renda
familiar com a oferta de produtos típicos, artesanatos e serviços turísticos sob o
viés da sustentabilidade, quanto para os turistas, que muito mais que apenas
fotografias, poderão experimentar uma maior interação com a comunidade
receptora, vivenciar o seu cotidiano e conhecer os seus costumes, tradições e
sabedorias.
Métodos
Localizado no sudoeste boliviano, no Altiplano andino, a 3.650 m de
altitude, o Salar de Uyuni, com aproximadamente 12.000 m2 de área e 10 bilhões
de toneladas de sal, é o maior deserto de sal do mundo, formado pela evaporação
de lagoas de água salgada ao longo de milhares de anos. Além da extração desse
mineral, o referido Salar é uma das maiores reservas mundiais de lítio e contém
quantidades consideráveis de potássio, boro e magnésio. Por toda essa magnitude
e singularidade, a localidade é um dos mais importantes destinos turísticos da
Bolívia, com destaque para dois pontos turísticos: o Hotel de sal Playa Blanca,
construído em sua totalidade por blocos de sal retirados do próprio Salar, e a Isla
del Pescado, um ecossistema fechado onde nascem cactos gigantes e vivem
pequenos animais.
As comunidades de Coqueza, Aguaquiza, Mañica, San Pedro de Quelmes,
Puerto Chuvica, Jayu Qota, Irpani, Alcaya, todas localizadas às margens do Salar de
Uyuni e integrantes da Rede Ayni – formadas, em grande parte, por agricultores
familiares que implementam suas rendas por meio do turismo – , desenvolvem o
III CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE
30 de junho a 03 de julho de 2013 – Bonito/ MS
190
turismo comunitário, porém, por questões metodológicas, o presente trabalho
ater-se-á à primeira delas.
A comunidade de Coqueza situa-se no departamento de Potosí, município
de Tahua a 135 km de Uyuni e encontra-se entre o Salar de Uyuni e o vulcão
Thunupa, 5.430 m revestidos de muitos mistérios, lendas e mitos de uma cultura
milenar do povo que por ali habita. Esta comunidade conta com mais de 25
famílias compostas em média por 4 ou 5 membros que têm na agricultura (feijão,
trigo, milho, batata e quinoa) a base principal da sua economia e a diversifica com
o turismo comunitário.
Figuras 1 e 2 – Diversas comunidades no entorno do Salar de Uyuni;
Localização da comunidade de Coqueza. Fonte: Google maps.
Ressalta-se que tanto na literatura brasileira quanto estrangeira a definição
de turismo comunitário ou turismo de base comunitária não é homogênea, sendo
conceituado nas mais diferentes perspectivas, como, por exemplo, mercadológica
(MIELKE, 2009), da economia solidária (RAMIRO), do desenvolvimento local
(CRUZ, 2009), sítios simbólicos de pertencimento (BARTHOLO, 2009) e como mais
um seguimento turístico (MTur). Diante dessa celeuma, optou-se pela definição
expressa de turismo comunitário da Lei boliviana nº 292/2012, uma vez que o
presente trabalho tem como objeto o turismo em uma área natural boliviana.
Assim, a citada lei, em seu art. 14, define turismo comunitário como:
“Un modelo de gestión que deber| desarrollarse de manera
armónica y sustentable, a través de emprendimientos
turísticos donde las comunidades urbanas y rurales, naciones
y pueblos indígena originario campesinos, comunidades
interculturales y afrobolivianas, participen en la planificación,
organización y gestión de la oferta turistica”.
A metodologia utilizada neste estudo é de caráter qualitativo-descritivo,
realizado a partir de pesquisa bibliográfica – livros, revistas, artigos científicos e
sites da internet –, análise de documentos oficiais, como, por exemplo, Lei nº
292/2012 e o Programa Nacional de Turismo Comunitário.
III CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE
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191
Resultados e discussão
A Comunidade de Coqueza, em torno do Salar de Uyuni, organizou-se sob a
ótica dos princípios da solidariedade, democratização dos benefícios, respeito à
natureza, equidade de gênero e sustentabilidade para oferecer ao viajante diversas
atividades turísticas, tais como, trekking no vulcão Thunupa com
acompanhamento de llamas adestradas, visitas ao Salar de Uyuni com sessões
fotográficas, cerimônias de oferendas à Pachamana (Mãe Terra), práticas
ancestrais, agropecuárias e artesanais, demonstrações de música e danças típicas,
gastronomia típica a base de quinoa real e camelídeos (llamas, vicunhas, alpacas e
guanacos), visitas a grutas naturais, chullpares e formações eólicas, convivência e
intercâmbio cultural com a comunidade receptora e observação astrológica.
O turismo surge nessa região como alternativa às atividades econômicas
tradicionais (a agrícola e a granjeira) e a sua alta temporada vai ao encontro da
baixa para a atividade agrícola – de junho a agosto. Possibilitando, portanto, a
diminuição do êxodo local por parte dos campesinos que necessitavam deixar a
sua comunidade em busca de trabalho.
Desta forma, foram desenvolvidos três programas turísticos de 1 a 3 dias,
nos quais o trekking pelo vulcão Thunupa é a atividade básica. Ao longo da
caminhada, visitas a pontos turísticos (hotel de sal, lagoa salgada, povoado
abandonado etc.) são realizadas e explicações acerca dos costumes, da história e a
forma de vida daquele povo são feitas para contextualizar a paisagem à sua rica e
singular cultura.
Figura 3 – No sentido horário: Placa turística indicativa do Turismo
Comunitário de Coqueza; Trekking no volcão Thunupa; Llamas
transportando os equipamentos necessários ao trekkking; Colheita da
III CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE
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quinoa,
uma
das
atividades
http://www.travellersbook.net/.
turísticas
oferecidas.
Fonte:
Os valores (de US$ 28 a US$ 495) variam de acordo com o pacote
selecionado e pela quantidade de pessoas que participam do tour, mínimo de 1 e
máximo de 8.
Apesar de a infraestrutura turística da Comunidade de Coqueza ser mínima,
o desenvolvimento do turismo não é prejudicado, já que grande parte do
equipamento e serviços necessários são transportados em llamas e oferecidos no
“pacote turístico”, como, por exemplo, cozinheiro, guia da comunidade,
alimentação, llamas de carga, móveis e utensílios de cozinha (desde mesa, bancos a
talheres e pratos), colchonetes etc.
Figura 4 – Infraestrutura turística de Coqueza. Fonte: Tierras Misticas
Coqueza – Bolívia.
Pelo exposto, observa-se que o turismo rural comunitário encontra-se em
um momento de grande valorização e destaque na Bolívia, uma vez que tem sido
tratado como Plano de Estado para a geração de empregos e divisas, redução da
pobreza e preservação das culturas locais e do meio ambiente. No mesmo sentido,
o referido seguimento turístico no entorno do Salar de Uyuni, mais
especificamente, na comunidade de Coqueza é uma prática bastante viável para os
locais e que se coaduna aos interesses de um novo tipo de turista, preocupado com
as questões sócio-ambientais e culturais.
Agradecimentos
Ao Programa de Pós-Graduação em Ciência, Tecnologia e Inovação
Agropecuária (PPGCTIA) da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro pelo
auxilio financeiro. À Ana Paula Pereira Quintana e ao Prof. Gabriel Mamed pelas
revisões em inglês e português, respectivamente.
III CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE
30 de junho a 03 de julho de 2013 – Bonito/ MS
193
Referências bibliográficas
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III CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE
30 de junho a 03 de julho de 2013 – Bonito/ MS
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USO PÚBLICO NAS RESERVAS PARTICULARES DO PATRIMÔNIO
NATURAL DO ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL- MS: UM
POTENCIAL POUCO EXPLORADO
ANGELA PELLIN55; VICTOR EDUARDO LIMA RANIERI56
Abstract
The establishment of private protected areas has rapidly increased around the
world. Brazil has also presenting a great increased, and MatoGrosso do Sul – MS is
the second state with the largest area protected by Private Reserves of Natural
Heritage (PNHRs). The aim of this study was to analyze the insertion of public use
in the PNHRs of the Mato Grosso do Sul, evaluating owners' interest in conducting
ecological tourism, recreation and environmental education, as well as the
implementation of such activities. To this end, people responsible for 34 PNHRs
were interviewed between March/2008 and March/2009. The results show that a
great part of these areas has the potential to carry out public use, and several
owners have interest, but only a few of them have developed these activities,
which is discussed throughout this paper.
Palavras-chave: Reservas Privadas, Turismo, Educação ambiental
Key Words: Private Reserves, Tourism , Environmental Education
Introdução
A criação voluntária de áreas protegidas privadas é, cada vez mais,
reconhecida como uma importante estratégia para conservação da biodiversidade
(ALDERMAN, 1994; LANGHOLZ, 1996; LANGHOLZ; LASSOIE, 2001). Isso tem
ocorrido principalmente pela sua rápida expansão ao redor do mundo
(LANGHOLZ; LASSOIE, 2001), pela inexistência de áreas públicas em número e
área suficientes para garantir a conservação da biodiversidade (TERBORGH; VAN
SCHAIK, 2002) e por diversos países contarem com a maioria do seu território
formado por propriedades particulares (ENVIRONMENTAL LAW INSTITUTE,
2003).
As Reservas Particulares do Patrimônio Natural – RPPNs surgiram no Brasil
na década de 1990, a partir da promulgação do Decreto 98.914/1990, e com a
aprovação da Lei 9985/2000, que instituiu o Sistema Nacional de Unidades de
Conservação, foram elevadas ao status de unidades de conservação - UCs. Nessas
áreas está prevista a realização de atividades que visem a sua conservação, bem
como a pesquisa científica e a visitação com objetivos turísticos, recreativos e
educacionais (Lei 9.985/2000).
55
Instituto de Pesquisas Ecológicas – IPÊ e Escola Superior de Conservação Ambiental e Sustentabilidade – ESCAS.
Rodovia Dom Pedro I, Km 47. Bairro do Moinho. Cx. Postal:47. E-mail: [email protected]
56
Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo (EESC/USP). E-mail: [email protected]
III CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE
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195
Atualmente o país possui 1.087 RPPNs, que protegem aproximadamente
703.000 hectares, distribuídos entre todos os estados do país (CNRPPN, 2013). O
estado do Mato Grosso do Sul – MS possui uma das maiores áreas protegidas por
essa categoria e, no ano de 2010, contava com 36 RPPNs somando um total de
128.000 hectares.
Este trabalho foi realizado junto à proprietários e gestores de RPPNs do MS
e faz uma análise sobre a inserção do uso público nessas UCs, avaliando o interesse
dos proprietários na realização de turismo ecológico/recreativo e educação
ambiental e a implementação de ações para essa finalidade.
Métodos
Ao todo, 38 proprietários ou gestores de RPPNs do estado57 foram
convidados a participar de uma entrevista respondendo a questões sobre
motivações para criação e gestão da área. Dentre os convidados, dois não tiveram
interesse em participar e outros dois foram desconsiderados (um pela área ter sido
desafetada posteriormente e outro por falta de informações precisas sobre a
localização da RPPN). As entrevistas e visitas às áreas abrangeram um período
entre março de 2008 e dezembro de 2009. As entrevistas foram realizadas com os
proprietários em 67,6% dos casos e com um gestor ou funcionário da propriedade
no restante.
Resultados e discussão
De acordo com as entrevistas realizadas foi possível identificar os objetivos
primários e secundários que orientam a gestão das RPPNs do estado atualmente
(Figura 01). Nota-se que a conservação de espécies ou ecossistemas é um objetivo
primário para todas as áreas. A pesquisa científica também foi citada por todos,
porém como objetivo secundário em 10 casos. Já a possibilidade de realização de
educação ambiental ou turismo foi citad apor 59%e 56%dos entrevistados, mas em
alguns casos aparece como objetivo secundário. Em um estudo similar, junto a 42
RPPNs de Minas Gerais, Paraíso et al. (2007) obtiveram números um pouco
menores, com 45% dos proprietários de RPPNs apresentando interesse em
turismo.
57
Os convites incluíram a RPPN Fazenda América, que possui uma situação incerta, pois está parcialmente
sobreposta ao Parque Nacional da Serra da Bodoquena e a RPPN Vista Alegre, que foi desconstituída pela Resolução
006/2008.
III CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE
30 de junho a 03 de julho de 2013 – Bonito/ MS
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Conservar espécies ou ecossistemas
Pesquisa
Educação ambiental
Turismo
Conservar recursos hídricos
Conservar beleza cênica
Promover atividades de capacitação
Proteger recursos culturais
0
2
4
6
Primário
8
10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34
Secundário
Figura 01. Objetivos de manejo primários e secundários das RPPNs do MS
Pellin e Ranieri (2009), buscando entender as motivações que levaram à criação
das RPPNs do MS, identificaram que uma das principais foi à conservação de
espécies e ecossistemas, sendo citada em 79% dos casos. Apesar disso, as
motivações econômicas também tiveram destaque, citadas por 55% dos
entrevistados, mesmo que associadas à conservação ou satisfação pessoal.
Motivações relacionadas à realização de turismo foram citadas, mas de forma não
exclusiva, e por apenas 12% dos entrevistados (PELLIN; RANIERI, 2009). Números
maiores do que os observados por Paraíso et al. (2007), onde somente 2,3% das 42
RPPNs citaram o turismo como uma motivação para sua criação.
Comparando-se as motivações e os atuais objetivos de gestão dessas áreas,
nota-se que apesar do turismo ser pouco citado como uma motivação para a
criação das RPPNs no estado, muitos proprietários tem interesse em realizar
atividades de uso público, seja educação ambiental ou o turismo ecológico ou
recreativo.
No entanto, apesar do grande número de proprietários com interesse em
desenvolver atividades de uso público nas RPPNs do MS, os usos atuais destas
áreas refletem uma realidade bem diferente, deixando claro que, em muitos casos,
não existe uma relação direta entre os objetivos declarados e as ações concretas de
gestão.
A pesquisa científica, objetivo de todas as RPPNs pesquisadas, ocorre em
apenas 62% dos casos; o turismo, citado como objetivo por 56%,ocorre em 24 %
dos casos; e a educação ambiental, citada como objetivo por 59%, ocorre em
apenas 15% das RPPNs. É importante ressaltar que esses números não significam
que essas atividades estavam ocorrendo no momento das entrevistas, mas que já
ocorreram desde o reconhecimento das UCs. Vale destacar, ainda, que muitas
RPPNs (38,23%) só apresentam ações relacionadas à sua proteção.
Das RPPNs que desenvolvem turismo, duas estavam com as atividades
suspensas na época das entrevistas: a RPPN Fazenda Rio Negro e a RPPN Fazenda
III CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE
30 de junho a 03 de julho de 2013 – Bonito/ MS
197
da Barra. Das seis restantes, duas concentravam as atividades fora da RPPN,
utilizando-a apenas eventualmente: RPPN Caiman (Refúgio Ecológico Caiman) e
Santa Sophia. Assim, apenas quatro RPPNs em todo o estado desenvolviam
atividades turísticas em seu interior com regularidade, são elas: a RPPN da UFMS,
que apresenta parte de sua área aberta para visitação pela comunidade do entorno
e alunos, possui trilhas e um lago bastante visitado para passeios e piquenique. As
RPPNs Cabeceira do Prata (Rio da Prata Recanto Ecológico) e São Geraldo (Rio
Sucuri), que chegam a receber mais de 20.000 visitantes anualmente cada uma, e
oferecem atividades de flutuação em rios, caminhadas por trilhas, cavalgadas,
entre outras; e a RPPN Buraco das Araras recebe até 7.000 visitantes anualmente
que visitam a área, principalmente, para caminhar por trilhas e contemplar o seu
principal atrativo, uma dolina que serve de refúgio e dormitório para centenas de
araras (Figura 02).As três últimas estão localizadas na região da Serra da
Bodoquena, um consolidado destino ecoturístico do país.
A
B
C
D
Figura 02. A. Vista da RPPN da UFMS, Campo Grande; B. Flutuação na RPPN São
Geraldo, Bonito; C. Flutuação na RPPN Cabeceira do Prata, Jardim e; D. Vista da
RPPN Buraco das Araras, Jardim.
Nota-se que o número de RPPNs abertas à visitação no MS é extremamente
baixo, principalmente considerando o potencial que essas áreas apresentam para
uso público, grande parte encontrando-se em muito bom estado de conservação e
resguardando belezas cênicas e outros atributos que poderiam ser explorados em
atividades de educação ambiental. Um resultado similar foi encontrado em Minas
Gerais, onde apenas 4 RPPNs de uma amostra de 42 desenvolviam turismo
(PARAÍSO et al., 2007). Já no Paraná, Cegana e Takahashi (2005) encontraram
números um pouco maiores com 30% das 66 RPPNs do estado se dedicando a
atividade. Os resultados de Rudzewicz (2011) confirmam que realmente o número
de RPPNs que desenvolve turismo no país é muito baixo, com apenas 41 áreas
dentro de um universo de 700 dedicando-se a atividade no ano de 2006.
III CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE
30 de junho a 03 de julho de 2013 – Bonito/ MS
198
Esses resultados podem ser comparados, ainda, aos encontrados por
Alderman (1994) que estudou 48 reservas privadas da América Latina e África;
por Langholz (1996) que estudou 22 reservas privadas também na América Latina
e África; e por Mesquita (1999), que analisou 118 reservas da América Latina
(Tabela 01). Os números apresentados pelos estudos demonstram que o
percentual de reservas que contam com visitação na América Latina e África é bem
maior do que o apresentado pelos estudos realizados exclusivamente no Brasil.
Tabela 01. Comparação das atividades desenvolvidas nas reservas privadas nos
estudos de Alderman (1994), Langholz (1996), Mesquita (1999) e no presente
estudo. As porcentagens são referentes ao total de reservas que apresentavam a
atividade.
Atividade
Visitação
Agropecuária
Pesquisa
Educação ambiental
Apenas conservação
Alderman
N0
41
13
23
7
-
%
85,4
27,1
47,9
14,6
-
Langholz
N0
13
3
15
19
-
%
59,1
13,6
68,2
86,4
-
Mesquita
N0
70
51
68
71
-
%
59,3
43,2
57,6
60,2
-
MS
N0
8
21
5
13
%
24
0
62
15
38
Já com relação à educação ambiental, as RPPNs do Mato Grosso do Sul
obtiveram um resultado semelhante ao de Alderman (1994), mas ambos estão
muito abaixo aos encontrados por Mesquita (1999) e Langholz (1996), e mesmo
aos obtidos por Cegana e Takahashi (2005), que identificaram ações de educação
ambiental em 50% das RPPNs do Paraná.
O levantamento das infraestruturas no interior das RPPNs revelou que,
quando existem, são geralmente simples, e de apoio ao turismo e pesquisa, como
trilhas em 21% dos casos e decks, em 12%. Estruturas mais elaboradas como
receptivos (21%), pousadas/alojamentos (26%) e centro de educação ambiental
(3%) estão localizadas fora dos limites das RPPNs, mas servem de apoio a estas.
Mas, se já existe certo grau de motivação na maioria dos proprietários para
o desenvolvimento de turismo e educação ambiental, o que é comprovado pelos
objetivos primários ou secundários expostos pelos entrevistados, o que falta para
que mais RPPNs desenvolvam essas atividades?
Em parte, isso é respondido pela avaliação geral do manejo dessas áreas,
realizado por Pellin (2010), que demonstrou que existem algumas deficiências no
planejamento e na implementação destas UCs, que dificultam o alcance dos
objetivos dessas áreas. Outro aspecto relevante, e que tem influência sobre o
primeiro, é o perfil dos proprietários de RPPNs no estado que, segundo Pellin
(2010), é composto predominantemente por pessoas físicas (61%), com muitos
deles se dedicando a outras atividades nas propriedades que possuem RPPNs,
sendo elas: a pecuária (64%), a agricultura (11%) e o turismo (8%).
III CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE
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199
Desta forma, é preciso considerar que os proprietários de RPPNs do estado,
em sua maioria, são proprietários rurais, e não possuem vasto conhecimento sobre
gestão de áreas protegidas ou de uso público. Apesar do desejo de desenvolver a
atividade, apresentado por vários, existem dificuldades na identificação dos reais
potenciais de uso público dessas UCs e no delineamento de estratégias claras para
implementação de projetos dessa natureza.
Ao analisar 14 RPPNs que desenvolvem turismo no Brasil, Rudzewics
(2011) notou que é comum, entre elas, a busca por cooperação com o setor público
para planejar e implementar o turismo ou para capacitação. A autora também
percebeu que as reservas com maior fluxos de visitantes estão próximas de
importantes destinos turísticos, contando com facilidades de acesso e
infraestrutura, o que as tornam um complemento à oferta turística regional,
aspecto que também foi observado no MS, onde as RPPNs localizadas na região da
Serra da Bodoquena apresentam maiores facilidades para implementação do
turismo.
Os benefícios associados à existência de bons programas de uso público,
sejam em áreas públicas ou privadas, são inúmeros. No caso do MS, a existência de
programas de uso público de qualidade em RPPNs traria benefícios ainda maiores,
visto que o estado não conta com uma grande rede de UCs públicas preparadas
para receber visitantes. Adicionalmente, estes programas poderiam servir como
fonte de renda para a UC, auxiliando na sua proteção e manejo, contribuindo,
assim, para a sua sustentabilidade financeira. Isso seria bastante relevante,
considerando que 91% destas áreas são mantidas com recursos particulares dos
seus proprietários (PELLIN, 2010). No entanto, o estabelecimento desses
programas exige o reconhecimento, por parte dos proprietários, dos potenciais de
uso público dessas áreas e dos benefícios que serão gerados por essas ações, o que
necessita de um trabalho de esclarecimento e sensibilização junto a este grupo.
A capacitação de muitos proprietários de RPPNs do estado em temas
relacionados à gestão de RPPNs e, especificamente, em questões relacionadas ao
uso público também seria bastante desejável, bem como um programa de
assistência técnica que os apoiasse em fases iniciais de implantação da atividade.
Estes proprietários também precisam estar preparados para realizar
investimentos em diagnóstico, planejamento, implantação de infraestrutura, ações
de capacitação, etc. voltados para uso público nessas UCs, fundamental para
minimizar os riscos, analisar os impactos e potencializar os benefícios esperados
pela atividade.
Agradecimentos
O presente trabalho foi realizado com apoio do CNPq, Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico – Brasil.
Referências bibliográficas
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201
USO PÚBLICO NA RESERVA BIOLÓGICA Estadual DA Praia do Sul
ILHA GRANDE/RJ58
DEISE CRISTINA LEAL CORREA DE SÁ E BENEVIDES1
Abstract
The National System of Conservation Units (SNUG, 2000) is clear when
determining the objectives of each category of conservation unit, and biological
reserves the more restrictive category, belonging to the group of full protection.
The State Biological Reserve of South Beach (BRSB), located on the Big Island, in
the municipality of Angra dos Reis, State of Rio de Janeiro was established in 1981
by Executive Order 4.972 of the reservation population inhabits caiçara
Adventurer for over 200 years. This population was maintained throughout these
years through agriculture, hunting and fishing for subsistence, but in the last 30
years the production scenario has changed and tourism has become the main
source of income of this community.
Palavras-chave: unidades de conservação, população tradicional e turismo.
Keywords: protected areas, traditional population and tourism.
Introdução
A praia do Aventureiro se encontra na vertente sul da Ilha Grande - Angra
dos Reis / Rio de Janeiro, com 800 m de extensão e abriga 43 casas com 85
moradores. A população lá existente provavelmente é descendente da antiga
capitania hereditária que correspondia a aquela faixa de terra, por volta do ano de
1600. Fazendas foram se instalando na Ilha Grande, os escravos abriram caminhos
na floresta densa e em seguida construíram enormes fazendas utilizando pedra,
areia e gordura de baleia, estruturas muito resistentes que ainda guardam parte da
história em ruínas. No local habitavam índios e estudos feitos pelo Museu Nacional
comprovaram a presença de tribos indígenas há 3000 anos, devido a presença de
sambaquis e amolares feitos nas rochas.
A miscigenação entre índios tupinambás, escravos e colonizadores, deu
origem a uma das vilas de pescadores caiçaras mais antigas do estado do Rio de
Janeiro, o povo do Aventureiro (VILAÇA, et al 2006).
Esses caiçaras até os anos de 1990 aproximadamente viviam da mesma
forma de seus antepassados, praticando agricultura de subsistência, pesca
artesanal, caça, criação de animais domésticos. Iam ao continente em canoas de
remo e levavam cerca de 9 horas no percurso até Angra dos Reis.
Entre as décadas de 1970 e 1980 foram criadas a maioria das unidades de
58
Bióloga pela UFRJ e especialista em gestão de áreas naturais públicas. Trabalhou na gestão da Reserva
Biológica Estadual da Praia do Sul e do Parque Estadual Marinho do Aventureiro. Atualmente está como
consultora para gestão de UC públicas e privadas, com ênfase no uso público.
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conservação do País, por consequência da Revolução Industrial, que estimulou
muita devastação nas matas brasileiras. Tal justificativa era tão coerente que a
comunidade presente na praia do Aventureiro não era motivo suficiente para que
uma reserva biológica não fosse criada sobreposta à vila de pescadores. A criação
da RBPS instituída pelo Decreto Estadual 4.972 (1981) não teve considerações
mínimas ao impor para os caiçaras que as terras utilizadas há 400 anos nos
cultivos de subsistência das famílias, extração de madeira para construção de casas
e canoas, seriam de tutela do Órgão Estadual e não poderia mais ser tratadas
daquela forma e foi determinada a restrição total ao uso da terra.
Em 1994 com a implosão do Instituto Penal Cândido Mendes, o turismo
começou a se intensificar na Ilha Grande e se tornou a melhor alternativa para a
população da praia do Aventureiro que desde a criação da reserva tiveram suas
atividades sustentáveis consideradas ilegais (COSTA, 2004) e sobreviveram graças
às atividades pesqueiras (na quais homens embarcam em traineiras durante meses
e navegavam pela costa brasileira na busca de pescado).
Os quintais das casas que serviam para a criação de animais e secagem de
grãos se tornaram área de camping. Como as pessoas da praia do Aventureiro, em
sua maioria, possuem baixo nível de escolaridade, pouco valor em dinheiro era o
suficiente para os turistas passarem suas férias, no paraíso ecológico que é a
enorme enseada onde se encontra a praia do Aventureiro.
Com o passar dos anos, as atividades agrícolas foram reduzidas e a floresta
tomou o lugar das antigas roças, o turismo de camping mesmo considerado de
baixa renda, proporcionou aos moradores melhor qualidade de vida,
possibilitando a aquisição de embarcações com motor, geradores de luz elétrica,
televisões, móveis e aplicações de benfeitorias em suas casas, como a substituição
do telhado de sapê por telhas, revestimento de cimento das casas feitas de barro e
madeira, construção de banheiros (que não eram utilizados), saúde e inúmeras
melhorias que os fizeram sentir cidadãos mais dignos e conscientes.
O turismo na praia do Aventureiro foi crescendo e nos anos de 1998 a 2005,
aconteceu o que se pode chamar de explosão demográfica, causada pelo turismo
durante os verões, gerando insuficiência no abastecimento rústico de água,
extravazamento das fossas, aparecimento de “línguas negras” na areia da praia
(esgoto a céu aberto), acúmulo de lixo, acampamentos irregulares (fora dos
quintais) e v|rios problemas gerados pelo turismo “insustent|vel”.
Em 2006 essa situação acarretou numa ação governamental de âmbito
conservacionista, proibindo o acesso de turistas à praia do Aventureiro. O fato
gerou comoção geral da população, que há 30 anos sofria por ser enquadrada
dentro da ilegalidade, habitando numa reserva biológica e após a proibição da
exploração das atividades turísticas se sentiram altamente lesados e impedidos de
gerar o sustento de suas famílias.
O presente artigo tem como proposta central demonstrar como a população
caiçara do Aventureiro conseguiu administrar e controlar o fluxo de turistas.
Baseado num plano de carga e respaldado judicialmente por um Termo de
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Compromisso.
Métodos
Em vista do histórico da RBPS, que não possui Plano de Manejo, nem
Conselho Consultivo, a comunidade do Aventureiro instruída por consultorias,
fortaleceu a Associação de Moradores do Aventureiro (AMA), que buscou o apoio
do Ministério Público Estadual. Passando a ter um importante papel institucional
de negociações com o poder público.
A metodologia para a defesa da continuidade da exploração das atividades
turísticas foi desenvolver um plano de carga para o local, computando a
quantidade de fossas, banheiros, área dos campings (quintais) e casas de veraneio.
Levantamentos socioambientais da população foram redigidos e
apresentados ao MP, demonstrando traços culturais, as fortes interações da
comunidade com o meio ambiente e a capacidade de sustentabilidade relacionada
ao ecoturismo.
Foram feitos cálculos para descobrir a capacidade de cada um dos 18
campings, levando em conta o número de chuveiros e vasos sanitários (banheiro)
disponíveis e a extensão da faixa de areia:
-Calculando o máximo de 15 pessoas por banheiro;
-Dividindo o comprimento de 800m de extensão da praia por 1,8m de área por
indivíduo;
-Calculando a média aritmética dos dois valores supracitados;
-Somando ao contingente de moradores;
Posteriormente, baseados nos levantamentos e na capacidade de carga, foi
construído um molde turístico com logística adequada, objetivando o controle do
fluxo de pessoas ao local e o cadastro de cada turista.
O apoio da infraestrutura da Fundação de Turismo de Angra dos Reis
(TURISANGRA) foi e vem sendo fundamental na disponibilização da Central de
Informações Turísticas de Angra dos Reis para a realização do pré-cadastro do
visitante, na impressão de valchers e informativos e na confecção de pulseiras
plásticas.
Os valchers são preenchidos em duas etapas, a primeira em Angra dos Reis,
na Central de Informações Turísticas de Angra dos Reis, onde apenas o nome, os
números de identificação pessoal (RG, CPF) e data de chegada serão preenchidos.
As pulseiras são entregues no ato do cadastro, pelos funcionários da
TURISANGRA e da AMA, desta forma identificando o turista cadastrado no sistema.
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A segunda etapa será feita na Central de Recepção ao Turista na praia do
Aventureiro, após a chegada, onde as lacunas sobre qual a hospedagem e o tempo
de permanência serão preenchidas por funcionários da AMA, que também realizam
a função de receber os turistas, os encaminhar aos campings, realizando a
cobrança de diárias com preços tabelados e distribuindo a renda entre os donos
dos campings.
Da receita gerada com as diárias de campings, quartos e casas de aluguel,
taxas de não menos que 20% de cada diária são transferidas para a AMA, a fim de
realizar o pagamento dos agentes envolvidos e patrocinar ações de conservação e
de melhorias no local.
Resultados e discussão
Entre os anos de 2000 e 2006, o conflito a respeito do uso do território da
praia do Aventureiro passou para o campo jurídico, culminando com a proibição
total dos campings no local. A partir daí, a AMA passa a ter um importante papel
nas negociações com o poder público. O Ministério Público Estadual instaura um
inquérito civil público em 2006 (INQUÉRITO CIVIL nº 581/06) demandando a
permanência da população na praia do Aventureiro e a recategorização da RBPS
em outra tipologia de unidade de conservação compatível com a presença dos
moradores. As identidades atribuídas como “tradicional” e “caiçara”, dessa vez são
utilizadas na defesa dos moradores, se observarmos as atas de reunião do
Ministério Público Estadual, em que estas identidades são amplamente utilizadas
na defesa da permanência dos moradores, retificando, portanto e constituindo um
vocabulário comum para as negociações (COSTA, 2004).
A entrada do MP se insere também na dinâmica tutelar, como podemos
observar, nos próprios termos de fundamentação do inquérito em que o Ministério
Público assume o papel de mediador autorizado e legítimo para tutelar os
interesses dos moradores, que s~o definidos como “comunidade caiçara”. Após a
instauração do Inquérito Civil, com finalidade de tutelar os direitos da comunidade
caiçara da praia do Aventureiro, haja vista a existência de processo de desafetação
da praia do Aventureiro dos limites da RBPS, bem como para, ao mesmo tempo,
fazer o Poder Público instituir outra unidade de conservação, na mesma área, com
a finalidade de garantir a permanência da comunidade no local, que
tradicionalmente habitam e dessa forma garantir meios para a subsistência da
comunidade através do desenvolvimento sustentável com a preservação do meio
ambiente (COSTA, 2004).
Os resultados gerados dos cálculos da capacidade de carga são: de acordo
com a quantidade de banheiros o número é de 495 pessoas, de acordo com o
cálculo de distribuição no comprimento da praia o número é de 445 pessoas, o
cálculo da média aritmética dos valores supracitados, o número é de 470 pessoas,
somando com a quantidade de moradores (85), a capacidade de carga é de 560 ao
dia. Esses resultados se mostraram ideais ao longo de sete anos de funcionamento,
n~o sendo mais observadas as “línguas negras”, nem o transbordamento de fossas.
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Conforme Costa (et al, 2009) três elementos diferenciam o turismo do
Aventureiro das demais praias da ilha: a inexistência da intensa especulação
imobili|ria; o perfil do turista, os “mochileiros”, o que n~o demanda grandes
investimentos nos empreendimentos turísticos; e o turismo, caracterizado como
de base comunitária, pois sua gestão se concentra nas mãos da própria população
local, se caracterizando por um trabalho de base familiar. O público frequentador
mudou muito a partir da organização do turismo no Aventureiro, concentrando
mais renda. Conforme Wunder (2006, p. 171) não há dúvidas que a renda com o
turismo tenha tido “um impacto revolucion|rio na economia local”.
O controle do fluxo de turistas continua ocorrendo, com atuação
preferencial nos feriados e no verão, isso ocorre provavelmente pelo motivo do
difícil acesso, uma viagem de aproximadamente 100 km no mar, em que muitas
vezes não é possível a navegação, devido a grande instabilidade marinha daquela
região.
Atualmente está em tramitação na Assembléia Legislativa do Estado do Rio
de Janeiro o projeto de lei que propõe a criação de uma Reserva de
Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Aventureiro, englobando 3% da área
original da RBPS. Essa possibilidade de um novo modelo de gestão do território
com a criação da RDS, categoria que, conforme disposto no SNUC (BRASIL, 2000),
deve ser gerida por um conselho deliberativo composto pelo órgão responsável
por sua administração, além dos representantes de órgãos públicos, sociedade civil
e das populações residentes na área. A partir de então, o turismo passaria a ser
considerado como atividade “legal”, com as regras criadas pelo conselho o que
representaria novas possibilidades.
As novas possibilidades que surgem com a RDS do Aventureiro podem ser
equacionadas com a legalidade do ecoturismo e sua diversidade e qualificação; a
possibilidade de novas alternativas produtivas e econômicas; o fortalecimento
comunitário motivado pela gestão do território; a manutenção dos moradores e
das gerações futuras no local; e apropriação da cadeia produtiva ligada ao turismo
ou alternativas econômicas. Ou seja, depois de tantos anos sob a tutela do Estado,
vivendo com a impossibilidade de pescar, plantar e explorar o turismo, vivendo
muitas vezes na “ilegalidade” e sob severas condições de vida (sem energia
elétrica, esgoto, comunicação e transporte), atualmente está sendo descortinada,
através da formação do conselho deliberativo, a possibilidade de inserção destes
moradores no processo de decisão da comunidade, um sistema de emancipação
social onde a própria comunidade tem condições de decidir em conjunto o seu
futuro.
A atividade turística no Aventureiro pode ser considerada como um
instrumento de viabilização econômica da área protegida, que possibilita a
arrecadação de recursos para investimentos em sua conservação, bem como de
conscientização ambiental de comunidades locais e de turistas que as visitam. Para
que possa, no entanto, cumprir este papel, o turismo precisa ser organizado,
demandando um estudo detalhado da área, o estabelecimento de um zoneamento
definindo a vocação de cada espaço, delimitando onde devem ser concentrados os
impactos e onde devem ser dispersados, proporcionando a instalação de
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infraestruturas adequadas e a capacitação de recursos humanos. Aliás, um aspecto
importante das premissas do ecoturismo é o envolvimento destas comunidades
nos ganhos da atividade. O planejamento das áreas deve também contar com a sua
participação e levar em consideração o respeito pela cultura local.
Referências biblográficas
VILAÇA, A.; MAIA, A. de A. O povo do Aventureiro In: PRADO, R. (org.). Ilha Grande:
do sambaqui ao turismo. Rio de Janeiro: Garamond/EDUERJ, 2006. p. 59-104.
WUNDER, S.. Modelos de Turismo, florestas e rendas locais. In: PRADO, R. (org.).
Ilha Grande: do sambaqui ao turismo. Rio de Janeiro: Garamond/EDUERJ, 2006. p.
133-190.
RIO DE JANEIRO. Decreto Estadual nº 4.972/81. Cria a Reserva Biológica Estadual
da
Praia
do
Sul.
Disponível
em:
<http://www.inea.rj.gov.br/legislacao/docs/4972.doc >. Acesso em: 21 set. 2010.
PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE TUTELA COLETIVA - NÚCLEO ANGRA DOS REIS. De
29 de agosto de 2006. Angra dos Reis, Rio de Janeiro, 29 ago. 2006.
BRASIL. 2000. Lei N º. 9.985, de 18 de julho de 2000, institui o Sistema Nacional de
Unidades de Conservação.
COSTA, Gustavo Villela Lima. A população do Aventureiro e a Reserva Biológica
Estadual da Praia do Sul: conflitos e disputas sob tutela ambiental. Dissertação de
mestrado: Rio de Janeiro: UFRRJ/Museu Nacional/Programa de Pós-graduação em
Antropologia Social, 2004.
COSTA, Gustavo V. L. da; CATÃO, Helena.; PRADO, Roane M. Praia do Aventureiro:
um caso sui generis de gestão local do turismo In: BARTHOLO, Roberto; SANSOLO,
Davis G.; BURSZTYN, Ivan (orgs). Turismo de base comunitária: diversidade de
olhares e experiências brasileiras– Rio de Janeiro: Letra e Imagem, 2009. p. 177197.
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COMITÊ TÉCNICO CIENTÍFICO
M. Sc. Alexandre Lorenzetto – Instituto Terra de Preservação Ambiental - RJ
M. Sc. Aline Patrícia Henz - Faculdade Estadual de Ciências Econômicas de
Apucarana – FECEA/PR
Esp. Ana Carolina Seixas Nascimento – Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso
do Sul - IMASUL
Dr. André Luiz Pinto - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS
Dr. André Marcondes Andrade Toledo - Universidade Federal de Mato Grosso UFMT
Drª Caroline Pauletto Spanhol - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul UFMS
Dr. Claudio Alexandre Souza - Universidade Estadual do Oeste do Paraná –
UNIOESTE
Dr. Domingos Sávio Barbosa - Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT
Drª Edima Aranha Silva - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS
Dr. Edvaldo Cesar Moretti - Universidade Federal da Grande Dourados - UFGD
M. Sc. Elaine Aparecida C. dos Anjos - Universidade Católica Dom Bosco - UCDB
M. Sc. Fábio Orlando Eichenberg - Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul UEMS
M. Sc. Fátima A. Sonoda - Secretaria de Estado do Desenvolvimento do Turismo de
Mato Grosso- SEDTUR
M. Sc. Fernando Protti Bueno– Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita
Filho” - UNESP
M. Sc. Flávia Neri de Moura - Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul IMASUL
Drª Gislaine de Fátima Filla – Instituto Federal do Paraná
Drª Glaucia Helena Fernandes Seixas – Fundação Neotrópica do Brasil
Dr. José Sabino - Universidade Anhanguera – Uniderp - MS
M. Sc. Kwok Chiu Cheung – Universidade Católica Dom Bosco - UCDB
Drª Kátia Curi - Universidade Estadual Paulista – UNESP
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M. Sc. Marja Zattoni Milano – Fundação Neotrópica do Brasil
Drª Maria Ines Pagani - Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”UNESP
M. Sc. Maria Silvia Peixoto Gervásio - Verde Ambiental Consultoria e Projetos Ltda
Drª Neiva Maria Robaldo Guedes - Universidade Anhanguera Uniderp e Instituto
Arara Azul
Dr. Normandes Matos da Silva - Universidade Federal de Mato GrossoNoslin de
Paula Almeida – UFMT
Dr. Noslin de Paula Almeida – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS
M. Sc. Patricia Cristina Statella Martins - Universidade Estadual de Mato Grosso do
Sul - UEMS
Dr. Paulino Barroso Medina Júnior - Universidade Federal da Grande Dourados UFGD
Dr. Paulo dos Santos Pires – Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI
M. Sc. Priscila Varges da Silva - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS
Dr. Sandro Menezes Silva - Universidade Federal da Grande Dourados - UFGD
Drª Teresa Cristina Magro - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz Universidade de São Paulo
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TRABALHOS PREMIADOS COM MENÇÃO HONROSA
CAMA E CAFÉ MULHERES DE PEDRA: UMA PROPOSTA PARA DESENVOLVIMENTO
DE TURISMO DE BASE LOCAL
LEANDRO DE ARAÚJO DIAS E STELLA MAGALY DE ANDRADE SOUSA
O PAPEL DO TURISMO DE CONSERVAÇÃO NA CONSTRUÇÃO DE NOVOS VALORES
AMBIENTAIS EM PROJETOS DE PESQUISA
OLDEMAR CARVALHO JUNIOR, ANDERSON SOUZA, ALESANDRA BEZ-BIROLO E
GABRIELA GALASTRI
TRILHA TRANSCARIOCA
CAMILA LINHARES DE REZENDE, PEDRO DE CASTRO DA CUNHA E MENEZES,
CELSO JUNIUS SANTOS, ALEXANDRE MARAU PEDROSO, ERNESTO VIVEIROS DE
CASTRO E CLAUDIA MAGNANINI
COMISSÃO AVALIADORA DOS TRABALHOS
Dr. Afrânio José Soreano Soares – Univerdidade Estadual de Mato Grosso do Sul UEMS
M. Sc. Flávia Neri de Moura - Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul IMASUL
Dr. Paulino Barroso Medina Júnior - Universidade Federal da Grande Dourados –
UFGD
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6. Moções aprovadas pela plenária
No encerramento do III Congresso seis moções foram aprovadas pela
plenária seis moções, as quais serão encaminhadas aos órgãos competentes. São
elas:
6.1
SOLICITAMOS QUE SEJA ENCAMINHADA PARA AS AUTORIDADES
COMPETENTES A SEGUINTE MOÇÃO RESULTANTE DO III CONATUS –
CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE:
Moção contra a resolução CONAMA N °457, DE 25 DE JUNHO DE 2013
que permite a junta doméstica de animais silvestres.
Os participantes do III Conatus repudiam veemente esta resolução por
desobrigar o Estado de uma função sobre a qual tem toda a responsabilidade
civil e ética, e que claramente incentiva o tráfico e aprisionamento de animais
silvestres.
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6.2
SOLICITAMOS QUE SEJA ENCAMINHADA PARA AS AUTORIDADES
COMPETENTES A SEGUINTE MOÇÃO RESULTANTE DO III CONATUS –
CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE:
Nós, participantes do III CONATUS, solicitamos ao ICMBio, Governo
Estadual e Municipal, que integrem esforços para urgente destinação de
recursos para reforçar a proteção e implantação de pelo menos quatro circuitos
de uso publico no Parque Nacional da Serra da Bodoquena, contemplando o
transporte publico e a visitação de cavernas, cachoeiras, trilhas e mirantes,
buscando parcerias com as comunidades locais, seja junto ao trade turístico de
Bonito, seja junto às comunidades tradicionais do entorno, buscando sempre a
valorização da historia e integração com a cultura local.
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6.3
SOLICITAMOS QUE SEJA ENCAMINHADA PARA AS AUTORIDADES
COMPETENTES A SEGUINTE MOÇÃO RESULTANTE DO III CONATUS –
CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE:
A Estrada Boiadeira é um lugar lindo que possui uma grande
relevância histórica para o município de Bonito-MS. Utilizada para o transporte
de pessoas desde muito tempo, local onde se pode observar uma amostra
significativa da biodiversidade da região. Reivindicamos que a Estrada
Boiadeira seja revitalizada, sinalizada para o uso público e tombada como
patrimônio histórico municipal.
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6.4
SOLICITAMOS QUE SEJA ENCAMINHADA PARA AS AUTORIDADES
COMPETENTES A SEGUINTE MOÇÃO RESULTANTE DO III CONATUS –
CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE:
Diante do exposto no III Conatus sobre o avanço da soja no entorno do
Parque Nacional da Serra da Bodoquena e Pantanal, solicitamos que sejam
realizados e apresentados, pela SEMA/MS, os estudos e resultados da avaliação
de impacto ambiental causado pela produção de soja na região de Bonito,
Bodoquena, Miranda e Pantanal, bem como os respectivos licenciamentos
emitidos e condicionantes, em audiência publica.
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6.5
SOLICITAMOS QUE SEJA ENCAMINHADA PARA AS AUTORIDADES
COMPETENTES A SEGUINTE MOÇÃO RESULTANTE DO III CONATUS –
CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE.
Reivindicamos a adoção de medidas de prevenção de atropelamentos
de animais silvestres nas rodovias que ligam Bonito, Campo Grande,
Bodoquena e o Pantanal: BR 060, BR 262, MS 383, MS 178 e MS 339.
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6.6
SOLICITAMOS QUE SEJA ENCAMINHADA PARA AS AUTORIDADES
COMPETENTES A SEGUINTE MOÇÃO RESULTANTE DO III CONATUS –
CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE:
Solicitamos a abertura do circuito de mergulho em cavernas do
Parque Nacional da Serra da Bodoquena. Com isso o parque será pioneiro da
atividade no País, vai abrir a visitação solidificando o próprio parque,
promoverá a preservação e estudo, gerando receitas e conhecimento. O
município receberá um incremento de visitação nacional e internacional. E o
mergulhador de cavernas brasileiras poderá finalmente conhecer as cavidades
do País.
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