Malas perdidas da British Airways espelham caos na aviação mundial
Transcrição
Malas perdidas da British Airways espelham caos na aviação mundial
Malas perdidas da British Airways espelham caos na aviação mundial Scott McCartney The Wall Street Journal 22 de agosto de 2007 Os problemas da aviação mundial podem ser vistos claramente na mofada de bagagem de Ned Soltz. Em 29 de junho, sua mala foi perdida pela British Airways PLC no Aeroporto Heathrow de Londres, quando ele rumava para Israel. Soltz, um rabino e videomaker americano de Arlington, no Texas, diz que a British Airways costumava não atender a chamadas nos números de seu escritório de bagagem ou responder a e-mails. Quando a mala foi finalmente entregue pela FedEX em 1º de agosto – 15 dias depois que ele havia voltado de viagem – Soltz diz que ela estava tão mlatratada que havia mofo nas roupas e em seu equipamento audiovisual. “Foi um estresse tremendo porque eles simplesmente não ajudavam.” A British Airways tem representado um pesadelo de bagagens para os viajantes desde o Natal do ano passado. Dezenas de milhares de malas se acumularam em Heathrow em vários momentos do atual verão no Hemisfério Norte. A British, segunda maior companhia aérea do mundo em tráfego de passageiros, perdeu 28 malas por 1.000 passageiros no segundo trimestre deste ano. No total, ela perdeu as malas de mais de 550.000 clientes no primeiro semestre. A empresa informa lamentar experiências como a de Soltz e garante que sua operação de bagagens está voltando ao “normal”, mas que ainda é suscetível a panes em Heathrow quando há atrasos de vôos. As raízes dos problemas com bagagem da British Airways revelam muito sobre a situação de desordem na aviação mundial hoje. Há trocas de acusações entre vários grupos responsáveis pelas operações, além de falta de pessoal, equipamento antiquado, aviões lotados, problemas de segurança e cronogramas de vôos com pouca margem de manobra. Assim como os atrasos em aeroportos, o “overbooking” que deixa passageiros fora de vôos lotados e outros problemas como viagens de aviação mundo afora, o sistema de bagagens da British mostra como as companhias aéreas tornaram as operações tão enxutas e passaram a ocupar tanto a infra-estrutura disponível que os problemas crescem exponencialmente para os passageiros. Muitos dos problemas não devem ser amenizados até que a British mude para um novo terminal em Heathrow, em março, ou que o governo britânico relaxe sua rígida restrição de segurança, que permite apenas uma bagagem demão, adotada depois da alegada tentativa de uso de bombas líquidas descoberta em 2006 e responsável por um grande aumento no volume de bagagem despachada. Alguns problemas da British Airways emanam do próprio aeroporto. A Associação de Companhias Aéreas diz que o sistema de bagagem de Heathrow falhou fisicamente dez vezes entre maio e junho, incluindo quedas de energia e panes num túnel de esteiras que transportam as malas entre os prédios da British – o Terminal 1 e o Terminal 4. A dona e operadora de Heathrow, a BAA Ltd., “está oferecendo níveis constrangedoramente baixos de serviço em tudo, dos tempos de espera na segurança á entrega de bagagem e quase tudo o mais”, disse este mês o diretor-presidente da Associação internacional de Transporte Aéreo, Giovanni Bisignani. A BAA diz que os problemas foram principalmente de responsabilidade das companhias aéreas, não do aeroporto. A BAA, que é controlada pelo Grupo Ferrovial da Espanha, diz que separar as malas para as companhias e entregálas em pontos de distribuição são suas responsabilidades – depois disso, é problema das aéreas. A British Airways diz que o clima tem sido um fator importante – nevoeiro no Natal passado, tempestades nesse verão. Isso acarretou atrasos generalizados de vôos – algo com que o sistema de bagagens da empresa não foi capaz de lidar. Enquanto os passageiros correm para pegar seus vôos de conexão, as malas não movem tão rapidamente, e a British não tem segurado os aviões à espera das malas. A companhia diz que só há espaço suficiente em seu hall de bagagens, onde as malas para vôos específicos são reunidas e de onde são carregadas nos carros de transporte – para o número de vôos programados para cada hora. A companhia não quer que os aviões fiquem parados à espera de malas porque precisa liberar o terminal para outros vôos. E não tem espaço suficiente em seu hall de bagagens para vôos atrasados. David Noyes, o diretor das operações da British Airways em Heathrow, diz que a companhia suplementou o túnel problemático de transporte de malas com vans e caminhões e está prestes a contratar mais 340 carregadores de bagagem. A empresa tem usado aviões de carga para transportar malas atrasadas, e mudou seu cronograma para adicionar 15 minutos aos intervalos mínimos para conexão – agora 90 minutos para conexões em terminais diferentes e 75 no mesmo terminal.