PRODUÇÃO - NFT Alliance
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PRODUÇÃO - NFT Alliance
Farelo de Soja O melhor alimento para seu gado de leite Uberlândia-MG (34) 3218-5294 Rio Verde-GO (64) 3611-1854 Três Lagoas-MS (67) 3509-2514 Primavera do Leste-MT (66) 3495 3518 Barreiras-BA (77) 3611 9503 Ponta Grossa-PR (42) 3219-3089 www.cargill.com.br índice 4 5 Editorial eventos 06 | CIRCUITO FEICORT NFT Giro na Produção Animal 18 | encontro de confinamento scot NUTRIÇÃO DO AMANHã 30 | decisão pela melhor 22 | feiras de cooperativas Gestão 32 | gestão em confinamento estratégia mercado 34 | alta no mercado do leite 36 | mais vacas abatidas em 2011 aqua 38 | qualidade de rações aquáticas extrusadas bovinos de leite 44 | manipulacão da 48 | identificação fermentacão ruminal de lesões de cascos 52 | gordura protEGIDA 56 | BALANÇO DE AMINOÁcidos em rações de vacas leiteiras bovinos de CORTE 60 | USO DE CO64 | atividade anti-helmínica da PRODUTOS NA NUTRIÇÃO DE BOVINOS 70 | a nova revolucão verde na pecuária associação ivermectina 2,25% + ambamectina 1,25% aves 72 | pontos 78 | ninhos importantes no uso de automáticos: tecnologia e qualidade na produção produtos de origem de ovos férteis animal em rações 82 | como 88 | matrizes otimizar a energia pesadas: a influência metabolizável da da nutrição sobre a dieta progénie ingredients 92 | situação dos promotores de crescimento no brasil suínos 96 | interacão entre nutrição e reprodução no macho reprodutor 112 124 Cooperativismo ambiência entrevistacom dirceuzotti 114 Marketing a comunicação no agronegócio Cooperativismo AGRÁRIA-60ANOS DETRADIÇÃONA AGROINDÚSTRIA 127 Notícias dos parceiros relatório de mercado de leite 102 | circovírus suíno tipo 2 118 128 Cooperativismo santa clara uma jovem de 100 anos Notícia dos parceiros MSD APÓIA QUALIDADE DE VIDA 108 | aspectos relacionados ao ambiente 122 Alta Gerência e Empreendedorismo case:biodigestores dacooperativa santaclara 130 agenda NT N˚ 09 I ano 04 I Abril/2012 Expediente A REVISTA NT é uma publicação trimestral da Nutrition for Tomorrow Alliance, distribuída gratuitamente para a cadeia da produção animal. Comitê NFT Alliance: MSD Saúde Animal: Vilson Simon Nutron Alimentos: Celso Mello Serrana Nutrição Animal: Thaís Martins Celso Mello Diretor Presidente da Nutron Alimentos Gestão NFT Alliance: Alessandro Roppa Carolina Tanese Jornalista responsável: Fernanda Mello MTB 41.373/SP Foto da capa e matérias: César Machado - Agrostock Projeto gráfico e diagramação: Produção Coletiva www.producaocoletiva.com.br Boa leitura a todos. Impressão: Silvamarts Tiragem: 15 mil exemplares Contato: [email protected] A revista em formato eletrônico pode ser acessada no site www.nftalliance.com.br Nutrition for Tomorrow Alliance é um projeto desenvolvido e administrado pela Nutron Alimentos que reúne empresas do setor da produção animal, concentrando o melhor capital humano e fornecendo conteúdo técnico para gerar e fortalecer a sustentabilidade dos clientes. A REVISTA NT é uma publicação dirigida a produtores, empresários, técnicos, pesquisadores e colaboradores ligados à cadeia de produção animal. Os artigos assinados não expressam necessariamente a opinião da revista. O conteúdo dos artigos é de responsabilidade dos autores. Não é permitida a reprodução parcial ou total das reportagens e dos artigos publicados sem autorização. 4 NT O começar de um novo ano é sempre uma data importante, pois marca o início de um novo ciclo para tudo e para todos. Neste sentido, com esta 9º edição da revista NT, continuamos nossa missão de ajudar a fortalecer toda a cadeia produtiva do agronegócio brasileiro, em especial nos segmentos de produção de carnes, leite e ovos. Nosso país tem posição de destaque na produção de alimentos mundial, obtida em função do trabalho profissional que todos os elos da cadeia produtiva estão imprimindo nos últimos anos. Não podemos perder o foco. O ano começa com aumento na pressão altista dos custos de produção. A forte estiagem por que está passando a região sul, bem como alguns estados da região central, tem reduzido a expectativa de produção de grãos em geral para a safrinha deste ano. Há também sinais mostrando um menor crescimento do consumo em geral. Neste cenário, a busca por eficiência em qualquer sistema de produção é vital. Como empresas aliadas a NFT, cumpriremos nosso papel nesta jornada. Tivemos também o início do Circuito Feicorte-NFT, que já começa em seu primeiro ano como um grande e importante evento, visto o prestígio que já alcançou nas dois primeiras etapas (Cuiabá e Salvador). Certamente a confirmação definitiva virá nos próximos (Goiânia, Campo Grande e São Paulo). Cumprimentamos duas cooperativas que comemoram datas históricas neste ano: Cooperativa Santa Clara (Carlos Barbosa – RS), que em abril completa 100 anos de existência. Temos também a Cooperativa Agrária Mista (Entre Rios – PR), que este ano completa 60 anos. Nossos parabéns a ambas. Vilson Simon Diretor Presidente da MSD Saúde Animal Fechamos o primeiro trimestre do ano e ele nos prova que muitas coisas boas estão acontecendo. Nesse período, promovemos a convenção de vendas da MSD Saúde Animal, sob o tema “Qualidade de Vida”, apostando em atividades físicas, alimentação balanceada, palestra educativa e orientação de profissionais da área de saúde aos colaboradores. Uma boa qualidade de vida é o que nos garante energia para lutar e vencer. Tivemos o Circuito Feicorte, que já passou pelas cidades de Cuiabá e Salvador, e reuniu mais de 1.500 participantes, que acumulam 12 milhões de cabeças de gado no Centro-Oeste e Nordeste. Goiânia, Campo Grande e São Paulo são as próximas etapas. Outros eventos importantes marcarão o ano de 2012 e neles estaremos presentes para levar a nossa marca ao mercado, em parceria com a NFT Alliance. Agora vamos iniciar o segundo trimestre, que promete ser ainda melhor. A ciência para animais mais saudáveis: é isso que acreditamos e buscamos, assegurando fornecimento sustentável de alimentos de qualidade, protegendo a saúde pública e ajudando os animais de estimação a terem uma vida mais rica e completa. Sabemos que o sucesso e a satisfação da indústria veterinária sempre estiveram ligados ao nosso relacionamento com os animais: são eles que trabalham para nós, nos alimentam, nos confortam e apoiam. Boa leitura! shaping tomorrow’s nutrition GIRO na produção animal “Diante dos altos custos de produção e margens de lucro “apertadas”, a busca pela otimização em todas as áreas do negócio tem se tornado cada vez mais necessário. Por isso os executivos da empresas buscam garantir ganhos de eficiência em todas as etapas da cadeia produtiva e para isso o uso de “ferramentas” robustas que ajudem na tomada de decisão é cada vez mais frequente.” “A América Latina e Ásia serão os grandes motores do crescimento do consumo de carne nos próximos anos. A responsabilidade do Brasil é aumentar em 6,5 milhões de toneladas sua produção, crescendo acima da media mundial. A oportunidade de produzir carne bovina em um mundo de recursos limitados é uma missão para poucos e privilegiados países. E o Brasil é um deles.” Luciano Roppa, da Roppa Consultoria, em palestra no Circuito Feicorte NFT “A pecuária está mais influenciada pelo mercado interno do que externo. Panorama do cenário macroeconômico no mundo e como as perspectivas futures podem atingir o setor em determinadas etapas da produção. ” Cidinei Cesar Miotto - Diretor Comercial da Nutron Alimentos Marcelo Cypriano, economista do Banco Original, em palestra no Circuito Feicorte NFT “A captação formal de leite em 2011 superou a expectativa da maioria dos agentes de mercado. Segundo o IBGE, a captação formal de leite em 2011 foi 3,93% superior a 2010. O preço médio do leite pago ao produtor foi superior aos anos anteriores, isso amenizou o impacto da alta no custo de produção, causado pelo maior preço dos grãos. No último trimestre as chuvas também colaboraram para a formação de pastagens em boa parte do país. E o verão com temperaturas não tão altas e noites mais frescas, amenizou o efeito do estresse calórico, que prejudica a produtividade do rebanho. Esses fatores contribuiram para maior produção de leite e, junto com os preços de leite do primeiro trimestre de 2012, devem impactar positivamente a produção de leite deste ano.” Rogério Isler, Cattle Manager - Brazil da Zinpro Animal Nutrition “Nós nunca vivemos um cenário tão positivo para os próximos 10 anos: o Brasil sediará dois grandes eventos, como a Copa e as Olimpíadas, a economia brasileira aquecida, o consumo mundial crescendo. Nós produtores temos que estar preparados para atender essa demanda. Temos que estar cientes da responsabilidade que isso nos traz.” Tiago Arantes, Gerente de Bovinos de Corte da MSD Saúde Animal NT 5 CIRCUITO FEICORTE NFT 2012 CIRCUITO FEICORTE NFT 2012 Projeto pioneiro da pecuária nacional, o Circuito Feicorte NFT 2012 nasceu de uma parceria entre a NFT Alliance e a Feicorte, maior feira indoor de gado de corte do mundo. Alessando Roppa, gerente de Marketing da NFT, explica que a idéia do circuito surgiu da necessidade de levar conteúdo de relevância para auxiliar a sustentabilidade econômica da pecuária em diversas regiões do Brasil, principal objetivo da aliança. “Não poderíamos pensar em outro parceiro, que não fosse a Feicorte, para levar adiante um desafio tão grande. Os anos de sucesso da feira em São Paulo e toda a experiência dos organizadores foram fundamentais para a realização do Circuito” ressalta, Roppa. O projeto que visa gerar novos negócios dentro do uni- 6 NT verso da bovinocultura, disseminar conhecimento e conteúdo sobre este mercado e dar passos largos em direção a inovação dentro do mercado de carne bovina já passou por Cuiabá, Salvador e Goiânia. Nas três etapas realizadas, o Circuito Feicorte NFT já reuniu cerca de 3 mil participantes, ligados a cadeia produtiva da carne, que representam cerca de15 milhões de cabeças de gado. Sob o formato de feira de negócios, com workshops para discussões dos principais temas relativos ao mercado,o Circuito Feicorte NFT 2012 vem reunindo em cada região produtores, técnicos, empresários e pessoas ligadas a este segmento, promovendo relacionamento e integraçãoentre os participantes, palestrantes e expositores e oportunidades de negócios. Maior feira de gado de corte indoor do mundo sai de São Paulo e leva conhecimento, tecnologia e muito mais as principais regiões produtoras do Brasil “Criamos uma feira de negócios, em que 30 estandes (a cada evento) permitem a exposição de produtos e serviços e o relacionamento com clientes e prospecções nas regiões onde se concentram a produção de bovinos de corte no Brasil”, explica Carla Tuccilio, gerente do Agrocentro – que realiza a Feicorte. Esse relacionamento é bastante valorizado por produtores e empresas parceiras. Tiago Arantes, gerente de bovinos de corte da MSD Animal, ressalta que “além de gerar conhecimento, nós temos também a responsabilidade de difundi-lo. Temos que estar perto do pecuarista nas regiões produtoras e a idéia do Circuito vem de encontro a isso.” Para o pecuarista baiano, Paulo Sérgio, “a importância desse relacionamento é que quando o produtor tem contato com a tecnologia ele passa a ser multiplicador, levando informações para os demais estados do Nordeste.” Outro fator de destaque é a adaptação do conteúdo do workshop a cada região durante o espaço reginal. Em Cuiabá, o Circuito contou com o lançamento do programa Acrimat em ação. Em Salvador, os participantes puderam acompanhar a apresentação do Dr. Paulo Emílio Torres, da Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia - ADAB, sobre a estruturação do mercado de carne no Estado. Em Goiânia foram apresentados os Programas Pese Bem, desenvolvido pela FAEG e o Compre Bem, um case de sucesso de agricultores do Estado, apresentado pelo pecuárista Celso Lopes. NT 7 Etapa Cuiabá supera todas as expectativas Em dois dias, evento recebeu 1.243 profissionais; 88% são produtores que respondem por 11 milhões de cabeças no Mato Grosso A Etapa Cuiabá do Circuito Feicorte NFT aconteceu nos dias 7 e 8 de março, com resultados altamente positivos, superando as expectativas dos participantes, patrocinadores e organizadores. Em dois dias de intensas atividades, o evento recebeu 1.243 profissionais envolvidos com a cadeia produtiva da carne, sendo que 88% são produtores que respondem por 11 milhões de cabeças no Estado do Mato Grosso, dono do maior rebanho bovino do Brasil. Vale destacar também que destes profissionais que passaram pelo evento, 687 assistiram ao programa de palestras e workshops. Segundo Alessandro Roppa, o apoio da ACRIMAT (Associação dos Criadores do Mato Grosso) e da Sedraf (Secretaria de Desenvolvimento Rural e Agricultura Familiar do Mato Grosso), foi fundamental para o sucesso da Etapa. A gerente do Agrocentro (realizadora da Feicorte), Carla Tuccilio, destacou a receptividade positiva ao evento pelos profissionais mato-grossenses. “Tivemos uma excelente resposta dos produtores do Mato Grosso. A decisão de abrir o Circuito em Cuiabá, pela importância que o agronegócio representa para a economia do Estado, foi muito acertada. A parceria com a ACRIMAT e o apoio da Sedraf também foram fundamentais para o sucesso do evento”. Além dos números positivos, o que também chamou a atenção foi o engajamento dos participantes, tanto nas palestras como na interação com as empresas expositoras. “A participaçåo é surpreendente. Mais de mil pessoas, com grande interesse pelas apresentação e uma grande representatividade em número de animais.” Explica Dr. Luicano Roppa, da Roppa Consultoria que, além de palestrante, também presidiu a mesa redonda onde os participantes puderam, por mais de 2 horas, tirar suas dúvidas e discutir com os palestrantes. A Programa Leilões também participou desta etapa do Circuito realizando o 1 Leilão Circuito Feicorte. Durante o evento, transmitido ao vivo pelo Canal Rural, foram leiloados mais de 4.000 animais para cria, recria e engorda e foi transmitido ao vivo pelo Canal Rural. 8 NT Etapa Salvador Mais uma vez evento supreende por qualidade técnica, participação e receptividade de produtores A Etapa Salvador do Circuito Feicorte NFT aconteceu nos dias 21 e 22 de março no Hotel Pestana. Na Bahia o evento contou com o apoio do SEAGRI (Secretaria de Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária do Estado da Bahia) e da FAEB (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia). Segundo Décio Ribeiro dos Santos, diretor do Agrocentro, a Bahia foi escolhida por ser um Estado com grande potencial de crescimento. “Hoje a Bahia possui um rebanho bovino de quase 11 milhões de cabeça, podendo até quintuplicar esse numero nos próximos 10 anos”, explica Santos. Segundo o Secretário Estadual de Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária, Eduardo Salles, o Estado tem todas as condições para expandir ainda mais esse rebanho. “Estamos estruturando a cadeia da carne. Criamos uma planta padrão para construção de frigoríficos abatedouros; desenvolvemos e estamos executando o projeto de descentralização do abate; estamos construindo 23 frigoríficos que vão se somar aos 30 já existentes, e acabamos de lançar o programa de entrepostos frigoríficos”, disse. Salles afirmou que a realização do Circuito Feicorte NFT 2012 na Bahia é uma oportunidade para mostrar as vantagens de investimento no Estado, que possui uma das melhores agências de defesa agropecuária do País. “Há mais de 12 anos não registramos nenhum caso de aftosa; conseguimos com o Ministério da Agricultura a extinção da Zona Tampão, e passamos a imunizar apenas animais com até 24 meses na segunda etapa da vacinação”, lembrou. Para Marcelo Petto, do Banco Original, foi muito importante que essa Etapa fosse realizada na Bahia já que o banco pretende reforçar seu trabalho com produtores do Estado. “Nós estamos a pouco tempo no Estado. Por isso, nossa participação no Circuito é tão importante. Nós queremos que o produtor nos conheça, que saiba que podemos estabelecer uma parceria daqui pra frente e, com isso, possamos ajudá-lo cada vez mais a atingir o grande objetivo, que é o crescimento da pecuária de qualidade.” Um dos maiores pecuaristas da Bahia, Dedé Moreira, ressaltou a qualidade do conteúdo das palestras e a importância da informação para os desenvolvimento do setor. “Tenho costume de participar de congressos e feiras pelo Brasil e até internacionais e sempre incentivo os produtores a fazerem o mesmo. Ter a oportunidade agora de participar de um evento deste porte em Salvador é muito enriquecedor”, disse. Gustavo Silva, gerente de marketing da Linha de Forrageiras da Dow Agrosciences, avalia o saldo como positivo de participar no Circuito. “A idéia de trazer o evento para esses pólos foi mais que acertada. Nos dá a oportunidade de atingir um público que nem sempre pode ir até a Feicorte, em São Paulo”. Durante a etapa a Câmara Setorial da Carne - Subcâmara de Bovinos e Bubalinos se realizou sua reuniåo mensal, ressaltando a importância do evento para o produtor local. Além disso, foi firmada durante o evento uma carta de intenções que visa estabelecer a Bahia como principal produtor de carne de ovinos e caprinos de qualidade nos próximos 10 anos. NT 9 Etapa de Goiânia O Circuito Feicorte NFT realizou nos dias 18 e 19 de abril a terceira etapa na cidade de Goiânia. Esta etapa contou com o importante apoio da Faeg (Federação de Agricultura e Pecuária de Goiás), Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural), Seagro (Secretaria do Estado da Agricultura, Pecuária e Irrigação), Universidade Federal de Goiás e Aprova. Goiás hoje ocupa a quarta posição no ranking de rebanho bovino no país com 21 milhões de cabeças e é o Estado com o maior número de gados confinados - um milhão. “Somos altamente competitivos e a pecuária tem muito a se desenvolver ainda. O Circuito Feicorte NFT é muito bem-vindo em Goiás pela qualidade de um evento que reúne empresas renomadas, público qualificado e oportunidade para discussão de soluções visando a melhoria do setor”, disse o secretário Antônio Flávio de Lima. A qualificação do público, que veio ao evento em busca de novidades apresentadas tanto pelas empresas expositoras quanto pela programação de palestras, foi um dos destaques desta etapa. Hudson de Castro, gerente nacional de bovinos de corte da Nutron, afirmou que a prospecção de negócios durante esta etapa superou as expectativas. “O contato com o pecuarista goiano foi excelente, gerando uma previsão de fechamento de negócios importantes para a empresa”’ afirmou. O produtor Vicente Muniz Carvalho, da Fazenda Esplanada (Aruanã), destacou como altamente positivo a troca de informações comerciais que o Circuito Feicorte NFT proporcionou. “Estar em contato direto com o fornecedor é muito importante para entender melhor o produto ou serviço oferecido. Meu objetivo principal aqui foi ter informação para fechar negócio, que deve se concretizar com a Marfrig”. Janaína Flor, uma das maiores pecuaristas de Goiás destacou que toda a cadeia tem a ganhar com a realização do evento no Estado. “Mas principalmente o produtor é o que mais se beneficia com o conhecimento. A informação é uma ferramenta primordial para a tomada de decisão e o Circuito Feicorte NFT trouxe essa oportunidade para Goiás com seus expositores e palestras técnicas”, disse. A realização da Etapa Goiânia, também foi aprovado por empresas locais. Para Vinícius Netto Rodrigues, gerente de marketing da Agroquima - distribuidora de defensivos agrícolas e fabricante de sal mineral e ração, tanto a quantidade como a qualidade do público presente foram o diferencial do evento. “Ficamos surpresos. Todos os clientes que convidamos compareceram. É uma oportunidade ímpar para estreitar relacionamento e ampliar contatos dentro do nosso Estado”. Eventos simultâneos Além da colaboração com a realização, as instituições também promoveram eventos que enriqueceram ainda mais a rede de conhecimento e relacionamento proposta pelo Circuito. A Seagro transferiu o gabinete do secretário Antônio Flávio de Lima para o evento, que despachou e atendeu representantes de federações, associações e pecuaristas, gerando um intenso movimento de pessoas no local. A FAEG - Federação de Agricultura e Pecuária de Goiás também aproveitou o Circuito Feicorte NFT para ser a sede das reuniões da Comissão de Pecuária de Corte e do Comitê do Congresso Mundial da Carne, evento que acontecerá em Goiânia em junho de 2013. “A realização do Circuito Feicorte NFT 2012 em Goiás representa o reconhecimento que o nosso Estado tem para a pecuária nacional. Estamos no caminho certo”, afirmou José Manoel Caixeta, vice-presidente da FAEG. A Academia da Carne foi outro diferencial da Etapa Goiânia do Circuito Feicorte NFT. Realizada em parceria com a Escola de Veterinária e Zootecnia EVZ/UFG, a Academia tem objetivo de promover conteúdo científico para estudantes universitários, visando o contato com o mercado e incentivando a especialização no segmento de bovinos de carne. Com quatro palestras técnicas focadas na área de nutrição de ruminantes, o evento atraiu mais de 300 estudantes. A etapa Goiânia contou ainda com o Leilão Circuito Feicorte NFT , com a oferta de 3000 animais para cria, recria e engorda. Realizado pelo Programa Leilões, teve transmissão do Canal Rural. O leilão virtual já havia sido realizado também na Etapa Cuiabá. 10 NT A Feicorte vai até Campo Grande Locais dos eventos: Circuito Nutrition for Tomorrow Circuito Feicorte NFT 2012 SUCESSO ABSOLUTO CUIABÁ - MT 07 e08 M A R Ç O shaping tomorrow’s nutrition SUCESSO ABSOLUTO SALVADOR - BA 21 e 22 M A R Ç O SUCESSO ABSOLUTO GOIÂNIA - GO ÚLTIMA S VAGAS 18 e 19 A B R I L CAMPO GRANDE - MS A Feicorte em parceria com a Nutrition for Tomorrow Alliance, apresenta o Circuito Feicorte NFT 2012. Uma rodada do maior evento de gado de corte do Brasil em um formato de workshop e feira de negócios, nos principais centros de produção do País. Serão 2 dias em cada cidade, visando a discussão de temas de interesse de cada região com os maiores especialistas do setor, além da exposição das principais empresas representando todos os elos da cadeia de produção de Carne Bovina. 22 e 23 M A I O Patrocínio Patrocínio Master: Master: shaping tomorrow’s shaping tomorrow’s nutrition nutrition shaping tomorrow’s shaping tomorrow’s nutrition nutrition Patrocínio Master: CIRCUITO FEICORTE NFT 2012 WORKSHOP NFT FEICORTE CIRCUITO FEICORTE NFT CONGRESSO INTERNACIONAL DE 2012 BOVINOCULTURA DE CORTE CIRCUITO FEICORTE NFT 2012 ESPAÇO CARNE CIRCUITO FEICORTE NFT 2012 SÃO PAULO - SP 11 a 15 J U N H O shaping tomorrow’s nutrition ACADEMIA DA CARNE shaping tomorrow’s nutrition Patrocínio Patrocínio Gold: Gold: Patrocínio Master: CIRCUITO FEICORTE NFT 2012 PRÊMIO NELSON PINEDA CIRCUITO FEICORTE NFT 2012 ESPAÇO DEGUSTAÇÃO CIRCUITO FEICORTE NFT 2012 ESPAÇO CONFINAMENTO CIRCUITO FEICORTE NFT 2012 FEIRA DE NEGÓCIOS shaping tomorrow’s nutrition shaping tomorrow’s nutrition Patrocínio Patrocínio Silver: Silver: Patrocínio Gold: Veja a programação e garanta já a sua inscrição no site: www.agrocentro.com.br/circuitofeicorte Apoio Workshop: Apoio Workshop: shaping tomorrow’s nutrition shaping tomorrow’s nutrition shaping tomorrow’s nutrition shaping tomorrow’s nutrition MANEJO RACIONAL E PRODUTIVO MANEJO RACIONAL E PRODUTIVO Patrocínio Silver: Realização: Realização: Canal Oficial: Canal Oficial: Revista Oficial: Revista Oficial Patrocínio Gold: Apoio Workshop: shaping tomorrow’s nutrition Patrocínio Silver: Realização: shaping tomorrow’s nutrition Canal Oficial: Revista Oficial: Cuiabá Circuito Feicorte NFT 12 NT Salvador Galeria de fotos NT 13 Goiânia Circuito Feicorte NFT 14 NT 18 ª Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne O Maior Evento Indoor da Pecuária de Corte do Mundo R 11 a 15 junho 2012 econhecida pelo expressivo numero de negócios gerados a Feicorte se mostra como um dos maiores e melhores instrumentos para o fomento do setor, atualizações da cadeia da carne bem como para a prospecção de projetos e novos negócios. Considerada a mais importante feira indoor de pecuária de corte do mundo, vitrine do setor, tornou-se referência em qualidade, tecnologia, pesquisa, equipamentos, produtos e serviços. Congresso Internacional de Bovinocultura de Corte Espaço Degustação Prêmio Nelson Pineda Visite o Espaço Carne Espaço Confinamento Academia da Carne Leilões Julgamentos Patrocínio: Apoio: www.feicorte.com.br Informações e Reservas: 11 5067.6770 [email protected] Organização e Promoção: Filiado a: Local: Depoimentos: O pecuarista participa de eventos bem feitos, eventos de qualidade e existe uma dificuldade grande em levar informação aos produtores rurais. Então, quando você consegue reunir um time de palestrantes de lato nível e os produtores que vieram participar deste evento é o casamento perfeito. Luciano Vacari – Superintendente da ACRIMAT O evento é um sucesso e, realmente, trouxe para a pecuária baiana uma série de informações que são muito importantes para seu desenvolvimento. Paulo Emílio Torres - Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia - ADAB A Feicorte é uma vitrine da pecuária nacional. Com o Circuito estamos dando a oportunidade de integração aos produtores que não podem ir a São Paulo e de expansão às empresas que participam do Circuito, já que elas chegarão a produtores das principais regiões da pecuária no Brasil. Décio Ribeiro dos Santos – Diretor do Agrocentro Temos que estar preparados para a responsabilidade que isso nos traz(Brasil como celeiro mundial), preparados para implementar as tecnologias disponíveis, discutindo com a cadeia produtiva a melhor maneira de fazer isso. E nesse cenário, o Circuito Feicorte NFT é fundamental. TIago Arantes – MSD Saúde Animal A Dow AgroSciences se orgulha de ser parceiro do Circuito, de estar presente, de poder contribuir para a pecuária e mostrar o que pode oferecer de fato para a produtividade e vemos o Circuito Feicorte NFT como esse elo. Nós realmente temos que ter essa visão de integração de todos os entes da cadeia produtiva da pecuária de corte, nos como fornecedores, os pecuaristas e o Circuito para nos unir. Todos juntos para o bem da pecuária nacional. Roberto Risalia – Dow AgroSciences 16 NT Um evento como este é muito importante para o Mato Grosso porque vem agregar valor. Vem agregar tecnologia, vem agregar conhecimento a nosso produtor rural e, com isso, melhorar a qualidade da carne oferecida ao nosso consumidor. Dr. José Lacerda – Secretário Chefe da Casal Civil do Mato Grosso Nós sentíamos falta de um evento que falasse uma língua só e que fosse itinerante. A idéia do Circuito Feicorte NFT veio de encontro a isso. A pecuária brasileira quer falar a mesma língua, quer falar de tecnologia, quer um lugar para ter acesso a informação. Para mim, o sucesso do Circuito está provando isso. Tiago Beckheuser - Beckhauser A participação no Circuito Feicorte NFT tem sido melhor do que o esperado. Os produtores têm participado bastante, estão perguntando, atuando com nossa equipe no estande. Até agora, tudo o que esperávamos aconteceu e ainda mais. Carolina Barreto - Marfrig Campo Grande é a próxima etapa Agora o Circuito Feicorte NFT 2012 segue para Campo Grande (MS) em 22 e 23 de maio, encerrando suas atividades na Feicorte, em São Paulo, de 11 a 15 de junho. “Depois de realizadas as três primeiras etapas que superaram nossas expectativas, tanto a organização do evento, como os expositores, parceiros e pecuaristas celebram juntos os resultados e se preparam para as próximas etapas, iniciando os planos de expansão do Circuito Feicorte NFT para 2013. O resultado acumulado nas primeiras etapas e a expectativa das próximas duas devem posicionar o Circuito Feicorte como um dos maiores eventos de pecuária de corte já realizados no país, atingindo um público de mais de quatro mil produtores participantes”, disse Alessandro Roppa, gerente de marketing da NFT Alliance. O Circuito Feicorte NFT tem o patrocínio master da MSD Saúde Animal, Nutron Alimentos, Dow Agrosciences, Banco Original, Serrana e Programa Leilões e apoio das principais associações do setor. O Canal Rural é a mídia apoiadora do evento. NT 17 EVENTOS O ENCONTRO DE CONFINAMENTO DA SCOT CONSULTORIA 18 NT gística e competitividade do confinamento. Para completar a programação, no dia 16, o participante teve a opção de participar do Dia de Campo, realizado no Confinamento Monte Alegre em Barretos – SP, um dos ganhadores do Prêmio Nelson Pineda - Excelência em Confinamento em 2011. Neste dia, tudo o que foi apresentado nos dias de workshop pode ser visto na prática, 280 participantes visitaram as instalações do confinamento, conheceram a estrutura de recepção dos bois magros, o curral de manejo, a produção de forragem e fenação, a fábrica de ração e os currais de engorda. Em cada estação de trabalho técnicos recebiam os visitantes, explicavam o processo e tiravam as dúvidas de um público ávido por informação. Fotos: João Barichello O Encontro de Confinamento da Scot Consultoria reuniu mais de 450 participantes, principalmente confinadores interessados em aperfeiçoar a produção, pecuaristas com interesse em confinar e integrantes de empresas do agronegócio. Realizado nos dias 14 e 15 de março, em Ribeirão Preto, o evento foi palco de palestras, discussões de alto nível e muita informação. Nos dois dias do evento, os participantes assistiram a 16 palestras que abordaram as principais tendências do mercado, como nutrição animal, dietas em voga, mercado de grãos e insumos, produção de forragens, sanidade, bem-estar animal, ferramentas de proteção de preços, gerenciamento de riscos, lo- NT 19 Após a visita técnica, houve uma confraternização com música ao vivo e a tradicional “Queima do Alho de Barretos”, completando o clima amigável do evento. Alcides Torres, presidente da Scot Consultoria, explica que os resultados positivos evidenciam a contribuição de sua equipe ao desenvolvimento da pecuária brasileira. “O sucesso do Encontro de Confinamento nos estimula ainda mais difundir informação de qualidade sobre todos os setores que envolvem a pecuária nacional, direta e indiretamente.” Marco Túlio Habib Silva, consultor da Scot e organizador do Encontro, destaca que o evento superou as expectativas. “ Muita gente acabou ficando de fora 20 NT do evento por falta de vagas. As inscrições tiveram que ser encerradas 10 dias antes do evento, pois já não havia assentos disponíveis.” Os organizadores já avaliam a possibilidade de aumentar o número de vagas para o próximo ano. O confinamento em destaque “Os últimos anos têm sido de acelerada evolução da pecuária, induzida pelas demandas e mudanças do mercado mundial.” Sebastião Faria – Gerente técnico da MSD Saúde Animal. “As tecnologias hoje disponíveis permitem a re- dução de custos e aumento da rentabilidade, através dos ganhos em produtividade.” Sebastião Faria – Gerente técnico da MSD Saúde Animal. “No eixo nacional, houve um considerável crescimento dos confinamentos e, diferente do desempenho ocorrido em outras ocasiões, tudo indica que esta é uma mudança de paradigma para o setor.” André Perrone – Proprietário e gerente do Confinamento Monte Alegre. “A participação de fêmeas no abate aumentou em 2011. O conjunto de palestras foi suficiente para dar uma boa perspectiva com relação ao mercado do boi, tecnologias disponíveis, novidades e gerenciamento do confinamento” Alcides Torres – Diretor da Scot Consultoria. “A exploração técnica de pastagens pode ser aliada da conservação de recursos naturais e, consequentemente, da sustentabilidade de sistemas de produção. A integração da agricultura/pecuária atesta esse fato.” Moacyr Corsi - Professor Doutor em Ciência Animal e Pastagens da ESALQ/USP. “É difícil repassar o aumento da matéria prima, no caso o boi gordo, na mesma magnitude para o consumidor final. Nos últimos anos, em função do preço do boi gordo, a indústria trabalha com margens apertadas. Público de nível elevado, com pecuaristas de todas as regiões do Brasil e de diversos tamanhos, o que reflete a integração da nossa pecuária.” Fabiano Tito – Head research do Grupo Minerva. “Com a produção nacional em recuperação nos últimos anos, o que deverá continuar para os próximos em razão do momento do ciclo que vivemos, certamente haverá espaço para a carne brasileira no mercado externo.” Gustavo Aguiar – Analista de mercado da Scot Consultoria. NT 21 EVENTOS Feira de Cooperativas O primeiro trimestre do ano é tempo de feiras de cooperativas. Os produtores aproveitam a qualidade dos eventos para se atualizar, conhecer novas tecnologias e fazer negócios. A Revista NT acompanhou algumas delas 22 NT Expodireto Cotrijal 2012 A Expodireto Cotrijal 2012 – Feira Internacional, realizada de 5 a 9 de março, em Não-Me-Toque/RS foi palco para importantes debates envolvendo temas como seguro agrícola e irrigação, também mostrou aos agricultores que a união de esforços é capaz de superar crises e momentos difíceis, como o vivido atualmente pelo Rio Grande do Sul em função da quebra de safra provocada pela seca, reafirmando a força do campo. Com um público superior a 185 mil pessoas e faturamento recorde de R$ 1,106 bilhão, a edição de 2012 será lembrada pela superação. Para o presidente da Cotrijal, cooperativa organizadora da feira, o fato de a Expodireto Cotrijal ter sido antecipada neste ano foi determinante para o aumento do número de visitantes em relação a 2011, quando passaram pelo parque 161 mil pessoas. “Trouxemos a feira para a primeira semana de março devido a colheita da soja e acredito que isso nos ajudou muito”, explica. Um dos destaques da feira deste ano foi a área internacional. Com participação de 71 países, 105 importadores e um volume de negócios superior a R$ 102 milhões, o espaço demonstrou que os olhos do mundo seguem voltados para a agricultura gaúcha. “Mais de 20 jornalistas estrangeiros e diversas comitivas visitaram estandes, fecharam negócios e nos ajudaram a fazer uma grande exposição”, comenta Mânica. Além da ampliação da área internacional, outras partes do parque também receberam atenção especial em 2012, segundo o presidente da feira, que já adiantou melhorias e novas construções para o próximo ano. “Nesta 13ª edição inauguramos a Casa do Sicredi e lançamos a pedra fundamental do Centro de Formação Profissional do Senar. Para 2013 também acertamos a construção dos estandes do Banrisul e Banco do Brasil, dando continuidade ao projeto do plano diretor do parque”, destaca Mânica. Ele encerrou oficialmente a feira, anunciando a data da 14ª Expodireto Cotrijal, que acontecerá de 4 a 8 de março de 2013. NT 23 DIADECAMPOCOPAGRIL2012 A Copagril realizou, nos dias 25 e 26 de janeiro, o Dia de Campo, com objetivo de apresentar o que há de mais moderno e tecnológico no agronegócio na atualidade. Neste ano, além do numero recorde de visitantes, seis mil pessoas nos dois dias de evento, houve também a inauguração do novo Campo Experimental. Durante o evento aconteceu a inauguração da nova Estação da Copagril, que possui uma área total de 72 mil metros quadrados. Durante o Dia de Campo, 1149 produtores da área de atuação da cooperativa recebem os recursos liberados pelo Programa da Agricultura Familiar da Copagril, o Prodafc. Segundo o presidente da Copagril, Ricardo Chapla, cerca de R$ 620 mil foram distribuídos entre os associados inscritos no programa. É um recurso oriundo do Governo Federal pago a título de incentivo à agricultura familiar pela venda de soja para a indústria de bicombustível. Ainda durante a abertura do Dia de Campo Copagril, a cooperativa assinou a DAP Jurídica para manter-se no programa também durante o ano de 2012. O presidente da Emater-PR, Rubens Ernesto Niederheitmann elogiou o evento. “É uma exposição muito diversificada, com muitos parceiros e que tem a efetiva participação dos associados da Copagril, que são muito ativos e são um exemplo para o Paraná”, completando, “este Dia de Campo oferece uma oportunidade de ampliação dos conhecimentos e que o produtor está sabendo aproveitar isso, para inovar sua propriedade e, consequentemente, aumentar sua renda e qualidade de vida”. Em 2013 o Dia de Campo acontecerá nos dias 23 e 24 de janeiro. 24 NT TECNOESTE A Copérdia realizou de 29 de fevereiro a 02 de março o Show Tenológico Rural, a Tecnoeste, incentivando o desenvolvimento das principais atividades econômicas de Santa Catarina. O evento que tem o objetivo de disponibilizar novas tecnologias aos produtores rurais, nas mais diferentes atividades agrículas, reuniu mais de 16 mil produtores. Segundo Valdemar Bordignon, presidente da cooperativa, o Tecnoshow vem cumprindo seu papel desde a primeira edição. “Estamos muito satisfeitos com o apelo do evento. Desde a abertura até o encerramento passaram pelo parque autoridades, lideranças do setor cooperativo e produtivo e produtores dos TRÊS estados do Sul.” Ele ressalta que, “As comissões trabalharam para que os visitantes conhecessem as mais modernas alternativas para a produçnao de leite, grãos, suínos, aves, pastagem, equipamentos e máquinas. Agora cabe ao produtor definir suas prioridades e levar para propriedade os produtos que darão base ao sistema de produção escolhido.” O coordenador do Tecnoeste, Vanduir Martini, comenta que o evento deste ano apresentou avanços. “A experiência e o amadurecimento de cada profissional envolvido ajudaram a construir um evento bem elaborado e a organizaçnao geral foi ponto chave.” A nível de negócios a Tecnoeste superou as espectativas. “A meta da cooperativa para esse ano era de R$3 milhões e conseguimos superá-la em 10%”, explica Flávio Zenaro, gerente comercial da Copérdia. NT 25 DiadeCamponaCVale Aconteceu nos dia 17 a 19 de janeiro o Dia de Campo da CVale. O evento reuniu no Campo Experimental da cooperativa mais de 10 mil pessoas. Os organizadores do evento comemoram os bons resultados apesar dos efeitos da seca. O presidente da C.Vale, Alfredo Lang, estima a quebra em 60% no oeste do Paraná, mas o recebimento global de soja em toda a área de ação da cooperativa deverá cair apenas 35% já que outras áreas irão minimizar o impacto da estiagem, principalmente o Mato Grosso. Os danos da estiagem não estão afetando a visitação ao Campo Experimental. O número de visitantes está bem próximo ao de 2011. O produtor Adeílson Bosco percorreu 300 quilômetros entre Jardim Alegre e Palotina para participar do Dia de Campo. “A gente compra as coisas aqui com preço mais em conta”, afirma. O ge- 26 NT rente do Departamento de Máquinas da C.Vale, Lademir Hendges, confirma que, apesar da estiagem, o volume de negócios foi praticamente o mesmo da edição anterior. “Fizemos vários negócios desde o primeiro dia. A região tem muitos produtores diversificados e isso ajuda muito nas vendas. Além disso, vêm produtores de outras regiões”, assegura. A busca por novas tecnologias segue atraindo os produtores. Ricardo Beck, de Alto Santa Fé, interior de Nova Santa Rosa, estava interessado em cultivares de soja. “A gente vem ver variedades de soja mais resistentes ao clima da região e conhecer aquelas que se destacam”, revela. Francisco Pereira da Cruz, de Pérola Independente, distrito de Maripá, participou com o mesmo objetivo. “Aqui a gente vê o que tem de tecnologia de ponta”, comenta. CampoDemonstrativoda Coopervil A Coopervil realizou nos dias 23 e 24 de fevereiro o 8º Campo Demonstrativo, em parceria com a Epagri, a BRF Brasil Foods, e o Sicoob-Videira. O evento que aconteceu no Cetrevi-Videira contou com a presença de mais de duas mil pessoas, entre produtores rurais e suas famílias, e pessoal técnico. Isso foi a maior prova do prestígio que esse evento teve em toda a região de abrangência da Coopervil. A importância do evento foi confirmada pela participação de um grande número de empresas parceiras da Coopervil. Estiveram lá mais de 60 empresas apresentando o que hoje de mais moderno existe em tecnologias para as culturas de milho, feijão, soja , tomate e pastagens de verão. Também foi de grande expressão a presença de empresas que trabalham com nutrição e sanidade de bovinos de leite, e suínos, além de máquinas e implementos agrícolas. A tecnologia de aplicação de defensivos agrícolas, os cuidados e equipamentos de proteção individual foram mostrados com muita ênfase. Todas as tecnologias que foram apresentadas são dirigidas especialmente às famílias dos produtores rurais da região podendo ser facilmente adaptadas às pequenas e médias propriedades. Tudo isso com o objetivo de ajudar os produtores rurais a aumentar sua produtividade, e consequentemente, seus ganhos. CDA Cooperalfa A 17ª edição do CDA Chapecó, realizado entre 06 e 09 de fevereiro de 2012, recebeu 7.115 pessoas ligadas à Cooperativa Agroindustrial Alfa. Já o 7º CDA do Norte , realizado em Bela Vista do Toldo, no Planalto Norte de SC, recebeu 5 mil visitantes entre os dias 29 de fevereiro e 02 de março de 2012. Mostrar ao conjunto da sociedade o valor escondido atrás de cada pensamento, de cada ação da classe agricultora foi a motivação central do CDA 2012. Durante os dois eventos aconteceram palestras e orientações sobre a evolução do setor agropecuário, que é responsável por aproximadamente 40% do PIB brasileiro, o que garante que a balança comercial brasileira com outros países fique positiva. “Lamentavelmente, muita gente não dá o devido valor à classe agrícola, em boa parte por desconhecer sua realidade, suas dificuldades, o potencial e as inovações de quem produz alimentos”, reflete Romeo Bet, presidente da Cooperalfa. Os principais apoios ao CDA 2012, são do SENAR, SESCOOP e SICOOB/Maxicrédito-SC. 27 itaipu rural show A Cooperitaipu realizou nos dias 25 a 28 de janeiro a 14ª edição do Itaipu Rural Show. O evento que é referencia para o pequeno e médio produtor rural de todo o sul do país, contou com a participação de mais de 45.000 visitantes, cumprindo seu principal objetivo: levar ao homem do campo tecnologias que propiciam maior eficiência, melhoram a produtividade e facilitam o trabalho no campo. Nos quatro dias de evento a equipe da Cooperativa Regional Itaipu recepcionou agricultores, expositores, visitantes e autoridades que possuem foco no agronegócio. Mais de 5.500 almoços foram servidos dentro do parque que contou com uma estrutura completa, com duas praças de alimentação, área de lazer, banheiros, áreas de descanso, energia elétrica e água potável. Durante o evento aconteceram palestras e orientações técnicas, os 231 expositores e mais a equipe de amarelinho orientaram e realizaram demonstrações para preparar o empresário rural para mudanças que possibilitarão melhores resultados. Os temas foram direcionados a suinocultura, avicultura, bovinocultura de leite, técnicas de ordenha, pastagens, pastoreio voisin, práticas de silagem, plantas medicinais, manejo e técnicas de plantio nas cultivares de milho, soja, feijão e outras culturas, além de orientações voltadas a adubação, manejo de herbicidas e fungicidas, irrigação, criação de peixe, horticultura e flores, que também estiveram expostas no parque. Segundo a direção da Cooperativa, o volume de negócios alcançados nesta edição superou as expectativas. Com o slogan “A evolução do agronegócio passa por aqui”, o Itaipu Rural Show provou ser fonte de diversos experimentos, que são possíveis serem aplicados nas propriedades, fazendo com que o produtor rural, consiga melhorar seus resultados. Outro destaque da feira foi o tema a Sucessão Familiar - Compromisso de Todos, lembrando aos visitantes da importância em repassar as informações e o comando da propriedade aos sucessores. Através de palestras direcionadas, a Cooperitaipu apresentou cases de sucesso quanto à sucessão, casos que deram certo e servem de exemplo para que o produtor rural se mantenha no campo satisfeito, sabendo de sua importância e garantindo a continuidade do seu negócio. 28 NT NutriçÃo do amanhã Decisão pela melhor Estratégia Quando olhamos para o futuro próximo, alguns aspectos se destacam como relevantes na Produção Animal. O primeiro deles se refere a crescente demanda de alimentos que observamos nos últimos anos, isto tem sido efetivado principalmente devido à urbanização, ao crescimento populacional e ao ganho de poder aquisitivo da população mundial, mais acentuado em países em desenvolvimento. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU) haverá 8 bilhões de pessoas no mundo em 2030, e a renda desta população será 32% superior àquela que existia em 2006. Neste aspecto a produção das proteínas de origem animal (carnes, leite e ovos), deverá ter um crescimento de 26% neste período para suprir a demanda desta 30 NT nova conjuntura mundial. O segundo fator, altamente relevante neste cenário futuro, será a grande demanda por grãos para suportar o crescimento da produção de proteína animal citada acima. Considerando não haver previsão de grandes aumentos de regiões produtivas, a busca por aumento de produtividade será uma obsessão, e conforme dados da Fundação das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) os valores dos ingredientes ficarão acima da média histórica, desafiando as empresas na busca pela redução de custos. O terceiro pilar deste cenário é o Consumidor, que influenciado pela busca de melhor qualidade de vida e longevidade, se preocupa cada vez mais com a origem e a Cidinei Miotto Médico Veterinário com MBA em Gestão Empresarial pela FGV e Diretor Comercial da Nutron Alimentos forma de processamento pela qual passam os alimentos que está ingerindo. Estas exigências irão se intensificar nos próximos anos, levando a indústria a se adequar a normas antes sem relevância e sempre sem deixar de oferecer alimentos com o menor custo possível para o consumidor. Considerando estes aspectos, os desafios dos Executivos da indústria de produção animal estão cada vez maiores e mais complexos. Estes assumem, cada vez mais, a responsabilidade de estabelecer as estratégias que otimizem a rentabilidade em todos os setores da cadeia produtiva. Mas estas decisões não podem ser isoladas, precisam estar todas alinhadas para levar a Empresa ao melhor posicionamento neste mercado tão competitivo. Quando olhamos para outras indústrias, como a automobilística por exemplo, a otimização do melhor mix de produção baseado na rentabilidade do mercado, nas capacidades de produção e competências da planta industrial; isto vai determinar quais serão as matérias-primas e fornecedores necessários para atendimento desta demanda. E nesta hora também são determinadas as alianças com outras empresas da cadeia para atingir a melhor rentabilidade dentro da estratégia estabelecida. A complexidade da indústria de produção animal estabelece um desafio ainda maior, pois muitas vezes o ganho de eficiência e melhora da produtividade em uma determinada área, não leva obrigatoriamente a Empresa a ter maior rentabilidade como um todo. Observamos as vezes que a produção busca entregar um produto com o menor custo na planta de abate, a indústria usa esta matéria-prima para gerar o melhor mix de produto no abatedouro e o comercial vende este mix pelo melhor preço. Mas será que esta é a melhor solução para a Empresa? Será que o comercial não teria outras oportunidades de melhores mix de venda que demandaria alterações para a indústria, que por sua vez estabeleceria um novo padrão de matéria-prima (animal) para o abate e no final tornaria a Empresa mais competitiva, mais lucrativa e com melhor uso dos recursos? Estas são questões que aparecerão cada vez mais nas mesas dos Executivos das empresas, e os mesmos por ter uma visão global do negócio, das oportunidades do mercado, e do posicionamento estratégico da empresa, tomarão decisões sobre qual deverá ser o melhor caminho a seguir nos próximos 90 dias, 6 meses, 1 ano ou 10 anos. Porém, isso não será possível sem programas que gerenciem a informação nas empresas, levando aos Gestores dados de alta confiabilidade para a tomada de decisão. Devido a alta complexidade desta indústria, as ferramentas usuais não conseguem trabalhar com um número cada vez maior de variáveis que interferem nos resultados. Por isso, o uso de modelos matemáticos robustos tornam-se necessários para criar cenários de resultados, considerando um número muito grande de variáveis que oscilam exatamente conforme o histórico personalizado para cada ambiente. Desta forma é possível prever, com muita assertividade, qual será o resultado amanhã das ações tomadas hoje. Com os cenários criados por estes modelos matemáticos é possível ao Executivo tomar as decisões mais adequadas para a maior rentabilidade da empresa para o momento atual ou futuro, direcionando a produção e os recursos para este objetivo. Nós da Nutron, estamos trabalhando fortemente nesta área, buscando gerar subsídios para que possamos tornar esses modelos cada vez mais usuais nas indústrias. O exemplo disso, são os modelos que auxiliam os Nutricionistas a criar cenários sobre os impactos econômicos de diferentes propostas nutricionais, considerando todas as variáveis envolvidas. Desta forma, a decisão de qual nível nutricional utilizar será compartilhada entre o Nutricionista e o Executivo, pois assim garantiremos que a decisão estará alinhada com o planejamento estratégico da empresa e com a busca pelo aumento da competitividade da mesma. Outra área que estamos trabalhando intensamente, é interligar cada vez mais as decisões do sistema produtivo com os objetivos da planta de abate e esta com as oportunidades de mercado. Neste momento, a infinidade de produtos que podem sair do abatedouro é quase assustadora, e a definição do melhor mix de produção é uma tarefa muito complicada. Por isso, estamos levando para alguns clientes um programa que tem por objetivo estabelecer o mix de abate mais rentável considerando as ofertas recebidas, as capacidades de abate e processamento, os custos de produção, entre outros. Estes modelos nos trazem números impressionantes de ganhos de lucratividade que podem chegar a um aumento de 5 a 10 % na rentabilidade da planta de abate. Assim, estamos seguros que cada vez mais, as decisões deixarão de ser tomadas em função somente de dados históricos e experiências profissionais adquiridas, passando estas a alimentar modelos matemáticos, que irão gerar cenários de resultados futuros e assim auxiliarão a todos os envolvidos na busca real da melhoria da eficiência e lucratividade das empresas. NT 31 gestão GESTÃO EM CONFINAMENTO: necessidade ou realidade? Rural Centro Falar em gestão está na moda ou a cada dia mais é necessário gerenciar um grande volume de informações em um mundo moderno, cada vez mais competitivo, em busca de crescimento, desenvolvimento, sustentabilidade e lucratividade. Na pecuária de corte brasileira não pode ser diferente. Estamos passando por um momento de intensificação muito grande com aumento em desfrute, diminuição da idade ao abate, intensificação do uso e manejo de pastagens, utilização dos conceitos de inseminação por tempo fixo (IATF) e terminação de animais em confinamento, além de tantas outras que geram um grande volume de informações e dados que precisam ser avaliados. E é aqui que precisamos da gestão! Quando no sistema de produção intensivo utiliza-se do confinamento como uma estratégia de ganhos de lucratividade dentro do ciclo pecuário, a gestão das informações entra como um caminho sem volta, nos auxiliando na coleta e análise das informações, mas principalmente, no auxílio das tomadas de decisões. O confinamento 32 NT é a fase de maior investimento por animal quando comparado com as outras fases de crescimento do animal qualquer decisão tomada de forma equivocada pode levar toda a operação ao insucesso. Diversos pontos importantes devem ser considerados e avaliados para que o pecuarista tenha o máximo de lucratividade, tais como: - valor do boi magro comprado ou produzido, e que tem o maior peso no custo de produção em confinamento (Vide Gráfico 1); - Avaliação prévia das instalações, do local onde serão construídos os piquetes, equipamentos para processamento, armazenagem e mistura dos alimentos. Essa análise deve ser detalhada, porque em determinada situações, algumas opções de dietas podem minimizar e bastante esse investimento (Ex: Dieta sem volumoso e com milho inteiro). - tipos de alimentos volumosos e concentrados a serem utilizados, pela disponibilidade regional e capacidade de produção. As entressafras de produções devem ser consideradas, porque muitas vezes, no período de início dos confinamentos, alguns ingredientes Carlos Osório Gerente Regional Bovinos de Corte da Nutron Alimentos estão em falta ou com custos altos; - questões sanitárias, ambientais, bem-estar animal, mão-deobra e financeira também devem ser avaliadas; - No final, quando os animais estão prontos para a comercialização, temos que correlacionar diversos pontos como preço de venda, o mercado a termo, futuro e de opções, avaliar escalas de abate, nível de acabamento. Assim como o valor de entrada dos animais, o valor de saída tem grande impacto na rentabilidade do confinamento, por isso, entender o mercado, avaliar os dados, conhecer a estrutura e o gado confinado é fundamental para o sucesso da atividade. Os alimentos são o principal custo do confinamento quando não consideramos o valor do boi, por isso a importância de uma gestão detalhada nessa questão (Vide Gráfico 2). A avaliação de critérios, como a qualidade dos ingredientes, perdas por armazenagem, perdas na distribuição, qualidade de mistura, proporção correta de inclusão dos ingredientes, são extremamente importantes. São avaliações como estas que permitirão que a dieta consumida seja a mais próxima possível da dieta formulada e na quantidade que atenda aos objetivos traçados. Para isso, mais uma vez precisamos de gestão. Precisamos de softwares que gerenciem o dia a dia do confinamento, principalmente softwares de gestão da nutrição que utilizam as informações de escore de cocho como guia para orientar a quantidade de dieta a ser fornecida em cada piquete de acordo com a necessidade dos animais presentes. Que possuam ferramentas que analisam a quantidade de alimentos que foi colocado nos misturadores possibilitando a avaliação da eficiência de fabricação de dieta, ou seja, a dieta produzida deve ser igual à dieta formulada. No Gráfico 3, mostra um exemplo real onde a dieta fábricado foi diferente da formulada. De nada vai adiantar, se a dieta misturada for igual à formulada, mas não for distribuída de acordo com a necessidade de cada piquete (indicada pelo próprio software), e nesse caso, avaliamos a eficiência de distribuição da dieta. São informações tão simples, mas que no Gráfico 1 Impacto do preço do boi magro no custo total de produção do confinamento 0,64 Gráfico 2 2,17 70,51 Animais Dieta Medicamentos Operacional 15,22 Animais Dieta Operacional 82,61 dia a dia, podem apresentar uma variação muito grande e tem um grande impacto no resultado final de um confinamento. Com algumas informações como, o padrão, sexo, peso e valor dos animais na entrada do confinamento mais as informações dos custos e consumo dos ingredientes das dietas a cada dia e finalizando com o peso, rendimento e valor dos animais abatidos, gera-se inúmeros dados que precisam ser analisados e possibilitam avaliar os resultados econômicos e zootécnicos do confinamento. Com o número cada vez maior de informação, o objetivo é sempre estar avaliando e efetuando simulações para tomadas de decisões futuras. As tomadas de decisões são inúmeras, algumas são de rotina e com análises diárias para que as ações de correções sejam realizadas o mais rápido possível. Nessa visão o confinamento começa a ter um formato de um negócio gerenciável, com análises de informações para tomadas de decisões de curto, médio e longo prazo. Em mundo onde a tecnologia avança passos largos, em pouco tempo teremos equipamentos que automatizam as informações de fabricação de dieta, de distribuição de dieta, onde o confinador terá muito mais precisão das informações que estará gerenciando. Gráfico 3 4,49 24,36 Custo de produção no confinamento quando não inserimos o valor do boi magro 4 3 2 1 0 -1 -2 -3 Eficiência na fabricação de dietas é muito importante para o sucesso do confinamento. Polpa cítrica Água BIN Milho Núcleo Torta algodão Uréia Quantidade que deve ser utilizada na batida Quantidade realmente utilizada Fonte: FEED MANAGER-NUTRON NT 33 MERCADO Alta no mercado do leite 34 NT Rafael Ribeiro de Lima Filho Zootecnista da Scot Consultoria Figura 1 Preço do leite ao produtor (média nacional ponderada), valores brutos corrigidos pelo IGP-DI em R$/litro 0,86 CUSTO DE PRODUÇÃO DA PECUÁRIA DE LEITE 0,84 0,82 0.80 0,78 mar/12 jan/12 fev/12 dez/11 nov/11 set/11 out/11 jul/11 ago/11 jun/11 abr/11 mai/11 mar/11 0,76 0,74 sados falam em manutenção dos preços aos produtores, enquanto 34,0% apontam para alta dos preços. Fonte: Scot Consultoria - www.scotconsultoria.com.br O mercado do leite ganhou força diante da menor oferta e demanda aquecida. Passado o pico de produção, verificado em dezembro no Centro-Oeste e Sudeste, a produção está diminuindo gradualmente. A falta de chuvas em algumas regiões colabora, já que reflete diretamente nas condições das pastagens. Considerando a média nacional ponderada, o preço do leite subiu 2,0% no pagamento de março na comparação com o pagamento anterior. Segundo levantamento da Scot Consultoria, o produtor recebeu, em média, R$0,811 por litro. Na comparação com o mesmo período do ano passado o preço do leite ao produtor subiu 7,7%, em valores nominais (figura1). A menor oferta para os laticínios e o bom volume de vendas refletiram em alta de preços dos produtos lácteos no atacado. Alta também no mercado spot, ou seja, no preço do leite comercializado entre as indústrias. Considerando a média de São Paulo, Minas Gerais e Goiás, os negócios ocorreram em R$0,91 por litro em março (média da primeira e segunda quinzenas). Alta de 6,2% em relação à média de fevereiro. Para o próximo pagamento, a ser realizado em meados de abril, aproximadamente 59,0% dos laticínios pesqui- O Índice Scot para o custo de produção de leite teve redução de 0,2% em março, em relação a fevereiro. Já na comparação com o índice de março do ano passado, os custos da pecuária de leite diminuíram 9,3%. A redução foi em função da queda de preço do milho (ligeira) e outros alimentos energéticos. Fertilizantes e suplementos também ficaram mais baratos. Por outro lado, o preço do farelo de soja subiu. RELAÇÃO DE TROCA: FARELO DE SOJA VERSUS LEITE O farelo de soja completou o terceiro mês seguido de alta em março. A pressão vem da valorização da soja e da boa demanda interna e externa por farelo. Segundo levantamento da Scot Consultoria, o insumo foi comercializado, em média, por R$714,00 a tonelada em São Paulo. Um aumento de 1,0% em relação a fevereiro. No acumulado do primeiro trimestre a alta é de 10,0%. O farelo está 1,0% mais caro em relação ao mesmo período do ano passado. Porém, naquele período os preços do alimento estavam em queda. Em curto prazo, o movimento de alta pode perder força com a chegada da safra de soja e aumento do esmagamento do grão. Entretanto, a perspectiva para este ano é de preços em patamares elevados para o farelo. Considerando o preço médio de um litro de leite padrão em São Paulo, em março foi possível comprar 1,15 quilo de farelo de soja, ou 1,3% mais na comparação com o mesmo período do ano passado. Para o milho, o poder de compra do pecuarista melhorou 11,5% em relação a março do ano passado. NT 35 MERCADO Mais vacas abatidas em 2011 A carne bovina é um produto com ciclo de produção de mais de quarenta meses, da gestação à idade de abate. A manutenção de uma vaca no pasto é um risco, um investimento do pecuarista, que poderia tê-la vendido, considerando que este é um ativo de alta liquidez. Gado é sinônimo de dinheiro em caixa (em maior ou menor quantidade, dependendo do mercado). Quando o preço da cria não está atraente, entre outras razões, aumenta a participação de femeas nos abates. Este aumento pressiona o mercado do boi gordo e caracteriza a fase de baixa do ciclo de preços. 36 NT OS BEZERROS DE HOJE Os bezerros que estão sendo desmamados atualmente são filhos de vacas que emprenharam no final de 2010. Estas vacas poderiam ter ido para o gancho nos preços recordes de novembro daquele ano. Quem não as abateu apostou na venda dos bezerros. Ainda assim, a tentação dos preços dos animais terminados acabou levando mais fêmeas para o gancho naquele mês. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na comparação de novembro de 2010 com novembro de 2009 o abate de vacas sob inspeção aumentou Scot Consultoria Figura 1 Diferença entre a participação* de vacas nos abates inspecionados e no mesmo período do ano anterior (eixo da esquerda, em pontos percentuais) e preços do boi gordo deflacionado pelo IGP-DI (eixo da direita, em R$/@, a prazo). * vacas / (bois+vacas) Fonte: IBGE / Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br 6,8%, enquanto os abates de bois caíram 4,7%. Naquele mês, as vacas compuseram 35,0% da soma de bois e vacas, nos abates inspecionados. Desde o mês anterior, outubro de 2010, a participação de vacas nos abates tem aumentado, em relação ao mesmo período do ano anterior. Veja a figura 1. A última vez que isto ocorreu foi em meados de 2002 e deu início ao aumento na participação de fêmeas nos abates. Isto acabou pressionando as cotações. Veja a figura 2. Em 2011 as vacas compuseram 38,8% dos abates (bois e vacas), aumento de 3,9 pontos percentuais em relação a 2010. O primeiro aumento desde 2006. A figura 2 deixa no ar uma questão. Como a participação aumentou mesmo com preços do boi firmes? PREÇOS MAIORES E MAIS FÊMEAS NO GANCHO? O aumento dos custos pode ser uma explicação. Veja a figura 3. Nos anos em que os custos variam acima dos preços do bezerro, há um desestimulo em função da pressão negativa sobre o lucro da atividade. O abate de fêmeas aumenta. Figura 3. Em 2011 o custo subiu mais que o preço do bezerro e pode explicar o descarte de fêmeas que aconteceu. Figura 2 Participação* de fêmeas nos abates (eixo da esquerda) e preços do boi gordo deflacionado pelo IGP-DI (eixo da direita, em R$/@, a prazo). * vacas / (bois+vacas) Fonte: IBGE / Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br Figura 3 Variação ano a ano Índice Scot de Custo da Pecuária e dos preços dos bezerros (desmama e doze meses) no Mato Grosso do Sul (eixo da esquerda) e participação* das fêmeas nos abates (eixo da esquerda). * vacas / (bois+vacas) Obs: preços médios do bezerro (doze meses e desmama) Fonte: IBGE / Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br A boa oferta de bezerros atual, associada ao aumento na participação de fêmeas nos abates deixa mais próxima a possibilidade de estarmos na fase de baixa do ciclo de preços. Diante de quadro, estamos no momento de dimensionar investimentos, com base na possibilidade, dos preços da arroba do boi gordo vindouros não serem tão atraentes como nos últimos anos. NT 37 AQUA QUALIDADE DE RAÇÕES aquáticas extrusadas 38 NT Hilton Hiroshi Oshima Zootecnista e Gerente de Negócios de Aquacultura da Nutron Alimentos - Em 2.011 a aquacultura brasileira consumiu cerca de 489.000 toneladas de rações aquáticas (Sindirações 2.011). Sendo 397.000 toneladas e 92.000 toneladas destinadas à piscicultura e carninocultura respectivamente. Este número representou 0,7% do total das rações animais consumidas no país no ano de 2.011. Apesar de representar uma pequena fração, é o segmento que mais cresce, com uma taxa acima de 15% ao ano. Este crescimento reflete o potencial deste mercado, que está se desenvolvendo no Brasil. Isto tem demandado investimentos e inovações tecnológicas em rações aquáticas, que é o principal insumo da produção de proteína de alto valor biológico de peixes e camarão. Tabela 1 Produção de rações (milhões de toneladas) - Sindirações Segmento Aquacultura Peixes Camarão Total 2.009 0,380 0,300 0,080 60,200 2.010 0,429 0,345 0,085 63,600 % 2.009/10 12,9 15,0 5,0 5,7 2.011* 0,489 0,397 0,092 66,400 % 2.010/11 14,0 15,1 9,5 4,4 QUALIDADE DAS RAÇÕES AQUÁTICAS - Qualidade é um substantivo que pode ser definido desde; “ter ou não ter qualidade”, até ser compreendido como máxima para a ciência; mínima para o preço e precisa para o negócio. Esta última é a recomendada para o criador que procura alcançar a melhor rentabilidade e sustentabilidade da atividade. Quando referimos à qualidade das rações aquáticas, há que se entendê-la de uma maneira completa. Contemplando as interações químicas, físicas, biológicas e ambientais, para proporcionar adequados níveis de nutrientes para a espécie, a categoria animal e aos desafios zootécnicos, com sustentabilidade ambiental. Gráfico 1 Qualidade Precisa Precisa = Rentabilidade Mínima = Preço Máxima = Ciência Qualidade de Rações Aquáticas Gráfico 2 Qualidade de rações aquáticas Qualidade Química Qualidade Biológica Qualidade Física Qualidade Ambiental QUALIDADE PRECISA QUALIDADE DE RAÇÕES AQUÁTICAS 1- QUALIDADE QUÍMICA: - Trata-se dos nutrientes das rações; proteína, gordura, minerais, fibra, matéria mineral, vitaminas, que de forma balanceada e econômica atende as necessidades nutricionais da espécie e das suas categorias de criação, em função do sistema de cultivo. Pode ser identificado pelos níveis expressos nos rótulos das rações. E é o conteúdo das rações formuladas para atender as exigências nutricionais basais, de crescimento e de reprodução das espécies criadas. Além dos nutrientes e das suas participações, é importante considerar as inter-relações existentes. Esta qualidade é dada pelos nutrientes existentes Tabela 2 Umidade máx. Proteína mín. Extrato etéreo mín. Fibra máx. Cinza máx. Cálcio máx. Fósforo mín. Magnésio Manganês Zinco Ferro Cobre Cobalto Iodo Selênio Nível de nutrientes de rações % % % % % % % mg mg mg mg mg mg mg mg Vit. A Vit. D3 Vit. E Vit. K Vit. B1 Vit. B2 Vit. B6 Vit. B12 Vit. C Niacina Ácido fólico Ácido Pantotênico Biotina Colina Inositol UI UI mg mg mg mg mg mg mg mg mg mg mg mg mg NT 39 nos ingredientes, que são dosados para proporcionar níveis mínimos e máximos de nutrientes nas rações. Obviamente observando a parte qualitativa dos mesmos. 2 – QUALIDADE FÍSICA: - É o resultado de todos os processamentos mecânicos e térmicos de uma linha de fabricação de rações extrusadas que são aplicados nas misturas das rações. Esta qualidade tem a sua importância destacada porque é uma qualidade que pode ser mesurada pelo criador, já que é visível, como por exemplo; o grau de moagem e remoagem; tamanho do pellet; formatação do pellet, flutuabilidade e/ ou afundabilidade do pellet; finos; recobrimento de gordura;... . Por este motivo, ela acaba sendo determinante e/ ou supervalorizada em detrimento a qualidade química, biológica e ambiental das rações. O primeiro processo físico e a sua repetição é de vital Pesagem Mistura lidade em água. As etapas de secagem e resfriamento são de Linha de extrusão Moinho importância para a sequência dos processos e, sobretudo para a fisiologia digestória de peixes e camarões. Este grau de moagem/remoagem influencia os processos subsequentes de condicionamento e extrusão das misturas, que resultam na formatação do pellet. A etapa de pesagem e mistura, são de grande precisão para a obtenção da fórmula exata, dada pelo balanceamento da ração. Equipamentos adequados, sistemas de automação, procedimentos de operação, controle e segurança, juntamente com profissionais treinados determinam o sucesso destas etapas. A linha de extrusão é composta de tanque agitador, condicionador, canhão extrusor e cortador. Existem linhas e equipamentos de extrusão de diversas dimensões e recursos, que precisam estar projetados de acordo não só com a demanda de volume, mas sobre tudo, em função das rações objetivadas quanto as suas especificações químicas, físicas e dos ingredientes que irão compor as rações. Os pellets de rações devem atingir a sua especificação de formatação; - expansão, - densidade e estabi- 40 NT grande importância para acabamento e manutenção da qualidade obtida até então no fluxo do processo da ração extrusada. O processo de secagem consiste em adequar a umidade em conjunto com a atividade de água para os níveis ideais da ração. O monitoramento através de equipamentos e pontos específicos da etapa de secagem e resfriamento é fundamental para assegurar a secagem e resfriamento uniforme. O excesso de secagem pode prejudicar a atratividade e digestibilidade da ração. E a falta de secagem provoca o aparecimento de mofo na ração. A etapa de resfriamento consiste em reduzir a temperatura dos pellets de ração, considerando a temperatura am- Secador horizontal Refriador vertical biente para impedir a reação de condensação já na ração acondicionada em embalagens. Intermediário ao processo de secagem e resfriamento há uma etapa para adição das frações líquidas de óleos e/ou gorduras na forma de recobrimento sobre os pellets secos e ainda não resfriado, já que a temperatura elevada dos pellets colabora na absorção do recobrimento líquido. atingir as especificações dos padrões de cada ração, com a formatação nos parâmetros de; - o diâmetro e o comprimento. - o peso específico. - expansão ou densificação. - estabilidade em água. 3 – QUALIDADE BIOLÓGICA: - Efetivamente é a qualidade fim da ração e faz referência ao valor biológico dos nutrientes. É conhecida como qualidade verdadeira porque é a porção dos nutrientes assimilados pelo organismo. A qualidade biológica resulta da qualidade química + qualidade física. Ou seja, a formulação da ração (qualidade química) ganha mais digestibilidade através dos processos de fabricação (qualidade física), melhorando a qualidade biológica da mesma. Logo, a qualidade biológica da ração é dada pelos ingredientes e suas combinações, mais os processos físicos e térmicos que são aplicados a esta mistura. Lembrando que isto por si só não garante a qualidade biológica da ração que ainda pode sofrer outras interferências no transporte, armazenamento, manejo alimentar e qualidade de água, sobretudo. O resultado é evidenciado no produto fim que peixes e camarões. Recobrimento de líquido No fluxo contínuo temos outros equipamentos que auxiliam no processo e no transporte dos pellets de ração pelo sistema contínuo de fabricação. Tais como sistemas pneumáticos, elevadores, peneiras vibratórias,... . Toda a linha de extrusão, ou melhor, a fábrica de rações extrusadas deve estar de acordo com a legislação vigente quanto à indústria, produto e as práticas de fabricação, que são certificadas desde um mínimo, que é o BPF - Boas Práticas de Fabricação até as mais exigentes, para atender a segurança alimentar de mercados consumidores. Como resultado da qualidade física, o pellet necessita 4 – QUALIDADE AMBIENTAL: Diz respeito à parte não convertida da ração, seja ela por deficiência física; finos, óleo em excesso, pellets quebrados, pellets afundando (peixes), pellets flutuando (camarão), baixa estabilidade e ou pela fração referente NT 41 Aquicultura, ANA, IBAMA e Secretarias Estaduais de Meio Ambiente. Ambas regulamentam os seus fins através dos níveis máximo e mínimo de nutrientes. As regulamentações ambientais agem em pró da preservação dos recursos naturais e as rações aquáticas também buscam este equilíbrio por uma questão de sustentabilidade do negócio, já que a criação é a primeira a sofrer os impactos desta interferência. A qualidade física, química e biológica determina a qualidade ambiental da ração. Entretanto, é importante destacar que o manuseio e o uso desta ração, é que afeta o meio aquático. O impacto na qualidade da água, que é o ambiente de criação dos peixes e camarão, é multifatorial e influenciam diretamente os níveis dos nutrientes, que podem desencadear uma variedade de reações químico-biológicas com efeitos no pH, oxigênio, amônia, gás carbônico, nitrito, nitrato,..., fito e zooplancton. Estes parâmetros impactam o desempenho da criação. às excreções dos processos fisiológicos, respiratórios e perdas como muco, sangue, escamas,... dos organismos aquáticos. Estas sobras reagem e impactam na qualidade da água. Ou seja, poluem a água com matérias orgânicas e inorgânicas. Há duas regulamentações a observar neste campo. A primeira, sobre a ração que é regida pelo MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. E a segunda, sobre os recursos hídricos, que é regulada e fiscalizada pelas instituições públicas; MPA - Ministério da Pesca e 42 NT IMPORTÂNCIA DO ENTENDIMENTO DA QUALIDADE DA RAÇÃO. - Tudo precisa ter um fim. Daí a importância de determinar corretamente os objetivos de uma ração. Entendendo que a ração é um produto meio para a obtenção de índices zootécnicos e econômicos em peixes e camarões. E mais, de que as rações são componentes de um programa alimentar que compreende fases de criação e manejos alimentares de peixes e camarões dentro de sistemas de cultivos específicos. A sua elevada participação no custo de produção reforça a necessidade de entender sobre a qualidade completa das rações aquáticas. ! IMPLACÁVEL A orientação do Médico Veterinário é fundamental para o correto uso dos medicamentos. MSD Saúde Animal é a unidade global de negócios de saúde animal da Merck & CO, Inc. MSD Saúde Animal 0800 70 70 512 www.msd-saude-animal.com.br bovinos de LEITE MANIPULAÇÃO da fermentação ruminal 44 NT Sabrina Marcantonio Coneglian Zootecnista, Doutora em Nutrição Animal Departamento de Inovação, Qualidade de Produto e Assistência Técnica da Vale Fertilizantes O rúmen é um ambiente aberto, composto por um ecossistema no qual os alimentos consumidos são fermentados a ácidos graxos voláteis (AGV) e biomassa microbiana, servindo de fonte energética e proteica, respectivamente, para o animal. A microbiota ruminal tem a capacidade de, por meio dos processos de fermentação e degradação ruminal, utilizar alimentos com baixo valor biológico para os ruminantes e transformá-los em proteína de alto valor biológico e energia, que serão utilizadas pelos bovinos para o crescimento, reprodução e produção de carne, leite e lã. Na bovinocultura moderna, a tentativa da maximização da produção animal tem, muitas vezes, promovido grandes alterações no ambiente ruminal, com instabilidade da microbiota e queda do pH ruminal. Estas alterações fazem com que o metabolismo e o crescimento da microbiota ruminal sejam insuficientes para suportar altas produções, devido à menor produção de proteína microbiana e AGV. Essas alterações levam não só a menores desempenhos produtivos, mas, muitas vezes, a enfermidades clínicas e subclínicas, tais como a acidose aguda, crônica ou o timpanismo. A manipulação da fermentação ruminal tem como objetivos: maximizar a eficiência de utilização do alimento e aumentar a produtividade do animal. Pode-se considerar a manipulação da fermentação ruminal como um processo de otimização, onde as condições ótimas são alcançadas pela maximização e/ou minimização dos processos de fermentação, dependendo de fatores como o tipo e o nível de alimentação, bem como a produção animal. Alguns mecanismos utilizados seguem a seguir: 1- Ionóforos São antibióticos coccidiostáticos produzidos por várias cepas de Streptomyces sp. Dentre os vários ionóforos conhecidos, os mais utilizados na alimentação de bovinos são monensina, lasalocida, salinomicina e narasina. As respostas encontradas com a utilização dos ionóforos são bastante variáveis, fenômeno que pode ser explicado em parte pelos diferentes protocolos, dose e tipo de ionóforo utilizado, condições experimentais, diferenças nas dietas e condições fisiológicas dos animais em que são realizados os experimentos com estes aditivos. A ação dos ionóforos para melhorar a eficiência ali- mentar nos ruminantes está relacionada a mudanças na população microbiana do rúmen, selecionando as bactérias Gram-negativas (Bacteroides, Prevotella, Megasphaera, Selenomonas, Succinomonas, Succinivibrio e Veillonella), produtoras de ácido propiônico e inibindo as Gram-positivas (Eubacterium, Lactobacillus e Streptococcus) maiores produtoras de ácido acético, butírico e láctico, H2 e metano. Este mecanismo pode provocar as seguintes alterações ruminais: • Aumento na produção de propionato e redução na produção de metano, resultando numa eficiência aumentada do metabolismo energético do rúmen e/ou animal; • Redução da degradação da proteína e deaminação de aminoácidos, resultando na melhora do metabolismo do nitrogênio no rúmen e/ou animal; • Redução na produção de ácido lático e formação de espuma no rúmen, levando a redução dos distúrbios ruminais. 2- Probióticos Os probióticos podem ser definidos como suplementos alimentares microbianos vivos que afetam de maneira benéfica o animal hospedeiro por melhorar seu balanço microbiano. Comparadas aos outros aditivos alimentares, principalmente aos ionóforos, poucas pesquisas têm sido conduzidas para se avaliar os efeitos dos aditivos microbianos sobre o crescimento e o metabolismo, seja do animal ou da microbiota ruminal. Os resultados in vivo destes aditivos se mostram variados. Algumas pesquisas têm apresentado um aumento no ganho de peso, na produção de leite e na digestibilidade total dos componentes dos alimentos, mas outras têm observado poucas influências dos probióticos nestes parâmetros. Pesquisas in vitro, realizadas com culturas de microrganismos ruminais também têm sido inconsistentes. Os vários resultados obtidos podem estar relacionados com o tipo de dieta que é fornecida aos animais, sendo os melhores resultados obtidos com animais alimentados à base de silagem de milho. 3- Vitaminas As vitaminas B e K são importantes na nutrição da bactéria ruminal. A vitamina K é necessária para poucas espécies. Algumas vitaminas B (biotina, ácido fólico, nia- NT 45 cina, tiamina, vitamina B12, piridoxina, ácido pantotênico e ácido paraminobenzóico) participam em muitas reações bioquímicas no metabolismo microbiano ruminal. Pelo fato da síntese microbiana de vitamina B ser suficiente para atender as exigências dos microrganismos e do ruminante, a suplementação alimentar de vitamina B só é necessária para novilhos pré-ruminantes. A síntese de vitamina B12 pelos microrganismos ruminais é adequada, desde que o cobalto não seja deficiente. A vitamina B12 tem várias funções metabólicas, a mais importante é o cofator da metil-malonilCoA isomerase. Essa enzima catalisa a reação do metilmalonil –CoA à succinilCoA, um intermediário na produção do ácido propiônico. A tiamina, como tiamina pirofosfato, participa em muitas reações metabólicas, particularmente nas reações de descarboxilação. A adição de tiamina aumenta a quantidade e eficiência da produção de proteína microbiana. O ácido fólico é um cofator essencial no metabolismo de certas bactérias ruminais. A suplementação com o ácido fólico diminui o pH ruminal, aumentando significantemente a concentração de propionato ruminal, mas não tem efeitos sobre a concentração de acetato e butirato. 4- Minerais A deficiência ou o desbalanço de certos minerais, tanto os macros (cálcio, cloro, magnésio, fósforo e enxofre) quanto os micros (cobalto, cobre, ferro, iodo, manganês, molibdênio, selênio e zinco) causam depressão no consumo de alimentos. Os macrominerais influenciam a atividade microbiana através de três características fisico-químicas relacionadas: capacidade tampão, taxa de diluição e osmolaridade. Os protozoários são mais sensíveis ao excesso de alguns minerais traço, particularmente o cobalto, o cobre e o zinco do que as bactérias. A maioria dos minerais serve como cofatores. A manipulação da fermentação ruminal com a utilização de minerais requer cuidados, pois uma concentração deficiente ou excessiva de um mineral pode afetar a utilização de outros minerais pelos microrganismos e o hospedeiro. 5- Lipídeos O fornecimento de gordura na dieta (saturada ou insaturada) em concentrações elevadas (acima de 5% da matéria seca total) pode causar decréscimo na ingestão de matéria seca e na digestibilidade de alguns nutrientes, especialmente da fibra. Essas alterações da digestibilidade da fibra são acompanhadas por alterações nas proporções dos diferentes AGV no rúmen. 46 NT A influência dos lipídios sobre a degradação da fibra depende da natureza do lipídio fornecido (saturação ou insaturação e esterificação) e da quantidade utilizada. Ácidos graxos insaturados são mais tóxicos aos microrganismos ruminais. Os seguintes mecanismos são responsáveis pela diminuição da degradação da fração fibrosa da dieta: formação de uma barreira física, evitando o ataque microbiano; modificação da população microbiana, devido aos efeitos tóxicos da gordura; inibição da atividade microbiana, devido ao efeito da gordura sobre a tensão superficial da membrana celular e diminuição na disponibilidade de certos cátions (Ca e Mg), formando complexos insolúveis com os ácidos graxos de cadeia longa. Este último efeito poderia estar relacionado diretamente com a disponibilidade de cátions para a função microbiana, ou indiretamente sobre o pH do rúmen. As mudanças nos parâmetros da fermentação ruminal em resposta à adição de gordura na dieta têm sido variáveis e relacionadas às porcentagens fornecidas, ao tipo de dieta fornecida e à resposta individual de cada animal. Um aditivo ideal deve ser específico e persistir em sua ação, não ser absorvido no trato digestivo e não ser tóxico ao animal hospedeiro, não deixar resíduos nos tecidos e ser biodegradável quando excretado pelo animal. Os modificadores da fermentação ruminal causam uma série de efeitos correlacionados como a inibição do metano, alteração nas proporções de AGVs, alterações de pH ruminal, digestibilidade dos componentes alimentares, produção de proteína microbiana, diminuição no número e atividade dos protozoários, entre outros. A decisão em como utilizar os modificadores da fermentação ruminal dependerá do tipo de alimentação, espécie animal e objetivos de produção. Referências bibliográficas: 1) AFRC( 1990). Nutrient requirements of sows and boars. Nutrition Abstract and Review, 60, 383406. 2) AHERNE, F. La nutrición del verraco influye en la productividade. International Pigletter, v.13, n.8, pag. 29-32, 1993. 3) Brzezinska-Slebodzinska, E. et al.(1995). Biol. 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The effect of energy and protein intakes on boar libido, sêmen characteristics and plasma hormone concentrations. J. Anim. Sci., v. 72, pag 2051-2060, 1994b. 12) Liu, C.H.et al.(1982). Acta Vet. Zootech. Sin. 13:73-77. 13)Kornegay, E.T.(1986). Livestock Production Science, 14, 65 - 89. 14)Marin-Guzman, J. et al.(1997). J.Animal Science 75, 2994 - 3003. 15) Marin-Guzman, J. et al.(2000a). J.Animal Science 78, 1537 – 1543. 16) Marin-Guzman, J. et al.(2000b). J.Animal Science 78, 1544 – 1550. 17) MURGAS, L.D.S. Desempenho reprodutivo de varrões híbridos alimentados com rações suplementadas com óleo de soja como fonte de ácidos graxos. Tese de Doutorado, UFLA, Lavras, 1999. 18)Nakano, T., Aherne, F.X. & Thompson, J.R.(1983). Canadian Journal of Animal Science, 63, 421 - 428. 19)NRC(1988). Nutrient requirements of swine. NRC, Washington. 20)NUNES, I.J. Nutrição animal básica. Belo Horizonte, 1998. 388 pag. 20)Webb, N.G., Penny, R.H.C. & Johnston, A.M.(1984). Veterinary Record, 114, 185 - 189. NT 47 bovinos de LEITE IDENTIFICAÇÃO DE LESÕES de cascos em bovinos de leite 48 NT Tradução e Adaptação: Rogério Isler Catle Manager - Brazil da Zinpro Animal Nutrition O guia de Identificação de Lesões de Cascos em Bovinos de Leite, desenvolvido através de um esforço combinado entre a Zinpro Corp. e o International Lameness Committee, representa o primeiro consenso global para a identificação de lesões podais, a sua correta designação e a implementação dos seus registros. Adotando-se uma terminologia, uniformizada em todo o mundo, será mais fácil e eficaz para monitorar e avaliar a prevalência e o impacto econômico das várias lesões podais. Pontos-chave do poster incluem: - Fácil de usar: é um guia visual prático e intuitivo para ajudar a identificar, corretamente, 14 lesões de cascos em bovinos de leite. - Aplicação global: adota-se uma identificação uniformizada, com uma única letra, reconhecida internacionalmente para cada lesão. - Os sistemas de registros de rebanhos funcionam mais eficazmente com apenas uma única letra devido ao espaço necessário para maior número de caracteres no programa; - A prevalência de lesões pode ser mais rigorosamente monitorada e avaliada, de forma uniforme em todo o mundo, usando apenas uma letra para cada lesão. - Referência-cruzada: permite relacionar cada tipo de lesão com zona(s) específica(s) em que essa ocorre, sendo mais eficaz e rigorosa a sua identificação. - Correta identificação das lesões ajuda a melhorar a compreensão da verdadeira causa de cada uma delas, permitindo a implementação de planos de correção que sejam muito eficazes. - Terminologia alternativa: “também chamada” - para ajudar a reconhecer outros nomes alternativos que também são utilizados para definir as lesões. - Categorias distintas: as lesões são classificadas em infecciosas e não-infecciosas. - A gestão efetiva e eficaz de lesões podais começa por identificar qual categoria (infecciosa ou não-infecciosa) é mais prevalente em cada rebanho. - Os planos de ação corretiva devem ser ajustados a cada categoria. Lesões podais não-infecciosas incluem úlceras na unha, na sola e na pinça, lesões de linha branca, hemor- Autores: Dana J. Tomlinson, Ph.D., Michael T. Socha, Ph.D., e J. M. DeFrain, Ph.D. Zinpro Corporation ragia da sola, sola dupla, sola fina e fissuras vertical, horizontal e axial. Tal como nas lesões infecciosas, o desenvolvimento de lesões não-infecciosas é multifactorial. Por exemplo, solas finas podem ser o resultado de excessiva remoção da sola pelo casqueador, por longas caminhadas em superfícies abrasivas e/ou em superfícies com excessivo declive, em que o desgaste do casco é superior a taxa de crescimento. Fatores que podem aumentar a incidência de lesões não-infecciosas: 1. Falta, pouca frequência e/ou aparo incorreto dos cascos (Raven, 1989; Shearer et al., 2005); 2. Mais de 3 horas por dia aguardando em pé na sala de espera da ordenha e/ou muito tempo trancado em canzil no cocho (Nordlund et al., 2004); 3. Camas mal dimensionadas, incluindo insuficiente volume de cama para amortecimento, guia do pescoço (“neck rail”) baixa, camas curtas, falta de espaço para movimentação da cabeça, anteparo frontal na cama, tábua de peito (“brisket boards”) alta e cama estreita (Anderson, 2005, Cook, 2005); 4. Tempo que passa deitado é insuficiente, por limitações no acesso às camas devido a superlotação, muito tempo fora do estábulo, estabulação mal dimensionada e desvantagem na competição social (Cook et al., 2004); 5. Fatores nutricionais, tais como excesso de energia rapidamente fermentável no rúmen, falta de fibra efetiva, excesso de proteína, seleção no consumo da dieta total (TMR), variação na frequência de alimentação irregulares e inadequada nutrição mineral (Nocek, 1997; Nocek et al., 2000; Cook et al., 2004); 6. Acesso limitado à alimentação por superlotação/ competição ou por insuficiente espaço de cocho (Cook et al., 2004); 7. Problemas metabólicos pós-parto, como hipocalcemia (Nocek, 2002; Tomlinson et al., 2004); NT 49 8. Pisos que provocam excessivo desgaste dos cascos, tais como declives superiores a 2% na sala de espera, corredores nos currais com mais de 1,5% de declividade, sulcos do piso incorretos, pisos com buracos e mal conservados (Cook, 2005; Kloosterman, 2005); 9. Estresse calórico, provocando queda do pH do rúmen e levando os animais a passar mais tempo em pé (Cook et al., 2004; Shearer, 2005); 10. Transição abrupta de vaca seca para lactação, tanto em termos nutricionais como de ambiente (Cook, 2005). Podendo ser várias as causas de lesões não-infecciosas, identificar corretamente a lesão, bem como registrar a zona em que a lesão ocorre, ajuda a identificar a raiz do problema. Por exemplo, úlceras na unha (zona 5) ocorrem mais frequentemente em animais com solas finas, enquanto úlceras no centro da sola (zona 4) são indicativas de excesso de crescimento da sola ou excessivo tempo de pé. As lesões de cascos nos bovinos são caras para os produtores, pois reduzem o desempenho da lactação e a fertilidade do animal. A efetiva redução de lesões podais só pode ser completamente conseguida se os produtores implementarem um programa para ver a extensão e a gravidade das lesões em todo o rebanho. Escore de Locomoção é uma pontuação para identificar como o animal está se locomovendo. É uma excelente ferramenta para ver a extensão dos problemas de cascos e a gravidade das lesões. Contudo, todas as vacas afetadas por problemas de casco, seja moderado ou severo, deverão ser examinadas por um casqueador qualificado e deve ser identificada a causa da manqueira. Na maioria das situações, é mesmo necessário examinar os cascos, pois mais de 90% das lesões que causam desconforto ocorrem neles. Todas as lesões detectadas deverão ser registradas, bem como os tratamentos corretivos e preventivos, tratando-se de lesões infecciosas ou não-infeciosas. A eficácia de todas as medidas tomadas deverá ser continuamente monitorada, com a avaliação do Escore de Locomoção e/ou programa First Step. Para mais informações, consulte www.zinpro.com 50 NT Este guia foi desenvolvido conjuntamente por Zinpro Performance Minerals e The International Lameness Committee Fotos de: R. Acuña, C.Bergsten, S. Berry, K. Burgi, L. DeVecchis, A. Gonzalez, P. Greenough, J. Kofler, J. Malmo, R. Pijl, J. Shearer, F. Sutton NT 51 bovinos de LEITE Gordura Protegida 30 anos no mercado sempre com as mesmas dúvidas... Desde a década de 80, os sais cálcicos de ácidos graxos de cadeia longa ou “Gorduras Protegidas” como são popularmente conhecidos, são utilizados na alimentação de ruminantes. Existem inúmeros trabalhos científicos comprovando seus benefícios para o desempenho animal, principalmente para as vacas de leite. As técnicas de fabricação de sais cálcicos são amplamente conhecidas e seu uso comercial largamente difundido, porém, no Brasil, inúmeras dúvidas ainda persistem, basicamente devido a algumas diferenças de composição de produtos e erros na utilização dos mesmos. A nutrição moderna exige que seja avaliado o valor por unidade de energia, proteína, ácido graxo essencial (AGE) protegido ou qualquer outro referencial. O que interessa não é a quantidade total de ácidos graxos essenciais de um determinado produto, mas sim o valor por unidade percentual desse AGE e o teor de saponificação do produto e de que forma ele vai ser utilizado. Produtos a base de sais cálcicos podem ser fabricados com ácidos graxos de diferentes óleos e gorduras e cada um deles apresenta as suas peculiaridades de composição e utilização que descrevemos a seguir. Como o uso de gorduras animais está proibido no Brasil, vamos nos concentrar na avaliação de produtos feitos com ácidos graxos de óleos vegetais com maior teor de saturados (palma) e poli-insaturados (soja). Gordura Protegida – Palma ou Soja ? Na década de 80 quando o Dr. Palmquist desenvolveu os sais cálcicos para suprir o balanço energético negativo de vacas de alta produção onde a Gordura Protegida entrava como uma excelente opção para alterar a densidade energética da dieta, aumentar o pico de lactação e a produção total da vaca. Os produtos consagrados 52 NT sempre utilizaram ácidos graxos de palma como matéria prima principal. Vários fatores influenciaram essa decisão como a disponibilidade de matéria prima (um sub produto do refino de óleo de palma), a facilidade de fabricação do sal de cálcio, os produtos competidores indiretos como o sebo animal que era rico em ácidos graxos saturados porem de baixa digestibilidade. Inúmeras variações de sais cálcicos de palma foram lançadas ao longo do tempo como produtos que além da energia carreiam (protegem) aminoácidos (ex: metionina) para liberação direta no intestino. No final da década de 90 constatou-se que também havia uma melhora reprodutiva e esse resultados associados a novos estudos sobre a suplementação de ácidos graxos essenciais, os pesquisadores verificaram que a tecnologia dos sais cálcicos também poderia ser uma forma de suplementar essas deficiências e melhorar a reprodução e a imunidade dos ruminantes. Os primeiros sais cálcicos ricos em ácidos graxos poli-insaturados produzidos no mundo eram associações de ácidos graxos de palma com diferentes fontes de acidos graxos (soja, óleo de peixe, etc). No Brasil, como não havia disponibilidade de Acido Graxo de Palma, a cotação do dólar inviabilizava a importação (do óleo ou da gordura protegida de palma), a indústria desenvolveu produtos que contivessem 100% de Acidos Graxos do óleo de soja, poli-insaturados, mas com alto teor de ácidos graxos essenciais. Adaptação e Palatabilidade A suplementação com gordura causa redução da palatabilidade do alimento e redução do consumo quando estas são adicionadas separadamente. Entretanto, quando os suplementos de gordura são misturados a concentrados os problemas desaparecem (Grummer et Mario Tavares Moura, Médico Veterinário; MSc Agribusiness Managment na Neoagri Consultoria al., 1990). Outros trabalhos demonstram que por haver um adensamento energético das dietas com a adição de gordura, muitas vezes o consumo de matéria seca cai, mas não se altera a ingestão total de energia. Alguns autores sugerem haver mecanismos homeostáticos de controle da ingestão total de energia pelas vacas. Indiferente da fonte de óleo utilizada, palma ou soja, são necessários alguns dias de adaptação ao consumo. Preferencialmente estes suplementos devem estar incorporados no concentrado ou na dieta total. Mesmo quando os animais já se alimentam de gordura protegida, se a fonte do óleo for alterada, estes animais devem passar por nova adaptação. Após uma a duas semanas o consumo se normaliza sem haver prejuízos para as vacas. Gordura Protegida e a Gordura do Leite Recentemente, tem havido especulações, sobre os diferentes perfis de ácidos graxos das gorduras protegidas (Palma x Soja) e sua influência no teor de gordura do leite. Muitos técnicos deixaram de indicar a utilização de gordura protegida por observarem drásticas quedas nos teores de gordura do leite. Nestes casos a maior parte dos problemas foi observada após utilização dos sais cálcicos de soja. Assim, o questionamento de técnicos e produtores procede: “Por que a Gordura Protegida de Soja reduz a gordura do leite? E porque a Gordura de Palma não causa o mesmo efeito?”. Após 100 anos de pesquisas, vários trabalhos apontam o perfil de ácidos graxos como o principal vilão. As fontes de ácidos graxos poliinsaturados, principalmente os Ácidos Linoleicos Conjugados (CLA), aumentam os precursores ruminais que levam, por fim, à redução da Geraldo Filgueiras Neto, Médico Veterinário; MSc Produção Animal Gerente de Produtos da Nutron Alimentos síntese de gordura na glândula mamária. Diminuindo, desta forma os teores de gordura no leite. Mas as gorduras protegidas não deveriam ser inertes à degradação ruminal? As gorduras protegidas na forma de sais cálcicos de ácidos graxos correspondem a uma proteção por insolubilidade no rúmen que utiliza a capacidade dos ácidos graxos para se combinar com cátions bivalentes como o cálcio, formando sais insolúveis no pH ruminal. Em condições de maior acidez (abomaso), os ácidos graxos liberam cálcio e se tornam disponíveis para a absorção intestinal. Estes ácidos graxos de cadeia longa fornecidos através da suplementação lipídica são absorvidos e utilizados com alta eficiência para a lactação, pois podem ser diretamente transferidos para a gordura do leite poupando energia para outras funções produtivas da glândula mamária (Palmquist, 1980). O pKa das gorduras protegidas está entre o pH 4,5 e 5,2 o que significa que neste pH ruminal metade dos sais cálcicos estão dissociados (acido graxo se torna livre no rúmen) e metade ainda está ligado ao cálcio (inerte). Quanto menor é o pH, maior será a liberação de ácidos graxos e maiores serão os efeitos deletérios dos mesmos sobre a microbiota ruminal. Em pH próximo a neutralidade a gordura protegida passa inerte para disponibilizar os ácidos graxos para absorção no intestino. A gordura de palma tem pKa de 4,6 ou seja, mesmo em momentos de baixíssimo pH ruminal não haverá grande liberação de ácidos graxos livres. O pKa da gordura de soja se encontra mais próximo do pH 5,2 o que faz com que este produto seja mais dissociável em pH mais alto. Ha, neste caso, duas condições em que a dieta pode causar NT 53 depressão na gordura do leite. Quando há suplementação de ácidos graxos poli-insaturados (Gordura protegida de soja sob influência de baixo pH ou óleo vegetais livres) ou quando a dieta interfere na microbiota ruminal, reduzindo sua capacidade de bio-hidrogenação dos ácidos graxos insaturados. Esta interferência se deve principalmente a alterações no pH que desafiam as populações de bactérias e outros micro-organismos impedindo a completa hidrogenação dos ácidos graxos insaturados. Em dietas calóricas, com baixa fibra efetiva ou grande quantidade de carboidratos fermentáveis, o pH ruminal cai e há morte de bactérias celulolíticas (importantes na bio-hidrogenação). Se neste caso houver suplementação de gordura de fontes de óleo insaturados haverá aumento de precursores como o CLA que causam redução na gordura do leite. Estes compostos são tão potentes que alguns trabalhos demonstraram que suplementação pós-ruminal de 3,5g/dia de CLA causa redução de até 25% na gordura do leite. Após absorvidos no intestino, estes compostos tem uma ação direta na glândula mamaria reduzindo todos os ácidos graxos que compõem a gordura do leite, mas especialmente aqueles de cadeia curta que são sintetizados “de novo” nas células da glândula. Ai está o problema! As dietas de vacas de alta produção, mesmo bem balanceadas, podem causar intensa redução do pH ruminal em determinados momentos do dia. Os valores de pH oscilam normalmente entre 6,5 e 5,8 após as refeições. Nestes momentos, se a gordura protegida de soja estiver sendo utilizada, quanto mais baixo for o pH, haverá liberação de ácidos graxos insaturados e efeito prejudicial destas cadeias à gordura do leite. O efeito é desastroso quando a gordura de soja é incorporada às dietas de vacas em acidose subclínica (ph ruminal entre 5,8 -5,2). O mesmo não é observado para a Gordura Protegida de Palma. Como sua composição em ácidos graxos poli-insaturados é muito menor do que a de soja e seu pKa é menor, mesmo em momentos em que o pH ruminal permita liberação de parte das cadeias de ácidos graxos no rúmen, somente uma pequena parte se dissocia e estas não são prejudiciais aos micro-organismos. Não impactando tão intensamente na bio-hidrogenação de gorduras no rúmen e na gordura do leite. 54 NT Como no Brasil muitas companhias não pagam por sólidos no leite. Muitos poderiam se perguntar: “Qual o problema de ter baixa gordura no leite desde que a vaca produza mais?”. A resposta, mais uma vez é baseada em trabalhos científicos. Vacas suplementadas com fontes de gorduras poli-insaturadas que se tornam livres no rúmen aumentam a produção de radicais reativos ao oxigênio (os “famosos” radicais livres). Estes compostos podem desequilibrar o balanço oxidativo do animal predispondo-o ao estresse metabólico, que está entre outras coisas, envolvido com problemas sanitários, reprodutivos e redução da longevidade. Assim, vacas suplementadas com fontes de gordura em que se observa redução dos teores de gordura no leite podem não estar totalmente saudáveis. O que pode ser uma das inúmeras variáveis que impedem o sucesso de muitos testes em fazendas e experimentos que buscam resultados reprodutivos e produtivos de longo prazo. A Gordura Protegida de Palma é mais segura, garante aporte energético similar ao da Gordura de Soja e diminui muito o risco de queda nos teores de gordura do leite. Porém, acreditamos que as duas Gorduras Protegidas (Palma e Soja) podem ser utilizadas desde que as matérias primas sejam processadas corretamente e observese o balanceamento das dietas. O objetivo é garantir saúde ruminal e minimizar a dissociação dos produtos. A Gordura de soja pode ainda, ser uma opção viável para vacas de menor produção e/ou suplementadas com grandes quantidades de fibra efetiva. Os programas de Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF) e as suplementações exclusivas de pré parto podem também ser escolhas para o uso da Gordura Protegida de Soja. O mais importante é sempre estar consciente dos riscos, vantagens e desvantagens de cada escolha. Referências bibliográficas Bauman, D. E; Griinari, J. M.; Nutritional Regulation of Milk Fat Synthesis. Annu. Rev Nutr. v.23, p. 203-227. 2003. GRUMMER, R.R; HATFIELD, M.L.; DENTINE, M.R. Our industry today. Acceptability of fat supplements in four dairy herds. J. Dairy Sci., Champaign, v. 73, n. 3, p. 852-857, 1990. PALMQUIST, D.L.; JENKINS, T.C. Fat in lactation ration: Review. J. Dairy Sci., Champaign, v. 63, n. 1, p. 1-14,1980. O aditivo antimicotoxinas aprova AVES SUÍNOS BOVINOS EQUINOS in vivo contra fumonisinas O aditivo antimicotoxinas aprovado e aflato in vivo contra fumonisinas e aflatoxinas !"# $%$&'!$ !"# $%$&'!$ Composição básica do produto: Aluminosilicato de Sódio e Cálcio.................................100,0% Niveis de garantia: O aditivo antimicotoxinas Oaprovado aditivo antimicotoxinas in vivo contra Controle de preci O aditivo antimicotoxinas aprovado aprovado in vivo contra fumonisinas e aflatoxinas in vivo contra fumonisinas e aflatoxinas de micotoxinina fumonisinas e aflatoxinas ("$) * ("$) * !"#$ !"#$ Aluminosilicato de Sódio e Cálcio...............1.000,000000 g/kg % $" "#$+%!$,-( $" "#$+%!$,-( % Indicação de uso: Modo de Conservar: .!#$#("&(*$&." .!#$#("&(*$&." !( &'()#$ !( &'()#$ $ $ Adsorvente de micotoxinas, com atuação sobre fumonisinas. Conservar ensacado em local seco e arejado. Modo de $*)$$+,-./012 uso: Validade: $*)$$+,-./012 $"3$"3 Adicionar de 0,25 a 0,5% ou 2,5 a 5,0kg/ton de ração pronta. 12 meses a partir da data de fabricação $"#$4$5215 $"#$4$5215 6712$"# 6712$"# “Uso exclusivo na Alimentação Animal” Unidade Agronegócios 6 Data de validade: %+/0 6 Data de fabricação %+/0 ADITIVO ADSORVENTE DE MICOTOXINAS O aditivo antimicotoxinas Oaprovado aditivo antimicotoxinas Controle de precisão in vivo contra Controle de precisão aprovado in contra Produto registrado no Ministério da Agricultura, Pecuária de micotoxininas fumonisinas evivo aflatoxinas de micotoxininas ,123-*#45 ,123-*#45 e Abastecimento sob nº SC-0700020002 fumonisinas e aflatoxinas 1789: 1789: Fabricado por: Mineração e Pesquisa Brasileira Rodovia Alexandre Beloli, S/N - Primeira Linha CEP: 88803-470 - Criciúma - SC CNPJ: 79.917.597/0004-36 IE: 253.740.339 Responsável Técnico: Rosimeri Venâncio Redivo - Engª M.Sc Química - CREA: 29432-9 shaping tomo INDÚSTRIA BRASILEIRA ***,*-(.***+/0 ***,*-(.***+/0 Distribuído Exclusivamente por: SAC: 0800.979.99.94 Anuncio Notox NT04.indd 1 SAC: 0800.979.99.94| 0800 979 99 94 www.nutron.com.br Anuncio Notox NT04.indd Anuncio Notox NT04.indd 1 AnuncioNotox.indd 11 shaping tomorrow’s nutrition Nutron nutrition Alimentos Ltda. shaping tomorrow’s CNPJ - 01.961.898/0001-27 I.E. - 374.117.298.113 shaping tomorrow’s nutrition Rua Roupen Tilkian, 77 - Dist. Ind. H.R.O Cep: 13.970-970 - Itapira- SP www.nutron.com.br SAC: 0800 979 9994 www.nutron.com.br 03.08.10 15:50:05 shaping tomo www.nutr bovinos de LEITE BALANÇO DE AMINOÁcidos em rações de vacas leiteiras A produção de gado de leite em todo o mundo têm se tornado mais eficiente a cada dia. Muitas regiões ou mesmo países apresentam uma produção média de leite maior que 8.000 kg por vaca e muitas fazendas têm rebanhos de vacas que produzem mais de 45 kg de leite por cabeça por dia. Estes níveis de produção são um desafio para os nutricionistas, que precisam encontrar meios de fornecer os nutrientes necessários para sustentar esta produção. O consumo de matéria seca aumenta com a produção de leite, mas não na mesma proporção. As mudanças no preço do leite aumentam ainda mais o desafio de resolver esta equação. Como a nutrição é o insumo de maior custo, os produtores de leite precisam reavaliar os programas nutricionais para manter a sua sustentabilidade econômica com preços de leite mais baixos. Toda a produção animal tem sofrido pressão considerável para demonstrar que os consumidores não estão sendo expostos a riscos por práticas que poluam o meio ambiente e que possam afetar de forma negativa a qualidade da água. Em algumas regiões, já há regulamentações em vigor, ou que entrarão em vigor em breve, para garantir que as fazendas leiteiras operem de forma ambientalmente correta. O balanceamento de aminoácidos em dietas para vacas leiteiras tem o potencial de: • Reduzir os teores de proteína da dieta • Reduzir o custo das rações • Melhorar a eficiência da proteína • Reduzir a poluição ambiental • Aumentar a produção de proteína do leite • Fornecer mais energia e melhorar o equilíbrio nutricional Síntese do leite Para entender o que podemos esperar da formulação de ami- 56 NT noácidos, devemos primeiro revisar os princípios básicos de como a vaca leiteira produz o leite, especialmente a proteína do leite. A proteína do leite precisa ser produzida a partir dos aminoácidos da ração ou de origem microbiana. Acredita-se que a deficiência de um único aminoácido essencial pode restringir a produção de proteína do leite ao nível sustentado pelo aminoácido mais limitante. Foi observado que o fornecimento de mais carboidratos aumenta a produção de proteína do leite e a hipótese é que isso ocorre devido ao aumento da produção microbiana de aminoácidos e/ou por poupar aminoácidos que seriam utilizados para a produção de energia (glicose). Fundamentos sobre Aminoácidos Para usar os aminoácidos de forma adequada, devemos ter o conhecimento básico do que eles são. Dez aminoácidos são considerados essenciais para vacas leiteiras porque estas não podem sintetizá-los em quantidade suficiente. Estes aminoácidos essenciais são a metionina, lisina, leucina, isoleucina, valina, treonina, arginina, histidina, triptofano e fenilalanina. A vaca pode sintetizar outros aminoácidos, como serina, glicina, etc., em quantidades suficientes e estes são considerados não-essenciais. As proteínas são compostas de diversos aminoácidos ligados por ligações peptídicas. A sequência de aminoácidos torna a proteína única em sua forma, reatividade química e, portanto, em suas funções. Assim, uma proteína específica apresenta um perfil específico de aminoácidos. As proteínas têm muitas funções biológicas, que incluem, mas não se restringem a, enzimas, hormônios, imunoglobulinas, componentes estruturais do músculo e componentes do leite. Além do seu papel estrutural nas proteínas, os aminoácidos podem contribuir para o fornecimento de energia, pois muitos podem ser convertidos em glicose. No entanto, este não é o destino preferível, pois torna os aminoácidos essenciais indispo- Tradução: José Rodrigo Galli Franco Zootecnista e Chefe Técnico Comercial na Evonik Degussa Brasil níveis para suas funções primárias, o processo é energeticamente ineficiente e envolve custos de excreção de nitrogênio. Autora: Claudia Parys PhD em Fisiologia da Nutrição e Gerente Global de Nutrição de Ruminantes Evonik Pode-se observar diversos papéis importantes dos aminoácidos no metabolismo de uma vaca. Os aminoácidos devem ser ingeridos como parte da dieta, mas são metabolizados em diversas maneiras pelos ruminantes, entre seu o consumo e sua incorpora- provavelmente é diferente daquele encontrado na proteína intacta consumida na ração, mas esta diferença não parece ser muito grande e é um fator menor em relação às contribuições da proteína não degradada no rúmen e da produção microbiana para o fornecimento de aminoácidos. A produção microbiana no rúmen está relacionada com a matéria orgânica fermentável e é estimada através de um cálculo baseado no teor de energia corrigido para gordura que não pode ção na proteína do leite. A maior parte da proteína (aproximadamente 65%) é degradada a amônia pelos microrganismos do rúmen e depois reconstruída como proteína microbiana. Foram realizadas inúmeras pesquisas nos últimos 20 anos para identificar a extensão da degradação protéica no rúmen de diversos ingredientes de dietas para vacas leiteiras. Hoje temos valores de passagem ruminal (também conhecido bypass ruminal ou UDP – proteína não-degradável) dos principais ingredientes de ração. Esta é uma das quatro avaliações críticas para estimar os aminoácidos que a vaca é capaz de absorver. Essas avaliações permitem calcular o teor de aminoácidos da proteína dietética que passam pelos microorganismos ruminais e chegam ao intestino. Os outros parâmetros críticos são estimar a produção de proteína microbiana, o padrão de aminoácidos da ração e a digestibilidade dos aminoácidos destas fontes. O padrão de aminoácidos das proteínas que escapam à degradação ruminal ser utilizado pelos micróbios do rúmen. É notório que o rúmen- retículo representa um desafio à suplementação de dietas leiteiras com ingredientes específicos, como aminoácidos, pois os microorganismos do rúmen vão tentar degradá-los. Isto levou ao desenvolvimento de revestimentos que protegem os aminoácidos no rúmen. Este é o caso do Mepron®, onde um revestimento de etilcelulose protege a metionina enquanto permanecer no rúmen. A taxa de passagem ruminal da metionina do Mepron foi estimada, de forma consistente, em 80%. A proteína de origem microbiana ou dietética que escapa a degradação no rúmen entra em contato com as secreções gástricas, que geram um ambiente ácido, que é mais adequado para o funcionamento das enzimas digestivas. O intestino delgado é o sítio de absorção de aminoácidos. Antes deste ponto de absorção, as enzimas degradam as proteínas até os aminoácidos que as compõem, e são então transportados através da parede intestinal. A Passagem de Nutrientes através da Vaca NT 57 Aminoácidos nos Ingredientes da ração Os teores de aminoácidos dos ingredientes de rações de aves e de suínos estão bem identificados e são previsíveis pela % de proteína. O desempenho ao longo de muitos anos de formulação baseada em aminoácidos validou estes valores. A Evonik desenvolveu uma base de dados de aminoácidos em ingredientes apenas para gado leiteiro e que inclui diversos volumosos. Estes valores, em combinação com os valores de passagem ruminal mencionados anteriormente, englobam os principais parâmetros para estimar os aminoácidos de passagem ruminal. Uma ressalva deve ser feita em relação às silagens. Durante a ensilagem, ocorre proteólise e subsequente degradação de aminoácidos. Os aminoácidos com estruturas químicas mais reativas, como lisina e arginina, são mais degradados que outros aminoácidos. Embora o teor de aminoácidos nas silagens seja menor e mais variável que no material fresco ou no feno, de qualquer forma a maior parte da proteína da silagem será convertida em proteína microbiana e, portanto, terá efeito limitado sobre as estimativas de fornecimento para a vaca além da proteína microbiana. Foi verificado através de aminogramas que as silagens caracterizadas subjetivamente pelos produtores como de má qualidade continham menos lisina e arginina do que o esperado. Deve-se ter cuidado ao balancear rações que contenham forragens mal fermentadas. Exemplo do Balanceamento de 58 NT Aminoácidos de uma Ração Leiteira Considerando os principais parâmetros que podem afetar o sucesso do balanceamento de aminoácidos, demonstramos abaixo onde podem ser obtidos benefícios econômicos e produtivos. Vejamos um exemplo de uma dieta baseado nas seguintes condições: • Vaca de 600 kg, 35 kg leite/dia, 3,3 % de gordura, 2,9 % de proteína, 21,8 kg de consumo de matéria seca • 21,5 kg silagem de milho + 4 kg de feno (10,7 % de proteína) • 2 kg de cevada + 3 kg de trigo • 3 kg farelo de canola (38 % de proteína) + 3 kg farelo de girassol (34 % de proteína) • 0,7 kg de premix Min-Vit O fornecimento de aminoácidos metabolizáveis desta ração é apresentado no Gráfico 1. As exigências de aminoácidos foram totalmente supridas com o fornecimento de 17,3% de proteína. A maioria dos aminoácidos foram fornecidos em excesso. Uma abordagem para reduzir o excesso de fornecimento de aminoácidos é reduzir o teor de proteína para 15,5%, como mostra o Gráfico 2. É necessário adicionar metionina para suprir as exigências. Na segunda ração, foi retirado 1,8 kg de farelo de girassol, reduzindo o teor de proteína de 17,3 para 15,5%. Em lugar do farelo de girassol, foram incluídos 1,8 kg de cevada mais 6 g de Mepron® para preencher o volume inicial, fornecer energia e suprir as exigências de metionina. O excesso de todos os aminoácidos foi reduzido e o fornecimento de lisina, leucina e histidina, especificamente, foi mais próximo das exigências. Embora este não seja um resultado “perfeitamente balanceado”, o equilíbrio do perfil de aminoácidos é muito melhor. Um teor menor de amônia terá que ser neutralizada e, portanto, menos nitrogênio será excretado no ambiente. O espaço gerado na ração, que anteriormente era ocupado pela fonte de proteína, pode agora ser utilizado para fornecer outros ingredientes críticos, principalmente carboidratos para fornecer energia ou fibra para manter a função ruminal e o consumo. Sabe-se que cada ração individual apresenta desafios únicos de formulação, mas apresentamos aqui apenas o marco conceitual Gráfico 1 Contribuição de aminoácidos de fonte microbiana e dietética (17,3 % de proteína da ração na matéria seca) 140 120 100 % exigência Podem ser absorvidos um único aminoácido ou dois aminoácidos ligados. São ativamente transportados para dentro dos enterócitos e destes, para a corrente sanguínea. As proteínas que são resistentes à degradação enzimática permanecem como estruturas grandes demais para serem absorvidas, isto é, são mal digeridas. Proteínas superaquecidas e as com forte ligação a fibras passam pelo intestino sem ser absorvidas. A função do fígado nos animais mamíferos é processar o sangue que chega do sistema digestivo e regular a passagem de nutrientes para outros tecidos. Pesquisas indicam que altos níveis de um aminoácido individual absorvido pelo intestino serão degradados ou transformados no fígado, moderando assim o nível de aminoácidos transferidos a outros tecidos. A glândula mamária recebe sangue com níveis de aminoácidos que foram “regulados” no fígado. Evidências sugerem que a glândula mamária pode se adaptar a uma crescente demanda de síntese do leite regulando o seu fluxo sanguíneo, para aumentar ou diminuir o fornecimento de um nutriente, como glicose ou um aminoácido específico. A redução do fluxo sanguíneo em resposta a um aminoácido percebido como excessivo vai diminuir também o fornecimento dos outros aminoácidos, sendo que alguns podem então se tornar limitantes para a síntese de proteína do leite. A síntese de proteína só pode ocorrer até o nível sustentado pelo aminoácido mais limitante. Evitar o desbalanceamento de aminoácidos melhora a eficiência e ajuda em atingir o potencial genético. 80 60 40 20 0 Met Lys Leu lle Val His de como se pode fazer o balanceamento de aminoácidos de rações leiteiras e seus benefícios nutricionais. Economia A substituição de ingredientes ricos em proteína bypass por Mepron® e grãos ou volumoso geralmente gera economia no custo da alimentação. Obviamente, isto depende da ração anterior e do custo dos ingredientes. Destaca-se que há rações nas quais o balanceamento adequado de aminoácidos pode aumentar o seu custo para que as exigências de aminoácidos sejam atendidas. No entanto, estas rações geralmente tem um fornecimento de aminoácidos consideravelmente baixo em relação ao fornecimento dos outros nutrientes e, portanto, comumente se observa uma melhora significativa da produção. Validação do Balanceamento de Aminoácidos em Rações Leiteiras Um experimento de campo comercial conduzido junto com a Universidade de Wisconsin avaliou esta abordagem teórica na fazenda. Dezenove rebanhos leiteiros de alta produção (média do rebanho de 10.700 kg de leite) participaram. Programas de alimentação rebalanceados com base em aminoácidos foram comparados com as rações existentes. O balanceamento de aminoácidos reduziu a proteína bruta como % da matéria seca de 17,6% para 16,8%. Os teores de FDA, FDN e CNF aumentaram levemente como resultado disponível devido à menor proteína nas rações balanceadas para aminoácidos. Durante todo o período experimental, metade dos rebanhos foi submetido ao programa de aminoácidos balanceados e metade permaneceu recebendo a ração pré-existente para evitar efeitos sazonais. A única diferença significativa de produção devido ao balanceamento de aminoácidos foi uma elevação de 0,05% da proteína do leite. Não houve alteração da produção, mas o custo da alimentação foi reduzido, em média, em US$0,05 por vaca por dia como resultado da redução da proteína. Como a reformulação com balanceamento de aminoácidos aumentou o consumo de volumoso Gráfico 2 Abordagem com redução de proteína e balanceamento de aminoácidos (15,5 % de proteína da ração na matéria seca) 140 120 Mepron R % exigência 100 80 60 40 20 0 Met Lys Leu lle Val His e não de rações comerciais, o custo com essas rações foi reduzido, em média, US$0,10 por vaca por dia. O experimento demonstrou claramente que o balanceamento de aminoácidos resultou em benefícios econômicos reais na produção. Diretrizes para o Balanceamento de Rações com Enfoque em Aminoácidos • Fornecer carboidratos adequados em quantidade suficiente. Em primeiro lugar, estão os Carboidratos Fibrosos (CF) pois a fibra é o componente mais importante para equilibrar qualquer ração. É necessária para a saúde ruminal, para a saúde da vaca e para a eficiência da fermentação. Depois de atendidas as exigências de fibra, a atenção deve ser dirigida para os Carboidratos Não-Fibrosos (CNF) para fornecer precursores adequados de propionato. A seguinte sequência de eventos é necessária para alta produção de leite: Amido e açúcares >>> propionato >>> glicose >>> lactose >>> volume de leite O componente mais decisivo é o amido fermentável. • Para obter a economia de custos desejada, não estabeleça restrições mínimas de níveis de proteína bruta ou de proteína nãodegradável. O balanceamento deve ser feito para Proteína Degradável no Rúmen (PDR), que varia diretamente com o teor de CNF da ração. • Com relação aos Aminoácidos, considera-se em geral que a metionina (Met) e a lisina (Lys) são os mais limitantes. Foi demonstrado que um balanço levemente positivo para Lys (+2 a +3 g) e até mesmo para Met é ideal. Garantir que as exigências de todos os outros aminoácidos essenciais sejam atendidas. • Como as gorduras não contribuem para a produção microbiana, recomenda-se uma abordagem conservadora em relação ao fornecimento de gordura, de 3 a 5% na MS. O NRC também usou esta perspectiva conservadora, como demonstrado pelo fato de não terem incluído uma exigência de gordura na edição de 2001. O ponto principal é que limitar gordura na dieta “cria espaço na dieta” e isto permite o fornecimento de mais carboidratos. • Da mesma forma que para a gordura, e pela mesma razão, sugere-se uma abordagem básica em relação à matéria mineral. A maioria das rações contém 8 de 10% de material mineral, mas o objetivo deve ser formular para menos de 8%. • Benefícios que podem ser obtidos com o balanceamento de aminoácidos • Aumento da produção de proteína por aumento da porcentagem de proteína do leite e/ou da produção de leite como resultado de melhor fornecimento de aminoácidos • Economia dos custos de alimentação devido ao menor fornecimento de proteína • Melhor eficiência do uso da proteína (aminoácidos) e, portanto, menor resíduo de nitrogênio • Melhor saúde do rebanho e produção no longo prazo como resultado de melhor balance nutricional por haver mais espaço disponível na ração para atender outras necessidades nutricionais NT 59 bovinos de corte USO DE CO-PRODUTOS na nutrição de bovinos Recentemente a pecuária brasileira tem passado por mudanças expressivas, resultado da adoção de novas tecnologias, como o manejo intensivo de pastagens e a adoção de programas de melhoramento genético, possibilitando em uma maior intensificação dos sistemas de produção. Paralelamente, vêm-se obtendo conhecimentos cada vez mais aprofundados quanto a composição dos alimentos e as exigências nutricionais dos bovinos. A soma de todos esses avanços resulta em uma melhor produtividade animal, tanto na bovinocultura de corte quanto na de leite. Tal progresso pode ser observado principalmente na área de nutrição. O volumoso, antes composto quase que 60 NT exclusivamente por pastagens com baixos teores nutritivos e em alguns raros casos, silagens de milho, hoje consiste em pastagens altamente produtivas, com elevados teores protéicos, juntamente com silagens de variadas culturas como cana-de-açúcar, sorgo, milho e até mesmo algumas forrageiras. O concentrado, que no passado consistia exclusivamente de milho e farelo de soja, hoje é composto por diversos ingredientes, tendo destaque os co-produtos. Os co-produtos, que num passado próximo eram considerados subprodutos, meros resíduos da indústria alimentícia, atualmente têm o seu valor nutritivo reconhecido tanto por técnicos quanto por produtores. Várias de suas caracte- Camila Takassugui Gomes Assistente Técnico-Comercial da Cargill - Amidos e Adoçantes rísticas possibilitaram tal fato, como a altíssima digestibilidade de suas fibras que, aliada ao seu baixo teor de amido, proporcionam uma melhoria na saúde do ambiente ruminal, principalmente quando da presença de elevados teores de carboidratos solúveis na dieta. Como já se sabe, a utilização de milho como fonte exclusiva de energia pode muitas vezes resultar em difunções como acidose, timpanismo e laminite, devido ao acúmulo de produtos da fermentação. Alguns co-produtos apresentam também níveis significativos de proteína, contribuindo assim com a diminuição dos custos totais da dieta ao substituir parte dos ingredientes proteícos, normalmente os de maiores custos, como por exemplo, o farelo de soja. Dentre as várias possibilidades existentes, alguns co-produtos como a polpa cítrica, a casca de soja, o caroço de algodão e o farelo de glúten de milho se destacam como alternativas interessantes para a substituição dos ingredientes usuais no concentrado das dietas. A polpa cítrica é originada através da fabricação de suco de laranja, sendo composta por cascas, semente e bagaço. Ao contrário dos grãos de cereais, não contém teores significativos de amido, sendo porém rica em açúcares, fibra altamente digestível e pectina, o carboidrato complexo de mais rápida degradação ruminal. Seu teor de FDN é intermediário entre o de concentrados e volumosos, o que resulta em um menor risco de acidose ruminal. Além disso, seu consumo pelos animais é mais lento e fracionado, o que também auxilia numa maior estabilidade do pH ruminal. Devido ao fato de se adicionar hidróxido ou óxido de cálcio antes de sua prensagem para facilitar a retirada de água, contém altos teores de cálcio. Usualmente é utilizada na substituição parcial do milho no concentrado. A casca de soja é composta basicamente pela película que envolve os grãos, sendo um co-produto das indústrias processadoras de soja. Após uma pré-limpeza inicial, tais cascas são removidas dos grãos através de um processo de aspiração, porém sempre contendo uma porcentagem residual dos grãos. Pode ser posteriormente moída ou peletizada, com o objetivo de aumentar a densidade do produto, facilitando seu transporte. A quantidade de sua produção é bastante variável, devido aos diferentes teores de proteína do grão de soja NT 61 que chegam a indústria. A casca de soja possui um baixo teor proteíco, sendo considerada um alimento basicamente energético, devido a altíssima digestibilidade de suas fibras. Muitos experimentos demonstram resultados positivos na substituição parcial do milho pela casca de soja, provavelmente devido ao efeito da substituição do amido por sua fibra altamente digestível, o que resultaria numa melhora da digestibilidade da dieta como um todo, principalmente dos volumosos presentes. Esse alto teor de fibra mantém ou pode até melhorar o teor de gordura do leite. É um co-produto am- plamente utilizado por produtores também na substituição parcial de volumoso da dieta, principalmente em regiões com secas prolongadas e pastagens mal manejadas. O caroço de algodão é um co-produto com uma expressiva disponibilidade, principalmente no centro-oeste do país, região onde se encontram os maiores algodoeiros. É originado no beneficiamento do algodão em caroço para a extração da fibra de algodão, possuindo propriedades peculiares como um altíssimo teor energético, característico de alimentos concentrados, combinado a um teor expressivo de fibra efetiva, presente em alimentos volumosos. Seu alto teor de óleo limita uma maior inclusão nas dietas, o que poderia afetar negativamente a fermentação ruminal. Além disso, apresenta também um alto teor do fator anti-nutritivo gossipol. Tem sido amplamente utilizado na dieta de bovinos leiteiros, principalmente para vacas de alta produção, geralmente confinadas, colaborando com seu suprimento energético, assim como na manutenção do teor de gordura do leite. O farelo de glúten de milho é talvez o co-produto mais versátil atualmente, devido aos seus altos teores de fibra, energia e proteína, sendo nutricionalmente um alimento muito equilibrado. É obtido através do processamento industrial do milho por via úmida, que tem por objetivo a separa- 62 NT ção de seus componentes como a fibra, o amido, o glúten e o gérmen. Sucintamente, o processo ocorre da seguinte forma: o milho é recepcionado e classificado, ficando submerso em tanques com solução aquosa por aproximadamente 40 horas, aonde ocorrerá a maceração do grão. Como muito dos nutrientes do milho migram para essa água de imersão, ela é posteriormente drenada e concentrada, resultando na água de maceração, que contém cerca de 50% de proteína e teores significativos de açúcares e amido. Na etapa final do processo, a fibra é separada dos demais componentes, contendo porém vestígios de amido, glúten e gérmen. É então adicionada a água de maceração, aumentando assim seu valor nutritivo, resultando no farelo de glúten de milho úmido, o Goldenmill®, que poderá ser comercializado desta forma ou ser posteriormente seco e moído, originando o farelo de glúten de milho 21, o Promill®. Quanto a sua aplicação, é amplamente utilizado por fabricantes de rações para bovinos pois, devido ao seu alto teor energético e proteíco, substitui parcialmente tanto o milho quanto o farelo de soja, gerando uma redução dos custos. Apresenta aroma e palatabilidade característica, sendo também muito utilizado em confinamentos, muitas vezes como única fonte proteíca da dieta. A sua forma úmida, o Goldenmill®, apresenta cerca de 56% de umidade, sendo altamente palatável. Apresenta fibras mais longas e maiores teores de amido, sendo muito utilizado tanto por produtores com deficiências na produção de volumoso quanto por produtores que almejam a redução do custo total da dieta pois, devido aos seus teores energéticos e proteícos, substituem também parte do concentrado da dieta total. Além disso, seu fornecimento resulta em um maior teor de gordura do leite. Pode ser fornecido in natura ou misturado a ração, podendo também ser adicionado em silagens de milho, sorgo, cana-de-açúcar e forragens no momento da ensilagem quando, devido ao seu baixo pH, favorece um melhor padrão de fermentação, além de elevar os teores energéticos e proteícos dessas silagens. Quando comparados aos outros co-produtos, possuem ainda a vantagem de serem produzidos e comercializados durante todo o ano, além de serem submetidos a um controle rígido de qualidade, que inclui até mesmo a medição de aflatoxinas e outras micotoxinas, comparável com o dos produtos destinados à alimentação humana. Os co-produtos definitivamente vieram para ficar, sendo a sua utilização já consagrada. Cabe ao produtor reconhecer melhor suas vantagens, tanto economica quanto nutricionalmente. Desta maneira, modernizando seus conceitos relativos à nutrição de bovinos, identificarão novas oportunidades de redução de custos, e da intensificação de sua produção, objetivo comum em nosso meio, ficará cada vez mais fácil de ser alcançada, atingindo assim os melhores resultados possíveis. Quando o assunto é lucratividade e segurança, confie na marca líder de mercado. A orientação do Médico Veterinário é fundamental para o correto uso dos medicamentos. MSD Saúde Animal é a unidade global de negócios de saúde animal da Merck & CO, Inc. MSD Saúde Animal 0800 70 70 512 www.msd-saude-animal.com.br bovinos de corte ATIVIDADE ANTI-HELMÍNTICA DA ASSOCIAÇÃO IVERMECTINA 2,25% + ABAMECTINA 1,25%* comparativamente a diferentes endectocidas em bovinos e efeito no desenvolvimento ponderal RESUMO A associação ivermectina 2,25% + abamectina 1,25%* foi avaliada em dois ensaios. No experimento I (Butiá,RS), um teste crítico (necropsias) em bovinos revelou que a associação foi estatisticamente mais eficaz que a ivermectina 3,15%** e 3,5%** contra Haemonchus placei e Cooperia punctata. Um segundo experimento, realizado em São João da Boa Vista/SP, demonstrou que bovinos de recria medicados com a associação apresentaram diferenciais de ganho em peso de 12,4 e 12,54 kg, em relação à moxidectina 1%** e à doramectina 1%**, respectivamente. PALAVRAS-CHAVE: endectocidas, nematodioses gastrintestinais, ganho em peso. INTRODUÇÃO O Brasil possui um rebanho bovino comercial com mais de 164 milhões de cabeças (Anualpec,2004). A bovinocultura brasileira desempenha importante papel econômico, em divisas, pelas exportações, além de empregar mais de 3,6 milhões de pessoas diretamente no campo, o que caracteriza uma ótima performance em agronegócios. Neste contexto, o rebanho zebuíno nacio- 64 NT nal, um dos maiores do mundo, vem sendo considerado como referência, sobretudo os da raça Nelore, mantendo-se como padrão para as nossas condições climáticas e também como base para cruzamentos industriais (Rodrigues et al.,2001). De um modo geral, para que a pecuária se mantenha eficiente e competitiva, deve estar alicerçada, sobretudo em três pontos importantes: genética dos animais, disponibilidade de alimentos de qualidade nutricional e um manejo sanitário estruturado. Atualmente, a exigência dos consumidores, principalmente externos, quanto à qualidade da carne, tem motivado os pecuaristas a investirem geneticamente na qualidade do rebanho, na melhoria das pastagens e em programas de controle de verminoses. Para este controle, é importante ressaltar a importância do conhecimento de certos aspectos, principalmente as formas subclínicas (Coop & Holmes, 1996) que passam despercebidas pelos pecuaristas, impossibilitando maiores lucros, em decorrência da espoliação causada no rebanho (Oliveira & Freitas, 1998). Nesses casos, animais parasitados deixam de expressar a potencialidade genética, mesmo tendo acesso a uma boa alimentação. No estado do Rio Grande do Sul foi estimado em 10 a 30% D.C. Rodrigues, 1; A. Steckelberg 1; W.D.Z. Lopes1; L.F. Santana1; J.R. Martins2; F.A. Borges1; R.P. Mendonça1; V.E. Soares1; F. B. Barufi3; G.P. Oliveira4; A.J. Costa5 o índice de mortalidade de bezerros desmamados, quando não desverminados. Comparando animais desta mesma categoria, Pinheiro et al. (2000) verificaram em terneiros um diferencial de ganho em peso de até 50Kg, quando os mesmos são submetidos a tratamento anti-helmíntico. Desta forma, para que se tenha um melhor aproveitamento do potencial produtivo do rebanho, é imprescindível que se faça um planejamento de controle parasitário eficaz, preferencialmente adequado ao manejo da propriedade. Dependendo da susceptibilidade da raça e/ou cruzamentos, bovinos podem albergar várias espécies de parasitos, tornando-se vantajoso o uso de produtos que apresentam amplo espectro de ação, atuando contra endo e ectoparasitos (Shoop et al., 1995). Como opção econômica, os endectocidas, sobretudo os de longa ação do grupo das lactonas macrocíclicas, podem constituir uma alternativa adequada para o controle das parasitoses, sobretudo pelo maior período de proteção, diminuindo, desta forma, o numero de tratamentos (Borges, 2003). Por outro lado, o uso indiscriminado e muitas vezes errôneo de determinados compostos, principalmente as avermectinas, vem desencadeando um processo de resistência em algumas cepas de parasitos, tais como Boophilus microplus (Martins & Fur- long, 2001) e algumas espécies de helmintos (Souza et al., 2001; Cardoso et al., 2002; Borges et al., 2004). Os escassos conhecimentos sobre os mecanismos de sobrevivência dos parasitos e o decréscimo de investimentos na inovação de moléculas anti-parasitárias, pela indústria farmacêutica veterinária, diminuem as perspectivas de surgimento de novos grupos químicos eficazes no controle das parasitoses (Geary & Thompson, 2003). A associação de princípios ativos pode constituir uma alternativa promissora (Costa et al., 2004 e Nascimento et al., 2003). Para realização do presente trabalho foram conduzidos dois experimentos (eficácia anti-helmíntica e desenvolvimento ponderal) em bovinos medicados com endectocidas, mantidos em regime de pastejo. MATERIAL E MÉTODOS No primeiro ensaio utilizou-se a associação ivermectina 2,25% + abamectina 1,25%*, comparativamente à ivermectina 3,15%** e à 3,5%**. Para avaliação do efeito no ganho em peso, a associação foi comparada à moxidectina 1% e à doramectina 1% (Experimento II). NT 65 Experimento I: eficácia anti-helmíntica. Utilizou-se metodologia preconizada nos protocolos internacionais recomendados para avaliação de antihelmínticos em ruminantes (WAAVP - Wood et al., 1995; VICH - Vercruysse et al., 2001). De um rebanho pertencente ao município de Butiá, RS, foram selecionados 24 bovinos, fêmeas, de cruzamento de raças de origem européia (Angus x Charolês x Hereford), entre 16 e 18 meses de idade, por meio de contagens de ovos de nematódeos por grama de fezes (OPG>500), empregando-se a técnica descrita por Gordon & Whitlock (1939). Utilizando-se médias de três contagens consecutivas de OPG, os bovinos foram randomizados em quatro grupos de seis bovinos cada. Após sorteio, os animais foram tratados com a associação ivermectina 2,25 + abamectina 1,25%* (GI), ivermectina 3,15%** (GII), ivermectina 3,5%** (GIII). Um quarto grupo foi mantido como controle (GIV). Decorridos 14 dias pós-tratamento (DPT), todos os 24 bovinos foram necropsiados, sendo o sistema digestório separado em diferentes segmentos anatômicos. A carga parasitária presente em cada segmento, foi quantificada e identificada “in totum”. Os demais órgãos foram examinados, recolhendo-se também todos os helmintos eventualmente presentes (Wood et al, 1995; Vercruysse et al., 2001). A colheita, contagem e identificação específica dos helmintos encontrados foram efetuadas segundo critérios taxonômicos descritos por Levine (1968), Costa (1982) e Ueno & Gonçalves (1988). A eficácia terapêutica de cada uma das formulações foi obtida a partir de médias geométricas resultantes das quantificações de helmintos encontrados nos diferentes órgãos de cada bovino (Wood et al, 1995; Brasil, 1997). Na análise de variância relativa aos resultados helmintométricos, dados transformados em log (x + 5), utilizou-se um delineamento do tipo inteiramente casualizado, com quatro tratamentos e seis repetições cada, conforme preconizado por Little & Hills (1978). Utilizou-se os testes “F” e “t” (duas amostras, presumindo variâncias equivalentes), sendo as comparações múltiplas aferidas pelo teste de Duncan (SAS, 1996). Experimento II: desenvolvimento Ponderal O experimento foi realizado na Fazenda Santa Helena, situada no município de São João da Boa Vista, SP. Sessenta bezerras, da raça Canchin, entre 9 e 12 meses de idade, foram selecionadas de um rebanho de 100 animais recém-desmamados, não desverminados nos últimos 90 dias. Os bovinos foram randomizados, utilizando-se como critério o diferencial de ganho em peso obtido nos 30 dias que antecederam os tratamentos, em quatro grupos com 15 ani- 66 NT mais cada. Tais grupos não diferiram estatisticamente (P>0,05) quanto ao peso inicial e ao ganho em peso. Após sorteio, os grupos foram tratados com ivermectina 2,25% + abamectina 1,25%* (GI), moxidectina 1%** (GII) e doramectina 1%** (GIII). Um quarto grupo foi mantido como controle (GIV). Durante todo experimento, os grupos foram mantidos juntos, em pastagem de Brachiaria decumbens, recebendo sal mineralizado e água ad libitum. Para avaliação do ganho em peso, foram realizadas pesagens individuais nos dias -30, zero (dia do tratamento), 60 e 120 dias pós-tratamento. Precedendo a cada pesagem, os animais eram mantidos em jejum alimentar e hídrico por um período de 12 horas. Os ganhos em peso em cada período, foram calculados considerando-se a diferença entre as pesagens. Para análise estatística, dos resultados ponderais, utilizouse um delineamento inteiramente casualizado, considerando o peso inicial dos bovinos como covariável (Banzato & Kronka, 1992). As comparações múltiplas foram obtidas pelo teste T, ao nível de 95% de confiabilidade (SAS, 1996). RESULTADOS E DISCUSSÃO Estudos preliminares sobre a helmintofauna de bovinos, realizados por Silva-Santos (1995), no município de Eldorado do Sul, RS, revelaram que os gêneros Haemonchus, Cooperia e Trichostrongylus, nesta ordem, constituem os de maior intensidade parasitária naquela região. No presente trabalho, verificou-se uma alteração desta seqüência, ou seja, observou-se maior prevalência dos gêneros Trichostrongylus, Ostertagia, Haemonchus e Cooperia. Pela quantificação das espécies de nematódeos (formas adultas e imaturas), verifica-se claramente que das dez espécies de helmintos diagnosticadas (Tabela 1), houve eliminação total (100%) de seis delas, em conseqüência da ação anti-helmíntica da associação ivermectina 2,25% + abamectina 1,25%* (Haemonchus similis, Cooperia pectinata, Trichostrongylus colubriformis, Oesophagostomum radiatum, Ostertagia lyrata e L4 de Ostertagia spp.). A formulação ivermectina 3,15%**, em contraposição à literatura compulsada (Armour & Bairden, 1980; Ogunsusi et al., 1986; Yazwinski et al., 1997; Eddi et al., 1997; Willians et al., 1997), foi ineficaz contra as espécies Cooperia punctata e C. pectinata. Em virtude da visível diferença entre o número médio de Haemonchus placei recolhidos dos bovinos tratados com a associação, em relação aos demais grupos, efetuouse um estudo estatístico baseado no “teste t”. Detectou-se que os animais tratados com a associação* apresentaram carga parasitária por H. placei significativamente menor (P=0,0307) do que os bovinos pertencentes aos grupos tratados com ivermectina 3,15%** e 3,5%**. Resultado semelhante foi observado no que concerne ao parasitismo por Cooperia punctata (P=0,0026). Esta associação medicamentosa* alcançou menor atividade anti-helmíntica em relação à ivermectina 3,5%**, apenas sobre Trichostrongylus axei. Entretanto, vale frisar que ambas formulações alcançaram percentuais de eficácia, contra este nematódeo, superiores a 90%, índice mínimo necessário para que um anti-helmíntico seja considerado de eficácia satisfatória (WAAVP - Wood et al., 1995; VICH - Vercruysse et al., 2001). Deve-se ressaltar o efeito nematodicida da associação ivermectina 2,25% + abamectina 1,25%* contra Haemonchus sp. e Cooperia spp., uma vez que é fato notório na literatura relatos de populações, destes gêneros, resistentes à ivermectina (Ramos et al., 2002; Paiva et al., 2001; Cardoso et al., 2002; Borges et al., 2004). Esta superioridade da associação* em questão, sobre a ivermectina 3,15%** e a ivermectina 3,5%**, deve-se provavelmente à presença da abamectina, que apresenta maior atividade anti-helmíntica do que a ivermectina (Shoop & Soll, 2002). Os resultados referentes ao desenvolvimento ponderal (Experimento II), sobretudo quando analisados estatisticamente (Tabela 2) demonstram que os três grupos tratados diferiram significativamente (P<0,05) em relação ao grupo controle. Das mensurações registradas, referentes às pesagens obtidas, no 120º dia pós-tratamento, de cada grupo experimental, para o ganho em peso vivo e ganho em peso vivo diário, obteve-se os seguintes resultados respectivamente: GI (ivermectina 2,25% + abamectina1,25%*) 52,97 e 0,441 Kg; GII (moxidectina 1%**) 40,57 e 0,338 Kg; GIIII (Doramectina 1%**) 40,43 e 0,337 Kg e GIV (controle) 21,63 e 0,180 Kg. Trabalhos semelhantes desenvolvidos por Bresciani et al. (2003) e Costa et al. (2004) também demonstraram a superioridade da associação ivermectina + abamectina 3,5%* no desenvolvimento ponderal de bezerros nelorados, comparativamente à ivermectina 3,15** e 3.5%**. As lactonas macrocíclicas, indiscutivelmente, têm trazido relevantes contribuições à pecuária em todos os seus aspectos. Kennedy et al. (1989) verificaram que mesmo em caso de reduzido número de ovos de nematódeos nas fezes, os animais quando medicados com ivermectina, apresentavam um retorno econômico considerável (ganho em peso). No Brasil, os benefícios obtidos com uso de endectocidas foram substancialmente demonstrados, entre outros autores, por Bianchin, et al. (1995) e Soutello, et al. (2001). Referências bibliográficas ARMOUR, J.; BAIRDEN, K.; PRESTON, J.M. Anthelmintic efficiency of ivermectin against naturally acquired bovine gastrointestinal nematodes. Veterinary Record, v. 107, p. 226-227, 1980. BAZATTO, D.A.; KRONKA, S.N. Experimentação agrícola. Jaboticabal: FUNEP.1992, 247p.. BIANCHIN, I. et al. The effect of stocking rates treatment schemes on the weight gain of weaned Nelore steers in the Brazilian savanna. Tropical Animal Health and Production. V. 27, p. 1-8, 1995. BORGES , F.A. 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Barufi, Assistente de Desenvolvimento, Akzo Nobel Ltda – Divisão Intervet, Cruzeiro, SP, Brasil. 4 Gilson Pereira de Oliveira, Pesquisador aposentado da EMBRAPA, São Carlos, SP; Pesquisador do CPPAR/FCAV/ UNESP, Jaboticabal, SP, Brasil. 5 Alvimar José da Costa, Professor Titular de Parasitologia, Bolsista do CNPq, Supervisor do CPPAR/FCAV/ UNESP, Jaboticabal, SP, Brasil. bovinos de corte anovaREVOLUÇÃO Malthus de novo? Fim do mundo em 2012? Em matéria de catastrofismo, o reverendo Malthus não ficou atrás... No século XVIII, previu uma fome apocalíptica, em escala planetária, a ser provocada pelo descompasso entre a progressão aritmética em que se daria o crescimento da produção agrícola e a progressão geométrica do crescimento populacional. Foi desmentido pela evolução tecnológica expressa na “Revolução Verde” (houve um tempo em que verde e agricultura eram sinônimos...) do agrônomo Norman Borlaug, com adubação, irrigação e sementes melhoradas. Agora, a produção pecuária é desafiada a atender uma demanda turbinada pelo crescimento da renda e pela perspectiva de 9 bilhões de pessoas sobre a Terra em 2050... Ao mesmo tempo, torna-se vilã da exaustão de recursos naturais e das mudanças climáticas. Mas já há uma nova Revolução Verde disponível – cabe a nós demonstrar à sociedade urbana que o embate entre a produção de proteínas animais e preservação ambiental pode ser um falso dilema. A pecuária, originalmente emblemática na história da busca do homem pela prosperidade, ainda é o segmento do agronegócio mais arraigado à tradição e à improvisação. Basta 70 NT observar atividades como a agricultura, a avicultura e a suinocultura, nas quais o sistema produtivo usa pacotes tecnológicos e não admite amadorismo. A boa notícia é que os últimos anos têm sido de acelerada evolução, induzida pelas demandas do mercado mundial. O pecuarista contemporâneo cada vez mais se vê como empresário, e percebe que o uso de um vermífugo mais eficaz não é despesa indesejável, mas investimento em produtividade. Tecnologia e desempenho Há um mito a demolir: tecnologia é sempre cara e complicada, “não é para mim”. Na verdade, a tecnologia está em práticas aparentemente simples, e a novidade de hoje vai ser o feijão com arroz de amanhã. Esta história começou quando se começou a suplementar o gado com sal branco, e evoluiu para o sal mineral, as vitaminas, o sal com ureia e tantos outros aditivos alimentares, sem falar nos concentrados, para complemento nutricional e, principalmente, melhor aproveitamento da dieta. A medida do desempenho na pecuária é sempre uma função econômica de índices zootécnicos - o emprego de uma técnica deve produzir resultados mensuráveis. A novidade Sebastião Pereira de Faria Jr. M.V., Ph.D. Médico Veterinário pela USP, com Doutorado em Reprodução Animal pela mesma e Pós Graduação em Administração Rural pela FGV. Trabalhou como veterinário autônomo e consultor e foi professor universitário por 10 anos. Desde 2006 é Gerente Técnico de Pecuária da MSD Saúde Animal, onde criou e coordena a Universidade Corporativa MSD Saúde Animal verde da pecuária é que novos indicadores foram incorporados aos critérios de eficiência, associados principalmente a questões de bem estar animal e socioambientais. São exemplos a quantidade de lesões na carcaça, que pode ser reduzida com educação no manejo e uso de vacinas mais modernas, e a emissão de gases causadores de efeito estufa, cuja mitigação depende de técnicas de manejo de pastagens, melhores controles sanitário e reprodutivo, intensificação da terminação e uso de dietas especiais. Para aumentar a produção sem aumento da área utilizada, será preciso aumentar a “tecnologia embarcada” nos sistemas de produção. O dogma a ser enfrentado é a ideia de que bois confinados são infelizes, e ferramentas como sincronização de cios e dietas formuladas representam uma agressão à natureza. Precisamos mostrar que a pecuária intensiva promove o uso mais racional de recursos naturais e reduz o impacto ambiental por unidade de proteína animal produzida. Quando gastar mais pode custar menos Será que a única maneira de reduzir custos é cortar gastos? Um contador sem nenhuma noção sobre fazendas pode fazer isso, com resultados ruinosos. Já os investimentos em suplementação, em Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF), em boas vacinas e medicamentos, pode trazer redução de custos pelo aumento da produtividade, além de atender a demanda por atributos intangíveis como bem estar animal, por exemplo. Quem escolhe ficar à margem da tecnologia pode ficar à margem do mercado também. Da cerca à genômica O primeiro passo na implantação de tecnologia numa fazenda é a mera divisão de piquetes. Permite o uso racional das forrageiras, a separação do rebanho em lotes e categorias e ajuda no controle de parasitas. Sem isso, a criação de gado é extrativismo. A cerca é a pedra fundamental da pecuária? A tecnologia incorporada à rotina muitas vezes deixa de ser reconhecida como tal, e nem percebemos as sucessivas revoluções – o cloprostenol, primeiro análogo da prostaglandina, no manejo reprodutivo; a ivermectina, o endectocida pioneiro, no controle de parasitas; a explosão da IATF... e, de repente, a seleção do nosso Nelore baseada em marcadores moleculares já é uma realidade. Do sal branco ao premix, percorremos uma história que vai devolver à pecuária o seu valor original, de atividade símbolo do progresso humano. NT 71 aves PONTOS IMPORTANTES PARA USO DE produtos de origem animal em rações de aves Farinha de Visceras 72 NT Evandro Campestrini Consultor Técnico - Nutrição de Aves da Nutron Alimentos Uma das premissas na fabricação de rações é que não sejam fabricadas com ingredientes de má qualidade. Estes ingredientes geram rações de má qualidade e perda de produtividade dos animais, independentemente de quaisquer outros fatores da produção. Sendo assim, a qualidade dos ingredientes é o primeiro item a ser avaliado na produção de rações. Os produtos de origem animal são ingredientes que merecem avaliação detalhada de sua composição química e microbiológica para que seja utilizada com sucesso. Essas matérias primas são subprodutos de abatedouro e pode ser uma excelente fonte de proteína, cálcio e fósforo (VIEITES et al., 1999). As farinhas são produzidas a partir de carcaças, sejam elas de bovinos, suínos ou aves, e não devem conter contaminantes ou produtos estranhos a sua composição, como pêlos, cascos, chifres e conteúdo estomacal. A composição do resíduo do abatedouro tem efeito significativo na qualidade do produto final. Durante sua produção, o sobreaquecimento influencia a palatabilidade e a qualidade das farinhas. Também, uma produção indevida dessas farinhas pode permitir o desenvolvimento de microrganismos, que contaminam o produto final depois do processamento. Um dos grandes problemas relacionados com os produtos de origem animal é a variação na composição bromatológica destes ingredientes. Esta possível variação requer que os nutricionistas não a incluam nas formulações das dietas sem uma prévia análise dos seus valores nutricionais (SATORRELI, 1998). Esta variação pode ser decorrente de vários aspectos, entre eles a proporção de ossos e de tecidos utilizados nas graxarias e isso faz com que ocorram variações nos conteúdos de cinzas (cálcio e fósforo), de proteína e consequentemente de aminoácidos e da própria energia metabolizável, comprometendo o desempenho dos animais e o custo das rações produzidas. Vários são os fatores que afetam a qualidade das farinhas, entretanto, neste texto somente serão abordados os mais relevantes e aqueles em que é possível atuar antes que a matéria prima seja recebida na fábrica de rações, quando da inspeção de recepção. Embora os custos e a estrutura exigida para avaliar Farinha de Carne e Ossos cada ingrediente torne a rotina de análise difícil de ser implementada, é preciso ter em mente que fatores umidade, acidez, peróxidos, rancidez e granulometria são alguns dos fatores que podem afetar a qualidade final das dietas produzidas, assim como salmonela, clostridium, odor, cor e sabor, interferindo negativamente nos resultados de produção dos animais. FATORES QUE AFETAM A QUALIDADE DOS PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL Umidade Geralmente para produtos de origem animal a umidade deve ser inferior a 8%. Umidade acima deste valor facilita a contaminação bacteriana e acelera o processo de decomposição e de acidificação das farinhas. Quando a umidade é baixa, pode indicar que houve queima do produto durante seu processamento, diminuindo a digestibilidade e aumentando a perda de aminoácidos (BUTOLO, 2002). Granulometria Vários trabalhos têm demonstrado que uma granulometria elevada diminui o valor de energia metabolizável e a disponibilidade do fósforo (BELLAVER, 2001), além de prejudicar os equipamentos (no caso de ossos grandes), NT 73 quando utilizada em dietas peletizadas (entupimento dos furos e/ou desgaste das matrizes das peletizadoras, etc). BRUGALLI (1996) trabalhando com farinha de carne e ossos demonstrou que a EMAn para frangos é dependente do tamanho de partícula. Partículas finas (diâmetro geométrico médio - DGM 0,42 mm) e médias (DGM de 0,51 mm) proporcionaram à farinha de carne e ossos uma maior EMAn do que partículas grossas (DGM 0,59 mm). É importante observar que Gráfico 1 DGM e DPG das farinhas de carne e ossos no ano de 2011 1600 1400 1200 1000 800 600 400 200 DGM e DPG - Farinhas de carne 2011 DGM Fonte: Labtron, 2011 3 2,5 2 1,5 1 0,5 DGM DPG DPG 0 Gordura de Aves preço, porém com baixa qualidade, mascarando por exemplo os níveis de proteína bruta, cálcio e fosforo, tornando esses níveis mais elevados, porém com baixa capacidade de aproveitamento para os animais. Acidez A ocorrência de ácidos graxos livres nos alimentos nos dá uma indicação da ocorrência de rancidez hidrolítica (ranço). Isto ocorre quando a umidade é elevada, que favorece a elevação da enzima lípase, produzida por bactérias. Assim, acidez elevada normalmente está associada a uma população bacteriana também elevada (BUTOLO, 2002). Índice de Peróxidos e Ranço algumas farinhas de carne e ossos são oferecidas com DGM chegando a valores superiores a 1 mm, pode-se observar que a grande maioria das farinhas de carne estão com granulometria acima do desejado (500 µm) como demonstrado no gráfico 1. A textura ideal de uma farinha de carne e ossos é não ter retenção (0,00%) em peneira de 3,40 mm, de no máximo 5% em peneira 2,00 mm e de no máximo 10% em peneira de 1,68 mm, sempre procurando um DGM inferior a 0,500 mm. Para a farinha de vísceras e farinha de penas utiliza-se o mesmo padrão das farinhas de carne e ossos. As farinhas de origem animal são ricas em gorduras e por esse motivo tem maior facilidade em se autoxidarem, pelo inicio da formação de radicais livres. É preciso considerar aqui, que os primeiros fatores da qualidade das farinhas e gorduras são o recebimento de matérias primas frescas e o processamento industrial adequado. A oxidação é um processo autocatalitico e desenvolve-se em aceleração crescente, uma vez iniciada. Fatores como temperatura, umidade, enzimas, luz e íons metálicos podem influenciar a formação de radicais livres. O radical livre em contato com oxigênio molecular Contaminações Como regra geral as farinhas não devem conter produtos ou ingredientes que reduzem sua qualidade nutricional como cascos, chifres, pêlos, resíduos estomacais ou intestinais, não devem conter misturas de outras farinhas como o resíduo de incubatório em farinha de carne ou em farinha de sangue e farinha de vísceras etc... em função da manutenção dos padrões de qualidade (BUTOLO, 2002). Podem ocorrer também contaminações com materiais estranhos ao processo, tais como calcário, areia, caulim, fosfato natural de rocha, raspa de couro, entre outros, que em geral estão associados à falta de equipamentos adequados ou à fraude e visam produzir subprodutos de baixo 74 NT Gordura de Aves forma um peróxido que, em reação com outra molécula oxidável produzem mais radicais livres, hidroperoxidos e peróxidos e em um efeito cascata, estes peróxidos promovem a formação de mais peróxidos e outras reações, até serem transformados em acetona, aldeído, álcoois e ésteres, que são voláteis e responsáveis pelos odores da rancificação e tóxicos aos animais. A formação de peróxidos indica a ocorrência de rancidez oxidativa, que destroem as vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K), pioram a palatabilidade e o odor das farinhas e das gorduras, promovendo distúrbios digestivos nos animais, aumentando o turnover celular no trato digestivo e diminui a resposta imune associada a mucosa intestinal dos animais (Maiorka, 2004). O consumo de farinhas de origem animal e gorduras peroxidadas estão associados a encefalomalácea, a distrofia muscular, a diátese exudativa e a necrose dos tecidos dos órgãos (BUTOLO, 2002). O efeito tóxico das gorduras oxidadas e dos produtos secundários da oxidação nas células foi demonstrada por Dibner et al. (1996), através da observação da proliferação celular no epitélio do intestino e fígado. Nos animais alimentados com fontes de gorduras oxidadas houve uma acentuada redução no tempo de vida das células do epitélio intestinal e do fígado, levando a um menor aprovei- Tabela 1 tamento dos alimentos e a um aumento na exigência de mantença destes animais. O processo de peroxidação, uma vez iniciado, não pode ser revertido. Por esta razão é importante impedir o inicio da formação de radicais livres, desta forma o uso de antioxidantes eficientes em farinhas de origem animal, gorduras e nas rações é de suma importância para manter a qualidade das farinhas e rações. Para medir o grau de oxidação das farinhas e gorduras foi proposto o índice de peróxido (IP) sendo o resultado expresso em mili-equivalentes/kg (mEq/kg). Os valores máximos referenciais são de 5 e 10 mEq/kg para gorduras e farinhas, respectivamente. É evidente que o objetivo alvo da concentração de peróxido nos produtos é zero. O IP é um método a ser melhorado, pois têm a possibilidade de apresentar valores baixos de peróxidos na fase terminal da oxidação. Por isso, o IP baixo na fase final de oxidação deve coincidir com maiores concentrações de produtos secundários, os quais conferem odor de ranço aos produtos (Bellaver, site www.qualyfoco.com). Controles das farinhas antes da descarga Antes que qualquer tipo de análise química seja efe- Especificações de qualidade da farinha de carne e ossos Parâmetros Umidade (Máxima) Proteína Bruta (Mínima) Digestibilidade em Pepsina 0,002% em HCl 0,075N (Mínimo) Extrato Etéreo (Mínimo) Matéria Mineral (Máxima) Fósforo (Mínimo) Relação Cálcio/Fósforo Acidez (Máxima) Cloreto de Sódio (Máximo) Índice de Peróxido (Máximo) Salmonella Retenção em Peneira 1,68mm (Máximo) Retenção em peneira 2,00mm (Máximo) Retenção em Peneira 3,40mm (Máximo) Unidade Farinhas de Carnes e Ossos % % % 8,00 35,00 30,00 8,00 40,00 30,00 8,00 45,00 30,00 8,00 50,00 30,00 % % % mg NaOH/g % meq/1000g % % % 4,00 48,00 6,50 2,15 2,00 4,00 45,00 6,00 2,15 2,00 8,00 40,00 5,00 2,15 2,00 10,00 35,00 4,00 2,15 2,00 1,00 1,oo 1,oo 1,oo 10,00 10,00 10,00 10,00 Ausente em 25 gramas 10,00 10,00 10,00 10,00 5,00 5,00 5,00 5,00 0,00 0,00 0,00 0,00 Fonte: Compêndio Brasileiro de Alimentação Animal, 2009. NT 75 Tabela 1 Continuação... Especificações de qualidade da farinha de penas hidrolizadas, farinha de penas e vísceras e farinha de vísceras Parâmetros Umidade (Máxima) Proteína Bruta (Mínima) Digestibilidade em Pepsina 0,002% em HCl 0,075N (Mínimo) Extrato Etéreo (Mínimo) Matéria Mineral (Máxima) Fósforo (Mínimo) Cálcio (Máxima) Acidez (Máxima) Índice de Pexóxido (Máximo) Salmonella (Presença em 25 g) 1 Enterobactérias 1 Clostridium Perfringens Retenção em Peneira 1,68mm (Máximo) Retenção em peneira 2,00mm (Máximo) Retenção em Peneira 3,40mm (Máximo) Unidades Penas Penas e Vísceras Vísceras % % % 10,00 80,00 40 8,00 62,00 45 8,00 55,00 60 % % % mg NaOH/g meq/1000g 2,00 4,00 2 7,00 17,00 1,10 6,00 3 10,00 15,00 1,50 10 10 UFC/g UFC/g % % % <100 Ausente 10 5 0 10 Ausente <100 Ausente 10 5 0 3 <100 Ausente 10 5 0 Fonte: Compêndio Brasileiro de Alimentação Animal, 2009. Claudio Bellaver, site www.qualyfoco.com 1 Tabela 2 Consumo de ração (CR), ganho de peso (GP), conversão alimentar (CA) e viabilidade (VIAB) de frangos de corte nos períodos de 0 a 21 dias e 21 a 49 dias de idade. Fatores Inclusão de FCO 3% 6% Média FCO Testemunha 21 a 49 dias de idade 0 a 21 de idade CR 1118 1096 D 1107 A 1145 GP 794 779 787 803 CA 1,41 1,41 1,41 1,43 VIAB 99,6 99,0 99,3 89,4 CR a 4352 b 4221 4287 4421 CR a 2024 b 1963 B 41993 A 2115 CA 2,15 2,15 A 2,15 B 2,09 VIAB 89,6 91,2 90,4 93,3 Médias seguidas de diferentes letras minúsculas em cada fator e de letras maiúsculas para testemunha e médias das dietas com FCO, dentro das mesmas colunas, diferem entre si (p<0,05). Adaptado de FARIA FILHO et al., 2002. tuada, é importante que no recebimento das farinhas o responsável por esta operação tenha conhecimento dos 76 NT padrões de especificação dos produtos e seja treinado para tomar decisão e impedir o descarregamento de fa- Tabela 3 Consumo de ração (CR), ganho de peso corporal (GP), conversão alimentar (CA) e viabilidade (VIAB) de frangos de corte de 01 a 49 dias de idade. Fatores Nível de Inclusão de FCO 3% 6% Proteína Bruta da FCO 41,58% 37,51% Parâmetros GP (g) CR (g) a a 2783 5389 b b 2718 5260 2746 5319 2756 5330 CA 1,94 1,94 1,94 1,94 VIAB (%) 89,2 90,2 91,1 88,3 Médias seguidas de letra diferentes na mesma coluna diferem entre si pelo teste de Turkey (5%). Adaptado de Junqueira et al., 2000. Tabela 4 Resultados médios de EMA e EMAn para gordura de aves fresco e oxidado. Ingrediente Gordura fresca Gordura oxidada EMA a 9.240 b 7.770 (Kcal/kg) EMAn a 9.150 b 7.595 Médias adaptadas com letra diferentes na mesma coluna são diferentes pelo teste de T. Adaptado de RACANICCI et al., 2004. rinhas em desacordo com os padrões de qualidade estabelecidos. O desejável é que as empresas selecionem seus fornecedores, embora este procedimento seja o correto, isto não garante que o produto recebido esteja sempre dentro das especificações estabelecidas. Variações entre diferentes lotes de produto podem ocorrer. Na tabela 1 estão indicados os padrões para farinha de carne e ossos, farinha de vísceras de aves, farinha de penas hidrolisada e farinha de penas e vísceras. Para garantir que as farinhas recebidas estejam dentro dos padrões de qualidade ideais para o seu uso, no recebimento do produto deverão ser feitas análises de umidade, (infravermelho), granulometria, acidez, peróxidos, rancidez, odor e de presença de contaminantes e de insetos (larvas). Estas análises são relativamente rápidas e devem ser feitas antes da descarga. Quando alguma destas características estiver fora do padrão de qualidade estabelecido as farinhas devem ser recusadas. Estas medidas ajudam a controlar e a diferenciar bons fornecedores e garantir um bom desempenho dos animais. Limitações para uso de produtos de origem animal em rações Os fatores citados acima influenciam ou limitam o uso nas dietas. Quando a qualidade é indevida e isto não é observado, os animais tem seu desempenho comprome- tido, uma vez que o ingrediente não tem os nutrientes esperados ou a disponibilidade deles está comprometida. Assim, devido a estes fatores e por falta de padronização, o limite de uso é restrito para evitar o comprometimento de desempenho dos animais. FARIA FILHO et al. (2002), avaliando dois níveis de inclusão de FCO em comparação a uma ração sem FCO, observaram que as inclusões de 3% e 6% prejudicaram o desempenho das aves nos períodos de 0 a 21 dias e de 21 a 49 dias de idade em comparação ao tratamento testemunha a base de milho e farelo de soja (Tabela 2). JUNQUEIRA et al. (2000), utilizando FCO com 37,51 e 41,58% de proteína bruta e com 2 níveis de inclusão (3 e 6%), observaram que as FCO e suas inclusões não afetaram a conversão alimentar e a viabilidade, mas a variação da quantidade incluída comprometeu o consumo de ração e o ganho de peso dos frangos de corte (Tabela 3). Em ambos os trabalhos os autores não mencionaram a qualidade em que se encontravam essas farinhas, e sim a quantidade de nutrientes que elas possuíam. Devido a grande variabilidade encontrada nas farinhas de carne e ossos, uma das alternativa que a indústria de alimentação animal vem lançando mão para reduzir a inclusão desses ingredientes que podem causar um impacto negativo na qualidade química e microbiológica das dietas é fazendo o uso de fitases. Essa enzima contribui para o melhor aproveitamento do fósforo fítico, reduzindo a utilização de fontes de fósforo na dieta, contribuindo desta forma para a redução no uso de farinha de carne e ossos de má qualidade. RACANICCI et al. (2004) utilizando óleo de vísceras de aves fresco e oxidados verificaram uma redução na EMA das fontes de gorduras oxidadas na ordem de 17% (Tabela 4). Conclusão As farinhas de origem animal são ótimas fontes de nutrientes para os animais, porém devem ser devidamente processadas, respeitando-se os padrões de boas praticas de fabricação e os padrões para cada ingrediente, evitando-se misturas indevidas, para que sejam de boa qualidade e fiquem nos padrões de aceitação pela indústria de rações. O controle de qualidade e aprovação de fornecedores, assim como a monitoria da qualidade dos produtos de origem animal é fundamental para a utilização destes ingredientes nas fábricas de rações e para garantir a manutenção dos índices zootécnicos desejáveis. NT 77 aves NINHOS AUTOMÁTICOS: tecnologia e qualidade na produção de ovos férteis 78 NT Paulo Leandro da Rosa e Silva Engenheiro Agrônomo Consultor Técnico da Nutron Alimentos A indústria avícola brasileira, em função da continua agregação de novas tecnologias, apresenta destacados índices de produtividade, sendo que seus indicadores de produção são iguais ou frequentemente melhores aos encontrados em qualquer outro país do mundo (SALLE & SILVA, 2000). Contudo, com a globalização dos mercados, a rentabilidade (margem de lucro) tem diminuído ao longo do tempo, o que tem levado o setor a buscar a maximização da eficiência no processo produtivo. Para tanto, a incorporação constante de novas tecnologias em todas as áreas, tem se tornado fundamental para a sobrevivência da atividade (TINÔCO, 2004). No Brasil, a coleta dos ovos na maioria das granjas de matrizes de corte é feita em ninhos manuais, principalmente em razão do elevado custo dos ninhos mecânicos disponíveis no mercado e de sua menor aceitação pelas aves, elevando o número de ovos postos na cama (APPLEBY, 1984). No entanto, os ninhos manuais requerem mais mão-de-obra para seu manuseio que os ninhos mecânicos. A coleta mecânica dos ovos reduz em aproximadamente 60 a 70% o tempo de coleta em relação ao ninho manual, permitindo que o funcionário dedique mais tempo ao manejo com as aves (WILSON, 1996). Assim, os desafios enfrentados pela indústria avícola em relação à mão de obra para execução dos trabalhos nas granjas levam avicultores e empresas a buscar constantemente equipamentos que facilitem os trabalhos através de tecnologia e automação. Ao analisar o sistema de produção de ovos para reprodução, percebe-se que há pouca oferta de mão de obra devido à grande demanda ocasionada pelas operações de coleta e manejo dos ovos. O mercado aquecido e a “plena oferta de emprego” fazem com que a mão de obra migre para outros setores da economia na busca de melhores salários e tarefas menos exaustivas. Nesse sentido, Pilotto (2009) relata que a disponibilidade de mão de obra qualificada para trabalhar nas granjas de matrizes de corte vem diminuindo, não só devido às dificuldades impostas pela atividade que requer dedicação em tempo integral, inclusive aos sábados, domingos e feriados, mas também devido ao crescente êxodo rural, o que obriga os produtores, em muitos casos, a trazerem funcionários da cidade, pois as granjas, por questões de biosseguridade, geralmente encontram-se situadas distantes dos centros urbanos. Os ninhos de coleta manual apresentam como vantagens a boa aceitação pelas aves e o preço acessível ao produtor, entretanto requerem para seu manuseio elevada mão de obra qualificada. Outro aspecto a considerar é que os materiais para confecção dos ninhos manuais estão mais escassos, tornando os custos cada vez mais elevados. Também, nos últimos anos, algumas linhagens estão aumentando a rejeição aos ninhos manuais em função de sua al- tura. A seleção genética para maior deposição de musculatura na região do peito dificulta as galinhas subirem nos poleiros que dão acesso aos ninhos, principalmente no final do período de produção, onde estão mais pesadas e com menos penas no corpo. Assim, com o intuito de diminuir a postura de ovos de cama, a altura dos ninhos vem sendo reduzida, dificultando cada vez mais a coleta dos ovos (PILOTTO, 2009). Duncan & Kite (1989) verificaram que as galinhas preferem fazer a postura em ninhos com fundo côncavo em comparação a ninhos com fundo plano. Na natureza, as aves fazem o ninho côncavo para que os ovos fiquem agrupados, facilitando o aquecimento durante o choco e evitando que rolem para fora do ninho (CARANZA, 2000), uma preferência também das matrizes criadas em galpões (KITE et Assim, os desafios enfrentados pela indústria avícola em relação à mão de obra para execução dos trabalhos nas granjas levam avicultores e empresas a buscar constantemente equipamentos que facilitem os trabalhos através de tecnologia e automação al., 1980). Contrariamente, nos ninhos mecânicos utilizam-se forração com materiais como tapetes de plástico, que fazem os ovos rolarem para fora do ninho. Com o objetivo de atrair as galinhas ao ninho, práticas de manejos são realizadas no período inicial de postura, como a colocação de maravalha sobre a forração do ninho mecânico (PITT, 1983). Segundo Wilson (1996), esse manejo inicial é de extrema importância, visto que a maioria das galinhas define o local de postura nas primeiras cinco semanas de produção, porém Brake (1985) não observou diferença na postura de ovos de cama quando disponibilizados para as aves ninhos mecânicos revestidos com tapete ou com maravalha. O mesmo autor testando a utilização de tapetes de plástico com cerdas longas na forração dos ninhos observou menor contaminação dos ovos em relação ao uso de maravalha. Os fabricantes de ninhos automáticos, atualmente, desaconselham o emprego dessa prática por considerarem que é desnecessária e pela maior contaminação dos ovos pela acumulação de sujeira sobre os tapetes dos ninhos. A colocação de ninhos mecânicos nas granjas requer um elevado investimento inicial quando comparado com os ninhos manuais, entretanto esse maior investimento é rapidamente reembolsado pelo avicultor, em função, principalmente da redução de mão de obra. Outra vantagem do ninho mecânico é que ele NT 79 permite fazer mais coletas de ovos por dia, melhorando a qualidade microbiológica dos ovos e reduzindo o número de ovos trincados (WORLEY & WILSON, 2000). Existem aproximadamente 15% de ninhos automáticos operando atualmente entre granjas de avós e matrizes de frango de corte, havendo ainda um amplo mercado a ser explorado, principalmente nas regiões Sul e Sudeste. Na região Centro-Oeste boa parte das instalações já contempla essa tecnologia, já que são estruturas mais recentes. NINHOS AUTOMÁTICOS - OBJETIVOS Para a ave: - Prover um ambiente favorável à postura, transmitindo segurança e conforto, de modo que a ave prefira o interior do ninho à cama. Para os ovos: - Impedir que as aves tenham contato com os ovos após a postura; - Menor permanência dos ovos no local de postura, conduzindoos até a mesa de coleta sem piorar ou causar qualquer dano; - Tornar a produção mais eficiente com maior número de ovos férteis produzidos por ave. NINHOS AUTOMÁTICOS - VANTAGENS - Otimização da mão de obra, redução média de 30 a 40%; - Agilidade no trabalho; - Melhor qualidade dos ovos e mais higiene nos galpões; - Redução do custo com maravalha e produtos de desinfecção na ordem de 50%; - Redução dos custos envolvidos com a mão de obra (encargos, uniformes, alimentação, entre outros); - Reduzem o tempo de contado entre as aves e ovos, gerando menor índice de microtrincas e contaminação; - Facilita a utilização das bandejas de incubação na granja, reduzindo a mão de obra de embandejar e classificar ovos no incubatório; - Tem potencial de melhorar em até 1,5% o aproveitamento de ovos; - Redução de até 1% de ovos trincados; - Redução de problemas ergonômicos dos operadores, principalmente casos de lombalgia; - Maior satisfação dos operadores ao realizar a tarefa de coleta de ovos. NINHOS AUTOMÁTICOS - DESVANTAGENS - Alto custo inicial; - Calor no interior dos ninhos coletivos: risco de mortalidade; - Propensão à postura na cama; - Necessidade de uso de larvicida na ração para controle da proliferação de moscas sob os slats. RECOMENDAÇÕES TÉCNICAS - A luminosidade dentro do galpão deve ser entre 80 a 100 lux; 80 NT - Evitar pontos escuros no interior do galpão; - Evitar luminosidade direta no interior do ninho; - A cama não deve ter uma altura superior a 2 cm no alojamento, pois em demasia estimula as aves a porem os ovos no chão; depois do começo da postura, durante 4 semanas aumentar a cada semana 02 cm até atingir um máximo de 10 cm; - A área de slats deve possibilitar a instalação dos bebedouros sobre os mesmos; - A instalação dos bebedouros deve ser realizada sobre a área de slats para atrair as aves para os ninhos; - As primeiras 4 a 5 semanas após a transferência para a produção são cruciais para a adaptação das aves ao ninho automático (condicionamento); - Logo após a transferência caminhar regularmente pelo aviário direcionando as galinhas para o ninho sem assustá-las, mesmo antes de “pingar” o primeiro ovo; - No início da produção priorizar a coleta de ovos de cama; - Até 5% de produção deixar os ovos nos ninhos para funcionar como ovo indez (ovo que se deixa ficar no ninho para atrair as galinhas); há ninhos automáticos com duas regulagens de inclinação e uma permite a permanência do ovo por mais tempo sobre o tapete; - Evitar anomalias no manejo de arraçoamento: rações mal distribuídas, atrasos no giro, vazamentos, entre outras; - Atenção ao clima da região, em locais muito quentes a boa climatização do aviário é fundamental; - Cada região apresenta uma realidade que deve ser estudada durante a elaboração do projeto; - Tanto faz o tipo de bebedouro a ser utilizado, mas deve-se prezar pela qualidade desses; - Respeitar a recomendação de aves/boca/módulo; - Para slats acima de 1,30m de largura é recomendada a colocação de uma linha de comedouro sobre os mesmos; - O comedouro deve ser suspenso sobre os slats para facilitar o acesso das aves aos ninhos; - Comprimento máximo recomendado para o aviário para instalação de ninhos automáticos é de 150-160m; - 70% do resultado depende de mão de obra capacitada; - Os resultados obtidos com ninhos automáticos são extremamente dependentes de manejo e detalhes da instalação. MANUTENÇÃO - Motores queimados, devido a oscilações violentas na tensão de alimentação por motivo de descargas atmosféricas, falta de fase e quebra de rolamento; - Esteira rasgada, normalmente devido a ninhos desalinhados; - Tapetes com cerdas gastas no centro após alguns anos de uso. Certos modelos são mais resistentes; - Os ninhos automáticos exigem baixa manutenção, mas essa aumenta a partir dos 10 anos de uso. LUBRIFICAÇÃO - Os ninhos automáticos modernos não necessitam de lubrificação, pois os rolamentos internos e externos são blindados. PEÇAS DE REPOSIÇÃO - Adquirir kit de peças de reposição. Os fabricantes fornecem uma lista de peças a serem mantidas na granja para os problemas mais frequentes. DADOS FINANCEIROS - Custo de implantação de ninhos automáticos variando de R$ 15,00 a 19,00/fêmea alojada, de acordo com o modelo de ninho adotado; - Payback entre 4,5 a 5 anos. CONSIDERAÇÕES FINAIS Ocorre atualmente uma inversão das prioridades tecnológicas pela escassez de mão de obra, o que tem acelerado o processo de implantação dos ninhos automáticos nas propriedades pelos avicultores e empresas. Os novos projetos de instalação de granjas de produção de ovos férteis já preconizam a instalação dessa tecnologia. O ninho automático quando comparado ao ninho manual oferece uma série de vantagens importantes ao processo de produção de ovos férteis. A principal é a redução da necessidade de mão de obra devido ao menor tempo gasto na realização das coletas e a consequente diminuição de todos os custos envolvidos com pessoas. Além disso, há uma substancial melhora na qualidade microbiológica e no aproveitamento dos ovos pelo menor tempo de exposição dos ovos no ninho, reduzindo a incidência de ovos sujos, trincados e quebrados. Também ocorre redução do impacto ambiental, ligada à diminuição do consumo de maravalha e desinfetantes. É importante salientar que bons resultados zootécnicos entre eles a baixa incidência de postura de ovos na cama estão extremamente relacionados e dependentes ao manejo empregado e a detalhes da instalação dos ninhos automáticos nos galpões de produção. No mercado brasileiro há vários fornecedores de credibilidade, sendo necessária uma avaliação criteriosa dos modelos de ninhos disponíveis que mais se adaptam às necessidades da criação, levando sempre em consideração as características regionais. Em regiões de clima mais quente poderão ser necessários investimentos em climatização para que não haja prejuízos ao projeto. AGRADECIMENTOS Às empresas GSI e Vencomatic do Brasil. No mercado brasileiro há vários fornecedores de credibilidade, sendo necessária uma avaliação criteriosa dos modelos de ninhos disponíveis que mais se adaptam às necessidades da criação REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS APPLEBY, M. C. Factors affecting floor laying by domestic hens: a review. World’s Poultry Science Journal, v.40, p.241-249, 1984. BRAKE, J. Comparison of two nesting materials for broiler breeders. Poultry Science, v.64, p. 2263-2266, 1985. CARANZA, J. Introducción a la ciencia del comportamiento. Madrid: Universidad de Extremadura, 2000. 590p. DUNCAN, I. J. H.; KITE, V. G. Nest site selection and nest-building behaviour in domestic fowl. Animal Behaviour, v.37, p.215231, 1989. KITE, V. G. et al. Nesting behaviour of hens in relation to the problem of floor eggs. Reviews in Rural Science, v.3, p.93, 1980. PILOTTO, F. Desenvolvimento de ninhos mecânicos e avaliação de seus efeitos na coleta e incubação de ovos de matrizes de frango de corte. 2009, 133f. Tese (Doutorado em Zootecnia). Faculdade de Agronomia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2009. PITT, M. The production of non-cage eggs in seven North European Countries. World’s Poultry Science Journal, v.40, p.241-249, 1983. SALLE, C. T. P.; SILVA, A. B. 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Consultor Técnico de Aves da Nutron Alimentos Introdução O crescente aumento nos custos dos ingredientes e a competição com a produção de biocombustíveis vêm tornando o debate sobre como otimizar os nutrientes das dietas cada vez mais freqüente na avicultura. Além disso, questões ambientais vêm forçando os nutricionistas e profissionais da avicultura de forma geral a tornar a absorção de nutrientes cada vez mais eficiente, diminuindo a excreção destes para o meio ambiente. Neste contexto, estratégias para otimizar o custo da kcal/kg de ração estão recebendo crescente atenção. Algumas estratégias nutricionais como por exemplo a utilização de enzimas, a formulação de dietas levando-se em consideração o perfil ideal de aminoácidos ao invés da proteína bruta, alimentação por fases podem ser utilizados para aumentar a eficiência energética das dietas. No entanto, o objetivo deste texto será abordar fatores que determinam diferenças nas exigências energéticas de frangos e matrizes pesadas, e estratégias que visam otimizar a eficiência energética nessas espécies não relacionados às formulações das dietas, ou seja, fatores extra-nutricionais. Partição de energia A partição de energia é mostrada na Figura 1. Nela vemos os componentes nos quais a energia bruta (EB) é dividida. Subtraídas as perdas fecais da EB, temos a energia digestível (ED), que por sua vez, após descontarmos as perdas urinárias e pela produção de gases (essa mais importante para ruminantes), temos a energia metabolizável (EM). Após descontarmos as perdas devido ao incremento calórico (segundo Emmans, 1994, o incremento calórico nas aves possui basicamente 3 componentes, o nitrogênio urinário, matéria fecal orgânica e retenção protéica), podemos finalmente observar a energia líquida (Net energy, EL), que expressa a parcela que o animal vai realmente utilizar, seja para sua mantença (ou seja, as atividades essenciais para sobrevivência do animal, como as atividades metabólicas, manutenção da respiração, batimentos cardíFigura 1 Partição de energia (Latshaw e Moritz, 2009) Gas Loss Heat Increment Metabolizable Digestible Gross Net Energy Energy Energy Energy Maintenance Urinary Fecal Production Loss Loss A Daniel Gonçalves Bruno Trabalha na Provimi América Latina com pesquisa e desenvolvimento de novos produtos. Médico veterinário na USP e mestre em nutrição e produção animal acos, etc) ou para a produção, seja de carne, ovos, ou leite, no caso dos mamíferos. No presente texto iremos focar em como melhor direcionar a energia do incremento calórico e da manutenção em favor da produção. No entanto, apesar desse modelo considerar que a energia metabolizável é constante para cada ingrediente, alguns fatores podem determinar diferenças entre a partição da energia entre a produção e a mantença ou produção de calor. Recentemente foi proposto por Latshaw e Moritz (2009) a teoria de que quantidade de energia ingerida por dia por frangos diminui a quantidade total de energia/grama de ração necessária para mantença e aumenta a quantidade de energia direcionada para produção, pois assim as aves gastarão menor tempo para atingir um dado peso vivo. Assim, o aumento do tempo que o frango demora para atingir o peso de abate, per se, pode levar à queda no rendimento energético das dietas. Conceito de Valor Calórico Efetivo (ECV) Um conceito que será bastante explorado no presente texto é o de ECV, que expressa a quantidade de energia necessária para que as aves atinjam determinado peso corporal e conversão alimentar em condições específicas (McKinney e Teeter, 2004). Neste estudo, os autores obtiveram a seguinte fórmula para expressar o ECV: ECV= 4,180 + 1.17 × PC − (3.0 × 10−4) × PC2 + (1.36 × 10−7) × PC3 − 1,407.9 × CA + 272.21 × CA2 − 0.37 × PC × CA. Tabela 1 Estimativa do valor extra calórico efetivo proporcionado por fatores extra alimento Forma física da ração Programa de luz Temperatura ambiente x umidade relativa Sistema imune Fonte: Oklahoma State University 187 104 100 - 150 50 - 90 Kcal/kg Kcal/kg Kcal/kg Kcal/kg Fatores relacionados à alterações dos valores calóricos nas dietas Estimativa do valor extra calórico efetivo proporcionado por fatores extra alimento. Peletização e qualidade de pelete Em relação à dietas fareladas, a peletização pode levar NT 83 aumento na freqüência de descanso proporcional à diminuição de finos (Figura 2). Skinner-Noble et al (2005) corroboraram essa conclusão, observando correlação entre ECV, descanso e energia líquida de ganho. Ainda em relação à qualidade de pelete, Parsons et al (2006) observaram que a peletes com textura macia (obtidos através da adição de água durante a peletização) presentavam menor EMn em relação a peletes duros (obtidos através da adição de um aglutinante comercial) em frangos durante a fase de crescimento (3256 vs 3419 kcal/kg). Figura 2 9 150 8.5 100 8 50 7.5 0 7 Effective caloric value 200 M 80 60 40 Pellet quality 20 100 Resting frequency ECV e frequência de descanso (número de vezes que fora observado descanso sem 10 observações), sendo Pellete Quality = proporção de finos (M= dieta farelada sem presençade peletes) - McKinney e Teeter (2004) Temperatura ambiental, tipo de instalação e ventilação Nas aves, a energia gasta para mantença (EMm) di- Figura 3 Exigência de energia matabolizável aparente para mantença (EMm), em kcal/kg /dia, de matrizes pesadas criadas em gaiolas (esquerda) e piso (direita) (Rabello et al, 2004) 0,75 EMm = 191,21 - 8,15 T + 0,16 T2 2 R = 0,85 10 15 30 20 25 0 Temperatura ( C) Temperature a uma melhora no aproveitamento energético da dieta. McKinney e Teeter (2004) avaliaram os efeitos da proporção entre peletes e finos no comedouro (denominado pelo autor de PQ, ou pellet quality, em que o máximo PQ foi 100% de peletes, sem nenhum fino, enquanto que o mínimo PQ foi 0, que expressou uma dieta constituída somente por finos) sobre o valor calórico efetivo (ECV) da EMn, em frangos dos 38 a 45 dias de idade. Foi observado um aumento do ECV quando se aumentou a PQ em 40% de finos; um platô de 40 a 60% de finos; e depois de 60% de finos um aumento também proporcional ao aumento do PQ da dieta (Figura 2). Máxima economia de energia devido à peletização, com PQ de 100%, correspondeu a um incremento de 187 kcal EMn/kg de ração em relação à dieta farelada. Os autores atribuíram essa melhora na EMn à diminuição da energia gasta pelas aves com a alimentação, tendo sido observada 84 NT 160 140 120 100 80 60 EMm = 192,76 - 6,32 T + 0,12 T2 2 R = 0,72 Exigência 0,75 de EMm (kcal/kg /dia) MEm requirement Exigência 0,75 de EMm (kcal/kg /dia) MEm requirement 130 120 110 100 90 80 70 60 35 10 15 30 20 25 0 Temperatura ( C) Temperature 35 minui a medida que a temperatura ambiental aumenta, pois há uma menor necessidade de produção de calor para manter a ave aquecida, atingindo um platô a aproximadamente 27°C (matrizes pesadas, no caso), quando então torna a aumentar na medida em que a temperatura continua aumentando (Figura 3), em função do fato da ave passar a necessitar de gasto extra de energia para realizar processos fisiológicos relacionados a perda de calor (como a ofegação, por exemplo). Fatores como peso corporal, consumo alimentar, empenamento e atividade podem no entanto influenciar na EMn. De acordo com Wiernusz (2011), de 100 a 150 kcal/g da energia da dieta podem ser economizados ao se fornecer adequada temperatura ambiental às aves. Assim, se faz necessário a manutenção da temperatura ambiental na zona de conforto das aves, seja resfriando o ambiente com ventila- Figura 4 Ganho diário de peso e conversão alimentar em função do peso inicial, de acordo com a temperatura ambiente (May et al, 1998) GDP= -331.797 + 1.2071*T + 0.21457*PC - 8.852x10-5 *PC2 = 1.52x10-0 *PC-3 - 2.0772x10-3 *T*PC CA= 2.0512 - 2.007x10-2 *T - 7.226x10-4 *PC + 1.7361 x 10-7 *PC2 + 2.5564x10-5 *T*PC Gain/day, g 90 23C 25C 27C 29C 31C 80 70 60 1.000 1.500 2.000 Beginning weight, g ção e resfriamento evaporativo, no calor, ou aquecendo o ambiente, em épocas frias. May et al (1998) obtiveram equações de predição do ganho diário de peso, em g (GDP) e conversão alimentar (CA) em função do peso corporal (PC) e temperatura (T), que originaram os gráficos da Figura 4: Algumas diferenças devem, no entanto, ser levadas em consideração ao interpretarmos os diversos trabalhos na literatura relacionando os efeito das altas temperaturas sobre a EMm (Cerrate e Waldroup, 2010). - Estresse térmico constante ou cíclico: aves submetidas a dietas com maiores níveis energéticos sob estresse térmico cíclico tendem a responder melhor que aves sob temperatura normal, possivelmente por um efeito compensatório no consumo nos períodos de temperatura normal. Quando o estresse térmico é constante, as aves tendem a diminuir o consumo para dissipar o calor; - Severidade da temperatura a qual as aves são submetidas; - Idade das aves: aves mais jovens são mais resistentes; Com o aumento do peso corporal dos frangos, sobretudo nas últimas semanas antes do abate, a área de superfície corporal disponível para dissipação de calor diminui. Nesse contexto, o aumento na velocidade do ar pode ser utilizado para melhorar o desempenho das aves e diminuir os gastos energéticos das mesmas, sobretudo quando criadas com maiores densidades de alojamento, já que nessa situação há uma maior dificuldade em dissipar o calor, pois o ar no nível das aves passa com maior dificuldade por entre elas (Feddes et al, 2002). A velocidade Feed: Gain, g 100 2.8 2.6 2.4 2.2 2 1.8 1.6 1.4 1.2 23C 25C 27C 29C 31C 1.000 1.500 2.000 Beginning weight, g do ar facilita na remoção de calor por causar uma mudança na perda de calor da forma latente (isso é, através da evaporação da água das vias aéreas de ave, que ocorre durante a ofegação) para forma sensível (transferência de calor do corpo da ave para o ar passando em volta dela), sendo a forma latente associada com maior gasto energético pela ave. Dozier III et al (2000) mantiveram frangos de corte de 28 a 49 dias em galpões com variações cíclicas de temperaturas de 25-30-25°C (com ponto de saturação constante de 23°C) e aplicaram três manejos relacionados à velocidade do ar: ar parado (controle); velocidade variável (90, 120 e 180 m/min de 28 a 35, 36 a 42, e 43 a 49 dias respectivamente) e velocidade constante (120 m/min durante todo o experimento). O grupo controle apresentou pior desempenho em todos os períodos; no entanto não houve diferença aumentando a velocidade de 90 para 120 m/min de 1,5 a 2,2 kg (28 a 42 d), enquanto que de 2,6 para 3,2 kg (43 a 49 d) a velocidade de 180 m/min levou à melhora no desempenho. O tipo de instalação no qual as aves são criadas também influencia nas necessidades de energia metabolizável aparente para mantença (EMm). Rabello et al (2004) observaram que em matrizes pesadas criadas em piso, as exigências de EMm eram em média 21,8% superiores às das aves alojadas em gaiolas, possivelmente pelo fato das primeiras se movimentarem com maior freqüência. Do ponto de vista prático, a importância dessa informação está no fato de que a maioria dos trabalhos calculando exigências de EMm foram feito em gaiolas, enquanto que na prática as matrizes são criadas em piso. NT 85 Restrição alimentar A prática da restrição alimentar, quando bem aplicada, pode levar a diminuição das exigências de EMA para mantença na fase inicial, além de outros benefícios como diminuição da mortalidade por ascite. Com isso, na fase em que a ração passaria a ser dada a vontade (após os 21 dias), menor quantidade de energia seria direcionada para as necessidades de manutenção (pois as exigências para manutenção seriam menores, já que houve um menor crescimento inicial das aves) e passaria a ser direcionada para o crescimento muscular, melhorando a eficiência energética da dieta. De acordo com publicação da Embrapa (Rosa et al, 2000), essa prática nunca deve ser aplicada antes dos 7 dias de idade (nessa fase, pode haver sério comprometimento gastrointestinal, imune e muscular dos frangos, além de maior tendência à deposição de gordura abdominal na fase final), e também nunca depois dos 21 dias de idade (não haveria tempo para as aves expressarem o ganho compensatório). Além disso, segundo os mesmos autores, em programas de restrição que determinem a redução do peso vivo das aves, ao final do período de aplicação do jejum, acima de 11,0 a 12,0% pode haver diminuição no ganho compensatório, de modo que as aves não conseguem atingir o peso vivo estabelecido para idade, portanto o programa de restrição não pode ser muito rigoroso. Figura 5 Gasto diário de energia de mantença em frangos aos 20, 27, 34, 41 e 48 dias de idade, de acordo com o grau de lesão de coccidiose: 0 (sem lesão), 1 (lesão subclínica) e 2 (lesão com sintomatologia clínica) Maintenance energy (Kcal/day) De acordo com Wiernusz (2011), a economia de energia da dieta que podemos obter com programas de luz é de 104 kcal/kg. Recentemente, Coon (2007) citou um trabalho feito por Beker e Teeter, em que os autores demonstraram que é possível diminuir a produção de calor e aumentar a retenção de energia através de programas de luz, possivelmente pela redução da atividade das aves e melhora do ECV (valor clórico efetivo) da dieta. De acordo com esse estudo, o esquema 12L:12E levou a um maior ECV acumulado em relação aos programas 23L:1E ou ao programa intermitente 1L:1E durantes as fases de crescimento e abate. Similarmente Brickett et al (2007) observaram que o programa 12L:12E melhorou a eficiência alimentar em relação ao programa 20L:4E, apesar do peso corporal final ser menor no primeiro. de crescimento insulina semelhante (IGF-I), que promove a síntese protéica de mioblastos, levando assim a menor produção de massa muscular (Broussard et al, 2001). Podem ainda levar à depressão do consumo alimentar, aumento nas demandas energéticas para mantença, aumento na energia nas excretas e redução da retenção energética (Teeter et al, 2008). Nesse trabalho, os autores concluíram que as exigências de EM de frangos para o sistema imune eram apenas 5% da EM de mantença sem coccidiose, mas aumentaram para 28% das exigências na presença de coccidiose. Houve ainda interação com a idade, de modo que os gastos energéticos foram maiores quando a coccidiose acometeu as aves mais tardiamente (Figuras 5 e 6). 300 300 277 250 231 150 121 100 195 141 120 81 235 204 177 192 160 200 88 76 50 0 20 27 34 41 48 20 27 34 41 48 0 1 Lesion 20 27 34 41 48 AGE 2 Figura 6 Energia perdida pelas excretas em frangos aos 20, 27, 34, 41 e 48 dias de idade, de acordo com o grau de lesão de coccidiose: 0 (sem lesão), 1 (lesão subclínica) e 2 (lesão com sintomatologia clínica) Added energy (Kcal/day) Programas de luz 100 90 91 80 80 57 60 40 20 0 -20 105 -13 18 27 25 34 30 36 21 17 -8 20 27 34 41 48 20 27 34 41 48 0 1 Lesion 11 20 27 34 41 48 AGE 2 Imunidade e desafio sanitário O desafio sanitário e por coccidiose induz queda no desempenho e aumento das demandas energéticas através de vários mecanismos de ação. A estimulação crônica do sistema imune do trato gastrointestinas e a produção de citocinas pró inflamatórias, induzem a uma resistência aos receptores hepáticos do hormônio de crescimento (GH), levando a redução do fator 86 NT Conclusão O presente estudo permite concluir que cuidados com a ambiência e manejo, sanidade, e manutenção de uma boa qualidade de peletes podem implicar na otimização da energia metabolizável fornecida a frangos e matrizes pesadas a partir das dietas. Aumentando a produção dodeBrasil. Tecnologia e segurança na leiteira produção leite. aves MATRIZES PESADAS: a influência da nutrição sobre a progênie O crescimento do mercado avícola brasileiro e sua busca por excelência mundial exigem que se obtenham animais de máximo desempenho e rendimento zootécnico. Nesse sentido, a nutrição de matrizes de corte se constitui como um fator crucial para o sucesso da atividade, por estar diretamente relacionada com a eficiência e a qualidade reprodutiva. A nutrição de reprodutoras pesadas deve atender as exigências da ave, proporcionando bom desempenho produtivo e, ainda, suprir as necessidades dos embriões e dos pintos neonatos, originados de seus ovos, já que no decorrer da fase embrionária o embrião tem como única fonte de nutrientes o ovo, e este, por ser formado no interior do sistema reprodutivo da matriz, reflete seu estado nutricional. O desenvolvimento e a vitalidade do embrião dependem completamente dos nutrientes contidos no ovo, os quais são originados da dieta e do metabolismo das galinhas (BAIÃO & LÚCIO, 2005). O fornecimento nutricional adequado para reprodutoras garantirá a boa produção e a qualidade de pintos, que terão melhor desempenho zootécnico até o abate. Para isso, são necessárias as determinações das exigências nutricionais para cada fase de produção da ave (TANURE, 2010). 88 NT Paulo Leandro da Rosa e Silva Engenheiro Agrônomo Consultor Técnico da Nutron Alimentos Vários fatores interferem nas exigências nutricionais das aves, tais como a linhagem, a idade e o peso das aves, além das condições climáticas e dos níveis e fases de produção (BRUM, 1998). Segundo Wilson (1997), a nutrição das reprodutoras possui efeito determinante no desenvolvimento dos embriões até o nascimento dos pintos, sendo que a boa condição nutricional dos pais é crucial na transferência adequada e balanceada dos nutrientes necessários ao desenvolvimento do embrião no ovo. Na exigência nutricional da matriz de frango de corte a energia é um dos pontos mais críticos e, sem dúvida, equilibrar seu fornecimento com as necessidades significa a diferença entre o bom e o mau desempenho das matrizes (BRANDALIZE, 2005). Para a alimentação de matrizes pesadas à base de milho e farelo de soja, não é necessário, normalmente, o uso de óleos ou gorduras nas rações para atender às necessidades energéticas. Entretanto, seu uso poderia trazer outros benefícios, como por exemplo, em relação ao peso do ovo, eclodibilidade, desempenho da progênie e composição em ácidos graxos da gema. De uma forma geral no período de postura, dependendo da época do ano, o consumo diário de energia por ave fêmea deve ser de 430 kcal de energia metabolizável no verão e de 480 kcal no inverno (BAIÃO & LÚCIO, 2005). Brake (1990) alimentou matrizes pesadas com níveis crescentes de energia metabolizável durante o período pré-pico (aprox. 410, 440, 460 e 480 kcal/ave/dia), verificando os melhores resultados em termos de produção de ovos e fertilidade ao nível de 460 kcal/ave/dia. PROTEÍNA Na fase de postura, o consumo de 18g a 20g de proteína bruta/galinha/dia parece adequado, assumindo que as necessidades dos aminoácidos essenciais sejam satisfeitas; porém, níveis mais elevados (até 25g/ave/dia) podem ser necessários durante o período do pico de produção, para atingir o máximo rendimento de massa de ovo, já que o tamanho do ovo tem um significativo efeito sobre o peso inicial do pinto e seu desempenho (BAIÃO & LÚCIO, 2005). O máximo peso do ovo, durante a fase inicial de postura, representa um fator econômico de importância. Entretanto, um excessivo consumo de proteína deve ser evitado; um consumo diário de 27g de proteína/ave/dia tem efeitos adversos sobre a eclodibilidade. Menores níveis de proteína podem ser satisfatórios quando é realizada a suplementação com aminoácidos (BAIÃO & LÚCIO, 2005). VITAMINAS E MINERAIS As vitaminas e os minerais, nutrientes presentes em menores quantidades nas dietas, são fundamentais para o funcionamento das rotas metabólicas (RUTZ et al., 2005). As concentrações de vitaminas lipossolúveis (A, D e E) e algumas hidrossolúveis (biotina e ácido pantotênico) podem aumentar o tamanho do ovo e influir na qualidade do pinto (ETCHES, 1996; BAIÃO & LÚCIO, 2005). As quantidades de vitaminas que são transportadas para o ovo, dependem das proteínas específicas que realizam esse transporte, ou seja, não adianta aumentar a concentração de vitaminas na ração, se estas não possuem proteínas transportadoras suficientes. Da mesma forma, os minerais estão limitados a capacidade das proteínas que se unem aos íons e fazem o transporte para o interior do ovo (ETCHES, 1996). A vitamina A é necessária para o crescimento e reprodução, já a vitamina D é necessária ao desenvolvimento ósseo, produção de ovos e eclodibilidade, semelhante à vitamina E, que é necessária à reprodução e à eclodibilidade dos ovos. A ave é capaz de sintetizar vitamina C, o que não impede que suas exigências sejam supridas na formulação de ração. As outras vitaminas de maneira geral são necessárias ao crescimento, ao empenamento, à produção do ovo e à eclodibilidade da matriz de frango de corte (MARQUES, 1994). Kidd (2003) relatou que a nutrição da matriz atua na viabilidade e no crescimento da progênie e sugere aos nutricionistas que trabalhem com níveis adequados de manganês, selênio, zinco e vitamina E, pois estes nutrientes estão relacionados à imunidade da progênie. LÍPIDIOS As matrizes pesadas no início da postura produzem grande número de ovos de tamanho pequeno, além de possuírem baixo rendimento de incubação, o que tem sido atribuído à menor capacidade das aves jovens em mobilizar gordura para a formação da gema. Em contrapartida, de acordo com aumento da idade das aves, tende-se a aumentar o peso do ovo, como resultado do aumento do peso da gema, do albúmen e da casca, ainda que estes aumentos não sejam proporcionais (ETCHES, 1996). Vários estudos têm demonstrado que o tamanho do ovo não é maximizado se o nível de ácido linoléico não for adequado para suportar a taxa de síntese de lipoproteínas necessárias para a formação da gema (RIBEIRO, 2007). NT 89 Os lipídios encontrados no ovo provêm parte da síntese endógena da matriz e parte da dieta, sendo assim, a relação entre alimentação da matriz e qualidade do pintinho se torna fundamental (RIBEIRO, 2007). Reprodutoras alimentadas com menos gordura saturada produziram progênie com melhor desempenho e melhor rendimento de processamento (PEEBLES et al., 2002). O metabolismo dos lipídios é particularmente importante para desenvolvimento do embrião, pois participa de uma variedade de processos metabólicos e também para o armazenamento de energia (NOBLE et al., 1986). A energia é o fator crítico para mantença, crescimento, produção e reprodução e todos os nutrientes de uma dieta devem ser ajustados com base em seu valor energético. Os efeitos da deficiência de nutrientes na dieta de matrizes sobre a progênie são apresentados na Tabela 1. Tabela 1 Efeito da deficiência de diferentes nutrientes na dieta de matrizes sobre a progênie Nutriente Energia + Proteína Vitamina A Vitamina E Vitamina D B12 Ácido pantotênico Riboflavina Tiamina Manganês Cálcio Fósforo Zinco Efeitos Mortalidade embrionária Produção e eclodibilidade Eclodibilidade Mortalidade embrionária Produção e eclodibilidade Eclodibilidade, afeta empenamento, pintinhos com incoordenação Afeta desenvolvimento embrionário Polineurite e mortalidade embrionária Eclodibilidade e anormalidade embironárias Afeta desenvolvimento embrionário Afeta desenvolvimento ósseo embrionário e eclodibilidade Eclodibilidade, mortalidade embrionária e afeta desen. ósseo Adaptado de Wilson (1997) CONTROLE DE PESO A produção de ovos, a fertilidade, o tamanho do ovo, a qualidade da casca e a viabilidade das aves são adversamente afetadas pelo excesso de peso (BAIÃO, 1994). Há uma relação negativa entre a taxa de crescimento e a reprodução, sendo assim não se pode permitir que a fêmea ou o macho exiba todo o potencial genético de crescimento, pois a reprodução de aves muito grandes não é desejável (LEESON, 1999). Torna-se, então, imprescindível controlar o peso das aves nas fases de recria e postura, sendo que este controle só é possível através de algum 90 NT processo de restrição alimentar (BAIÃO, 1994). O guia de peso corporal, fornecido pelas empresas que comercializam matrizes, tem sido considerado fundamental para atingir os níveis de desempenho demonstrados nos manuais das reprodutoras, contudo os padrões de peso corporal mudam todos os anos, de acordo com o aparecimento de novas informações (BRANDALIZE, 2005). Essas empresas orientam as exigências de suas aves a partir de pesquisas e experiências de campo, todavia é importante adaptar essas informações com base nas particularidades de criação de cada lote de reprodutoras (BAIÃO, 1994; PENZ JUNIOR & CARVALHO, 2009). A restrição quantitativa tem sido o método mais recomendado técnica e economicamente, por propiciar um melhor controle de peso das aves, retardando a maturidade sexual, fazendo com que se tenha um lote mais uniforme no começo do período produtivo, com uma produção de ovos mais homogênea logo no início da produção (STEFANELLO, 1984; BARTOV et al., 1988). O sistema de restrição diária promove maior desequilíbrio na competição, todavia há melhor aproveitamento da ração, já que a ave ingere pequenas quantidades de ração de cada vez (BAIÃO, 1994). Já o método “dia sim-dia não”, amplamente empregado em avicultura, reduz problemas de desuniformidade de peso corporal do lote e propicia melhora significativa nos parâmetros produtivos, quando comparado com o arraçoamento diário controlado (LUCKHAN et al., 1963). A opção pelo programa de fornecimento de ração no crescimento dependerá da disponibilidade de equipamentos, ambiência das instalações, velocidade de arraçoamento e nível de manejo empregado. O desempenho futuro das reprodutoras depende muito do crescimento adequado e da uniformidade das aves na fase inicial (PENZ JUNIOR & CARVALHO, 2009). O melhor desempenho observado para aves com alta uniformidade é decorrente do sincronismo da sua maturidade sexual, obtida pelo manejo correto obtido na fase de recria (LEESON & SUMMERS, 1997; HUDSON et al., 2001). Na produção, o volume de alimento deve ser aumentado de acordo com o aumento da postura e as necessidades de crescimento (PENZ JUNIOR & CARVALHO, 2009). Leeson & Summers (1997) sugeriram que o volume máximo de ração deva ser oferecido às aves quando elas alcançarem aproximadamente 35 a 40% de produção. Já as indicações das principais linhas genéticas sugerem que este valor máximo de consumo deve acontecer quando as aves alcançarem 60 a 70% de produção (PENZ JUNIOR & CARVALHO, 2009). O manejo de arraçoamento das fêmeas deve ser baseado no peso das aves, dos ovos e produção, pois quando realizado em função da massa de ovos necessita-se de um aumento excessivo no consumo de ração, promovendo assim um au- mento na deposição de gordura abdominal (LEWIS, 1996). MATÉRIAS-PRIMAS As matérias-primas devem ser de boa qualidade, com valor nutritivo previsível e uniforme, livres de contaminação por resíduos químicos, toxinas microbianas e patógenos e armazenadas sob condições controladas a fim de manter sua integridade físico-química e microbiológica. As instalações de armazenamento devem ser protegidas contra insetos, roedores e aves silvestres, os quais são vetores potenciais de doenças (ROSS, 2008). CONSIDERAÇÕES FINAIS O dinamismo do mercado avícola busca constantemente o alto desempenho, exigindo a produção de animais de alta performance que tenham plena condição de expressar seu potencial genético. Neste contexto, a boa nutrição é fundamental para garantir o fornecimento balanceado de nutrientes para as aves reprodutoras e sua prole que estão cada vez mais exigentes. A nutrição de matrizes pesadas necessita de constante avaliação, pois influencia fortemente a produção de ovos e pintos e também tem efeito direto na qualidade dos pintos de um dia e, por conseqüência, no desempenho e na uniformidade final dos lotes de frangos de corte. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BAIÃO, N. C. Alimentação e controle de peso. Manejo de Matrizes. São Paulo: FACTA, 1994. p. 73-80. BAIÃO, N. C.; LÚCIO, C. G. Nutrição de matrizes pesadas. 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Poultry Science, v.76, p.134-143, 1997. NT 91 INGREDIENTES SITUAÇÃO DOS PROMOTORES DE crescimento no Brasil O uso de antimicrobianos como promotores de crescimento foi relatado há mais de cinquenta anos pelos autores Moore (1946) e Jukes (1950), que demonstraram melhora nos índices produtivos dos animais. Desde então, diversos trabalhos científicos comprovaram que o uso destes aditivos melhora o ganho de peso, a conversão alimentar e diminui a mortalidade. Ultimamente, porém, a utilização dos promotores de crescimento veio ao centro de inúmeras discussões cujas pautas se basearam em dois principais pontos: 1°- Possibilidade da presença de resíduos medicamentosos em alimentos de origem animal, em níveis que possam prejudicar a saúde do consumidor; 2° - Possibilidade de desenvolvimento ou aumento de resistência microbiana na medicina humana, devido ao uso de antimicrobianos em produção animal. A preocupação em relação à presença de resíduos obviamente é legítima, mas deve-se ter em mente que hoje a indústria dispõe de inúmeras ferramentas que garantem a segurança dos produtos e dos alimentos que chegam à mesa do consumidor. A cada dia, novas tecnologias chegam para auxiliar nesta questão. A abordagem deste tema deve considerar uma análise de risco específica a 92 NT Otávio Fregonesi Médico veterinário, MBA em Marketing pela ESPM e Gerente de Produtos da Nutron Alimentos cada situação, visando identificar os possíveis resíduos e suas quantidades e os reais riscos à saúde humana através de metodologias científicas e não especulações. Em relação à resistência, apesar de existir diversos estudos científicos sobre este tema, não há correlação entre o uso de antimicrobianos na produção animal e o desenvolvimento de resistência em microrganismos isolados de seres humanos. A União Europeia proibiu em 2006 o uso de antimicrobianos como melhoradores de desempenho zootécnico em animais de produção. Esta atitude não foi pautada nas recomendações das organizações internacionais de referência como a Food and Agriculture Organization (FAO), o Codex Alimentarius e a Organização Internacional de Epizootias (OIE). Após o banimento dos melhoradores, ocorreu um aumento da prescrição de antibióticos terapêuticos e, surpreendentemente, ressurgiram antigas soluções tais como altos níveis de zinco. Os produtores europeus foram obrigados a encontrar nichos de mercado de alto valor agregado para poderem sobreviver (McCartney, 2008). Estima-se que a restrição do uso de promotores de crescimento pode gerar uma redução de até 5% do ganho peso e uma piora de até 10% da conversão alimentar. Modelos matemático-econômicos demonstram o custo de uma política de restrição do uso destes compostos em centenas de milhões de dólares por ano para cada uma das diversas cadeias de produção de alimentos de origem animal. Estudos epidemiológicos em países onde o uso subterapêutico de antimicrobianos foi banido revelam um subsequente aumento na incidência de doenças, principalmente entéricas, tais como enterite necrótica e coccidiose (além de infecções por Escherichia coli), podendo também, ocorrer um aumento do risco de infecções de origem alimentar em humanos, pelo menor controle de patógenos Tabela 1 Antimicrobianos autorizados pelo MAPA e sem indicações de suspensão como promotores de crescimento Antibiótico Espécie/Categoria Avilamicina Frangos de corte Frangas de reposição Perus de corte Suínos Bacitracina Metileno Disalicilato Frangos de corte Galinha poedeira Perus de corte Suínos Bacitracina de Zinco Frangos de corte Galinha poedeira Perus de corte Codorna de corte Suínos Bovinos em confinamento Gram positivas 4 - 55 11 - 28 4 - 55 5 - 22 11 - 55 37 - 70 mg/dia/cab Gram positivas Gram positivas Frangos de corte Galinha poedeira Suínos Bovinos 2 - 10 4 - 10 2 - 40 5 - 40 Clorexidina Frangos de corte Galinhas reprodutoras ou poedeiras Suínos 10 - 20 10 - 15 Enramicina Frangos de corte Galinhas poedeiras Suínos 3 - 10 5 - 10 3 - 10 Flavomicina Frangos de corte Perus de corte Suínos Bovino (novilhos) 1-2 1-2 2-4 10 - 20 mg/dia/cab Halquinol Frangos de corte Galinhas reprodutoras ou poedeiras Suínos Frangos de corte Galinhas reprodutoras ou poedeiras Suínos Virginamicina Frangos de corte Perus de corte Suínos Gram positivas 4 - 55 11 - 28 4 - 55 11 - 33 Colistina Tilosina Espectro de ação Dose (teor em ppm)* Mínimo - máximo 2,5 - 10 2,5 - 10 5 - 10 10 - 40 20 - 40 15 - 30 30 - 60 60 - 120 Gram positivas Gram negativas, fungos e leveduras Gram positivas Gram positivas Gram positivas, Gram negativas, protozoários, fungos 4 - 55 22 - 55 11 - 110 5,5 - 10,5 11 - 22 5,5 Gram positivas Gram positivas * Dosagem recomendada varia de acordo com a fase de utilização, estando indicado o mínimo e o máximo para cada espécie. Adaptado de Benício, 1996 e Brasil, 2012. NT 93 94 de origem alimentar como Salmonella, Campylobacter e E. coli (Rostagno, 2011). Os órgãos regulatórios no Brasil levam em consideração as organizações internacionais supracitadas e não têm como objetivo a proibição do uso de antimicrobianos como aditivos. O país tem participado ativamente de discussões ligadas ao uso de melhoradores de desempenho, incorporando em suas ações as recomendações consideradas pertinentes. O Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento to, colistina, clorexidina, eritromicina, halquinol, lasalocida, lincomicina, salinomicina e tiamulina; Reavaliar as substâncias espiramicina, tilosina e virginamicina em atendimento às recomendações do grupo de trabalho de 2003; Analisar situações específicas que envolvam a necessidade de estudos e de avaliação de risco a saúde humana, decorrente da utilização destes aditivos em animais produtores de alimentos. Após estudos, o DFIP publicou o ofício nº60 em feve- (MAPA) instituiu o Grupo de Trabalho (GT) com o objetivo de atualizar estudos científicos sobre melhoradores de desempenho, demonstrando os esforços empreendidos em nosso país para assegurar a saúde do consumidor. O GT de 2003 avaliou os riscos à saúde humana frente ao uso de como o Carbadox, Olaquindox, Bacitracina de Zinco, Espiramicina, Fosfato de Tilosina e Virginamicina. Foi recomendada a proibição do Olaquindox, a liberação da Bacitracina de Zinco (como aditivo) e a realização de novos estudos para as demais moléculas. Em 2005, proibiu-se o Carbadox. Tais proibições foram realizadas uma vez que as moléculas banidas apresentaram grande potencial cancerígeno. Em 2006 o GT estudou a Monensina, a Maduramicina, a Avilamicina, a Flavomicina e a Enramicina, concluindo que não existia impeditivo para a continuidade do uso destas moléculas. Já em 2009, os objetivos foram: Avaliar as substâncias: bacitracina metileno disalicila- reiro de 2012, mantendo o uso da Colistina, do Halquinol e da Clorexidina. A Eritromicina e a Espiramicina serão banidas imediatamente através de Instrução Normativa do MAPA. Já a Lincomicina e Tiamulina terão nova defesa, mas permanecem sob o risco de banimento. Com isso, os antimicrobianos autorizados para aves e suínos pelo MAPA e sem indicações de suspensão pelos GT´s estão listados na tabela 1. O Brasil tem se posicionado com coerência em relação à utilização de antibióticos como aditivos, considerando em primeira instância a saúde do consumidor e a resistência antimicrobiana. O Ministério da Agricultura e a iniciativa privada não têm poupado esforços em desenvolver estudos e prover informações que garantam a segurança alimentar, a produtividade e a sustentabilidade do setor produtivo nacional. Para isso, membros da cadeia produtiva devem preocupar-se com a utilização correta destes promotores obedecendo às regulamentações do MAPA. O trabalho é conjunto. NT suínos INTERAÇÕES ENTRE NUTRIÇÃO E REPRODUÇÃO DO MACHO REPRODUTOR importância da proteína, energia, minerais e vitaminas 96 NT Antônio Marcos S. Moita, Mestre e Doutor em Nutrição Animal pela Univ. Fed. de Viçosa e Consultor Técnico de Suínos da Nutron Alimentos Do ponto de vista fisiológico, o processo de fertilização resulta de participações igualmente importantes para gametas masculino e feminino. Já em termos zootécnicos, todavia, a fertilidade do macho tem um impacto muitas vezes maior sobre a eficiência reprodutiva de um rebanho suíno, se comparada à fertilidade individual da fêmea. Enquanto a produção anual de uma matriz situa-se em torno de 25 animais, um único reprodutor poderá gerar 6.000 a 7.000 descendentes por ano, quando utilizado em regime de coleta de sêmen (Flowers, 1998). Apesar de influírem decisivamente no desempenho reprodutivo dos rebanhos suínos, os varrões costumam representar a categoria mais negligenciada dentro do processo produtivo. Surpreendentemente, a nutrição de cachaços tem recebido muito pouca atenção por parte da pesquisa científica aplicada (Aherne, 1993; Close & Cole, 2001). 1 - INTERAÇÕES ENTRE NUTRIÇÃO E EFICIÊNCIA REPRODUTIVA. Estudos recentes têm demonstrado um marcante efeito da nutrição sobre o padrão de secreção de gonadotrofinas, mais ainda permanecem pouco compreendidos os mecanismos envolvidos no efeito direto na nutrição sobre a função testicular (Brown, 1994). Uma das principais causas de descarte de varrões adultos é representada pelo excesso de peso e pelos problemas físicos correlacionados a este excesso, tais como os defeitos de aprumos e a baixa libido (Penny, Guise, 1989, citados por Louis, 1995). Para evitar esse quadro, seria necessário formular dietas que maximizem a longevidade e a fertilidade dos machos, ao mesmo tempo em que reduzem o ganho de peso dos animais na fase adulta. Até princípios da década de 90, o foco da pesquisa científica aplicada à interação entre nutrição e reprodução de machos concentrava-se, principalmente, na avaliação dos efeitos de difeTabela 1 Peso Corporal (Kg) Ganho diário (Kg/d) Depos. Prot. (g/d) Depos. Gord (g/d) Mantença Depos. Proteína Depos. Gordura Atividade Monta Produção Sêmen Req. Total ED 100 200 300 400 0,5 0,3 0,1 80 48 16 125 75 25 Requerimento (Kcal ED/dia) 4063 6429 8436 9345 884 525 167 1673 1004 334 143 239 334 382 120 120 120 120 6883 8317 9391 9847 rentes “planos nutricionais gerais” e padrões de consumo sobre algumas características reprodutivas. A partir de então, crescente atenção tem sido dada ao estudo isolado de alguns nutrientes, tais como lipídeos, certas vitaminas e minerais, correlacionandoos de forma mais profunda à fisiologia reprodutiva do macho. 1.2 - ENERGIA, PROTEÍNA E AMINOÁCIDOS: Os requerimentos diários de energia para varrões podem ser divididos, segundo Close & Cole(2001), em exigências de mantença, ganho de peso, produção de sêmen, atividade física da monta e manutenção da temperatura corporal. Por meio de uma compilação de informações disponíveis na literatura, esses autores estimam os requerimentos energéticos para varrões em diferentes categorias de peso vivo, conforme ilustrado a seguir, na tabela 1. Analisando dados da tabela 1, verifica-se que os requerimentos de mantença constituem a maior parte da exigência total de energia, variando de 60%, no varrão com 100 kg de peso, até mais de 90%, em machos pesados. Já os requerimentos ligados à monta e á produção do ejaculado variam entre 3,5 a 5,0% do requerimento energético total. Daí concluirmos que a atividade reprodutiva “ per se “ não justifica a adoção de níveis energéticos muito elevados, na alimentação de varrões. Ao contrário, esta prática leva a obesidade, aos problemas físicos e reprodutivos associados à mesma. Os requerimentos de proteína e aminoácidos estão estabelecidos com menor precisão que os de energia, muito embora diversos autores tenham se dedicado ao estudo dos efeitos da nutrição proteica sobre a eficiência reprodutiva dos varrões. Considerando que o sêmen suíno contém cerca de 2,8 % de lisina(Louis et al.,1994 a), temos um consumo de aproximadamente 6-8 gramas de lisina por ejaculado, o que representa de 12 a 24 g de lisina por semana, a depender da frequência de coleta. Somando-se um requerimento diário de mantença não superior a 9 g de lisina/dia a uma estimativa (superestimada) de 4-6 g de lisina/dia para a produção de sêmen, temos um requerimento diário total de 12-15 g de lisina, pelo varrão. Com o intuito de testar a hipótese, levantada por outros autores, de que a proteína seria o nutriente primariamente envolvidos nos efeitos negativos da redução de consumo sobre a produção de sêmen, Louis et al.(1994 b) estudaram os efeitos combinados de energia e proteína sobre parâmetros reprodutivos. Os tratamentos foram dispostos de tal forma a criarem um grupo de BE/BP (baixa energia e baixa proteína), um grupo de BE/AP (baixa energia e alta proteína) e um grupo AE/AP (energia e proteína altas). Os níveis proteicos testados foram BP (7,7 g lis/ dia) e AP (18,1 g lis/dia), enquanto que os níveis energéticos fo- NT 97 ram BE (6100 Kcal EM/dia) e AE (7700 Kcal EM/dia). A tabela 2 ilustra alguns resultados obtidos. Conforme observado na tabela 2, este trabalho sugere que os níveis energéticos podem ser reduzidos em varrões adultos, para que se obtenha uma melhor condição física, sem maiores prejuízos á produção de sêmen. Todavia, se a ingestão proteica for também reduzida, pode-se esperar uma menor libido e menor produção de espermatozoides. 1.3 - ÁCIDOS GRAXOS ESSENCIAIS (AGE) Existem poucas informações disponíveis sobre a necessidade dos machos em reprodução de AGE. Entretanto, em razão do seu papel na síntese de prostaglandina, é provável que nos machos em reprodução intensivamente manejados exista um requerimento de AGE, como os ácidos linolênico e araquidônico. A exigência mínima desses AGE são estimados em 7 e 5g/kg, respectivamente. Com 2% de energia na dieta proveniente do ácido linolênico, já garantiria uma significativa margem de segurança. A fração lipídica do espermatozoide e do plasma seminal é Tabela 2 Ingestão Lis (g/d) Vol. Sêmen (ml) 9 Esper./ejac. (x10 ) % recusa a monta AE/AP 18,1 a 293 71,2 a 0 BE/AP 18,1 a 290 63,2 a 25 BE/BP 7,7 B 205 56,8 B 62,5 única no que diz respeito à sua composição em ácidos graxos, quando comparada aos lípides presentes na maioria dos tecidos corporais. Na maioria dos tecidos corporais, os níveis de ácidos graxos poli-insaturados de cadeia longa das séries ῳ-3 e ῳ-6, com 20 e 22 átomos de carbono, representam não mais que 6% do total de ácidos graxos presentes. Já no espermatozoide e no plasma seminal, onde os fosfolipídios formam a principal classe de lípides constituintes, os níveis daqueles ácidos graxos(C20 e C22 poli-insaturados) são surpreendentemente maiores, chegando a representar entre 60 e 70% do conteúdo total de ácidos graxos. Na produção animal tecnificada, o suprimento de ácidos graxos essenciais de 18 carbonos (linoleico e linolênico) tende claramente em favor do linoleico (ῳ-6). O óleo de soja, por exemplo, contém 38,72% de ácido linoleico, contra 11,47% de linolênico (Murgas, 1999). Em suínos, o padrão de suprimento dietético de ácidos graxos essenciais tem influência direta sobre o tipo de deposição lipídica nos tecidos. Os óleos de soja, girassol e milho são fontes ricas em ácido linoleico (ῳ-6), enquanto que o óleo de linhaça e, em menor proporção, também o óleo de soja, representam boas fontes de ácido linolênico (ῳ-3). Os óleo de alguns peixes, tais como sardinha, salmão, cavala e truta, re- 98 NT presentam fontes ricas diretamente em ácido docosahexaenóico (DHA, ῳ-3), de acordo com Nunes (1988). Estudando os efeitos da adição de 0%, 3% e 4,2% de óleo de soja em dietas isoenergéticas de varrões hídridos modernos, Murgas ῳ(1999) obteve efeitos significativos somente sobre o volume do ejaculado e peso da fração gelatinosa do sêmen, evidenciando aumento da atividade secretória das glândulas sexuais acessórias. 2- MINERAIS E VITAMINAS: Os minerais e vitaminas são elementos essências para reprodução e estão envolvidos em um grande número de processos digestivos, fisiológicos, endócrinos e biossintéticos. Além disso, os minerais fornecem suporte estrutural ao corpo. Em geral, as exigências de minerais e vitaminas para machos reprodutores são consideradas as mesmas das porcas, mas existem vários trabalhos que tem destinado específica relevância a esse animal e há necessidade de ser considerado separadamente. 2.1 – CÁLCIO (Ca) e FÓSFORO (P): O cálcio e o fósforo são os minerais mais importantes, não somente por serem necessários para a ótima taxa de crescimento e bem estar do animal, mas porque são absolutamente essenciais para a mineralização óssea e o desenvolvimento do libido. Nos últimos anos tem sido relatado na literatura um aumento na taxa de descarte de machos reprodutores devido à osteocondroses, anormalidades nas juntas e lesões de cascos. Problemas relacionados a cascos são o principal fator de perda de libido e a inabilidade de montar na porca ou no manequim. Níveis mais elevados de Ca e P na dieta são mais requeridos para ótima mineralização óssea do que para máxima taxa de crescimento durante o processo de desenvolvimento do macho (Hickman and Mahan, 1980, citado por Cole et al., 1993). Os machos reprodutores tem mostrado ter significativamente ossos mais pesados, mas com menores valores de quebra por estresse do que as leitoas. Por isso, é recomendado que o requerimento de Ca e P sejam de 9,5 e 7,5g/kg, respectivamente para machos reprodutores jovens, e 7,0 e 6,0g/kg, respectivamente para machos reprodutores maduros. Isso irá garantir que a taxa Ca - P esteja dentro da variação recomendada de 1,3 - 1,5:1. A enzima fitase pode substituir a porção de fósforo inorgânico adicionado ao alimento. Essa enzima também aumenta a absorção de cálcio. Portanto, o nutricionista deve ajustar a quantidade de cálcio a ser suplementado. 2.2 – ZINCO (Zn) O zinco é um mineral essencial para a espermatogeneses e o desenvolvimento dos órgãos sexuais nos machos. A deficiência de zinco resulta na redução da produção das gonadotropinas, bem como na produção de andrógenos. Em diferentes espécies de machos, tanto a atrofia testicular como a falha de espermatogeneses estão diretamente ligados à falta de zinco. A deficiência de zinco também pode causar retardamento no desenvolvimento das células de Leydig, redução na resposta para o LH e adversamente afetar a esteroidogeneses testicular. A exigência recomendada de Zn é de 100mg/kg. Devido às incertezas sobre a disponibilidade de zinco de fontes inorgânicas, é possível que fontes orgânicas, tais como os minerais quelatados, com uma maior disponibilidade, possam ser mais apropriadas para machos reprodutores. 3 - EXIGÊNCIAS DE VITAMINAS: Vários estudos tem sugerido que não existem exigências adicionais de vitaminas para machos em atividade acima daqueles para porcas. Entretanto, o papel da biotina nas dietas de machos tem aumentado, incrivelmente, de importância como resultado de sua associação com lesões de cascos e suas implicações no desempenho reprodutivo dos machos. Existem também indicações que vitaminas E e C podem ter especial importância na dieta de machos de linhagens susceptíveis a estresse. 3.1- SELENIO (Se) e VITAMINA E. A principal ação da vitamina E é proteger as membranas celulares e subcelulares, assim como os quilomicrons do plasma, contra as reações de peroxidação. O Selênio (Se) é parte integrante da molécula da enzima glutationa peroxidase(GSH-Px), respondendo por 0,34% de sua composição molecular. A GSH-Px é capaz de remover hidroperóxidos formados no metabolismo de inúmeras substâncias, particularmente no metabolismo dos ácidos graxos insaturados, transformando-as em álcool. A vitamina E e o Se atuam de forma complementar e sinérgicas na proteção de membranas celulares, sendo que um composto antioxidante não substitui o outro. Enquanto a Vit. E interrompe a reação em cadeia, evitando a formação de mais radicais peróxidos, a GSH-Px destrói os peróxidos já formados. Segundo Nunes (1998), a vitamina E tem efeito direto sobre o espermatozóide, protegendo-o contra danos oxidativos e também ajudando-o a melhorar a motilidade espermática e a capacidade de fertilização. Isso tem importante implicações na inse- minação artificial. Num recente estudo, Brzezinska-Slebodzinska et al.(1995) demonstraram que a suplementação de vitamina E aumentou a concentração espermática em ejaculados de suínos machos. Deficiências de vitamina E causaram degenerações testiculares em ratos, aves e suínos, resultando em baixo número de células germinativas e redução na produção espermática (Cooper et al. 1987). Estudos conduzidos por Liu et al.(1982) indicaram que a prolongada deficiência de Se em machos reprodutores resultaram em baixa concentração espermática, reduzida motilidade e espermas com alta incidência de gotas citoplasmáticas. MarinGuzman et al.(1997) demonstraram a importância da suplementação do Se na fertilidade de machos. Os suínos machos, da desmama aos 145 kg de peso vivo, foram alimentados com dietas contendo 0 ou 0,5ppm de Se e/ou 0 ou 200UI de vitamina E/kg, para avaliar os efeitos destes sobre a qualidade do sêmem. Os espermas de machos alimentados com 0,5 ppm de Se tiveram uma maior motilidade do que aqueles com 200UI de vitamina E/kg(tabela 3). Houve também um menor número de espermas anormais e a fertilização do esperma dos machos suplementados com Se foi maior. Esses resultados sugerem que tanto o Se como a vitamina E são importantes nutrientes para aumentar a fertilidade dos machos em reprodução. O Se foi mais envolvido na espermatogeneses e manutenção da qualidade do sêmem, enquanto a vitamina E pode funcionar primariamente como antioxidante, com importantes implicações na preservação do sêmem. Em dois trabalhos subsequentes, Martin-Guzman et al.(2000 a e b), trabalhando com os mesmos níveis de suplementação anteriormente descritos, avaliaram a morfologia ultraestrutural do espermatozoide e a sua concentração de ATP. Os autores relatam que a deficiência de vit. E não afetou a normalidade estrutural do espermatozoide, conforme analisado por microscopia eletrônica. Já nos gametas dos varrões alimentados com deficiência de Se, houve menor aderência da membrana plasmática á peça intermediária da cauda. A concentração de ATP no espermatozoide foi menor (p<0,01) para os varrões submetidos á deficiência de Se, comparados àqueles que receberam 0,5 ppm do elemento. Já Tabela 3 Tabela 5 0 Semen: 158 Volume (ml) 807 Concentração o 6 (n x 10 /ml) 60,4 Motilidade Espermática (%) Espermatozoide 24,2 Normais (%) 73,4 Taxa de Fertilização (%) 0,5 0 200 213 946 175 965 195 788 87,9 72,5 75,8 64,9 41,4 44,8 98,5 89,1 87,2 Tabela 4 Cálcio (g/Kg) Fósforo (g/Kg) Cloro (g/Kg) Sódio (g/Kg) Potássio (g/Kg) Magnésio (mg/Kg) Ferro (mg/Kg) Zinco (mg/Kg) Manganês (mg/Kg) Cobre (mg/Kg) Iodo Selenio 7,5 - 9,5* 6,0 - 7,5* 1,5 1,5 2,5 400 80 100 15 5 - 30* 0,5 0,5 a vit. E não influenciou a concentração do ATP fundamental para o metabolismo energético da célula. Estes resultados ajudam a compreender os efeitos da deficiência de Se sobre a motilidade espermática e a taxa de fertilização, previamente demonstrados por Marin-Guzman et. al, 1997. 3.2 - BIOTINA: Embora pequenas quantidades de biotina sejam sintetizadas no intestino, existe uma necessidade definida dessa vitamina nas dietas de porcas e machos reprodutores. Estudos conduzidos por Webb et el., 1984, demonstraram que a suplementação de biotina na dieta reduziu problemas de cascos e a incidência de lesões de unha. Em outro estudo, Kornegay, 1986, verificou que o uso da biotina melhorou a consistência e resistência do casco, reduzindo a incidência de rachaduras e lesões. Devido à vulnerabilidade do macho, a inclusão, na dieta, de biotina deve ser de 0,3mg/kg, mas no caso de problemas de rachadura de casco, esse 100 NT Vitamina A (Ul/kg) Vitamina D (Ul/kg) Vitamina E (mg/kg) Vitamina K (mg/kg) Tiamina (mg/kg) Riboflavina (mg/kg) Ácido Nicotinico (mg/kg) Ácido Pantotenico (mg/kg) Piridoxina (mg/kg) Cianocobalamina (mg/kg) Biotina (mg/kg) Ácido Fólico (mg/kg) Colina (g/kg) Ácidos Graxos Essenciais (AGE) Ácido Linolênico (g/kg) Ácido Araquidônico (g/kg) 4000 500 20 1 2 4 15 12 2 0,015 0,3 - 1,0 1,0 1,5 7 5 nível deve ser aumentado até 1mg/kg da dieta. 3.3 - VITAMINA C: Em geral, estudos tem determinado que o suíno pode sintetizar quantidades adequadas de vitamina C para atender suas necessidades metabólicas. Entretanto, existem evidências de que o requerimento de vitamina C é maior sob condições de estresse, tais como mudança da condição ambiental e quando ocorre excessiva manipulação do macho. Assim, machos em trabalho (em uso) podem beneficiar-se da adição suplementar de vitamina C em suas dietas, como resultado da melhora no metabolismo, na taxa de crescimento, na conversão alimentar e na estrutura dos aprumos(Riker et al., 1967, citado por Cole et al., 1993). Trabalhos conduzidos por Nakano, Aherne e Thompson, 1983, concluíram que alimentando machos em reprodução com 700ppm de vitamina C na dieta, obtiveram maiores índices e escore de locomoção quando comparado com animais que receberam 0 e 350ppm. 4 - CONCLUSÕES: Para que se obtenha êxito nesse novo foco de nutrição de suínos, todavia, é fundamental que os princípios fisiológicos e nutricionais envolvidos sejam amplamente compreendidos, uma vez que é na fisiologia que reside à essência das interações entre a nutrição e a reprodução das espécies domésticas. suínos Circovírus suíno tipo 2: Considerações imunológicas e virológicas para o sucesso de um Programa de Vacinação 102 NT Amauri Alcindo Alfieri Médico Veterinário pela Universidade Estadual de Londrina, mestrado em Microbiologia pela Universidade Federal de Minas Gerais (ICB) e doutorado em Biologia Celular e Molecular pela Fundação Oswaldo Cruz, com sandwich realizado no Centers for Diseases Control and Prevention (CDC), Atlanta, USA. Professor associado da Universidade Estadual de Londrina, CCA, Depto. Medicina Veterinária Preventiva. Área de atuação: Medicina Veterinária Preventiva com ênfase em Doenças Infecciosas dos Animais Domésticos, na especialidade de Virologia Animal O circovírus suíno tipo 2 (PCV2 - porcine circovirus type 2) é um dos mais importantes patógenos virais que compromete a população de suínos e as doenças associadas à infecção pelo PCV2 (PCVAD - porcine circovirus associated diseases) apresentam impacto significativo na economia da indústria suinícola de todo o mundo. O PCV2 é o agente etiológico da Síndrome da refugagem multissistêmica pós-desmame (PMWS - Postweaning multisystemic wasting syndrome), uma doença multifatorial que aumenta a taxa de mortalidade e reduz a eficiência da conversão alimentar. Entretanto, a infecção com o PCV2 também está associada a distúrbios respiratórios, entéricos, reprodutivos, entre outras formas de apresentação como dermatites e nefropatias. Os resultados de pesquisas, incluindo aqueles obtidos a campo e em laboratórios de diagnóstico e pesquisa, suportam o conceito de que as PCVAD são multifatoriais e que nem todos os animais infectados com o PCV2 desenvolverão sinais clínicos. Vários aspectos podem influenciar a intensidade ou xidade dos eventos que modulam as infecções pelo PCV2 bem como as prováveis formas de manifestação clínica. A infecção pelo PCV2 é acompanhada de soroconversão. Após um período de viremia, caracterizado por altos títulos virais na corrente sanguínea, os animais infectados desenvolvem anticorpos (IgG) circulantes (séricos) que podem ser identificados e quantificados por meio de técnicas sorológicas. Inquéritos soropidemiológicos demonstram que a infecção pelo PCV2 está amplamente disseminada nos rebanhos suínos de todo o mundo, incluindo os rebanhos brasileiros. Como na grande maioria dos rebanhos os animais, incluindo os assintomáticos, apresentam títulos variáveis (alto / médio / baixo) de anticorpos contra o PCV2, caracterizando alta prevalência da infecção, a sorologia não tem valor diagnóstico. Entretanto, a determinação da presença e do título de anticorpos é importante em estudos que incluem patogênese e epizootiologia da infecção e para avaliar a eficiência de vacinas. A forma clássica de diagnóstico das PCVAD é fundamentada na presença de sinais clínicos e de lesões histopatológicas características a gravidade da infecção. Entre os cofatores mais importantes destacam-se aqueles dependentes da estirpe viral infectante; do hospedeiro; do efeito de coinfecções com outros vírus e/ou bactérias; e do efeito da imunomodulação, incluindo tanto a imunoestimulação quando a imunossupressão. Todos esses aspectos determinam a comple- no tecido linfóide, bem como na identificação de antígeno do PCV2 nessas lesões. Porém, essa estratégia é utilizada apenas para a identificação do nível de infecção em um indivíduo e não do perfil da infecção em rebanhos. Como método alternativo para o diagnóstico das PCVAD, em nível de rebanho, destaca-se a determinação NT 103 da carga viral no soro sanguíneo, em associação com os sinais clínicos. A quantificação da carga viral sérica, realizada pela técnica da PCR em tempo real, pode ser utilizada para distinguir entre infecção subclínica e clínica e para avaliar a progressão da infecção intrarrebanho. Com frequência, animais que apresentam grande carga viral sérica manifestam sinais clínicos característicos das PCVAD. Estudos conduzidos tanto em condições experimentais quanto de campo demonstraram que altos títulos de anticorpos séricos anti-PCV2 desempenham importante papel na patogenia da doença por meio do controle da carga viral. A maioria dos estudos conduzidos em vários países do mundo, incluindo o Brasil, tem demonstrado que o perfil da infecção pelo PCV2 nos rebanhos de uma região pode apresentar-se bastante heterogêneo. Análises do perfil sorológico (presença e título de anticorpos anti-PCV2) e do perfil virológico (presença e quantificação da carga viral) demonstram variações entre rebanhos. Essas variações são influenciadas pela presença de infecção clínica (animais com sinais clínicos de PCVAD), ou subclínica. A infecção subclínica é caracterizada por resultados positivos na sorologia e na determinação da presença do vírus em rebanhos constituídos por animais que não aparentam a manifestação de sinais clínicos de PCVAD. O tipo de manejo e o ciclo de produção (ciclo completo ou múltiplos sítios) também podem influenciar os perfis sorológico e virológico dos rebanhos. Guardadas as devidas particularidades de cada rebanho, Figura 1 Título anticorpos 109 1087 10 1065 10 1043 10 102 3000 2000 1000 8 12 16 19 idade semanas 10 25 matriz 500 6 1. Semanas 1-2: Altos títulos de anticorpos passivos; 2. Semanas 4-6: Início do declínio de anticorpos passivos e início de viremia-infecção; 3. Semanas 8-10: Início de soroconversão devido a imunidade ativa e pico de viremia; 4. Semanas 14-16: Títulos máximos de anticorpos ativos e redução na concentração da carga viral (Fig 1). Adaptação: Rodrigo Alejandro Aureliano NT Carga viral (cópias do genoma/ml) Título de anticorpos e carga viral Vírus IgG IgM 104 em geral, as porcas apresentam títulos considerados médios de anticorpos e de carga viral. Porém, dentro de um rebanho esses títulos também podem ser heterogêneos com alguns animais apresentando alto título de anticorpos enquanto que outros animais apresentam baixo título. O perfil sorológico dos leitões pode ser relacionado diretamente com o perfil sorológico da porca. Porém, aspectos como manejo de colostro (falha de proteção passiva), número de partos e de leitões por leitegada podem exercer influência nos títulos individuais e mesmo da leitegada. Como regra geral, observa-se a campo que a maioria dos leitões com uma a duas semanas de vida apresenta títulos de anticorpos passivos que podem ser considerados altos a médios, porém com variações entre as leitegadas. Esses títulos de anticorpos passivos começam a declinar já a partir da quarta e sexta semanas de vida do leitão. A partir da oitava e décima semanas já é possível observar em alguns rebanhos e/ou animais o início de soroconversão, que caracteriza imunidade ativa induzida pela infecção. Entre as semanas 15 e 16 a maioria dos animais apresenta os mais altos títulos de anticorpos. Paralelamente, entre a oitava e décima semanas também observa-se aumento da carga viral que caracteriza viremia ocasionada pela infecção que atingirá as maiores concentrações também entre as semanas 15 e 16. Ou seja, os perfis sorológico e virológico dos leitões da maioria dos rebanhos pode ser descrito como: Anteriormente ao desenvolvimento de vacinas não existiam medidas efetivas para o controle e profilaxia das PCVAD. As estratégias empregadas eram restritas ao controle dos fatores de risco da infecção por meio da adoção de boas práticas de produção; redução do stress; aumento do bem-estar e conforto dos animais; adoção de manejo all-in / all-out; limpeza e desinfecção rigorosas das instalações. Adicionalmente, preconizava-se ainda a minimização e/ou eliminação de potenciais coinfecções (bacterianas e virais). Porém, essas práticas apenas Figura 2 Imunidade adquirida, passiva e inata Adquirida Passiva Inata Imunidade minimizavam o problema. Com a evolução das pesquisas com o PCV2 foram desenvolvidas vacinas. A tecnologia de produção de vacinas foi também evoluindo e hoje são disponíveis imunógenos produzidos com base em biologia molecular para a indução de imunidade ativa contra antígenos codificados pela região genômica ORF-2, que corresponde ao antígeno mais imunogênico do capsídeo viral e que induz anticorpos neutralizantes contra o PCV2. Essas vacinas tem apresentado resultados satisfatórios, desde que sejam acompanhadas de um bom programa de vacinação. De uma forma geral, para o sucesso de um programa de vacinação contra o PCV2 algumas características são desejáveis em uma boa vacina destacandose entre elas: I. indução de alto título anticorpos neutralizantes; II. redução da viremia, tanto com relação à carga viral quanto em relação ao tempo de viremia; III. redução das lesões teciduais ocasionadas pelo PCV2; IV. redução na identificação de antígenos de PCV2 em tecidos; V. redução dos sinais clínicos; VI. redução da excreção viral pelas vias fecal e nasal. Essa última característica apresenta como consequência direta a redução na contaminação ambiental e na transmissão do vírus intrarrebanho. Em geral, as vacinas disponíveis no mercado tem demonstrado eficiência mesmo em presença de anticorpos passivos, particularmente nas situações de animais com baixo ou mesmo títulos considerados medianos. A análise dos perfis sorológico e virológico observados na maioria dos rebanhos e comentados anteriormente demonstra que o melhor período para o início da vacinação dos leitões corresponde àquele compreendido entre a terceira e quarta semanas de vida. Como discutido nos tópicos anteriores, na maioria das situações as infecções com o PCV2 tem início entre a oitava e décima semanas de vida do leitão. Com isso, nesse período é desejável que o animal já tenha estabelecido imunidade ativa contra o PCV2. Dessa forma os anticorpos séricos poderão reduzir a viremia e, consequentemente, todos os efeitos deletérios que uma carga viral alta irão ocasionar tanto na saúde animal (sinais clínicos) quanto na perpetuação da infecção no rebanho. A imunidade em qualquer mamífero, incluindo os suínos, é bastante complexa. A defesa contra as infecções envolve vários mecanismos da imunidade inata (inespecífica) e da imunidade adaptativa (específica). A imunidade inata (ou natural) independe da prévia apresentação de um antígeno para ser estimulada. Fatores solúveis e células protegem o organismo inespecificamente contra qualquer tipo de invasor ou potencial patógeno. Porém, por ser inespecífica ela também tem um período de ação muito curto. A imunidade adaptativa necessita de uma apresentação prévia do antígeno para que a mesma possa ser estimulada. Ela é composta pela imunidade humoral e celular. Ambas se interrelacionam e são importantes para o pleno desenvolvimento e maturação da imunidade adaptativa (específica). A imunidade adaptativa, diferentemente da inata, é antígeno específica e tem memória imunológica, ou seja, a reapresentação posterior Co ão pç e nc s Na to en cim D a am m es Pu de da r be Fases de criação Adaptação: Rodrigo Alejandro Aureliano do mesmo antígeno ao sistema imune desencadeia uma série de etapas que culmina com a rápida resposta imune específica. Quando vacinamos um animal estamos estimulando a sua imunidade adaptativa. Ou seja, a vacinação é a apresentação de um antígeno em sua forma inócua (não patogênico) ao animal para que seja desenvolvida a resposta imune adaptativa (específica). Posteriormente, se o animal vacinado entrar em contato novamente com o mesmo antígeno, presente, por exemplo, em um microrganismo patogênico, ele terá uma “lembrança” (memória imunológica) e estará apto para rapidamente ativar a imunidade humoral e/ou celular com o objetivo de eliminar o patógeno invasor (Fig 2). O leitão, assim como outros neonatos mamíferos, ainda em sua vida intrauterina, já apresenta elementos tanto da imunidade inata quanto adaptativa. Porém, o potencial de resposta ainda é baixo. O leitão ao nascer é considerado imaturo imunologicamente. O sistema imunológico evolui gradativamente com a idade, bem como a sua capacidade de resposta imune adaptativa. A partir da terceira e quarta semanas de idade o leitão já tem potencial para resposta imune ativa, porém ainda não é plena. Além da idade, o potencial de resposta imune depende de outros fatores como tipo do antígeno e formas de apresentação desse antígeno. A plenitude do potencial de imunidade ativa somente será alcançada entre seis e oito semanas de vida do leitão. Na dependência da concentração do antígeno e, principalmente, a apresentação do antígeno conjugado a um adjuvante imunológico, que potencializa a resposta imune, os leitões a partir da terceira semana de vida já terão potencial para processamento e reconhecimento de antígenos do PCV2. Porém, é de fundamental importância que uma dose reforço seja aplicada. Essa dose será a responsável pelo aumento nos títulos da imunidade humoral e celular proporcionando resistência a uma infecção de campo ou pelo controle da infecção. No caso do PCV2, que é endêmico nos rebanhos suínos, a imunidade proporciona redução da viremia (carga viral e duração da viremia) NT 105 fazendo com que a infecção se manifeste de forma assintomática, sem a expressão de sinais clínicos. A redução da viremia também é acompanhada pela redução na excreção (fecal / nasal) do vírus, contribuindo para a redução da contaminação ambiental e, consequentemente, diminuindo a circulação viral. Em resumo, a circovirose em rebanhos suínos é multifatorial. Para o controle das PCVAD há necessidade da adoção de um programa complexo de profilaxia. Esse programa deve incluir técnicas ou métodos inespecíficos de redução e/ou eliminação de co-fatores e de fatores de risco responsáveis pela alta prevalência da infecção e o surgimento de sinais clínicos. Como medida específica, também deve ser adotado um programa de vacinação contra o PCV2 que considere algumas características da infecção como: infecção clínica X subclínica; perfis sorológico X virológico; e os aspectos imunológicos, como a maturidade imunológica e potencial (magnitude) de resposta imune dos leitões. Literatura Consultada Butler, J.E.; Lager, K.M.; Splichal, I.; Francis, D.; Kacskovics, I.; Sinkora, M.; Wertz, N.; Sun, J.; Zhao, Y.; Brown, W.R.; DeWald, R.; Dierks, S.; Muyldermans, S.; Lunney, J.K.; McCray, P.B.; Rogers, C.S.; Welsh, M.J.; Navarro, P.; Klobasa, F.; Habe, F.; Ramsoondar, J. 2009. The piglet as a model for B cell and immune system development. Vet Immun Immunop. 128:147-170. Carasovaa, P.; Celer, V.; Takacovaa, K.; Trundovaa, M.; Molinkovaa, D.; Lobovaa, D.; Smolaa, J. 2007. The levels of PCV2 specific antibodies and viremia in pigs. Res Vet Sci. 83(2): 274-278. Gerber, P.F.; Garrocho, F.M.; Lana, A.M.Q.; Lobato, Z.I.P. 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Na fase de gestação, além de manejos cruciais para termos sucesso na atividade como o manejo durante a inseminação artificial, também temos influência do ambiente no resultado desta fase. A mesma situação ocorre na maternidade, onde temos vários manejos direcionados aos leitões e ao mesmo tempo manejos voltados para a fêmea. Além disso, há necessidade de fornecer um ambiente adequado para duas categorias de animais que possuem exigências em temperatura muito distintas. A exigência em possuir dois ambientes distintos, um com temperatura ao redor de 32°C para o leitão e outro com temperatura de aproximadamente 16ºC, faz da ambiência um assunto de extrema importância. Sabendo-se que a produção animal é o resultado do potencial genético das espécies e conhecendo-se sua interação com a nutrição, sanidade, manejo e fatores ambientais, verifica-se que muitos animais não conseguem expressar todo o seu potencial produtivo sob as condições adversas do meio emquevivem.Assim,oambienteconstitui-seemumdosresponsáveispelo sucesso ou fracasso dos empreendimentos, uma vez que pode ser definido como a soma dos impactos dos meios biológicos e físicos circundantes sobre os animais (CURTIS, 1983). Ambiência na maternidade Diferentemente do que ocorre nos setores de crescimento/terminação e de creche, no setor de maternidade as principais variáveis ambientais que causam impacto na produtividade são a temperatura e a umida- 108 NT de que, quando associadas a velocidade de vento podem nos fornecer o índice de conforto térmico. Esse dado é muito importante para o controle do ambiente nesse setor. Na maternidade, a principal preocupação é com a temperatura da sala já que temos que fornecer dois microambientes: um para os leitões e outro para as fêmeas. A fim de superar o desafio de prover dois ambientes distintos na maternidade, devido a grande diferença entre a zona de conforto da fêmea e de sua leitegada, diferentes sistemas de climatização são utilizados, associados ou não a presença de escamoteador para os leitões. Entre estes, pode se citar os diversos sistemas como o uso de ventiladores ou nebulização (NUNES et al, 2003) (Figura 1), mecanismos de evaporação adiabática (TOLON e NÄÄS, 2005) (Figura 2), sistemas de gotejamento e ar refrigerado sobre a nuca das fêmeas (McGLONE, STANSBURY, TRIBBLE, 1988) (Figura 3) e ainda o uso de piso refrigerado (SILVA et al., 2009). Os sistemas utilizados para prover conforto baseiam-se em dois tipos principais, a ventilação forçada e o resfriamento adiabático evaporativo (NÄÄS, 1989). Esta ventilação pode ser positiva (ventiladores) ou negativa (exaustores) (BRIDI, 2006). O sistema de resfriamento adiabático ocorre por mudança de estado da água sem que haja troca de calor com o exterior do ambiente, quando o ar passa nos alvéolos da placa, os quais estão úmidos, este ar evapora adiabaticamente uma parcela desta água, o calor para a evaporação é retirado do ar, ocasionando assim queda na temperatura do ar (ABREU, ABREU, MAZZUCO, 1999). A eficiência desta troca de calor esta relacionada diretamente com a temperatura e umidade relativa do ar que está entrando pelas placas (CUMBERLAND, 2008). Em resultados obtidos por McGlone et al. (1988), em fêmeas mantidas em ambiente controlado a 30,0°C, foi observado um maior consumo de ra- Tiago J. Mores Médico Veterinário, com Graduação na Universidade do Estado de Santa Catarina, Mestrado com ênfase em Sanidade Suína pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e Consultor Técnico de Suínos da Nutron Alimentos NAS FASES DE GESTAÇÃO E MATERNIDADE EM SUINOCULTURA çãoemenoresperdascorporaisquandocomparadaafêmeassemsistemade arrefecimento. Outros trabalhos utilizando sistemas de arrefecimento comprovam que a melhoria do ambiente leva a um aumento no consumo de ração quando comparadas a fêmeas sob estresse por calor (SILVA et al., 2009; BULL et al., 1997). Barbari e Conti (2009), verificaram que as fêmeas suínas em lactação preferem áreas de arrefecimento por evaporação adiabática associadas a ventilação forçada em detrimento ao uso de gotejamento. Em trabalho desenvolvido por Moralles (2010), foram comparados três sistemas de aclimatação na maternidade por meio da avaliação do desempenho das matrizes suínas e suas leitegadas. A Tabela 1 demonstra os valores médios de temperatura e umidade observados durante a avaliação nos três sistemas. O sistema ar refrigerado sobre as fêmeas – AC apresentou menor temperatura média (23,0°C) e maior umidade relativa do ar média (88,5%) que os demais, comprovando a eficiência do sistema em diminuir a temperatura ambiente através da umidificação do ar (Abreu et al., 1999). A alta umidade relativa do ar registrada está acima dos parâmetros considerados ideais para a fêmea suína lactante (RenauFigura 1 deau et al., 2003a), porém em associação com a temperatura mais baixa, Sistema de controle de temperatura utilizando aparentemente não causou influência significativa. As temperaturas méventiladores na maternidade. dias registradas nos tratamentos de refrigerado sobre as fêmeas – ASF e manejo de cortinas – MC foram de 26,8°C, evidenciando que o sistema de arrefecimento do ASF não alterou a temperatura ambiente. O peso dos leitões ao desmame foi maior no sistema ASF, do que no sistema MC (Tabela 2). No tratamento AC, as fêmeas consumiram mais ração em duas das três repetições (Tabela 3), mas as leitegadas tiveram desempenho semelhante ao do sistema MC. Provavelmente porque no sistema AC todo o ambiente é resfriado, dificultando a manutenção de uma temperatura adequada para os leitões, que tem de mobilizar mais energia para a manutenção da temperatura corporal, visto que na granja onde foi desenvolvido o trabalho não havia escamoteador para os leitões. Com base nestes dados, sugere-se que o desempenho da leitegada pode ser aumentado utilizando o sistema de ambiente climatizado, porém deve-se Figura 2 Sistema de controle de temperatura por meio do mecanismo de ventilação associar esse sistema com o uso de escamoadiabática na maternidade utilizando exaustores (a) e painel evaporativo (b). teadores para prover um ambiente com temperatura dentro da zona de conforto para os leitões (32-30°C), além de colocar divisórias compactas entre as celas parideiras com o A objetivo de evitar uma corrente de ar muito forte capaz de diminuir a sensação térmica a B níveis abaixo do ideal para os leitões. Desde que foram reconhecidas as diferenças entre os animais, quanto à capacidade de enfrentar as variações climáticas do meio em NT 109 Figura 3 Sistema de controle de temperatura utilizando gotejamento (a) e ar refrigerado sobre a nuca das fêmeas (b) na maternidade. Tabela 1 Temperaturas e umidade relativa do ar (média, mínima e máxima) observadas nos diferentes tratamentos Temp. média da sala, oC* Temp. média da sala, oC* o Temp. máxima da sala, C* Umidade relativa média, %* Umidade relativa média, %* Umidade relativa máxima, %* B A AC 23,0 +- 0,8a a 19,6 +- 1,2 a 25,3 +- 1,2 a 88,5 +- 3,5 a 81,0 +- 6,0 a 93,1 +- 1,8 ASF b 26,8 +- 1,0 b 23,3 +- 1,8 b 29,2 +- 2,3 b 74,5 +- 8,1 b 63,2 +- 10,1 b 83,3 +- 4,0 MC b 26,8 +- 1,0 b 22,7 +- 1,7 b 29,5 +- 1,9 b 73,3 +- 7,0 b 60,5 +- 10,2 b 82,4 +- 4,3 AC= Ambiente climatizado; ASF - Ar sobre as fêmeas; MC - Manejo de cortinas * média desvio padrão +a,b na mesma linha indicam diferença significativa (P<0,05) Fonte: Moralles (2010) Tabela 2 Perda de peso e consumo médio diário de ração das matrizes na fase lactacional e intervalo desmame estro nos diferentes tratametos que vivem, têm sido feitas várias tentativas para que se estabeleçam criAC MC ASF térios de classificação dos diversos ambientes e combinações de fatores 8,5 +- 12,5 (51) 12,6+- 11,1 (54) 9,6 +- 9,8 (53) PPL, Kg* 3,4 +- 4,9 (51) 4,9 +- 4,6 (54) 4,0 +- 4,0 (53) que proporcionem conforto térmico aos animais. Neste contexto, diverPPL, %* CMR sos índices do ambiente térmico têm sido desenvolvidos, englobando em 5,0 +- 0,4a (27) 4,9 +- 0,4ab (28) 4,6 +- 0,5b (28) 1 período, Kg* 5,4 +- 0,4a (25) 5,4 +- 0,3a (28) 5,2 +- 0,6a (27) 2 período, Kg* um único parâmetro, o efeito conjunto dos elementos meteorológicos e 5,3 +- 0,5a (27) 4,8 +- 0,3a (26) 4,3 +- 0,7a (28) 3 período, Kg* do ambiente. Dentre os mais simples, aqueles que envolvem um menor AC= Ambiente climatizado; ASF - Ar sobre as fêmeas; número de variáveis, o índice de temperatura e umidade (ITU) tem se PPL= Perda de peso lactacional, CRM - Consumo médio diário de ração destacado, por englobar apenas os efeitos da temperatura de bulbo seco * média +- desvio padrão (n) (tbs) e umidade relativa (UR). Um exemplo do desenvolvimento destes a,b na mesma linha indicam diferença significativa (P<0,05) Fonte: Moralles (2010) índices é o ITU desenvolvido por THOM (1959): Tabela 3 ITUThom= tbs + 0,36tpo + 41,5 onde, Peso dos leitões aos 14 dias de lactação e ao desmame, bem como o tbs=temperatura de bulbo seco (°C); número médio de leitões desmamados por porca de acordo com os tratamentos tpo=temperatura do ponto de orvalho (°C). MC ASF AC SALES et al. (2006) avaliaram as variáveis 75 82 83 Número de leitegadas de desempenho reprodutivo de fêmeas suínas 4557,4 +- 668,0 a 4699,6 +- 749,3 ab 4435,0 +-720,7 b Peso aos 14 dias, g* 6164,2 +- 800,7 a 6205,5 +- 889,8 a 5970,2 +- 851,6 b Peso desmame, g* submetidas a diferentes temperaturas e umida10,9 +- 1,0 a 10,9 +- 1,1 a 10,7 +- 1,3 a Leitões desmamados des. Foram analisados dados reprodutivos relatiaos 20d de lactação* AC= Ambiente climatizado; ASF - Ar sobre as fêmeas; MC - Manejo de crotinas vos a um período de quatro anos (2000 a 2003), * média desvio padrão (n) de uma granja com 1.650 matrizes. Os autores a,b na mesma linha indicam diferença significativa (P<0,05) observaram o comportamento das matrizes Fonte: Moralles (2010) e da leitegada nas três classes de ITU: zona de Tabela 4 termoneutralidade (61<ITU≤65); zona intermeFaixas do índice de temperatura e umidade (ITU) diária (65<ITU≤69) e; zona de estresse térmico (69<ITU≤73) (Tabela 4). com as respectivas consequências do conformto térmico na matriz e na leitegada na maternidade Apesar de não englobar outras variáveis importantes na quantificação do ambiente térmico, tais como a radiação solar e velocidade do ar, este ITU Consequência na matriz lactante e na leitegada índice é amplamente usado por envolver apenas informações meteorolóEntre 61 e 65 Conforto para matrizes e leitegada gicas normalmente disponíveis nas unidades de produção de suínos. Entre 65 e 69 Conforto para a leitegada e ainda não desconfortável para matriz As trocas de calor por radiação têm grande importância na Entre 69 e 73 Desconforto para matriz e leitegada quantificação do ambiente térmico, especialmente para instalações que apresentam baixo índice de isolamento térmico e animais criados em ambientes externos. Nestes casos, recomenda-se o uso tgn= temperatura do globo negro (ºC); do índice de temperatura do globo negro e umidade (ITGU), protbu= temperatura de bulbo úmido (ºC). posto por BUFFINGTON et al. (1981), em razão de incorporar a tbs, a UR, a velocidade do vento e a radiação, em um único valor. Ambiência na gestação ITGU = 0,72 (tgn + tbu) + 40,6 onde, Assim como no setor de maternidade, a maior preocupação em o o o 110 NT Figura 4 Sistema de aclimatação por meio de ventiladores e nebulização no setor de gestação Figura 5 Tabela 5 Painel evaporativo instalado no centro do galpão de gestação. Comparação de índices produtivos nos anos de 2008 e 2009 Índices técnicos Taxa parição Núm. partos/ano Média Nasc. totais Média Nasc. vivos Núm. Nasc. vivos 2008 93,40% 12642 13,5 12,3 155496 2009 94,70% 12818 14,2 13 166634 Diferença 1,30% 176 0,7 0,7 11138 Fonte: Pig Champ Tabela 6 Receitas Subtotal Despesas Subtotal Diferença no ano Investimento do sistema de climatização e retorno financeiro obtido Índices técnicos No Nasc. vivos Custo/leitão nascido (R$) Receita/ano (R$) Gasto energia elétrica/ano (R$) Gasto climatização (R$) Valor gerado 11.138 20,00 222.760.00 222.760,00 69.504,00 -82.000,00 -151.504,00 71.256,00 relação à qualidade do ambiente no setor de gestação é a sensação térmica das matrizes. No Brasil, são poucas as granjas que possuem algum sistema de aclimatação eficiente para esse setor. A maioria delas utiliza o sistema de ventilação associado ao sistema de nebulização (Figura 4) e o sistema de manejo de cortinas. Com o objetivo de buscar a zona de termoneutralidade das fêmeas no setor de gestação, a Cooperativa Industrial Lar, localizada no município de Medianeira-PR, investiu na melhoria da qualidade do ambiente para as fêmeas gestantes. Foram instalados equipamentos para climatização de todo o setor de gestação com o sistema de pressão negativa (exaustores) com painel evaporativo (Figura 5). O primeiro questionamento que é feito com relação ao investimento em ambiente em suinocultura é se realmente traz retornos financeiros para a atividade. Para isso, são necessárias simulações de cenários com dados reais de uma granja. Esses dados são apresentados na Tabela 5. O sistema de climatização com exaustores e placas evaporativas foi instalado no mês de agosto de 2008. A tabela mostra que depois da climatização, houve um incremento na taxa de parto, no número de leitões nascidos totais e nascidos vivos, totalizando uma produção de 11.138 leitões nascidos vivos a mais. Fazendo outra comparação entre os anos de 2007 e 2009, a diferença no número de leitões nascidos vivos sobe para mais de 21.000 leitões, levando em consideração o incremento na taxa de parto (3,7%) e na média de leitões nascidos totais (1,4). Para a instalação do sistema de climatização, foram necessárias as seguintes modificações: forração do galpão; instalação de exaustores; instalação das placas evaporativas; painéis de controle; instalação elétrica; adequações de instalações e do manejo. O custo total desse investimento foi de R$ 82.000,00. Foram climatizados dois galpões de gestação com capacidade de alojar 2370 matrizes, totalizando um custo de R$ 34,59 por matriz alojada. Com este cálculo já é possível observar um ganho na rentabilidade da atividade depois do investimento em climatização no setor de gestação. Além do ganho em aumento de taxa de parto e de leitões nascidos totais e vivos, no decorrer do tempo observou-se que a taxa de parto manteve-se constante ao longo do ano, não sendo observadas variações nessa taxa por efeitos de sazonalidade (verão-inverno). CONSIDERAÇÕES FINAIS A climatização no setor de maternidade gera benefícios através da melhoria do conforto térmico das fêmeas lactantes, por meio do aumento do consumo de ração e consequente aumento do peso da leitegada ao desmame. No setor de gestação, a climatização tem um efeito positivo na taxa de parto e no número de leitões nascidos totais. A melhoria do ambiente a que o suíno é submetido proporciona uma maior expressão de outros potenciais como a genética, nutrição, manejo e a sanidade desempenhando um papel fundamental no aumento da lucratividade na produção de suínos. Na próxima edição, serão abordados alguns aspectos na melhoria da qualidade do ambiente nos setores de creche e terminação e quais as ferramentas existentes que podem auxiliar no controle e monitoramento do ambiente. NT 111 cooperativismo Dirceu Zotti Gerente de Suinocultura da Cooperativa Lar Técnico em Agropecuária,Administrador de empresas com MBA em Gestão Estratégica de Pessoas 112 NT NT- Qual é o impacto da ambiência na produção de suínos? Dirceu Zotti - Nos setores de gestação e maternidade, que é onde desenvolvemos o trabalho há vários anos, o resultado é muito positivo com viabilidade garantida, no setor de gestação, o investimento que fizemos em climatização deu retorno em bem menos de um ano e os equipamentos adiquiridos serão utilizados por mais de 10 anos. NT - Levando em consideração a situação da suinocultura brasileira, qual é o investimento que deve ser feito em ambiência e quais são os resultados esperados? Dirceu Zotti - Precisamos ter um retorno do investimento e os resultados devem pagar o custo da energia elétrica utilizada após a montagem, caso contrário não compensa investir. O que temos percebido em nossos projetos é um retorno positivo neste aspecto. NT - Existem muitos trabalhos desenvolvidos em suinocultura nesta área? Dirceu Zotti - Esta área da Suinocultura no Brasil carece muito de pesquisas, temos conversado com muitas empresas para que nos ajudem fomentar isso, pois temos genéticas de ponta, a nutrição tem melhorado muito, nossa mão de obra está muito especializada mas, no campo dos projetos e instalações, principalmente climatização temos muito a aprender. Por exemplo, quando montamos os primeiros sistemas em gestação e maternidade fomos buscar literatura sobre o assunto e não encontramos quase nada. Todo o trabalho que desenvolvemos se baseou no trabalho que desenvolvemos em frango. NT - Quais são as vantagens e desvantagens da melhoria da qualidade do ambiente? Dirceu Zotti - No setor de maternidade ainda não temos um sistema que convença 100%, porém, mesmo assim, tem nos mostrado melhorias nos resultados de ganho de peso em leitões, diminuição da mortalidade, melhor con- dição corporal em porcas ao desmame e otimização da mão de obra. Já no setor de gestação acredito que alcançamos o processo ideal, pois temos conseguido resultados que tem nos surpreendido: uma melhora de mais de 3% na taxa de parição e um aumento de 0,7 leitões nascidos vivos. NT - Pela sua experiência, o que ainda deve ser feito para que as agroindustrias e/ou produtores de suínos invistam em ambiência? Dirceu Zotti - Conhecer com mais profundidade o que deixamos de ganhar, ou seja, o potencial que o suíno tem em responder positivamente a este sistema. O suíno é por natureza um animal muito rústico e não morre ao enfrentar altas temperaturas e ou grandes oscilações porém, o que deixamos de ganhar poucos conhecem. Já na avicultura são feitos muitos investimentos, já que o frango não resiste a alta temperatura, simplesmente morre, isso faz com que os produtores sejam obrigados a buscar soluções. NT - Atualmente, qual é a maior dificuldade para investir na melhoria do ambiente nas diferentes fases de produção de suínos? Dirceu Zotti - A falta de conhecimentos científicos que possam nos nortear em uma tomada de decisão. Por exemplo, já temos medido e sabemos que nos setores de gestação e maternidade este sistema é totalmente viável. Já em creche e terminação não tenho dúvida que também será porém, não temos nada que nos dê segurança para investir, se quisermos teremos que fazer por conta própria. NT - Existe algum suporte técnico oferecido pelas empresas do ramo de suinocultura que auxiliam na tomada de decisão no momento de investir no ambiente? Dirceu Zotti - Como citei acima, começo a ver agora algumas empresas preocupadas com isso, mas isso é muito recente e ao meu ver precisa avançar com grande urgência. Nós estamos perdendo muito dinheiro em nossos projetos dessa falta de suporte. NT 113 cooperativismo Agrária: 60 anos de tradição na agroindústria 114 NT Missão da Agrária Desenvolver, produzir e comercializar produtos agroindustriais e serviços, agregando valor com tecnologia adequada e qualidade superior, visando à satisfação dos clientes, respeito ao indivíduo, os princípios do cooperativismo e o meio ambiente. No próximo dia 5 de maio, a Cooperativa Agrária completa 60 anos de fundação. O que começou como um projeto para proporcionar a 500 famílias de imigrantes suábios do Danúbio (vindos do sudeste da Europa) uma nova perspectiva de vida, se revelou como uma transformação: o distrito de Entre Rios ganhou cinco comunidades com forte presença suábia e a agricultura da região se destacou por tecnificação e alta produtividade. A Cooperativa é, hoje, a maior geradora de empregos da região, com cerca de 1.100 postos de trabalho – sem contar dezenas de empregados temporários, que nas safras de milho, soja, trigo e cevada se juntam aos funcionários efetivos. As áreas cultivadas pelos 549 cooperados alcançam 105 mil hectares no verão (milho e soja) e outros 55 mil hectares no inverno (trigo e cevada), abrangendo as regiões centro-sul, centro-oeste e central do Paraná. Safras com produtividade acima da média nacional, como na cevada (em 2010, média de 4.084kg/ha), são destinadas a três entrepostos: as unidades Vitória, Pinhão e Guarapuava detém hoje espaço para cerca de 670 mil t. As quatro indústrias da Agrária apresentam elevada produção: Agromalte, 239 mil t; Fábrica de Rações, 165 mil t; Moinho de Trigo, industrialização de 137 mil t; e Indústria de Óleo e Farelo de Soja, 455mil t. A cooperativa faturou em 2011 R$ 1.272.895. Deste valor, a cooperativa investiu, R$10.047 mil em projetos sociais. Em 2010 os valores foram: mais de R$ 770 mil no Hospital Semmelweis, R$ 1,4 milhão no Colégio Imperatriz e outros R$ 728 mil na Fundação Cultural Suábio-Brasileira,. Comprovando que para a Agrária os resultados sociais são igualmente importantes: o prêmio Cooperativa do Ano 2010 (OCB/Globo Rural), na categoria Desenvolvimento Sustentável, serviu para encorajar ainda mais o prosseguimento de ações para uma produção agroindustrial que respeite a natureza. E olhando para frente sem esquecer de suas raízes, a Cooperativa construiu o novo prédio de seu Museu Histórico. Com isso, a Fundação Cultural, estabelecida pela Cooperativa em 2001 com o objetivo de coordenar grupos de música, dança, canto e teatro, ganhará um novo espaço para apresentar à comunidade seuvasto acervo de fotos e objetos dos primeiros anos da colonização suábia. NT 115 A seguir a entrevista que a Revista NT realizou com o Sr. Jeferson Caus, Gerente de Negócios da Cooperativa Agrária Agroindustrial. 116 NT Revista NT - A cooperativa completa 60 anos. Quais os fatos a se destacar nessa história? Caus - Em uma história de 60 anos, são muitos os fatos importantes. Eu mencionaria alguns fatos que, acredito, são importantes não só na minha opinião, mas na de muitas pessoas. Primeiro, a coragem dos pioneiros, dos imigrantes suábios, de participar de um projeto que os levaria da Áustria, onde viviam em abrigos para refugiados de guerra, para o outro lado do mundo, com o objetivo de reconstruir suas vidas em um país totalmente diferente. E ainda: - o trabalho comunitário dos primeiros anos de Entre Rios. Com o apoio da Cooperativa, os imigrantes começaram a construir suas casas e a cultivar a terra. É preciso considerar que, naquele tempo, o distrito de Entre Rios simplesmente não tinha qualquer infra-estrutura, conforme mostram bem as fotos da época. Ou seja: foi um momento em que os suábios reconstruíram suas vidas quase do nada, sem estradas, sem saneamento básico, energia elétrica ou escolas. Tudo isso teve de ser construído. - Outro momento marcante foi a apreensão dos imigrantes nos anos 60: naquela época, sucessivas frustrações de safra levaram cerca metade dos suábios a abandonar a colônia. Muitos voltaram para a Europa. - A partir dos anos 70: adoção do plantio direto e cultivos mais rentáveis, como a soja, milho e cevada. - Dos anos 70 até agora: houve sucessivas ampliações do moinho de trigo da Agrária e a construção de indústrias, como a Fábrica de Rações, a maltaria e a Indústria de Óleo de Soja. - A partir de meados dos anos 2000, a pesquisa se tornou definitivamente um dos pilares do negócio Agrária. A pesquisa agrícola, até então praticada para ajudar os cooperados, passou a contribuir também para o padrão de qualidade dos produtos industrializados da Agrária, em especial farinhas de trigo e malte. Mas é preciso ressaltar: a imigração dos suábios para Brasil e a construção de Entre Rios foi um desafio que só pode ser superado de forma coletiva. O Brasil, como país, foi muito generoso com os suábios, aceitando a imigração de um grupo de 500 famílias, no qual se contavam não só pessoas em idade produtiva, mas também idosos e crianças pequenas. Todas as pessoas que viveram aqui - inclusive aquelas cujo nome nem ficou registrado na história - contribuíram de alguma forma para o progresso atual. Além disso, é fundamental pensar na ajuda que recebemos de pessoas de Guarapuava e dos mais diferentes lugares. Com tudo isso, não é por acaso que os suábios e seus descendentes chamam o Brasil de sua nova pátria. Revista NT - A Agrária se destaca principalmente pelos investimentos que faz em tecnologia, em cultura e no bem-estar da sociedade. Fale um pouco dos projetos da cooperativa. Caus – Em tecnologia, a Agrária sempre praticou pesquisa agrícola. Com a criação da Fundação Agrária de Pesquisa Agropecuária, nos anos 90, foi possível desenvolver um trabalho ainda melhor: definiram-se linhas de pesquisa bem claras e, mais importante, pudemos desde então aprofundar trabalhos conjuntos com importantes instituições, no Brasil e no exterior. Em cultura, cabe ressaltar um ponto muito peculiar à Agrária e que até hoje define a nossa personalidade como cooperativa. Desde o início, a Cooperativa não visou apenas a produção econômica dos cooperados. Tanto quanto este, outro objetivo era preservar a identidade cultural dos imigrantes e de seus descendentes. Ou seja: língua, música, danças, costumes, etc. Em 1992, construímos um centro cultural. Hoje, a Cooperativa incentiva a cultura por meio de uma de suas quatro organizações coligadas, a Fundação Cultural Suábio-Brasileira. A fundação foi criada pela Agrária em 2001 e desde então é mantida pela Cooperativa. A principal tarefa da fundação é coordenar grupos de cultura suábia (música, danças, canto, etc.). Em janeiro deste ano, inauguramos um novo prédio para o Museu Histórico de Entre Rios, instituído nos anos 90 pela Agrária. Além disso, a fundação cultural também promove a vinda de grupos de cultura alemã da própria Alemanha. No último dia 2 de abril, por exemplo, tivemos a Lehrer Big Band Bayern. Ao mesmo tempo, a Agrária também mantém o Colégio Imperatriz, um colégio particular no qual a Cooperativa apóia o ensino de alemão como uma das línguas estrangeiras do currículo regular. Se falamos de bem-estar, podemos ressaltar que nos primeiros anos, a Agrária ajudou a construir a infra-estrutura de Entre Rios. Hoje, fazemos o paisagismo do distrito. E temos ainda um programa social por meio do qual ajudamos todo ano quatro instituições assistenciais, em especial com campanhas de alimentos e agasalhos. Revista NT - A cooperativa é a maior empregadora da região. Como vocês veem essa responsabilidade? Caus - Realmente, é uma grande responsabilidade. Sabemos que muitas pessoas, todos os dias, procuram trabalho na Agrária. Existem três vertentes importantes que são oportunidade de trabalho na Cooperativa: na época de safra, a Agrária abre dezenas de cargos de trabalho temporário nas suas unidades de recepção de grãos, que passam a operar em horário estendido. Também temos programas de trainees, que beneficiam jovens recém-formados, e de aprendizes, no qual abrimos espaço para o trabalho de jovens da comunidade em expediente reduzido. Para nossos funcionários fixos, oferecemos uma série de benefícios, da distribuição de resultados, até planos de saúde, MBA subsidiado (para colaboradores líderes de setores e cooperados) e aluguéis a preços reduzidos para aqueles que residem em imóveis da Agrária. Revista NT - Qual o papel dos cooperados na formação das futuras gerações? Caus - Aqui, vemos duas vertentes. Os cooperados, eles mesmos, “formam”, por assim dizer, novas gerações de maneira natural, na medida em que mostram a seus filhos no dia a dia a importância do trabalho na terra e da união em torno de uma cooperativa. Por outro lado, a Cooperativa, passou nos últimos anos a dar uma importância maior à questão não só da formação propriamente dita de novas gerações de cooperados, mas também a outra questão, a da sustentabilidade, ou seja, a viabilidade econômica dos cooperados das gerações mais recentes. Formação: A cooperativa oferece treinamentos técnicos, dias de campo (difusão de informação técnica sobre agricultura) e palestras técnicas sobre agricultura ao longo do ano para os cooperados. Viabilidade econômica: Hoje, existem poucas terras novas para se adquirir na região de atuação da Agrária (regiões centro-sul, centro-oeste e central do Paraná). Por outro lado, para uma propriedade rural ser economicamente viável, é necessário que tenha um determinado tamanho. Diante disso, a Agrária passou a realizar o seguinte: Orientação sobre sucessão familiar na propriedade rural para cooperados. Estudos sobre diversificação rural, atividades diferentes do plantio de grãos e que poderiam ser uma alternativa para o cooperado. Revista NT - Quais os planos da cooperativa enquanto uma empresa de sucesso? Caus - A Cooperativa busca se fortalecer no aspecto técnico, econômico e industrial. Um dos projetos, já para 2012, é a construção de uma fábrica para processamento de milho. Inovação em processos e produtos e o constante aperfeiçoamento do atendimento aos clientes e cooperados são temas cotidianos para nós. Revista NT - E na questão social? Caus - A Cooperativa pretende continuar investindo em cultura e manterá o Programa Agrária de Integração Solidária, por meio do qual ajuda todos os anos entidades assistenciais da região, principalmente com campanhas de agasalhos e alimentos. Revista NT - Qual o conselho que a Agrária pode deixar para produtores que gostariam de iniciar um trabalho cooperado? Caus - Apesar de uma história de 60 anos na agroindústria, temos consciência de que o mundo muda muito rápido e, por isso, pensamos que temos muito mais a aprender do que a ensinar. Mas, se tivéssemos que dar uma orientação, nossa dica seria: - União dos cooperados, gestão financeira muito criteriosa, tecnologia, industrialização e uma filosofia de crescimento econômico da cooperativa e dos cooperados. Perseverança, porque a agricultura está sujeita aos riscos do clima, e humildade, para aprender com os outros. NT 117 cooperativismo Santa Clara Uma jovem de 100 anos Crescer sem perder a simplicidade é a chave do sucesso da Cooperativa Santa Clara. A cooperativa, que completa 100 anos neste mês, acredita na inovação para ser um modelo na aplicação dos Princípios do Cooperativismo. Sempre focada em aliar sua tradição a investimentos em qualidade, pesquisa e tecnologia, a Cooperativa Santa Clara aposta no pioneirismo, que resulta na valorização do associado, no incentivo à produção de matéria-prima excelente e em produtos inovadores. Os produtores contam com o suporte do Departamento de Política Leiteira, que mantém à disposição mais de 60 profissionais, entre veterinários, agrônomos, inseminadores e técnicos atentos à saúde do rebanho. A Cooperativa Santa Clara foi fundada em 1911, por imigrantes europeus como uma pequena queijaria que produzia queijo e manteiga, inicialmente denominada Latteria Santa Chiara. A iniciativa prosperou e, em 10 de abril de 1912, foi oficialmente fundada a Cooperativa Santa Clara, transformando-se nesta que é hoje a cooperativa de laticínios em atividade mais antiga do Brasil. Como cooperativa, a Santa Clara é fruto da união de seus associados. Esta soma de trabalho e objetivos comuns fez com que a Santa Clara crescesse progressivamente, fazendo-se presente em mais de 80 municípios gaúchos por meio da captação de leite. Gestão democrática, participação econômica, intercooperação e interesse pela comunidade são alguns dos princípios que regem os valores da Cooperativa Santa Clara. Hoje a cooperativa conta com mais de 4 mil associados e mais de mil colaboradores empenhados na tarefa de fazer funcionar uma cadeia produtiva que combina 118 NT controle na produção leiteira e investimentos constantes na modernização dos processos industriais e unidades comerciais, formados por uma rede de lojas especializadas. Qualidade O Puro Sabor da Serra é resultado de um elaborado e rigoroso processo, desde a propriedade rural, passando pelas indústrias e chegando com excelência à mesa do consumidor. Para garantir a qualidade deste processo, a Cooperativa Santa Clara conta com a força de mais de 4.300 famílias de associados, e com a dedicação de mais de 1.300 funcionários. O complexo Santa Clara conta com indústria de Leite Longa Vida, Indústria de Laticínios, Frigorífico, Fábrica de Rações e Cozinha Industrial, localizados em Carlos Barbosa. Além destes, também possui nove Supermercados, nos municípios de Carlos Barbosa, Veranópolis, Cotiporã, Nova Roma do Sul, Paraí, São Pedro da Serra, Selbach e Tapera, e no distrito de Arcoverde, interior de Carlos Barbosa. Além dos supermercados, oito Mercados Agropecuários oferecem aos consumidores uma grande variedade de ferramentas, insumos, eletrodomésticos, utensílios para o lar e materiais de camping e pesca. Estão localizados nos municípios de Carlos Barbosa, Veranópolis, Paraí, Cotiporã, Nova Roma do Sul, Estação, Fagundes Varela e Vila Maria. A Santa Clara mantém quatro postos de recolhimento e resfriamento de leite, em Veranópolis e Paraí (Santa Clara) e Espumoso e Getúlio Vargas (terceirizados). Completam esta estrutura seis Centros de Distribuição, quatro no Rio Grande do Sul (em Carlos Barbosa, Canoas, Caxias do Sul e Passo Fundo) e dois no Paraná (em Pato Branco e Curitiba). Missão 1912 Fundação da Santa Clara, cooperativa de laticínios em atividade mais antiga do Brasil. 1954 Início do trabalho de inseminação artificial do rebanho leiteiro no Rio Grande do Sul. 1991 Carnes e embutidos 6.800 toneladas Início do programa de pagamento do leite pela qualidade, como forma de incentivo para que os produtores busquem a excelência na matéria-prima fornecida. 1996 Sempre a frente do seu tempo Queijos e derivados 20.300 toneladas Coleta de leite a granel. Nesta data, a Santa Clara alcançou o índice de 100% dos produtores que entregam o leite dessa forma. 1999 Pioneirismos Leite UHT 156 milhões de litros Primeira cooperativa e indústria de laticínios no Rio Grande do Sul a ter o certificado ISO 9000. Isso comprovou a eficácia dos processos, a excelência da indústria e aumentou a participação da marca no mercado. 2008 Produção (estimativa para 2012) Lançamento do Queijo Minas Frescal SanBIOS, primeiro queijo do Brasil com micro-organismos probióticos, que ajudam a regular a flora intestinal. Receber a produção de seus associados, industrializar, comercializar e prestar serviços com qualidade e tecnologia adequada, proporcionando melhor retorno aos seus associados, visando à satisfação dos clientes e prosperando como organização. NT 119 A Revista NT foi conversar com a pessoa que comanda toda a equipe da Santa Clara para saber qual o segredo do seu sucesso. O sr. Rogerio Bruno Sauthier, é presidente da Santa Clara há 18 anos, além de ser, também, produtor de leite. Seu pai era associado à cooperativa e fez parte de seus primórdios. 120 NT Revista NT - A cooperativa completa 100 anos de existência, quais foram os principais desafios que ela enfrentou nestes anos? Sauthier - Foram muitos. Mas um desafio constante é se manter coeso com os princípios propostos. Os valores propostos pelos fundadores da Cooperativa, há cem anos, se mantém até hoje. Houve uma grande mudança de mercado, de tecnologias, de conceitos na sociedade como um todo. Mas alguns princípios, como a confiança no trabalho, na fé, na humildade e honestidade se mantiveram, e foi preciso estar atento a este equilíbrio entre o que mudou e o que permaneceu. Para isso, foi fundamental ter lideranças de pessoas que souberam como fazer o seu melhor, e buscar o melhor de cada envolvido. Revista NT - O reconhecimento da qualidade dos produtos comercializados pela Santa Clara é notório, você poderia citar alguns prêmios significativos, por favor? Sauthier - Entre os prêmios que recebemos, destacamos com orgulho o primeiro lugar na pesquisa Marcas de Quem Decide, realizada por uma parceria entre o Jornal do Comércio (RS) e a Qualidata, que há oito anos consecutivos confirma a Santa Clara como marca mais lembrada e preferida dos consumidores gaúchos na categoria queijos, segundo os próprios consumidores. Além deste, o prêmio Top of Mind, concedido pela revista Amanhã, também confirmou a Santa Clara como a marca de queijos mais lembrada em 2011. Outros prêmios que destacamos é o Top de Marketing, que foi conquistado pela Santa Clara em 2008 e 2010 com o queijo SanBIOS, e em 2009 e 2011 na categoria responsabilidade social – no primeiro ano pela profissionalização de associados e no segundo pelo projeto de biodigestores. Revista NT - O Brasil está sendo visto por especialistas como o celeiro do mundo. As expectativas são grandes em relação a produção de alimentos por nosso pais. Como a cooperativa enfrenta esse desafio? Sauthier - É um desafio que nos deixa otimistas, principalmente, mas também cientes da nossa responsabilidade. Isso porque, ao mesmo tempo que valoriza o Brasil e impulsiona seu crescimento, nos estimula a produzir mais, e garante que o mercado está receptivo à nossa produção. Por outro lado, aumenta nossa responsabilidade com os associados e com os consumidores. Revista NT - Quais são as metas da Santa Clara para os próximos 10 anos? Sauthier - Crescimento é uma meta que mantemos sempre, para os próximos dez anos e para os próximos cem. E temos certeza que, com persistência, disciplina e paixão, teremos um futuro promissor. Revista NT - Qual o conselho que a Cooperativa pode deixar para outros produtores que gostariam de comercializar seus produtos através do cooperativismo? Sauthier - O cooperativismo é uma ferramenta poderosa, mas que precisa ser bem usada, depende das pessoas trabalharem com consciência. Isso é fundamental. Quando isso acontece, esta ferramenta traz benefícios a todos que estão envolvidos. 4]b]a(1{aO`;OQVOR] 19.08.10 14:42:15 fotos.ind d 2 :15 19.08.10 14:42 .indd 2 fotos.indd 2 fotos.indd 2 C;/4=B=>3@437B/1/CA/ C;/ÏB7;/7;>@3AA¯= =[SZV]`S[OWaQ][^ZSb]PO\Q]RSW[OUS\aR]OU`]\SUQW] Ac\]aOdSaP]dW\]aQcZbc`OaOZW[S\b]aQO`\Sa[O_cW\t`W]SbQ EEE/5@=AB=191=;0@ alta gerência e empreendedorismo Crescer com responsabilidade Frigorífico da Santa Clara investe em tecnologia e pessoas com foco no crescimento responsável Em 1975 a Cooperativa União Colonial e a Cooperativa Agrícola Carlos Barbosa Ltda, se fundiram alavancando o potencial de suinocultura da futura Cooperativa Santa Clara, que teria sua razão social assim registrada em 1977. Em 1982, foi construído o Frigorífico Santa Clara, em Carlos Barbosa. Hoje, o Frigorífico possui amplas e diversas instalações, dinamizando o abate de 65 mil cabeças de suínos por ano (de criação própria e pelo sistema de integração), com rebanho de alto padrão genético, produzindo mais de cinco mil toneladas de carnes e embutidos por ano. Segundo, Gladimir Mecca, Gerente do Frigorífico e de Suinocultura da cooperativa a meta para 2012 é atingir a produção de 190 mil suínos, sendo 80 mil para abate próprio e, os 110 mil restantes, em venda de leitões de 23 kilos. “Na Santa Clara trabalhamos sempre com planejamento 122 NT futuro. A idéia é, num futuro próximo, construir uma nova industria e, a produção excedente da cooperativa, atenderá essa nova demanda.”, explica Mecca. O gerente ressalta também que para manter o sucesso da cooperativa exitem 4 pilares que não podem ser esquecidos: Fidelizar os assosciados, a Gestão voltada para o resultado, Qualidade dos produtos e serviços e pessoas comprometidas, capacitadas e qualificadas. A Cooperativa Santa Clara, em seus cem anos de história, sempre teve esses pilares em mente preocupando-se com a comunidade em que está inserida. Porém, apesar de todos os benefícios gerados, a suinocultura apresentou alguns aspectos a serem melhorados. Os dejetos produzidos pelos suínos geram gás metano (CH4) e, quando descartados incorretamente, têm impacto negativo sobre o meio ambiente. Embora fossem utilizados como adubo em lavouras, esse tipo de adubação tinha restrições na aplicação, pelo fato de o adubo não estar maturado para ser incorporado ao solo. Além de requerer esse cuidado quando usado como adubo, os dejetos também estavam liberando gás metano diretamente na atmosfera. Atenta ao atual cenário ambiental e ciente de suas responsabilidades, a Cooperativa Santa Clara viu, no descarte de dejetos de suínos, a oportunidade de contribuir para o fortalecimento da consciência ecológica no Rio Grande do Sul, fazendo sua parte e encontrando soluções para o impacto gerado, pelos dejetos, no meio ambiente. Assim, após estudos realizados, investiu R$ 359.965,63 no sistema de biodigestores o sistema de biodigestores na UPL de Selbach, a Cooperativa Santa Clara investiu. Já para a suinocultura de Carlos Barbosa, foram investidos R$542.397,15. Com a implantação dos biodigestores em Carlos Barbosa e Selbach, a Cooperativa Santa Clara conseguiu neutralizar os impactos negativos gerados pelo descarte dos dejetos provenientes das granjas. Hoje, todo o gás metano gerado pelos dejetos de suínos deixa de ser liberado diretamente na atmosfera, evitando o aumento do efeito estufa e tornando o sistema de suinocultura da Santa Clara ecologicamente correto. Os dois sistemas de biodigestores permitem à Cooperativa Santa Clara evitar a liberação de 6.400 toneladas de gás metano na atmosfera ao ano. O biogás resultante do processo de decomposição retido pelos biodigestores é conduzido, através de compressores, até um gerador, que transforma o gás em energia elétrica, direcionada para a Estação de Tratamento de Efluentes do frigorífico e da indústria de laticínios. Em Carlos Barbosa essa iniciativa permitiu, desde a instalação do gerador abastecido pelo biogás, um acúmulo de 688.000 kW. A energia gerada é suficiente para sustentar a granja de suínos e parte da Estação de Tratamento de Efluentes do frigorífico e da indústria de laticínios. Em Selbach, o uso de biogás gerou redução de 46,63% do uso de energia elétrica no período de seis meses, desde sua implantação. Após o tratamento realizado pelos biodigestores, o resultado dos dejetos é um líquido inodoro, rico em nutrientes, direcionado para as lavouras como adubo sem qualquer risco de poluição. Além de ser muito eficiente, por apresentar alta taxa de nitrogênio e fósforo, este biofertilizante também é uma opção mais barata do que os fertilizantes químicos, sendo mais acessível aos pequenos produtores, e ecologicamente consciente, por diminuir o uso de fertilizantes químicos derivados de matérias-primas não renováveis, como o petróleo. O biofertilizante é utilizado, também, pelos produtores na formação e renovação de pastagem para o gado leiteiro. Mecca ressalta que a implantação dos sistemas de biodigestores confirma a preocupação ambiental da Cooperativa, apresentando uma postura alinhada aos valores do cooperativismo, como visão de futuro, coragem e cooperação. “Os resultados gerados pela implantação dos sistemas biodigestores são benéficos não somente para a Santa Clara, mas principalmente para o meio ambiente e para a comunidade, já que o sistema demanda menos consumo de energia elétrica e menos consumo de recursos naturais, além de neutralizar um impacto que seria originalmente negativo. Esta iniciativa também serve como exemplo de sustentabilidade, colaborando para a formação da consciência ecológica nas comunidades”, explica. Através da implantação dos biodigestores, a Cooperativa Santa Clara conseguiu contribuir positivamente com a preservação da natureza, assumindo sua responsabilidade ambiental enquanto empresa e enquanto marca. O projeto de biodigestores foi premiado com o Top de Marketing da ADVB/RS na categoria Responsabilidade Social em 2011. NT 123 MARKETING A COMUNICAÇÃO NO AGRONEGÓCIO um case de sucesso da MSD Saúde Animal Em um mercado cada vez mais competitivo, em que as companhias buscam por posições de destaque, faz-se necessária a diferenciação de seus concorrentes. Porém, em um mundo de negócios em que os profissionais são competentes, cada vez mais preparados e criativos, como se diferenciar? O caminho é ter uma comunicação transparente e eficiente tanto para o público interno quanto externo. Além das ferramentas de Marketing, essenciais para definir e implementar estratégias, traçando os caminhos que deverão ser tomados a curto, médio e longo prazo, há outras formas de comunicação que agregam valor para a companhia, colaboradores e clientes. As campanhas de endomarketing, mídias sociais e assessoria de imprensa são algumas delas. Em janeiro de 2010, quando assumi a liderança da MSD Saúde Animal (antiga Intervet/Schering-Plough Animal Health), apostei em campanhas e projetos diferenciados 124 NT para que o time de colaboradores – carinhosamente apelidados de Caveiras, em função do premiado filme Tropa de Elite, em que são reconhecidos pela capacidade de assumir responsabilidades, vencer desafios e ir além do resultado - conseguisse superar os limites. O resultado? Meta ultrapassada. As campanhas de comunicação e engajamento, um dos grandes pilares da minha gestão, são responsáveis pela determinação, foco e sucesso da equipe. Um bom resultado para a companhia somente é possível devido aos 3 P´s: pessoas, processos e produtos. Acredito em cinco pilares para o futuro: 1) liderança e inovação de produto 2) pessoas e cultura 3) foco no cliente 4) excelência operacional 5) talento de melhor desempenho. Em 2010, a campanha de endomarketing foi intitulada “Are You Ready?” - um questionamento para saber se a equipe estava preparada para os desafios que viriam. A campanha contou com o apoio dos gestores e envol- Vilson Simon Diretor Presidente da MSD Saúde Animal vimento de todos os colaboradores, pois seu objetivo era a transparência na divulgação dos resultados atingidos e comunicações corporativas, evitando, assim, especulações, principalmente durante o período da potencial fusão com outra empresa do mercado, que efetivamente não ocorreu. Por meio de ações na Intranet, e-mail semanal, café com presidente e Town Hall Meeting, a campanha teve como resultado o engajamento de 89% da organização. Sob a minha liderança e com foco nas pessoas, “Are You Ready?” foi premiada na XVI Mostra ABMR&A de Comunicação em Marketing Rural & Agronegócio, considerada a maior premiação de marketing do agronegócio brasileiro. Projetos como esse provam que o comprometimento da empresa com seus colaboradores se tornam fortes porque existe na cultura corporativa a valorização do estreito relacionamento entre as lideranças e os colaboradores. Permitem ouvir e esclarecer possíveis dúvidas em relação aos assuntos diretamente relacionados à companhia. Mes- mo diante dos desafios, conseguimos resgatar o moral da “tropa” e a alegria de trabalhar. Em 2011, o tema da campanha interna foi “Expresso 20 11: movido pela nossa energia”, em que a quilometragem do trem significava o faturamento; as estações as ambições e o combustível, a energia dos colaboradores. Como sou um homem aficionado por tecnologia, as ferramentas de comunicação utilizadas foram dinâmicas e interligadas para que as informações fossem compartilhadas em tempo real: site e a TV Expresso para o público interno; e Twitter, Facebook, YouTube e assessoria de imprensa, para o público externo. Criamos um grupo fechado dentro do Facebook, apenas para os colaboradores da MSD Saúde Animal, onde eles postam informações, trocam experiências e compartilham gols. Para 2012, o mote da campanha é “Super Expresso MSD”, continuando com o conceito da velocidade do trem. Eu acredito em resultado através de pessoas. Por isso, o di- NT 125 ferencial desse ano é o estímulo à qualidade de vida dos colaboradores, pois é ela que dá a energia necessária para lutar e vencer. Outro projeto diferenciado para 2012 é a padronização de todos os eventos para construir e consolidar a nova marca (branding) – mudança de nome de Intervet/Schering-Plough para MSD Saúde Animal. Além disso, sempre utilizamos a assessoria de imprensa, ferramenta indispensável para transformar nossas informações em notícias de interesse público, promovendo a marca, produtos e porta-vozes da melhor maneira possível. As mídias sociais e o agronegócio No que diz respeito ao uso das mídias sociais pelas empresas do setor do agronegócio brasileiro, acredito que elas deveriam explorar mais as ferramentas online para se relacionar com os clientes, colaboradores e também com a sociedade. De acordo com a pesquisa Ibope Nielsen Online, 74 milhões de brasileiros tiveram acesso à internet em 2010. Já as redes sociais – como Twitter e Facebook – foram frequentadas por mais de 35 milhões de pessoas, o que coloca o Brasil em quinto lugar no ranking mundial de usuários dessas comunidades interativas. Aqui, vale ressaltar que não basta ter um perfil na rede. É preciso ter um profissional dedicado para postar conteúdos relevantes, que agreguem conhecimento ao usuário. Por isso, um dos grandes desafios da cadeia do agronegócio é se unir para se conectar com a população. Atualmente, as ações de marketing do setor estão voltadas para a própria população envolvida no agronegócio. As empresas ainda não enxergam o valor de se comunicar com a sociedade como um todo, que é a consumidora de alimentos e produtos oriundos do agronegócio. A nossa relação com os animais é especial: são eles que nos alimentam, trabalham conosco e nos confortam. Nesse sentido, parabenizo o movimento Sou Agro, primeira iniciativa do agronegócio brasileiro, que reúne empresas e entidades representativas do agro no Brasil, que além de utilizar as mídias tradicionais (como televisão) para se comunicar, usa as redes sociais (Twitter e Facebook) para informar e trocar experiências com a população. Outra iniciativa que merece destaque é a NFT Alliance – Nutrition For Tomorrow - uma parceria entre as principais empresas que representam os diversos elos da cadeia 126 NT produtiva de proteína animal, cujo objetivo é fornecer conteúdo de relevância para garantir a sustentabilidade da pecuária brasileira. Esse movimento também utiliza das redes sociais (Twitter, Facebook, YouTube, LinkedIn, Slideshare e Flickr) para conversar com a população. Em 2011, a NFT Alliance teve 35 mil retwittes no Twitter; 4.593 publicações no Facebook; mais de 500 participantes no LinkedIn; 10.148 visualizações dos vídeos no Youtube; mais de 2 mil fotos no Flickr e disponibilização das palestras NFT no Slideshare. Além disso, o site teve uma média de 220 visitas por dia. Para finalizar, a cadeia produtiva do agronegócio definitivamente precisa se unir para comunicar à sociedade o que está produzindo, como proteínas de origem animal, de maneira sustentável. Muitos ainda acreditam que o agronegócio destrói, quando na verdade ele constrói. O Brasil é um gigante que acordou. Estamos na 6ª posição de maior economia global e o nosso PIB atingiu U$ 2,44 trilhões em 2011, sendo que 22,4% vieram do agronegócio. A contribuição do setor é decisiva para o PIB, geração de empregos e para as exportações. O Brasil possui o maior rebanho bovino do mundo, somos o segundo maior produtor e o primeiro exportador de carne bovina, quarto maior produtor e primeiro exportador de carne de aves, quarto produtor e exportador de carne suína e quinto maior produtor de leite do mundo. Compartilhar essas experiências para a sociedade é um processo fundamental para pautar o futuro do Brasil com base no desenvolvimento. Siga-nos no Twitter: @msdsaudeanimal Fun Page no Facebook: MSD Saúde Animal Canal no YouTube: msdsaudeanimal noTÍCIAS DOS PARCEIROS RELATóRIO DE MERCADO DO LEITE DA SCOT CONSULTORIA Ano 1 - edição 1 A Scot Consultoria lança mais um conjunto de informações sobre o mercado do leite e sobre a cadeia leiteira. O Relatório de Mercado do Leite da Scot Consultoria é mensal e, reúne análises do mercado do leite, com construção de cenários e preços ao produtor em 18 estados, além de informações sobre o mercado spot, mercado atacadista e mercado varejista de produtos lácteos. São abordadas também, questões como oferta e demanda por leite no país, custos de produção, preços e conjuntura no mercado internacional. No relatório são apresentados os Índices de Captação e de Custo de Produção da Scot Consultoria. Mas não termina aí, no Relatório de Mercado do Leite da Scot Consultoria há informações sobre os preços dos insumos mais consumidos na produção de leite, tais como, alimentos concentrados, suplementos minerais, fertilizantes, defensivos agrícolas e equipamentos, entre outros. A primeira edição já está a venda. Para mais informações e assinaturas ligue para 17 3343 5111 ou pelo sitio www.scotconsultoria.com.br Março 2012 RELATÓRIO DE MERCADO DO LEITE As melhores informações sobre a pecuária leiteira 17 3343 5111 twitter.com/scotconsultoria www.scotconsultoria.com.br [email protected] noTÍCIAS DOS PARCEIROS MSD SAúDE ANIMAL APOIA QUALIDADE DE VIDA O tema Qualidade de Vida foi bastante discutido na Convenção Nacional de Vendas 2012, encorajando Colaboradores a cuidar da saúde Uma das novidades apresentadas na Convenção de Vendas 2012 da MSD Saúde Animal, de 5 a 10 de março, foi relacionada aos cuidados com a saúde e à qualidade de vida. Em um clima de descontração, os organizadores encorajavam as equipes, divididas pelas letras M, S e D, a participarem, todos os dias, de diversas atividades esportivas, entre elas, natação, yoga, musculação, caminhada, corrida, alongamento. A iniciativa teve boa aceitação e muitos participaram das atividades prontamente, contabilizando pontos para suas equipes. A ação encorajou a atitudes desafiadoras como no caso de Jenner Ferreira Couto, que se comprometeu em perder 10 quilos até o mês de julho. “Lancei esse desafio e vou cumpri-lo, pois a iniciativa da MSD Saúde Animal de nos incentivar para uma vida mais saudável me 128 NT despertou. Essa é a hora”, garante Jenner. Dentro do programa Qualidade de Vida a empresa lançou o primeiro Circuito 3km MSD. O circuito teve participação maciça dos Colaboradores que fizeram todo o percurso com muita garra e em tempos extraordinários, revelando atletas qualificados. Os três primeiros colocados no Circuito foram: - Feminino: Denise Pereira, Waldma Amaral Filha e Patrícia Roberta de Salles. - Masculino: Henderson Ayres, Fabio Paganini e Rostyner Pereira Costa. “Muito interessante essa iniciativa, pois eu já pratico esportes desde os meus 13 anos, e é um fator onde eu relaxo da vida de trabalho, desestresso e cuido da minha saúde. Uma bela iniciativa”, incentiva Henderson. Palestra qualidade de vida Desafio 2013 Para fechar com chave-de-ouro, a palestra de encerramento da Convenção foi sobre qualidade de vida com o doutor e apresentador, Antônio Sproesser. Sproesser animou os Colaboradores a viver mais e melhor. Com base em pesquisas recentes e inovadoras, o médico teve como missão conscientizar os presentes a modificar maus hábitos do dia a dia, além de apresentar dicas e soluções simples para uma vida mais longa e feliz. O doutor levou para o palco casos reais e variados para a plateia, que se envolveu com as histórias e dinâmicas apresentadas por ele, mostrando que é possível viver melhor, adotando uma alimentação mais equilibrada, com a prática de exercícios físicos e usufruindo de momentos de lazer. “Qualidade de vida é sentir-se bem, ter um bom comportamento, ter preocupações normais e saber absorvê-las no dia a dia. Qualidade de vida é um broto que nasce dentro de nós, e esse broto precisa ser regado todos os dias, o que nos proporciona estar bem com a mente, com o físico e com o espiritual”, explica Sproesser. O Presidente da Empresa, Vilson Antonio Simon, lançou um desafio para 2013. Segundo ele, na próxima Convenção, em 2013, a empresa irá conhecer a melhor história de qualidade de vida. “Poderá ser uma mudança de atitude, a manutenção de uma atitude atual, algo que tenha impactado no trabalho, na família, com os amigos. Gostou? Então, comece a partir de agora e prepare-se para inscrever o seu case. Você poderá ser o destaque de qualidade de vida em 2013”, incentiva Simon. Sobre Antonio Sproesser Clínico geral, médico de família e especialista em qualidade de vida há 34 anos. Atualmente atende no Hospital Albert Einstein. É Autor de “Viver Bem com Qualidade, O Fator Wellness” (Ed. Sapienza), livro no qual exemplifica, com casos reais vividos em UTI, a importância da medicina preventiva, dicas de bem-estar, nutrição e atividade física. É triatleta amador desde 1985. Compete nas distâncias short, meio ironman e ironman. Preparador Físico de Triathlon (Nível l) certificado pela United States Association of Triathlon (USA Triathlon). Diretor médico da Federação Paulista de Triathlon. Esquiador, explorador de montanha e travessia na neve. NT 129 AGENDA Abril MAIO Workshop Gestão para Líderes do Agronegócio (FGV) Data: 12 e 13 de abril Local: São Paulo (SP) Informações: www.nutroneventos.com.br/workshop_ suinocultura II Simpósio do Leite Integral Data: 03 e 04 de maio Local: Belo Horizonte (MG) Informações: www.simposioleiteintegral.com.br Simpósio Brasil Sul de Avicultura e IV Poultry Fair Data: 17 a 19 de abril Local: Chapecó (SC) Informações: www.nucleovet.com.br Circuito Feicorte NFT – Etapa Goiânia Data: 18 e 19 de abril Local: Goiânia (GO) Informações: www.agrocentro.com.br/circuitofeicorte IV Simpósio Mineiro de Suinocultura (SIMIS) Data: de 23 a 25 de abril Local: Lavras (MG) Informações: www.nesui.com.br Feira Britânica de Aves e Suínos Data: de 15 a 16 de maio Local: Warwickshire, Inglaterra Informações: www.rase.org.uk SinSui Data: 15 a 18 de maio Local: Porto Alegre (RS) Informações: www.suinotec.com.br Circuito Feicorte NFT – Etapa Campo Grande Data: 22 e 23 de maio Local: Campo Grande (MS) Informações: www.agrocentro.com.br/circuitofeicorte JUNHO UK Conferência Anual BSAS/WPSA Data: de 24 a 25 de abril Local: Nottingham University, Reino Unido IV Simpósio Europeu sobre Gestão de Saúde Suína Data: de 24 a 27 de abril Local: Bélgica Informações: www.esphm2012.be XIX Agrishow Data: de 30 de abril a 04 de maio Local: Ribeirão Preto (SP) Informações: www.agrishow.com.br World Pork Expo 2012 Data: de 6 a 8 de junho Local: Iowa, Estados Unidos Informações: www.worldpork.org Congresso Internacional da Sociedade de Veterinários de Suínos (IPVS) Data: de 10 a 13 de junho Local: Coreia do Norte Informações: www.ipvs2012.kr Feicorte Data: 11 a 15 de junho Local: São Paulo Informações: www.agrocentro.com.br/feicorte NFT Training de Aves Data: 20 a 22 de junho Local: Rio de Janeiro (RJ) Informações: www.nutroneventos.com.br/nfttraining 130 NT Deixa o negócio mais rentável. 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