2008 - Crea-GO

Transcrição

2008 - Crea-GO
CONSELHO REGIONAL DE ENGENHARIA,
ARQUITETURA E AGRONOMIA DE GOIÁS
COMPÊNDIO DOS TRABALHOS PREMIADOS
COMISSÃO ESPECIAL DE JULGAMENTO DO PRÊMIO 2008
MODALIDADES URBANISMO E SANEAMENTO
Arquiteto e Urbanista JADIR MENDONÇA DE LIMA
Ex-conselheiro do Crea-GO
Consultor nas áreas de urbanismo, arquitetura e paisagismo
Engenheira Civil LÍVIA MARIA DIAS
Especialista em Saúde Pública e Resíduos Sólidos e Líquidos
Superintendente de Saneamento da Secretaria das Cidades
Arquiteto e Urbanista ALUÍZIO ANTUNES BARREIRA
Especialista em Planejamento Urbano e Ambiental pela UCG
Mestre em Geografia pela Universidade Federal de Goiás
Diretor Geral da Mútua-GO
Engenheiro Civil DANIEL FERREIRA
Conselheiro do Crea-GO
Mestre em Gestão Econômica do Meio Ambiente, pela UnB
MODALIDADES GEOLOGIA E MINAS / PRODUÇÃO LIMPA
Geólogo IGOR TARAPANOFF
Especialista em Gestão Ambiental pela Universidade de Brasília e
IBAMA
Atuou como assessor técnico-científico da Procuradoria da
República em Goiás e EMBRAPA
Técnico em Mineração RODOLFO PINTO DE MENDONÇA
Técnico do setor de Hidrogeologia da SANEAGO
Diretor do Sindicado dos Técnicos Industriais do Estado de Goiás
– SINTEC
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PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
Engenheiro de Minas AUGUSTO CÉSAR GUSMÃO LIMA
Conselheiro do Crea-GO
Ex-presidente da Associação dos Engenheiros de Minas no
Estado de Goiás
Engenheiro Eletricista DEIRY DINIZ DE FREITAS
Pós-graduado em “Gestão de Empresas” pela UCG
Diretor Administrativo da Mútua/GO
MODALIDADES PRODUÇÃO AGRONÔMICA E MEIO
AMBIENTE RURAL
Engenheiro Agrônomo LINO CARLOS BORGES
Mestre em “Engenharia Elétrica e da Computação” pela UFG
Doutor em “Engenharia de Solo e Água” pela Escola de
Agronomia da UFG
Engenheira Florestal RAQUEL DE FÁTIMA BOAVENTURA
Mestre em Agronomia - Área de Produção Vegetal, pela UFG
Integrante do Núcleo de Geoprocessamento da Superintendência
do IBAMA em Goiás
Engenheiro Agrônomo ODILON CLARO DE LIMA
Especialista em Planejamento Agrícola e Planejamento
Governamental
Ex-secretário de Agricultura do Estado de Goiás
Engenheiro Agrônomo JOÃO DE DEUS DE SOUZA
BERNARDINO
Conselheiro do Crea-GO
Consultor na área de projetos ambientais, perícias e avaliações
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
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MODALIDADE IMPRENSA
Jornalista LÍDIA NOGUEIRA
Pós-graduada em Assessoria em Comunicação pela UFG
Atua na área de comunicação em editoras, entidades de classe e
no segmento empresarial
Jornalista e escritor REINALDO JARDIM
Trabalhou 11 anos Jornal do Brasil
Foi diretor de jornalismo da TV Globo e da Rádio Nacional
Engenheiro Florestal DANIEL DEMORI
Pós-graduado em “Gestão Ambiental em Sistemas Florestais”.
Auditor-líder na área de Sistemas de Gestão Ambiental, com
larga experiência em licenciamento ambiental nos Estados de
Mato Grosso e Goiás
Engenheiro Agrônomo ANNIBAL LACERDA MARGON
Mestre em Zootecnica pela Universidade Federal de Viçosa
Diretor Financeiro da Mútua-GO
MODALIDADE EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Engenheiro Civil IDALINO SERRA HORTÊNCIO
Especialista em Regulação Econômica
Conselheiro Federal - Confea
Engenheiro Civil EDSON MELO FILIZZOLA
Especialista em Saúde Pública e também em Planejamento e
Gerenciamento de Recursos Hídricos
Presidente da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e
Ambiental - Seção Goiás
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PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
Engenheiro Agrônomo NILTON CÉZAR BELLIZZI
Pós-doutor em Manejo Integrado de Pragas
Conselheiro do Crea-GO
Geógrafa ÂNGELA MARIA ÁUREA DOS SANTOS DAHER
Especialista na área de Ensino e Pesquisa em Geografia
Sócia e responsável técnica da empresa ELAM Engenharia e
Consultoria Ltda.
COMISSÃO DE MEIO AMBIENTE DO CREA-GO/2008
Efetivos:
Téc. Agrim. ANTÔNIO DE PÁDUA FERREIRA
Eng. de Minas AUGUSTO CÉSAR GUSMÃO LIMA
Eng. Civil DANIEL FERREIRA
Eng. Civil EDÉSIO DAHER FILHO (Coordenador)
Eng. Agrônomo JOÃO DE DEUS DE SOUZA BERNARDINO
Eng. Agrônomo NILTON CÉSAR BELLIZZI
Téc. em Mineração RODOLFO PINTO DE MENDONÇA
Suplentes:
Eng. Florestal DANIEL DEMORI
Eng. Agrônomo JOSÉ RENATO CATARINA RIBEIRO
Eng. Agrônomo JOSÉ RODRIGUES DE MOURA
Eng. Eletretricista JOVANILSON FALEIRO DE FREITAS
Arqta. e Urbanista MARIA LUISA GOMES ADORNO
Eng. Civil OSVALDO LUIZ VALINOTE
Arquiteto SÉRGIO EDWARD WIEDERHECKER
DIRETORIA DO CREA-GO/2008
PRESIDENTE:
Eng. Agrônomo FRANCISCO ANTÔNIO SILVA DE ALMEIDA
1° VICE-PRESIDENTE: Eng. Civil DANIEL FERREIRA
2° VICE-PRESIDENTE: Eng. Agrônomo JOÃO DE DEUS DE SOUZA BERNARDINO
1° SECRETÁRIO:
Geólogo WANDERLINO TEIXEIRA DE CARVALHO
2° SECRETÁRIO:
Téc. Agrop. VALDIVINO ETERNO LEITE
1° TESOUREIRO:
Arquiteto GASPAR LUIZ MARTINS
2° TESOUREIRO:
Eng. Eletricista DEIRY DINIZ DE FREITAS
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
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Apresentação
O Crea-GO publica a sexta edição do compêndio contendo os projetos vencedores, em 2008, do Prêmio Crea Goiás de Meio Ambiente. Os trabalhos premiados foram
apresentados para 1200 convidados durante solenidade realizada no dia 27 de novembro de 2008, no Atlanta Music Hall, em Goiânia – GO.
A sétima edição do prêmio recebeu número recorde de projetos inscritos, totalizando 93 inscrições. Ao todo foram 11 prêmios outorgados, divididos em oito modalidades: Urbanismo; Educação Ambiental; Geologia e Minas; Saneamento; Produção Limpa; Produção Agronômica; Meio Ambiente Rural; e Imprensa (sendo: 1 prêmio para
meios impressos, 1 prêmio para rádio, e 1 prêmio para televisão). Em 2008, dez projetos foram agraciados e uma menção honrosa foi concedia pela Comissão Julgadora do
prêmio.
É importante ressaltar que o Regional instituiu o Prêmio Crea Goiás de Meio
Ambiente para premiar pessoas físicas, jurídicas, entidades de classe, Ongs, órgãos
governamentais – municipais, estaduais e federais - e veículos de comunicação do
Estado. O prêmio também foi instituído com o objetivo mostrar soluções apontadas
pelos profissionais e sociedade goiana para a preservação e conservação do meio
ambiente. Os trabalhos vencedores têm aplicabilidade expressiva dentro do Estado e
são considerados projetos modelos para se atingir a sustentabilidade ambiental.
Por meio deste compêndio, a administração do Crea-GO sente-se orgulhosa em
apresentar os trabalhos vencedores e, ao mesmo tempo, expressar o seu reconhecimento à dedicação e criatividade dos autores dos projetos. A função do compêndio é
justamente valorizar e divulgar os trabalhos premiados. O compêndio será distribuído
às bibliotecas, autoridades federais, estaduais e municipais, Creas de outros estados,
órgãos de meio ambiente, entidades de classe, veículos de comunicação e Ongs. A
publicação do compêndio é a contribuição do Crea de Goiás para a educação ambiental no Estado e também reflete o verdadeiro papel do Conselho, que é o de defender os
interesses da sociedade, preservando o meio ambiente.
Goiânia, agosto de 2009
Eng. Civil Gerson de Almeida Taguatinga
Presidente
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
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SUMÁRIO
Menção Honrosa ..................................................................................................... 13
Projeto: Sistema de Gestão Ambiental
Premiada: Belcar Caminhões e Ônibus Ltda
Prêmio Modalidade Urbanismo .............................................................................. 23
Projeto: Requalificação do Bosque dos Buritis
Premiada: Agência Municipal do Meio Ambiente – AMMA
Prêmio Modalidade Saneamento ........................................................................... 51
Projeto: Sistema domiciliar de tratamento de esgoto por plantas: uma
contribuição ao ambiente da cidade de Goiânia
Premiado: Tecn. em Const. Civil e em Edif. Douglas Pereira da Silva Pitaluga
Prêmio Modalidade Geologia e Minas ................................................................... 69
Projeto: Cerâmica Santo Antônio: um exemplo de sustentabilidade
na pequena mineração
Premiada: Rosa e Cavalcante Ltda / Cerâmica Santo Antônio
Prêmio Modalidade Produção Limpa .................................................................... 87
Projeto: SGA – Sistema Gestão Ambiental
Premiada: Engenheira Civil Vivianne dos Santos Resende
Prêmio Modalidade Produção Agronômica .......................................................... 99
Projeto Premiado: Manejo integrado de pragas
Premiada: Jalles Machado S/A
Prêmio Modalidade Meio Ambiente Rural ............................................................. 113
Projeto: Gestão Ambiental no Setor Sucroalcooleiro: utilização dos
resíduos industriais na cultura de cana-de-açúcar
Premiada: Jalles Machado S/A
Prêmio Modalidade Educação Ambiental ............................................................. 127
Projeto: Agrotóxicos, educar para saber usar e proteção da bacia do
Ribeirão João Leite
Premiada: Agroquima Produtos Agropecuários Ltda
Prêmio Modalidade Imprensa – Meio Impresso ................................................... 169
Reportagem: Mudanças climáticas – calor vai afetar produção agrícola
Autores: Evandro Ricardo Bittencourt, Maria José Braga e Heloísa Lima
Prêmio Modalidade Imprensa – Televisão ............................................................ 179
Programa: Araguaia – Corredor da Biodiversidade Goiana
Premiado: Trilhas do Brasil Comunicação e Produções Ltda
Prêmio Modalidade Imprensa – Rádio .................................................................. 201
Programa: Conexão Ambiental
Premiado: Emmerson Alexandre Kran
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
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Menção Honrosa
Projeto:
Sistema de Gestão Ambiental
Premiada:
Belcar Caminhões e Ônibus Ltda.
1. APRESENTAÇÃO
1.1. Nome da Empresa: Belcar Caminhões e Máquinas Ltda.
1.2. CNPJ: 02.212.918/0001- 20
1.3. Endereço Matriz: Br. 153, Km 1.282, Alto da Glória – Goiânia GO
1.4. Endereço Filial: Br. 153, Km 1.478, Setor Industrial – Itumbiara GO
1.5. Número de Trabalhadores: 156
1.6. Número de Colaboradores Filial: 17
1.7.
Site: www.belcarcaminhoes.com.br
1.8. Histórico
Em 1983, nasce “Belcar Caminhões”. Instalada na Avenida Anhanguera nº. 130,
a empresa formalizou um contrato de concessão com a rede Autolatina (fusão das
fábricas Volkswagen e Ford), tornando-se uma revenda autorizada de caminhões e
máquinas. Desde então, acompanhou o crescimento no mercado de caminhões da
marca VW, destacando-se como a maior concessionária regional de Caminhões e
Máquinas da rede no Brasil.
Em junho de 1988, a Belcar Caminhões inaugurou sua sede própria, numa área
de 25 mil metros quadrados, dos quais, quase a metade em área construída. Nas novas
instalações, a empresa ficou estrategicamente localizada na BR 153, rodovia de grande
fluxo de caminhões e, ao mesmo tempo, a 20 minutos do centro da cidade.
Em 30 de setembro de 1999, a empresa recebeu o certificado ISO 9001 concedido
pela TÜV da Alemanha (órgão habilitador da Norma ISO) tornando-se a primeira
concessionária de caminhões da Região Centro-Oeste a obter tal certificação.
No dia 16 de Outubro de 2003, a Belcar Caminhões escolheu Itumbiara para ser
a primeira cidade goiana a receber uma filial da empresa. Decisão tomada devido à
importância desta cidade, que ocupa lugar de destaque no desenvolvimento do nosso
Estado. A filial possui uma área total de 44.000 metros quadrados, sendo 500 metros
quadrados construídos e mais 1.000 metros quadrados de pátio. Com esta nova unidade,
a Belcar está atendendo a 41 cidades ao redor de Itumbiara, com o mesmo padrão de
qualidade da matriz, com conexão on-line e totalmente informatizada, agilizando
consultas e procedimentos.
Em 1998, com a preocupação em manter a qualidade no ambiente de trabalho e
promover o bem-estar social, a Belcar formalizou a sua área de Responsabilidade Social
Empresarial – BELCAR CAMINHÕES CIDADANIA - BCC, tendo como missão contribuir
para a construção da Cidadania Corporativa, através da prática da Responsabilidade
Social Empresarial.
Com uma cultura empresarial fundamentada em valores humanos e, portanto,
num ambiente de trabalho mais favorável, o conceito de responsabilidade social
encontrou terreno fértil na Belcar Caminhões, pois veio reforçar um compromisso que
sempre existiu, por convicção, de respeito às partes interessadas, aos colaboradores e,
principalmente, ao meio ambiente.
Entre as diversas iniciativas da BCC, destacam-se três Projetos Sociais e dois
Programas:
• Projeto EIC – Escolas de Informática e Cidadania
• Projeto Parceiro nas Estradas;
• Projeto BelcarArte;
• Programa de Qualidade de Vida do Trabalhador – QVT;
• Programa de Gestão Ambiental.
Visando a compensação ambiental pelo uso de recursos naturais e a minimização
dos impactos causados por suas atividades, a Belcar Caminhões busca desenvolver
projetos e organiza sua estrutura interna de forma que o meio ambiente seja tratado de
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
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maneira especial, sendo considerado em cada produto, processo ou serviço que a
empresa desenvolve. Evita-se, assim, riscos futuros e permite à empresa, além de
reduzir custos, aprimorar processos e explorar novos negócios voltados para a
sustentabilidade ambiental, melhorando sua inserção no mercado.
2. CAMPANHAS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL E CONSUMO CONSCIENTE
Comprometida com a Coleta Seletiva de Lixo, a Belcar Caminhões desenvolve
ações ambientais que visam ao respeito ao ser humano, ao meio ambiente e ao
desenvolvimento sustentável.
•
•
A empresa realiza, regularmente, campanhas educativas sobre coleta seletiva
de lixo de acordo com o seu calendário interno de atividades. Atualmente, está
sendo realizada a Campanha de Reciclagem e Sensibilização dos colaboradores
recém-admitidos para Coleta Seletiva de Lixo;
Temas relacionados aos cuidados com o meio ambiente e ao Consumo
Consciente fazem parte do conteúdo de cidadania do Projeto Escola de Informática
e Cidadania – EIC Belcar Caminhões1 e da Semana Interna de Prevenção a
Acidentes no Trabalho – SIPAT. Este trabalho de sensibilização teve como
resultado a realização da Gincana Ambiental com a 14a turma da EIC em 2006,
onde foi possível levantar informações sobre os resíduos produzidos pela empresa
e propor soluções para a diminuição do desperdício através da educação
ambiental. Externamente, a Gincana também levantou informações sobre o lixo
produzido pela comunidade do entorno, bem como do número de catadores de
recicláveis locais – atividades que culminaram com a produção, em parceria
com a VWCO, do filme Catador de Sonhos2;
Trabalhadores da empresa e o Sr. José Gedda
Neto (Diretor Geral) na Campanha Ambiental da
Semana do Meio Ambiente 2006, onde os
trabalhadores plantaram e apadrinharam
palmeiras
1
2
O Projeto EIC é realizado em parceria com CDI (Comitê para a Democratização da Informática) e tem o
objetivo de dar noções de ética e cidadania utilizando, como ferramenta de inclusão social, a informática.
Atende aos trabalhadores e seus familiares, adolescentes de baixa renda e em situação de risco social.
O vídeo ambiental, curta-metragem “Catador de Sonhos”, foi produzido pela Belcar Caminhões e dirigido
por Giovani Lorenzetti. Lançado na cidade de Goiânia no dia 8 de fevereiro de 2007, atingiu o objetivo de
provocar reflexão sobre a produção de lixo pelas pessoas e a inclusão do catador de lixo ao sistema de
limpeza pública. O Conselho Temático de Resp. Social da FIEG e a DRT, com o apóio da Belcar
Caminhões, firmaram parceria para estender esta discussão e propor um projeto de coleta seletiva de
lixo no município através da organização de um Fórum de Debates sobre o tema no ano de 2007. O
“Catador de Sonhos” recebeu a Menção Honrosa no Prêmio Goiás de Gestão Ambiental 2007 da
Federação das Indústrias do Estado de Goiás - FIEG.
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PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
3. SGA – SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL
4.
•
Manual de Gestão Ambiental
Visando a sistematização das ações já desenvolvidas pela empresa há pelo
menos 10 anos na preservação do Meio Ambiente, a Belcar Caminhões Cidadania
elaborou um Manual de Gestão Ambiental em parceria com os trabalhadores da
empresa. O Manual é o registro destas ações ao mesmo tempo em que estabelece
metas para atingir objetivos ambientais, acreditando que, assim, possa ser
possível mensurar resultados e avaliar o impacto destas ações no seu negócio,
na cultura organizacional e no desenvolvimento da educação ambiental do seu
público interno e da comunidade do entorno. O SGA da Belcar Caminhões recebeu
o segundo lugar no Prêmio Goiás de Gestão Ambiental 2007 da Federação das
Indústrias do Estado de Goiás - FIEG.
•
Comitê de Gestão Ambiental
A empresa formalizou um Comitê de Gestão Ambiental que discute os impactos
ambientais na cadeia produtiva da empresa e elabora planos de ação ambiental.
O Comitê é formado por trabalhadores que, voluntariamente, monitoram a coleta
seletiva de lixo da empresa e são responsáveis pela comercialização e doação
para cooperativas de catadores do lixo reciclável e geração de recursos
financeiros, apresentados em reuniões mensais.
•
Carta de Princípios
A Belcar Caminhões reafirmou seu compromisso sócio-ambiental com a
elaboração de sua Carta de Princípios, em Outubro de 2006. Este documento foi
o resultado de um processo de auto-conhecimento, sendo um instrumento que
norteia o cumprimento da missão empresarial: “Contribuir para a Construção da
Cidadania Corporativa através da prática da Responsabilidade Social
Empresarial”, onde assegura o respeito ao Meio Ambiente em toda sua cadeia
produtiva; assume o compromisso com a melhoria da qualidade ambiental
formalizado em um Manual de Gestão Ambiental; e compromete-se a realizar
Coleta Seletiva de Lixo na empresa, sensibilizando toda a rede de relacionamentos
para esta prática, através da realização de campanhas educativas e da
formalização de parcerias com organizações da sociedade civil e governo.
USO DE TECNOLOGIAS APROPRIADAS E LIMPAS
Em dezembro de 2006 foi elaborado um programa de redução do consumo de
água e energia, proposto no Manual de Gestão Ambiental. Na oportunidade, foi
instalado um Supressor de Anomalias Elétricas para a proteção das instalações
elétricas, o que baixou o consumo de energia em 22%. Além disso, os
equipamentos instalados visaram a proteção do sistema elétrico em determinados
pontos contra raios, surtos de tensão, alterações súbitas no sistema energético,
redução do nível de harmônicas, entre outros. Além de protegerem, os
equipamentos proporcionaram uma maior longevidade das instalações elétricas
de nossa empresa.
5. APOIO FINANCEIRO À IMPLANTAÇÃO/DESENVOLVIMENTO DE PROGRAMAS
DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL A ENTIDADES PARCEIRAS
•
Apoio ao Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis em Goiás.
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
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A Belcar Caminhões apóia o Movimento Nacional de Catadores de Materiais
Recicláveis, através da divulgação do documentário “Catador de Sonhos”, onde a
empresa/instituição que solicita a cópia do documentário assina um termo de
compromisso, que tem como objetivo transformar intenções em ações objetivas
que de fato possibilitem a inclusão do catador no sistema de limpeza urbana. Dessa
forma, compromete-se em disseminar o conceito de coleta seletiva de lixo e entrar
em contato com o Sr. José Iramar de Souza (Presidente da ACOP – Associação de
Catadores Ordem e Progresso e Líder do Movimento Estadual de Catadores de
Materiais Recicláveis) e agendar data para a coleta do material reciclável na empresa/
instituição.
A empresa ainda apóia o movimento com doações de acordo com as necessidades
dos profissionais de materiais reciclados, como: doação de uniformes e EPI’s Equipamentos de Proteção Individual em parceria com a Águia Diesel e Evoluti
Ambiental.
•
Participação no Fórum do Lixo – “Coleta Seletiva de Material Reciclável e
Inclusão Social”
A partir da produção do documentário “Catador de Sonhos” elaborado pela Belcar
Caminhões, foi realizado na FIEG – Federação das Indústrias do Estado de Goiás o
Fórum do Lixo – “Coleta Seletiva de Material Reciclável e Inclusão Social”. O Fórum
foi o primeiro passo de uma discussão ampla, permanente e propositiva, com ações
articuladas entre instituições civis empresariais, acadêmicas, comunitárias e
profissionais, em parceria com o poder público, no desafio de se enfrentar
adequadamente a problemática do lixo urbano, incluindo os profissionais – catadores
de material reciclável.
O Fórum tem como objetivo diagnosticar como Goiânia administra o lixo urbano e, a
partir daí, propor modelos de gestão de resíduos que contemplem de forma responsável
as questões ambientais e sociais. Foram debatidas as questões relacionadas ao meio
ambiente, trabalho decente, inclusão social e trabalho infantil, finalizando com a
elaboração coletiva de uma carta de intenções, contendo as propostas iniciais de
ações conjuntas a serem desenvolvidas pelo Fórum e, sobretudo, declarando-se o
modelo de gestão ambiental pretendido pela sociedade goianiense.
Nesta tentativa, criou-se um extraordinário espaço de diálogo entre diversos atores
sociais que uniram e assumiram a responsabilidade de, juntos, encontrarem uma
solução inteligente que preservasse o meio ambiente e, ao mesmo tempo,
promovesse o resgate social dos catadores, por meio da geração de trabalho e
renda.
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PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
•
Iniciativa do Projeto “Parceiros em Prol dos Catadores de Materiais Recicláveis”
A Belcar Caminhões Cidadania, idealizadora do projeto Parceiros Nas Estradas, e
demais empresas da Comissão Executiva do Fórum Permanente de Coleta Seletiva
de Material Reciclável e Inclusão Social, realizaram no dia 5 de Julho de 2008 o
Projeto AÇÃO CIDADANIA – embasado no Parceiros Nas Estradas, este voltado
especificamente para atender as demandas emergenciais dos Catadores de Materiais
Recicláveis transferidos da Favela dos Trilhos para o Residencial Senador Albino
Boaventura. O objetivo do Projeto foi promover ações de cidadania junto ao público
mencionado, facilitando aos mesmos o acesso a bens e serviços sociais básicos.
A reunião de fechamento do Projeto foi realizada no Galpão
no Residencial Senador Albino Boaventura
Abertura do Evento: Hino Nacional – Projeto Dó Ré Mí Falando a Mesma Língua (filhos de catadores) e
Teste de Glicemia realizado pelo PROMED (parceira do evento)
6. MINIMIZAÇÃO DE GERAÇÃO DE RESÍDUOS
A minimização de geração de resíduos da empresa é apresentada no Manual de
Gestão Ambiental e monitorada através do Comitê de Gestão Ambiental, mensalmente.
A comercialização de óleos, lubrificantes e graxas na empresa não gera resíduos.
Os materiais listados abaixo são gerados a partir da manutenção de caminhões e ônibus
e são depositados em local apropriado (lixeiras e central de resíduos), recolhidos pelo
serviço de limpeza pública local e Cooperativa de Catadores de Recicláveis.
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
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6.1 - Estudo dos Resíduos produzidos pela Belcar
Origem
METAL
PLÁSTICO
ORGÂNICO
Quantidade
Essencialmente,
Relativa, depende do
sucatas originadas da
volume de serviço na
Oficina.*Quando o
desmonta de
caminhões e peças
contêiner é totalmente
preenchido, as peças
danificadas, que o
cliente não retira da chegam a pesar até 600 kg.
empresa: embreagens
e outras peças.
Destino Final
Responsável
Ferro Velho Ipiranga
Chefe de Oficina
Empresa de reciclagem
02 sacos de 20 litros
Copos descartáveis,
Plastel
diariamente;depende do
sacos plásticos e
embalagens de peças; volume de serviço da
Vasilhames de 1 e 5
oficina.
litros originados da
venda de óleo.
Restos de comida,
guardanapos, estopas,
toalhas de papel, papel
higiênico usados.
2 sacos de 20 litros
diariamente.
Companhia de
Urbanização de Goiânia
– COMURG
Cooperativa de
40 resmas de papel A4
(500 folhas 75 g/m2) a Reciclagem - COOPREC
cada 35 dias;07 caixas
Formulário de papel
de Formulário de papel
contínuo;
contínuo a cada 02
meses.
Formulário de N.F.:
Em média, 2.400 NF’s
emitidas por mês.Em
Caixas de papelão de média 800 kg de sucata
embalagens de peças; de papelão mensalmente.
Uso do escritório:Papel A4;-
PAPEL
Estal
Chefe de Oficina
Estal
Sup. Administrativo
Chefe de Estoque
MADEIRA
Desmonta de
Caminhões Novos
enviados pela Fábrica.
Relativo, depende da
entrega de caminhões
novos enviados pela
Fábrica.*As peças de
madeira medem em torno
de 5 m de comprimento,
10 cm de altura e 20 cm
de largura.
Doada paraADVEG
(Associação dos
deficientes visuais de
Goiás) e para Plastel
Chefe de Oficina
GRAXAS
Extraída dos veículos
em manutenção na
Oficina.
Não existem
indicadores
Depositada juntamente
com o óleo usado que é
retirado pela empresa
Lwart
Chefe de Oficina
ÓLEO
LUBRIFICANTE
Extraído dos veículos
em manutenção na
Oficina.
Em média, 3.650 litros
por mês.
Empresa Lwart –
Lubrificantes Ltda –CNPJ
46.201.083/0007-73
Gerente de AT.
FILTROS (GÁS/
AR/ÓLEO)
Extraídos dos veículos
em manutenção na
Oficina
Filtro de ar: 30 filtros
diariamente.Filtros de
óleo: 30 filtros
diariamente.Filtros de
Gás:
È destinado à empresa
Ferro Velho Ipiranga,
onde são prensados e
separado o óleo do
metal, o óleo a empresa
destina para a Lwart e o
metal para a Gerdal
Chefe de Oficina
Caixas separadoras de
água e óleo.
Estal
Baterias para o Ferro
Velho Ipiranga, lâmpadas
queimadas e vidros são
depositados no contêiner
da COMURG
Ger. De AT
RESÍDUOS
LÍQUIDOS
BATERIAS E
LÂMPADAS
ESPECIAIS
QUEIMADAS E
VIDROS
Gerados na lavagem Lavagem de Peças: 800
de peças e do Piso da a 1.500 litrosLavagem
Oficina.
do Piso: 1.000 a 2.000
litros
Veículos e Estufa
Não existem
indicadores
Figura 1 – Quadro de Resíduos produzidos pela Empresa do Manual de Gestão Ambiental
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PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
7. INICIATIVAS DE PROTEÇÃO OU CONSERVAÇÃO AMBIENTAL
•
Participação no Projeto de Preservação Ambiental no Rio Araguaia
Desde 2000 a Belcar Caminhões em parceria com a Águia Diesel participa do projeto:
“Eu Amo o Araguaia”, uma iniciativa do Educador Ambiental José Donizete Rulli. O
Projeto é realizado há 11 anos e tem como objetivo conscientizar e despertar os
turistas e moradores ribeirinhos para o valor e grande importância do Rio Araguaia
para a humanidade, além de oferecer dicas de saúde, preservação ambiental e
prevenção de acidentes, através de material informativo e divulgação na Rádio Aruanã.
Realizadas nas cidades de Aruanã, Britânia, praias e acampamentos as ações de
preservação ambiental têm sido de grande abrangência considerando o grande
aumento de turistas na região durante o mês de Julho quando o projeto é realizado.
•
Campanha de Preservação Ambiental com colaboradores da empresa
Como mencionado no início deste, a empresa realiza regularmente campanhas
educativas. Em Outubro de 2006, o Comitê de Gestão Ambiental através dos recursos
dos resíduos produzidos pela empresa ofereceu aos colaboradores um passeio ao
Salto de Corumbá–GO, com o objetivo de proporcionar um dia de lazer e contato
com a natureza; oferecer a oportunidade dos trabalhadores para a prática do esporte,
além de possibilitar a integração entre os trabalhadores da empresa, com o foco na
Preservação Ambiental. As atividades propostas foram Trekking e Rapel, monitoradas
por uma empresa especializada em treinamentos e esportes radicais.
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
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Modalidade
Urbanismo
Projeto:
Revitalização do Bosque dos Buritis
Premiada:
Agência Municipal do
Meio Ambiente - AMMA
CONCORRENTE:
Prefeitura de Goiânia
Iris Rezende Machado
Agência Municipal do Meio Ambiente – Goiânia
Clarismino Luiz Pereira Júnior
Diretoria de Áreas Verdes e Unidades de Conservação – DIRUC
Ronaldo Vieira
Gerência de Arquitetura e Engenharia Ambiental – DIRUC/GEARQ
Juliana Borges dos Santos
Ficha Técnica
Obra:Requalificação do Bosque dos Buritis
Área Pública Inicial - Plano Original de Goiânia1
400.00m²
Área Verde Municipal – Atual2
124.800,00 m².
Localização:
O Bosque dos Buritis localiza-se entre a Av. Assis Chateaubriand, Alameda das Rosas, Rua 1. Setor Oeste,
Goiânia – Go. Começa na confluência da Rua 29 e Rua 01 do Setor Oeste; segue pela margem desta última
até sua confluência com a Assis Chateaubriand; defletindo à esquerda segue por essa Avenida até a Alameda
dos Buritis; defletindo à esquerda segue por essa Alameda até a sua confluência com a Rua 29; defletindo à
esquerda segue por essa Rua, até sua confluência com Rua 01 onde teve início essa descrição.
1
2
Fonte: Prefeitura Municipal de Goiânia. Secretaria Municipal do Meio Ambiente – Goiânia.
Plano de Manejo Bosque dos Buritis/2005.
Idem item anterior
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
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Equipe técnica:
Projeto Arquitetura e Paisagismo
Celina Fernandes Almeida Manso
Arquiteta e Urbanista
Márcia Araújo
Arquiteta e Urbanista
Maria Amélia Pereira de Amorim
Arquiteta e Urbanista
Yara Emy Tanimitsu Hasegawa
Arquiteta e Urbanista
Projeto Estrutural
Cyntia Gomes da Costa Moreira
Engenheira Civil
Projeto Hidro-sanitário
Elza de Rezende Mota Passos
Engenheira Civil
Projeto Elétrico
Elza de Rezende Mota Passos
Engenheira Civil
Projeto Luminoténico
COMURG - Diretoria de Iluminação Pública
Projeto de Captação e Transportes de
Águas de Nascentes
Ivan Magalhães de Araújo Jorge
Engenheiro Civil
Orçamento e cronograma
Elza de Rezende Mota Passos
Engenheira Civil
Érica Ferreira de Bastos
Engenheira Civil
Recomposição Florística e Paisagística
Antonio Esteves dos Reis
Engenheiro Florestal
Maria Amélia Pereira de Amorim
Arquiteta e Urbanista
Fernando Augusto Lemos Sales
Engenheiro Agrônomo
Colaboradores
Mariana Nascimento Siquiera
Hidrante – Consultoria e Projetos
Estagiários de Arquitetura
Antônio Queiroga Galvão Filho
Rafaela Passos Valadares
Thiago Bastos de Melo
26
Estagiários de Engenharia Civil
Eduardo Henrique Lopes de Souza
Kaitson de Brito Barbosa
Márcia Lima Peduzzi
Estagiárias de Biologia
Larissa Silva Naves
Sâmara Bastos Portela
Fiscalização
Cláudia Márcia Monteiro da Silva
Arquiteta Urbanista
Flávio Martins Dias
Engenheiro Civil
Plano de Manejo
Geórgia Ribeiro Silveira de Santana
Bióloga – Coordenadora do Projeto
Marize Moreira Gibrail
Bióloga
Bruna Pereira de Oliveira Mota Scislewski
Bióloga
Carlos Eduardo Abrahão R. de Sousa
Biólogo
Daniella Santos Cruvinel da Cruz
Bióloga
Erika Maria Siqueira
Gestora Ambiental
Gilberto Cardoso Queiroz
Médico Veterinário
Leandro de Oliveira Borges
Biólogo
Luiz Alberto Machado Filho
Zootecnista
Woldonei Marques Júnior
Engenheiro Ambiental
Márcia Yurico Hashimoto C. de Sena
Engenheira Agrônoma
Emmanuel Bezerra D’ Alessandro
Acadêmico de Biologia
Guilherme Leite
Acadêmico de Saneamento Ambiental
Lara Diniz Guimarães
Acadêmica de Biologia
Ludmila Gomes Ferreira
Acadêmica de Biologia
Michel Mindlin Rodrigu
Acadêmico de Engenheira Ambiental
Monick Silva Cardoso
Acadêmica de Gestão Ambiental
Pablo Guilherme Alves Silva
Acadêmico de Geografia
Roberto Fernandes da Silva
Acadêmico de Geografia
Silvane de Fátima Aquino Dantas
Acadêmica de Engenharia Ambiental
Sônia de Araújo Lima
Acadêmica de Geoprocessamento
Tainah Silva Narducci
Acadêmica de Engenharia Ambiental
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
Eu te vi crescer Goiânia,
Te vi florescer, flores multicores,
Como uma árvore frutífera,
Abençoada, com quase um milhão de pessoas,
Sendo agasalhada,
Frutos de toda a espécie,
Esta árvore nos dá,
Onde pobres e ricos,
Vem saciar.”
Josefa Queiroz-1991
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
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I - APRESENTAÇÃO
A iniciativa deste trabalho representa o resultado de um processo de construção
coletiva, que envolve a participação de diversas pessoas que contribuíram por suas
posições, ações e projetos na requalificação, preservação e conservação do meio
ambiente construído e natural do Bosque dos Buritis.
A gravidade dos problemas identificados, o interesse dos participantes e as valiosas contribuições apresentadas justificam a participação da proposta de Requalificação do Bosque dos Buritis no PRÊMIO CREA 2008, na Modalidade Urbanismo, por permitir a identificação de valores arquitetônicos, urbanístico-paisagístico e ambientais,
que contribuem para a melhoria da qualidade de vida e de comportamento que servirão
de exemplos para nortear outras iniciativas em defesa dos espaços públicos, das áreas
verdes e unidades de conservação da cidade de Goiânia.
No decorrer das atividades do grupo técnico de trabalho, diversas pessoas foram agregadas, trazendo informações, experiências e visões específicas sobre o Bosque dos Buritis. Diante de aspectos físicos peculiares que caracterizam a área de intervenção uma série de dificuldades foi surgindo com o avanço das obras, o que terminou
influindo na adequação de alguns pontos específicos do projeto inicial e na busca de
instrumentos apropriados para as novas tomadas de decisões e soluções técnicas de
engenharia para situações emergenciais.
A socialização das informações aqui disponíveis é um poderoso instrumento de
conscientização e de gestão ambiental, possibilitando a sensibilização e uma visão do
Projeto de Requalificação do Bosque dos Buritis como um todo, para educadores, profissionais, pesquisadores, técnicos de órgãos governamentais, militantes de organizações não-governamentais, ambientalistas, usuários do Bosque, moradores da cidade
ou de outras localidades, enfim, parafraseando Fernando de Oliveira Fonseca (2001),
para “todos os que têm o direito ou o feliz dever de preservar e conservar esse valioso
patrimônio”.
II – INTRODUÇÃO
Vivemos um momento singular para a preservação das áreas verdes e unidades
de conservação no conjunto da cidade de Goiânia. A apreensão dessa singularidade
exige uma abordagem múltipla, contemplando um mosaico de informações, percepções e inferências que, no conjunto, possibilitará a captura do momento presente do
Bosque dos Buritis e permitirá, no futuro, um olhar pela preservação desta importante
unidade de conservação.
O primeiro enfoque que se apresenta remete ao viés histórico-ambiental da cidade. Um breve relato e observações sobre a evolução urbana da cidade, histórico preliminar da concepção do Plano de Urbanização de Goiânia, de 1933-38, que, em primeira aproximação, fez a escolha do sítio para implantação do grande empreendimento da
capital do Estado de Goiás. No início do século XX, nos anos de 1930, Getúlio Vargas
estabeleceu critérios para os estudos definitivos da escolha do sítio da nova Capital do
Estado de Goiás. O interventor Pedro Ludovico, argumentava de forma entusiasmada
sobre a conveniência da instalação de uma cidade na localidade de Campinas, cidade
do interior goiano. Ao arquiteto urbanista Attílio Corrêa Lima coube a tarefa de criação
de uma cidade moderna e planejada, destacando-se como parâmetro a população
base de 50.000 habitantes e as preocupações de viabilidade ambiental do empreendimento.
Deu-se início à saga da construção da cidade. Num primeiro momento, a perspectiva histórica é abordada, onde são narrados os acontecimentos iniciais do surgi-
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PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
mento do Bosque dos Buritis, da ocupação de sua área e de Goiânia. Num segundo
momento, tem-se um sentido de continuidade dos processos de demarcações, diferenciações e zoneamento territorial e de suas conseqüências. Dessa forma, o Bosque
dos Buritis destaca-se como importante indicador ambiental da cidade.
A implantação de estruturas urbanas, irreversivelmente, afeta a biota da região
em que se localizam, seja pela ocupação das cidades em si, com todos os equipamentos urbanos necessários, seja pelos usos, resultando, em todos os casos, na retirada
da cobertura vegetal. Verifica-se, portanto, que o Bosque dos Buritis hoje apresenta
uma redução aproximadamente de 70% da sua cobertura vegetal original. É notória a
necessidade de conter o processo de desmatamento e as ocupações territoriais indiscriminadas. Para isso exige ações imediatas para a reversão da tendência de diminuição da cobertura vegetal, especialmente as matas, por estarem intrinsecamente associadas à proteção das nascentes e córregos.
É preocupante a pressão das ocupações urbanas sobre as unidades de conservação e seu entorno que, em algumas situações, poderão inviabilizar a implantação
dos corredores ecológicos, imprescindíveis também para a fauna da bacia. Sob o olhar
técnico define-se o programa de estudo, o foco necessário que permite objetividade
com relação à observação dos problemas e potencialidades que caracterizam e relevam aspectos importantes para definir os temas prioritários a serem trabalhados com o
fim de proteger ecologicamente a cidade e, portanto, o Bosque dos Buritis. Estudos
realizados com a Universidade Federal de Goiás e Universidade Católica de Goiás e
dados constantes no Plano de Manejo do Bosque dos Buritis elaborado pela AMMA Agência Municipal do Meio Ambiente da Prefeitura de Goiânia, que tratam do meio
físico, fazem uma completa radiografia da área objeto de intervenção, destacam a vulnerabilidade, a contaminação das águas e também, quanto ao potencial das nascentes e dos recursos hídricos, a origem primeira dos afluentes formadores dos lagos do
Bosque dos Buritis.
É surpreendente contemplar a presença e a diversidade da flora e da fauna tão
próximas do Centro Urbano de Goiânia. Em sendo assim, preservar Goiânia e esta
unidade de conservação, cuidando das nascentes do Córrego Buritis e do que restou
das suas reservas verdes, passa a ser rigorosamente a mesma coisa.
III – A CIDADE E O LUGAR
No projeto de urbanização do núcleo inicial da cidade de Goiânia (1933-1935)
Attílio Corrêa Lima tira partido da paisagem natural existente e enfatiza a importância
de se definir e estabelecer as reservas de áreas verdes que se constituem em essenciais reservas de oxigênio dentro da cidade.
Os cursos d’água faziam parte de composição das áreas livres projetadas, sendo elementos de destaque nas considerações do arquiteto urbanista, que procurava
proteger de um modo eficaz a pureza da água que deveria abastecer a cidade. Ele
antevê que “O Buritizal, localizado na extremidade da Rua 26”, seria transformado em
pequeno parque. Para isso seria necessário drená-lo convenientemente, conduzindo
as águas para o talvegue, em canal descoberto, ressaltando a importância deste para
os efeitos de pequenos lagos decorativos. Este parque denominado dos Buritis se estenderia por faixas ao longo do talvegue com 50 metros para cada lado deste, no mínimo, formando o que os americanos denominam de “Park-way”.
Attílio procurou dotar a cidade com o máximo possível de espaços livres, tendo
levado em consideração alguns sítios beneficiados pela natureza, que foram preservados para servir de parques ou jardins, representando estes 34,6% do total da área
projetada destinada ao núcleo inicial, sendo que a relação aconselhável pela prática
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
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era de 25%. A relação de espaços livres com a função higienizadora e recreativa corresponde a 14%, nos quais esta inserida a área destinada ao Parque dos Buritis, significava uma proporção de 308 habitantes por hectare de parque e jardim, deixando
Goiânia em condições privilegiadas, se comparada aos grandes centros urbanos em
situação semelhante naquela época como, por exemplo: Detroit (660 hab/ha), Filadélfia (790 hab/ha), Nova York (943 hab/ha), Londres (1.000 hab/ha) e São Paulo (1.075
hab/ha). Acresce-se a favor da cidade, a previsão de arborização de todas as vias
públicas e o ajardinamento das principais avenidas.
Fig. 01 – Esboço da Planta de Urbanização de Goiânia elaborada por
Attílio Corrêa Lima, 1933-1935. Destaque para os cursos d’água, reservas de matas e áreas verdes e Campinas. Fonte: Revista Arquitetura e
Urbanismo (1937) citado por MANSO (2001, p. 89).
Verifica-se que as alterações sugeridas por Armando Augusto de Godoy na proposta de Attílio para Goiânia, em nada modificam a importância e a preocupação de
preservar as matas e ainda ressalta que nada poderia justificar o dispor das matas para
outros fins que não os previstos. Preocupou-se naquele momento em estabelecer as
áreas de reserva visando anteceder questões como a salubridade da população e colocava Goiânia entre as principais cidades em qualidade de vida e maior número de
metros quadrados de áreas verdes por habitante.
O Bosque dos Buritis, área que pertencia à fazenda Botafogo, denominada no
Plano Original da Cidade como Parque dos Buritis, foi destinado, no Decreto Lei Nº
90A, de 30/07/1938 – onde foram aprovados os Setores Norte, Central, Sul e Oeste e a
cidade satélite de Campinas – como um espaço livre, inalienável, não podendo alterar
o seu uso de lazer e preservação ambiental e destinação original de Parque Ecológico.
Com a implantação da cidade de Goiânia, o uso não foi alterado, mas sua área sofreu
perdas qualitativas desde o início de sua ocupação territorial e também ao longo do seu
processo de crescimento e metropolização.
A partir da modificação do artigo 6.2.1.0 da Lei nº 575, de 1947, o espaço urbano
de Goiânia foi ocupado por uma avalanche de loteamentos em torno de seu plano
original. A reserva de área verde do Parque dos Buritis, como era chamado, ainda
existia, mas com o seu verde e as nascentes do córrego dos Buritis comprometidos com a ocupação indiscriminada.
Fig. 02 – Planta Geral do Setor Sul do Plano de
Urbanização de Goiânia modificado pelo Escritório Coimbra Bueno, 1938. No detalhe planta
parcial do Setor Central e Sul, limites do Parque Buritis e área prevista para o Setor Oeste.
Fonte: ALVARES (1930), citado por MANSO
(2001, p. 225).
30
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
Atualmente a área do Bosque dos Buritis é de aproximadamente 124.800,00 m²,
incluindo os edifícios da Assembléia Legislativa, do Museu de Arte de Goiânia e do
Centro Livre de Artes da Prefeitura. Seus lagos são alimentados pelo Córrego Buritis,
afluente do Córrego Capim Puba. As nascentes, catalogadas até o presente, concentram-se na região dos Clubes de Engenharia e dos Oficiais (Setor Marista), nos porões
do Tribunal de Justiça (Setor Oeste) e dentro do próprio Bosque. Estas nascentes são
canalizadas até os lagos existentes dentro deste complexo ecológico, sendo um desativado e dois ativados e subdivididos. A partir daí a canalização continua e é despejada
no Córrego Capim Puba. No lago desativado há um afloramento de lençol freático e
alguma quantidade de água retida neste local.
Fig. 03 – Esboço Planta Geral de Orientação do Núcleo Inicial de Goiânia: Setor Central e Norte, a área
destinada ao Parque dos Buritis, a pista de pouso, o
cinturão verde e o traçado de Campinas de acordo
com a proposta inicial de Attílio Corrêa Lima. Destaque para o novo traçado do Setor Sul e as alterações sugeridas por Armando Augusto de Godoy,
1938. Fonte: Revista Municipal de Engenharia. Rio
de Janeiro: Secretaria e Obras Públicas, nº 4, julho,
1938. Desenho do Escritório Coimbra Bueno, citado
em MANSO (2001, p. 228).
Na década de 60, iniciou-se a organização e as benfeitorias na área do Bosque
com resgate do que restou, retirada de invasores e criação de recantos e espaços de
permanência para atender as atividades recreativas e o lazer passivo e ativo.
Fig. 04 – Esboço dos limites da área original reservada ao Bosque dos Buritis (1937) e da área atual.
Fonte: JÚNIOR (1996, p. 50).
A lei nº 7.653, de 19/06/73, ao transferir para o patrimônio do Município de Goiânia, os bens de uso comum do povo, veio reafirmar os mandamentos ditados pelo
Decreto Lei nº 58/37, e Decreto Lei de nº 271/67, que estabelecem a transferência para
o domínio público municipal das vias e espaços livres, constantes do plano de loteamento. A partir desta década houveram iniciativas no sentido de ocupar determinadas
áreas dentro do Bosque, para outros fins. Tais iniciativas resultaram nas seguintes
construções: Assembléia Legislativa em 1962, que foi ampliada em 1979, com a construção de um novo pavilhão, provocando a derrubada de dezenas de árvores e em
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
31
2003, com a construção de outro pavilhão, com dois pavimentos; Hospital dos Funcionários da Prefeitura, que na década de 1980 recebeu uma reforma, adequando o seu
uso para o Museu de Arte e Centro Livre de Artes, recentemente reformado (20032004); CAIXEGO em 1982, demolida em 1992, atendendo as solicitações do movimento ambientalista/APBB, de recuperação da área; e o Monumento à Paz, em 1988, por
iniciativa da Comunidade Bahá’í.
Fig. 05 - Situação do Bosque em 2003. Vista parcial Setor Central e Setor Oeste. Crédito imagem: RODRIGUES, 2001. Fonte: Prefeitura Municipal de Goiânia, SEPLAN.
Fig. 06 – Limites área do Bosque dos Buritis com Setor Central
e Setor Oeste, 1961. Fonte: Prefeitura Municipal de Goiânia,
SEPLAM.
Na década de 90 foram executadas algumas obras no bosque, melhorando assim a qualidade da área, sendo feita a lanchonete, os caminhos de concreto, a reforma
do alambrado do perímetro do bosque, os meios-fios, o tanque de dissipação de energia das águas, que saem do lago da Assembléia Legislativa para as galerias pluviais e
a instalação da fonte. No ano de 2000, houve outra intervenção na infra-estrutura do
bosque, onde o calçamento externo foi substituído e a pista de caminhada foi ampliada
para três metros.
Ainda nesta década, o poder público em parceria com entidade protetora do Bosque dos Buritis – APBB, propõe intervenções físico-ambientais para melhoria da área:
entre os anos de 1990-1992 foram executadas obras de recuperação da nascente do
Córrego Buritis que resultaram na construção do conjunto de lagos e canal, incluindo
passarela de circulação dos lagos, lanchonete, bancos, meio-fios e reforma do alambrado; entre os anos de 1992-1996 foi desenvolvida uma ação integrada entre a Prefeitura - SEMMA, APBB e o Ministério do Meio Ambiente, que visava o reflorestamento
das matas do Bosque dos Buritis e esclarecer ao usuário quanto a sua preservação;
entre os anos de 1996-2000 foi instalada uma fonte com jato de 50m de altura no lago
próximo ao Fórum e realizada a reforma total do calçamento externo (ampliação da
pista, substituição do piso e das luminárias).
Muitos segmentos da sociedade se uniram e lutaram e continuam a lutar, para
não deixar o Bosque dos Buritis morrer. Este trabalho de proteção ao Bosque, desde
2004, conta com instrumentos como SINDUSCON, Associação dos Protetores do Bosque dos Buritis e Ministério Público. Em 2004 - 2005 elaborou-se o Plano de Manejo
que define as diretrizes e o zoneamento ambiental, considerados pelo Projeto de Intervenção do Bosque dos Buritis, elaborado pela equipe técnica da SEMMA em 2005 -
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PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
2006. Este instrumento, colocado em prática, garantirá para as gerações atuais e futuras, a sobrevivência desse patrimônio natural em Goiânia, mostrando à comunidade,
que ainda há tempo para protegermos as águas e o verde de nossa cidade, melhorando a qualidade de vida.
Fig. 07 – Bosque dos Buritis. Ao fundo vista parcial Setor Central e região norte em 2001. Crédito imagem:
RODRIGUES (2001). Fonte: Prefeitura Municipal de Goiânia, SEPLAM.
Em 2007 foi efetivada a implantação do Zoneamento Ambiental proposto pelo
Plano de Manejo e em 2008 foram concluídas as obras previstas no Projeto de Intervenção.
IV - O BOSQUE DOS BURITIS ANTES DA INTERVENÇÃO
O Bosque dos Buritis está inserido em um ambiente totalmente urbanizado e
consolidado. Seu entorno apresenta uma qualidade urbana considerada boa, tanto do
ponto de vista de investimento público e investimentos particulares novos, como da
conservação e da manutenção dos edifícios residências mais antigos. Esse Bosque,
que sobreviveu a tantas invasões e interferências antrópicas, é um dos elementos existentes a favor da qualidade ambiental para a vida humana urbana e conta com um
instrumentos importante na sua preservação - o Plano de Manejo para o Bosque dos
Buritis, elaborado pela Agência Municipal do Meio Ambiente - AMMA, então, Secretaria
Municipal do Meio Ambiente, no ano de 2005.
O Córrego Buritis tem suas nascentes localizadas na região dos Clubes de Engenharia e dos Oficiais (Setor Marista), no subsolo do Tribunal de Justiça (Setor Oeste)
e dentro do próprio Bosque. Os recursos hídricos oriundos destas nascentes são canalizados de forma precária. Existem desvios e vazamentos em vários momentos do
percurso com perdas consideráveis antes de chegar até aos lagos existentes dentro do
Bosque dos Buritis. A água de várias nascentes que ali chegam, deixa o Bosque e
segue ao lado do prédio da Assembleia Legislativa, atravessa a Alameda dos Buritis, o
Jóquei Clube, o Palácio do Comércio na Av. Anhanguera, Hospital São Lucas, Santa
Casa, em linha atravessa todo o Setor Aeroporto até desaguar no Capim Puba, próximo ao aterro da estrada de ferro, no Setor Norte Ferroviário. Três lagos ornamentais
foram construídos nas décadas de 80 e 90. O Córrego Buritis vem sofrendo com a
ação antrópica, recebendo esgotos clandestinos que são lançados em suas águas.
Um afloramento de lençol freático no lago desativado e uma nascente próxima ao lago
da parte inferior do Bosque são pontos preocupantes dentro deste cenário que mereceram atenção especial. Em suas origens o solo do Bosque dos Buritis era todo revestido de mata. Predominava um solo argilo-arenoso, rico em matéria orgânica (terra
preta). Outros dois tipos de solo eram observados: latossolos vermelho escuro distrófi-
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
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cos A moderado com textura variando de argilosa a muito argilosa e relevo plano; latossolos vermelho escuro distróficos A moderado com textura argilosa com relevo suave
ondulado. Atualmente encontra-se descaracterizado pela introdução de material alienígena, através da ação das enxurradas e em virtude do antropismo que ocorreu com
muita intensidade no decorrer dos anos.
A vegetação nativa do Bosque dos Buritis é caracterizada como Floresta Estacional Semidecidual de Cerrado e na década de 30 era formada por buritizais e veredas,
ocorrendo onde o solo é permanentemente brejoso. No Brasil o termo “vereda” é utilizado para todos os tipos de vegetação que ocorrem no fundo de vale: o brejo estacional, o brejo permanente e a faixa de buritis. Ao longo dos anos, desde sua criação, o
Bosque dos Buritis, passou por várias depredações e interferências, comprometendo
mais ainda a vegetação existente, tendo hoje uma preservação de apenas 30% do
ambiente natural original. O restante da vegetação foi substituído por espécies exóticas ao bioma. Na década de 70 o Bosque possuía uma vegetação representativa,
apesar das intervenções e usos que foram ocorrendo, composta em parte por espécies
caducifólias (semidecidual) e adaptadas ao clima sazonal (estacional), quais sejam:
Scheflera macrocarpa Aubl. (mandiocão), Apuleia leiocarpa Maebr. (garapa), Hymenaea stilbocarpa Lee et Lang. (jatobá), Anadenanthera peregrina Benth. (boldo), Callisthne microphylla Warm. (joão farinha), Copaifera langsdorffi Desf. (pau-d’óleo), dentre
outras e nas áreas mais úmidas verificou-se ainda a Mauritia vinifera mart (buriti). Durante o processo de implantação do Bosque dos Buritis foram realizados vários plantios, tanto de espécies nativas quanto exóticas. Atualmente a vegetação ainda encontrase bastante antropizada, mas dentro de um planejamento paisagístico algumas ações
como de recomposição florística, cercamento da mata foram efetivadas para evitar a
abertura indiscriminada de trilhas e usos incompatíveis com a área verde.
Os animais que compõem a fauna tiveram que se adequar às modificações impostas pelo homem, alternando seus hábitos de vida para sua sobrevivência, adaptando-se aos diversos tipos de vegetação encontradas no cerrado. O Bosque é utilizado
como abrigo e/ou refúgio para alguns animais, e foram registradas quarenta e sete (47)
espécies, representando 5,62% das espécies catalogadas para o bioma sendo destacados: Chloroceryle americana (martim-pescador-grande), Butorides striatus (socozinho), Nystalus chacuru (joão-bobo), Columbina minuta (rolinha), Furnarius rufus (joãode-barro), Turdus leucomelas (sabiá-do-campo), e outros.
V – A REQUALIFICAÇÃO DO BOSQUE DOS BURITIS
O Bosque dos Buritis destaca-se com um dos espaços livres priorizados no traçado original do Plano Urbanístico de Goiânia. É, portanto, uma área histórica, que traz
em si as marcas de sua origem. Sua paisagem modificada com as intervenções ocorridas traz em suas linhas e formas, maciços verdes e líquidos aquosos formando lagos e
canais, assim como, uma linguagem, carregada de memória, signos e que fala aos
seus usuários e habitantes de Goiânia (BARTHES, 2001; FERRARA, 1997).
Para o seu real e completo aproveitamento em atividades voltadas ao lazer ativo
e contemplativo e às atividades culturais, foram maximizados os usos dos diferentes
equipamentos existentes e da paisagem, tendo como base o Plano de Manejo3. Este
instrumento de planejamento e gestão tem por objetivos promover a recuperação da
área verde, preservar as nascentes do Córrego Buritis, recuperar e conservar o ambi-
3
Plano de Manejo Bosque dos Buritis/Goiânia/2005. Elaborado pelos técnicos da Secretaria Municipal do
Meio Ambiente, Prefeitura Municipal de Goiânia em parceria com Sinduscon, Associação dos Protetores
do Bosque e Ministério Público.
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PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
ente do Bosque, desenvolver programas interativos e interpretativos para melhor apreciar e compreender o ecossistema protegido no Bosque e os valores culturais envolvidos.
Segundo Souza (2003), o ato de planejar sempre remete ao futuro, significando
um olhar de prevenção a evolução de um fenômeno “que necessita ser referenciado
por uma reflexão previa sobre os desdobramentos do quadro atual” (p. 47), comprometida com “um pensamento socialmente crítico” (p. 56). Em outras palavras, devemos
considerar o objeto de intervenção, independente de sua escala, à luz das suas diversas dimensões: econômica, política, cultural, social, funcional, estética e ambiental.
E, em se tratando de espaços públicos, sejam eles parques, praças, áreas livres
verdes, Oliveira (2003, p. 102), observa que este entendimento perpassa pela compreensão de sua organização espacial e paisagística, a partir da relação de seus quatros
aspectos constituintes - projeto, obra, localização e uso, que nunca devem estar dissociados do contexto urbano no qual se insere. Macedo (1999, p.13), ainda acrescenta
que este ato de planejamento específico é resultado de uma ação programada encomendada a um autor ou um grupo de autores, que vem com programa normalmente
estabelecido e custo determinado, tornando a elaboração do projeto, que deve atender
aos anseios da comunidade do bairro onde será implantado, um desafio maior ao arquiteto e demais técnicos.
Corroborando, Burle Marx (1986) ressalta que todo planejamento é em função
do homem. Para ele, o espaço, quando visto em conjunto, sugere um constante fluir
entre as possibilidades de uso coletivo e particular. Em face das crescentes devastações da natureza, tornou-se uma necessidade trabalhar a paisagem sem agressão. Se
os ambientes naturais sofreram muitas intervenções no decorrer dos anos, a proposta
é de minimizar os impactos, destacando a riqueza natural que foi preservada até os
dias atuais.
Com essa compreensão e tomando por base a visão de cidade exposta por Bresciani (1994) e Carlos (2001), para quem a cidade é composta de fragmentos de diferentes temporalidades e que o reconhecimento destas, passa pela morfologia urbana,
compreendida em seus dois tempos: o do reconhecimento da vida (uso e apropriação)
e das práticas urbanas (intervenções na reprodução e produção do espaço) buscou-se
perceber permanências e transformações no Bosque dos Buritis, de forma a vencer o
desafio que o desenho de seu futuro projeto impunha.
A estratégia adotada foi a de reaver este espaço urbano de elevada qualidade,
salvaguardando os aspectos originais do local e integrando as mais diversas atividades ali desenvolvidas como forma de obter uma vivência equilibrada e integradas ao
meio ambiente. Todas as melhorias foram ao encontro da valorização do local. Sua
paisagem feita de árvores, água e elementos construídos passaria por mais uma intervenção – a de formar, suavizar e integrar todos esses elementos e deixar mais visível o
natural, considerando sempre que há entre a vida orgânica e a construção, pontos de
contato de inegável valor histórico.
A proposta de intervenção do Bosque dos Buritis constituiu, assim, a oportunidade de requalificação arquitetônica e adequações ambientais, para o que contribuem as
ações de revalorizar a relação do parque com a cidade, recuperar o ambiente e a
paisagem, reconverter o uso em pontos estratégicos, assegurar a integração desta
área verde no tecido da cidade e a sua identidade, tendo como resultados finais a
captação da água das nascentes do Córrego Buritis, a renovação da água dos lagos, a
recomposição florística e paisagística, a reforma dos caminhos internos, da pista de
caminhada, das trilhas interpretativas, dos equipamentos de convivência e de serviços,
associada à preservação desta Unidade de Conservação e à melhoria da qualidade de
vida. As diretrizes gerais da proposta de intervenção foram:
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
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Aplicação da legislação proposta em julho de 1992 quando o Bosque da Avenida dos Buritis
e os mananciais das nascentes do Córrego dos Buritis foram considerados como Área de
Proteção Ambiental (APA), previsto na Lei Municipal nº 7.091;
Preservação do Córrego Buritis com a recuperação florística com espécies nativas;
Recuperação e conservação do ambiente natural, dos espaços de lazer ativo e de permanência;
Compatibilização de relações harmônicas e adequadas do Parque com os usos e ocupações do entorno;
Implantação do projeto de sinalização interativa do Bosque dos Buritis como facilitador para
promoção de programas de educação ambiental na sensibilização da comunidade local;
Qualificar os espaços e serviços prestados à comunidade com a implantação do orquidário,
identificação dos ambulantes-permissionários; reestruturação dos quiosques, sanitários e
lanchonete, administração e segurança do parque.
Utilização de materiais que não impermeabilizem o solo e tornar o parque acessível a todos
observando as normas de mobilidade e acessibilidade urbana.
VI – (RE) VIVENDO O BOSQUE DOS BURITIS
A vocação do lugar e a permeabilidade desta importante área de recarga de lençol
freático foram recuperadas. A vegetação da mata de galeria característica de áreas úmidas e brejosas foi resgatada com a recomposição florística e paisagística. Em consideração a estas características naturais do Bosque dos Buritis, onde o elemento água é
preponderante, foi recuperada a fonte luminosa contemplativa de extraordinária beleza
plástica com efeito ornamental moderno em água de forte impacto visual, que certamente valorizara ainda mais os lagos existentes que se destacam como ícones na paisagem
urbana de Goiânia.
As premissas que orientaram a elaboração do projeto de intervenção do Bosque
dos Buritis foram as de obter uma ocupação racional do uso do solo que representasse
economia do ponto de vista de implantação e maior permeabilidade, bem como promover a qualidade da saúde pública e do meio ambiente. Para isso, todas as ações buscaram preservar e melhorar os aspectos originais deste local reconhecido como bem
patrimonial de excepcional valor urbanístico e paisagístico para a cidade de Goiânia.
Manejo e Zoneamento Ambiental Bosque dos Buritis
Programa de Manejo do
Bosque dos Buritis
Meio Ambiente
Uso Público
Manejo de
Flora
Recreação
Manejo de
Fauna
Pesquisa e
Monitoramento
Sub -programa de
água
Operações
Proteção
Educação
Ambiental
Administração
Turismo
Manutenção
Relações
Públicas
Integração com o
Entorno
(Associação)
Cooperação
Interinstitucional
Público/Privado
Fig. 08 - Fluxograma 1: Programa de Manejo do Bosque dos Buritis. AMMA, 2007
Fonte: SEPLAN e RODRIGUES, 2001
36
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
As intervenções previstas serão realizadas nas seguintes zonas de uso:
a) Zona de Preservação Integral e Zona de Uso Intensivo:
É constituída pelas áreas naturais ou alteradas pela atividade humana. Contém
paisagens únicas, recursos que possam servir às atividades recreacionais, relativamente concentradas, com facilidades de trânsito e de assistência ao público. O ambiente é mantido o mais natural possível. (SEMMA, 2005. p. 105).
Fig. 09 – Zona de Preservação Integral. Bosque dos
Buritis. AMMA, 2005.
Fonte: SEPLAN e RODRIGUES, 2001
A vegetação local foi preservada. A recomposição florística prevista para uma
significativa área da Zona de Preservação Integral e para pontos estratégicos da Zona
de Uso Intensivo, incluindo o manejo cuidadoso de espécies existentes e retiradas das
espécies que ameaçam as espécies nativas, permitiu resgatar a flora e fauna, favorecendo o retorno e abrigo dos animais silvestres. As áreas de mata e brejos onde se
localizam as árvores de grande porte e várias espécies remanescentes foram preservadas e integradas aos equipamentos do Bosque dos Buritis. Os espaços construídos
(novos e existentes) foram organizados, mantendo as árvores, sem a necessidade de
qualquer derrubada.
Fig. 10 – Zona de Uso Intensivo. Bosque dos Buritis.
AMMA, 2005.
Fonte: SEPLAN e RODRIGUES, 2001
O projeto luminotécnico desta unidade de conservação emblemática para a cidade de Goiânia foi elaborado com o objetivo de valorizar os espaços, destacar seus
detalhes construtivos, a volumetria e massa verde dos elementos naturais, despertar
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
37
um olhar para a paisagem noturna, utilizando o conceito ribalta com um resultado de
iluminação de focalização contínua, e proporcionar maior segurança para os usuários
do Bosque dos Buritis. Toda a fiação elétrica interna foi substituída. O principal diferencial da iluminação proposta é facilitar a manutenção periódica e minimizar o impacto e
a interferência visual. É a tentativa de se criar um ambiente convidativo e aconchegante, de forma a incutir alma renovada a esta Unidade de Conservação.
Os espaços existentes destinados aos equipamentos de convivência, recreação
e serviços de referência são: recantos, lagos, cascata, fonte ornamental, brejo, Praça
Monumento à Paz, anfiteatro, Museu de Artes de Goiânia, Centro Livre de Artes, estacionamento, administração e Guarda Municipal, parque infantil, estação de ginástica,
caminhos internos, e pista de caminhada (calçada externa).
O pórtico do acesso principal, a murada e os portões dos acessos secundários
receberam tratamento diferenciado com colunas de alvenaria aparente, com detalhes
em tubo de aço e uma pérgula metálica com luminoso de identificação, personificando
o acesso principal.
Fig. 11 e 12 – Pórtico do acesso principal. Vistas diurna e noturna. Destaque para lago da fonte com o jato
d’água com mais de 50 metros de altura. Crédito imagens: Mauro Junio, (2008). Fonte: AMMA/DIRUC/
GEARQ.
A pista de caminhada recebeu nova paginação de piso em frente aos portões de
acesso ao Bosque dos Buritis. Rampas de acesso com rebaixamento do meio-fio foram recuperadas e /ou instaladas seguindo as normas técnicas da NBR 9050 de mobilidade e acessibilidade urbana. O alambrado de fechamento externo existente foi substituído por um novo. Toda a parte danificada do piso foi reformada e a demarcação da
pista de caminhada foi executada.
Fig. 13 e 14 – Portão de acesso secundário e murada. Na paisagem ao lado observa-se o Lago da Fonte, Monumento à Paz e remanescente de mata dando colorido especial. Crédito imagens: Mauro Junio,
(2008). Fonte: AMMA/DIRUC/GEARQ.
38
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
ANTES
DEPOIS
Fig. 15 e 16 – Alambrado de fechamento em
estado de conservação precário antes da intervenção. Os módulos foram substituídos em sua
totalidade por um fechamento que permite maior fluidez visual entre a calçada pública e a mata
localizada na zona de preservação e de uso restrito. Crédito imagens: Fernando Sales (2007) e Mauro Junio
(2008). Fonte: AMMA/DIRUC/GEARQ
Internamente preocupou–se em proteger a mata de galeria com um novo cercamento em toras de eucalipto roliças lixadas e tratadas e arame liso. Foram instalados
portões em pontos estratégicos para a manutenção, manejo das espécies nativas e
acesso estrito às trilhas interpretativas e aos animais. As trilhas desativadas foram
adequadas para plantio de espécies nativas de acordo com o projeto específico de
recomposição florística.
ANTES
DEPOIS
Fig. 17 e 18 – O piso da calçada pública e pista de caminhada da Rua 1 (Setor Oeste). Recuperação nos
pontos críticos, favorecendo a mobilidade e maior segurança ao usuário. Paginação de piso com borda de
acabamento nova e faixa verde para valorizar a murada e ampliar o espaço destinado à caminhada. As
distâncias percorridas foram remarcadas em toda extensão do circuito de caminhada. Crédito imagens:
Fernando Sales (2007) e Mauro Junio (2008). Fonte: AMMA/DIRUC/GEARQ
A adequação ambiental desta Zona de Uso Intensivo foi contemplada ainda com
as seguintes intervenções: demolição da antiga estação de tratamento de água (ETA),
onde foram implantados os espaços verdes com estar e mirante; a criação de três
praças de alimentação e um orquidário; a substituição e instalação de novas lixeiras,
bancos, telefones públicos; e a recomposição florística e paisagística; substituição
do piso dos caminhos internos por blocos intertravados torna a área do Bosque mais
permeável; eliminação de rampas e escadas inadequadas torna o caminhar mais
seguro e facilita o acesso aos espaços de convivência, recreação e ao Centro de
Visitante (recantos, lagos, espaço alternativo, mirante, parque infantil, trilhas interativas, estações de ginástica, Monumento à Paz e aos espaços de serviços CAT - Centro
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
39
de Apoio ao Turista, lanchonete, administração do Parque, guarda Municipal, praças
de alimentação, MAG - Museu de Artes de Goiânia, Centro Livre de Artes, APBB Associação dos Protetores do Bosque dos Buritis, espaço de exposição e eventos,
estacionamento).
ANTES
DEPOIS
Fig. 19 e 20 – Caminhos internos ladeando o circuito das águas, canal com enrocamento e cascatas em
pedra marroada. Piso intertravado com borda sonora de alerta de perigo e faixa verde com guia de concreto.
Cercamento da mata de galeria em toras lixadas e tratadas de eucaliptos com arame roliço. Crédito imagens: Fernando Sales (2007) e Mauro Junio (2008). Fonte: AMMA/DIRUC/GEARQ
DEPOIS
ANTES
Fig. 21 e 22 – Monumento
à Paz recebe piso permeável e valorização paisagística. Crédito das imagens:
Fernando Salles (2006) e
Mauro Junio (2008). Fonte:
AMMA/DIRUC/GEARQ
ANTES
DEPOIS
Fig. 23 e 24 – Recanto da Trilha: Destaque para banco e mesas com banquetas. Crédito imagens: Fernando
Salles (2005) e Mauro Junio (2008). Fonte: AMMA/DIRUC/GEARQ
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PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
Fig. 25 e 26 – Caminhos internos e bordas do Lago das Ilhas com faixa sonora de alerta. Destaque para
placas de comunicação visual e postes de iluminação. Crédito das imagens: Fernando Salles (2005) e
Mauro Junio (2008). Fonte: AMMA/DIRUC/GEARQ.
ANTES
DEPOIS
Fig. 27 e 28 - Bloco do anexo adaptado para atividades de apoio ao visitante. Crédito das imagens: Fernando Salles (2006) e Mauro Junio (2008). Fonte: AMMA/DIRUC/GEARQ.
Fig. 29 e 30 – Arquibancada recebe tratamento especial com adaptação de corrimão, guarda corpo e espaço
para cadeirante. O piso do teatro de arena foi substituído. Crédito das imagens: Fernando Salles (2005) e
Mauro Junio (2008). Fonte: AMMA/DIRUC/GEARQ.
Fig. 31 e 32 - Estação de ginástica ampliada e integrada à mata existente. Crédito das imagens: Fernando
Salles (2006) e Mauro Junio (2008). Fonte: AMMA/DIRUC/GEARQ.
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
41
ANTES
DEPOIS
Fig. 33 e 34 – Apropriação dos espaços livres. Atividades promovidas pela Associação dos Orquidófilos de
Goiás. Vista parcial das instalações do orquidário e centro de visitante. Crédito das imagens: Mauro Junio
(2008). Fonte: AMMA/DIRUC/GEARQ.
A reforma e ampliação do Parque Infantil compreendem uma área entre a mata
de galeria próxima da Alameda dos Buritis e o Lago das Ilhas. O acesso principal aos
brinquedos é por um único portão e todo o perímetro do parque infantil foi fechado com
cercamento de madeira, canteiros e espécies de vegetação adequada ao local, mantendo a concepção original do parque. Foram instalados brinquedos em toras de eucalipto roliço para atender crianças de 2 a 12 anos de idade.
DEPOIS
Fig. 35 e 36 – Parque Infantil. Crédito das imagens: Mauro Junio (2008). Fonte: AMMA/DIRUC/GEARQ.
Adequação arquitetônica foi realizada com a construção de duas plataformas, uma
localizada em frente ao Lago da Trilha e a outra em frente ao Parque Infantil, para instalação de quiosques fixos e carrinhos dos ambulantes, que trabalhavam prestando serviços aos usuários do Bosque dos Buritis. Estares de convivência e permanência, equipados com bancos e mesas com banquetas, foram integrados aos espaços dos quiosques,
configurando assim as praças de alimentação com características peculiares.
DEPOIS
DEPOIS
DEPOIS
Fig. 37, 38 e 39 – Apropriação dos espaços das praças de alimentação e vista de equipamentos: quiosque,
banco reformado, mesas com banquetas e orelhões. Crédito das imagens: Mauro Junio (2008). Fonte:
AMMA/DIRUC/GEARQ
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PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
As rampas e escadas foram pensadas para atender as exigências de mobilidade
e acessibilidade urbana. De acordo com o Decreto 5.296/2004 - Art. 11, projetos de
arquitetura/reformas ou ampliação de edificações de uso público ou coletivo deverão
ser executados de forma que sejam ou se tornem acessíveis à pessoa portadora de
deficiência ou com mobilidade reduzida. As rampas, escadas e os caminhos internos
do Bosque dos Buritis receberam tratamento especial no sentido de tornarem acessíveis à pessoa portadora de necessidades especiais.
Fig. 40, 41 e 42 – Caminho interno, borda do Lago das Ilhas e escada de acesso ao Lago da Fonte. Crédito
das imagens: Mauro Junio (2008). Fonte: AMMA/DIRUC/GEARQ
O projeto de arquitetura e paisagismo do Bosque dos Buritis adotou os parâmetros antropométricos da NBR 9050/2004 para propor os contemplados nas seguintes
intervenções: rebaixamento de calçadas, anteparos e guarda-corpo na arquibancada
do Teatro de Arena, vaga especial no estacionamento, sanitários públicos adaptados
para atender os portadores de necessidades especiais, instalação de corrimão e guarda-corpo nas escadas e rampas, e deslocamento em linha reta com largura maior ou
igual a 1,50 m nos caminhos internos. Os símbolos internacionais de acesso foram
contemplados no projeto de sinalização do Bosque dos Buritis.
Fig. 43 e 44 – Placas
interativas de comunicação visual com informações sobre a fauna,
flora e lagos. Crédito
das imagens: Mauro
Junio (2008). Fonte:
AMMA/DIRUC/GEARQ
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
43
A comunicação visual e a sinalização do Bosque dos Buritis foram reformuladas
com a fixação de novas placas (informativas; indicativas; orientação de uso e educativas).
Para a renovação da água dos lagos artificiais do Bosque dos Buritis foram
adotadas soluções alternativas para o reaproveitamento desse líquido imprescindível.
Uma das soluções foi a captação e transporte da água de nascentes localizadas no
Clube de Engenharia, Inmetro, CPRM, Clube dos Oficiais e dos Cabos e Soldados para
o Lago da Fonte (lago1/superior) com adequação da rede para que não ocorra vazamento e sejam controladas algumas ligações clandestinas de esgoto que possam existir.
DEPOIS
DEPOIS
DEPOIS
Fig. 45, 46 e 47 – Bica que renova água do Lago da Fonte e roda d’água que bombeia água para o Lago da
Trilha (próximo a Rua 1) no primeiro plano e ao fundo, belvedere e praça do Monumento à Paz protegido
pelas árvores. A reforma da área destinada aos eventos e exposições foi executada de acordo com o projeto
de paginação de piso considerando as passarelas (pedestres) e jardins existentes. Crédito das imagens:
Mauro Junio (2008). Fonte: AMMA/DIRUC/GEARQ
Fig. 48 – Belvedere instalado na borda do Lago da Fonte foi concebido
para propiciar encontros e permanências para todas as faixas etárias.
Compõe a estrutura do Belvedere um
deck, com piso de madeira, e os dois
guarda-corpos de proteção lateral
executados com toras de eucalipto e
barras metálicas tubulares. Crédito da
imagem: Mauro Junio (2008). Fonte:
AMMA/DIRUC/GEARQ
Foram também objeto da intervenção a reforma, remoção e substituição do mobiliário urbano. Foram instaladas novas lixeiras, bancos novos com encosto e conjunto
de mesas com banquetas. Os bancos de concreto e mesas com banquetas de concreto
existentes foram mantidos e reformados a pedido dos usuários assíduos do Bosque
dos Buritis.
Fig. 49, 50 e 51 – Recanto das Águas, Recanto da Cascata. Recanto da Mata, antiga área de estacionamento próxima à mata e ao Centro Livre de Artes. Crédito das imagens: Mauro Junio (2008). Fonte: AMMA/
DIRUC/GEARQ
44
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
b) Zona de Uso Restrito:
Fig. 52 – Zona de Uso Restrito: Bosque dos Buritis. AMMA, 2005.
Fonte: SEPLAN e RODRIGUES, 2001.
Compreende as áreas necessárias à administração, manutenção e serviços. A
adequação ambiental desta Zona de Uso Restrito prevê intervenções no entorno dos
recantos, lagos, brejos e nas trilhas interpretativas de educação ambiental e a recomposição paisagística nas áreas dos jardins e dos canteiros.
O projeto e os serviços de implantação da recomposição paisagística e florística
foram executados pela AMMA – Agencia Municipal do Meio Ambiente. O piso de chão
batido das trilhas naturais interpretativas (Trilha da Mata - 862,30 m²,
Trilha do Lago - 439,05 m²; Trilha dos Guapuruvus - 453,23 m²); localizadas na
Zona de Uso Restrito foi escarificado, compactado e regularizado.
As dimensões das trilhas foram adequadas ao uso por grupo de visitantes e
estudantes.
DEPOIS
ANTES
Fig. 53, 54 e 55 – Recomposição paisagística e florística. Recuperação das trilhas com tratamento luminotécnico. Crédito das imagens: Fernando Sales (2007) e Mauro Junio (2008). Fonte: AMMA/DIRUC/GEARQ/2008.
c) Zona de Preservação Integral
Essa zona consiste de áreas naturais, onde a intervenção humana tenha sido
pequena ou mínima. Pode conter ecossistemas únicos, com espécies da flora, fauna,
ou até fenômenos naturais de grande valor cientifico que podem tolerar ocasionalmente o uso limitado do público (SEMMA, 2005). Compreende a mata, com uma extensão
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
45
aproximada de 46.438,81m², incluindo os lagos e as nascentes do Córrego Buriti. Essa
Zona de Preservação Integral limita-se com a Zona de Uso Restrito e uma parte da
Zona de Uso Intensivo. A adequação ambiental desta Zona de Preservação Integral foi
realizada com a recomposição florística da mata, as intervenções nas trilhas interpretativas de educação ambiental e o cercamento de proteção da mata.
d) Zona de Recuperação:
Fig. 56, 57 e 58 – Recomposição paisagística e florística. Destaque para os exemplares de Buritis. Recuperação dos caminhos internos e limpeza do Lago das Ilhas. Crédito das imagens: Fernando Sales (2007) e
Mauro Junio (2008). Fonte: AMMA/DIRUC/GEARQ
É uma zona que contém áreas que sofreram considerável alteração humana. É
considerada uma zona provisória, pois, uma vez restaurada será incorporada em uma
das categorias permanentes. (SEMMA, 2005). Deter a degradação dos recursos naturais da área, principalmente flora e solo, e favorecer a recuperação natural da vida
silvestre são os principais objetivos a serem alcançados nesta Zona de Recuperação.
A adequação ambiental desta Zona de Recuperação foi contemplada com a recomposição florística nos trechos das trilhas interpretativas que deixaram de existir e no estacionamento próximo ao Museu de Artes. Esta zona apresenta um grande potencial
para o futuro, pois, com a adequação ambiental concluída, será incorporada à Zona de
Preservação Integral, resultando, assim, na melhoria da permeabilidade do solo que
manterá vivas as nascentes.
As árvores funcionando como um “quebra-luz” amenizam a claridade que incide
sobre as edificações, tornam-se elementos de vedação e de proteção, retomando “a
idéia da arquitetura como” “jogo sábio das luzes e das sombras” (MOTTA, 1986, p.76).
Os lagos, com suas superfícies onduladas pelas fontes e cascatas, “trazem um pouco
do céu para dentro do arvoredo”.
Jardins internos e portão
de acesso Rua 1
Fig. 59, 60 e 61 – Jardim espaço alternativo, vegetação específica para composição do pergolado. Destaque para os Bacuris na marcação do portão da Rua 1 com acesso independente para pedestres e automóveis. Crédito das imagens: Mauro Junio (2008). Fonte: AMMA/DIRUC/GEARQ
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PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
Espaço Alternativo
Orquidário
Fig. 62, 63, 64 e 65 – área do entorno do orquidário foi trabalhada com maciços de arundina, conhecida por
orquídea terrestre, aroeira salsa para sombreamento e vasos com Bambu mosso marcando a entrada.
Canteiros e faixa verde na área do estacionamento. Crédito das imagens: Mauro Junio (2008). Fonte: AMMA/
DIRUC/GEARQ
Fig. 66, 67 e 68 – Caminhos internos de acesso ao espaço alternativo e detalhes canteiros de bromélias com
seixos rolados e pedriscos. Crédito das imagens: Mauro Junio (2008). Fonte: AMMA/DIRUC/GEARQ
Bica d’água e Teatro de Arena
Fig. 69 e 70 – Teatro de Arena, bica e roda d’água. O tratamento paisagístico do Teatro de Arena caracterizou-se mais pela retirada de algumas espécies de palmeiras que conflitavam com as espécies arbóreas
existentes. Crédito das imagens: Mauro Junio (2008). Fonte: AMMA/DIRUC/GEARQ
“E os grandes conjuntos de árvores, de grande porte, formam uma cortina, cuja
transparência permite luminosidade variada e acolhedora. O trabalho da luz unifica e
enche de mistério a paisagem, abrange formas sutis de percepção...” (Motta, 1986,
p.79). A vegetação foi distribuída demarcando as diversas áreas de uso, conduzindo a
vista a objetivos comuns ou criando surpresas aos que a percorrem lentamente, pela
diversificação das perspectivas.
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
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Maciço de quaresmerinhas/maciço linear de
alpínias/guarirobas iluminadas
Fig. 71, 72 e 73 – Revegetação com maciço de Tibouchina stenocarpa e
outras espécies arbóreas nativas para recomposição da mata; maciço linear
de Alpínia purpurata formando uma barreira vegetal de proteção do parque
infantil; plantio de Syagrus oleracea formando uma cortina verde iluminada,
cuja projeção se dá nas águas do lago. Crédito das imagens: Mauro Junio
(2008). Fonte: AMMA/DIRUC/GEARQ
Quando o usuário busca a caminhada, seu olhar percorre a paisagem e os diversos tons de verde, salpicados de cores fortes e vibrantes das flores. O trajeto ganha
ritmo, precisão, interesse e a atenção se voltam para os pormenores do caminho, detendo-se ora numa flor, ora num pássaro, num sorriso de criança ou numa folha seca
que cai acompanhando a fluidez do vento... O encanto dos detalhes quebra a monotonia, valoriza o todo e reaviva a individualidade. Num falar técnico Lúcio Costa afirma
que “um dos preceitos da urbanização moderna é o contraste entre a rigidez, a simetria, a disciplina da arquitetura e a imprecisão, a assimetria, o imprevisto da vegetação”
(Costa, 1962, p.52).
Vencendo dificuldades naturais, o planejamento e o projeto de valorização paisagística arquitetônica e urbanística foi realizado em todos os níveis – água, piso, edificações, traçados e vegetação, atendendo a todas as funções e necessidades definidas nesse.
Quando se busca a integração de todos os elementos na configuração de um
espaço a visão da paisagem se renova – “o ser humano, o gesto, a semente, a planta,
a cidade e os territórios se aliam em grandiosos compromissos construtivos” (MOTTA,1986).
Córrego Buritis
O Córrego Buritis, em seus meandros,
Desde a nascente até o encontro
Com o Córrego Capim Puba,
Alimentou as veredas com seus buritis,
Suas árvores, seus animais, e seus pássaros...
O córrego percebeu, então, um movimento intenso
Nas proximidades de seu corpo, de sua vida...
Era a cidade de Goiânia que nascia!
Nascia como uma escultura,
De sonhos, de planos e de ambições,
Emergia da superfície da terra
E tomava corpo e forma...
Algo de muito importante estava acontecendo,
Pensava o córrego com suas veredas...
E percebia que espaços eram abertos
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Fig. 74 - Crédito imagem: Mauro Junio (2008).
Fonte: AMMA/DIRUC/GEARQ
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
A pouca distância e continuou a pensar:
Apesar de toda essa transformação
Eu permanecerei, continuarei
Com minhas águas límpidas,
Recebendo as chuvas e o calor do sol,
Abrigando os pássaros com seus ninhos...
E alguns anos se passaram
Muitos sons e ruídos diferentes surgiram...
E a vida feliz e natural da vereda buritis
Perdia o gosto da paz...
Recortes foram feitos na área
E o que era para ser preservado
No Plano original de Goiânia
Foi diminuindo e se descaracterizando...
E a vida do córrego e da vereda
Sofreu muitas modificações
Mas não se extinguiu...
Seres valorosos, em todas as épocas,
Lutaram pela sua sobrevivência.
Hoje ele encontra-se
Com uma nova roupagem
E com uma nova esperança
No cerne de suas águas...
A vida do Córrego Buritis continua
Nas ações plenas de boa vontade!...
Maria Amélia Amorim - 2006
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SOUZA, Marcelo Lopes de. Mudar a cidade: uma introdução crítica ao planejamento e
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50
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
Modalidade
Saneamento
Projeto:
Sistema domiciliar de tratamento de
esgoto por plantas: uma contribuição ao
ambiente da cidade de Goiânia
Premiado:
Tecnólogo em Construção Civil e em
Edificações Douglas Pereira da Silva
Pitaluga
SISTEMA DOMICILIAR DE TRATAMENTO
DE ESGOTO POR PLANTAS:
uma contribuição ao ambiente da cidade de Goiânia
PITALUGA, D. P. S.(1)
ALMEIDA, R. A. (2)
REIS, R. P. A.(3)
Douglas Pereira da Silva Pitaluga(1)
Tecnólogo em Construção Civil. Especialista em Tratamento de Resíduos. Mestrando em Engenharia do Meio Ambiente, da Escola de Engenharia Civil da Universidade Federal de Goiás – UFG. [email protected]
Rogério de Araújo Almeida(2)
Engenheiro Agrônomo. Especialista em Tratamento de Resíduos. Mestre em
Agronomia. Doutor em Agronomia. Professor da Escola de Agronomia e Engenharia de
Alimentos da Universidade Federal de Goiás – UFG. [email protected]
Ricardo Prado Abreu Reis(3)
Engenheiro Civil. Mestre em Engenharia Civil. Professor da Escola de Engenharia Civil da Universidade Federal de Goiás – UFG. [email protected]
RESUMO
A utilização de plantas no tratamento de esgotos constitui-se em alternativa, eficiente e de baixo custo, aos sistemas convencionais. O presente estudo objetivou avaliar a eficiência de uma estação domiciliar experimental de tratamento de esgotos do
tipo zona de raízes, precedida por tanque séptico, na cidade de Goiânia, GO. O tanque
séptico foi dimensionado de acordo com a NBR 7229 (ABNT, 1993). A zona de raízes
seguiu as orientações de Philippi e Sezerino (2004) e foi vegetada com as espécies
lírio-do-brejo (Hedychium coronarium J. König) e taboa (Typha angustifolia L.). Avaliaram-se as eficiências percentuais da estação na redução da Demanda Bioquímica de
Oxigênio (90,7%), da Demanda Química de Oxigênio (81,1%) e dos Coliformes Termotolerantes (99,99998%), após quatro meses do início da aplicação de esgoto. O sistema avaliado mostrou-se eficiente no tratamento do esgoto, atendendo à legislação
vigente, para os atributos estudados.
PALAVRAS-CHAVE: Fitorremediação, alagados construídos, águas residuárias.
INTRODUÇÃO
O destino final do esgoto sanitário é, geralmente, o encaminhamento a um corpo
de água, muitas vezes em sua forma bruta. Em conseqüência desse lançamento, podem aparecer alguns inconvenientes, como o desprendimento de maus odores, a presença de sabor na água potável, a mortandade de peixes e a ameaça à saúde pública.
Via de regra, tais impactos são mitigados ou evitados quando o esgoto é submetido a
tratamento prévio adequado.
Para serem lançados em corpos receptores de água doce, os efluentes das estações de tratamento de esgoto devem, simultaneamente, atender às condições e padrões de lançamento de efluentes e não ocasionar a ultrapassagem das condições e
padrões de qualidade de água, estabelecidos para as respectivas classes, nas condiPRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
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ções da vazão de referência (CONAMA, 2005). Os mananciais hídricos do Estado de
Goiás são todos considerados de classe 2.
Pesquisadores têm buscado formas alternativas de tratamento de efluentes, principalmente o urbano, que representa um grande aporte de materiais orgânicos que são
lançados diariamente nos cursos de água. Segundo Heller e Nascimento (2005), estes
estudos devem considerar, necessariamente, a realidade sócio-econômico-cultural do
país, realidade sobre a qual os potenciais benefícios das ações e da pesquisa se aplicarão. Assim, devem ser considerados o grau de desenvolvimento econômico do país,
seus desequilíbrios ambientais e sociais, sua realidade sanitária e a cultura de seu povo.
A utilização de espécies vegetais no tratamento de esgoto representa uma tecnologia emergente que está se revelando como uma alternativa, eficiente e de baixo
custo, aos sistemas convencionais (PARKINSON; SIQUEIRA; CAMPOS, 2004). Esses
sistemas podem ser implantados no local onde o esgoto é gerado, são facilmente operados, economizam energia e são mais flexíveis e menos susceptíveis a variações nas
taxas de aplicação de esgoto (BRIX, 1993; SOLANO; SORIANO; CIRIA, 2004). Integram-se ao ambiente e são caracterizados como tecnologia apropriada e auto-sustentável (PRESZNHUK et al., 2003). Sua principal desvantagem está na maior necessidade de área (BRIX, 1993), o que nem sempre é um fator limitante, especialmente no
Brasil, país de grandes extensões territoriais.
A área para o tratamento de esgoto por zona de raízes varia de um a até seis
metros quadrados por habitante. As condições climáticas brasileiras permitem a utilização de áreas reduzidas, principalmente se houver um tratamento prévio do esgoto (PHILIPPI; SEZERINO, 2004).
Segundo Valentim (2003), apesar da existência de várias pesquisas sobre tratamento de esgotos com plantas no Brasil, ainda são poucos os sistemas avaliados continuamente e por um longo período de tempo, e nem sempre os parâmetros de análise
e a metodologia de condução adotada pelos pesquisadores coincidem, gerando, às
vezes, dificuldades de comparação entre os diversos trabalhos.
A utilização de plantas no tratamento de esgotos já ocorre em Goiás e o sistema
tem se mostrado bastante promissor (ALMEIDA, 2005; ALMEIDA; OLIVEIRA; KLIEMANN, 2007), o que leva à necessidade de novas pesquisas com vistas a obter novos
conhecimentos e subsídios para o seu dimensionamento e uso na região.
Desta forma, o presente trabalho objetivou avaliar o desempenho de um sistema
residencial de tratamento de esgoto, do tipo zona de raízes com fluxo sub-superficial
horizontal, precedido de tanque séptico, na região de Goiânia, GO.
O clima local, segundo Köppen, é do tipo Aw (quente e semi-úmido com estação
seca bem definida, de maio a setembro, e regime pluviométrico tropical, com temperatura média anual de 23,2°C, com as médias mínimas e máximas de 17,9°C e 29,8°C,
respectivamente). A precipitação pluvial média anual é de 1.575,9 mm e o total anual
de insolação é de 2.588,1 h (BRASIL, 1992).
METODOLOGIA
Para a realização do estudo, foi projetado um sistema residencial experimental
de tratamento de esgoto doméstico. O sistema foi implantando em uma residência
térrea unifamiliar, com cinco moradores (Foto 1), na região Leste da cidade de Goiânia,
GO. O projeto foi concebido de forma a utilizar o uso do desnível disponível (diferença
de nível entre a posição de saída do esgoto da residência e sua entrada no coletor
público), com vistas a um sistema que funcione pela força da gravidade, não necessitando de bombeamento do esgoto. Para atender tal concepção, inicialmente foi feito o
levantamento planialtimétrico do terreno (Foto 2).
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Foto 1 - Moradores da residência onde foi implantado o sistema domiciliar de tratamento de esgoto por
plantas, do tipo zona de raízes precedida por tanque séptico. Goiânia, GO. 2008
Foto 2 - Levantamento planialtimétrico do terreno para implantação do sistema domiciliar de tratamento de esgoto por plantas, do
tipo zona de raízes precedida por tanque séptico. Goiânia, GO. 2008
A estação experimental constituiu-se de um tanque séptico, dimensionado segundo a NBR 7.229 (ABNT, 1993), seguido por uma unidade de zona de raízes, classificada por Brix (1993), como um sistema de tratamento baseado em macrófitas emergentes de fluxo sub-superficial horizontal, dimensionada segundo orientação de Philippi e Sezerino (2004), com a adoção de um metro quadrado de leito por habitante, e por
um tanque reservatório para armazenamento do efluente tratado (Quadro 1, Figura 1 e
Foto 4). A vazão média diária de esgoto foi estimada com base no consumo médio de
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água da residência dos seis meses anteriores (500 L dia-1), adotando-se uma taxa de
retorno de 80%. Durante a avaliação do experimento foram coletados dados de consumo de água para nova estimativa da produção de esgoto.
Quadro 1
Dimensões das unidades do sistema residencial de tratamento de esgoto, do tipo
zona de raízes precedida por tanque séptico. Goiânia, GO. 2008.
Unidade
Larg.
Dimensões (m)
Comp.
Prof. Útil
1,60
2,10
Volume (m3)
2,70
Tanque séptico
0,80
Zona de raízes
1,25
4,00
0,60
3,00
Reservatório
2,40
1,10
0,60
1,60
As unidades de tratamento foram demarcadas no terreno, escavadas e construídas com piso em concreto armado, paredes em alvenaria (tijolo furado 14 x 29 cm,
deitado) e impermeabilizante no reboco.
O leito da zona de raízes foi preenchido com brita número um nos cinqüenta
centímetros iniciais e finais, para aplicação e drenagem de líquidos, respectivamente.
Na parte intermediária utilizou-se como substrato areia lavada (Foto 3), com 32,5% de
espaços vazios e distribuição granulométrica apresentada na Figura 2.
Foto 3 - Leito da zona de raízes preenchido com brita número um e areia lavada. A tábua divisória foi retirada após
o preenchimento. Goiânia,
GO. 2008
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Figura 1 - Esquema geral do sistema domiciliar de tratamento de esgoto avaliado. Goiânia, GO. 2008
Foto 4 - Vista geral do sistema domiciliar de tratamento de esgoto avaliado, em fase final de construção,
ainda sem as tampas do tanque séptico e do reservatório. Goiânia, GO. 2008
A areia foi vegetada com as espécies lírio-do-brejo (Hedychium coronarium J.
König), na metade inicial e taboa (Typha angustifolia L.), na metade final (Foto 5. Foto
6. Figura 3). Por ocasião do preenchimento do leito utilizou-se de tábuas de madeira
para separar a brita da areia, retirando-as em seguida. As espécies vegetais foram
escolhidas pelas maiores eficiências no tratamento de esgoto sanitário nas condições
de Goiânia (ALMEIDA; OLIVEIRA; KLIEMANN, 2007).
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Figura 2 - Distribuição granulométrica da areia utilizada no preenchimento do leito da zona de raízes do
sistema domiciliar de tratamento de esgoto avaliado. Goiânia, GO. 2008
No transplante das espécies vegetais foram utilizadas mudas, correspondentes
a plantas adultas com brotações no rizoma, na densidade de dez plantas por metro
quadrado. As plantas foram previamente coletadas em seu ambiente natural, tiveram
suas folhas cortadas e foram armazenadas em local úmido e sombreado, com vistas à
brotação. Após o transplantio das mudas procedeu-se a sua irrigação com água de
torneira (do sistema público). A aplicação do esgoto iniciou-se somente após o pegamento das plantas (quinze dias do transplante), conforme recomendado por Sievers
(1993) e Solano; Soriano e Ciria (2004).
Foto 5 - Plantio de mudas da espécie lírio-do-brejo (Hedychium coronarium J. König) no leito de zona de
raízes do sistema domiciliar de tratamento de esgoto por plantas. Goiânia, GO. 2008
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Foto 6 - Plantio de mudas da espécie taboa (Typha angustifolia L.) no leito de zona de raízes do sistema
domiciliar de tratamento de esgoto por plantas. Goiânia, GO. 2008
Figura 3 - Leito da zona de raízes do sistema
residencial de tratamento de esgoto avaliado. Em foco o desenvolvimento cronológico
das plantas até seu estágio de floração, quando a estação assume o visual agradável de
um jardim florido. a) em 3 de janeiro, data do
transplante; b) em 30 de janeiro; c) em 15 de
fevereiro e d) em 4 de junho. Goiânia, GO.
2008
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A partir de quatro meses após o início da aplicação de esgoto na estação (15 de
maio), foram coletadas amostras mensais de efluente, por um período de quatro meses, para a realização de análises de qualidade. As amostras foram coletadas antes e
após a zona de raízes (Figura 4). Foram avaliados a Demanda Bioquímica de Oxigênio, a Demanda Química de Oxigênio e os Coliformes Termotolerantes.
Figura 4 - Vista em corte longitudinal do sistema residencial experimental de tratamento de esgoto avaliado,
com indicação dos locais de coleta de amostras para análises laboratoriais. Goiânia, GO. 2008
Os resultados foram utilizados no cálculo da eficiência percentual do sistema na
purificação do esgoto doméstico, segundo Dacach (1991). Para o cálculo da eficiência
do tanque séptico utilizaram-se os valores das concentrações afluentes dos atributos
do esgoto bruto, consolidados pela literatura (PESSOA; JORDÃO, 1982; SPERLING,
1996 e NUVOLARI, 2003), uma vez que não foi feita sua caracterização no presente
estudo.
Todo esgoto produzido na residência foi conduzido ao tanque séptico, sem qualquer separação. Do tanque, o efluente era conduzido à zona de raízes, pela força da
gravidade (Fotos 7 e 8). A aplicação ocorria em uma das extremidades do leito por
meio de um tubo de esgoto (ø 100 mm), perfurado em toda sua extensão e posicionado
no terço superior da profundidade do leito, envolto por uma camada de brita número
um (Fotos 9 e 10). A drenagem do efluente da zona de raízes dava-se pela extremidade oposta à entrada, em tubo de esgoto (ø 100 mm) posicionado no fundo do leito,
igualmente perfurado e envolto por brita número um (Figura 5 e Foto 11).
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Foto 7 - Tubo de transição do efluente do tanque séptico para o leito de zona de raízes do sistema domiciliar
de tratamento de esgoto por plantas. Goiânia, GO. 2008
Foto 8 - Vista interna do tanque séptico em funcionamento. Sistema domiciliar de tratamento de esgoto por
plantas. Goiânia, GO. 2008
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Figura 5 - Desenho esquemático de um corte longitudinal do leito da zona de raízes do sistema residencial
experimental de tratamento de esgoto avaliado. Goiânia, GO, 2008
Foto 9 - Tubulação de PVC perfurada para uniformizar a aplicação do esgoto na zona de raízes do sistema
domiciliar de tratamento de esgoto por plantas. Goiânia, GO. 2008
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Foto 10 - Detalhe do preenchimento da zona de raízes com substrato (areia e brita) e do tubo de
alimentação do leito, do sistema domiciliar de tratamento de esgoto por plantas. Goiânia, GO. 2008
Foto 11 - Detalhe da tubulação de drenagem do leito da zona de raízes do sistema domiciliar de
tratamento de esgoto por plantas. Goiânia, GO. 2008
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A parte externa do tubo de drenagem da zona de raízes ficou dentro do tanque
reservatório. Em sua extremidade foi acoplado um joelho de 90º com um tubo vertical,
cujo posicionamento determinava o nível de líquidos dentro da zona de raízes (Foto
12). O nível foi mantido a aproximadamente cinco centímetros abaixo da superfície do
substrato, com vistas a evitar seu afloramento e a consequente proliferação de mosquitos e liberação de maus odores. No tanque reservatório o efluente tratado permanecia disponível para reuso e seu excesso era encaminhado ao coletor da rede pública.
Foto 12 - Vista interna do reservatório de esgoto tratado do sistema domiciliar de tratamento de esgoto
por plantas. Em detalhe a tubulação de entrada com o regulador de nível. Goiânia, GO. 2008
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O consumo médio mensal de água no período de condução do experimento foi
de 12,17 m3, o que corresponde a 405,5 L dia-1, portanto, menor que o consumo verificado por ocasião do projeto da estação. Considerando-se a taxa de retorno de 80%,
estimou-se uma vazão de esgoto de 324,4 L dia-1. Assim, o tempo de detenção hidráulica do esgoto foi de 8 dias no tanque séptico e de 2,7 dias na zona de raízes, totalizando 10,7 dias (Quadro 2). O leito da zona de raízes ocupado com plantas utilizou uma
área de 1 m2 por habitante, considerada pequena, tendo em vista o fluxo do sistema
ser horizontal. A recomendação encontrada na literatura é de menos que 80 Kg DBO
ha-1dia-1 (MELO JÚNIOR, 2003), o que corresponde a uma área maior que 2,4 m2 por
habitante. Considerando a concentração afluente de 260 mg DBO L-1 e a vazão média
de esgoto verificada neste estudo (324,4 L dia-1), foi realizada uma aplicação de 168,48
kg DBO ha-1dia-1, numa taxa aproximada de 65 L m-2 dia-1.
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Dimensões, Volume Útil e Tempo de Detenção Hidráulica propiciados pelas
Quadro 2 unidades do sistema residencial de tratamento de esgoto, do tipo zona de raízes
precedida por tanque séptico. Goiânia, GO. 2008.
Unidade
1
Tanque séptico
Larg.
0,80
Zona de raízes1
1,25
Reservatório
2,40
Dimensões (m)
Comp.
Prof. Útil
2,10
1,55
Volume Útil
(m3)
2,60
TDH (dias)
8,01
4,00
0,60
0,89
2,74
1,10
0,55
1,45
4,47
-1
taxa de aplicação de 324,4 L dia , areia do substrato com 32,5% de espaços vazios e nível de
efluente cinco centímetros abaixo da superfície. Desconsiderando o volume ocupado pelas
raízes das plantas.
A eficiência do tanque séptico na purificação do esgoto foi de 13% nos níveis de
DBO e de DQO e de 99,9946% na contagem de coliformes termotolerantes. Salientase que os valores observados após o tanque séptico foram comparados a valores
teóricos consolidados pela literatura (SPERLING, 1996 e NUVOLARI, 2003 – para DBO
e DQO – e PESSÔA; JORDÃO, 1982 – para Coliformes), uma vez que não foi feita a
caracterização do afluente. O leito de zona de raízes ocasionou redução de 89% para
a DBO, 78% para a DQO e 99,63% para os coliformes termotolerantes (Tabela 1).
A eficiência total na redução da DBO foi de 90,7%, resultando num efluente com
28 mg O2 L-1. A legislação estabelece uma DBO máxima de 60 mg O2 L-1 para o efluente
das estações de tratamento de esgoto ou uma redução mínima de 80% na concentração
de DBO. Para o lançamento em corpos receptores de água doce de classe 2, o efluente
não pode elevar a concentração de DBO acima de 5 mg O2 L-1. Tampouco, pode resultar
na redução da concentração de OD abaixo de 5 mg O2 L-1.
Tabela 1
Valores médios de atributos e eficiência percentual na sua redução em esgoto
doméstico submetido a tratamento num sistema do tipo zona de raízes com fluxo
sub-superficial horizontal, precedido por tanque séptico. Goiânia, GO. 2008.
DBO1
(mg O2 L-1)
DQO2
(mg O2 L-1)
Coliformes
Termotolerantes
(NMP 100mL-1)
9
Esgoto bruto3
300
700
1,0.10
redução (%)
13,3
12,7
99,9946
Após tanque séptico
260
611
5,4.104
redução (%)
89,2
78,4
99,63
28
132
90,7
81,1
Após zona de raízes
redução total (%)
2,0.10
2
99,99998
bioquímica de oxigênio; 2 demanda química de oxigênio; 3 valores médios segundo
Sperling (1996) e Nuvolari (2003), para DBO e DQO e segundo Pessôa e Jordão (1982), para
coliformes termotolerantes.
1 demanda
Solano; Soriano e Ciria (2004), na Espanha, observaram uma eficiência da taboa
na redução da DBO de 81%, para aplicação de 75 litros diários de esgoto por metro
quadrado, no verão. Gersberg et al. (1986), na Califórnia, verificaram eficiência de
74%. Van Kaick (2002), no Paraná, observou redução de 83,9%. Costa et al. (2003), na
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Paraíba, constataram redução de 88%. Presznhuk et al. (2003), no Paraná, observaram
redução de 84,2%. A DQO foi reduzida em 81%, valor próximo à média das eficiências
verificadas pelos autores citados. Assim, a eficiência verificada neste trabalho foi
bastante satisfatória, compatível com o observado em sistemas das mais variadas
concepções e em várias regiões do mundo.
A remoção de coliformes termotolerantes foi de sete casas exponenciais,
resultando em uma concentração de 200 NMP 100mL-1. A legislação brasileira não
determina limite de coliformes para os efluentes de estações de tratamento de esgoto.
Todavia, a contribuição do efluente não pode elevar a contagem de coliformes
termotolerantes nos corpos receptores acima dos limites estabelecidos para cada classe;
ou seja, 1.000 NMP 100mL–1, para os de classe 2 (CONAMA, 2005). Verifica-se, portanto,
que o efluente poderia ser disposto em qualquer manancial do estado de Goiás, pois, a
contagem de coliformes na água do corpo receptor jamais ultrapassaria o limite legal
estabelecido.
Embora este estudo tenha sido desenvolvido para uma residência, vislumbra-se
sua aplicação no tratamento de esgotos de pequenas comunidades.
CONCLUSÃO
O sistema domiciliar de tratamento do tipo zona de raízes precedida por tanque
séptico foi eficiente na purificação do esgoto doméstico nas condições climáticas de
Goiânia, GO, atendendo ao estabelecido na legislação vigente para os atributos
Demanda Química de Oxigênio, Demanda Bioquímica de Oxigênio e Coliformes
Termotolerantes.
Foto 13 - Esgoto tratado pelo sistema domiciliar de tratamento do tipo zona de raízes precedida por
tanque séptico. Goiânia, GO. 2008
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Foto 14 - Esgoto tratado pelo sistema
domiciliar de tratamento do tipo zona de
raízes precedida por tanque séptico.
Goiânia, GO. 2008
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Modalidade
Geologia e Minas
Projeto:
Cerâmica Santo Antônio: um exemplo de
sustentabilidade na pequena mineração
Premiada:
Rosa e Cavalcante Ltda
Cerâmica Santo Antônio
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
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Vista dos tanques com peixes
CERÂMICA SANTO ANTÔNIO
A EMPRESA
Razão Social: Rosa e Cavalcante Ltda
Nome de Fantasia: Cerâmica Santo Antônio
Endereço: Av. Bernardo Sayão, Qd. CG Lt. 02, Vila União, Mara Rosa –
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Data de Fundação: 06 de agosto de 1982
CNPJ: 00.116.681/0001-58
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Número de Funcionários Registrados: 65 (01/09/08)
EPIs Fornecidos pela Empresa: botina, óculos, luvas, protetor auricular,
máscara para pó, máscara para proteção de calor, uniforme
Licença de Funcionamento: processo nº 5301.00.804/1996-1 – Licença
GUS nº 57/2006 (val. 18/01/09)
Licença de Consumidor de Lenha: nº registro 560133380/2001-4
MISSÃO
Ser a solução em produtos cerâmicos, contribuir na realização do sonho de morar
bem, valorizando o bem estar social e respeitando o meio ambiente.
VISÃO
Ser uma empresa que atende ao mercado consumidor em suas necessidades e
exigências de moradia e fortalecer o compromisso entre empresa, clientes e
fornecedores.
72
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
VALORES
Ética: Honrar compromisso entre empresa x clientes x fornecedores;
Valorizar o trabalho para trabalhar e viver com dignidade, saúde e segurança
no trabalho;
Satisfação dos clientes, acionistas, funcionários e fornecedores;
O comprometimento de todos os cooperadores com a qualidade dos
produtos e serviços;
Manter o meio ambiente em equilíbrio, de maneira a dar sustentabilidade
ao negócio, recuperando jazidas e reflorestamento.
A cerâmica Santo Antônio está situada na cidade de Mara Rosa, Região Norte do
Estado de Goiás, desde agosto de 1982, distante 350 Km de Goiânia, capital de Goiás
e 340 Km do Distrito Federal.
Historicamente, trata-se de uma região mineradora de ouro desde o séc. XVII,
quer na sua forma primitiva de garimpo, ou de tecnologia avançada das grandes
empresas mineradoras. Nas últimas décadas é também grande produtora de níquel,
cobre e amianto, além de dezenas de empreendimentos de pequeno porte.
Dentre as indústrias mineradoras especializadas em cerâmica vermelha, todas
de pequeno porte, destaca-se a Cerâmica Santo Antônio, por ter operacionalizado o
projeto “Área com Extração de Argila Exaurida – Nova Destinação de Uso e Ocupação”
que transformou a área de onde se extraiu a argila, em:
§
Tanques para criatórios de peixes, abrigando a partir de dezembro de 2005,
16 mil alevinos (pacu caranha, pintado, matrinchã e piau).
§
Um bosque com 2.500 árvores diversas.
A execução desse projeto vem atender aos valores e missão da Cerâmica Santo
Antônio em ser a solução em produtos cerâmicos, de forma a contribuir na transformação
dos sonhos de morar bem em realidade, valorizando o bem estar social e respeitando
o meio ambiente.
Ainda com esta preocupação ambiental executa o Projeto de Reflorestamento
com Eucalipto Urofila, para uso como combustível na queima, numa área de 63 ha,
contendo 80.000 mudas dessa espécie.
A Cerâmica Santo Antônio destaca-se, também, por: ter todos os seus 65 atuais
colaboradores registrados, disponibilizando-lhes uniformes, EPIs, sala para treinamento
e lanche; por ter propiciado a um de seus funcionários formar-se em técnico cerâmico
na Escola SENAI Mário Amato em São Bernardo – SP, o primeiro do norte goiano e um
dos raros em Goiás; e pela qualidade dos produtos que disponibiliza ao mercado.
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
73
Colaboradores reunidos no pátio da Cerâmica Santo Antônio
A LAVRA
Vista geral do tanque de piscicultura e da área reflorestada com plantas frutíferas e plantas nativas
74
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
-
Local: Fazenda Lambari ou Estiva, Mara Rosa - Goiás
Proprietário: Amado Olímpio Rosa
Processo: DNPM nº 861.203/2003
Titular: Rosa e Cavalcante Ltda.
Título Minerário: Registro de Licença Outorgado/D.O.U. 16/04/04
Área: 11,21ha
Total Lavrado: (Conforme RAL) (2004), (2005), (2006), (2007)
R.T.: Engenheira de Minas: Crismária Alves Veloso da Silva CREA: 4310/
D-GO
Licença de Funcionamento: Processo 5601.20416/2003-2, Licença GUS
nº 641/2007, Vencimento 01/12/09
R.A.L.: em dia
R.C.A.: em dia
Controle de Qualidade da Matéria Prima – Laboratório Próprio
Laboratorista/Gerente de Controle de Qualidade: Técnico em Cerâmica
Cleyb Belizário – Escola SENAI Mário Amato – 2004.
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
75
As matérias-primas utilizadas na Cerâmica Santo Antônio são provenientes de
depósito de várzea situado na margem esquerda do córrego Santo Antônio, da subbacia do Rio do Ouro.
Anualmente é realizada uma programação de produção para o ano seguinte, o
que determina a quantidade e a especificação da matéria-prima necessária. Desenvolvese, então, uma malha de furos de trado, detalhada em função das variações do minério.
As amostras são submetidas a ensaios cerâmicos no laboratório da própria empresa,
garantindo-se, assim, a qualidade da produção.
Parte-se, então, com o auxílio de uma pá carregadeira, para a limpeza da área e
remoção do solo orgânico, que é estocado para uso no projeto de florestamento posterior.
Como pelo próprio tipo de depósito, as espessuras são de poucos metros e o
minério de elevada umidade, facilmente escavado, utiliza-se uma retroescavadeira para
realização da lavra, com carregamento imediato e transporte até o pátio da indústria.
Parte do minério é depositado em local de fácil acesso para uso no período chuvoso.
O estoque de matéria-prima é empilhada, por tipo de argila.
Vista geral da lavra de argila
ÁREA LAVRADA E EXAURIDA – NOVA DESTINAÇÃO DE USO
O projeto “Área de Extração de Argila Exaurida – Nova Destinação de Uso e
Ocupação” foi implantado, a partir de 2005, com recursos exclusivos da empresa, em
uma área total de 10,702 ha, dos quais 2,268 ha, referentes a cava da lavra, foram
transformados em tanques para piscicultura e 8,434 ha, em seu entorno, foram objeto
de florestamento para formação de um bosque com árvores nativas e frutíferas.
A lavra foi planejada de forma que em uma primeira faixa de extração, o solo
orgânico foi depositado em sua lateral e, a partir de então, o capeamento orgânico foi
sempre lançado na cava já aberta, a medida que a frente de lavra avançava.
Esgotada a jazida nessa área, foram realizados serviços de sistematização do
terreno e estudos de proteção contra enchentes, erosão e assoreamento, de
condicionamento do terreno e o fechamento dos drenos para a formação dos lagos.
A partir de dezembro de 2005 foram adquiridos, na Goiás Peixe, em GoiâniaGO, 16.000 alevinos de pintado, pacu caranha, matrinchã e piau, para povoamento
dos tanques.
76
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
Na área destinada a florestamento efetuou-se a limpeza e adequação do terreno,
com a implantação de curvas de nível, a abertura e preparação das covas, além do
combate prévio e contínuo a formigas.
Foram adquiridas em viveiros da região (Campinorte e Porangatu), e plantadas,
2.500 mudas: de Brinco de Princesa (01),Mini Ibisco (02) Angico (24), Jatobá (14),
Ixora Media (01), Mini Erica (46), Estretitzia (03), Branbrisia (01), Ipê Amarelo (20),
Palmeira Carioca (10), Pitanga (03), Ipê Roxo (19), Ipê Amarelo Peq. (31), Ipê Branco
(08), Tamarindo (04), Caqui (04), Cupuaçu (33), Cacau (03), Ameixa (03), Limão de
Conserva (02), Manga (14), Pêssego (2), Canela (2), Cítricos (15), Moréia (2), Pequi
(22), Goiaba (13), Ixora Gigante (03), Mini Rosa (06), Espatódia (01), Quaresmeira
(03), Guapeva (01), Barriguda (03), Jacarandá (180), Cedro (01), Jamelão (26), Jambo
Amarelo (17), Castanha do Pará (04), Ipê Rosa (02), Bálsamo (02), Jatobá (14), Ingá
Peq. (02), Abacate (05), Beribá (10), Acácia (17), Seringueira (20), Amburama (22),
Óleo Pau (20), Peroba Rosa (16), Acácia Cor de Rosa (05), Nascadao (02), Pinha (03),
Gerivá (03), Mogno (350), Calabura (10), Graviola (10), Açaí (70), Pupunha (27),
Capomba (45), Oiti (10), Teca (80), Limaozinho (01), Gueroba (60), Guaracudi (400),
Areca lacubo (2), Caju (5), Araçá Boi (03), Cagaita (01), Pau Brasil (05), Mexerica (20),
Laranja Pêra (30).
A área foi transformada em um belo conjunto paisagístico, de atividade econômica e de lazer, como
pode ser observado nas fotos e no mapa apresentados a seguir
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
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Lavra e carregamento de argila
Início de formação dos lagos
78
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
Os lagos implantados com peixes
Os lagos implantados com peixes
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
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Os lagos implantados com peixes
Plantio de plantas frutíferas
80
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
Vista geral
Vista geral dos lagos
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
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Vista geral dos lagos
Vista geral dos lagos
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PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
Vista geral dos lagos
Vista geral dos lagos
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
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FLORESTAMENTO COM EUCALIPTO
O projeto de florestamento com eucalipto urófilo foi implantado a partir de 2006,
na fazenda Lambari, também de propriedade do Sr. Amado Olímpio Rosa, distante
10km da Cerâmica Santo Antônio.
O objetivo do Projeto é eliminar o uso de lenha proveniente do desmatamento do
Cerrado e aprimorar a matriz energética na queima dos produtos da Cerâmica Santo
Antônio.
O combate a formigas foi iniciado 6 meses antes de se preparar adequadamente
63ha de terra e efetuar o plantio de 80.000 mudas de eucalipto, em janeiro de 2007.
O início de corte e consequentemente de uso (na forma de cavaco) estão previstos
para 2010.
Plantio de eucalipto
84
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
Bosque de plantas nativas e frutíferas em volta dos lagos
SUSTENTABILIDADE NA PEQUENA MINERAÇÃO
Amado Olímpio Rosa, ceramista e proprietário da Cerâmica Santo Antônio (GO).
No ano de 2008, tivemos o orgulho de receber o Prêmio Crea de Meio Ambiente,
na categoria Geologia e Minas, e ter nosso trabalho apresentado como exemplo de
sustentabilidade na pequena mineração. Tudo isso nos deixou ainda mais motivados e
cientes da nossa responsabilidade.
Desde o início de nossa atuação, há 27 anos, buscamos nos diferenciar pela
visão de manter o meio ambiente em equilíbrio, valorizando o ecossistema local, dando
sustentabilidade ao negócio, recuperando as jazidas e fazendo sempre o reflorestamento
das áreas.
Partimos do princípio de que nosso principal fornecedor e parceiro é o meio ambiente,
de onde se retira a argila e o combustível energético para as fábricas. E essa parceria só é
satisfatória quando todas as partes saem ganhando: tanto o homem quanto a natureza.
Nossas jazidas de argila estão localizadas na bacia do Rio do Ouro (GO), área
em que a vegetação nativa foi devastada em função de atividades extrativistas do
passado. Infelizmente, a paisagem na região é composta por pastagens degradadas e
na qual a água só existe no período chuvoso.
Com esta imagem em mente e um desejo de concretizar a sustentabilidade,
transformamos crateras em taques para criatórios de peixes. Outras se tornaram
reservatórios de água para animais bovinos. Porém, somente isso não era suficiente
para mudar o cenário.
Por isso, em volta dos tanques, plantamos espécies frutíferas, como pequi, jambo
amarelo, jamelão, abacate, pinha, limão e muitas outras. Também incluímos plantas
nativas, por exemplo, ipê-roxo, pau-brasil, bálsamo, mogno, peroba, cedro e gueroba.
Toda a área foi revitalizada e o meio ambiente saiu ganhando, pois o que antes
era paisagem degradada ganhou vida e atraiu pássaros e animais silvestres, o que
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
85
tornou essa área um bosque de recreação e de lazer que tem permitido a todos bons
momentos.
Muito mais que mostrar o cuidado e respeito com o meio ambiente, o que também
acontece no projeto de reflorestamento com eucalipto urófila para uso como combustível
de queima, essa experiência mostrou que aquilo que é feito com amor a natureza
agradece em dobro.
Vista geral do lago e do bosque
Tudo o que é feito com amor a natureza agradece em dobro
86
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
Modalidade
Produção Limpa
Projeto:
SGPA - Sistema Gestão Ambiental
Premiada:
Engenharia Civil Vivianne dos Santos
Resende
Produção Limpa: instrumentos da Sustentabilidade na efetivação do Sistema de Gestão Ambiental (SGA)
Case: Lince Veículos SA revenda Toyota Goiânia
Introdução
Este trabalho apresenta, em resumo, o processo de Produção Limpa como uma
ferramenta para o Sistema de Gestão Ambiental, sendo a sua implantação datada de
maio de 2007 até maio de 2008, certificado pela DNV1 em 26 de junho de 2008, com
referência na NBR ISO 14001:2004.
O escopo do processo de implantação abarcou os departamentos de Pós Venda,
Venda e Administrativo, possuindo como diferencial o conceito da sustentabilidade como
fundamento da visão da empresa, concorrendo assim para o processo de Certificação
NBR ISO 14.001.
Desta maneira, observou-se a redução dos custos ambientais (geração de resíduos, consumo de água, de energia e desperdícios de matérias-primas) a partir da
escolha de tecnologias desde a concepção arquitetônica do prédio, execução da obra
até processos e atividades atuais.
Dentre os atuais processos, atividades e serviços (TSW-TOYOTA SALES WAY2
e TSM-TOYOTA SALES MARKETING3) foram identificados os seus aspectos e impactos ambientais, sendo que após esta análise foram elaborados os procedimentos que
compõem o Sistema de Gestão Ambiental.
O quadro abaixo apresenta as medidas tomadas durante a sistematização do
SGA, demonstrando o enfoque sustentável através da Produção Limpa em um empreendimento como a Revenda Lince Veículos S.A.
Quadro 1 - Comparação entre atitudes de controle da
poluição e o processo de Produção Limpa
O enfoque do controle de poluição
· Poluentes são controlados por filtros e
métodos de tratamento do lixo
O enfoque da Produção Limpa
· Poluentes são evitados na origem, através de medidas
integradas
·
O controle de poluição é avaliado depois
do desenvolvimento de processos e produtos e quando os problemas aparecem
·
A prevenção da poluição é parte integrante do desenvolvimento de produtos e processos
·
Controles de poluição e avanços ambientais são sempre considerados fatores
de custo pelas empresas
·
Poluição e rejeitos são considerados recursos potenciais
e podem ser transformados em produtos úteis e sub-produtos desde que não tóxicos
·
Desafios para avanços ambientais devem
ser administrados por peritos ambientais
tais como especialistas em rejeitos
·
Desafios para avanços ambientais deveriam ser de responsabilidade geral na empresa, inclusive de trabalhadores, designers e engenheiros de produto e de processo
·
Avanços ambientais serão obtidos com
técnicas e tecnologia
·
Avanços ambientais incluem abordagens técnicas e não
técnicas
·
Medidas de avanços ambientais deveriam obedecer aos padrões definidos pelas autoridades
·
Medidas de desenvolvimento ambiental deveriam ser um processo de trabalho contínuo visando a padrões elevados
·
·
Qualidade é definida como ‘atender às
necessidades dos usuários’
Qualidade total significa a produção de bens que atendam
às necessidades dos usuários e que tenham impactos mínimos sobre a saúde e o ambiente
Fonte: Adaptado de Husingh Environmental Consultants Inc. 1994
1
2
3
Certificadora DET NORSKE VERITAS.
TSW - Sistema da Toyota do Brasil para a efetivação das vendas de veículos novos.
TSM - Sistema da Toyota do Brasil para prestação de serviços em Pós Venda
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
89
Sobre Sustentabilidade
A década de 90 no Brasil foi o início de um novo momento histórico, político,
econômico e social com a eleição do primeiro presidente pelo voto direto. Após 25
anos de ditadura militar a economia brasileira ensaia movimentos em direção ao Neoliberalismo. Conforme DRUCKER (1986), este momento foi avaliado como uma nova
realidade para o século XXI, a economia transnacional, com seus novos riscos e oportunidades, intrinsecamente vinculada ao novo conceito de ecologia transnacional, que
perpassa por todas as discussões ambientais em um movimento questionador dos
modelos de desenvolvimento.
Neste contexto, a sustentabilidade é um conceito advindo de amplas discussões
sobre a temática ambiental desde a década de 70. Segundo SAVITZ (2007), no século
XXI a sustentabilidade é entendida nas organizações como uma forma de condução dos
negócios de modo a gerar um fluxo de benefícios para todos os seus stakeholders4.
SAVITZ (2007) ressalta ainda que a sustentabilidade assemelha-se a um território compartilhado pelos interesses da empresa (stakeholders financeiros) e pelos interesses do público (stakeholders não financeiros). Essa área comum é o que SAVITZ
chamou de “Ponto Doce da Sustentabilidade”, ou seja, o lugar em que a busca do lucro
se mistura de maneira inseparável com a busca do bem comum.
A aplicação da sustentabilidade como princípio e ferramenta de gerenciamento
nas empresas envolve um mosaico de conhecimentos técnicos nas mais diversas áreas: engenharias, economia, administração, direito, dentre outros. Este então compreende a formação continuada de pessoas em valores comprometidos com o cuidado
com o meio ambiente.
Portanto, a premissa da sustentabilidade torna-se possível quando as organizações assumem a variável ambiental em todas as etapas do processo produtivo. Isto
requer dos empreendedores uma compreensão dos aspectos ambientais relevantes
presentes nas atividades e, por conseguinte, a identificação dos impactos ambientais
que podem comprometer o ambiente e seus recursos naturais.
A sustentabilidade é uma filosofia de gerenciamento, identificada através da política, da missão e visão da empresa, e que irá delinear a cultura organizacional, seus
processos e serviços.
Na construção do conceito de sustentabilidade para a revenda Toyota Lince Veículos S.A. foram observados os princípios corporativos relativos à marca Toyota, com
base nos procedimentos TSW (Toyota Sales Way) e TSM (Toyota Sales Marketing).
Aos padrões de processo para revenda Toyota foram levantados os aspectos e impactos ambientais que fundamentaram a proposição dos Planos Ambientais do SGA, efetivados através de medidas de Produção Limpa.
Desenvolvimento da Proposta
O sistema de gestão ambiental na concessionária Lince Veículos S.A.
Segundo a NBR ISO 140045 (1996), a incorporação do SGA na estrutura de uma
organização é capaz de ostentar um equilíbrio e integração dos interesses econômicos
e ambientais, o que pode alcançar vantagens competitivas significativas.
4
STAKEHOLDERS: qualquer pessoa que seja afetada, ou possa ser afetada, pelo desempenho de uma
organização. Incluem os stakeholders internos (como os empregados) os stakeholders de cadeia de valor
(os fornecedores e os clientes) e os stakeholders externos (comunidades, investidores, organizações não
governamentais, órgão públicos etc) SAVITZ, 2007.
5
NBR ISO 14004 - Diretrizes gerais sobre princípios, sistemas e técnicas de apoio do SGA.
90
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
A NBR ISO 14001:2004, norma que referencia o Sistema de Gestão Ambiental,
adotada pela empresa Lince Veículos S.A, propõe à organização a implementação de
procedimentos que tratam seus aspectos ambientais e os possíveis impactos significativos ao meio ambiente. Releva-se também que o cumprimento da legislação vigente é
um requisito para a priorização dos impactos ambientais (MANUAL AMBIENTAL – LINCE VEÍCULOS S.A, 2008).
A partir do estudo sistemático dos impactos ambientais, segundo os aspectos
ambientais presentes nas atividades da Lince Veículos S.A, a empresa é considerada
como poluidora, passível de licenciamento ambiental e outras exigências legais pertinentes. Para efeito da investigação e aplicação dos requisitos legais do Sistema de
Gestão Ambiental, foram elencados os seguintes impactos ambientais, conforme o
Manual Ambiental – Lince Veículos S.A (2008):
•
Poluição hídrica – geração de efluente
•
Poluição do solo – resíduos Classe I, Classe IIA e Classe IIB
•
Poluição atmosférica - emissões gasosas CO2 e CO, emissões de substâncias controladas pelo Protocolo de Montreal
•
Poluição Sonora- geração de ruído
A identificação dos aspectos e impactos ambientais permite a elaboração dos
objetivos, metas e programas ambientais do SGA.
Com o intuito de atender ao item 4.3.3 da norma NBR ISO 14001: 2004, os objetivos, metas e programas do planejamento encontram-se descritos no Planejamento
do SGA. Os objetivos e metas adotados pela Lince Veículos S.A estão apresentados
no Quadro 02.
Quadro 02: Objetivos e metas ambientais da Lince Veículos S.A
Impactos
Objetivos
Metas
Poluição hídrica
1. otimização da SAO (separação
de água e óleo)
1. reduzir em 90% a taxa de
DBO e DQO em um ano
Poluição atmosférica
2. emissão zero
2. neutralizar as emissões
gasosas em dois anos
Poluição do solo
3. encaminhar resíduos gerados
e dar destino de acordo com a
classificação da NBR 10.004
3. tratar 90% dos resíduos
dando destinação correta em
um ano
Desperdício de recursos
1. reduzir consumo de recursos
naturais.
1. reduzir em 10% o consumo
de energia elétrica em 2 anos;
2. Reduzir consumo de água
2. reduzir em 10% em dois anos
naturais
Fonte: Objetivos e metas ambientais – Manual Ambiental, Lince Veículos, 2008.
Todas as ações necessárias para a efetivação dos objetivos e metas ambientais
adotados estão descritas nos Planos Ambientais, que compõem o Programa Ambiental
de prevenção à poluição.
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
91
Na elaboração de cada Plano Ambiental, foram observados os requisitos legais
atendidos, referenciados a cada ação a ser executada.
Desta forma, os Planos Ambientais do Programa de Redução da Poluição contemplam:
- Plano de Controle e Redução dos Efluentes Gerados
- Plano de neutralização de emissões de CO e CO2;
- Plano de monitoramento e controle de gases relatados no Protocolo de Montreal;
- Plano de gerenciamento de resíduos gerados;
- Plano de redução de consumo de energia;
- Plano de redução de consumo de água;
No mosaico de medidas ambientais que constituíram os Planos de Ação do Sistema de Gestão Ambiental, os mecanismos de Produção Limpa foram incorporados
como instrumentos importantes para a efetivação dos objetivos e metas ambientais
propostos. Na prática, estes mecanismos funcionam no processo produtivo como incremento da sustentabilidade nos serviços desenvolvidos da Lince Veículos S.A.
Produção Limpa como ferramenta de instrumentalização para a Sustentabilidade
no Gerenciamento Ambiental.
A produção limpa é considerada uma premissa fundamental para a efetivação
do conceito de sustentabilidade e foi abordada em todas as etapas dos Planos de
Ação, sendo evidenciada nos resultados obtidos dos monitoramentos ambientais.
O conceito Produção Limpa, segundo GREENPEACE (2007), significa a aplicação de uma estratégia econômica, ambiental e técnica integrada aos processos e produtos, a fim de aumentar a eficiência do uso de matérias-primas, água e energia através da não-geração, minimização ou reciclagem dos resíduos gerados, com benefícios ambientais e econômicos para os processos produtivos.
Ainda observa-se que o princípio básico da Produção Limpa é eliminar a poluição durante o processo de produção, e não no final, a fim de atender a necessidade de
produtos de forma sustentável e utilizar com eficiência materiais e energias renováveis, não-nocivas e ao mesmo tempo conservar a biodiversidade.
Como foi descrito anteriormente, no caso da Lince Veículos S.A, todos os possíveis impactos ambientais foram investigados a partir dos aspectos identificados nas
atividades desenvolvidas na empresa. Este levantamento cumpre um requisito da norma NBR ISO 14001:2004, item 4.2, que compõe o Planejamento do Sistema de Gestão Ambiental.
Portanto, conhecidos estes impactos as fontes poluidoras dentro de cada atividade da empresa, foi possível estudar as medidas técnicas para aplicação dos conceitos da Produção Limpa.
O Sistema de Gestão Ambiental implementado como ferramenta de gerenciamento envolve os quatro elementos6 da Produção Limpa:
• 1. O Enfoque Precautório
Através do SGA foi possível exercer o controle sobre os passivos ambientais
identificados, com a definição dos aspectos e impactos ambientais prioritários, que
fundamentaram a verificação do atendimento ao arcabouço legal ambiental. Esta medida visando ao atendimento à legislação ilustra o Enfoque Precautório que o SGA
6
Segundo o GREENPEACE (2007)
92
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
permite ao empreendimento. Isto significa, na prática, o gerenciamento dos possíveis
riscos ambientais e o ônus de eventuais danos ambientais decorrentes do enquadramento legal.
• 2. O Enfoque Preventivo
Desde a concepção da estrutura física até a organização dos procedimentos
operacionais, o enfoque preventivo da poluição foi sistematizado e priorizado nas etapas do processo de construção, na implantação e operação dos serviços da Revenda
Lince Veículos SA.
O enfoque preventivo pode ser constatado nas seguintes etapas da construção
referenciadas no Quadro 03.
Quadro 03: Enfoques referentes às etapas da construção
Etapa
Enfoque Preventivo
Medida
1. Reduzir perda de agregados,
cimento, água, formas para as
peças de concreto
1. Pré-moldados de concreto para a
fundação
2. Evitar perda em materiais
2. Pré – moldados metálicos
Cobertura
3. Evitar consumo de madeira,
evitar perdas
3. Pré – moldados metálicos
Construção Civil
e acabamento
4. Evitar perda e reduzir geração
de resíduos
4. Sistema Dry Wall no lugar da
alvenaria comum
Fundação
Super Estrutura
• 3. Controle Democrático
O Sistema de Gestão Ambiental divulga amplamente sua política ambiental, envolvendo todos os stakeholders. A promoção das atividades de Educação Ambiental
concorre para o fortalecimento da cultura democrática de cuidado com o meio ambiente dentro do processo de Produção Limpa.
• 4. Abordagem Integrada e Holística
O SGA reduz riscos ambientais, com a minimização dos fluxos de matérias e
energia nos processos. A abordagem integrada foi essencial para assegurar que se
efetivassem ações como a implantação de tecnologias limpas, a substituição de produtos perigosos no lavajato e a gerência dos resíduos gerados.
Para a Concessionária Lince Veículos S.A os benefícios são percebidos pela
melhoria do desempenho ambiental, associados à redução de custos por meio da reciclagem de resíduos, economia de energia, água e outros recursos naturais; manutenção ou aumento da atração de capital (acionistas em geral não se arriscam a investir
em empresas poluidoras); prevenção de riscos e possibilidade de reduzir custos de
seguro; evidência da responsabilidade da empresa para com a sociedade; boa reputação junto aos órgãos ambientais, comunidade e ONGs; possibilidade de obter financiamentos com taxas reduzidas; homogeneização da forma de gerenciamento ambiental
em toda a empresa; incorporação da variável ambiental na cultura da estrutura organizacional.
A elaboração e implantação do Sistema de Gestão Ambiental tiveram a abordagem da Produção Limpa envolvida nas seguintes etapas:
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
93
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
Identificação da substância perigosa a ser gradualmente eliminada com base no
Princípio Precautório, no caso dos produtos empregados no lavajato para a lavagem de veículos, o uso da máquina recicladora de ar condicionado, o emprego da
turfa orgânica para contenção de derramamentos de óleos e fluidos;
Execução de análises química e de fluxo de material para a organização do Plano
de Gerenciamento de Resíduos e Efluentes;
Estabelecimento e implementação de um cronograma para a eliminação gradual
da substância nociva do processo de produção, especificamente para o lavajato,
uma vez que os produtos anteriormente usados concorriam para um alto risco
ambiental e para a saúde dos colaboradores;
Implementação de processos de produção limpa. No caso das atividades do
lavajato e troca de óleo, requereu a pesquisa e a definição de novas tecnologias;
Treinamento e fornecimento de apoio técnico e financeiro;
Ativa divulgação de informações para o público e garantia de sua participação
na tomada de decisões nos processos do TSW, TSM e SGA;
Viabilização da transição para a Produção Limpa, com planejamento social e o
envolvimento dos stakeholders, com as parcerias público-privadas com a Prefeitura de Goiânia, através da Agência Municipal de Meio Ambiente e a parceria de
responsabilidade social com a COOPREC para a utilização de materiais não
tóxicos e reutilizáveis.
Quadro 04. Resultados obtidos com planos estabelecidos pelo Sistema de Gestão Ambiental
Plano
Ação Proposta
Produção Limpa
Plano de Controle e Redução dos
Efluentes Gerados
1. Otimização da SAO
1. Troca de Produtos para lavagem de veículos.
1. Melhora significativa da
eficiência da SAO
Plano de neutralização de emissões de CO e
CO2;
2. Parceria público priva- 2. Plantio de árvores dimensida para recuperação de onado mediante cálculo de
emissões CO e CO².
área degradada
2. Reposição de vegetação
em área de proteção ambientalNeutralização de emissões de CO e CO²
Plano de monitoramento e controle de gases relatados no Protocolo de Montreal;
3. Evitar o escape de ga- 3. Procedimento com equipases nocivos à camada de mento para reciclagem dos
gases CFCs
ozônio
3. Controle efetivo dos gases, sem escape para o
ambiente.
Plano de Gerenciamento de resíduos gerados
4. Organização dos resí- 4. Gerenciamento efetivo do
duos gerados, armazena- passivo de resíduos gerados
mento e destinação correta segundo a NBR 10004
4. Eliminação de impactos
ambientais diretos e indiretos sobre solo e água.
4.1 Otimização do proce- 4.1 Eliminação das embaladimento de troca de óleo gens de fluidos contaminados com hidrocarbonetos
4.1 Redução da geração de
resíduos perigosos, por
conseguinte, eliminação e
incineração dos mesmos.
4.2. Eliminação dos riscos
de contaminação de solo e
recurso hídrico.
4.2. Implantação de siste- 4.2. Adaptação da estrutura
ma canalizado de capta- para captação e estocagem
do óleo
ção de óleo usado
94
Resultado
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
Plano de redução de consumo
de energia
5. Utilização mínima de
energia elétrica para iluminação de ambientes
1. Projeto Arquitetônico
com aproveitamento máximo da luz natural
5. Redução significativa de
consumo de energia kW/
m²
Plano de redução de consumo
de água
6. Reduzir o procedimento de lavagem de
veículos no lavajato
com redução do consumo de água
6. Implantação de água
aquecida por sistema de
captação de energia solar.
6. Redução do consumo
de água por carro lavado.
Plano de Redução de Poluição
Sonora
7. Reduzir a geração de
ruído no lavajato
7. Instalação do compressor silencioso
7. Redução do ruído gerado
Após o trabalho de implantação e execução dos Planos de Ação, observa-se que
foi estabelecido o ponto doce da sustentabilidade, conforme a Figura 01.
Figura 01 - Ponto doce da Sustentabilidade para o SGA Lince Veículos SA,
segundo SAVITZ.
•
•
•
•
•
•
•
•
•
Este ponto pode ser resumido nos seguintes aspectos:
Desempenho Ambiental
Redução do consumo de Recursos Naturais
Capitalização de recursos
Prevenção de riscos em geral
Responsabilidade sócio-ambiental
Obtenção de financiamentos com taxa reduzida
Boa reputação junto aos órgãos ambientais
Manutenção e aumento da atração de capital
Incorporação da variável ambiental na estrutura organizacional
Conclusão:
Tratando da questão lucratividade é possível obter resultados a curto, médio e
longo prazos. A lucratividade de curto prazo é a capitalização de resíduos, sob seu
descarte seguro feito pelas empresas responsáveis pela destinação final correta e redução de custos de energia, água e aparas brancas. Os resultados de médio e longo
prazos estão relacionados com a conquista de fatia de cliente e mercado considerando-se marketing “verde” pela nova imagem de credibilidade da marca.
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
95
A implantação do Sistema de Gestão Ambiental na concessionária Lince Veículos
S.A. representa um cenário ambiental satisfatório aos interesses dos stakeholders. A
NBR ISO 14001 pode ser utilizada como estratégia de marketing ambiental, ou “verde”,
sendo uma ferramenta capaz de projetar e sustentar a imagem da empresa, difundindoa com uma nova visão de mercado e destacando sua diferenciação ecologicamente
correta junto à sociedade, fornecedores, funcionários e ao mercado (SCHERER, 2006).
Dessa forma, através de todos os mecanismos de Produção Limpa, a sustentabilidade tornou-se verdade nos processos e serviços da revenda Lince Veículos S.A.
No âmbito da Certificação Ambiental e Produção Limpa, a Lince Veículos ostenta
um projeto pioneiro que vislumbra uma estratégia diferenciada na busca e conquista
de novos clientes e no atendimento à Normalização Ambiental, ao mesmo tempo em
que contribui para a preservação do Meio Ambiente.
Apresentação da Equipe Técnica:
Engenheira Civil Vivianne dos Santos Resende, especialista em Gestão
Ambiental-Processos Gerenciais
CREA 9917/D GO
Coordenadora da Elaboração e Implantação do Sistema de Gestão Ambiental
segundo a NBR ISO 14001
Engenheira Ambiental Nádia Gomes de Souza
Executiva de procedimentos ambientais
Gestora Ambiental Lorenna Escobar
Executiva de Procedimentos e Controles Ambientais
96
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
ILUSTRAÇÕES
Lince Veículos – etapa de construção
Lince Veículos – etapa de construção
Lince Veículos – etapa de construção
Lince Veículos – etapa de construção
Lince Veículos – arquitetura favorável para utilização
de luz natural
Lince Veículos – arquitetura favorável para
utilização de luz natural
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
97
Lince Veículos – arquitetura favorável para
utilização de luz natural
98
Lince Veículos – arquitetura favorável
para utilização de luz natural
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
Modalidade
Produção Agronômica
Projeto:
Manejo integrado de pragas
Premiada:
Jalles Machado S/A
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
JALLES MACHADO S/A
PROJETO MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS
Indicado por: Eng. Agrônoma Patrícia Rezende Fontoura.
Bióloga Andressa Carneiro de Sousa.
1 - INTRODUÇÃO
O manejo integrado de pragas é uma estratégia de controle múltiplo de infestações que se fundamenta no controle ecológico e nos fatores de mortalidade naturais,
procurando desenvolver táticas de controle que interfiram minimamente com esses
fatores, com o objetivo de diminuir as chances dos insetos ou doenças de se adaptarem a alguma prática defensiva em especial.
Quando bem empregada, a técnica do Manejo Integrado de Pragas (MIP) limita
os efeitos potenciais prejudiciais dos pesticidas químicos à saúde pública e ao Meio
Ambiente.
O objetivo dessa estratégia não é o de eliminar os agentes, mas reduzir sua
população de modo a permitir que seus inimigos naturais permaneçam na cultura, agindo
sobre suas presas e favorecendo a volta do equilíbrio natural desfeito pela lavoura e
pelo uso de defensivos agrícolas. Dessa forma, requer o entendimento do sistema da
cultura como um todo e o conhecimento das relações ecológicas entre os insetos agressores, seus inimigos naturais e o ambiente onde está inserida.
A decisão de tomada de uma ação contra a infestação de insetos e outros agressores ou doenças requer o entendimento do nível de tolerância da cultura sem refletir
em perda econômica substancial. Para tanto, é necessário o acompanhamento e a
pesquisa para estimar o grau de abundância e severidade da infestação.
A Jalles Machado realiza o projeto de Manejo Integrado de Pragas em três principais organismos que afetam a cultura de cana-de-açúcar, através do: controle biológico da broca, controle biológico de cigarrinha e monitoramento de cupins.
Todas essas três ações têm obtido resultados satisfatórios, tanto no âmbito econômico, social e principalmente ambiental.
2 - DESCRIÇÃO DA EMPRESA
2.1- HISTÓRIA
O ex-governador do estado de Goiás, Dr. Otávio Lage de Siqueira, pessoa sempre atenta ao bem estar social e ao progresso da região, em 1980, preocupado em criar
mais empreendimentos para absorver o potencial de mão-de-obra disponível, iniciou o
movimento para criar mais uma destilaria de álcool carburante, produto na época incentivado pelo Governo, através do programa PROÁLCOOL. No dia 14 de novembro
de 1980, no salão paroquial da Igreja Católica, na Praça Dimas Carrilho, era realizada
a solenidade de fundação da destilaria. Constituída sob a denominação de Goianésia
Álcool S/A., nascia a mais próspera empresa da região. Mais tarde a empresa passaria
a se chamar Jalles Machado S/A e está implantada na Rodovia GO 080 km 71,5 no
município de Goianésia – GO. (Figura 1)
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
101
Figura 1- Vista área da Jalles Machado
A Jalles Machado S/A, empresa brasileira, de grande porte, comercializa os seus
produtos (álcool, açúcar e energia) em nível nacional e internacional, utilizando como
matéria-prima a cana-de-açúcar. Ao desenvolver suas atividades se preocupa em proteger o solo, preservar os recursos naturais e a sua biodiversidade bem como controlar
as emissões atmosféricas. Prova disso são as inúmeras certificações conquistadas
pela empresa, sendo as principais:
-
GMA-SAFE (Certificado em Segurança Alimentar)
ISO 9001:2000 (Certificado em Sistema de Gestão da Qualidade)
ISO 14001:2004 (Certificado em Sistema de Gestão Ambiental)
DNV (Projeto de Cogeração com Bagaço)
Certificado KOSHER
USDA ORGANIC (Certificado de Operação Orgânico)
CERTIFICADO ECOSSOCIAL
IBD CERTIFICADO ORGÂNICO
Selo ABRINQ (Empresa Amiga da Criança)
Essas certificações se baseiam nos seguintes princípios:
Carta magna da Jalles Machado S/A
• Oferecer qualidade e segurança em seus produtos, com responsabilidade e
segurança em seus produtos, com responsabilidade sócio-ambiental;
• Assegurar a satisfação dos acionistas e dos nossos clientes;
• Valorizar as pessoas, promovendo-as e integrando-as;
• Respeitar o Meio Ambiente, prevenir a poluição, atender a legislação vigente
e os requisitos regulamentares aplicáveis;
• Buscar a melhoria contínua de desempenho.
102
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
2.2- PROJETOS SOCIAIS
A Jalles Machado S/A desenvolve, há anos, projetos sociais envolvendo ações
nas áreas da educação, saúde, lazer, recreação, seguridade social e meio ambiente,
numa visão holística da sociedade. Dentre eles destacam-se:
- Criação da ESCOLA LUIZ CÉSAR DE SIQUEIRA MELO, voltada para o ensino
de 1ª a 4ª séries;
- Estruturação de programas de bolsas de estudos para colaboradores, em todos os níveis, desde o básico, graduação, pós-graduação e mestrado;
- Política de treinamento para os colaboradores em diversas áreas, capacitando-os e qualificando-os para melhor desempenho de suas atividades profissionais e
pessoais;
- Atendimento odontológico preventivo, com programas regulares de escovação, aplicação de flúor e tratamento bucal;
- Acompanhamento médico, inclusive com a ação de especialista;
- Aparelhos reabilitacionais;
- Farmácia básica;
- Merenda variada e nutritiva;
- Vacinação contra hepatite B, tríplice viral, tétano e outras;
- A empresa oferece plano de saúde aos seus colaboradores e dependentes nos
serviços médico-hospitalar, ambulatorial e laboratorial para exames de alta complexidade com convênios em Goianésia, Anápolis e Goiânia;
- A empresa preocupada com o bem estar de todos os colaboradores desenvolve inúmeras ações preventivas através de sua assistência social, visando sempre a
qualidade de vida de cada um e refletindo no âmbito saudável de toda a empresa;
- A empresa possui o Serviço de Medicina do Trabalho, que tem como objetivo
prevenir as doenças ocupacionais valorizando e promovendo a saúde de seus colaboradores. Desenvolve o PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional), onde se realizam cinco tipos de exames médicos, dentre eles os exames admissionais, periódicos e demissionais;
- A empresa mantém um clube recreativo para seus colaboradores para que
possam desfrutar de lazer e recreação;
- PPR- Programa de Participação no resultados que foi implantado em 1991, visando o aumento do rendimento dos colaboradores, estimulando-os na busca de resultados econômicos, prevenção de acidentes do trabalho e G5S, na conquista de ambiente
limpo, saudável e em interação com o meio ambiente e em trabalho em equipe.
2.3- MEIO AMBIENTE
A Jalles Machado S/A, tem o compromisso de estar sempre buscando o equilíbrio entre o meio ambiente e a atividade econômica, priorizando o uso inteligente dos
recursos naturais e investindo na melhoria contínua do seu desempenho. Assim, gradativamente, reduzimos os impactos ambientais e garantimos à sociedade produtos e
serviços ecologicamente corretos. A produção de energia elétrica a partir de biomassa
é ambientalmente limpa e proporciona às empresas geradoras, créditos de carbono,
previstos no Protocolo de Kyoto, além da produção orgânica.
Dentre as principais ações ambientais da Jalles Machado, destacam-se:
- CIMA (Comissão Interna de Meio Ambiente), formada por colaboradores de
todas as áreas da empresa tem como objetivo propor medidas de cunho educacional
normativas ou de projetos de adequação, buscando a eliminação ou neutralização dos
impactos negativos ao meio ambiente;
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
103
-
Programas com a comunidade
Projeto Ame a Ema
Manejo Integrado de Pragas
Aplicação de novas técnicas de irrigações
Reflorestamento de Matas Ciliares
Viveiro de Mudas (Figura 2)
Figura 2- Viveiro de mudas
-
Reserva legal Extra-Propriedade
Floresta de eucalipto
Preservação e Recuperação de APP’s e Reservas Legais
Reaproveitamento dos Resíduos
Crédito de Carbono e Co-Geração de Energia
3 - PROJETO MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS
3.1 – CONTROLE BIÓLOGICO DA BROCA (Diatraea saccharalis)
A broca da cana-de-açúcar, Diatraea saccharalis (Figura 3), é considerada uma
praga chave no cultivo de cana-de-açúcar, com ocorrência em todas as regiões onde
se cultiva esta planta no Brasil. As fêmeas colocam seus ovos nas folhas, e as larvas
recém nascidas dirigem-se para as gemas onde penetram no colmo e alimentam-se de
seu interior. As lagartas causam prejuízos diretos com a abertura de galerias, ocasionando perdas de peso da cana, morte das gemas, influenciando negativamente na
germinação. Em canas novas ocasionam o secamento dos ponteiros que é conhecido
como coração morto.
104
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
Figura 3 - Diatraea saccharalis
Os prejuízos indiretos causados pela praga são os mais consideráveis, pois através dos orifícios abertos pelas lagartas penetram fungos causadores da podridão vermelha do colmo que invertem a sacarose, diminuindo a pureza do caldo e dando menor rendimento de açúcar e álcool, além de influenciar na coloração do açúcar que é
um fator importante do controle de qualidade do produto (Figura 4 ).
Figura 4 - Prejuízos da Broca na cana-de-açúcar
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
105
O microhimenóptero Cotesia flavipes, segundo Macedo (1983), é um parasitóide, cujas larvas se alimentam do tecido de reserva da lagarta de D. saccharalis. O seu
parasitismo inicia-se com a ovoposição de uma fêmea, que introduz na lagarta cerca
de 50 ovos. Desses ovos nascem as larvas que se desenvolvem e migram para fora do
corpo da lagarta formando casulos (“massas”) que originarão os adultos (Figura 5).
Figura 5 - Cotesia flavipes
Esse parasitóide foi introduzido no Brasil para o uso em programas de controle
biológico inundativo, ou seja, com liberações de grande quantidade de inimigos naturais nos locais onde há infestação da praga. No entanto, por problemas diversos, estas
liberações devem ser constantes já que o inseto não consegue se estabelecer no campo. Assim, para obtenção da quantidade de adultos de C. flavipes necessária para as
liberações é importante a sua criação massal em laboratório. A criação massal do parasitóide é conduzida através de lagartas hospedeiras da broca da cana, criadas em
dieta artificial (Figura 6).
Figura 6 - Diatraea saccharalis em dieta artificial
106
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
Para a liberação dos adultos no campo é necessário que se definam as áreas
mais infestadas pela praga e que se determine a densidade populacional e o estágio
predominante do ciclo do inseto no momento da amostragem. A liberação é feita nas
primeiras horas do dia (Figura 7).
Figura 7 - Cotesia liberada no canavial
O manejo da broca tem sido realizado com sucesso utilizando-se o controle biológico, que além de proporcionar resultados econômicos positivos, não provocam desequilíbrios ecológicos.
Visando o controle da Broca aliado a uma preocupação ambiental a Jalles Machado criou em 1999 o primeiro laboratório de controle biológico do estado de Goiás
(Figura 8), e hoje ainda é a única usina do setor sucroalcoleiro a possuir laboratório
próprio.
Figura 8 - Sala de inoculação do Laboratório de Controle Biológico da Jalles Machado
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
107
O laboratório biológico da Jalles Machado tem uma capacidade para produzir mais
de 550.000 massas de Cotesia flavipes por mês, ou seja, uma liberação de aproximadamente 2.750.000 indivíduos por mês. Essas massas são liberadas em toda a plantação
da Jalles Machado de acordo com o Levantamento do Índice de Infestação por Broca
que é realizado por uma equipe de campo, a mesma que realiza a liberação das vespas.
O laboratório possui atualmente 27 funcionárias e funciona em dois turnos.
O uso de parasitóides, como a Cotesia não sofre pressões de legislação, em
função do benefício que traz ao setor e ao meio ambiente. A técnica tem como vantagens à preservação do equilíbrio natural das populações de broca, e de outras espécies naturais em função da não aplicação de inseticidas na parte aérea da cultura canavieira durante todo o seu ciclo.
A maioria dos inseticidas apresenta amplo espectro de atuação e matam de modo
não específico outros animais ecologicamente importantes e potencialmente úteis. Os
inimigos naturais usualmente têm preferências muito específicas para certos tipos de
pragas e podem não causar dano algum a outros animais benéficos e a pessoas, havendo menos perigo de impacto sobre o ambiente e qualidade da água.
Além de ação ambiental positiva o controle biológico de pragas apresenta vantagens econômicas. O custo por hectare da aplicação com inseticidas fisiológicos custa
em média R$ 42,00 enquanto no controle biológico com Cotesia flavipes esse custo é
de a aproximadamente R$ 16,00.
Os inseticidas fisiológicos funcionam somente nos primeiros ínstares das lagartas (de até um centímetro), em que, após sua eclosão, migram para a região do colmo
da planta à procura de abrigo e lá permanecem se alimentando da raspagem das folhas. Após esse período, as lagartas perfuram a casca do colmo na região do palmito e
abrem uma galeria na planta, permanecendo o restante da sua fase de lagarta protegida da ação de fatores externos e defensivos agrícolas, como os inseticidas. Tal característica da praga representa a maior dificuldade de seu controle, uma vez que nesta
situação, tem-se somente a opção do controle biológico pela ação da Cotesia flavipes.
3.2 - CONTROLE BIOLÓGICO DA CIGARRINHA
A cigarrinha da raiz, Mahanarva fimbriolata (Figura 9) e a cigarrinha da folha,
Mahanarva posticata, são pragas de importância crescente na cultura da cana-de-açúcar. Em áreas de “cana crua”, seu prejuízo chega a ser de 11% na produtividade agrícola. Seus problemas são maiores nos cortes subseqüentes à cana-planta.
Figura 9 - Cigarrinha da raiz
108
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
Sem a queima da cana, que também mata os insetos, as cigarrinhas encontram
um ambiente favorável para viver no material orgânico acumulado no solo. Os estragos
causados por esse pequeno inseto, que mede cerca de um centímetro são devastadores para a maior e mais importante cultura agroindustrial do Estado.
O ciclo de vida da cigarrinha começa com o início do período chuvoso. Os ovos
enterrados no solo dão origem às ninfas, que vivem em torno de 50 a 60 dias. Logo ao
sair dos ovos, as ninfas caminham até a base da cana e se envolvem por uma espuma
produzidas por elas, para proteção, enquanto sugam a seiva da planta para se alimentar até a fase adulta, quando voam, acasalam e geram novos ovos. Os adultos causam
prejuízos ao injetar toxinas nas folhas, interferindo na capacidade de fotossíntese da
planta. As perdas chegam a 60% no campo, sem contar os prejuízos na produção
industrial, devido à redução do teor de sacarose da cana. O ataque, que chega até a
terceira geração, só termina quando começa o período mais seco. A partir dessa época
a cigarrinha coloca os ovos no solo, que ficarão esperando a umidade de um novo
período chuvoso, quando, então, se iniciará uma nova colônia. (Revista Rural, 2008).
A Jalles Machado tem adotado Controle Biológico da cigarrinha que é feito através
da aplicação de fungo, Metarhizuim anisopliae. Primeiramente é realizado um monitoramento da densidade populacional de cigarrinha para que posteriormente seja realizado o
controle. O monitoramento é imprescindível para se decidir sobre a estratégia de controle da praga, sendo que a detecção da primeira geração permite um controle mais eficiente principalmente através do fungo Metarhizuim anisopliae (Figura 10).
Figura 10 - Aplicação de Metarhizuim anisopliae
O controle biológico não é poluente, não provoca desequilíbrios biológicos, é
duradouro e aproveita o potencial biótico do agroecossistema, não é tóxico para o
homem e animais e pode ser aplicado com as máquinas convencionais, com pequenas adaptações (ALVES & ALMEIDA, 1997).
3.3 - MONITORAMENTO E MANEJO DE CUPINS
Registram-se no Brasil cerca de 290 espécies em 67 gêneros. Este número de
espécies é seguramente subestimado, pois há muitas espécies novas para descrever
e outras, já descritas, provavelmente serão assinaladas no nosso meio. Cupins são
insetos sociais. Assim, há completa interdependência entre os indivíduos (Figura 11).
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
109
As comunidades possuem indivíduos de diferentes morfologias (castas), adaptadas ao
trabalho que desempenham. As colônias de cupins apresentam, basicamente, três
castas de indivíduos: alados, soldados e operários. Em uma colônia saudável também
encontram-se ovos e jovens. Soldados e operários são designadas castas neutras, por
serem estéreis. Porém, diferentemente das abelhas e formigas (cujas castas não reprodutoras são compostas exclusivamente por fêmeas), soldados e operários de cupins preservam o sexo genético, bem como resquícios do aparelho genital e das gônadas correspondentes ao respectivo sexo. Assim, na língua portuguesa, é incorreto falar
em “operárias” de cupins para designar uma casta composta por fêmeas e machos. As
comunidades de cupins vivem em ninhos. O conjunto comunidade e ninho constitui a
colônia. (Cupins.net, 2008)
Figura 11- Algumas espécies de Cupins
Os principais danos dos cupins na cultura de cana-de-açúcar são redução da
produtividade, diminuição da longevidade dos canaviais e dificuldade na operação das
atividades agrícolas.
O controle de cupins na cana-de-açúcar com inseticidas químicos é uma prática
já tradicional e, segundo Valério et al (2004), pode ser dividido em dois períodos: até
1985 com uso dos organoclorados (Aldrin e Heptacloro) e após 1985 com a utilização
de outras moléculas. Atualmente o controle químico preventivo de cupins na cana-deaçúcar é feito quase que exclusivamente com produtos a base de fipronil (Regent 800
WG). Entretanto, outras medidas de controle culturais que busquem um maior equilíbrio através de correto manejo do solo com calagem, fosfatagem, elevação da matéria
orgânica e a rotação de culturas com leguminosas como soja, amendoim e crotalária,
podem trazer resultados muito favoráveis e até dispensar o uso de inseticidas químicos. Um bom exemplo disso observa-se nas áreas de cana orgânica (cerca de 6.000
ha em Goiás) onde os cupins não podem ser controlados com inseticidas e não são
observados danos destes insetos na cultura, evidenciando que seu papel no sistema é
mais benéfico do que maléfico.
Com a implantação da colheita de cana-de-açúcar e com a conseqüente manutenção de uma densa cobertura de palha sobre o solo, espera-se um aumento na
população de cupins em geral uma vez que sua principal fonte de alimento são os
resíduos vegetais. Neste sistema o papel ecológico dos cupins assume importância
fundamental como agentes decompositores e os cuidados no seu manejo deve ser
110
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
redobrado para a manutenção do equilíbrio e sustentabilidade das áreas de produção.
Desde de 1994 a infestação de cupins nas áreas de plantio de cana-de-açúcar da
Jalles Machado S/A, em Goianésia-GO, está sendo monitorada para a tomada de decisão sobre o tratamento químico e os resultados deste trabalho são aqui apresentados.
As equipes de monitoramento são previamente treinadas para a realização das
amostragens e separação dos principais gêneros de cupins que ocorrem nas áreas. A
cada ano, nos meses de dezembro e janeiro, são feitas as amostragens de cupins
subterrâneos em áreas de plantio de cana-de-açúcar. A amostragem consiste no enterrio de cerca de 2 iscas/ha, que serão retiradas após 25 a 30 dias. Cada isca é composta de 2 colmos de cana-de-açúcar com cerca de 40cm de comprimento. Durante a
retirada das iscas são obtidos os seguintes dados: espécies, níveis de ocorrência e
danos dos cupins aos colmos. De posse destes dados é tomada a decisão quanto às
doses de cupinicida a serem aplicadas em cada fazenda/talhão por ocasião do plantio
da cultura em março/abril. Os gêneros de cupins considerados mais danosos aos canaviais são Heterotermes e Cornitermes. A partir da identificação e nível de ocorrência
desses indivíduos é determinada a necessidade ou não de aplicação de defensivos
químicos, bem como a dosagem a ser aplicada.
A Jalles Machado S/A, possui atualmente uma área de de cana-de-açúcar próxima de 35.000 ha. De 1994 a 2007, foram monitorados em média mais de 3.350 ha/
ano, sendo que em cerca de 48% destas áreas os plantios foram feitos sem tratamento
com cupinicidas.
Observa-se que o monitoramento de infestação de cupins foi uma atividade de
grande importância para empresa. Tanto pelo aspecto econômico, com uma economia
líquida de mais de dois milhões de dólares e sem qualquer possibilidade de redução na
produtividade e na qualidade da cana-de-açúcar, como também pelo aspecto ambiental, pois se deixou de aplicar no solo cerca de dez toneladas e meia de inseticidas,
conforme Tabela 1. Na economia líquida obtida foram incluídos apenas os custos relativos à aquisição do inseticida e não foram adicionados outros custos como: custo de
aplicação, custo ambiental, custo social (riscos de intoxicações)
Estes resultados evidenciam ainda mais a importância dos investimentos na
busca de novos conhecimentos e tecnologias que podem ser viabilizados de forma
mais eficaz, rápida e a menores custos através da parceria empresa/universidade.
Infelizmente a maioria das usinas e destilarias de Goiás e do Brasil ainda preferem
optar pelo uso sistemático e irracional de cupinicidas buscando, na maioria das áreas, controlar um grupo de insetos que exerce um papel muito mais benéfico do que
maléfico.
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
111
Tabela 1- Resultados do monitoramento de infestação de cupins na Jalles Machado S. A., em
Goianésia – GO, no período de 1994 a 2007.
Ano
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
Total
Área
plantada
(ha)
3.368,58
2.869,09
3.421,92
2.238,61
2.200,00
2.300,00
3.867,45
3.981,64
5.000,00
4.300,00
5.300,00
8.011,00
7.198,56
6.128,53
60.185,38
Área sem
inseticida
(ha)
50,00
516,00
1.800,00
1.411,00
1.720,00
2.003,00
2.139,60
2.269,70
1.500,00
2.765,00
3.720,00
4.000,00
2.957,92
3.362,16
30.214,38
Custo de
monitoramento
(U$)
2,500,00
1,680,00
1,660,00
1,732,00
2,945,00
2,876,00
3,750,00
2,225,00
6,183,00
7,000,00
8,000,00
10,000,00
50,551,00
Economia com
ajuste de dose de
inseticidas (U$)*
54,000,00
70,000,00
120,000,00
63,000,00
64,000,00
121,000,00
128,000,00
83,000,00
703,000,00
Economia
líquida (U$)
1,700,00
21,000,00
71,000,00
71,000,00
86,000,00
101,000,00
161,000,00
184,000,00
184,000,00
204,000,00
246,000,00
276,000,00
239,000,00
208,000,00
2,053,000,00
*Inseticida utilizado foi Regent 800 WG - U$ 202,00/kg e utilizado na dose de 200 g/ha.
4 - CONCLUSÃO
O Manejo Integrado de Pragas associa o a preservação do Meio Ambiente e a
dinâmica populacional das espécies, utilizando técnicas apropriadas e métodos de forma tão compatível quanto possível e mantém a população da praga em níveis abaixo
daqueles capazes de causar dano econômico.
Para que o Manejo Intergrado de Pragas seja uma ação de sucesso, é necessário principalmente, além de uma consciência ambiental e econômica, uma especial
atenção na área de monitoramento e pesquisa para desenvolver e colocar em prática
atividades como essas. A Jalles Machado possui um Setor de Desenvolvimento e Pesquisa, responsável por monitoramentos e experimentos na área de melhoramento agrícola e ambiental.
5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVES, S.B. & ALMEIDA, J.E.M. Controle biológico das pragas das pastagens.
In: Simpósio sobre ecossistema de pastagens, 3., 1997, Jaboticabal,SP. Anais. Jaboticabal: 1997. p.318-341.
CUPINS. NET. Disponível em: http://www.cupim.net/. Acesso em: 24/09/2008.
MACEDO, N.; BOTELHO, P.S.M.; DEGASPARI, N.; ALMEIDA, L.C.; ARAÚJO,
J.R.; MAGRINI, E.A. Controle biológico da broca da cana-de-açúcar : manual de instrução. Piracicaba: IAA/PLANALSUCAR, 1983. 22p.
REVISTA RURAL. Disponível em: http://www.revistarural.com.br/. Acesso em :
24/09/2008.
VALÉRIO, J.R; MACEDO, N.; WILCKEN, C.F.; CONSTANTINO, R. Cupins em
pastagens, cana-de-açúcar e plantações florestais. In: Salvadori, Ávila e Silva (eds.)
Pragas de solo no Brasil. FUNDACEP/FECOTRIGO, 2004. P. 409-45
112
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
Modalidade
Meio Ambiente Rural
Projeto:
Gestão Ambiental no Setor
Sucroalcooleiro: utilização dos resíduos
industriais na cultura de cana-de-açúcar
Premiada:
Jalles Machado S/A
PRÊMIO
CREA-GO de Meio Ambiente
2008
CATEGORIA:
Meio Ambiente Rural
“GESTÃO AMBIENTAL NO SETOR
SUCROALCOOLEIRO:
UTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS NA
CULTURA DA CANA-DE-AÇÚCAR”
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
115
GESTÃO AMBIENTAL NO SETOR SUCROALCOOLEIRO: UTILIZAÇÃO DE
RESÍDUOS INDUSTRIAIS NA CULTURA DA CANA-DE-AÇÚCAR
Alam A. M. Tombini1, Ivan C. Zanatta2, Angélica F. V. Lobo3, Marcos R. Sampaio4
1
Técnico em Meio Ambiente – SGI /Jalles Machado S.A, Biólogo e
mestrando em Ciências Florestais pela UnB.
2
Eng° Químico/MBA Planejamento Ambiental – Gestor do SGI/Jalles Machado S.A
3
Tecnóloga em Gestão Ambiental – SGI /Jalles Machado S.A
4
Biólogo – SGI /Jalles Machado S.A
116
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
RESUMO
A gestão dos resíduos pode funcionar como um bom indicador no que diz respeito
às ações ambientais praticadas por uma empresa. A Jalles Machado, empresa
estabelecida no município de Goianésia, Goiás, possui um Sistema de Gestão Integrada
que preconiza a disposição adequada de todos os seus resíduos. Neste artigo são
apresentados dados relativos à gestão de resíduos, especialmente da “torta de filtro”,
das cinzas provenientes da lavagem dos gases das caldeiras, do material sólido
proveniente da estação de tratamento de efluentes e da vinhaça. Com a adoção de
tecnologias simples a empresa utiliza esses resíduos na fertilização de seus canaviais,
aumentado sua produtividade e eliminando os impactos da destinação inadequada
desses resíduos.
ENVIRONMENTAL MANAGEMENT AT THE SUGAR AND ALCOHOL SECTOR:
USE OF INDUSTRIAL RESIDUES IN THE SUGAR CANE CULTIVATION
Alam A. M. Tombini1, Ivan C. Zanatta2, Angélica F. V. Lobo3, Marcos R. Sampaio4
1
Biólogo/Técnico em Meio Ambiente – SGI /Jalles Machado S.A e
mestrando em Ciências Florestais pela UnB.
2
Eng° Químico/MBA Planejamento Ambiental – Gestor do SGI/Jalles Machado S.A
3
Técnóloga em Gestão Ambiental – SGI /Jalles Machado S.A
4
Biólogo – SGI /Jalles Machado S.A
ABSTRACT
The management of residues can be a good index related to the environmental
actions taken by a company. Jalles Machado, in Goianésia, Goiás, has a system of
Integrated Management that commends a suitable arrangement of all of its residues.
This article presents data regarding the management of the residues, mainly the “filter
cake”, of the ashes coming from the washing process of the gases from the boilers, as
well as of the solid material coming from the effluent treatment station and the vinasse.
By adopting simple technology the company uses these residues as fertilizers in the
sugar cane fields, increasing the productivity and eliminating the impacts of the unsuitable
use of them.
1. INTRODUÇÃO
Atualmente o Brasil é maior produtor de cana-de-açúcar mundial, sendo que na
safra 2007/2008 atingiu a marca de 473,16 milhões de toneladas de cana, em mais de
6,92 milhões de hectares plantados. Hoje a cana-de-açúcar do Brasil é considerada a
mais competitiva nesse mercado por contar com os menores custos de produção de
açúcar e álcool do mundo.
Se por um lado estamos passando por um momento de euforia no que diz respeito
aos investimentos nesse setor, por outro, verificamos um aumento nas discussões em
relação à questão ambiental, principalmente com questionamentos e afirmações, muitas
vezes infundadas cientificamente, a respeito dos impactos ambientais causados pelas
indústrias sucroalcooleiras.
É fato que por muito tempo a agricultura foi vista como atividade potencialmente
degradadora, no entanto, como todos os segmentos da economia esse setor evoluiu,
utilizando hoje tecnologias de ponta para garantir maiores produtividades
concomitantemente à preservação do meio ambiente.
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
117
O uso da torta de filtro e vinhaça nos solos representa grande reciclagem de
nutrientes e de matéria orgânica. Neste momento de alta nos preços dos fertilizantes, o
uso desses resíduos significa grande economia, principalmente no uso de fósforo e
potássio.
Pretendemos com esse trabalho elencar algumas ações ambientais desenvolvidas
pela Jalles Machado S.A que servem como referencia para outras empresas do país e
também alguns resultados econômicos decorrentes dessas ações.
Pretendemos ainda esclarecer algumas informações baseadas em mitos
relacionadas à produção sucroalcooleira, mostrando que, com ações muitas vezes
simples, podemos evitar danos ambientais e de quebra aumentar a viabilidade
econômica do empreendimento.
2. GESTÃO DE RESÍDUOS NA JALLES MACHADO
O setor sucroalcooleiro tem mostrado experiências bem sucedidas na gestão
de resíduos demonstrando que com a aplicação de tecnologias, muitas vezes simples,
é possível dar soluções rentáveis para o destino adequado dos resíduos.
A gestão de resíduos pode ser complexa e ao mesmo tempo desafiadora. O
resíduo industrial, por exemplo, se não for bem gerenciado, pode ser um problema
para o meio ambiente ou, se bem utilizado, pode ser uma oportunidade para diminuição
dos custos de produção e dos riscos ambientais.
A adequada gestão dos resíduos pode representar melhoria da imagem da
empresa e oportunidades de negócio. Pensando nisso, e consciente de sua
responsabilidade ambiental, a Jalles Machado vem realizando diversas ações que
minimizam os impactos causados por estes resíduos. O reaproveitamento é realizado
para a fabricação de adubo orgânico, através da compostagem, utilização como
fertirrigação, através da vinhaça e geração de energia através da queima do bagaço de
cana.
Na Jalles Machado todo resíduo gerado é reaproveitado internamente ou
encaminhado para reciclagem em empresas regulares junto aos órgãos ambientais. A
gestão dos resíduos se dá a partir de um monitoramento rigoroso em todas as fases
dos processos, pois a maneira mais racional, inteligente e econômica, é fazer a gestão
deste resíduo mitigando ao máximo a sua geração. A partir desse monitoramento, são
realizados programas de educação ambiental de redução de desperdício e formas mais
eficazes no manejo dos resíduos gerados.
A indústria investiu aproximadamente 500 mil reais em instalações de sistemas
“scrubber”, que evitam que sejam lançados na atmosfera fuligem, poeira e outros
particulados resultantes da queima do bagaço da cana.
É claro que a gestão de resíduos vai muito além da reutilização destes insumos.
É necessária a visão geral que identifique as possibilidades de integração e, de forma
complementar, a visão especialista que permita o entendimento e a modificação dos
sistemas de produção. Fica evidente a necessidade de formação e treinamento de
recursos humanos para o país enfrentar os desafios da gestão de resíduos como parte
do negócio, considerando os aspectos econômicos, ecológicos e sociais (SPADOTTO,
2008).
Os gráficos abaixo demonstram as receitas obtidas com a gestão dos resíduos
nos anos de 2007 e 2008 pela Jalles Machado, ressaltando que grande parte dessa
receita é aplicada pela empresa na adoção e implantação de novas tecnologias de
controle de poluição e impactos ambientais nas áreas de agricultura, como por exemplo,
a restauração e recuperação de nascentes e matas ciliares.
118
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
VALOR TOTAL COMERCIALIZADO DE RESÍDUOS - 2007
296.429
300.000
VALOR (R$)
250.000
200.000
150.000
100.000
50.000
0
Total
Figura 1 - Receita obtida com a Gestão de resíduos na Jalles Machado S/A, município Goianésia-GO
VALOR TOTAL COMERCIALIZADO DE RESÍDUOS - 2008
300.000
VALOR (R$)
250.000
238.831
200.000
150.000
100.000
50.000
0
Total
Figura 2 - Receita obtida com a Gestão de resíduos na Jalles Machado S/A, município Goianésia-GO
Para se ter uma idéia de quanto à gestão de resíduos é importante para a indústria
sucroalcooleira abaixo seguem alguns números relativos à produção de açúcar, álcool
e seus resíduos gerados:
1 ton cana = 135 Kg açúcar + 12 Litros de álcool + 35 kg de torta de filtro +
156 Litros de vinhaça.
2.1 TORTA DE FILTRO E COMPOSTAGEM
A torta de filtro é um subproduto da indústria canavieira resultante da purificação
do caldo sulfitado e de baixíssimo custo (CASARIN et al., 1989). A sua utilização como
fertilizante orgânico após a compostagem é bastante difundida entre os produtores, e
seu uso como substrato está sendo bem aceito, como observado nos resultados
satisfatórios encontrados na produção de cana-de-açúcar (MORGADO et al., 2000).
Na Jalles Machado a torta de filtro, que no passado causava poluição ao meio
ambiente, atualmente é usada como fertilizante e têm contribuído para a melhoria das
propriedades físicas dos solos, repondo parte dos elementos químicos, notadamente o
potássio, retirados da área ocupada pela cana-deaçúcar.
Os resíduos da torta de filtro são misturados em área adequada para esse fim
com os resíduos resultantes da lavagem dos gases nas chaminés das caldeiras, da
limpeza das grelhas das caldeiras e do resíduo do lodo doméstico da estação de
tratamento de esgoto.
Além de instalar um sistema de lavagem dos gases provenientes da caldeira
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
119
encomendou ainda um estudo de concentração superficial de NOx e material particulado
em sua região de abrangência, cujos dados demonstraram que não há emissão de material
particulado nas cidades próximas provenientes das chaminés da Jalles Machado.
Conforme os cálculos e observações apresentados nesses relatórios, as emissões
para a atmosfera resultantes da Usina Jalles Machado, referentes a material particulado
e NOx constituem-se em contribuições pequenas para impactar a qualidade do ar na
área de influência de nosso empreendimento. Pode-se dizer que as concentrações
desses poluentes não resultam em comprometimento para a qualidade do ar, visto
serem valores muito abaixo do seu respectivo padrão nacional.
No tocante a reutilização da água, ela é armazenada em um tanque denominado
“Tanque de Alimentação” e bombeada para dois tanques Scrubbers onde ocorre o
processo de lavagem dos gases provenientes da caldeira. Essa água proveniente da
lavagem é encaminhada para outros tanques chamados de “tanques-pulmões” onde a
água passa por um processo de peneiramento, retirando fuligem, cinzas e areia, que
posteriormente serão incorporadas ao solo novamente. Depois disso a água segue
para um tanque de decantação purificando-a novamente e recomeçando o circuito.
Figura 3 - Disposição dos resíduos sólidos para fabricação do composto
agrícola na Jalles Machado S/A, município de Goianésia -GO
Para fabricação do composto final a Jalles Machado utiliza a compostagem, que
é a transformação da matéria orgânica de restos da cana-de-açúcar através da ação
de microorganismos, resultando num material estável, rico em substâncias húmicas,
homogêneo e coloração escura.
Figuras 4 e 5 - Remoção da leira e distribuição do composto orgânico nos canaviais da
Jalles Machado S/A, município de Goianésia-GO
120
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
Os resultados da Jalles Machado na gestão dos resíduos demonstram que com
uma administração eficiente é possível transformar esses materiais em maiores
produtividades e ganhos financeiros.
Os gráficos abaixo demonstram a produção de diversos tipos de resíduos no
ano de 2008, bem como suas metas apontadas pelo Sistema de Gestão Integrada da
Jalles Machado, demonstrando que nos anos de 2007 e 2008 a produção de resíduos
e efluentes domésticos está abaixo da meta da empresa.
Resíduos de Lixo Doméstico - 2008
50,00
45,30
40,70
Meta - 35,80
(Kg/TCM) x 0,001
40,00
30,00
24,70
21,60
21,20
18,00
20,00
10,00
0,00
abr
mai
jun
jul
ago
Acumulado
Figura 6 – Quantidade de lixo produzido pela Jalles Machado no ano de 2008. (Legenda: kg/TCM =
kilograma de lixo produzido por Tonelada de Cana Moída)
Efluente Doméstico - 2008
10,00
9,00
8,00
Meta - 9,00
Meta - 8,00
8,18
8,25
8,31
8,45
7,96
7,38
m³/h/TCM
7,00
6,00
5,00
4,00
3,00
2,00
1,00
0,00
abr
mai
jun
jul
ago
Acumulado
Figura 7 – Quantidade de efluente doméstico pela Jalles Machado no ano de 2008. (Legenda: m3/TCM =
metros cúbicos de efluente produzido por Tonelada de Cana Moída)
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
121
Resíduo de Torta de Filtro - 2008
12.000
10.626,13
9.883,56
9.316,18
10.000
8.043,64
Ton
8.000
6.000
4.510,42
4.000
2.000
0,00
0,00
0,00
0,00
9
10
11
12
0
1
2
3
4
5
6
7
Meses
8
Figura 8 – Quantidade de torta de filtro produzida e utilizada pelo Setor Agrícola pela
Jalles Machado no ano de 2008
A utilização da torta de filtro, após passar pelo processo de compostagem e receber
a adição de alguns nutrientes provenientes das cinzas da lavagem dos gases das
caldeiras, vem mostrando-se um fertilizante muito eficiente na produção de cana-deaçúcar na Jalles Machado. Com isso elimina-se o problema do destino desses resíduos
e ainda consegue-se com uma tecnologia simples ampliar os ganhos financeiros da
empresa.
Observa-se em estudos realizados nos canaviais da Jalles Machado que a torta
de filtro mostrou-se altamente importante para produtividade da cana-de-açúcar
principalmente quando associada a irrigação (BRAGA et al. 2003).
2.3 FERTIRRIGAÇÃO COM VINHAÇA
A vinhaça, resíduo da destilação do caldo de cana fermentado para produção de
álcool, produzida em grande quantidade, numa proporção de aproximadamente 13
litros de vinhaça para cada litro de álcool produzido, caracteriza-se por ser um resíduo
rico em matéria orgânica e alto teor de potássio.
Também pode originar-se como subproduto da produção de açúcar sendo
eliminada no processo de cristalização do caldo da cana. No geral a vinhaça é rica em
matéria orgânica e em nutrientes minerais como o potássio (K), o cálcio (Ca) e o enxofre
(S), e possui uma concentração hidrogeniônica (pH) variando entre 3,7 e 5,0 (LUDOVICE,
1997).
A Jalles Machado vem ampliando seu sistema de Fertirrigação que hoje abrange
14.000 hectares. Dessa forma, a vinhaça é conduzida por dutos entre a indústria e as
áreas agrícolas, onde é feita a diluição na proporção de uma parte de vinhaça e três
partes de água e em seguida é feita a distribuição através do processo de aspersão.
A proporção na diluição da vinhaça para fertirrigação é de 1:4, ou seja, uma parte
de água para três partes de vinhaça, representando uma economia de 25% de uso de
água que poderiam ser captadas. Vale ressaltar ainda que essa água da diluição é a
mesma que passou por processo industriais e será novamente reutilizada. Os gráficos
abaixo demonstram a quantidade de vinhaça produzida pela indústria da Jalles Machado
nos anos de 2007 e 2008.
122
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
Resíduo de Vinhaça - 2007
Resíduo de Vinhaça - 2008
160.000
400.000
140.746
140.000
128.319
123.241
127.802
m³
m^3
69.110
150.000
40.000
100.000
20.000
50.000
0
0
2
3
4
5
6
7
Meses
8
9
10
11
12
220.200,62
200.000
60.000
1
237.909,41
250.000
78.717
80.000
294.130,86
300.000
96.386
100.000
344.341,25
350.000
120.000
76.558,96
1
2
3
4
5
6
7
Meses
8
0,00
0,00
0,00 0,00
9
10
11
12
Figuras 9 e 10 – Quantidade de vinhaça produzida pela indústria e utilizada na fertirrigação de áreas de
cultura de cana-de-açúcar da Jalles Machado S/A, nos anos de 2007 e 2008.
O aproveitamento racional dos resíduos líquidos industriais, através da tecnologia
de “Fertirrigação de Canaviais” proporciona importantes benefícios ambientais, técnicos
e econômicos. Dentre os principais benefícios ambientais se destacam:
- Redução da dose média de resíduos líquidos aplicados, eliminando ou atenuando
os riscos de poluição de solos, de águas subterrâneas e até mesmo de águas
superficiais;
- Maior disponibilidade de áreas abrangidas no sistema global de fertirrigação,
proporcionando maior flexibilidade operacional e mais alternativas de manejo dos
resíduos no campo.
A Jalles Machado segue todas as normas pertinentes no que diz respeito à
canalização para transporte da vinhaça da indústria para as lavouras de cana-de-açúcar.
Os tanques e os canais de condução, por exemplo, são impermeabilizados para evitar
contaminação do lençol freático, como demonstram as figuras abaixo:
Figura 11 – Figura esquerda: Condução de vinhaça da indústria para áreas de cultura de cana-de-açúcar;
figura direita: tanque impermeabilizado para armazenamento de vinhaça
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
123
Figura 12 – Travessia de tubulação de vinhaça em área de
preservação permanente na Jalles Machado
Em síntese, com a ampliação do Projeto de Fertirrigação, diminuíram-se os
impactos ambientais em relação ao uso de potássio (K), pois a vinhaça é rica em
potássio, técnicos, econômicos e ambientais. Substituiu-se a adubação química
convencional no que diz respeito ao Potássio (K).
Outro benefício advindo da fertirrigação com vinhaça nos canaviais da Jalles
Machado foi a correção do pH, nesse caso atuando de forma benéfica, como corretivo
daacidez do solo e ainda fornecendo nutrientes, aumentando o teor de matéria orgânica
e melhorando suas propriedades físicas (OLIVEIRA et. al. 2005)
O gráfico abaixo demonstra a intensidade de uso de fertilizantes (N-P-K) por
culturas no Brasil em toneladas/hectare, comparado a aplicação da Jalles Machado em
comparação às outras unidades sucroalcooleiras (cana-de-açúcar). (Fonte: Jalles
Machado/CTC - Centro de Tecnologia Canavieira).
0,94
Algodão
0,54
Café
0,49
Laranja
0,46
Cana-de-açúcar
0,40
Soja
0,36
Jalles Machado
0,31
Milho
0,30
Trigo
0,24
Arroz
Feijão
Reflorestamento
0,15
0,11
Figura 13 - Intensidade de uso de fertilizantes (N-P-K) por culturas no
Brasil em ton / hectares, comparadas com a Jalles Machado S/A
De forma geral podemos concluir que, com relação ao uso da vinhaça como
fertilizante, esta prática tem trazido inúmeros benefícios agrícolas, econômicos e
ambientais, desde que seja feito um monitoramento efetivo com relação a alterações
nas propriedades dos solos fertirrigados, de maneira a evitar eventuais excessos na
aplicação da vinhaça.
124
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O maior desafio para o setor sucroalcooleiro, e agora dando uma maior ênfase a
produção de etanol, é provar para o mundo que o nosso produto é um biocombustível
produzido de forma ambientalmente correta, já que esse produto vem ganhando adeptos
no mundo por esse apelo, ou seja, ser um combustível ecologicamente correto.
A gestão dos resíduos pode funcionar como um termômetro no que diz respeito
às ações ambientais praticadas por uma empresa, se ela é bem planejada e está
consolidada na empresa, é bem provável que a empresa esteja também organizada
com relação a outros programas e projetos ambientais.
A Gestão Ambiental de uma empresa mostra-se eficiente quando os projetos são
autossustentáveis como demonstraram os números no caso da Jalles Machado. Os
projetos de reaproveitamento dos resíduos nas lavouras de cana-de-açúcar, além de
darem um destino adequado aos resíduos da indústria evitando a contaminação do
meio ambiente, propiciam uma maior receita para empresa que por sua vez investe
cada vez mais em tecnologias para preservação dos recursos naturais.
De forma geral uma gestão eficiente dos resíduos deve partir das seguintes
diretrizes:
• Conhecimento sobre os resíduos;
• Dos seus componentes;
• Das alternativas de produção que diminuam o volume produzido;
• Da sua trajetória da geração ao destino final;
• Das formas de manuseio e tratamento ao longo da trajetória;
• Redução de resíduos nos processos.
Em relação à vinhaça nota-se a preocupação cada vez maior da sociedade
científica com o risco que esse material altamente poluente pode causar aos cursos
d’água superficiais e ao lençol freático através da percolação até as águas subterrâneas.
Essa preocupação na empresa tem que ser contínua de modo a evitar acidentes
ambientais, uma vez que esse tipo de poluição não é imediatamente notada e muita
vezes, quando constatada, sua possibilidade de reversão é pequena.
Na Jalles Machado a preocupação com a Gestão dos Resíduos e a conservação
dos Recursos Naturais sempre permeou os objetivos da empresa, fato esse comprovado
pela existência de áreas de recuperação de matas ciliares com até vinte anos de
existência.
Acreditamos que, para a Jalles Machado continuar sendo reconhecida como
empresa ambientalmente responsável, deve atuar em todos os aspectos relacionados
ao controle de poluição, principalmente a geração e destino adequado dos resíduos.
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
125
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRAGA, A. M.C., OLIVEIRA, P. F. M., SOARES, R. A. B., KORNDORFER, G. H., Gesso
e torta de filtro na produção de cana-de-açúcar cultivadas sob diferentes regimes de
irrigação. In: XXIX Cong. Bras. De Ciência do Solo, 2003, Ribeirão Preto/SP, Anais,
2003, p. 35.
CASARIN, V.; AGUIAR, I.B.; VITTI, G.C. Uso de resíduos da indústria canavieira na
composição do substrato destinado à produção de mudas de Eucalyptus citriodora
Hook. Científica, v.17, n.1, p.63-72, 1989.
LUDOVICE, M.T. (1996). Estudo do efeito poluente da vinhaça infiltrada em canal
condutor de terra sobre o lençol freático. Campinas, FEC-UNICAMP. Dissertação de
Mestrado, 1996.
MORGADO, I.F. et al. Resíduos agroindustriais prensados como substrato para a
produção de mudas de cana-de-açúcar. Scientia Agricola, v.57, n.4, p.709-712, out/dez
2000.
OLIVEIRA, A. C. S. ; SILVA, M. A. S. ; KLIEMANN, H. J. ; SOARES, Rogério Augusto
Bremm ; BORGES, J. D. 2005. Acumulo de micronutrientes e de metais tóxicos em
latossolo cultivado com cana-de-açúcar fertirrigada com vinhaça. In: II CONGRESSO
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CONPEEX. GOIÂNIA, GO, 2005. v. 1 CD.
SPADOTTO, C. A. Gestão de Resíduos: realizações e desafios no setor sucroalcooleiro.
EMBRAPA/CNPMA. (www.embrapa.br/imprensa/artigos/2008).
126
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
Modalidade
Educação Ambiental
Projeto:
Agrotóxicos, educar para saber usar e
proteção da Bacia do Ribeirão João Leite
Premiada:
Agroquima Produtos Agropecuários Ltda.
AGROTÓXICOS, EDUCAR
PARA SABER USAR
Projeto de Educação
Ambiental e Treinamento de
Trabalhadores Rurais e
Estudantes no Estado de
Goiás
Uso Correto e Seguro dos
Agrotóxicos
e Descarte Final de
Embalagens Vazias
REGISTRO FOTOGRÁFICO
Engenheiro Agrônomo:
CLÉSIO FERNANDES DE BRITO ALVES - CREA - 6660/D-GO
FONE: (62) 3265-4466 - E-mail: [email protected]
Empresa:
Agroquima Produtos Agropecuários Ltda - Goiânia-GO
ANO 2007
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
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INTRODUÇÃO
O Estado de Goiás ocupa um lugar de destaque no cenário nacional na produção
de hortaliças. É o maior produtor de tomate do Brasil com 752.000 toneladas/ano, sendo
responsável por 23% da produção do País. O Estado é composto por 246 municípios,
no entanto, apenas 11 municípios respondem por 50% da produção goiana, os quais
podemos destacar: Nova Veneza, Senador Canedo, Nerópolis, Anápolis, Campo Limpo
de Goiás, Bonfinópolis, Leopoldo de Bulhões, Terezóplis de Goiás, Inhumas, Ouro Verde
e Goianápolis, que é considerada a capital do tomate, cultura que recebe, segundo os
próprios trabalhadores, até 5 pulverizações de agrotóxicos por semana. Isso torna a
situação alarmante, pois aumenta o risco de intoxicação de trabalhadores rurais e
poluição do meio ambiente.
Diante deste quadro e preocupados com a segurança do trabalhador rural e a
preservação da natureza, estamos desenvolvendo há quatro anos um trabalho pioneiro
no Estado de Goiás, sobre o uso correto dos agrotóxicos e o descarte final das
embalagens vazias. A metodologia utilizada envolve palestras nas lavouras, dirigidas
aos trabalhadores rurais, e nas escolas, para seus filhos, pois sabemos que as crianças
atuam como multiplicadoras, levando a informação recebida para os familiares, amigos
e vizinhos.
Saímos a campo abrindo porteiras e onde encontramos gente trabalhando,
realizamos palestras. Este é o grande diferencial do projeto, pois o trabalhador não
precisa se deslocar para ter acesso à informação. No final de cada palestra sorteia-se
um Equipamento de Proteção Individual (EPI) entre o grupo, e entregamos para os
trabalhadores e estudantes uma cartilha educativa sobre o uso correto dos agrotóxicos
e o descarte final das embalagens vazias, apresentada pelos compadres “Lavorildo e
Hortalino”. O trabalho, que começou pequeno, foi tomando grandes proporções. Até o
momento já realizamos 80 palestras diretamente no campo e 120 palestras nas escolas,
atingindo o universo de 700 trabalhadores rurais e 5.000 alunos dos municípios citados
acima. Essas ações vão despertando interesse da população e as parcerias aumentam
a cada dia. Em 2005 e 2006 a Agência Rural do Estado de Goiás e Secretaria Estadual
de Meio Ambiente e Recursos Hídricos foram nossos parceiros. Em 2007, a CEASAGO e a Associação dos Produtores de Hortifrutigranjeiros do Estado de Goiás
(ASPHEGO) aderiram ao projeto.
A TV Anhanguera, afiliada da Rede Globo em Goiás e com a maior audiência no
Estado, também se interessou pelo projeto e exibiu uma reportagem de forma
espontânea sobre o trabalho, no programa Jornal do Campo (uma espécie de Globo
Rural Regional) com 8 minutos de duração.
Definitivamente a comunidade adotou o projeto, que tem como objetivo principal
a segurança do trabalhador e a preservação ambiental. Veja nas páginas seguintes o
resumo fotográfico do trabalho realizado nos principais municípios produtores de
hortaliças do Estado de Goiás.
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PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
Alguns trabalhadores rurais ignoram riscos de intoxicação durante preparo da
calda e aplicação dos agrotóxicos.
Goianápolis-GO
Anápolis-GO
Nova Veneza-GO
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
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Trabalhador rural aplica agrotóxico sem luvas e avental e ainda abandona
embalagens vazias, gerando lixo tóxico no campo.
Leopoldo de Bulhões-GO
Bonfinópolis-GO
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PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
Trabalhadores rurais assistem à palestra no próprio ambiente de trabalho, sobre
o uso correto dos agrotóxicos e descarte das embalagens vazias.
Nerópolis-GO
Nerópolis-GO
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
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Trabalhadores rurais não se incomodam de assistir às palestras sob sol forte e
ainda de pé.
Bonfinópolis-GO
Bonfinópolis-GO
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PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
Classificação Toxicológica é um dos assuntos abordados nas palestras no campo.
Ouro Verde-GO
Ouro Verde-GO
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
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É gasto um tempo maior quando o assunto é Equipamento de Proteção Individual
(EPI)
Ouro Verde-GO
Nova Veneza-GO
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PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
Às vezes a palestra é realizada no meio da estrada.
Inhumas-GO
Inhumas-GO
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
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Barraca de apoio improvisada no meio da lavoura é utilizada para realização de
palestras.
Leopoldo de Bulhões-GO
Leopoldo de Bulhões-GO
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PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
Trabalhador ganha EPI no final da palestra.
Nova Veneza-GO
Nova Veneza-GO
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
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Goianápolis-GO
Ouro Verde-GO
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PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
Trabalhador veste EPI logo que ganha.
Goianápolis-GO
Goianápolis-GO
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
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Estagiários do curso de Agronomia entregam cartilha educativa sobre o uso correto
dos agrotóxicos, apresentada pelos compadres “Lavorildo e Hortalino”.
Nerópolis-GO
Nova Veneza-GO
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PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
Estagiários de Veterinária também participam do projeto.
Goianápolis-GO
Goianápolis-GO
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
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A cartilha sobre o uso correto dos agrotóxicos e descarte final das embalagens
vazias é lida com atenção pelos trabalhadores rurais.
Goianápolis-GO
Campo Limpo de Goiás-GO
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PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
Sentados no chão trabalhadores rurais são orientados sobre como usar
corretamente os agrotóxicos.
Anápolis-GO
Anápolis-GO
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
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A carroceria do veículo é utilizada para acomodar trabalhadores durante palestra
no campo.
Nova Veneza-GO
Nova Veneza-GO
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PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
A varanda serve como espaço para conscientizar e treinar toda família do homem
do campo sobre o uso correto dos agrotóxicos e a preservação do meio ambiente.
Anápolis-GO
Senador Canedo-GO
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
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Após assistir palestra sobre o uso de agrotóxicos, trabalhador assina lista de
presença.
Inhumas-GO
Goianápolis-GO
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PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
Cada item do EPI é apresentado em detalhe aos trabalhadores rurais.
Anápolis-GO
Campo Limpo de Goiás-GO
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
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As caixas utilizadas para colher tomate servem de assentos durante palestra no
campo.
Leopoldo de Bulhões-GO
Leopoldo de Bulhões-GO
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PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
Segundo os próprios trabalhadores, são realizadas até 5 pulverizações por
semana na cultura do tomate.
Terezópolis de Goiás-GO
Terezópolis de Goiás-GO
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
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Até mesmo dentro do curral são ministradas palestras, visando o uso correto dos
agrotóxicos e a preservação ambiental.
Anicuns-GO
Anicuns-GO
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PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
Trabalhadoras rurais ganham brindes no final da palestra.
Nerópolis-GO
Senador Canedo-GO
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
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O trabalho foi desenvolvido em parceria com a CEASA-GO e Associação dos
Produtores de Hortifrutigranjeiros do Estado de Goiás (ASPHEGO)
Goiânia-GO
Goiânia-GO
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PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
Produtores dos municípios de Ouro Verde, Inhumas, Anápolis, Nova Veneza,
Bonfinópolis, Terezópolis de Goiás, Leopoldo de Bulhões, Nerópolis, Campo Limpo de
Goiás e Goianápolis comercializam suas hortaliças na CEASA de Goiânia.
CEASA de Goiânia-GO
CEASA de Goiânia-GO
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
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40 Engenheiros Agrônomos da Agência Rural do Estado de Goiás recebem
treinamento sobre uso correto dos agrotóxicos e descarte das embalagens vazias.
Goiânia-GO
Goiânia-GO
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PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
O uso correto de agrotóxicos faz parte do programa de treinamento de novos
representantes comerciais da Agroquima.
Goiânia-GO
Goiânia-GO
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
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Depois das lavouras, as palestras são ministradas nas salas de aula para os
filhos dos trabalhadores rurais.
Nova Veneza-GO
Nova Veneza-GO
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PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
Crianças aprendem a Classificação Toxicológica dos Agrotóxicos e que não podem
desentupir o bico de pulverização com a boca.
Goianápolis-GO
Goianápolis-GO
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
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Alunos prestam muita atenção nas palestras sobre agrotóxicos e preservação do
meio ambiente.
Anápolis-GO
Anápolis-GO
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PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
Alguns estudantes sentam até mesmo no chão para aprender como devem ser
usados os agrotóxicos.
Nova Veneza-GO
Nova Veneza-GO
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
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Alunos ganham cartilha educativa apresentada pelos compadres “Lavorildo e
Hortalino”.
Terezópolis de Goiás-GO
Goianápolis-GO
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PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
Crianças leem com atenção a cartilha sobre a maneira correta de trabalhar com
agrotóxicos e depois ensinam para os pais.
Goianápolis-GO
Goianápolis-GO
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
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Goianápolis-GO
Goianápolis-GO
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PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
Crianças exibem com alegria a cartilha educativa apresentada pelos compadres
“Lavorildo e Hortalino”.
Goianápolis-GO
Goianápolis-GO
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
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Bonfinópolis-GO
Leopoldo de Bulhões-GO
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PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
Estudantes explicam para o repórter da TV Anhanguera/Rede Globo o que
aprenderam na palestra.
Goianápolis-GO
Goianápolis-GO
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
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Modalidade
Imprensa Escrita
Reportagem:
Mudanças climáticas - calor vai afetar
produção agrícola
Autores:
Evandro R. Bittencourt, Maria José
Braga e Heloísa Lima
A reportagem a seguir, publicada no Suplemento do Campo do Jornal O Popular, é de autoria de Evandro Bittencourt, Maria José Braga e Heloísa Lima.
Mudanças climáticas
“Parece que o Sol baixou”
As nuvens, o Sol, as chuvas, as árvores. O calor. Tudo revela ao homem do
campo o que acontece na natureza. Ele sabe que algo está diferente. Enquanto isso,
pesquisadores procuram entender como as mudanças climáticas afetarão o agronegócio e buscam alternativas para enfrentar esse novo cenário, que também exige pensar
em ações pelo desenvolvimento sustentável.
Calor vai afetar a produção agrícola
PRODUÇÃO SERÁ AFETADA PELO AQUECIMENTO, MAS TECNOLOGIA E
BUSCA PELA SUSTENTABILIDADE PODEM AMENIZAR OS IMPACTOS NEGATIVOS.
Evandro Bittencourt
e Maria José Braga
“Parece que o Sol baixou e está mais perto da Terra.” É assim que Francisco
Eliezer Rodrigues dos Santos, um camponês de 65 anos, conhecido como Chico, explica o aumento da temperatura no município de Goiás, onde vive desde que nasceu.
No casarão centenário da fazenda São João do Acuri não existe termômetro, mas Chico afirma com segurança que o calor está aumentando. “Dizem que é o aquecimento
global”, repete os termos que ouviu na TV.
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
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Com outras palavras, seu Adelino Rodrigues da Silva diz a mesma coisa. “O
tempo começou a mudar em 1974. Um dia eu estava trabalhando na roça e quando
voltei para casa, tirei a camisa e vi que minhas costas estavam queimadas. O bananal
que eu tinha, muito bonito, também ficou todo queimado. O Sol estava tão quente que
parecia mais perto. E, de lá pra cá, o tempo vem esquentando cada vez mais”, diz.
Seu Adelino nasceu na Bahia, mas há 60 anos mora no município de Bom Jardim de Goiás, sempre trabalhando no campo. Do mesmo jeito, Chico só deixou a fazenda por um período em que precisou fazer tratamento médico na cidade. Acostumados com os sinais da natureza, os dois dizem que o homem está destruindo a harmonia
que Deus criou.
Observando as árvores que rodeiam sua casa, Francisco prevê o início das chuvas
O que eles e outros tantos moradores do campo já perceberam está sendo confirmado pela ciência. O estudo Aquecimento Global e Cenários Futuros da Agricultura
Brasileira, apresentado há poucos dias por pesquisadores da Embrapa e da Universidade de Campinas (Unicamp), trabalho que conta com o apoio do governo britânico,
revelou as dimensões do problema que afeta toda a população mundial.
No Brasil, o aumento das temperaturas deve provocar perdas nas safras de grãos
e alterar a geografia da produção agrícola. Os pesquisadores pensaram em dois cenários ao fazerem as projeções para o futuro: um pessimista, no qual poucas medidas
são tomadas para conter o aquecimento global e o aumento da temperatura fica estimado entre 2ºC e 5,4ºC até 2100; o outro, mais otimista, prevendo um aumento da
temperatura entre 1,4ºC e 3,8ºC até 2010.
Soja deve migrar
Mesmo no cenário otimista, as projeções são alarmantes. O aquecimento global
pode comprometer a produção de alimentos no Brasil, com o aumento das áreas de
alto risco climático, justamente aquelas que, pelas altas temperaturas, ficam também
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PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
com deficiência de água. Nos dois cenários, os pesquisadores apontam para a diminuição das áreas cultiváveis e para perdas no valor da produção. No cenário pessimista,
as perdas foram estimadas em R$ 7,4 bilhões já em 2020, cifra que pode subir para R$
14 bilhões em 2070.
Segundo o estudo da Embrapa/Unicamp, o cultivo de diversos tipos de alimentos será afetado pelo aumento da temperatura. As pesquisas revelam que apenas a
cana, por ser mais resistente ao calor, deve permanecer incólume. A soja será uma das
culturas mais afetadas e, como resultado das mudanças climáticas, deverá ocorrer a
migração da cultura da Região Sul para o Centro-Oeste. A perda de área cultivada em
2020 é estimada em 24%. Em 2050, essa perda pode chegar a 34%, alerta o engenheiro agrônomo Hilton Silveira Pinto, um dos organizadores do estudo e diretor associado
do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura, da Unicamp. A vulnerabilidade da soja se deve ao fato de ser mais suscetível à falta d’água.
O café, a segunda cultura mais afetada com as mudanças climáticas, apesar de
mais resistente à deficiência hídrica, é especialmente sensível ao aumento da temperatura. “Com temperaturas mais elevadas durante o florescimento, a cultura perde a
aptidão de produzir em decorrência do aborto floral”, diz Hilton Silveira.
Cultura de destacada importância na alimentação da população de baixa renda,
sobretudo na Região Nordeste, a mandioca também deve ser muito afetada. “A tendência é que deixe de ser produzida no Nordeste e passe a ser cultivada em regiões
mais próximas à Floresta Amazônica”, afirma o pesquisador. Segundo ele, onde há
grande incidência de chuvas o aquecimento deixa de ser problema.
Mas a confirmação ou não dos cenários dependerá do que for feito pelo meio
ambiente daqui para a frente. Diversas medidas para diminuir a emissão de gases que
provocam o efeito estufa podem e devem ser tomadas na agropecuária e em outros
setores da economia para mudar a direção que há séculos a humanidade insiste em
seguir, mesmo sabendo que esse caminho não tem volta nem leva à sustentabilidade.
Temperatura em Goiânia já aumentou
Em todo o Brasil, é possível afirmar que o aumento de temperatura já é uma realidade. “No Estado de São Paulo, o aumento das temperaturas mínimas chega a até 2,5ºC
nos últimos 100 anos. Na região de Goiânia, o aumento é da ordem de 1,5ºC a 2ºC”,
afirma o pesquisador Hilton Silveira Pinto, diretor associado do Centro de Pesquisas
Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura, da Universidade de Campinas.
Segundo ele, o abortamento de flores na cultura da soja na região de Rio Verde
- relatado por vários agrônomos e produtores há alguns anos, já é reflexo das mudanças climáticas. “A soja, com temperaturas entre 32ºC e 33ºC, aborta suas flores e a
produção cai.” Conforme os cenários de mudança de temperatura previstos pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), as alterações de temperatura
no Brasil poderiam ocorrer, em média, entre 1ºC (visão otimista) e 4ºC (visão pessimista), num período de 100 anos.
“Com 4ºC de elevação da temperatura média, os efeitos são grandes”, afirma o
pesquisador Jurandir Zullo Júnior, diretor do Cepagri/Unicamp. A intensidade do aumento da temperatura média, diz, se dá de forma variada nas regiões do Brasil. A
vegetação e o tipo de solo, por exemplo, são fatores considerados em cada região
estudada.
Os pesquisadores brasileiros fizeram suas projeções utilizando o modelo climático Precis (Providing Regional Climates for Impact Studies), um programa de computador criado pelo Hadley Centre, da Inglaterra, e adaptado ao Brasil pelo Centro de
Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
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O programa foi escolhido porque permite a análise do que vai ocorrer na agricultura, em função do aumento da temperatura, em áreas de 50 km X 50 km, possibilitando a avaliação do impacto até mesmo em pequenos municípios.
Problemas também com as oleaginosas
O aquecimento global não é ameaça à produção de etanol a partir da cana, mas
outras matérias-primas usadas na produção de biodiesel serão afetadas. O impacto
das mudanças climáticas sobre as energias renováveis do Brasil é foco de uma pesquisa coordenada pelo pesquisador Carlos Nobre, do Centro de Previsão de Tempo e
Estudos Climáticos, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Outras instituições
estão envolvidas, como a Embrapa Informática Agropecuária e a Unicamp.
Segundo o chefe-geral da Embrapa Informática Agropecuária, Eduardo Delgado
Assad, Nordeste e Sul do Brasil serão atingidos e, portanto, também as fontes renováveis de biocombustíveis cultivadas nessas regiões. A mamona será uma das culturas
mais afetadas. Outras oleaginosas importantes para a agroenergia, como canola, girassol e amendoim também sofrerão restrições.
Chuvas também mudam
CHUVAS FORTES E ESTIAGENS PROLONGADAS SÃO TENDÊNCIAS QUE
PREOCUPAM PRODUTORES
O aquecimento global não deve provocar grandes alterações no regime de chuvas, apontam os estudos existentes. Mas, segundo o diretor associado do Centro de
Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri/Unicamp), Hilton Silveira Pinto, as chuvas mudam. “A tendência é de que elas se tornem mais fortes
e ocorram intervalos maiores de estiagem.”
Para o homem do campo, as mudanças já são bem visíveis. “Antes chovia muito
mais. Meu pai falava que a chuva de 8 de setembro era fato consumado”, conta Francisco Eliezer Rodrigues dos Santos, o Chico.
Chico diz, aliviado, que em sua fazendinha nunca falta água, porque ela é banhada pelo Córrego Bugre, “que nunca seca”, e tem três represas. Mas bem que ele
anda preocupado com as estiagens prolongadas.
Em frente à casa de Chico há um pé de jatobá, cheio de folhas verdes, e outro de
cajamanga, totalmente desfolhado. Logo abaixo, uma gameleira de folhas amareladas
anuncia que também vai desfolhar.
Segundo seu Chico, quando as três árvores perdem suas folhas e ganham folhas novas, a chuva chega. “Quem sabe quando vai chover é Deus, mas aqui na nossa
região esse é um sinal. A chuva deve chegar lá para outubro”, diz.
Seu Adelino, de Bom Jardim de Goiás, também está preocupado. Ele conta que,
antigamente, os agricultores da região plantavam no início de setembro e logo vinha a
chuva. “Agora não é bem assim”, afirma.
Mas, para este ano, ele está otimista e prevê que vai começar a chover no mês
que vem. “A ciência de São João Batista ensina que, se nublar no dia 24 de junho,
chove logo em setembro. As vezes pode falhar, mas a ciência dos homens também
falha. Vamos aguardar para ver”, diz.
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PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
“O tempo começou a mudar em 1974, garante seu Adelino”
Em busca do cenário otimista
As projeções de aumento da temperatura do estudo da Embrapa/Unicamp podem não se confirmar, caso haja uma redução da emissão de gases que provocam o
efeito estufa. Também podem não se confirmar os prováveis prejuízos na agricultura,
com a diminuição das áreas de risco.
Entre as medidas necessárias para a construção de um cenário mais otimista
está o plantio de árvores para a neutralização do gás carbônico. E não é preciso ser
cientista para chegar a essa conclusão. “O homem não pode só destruir a natureza. A
gente tem de plantar árvores. Todo mundo sabe que onde não existem árvores o vento
sopra direto e causa destruição”, diz seu Adelino Rodrigues da Silva.
Novamente a ciência está comprovando a sabedoria popular. Já se sabe que o
plantio de árvores é uma das técnicas que podem ser aplicadas em várias culturas
para amenizar o problema do aquecimento. Outra estratégia compensatória é a adoção de sistema de integração lavoura-pecuária e que, em alguns casos, também deve
abranger o consórcio com florestas. Em áreas destinadas à produção de animais, o
sombreamento de pastagem é especialmente eficaz para abrandar a temperatura.
O reflorestamento nas propriedades agrícolas traz efeito direto na temperatura,
graças ao sombreamento que proporciona. Além disso, há aumento da umidade relativa do ar, pela transpiração das plantas, favorecendo a ocorrência de mais chuvas.
Outra vantagem é a retenção de carbono. Cada árvore derrubada ou queimada libera
CO2, um dos principais gases do efeito estufa e considerado o “grande vilão” do aquecimento global.
Em relação à produção de grãos, uma medida recomendada é adotar o plantio
direto em toda a área ainda cultivada de forma tradicional. Com essa técnica, é possí-
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
175
vel economizar cerca de 10% de água, além de propiciar condições para o solo absorver mais as chuvas.
A preservação e a recuperação das vegetações nativas contribuem para diminuir o aquecimento global e melhoram o desempenho agropecuário. Mas, antecipando-se ao futuro, pesquisadores estão trabalhando no desenvolvimento de variedades
mais resistentes ao calor e à seca.
Ciência como solução
PESQUISADORES APOSTAM NO DESENVOLVIMENTO DE NOVAS VARIEDADES E PRÁTICAS DE MANEJO
Heloísa Lima
As previsões para o clima são alarmantes, mas pesquisadores ouvidos pelo
POPULAR apostam no desenvolvimento de novas variedades mais resistentes ao estresse biótico e abiótico para superar as dificuldades.
Eles explicam que já investiam no melhoramento de plantas, buscando encontrar variedades mais resistentes a problemas climáticos e a doenças. Com as previsões recentes, as pesquisas ganharam mais fôlego. Novos materiais deverão estar
disponíveis em menos de uma década.
José Renato Bouças, chefe da Embrapa Soja, diz que há muito a unidade trabalha no desenvolvimento de variedades que se adaptam às mais diversas condições de
clima e solo existentes no País. Segundo ele, o desenvolvimento de materiais mais
resistentes à falta de água será fundamental para a cultura. “Com temperaturas mais
altas, aumenta a necessidade de água da planta”. O pesquisador afirma que a meta é
desenvolver variedades até 50% mais tolerantes ao estresse hídrico.
José Renato lembra, porém, que é preciso adotar práticas culturais que aumentem a capacidade de armazenamento de água no solo. Ele explica que diversas unidades de pesquisas estão trabalhando em conjunto com o mesmo foco.
Paulo Evaristo Guimarães, da Embrapa Milho e Sorgo, diz que o desenvolvimento de novas variedades já permitiu que a cultura se espalhasse por todo o País e que
tivesse diferentes ciclos, que permitem o plantio em diferentes épocas do ano. Segundo ele, a tendência é de que, com as mudanças no clima, a pesquisa se torne ainda
mais regionalizada e que sejam desenvolvidas variedades voltadas para a realidade
de cada local.
Para o pesquisador, é possível que variedades desenvolvidas para o semi-árido,
como as superprecoces assum preto e caatingueiro, sejam recomendadas para outras
regiões do Brasil, no futuro.
Cléber Morais Guimarães, da Embrapa Arroz e Feijão, diz que a unidade enfoca
o desenvolvimento de plantas que mantenham a qualidade do grão, tenham raízes
mais fortes e maiores e maior capacidade de armazenamento de água. Ele admite que
essas novas variedades podem perder produtividade. Mas serão viáveis em condições
adversas.
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PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
Campo de testes de variedades de arroz mais resistentes à seca
Prevenção é o melhor remédio
Engenheiro agrônomo e pesquisador aposentado da Embrapa Pecuária Sudeste, Odo Primavesi é daqueles que não concordam que a ciência tenha de investir na
adaptação da agropecuária a um novo cenário climático.
Segundo Odo, o único caminho viável é mudar práticas, plantar mais árvores e
evitar que as previsões mais alarmistas para as mudanças no clima se tornem realidade. “Quando o ser humano vai fazer uma viagem espacial ou submarina, ele se adapta
àquele ambiente sob pena de morrer se colocar um único parafuso fora do lugar. Por
que no ambiente terrestre é diferente?”, questiona.
Para o pesquisador, é fundamental que as árvores sejam incorporadas aos mais
diversos sistemas de produção. Odo lembra que alguns cientistas enfocam somente
os efeitos das emissões de gases no clima - uma vez que provocam a retenção do
calor - mas se esquecem de que as áreas degradadas também geram calor.
Para o pesquisador, as pessoas se concentram somente nos riscos do aquecimento global e se esquecem dos impactos do aquecimento local. “Enquanto as perspectivas são de aumento de 1 grau na temperatura mínima global, há regiões, como
São Paulo, em que já se verifica aumento de temperatura de 3 graus”, frisa.
O engenheiro agrônomo critica o modelo atual de pecuária brasileira que, segundo ele, tem contribuído para o aquecimento do planeta e não somente pelo gás
metano emitido durante o processo digestivo dos animais. “A culpa não é dos bois, mas
dos pecuaristas que não cuidam ou ateiam fogo nas pastagens e deixam os animais
passarem fome”.
Odo diz que, ao produzir com eficiência, adotando sistemas silvipastoris (árvores consorciadas com pastagens) e aumentando a produtividade por hectare, os pecuaristas já dão uma boa contribuição. “Hoje precisamos de 400 metros quadrados de
área para produzir um bife, mas podemos chegar a 40 metros.” O pesquisador defende
ainda investimentos em outras fontes de proteína, que necessitem de menos espaço e
energia (como peixes).
Segundo Odo, a produção consorciada com árvores é eficiente e rentável tanto
na agricultura quanto na pecuária. Ele lembra que as árvores seguram água no solo e
conseguem amenizar altas temperaturas. “Temos a cultura de desmatar, mas precisamos mudar essa visão de que as árvores atrapalham.”
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
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Modalidade
Imprensa Televisão
Programa:
Trilhas do Brasil “Araguaia - Corredor da
Biodiversidade Goiana”
Premiado:
Trilhas do Brasil Comunicação
e Produção Ltda
HISTÓRICO:
O Programa Trilhas do Brasil surgiu da vontade de um grupo de amigos jornalistas
de fazer algo diferente na televisão e que estimulasse as pessoas a preservar o meio
ambiente. O programa completou, em maio de 2009, oito anos no ar na TV Serra
Dourada, nossa principal parceira.
O programa Trilhas do Brasil cresceu, expandiu e nossa equipe viu a necessidade
de falar não somente da preservação e/ou destruição do meio ambiente no país, mas
mostrar também a cultura e os costumes de nossa gente e ainda mostrar o que Goiás
e o Brasil têm de melhor. Hoje podemos dizer que somos um programa que fala de
meio ambiente, cultura, turismo e esportes de aventura, sempre passando a mensagem
de que é preciso preservar nossos patrimônios cultural e natural.
Em 2005 tivemos a oportunidade de veicular o Programa Trilhas do Brasil para
todo o país em canais UHF e VHF por meio da Rede 21, afiliada do Grupo Bandeirantes.
Alcançamos uma média 0,8% de audiência na Grande São Paulo. Uma vitória para
apenas três meses.
Mas a nossa maior conquista é, sem dúvida, a audiência que temos hoje em
Goiás. Somos líderes de audiência no segmento, graças ao nosso esforço, claro, e à
parceria com a TV Serra Dourada.
Para abordar melhor todos os temas do programa, criamos alguns quadros. No
“Ação Ambiental” mostramos o que pessoas, organizações não governamentais,
governos e empresas têm feito para preservar o meio ambiente, ou seja, é um espaço
para disseminar os projetos que visam a preservação da fauna, flora e mananciais.
No quadro “Acontece na Cidade”, como o nome mesmo diz, divulgamos diferentes
assuntos. O quadro “Dicas” informa os melhores locais de hospedagem e alimentação
nas cidades que visitamos. E o quadro “Radical” é destinado aos diferentes esportes
de aventura, onde eles acontecem e como participar.
Em 2008 colocamos no ar mais um quadro: “Direito Ambiental” com os advogados
Maria de Lourdes e Henrique Luiz Pereira que esclarecem dúvidas e questionamentos
dos telespectadores sobre a legislação ambiental. Uma forma a mais que encontramos
de levar informação de qualidade para a população.
O Programa Trilhas do Brasil pode ser visto todos os domingos às 10 horas na
TV Serra Dourada. Possibilitando a interação e abrangência com um público ainda
maior, é exibida uma matéria no Jornal do Meio Dia, programa de maior audiência da
TV Serra Dourada/SBT/GO, no sábado, sobre o tema principal do programa Trilhas
do Brasil. E desde 2007 a equipe do Programa Trilhas do Brasil está enganjada na
campanha “Bioma Cerrado: Patrimônio Nacional! Abrace essa ideia”. A campanha visa
aprovar leis que garantam a preservação do Bioma Cerrado.
Equipe do Programa Trilhas do Brasil que trabalhou no programa “Araguaia:
Corredor da Biodiversidade Goiana”:
Álvaro Duarte – jornalista e coordenador
Rosângela Aguiar – jornalista e coordenadora
Mariley Carneiro – jornalista / produtora
Valdir Pereira – cinegrafista
Jonas Guedes – auxiliar de cinegrafia
Fabrício Montelo – editor de imagens
Marcelo Camargo – administrativo-financeiro
Equipe atual do Programa Trilhas do Brasil
Álvaro Duarte – jornalista e coordenador
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
181
Rosângela Aguiar – jornalista e coordenadora
Valdir Pereira – cinegrafista
Gilberto Dias – auxiliar de cinegrafia
Leonardo Ribeiro – editor de imagens
Henrique Morais – jornalista / repórter e produtor
Gisele Lopes – administrativo-financeiro
“ARAGUAIA – CORREDOR DA BIODIVERSIDADE GOIANA”
Programa Trilhas do Brasil exibido em julho de 2008
Entra logomarca do Trilhas do Brasil
Apresentadora – abertura do programa:
Rosângela Aguiar, apresentadora do Programa Trilhas do Brasil
Ao longo dos mais de dois mil quilômetros de extensão do rio Araguaia é possível
perceber as modificações da paisagem e as ameaças que pairam sobre os ecossistemas.
Um testemunho da grave situação enfrentada pelo Bioma Cerrado. As belezas do rio
Araguaia, os bichos, plantas e os projetos de revitalização e muito mais é o que você
confere agora no Programa Trilhas do Brasil!
182
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
Apresentadora – chamada primeiro bloco:
Importante corredor de biodiversidade, o rio Araguaia possui mais de dois mil
quilômetros de extensão e nasce na divisa de Goiás com Mato Grosso. E é nesta
região que estão erosões, como a Chitolina, considerada uma das maiores do mundo
e que tem causado impactos negativos no leito do rio Araguaia.
Primeiro bloco:
No dialeto Tupi, Araguaia significa rio das araras ou papagaio manso. Escolha
mais do que apropriada para o nome do maior rio goiano. De beleza inigualável, com
uma rica fauna e flora típicas do Cerrado e de água doce da Região Centro-Oeste.
Assim é o Rio Araguaia, o rio dos goianos. Paraíso dos índios pré-colombianos,
conquistado pelos bandeirantes no século XVII, chamado de “O mais lindo rio brasileiro”.
Pôr do sol no Rio Araguaia
No século XVII os bandeirantes chamaram o Araguaia de
“o mais lindo rio brasileiro”
Foto aérea do Araguaia
O Rio Araguaia possui mais de dois mil quilômetros de extensão
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
183
E não é por acaso, mas pelas praias de areias brancas, as matas, ilhas e uma
diversificada fauna aquática. Sem falar nas águas calmas e vale extenso no coração
do Brasil. Com 2010 quilômetros de extensão, o rio Araguaia nasce nas formações
elevadas existentes no Parque Nacional das Emas, bem na divisa de Goiás e Mato
Grosso, próximo à cidade de Mineiros.
É também no Alto do Araguaia, no município de Baliza, no oeste goiano, que está
o único canyon do estado. São 80 quilômetros de formações rochosas por onde corre
o rio Araguaia. Cerca de 30 quilômetros do canyon estão preservados na fazenda Vale
do Encantado.
Canyon no rio Araguaia
O único canyon de Goiás é formado pelo rio Araguaia,
no oeste do estado
Canyon no rio Araguaia
Cerca de 30 quilômetros do canyon no rio Araguaia estão
preservados na fazenda Vale do Encantado, em Baliza, Goiás
184
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
Além de banhar os estados de Goiás, Mato Grosso e Pará, o rio Araguaia pertence
à Bacia Amazônica, deságua no rio Tocantins e é um dos mais piscosos do mundo,
formando a Mesopotâmia Sul-Americana onde surgiu a população do Planalto Central.
O trajeto entre o Cerrado e a Amazônia faz do rio Araguaia um importante corredor
de biodiversidade. E é nesta região que estão as principais nascentes do rio Araguaia,
ameaçadas por cerca de 100 voçorocas, sendo a maior delas a Chitolina, considerada
a maior do mundo com cinco quilômetros de extensão, por 70 metros de largura e
profundidade de quase 50 metros.
Erosão Chitolina
A erosão Chitolina, no Rio Araguaia, possui profundidade
de 50 metros e é a maior do mundo
Erosão Chitolina
A partir de 1996 a erosão Chitolina parou de crescer
em função do trabalho de recuperação
Entre 1990 e 1995, a voçoroca avançava a passos largos, de 10 a 20 metros a
cada chuva forte, levando cerca de 17 milhões de metros cúbicos de areia para o leito
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
185
do rio Araguaia. A partir de 1996, o cenário começou a modificar. “Após minha aquisição,
em 96, fiz o primeiro trabalho de contenção, e a partir desta data ela não avançou nem
mais um metro, você pode ver hoje aqueles antigos marcos, na época que o ministro
Krause (Gustavo Krause, ministro do Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente no
governo Itamar Franco) esteve aqui, ela não avançou mais e a partir da época, com a
nossa intervenção, de reflorestamento, de proteção, cercando ela, ela está começando
a se recompor aos poucos. Isto é um serviço que vai levar mais uns 10 a 15 anos para
atingir o ponto mais satisfatório”, explica Milton Frias, proprietário da fazenda onde se
localiza a erosão Chitolina.
Milton Frias
“A recuperação desta área não foi e não é um trabalho fácil, mas
é gratificante”, diz satisfeito, Milton Frias, proprietário da fazenda
Além do plantio de mudas nativas do Cerrado, foram feitas curvas de nível, o que
ajudou a evitar o avanço da erosão. Um trabalho que valeu a pena, segundo o proprietário
da fazenda. Um exemplo a ser seguido. “É a nossa maior satisfação e o nosso maior
lucro foi conseguir ver que ela está se recuperando, que a flora está recuperada. E eu
me sinto realizado porque foi um serviço árduo, mas um serviço que deu resultado.
Com isso quem não se sente realizado? Principalmente eu que gosto muito da natureza,
da parte de meio ambiente, gosto das árvores, do verde, dos animais, das aves, então
me sinto totalmente realizado hoje com isso aí”, comentou o fazendeiro Milton Frias.
Segundo Bloco:
Apresentadora – chamada do segundo bloco
Desmatamento, erosões, mineração, entre outras ações negativas afetam as
espécies existentes no rio Araguaia e reduzem a biodiversidade. Apesar disto, a verba
destinada pelo Governo Federal para preservar o rio Araguaia é de apenas R$ 300 mil.
Muito pouco, mas ainda existe esperança com a elaboração do Plano de
Desenvolvimento do Araguaia.
186
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
Expedição ao rio Araguaia
Em julho de 2008 autoridades dos governos estadual e federal,
e parlamentares vistoriaram de barco a área das nascentes do Rio Araguaia
Durante a expedição à região no início de julho (de 2008), autoridades,
ambientalistas e jornalistas puderam constatar as modificações causadas pelas
voçorocas. A contenção das erosões não evitou o represamento das águas do rio
Araguaia em suas nascentes. O cenário é inspirador, mas a realidade aqui é outra.
“Acho que esse aqui é o primeiro grande impacto que o Araguaia sofre. Apesar de ser
uma região aparentemente bem preservada, sofre esse impacto silencioso porque esse
não é um lugar de densidade humana alta, não tem ninguém aqui, mas de repente uma
única voçoroca represou o rio e conseguiu destruir grande parte da mata de galeria
desta região. Então, mudou este ambiente. Era um ambiente que o Rio Araguaia corria
no leito normal, no leito definido e passou a correr num leito espairado, como você está
vendo aqui, essa área é um tipo de pantanal, uma área que antes era seca”, explica
Leandro Silveira, presidente do Instituto Onça Pintada, organização não governamental
que trabalha na proteção desta espécie da fauna brasileira ameaçada de extinção.
Leandro Silveira
O presidente do Instituto Onça Pintada, Leandro Silveira, alerta para as
consequências do represamento do Rio Araguaia no trecho das nascentes
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
187
Álvaro Duarte
Jornalista Álvaro Duarte durante a expedição à nascente do Rio Araguaia
“Nós já percorremos três horas descendo o Rio Araguaia de barco e ainda faltam
mais sete para que possamos chegar ao município de Santa Rita, destino final da
nossa expedição. Do lado direito, Goiás. Do lado esquerdo, onde estou, Mato Grosso e
toda uma extensão de terra que divide os dois estados ainda protegida. A soja e a cana
de açúcar ainda não chegaram por aqui e os ambientalistas esperam que por aqui
também nunca cheguem. É que o projeto do IBAMA prevê que esta extensão seja
transformada em corredor ecológico, protegido por lei, garantindo, assim, a preservação
da fauna e flora do cerrado, do Rio Araguaia e, principalmente, garantindo que futuras
gerações possam ter acesso a este bioma considerado um dos mais ricos em
biodiversidade do planeta”, disse o repórter Álvaro Duarte em uma das pausas da
expedição.
Estudos feitos pela Universidade Federal de Goiás apontam que restam apenas
27% da vegetação da Bacia do Rio Araguaia. Isto vem causando alterações ambientais
drásticas e rápidas, que afetam as espécies existentes na região e reduzem a
biodiversidade.
Para preservar a fauna, flora e garantir a qualidade das águas do rio Araguaia
é necessária a integração entre os governos federal, estaduais e municipais. Esta foi
uma das constatações da expedição à nascente do rio. Um Plano de Desenvolvimento
do Araguaia deve ficar pronto até o final do ano (2008). Quem garante é o diretor da
Agência Nacional das Águas (ANA), Dalvino Trocolli Franca, presente à expedição:
“Tem tido a participação dos diversos governos envolvidos na bacia, componentes
da Bacia do Araguaia e também do Ibama. Esse trabalho especificamente é o de
maior relevância porque a gente garante a produção de água e define uma forma de
preservação das nascentes, de onde nós saímos, lá de cima, com um custo
relativamente bem inferior a qualquer recuperação de qualquer outra área bastante
degradada. O papel fundamental da agência é ter uma negociação entre os diferentes
usuários de água e ações como essa envolvendo os produtores agrícolas, governos
estaduais e municipais e as entidades não governamentais, às vezes até
aparentemente com outras finalidades, mas que se inter-relacionam e que dão um
produto final muito significativo”.
188
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
Dalvino – ANA)
O diretor da Agência Nacional de Águas, Dalvino Franca, cobra
maior parceria entre as diferentes esferas de governo no
trabalho de preservação do Rio Araguaia
O Plano de Desenvolvimento do Araguaia está na fase final de elaboração e prevê
a implantação de programas de ações para evitar ou minimizar os impactos ambientais
até 2025. Os estudos feitos apontam que 58% das águas dos rios da região, inclusive o
Araguaia, são utilizadas para irrigação; 13% para o abastecimento humano e 21% para
dessedentação animal, além de indústrias e mineração, em menor quantidade, mas não
de menor impacto ambiental. Um fator que preocupa as autoridades.
Gráfico do Plano de Desenvolvimento do Araguaia
Demandas Hídricas
CENÁRIO NORMATIVO
DIAGNÓSTICO
2%
4%
6%
10%
13%
58%
12%
55%
21%
19%
Irrigação
Vazão de Retirada
102 m³/s
Dessedentação Animal
Abastecimento Humano
Vazão de Retirada
223 m³/s
Indústria
Mineração
Os estudos feitos pela Agência Nacional de Águas demonstra um dado
preocupante: 58% dos recursos hídricos da Bacia do
Rio Araguaia são utilizadas para irrigação.
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
189
Outros problemas apontados pelos estudos feitos pela ANA até agora são
desmatamentos e práticas agrícolas inadequadas que levam ao aparecimento de
erosões, falta de saneamento básico, exploração mineral excessiva, turismo sem infraestrutura adequada e desarticulação de políticas públicas. Problemas comuns em vários
mananciais brasileiros, principalmente da Região Centro-Oeste. E um exemplo disto é
a falta de conhecimento da biodiversidade da região do rio Araguaia e do próprio Cerrado.
“Foi uma surpresa porque eu também não conhecia, é a primeira navegação que eu
faço em 25 anos que eu moro aqui, confesso que fiquei surpreso. As matas ciliares
estão preservadas, com alguns problemas que nós enfrentamos com voçorocas, está
preservado e fico muito feliz pelo o que a gente está vendo. Acho que o Rio Araguaia
em sua cabeceira, em sua totalidade, tem mais de 90% de toda mata ciliar preservada
e nós temos que continuar fazendo este trabalho de conscientização, principalmente
dos produtores para que mantenham esse tratamento da nascente do Rio Araguaia,
que é um dos rios mais importantes do Brasil”, disse João Sperandio, prefeito de Alto
Taquari, Mato Grosso na época da reportagem.
O Araguaia é considerado um dos mais importantes do Brasil, mas para o
Programa de Revitalização do Rio foram destinados este ano (2008) apenas R$ 300
mil. “R$ 300 mil é muito pouco, e é o que está posto no orçamento e eu penso que a
partir deste ponto de vista, desta constatação, que iremos relatar ao ministro Minc, com
a sensibilidade e o conhecimento que ele tem, evidentemente na preparação do
orçamento do ano que vem nós vamos brigar para que esses recursos sejam
aumentados e efetivamente aplicados na conservação da bacia, porque como eu
mencionei, diferentemente de outras áreas, o investimento principal é na recuperação.
Aqui nós poderíamos ter um investimento muito menor com resultados muito grandes
em manutenção das condições que ainda existem”, explicou Vicente Abreu, secretário
Nacional de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente.
Vicente Abreu
“Vamos brigar para aumentar os recursos destinados para a preservação
da Bacia do Rio Araguaia”, afirmou o secretário Nacional de Recursos
Hídricos e Ambiente Urbano do MMA, Vicente Abreu
190
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
O deputado federal do PT/GO, Pedro Wilson Guimarães, avisa que irá brigar por
mais recursos para a preservação do rio Araguaia. “O papel do governo é de colocar
mais recursos, de colocar projetos concretos e também do Congresso aprovar ou
emendar. E nós estamos dispostos, na bancada de Goiás, ou de verba pessoal, que
eles chamam de emenda parlamentar, da gente colocar mais recursos no sentido de
revitalização, mas também apoiar grupos, como esta ONG Onça Pintada, apoiar a
prefeitura de Alto Taquari, de Mineiros, Alto Araguaia, Santa Rita, de Chapadão do Céu,
porque também de nós conversarmos com outros organismos estaduais e municipais,
a SEMARH de Goiás, que tem todo interesse e com isso poderemos ter não só no
Governo Federal, mas outras ações estaduais e municipais e ações da sociedade,
também buscar neste sentido”, disse o deputado federal Pedro Wilson.
Há pouco mais de dois meses na coordenação do Programa de Revitalização da
Bacia Araguaia-Tocantins, do Ministério do Meio Ambiente, Solange Iqueda admite que
é necessário buscar mais recursos. Ela não conhecia a região da nascente do rio
Araguaia. Ficou impressionada com o que viu, mas diz que é preciso identificar a
necessidade de conservação da bacia. “Araguaia-Tocantins, como está em cada pedaço,
como pode ser mobilizado para melhorar, conservar ou preservar o que já existe. Então,
neste sentido estamos fazendo ainda uma rodada de diálogo, para ver a necessidade
ou não dessa conservação e por estas belezas e por esse diagnóstico nós vimos que
precisa de fato ser conservado áreas como essa”, explicou Solange Iqueda,
coordenadora do Programa de Revitalização da Bacia Araguaia-Tocantins do MMA.
Por outro lado, a criação de um corredor ecológico na região do entorno do Parque
Nacional das Emas onde estão as principais nascentes do rio Araguaia é um alternativa.
Para colocar isto em prática, o IBAMA de Goiás assinou Termos de Ajustamento de
Conduta com fazendeiros da região e espera conseguir a adesão das 120 propriedades
rurais notificadas por terem passivo ambiental. Ou seja, desmataram Áreas de
Preservação Permanente (APPs), matas ciliares, entre outros problemas, e que agora
têm a oportunidade de colaborar com a preservação da região ajudando a criar o corredor
ecológico. “O que a gente abre agora é uma possibilidade concreta, pactuada com
ações e prazos pré-determinados para adequação definitiva de todo e qualquer passivo
ambiental que foi se acumulando ao longo de décadas. Então, a gente está com uma
expectativa boa, até o momento nós já firmamos mais de 50% dos TACs. Você pode
perfeitamente planejar isto e fazer com que uma área dessa definitivamente se
transforme em um corredor de biodiversidade, onde você vai ter ambientes bem
protegidos, você vai ter conexão de áreas e você vai inclusive ampliar a sobrevida do
parque nacional das emas ou de qualquer outra unidade de conservação que venha a
ser alvo de um trabalho de planejamento deste. Uma unidade só, de qualquer tamanho
que ela seja, ela continua pequena para todas as necessidades ecológicas que ela
tem”, explicou o superintendente do IBAMA/GO, Ary Soares dos Santos.
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
191
Ary Soares
O superintendente do IBAMA/GO, Ary Soares, quer parceria com
fazendeiros da região para criar corredor ecológico do rio Araguaia
“Dentro do projeto Pró-Legal do Ministério do Meio Ambiente e coordenado pelo
IBAMA, já foram identificadas as áreas prioritárias para, inclusive, possibilitar a
recomposição da reserva legal extra propriedade. E que, neste caso, é exatamente
para formar esse corredor ecológico e compor estas áreas prioritárias ambientalmente”,
explicou o procurador da República, Cláudio Camárcio, que também participou da
expedição.
A expectativa é que com o corredor ecológico seja preservada uma área de 140
quilômetros às margens do Araguaia. O trajeto foi percorrido de barco pelas autoridades
e aqui eles puderam observar um santuário ecológico onde as araras conseguem se
reproduzir longe da presença do ser humano. Ainda bem que ações como essa e tantas
outras estão sendo colocadas em prática. Uma chance a mais para preservar as belezas
do rio Araguaia. Mas cada um deve fazer a sua parte.
Araras
Araras que vivem na região estão ameaçadas se
não houver um plano de manejo sustentável
192
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
Área preservada do rio
Neste trecho do Rio Araguaia as matas ciliares ainda estão preservadas
·
Autoridades descendo de barco
As autoridades que participaram da expedição pelas nascentes do
Rio Araguaia ficaram impressionados com o que viram
Terceiro bloco:
Apresentadora – chamada terceiro bloco
Aruanã, Luiz Alvez, Bandeirantes, Cocalinho, Aragarças. São algumas das cidades
mais procuradas pelos turistas nesta época do ano (período de junho a setembro),
quando belas praias de areia branca se formam ao longo do rio Araguaia. Mas alguns
problemas preocupam as autoridades: o lixo deixado pelos turistas e a pesca predatória.
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
193
Praias do araguaia
O aparecimento das praias ao longo do Rio Araguaia acontece
entre junho e setembro, no período da seca
Julho. Mês de temporada no Araguaia. O volume de água do rio diminui em
função da seca e formam belas praias de areias brancas. Ao longo do rio Araguaia
surgem acampamentos com pouca ou muita infra-estrutura. Não importa. O bom por
aqui é aproveitar o que a natureza oferece. São milhares de turistas que praticamente
se mudam para as cidades ribeirinhas. Muitos são atraídos pela grande variedade de
peixes. E apesar de ser considerado um dos rios mais piscosos do mundo, o Araguaia
enfrenta uma diminuição do estoque natural nas últimas décadas. Culpa da pesca
predatória e descontrolada. Por isso mesmo, ações do Governo Estadual de Goiás
buscam alterar esta realidade, com um controle maior sobre os pescados.
De acordo com então secretário de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Estado
de Goiás – SEMARH-, José de Paula Morais Filho, “a fiscalização ostensiva e intensiva
neste período do ano é exatamente visando, além da punição pura e simples, uma
orientação, numa abordagem com qualidade, mostrando para as pessoas a necessidade
de se estabelecer certos procedimentos para garantir o que todos nós vamos buscar
no rio Araguaia, que é a piscosidade. Nós vamos buscar peixes, buscar aventura, a paz
e tranqüilidade junto de um ambiente preservado e que motive a nossa geração e as
futuras gerações a freqüentar aquele lugar tão apreciado pelo povo goiano”.
194
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
Acampamentos
No período da temporada surgem centenas de
acampamentos nas praias do Rio Araguaia
Lixo deixado por turistas
Muitos turistas ainda insistem em deixar um rastro
de sujeira nas praias do rio Araguaia
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
195
O lixo produzido pelos acampamentos é outro problema sério. O trabalho de
conscientização de ribeirinhos e turistas tem sido constante e garantido alguns resultados
positivos. Em muitos acampamentos é feita a separação do lixo e o acondicionamento
correto. Mas em outros tem gente que insiste em deixar um rastro de sujeira para trás.
Aruanã é a porta de entrada para o rio Araguaia em Goiás. A cidade recebe todos os
anos milhares de turistas em busca de sossego ou diversão. Fica ao gosto do freguês.
“Estamos trabalhando em parceria com o Governo Federal, através da Agência
Nacional de Águas, do IBAMA e o próprio Ministério do Meio Ambiente, mais
especificamente a Secretaria Nacional de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano, através
do Programa de Revitalização da Bacia Tocantins-Araguaia, para juntos, o Estado de
Goiás, através da Polícia Militar, da Polícia Civil e outros parceiros, a Secretaria de
Meio Ambiente, delimitarmos ações ou unificarmos ações para que tenhamos reais e
efetivos resultados do ponto de vista da manutenção da qualidade ambiental do Rio
Araguaia”, informou o secretário de Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Goiás, José
de Paula Morais Filho.
Aruanã
Aruanã é a porta de entrada para o rio Araguaia em Goiás
Entre os locais mais procurados pelos turistas nesta época do ano estão Luiz
Alves, a 520 quilômetros de Goiânia, São José dos Bandeirantes, Nova Crixás, Aragarças
e Barra do Garças e Cocalinho, no Mato Grosso.
Praias
As praias surgem em vários trechos do Rio Araguaia
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PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
Praias
Rio Araguaia
Luis Alves, distrito de São Miguel do Araguaia, é um lugar de rara beleza. Aqui é
possível observar espetáculos da natureza como dos botos cercando um cardume de
peixes. Já em Cocalinho, no Mato Grosso, a 400 quilômetros de Goiânia, a vegetação
e fauna da região do Araguaia caracterizam-se pela transição entre dois grandes
ecossistemas brasileiros: o Cerrado e a Floresta Amazônica. A partir daí, a natureza se
encarrega de nos apresentar diferentes paisagens: os campos e os cerrados, as matas
ciliares e a floresta pluvial tropical.
Matas ciliares
Ao longo do Rio Araguaia ainda é possível ver matas ciliares preservadas
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
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Matas
A floresta pluvial é uma das características
da vegetação da Bacia do Rio Araguaia
A diversidade dos ecossistemas protegidos pelo Parque Nacional do Araguaia
favorece o estudo da fauna e da flora por biólogos, ornitólogos e cientistas. O parque,
que fica no Tocantins, possui mais de 2 milhões e 200 mil hectares. Ao navegar pelo rio
Araguaia é possível encontrar diversos lagos, por sinal, muito procurados por
pescadores. Como o Dumbá, no município de Cocalinho. No caminho encontramos as
margens do rio ainda preservadas. No trajeto é possível observar uma grande variedade
de pássaros.
O lago Rico é outro local pra lá de especial. Quando o rio baixa, surgem praias
onde os animais podem ficar sem serem incomodados. Os ovos que estavam no ninho
de tracajá foram devorados por uma raposa e pelo gavião, ciclo natural existente na
natureza. Como por aqui o homem não interfere, o lugar se torna ideal para a reprodução
de animais.
Tartarugas
Os lagos do Rio Araguaia são santuários ecológicos, onde as
tartarugas de água doce e outros animais conseguem se
reproduzir sem a interferência do ser humano
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PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
Jacaré
Os jacarés são facilmente encontrados em
alguns trechos mais preservados do Rio Araguaia
E o rio Araguaia nos reserva outras surpresas. Em Baliza, onde estão os canyons
do rio Araguaia, próximo à Pedra Branca, no lado do Mato Grosso, está uma cachoeira
de água quente.
Canyons
Os canyons em Baliza foram uma paisagem única em Goiás
Na margem esquerda do Araguaia, no município de Torixoréu, no Mato Grosso
está a gruta da Loca. São quase 200 metros quadrados de gravuras rupestres. Os
vários círculos, tridentes e senoidais parecem muito mais que simples registros da
rotina dos antigos habitantes.
Ao longo do rio Araguaia existem milhares de lagos e lagoas, com uma rica
biodiversidade. Pesquisadores catalogaram 506 espécies de aves, 35 de mamíferos e
20 de répteis. Aqui as tartarugas de água doce desovam e os peixes em época de
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
199
piracema sobem em cardumes o rio Araguaia. Fartura para os botos, presa fácil para
os pescadores. No período da piracema a pesca é proibida e a fiscalização redobrada.
Só assim para manter o equilíbrio ecológico do rio. Ação mais do que necessária para
preservar o rio Araguaia. E em época de temporada, de muitos turistas, não custa
lembrar para que cada um faça a sua parte. Deixando as praias limpas, sem desmatar,
sem destruir. Deixando apenas pegadas e levando para casa apenas boas lembranças....
Araguaia
Pôr do sol no Araguaia
Apresentadora – encerramento do programa:
Para preservar as belezas do rio Araguaia é preciso que a população ribeirinha,
turistas e autoridades façam a sua parte. Com políticas de desenvolvimento sustentável
e cuidados simples, como recolher o lixo nos acampamentos. A ordem no Araguaia é
deixar apenas pegadas e levar apenas boas lembranças. E não se esqueça: preservar
o Cerrado é preservar rios como o Araguaia. Colabore com a Campanha Bioma Cerrado:
Patrimônio Nacional! Abrace essa idéia.
200
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
Modalidade
Imprensa Rádio
Projeto:
Conexão Ambiental
Premiado:
Emmerson Alexandre Kran
Programa Conexão Ambiental
A concepção
No dia 10 de novembro de 2007, a Rádio Difusora de Goiânia transmitia – ao
vivo – a primeira edição do Programa Conexão Ambiental. Criado com o compromisso
de divulgar, com responsabilidade e ética jornalística, ações e projetos que visem aumentar a qualidade de vida do ser humano, o programa Conexão Ambiental se propõe
a seguir o caminho das mídias preocupadas em discutir e debater o futuro das gerações, e o equilíbrio da vida no planeta.
É urgente e necessário o despertar do ser humano para ações que viabilizem a
continuidade de sua própria vida na Terra. Essa é a nova ecologia humana, holística e
sistêmica, na qual a construção social está intimamente ligada à idéia de uma sociedade sustentável. Comunicar rumo ao futuro, não apenas com o objetivo de debater e
viabilizar a sobrevivência. Comunicar para se construir, no hoje, a ponte das idéias e
atitudes que tornará a vida repleta de riqueza, abundância e prosperidade, respeitada
em todas as suas manifestações, visíveis e aparentemente invisíveis.
Sobre “o antes”
O programa foi parte de um grande projeto chamado Águas do Meia Ponte, que
concorreu ao primeiro edital do Programa Petrobrás Ambiental, em 2004, embora não
tenha sido contemplado. A proposta – que ainda existe enquanto projeto – era a de se
construir uma rede de informação e educação ambiental tendo como ferramenta metodológica a Educomunicação. Mobilizar, construir e agir dentro da Bacia Hidrográfica do
Rio Meia Ponte, na perspectiva de, a longo prazo, construir uma relação de mudança
de comportamento do ser com o rio. O projeto ainda não foi contemplado, mas sua
implantação aguarda – firme – o aparecimento de outras oportunidades.
Na época, pensou-se no programa de rádio como pano de fundo do projeto geral. Ele seria a linha condutora do diálogo com todos os parceiros ao longo da bacia.
No conjunto, haveria ainda uma página na Internet, um jornal impresso e uma
relação estreita com as Rádios Comunitárias. Na Internet, haveria ainda um espaço
desenvolvido para que crianças e jovens pudessem escrever, “pintar e bordar”. Colocar suas impressões sobre o que sentiam sobre o projeto, sobre o rio, sobre a vida.
Mais que abandonar métodos e ferramentas tradicionais, o principio central era apostar
no potencial da população, enquanto cidadãos; compreender a situação de risco a que
todos nós estamos submetidos devido à degradação daquele meio ambiente, urbano e
rural, e, assim, desenvolver ações que interrompam este processo.
Apesar de uma certa frustração – após tanto empenho, trabalho e desejo de
desenvolver uma idéia com tamanha envergadura – não houve desistências. Exatos
três anos depois, após uma série de reuniões com a direção da Rádio Difusora de
Goiânia, conquistamos o espaço tão almejado.
Sobre “o nome”
Originalmente, antes mesmo de entrar no ar, o nome do programa seria Águas
do Meia Ponte. Parte integrante do projeto maior, a idéia era preservar um nome –
até mesmo por razões sentimentais. Isso chegou a provocar calorosas discussões
dentro do grupo, que envolveram, até mesmo, alguns publicitários que buscamos
para – juntos – abraçar a idéia. Para alguns a idéia do nome fechava a proposta em
trabalhar somente com o Rio Meia Ponte, o que não era verdade. O nome era uma
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
203
homenagem, mas apenas uma única pessoa gostava e aprovava. Mas isso logo mudaria.
Ao longo de semanas, a necessidade de mudar o nome significava ter um nome,
uma imagem, uma idéia que representasse conceitos conhecidos e fundamentados
dentro do ambientalismo. Foi quando surgiu o termo CONEXÃO AMBIENTAL. Na opinião do grupo, o termo conseguiu sintetizar – de forma abrangente – a proposta de
trabalho que iria ser iniciada.
Sobre a comunicação
De forma adequada, delegados da I Conferência Nacional de Educação Ambiental, em 2003, na capital federal, precisaram, de forma realística, o tratamento que os
meios de comunicação dispensavam à questão ambiental, ainda que de maneira insuficiente, levantaram os seguintes itens:
• O monopólio dos meios de comunicação leva à uma dificuldade de divulgação
da temática ambiental e das reais causas da degradação ambiental;
• O despreparo dos profissionais da comunicação nas questões ambientais e
muito mais em relação à educação ambiental;
• O consumismo desenfreado incentivado pelas indústrias tendo a propaganda
como forte delineador de hábitos e costumes;
• O alto custo da informação veiculada pela televisão;
• Insuficiência de material de divulgação sobre a questão ambiental;
• A informação sensacionalista que reduz o tema ambiental ao âmbito eminentemente ecológico;
• A pouca utilização que os órgãos como IBAMA fazem dos meios de comunicação para o processo educativo;
• A inexpressividade dos poucos programas ecológicos/educativos existentes;
• Os programas infantis, veiculados pela televisão com grande apelo à violência;
• Ausência de políticas públicas de comunicação nos estados, com extensão à
área ambiental.
Os limites destas conclusões estão em condenar o “monopólio dos meios” e, ao
mesmo tempo, resmungar contra “o alto custo da informação veiculada pela televisão”.
Esquece a Conferência que uma questão está ligada à outra. Com a agravante de que
as pautas políticas, para o meio ambiente, estão vinculadas ao modelo econômico, de
desenvolvimento e de consumo. “Moderno e democrático”, no Sudeste; e quase sempre feudal, no Centro-Oeste, Norte e Nordeste.
A informação ambiental contribuiu para a perspectiva não apenas de trabalho,
mas de abordagem profunda e atenta sobre contextualidades, sem a qual torna-se
impossível compreender a informação e seu objeto de análise. Esta informação acompanha o modelo de segmentação da programação dos meios de comunicação, necessária e urgente. Na mesma tendência, pôde a Internet dar a maior contribuição no
sentido de permitir que Ong´s, instituições, grupos e mesmo pessoas de forma isolada,
pudessem escrever e publicar material de conteúdo ambiental na rede.
Sobre “quem”
Existe um clima de abundância dentro do processo de construção de cada pauta até o término de cada programa. Dias Mendes, Emmerson Kran e Rodrigo Leles são
profissionais que se completam dentro dessa dinâmica. Há uma sintonia que ultrapas-
204
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
sa o fazer profissional e, de forma sutil, atinge o espiritual, parte essencial e integrante
na relação do grupo que – em alguns momentos – necessita sentar e discutir detalhes
da relação profissional.
Em 2007, já em fase de garantir o espaço na Rádio Difusora, Dias Mendes ainda
não estava no grupo. Buscava-se um terceiro elemento fundamental para a dinâmica
proposta pelo projeto. “Eu estava passando pelo centro de Goiânia, de ônibus, quando
vi o Dias numa parada de ônibus. Sem pestanejar, liguei pro Rodrigo e sugeri o nome
dele. Ligamos pra ele na mesma hora”, relembra Emmerson.
Mesmo antes de trabalharem juntos no Conexão Ambiental, os três já eram amigos de longa data. Momentaneamente afastados, o projeto reuniu, novamente, o trio
que já atuou, dentro e fora da área da Comunicação, em diversos outros momentos.
Três cavaleiros. Isso resume uma relação profissional que também é determinada por uma sintonia que é espiritual, fundamental para o desempenho deste trabalho.
Profundo respeito e a decisão de serem mutuamente convencidos quando o erro é
visível. Sem patrão, nem donos, esses comunicadores assumem suas convicções diante da vida e do árduo compromisso de fazer, primeiramente, pelo prazer diante de
uma tarefa nova em todos os seus matizes.
O programa
Existe uma sintonia de produção e de função dentro do programa. A ausência de
um dos elementos determina um abacaxi, misturado com angu-de-caroço, difícil de ser
digerido... Dias Mendes é o tato sutil na apresentação. Dinamismo e espontaneidade
são características que o mantém leve e sintonizado com tudo que ocorre nas entrevistas e debates do programa. Pescador exímio – inclusive nas histórias – aproveita de
forma humorística qualquer detalhe deixado pelos entrevistados. Do grupo, é que mais
apresenta experiência no rádio.
Emmerson Kran é o devorador de livros, artigos, matérias e demais materiais
sobre a temática ambiental. Tendo cursado especialização em Educação Ambiental
pelo IESA/UFG, ele cuida de apresentar as pautas ao grupo para que se decida por
qual seguir. Faz a dobradinha com Dias no estúdio. É o mais turrão e estourado do
grupo, embora não pareça.
Rodrigo Leles é o diretor na concepção mais literal do termo. Responsável pela
paz e o equilíbrio das partes, especialmente quando os ânimos estão exaltados. Corta,
emenda e acrescenta. Conhecedor íntimo das sutilezas do fazer político, costura gestos, palavras e conceitos – consistentes e profundos – enriquecendo os debates.
Essa química é responsável pela qualidade reconhecida do programa.
Nossos convidados
Uma diversidade de especialistas já passaram pelo programa. Foram mais de
100 em 1 ano e 4 meses (04/2009). Doutores das nossas academias, gestores públicos, “ongueiros”, guerreiros, professores, profissionais liberais, monges, enfim... essa
gama de seres humanos é que tem construído o alto nível dos debates apresentados,
semanalmente, aos ouvintes da Rádio Difusora.
Essa diversidade é que dá ao programa o nível da informação debatida. A escolha dos debatedores e entrevistados segue o mesmo ritmo de pesquisa em que são
feitos os roteiros. Cada especialista é devidamente checado segundo suas competências. Isso representa a busca de uma informação confiável.
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
205
A pauta
Decidir pelo tema para cada programa nunca foi complicado. A gama de assuntos
é de longe a menos preocupante na hora da produção. Muitas vezes a quantidade de
assuntos faz com que percamos a factualidade de alguns devido a essa particularidade
da pauta ambiental.
O editorial do programa é algo delicioso de ser feito. É um misto de dados, estatísticas, impressões próprias, citações de especialistas ou anônimos, enfim, um apanhado de várias fontes que termina num texto rico, direto e objetivo.
A produção do programa é feita entre as refeições, no intervalo do cafezinho, à
noite... Geralmente logo no início da semana temos fechado pauta e nossos convidados. Acontece de na tarde de sexta-feira a pauta cair. No início era um desespero, hoje,
o plano “b” está sempre na manga. Pra chegar a isso foi fundamental o acúmulo da
experiência, e aceitar o desafio.
Destaque para a pauta sobre a série de três programas sobre a polêmica envolvendo a APA do João Leite e o Projeto Goiânia 3º Milênio. Um tipo de iniciativa rara de
se ver na imprensa goiana.
Outro destaque foram os debates sobre a questão do trânsito/mobilidade urbana. Assunto da mais alta urgência que é levado sem a devida importância por nossos
governantes.
Se por um lado, o Conexão Ambiental preza pela qualidade dos debates e de
seus debatedores, estes ainda brindam o programa trazendo convidados extras do
mais alto nível, alguns deles especialistas de países como Alemanha e França.
O patrocínio
Vender cota de patrocínio de um projeto como o Conexão Ambiental é tarefa incansável. É um programa que ao longo de 2008 lançou em terra fértil um produto que há
muito faltava no rádio goiano. No passado outros companheiros de jornada ambiental se
dispuseram em várias tentativas em consolidar projetos semelhantes. Em sua maioria,
esses programas também tiveram a mesma que temos hoje. É nesse ponto que a parceria com a Rádio Difusora alavancou um produto midiático, ocupando uma lacuna de valor
incalculável em tempos de discussão séria sobre o futuro da humanidade.
Uma crise econômica muito mais ambiental e social
Os últimos estudos sobre o Cerrado feitos pelo Laboratório de Processamento
de Imagens e Geoprocessamento da UFG dão conta de números preocupantes. Até
2050 Goiás irá perder um total de 10 Distritos Federais, ou seja, a metade de sua flora.
Some-se a isso a falta de definição de políticas energéticas que deem conta do futuro.
Não viveremos de hidrelétrica somente, principalmente do impacto que as maiores
causam. Desperdiçamos tempo e recursos em não definir políticas para a energia eólica, solar, marés, biomassa, etc. Enquanto isso, Angra III segue em frente e as termelétricas mais se parecem com verdadeiras Mad Marias1.
A síndrome carcinógena do capitalismo deu sua maior prova àqueles que não
estavam presentes na Wall Street de 1929.
1
- Minissérie exibida pela Rede Globo em 2005. De Benedito Ruy Barbosa com direção de Ricardo
Waddington, foi gravada na Região Norte do País. Baseada na obra homônima de Márcio de Souza,
retrata a feitura da estrada de ferro Madeira-Mamoré, em 1912.
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PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
... um sistema que permite a um homem sozinho de ditar, à beira de
sua piscina, a sorte de uma moeda ou o destino de uma economia?
E, se nada decididamente se opõe a este novo feudalismo ...Viver
com o caos é o luxo dos que o caos preserva ( HALIMI, 1993: 96)2
A humanidade hoje consome 20% mais recursos naturais do que a Terra é capaz
de gerar, diz o relatório Planeta Vivo do WWF. Em Mumbai, capital financeira da Índia,
existe um bairro na periferia chamado Dharavi: 1 milhão de habitantes. O bairro de
Neza-Chalco-Itza, na Cidade do México, tem o quádruplo de habitantes. Em Dharavi
15 seres humanos costumam dividir 28 metros quadrados entre si para viverem.
A população mundial levou dezenas de milhares de anos para chegar ao primeiro bilhão, em 1830. Mas bastaram 97 anos para dobrar, em 1927. Para o terceiro bilhão, em 1960, só foram precisos 33 anos. Para o quarto (1974), só 14 anos. 13 para o
quinto, em 1987, e 12 para o sexto, em 1999. Agora, estamos com cerca de 6,7 bilhões,
dos quais 1,3 bilhão na China, 1,2 bilhão na Índia, 380 milhões nos Estados Unidos e
234,3 milhões na Indonésia.O Brasil é o quinto país mais populoso, com 189,6 milhões,
mas até 2050 será superado pela Nigéria e Bangladesh, quando, segundo os demógrafos da ONU, a população mundial deverá estar entre 8,5 e 9 bilhões.3
Em fevereiro desse ano, um bloco de gelo de 14 mil quilômetros quadrados,
maior que a ilha do Havaí, 8 vezes maior que a cidade de São Paulo e aproximadamente 19 vezes o de Goiânia, se desprendeu da Plataforma de Gelo Wilkins, na Península Antártica. Uma “pedra” cantada se estivesse num jogo, e talvez estejamos, só que
brincando com coisa séria.
O que o mundo, pessoas, governos, empresas, instituições estão fazendo ou
irão fazer, de certa forma é necessário e urgente, mas o planeta como organismo vivo
e pleno de vida está ferido e há muito desencadeou seu processo de auto-cura. Se
aqui estaremos ou não, é à nossa consciência que esta pergunta remete, como um
grito de esperança e fé.
2
3
- HALIMI, Serge – “Em attendant les saltimbanques”, in Manière de Voir 19/ Le Monde Diplomatique p.96,
Paris, setembro-93. Halimi é diretor de redação do Le Monde Diplomatique (França).
NOVAES, Washington – “Quantas pessoas cabem no mundo?” – Jornal O popular – 19/02/09.
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
207
Conexão Ambiental
Temas e Convidados
1 – Panorama ambiental de Goiânia – 10/11/2007.
• Clarismino Luiz Pereira Júnior – Presidente da Agência Municipal de Meio Ambiente/AMMA.
2 – Alimentação Orgânica – 17/11/2007.
• Lisbeth Oliveira – Professora da UFG e Presidente da Associação para o Desenvolvimento da Agricultura Orgânica-GO.
• Claudia Araujo Moreira – Engª Agrônoma, diretora técnica da ADAO-GO.
3 – Trânsito e mobilidade urbana – 24/11/2007.
• Horácio Mello – Diretor do DETRAN-GO.
• Antenor José de Pinheiro Santos – Jornalista, ex-superintendente da SMT.
• José Carlos Xavier – Engº Civil, Ex-secretário Nacional de Transporte e Mobilidade
Urbana do Ministério das Cidades.
4 – Cerrado, que sustentabilidade queremos? – 01/12/2007.
• Odete Ghannan - Gerente de Ações Ambientais Integradas da Secretaria Estadual do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh).
• Ary Soares dos Santos - Superintendente do IBAMA em Goiás.
5 - Coleta seletiva e políticas públicas em meio Ambiente – 08/12/2007.
• Sergio Alberto Dias da Silva – Vereador/PT.
• Ailson Alves da Costa - Chefe do Departamento de Coleta e Remoção da COMURG.
6 - Bioma Cerrado e PEC 115/95: preservar, conservar – 15/12/2007.
• Pedro Wilson Guimarães – Deputado Federal/PT
• Dra. Selma Simões de Castro – Geógrafa - IESA/UFG
7 - Meio Ambiente e Espiritualidade – 22/12/2007.
• Hélyda Di Oliveira – Diretora Geral da Unipaz-GO
• Vraja Dharma – Monge Hare Krishna
8 - Meio Ambiente e Espiritualidade – 29/12/2007.
• Pedro Guinji Anabuki - Presidente da Comunidade Budista de Goiânia – Jôdo
Shinshu Honpa Hongwanji.
• Sonia Maria Pereira Passos Vale - Presidente da Associação dos Preletores da
Regional Goiás da Seicho-No-Ie do Brasil.
Programas em 2008
9 - ONGs ambientalistas: Geoambiente – 05/01/2008.
• Rogério Souto Cabral - Presidente do Conselho Deliberativo da Geoambiente
• Michel Alves Stival - Diretor de Marketing Ambiental Geoambiente
208
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
10 - Água de beber: direitos e deveres – 12/01/2008.
• Valcir Maria Batista – Professora do Ensino Médio e Educadora Ambiental
• Adriano Paixão - Diretor de Licenciamento e Qualidade Ambiental da Agência Municipal de Meio Ambiente da Prefeitura de Goiânia/AMMA.
11 - Degradação Ambiental e possíveis doenças decorrentes – 19/01.
• Dra. Norma Esther Negrete Calpiñeiro – Ginecologista e Obstetra, Msc. Ciências
Ambientais, especialista em Saúde Pública.
12 - Expansão Urbana e Meio ambiente: a cidade como palco de conflitos entre
interesses públicos e privados - 26/01
• Marina Pignataro Sant´Anna – Vereadora/PT.
• Sirlene Borba - Presidenta da Associação de Preservação do Parque Vaca Brava.
13 - Educação Ambiental – Uma pedagogia de sobrevivência – 02/02.
• Dr. Eguimar Felício Chaveiro – Geógrafo - IESA/UFG
• Benjamim Pereira Vilela – Geógrafo, Presidente da ONG Socioambientalista Jaracarandá da Pedra, membro fundador do Núcleo de Pesquisa e Estudos em Educação Ambiental e transdisciplinaridade do IESA/UFG.
• Het de Sousa Cruz – Matemático e físico. Professor da rede municipal de educação
14 – Ong´s ambientais: Grupo Ecológico Guardiões do Verde – 09/02.
• Carlos Antonio Araújo – Cabo-PM, Diretor-presidente do Grupo Ecológico Guardiões do Verde.
15 - Barragem do João Leite e projeto Goiânia 3º Milênio. Preservação e geração
de empregos – 16/02 (1ºpgm).
• Henrique Luiz de Araújo Costa - Engenheiro Agrônomo e Gerente de Proteção de
Mananciais da Saneago.
• Paulo Paiva – Engº Civil com ênfase em Saneamento Básico, especialista em
Planejamento Urbano. Coordenador técnico do Fundo Estadual do Meio Ambiente (FEMA) e presidente do Conselho Consultivo da Área de Proteção Ambiental
do João Leite – Semarh-GO
16 - Barragem do João Leite e projeto Goiânia 3º Milênio. Preservação e geração
de empregos – 23/02 (2º pgm).
• Euler Morais – Secretário Municipal de Turismo-Goiânia-GO.
• Osmar Pires Martins Júnior – Engº Agrônomo, biólogo, mestre em Biologia e Ecologia, professor universitário de cursos de graduação e de pós-graduação, presidente da Academia Goianiense de Letras. Foi secretário do Meio Ambiente de
Goiânia – SEMMA (1993-96), perito ambiental do MP/GO (1997-2002) e presidente da Agência Ambiental de Goiás (2003-06).
17 – Turismo e Sustentabilidade – 01/03.
• Cristiano de Oliveira - Gerente de Oportunidades de Investimentos e Produtos
turísticos da AGETUR - Agência Goiana de Turismo
18 - Barragem do João Leite e projeto Goiânia 3º Milênio. Preservação e geração
de empregos – 16/02 (3º pgm).
• Emiliano de Godói - Engenheiro Agrônomo, Superintendente de Biodiversidades
e Florestas da Semarh/GO. Doutorando em Agronomia.
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
209
• Euler Morais – Secretário Municipal de Turismo-Goiânia-GO.
19 – Educação para o Trânsito – 15/03.
• José Carlos Xavier – Engº civil, Ex-secretário Nacional de Transporte e Mobilidade
Urbana do Ministério das Cidades
• Miguel Jorge Neto - Doutorando em Educação pela Universidade Católica de Santa
Fé, professor de Novas Tecnologias Educacionais, coordenador do Projeto Educar
para o Trânsito em Anápolis,coordenador do Programa Educando e Valorizando a
Vida da UEG.
• João Alves – Engº Civil, coordenador de Logística e Transporte da Presidência da
República
20 – Dia Mundial da Água – 22/03.
• Benjamim Pereira Vilela – Geógrafo, presidente da ONG Socioambientalista Jaracarandá da Pedra, professor do ensino médio, Mestrando em Geografia pelo Instituto de Estudos Sócio – Ambientais da Universidade Federal de Goiás, membro
fundador do Núcleo de Pesquisa e Estudos em Educação Ambiental e Transdisciplinaridade do IESA/UFG.
21 – Mudanças Climáticas e sua influência na Agricultura – 29/03.
• Pedro Luiz Oliveira Machado – Engº. Agrônomo, doutorado em Solos e Nutrição
de Plantas pela Universidade Agrícola de Viena, (Áustria) e pós-doutorado na GrãBretanha. Pesquisador da Embrapa em Goiás. É revisor de relatórios do Painel
Intergovernamental da ONU para Mudanças Climáticas.
• Manuel Eduardo Ferreira – Geógrafo, mestre em Processamento de Dados, Geologia e Análise Ambiental e doutorando em Ciências Ambientais pela Universidade Federal de Goiás (UFG).
22 – Mudanças Climáticas e seus efeitos na cidade – 05/04.
• Rosidalva Lopes Feitosa da Paz - Física e Matemática pela Universidade Federal
do Amazonas e especialista em Levantamentos Topobatimétricos pelo Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazônia. Atualmente é Superintendente da Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia de Goiás.
• Osmar Pires Martins Júnior - Agrônomo e biólogo, mestre em Biologia e Ecologia,
professor universitário de cursos de graduação e de pós-graduação, presidente
da Academia Goianiense de Letras. Foi secretário do Meio Ambiente de Goiânia,
perito ambiental e presidente da Agência Ambiental de Goiás.
23 – Estatuto do Pedestre – 12/04.
• Maria Aparecida de Siqueira – Vereadora/PT, Presidente da Comissão dos Direitos
Humanos e Cidadania da Câmara Municipal. É psicóloga, pedagoga e especialista
em Administração Educacional.
24 – ONG Ambientalista Rio Uru – 19/04.
• Tomaz Campos - Advogado e administrador de empresas, com especialização
em Direito Civil e Processual Civil, membro-fundador do Movimento Ambientalista
Rio Uru e do Partido Verde em Itapuranga e conselheiro-diretor da ONG.
25 - Ação e futuro ambiental na perspectiva do instituto Serrano Neves – 26/04
• Paulo Mauricio Serrano Neves - Procurador de Justiça Criminal do Ministério
Público de Goiás e Presidente do Instituto Serrano Neves de Educação Sócioambiental.
210
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
26 – Crise mundial de alimentos – 03/05.
• Sergio Alberto Dias da Silva – Vereador/PT - Sociólogo, ex-Assessor de Assuntos
Comunitários de Goiânia – na administração de Pedro Wilson – Membro da Comissão de Meio Ambiente da Câmara Municipal.
27 – Grupo de Arte Educação Vida Seca – 10/05.
• Danilo Rosolem - Graduando de Geografia na UEG, é percussionista do grupo
Vida Seca, das bandas Filhos de Saci e De Volta ao Samba.
• Igor Zargov - Professor de percussão do Projeto Arte Educação da Fundação Jaime Câmara e músico do grupo Vida Seca.
• Ricardo Roquete - Jornalista formado na Facomb-UFG, professor de percussão
do Projeto Arte Educação da Fundação Jaime Câmara, participa da banda Minadágua e do grupo Vida Seca.
• Thiago Verano - Agrônomo formado pela UFG, é professor de percussão no projeto Comunidade Legal em Aparecida de Goiânia e músico do grupo Vida Seca.
28 – Política ambiental de Goiás – 17/05.
• José de Paula Moraes Filho – Secretário de Meio Ambiente e Recursos Hídricos
de Goiás - Semarh
29 – Reforma agrária e meio ambiente – 24/05.
• Luis Afonso - Membro da Direção Nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, o MST. O Luis é da cidade de Ipameri e também é um assentado.
30 - Política Ambiental Nacional – 31/05.
• Ary Soares dos Santos - Superintendente do IBAMA em Goiás.
31 - Arte e Meio Ambiente – 07/06.
• Eládio Garcia Sá Teles - Ex-Presidente da Associação Goiana de Cinema e Vídeo
(AGCV), produtor cultural, diretor dos curtas “Espreita”, “A Caverna” e “A Lenda da
Árvore Sagrada”.
• Brasigóis Felício – Escritor e Jornalista.
32- Cidade: da cultura do improviso a uma cultura de planejamento – 14/06.
• Virmondes Cruvinel Filho – Vereador em Goiânia pelo PSDC. Presidente da Comissão de Obras e Patrimônio da Câmara Municipal de Goiânia.
• José Antonio Tietzmann e Silva – Professor das Universidades Federal e Católica
em Goiás, doutor em Direito Ambiental e Urbanístico pela Universidade de Limoges. Mestre em Direito Ambiental pela Universidade Internacional da Andaluzia,
mestre em Direito Ambiental e Urbanístico pela Universidade de Limoges.
33 – Monitoramento do Cerrado – 21/06.
• Dr. Nilson Clementino Ferreira - Graduado em Engenharia Cartográfica pela Universidade Estadual Paulista, mestrado em Geoprocessamento pela Universidade
de São Paulo e doutorado em Ciências Ambientais pela Universidade Federal de
Goiás. Atuou de 1995 a 2003 no Centro de Sensoriamento Remoto do IBAMA em
Brasília, no monitoramento de desmatamentos na Floresta Amazônica. Atualmente é professor colaborador da Universidade Federal de Goiás e professor efetivo
do Centro Federal de Educação Tecnológica Goiás. Responsável pelo desenvolvimento do Sistema Integrado de Alerta de Desmatamentos para o Cerrado.
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
211
34 - Desenvolvimento econômico e sustentabilidade, caminhos de encontros ou
desencontros – 12/07.
• Cláudio Lopes Maia – Doutorando em História, professor do curso de História da
UFG do Campus de Catalão. O professor Cláudio tem artigos publicados sobre
questão camponesa, questão agrária e políticas agrícolas no Brasil.
35 – ONG Ambientalista 4 Elementos – 19/07.
• Carmencita Tonelini - Bióloga e especialista em Tratamento e Disposição Final de
Resíduos Sólidos e Líquidos e atual presidente da ONG 4 Elementos.
• Clecio Gonçalves de Moraes - formado em Química é Conselheiro Fiscal.
• Kelly Cristina dos Anjos Prado - formada em Química é Assessora Executiva da
ONG 4Elementos.
36 – Grupo Arte e Educação “Bloco Boca do Lixo” – 02/08.
• Gisele Gonçalves de Oliveira - Acadêmica do curso de Ciências Biológicas da
UEG e professora de Biologia.
• Cristiano Cunha - Acadêmico de Administração na Faculdade Latino Americana e
representante do Coletivo Jovem de Meio Ambiental de Anápolis.
37 - Gestão ambiental e meio ambiente urbano – 09/08.
• Thiago Camargo - Diretor de Gestão Ambiental da Agência Municipal de Meio Ambiente da Prefeitura de Goiânia. Thiago Camargo é também Membro Titular da Câmara Técnica de Saúde, Saneamento Ambiental e Gestão de Resíduos do Conselho Nacional de Meio Ambiente.
38 - Rio Araguaia: conservar, preservar e educar – 16/08.
• Antônio Alencar Sampaio - educador ambiental. Trabalha na coordenação do núcleo de educação ambiental do RAN, - Centro de Conservação e Manejo de Répteis e Anfíbios do Ministério do Meio Ambiente.
39 – Eleições e Meio Ambiente – 30/08.
• Osmar Pires Martins Júnior - Engenheiro Agrônomo e Biólogo, mestre em Biologia e
Ecologia, professor universitário de cursos de graduação e de pós-graduação e
presidente da Academia Goianiense de Letras. Foi secretário do Meio Ambiente de
Goiânia, (SEMMA), entre 1993 e 1996, perito ambiental do MP/GO entre 1997 e
2002, e presidente da Agência Ambiental de Goiás, entre os anos de 2003 e 2006
• Ricardo Barbosa de Lima - bacharel em Ciências Sociais pela UFG. Doutor em
Desenvolvimento Sustentável pela UnB. É professor da Faculdade de Direito da
UFG (campus Cidade de Goiás), sócio do Instituto Brasil Central e pesquisador
colaborador do Nupesc/Ser da UCG. Tem experiência na área de Sociologia do
Conhecimento e Ciência Política, com ênfase em Direitos Humanos (econômicos,
sociais, culturais e ambientais). Atua em temas como: educação em direitos humanos, comportamento eleitoral, métodos e técnicas de pesquisa e violência criminalizada.
40 – CONGEA - Congresso Goiano de Educação Ambiental – 06/09.
• Eguimar Felício Chaveiro – Doutor em Geografia. Professor do Instituto de Estudos Sócio-Ambientais da UFG.
• Benjamim Vilela - Geógrafo - Professor do Colégio SEG, Presidente da ONG Socioambientalista Jacarandá da Pedra, membro fundador do NUPEAT - IESA - UFG
(Núcleo de Pesquisa e Estudos em Educação Ambiental e transdisciplinaridade).
212
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
Mestrando em Geografia pelo Instituto de Estudos Sócio - Ambientais - IESA da
UFG, com pesquisa em Educação Ambiental.
41 - Educação Ambiental: o desafio de educar para o ambiente – 13/09.
• Beatriz de Paula Alvarenga - Geógrafa e pós-graduada por formação e ambientalista por dedicação e amor à vida do planeta. Beatriz foi agraciada com o Prêmio
CREA Goiás de Meio Ambiente/2007, na modalidade Meio Ambiente Rural com o
PROJETO DE APOIO INSTITUCIONAL AO USUÁRIO IRRIGANTE, no município
de Cristalina-GO.
• Neusarete Santana Campos Silva - Graduada em Pedagogia pela Universidade
Católica de Goiás. Pós-Graduada em Psicopedagogia. Educadora há mais de 20
anos é professora da Rede Municipal de Ensino de Goiânia. Atualmente é Diretora da Escola Padre Lima no Setor Santa Genoveva. No ano passado a professora
Neusarete foi agraciada com o Prêmio CREA Goiás de Meio Ambiente/2007, na
modalidade Educação Ambiental com o projeto “Eco-Emoção: ainda há tempo de
salvar o planeta”.
42 – Recursos hídricos, uma garantia incerta? – 20/09.
• Henrique Luiz de Araújo Costa – Engenheiro Agrônomo. É gerente de proteção de
mananciais da Saneago, atuando com gestão ambiental e proteção de mananciais de abastecimento público.
• Osmar Pires Martins Júnior – Professor Universitário, perito ambiental, mestre em
Biologia e Ecologia, ex-secretário do Meio ambiente de Goiânia (SEMMA) e expresidente da Agência Ambiental de Goiás.
43 - Projeto Onça Pintada. Fundo para Conservação da Onça Pintada – 27/09.
• Natália Tôrres - gerente de comunicação da ONG Fundo para a Conservação da
Onça Pintada. Bióloga formada pela UFG e mestra em Biologia Animal pela Universidade de Brasília. É doutoranda em Ecologia e Evolução da Universidade Federal de Goiás.
• Denis Castilho - geógrafo, formado pela UFG. Mestrando em Geografia pelo Instituto de Estudos Sócio-ambientais, também da UFG e é membro-sócio da Associação dos Geógrafos Brasileiros – AGB. Integra ainda o Núcleo de Estudos e Pesquisas “Formação Territorial de Goiás” e já atuou junto ao Núcleo de Estudos e
Pesquisas em Turismo e Cultura.
44 – Juventude e Meio Ambiente – 03/10.
• Diogo Damasceno Pires - acadêmico de Ciências Sociais da UFG, membro articulador do coletivo jovem de meio ambiente de Goiás e facilitador nacional da Rede
de Juventude pelo Meio Ambiente e Sustentabilidade (REJUMA). Ele também integra a Secretaria Executiva da Rede de Educação e Informação Ambiental de Goiás, a Comissão Interinstitucional de Educação Ambiental de Goiás e o coletivo
educador da estrada de ferro, além de participar do Núcleo de Educação Ambiental e Transdisciplinaridade da UFG.
• Cristiano Cunha - acadêmico de Administração na Faculdade Latino-americana e
representante do coletivo jovem de meio ambiental de Anápolis.
45 - Ciclovias: é hora de andar sobre duas rodas – 11/10.
• Maurício Beraldo – Vereador por Goiânia pelo PSDB. Autor do projeto de Lei Complementar nº 169, aprovado pela Câmara Municipal em fevereiro do ano passado.
A Lei dispõe sobre o uso da bicicleta e o sistema cicloviário em Goiânia.
PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
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46 – Políticas para Juventude e Meio Ambiente – 18/10.
• Rangel Arthur – Representante do MEC e membro da Rede da Juventude pelo
Meio ambiente e Sustentabilidade.
47 - Alimentação natural, comer bem, com saúde e dignidade – 25/10.
• Danielle Silva Beltrão - Engenheira Agrônoma. Mestranda em Agronomia, área de
Solo e Água. Especialista em Agricultura Familiar Camponesa e Educação do Campo. Membro do Conselho Técnico da ADAO-GO. Atuação profissional: agricultura
familiar, agroecologia, educação ambiental, recuperação de áreas degradadas.
• Nilza Bonfim - Presidente do Movimento de Donas-de-casa e Consumidores do
Estado de Goiás. Nilza Bonfim é autora dos seguintes livros: Alimentação Alternativa, Reaproveitamento de Alimentos e Guia de Economia Doméstica. Parceria
com o Instituto Biosfera.
48 - Cerrado Brasileiro: atitudes e perspectivas – 01/11.
• Altair Sales Barbosa – Antropólogo. Doutor em Arqueologia Pré-Histórica. Atualmente é Professor Titular da Universidade Católica de Goiás e pesquisador do
Instituto do Trópico Subúmido ITS/UCG. Tem experiência na área de Antropologia, com ênfase em Etnologia Indígena. Atuando principalmente nos seguintes
temas: ARQUEOLOGIA, BIOGEOGRAFIA, PALEOINDIO e Ecologia de Ecossistemas.
49 – Conexão Ambiental Aniversário de 1º Ano – 08/11
• Vários convidados
50 – O Compromisso da mídia com o equilíbrio do planeta – 15/11.
• Rosângela Aguiar - jornalista e apresentadora do programa Trilhas do Brasil da
TV Serra Dourada. O Trilhas do Brasil ganhou pela terceira vez o Premio CREAGoiás de Meio Ambiente com a reportagem “Araguaia: Corredor da biodiversidade goiana”, veiculada no final de julho deste ano.
51 – A Semana e o meio ambiente no Brasil e no Mundo – 22/11.
• Dias Mendes e Emmerson Kran – os apresentadores fizeram uma análise da semana.
52 - PEC do Cerrado: entre a esperança, o sonho e a realidade – 29/11.
• Altamiro Fernandes – Coordenador do Fórum Goiano em defesa do Cerrado.
53 - Alimentação Macrobiótica: a arte de prolongar a vida.– 06/12
• Lisley Jardim - Especialista em Cozinha Macrobiótica.
• Osmar Jardim – macrobiótico e paisagista.
• Oscar Estevam - Economista, astrólogo e radiestesista e macrobiótico.
54 - Experiências Sustentáveis no Mercado Imobiliário. – 13/12.
• Paulo Henrique Ribeiro - Engenheiro Civil e Diretor de Desenvolvimento Imobiliário da Toctao Engenharia.
• Gustavo Veras - Engenheiro Civil e Diretor de Produção da Loft Construtora. PósGraduado em Gestão e Gerenciamento de Obras pela Universidade Federal de
Goiás.
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PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008
55 – Responsabilidade Sócio-Ambiental nas Empresas – 20/12.
• Giovanna Ditscheiner - Jornalista pela Universidade Estácio de Sá RJ, especialista em Gestão para o Terceiro Setor, professora de pós-graduação das Universidades Gama Filho, Veiga de Almeida, SENAI/ FATESG e UNIGRANRIO, todas no
Rio de Janeiro. Membro do Conselho de Responsabilidade Social da Federação
das Indústrias do Estado de Goiás, instrutora de cursos e palestras nas áreas
de Responsabilidade Social, Voluntariado Empresarial, Elaboração de Projetos,
Captação de Recursos, Balanço Social e Relatórios de Sustentabilidade.
• Vivianne Santos Resende – Engenheira. Especialista em Gestão Ambiental, Processos Gerenciais, Planejamento Urbano e Ambiental. É mestranda em História,
na área de Territorialidades. Professora convidada da Universidade Católica de
Goiás e coordenadora de projetos da empresa Vital Excelência & Sustentabilidade Vivianne Resende foi ganhadora do Prêmio Crea Goiás de Meio Ambiente na
categoria Produção Limpa pela implantação do Sistema de Gestão Ambiental na
Concessionária Lince Veículos.
56 – Meio Ambiente e Espiritualidade – 27/12. (último programa de 2008)
• Pe. Rafael Vieira – Diretor da Rádio Difusora
• Sergio Alberto Dias da Silva – Vereador/PT - Sociólogo, ex-Assessor de Assuntos
Comunitários de Goiânia – na administração de Pedro Wilson – Membro da Comissão de Meio Ambiente da Câmara Municipal.
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