- Câmara de Comércio Americana
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© 2008 KPMG Auditores Independentes, uma sociedade brasileira e firma-membro da rede KPMG de firmas-membro independentes, afiliadas à KPMG International, uma cooperativa suíça. Todos os direitos reservados. A evolução é uma constante. Você tem a assessoria necessária? Evolution is taken for granted. Do you have the right advisory services? A KPMG no Brasil entende a KPMG in Brazil understands your necessidade do seu negócio. business needs. For that reason Por isso dispõe do Programa it presents the International Internacional de Indústrias e Program for Industries and Clientes, no qual profissionais Clients, in which experienced com experiência nos vários professionals in various market segmentos de mercado e da and industry segments, and indústria e com conhecimentos always updated on the latest técnicos sempre atualizados technical issues, can provide oferecem assessoria direcionada you with advisory services às necessidades individuais tailored for the individual de cada empresa. needs of each company. A KPMG no Brasil conta com KPMG in Brazil employs cerca de 2.100 colaboradores, approximately 2,100 distribuídos em 14 escritórios, professionals in 14 offices e com uma rede global em and operates in 145 countries, 145 países, prestando serviços rendering Audit, Tax and de Audit, Tax e Advisory. Advisory Services. kpmg.com.br No 254 16 Um novo tipo de crise? Paulo Vicente dos Santos Alves Dezembro / 2008 Ilustração da capa: Dream Factory Ano XXIII BRASIL URGENTE 04 Editorial 06 Em Foco 14 From the USA 16 Brasil Urgente 23 CAPA LIFE STYLE 22 Paixão e trabalho na mesma raia CAPA 24 Rio de Janeiro, pólo turístico e gerador de riquezas Valter Patriani 26 Turismo: uma aposta inteligente Rubem Medina 28 Rio, a melhor escolha para suas férias Bayard de Coutto Boiteaux REPORTAGEM 30 Muito mais do que compensação ambiental 34 News 45 PELO MERCADO 46 OPINIÃO ENTREVISTA 10 Claudia Marchi A diretora de RH da Amil defende que deve haver investimentos em capacitação profissional e valorização do capital humano nas empresas. Claudia está à frente do Comitê de RH da Amcham e já articula, com outras empresas, ações que possam incentivar o setor. COLUNAS 20 Gestão e Carreira A crise e o mercado de contratações Fernando Mantovani 32 Legal Alert Súmula Vinculante no 7: contribuição ou repetição Iara Ferfoglia Vilardi 44 Gestão Empresarial Quando os controles internos falham Marcos Assi OPINIÃO 46 How developments in U.S. law are impacting Brazilian trade Nicolas Lloreda and Maria Fernanda Pecora Divulgação A tiragem desta edição de 10 mil exemplares é comprovada pela BDO TREVISAN AUDITORES INDEPENDENTES Expediente: Publicação mensal da Câmara de Comércio Americana para o Brasil - RJ Diretor: Ricardo de Albuquerque Mayer Editor-chefe e Jornalista Responsável: Ana Redig (MTB 16.553 RJ) Repórter e Redator: Renato Santos Editora de Arte: Ana Cristina Secco Designer e ilustrador: Lui Pereira Impressão: Ediouro Gráfica e Editora Fotógrafos: Cinthia Aquino, Luciana Areas e Ricardo Costa Os pontos de vista expressos em artigos assinados não refletem, necessariamente, a opinião da Câmara de Comércio Americana. Câmara de Comércio Americana para o Brasil - Rio de Janeiro Praça Pio X, 15/5º andar 20040-020 Rio de Janeiro RJ Tel.: (21) 3213 9200 Fax: (21) 3213 9201 E-mail: [email protected] E-mail redação: [email protected] www.amchamrio.com Prezado associado, Há pouco mais de um ano assumi a Superintendência da Câmara de Comércio Americana. Desde então, temos nos empenhado em criar ações que aumentem a participação dos associados. Estamos felizes em poder afirmar, hoje, que esta aproximação vem acontecendo de modo efetivo e já mostra resultados. Os comitês começam a trabalhar de modo regular, debatendo as principais questões de cada setor e desenvolvendo um trabalho extremamente importante de parceria com o poder público. Um exemplo é o Comitê de Energia, que vem colaborando intensamente com o Fórum Permanente de Desenvolvimento Estratégico do Estado do Rio de Janeiro, que se reúne na Alerj. Os executivos associados à Amcham têm fornecido, através do trabalho do Comitê, subsídios para que legisladores e o poder executivo possam compreender melhor este momento e possam, com serenidade e conhecimento técnico, traçar políticas públicas que atendam às necessidades e demandas do setor. Nesta última edição do ano da Brazilian Business, gostaria de agradecer a todos os executivos que vêm realizando um trabalho extraordinário junto a todos os Comitês Setoriais. É fundamental reconhecer o esforço daqueles que, apesar de terem suas agendas bastante ocupadas, têm trabalhado junto à Amcham pela criação de um novo ambiente de negócios que signifique desenvolvimento para as cidades, os estados e o país. Quero agradecer, também, às empresas que abraçaram o Projeto Mantenedores e às que estão em fase de aprovação. Dannemann, Siemsen, Bigler & Ipanema Moreira, Devon Energy, Chevron, Veirano Advogados e PricewaterhouseCoopers foram as primeiras companhias que apostaram em uma forma diferenciada de apoiar a instituição. Através de um aporte anual de valor bastante atraente, essas empresas passaram a ser patrocinadoras permanentes, colaborando com a melhoria da qualidade de todos os eventos. Temos certeza de que outras virão a se somar a essas companhias, formando um quadro expressivo de apoiadores fixos que nos permitirá crescer e atuar de maneira cada vez mais relevante em favor dos próprios associados. Por último, mas não com menor importância, quero agradecer à diretoria por todo o apoio que estamos recebendo, e ao staff da Amcham que vem realizando um trabalho de grande dedicação e qualidade. Acreditamos fortemente que, juntos, podemos superar esta e muitas outras crises, e que podemos ajudar a influenciar e mudar a realidade da nossa cidade, estado, e mesmo do Brasil. Boas festas a todos e que 2009 seja um ano ainda melhor. Ricardo de Albuquerque Mayer BRAZILIAN BUSINESS DEZEMBRO/2008 A Bradesco Seguros e Previdência, Rodrigo Bueno Bradesco Seguros é a melhor da América Latina maior conglomerado de seguros da América Latina e líder do mercado brasileiro com cerca de 25% de market share, foi eleita a melhor empresa de seguros da América Latina em 2008 pela revista especializada britânica World Finance. O resultado se deveu aos índices de solidez e crescimento da empresa em todos os segmentos. O prêmio foi recebido na London Stock Exchange pelo diretor geral administrativo-financeiro da companhia, Samuel Monteiro dos Santos Jr. A companhia também é a seguradora melhor avaliada no Brasil pelas UniverCidade capacita alunos em exames de DNA Ensinar estudantes de Enfermagem, Fisioterapia e Biologia a realizar exames laboratoriais com técnicas avançadas de biologia molecular e citogenética. Este é o objetivo do Projeto DNA, da UniverCidade. Na parte acadêmica, serão desenvolvidos projetos de pesquisa nas áreas de diagnóstico molecular de doenças genéticas, além de estudos de genética forense e de populações. No futuro, a UniverCidade pretende oferecer exames a preços mais acessíveis à população carente e aos funcionários do Centro Universitário da Cidade. O projeto busca parcerias com órgãos públicos, planos de saúde e empresas. agências de classificação de risco Fitch Ratings e Standard & Poors. Machado, Meyer assessoram grupo nipo-coreano O escritório de advocacia Machado, Meyer, Sendacz e Opice assessorou um consórcio nipo-coreano na aquisição de 40% do capital da mineradora Namisa. O grupo formado por siderúrgicas japonesas e pela sul-coreana Posco assinou contrato de compra e venda no valor de US$ 3,12 bilhões com a CSN (controladora da Namisa). O escritório auditoria legal e pela negociação da estrutura societária e comercial e dos contratos da operação. BRAZILIAN BUSINESS DEZEMBRO/2008 Divulgação de advocacia foi responsável pela Divulgação Livro conta 130 anos da Prudential Editado com apoio cultural da Prudential, o livro “A História dos Seguros no Brasil” revela, em 400 páginas, os primeiros passos da atividade e sua importância no país e no mundo. Lançada no Jockey Club, a obra é fruto de trabalho conjunto entre o escritor, professor e economista Aléxis Cavichini, o economista Novo guia New York City da Michelin Acaba de sair a edição 2009 do guia Michelin New York City, considerada a mais importante e renomada publicação de hotéis e restaurantes do mundo, com cerca de um milhão de exemplares vendidos em mais de 100 países. Uma das tendências do guia é valorizar a relação custo-benefício dos estabelecimentos avaliados: 24% da lista inclui endereços de bons restaurantes com preços acessíveis. Ao todo, 617 estabelecimentos foram citados, sendo que 54 hotéis e 563 restaurantes com 50 tipos diferentes de culinária. Fernando Mello e os jornalistas Denise Bueno, Jorge Clapp, Paulo Amador e Ubiratan Solino. A publicação também conta os mais de 130 anos de história da Prudential nos EUA e sua trajetória no Brasil. Para William Yates, presidente da seguradora no país, o livro vem em momento oportuno, quando o interesse pelo setor aumenta: “É uma bela forma de aumentar a disseminação da cultu- Delta: maior empresa aérea do mundo Com a aquisição da Northwest Airlines, no valor de US$ 2,8 bilhões, a Delta passará a ser a maior companhia aérea do mundo, considerando número de passageiros transportados e a distância percorrida nos vôos. A nova empresa, com sede em Atlanta, Delta Airlines. Ela voará um quadro de 75 mil vai operar mantendo o nome de para 375 cidades de 66 países, com funcionários. ra do seguro”. ão lgaç Divu DEZEMBRO/2008 BRAZILIAN BUSINESS Divulgação Veirano Advogados patrocina Brazil Economic Conference 2008 Para compreender melhor os efeitos da crise financeira internacional sobre o Brasil, o escritório Veirano Advogados patrocinou o Brazil Economic Conference 2008, em Washington, DC. No evento, realizado anualmente pela Câmara de Comércio Brasil-EUA, os empresários avaliaram que a recessão deverá ser mais sentida no 2º semestre 2009. Segundo Luiz Fernando Pacheco, sócio do Veirano, o encontro SulAmérica atrai jovens clientes “ajudou a colocar o país no centro de debates importantes sobre as perspectivas futuras”. O ministro da Fazenda Guido Mantega participou do evento. A SulAmérica Seguros e Previdência lançou um novo produto, voltado para menores de idade: o Educapre- Xerox investe em e-commerce vi. Desenhado para garantir o futuro A Xerox do Brasil lançou uma nova estratégia de e-commerce para de crianças e jovens durante a vida acadêmica, ele traz como diferencial venda de produtos. Na página da empresa na internet (www.xerox.com/compreonline) usuá- as opções oferecidas de acordo com rios domésticos ou profissionais o perfil de investimento escolhi- liberais podem encontrar, do pelos pais ou responsáveis. por exemplo, a Phaser 6110, Com mensalidades de R$ 50, o impressora mais barata do Educaprevi tem três opções mercado, por apenas R$ 368. de planos nas modalidades O site canaliza toda a demanda Plano Gerador de Bene- e o negócio é concluído na re- fício Livre (PGBL) e Vida venda escolhida pelo usuário. O Gerador de Benefício Livre objetivo é estreitar ainda mais o (VBGL), que podem ter relacionamento da empresa com contribuições em fundos de as revendedoras autorizadas que investimento de renda fixa, tenham suporte para e-commerce variável ou multicarteira. BRAZILIAN BUSINESS DEZEMBRO/2008 Div ulg açã o e certificado de segurança do site. Dezembro 2008 02 - O Líder Financeiro Sérgio Carvalho 9h às 18h American Business Center 09 - Ideas Exchange Subcomitê de Tributação “Os impactos tributários da crise mundial” 9h às 11h American Business Center 16 - Ideas Exchange Comitê de Meio Ambiente “Medidas compensatórias” 9h às 12h American Business Center 19 - Seminário “O SPED e os impactos nos negócios” 8h45 às 14h30 Local a confirmar DEZEMBRO/2008 BRAZILIAN BUSINESS CLAUDIA DANIENNE MARCHI Vanguarda em Recursos Humanos C Divulg ação laudia Danienne Marchi é o retrato da executiva atual. Carioca, casada, e mãe de um filho, formou-se em Psicologia e nunca parou de estudar. Fez pós-graduação em Marketing e MBA em Serviços no IBMEC, MBA Executivo na Coppead, além de inúmeros cursos nacionais e internacionais voltados para management e gestão de pessoas, como o realizado no Insead na França. Antes de ingressar na Amil, onde trabalha há 14 anos, atuou na PricewaterhouseCoopers. Sempre focada na área de Recursos Humanos e seus subprocessos, como T&D - Universidade Corporativa, Recrutamento e Seleção, Pesquisa e Qualidade e Remuneração Estratégica. Como convidada de escola de negócios, exerce atividade acadêmica lecionando em cursos de pós-graduação. Hoje, ela representa a Amil na diretoria técnica da AEC Brasil (Associação de Educação Corporativa do Brasil), além de ser a chairperson do comitê de RH da Câmara de Comércio Americana. Claudia Marchi conta, nesta entrevista à editora da Brazilian Business, Ana Redig, o que pensa sobre o setor. 10 BRAZILIAN BUSINESS DEZEMBRO/2008 Este ano você aceitou o convite para ser a chairperson do Comitê de Recursos Humanos da Amcham. Como as empresas e executivos de RH podem contribuir para melhorar o setor? Foi um convite desafiador. Pela seriedade dos propósitos da Amcham e pela sinergia com a minha visão incremental na área de RH. Eu acredito que o RH tem que ser estratégico, tem que pensar desta forma e se posicionar assim. Não basta que esta minha menção seja apenas um discurso comum. Tem, sim, que acontecer por parte de cada executivo, um desejo visceral. Cabe ao RH fomentar práticas tecnicamente consistentes e criativas em sua concepção. Não pode, portanto, ser uma área meio, e sim estar alinhada às estratégias do negócio. Isso quer dizer que o executivo de RH deve atuar em todos os setores da empresa com o mesmo comprometimento? Exatamente. Cada vez mais o executivo de RH poderá atuar como “advisor” de práticas, processos, pessoas, estabelecendo interface direta com Tecnologia, Finanças, Marketing, RI etc. e participando ativamente da construção da cultura corporativa de suas empresas. Isso ajuda a conquistar a sustentabilidade, com transparência, justiça, visão de retorno sobre o investimento, foco em desenvolvimento e retenção de talentos. Assim, certamente estarão contribuindo para um processo mais amadurecido de Governança Corporativa. Este é um ideal perseguido por todos nós que colaboramos para grandes organizações. Quais são os objetivos do Comitê de Recursos Humanos? Congregar esforços através de uma parceria entre executivos de RH, Amcham e sociedade, visando alcançar benfeitorias corporativas, discutindo com diferentes instâncias, sejam elas privadas, públicas, governamentais ou não. Queremos envolver formadores de opinião e tomadores de decisão, de modo a compartilhar ideais e projetos de melhoria contínua para as corporações, os cidadãos e a sociedade como um todo. A idéia é agregar valor através de um grupo de executivos que intencionam o melhor para as pessoas, empresas e sociedade. Que tipo de incentivo fiscal as empresas que investem em capacitação precisariam receber para serem compensadas por seu investimento? Você está adiantando um tema em que estamos em envolvente brainstorming. Um desejo que vislumbramos em 2009 e que deve se tornar uma de nossas bandeiras. Queremos implementar a cultura de investimento com retorno transparente, viável, factível e estimulante para organizações que já possuem esta premissa de investimento. Esperamos que as demais adquiram esta cultura. Posso adiantar que este tema sintetiza a vontade de vários RHs e visa cada vez mais o processo de qualificação, desenvolvimento e investimento em pessoas, corroborando, assim, para uma conquista significativa no cenário brasileiro. Pensamos grande! Empresas que investem em capacitação vêm conseguindo manter seus funcionários? Sim. A Universidade Corporativa não pode ser modismo e sim uma forma de perpetuar e maximizar o capital intelectual, capilarizando a importância do aprendizado e do conhecimento como vantagem competitiva. Não há o melhor modelo de Universidade Corporativa. Há casos de sucesso, construídos de acordo com a realidade de cada empresa. É este “DNA” que faz uma história vencedora ou não. A UC da Amil existe desde a década de 90 e somos reconhecidos internacionalmente como um case de sucesso pelo modo vanguardista dos projetos, grau de investimento nas pessoas, compromisso com excelência na qualificação e desenvolvimento. Fomos relacionados na Training Magazine, no Cux Awards e a nossa empresa foi citada por inúmeros autores internacionais também como empresa Benchmarking pelo processo inovativo de gestão de sucesso propiciado por pessoas. E qual é o “pulo do gato” para se ter este sucesso? Há de se ter práticas com longevidade, estruturadas e apoiadas por parceiros tecnicamente inquestionáveis e vanguardistas, que mais do que informar, contribuam com o processo de formar. Não basta ter os melhores profissionais técnicos. Temos que ter um time com atitude, com valores humanizados. Isso faz toda a diferença, pois agrega uma visão de serviços e de clientes que não se copia. Daí ser um investimento e não um custo dentro das premissas organizacionais. Sem contar que gera a valorativa vantagem competitiva. Sobre as cotas para pessoas portadoras de deficiência, que tipo de dificuldades as empresas vêm enfrentando? Esta foi uma das medidas mais inteligentes que o governo criou para estimular a inclusão social. Mas os RHs percebem que podem ajudar a dinamizar o projeto. Podemos colaborar com um modelo mais flexível, mais abrangente e formador, desenvolvendo e dando oportunidades excelentes desdobramentos deste projeto. Daí o interesse em somarmos esforços nesta iniciativa. Como a nova lei dos estagiários está impactando o mercado? Positivamente. Acredito que regulamentações, medidas mais criteriosas, DEZEMBRO/2008 BRAZILIAN BUSINESS 11 leis voltadas para incentivo à inserção no mercado de trabalho, dentre outras, trazem disciplina, exigem maior preparo por parte das empresas e isto é muito positivo para toda a cadeia de valor, pois só sobrevivem os preparados para o “turn around”. Direitos e deveres mais complexos, no caso dos estagiários, exigem compromissos diferenciados destes jovens em formação e, assim, nada mais justo do que a retribuição por desempenho das organizações. Um exemplo são as férias, um legítimo direito, fundamental para a qualidade de vida. Mas há de se deixar um legado para outro administrar, com senso de profissionalização do que se está apoiando ou cuidando. Tanto a parte comportamental quanto a técnica exigem maior maturidade via compromisso entre as partes. Que tipo de características um profissional deve ter hoje para se sair bem em um processo seletivo? Precisa ter paixão por atuar com excelência. Não basta querer ser bom. Em linhas gerais, de modo não hierarquizado, envolve equilíbrio entre competências técnicas e comportamentais. Um desejo avassalador de aprender, ser colaborativo, ter humildade para saber crescer, inspiração, habilidade para compartilhar e se relacionar, buscar inovar, criar, ter visão de serviços e clientes, ser eficaz na gestão financeira e planejar cenários, antevendo oportunidades e crises, além das premissas ligadas à integridade, ética etc. Quais pecados e virtudes as empresas costumam cometer em um processo de seleção? Pecados e virtudes estão intimamente ligados à cultura corporativa e ao grau de exigência das mesmas. O que para uma empresa pode ser percebido como total amadorismo, para outra é um estágio a ser evoluído. Na Diretoria 12 BRAZILIAN BUSINESS DEZEMBRO/2008 de RH da Amil estamos atentos para não pecarmos: jamais expor o candidato a brincadeiras ou dinâmicas “infantilizadas”. Quem conduz a seleção tem que estar qualificado para interagir com o candidato, conhecer o perfil da vaga em sua totalidade e saber pormenorizar oportunidades e desafios. Também é importante construir o processo com o sponsor da área e o líder direto demandante da vaga ou consultoria. Como você definiria uma boa gestão de Recursos Humanos? Participativa, tecnicamente fundamentada, incremental e alinhada ao negócio. O RH tem que ouvir, demonstrar que deseja apoiar, jamais pode impor e sim construir. Portanto, deve fazer benchmarking, “saindo da caixa” do RH. Adoro a expressão “out of the box”, pois é exatamente assim que um RH estratégico deve se posicionar. Tem que saber conversar um pouco de tudo no que tange a management (finanças, marketing, atendimento, jurídico, compras) e, obviamente, ser inquestionável em RH. Deve estar cônscio da responsabilidade organizacional e socioambiental. O que você considera fundamental em um departamento de RH para que este seja eficiente? Alinhamento ao negócio, tecnologicamente subsidiado para entregas mais valorativas, que pense em controle, métricas, ROI, mas sem perder o mais importante: humanização na abordagem. Atuar com profissionais comportamentalmente maduros e formação técnica variada, pois esta pluralidade de psicólogos, administradores, profissionais de marketing constroem um time eclético e com potencial de resultado mais abrangente. Também é preciso ser flexível, dinâmico e altamente vanguardista. BB resolvemos impressionar nosso cliente mais importante. o planeta terra. ConsCiente de que o papel utilizado no dia-a-dia em suas máquinas está diretamente ligado ao papel que representa junto à soCiedade, a ediouro gráfiCa obteve o selo fsC (forest stewardship CounCil – Conselho de manejo florestal), uma garantia de que a matéria-prima que utiliza foi obtida de forma ambientalmente Correta, soCialmente justa e eConomiCamente viável. Com esta atitude, a ediouro gráfiCa reitera o seu Compromisso Com o meio ambiente e inCentiva outras empresas a fazerem parte da Cadeia de Custódia. Faça como a gente, não deixe o seu papel em branco. ajude a garantir um Futuro melhor para todo o planeta. maiores informações: rua nova jerusalém, 345 – bonsucesso – rio de janeiro/rj – tel.: (21) 3882-8200 www.Fsc.org.br | www.ediouro.com.br SW-COC-003402 Peace begins at home Andrea Bottner T he “16 Days of Activism against Gender Violence” campaign runs from November 25 to December 10, 2008. The dates are not accidental: November 25 is the International Day Against Violence Against Women, and December 10 is International Human Rights Day. These 16 days are a bridge between thinking of gender violence as a “women’s issue” and understanding it as a human rights concern that touches us all. 14 BRAZILIAN BUSINESS DEZEMBRO/2008 “In the US alone, the economic cost of domestic violence exceeds USD 5.8 billion per year in health care services and lost productivity” Deadly discrimination cuts short women’s lives in every country and stalks us at every point in our life-cycle: from before birth, in sex-selective abortion and infanticide; to childhood death from neglect in food and medicine; to genital mutilation; so-called “honor” killings; dowry deaths; sex trafficking; rape; systematic mass rape and torture in war zones; inadequate maternal health care; and sociallysanctioned impoverishment of widows. Taken together, around the globe, one in three women will experience genderbased violence in her lifetime. In some regions of the world, that figure rises to 70 percent. Across diverse cultures and societies, one element unifies this savagery: the willingness to dehumanize women. These 16 days affirm women’s rights in the world not in terms of what we do for our husbands or families, but simply in terms of who we are: human beings who deserve dignity, and the ability to go about our lives free from violence and fear. For too many women, the place where we ought to feel most safe is sometimes the most dangerous. Women are more at risk of experiencing violence in intimate relationships than in any other aspect of our lives. Domestic violence happens behind closed doors, making it easy to dismiss as a private issue or a tragedy of interest only to the affected family. But, the consequences of violence in the home radiate outward and upward, affecting communities and entire nations. In the US alone, the economic cost of domestic violence exceeds USD 5.8 billion per year in health care services and lost productivity. A 2004 study in the UK that computed both direct and indirect costs of domestic violence arrived at a figure of GBP 23 billion per year, or GBP 440 per citizen. Regardless of the society in which it takes place, domestic violence ruptures families. It breeds poverty, inequality, instability, and affects the standing of governments in the eyes of the world: the greatness of nations is always measured by how they treat their most at-risk citizens. Most countries have laws that criminalize the assault component of domestic violence, but, according to a 2006 UN study, only 89 recognize the special combination of physical and emotional brutality – the particular circumstances brought about by the unique personal bonds between perpetrator and victim – that characterize domestic violence. Those laws are urgently needed. We need partnerships between NGOs and legislative bodies, so their expertise and experience can inform the laws. And we need more thorough data collection, so that policies can be targeted and effective. But laws and policies are empty gestures without stringent implementation and enforcement. Enforcement must recognize that domestic violence offenses have been separated from assault categories because their characteristics are different, and not because the crimes are any less serious. We need consistent guidelines and training for police and social workers. We need courtroom procedures that allow privacy and confidentiality for victims – which can be as simple as allowing video testimony, or restricting courtroom access. We need expansion of the proven success of “one-stop centers” that offer interagency health and legal services for victims. But most of all, we need political will from governments to adhere to international standards and norms. We need leaders who will insist -- loudly, frequently, and persistently – that women have equal worth, equal value, and deserve equal protection and respect. A scant sixteen days will not accomplish these goals. But sixteen days are a start – a good start, if they can serve as the fuse that inspires us to examine our attitudes and take action all the other 349 days of the year. BB Director of the State Department’s Office of International Women’s Issues DEZEMBRO/2008 BRAZILIAN BUSINESS 15 Um novo tipo de crise? Paulo Vicente dos Santos Alves A s comparações da crise atual com a de 1929 ou mesmo com a de 1890 são inevitáveis, mas errôneas. Estas já eram crises num sistema global de trocas, mas ainda dentro de limites na velocidade das transações da era industrial, antes da Internet. Entre outros fatores, foram crises de oferta excessiva, o que não é o caso de hoje, onde se saiu de um excesso de liquidez para uma falta de liquidez em questão de semanas, sem que houvesse um aumento de oferta. 16 BRAZILIAN BUSINESS DEZEMBRO/2008 “Um problema global requer soluções globais e não nacionais” Hoje vivemos um conjunto de crises sistêmicas na medida em que as regras do sistema se adaptam a uma nova escala de trabalho, um sistema global de trocas no qual o dinheiro roda o mundo na velocidade da luz. Em 1929 e 1890 não havia como saber ao longo da noite como estavam os mercados na Ásia ou Europa e isto pouco importava, já que a resposta a esses estímulos não era tão veloz. Nosso sistema de regulação estava despreparado para a escala e velocidade dos eventos. Mas isto não é totalmente novo. Existem três outras crises bancárias que podem servir de paralelo e ajudar a compreender o fenômeno, buscando soluções. Todas ocorreram após um longo período de inflação e inovação tecnológica, seguido de crises com amplitudes crescentes até desaguarem numa crise que, depois de superada, levou a um duradouro equilíbrio. O primeiro a perceber tal padrão foi David Hackett Fischer no livro “The great wave”. As crises que Fischer identifica como sendo precedentes da atual são as de 1298-1320, 1590-1618 e 1795-1805. A primeira representou a transição do sistema feudal para o sistema nacional, onde os mercados passaram a se comunicar numa velocidade cada vez maior. O período inflacionário – da Idade Média a 1224 –, e o próprio sucesso do sistema feudal da alta Idade Média levou as cidades a se interligarem cada vez mais e demandarem mais meio circulante, gerando uma crise de liquidez que criou instabilidades crescentes. O surgimento do Estado Nação levou à estabilidade dos sistemas com um maior controle e regulamentação. No século XVII foi a transição para os Impérios Coloniais a partir de nações e colônias pouco reguladas e a consolidação do sistema colonial num sistema global de trocas, mas ainda sem a industrialização. O período inflacionário se estendeu de 1470 a 1590, quando a crise de liquidez num sistema já muito espalhado geograficamente induziu a uma série de crises e choques numa instabilidade crescente, gerando uma série de revoltas que culminaram na Guerra dos Trinta Anos (1618-1648). A solução passou pelo surgimento de Estados mais fortes e centralizados, capazes de controlar um sistema que se estendia por vários continentes. No século XIX a crise representou a transição para o Estado Moderno com uma burocracia tecnocrática, algumas repúblicas e monarquias parlamentares. O Estado passou a ter uma governança mais complexa, contemplando os interesses de todos os cidadãos. O período inflacionário durou de 1729 até a Revolução Francesa e as Guerras Napoleônicas. Outra vez a expansão do sistema levou ao aumento da falta de liquidez, gerando choques econômicos e instabilidade no mercado financeiro crescente. Novamente a solução passou pelo estabelecimento de novas formas de regulação, mais adequadas a para um sistema novo e expandido. A crise atual é a da Revolução da Telemática e tem suas origens inflacionárias na Segunda Guerra Mundial. Mas a partir da década de 1960 a velocidade da inflação se acelerou. O sucesso do sistema industrial levou ao desenvolvimento de métodos de transporte e comunicação cada vez mais eficientes, aumentando a interdependência das economias numa escala nunca antes vista. A introdução da Internet na década de 90 gerou o acesso em grande escala às telecomunicações, levando uma onda de crescimento e instabilidade para o qual os sistemas regulatórios da era industrial não estavam preparados. Os choques do Petróleo na década de 70 e 80 e depois os choques financeiros das décadas de 90 e 2000 mostravam uma crescente onda de instabilidade e variação entre o excesso e a falta de a liquidez. No passado, apenas a injeção de moeda no mercado ajudou a combater o problema de imediato, mas alimentou a inflação no médio prazo, levando a novas crises. Num mercado global, com a velocidade da telemática, são necessários novos modelos de regulação para um capital que gira o mundo e onde as notícias do outro lado do planeta afetam os mercados de pré-abertura dos pregões. Resumindo: um problema global requer soluções globais e não nacionais. Será preciso criar instituições supra-nacionais para controlar mais rigidamente o mercado financeiro. Não se trata de ser Keynesiano, interventor ou liberal. A questão é perceber que o mundo mudou e que a mudança continua a cada nova inovação tecnológica, e só vai piorar sem novas instituições capazes de lidar com o problema. Mas se depois de todas as crises veio um período de equilíbrio, é provável que depois da crise, com sistemas mais robustos e preparados para a uma nova realidade venha um período de quase um século de crescimento e avanço científico. Resta saber se isto ocorrerá no século XXI ou XXII. Ou seja, se tivermos coragem de fazer as mudanças nos próximos anos poderemos desfrutar das conseqüências de nossos acertos e decisões ainda em vida ou deixaremos para nossos filhos a tarefa de fazer tais mudanças. A história não se repete e o futuro não é pré-determinado, cabe à nossa geração fazer as escolhas e colher os resultados. BB Subsecretário de Planejamento do Estado do Rio de Janeiro DEZEMBRO/2008 BRAZILIAN BUSINESS 17 GESTÃO & CARREIRA A crise mundial e o mercado de contratações no Brasil Por Fernando Mantovani U ma rápida análise do cenário internacional, levando em conta o desempenho das bolsas em todo o mundo e a tendência de recessão já identificada em alguns países, pode nos levar a crer que a crise afetará o Brasil, prejudicando o crescimento do país e as contratações locais. O que se percebe, em um primeiro momento, é que o país será afetado, até pelo que se vê no comportamento da Bovespa recentemente. Paralelamente, o câmbio, mantendo a volatilidade atual, pode afetar alguns segmentos de mercado, prejudicando até mesmo alguns planos de expansão. O que difere o Brasil dos EUA e da Europa é o claro fato de que localmente falamos de impacto de crescimento, enquanto lá falamos em recessão. Apesar das conseqüências, o crescimento esperado do PIB brasileiro é maior do que a média histórica de alguns anos atrás – trabalhamos com uma projeção de 3% para 2009. Por todos estes motivos, o Brasil continua sendo um país atrativo sob o ponto de vista de investimento externo. Levando em conta esta atratividade e o aquecimento do mercado interno, além dos investimentos necessários em infra-estrutura já em andamento, podemos prever que ainda teremos demanda de contratação de profissionais qualificados superior à de alguns anos atrás, próxima ao que se viu em 2008, e ainda sensível escassez desta mão-de-obra. Alguns setores terão um desempenho mais forte na demanda de contratação do que outros. Entre eles, o de infra-estrutura, o petroquímico e, dependendo, de como for resolvida a questão de acesso ao crédito, e com qual velocidade, os setores automotivo e de construção civil. Apesar da queda na venda de veículos pontual em novembro, do outro lado vemos o crescimento da produção industrial nas comparações com ano e meses anteriores. Essas indústrias, além de demandarem grande número de profissionais qualificados, em especial engenheiros, continuam a receber muitos investimentos – um exemplo são as obras previstas no Programa de Aceleração do Crescimento, que se mantêm e devem 18 BRAZILIAN BUSINESS DEZEMBRO/2008 seguir recebendo recursos públicos e privados nos próximos anos. No caso do setor petroquímico, continua a escassez de técnicos e profissionais especializados, o que faz com que estrangeiros venham ao Brasil suprir essa demanda, recebendo salários que muitas vezes superam a remuneração no exterior. Outro fator que colabora para o aquecimento do mercado é a perspectiva de evolução do pré-sal, que demandará investimentos e contratações, em um processo que durará alguns anos. Mesmo no mercado financeiro, instituições internacionais têm evitado aumento de quadro recentemente, mas não se fala em redução. Para se ter uma idéia, apenas 2% das empresas com processos em andamento pela Robert Half suspenderam contratações, o que representou 3,5% das vagas em aberto. Nas duas últimas semanas, o volume de novas vagas abertas pelas empresas é compatível à média registrada antes do anúncio da crise. Já as instituições nacionais de grande porte mostram apetite de contratação e até de repatriação de profissionais que deixaram o país em outro momento. O que veremos, talvez, será a redução dos bônus elevados vistos no passado recente. A fusão entre Itaú e Unibanco demonstra o vigor e o apetite do setor bancário brasileiro, que tem muitas perspectivas de crescimento na América Latina. Mesmo estas instituições devem ter demanda por profissionais em um primeiro momento, até porque não se sabe quando a fusão irá ser totalmente concluída. Um ponto que merece atenção é a volatilidade do câmbio, que já dá sinais de arrefecimento e deverá voltar à normalidade. Em resumo, não há porque não ver o cenário de forma positiva, com demanda de contratações de mãode-obra qualificada, crescimento de consumo interno, investimentos e, conseqüentemente, da economia. Devemos olhar para a metade cheia do copo! Diretor da Robert Half Paixão e trabalho na mesma raia DE TORCEDOR A PROPRIETÁRIO DE PURO-SANGUES, ADVOGADO CONTA QUE ADMIRAÇÃO PELO TURFE SURGIU AINDA NA INFÂNCIA Renato Santos T rês cavalos e um jóquei de farda preta com listras e boné verdes se destacam em primeiro plano, tendo ao fundo um vale. O quadro que decora a sala de Antonio Landim Meirelles Quintella, presente de um amigo, revela uma das grandes paixões do advogado: o turfe e tudo o que cerca a atividade. “Meu interesse pelo esporte foi espontâneo, nasci no Jardim Botânico e a garotada de lá assistia às corridas acompanhada dos parentes. Na década de 70, o Jockey Club proibia a entrada de menores nos finais de semana, mas a gente pulava o muro ou assistia às corridas da cerca. Fui me afeiçoando e, quando vi, já estava totalmente envolvido. Tive cavalo antes de ter carro”, revela. 20 BRAZILIAN BUSINESS DEZEMBRO/2008 “Para trazer um garanhão do exterior é normal investir US$ 1 milhão, e quando vendemos um potro também geramos divisas para o país. O turfe deveria ser visto como uma importante atividade econômica” Eleito diretor de corridas do Jockey Club Brasileiro aos 31 anos, o mais jovem da história da entidade, Meirelles Quintella define em duas palavras as qualidades que um bom profissional liberal e um apaixonado proprietário de cavalos devem ter em comum para obter sucesso nas duas áreas: “Disciplina e planejamento. As atividades requerem autoconhecimento, capacidade de discernir e de enxergar adiante, principalmente no caso de um advogado de contencioso, que tem que preparar com antecedência as etapas de um processo que será julgado muito tempo depois. Com o cavalo de corrida é a mesma coisa, você tem que montar sua equipe de profissionais, estabelecer preferências de pedigree, de jóqueis e conduzir o processo para atingir a meta proposta”. Quintella lembra que o turfe e a advocacia são duas atividades bem diferentes, mas o fato de ser conhecido no meio esportivo faz com que, às vezes, angarie entre conhecidos e colegas novos clientes para o escritório. “Mas isso não é uma regra. São duas áreas muito distintas e pro- curo mantê-las dessa forma, para que não haja confusão, uma não interfira na outra. Pode acontecer que, por vezes, pessoas que conheço no meio de turfe surjam para mim como clientes, mas é conseqüência do círculo social que freqüento, nada além disso”, esclarece. Segundo o advogado, o turfe o ajuda a esquecer temporariamente da rotina estressante de trabalho no escritório, mas não a relaxar, pois a atividade também requer um alto grau de responsabilidade com toda a equipe. “Nesse esporte os nervos ficam muito à flor da pele, há um comprometimento com profissionais, funcionários, pessoas ligadas à atividade e ao próprio cavalo que está ali competindo. Posso esquecer o outro mundo, mas não me sinto relaxado. Ainda bem, porque às vezes quando o cavalo vai disputar um páreo importante você pensa ‘Meu Deus, por que não estou num barco à vela?’ Mas é justamente aí que entra a adrenalina”. Sem disfarçar o orgulho, ele se recorda dos melhores cavalos que sua equipe, a Stud Quintella, produziu e manteve ao longo dos anos. Todos criados em fazendas de terceiros, especializadas nesse tipo de preparação. “O que mais gostei de ver com nos- sas cores foi o Tiptronic, um vencedor, um animal mágico. Hoje serve como reprodutor em um haras no Rio Grande do Sul. Foi a maneira que encontramos de dar um merecido repouso ao campeão. Já o Naraingang, nome de um porto de Bangladesh, foi nosso melhor cavalo de resultado. Vendemos para os Estados Unidos e lá conquistou um clássico, mas infelizmente morreu. Recentemente tivemos o Minion, único animal da história do turfe brasileiro que conquistou um título aos oito anos, idade considerada tardia”. Quintella ressalta que hoje o turfe é muito prejudicado no Brasil pela falta de compreensão e reconhecimento do público esportivo. Ele requer tempo, requinte e aptidão para distinguir carreiras e selecionar animais de talento, e não desfruta do apoio que merece no país. “Sofremos concorrência pesada de outros esportes, e não contamos com nenhum benefício, apesar do turfe ser uma das práticas esportivas que mais cria empregos. Talvez seja também a que mais investe. Para trazer um garanhão do exterior é normal investir US$ 1 milhão, e quando vendemos um potro também geramos divisas para o país. O turfe deveria ser visto como uma importante atividade econômica”, conclui. BB DEZEMBRO/2008 BRAZILIAN BUSINESS 21 Gestão contábil e empresarial baseada em transparência e confiança mútua. solidity partnership parceria confiança reliability transparência solidez Accounting and business management based on transparency and mutual trust. transparency Resultado: parcerias sólidas e excelência em produtividade. Result: solid partnerships and excellence in productivity. www.dpc.com.br Rio de Janeiro 22 BRAZILIAN BUSINESS Av. Rio Branco, 311, 4º andar - Centro Rio de Janeiro - RJ - CEP 20040-903 Tel. 5521 3231 3700 DEZEMBRO/2008 | [email protected] São Paulo Macaé Rua Sampaio Viana, 277 - 10º andar - Paraíso São Paulo - SP - CEP 04004-000 Tel. 5511 3884 1116 Rua Lindolfo Collor, 22 - Cavaleiros Macaé - RJ - CEP 27920-220 Tel. 5522 2773 3318 Investimento local, resultado global O Rio de Janeiro é o cartão postal do Brasil. Disso ninguém discorda. A cidade é sinônimo do turismo nacional, por sua beleza e hospitalidade. Eventos de grande porte, como as festas de Reveillon e Carnaval, reúnem públicos imensos, com organização e segurança, e são responsáveis pela geração expressiva de divisas. Pouca gente sabe, mas o verão carioca é ainda mais lucrativo que os dois mega eventos juntos. Uma grande atração turística para visitantes nacionais e estrangeiros. Mas foi-se o tempo em que o turismo se fazia apenas com atrativos naturais. Este é um setor extremamente lucrativo e responsável por promover desenvolvimento, se trabalhado com profissionalismo e seriedade. O turismo abrange uma ampla gama de atividades, trazendo impactos positivos para toda a cidade. O Rio de Janeiro merece receber mais atenção nesta área. É preciso estabelecer metas para transformar o maior destino turístico do país no melhor lugar do mundo para se visitar. Para tanto, é preciso aportar recursos em bons projetos de infra-estrutura e estimular a iniciativa privada a participar desta empreitada. Bons projetos atraem bons investidores e é possível criar incentivos para atrair esses empresários. O Aeroporto Internacional Antonio Carlos Jobim precisa urgentemente ser reformado, aparelhado, modernizado, gerando conforto, segurança e comodidade para os passageiros. Um aeroporto competente, com tecnologia de ponta, que seja merecedor de mais rotas nacionais e internacionais. Para aumentar o fluxo de navios, que vêm crescendo expressivamente, o novo prefeito já garantiu que vai realizar a revitalização da Zona Portuária, o que é urgente e imprescindível. As obras de reforma da Rodoviária Novo Rio também precisam ser concluídas com urgência. Atualmente o lugar é inóspito, inseguro e desconfortável. Além disso, as estradas de acesso ao Rio precisam fornecer condições dignas para quem viaja de ônibus e de carro. A revitalização do Centro também é inadiável. Ruas e calçadas estão imundas e monumentos e sobrados encantadores estão abandonados. Lugares históricos que poderiam atrair grande movimento, além de valorizar o local onde vivemos. A Amcham está empenhada em mobilizar a iniciativa privada para realizar estas mudanças e espera contar com a sociedade e o poder público para promover este resgate. Este tipo de investimento local gera ganhos globais, trazendo benefícios para todos. DEZEMBRO/2008 BRAZILIAN BUSINESS 23 Rio de Janeiro, pólo turístico e gerador de riquezas Valter Patriani O turismo representa para o Brasil, de forma crescente, um importante instrumento para a geração de riquezas e propulsor do crescimento econômico. Se observarmos as diferentes regiões do país, verificamos que nossos recursos naturais – apoiados por uma eficiente infra-estrutura física e por recursos humanos cada vez mais profissionalizados – permitem oferecer aos turistas opções para todos os gostos e finalidades. Temos praias e montanhas, florestas e chapadas. Estamos estruturados para sediar eventos internacionais – sejam de negócios, científicos ou esportivos – e, permeando todos esses diferenciais, o brasileiro é naturalmente um cidadão receptivo e atencioso. 24 BRAZILIAN BUSINESS DEZEMBRO/2008 “O Rio de Janeiro continua sendo um dos nossos principais exemplos dos benefícios que o turismo pode proporcionar para a economia de um país” Como profissional do setor e atento observador do mercado turístico há mais de três décadas, posso afirmar com convicção que poucas nações reúnem as mesmas condições do que o Brasil para fazer do turismo uma ferramenta efetiva de desenvolvimento sustentável. E nesse cenário favorável, o Rio de Janeiro é o exemplo mais representativo. Alguns símbolos da cidade – como o Cristo Redentor e o Pão de Açúcar – são conhecidos e admirados em todo o mundo. Um dos principais destinos de turistas brasileiros e estrangeiros, o Rio de Janeiro atrai visitantes não apenas para a Cidade Maravilhosa, mas para outros pontos do Estado igualmente requisitados, como a Costa Verde, a região serrana e a dos lagos. Apoiado por uma eficiente infra-estrutura e por recursos humanos cada vez mais profissionalizados, o Rio de Janeiro tem dado mostras concretas de sua grande potencialidade como geradora de divisas e empregos por meio da exploração adequada e planejada do Turismo. A realização dos Jogos Pan-Americanos de 2007 foi um exemplo recente dessa capacidade e nos permitiu mostrar ao mundo que sabemos organizar um evento dessa complexidade e magnitude. Os resultados alcançados sem dúvida nos credenciam para vôos ainda mais altos. A contribuição do turismo fluminense para a economia brasileira é também marcante em datas e festividades que têm uma de suas marcas registradas na cidade do Rio de Janeiro. O Carnaval, merecidamente conhecido como o “maior espetáculo da Terra”, e o Réveillon são eventos que atraem centenas de milhares de turistas do mundo todo e reafirmam, a cada ano, as qualidades turísticas da região e a capacidade dos cariocas de organizar festividades com competência, beleza e descontração. Neste ano certamente essa situação se repetirá. Segundo estimativa da Riotur, a cidade deverá receber cerca de 2.555 milhões de turistas na temporada 2008/2009, número 2% superior ao registrado na última temporada. Desses visitantes, 70% são brasileiros e 30% provenientes de outros países. Esse número é bem significativo, especialmente se entendermos que muitos desses turistas que vêm de outros países aproveitam a viagem ao Rio para conhecerem também outras localidades, num virtuoso efeito multiplicador. O Rio de Janeiro não apenas atrai o turista para a cidade como se configura como uma das nossas portas de entrada para outras regiões igualmente apreciadas pelos visitantes estrangeiros. Na CVC, a importância do estado como pólo turístico e gerador de divisas é reconhecida há muito tempo e essas grandiosas festividades ocupam lugar de destaque em nosso calendário. Todos os anos oferecemos pacotes aéreos e rodoviários para Réveillon e Carnaval, incluindo, no segundo caso, ingressos para os desfiles das escolas de samba do Grupo Especial. A queima de fogos na praia de Copacabana, por sua grandeza e pela emoção que gera, serve de marco simbólico para o início de cada ano. Esse evento é esplendoroso visto por todos os ângulos e, por essa razão, vamos posicionar os dois de nossos seis transatlânticos em pontos estratégicos, para permitir que seus ocupantes acompanhem o espetáculo desde o alto-mar. A vitalidade do turismo carioca se expressa não somente pela atração que o estado exerce sobre os visitantes, mas também, pela disposição de seus habitantes de viajarem para outras localidades. E neste ano o navio CVC Imperatriz dos Mares, que pela primeira vez navega em águas brasileiras, ficará baseado no Rio de Janeiro, possibilitando ao turista carioca iniciar cruzeiros a partir de sua cidade. Lembrando o compositor Gilberto Gil, sem dúvida o Rio de Janeiro continua lindo. Mais do que isso, o Rio de Janeiro continua sendo um dos nossos principais exemplos dos benefícios que o turismo pode proporcionar para a economia de um país, quando os recursos naturais são aproveitados de forma planejada, com profissionalismo e responsabilidade, transformando potencialidades em desenvolvimento. BB Presidente da operadora CVC Turismo DEZEMBRO/2008 BRAZILIAN BUSINESS 25 Foto: Riotur Turismo: uma aposta inteligente Rubem Medina S empre compreendi o turismo como uma atividade econômica, com obrigação de compor o rol de políticas públicas, principalmente no caso da cidade do Rio de Janeiro, que tem a atividade como sua vocação história. Por isso, propus, enquanto exerci o mandato de deputado federal, a criação, por lei, de uma política nacional voltada para o turismo e, em 2002, aceitei o desafio de comandar a Secretaria Especial de Turismo, a convite do prefeito César Maia. 26 BRAZILIAN BUSINESS DEZEMBRO/2008 “É relevante ressaltar que o “verão carioca” como evento turístico produz uma receita maior do que as receitas somadas do Reveillon e do Carnaval” Quando, em 1911, o economista austríaco Hermann Von Schullern, conceituou o turismo como atividade econômica, deixou claro que a atividade compreende todos “os processos especialmente os econômicos, que se manifestam na chegada, na permanência e na saída do turista de um determinado município, país ou estado”. Ou seja, que cada impulso financeiro ocasionado pelos turistas sobre os diversos segmentos econômicos se multiplica em rede e estabelece um sistema de variáveis de insumos e produtos, onde todas as vendas são igualmente compras e as saídas, igualmente entradas. Mas, o turismo, apesar do elevado potencial gerador de renda que representa para uma cidade que tem as características do Rio de Janeiro, não é uma atividade que possa produzir resultados isoladamente. O turismo não é auto-suficiente. Como política pública, depende da excelência das demais políticas, como transportes, segurança, organização, disciplina, fiscalização, atendimento médico, exploração econômica dos equipamentos culturais, enfim, os seus resultados são proporcionais aos resultados provocados pelas demais políticas públicas. O quadro inteiro definiu as linhas da minha atuação à frente da Secretaria Especial de Turismo da Cidade do Rio de Janeiro. A primeira atitude foi estabelecer um sistema de coordenação com as demais áreas da prefeitura e, no mesmo momento, ampliar as oportunidades de parceria com o setor privado – com as organizações e empresas que atuam no segmento. No conjunto, construímos os instrumentos essenciais para explorar o potencial econômico e de visibilidade positiva dos megaeventos, indo para além do Reveillon e do Carnaval. Todos que realizamos foram marcados pelo sucesso, a despeito das medidas, por vezes arbitrárias e desinformadas, provocadas por ações judiciais de toda sorte. Neste ponto, é relevante ressaltar que o “verão carioca” como evento turístico produz uma receita maior do que as receitas somadas do Reveillon e do Carnaval. Avançamos muito na direção dos eventos culturais, com a utilização corretas das estruturas históricas existentes no Rio de Janeiro. Demos atenção especial ao ensino, quando provo- camos a constituição de um Conselho Universitário e agimos com facilidade sobre o turismo feito por embarcações. Com o tempo, os resultados foram aparecendo. Em 2003, houve, no porto do Rio, 78 atracações de navios de passeio, com 93.000 passageiros. Em 2007, foram 149 atracações, com 410.940 pessoas. Em 2003, 1.221.465 passageiros desembarcaram no Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro. Em 2007, 3.716.996, um crescimento de mais de 300%. Em 2003, 669.487 pessoas visitaram o Cristo Redentor. No ano passado, foram 857.109. A Organização Mundial do Turismo identificou 56 segmentos econômicos diferentes, influenciados diretamente pelo turismo. Ou seja, o movimento simples do turista de chegar, visitar e gastar impulsiona imediatamente uma cadeia de gastos e investimentos e essa cadeia gera empregos, impostos, aluguéis, negócios enfim. Apesar da facilidade de se levantar dados econômicos, o potencial de multiplicação de resultados que tem o turismo como atividade econômica dificulta conhecer com propriedade os impactos econômicos do segmento, principalmente numa cidade que faz todos os seus movimentos em razão do turismo e do entretenimento. Entretanto, não há dúvidas de que é inteligente e altamente compensador para as cidades com forte apelo turístico tomar decisões que influenciem positivamente o desejo do turista de visitá-las. O dia-a-dia e as contas dos empresários privados e dos agentes públicos lhes dão motivos suficientes para acreditarem no turismo como fonte de lucros e oportunidades de realizarem os seus objetivos. Espero que o novo prefeito e sua equipe tenham a exata compreensão da importância do turismo como atividade econômica e reconheçam no conceito o sentido de interligação entre as diversas políticas públicas. A Secretaria Especial no nosso período de gestão ganhou porte suficiente para integrar o corpo definitivo da administração pública, como operadora de uma política de ponta, como são a educação, a saúde, os transportes, enfim, as demais políticas públicas. BB Secretário Especial de Turismo da Cidade do Rio de Janeiro DEZEMBRO/2008 BRAZILIAN BUSINESS 27 Foto: Riotur Rio, a melhor escolha para suas férias Bayard do Coutto Boiteux A cidade do Rio de Janeiro é, sem dúvida alguma, uma síntese cultural e natural da oferta turística nacional.A situação geográfica da cidade maravilhosa, que conta com uma natureza privilegiada permite ao turista também um encontro efetivo com o verde, permeado pelo azul do mar e sobretudo pelo carioca, o maior diferencial do Rio incomparável, orgulho daqueles que nasceram ou moram no maior destino turístico do país. 28 BRAZILIAN BUSINESS DEZEMBRO/2008 “É sempre bom lembrar que o turismo deve ser encarado como uma forma de reduzir as desigualdades sociais e propiciar melhoria de qualidade de vida para a população anfitriã” Palco de vários planos de turismo, que ajudaram a aprimorar a imagem institucional e o orgulho carioca, como o Plano Maravilha, o Rio +, recentemente implantado na esfera municipal, é um plano de longo prazo que visa incluir o Rio entre as dez cidades que mais recebem visitantes. A ser implantado nos próximos 10 anos, implantará ações específicas como a criação de novos pólos, a presença nos eventos nacionais e internacionais e a qualificação e aprimoramento da mão-de-obra, que teve início com o Rio Hospitaleiro. Esperamos que as próximas administrações levem em consideração tal planejamento, pelo menos como um início de continuidade administrativa, que deve nortear a sustentabilidade municipal. É sempre bom lembrar que o turismo deve ser encarado como uma forma de reduzir as desigualdades sociais e propiciar melhoria de qualidade de vida para a população anfitriã para que seja um instrumento de mudança de percepção econômica da atividade. Ele pressupõe uma interação com a população local, que pode nascer, por exemplo, da hospedagem domiciliar tão bem desenvolvida pela iniciativa privada, em Santa Teresa, com o Bed and Breakfat. O Rio é, também, o paraíso dos grandes eventos, nomeadamente o Carnaval e o Reveillon de Copacabana, exemplos de organização e segurança. Hoje torcemos para que a cidade seja escolhida pela Fifa como uma das sedes da Copa 2014, não apenas pela possibilidade de aumento de fluxos turísticos momentâneos, mas pelo legado que poderá deixar no transporte e nos equipamentos esportivos. Novos equipamentos como o Centro de Convenções Sul America vão ajudar na captação de pequenos eventos, que colaboram com a redução da sazonalidade. A percepção do Rio tem sido sempre muito positiva nas pesquisas realizadas pelo Instituto de Pesquisas e Estudos do Turismo da UniverCidade, que revelam que 80% a 90% dos que visitam o Rio gostariam de aqui retornar, o que os torna embaixadores da cidade, já que o boca-a-boca é, hoje, a forma mais eficaz de promoção. Precisamos, é óbvio, melhorar a sinalização, o formato da segurança, o aumento de postos de informação, mas é necessário que os governos federal e estadual reconheçam - não nos discursos, mas na liberação de recursos - de que o Rio é o grande chamariz da nação e precisa ser reverenciado por nós e por que nos visita. BB Diretor da Escola de Turismo e Hotelaria da UniverCidade e presidente do site Consultoria em Turismo DEZEMBRO/2008 BRAZILIAN BUSINESS 29 DEZEMBRO/2008 BRAZILIAN BUSINESS 29 Muito mais do que compensação ambiental Ana Redig A Devon Energy do Brasil, vencedora do Prêmio Brasil Ambiental 2008 na categoria Educação Ambiental, organizou um evento para divulgar a conquista. O prêmio é realizado pela Câmara de Comércio Americana há quatro anos para incentivar as empresas a aumentarem seu compromisso com a preservação do meio ambiente. O presidente da Amcham, João Cesar Lima, disse que o reconhecimento e o destaque dados pela Devon ao prêmio são um grande incentivo: “A Câmara de Comércio Americana é apenas uma incentivadora, e é este tipo de iniciativa nos motiva a continuar. A Devon leva o projeto muito a sério, com muito comprometimento”, parabenizou. 30 BRAZILIAN BUSINESS DEZEMBRO/2008 “É difícil uma empresa que dê continuidade aos projetos, já que são ações compensatórias; uma obrigatoriedade legal. Neste caso foi diferente” Fotos: Noelia Albuquerque Segundo o presidente da Devon, Murilo Marroquim, a empresa decidiu promover o evento para compartilhar a honra de receber o prêmio com os participantes do projeto “Campo de Polvo”, parceiros e amigos. “O projeto é inovador e ousado porque usa recursos audiovisuais para que a comunidade se expresse”, avaliou. Juliana Loureiro, a “mãe” do projeto, explicou que a maior parte das empresas investe em Educação Ambiental apenas por obrigação. “É difícil uma empresa que dê continuidade aos projetos, já que estes são ações compensatórias; uma obrigatoriedade legal. Neste caso foi diferente,” comemorou. Foram oferecidas dez oficinas de fotografia e de cinema em todas as comunidades. Entre os 175 inscritos, alunos de 9 a 67 anos, de todas as classes sociais, de semi-analfabetos a doutores. Cada oficina produziu três filmes, que acabaram por traçar um retrato da realidade dos pescadores e comunidades que vivem nas áreas de exploração de petróleo onde a empresa atua, na Bacia de Campos. Os 30 filmes foram exibidos e debatidos em praça pública, no “Encontro Humano Mar”, que contou com a presença das autoridades locais e ambientais, e tocou em feridas importantes. “Hoje estamos na fase de desdobramento, atendendo às demandas pelo monitoramento ambiental”, contou Fernando Borensztein, coordenador do projeto pela Devon. É muito gratificante poder trabalhar em um projeto com convergência entre comunidade, empresa e meio ambiente. Dar voz à comunidade foi o maior ganho, e é com isso que a gente se sente mais premiado”, garante. A empresa mandou fazer réplicas do troféu e ofereceu a parceiros importantes como o Ibama e o Ministério do Meio Ambiente. “A gente trabalhou juntos desde o início e, por isso, se sente também premiado. Este é o exemplo do que o ministro nos colocou como desafio: trabalhar a educação ambiental ainda no licenciamento”, revelou Monica Serrão, gerente de Projetos do MMA, que acaba de assumir o Departamento de Educação Ambiental em Brasília. Edmilson Maturana, superintendente do Ibama, disse que o projeto tira as intenções da letra morta da lei, trazendo para a realidade. “É um orgulho ver os objetivos da lei se transformando em realidade”. A Oficina de Cinema Ambiental Humano Mar é uma parceria da Devon Energy com a Abaeté Estudos Socioambientais. Quem quiser conhecer melhor o projeto, basta acessar www.humanomar.com.br, que acaba de entrar no ar. BB DEZEMBRO/2008 BRAZILIAN BUSINESS 31 LEGAL ALERT Súmula vinculante nº 7: contribuição ou repetição? Por Iara Ferfoglia Vilardi E m 2007, foram editadas as três primeiras súmulas vinculantes. Depois de um intervalo de quase um ano, no primeiro semestre de 2008, mais sete súmulas vinculantes passaram a fazer parte do ordenamento jurídico. Dentre estas, encontra-se a de nº 7, aprovada em 11.06.2008, que possui o seguinte teor: “A norma do § 3º do art. 192 da Constituição, revogada pela emenda constitucional 40/2003, que limitava a taxa de juros reais a 12% ao ano, tinha sua aplicabilidade condicionada à edição de lei complementar”. Como se sabe, o instituto da súmula vinculante foi criado num contexto de crise do Poder Judiciário, visando atacar, principalmente, duas deficiências do sistema: a falta de agilidade dos Tribunais e a insegurança jurídica causada pela incerteza judicial. Nesse intuito, a norma fundadora deste novo mecanismo processual, a Emenda Constitucional nº 45/2004 trouxe alguns requisitos que deveriam ser respeitados para edição dos verbetes vinculantes pelo Supremo Tribunal Federal, entre os quais se encontra a existência de controvérsia atual entre órgãos do Poder Judiciário ou entre esse e a Administração. Contudo, tendo em vista (i) a unanimidade do entendimento no STF sobre a questão sumulada; (ii) a existência de súmula (não vinculante) sobre o assunto – a de nº 648; e (iii) a revogação da norma mencionada no enunciado – o artigo 192, § 1º da CF – por meio da Emenda Constitucional 40/2003, tem sido bastante questionado o preenchimento de tal requisito por esta súmula vinculante e, por conseqüência, a necessidade de sua edição. Na opinião dos ministros que votaram pela aprovação, a atualidade da controvérsia residiria na resistência de alguns magistrados ao entendimento anteriormente sumulado, acarretando decisões contrárias ao esperado. Trata-se, todavia, de argumento discutível, uma 32 BRAZILIAN BUSINESS DEZEMBRO/2008 vez que a grande maioria dos recursos que versam sobre o assunto é residual. Isto é, tendo em conta que o dispositivo constitucional foi revogado em 2003, nenhuma controvérsia nova a este respeito deverá ser suscitada. Este, aliás, é o pensamento do ministro Marco Aurélio que foi o único a se opor à vinculação do verbete. Além disso, também é preciso considerar que as recentes reformas do Código de Processo Civil – como, por exemplo, a modificação que conferiu ao juiz o dever de não receber o recurso de apelação quando a sentença estiver em conformidade com súmula (vinculante ou não) do Superior Tribunal de Justiça ou do Supremo Tribunal Federal – já auxiliariam significativamente na solução mais rápida dos processos que tratam especificamente sobre esse tema, desafogando os Tribunais tanto quanto possível. Neste sentido, vê-se que a discussão sobre a aprovação desse verbete deveria ter sido mais aprofundada a fim de verificar se, de fato, havia necessidade de vinculação do entendimento, se haveria benefícios que justificassem sua edição e, principalmente, se todos os requisitos essenciais constitucionalmente exigidos para sua conformação estavam presentes – situação que, aparentemente, não aconteceu. Diante disso, é forçoso reconhecer que a súmula vinculante nº 7 não pode ser tomada como um bom exemplo de aproveitamento do novel instituto, vez que não possui potencial para reduzir, de forma expressiva, os problemas de morosidade e insegurança jurídica, provocando, desde logo, um desgaste desnecessário do mecanismo, já que se apresentou como uma mera repetição. Advogada do escritório Machado, Meyer, Sendacz e Opice Colaborou Fábio Fonseca Pimentel 9OURôBUSINESS ISôEXPANDING 7EôKNOWôPEOPLE WHOôWANTôTOôGROW 3UCCESSFULôBUSINESSESôAREôBUILTôWITHôSUCCESSFULôPEOPLEô/URôBUSINESSôISôKNOWINGôTHEô BESTôPEOPLEôANDôBRINGINGôTHEMôTOôOURôCLIENTSô)NôkNANCEôACCOUNTINGôkNANCIALôSERVICESô ENGINEERINGôSALESôMARKETINGôANDôTECHNOLOGYô2OBERTô(ALFôHASôTHEôEXPERIENCEôANDô GLOBALôRESOURCESôTOôkNDôONLYôTHEôMOSTôQUALIkEDôCANDIDATESôFORôANYôPOSITIONô!SôONEôOFô THEôWORLDSôLARGESTôSPECIALIZEDôRECRUITMENTôkRMSô2OBERTô(ALFôHASôBEENôCONNECTINGô BUSINESSESôWITHôPEOPLEôSINCEôô,ETôUSôSHOWôYOUôWHOôWEôKNOWô 0LEASEôCALLôUSôTOôDISCUSSôYOURôRECRUITMENTôNEEDSôWITHôAô2OBERTô(ALFô3PECIALIST 30ôôôô 2*ô ôôôôô WWWROBERTHALFCOMBR /VERôôOFkCESôWORLDWIDEô!SIAôpô/CEANIAôpô%UROPEôpô.ORTHô!MERICAôANDô3OUTHô!MERICA Rio de Janeiro presta contas Secretários de estado avaliam resultados obtidos em um ano e três meses de governo O subsecretário de Assuntos Econômicos, Sérgio Guimarães E m 15 meses o estado economizou R$ 182 milhões com pessoal da administração direta e indireta. Ações para reestruturar 13 empresas públicas estão em andamento e a adoção de notas fiscais eletrônicas vai melhorar a arrecadação. Na Segurança Pública estão previstas novas câmeras de monitoramento, uma rede informatizada ligando o Instituto de Segurança Pública às delegacias e postos de gás específicos para abastecimento de viaturas. Estas foram algumas das medidas anunciadas na Amcham durante a segunda edição do Encontro de Secretários, patrocinado pela Devon Energy do Brasil e pela PricewaterhouseCoopers. O secretário de Planejamento e Gestão, Sérgio Ruy Barbosa, se deparou com empresas e cargos que tinham perdido sua razão de ser e representavam sobrecarga para os cofres do estado. 34 BRAZILIAN BUSINESS DEZEMBRO/2008 Com o corte de 2 mil postos, afirmou o secretário, foi gerada economia adicional de R$ 140 milhões anuais. “O estado não opera mais o Metrô, mas mantinha maquinistas, bilheteiros, sinalizadores e operadores de tráfego. A Companhia Estadual de Habitação gastava R$ 40 milhões com pessoal e só R$ 4 milhões com habitação. Havia mais de 30 funcionários com 80 anos e dois acima de 90. Além disso, o sistema de execução orçamentário era todo centralizado, o que gerava uma ineficiência brutal”. Sérgio Ruy Barbosa falou, também, dos objetivos estratégicos do governo e do avanço das tecnologias da informação para aprimorar, agilizar e qualificar a administração pública. Segundo o secretário, a máquina do estado atua hoje sob uma política de resultados e o orçamento é executado de maneira menos centralizada. “Fizemos um planejamento, discutido aqui na Amcham no ano passado, com o objetivo de traçar cenários, com uma visão pragmática das metas que devem ser atingidas. Elaboramos o orçamento do estado com monito- José Mariano Beltrame, secretário de Segurança Pública O secretário de Planejamento e Gestão, Sérgio Ruy Barbosa ramento dos projetos. Antes os orçamentos não eram descentralizados, e careciam de um ritmo que respondesse a tempo às ações do governo”. Responsável pela Segurança Pública, o secretário José Mariano Beltrame explicou que a maior parte dos homicídios é provocada por quadrilhas que estão sendo combatidas. Beltrame reconheceu problemas, como falta de policiais para patrulhar todas as regiões, mas disse que o Rio vive dias diferentes nessa área: “Desarticulamos grupos organizados, mas não há condições de pôr um policial em cada esquina. O crime no Rio é mais complexo pela geografia, aqui o bandido assalta, corre e se esconde com mais facilidade por causa da topografia dos morros. Mas melhoramos os índices, desarticulamos as quadrilhas, equipamos viaturas com GPS, vamos instalar mais câmeras e, no segundo semestre de 2009, inauguraremos um batalhão perto da Ceasa”. Beltrame ressaltou, ainda, que os índices de violência no estado melhoraram, sinal de que a Polícia está atuando mais ostensivamente, mas em nenhum outro lugar há reações dos criminosos como aqui. Para o secretário, a situação é fruto de anos de ausência do Estado em determinadas áreas, o que formou uma cultura de violência na qual as pessoas acreditam que podem fazer justiça com as próprias mãos. “O que está muito claro para mim é que durante todo esse período em que o Rio de Janeiro ficou abandonado, essas pessoas nunca tiveram acesso aos serviços do Estado e não sabem o que é lei. Para nós há códigos, mas não para elas. Sempre trataram desses assuntos à sua maneira. Em que outro lugar do Brasil e do mundo temos reações dos bandidos como temos aqui? É uma cultura que se formou à medida que essas atitudes foram se repetindo com o tempo. Mas a Polícia tem treinado para tornar suas ações menos traumáticas, de forma preventiva”. Subsecretário de Assuntos Econômicos, Sérgio Guimarães falou do esforço para aumentar a transparência, com a emissão periódica de boletins fiscais para avaliação de cada despesa e menor burocracia para abrir empresas: “É uma forma de prestar contas à sociedade e orientar nossas políticas de investimento. Queremos também adotar a nota fiscal eletrônica para reduzir a sonegação e dar mais agili- dade ao processo de abertura de novas empresas. Vamos eliminar bastante o elemento humano para que não haja espaço para desvios e maior agilidade. Outra coisa que nos preocupa bastante é a demora para abertura de firma. Estamos fazendo um esforço para eliminar processos e reduzir o número de vezes que um mesmo documento precisa ser apresentado. Encontramos o estado em frangalhos e queremos fazer uma gestão pró-business, com estrutura tributária adequada para reativar a economia fluminense”. Para Sérgio Guimarães há microiniciativas aplicadas em cada secretaria que podem ter muito mais impacto sobre a economia fluminense do que ações com maior visibilidade. Segundo ele, o governo está planejando uma rede de inteligência para integrar e automatizar as secretarias, para que possam implementar suas ações dentro de um mesmo processo de modo unificado. “Queremos que a abertura de firmas vá nessa direção. A expectativa é que possamos desenvolver melhor os planejamentos tributários e aumentar a arrecadação. O esforço que temos feito é para avaliar como programas de incentivo fiscal de determinado setor surtiram efeitos sobre sua empregabilidade, com aumento da produção e das vendas. Para isso temos cruzado bases de dados do Ministério do Trabalho com informações da Receita Federal. Estamos dedicando horas de sono para montar uma estrutura tributária adequada no Rio” concluiu. DEZEMBRO/2008 BRAZILIAN BUSINESS 35 Software ilegal, e daí? Prejuízo da indústria com cópias piratas no país foi da ordem de US$ 1,6 bilhão no ano passado Eduardo Dinelli, advogado da BSA O Brasil é um dos maiores consumidores de produtos piratas do planeta. De acordo com o 5º Estudo Anual Mundial de Pirataria de Software, divulgado pela Business Software Alliance (BSA), a pirataria de software no país movimentou mais de US$ 1,6 bilhão em 2007, impedindo a geração de 2 milhões de empregos formais. No resto do mundo ele soma US$ 522 bilhões, cifra que já ultrapassa a do tráfico de drogas (US$ 360 bilhões). Para entender melhor o problema, a Câmara de Comércio Americana e a BSA promoveram encontro com representantes da Associação Brasileira das Empresas de Software (ABES). A secretária executiva do Grupo de Trabalho Anti Pirataria da ABES, Renata Faro, disse que, em um ranking de 106 países elaborado pela entidade, o Brasil está em 61º lugar, com um índice de pirataria de software de 59%, cinco pontos percentuais abaixo da média na América Latina, mas 21 pontos percentuais acima da média mundial (38%). 36 BRAZILIAN BUSINESS DEZEMBRO/2008 da cadeia produtiva, inclusive seu ciclo de inovação: “Toda empresa de tecnologia gasta muito tempo e dinheiro com pesquisa e desenvolvimento, gerando empregos de alto nível técnico. Graças à propriedade intelectual garante-se o direito de explorar comercialmente essa inovação. Sem isso, ficaríamos parados no tempo, porque só Renata Faro, secretária-executiva da ABES há inovação nesse processo quando se gera receita que “Se a pirataria fosse reduzida proporcione pagamento de custos e em 10% no Brasil, de 2006 a 2010, o continuação da pesquisa. Por isso são país seria beneficiado com a criação de firmados contratos de licença”. Outro ponto debatido no evento, 11,5 mil empregos, injeção de US$ 2,9 bilhões no setor e o governo arrecadaria apoiado pela ABES, foi a falta de controle das empresas na gestão dos ativos US$ 389 milhões em impostos”. Eduardo Dinelli, advogado da de software. Para Antonio Eduardo BSA, falou da importância de preservar Mendes da Silva, consultor de Gerena propriedade intelectual. Segundo ciamento de Ativos da BSA, as compao especialista, ela não afeta apenas nhias ainda se preocupam apenas com as companhias titulares dos direitos os bens físicos. Ele também falou do autorais, mas todo o desenvolvimento Software Asset Management (SAM). “As companhias controlam carros, mesas, cadeiras, computadores, mas não se preocupam com política de software. É preciso ter um controle centralizado das licenças e do volume utilizado. O SAM não é uma auditoria, mas um processo que abarca um inventário do software aplicado, o que está licenciado, ciclo de vida dos aplicativos e revisão de foAntonio Eduardo Mendes da Silva, consultor da BSA lhas e processos”, concluiu. Blindagem contra a crise Brasil conta com política econômica madura para resistir à retração de crédito, diz diretor do BNB O agravamento da crise econômica externa obrigou o Banco Central a promover leilões de venda do dólar para conter a alta da moeda americana. Outra medida para deter a escassez de crédito foi autorizar bancos a abaterem até 40% do depósito compulsório, que obriga as instituições a recolherem ao BC parte do dinheiro depositado pelos clientes. O superintendente de Gerenciamento Estratégico do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), Sérgio Forte, analisou na Amcham os impactos e efeitos do choque global na economia brasileira. O BNB é hoje um dos principais bancos de fomento do Nordeste, responsável por 63% do crédito concedido na região. “As conseqüências da crise no país são a desaceleração da entrada de capital externo para investimentos de longo prazo, fuga de capitais especulativos da bolsa de valores, travamento do financiamento externo às exportações, ameaças à competitividade dos bancos de pequeno e médio porte, queda do consumo de bens duráveis, redução das expectativas do PIB e perdas patrimoniais do mercado acionário”, explicou. Sérgio acredita que toda crise gera oportunidade de novos negócios, e que o momento é de ir às compras. Para ele, o Brasil tem uma política econômica sólida suficiente para resistir aos abalos de uma crise econômica mais prolongada. Isto porque o governo vem se antecipando com as medidas necessárias: “O físico Isaac Newton dizia que é possível prever o movimento O superintendente de Gerenciamento Estratégico do BNB, Sérgio Forte das estrelas, mas não a loucura dos homens. Nosso país tem hoje um sistema financeiro bem regulamentado, grande potencial no mercado interno, reservas elevadas de dólar, petróleo e gás, exportações diversificadas e um compulsório facilitado pelo governo. Além da nova linha de swap (troca de moedas) acordada com os EUA, no valor de US$ 30 bilhões. Esses indicadores por si só já fazem uma grande diferença”. O executivo disse que a partir de agora o grande desafio da economia americana será desobstruir os canais de crédito e criar uma regulamentação mais rigorosa do mercado. Ele falou também do risco no momento em se contrair empréstimos em dólar ou real para financiar projetos. “Os ativos mais importantes do mundo continuam sendo o dólar e os títulos do governo americano, porque os EUA têm fundos para responder à crise, e são o país mais capitalizado do mundo. Mas diria que, para as empresas, é mais seguro atualmente contrair empréstimos em real. Apenas setores considerados promissores podem optar pelo dólar. Para o setor de energia, o financiamento deve ser em real, porque o governo vai continuar segurando a cotação,” aconselhou. DEZEMBRO/2008 BRAZILIAN BUSINESS 37 Azul quer voar alto Companhia promete vôos sem escalas, conforto e tarifas baratas Adalberto Febeliano, da Azul A pedido do governo, a Azul Linhas Aéreas antecipou em um mês as operações no Brasil. O início das atividades estava previsto apenas para janeiro de 2009 mas, para atender ao anseio das autoridades, foram arrendados dois aviões da norte-americana JetBlue, do empresário David Neeleman, mesmo dono da Azul. Na Amcham, o diretor de Relações Institucionais da companhia, Adalberto Febeliano, disse que isso é um sinal de que as autoridades brasileiras sentem necessidade de mais concorrência, e que a entrada de uma terceira companhia é bem-vinda. Para alçar vôo no país, a Azul já captou US$ 200 milhões em investimentos. “Não se trata de pressa. As atuais empresas aéreas brasileiras deixaram o nível de seus serviços cair demais, acredito que por falta de competição. Temos um mercado excessivamente 38 BRAZILIAN BUSINESS DEZEMBRO/2008 concentrado no Brasil, onde a TAM e a Gol detêm 94%. Não é verdade que o Brasil não tem espaço para uma terceira companhia. O país poderia receber uma quarta, quinta, sexta e assim por diante. O mercado doméstico brasileiro é hoje o quinto maior do mundo”. Para disputar palmo a palmo a preferência dos clientes, a Azul tem planos ambiciosos: no ano que vem, pretende voar para nove cidades, com 16 aeronaves. O objetivo é transportar mais de um milhão de passageiros, número que pode saltar para 2,5 milhões em 2010, com 26 aviões cobrindo 15 cidades. Febeliano explicou como a empresa pretende seduzir o público: “Vamos oferecer vôos sem escalas, com tarifas baratas. Os aviões terão maior espaço entre as poltronas. O serviço de bordo será de qualidade, com TV ao vivo a partir de 2009. Queremos encher nossos aviões. Há menos de 200 aeronaves no serviço comercial regular do Brasil para um mercado de 190 milhões de habitantes. Já nos EUA, há mais de 5 mil aviões para atender a 280 milhões de habitantes. O americano médio faz três viagens de avião por ano, enquanto que para fazer uma viagem o brasileiro médio demora o triplo de tempo”. Nem a crise financeira internacional abala os nervos do executivo. Segundo Febeliano, o mercado brasileiro tem potencial para ser três ou quatro vezes maior do que é hoje. Como o foco da Azul é conquistar novos passageiros que não têm o hábito de viajar de avião, o céu de brigadeiro está garantido nos próximos anos: “A crise não nos preocupa, ela terá poucos efeitos se nossa linha de atuação for bem-sucedida. Queremos desenvolver novos mercados. Nossa única incerteza é quanto ao custo do combustível, que está relacionado diretamente à cotação do barril de petróleo”, concluiu. Ricardo Mayer, Adalberto Febeliano e Orlando Giglio Google corporativo Site de busca mais poderoso do mundo inspira solução para banco de dados das empresas O Google ou a Google? Nos Estados Unidos não faz diferença, já que o artigo “the” serve para os dois gêneros. Já no Brasil, ele marca a diferença entre o site de busca mais poderoso do mundo e a empresa da qual se originou, sediada em Mountain View, na Califórnia. José Nilo Cruz Martins, diretor da Google Interprise no Brasil, esclarece que a companhia se expande para novas fronteiras, muito além da ferramenta que a tornou famosa na internet. Há cinco anos, começou a atuar no segmento interprise (empresarial), em três áreas distintas: Search, Geo e Apps. Em evento organizado pela Amcham e Infotec, Nilo falou do Google Search Appliance: “Ele é uma solução OneBox (tudo em uma caixa), com software e hardware integrados, que leva para dentro das empresas todas as funcionalidades de busca já conhecidas pelos usuários do Google, além de recursos de segurança. Metade dos profissionais gasta pelo menos 25% do tempo útil pesquisando informações no banco de dados das organizações. O número de documentos dobra de 12 a 18 meses, e a necessidade de soluções mais eficientes é cada vez maior”. Além de contar com a informação na ponta dos dedos, como é hábito entre internautas, os empresários podem escolher entre quatro opções de Google Search Interprise: o mini (capaz de indexar e buscar até 300 mil documentos), o GSA (que suporta até 3 milhões de arquivos), o Super GSA José Nilo Cruz Martins, diretor da Google Interprise no Brasil (até 10 milhões) e o Cluster (mais de 10 milhões). Segundo José Nilo, o padrão de qualidade oferecido às empresas não é diferente do encontrado no site. “Os fatores que fizeram do Google um sucesso mundial estão presentes no GSA. A busca corporativa segue os mesmos critérios de abrangência, relevância, latência e apresentação. O sistema procura pelos documentos simultaneamente em cinco grupos de informação: nos file shares (compartilhadores de arquivos), intranets, bases de dados, aplicações interprise e sistemas de gerenciamento eletrônico de documentos (GED). Tudo isso com a mesma rapidez do site”. Outra vantagem do Google Search Interprise é o ajuste de relevância do documento, que permite configurar sua posição na página de busca de acordo com o grau de importância, selecionando a resposta entre as cerca de 200 variáveis que são observadas durante o processo. “A relevância varia de acordo com a área de atuação da empresa. Em um jornal, a data do documento deve ser a variável com maior peso, porque a notícia mais recente será sempre a mais importante. Já para uma operadora de celular, por exemplo, o critério de escolha das informações deverá ser outro”, exemplificou. DEZEMBRO/2008 BRAZILIAN BUSINESS 39 Prêmio Tim Lopes de jornalismo investigativo prestigia melhores de 2007 Cerimônia de entrega reconhece mérito de 24 jornalistas de todo o país Ricardo Mayer (centro) com Francisco Regueira e Vinícius Dônola, jornalistas premiados A s melhores reportagens de 2007 foram premiadas na sexta edição do Prêmio Tim Lopes, criado em memória do jornalista morto quando fazia matéria sobre bailes funk na Vila Cruzeiro, Complexo do Alemão, no Rio. “Está cada vez mais difícil obter notícias com exclusividade. Este prêmio é um estímulo ao jornalismo investigativo e um incentivo aos repórteres, que muitas vezes correm atrás de determinados assuntos contra a opinião de todos, inclusive de suas próprias editorias”, resumiu Zeca Borges, presidente do Movimento Rio de Combate ao Crime (MovRio). 40 BRAZILIAN BUSINESS DEZEMBRO/2008 Vinte e quatro jornalistas receberam o prêmio, promovido pela Amcham, MovRio e Disque-Denúncia com apoio da WebJet Linhas Aéreas, Clube Americano e Golden Tulip Hotels, Inns and Resorts. O destaque nacional foi para o blog pernambucano “PE Body Count”, dos jornalistas Carlos Eduardo Santos, Eduardo Machado, João Valadares e Rodrigo Carvalho. O site, que também venceu na categoria Internet, contabiliza os homicídios diários no estado. Na mídia impressa, a vencedora foi a equipe de Cidade e Polícia do Jornal O Dia, com a cobertura da morte do menino João Hélio. O veículo foi represen- tado pela jornalista Paula Sarapu. A TV Globo conquistou dois troféus com “Rodovia do Medo”, dos jornalistas Francisco Regueira e Vinícius Dônola, mostrando flagrantes de assaltos a ônibus nas estradas; e “Milícias”, que apresentou a disputa das milícias com o tráfico, de Tyndaro Menezes, Marcelo Ahmed, Eduardo Tchao e João Pinheiro. Já os prêmios especiais foram para o Jornal O Globo (‘Mulheres no Tráfico’, de Ana Cláudia Guimarães e Eduardo Auler); Jornal do Commércio de Pernambuco (‘Tiros na Esperança’, de Eduardo Machado e João Valadares); Jornal Extra (‘Saga dos Cubanos’, de Camilo Coelho e Gabriela Moreira); e Rede Record (‘Estouro de Cativeiro’, de Hilton Oliveira e Elízio João Gonçalves). “Mulheres no Tráfico” mostrou que as mulheres estão cada vez mais ocupando postos de chefia no tráfico. “Tiros na Esperança” denunciou que 1/3 das armas apreendidas na capital de 2004 a 2006 estava com adolescentes. “Saga dos Cubanos” revelou o sonho frustrado dos boxeadores cubanos, que fugiram da Vila do Pan e foram deportados, enquanto “Estouro de Cativeiro” tratou de uma quadrilha formada por empregados e porteiros de um edifício de classe média alta da Barra da Tijuca. O fotógrafo Carlos Mesquita, do Jornal Meia Hora (Editora O Dia), foi premiado com a foto “Desespero dentro da Kombi em São Gonçalo”, que retratou tiroteio entre um PM e dois bandidos no interior do veículo. Comércio exterior mais ágil Consórcio Linha Azul confere maior rapidez a operações de importação e exportação Ignacio Fraga, da Tradeworks C riado pela Receita Federal, o sistema Linha Azul reduz o tempo de espera para liberação de mercadorias destinadas ao comércio exterior. Porém, para movimentar os produtos em locais credenciados, as empresas precisam atender a uma série de exigências. Para ajudá-las a se adequar mais rapidamente, o Consórcio Linha Azul (Consulcamp, Tradeworks e RGC Engenharia) oferece um pacote de soluções para agilizar a habilitação das companhias . O diretor da Tradeworks, Ignacio Fraga, e o gerente da Softway - Soluções e Software para Comércio 42 BRAZILIAN BUSINESS DEZEMBRO/2008 Fernando Magri, da Softway Exterior, Fernando Magri, estiveram na Amcham para falar do regime alfandegário especial e do consórcio. “A empresa é habilitada no Linha Azul através do Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ). A partir daí, qualquer transação feita no sistema, do ponto de vista da Receita Federal, recebe um tratamento rápido pelo Canal Verde, uma das sinalizações do Sistema de Comércio Exterior (Siscomex) para desembaraço automático, permitindo que a mercadoria passe pelas aduanas sem necessidade de fiscalização”, explicou Ignacio. Para ingressar no Linha Azul, as empresas devem demonstrar qualidade na gestão de seu comércio exterior com auditorias internas. Além disso, precisam de um sistema corporativo informatizado, integrado à contabilidade para controle dos estoques de mercadorias nacionais, de origem estrangeira e destinadas à exportação. Alguns dos benefícios são tratamento especial para o Canal Verde, redução dos custos logísticos alfandegários e aumento da competitividade das empresas brasileiras no mercado externo. Magri ressaltou que toda empresa deve prever boas práticas aduaneiras: trabalhar com uma boa transportadora, com um despachante eficiente, ter um local de armazenamento válido, controles internos bem estabelecidos e processos seguros que vão da classificação fiscal à validação de entrega da mercadoria. “Há empresas que ainda usam planilha em Excel para controlar processos de milhões em comércio exterior. Esse é o elo fraco da cadeia, pois a empresa deixa de ter um refino, o que pode levar ao erro. A Softway se propõe a cobrir o gap entre sistemas corporativos e governamentais, com reciprocidade de dados, acabando com a planilha. Automatizamos todo o processo, com controle de admissão temporária e retificações feitas e executadas nos sistemas de desembaraço, fazemos a ponte entre a administração e o Siscomex. Sem controles manuais, para que dez itens de uma fatura não se convertam em cem. Analisamos todos os impostos a serem calculados, para dar previsibilidade ao processo”, explicou. Ir Fundo! Este ano a revista TN Petróleo completa 10 na nossa indústria foram fantásticos neste anos de existência. Ao longo deste período período e nós nos sentimos também abrimos espaço para os nossos melhores responsáveis por estas conquistas. esperamos técnicos, pesquisadores e formadores de opinião continuar colaborando e indo cada vez mais com a divulgação de matérias e artigos. fundo com as nossas próximas edições no Os avanços tecnológicos obtidos desenvolvimento do nosso setor e do país. Rua do Rosário, 99/7º andar, Centro – CEP 20041-004 anos Rio de Janeiro – RJ – Brasil Tel/fax: + 55 21 3852-5762 www.tnpetroleo.com.br / www.tbpetroleum.com.br GESTÃO EMPRESARIAL Quando os controles internos falham Por Marcos Assi Q uando apresentamos as melhores práticas de controles internos e elas falham, muitos dizem que somos pessimistas. Já ouvimos, em instituições financeiras, que éramos burocratas, estávamos cerceando a liberdade de comercialização e não havia tanta necessidade de aprovações. Mas quando encontramos hoje nos jornais reportagens de empresas em estado de falência (e algumas já falidas), confirma-se a necessidade de preocupação nesse terreno. A melhoria nos controles internos, principalmente das indústrias e instituições financeiras, não somente para os gestores do negócio, mas também para a alta administração e o conselho de administração das organizações, tornou-se algo preponderante na atualidade. Devemos salientar que um dos princípios da Basiléia é a supervisão bancária, e o Banco Central, com foco nas instituições financeiras, e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), nas não-financeiras, deverão aumentar a rigidez desta supervisão e controle em função do momento vivido. É importante salientar que, ao primeiro sinal de negligência administrativa ou operacional, ou até mesmo por pouco caso, o problema aparece. E pode ser de várias maneiras, tais como perdas financeiras, processos de minoritários por má administração, processos trabalhistas etc. O objetivo nosso era implementar controles financeiros e contábeis, processos de monitoramento operacional, segregação de funções mais eficientes, políticas e processos que proporcionassem maior segurança para todos na organização. Mas este tipo de pensamento ainda não chegou para a maioria das pessoas que administram ou têm poder de decisão nas organizações. Quando o controle interno funciona, ele pode oferecer à alta administração informações mais confiáveis. Não podemos falar sobre ausência de controles internos, sem falar do Banco Barings PLC, que foi à falência justamente por isso; ou o caso do Banco Société Généra- 44 BRAZILIAN BUSINESS DEZEMBRO/2008 le, com a fraude em operações de mercado futuro. Será que não existia nenhum processo de controle, alguma verificação de extrato da corretora de mercado futuro, posição gerencial, entre outros controles possíveis? E quando falamos de WorldCom, Tyco, Enron lembram algo? A governança corporativa surgiu justamente quando estes fatos de fraudes financeiras e/ou contábeis ocorreram no ano de 2002, despertando o mundo sobre a preocupação com o tema. Porém, parece que ainda existem organizações que estão patinando nos controles. A cultura de controle depende, e muito, do engajamento de todos os envolvidos na organização – conselhos de administração mais efetivos; alta administração exercendo com responsabilidade os limites operacionais definidos pelos comitês internos ou pelos sócios; os gestores do negócio monitorando as operações e as corrigindo com maior agilidade; e os colaboradores executando e revisando os processos internos. É verdade que em graus variados, o controle interno é responsabilidade individual de cada um em prol da organização, pois não existe um padrão único. Isso depende do apetite de risco da organização. Para se ter um sistema de controles internos eficaz é necessário o reconhecimento de todos sobre a importância de exercer suas atribuições com eficiência e, sempre que possível, informar aos gestores de quaisquer problemas. Ao ler qualquer notícia hoje sobre problemas financeiros de empresas, é possível verificar que, em algum momento, alguém negligenciou sua parte. Quando isto ocorre, os riscos de perda operacional, de imagem institucional, problemas legais, entre outros, surgem com grande velocidade. E a organização gastará muito tempo para explicar porque os controles internos falharam. Se não quebrarem antes. Coordenador e professor do MBA Controles Internos e Compliance da Trevisan Escola de Negócios PELO Divulgação Divulgação Mercado Nogi Fightwear doa 25 quimonos para alunos do Instituto Reação O Instituto Reação, ONG criada pelo medalhista olímpico Flávio Canto, que trabalha o desenvolvimento humano e inclusão social através do esporte, recebeu uma bela doação da Nogi Fightwear. A equipe de competição do Instituto recebeu 25 quimonos desta que é uma das mais conceituadas empresas de quimono do país. Atualmente o Instituto Reação atua em quatro comunidades carentes do Rio de Janeiro (Rocinha, Tubiacanga, Cidade de Deus e Pequena Cruzada), atende aproximadamente 1.000 alunos e já tem resultados expressivos nos cenários nacional e internacional. Recentemente, a equipe conquistou o campeonato estadual de judô, além dos grandes feitos das irmãs Raquel e Rafaela Lopes. Raquel é campeã brasileira e pan-americana junior de judô, além de estar no processo seletivo para as Olimpíadas de Londres, 2012. Rafaela é campeã mundial Junior e sul-americana adulta. Estas são algumas conquistas do Instituto Reação que tem como missão transformar a vida destas crianças e jovens dando a elas oportunidades para um futuro melhor. A entrega dos quimonos para a equipe foi realizada no dia 06 de novembro, no Pólo Cidade de Deus. O presidente do Instituto Reação Flávio Canto agradeceu a iniciativa da Nogi: “Ficamos muito contentes com, mais uma vez, o apoio e atenção da Nogi com a nossa equipe de competição. Hoje temos grandes atletas, muitos campeões estaduais, brasileiro, e alguns pan-americanos e sul-americanos. E agora, quem diria, uma campeã mundial! Obrigado pela iniciativa.” Horácio Aragonés Forjaz é o novo vice-presidente executivo de Assuntos Corporativos da Embraer. Anteriormente, Aragonés ocupava o cargo de vice-presidente executivo de Administração e Comunicação da empresa. Ele substitui Henrique Rzezinski, que agora preside o Conselho Empresarial Brasil-Estados Unidos. Valdir Roque é o novo diretor financeiro e de relações com investidores da Aracruz Celulose, substituindo Isac Zagury, que se licenciou do cargo. Roque é economista com pós-graduação em Administração de Empresas e especialização em Gestão Financeira. O embaixador Sebastião do Rego Barros é o novo consultor do escritório Motta Fernandes Rocha Advogados. Ex-diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo entre 2001 e 2005, ele atuará principalmente em operações na área de energia. A SulAmérica Investimentos contratou o administrador de empresas José Ricardo Menezes para o cargo de superintendente de Captação Institucional da empresa. Ele passa a integrar a área comercial, responsável pelo atendimento aos clientes institucionais e corporativos no Rio de Janeiro e Distrito Federal. Fernando Valentim é o mais novo executivo da Chubb Seguros, contratado para gerenciar a área de sinistros da seguradora. O executivo possui experiência de 22 anos no mercado de seguros. Valentim é graduado em Administração de Empresas pela Universidade Salgado de Oliveira. Marcelo Gil de Souza é o novo líder global para consultoria em Direcionamento Corporativo da Accenture. Souza acumulará a nova função com a anterior, de líder da prática de consultoria de Estratégia na América Latina. DEZEMBRO/2008 BRAZILIAN BUSINESS 45 How developments in U.S. law are impacting Brazilian trade Nicolas Lloreda and Maria Fernanda Pecora C hanges in U.S. law can have a major effect on Brazilian trade with U.S.related persons and entities. Thus, Brazilian businesses should be keenly aware of recent developments in certain U.S. laws, including: customs laws imposing heightened reporting and documentation requirements, strict anticorruption laws, and economic sanctions applicable to products containing U.S.-origin technology or items. These U.S. laws often have surprising extraterritorial reach, and can apply to Brazilian businesses that seemingly have only minimal contact with the U.S.. 46 BRAZILIAN BUSINESS DEZEMBRO/2008 “U.S. economic sanctions may also impact Brazilian companies. This complex body of law requires U.S. export licenses for transactions involving U.S. persons and U.S. – origin items with certain countries, entities, and persons” Recent changes in U.S. customs law directly impact Brazilian companies that supply U.S. importers. Current top issues of concern are changes in the country of origin rules and the enactment of measures to restrict import of products incorporating materials from illegal logging. First, U.S. Customs and Border Patrol (CBP) has proposed a change in the test it uses to determine the country of origin for purposes of admissibility, eligibility for preference programs, and country of origin marking requirements. The revised test will demand that U.S. importers gather more information on the classification and origin of components, ingredients or inputs used in the manufacturing process of imported goods. The impact of this rule will likely be that U.S. importers will ask Brazilian suppliers, who know their products best, to provide this additional information. Second, the U.S. recently enacted an amendment to the Lacey Act, which is a law aimed at combating illegal logging. The Lacey Act now makes it unlawful to import, export, transport, sell, receive, acquire, or purchase any plant taken in violation of any U.S. law or any foreign law that protects plants. The amendment also requires, as a condition of entry, that U.S. importers of plant products file a declaration identifying for each plant product the plant’s genus and species, country of harvest, and value and quantity of the plant. While most people originally understood the Lacey Act to apply directly only to wood and paper products, implementing officials are now suggesting a much broader definition. CBP has indicated that it will apply the declaration requirement even to highly processed goods such as rayon garments, garments with wooden buttons, umbrellas, resins, and others. Brazil is one of the countries specifically targeted by this law. The deforestation of the Amazon was one of the driving forces behind this legislation. Brazilian exporters to the U.S. may face even closer scrutiny of their plant-based exports. Thus, for Brazilian businesses exporting to the U.S., it will be crucial to assess the impact of these additional U.S. customs regulations and reporting requirements to ensure compliance. The U.S. Foreign Corrupt Practices Act (FCPA) prohibits persons or entities with a connection to the U.S. from making payments or gifts to government officials to obtain or retain business. The FCPA includes payments to brokers and other indirect arrangements where the company knows or suspects that the payment will go to a foreign official. The penalties for violation of the FCPA are severe and can apply to non-U.S. citizens and companies. A Brazilian company can be subject to the FCPA if it has issued American Deposit Receipts on a U.S. stock market or it engages in unlawful payments – or even causes an act of bribery to happen – in U.S. territory. Furthermore, a Brazilian registered subsidiary of a U.S. parent company can inflict liability on its parent company for actions it takes in violation of the FCPA. U.S. economic sanctions may also impact Brazilian companies. This complex body of law requires U.S. export licenses for transactions involving U.S. persons and U.S. – origin items with certain countries, entities, and persons. The licensing authorities are the Department of Commerce’s Bureau of Industry and Security and the U.S. Treasury’s Office of Foreign Asset Control (OFAC). The jurisdiction of BIS’ and OFAC’s economic sanctions is quite broad, applying to U.S. persons and U.S. – origin items worldwide, including within Brazil. U.S. persons include both natural persons and business entities. U.S. – sourced items include not only products directly sourced from the U.S., but also Brazilian-manufactured items that incorporate more than de minimus U.S. content. The severity of the restrictions varies widely – depending upon the item exported, destination country, and intended end-use for the item. Certain countries like Cuba and Iran are subject to comprehensive U.S. trade embargos. For these countries, virtually any transaction that has a nexus to the U.S. is prohibited and subject to heavy penalties. For other countries, transactions may require a license or there may be license exceptions. Brazilian companies reexporting U.S. – origin items or manufacturing goods incorporating significant amounts of U.S. – origin items should consult with an expert to ensure compliance with these regulations. BB Lawyers by Sidley Austin LLP and Veirano Advogados DEZEMBRO/2008 BRAZILIAN BUSINESS 47 ENGENET INFORMÁTICA LTDA. Roberto Pignatari - Diretor de Novos Negócios Ricardo Lima - Diretor Rua São José, 90, s/1311 - Centro 20010-020 Rio de Janeiro, RJ Tel: (21) 2103-9001 Fax: (21) 2103-9033 [email protected] www.engenet.com.br GRANITO ZUCCHI LTDA. (Zucchi Granite) José Jonas Zucchi - Presidente Leonardo Pellegrino de Freitas - Diretor Administrativo Financeiro Av. Jacaraípe, 1423 - Jacaraípe 29173-392 Serra, ES Tel/Fax: (27) 3243-9666 [email protected] www.granitozucchi.com.br INSTITUTO DE ARITMÉTICA FORENSE LTDA. Alvaro Augusto Guapindaia Campos Sócio Maria de Nazaré Guapindaia Campos Sócia Rua Carlos de Laet, 140 – Carlos Guinle 25959-045 Teresópolis, RJ Tel: (21) 2642-4202 Fax: (21) 2642-9243 [email protected] www.iaforense.com 48 BRAZILIAN BUSINESS OUTUBRO/2008 LOG TRADING & SUPPLY CHAIN LTDA. Alfredo J. Braconnot de M. Teixeira Sócio Administrador Marcus Vinicius Santos Rocha – Sócio Administrador Av. Jerônimo Monteiro 1000, s/1021 Centro 29010-004 Vitória, ES Tel: (21) 3388-5550 Fax: (21) 2499-3925 [email protected] www.logtrading.com.br WTI VIAGENS E TURISMO LTDA. (Welcome Tour) Aurélie Sanfilippo - Diretora Comercial Marilia Derenusson - Agente de Viagem Rua Visc. de Pirajá, 550, s/1813 - Ipanema 22410-002 Rio de Janeiro, RJ Tel: (21) 2511-5236 Fax: (21) 2511-6619 [email protected] www.welcome-tour.com ALTERAÇÕES NO QUADRO DE ASSOCIADOS: ADILSON HERRERO Diretor de Operações Banco Alfa de Investimento S.A. ANA PAULA MONTANHA Diretor Regional - Rio de Janeiro FESA Consultores em RH Ltda. LUIS HENRIQUE FICHMAN Diretor-geral Reader’s Digest Brasil (Revista Seleções) MULTI BENEFIT SERVICES RIO CORRETORA DE SEGUROS E CONSULTORIA LTDA. (MBS Rio Seguros e Consultoria) Lupércio Brasil de Azevedo Junior Diretor Administrativo Financeiro Pedro César Monteiro - Diretor Comercial Av. Rio Branco, 80/ 2º - Centro 20040-070 Rio de Janeiro, RJ Tel: (21) 2224-2882 Fax: (21) 2232-1500 [email protected] www.mbsseguros.com.br MANOEL FRANKLIN DE SÁ Diretor Presidente SGE - Prizma Participações S.A. (Prizma) SILVÉRIO DA CONSOLAÇÃO MOREIRA Diretor Regional Adjunto Rio de Janeiro Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (Correios) WILLIAM J. BALLANTYNE Sócio Deloitte Touche Tohmatsu Auditores Independentes Representantes comerciais da Brazilian Business: Brasília NS&A Planalto Central Telefax: (61) 3447-4400 [email protected] São Paulo (Grande São Paulo) NS&A São Paulo PABX: (11) 3255-2522 [email protected] [email protected] Vale do Paraíba, Alto Tietê, Serra da Mantiqueira, Litoral Norte e Sul Nogueira & Fonseca Serv. de Publicidade Ltda. Tels.: (12) 3943-6021/3923-8402 [email protected] Paraná NS&A Paraná Telefax: (41) 3306-1659 [email protected] Santa Catarina NS&A Santa Catarina Telefax: (48) 3025-2930 [email protected] Rio Grande do Sul NS&A Cone Sul Telefax: (51) 3366-0400 [email protected] AMERICAN BUSINESS CENTER O ABC é um bem equipado complexo de auditórios e escritórios para locação no Rio de Janeiro. Próximo à Igreja da Candelária, de fácil acesso, com segurança e toda infra-estrutura para realização de reuniões, videoconferências, workshops, cursos e todo tipo de evento. Agende uma visita. Tel.: (21) 3213-9215 [email protected] Minas Gerais NS&A Minas Gerais Telefax: (31) 2535-7333 [email protected] Onde você estiver a BDO Trevisan estará próxima de seus negócios. A BDO Trevisan é uma empresa de Auditoria, Advisory, Tributos e Sustentabilidade com 25 anos de experiência no mercado brasileiro. Por meio da nossa estrutura internacional – quinta maior do mundo no setor –, compartilhamos metodologias, capacitação e políticas de segurança com mais 110 países. No Rio de janeiro e em mais 15 escritórios. BDO Trevisan – 16 escritórios no Brasil: São Paulo • SP • Belém • PA • Belo Horizonte • MG • Brasília • DF • Campinas • SP • Campo Grande • MS • Curitiba • PR • Florianópolis • SC • Fortaleza • CE • Goiânia • GO • Londrina • PR • Porto Alegre • RS • Ribeirão Preto • SP • Rio de Janeiro • RJ • Salvador • BA • São José dos Campos • SP Auditoria Advisory Tributos Sustentabilidade A BDO International é uma rede de empresas de auditoria denominadas firmas-membro BDO. Cada firma-membro é uma entidade juridicamente independente em seu próprio país. A BDO Trevisan é firma-membro da rede BDO International desde 2004. (21) 3534 7500 [email protected] www.bdotrevisan.com.br COMITÊ EXECUTIVO Presidente: João César Lima, Sócio, PricewaterhouseCoopers; 1º Vice-Presidente: William Yates, Presidente, Prudential do Brasil Seguros de Vida; 2º Vice-Presidente: Robson Barreto, Sócio, Veirano Advogados; 3º VicePresidente: Eduardo Karrer, Presidente, MPX Mineração e Energia; Diretor Secretário: Murilo Marroquim, Presidente, Devon Energy do Brasil; Diretor Tesoureiro: Patrícia Pradal, Diretora de Desenvolvimento e Relações Governamentais, Chevron Brasil Petróleo; Conselheiro Jurídico: Sergio Tostes, Sócio Gerente, Tostes e Associados Advogados. Ex-Presidentes: Sidney Levy, Joel Korn e Gabriella Icaza Diretor Presidente, João Fortes Engenharia; Marcos Menezes, Gerente Executivo de Contabilidade, Petrobras; Maurício Bähr, Presidente, Suez Energy Brasil; Mauro Viegas Filho, Diretor Presidente, Concremat Engenharia e Tecnologia; Pedro Aguiar de Freitas, Consultor Geral Jurídico, Vale; Plínio Simões Barbosa, Sócio, Barbosa, Mussnich & Aragão Advogados; Ricardo de Albuquerque Mayer, Diretor Superintendente, Câmara de Comércio Americana; Ricardo Esteves, Tesoureiro, IBM Brasil; Roberto Furian Ardenghy, Diretor de Assuntos Corporativos, BG do Brasil; Rodrigo Caracas, Vice-Presidente Jurídico e de Assuntos Corporativos, Coca-Cola Indústrias. Diretora honorária: Elizabeth Lee Martinez, Cônsul Geral dos EUA. presidenteS de honra Antônio Patriota, Embaixador do Brasil nos EUA Clifford Sobel, Embaixador dos EUA no Brasil DIRETORES EX-OFÍCIO Andres Cristian Nacht, Carlos Augusto Salles, Carlos Henrique Fróes, Gabriella Icaza, Gilberto Duarte Prado, Gilson Freitas de Souza, Gunnar Birger Vikberg, Ivan Ferreira Garcia, Joel Korn, José Luiz Miranda, Juan C. Llerena, Luiz Teixeira Pinto, Omar Carneiro da Cunha, Peter Dirk Siemsen, Raoul Henri Grossman, Ronaldo Veirano, Rubens Branco da Silva, Sidney Levy e William B. Sweet DIRETORES Carlos Henrique Moreira, Presidente, Embratel; Dílson Verçosa Jr., Diretor de Marketing e Vendas, American Airlines; Hervé Tessler, Presidente, Xerox; Humberto Mota, Presidente, Dufry do Brasil; Ivan Luiz Gontijo, Diretor, Bradesco Seguros; José Carlos Monteiro, Sócio, Deloitte Touche Tohmatsu Auditores Independentes; José Luiz Alquéres, Presidente, Light; José Renato Ponte, Presidente, Consórcio Estreito Energia; Katia Alecrim, Superintendente Regional de Vendas, Citibank; Márcio Fortes, PRESIDENTES DE COMITÊS Associados: a definir; Assuntos Jurídicos: Julian Chediak; Comércio e Indústria: a definir; Energia: Roberto Furian Ardenghy; Finanças e Investimentos: Frederico da Silva Neves; Logística e Infra-Estrutura: a definir; Marketing e Vendas: Lula Vieira; Meio Ambiente: Oscar Graça Couto; Propriedade Intelectual: Steve Solot; Recursos Humanos: Claudia Danienne Marchi; Relações Governamentais: João César Lima; Responsabilidade Social Empresarial: Celina Borges Carpi; Seguros, Resseguros e Previdência: Maria Helena Monteiro; Telecomunicações e Tecnologia: Maurício Vianna; Turismo e Entretenimento: Orlando Giglio ADMINISTRAÇÃO DA AMCHAM RJ Diretor-Superintendente: Ricardo de Albuquerque Mayer; Gerente Administrativo: Ednei Medeiros; Gerente de Comunicação: Ana Redig; Gerente Comercial e Marketing: Jorge Maurício dos Santos; Gerente de Comitês e Eventos: João Marcelo Oliveira DIRETORIA AMCHAM ESPÍRITO SANTO Presidente: Carlos Augusto Aguiar, Diretor Presidente, Aracruz Celulose S.A.; VicePresidente: José Tadeu de Moraes, Diretor Presidente, Samarco Mineração; Diretores: Carlos Fernando Lindenberg Neto, Diretor Geral, Rede Gazeta; João Carlos da Fonseca, Superintendente, Rede Tribuna; Lucas Izoton Vieira, Presidente, FINDES; Marcelo Silveira Netto, Diretor Superintendente, Tristão Comércio Exterior; Marconi Tarbes Vianna, Diretor de Pelotização e Metálicos, CVRD; Otacílio Coser Filho, Vice-Presidente de Relações Internacionais, Coimex Empreendimentos e Participações Ltda; Simone Chieppe Moura, Diretora Administrativa e Financeira, Unimar Transportes Ltda; Walter Lidio Nunes, Diretor de Operações, Aracruz Celulose; DiretorSecretário: Roberto Pacca do Amaral Jr., Presidente, Agra Produção e Exportação Ltda; Conselheiro Jurídico: Rodrigo Loureiro Martins, Advogado – Sócio Principal, Advocacia Rodrigo Loureiro Martins ADMINISTRAÇÃO DA AMCHAM ES Secretário Executivo: Clóvis Vieira; Coordenadora de Associados: Keyla Corrêa LINHA DIRETA COM A CÂMARA DE COMÉRCIO AMERICANA Administração e contabilidade: Ednei Medeiros - Tel.: (21) 3213-9208 [email protected] Associação, mailing, patrocínios e Executive Platinum Card: Felipe Levi - Tel.: (21) 3213-9226 [email protected] ��������������� 3213-9207 ���������� Camarj: Regina Helena Aramis - Tel.: (21) [email protected] Comercial e marketing: Jorge Maurício dos Santos - Tel.: (21) 3213-9215 [email protected] 50 BRAZILIAN BUSINESS DEZEMBRO/2008 Comitês e eventos: João Marcelo Oliveira - Tel.: (21) ��������������� 3213-9230 ���������� [email protected] Publicações: Ana Redig - Tel.: (21) 3213-9240 [email protected] Publicidade: Osvaldo Requião - Tel.: (21) 3213-9221 [email protected] Espírito Santo: Keyla Corrêa - Tel.: (27) 3324-8681 [email protected] Macaé: Antônio Gomes - Tel.: (22) 7834-2781 [email protected] Não existe acaso no mundo dos negócios. Existe Excelência, Liderança e Trabalho em Equipe. PwC. Pelo 7º- ano consecutivo, a Empresa Mais Admirada no Brasil no segmento Auditoria, segundo o ranking Carta Capital / TNS InterScience. Pela 3-a vez consecutiva vencedora do prêmio “Tax Firm of the Year” no Brasil, concedido pela revista “International Tax Review”. pwc.com/br © 2 0 0 8 P r i c e w a t e r h o u s e C o o p e r s . To d o s o s d i r e i t o s r e s e r v a d o s . P r i c e w a t e r h o u s e C o o p e r s r e f e r e - s e a o n e t w o r k d e f i r m a s m e m b r o s d a P r i c e w a t e r h o u s e C o o p e r s I n t e r n a t i o n a l L i m i t e d , c a d a u m a d a s q u a i s c o n s t i t u i n d o u m a p e s s o a j u r í d i c a s e p a r a d a e i n d e p e n d e n t e.
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