Missão no coração Apostila de Estudo

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Missão no coração Apostila de Estudo
Congresso
Líder em ação
Missão no coração
Apostila de Estudo
Livro de
Missão de
osué
onas
Itamir Neves
Luiz Sayão
Vida de
osé
Russell Shedd
Congresso
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Missão no coração
Congresso
Líder em ação
Missão no coração
SUMÁRIO
Vida de José
05
Livro de Josué
13
Missão de Jonas
27
Formulário/Comentários
43
Líder em ação
Missão no coração
Vida de
osé
Russell Shedd
Introdução
Entre os poucos homens do Antigo Testamento que não possuem mancha em suas
vidas, encontramos o décimo primeiro filho de Jacó. Não significa, porém, que ele
tenha sido perfeito, mas que distintamente de tantos outros teve uma vida
irrepreensível.
Desejo destacar a capacidade de liderança de José, seu carácter, sua
espiritualidade e compromisso com a missão que Deus lhe deu. Os capítulos 37-50
de Gênesis (com a exceção de 38) nos contam a história de José, seguramente
indicando a importância que sua vida teve para a narrativa dos primórdios do povo
escolhido, introduzido com a frase “Estas são as gerações de Jacó (Gn 37.2).
01. Nascimento e criação na casa de Jacó até sua venda para os ismaelitas
como escravo - Gn 37.
a. Raquel foi infértil e não teve filhos até que Deus abriu seu ventre em resposta à
oração (Gn 30.22). Sua gratidão se percebe na declaração: “Deus tirou-me a
humilhação” (Gn 30.23).
b. Jacó foi parcial, amando mais a José do que os outros dez irmãos, um fato que
marcou as atitudes deles com profunda inveja, que tornou-se em ódio (37.4).
Jacó não tentou esconder a preferência que tinha por José, o “filho de sua
velhice”, fazendo para ele uma túnica longa (ou uma de várias cores) (37.3, 23 e
32).
c. José teve sonhos. Ao compartilhá-los com os seus irmãos, o ódio deles por
José se intensificou. No sonho dos feixes de grãos, estes se dobravam perante
José, indicando claramente que ele seria reconhecido como um líder e que teria
autoridade sobre os seus irmãos. Eles acharam absurdo que José dominasse ou
reinasse sobre eles, em vista de que ele era mais novo, o décimo primeiro filho. O
segundo sonho, em que o sol, a lua e onze estrelas se inclinavam perante José
(37.5-9), provocou a mesma reação. Naturalmente, Jacó, seu pai, o repreendeu,
achando que foi uma arrogância da parte de seu filho, mas guardou em seu
coração, pois certamente não podia imaginar como seu filho poderia se tornar
qualquer (Gn 37.11) espécie de governante.
d. Jacó decidiu mandar José, com seus dezessete anos de vida, para encontrarse com os seus irmãos em Dotã. Quando eles o viram, tiveram a ideia de matálo, assim livrando-se do irmão odiado e anulando qualquer possibilidade dos
sonhos se cumprirem.
06 | Congresso Rádio Trans Mundial 2016
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e. Rubem, o irmão mais velho e mais piedoso, discordou do plano. Sugeriu que o
lançassem numa cisterna da qual ele poderia salvá-lo depois.
f. Judá, mais inteligente, sugeriu que vendessem para uma caravana de
ismaelitas como escravo. Desse modo se livrariam do irmão, da possibilidade de
cumprimento dos sonhos, além de que lucrariam com a venda dele.
g. Eles teriam que enganar o pai Jacó com a história de que uma fera teria
matado José. Para darem veracidade à mentira, tingiram a túnica de José com
sangue de cabrito e a levaram para Jacó.
h. A reação do pai foi pior do que os filhos poderiam esperar. Rasgou suas
roupas, lamentou o filho muitos dias, e recusou ser consolado, declarando:
“Chorando descerei à sepultura para junto de meu filho” (Gn 37.35).
i. José foi criado numa família disfuncional. Faltam evidências históricas,
elementos que confirmariam que Jacó teve cuidados de criar os filhos na
instrução ou advertência do Senhor.
02. José na casa de Potifar: sinais de caráter de um líder que Deus usaria para
cumprir a missão dele.
a. Longe de casa, sem possibilidade de voltar ou comunicar-se com o pai, José
mostrou a realidade de sua fé no Deus que faz com que todas as coisas
cooperem para o bem daqueles que o amam (Rm 8.28). Deus é soberano.
b. Deus estava com ele (Gn 39.1). José tornou-se próspero, mesmo sendo
escravo e sem direito algum, passou a morar na casa do seu senhor, Potifar,
oficial do faraó e capitão da guarda egípcia (Gn 39.1).
Pirâmides: Quéopes, Quéfren e Miquerinos (Egito)
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c. Mesmo sendo pagão, Potifar reconheceu as bênçãos que Deus derramou
sobre ele por meio do escravo hebreu. A impressão que José passou para ele foi
tão favorável que o fez assessor e mordomo de sua casa. Potifar não podia
deixar de perceber que Deus o abençoava por causa de José, persuadindo-o a
ser o administrador sobre todos os seus bens. José inspirou confiança, tanto que
Potifar “não se preocupava com coisa alguma, exceto com sua própria comida”
(Gn 39.6).
d. Qualidades de boa liderança começam a se destacar ainda mais neste trecho
da história de José:
• Total honestidade e confiabilidade;
• A benção na vida que Deus deseja usar para cumprir a sua missão;
• Submissão ao seu chefe sem reação negativa ou retaliação;
• Excelentes relacionamentos interpessoais para poder administrar escravos
mais experientes e com mais tempo no serviço.
03. José é assediado pela esposa de Potifar - Gn 39.7-23.
a. A esposa de Potifar começou a cobiçar José. Ela convidou José para que se
deitasse com ela, porém, ele recusou o convite. Argumentava que seria uma
traição da confiança do seu mestre (v. 8).
b. José afirmou que o seu senhor não se preocupava com nada, tal foi a
confiança que tinha na honestidade e responsabilidade que foram depositadas
nele.
c. Acrescentou: “Como poderia eu, então cometer algo tão perverso e pecar
contra Deus?” (v. 9). José tinha raízes profundas para segurar sua resistência na
tentação. A insistência da mulher não abalou nenhum pouco a certeza de que
vale tudo para vencer a atração do pecado.
d. Muitas vezes o pecado precisa de outro pecado ou mais maldade para
alcançar o seu auge. A mulher de Potifar acusou José de tentar abusar dela
segurando o manto dele. A falsa acusação foi suficiente para mandar José para a
prisão, onde ele enfrentaria uma provação ainda mais dura e triste.
Naturalmente, o chefe da guarda ficou indignado, não suspeitando da mentira
que sua mulher contara. Descontou toda a boa impressão que José tinha
alcançado para sofrer ainda mais. Quem imaginaria a inversão da situação que
Deus usaria para cumprir a missão que ele determinou para José e os israelitas
todos?
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e. Novamente, agora na prisão, o Senhor estava com ele e o carcereiro o tratou
com bondade (v. 21). Concedeu-lhe a simpatia do carcereiro. Por isso José foi
encarregado de todos os que estavam na prisão. Sua extraordinária capacidade
de liderança se comprovou. José ficou responsável por tudo que acontecia na
prisão (v. 22).
04. A providência de Deus na prisão onde José foi colocado - Gn 40.1-23.
a. José estava preso na mesma prisão em que dois altos funcionários do Faraó
também estavam, por terem ofendido o próprio faraó.
b. José ficou como servo deles na prisão, dando-lhes oportunidade para
conhecê-los mais intimamente.
c. Os dois sonharam na mesma noite (v. 5). José notou que estavam abatidos.
Depois de perguntar a razão, admitiram que não conheciam ninguém que
poderia interpretá-los.
d. Um deles era copeiro, que contou seu sonho e José o interpretou: esse oficial
do rei seria restaurado à sua posição. O sonho foi um tipo de profecia que se
cumpriu ao pé da letra. José aproveitou para pedir que quando tudo estivesse
indo bem, o copeiro pedisse misericórdia ao faraó. Mas o copeiro nem se
lembrou do pedido de José.
e. O sonho do padeiro foi perfeitamente interpretado e também foi cumprido ao
pé da letra. Os acontecimentos prepararam providencialmente o terreno para
criar confiança em José como escolhido por Deus para realizar a missão que ele
lhe preparara.
05. Os sonhos do faraó providenciaram condições para José ser retirado da
prisão e elevado à posição do segundo no comando da nação - Gn 41.1-57.
a. Os sonhos do faraó predisseram, como foi revelado a José, a mesma
realidade: sete anos de fartura seguidos por mais sete de escassez.
b. O faraó ficou convencido de que Deus tinha mostrado o que aconteceria nos
quatorze anos seguintes (v. 25). É claro que José usou a ocasião para
testemunhar do Deus único, criador do universo e controlador de todos os
eventos, inclusive o tempo. José, ao falar de Deus, contradiz tudo que os
egípcios acreditavam sobre o divino.
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c. Tendo conquistado a confiança do rei, deu um conselho sábio para o mesmo:
“O faraó deve procurar agora um homem criterioso e sábio e coloque-o no
comando da terra do Egito. Deveria administrar o recolhimento de um quinto da
colheita do Egito” durante os anos de fartura (vv. 33-34).
d. A decisão de entregar a José o comando de todo a terra do Egito (v. 43) abriu a
porta para ele convidar toda a família para morar em Gosem. Porém, primeiro
José tinha que tratar dos irmãos e descobrir se houve arrependimento pela
maldade que praticaram.
06. Os irmãos de José foram obrigados a ir para o Egito para comprar comida e
são postos à prova - Gn 42.1-44.34.
a. Como a fome não se
restringia à terra do Egito, a
família de José de Canaan
precisava viajar para o Egito
para comprar alimento.
b. José reconheceu seus
irmãos (v. 8). Lembrou-se dos
sonhos em que seus irmãos
seriam obrigados a se
curvarem diante dele.
c. Quando foram acusados de
serem espiões, declararam:
Esfinge Gizé
“Teus servos são homens
honestos... (v. 10)”, escondendo o mal que fizeram com José e com Jacó.
Sabiamente, José lhes colocou à prova. Seguraria os irmãos presos enquanto
um deles voltasse para casa para trazer Benjamim (v. 16).
d. O remorso tomou conta dos corações dos irmãos – “Certamente estamos
sendo punidos pelo que fizemos a nosso irmão. Vimos como estava angustiado,
quando nos implorou pela sua vida mas não lhe demos ouvidos, por isso nos
sobreveio esta angústia” (v. 21).
e. José exigiu que Benjamim viesse com os irmãos na próxima vez. Todos os
arranjos para pagar o dinheiro que José devolveu, a tentativa de ganhar a
simpatia desse governador (José), pareciam complicar ainda mais. Ficou claro
que o que José queria era descobrir se a inveja e ódio que sentiram contra ele se
estendia também a Benjamim. Todas as provas que José usou para testar a
sinceridade dos irmãos deram claras evidências que seus irmãos ficaram
genuinamente tristes e arrependidos pela maneira que trataram José.
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07. José se revela aos seus irmãos e ao seu pai - Gn 45-46.
a. José ficou profundamente emocionado ao revelar-se aos seus irmãos. “E ele
se pôs a chorar tão alto que os egípcios o ouviriam, e a notícia chegou ao palácio
do faraó” (45.2).
b. José não culpou os irmãos por lhe terem vendido aos egípcios, mas o atribuiu
ao plano de Deus. Disse, “foi para salvar vidas que Deus me enviou...” (v. 5).
c. Os irmãos ficaram amedrontados com a possibilidade de José querer se
vingar após a morte de Jacó. Então, José lhes disse: “Não tenham medo. Estaria
eu em lugar de Deus? Vocês planejaram o mal contra mim, mas Deus o tornou
em bem, para que hoje fosse preservada a vida de muitos. Eu sustentarei vocês
e seus filhos”. E assim tranquilizou e lhes falou amavelmente (50.21).
08. Caraterísticas do homem que Deus usa ilustradas na vida de José.
01. Humilde, mesmo desfrutando das regalias de ser o favorito de seu pai.
02. Homem controlado por princípios, mas sem esnobismo.
03. Escolhido e identificado por Deus nos sonhos como recebendo uma missão
muito importante.
04. Alvo de inveja e ódio, porém sem espírito vingativo.
05. Escravizado, porém sem autocomiseração – profunda mansidão.
06. Fibra moral extraordinária no caso da tentação sexual da esposa de Potifar.
Jesus chamou de bem-aventurados os puros de coração.
07. Preso, sendo inocente, mas sem cair na apatia – compare Chuck Colson,
preso no caso do Watergate. Kierkegaard disse que “fé” não é resignação,
mas confiança.
08. Ajuizado e sábio, qualidades reconhecidas pelo próprio faraó (41.33).
09. Não se vingou do copeiro que o esqueceu na prisão, mesmo depois de pedir
diretamente que se lembrasse dele diante do faraó, uma vez que era
inocente.
10. José tinha uma fé inabalável na providência divina, controlando eventos
mais injustos em sua vida junto com o sofrimento que produziram.
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09. Elementos fundamentais de um líder formado para desenvolver sua
missão como José.
01. Consciência de uma vocação por parte de Deus. Deus o separou para uma
tarefa especial.
02. Estar em uma alta posição, a segunda em importância no Egito, não
manchou seu testemunho como homem de Deus;
03. Qualidade imprescindíveis para liderança e cumprimento de uma missão
(Stogdill, Handbook of Leadership):
a. Capacitação - “o espírito de Deus estava nele” (Gn 41.38,39).
b. Provado e aguentou as provas (cf . 2Tm 2.15; 2.2).
c. Inteligente. Tinha facilidade em ver soluções para situações difíceis, bom
juízo, originalidade de pensamento - quebra de paradigmas.
d. Responsabilidade - o faraó contou com ele para cuidar dos problemas da
crise mesmo sem ter muito contato com José. Fidelidade.
e. Organizado - não tentou fazer tudo sozinho mas montou uma equipe.
f. Confiabilidade.
Delta do Nilo
Conclusão
Encontramos alguns dos mais relevantes e úteis exemplos de qualidade de
liderança na vida de José, especialmente aquelas essenciais para o líder cristão.
A qualidade do líder é fundamental para a boa liderança de um rebanho de Deus
(cf. 1Pe 5.1-5)
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Livro de
osué
Itamir Neves
Josué, um líder escolhido por Deus
Introdução
Josué é um livro com profundas verdades espirituais. Ele nos inspira a sermos
corajosos e nos orienta a enfrentar as batalhas espirituais, confiando em Deus para
sermos vitoriosos.
O Pentateuco nos mostrou Israel saindo do Egito e chegando à entrada de Canaã.
O livro de Josué dá prosseguimento e completa essa narrativa, mostrando a
conquista, a ocupação e a divisão da terra prometida pelas tribos israelitas. Nesse
relato do estabelecimento de Israel em Canaã, encontramos a fidelidade de Deus,
cumprindo a promessa, feita muitos séculos antes, a Abrão (conf. Gn 12.1-3).
Neste livro, Israel não apenas vence o inimigo, mas toma posse da promessa feita
ao povo de Deus. E o personagem fundamental nessa etapa da história da nação
eleita é Josué, a pessoa sobre quem vamos estudar. Da sua vida vamos extrair lições
que nos ajudarão a sermos líderes em ação, com a missão no coração!
Textos destacados
Êxodo 17.13-14; Números 27.18-23; Deuteronômio 31.3, 7-8; Josué 1.1-2; Hebreus
11.30
Algumas informações sobre o livro de Josué
Autoria - o próprio Josué (Js 24.26)
Data - provavelmente entre 1405 e 1375 a.C.
Tema - A vitória da fé na conquista da Terra Prometida
Propósito - Preservar a história e Israel e registrar a fidelidade de Deus em cumprir
suas promessas
Esboço resumido:
A entrada na Terra Prometida - 1-5
A conquista da Terra Prometida - 6-12
A divisão e ocupação da Terra Prometida - 13-24
Peculiaridades - Complemento do Pentateuco; o primeiro livro histórico
Lições singulares do livro 01. Cumprimento da promessa divina feita a Abrão (Gn 15.16)
02. Travessia do Jordão, mostrando o contínuo poder de Deus (Js 3.10)
03. O valor do contato pessoal com Deus (Js 5.13-15)
04. Raabe foi salva, mostra que Deus valoriza a fé nele (Js 6.22-25; Hb 11.31)
05. O pecado de Acã, resultado da desobediência (Js 7.1-26)
06. O compromisso de Josué e seu desafio para o povo (Js 24.1-25)
07. A vitória da fé - confiança total em Deus (1Jo 5.4)
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Contraste entre Moisés e Josué
Moisés - Ministério de Antecipação
Moisés atravessou o Mar Vermelho
Moisés libertou Israel da escravidão
Moisés deu uma visão de fé
Moisés falou de uma herança
Josué - Ministério de Realização
Josué atravessou o Jordão
Josué conduziu Israel à vitória
Josué conduziu a uma vida de fé
Josué conduziu Israel à posse de Canaã
Aspectos biográficos
01. O significado do nome “Josué”
Josué, inicialmente, chamava-se
Oseias (Nm 13.8), mais tarde, Moisés
mudou seu nome (Nm 13.16). “Oseias”
em hebraico significa “salvação”,
enquanto que “Josué” significa “o Senhor
é salvação”.
Moisés certamente sabia que aquele
fiel e corajoso jovem ainda seria
poderosamente usado por Deus para
“salvar seu povo” das mãos dos inimigos,
conduzindo-o com segurança à terra
prometida. O nome de Josué aparece na
Bíblia mais de 200 vezes.
02. O homem Josué
Josué era filho de Num e neto de
Elisama, príncipe da tribo de Efraim (Êx
33.11). Nasceu no Egito à época em que
seu povo estava debaixo do jugo de
Faraó.
Foi criado como escravo, e desde
Mapa Canaan
jovem teve a oportunidade de conviver
com Moisés, presenciando os extraordinários feitos de Deus por meio das mãos
desse grande líder.
Sendo o primeiro filho de sua família (1Cr 7.27), Josué jamais esquecera da
célebre noite em que as portas das casas do seu povo foram cobertas com
sangue de cordeiros para que os primogênitos não fossem eliminados pelo anjo
da morte (Êx 12.13,29-31).
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Josué tornou-se príncipe (isto é, maioral) da tribo de Efraim, como seu avô (1Cr
7.20,26,27; Nm 2.18,19; 10.22).
Josué talvez tenha sido o descendente mais ilustre de José. Era da tribo de
Efraim, especialmente abençoada por Jacó (conf. Gn 48.17-20). Do mesmo
modo que seu antepassado José foi o “salvador” dos seus irmãos no Egito,
Josué foi também o “salvador” do povo no deserto e aquele que os conduziu ao
descanso em Canaã.
03. Antecedentes
Josué comandou o exército de Israel e foi vitorioso na luta contra Amaleque
(Êx 17.9-14).
Estava com Moisés quando a Lei do Senhor foi dada (Êx 24.12-13).
Confundiu a manifestação do povo e foi orientado por Moisés (Ex 32.17).
Não se apartava da Tenda da congregação (Êx 33.11).
Teve ciúmes e foi questionado por Moisés por causa da profecia de Eldade e
Medade (Nm 11.28-29).
Como digno de confiança, foi um dos doze espias enviados por Moisés para
sondar a terra prometida (Nm 13.8, 16). Nessa ocasião teve seu nome trocado
para Josué (Nm 13.16).
Rasgou suas vestes, junto com Calebe, diante da incredulidade do povo (Nm
14.6) e desafiou o povo a crer na Palavra de Deus (Nm 14.7-9).
Juntamente com Calebe, foram os únicos da sua geração que entraram na
terra prometida (Nm 14.29-30; 26.65)
Ele e Calebe sobreviveram à praga e a morte dos dez espias incrédulos (Nm
14.38).
Foi designado por Deus como sucessor de Moisés (Nm 27.18-23).
Era um homem que tinha o Espírito Santo (Nm 27.18).
Foi citado por Deus e por Moisés como um exemplo de perseverança em
seguir o Senhor (Nm 32.12).
Recebeu ordens de Moisés sobre as duas tribos e meia que ficaram antes do
Jordão (Nm 32.28).
Foi indicado por Deus junto com o sacerdote Eleazar para repartirem a terra
prometida entre as tribos de Israel (Nm 34.17)
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Josué, um líder trabalhado por Deus
01. Escolhido para suceder Moisés (Dt 31.7,14,23)
Embora Deus tenha escolhido Josué desde o ventre de sua mãe para cumprir
seus santos desígnios, a mudança de seu nome sugere-nos que a escolha para
ser sucessor de Moisés deu-se em razão de seu bom caráter e de suas
habilidades de liderança para conduzir Israel à conquista da terra prometida.
No momento em que Deus ordenou a Moisés que chamasse Josué (Dt 31.14),
iniciou-se a preparação de mais um grande líder de Israel. Josué foi um fiel
servidor, por isso Deus lhe honrou com uma posição tão distinta.
02. A preparação de Josué para dirigir o seu povo
Os métodos de preparação de um líder para Deus são diferentes dos do
mundo. Os sistemas mundanos preparam seus líderes levando em conta
meramente suas habilidades intelectuais, humanas; enquanto que a preparação
de um líder para os assuntos do reino de Deus depende dos critérios e dos
motivos divinos.
A proeminência de Josué em Israel ocorreu somente depois de muitos anos de
fidelidade, tanto ao Senhor como a Moisés, o líder que lhe ensinara o caminho de
um governo eficaz. Moisés ensinou a Josué a depender totalmente da direção de
Deus em todas as circunstâncias de sua vida.
03. Alguns desafios que Josué enfrentou na sua preparação
Até assumir a liderança de Israel, Josué foi desafiado em várias circunstâncias,
enfrentando diversos obstáculos, os quais lhe deram condições de aprender a
lidar com as adversidades.
Ao longo da caminhada para Canaã o corajoso líder experimentou a aridez dos
desertos causticantes, a falta d'água, de alimentos básicos, sem falar nos
enfrentamentos com povos hostis. Essas experiências ensinaram-lhe a
depender de Deus e a respeitar a liderança de Moisés.
Houve momentos em que Moisés precisou de homens capazes e corajosos
para ajudá-lo a combater, por exemplo, os amalequitas no deserto de Refidim.
Foi então que Moisés incumbiu a Josué de escolher homens para o combate (Ex
17.8-9). Amaleque não resistiu e foi derrotado.
Como já vimos acima, Josué também foi um dos doze espias enviados a
esquadrinhar a terra de Canaã (Nm 13.8-16). De lá, apenas Josué e Calebe
trouxeram notícias positivas ao grande líder de Israel, demonstrando total
confiança naquilo que Deus prometera (Nm 14.6-30).
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Josué foi o líder preparado por Deus para suceder a Moisés. Ele enfrentou
grandes desafios para cumprir a vontade de Deus, mas em tudo foi vitorioso.
Quando Josué sucedeu a Moisés depois de sua morte (Dt 34.7-9), enfrentou o
grande desafio de conquistar a confiança do povo e substituir aquele que os
liderara segundo a sábia vontade de Deus.
Josué era o homem que Deus buscou para dar continuidade à obra de
redenção de Israel. Os líderes que Deus levanta passam, mas o seu povo jamais
fica abandonado, ou à mercê da própria sorte. O Senhor sempre prepara outros
para sucederem os que vão passando (Js 1.1-9).
Josué foi usado por Deus como um canal de bênçãos para o seu povo.
A lição que aprendemos deste relato é que Deus usa seus servos para cumprir
seus eternos propósitos.
A despeito de ter iniciado sua trajetória ainda jovem, tornou-se um homem
competente para trabalhar com o povo. Josué tornou-se um instrumento divino
para conduzir Israel à terra prometida. Em nenhum momento Josué deixou de
reconhecer que Deus sempre esteve no controle de tudo. Ele nunca tentou tomar
para si a glória que pertence somente a Deus.
Josué entendeu perfeitamente que as águas do Jordão só se abriram pelo
poder do Senhor, e que não foram suas estratégias militares que fizerem ruir os
muros de Jericó (Js 3; 4; 6).
Assim como Deus usou a Josué, também pode e quer usar-nos em sua obra.
Só depende de nossa fidelidade e compromisso com ele.
Qualidades do caráter de Josué
01. Obediência
Porque era obediente a Deus, Josué também foi um “servidor obediente” ao
seu líder (Êx 17.9,10; 24.13). Obedecer por amor, equivale à verdadeira
submissão, isto é, colocar-se sob a autoridade de alguém. O verdadeiro líder,
apesar de reconhecer sua autoridade, nunca age isolada e presunçosamente.
Josué aprendeu bem cedo que o sucesso de seu ministério dependeria de sua
obediência a Moisés, seu líder, e à Palavra de Deus (Js 1). Ele sabia que no
tempo apropriado Deus o honraria como líder principal de Israel.
Aplicação: A obediência é a prova real do nosso compromisso com a missão
que nos foi designada. A obediência deve dirigir-se primeiramente a Deus, a
quem servirmos, na esfera da implantação do reino de Deus entre nós. Mas, a
obediência também deve ser efetiva diante daqueles que são nossos superiores
ou guias espirituais. Em João 15.14, Jesus deixou foi bem objetivo quando disse:
“Vós sois meus amigos, se fazeis o que eu vos mando”.
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02. Fidelidade
Josué tinha um caráter íntegro, por isso, se manteve leal a Deus e a Moisés.
Ele assumiu um compromisso de fidelidade que o tempo não conseguiu abalar.
Fidelidade, ou lealdade, é uma qualidade moral de Deus (Tg 1.17). Paulo nos
ensina, em 2 Timóteo 2.13, que a fidelidade de Deus é o corolário da sua auto
coerência.
Moisés, em seu belíssimo cântico, antes de morrer (Dt 32.4,15,18), ilustrou a
lealdade divina valendo-se metaforicamente da “rocha”, isto é, “ele é a Rocha”
em que se pode confiar.
Josué aprendeu a confiar na fidelidade divina, logo, em tudo que fazia, sua
fidelidade era demonstrada em atitudes firmes no cumprimento das alianças
feitas com Deus e dos seus mandamentos (Dt 7.9).
Aplicação: O nosso Deus é o Deus da Aliança. Uma vez estabelecida uma
aliança, o que se espera é que cada parte cumpra com suas responsabilidades,
e assim fazendo com que a aliança se concretize. A quebra da aliança é motivada
pela infidelidade. Séculos mais tarde, o profeta Jeremias repreendeu
severamente o povo de Israel ao proclamar: ... “as tuas infidelidades te
repreenderão; sabe, pois, e vê que mau e quão amargo é deixardes o Senhor”...
(Jr 2.19).
03. Caráter sem manchas
Na liderança, o bom caráter é determinante para o sucesso de qualquer
empreendimento. Em diversas situações Josué soube manter o equilíbrio e
assim não quebrar os princípios aprendidos com Moisés. Ora, o caráter tem a ver
com o mundo interior de motivos e valores morais que moldam nossas ações. É,
na verdade, o elemento delimitador absoluto da qualidade da nossa liderança. É
ele que fortalece nossas capacidades enquanto as mantêm sob controle. O
caráter faz distinção entre os que administram bem o poder e os que abusam
dele.
Os valores de um caráter cristão ideal, tais como piedade, abnegação,
integridade e honestidade, são imprescindíveis à vida de um líder cristão. Josué
possuía um caráter submisso, fiel e sem manchas.
Aplicação: Deus, ainda hoje, continua chamando e capacitando homens e
mulheres que estejam dispostos a submeterem-se por amor à sua santa
vontade, a fim de liderar a sua Igreja, conduzindo-a ao seu destino final.
O desafio para desenvolver e completar dignamente a missão que Deus nos dá
é sabermos usar a autoridade que recebemos sem nos orgulharmos ou sermos
rancorosos com aqueles que estão sob nossa direção.
Só através de um caráter ilibado, sincero e honesto Deus nos achará em meio
aos seus servos e nos concederá o privilégio de servi-lo. Isaías foi exemplar em
se colocar humilde diante do Senhor (Is 6.5)
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04. Confiança em Deus
A vida de Josué foi repleta de emoção, diversidade, sucesso e honra. Era
conhecido pela profunda confiança em Deus. Na juventude viveu a realidade da
escravidão no Egito, mas viu também as pragas sobrenaturais enviadas por
Deus ao Egito e o milagre das águas do Mar Vermelho se abrirem diante do povo
de Israel. Somente ele teve permissão de subir o monte Sinai com Moisés, onde
foram outorgadas as tábuas da Lei (Êx 24.13-14).
Josué foi eleito para representar sua tribo, Efraim, quando os 12 espias foram
enviados para conhecer a região de Canaã. Somente ele e seu amigo Calebe
estavam dispostos a obedecer a vontade de Deus e tomar posse da terra (Nm
14.26-34).
Josué foi um homem de fé (conf. Hb 11.30). Ele soube inculcar aos israelitas o
amor ao Senhor e a dependência dele (Jz 2.6-7), e foi um exemplo para todo o
povo (Js 24.15). Viveu bastante tempo para ensinar as leis divinas à geração
estabelecida em Canaã (Josué 23-24), morreu com a idade de 110 anos e foi
sepultado em Timnate-Sera, no monte de Efraim (24.29-30).
Aplicação: O verdadeiro cristão é incentivado a aprender as lições espirituais
que podem ser tiradas das experiências de Israel ao entrar em Canaã. A vida
cristã não é uma aventura sem desafios e conflitos, ela não é nenhum “passeio
turístico”, pelo contrário, é uma guerra ofensiva contra o reino das trevas.
Estamos todos na luta para entrar definitivamente na Canaã celestial, e por isso
combatemos as forças do submundo pertencente a um adversário poderoso. Em
razão disso, a advertência de Paulo faz todo o sentido e nos chama a atenção
quando diz: “Pois tudo quanto outrora foi escrito, para o nosso ensino foi escrito”
(Rm 15.4).
05. Josué confiava no Deus sobrenatural, no Deus santo
Na travessia do Jordão (Js 3), na aparição do príncipe do Exército do Senhor
(Js 5), na queda de Jericó (Js 6), na vitória sobre Ai (Js 8), no dia longo quando o
sol e a lua foram detidos (Js 10), nas inúmeras vitórias contra as nações e reinos
próximos (Js 10, 11 e 12), na divisão da terra para as tribos israelitas (14-19), no
estabelecimento das cidades de refúgio (Js 20) e na distribuição das cidades dos
levitas (Js 21), Josué demonstrou total confiança em Deus que age
sobrenaturalmente em demonstração da sua soberania e do seu poder,
sabendo, entretanto, que dentre as exigências de Deus estava a obediência, a
submissão e a santidade, a santificação do povo diante do Senhor.
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Aplicação: O impossível se torna possível quando o crente está em santidade
e obediência diante de Deus! Embora tudo nos seja dado pela graça do Senhor, a
santificação e a submissão irrestrita à Palavra de Deus são requisitos
indispensáveis para a completa vitória na vida cristã. Através dessas duas
virtudes indissociáveis o crente aproxima-se de Deus por meio de nosso Senhor
Jesus Cristo.
É preciso santificar-se para que as águas transbordantes do Jordão sequem. É
necessário submissão para que os muros de Jericó caiam. A Arca que leva a
presença de Deus adiante do povo é acompanhada com a santidade do povo do
Senhor que está na retaguarda. Logo, a santidade não é uma opção do crente,
mas um mandamento do Senhor (Lv 19.2). A busca pela santidade é um
reconhecimento das ações generosas e gratuitas de Deus, e foram algumas das
razões das grandes conquistas de Israel. Elas se tornaram possíveis, porque
eles se aproximaram de Deus através da santificação. O próprio Josué disse ao
povo: "Santificai-vos, porque amanhã fará o SENHOR maravilhas no meio de
vós" (Js 3.5).
Alguns fatos e aplicações espirituais vistas no livro
Além dessas lições extraídas da vida de Josué, ao considerarmos o conteúdo
do livro percebemos alguns paralelos inspirativos:
01) O cordão carmesim dado a Raabe para a salvação sua e dos seus
familiares (Js 2) nos faz lembrar que é pelo sangue de Cristo que somos
salvos (Rm 5.9).
02) A Arca da Aliança sendo conduzida na travessia do Jordão (Js 3.2-5) é um
símbolo da presença de Deus proporcionada pelo sacrifício de Jesus (Hb
10.19).
03) A passagem do povo pelo Jordão (Js 4.11) é uma imagem do batismo do
regenerado, que aceita identificar-se com Cristo em sua morte para andar
com ele em novidade de vida (Rm 6.4).
04) A circuncisão do povo (Js 5) nos relembra a separação que o cristão deve
ter do mundo e a necessidade de sermos circuncidados não fisicamente,
mas no coração (Rm 2.29; Fl 3.2-3).
05) Quanto a celebração da Páscoa (Js 5.10-12), que era um memorial da
libertação da escravidão do Egito, nos lembra a celebração da Ceia (1Co
11.23-32) que relembra a libertação espiritual que Cristo nos dá.
06) A conquista de Jericó (Js 6) prefigura a luta que todos os cristãos devem
ter enfrentando as fortalezas do adversário (2Co 10.4).
07) A derrota de Israel pelo pecado de Acã (Js1-26) é uma advertência para
cada cristão, pois o corpo sofre quando um membro está deficiente (1Co
12.26; Hb 10.24-25).
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Josué | 21
08) O engano provocado por Gibeão (Js 9-10) nos faz lembrar da advertência
de Cristo para sermos símplices, mas ao mesmo tempo prudentes (Mt
10.16)
09) O extermínio dos cananeus (Js 10-12) põe diante de nós o objetivo
proposto ao cristão: tomar-se vencedor sobre os principados espirituais
vencendo também o pecado que tenazmente nos assedia (Ef 6.12; Hb
12.1-2).
10) A divisão do país (Josué 13-19) nos desafia a tomar posse da nossa
herança, que é o repouso espiritual prometido ao povo de Deus (Hb 3-4).
11) Quanto às cidades de refúgio (Josué 20), representam, de maneira
maravilhosa, a eterna segurança do redimido em Cristo (Rm 8.31-39).
Há ainda muitos outros ensinamentos espirituais a serem tirados deste
livro de Josué, extraordinariamente rico em instruções práticas para a
nossa marcha cristã.
12) Quando consideramos o esboço detalhado do livro obtemos lições
preciosas.
Josué - A vitória da fé
Esboço do livro de Josué
I - A entrada em Canaã
01. Josué é comissionado
Cap. 1 - A garantia da fé
02. Jericó é espionada
Cap. 2 - A prudência da fé
03. O Jordão é atravessado
Cap. 3 - A crise da fé
04. Os memoriais são estabelecidos
Cap. 4 - O testemunho da fé
05. A circuncisão e a Páscoa
Cap. 5 - A marca da fé
Caminho para Jericó
II - A conquista de Canaã
06. A queda de Jericó – cap. 6 - O triunfo da fé
07. O pecado e castigo de Acã – cap. 7 - A incapacidade da fé
08. A batalha e vitória sobre Ai – cap. 8 - A restauração da fé
09. A aliança com Gibeon – cap. 9 - A ameaça à fé
10. A expulsão de todos inimigos – caps. 10-12 - A completa vitória da fé
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III - A divisão e ocupação de Canaã
11. A distribuição da terra – cap. 13-19 - A recompensa da fé
12. As cidades de refúgio – cap. 20 - A proteção da fé
13. As cidades dos levitas – cap. 21 - A preservação da fé
14. O altar do testemunho – cap. 22 - A unificação da fé
15. As recomendações e a despedida de Josué – cap. 23-24 - A continuidade e a
permanência na fé.
Esse esboço do livro nos faz lembrar que Deus abençoa e cabe a nós a obediência
a ele. O livro, de um modo geral, trata da vitória sobre o inimigo e da posse da terra.
Aplicando espiritualmente estes acontecimentos, vemos a lição de que a nós é
dada a responsabilidade de crer nas promessas de Deus e através da obediência
lutarmos para conquistá-las.
As palavras finais de Josué e sua aplicabilidade - Js 23
A síntese desafiadora deste capítulo pode ser expressa nessa afirmação:
Somente quando damos atenção às palavras dos nossos guias espirituais
temos a possibilidade de permanecermos na fé.
E por isso é possível também dizer que nesses versos encontramos sete
aplicações que nos auxiliam a permanecer na fé:
01. É necessário reconhecermos a finitude da vida humana - vs. 1-2
1Passado muito tempo, depois que o SENHOR concedeu a Israel descanso de
todos os inimigos ao redor, Josué, agora velho, de idade muito avançada,
2convocou todo o Israel, com as autoridades, os líderes, os juízes e os oficiais, e
lhes disse: “Estou velho, com idade muito avançada. [...]”
Josué convocou os líderes de Israel constatando que os seus dias,
consequentemente, o seu ministério estavam chegando ao fim. Josué, muito
sabiamente, sabendo que todo ser humano tem um fim, deixou claro que sua
etapa na realização da tarefa designada por Deus já estava completa. Como um
líder sábio, não apegado à posição, ele tomou a iniciativa de publicamente
anunciar o seu fim. Essa mesma atitude deveriam ter muitos líderes que se
apegam aos seus cargos e funções não dando qualquer espaço às novas
lideranças que o próprio Senhor vai despertando. Precisamos entender que
esse é o fim de todos nós e a diferença entre um bom e um mau líder se vê no
quanto treinou e capacitou outros, afim de torná-lo totalmente substituível. Esse
deve ser o nosso alvo.
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Josué | 23
02. É necessário reconhecermos que Deus luta em nosso favor - v. 3
“[...] 3Vocês mesmos viram tudo o que o Senhor, o seu Deus, fez com todas
essas nações por amor a vocês; foi o Senhor, o seu Deus, que lutou por vocês.
[...]”
Josué confirmou diante dos líderes de Israel uma verdade que eles já sabiam e
não deveriam esquecer: quem lutou, quem conquistou todas aquelas nações foi
Deus em favor de Israel. O amor de Deus, a sua graça e a sua misericórdia fazem
com que as suas ações sejam benéficas a todos nós, porém, muitas vezes nos
esquecemos que é ele quem age e pensamos que os méritos são nossos. Todo
louvor, toda a honra e toda a glória devem ser tributadas somente a Deus.
03. É necessário reconhecermos a tarefa
vitoriosa, porém inacabada - vs. 4-5
“[...] 4Lembrem- se de que eu reparti
por herança para as tribos de vocês
toda a terra das nações, tanto as que
ainda restam como as que conquistei
entre o Jordão e o mar Grande, a oeste.
5O SENHOR, o seu Deus, as expulsará
da presença de vocês. Ele as
empurrará de diante de vocês, e vocês
se apossarão da terra delas, como o
Senhor lhes prometeu. [...]”
Vista do Rio Jordão
Josué demonstrou a sua humildade, o reconhecimento da sua limitação. Ele
fez o que um cristão maduro deve fazer: lembrar que somos apenas
instrumentos nas mãos de Deus e que é ele quem luta por nós. Josué, sem
orgulho e sem falsa modéstia mencionou claramente que tinha obtido vitórias e
tinha repartido o território da Palestina para todas as tribos de Israel. Ele sabia
considerar o bem que fizera, como fora capacitado por Deus. Porém, também
lembrou os líderes de Israel que ainda existiam áreas a serem conquistadas e
para que isso acontecesse teriam que confiar totalmente em Deus que
expulsaria aquelas nações diante deles. Essas palavras de Josué nos lembram
de Paulo quando pediu-nos o abandono do orgulho (Rm 12.3) Esse deve ser o
procedimento do cristão: não pensar além do que convém. Devemos reconhecer
o que fizemos, mas devemos admitir que ainda tem muito a ser feito. Devemos
lembrar que só pela fé, só confiando no Senhor é que as realizações
acontecerão.
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04. É necessário reconhecermos a importância da obediência a Deus - vs. 6-8
“[...] 6Façam todo o esforço para obedecer e cumprir tudo o que está escrito no
Livro da Lei de Moisés, sem se desviar, nem para a direita nem para a esquerda.
7Não se associem com essas nações que restam no meio de vocês. Não
invoquem os nomes dos seus deuses nem jurem por eles. Não lhes prestem
culto nem se inclinem perante eles. 8Mas apeguem-se somente ao SENHOR, o
seu Deus, como fizeram até hoje”
Josué não quis deixar nenhuma dúvida. Ele deu três ordens claras: 1)
deveriam obedecer e cumprir completamente tudo o que estava escrito na Lei (v.
6); 2) não deveriam se misturar com as outras nações; não deveriam nem
mencionar o nome dos seus deuses (conforme recomendou Paulo em Ef 5.3-4),
nem jurar por eles, nem servi-los ou adorá-los (v. 7); e 3) deveriam apegar-se
totalmente ao Senhor (v. 8). Josué sabia que iria partir, mas deixou claro para a
liderança israelita como deveriam proceder para permanecer na fé.
05. É necessário reconhecermos a importância de amar a Deus - vs. 9-11
“[...] 9O SENHOR expulsou de diante de vocês nações grandes e poderosas;
até hoje ninguém conseguiu resistir a vocês. 10Um só de vocês faz fugir mil, pois
o SENHOR, o seu Deus, luta por vocês, conforme prometeu. 11Por isso
dediquem-se com zelo a amar o SENHOR, o seu Deus. [...]”
Josué enfatizou o mais importante. Ele relembrou as vitórias nas batalhas, o
medo dos inimigos; lembrou-se ainda mais uma vez de que o próprio Senhor
lutava por Israel. Tudo era muito importante e eles deveriam se lembrar e assim
agirem pela fé. Porém, Josué declarou-lhes o que realmente tinha valor: amar a
Deus, guardando a alma longe do pecado. O nosso amor a Deus reconhecido
pelo próprio Deus é fundamental. Quando amamos a Deus, movemos o seu
coração em nosso favor!
06. É necessário reconhecermos a certeza da disciplina de Deus diante da
desobediência - vs. 12-13
“[...] 12Se, todavia, vocês se afastarem e se aliarem aos sobreviventes dessas
nações que restam no meio de vocês, e se casarem com eles e se associarem
com eles, 13estejam certos de que o SENHOR, o seu Deus, já não expulsará
essas nações de diante de vocês. Ao contrário, elas se tornarão armadilhas e
laços para vocês, chicote em suas costas e espinhos em seus olhos, até que
vocês desapareçam desta boa terra que o SENHOR, o seu Deus, deu a vocês.
[...]”
A permanência na terra prometida dependia da fidelidade de Israel às normas
da Aliança. “Permanecer na terra prometida dependia da condição prévia da
fidelidade ao Senhor e da separação dos idólatras que ainda habitavam no seu
redor. Se Israel deixasse de cumprir essas condições seria banido da terra... O
Senhor proibia alianças, quer nacionais, quer domésticas, com o povo de Canaã,
porque semelhantes alianças tenderiam a comprometer a lealdade de Israel ao
Senhor” (NVI. 2003, pg. 355).
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Josué | 25
07. É necessário reconhecermos a fidelidade de Deus em cumprir todas as
suas Palavras: bênçãos ou maldições - vs. 14-16
“[...] 14Agora estou prestes a ir pelo caminho de toda a terra. Vocês sabem, lá no
fundo do coração e da alma, que nenhuma das boas promessas que o SENHOR,
o seu Deus, lhes fez deixou de cumprir-se. Todas se cumpriram; nenhuma delas
falhou. 15Mas, assim como cada uma das boas promessas do SENHOR, o seu
Deus, se cumpriu, também o SENHOR fará cumprir-se em vocês todo o mal com
que os ameaçou, até eliminá-los desta boa terra que lhes deu. 16Se violarem a
aliança que o SENHOR, o seu Deus, lhes ordenou, e passarem a cultuar outros
deuses e a inclinar-se diante deles, a ira do SENHOR se acenderá contra vocês,
e vocês logo desaparecerão da boa terra que ele lhes deu.”
Josué despediu-se deixando um aviso significativo, que já fora dado
anteriormente, mas que necessitava ser reforçado. Assim como Deus
abençoaria Israel diante da sua obediência, Deus, em sua justiça, colocaria sua
mão contra Israel, caso houvesse desobediência e infidelidade. A promessa já
feita desde os dias de Moisés era que Israel seria expulso da terra se não
cumprisse sua parte na aliança já estabelecida.
Deus é fiel, justo e não faz acepção de pessoas ou nações. Assim como essas
nações estavam sendo expulsas por Israel por causa do seu pecado, assim
também Israel, se pecasse, também seria expulso dessa terra prometida (e
sabemos que isso ocorreu em 722 a.C. quando o reino do Norte foi desalojado
para a Assíria, e em 586 a.C. quando o reino do Sul foi desalojado para a
Babilônia).
Conclusão
Que o Senhor, através da vida e do ministério de Josué, ao levar o povo à terra
prometida nos capacite a viver de tal modo a mantermos o nosso coração focado
na missão que ele nos deu.
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Líder em ação
Missão no coração
Missão de
onas
Luiz Sayão
O profeta Jonas
O líder fracassado na missão
do Deus de poder ilimitado
1. Entendendo o livro
Focalizando o profeta Jonas como o autor direto do livro, a data encaixa-se no
reinado de Jeroboão II, em Israel (Reino do Norte), entre 793 a 753 a.C. As sugestões
de datação afirmam uma data por volta de 760 a.C. Essa posição mais tradicional
entende 2Reis 14.25 como fundamental para identificar Jonas. O profeta (1.1) era
filho de Amitai, de Gate-Héfer, localidade perto de Nazaré.
Se o texto final de Jonas é redação de outro autor, isso poderia ter ocorrido em
outra época. Dentre os que sustentam outro autor, alguns datam o livro na segunda
metade do século VIII a.C., ou no início do século VII a.C., baseados nas datas pósexílica, após a destruição de Nínive em 612 a.C.
Com uma atitude muito nacionalista e
antiassíria, o profeta Jonas rejeitou o fato
de que Deus pudesse perdoar a cidade de
Nínive, já que seus habitantes mereciam
juízo. Ele foi o único profeta mandado aos
gentios no Antigo Testamento, mas
desejava o fim dos assírios, inimigos de
Israel desde o século IX a.C.
O nome “Jonas” significa “pomba”, em
hebraico. O profeta é surpreendentemente
apresentado como obstinado, irritado, malhumorado e impaciente. Jonas descreve o
SENHOR como Deus do céu, o Criador do
mar e da terra (1.9).
Do ponto de vista teológico, o livro de
Jonas enfatiza a soberania divina, a ação
universal de Deus, interferindo no destino
das outras nações, a misericórdia extrema
do SENHOR e faz uma crítica irônica ao
nacionalismo judaico.
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Jonas 1.1 em hebraico
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Um esboço básico do livro pode ser assim resumido:
I.
A missão do profeta 1.1-3
A. O chamado de Jonas 1.1-2
B. A fuga para Társis 1.3
II. A soberania do SENHOR 1.4-2.10
A. O SENHOR envia a grande tempestade 1.4-9
B. O profeta Jonas é lançado ao mar 1.10-16
C. O SENHOR envia o grande peixe 1.17
D. A oração de Jonas 2.1-9
E. Jonas é vomitado na terra 2.10
III. A missão é retomada 3.1-10
A. Deus dá uma segunda chance a Jonas 3.1-3
B. Jonas prega em Nínive 3.4
C. Nínive se arrepende 3.5-9
D. A misericórdia divina 3.10
IV. A reação negativa de Jonas 4.1-11
A. A fúria de Jonas 4.1-5
B. Deus ensina sua lição 4.6-11
Vista do mar Mediterrâneo em Jope, Israel.
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Jonas | 29
2. Chamado e fuga de Jonas - Capítulo 1
O primeiro capítulo do livro apresenta a convocação de Jonas da parte do
SENHOR e sua recusa em obedecê-lo. Pode ser dividido em três partes.
2a - Profeta desnorteado, caminho errado (1.1-3)
1A
palavra do SENHOR veio a Jonas, filho de Amitai, com esta ordem: 2“Vá
depressaa à grande cidadeb de Nínive e pregue contrac ela, porque a sua
maldade subiu até a minha presença”.
3Mas Jonas fugiu da presença do SENHOR, dirigindo-se para Társisd. Desceue à
cidade de Jope, onde encontrou um navio que se destinava àquele porto. Depois
de pagar a passagem, embarcou para Társis, para fugir do SENHOR.
O livro abre a história de Jonas, apresentando a convocação do SENHOR ao
profeta para executar uma importante missão. A proposta divina foi totalmente
inesperada e provocou a reação negativa de Jonas. O fato é que a vontade de Deus
surpreendeu e ultrapassou as limitadas expectativas do profeta. A palavra do Deus
justo e soberano incomoda Jonas. Ele não pode entender o projeto de Deus.
Ao contrário do que se poderia imaginar, Deus se importa com a cidade de
Nínive, capital do brutal império assírio. Ninguém imaginaria que uma cidade
perversa, pagã e cruel teria qualquer esperança, principalmente sendo a capital de
um império inimigo de Israel. Enquanto Jonas enxerga apenas a realidade de Israel,
Deus olha também para a pior cidade pagã.
Não há dúvida de que Jonas fica decepcionado com Deus. Afinal, sua visão
limitada não permite compreender os planos do SENHOR. É surpreendente, mas o
profeta, refém de sua visão limitada, abandona tudo: terra natal, carreira, amigos e
parentes. Num caminho de egoísmo e depressão, com sua perspectiva fechada, que
ignorava o projeto de Deus entre outros povos, Jonas foge de Deus e abandona sua
vida de profeta em Israel. É impressionante descobrir que gente que conhece a Deus
e parece muito normal também comete grandes erros. Esse é o caso de Jonas.
a 1.2
b 1.2
c 1.2
d 1.3
e 1.3
O hebraico diz literalmente: “levante-se e vá”. A ideia dessa hendíade é: “vá imediatamente”.
Grande cidade pode ter o sentido de “capital” ou de “lugar muito importante”.
A ideia do hebraico é “ anuncie juízo”.
Társis é um nome genérico, que tem o sentido de “lugar costeiro distante”. Tradicionalmente associado à Espanha.
Descer tem importância literária, já que Jonas “desce cada vez mais”, quando se afasta do SENHOR.
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2b - Tempestade no mar, hora de despertar (1.4-9)
4O SENHOR, porém, fez soprar um forte vento sobre o mar, e caiu uma tempestade
tão violenta que o barco ameaçava arrebentar-se. 5 Todos os marinheiros
ficaram com medo e cada um clamava ao seu próprio deusf. E atiraram as cargas
ao mar para tornar o navio mais leveg.
Enquanto isso, Jonas, que tinha descidoh ao porão e se deitara, dormia
profundamentei. 6O capitão dirigiu-se a ele e disse: “Como você pode ficar aí
dormindo? Levante-se e clame ao seu deus! Talvez ele tenha piedade de nós e
não morramos”.
7Então os marinheirosj combinaram entre si: “Vamos lançar sortesk para
descobrir quem é o responsável por esta desgraça que se abateu sobre nós”.
Lançaram sortes, e a sorte caiu sobre Jonas.
8Por isso lhe perguntaram: “Diga-nos, quem é o responsável por esta
calamidade? Qual é a sua profissão? De onde você vem? Qual é a sua terra? A
que povo você pertence?”
9Ele respondeu: “Eu sou hebreu, adoradorl do SENHOR, o Deus dos céus, que fez
o mar e a terra”.
Um dos aspectos importantes que o texto bíblico começa
a mostrar é deixar muito claro quem é o Deus que se revelou a
Israel. Tudo indica que Jonas teve coragem de fugir do SENHOR
porque imaginava que longe da terra de Israel seria possível
escapar de Deus. O mundo pagão antigo entendia que as
divindades estavam geograficamente definidas. Aqui vemos o
fato de que Deus tem o poder sobre a terra e o mar. Ele é
poderoso e soberano. Nada pode deter seus planos e
propósitos. Isso é muito claro no texto de Jonas.
Obelisco Negro do
Rei Assírio Salmaneser III
(Museu Britânico)
Diante dessa realidade, não restará dúvida de que fugir
de Deus é loucura e absolutamente inútil. Não como ir para
Társis! Ele nunca chegará! A fuga causa apenas a “descida”
constante de Jonas, que vem das montanhas da terra de
Israel, desce a Jope, depois desce ao navio e finalmente
f 1.5 O hebraico permite a tradução: “aos seus próprios deuses”.
g 1.5 Já que a palavra hebraica Yam refere-se ao mar e também
à divindade do mar, o sentido do texto bem pode ser: “atiraram as para
apaziguar o deus Yam”.
h 1.5 A ênfase na “descida” de Jonas prossegue no texto.
i 1.5 O hebraico original reflete um sono muito pesado.
j 1.7 O termo “marinheiros” é acréscimo para clareza. O hebraico diz: “eles”.
k 1.7 Prática comum no Antigo Oriente Próximo, e em Israel, para se determinar a vontade divina.
l 1.9 O hebraico original diz: “temo a YHWH”. Aqui o verbo significa “adorar, cultuar”.
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Jonas | 31
desce ao porão da embarcação. Num caminho de fuga e de crescente depressão,
vemos o contraste entre o frágil e limitado profeta Jonas e o Deus soberano e senhor
do tempo e do espaço.
O que é surpreendente na narrativa bíblica é o fato de que Deus não desiste de
Jonas. Apesar de o profeta mostrar-se “reprovado” pela sua atitude e conduta, o
SENHOR Soberano mantém sua mão sobre a vida dele. E, nessa dupla ação divina,
com Jonas e com os gentios pagãos, há uma forte ironia no texto bíblico. Deus mostra
como o seu poder usa a “desobediência” do profeta para revelar-se aos pagãos
cananeus que estão no navio. A ironia é que Jonas “foge dos pagãos” de Nínive e
encontra os “pagãos do navio”. A ênfase no poder soberano de Deus é ainda mais
acentuada quando ele interfere no “lançar de sortes” dos marinheiros cananeus para
mostrar que Jonas é o culpado da tempestade que está atingindo a todos.
Chama a atenção como os eventos tomam um rumo curioso na narrativa bíblica.
O profeta Jonas deveria estar dirigindo a palavra aos gentios pagãos na Assíria. No
entanto, para a vergonha do profeta, ele é acordado e interrogado pelos gentios
pagãos cananeus no navio, numa espécie de inquérito. A fuga da missão não
funciona, pois querendo ou não, Jonas haverá de revelar aos marinheiros gentios
quem é o SENHOR. Assim, ele se apresenta (não há outra opção) e afirma que é
adorador do Deus de Israel, o SENHOR, descrito como o “Deus dos céus, que fez o mar
e a terra. Essa declaração, com certeza, soou muito forte aos ouvidos dos gentios
cananeus. Eles nunca ouviram falar de um Deus tão poderoso. Os seus deuses
sempre foram muito limitados e circunscritos a ambientes específicos (rio, deserto,
montanha, planície, mar, etc.). O que mais impressiona é o triunfo divino, apesar de
todas as circunstâncias. O propósito maior, que é a revelação do SENHOR aos gentios,
acontece de modo extraordinário.
2c - O profeta é complicado, mas Deus é adorado
10Então
os homens ficaram apavorados e perguntaram: “O que foi que você
fez?”, pois sabiam que Jonas estava fugindo do SENHOR, porque ele já lhes tinha
dito.
11Visto que o mar estava cada vez mais agitado, eles lhe perguntaram: “O que
devemos fazer com você, para que o mar se acalme?”
12Respondeu ele: “Peguem-me e joguem-me ao mar, e ele se acalmará. Pois eu
sei que é por minha causa que esta violenta tempestade caiu sobre vocês”.
13Ao invés disso, os homens se esforçaram ao máximo para remar de volta à
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terra. Mas não conseguiram, porque o mar tinha ficado ainda mais violento.
clamaram ao SENHOR: “SENHOR, nós suplicamos, não nos deixes morrer
por tirarmos a vida deste homem. Não caia sobre nós a culpa de matar um
inocente, porque tu, ó SENHOR, fizeste o que desejavas”. 15 Em seguida pegaram
Jonas e o lançaram ao mar enfurecido, e este se aquietou. 16Ao verem isso, os
homens adoraramm o SENHOR com temor, oferecendo-lhe sacrifício e fazendolhe votos.
14Eles
Como se pode observar, as coisas vão ficando cada vez mais complicadas.
Sabendo que Jonas estava fugindo desse Deus tão poderoso, os marinheiros ficam
muito assustados. Eles temem que a situação piore. Então, a ironia que envolve a
questão de fé aparece com força no texto. Embora fosse esperável que o “profeta do
SENHOR” fosse levar salvação e esperança aos gentios pagãos, agora são esses
gentios que estão tentando salvar Jonas! É curioso e interessante!
O fato é que a emenda sai melhor do que o soneto, pois os marinheiros não
recorrem a outros deuses, como se poderia esperar. Agora que ouviram falar do
“Deus de Jonas”, eles passam a buscar livramento com a ajuda desse Deus! O verso
14 traz uma frase de alto impacto: “SENHOR, nós suplicamos ...”. Ou seja, temos aqui
uma rara oração de um gentio pagão a Deus. Certamente é a primeira oração de um
grupo de gentios a Deus na Bíblia Hebraica.
Fica, portanto, muito clara a ênfase da ação soberana e poderosa de Deus no
contexto da história. O SENHOR vai transformar a fuga de Jonas em projeto
missionário aos gentios pagãos, já que a nação de Israel tinha esse propósito desde a
sua fundação (Êx 19.5-6). Deus está no controle. Não é a atitude insolente,
aborrecida e desesperada de um profeta frágil que poderá impedir o projeto divino.
Apesar de Jonas continuar descendo cada vez mais (agora sendo lançado ao mar), a
missão toma forma, e Deus mostra o seu poder e a sua soberania.
O capítulo termina apresentando a conversão dos marinheiros gentios ao
SENHOR, o Deus que se revelou a Israel. Se observarmos bem o contexto, veremos
que é improvável que eles tenham feito sacrifícios na hora, no navio. Dificilmente eles
teriam condições de fazer isso naquele momento. Tudo indica que eles fizeram
sacrifícios ao SENHOR depois que desceram do navio. O verbo hebraico que aparece
no texto permite a tradução mais adequada: eles “passaram a adorar o SENHOR”. Isso
significa que, uma vez em terra, os marinheiros passaram a servir ao Deus já
conhecido e adorado em Israel.
m 1.16
O imperfeito do hebraico deve ser inceptivo. O sentido seria: “eles passaram a adorar o SENHOR ...”.
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trans mundial
Jonas | 33
A - O chamado de Jonas (1.1-2)
B - Jonas x YHWH: A fuga de Jonas e a tempestade de YHWH (1.3-4)
C - O Diálogo entre Jonas e os marinheiros: o tema do “temor” (1.5-13)
D - A oração dos marinheiros (1.14a)
E - O Agir do YHWH Soberano (1.14b)
F - O mar revolto se acalma (“ira”) (1.15)
G - Os homens temem YHWW com grande temor (1.16)
H - YHWH envia o grande peixe para mudar Jonas (2.1-2)
I - O Cântico de Jonas (2.3-10)
J - Jonas arrependido é salvo (2.11)
O CHAMADO DE JONAS É RENOVADO (3.1-4)
J’ - Nínive arrependida será salva (3.5-7a)
I’ - O Decreto do Rei de Nínive (3.7b-9)
H’ - Deus muda sua determinação (3.10)
G’ - Grande mal atinge Jonas (4.1a)
F’ - Jonas fica irado (4.1b)
E’ - O Agir do YHWH Soberano (4.2)
D’ - A oração de Jonas (4.3)
C’ - O Diálogo entre YHWH e Jonas (4.4-9)
B’ - YHWH x Jonas: A compaixão de YHWH (4.10-11)
A’ - A resposta de Jonas/Israel esperada (…)
Estrutura literária quiástica do livro de Jonas
3. A oração de Jonas no ventre do peixe - Capítulo 2
17O
SENHOR fezn com que um grande peixeo engolisse Jonas, e ele ficou dentro
do peixe três dias e três noites.p
2 1Dentro do peixe, Jonas orou ao SENHOR, o seu Deus.
2E disse: “Em meu desespero clamei ao SENHOR, e ele me respondeu.
Do ventre da morteq gritei por socorro, e ouviste o meu clamor.
nas profundezas, no coração dos mares; correntezas formavam
um turbilhão ao meu redor; todas as tuas ondas e vagas passaram sobre mim.
4Eu disse: Fui expulso da tua presença; contudo, olharei de novo para o teu santo
templo.
3Jogaste-me
n 1.17 O Hebraico diz: “preparou”. O verbo é usado tecnicamente (4.6,8) e enfatiza a ação soberana de Deus.
o 1.17 O termo hebraico dag, peixe, é de uso genérico. Os antigos judeus não faziam distinção entre peixes e cetáceos.
p 1.17 O Texto Massorético (Hebraico) começa o novo capítulo neste versículo, diferentemente das versões em português.
q 2.2 O Hebraico diz: Sheol. Trata-se do mundo dos mortos.
34 | Congresso Rádio Trans Mundial 2016
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5As águas
agitadas me envolveram, o abismo me cercou, as algas marinhas se
enrolaram em minha cabeça.
6Afundei até chegar aos fundamentos dos montes; à terra embaixo, cujas
trancas me aprisionaram para sempre. Mas tu trouxeste a minha vida de volta da
sepulturar, ó SENHOR, meu Deus!
7“Quando a minha vida já se apagava, eu me lembrei de ti, SENHOR, e a minha
oração subiu a ti, ao teu santo templo.
8“Aqueles que acreditam em ídolos inúteiss desprezam a misericórdia.
9Mas eu, com um cântico de gratidão, oferecerei sacrifício a ti. O que eu prometi
cumprirei totalmente. A salvação vem do SENHOR”.
10E o SENHOR deu ordens ao peixe, e ele vomitou Jonas em terra firme.
Quem poderia imaginar? Somente agora aparece uma oração do profeta de
Deus! A ironia é que antes de Jonas, os marinheiros pagãos “clamaram” ao SENHOR.
Todavia, a mais bela surpresa desse texto, que focaliza agora a oração de Jonas no
ventre do peixe, é o fato de que Deus não abandona o seu profeta. Mesmo depois de
tanta incompreensão e descompasso por parte do profeta, o cuidado divino é
constante. Agora o amor fiel do SENHOR se manifesta de modo contínuo e
permanente. Deus poderia ter desistido de Jonas pela sua incapacidade de realizar a
obra do Altíssimo. Mas, isso não acontece. O SENHOR mostra-se no controle não só da
natureza, mas também do próprio destino do profeta.
Diante desse cenário da magistral providência divina, o desobediente profeta
Jonas terá uma oportunidade de aprender mais em sua jornada. Ele terá a chance de
entender um pouco mais dos caminhos de Deus. Quem lê o desfecho do capítulo
primeiro, jamais imaginaria encontrar uma oração tão detalhada como a que vemos
no capítulo seguinte. Somente o momento difícil do profeta foi capaz de leva-lo à
dependência do SENHOR. De fato, parece claro que o capítulo dois pretende mostrar
que é na tribulação que muitas vezes surge a verdadeira oração.
Como se pode verificar, a discussão geográfica tem muita importância no livro de
Jonas. É interessante notar que “a oração no ventre do peixe” (nos lugares mais
profundos) vai mencionar tanto o valor do “santo templo” do SENHOR (no lugar
elevado). O contraste é nítido. Por outro lado, num certo sentido, apesar de ser
mencionado que o SENHOR tem o seu templo, lugar central do seu culto, isso não
significa que ele esteja restrito a uma área geográfica específica. Por isso, em
sintonia com o ensino do livro, podemos verificar aqui que a oração a Deus pode ser
feita em qualquer lugar, especialmente num ambiente tão inusitado como “o ventre do
peixe”, pois ele é o Deus do céu, da terra e do mar.
r 2.6
s 2.8
O Hebraico diz: “abismo”. É claro que Jonas não morreu. A figura literária quer dizer que Deus preservou a vida do profeta.
O Hebraico diz: “vazios”. É a palavra “vaidade” de Eclesiastes. O contexto deixa claro que o sentido é “ídolos inúteis”.
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A situação de Jonas chama muito a atenção. No capítulo 1 está claro que Deus
está em toda parte (1.9 – céu, terra e mar), mas o profeta parece não conseguir
encontrá-lo. Jonas chega até ao ponto de imaginar que poderia fugir dele. Mas,
depois de cair nas águas profundas do mar Mediterrâneo e ser engolido pelo grande
peixe, Jonas passa a buscar a Deus com sinceridade. Ele é parcialmente restaurado
de sua dureza de coração. O foco de suas palavras agora muda e passa a ser o que
mais tem valor: adoração. Vemos o seu arrependimento, sua oração de alívio e
gratidão, e, tudo indica que o seu objetivo é adorar da maneira adequada, no santo
templo. Fica claro que o profeta adquire certa reflexão sobre sua fé e a realidade dos
pagãos idólatras (v.8). A missão provoca reflexão. Mas, no final de sua experiência,
surge a sua relação de compromisso (voto), e de adoração, e a sua conclusão é
apoteótica: Deus é o Deus da salvação (v.9).
Depois de uma experiência tão impactante, didática e profunda, Jonas está
pronto para o segundo momento de sua caminhada com o Deus que se revelou a ele
e a Israel. Assim, ele é deixado na praia, pela ação do Deus que salva e é cheio de
misericórdia.
4. Jonas é de novo convocado e Nínive se arrepende Capítulo 3
O terceiro capítulo mostra a restauração do chamado de Jonas, sua obediência e
a surpreendente conversão dos assírios ao SENHOR.
3 1A palavra do SENHOR veio a Jonas pela segunda vez com esta ordem:
2"Vá à grande cidadet de Nínive e pregue contrau ela a mensagem que eu vou dar
a você".
3E Jonas obedeceu à palavra do SENHOR e foi para Nínive. Era uma cidade muito
grande; demorava-se três diasv para percorrê-la.
entrou na cidade e a percorreu durante um dia, proclamando: "Daqui a
quarenta dias Nínive será destruída".
4Jonas
t 3.2 Grande cidade pode ter o sentido de “capital” ou de “lugar muito importante”.
u 3.2 A mudança da preposição em relação ao capítulo 1 sugere uma ideia de oportunidade de arrependimento para Nínive. O sentido mais
exato do texto é “anuncia a ela a mensagem”.
v 3.3 O sentido da expressão é debatido. Pode se referir ao tamanho de toda a “Grande Nínive”. A outra possibilidade é “o tempo que se
demorava para visitar a cidade e fazer negócios”.
36 | Congresso Rádio Trans Mundial 2016
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4a Chamado retomado, profeta encaminhado (3.1-4)
O Deus que se revela a Jonas é, sem dúvida, o Deus da Palavra, ou melhor, das
palavras. Ele decide falar! É sua referência maior. Deus intervém na história com atos
de poder ou, sempre, por meio da sua palavra. Em relação direta com o profeta
sempre surge a poderosa Palavra do SENHOR. Deus resolve falar pela segunda vez a
Jonas e de maneira tranquila e inabalável, praticamente repete a mesma ordem do
início do livro (1.2). Todavia, um detalhe chama a atenção: no capítulo primeiro a ideia
maior do texto hebraico é de “denúncia” dos pecados e da crueldade de Nínive, mas
aqui, no capítulo três, o sentido é de “anúncio da mensagem”, é um chamado ao
arrependimento. Deus confirma sua ação misericordiosa e redentora para com os
terríveis assírios.
O texto causa grande impacto no leitor, pois fica muito claro que Deus em nada
se abala com a fragilidade do profeta. As variações de Jonas não afetam o SENHOR.
De fato, os planos divinos não podem ser alterados pela mera resistência humana.
Todavia, o que mais surpreende é que Deus confirma que não irá desistir de Jonas.
Do projeto original nada será mudado. Nem mesmo o profeta difícil de ser trabalhado.
Assim, fica muito claro que Deus insiste em seu plano original, atuando
poderosamente na história, no meio dos pagãos gentios e na vida do seu profeta
escolhido. Ainda que as intempéries de origem humana estejam fazendo parte do
cenário, Deus está no controle da situação. É muito interessante observar como Deus
mostra-se absolutamente tranquilo. Poderia se esperar que a “ira do SENHOR se
acendesse contra Jonas” ou que “ele falasse em alto e bom som”, repreendendo o
profeta, mas isso não acontece.
A serenidade divina aponta para a prioridade da missão. O compromisso do
amor divino é permanente. Assim, vemos que o Deus sereno não é impassível. Ele se
importa com a injustiça, mesmo fora da terra de Israel. É incrível, mas é verdade:
Deus se importa com Nínive. A cidade cruel parecia sem esperança, mas o Deus que
confronta a maldade e tem solução para o pecado entra em ação. A rota da cidade
considerada perdida será redefinida.
Todavia, o mais inusitado é que o projeto divino será realizado pelo mesmo
profeta que rejeitou a missão e resolveu fugir de Deus. Vai ficar patente que a rota do
profeta Jonas é corrigida, realinhada e retomada pelo SENHOR Todo-poderoso. Ela é
corrigida pela mão que dirige a vida. Assim, Jonas vai decidir corretamente diante da
Palavra do SENHOR: obedecer! Não tem jeito. É obedecer ou obedecer! Portanto, ele
entra na cidade, percorre Nínive toda e prega a mensagem mais simples possível
para realizar a missão praticamente impossível: “Daqui a quarenta dias Nínive será
destruída”. O profeta mais frágil, com a menor motivação possível, pregando a
mensagem mais curta, pouco preparada, vai produzir um impacto impressionante na
grande capital assíria da antiguidade, a cidade de Nínive.
rádio
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Jonas | 37
Vista da Terra de Israel no monte Nebo. Deste lado oriental vêm os ventos quentes do deserto.
4b Povo arrependido, o Deus perdoador é comovido (3.5-10)
5Os
ninivitas creram em Deus. Proclamaram jejum, e todos eles, do maior ao
menorw, vestiram-se de pano de saco.
6Quando as notícias chegaram ao rei de Nínive, ele se levantou do trono, tirou o
manto real, vestiu-se de pano de saco e sentou-se sobre cinza.
7Então fez uma proclamação em Nínive: "Por decreto do rei e de seus nobres:
Não é permitido a nenhum homem ou animal, bois ou ovelhas provar coisa
alguma; não comam nem bebam!
8Cubram-se de pano de saco, homens e animais. E todos clamem a Deus com
todas as suas forçasx. Deixem os maus caminhos e a violência.
9Talvez Deus se arrependa e abandone a sua iray, e não sejamos destruídos".
10Deus viu o que eles fizeram e como abandonaram os seus maus caminhos.
Então Deus se arrependeuz e não os destruiu como tinha ameaçado.
w 3.5 A expressão tem o sentido de “do mais importante ao mais simples” ou “do mais rico ao mais pobre”.
x 3.8 Isto é, com sinceridade, com fervor.
y 3.9 O hebraico diz “do arder das suas narinas”. O sentido é “da sua ira intensa”.
z 3.10 O hebraico diz “arrependeu-se do mal que disse que lhes faria”. Mal aqui tem o sentido de “desgraça”. Ele se arrependeu de enviar-lhes
a desgraça com a qual os ameaçara.
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rádio
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A ironia prossegue com força neste trecho do livro. O imponderável toma corpo. A
cidade mais cruel arrepende-se. E não é um arrependimento formal e superficial. É
profundo, total e radical. A missão chega ao seu ponto final. Os gentios pagãos
assírios passam a conhecer a Deus, no sentido bíblico do termo.
É impactante observar que o arrependimento vem de cima para baixo. Não é um
movimento dos mais fracos que vai aos poucos subindo para as camadas superiores
da sociedade. O rei de Nínive se arrepende e se humilha. E, a partir de seu decreto,
toda a cidade, inclusive animais, passam a expressar tristeza intensa pelos seus
pecados.
A grande pergunta que o texto levanta para muitos não é o arrependimento de
Nínive, mas o “arrependimento de Deus”. Para o antigo israelita, um assírio não se
arrependeria! Para nós, o imponderável é o “arrependimento de Deus”. Como
entender esta frase? Deve ficar claro que Deus não se arrepende no sentido absoluto
do termo, como se ele pudesse errar ou ser surpreendido. Não é este o caso. Deus
não é um mero ser humano que se arrepende e mente (Nm 23.19). A ideia aqui é
reforçar a mudança divina em face da reação humana. Já que toda profecia do Antigo
Testamento é condicional (diferentemente da literatura apocalíptica), sempre que o
homem muda, Deus muda sua ação (da perspectiva humana). Assim, quando há
coração duro, o juízo chega; mas quando há mudança de coração, a misericórdia
aparece. Portanto, o arrependimento de Deus não pode ser visto como uma
“declaração teológica ontológica”, mas como uma expressão entendida no contexto
da profecia condicional. Nesse contexto, todo arrependido sempre será bem
recebido.
5. A revolta de Jonas e a misericórdia do Senhor - Capítulo 4
4 1Jonas, porém, ficou profundamente descontente com issoaa e enfureceu-se.
2Ele orou ao SENHOR: “SENHOR, não foi isso que eu disse quando ainda estava em
casabb? Foi por isso que me apressei em fugir para Társis. Eu sabia que tu és
Deus misericordioso e compassivo, muito paciente, cheio de amor e que
prometes castigar, mas depois te arrependes. 3Agora, SENHOR, tira a minha vida,
eu imploro, porque para mim é melhor morrer do que viver”.
4O SENHOR lhe respondeu: “Você tem alguma razãocc para essa fúria?”
aa 4.1 O texto brinca com as palavras. Deus acaba de “arrepender-se do mal”. Agora o capítulo 4 abre, dizendo: “E isso foi mal para Jonas, um
grande mal e o enfureceu”.
O hebraico diz “em minha terra (’adamá)”.
A forma verbal do hebraico permite leituras distintas. A opção da NVI faz mais sentido no contexto. A tradução alternativa seria “você está
de fato tão irado?”
bb 4.2
cc 4.4
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5Jonas
saiu e sentou-se num lugar a leste da cidade. Ali, construiu para si um
abrigo, sentou-se à sua sombra e esperou para ver o que aconteceria com a
cidade. 6Então o SENHOR Deus fez crescer uma plantadd sobre Jonas, para dar
sombra à sua cabeça e livrá-lo do calor, o que deu grande alegria a Jonas. 7Mas
na madrugada do dia seguinte, Deus mandou uma lagarta atacar a planta e ela
secou-se. 8Ao nascer do sol, Deus trouxe um vento oriental muito quenteee, e o
sol bateu na cabeça de Jonas ao ponto de ele quase desmaiar. Com isso ele
desejou morrer e disse: “Para mim seria melhor morrer do que viver”.
9Mas Deus disse a Jonas: “Você tem alguma razão para estar tão furioso por
causa da planta?” Respondeu ele: “Sim, tenho! E estou furioso ao ponto de
querer morrer”.
10Mas o SENHOR lhe disse: “Você tem pena dessa planta, embora não a tenha
podado nem a tenha feito crescer. Ela nasceu numa noite e numa noite morreu.
11Contudo, Nínive tem mais de cento e vinte mil pessoas que não sabem nem
distinguir a mão direita da esquerdaff, além de muitos rebanhos. Não deveria eu
ter pena dessa grande cidade?”
Como vimos acima, a cruel Nínive se arrependeu de forma radical e aquele povo
passou conhecer o Deus de Israel. Nunca se viu um arrependimento tão impactante e
indiscutível.
Mas, apesar, de tudo, ironicamente de novo, nosso profeta permanece um grande
problema. Ele foi salvo do ventre do peixe, foi reencaminhado para a missão, mas
ainda não entendeu a proposta divina. Aqui, destaca-se uma grande verdade das
Escrituras: Os caminhos de Deus são incompreensíveis e parecem absurdos ao
homem. A maior dificuldade com a obra de Deus não está no desafio da missão, mas
na fragilidade da comunidade da fé e de seus membros.
Quem lê o livro de Jonas certamente ficará aguardando o “progresso” do nosso
querido profeta. Todavia, o capítulo quatro vem nos incomodar. Parece que Jonas
não melhorou em nada. Sua reação é cheia de ira. É total e muito radical. A fragilidade
do profeta de Deus é exposta. Pela primeira vez, ele tem a iniciativa de orar, já que no
capítulo dois foi a situação de desespero que o levou a falar com Deus. Sua oração,
porém, é ofensiva. Ele se volta para Deus, pedindo a morte. Há aqui uma mistura de
revolta, ira e depressão profunda. Há um certo paralelo com o profeta Elias, que
também pediu a morte para Deus.
dd 4.6 Há muita discussão sobre a planta mencionada aqui. A tradução usa um termo geral. Tradicionalmente traduzida por aboboreira, a
plantinha (conforme o diminutivo do original) pode ser o rícino.
O termo hebraico é às vezes traduzido por “calmo, silencioso”, o que não faz sentido no contexto. A ideia é de “vento muito quente”.
O sentido da expressão é “não sabem distinguir o certo do errado”.
ee 4.8
ff 4.11
40 | Congresso Rádio Trans Mundial 2016
rádio
trans mundial
A radicalidade de Jonas delineia sua fragilidade completa. O profeta mostra-se
autocentrado, é refém do seu próprio conforto. Mostra-se insensível diante do
arrependimento de Nínive e das pessoas que ali vivem. Ele tem coragem de
confrontar a Deus. Revela sua dificuldade com a misericórdia divina, rejeitando o
“escândalo do amor divino”. É inacreditável, mas Jonas prefere morrer para não se
submeter a Deus. Sua maldade é plena. Ele tem a esperança perversa e vingativa de
ver a destruição da cidade. E para a vergonha do profeta, enquanto o rei de Nínive sai
do seu trono e se assenta em cinzas, Jonas assenta-se confortavelmente à sombra
de seu abrigo esperando o fim da cidade. É lamentável e irônico.
O que se poderia esperar dessa atitude? Com certeza, o fim da paciência divina.
Porém, Deus, novamente, se mostra absolutamente tranquilo. Ele dialoga calma e
sossegadamente com Jonas. É inabalável. A grandiosidade e soberania divinas são
enaltecidas. Ele é o Deus do grande peixe, da planta e da lagarta. A criação está em
suas mãos. Ele domina os espaços: a terra, o céu e o mar. Mas, Deus também está no
controle da história, não só de Israel, mas também das nações, como a Assíria e sua
capital, Nínive. Todavia, esse Deus tão grandioso e poderoso age tranquila e
pacientemente com o frágil indivíduo Jonas. Ele está no controle e sabe lidar com o
fraco profeta. Chama a atenção como Deus faz isso. Como ele age na vida do profeta
teimoso e duro. Ele é o Deus que fala. Sua intervenção é de palavras. Mas, não
apenas de palavras. Ele é o Deus das perguntas. Perguntas que levam ao
autoexame, à reflexão, à confrontação necessária. Perguntas que salvam e curam,
pois chamam ao bom senso e revelam nossos motivos reais. Assim, Deus reorganiza
as prioridades na cabeça de Jonas. A planta não pode valer mais do que a cidade.
Esse Deus tão maravilhoso nos mostra como ele ao mesmo tempo salva a grande
cidade, cuida do seu frágil profeta, e nos ensina que perdão, salvação e a
centralidade da missão é o que devemos guardar no coração. Que essa grande lição
mude a nossa visão, afinal, o livro termina esperando a nossa atitude e posição.
rádio
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Jonas | 41
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Itamir Neves
Luiz Sayão
Russell Shedd
É um apaixonado pelo ensino da
Bíblia. É pastor, conferencista e
professor nas áreas de Teologia
da Vida Cristã, Novo Testamento,
Teologia Bíblica, Homilética e
Pregação Expositiva.Cursou
grego na USP e concluiu seu
mestrado na Universidade
Metodista de São Paulo. É
também Produtor e apresentador
do programa Através da Bíblia há
mais de uma década e
Entendendo a Bíblia com Itamir
Neves da RTM. É casado com
Beti; tem 3 filhos.
Hebraísta, mestre pela USP,
teólogo, linguista, pastor, escritor
e consultor editorial, Sayão é
também o coordenador de
tradução da Nova Versão
Internacional da Bíblia e da
Versão Almeida Século 21, além
de ter editado o Antigo
Testamento Poliglota e da Bíblia
de Estudo Esperança. Produtor e
apresentador de diversos
programas entre eles a série Rota
66 - a Bíblia comentada em áudio
e das séries Atos e Salmos em
DVD da RTM. É Diretor do
seminário Teológico Batista do
Sul do Brasil. É casado com Celiz
Elaine e é pai de cinco filhos.
Dr Russel Shedd é um
conceituado teólogo evangélico,
mestre pelo Wheaton College,
Estados Unidos, é Ph.D em Novo
Testamento pela Universidade
de Edimburgo, Escócia. Foi
também o fundador das Edições
Vida Nova e atualmente é
consultor da Shedd Publicações
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comentários da Bíblia Shedd e é
autor de diversos livros. É tido
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conferencistas no Brasil e no
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de Teologia. É casado com D.
Patrícia há mais de 50 anos; tem
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