Manual de IM do 10º Ano
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Manual de IM do 10º Ano
COLÉGIO MILITAR CORPO DE ALUNOS SECÇÃO DE INSTRUÇÃO MILITAR GUIA DO FORMANDO 10º ANO ÍNDICE 1.INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 4 2. ARMAMENTO E TIRO (ATI) ................................................................................. 5 2.1 - Reconhecer o armamento e equipamento individual principal usado pelo Exército............................................................................................................................. 5 2.2 - Desmontar e montar a espingarda automática G-3 7,62 mm ............................... 9 2.2.1 - Montar e desmontar acessórios na Espingarda Automática G3 ....... 22 2.2.2 - Fazer a manutenção de 1º escalão da espingarda automática G3 7,62 mm ............................................................................................................... 27 2.3 - Determinar o olho director e a mão que deve empunhar a Espingarda Automática G3................................................................................................................ 30 2.3.1 - Empunhar a Espingarda Automática G3 .......................................... 33 2.3.2 - Apontar a Espingarda Automática G3 ......................................... 34 3. INFORMAÇÃO E SEGURANÇA (IS) .................................................................. 41 3.1 - Descrever as classes de fogo e os diversos agentes extintores ........................... 41 3.2 - Identificar as normas de prevenção de incêndios ............................................... 45 3.2.1- Identificar as Classes das áreas de Segurança das instalações e identificar estados de segurança .................................................................. 55 4 - MORAL, CÍVICA E MILITAR (MCM) ............................................................. 61 4.1 - Identificar a Bandeira Nacional (os Estandartes Militares), o Hino Nacional e os Conceitos de Pátria, de Cidadania e de Cidadania Europeia .......................................... 61 4.2 - Reconhecer a importância da Democracia e da CRP ......................................... 64 4.2.1 Reconhecer o conceito de "Defesa Nacional" e a sua Componente Militar .......................................................................................................... 68 4.2.2 Identificar a componente terrestre da defesa militar e segurança do território nacional......................................................................................... 71 4.2.3 Identificar a organização do Exército Português – Divisão Militar Territorial ..................................................................................................... 72 4.3 - Identificar os compromissos militares internacionais – a OTAN ...................... 76 4.3.1 Identificar a missão das forças armadas portuguesas e as suas especificidades ............................................................................................. 85 4.3.2 Reconhecer a missão do Exército ....................................................... 87 5. NBQ – NUCLEAR, BIOLÓGICO E QUÍMICO .................................................. 88 5.1 Identificar os componentes e vestir o equipamento de protecção individual para agentes BQ...................................................................................................................... 88 Instrução Militar 10º Ano -2- 5.2Colocar, usar e guardar a máscara de protecção de agentes BQ ........................................................................................................................................ 90 5.3 Mudar os filtros da máscara de protecção ............................................................ 94 5.4 - Inspeccionar e fazer a manutenção do operador da máscara de protecção de agentes BQ...................................................................................................................... 98 5.5 - Interpretar e aplicar os diferentes níveis de protecção contra ataque BQ, Mudar de equipamento de protecção individual para agentes BQ (PPOM) ............................ 104 6. SEGURANÇA, HIGIENE E SAÚDE (SHS) ....................................................... 115 6.1 Imobilizar uma fractura num dos membros ........................................................ 115 6.1.1- Avaliar as Funções vitais................................................................. 119 6.1.2- Desobstruir as vias respiratórias ...................................................... 121 6.1.3- Colocar uma vítima em posição adequada ...................................... 124 6.1.4- Colocar uma vítima com fractura de coluna em posição adequada 127 6.2- Socorrer um queimado grave ............................................................................ 130 6.3- Os primeiros socorros em ambiente NBQ ........................................................ 132 7. TOP- Topografia .................................................................................................... 134 7.1- Determinar o azimute cartográfico na carta entre dois pontos do terreno localizados na carta ....................................................................................................... 134 7.2- Converter o azimute magnético de uma direcção em azimute cartográfico (rumo) e azimute geográfico e vice-versa ................................................................................ 136 7.3- Determinar a distância entre dois pontos do terreno localizados na carta ........ 138 7.4- Determinar as coordenadas militares de um ponto do terreno na carta ............ 141 8.BIBLIOGRAFIA ..................................................................................................... 158 Instrução Militar 10º Ano -3- 1.INTRODUÇÃO Ensinar não é só transmitir um conjunto de conhecimentos. É também adequá-los aos alunos a que se destinam e mostrar-lhes a melhor forma da sua aplicação futura. Não contendo do ponto de vista científico nenhuma novidade, esta publicação originária do MC-110-10, INSTRUÇÃO GERAL MILITAR, surge, no entanto impregnada de um esforço pedagógico resultante de um trabalho de anos com os alunos do Colégio Militar. A experiência adquirida na docência destas matérias vem reforçar o objectivo do Colégio Militar que tem por missão ministrar e assegurar a sua formação militar base. Neste sentido, corolário natural de ministrar e proporcionar uma aproximação da disciplina aos alunos este guia do formando foi realizado com o objectivo de facultar ao mesmo a matéria de suporte, aprovada por Despacho Conjunto nº 275/2006, de 22 de Março, para o respectivo ano lectivo. De forma clarificada aborda todos os pontos propostos relacionados com a matéria leccionada ao longo do ano. Constituída por um núcleo central dedicado à topografia, informações e segurança, nuclear biológica e química, este guia do formando estende-se também ao armamento e tiro, à saúde e higiene, segurança e educação moral cívica e militar. Resultante do trabalho lectivo de vários anos no Colégio Militar, os autores não podem deixar de agradecer a colaboração e o empenho que outros elementos que passaram pela docência das matérias agora expostas foram dando e que permitiram aperfeiçoar o que agora se revela. Que este manual seja uma ferramenta e um instrumento de fácil compreensão e acessível a qualquer leitor/aluno. Instrução Militar 10º Ano -4- 2.ATI – ARMAMENTO E TIRO 2.1 - Reconhecer o armamento e equipamento individual principal usado pelo Exército O combate é uma acção violenta, onde praticamente não existem regras que definem ou limitem o confronto. Para o combatente, a lei da guerra resume-se a matar ou morrer. Por isso o soldado serve-se de todos os meios ao seu alcance para destruir o Inimigo, utilizando desde as mãos até à arma de fogo mais sofisticada. Armamento individual principal em uso no Exército Português Granadas de mão Ofensivas Defensivas Fig.1 Fig.2 Espingardas e acessórios Fig.3 Fig.4 Fig.5 Fig.3 - Espingarda automática G3 – 7,62mm Fig.4 - Sabre Baioneta Instrução Militar 10º Ano -5- Fig.5 - Espingarda automática G3 7,62mm com coronha retráctil Fig.6 (Espingarda automática Galil 5,56mm M/SAR com coronha rebatível) Fig.7 (sabre baioneta) Fig.8 (sabre baioneta) Pistolas Fig.9 (Pistola-metralhadora FBP 9mm) Fig.10 (Pistola Walther 9mm) Instrução Militar 10º Ano -6- Equipamento Individual O equipamento individual destina-se a proteger o combatente e a proporciona-lhe a maior comodidade possível, tanto no transporte de todos os artigos que necessita para o combate, como para a sua sobrevivência em combate. Fig.11 Fig.12 Fig.11 - Cinturão Fig.12 - Porta Carregadores Fig.13 - Porta Granadas Fig.13 Fig.15 Fig.16 Fig.14 Fig.14 – Cantil Fig.15 – Suspensórios Fig.16 – Mochila M-85 Instrução Militar 10º Ano -7- Fig.17 Fig.18 Fig.17 – Saco de dormir (vulgo saco cama) Fig.18 – Poncho impermeável Fig.19 Fig.20 Fig.19 – Capacete de Combate (balístico) Fig.20 – Máscara BQ M17 – A2 Fig.21 Fig.22 Fig.21 – Rede camuflada biface para capacete Fig.22 – Ferramenta portátil do combatente Instrução Militar 10º Ano -8- 2.2 - Desmontar e montar a espingarda automática G-3 7,62 mm a. A Espingarda Automática G-3 7,62 mm é uma arma: - Ligeira porque pode ser transportada por um só homem; - Individual, porque um só homem pode tirar dela o máximo rendimento; - Executa Tiro Automático: Modalidade de tiro em que, após o primeiro disparo, as operações necessárias à execução dos disparos seguintes se efectuam sem intervenção do atirador, desde que este mantenha o gatilho premido. -Tiro Semi-Automático: Modalidade de tiro em que as operações necessárias aos disparos seguintes se efectuam sem intervenção do atirador que, para novo disparo, necessita apenas de deixar de premir o gatilho e de voltar a premi-lo. b. Utiliza os seguintes tipos de munição: - Cartucho normal 7,62 x 51 NATO. Utilizado no serviço de segurança, na execução dos programas de tiro e em combate; - Cartucho de salva. Utilizado em algumas cerimónias, prestação de honras fúnebres, por exemplo, e em instrução para lhes imprimir maior realismo. Apesar de não ter projéctil este cartucho pode causar lesões quando disparado a distâncias inferiores a 5 metros; - Cartucho para lançamento de granadas. Utilizado para lançar granadas de espingarda até uma distância de 120 metros; - Cartucho de manobra. Utilizado para treino do atirador nas operações de manejo de fogo, no carregamento e enchimento de carregadores. Instrução Militar 10º Ano -9- c. Alcances: Alcance máximo de 3800 metros (distância máxima que os projécteis atingem dando à arma uma inclinação de 40º). Alcance prático de 200 metros (distância a que uma arma normalmente faz fogo). d. Velocidade: Tem uma velocidade prática de tiro de 100 tiros por minuto em tiro automático e de 40 tiros por minuto em tiro semi-automático (número de tiros executados por minuto, considerando as pausas provenientes da substituição de carregadores, rectificações de pontaria e resolução expedita de avarias). e. Fabrico: É fabricada em PORTUGAL (Fábrica das Indústrias Nacionais de Defesa INDEP – em BRAÇO DE PRATA, LISBOA) sobe licença da firma alemã HECKLER e KOCH GMBH que a concebeu, e é a única arma com que todos os militares do Exército executam tiro. NOTA: Na descrição da forma como se executa cada um dos procedimentos respeitantes às operações que se seguem, considerou-se o caso do atirador que empunha a arma com a mão direita – atirador direito. O atirador esquerdo, em cada procedimento, deverá utilizar a mão contrária da indicada e posições simétricas das referidas. Instrução Militar 10º Ano -10- Executar as Operações de Segurança Seja em que circunstância for, a arma deve sempre considerar-se como CARREGADA até se verificar o contrário. Em obediência a este princípio, ANTES de se iniciar a desmontagem da Espingarda Automática G-3 7,62 mm DEVE SEMPRE executar-se as OPERAÇÕES DE SEGURANÇA seguintes: (1) Empunhar a arma com a mão direita (Fig.23) estendendo o dedo indicador ao longo do guarda-mato e segurar o guarda-mão com a mão esquerda, voltando a boca do cano para cima. Fig.23 (2) Colocar o comutador de tiro na posição de SEGURANÇA (S) (Fig.24), utilizando o polegar da mão direita. Fig.24 (comutador de tiro) (3) Retirar o carregador (Fig.25), pressionando para a frente, com o polegar da mão esquerda, o respectivo fixador. Fig.25 Instrução Militar 10º Ano -11- (4) Puxar a alavanca do manobrador à retaguarda (Fig.26), com a mão esquerda, e fixá-la no entalhe do tubo-guia. Fig.26 (5) Verificar, através da visão e pelo tacto (com a ponta do dedo), se não há munição introduzida na câmara. Fig.27 (6) Levar de novo a culatra à frente, libertando, com a mão esquerda, a alavanca do manobrador do respectivo entalhe de fixação (não soltar bruscamente o manobrador). Fig.28 (7) Colocar o comutador de tiro na letra “E”. (8) Colocar-se na posição de sentido com a arma ao quadril e pedir autorização (pedir licença) para dar gatilhada. Instrução Militar 10º Ano -12- (9) Colocar o comutador de tiro na posição de SEGURANÇA (S) (Fig.24), utilizando o polegar da mão direita. Fig.24 (comutador de tiro) (10) Colocar de novo o carregador na arma. Desmontar a arma A desmontagem da Espingarda Automática G-3 7,62 mm executa-se quando se torne necessário proceder a qualquer operação de manutenção (limpeza e conservação), ou para aprendizagem do seu funcionamento e/ou emprego. Para desmontar a arma, não se utiliza qualquer tipo de ferramenta especial (basta um punção ou um cartucho de manobra). O militar a quem está a arma está distribuída, só está autorizado a proceder às operações de desmontagem que a seguir se indicam: - Desmontagem da arma nas suas partes principais; - Desmontagem da culatra; - Desmontagem do carregador. NOTA: As operações de desmontagem devem ser executadas pela sequência indicada e as partes desmontadas/componentes devem ser arrumados ordenadamente, de forma a não se extraviarem e a facilitar a montagem. Instrução Militar 10º Ano -13- Desmontar a arma nas suas partes principais (Depois de executadas as operações de segurança). 1) Retirar a bandoleira: Libertar o zarelho da bandoleira do olhal da cavilha de fixação da base do ponto de mira. Soltar a extremidade posterior da correia, do botão. (Fig.29) Fig.29 2) Retirar a coronha e a tampa posterior da caixa da culatra: Com a culatra à frente, retirar as cavilhas que ligam a coronha à caixa da culatra. Introduzir as cavilhas nos alojamentos dos casquilhos de fixação da coronha. (Fig.30) Fig.30 3) Separar a correia da caixa da culatra. (Fig.31) Fig.31 Instrução Militar 10º Ano -14- 4) Retirar o punho: Retirar a cavilha de fixação do punho à caixa da culatra. Separar o punho da caixa da culatra. Reintroduzir a cavilha de fixação no orifício respectivo. (Fig.32) Fig.32 5) Retirar a culatra: Com a mão esquerda puxar o manobrador à retaguarda. Retirar a culatra do interior da caixa da culatra. Levar, de novo, o manobrador à frente. (Fig.33) Fig.33 6) Retirar o tapa-chamas: Com a mão direita, desenroscar o tapa-chamas da boca do cano. (Fig.34) Fig.34 7) Retirar o guarda-mão: Retirar a cavilha de fixação do guarda-mão. Separar o guarda-mão da arma. Reintroduzir a cavilha no orifício respectivo. (Fig.35) Instrução Militar 10º Ano -15- Fig.35 Espingarda Automática G-3 7,62 mm desmontada nas suas partes principais Desmontar a culatra 1) Segurar o bloco da culatra com a mão direita. Fazer rodar a cabeça da culatra de 180º para a esquerda (para fora) e separá-la do porta-percutor. (Fig.36) Fig.36 a. Rodar o porta-percutor 90º para a esquerda (para fora), extraindo-o da armadura da culatra. (Fig.37) Instrução Militar 10º Ano -16- Fig.37 b. Separar o percutor e sua mola, do porta-percutor. (Fig.38) Fig.38 Desmontar o carregador Levantar um pouco a tampa do fundo do carregador, com a mão direita. Retirar a tampa do carregador, empurrando-a para a direita com o polegar da mesma mão. (Fig. 39) Fig.39 Extrair do interior da caixa, a mola, o transportador e placa-suporte, sem os separar. (Fig.40) Instrução Militar 10º Ano -17- Fig.40 Fig.40 Carregador desmontado (Fig.41) Fig.41 Montagem da Arma NOTA: Antes de iniciar a montagem, verificar se o comutador de tiro se encontra na posição de segurança (S). (Fig.24). Instrução Militar 10º Ano -18- (1) Montar a culatra 1. Colocar a mola e o percutor no alojamento do corpo da culatra. 2. Introduzir a peça de comando de travamento no alojamento do corpo da culatra, fazendo passar o percutor pelo seu canal interior. 3. Premir a peça de comando de travamento e rodá-la 180º no sentido dos ponteiros do relógio. 4. Colocar a cabeça da culatra sobre a peça de comando de travamento com a sua rampa posterior voltada para o detentor da cabeça da culatra. Fazer pressão sobre a cabeça da culatra até vencer a resistência da mola do detentor. 5. Rodar a cabeça da culatra 45º, no sentido dos ponteiros do relógio, até o rolete de travamento esquerdo ficar em frente do detentor da cabeça da culatra. 6. Puxar a cabeça da culatra para a frente, até os roletes de travamento começarem a recolher, tendo o cuidado de não puxar demasiado. 7. Rodar a cabeça da culatra 90º, no sentido indicado, até que as guias inferiores da culatra fiquem completamente voltadas para baixo. (2) Montar o carregador Segurar a caixa do carregador com a mão esquerda e com o fundo para cima. Colocar o transportador e a respectiva mola. Colocar a tampa do carregador fazendo-a deslizar nas suas guias respectivas, pressionando-a no final, para baixo. (Fig.42) Fig.42 (3) Montar/ligar as partes principais 1. Colocar o guarda-mão: (Fig.43) i. Retirar a cavilha de fixação do orifício respectivo. ii. Encostar o guarda-mão ao cano. Instrução Militar 10º Ano -19- iii. Fixar o guarda-mão à caixa da culatra, por intermédio da cavilha respectiva. Fig.43 2. Colocar o tapa-chamas: i. Roscá-lo completamente na boca do cano. 3. Colocar a culatra na caixa da culatra: (Fig.44) i. Introduzir a culatra na caixa da culatra tendo em atenção: ii. Manobrador esteja à frente; iii. Os roletes da culatra estejam recolhidos; iv. As guias do corpo da culatra estejam em concordância com as guias da caixa da culatra. Fig.44 4. Colocar o Punho: (Fig.45) Fixar o punho à caixa da culatra, através da cavilha de fixação respectiva, tendo em atenção: i. O cão deve estar armado; ii. O ejector (parte anterior) deve estar na sua posição mais baixa. Instrução Militar 10º Ano -20- Fig.45 5. Colocar a coronha e a tampa posterior da caixa da culatra: (Fig.46) i. Encostar a extremidade posterior da armadura do punho à face inferior da caixa da culatra. ii. Introduzir o conjunto coronha – peça de ligação da caixa da culatra, colocando as guias de uma e de outra peça em correspondência. iii. Exercer pressão na coronha, para a frente. iv. Fixar o conjunto através das cavilhas de fixação da caixa da culatra. Fig.46 6. Colocar a bandoleira Fixar a extremidade posterior da correia pelo botão, depois de ter feito passar em volta do suporte da bandoleira, na coronha. (4) Verificar o Funcionamento da Arma No final da montagem da arma, verificar o seu funcionamento da seguinte forma: i. Com a boca do cano voltada para cima, puxar a culatra à retaguarda e fechá-la em seguida; ii. Colocar o comutador de tiro na posição “E”; iii. Premir o gatilho; iv. Certificar-se de que o funcionamento não apresenta anomalias. Instrução Militar 10º Ano -21- 2.2.1 - Montar e desmontar acessórios na Espingarda Automática G3 Para além de dispositivos que permitem melhorar a pontaria, e que são de distribuição restrita, a Espingarda Automática G-3 7,62 mm possui os seguintes acessórios, cujo conhecimento é de interesse geral: - Sabre-baioneta, bipé, batente de instrução. O Sabre-Baioneta: destina-se à luta corpo a corpo e é constituído por: Fig.47 1) Montar o SABRE-BAIONETA na Espingarda Automática G-3 7,62 mm: - Colocar a arma na posição de segurança. - Retirar a tampa do tubo do manobrador (fazer pressão na respectiva cavilha – êmbolo de fixação para dentro, e puxar a tampa para a frente). (Fig.48) Fig.48 Instrução Militar 10º Ano -22- - Retirar o parafuso de fixação do adaptador (Fig.49) Fig.49 - Introduzir o adaptador no tubo do manobrador para que os orifícios do tubo do manobrador e os do adaptador fiquem em concordância. (Fig.50) Fig.50 - Colocar o parafuso de fixação do adaptador, roscando-o. (Fig.51) Fig.51 - Enfiar o olhal do sabre-baioneta no tapa-chamas e a cabeça com perno do punho no adaptador. (Fig.52) Instrução Militar 10º Ano -23- Fig.52 2) Retirar o SABRE-BAIONETA Colocar a arma na posição de segurança: - Premir o fixador da cabeça do punho do sabre-baioneta e retirá-lo. - Desenroscar o parafuso de fixação do adaptador e retirá-lo. - Retirar o adaptador do tubo do manobrador. - Enroscar o parafuso de fixação no adaptador. - Colocar a tampa no tubo do manobrador Fig.53 O bipé destina-se (novo modelo) apoiar à Espingarda Automática G-3 7,62 mm, no tiro no solo. É montado na parte média da arma entre o guarda-mão e o alojamento do carregador. (Fig.54) Fig.54 O bipé é constituído por: 1 cabeça semi-esférica amovível com 2 garras de fixação; e 2 pernas articuladas ligadas pela cabeça menor que gira dentro da cabeça amovível. (Fig.55) Instrução Militar 10º Ano -24- Fig.55 1) Montar o BIPÉ (novo modelo) na Espingarda Automática G-3 7,62 mm Colocar a arma na posição de segurança; Retirar o guarda-mão; Articular o conjunto cabeça amovível – cabeça menor, pernas articuladas, conforme indica a figura (as duas garras laterais da cabeça amovível abertas. (Fig.56) Fig.56 Montar o conjunto indicado junto ao alojamento do carregador (Fig.57). Fixar as duas garras laterais da cabeça amovível nos alojamentos respectivos da caixa da culatra. (Fig.58) Instrução Militar 10º Ano -25- Fig.57 Fig.58 2) Retirar o bipé: Colocar a arma na posição de segurança. Retirar o guarda-mão; Retirar as garras laterais da cabeça amovível dos alojamentos respectivos na caixa da culatra; Retirar o conjunto do bipé empurrando-o para a frente e para baixo; Colocar o guarda-mão. O Batente de instrução é um dispositivo que, adaptado à Espingarda Automática G-3 7,62 mm, permite a execução de tiro com cartucho de salva. É feito em liga de alumínio para não poder ser facilmente confundido com o tapachamas. (Fig.59) Fig.59 1) Montar o batente de instrução na Espingarda Automática G-3 7,62 mm: i. - Colocar a arma na posição de segurança. ii. - Retirar o tapa-chamas. iii. - Enroscar o batente de instrução no cano até ficar bem firme. Instrução Militar 10º Ano -26- 2.2.2 - Fazer a manutenção de 1º escalão da espingarda automática G3 7,62 mm O militar a quem a Espingarda Automática G-3 7,62 mm está distribuída, é responsável pela execução dos trabalhos do 1º escalão de manutenção. A manutenção de 1º escalão: - Assegura o funcionamento da arma; - Diminui o risco do seu desgaste prematuro; - Evita acidentes; - Reduz os custos e os tempos de reparação. ► Comporta dois tipos de limpeza: - Limpeza ordinária: Destina-se a conservar o asseio indispensável e renovar a untura das partes metálicas mais expostas; efectua-se sempre que a arma regresse de uma instrução, sem que tenha feito fogo ou quando esteja armazenada por longos períodos; - Limpeza extraordinária: Visa evitar a oxidação das partes metálicas da arma, formação e depósito de poeiras, resíduos de pólvora ou outros detritos no cano, câmara, mecanismos ou peças, de forma a evitar o desgaste prematuro da arma, mantendo a sua operacionalidade durante longo tempo; efectua-se sempre após a execução de tiro, quando a arma se tenha molhado, enlameado, apanhado pó ou areia e ainda quando exposta a ambientes húmidos salgados, bem como quando após longos períodos de armazenamento, seja colocada ao serviço. Executar as Operações de Manutenção de 1º Escalão O material a utilizar na limpeza da arma é o seguinte: (Fig. 60) Instrução Militar 10º Ano -27- Fig.60 Estojo de Limpeza; Ingredientes de limpeza: Ingrediente nº 80 (óleo de limpeza) Utiliza-se para a remoção de unturas antigas, resíduos de pólvora, eventual ferrugem (em armas portáteis); Tem propriedades lubrificantes e de protecção contra a corrosão. Ingrediente nº 10 (óleo de lubrificação) Destina-se à lubrificação e à protecção contra a corrosão; É um óleo lubrificante para fins genéricos. Mechas, trapos e desperdícios: devem ser macios e devem encontrar-se secos. Acções de carácter geral: Durante a execução das limpezas, colocar as peças já limpas sobre uma superfície limpa e seca. Efectuar as limpezas do cano com o tapa-chamas colocado. Não obstruir a boca do cano com tampas, rolhas, trapos, etc. Instrução Militar 10º Ano -28- Executar a limpeza ordinária: Desmontar a arma nas suas partes principais, a culatra e os carregadores. Uma vez concluídas as acções de desmontagem indicadas na alínea anterior, proceder às seguintes operações de limpeza e lubrificação: -Passar várias vezes o escovilhão de lubrificação pelo cano, com ingrediente nº10; - Limpar o cano com escovilhão de limpeza do cano; - Limpar a câmara com escovilhão de limpeza da câmara; - Limpar o bloco da culatra e o interior da caixa da culatra; - Limpar o percutor e o seu alojamento; - Limpar a garra do extractor; - Limpar, olear e secar a alça e o ponto de mira; - Lubrificar ligeiramente as partes móveis com o ingrediente nº 10; - Limpar o carregador e as munições e verificar se a mola do carregador permite um manejamento normal do transportador indispensável ao bom funcionamento da arma. Terminadas as acções de limpeza e lubrificação: Montar a arma verificar o funcionamento da arma. Executar a limpeza extraordinária - Desmontar a arma nas suas partes principais, a culatra e os carregadores. - Uma vez concluídas as acções de desmontagem indicadas na alínea anterior, proceder às seguintes operações de limpeza e lubrificação: - Aplicar o ingrediente nº 80 nas zonas que possuam unturas antigas, resíduos de pólvora, ou vestígios de ferrugem; - Remover os detritos e secar completamente todas as partes da arma, exterior e interiormente; - Proceder como na limpeza ordinária. Instrução Militar 10º Ano -29- Terminadas as acções de limpeza e lubrificação: - Montar a arma conforme o prescrito e verificar o funcionamento da arma. NOTA: Sempre que a arma tenha feito fogo, repetir a limpeza extraordinária nos dois dias seguintes à execução do tiro. 2.3 - Determinar o olho director e a mão que deve empunhar a Espingarda Automática G3 Em cada indivíduo os olhos não desempenham o mesmo papel na visão: - Um deles determina a direcção do olhar – é o OLHO DIRECTOR; - O outro visa ligeiramente ao lado, de forma a focar o alvo, ajustando os órgãos de visão à distância de atirador – alvo. Face a esta característica da visão, é de todo o interesse determinar qual o olho que “vê direito” (OLHO DIRECTOR). Como determinar o Olho Director 1) 1º Método: Empurrar o visor com as dimensões indicadas na fig.61 Fig.61 Instrução Militar 10º Ano -30- Estender horizontalmente o braço na direcção da referência, situada a cerca de 5 m. Com os dois olhos abertos ver a referência do orifício do visor. Tapar em seguida o olho esquerdo e verificar se continua a ver a referência com o olho direito (que se mantém aberto). (Fig.62) Fig.62 Em caso afirmativo: O OLHO DIRECTOR É O DIREITO Executar a operação inversa, no caso da condição anterior não se verificar, isto é, tapar o olho direito e verificar se o olho esquerdo vê a referência. Em caso afirmativo. O OLHO DIRECTOR É O ESQUERDO 2) 2º Método (Expedito) Estender os braços e formar um círculo com as duas mãos. (Fig. 63) Fig.63 Fixar uma referência colocada a cerca de 5 m à frente, através do círculo e com os dois olhos abertos. (Fig. 64) Instrução Militar 10º Ano -31- Fig.64 Tapar o olho esquerdo e verificar se continua a ver a referência no círculo, com o olho direito que se mantém aberto. Em caso afirmativo: O OLHO DIRECTOR É O DIREITO NOTA: Tapar agora o olho direito e verificar se a referência se deslocou do círculo. Fig.65 Como determinar a mão que deve empunhar a arma (face ao olho director) Como norma, a arma deve ser empunhada: - Com a mão direita, se o olho director for o direito; (Fig.66) Instrução Militar 10º Ano -32- Fig.66 - Com a esquerda, se o olho director for o esquerdo. (Fig.67) Fig.67 Se não conseguir empunhar a arma com a mão do lado do olho director: - Empunhar a arma com a mão que lhe for mais confortável, se os resultados do tiro forem bons; - Adaptar-se à posição correspondente ao olho director, se os resultados do tiro não satisfazerem 2.3.1 - Empunhar a Espingarda Automática G3 Conseguir manter a estabilidade da arma é uma das dificuldades sentidas pelo atirador. Este tem tendência para segurar a arma com muita força, a fim de a manter imóvel. A tensão muscular é muitas vezes excessiva, originando vibrações que, ao serem transmitidas à arma, tornam difícil a precisão do tiro. Como empunhar a arma? 1) Puxar a arma à retaguarda, de modo a que a chapa de couce fique apoiada no peito, imediatamente abaixo da clavícula. 2) Colocar uma vara vertical à frente da extremidade do cano e ordenar ao instruendo que puxe a arma com a mão que não dispara. A pressão da arma contra o ombro é correcta quando a extremidade do cano tiver recuado 1 cm. Instrução Militar 10º Ano -33- 3) Apoiar a parte da face situada imediatamente abaixo da maça do rosto, na coronha. 4) Controlar a pressão da face na coronha de modo a manter o olho que executa a pontaria defronte do orifício do diópter e a equilibrar a força exercida pelo braço que empunha a arma. 5) Aplicar uma folha de papel entre a face do atirador e a coronha, retirando-a para cima com pequenos puxões; o apoio é correcto quando o papel deslizar com ruído, sem rasgar. 6) Consolidar o bloco cabeça – coronha para que, após o disparo, aquele recue em conjunto. Fig.68 2.3.2 - Apontar a Espingarda Automática G3 Para apontar a Espingarda Automática G-3 7,62 mm, o atirador necessita saber determinar o centro óptico do diópter, entender o que é uma linha de mira e fazer a mirada. Determinar o centro óptico do diópter Quando se olha através do diópter apercebemo-nos de que existe uma zona circular enevoada, enquanto o círculo central, pelo contrário, aparece bem nítido. (Fig. 69) Fig.69 Este círculo claro central chama-se: Instrução Militar 10º Ano -34- CENTRO ÓPTICO A determinação do centro óptico é necessária para identificar o ponto central do diópter, que é fundamental para se fazer a mirada. Aproximando o olho do diópter, verifica-se que as dimensões do centro óptico diminuem. (Fig. 70) Fig.70 Instrução Militar 10º Ano -35- Obviamente, afastando o olho do diópter, as dimensões do centro óptico aumentam. (Fig. 71) Fig.71 O atirador só deve apontar a arma depois de constatar que a abertura do centro óptico é MÍNIMA, o que acontece quando o olho se encontra à distância. De 4 a 8 cm do diópter (Fig.72) Fig.72 Instrução Militar 10º Ano -36- Linha de mira é a linha que passa pelo centro do diópter e pelo vértice do ponto de mira. (Fig. 73) Fig.73 A linha de mira é, pois, um conceito ligado exclusivamente à arma. 1) Fazer a Mirada Fazer a mirada é colocar o olho director do atirador no prolongamento da linha de mira. (Fig.74) Fig.74 Enquanto a linha de mira é um conceito exclusivamente ligado à arma, a mirada já pressupõe o bloco atirador-arma. Instrução Militar 10º Ano -37- 2) Apontar a arma Apontar a arma ou fazer pontaria é fazer coincidir com o ALVO a linha que passa pelo vértice do ponto de mira, pelo centro do diópter e pelo olho do atirador. (Fig. 75) Fig.75 Assim, para APONTAR A ARMA é necessário: 3) Identificar o ALVO. 4) Escolher no alvo o PONTO A VISAR. 5) Alinhar o OLHO do atirador, CENTRO ÓPTICO e o VÉRTICE do ponto de mira, com o PONTO escolhido no alvo. Nota: VISUAL DO ALVO é a zona central do alvo pintada de preto. Como PONTO A VISAR (ponto a bater) o atirador deve escolher: - Nas visuais circulares, o CENTRO da VISUAL. (Fig. 76) Fig.76 Instrução Militar 10º Ano -38- - Nas visuais rectangulares, a BASE da VISUAL. (Fig.77) Fig.77 6) Concentrar o olhar no PONTO DE MIRA, para que este apareça bem nítido, de contornos bem distintos e bem destacados no alvo que, pelo contrário, passa a apresentar-se nublado. (Fig.78) Fig.78 7) Executar a triangulação A triangulação é um exercício de aplicação das técnicas de execução da mirada que permite detectar eventuais erros de procedimento possibilitando, consequentemente, a sua correcção. Instrução Militar 10º Ano -39- (1) Para executar uma triangulação proceder do seguinte modo: - Assentar a Espingarda Automática G-3 7,62 mm (com a alça 2 introduzida) num apoio e dirigi-la para um alvo em branco (folha de papel), colocado verticalmente a 5 m; - Tomar a posição de atirador deitado e fazer a mirada sem mover a espingarda ou o apoio; - Indicar ao monitor (sentado no caixote e segurando numa das mãos um regulador de pontaria), por meio de sinais com a mão, o deslocamento a dar ao regulador de pontaria, até que a mirada passe pelo centro do disco daquele regulador, sustendo a respiração no ajustamento final. - Indicar ao monitor que deve marcar ponto final. Ao receber esta indicação, o monitor marca no alvo aquele ponto, introduzindo a ponta do lápis no centro do regulador de pontaria, mantendo este imóvel; - Executar 3 vezes as acções referidas; - Unir com segmentos de recta os 3 pontos assim obtidos (no caso de não serem coincidentes) de modo a obter um triângulo. Fig.79 (2) Apreciação/interpretação do resultado da triangulação. O ideal será obter a sobreposição dos 3 pontos. Contudo, pode considerar-se satisfatório o triângulo cujos lados não excedam 5 mm cada, desde que a distância atirador – alvo seja de 5 m, o que equivale a um desvio da ordem de 1 milésimo. Para distâncias de 3, 4 e 6 mm, os lados do triângulo não devem exceder respectivamente 3, 4 e 6 mm. Quando os pontos obtidos na triangulação não forem coincidentes utilizar como suporte aos juízos a emitir sobre a proficiência do instruendo “no apontar da Espingarda” (na execução da triangulação) o quadro Anexo a esta FII. Instrução Militar 10º Ano -40- 3. INFORMAÇÃO E SEGURANÇA (IS) 3.1 - Descrever as classes de fogo e os diversos agentes extintores O que é o Fogo? É o resultado de uma reacção química exotérmica designada por combustão. Formas de combustão: Combustão lenta (não há emissão de luz = T <500ºC). Combustão viva (há emissão de luz = Fogo). Explosão (combustão que se verifica quando determinados gases em presença de uma fonte de calor, se combinam com o ar em determinadas proporções sendo a velocidade de propagação > 340m). 1) Deflagração (combustão viva com velocidade de propagação <340m/s). Combustão Viva <Deflagração <Explosão 2) Propagação da combustão 3) Condução (propagação através dos corpos). 4) Convecção (deslocamento de matéria aquecida). 5) Irradiação (transmissão no espaço). 6) Deslocamento de corpos inflamados (artifícios pirotécnicos). 7) Triângulo de fogo CALOR COMBURENTE COMBUSTÍVEL COMBUSTÍVEL Instrução Militar 10º Ano -41- 8) Métodos de Extinção (1) Carência ou limitação de combustível. 9) Retirando o combustível. 10) Afastar o fogo do combustível. 11) Dividindo o material inflamado, criando-se pequenos fogos facilmente domináveis. (1) Asfixia e abafamento ou limitação de comburente (a) Abaixamento do teor de simultaneamente a sua renovação. oxigénio, impossibilitando (b) Implica uma acção mecânica de corte (ex: Extintor). (2) Arrefecimento ou limitação de temperatura (a) Baseia-se na absorção pelo agente extintor de uma maior quantidade de calor do que a que é gerada pela combustão dos materiais incendiados, diminuindo progressivamente a temperatura (ex: água). (b) A absorção do calor é feita por: - Elevação da sua própria temperatura; - Vaporização. É portanto desejável que o agente extintor tenha um elevado calor específico e um elevado calor latente de vaporização. 12) Classes de fogo As classes de fogo caracterizam-se de acordo com diferentes tipos de chama, velocidade de propagação, violência de combate. (1) Classe A (a) Combustíveis sólidos (matéria, papel, palha, tecidos, etc.). (b) Chama viva, combustão viva, incandescência. (c) Combustão lenta alta temperatura combustão viva. (2) Classe B - Líquidos combustíveis (éter, benzina, álcool, óleos, cera resinas, etc.). (3) Classe C - Gases liquefeitos sob pressão (acetileno, hidrogénio, butano, propano, metano, etc.). (4) Classe D - Metais (alumínio, magnésio, sódio, potássio, etc.). 13) Agentes extintores Agente extintor é toda a substância sólida, líquida ou gasosa que lançada convenientemente sobre o fogo o extingue, podendo existir sob a forma de água, espumas, pó químico seco, dióxido de carbono, agentes halogenados. Instrução Militar 10º Ano -42- (1) Água A água produz os efeitos de arrefecimento, abafamento, sopro, choque e encharcamento. (a) Arrefecimento - Por cada grama de água a 10ºC a energia calorífica absorvida é de 90ºC (100ºC – 10ºC). (b) Abafamento - Formação de vapor de água – gás inerte. (c) Sopro, choque e encharcamento - Força viva do jacto. Inconveniente: condutibilidade eléctrica. (2) Espumas Para uso de um agente extintor à base de espumas é fundamental uma mistura de água com espumifero ou concentrado espumifero à qual se adiciona ar. Existem 2 tipos de espumas: Espumas químicas (funcionam por asfixia - libertação de CO2); Espumas mecânicas (funcionam por sopro e choque). (3) Pó Químico Seco É uma substância constituída por cristais finamente divididos. (a) Dividem-se em 3 grupos 1 Grupo 1: à base de sódio - Fogos das classes B e C. 2 Grupo 2: à base de potássio - Fogos das classes B e C. 3 Grupo 3: à base de amónio - Fogos das classes A, B e C. 4 Pó químico seco especial: à base de grafite - Fogos das classes D. (b) Mecanismo de extinção Arrefecimento e impedimento do desenvolvimento da reacção em cadeia. (4) Anidrido Carbónico - Substância à base de neve carbónica. - Mecanismo de extinção - Faz uso do efeito mecânico, de abafamento e de arrefecimento. (5) Agentes halogenados - Um agente halogenado é um derivado dum hidrocarboneto onde um ou mais átomos de hidrogénio foram substituídos por átomos da série dos halogenados: cloro, flúor, crómio e iodo. - São perigosos com grandes concentrações e impedem reacções em cadeia. Instrução Militar 10º Ano -43- 14) Extintores 15) Extintores de Água - Utilizados em fogos de classe A, não se utilizam em fogos de líquidos inflamáveis ou causados por corrente eléctrica. - Devem ser testados de 5 em 5 anos (recipiente ou depósito). - Inspeccionados de 6 em 6 meses. - Ensaiados por descarga anualmente, 20% dos extintores (verificação da sua eficácia). 16) Extintores de Espuma - Utilizados em fogos da classe B, não se utilizam em fogos que envolvam corrente eléctrica. - São de difícil conservação. - A carga só deve durar 1 ano. 17) Extintores de Neve Carbónica - Eficientes em fogos de líquidos combustíveis, mesmo em presença de corrente eléctrica - classe B. - Verificar mensalmente os selos de chumbo. - Inspeccionar semestralmente. - Recarregar ao haver 10% da perda de gás. 18) Extintores de Pó Químico Seco - Grande poder extintor. - Aplicável em fogos de classes B, C e D. - Não é condutor de corrente eléctrica. - Não congela nem se evapora. Não é nocivo aos animais, nem aos materiais Instrução Militar 10º Ano -44- 3.2 - Identificar as normas de prevenção de incêndios Normas de prevenção gerais a adoptar na presença de um incêndio (1) Não entrar em pânico. (2) Se por qualquer motivo se pegar fogo às roupas, não se deve correr. Deite-se no chão e role. Procure tapar-se com um cobertor ou cortinado de modo a abafar o fogo. (3) Tenha sempre em local acessível o número de telefone dos bombeiros. (4) Não receie chamar os bombeiros quando tiver problemas. A chamada tardia pode já não ser necessária. (5) Chame a atenção de todos os seus familiares para os cuidados de prevenção contra incêndios. (6) Não faça fogo nas florestas e se tiver de o fazer procure uma clareira sem vegetação. No final certifique-se que a fogueira ficou completamente apagada ou com água ou com a terra que lhe deitou. (7) Não deixe papéis, latas e vidros nos pinhais. (8) Não deite pontas de cigarro para a mata. Se fumar, esmague a ponta de cigarro na terra. (9) Quando viajar não deite a ponta de cigarro acesa para o exterior, especialmente se for numa zona de mata. Utilize o cinzeiro do carro. Normas de prevenção contra incêndios em edifícios (1) Cuidados nas habitações. - Evitar a sobrecarga na instalação eléctrica. Numa mesma tomada não ligue diversos aparelhos através das fichas triplas sucessivas. - Não permitir que crianças tenham acesso a fósforos ou isqueiros. - Não abrir os bicos dos fogões sem antes ter o fósforo ou isqueiro acesso. - Ter sempre junto às fritadeiras as respectivas tampas para as utilizar em caso de incêndio, colocando-as sobre as fritadeiras. - Não deixar crianças trancadas sozinhas em casa. - Certificar-se que ao deixar a casa não deixou equipamentos ligados. Instrução Militar 10º Ano -45- - Se pelo cheiro detectar fuga de gás não acenda nem apague qualquer luz. Não procure a fuga com uma chama. Utilize uma solução de sabão para procurar a fuga. - Tenha em local acessível um extintor de pequena capacidade e ensine todos os membros da família a manejá-lo. - Se a cobertura da casa é de madeira e tem sótão não acumule material combustível e proceda a limpeza frequente do pó acumulado. (2) No local de trabalho. - Não deixar pontas de cigarro no cesto dos papéis. - Não abandonar o gabinete no final do dia sem desligar aquecedores e máquinas eléctricas e outro equipamento semelhante. - Reconhecer o local ou locais onde estão colocados os extintores. - Ler as instruções do modo de funcionamento dos extintores. - Verificar as saídas possíveis do local e do respectivo andar. - Procurar conhecer o plano de evacuação se existir. (3) Num hotel - Leia as instruções colocadas por trás da porta. Elas dão-lhe indicações muito importantes em caso de incêndio. - Veja quantas portas de quartos existem entre o seu e a escada à esquerda e à direita. - Faça um pequeno reconhecimento das escadas de evacuação do seu andar. - Se tiver que sair do quarto e o corredor já estiver com fumo desloque-se rente ao chão. Se não conseguir sair pelo corredor faça a calafetagem das portas com toalhas húmidas e assinale a sua presença à janela. (4) Numa casa de espectáculos Instrução Militar 10º Ano -46- - Procure localizar duas hipóteses de saída e se não forem visíveis pergunte aos empregados. Se a resposta não for clara não frequente essa casa de espectáculos. - Procure localizar os extintores. - Não deite pontas de cigarros no chão. - Em caso de alarme mantenha a calma. Não entre em pânico. As catástrofes nestes recintos são provocados mais pelo pânico do que pelos efeitos directos do fogo. (5) Carro próprio - Verifique frequentemente os bornes da bateria e o sistema eléctrico. - Tenha em local acessível um extintor apropriado no seu carro. - Se sentir cheiro a queimado desligue o motor e pare imediatamente o carro. Muna-se de extintor, ou com terra ou areia. Instrução Militar 10º Ano -47- Normas de prevenção contra incêndios nas florestas Para se evitarem situações de risco que podem levar à perda de vidas humanas ou materiais, deve conhecer-se o decálogo do combate a incêndios florestais. (1) Informar-se das condições do tempo a) Conheça o tempo diariamente e passe a informação a toda a guarnição. b) Conheça o comportamento normal do vento no local. c) Informe o seu comando das mudanças de vento que observa depois de se certificar que elas são definitivas. (2) Observar pessoalmente ou usando patrulhas a) b) c) d) (3) Saiba sempre o que está acontecendo com o incêndio. Observe cuidadosamente o tempo e o fogo. Antes de iniciar o ataque avalie o possível comportamento do fogo. Conheça pessoalmente a área do fogo reconhecendo de dia as zonas onde circulará à noite. Basear as acções no comportamento actual e previsto do fogo a) Trace planos flexíveis. b) Considere acções de alternativa. (4) Prepare rotas de fuga para todos e dê-as a conhecer a) Itinerários de fuga são as áreas já queimadas, aceiros, estradas ou zonas sem vegetação. b) Os itinerários de fuga devem estar fora do percurso do fogo e nunca por cima dele. c) Deve-se ter atenção ao calor irradiante. d) Ter um sinal de alarme conhecido de todos, para movimentação rápida da guarnição. (5) Coloque vigias quando há possibilidade de perigo a) Se não pode observar pessoalmente, monte postos de observação e garanta o contacto com eles. (6) Esteja calmo, mantenha-se atento e tome decisões calmas a) Trace o seu plano e concentre-se na acção imediata. Instrução Militar 10º Ano -48- b) Dê confiança à sua guarnição não apresentando um ar atormentado. c) Estude a situação, decida e actue de acordo com ela. d) Se precisar de ajuda, peça-a. (7) Mantenha comunicação permanente com os homens sobre o seu comando e outras forças a) Saiba com quem deve comunicar. b) Use os meios rádio com a profusão possível. (8) Dê instruções claras e certifique-se de que são compreendidas a) Pense as ordens antes de as dar. b) Gaste o tempo necessário, compreendidas. c) Verifique o seu cumprimento. (9) mas garanta que elas foram Manter sempre o controle dos seus homens a) Exija que cada um trabalhe na área atribuída. b) Designe um comando subordinado para cada frente de luta. c) Controle todas as acções. (10) Combata o fogo agressivamente, mas garanta, antes, a segurança a) Seja o primeiro a cumprir as normas de segurança. b) Exija que os seus homens sigam o seu exemplo. c) Não descure a segurança dos seus homens. Ela está antes de tudo. A DETECÇÃO Dada a celeridade com que se desenvolve o incêndio, quanto mais rapidamente for detectado e combatido menores serão os efeitos devastadores. Para melhor ilustrar esta afirmação, é uso dizer-se que: Durante o 1º minuto, o fogo apaga-se com um copo de água; Durante o 2º minuto, com um balde de água; Durante o 3º minuto, com um tanque de água; Depois faz-se o que puder. (1)A detecção faz-se fundamentalmente através de: Instrução Militar 10º Ano -49- (a) Meios humanos (1) Rondas ou patrulhamentos. (2) Torres de vigia (incêndios vegetais). (3) Outros. (b) Meios automáticos (1) Instalações de detecção automática O sistema automático de detecção de incêndios (SADI) é uma instalação capaz de detectar um incêndio sem intervenção humana, transmitir essa informação a uma central, dar o alarme e o alerta automaticamente, e accionar os equipamentos necessários para impedir a propagação do incêndio. O objectivo fundamental de um sistema deste tipo é avisar o homem do perigo de incêndio, de forma a permitir a sua intervenção no momento em que esse perigo é, geralmente, ainda insignificante; dispensa assim a intervenção humana, mas não só a minimiza como faz extraordinariamente o intervalo de tempo entre a detecção e a primeira intervenção. Em geral, um sistema de detecção automática de incêndios é constituído por: Um conjunto de órgãos sensíveis - os detectores; Um dispositivo de alarme; Uma central de sinalização e comando; Fontes de alimentação (energia normal e de recurso); Equipamentos de repetição e transmissão à distância (os sistemas mais sofisticados). Permitindo assim a organização do alarme que é, aliás, o cerne da segurança oferecido por este sistema ao seu utilizador. Com efeito, consegue-se, com o sistema, atingir os seguintes resultados: A informação imediata às pessoas que o incêndio possa colocar em situação de perigo; A intervenção imediata do pessoal de 1ª intervenção que desencadeia o ataque inicial e orienta a evacuação se necessário; Instrução Militar 10º Ano -50- A efectivação dos comandos indispensáveis (corte de ventilação e ares condicionados, abertura de extractores de fumos, fecho de portas corta- fogo, etc.); O alerta do pessoal encarregado de missões complementares, como seja os bombeiros, forças de segurança, pessoal dirigente, etc. A EXTINÇÃO (1) Fases da extinção A extinção de qualquer incêndio deve seguir as seguintes fases: (a) Reconhecimento Deve haver a preocupação de, antes de iniciar as operações, efectuar um reconhecimento inicial, embora rápido e expedito, de modo a avaliar-se a extensão do fogo e a permitir definir os meios a empregar. O reconhecimento é efectuado pelo chefe mais graduado presente nas operações. Se o sinistro tiver grandes proporções, pode o chefe dividir a área total em fracções e cometer a responsabilidade do reconhecimento dessas fracções aos seus imediatos colaboradores. No reconhecimento, procurar-se-á escolher posições onde o fogo pode ser melhor atacado, tendo em atenção a sua direcção de progressão e os locais que se querem proteger a todo o custo. Por vezes, mesmo antes de o reconhecimento estar concluído, é possível estabelecer já algum equipamento em posição de ataque ou mesmo em ataque. O reconhecimento dá origem a um plano de trabalhos. Através dele, o chefe que orienta a operação dá aos seus subordinados uma ideia do modo como vai executar a missão, dando-lhes instruções e ordens de preparação e ataque. Essas ordens ou instruções podem ser dadas directamente de viva voz pelo chefe, ou então através de meios rádio ou de ordenanças. (b) Salvamentos Os trabalhos de salvamento têm sempre prioridade em relação a qualquer outro. Em alguns casos a sua execução torna-se possível simultaneamente com outros trabalhos e, por vezes, o ataque precede os salvamentos para tornar estes possíveis. Instrução Militar 10º Ano -51- O chefe e os colaboradores directos devem dirigir os salvamentos sempre que os haja. (c) Estabelecimento dos meios de acção. Esta fase corresponde ao desenvolvimento do trabalho de cada equipa de acordo com as ordens recebidas do chefe, em função do plano de trabalhos que delineou. O chefe de cada equipa deve saber, em cada momento, o que a sua equipa está a fazer e qual a posição de cada elemento. Deve inspirar calma e confiança, manter a ordem sem gritos e sem mostrar alarmismos. A ordem, a calma e a rapidez são fundamentais para um bom êxito. (d) Ataque e protecção O ataque corresponde ao conjunto de trabalhos indispensáveis para debelar o sinistro, limitar os seus efeitos e evitar a sua repetição. Paralelamente ao ataque deverá fazer-se a protecção, quer do pessoal, quer do material. Essa protecção tem por fim limitar até onde for possível os prejuízos causados, quer pelo fogo, quer pelos meios de socorro. Nos trabalhos de protecção, incluem-se os escoramentos, demolições, escoamentos de águas, protecção de móveis e utensílios. O ataque propriamente dito engloba geralmente as seguintes modalidades: 1. Circunscrição do fogo; 2. Domínio do fogo; 3. Extinção do fogo; 4. Rescaldo; 5. Prevenção. A. Circunscrição Um fogo diz-se circunscrito ou localizado quando o ataque foi estabelecido de forma a impedir o seu alastramento para fora da zona já atingida. Esta é talvez a mais importante e é conseguida se a localização dos meios for criteriosamente escolhida. Instrução Militar 10º Ano -52- B. Domínio Um fogo considera-se dominado quando cede de forma permanente sob a acção dos meios de ataque. Depois de circunscrito e, portanto, tendo o fogo a possibilidade de alastrar, os meios de ataque incidem em plena força sobre o fogo, reduzindo a sua violência. A intensidade da chama diminui e os fumos passam a ter uma cor esbranquiçada proveniente do vapor da água. C. Extinção O fogo considera-se extinto quando os principais focos estão apagados, mantendo-se a arder quase sem chama pequenos detritos. D. Rescaldo O rescaldo inclui as operações de extinção total de todos os focos de incêndio e a remoção dos escombros. É uma acção morosa, mas importante. Se o rescaldo não for bem feito, pode o incêndio voltar a reacender-se. O pessoal não deverá abandonar o local sem se certificar que todos os focos de incêndio foram extintos. E. Prevenção Em certo tipo de fogos, e quando o chefe dirige os trabalhos sentir que é prudente não abandonar completamente o local, poderá deixar uma guarda de prevenção para manter uma vigilância permanente e atacar qualquer fogo que se reacenda. Terrenos e situações perigosas O conhecimento dos terrenos e situações perigosas é fundamental para a segurança do pessoal, descrevendo-se as principais: (1)Encostas Toda a permanência numa encosta por cima do fogo é perigosa. Nunca desça uma encosta ao encontro do fogo. Procure chegar ao cume quando o fogo aí chegar e ataque-o vigorosamente. Não vá directamente pela encosta abaixo para atacar o fogo. Desça pelo lado de onde sopre o vento e daí progrida lateralmente mantendo o nível a que o fogo se desenvolve, ou mais abaixo. (2)Cumes Embora o cume seja o melhor local para atacar o fogo, não se deve colocar na frente da sua progressão mas lateralmente e, quando este atingir a cumeada, atacálo de lado. Elimine os focos dispersos acima do declive para que não o possam envolver. Quando fizer o ataque, procure impedir a progressão lateral do incêndio, trabalhando a nível inferior ao da testa de avanço do fogo. Instrução Militar 10º Ano -53- (3)Vales Um fogo progredindo para o fundo de um vale, de acordo com as alterações do terreno, de ventos ou de humidade, pode modificar a sua progressão de uma ou mais formas das que se indicam: (a) O fogo pode afastar-se; (b) O fogo pode saltar para a vertente oposta do vale e criar novos focos, principalmente se o vale é estreito; (c) O fogo pode atear-se a uma ou às duas vertentes e arder para trás e para cima em direcção ao cume; (d) O fogo pode aquecer o ar existente e os combustíveis expostos, e darse uma explosão em simultâneo com a expansão da combustão a uma zona vasta. Colocação de viaturas As viaturas que se movimentam numa área de fogo só deverão estacionar nos locais definidos pelo comandante da força que fará uma inspecção para localizar áreas seguras para o estacionamento. Devem-se procurar parques de estacionamento sem vegetação ou barreiras naturais ou artificiais. A viatura deve estacionar de modo que a sua saída rápida seja possível sem ter que efectuar manobras preparatórias. Deve-se estacionar fora da estrada, ficando esta desimpedida para o trânsito das viaturas operacionais, mas nunca em cabeços, no topo de encostas, em cima de vegetais combustíveis ou em frente a um incêndio que progrida. Instrução Militar 10º Ano -54- 3.2.1- Identificar as Classes das áreas de Segurança das instalações e identificar estados de segurança a) Introdução 1. A contra-informação é a parte da actividade de informações militares relacionada com as medidas de segurança, activas e passivas, destinadas a salvaguardar as nossas actividades, possibilidades e intenções, o pessoal, o material e as instalações contra as actividades de informação, terrorismo, espionagem, sabotagem e subversão desenvolvidas por países estrangeiros, grupos ou indivíduos desafectos que constituam ameaça à segurança Nacional. A contra-informação inclui a detecção de actos de traição, de sedição e de desafeição entre o pessoal militar e entre os funcionários civis do exército, e a neutra1ização ou destruição das actividades hostis de informação e subversão. Em tempo de paz, a contra-informação traduz-se na adopção de medidas 1ógicas de salvaguarda e segurança enquanto em campanha, a ap1icação destas medidas é o prolongamento das que foram desenvolvidas desde o tempo de paz. Os princípios e técnicas de contra-informação em campanha são também aplicáveis a todo o tipo de exercícios. Na alínea b. Descrevem-se tais princípios e técnicas, bem como a sua execução. As acções de contra-informação integram-se nas seguintes acções gerais: - Segurança Militar; - Segurança Civil; - Segurança das fronteiras, viajantes e bagagens; - Censura; - Acções Especiais. As ameaças à segurança resultam fundamentalmente de 4 tipos de actividades: - Terrorismo, inclui ataques armados, assassinatos, raptos, entre outras formas; - Espionagem, é um método coberto, usado pelo serviço de Informações para adquirirem informação que afecte a Segurança Nacional; - Sabotagem, ocorre normalmente antes do início de um conflito, de forma a obter mais impacto; - Subversão, adopta métodos ilegais e inconstitucionais para que se verifiquem mudanças governamentais favoráveis aos seus interesses. Instrução Militar 10º Ano -55- É de esperar que as ameaças sejam conduzidas por: - Serviços de Informações hostis; - Organizações, Grupos ou indivíduos subversivos; - Organizações, Grupos ou indivíduos terroristas; - Forças Especiais In; - Unidades de Reconhecimento e vigilância, utilizando meios de recolha de informações através de Imagem e Reconhecimento das Transmissões; inclui satélites. As Informações que o In mais provavelmente deseja obter são as seguintes: - Possibilidades e limitações, intenções e planos de emprego das nossas Forças; - Composição, efectivo, dispositivo, armamento, equipamento, instrução e moral das nossas forças; - Pontos vulneráveis do nosso Sistema logístico e administrativo; - Dados biológicos relativos personalidades, entre outros. aos nossos comandantes e outras Entre as mais importantes origens, processos e órgãos de que o In em campanha pode obter notícias, encontram-se: - Observação e reconhecimento; - PG e refugiados; - Escuta e análise das transmissões; - Documentos e material; - Análise dos mass media; - Indiscrições, acidentais ou deliberadas; - Agentes secretos e colaboracionistas; - Viajantes. Instrução Militar 10º Ano -56- (b) Tipos e Medidas de contra-informação Existem 3 tipos de medidas de contra-informação: protecção, detecção e decepção (Fig.80). 1) Medidas de protecção As medidas de protecção visam impedir que o inimigo obtenha notícias acerca das nossas actividades. Incluem, entre outras: (a)Disciplina do segredo A salvaguarda de notícias e documentos pode, em parte, ser garantida limitando, tanto quanto possível, o conhecimento dos nossos planos e intenções ao menor número de pessoas, ou impedindo a saída do pessoal das áreas de bivaque antes de um deslocamento ou operações. O esclarecimento do pessoal acerca de conversas descuidadas, ainda que sobre assuntos militares aparentemente inócuos, é uma medida fundamental para a salvaguarda da informação militar. Do mesmo modo deve a INTERNET ser apontada como um excelente meio de recolha de informação pelo In, se nos entregarmos a uma utilização descuidada, mesmo que o título particular. Cartas, diários e outros documentos de natureza pessoal que por qualquer forma, possam revelar ou fornecer elementos acerca das respectivas unidades, não devem ser mantidos nas áreas da frente. A instrução sobre a disciplina do segredo inclui o esclarecimento dos militares sobre o que apenas são obrigados a declarar ao inimigo, ou a outros prisioneiros, em caso de captura: nome, posto, número e data de nascimento. Por vezes, entre os capturados, o inimigo coloca falsos prisioneiros. (b) Segurança de documentos e das Matérias Classificadas A classificação da correspondência, cartas, fotografias e material especial fornece indicações quanto ao grau de salvaguarda a adoptar para impedir que caiam nas mãos do inimigo. (c) Camuflagem e Cobertura A disciplina de camuflagem e cobertura consiste na adopção de medidas activas e passivas, pelo pessoal, ou pelas unidades, para evitar que o inimigo detecte as nossas posições, material e instalações. (d) Segurança das Transmissões A segurança das transmissões compreendem as medidas destinadas a evitar que as entidades não autorizadas cheguem ao conhecimento de notícias e informações através dos nossos meios de transmissão. Inclui o emprego de códigos e cifras e a salvaguarda do material ou sistemas criptográficos. Instrução Militar 10º Ano -57- (e) Contra-Reconhecimento É a acção preventiva destinada a proteger as nossas formas da actividade de reconhecimento do inimigo. Inclui um sistema de alerta contra pessoal infiltrado, uma cortina defensiva que proteja as nossas forças dos órgãos de pesquisa inimiga, e uma cortina ofensiva que neutralize o esforço de reconhecimento do inimigo antes que este obtenha resultados. Fig.80 - Medidas de contra-informação (f) Controlo de movimentos e de acessos Adopção de procedimentos destinados a evitar que pessoas não autorizadas tenham entrada em áreas de acesso condicionado. 2) Medidas de Detecção As medidas de detecção tem por finalidade revelar e neutralizar as actividades de informações do inimigo. Alguns exemplos: (a) Reconhecimento Aéreo e Terrestre (b) Investigações de Segurança Destinam-se a verificar a lealdade do pessoal. Instrução Militar 10º Ano -58- (c) Passes para Civis Estes documentos constituem um bom processo de identificação de civis autorizados a entrar numa determinada área. Permitem a rápida detecção de pessoas estranhas ou em trânsito. (d) Senha e contra-senha O correcto emprego da senha e contra-senha permite a detecção de pessoas ou grupos que pretendam infiltrar-se nas nossas posições ou instalações. 3) Medidas de Decepção As medidas de decepção destinam-se a iludir o inimigo acerca dos nossos verdadeiros planos e intenções. (a) No planeamento das medidas de decepção consideram-se dois aspectos: - Identificar o alvo do esforço de decepção; geralmente é o comandante inimigo. - Dar tempo e oportunidade suficiente ao comandante inimigo para reagir de maneira que nos seja favorável. (b) Exemplos de medidas de decepção: Ardis – ardil é ma actividade simulada destinada a fazer crer no inimigo que estamos a desenvolver uma determinada acção quando, de facto, não há intenção de a realizar, na área em causa. Posições simuladas - As posições simuladas são preparadas e melhoradas do mesmo modo que as posições reais. Destinam-se a fazer crer ao inimigo que certas forças ocupam posições onde de facto não se encontram. Falsas notícias - As notícias falsas, para fins da decepção, são difundidas através de documentos mensagens, emissões de rádio e instruções verbais fictícias. Para serem eficazes exigem pré-planeamento e adequada difusão, segundo um critério lógico e oportuno. Quando se utilizam medidas de decepção, as nossas forças devem ser perfeitamente esclarecidas acerca do que se pretende, para não serem elas próprias iludidas. Instrução Militar 10º Ano -59- Incursões – Uma incursão é um ataque em terreno na posse do inimigo, para cumprir uma missão específica, seguindo normalmente de retirada. Fintas – Uma finta é um ataque de objectivo limitado, destinado a enganar o inimigo, desviando a sua atenção do ataque principal. Demonstrações – Uma demonstração é uma acção destinada a enganar o inimigo, através da exibição de uma força numa área onde não se procura a decisão. Difere da finta por não implicar progressão. (c) Órgãos de contra-informação: - Um órgão de contra-informação é qualquer Unidade, repartição, secção, organização, grupo ou indivíduo que contribua para o cumprimento das medidas de contra-informação. É através destes órgãos que o Oficial de Informações acciona as medidas de contra-informação. Militar - Todo o militar tem responsabilidade de contra-informações, seja na sua própria segurança e camuflagem, seja na recusa em divulgar ao inimigo e a pessoas não autorizadas notícias de valor. Neste sentido todo o militar é um órgão de contra-informação. Em conjunto, os militares podem apoiar muito melhor o esforço de contra-informação que qualquer outro grupo. - O militar deve não só adoptar conscientemente medidas de contrainformação, como também cooperar na detecção das actividades de informações inimigas. Além disso, pode, eventualmente, fornecer importantes notícias sobre actividades subversivas no exército. Contudo, o valor do militar como órgão de contra-informação está muito dependente da instrução que, sobre esta matéria, lhe for ministrada. - Mal instruído, poderá comprometer não só a sua própria segurança, como a da unidade a que pertence. Especialistas de Informações - Estes especialistas fazem parte dos órgãos de contra-informação do exército. Têm por missão detectar actos de sedição, traição, subversão e desafeição e ainda prevenir a espionagem e sabotagem. - O pessoal de contra-informação ocupa-se dos assuntos mais técnicos da contra-informação, sendo constituído por investigadores especializados. Instrução Militar 10º Ano -60- Unidades - Todas as unidades executam medidas de contra-informação. O êxito das acções de contra-informação está muito dependente do exacto entendimento daquelas medidas, da eficiência com que são executadas e da coordenação com outras unidades. - Uma vez que o exército se compõe de várias unidades, são estas que realizam uma grande parte das funções de contra-informação. Outros órgãos - Outros órgãos militares, designadamente a Polícia do Exército, a Polícia Judiciária Militar, os Destacamentos de Informações, certos serviços técnicos e outras unidades desempenham também algumas funções especia1izadas de contra-informação. - Os órgãos de segurança nacionais e de países amigos ou aliados são importantes para averiguar as origens de notícias em matéria de contrainformação. 4 - MORAL, CÍVICA E MILITAR (MCM) 4.1 - Identificar a Bandeira Nacional (os Estandartes Militares), o Hino Nacional e os Conceitos de Pátria, de Cidadania e de Cidadania Europeia Pátria “Pátria”, etimológicamente, significa a terra dos antepassados (“terra patrum”), no sentido real é a nação enquanto objecto de amor e de devoção na consciência colectiva. São elementos da “Pátria”: - Terra; - Pessoas; - Elementos espirituais. Uma pátria não é apenas uma comunidade, mas sobretudo uma continuidade histórica, que engloba dois factores determinantes: o território e a sucessão de gerações. Nem todas as nações se podem considerar rigorosamente pátrias. Instrução Militar 10º Ano -61- Uma nação nómada ou dispersa pelo mundo, rigorosamente não é uma pátria, mas somente aquela que habita uma certa região do globo. Pátria é assim o meio físico que serve de moldura à nossa vida, a paisagem onde ela se desenrola com todas as alegrias e sofrimentos, o palco onde se joga, do berço ao túmulo nosso destino de homens - onde nascemos, onde crescemos, onde trabalhamos e amamos, onde morremos. Pátria é a terra já trabalhada, já habitada pelos nossos maiores, onde cada geração que passou deixou aí o vestígio de uma transformação qualquer: campos que lavrou, casas e monumentos que edificou, estradas que abriu, etc. Bandeira Nacional (Estandartes Militares) A Bandeira Nacional é o símbolo da Pátria. A Bandeira Portuguesa não foi sempre a mesma ao longo da história pátria. A evolução da nossa bandeira está intimamente ligada à evolução do “escudo de armas” dos reis de Portugal. Com a implementação da República, a bandeira da monarquia é substituída, pela Comissão nomeada pelo “Diário do Governo” (15-10-1910) para apresentar o projecto, por uma bandeira com as cores (verde e vermelho) dos pendões hasteados na revolta de 31 de Janeiro de 1891 e na Rotunda em 5 de Outubro de 1910. Essa comissão era constituída por Abel Botelho, Columbano, João Chagas e Ladislau Pereira. O decreto de 19 de Junho de 1911, da Assembleia Nacional Constituinte, determinou: “ A Bandeira Nacional é bipartida verticalmente em duas cores fundamentais, verde-escuro e escarlate, ficando o verde do lado da tralha. Ao centro e sobreposto à união das duas cores, terá o escudo das Armas Nacionais, orlado de branco e assentando sobre a esfera armilar manuelina, em amarelo e avivado de negro. Nas bandeiras das diferentes unidades militares, que serão talhadas em seda, a esfera armilar, em ouro, será rodeada por duas vergônteas de loureiro, também em ouro, cujas hastes se cruzam na parte inferior da esfera, ligadas por um laço branco, onde, como legenda imortal, se inscreverá o verso camoniano: “Esta é a ditosa Pátria minha amada”. O significado atribuído às partes constitutivas Verde - representa o Território da Pátria com os seus campos verdes. Escarlate - representa o sangue dos Portugueses que há oito séculos têm mantido Portugal independente e livre. Esfera Armilar - representa o mundo que os portugueses descobriram e civilizaram, e assim a missão ecuménica de Portugal. As quinas - são o desenvolvimento heráldico da primitiva cruz cristã azul do brasão de D. Afonso Henriques, Primeiro Rei de Portugal. Instrução Militar 10º Ano -62- Banda encarnada com castelos em ouro - é o escudo de D. Afonso III. Em virtude das regras heráldicas, por ter herdado o trono de seu irmão, o escudo de seu avô (a cruz azul transformada em quinas) ficou sobreposto ao seu. A Bandeira Nacional das unidades militares é designada “Estandarte Nacional” Como símbolo da Pátria, a bandeira nacional merece todo o respeito dos cidadãos. Ela deve ser incitamento ao caminho da honra, do dever e do amor a Portugal. Hino Nacional O Hino Nacional é uma composição poética e musical em honra da Nação. É um cântico patriótico, solene, destinado a exaltar a Pátria e é entoado em seu louvor. O Hino Nacional português, “ A Portuguesa”, tem letra de Henrique Lopes de Mendonça e música de Alfredo Keil. Porque é um dos símbolos da Pátria, o Hino Nacional é executado em várias cerimónias de carácter patriótico. O Hino Nacional deve ser cantado ou escutado com o máximo respeito, tendo-se por ultraje à própria Pátria a falta de consideração devida quer ao Hino Nacional, quer à bandeira do país. A música de um Hino Nacional está sempre impregnada de sentimentos patrióticos e nobres. Ao ouvi-la sente-se uma comoção indescritível, emoção que parece aumentar tanto mais quanto mais longe nos encontramos do torrão natal. Qualquer militar, mais do que outro cidadão, deve dar provas públicas de que está sempre disposto a amar, defender, sacrificar-se, respeitar e fazer respeitar a sua pátria, mesmo quando representada apenas nos seus símbolos. O conceito de Cidadania e Cidadania Europeia “A cidadania consiste na pertença juridicamente reconhecida a uma comunidade política. É assim, o estatuto de membro de uma comunidade política à qual se deve lealdade em troca da obtenção de segurança. Na democracia portuguesa cada cidadão é membro de uma comunidade independente, está dotado de direitos, liberdades e garantias, tais como os direitos de votar e de ser eleito para cargos públicos. Instrução Militar 10º Ano -63- Uma vez que confere pertença plena à comunidade, não comporta graus. Uma vez que é um estatuto jurídico-político, não pertence de pertenças individuais tais como a língua, religião, etnia e classe económica.” “Os tratados que instituíram as Comunidades têm privilegiado os factores económicos. Contudo, o desenvolvimento do direito comunitário consagrou valores relacionados com imperativos democráticos e com as exigências de uma comunidade de direito, através de uma interpretação extensiva dos termos dos Tratados em matéria de livre circulação de pessoas e direitos sociais. Assim, no início da década de setenta, começou a ser ventilada a chamada ‘cidadania incipiente’ que reconheceria direitos especiais e comuns aos cidadãos dos Estados-membros. Começou a falar-se da ‘Europa dos cidadãos’ na sequência da cimeira de Paris de 1974 e a ideia de cidadania europeia terá sido introduzida no relatório Tindemans em 1975. (…) Já após a entrada de Portugal na CEE e inserindo-se no aprofundamento da comunidade após o Acto Único, o Tratado de Maastricht, depois ratificado pela Assembleia da República, em Portugal, criou o estatuto de cidadão da União Europeia.” 4.2 - Reconhecer a importância da Democracia e da CRP Democracia Numa definição muito simples, a Democracia é o governo dirigido e controlado pelo povo. Em Democracia, os partidos políticos constituem as diferentes formas de entender e realizar o “bem comum”. A constituição fixa as bases da estrutura democrática da sociedade e os princípios por que se regem os órgãos do poder político. As Forças Armadas, num Estado democrático, asseguram o regular funcionamento das instituições (democráticas) e o cumprimento da Constituição. Apesar dos defeitos que tem - e que todos, mais ou menos pressentem - a Democracia pluralista é, mesmo assim, a análise e a crítica das várias opções políticas em liberdade. Há ainda a considerar que a Democracia pluralista permite auscultar e denunciar as forças não democráticas, as quais, obviamente preferem coisas bem distintas do bem comum ou do interesse nacional. É à Assembleia da República que compete legislar sobre a “organização da defesa nacional e definição dos deveres destas decorrentes”, cabendo às Forças Armadas a execução dos seus aspectos militares. Instrução Militar 10º Ano -64- O poder civil a que as Forças Armadas estão sujeitas - e que é característico duma situação democrática - não é um poder partidário, mas sim aquele que consubstancia o projecto social maioritário visando a realização do “bem comum”. Assim, de modo algum pode ser entendido que por força da supremacia do poder civil sobre as Forças Armadas estas estariam ao serviço de desígnios políticos parcelares ou partidários. A isenção partidária das Forças Armadas não significa apoliticismo, mas pelo contrário uma intenção política, difícil mas meritória, de dar espaço político ao poder civil para este exercer plenamente a especificidade democrática pluralista consignada na Constituição. A isenção partidária das Forças Armadas será entendida em termos de rigoroso apartidarismo, definindo-se o apartidarismo como emanação do próprio pluralismo político, tendo em vista o interesse nacional ou o bem comum. Democracia – Forças (Fonte: Walter Clemens Jr., Dianamics of Internacional Relations, 1998) O regime menos mau – após Lord Acton no séc. XIX, muitos pensadores e políticos afirmaram, como Winston Churchill, que “a democracia é a pior forma de governo excepto todas as outras formas que foram ensaiadas”. Realização humana – sendo o ser humano um animal social, a sua realização exige participar na vida pública. A participação em eleições é uma forma concreta de mostrar que cada indivíduo conta. Paz – a política externa das democracias promove os interesses da paz, do direito, do comércio e da comunidade e, nesse sentido, apazigua as relações internacionais. Segurança – os cidadãos dos regimes democráticos dispõe de garantias e de instrumentos de domínio dos direitos e no da sobrevivência económica para promover a segurança pessoal. Democracia – Fraquezas Instrução Militar 10º Ano -65- Demagogia – a democracia pode transformar-se de governo de povo em governo das massas, devido ao papel de dirigentes que arrastam as maiorias para soluções de luta entre as várias classes e grupos. Má política externa – os governos têm mais dificuldades em conduzir a política externa devido à ausência de estratégia a longo prazo e de flexibilidade táctica para mudar de campo quando as circunstâncias exigem. Injustiça – o argumento de que a democracia é boa para quem já é rico mas má para quem ainda é pobre também é sustentado pelos que consideram que o poder político se serve, sobretudo, a si próprio. Egoísmo – os interesses individuais divergentes promovidos pelos regimes pluralistas são maus para a unidade requerida pela actuação governamental. Constituição da República Portuguesa A Constituição da República Portuguesa e qualquer outra constituição tem por finalidade dar fundamento a uma vida pública pacífica, justa e de qualidade. A constituição é a fonte suprema de autoridade numa comunidade de cidadãos e regula as relações económicas, sociais e culturais da sociedade civil, providenciando segurança, e previsibilidade para a gestão de conflitos que nela ocorrem. “Os princípios constitucionais da democracia “ são essencialmente três: 1. Soberania popular, que implica que a autoridade política suprema reside na totalidade da população que cria, modifica e extingues os governos. Deste princípio decorre que o sistema eleitoral é a melhor forma de obter a decisão popular; 2. Soberania do Direito, que implica o respeito pelos direitos individuais, a exigência de instituições políticas representativas, a separação de poderes, a separação da igreja e do Estado, o controlo civil das Forças Armadas; 3. Subsidiariedade, que implica a preferência pela decisão mais próxima do cidadão dentro de cada Estado, e a maior legitimidade dos governos democraticamente eleitos pelos cidadãos perante as organizações internacionais em que se integram.” Instrução Militar 10º Ano -66- Na Constituição da República são definidos os princípios básicos da Defesa Nacional na Parte III Título IX de que se ressaltam as seguintes: Artigo 273º (Defesa Nacional) 1. É obrigação do estado assegurar a defesa nacional. 2. A defesa nacional tem por objectivos garantir, no respeito da ordem constitucional, das instituições democráticas e das convenções internacionais, a independência nacional, a integridade do território e a liberdade e a segurança das populações contra qualquer agressão ou ameaças externas. Artigo 275º (Forças Armadas) 1. Às Forças Armadas incumbe a defesa militar da República. 2. As Forças Armadas compõem-se exclusivamente de cidadãos portugueses e a sua organização baseia-se no serviço militar obrigatório e a sua organização é única para todo o território nacional. 3. As Forças Armadas obedecem aos órgãos de soberania competentes, nos termos da Constituição e da lei. 4. As Forças Armadas estão ao serviço do povo português, são rigorosamente apartidárias e os seus elementos não podem aproveitar-se da sua arma, do seu posto ou da sua função para qualquer intervenção política. 5. Incumbe às Forças Armadas, nos termos da lei, satisfazer os compromissos internacionais do Estado Português no âmbito militar e participar em missões humanitárias e de paz assumidas pelas organizações internacionais de que Portugal faça parte. 6. As Forças Armadas podem ser incumbidas, nos termos da lei, de colaborar em missões de protecção civil, em tarefas relacionadas com a satisfação de necessidades básicas e a melhoria da qualidade de vida das populações, e em acções de cooperação técnico-militar no âmbito da política nacional de cooperação. 7. As leis que regulam o estado de sítio e o estado de emergência fixam as condições do emprego das Forças Armadas quando se verifiquem essas situações. Artigo 276º (Defesa da Pátria, Serviço Militar e Serviço Cívico) 1. As defesas da Pátria são direita e dever fundamental de todos os portugueses. 2. O serviço militar regulado por lei, que fixa as formas, a natureza voluntária ou obrigatória, a duração e o conteúdo da respectiva prestação. 3. Os cidadãos sujeitos por lei à prestação do serviço militar e que forem considerados inaptos para o serviço militar armado prestarão serviço militar não armado ou serviço cívico adequado à sua situação. Instrução Militar 10º Ano -67- 4. Os objectores de consciência ao serviço militar que legalmente estejam sujeitos prestarão serviço cívico de duração e penosidade equivalentes à do serviço militar armado. 5. O serviço cívico pode ser estabelecido em substituição ou complemento do serviço militar e tornado obrigatório por lei para cidadãos não sujeitos a deveres militares. 6. Nenhum cidadão poderá conservar ou obter emprego do Estado ou de outra entidade pública se deixar de cumprir os seus deveres militares ou de serviço cívico quando obrigatório. 7. Nenhum cidadão poderá ser prejudicado na sua colocação, nos seus benefícios sociais ou no seu emprego permanente por virtude do cumprimento do serviço militar ou do serviço cívico obrigatório. 4.2.1 Reconhecer o conceito de "Defesa Nacional" e a sua Componente Militar 1) Os Princípios da Defesa Nacional Portugal, signatário da Carta da Organização das Nações Unidas e historicamente vocacionado para a manutenção da paz entre os povos, rege-se, nas relações internacionais, pelos princípios da independência nacional, do respeito pelos direitos do homem, da igualdade entre os Estados, da solução pacífica dos conflitos internacionais e da não ingerência nos assuntos de outros Estados. Estes princípios estão consignados na Constituição da República Portuguesa, a qual preconiza ainda o desarmamento geral e o estabelecimento de um sistema de segurança colectiva, com vista à criação de uma ordem internacional capaz de assegurar a paz e a justiça nas relações entre os povos. Na observância destes princípios e vocação pacífica, a Lei nº 29/82, de Defesa Nacional e das Forças Armadas, estabelece que “ a defesa nacional é a actividade desenvolvida pelo estado e pelos cidadãos no sentido de garantir, no respeito das instituições democráticas, a independência nacional, a integridade do Território e a liberdade e a segurança das populações contra qualquer agressão ou ameaça externas ” (Artigo 1º). Esta definição é completada na mesma Lei, quando estabelece que “a política de defesa nacional tem carácter permanente, exercendo-se a todo o tempo e em qualquer lugar, tem âmbito interministerial e natureza global, abrangendo uma componente militar e componentes não militares” (Artigo 6º). A mesma Lei acrescenta ainda que “a defesa nacional é igualmente exercida no quadro dos compromissos internacionais assumidos pelo país” (Artigo 3º). Instrução Militar 10º Ano -68- Assim não cabe unicamente às Forças Armadas a Defesa da Pátria, como erradamente se possa pensar. O jogo de interdependências entre os Estados soberanos, assume uma importância vital na garantia dos interesses da comunidade nacional para atingir o objectivo do bem comum. Desdobra-se portanto a Defesa Nacional em várias componentes, como sejam a económica, a científica, educacional, cultural, social e todas as demais que fazem parte da nossa comunidade e de que as Forças Armadas são mais uma. A importância relativa dos diferentes componentes da Defesa, não é mensurável e cabe ao Governo definir o valor que a seu tempo dará a cada um. 2) Objectivos da Defesa Nacional A Lei nº 29/82, estabelece para a política de Defesa Nacional os seguintes objectivos permanentes (Artigo 5º): - Garantir a independência Nacional; - Assegurar a integridade do território; - Salvaguardar a liberdade e a segurança das populações bem como a protecção dos seus bens e do património nacional; - Garantir a liberdade de acção dos órgãos de soberania, o regular funcionamento das instituições democráticas e a possibilidade de realização das tarefas fundamentais do Estado; - Contribuir para o desenvolvimento das capacidades morais da comunidade, de modo a que possa prevenir ou reagir pelos meios adequados a qualquer agressão ou ameaça externas; - Assegurar a manutenção ou restabelecimento da paz em condições que correspondem aos interesses nacionais. São objectivos de paz, de legítima defesa, coerentes com a afirmação dos princípios de que Portugal é um País pacífico, identificado com as normas do direito internacional e da Carta das Nações Unidas. São objectivos nacionais permanentes, do estado e dos cidadãos, de natureza global, juntamente com outros objectivos conjunturais da Defesa Nacional, devem servir de base à definição e à execução da política e da estratégia da Defesa Nacional, isto é, às orientações e às medidas a tomar nos vários departamentos do Governo, no âmbito da componente militar e das componentes não militares da Defesa Nacional pelas quais esses departamentos são responsáveis. Mas são também, em quaisquer circunstâncias, para todos os portugueses, um ponto de referência obrigatório para o seu comportamento individual no cumprimento do dever fundamental da defesa da Pátria. Instrução Militar 10º Ano -69- 3) Conceito Estratégico de Defesa Nacional (Resolução do Conselho de Ministros nº 9/94) O conceito estratégico de defesa nacional define os aspectos fundamentais da estratégia global adoptada pelo Estado para a consecução dos objectivos da política de defesa nacional. A política de defesa nacional tem carácter permanente, exercendo-se com ritmos diferentes em tempo de paz, de crise ou de eventual conflito armado; abrange todo o território nacional; tem em conta todo o espaço estratégico de interesse nacional e visa garantir a salvaguarda dos interesses nacionais. De natureza global, abrangendo uma componente militar e componentes não militares, a política de defesa nacional tem ainda âmbito interministerial, cabendo a todos os órgãos e departamentos do estado promover as condições indispensáveis à respectiva execução. 4) A componente Militar da Defesa Nacional O conceito estratégico de defesa nacional refere que no plano militar se deve: Adoptar um postura estratégica defensiva e assegurar uma capacidade de defesa de resistência que garanta a possibilidade de fazer funcionar em tempo os mecanismos de contenção, políticos e diplomáticos, nacionais e internacionais, e se necessário, a solidariedade militar aliada; Providenciar no sentido de que as Forças Armadas possam actuar, para além do âmbito das missões específicas e fundamentais de defesa militar da República, como instrumento da política externa do estado; Constituir um sistema de forças que, de acordo com os recursos financeiros disponíveis e os objectivos estabelecidos, assegure as capacidades necessárias para designadamente: - Realizar operações conjuntas de vigilância, controlo e defesa do território nacional, bem como de vigilância e controlo do espaço interterritorial; - Satisfazer os compromissos assumidos por Portugal, no âmbito da OTAN e da UEO, com graus de prontidão acordados; - Colaborar em missões de manutenção ou estabelecimento da paz, integradas em forças multinacionais a constituir no âmbito internacional; - Realizar missões de interesse público, sem prejuízo das missões de natureza intrinsecamente militar, participar em acções de auxílio humanitário no interesse da comunidade internacional e colaborar na preservação e reposição das condições ambientais; - Actuar em situações de estado de sítio ou de emergência, conforme definido em lei própria; Instrução Militar 10º Ano -70- 4.2.2 Identificar a componente terrestre da defesa militar e segurança do território nacional Considerações Gerais A defesa de uma Nação, sob a perspectiva militar actual, pode considerar-se possuir três componentes: a terrestre, a naval e a aérea. Daí a justificação da constituição de três ramos nas Forças Armadas (FA) – Exército, Marinha e Força Aérea -, não devendo daqui inferir-se que a actuação dos ramos é independente e exclusivista. Com efeito, apesar de cada uma das componentes de defesa militar ter o seu campo de acção específico, nos dias de hoje a cooperação inter-ramos assume papel preponderante por se tornar cada vez mais difícil definir à partida qual daqueles campos se tornará no mais importante e decisivo no desfecho de qualquer conflito. Porém, a constatação do desenvolvimento de um dos Ramos em relação aos outros está ligado as suas situações específicas (geográficas, normalmente) dos respectivos países, havendo os que nem sequer consideram a componente naval devido ao facto de não possuírem fronteiras marítimas. Nestes casos vemos um muito maior desenvolvimento dos seus exércitos (ex: Áustria). Por outro lado, nações existem em ilhas, como a Inglaterra, ou em que a fronteira marítima é grande, como a Noruega, que desenvolveram significativamente a sua componente de defesa naval. A situação de PORTUGAL Portugal tem fronteira terrestre com a Espanha e fronteira marítima com o Oceano Atlântico. Além disso é constituído pelas regiões autónomas dos Açores e Madeira, que são Arquipélagos com afastamento relativo do continente. Estas premissas, e sem atender a outras envolventes, levam a considerar um desenvolvimento equilibrado das nossas componentes de defesa. A terrestre tendo em atenção a defesa da fronteira terrestre; a naval considerando a posição marítima e a insularidade de parte do território; a área para apoiar convenientemente estas duas, pela vulnerabilidade que, isoladas, aquelas apresentam. Instrução Militar 10º Ano -71- Em relação às citadas componentes poder-se-ia fazer uma análise mais exaustiva em favor da defesa da importância relativa de cada uma delas. Não sendo agora esse o objecto, interessa antes debruçarmo-nos tão somente na componente terrestre. A Componente Terrestre Para a política de defesa nacional é fundamental a existência de um exército permanente, moderno e eficaz, capaz de crescer por mobilização em consonância com as disponibilidades dos recursos humanos e económicos, adequado à realidade social nacional, responsável directo pela componente terrestres de defesa militar e apto a intervir em qualquer parte do território nacional. Um exército versátil, mais pequeno, mas mais eficaz que reflicta, igualmente, no seu âmbito, uma capacidade efectiva de garantir os compromissos internacionais do Estado, numa época em que a segurança se apresenta internacionalmente cada vez mais colectiva. O Exército é parte integrante do sistema de forças nacional. Nas componentes do sistema de forças nacionais inserem-se: - Na componente operacional, os comandos operacionais, grandes unidades e unidades de natureza operacional. - Na componente fixa ou territorial, os demais comandos, unidades, estabelecimentos e órgãos da estrutura do ramo. 4.2.3 Identificar a organização do Exército Português – Divisão Militar Territorial a. Organização Geral do Exército O Exército compreende: - O Chefe do Estado-Maior do Exército; - O Estado-Maior do Exército; - Os órgãos centrais de administração e direcção; - Os órgãos de conselho; - Os órgãos de inspecção; - Os órgãos de implantação territorial; - Os elementos da componente operacional do sistema de forças nacional. Instrução Militar 10º Ano -72- b. O CEME O Chefe do Estado-Maior do Exército é o comandante do Exército. c. O EME O Estado-Maior do Exército constitui o órgão de planeamento e apoio à decisão do CEME. d. Órgãos centrais de administração e direcção Os órgãos centrais de administração e direcção, na dependência directa do CEME, têm carácter funcional e visam assegurar a superintendência e execução em áreas ou actividades específicas essenciais, de acordo com as orientações superiormente definidas. São órgãos centrais de administração e direcção: - O Comando do Pessoal; - O Comando da Logística; - O Comando da Instrução e Doutrina. e. Órgãos de conselho Destinam-se a apoiar as decisões do CEME em assuntos especiais e importantes na preparação, disciplina e administração do Exército. São órgãos de conselho do CEME: - O Conselho Superior do Exército; - O Conselho Superior de Disciplina do Exército; - A Junta Médica de Recurso do Exército. f. Órgãos de inspecção A Inspecção Geral do Exército apoia o CEME no exercício das funções de controlo e avaliação. Instrução Militar 10º Ano -73- g. Órgãos de implantação territorial São órgãos de implantação territorial os que visam a organização e apoio geral do Exército, ou quando razões objectivas o aconselham das Forças Armadas, e que não sejam especificamente caracterizados de outras forma. Compreendem: - Os Comandos Territoriais; - O Comando das Tropas Aerotransportadas; - As unidades, os estabelecimentos e os órgãos territoriais; - Os campos de instrução. e. Elementos da componente operacional do sistema de forças nacional Os elementos da componente operacional do sistema de forças nacional da responsabilidade do Exército compreendem: - O Comando Operacional das Forças Terrestres; - Outros comandos operacionais; - As grandes unidades e unidades destinadas ao cumprimento das missões de natureza operacional. Instrução Militar 10º Ano -74- f. Organigrama do Exército Divisão Militar territorial O território Nacional é dividido em: - Unidades Estabelecimentos e Órgãos de Lisboa; - Unidades Estabelecimentos e Órgãos Norte; - Unidades Estabelecimentos e Órgãos Sul; - Zona Militar dos Açores (ZMA); - Zona Militar da Madeira (ZMM). Instrução Militar 10º Ano -75- 4.3 - Identificar os compromissos militares internacionais – a OTAN a. Os compromissos militares internacionais Além de estar integrado na OTAN, com a qual assumiu compromissos que mais à frente serão especificados, Portugal assumiu outros compromissos de âmbito militar com países amigos e aliados nomeadamente: Acordo de Defesa entre Portugal e os EUA (06SET51) A finalidade deste acordo é: - Congregar esforços para a defesa comum e para a preservação da paz e da segurança; - Regular, em tempo de paz, as providências de preparação militar necessárias à defesa, de conformidade com os planos da OTAN. É no âmbito deste acordo que foram concedidas facilidades para a utilização da Base Aérea das Lages no Arquipélago dos Açores. Acordo entre Portugal e a França para facilidades nos Açores (24FEV77) Nos termos deste Acordo, o Governo Português faculta ao Governo Francês, nas Ilhas dos Açores, um determinado número de meios e de serviços destinados a facilitar a observação e a medição das trajectórias de engenhos balísticos franceses sem ogivas nucleares, que serão lançados na direcção Oeste, a partir das costas francesas do Atlântico. Acordo entre Portugal e a RFA (15MAI80) Dentro do âmbito deste acordo foram dadas facilidades à RFA quanto à utilização da Base de Beja, à utilização do Campo de Tiro de Alcochete e o uso de sistemas de comunicações. Tratado de Amizade e Cooperação entre Portugal e Espanha (22NOV77) Foi propósito deste tratado fortalecer os vínculos de amizade e de solidariedade europeia e contribuir para a paz e a segurança internacionais, num espírito de fraternidade universal e de cooperação entre os Estados, de harmonia com os fins e os princípios da carta das Nações Unidas e do Acto Final de Helsínquia. Instrução Militar 10º Ano -76- b. A OTAN 1. História Em 1949, o receio da continuação da expansão soviética para ocidente levou os países europeus a formar uma aliança com os Estados Unidos da América e o Canadá, a fim de garantir a sua segurança através de um sistema de defesa colectiva. O Tratado do Atlântico Norte foi assinado em 4 de Abril de 1949, dando origem a uma aliança da qual hoje fazem parte 19 países independentes. A OTAN foi constituída com o fim de atingir os objectivos do Tratado do Atlântico Norte. A organização serve os seus países membros e encarrega-se de todas as tarefas – políticas, militares, económicas e científicas – que lhe foram por eles entregues. Os factos falam por si. A expansão do poder soviético não continuou na Europa desde que a Aliança foi criada. A OTAN preservou a paz na Europa e a liberdade dos seus países membros durante mais meio de século, através de uma política firmada em dois pilares fundamentais: - Manutenção de um poderio militar suficiente para dissuadir qualquer potencial agressor; - Diálogo construtivo Este-Oeste para prevenir ou aliviar as tensões e promover relações vantajosas para ambas as partes. 2. Finalidades A OTAN na nova estrutura de comando é mais flexível e preconiza um carácter mais amplo dos conceitos de defesa e segurança, reflexo da implementação do novo Conceito Estratégico em que incluí missões de Defesa Colectiva, Operações de Resposta a Crises, Expansão / Estabilidade e Contra Proliferação em tempo de paz, crise e conflito. Instrução Militar 10º Ano -77- Ressalta o alargamento a Leste através do Programa de Parceria para a Paz (PfP) e subsequentes propostas de adesão, o reforço da iniciativa do Diálogo com o Mediterrâneo (Med Dialog) reconhecendo e envolvendo países desta importante região, a expansão dos limites de actuação da OTAN, a ênfase do conceito “Joint” (todos os ramos das Forças Armadas) e consequente reforço de multinacionalidade e do conceito CJTF “ Combined Joint Task Force”. Adicionalmente, a nova estrutura prevê ainda a incorporação da Identidade de Defesa e Segurança Europeia (ESDI) no nosso planeamento. Neste contexto (ESDI), o CINCSOUTHLANT está preparado para assumir uma operação da UEO ou Comandar a sua Força se para tal for designado. Instrução Militar 10º Ano -78- 3. Países Integrantes (a) Alemanha (b) Bélgica (c) Canadá (d) Dinamarca (e) França (não faz parte da estrutura militar) (f) Grécia (g) Hungria* (h) Irlanda (i) Itália (j) Luxemburgo (k) Holanda (l) Noruega (m) Portugal (n) Polónia* (o) Rep. Checa* (p) Espanha (q) Turquia (r) Reino Unido (s) Estados Unidos da América * 3 Novos membros 4. Funcionamento Instrução Militar 10º Ano -79- A OTAN é uma organização de Estados soberana e igual em direitos. As decisões tomadas representam, portanto, a expressão da vontade colectiva dos governos, de comum acordo. O Conselho do Atlântico Norte, composto por representantes dos dezanove países membros, é a instância suprema de decisão e consulta no seio da Aliança. Nas reuniões ministeriais do Conselho, realizadas duas vezes por ano, os membros da Aliança, são representados pelos seus Ministros dos Negócios Estrangeiros. O Conselho também pode reunir ao nível de Chefes de Estado ou de Governo. O Conselho em sessão permanente reúne pelo menos uma vez por semana ao nível dos embaixadores (Representantes Permanentes). O Comité Planeamento Defesa é composto por representantes dos países membros que participam na estrutura militar integrada na OTAN e trata dos assuntos especificamente relacionados com a defesa. Tal como o Conselho, reúne em sessão permanente ao nível de Embaixadores e duas vezes por ano a nível ministerial, cabendo a representação neste último caso aos Ministros da Defesa. O Conselho e o Comité Planeamento Defesa são presididos pelo Secretário-Geral, independentemente do nível a que reúnem. As sessões de abertura das reuniões ministeriais também são presididas pelo Presidente de Honra, cargo honorífico anual ocupado por um dos Ministros dos Negócios Estrangeiros. As questões nucleares são discutidas pelo Grupo de Planeamento Nuclear, que integra representantes de todos os países membros. Este órgão reúne regularmente ao nível dos Representantes Permanentes e duas vezes por ano ao nível dos Ministros da Defesa. 5. Estrutura Militar O Comité Militar é a mais alta autoridade militar na Organização do Tratado do Atlântico Norte. É constituído pelos Chefes de Estado Maior General das Forças Armadas de cada um dos países membros, com excepção da França que está representada no Comité por uma missão militar. O Comité Militar tem sede em Bruxelas, reúne-se regularmente no escalão dos Chefes de Estado Maior, pelo menos duas vezes por ano, ou quando for julgado necessário. Instrução Militar 10º Ano -80- RELACIONAMENTO EURO-ATLÂNTICO NATO HQ SACEUR SACLANT Comandos Estratégicos Ligação Operacional CINC EASTLANT CINC WESTLANT Northwood Norfolk CINC SOUTHLANT Oeiras CINC SOUTH CINC NORTH Naples Brunssum COMAIRSOUTH Ex: Cmd Componente, tendo um total de 2 destes Comandos COMJCSOUTH Ex: Cmd Sub-Regional Conjunto, tendo um total de 4 destes Comandos (3 Sub) Comandos Regionais (2 Comp) Comandos Sub-Regionais Conjuntos ou Comandos de Componente A zona estratégica coberta pelo Tratado do Atlântico Norte, está dividida em dois Comandos – da Europa e do Atlântico – e num grupo de Planeamento Regional constituído pelos EUA e Canadá. Os comandantes da Europa e do Atlântico têm a designação de Comandantes Supremos Aliados respectivamente SACEUR e SACLANT. Todos estes Comandantes (SACEUR e SACLANT) e o Grupo de Planeamento Regional são directamente responsáveis perante o Comité Militar pelo exercício das suas funções. O Comando Aliado da Europa (ACE) (Comando Estratégico), tem sede na Bélgica (Mons), cujo Quartel-General é designado por SHAPE (Supreme Headquarters Allied Powers Europe) e sob o ponto de vista operacional dispõe de dois Comandos Regionais, baseados na divisão natural da Europa em duas regiões distintas, nomeadamente Norte e Sul dos Alpes (CINCNORTH e CINCSOUTH). Os Comandos Regionais, comandados por Comandantes em Chefe (CINC) são apoiados pelos Comandos de Componentes que centralizam uma política específica de serviços e administram forças atribuídas, sendo complementados por Comandos Sub-Regionais que proporcionam um vasto planeamento militar comum (Joint) e capacidade de comando e controlo. No ACE, o Comandante Supremo Aliado da Europa (SACEUR) é assim o responsável pela defesa do conjunto destes territórios contra qualquer ataque vindo do exterior. De referir que o ACE dispõe de Forças de Reacção Rápida, das quais se salienta o Corpo Aliado de Reacção Rápida (ARRC) (componente terrestre deste tipo de forças), e de Forças de Reacção Imediata, das quais se salientam as Forças Móveis do ACE (AMF), a sua componente terrestre (Land), AMF (L) na qual Portugal está inserido com a atribuição de um Destacamento de Operações Especiais do Centro de Instrução de Operações Especiais (CIOE). Em tempo de paz, o SACEUR não tem forças sob o seu comando e as suas funções compreendem a preparação de planos de defesa, bem como a instrução, treino e equipamento das forças militares norte-atlânticas que estiverem afectadas ou reservadas ao seu Comando para o caso das operações. Instrução Militar 10º Ano -81- Em tempo de guerra, o SACEUR assumirá a direcção de todas as operações militares terrestres, navais e aéreas na sua zona de acção, contra qualquer agressão militar externa, ficando a defesa interna e as águas territoriais não afectadas pelas operações sob a responsabilidade das autoridades nacionais. Estrutura NATO CINCEASTLANT SACEUR CINCNORTH SACLANT CINCSOUTHLANT CINCWESTLANT CINCSOUTH COMSTRIKFLTLANT COMSUBACLANT SACEUR CANARY ISLANDS (SP) O Comando Aliado do Atlântico (ACLANT), Comando Estratégico, tem sede nos EUA (Norfolk) e sob o ponto de vista operacional dispõe de três Comandos Regionais, a que correspondem CINCWESTLANT, CINCEASTLANT e CINCSOUTHLANT. Estende-se do Árctico ao Trópico de Câncer e das águas territoriais da América do Norte às costas da Europa e da África, excluindo as Ilhas Canárias e as Ilhas Britânicas. Adicionalmente, têm funcionalmente Organizados dois Comandos de Combate, estabelecidos na directa subordinação do Comandante Aliado Supremo do Atlântico (SACLANT), 2 Comandos ao nível dos Comandos Regionais que são a Esquadra de Ataque do Atlântico (STRIKFLTLANT), que está permanentemente disponível para se constituir numa base de ataque a partir do mar, utilizando o conceito de uma Combined Joint Task Force (CJTF) e a Força de Submarinos do Atlântico (SUBACLANT). Este último é essencialmente uma autoridade de coordenação, constituindo a fonte primária operacional de direcção e controlo submarina. Embora na directa subordinação do SACLANT, estes dois Comandos têm responsabilidades de actuação em toda a Área de Responsabilidade da OTAN. Os Comandos Regionais do ACLANT não se dividem em Sub-Regionais e de Componente como no ACE. O SACLANT é responsável, em tempo de paz, por preparar os planos de defesa da sua zona de acção, dirigir exercícios de treino e de fornecer informações ao Comité Militar sobre as suas necessidades de forças. Instrução Militar 10º Ano -82- Em tempo de guerra, o SACLANT será essencialmente responsável pela garantia do funcionamento das rotas marítimas do Atlântico Norte, pela defesa das Ilhas situadas nessa zona, pelas operações de tipo clássico e nuclear contra as bases e aeródromos navais adversários, e ainda pelo apoio às operações do SACEUR. COMANDO REGIONAL DO ATLÂNTICO NATO Headquarters Brussels BE SUPREME ALLIED COMMANDER ATLANTIC (SACLANT) Norfolk US Regional Headquarters Regional Headquarters Regional Headquarters WEST ATLANTIC (WESTLANT) Norfolk US EAST ATLANTIC (EASTLANT) Northwood UK SOUTH ATLANTIC (SOUTHLANT) Oeiras PO Os dois Comandos Estratégicos (SC) estabeleceram áreas de responsabilidade permanentes (AOR´s), embora dentro da AOR do ACLANT (ao contrário do que acontece no ACE), área essa que inclui Portugal, não haja nenhum limite permanente entre comandos, levando a que os Comandos Regionais como o CINCSOUTHLANT tenham agora mais responsabilidades e maior possibilidade de intervenção. De referir ainda que o ACLANT, contrariamente ao ACE, não dispõe de Comando de Componente. ÁREAS DE RESPONSABILIDADE NATO=ACE+ACLANT Área de responsabilidade (AOR) Área ACLAN T de In (AO teresse I) Instrução Militar 10º Ano -83- 6. Compromissos de Portugal O Comandante em Chefe da Zona Ibero-Atlântica (CINCSOUTHLANT) é um Almirante Português. Para além da localização e instalação do Comando referido, Portugal contribui para a OTAN com a defesa do seu próprio território e com uma grande variedade de infra-estruturas militares dos três ramos das Forças Armadas, instaladas nos Açores, Madeira e Continente. Participa em exercícios de treino organizados e conduzidos pelos Comandos OTAN, com forças navais, terrestres e aéreas. Em síntese e de facto, parece poder dizer-se que a participação de Portugal na estrutura de defesa militar da OTAN é feita, essencialmente, no que se pode chamar da componente atlântica da defesa da Europa, em conformidade com a condição geopolítica euro-atlântica do Território Nacional. No entanto, isso não quer dizer que para Portugal não haja o interesse e, assim, o compromisso de participar com forças terrestres, navais e aéreas para efeitos da defesa avançada da Europa, como aliás acontece com as nossas Forças Armadas. RHQ SOUTHLANT CINC COMNAV (PON) Portuguese Navy Operational Fleet DCINC SOUTHLANT (AIR) (SPN) (POAF) COS USNR DET 106 (USN) Director Of Staff (SPAF) Operations, Intelligence, Plans & Policy (UKN) Operations Intelligence INTEL Land Maritime (PON) Communications & Information Systems (USA) Personnel Operations P&P Logistics Requirements CIMIC Infrastructure Support Plans/Policy Budget Air METOC Resources REA Instrução Militar 10º Ano -84- 7. Participação de Portugal com forças em missões OTAN Após a nomeação do Comando OTAN para uma Missão, este estabelece as necessidades de forças para a operação e entrega a mesma ao Conselho Atlântico Norte (NAC) (órgão com capacidade de decisão política), aqui as Nações comprometem-se a contribuir com forças para preenchimento das necessidades listadas. Foi através deste processo que Portugal integrou, para participar nas operações nos Balcãs, uma Unidade escalão Batalhão na então designada Implementation Force (IFOR) em finais de 1995, na Bosnia Herzegovina. A partir de finais de 1996 continuou a participar na Stabilization Force (SFOR) com uma unidade do mesmo tipo, ainda que com menor efectivo, mantendo-se ainda neste Teatro de Operações. Igualmente, é desta forma que Portugal participa com outra unidade Escalão Batalhão no Kosovo Force (KFOR) desde 1999. 4.3.1 Identificar a missão das forças armadas portuguesas e as suas especificidades a. As Forças Armadas Portuguesas (FA) asseguram, de acordo com a Constituição da República e as leis em vigor, a execução da componente militar da defesa nacional. São constituídas por cidadãos nacionais, na base do serviço militar obrigatório / voluntário e contratado e inscrevem-se na administração do Estado através do Ministério da Defesa Nacional. A missão genérica das FA é a de assegurarem a defesa militar do País contra qualquer ameaça ou agressão externas. Mas podem também, em obediência a disposições legais, desempenhar outras missões de interesse geral a cargo do Estado, ou colaborar em tarefa relacionadas com a satisfação das necessidades básicas e a melhoria da qualidade de vida das populações, sem prejuízo da missão genérica referida. Isto implica que o nosso sistema nacional de forças armadas deverá ser constituído a partir da organização dos sistemas de armas de terra, mar e ar considerados imprescindíveis, em adequada complementaridade e compatibilidade entre si, formando um conjunto operacional lógico e de acordo com a situação do nosso País, servindo uma estratégia apropriada ao cumprimento da missão de defesa autónoma e de defesa colectiva em que Portugal está inserido. Dentro dos parâmetros referidos, a missão cometida na Lei às Forças Armadas Portuguesas, de assegurarem a defesa militar contra qualquer agressão ou ameaça externas, pode traduzir-se como segue: - Defesa do território nacional e do espaço marítimo e aéreo de interesse nacional; Instrução Militar 10º Ano -85- - Contribuição para assegurar, nas áreas marítimas atribuídas à responsabilidade da OTAN e no quadro dos compromissos da Aliança, o controle e a protecção da navegação nacional e aliada; - Contribuição com forças de reforço para a defesa colectiva da OTAN; - Enquadramento de reforços aliados eventualmente julgados necessários para a defesa do território nacional no contexto da OTAN. b. Dependências A estrutura das FA está definida na Lei e compreende os órgãos militares de comando e os três ramos das Forças Armadas; Marinha, Exército e Força Aérea. Os órgãos de Comando são o Chefe do Estado Maior General das Forças Armadas, o Chefe do Estado Maior da Armada; o Chefe do Estado Maior do Exército e o Chefe do Estado Maior da Força Aérea. As FA obedecem aos órgãos de soberania competentes, dentro do principio da subordinação ao poder político. O Presidente da República é, por inerência, Comandante Supremo das Forças Armadas e ocupa, nesta qualidade, o primeiro lugar da respectiva hierarquia. Compete-lhe declarar a guerra, em caso de agressão militar externa efectiva ou iminente e fazer a paz, sob proposta do governo, ouvido o conselho do Estado e mediante autorização da Assembleia da República. Assume a direcção superior da guerra declarada, em conjunto com o Governo. Preside ao conselho Superior da Defesa Nacional. A Assembleia da Republica tem, em matéria de defesa nacional e Forças Armadas, competência especial, nomeadamente para legislar sobre a organização da defesa e a definição dos deveres dela decorrente, bem como as bases gerais da organização, do funcionamento e da disciplina das FA. O Governo é o órgão de soberania responsável pela condução da política de defesa nacional, e o órgão superior da administração das FA. Compete-lhe em especial elaborar e fazer executar as leis da programação militar, fazer os regulamentos necessários à boa execução das leis em matéria de defesa nacional e das Forças Armadas e determinar a mobilização militar. Compete-lhe também propor ao Presidente da República a nomeação e exoneração do Chefe dos Estados Maiores da Armada, do Exército e da Força Aérea. O Ministro da Defesa Nacional é politicamente responsável pela administração das FA, pela preparação dos meios militares e pelo resultado do seu emprego. Dependem directamente do Ministro da Defesa Nacional, além de outros órgãos, o Chefe do Estado Maior General das Forças Armadas e os Chefes dos Estados Maiores da Armada, do Exército e da Força Aérea. Como principal órgão consultivo militar, o Ministro da Defesa Nacional dispõe do Conselho Superior Militar. Compete ao Ministro apresentar ao Conselho Superior de Defesa Nacional propostas sobre as missões específicas das FA e os respectivos sistemas de forças, elaboradas mediante projectos do Conselho de Chefes de Estados Maiores. Compete-lhe ainda aprovar as propostas do Conselho de Chefes de Estados Maiores sobre dispositivos das FA, e apresentar ao Conselho de Ministros as Instrução Militar 10º Ano -86- propostas de Lei da Programação Militar e do Orçamento anual das FA, elaboradas no CSM. As Forças Armadas nascem da ideia de “serviço” da Nação: a defesa, a segurança, viver o quotidiano em paz interno e externa, o progresso e o bem comum nacional. A Paz é um desejo colectivo, um bem transcendente e superior, que a comunidade nacional sente ser necessário preservar a todo o custo, e que é necessário que permaneça constante. Daí que é a Nação, o Povo todo, que se adestra nas armas para uma presumível defesa na hipótese, embora longínqua, de um provável ataque à paz e progresso dos cidadãos. Por isso se diz que o Exército é a Nação em armas, e porque aquele é constituído por todos os cidadãos válidos de uma certa idade se afirma que o Exército é a emanação do Povo este “braço armado” da Nação pode ser considerado sob o ponto de vista militar ou técnico – e neste caso é ordenado às necessidades da guerra, como defesa armada da Nação: para a manutenção da sua integridade; ou pode ser considerado no ponto de vista jurídico e político – como instituição de direito público, relacionado ao Estado, no quadro geral das funções políticas e administrativas. A missão das Forças Armadas não termina com o fim da guerra, de contrário se lhe aplicariam com verdade as palavras de Castilho: “O Exército não passa de um complexo de males sem número e que só por necessidade absoluta se pode tolerar” (in “Felicidade pela Agricultura”). O Exército não é uma escola literária, uma escola da arte de representar ou de passear fardas, nem um modo de vida como outro qualquer. Para Mouzinho a vida militar era equivalente à função do próprio sacerdócio. Em ambas as carreiras – cogitava ele – se exige, mais do que em qualquer outra, a obrigação elevada a ponto de sacrificar sempre o indivíduo à colectividade, o esquecimento completo dos mais caros interesses pessoais. Por sua vez Moniz Barreto predicara de “padre de civismo” o soldado. A missão das Forças Armadas, em tempo de paz, continua activa em favor do povo e portanto o trabalho de ajuda ao mesmo povo está na linha da missão de defesa da Pátria, enquanto considerada, não já em sentido estrito do termo, mas em sentido lato: a defesa de “qualquer” inimigo do mesmo Povo, e tudo é serviço da Paz. 4.3.2 Reconhecer a missão do Exército a. Missão do Exército De acordo com a Constituição da República, e a lei nº 29/82, da Defesa Nacional e das Forças Armadas, o Exército: Instrução Militar 10º Ano -87- Participa na defesa militar da república, contribuindo, como ramo das FA e em conjunto com a Marinha e a Força Aérea, para garantir a independência nacional, a integridade do território e a liberdade e a segurança das populações, contra qualquer agressão ou ameaça externa; Cumpre as missões de natureza militar que lhe sejam atribuídas no quadro dos compromissos internacionais assumidos pelo País, designadamente no da aliança defensiva da OTAN; Mantêm-se aptos, para, quando tal for determinado e nas condições estabelecidas na legislação em vigor, intervir quando for decretado o estado de sítio ou emergência e de acordo com as condições específicas estabelecidas para cada caso; Colabora na criação das condições militares que permitam aos órgãos de soberania determinar a utilização da resistência, activa ou passiva, como forma de defesa em caso de ocupação do território nacional; mantêm-se em condições de, quando determinado, enquadrar e apoiar o desenvolvimento de tal resistência; Colabora na preparação militar da Nação e contribui para a sua valorização técnico- profissional e científica, através da instrução dos contingentes que incorpora; Colabora nas acções desenvolvidas pelo sistema nacional de protecção civil ou naquelas que se relacionem com a satisfação de necessidades básicas e melhoria da qualidade de vida das populações, sem prejuízo das tarefas anteriores e de acordo com o estabelecido na lei. b. Decreto-Lei nº50/93 de 26 Fevereiro Artigo 1º 1- O Exército tem por missão cooperar, de forma integrada, na defesa militar da República, através da realização de operações terrestres. 2- Compete-lhe ainda satisfazer missões no âmbito dos compromissos internacionais assumidos, bem como as missões de interesse público que especificamente lhe são consignadas. 3- As missões específicas do Exército são as definidas nos termos da lei. 5. NUCLEAR, BIOLÓGICO E QUÍMICO (NBQ) 5.1 Identificar os componentes e vestir o equipamento de protecção individual para agentes BQ O equipamento de protecção individual para agentes BQ deve ser colocado sempre que: - For ordenado por estar eminente um ataque químico; Instrução Militar 10º Ano -88- - Se entrar numa área contaminada quimicamente ou biologicamente; - Se reconhecer um perigo BQ. Dada a ordem ou alarme BQ, o combatente deverá envergar o equipamento de protecção pela ordem abaixo estabelecida, pois vai corresponder aos vários níveis de Postura de Protecção Orientada para a Missão (PPOM). 1) Vestir as calças de protecção sobre o uniforme normal ou sobre a roupa interior no caso de tempo quente. Apertar a braguilha e ajustar a cintura das calças. Não apertar os fechos na parte de baixo das calças. 2) Vestir o casaco de protecção, correr os fechos, fechar aberturas e apertar as três molas existentes à retaguarda ligando o casaco às calças. Deste modo atingiu-se o nível 1 de PPOM (PPOM 1) - fig. 1. 3) Calçar as sobrebotas de protecção química sobre as botas de cabedal e apertá-las de acordo com as instruções contidas na embalagem. 4) Colocar as calças sobre as sobrebotas fechando os fechos de correr, a fita velcro e apertando os cordões. Atinge-se assim o nível 2 de PPOM (PPOM 2) - fig. 2. 5) Colocar a máscara com capuz, de acordo com a FII NBQ (00) -01-02. Deste modo atinge-se o nível 3 de PPOM (PPOM 3) - fig. 3. 6) Fechar todos os fechos de correr e outras aberturas do equipamento. 7) Calçar o conjunto de luvas protecção (luvas interiores em algodão e luvas exteriores de protecção). 8) Colocar os punhos (com elástico) das mangas do casaco sobre as luvas. Instrução Militar 10º Ano -89- Deste modo atinge-se o nível 4 de PPOM (PPOM 4) – fig.4 Fig. 1 Fig. 2 Fig. 3 Fig. 4 As várias peças que constituem o equipamento de protecção são fornecidas em embalagens seladas que devem ser mostradas aos instruendos, pois em campanha o equipamento ser-lhes-á entregue nessas condições. Existem vários tamanhos que vão desde o XS - Extra Pequeno ao XL - Extra Largo, pelo que a cada homem deve ser fornecida roupa de acordo com a sua estatura. 5.2 Colocar, usar e guardar a máscara de protecção de agentes BQ Os agentes químicos e biológicos actuais são altamente tóxicos, pelo que o uso de máscara de protecção é a mais importante medida de protecção individual. Mas para que esta medida seja efectiva a colocação da máscara tem que ser realizada correctamente e no tempo estabelecido. a. Colocar, limpar e verificar a máscara 1. Suspender a respiração e fechar os olhos. 2. Retirar o capacete e colocá-lo num local conveniente, evitando se possível, qualquer superfície contaminada (o capacete pode ser colocado entre as pernas ou sobre o cano da arma segura entre as pernas). Instrução Militar 10º Ano -90- 3. Se usar óculos, retirá-los e colocá-los dentro do capacete. 4. Abrir a bolsa de transporte com a mão esquerda e mantê-la aberta. 5. Agarrar a máscara, logo abaixo das oculares, e retirá-la da bolsa de transporte deixando o capuz do avesso e á frente do corpo da máscara. 6. Agarrar o corpo da máscara com as duas mãos, meter os polegares, voltados para cima, na parte interior da máscara de modo que o corpo da máscara e as correias da cabeça fiquem o mais abertas possível, (fig.1). Fig. 1 Fig. 2 Fig. 3 Fig. 44 7. Colocar o queixo na bolsa do queixo da máscara, (fig. 2). 8. Puxar as correias da cabeça sobre a mesma, assegurando-se de que todas elas estão direitas e a almofada da cabeça está centrada. 9. Ajustar as correias das fontes puxando-as com ambas as mãos. 10. Limpar o interior da máscara (expulsando qualquer gás). (a) Colocar uma mão em concha sobre a válvula de saída e a outra mão sobre o vocímetro – (fig. 3). (b)Soprar fortemente para forçar a saída do ar á volta do corpo da máscara. 11. (a) Verificar se há fugas na máscara. Colocar as palmas das mãos sobre as tampas das válvulas de admissão, exercendo pressão. (b) Inspirar ligeiramente e conter a respiração (fig. 4), se não existirem fugas a máscara aderirá à face e permanecerá assim até se expirar. Neste caso passar para (12). Caso contrário: (c) Verificar se existe qualquer coisa, tal como cabelo ou roupa, entre a cara e o corpo da máscara. (d) Remover tudo o que impeça a máscara de aderir à cara. (e) Assegurar-se de que as correias e almofada da cabeça não estão torcidas. Apertar as correias se for necessário. (f) Limpar a máscara novamente (passo 10). (g) Verificar de novo se há fugas (passo 11). Instrução Militar 10º Ano -91- (h) Começar a respirar normalmente. 12. Puxar o capuz para cima e cobrir a cabeça, tapando os ombros, e fechar o fecho de correr. Ajustar o cordão do capuz. Colocar e ajustar as correias de fixação do capuz, passando-as pelos sovacos. 13. Colocar o capacete. 14. Fechar a bolsa transportadora. 15. Dar o alarme BQ e continuar a missão. Uma vez colocada a máscara, o seu uso prolongar-se-á até que seja dada a voz de “área limpa”. Após esta voz o combatente deverá guardar a máscara na bolsa de transporte. O combatente deve estar preparado para executar a sua missão usando a máscara durante 6 horas. b. Retirar a máscara (1) Retirar as correias de fixação do capuz. (2) Desapertar o cordão do capuz. (3) Desapertar o fecho de correr. (4) Retirar o capacete. (5) Agarrar o capuz atrás da cabeça, levantá-lo para cima e puxá-lo para a frente do corpo da máscara. (6) Agarrar a máscara com a mão sobre o capuz e na zona da válvula de saída (junto ao queixo). (7) Retirar a máscara puxando-a para baixo, para a frente e depois para cima. (8) Voltar a colocar o capacete. Instrução Militar 10º Ano -92- c. Guardar a máscara na bolsa de transporte (1) Abrir todas as correias, cordão e fecho do capuz (se não se está a fazer logo a seguir a retirar a mascara da cabeça). (2) Agarrar a abertura da máscara e as correias da cabeça na mão esquerda. Deixar o capuz cair, sobre o corpo da máscara. Agarrar a parte superior do capuz com a mão direita, (fig. 5). Fig. 5 (3) Dobrar o capuz sobre o lado esquerdo do corpo da máscara e mantê-lo nessa posição com a mão esquerda (fig. 6 e 7). Fig. 6 Fig. 7 (4) Dobrar a parte pendente do capuz para cima, sobre o lado esquerdo da máscara. Assegurar que as correias de fixação estão metidas dentro da parte que agora foi dobrada (fig. 8). Fig. 8 Instrução Militar 10º Ano -93- (5) Meter a máscara com capuz dobrado dentro da bolsa transportadora com as oculares voltadas para cima e para fora. (6) Fechar a bolsa de transporte (fig. 9). Fig.9 5.3 Mudar os filtros da máscara de protecção Para que uma máscara de protecção desempenhe eficazmente a finalidade para que foi criada é necessário, entre outras coisas, que os seus filtros se encontrem em perfeito estado. a. A mudança dos filtros deve ocorrer (1) Se estiverem molhados ou húmidos. (2) Se estiverem rasgados. (3) Se o adaptador á válvula de admissão estiver danificado. (4) Após um ataque com agentes do sangue (hematóxicos). (5) Por ordem do comandante. (6) Semanalmente, em situação de combate. (7) De acordo com os prazos de validade dos lotes, em tempo de paz. Para a substituição dos filtros da máscara, devem seguir-se os procedimentos que a seguir se descrevem. (a) Retirar as válvulas de admissão empurrando para cima e sobre a orla inferior da gola da válvula com os polegares (fig. 1). Instrução Militar 10º Ano -94- Fig.1 (b) Retirar o colar que se encontra por baixo da gola adaptadora do filtro, (fig. 2). Fig.2 (c) Alargar os elásticos das correias da cabeça e voltá-las colocando-as para a parte da frente da máscara. Para evitar distorções não puxar a almofada para baixo das lentes (fig. 3). Fig.3 (d) Desabotoar o alojamento do nariz dos botões das abas (fig. 4). Fig.4 (e) Desabotoar a aba superior da cavidade facial; desabotoar ambos os lados da máscara antes de continuar (fig. 5). Fig.5 (f) Agarrar a parte superior dum filtro entre os dedos e o polegar; agarrar a parte exterior do corpo da máscara na zona compreendida entre o conjunto Instrução Militar 10º Ano -95- vocímetro/ válvula de saída e o adaptador, com a outra mão. Retirar o segundo filtro da mesma maneira (fig. 6). Fig.6 Atenção: Para evitar rasgões, não esticar a borracha mais do que o necessário para retirar ou instalar os componentes na máscara. (g) Os filtros estão marcados com “LEFT” (esquerdo) e “RIGHT” (direito), alinhar os filtros com o contorno exterior das bochechas para assegurar que irão ser bem instalados (fig. 7). Fig.7 (h) Segurar o filtro pelo canto em ângulo recto, com os dedos no lado do adaptador; puxar a aba inferior da bochecha para fora, abrindo a cavidade; introduzir o lado pontiagudo do elemento do filtro, rodando-o de forma deslizante e alojando-o na cavidade (fig. 8). Fig.8 (i) Agarrar o canto do filtro inicialmente introduzido e ajustar o filtro á cavidade (fig. 9). Fig.9 (j) Deixar o alojamento do nariz e as abas das bochechas caírem na posição normal; verificar que a base do alojamento do nariz assenta no topo do alojamento do queixo para que a humidade do ar exalado não entre na bolsa e estrague os filtros (fig. 10). Instrução Militar 10º Ano -96- Fig.10 (k) Colocar o colar que abraça o adaptador do filtro e voltar a verificar a posição do filtro (fig. 11). Fig.11 (l) Depois de os filtros estarem instalados abotoar as abas das bolsas e do alojamento do nariz; colocar um dedo sob o botão pequeno (do lado de fora) e abotoar a casa correctamente na aba sobre o botão (fig. 12). Fig.12 (m)Abotoar a casa do alojamento do nariz sob o botão interior. (n) Abotoar ambos os lados da mesma maneira. (o) Instalar as válvulas de admissão (fig. 13). Fig.13 (p) Ajustar a máscara, se necessário. b. Ao instalar as válvulas de admissão deve ter-se em atenção o seguinte: Instrução Militar 10º Ano -97- (1) A palavra “top” inscrita no bordo da válvula de admissão deve ser centrada por cima das frestas que se encontram dentro da válvula. Para verificar a posição das frestas, manter a válvula na direcção de uma fonte luminosa, com o lado da rede voltada para o observador. Os espaços de luz entre frestas deve diminuir e desaparecer quando o fundo da válvula é inclinado em direcção à fonte luminosa. Se a palavra “top” não estiver centrada ou faltar, rodar as válvulas; até que as fendas fiquem horizontais. Marcar a borda no ponto central do topo com um sinal de tinta branca. Reinstalar os discos se tiverem sido retirados. (2) Posicionar a válvula sobre um lado do adaptador com a palavra “top” (se correctamente localizada) ou sinal virado para o topo da máscara. Introduzir a válvula no lugar. 5.4 - Inspeccionar e fazer a manutenção do operador da máscara de protecção de agentes BQ a. Outros acessórios além da máscara de protecção essenciais para se sobreviver em ambiente NBQ Ver Fig. 1. Nota: As máscaras M17A2 diferem da máscara M17A1 por esta não estar equipada com a válvula de saída, que permite o uso do tubo de reanimação. Fig.1 Instrução Militar 10º Ano -98- Em combate, a máscara deve ser semanalmente submetida a manutenção para se manter em boas condições. Em tempo de paz a manutenção deve ser feita de 6 em 6 meses ou após qualquer exercício. Sempre que sejam detectadas deficiências/faltas (das apontadas em 2. b. e c.) e que não são possíveis de corrigir pelo utente, a máscara deve ser considerado inoperacional e ser pedida a sua substituição ou reparação. b. Inspeccionar o exterior da máscara e a bolsa de transporte (1) Retirar a máscara da bolsa de transporte e verificar se todos os acessórios estão presentes (ver fig. 1), informar o comandante de quaisquer faltas. (2) Verificar se na bolsa de transporte existe sujidade superficial, bolor, rasgões, correias partidas ou peças em falta. (3) Verificar se no corpo da máscara existem buracos, rasgões, fendas ou sinais de deterioração das partes de borracha. (4) Verificar se os filtros estão em condições de utilização e devidamente instalados. (5) Verificar se: (a)As oculares estão partidas, riscadas, descoloridas (interferem com a visão) ou sujas; (b) Os anéis de fixação estão ferrugentos, amachucados ou arrancados do corpo da máscara; (c) As borrachas das oculares exteriores estão rasgadas, soltas ou fendidas. (6) Verificar se: (a) As lentes estão partidas, riscadas (interferindo com a visão) ou sujas e corrigem a visão devidamente; (b) As armações metálicas estão partidas ou dobradas; (c) As partes de plástico estão partidas ou dobradas. Nota: Os fixadores de lentes são um artigo pessoal (quando distribuídos). O soldado deve mantê-los durante o seu serviço militar. Verificar se, nas correias da cabeça: (a) A almofada de lona está rasgada, mole ou suja; (b)As tiras elásticas estão muito roçadas, partidas, com pouca elasticidade, sujas ou faltam as extremidades metálicas; Instrução Militar 10º Ano -99- (c) As correias estão instaladas correctamente (fig. 2). Fig. 2 Verificar no conjunto da válvula de admissão se: (a) As válvulas estão soltas (folgadas) sujas ou estragadas; (b) A palavra “top”, inscrita na borda da válvula de admissão, deve estar para cima (ficando as frestas inclinadas para fora, evitando que a água da chuva entre no filtro); (c) Os discos de borracha das válvulas não estão rasgados, colados, dobrados ou em falta (os discos devem estar centrados e planos). Verificar, no vocímetro e conjunto da válvula de saída, se: (a) A cobertura está folgada demais, suja, colada ou rasgada; (b)A armação e anel de fixação estão danificados ou soltos; (c) Os grampos metálicos de fixação estão danificados; (d)O diafragma do vocímetro está sujo, danificado ou solto (com a palma da mão, experimentar se roda); (e) O disco de borracha da válvula está sujo, quebrado, dobrado, rasgado, em falta ou solto (protuberância do disco bem metida na armação da válvula); (f) A armação do conjunto da válvula está partida ou dobrada. Verificar se: (a) O tubo para beber água está danificado, solto ou sujo (ou se falta); (b) O adaptador á tampa do cantil está entupido (ou falta); (c) As cavidades de armazenagem estão sujas ou rasgadas; (d) A alavanca está danificada, dobrada ou solta; Instrução Militar 10º Ano -100- Nota: A alavanca controla o bocal para beber, no interior da máscara, em ambos os modelos e também o bocal do tubo de reanimação da M17A1 pelo que deve ser rodado suavemente num e noutro sentido. Verificar se a tampa do cantil M1, distribuída pela unidade, se ajusta ao cantil e não está suja ou estragada. c. Inspeccionar o interior da máscara Nota: Para inspeccionar o interior, puxar as correias da cabeça e virá-las do avesso, colocando-as sobre as oculares. Ter cuidado para não as puxar para cima do vocímetro. 1) Verificar, na cavidade do nariz, se: Fig.3 (a) Está solta, suja, deformada, rasgada ou desabotoada; (b) A aba do queixo está dobrada ou franzida para baixo ou para dentro da área da bolsa; a aba do queixo, que se encontra na cavidade do nariz, deve ficar plana e sobre o batente do queixo a fim de impedir que a transpiração escorra para os elementos de filtro; (c) Os discos de borracha da válvula do nariz estão danificados, colados, sujos ou em falta; (d) Os alojamentos das válvulas estão sujos ou danificados. 2) Verificar se os elementos de filtros estão molhados, sujos, esmagados ou incorrectamente instalados (os elementos de filtro estão marcados esquerdo "LEFT" e direito "RIGHT" e não são intermutáveis devendo a parte aguda ficar para trás. O corpo da máscara estragar-se-á se os elementos de filtros estiverem incorrectamente instalados ou trocados. O número do lote em ambos os elementos de filtro de combate M13A2 deve ser igual), (fig. 4). Instrução Militar 10º Ano -101- Fig.4 Nota: A máscara pode danificar-se se manuseada descuidadamente. 3) Verificar se o diafragma do vocímetro está obstruído, sujo ou danificado. Note bem: Não usar solução descontaminante 2 (DS2) na máscara pois poderá danificar o diafragma (em "MYLAR") do conjunto do vocímetro. 4) Verificar se os tubos deflectores estão obstruídos, furados, fendidos ou torcidos. 5) Verificar se as abas da bolsa dos elementos de filtro estão desapertadas, com falta de botões ou danificados e se as casas dos botões estão rasgadas. Quando se substituam os botões, ter em consideração que os botões mais compridos apertam as abas á cavidade do nariz. A cabeça larga dos botões fica voltada para a bolsa dos elementos de filtro. A aba superior da bolsa dos elementos de filtro deve ser abotoada por cima da aba inferior a fim de evitar que a transpiração escorra para dentro dos elementos de filtro. As abas devem estar sempre abotoadas. Se os botões estiverem molhados o processo de abotoar torna-se mais fácil (fig. 5). Fig.5 6) Verificar se o local para beber água e bocal para reanimação (só M17A1) estão danificados, sujos, obstruídos ou encravados (os bocais devem mover-se livremente para a frente e para trás quando se roda a alavanca). d. Lavar a máscara 1) Sempre que a máscara necessitar, dar-lhe uma boa lavagem. Não é necessário ficar com um preto brilhante. Uma película branca ou borolenta não significa que a máscara esteja suja. A película (chamada florescência) é proveniente duma substância preservativa incorporada na borracha e continuará a aflorar enquanto o corpo da máscara estiver bom. Retirar a florescência, escovando, só quando se Instrução Militar 10º Ano -102- acumular demasiadamente ou começar a esmigalhar. Para uma limpeza devem usar-se panos macios, uma escova de cerdas macias (tal como um pequeno pincel), água quente saponificada e água quente limpa. 2) Para limpar a máscara devem executar-se os passos que a seguir se descrevem. Nota: Não mergulhar a máscara ou bolsa de transporte em água. (a) Remover a cobertura do vocímetro/válvula de saída, tampas das válvulas de admissão e oculares externas. (b) Não retirar os elementos de filtro; verificar se as abas de bolsa estão completamente apertadas e não deixar a água entrar em contacto com os adaptadores da válvula de admissão. (c) Molhar um pano limpo e macio em água quente saponificada; em seguida espremê-lo bem; lavar a máscara e o capuz por fora e por dentro. Fazer o mesmo para a cobertura do vocímetro/válvula de saída e conjunto das válvulas de admissão; ter cuidado redobrado ao limpar os discos de borracha dos conjuntos das válvulas. (d) Enxaguar o pano em água limpa quente e espremê-lo; limpar todas as partes lavadas anteriormente. (e) Secar tudo com um pano limpo, seco e macio; utilizar uma escova macia para secar os cantos, juntas, extremidades onduladas e outros locais que sejam difíceis de alcançar. (f) Recolocar a cobertura dos conjuntos vocímetro/ válvula de saída e da válvula de admissão; verificar se os discos de borracha das válvulas de admissão e da válvula de saída estão bem instalados e planos; carregar nas válvulas de admissão com força, de modo a que elas fiquem devidamente instaladas; para facilitar a substituição da tampa da válvula de saída, tocar com um dedo húmido no anel de selagem, pernos de fixação e na armação (fig. 6). Fig.6 e. Limpar as oculares Instrução Militar 10º Ano -103- Para manter as oculares interiores e exteriores limpas, utilizar o plástico de polir (NSN 7930-00-634-5340) se disponível, ou usar água quente com sabão. O plástico de polir não só limpa as oculares como também remove arranhões. f. Inspeccionar o capuz O capuz estará inoperacional se apresentar alguns dos problemas seguintes (pedir a sua substituição): (1) Áreas pegajosas ou o revestimento de cor preta está a deslocar-se do tecido base. (2) Falta de cordões ou correias e se o fecho está danificado ou não funciona. Nota: Em combate, verificar o capuz semanalmente. Em tempo de paz, verificá-lo semestralmente e após cada exercício de instrução. 5.5 - Interpretar e aplicar os diferentes níveis de protecção contra ataque BQ, Mudar de equipamento de protecção individual para agentes BQ (PPOM) a) A Postura de Protecção Orientada para a Missão (PPOM) é um sistema flexível de protecção contra agentes químicos (e também biológicos e nucleares) utilizado pelos comandantes para facilitar o cumprimento da missão. Proporciona ao combatente o uso de equipamento protector adequado quanto: 1) À ameaça química; 2) Ao regime de trabalho imposto pela missão; 3) À temperatura ambiente. b) Se por um lado o uso de um nível de PPOM facilita o cumprimento da missão (permite sobreviver em ambientes contaminados), por outro lado cria alguns problemas que os comandantes, especialmente nos escalões mais baixos, têm que ter em especial atenção e que são: 1) Maior fadiga resultante de: (a) Resistência da máscara à respiração. (b)Aumento da temperatura do corpo devido às dificuldades de dissipação do calor desenvolvido durante o trabalho e pelo sol. (c) Tensão psicológica causada pela sensação de isolamento (especialmente se o combatente sofrer de claustrofobia). Instrução Militar 10º Ano -104- 2) Diminuição das capacidades sensativas como: (a) Destreza manual (devido às luvas). (b) Acuidade visual (devido ao uso da máscara). (c) Audição (dificuldade em ouvir e fazer-se ouvir devido ao uso da máscara com capuz). 3) Dificuldade em satisfazer necessidades básicas do combatente, tais como: (a) Comer e beber. (b)Barbear. (c) Eliminar os desperdícios do corpo. (d)Tratar ferimentos. 4) Assim, para evitar estes efeitos, os comandantes deverão: (a) Fazer rodar o pessoal na execução de trabalhos mais pesados. (b)Permitir frequentes intervalos de descanso. (c) Usar ajudas mecânicas em substituição do trabalho muscular. (d)Fornecer água em quantidade suficiente, em média considerar: 1- Temperatura menor que 27º C - 9 litros/homem/dia. 2- Temperatura maior que 27º C - 13 litros/homem/dia. Os oficiais e sargentos NBQ, assim como o pessoal do serviço de saúde, poderão aconselhar nestes aspectos. Em caso de dúvidas procurar o seu apoio. (e) Aplicar os diferentes níveis de protecção (f) Indicar aos soldados para colocarem a roupa e outro equipamento necessário para assumirem o nível de PPOM determinado (quadro A e Fig. 1). Normalmente, o nível de PPOM será estabelecido pela cadeia de comando. No entanto, se a unidade for atacada com agentes químicos/biológicos, sem qualquer aviso prévio, assumir imediatamente PPOM 4. Considera-se ainda o nível 0 (zero) PPOM 0, que consiste em transportar ou ter em local rapidamente acessível o equipamento de protecção. Poderá também ser dada a ordem: "só máscara" que corresponderá ao uso de uniforme de campanha e máscara com capuz. Quadro A Instrução Militar 10º Ano -105- Nível PPOM Protecção Sobrebotas Máscara capuz com 1 Vestida (a) Transportadas Transportada Transportada s 2 Vestida (a) Calçadas Transportada Transportada s 3 Vestida (a) Calçadas Colocada (b) Transportada s 4 Vestida fechada Calçadas Colocada capuz fechado Calçadas Luvas Notas: (a) Roupa aberta ou fechada conforme a temperatura ambiente (b) Capuz aberto ou fechado conforme a temperatura ambiente Fig. 1 a. Inspeccionar-se a si próprio e aos soldados para assegurar-se de que: Instrução Militar 10º Ano -106- (a) Todos os soldados vestem a roupa e equipamentos correspondentes ao nível de PPOM ordenado. (b)Nos níveis 3 e 4 as máscaras de protecção estão correctamente ajustadas e seladas. (c) A roupa de protecção está correctamente colocada. b. Tomar medidas para reduzir a tensão psicológica e a fadiga: (a) Fazer rodar o pessoal na execução de trabalhos pesados. (b)Permitir frequentes intervalos de descanso. (c) Usar ajudas mecânicas em substituição do trabalho muscular. (d)Fornecer água em quantidade suficiente. a. Técnicas de descontaminação de uma unidade para manter o potencial de combate, após ter sido contaminada A mudança de equipamento PPOM é a mais importante e todos os combatentes devem estar familiarizados com a sua execução. É recomendável executar a mudança de equipamento PPOM, usando subunidades do tipo secção. Os soldados são divididos em equipas de dois (pares), dispostos em círculo e afastados de 1 a 3 metros; um par constituído pelo comandante de secção e outro elemento, colocados no centro do círculo, dirige a mudança do equipamento do seguinte modo: 1. Os soldados executam o passo 1, alternando as suas posições. 2. Nos passos seguintes o soldado nº 1 de cada par auxilia o soldado nº 2 a executar os procedimentos de descontaminação (para assegurar que não haja transferência da contaminação para as luvas e uniforme) como mostra o quadro. Quadro A Passo Quem executa Quem ajuda 1. Descontaminar o equipamento individual Ambos os soldados Trocam posições 2. Descontaminar o capuz Soldado nº 2 Soldado nº 1 3. Despir o fato de protecção Soldado nº 2 Soldado nº 1 4. Descalçar as sobrebotas e luvas Soldado nº 2 Soldado nº 1 5. Vestir o fato de protecção Soldado nº 2 Soldado nº 1 6. Calçar as sobrebotas e luvas Soldado nº 2 Soldado nº 1 Instrução Militar 10º Ano de -107- 7. Desenrolar o capuz Soldado nº 2 Trocam de posição O soldado nº 1 passa a executar todos os passos desde o 2 até ao 7, ajudado pelo soldado nº2 8. Colocar e ajustar equipamento individual o Soldado nº 1 Ambos os soldados b. Detalhe dos passos a seguir na execução da mudança de equipamento PPOM (1)Descontaminar o equipamento individual (Passo 1). (a) Finalidade Remover grandes quantidades de contaminação do equipamento individual (arma, capacete, mochila, porta máscara, etc.). (b)Execução: 1- Para descontaminação química Cobrir o equipamento com mistura seca de STB, quer escovando, quer esfregando-o contra a mistura. Sacudir cuidadosamente o excesso de material descontaminante. Colocar o equipamento numa superfície não contaminada, junto ao local em que se encontra. 2- Para descontaminação radiológica Sacudir ou escovar as poeiras radioactivas do equipamento individual. Se possível lave-o com água morna ou sabão. (2)Descontaminar o capuz (Passo 2) (a) Finalidade Remover grandes quantidades de contaminação da máscara e capuz. (b)Execução: 1. Descontaminar o capuz (fig. 1): O soldado nº 1 desaperta o cordão do pescoço e as presilhas de fixação aos braços. Fig. 1 A. Para contaminação química ou biológica Soldado nº 1 usa o estojo de descontaminação da pele M258 e descontamina o capuz e partes expostas da máscara do soldado nº 2. Instrução Militar 10º Ano -108- As oculares exteriores da máscara são limpas primeiro com a solução nº 2 e só depois com a solução nº 1 (ao contrário do normal), assim não ficará qualquer resíduo nas oculares exteriores. Quando terminar de descontaminar a máscara do soldado nº 2, o soldado nº 1 descontamina as suas luvas. B. Para contaminação radiológica O soldado nº 1 lava a máscara do soldado nº 2 com uma esponja molhada com água quente e sabão. Limpa a máscara com uma esponja humedecida com água limpa. Seguidamente seca a máscara com toalhas de papel ou trapos. O soldado nº 1 descontamina as suas luvas. No caso de não haver água os estojos de descontaminação da pele M258 podem ser usados do mesmo modo que na contaminação química ou biológica. 2. Enrolar o capuz a) O soldado nº 1 enrola o capuz do soldado nº 2. b) O soldado nº 1 deixa o fecho de correr fechado e levanta a parte de trás do capuz do soldado nº 2 agarrando as presilhas de fixação às mangas. c) O capuz é puxado para a parte superior da cabeça do soldado nº 2, até que a maior parte da mesma fique exposta, mas sem lhe tapar a cara. d) O capuz é enrolado começando no queixo, continuando depois, ao longo da máscara, é enrolado, apertando-o bem, mas sem tirar da parte de trás da cabeça. 3- Despir o fato de protecção (Passo 3) (a) Finalidade Mudar o fato de protecção contaminado, antes que a contaminação o atravesse e vá contaminar o uniforme ou a pele. Limita-se também a propagação da contaminação. (b)Execução Despir o casaco 1. O soldado nº 1 desaperta as três molas existentes nas costas do casaco do soldado nº 2, assim como as três molas da frente, o cordão e o fecho de correr. 2. O soldado nº 1 tira o casaco do soldado nº 2, puxando um braço de cada vez, ficando o casaco do avesso (fig. 2) Instrução Militar 10º Ano -109- Fig.2 3. O soldado nº 2 deve cerrar as mãos, formando um punho, quando está a tirar cada uma das mangas, evitando deste modo que as luvas saiam. O casaco colocase num local próximo e com a parte preta voltada para cima, mais tarde servirá como área descontaminada para se permanecer quando voltarmos a vestir o novo fato de protecção. Despir as calças O soldado nº 1 despe as calças ao seu camarada (fig. 3). Fig.3 a) Abre os fechos laterais das calças. b)Abre as molas da cintura. c) Abre o fecho de correr da braguilha e se necessário as presilhas de ajustamento da cintura. d)Despe as calças, puxando-as pela parte inferior, uma perna de cada vez, e afasta-se do local em que se encontram. 4- Descalçar as luvas e sobrebotas (Passo 4) Instrução Militar 10º Ano -110- (a) Finalidade Descalçar as sobrebotas e luvas contaminadas para evitar a propagação da contaminação. (b)Execução Descalçar as sobrebotas a) O soldado nº 2 de pé, junto do seu casaco (da roupa de protecção). b)O soldado nº 1 descalça as sobrebotas do soldado nº 2, uma de cada vez. c) O soldado nº 2 coloca um pé de cada vez sobre o seu casaco. Descalçar as luvas a) O soldado nº 2 retira as suas luvas. b)O soldado nº 1 ajuda-o de modo que este não toque com a pele das mãos expostas, na parte exterior das luvas (fig. 4). 5- Vestir o fato de protecção (Passo 5). Fig. 4 (a) Finalidade Estabelecer a postura de protecção. (b)Execução: Vestir o fato de protecção: a) O soldado nº 1 abre o saco que contém o novo fato de protecção, mas não toca no fato. b)O soldado nº 2 aproxima-se do saco e retira o fato, sem tocar no saco (fig. 5). Fig.5 c) Seguidamente o soldado nº 2 veste o fato deixando os fechos laterais das calças abertas (fig. 6 e fig. 7). Instrução Militar 10º Ano -111- Fig.6 Fig.7 d)Abotoa-se e corre-se os fechos do fato. e) Não trocar de funções Neste passo só um soldado coloca o novo fato de protecção. 6- Calçar as sobrebotas e luvas (Passo 6) e. Finalidade Restabelecer a postura de protecção. f. Execução: Calçar as sobrebotas a) O soldado nº 1 levanta um pacote com o novo par de sobrebotas e abre-o sem tocar nelas. b) O soldado nº 2 retira as sobrebotas, sem tocar no exterior do pacote e calçaas (fig. 8 e fig. 9). Calçar as luvas a) O soldado nº 1 abre o pacote com as novas luvas, sem tocar nelas. b) O soldado nº 2 retira-as do pacote e calça-as (fig. 10). Instrução Militar 10º Ano -112- Fig.8 Fig.9 Fig.10 Instrução Militar 10º Ano -113- Fig.11 7- Desenrolar o capuz (Passo 7) (a) Finalidade Restabelecer a postura de protecção. (b)Execução: 1. O soldado nº 1 descontamina as suas luvas com os estojos de descontaminação da pele ou de equipamento. 2. O soldado nº 1 desenrola o capuz do soldado nº 2 e coloca as presilhas de fixação aos braços (fig. 11). 8- Colocar e ajustar o equipamento (Passo 8) (a) Finalidade Preparar-se para voltar à posição de combate. (b)Execução: 1. Agarrar o equipamento individual, colocá-lo e dirigir-se para a zona de reunião. 2. Usar o sistema de pares para verificar o ajustamento de todo o equipamento Instrução Militar 10º Ano -114- 6. SEGURANÇA, HIGIENE E SAÚDE (SHS) 6.1 Imobilizar uma fractura num dos membros a. A imobilização é, em qualquer fractura, a operação fundamental para o seu tratamento. Mas, para isso, há que proceder de modo adequado em cada caso. Não iremos descrever, com todos os pormenores, as várias situações possíveis; cremos preferível apresentar, tanto quanto possível, sob a forma de figuras, os exemplos mais frequentes e mais ilustrativos. Mais do que em qualquer outra instrução de socorrismo, é neste que a aprendizagem prática mais indispensável se torna. b. Sinais de Fractura 1. Dor é um sintoma que nunca falta desde que o sinistrado esteja consciente. Além da dor “espontânea” comum a qualquer traumatismo, existe a dor “provocada” que é bastante aguda à pressão ou tentativa de mobilização. 2. Deformação local é o sinal complementar e que pode ser devido quer ao desvio do alinhamento normal, quer ao “inchaço” das partes moles da região. c. Princípios a respeitar na colocação de uma tala Deve abranger a articulação acima e abaixo da fractura, pondo-se uma tala de cada lado mais ou menos paralelamente. Sempre que possível proteger a pele sob as talas, “almofadando” os pontos em que há saliências ósseas (cotovelo, punho, joelho, etc.) para evitar o efeito da compressão dos tecidos. Manter as talas em posição, com ligaduras próprias ou improvisadas, dispostas a vários níveis acima e abaixo da fractura, apertadas por um nó sobre a tala do lado de fora. O “socorrista” tem de saber improvisar uma tala, pois não raro se verá forçado a actuar sem material próprio. Durante a sua aprendizagem prática deverá familiarizar-se, portanto, por um lado, com os vários tipos de talas que eventualmente poderá ter à sua disposição, mas que não seja a sua ausência que justifique uma incorrecta assistência a um fracturado. Pode-se improvisar uma tala com tábuas, paus, ramos de árvores, pranchas de cartão grosso, e até como uma espingarda descarregada ou um sabre. Do mesmo modo, poderá ser necessário improvisar as ligaduras necessárias para fixar as talas. Um cinto, uma correia, uma bandoleira, lenços ou tiras rasgadas da roupa, tudo isso pode servir para o fim em vista. Instrução Militar 10º Ano -115- c. Fracturas nos braços (antebraço) É nestes casos que tem plena aplicação a imobilização por talas. Nas figuras seguintes mostram-se os casos mais exemplificativos, variando-se tanto quanto possível o tipo de material, próprio ou improvisado, a que se pode recorrer. Na figura 1 exemplifica-se um caso possível de fractura do braço ou do cotovelo, se este for encontrado já dobrado. Se esta articulação se nos depara em extensão (isto é, com o “braço estendido” e não dobrado) deve respeitar-se tal posição (figura 2). Em resumo: deve imobilizar-se o membro na posição em que o encontramos – se estiver flectido (dobrado) não o estender, se estiver estendido não o dobrar. Instrução Militar 10º Ano -116- Na figura 3 mostra-se uma imobilização empregada para fracturas do antebraço ou punho, recorrendo à improvisação: dois paus almofadados (com papéis ou panos) servem de talas, o braço é mantido “ao peito pela “fralda” da camisa, e tira de pano larga à volta do tronco assegura a completa imobilidade do membro. e. Fractura nas pernas O problema principal da imobilização das fracturas do membro inferior é o de que exigem talas, dificilmente improvisáveis, dadas as dimensões necessárias. Se não dispomos de talas próprias, pode recorrer-se a tábuas largas e suficientemente compridas, a espingardas, a paus; neste último caso as “talas” improvisadas só são eficazes se estiverem ligadas uma à outra de forma a constituir-se uma espécie de goteira, ao longo de toda a face posterior do membro, como se exemplifica na figura 4. Em qualquer dos casos, as talas, devidamente almofadadas, devem ficar uma do lado interno e outra do lado externo do membro, a primeira indo desde a virilha até um pouco abaixo do pé, e a tala externa começando acima ou abaixo da cintura, conforme se trate de fractura da coxa ou a nível inferior (joelho, perna ou pé). Isso se mostra na figura 4. Instrução Militar 10º Ano -117- Em último caso, não sendo possível improvisar qualquer tipo de tala, resta-nos ainda uma hipótese: usar o membro oposto, desde que integro, como tala, interpondo entre os dois membros qualquer coisa a almofadar e ligando-os acima e abaixo da fractura (figura 5). Instrução Militar 10º Ano -118- 6.1.1- Avaliar as Funções vitais a. A respiração e a actividade cardíaca são funções vitais ou indispensáveis à vida. Uma vez suspensas, restam-nos muito poucos minutos (2 ou 3), antes que a morte seja inevitável; durante esses escassos minutos em que o coração não “bate” sequer mas ainda é possível o regresso à vida, diz-se que há MORTE APARENTE. Em casos um pouco menos graves, o indivíduo pode até não ter perdido completamente a consciência, mas aparenta nítida dificuldade em respirar, quase sempre com tendência a agravar-se. Em resumo, há várias fases de sofrimento das funções respiratórias e cardíaca, mas, desde que se atinja determinado grau, em regra a situação tende sempre a agravar-se. No quadro seguinte fica expresso as situações de risco iminente de vida e a sua gravidade relativa. SITUAÇÕES DE RISCO IMINENTE DE VIDA Asfixia Respiração Coração Dificuldade moderada Sem alterações aplicáveis Dificuldade acentuada Alterações moderadas (pulso rápido) Paragem Paragem Situação Grau de Gravidade I Inconsciente Coma não complicado Alguma falta de ar (Dispneia moderada) Consciente Semiconsciente ou inconsciente Absorção insuficiente de oxigénio “falta de ar” (Dispneia) II Alterações mais acentuadas (pulso rápido arrítmico) Inconsciente Asfixia com paragem completa dos movimentos respiratórios (Apneia) III Paragem Inconsciente Morte aparente IV Parcial Asfixia Estado de consciência Total (1) Sinais de Asfixia Parcial (Dispneia) Tem dificuldade em respirar. Respiração ruidosa (farfalheira). Tosse realizada com grande custo. Agitação no doente. Se dura mais tempo: extremidades dos dedos, nariz e lábios ficam azulados. (cianose) Cai em inconsciência, se é avançada e grave. Instrução Militar 10º Ano -119- (2) Sinais de Asfixia Total (Apneia) Não respira. Está inconsciente. Cianose acentuada. Pupila (menina do olho) dilatada e com pouca reacção à luz. b. Estado De Choque Uma explicação muito simplificada do estado de choque é uma situação em que a circulação está gravemente perturbada. (1) Principais Causas Hemorragia prolongada. Traumatismos importantes (mesmo sem hemorragia), sobretudo quando existe uma ou mais das seguintes situações: Esmagamento de uma parte do corpo; Fracturas; Brusca deslocação de ar devido a uma explosão (“efeito de sopro”). Queimaduras externas. Paragem respiratória (mesmo sem paragem cardíaca). (2) Condições básicas do choque Dor violenta. Perda de sangue. Perda de líquidos dos tecidos. Destruição de tecidos. Indícios de choque O indivíduo pode estar inconsciente mas na maior parte dos casos, sobretudo numa fase inicial, ele está consciente, mas prostrado e indiferente pelo que o cerca; pode queixar-se de sede intensa. Instrução Militar 10º Ano -120- Não esquecer que qualquer destes sinais pode ser mais ou menos intensivo, e inclusive não estar presente no momento da nossa observação, mas só mais tarde. O que interessa, é que existindo uma situação das que apontámos como causa possível de choque, é necessária uma observação constante e medidas urgentes. 6.1.2- Desobstruir as vias respiratórias a. É indispensável actuar com a máxima rapidez se o sinistrado apresenta dificuldades de respiração ou sofre de uma paragem respiratória. Em caso de dificuldades de respiração, deve-se prestar ao sinistrado os seguintes cuidados: (1) Examinar-lhe a boca, a fim de remover quaisquer objectos estranhos, que possam impedir a respiração. (2) Desaperta-lhe a roupa à volta do pescoço e do peito. (3) Se o sinistrado recomeçar a respirar sossegadamente e se a sua pele adquirir um tom rosado, continuar a desobstruir-lhe as vias respiratórias. (4) Se não recomeçar a respirar, aplicar-lhe imediatamente a respiração artificial (5) Providenciar no sentido de obter imediata intervenção de pessoal especializado do Serviço de Saúde. Instrução Militar 10º Ano -121- b. Desobstrução das vias respiratórias Ao socorrista vulgar apenas compete a execução de alguns movimentos simples e rápidos. (1) Tirar da boca da vítima quaisquer corpos estranhos (lama, pedaços de comida, vomito, sangue, etc.), secreções abundantes ou uma dentadura, por exemplo. Para isso, um dedo ou mais, revestidos de um lenço, introduzem-se na boca e em poucos segundos fazem o que se pretende. (2) Colocar a cabeça da vítima na posição adequada, de modo a evitar dificuldade na passagem de ar nas vias aéreas superiores. Este, sim, é um pormenor importante que se não deve esquecer. Por isso o vamos explicar com um pouco mais de pormenor. Se repararmos, na figura 1, no que sucede a um indivíduo que perdeu o conhecimento vemos que o maxilar inferior e a língua caem para trás, tapando parcial ou completamente as vias respiratórias ao nível da laringe. Ao mesmo tempo os reflexos normais de protecção estão abolidos. De tudo isto resulta que o ar não pode entrar na laringe e é, portanto, necessário corrigir tal posição. Para isso basta uma manobra muito simples e rápida, apenas contra indicada em casos excepcionais que na altura própria serão mencionados. Trata-se da HIPEREXTENSÃO DA CABEÇA, exemplificada na figura 2 (hiperextensão significa exagero da inclinação da cabeça para trás). Instrução Militar 10º Ano -122- Deitar o doente de costas. Colocar uma mão na nuca e outra na testa. Levantar a nuca e empurrar a testa. Com esta manobra consegue-se muitas vezes que o doente passe a respirar espontaneamente. Mas pode suceder que tal não seja suficiente para a livre passagem do ar e então pode completar-se esta manobra com uma outra – a TRACÇÃO DO MAXILAR INFERIOR ilustrada na figura 3. Com a manobra assim exemplificada logramos os dois objectivos, hiperextensão da cabeça e tracção da maxila. O mesmo se consegue com uma manobra ligeiramente diferente na posição das mãos do socorrista (fig.4). Instrução Militar 10º Ano -123- Uma mão sobre a testa que empurra a cabeça para trás. Outra mão sobre o queixo puxa-o para a frente. A boca do doente deve estar entreaberta, mas não demasiado, porque se a abertura for mais que um dedo travesso, ocorre-se o risco de a língua descair novamente para trás. 6.1.3- Colocar uma vítima em posição adequada a. Para se evitar o agravamento de lesões ou do estado do doente algumas medidas são necessárias tomar, nomeadamente: - Normalizar-lhe a respiração; - Desapertar a roupa; - Tranquilizar o doente; - Imobilizar as fracturas; - Instalar o doente numa posição adequada; - Conservar a temperatura normal. b. Instalar o doente numa “posição adequada” significa: - Dar-lhe o maior conforto possível, embora nunca numa posição sentada, em pé ou a andar; - Aliviar-lhe as dores que possa sentir (para isso também concorrem a imobilização das fracturas e penso das feridas); Instrução Militar 10º Ano -124- - Acima de tudo pretende-se dar ao doente uma posição que facilite o fluxo de sangue à cabeça (como sabemos é ao nível do sistema nervoso central que mais se faz sentir o efeito da insuficiência circulatória do choque); Assim, a posição básica para o tratamento do choque é aquela em que a cabeça fica a um nível inferior ao dos pés. Há, porém, circunstâncias que obrigam a posições especiais. No Quadro seguinte resumem-se as posições adoptadas nas várias situações possíveis: Instrução Militar 10º Ano -125- DEITADO de costas com os pés elevados cerca de 20cm Casos Gerais Consciente acima do nível da cabeça (figura1.a) Inconsciente «Posição de segurança» NÃO baixar a cabeça se a face estiver congestionada elevar, Traumatismo Craniano Casos Especiais até, um pouco a cabeça. Não baixar a cabeça: levantá-la, tal como os ombros, Ferida no torax para facilitar a respiração. Feridas internas NÃO baixar: manter o corpo direito e imóvel. EM TODOS OS CASOS 1 – Não modificar a posição antes de imobilizar quaisquer fracturas. 2 – Não forçar o doente a tomar determinada posição se isso lhe aumentar o desconforto ou as dores c. A posição em que deve ser colocada uma vítima pode depender do tipo de ferimento que teve, pelo que desde logo é necessário detectar a extensão da lesão. Em caso de dúvida, deve-se mover o menos possível o doente sem alterar a posição relativa do corpo. MEIOS (HUMANOS E MATERIAIS) QAI Nº 38 e 39/1986 (Manipular um ferido complicado com/sem morte aparente). Diapositivos/Transparências, Colecção nº 28/1979 CHESMATI Instrução Militar 10º Ano -126- 6.1.4- Colocar uma vítima com fractura de coluna em posição adequada a. Fractura sem deslocamento Pode existir dor local, não se perde a sensibilidade e são possíveis os movimentos (Fig 1-a). b. Fractura com deslocamento (Fig. 1-b e c). Existe uma compressão ou corte da espinal-medula. O sinistrado tem dores, formigueiros, sensação de água fria ou de choques eléctricos nos membros inferiores e às vezes nos superiores. Há deformação e paralisia abaixo da fractura. Deve mover-se a vítima o menos possível. Se estiver inconsciente ou tiver vómitos deve procurar-se colocá-lo em posição lateral de segurança. Respeitar sempre o bloco rígido. Pode deitar-se em decúbito dorsal sobre uma superfície dura, tendo o cuidado de colocar pequenas almofadas ao nível do pescoço e da região lombar para que as curvaturas normais da coluna se mantenham. NOTA: Todo o sinistrado em COMA deve ser considerado como se estivesse uma fractura da coluna vertebral e deve ser tratado como tal. Transportar em seguida a um centro hospitalar. Instrução Militar 10º Ano -127- c. Levantamento de um fracturado da coluna (fig. 3). O número ideal de socorristas é 5, mas pelo menos 4. Colocar antecipadamente na maca 2 pequenos rolos nas direcções do pescoço e da cintura. Um, o que comanda, segura bem a cabeça e puxa-a para si. Outro, Segura bem nos pés e puxa-os para si. Os outros três ou dois seguram um de cada lado do tronco e o 5º nas pernas. Com todos nos seus postos à ordem do chefe, começam a levantar a vítima, esforçando-se por respeitar o EIXO CABEÇA-PESCOÇO-TRONCOPERNAS, lenta e suavemente como se fosse uma força única. Do mesmo modo farão a sua colocação na maca previamente apetrechada, com os rolos. Nunca esquecer que é preferível não fazer do que fazer mal. (fig.4) Instrução Militar 10º Ano -128- Fig.3 Fig.4 Instrução Militar 10º Ano -129- 6.2- Socorrer um queimado grave a. É costume classificar as queimaduras quanto à profundidade das lesões sofridas em três graus: QUEIMADURAS DE 1º GRAU – em que a pele apenas fica vermelha; QUEIMADURAS DE 2º GRAU – quando, além de vermelha, a pele apresenta vesículas ou bolhas contendo um líquido claro; QUEIMADURAS DE 3º GRAU – quando há destruição dos tecidos em maior ou menor profundidade, podendo até atingir músculos e pele. b. Queimaduras graves Não custa a compreender que uma queimadura profunda (3º Grau) é mais grave do que uma superficial. Mas é importante lembrar que a extensão da área queimada se pode tornar de longe mais importante: queimaduras do 1º ou 2º Graus que atinjam uma área grande do corpo são sempre mais graves do que uma pequena queimadura do 3ºGrau. Até uma “simples” queimadura de sol (1º Grau), generalizada a toda a pele, pode produzir a morte. Assim, há vantagem em calcular a percentagem de pele atingida para percebermos a maior ou menor gravidade da situação e como consequência decidirmos com a urgência correspondente, sabendo nós que a partir de 1/3 da pele queimada a situação é muito grave, e quando se atinge metade ou pouco menos é quase impossível salvar o indivíduo da morte. Mas, mesmo com 20% a 30% da superfície do corpo atingidos, sobretudo com largas zonas de queimaduras do 2º Grau, a gravidade é considerável. Todo o queimado de certa gravidade corre dois riscos principais: Um efeito geral, quase imediato – CHOQUE; Outros mais tardios, localizados nos pontos queimados, sobretudo em 3º Grau – INFECÇÃO. Os primeiros socorros devem ser orientados, portanto, no sentido de combater o choque e evitar a infecção, por esta mesma ordem. c. Controlo ou prevenção do choque Qualquer indivíduo gravemente queimado deve ser imediatamente tratado para o choque, mesmo que os sinais deste não sejam ainda aparente, pois tal estado acompanha sempre numa queimadura extensa. Iniciam-se, pois, as medidas nesse sentido antes mesmo de tratar a própria queimadura. Não vamos repetir o principal que há a fazer e que na altura própria ficou dito (posição da cabeça, aquecimento geral do corpo, etc.). Há porém um cuidado especial a pôr, nestas formas de choque, na administração de líquidos. Mais que em qualquer outro chocado, o queimado tem deles uma grande necessidade, pela enorme quantidade que perde pelas superfícies queimadas, isto é, desprotegidas de pele. Infelizmente, se a vítima está inconsciente, se não pode engolir (até por ter também queimaduras na parte superior do tubo digestivo), ou se tem feridas internas abdominais, o socorrista não pode nem deve tentar fazer-lhe engolir quaisquer líquidos. Terá de providenciar para o Instrução Militar 10º Ano -130- mais rapidamente possível, o doente ser evacuado para aí se proceder à administração de líquidos pelas veias. Mas se o doente está consciente, sem lesões internas e não vomita podemos prestar-lhe um valioso auxílio, forçando-o a beber, quer água simples, quer, sobretudo, um soluto salino (sais dissolvidos em água). Se não tivermos à mão o soluto adequado, já preparado, podemos nós rapidamente prepará-lo, com ½ colher de chá de sal refinado mais outro tanto de bicarbonato de sódio (ou mesmo sal de cozinha ou sal grosso – 1 colher de sopa) dissolvidos em 1 litro de água fria ou gelada (se não houver bicarbonato, usar apenas o outro). Não se usa água quente, pois a água salgada quente provoca, muitas vezes, os vómitos. Esta bebida é fornecida ao doente, lentamente, mas de modo que ele consuma 1 litro por hora. Se começar a ficar agoniado, parar, pois os vómitos ainda o fariam perder mais líquidos. Mas passado algum tempo, depois de passadas as náuseas, tornar a tentar, pois esta administração de líquidos é realmente útil para um queimado. d. Tratamento da queimadura Como vimos a infecção é o segundo grande risco que ocorre um queimado grave. De facto, as queimaduras de 2º e 3º Grau são verdadeiras feridas, inicialmente talvez não contaminadas, mas facilmente se tornando por qualquer micróbio do ambiente, pois os tecidos sem vitalidade da região queimada lhes oferecem bom terreno para se fixarem e desenvolverem. Por isso, o primeiro cuidado do socorrista que “mexe” num queimado, é não pôr em contacto com os tecidos queimados material não esterilizado, nem lançar de qualquer modo sobre eles produtos contaminados (não tossir, nem respirar directamente sobre a queimadura; se possível empregar uma máscara de gaze ou um lenço tapando a boca e o nariz, ao debruçar-se sobre o queimado). Talvez se possa dizer, em síntese, que o tratamento directo de uma queimadura deve ser, para o socorrista, o mais simples possível. Assim, se houver a certeza de que o queimado vai receber cuidados médicos durante as três primeiras horas, o melhor é envolvê-lo, simplesmente, num lençol limpo e não tentar qualquer manipulação das queimaduras. Mas se já passar algum tempo e não houver a certeza de o queimado vir a ser assistido num prazo máximo de 3horas. Teremos mesmo de fazer qualquer coisa, sempre dentro do espírito de proteger a queimadura contra maior contaminação, diminuindo, assim, as possibilidades de infecção. (1)Se houver roupa a cobrir a queimadura, cortá-la e retirá-la, sem tocar nesta: não tentar puxar fragmentos que fiquem agarrados aos tecidos queimados e, do mesmo modo, não tentar mover quaisquer fragmentos ou resto de óleo, metal, etc., que possam ter aderido fortemente à queimadura. (2)Não perfurar as vesículas, maiores ou menores, características das queimaduras de 2º Grau. (3)NÃO APLICAR QUALQUER PRODUTO, anti-séptico ou não (proibido o uso de tintura, álcool, água oxigenada, etc.). (4)Aplicar um penso, sendo obviamente preferível um penso esterilizado, ou na sua falta um pano limpo. Ligar a região com certa firmeza (o que, além de fixar o penso, faz diminuir a dor). (5)Uma vez feito o penso, não o mudar até à observação pelo médico. Instrução Militar 10º Ano -131- Como vemos, a atitude do socorrista perante uma queimadura grave consiste, fundamentalmente, em controlar o choque, pois, quanto ao tratamento directo das lesões, é mais aquilo que não deve do que aquilo que lhe compete fazer. Sobretudo, nada de “limpezas” ou “lavagens” dos tecidos queimados, só indicados no ambiente perfeitamente esterilizado de uma sala de operações. 6.3- Os primeiros socorros em ambiente NBQ a. Ambiente Biológico As notícias sobre o uso de agentes biológicos pelo inimigo e/ou a ocorrência invulgar de doenças, em campanha, são divulgadas pelos comandos superiores. Neste contexto, a melhor defesa local contra a guerra biológica é o rigoroso reforço de todas as medidas médicas e sanitárias preventivas e a manutenção de elevados níveis de higiene. O uniforme e as luvas, normais de serviço, protegem o homem das mordeduras de insectos, tais como mosquitos e carraças, que podem ser portadores de germes produtores de doenças. O vestuário deve manter-se abotoado e as calças enfiadas nos canos das botas; a cobertura da pele reduz a possibilidade de o agente penetrar no corpo através de feridas ou arranhões e também impede os insectos portadores de doenças de atingirem a pele. Os repelentes de insectos e os insecticidas são eficazes contra a maior parte dos insectos portadores de doença. A rigorosa observância de normas difundidas sobre a matéria e a manutenção de um elevado nível sanitário faz aumentar, obviamente, a protecção contra alguns insectos. Se o uniforme e as luvas de serviço não constituíram protecções suficientes contra determinados agentes biológicos devem usar-se, então os fatos e as máscaras de protecção. b. Ambiente Químico Os primeiros socorros incluem acções imediatas necessárias para impedir lesões ou complicações adicionais produzidas por acção dos agentes químicos. Por consequência, os primeiros socorros deverão incluir a descontaminação individual, sempre que necessário. Os sintomas e as fases da aplicação de primeiros socorros, são: 1. Agentes Neurotóxicos Os sintomas de envenenamento por agentes neuróticos são os seguintes: dificuldade na respiração, baba, náuseas, vómitos convulsões e, por vezes, diminuição da visão. A injecção do antídoto do agente neurotóxico e a aplicação de respiração artificial ou reanimação são as medidas de primeiros socorros a ministrar ao pessoal que apresenta sintomas de envenenamento por agente neurotóxico. Um soldado pode dar de si próprio até três aplicações do antídoto, logo que sinta os sintomas, respeitando entre eles os tempos recomendados. Instrução Militar 10º Ano -132- 2. Agentes Vesicantes Os sintomas de envenenamento por estes agentes são, o ardor na pele, olhos e nariz. Estes sintomas podem ser retardados por várias horas ou dias, consoante o tipo de agente utilizado. Não existe qualquer tratamento contra o envenenamento por agentes Vesicantes, a não ser a descontaminação. Se, após esta, se verificarem queimaduras ou bolhas, os soldados devem cobrir essas superfícies com gaze esterilizada, ou com um pano limpo, para evitar uma infecção. 3. Agentes tóxicos – Sanguíneos Os sintomas de envenenamento por estes agentes são convulsões e coma. O tratamento para este tipo de envenenamento consiste em colocar duas ampolas esmagadas de amilnitrite junto do nariz do homem afectado. Se este ainda se encontrar numa área contaminada, as ampolas esmagadas devem ser introduzidas na sua máscara. E, se os sintomas persistirem, este tratamento deve ser repetido com uma frequência de 4 ou 5 minutos, até ao restabelecimento da respiração normal ou até serem utilizadas 8 ampolas. Pode ser ministrada respiração artificial se a respiração do doente se tornar difícil ou parar. 4. Agentes Asfixiantes Os sintomas de envenenamento por agentes asfixiantes são tosse, asfixia, náusea e dor de cabeça. O tratamento, neste caso, consiste em manter o soldado quieto, aquecido e confortável. A menos que seja absolutamente necessário, a vítima não deve ser removida do local. Obs. Por uma questão de coerência e sistematização outras medidas de protecção, activas e passivas, para evitar ou neutralizar os efeitos das armas NBQ, bem como ainda outras matérias sobre este assunto, encontram-se incluídas na disciplina “DEFESA NUCLEAR BIOLÓGICA E QUÍMICA”. Instrução Militar 10º Ano -133- 7. Topografia (TOP) 7.1- Determinar o azimute cartográfico na carta entre dois pontos do terreno localizados na carta a. Generalidades O Rumo de uma direcção é o ângulo que essa direcção (definida por dois pontos) faz com o Norte Cartográfico (meridianos da carta). Um dos instrumentos usados para medir e/ou marcar rumos numa carta é o transferidor, apresentando-se este com várias formas (Fig 1). - Círculo completo; - Semicírculo; - Quadrado ou rectângulo. Os transferidores apresentam, todos eles, o circulo dividido em unidades de medida angular sendo o grau a unidade mais comum. Qualquer que seja a forma do transferidor, existe sempre uma referência que corresponde ao centro do círculo do transferidor e donde partem todas as direcções: Fig.1 Instrução Militar 10º Ano -134- b. Determinação do Azimute Cartográfico (Rumo) Para se determinar o azimute Cartográfico, ou rumo, de uma direcção definida por dois pontos na carta, procede-se da seguinte forma (Fig 2): 1. Localizar na carta os pontos (A e B); 2. Traçar uma linha recta que passe por esses mesmos pontos; 3. Colocar a referência do transferidor sobre o ponto A (em A se desejarmos o rumo de A para B), com a linha 0-180 graus paralela a linha Norte-Sul da quadrícula (meridianos da carta) e com a graduação 0 (zero) graus dirigida para Norte; 4. Fazer a leitura no transferidor a partir dos 0 (zero) graus e no sentido do movimento dos ponteiros do relógio no ponto em que a linha AB cruza a escala do transferidor. 5. A leitura feita corresponde ao Rumo AB (Azimute Cartográfico). Fig.2 Instrução Militar 10º Ano -135- 7.2- Converter o azimute magnético de uma direcção em azimute cartográfico (rumo) e azimute geográfico e vice-versa a. Azimutes Azimute de uma direcção LS é o ângulo que essa direcção faz com a direcção Norte, tomada Para referência, contado a partir desta e no sentido do movimento dos ponteiros do relógio (Fig 1). Azimute magnético de uma direcção é o ângulo que essa direcção faz com a direcção do Norte magnético contado a partir desta e no sentido do movimento dos ponteiros do relógio. Azimute cartográfico, ou rumo, de uma direcção é o ângulo que essa direcção faz com o Norte cartográfico contado a partir deste e no sentido do movimento dos ponteiros do relógio. Azimute geográfico de uma direcção é o ângulo que essa direcção faz com a direcção do Norte geográfico contado a partir desta e no sentido do movimento dos ponteiros do relógio. Fig.1 b. Diagrama de declinação Este diagrama existe na maior parte das cartas com a finalidade de permitir ao utente a conversão de um tipo de azimute noutro (Fig 2). Consta de 3 linhas, com uma origem comum. Uma referente á direcção do Norte geográfico, outra à do magnético e a terceira com a do cartográfico e com os seguintes ângulos inscritos (Fig 3): Instrução Militar 10º Ano -136- Declinação magnética – ângulo formado pelas direcções dos nortes geográfico com o magnético. Convergência de meridianos – ângulo formado pelas direcções do norte geográfico com a direcção do norte cartográfico. Declinação magnética cartográfica – ângulo formado pela direcção do norte magnético com a direcção do norte cartográfico A variação anual da declinação magnética é geralmente indicada sob o diagrama de declinação, podendo a partir dela calcular a declinação magnética actual, o que se deve fazer antes de efectuar qualquer operação que envolva azimutes magnéticos (Fig 2). Utiliza-se o diagrama de declinação para fazer as conversões de azimutes em rumos ou vice-versa. Fig.2 Fig.3 Instrução Militar 10º Ano -137- c. Conversão de um azimute magnético em cartográfico e vice-versa (1) Norte magnético à direita do Norte Cartográfico (a) Para converter um azimute magnético em azimute cartográfico (RUMO) adicionar ao azimute magnético a declinação cartográfica obtida nas indicações marginais da carta. (b) Para converter um azimute cartográfico (RUMO) em azimute magnético subtrair a declinação cartográfica ao azimute cartográfico. (2) Norte magnético à esquerda do Norte Cartográfico (a) Para converter um azimute magnético em azimute cartográfico (RUMO), subtrair ao azimute magnético a declinação cartográfica. (b) Para converter um azimute cartográfico em azimute magnético adicionar ao azimute cartográfico a declinação cartográfica. 7.3- Determinar a distância entre dois pontos do terreno localizados na carta a. Escala gráfica A escala gráfica (Fig. 1) é um dos métodos utilizados na determinação de uma distância na carta; vem impressa nas indicações marginais da folha e é constituída por duas partes essenciais: Fig.1 - A “escala principal”, que é parte à direita do zero e graduada a cheio de mil em mil metros. - “Talão”, que é a parte à esquerda do zero e graduada de cem em cem metros. Existe na maior parte das cartas uma única escala gráfica; no entanto, e dependendo do fim a que as cartas se destinam, podem ter impressas nas indicações marginais várias escalas gráficas com diferentes unidades de medida – Fig. 2. Instrução Militar 10º Ano -138- Fig.2- ESCALAS GRÁFICAS b. Determinação da distância (1)Para determinar com uma escala gráfica a distância em linha recta entre dois pontos na carta, procede-se da seguinte forma – Fig. 3: (a) Colocar a margem de uma folha de papel sobre a carta para que a margem una os dois pontos marcados; (b) Traçar duas referências na margem da folha de papel correspondentes aos pontos A e B da carta; (c) Colocar a tira de papel sobre a escala gráfica para que a referência coincida com uma divisão de mil metros da escala e a outra fique sobre o talão da escala que está dividido de cem em cem metros. (d) Proceder à leitura da distância, na escala, entre as referências traçadas no papel correspondente aos pontos A e B da carta, com uma aproximação de 50 metros. Instrução Militar 10º Ano -139- TRANSFERÊNCIA DA DISTÂNCIA DA CARTA PARA A FOLHA DE PAPEL FIG.3 MEDIÇÃO DE DISTÂNCIAS RECTAS NA CARTA (2)Para se medir a distância ao longo de uma estrada sinuosa, rio ou qualquer outra linha curva, utiliza-se também a margem de uma folha de papel, do seguinte modo – Fig. 4; (a) Fazer um traço (referência) próximo duma extremidade do papel e colocar essa referência no ponto C, a partir do qual a linha vai ser medida; (b) Alinhar a margem de papel ao longo de um traço recto e riscar no papel e na carta a extremidade desse troço; (c) Conservar estes traços coincidentes e rodar a tira de papel até ficar de novo coincidente e com um novo troço recto da estrada; (d) Repetir as operações (b) e (c) até atingir o ponto D; (e) Colocar a tira de papel sobre a escala da carta para que a última referência coincida com uma divisão de 1.000 metros e a primeira fique sobre o talão da escala; (f) Fazer a leitura na escala entre os pontos C e D com uma aproximação de 50 metros. Fig.4 MEDIÇÃO DE DISTÂNCIAS NA CARTA SOBRE UMA LINHA CURVA Instrução Militar 10º Ano -140- 7.4- Determinar as coordenadas militares de um ponto do terreno na carta a. Generalidades Em combate, bem como na vida corrente, há sempre a necessidade de se marcarem pontos de referência que devem ser identificados com precisão. Em qualquer região do Globo a localização de pontos na carta ou no terreno pode ser feita por vários processos. Contudo, dadas as características das necessidades militares estes processos devem ter as seguintes características: - Não exigir o conhecimento da região; - Ser aplicável a grandes áreas; - Não exigir pontos característicos do terreno; - Ser aplicável a todas as escalas. b. Uma carta é uma representação plana a duas dimensões de uma porção de terreno. Deste modo um dos processos utilizados para referência de pontos é a utilização de um sistema de eixos coordenados. Para tal é necessário definir uma origem, dois eixos coordenados (perpendiculares) e uma unidade de medida. Os sistemas de coordenadas mais comuns são: - Coordenadas geográficas; - Coordenadas Ortogonais ou rectangulares. 1. Coordenadas geográficas Meridiano é o círculo máximo que resulta da intersecção da superfície terrestre por um plano contendo a linha dos pólos. Equador é o círculo máximo que resulta da intersecção da superfície terrestre por um plano que contém o centro da terra e é perpendicular à linha dos pólos. Da definição resulta que há infinitos meridianos e um só equador. No sistema de coordenadas geográficas usam-se como referência duas linhas, o Equador e um meridiano de referência ou principal. O cruzamento desses dois círculos máximos constitui a origem dos sistemas de coordenadas (Fig. 1). Instrução Militar 10º Ano -141- Fig.1 Considerando um ponto da superfície terrestre, podemos definir os seguintes elementos (Fig.2): - Meridiano do lugar, é o meridiano que passa pelo ponto; - Paralelo do lugar, é o círculo menor, paralelo ao equador, que passa pelo ponto; - Latitude do lugar, é o arco do meridiano do lugar compreendido entre o equador e o paralelo do lugar, contado de 0º a 90º para Norte ou para Sul; - Longitude do lugar, é o arco do equador compreendido entre a meridiano de referência e o meridiano do lugar, contado de 0º a 180º ou de 0h a 12h, negativamente para E e positivamente para W, ou simplesmente Este ou Oeste. Fig.2 Instrução Militar 10º Ano -142- Quando falamos em meridiano origem ou principal, referimo-nos àquele que passa pelo observatório de Greenwich em Londres, por ser o normalmente utilizado (adoptado). Normalmente, quando nos referimos ao meridiano de Greenwich, pretendemos especificar o semi-meridiano, sendo o outro semi-meridiano designado por antimeridiano de Greenwich. Para facilitar a referenciação de um ponto neste sistema utiliza-se uma rede de meridianos e paralelos. A unidade de medida angular usada em coordenadas geográficas é o grau sexagesimal com os seus submúltiplos, minutos e segundos. Do exposto resulta que uma latitude pode ser Norte ou Sul; por conseguinte, o Pólo Norte tem de latitude de 90ºN e o Polo Sul de 90ºS. Da mesma forma, a longitude pode ser Este ou Oeste, pelo que o anti-meridiano de Greenwich terá a longitude de 180º E ou 180º W (Fig.3). Como a latitude pode ter o mesmo valor numérico a N ou a S do equador, deve indicar-se se ela é N ou S, do mesmo modo quanto à longitude deve-se especificar se é E ou W. Fig.3 As coordenadas geográficas aparecem em todas as cartas militares e nalgumas são o único processo de localizar ou referenciar um ponto. Na carta militar de Portugal 1/25.000 encontram-se dois sistemas de coordenadas geográficas: um a azul, referido à rede geodésica europeia unificada - DATUM EUROPEU, e o outro referido à rede geodésica nacional DATUM de LISBOA representado a preto (Fig. 4 e Fig. 5). Instrução Militar 10º Ano -143- Fig.4 Fig.5 2. Coordenadas rectangulares ou ortogonais Neste sistema, um ponto não é definido por intermédio de ângulos como anteriormente mas sim por meio de distâncias medidas relativamente a um sistema de eixos rectangulares, com um ponto de origem comum, a que se dá o nome de coordenadas rectangulares. Assim a abcissa é a distância AB e a ordenada é a distância BM representada na Fig. 6. Fig.6 Instrução Militar 10º Ano -144- (a) Coordenadas Militares Portuguesas (GAUSS) No centro do território de Portugal Continental, a Norte de Abrantes e muito próximo do vértice Geodésico MELRIÇA, situa-se o ponto central que constitui a origem do sistema de coordenadas rectangulares utilizadas na cartografia nacional. Para que não apareçam valores negativos no sistema deslocou-se a origem (Ponto Central) de 200 km para Oeste e 300 km para Sul definindo-se assim uma outra origem denominada origem fictícia, situado a SW do Cabo de S. Vicente. Deste modo o território de Portugal Continental ficou enquadrado num sistema de eixos coordenados com origem no ponto fictício, (Fig. 7). Fig.7 Instrução Militar 10º Ano -145- Apoiada nos sistemas de eixos coordenados que passam pela origem fictícia, lançou-se sobre o território Nacional uma malha de quadrados de 100 km de lado, designado pelas letras de A a Z com excepção da letra I, distribuídos do seguinte modo (Fig. 8): Fig.8 As coordenadas dos pontos no sistema de eixos têm assim uma distância à Meridiana M (abcissa) e uma distância perpendicular P (ordenada). Instrução Militar 10º Ano -146- Assim as coordenadas tomam a forma seguinte: Fig.10 Em relação ao ponto £ temos as seguintes coordenadas: M = 215 km P = 175 km As coordenadas militares GAUSS do Ponto £ são: S1575 É retirado o 1º algarismo da meridiana e da perpendicular porque é esse que caracteriza a letra. Para facilidade de localização de pontos divide-se, seguidamente, cada quadrado de 100 km de lado por um quadrado de 10 km de lado, sendo cada quadrado designado por dois algarismos (Fig. 11). Fig.11 Instrução Militar 10º Ano -147- Ainda para facilidade de localização cada quadrado de 10 km de lado ainda foi dividido numa malha de 100 quadrados de 1 km de lado cada (quadrícula 1/25000, Fig. 12). Fig.12 (b) Referenciação de pontos no sistema GAUSS (Coordenadas Militares Portuguesas) Para referenciar um ponto neste sistema de coordenadas (Fig. 10) em primeiro lugar refere-se o quadrado em que o ponto está localizado (letra). S - A letra indica as centenas de quilómetros A seguir refere-se um grupo, par de algarismos, que indica com maior ou menor precisão, a distância à referência em que a primeira metade representa a meridiana e a segunda a distância à perpendicular, dentro do quadrado. Assim conforme maior ou menor precisão temos: S S S S S 1 15 153 1532 15329 7 – Dezenas de quilómetros 75 - Quilómetros 750 - Hectómetros 7501 - Decâmetros 75015 – Metros Na carta 1/25.000 a quadrícula que corresponde às coordenadas militares portuguesas GAUSS aparece apenas apontada (de cor castanho), visto actualmente as cartas virem impressas com a quadrícula UTM (a azul). Instrução Militar 10º Ano -148- (c) Sistemas de coordenadas militares UTM As coordenadas UTM, ao contrário das coordenadas militares portuguesas que só servem para o território nacional, aplicam-se a qualquer ponto da superfície terrestre. A quadrícula UTM (Universal Transversa de Mercator) foi estabelecida de acordo com as regras indicadas a seguir: A parte da superfície terrestre situada entre as paralelas 84ºN e 80ºS dividida por uma série de meridianos regularmente intervalados de 6º. A superfície entre dois meridianos consecutivos constitui um fuso, havendo assim 60 fusos numerados de 1 a 60 para leste (Fig. 13 e Fig. 14) Fig.13 Cada fuso tem o seu próprio sistema de referência (Fig. 14). Meridiano Central do Fuso ao qual se atribui por convenção uma distância fictícia de 500.000 metros a fim de evitar coordenadas negativas para os pontos a Oeste do meridiano Central. Equador, ao qual se atribui por razões semelhantes uma distância fictícia à perpendicular de 0 ou 10.000.000 metros conforme se referir a zonas do hemisfério Norte ou Sul, respectivamente. Instrução Militar 10º Ano -149- Fig.14 A contar do paralelo 80ºS, considera-se ainda uma série de paralelos intervalados de 8º, excepto o último Norte, compreendendo a latitude 84ºN que tem 12º. Cada área entre dois paralelos consecutivos constitui uma fila de zonas, cada uma delas identificado por uma letra de C a X com excepção das letras I e 0 a partir do Sul (Fig. 13). Entre os paralelos 80º e 84ºN fica assim constituída uma malha geográfica de meridianos e paralelos, definindo 60 x 20 - 1200 zonas, cada uma das quais medindo 6º em longitude e 8º em latitude, com excepção da última Norte que mede 6º em longitude e 12º em latitude. As letras A,B,Y e Z são utilizadas para as calotes esféricas sendo as letras A e B para a calote Sul e as letras Y e Z para a calote Norte. Assim cada uma das 1200 zonas (identificada por um número, correspondente ao fuso, e uma letra correspondente fila da zona (Fig. 15). Instrução Militar 10º Ano -150- Fig.15 Instrução Militar 10º Ano -151- Portugal continental ficou assim, no fuso 29 e nas zonas S e T (Fig.16 e 17). Fig.16 e 17 respectivamente Implantou-se em seguida uma malha de quadrados de 100 km de lado (apoiada na meridiana de origem), designada por duas letras, correspondentes à coluna e à fila de que fazem parte (Fig. 15). Foi sucessivamente criada uma quadrícula de 10 km de lado e sobre esta uma outra de l km de lado. (d) Regras de Referenciação A Referenciação dum ponto da quadrícula UTM faz-se de acordo com as seguintes regras: No caso mais completo, a referencia indicada por um grupo de letras e algarismos que indicam: - Fuso; - A zona; - Quadrado de 100 km de lado pertencente a zona em que se situa a referencia; - As coordenadas rectangulares da quadrícula UTM - parte numérica de referenciação - com a precisão desejada. Instrução Militar 10º Ano -152- A designação duma referência é escrita por meio de uma expressão contínua sem espaços, parêntesis, vírgulas ou pontos. Deste modo temos: 29 - Designa o fuso onde está localizado o ponto (Portugal está localizado neste fuso). 29S - Designa a zona dentro do fuso 29 (Parte Sul de Portugal). 29SND - Indica o quadrado de 100 km, de lado dentro da Zona S do fuso 29. 29SND56 - Indica que, dentro do quadrado ND, o ponto está a 50 Km da meridiana e a 60 Km da perpendicular (Precisão da dezena de Km). 50km 60km M – 50 Km P – 60 Km Fig.18 29SND5065 - Indica que, dentro do quadrado ND, o ponto está a 50 Km da meridiana e a 65 Km da perpendicular (precisão de 1 Km). 29SND505656 - precisão de 100 metros. 29SDN50506550 - precisão de 10 metros. Quando não haja confusão por esse facto, pode-se omitir a designação do fuso e da zona. As medições para utilização das coordenadas UTM vêm indicadas na margem da carta (Fig. 19). Instrução Militar 10º Ano -153- Fig.19 Informações marginais c. Determinação das coordenadas dum ponto 1. Escalas Escala de uma carta é a relação entre uma distância medida na carta e a correspondente distância horizontal medida no terreno. As escalas podem ser numéricas ou gráficas: (a) Escalas numéricas Distância na Carta Escala numérica = Distância horizontal no terreno (Ex. 1/25.000, 1/50.000, 1/250.000) Assim na escala 1/25.000, 1 cm na carta corresponde a 250 metros no terreno; na escala 1/50.000, 1 cm na carta são 500 metros no terreno; na escala 1/250.000, 1 cm na carta são 2500 metros no terreno. (b)Escalas gráficas As escalas gráficas são segmentos de recta graduadas que exprimem, também a relação entre o desenho e o terreno (Fig. 20). Tem duas partes na sua constituição que são: - Talão; - Escala principal. Instrução Militar 10º Ano -154- Fig.20 2. Esquadro de Coordenadas O esquadro de coordenadas é um objecto graduado, em determinada (s) escala (s), que permite referenciar com precisão um ponto através das suas coordenadas (Fig. 21). Fig.21 Esquadro de coordenadas Antes de utilizar o esquadro de coordenadas, deve-se seleccionar a escala correspondente à da carta e ter em atenção que as quadrículas do Sistema de Coordenadas Gauss e Utm não são paralelas. Para usar o esquadro de coordenadas colocamos o zero da escala no canto inferior esquerdo do quadrado da quadrícula onde se encontra o ponto, para que a linha inferior do esquadro fique coincidente com a linha da quadrícula, de seguida desliza-se o esquadro, mantendo a coincidência de linhas, até a linha vertical do esquadro passar pelo ponto. Conservando o esquadro nessa posição, procede-se à leitura (distancia à meridiana - escala horizontal - e distância à perpendicular - escala vertical) (Fig. 22). Instrução Militar 10º Ano -155- Fig.22 3. Determinação das coordenadas militares hectómetricas (com seis algarismos) de um ponto. Escrever as letras que definem o quadrado de 100 Km de lado onde se situa o ponto (duas nas coordenadas UTM e uma nas coordenadas GAUSS). Localizar na carta o quadrado da quadrícula onde se localiza o ponto (Fig. 23). Escrever os algarismos grandes da numeração da linha vertical situada imediatamente à esquerda do ponto UTM (Fig. 23). Nas coordenadas militares GAUSS, os algarismos da numeração só se escrevem os dois algarismos mais à direita dessa numeração. Instrução Militar 10º Ano -156- Fig.23 O 3º algarismo é valor obtido na escala horizontal do esquadro de coordenadas que dá a distância em centenas de metros desse ponto à linha vertical da quadrícula e imediatamente à esquerda. Escrever os algarismos grandes da numeração da linha horizontal situada abaixo do ponto UTM (Fig. 23) Coordenadas militares - GAUSS - passa-se o mesmo que foi dito no penúltimo parágrafo acerca dos algarismos a escrever. (40 e 50 algarismos das coordenadas do ponto) 60 Algarismo é o valor obtido na escala vertical do esquadro de coordenadas que estabelece a distância em centenas de metros desde o ponto à linha horizontal da quadrícula situada imediatamente abaixo. Consultar as informações marginais da carta (Fig. 19) de modo a obter a designação do fuso e da zona da quadrícula e escrevê-los no início. Instrução Militar 10º Ano -157- 8.BIBLIOGRAFIA Texto de Apoio nº 1, EMGFA, DIRPAC, NOV77. Livro Branco da Defesa Nacional – Cap III. Pad. Dr Luís Cupertino, Livro de Deontologista Militar, Ed. 1976 da Academia Militar, Cap IV. Lei nº 29/82 de Defesa Nacional e das Forças Armadas. Resolução do Conselho de Ministros nº 9/94 de 04 Fev, Conceito Estratégico de Defesa Nacional. Constituição da República Portuguesa Manual de Primeiros Socorros, Estado Maior do Exército, Lisboa, 1976. MC 110-10 – Manual de Campanha do Exército Instrução Militar 10º Ano -158-