EFEITO DO AIB NA MINIESTAQUIA DE Eucalyptus
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EFEITO DO AIB NA MINIESTAQUIA DE Eucalyptus
EFEITO DO AIB NA MINIESTAQUIA DE Eucalyptus benthamii A PARTIR DE MATERIAL JUVENIL IBA EFFECT ON MINICUTTINGS OF Eucalyptus benthamii ORIGINATED FROM JUVENILE MATERIAL Cristiane Carla Benin 1, Fabiana Schmidt Bandeira Peres 2, Flávio Augusto de Oliveira Garcia 3 Resumo O presente trabalho teve como objetivo avaliar o enraizamento adventício de miniestacas apicais de clones de Eucalyptus benthamii sob o efeito da aplicação de diferentes concentrações de AIB (0, 2000 e 4000 mg L-1). As miniestacas foram coletadas de minicepas estabelecidas a partir de material juvenil. O experimento foi conduzido no delineamento inteiramente casualizado, em arranjo fatorial 4x3. Avaliou-se a sobrevivência e o enraizamento ao final da fase de casa de vegetação e casa de sombra, aos 35 e 45 dias, respectivamente. Os resultados obtidos demonstraram que os percentuais de sobrevivência e enraizamento tenderam a reduzir quando do aumento das concentrações do fitorregulador AIB. Os melhores índices de enraizamento foram observados quando as miniestacas não receberam a aplicação de AIB. O uso de AIB foi dispensável para a formação de raízes adventícias em miniestacas provenientes de material juvenil para os clones avaliados. Palavras-chave: Ácido indolbutírico, miniestacas, fitorreguladores e propagação clonal. Abstract The present work aimed to evaluate the adventitious rooting of apical minicuttings of clones of Eucalyptus benthamii under the efficiency of different concentrations of IBA (0, 2000 e 4000 mg L-1). The minicuttings originated from ministumps established from juvenile material. It was used the completely randomized design, under factorial arrange 4 x 3. The survival and rooting were evaluated in the exit of the greenhouse and in the exit of shadow house, with 35 and 45 days, respectively. The results showed that the percentages of survival and rooting decreased with increasing concentrations of IBA. The best rooting was observed when the cuttings have not received the IBA application. The use of the IBA was dispensable for the formation of adventitious rooting of minicuttings originated from juvenile material for both clones. Keywords: Indolebutyric acid, minicuttings, growth regulator and vegetative propagation. INTRODUÇÃO O Eucalyptus benthamii Maiden et Cambage é uma espécie potencial aos reflorestamentos na região sul do Brasil devido a atributos como bom crescimento e resistência ao frio (PALUDZYSZYN FILHO et al., 2006), podendo inclusive ser utilizada alternativamente como componente de híbridos em regiões de ocorrência de geadas frequentes (ASSIS e MAFIA, 2007). Apesar do interesse comercial pela espécie, existem limitações quanto à obtenção de sementes, as quais apresentam baixa viabilidade e sazonalidade na produção. Estes aspectos justificam o desenvolvimento de técnicas que viabilizem sua propagação e produção de mudas de E. benthamii. A escolha de técnicas de propagação vegetativa adequadas ao comportamento de cada espécie e associadas ao uso de substâncias promotoras de enraizamento são ferramentas que podem contribuir positivamente para a 1 2 3 Eng. Florestal, UNICENTRO, BR 153 km 7- Riozinho, Irati, PR, Brasil- [email protected]; Eng. Florestal. Dra. Depto. de Engenharia Florestal, BR 153 Km 7- Riozinho, Irati, PR, Brasil- [email protected]; Eng. Florestal. Dr. Depto. de Engenharia Florestal, BR 153 Km 7- Riozinho, Irati, PR, Brasil- [email protected] disseminação de espécies com restrições na produção e viabilidade de sementes (XAVIER et al., 2009). A miniestaquia é uma técnica amplamente difundida no setor florestal para a produção de mudas, sobretudo de espécies de Eucalyptus (ALMEIDA et al., 2007). O uso dessa técnica proporcionou inúmeros ganhos na área florestal, destacando-se a melhoria no processo de propagação de clones de difícil enraizamento, conferindo lhes produtividade e qualidade (XAVIER et al., 2003; ALFENAS et al., 2004; BRONDANI et al., 2010; FERRIANI et al., 2010). Resultados positivos têm sido observados na propagação clonal de diferentes espécies do gênero Eucalyptus, como E. grandis (TITON et al., 2003), E. cloeziana (ALMEIDA et al., 2007), E. dunnii (SOUZA JÚNIOR e WENDLING, 2003), E. benthamii (BRONDANI et al., 2008), E. globulus (BORGES et al., 2011). Dentre outras vantagens da miniestaquia, a aplicação de substâncias reguladoras de crescimento em concentrações reduzidas, permite ganhos em termos de qualidade de enraizamento e redução no custo de produção das mudas, devido à utilização de propágulos com maior grau de juvenilidade. Em algumas situações, o uso dessas substâncias é inclusive, dispensável para clones de fácil enraizamento (XAVIER et al., 2009). Na miniestaquia de espécies do gênero Eucalyptus, o ácido 3-indolbutírico (AIB) e o ácido naftalenoacético (ANA) têm sido as auxinas mais frequentemente empregadas e aquelas com resultados efetivos considerando a maior estabilidade destes compostos e a possibilidade de diversificação nas formas de aplicação (TITON et al., 2003). Os efeitos mais significativos do uso de AIB em miniestacas de clones com dificuldades de enraizamento foram observados nas concentrações de 1000 e 2000 mg L-1 (WENDLING e XAVIER, 2005). Em clones recalcitrantes de E. cloeziana, os melhores resultados corresponderam às concentrações entre 1500 a 3000 mg L-1 de AIB, não sendo observado efeito do ANA no enraizamento destes clones (ALMEIDA et al., 2007). Algumas pesquisas realizadas em clones de E. benthamii apontaram bons resultados na indução de raízes com o uso do AIB na via líquida e em gel, quando aplicadas em concentrações de 4000 a 6000 mg L-1 (BRONDANI et al., 2008). No entanto, a utilização deste fitorregulador em miniestacas de E. dunnii, provenientes de material juvenil, a aplicação de AIB não contribuiu significativamente para elevar os índices de enraizamento, sendo dispensável a sua utilização (SOUZA JUNIOR e WENDLING, 2003), assim como para Toona ciliata (SOUZA et al., 2009) e Grevillea robusta (SOUZA JÚNIOR et al., 2008). Diante do exposto, o objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito de diferentes concentrações do regulador AIB na sobrevivência e enraizamento de miniestacas de E. benthamii, obtidas de material juvenil. MATERIAL E MÉTODOS O estudo foi conduzido no período de junho a outubro de 2011, no Viveiro de Pesquisas do Departamento de Engenharia Florestal da Universidade Estadual do Centro-Oeste, Campus de Irati - Paraná. O município de Irati localiza-se na região Centro-Sul do estado do Paraná, com clima predominante classificado como temperado úmido com verões amenos (Cfb), caracterizado pela ocorrência de geadas frequentes no inverno. A cidade situa-se a 25º27’56” de latitude Sul com interseção com o meridiano 50º 37’51”de longitude Oeste, com altitude média de aproximadamente 812 metros. Apresenta precipitação média anual de 193,97 mm, temperatura média anual de 24,2ºC no verão e de 11ºC no inverno (PREFEITURA MUNICIPAL DE IRATI, 2011). Foram utilizadas miniestacas de quatro clones de E. benthamii (C1, C2, C3 e C4) as quais foram coletadas de minicepas estabelecidas a partir de mudas de origem seminal, cedidas pela empresa Golden Tree Reflorestadora Ltda. Para o estabelecimento das minicepas, mudas com aproximadamente 120 dias de idade foram transferidas para vasos com capacidade de 3 L contendo o substrato comercial Carolina Soil® e submetidas à poda de formação, em que retirou-se a porção apical da muda a uma altura de 10 cm da base com o objetivo de formação das minicepas. As minicepas foram dispostas em canteiros suspensos com sombreamento de 50%. A nutrição mineral utilizada foi realizada pela aplicação semanal de 20 mL por minicepa de solução nutritiva composta de nitrato de cálcio (0,8 g. L1 ); nitrato de potássio (0,8 g. L-1); monoamônio fosfato (2,2 g. L-1), ETDA dissódico (0,4 g. L-1), ácido bórico (0,04 g. L-1) e complexo vitamínico (0,04 g. L-1), intercalando-se com a aplicação de 20 mL por minicepa de solução de NPK na formulação 04-14-08. As minicepas foram conduzidas em regime de podas frequentes visando manter a juvenilidade da fonte doadora de propágulos. A coleta das brotações no minijardim clonal foi realizada no período matutino, em intervalos de tempo inferiores a 30 minutos, com o objetivo de minimizar o estresse hídrico dos propágulos utilizados. Para a coleta utilizou-se tesoura de poda previamente esterilizada em álcool 70% (v/v). Após a coleta, as miniestacas foram acondicionadas em caixas de isopor com água, de modo a manter as condições de turgescência do material vegetal. As miniestacas foram coletadas da porção apical dos ramos, com dimensões entre 3 a 4 cm, contendo de um a dois pares de folhas, sendo a área foliar reduzida a metade do seu tamanho original. Após a coleta, as miniestacas foram tratadas com diferentes concentrações de AIB (0, 2000 e 4000 mg L-1) na formulação líquida. A base das miniestacas foi imersa na solução de AIB durante dez segundos e em seguida estaqueadas em tubetes contendo substrato Carolina Soil®, com capacidade de 55 cm³. O processo de enraizamento das miniestacas foi conduzido em casa de vegetação, com permanência de 35 dias e posteriormente em casa de sombra, durante 10 dias. O experimento foi conduzido no delineamento inteiramente casualizado em arranjo fatorial 4 x 3, sendo os fatores constituídos por quatro clones (C1, C2, C3 e C4) e três concentrações de AIB (0, 2000 e 4000 mg L-1), com quatro repetições por tratamento. Foram avaliados os percentuais de sobrevivência e enraizamento das miniestacas na saída da casa de vegetação (SCV), aos 35 dias e na saída da casa de sombra (SCS), aos 45 dias de idade. Procedeu-se a análise de variância dos dados (ANOVA) e quando pertinente o teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade para comparação das médias, bem como análise de regressão linear para comparação do efeito da dose do indutor sobre o enraizamento, utilizando-se o software ASSISTAT 7.6 e o software Excel 2007, respectivamente. RESULTADOS E DISCUSSÃO De acordo com os resultados obtidos, observou-se interação significativa entre os clones e as diferentes concentrações de AIB (P < 0,05) para as características avaliadas na saída de casa de vegetação. No entanto não foi observada interação entre as concentrações de AIB e os clones na saída da casa de sombra (P < 0,05) (Tabela 1). Tabela 1- Análise de variância para a sobrevivência das miniestacas de clones de E. benthamii, avaliadas na saída de casa de vegetação (SSCV) e na saída de casa de sombra (SSCS), e para o enraizamento, avaliados na saída de casa de vegetação (ESCV) e na saída de casa de sombra (ESCS), em função dos diferentes clones e concentrações de AIB. Table 1- Analysis of variance for the survival of minicuttings of clones of E. benthamii, evaluated in the exit of the greenhouse ( SSCV) and in the exit of shadow house (SSCS), and rooting, evaluated in the exit of greenhouse (ESCV) and in the exit of shadow house (ESCS), according to the different clones and IBA concentrations. FV Clones Conc. de AIB Clone x AIB Resíduo Média Geral Quadrados médios GL 3 2 6 33 SSCV 0,79688 * 1,13021 * 0,29688* - ESCV 0,65799* 1,00521* 0,24132* - SSCS 0,45833* 0,89063* 0,11799ns - ESCS 0,30556* 0,62271* 0,14410ns 0,3854 0,3645 0,250 0,2083 (ns) Não significativo ao nível de 5% de probabilidade; (*) Significativo ao nível de 5% de probabilidade; (GL) Graus de liberdade. (ns) No significant at 5% probability; (*) Significant at 5% probability; (GL) Degrees of freedom. O tratamento das miniestacas com AIB elevou os índices de mortalidade na saída de casa de vegetação. Este efeito foi mais pronunciado à medida que se aumentou a concentração de AIB, principalmente no tratamento das miniestacas com 4000 mg L-1. Os clones C1 e C2 apresentaram maiores percentuais de sobrevivência (100 e 50%, respectivamente), observados até a aplicação da concentração mais baixa de AIB. A aplicação da maior concentração de AIB nas miniestacas acarretou numa drástica redução da sobrevivência das plantas dos clones C1 e C2 (0 e 25%, respectivamente). No entanto, os clones C1 e C2 não diferiram estatisticamente quando submetidos à concentração de 4000 mg L-1. Os clones C3 e C4 obtiveram os menores percentuais de sobrevivência, fato observado na ausência do fitorregulador (37,5%), e, especialmente quando tratados com o fitorregulador, independente da concentração aplicada, os percentuais decresceram para 12,5 % de sobrevivência na dosagem de 4000 mg L-1 de AIB. Esta redução mostrou-se ainda mais expressiva na concentração de 2000 mg L-1 de AIB, em que não foram observadas miniestacas vivas (Tabela 2). Tabela 2- Sobrevivência de miniestacas de clones de E. benthamii na saída de casa de vegetação (SSCV), em função dos diferentes clones (C1, C2, C3 e C4) e das diferentes concentrações de AIB (0, 2000 e 4000 mg L-1), avaliados aos 35 dias de idade. Table 2 - Survival of minicuttings of clones of E. benthamii in the exit of the greenhouse (SSCV), according to the different clones (C1, C2, C3 and C4) and to the different IBA concentrations (0, 2000 e 4000 mg L-1), evaluated at 35 days. Clones Concentração de AIB (mg L-1) 0 2000 Aa Aa 4000 0 Ab C1 100 C2 87,5 Aa 50 Bab 25 Ab C3 37,5B a 0 Ca 12,5Aa C4 37,5 B a 0 Ca 12,5 Aa 100 Médias seguidas por uma mesma letra maiúscula, entre os diferentes clones, dentro da mesma concentração de AIB, e letras minúsculas, entre as diferentes concentrações de AIB dentro do mesmo clone, não diferem estatisticamente, pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade de erro. Averages followed by the same capital letter, among the different clones, at the same IBA concentration, and lower case letters, among the different IBA concentrations in the same clone, don’t differ statistically, considering the test of Tukey at 5% of probability. Observou-se o aumento da mortalidade à medida que houve acréscimo da concentração de AIB aplicada. Contudo, a análise de regressão mostra que não há uma relação linear entre a dose aplicada e a mortalidade das miniestacas, à exceção do clone C1, em que o R2 ajustado pode ser considerado satisfatório, mostrando assim efeito de concentração e sobrevivência (Tabela 3). Todavia não se pode descartar a influência negativa do fitorregulador quanto a sobrevivência para os demais clones. Concentrações superiores a 2000 mg L-1, faixa onde encontram-se as melhores repostas na miniestaquia de Eucalyptus sp. (XAVIER et al., 2009), podem causar efeitos de fitotoxidez e elevar os índices de mortalidade. A aplicação de fitorreguladores nos propágulos promove um aumento da concentração de auxina na miniestaca (HARTMANN et al., 2002). Assim, quaisquer acréscimos excedentes na concentração endógena dessas substâncias implicam na redução da sobrevivência e consequentemente dificultam o processo de formação de raízes adventícias (XAVIER et al.,2009). Na saída de casa de sombra, observou-se diversidade de respostas quanto a sobrevivência das miniestacas em relação às diferentes concentrações de AIB utilizadas (Tabela 3). No entanto, assim como observado para a saída da casa de vegetação essa relação não pode ser explicada por um modelo linear, sobretudo quando se avalia o efeito individual em cada clone. É possível conjecturar que exista um efeito do fitorregulador e ainda que esse efeito dependa da sua interação com o material genético testado. Os clones C1 e C2 apresentaram maiores percentuais de sobrevivência (40%) na saída da casa de sombra comparativamente aos clones C3 e C4, cujos percentuais não passaram de 10% em ambos os matérias genéticos. No entanto, os clones C1 e C2 não diferiram significativamente (Figura 1). Tabela 3- Percentuais de sobrevivência das miniestacas dos clones de E. benthamii (C1, C2, C3 e C4) em função da aplicação de diferentes concentrações de AIB (0, 2000 e 4000 mg L-1), na saída da casa de vegetação (SSCV) aos 35 dias de idade, e na saída de casa de sombra (SSCS) aos 45 dias de idade. Table 3 - Percentile of survival of the minicuttings of the clones of E. benthamii (C1, C2, C3 and C4) depending on the applications of different concentration of IBA (0, 2000 e 4000 mg L-1), at the exit of the greenhouse (SSCV) at 35 days, and at the exit of shadow house (SSCS) at 45 days. Sobrevivência - SSCV (%) Concentrações de AIB (mg L-1) Clone 0 2000 4000 Equação (1) R² (1) C1 100 100 0 SCV = 1,1667 – 0,5AIB 0,75 C2 87,5 50 25 SCV = 1,1667 – 0,3125AIB 0,45 C3 37,5 0 12,5 SCV = 0,41667 – 0,125AIB 0,19 C4 37,5 0 12,5 SCV = 0,41667 – 0,125AIB 0,10 Sobrevivência - SSCS (%) Concentrações de AIB (mg L-1) Clone 0 2000 4000 Equação (1) R² (1) C1 75 62,5 0 SCS = 1,2083–0,375AIB 0,50 C2 75 37,5 0 SCS = 0,9583– 0,25AIB 0,22 C3 25 0 0 SCS = 0,3333–0,125AIB 0,30 25 0 0 SCS = 0,3333–0,125AIB (1) Equação = equação de regressão e R² = coeficiente de determinação. (1)Equation = regression equation and R² = coefficient of determination. 0,13 C4 Figura 1- Valores médios de sobrevivência das miniestacas de clones de E. benthamii, na saída de casa de sombra (SSCS), avaliados aos 45 dias de idade, em função dos diferentes clones (C1, C2, C3 e C4). Médias seguidas de mesma letra minúscula não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey, ao nível de 5 % de probabilidade de erro. Figure 1- Averages values of survival of the minicuttings of clones of E. benthamii, in the exit of the shadowhouse (SSCS), evaluated at 45 days, depending of the different clones (C1, C2, C3 and C4). Averages followed by the same lower case letter don’t differ statistically, considering the test of Tukey, at 5% of probability. Em relação ao enraizamento das miniestacas após 35 dias em casa de vegetação, observou-se interação significativa entre os clones e as diferentes concentrações de AIB (P < 0,05) (Tabela 1). Quanto às concentrações de AIB utilizadas, houve variabilidade de respostas em função dos materiais genéticos utilizados. Os clones C1 e C2 foram estatisticamente superiores se comparados aos clones C3 e C4. Para o clone C1 observaram-se melhores resultados quanto ao enraizamento das miniestacas na ausência de fitorregulador (100%) e na menor concentração de AIB (87,5%). O clone C2 apresentou comportamento semelhante em que o maior percentual de miniestacas enraizadas foi obtido sem a aplicação de AIB (75%), seguido da menor concentração (50%). A aplicação da concentração mais alta de AIB resultou na total mortalidade das miniestacas para o clone C1 e numa brusca redução do percentual de enraizamento (25%) para o clone C2. Os clones C3 e C4 não diferiram significativamente, no entanto o enraizamento das miniestacas de ambos os materiais genéticos foram estatisticamente inferiores aos clones C1 e C2. O maior percentual de miniestacas enraizadas foi de 37,5% em ambos os clones, obtidos na ausência do fitorregulador. O percentual de enraizamento diminuiu quando os clones receberam a aplicação de AIB nas miniestacas, levando à mortalidade total das plantas dos clones C3 e C4 na menor concentração de AIB e a 12,5% de enraizamento na maior dose do fitorregulador (Tabela 4). Tabela 4- Enraizamento de miniestacas de clones de E. benthamii na saída de casa de vegetação (ESCV), em função dos diferentes clones (C1, C2, C3 e C4) e das diferentes concentrações de AIB (0, 2000 e 4000 mg L-1), avaliado aos 35 dias de idade. Table 4 - Rooting of minicuttings of clones of E. benthamii in the exit of the greenhouse (ESCV), according with the different clones (C1, C2, C3 and C4), and different concentrations of IBA (0, 2000 and 4000 mg L-1), evaluated with 35 days. Clones Concentrações de AIB (mg L-1) 0 2000 Aa 87,5 Aa 4000 0 Ab C1 100 C2 75 ABa 50 Aab C3 37,5 Ba 0 Ba 12,5 C4 37,5 Ba 0 Ba 12,5 Ba 25 Ab Ba Médias seguidas por uma mesma letra maiúscula, entre os diferentes clones, dentro da mesma concentração de AIB, e por letras minúsculas, entre as diferentes concentrações de AIB dentro do mesmo clone, não diferem estatisticamente, pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade de erro. Averages followed by the same capital letter, among the different clones, at the same concentration of IBA, and by lower case letter, among different concentrations of IBA at the same clone, don’t differ statistically, considering the test of Tukey at 5% of probability. Brondani et al., (2010) também relatam baixos percentuais de enraizamento médio (30, 32 a 55,45%) em clones híbridos de E. benthamii x E. dunni, com a aplicação de diferentes dosagens de AIB (0, 2000, 4000, 6000 e 8000 mg L-1 ), fato que demonstra o possível comportamento recalcitrante da espécie quanto a rizogênese. Aos 45 dias de idade, após o período de aclimatização das mudas em casa de sombra, observou-se redução nos percentuais de enraizamento em todos os tratamentos avaliados (Tabela 5). Os maiores percentuais de enraizamento foram observados para os clones C1 (75%) e C2 (62,5 %), sem a aplicação do fitorregulador AIB. Já na concentração de 2000 mg L-1 de AIB, obteve-se enraizamento de 50% para o clone C1 e de apenas 12,5% para o clone C2. Para os clones C3 e C4, não foi observado enraizamento das miniestacas em nenhuma das concentrações de AIB utilizadas (Tabela 5). De acordo com HARTMANN et al., (2002) cada material genético pode apresentar resposta diferenciada à propagação vegetativa. Tabela 5- Percentuais de enraizamento das miniestacas dos clones de E. benthamii (C1, C2, C3 e C4) em função da aplicação de diferentes concentrações de AIB (0, 2000 e 4000 mg L-1) na saída da casa de vegetação (ESCV) aos 35 dias de idade e na saída de casa de sombra (ESCS) aos 45 dias de idade. Table 5 - Percentiles of rooting of the minicuttings of clones of E. benthamii (C1, C2, C3 and C4) depending on the application of different concentrations of IBA (0, 2000 and 4000 mg L-1) at the exit of the greenhouse (ESCV) with 35 days, and at the exit of the shadow house (ESCS) with 45 days. Enraizamento - ESCV (%) Concentrações de AIB (mg L-1) (1) (1) Clone 0 2000 4000 C1 100 87,5 0 ECV = 1,6625 – 0,5AIB 0,78 C2 75 50 25 ECV = 1 – 0,25AIB 0,33 C3 37,5 0 12,5 ECV = 0,41667 – 0,125AIB 0,18 C4 37,5 0 12,5 ECV= 0,41667 – 0,125AIB 0,10 Equação R² Enraizamento - ESCS (%) Concentrações de AIB (mg L-1) Clone 0 2000 4000 Equação (1) R² (1) C1 75 50 0 ECS = 1,666 6– 0,357AIB 0,58 C2 62,5 12,5 0 ECS= 0,7916 – 0,25AIB 0,28 C3 12,5 0 0 ESC= 2,09 – 2,18AIB 0,13 C4 25 0 0 ECS= 0,3333 – 0,125AIB (1) Equação = equação de regressão e R² = coeficiente de determinação. (1) Equation = regression equation and R² = coefficient of determination. 0,13 De maneira geral, todos os clones avaliados sofreram efeitos negativos quando submetidos à aplicação de AIB na concentração de 4000 mg L-1 não sendo observado enraizamento das miniestacas durante a aclimatização em casa de sombra, em decorrência da total mortalidade das miniestacas (Tabela 5). Esses resultados sugerem um provável efeito inibitório da aplicação de AIB nos clones avaliados em concentrações superiores a 2000 mg L-1, tendo em vista o maior grau de juvenilidade dos propágulos utilizados no presente estudo. Na miniestaquia de clones de E. grandis, registrou-se aumento nos índices de sobrevivência e enraizamento com aplicação de AIB, em concentrações entre 1000 e 2000 mg L-1 (TITON et al., 2003). Os clones C1 e C2 apresentaram enraizamento satisfatório, embora os percentuais de enraizamento tenham sofrido reduções ao fim do período de permanência das mudas em casa de sombra, por enfrentar condições ambientais diferentes do ambiente controlado em casa de vegetação (Figura 2). Figura 2- Valores médios de enraizamento das miniestacas de clones de E. benthamii, na saída de casa de sombra (ESCS), avaliados aos 45 dias de idade, em função dos diferentes clones (C1, C2, C3 e C4). Médias seguidas de mesma letra minúscula não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey, ao nível de 5 % de probabilidade de erro. Figure 2- Values of rooting of minicuttings of clones of E. benthamii, in the exit of the shadow house (ESCS), evaluated with 45 days, depending of the different clones (C1, C2, C3 and C4). Averages followed by the same lower case letter don’t differ statistically considering the test of Tukey at 5% of probability. No presente estudo, de modo geral, a aplicação de fitorregulador AIB foi dispensável na miniestaquia de E. benthamii com a utilização de propágulos juvenis, observando-se efeito negativo da aplicação dessa substância na formação de raízes adventícias em miniestacas. Tal fato é justificado pelo alto grau de juvenilidade encontrado nesse tipo de material, onde naturalmente concentram-se altas taxas de hormônios naturais, como as auxinas, as quais contribuem para a divisão celular e promovem eficazmente a iniciação radicular. Os resultados obtidos concordam com SOUZA JÚNIOR et al. (2003), em que afirmam a viabilidade da técnica da miniestaquia na propagação clonal de E. dunnii sem o emprego de substâncias promotoras de enraizamento, utilizando-se material juvenil como fonte doadora de propágulos. Em clones híbridos de E. globulus, espécie considerada de difícil enraizamento, não registrou-se efeito significativo da aplicação de AIB, sendo que apenas um dos clones avaliados apresentou percentuais de enraizamento inferior a 60%, quando da não aplicação deste fitorregulador (BORGES et al., 2011). CONCLUSÕES A propagação de clones de E. benthamii via miniestaquia, a partir de material seminal, apresentou variabilidade de respostas em relação aos clones avaliados. No entanto, pode constituir uma alternativa promissora na propagação clonal da espécie, especialmente em condições de bom controle ambiental na fase de enraizamento das miniestacas. O uso do fitorregulador AIB mostrou-se dispensável na produção de mudas clonais de E. benthamii. A aplicação do fitorregulador, independente da concentração, causou efeito negativo acarretando em elevada mortalidade das miniestacas. AGRADECIMENTOS À Empresa Golden Tree Ltda., pela cessão do material genético utilizado na condução do experimento. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALFENAS, A. C.; ZAUZA, E. A. V.; MAFIA, R. G.; ASSIS, T. F de. Clonagem e doenças do eucalipto. Viçosa: Editora UFV, 2004. 442 p. ALMEIDA, F. D de. ; XAVIER, A.; DIAS, J. M. M.; PAIVA, A. N. Eficiência das auxinas (AIB e ANA) no enraizamento de miniestacas de clones de Eucalyptus cloeziana F. Muell. Revista Árvore, Viçosa- MG, v. 31, n. 3, p. 455- 463, 2007. BORGES, S. R.; XAVIER, A.; OLIVEIRA, L. S de.; MELO, L. A. de.; ROSADO, A. M. Enraizamento de miniestacas de clones híbridos de Eucalyptus globulus. Revista Árvore, Visçosa- Mg. V. 35. n. 3, p. 425- 434, 2011. BRONDANI, E. G.; WENDLING, I.; ARAUJO, M. 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