ROSANA DECAT FRANCA
Transcrição
ROSANA DECAT FRANCA
UNIVERSIDADE CATÓLICA DO SALVADOR MESTRADO EM PLANEJAMENTO TERRITORIAL E DESENVOLVIMENTO SOCIAL ROSANA DECAT FRANÇA O TURISMO HISTÓRICO-CULTURAL COMO ESTRATÉGIA DE SUSTENTABILIDADE PARA A CIDADE DE CAIRU-BA Salvador 2008 ROSANA DECAT FRANÇA O TURISMO HISTÓRICO-CULTURAL COMO ESTRATÉGIA DE SUSTENTABILIDADE PARA A CIDADE DE CAIRU-BA Dissertação apresentada à Universidade Católica do Salvador como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Social, na Linha de Pesquisa Territorialidade e Desenvolvimento Social. Orientador: Prof. Dr. Sylvio Carlos Bandeira de Mello e Silva. Salvador 2008 ROSANA DECAT FRANÇA O TURISMO HISTÓRICO-CULTURAL COMO ESTRATÉGIA DE SUSTENTABILIDADE PARA A CIDADE DE CAIRU-BA Dissertação apresentada à Universidade Católica do Salvador, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Social. Linha de Pesquisa: Territorialidade e Desenvolvimento Social. Área do conhecimento: Planejamento Territorial. Aprovado em 23/04/2008 Banca Examinadora: ________________________________________________ Prof. Dr. Sylvio Bandeira de Mello e Silva (orientador) UCSAL ____________________________________________ Prof. Dr. Mário Carlos Beni USP ____________________________________________ Profa. Dra. Christine Nentwig Silva UCSAL ____________________________________________ Profa. Dra. Iracema Reimão Silva UCSAL Salvador, 20 de julho de 2008 2008 ROSANA DECAT FRANÇA O TURISMO HISTÓRICO-CULTURAL COMO ESTRATÉGIA DE SUSTENTABILIDADE PARA A CIDADE DE CAIRU-BA DEDICATÓRIA Dedico esse trabalho a Deus pela proteção e conquista. Aos meus pais e minha avó Dorinha por tudo que sou. Ao meu filho Daniel César pela determinação, dedicação e ajuda em todas as horas. Ao meu filho Rogério, pelo seu carinho, confiança e incentivo. A minha filha Marcella, pela disponibilidade, compreensão e amor. Ao meu marido Paulo Gabrielli, pelo acolhimento nas horas difíceis e por me fazer acreditar que tudo é possível. A minha amiga Carmélia Amaral, a minha eterna gratidão. A minha netinha Gabriella, alegria da minha vida. AGRADECIMENTOS Agradeço ao Secretário do município de Cairú, Dr. Isaias Ribeiro pela contribuição exaustiva para a concretização desse trabalho. Agradeço a contribuição fraterna do Frei Hilton Botelho, Guardião do Convento de Santo Antonio. Agradeço ao meu querido e estimado professor Mario Beni pelo incentivo e disponibilidade sem limites. Agradeço a todos os professores do Mestrado em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Social em especial a professora Iracema pela sua ternura e amor pela profissão e a professora Bárbara Christine Nentwig Silva pelo incentivo de todos os dias e colaboração precisa nesta pesquisa. Agradeço ao meu orientador professor Sylvio Carlos Bandeira de Mello e Silva pela paciência, atenção, compreensão antes e principalmente durante a pesquisa, nas horas decisivas. Agradeço a minha estagiária Michele Varjão pela sua ajuda incansável para a conclusão deste trabalho. RESUMO Esta pesquisa investiga inicialmente os recursos históricos culturais da cidade de Cairu no Estado da Bahia e as possibilidades que esses recursos podem proporcionar para o desenvolvimento do turismo numa pequena cidade periférica, gerando ocupação, trabalho e renda para os seus habitantes. Tenta-se orientar uma relação harmoniosa entre o turismo e a cultura para que sítios e prédios históricos, monumentos e manifestações culturais sejam trabalhados de forma responsável como produto turístico, levando em conta as tradições da população e sua capacidade de acompanhar o processo. Numa primeira etapa identifica-se o potencial turístico da cidade através da inventariação da oferta turística, avalia-se a qualidade da oferta turística e analisam-se as possíveis perspectivas para o desenvolvimento do turismo. Observou-se também a motivação dos jovens e a organização de suas ações com vistas à participação na cadeia produtiva do turismo. Na segunda etapa entende-se a segmentação do turismo com ênfase no turismo cultural. Na terceira etapa, trabalha-se com a perspectiva de desenvolver os arranjos produtivos para melhor organizar a cadeia produtiva do turismo e assegurar a sustentabilidade para a atividade turística. Concluindo-se com a sugestão de um Plano Estratégico de Turismo para a cidade de Cairu e roteiros turísticos integrados envolvendo as ilhas de Cairu, Boipeba e Tinharé. Palavras-chave: turismo, cultura, patrimônio, oferta turística, sustentabilidade ABSTRACT This research investigates the historical resources of the city of Cairu in the State of the Bahia and the possibilities that these resources can provide for the development of the tourism in a small peripheral city. It is tried to guide a harmonious relation between the tourism and the culture so that heritage, cultural monuments and manifestations are worked of responsible form as tourist product, taking in account the traditions of the population and his capacity to follow the process. One also observed the motivation of the young people and the organization of its action with sights to the participation in the productive chain of the tourism. In a first stage the tourist potential of the city through the offers tourist inventory is identified, and analyzes the possible perspectives for the development of the tourism. In the second stage it is understood segmentation of the tourism with emphasis in the cultural tourism. In the third stage, one works with the perspective to develop the productive arrangements to organize the productive chain of the tourism and to assure the sustainable for the tourist activity. Concluding with the suggestion of a Strategical Plan of Tourism for the city of Cairu and tourist itineraries integrated involving the islands of Cairu, Boipeba and Tinharé. Word-key: tourism, culture, heritage, offer tourist, sustainable SUMÁRIO SIGLAS UTILIZADAS ................................................................................................................................ i LISTA DE FIGURAS .............................................................................................................................. ii LISTA DE FOTOGRAFIAS .................................................................................................................. iii 1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 2. ETAPAS DA PESQUISA.....................................................................................................................5 3. TURISMO E PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO TERRITORIAL......................................1ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 3.1 REFERENCIAL TEÓRICO..............................................................................................................15 3.2 EXPANSÃO DO TURISMO............................................................................................................19 3.3 VISÃO GERAL DO TURISMO NO BRASILBRASIL...................................................................21 3.4 VISÃO GERAL DO TURISMO NA BAHIA ..............................................................................25 3.5 TURISMO COMO PROCESSO DE PRODUÇAO........................................................... ..............33 3.6 TURISMO E CULTURA 4. .............................................................................................................36 IDENTIFICAÇÃO GERAL DO MUNICÍPIO DE CAIRÚ...........................................................38 4.1 A CIDADE DE CAIRU - ASPECTOS HISTÓRICOS .................................................... ...............50 4.2 A CIDADE DE CAIRU - ASPECTOS GEOGRÁFICOS................................................................53 4.3 INVENTÁRIO DA OFERTA TURÍSTICA DA CIDADE DE CAIRU.. ........................................59 4.4 RESULTADOS DA INVENTARIAÇÃO DA OFERTA TURÍSTICA............................................62 5. PERSPECTIVAS PARA O TURISMO DA CIDADE DE CAIRÚ...............................................90 5.1 ENTENDENDO A SEGMENTAÇÃO TURÍSTICA ...................................................... ...............93 5.2 TURISMO CULTURAL.................................................................................................... .............. 95 5.3 PROBLEMAS E PERSPECTIVAS PARA O TURISMO NACIDA DE CAIRU.............................97 5.4 PLANO ESTRATÉGICO DE TURISMO PARA A CIDADE DE CAIRÚ.......................................99 5.5 SUGESTÃO DE ROTEIRO TURÍSTICO.......................................................................................102 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS...........................................................................................................118 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................................................122 ANEXO 1 CENSO CULTURAL DA BAHIA.........................................................................................127 ANEXO 2 FACHADA PROPOSTA - CONVENTO DE SANTO ANTONIO.......................................139 ANEXO 3 FACHADA CADASTRO - CONVENTO DE SANTO ANTONIO....................................140 ANEXO 4 CORTE PROPOSTA - CONVENTO DE SANTO ANTONIO.............................................141 ANEXO 5 CORTE CADASTRO - CONVENTO DE SANTO ANTONIO............................................142 ANEXO 6 CONVENTO DE SANTO ANTONIO.................................................................................. 143 ANEXO 7 PLANTA SITUAÇÃO – CONVENTO DE SANTO ANTONIO..........................................144 ANEXO 8 PLANTA SITUAÇÃO PROPOSTA - CONVENTO DE SANTO ANTONIO......................145 ANEXO 9 PROPOSTA TÉRREO - CONVENTO DE SANTO ANTONIO..........................................146 ANEXO 10 FORMULÁRIO DE PERGUNTAS......................................................................................147 ANEXO 12 LINHA DE TRAVESSIA NO PORTO DE VALENÇA......................................................149 ANEXO 13 LINHAS DE TRAVESSIA NO TERMINAL NÁUTICO DA BAHIA - 2008..................150 ANEXO 14 LEGISLAÇÃO RELACIONADA AO TURISMO CULTURAL........................................151 SIGLAS UTILIZADAS ABAV - Associação Brasileira de Agências de Viagens AMABO - Associação dos Moradores e Amigos de Boipeba AMAGA - Associação dos Moradores e Amigos de Garapua AMUBS - Associação de Municípios do Baixo Sul APA - Área de Proteção ambiental APL - Arranjos Produtivos Locais BAHIATURSA - Empresa de Turismo da Bahia BID - Banco de Interamericano de Desenvolvimento CAR - Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional CEFAT - Centro Europeu de Formação Ambiental CETUR - Conselho Estadual de Turismo CFT - Coordenação de Fomento ao Turismo CNB - Companhia de Navegação Baiana COMBAHIA - Bahia Convenções S.A. DMT - Diretoria Municipal de Turismo EMBRATUR - Empresa de Turismo da Bahia EMTUR - Empreendimentos Turísticos da Bahia S.A. FCP - Fundo de Cooperação Português IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IDES - Instituto de Desenvolvimento Sustentável do Baixo Sul IOT - Inventário da Oferta Turística MHS - Meios de Hospedagem OEA - Organização dos Estados Americanos OMT - Organização Mundial de Turismo ONG’S - Organizações não Governamentais PDITS - Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentável PETROBRAS - Petróleo Brasileiro SA PNMT - Programa Nacional de Municipalização do Turismo PNT - Plano Nacional de Turismo PRODETUR - Programa de Desenvolvimento Turístico da Bahia UFBA – Universidade Federal da Bahia UHS - Unidades Habitacionais UMA - Universidade Livre da Mata atlântica SEBRAE - Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas SEI - Superintendência de Estudos Econômicos Sociais SICT - Secretaria de Indústria e Comércio SPHAN - Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional SUDENE - Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste SUINVEST - Superintendência de Investimentos em Pólos Turísticos SUTURSA - Superintendência de Turismo da Cidade de Salvador LISTA DE FIGURAS 1. Posição do Município de Cairu em relação ao Estado da Bahia 06 2. Enquadramento Regional - Município de Cairu 07 3. Mapa Municipal de Cairu - CEI 08 4. Esboço Corográfico do município de Cairu 39 5. Transporte Municipal - Planta do município de Cairu 41 6. Infra-estrutura de acesso - Planta do município de Cairu 54 7. Cenário ambiental - Planta do município de Cairu – 56 8. Cidade de Cairu – Planta Baixa 58 9. Centro Histórico da cidade de Cairu 66 10. Situação do Convento de Santo Antonio 69 11. Planta - Convento de Santo Antonio 70 12. Situação - Matriz N.S.do Rosário 72 13. Planta - Matriz N.S.do Rosário 73 14. Situação - Sobrado à Rua Direita nº 34 74 15. Sobrado à Rua Direita nº 34 75 16. Situação - Sobrado Grande 76 17. Planta - Sobrado Grande 77 18. Situação - antiga Prefeitura 78 19. Antiga Prefeitura 79 20. Planta do Convento de S. Antonio - Superior 81 21. Importância das atividades econômicas do município de Cairu 84 22. Bens representativos da cultura e da história de Cairu 84 23. Elementos representativos da cultura do município de Cairu 85 24. Santos da igreja católica de maior representatividade - Cairu 86 25. Festas populares preferidas pelos jovens da cidade de Cairu 86 26. Preferência musical dos jovens da cidade de Cairu 87 27. Vocação dos jovens da cidade de Cairu 87 28. Elementos necessários ao design turístico da cidade de Cairu 88 29. Interessados em trabalhar com o turismo em Cairu 89 LISTA DE FOTOGRAFIAS 1. Vista aérea Morro de São Paulo I 44 2. Vista aérea Morro de São Paulo II 45 3. Igreja de São Francisco Xavier Vila de Galeão 47 4. Casa com Varanda de Ferro – Vila de Galeão 47 5. Fortaleza Morro de São Paulo – Morro de São Paulo 48 6. Forte da Ponta - Morro de São Paulo 48 7. Fonte Grande - Morro de São Paulo 49 8. Igreja Nossa Senhora da Luz - Morro de São Paulo 49 9. Matriz do Divino Espírito Santo - Boipeba 50 10. Vista aérea do Centro Histórico da cidade de Cairu I 51 11. Vista aérea do Centro Histórico da cidade de Cairu II 52 12. Centro Histórico da cidade de Cairu 64 13. Centro Histórico da cidade de Cairu – rua direita 65 14. Vista aérea do Centro Histórico 67 15. Vista aérea do Convento de Santo Antonio 69 16. Convento de Santo Antonio 70 17. Convento de Santo Antonio - Sacristia 71 18. Matriz N.S. do Rosário 72 19. Matriz N.S. do Rosário - Capela Mor 73 20. Sobrado à rua Direita – Fachada principal 75 21. Sobrado Grande - fachada principal 77 22. Antiga Prefeitura 79 LISTA DE TABELAS Tabela 1. Indicadores de desempenho do turismo na Bahia 2003 a 2006 31 Tabela 2. Evolução do número de meios de hospedagem da Costa do Dendê 32 Tabela 3. A população residente - Distritos de Cairu 42 Tabela 4. Distâncias entre Cairu e outros centros urbanos 53 Tabela 5. Acesso aéreo - Aerostar Táxi Aéreo 55 Tabela 6. Acesso aéreo - Adey Táxi Aéreo 55 Tabela 7. Atrativos histórico-culturais da cidade de Cairu 103 Tabela 8. Linha de travessia - porto de Graciosa 107 1 INTRODUÇÃO Nos últimos anos, observa-se que a atividade turística tem mudado de dimensão e de enfoque, e, na mesma intensidade, toda a cadeia produtiva do turismo começa a adaptar-se a essas grandes mudanças que demandam as comunidades locais e os próprios turistas. Assim, diante da oferta do turismo contemplativo que tem caracterizado as décadas anteriores, surge a necessidade de promover um novo conceito na criação e desenho de espaços convencionais do turismo tendo em conta o equilíbrio entre o local e o global. Os sítios históricos e as comunidades constituem a referência para integrar esta nova concepção. Contudo, os recursos e as manifestações culturais precisam de estruturação para se tornarem produtos turísticos de qualidade e competitivos. O desenvolvimento de novas formas de turismo mais responsáveis e difusas demonstra a possibilidade de fazer as coisas de maneiras diferentes. Pesquisadores da atividade turística como, por exemplo, Swarbrooke (2000, p.10) sugere itinerários através de pacotes que minimizem serviços de transportes quando o turista chegue a sua destinação, pois isso seria mais sustentável do que seguir o itinerário típico de férias multicentradas dos dias atuais. O mesmo autor (p. 43 a 45) considera a dimensão não sustentável do turismo cultural pela superutilização de sítios culturais, trivialização da autenticidade ou fossilização de culturas e sugere o uso do antimarketing e o controle local feito pela comunidade nos sítios culturais. Um outro exemplo na troca de concepção ambiental da atividade turística é dado por Queiroz (1996, p.31) quando recomenda que a preservação e conservação do patrimônio natural e cultural do espaço deve se adequar às legislações. Este autor propõe uma troca importante na concepção ambiental da atividade turística como o turismo brando, silencioso, alternativo, verde/ecológico, natural. As modernas concepções da qualidade dos serviços e da satisfação das expectativas compatibilizam o meio ambiente e o desenvolvimento. Componentes importantes da qualidade dos serviços turísticos devem estar diretamente relacionados com o meio ambiente. Pode-se pensar que setores crescentes da atividade turística não mais valorizam as atividades que afetam o meio ambiente. Da mesma forma, é impossível imaginar uma oferta turística baseada em atividades nocivas à saúde dos visitantes. O turismo, setor tão susceptível às mudanças dos estilos de vida e das tendências sociais, atividade tão dependente de ameaças diversas, convulsões sociais, distúrbios, guerras, desvalorização das moedas, acidentes aéreos, marés negras e catástrofes naturais, deve reforçar sua posição e colocar-se à frente desta nova estratégia de desenvolvimento sustentável. As novas tecnologias eco-eficientes e a recuperação das técnicas tradicionais extraídas das culturas locais, representam uma transição da teoria à pratica no desenvolvimento sustentável dos destinos turísticos. Uma troca vem se concretizando na cultura tecnológica que permite a utilização em vários aspectos do uso das fontes de energia renováveis, a gestão compartilhada e a minimização dos resíduos evitando importar hábitos de consumo destrutivos. Muitas práticas adaptadas se encontram freqüentemente na memória das culturas locais tradicionais, trata-se apenas de reconhecê-las e incorporálas. A inovação e tradição em favor do desenvolvimento sustentável do turismo parece ser uma boa opção. Neste processo de convergência entre o turismo e a sutentabilidade aparece o turismo cultural. Cultura e turismo configuram, em suas diversas combinações, um segmento de turismo denominado Turismo Cultural. Neste caso, o turista é motivado a se deslocar especialmente com a finalidade de vivenciar aspectos e situações que podem ser considerados particularidades da cultura. A conservação e a proteção do meio ambiente e dos atributos culturais é que garantem a continuação da atividade turística. Considerando que o turismo é uma atividade complexa por envolver uma cadeia produtiva heterogênea, a estruturação de um espaço turístico requer cuidados. Alguns estudiosos, e, dentre eles, Butler apud Coelho (2008 p.1), contribuíram com seus estudos para que o turismo se utilizasse de importantes conceitos como os da teoria do ciclo do produto turístico. Segundo as idéias de Butler um destino turístico para se consolidar no mercado deve passar por fases evolutivas como: • Exploração - que consiste no conhecimento do lugar, suas potencialidades, o que pode ser identificado com a aplicação do inventário da oferta turística; • envolvimento - desenvolve a sensibilização dos atores sociais locais para o conhecimento sobre turismo, sua importância e interesse para sua implantação; • desenvolvimento - aplicação de um processo de planejamento participativo com aplicação de investimentos necessários e dotação de infra-estrutura básica essencial e turística além de serviços e capacitação de recursos humanos, logo todas as condições para a formatação de um produto turístico de qualidade; • consolidação - oferta de produto formatado e qualificado no mercado, sua promoção e permanência; • estagnação - quando os agentes econômicos e sociais do turismo mantém o produto sem renovação e ou agregação de atratividade; • declínio - quando o produto já não mais atrai e sofre concorrência de novos destinos que se inserem no mercado, e • rejuvenescimento - que consiste em requalificação dos espaços, equipamentos e serviços turísticos, como, por exemplo, Puerto Madero em Buenos Aires e as Ramblas em Barcelona. Assim, o produto ressurge com outra imagem e passa a atrair os interesses da demanda turística. É necessário que se considere essa compreensão do ciclo do produto turístico, pois, além de Butler, foi referenciada por Beni (1998, p. 35) e SIlva (1996, p.122). Para que o processo seqüencial da implantação do turismo em um lugar não passe da euforia (fase inicial da atividade) para uma acomodação é necessário um planejamento objetivo e cuidadoso. Assim sendo, deve-se considerar uma permanente alimentação do processo de desenvolvimento do turismo com o monitoramento, avaliação e correção dos produtos oferecidos para que o mesmo continue no mercado. Essa será a proposta de um modelo de desenvolvimento turístico que se pretende sugerir para a cidade de Cairu, no estado da Bahia. Para isso, o turismo deverá estar integrado ao processo de desenvolvimento do destino e ao seu sistema produtivo. Desta forma, os destinos turísticos competitivos são aqueles que possuem qualidade ambiental e identidade cultural. “O turismo pode ser uma das respostas se for ambientalmente correto e for apoiado na conservação das bases naturais e culturais” (OMT, 1993, p. 5). Esta pesquisa desenvolve uma compreensão do processo turístico e sua relação com o desenvolvimento local/regional, considerando os novos valores enfocados no turismo. A tendência do turismo é dispersar os fluxos dos espaços centrais para os periféricos, segundo o geógrafo Christaller referenciado por CORIOLANO; SILVA, 2005, p.101, que explica o turismo, trabalhando o conceito da territorialidade onde os espaços turísticos mais favoráveis são os mais afastados das localidades centrais e das aglomerações industriais. A dissertação está dividida em 4 capítulos que fazem mediações dos conceitos reflexões e de turismo respeitando a diversidade cultural e natural como instrumento para transformação do território de Cairu - Ba . No capítulo I, apresentam-se os procedimentos metodológicos e são discutidos os conceitos de turismo, cultura e desenvolvimento, estabelecendo a sua relação com o desenvolvimento local/regional. No capítulo II, faz-se a análise do processo de transformação territorial do Município de Cairu contextualizando com o a visão do turismo. No capítulo III, considera-se o potencial turístico de Cairu a partir do levantamento da oferta turística. No capítulo IV, analisam-se as perspectivas para ao turismo da cidade de Cairu e faz-se a proposta de um plano para o desenvolvimento turístico. Finalizando, fazem-se algumas considerações e proposições, fundamentais para a expansão e consolidação do turismo cultural e as possibilidades de roteiros turísticos integrados. O trabalho parte do pressuposto de que é de fundamental importância analisar os desafios que o turismo coloca, ainda em sua fase inicial, em uma pequena cidade periférica, em relação ao centro turístico primário regional que é a cidade de Valença, com base em seus recursos históricos e culturais, visando atingir padrões adequados de desenvolvimento, ou seja, garantindo a expansão do setor sem comprometimento de seu patrimônio histórico e cultural. 2 ETAPAS DA PESQUISA Essa pesquisa tem por objeto identificar as potencialidades turísticas da cidade de Cairu - Ba para implementar o desenvolvimento do turismo cultural. Isso se justifica diante da abordagem do turismo face aos valores culturais e a identidade local. O turismo enfatiza cada vez mais a cultura como um produto turístico que concilia os objetivos da manutenção e conservação do patrimônio histórico cultural, do uso dos bens culturais e da valorização das identidades culturais. Objetiva-se ainda este estudo fazer a inventariação da oferta turística da cidade de Cairu – Ba, verificar o nível de conhecimento que a comunidade possui sobre os seus recursos culturais, avaliar as perspectivas de desenvolvimento do turismo cultural na cidade de Cairu, propor um plano para implementar o turismo na cidade de Cairu e em decorrência, verificar como a cidade de Cairu, através do turismo, pode alcançar novos padrões de competitividade social, ambiental e econômico. A área de estudo será Cairu que concentra um patrimônio histórico cultural colonial de grande significação (Figura 1, 2 e 3). O estudo pretende levantar a atratividade turística da cidade de Cairu para identificar as possibilidades de implementar e desenvolver o turismo a partir do seu patrimônio histórico cultural . Procurou-se evidenciar que, apesar das potencialidades culturais, a cidade de Cairu não foi beneficiada com o turismo. Nesse sentido deseja-se esclarecer os seguintes problemas: ♦ Em que medida os recursos históricos culturais da cidade de Cairu podem se constituir em diferenciais competitivos para produtos turísticos ♦ Até que ponto o turismo pode promover transformações na cidade de Cairu e contribuir para o seu desenvolvimento. Tendo por foco as problemáticas mencionadas, este estudo levanta duas hipóteses: ♦ A diversidade e riqueza dos recursos históricos culturais podem ser os principais diferenciais competitivos dos produtos turísticos da cidade de Cairu; ♦ As transformações promovidas pelo turismo na cidade de Cairu contribuíram para a melhoria da qualidade de vida da comunidade e o desenvolvimento local. FIGURA 1 POSIÇÃO DO MUNICÍPIO DE CAIRU EM RELAÇÃO AO ESTADO DA BAHIA E SUA CAPITAL Fonte: Enciclopédia dos Municípios Brasileiros - 1956 FIGURA 2 ENQRADAMENTO DO MUNICÍPIO DE CAIRU Fonte: Banco Interamericano de Desenvolvimento - (BID) na proposição do PLANO DE DESENVOLVIMENTO ESTRATÉGICO DE CAIRU 2030 FIGURA 3 – MUNICÍPIO DE CAIRU Fonte: CEI Procedimentos Metodológicos Segundo DENCKER (1998, p. 85) a escolha da metodologia adequada irá variar conforme os objetivos da pesquisa e o problema que está sendo investigado. Os procedimentos desenvolvidos para a pesquisa foram: PESQUISA DOCUMENTAL Livros, documentos eletrônicos, dissertações de mestrado sobre o tema em estudo. Pesquisa bibliográfica Pesquisa em documentos Pesquisa em órgãos públicos e federais, estaduais e municipais, para obtenção de dados e informações: Relatórios, projetos sobre o tema em estudo. PESQUISA DE CAMPO Levantamento de dados e registro dos elementos que compõem a oferta turística através da inventariação da oferta turística. Pesquisa direta Aplicação de questionários a segmento da comunidade para identificar o nível de conhecimento sobre recursos históricos culturais da cidade de Cairu – BA, através de amostragem que envolveu 75 pessoas, Cujo perfil correspondia a indivíduos de escolaridade fundamental e média, representados por estudantes da comunidade. Fluxograma da síntese dos procedimentos metodológicos realizados Elaboração: Rosana Decat França Além dos procedimentos citados acima foram realizadas cinco reuniões com atores sociais locais do turismo (governo, empresários, associações, comunidade, ong’s) e representantes do Banco Interamericano de Desenvolvimento o (BID) para levantar as necessidades para implementação do turismo em Cairu e definição das estratégias pertinentes. A metodologia desenvolvida possibilitou identificar a potencialidade turística da cidade de Cairu e com a pesquisa pode-se sugerir medidas que visem garantir a preservação dos bens históricos culturais e ações de qualificação para dotar o centro histórico de Cairu de melhor infra-estrutura. O Turismo Cultural que se propõem, alem de fortalecer a cultura e a identidade cultural de Cairu pode despertar o sentimento de pertencimento da comunidade. 3 O TURISMO E O PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO TERRITORIAL O enfoque territorial é uma visão essencialmente integradora de espaços, atores sociais, agentes, mercados e políticas públicas de intervenção que se sustenta no respeito à diversidade, na solidariedade, na justiça social, no sentimento de pertencer ao lugar e na inclusão social como metas fundamentais a serem atingidas e conquistadas. O enfoque territorial se fundamenta, em principio, no desenvolvimento humano, cujos componentes essenciais passam pela igualdade de oportunidades para todas as pessoas na sociedade em todos os lugares, a sustentabilidade e a participação das pessoas, dos grupos sociais, de modo que elas participem e se beneficiem do processo de desenvolvimento. O turismo local pode ser o ideal, mas desde que as condições fundamentais da apropriação do território local sejam garantidas. A cultura não material na verdade será o crescimento que fará com que essas comunidades tradicionais passem a usufruir o turismo de uma forma mais sustentável (CORIOLANO; LIMA, 2003, p. 27). Muito se tem discutido sobre turismo e diversos pesquisadores, a exemplo de Vera; Palomeque e outros (1997, p.18 e19), mostram que a evolução da oferta turística apresenta diversificação de produtos e o surgimento de segmentos turísticos específicos que, em alguns casos, têm uma espacialização em distintas escalas incorporando novos territórios que passam a competir com territórios turísticos tradicionais e espaços hegemônicos de sol e praia. Ocupam esses segmentos espaços diferenciados no território de forma pontual, linear ou zonais ampliando os espaços turísticos. A atividade turística, como qualquer outra atividade econômica, pode ser diferente, útil às comunidades desde que o turismo seja gerido por fatores endógenos. O turismo responsável tem princípios baseados na consciência territorial, na integração, na flexibilidade, no protagonismo, na autonomia e na liberdade. Estes princípios possibilitam a consolidação e a reapropiação do território em novas bases, onde as comunidades locais possam ser inseridas e serem beneficiadas com oportunidades iguais. Apenas o que o espaço físico nos proporciona não é suficiente para condição de lugar especial. A própria percepção de “especial” é dada por quem percebe o lugar. O que de verdade dá sentido a um lugar é o conjunto de significados, os símbolos que a cultura local imprimiu nele (MARTINS, 2003, p. 67). O turismo pode, a partir das potencialidades locais, oferecer oportunidades para o desenvolvimento local mas isso não é suficiente, é necessário trabalhar a transformação desses recursos, em produtos endógenos que possam ser consumidos pelas próprias comunidade e pelos turistas. É importante destacar a identificação dos fatores exógenos e endógenos. Os fatores externos aos lugares, sempre foram mais notados. Nas últimas décadas cresceu a valorização dos fatores endógenos, dos recursos diferenciados, naturais ou humanos e do aproveitamento do potencial organizacional das comunidades locais e regionais, em promover, e dirigir todos os processos de transformação. A perspectiva da territorialização turística, permite trazer para os territórios turísticos essa idéia da valorização da endogenia, do enraizamento local . Segundo Silva, (2003, p.50) são quatro as características sobre a territorialização turística, • a primeira delas é que o território expressa, em um determinado momento, um complexo dinâmico do conjunto das relações socioeconômicas, culturais e políticas, historicamente desenvolvidas e contextualmente espacializadas, incluindo a sua perspectiva ambiental; • a segunda característica diferentes é que formas de combinação em função dessas territorial e espacial, das relações já apresentadas, os territórios apresentam, por conseguinte, grande diversidade, com fortes características, envolvendo diferentes escalas, desde os microterritórios, passando pelo território nacional, até o território supranacional , que vamos chamar assim, na perspectiva, por exemplo da União Européia, ou seja segunda característica é a principal; • a terceira característica é que o território tende a partir dessas primeiras colocações , a ter que desenvolver laços de coesão e de solidariedade, também estimulados e dinamizados pelo crescimento das competitivas relações entre as diferentes unidades territoriais, no contexto da globalização. Então, a terceira característica aponta para os laços de coesão e de solidariedade; • A quarta característica, é a mais desafiadora que as outras três e sendo possível identificar com mais facilidade, pois que em função das três primeiras características, cresce a perspectiva de superar as vantagens comparativas tradicionais, dadas pelos recursos, pelas relações e pelas identidades, e transformá-las em vantagem competitiva, mas essas vantagens competitivas só podem acontecer se houver uma organização sócio-territorial, capaz de definir um projeto comum para aquele território. Ainda segundo Silva, essas características, relações sociais, identidade, laços de coesão e solidariedade em um projeto social comum, são fundamentais para que ocorra o desenvolvimento com expressão das liberdades humanas. Ao trabalhar com as comunidades são descobertos elementos que podem ser transformados pelo turismo em produtos a serem explorados pelas comunidades e num processo participativo melhorar a qualidade de vida local. É necessário articular o endógeno com o exógeno e o envolvimento das comunidades, cuja compreensão e consciência das suas necessidades fazem com que as ações avancem nos territórios e fora dos seus limites, através de uma governança sócio-territorial, pois, conforme (SAMPAIO, 2003, p.52): “Se a comunidade busca uma atividade turística, deve ser fortalecida a partir de uma linguagem, com uma argumentação forte, cooperativa, reflexiva, que faça os participantes compreenderem a necessidade da organização de um espaço turístico.” O turismo permite a construção de relações que podem alterar o comportamento interno e externo das comunidades, para o bem ou para o mal. A partir desses elementos sociais, podem ser construídos vários outros elementos da cultura ecológica, antropológica, religiosa, arqueológica e artística para que as pessoas atuem nesses diversos ramos buscando a geração de renda e novas oportunidades com criatividade, novas formas de turismo podem ser construídas. É senso comum para estudiosos da atividade turística e muito tem sido debatido nas conferências nacionais e internacionais que a forma comparativa e competitiva para desenvolver o turismo é favorecer lugares e regiões diferenciadas desses grandes conglomerados hoteleiros e dos investimentos imobiliários em segundas residências, que pouco ou nada tem contribuído para desenvolvimento das comunidades receptoras. Lugares que possam crescer, apostando na diferenciação, na diversidade, nas atrações locais, envolvendo a economia do lugar, serão mais absorvidos pelos mercados. As políticas precisam trabalhar a construção de um pensamento de auto-estima junto as comunidades com a possibilidade de valorização da sua cultura. Deve-se esperar e reivindicar dos Governos, que as políticas possam trazer perspectivas de crescimento constante e não de estagnação no nível da pobreza. Programas e projetos, com formas inovadoras de associação que permitam às comunidades a gestão dos seus recursos e das suas potencialidades. É necessário que as comunidades se tornem donas do seu processo de desenvolvimento. Pode-se conseguir o envolvimento das comunidades através de políticas de apoio e auto-estima para desenvolver setores produtivos locais que se interliguem a cadeia produtiva do turismo dando acesso a canais de informação, distribuição e comercialização, assim como o acesso a educação para prestação de serviços e novas tecnologias . Os projetos precisam ser o grande elemento de integração das comunidades para que possam sobreviver e ajudar a preservar os valores culturais e que as comunidades possam reivindicar todas as vezes que achar necessário, para que realmente preservem a cultura local. Há que valorizar-se o lugar, como diz Milton Santos (1997, p. 20), pois nele o escondido, o permanente, o real, triunfam, afinal, sobre o movimento, o passageiro, o imposto de fora. Pois, conforme o pensamento de François Ascher, citado por Rodrigues (1996, p. 80): (...) “não é o turismo que permite o desenvolvimento, mas é o desenvolvimento geral de um país que torna o turismo rentável”. A primeira necessidade da organização territorial do turismo consiste em delimitar as unidades territoriais turísticas, recorte territorial, conforme a escala desejada para que se faça ordenamento da paisagem e sua qualificação ambiental. França e Amaral (2005, p.33) dizem que a competitividade do produto turístico depende da sua imagem, organização, qualidade e sustentabilidade, sendo um dos aspectos fundamentais para análise do ambiente o estabelecimento da capacidade de carga dos locais, limitando o número de usuários e equipamentos além da localização desses, dos atrativos e do design que devem fazer parte da organização territorial, pois assim se forma a imagem positiva de um destino turístico. 3.1 Referencial teórico O turismo estudado como fenômeno envolve diferentes abordagens. O conceito de turismo estabelecido pela Organização Mundial de Turismo – (OMT), adotado oficialmente pelo Ministério de Turismo, compreende as atividades que as pessoas realizam durante viagens e estadas em lugares diferentes do seu entorno habitual, por um período inferior a um ano, com finalidade de lazer, negócios e outras. Os conceitos utilizados no turismo foram produzidos nas várias ciências que estudam o fenômeno e trabalham com abordagens diferenciadas. Cada conceito explica um aspecto do fenômeno, destacando abordagens subjetivas de acordo com o foco em análise. A complexidade da atividade analisada nas diversas perspectivas das visões disciplinares contribui para o fortalecimento em todos os setores vinculados diretamente e indiretamente à atividade turística. Os limites do desenvolvimento se justificam pelo vínculo à ciência econômica, quando se sabe que esse conceito deve perpassar todas as ciências sociais. As teorias de desenvolvimento do turismo e do desenvolvimento local adotam alguns pressupostos. O desenvolvimento e o turismo ocorrem em escalas globais e locais, deve-se identificar as abordagens dadas ao processo de desenvolvimento e ao desenvolvimento do turismo nos diversos lugares. O desenvolvimento como fenômeno complexo apresenta-se com dimensões variadas nos planos geográfico, político, econômico, social, psicológico e antropológico dizendo respeito ao território, aos recursos naturais, às pessoas e suas ações. Para que haja inserção social e econômica, deve-se conceber um pensamento de uso e ocupação nos espaços, com fundamento na participação, no associativismo ou cooperativismo, compartilhadas com o respeito à natureza, às culturas locais no sentido de uma distribuição mais eqüitativa das riquezas produzidas e na auto determinação das comunidades todos pré-requisitos do chamado desenvolvimento sustentável . No espaço geográfico, o turismo desenvolve uma atuação efetiva em todos os níveis, pois a sua estruturação provoca nele reestruturações ou alterações. Esse espaço é formado de fixos e de fluxos (SANTOS apud AMARAL, 2000, p.77). Os fixos em turismo correspondem aos centros emissores, receptores e também a equipamentos, capazes de originar e atrair fluxos turísticos, permitem ações que modificam o próprio lugar. Fluxos novos ou renovados, recriam as condições ambientais e as condições sociais, redefinindo cada lugar. Os geógrafos se preocupam com os espaços apropriados e transformados pelo turismo, com os impactos do turismo no chamado meio ambiente. Segundo Silva, (2005, p. 99), essa preocupação contribui para o crescimento e a valorização da atividade, vista como um fenômeno socioespacial. Os conceitos de espaço estão inseridos em várias teorias que explicam o turismo, em especial os estudos franceses, alemães, suíços e espanhóis. Na França, surgiram as primeiras produções geográficas apresentando modelos de analise espacial do turismo, sobretudo na Europa segundo Silva (1996, p.101) como os de Defaert ( 1996), Mariot (1969), Miossec (1976,69), Campell (1967), Butler (1980), Isso-Ahola (1982) Thurot , (1980), Chadefaud, (1987), Wackerman (1988), Michaud (1976, 1983), LozatoGiotard (1985), Mespelier (1992), Cazes (1992), Knafou (1978), Pearce (1988), Barbier e Peace (1984). Ainda destaca-se que foram fundamentais as contribuições dos geógrafos Walter Christaller e Edward Ullman que valorizam o meio ambiente , tendo o clima como fator locacional . Na Espanha, destacam-se como estudiosos da analise territorial do turismo Palomeque, Marchena, Vera Fernando, Vera Galván, Vera Rebollo, Vera Garcia, Anton, Carpio, Bernier e Soneiro, dentre outros, que adotam a metodologia estruturalista e sistêmica. Essa complexidade do turismo pode também ser explicada, tomandose como referência a teoria do ciclo do produto como o modelo de Butler, citado por Coriolano e Silva (2005, p.102), que se assemelha ao processo seqüencial de produção – reprodução de periferias turísticas no enfoque dado por Christaller em 1963. Na teoria do espaço turístico, segundo Miossec (apud CORIOLANO; SILVA, 2005, p. 108): O espaço turístico se organiza sobre uma base territorial concêntrica com poder de atrair e emitir fluxos para periferias próximas e ou distantes. Ainda segundo Coriolano e Silva (2005, p.109): “o modelo concêntrico construído por Miossec explicou o turismo na Alemanha e na França e confirma o que outros teóricos, como Christaller disseram, isto é, que a tendência do turismo é a partir dos centros para as periferias... a cidade grande pode ser o portão de entrada de visitantes, mas o turista faz seus roteiros em lugares periféricos ao centro”. Também Silva, (1996, p. 126) confirma a expansão do turismo para áreas periféricas como: uma tendência natural para a periferia de regiões densamente povoadas, já que , na maioria das vezes, o turista procura paisagens remotas e ambientes exóticos, muitas vezes idílicos. Outra teoria como a de Boullón referenciado por CORIOLANO; SILVA, 2005, p. 110 apresenta as dimensões dos espaços turísticos que podem favorecer o planejamento da atividade turística. Ele considera o espaço geográfico em espaço turístico como um lugar determinado, onde se encontra a oferta, ou seja, onde estão os atrativos naturais e culturais, os serviços turísticos, a infra-estrutura de apoio que pode ser decomposto em espaços ou unidades hierárquicas menores, formado pela região, por zona, áreas, centro, complexo, núcleo, conjunto, corredor e unidade. Coriolano e Silva (2005, p.114), estudando a teoria de Chadefaud, observam que ele apresenta o espaço turístico como um produto social quando diz: o espaço em si não é o atrativo pois é mediado pelo modo de pensar e sentir coletivo, pelo filtro do imaginário individual e social , por tudo o que alicerça a cultura dos grupos humanos. Bradford e Kent (1987, p.22), observam que na Teoria de Localidades Centrais de Christaller está proposta uma rede hierárquica de cidades, onde as maiores oferecem serviços e bens superiores, como centros de compra, lazer e entretenimento, além de comércio especializado, serviços diversos e grandes espetáculos. Com a expansão atual do turismo para áreas cada vez mais distantes, uma das tendências atuais da atividade turística são os produtos individualizados e os destinos pouco explorados que conservem suas características originais Nesse momento entra a perspectiva da territorialização turística, que é trazer para os chamados territórios turísticos, essa idéia da valorização da endogenia, do enraizamento local, segundo Silva (2003 p. 49). Reunindo características únicas, novas regiões turísticas da Bahia estão incorporando aos portifólios das operadoras turísticas e agregando valor aos 23 destinos consolidados nacional e internacional. Dentre eles os municípios da região dos Lagos do São Francisco formada pelos municípios de Abaré, Casa Nova, Curaçá, Glória, Juazeiro, Paulo Afonso, Remanso, Rodelas, Santa Brigida , na região do Vale do Jiquiriça, formada pelos municípios de Jiquiriça, Laje, Mutuipe, Santa Inês, Ubaira e Amargosa, da região Caminhos do Sertão, abrangendo os municípios de Feira de Santana, Candeal, Serrinha, Tucano, Cipó, Nova Soure, Itapicuru, Ribeira do Pombal, Banzaê, Euclides da Cunha, Monte Santo, Uauá, e Canudos , da região Costa das Baleias com os municípios de Prado, Alcobaça, Caravelas, Nova Viçosa e Mucuri e do Piemonte da Chapada Diamantina com os municípios de Campo Formoso, Jacobina, Ourolândia, Miguel Calmon, Morro do Chapéu, Piritiba, Utinga e Wagner. É importante ressaltar que o turismo pode ser uma estratégia econômica para territórios que buscam diversificar e ampliar a sua economia. Algumas regiões irão descobrir que têm real potencial para expandir o turismo. Outras descobrirão que o seu potencial é limitado, e outras poderão concluir que os custos social, ambiental, econômicos associados ao desenvolvimento do turismo não valem os possíveis benefícios. O desenvolvimento do turismo pode ajudar também na diversificação da base econômica, podendo reduzir a dependência em um único setor econômico e contribuir com novas oportunidades. Necessário se faz lembrar que essas áreas periféricas esperam ser o turismo a resolução dos seus problemas, contudo o turismo sozinho não resolverá essas questões embora seja ele um vetor essencial para o desenvolvimento do Brasil. 3.2 Expansão do turismo No ano de 2006, segundo o barômetro mundial da OMT publicado em 2007, viajaram pelo mundo 840 milhões de turistas. O estudo da OMT publicado sob o título Turismo: Panorama 2020, aponta, que as chegadas internacionais no ano de 2020 ultrapassarão 1bilhão e 560 milhões. Dessas chegadas internacionais, 1 bilhão 180 milhões serão de origem intrarregional e 378 milhões em larga distância. As três primeiras regiões receptoras serão a Europa, com 717 milhões, Ásia oriental e o Pacífico, com 397 milhões e as Américas, com 282 milhões, seguidas pela África, Oriente Médio e Ásia Meridional. A Ásia Oriental e o Pacifico, Ásia Meridional, Oriente Médio e África, registrarão segundo os prognósticos, taxas de crescimento anual superiores a 5%, frente a media mundial de 4,1 %. As viagens de longa distância no mundo crescerão em torno de 5,4% anual no período de 1995-2020, em comparação com o crescimento de 3,8% das viagens interregionais (OMT Turismo: Panorama 2020,1997) . Segundo as recentes informações do Boletim de Noticias da OMT publicada em janeiro de 2007, o Secretario Geral da OMT, Francisco Frangialli, dedica foco especial sobre o turismo Ibero americano, que segundo ele se fundamenta em fortes laços históricos e culturais, confirmando todas as tendências mencionadas neste trabalho. Segundo o artigo publicado pela OMT(2007), por Secretario Geral para a América Latina, Enrique Iglesias, ex-Presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento sobre o título : O valor da diversidade , chave para o desenvolvimento , diz que, a partir de 2003, se tem observado uma recuperação das economias, o que tem melhorado os resultados turísticos na América Latina e reafirma a importância da atividade turística para a geração de emprego e crescimento para as zonas poucos desenvolvidas além de possibilidades de trabalho tanto no âmbito rural como urbano , em lugares onde muitas vezes nenhuma outra atividade poderia ter um impacto similar. Nas 22 nações que compõem o espaço ibero-americano, as receitas geradas pelo turismo internacional e transporte de passageiros superam 10% do total das exportações de bens e serviços. Na Cumbre Iberoamericana de Chefes de estado e de Governo (2006) à comunidade de 22 nações integrada pela Espanha, Portugal e Andorra e os países Latinoamericanos, celebrada em Montevidéu (Uruguai) aponta-se uma série de desafios que os países membros têm para competir com outros destinos concorrentes como: vontade política, aplicação de políticas adequadas e a realização de investimentos necessários. O informe também recomenda que os países da América Latina se concentrem em pontos como: • riqueza e a diversidade dos recursos naturais, históricos e culturais; • vínculos históricos, sociais e culturais, com os paises europeus; • prioridade dos governos para o desenvolvimento do turismo; • turismo como um elemento chave para o desenvolvimento; • maior integração econômica e • cooperação entre os setores público e privado No entanto, a tendência do turismo mais forte nos dias atuais é a sua expansão para áreas periféricas, segundo Silva, citado por Rodrigues (1996, p. 126), “uma tendência natural para a periferia de regiões densamente povoadas, já que, na maioria das vezes, o turista procura paisagens remotas e ambientes exóticos, muitas vezes idílicos”. 3.3 Visão geral do turismo no Brasil No Brasil, o turismo no inicio do século XX, é sinônimo de luxo e exclusividade, destinado a uma pequena categoria de viajantes privilegiados, com tempo e meios suficientes para embarcar em longas travessias para destinos considerados exóticos. Em 1922, com a exposição do Centenário da Independência do Brasil, no Rio de Janeiro cria-se a “cidade maravilhosa”, hoje projetada internacionalmente. A feira comemorativa reuniu 14 nações e foi visitada por mais de 3 milhões de pessoas, dando inicio ao processo de crescimento turístico do país (EMBRATUR, 2006, p.14 ) . Em 1923, a inauguração do Palace Hotel Copacabana, hoje o atual Copacabana Palace e a criação da Sociedade Brasileira de Turismo, em 1927, atualmente Touring Club do Brasil, são marcos históricos importantes da evolução do turismo no Brasil. O Touring Club do Brasil, contribuiu para criar o mito internacional do carnaval carioca, por meio da promoção de eventos como o baile do Teatro Municipal, concursos de músicas carnavalescas, banhos de mar à fantasia e o corso pela Avenida Atlântica. Dessa forma, o Touring Club ajuda a revelar ao mundo um novo atrativo: a praia de Copacabana. Outro objetivo do Touring Club foi divulgar de forma mais eficiente o turismo nacional junto às elites do país, que, na época, optavam viajar quase exclusivamente para a Europa como destino de suas viagens de lazer. Em 1925, tendo como referência a legislação francesa, cria-se o primeiro regulamento sobre o transporte aéreo brasileiro, estabelecendo que os vôos domésticos deviam passar a ser realizados apenas por companhias nacionais. Em 1927, ocorre a criação da Viação Aérea Rio-Grandense, a Varig (PORTO FILHO, 2006, p.97), primeira companhia aérea brasileira, em Porto Alegre (RS), que começa operando a “Linha da Lagoa”: Porto Alegre – Rio Grande. Nesta mesma época, o governo brasileiro libera a exploração dos serviços de transporte aéreo, com restrições às empresas estrangeiras Aéropostale e Condor Syndikat. Nessa área quem contribuiu para a divulgação das potencialidades turísticas do Rio de Janeiro, foi a passagem do dirigível Zeppellin, sobrevoando o Rio de Janeiro em 1929, durante a sua viagem de volta ao mundo. Em 1931, inaugura-se a estátua do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, que viria a se tornar um dos símbolos turísticos mais famosos no Brasil e no exterior. Neste momento o Rio de Janeiro é considerado o principal destino dos turistas que vêm em busca de carnaval, praias e luxo. Em 1934, teve inicio a construção do aeroporto Santos Dumont (EMBRATUR, 2006, p.19), inaugurado dez anos depois. Ele é considerado o primeiro aeroporto civil do país, um marco na arquitetura moderna do Brasil. Em 1938, o decreto–lei 406 no artigo 5 (PORTO FILHO, 2006, p. 21) dispõe, pela primeira vez sobre o funcionamento das agências de turismo e de vendas de passagens, além de vistos consulares. Nesta década outros ícones começam a surgir para atração de turistas como o lançamento do filme “Você já foi à Bahia?” de Walt Disney, com Carmem Miranda e o lançamento do filme “Alô, Amigos”, em que surge o Zé Carioca, personagem inspirado na visita de Disney ao Brasil. Em 1944, a Convenção de Chicago elabora a regulamentação internacional da aviação comercial que estabelece padrões técnicos e legais para a operação dos serviços de transporte aéreo. Em 1947, o Brasil lidera a aviação comercial da América Latina. Em 1953, é criada a Associação Brasileira de Agentes de Viagens (ABAV) no Rio de Janeiro, com o objetivo de estruturar os interesses dos agentes de viagens. A partir de 1960, o turismo torna-se uma realidade no Brasil (EMBRATUR, 2006, p.28). No âmbito doméstico, o desenvolvimento da indústria automobilística e da malha rodoviária leva a classe media a viajar de automóveis pelo país. A rede de serviços para o turismo começa a se estruturar, sobretudo na costa brasileira. Os turistas estrangeiros passam a chegar em maior número, atraídos pela imagem de um país com belas praias, boa musica, futebol, e, sobretudo, por um povo extremamente receptivo. A expansão da aviação comercial coloca o Brasil como a segunda maior rede do mundo em volume de trafego aéreo, sendo superado apenas pelos Estados Unidos. O crescimento da atividade turística impõe a necessidade de formulação de uma política pública para o setor. Assim, em 18 de novembro de 1966, é criada a Empresa Brasileira de Turismo (EMBRATUR, 2006, p.28) e o Conselho Nacional de Turismo pelo presidente Humberto de Alencar Castelo Branco, dando ênfase à organização da EMBRATUR e elaboração de normas tanto para aplicação dos incentivos criados quanto para o registro e fiscalização das agências de viagens . A consolidação do turismo no Brasil se dá na década de 1970. É criado o primeiro curso superior em turismo pela Faculdade Anhembi-Morumbi em São Paulo. Nessa época é inaugurada a rodovia Transamazônica para ligar a região Norte ao restante do país, como fator de integração nacional e investimentos públicos ampliam a rede hoteleira no país. Em 1973, o presidente Médici, institui o ano nacional do turismo e cria as zonas prioritárias para o desenvolvimento turístico no Brasil. Em 1975 iniciase o processo de classificação dos hotéis, segundo critérios de conforto, serviços, preços e fiscalização, o que passa a definir categorias com classificação até cinco estrelas. Em 1977, a lei 6.505 (EMBRATUR, 2006, p.50) torna obrigatório o registro na EMBRATUR das empresas exploradoras de atividade turística, e nesse mesmo ano, a lei 6.517, cria áreas especiais e locais de interesse turístico no Brasil com o respectivo inventario dos bens culturais e naturais. Nos anos 80, o Brasil passa a ter oito bens inscritos no patrimônio histórico mundial da Unesco, entre os quais destacam-se Ouro Preto (1980), Olinda (1982), Centro histórico de Salvador (1985) e Brasília (1987). O aumento na velocidade das viagens e as tarifas aéreas mais baratas favorecem o turismo na década de 1990. A realização da Conferência Mundial para o Meio Ambiente e Desenvolvimento no Brasil em 1992 no Rio de Janeiro, contribuiu para a expansão do ecoturismo considerando os princípios da Agenda 21, documento resultante da Conferencia Mundial, assinado por 179 países, que contempla estratégias para a sustentabilidade do meio ambiente. A EMBRATUR concentra suas atividades na divulgação da cultura e nas riquezas naturais. Em 1991, a EMBRATUR passa de empresa pública para autarquia, adquirindo a condição de Instituto Brasileiro de Turismo, com a missão de formular, coordenar e executar a Política Nacional de Turismo . Em 1994, é criado o Programa de Desenvolvimento Turístico (PRODETUR), com apoio do governo e o programa é entregue ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Todos os estados nordestinos estavam inseridos no programa até o final dos anos 90. Nesse mesmo ano, pela primeira vez no país, é elaborada uma Política Nacional de Ecoturismo pelo Ministério da Indústria, Comércio e Turismo e o Ministério do Meio Ambiente. Em 1995, o turismo é incluído no plano de governo pela primeira vez no Brasil e tem inicio o Programa Nacional de Municipalização do Turismo (PNMT), reconhecido em 1998 pela Organização Mundial de Turismo (OMT) por seu pioneirismo e melhor “case” de turismo sustentável. Em 2003, o Brasil passa a ter pela primeira vez em sua história, um Ministério voltado exclusivamente para atividade turística e implementa um novo modelo de gestão para a EMBRATUR. O Ministério lança o Novo Plano Nacional de Turismo (PNT), que estabelece metas mobilizadoras para o período de 2003 a 2007 de receber 9 milhões de turistas estrangeiros, gerar U$$ 8 bilhões em divisas, contribuir para a criação de 1,2 milhão de novos empregos e ocupações no setor. O novo plano tem como princípios orientadores a redução das desigualdades regionais e sociais, geração e distribuição de renda, geração de empregos e divisas para o país. Segundo Beni (1998, p.102) o lugar que o turismo ocupa na estrutura administrativa pública depende da orientação que o governo define em relação ao setor. Na área de marketing do turismo internacional, a EMBRATUR lança o plano Aquarela, que tem como objetivo orientar as ações de marketing do turismo internacional nos próximos dez anos. Esse plano e a Marca Brasil, novo logotipo que representará a imagem do país no exterior, passam a nortear e dar unidade às ações da EMBRATUR. Todas essas ações e iniciativas desenvolveram um processo para a consolidação do Brasil como um destino turístico emergente no mercado mundial. 3.4 Visão geral do turismo no Estado da Bahia Em 19 de janeiro de 1934, o Touring Club do Brasil, entidade pioneira no turismo nacional, chegou à Bahia, instalando uma seção em Salvador, e passou a prestar uma serie de atendimentos e assistência técnica aos proprietários de automóveis, além dos serviços de utilidade pública, tais como a sinalização de estradas e logradouros de Salvador, com setas indicativas e identificação dos pontos turísticos (PORTO FILHO, 2006 p.107). Nessa época, a entidade já dispunha de uma grande rede nacional, formada por 20 sucursais estaduais, 200 delegacias e 400 mil associados. Em 16 de maio de 1935, o Governador Juracy Magalhães sancionou o decreto 9.523 que criou a Estância Hidromineral de Cipó, localizada na margem direita do rio Itapicuru, na área do chamado Polígono da Seca, a 268 km de Salvador, que já estava consolidada como um centro termo-medicinal, (PORTO FILHO, 2006 p.126). Em 1937, o interventor Antonio Fernandes Dantas assinou decreto 10.440 de 10 de dezembro de 1937 criando a Estância Hidromineral de Itaparica, autorizada pela lei 078, de 28/08/1936. Itaparica se notabilizou pela Fonte da Bica, (PORTO FILHO, 2006, p.124) por onde jorrava uma água mineral tida como milagrosa. Salvador foi o primeiro município baiano a criar mecanismos administrativos para cuidar do turismo. O primeiro passo oficial foi dado no dia 8 de abril de 1947, pelo prefeito Soares Sampaio, ao assinar o Decreto-lei 641, criando a Seção de Divulgação e Turismo compartilhada com o serviço de imprensa através da Lei 410, de 10 de setembro de 1953, sancionada pelo prefeito Osvaldo Veloso Gordilho, foi instituído o Conselho de Turismo da Cidade do Salvador. A mesma lei que criou o Conselho de Turismo da Cidade do Salvador retirou o turismo da condição de Seção para colocá-lo em um setor exclusivo. Em seguida foi criada a Diretoria Municipal de Turismo (DMT), que apresentou o Plano Diretor de Turismo, cujo projeto foi considerado pioneiro no Brasil. No novo Governo de Juracy Magalhães, iniciado em 07 de abril de 1959, ele voltou a priorizar as estâncias hidrominerais criando mais duas estações de águas, a Estância Hidromineral de Dias D’Ávila, pela Lei 1.625, de 22 de fevereiro de 1962, que se localizava na margem do rio Imbassahy, distante 54 km de Salvador, e em 05 de junho do mesmo ano sancionou a Lei 1698, criando a Estância Hidromineral de Olivença, na região cacaueira, situada a beira mar a 18 km de Ilhéus. A última estância de águas a ser criada foi a Estância Hidromineral de Caldas de Jorro, pelo Governador Lomanto Júnior, com a promulgação da Lei 2.077 de 04 de dezembro de 1964, (PORTO FILHO, 2006, p.127 e 128). As estâncias hidrotermais foram as primeiras áreas a serem utilizadas turisticamente dando inicio ao processo de desenvolvimento do turismo na Bahia. Outro passo importante para o desenvolvimento do turismo na Bahia foi a construção de um hotel com novos padrões da hotelaria internacional. Essa iniciativa coube ao Governador Otávio Mangabeira, sugerindo um empreendimento que envolvesse a participação do Estado, da Prefeitura e da iniciativa privada. Criou-se a empresa Hotel da Bahia SA e no dia 24 de maio de 1952 foi inaugurado pelo Governador Regis Pacheco, o Hotel da Bahia, com 180 apartamentos, com a presença do vice presidente da República, Café Filho, do ex-governador, Otávio Mangabeira, autoridades e personalidades através de um baile de gala (PORTO FILHO, 2006, p.126). Em 04 de março de 1959, o prefeito interino Gustavo Fonseca assinou a Lei 912, extinguindo a Diretoria Municipal de Turismo e criou o Departamento de Turismo e Diversões Públicas, vinculado à Secretaria de Educação e Cultura. Efetuou, além disso, ações para promover o desenvolvimento intermunicipal, instalou no Rio de Janeiro um escritório, a Casa da Bahia, como um centro de difusão cultural e turística da Bahia. Em 28 de julho de 1964, o prefeito Nelson de Oliveira sancionou a Lei 1.600, criando a Superintendência de Turismo da Cidade de Salvador, (SUTURSA). Ressalta-se nessa época, o convenio firmado com a Companhia de Navegação Baiana (CNB) e apoio logístico das agências de viagens, numa iniciativa que resultou na implantação das excursões turísticas pela Baía de Todos os Santos nos finais de semana e feriados. Em 11 de abril de 1966, nasceu a Secretaria de Assuntos Municipais e Serviços Urbanos, em cujo âmbito inseriu-se o Departamento de Turismo, tendo como finalidade elaborar e administrar um plano estadual de fomento ao turismo e supervisionar a administração das estâncias hidrominerais. Em 1971, a Lei n 2.930, de 11 de maio de 1971 extinguiu a Secretaria e criou o Departamento das Municipalidades, subordinado diretamente ao governador. Sua atribuição era dar assistência técnica aos municípios e cuidar da gestão das estâncias hidrominerais. Em 28 de agosto de 1968, foi decretada e sancionada pela Lei n 2.563 onde o Poder Executivo estava autorizado a constituir, na forma desta Lei, uma sociedade por ações que se denominaria Hotéis de Turismo do Estado da Bahia S.A. – BAHIATURSA. Para que a BAHIATURSA pudesse legalmente ser o órgão executor da política estadual do Turismo, houve necessidade da sua reestruturação, autorizada pelo Decreto n 23.371, de 23 de fevereiro de 1973 e uma Assembléia Geral Extraordinária, realizada em 15 de março de 1973, alterou a razão social, ampliou os objetivos, reorganizou a estrutura e manteve a sigla BAHIATURSA, contudo a sociedade passou a chamar-se Empresa de Turismo da Bahia S.A. (PORTO FILHO, 2006, p.139). Em 15 de janeiro de 1953, foi fundada a Sociedade Amigos da Cidade de Salvador, uma entidade civil sem fins lucrativos, com o objetivo de resguardar o patrimônio histórico, artístico e cultural da cidade e incentivar o turismo para desenvolver o bem–estar social. A Sociedade Amigos da Cidade do Salvador, que se reunia no salão nobre do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, realizou iniciativas visando a valorização do patrimônio histórico arquitetônico da cidade, principalmente na área do Pelourinho . A entidade criou uma Comissão Central de Turismo, que colaborou com a Prefeitura Municipal em diversos trabalhos de utilidade pública com a sinalização das ruas, promoção de atividades econômicas que poderiam ser geradas pelas atividades turísticas, instituição do “mês do turismo”, cuja escolha recaiu no mês de janeiro, um mês inteiro de festejos populares, tais como: Procissão do Bom Jesus dos Navegantes (Festa da Boa Viagem), Festa da Lapinha, Festa do Bonfim, Lavagem da Igreja do Bonfim, Segunda-feira Gorda da Ribeira, Festa de Sant’Ana do Rio Vermelho e Festa de Yemanjá, no Rio Vermelho. Em 1963, teve inicio o boom turístico em Salvador, devido a inauguração da pavimentação da Rio - Bahia (BR-116), em 30 de maio do mesmo ano (PORTO FILHO 2006, p.146). Os turistas chegavam a Salvador motivados pelos mapas rodoviários preparados pelo Touring Club do Brasil e , mais tarde, pelo Guia Quatro Rodas . O Touring Club, foi o editor dos primeiros mapas rodoviários e guias turísticos brasileiros, por isso deu uma grande contribuição ao turismo interno do Brasil. Na Bahia, as ações infra-estruturantes para o turismo foram iniciadas no final da década de 60, indo até 1971, com a implementação de um programa de construção de meios de hospedagem. Nesse período, o governo, através da Bahiatursa, criada em 1968, passou a construir e ao mesmo tempo administrar pousadas e hotéis nos municípios considerados estratégicos para impulsionar o turismo, fato que ocorreu em Itaparica, Lençóis, Juazeiro e Cipó, entre outros. A partir da década de 70 o turismo na Bahia se organiza como atividade, sendo considerado pelo governo como prioridade que passou a tratálo como fator econômico. Em 1971, o turismo foi finalmente incluído nas metas prioritárias do Governo. O reconhecimento da sua importância econômica e social para o Estado se deu com a Lei 2.930 de 11 de Maio de 1971, que criou , na estrutura da Secretaria da Industria e Comercio (SIC), o Conselho Estadual de Turismo (CETUR) e a Coordenação de Fomento ao Turismo (CFT). Nessa época a Bahiatursa vinculou-se à SIC (PORTO FILHO, 2006, p.137). A BAHIATURSA foi o órgão executor da Política Estadual de Turismo, em consonância com as diretrizes emanadas do CETUR e com uma visão clara da importância da cultura como fator diferencial, a utilização do marketing, atração de investimentos de grupos empresariais consolidados, treinamento e formação de mão-de-obra para o turismo, além da valorização dos apoios de organismos como a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste – Sudene e o Banco do Nordeste do Brasil o turismo fez uma expansão de forma mais efetiva. Em 1975 foram criadas duas empresas: a Empreendimentos Turísticos da Bahia S.A. (EMTUR), fundada em 1976, como subsidiária da Bahiatursa cuja finalidade era construir, reformar e ampliar equipamentos de hospedagem, recepção e lazer, substituindo o espaço deixado pela Hotéis de Turismo do Estado da Bahia S.A ( primeira razão social da BAHIATURSA) e a Bahia Convenções S.A (COMBAHIA), constituída em 1977, vinculada a estrutura da Secretaria da Industria e Comércio, com a finalidade de construir e administrar o Centro de Convenções , Exposições e Feiras da Bahia, localizado em Salvador, em frente a praia de Armação cujo equipamento foi inaugurado em 12 de março de 1979. No período de 1979-1986, segundo a estratégia turística da Bahia para 1991-2005, deu-se continuidade ao Programa de Interiorização do Turismo, com a criação dos “Caminhos da Bahia”, nome do projeto que se referia aos municípios já incluídos no Programa de Interiorização mais os municípios de Valença, Cachoeira, Piritiba, Rio de Contas e Prado, nos quais foram realizadas obras de infra-estrutura para apoiar os serviços turísticos que se encontravam em estágio de desenvolvimento. Nessa época, o governo não somente tornou o turismo uma prioridade como procurou projetar o destino Bahia no mercado internacional – Cone Sul, Europa, Estados Unidos. No período de 1991 a 1995, para fins de investimentos e promoções, houve uma mudança na estratégia de turismo que foi a de não considerar mais o município turístico de forma isolada, e sim um conjunto de municípios agrupados por zonas, levando-se em conta os atrativos mais significantes de cada região. Desenhou-se então uma nova geografia do turismo baiano, com a segmentação inicial de sete zonas: Costa das Baleias, Costa do Descobrimento, Costa do Cacau, Costa do Dendê, Baía de Todos os Santos, Costa dos Coqueiros, Chapada Diamantina. Nesse período a Bahia começou a negociar uma linha de financiamento junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o PRODETUR (Programa de Desenvolvimento do Turismo), com o objetivo de financiar obras de infra-estrutura nos pólos turísticos . O contrato como BID garantiu investimentos até 2004, liberados por intermédio do Banco do Nordeste. De 1995 a 1999, com os recursos do Prodetur o Governo do Estado da Bahia construiu rodovias estratégicas para abertura de novos destinos turísticos, como a ligação Nazaré-Valença-Travessão, que interligou a BR-101 ao sistema de ferry-boat pelo litoral Baixo-Sul, decisivo ao incremento do turismo na Costa do Dendê. Na Costa do Cacau, houve incremento a partir da construção da rodovia Ilhéus-Itacaré, com 70 km, denominada de “estrada parque”, atravessando uma área de proteção ambiental, a APA Itacaré/Serra Grande. Também deu inicio a interação da atividade turística com a preservação e proteção ambiental dos destinos turísticos localizados nas Áreas de Proteção Ambiental (APAs). O desenvolvimento sustentável do turismo e a construção de centros de visitação nas áreas protegidas foi respaldado numa rígida legislação do uso do solo. Em Salvador, neste período, ocorreram as obras de recuperação do Centro Histórico cujo prosseguimento concluiu cinco etapas e consolidou o Pelourinho como principal núcleo cultural e turístico de Salvador. De 1999 a 2003, o governo dispensou atenção especial a Porto Seguro e Santa Cruz de Cabrália, preparando as duas cidades para as comemorações dos 500 anos do Descobrimento do Brasil. Nessa época foi criada a Superintendência de Investimentos em Pólos Turísticos (SUINVEST), com o objetivo de, em articulação com órgãos governamentais e privados, planejar e coordenar a execução de projetos e investimentos em regiões e municípios com potencial turístico. Essa superintendência teve a responsabilidade de gerir o PRODETUR na Bahia, que passou a contar com recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). No final de 2000, entrou em operação o Complexo Costa do Sauípe, maior investimento privado em turismo no país, dispondo na época de cinco hotéis de bandeira internacional e seis pousadas temáticas, localizado na Costa dos Coqueiros, no município de Mata de São João, ocupando uma área de 172 hectares. O Governo do Estado da Bahia, através da Secretaria de Cultura e Turismo, assinou em dezembro de 2004 o Prodetur II, no valor de 16,6 milhões de dólares, também com recursos Banco Interamericano de Desenvolvimento. Em 2005, foi publicado o relatório “Século XXI - Consolidação do Turismo”, onde o governo torna público o plano “Estratégia Turística da Bahia 2003-2020”, elaborada pela Secretaria de Cultura e Turismo, com as diretrizes do Governo Estadual para o turismo. O resultado do turismo na Bahia em 2006, segundo números divulgados pela Secretaria de Turismo da Bahia para o Relatório de atividades 2006 do Governo do Estado da Bahia, correspondeu a um fluxo global de turistas em torno de 5.469.500. Na cidade de Salvador, o mesmo relatório informa que a demanda turística totalizou 2.553.600 turistas no mesmo ano. Na região da Costa do Dendê, destacou-se a localidade de Morro de São Paulo, pertencente ao município de Cairu com 136.730 turistas. A tabela 1 apresenta os indicadores de desempenho do turismo da Bahia de 2003 a 2006 e na tabela 2 pode-se observar a evolução do número de meios de hospedagem (MHS) e das Unidades Habitacionais (UHS) e leitos da Costa do Dendê no período de 1993 a 2001, segundo o relatório do Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentável (PDITS, 2003, p.47). TABELA 1 INDICADORES DE DESEMPENHO DO TURISMO DA BAHIA - 2003 A 2006 INDICADORES TURISTAS 2003 2004 Fluxo Global de Turistas 4.708.650 4.897.000 5.204.100 5.469.500 Salvador 2.192.820 2.280.530 2.426.220 2.553.600 Porto Seguro 1.177.160 1.224.250 1.301.030 1.367.380 282.520 293.820 312.250 329.420 117.720 122.420 130.100 136.730 Valença 70.630 73.450 78.060 82.040 Lençóis 94.170 97.940 104.080 109.380 Praia do Forte 82.400 85.700 91.070 95.710 Sauípe 141.260 146.910 156.120 164.080 Outros Destinos Turísticos 549.970 571.980 605.170 631.160 1.041.150 1.093.210 1.188.970 1.268.630 2.260.000 2.370.000 2.600.000 2.760.000 Ilhéus 2005 2006 (*) Morro de São Paulo Indicadores Econômicos Receita Total Gerada (US$1.000,00) Impacto no PIB (US$1.000,00) Fonte:SCT/Suinvest 2003 (*) Estimativa TABELA 2 EVOLUÇÃO DO NÚMERO DE MEIOS DE HOSPEDAGEM (MHS) E DAS UNIDADES HABITACIONAIS (UHS) E LEITOS DA COSTA DO DENDÊ 1993 A 2001 Crescimento anual MHS e UHS 1993 1997 1999 2001 (%) MHs 87 187 229 266 15.0 UHs 931 2.053 2.707 3.324 17 Leitos 2400 5.550 7.452 9.268 18.4 UH/MH 10,7 11.0 11.8 12,5 Fonte: SUINVEST Abril/2003 A previsão de investimento públicos na Costa do Dendê no período de 1991-2020, conforme informações da Secretaria de Turismo da Bahia em 2005 foi de US$ 283.142.000,00 (duzentos e oitenta e três milhões cento e quarenta e dois mil dólares). E a previsão de investimentos privados na Costa do Dendê para o mesmo período foi de US$ 472.146.000,00 (quatrocentos e setenta e dois milhões e cento e quarenta e seis mil dólares) (SUINVEST, 2005). Numa cidade pequena e periférica como Cairu o desenvolvimento do turismo para ser sustentável vai necessitar de investimentos públicos e privados, capacitação técnica, estruturação do destino e qualificação de serviços , equipamentos e recursos humanos. Em 2007, inicia-se uma nova etapa para o turismo na Bahia com um novo governo que amplia a política de promoção da Bahia, no Brasil e no exterior, com foco nos aspectos sociais , culturais e históricos. Nessa nova etapa do turismo baiano, na Costa do Dendê, o município de Cairu iniciou um processo para o desenvolvimento do turismo a partir de articulações feitas com a Prefeitura de Cairu, a Universidade Livre da Mata Atlântica (UMA), consultores do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e outras instituições do Estado. A recomendação se baseava em criar um plano estratégico para o desenvolvimento do município de Cairu que se baseasse nos princípios da sustentabilidade, da ética com base no respeito à cultura e nos valores locais e fosse implantando através de um processo de planejamento participativo, que pudesse levar as comunidades de suas ilhas e da cidade de Cairu exercerem níveis diferentes de influencia nas decisões inclusive do turismo, corrigindo distorções existentes nas áreas onde a atividade turística já se desenvolve, como por exemplo, Morro de São Paulo na Ilha de Tinharé. 3.5 Turismo como processo de produção Deve-se estabelecer uma proposta que entenda o turismo como atividade de produção capaz de contribuir para as populações excluídas do processo econômico, resgatando valorizando as manifestações artísticoculturais, conservando o meio ambiente, estabelecendo sinergia com outras atividades econômicas e proporcionando aos visitantes e turistas uma experiência única. Um novo conceito de turismo está sendo construído a partir da evolução do desenvolvimento sustentável, exigindo inclusão social no processo de produção turística, com o envolvimento das comunidades anfitriãs. Esse conceito tem como objetivo gerar benefícios locais, trabalho e renda com uma gestão turística compartilhada desde a fase inicial do planejamento turístico à definição dos segmentos e a comercialização dos produtos turísticos. Há que se identificar as abordagens dadas ao processo de desenvolvimento e ao desenvolvimento do turismo nos diversos lugares, porque elas podem vir associadas aos grandes grupos econômicos e ao capital ou vir associados ao capital local privilegiando o lugar, os residentes e a cultura local. É nesse contexto de globalização que se precisa entender o desenvolvimento local e o turismo. Para Lebret, citado por Carmo (1999, p. 69), o desenvolvimento só pode ser um processo inacabado, de uma direção que se toma e não de um ponto que se alcança. É a passagem de uma determinada população, de uma fase menos humana para uma fase mais humana, ao ritmo mais rápido possível, ao custo financeiro e humano menos elevado e possível, tendo em conta a solidariedade entre as populações. O desenvolvimento como fenômeno complexo apresenta-se com dimensões variadas, dizendo respeito ao território, aos recursos naturais, às pessoas e suas ações. Neste sentido o desenvolvimento, o turismo e o meio ambiente encontram-se em uma relação recíproca e ao mesmo tempo preocupante onde as atividades econômicas transformam o meio ambiente e o ambiente alterado pode se tornar uma restrição externa para o desenvolvimento econômico e social (CORIOLANO; SILVA, 2005, p.19) . Algumas medidas devem ser tomadas para normatizar essa relação diminuindo os impactos e as agressões. Um dos principais problemas é a exploração da natureza, como resultado da atividade turística para atender o consumismo, a especulação, a acumulação, e ao lucro excessivo, gerando não apenas a degradação da natureza, mas conseqüências na sociedade. Esse desenvolvimento pode gerar pobreza para uma grande maioria e a riqueza para poucos (CORIOLANO; SILVA, 2005, p.19). Essa realidade vem despertando uma nova consciência e a compreensão de que sua transformação passa pela mudança do modelo de desenvolvimento. A proposta de desenvolvimento local e de desenvolvimento na escala humana é a alternativa de mudança de eixo do processo de desenvolvimento, assim como turismo local em lugar de turismo global. É neste contexto que surge a idéia de desenvolvimento local, onde o turismo surge como um dos mecanismos ou incentivo de viabilização desse processo. Sendo o turismo uma atividade de efeito multiplicador, oferece condições para o desenvolvimento dos pequenos negócios além dos grandes, podendo beneficiar os mais pobres. Em muitos destinos, na maioria das vezes o turismo se vincula aos grandes projetos concentradores de renda, gerando pobreza nos pólos receptores. Pode-se concordar com a afirmação que existem vertentes diferenciadas e opostas do desenvolvimento do turismo, o global muitas vezes vinculado às redes internacionais de hotéis, resorts, turismo sexual sonegação fiscal, etc., e o turismo local, que valoriza o lugar, que gera renda, que dinamiza a economia local, que protege o patrimônio natural, que recupera e preserva o patrimônio histórico cultural. Deve-se ressaltar a oportunidade que o turismo oferece às comunidades locais, através das diversas prestações de serviços por todos os espaços turísticos. A atividade turística atual apresenta graus de sazonalidade muito elevados, situação inexplicável, face aos recursos turísticos disponíveis com capacidade para serem estruturados em produtos turísticos e garantirem a necessária estabilidade ao nível da rentabilidade, do emprego e da valorização do território. A sustentabilidade, segundo o modelo sugerido pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada pelas Nações Unidas, em 1983, não só consolidou os princípios do novo modelo de desenvolvimento como agregou o sentido de sustentabilidade. Para a referida comissão, o desenvolvimento para ser sustentável deve atender as necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem as suas próprias necessidades. Essa meta, no entanto só poderá ser alcançada com a obediência aos princípios da equidade social, que significa a disposição para reconhecer a igualmente de direitos de cada um, da eficiência econômica com que a distribuição e gestão dos recursos econômicos e financeiros feitos de forma planejada para garantir o funcionamento eficiente do sistema e a prudência ecológica, com a adoção de ações que visem reduzir o consumo de recursos naturais e a produção de lixo. Para atingir um turismo responsável e sustentável é preciso avançar nas concepções economicistas que reduzem o turismo. A partir da Agenda 21 e do Relatório Brundtland é que se verifica uma convergência que leva à formulação do conceito de turismo sustentável. A OMT em publicação em 2005 sobre o tema turismo sustentável, Making Tourism More Sustainable, lançou uma definição baseada em doze princípios para atender a sustentabilidade turística São eles: viabilidade econômica, prosperidade local, qualidade de empregos, eqüidade social, satisfação do visitante, controle local, bem-estar da comunidade, riqueza cultural, integridade física, diversidade biológica, eficiência no uso dos recursos e pureza ambiental. Temas importantes para serem agregados nos projetos turísticos a serem desenvolvidos. BENI (2004, p.14), em seu artigo: Como podemos certificar o Turismo Sustentável? propõe também uma definição baseada em alguns princípios e os resultados que o turismo sustentável deveria trazer: Em sua vasta e complexa abrangência envolve compreensão dos impactos turísticos; distribuição justa de custos e benefícios; geração de empregos locais diretos e indiretos; fomento de negócios lucrativos; injeção de capital com conseqüente diversificação da economia local; interação com todos os setores e segmentos da sociedade; desenvolvimento estratégico e logístico de modais de transporte; encorajamento ao uso produtivo de terras tidas como marginais e subvenções para custos de conservação ambiental. O turismo passa assim a competir localmente para a transformação territorial e espacial e melhoria da qualidade de vida. Deve-se buscar um modelo de desenvolvimento que estimule e desenvolva a cooperação, a solidariedade e a criatividade, que passe a utilizar recursos locais ou resgatar antigas tradições, especialmente os recursos humanos do lugar. Assim se pode representar o modelo de desenvolvimento sustentável, podendo perceber que a interseção dos mesmos, resultará em um modelo de desenvolvimento que contempla a sustentabilidade nas três dimensões. 3.6 Turismo e Cultura Historicamente, turismo e cultura estão relacionados às viagens que a elite do século XIX fazia para países como França, Itália e Grécia, com a finalidade de conhecer e contemplar monumentos, ruínas, obras de arte. A noção de cultura evoluiu e, na atualidade, inclui todas as formas de saberes e fazeres de todos os povos. Tradições, mitos, música, literatura, poesia, saberes artesanais, crenças, ritos se constituem num patrimônio cultural que confere identidade e sentimento de pertencer ao lugar. O patrimônio cultural tem potencial econômico e sua preservação é rentável. Por isso, faz-se necessário educar as comunidades para cuidar e defender suas riquezas culturais, tradicionais, a fim de preservar a memória histórica. O turista também precisa ser educado para respeitar o que lhe é oferecido para seu desfrute. Junto a esse patrimônio cultural imaterial está o patrimônio cultural material constituído de bens móveis (acervos) e imóveis (sítios históricos, arqueológicos e outros). O turismo com um enfoque cultural se caracteriza como um intercâmbio envolvendo diferentes atores e ganhos econômicos. Entretanto é necessário que o turismo e patrimônio se relacionem de forma harmoniosa. A cultura e seus diferentes aspectos são insumos para o turismo cultural, mas esse turismo só pode ser sustentado se organizar sua estruturação tanto em relação aos serviços quanto às atividades oferecidas. A opção pelo desenvolvimento turístico deve conciliar-se aos objetivos da manutenção do patrimônio, do uso cotidiano dos bens culturais e da valorização das identidades culturais locais. O uso turístico dos recursos deve sempre atuar no sentido do fortalecimento das culturas. Assim, a atividade turística é incentivada como estratégia de preservação do patrimônio, em função da promoção do seu valor econômico (Ministério do Turismo, 2006, p.9) As cidades e os sítios de valor histórico com seus bens arquitetônicos e suas manifestações culturais são muito procuradas pelos turistas (exemplos, Ouro Preto e Tiradentes em Minas Gerais, Cachoeira na Bahia, Parati no Rio de Janeiro entre tantas outras no mundo), razão suficiente para que haja esforços para manutenção e proteção do patrimônio, visto que o mesmo pode gerar benefícios socias, culturais, econômicos e ambientais para as comunidades através do aproveitamento turístico. 4 IDENTIFICAÇÃO GERAL DO MUNICIPIO DE CAIRU Cairu, o único município arquipélago do Brasil, em razão da ocupação das suas diversas ilhas desde o período colonial, sempre leva o pesquisador a trabalhar com informações geográficas e históricas gerais que integram tanto o município quanto a cidade de Cairu, sediada na ilha do mesmo nome. Assim sendo, optou-se por fazer uma identificação geral do município e a individualização tanto histórica quanto geográfica da cidade de Cairu foco da pesquisa. O município de Cairu está localizado na região do litoral do baixo sul do estado da Bahia e possui os seguintes limites municipais: Valença ao norte Oceano Atlântico ao leste e sul (parte) Taperoá a oeste Nilo Peçanha ao sul (parte) Quanto aos aspectos gerais do município destaca-se: Área - 433 km2 Distancia de Salvador - 308 Km Coordenadas geográficas 13º 29`13``de latitude sul e 39º 02`38`` de longitude oeste. Segundo o IBGE (2000) o clima do município é do tipo quente e úmido com pluviosidade anual média variando entre 2.200mm e 2.400mm, período chuvoso de maio a junho e com os seguintes valores de temperatura média anual: 21,8º (mínima), 25,3º (média) e 31,4º (máxima). Esse município insular é o próprio Arquipélago de Tinharé composto por 26 ilhas, localizadas num complexo estuarino, onde as principais ilhas são as de Cairu, Boipeba e Tinharé. A sede do município está localizada na ilha de Cairu (Figura 4). A ilha de Tinharé é a maior do arquipélago e está situada ao norte da sede Cairu, é conhecida desde 1531 quando Martins Afonso de Souza a avistou e a denominou Tynharéa (DANTAS; PINHEIRO, 2001, p. 72-75). Possui monumentos arquitetônicos militares como a Fortaleza de Morro de São Paulo (século XVII), e o Forte da Ponta (século XVIII) e igrejas, fonte histórica entre outros. FIGURA 4 – ESBOÇO COROGRÁFICO – MUNICÍPIO DE CAIRU Fonte: BID. Relatório do plano de desenvolvimento estratégico do município de Cairu A Fortaleza de Morro de São Paulo foi destinada à defesa de Salvador e do Recôncavo e hoje está em estado de ruínas, no entanto, já existe um projeto para sua restauração e revitalização proposto pelo Instituto de Desenvolvimento Sustentável do Baixo Sul da Bahia, (IDES), apoio técnico do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e apoio institucional da Superintendência de Investimentos em Pólos Turísticos (SUINVEST) da Secretaria de Turismo do Estado da Bahia, da Prefeitura Municipal de Cairu e do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC), desde outubro de 2006. A ilha conserva manchas de mata Atlântica, mangues, restingas e as mais belas praias do município. Nesta ilha é que se concentra a maior infraestrutura turística do município, distribuída pelo povoado de Morro de São Paulo e vila da Gamboa do Morro. Na ilha de Tinharé estão situadas as maiores elevações do relevo. No restante da ilha o relevo é praticamente plano e tem poucos metros acima do nível do mar. Suas aglomerações urbanas estão fixadas ao longo do mar e dos canais navegáveis. São elas: Morro de São Paulo, Gamboa, Galeão, Garapuá e Canavieiras. A ilha de Boipeba está localizada ao sul de Tinharé e conta com os povoados de Velha Boipeba, Moreré e São Sebastião. Foi ocupada desde o inicio do século XVII e possui pequeno patrimônio histórico onde se destacam a Matriz do Divino Espírito Santo do Século XVII e a Igreja de São Sebastião do inicio do Século XX, muitos atrativos naturais e pequena infra-estrutura turística. A ilha de Boipeba tem um relevo mais ondulado porem suas elevações não ultrapassam os 80 metros. As áreas de povoação dessa ilha são: Boipeba, Velha Boipeba, Moreré, Monte Alegre e São Sebastião ou Cova da Onça. A ilha de Cairu é onde está localizada a sede do município (sua identificação será feita em itens subseqüentes) e chama atenção pela presença de manguezais na sua faixa litorânea. Os acessos a essas localidades internas das ilhas são feitos por caminhos percorridos a pé, a cavalo, ou quando as condições permitem de trator e através dos canais de barcos. Na figura 5 pode-se observar o transporte de linha fluvial e terrestre. FIGURA 5 PLANTA DO MUNICÍPIO DE CAIRU - TRANSPORTE MUNICIPAL Fonte - Plano Diretor Urbano do Município de Cairu – Agosto de 2004 A povoação do município surgiu ainda no século XVI e um dos primeiros povoadores foi Domingos da Fonseca Saraiva, casado com D. Antonio de Pádua Góes que constrói um engenho e uma capela que viria ser a matriz (IPAC, 1988, p.33) A população de todo município em 2000, segundo o censo do IBGE, atingiu 11.410 habitantes, com base no Censo Demográfico do mesmo ano. Em 2007, já com os resultados da Contagem da População, a população subiu para 13.712 habitantes, em uma área municipal de 451 km2 o que resulta em uma densidade de 30,4 habitantes por km2. Pela divisão administrativa do IBGE – 2000, o município compõe-se dos distritos de Cairu, Galeão, Gamboa e Velha Boipeba. O município é integrado por três vilas (Galeão, Gamboa e Velha Boipeba), e seis povoados (Morro de São Paulo, Canavieiras, São Sebastião, Torrinhas, Tapuias e Garapuá), além da sede municipal com o mesmo nome Cairu. A população do município de Cairu pode ser analisada na tabela 3, onde se constata a pequena dimensão demográfica, inclusive da sede municipal. TABELA 3 - POPULAÇÃO RESIDENTE, SEGUNDO O MUNICÍPIO E DISTRITOS - CAIRU – BAHIA Municípios e Distritos População residente Total Município de Cairu 11.410 Distrito de Cairu 2.622 Distrito de Galeão 1.497 Distrito de Gamboa 4.615 Distrito de Velha Boipeba 2.676 Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2000. A população residente temporariamente é composta essencialmente por titulares de segundas residências (normalmente, com habitação permanente em Salvador) e por turistas. A permanência desta população no território do Município apresenta graus de sazonalidade muito altos, sendo os picos mais elevados coincidentes com fins de semana, eventos ou manifestações culturais locais e com os períodos privilegiados de férias. Os principais atrativos desse pólo estão relacionados à diversidade ambiental, presente em seus diversos rios, canais, praias e matas. Complementando esse atributo natural diferenciado estão as características culturais e históricas significativas, relacionadas aos ciclos econômicos de lavouras típicas da região. O dendê, o cacau, a piaçava e o cravo são alguns dos produtos que contribuíram mais recentemente para a formação dessa identidade do Pólo Litoral Sul. O principal uso do solo continua a ser o uso agrícola ligado à cultura do coco, do dendê e de piaçava em fazendas de dimensão apreciáveis principalmente localizadas nas ilhas de Tinharé e Cairu e no Sul e Leste da Ilha de Boipeba. Historicamente, este uso corresponde a uma evolução do período de colonização onde a atividade extrativista de madeira e a produção de produtos alimentares como a farinha de mandioca, a cana-de-açúcar e o arroz assumiram grande importância no abastecimento das cidades próximas em particular de Salvador (IPAC, 1988, p.33). A decadência destas atividades, e a manutenção de uma economia baseada essencialmente na extração de piaçava, na pesca e na produção de coco e de dendê fez o município perder a importância a partir do Séc. XIX o que foi acentuando-se pelo isolamento das Ilhas e maior dinamismo econômico do continente (IPAC, 1988, p.33). A ocupação humana manteve-se sempre concentrada num número reduzido de povoações ribeirinhas com uma economia baseada na pesca e na atividade agrícola sazonal e a atividade agrícola de cultivo de solo se manteve apenas na proximidade imediata de algumas habitações próximas dos povoados e com características de subsistência. Deste modo, nas zonas interiores das ilhas, até meados do século. XX, apenas existiam algumas habitações ligadas às sedes de fazendas predominando a floresta residual atlântica e a silvicultura associada a vastas zonas úmidas onde a ocupação é essencialmente florestal. Nas costas Norte e Oriental da Ilha de Tinharé e na zona Central e Sul de Boipeba, nas vastas áreas de restinga predomina o uso silvícola (coco e dendê). Na ilha de Cairu e em algumas áreas do Leste de Tinharé e Centro – Leste de Boipeba a extração de piaçava é um elemento importante que determina a existência de zonas florestais densas. Na segunda metade do século XX, esta situação começou a alterar-se de forma muito rápida com o progressivo interesse turístico da região dando origem a uma mudança muito sensível do uso do solo em particular nas faixas costeiras. Essa alteração é particularmente sensível no Norte da Ilha de Tinharé, em Morro de São Paulo e na Gambôa, com o desenvolvimento de um grande número de empreendimentos hoteleiros e pousadas e a ocupação de zonas mais interiores por um povoamento disperso e desordenado originado pelo afluxo de trabalhadores externos ao município e à migração interna dos habitantes das zonas mais próximas das praias para as áreas turísticas. A vista aérea de Morro de São Paulo pode ser observada nas Fotos 1 e 2. FOTO 1 – VISTA AÉRA DE MORRO DE SÃO PAULO I Fonte: Imagem utilizada na publicação “ Tinharé história e cultura no litoral sul da Bahia” – Antonio Riserio, 2003. FOTO 2 – MORRO DE SÃO PAULO II Costa Leste de Morro de São Paulo Promontório de Morro de São Paulo Forte da Ponta e Farol Porto e porta de ingresso à Fortaleza Fonte: IPAC – Inventário de proteção do acervo cultural da Bahia Em Morro de São Paulo, as atividades humanas influenciam e caracterizam o povoado e seu entorno, destacando-se turismo, segundas residências, monocultura de coco, cultivos de subsistência, extrativismo de dendê e piaçava em áreas da mata e pastagens. No povoado de Morro de São Paulo, o seu núcleo urbano apresenta os maiores índices de pressão antrópica, devido à rapidez do crescimento desordenado causado principalmente pela elevada atratividade turística local (PDITS, 2003). Em Morro de São Paulo a ação antrópica provocou poluição de recursos hídricos superficiais e subterrâneos por efluentes urbanos e resíduos sólidos, remoção da cobertura vegetal provocando desabamento de encostas, ocupações irregulares e descaracterização da paisagem. No povoado, o uso comercial e de serviços aparece de forma bastante significativa, exceto nas áreas mais periféricas que possuem apenas pequenas vendinhas e bares. As ofertas hoteleiras, de bares e restaurantes são bem diversificadas, porém as pessoas que trabalham nesse setor necessitam de uma maior capacitação. Na vila da Velha Boipeba, com a progressiva ocupação do interior pela população em condições deficitárias, a faixa do litoral já registra ocorrências de falta de ordenamento territorial. Esta evolução registra-se também nas povoações de Moreré, Cova da Onça e Cairu em menor extensão. As principais atividades econômicas atuais do município são: pesca aqüicultura, extração de piaçava e dendê, cultivo do coco e, em menor grau, agricultura de subsistência, pecuária, comercio e serviços, no entanto destacase o turismo na ilhas de Tinharé e Boipeba. A biodiversidade do município, as paisagens naturais e seu grau de conservação potencializam e sustentam as atividades que são desenvolvidas no município. A evolução negativa do interesse econômico das atividades típicas das grandes fazendas locais determinou um progressivo interesse pelo uso urbano ou turístico, seja por venda, seja por iniciativa própria, o que associado à construção clandestina e ao loteamento desordenado deu origem a grandes riscos na alteração irreversível das características das paisagens e dos valores ambientais. O município de Cairu apresenta-se com uma diversidade natural e cultural que o diferencia do resto da Micro-região a que pertence, podendo os seus povoados serem visitados através da navegação em diversos rios, e não de automóvel. As manifestações culturais ao permanecerem muito vivas nas representações do congo, chegança e reinado, por exemplo estão sempre presentes na cultura popular de Cairu, associadas ao artesanato baseado em matérias-primas locais, com o coco e a piaçava, e à culinária voltada para os frutos do mar, constituindo-se em outros fatores de diferenciação de Cairu no contexto da Micro-região de Valença. O patrimônio histórico-cultural do município situa-se em uma região rica em bens culturais, possuindo dois sítios histórico-naturais classificados pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia – IPAC: Centro Histórico da Cidade de Cairu e o Sítio de Morro de São Paulo. Além disso, Cairu possui monumentos isolados, espalhados pelo município. Como a igreja de São Francisco Xavier (Foto 3) e a casa com Varanda de Ferro, século XIX na vila de Galeão (Foto 4), a fortaleza de Morro de São Paulo em Morro de São Paulo, século XVII (Foto 5), o Forte da Ponta século, XVIII (Foto 6) , a Fonte Grande, século XVII (Foto 7), a igreja de Nossa Senhora da Luz, século XVII em Morro de São Paulo (Foto 8) e a Matriz do Divino Espírito Santo, século XVI em Boipeba na foto9 (IPAC, 1988, p.31). FOTO 3 IGREJA DE SÃO FRANCISCO XAVIER – VILA DE GALEÃO Fonte: Inventário de proteção do acervo cultural da Bahia – (IPAC) FOTO 4 CASA COM VARANDA DE FERRO - VILA DE GALEÃO Fonte: Inventário de proteção do acervo cultural da Bahia – (IPAC) FOTO 5 FORTALEZA MORRO DE SÃO PAULO - VILA DE GALEÃO Fonte: Inventário de proteção do acervo cultural da Bahia – (IPAC) FOTO 6 FORTE DA PONTA – MORRO DE SÃO PAULO Fonte: Inventário de proteção do acervo cultural da Bahia – (IPAC) FOTO 7 FONTE GRANDE – MORRO DE SÃO PAULO Fonte: Inventário de proteção do acervo cultural da Bahia – (IPAC) FOTO 8 IGREJA NOSSA SENHORA DA LUZ – MORRO DE SÃO PAULO Fonte: Inventário de proteção do acervo cultural da Bahia – (IPAC) FOTO 9 MATRIZ DO DIVINO ESPÍRITO SANTO – BOIPEBA Fonte: Inventário de proteção do acervo cultural da Bahia – (IPAC) 4.1 A cidade de Cairu - Aspectos históricos O nome primitivo da ilha de Cairu era Aracaju, que significa, na língua indígena, “casa do sol” (IPAC, 1988, p.33). Depois da instalação do Governo Geral e da chegada dos jesuítas, constrói-se em Cairu um engenho, uma capela (atual Matriz) e uma ermida dedicada a Santo Antônio. Tendo se transformado numa das mais importantes vilas da Colônia, no início do século XVII, Cairu foi desmembrada de Ilhéus em 1608 e, por Carta Régia, elevada à condição de município. Sua sede recebeu o nome de Vila de Nossa Senhora do Rosário de Cairu e em 1610 foi formada freguesia de Nossa Senhora do Rosário. Em 1654, no lugar da pequena ermida é edificado o Convento de Santo Antônio, pertencente à ordem dos franciscanos marco do barroco brasileiro, essa construção proporcionou um grande incentivo ao desenvolvimento da povoação (IPAC, 1988, p.33). É a partir desse século que a ilha se destaca como importante centro produtor de farinha de mandioca, madeira, cana-de-açúcar e arroz, transformando-se no início do século XVIII no lugar mais seguro da região. A prosperidade e segurança atraíram novos moradores, impulsionando o desenvolvimento. Entretanto, por volta de 1750, devido a violentos ataques dos índios Aimorés, Cairu entrou em decadência, ficando adormecida até a intervenção do Governador da Bahia, que investiu na sua segurança, iniciandose assim um novo período de prosperidade. Em 1938, a vila de Cairu adquiriu foros de cidade através de Decreto-Lei Estadual, IPAC (1988, p.33) A cidade de Cairu está situada na ilha do mesmo nome uma das três grandes ilhas que formam o arquipélago de Tinharé e o município de Cairu. Nasceu no cume de um pequeno morro, próxima ao porto, por onde escoava a produção de farinha de mandioca e madeira para a Capital (Foto 10 e 11). A implantação da sede do município seguiu o padrão de muitas cidades da época, erguendo-se em uma elevação, como estratégia de defesa, e possuindo dois níveis. O nível superior era destinado à ocupação civil, com a sede do poder, e também à ocupação religiosa. No nível inferior ficava o porto, juntamente com o centro das atividades comerciais. FOTO 10 – VISTA ÁREA DA CIDADE DE CAIRU - I Fonte: PDU - Secretaria de Planejamento, Ciência e Tecnologia – SEPLANTEC, 2004 FOTO 11 VISTA AÉREA DO CENTRO HISTÓRICO DA CIDADE DE CAIRU – II Fonte: Inventário de Proteção do Acervo Cultural da Bahia - IPAC A cidade foi concebida com uma tipologia simples, mononuclear, com uma matriz sinuosa (à Rua Direita) à qual se somaram posteriormente outras vias, dando ao núcleo uma configuração final de trama urbana irregular. Seu centro histórico estende-se da Praça da Matriz até o final da Rua Direita, destacando-se nos pontos mais altos da cidade dois importantes monumentos religiosos: o Convento de Santo Antônio (1654 -1750) e a Matriz de Nossa Senhora do Rosário. A pequena cidade foi inventariada como Centro Histórico, sob o nº 2332201-0 3-I00167 em maio de 1978 (IPAC,1988, p.39). A cidade de Cairu, no século XVI, foi considerada uma das mais importantes vilas de todo o território. Várias autoridades da época viveram em Cairu e contribuíram para o desenvolvimento da vila, sendo a sua história marcada por um crescimento significativo, uma vez que Cairu fornecia suprimentos e contribuía financeiramente para alguns povoados hoje bem mais relevantes, incluindo a própria capital. Cairu é uma cidade do período colonial e tem grande valor histórico, citado inclusive por RISERIO, 2003 p. 116... quando se refere “que homens e mais homens eram mobilizados para fazer brotar do chão prédios antes nunca vistos naquela imensidão luminosa de praias de água cálida. E assim, naquele litoral seiscentista, iam nascendo conventos, fortes, casas, sobrados, paços, praças, igrejas. Nasceu assim, no alto de uma pequena elevação, a formosa vila de Cairu, com seu Convento de Santo Antonio, precedido de um cruzeiro de pedra”. Como se pode observar na foto 10, o patrimônio arquitetônico existente. Ainda no século XVIII, se inicia a decadência de Cairu, em benefício de Camamu, que assume a liderança econômica da região. 4.2 Cidade de Cairu – Aspectos Geográficos A cidade de Cairu está localizada na ilha do mesmo nome e é dividia em cidade alta, local de origem da cidade e cidade baixa. Da parte alta da cidade se descortina uma paisagem belíssima com canis, rios, matas. Na tabela 4, pode-se observar as distâncias entre Cairu e outros centros urbanos. TABELA 4 DISTÂNCIAS ENTRE CAIRU E OUTROS CENTROS URBANOS Salvador 308km Valença 49km Gandu 140km Ituberá 41km Taperoá 30km Nilo Peçanha 22km FONTE: Elaboração própria com base em dados do IBGE A acessibilidade por via terrestre a Cairu só existe através da BA 001 que liga Valença a Nilo Peçanha (1992), passando por Taperoá, dando depois origem à BA 884 que termina na cidade de Cairú (Figura 6). A partir de Cairu, o acesso aos restantes aglomerados populacionais é realizado por barco ou por via terrestre e em alguns casos em estradas não asfaltadas. O território tem também acesso por via aérea, existindo ligações aéreas regulares entre Salvador e o povoado do Morro de São Paulo por duas companhias aéreas a Aeroestar e a Adey, conforme tabelas 5 e 6. FIGURA 6 – PLANTA DO MUNICÍPIO DE CAIRU INFRA -ESTRUTURA DE ACESS0 Fonte: Plano Diretor Urbano do município de Cairu – agosto de 2004 TABELA 5 ACESSO AÉREO – AEROSTAR TÁXI AÉREO Trecho Salvador - Morro de São Paulo Salvador - Morro de São Paulo Fonte: Linhas aéreas Aerostar Horário de saída de Salvador Duração 08:00h / 12:30h / 15:30h 30 min 08:00h / 13:00h / 15:30h 30 min Freqüência 2ª, 3ª, 5ª E sábado 4ª, 6ª e domingo TABELA 6 ACESSO AÉREO – ADEY TÁXI AÉREO Trecho Salvador - Morro de São Paulo Horário de saída de Salvador Duração 08:30h 45min Diária 12:30h 45min Diária 45min Diária Salvador - Valença Salvador - Boipeba 15:30h Fonte: Aerostar Táxi Aéreo e Adey Táxi Aéreo - 2008 Frequência A via marítima partindo de Salvador acessa com regularidade o povoado de morro de São Paulo . Cairu explorou muito suas matas e o corte da madeira era tão intenso e gerava tantos lucros, que no período colonial o governo, criou a função de juiz corregedor das Matas para deter a exploração predatória descontrolada (DANTAS; PINHEIRO, 2001, p. 73). A sua economia no período colonial era a extração de madeira, produção de farinha. Na atualidade tem-se o coco, a piaçava, a pesca, culturas recentes como cravo da índia, pimenta do reino e guaraná e as perspectivas do desenvolvimento turístico. O artesanato e a construção naval também começam a se desenvolver. Cairu era um tradicional fornecedor de farinha para Salvador (IPAC,1988, p.33). A cidade de Cairu (ilha de Cairu) e as ilhas de Tinharé e Boipeba, são separadas entre si e o continente por canais flúviomarinhos, que possuem abundância em recursos hídricos e são bordejadas por manguezais ao longo dos canais e praias com a presença em alguns lugares de recifes de corais paralelos à da linha da costa conforme registro na planta do município de Cairu - cenário ambiental (Figura 7) . Existem ainda coqueirais, dunas, áreas úmidas, matas com piaçava, fragmentos de floresta densa, cultivos e pastagens nas terras altas e terraços marinhos. A cidade de Cairu está inserida na APA Caminhos Ecológicos da Boa Esperança, instituída pelo Governador Paulo Souto através do decreto FIGURA 7 – PLANTA DO MUNICÍPIO DE CAIRU – CENÁRIO AMBIENTAL FONTE: BID. RELATÓRIO DO PLANO DE DESENVOLVIMENTO ESTRATÉGICO DO MUNICÍPIO DE CAIRU nº 8.552, de 05 de junho de 2003. A APA tem 230.296 hectares e abrange os municípios de Ubaíra, Jiquiriçá, Teolândia, Wenceslau Guimarães, Nilo Peçanha, Taperoá, Cairu e Valença. A APA Caminhos Ecológicos da Boa Esperança foi criada com inspiração na Mata Atlântica existente nas circunvizinhanças da Estação Ecológica de Wenceslau Guimarães, antigamente, denominada de Reserva Estadual da Nova Esperança. Uma das preocupações que surge na cidade de Cairu é o fato de existir uma bacia de gás e petróleo nessa região. A produção de petróleo na Bahia deverá inclusive desenvolver uma nova fase de exploração com o campo de Pinaúna, na Bacia de Camamu-Almada. Esse projeto, esta sendo operado pela empresa mexicana El Paso, com a previsão de produção de 11 mil barris por dia. No projeto, a El Paso prevê investimentos de US$ 200 milhões até 2008. O ordenamento territorial o Plano Diretor Urbano da cidade de Cairu tem como finalidade disciplinar a ordenação e o controle do uso do solo, além de orientar e ajudar o gestor municipal, planejar o desenvolvimento da cidade de forma que garanta a melhoria da qualidade de vida da comunidade, atendendo o que preconiza os artigos 182 e 183 da Constituição Federal em relação a Política Urbana. Ele é o instrumento básico da política de desenvolvimento urbano sob o aspecto físico, social, econômico e administrativo, tendo em vista as aspirações da coletividade e de orientação dos agentes públicos e privados que atuam na produção e gestão da cidade e também em toda extensão territorial do município. O Plano Diretor Urbano da cidade de Cairu está fundamentado nas determinações dispostas na Constituição Federal, na Constituição Estadual, na Lei Orgânica do Município, na Lei Federal nº 10.257, de 10 de julho de 2001 Estatuto da Cidade e demais legislações correlatas. Na planta da cidade de Cairu (Figura 8), pode-se observar o Zoneamento da cidade, apresentado no Plano Diretor da cidade de Cairu que classificou as zonas em quatro categorias, conforme descriminado a seguir: Zona de Expansão Controlada - ZEC; Zona do Centro histórico, onde está localizado o Centro Histórico da cidade de Cairu - ZCH; Zona Beira Rio – ZBR e a Zona de Urbanização Prioritária ZUP . FIGURA 8 – PLANTA DA CIDADE DE CAIRU CANAL DE TINHARÉ CANAL ZCH CANAL CANAL MANGUE LEGENDA: ZEC - ZONA DE EXPANSÃO CONTROLADA ZCH - ZONA DO CENTRO HISTÓRICO ZBR - ZONA BEIRA RIO ZUP - ZONA DE URBANIZAÇÃO PRIORITÁRIA Fonte: Plano Diretor Urbano do Município de Cairu – 2004 (Adaptado pela autora) 4.3 Inventário da Oferta Turística da Cidade de Cairu Para conhecer as possibilidades de desenvolver o turismo num determinado território faz-se necessário levantar, identificar e registrar todos os elementos possíveis de compor a oferta turística. Para alcançar esse objetivo deve-se fazer a inventariação turística do lugar. ZCH - ZONA DO CENTRO HISTÓRICO Segundo o MTur (2006, p.7) a inventariação da oferta turística compreende levantamento , identificação e registro dos atrativos turísticos, dos serviços e equipamentos turísticos e da infra-estrutura de apoio ao turismo como base de informações para fins de planejamento e gestão da atividade turística. Assim sendo: Inventariar significa registrar, relacionar, contar e conhecer aquilo que de que se dispõe e, a partir disso, gerar informações para pensar de que maneira se pode atingir determinada meta (MTur, 2006, p.8). A inventariação da oferta turística de um território é importante porque: ♦ disponibiliza dados confiáveis a respeito da oferta turística ; ♦ identifica e classifica municípios turísticos e com potencial turístico; ♦ orienta a captação de recursos e define investimentos; ♦ serve de instrumento de consulta para empresários e governos com interesses na atividade turística das diferentes regiões turísticas; ♦ permite a criação de banco de dados. Na realização do inventario da oferta turística pode-se utilizar diversas metodologias, no entanto, para a pesquisa optou-se pela metodologia proposta pelo Ministério do Turismo que utiliza instrumentos de pesquisa padronizados, além de seguir os seguintes passos para sua operacionalização (MTur, 2006, p.10): ♦ Fazer parcerias com a comunidade, sociedade civil organizada, prefeituras municipais, governos estaduais,profissionais de turismo, instituições de ensino e Ministério do Turismo; ♦ realizar uma pesquisa de gabinete para ter informações mais detalhadas sobre o lugar; ♦ realizar pesquisa de campo com aplicação de instrumentos padronizados; ♦ inserir os dados no sistema de informações ♦ produzir um relatório final. Observa-se que na época da realização da inventariação da oferta turística da cidade de Cairu ainda não tinha sido finalizado o sistema de informações turísticas, hoje chamado de Inventariação Turística – INVTUR, que permite mecanismos para ajuste de pesquisa , retro alimentação continua das informações e dados mensuráveis para monitoria e avaliação. A classificação da oferta turística adotada pela metodologia foi: a. classificação da infra-estrutura de apoio ao turismo b. classificação dos serviços e equipamentos turísticos c. classificação dos atrativos turísticos Alguns indicadores são recomendados para avaliação dos recursos naturais, culturais, como: ambientais , turísticos, de percepção e antrópicos. Por essa razão na realização da inventariação os indicadores do Centro Europeu de Formação ambiental e Turística (CEFAT) propostos por CROSBY E DAIRES (1993, p.34) foram também considerados. São eles: - indicadores ambientais, para considerar: valor ecológico características locais unidades ambientais relevantes endemismos fauna e flora autóctone macro e micro paisagem geomorfologia - indicadores turísticos, para verificar: existência de alojamentos turísticos ou possibilidade de implantá-los existência de produtos turísticos, atividades ou condições para criá-los existência de equipamentos, serviços ou proposição para implantá-los existência de adequada infra-estrutura de comunicações internas e externas -Indicadores de percepção, para avaliar: o grau de conforto “psicológico” que o turista tem da área. Esse grau de conforto é o nível de satisfação, cuja avaliação envolve: o sensorial, que capta as condições globais do entorno o conhecimento ou a apreensão da informação pelo turista a estética geralmente avaliada com base em referências já conhecidas ou experimentadas. O indicador de percepção é muito subjetivo, varia de pessoa para pessoa e sofre influência da sensibilidade, da educação e da cultura do indivíduo. .- indicadores antrópicos, para considerar: arquitetura monumental e popular artesanato gastronomia costumes, festas, tradições população, considerando seus aspectos sociais, receptividade e hospitalidade. Faz-se necessário acrescer mais algumas características a esses indicadores, visto o fenômeno turístico ser cada vez mais abrangente, complexo, multireferencial e holístico, segundo Jafar Jafari citado por Beni (1998, p. 38) quando diz que o turismo é: o estudo do homem longe de seu local de residência, da indústria que satisfaz suas necessidades, e dos seus impactos, que ambos, ele e a indústria, geram sobre os ambientes físico, econômico e sociocultural da área receptora. Nesse sentido, outras características devem ser acrescidas: qualidade ambiental infra-estrutura social recursos humanos serviços públicos recursos comunitários Gómez (1990, p. 124-125) também considera o inventário dos recursos turísticos como essencial para definir a potencialidade turística e o define como: “un catálogo de los “lugares objetos y estabelecimientos de interés turistico de una área determinada” (pais, región o zona), consistente en una classificación de descripción de los recursos turisticos identificados mediante una metodologia”. Cita, então, a metodologia da Organização dos Estados Americanos (OEA), que vem sendo utilizada nos países ibero-americanos, estabelecendo uma classificação dos recursos em categorias e hierarquias, permitindo fazer a quantificação, objetivação e valorização dos mesmos e assim poder definir qualquer tipo de planejamento, seja ele espacial, temporal ou setorial. A inventariação da oferta turística da pequena cidade de Cairu foi realizada no período de 15 a 20 de agosto de 2006 e contou com a parceria da Prefeitura Municipal, comunidade, UMA, e alunos do curso de turismo da Faculdade de Turismo da Bahia – FACTUR, cujos resultados estão em seguida 4.4 Resultados da inventariação da Oferta Turística da cidade de Cairu O resultado da pesquisa para identificar a potencialidade turística para da cidade de Cairu mostrou uma riqueza de atrativos histórico-culturais como festas religiosas tradicionais, manifestações culturais, folclore, identificação históricas . Segue-se a síntese da pesquisa com a identificação dos recursos e suas características: A cidade de Cairu tem, além das festas religiosas tradicionais, manifestações culturais que compõem o seu calendário de eventos. As comemorações mais importantes são: Festa de Nossa Senhora do Rosário, de 22 de setembro a 01 de outubro. Evento religioso e popular que conta com novena, missa e apresentação do Zambiapunga. Acontece na Igreja de Nossa Senhora do Rosário. Festas de São Benedito e dos Santos Reis. É um evento religioso muito popular que acontece no convento de Santo Antonio, em Cairu, sob a organização da Paróquia de Nossa Senhora do Rosário. Consta da elevação de um quadro com o ícone de São Benedito a um mastro, que só é retirado no dia de Reis, quando ocorre a coroação do Rei Negro. Acontece no período de 08 de dezembro a 06 de janeiro. Durante esse período acontecem missas e diversas manifestações culturais como folguedos, barquinha, congos e cheganças. Outros eventos funcionam como elementos de coesão social e comunitária, ajudando a estruturar a identidade da população local e foram já inventariados pela Secretaria de Cultura e Turismo no ano de 1999 conforme consta no volume 7 do 1º Guia Cultural da Bahia. São manifestações populares como: ♦ Alarde – encenação de uma luta entre grupos de índios e invasores pela posse da terra, a luta e vencida pelos indígenas. Essa manifestação é seguida por uma missa campal. ♦ Barquinha – consiste em um barco conduzido por jovens mulheres, puxado sobre rodas por rapazes vestidos de marinheiro, evocando lutas marítimas ao som de alegres canções. ♦ Chegança – homens vestidos de marinheiro que cantam saudando rei, a rainha, o príncipe a princesa com pandeiros. O comandante do grupo porta uma espada. ♦ Congo – um agrupamento de homens e mulheres negras, conduzindo ganzás, tamborins e atabaques e cantam evocando a pátria distante, rememorando a agonia morte dos seus antepassados. ♦ Zambiapunga – grupos de homens e mulheres mascarados que com trajes e chapéus festivos desfilam com enxadas, ao som de búzios e caixas. Geralmente saem pela madrugada. Esse grupo já alcançou fama inclusive internacional tendo já se apresentado em outros países além de se apresentar anualmente na caminhada Axé em Salvador. Do ponto de vista cultural ainda se pode registrar a banda maestro João Vieira Coutinho, criada em 17 de outubro de 1993, com 35 componentes e cujo repertorio é constituído de dobrados, o conjunto musical Bira e Beto Show, criado em 05 de fevereiro de 1994 cujo estilo é seresta. O coral Santo Antonio, criado em 1998, composto de 20 componentes com repertório sacro. No anexo 1, pode-se observar os resultados do 1º censo cultural da Bahia. No município, além da sede de Cairu, convém destacar o distrito de Galeão na ilha de Tinharé, cuja cultura local, inclusive entre os jovens, apresenta grupos de teatro, dança, capoeira e música. O município situa-se em uma região rica em bens culturais, possuindo dois sítios histórico-culturais classificados pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia – (IPAC), o Centro da cidade de Cairu (Foto 12 e 13) e o sítio de Morro de São Paulo. Além disso Cairu possui outros monumentos isolados, espalhados pelo município . FOTO 12 – CENTRO HISTÓRICO DA CIDADE DE CAIRU Fonte:Projeto Cairu 2030 – BID 2006 FOTO 13 – CENTRO HISTÓRICO DA CIDADE DE CAIRU RUA DIREITA Fonte : Inventário de Proteção do Acervo Cultural da Bahia – IPAC Centro histórico: englobando uma área de 3,79 ha do centro da sede de Cairu, o centro histórico vai da Praça da Matriz até o final da Rua Direita, próxima ao porto. O conjunto apresenta-se descaracterizado por falta da aplicação de um Plano Diretor e má conservação. Vários prédios estão com as fachadas alteradas e alguns já em ruína. O conjunto é protegido pelo IPAC, sendo proposto o tombamento estadual. Estão aí localizados 93 imóveis, na maioria edificada ou modificada no século XIX (IPAC 1988, P.12.396), (Figura 9). FIGURA 9 PLANTA DO CENTRO HISTÓRICO DA CIDADE DE CAIRU COM A LOCALIZAÇÃO DAS CONSTRUÇÕES. 6 Centro Histórico 6 Centro Histórico 1 Sobrado à Rua Direita 5 Convento de Santo Antonio 2 Sobrado Grande 4. Antiga Prefeitura 3. Matriz de N. S. do Rosário Convento de Santo Antonio 1 Matriz de N. S. do Rosário Sobrado à Rua Direita Sobrado Grande Antiga Prefeitura Localização do Centro Histórico Fonte: Inventário de Proteção do Acervo Cultural da Bahia – IPAC adaptação da autora 2 3 4 5 6 Quanto ao estado de conservação do centro histórico, 12,12% dos imóveis foram considerados satisfatórios, 75,76% em condições precárias e 12,12% em estado ruim. A totalidade das casas e sobrados cadastradas é de uso exclusivamente residencial e 78,79% são ocupadas por seus proprietários. Cerca de 83,85% da sua população é originária de Cairu, 15,38% de outros municípios IPAC (1988, p.12.396). A foto 14 corresponde a fotografia aérea do centro histórico da cidade de Cairu e o seu uso consiste num enriquecimento de informações para a pesquisa. FOTO 14 VISTA AÉREA DO CENTRO HISTÓRICO DA CIDADE DE CAIRU Fonte: Inventário de Proteção do Acervo Cultural da Bahia - IPAC Convento de Santo Antonio: localizado na praça da Prefeitura, centro histórico da cidade, o monumento data do século XVII. O conjunto de Igreja e Convento por estar construído em terreno elevado desfruta de uma bela vista do mar e sua fachada está voltada para o braço de mar que separa as ilhas de Cairu e Boipeba. O acesso ao Convento é feito pela ladeira da rua Direita. Segundo consta no Inventário de Proteção do Acervo Cultural da Bahia (IPAC), volume V (1988, p. 39). O Convento e Igreja do Santo Antonio é um conjunto de elevado valor monumental disposto em torno de um claustro e Ordem Terceira (inacabada), (Foto 15 e 16), (Figura 10 e 11). O teto da igreja tem pintura simplória, do século XIX, a torre terminação piramidal, revestida de azulejos policromados. O frontispício é barroco com pilastras, frisos e volutas de cantaria. A sacristia é ricamente ornada e azulejada com teto ilusionista e lavabo em lioz e mármore de Estremoz. O convento conserva muitas alfaias e imagens entre as quais a de Santo Antonio de Pádua (pedra), Nossa Senhora de Brotas (século XVII), crucificados, Santo Rosa de Viterbo e Nossa Senhora da Lapa. Igreja e convento possuem azulejos, do tipo de tapeçaria e figurados , dos séculos XVII e XVIII. O modelo arquitetônico da igreja e Convento de Santo Antonio influenciou o Convento de Paraguaçu e o de São Francisco do Conde. Pela sua importância histórica e cultural, o monumento mereceu tombamento por parte do IPHAN, através do processo no 258-T, Livro das Belas Artes, fls. 55, em 17 de outubro de 1941. O conjunto igreja e Convento está sendo restaurado desde 2005 com recursos do projeto Monumenta, do Ministério da Cultura, até então pelo professor restaurador da Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia e sua equipe José Dirson Argolo, que no momento está efetivando a segunda etapa do projeto de restauração (Anexos 2-9). Segundo Souza, (apud PEREIRA, 2004, v.1, p. 39) a igreja do convento franciscano de Cairu é um marco da arquitetura luso-brasileira cuja excepcional importância não foi ainda devidamente percebida. “Projetada nos meados do século XVII, sua frontaria foi a primeira construída no Brasil que se afiliava ao barroco – em razão do seu caráter cenográfico, da agitação dos seus contornos, de sua dramaticidade, do papel que a decoração nela desempenha. Ela foi, mesmo, duplamente pioneira, pois surgiu antes que uma fachada barroca aparecesse em Portugal. Criação de grande originalidade em que se mesclam traços provenientes da renascença italiana, do maneirismo alemão e do classicismo seiscentista lusitano, ela foi uma invenção brasileira que não tinha similares em Portugal e nos países europeus de arquitetura renomada. Foi ainda a primeiro alçado de igreja de concepção erudita erguida no Brasil que não seguiu nenhum modelo português. E foi também, dentro do universo das frontarias originais de igrejas do Brasil colonial, a que foi mais imitada, gerando uma verdadeira escola arquitetônica. A igreja franciscana de Cairu, cuja pedra fundamental foi lançada em 1654, representou uma verdadeira revolução na arquitetura religiosa brasileira, marcando o início de uma escola compositiva que durou mais de um século”. FOTO 15 VISTA AÉREA DO CONVENTO DE SANTO ANTONIO Fonte: Inventário de Proteção do Acervo Cultural da Bahia – (IPAC) FIGURA 10 SITUAÇÃO - CONVENTO DE SANTO ANTONIO Antiga Prefeitura Convento de Santo Antonio Rua Direita Fonte: Inventário de Proteção do Acervo Cultural da Bahia – (IPAC) FOTO 16 CONVENTO DE SANTO ANTONIO Fonte: Relatório dos projetos de restauração e revitalização da Igreja e Convento de Santo Antonio em Cairu. IDES: 2006 FIGURA 11 PLANTA - CONVENTO DE SANTO ANTONIO IPAC/BA LEGENDA 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. Fonte: Inventário de Proteção do Acervo Cultural da Bahia – (IPAC) Sala Quarto Sanitário Ruínas Pátio Sacristia Desocupado Depósito Capela-mor Capela lateral Nave Galilé Claustro Sala do Capítulo Copa Refeitório Cozinha Coro Cela Chaminé Biblioteca Vale destacar na Foto 17 a beleza da sacristia transversal do Convento de Santo Antonio comum na arquitetura franciscana do nordeste (IPAC,1988 ,p.40). FOTO 17 CONVENTO DE SANTO ANTONIO – SACRISTIA Fonte: Inventário de Proteção do Acervo Cultural da Bahia – (IPAC) Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário: O monumento do século XVII está situado numa elevação,e mirando o Convento de Santo Antônio, (Figura 9. p.66). A descrição do monumento consta no volume V do IPAC na página 41 e diz que o edifício e de elevado valor monumental. A planta da igreja é em forma de cruz, sua portada tem frontão partido em cantaria. O seu interior apresenta forros com cantos arredondados na nave e capela-mor, nesta última com um medalhão de Nossa Senhora do Rosário. Os altares são em talha neoclássica e a pia batismal de cantaria. As imagens existentes na igreja são de Nossa Senhora do Rosário, Nossa Senhora das Dores (roca), São José, São Miguel e um crucifixo. A igreja foi construída em 1610 a expensas de Domingos Fonseca Saraiva. O Prefeito de Cairu Hildécio Meireles decretou o tombamento do monumento arquitetônico e históricocultural da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário de Cairu, no Artigo 40, da Lei Municipal número 216, de 16 de janeiro de 2007. A Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário de Cairu é protegida pelo IPAC (foto 18 e 19), (figura 12 e 13). FOTO 18 MATRIZ DE N. S. DO ROSÁRIO Fonte: Inventário de Proteção do Acervo Cultural da Bahia – (IPAC) FIGURA 12 SITUAÇÃO - MATRIZ DE N. S. DO ROSÁRIO Rua Visconde de Cairu Matriz de N. S. do Rosário Fonte: Inventário de Proteção do Acervo Cultural da Bahia – (IPAC) FIGURA 13 PLANTA – MATRIZ N.S. DO ROSÁRIO Fonte: Inventário de Proteção do Acervo Cultural da Bahia – (IPAC) FOTO 19 MATRIZ DE N. S. DO ROSÁRIO – CAPELA MOR Fonte: Inventário de Proteção do Acervo Cultural da Bahia – (IPAC) Outros edifícios de valor histórico Sobrado à Rua Direita, nº 34: o edifício integra sítio inventariado pelo IPAC- Ba com dois pavimentos mais sótão, ver localização na (Figura 9. p 66) e (Figura 14) . O edifício teve o seu telhado substituído em 1976. Tem fachada simples e foi edificado no século XVIII, tem o vestíbulo com piso em tijoleira e pavimentos superiores assoalhados (Foto 20). A figura 15 se refere a planta do Sobrado à Rua Direita. FIGURA 14 SITUAÇÃO - SOBRADO À RUA DIREITA Sobrado à Rua Direita Fonte: Inventário de Proteção do Acervo Cultural da Bahia – (IPAC) FOTO 20 SOBRADO À RUA DIREITA – FACHADA PRINCIPAL Fonte: Inventário de Proteção do Acervo Cultural da Bahia – (IPAC) FIGURA 15 PLANTA - SOBRADO Á RUA DIREITA Fonte: Inventário de Proteção do Acervo Cultural da Bahia – (IPAC) Sobrado Grande do século XVIII: localizado na rua Barão Homem de Melo, forma a esquina no beco do Sobrado, ver localização na (Figura 9, p 66) e na (Figura16). Sua planta é retangular coberta por quatro águas e corredor central. Possui uma bela portada barroca e em 1950 sofreu uma grande reforma (foto 21), (Figuras 16 e 17) . FIGURA 16 SITUAÇÃO - SOBRADO GRANDE Sobrado Grande Fonte: Inventário de Proteção do Acervo Cultural da Bahia – (IPAC) FOTO 21 SOBRADO GRANDE Fonte: Inventário de Proteção do Acervo Cultural da Bahia – (IPAC) FIGURA 17 PLANTA - SOBRADO GRANDE Fonte: Inventário de Proteção do Acervo Cultural da Bahia – (IPAC) Sobrado do final do século XVIII – Antiga Prefeitura: localizado à entrada da cidade de Cairu, na Praça Marechal Deodoro, o prédio antigo da Prefeitura ver localização (Figura 9. p 66). Da fachada posterior do edifício, avista-se o braço de mar que separa Cairu do continente. O edifício integra o sitio inventariado pelo IPAC, sob o número 32201-0, 3-1001 (foto 22), Pode-se observar abaixo a localização do prédio da antiga prefeitura (Figuras 18) e na Figura 19 a planta do Sobrado. FIGURA 18 SITUAÇÃO – ANTIGA PREFEITURA Antiga Prefeitura Fonte: Inventário de Proteção do Acervo Cultural da Bahia – (IPAC) FOTO 22 ANTIGA PREFEITURA – FACHADA PRINCIPAL Fonte: Inventário de Proteção do Acervo Cultural da Bahia – (IPAC) FIGURA 19 PLANTA - ANTIGA PREFEITURA Fonte: Inventário de Proteção do Acervo Cultural da Bahia – (IPAC) Ainda na inventariação da oferta turística identificou-se que a cidade conta com aproximadamente 50 leitos e não tem recursos humanos capacitados para o turismo. Como o inventario indica a realidade da oferta existente no território fica evidente a necessidade de investimentos para a infraestrutura turística afim de que se possa implementar o turismo na cidade de Cairu. Uma outra opção de hospedagem surge na restauração proposta do Convento de Santo Antonio onde consta uma hospedaria com 19 apartamentos, nas antigas celas, mediante adequação funcional dos espaços existentes. As celas dos franciscanos, constam no projeto de restauração e revitalização do Convento proposto no convênio de cooperação técnica entre o IDES, UFBA , prefeitura de Cairu (2006), outras instituições parceiras como a PETROBRAS. (Figura 20). O inventário ainda registra um museu particular mantido pelo Sr. Gilson Mucugê Meireles, situado à rua Barão Homem de Mello, n 24, com um acervo histórico de 4.270 peças e documentos , desde o ano de 1972. Em relação a áreas livres para eventos artísticos culturais, são disponibilizadas as praças Cajazeiras e da Bandeira. A cidade possui serviços de comunicação, correios e posto telefônico, Sociedade Filarmônica do Centro Popular Caiurense e os demais equipamentos e serviços necessários ao funcionamento de qualquer espaço urbano, correspondente às necessidades de uma cidade de pequeno porte. A expansão do turismo para áreas periféricas se dá em função de fatores locacionais relacionados com a busca de ambientes naturas e culturais diferenciados (Silva e Coriolano, 2005, p.101) e também da presença de infraestrutura, equipamentos, serviços e qualidade de vida dos destinos. Segundo os indicadores de Crosby e Daries, também utilizados no processo de inventariação dos recursos da cidade de Cairu podem ser considerados dos seguintes pontos de vista: ♦ ambiental - A cidade de Cairu detém uma posição insular privilegiada, com um ecossistema rico formado por várias espécies da fauna e flora; ♦ turístico - Cairu possui Patrimônio Histórico e Paisagístico representado pelo Convento de Santo Antonio e por vários Sobrados e Casarões encontrados pela cidade, principalmente na Rua Barão Homem de Melo; FIGURA 20 PLANTA DO CONVENTO DE SANTO ANTONIO –SUPERIOR FONTE: Relatório dos projetos de restauração e revitalização da Igreja e Convento de Santo Antonio em Cairu. IDES: 1988 ♦ percepção – A população local mostra-se bastante hospitaleira e receptiva, percebe-se que existe uma migração considerável por parte dos jovens para os grandes centros urbanos como Salvador, em busca de emprego e educação. Uma característica marcante da cidade é a tranqüilidade, apesar de estar a apenas 306 km de Salvador, Cairu conserva o silêncio e a paz que atualmente não é possível ter nos centros urbanos e cidades próximas; ♦ antrópico - Como a cidade até o momento não foi invadida pelo turismo de massa, o planejamento turístico da cidade é imprescindível para que a atividade turística no local seja desenvolvida baseada nos pilares da sustentabilidade preservando os atrativos naturais e culturais, a comunidade local, suas manifestações, e seu cotidiano; Os segmentos de turismo podem ser estabelecidos a partir da identificação de elementos da oferta, a partir do reconhecimento do que realmente o território pode oferecer como atratividade sendo capaz de gerar fluxo de visitante. Os produtos e roteiros turísticos, de modo geral, são definidos com base na oferta em relação à demanda, pela identificação de certos grupos de consumidores caracterizados a partir das suas especificidades em relação a fatores que determinam suas decisões, preferências e motivações de modo a caracterizar segmentos ou tipos de turismo específicos. Assim, as características dos segmentos da oferta é que determinam a imagem do produto, ou seja, a sua identidade, e embasam a estruturação de produtos. O desenvolvimento turístico tendo como base a segmentação da oferta poderá trazer benefícios na melhoria de infra-estrutura, instalações e serviços diferenciados; maior consciência e proteção do ambiente e cultura locais; aperfeiçoamento dos padrões de utilização de recortes territoriais e dos espaços; novos mercados para produtos locais; rendimentos adicionais; oportunidade de trabalho e renda; novos conhecimentos e tecnologias; entrada de divisas estrangeiras e outros benefícios. Com base nos resultados, a pesquisa apontou possibilidades para o desenvolvimento do turismo cultural que compreende as atividades turísticas relacionadas à vivência do conjunto de elementos significativos do patrimônio histórico e cultural e dos eventos culturais, valorizando e promovendo os bens materiais e imateriais da cultura (Ministério do Turismo, 2006, p.10). A definição do Turismo cultural está relacionada à motivação do turista, especificamente de vivenciar o patrimônio histórico cultural de modo a preservar a sua integridade. Além disso, a cidade de Cairu tem potencialidades para outros segmentos que podem ser desenvolvidos como o Ecoturismo, Turismo Náutico e o Turismo de Pesca. As áreas inventariadas apresentam diferenciações e peculiaridades que, para serem criteriosamente avaliadas, precisam utilizar indicadores que caracterizem o potencial turístico dos recursos. A potencialidade turística de uma área corresponde à aptidão que ela tem para o desenvolvimento turístico. No entanto, esse desenvolvimento é suscetível de inventário dos recursos existentes. Os resultados da avaliação do inventário dos recursos, além de identificar os tipos de turismo, vão definir ações a serem implementadas para o desenvolvimento do recorte territorial onde se pretende intervir. Pesquisa com segmento da Comunidade Para avaliar melhor o conhecimento da comunidade em relação ao turismo fez-se também, paralelo a inventariação, uma pesquisa onde se priorizou a comunidade estudantil do ensino fundamental de nível médio do colégio Candido Meirelles, por ser um potencial de recursos humanos para o turismo. Esta pesquisa constituiu na aplicação de formulários (anexo 8), para identificar o sentimento desse segmento em relação ao turismo cultural que se pretende desenvolver em Cairu, e cujos resultados estão relacionados nas figuras 21 a 29 . Na observação feita, quando do trabalho de campo, ficou demonstrado pelos jovens a importância da atividade de pesca para o município: 47% dos entrevistados disseram que a pesca continua sendo a principal atividade econômica do município, mesmo sem dados estatísticos que possam comprovar essa realidade. O turismo vem em segundo lugar com 27%, seguido da produção da piaçava, com 13%, e do dendê com 10%. O comércio também é inexpressivo com 3%, devido ao abastecimento do município ser feito quase totalmente em Valença (Fig.21). FIGURA 21 IMPORTÂNCIA DAS ATIVIDADES ECONÔMICAS DE CAIRU: PERCEPÇÃO DOS MORADORES (ESTUDANTES) 10% 3% 13% PESCA 47% TURISMO E CULTURA PIAÇAVA DENDE COMÉRCIO 27% Fonte: pesquisa da autora em Cairu - 2007 Como principais bens representativos da cultura e da história da cidade de Cairú, os entrevistados escolheram o Convento de Santo Antonio com 72%, pois é o principal elemento histórico, seguido da Igreja Matriz com 7%. Outros patrimônios não identificados foram citados com 14%, possivelmente existentes no município. Observa-se que a igreja de São Francisco Xavier embora localizada em Galeão (ilha de Tinharé), foi citada na percepção da comunidade e tem representatividade na cultura de Cairu com 7% (Fig.22). FIGURA 22 BENS REPRESENTATIVOS DA CULTURA E DA HISTÓRIA - CAIRU:PERCEPÇÃO DOS MORADORES (ESTUDANTES) CONVENTO DE SANTO ANTONIO 14% 7% IGREJA MATRIZ N. SRA. DO ROSÁRIO 7% 72% Fonte: pesquisa da autora em Cairu – 2007 IGREJA DE SÃO FRANCISCO XAVIER OUTROS PATRIMÔNIOS Ao patrimônio histórico-cultural da cidade de Cairu pode-se integrar outros atrativos do município para que se possa formatar roteiros turísticos integrados que permitam uma maior permanência do turista no destino. Assim sendo, verificou-se a representatividade de alguns atrativos e destacaram-se dentre eles: o Convento de Santo Antonio, com 27%, a Fortaleza de Morro de São Paulo, na ilha de Tinharé, com 23% e a Igreja do Espírito Santo na ilha de Boipeba com 10% (Fig. 23). FIGURA 23 ELEMENTOS REPRESENTATIVOS DA CULTURA DO MUNICÍPIO CAIRU:PERCEPÇÃO DOS MORADORES 3% (ESTUDANTES) 10% 27% CONVENTO DE SANTO ANTONIO PORTAL DO MORRO DE SÃO PAULO FORTALEZA DE MORRO DE SÃO PAULO CONGO 13% 7% 7% CHEGANÇA ARQUIPELAGO DE CAIRU IGREJA DO ESPIRITO SANTO 10% 23% OUTROS Fonte: pesquisa da autora em Cairu - 2007 Os Santos da Igreja Católica, na preferência dos entrevistados teve em São Benedito 44%, visto ser ele o padroeiro da cidade (Fig.24). Segue na preferência Nossa Senhora do Rosário que aparece com 23% e Santo Antonio com 13%. FIGURA 24 SANTOS DA IGREJA CATÓLICA DE MAIOR REPRENTATIVIDADE CAIRU:PERCEPÇÃO DOS MORADORES (ESTUDANTES) 13% 3% 17% SANTO ANTONIO SÃO BENEDITO NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO 23% 44% OUTROS SANTOS PROTETORES NÃO RESPONDERAM Fonte: pesquisa da autora em Cairu - 2007 Com relação à preferência pelas festas populares, a pesquisa confirmou a importância do ciclo de festas que envolve a festa de São Benedito correspondendo a 63%. Observa-se que a festa de Santo Antonio ocorre em todas as localidades do município, inclusive na cidade de Cairu e a sua representatividade corresponde a 17%. As demais festas populares variam os seus percentuais de preferência entre 13% e 7% (Fig.25). FIGURA 25 FESTAS POPULARES PREFERIDAS PELOS JOVENS DA CIDADE DE CAIRU:PERCEPÇÃO DOS MORADORES (ESTUDANTES) 17% OUTRAS FESTAS POPULARES 7% SÃO BENEDITO 13% 63% FESTA N. SENHORA DO ROSÁRIO SANTO ANTONIO Fonte: pesquisa da autora em Cairu - 2007 Com relação às preferências musicais e de dança, 50% não tiveram interesse em responder, enquanto os outros 50% tem preferência por rock, reggae, hip hop, axé etc. Interessante observar que numa cidade colonial do Século XVI, com patrimônio histórico cultural do período, os jovens entrevistados não tenham internalizado o conceito de cultura e de conhecimento relacionado a esse precioso patrimônio (Fig.26). É de supor a falta desse tipo de informação na educação formal. FIGURA 26 PREFERÊNCIA MUSICAL DOS JOVENS DA CIDADE DE CAIRU:PERCEPÇÃO DOS MORADORES (ESTUDANTES) 3% ROCK 3% REGGAE 7% MÚSICA EVANGÉLICA 13% HIP HOP 50% AXÉ 7% 7% PAGODE 10% OUTRAS NÃO RESPONDERAM Fonte: pesquisa da autora em Cairu - 2007 Com relação a vocação para trabalhos culturais, 37% dos interessados demonstraram interesse pela dança, 30% interesse pela música e 20% interesse pela gastronomia (Fig.27). Isso pode comprovar o interesse dos jovens em participar do desenvolvimento do turismo cultural e a sua inserção na cadeia produtiva de Cairu. FIGURA 27 VOCAÇÃO DOS JOVENS DA CIDADE DE CAIRU PARA TRABALHOS CULTURAIS: PERCEPÇÃO DOS MORADORES (ESTUDANTES) MÚSICA 7% 3% 3% 30% DANÇA ARTESANATO 20% GASTRONOMIA 37% NÃO TEM VOCAÇÃO OUTROS Fonte: pesquisa da autora na cidade de Cairu 2007 Na percepção dos jovens entrevistados sobre esses elementos para um design turístico da cidade de Cairu, os maiores percentuais couberam 40% ao Convento de Santo Antonio, e 17% ao mar, o que se justifica pelo fato da cidade de Cairu está dentro de uma ilha. A piaçava aqui citada com 7% é porque corresponde a uma atividade econômica tradicional. A igreja de São Francisco Xavier, embora citada como elemento necessário ao design turístico da cidade de Cairu, com 10%, pertence a Galeão (Ilha de Tinharé), isso remete a percepção integrada que se tem do município de Cairu e da cidade do mesmo nome pelos moradores. Os demais recursos culturais ou naturais fazem parte do cenário paisagístico da cidade com uma variação de 7% a 3% (Fig.28). FIGURA 28 ELEMENTOS NECESSÁRIOS AO DESIGN TURÍSTICO DA CIDADE DE CAIRU: PERCEPÇÃO DOS MORADORES (ESTUDANTES) 17% CONVENTO DE SANTO ANTONIO O MAR 3% 40% 3% PALMEIRAS A CULTURA 3% A MATRIZ N. SRA. DO ROSÁRIO PIAÇAVA 7% MINHA RUA 3% IGREJA SÃO FRANCISCO XAVIER 10% 7% 7% POSTO DA CIDADE NÃO RESPONDERAM Fonte: pesquisa da autora na cidade de Cairu 2007 Observa-se que 86% dos entrevistados demonstraram interesse em trabalhar com o turismo e apenas 7% não tiveram interesse, isso demonstra que a vocação turística da cidade de Cairu já foi despertada para a inserção dos seus habitantes inclusive dos jovens (Fig.29). FIGURA 29 INTERESSADOS EM TRABALHAR COM O TURISMO NA CIDADE DE CAIRU: PERCEPÇÃO DOS MORADORES (ESTUDANTES) 7% 7% SIM NÃO TALVEZ 86% Fonte: pesquisa da autora na cidade de Cairu 2007 Concluindo a inventariação da oferta turística de Cairu, defini-se a importância dos seus resultados para o planejamento do desenvolvimento turístico da cidade pois, irá possibilitar aos atores sociais do turismo: o orientar a exploração do território para o turismo; o ajudar na definição dos tipos de turismo; o orientar a definição dos investimentos necessários, tanto para infra-estrutura básica, quanto para infra-estrutura turística para os tipos de turismo ; o fornecer informações que subsidiem planos / projetos; o identificar as diferenciações e peculiaridades locais que podem ser transformadas em vantagens competitivas para o turismo; o formar um banco de dados. 5 AS PERSPECTIVAS PARA O TURISMO NA CIDADE DE CAIRU Estabelecendo uma analogia com o turismo, têm-se em primeiro lugar os atores sociais, que são chamados por Lage e Milone (1991, p. 30) de agentes econômicos do turismo. São representados pelos turistas (consumidores), empresas turísticas, governo e comunidade anfitriã. Coelho e Fontes (1998, p. 72) definem atores locais como “todas as pessoas e instituições que no campo político, econômico, social e cultural se constituem em sujeitos de desenvolvimento local”. Os atores locais estão englobados na população local e seus representantes, os indivíduos responsáveis pelas decisões político institucionais, os técnicos e profissionais, comprometidos com a construção de um novo estilo de desenvolvimento. Em Cairu, objeto deste estudo, os atores sociais estão presentes e exercem suas funções na sociedade, apesar de algumas iniciativas associativas, a população não está circunstancialmente organizada. Isso dificulta o sentimento de solidariedade e a formação de uma cultura política de direitos, em que as elites e os grupos sociais organizados possam se tornar parceiros do governo local, e os habitantes, parceiros da gestão dos recursos socio-espaciais da comunidade. No caso do turismo, necessário se faz um entendimento sobre os tipos de aglomerações de atividades ligadas a produção do turismo nos diferentes territórios e a inserção dos atores sociais no processo de produção do turismo. Na estruturação do produto turístico é preciso conhecer a cadeia produtiva que envolve os diferentes setores, além de desenvolver formas diferenciadas de articulação e governança. Segundo o termo de referência para atuação do sistema SEBRAE em Arranjos Produtivos Locais (APL), os diferentes tipos de aglomerados referidos na literatura, tais como distritos e pólos industriais, clusters, arranjos produtivos locais, redes de empresas, entre outros, em uma região pode apresentar-se em diferentes tipos de aglomerações e assim, cada empresa pode participar com diversas formas de interação. No Glossário do termo de referência de Arranjos Produtivos Locais – SEBRAE, citado por França e Amaral (2005, p.30), arranjos produtivos são aglomerações de empresas, localizadas em um mesmo território, que apresentam especialização produtiva e mantêm um vínculo de articulação, interação, cooperação e aprendizagem entre si e com outros atores locais, tais como: governo, associações empresariais, instituições de crédito, ensino e pesquisa. Arranjos produtivos em turismo podem ser entendidos como aglomerações de atividades ligadas a produção do turismo. Essas atividades são desenvolvidas através da cadeia produtiva dos segmentos turísticos, dos atores sociais do turismo e suas competências objetivam qualificar e desenvolver o turismo de forma sustentável (FRANÇA; AMARAL, 2005, P.30). Com planejamento e conscientização não somente serão construídas políticas de turismo sustentáveis como processos identitários que incorporem os saberes e fazeres presentes no território do desenvolvimento do turismo. Deve-se ressaltar que a definição identitária dos indivíduos, entretanto pode trazer o risco de consolidar um conjunto de valores tão específicos que dificultam a própria relação do grupo com o mundo que o cerca. Fortalecer esta identidade é a condição básica da coesão necessária. Constata-se, no entanto em Cairu a existência de diversas instituições e entidades onde os seus programas e ações não tem avançado tanto quanto seria desejável, exatamente por estarem esperando a concepção de uma visão estratégica global que possa definir o papel de cada instituição e a sua real contribuição o para o interesse comum do Município. Em relação a isso destaca-se o posicionamento assumido por diversas instituições e entidades, umas de natureza local como é o caso da Associação dos moradores e amigos de Boipeba (AMABO), a Associação dos moradores e amigos de Garapuá (AMAGA) e a Associação dos Hotéis e Pousadas do Morro de São Paulo, Associação de Municípios do Baixo Sul (AMUBS). Outras de natureza e âmbito de atuação territorial mais extensa, como por exemplo a PETROBRAS do Banco Interamericano de desenvolvimento (BID), a Universidade Livre da Mata Atlântica (UMA), cuja sede está na cidade de Cairu, PRODETUR II , cujo Plano de Desenvolvimento Integrado de Turismo Sustentável (PDITS) foi elaborado pela equipe da Fundação Getulio Vargas, Universidade Federal da Bahia (UFBA) e do Instituto de Desenvolvimento do Baixo Sul (IDES) e das várias Fundações e Institutos instalados no território. Vale a pena citar neste capítulo que fala sobre as perspectivas para o turismo o projeto de produção de gás natural da PETROBRAS no campo de Manati que está situado na Bacia de Camamu, na costa do Município de Cairu, numa profundidade entre 35 e 50 metros. As reservas totais de gás deste campo equivalem a cerca de 24 bilhões de metros cúbicos e correspondem, aproximadamente, a 40% da reserva de gás da Bahia (Secretaria de Turismo do município de Cairu, 2007). A incompatibilidade entre turismo e exploração de petróleo tem sido ponto de discussão neste território. Ambientalistas e pousadeiros, pescadores e o Ministério Público de vários municípios têm vivenciado um conjunto de audiências públicas. Recentemente, estudos sísmicos e explorações de petróleo em caráter experimental têm sido apontados como principais suspeitos de uma ampla mortandade de peixes entre Barra do Carvalho, em Ituberá, e Ponta do Ramo, em Ilhéus. Medidas de compensação ambiental, ações preventivas e medidas de adequação desta atividade de modo a minimizar riscos sobre a paisagem e qualidade ambiental dos estuários são vistas como prioridade neste momento de atuação de empresas como Petrobrás e El Paso. Na área ambiental foram adotados vários procedimentos, como a escolha da rota do gasoduto que foi baseada em critérios técnicos, também para garantir a menor interferência socioambiental. A Petrobrás monitorou fauna e flora (terrestre e aquática), com resgate de animais em locais onde foi necessário suprimir alguma vegetação. Também foram monitoradas a qualidade de água e sedimentos, corais, bem como a atividade pesqueira na área de influência do empreendimento. A concepção do projeto já foi feita de forma a minimizar os impactos ambientais da implantação da obra, utilizando inclusive faixas de dutos já existentes. O empreendimento apóia algumas ações socioambientais locais, iniciando um processo de parceria. Quanto aos royalties existe a obrigatoriedade legal de pagar sobre a exploração de gás natural na plataforma continental do município de cairu. O município recebeu até o mês de outubro de 2007 a quantia de R$ 1.376.564,61. Neste momento o projeto Manati opera com 80% da capacidade, esperando-se chegar a plena capacidade no final do ano, quando também os royalties chegarão a um valor estimado de R$ 420.000,00 por mês. Todas essas instituições, projetos e atividades na medida em que forem sendo inseridas no desenvolvimento do município de Cairu poderão ser parceiras da atividade turística através dos arranjos produtivos que forem sendo estruturados no planejamento turístico proposto para Cairu . A necessidade de formar arranjos produtivos no turismo é uma forma de integração e cooperação para que todos aumentem o valor agregado do produto turístico e se beneficiem desse valor. O surgimento de uma nova mentalidade envolvendo os atores sociais do turismo permitirá que se forme uma cadeia produtiva local fortalecida que poderá interagir em diferentes escalas. 5.1 Entendendo a segmentação da oferta turística Segundo Coriolano e Silva (2005 p.105), a geografia dedica especial atenção à oferta turística, que constitui o próprio espaço geográfico. Os territórios turísticos ocorrem quando o lugar torna-se recurso capaz de gerar relações turísticas com seus serviços, equipamentos. Os recursos naturais e culturais são objetos geográficos, segundo Santos (1997, p.105), e estão inseridos e distribuídos de forma diferenciada, conferindo ao turismo uma dimensão espacial. O espaço turístico é um lugar determinado, onde estão os atrativos naturais e culturais, os serviços turísticos e a infraestrutura portanto uma das características mais importantes é identificar aspectos naturais ou culturais que façam a distinção dos outros destinos turísticos demonstrando o seu caráter diferencial. É por entender a complexidade de um território com vocação para o turismo que Coriolano e Silva (2005, p. 137) afirmam que o que pode ser pensado para um lugar não necessariamente deve ser pensado para outro. Entende-se que um dos grandes problemas para municípios é a falta de organização desses espaços. Adotar medidas corretas e seguras a partir da identificação dos recursos turísticos constitui um grande desafio para gestores públicos, privados e comunidades envolvidas. No estudo das regiões turísticas de um espaço geográfico as características e potencialidades similares capazes de serem articuladas é que definem um território. Segundo Coriolano e Silva (2005, p.136), na análise de conceitos geográficos, território é uma categoria geopolítica, produzido por ações políticas e socioeconômicas que remetem às relações de força e poder a região, um espaço segmentado componente de um espaço geográfico maior que pode ser trabalhado de forma integrada. Nesse sentido, pode-se perceber que, no território turístico, as relações de força e poder estão presentes, principalmente nos modelos ainda adotados, onde fica clara a concentração de renda nas mãos do grande empresário. Quanto a região ela pode ser trabalhada de forma integrada planejando-se roteiros integrados e uma gestão compartilhada com as comunidades. Diante da importância do reconhecimento das potencialidades do lugar, o Ministério do Turismo no âmbito do Programa de Regionalização do Turismo orienta como estratégia para organização do turismo, a segmentação da oferta turística. Segundo o MTur (2006, p.3) a segmentação é entendida como uma forma de organizar o turismo para fins de planejamento, gestão mercado. Os segmentos turísticos podem ser estabelecidos a partir dos elementos de identidade da oferta e também das características e variáveis da demanda. Os segmentos de turismo podem ser definidos, a partir do reconhecimento do que realmente o território pode oferecer como atratividade capaz de gerar fluxo de visitantes, de modo geral com base na oferta em relação à demanda, pela identificação de certos grupos de consumidores caracterizados a partir das suas especificidades em relação a fatores que determinam suas decisões, preferências e motivações caracterizando segmentos ou tipos de turismo específicos. Assim, as características da oferta é que determinam a imagem do produto, ou seja, a sua identidade e embasam a estruturação de produtos e a organização de diferentes segmentos de turismo como: Ecoturismo, Turismo Rural, Turismo de Aventura, Turismo Cultural e outros. Os diferentes segmentos de turismo exigem organização e atividades com práticas, experiências, vivências e outros como forma de agregação de valor. O desenvolvimento turístico tendo como base a segmentação da oferta poderá trazer benefícios na melhoria de infra-estrutura, instalações e serviços diferenciados; maior consciência e proteção do ambiente e cultura locais; aperfeiçoamento dos padrões de utilização de recortes territoriais e dos espaços; novos mercados para produtos locais; rendimentos adicionais; oportunidade de trabalho e renda; novos conhecimentos e tecnologias; entrada de divisas estrangeiras e outros benefícios. No Plano Nacional de Turismo (2003), o Macro Programa 4 estabelece, o Programa de Regionalização do Turismo – Roteiros do Brasil, incorporando noções de território e de arranjos produtivos. O Programa com foco nas regiões turísticas, solicitou que os estados iniciassem o levantamento dos segmentos turísticos presentes nas regiões, aproveitando as potencialidades e diferenças de cada local A partir dessa identificação ficou demonstrado que a maioria dos estados desconhece as características de cada segmento, gerando confusão conceitual e inviabilizando o desenvolvimento integral do potencial turístico dessas áreas. Como resultado desse processo foram criados os manuais de orientações básicas para a estruturação dos segmentos turísticos nas regiões turísticas do Programa de Regionalização do Turismo – Roteiros do Brasil, que teve como objetivo a definição das diretrizes necessárias para a organização dos produtos que caracterizam os segmentos. A cidade de Cairu pode se beneficiar dessas orientações, visto que nesses manuais estão contidas as orientações para implementar o turismo cultural. A segmentação é uma estratégia para a organização dos segmentos da oferta turística. 5.2 Turismo Cultural O modo como a atividade turística foi estruturada em muitas localidades revelou-se prejudicial ao patrimônio cultural, por diversos motivos como a falta de recursos humanos especializados, pela visitação descontrolada, pelo desrespeito em relação à identidade cultural local, pela imposição de novos padrões culturais, e também pelo despreparo do turista para a experiência turistica cultural (Mtur, 2006, p.9.). Surge, então, a necessidade de implementar ações conjuntas entre as áreas do turismo e da cultura. O desenvolvimento da atividade turística deve alinhar-se aos objetivos da manutenção do patrimônio e da valorização das identidades culturais A concepção do conceito de Turismo Cultural foi obtida através de consenso entre o MTur e os órgãos que trabalham com a cultura e adotado para fins de direcionamento de políticas públicas para o segmento . No Turismo Cultural o turista busca vivenciar o patrimônio histórico cultural através do conhecimento, aprendendo e entendendo o objeto da visitação e de experiências que podem ser participativas (exemplo: a Semana Santa em Nova Jerusalém, em Pernambuco), contemplativas (exemplo: apreciação das obras de Aleijadinho em Congonhas – Minas Gerais) ou de entretenimento (festivais de dança). Para a organização do Turismo Cultural, aspectos históricos e culturais ainda não registrados ou que não constam na história oficial da comunidade são fundamentais como a vivência histórica e os modos de vida, que incorporados ao turismo enriquece a experiência do turista. Uma das ações fundamentais para o desenvolvimento do Turismo Cultural é o envolvimento da comunidade. Ela precisa ter consciência da importância do seu patrimônio para o turismo e buscar o conhecimento dos valores culturais locais. Para tanto, recomenda-se a realização de um trabalho de Educação Patrimonial. A estruturação do produto turístico cultural deve estar relacionada ao desenvolvimento das estruturas físicas, com atrativos e equipamentos em condições adequadas para a visitação. A manutenção das condições físicas dos atrativos é fundamental para cada tipo de visitação como forma de garantir a qualidade da experiência e a integridade do atrativo. Os bens e atividades culturais são alvo dos meios de comunicação de massa, que propagam a sua produção em grandes proporções, estimulando o seu conhecimento, atingindo assim, turistas potenciais que podem se deslocar para usufruir da cultura. O resultado do inventário da oferta turística evidencia que o patrimônio histórico cultural de Cairu, embora pequeno, é de grande significação e significado histórico o que possibilita o desenvolvimento do Turismo Cultural. O que se propõe é desenvolver o Turismo Cultural, pois existe potencialidade para tal. Cairu integra a Zona Turística da Costa do Dendê, mas a atividade turística na cidade de Cairu é ainda pontual, razão pela qual não conta com agências de viagens e turismo, nem mesmo uma demanda turística efetiva. Sua infra- estrutura para o turismo é inexpressiva. Pelo fato de estar localizada numa ilha tem potencial para outros segmentos turísticos como o Ecotuismo, Turismo de Pesca e Turismo Náutico, contudo sua vocação maior se orienta para o Turismo Cultural, pois os outros segmentos, incluindo também o Turismo de Sol e Praia, já se desenvolvem nas ilhas de Tinharé e Boipeba com demandas consolidadas. A cidade de Cairu tem um patrimônio histórico cultural significativo, necessitando, no entanto, de preservação e resignificação para se constituir num recurso sobre o qual se apóie o desenvolvimento dos diversos setores da comunidade. Os setores produtivos da cidade de Cairu (serviços e comércio) por si só não alavancam um dinamismo para a economia local, e neste sentido surge a proposta de incorporar o Turismo Cultural como um novo vetor para o desenvolvimento dando ao seu patrimônio um uso turístico. 5.3 Problemas e perspectivas de implantação do turismo na cidade de Cairu Para implantar o turismo na cidade de Cairu necessário se faz considerar alguns problemas tais como: ♦ Isolamento – o município de Cairu pelas suas características geográficas é formado por várias ilhas dispersas no território o que provoca isolamento entre as localidades devido a dificuldade de acesso e transporte. Esse isolamento já representa um entrave para o desenvolvimento econômico e social e deve ser considerado no momento de se integrar essas localidades a um roteiro turístico; ♦ acesso – embora a dificuldade de acesso tenha ajudado na preservação e conservação do patrimônio natural e cultural do município, em relação ao desenvolvimento turístico essa questão dever ser amplamente discutida com todos os atores sociais do turismo; ♦ pouca diversificação de segmentos econômicos – a estrutura econômica do município de Cairu apresenta um reduzido aproveitamento de seus recursos naturais e culturais não possibilitando a existência de um sistema produtivo local capaz de atender a uma demanda turística crescente; ♦ elevada taxa de pobreza – devido a uma economia primária muito ligada a agricultura de subsistência, pesca e extração vegetal não existe grandes oportunidades de empregos formais, o que faz grande parte da população potencialmente ativa sobreviver de atividades informais; ♦ ausência de uma cultura de cooperação – resulta da falta de associativismo, de organização dos segmentos sociais locais e da própria baixa estima dos residentes visto não vislumbrarem perspectivas de mudanças nas diferentes gestões nas ultimas décadas; ♦ capacitação institucional - traduzida na ausência de instrumentos de gestão capazes de promover as intervenções necessárias para um processo de desenvolvimento local; ♦ área de Proteção ambiental – incluir a cidade de Cairu na APA Tinharé-Boipeba. Em relação as perspectivas para o desenvolvimento turístico da cidade de Cairu convém lembrar que em 1996 a Embratur desenvolveu o Programa Nacional de Municipalização do Turismo (PNMT), cujo foco era o município. Esse Programa era considerado como um processo que visava o desenvolvimento da conscientização, sensibilização, estimulo e capacitação dos vários agentes de desenvolvimento que compunham a estrutura do município. Nesse processo capacitava-se os agentes locais para que de forma participativa pudessem assumir a gestão do turismo. Os princípios desse Programa estavam centrados na descentralização, sustentabilidade, parcerias, mobilização e capacitação. Embora o governo atual optasse pelo Programa de Regionalização do Turismo, não se anulou o foco no município, pois a regionalização amplia o espaço geográfico, mas dentro desse espaço estão as unidades municipais que compõem a região. Para que a regionalização se efetive torna-se necessário fortalecer cada um dos seus municípios. Neste sentido, não se vê de outra forma um desenvolvimento turístico de um pequeno município/cidade periféricos se não desenvolvendo propostas participativas envolvendo a comunidade através de ações de cidadania para favorecer o resgate do cotidiano e assim fazer a reapropriação do espaço e nele estabelecer uma relação de solidariedade onde todos governo e residentes satisfaçam as necessidades indicadas para o desenvolvimento do turismo como: ♦ acesso e acessibilidade ♦ saúde e segurança ♦ saneamento básico ♦ educação e comunicação, ♦ valorização da cultura e da sociedade ♦ conservação e preservação ambiental, pois todos os elementos do espaço se entrelaçam e interagem . Cairu, como qualquer cidade de tradição histórica, vive uma dicotomia, o que foi com seu rico patrimônio, sem aproveitamento, e o que deseja ser, sem contudo receber investimentos necessários para o seu desenvolvimento. Na proposta de desenvolvimento do Turismo Cutural para Cairu, a reapropriação do seu espaço deverá ser contemplada com: ♦ políticas, padrões, e incentivos por parte do governo visando promover a conservação dos recursos naturais , a preservação da cultura local e a definição de áreas protegidas: ♦ serviços, produtos locais e hospitalidade por parte da comunidade; ♦ equipamentos, instalações e serviços turísticos pelos empresários. O desenvolvimento do turismo traz diferentes conseqüências, tanto negativas quanto positivas. O mais seguro é promovê-lo de modo processual com um método de gestão adequada para que seja sustentável e consequentemente contribua com a melhoria da qualidade de vida das comunidades. 5.4 Plano estratégico de turismo sustentável para a implementação do Turismo Cultural na cidade de Cairu Após a identificação da potencialidade turística da cidade de Cairu, indicada pela inventariação da oferta turística torna-se necessário sugerir um plano para a implementação do turismo local. O planejamento ocorre através de um processo sistemático onde objetivos devem ser definidos clara e realisticamente. Embora existam níveis de planejamento diferentes em nível local segundo a Organização Mundial de Turismo (OMT, 1993, p.50), os planos de turismo são preparados para loteamentos, cidades, vilas, bem como para varias formas de turismo que se pretende desenvolver na área. No lugar devem existir normas e planejamento para que as instalações turísticas sejam localizadas adequadamente e respeitem as condições ambientais. A OMT recomenda que deve existir a participação da comunidade no planejamento, no desenvolvimento do turismo e na sua gestão. Devem ser considerados os princípios do turismo sustentável como orientação para uma visão mais ampla das políticas e práticas locais em relação ao turismo. Nesses princípios destacam-se: • estratégias de conservação dos recursos; • ética e respeito a cultura e ao ambiente do lugar; • distribuição de benefícios gerados pelo turismo à comunidade; • proteção e utilização adequadas do ambiente natural e humano; • gestão participativa do turismo. O plano para o desenvolvimento turístico que se propõe para a cidade de Cairu não difere muito dos modelos desenvolvidos nas diversas regiões quanto a sua estrutura, porém ressalta o papel fundamental da comunidade. A OMT (1993, p.32) diz que um processo de desenvolvimento do turismo para atingir um consenso na comunidade, de modo a conseguir uma compreensão e acordo no que se refere à forma e volume apropriados do turismo a ser desenvolvido na área e gerar benefícios, depende da participação da comunidade em todas as fases do planejamento. Amaral (1998, p.248) reforça esse pensamento quando diz que: a educação é a base para qualificar ou requalificar os destinos turísticos, pois as comunidades que possuem informações e conhecimentos valorizam seus recursos, defendem sua identidade e desenvolvem uma consciência critica da sua realidade. A partir daí, a comunidade pode participar do desenvolvimento do turismo e assumir as responsabilidades que lhes forem atribuídas, além de conhecer os mecanismos do processo turístico. É necessário que a comunidade conheça e valoriza o seu patrimônio. O Plano estratégico de turismo sustentável que se propõe para implementar o turismo na cidade de Cairu deve seguir os seguintes passos: 1. Análise da situação atual – revisão e compatibilização do inventário, diagnósticos e outras ações elaboradas anteriormente que sirvam de orientação para o plano estratégico de turismo sustentável para a cidade de Cairu. Nesta etapa se propõe a fazer também, a análise dos impactos econômicos que a cidade pode ter com a implementação do turismo cultural, a análise dos impactos sócio-culturais, considerando quais as mudanças que podem ocorrer e a análise dos impactos ambientais, para a conservação e proteção dos recursos culturais e naturais da cidade de Cairu. Nesta etapa serão identificados os pontos fortes e fracos, além de investigar como a comunidade percebe o turismo na sua localidade. 2. Objetivos e estratégias - nesta etapa devem ser definidos os objetivos e as estratégias para o desenvolvimento do turismo na cidade de Cairu. 3. Estudos de mercado – consistem nos estudos e na seleção de mercados prioritários para o segmento de Turismo Cultural. Nesta etapa deve-se definir também o posicionamento do produto cultural da cidade de Cairu e os diferenciais competitivos. 4. Estruturação da oferta turística – segundo Petrocchi (2004, p. 292), a estruturação da oferta, é o processo de seleção e organização de serviços para oferecer ao turista. Deve-se nesta etapa definir o produto turístico da cidade de Cairu, composto pelos seus atrativos, serviços de transporte, hospedagem e outros serviços complementares. Quanto maior a diversidade de opções e atividades, maiores serão as possibilidades de se criar produtos diferenciados. Além de estimular a permanência do turista por um tempo maior, incentiva a visitação nos períodos de baixa estação. 5. Recursos humanos e formação profissional - nesta etapa devese planejar e elaborar um programa de capacitação em turismo, envolvendo todos os atores sociais do turismo na cidade de Cairu. 6. Elaboração da promoção e comercialização – deve-se definir o tipo de promoção e comunicação adequado ao produto cultural da cidade de Cairu, o preço dos roteiros turísticos e o local de venda (agências de viagens). 7. Controle, monitoramento e avaliação – é um passo necessário, pois com o controle e o monitoramento se possibilita corrigir os desvios que existirem e subsidiar as demandas que surgirem. A avaliação servirá para medir os resultados que se obtiver com a aplicação do plano. 5. 5 Sugestão para o Roteiro Turístico Integrado São muitas as opções de roteiros turísticos na região da Costa do Dendê e várias maneiras de se chegar ao município de Cairu, por acesso terrestre, marítimo e aéreo. Nos 8 roteiros turísticos sugeridos são apresentados os principais atrativos histórico-culturais do município de Cairu, envolvendo as três ilhas: Cairu, Tinharé e Boipeba. A cidade de Cairu não é conhecida pelos turistas, apenas as ilhas de Tinharé e Boipeba são visitadas pelas suas belezas naturais. Dessa forma, a sugestão dos roteiros tem o objetivo de integrar todo o município de Cairu e agregar o Turismo Náutico, o Ecoturismo e o Turismo de Sol e Praia ao Turismo Cultural da cidade de Cairu. Sendo assim, o turista poderá permanecer por mais tempo na região, gerando receita, trabalho e renda para as comunidades anfitriãs. Esse é o principio do Programa de Regionalização do Turismo, proposto pelo Ministério do Turismo em 2002. Na tabela 7 são apresentados os atrativos histórico-culturais do município que fazem parte dos 8 roteiros turísticos propostos. TABELA 7 - ATRATIVOS HISTÓRICO-CULTURAIS DO MUNICÍPIO DE CAIRU LOCALIDADE TIPO DE ATRATIVOS TURÍSTICOS TURISMO Cairu Histórico- Igreja e Convento de Santo Antonio Matriz N.S. cultural do Rosário Sobrado à rua Direita Sobrado Grande Antiga prefeitura Galeão Histórico- Igreja de São Francisco Xavier cultural Casa com Varanda de Ferro Morro de Histórico- Fortaleza de Morro de São Paulo, Forte da São Paulo cultural Ponta século Fonte Grande Igreja de Nossa Senhora da Luz Boipeba Histórico- Matriz do Divino Espírito Santo cultural Fonte: Elaboração da autora Roteiro 1 ACESSO TERRESTRE AO MUNICÍPIO DE CAIRU SAINDO DE SALVADOR DE CARRO Itinerário: Salvador- Valença – cidade de Cairu – Valença - Salvador Tempo do roteiro: 3 dias 1º dia Salvador – Valença Pela manhã de carro, saindo de Salvador com destino a Valença, num percurso de 277 km, aproximadamente 3 horas 37 minutos, deve-se utilizar a rodovia BR 324 até o entroncamento com a rodovia BR-101 próxima a Feira de Santana, seguindo 95 km até Santo Antonio de Jesus, onde há duas opções: • Entrar na BA-245 percorrendo 30 km até Nazaré; daí seguir 45 km pela BA-001 até Valença; • Continuar por 47 km pela BR-101 até o entroncamento da BA542, percorrendo 30 km até Valença. Em Valença almoço em restaurante típico de mariscos e pela tarde visita aos atrativos turísticos. Valença conta com um cais do porto e um rico patrimônio histórico que convive em harmonia com os barcos pitorescos que povoam o Rio Una, que divide a cidade. Duas pontes interligam as duas partes da cidade. Valença é uma cidade pesqueira e colonial do século XVIII e pólo comercial e de serviços da região. Em Valença estão localizados os principais estaleiros da Bahia, onde são construídos barcos, saveiros, veleiros, escunas e até caravelas. A forte concentração populacional em Valença deveu-se a industrialização ocorrida em meados do século XIX sob a liderança da Companhia Valença Industrial que resultou na fusão das fábricas de tecidos Todos os Santos e Nossa Senhora do Amparo. Como sugestão hospedagem no hotel Portal Rio Una em Valença. • Para quem vem de carro do norte ou sul do país para a cidade de Cairu, a melhor opção é pela rodovia BR 101 com destino a Valença. De Valença pela BA-001 seguir viagem com destino a Nilo Peçanha. Chegando em Nilo Peçanha, ainda pela BA -001, percorre-se mais 22 km pela BA-884 até a cidade de Cairu. 2º dia Valença – cidade de Cairu Pela manhã saída de Valença com destino a cidade de Nilo Peçanha pela BA-001. Durante o percurso de 27,5 km, aproximadamente 22 minutos, pode-se notar a presença de pequenos povoados, fazendas de cravo, piaçava, dendê e coco. Chegando em Nilo Peçanha, através da BA-001, percorre-se mais 22 km, pela BA 884 até a cidade de Cairu. Chegada na cidade de Cairu visita ao Convento de Santo Antonio. Almoço na pousada Solar das Mangueiras. Pela tarde visita ao centro histórico que vai da Praça Matriz até o final da rua Direita, próxima ao porto. Estão localizados no centro histórico 93 imóveis sendo os principais o convento de Santo Antonio (Foto 16), a Matriz N.S. do Rosário (Foto18), o Sobrado à Rua Direita (Foto 20), o Sobrado Grande (Foto 21) e visita a antiga prefeitura (Foto 22). Fim de tarde, o por do sol de Cairu é sugerido. Hospedagem na Pousada Solar das Mangueiras. Jantar no restaurante Veleiro em frete a pousada. Futuramente o Convento de Santo Antonio disponibilizará hospedagem conforme consta no projeto de restauração e revitalização do Convento (Figura 20). 3º dia Cidade de Cairu – Valença – Salvador Pela manhã caminhada pela cidade. O retorno de Cairu para Salvador via terrestre pode ser realizado pela BA – 884 até Nilo Peçanha e pela BA-001 até Valença. Em Valença utiliza-se a BA 542 até a rodovia BR-101 com destino a Salvador pela rodovia BR-324. • O retorno para Salvador pode ser também realizado, iniciando pela BA – 884 até Nilo Peçanha e pela BA-001 até o terminal marítimo de Bom Despacho na ilha de Itaparica. Embarque através do Sistema Ferry Boat ou catamarã para atravessar a Baía de Todos os Santos até o terminal marítimo São Joaquim em Salvador (ver anexo 9). • Opcional pela manhã na cidade de Cairu: passeio às ilhas de Tinharé e Boipeba de lancha rápida que poderá ser contratada no píer da cidade de Cairu. Roteiro 2 ACESSO TERRESTRE AO MUNICÍPIO DE CAIRU DE ÔNIBUS A PARTIR DO TERMINAL DE BOM DESPACHO NA ILHA DE ITAPARICA Itinerário: Salvador- Valença – cidade de Cairu – Valença - Salvador Tempo de duração do roteiro 3 dias 1º dia – Salvador - Valença Pela manhã, no terminal marítimo São Joaquim, embarque através do Sistema Ferry Boat ou catamarã para a travessia da baía de Todos os Santos no período de 1 hora até o terminal marítimo Bom Despacho na Ilha de Itaparica (ver anexo 9). Na saída do terminal Bom Despacho, no Terminal Rodoviário tomar o ônibus para Valença, da Viação Cidade Sol cujo trajeto tem duração de 2h 30. Existe ônibus a cada meia hora. Tomar de preferência um ônibus Expresso, sem parada, os horários são sempre compatíveis com os horários do ferry boat. Em Valença almoço em restaurante típico de mariscos e pela tarde visita aos atrativos turísticos. Valença conta com um cais do porto e um rico patrimônio histórico que convive em harmonia com os barcos pitorescos que povoam o Rio Una, que divide a cidade. Duas pontes interligam as duas partes da cidade.Valença é uma cidade pesqueira e colonial do século XVIII e pólo comercial e de serviços da região. Em Valença estão localizados os principais estaleiros da Bahia, onde são construídos barcos, saveiros, veleiros, escunas e até caravelas. A forte concentração populacional em Valença deveu-se a industrialização ocorrida em meados do século XIX sob a liderança da Companhia Valença Industrial que resultou na fusão das fábricas de tecidos Todos os Santos e Nossa Senhora do Amparo. Como sugestão hospedagem ORIGEM DESTINO HORÁRIO TIPO VALORES no hotel Portal Rio Una em Valença. Para quem quer ir direto do Terminal Marítimo de Bom Despacho na ilha de Itaparica para a cidade de Cairu de ônibus, a Viação Cidade Sol faz a linha Bom Despacho Cairu com parada em Valença às 13:30h. O valor da passagem é de R$19,00. 2º dia Valença - Cidade de Cairu Saída de Valença de ônibus pela Viação Cidade Sol para a cidade de Cairu em torno de 1 h e 45 min a viagem. Chegando na cidade de Cairu hospedagem na Pousada Solar das Mangueiras. No mesmo dia visita ao centro histórico que vai da Praça Matriz até o final da rua Direita, próxima ao píer. Estão localizados no centro histórico 93 imóveis sendo os principais o convento de Santo Antonio (Foto 16), a Matriz N.S. do Rosário (Foto18), o Sobrado à rua Direita (Foto 20) , o Sobrado Grande (Foto 21) e visita a antiga prefeitura (Foto 22). Fim de tarde, o por do sol de Cairu é sugerido. Jantar no restaurante Veleiro em frete a pousada Solar das Mangueiras. 3º dia – Cidade de Cairu – Valença – Salvador Pela manhã caminhada pela cidade. O retorno para Salvador pode ser realizado pelo mesmo percurso do primeiro dia de ônibus com a Viação Cidade Sol até Bom Despacho com parada em Valença. Embarque através do Sistema Ferry Boat ou catamarã para atravessar a Baía de Todos os Santos até o terminal marítimo São Joaquim em Salvador (ver anexo 9). • Opcional pela manhã: passeio às ilhas de Tinharé e Boipeba de lancha rápida, podendo estender a estadia por mais 02 dias. Graciosa • 11:30/15:00 Barco R$2,00 07:00 Lancha rápida R$3,50 Boipeba (com passagem em Cairu) Esse roteiro poderá ser feito saindo de Graciosa para a cidade de Cairu em lancha rápida com vários horários de saída (tabela 8). Graciosa é um povoado na beira da estrada entre Valença e Taperoá. O acesso de Valença para Graciosa poderá ser feito de ônibus, táxi ou carro. TABELA 8: LINHA DE TRAVESSIA.NO PORTO DE GRACIOSA Fonte: Secretaria de Turismo do Município de Cairu, 2008. Roteiro 3 ACESSO TERRESTRE AO MUNICÍPIO DE CAIRU DE AUTOMÓVEL COM ACESSO FLUVIAL ÀS ILHAS DE TINHARÉ E BOIPEBA Itinerário: Salvador – Valença – cidade de Cairu – Morro de São Paulo – Boipeba – cidade de Cairu Tempo de duração do roteiro: 5 dias 1º dia Salvador – Valença Pela manhã, saindo de Salvador com destino a Valença, deve-se utilizar a rodovia BR 324, percorrer 81 Km até o entroncamento com a rodovia BR 101 próxima a Feira de Santana, seguindo 95Km até Santo Antonio de Jesus, onde há duas opções: • entrar na BA-245 percorrendo 30 km até Nazaré; daí seguir 45 km pela BA-001 até Valença; • continuar por 47 km pela BR-101 até o entroncamento da BA-542, percorrendo 30 km até Valença. Em Valença almoço em restaurante típico de mariscos e pela tarde visita aos atrativos turísticos. Valença conta com um cais do porto e um rico patrimônio histórico que convive em harmonia com os barcos pitorescos que povoam o Rio Una, que divide a cidade. Duas pontes interligam as duas partes da cidade. Valença é uma cidade pesqueira e colonial do século XVIII e pólo comercial e de serviços da região. Em Valença estão localizados os principais estaleiros da Bahia, onde são construídos barcos, saveiros, veleiros, escunas e até caravelas. A forte concentração populacional em Valença deveu-se a industrialização ocorrida em meados do século XIX sob a liderança da Companhia Valença Industrial que resultou na fusão das fábricas de tecidos Todos os Santos e Nossa Senhora do Amparo. Hospedagem no hotel Portal Rio Una em Valença. • Outra opção de Salvador para Valença é pelo Sistema Ferry Boat para a travessia da baía de Todos os Santos até o terminal marítimo Bom Despacho na ilha de Itaparica (ver anexo 9). Segue-se daí em diante pela BA-001, passando pela cidade de Nazaré das Farinhas, num percurso de 107 Km no período de 1 hora e 20 minutos até a cidade de Valença. 2º dia – Valença – cidade de Cairu Pela manhã saída de Valença com destino a cidade de Nilo Peçanha pela BA -001. Durante o percurso de 27,5 km, aproximadamente 22 minutos, pode-se notar a presença de pequenos povoados, fazendas de cravo, piaçava, dendê e coco. Chegando em Nilo Peçanha, através da BA-001, percorre-se mais 22 km, pela BA 884 até a cidade de Cairu. Chegando em Cairu visita ao Convento de Santo Antonio. Almoço e hospedagem na pousada Solar das Mangueiras. Pela tarde visita ao centro histórico que vai da Praça Matriz até o final da rua Direita, próxima ao porto. Estão localizados no centro histórico 93 imóveis sendo os principais o convento de Santo Antonio (Foto 16), a Matriz N.S. do Rosário (Foto18), o Sobrado à rua Direita (Foto 20) , o Sobrado Grande (Foto 21) e visita a antiga prefeitura (Foto 22). Fim de tarde, o por do sol de Cairu é sugerido. Jantar no restaurante Veleiro em frete a pousada Solar das Mangueiras. • Opcional em Valença: passeio pela praia de Guaibim 3º dia Cidade de Cairu - Ilha de Tinharé Café da manhã na pousada, embarque no pier da cidade de Cairu em uma lancha rápida, contratada, para um passeio pelas ilhas de Cairu e Tinharé. No percurso pode-se observar os manguezais, barcos de pesca e pequenas canoas, que saem em busca de frutos do mar além de pequenas ilhas que compõem o município. A paisagem é uma descoberta de canais que levam os barcos aos pequenos povoados da costa do continente e da costa oeste (contra costa) da ilha de Tinharé. Seguindo um braço do canal principal em direção a Morro de São Paulo, avista-se do lado direito, do alto do morro, a igreja de São Francisco Xavier, parada no píer dedo povoado de Galeão, com visita a igreja de São Francisco Xavier (Foto 3) e a casa com Varanda de Ferro, século XIX (Foto 4). Parada para almoço no povoado de Morro de São Paulo e visita aos atrativos histórico-culturais como a fortaleza de Morro de São Paulo, século XVII (Foto 5), o Forte da Ponta século, XVIII (Foto 6), a Fonte Grande, século XVII (Foto 7), e a igreja de Nossa Senhora da Luz, século XVII (Foto 8). Jantar na Vila. Hospedagem em Morro de São Paulo com diversas opções de pousadas e hotéis. • Opcional: passeio ao banco de areia de Gamboa, pequena vila de pescadores vizinha a Morro de São Paulo. 4º dia – Morro de são Paulo – Ilha de Boipeba Pela manhã saída de Morro de São Paulo para Boipeba de barco e trator. Os passeios partem às 09h30min de Morro e chegam às 12h30min em Boipeba. Durante o passeio, pode-se observar praias, matas e coqueirais. Parada para o almoço e visita a Matriz do Divino Espírito Santo, (Foto 9). Descanso sob os coqueirais e almoço com várias opções de restaurantes que servem uma comida de ótima qualidade. Pela tarde uma caminhada na vila ou uma trilha ecológica na Mata Atlântica. Jantar e hospedagem em Boipeba em pousadas temáticas com muita tranqüilidade. • Opcional: mergulho em Moreré para poder apreciar a vida marinha. 5º dia – Ilha de Boipeba – cidade de Cairu – Salvador Café da manhã na pousada em Boipeba e retorno para a cidade de Cairu em lancha rápida. Na cidade de Cairu retorno para Salvador pelo mesmo itinerário, sentido Nilo Peçanha, Valença e Nazaré pela BA - 001 até o terminal marítimo de Bom Despacho. Embarque através do Sistema Ferry Boat ou catamarã para atravessar a Baía de Todos os Santos até o terminal marítimo São Joaquim em Salvador (ver anexo 9). Opcional para o retorno: em lancha rápida em Boipeba com destino ao povoado de Torrinhas, uma pequena vila de pescadores com cerca de 500 habitantes, localizada a 14 km do município de Cairu. O percurso dura em média 25 minutos. Em torrinhas uma parada para comprar artesanatos típicos. Retorno de táxi até Valença ou de carro pela estrada de barro até a estrada de Cairu em direção a Nilo Peçanha, passando por Taperoá, Valença Nazaré até Bom Despacho. São 150 km pela BA 001. Retorno de Ferry Boat ou catamarã para a travessia da Baía de Todos os Santos até o terminal marítimo São Joaquim em Salvador (ver anexo 9). No povoado de Torrinhas o carro, pode ficar em um estacionamento fechado. • Existem outras opções de acesso para realizar a viagem de retorno para Salvador. Como por exemplo, o retorno via Morro de São Paulo de catamarã ou por avião (ver tabelas 5 e 6). • Sugestão: Em Valença, deixar o carro no estacionamento, pegar um táxi até Torrinhas. Roteiro 5 ACESSO TERRESTRE E MARÍTIMO AO MUNICÍPIO DE CAIRU VIA TORRINHAS Itinerário: Salvador - Ilha de Itaparica - Nazaré – Valença - Taperoá - Nilo Peçanha – Torrinhas – Boipeba – Morro de São Paulo – Cairu – Morro de São Paulo –Salvador Duração do Roteiro: 05 dias De automóvel: 1º dia – Salvador – Ilha de Itaparica – Torrinhas Após a travessia da Bahia de Todos os Santos pelo sistema ferry boat são 150 km pela BA 001 até Torrinhas, melhor ponto de embarque para a Ilha de Boipeba. Partindo de Bom Despacho na Ilha de Itaparica, o trajeto passa pelas cidades Nazaré, Valença, Taperoá e Nilo Peçanha. Na cidade de Nilo Peçanha deve-se entrar na estrada para Cairu, percorrendo 12 km para depois entrar à direita em uma estrada de barro que leva ao povoado de Torrinhas uma pequena vila de pescadores com cerca de 500 habitantes com duração de 7 km. No povoado o carro, pode ficar em um estacionamento fechado. Em Torrinhas uma parada obrigatória para compra de artesanatos típicos. Opcional de ônibus: 1º dia – Salvador – Ilha de Itaparica – Torrinhas Na saída do terminal Bom Despacho, no Terminal Rodoviário tomar o ônibus para Torrinhas, da Viação Olivence cujo trajeto tem duração de 2h00. Existem ônibus às 11:00h e às 14:00h, o valor da passagem é R$ 10,00. Em Torrinhas, lanchas rápidas fazem a travessia à Boipeba pelo rio do Inferno. A viagem dura em média 25 minutos, tempo suficiente para admirar o extenso manguezal. Em Boipeba, os restaurantes servem uma comida de ótima qualidade. Após almoço visita a Matriz do Divino Espírito Santo (Foto 9). Pela tarde uma caminhada na vila ou fazer uma trilha ecológica na Mata Atlântica. Hospedagem em pousadas temáticas com muita tranqüilidade e jantar onde se pode degustar frutos do mar. 2º dia Boipeba - Morro de São Paulo Café da manhã na pousada em Boipeba e caminhada pelas praias. As lanchas partem para Morro de São Paulo às 14:30 h com chegada prevista às 18:00 h. Hospedagem em Morro de São Paulo e jantar na vila. 3º dia Morro de São Paulo Café da manhã na pousada, visita às praias em seguida almoço na vila. Pela tarde visita aos atrativos histórico-culturais como a fortaleza de Morro de São Paulo, século XVII (Foto 5), o Forte da Ponta século, XVIII (Foto 6), a Fonte Grande, século XVII (Foto 7), e a igreja de Nossa Senhora da Luz, século XVII (Foto 8). À noite passeio e jantar na vila. 4º dia Morro de São Paulo – cidade de Cairu Café da manhã na pousada e embarque no pier de Morro de São Paulo em uma lancha rápida, contratada, para um passeio pelas ilhas de Cairu e Tinharé. Durante o passeio começa-se a notar os manguezais, barcos de pesca e pequenas canoas, que saem em busca de frutos do mar além de pequenas ilhas que compõem o município. A paisagem é uma descoberta de canais que levam os barcos aos pequenos povoados da costa do continente e da costa oeste (contracosta) da ilha de Tinharé. Parada na cidade de Cairu com visita ao centro histórico, que vai da Praça Matriz até o final da rua Direita, próxima ao porto. Estão localizados no centro histórico 93 imóveis sendo os principais o convento de Santo Antonio (Foto 16), a Matriz N.S. do Rosário (Foto18), o Sobrado à rua Direita (Foto 20) , o Sobrado Grande (Foto 21) e visita a antiga prefeitura (Foto 22). Almoço na pousada Solar das Mangueiras ou no restaurante Veleiro em frete a pousada. Retorno para pernoite em Morro de São Paulo. • Opcional: Passeio em Gamboa para visitar a Vila. 5º dia – Morro de São Paulo – Salvador Opções de retorno: • Retorno em catamarã para Salvador pela manhã (o retorno pela tarde é arriscado). Ver opções no anexo 9. Duração da viagem 2 horas. • Retorno de avião de Morro de São Paulo com destino a Salvador. Duração da viagem 20 minutos até o aeroporto Luiz Eduardo Magalhães em Salvador (tabelas 5 e 6). • Retorno via Boipeba com lancha rápida para Torrinhas fazendo o percurso Torrinhas – Valença – Ilha de Itaparica – Salvador. Roteiro 6 ACESSO TERRESTRE E FLUVIAL PARA O MUNICÍPIO DE CAIRU VIA VALENÇA DE BARCO Itinerário: Salvador- Ilha de Itaparica – Nazaré – Valença - Morro de São Paulo Duração do Roteiro: 05 dias 1º dia Salvador - Valença – Morro de São Paulo Pela manhã, no terminal marítimo São Joaquim, embarque através do Sistema Ferry Boat ou catamarã para a travessia da baía de Todos os Santos no período de 1 hora até o terminal marítimo Bom Despacho na Ilha de Itaparica (ver anexo 9). Seguindo-se daí em diante pela BA- 001, passando pela cidade de Nazaré das Farinhas, num percurso de 107 km no período de 1 hora e 20 minutos chega-se ao centro da cidade de Valença. Embarque no píer de Valença para Morro de São Paulo com embarcações de madeira de maior porte, com capacidade para até 200 passageiros, além de lanchas rápidas pequenas e médias com até 30 passageiros. Duração 1 hora e meia de viagem. Em Morro de São Paulo, visita às praias com banho de mar, em seguida almoço na vila. Pela tarde visita aos atrativos histórico-culturais como a fortaleza de Morro de São Paulo, século XVII (Foto 5), o Forte da Ponta século, XVIII (Foto 6), a Fonte Grande, século XVII (Foto 7), e a igreja de Nossa Senhora da Luz, século XVII (Foto 8). À noite jantar na vila. 2º dia – Morro de São Paulo - Boipeba Pela manhã saída de Morro de São Paulo para Boipeba de barco e trator. Os passeios partem às 9:30h no Morro e chegam às 12:30h em Boipeba. Durante o passeio, pode-se observar praias, matas e coqueirais. Parada para o almoço e visita a Matriz do Divino Espírito Santo, (Foto 9). Almoço com várias opções de restaurantes que servem uma comida de ótima qualidade. Pela tarde uma caminhada na vila ou uma trilha ecológica na Mata Atlântica. Hospedagem em Boipeba com muita tranqüilidade e jantar onde se pode degustar frutos do mar . • Esse roteiro poderá ser realizado também de Valença para Boipeba direto via lancha rápida com saída do Terminal Marítimo de Valença, levando em média 1hora de viagem. • Outra opção para Boipeba pode ser via Graciosa, pequeno povoado na beira da estrada entre Valença e Taperoá com saídas diárias de barcos e lanchas. Ver abaixo na Tabela 8 as informações sobre a travessia. 3º dia Boipeba – Morro de São Paulo Café da manhã na pousada em Boipeba e passeio pelas praias. Pela tarde às 14:30h as lanchas saem para Morro de São Paulo com chegada prevista às 18:00 h. Hospedagem e jantar na vila de Morro de São Paulo. 4º dia – Morro de São Paulo- Cidade de Cairu - Morro de São Paulo Café da manhã na pousada e embarque no píer de Morro de São Paulo em uma lancha rápida, contratada, para um passeio pelas ilhas de Cairu e Tinharé. Durante o passeio começa-se a notar os manguezais, barcos de pesca e pequenas canoas, que saem em busca de frutos do mar além de pequenas ilhas que compõem o município. A paisagem é uma descoberta de canais que levam os barcos aos pequenos povoados da costa do continente e da costa oeste (contracosta) da ilha de Tinharé, parada na cidade de Cairu. Em Cairu visita ao centro histórico que vai da Praça Matriz até o final da rua Direita, próxima ao porto. Estão localizados no centro histórico 93 imóveis sendo os principais o convento de Santo Antonio (Foto 16), a Matriz N.S. do Rosário (Foto18), o Sobrado à rua Direita (Foto 20) , o Sobrado Grande (Foto 21) e visita a antiga prefeitura (Foto 22). Almoço no Solar das Mangueiras ou no restaurante Veleiro em frete a pousada. Pela tarde um passeio em Gamboa e retorno à Morro de São Paulo. À noite uma caminhada pela vila com jantar. 5º dia Morro de São Paulo – Salvador Opções de retorno • Retorno de catamarã partindo de Morro de São Paulo para Salvador pela manhã - (o retorno pela tarde é arriscado). Duração da viagem 2 horas. • Retorno aéreo de Morro de São Paulo com destino a Salvador (tabelas 5 e 6). Duração da viagem 20 minutos até o aeroporto Luiz Eduardo Magalhães e Salvador. Roteiro 7 ACESSO MARÍTIMO E FLUVIAL AO MUNICÍPIO DE CAIRU VIA CATAMARÃ Itinerário: Salvador – Morro de São Paulo – Boipeba – Cidade de Cairu – Morro de São Paulo – Salvador Duração do Roteiro: 05 dias 1º dia Salvador – Morro de São Paulo A partir do Terminal Marítimo que fica em frente ao Mercado Modelo, em Salvador, o trajeto Salvador/Morro de São Paulo pode ser realizado de catamarã com duas horas de duração. Visita às praias com banho de mar, em seguida almoço na vila. Pela tarde visita aos atrativos histórico-culturais como a fortaleza de Morro de São Paulo, século XVII (Foto 5), o Forte da Ponta século, XVIII (Foto 6), a Fonte Grande, século XVII (Foto 7) e a igreja de Nossa Senhora da Luz, século XVII (Foto 8). À noite passeio na vila. 2º dia Morro de São Paulo – Boipeba Pela manhã saída de Morro de São Paulo para Boipeba de barco e trator. Os passeios partem às 09h30min no Morro e chegam às 12h30min em Boipeba. Durante o passeio, pode-se observar praias, matas e coqueirais. Parada para o almoço e visita a Matriz do Divino Espírito Santo, (Foto 9). Almoço com várias opções de restaurantes que servem uma comida de ótima qualidade. Pela tarde uma caminhada na vila ou fazer uma trilha ecológica na Mata Atlântica. Hospedagem em Boipeba com muita tranqüilidade. 3º dia Boipeba – Morro de São Paulo Café da manhã na pousada em Boipeba e passeio pelas praias. Pela tarde às 14h30min as lanchas saem para Morro de São Paulo com chegada prevista para chegar às 18:00h. Hospedagem em Morro de São Paulo e jantar na vila. 4º dia Morro de São Paulo - Cidade de Cairu - Morro de São Paulo Café da manhã na pousada e embarque no píer de Morro de São Paulo em uma lancha rápida, contratada, para um passeio pelas ilhas de Cairu e Tinharé. Durante o passeio começa-se a notar os manguezais, barcos de pesca e pequenas canoas, que saem em busca de frutos do mar além de pequenas ilhas que compõem o município. A paisagem é uma descoberta de canais que levam os barcos aos pequenos povoados da costa do continente e da costa oeste (contracosta) da ilha de Tinharé. Em Cairu visita ao centro histórico que vai da Praça Matriz até o final da rua Direita, próxima ao porto. Estão localizados no centro histórico 93 imóveis sendo os principais o convento de Santo Antonio (Foto 16), a Matriz N.S. do Rosário (Foto18), o Sobrado à rua Direita (Foto 20) , o Sobrado Grande (Foto 21) e visita a antiga prefeitura (Foto 22). Almoço na pousada Solar das Mangueiras ou no restaurante Veleiro em frente a pousada. Pela tarde um passeio em Gamboa e retorno à Morro de São Paulo. À noite uma caminhada pela Vila com jantar. 5º dia Morro de São Paulo – Salvador Opções de retorno • Retorno em catamarã com destino a Salvador pela manhã (o retorno pela tarde é arriscado). Duração da viagem 2 horas. • Retorno de avião de Morro de São Paulo para Salvador, ver as opções nas tabelas 5 e 6. Duração da viagem 20 minutos até o aeroporto Luiz Eduardo Magalhães em Salvador. Roteiro 8 ACESSO AÉREO PARA O MUNICÍPIO DE CAIRU Itinerário: Salvador - Morro de São Paulo – Boipeba - Morro de São Paulocidade de Cairu - Morro de São Paulo – Salvador Duração do Roteiro: 05 dias 1º dia Salvador – Morro de São Paulo Pela manhã saída do aeroporto Luiz Eduardo Magalhães em vôo direto para Morro de São Paulo ver as opções nas tabelas 5 e 6. O trajeto Salvador/Morro de São Paulo tem 20 minutos de duração até o campo de pouso na 2ª praia de Morro de São Paulo. Em Morro de São Paulo visita às praias com banho de mar, em seguida almoço na vila. Pela tarde visita aos atrativos histórico-culturais como a fortaleza de Morro de São Paulo, século XVII (Foto 5), o Forte da Ponta século, XVIII (Foto 6), a Fonte Grande, século XVII (Foto 7), e a igreja de Nossa Senhora da Luz, século XVII (Foto 8). Hospedagem em Morro de São Paulo. 2º dia Morro de São Paulo – Boipeba Pela manhã saída de Morro de São Paulo para Boipeba de barco e trator. Os passeios partem às 09h30min de Morro e chegam às 12h30min em Boipeba. Durante o passeio, pode-se observar praias, matas e coqueirais. Parada para o almoço e visita a Matriz do Divino Espírito Santo (Foto 9). Descanso sob os coqueirais Almoço com várias opções de restaurantes que servem uma comida de ótima qualidade. Pela tarde uma caminhada na vila ou uma trilha ecológica na Mata Atlântica. Hospedagem em Boipeba com muita tranqüilidade e jantar onde se pode degustar frutos do mar. 3º dia Boipeba – Morro de São Paulo Café da manhã na pousada em Boipeba e passeio pelas praias. Pela tarde às 14:30h as lanchas saem para Morro de São Paulo com chegada prevista para chegar às 18:00h. Hospedagem em Morro de São Paulo e jantar na vila. 4º dia – Morro de São Paulo- cidade de Cairu - Morro de São Paulo Café da manhã na pousada e embarque no pier de Morro de São Paulo em lancha rápida, contratada, para um passeio pelas ilhas de Cairu e Tinharé. Durante o passeio começa-se a notar os manguezais, barcos de pesca e pequenas canoas, que saem em busca de frutos do mar além de pequenas ilhas que compõem o município. A paisagem é uma descoberta de canais que levam os barcos aos pequenos povoados da costa do continente e da costa oeste (contra costa) da ilha de Tinharé. Em Cairu visita ao centro histórico que vai da Praça Matriz até o final da rua Direita, próxima ao porto. Estão localizados no centro histórico 93 imóveis sendo os principais o convento de Santo Antonio (Foto 16), a Matriz N.S. do Rosário (Foto18), o Sobrado à rua Direita (Foto 20) , o Sobrado Grande (Foto 21) e visita a antiga prefeitura (Foto 22). Almoço na pousada Solar das Mangueiras ou no restaurante Veleiro em frete a pousada. Pela tarde um passeio em Gamboa e retorno à Morro de São Paulo. À noite uma caminhada pela vila com jantar. 5º dia Morro de São Paulo - Salvador Retorno direto Morro de São Paulo com destino a Salvador de avião, ver as opções de vôo nas tabelas 5 e 6. 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS O enfoque territorial é uma visão integradora de espaços, atores sociais, agentes, mercados e políticas públicas de intervenção que se sustentam no respeito à diversidade, à solidariedade, à justiça social, no sentimento de pertencer ao lugar e na inclusão social como metas fundamentais a serem atingidas e conquistadas. Como resultado da pesquisa, o turismo histórico-cultural foi caracterizado como prioridade para a cidade de Cairu, baseado na conscientização territorial, na integração, nas relações e na solidariedade para poder competir. A pesquisa revelou o conhecimento das potencialidades turísticas da cidade de Cairu, podendo vir a ser um referencial de turismo local, integrado e sustentável se bem planejado, oferecendo a partir dos seus atrativos um roteiro turístico histórico-cultural, como uma nova opção para oferta turística da região. Espera-se que o turismo histórico-cultural de Cairu, motivado pelo acervo arquitetônico e pela diversidade e autenticidade das manifestações culturais, possa contribuir para a inserção das comunidades locais no processo turístico. Seus recursos naturais e culturais são ricos e únicos mas dependem da transformação desses recursos de modo a constituírem roteiros e produtos turísticos reais . Para tanto são necessárias medidas que visem a estruturação, o desenvolvimento, a promoção e a comercialização adequadas à singularidade do turismo cultural. A pesquisa desenvolvida demonstrou que o território da cidade de Cairu tem sua singularidade e valores culturais. A riqueza dos seus recursos culturais e naturais e a tranquilidade das suas águas estuarinas marcadas por uma densa rede de canais constituíram a base dos seus períodos de desenvolvimento. Cairu foi o território de acontecimentos históricos relevantes nos séculos XVI, XVII e primeira metade do século XVIII, deixando como marca monumentos e vestígios históricos de grande relevância cultural e patrimonial que determinam também a sua identidade. A pesquisa realizada concluiu que as potencialidades e valores da cidade de Cairu justificam um esforço imediato para a sua preservação numa perspectiva de desenvolvimento sustentável em benefício das suas comunidades. Significa a ocupação de novos espaços turísticos com distribuição do fluxo, receita, inclusão social, trabalho e renda. As ações previstas devem ser estruturadas como forma de atender a sustentabilidade ambiental, econômica, social e cultural numa situação de equilíbrio tendo em conta que o principal valor da cidade está na sua história, na diversidade cultural, ambiental e na sua comunidade, consolidando assim os fatores de diferenciação e criando um exemplo de turismo sustentável. As ações definidas devem ser desenvolvidas juntamente com instrumentos de planejamento e avaliação. As ações estruturais são essenciais quer nas áreas histórico-culturais de gestão ambiental do território quer na consolidação de soluções de mobilidade e energia não poluentes, quer no desenvolvimento econômico sustentável, criando condições de educação e fixação dos jovens. A criação de condições de governança territorial agregada a vontade política e a competência técnica serão elementos complementares para a concretização de um futuro sustentável. O patrimônio cultural da cidade de Cairu deverá ser um elemento essencial para a identidade do Arquipélago e uma base para a estruturação do seu desenvolvimento e qualidade. A manutenção e estímulo das tradições culturais associadas a valorização do patrimônio natural são igualmente elementos fundamentais: Pensar em uma região implica em identificar processos que possibilitem reativar pequenas economias, dinamizar a comunidade local, mediante o aproveitamento de seus recursos endógenos, estimular e diversificar o crescimento econômico, ofertar empregos e melhorar a qualidade de vida das populações residentes. (SILVA; CORIOLANO 2005, p.38). A singularidade é um elemento básico para o desenvolvimento de qualquer tipo de turismo e do Turismo Cultural em particular. Os recursos culturais de Cairu são singulares e o seu patrimônio cultural é um recurso produtivo. Para desenvolvê-lo é necessário estabelecer critérios de sustentabilidade e diretrizes que alto regulem o comportamento da população local, dos turistas e dos operadores de serviços. A cultura é um componente de atratividade nas experiências de viagens, necessário se faz um desenvolvimento de turismo que apóie as economias locais e conservem a diversidade cultural e natural. A técnica de interpretação do patrimônio utilizando os elementos da gastronomia, da hospitalidade, do artesanato, das festas populares e outras expressões da identidade da cultura poderá ser em Cairu fortemente valorizada. Essas características podem vir a ser a essência da imagem da cidade de Cairu, que poderá ter no turismo uma das melhores oportunidades de fazer com que a identidade da cidade seja agregadora de valor nos produtos e nos serviços. Falar da cidade de Cairu é falar do município não se pode pensar em turismo sem pensar no todo, na integração, no conjunto. Pela grande diversidade natural do município, são muitos os segmentos turísticos que podem ser desenvolvidos e agregados ao turismo cultural, dentre eles o ecoturismo e o turismo de aventura. O turismo náutico também poderá ser um forte componente para o desenvolvimento turístico do município. Para tanto, existe a necessidade de intervenções em terminais, sinalização marítima, segurança das embarcações, incentivo a implantação de marinas e ampliação dos serviços de transporte da região. Outro segmento importante para Cairu é o turismo de pesca recreativa e esportiva favorecidos pela própria constituição do município pelos seus recursos naturais. Boas perspectivas também na agricultura e na industrialização da pesca que podem contribuir para ampliar a cadeia produtiva com possibilidades para a criação de fazendas de produção, podendo tornar o município um grande centro fornecedor de alimentos para hotéis, pousadas e restaurantes. Com o objetivo de inserir a cidade de Cairu num processo dinâmico para o desenvolvimento do turismo cultural, recomenda-se a integração de um conjunto de procedimentos, para alcançar resultados efetivos. São eles: • Criar ambientes favoráveis para atrair novas atividades sociais e econômicas; • Diversificar as atividades econômicas e agregar a qualidade às ofertas existentes; • Integração gradual e equilibrada dos sistemas social, econômico e ambiental; • Criação de emprego e qualificação dos recursos humanos e das condições de trabalho; • Valorização do patrimônio histórico-cultural, defesa dos recursos naturais e incremento da qualidade de vida dos habitantes residentes; • Melhoria do modelo institucional e participação ativa da população e dos agentes econômicos na sua gestão; • Planejamento, estruturação, organização e controle do ambiente natural, histórico-cultural, social, cultural e econômico; • Oportunidades de investimento, para atividades inovadoras, não poluentes; • Desenvolvimento do potencial econômico em articulação com outros municípios da micro-região, valorizando a identidade e a autenticidade do território num contexto de mudança. “Todo lugar pode atrair visitante pelos seus atrativos naturais e culturais”. (CORIOLANO; SILVA, 2005 p.91). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALBUQUERQUE, A. Cultura y identidad cultural, introducción a la antropología. Barcelona: Bardenas, 1997. AMARAL, Carmelia Anna. Piemonte da Chapada Diamantina: turismo e desenvolvimento local/regional. Salvador, 2000. Dissertação (mestrado em geografia) IGEO, UFBA. ______. Ecoturismo e envolvimento comunitário.In: VASCONCELOS, Fabio Perdigão (Org.) Turismo e meio ambiente. Fortaleza: UECE,1998. AUGE, Marc. Não-lugares: Introdução a uma supermodernidade. Campinas, SP: Papirus, 1994. antropologia da BAHIA. Conselho Regional de Administração da Bahia. Cadastro de Unidades de Conservação. Salvador. CRA/SEPLANTEC, 1994. ______.IPAC – Instituto do Patrimônio Artístico Cultural. Inventário de Proteção do Acervo Cultural da Bahia. Salvador: IPAC, 1988. ______.Secretaria de Cultura e Turismo. Guia Cultural da Bahia - Litoral Sul. Vol. VII. Salvador: SCT, 1999. ______.Secretaria de Cultura e Turismo. 1º Censo Cultural da Bahia. Salvador: Coordenação de Cultura. Disponível em <http.// <www.censoculturaldabahia.ba.gov.br>acesso em 30-11-2007. ______.SEI – Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia. Apresenta indicadores sociais e econômicos da Bahia. Disponível em <http.// <www.sei.ba.gov.br>acesso em 20-11-2007 ______.Bahiatursa. Relatório da Pesquisa de Demanda Turística, Morro de São Paulo. Agosto de 2001. _______.Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentável do Pólo Litoral Sul. PDITS. Salvador: SCT, Fundação Getulio Vargas, 2003. _______.Secretaria de Cultura e Turismo. Estratégia para o Século XXI. Salvador, 2005. ______.Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos. Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental – APA das Ilhas de Tinharé e Boipeba. Vols. I e II.Salvador: SEPLAN, 1998. BARRETO, Margarita. Turismo e legado cultural: as possibilidades do planejamento. Campinas – SP: Papirus, 2000. BENI, Mário Carlos. Análise estrutural do turismo. São Paulo: Senac, 1998. ______ :depoimento: Como podemos certificar o turismo sustentável?. São Paulo, 2004. BID. Relatório do plano de desenvolvimento estratégico do Município de Cairu – Bahia. BID, 2006. BRADFORD, M. G; KENT. W. A. Geografia humana: teoria e suas aplicações. Lisboa: Gradiva, 1987. BRASIL. IBGE – Instituto Brasileiro de geografia e Estatística. Apresenta dados estatísticos do Brasil dos seus estados e municípios. Disponível em <http.//: www. Ibge.gov.br.> acesso em 18.01.2008. ______.SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. Metodologia de desenvolvimento de arranjos produtivos: Brasília: Sebrae, 2004. CARLOS, Ana F.A.; YÁGIZI, Eduardo; CRUZ, Rita C.A. (Org.). Espaço, paisagem e cultura. São Paulo: Editora Hucitec, 1996. CARMO, Hermano. Desenvolvimento comunitário. Lisboa: Universidade Aberta, 1999. CANTERAS, Diogo. Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentável (PDTIS) no Litoral Sul. Rio de Janeiro: FGV, 2003. CERTEAU, Michael de. A invenção do cotidiano. Petrópolis: Vozes, 1994. COELHO, F.; FONTES, A. Desenvolvimento Econômico Local e Sustentabilidade Institucional. As Redes de Desenvolvimento Econômico Local – REDEL. Rio de Janeiro: IBAM, 1998. COELHO, Rui; DIAS Antonio. Plano de Desenvolvimento Estratégico do Município de Cairú. Bahia: BID, 2006. CORIOLANO, Luzia Neide Menezes Teixeira. Do local ao global. São Paulo: Campinas, 1998. CORIOLANO, Luzia Neide Menezes Teixeira; SILVA, Sylvio Carlos Bandeira de Melo. Turismo e Geografia: abordagens críticas. Fortaleza: Hucitec, 2005. CORIOLANO, Luzia Neide Menezes Teixeira; LIMA, L.C. (Org.). Turismo comunitário e responsabilidade sócioambiental. Fortaleza: EDUCE, 2003. CROSBY, Arthuro; DAIRES, Jorge (Org.). Desarrollo Sostenible em El Médio Rural. Madrid: Cefat, 1993. Turístico DANTAS, Reinaldo Moreira; PINHEIRO, Délio José Ferraz (Org.). Roteiros Ecoturísticos da Bahia, Costa do Dendê. Salvador: SCT, 2001. DENCKER, Ada de Freitas Maneti. Métodos e técnicas de pesquisa em turismo. São Paulo: Futura, 1998. BRASIL. EMBRATUR Anos.Brasília: MTUr, 2006. Empresa Brasileira de Turismo. 40 FERREIRA, Jurandyr Pires. Enciclopédia dos municípios brasileiros. IBGE,1958,V.20, p.114 -117. FONTES, Martins. Escritos históricos e políticos Pe. Antônio Vieira: Rio de Janeiro: Editora Ltda, 1995. FRANÇA, Rosana; AMARAL, Carmelia. Destinos competitivos – metodologia para regionalização roteirização do turismo. Salvador: SEBRAE, 2005. GÓMEZ, Venancio Bote. Planificación Económica del Turismo. México: Trillas, 1990. HORTA, M. L. P. et al. Guia Básico de Educação Patrimonial. Brasília: IPHAN, Museu Imperial, 1999. IDES. Relatório dos projetos de restauração e revitalização da Igreja e Convento de Santo Antonio em Cairu. IDES: 2006. LAGE, Beatriz H. Gelas; MILONE, Paulo. Economia do Turismo. Campinas, São Paulo: Papirus, 1991. LAGES, Vinícius; BRAGA, Christiano; MORELLI, Gustavo (Org.). Territórios em movimento: cultura e identidade como estratégia de inserção competitiva. Brasília: Rilume Dumará, 2004. LEMOS, Inês G. (Org.).Turismo: impactos socioambientais. São Paulo: Hucitec, 1995. LIMA, Luiz Cruz; CORIOLANO, Luzia Neide Menezes Teixeira (Org.).Turismo e Desenvolvimento social sustentável. Fortaleza: Ed. da Universidade Estadual do Ceará, 2003. MARTINS, José Clerton de Oliveira. Homem e identidade – o patrimônio humano no desenvolvimento local e no turismo. In: CORIOLANO, Luzia Neide Menezes (Org.). O turismo de inclusão e o desenvolvimento local. Fortaleza: Ed. da Universidade Estadual do Ceará, 2003. p.67 – 77. MINISTÉRIO DO TURISMO. Turismo cultural – orientações básicas. Brasília: MTUr, 2006. _______. Turismo de Pesca – orientações básicas. Brasília: MTUr, 2006. _______. Projeto de Inventário da Oferta Turística. Brasília: MTUr, 2006. _______.Segmentação do Turismo: marcos conceituais. Brasília: MTUr, 2006. _______. Secretaria de Políticas de Turismo. Coordenação Nacional do Programa de Regionalização do Turismo. Roteiros do Brasil. Brasília: Mtur, Sebrae, CNC, Sesc, Senac, 2004. MURTA, Stela Maris; ALBANO, Celina (Org.). Interpretar o patrimônio: um exercício do olhar. Belo Horizonte: UFMG, 2002. OMT. Turismo Panorama 2020. Nuevas previsones de la Organização Mundial de Turismo. Espanha: OMT, 2007. _______. Turismo Urbano y la Cultura: la experiencia europea. Madrid: OMT, 2005. _______. Desenvolvimento do Turismo Sustentável: manual para organizadores locais. Brasília: EMBRATUR, 1993. PEREIRA, Sonia Gomes (org.). Igreja franciscana de Cairu: a invenção do barroco brasileiro. Anais do VI Colóquio Luso-Brasileiro de História da Arte. Rio de Janeiro, CBHA/PUC-Rio/UERJ/UFRJ, 2004, v.1, p. 39-49. PETROBRÁS. Projetos de Restauração e Revitalização: igreja e convento de Santo Antonio de Cayru. Bahia, 2006. PETROCCHI, Mário. Marketing para destinos. São Paulo: Futura, 2004. PORTO Filho, Ubaldo. Turismo realidade baiana e nacional. Salvador: Bigraf, 1976. _______. Bahia Terra da Felicidade. Salvador: Paltti, 2006. QUEIROZ, Odaléia T. M. M; PONTES, Beatriz M. Soares. O (Re) arranjo de Iguape e ilha Comprida sob o advento do turismo e da exploração dos recursos naturais. In: LEMOS, Inês G. (Org). Turismo: impactos socioambientais. São Paulo: Hucitec, 1995. RISÉRIO, Antonio. Tinharé história e cultura no litoral sul da Bahia. Salvador: 2003. RODRIGUES, Adyr Balestreri. Turismo e Geografia: reflexões teóricas e enfoques regionais. São Paulo: Hucitec, 1996. ________.(Org). Turismo, modernidade, globalização. São Paulo: Hucitec, 1997. ________. Turismo e espaço - rumo a um conhecimento transdisciplinar. São Paulo: Hucitec, 1997. SAMPAIO, Levy. In: LIMA, Cruz; CORIOLANO, Luzia Neide Menezes (Org.). Turismo e desenvolvimento social sustentável. Ed. da Universidade Estadual do Ceará , 2003. p.50 - 53. SANTOS, Milton. A natureza do espaço. 2 ed.São Paulo: Hucitec, 1997. SICT. Plano de desenvolvimento integrado de turismo sustentável (PDITS). Salvador: SICT, 2003. SILVA, Sylvio Bandeira de Mello. Geografia, turismo e crescimento: o exemplo do Estado da Bahia.In: RODRIGUES, Adyr Balastreri (Org.). Turismo e Geografia: reflexões teóricas e enfoques regionais. São Paulo: Hucitec, 1996. p.122-143. ________.O turismo como instrumento de desenvolvimento e redução da pobreza. In: LIMA; Luiz Cruz; CORIOLANO, Luzia Neide Menezes (Org.). Turismo e desenvolvimento social sustentável . Fortaleza: Ed. da Universidade Estadual do Ceará , 2003. p. 47-50. ________. A geografia e o turismo: uma relação necessária. In:CORIOLANO, Luzia Neide Menezes; SILVA, Sylvio Bandeira de Mello. Turismo e Geografia: abordagens críticas. Fortaleza: Ed. da Universidade Estadual do Ceará, 2003. p. 95 -116. SUINVEST. Relatório de Desempenho doTurismo na Bahia. Salvador: SICT, 2003. SWARBROOKE, John. Turismo Sustentável ecooturismo e ética. São Paulo: Aleph, 2000. – turismo cultural, ________. Turismo Sustentável – setor público e cenários geográficos. São Paulo: Aleph, 2000. VERA, J. Fernando (Coord.); PALOMEQUE, F. Lopez; MARCHENA, Manuel J. ; ANTON, Salvador. Análisis territorial del turismo. Barcelona: Ariel S.A.,1977. VERVEKA, Jonh A. Desarrollo del plan interpretativo: vision de conjunto de la estratégia básica de planificación. In: CROSBY, A (Org.). Interpretación ambiental y turismo rural. España: CEFAT, 1994.