Um sonho americano, de moto pela costa leste de Miami a
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Um sonho americano, de moto pela costa leste de Miami a
Um sonho americano, de moto pela costa leste de Miami a Manhattan 29/9/2011 – Quinta Feira O avião saiu de Porto Alegre as 7h00, fizemos uma conexão rápida em Lima e chegamos a Miami as 17h00, horário local, 2 horas a menos que o Brasil. Somos 3 viajantes, eu, Alexandre Sampaio, Lorena Herte de Moraes, minha esposa, e Remi Balduino Kolet. Os trâmites de entrada nos EUA foram tranqüilos, e logo estávamos saindo do aeroporto, para um calor de 30 graus na rua, contraste com o friozinho do ar condicionado. Havíamos feito reserva em um hotel próximo ao aeroporto pela Internet, e ficamos em frente ao terminal do aeroporto aguardando a passagem de uma van do hotel, serviço que todos os hotéis da região disponibilizam. Chegando ao hotel, a Lorena preferiu ficar descansando, Eu e o Remi saímos para caminhar pela rua e ver se existia alguma locadora nas cercanias, pois aparentemente existia, segundo o Google Earth. Mas não se confirmou. Rodamos um pouco de ônibus urbano, muito bom, com ar condicionado, e por fim voltamos ao hotel. Jantamos em um restaurante Chinês e tomamos algumas cervejas. 30/9/2011 – Sexta Feira Descansados da viagem, tomamos um café no hotel e pegamos o taxi para visitarmos algumas lojas, nossa primeira parada foi a MM Miami Motos, bem próxima ao hotel e ao aeroporto, indicação de um motociclista de Caxias do Sul, loja especializada em marcas famosas como Shoei, Arai, etc... Não tinham motos para alugar, mas nos recomendaram a American Rider. Interessante que já tinha topado com esta loja na minha pesquisa pela Internet. Na minha pesquisa pela internet também descobri que na região de Miami só tem locadoras de Harley, é difícil locar outras marcas. Tomamos um taxi então com destino a Coconut Grove, um bairro de Miami. Chegando lá, nos identificamos como Brasileiros e nos apresentaram Adrian, um gaúcho de Porto Alegre, mas que mora há muito tempo em Miami. Em português a negociação ficou fácil, explicamos nossas intenções e o período que tínhamos interesse. O preço normal é US$ 140,00 mais 7 % de imposto, por uma Fat Boy Softail ou uma Road King. Na média com outras lojas. Por isso que não tinha reservado pela internet, acreditando que negociando pessoalmente conseguiria preços melhores. Depois de uma meia hora conseguimos um acordo razoável, alugariam a moto pelo valor total de US$ 1.386,00 incluindo impostos. Ali também tinham bons capacetes a venda, de marcas mais modestas e baratas. Marcamos para pegar as motos no dia seguinte. O pessoal da loja disse para irmos ao Biketoberfest que aconteceria dali a 2 semanas, um encontro de motos em Daytona, isso exigiu um novo plano do nosso roteiro, mas valeria a pena. Pegamos ali a indicação para uma loja de peças Honda, a South Califórnia Honda, aonde fomos de taxi. Nesta loja fizemos pesquisa de algumas peças, também entramos em uma loja de bicicletas e outra de peças Harley ao lado. De volta ao taxi fomos conhecer uma loja Wallmart, um mercado muito grande, aonde é possível encontrar de tudo a preços justos. Por exemplo um tênis de couro custa US$ 20,00 em um mercado Wallmart, mas é de uma marca desconhecida. De volta ao hotel encerramos o dia com um jantar em um restaurante próximo e preparamos nossas bagagens para a partida. 1/10/2011 – Sábado – Miami – Cocoa Beach – 400 Km A American Rider abria as 10 horas, as 9 estávamos dando a saída do hotel e chamando o taxi. Carregamos as nossas coisas e fomos de encontro as nossas motos nos próximos 15 dias. Arrumamos as bagagens da melhor maneira possível e caímos na estrada pela Interstate 95 em direção a Cocoa Beach, nosso objetivo do dia. A saída de Miami não é fácil, uma cidade grande e muitas pistas e viadutos, mas com a ajuda do GPS seguimos pela rota certa. Nossa primeira parada do dia foi uma loja de peças usadas Harley Davdson, a Biker Inc. Algo parecido com as lojas da boca em São Paulo, mas só de peças Harley. Após seguimos pela Interstate 95, interessante que existem 2 estradas paralelas, uma com pedágio e outra sem, na ida fomos pela pedagiada para ver como é. As paradas de descanso ou Restarea, são imensamente melhores que poderíamos imaginar. Dispostas a cada 35~60 milhas, são limpas, tem banheiros, mesas, bebidas e lanches, e amplos espaços. Nenhum sinal de depredação. Na chegada em Cocoa conseguimos um agradável hotel de frente para o mar, e jantamos em um bar movimentado pelos jogos do campeonato de beisebol, tinha mais de 20 tvs espalhadas pelo bar com vários jogos ao mesmo tempo. Um tipo de bar que achamos em vários outros locais pelo caminho. 2/10/2011 – Domingo – Cocoa Beach – Daytona Beach – 170 Km O dia amanheceu quente e ensolarado, tomamos o café do hotel e fomos para a praia na frente do hotel, na seqüência do banho de mar, carregamos as motos e tomamos o rumo do John F. Kennedy Space Center, mais conhecido como base Cabo Canaveral, de onde a NASA lança os seus foguetes. Grande e agradável excursão, começou com um passeio de ônibus pela base até aonde acontece os lançamentos, e uma apresentação da sala de controle de missões. Na seqüência fomos ao pavilhão do projeto Apollo. A onde está exposta a nave de 110 metros e centenas de peças relacionadas a este projeto que colocou o primeiro homem na Lua. Na próxima etapa somos levados ao ônibus espacial, e assistimos um filme em 3D que mostra o ônibus trabalhando, lançamento e manutenção do satélite Hubble, um telescópio que estuda o espaço. Embora o lado comercial seja bastante óbvio, pois as lojas de lembranças são grandes e variadas, não é apenas comércio e entretenimento que está sendo apresentado. O projeto Apollo 11 fez uma viagem a 40 anos atrás usando computadores piores que um celular moderno, para chegar antes que os russos a Lua, e neste processo mostrou que ainda existem grandes desafios. Os vários lemas e frases ditas nas apresentações ao longo do dia, a que mais me marcou foi o sentimento que não podiam falhar, desistir ou deixar ao acaso, disso dependia o sucesso da viagem ao espaço. De certa forma em nossas viagens de moto, e nossa vida, é exatamente igual. Tenho um ditado pessoal que digo: “Jogue confete na cabeça, mas nunca jogue pedras nos outros”. Nesta visita a Nasa vi aplicado esta idéia, pois a Nasa mostrando sua obra ganha mais simpatia para continuar merecendo os bilhões do contribuinte americano. Saindo da base ao fim da tarde, pegamos a Interstate 95 e fomos até Daytona, 100 milhas, uma distância relativamente pequena. Achamos um agradável hotel de frente para o mar, que deixamos reservado para a nossa volta daqui a 10 dias, para participar do Biketoberfest. Aqui encontramos uma característica de 30 % dos hotéis do caminho, que tem haver com o estilo de vida deles, 2 camas de casal no quarto. É normal por aqui os casais dormirem em camas separadas, grandes. E quando dormem na mesma cama, usam uma cama enorme, cerca de 3 metros de largura. Para nós do Brasil um quarto de 2 camas pode abrigar 2 casais. Também desde ontem encontramos os hotéis a beira mar sempre com cozinha completa, fogão, geladeira, microondas, panelas, etc... Não tem café da manhã, mas compramos as coisas necessárias durante o abastecimento em uma loja de conveniência próxima, e jantamos em uma lancheria na frente do hotel. 3/10/2011 – Segunda Feira – Daytona – Charlestom – 559 Km O dia amanheceu muito agradável, fizemos um lanche e caímos na estrada, hoje é meu aniversário, e qual o melhor presente que podia desejar, um dia agradável rodando de moto. Saímos da Florida e entramos no estado Georgia, e posteriormente South Carolina. Vamos pela Interstate 95 e seguimos até encontrar a US 21 e na seqüência a 17 para terminar o dia em Charleston, uma agradável cidade histórica na costa. No centro achamos o hotel Indico In, em estilo colonial. Aqui é como Daytona, o quarto tem 2 camas de casal, com uma diária para hospedagem de até 2 casais. Saímos para caminhar ao entardecer e jantamos costela de porco, feijão e acompanhamentos, regada a cerveja artesanal. De sobremesa torta de chocolate. 4/10/2011 – Terça Feira – Charlestom – Smithfield – 468 Km Os dias ensolarados tem sido uma constante até agora, e saímos calmamente da cidade, seguindo a US 17 a beira mar, até Georgetown e Myrtle Beach, aonde tomamos a US 501 e regressamos a Interstate 95. A região de Georgetown é uma agradável seqüência de praias, que nos deixou muito impressionados pelo capricho e limpeza em tudo que é publico, a perfeita ordem e calma no trânsito, características que se perpetuaram por toda a viagem, temos muito a aprender com este povo. O controle da velocidade máxima é feito por aviões, existe uma tolerância de 10 % do limite pelo que observamos. Os aviões com radares avisam as viaturas em solo, quem deve ser detido e punido, poucos se arriscam a exceder os limites. Pois as viaturas da polícia sempre são carros potentes e velozes, sem chance de fuga aos infratores. Nós, com placas de fora e estrangeiros, andávamos rigorosamente no limite imposto pela sinalização e nunca fomos parados. Cruzamos a divisa com o estado North Carolina, e a cada novo estado sempre tem uma recepção turística, aonde lhe entregam mapas e panfletos do estado e amostra dos principais atrativos e produtos. Turismo levado a sério. Tínhamos optado por encerrar o dia em Newton Grove, sobre a US 13, uma cidade pequeníssima, nesta região agrícola, porém o único motel da cidade estava fechado, voltamos a estrada e rodamos até Smithfield, a beira da 95. Ao longo das grandes estradas, em intervalos regulares, locais aonde existem 3 a 10 hotéis e vários postos e restaurantes. Nestes locais é possível pesquisar opções e preços de hotel. Fomos a 3 motéis até acharmos um adequado, da rede Confort In. Jantamos em um agradável restaurante com cervejas artesanais. 5/10/2011 – Quarta Feira – Smithfield – Cape May – 601 Km Pegamos a estrada antes das 8h00, outro dia perfeito, mas o avanço para norte começa a mostrar resultado, e a temperatura ao amanhecer é bem baixa, da ordem de 12 graus, a cada dia que avançamos baixa mais, começamos a utilizar nossos agasalhos de manhã e vamos tirando ao longo do dia. Nossa viagem começou no paralelo 26, como fosse Paranaguá no Brasil, agora estamos no paralelo 36, como fosse ao sul de Buenos Aires na Argentina, e o nosso destino final, Manhattan, no paralelo 41, equivale a Península Valdez na Argentina. As estradas seguem perfeitas, e os dias de tempo bom incentivam o avanço da viagem em ritmo constante. Seguimos pela Interstate 95 até entrar no estado Virginia, logo após a divisa em Emporia, passamos para a US 58, nosso objetivo é atingir a US 13 e atravessar a Chesapeake Bay Bridge, uma ponte que se estende por 30 km sobre o mar, e duas vezes mergulha em um túnel submerso para a passagem dos navios sobre a estrada. A quantidade e a qualidade das estradas está muito acima do que dispomos na América Latina, estamos encantados e já nos resolvemos a repetir a dose no futuro. Inclusive planejando alguns acampamentos na grande quantidade de campings disponíveis. Depois abandonamos a US 13 e tomamos a US 113, entrando no estado de Delaware, até Lewis, aonde vamos pegar um Ferry Boat para cruzar a Delaware Bay. Uma baia com 25 km de largura, do outro lado o estado New Jersey. Porém chegamos atrasados ao atracadouro e temos de aguarda 2h30 até o próximo Ferry chegar. Telefonamos para a Cathy, sobrinha do Remi, para avisar que estávamos próximos e chegaríamos no dia seguinte antes do almoço. Após a travessia, aonde jantamos no barco, ficamos em um agradável motel em Cape May. 6/10/2011 – Quinta Feira - Cape May – Newark – 259 Km Saímos pelas 7h00 em direção ao destino final, a casa de Cathy, o frio era intenso, as luvas não conseguiam manter as mão aquecidas e tínhamos de parar a cada 30~40 milhas para tomar um café ou chocolate quente para reaquecer. Conforme o sol subia o desconforto foi diminuindo. Seguimos pela Garden State Parkway até reencontrar a Interstate 95. No fim da Garden State eram 10 pistas seguindo em direção a New York, incrível ! Newark fica a margem da 95, a sobrinha do Remi mora bem perto ao aeroporto de Newark. Quando o Remi tocou a campainha insistentemente ela não atendeu, achando que era algum maluco, mas, em seguida eu telefonei e ela abriu a porta. Conhecemos então pessoalmente a Cathy e o Jr, seu marido. Almoçamos juntos, e colocamos o papo da viagem em dia, após conseguimos um motel próximo, em Elizabeth. Eu e a Lorena ficamos em Elizabeth e o Remi ficou na casa da sobrinha. Marcamos para nos encontrarmos no dia seguinte para o passeio. 7/10/2011 – Sexta Feira – Newark – Manhatan – 28 Km Saímos de Newark de metrô para Manhattan, quando atravessamos o Rio Hudson entramos no estado de New York, e na cidade de mesmo nome. Nossa primeira parada é ponto zero, onde ficavam as Torres Gêmeas. Dali saímos caminhando e vamos até o centro financeiro aonde tem o monumento em forma de Touro. Depois embarcamos para conhecer a estatua da liberdade, que embora seja visitada a partir de Manhattan, fica no território de New Jérsei, tem cerca de 50 metros, e está sobre uma base de pedras de 35 metros de altura. Não conseguimos entrar no monumento em homenagem ao 11 de setembro e dentro da estatua porque os ingressos são vendidos antecipadamente pela Internet e não estávamos preparados. Na volta do navio, tomamos um metrô até o central park, visitamos a loja da Apple, que estava cheia de homenagens pelo falecimento de Steve Jobs que acontecera 2 dias antes. Passamos o fim de tarde caminhando pela quinta avenida em direção a Time Square, aonde podemos apreciar o show de luzes a noite. Interessante que a Time Square é uma parte da Broadway, uma das poucas ruas de Manhattan que não respeita a malha retangular das demais ruas, e seu formato sinuoso propicia aquelas esquinas e espaços diferentes do resto da cidade. Jantamos por ali mesmo, o jantar mais caro da viagem, mas valeu a pena. Depois mais uma caminhada até o Madison Square Garden, aonde pegamos um trem de volta a Newark, e descanso depois de um longo dia de caminhadas. 8/10/2011 – Sábado – Newark – Manhatan – 150 Km Hoje é dia de entrarmos em Manhattan de moto. Cathy tem que trabalhar, não pode ir conosco. Pegamos as motos e seguimos rumo a esquina da 5 Av com a 36 St, O Empire State Building tem vários estacionamentos próximos, guardamos as motos e entramos na fila dos turistas. Uma das filas mais complicadas que já entrei, pois está dividida em vários estágios, e são umas 2 horas de espera até alcançar o observatório no andar 86. Como trabalhei muito com construção civil e estruturas metálicas, entrar neste prédio era um sonho antigo, finalmente realizado. De volta a rua, fomos caminhar mais um pouco, entrar nas lojas, passar a Time Square de dia, e voltamos para as motos. Com as motos começamos um giro pelas ruas da margem junto ao Brooklin, até a ponte, depois até o cais aonde pegamos o navio para a estatua da Liberdade e de volta ao Túnel Lincoln, para Newark. Eu e a Lorena ficamos no hotel, mas o Remi como estava na casa da Cathy foi com o Jr para a balada e ficaram até as 3 da manhã em festas de Brasileiros. A colônia de Brasileiros e Portugueses em Newark é grande e muito ativa, com vários eventos por semana. Lugar interessante para passar nas próximas viagens, embora não tivemos problemas, é uma opção para obter socorro no idioma nativo do Brasil. 9/10/2011 – Domingo – Newark – Washington – 457 Km O Remi ainda estava meio quebrado da festa, mas encarou na boa a viagem. Saímos com o frio matinal em direção a Washington DC pela Interstate 95. Interessante que neste Domingo começamos a encontrar os motociclistas a passeio, o que aconteceu também ontem em Manhattan. A exemplo do Brasil, os Americanos também tiram o sábado e o domingo para os passeios de moto em grupo ou sozinhos. A diferença é que a nossa CG para eles é Harley Davidson, moto japonesa é Gold Wind, Shadon, Night Star, e a tribo das motos esportivas é uma minoria. Toda região que rodamos agora é densamente ocupada, e passamos por Baltimore no caminho. Chegamos em Washington pela parte antiga com suas casas centenárias, até estacionarmos na frente do Congresso Nacional. Ali encontramos 2 brasileiras que nos deram algumas dicas para a viagem. Rodamos pelas ruas e fomos até a Casa Branca, embora o Obama não tenha saído na sacada para acenar para nós, ficamos satisfeitos por estar ali, tão perto. Como em todo o país é farto o comércio de camisetas e lembranças do local. Mas o que impressionou na beleza e capricho de toda a cidade, é a opulência, até o meio fio da sarjeta é de mármore, um luxo só. Saímos da cidade pela Interstate 66, a mística estrada que ligava o leste ao oeste do EUA e que agora existe apenas em alguns trechos, como este entre Washington e Strasburg. O entardecer pela 66 foi muito agradável, seguimos 50 km até uma área de hotéis e restaurantes a beira da Interstate 66, na cidade Manassas. 10/10/2011 – Segunda Feira – Washington – Roanoke – 475 Km Levantamos um pouco mais tarde, tomamos o café do hotel e seguimos viagem pela Interstate 66, saindo da Virginia para o estado West Virginia pela State 55 e pela US 220. O nosso objetivo neste rumo ao oeste é chegar a região serrana, e rodar nas florestas de folhas vermelhas. Nesta época do ano vivemos o outono e as folhas começam a cair, gerando cenários de rara beleza nas serras. Toda a região faz parte da George Washington National Forest, um a área de preservação. Embora seja uma segunda feira, é grande a quantidade de motociclistas percorrendo estas estradas, alguns que conversamos disseram que rodam pela região para aproveitar a beleza local, os mapas se referem a região como Sêneca Rocks. Saindo da principal, seguimos nossos instintos, e pegamos diversas estradas com pouco movimento, pelo traçado antigo da 55, viramos na 33, 28, 250, 640, 84, 220, 39, 629. A estrada 629 roda ao longo de um parque estadual O Douthat State Park, em Millborg, já de volta ao estado Virginia. Esta última estrada não era pintada, não tinha sinalização horizontal, de maneira intencional, não era um desleixo, era para evitar que as tintas poluíssem o local. O asfalto era bastante irregular, aparentemente para que os veículos mantenham baixa velocidade. Neste percurso foram centenas de curvas, atrás de cada uma, uma nova paisagem especial, e passamos 3 ou 4 vezes por topos de serra acima dos 1000 metros de altitude. Valeu a pena desviar da Interstate 81 para conhecer a região. Se tivéssemos mais tempo teríamos seguido mais adiante até a 129, a rota do Dragon, a série de curvas mais famosas na região. Seguimos rodando ao entardecer até Roanoke, aonde encontramos outra área de hotéis junto a Interstate 81. O jantar foi em um restaurante que não serve bebidas alcoólicas, como o de ontem. É comum nos estados do centro norte dos EUA estes restaurantes sem álcool, e o povo apóia, tem muitos freqüentadores, tive a opinião que menos da metade dos restaurantes pode servir álcool. Fiquei várias noites sem a minha cota de pão liquido, mas como é da cultura local, vou me adaptando. 11/10/2011 – Terça Feira – Roanoke – Ridgeway – 460 Km – Chuva Hoje o dia amanheceu chuvoso, usamos nossas roupas de chuva, única vez na viagem. No começo do dia a chuva está fraca, uma garoa. Mas conforme as horas passam a chuva fica muito pior, forte e insistente. Seguimos pela Interstate 81 até encontrar a Interstate 77, rumo sul. Entramos no estado North Carolina. Paramos apenas para abastecer. Em Charlotte almoçamos numa loja Subway dentro de um posto de combustíveis, assim como em New York e tantos outros locais, várias redes são comuns, Big Burger, Mac Donalds, Pizza Hut. Temos evitado estes lugares, comemos sempre que possível em restaurantes locais. Tem sido muito bom, se come boa comida longe das redes de fast food. Logo passamos para a South Carolina, e quando atingimos a nossa média diária paramos para a pernoite, embora fosse apenas 14 horas. Pois já estávamos muito molhados. Depois de nos hospedarmos, ainda fomos até um mercado local e até uma ferragem, aqui eles chamam de hardware, a que encontramos estava aberta desde 1890, em um prédio centenário, assim como vários outros prédios de Ridgway. De volta ao motel um bom banho, e tiramos o resto do dia para descansar. Aqui, como em muitos lugares pelo caminho, achamos lojas que vendem armas, de todos os tipos, de revolver a fuzil, e sua munição. Para mim é uma prova simples que o desarmamento do Brasil não vai resolver o problema da violência, já que nos EUA aonde a venda de armas é legal, tem muito menos violência que no Brasil. O nosso problema é cultural, somos o resultado de um povo que quer tirar vantagem, que dá jeitinho, que usa a lei só se for conveniente, e os nossos políticos na maioria das vezes são apenas um espelho do povo que os elegeu. Conheci nos EUA um povo educado, atencioso, que não acionou a buzina nenhuma vez no trânsito porque estava rodando na velocidade das placas, não forçou passagem, não furou a fila. Temos muito para aprender. 12/10/2011 – Quarta Feira – Ridgway – Daytona – 706 Km O dia amanheceu fechado, mas sem chuva, tomamos a estrada antes das 8 horas, seguindo sempre no rumo sul pela Interstate 77. Em alguns trechos tem serração, mas não chove. Como estamos na direção de Daytona, é enorme a quantidade de motociclistas que fazem o mesmo percurso na direção do encontro. Mas também chama a atenção que mais da metade dos motociclistas está levando a moto em reboques, e viajando em confortáveis camionetes e SUVs. Diferente do Brasil, os reboques aqui são fechados, como pequenos furgões, poucos viajam em reboques abertos ou na caçamba. Assim as motos não sujam na viagem. Seguimos no nosso ritmo, parando a cada 50 milhas para descansar e a cada 2 ou 3 paradas abastecemos, e vamos ganhando caminho para fazermos neste dia a maior distância percorrida em um dia na viagem. Quando a Interstate 77 termina em Columbia, passamos para a Interstate 26, que logo encontra com a Interstate 95 e entramos na Georgia. Na passagem da Georgia para a Florida, os motociclistas param para tirarem os capacetes, embora não façamos a mesma coisa por questão de segurança, é comum ver motociclistas de todas as idades parando e tirando seus capacetes, para seguirem apenas com óculos. Atualmente a Florida é um dos poucos ou único estado que não obriga o uso do capacete, apenas da proteção para os olhos. Muitos americanos fazem questão de exercer este direito. Nas proximidades de Daytona, junto a Interstate 95, paramos na loja Harley Davidson Bruce Rossmeyer. Na loja acontece um encontro maior que muito encontro aqui do Brasil. A loja em si é enorme e cheia de atrativos, ao seu redor uma série de barracas com acessórios de todo o tipo para os motociclistas e suas máquinas, ao lado um hotel. Ficamos umas 2 horas admirando o local. A chegada em Daytona no começo da noite foi animada, as centenas de motos que compartilhavam a mesma estrada nos colocaram no clima, e no hotel já tínhamos nosso lugar reservado. Chegamos e jantamos pizzas em um bar próximo, acompanhado de várias cervejas. 13/10/2011 – Quinta Feira – Daytona – 50 km O encontro nos espera, mas como fomos percebendo aos poucos, são vários encontros, espalhados em uma área de 40 Km, que tem em Daytona seu palco principal. Pelo que rodamos, são dezenas de eventos, cada pequena ou grande loja é um evento e tem sua programação. Os principais são na ordem das nossas visitas: Harley Davidson Bruce Rossmeyer, Main Street, Daytona Speedway, Iron Horse. Primeira atividade do dia: compras para abastecer a geladeira do nosso quarto, para os cafés e jantares. No mercado vendiam a camiseta oficial do evento. Após fomos aproveitar nosso dia na Main Street, entramos em todos os bares e lojinhas, e são muitos. Para todos os gostos e bolsos. Shows de rock ao vivo desde manhã até a noite. Algumas pancadas de chuva assolaram o evento nesta tarde. Tomei 1 cerveja em cada bar, e no meio da tarde fomos descansar um pouco no hotel. A noite saímos de novo e ficamos até a 1 hora da madrugada na Main Street. Sempre tinha bandas tocando, em vários lugares ao mesmo tempo, devem trazer músicos de todos os cantos do país. 14/10/2011 – Sexta Feira – Daytona – 110 km Hoje reservamos para conhecer o evento no Speedway, nome que dão aos autódromos aqui nos EUA. O evento do Speedway é mais profissional que na Main Street, tem um jeitão de salão, só que ao ar livre e num espaço muito maior. Ali encontramos dezenas de fabricantes de peças, partes, roupas. O paraíso dos customizadores. Dentro do autódromo aconteciam corridas de motovelocidade dos campeonatos regionais, e tinha uma área destinada aos campistas, aonde por US$ 50,00 você poderia ficar acampado durante todo evento. Bom e barato. Embora Daytona tenha um rede hoteleira enorme, que não chegou a ficar lotada com o evento, com hotéis de todo o tipo e preço. O evento é organizado por uma comissão dos municípios da área, e cada bar, loja. hotel, tem pelo menos 2 pessoas que participaram das reuniões com a comissão organizadora. A página oficial do evento http://www.biketoberfest.org divulga o público do evento em 125.000 pessoas. Após nos divertirmos no Speedway, passamos no super mercado e compramos Camarões para o jantar. Depois eu e o Remi fomos para o Iron Horse, em Ormond Beach, me custou um resfriado rodar cerca de 35 km na noite fria, mas o local era excelente, valeu a pena. Voltamos depois da meia noite com direito a mais uma passada pela Main Street. 15/10/2011 – Sábado – Daytona – 110 km Acordamos em outro dia ensolarado, embora as poças de água mostrem que choveu a noite. Pegamos as motos e fomos a Main Street dar uma voltinha, após voltamos ao Iron Horse. De dia deu para apreciar melhor os vários espaços, área de camping e expositores. Ficamos até o fim da tarde no Iron Horse e voltamos ao hotel. Fechamos as malas para nos preparar para a última etapa da motoviagem. Após o jantar, o Remi resolveu ir até o Speedway, e eu fui junto, daí descobrimos que a noite não tem evento no Speedway, fica tudo fechado, profissionalismo. Enquanto isso o evento estava a mil na Main Street, mas tínhamos de dormir cedo para estarmos descansados para viajar. 16/10/2011 – Domingo – Daytona - Miami – Key West - 593 Km de moto e 260 Km de carro alugado. As 8 horas saímos do hotel, rodamos pela 95 até Miami, desta vez pela estrada sem pedágio, não notamos nada de diferente, talvez em dias congestionados tenha diferença, mas neste dia não tinha diferença com a pedagiada. Na chegada a Miami algumas nuvens de chuva esparsas, mas como estávamos chegando, optamos por seguir até a American Rider antes que a chuva mais forte chegasse. Entregamos as motos e combinamos de voltar no dia seguinte para conversarmos mais, já que no momento só tinha um atendente na loja, para receber as motos, pois era domingo, e o resto dos funcionários só na segunda. Pegamos um taxi e fomos a central de locadora no aeroporto, aonde alugamos um carro. Deveríamos ter feito isso pela internet, teria sido mais rápido e provavelmente poderíamos pesquisar mais. Mas deu tudo certo e saímos de carro em direção a Key West. Mas, nem tudo estava a favor, começou a chover intensamente, quanto mais avançávamos para Key West, mais a chuva caia, mesmo assim chegamos tranqüilos, alugamos dois quartos e fomos ao centro jantar. Lugar muito agradável e quente. 17/10/2011 – Segunda Feira – Key West – Miami - 300 Km Amanheceu chovendo e seguiu assim o resto do dia, depois o jornal deu a notícia que neste dia choveu 170 mm. Demos um giro abaixo de chuva pela cidade e voltamos a Miami. Praia em Key West vai ficar para a próxima vez. Na volta a Miami fomos a loja American Rider colocar o papo em dia com o Adrian. Depois fomos ao Wallmart para pegar algumas coisas que faltavam e voltamos ao hotel próximo ao aeroporto. 18/10/2011 – Terça Feira – Miami - 100 Km Dia de se dedicar a conhecer o Shopping Ventura e o Outled Sawgrass Mills. Parou de chover e podemos passar pelo centro financeiro de Miami, apreciando seus prédios modernos. Os centros de compras que visitamos estão muito a frente dos similares no Brasil, por isso que tem tanta gente fazendo turismo de compras em Miami. De volta ao hotel, é hora de fecharmos as malas para a viagem de retorno, tínhamos de sair do hotel as 4 da madrugada, por isso dormimos cedo. 19/10/2011 – Quarta Feira Devolvemos o carro alugado e fizemos o chek in, não tivemos excesso de bagagem, mas deu uma zebra, não recolheram nossos bilhetes de imigração, problema para ser resolvido no Brasil, através do despachante que encaminhou o visto, pois se o bilhete de imigração não chegar ao destino correto, é como se não tivéssemos partido do EUA. O avião decolou de Miami às 8H54, pousou na Costa Rica, aonde aguardamos 6 horas pela conexão para Lima, depois mais 2 horas pela conexão para Porto Alegre. 20/10/2011 – Quinta Feira Chegamos em Porto Alegre às 7h00, um pouco atrasados porque o avião deu a volta nas nuvens de cinzas do Vulcão Chileno, tudo tranqüilo. Ficou curioso quanto custou a viagem, veja : Visto para 10 anos R$ 1000,00 Passagem de avião US$ 610,00 Aluguel da Moto e carro US$ 1.641,00 Diária de hotel US$ 70,00 na média Comida e combustível Diário US$ 60,00 na média Total fora o visto US$ 4.8500,00 Despesa adicional acompanhante US$ 1.200,00 É mais caro que rodar pela América do Sul, mas não é impossível. Nos vemos na estrada. Alexandre Sampaio Moto Clube Bento Gonçalves