VARAL NO 5

Transcrição

VARAL NO 5
Varal do Brasil
LITERÁRIO, SEM FRESCURAS!
ANO 2 - EDIÇÃO NO. 5
1
Literário, sem frescuras
Genebra, outono de 2010
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Varal do Brasil
EXPEDIENTE
Revista Literária VARAL DO BRASIL
Infidelidade é como apanhar o seu sócio
roubando dinheiro do caixa. (Fernando
Sabino)
No. 5 — Genebra — CH
Copyright © Vários autores
O Varal do Brasil é promovido,
organizado e divulgado pelo site:
www.coracional.com
Site do Varal: www.varadobrasil.ch
Textos: Vários Autores
"Não tenho nenhuma religião
instituída, mas tenho uma profunda
visão religiosa, sagrada, da
natureza, das pessoas, do outro."
Ilustrações: Vários Autores
Revisão parcial de cada autor.
Colaboradores:
Marcelo Moraes Caetano
Paula Barrozo
Rui Martins
Tereza Dalva Rödel
Thiago Maerki
Revisão Geral: Varal do Brasil
Composição e diagramação:
Jacqueline Aisenman
A distribuição ecológica, por email, é
gratuita.
Se você deseja participar do Varal do
Brasil no. 06, envie seus textos até
25 de OUTUBRO de 2010 para
[email protected]
•
Maria Teresa Horta
•
Lya Luft
•
Ana Maria Magalhães
•
João Guimarães Rosa
•
Fernando Sabino
•
Luís Fernando Veríssimo
A participação é gratuita. Participe!
4
Varal do Brasil
Nós escrevemos contos, crônicas e poemas. Somos escritores poetas. Poetas escritores. Somos
brasileiros de muitos estados, somos latino-americanos, europeus, somos cidadãos do mundo
levando a você a arte de viver e o viver da arte.
Falamos de amor, de dores, paixões, amizade, medos, contamos coisas da vida. Trazemos nosso
modo de pensar e opinamos sobre o que acontece.
Os emigrantes, a literatura, a voz de um tenor, nossa história… tudo é assunto para que aqui no
VARAL possamos abrir nosso coração e soltar nossa pena.
Somos unidos na vontade de fazer crescer a arte. E, juntos, colorimos um mundo que,
infelizmente, tantas vezes resta apenas cinza.
A revista VARAL DO BRASIL chega a você no seu sexto número e conta atualmente com
participantes escritores e com colaboradores, que escrevem artigos para a revista além de suas
participações.
Bem-vindos Marcelo Moraes Caetano, Rui Martins, Tereza Dalva, Thiago Maerkii! Bem-vindos a
todos os participantes! Continuem escrevendo para nosso deleite!
Boa leitura, amigos!
A equipe do VARAL
Mes Chers Invités de cette édition !!!!
◊
◊
Marcio Freitas
Dr. Francisco Gregori Junior
Janete A. Gutierrez
◊
◊
Thiago Arancan
5
Varal do Brasil
•
ALESSANDRA NEVES
•
ALMA LUSITANA
•
ANA ANAISSI
•
•
ANA BACK
ANTONIO VENDRAMINI
•
CLAUDIO COSTA
•
CRISTIANE STANCOVIK
•
EURICO DE ANDRADE
•
FABIO RAMOS DOS SANTOS
•
FABRICIO COUTO MARTINS
•
GILBERTO NOGUEIRA OLIVEIRA
•
HUGO PONTES
•
ICLÉIA INÊS R. SCHWARZER
•
IGOR MEDEIROS OLIVEIRA
•
•
JACI SANTANA
JACQUELINE AISENMAN
•
JOSÉ ALBERTO DE SOUZA
•
JOSÉ VALDIR OLIVEIRA
•
•
•
•
LARIEL FROTA
LUIZ CARLOS AMORIM
LUIZ EDUARDO GUNTHER
•
MARCELO DE OLIVEIRA SOUZA
•
6
JU PETEK
MARCELO MORAES CAETANO
Varal do Brasil
•
•
OSWALDO ANTÔNIO BAGIATO
PAULA BARROZO e SEUS CONVIDADOS
•
RAIMUNDO CANDIDO TEIXEIRA FILHO
•
RENATA FARIAS
•
•
RENATA IACOVINO
RODRIGO FERNANDES PEREIRA
•
RUI MARTINS
•
TEREZA RODEL
•
THIAGO MAERKI
•
•
•
VALDEK ALMEIDA
VALQUÍRIA GESQUI MALAGOLI
•
•
TINO PORTES
VARENKA DE FÁTIMA
VICTOR MANUEL GUZMÁN VILLENA
•
•
7
VÓ FIA
WALNÉLIA CORRÊA PEDERNEIRAS
Varal do Brasil
Por Alessandra Neves
Agora um silêncio morno se fez em meu
coração
dizem
Lamúrias
Um torpor seco e aconchegante
Prantos
Uma esplendorosa escuridão
E mesmo quando trancado
Pálpebras
Segundos antes do torpor,
Mais pálpebras pesadas caindo no sono eterno
O rosto ainda continua maciamente petrificado
No rosto, uma tranqüilidade...
Gélido
Uma morbidez...
Mórbido
Silêncio, completo silêncio
Parecendo sorrir
Ele toma tudo e o todo
Passam-se longos minutos
Depois breves entoares e louvores
Arrastam-se horas
E no rosto,
Contam-se sete dias
O mesmo frescor
Um mês
A mesma tranquilidade
Anos
A mesma morbidez
Resta a memória
Lágrimas
A saudade...
Elas nunca faltam!
Principalmente quando não se conhece o destino
Cochichos
... era uma boa pessoa
Não importa o que fizeram
Mas, já notou que sempre eram bons?
Com raiar do dia
Curiosidade
Sinal da santa cruz
E o rosto tranqüilo continua ali
Fresco
Mórbido
Agora até parecer sorrir!
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Varal do Brasil
Alessandra Pacheco das Neves, nascida em
29 de abril de 1982 na cidade de Tubarão,
Santa Catarina, é estudante do curso de letras
na Universidade do Sul de Santa Catarina.
Escreve desde os 9 anos de idade e somente
agora foi incentivada por sua amiga Nelci
Cristiane Stancovik, a dividir, inclusive com
ela, seus escritos. Alessandra também
participa de uma instituição de Bioenergia de
onde tira inspiração.
Foto de Jacqueline Aisenman
No próximo número a revista VARAL
DO BRASIL estará completando seu
primeiro ano de existência.
Envie seus textos, faça parte da edição
de aniversário do VARAL!
Sua presença é o nosso presente! Venha!
9
Varal do Brasil
SEM ABRIGO
Quem era
O que sou
De onde venho
Para onde vou.
Perdido no tempo
Sozinho, esquecido
A alma doente
Sou um sem-abrigo.
Não tenho nada
Durmo no chão
Vivo com mágoa
Na escuridão.
Sinto tristeza
Não tenho saída
Vivo na pobreza
Que raio de vida.
Perdi a vergonha
De assim viver
Não tendo escolha
Assim vou morrer.
Foi pela sorte
Abandonado
Aguardo a morte
Por Alma Lusitana
Estou cansado
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Varal do Brasil
Alma Lusitana, pseudônimo de Joaquim Fernando Cardoso
de Almeida, nascido a 13 de Julho de 1969 em Cucujães,
concelho de Oliveira de Azeméis. Poeta amador, atualmente
residente em São João da Madeira, iniciou o seu interesse e
paixão pela poesia no ano de 1998, continuando desde então,
a escrever e a promover a divulgação dos seus trabalhos, não
só com o intuito de aumentar a sua obra literária, mas
também contribuir para o enriquecimento e valorização da
poesia em Portugal.
E-mail: [email protected]
Sítio: www.almalusitana.net
7o CONCURSO ROGÉRIO SALGADO DE POESIA
Devido ao sucesso obtido com as edições anteriores, a Promotora Cultural Virgilene Araújo institui o 7o
Concurso Rogério Salgado de Poesia, com o objetivo de incentivar a cultura, a poesia e a leitura de modo
geral, além de homenagear este poeta que comemora este ano, 35 anos de poesia.
Poderão participar poetas de todos os estados do país. Cada autor poderá inscrever até três poemas,
que deverão estar digitados ou datilografados, de no máximo uma lauda (30 linhas, incluindo
espaços de uma linha para outra), e enviados em 03 vias cada um. Os poemas não poderão ter
identificação de sua autoria, sendo que no rodapé da página deverá constar apenas o pseudônimo do
autor. Anexar à parte, envelope lacrado contendo em seu interior o nome, endereço e telefone e e-mail
para contato (se tiver). Por fora do envelope, constar o(s) título(s) do(s) poema(s) e pseudônimo do autor.
No ato da inscrição será cobrada uma taxa de R$ 5,00 (cinco reais) para despesas de manutenção do
concurso, enviada em forma de cheque nominal a Virgilene Ferreira de Araújo. Caso ache mais prático
enviar o valor em espécie, será enviado recibo para o poeta inscrito.
As inscrições deverão ser enviadas para a Caixa Postal 836 – Belo Horizonte/MG – Cep: 30.161-970,
até o dia 30 de novembro de 2010, fazendo valer a data da postagem.
Serão selecionados por um júri composto de dois poetas, convidados pela organização do concurso,
além do poeta homenageado, três primeiros lugares, que receberão, além de certificados, um pacote
literário composto de excelentes livros e Cds, como incentivo a uma maior incidência de leitura. Caso os
jurados achem necessário, serão conferidas menções honrosas.
Maiores informações pelo telefone: (31) 3464.8213, 8421.6827 e 8416.8175.
Obs: as inscrições enviadas que não obedecerem o regulamento, serão automaticamente
desclassificadas.
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Varal do Brasil
Por Ana Anaissi
-Estômago,vocêviu,
Essetroçoquecaiu?
-Baço,euatésentimedo
QuandoVicenteengoliu.
-Naverdadenãosabemos,
Vicenteestáviajando,
Távendocomidanova
E1icaexperimentando.
Sópravocêsteremidéia
Dessamesadesalgados,
Imaginemcomoestamos
Totalmentearregalados!
-Gargantavocêaíemcima,
Quequeéessetroçoestranho?
-Sóseiqueéverdeabacate,
Maseunoteifoiotamanho;
Sevocêsvissemessamesa,
Esperariamopior;
Esseverdãofoiaentrada,
Dosmalesvaiseromenor
Temumacoisaassim,
redonda,
Queérepartidanomeio,
Quejávimos,depertinho,
Temumbichoderecheio!
Quasemedeixaentalada,
Eupasseiomaiorsufoco...
Asortefoiquejogou
Umgoledeáguadecoco.
Nãoseiquepaíséesse
Masformeiminhaopinião;
Édessamesaquesaem
Alguns1ilmesde1iccão.
-Olhos,sómesmovocês
Vãopodernosajudar;
Queporcariaéessaaí
Queestávindodevagar?
Spilbergjáveioaqui,
Nãoseiseprovouacomida
Masseiquefotografou
Pradepoisserexibida.
12
Nãoqueremosnemolhar
Masvicenteestáteimando,
Odoidoestátãocurioso
Quevaiterminarprovando.
Táfazendoagenteolhar
Paraumcremeengordurado
Quesecomesobreumtroço
Queestávivoecongelado.
Varal do Brasil
Émeiocontraditório,
Massóqueéapuraverdade,
Sejuntarcomesseverdão,
Vaivirarcalamidade...
Eagentetemqueesperar...
Praessehomem
irresponsável?
Nosdeixaàmercêdeumcara
Comessegostolamentável!
-Ai,socorro,masquenojo!
-MeuDeus,oquefoiagora?
-Aquinocantodamesa;
-Entãonãodeixemeleolhar! VirgemMinhaNossaSenhora!
-Minhagente,aívaimais,
-Maselecontrolaagente!
Poiseleviuumcanapé.
-Pensememalgumamanobra,
Ogostoaindanãosabemos
-Masnósnãopodemosver!
Olhemumacoisaatraente!
-Masocheiroédechulé.
Falapragenteoqueé.
-Meusamigos,sepreparem,
Ouquesejamaisnormal,
Nósvamosterqueterfé!
-Nariz,façaalgumacoisa!
Queseconheçaamatéria,
-Desdequandoqueeu
Nósnãotemosanticorpos
comando?
Dáprafazerbrincadeira;
Contraessasnovasbactérias!
Eétardedemais,jáentrou...
Oqueéoqueéqueébem
Peraíqueeutôcoçando...
rosa,
Sóesseverdãoquetávindo Temperninhas,temtrêsolhos,
Vaigastarnossasdefesas.
Doisferrõeseumaventosa?
Atchim!Vixe,ocanapé,
Olhos,nosfaçamumfavor,
Nãoentroutodo,masque
Nãoolhemmaispraessa
sorte,
-Éclaroquenãosabemos!
mesa!
Metadesaiuvoando,
Dizlogoquetreméesse!
Menororiscodemorte.
-Sóqueeutambémnuncavi
Nãotemumamoçabonita?
Nadinhaqueparecesse.
Ou,quemsabe,alguém
-Gostamosdessenegócio,
famoso...
Espirrarpradefender!
-Epretendecomerisso?
Porfavor,saiamdeperto
-Eelevaicheirardenovo
Nãotemmedodemorrer?
Dessebanqueteasqueroso!
Secismouquequercomer?
Seelemorreagentemorre,
Ôpernas,vamoscorrer!
-Masnãoémaisfácilvocês?
-Gente,umpoucodesilêncio
Reajamaesseverdão!
Porqueocanapéqueentrou
-Tambémqueremoscorrer
Deemumaembrulhadano
Mereceacompanhamento
Masnãotemalternativa,
estômago,
Pelogostoquedeixou.
Vicenteestánocomando...
Pum,azia,indigestão...
-Entãoestamosàderiva!
-Caramba,seguraaí!
-Nãovaidartempopraisso,
Quegostoardido,socorro!
-MasporqueéqueDeusdá
Overdãovaidemorar,
Esôfago,teprepara,
umcorpo
Abarrigaestávazia
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Varal do Brasil
Vaifazermalpracachorro!
AveMaria,queazia!
Evaiexplodirno1inal!
Estômagoeintestinos,
Issonãovaiserlegal...
Eissoqueentroumetade,
Queoespirrofoisalvador.
Seocanapéentrainteiro,
Sócomressuscitador!
Otroçonãoentrouinteiro
Masseencontroucomo
verdão,
Bateuedeuumaempurrada,
Tãovindopradigestão.
-Vicentedeuumaparada,
Táesperandooresultado.
Quetalsevocêsreagissem
Praele1icarassustado?
Dá,barriga,umapontada
Queéseguidadesuor,
Aívocês,intestinos,
Ameaçamcomopior.
-Tácerto,vamostentar,
Voudaraquelaroncada
Eosintestinoscompletam
Dandoaquelaantecipada.
-Elejádeuumachegada
Maisprapertodobanheiro,
Tápreparadopraentrar
Mastáesperando
primeiro.
Dáoutroroncoeoutra
mexida,
Jogaacoisaprointestino,
Simulemumproblemagrave,
Tantofazogrossoouo1ino.
-Tásurtindoalgumefeito,
Eleentrou,fechouaporta,
Masnãotáligandomuito
Procheirodecoisamorta.
-Nossoesforçofoiinútil,
Quasenãodeuresultado,
Elepôsaculpatoda
Noalmoçoreforçado.
-Masissofoimeio-dia!
-Maselequerseiludir!
Tásesentindomaisleve
Eacabadesevestir.
Agoraestamossaindo,
Jápegouumabebida,
Nãotemumacormuitoboa,
Pareceatéqueétingida.
-Olhos,distraiamessehomem,
Dependemosdevocês.
Nãotemnadachamativo?
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-Sóseforemessesglacês!
Alguémveioconversar...
-Ótimo,umadistração!
-Parecequeéoembaixador.
-Ih,nãoseiseissoébomnão...
Sabecomoéembaixador;
“-Provaaquiessaiguaria,
Elaétípicadopaís...”
-Eaítomaporcaria!
-Boca,praquêfoifalar?
Sabequeacabaatraindo...
Vocêsnãofazemnemidéia
OndeVicenteestáindo!
Seeletinhaalgumescrúpulo,
Agoraelevaiperder;
Praagradaroembaixador
Vaicomeroqueaparecer!
Chegamosnassobremesas!
Meuscaros,éumcasosério...
Odocemaisnormalzinho
Pareceenvoltoemmistério.
-Eagora,oquenósfaremos?
-Sofreremosmuitosdanos!
-Tômesentindonaguerra
Comendodocestroianos!
Varal do Brasil
Comessesdoisbrigando
tanto,
Agentesedesconcentra,
Perdeocontroledascoisas
-Nãodeixapassargarganta! Enãoacompanhaoqueentra.
-Mas,eaí?Ficoentalada?
Vomitaremosemjatos,
Matoohomemmaisdepressa!
Simulandoumavirose!
-Entãodáumasegurada! -Perdemocontroledascoisas?
Econtrolaramalgumdia?
-Melhor1icarmosnoenjôo
Barriga,1ilha,nãosonha,
Semexageraradose.
Precisamosdeumtempinho
Ondeéquevocêvivia?
Queaduplaaindavaichegar
-Entãodápraseragora?
Ocanapé1icouverde
Estápertinhodeumtroço,
Eacabadedespontar!
Nósnuncativemosvoz!
Euqueriadescrevê-lo,
Vicentecomeoquequer.
Sinceramente,nãoposso...
Eeutôsendogeneroso,
Masconsigoverdaqui
Elecomeoquepuder!
Queelesdoisnãocombinaram
-Ésóumolhoqueestávendo?
Estãodisputandoespaço
-Odadireitafechou,
Ejáatéseengal1inharam.
Ohomemnãotemlimites
Émaissensívelqueeu,
Quer“aproveitaravida”.
Coitado,nãosuportou...
Eeleachaqueaproveita
Laringe,esôfago,lutem!
Seabarrigatáentupida!
Nãodeixemotroçodescer.
-Porquenãofechatambém? Aguerraaquiestátremenda
-Nãoachoumaboaidéia,
Vamosterqueinterceder.
-Deixade1ilosofar,
Alguémtemquedescrever
Tiraocanapédaqui,
Porexemplo,essageléia...
Fígadovemdarumaforça
Alguémcarregaoverdão
Queageléiavemaí.
Vocêtámuitoparado!
Abaseédeumverdeoliva
Tácorrendoumsériorisco,
Comumapelículapreta
Nempareceinteressado.
-Barriga,estátudolimpo.
Edentrotemumtroço
-Esôfago,mandabrasa,
grande,
Seriaocaosespelhado,
Pegaaquiessecanapé
Pareceumaborboleta.
Seessagosmanãoatrasa!
Praseparardoverdão,
Táprachegarumacoisa
Queexigeconcentração.
Jávamossaberogosto,
Vicentepassounumpão...
Quevãochegarnabarriga
Liberandoseusguerreiros!
-Faremosumcontra-ataque
Enviandounsmensageiros!
Agoraengoliuabomba,
Maisumapracoleção!
Continua na página 45
15
Varal do Brasil
O SACI-PERERÊ, O TONELLA,
E O TUNEL DO TEMPO
Por Amtonio Vendramini Neto
A tarde estava fria, nuvens cinzentas e carregadas pairavam no ar, trazendo rapidamente sobre a
minha moradia, uma garoa intermitente, aumentando o clima frio que perdurava por vários dias,
molhando suavemente a triste vegetação que ornamentava as calçadas das ruas, por falta do
precioso liquido, que deu origem a vida em nosso planeta.
Olhei pela vidraça e enxerguei a rua deserta, nenhuma porta aberta, as janelas das casas vizinhas,
completamente fechadas, indicando que as pessoas permaneciam reclusas, naquela manhã de
domingo.
Não saí para comprar o tradicional jornal, apanhei o da semana anterior e comecei a esmiuçar as
noticias que ainda não tinha focado, para um melhor reparo. Passei pela folha do obituário e li o
nome de uma pessoa conhecida, um homem que contou para uma platéia em que me encontrava,
uma lenda muito bonita, sobre o pássaro Uirapuru, onde é considerado um amuleto, destinado a
proporcionar a felicidade nos negócios e no amor.
Com aquele pensamento, coloquei uma carga de lenha na lareira, acendi o fogo e sentei-me no
sofá da sala de estar. Fiquei vendo as labaredas, que soltava estalos emocionantes, despertando a
imaginação sobre as lendas, transformando o ambiente convidativo, próprio daquele dia frio,
lembrando os mitos das florestas, que meu avô Tonella também contava para a meninada.
Um pequeno rolo de fumaça, por algum defeito no respiro,
começou a se concentrar no alto da viga mestre, hipnotizando o
local e desenhando uma espécie de um arco em terceira dimensão.
Comecei a ver lá de dentro, um vulto que foi ganhando corpo, era
uma espécie de figura humana. Para o meu espanto, percebi que
era o querido Tonella, veio das entranhas do mundo, carregando
seus inseparáveis apetrechos, para fazer aquele cigarro de palha,
que muitas pessoas chamam de “picadão”, enquanto narrava às
histórias.
Desenho
de
Maurício
Pereira, SP, desenhista.
http://mauriciopereira.blogspot.com/
Saltou daquele arco, fincou os pés na sala, e foi acomodar-se na
velha cadeira de balanço, onde nós, meninos na época,
sentávamos no tapete e ficávamos ali compenetrados, ouvindo as
suas belas historias. Tinha dia que um primo aqui outro acolá, não
ia embora, com medo dos personagens das historias, ficavam lá
em casa, no quarto que eu e meu avô dormíamos.
16
Varal do Brasil
Com a mente em transe, e com a presença de sua figura virtual muito pertinho, lembrei do dia
que contou uma historia, envolvendo uma lenda do folclore brasileiro, tendo como personagem o
famoso Saci-Pererê. Aprumou-se na cadeira e com suaves balanços, apanhou o saquinho de
fumo que trazia preso a cintura, tirou uma porção, enrolou em uma palha de milho seca, acendeu
o “maldito” que o matou de asma, e soltava enormes baforadas que entravam em nossos olhos e
cabelos.
Começou a narrativa:
- Olha molecada, eu vou contar, mas não quero ninguém com medo e mijando nas calças.
- Não avô, pode contar que não temos medo, já somos moleques grandes.
Ele começou a enfeitar bastante, até que no momento o som produzido por outro estalo da lenha
na lareira, ensejou a oportunidade de outro alguém sair daquele arco enfumaçado; foi à figura do
Saci, veio pulando com uma só perna e foi sentar no colo do Tonella.
- Tonella disse:
- Seu moleque do inferno, de onde você saiu?
- “Vosmicê falô di eu, entâ vim qui, pra mór doce num fala mintira”.
Então, Tonella sabendo que o moleque falava muito palavrão, pediu só para ficar ouvindo.
- Ô Saci! Falou Tonella, você anda assustando os cavaleiros aqui da comarca, que viajam à
noite?
- “““ Quá nada, véio lazarento, gosto mermo é de ficá oiando eles perdê o rumo, pra eu sortá mia
gargaiada”, agora mi dá um fumo aqui pru mio cachimbo, pra sortá fumaça iguá o sinhô”
- Não, já tem muita fumaça aqui, me dê aqui o seu cachimbo, se quiser pode abrandar o fogo da
lareira
- “U qui é isso, um fazedô di churrasco?” E olhando para o fogo,
soltou uma cusparada, meio de longe, igual aquelas cagadas de pato.
Tonella já meio sem paciência deu um puxão de orelha no neguinho,
tirou seu capuz vermelho, amarrou suas mãos e mandou ficar no canto
da sala, olhando o fogo.
- Então meus meninos, disse Tonella, eu vou contar mais coisas desse
moleque:
- Ele adora fazer travessuras, como esconder brinquedos, soltar
animais nos currais, derramar sal nas cozinhas, fazer tranças nas crinas
dos cavalos. Não atravessa córregos e nem riachos. Tem poderes
mágicos como o de aparecer e desaparecer onde quiser.
17
Varal do Brasil
-Transforma também numa ave chamada “matitaperê”, ou “sem-fim”, como é conhecido no
Nordeste, cujo canto melancólico, ecoa em todas as direções, não permitindo a localização. Se
estiver ainda, dentro de um redemoinho, num rosário de mato bento ou uma peneira, pode ser
capturado, e caso consiga pegar sua carapuça, pode realizar um desejo. Se alguém for perseguido
por ele, deve jogar em seu caminho, cordas ou barbantes com nós, para que ele os desate, o que
da tempo da pessoa fugir.
- E para terminar, digo que essa lenda é do século Dezoito, e durante a escravidão, as amas-secas
e os caboclos assustavam as crianças com as travessuras desse moleque. Seu nome é de origem
Tupi-Guarani. É considerado um brincalhão, enquanto que em outros lugares é visto como uma
pessoa má.
Com o final do relato do velho Tonella, olhei para aquele arco que ainda estava envolto por uma
fumaça, e enxerguei o meu pai Vico, chamar de lá dentro o meu avô, que o pegou pelo braço e
foram embora pelo túnel do tempo. O Saci correu e passou na frente dos dois, para pegar o
cachimbo que tinha ficado no bolso do Tonella, e sumiu der repente.
Nesse momento, escutei a campainha tocar dentro de casa, olhei pela janela e notei que meu filho
Alexandre e seu filho, o meu netinho Augusto, vinham até a mim, brincar de pai, filho e neto, no
tapete da sala. Olhei na lateral da parede e percebi que a cadeira agonizava em um vai-vem,
deixado por Tonella. Tomei o assento rapidamente e comecei a narrar uma história, esperando
que ainda eu possa viver mais algum tempo, para continuar balançando a velha cadeira e contar
historias, e não tenha que vir do passado, falar das coisas presentes, que ainda posso contar.
Antonio Vendramini Neto é aposentado, tem dois filhos e dois netos. Nasceu em Jaú e
reside em Jundiaí, ambas em São Paulo. Trabalhou intensamente nas áreas de Recursos
Humanos e Gestão da Qualidade (Normas ISO 9001), como Auditor para a Certificação do
Sistema. Começou a escrever de forma despretensiosa, não tem formação literária, é um
autodidata, que escreve com emoção. Procura colocar nos textos, temas variados,
descrevendo situações do cotidiano e experiências vividas de inúmeras viagens realizadas.
Recebeu do portal literário www.cantodoescritor.com.br, o reconhecimento como Escritor
destaque do ano (2009), pelos trabalhos publicados, do Grupo Arte em Ação, evento Praça
Viva, certificado de participação, e do portal www.favascontadas.com.br, o agradecimento
por ter sido o Escritor a publicar o milésimo post. Participou da Antologia Literária Cidade –
Volume V.
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Varal do Brasil
OCASO
Por Lelo Néspoli
“Você está aqui” – Carl Sagan
Na Praça do Pôr do Sol, o homem e o seu cão observavam fixamente o horizonte. Quando foram
notados pela primeira vez, eles causaram certa estranheza pelo jeito curioso como se postavam na
praça. Ninguém os via chegando nem deixando o local. Porém essa imagem de estranhamento que
os frequentadores tinham dos dois foi esmaecendo até passar despercebida. Com o tempo, parecia
que homem e cão faziam parte do cenário junto aos bancos, arbustos e pinheiros.
O cachorro não era de raça, mas também não se podia dizer que era um vira-latas; era astuto
e tinha certa aparência que lembrava os coiotes. Porte médio, sua pelagem era lisa e acinzentada,
nele se destacando as orelhas, as patas e o focinho que eram negros. Postado ao lado direito do
homem, com a cabeça entre as patas mantinha os olhos bem abertos, quieto, sempre olhando para
onde o homem olhava.
O que os frequentadores da praça mal sabiam eram as reflexões de que se ocupava o homem.
O homem tinha cabelos grisalhos, os olhos fundos, castanhos e circunspectos,
encravados na face vincada. Suas rugas eram como linhas de tempo, todas remetendo a algum
lugar do seu passado.
O que os frequentadores da praça mal sabiam eram as reflexões de que se ocupava o
homem. Uma dizia respeito à dualidade entre a circularidade e a linearidade do tempo. Porque –
pensava -, se por um lado existiam inúmeros fatos e fenômenos que se repetiam – afinal, não
estava o Sol a se pôr sempre ao final de todo dia? -, por outro, se contrapunha um tempo que
atuava como uma seta encaminhando tudo em uma só direção até o ponto de não retorno,
irreversível.
A segunda dizia respeito ao tempo cosmológico e biológico. O tempo cosmológico,
resultado da evolução cósmica iniciada a bilhões de anos, é infinito. As estrelas morrem, outras
nascem e o universo se renova constantemente. Nesse turbilhão, nosso destino foi habitar um
planeta que é um grão de areia na imensidão do Universo. A existência da vida terrestre também
seria fruto da aleatoriedade e da evolução, mas finita, dependente de hipóteses diversas, como
por exemplo, enquanto durasse o combustível solar. Buscar outros planetas onde a vida seria
aprazível conspirava contra o tempo da existência humana. Assim - pensava o homem - não há
ponto de fuga, somos eternos prisioneiros em nosso pálido ponto azul.
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Varal do Brasil
Todo fim de tarde, via-se o homem imerso em suas reflexões ser seguido pelo cão. Nesse
período observavam um ponto brilhante que parecia ir sendo puxado pelo Sol em seu mergulho no
horizonte. Muitos na praça exaltavam - “Que bela estrela”! - se referindo ao planeta Vênus, a
estrela vespertina, como os antigos o chamavam.
Quando caia a noite, eclipsada pela poluição e pela intensa luminosidade da metrópole
paulistana, a visão noturna não era mais a mesma. Mesmo assim, homem e cão não se importavam
e ficavam esquadrinhando o firmamento apinhado de estrelas.
Longe de conhecerem o passado do homem e do seu cachorro, aqueles que de início os
observaram com visível interesse faziam especulações acerca daquele excêntrico personagem:
“um astrônomo”, “um místico”, mas para muitos ele era apenas um “ser errante”.
Que sentimentos poderiam provocar no homem essas opiniões tão contraditórias? E o que
se podia dizer do seu fiel cão?
Talvez pressentissem e esperassem algo acontecer.
Alheios às diferentes opiniões, homem e cão seguiam acompanhando o ciclo das estações.
A partir do outono a frequência à praça diminuía. Vênus já não era mais visto à tarde, aparecendo
antes do nascer do Sol como ‘estrela d´alva’. Com o início da primavera a praça florescia e as
pessoas iam retornando e tomando conta do lugar novamente.
Num sábado já em pleno verão quem chegava à praça experimentava uma estranha
sensação, como se algo estivesse fora do lugar. Tudo parecia estar como antes: os fotógrafos
clicavam, os desenhistas preparavam seus esboços, alguns liam, enquanto outros simplesmente
aproveitavam o dia ensolarado. Sem que pudessem explicar, nesse entardecer ninguém deixava a
praça. Talvez pressentissem e esperassem algo acontecer.
Quando o Sol desceu no horizonte e a noite foi chegando, ouviu-se um som agudo, longo e
estridente. Instantaneamente, os olhares se voltaram para local de onde vinha aquele lamento e
puderam observar o cão em pé sobre o banco, cabeça levantada, as orelhas eriçadas, uivando
como um velho lobo e com os olhos bem abertos olhava para onde o homem sempre olhava.
Somente então todos perceberam que o homem já não se encontrava mais ao lado do cão.
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Varal do Brasil
Aurélio W. Néspoli, residente em São Paulo, Brasil,
professor de Física, aposentado, e um aficionado
pelas as artes e pela ciência.
Escrevo contos sobre o cotidiano e sobre temas
científicos, que são assinados com o nome Lelo
Néspoli. O interesse por escrever contos nasceu do
gosto pela leitura e também como uma tentativa de
veicular temas científicos de um jeito agradável aos
leitores.
Influenciado pelas lembranças das fotos feitas na
infância, tornei-me também um entusiasta da
fotografia pinhole, que é o de fotografar cenas do
cotidiano utilizando simplesmente latinhas. Essa
retomada foi feita ao ministrar um curso sobre os
princípios da fotografia a um grupo de professores
das escolas do ensino fundamental. Assim como eu,
milhares de pessoas no mundo praticam esse "modo
de fotografar".
Mantenho uma página que procura elucidar o que é
arte fotográfica, um fotoblog com fotos das diversas
regiões de São Paulo e transformei um blog em uma
página onde procuro postar alguns dos principais
contos:
Site:
http://www.aurelionespoli.com.br/page1001.aspx
Fotoblog
http://pinhole.nafoto.net/
Blog
http://contos-causos.zip.net/
AMOR AO PRÓXIMO NÃO É ALGO QUE APENAS SE SINTA , MAS UM SENTIMENTO QUE SE DEMONSTRA E COMPARTILHA!
AJUDE O HOSPITAL DE LAGUNA!
http://www.hospitallaguna.com.br/
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Varal do Brasil
FÊNIX
Fez três fogueiras.
DAS MERCÊS
Uma para cada parte do corpo.
Mais uma vez ela está atrasada. Eu tenho
horário para trabalhar. Sou um cara
compreensível, sei valorizar as pessoas, mas não
MARIA
os atrasos, e esta semana já é a terceira vez. Das
Mercês é a minha empregada. Casada, dois
Nasce o dia. Roupa, café, marido, filhos, casa,
almoço, compras, tarefa, jantar. Marido chega. filhos, marido desempregado, dá um durão para
nos fazer felizes. A desculpa de hoje é que o
Com os olhos cansados, de penoir azul e íntimo
branco, ela aprece na penumbra do quarto e diz: mais novo tava com febre. Ali mesmo na sala
dei uma rapidinha. Antes de sair deixei o
-Eis aqui, a serva do senhor...
dinheiro para a farmácia e avisei:
- Não se atrase amanhã.
LILITH
Depois do trabalho. Linda, ingênua, seduz e
DOS PRAZERES
brinca. Cavalga. Depois do transe e sem nada
Assim ela era conhecida lá no bairro. O
entender, o garanhão procura vestígios do vento movimento naquela casa, lá no fundo com um
que o derrubou. Sobre a cama a conta paga. Ela
grande jardim atiçava minha curiosidade.
caminha… sarcástica pela rua.
Mulher de ancas largas, seios fartos, mas com o
olhar triste. Vivia assim, não dos prazeres
próprios, mas dando prazeres aos outros. Ainda
CALVÁRIO
moleque, naquela terra de ninguém, fui à busca
Todos os dias ele chegava bêbado. Todos os
do prazer. Então, naquela noite, descolei uma
dias eu apanhava. Depois vinha com chamego, grana. Ela me deu banho, fez janta, assistimos
me chamando de minha negrinha. Acostumei e TV e depois me colocou para dormir. No outro
nem chorava mais... Certa noite, a bêbada era
dia estava prontinho para a escola . Ela me deu
eu. Então, martelei aquele desgraçado. No
um beijo na testa e com um lindo sorriso ficou
velório, com muito estilo, chorava ao lado do
me olhando, parada no portão.
meu cunhado, aos pés da minha cruz.
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Varal do Brasil
Quando pequeno, com os pés descalço e as
mãos atreladas, saía de anjinho nas procissões.
Hoje as procissões continuam passando. O
anjo… o tempo se encarregou.
DA PIEDADE
Trabalha, batalha
De joelhos, sofrendo
Piedade pede…
DO SOCORRO
...chegou.
VIDA COMO ELA É.
Após pedir uma garrafa de Blue Label e dois
copos, ele acende os cigarros.
Enquanto os gelos dançam embalados pelo
anular, fantasia o encontro com um monólogo
Rodriguiano.
DIVÃ
hECAtombe
Nua atende os pacientes.
Em segundos, eles desabafam.
Parado em frente ao templo com o corpo
surrado, com fome e sede, ele abre os braços e
solta um sorriso jocoso, diante uma assembleia
movida obliquamente pelo Espírito Santo.
KAFKAFÓBICO
Gregor acorda sem pinto. Depois nascem as
asas coloridas. Antes do pai o chamar...ele voa
pela janela.
CAMINHÃO DE MUDANÇA
Com as sacolas nas mãos, ela caminha
desengonçada para casa.
Ao abrir o portão todos sorriem.
Sob a lona o passado pesa.
Arcado o carrega alçando o olhar
O MOÇO TECELÃO
Primeiro aumentou o pênis.
AMORteceDOR
Descobriu cedo os buracos da vida. Agora
viaja sozinho
Depois teceu carros, dinheiro, casas e
mulheres.
Cansado de tudo isto, teceu mais cinco
centímetros…
REDENÇÃO
-Meu marido morreu. O coitado sofreu tanto.
-Mas, me diga amiga, como você está?
-Atrasada, vou ao cabeleireiro.
DOLORES
Não está sorrindo. Uma das feridas cicatrizou.
INDIOCÍDIO
MEMÓRIAS
A oca está ôca.
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Varal do Brasil
José Cláudio Mota da Costa, 40 anos, Professor
de Língua Portuguesa, Literatura e Filosofia.
Mora em Guaratinguetá - São Paulo
www.micro-pilulas.blogspot.com
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Varal do Brasil
Por Rui Martins
Berna (Suiça) - Era junho 2006 e recebi um e-mail do Eliakim, que não conhecia, só de
ter visto na tevê Manchete quando ia ao Brasil, me convidando para integrar o grupo de
jornalistas do Direto da Redação.
Até hoje não sei como lhe veio essa idéia, pois vivo numa espécie de periferia das
grandes capitais européias e já fazia quatro anos que recebera meu bilhete azul da
CBN, certamente, como disse o paraibano, escritor e colega, Carlos Aranha, por ter
incomodado o pessoal com minhas provas de processo penal contra o então candidato a
governador Paulo Maluf. Coincidentemente, minha entrada na CBN como
correspondente tinha o título de Direto da Europa.
Cria do Estadão da Major Quedinho, já não era mais seu correspondente, sabe-se lá
porquê, mesmo se o jornal, na minha época, convivia com gente de esquerda e mesmo
comunista, pois lá fui contemporâneo de Vladinir Herzog e Miguel Urbano Rodrigues e
foi lá que Arrudão me levou à Fulgor, editora do PC, para publicar meu livro A Rebelião
Romântica da Jovem Guarda, explicando sociologicamente o surgimento do ídolo
Roberto Carlos, pelo vazio criado no Brasil gerado pela ditadura militar.
Foi com certa surpresa que, numa livraria de São Paulo, constatei não
haver nenhum de meus textos, de 69/70, na antologia do Pasquim.
Sem CBN e Estadão, sentia que logo seria esquecido pelos ex-leitores e ouvintes.
Nossa profissão é tão efêmera quanto os jornais, que envelhecem em um dia, e quanto
os boletins de rádio, lançados ao vento. De minha passagem pelo Pasquim, logo no
começo de meu exílio, nada restou. Foi com certa surpresa que, numa livraria de São
Paulo, constatei não haver nenhum de meus textos, de 69/70, na antologia do Pasquim.
Despedido do Estadão, em 68, depois de ter organizado o Encontro com a Liberdade,
com antigos companheiros como Narciso Kalili, David de Moraes, Ivan de Barros Bela,
Audálio Dantas, no Teatro Paramount, em São Paulo, tinha ao meu lado na mesa,
Mario Martins, pai do atual ministro Franklin (não somos parentes, descendemos todos
de portugueses e galegos).
Nada também restou da Última Hora – Rio, de Samuel Wainer, cuja sucursal dirigi, dois
anos, na avenida São Luiz, ao lado da sucursal do JB. A UH-Rio, jornal popular de
esquerda, que hoje nos faz tanta falta, morreu há décadas e, ironia do destino, seu
vizinho em Sâo Paulo, também acaba de morrer.
25
Varal do Brasil
Ressuscitei para o Estadão, graças ao Luiz Fernando Emediato, em 86, numa viagem
que fiz ao Brasil para ficar com meu pai, que pouco vira durante o exílio, já doente, e
que morreu à minha frente. De Santos, onde estava, telefonei ao Emediato, e passei a
escrever cartas de Genebra, para depois fazer parte da equipe do Caderno 2, cobrir
festivais de cinema e de dança, falar de livros e fazer entrevistas. Com a saída do
Evaldo Mocarzel, sucessor de Emediato, me foi encerrado esse capítulo.
Como dizia, recebi o convite do colega Eliakim, quando só escrevia para o Expresso,
depois de alguns anos no Público, ambos de Lisboa. E estava nas livrarias, com certo
sucesso, o livro sobre segredo bancário suíço, as contas do Maluf e minha demissão da
CBN – O Dinheiro Sujo da Corrupção, pela Geração Editorial, criada e dirigida pelo
Emediato.
Teria sido o livro, a causa do convite ? Não sei, nunca perguntei e nem vou perguntar ao
Eliakim. Mas, minha entrada no Direto coincidiu com uma atividade benévola que iria se
desenvolver e me levar a assumir uma bandeira antes nunca imaginada – a de dar
visibilidade na mídia aos emigrantes, praticamente ignorados no Brasil.
Minhas duas primeiras colunas, em junho e julho 2006, neste Direto da Redação foram
sobre a injustiça criada pela reforma da Constituição de 88, num parágrafo aprovado
pela Constituinte em 1994 – tinham retirado a nacionalidade brasileira nata dos filhos
dos brasileiros nascidos no Exterior.
Com isso, cerca de 300 mil crianças filhas de brasileiros se tornariam apátridas em 2012
(cerca 18 a 20 mil por ano) em países como Alemanha, Suíça e Japão, enquanto as
nascidas nos EUA perderiam os laços com o Brasil pois seriam só americanas.
Da denúncia na mídia, a campanha pelos brasileirinhos apátridas virou movimento social
de cidadania com lideranças em diversos países de emigração e graças ao ex-senador
cearense, Lúcio Alcântara, ao ex-deputado Carlito Merss, hoje prefeito de Joinvile, e Rita
Camata, ex-deputada e provável futura senadora, surgiu a proposta de emenda
constitucional 272/00, vitoriosa e hoje Emenda 54/07, que restituiu à nacionalidade
brasileira aos filhos dos nosso emigrantes.
O Direto teve ação de ponta-de-lança nessa fase final da campanha, da qual
participaram colegas jornalistas de tendências diversas e de diversos órgãos de
imprensa, porque a causa era consensual. De um lado Cláudio Humberto assustava o
MRE em suas colunas, por sua vez Caros Amigos denunciava a falha que iria favorecer
advogados e despachants. E a vitória dos brasileirinhos acabou por nos levar a outra
trincheira – em favor dos pais dos brasileirinhos.
Foi o surgimento do projeto pelo que poderia ser um Estado dos Emigrantes, pois 4
milhões de emigrantes brasileiros dispersos pelo mundo, já constituíam um verdadeiro
Estado. Seria preciso, porém, parlamentares emigrantes em Brasília, possibilidade que
nos deu o senador Cristovam Buarque, com sua proposta de emenda constitucional
criando deputados emigrantes.
26
Varal do Brasil
O projeto, hoje amadurecido com o formato de uma Secretaria de Estado da Emigração
ou dentro de um super-Ministério das Migrações, incluindo migração, imigração e
emigração, não é consensual como foi a causa dos Brasileirinhos. Houve um primeiro
choque quando se exigiu laicidade do parte do governo, na I Conferência de Emigrantes
no Itamaraty, para se evitar o controle religioso sobre a emigração.
A seguir, as associações e grupos formados em torno dos emigrantes, muitas das quais
disso vivem, assim como doleiros, despachantes, advogados e recém-chegados em
busca de prestígio, rejeitam um órgão institucional emigrante autônomo e independente
do Itamaraty. Por sua vez, o MRE, criou uma alternativa híbrida para o órgão
institucional e não abre mão da tutela sobre os emigrantes, frustrando os que
esperavam, nesse setor do governo Lula, o advento de alguma coisa concreta, como as
Secretarias da Mulher, da Igualdade Racial, dos Direitos Humanos.
Em lugar de um Conselho de transição para um órgão institucional, surgiu um conselho
consultivo, inútil mas com função de vitrina, destinado a dar assessoria ao Itamaraty em
matéria de emigração, e uma Conferência anual de emigrantes, que, por vergonha de
usar a palavra emigrantes, o Itamaraty chama pomposamente de Brasileiros no Mundo,
destinada a coletar um rosário de reivindicações sem o compromisso de serem
atendidas.
Além de sua função de mídia livre, o Direto populariza, assim, para os brasileiros do
continente, a questão emigrante, enquanto nem Comunique-se e nem o Observatório da
Imprensa encontraram uma fórmula para divulgar o que vai pela mídia emigrante,
engatinhando em alguns países mas viva e atuante nos EUA.
Quando aceitei o convite de Eliakim, lá se vão quatro anos, longe estaria de imaginar
que o Direto teria tanta influência na transformação do jornalista observador em militante
pela causa da emigração. E isso vem a calhar, pois o Direto da Redação, editado em
Miami, é também um emigrante.
E a grande vantagem desta tribuna eletrônica é que me sinto livre o suficiente para
denunciar, provocar e desferir socos diretos no queixo, sem compromisso religioso ou
partidário.
Leia este e outros textos do jornalista em http://www.diretodaredacao.com/
RUI MARTINS
Jornalista, criou o movimento Estado do
Emigrante www.estadodoemigrante.org sequência
do movimento de cidadania Brasileirinhos
Apátridas, que devolveu a nacionalidade
brasileira aos filhos de emigrantes. Ex-membro
do conselho de emigrantes do MRE.
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Varal do Brasil
Por Cristiane Stancovik
"Que saudades que tenho da aurora da minha vida, da minha infância querida que os anos
não trazem mais!"
Que saudades da minha infância, daqueles tempos em que a preocupação era programar ou
inventar uma brincadeira para o dia seguinte, e a responsabilidade... Que responsabilidade? Nem
sabia direito o que isto significava! Talvez o medo de a mãe brigar porque chegava tarde em
casa, quem sabe?! Mesmo assim chegava tarde! O bom mesmo era jogar taco na rua até as
dezoito horas no verão, porque o sol ainda não tinha ido dormir.
E os medos? Ai meu Deus, que medo daquele mostro que morava embaixo da cama e da lenda da
mula sem cabeça. Tinha medo até da "Maricota", aquela boneca grandona que girava sem parar.
A turma reunida significava brincadeiras até o sol ficar com sono.
Sempre tinha um mais levado e quando a gente se juntava, não tinha para mais ninguém, era arte
na certa.
Bem, eu posso dizer que sou uma artista desde criança, amava a arte, pois fazia muitas!
Tocava a campainha do padre e corria, subia nas goiabeiras, laranjeiras, tudo que estivesse bem
no alto, estava valendo!
E assim iam surgindo as nossas brincadeiras.
Toda semana eu mudava de profissão e quando eu queria ser cabeleireira, cortava os cabelos das
bonecas, quando não cortava o meu e ficava com a franja bem curtinha parecendo uma índia!
Amava o chocolate Lolo, bala Banda, bala Soft, Mini Chiclets, Moranguete, bala quebra-queixo,
entre outos que hoje dificilmente encontro para comprar.
28
Varal do Brasil
E por falar em guloseimas, cozinhar era a minha especialidade, um pouco de sabão em pó com
água, folhas de pitangueira, areia e outros ingredientes que ali por perto encontrava e como num
passe de mágica, bum, estava pronto o bolo mais delicioso do planeta!
É, mas também tinha hora de estudar e irmos para a escola e sem os cabelos presos por laços
enormes era quase impossível. Eram duas xuquinhas nas laterais, como a apresentadora do show
da Xuxa.
Os desenhos favoritos eram She-Ra, Caverna do Dragão, Thundercats, He-Man, a Liga da Justiça,
Smurfs... Mas também sempre havia tempo para assistir MacGyver, os Trapalhões, TV Pirata,
Armação Ilimitada, A Gata e o Rato, Jiraya, Chaves, Alf e escutar músicas do Trem da Alegria e
Xuxa, era quase lei entre mim e meus amigos.
As brincadeiras sempre corriam bem, quando todo mundo estava de bem, e de vez em quando
alguém mostrava a língua e falava, belém belém belém, nunca mais estou de bem até o ano que
vem. E como "este ano" passava rápido, às vezes era questão de alguns minutos somente e aí então
voltávamos a brincar de cabaninha, mamãe e filhinha, escritório, taco, passa anel, elástico, vôlei,
amarelinha, pogoball, pirocóptero, nos pendurávamos nos cipós das árvores brincando de Tarzan e
até shows fazíamos... É verdade!
O ensaio era o dia todo para apresentarmos no final da tarde, quando dava tempo!
E se não desse tempo, deixava tudo combinado para o dia seguinte.
Que dia era mesmo? Nem sei, até perdia a noção das horas, dia, mês e ano...
Como o tempo não volta mais, e eu sei que dias, meses e anos se passaram, hoje faço de conta que
cuido das crianças, entro na brincadeira delas para disfarçar, pois na verdade... A verdade é que
brinco de verdade e sou personagem principal do faz de conta nas brincadeiras, e fazendo de
conta, percebo que ainda não deixei de ser criança!
Nelci Cristiane Stancovik nasceu em Novo Hamburgo,
Rio Grande do Sul no ano de 1980, mas vive em
Capivari de Baixo, Santa Catarina desde os dois anos de
idade. É filha de Nelson Stancovik (artista circense) e
Clair Salete Pandolfi (descendente de imigrantes
italianos).
Estudante de letras na Universidade do Sul de Santa
Catarina, lugar o qual foi incentivada por sua professora
de literatura "Jussara Bittencout de Sá" (escritora) a
escrever e inscrever-se para um concurso nacional
literário no ano de 2008, conquistando o primeiro lugar
na categoria crônica.
29
Varal do Brasil
Por Eurico de Andrade
Gapito vivia no sertão de Tabuí. Roceiro mesmo. Escola passou longe dele. Mal conseguia
juntar as letrinhas para formar algumas palavras. Trabalhador e teimoso com carestia da vida.
Para quem perguntava se era da roça, vinha logo a resposta:
- "Sô não, a roça é que é minha!" ou - "moro na roça não, moro ritirado dela umas vinte
braça!".
E Gapito ia teimando, zunhando daqui e zunhando dali. Mãos calejadas, pele escurecida
pelo sol, pés grossos e rachados facilitando a entrada de bicho de pé. Gapito adorava a coceirinha
provocada pelo intrometido e deixava-o lá no pé se enchendo e coçando, e coçando...
Mas um dia Gapito desanima. Dava mais conta de viver da roça não. Era sofrimento
demais trabalhar de sol a sol para ganhar uns minguados trocados enquanto lá no Tabuí os
poucos que trabalhavam o faziam na sombra e sem muito esforço. Juntou a muquiça que tinha, a
mulher, os três filhos, uns porquinhos magros e umas galinhas cambetas, uma cabra pra dar leite
pros moleques, um cavalinho manqüeba, um punhado de milho, um saco de arroz, meio de feijão,
uma dúzia de rapaduras e um litro de pinga. E se mandou pra Tabuí.
A lingüiça do Gapito ficou famosa em Tabuí
E não é que a vida ficou mais apertada? Negócio foi vender as galinhas. Escreveu uma
plaquinha que pregou na porta do seu barraco: "VENDEM-SE GALINHAS". Povo entendeu o
aviso. As galinhas foram todas passadas nos cobres. No aperto seguinte foi a vez dos porcos:
"VENDO LINGISSA". A lingüiça do Gapito ficou famosa em Tabuí e foi através dela que ele
começou a se tornar popular na cidade, ainda mais porque tinha a conversa solta. Falava mais do
que o homem da cobra. Mas os porquinhos foram acabando e, logicamente, começou a faltar
matéria-prima para fazer as suas famosas "lingissas". Negócio foi vender a cabra, juntar mais uns
trocados e comprar uma charrete velha. Gapito era homem jeitoso. Logo logo arrumou a charrete
que ficou como nova. Atrás dela escreveu: "CAROSSA DE ALUGEL". Daí pra frente não tinha
quem não conhecesse o Gapito na cidade. Serviço pra sua "carossa de alugel" não faltava e ele
sempre defendia um dinheirinho no final de cada dia. Todo mundo via o esforço dele e ele,
embora pobre, passou a ser bem visto até pelos menos pobres. Ninguém olhava pra ele com o ar
desconfiado e superioso mais não.
Mas o nosso herói logo descobriu que o negócio de aluguel de carroça não era lá essas
coisas não. Dia dava, dia não dava. E resolveu juntar a esse negócio um outro. Montou barbearia.
Comprou tesoura, cadeira, um espelhinho e uma navalha e foi aprender na cabeça alheia cobrando
barato. Mas o nosso herói logo descobriu que o negócio de aluguel de carroça não era lá essas
coisas não. Dia dava, dia não dava. E resolveu juntar a esse negócio um outro. Montou barbearia.
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Varal do Brasil
Comprou tesoura, cadeira, um espelhinho e uma navalha e foi aprender na cabeça alheia
cobrando barato. Pregado na parede da sua sala que funcionava como barbearia, uma frase toda
colorida e enfeitada que ele encontrou num almanaque de capivarol: "Cana na roça dá pinga e
pinga na cidade dá cana!" Isso era sempre um lembrete para ele e pra freguesia nunca exagerarem
na hora de tirar a poeira da goela.
Um dia Gapito resolveu que ia melhorar mais ainda de vida. Já que era tão conhecido na
cidade, tão popular, porque não tentar outra coisa? Decidiu ser vereador. Conversou uns amigos,
uns conhecidos, aconselhou-se com padre Anacleto, pediu apoio do prefeito, fez uns discursos
caprichados nalguns botecos, dobrou a língua fazendo outros nuns comícios e virou vereador. Um
dos mais votados da cidade. Gapito tava cada vez mais vivo. Todo mundo gostava de conversar
com ele, até para ouvir as pataquadas que falava e que ele, como vereador, nem se preocupava em
corrigir. Falava como sempre falou na roça, sem nenhum ligamento para as regras da gramática.
Gapito descobriu que, estando na política, podia até largar um pouco sua "carossa de
alugel" e sua barbearia. Ganhava o salariozinho de vereador e já tava bom demais. Melhorou mais
ainda quando foi escolhido pela edilidade o presidente da Câmara Municipal. Era o máximo.
Vendeu sua "carossa" e os "trens" da barbearia e deixou o poder subir à cabeça. Começou a
descobrir maneiras de fazer tramóias e sempre entrava um dinheirinho a mais no bolso por meios
reversos. Empregou na prefeitura a mulher, uns parentes e uns cabos eleitorais. Ele e o prefeito
passaram a ser unha e carne. Deu um jeito de comprar, através da Câmara, um carro novinho,
novinho e mandou fazer placa especial de cor preta: "PODER LESGISLATIVO MUNICIPAL PRESIDENTE - Nº 1". E povinho de Tabuí, bom pagador de impostos, começou a falar mal de
Gapito. Colegas edis também. E ele, como vingança, passou a deixar de fazer as reuniões
semanais dos vereadores.
- Bobage, gente! Quarqué coisa eu resorvo! Riunião é perda de tempo! É mais mió a gente
vê novela!
Apareceu um cabo eleitoral lá da roça. Queria emprego para a filha. Moça prendada,
bonitinha, educada, mas muito vergonhosa.
- Dexa cumigo que eu resorvo. Pode ir embora, mas dexa a moça aqui.
Gapito levou a moça para casa. Passou a dar-lhe do bom e do melhor e a andar pra baixo e
pra cima com ela no seu carrão novinho. Povinho passou a desconfiar daquela história. Todo
mundo de butuca, esperando os acontecimentos. Mulher do Gapito não tirava a pulga de trás da
orelha, mas não dava nenhum palpite. Só que passou a refugar o seu homem na cama. E o negócio
passou a pegar mal mesmo foi quando ele quis empregar a moça no seu gabinete.
- Mas, nobre vereador, todo mundo tá falano mal, dizeno que tem treta aí, a moça não sabe
fazê serviço de escritório...
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Varal do Brasil
- Antão tá bão! Bota ela como professora na escola da prefeitura!
- Mas, nobre vereador, a moça num sabe lê e nem escrevê! Cumé que faiz?
- Tá bão! Tá bão! Intão... Faz seguinte: aposenta a moça, dexa ela por minha conta e aí a
gente resorve de um vez dois pobrema!
Foi por essa época que aconteceu outro fato curioso na vida do Gapito. Ele, depois de tanto
ganhar um dinheirinho extra, resolveu melhorar sua casa. Virou um luxo a casa do homem. Na
hora de pagar a conta, o seu secretário da Câmara foi fazer o cheque, já que Gapito não era muito
chegado em escrever nesses documentos e em nenhum outro. Sessenta mil.
- Nobre vereador, sessenta é com esse ou com cê cedilha?
- E eu sei? Faz seguinte, pra num cumpricá as coisa, faz dois de trinta e tamo resorvido!
Nessa época também ele resolveu comprar um touro para dar de presente prum seu
compadre fazendeiro. Touro do melhor, raçudo e metedor. Mandou o secretário dar jeito de pagar
o bicho com verba da câmara ou da prefeitura.
- Mas, nobre vereador senhor Agapito em que rubrica devo colocar essa despesa? Não tem
jeito não!
- Tem. Cê se vira! Eu te pago pra isso!
O secretário passa uns dias tentando descobrir onde esconder essa falcatrua e não consegue.
Touro era muito difícil pagar com dinheiro do povo. Volta no chefe.
- Ó sô Gapito, tem jeito memo não, viu! O negócio do touro num tá dano pra iscondê. Até o
prefeito tá assustado!
Gapito pensou, pensou... Craniou, craniou... E descobriu na hora uma solução:
- Já sei! E tá resorvido! Num quero sim e nem não! Bota o touro na conta da Secretaria do
Tourismo e pronto! Tamo cunversado!
E a Câmara Municipal passava meses sem reunião. Foi aí que, depois de cinco meses e em
meio a tantas maracutaias, o povo e os do outro lado pressionaram tanto que Gapito teve que
marcar uma reunião. No dia certo tava todo mundo da vereança lá. Salão lotado de povo. Gapito
doido para arrumar desculpa e acabar com a festa. Todo mundo tinha coisas de que acusar Gapito
e o senhor prefeito mas ninguém queria ser o primeiro a falar. Silêncio sepulcral. Um vereador
olhando pras paredes, outro pro teto, outros cochilando com um olho só, como se aquilo não fosse
com eles. Aí Gapito aproveitou a deixa. Como se estivesse puto da vida, deu um murro na mesa,
quase desmontando a coitada, e gritou do alto de sua autoridade:
- Óia aqui ô cambada de fedaputa! Riuni nóis riunói, parpitá qui é bão ceis num parpiteia, eu
pego e sungo a sessão!
E sungou mesmo. Tabuí ia passar mais uma boa temporada sem reunião da edilidade.
32
Varal do Brasil
Foto de Jacqueline Aisenman
COMO VOCÊ VÊ A VIDA?
Todos as pessoas possuem uma maneira diferente de ver a vida e de expressar esta
visão.
Algumas escrevem, outras pintam, fotografam, desenham, cantam, tocam um
instrumento, esculpem, fazem artesanato… Dentro de cada um de nós existe um
artista. Algumas vezes escondemos tanto que nem mesmo os familiares sabem que
temos aquele jeitinho especial!
Que tal mostrar pra gente? Que tal enviar para o site do VARAL DO BRASIL o que
você faz e dar uma chance para que possamos conhecer melhor você?
Leia as instruções nas seções « ELES » no www.varaldobrasil.ch
E-mail: [email protected]
E mãos à obra: a vida é agora!
33
Varal do Brasil
Por Fábio Ramos dos Santos
Histórias.....
Louca procura.....
Toda história, é uma história de amor
Porque, loucos são, os que não se cansam de
procurar
Quisera eu, ter uma linda história à contar
Louca vida, louco vivo....
Quisera eu, ter uma história
Procuro......
Mas como procurar?
Histórias.....
O anseio de histórias, me fez te imaginar
Se há algo trancado no peito
Me fez te desejar, te compreender, te
precisar
Se vivo trancado neste quarto
Sozinho, sem motivos......
Como aqui encontrar?
Se já não me encontro na imensidão deste
Mundo aberto
Criei....
Criei muitas histórias, fiz a minha história
Mas, não pude viver nenhuma delas como
eu quis
Histórias....
Enquanto eu as tentei viver,
Caíram as lágrimas de meu rosto
Doeu, doeu muito em meu peito
E, até hoje dói muito
Não......
Não há porque esclausurar, esquecer
Porque nas minhas histórias de romance,
Eu já amei
Não sei se às vivi, ou se apenas sonhei
Porque, sempre tento lembrar de mim
Mas, me lembro só
Não que eu estive solitário por todo o tempo
É porque, eu nunca encontrei ninguém
Para dizer comigo um só
Histórias......
Somente páginas que folheiam,
Que envelhecem
Páginas, que ficam no peito, e na
memória
São páginas de amor, luta, dor e
alegria
São, somente minhas histórias.....
Vivo.....
Vivo em mundo que não entendo
Quero viver, para tentar entendê-lo
Não peço a morte, pois...
Não sei se vou amá-la como amo a vida
Então, eu vivo uma vida, procuro...
Uma vida de procura
34
Varal do Brasil
Fabio Ramos dos Santos é escritor poeta, músico, empresário do ramo financeiro. Nasceu em
Lages, na Serra de Santa Catarina, em 04 de novembro de 1980, residente hoje na cidade de Chapecó, no
oeste do estado desde 2007. Filho de Carlino dos Santos e Solineti Ramos dos Santos iniciou sua carreira
artística aos oito anos na música na cidade de Rio dos Cedros, no Vale Europeu de Santa Catarina.
Fabio esteve sempre em contato com a arte e a cultura européia, sempre presente em
movimentos sociais, esporte, cultura e lazer na cidade em que cresceu, Fabio passando por diversas
situações, usou papel e caneta para fazer um verdadeiro amigo, um refúgio para suas lamentações, medos,
sonhos, desejos. Bastante contraditório por estudar e trabalhar no setor das exatas, Fabio fez da música e da
poesia algo muito forte em sua vida.
A princípio seus textos eram apenas rascunhos de papel escondidos, até que amigos e amigas
começaram a ler e gostar dos textos, e então começaram a transmitir os mesmos, tornando Fabio conhecido
por belos poemas. Em 1996 Fabio conheceu o escritor Pomerano Cícero Pedro de Mello, que incentivou e
mostrou os primeiros caminhos para tornar-se um bom escritor. Neste tempo a mídia local do Vale,
começou a apoiar seu trabalho e depois de muito tempo utilizando diversos meios para divulgar suas obras,
Fabio então é reconhecido e tem textos espalhados por todo o Brasil, por diversos meios.
Em 2007 participou da Antologia, Coletânea de Poemas, Crônicas e Contos, “ELDORADO” ,
Volume IV, pelo Celeiro dos Escritores, e logo em seguida participou da Antologia de Poesia e Prosa de
Escritores Contemporâneos “Amor & Paixão”, Volume I, também pelo Celeiro dos Escritores e neste ano
sente-se honrado e realizado por participar da Antologia “Poesia do Brasil”, e principalmente deste
Congresso de Poesia, que se faz como um marco na carreira e na História de sua vida.
35
Varal do Brasil
Não mais
Por Fabrício Couto Martins
Já não faz diferença
A sua sentença
(Já)Não faz
Não mais interessa
O que você pensa (não mais)
O que você diz
Tudo já foi consumado
Estou pregado aqui
Você pode até sorrir.
Moro em Fronteira Minas Gerais Onde sempre vivi,
escrevo desde adolescente,e já publiquei alguns poemas
numa antologia da editora Scortecci que foi lançada na
XVIII Bienal Internacional do Livro de São Paulo,
porém minha obra é bem vasta e diversificada e inclui
poesias,crônicas ,contos, textos e até letras para
canções, a maioria de minha obra ainda não foi
publicada.
Mantenho alguns endereços na internet onde coloco
quase que diariamente obras de minha autoria,a saber
os dois mais acessados são:
http://blogdosblogs.spaceblog.com.br
http://artespontaneaart.blogspot.com
E-mail:[email protected]
36
Varal do Brasil
Como prometido no numero anterior, eis mais
algumas poesias de Mon Cher Ami Dr. Francisco
Gregori Junior, cirurgião cardíaco, retiradas de seu
livro “Reflexões e realidades de um cirurgião”.
A BELEZA DA MULHER
Quem ama o feio, bonito lhe parece.
Se você pensa assim,
Dispense o analista e
Procure um neurologista.
A mulher tem que ser bela.
Bela no físico, corpo escultural,
Traços suaves, feminina, rosto angelical?
Pode ser. Não é essencial!
Mulher maravilhosa ao se deitar, ao acordar,
Sedutora ao sorrir e se expressar,
Sensual num simples ato de falar,
Felina ao se movimentar.
Ao cruzar as pernas, apertar as mãos,
No modo gracioso de andar,
Ao mexer os cabelos, jogá-los para trás.
Quando observada, corar ou desferir fatal olhar.
37
Varal do Brasil
Mulher com charme, personalidade forte,
Consciente de sua beleza,
De sua importância, seu valor,
Físico e também interior.
Sagaz, inteligente,
Fútil, levemente,
Culta, perspicaz, atual,
Indispensável no trabalho, independente.
Quem no entanto teve a sorte
Ou a benção de encontrá-la assim completa?
Trata-se de uma deusa, como descrita,
Oferenda ao homem afortunado.
Sim, a mulher foi feita para o homem.
No passado, uma amada serviçal,
No passado recente, uma amada companheira,
No presente, uma amada mulher.... nada mal.
O homem, também foi feito para a mulher;
Tem tanto a oferecer? Por que tão exigente?
Descubra nela a beleza do interior, de seus movimentos,
Encontrará boa mulher, tendo isto em mente.
38
Varal do Brasil
CIRURGIÃO
Por isso erram, pior, sabem
quando erram .
Isto deixa-os frágeis,
Caminha o cirurgião
Por vezes, empurra-os
adiante.
Adentrando o Centro
Cirúrgico.
Já estava operando o
paciente,
Há dias, virtualmente.
Preocupado, armando
estratégias,
Um caso difícil
apresentava-se,
Temeroso com as possíveis
falhas
A que, cuidadoso poderia
evitar.
Longe de pecar por
negligência,
Cirurgiões deprimem-se,
Sentem-se impotentes,
Caminham sós pela estrada,
sem destino,
preservar a vida.
É muito cômodo atribuir
insucessos
A fatalidades ou desejo
divino,
Quando atitudes não são
tomadas,
Ou mesmo,
prejudicialmente
retardadas.
Retomando o norte, quase
sempre.
Críticas sempre surgirão,
já que, não raro,
No entanto, cirurgiões são
parceiros de atitudes;
Graças a elas é que vidas
são salvas.
Sabem que não tomá-las já
é uma decisão,
Há oportunistas de
plantão.
Passarão como nuvens,
mesmo densas,
Com o vento, o sopro forte
da razão.
Pela
conveniência,geralmente.
Como todos, cirurgiões tem
um lar a recebê-los,
Imperícia ou imprudência,
Já errei, mais de uma vez,
certamente.
Atitudes com critérios,
ortodoxas,
Faço parte dos que erram,
não dos que mentem.
Não ortodoxas, também,
como última alternativa,
Humanos, cirurgiões não
são deuses,
Seguindo o mandamento
maior hipocrático:
Todos os meios para
Existem dois tipos de cirurgiões: os
que erram e os que mentem.
Francisco Gregori Junior
39
Abrigo maior a apoiá-los,
serenamente,
A levantá-los e lembrá-los,
fortemente,
Que agiriam com seus entes,
igualmente.
Varal do Brasil
MÃE, NÃO SE VÁ...
Mãe não se vá,fique mais tempo.
Ainda sinto suas mãos em mim,
Saudade de sua voz, do seu amor.
Como esquecer tão nobres momentos ?
Mãe, do seu ventre saí, ao seu lado cresci.
Desgarrei-me, vivi.
A distância não me fez esquecê-la,
Passaram–se anos, não quero perdê-la.
Mãe, posso estar perdendo a fé,
Olhe-me atenta, não sei disfarçar.
Surpreendi-me vendo minha mãe
Triste e só, já sinto sua ausência,
programando seu curto futuro com
Vejo meu mundo desmoronar.
rara felicidade. Arguida respondeume que aos 94 anos, seus dias têm
sido mais longos , já que na velhice
Chegue mais perto, abrace-me forte.
as horas tem bem mais de 60
De independente, tornei-me frágil agora.
minutos !
Fale comigo. Mãe não se vá.
Percebo, no entanto já ser a hora.
Francisco Gregori Junior
“Saber viver é uma arte, é o que sempre se diz
Com firme alicerce, mais fácil será.
Celebrando sucessos, ou consolando fracassos,
lembre-se
Uma mãe, lá sempre estará”.
40
Varal do Brasil
Reprodução de texto da Revista Brasil Escola
A independência do Brasil, enquanto processo histórico, desenhou-se muito tempo antes do
príncipe regente Dom Pedro I proclamar o fim dos nossos laços coloniais às margens do rio
Ipiranga. De fato, para entendermos como o Brasil se tornou uma nação independente, devemos
perceber como as transformações políticas, econômicas e sociais inauguradas com a chegada da
família da Corte Lusitana ao país abriram espaço para a possibilidade da independência.
A chegada da Família Real Portuguesa ao Brasil foi episódio de grande importância para que
possamos iniciar as justificativas da nossa independência. Ao pisar em solo brasileiro, Dom João
VI tratou de cumprir os acordos firmados com a Inglaterra, que se comprometera em defender
Portugal das tropas de Napoleão e escoltar a Corte Portuguesa ao litoral brasileiro. Por isso,
mesmo antes de chegar à capital da colônia, o rei português realizou a abertura dos portos
brasileiros às demais nações do mundo.
Do ponto de vista econômico, essa medida pode ser vista como um primeiro “grito de
independência”, onde a colônia brasileira não mais estaria atrelada ao monopólio comercial
imposto pelo antigo pacto colonial. Com tal medida, os grandes produtores agrícolas e
comerciantes nacionais puderam avolumar os seus negócios e viver um tempo de prosperidade
material nunca antes experimentado em toda história colonial. A liberdade já era sentida no bolso
de nossas elites.
Para fora do campo da economia, podemos salientar como a reforma urbanística feita por Dom
João VI promoveu um embelezamento do Rio de Janeiro até então nunca antes vivida na capital
da colônia, que deixou de ser uma simples zona de exploração para ser elevada à categoria de
Reino Unido de Portugal e Algarves. Se a medida prestigiou os novos súditos tupiniquins, logo
despertou a insatisfação dos portugueses que foram deixados à mercê da administração de Lorde
Protetor do exército inglês.
Essas medidas, tomadas até o ano de 1815, alimentaram um movimento de mudanças por parte
das elites lusitanas, que se viam abandonadas por sua antiga autoridade política. Foi nesse
contexto que uma revolução constitucionalista tomou conta dos quadros políticos portugueses em
agosto de 1820. A Revolução Liberal do Porto tinha como objetivo reestruturar a soberania
política portuguesa por meio de uma reforma liberal que limitaria os poderes do rei e reconduziria
o Brasil à condição de colônia.
Os revolucionários lusitanos formaram uma espécie de Assembleia Nacional que ganhou o nome
de “Cortes”. Nas Cortes, as principais figuras políticas lusitanas exigiam que o rei Dom João VI
retornasse à terra natal para que legitimasse as transformações políticas em andamento. Temendo
perder sua autoridade real, D. João saiu do Brasil em 1821 e nomeou seu filho, Dom Pedro I,
como príncipe regente do Brasil.
41
Varal do Brasil
A medida ainda foi acompanhada pelo rombo dos cofres brasileiros, o que deixou a nação em
péssimas condições financeiras. Em meio às conturbações políticas que se viam contrárias às
intenções políticas dos lusitanos, Dom Pedro I tratou de tomar medidas em favor da população
tupiniquim. Entre suas primeiras medidas, o príncipe regente baixou os impostos e equiparou as
autoridades militares nacionais às lusitanas
Naturalmente, tais ações desagradaram bastante as Cortes de Portugal.
Mediante as claras intenções de Dom Pedro, as Cortes exigiram que o príncipe retornasse para
Portugal e entregasse o Brasil ao controle de uma junta administrativa formada pelas Cortes. A
ameaça vinda de Portugal despertou a elite econômica brasileira para o risco que as benesses
econômicas conquistadas ao longo do período joanino corriam. Dessa maneira, grandes
fazendeiros e comerciantes passaram a defender a ascensão política de Dom Pedro I à líder da
independência brasileira.
No final de 1821, quando as pressões das Cortes atingiram sua força máxima, os defensores da
independência organizaram um grande abaixo-assinado requerendo a permanência e Dom Pedro
no Brasil. A demonstração de apoio dada foi retribuída quando, em 9 de janeiro de 1822, Dom
Pedro I reafirmou sua permanência no conhecido Dia do Fico. A partir desse ato público, o
príncipe regente assinalou qual era seu posicionamento político.
Logo em seguida, Dom Pedro I incorporou figuras políticas pró-independência aos quadros
administrativos de seu governo. Entre eles estavam José Bonifácio, grande conselheiro político de
Dom Pedro e defensor de um processo de independência conservador guiado pelas mãos de um
regime monárquico. Além disso, Dom Pedro I firmou uma resolução onde dizia que nenhuma
ordem vinda de Portugal poderia ser adotada sem sua autorização prévia.
Essa última medida de Dom Pedro I tornou sua relação política com as Cortes praticamente
insustentável. Em setembro de 1822, a assembleia lusitana enviou um novo documento para o
Brasil exigindo o retorno do príncipe para Portugal sob a ameaça de invasão militar, caso a
exigência não fosse imediatamente cumprida. Ao tomar conhecimento do documento, Dom Pedro
I (que estava em viagem) declarou a independência do país no dia 7 de setembro de 1822, às
margens do rio Ipiranga.
Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola
42
Varal do Brasil
PARTICIPAÇÃO NO VARAL NO. 6
Envie seus textos para o e-mail
[email protected] em formato Word (não serão
aceitos textos colados aos emails) .
Envie uma biografia breve acompanhada de uma ou
duas fotos e dados para contato (email, blog, site, etc.).
Se usar pseudônimo e não desejar que seu nome
verdadeiro seja colocado no Varal ou no site, envie
uma biografia do seu pseudônimo. Não serão aceitas
biografias e fotos Incorporadas aos emails, apenas em
anexo.
Será escolhido apenas um texto de cada autor sendo:
- poemas de no máximo duas páginas contendo 20
linhas;
FAÇA SUA ESTA CAUSA!
- contos e crônicas com um máximo de três páginas de
25 linhas;
ADOTAR É ANIMAL
- os envios deverão ser feitos até o dia 25 de
OUTUBRO (todo texto que chegar após esta data será
observado automaticamente para o Varal no. 7).
AJUDANIMAL, GRUPO DE AJUDA E
AMPARO AOS ANIMAIS DO ABC
- será dada a prioridade aos que enviarem com
maior antecedência.
www.ajudanimal.org.br
43
Varal do Brasil
AS PORTAS DE UM CORAÇÃO, DE
APENAS UM CORAÇÃO
Por Gilberto Nogueira Oliveira
Vou abrindo as portas
Uma a uma, mas em todas elas
Eu só encontro a tristeza
Encontro em cada sala
Um grupo de pessoas
Em cada rosto, uma aflição
Um congestionamento geral nos olhos
Lágrimas de tristeza e desesperança.
Nunca encontro quem eu quero
É a alegria total
Alegria de encontrar
Uma palavra amiga
Já transpus montanhas
Já removi rochedos
Mares e oceanos
Abrindo sempre as portas
Do meu pobre coração
Que está despedaçado
De angustia e de tristeza
Pobre coração...
44
Varal do Brasil
Continuação da página 15
Voandoproaeroporto,
PravoarparaoBrasil;
-Ah,é?Vailevarcomele
Estaimensafaunahostil?
-Epõebastantehostilnisso.
Estáaquidentro,contida,
Masnãosei,nesseavião,
Seformuitosacudida...
Atéoverdãoressurgiu!
Aquidentroestáuminferno,
Nãohácontrolenenhum!
“-Masquediaboéissoaqui?”
Essaéafrasemaiscomum.
Ascomidaspulametapas,
Nósestamosnosperdendo,
Opâncreasjádesistiu
-Estánumpaísestranho,
Enãoestámaiscombatendo.
Comeutudoemaisumpouco,
Vaiseen1iarnumavião...
Fígado,sabecomoé,
Ôgente,essehomemélouco!
Normalmenteépreguiçoso,
Jádissequevaiparar
-Masjáestáindoprocarro.
Poispegouumtrem
-Eessecarroestácorrendo...
venenoso...
-Olhos,vocêsnãoimaginam
Oqueascurvastãofazendo!
Tálá,meioesverdeado,
Eunemtiroarazãodele,
Tentamosorganizar
Mas,comtodaessaameaça,
Praadiaraapoteose
Oqueeuvoufazersemele?
Mas,prosbichosse
acalmarem,
-Chegamosnoaeroporto!
Sómesmousandoahipnose!
-Elenãopodeembarcar!
Quatrohorasnoavião...
Vocêslembramdoverdão,
Semsocorrohospitalar!
Oprimeiroqueengoliu?
Poisé,depoisdessascurvas,
45
Essehomemcomeutanto..
Ecoisasdesconhecidas...
Vaidarvidaaumabactéria
Queésuperdesenvolvida
Jápensaram?Numavião?
Tô1icandomuitoa1lita,
Ageléiafermentou,
Tômesentindoesquisita!
-Agoraétardedemais
Efaltouorganização,
Tinhamqueterprotestado
Antesdeentrarnoavião!
-Nãoteveorganização
Porqueoataquefoimaciço.
Nãoéfácilraciocinar
Edigerirumouriço!
-Vamosrezarpradarcerto,
Oaviãotádecolando!
-Olhos,procuremobanheiro,
Ovulcãoestádespertando.
-Masjá?Esemavisoprévio?
Aviagemaindademora!
-Peloqueacabodever,
Vãoserlongasquatro
horas...
Varal do Brasil
-EVicentejásentiu,
Começouaseagitar...
-Edaquiadoisminutos
Vaicomeçarasuar...
Vicentesaiucorrendo
Sentindoumadoraguda.
Aaeromoçaoparou:
-Osenhorquerumaajuda?
Estouvivendomomentos
Extremamentedramáticos,
Comsensaçõespavorosas
Ebarulhosenigmáticos
-Queisso,gente,“manera”,
Avisaocaraprimeiro;
Dessejeitonãodátempo
Delechegarnobanheiro!
Vicentenemrespondeu,
Jogouamoçaprolado,
Pois,paraoqueiafazer,
Jáestavabematrasado.
Queseráqueeu1izdeerrado?
Seráquefoidacomida?
Nemtinhanadademais,
Sóeraumpouco...sortida.
-Aculpaentãovaisernossa
Seelequenãomaneirou?
Acabaram-seosrecursos,
Vicentenosesgotou!
Elacorreupracabine
Praavisarocomandante:
-Temumpassageirosuspeito,
Nóstemostranquilizantes?
-Alguémbatenessehomem!
Foi“sortida”queeledisse?
Comoseráqueépraele
“Festivaldeesquisitice”!
Acomidatáaquidentro
Querendoumasolução,
Inclusivenós,osórgãos,
Estamossemproteção.
-Oquequeeleestáfazendo?
-Seilá,medeuumempurrão,
Tinhaosolhoseasbochechas
Comestranhacoloração...
Entãovamoscaprichar
Praelecairnareal,
Jávaisaberoqueé
Infecçãointestinal!
Vocês,olhos,virambem
-Chamealguémprateajudar
Agoraeu1iqueizangada,
OqueoVicentecomeu,
Mastudodiscretamente,
Elecomeufeitolouco,
Temcoisassetransformando,
Emeaviseseosujeito
Ascomidasmaisnojentas
Tembichoquenãomorreu!
Agiragressivamente.
Eaindadizquecomeupouco?
Tãoaquifazendoforça
Poisqueremexpulsaragente!
Sequiser,podemosir,
PerguntaaíproVicente...
EnquantoissoVicente
Estavavivendohorrores,
Febre,enjôo,calafrios,
Issosemfalardasdores.
Estárolandodedor,
Vomitandosemparar?
Masnósqueestamoslutando
Praelenãodesencarnar!
-Entãotá,vocêstãocertos
Pelomenoséoqueeuespero...
-Olhos,entãomiremaporta
Epernaspraquetequero!
-Nãodeviateradiado
Omeucheck-upanual,
Nemsetivessemorrendo
Mesentiriatãomal!
Sóqueagoranãoseinão...
Acomidaestávencendo,
Vicentenãovaigostar
Doqueestamos
46
resolvendo.
Varal do Brasil
Vamosusarnossasarmas,
Defenderoterritório,
Nãoqueremosirpravidro
Denenhumlaboratório.
Então,arranjemumcantinho
ProVicenteseencolher.
Olhos,apartirdeagora
Tudopodeacontecer!
Ecomeçouumabatalha
NabarrigadeVicente
Queocoitadosedobrou
Entãogemeuestranhamente.
Efoilogonessahora
Queaaeromoçabateu,
Masfoipegadesurpresa
E,nosusto,elacorreu.
-Comandanteaviseatorre!
Temumdoidonobanheiro!
Eutrancoaportaporfora?
Façodeleumprisioneiro?
-Euvoulápraverdeperto,
Nãovoumeprecipitar;
Etambémnãotemmaisjeito,
Jávamosaterrizar.
Enaportadobanheiro,
Chegoupertopraescutar;
-Temalgoextraordinário...
Nósvamosterquearrombar!
Pranãoaumentara
Vicenteescutouaconversa
lambança.
Masnempôdereagir.
-Nãoestoubempraser
olhado,
Deus,nãodeixaaportaabrir... -Ei,olhos,oqueestáhavendo?
-Vicenteestásemimorto
Masfoipostonapoltrona,
Ecomumcintotodotorto.
Comoéfácildenotar,
Vicenteestavasemsorte
Eatalportadesabou
Estamosquasepousando
Noprimeirotrancoforte.
Eaídentro,terminou?
-Temumfungoresistente
Masopiorjápassou...
-Oh,meuDeus,misericórdia!
Masissoéoquadrodohorror!
Quequeessehomemcomeu?
-Temumaambulâncialáfora,
Quetroçoamedrontador!
SópodeserproVicente.
-Otransportetemqueser
Feitodelicadamente.
Vicenteestavasemforças
Enempôdeprotestar.
-Pessoal,aguenta1irme,
Essefungoestáen1iado
Nósvamosterquearrastar!
Edi1icultandooacesso
Masseelevoltaeseespalha,
-Mascomandante,quenojo,
Lásefoinossoprogresso!
Ohomemtáempesteado,
Eletemqueser
Eletemqueserbanido -Vicenteestáderrubado
Nãovaiconseguirfalar...
Eobanheirointerditado!
-Boca,agoraésócontigo,
Fazelebalbuciar!
-Sintomuitoaeromoça,
Nemdiscordodevocê,
Massódáprafazerisso
Quandoesseaviãodescer.
Precisamospôrocinto
Edesceremsegurança,
Amarrarbemosujeito
47
Varal do Brasil
Qualquercoisaparecida
Com:“Nãomebalançanão!”
Ou,quemsabe:“Vaicom
calma!”,
Completacomumpalavrão!
-Barriga,eletádeumjeito
Queomáximoqueeuconsigo
Éum:“Bada...bida...badá...
...Bidabadabá...comigo...
-Tábom,entãovaiassim
mesmo,
Deixaqueagentesevira.
Nósvamosfazerumcerco,
Queofungojátánamira.
MasesperoqueVicente
Tenhasofridobastante!
Agorairemospracasa
Mas,olhos,prestematenção,
Seessehomemtiverfome,
Nãotemargumentação!
Juntaremosnossasforças,
Vamosfazê-lodormir,
Seprecisar,porumano,
Poistemquesecorrigir!
SeVicentepassarmal
Vaidesistirdaviagem,
E,sejamosbemcriativos,
Valeatéumasabotagem!
Emaistarde,nojantar,
Vamosveroqueelecome...
-Pessoal,oquefaremos?
Vicentenãoestácomfome!
Parecequevaideitar,
Sóvaitomarumchazinho...
-Nãovamosnosiludir,
Vicenteémuitoespertinho!
-Jápassaramtrêssemanas,
Vicenteestácomportado...
-Temcomido...normalmente...
Estáguardandoabarriga
-Comosempre...engordurado.
Pracomernotalpaís,
Masdessaveznãonospega,
-MasVicentedeixouumcheiro
Nãoaguentaremosumbis...
Dentrodaqueleavião...
-Mas,oqueébomdurapouco,
Ospassageirosdesceram
Descobrimosdemanhã;
Culpandoatripulação.
Eleestácomasmalasprontas Mesmoquesejaumchazinho
-Oqueimportaéquejá
Evaiembarcaramanhã!
Nóslhedaremosumsusto,
estamos
Estamosrecuperados
Acaminhodohospital,
Masdepoisdemuitocusto!
Quemsabebotamosordem
Maseujáestouapavorada,
Nessa“fauna”intestinal.
Praondeelevaiviajar?
-Deixaeulernessapassagem...
Eelebebeu,sossegado,
Gente,eununcaouvifalar! Oseuchádeervacidreira
-VixeMaria,barriga,
Mas,coitado,nãoviajou,
Tásentindoacalmaria?
-Pessoal,corremosrisco
Secoçouanoiteinteira!
-Bom,1ígado,tudoindica
Ereagiremosagora!
Quechegouacavalaria!
Qualquercoisaqueelecoma
Nósvamosbotarprafora!
-Éosoro!GraçasaDeus!
-Nãoqueroserimplicante
48
Varal do Brasil
Ana Anaissi, carioca, vivendo em Brasília desde
1970, é artista plástica, compositora, ilustradora
e escritora. Tem um site chamado Alma Totem
histórias a granel, que foi inaugurado
recentemente, onde divulga seus trabalhos.
VOCÊ SABIA?
A revista VARAL DO BRASIL circula
no Brasil do Amazonas ao Rio
Grande do Sul... Também leva seus
autores até a América Latina,
América do Norte e, claro, pela
Europa.
Quer divulgação melhor?
Venha fazer parte do VARAL!
E-mail: [email protected]
Site: www.varaldobrasil.ch
49
Varal do Brasil
Hugo Pontes é natural de Três Corações-MG onde
nasceu a 22 de julho de 1945. Reside em Poços de
Caldas.
É formado em Letras, com especialização em Literatura
Brasileira.
Com relação a suas atividades literárias e de pesquisa
histórica apresenta em seu currículo uma extensa lista de
atividades relacionadas com a poesia, o poema visual, o
ensaio e a história. Tem 25 obras publicadas entre livrossolo e antologias. Sua obra de criação literária está
voltada para o Poema Visual. Em 1997 publicou pela
Editora Plurart’s "Defesa de Tese: Poemas sem
Fronteiras; Em 2002 publicou Poemas Visuais e Poesias,
pela editora Annablume e, em 2007, fez a reedição do
mesmo livro.
tém o sítio www.poemavisual.com.br para divulgação de
poemas visuais de poetas brasileiros e do exterior.
50
Varal do Brasil
Por Icléia Inês R. Schwarzer
Quando a chuva cai é como sentir as lagrima rolar na minha face
Quando o frio chega, meu corpo sente a falta do seu
Quando amanhece o dia percebo que você não esta
Quando a tarde se vai, vejo que você não vem
Mais uma noite se aproxima,
Mais uma vez estarei sem você
Meu pensamento voa tentando encontrar o seu
Não há conexão
Não como nos encontrar
Tu não sentes o mesmo que eu
Tu não desejas a mesma forma que eu
Nem mesmo que eu queira
Nem mesmo que eu peça a ajuda divina
Não te poderei encontrar
Por que você não esta
Porque você não me quer
E não haverá como se encontrar
Onde só uma alma quer
Onde só uma alma sonha
Onde só uma alma deseja
Onde só uma alma ama.
51
Varal do Brasil
Cotidiano cruel
Por Igor Medeiros Oliveira
Ele acorda. Lava-lhe a face. Esconde o colarinho de baixo da gola do terno. Nos tempos
antigos, mostrava-se o colarinho com orgulho, batendo no peito. Era o ídolo da
garotada.Comprava bala, pirulito, entre várias guloseimas para eles. Agora, se mostrasse o
colarinho, era vaiado. Atiravam-lhe tomates podres e fétidos em sua idosa face.
Mira-se no espelho.Um típico e respeitável cidadão. Trajava um terno escuro, com botões
de detalhes dourados. Uma camisa de linho egípcio, alvíssima, e uma charmosa gravata
vermelha.Os bigodes, já lhe arrancavam a juventude do rosto." Se eu tirar, fica pior"
sempre dizia à esposa.Os cabelos outrora eram um emaranhado amazônico, agora mais
pareciam pasto de gado velho.
Vai no seu respeitável escritório e abre seu e-mail.Recebe um proposta: R$ 100 000,00
para alterar o plano-diretor. Se ele cedesse, ninguém descobriria. Ele estava acima da
lei.Ele era a lei. Mas ele nunca aceitara nenhuma proposta corrupta.Mas R$ 100 000,00?
Sai pra tomar um café, de colarinho escondido.Encontra mendigos moribundos, fundindose às calçadas de sua cidade.Uma criança lhe pede esmola, e ele tira da carteira cinquenta
reais. O "mini-deliquente" lhe mostra a arma, e lhe alvejando, sai em disparada.
Seu cadáver tomba ao chão, ferido pelo povo que nunca feriu. Aparado pelo chão que
sempre protegeu. E vislumbrando a tão ignorada sombra da morte sobre seus olhos,
esclaresce-lhe a mente. Não aceitaria a proposta. E com o sangue vertendo-lhe a vida,
morre, o último "homem" da Terra.
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Varal do Brasil
Ingredientes
100 gramas de queijo Gruyére ralado (ou outro se precisar adaptar)
1 pitada de noz-moscada
½ lata de creme de leite
2 dentes de alho
½ quilo de batatas
250 ml de leite
pimenta
sal
Preparando:
Aquecer previamente o forno. Esmagar o alho e colocar numa panela juntamente
com o leite e aquecer até ferver em fogo brando. Juntar o creme de leite.
Descascar as batatas, lavar e enxugar. Cortar em fatias redondas finas e colocar na
panela, temperando com o sal, a pimenta e a noz-moscada. Deixar cozinhar por 15
minutos, com a panela tapada e vá virando as batatas algumas vezes. Untar um
prato de ir ao forno com manteiga e colocar as batatas cozidas. Cobrir com o
queijo ralado e levar ao forno. Deixar cozinhar até ficar dourado.
(Há variações que intercalam nas camadas presunto, endivas e outros)
53
Varal do Brasil
TORNE-SE UM ASSOCIADO
HOSPITAL DE LAGUNA
Faça do Hospital de Laguna a sua causa, colabore!
Para tornar-se um associado do hospital,
basta preencher o formulário que se
encontra no site e encaminhá-lo à direção
do hospital. O valor da mensalidade e de
apenas R$ 10,00.
http://www.hospitallaguna.com.br/
PROJETO LUZ
Ilumine esta idéia! Como você deseja que o Hospital de Laguna
seja? Bom? Muito bom? Ótimo? Qual o seu desejo? Com quanto
você pode contribuir, na sua conta de luz, para o Hospital ser assim, Todo associado poderá usufruir das
vantagens do cartão de benefícios sem
do jeito que você quer? Você pode!
O prêmio maior é a vida. Com certeza o seu maior desejo!
pagamento adicional.
CARTÃO DE BENEFÍCIOS
O Cartão de Benefícios proporciona a usuários e dependentes
descontos nos serviços de internação e de urgência/emergência
oferecidos pelo Hospital de Laguna e pela rede de estabelecimentos
e profissionais credenciados (visite no site o link do Cartão de
Benefícios). Os descontos variam de 10 a 50%, podendo chegar a
90% nas farmácias. procure o representante do hospital no horário
comercial.
... acho que a vida é um processo... É como
subir uma montanha. Mesmo que no fim não
se esteja tão forte fisicamente, a paisagem
visualizada é melhor.
Não escrevo porque “valha a
pena”, mas porque me faz feliz, simplesmente.
A vida é feita de perdas e ganhos e depende
muito da gente sair da postura de vítima
Seja como for, não sou saudosista. Acho esquisito
falar 'no meu tempo', porque nosso deve ser o
hoje. Somos tão fixados no mito da eterna juventude que, depois dos 30 anos, nem o tempo é mais
nosso, somos exilados da própria vida.
54
Varal do Brasil
Por Jaci Santana
Imagino tal ironia do desassossego vibrando em meu corpo.
Não havia se quer mais vida. Só nostalgia.
Era a morte em vida... Falsas esperanças imbuídas.
Sofrimentos retraídos. .Uma dor sempre contida.
E o paraíso adormecido... Meu corpo... Um eterno vazio,
Abstinha-se de sonhar... Amuando-se... Ocultando-se mais uma vez.
Mas, um olhar dos céus, cobriu-me com o seu manto,
E a ti levou-me como a um presente dos Deuses.
Difícil dizer das vibrações que me tomaram naquele encontro.
Surpreendida com o seu olhar... Submissa... Sentei-me sem retrucar.
Seus olhos... Penetrantes! Envolventes! Olhavam-me profundamente.
Estranhamente, envolta em sua fronte, emergia o que parecia ser uma serpente.
Paralisando-me magicamente, enquanto olhava-me, arqueando cílios, sobrancelhas e
mente.
Saí Dalí, completamente transmutada, envolvida e apaixonada.
E minha vida sorrindo em cores, ressurgiu à luz do dia nebuloso,
Ao ver o sol alvorecendo nas ruas, esquinas e estradas vazias.
Este calor... Este ardor... Esta emoção,.. Trouxe-me paz no coração.
O sol, com seus raios, iluminando meus poros,
Lançou-me a semente do seu amor,
Apagando as marcas de minhas dores já existentes.
55
Varal do Brasil
Jaci Santana- Nasceu em Aracaju. Mora no Rio de Janeiro. Cursou Direito
e ,atualmente, dedica-se a poesia. Participa de Concursos Literários. Recebeu
vários convites para participar de Antologias. Recebeu Menção Honrosa no I
Concurso de Poemas Delfos com o 5º lugar, e a divulgação do mesmo no
Jornal Le Ville com a poesia “Oásis Tropical”. Em 2007 teve seu primeiro
Livro de Poesia “Amor, Sexo e Poesia” editado pela Litteris Editora e
participação no Diário do Escritor de 2006 a 2010, também pela Litteris
Editora. Em 2009, participou da Antologia “Canta Brasil” com a letra de
música “Canto de Dor, lançada na Bienal do livro”-RJ. Ainda em 2009, teve
Menção Honrosa no II Jogos Florais do Século XXI com a poesia "Cura",
além, da participação no Caderno Literário nº 8, sob a coordenação da
jornalista e escritora Sandra Veronese, com a poesia “Mistura de Vinho", Em
2010, teve algumas poesias publicadas no Caderno-Revista 7Faces sob a
direção e coordenação do escritor e poeta Pedro Fernandes. Tem suas poesias
hospedadas em sites literários, tais como: Garganta da Serpente, Blocos
Online, Site de Poesias, O Melhor da Poesia na Web, Lusos-Poemas, Poesias
Sem Fronteiras, Sociedade dos Poetas Advogados, Borbollettah, Portal
Literal, Artigonal, Favas Contadas, Poetas em Desassossego, Liter'Art, Poetas
Del Mundo, Recanto das Letras, Site de Poetas&Escritores.
E-mail: [email protected]
E-mail: [email protected]
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Varal do Brasil
FEMININOS INSTINTOS
Por Jacqueline Aisenman
Ela se insinua lenta e lânguida, vem bem lá de dentro dela, de algum lugar que ela nem lembra
muito bem haver já encarcerado. Ouve seus pés começando a se mover de um lado para outro.
Quase consegue sentir suas mãos, recobrando o calor antigo. Abre bem os olhos, evita os
pensamentos. Tenta pensar em outra coisa.
Impossível. Ela está viva. Murmura apenas, mas pode sentir de sua respiração ofegante o
desejo de voltar. Seus olhos ainda estão fechados, ela ainda não percebeu que seu corpo está
retomando formas e que em breve poderá enxergar novamente. Ai... O que fazer neste instante
se ela nem tem mais as chaves? Se as tivesse retornava lá, aproveitava seu instante de fraqueza,
matava-a. Fria e conscientemente. Mas ela estava tão certa de que a outra apodreceria lá...
A outra... continua a mover-se pouco a pouco. Aguça os sentidos e sente a proximidade de uma
energia que ronda por ali. Forte. Vigorosa, intensa. E tímida. Abre os olhos e lembra então que
está trancada ali naquele espaço há muito tempo... da última vez em que tentara sair fora jogada
como um verme. Negligenciada, esquecida, largada. Agora pensava numa maneira de sair dali.
Fechou novamente os olhos e ligou-se mentalmente àquela que tudo fazia para ser o seu algoz.
Sentiu a resistência, sentiu o medo, mas continuou.
Viva. Em vida. Tentando contactar. Pedindo para sair. Querendo a liberdade. Ela começara. E
agora não haveria mais fim. Enquanto não tirá-la de lá jamais voltará a viver só. Jamais. Nem
todos os instantes que passasse a fingir esquecimento serviriam a fazê-la desaparecer. Ela era
forte demais, sensual e traiçoieira.
Entre um pensamento e outro, cruzaram-se os pensamentos das duas e, como num espelho,
viram-se perdidas num mesmo desejo. O desejo forte, anseio acima de qualquer emoção
comum, era a chave. Abriu todas as portas. E a fusão se fez entre a criatura temerosa e a
mullher ávida.
(Um pouco de músicas bem "som de fundo"como Carmen Cuesta-Loeb cantando Dreams)
Imagem: Balcony at Buenos Aires de Fabian Perez
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Varal do Brasil
Jacqueline é quem edita o VARAL. E quem tem o
coração povoado de letras que vivem saindo pela
caneta ou pelas teclas do computador. Palavras
escritas, muitas vezes nem ditas.
Tem em seu site Coracional e em seu Blog Certas
Linhas um meio de expressão constante.
E-mail: [email protected]
Consulat Général du Brésil
54, rue de Lausanne
1202 Genève
Horário de atendimento ao público: de segunda a sexta-feira das 09:00
às 14:00
(de 02.07.2010 a 12.07.2010, o ingresso no Consulado será até 13:00)
Telefones
Tel. : 022 906 94 20
Fax : 022 906 94 35
Horário de atendimento telefônico: de segunda a sexta-feira das 13:00
às 16:00
CONSULADO-GERAL DO BRASIL EM ZURIQUE
Stampfenbachstrasse 138
8006 Zürich-ZH
Fax: 044 206 90 21
www.consuladobrasil.ch
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Varal do Brasil
Janete A. Gutierres, nasceu em 25/11/1964, em Alto Paraná-PR.. Filha de
Francisco Gutierres e Eugênia Garcia Gutierres.
Viveu sua infância e adolescência na cidade de Diamante do Norte
-
Noroeste do Paraná. Filha caçula, tem dois irmãos e uma irmã, com a qual
sempre foi muito ligada, pelo fascínio que tinha por sua força de caráter e
honestidade.Desde pequena adorava literatura e poesia e sempre gostou muito de
ouvir música e cantar.Toca instrumento de cordas.
Na escola teve um grande incentivo de seus professores, dentre eles sua grande
amiga Maria de Fátima Longhi e Claudice Maria dos Santos, que lecionavam
português e que estiveram presentes em sua vida.
Entrou para o Convento das Irmãs Pobres Filhas de São Caetano Tiene, onde se
tornou religiosa por alguns anos. Para ela, ser religiosa foi o maior Dom de Deus.
Sua vida não é muito diferente de quando era religiosa, sempre procurou ver o
outro com o olhar de Jesus e sempre afirmou que o outro é o reflexo de Deus em
sua vida.
Mesmo diante de tantas dificuldades pelas quais passou, com Deus caminhou de
mãos dadas, porque tudo foi feito com amor incondicional, e vale a pena fazer de
tudo para ver o outro feliz, vale a pena amar as pessoas como a si mesmo.
59
Varal do Brasil
Algumas das belas poesias dessa
Minha Querida e Talentosa Amiga
Jane, retiradas de seu novo Livro
“LUZ dos MEUS OLHOS”.
EU SÓ QUERIA UM AMIGO
Luz dos meus olhos
Eu só queria ter um bom amigo,
Que pudesse me ouvir.
Que pudesse olhar em meus olhos
E sentir a dor que consome meu coração.
Que pudesse ser fiel e doce, que estivesse
Comigo nos momentos que mais
precisasse.
Que me defendesse e me amasse.
Que lutasse por mim nos momentos
difíceis.
Que pudesse pegar as minhas mãos entre
as
Suas e me consolar.
Eu só queria ter um amigo que pudesse
Caminhar ao meu lado,
Que eu pudesse ter a certeza que ele
Estaria lá, e não me deixaria só.
Um amigo verdadeiro.
Jane Gutierres
Eu só queria um amigo.
60
Varal do Brasil
PAI
Elevo minha alma para o alto em busca do paraíso eterno, onde moram os anjos e
repousam as almas...
Voar entre as nuvens em busca do imenso azul do céu de minha fantasia em busca
de ver você, de olhar para você e sentir a ternura de seu olhar dentro de meu olhar e
dizer-lhe que você vive em meu coração e caminha em meus sonhos.
Dizer-lhe que sou a sua cópia mais perfeita.
Olhar em seu olhar e dizer que a saudade e as lembranças eu guardo dentro de meu
coração como um tesouro mais precioso que alguém já pôde ter.
Queria dizer-lhe que sinto a sua presença viva em mim.
Você morreu para a vida e agora vive em meu coração e em meus sonhos como um
raio de luz que ilumina minha vida a cada amanhecer.
Daria tudo na vida para poder uma vez mais olhar dentro de seus olhos e dizer que
nunca ninguém foi tão amado por mim como você foi.
Sinto, pai, uma lágrima rolar em meu rosto e morrer em minha garganta. Queria
ultrapassar as alturas e poder dizer olhando em seus olhos, que nunca o esquecerei.
Hoje venho até você, rompendo os limites de minha imaginação, chegando ao
paraíso onde mora Deus e dizer em meio a um sussurro, olhando dentro de seus
lindos olhos, amo você, meu pai querido, anjo que vive eternamente em meu
coração.
Desenho de EL OD I E
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Varal do Brasil
MEU DOCE AMOR
Senhor, hoje estou aqui de joelhos dobrados aos Teus pés, olhando dentro de Teus
olhos e sorrindo o Teu sorriso, para agradecer pelo bom Deus e amigo que és.
Obrigada, meu Senhor, por tudo que realizaste em minha vida.
Tu sabes que não foi fácil chegar até aqui.
Obrigada pelas mãos estendidas nas horas incertas, pelo aconchego de Teus braços,
pelas lágrimas que me ajudaste a enxugar, pelos momentos sofridos, pelas alegrias
vividas.
Pelos momentos em que quase desisti, me sentindo sozinha, quando nada mais me
restava, achando que tudo havia acabado e Tu estavas ali sorrindo diante das minhas
fraquezas.
Hoje, meu doce amor, só vim para agradecer, pela Tua infinita bondade e
misericórdia, já nos conhecemos há uma eternidade, passamos tantos momentos
juntos, temos uma linda história de amor para contar, que só nós sabemos.
Tu és a luz da minha vida, a força que rege meus dias a cada amanhecer, é por Ti
que vivo Meu Amor.
Serei sempre tua doce amada.
Obrigada!
Jane Gutierres
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Varal do Brasil
Por José Alberto de Souza
Hoje eu quero sorrir, abrir-me para a vida e repensar o futuro. Não, hoje eu não
quero me aborrecer como até agora o vinha fazendo. Neste instante, estou despertando
e me esforçando por querer ficar bem disposta o resto do dia. Vou abrir as janelas do
meu quarto e olhar o sol radiante ou a chuva copiosa lá fora, sem recriminar o tempo
que o Senhor nos reservou. Minha atitude vai ser de reconciliação para que eu possa
curtir a Natureza em toda sua plenitude, não obstante as limitações criadas pelo nosso
mundo civilizado.
Acabei de acordar com o ruído sonoro e espalhafatoso dos bem-te-vis fazendo
a sua algazarra matinal na copa frondosa do meu pé de jacarandá. Por que eu iria
desejar um silêncio que poderia ser sepulcral? Vou ficar bem feliz e me espreguiçar
tranquilamente para experimentar essa sensação maravilhosa de estar renascendo num
novo dia. Que me importa de não ter sido esta última noite longa o suficiente para
adormecer meus sentidos excitados nos embalos da minha juventude.
Agradecerei a Ele por me deixar, ao menos agora, em harmonia com todos e
tudo. Logo, logo estarei me levantando faceira e correndo ao banheiro para sentir a água
a chover e escorrer, carinhosa e espumante, nas sinuosidades do meu corpo. Então me
perceberei inspirada para cantarolar alguma melodia bem ao gosto da minha geração.
Mas não me demorarei muito nesse ritual para que os meus também se contagiem e
compartilhem dessa minha alegria. O melhor que puder me arrumarei e sairei cheirosa e
enfeitada a distribuir beijos e abraços em profusão para que meus pais e meus irmãos
sintam o quanto gosto deles.
Deslumbrada me extasiarei ante a mesa bem arranjada e comportadinha do
café da manhã. Até ficarei indecisa por onde começar a saciar minha gulodice com
tantas tentações ao meu paladar. Mas minha vaidade haverá de falar mais alto e eu
beliscarei sem desdém um ou outro biscoitinho e sorverei devagar o suco de frutas,
colorido e ecológico, tão amorosamente como foram preparados. Trocarei rápidas e
atenciosas palavras com meus pares deste banquete frugal antes de me despedir e
dirigir à porta da rua, quando então saudarei o mundo exterior, dizendo do mais íntimo
da alma: “Olha eu aqui!”.
63
Varal do Brasil
JOSÉ ALBERTO DE SOUZA - Nascido
em Jaguarão-RS, é formado em Engenharia
Mecânica pela UFRGS, aposentando-se como
Técnico em Desenvolvimento no BRDE. Participou
das antologias Contos de Oficina 5 (Acadêmica,
1989), Mais ao Sul do Que Eu Pensava (AGE, 1993),
coletâneas Julinho 100 Anos de História (AGE,
1993) e Olhares sobre Jaguarão (Evangraf, 2010) e
tem trabalhos publicados nos jornais A Folha e Nova
Manhã (Jaguarão-RS), A Notícia (São Luiz Gonzaga
-RS), A Fonte (Santo Antônio da Patrulha-RS),
Menino Deus/Assamed, 3ª. Margem, O Continente e
revistas Porto e Vírgula e Continente Sul Sur, de
Porto Alegre-RS.
Poema sobre a recusa
Como é possível perder-te
sem nunca te ter achado
nem na polpa dos meus dedos
se ter formado o afago
sem termos sido a cidade
nem termos rasgado pedras
sem descobrirmos a cor
nem o interior da erva.
Como é possível perder-te
sem nunca te ter achado
minha raiva de ternura
meu ódio de conhecer-te
minha alegria profunda.
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Varal do Brasil
Por José Valdir Oliveira
Na semana em que as areias da praia de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro
amanheceram cravadas com 700 (setecentas) cruzes pretas, representando 700 vidas ceifadas pela
violência urbana somente desde o inicio do ano. Fato repugnante e sinistro que desencadeou no
país um misto de espanto e de indignação pelo desvalor da vida. Na Palhoça, no entanto, para
contrabalançar o horror da vida e acalantar nosso contentamento, teve lugar, uma singular e
distinta declaração de amor de um homem por uma mulher, declarando ao mundo dos vivos que
nem tudo está perdido e que a violência não é a única forma possível do relacionamento humano.
Para nossa felicidade tal alento de esperança e de dignidade fez-se na noite em que o nosso amigo
Té, o peão romântico do tordilho negro, veio lá das bandas do paredão, convidou os parentes e
amigos para dizer a todos naquele dia quão grande e verdadeira é sua paixão pela musa,
namorada, mulher e agora noiva Regiane.
... acreditar
que ainda há uma esperança de caminhar pela vida acompanhado de uma
paixão mulher.
Os convidados aos poucos foram chegando e
foram se acomodando nas cadeiras e
mesas,cumprimentando os presentes, saudando
o noivo, a noiva e familiares. O som do Tom,
irmão do Té rolava o sertanejo romântico,
indicando que a noite seria de arrebatadoras
emoções e de corações rasgados. Uma dupla de
loiras, loira Mara e loiras engarrafadas suadas
de calor e frio, também enunciavam tudo de
bom a confraria do Te e Regiane. As loiras
gaseificadas e suadas de tanto gelo eram
tragadas entre conversas, piadas e risadas,
acompanhadas sobremaneira de alguns cowboys do litro verde. Na verdade, nessa ocasião,
o certo era que já estávamos quase todos
embriagados conjugadamente pelo teor
alcoólico tequilar e pela alegria de aguardar o
melhor da festa, numa rara e feliz oportunidade
de se testemunhar o amor de um homem por
uma mulher. De se dizer ao mundo sem a
vergonha “quer, quer, quer!!!! Quer casar
comigo”, fazendo-se assim, acreditar que ainda
há uma esperança de caminhar pela vida
acompanhado de uma paixão mulher. Nessa
breve cerimônia de anunciação das bodas, o quase
noivo Té corria e sorria entre as mesas ora passando
a mão na cabeça, ora na barriga, servindo os amigos
e calibrando alguns drinques para driblar a emoção
sofreada até o ponto alto da noite. A escolhida,
rainha da festa e também quase noiva se desdobrava
entre a família e os amigos. Tudo já indicava que o
pedido de noivado estava preste a acontecer, o
Fábio, agora cidadão içarense já havia aprovado o
churrasco, o Zé da Marise batia o pé, o Diniz dizia
que a cerveja ali na festa estava gelada, o Sérgio
nem falava tão alto, o Alaor da Tânia soltava sua
risada pouco conhecida, o Odair, para os amigos, o
carreirinha, passava a mão sobre sua volumosa
cabeleira olhava para a Márcia pro Maneca e pra
dona Célia, pensativo indagava, hoje que esse
noivado sai. Enquanto isso alheio a toda essa
multiatividade, o Adriano Velho dormia sentado
numa cadeira debaixo de um bico de calha
65
Varal do Brasil
sem se importar com o aguaceiro que desabava
sobre Palhoça. Foi tanta água, após longos dias
de poeira que só poderia ser cumplicidade dos
anjos para regar e celebrar o noivado. O clima
era perfeito, mas ainda tinha gente que chegava,
era o Bolão tio do noivo e a Miriam, o Guto,
ainda pensando no dominó, com a Soaria,
juntamente com o Irminho, que com as mãos
para o alto exclamava “obrigado Jesus!” Nada
mais havia a protelar o feito! Quando então de
forma solene o Tom, irmão do noivo, D J da
ocasião, faz soar: Aleluia!, Aleluia!!!!
Aleluia!!!!! Proclamando pelos trompetes
eletrônicos toda a pompa que a circunstância
exigia para esse ato solene.
Agora, nesse momento,todas as atenções se
voltavam para o palco improvisado. Ato
contínuo, lá, estava todo garboso o audacioso
Té, de pronto chamou a amada a sua
companhia, os pais, os irmãos, e se o espaço
fosse maior talvez ainda estivessem chamando
alguns. Ele estava decidido, mas a companhia
dos amigos e parentes nesses momentos sempre
ajuda muito, socializa a coragem e a alegria. Na
expectativa, e parafraseando uma música dos
anos 70, a platéia toda aplaudia e só desejava
ser feliz, ansiosa aguardando ansiosa o pedido
de noivado. Doce ilusão esperar que o pedido de
noivado viesse logo de pronto, na verdade, após
o protocolo inicial, o quase noivo que não
fechava a boca sorrindo e que coçava a barriga
sobre a camiseta, inclinou a cabeça para o lado
da noiva que refreava o contido o choro. E
como não havia mais o que protelar, o Té
respirou fundo e passou a narrar o breve
relacionamento de dez anos com Regiane,
dizendo antes de qualquer coisa, vou contar uma
história para vocês. Vocês sabem né, eu a
Regiane nos conhecemos, estamos juntos e
somos companheiros desde o tempo em que eu
estava na 6ª série e ela na 5ª série, no primeiro
grau. Eu olhei pra ela, ela olhou pra mim e foi
daquele jeito né. Quando chegou o fim do ano
perguntei a professora se eu tinha reprovado? A
professora me respondeu que sim e eu disse
então, é isso que me dá felicidade. Dessa forma
quis o destino que eu reprovasse para
estudarmos juntos. Daí eu cheguei pra Regiane
tal e coisa e tal, ficamos umas duas vezes e pedi
com brevidade para namorarmos. Regiane me
disse sim, que por ela tudo bem, mas o pai dela
somente deixava namorar depois dos quinze
anos – eu disse tudo bem, não tem importância,
sou mesmo meio fora da lei. Aí quando ela fez
quinze anos eu fui à festa na casa do pai dela. E
desde essa época, estamos sempre juntos,
superamos todos os conflitos e as crises da
adolescência, continuamos unidos na
experiência de um relacionamento mais maduro
e adulto, e, estamos hoje aqui na presença dos
parentes e amigos para consagrar, através desse
noivado, o nosso desejo de seguirmos
enamorados pegados um no outra vida a frente.
Ao findar toda essa especial narrativa de vida e
sonho, a fala do pai da noiva foi abafada pelos
aplausos, diante dessa muito bela e louca
palhocense história de amor. O ato heróico,
pedido formal de noivado finalmente estava
realizado. Finalmente as alianças se enlaçaram
nas mãos de Té e Regiane. Somando-se a tudo
isso para a coroação do evento, Dna Aparecida,
mãe do Té muito emocionada, pegou a todos de
surpresa, trazia nas mãos duas tacinhas de
cristal conformando a champagne espumante, as
mesmas tacinhas que há muitos anos atrás
haviam celebrado o casamento dos avos do Té,
o Senhor, Evádio e a Dna Edite. E que na casa
desses permaneceu como testemunha silenciosa
para em algum momento quanto chamada
recontasse àquela e, refizesse a historia de
outros personagens. Não há quem não diga qual
66
Varal do Brasil
linda história de amor nos faz sentir mais humano, quando uma paixão assim acontece para lavar a
almas dos amantes, como também dos medrosos e insatisfeitos. Esse brinde a vida deve, pois, ser
como uma praga, uma pandemia repetidamente espalhada aos gritos, aos confins da solidão do
mundo inútil e estéril do cotidiano que nos tem abreviado os sentidos e o gosto de viver. Ave seja!
O peão romântico do tordilho negro com sua inseparável amada, que recitem ao mundo a forma
normal e infinita da convivência apaixonada, sinalizando sempre que o júbilo da eternidade
temporária não dispensa a coragem de apostar no que lhe parece bom e no entendimento que esse
bom é o outro e como tal é o diferente, muito embora, desavisadamente pela vida procuremos o
sempre igual...
Jose Waldir de Oliveira por sua esposa Rita: Zé
é natural de Palhoça e um dos lagunistas mais
ferrenhos que conheço.
É Policial Civil aposentado, advogado, escritor,
músico, compositor e tudo o mais que lhe
interessar fazer, além de amigo, pai e marido
dedicado.
Escreve poesias, contos, crônicas, letras de
música, peças teatrais de maneira ímpar, num
misto de seriedade e descontração.
67
Varal do Brasil
MEU OLHAR
Por Ju Petek
Meu olhar vaga nessa solidão que me rasga
Meu olhar vaga entre toda essa poesia de borboletas que
bailam
Meu olhar vaga nessa valsa lenta e sensual
Meu olhar vaga buscando cada pedacinho teu nessa
inesperada dança cadenciada
Meu olhar vaga nesse intenso desejo de deixar-me levar
nesse vôo
E vagar no teu olhar ... cadenciar no teu amor ...
entorpecer no teu beijo
E juntos planar no infinito do céu azul, numa dança
incandescente, incessante, pulsante
Meu olhar vaga ..... onde estás ...
68
Varal do Brasil
TRINTA ANOS DE LITERATURA
Por Luiz Carlos Amorim
O Grupo Literário A ILHA e a sua revista, o Suplemento Literário A ILHA, completaram,em
junho de 2010, 30(trinta) anos de atividades. Divulgando a literatura, dando espaço a escritores
catarinenses e brasileiros e até estrangeiros, publicando a obra de todos eles em várias mídias,
como a revista do grupo, o portal PROSA, POESIA & CIA., na internet, em http://
www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/, através da Editora A ILHA, publicando dezenas de livros solo
e antologias de prosa e de poesia, através do Varal da Poesia, que transformou-se no Projeto
Poesia no Shopping, da participação em feiras do livro e através de outros projetos como Poesia na
Rua, Poesia Carimbada, O Som da Poesia, Pacote de Poesia e outros.
São trinta anos de trajetória, sempre adaptando-se às novos mídias, às novas tecnologias de
informação para chegar até o leitor.
Para comemorar, o Grupo Literário A ILHA idealizou e lançou a coleção “Letra Viva”, composto
de livros de crônicas de seus integrantes e a edição comemorativa da revista Suplemento Literário
A ILHA, também circulando ininterruptamente por todos esses trinta anos..
Diferente da coleção Poesia Viva, que publicou poetas do Grupo Literário A ILHA que não tinham
ainda livro solo publicado, a maioria deles – foram doze volumes – a coleção “Letra Viva” traz a
lume os cronistas do grupo, que não são tão numerosos quanto os poetas, mas se destacam,
escrevendo em jornais do Estado e pelo Brasil.
Nesta primeira remessa, o grupo publica três livros de crônicas: de Célia Biscaia Veiga, que foi
cronista do AN Cidade, de Mary Bastian, cronista de A Notícia, de Jurandir Schmidt, que também
escreve para jornais e revistas e deste cronista.
Crônica talvez não seja o gênero literário mais praticado, atualmente, pois perde para a poesia.
Mas é o mais publicado, pois todo jornal tem seus cronistas diários. Então privilegiamos quem
pratica esse gênero e entregamos os primeiros livros da coleção “Letra Viva”, na Feira Catarinense
do Livro de 2010.
Novos volumes da coleção serão publicados, pois o Grupo Literário A ILHA continuará abrindo
espaços para a literatura, para a poesia, para o escritor da terra.
69
Varal do Brasil
Luiz Carlos Amorim é Coordenador do Grupo Literário A ILHA em SC, com 30 anos de
atividades e editor das Edições A ILHA, que publicam as revistas Suplemento LIterário A ILHA e
Mirandum (Confraria de Quintana), além de mais de 50 livros. Editor de conteúdo do portal
PROSA, POESIA & CIA. e autor de 25 livros de crônicas, contos e poemas, três deles publicados
no exterior. Colaborador de revistas e jornais no Brasil e exterior – tem trabalhos publicados na
Índia, Rússia, Grécia, Estados Unidos, Portugal, Espanha, Cuba, Argentina, Uruguai, Inglaterra,
Espanha, Itália, Cabo Verde e outros, e obras traduzidas para o inglês, espanhol, bengalês, grego,
russo, italiano -, além de colaborar com vários portais de informação e cultura na Internet, como
Rio Total, Telescópio, Cronópios, Alla de Cuervo, Usina de Letras, etc.
O autor assina, também, o Blog CRONICA DO DIA, em Http://luizcarlosamorim.blogspot.com
70
Varal do Brasil
Texto da Fundação Guimarães Rosa
O texto na íntegra pode ser encontrado no site: http://
www.fgr.org.br/
27 de junho de 1908, nasceu em Cordisburgo, Minas Gerais, João Guimarães Rosa, o
primogênito de Dona Francisca Guimarães Rosa (Chiquitinha). Seu pai, Florduardo Pinto Rosa
(seu Fulô) era comerciante, juiz-de-paz, caçador de onças e contador de estórias.
Antes de completar 7 anos, “Joãozito”, como era chamado, começou a estudar francês por conta
própria. Com a chegada do Frei Canísio Zoetmulder, frade franciscano holandês, em março de
1917, pode iniciar-se no holandês e prosseguir os estudos de francês, agora sob a supervisão
daquele frade.
Cursou o primário no Grupo Escolar Afonso Pena, em Belo Horizonte, para onde se mudou, antes
dos 9 anos, para morar com os avós. Em Cordisburgo. Iniciou o curso secundário no Colégio
Santo Antônio, em São João Del Rei, onde, em regime de internato, permaneceu pouco tempo por
não conseguir adaptar-se, sabe-se que ele não suportava a comida do internato.
De volta a Belo Horizonte matriculou-se no Colégio Arnaldo, então
dirigido por padres alemães, e, imediatamente, iniciou o estudo do
alemão, que aprendeu em pouco tempo. Era um poliglota, conforme
um dia disse a uma prima, estudante, que fora entrevistá-lo:
“Falo: português, alemão, francês, inglês, espanhol, italiano, esperanto, um pouco de russo;
leio: sueco, holandês, latim e grego (mas com o dicionário agarrado); entendo alguns
dialetos alemães; estudei a gramática: do húngaro, do árabe, do sânscrito, do lituânio, do
polonês, do tupi, do hebraico, do japonês, do tcheco, do finlandês, do dinamarquês; bisbilhotei
um pouco a respeito de outras. Mas tudo mal. E acho que estudar o espírito e o mecanismo de
outras línguas ajuda muito à compreensão mais profunda do idioma nacional.
Principalmente, porém, estudando-se por divertimento, gosto e distração.”
71
Varal do Brasil
Em 1967, João Guimarães Rosa seria indicado para o prêmio Nobel de Literatura. A indicação,
iniciativa dos seus editores alemães, franceses e italianos, foi barrada pela morte do escritor. A
obra do brasileiro havia alcançado esferas talvez até hoje desconhecidas.
Ao ouvir a gravação do discurso de Guimarães Rosa nota-se, claramente, ao final do mesmo, sua
voz embargada pela emoção – era como se chorasse por dentro. É possível que o novo acadêmico
tivesse plena consciência de que chegara sua HORA e sua VEZ.
Em 19 de novembro de 1967, três dias após a posse, Rosa morreu subitamente em seu
apartamenato em Copacabana, sozinho. (Sua esposa estava na missa), mal tendo tempo de chamar
por socorro. Na segunda-feira, dia 20, o Jornal da Tarde, de São Paulo, estamparia em sua
primeira página uma enorme manchete com os dizeres: "MORRE O MAIOR ESCRITOR".
Quando morreu tinha 59 anos. Tinha-se dedicado à medicina, à diplomacia, e, fundamentalmente
às suas crenças, descritas em sua obra literária. Fenômeno da literatura brasileira, Rosa começou a
escrever aos 38 anos. O autor, com seus experimentos lingüísticos, sua técnica, seu mundo
ficcional, renovou o romance brasileiro, concedendo-lhe caminhos até então inéditos. Sua obra se
impôs não apenas no Brasil, mas alcançou o mundo.
Deus nos dá pessoas e coisas,
para aprendermos a alegria...
Depois, retoma coisas e pessoas
para ver se já somos capazes da alegria
sozinhos...
Essa... a alegria que ele quer
72
Varal do Brasil
O MISTÉRIO DA FOME
Por Luiz Eduardo Gunther
Sabemos que
há
uma geografia
da fome.
Também sabemos
que há
uma geopolítica
da fome.
Podemos presumir
igualmente
uma história
da fome.
Difícil será
imaginarmos
ou
avalizarmos
um direito
da fome.
73
Varal do Brasil
Você está lançando algum
projeto que pode interessar os
leitores do VARAL?
Um concurso?
Um livro?
Exposição?
Conte pra gente, os leitores
do VARAL são cultos,
inteligentes, abertos!
Luiz Eduardo Gunther
Nasceu em Concórdia – SC
em 03.03.54. Reside em
Curitiba – Paraná. Graduouse em História e Direito
pela Universidade Federal
do Paraná, onde também
obteve os títulos de Mestre
e Doutor. É professor do
Centro
Universitário
Curitiba – UNICURITIBA,
desde 1987, onde leciona
graduação, especialização e
mestrado.
Também
é
Desembargador Federal do
Trabalho perante o TRT da
9ª Região. Integra a
Academia Nacional de
Direito do Trabalho e o
Instituto
Histórico
e
Geográfico do Paraná. É
autor de diversas obras na
área jurídica.
Venha até nós!
[email protected]
www.varaldobrasil.ch
Foto de Jacqueline Aisenman
74
Varal do Brasil
Por Marcelo de Oliveira Sousa
Glorifiquemos a Independência
com orgulho e satisfação
Um País gigante, de influência
Formador de opinião.
Celeiro do mundo
Exportador de Tecnologia
O Brasil potente
Cheio de alegria.
Políticos de sapiência
Que ama o povo e a educação
Exaltando nossa bandeira
Símbolo da Nação!
Acorde ! é só hoje que podemos sonhar
Amanhã tudo permanece igual!
A virtude da igualdade
Em cada segmento
A saúde com recorde de desenvolvimento
Curando a ferida aberta sem sofrimento.
Respeito mutuo e contentamento
Uma grande virada
no nível de vida
Bloqueando os ressentimentos.
mmmmmmmmmmmmmmmmmmmmm
mmmmmmmmmmmmmmmmmmmmm
mmmmmm
Hoje é uma data importante para
refletirmos se realmente somos
independentes, com essa miséria
assolando, corrupção, roubo, injustiça
social e subserviência às grandes
potências.
Independência ou Morte!!!!!!!!!!!!!!!!!!
O Brasil que é campeão
Não só no futebol
Que era homenageado e gritado
Por desempregados e desdentados.
75
Varal do Brasil
Marcelo de Oliveira Souza: Pseudônimo SOM, natural do Rio de Janeiro, Professor de Língua Portuguesa,
formado na Universidade Católica do Salvador. Pós-graduado pela Faculdade Visconde de Cairu com
convênio com a APLB/UNEB; Membro titular do Clube dos Escritores de Piracicaba; participa de vários
concursos de poesias, contos, publicações em jornais e revistas
estaduais, nacionais e internacionais sempre conseguindo ser
evidenciado pelos seus trabalhos louváveis. Organizador do Concurso
Literário Anual POESIAS SEM FRONTEIRAS.
Obras Publicadas:
* Universos na Esperança de Amor e Paz 1984 - Editora ODEAM - Salvador-BA
* Poetas Brasileiros de Hoje 1986 - Editora Shogun Arte - Rio de Janeiro-RJ
* Escritores Brasileiros de Hoje 1986 - Crisális Editora - Rio de Janeiro-RJ
* CD Literário 2002 Salvador - BA
* Agenda Literária Dias de Poesia 2002/2003 - Editora Via 7 - Itapetinina-SP
* Agenda literária Dias de Poesia 2003/2004 - Editora Via 7 - Itapetininga-SP
* Antologia do II Conc. Grandes Nomes da Nova Literatura Brasileira 2001- Ed. Phoenix - São Paulo-SP
* Revista Literária da Sociedade de Cultura Latina do Brasil 2000 - Mogi das Cruzes-SP
* Imã Literário 2003 e 2004 Salvador-BA
* Incluso no Guia Cultural do Estado da Bahia 2003 Salvador-BA
* Verbete do dicionário de autores baianos 2006 Salvador-Ba
* Livro A SALA DE AULA 2007 EDC Publicações - Salvador - BA
* Apresentação do Livro POIETI CONTEMPORIMAS & VERSOS - Editora Ômnira 2007 Salvador BA
* Livro Salvo Conduto 2008 - EDC Publicações - Salvador BA
* Imã Literário 2008 Salvador - BA
* Agenda Literária 2009 - Editora Celeiro dos Escritores - Santos SP
* Livro de Crônicas Selecionadas de Porto Seguro 2009 - Editora Via Literária Porto Seguro BA
Foto de Jacqueline Aisenman
76
Varal do Brasil
De tudo, ficaram três coisas: A certeza de que estamos sempre começando... A certeza de que precisamos continuar... A certeza de que seremos interrompidos antes de terminar.... Portanto
devemos: Fazer da interrupção, um caminho novo ... Da queda, um passo de dança... Do medo,
uma escada... Do sonho, uma ponte... Da procura,
um encontro...
Para mim, o ato de escrever é
muito difícil e penoso, tenho
sempre de corrigir e reescrever
várias vezes. Basta dizer, como
exemplo, que escrevi 1.100 páginas datilografadas para fazer um
romance, no qual aproveitei pouco mais de 300.
No fim tudo dá certo, se não deu certo é
porque ainda não chegou ao fim.
A música é o silêncio em movimento.
O otimista erra tanto quanto o pessimista, mas não sofre por antecipação.
Não confio em produto local.
Sempre que viajo levo meu uísque
e minha mulher.
77
Varal do Brasil
BASTA UM SEGUNDO MOMENTO
Por Marcelo Moraes Caetano
Tantos traumas nesta vida
Por onde eu começo?
Pela despedida
Ou pelo avesso?
Mas se levarmos isto em conta
A vida nos leva a mal
Camarada não desaponta
Seu amigo, é de igual pra igual
Então, o trauma que se vá
Joguei fora aquele peso
Que era a morte das pessoas insanas
Me nasceu um Éden, um Jardim de Alá,
Campos Elísios, Aruanda, bem aceso
O mais infinito entre os Nirvanas...
78
Varal do Brasil
Marcelo e Gisele Joras
Marcelo Moraes Caetano é carioca, tradutor de inglês, francês, alemão e italiano,
estudioso de latim e grego e escritor com 16 obras publicadas palas editoras EdUerj,
Academia Brasileira de Letras, Academia Brasileira de Filologia, SENAI-FIRJAN, 7
letras, Vivali, Ferreira, Litteris, ONU-UNESCO, Elite-Rio, Paco. Tem prêmios
literários no Brasil e no exterior (Prémio Sófocles, Montevideo, 2010,
Prêmio ONU-UNESCO, Paris, 2005 e 2006, Prêmio Litteris 2009, Prêmio
Guttemberg, Bienal Internacional de Literatura do Rio de Janeiro 2007). É pianista
clássico, vencedor de primeiros lugares no Brasil e exterior (RJ, MG,
SP, Córdoba etc.)
É um dos editores da Revista de Cultura ALIÁS e colunista da Revista da Cultura
(Livraria Cultura).
É membro da APPERJ (Associação dos Poetas Profissionais do Estado do Rio de
Janeiro), da UBE (União Brasileira de Escritores), dos Poetas Del Mundo, dos Anjos
de Prata, da Garganta da Serpente etc.
79
Varal do Brasil
Marcio Freitas, jornalista e comunicólogo, poeta e
compositor, publicou o livro Opuu 666, em 1994,
pela editora Paulista. Tem participação em
coletâneas, como aSampoesia, editora Paulista,
1994, Grandes Escritores de São Paulo, 95, pela
Editora Litteris, Grande Encontro, editora Physis,
em 2001.
“Comecei a escrever exercitando minha capacidade de desenhar.
Reproduzindo, como se fossem imagens, aquelas letras, palavras, aquelas
frases, períodos, aqueles parágrafos, capítulos e livros. Depois eu juntei os
sentidos e comecei a esboçar o mundo.”
Marcio Freitas
Casa via Consolação
Bancas de revista sem good news
Folhetos diversificados
São rápidos olhares
Caiu um do meu lado
Tempo é curto e custa caro
Mais suja a cidade!
Passos apressados
A Paulista marcada de ponta a ponta de
cigarro
Metrô lotado
Aqui em cima o calor, o frio...
Um carro parado
À frente um importado passa lentamente
Um negro sujo, contente
E um fusca branco dando-lhe a vez
Mulheres bem vestidas
Homens também
Chicletes pela calçada
Festival de cores e pigarros
Consigo ver o ar que respeito e aspiro
Nos dois sentidos
Sem nenhum sentido
Mais um celular na mão pela boca
Negócio?
Esposa?
Mesada das crianças?
Amante?
80
Varal do Brasil
Bem, não tenho nada com isso
Já tenho compromisso
Basta um instante
E com a mente de um pequeno gigante
Vejo café, garoa, Oswald de Andrade
Poema pílula
É cada uma do Oswald
Mês que vem tem feriado
Um dia sem sufoco
Litoral afogado
Quanto avisto a Pamplona, felizmente
Mulheres bonitas, elegantes
Por baixo da seda seus segredos
Ou talvez cigarro na bolsa
Uma ponta de sol deixa o MASP mais
charmoso
E o relógio urbano acusa frio
Mas tenho calor na espinha
Só para não esquecer
Deixei colado em minha porta
Que hoje é noite de luar.
81
Varal do Brasil
Ode às baratas (ódio
às baratas)
Baratas requintadas
Baratas de Brasília
De gosto aprumado
Lá dos Três (podres) Poderes
Consultam o menu enquanto o
chef não vem
Em pleno recesso
Baratas resistem
Vasculham o Fasano
Baratas insistem
E sem fazer planos
Sustentam o tal “argh” da nobre
nação
Entram pelos fundos
Nojentas baratas
No lixo, ordinárias
Se fedem?
Não sei, não parei para cheirar
Eu piso, eu queimo, esmago e
blasfemo
Coçam as pernas
Arrombando a nação
Seus Atos Secretos
Tô mais que esperto
Mas sempre vacilo com outros
ladrões
Derrubam suas merdas
No prato principal
Barata online
Com blogs de asas
Baratas urbanas
Que voam do Twitter
Tem as suburbanas
Até a nação
Reluto e luto para não tê-las aqui Baratas de igreja
Com seu marketing viral
Nos pés dos fiéis
Na fachada ou no quintal
Baratas aventureiras
Pequenos demônios
Operam e espalham
Passeiam nas cachoeiras
Do altar rumo à fé cristã
Mais um Mal do Século
Invadem o camping e o biscoito
de mel aveia
Presenciam curas, milagres e
juras
O Fantasma da Ópera
Nas praias “maneras”
(e dízimos também)
E nas farofeiras
Na graça do vinho e do pão
Estão bem presentes no esgoto e Tropeçam no corpo de Cristo
no sundown
E se afogam no Cálice Divino
Minha tia, coitada
E o Padre reclama do sabor da
cerimônia
Num jantar de família
Subiu na escada
Baratas de Veneza
Quebrou o meu lustre
Com ratos, que beleza!
E caiu do vigésimo andar
Em Boston, Paris ou no meu
Ceará
Tudo isso porque a barata
malvada
São globalizadas
Sem ser convidada
Imortalizadas
Apareceu de surpresa no jantar
Imunes aos ataques de Osama
Bin Laden
82
Que ensaiava atrás da cortina
Danou-se a espirrar e
contaminou a platéia
Com a tal gripe suína
Baratas birutas, cadentes e
bêbadas
Dançam em transe em cima dos
corpos dementes da guerra
nuclear
Varal do Brasil
Trecho do Livro: O Mundo é Bárbaro | Luis Fernando Verissimo
Como seria se os portugueses tivessem sido postos para correr — ou para nadar, no caso —
naquele 22 de abril, e nunca mais se animassem a chegar perto destas praias, nem eles nem
quaisquer outros brancos? Como seria o Brasil, hoje, habitado exclusivamente por índios?
Imagine uma reunião dos presidentes do Mercosul, todo mundo posando para a fotografia de
terno e gravata e o brasileiro nu. Haveria vantagens e desvantagens em viver numa eterna
Pindorama. Para começar pelo mais grave, pelo menos para mim: eu não existiria. Aposto que
você também não. Devo ter sangue índio, se a cara da minha avó paterna não estava mentindo,
mas o resto é um coquetel do que veio depois: português, negro, alemão, italiano. Em
compensação, também não existiria o Eurico Miranda.
Como seria se os holandeses tivessem derrotado os portugueses e colonizado todo o Brasil? Para
começar, nossos padrões de beleza seriam completamente outros. Em vez de morenas, nossas
mulheres seriam loiras de cabelo escorrido, e a brasileira mais conhecida no mundo seria alguma
longilínea do tipo nórdico, chamada Gisele ou coisa parecida. Nem dá para imaginar.
Como seria se os franceses tivessem conseguido consolidar a sua civilização subequatorial por
aqui? Sei não, talvez a comida não melhorasse tanto assim — também se come mal na França, e
vá encontrar uma boa feijoada com couve e torresmo —, mas quem nos assegura que hoje não
teríamos uma Carla Bruni como primeira-dama, congressistas que ficassem sentados em seus
lugares em vez de se aglomerarem na frente da mesa, um serviço público muito melhor e pelo
menos mais quatro feriados nacionais (Dia da Bastilha, Dia do Armistício de 18, Dia do
Armistício de 45, Dia do Queijo Fedorento etc.) por ano? Talvez fôssemos corruptos do mesmo
jeito, já que deve ser alguma coisa na água. Mas as conversas grampeadas seriam em francês!
Quer dizer, uma coisa de outro nível...
83
Varal do Brasil
Por Lariel Frota
Eu acredito, e sou prova disso, que alguns males que nos afligem, nada mais são do
que sinalizações do grande CHEFE que norteia nossos destinos.
Vou tentar explicar: acredito que DEUS sussurra, os anjos falam bem alto, e o diabo
grita.
Transportando isso para o nosso dia a dia, vamos refletir sobre o seguinte : Não ouvimos os maravilhosos "sussuros" de DEUS,quando acordamos tão bem, que tomamos
um café da manhã muito mais rico em calorias, açucares e gorduras ,do que o
necessário.
Não ouvimos os "sussuros" de DEUS,quando deixamos de almoçar, e engolimos um
lanche rápido pra atender um ou outro compromisso, afinal não podemos perder tempo!
Não ouvimos os "sussuros" de DEUS quando nossa tarde está tão produtiva,tão cheia
de momentos de realizações profissionais,que não nos detemos em observar aquela
nuvem passando ligeira,ou o cantar de um pássaro, ou ainda o preguiçoso passeio de
uma joaninha,sobre a folha delicada.
Então sabe o que acontece????Os anjos começam a falar bem alto:
Não ouvimos o "sussurro"de Deus, quando após um dia inteiro de atribulações, nos
jogamos no sofá gostoso,em frente a televisão, sem olhar por um segundo, a casa que
temos, aqueles a quem amamos e que nos amam também, esperando por um olhar,
uma palavra, um sorriso.....as vezes até ao cachorrinho, gato ou outro animal doméstico
qualquer, damos muito mais atenção do que AQUELE que passou o dia inteiro nos
"sussurrando" suas divinas palavras.
Então sabe o que acontece????Os anjos começam a falar bem alto:
A digestão começa a ficar difícil, temos azia, gazes....sentimos dores nas costas, nas
pernas, a vista fica cansada....e à noite....ah a noite,tudo se complica ainda mais.
É um cansaço muito mais que o justificável.Tudo nos irrita...a cabeça dói...o corpo nos
parece uma carga difícil de carregar.....
84
Varal do Brasil
não temos vontade nem disponibilidade pra falar, nem muito menos pra ouvir, afinal amanhã
temos tanta coisa pra resolver, que não podemos dispersar nenhuma gota de enegia nas coisas tolas do dia a dia,como fazíamos como eramos criança....dá para lembrar???
Da guerra de travesseiro....dormir sem escovar
os dentes...soltar "pum" debaixo da coberta....rir,rir muito de tudo,escondendo o riso dos
adultos que querem dormir e exigem que durmamos também!!!!
Lembra disso???? É quando DEUS lhe sussurrava deliciosamente na inocência da sua criancice que você perdeu por aí.
Preste atenção, se você concordou com tudo isso,é um ótimo sinal:
Você teve todos os maravilhosos sinais de que alguém muito especial te ama, presenteando-o com seus maravilhosos SUSSURROS!!!!
Você tem todos os maravilhosos sinais de que alguém muito especial te ama, presenteando-o com a sua maravilhosa dor, que nada mais é do que um sinal de que
precisa olhar para os lados...(todos os lados, inclusve o mais difícil o de dentro de você
mesmo).
Você tem todos os maravilhosos sinais de que alguém muito especial te ama, dando-lhe
um fantástico "tapa ouvidos" para não ouvir os gritos do « diabo », insistindo para que
desista de todos os seus planos!!!
Meu querido amigo,não sei porque nem pra que escrevi tudo isso....saiu assim direto,
sem correção, nem releitura,nem censura......talvez porque eu também um dia tenha
sofrido dessas tais dores (que só quem tem sabe o que é).
Dei uma paradinha, fiz uma viagem (a pior e mais difícil de todas) pra dentro de mim
mesma e sabe o que aconteceu???
Os anos passaram e estou aqui....razovelmente lúcida,....praticamente inteira...absolutamente louca...tão louca,que paro pra ver a nuvem branquinha passeando
no infinito azul....fico queitinha pra ouvir o gorgeio de um pássaro...e olha quem diria.....ouço as estrelas!!!!!
85
Varal do Brasil
O CLUBE DOS VIRA-LATAS é uma organização não
governamental, sem fins lucrativos, que mantém em seu
abrigo hoje mais de 400 animais que são cuidados e
alimentados diariamente. Boa parte desses animais chegou
ao Clube após atropelamentos, acidentes, maus tratos e
abandono. Nosso objetivo é resgatá-los das ruas, tratá-los e
conseguir um lar responsável para que eles possam ter uma
vida feliz.
Por que ajudar os animais?
Você sabia que no Brasil milhões de cães e
gatos vivem nas ruas, passando fome, frio e
todos os tipos de necessidades? Cerca deles
70% acabam em abrigos e 90% nunca
encontrarão um lar. Parte será vítima ainda de
atropelamentos, espancamentos e todos os tipo
de maus tratos.
Infelizmente, não é possível solucionar este
problema da noite para o dia. A castração dos
animais de rua é uma solução para diminuir as
futuras populações mas não resolve o problema
do agora. Sendo assim, algumas coisas que você
pode fazer para ajudar um animal carente hoje:
Como ajudar o Clube? Para manter esses mais
de 400 peludos em nosso abrigo, contamos hoje
apenas o trabalho dos voluntários e com o
dinheiro de doações. Todos podem ajudar, seja
divulgando o Clube, seja adotando um animal
ou mesmo doando dinheiro, ração ou
medicamentos. Qualquer doação, de qualquer
valor por menor que seja, é bem-vinda. As
contas do Clube bem como o destino de todo
o dinheiro estão abertas para quem quiser
BRADESCO (banco 237 para DOC)
Agência: 0557
CC: 73.760-7
Titular: Clube dos Vira-Latas
CNPJ: 05.299.525/0001-93 Ou
Adotar um animal de maneira responsável
Voluntariar-se em algum abrigo.
Doar alimento (ração) e/ou remédios para
abrigos.
Contribuir financeiramente com ONGs.
Banco do Brasil (banco 001 para DOC)
Agência: 6857-8
CC: 1624-1
Titular: Clube dos Vira-Latas
CNPJ: 05.299.525/0001-93
Nunca abandonar seu animal
Como o Clube vive? Somente de doações.
Todas as nossas contas são públicas, assim
como extratos bancários e notas fiscais.
(Saiba mais sobre o Clube em http://frfr.facebook.com/ClubeDosViraLatas?ref=ts)
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Varal do Brasil
A CircuitoTeca é uma biblioteca circulante – como o próprio nome sugere –
idealizada e coordenada pelas escritoras Valquíria Gesqui Malagoli e Renata
Iacovino, que conta atualmente com cerca de 700 livros, com variados títulos para
públicos de interesses e faixas etárias diversas.
Este projeto nasceu em virtude do desejo de ambas de propiciar o acesso à
leitura, a difusão da literatura e, por meio destas atitudes, propagar a importância
do livro no desenvolvimento humano e intelectual das pessoas, bem como sua função
essencial para a educação e cultura de uma comunidade.
O acervo da CircuitoTeca é proveniente de doações. Todos os livros doados
são catalogados e recebem um selo cujo logotipo foi criado especialmente para este
fim, pelo designer gráfico Nilton Prado.
A CircuitoTeca acompanha saraus e eventos realizados pela dupla, além de
ser levado a escolas e entidades onde é solicitada, sendo que, após um prazo
previamente combinado, as autoras retornam ao local para recolherem os livros e
fazê-los circular em outra localidade.
Não há custo para o solicitante, trata-se de um trabalho voluntário.
Uma grata novidade para o público leitor é que agora a CircuitoTeca tem
também um ponto fixo. Trata-se do Espaço Cultural VIVA, que fica na Rua Prudente
de Moraes, 949, Centro, em Jundiaí/SP. Assim, é possível retirar e devolver
títulos, das 13h às 18h, de segunda à sexta-feira, com comodidade, e ainda se
informar sobre os vários e interessantes cursos ali oferecidos.
87
Varal do Brasil
EMAIL
[email protected]
BLOG
http://oabegiatopoesias.blogspot.com
88
Varal do Brasil
Por Raimundo Candido Teixeira Filho
Às vezes, no rústico balcão
de velha tábua enegrecida
o tempo parava...
Às vezes, o vento passava
e o papel de embrulho acenava
convidando o cliente
a absorver o aroma
pungente de couro curtido
que se irradiava no ar...
Só a velha balança parada
com os pratos vazios
ponderava o que havia
de sabor no denso langor
de algo invisível a indicar
que a tarde se dissipava
pesarosa a chorar...
E quando vinha freguês
antonio, maria ou joão
de caderneta na mão
fiava o açúcar, a farinha,
num embrulho feito com arte
com dedos magros da mão
de um bodegueiro artesão!
Professor e poeta, Raimundo Candido Teixeira Filho nasceu em
Crateús, estado do Ceará, tem dois livros de poesias
publicados, Karatis e Raiz do poema Teorema pra nos tanger e
outras esquisitices ao quadrado. Faz parte da Academia de Letras
de Crateús.
Email: [email protected]
Site:
www.raimundinho.hpg.com.br
89
Varal do Brasil
Por RenataFarias
A folha em branco pediu uma alegria para menina que, deitada, estava ao lado do caderno que
acabara de ganhar. Então a pequena pegou sua caneta e lhe uma poesia, palavras com ou sem
rima:
“Onde moram os sonhos?
Nas asas da borboleta?
Nos meus olhos fechados?
Onde mora a saudade?
Em uma casa no meio do nada?
Na vida adulta que custará há chegar?
Ou em um primeiro beijo roubado?”
Insatisfeita, a folha que agora tinha todas as perguntas da garotinha pediu uma ilusão...
Então a menina desenhou flores, borboletas, um dia de sol com uma chuva fininha para refrescar.
A folha agora era a primeira página de um possível livreto, mas tinha o avesso e pediu...
- Quero um amor!
A menina desenhou um enorme coração, contudo, a página entristeceu e disse:
- Do que me adianta um coração vazio? Tenho que ter um sentimento dentro dele ou vários...
Pensativa a autora pensou em várias palavras até amor, porém, para ele chegar e ficar se lembrou
que a página precisava ter duas expectativas:
E escreveu “futuro e esperança” e depressa foi até seu armário passou um batom rosa e beijou a
página. Fechou seu caderno vestiu-se de fada e foi passear voando pela história que estava apenas
começando.
Renata Farias, 44 anos, nascida em São Sebastião do Paraíso –
Minas Gerais, artista plástica. Sempre amei escrever, moro
atualmente em Olinda, estado de Pernambuco. Tenho meu blog
e nele coloco minhas opiniões e impressões, sou apenas uma
contadora de histórias.
90
Varal do Brasil
Por Renata Iacovino
“Estou vendendo um realejo/Quem vai levar/Quem vai levar/Quem comprar leva consigo/Todo
encanto que ele traz/Leva o mar, a amada, o amigo/O ouro, a prata, a praça, a paz/E de quebra
leva o harpejo/De sua valsa se agradar/Estou vendendo um realejo/Quem vai levar/Quem vai
levar...”.
A singeleza destes versos retrata um tempo – não muito distante – que não volta mais. Há
tempo que volte? Vejo-o passar, seguindo seu rumo. Como dizia um outro poeta, “o tempo não
para”.
Os versos de “Realejo”, canção de 1967, de Chico Buarque, nos retratam com simplicidade
a perda de valores, que vão se tornando quanto mais dispensáveis, mais necessários. A
ingenuidade não é motivo para vergonha, mas para se obter mais afetividade e sentimento
humano. Dito assim, parece pleonasmo. Seria... no entanto, o que vemos hoje é uma humanidade
que caminha para a ausência de sentimentos, então, para a ausência de si mesma, de sua essência
precípua.
O humanismo foi um movimento intelectual que fomentou, no Renascimento, a valorização
do saber crítico, saber este do qual estamos nos distanciando.
Quem vai querer comprar um realejo em tempos de aquisições fúteis, de felicidades
fabricadas, de desejos autômatos e de ausência de palavras?
O encantamento é substituído pela fugacidade, a partilha pelo individualismo, e seguimos
como quem obedece a uma cartilha que prega a inversão de valores.
Há outros versos de resistência compostos por Chico na mesma fase, que já mostrava uma
recusa ao mundo industrializado, contaminado pelo consumismo e pela
massificação.
“O homem da rua/Fica só por teimosia/Não encontra companhia/
Mas pra casa não vai não/Em casa a roda/Já mudou, que a moda muda/A
roda é triste, a roda é muda/Em volta lá da televisão/No céu a lua/Surge
grande e muito prosa/Dá uma volta graciosa/Pra chamar as atenções/O
homem da rua/Que da lua está distante/Por ser nego bem falante/Fala só
com seus botões”.
Mesmo que o tempo não regresse, a poesia de Caetano sopra:
“Ainda assim acredito/Ser possível reunirmo-nos/Tempo, Tempo,
Tempo, Tempo/Num outro nível de vínculo/Tempo, Tempo, Tempo,
Tempo”.
91
Varal do Brasil
Renata Iacovino
Natural de Jundiaí/SP, escritora, poetisa e cantora. Cinco livros de
poesias editados: Ilusões Amanhecidas, 1996; Poemas de Entressafra,
2003; e Missivas, 2006, com Valquíria Gesqui Malagoli, com quem
também lançou em 2007 o livro/CD infantil uniVerso enCantado; e
Ouvindo o silêncio, 2009; ainda em 2009, com Valquíria, lançou o CD
infantil De grão em grão e o livrObjeto OLHAR DIverso (haicais e
fotos), e em 2010 o CD inVERSO. Dois CDs solo: 1 Rumo (1999) e
Igualdiferente (2001). Participa de Antologias e é jurada de concursos
literários. Integra: Academia Jundiaiense de Letras, Academia Feminina
de Letras e Artes de Jundiaí, Academia Infantil de Letras e Artes de Jundiaí, Sociedade Jundiaiense de
Cultura Artística, Grêmio Cultural Prof. Pedro Fávaro e Grupo Arte em Ação. Autora do Hino da
Academia Jundiaiense de Letras. Organizou, a convite, dois livros (2005 e 2009). Articulista do Jornal de
Jundiaí Regional. Ministra oficinas lítero-musicais e realiza Saraus para públicos diversos. Premiada em
concursos literários. Edita o jornal literário CAJU com duas outras escritoras.
reiacovino.blog.uol.com.br
reval.nafoto.net
caju.valquiriamalagoli.com.br
[email protected]
Renata e Valquíria lançam “inVERSO”, CD autoral
Acaba de ser lançado o mais novo trabalho em parceria de Renata Iacovino e Valquíria Gesqui Malagoli: o CD intitulado “inVERSO”. Embora já tenham outros dois CDs gravados – e um terceiro que sairá ainda em 2010 – voltados
para o público infantil, este é para o público adulto.
O repertório traz doze faixas com letras de Valquíria e músicas de Renata, que também interpreta as canções e fez a
direção musical.
O CD, que vem sendo aguardado pelo público que acompanha o trabalho de ambas, mostra composições de períodos
distintos, e algumas delas já foram apresentadas em saraus e eventos. Para quem
conhecia, até então, seus trabalhos como escritoras e poetisas, poderá
conferir mais uma faceta que leva a assinatura da dupla.
A valorização da palavra, da língua portuguesa, dos versos, da poesia e dos elementos a esta ligados, sempre estiveram presentes nas criações de Valquíria e Renata,
que possuem uma vasta obra em prosa e poesia. Aqui não é diferente. O
cuidado com a composição das letras é acompanhado de perto pela melodia e pelo
ritmo idealizados para cada música.
O CD conta com a participação especial do coral “Divino em Canto”, sob regência de Cláudia de Queiroz, na faixa
“Trenzinho”. A este projeto somou-se o talento dos músicos participantes, que contribuíram com sua criatividade em
arranjos preciosos.
O show de lançamento de “inVERSO” está previsto para o ano que vem, mas os
interessados em adquiri-lo podem entrar em contato pelo site www.valquiriamalagoli.com.br
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Varal do Brasil
Por Rodrigo Fernandes Pereira
Sempre fui um grande devorador de jornais.
Houve épocas, ainda adolescente e sem
internet, que lia seis diferentes diários. E
sempre gostei de política. Tenho sangue
Bittencourt, pois neto de Almerinda
Bittencourt Fernandes, integrante do clã
Bittencourt de Imaruí.
Sempre e desde cedo, fiz campanhas
políticas, sendo que a mais remota, penso,
para Mário José Remor/Joãozinho, que
disputaram
vitoriosamente
o
Paço
Municipal de Laguna.
Sempre fui politizado e participativo,
escrevendo cartas e comentários para
jornais, revistas e blogs.
o assunto. Mas era muito tímida e havia
censura, como lembra o jornalista Moacir
Pereira no seu livro "O Golpe do Silêncio".
No dia 25 daquele mês - mesmo dia e mês
em que teve início dez anos antes a
Revolução dos Cravos em Portugal - estava
prevista a primeira votação na Câmara dos
Deputados da "Emenda Dante de Oliveira",
que pretendia restabelecer as Eleições
Diretas no Brasil para Presidente da
República.
Eu estava muito interessado no assunto e
acompanhei direto de Brasília, durante todo
o dia 25, inclusive à noite, aqueles
episódios que integram a nossa história.
Como eram
lacônicas as notícias na
televisão, usei um radinho.
Sempre fui bom aluno. Em algumas
épocas, excelente. Em matérias como
História, Geografia, OSPB (sic!) Educação Sigo, agora, para o tema central desta
Moral e Cívica, sempre estive dentre os crônica, provocado em minhas memórias
melhores da classe.
pela nossa simpática representante em
Depois dessa introdução e a propósito Genebra, Jacqueline Aisenman, que
do post do dia 22 de julho último, "Uma recentemente contou em seu blog a
com a
Prova
de
Fogo"
,
in
http:// aventura estudantil que teve
aplicação
de
uma
prova
pelo
“professor
que
certaslinhastortass.blogspot.com/, recordei
roda a gente porque dá a pior nota de
-me da seguinte passagem de minha vida.
todas.”
Era abril de 1984. Campanha pelas 'Diretas
Já'. A imprensa já não podia mais esconder
Era abril de 1984. Campanha pelas
'Diretas Já'. A imprensa já não podia mais
esconder o assunto. Mas era muito tímida
e havia censura, como lembra o jornalista
Moacir Pereira no seu livro "O Golpe do
Silêncio".
93
Varal do Brasil
Naquele ano eu iniciava os estudos num novo Colégio, o CEAL, cursando o Primeiro Ano do Segundo
Grau. No dia 26 de abril eu tinha prova de História com a professora Marta Remor.
Acredito
que versava
sobre ‘Revolução Industrial’ (hoje os dois livros de História por ela
indicados ajudam ao meu filho Guilherme, de 11 anos, nos estudos, embora ele prefira o 'santo Google)'.
Obviamente que não tive tempo para estudar. Estava cansado, com sono, pois tinha ficado até tarde
'colado' no radinho.
Na sala de aula eu sentava na carteira atrás do meu colega Carlos Alberto Tesch. As provas foram
entregues e eu imediatamente comecei a tentar colar dele. Lembro-me que sentávamos numa fila de
carteiras junto à parede que fazia divisa com o corredor. Como não era versado na estripulia, não
conseguia ser discreto. Ao contrário, olhava sem pudores e desastrosamente sobre os ombros do meu
colega.
Fui advertido uma vez pela gentil professora. Mais adiante fui advertido uma segunda vez. E ainda sem ter
escrito nada, não tive dúvidas em me levantar e disse-lhe algo assim:
"-D. Marta, não estudei. Fiquei acompanhando pelo rádio os fatos que se sucederam ontem em Brasília
por conta da votação da ‘Emenda das Diretas’. Peço-lhe desculpas. Se a senhora puder me ministrar a
prova noutro dia, tudo bem. Caso contrário, é justo que eu tire zero."
Pelo mês do ano, deve ter sido a primeira prova. Não tinha ainda muita afinidade com os colegas,
oriundo que era da Escola Básica Jerônimo Coelho, na qual orgulhosamente cursei todo o Primeiro Grau.
Petulância semelhante diante dum professor, com certeza, não era comum. Mas D. Marta, como sempre
educada, disse que depois falaria comigo e eu me retirei da sala.
Mais tarde conversamos. Pedi novamente desculpas. Ela aceitou e me aplicou noutra ocasião uma prova
oral, na qual tirei dez.
Voltando à Brasília, a Emenda Dante de Oliveira foi rejeitada por apenas 22 votos. Mas foi uma Vitória
de Pirro do Governo. De nada adiantou a violência instalada naqueles dias na Capital Federal pelo
General Newton Cruz, Comandante Militar do Planalto, montado em seu cavalo branco. A ditadura
estava na iminência de ser sepultada.
Na votação ocorrida no Colégio Eleitoral em 1985, ano seguinte, o candidato da situação foi derrotado,
com a esmagadora vitória de Tancredo Neves, na nossa última eleição indireta para a Presidência da
República. Nascia então, a "Nova República".
O ato do jovem de 14 anos, que preferiu escutar no rádio momentos vitais para a redemocratização do
Brasil, ao invés de estudar para a prova do dia seguinte, hoje não é recriminado pelo pai de família e
advogado de 41 anos. Foi uma escolha calculada, acreditem!
94
Varal do Brasil
" odrigo Fernandes Pereira, nascido em Laguna em 27 de junho de 1969. É casado com
R
Elizabeth e pai de Guilherme e Henrique. Concluiu o Primeiro Grau na Escola Básica Jerônimo
Coelho em Laguna e o Segundo Grau no Colégio Catarinense em Florianópolis. Formou-se em
Direito pela UFSC em 1992 e desde então é advogado militante em Florianópolis., atuando em
Primeiro e Segundo Graus, nas áreas de Direito Civil, Administrativo, Eleitoral, Comercial e do
Trabalho. Ex- Professor do Curso Preparatório para Exame de Ordem – Disciplina “Estatuto da
Advocacia e da OAB e Código de Ética e Disciplina” – Curso e Colégio Decisão –
2001/2003. Participou de vários congressos, ciclos, palestras, cursos, conferências na área do
Direito. Ocupou ou ocupa as seguintes atividade paralelas à advocacia:
Presidente do Tribunal de Justiça Desportiva da Federação Catarinense de Futebol de Salão TJD/FCFS, entre 1998 e
2002.
Membro da Comissão de Sociedade de Advogados – OAB/SC - 1998/2001. Membro do Tribunal de Justiça
Desportiva da Fundação Catarinense de Desportos – FESPORTE – 2000.
Membro do Tribunal de Ética e Disciplina – TED, da Ordem dos Advogados do Brasil – Secional de Santa Catarina –
2001/2003.
Presidente da Comissão Disciplinar do Tribunal de Justiça Desportiva da Federação
Catarinense de Futebol de
Salão – 2002/2005.
Membro do I Tribunal de Ética e Disciplina – TED, da Ordem dos Advogados do Brasil – Secional de Santa Catarina
– Desde 2004.
Presidente da Segunda Comissão Disciplinar do Tribunal de Justiça Desportiva da Federação Catarinense de Futebol –
Desde 2008.
Procurador Geral da Irmandade do Senhor Jesus dos Passos e Imperial Hospital de Caridade.
"Quando
escrevo, repito o que já vivi antes. E para estas duas vidas, um léxico só não é suficiente. Em outras palavras, gostaria de ser um crocodilo
vivendo no rio São Francisco. Gostaria de ser um crocodilo porque amo os
grandes rios, pois são profundos como a alma de um homem. Na superfície
são muito vivazes e claros, mas nas profundezas são tranqüilos e escuros
como o sofrimento dos homens."(João Guimarães Rosa)
95
Varal do Brasil
Tal qual toda arte, a literatura possui o condão de expressar, além do sentimento
e idiossincrasias do autor de um texto, também um conjunto de ideologias e sentimentos
coletivos que perpassam determinada época. Essa espécie de arquétipo cronológico,
apropriando-me livremente do termo cunhado pelo suíço Carl Gustav Jung, é o que
Goethe, por exemplo, chamou de Zeitgeist, ou “espírito da época”. Trata-se de uma
espécie de fidelidade a valores éticos e estéticos presentes num dado momento. É bom
lembrar que as artes engajadas em política e revolução foram uma constante da história
da humanidade. Delacroix foi um ferrenho defensor da Revolução de 1789, na França.
Foi assim que se dividiram as escolas artísticas, cujas nomenclaturas, em muitos
casos, são comuns às artes plásticas (quadros e esculturas), à música, à literatura.
Podemos, grosso modo, falar, a partir da Idade Moderna (após 1453), em renascimento,
em maneirismo, em barroco, em rococó, em neoclassicismo ou arcadismo, em
romantismo,
em
realismo,
em
naturalismo,
em
vanguardas
como
modernismo,expressionismo, impressionismo, surrealismo, futurismo, dadaísmo, pósmodernismo, concretismo, neoconcretismo e assim por diante. Cada um desses termos
guarda, em muitos casos, especificidade com um único tipo de arte, e, em alguns outros
casos, refere-se, mais especificamente ainda, a determinado país ou conjunto de países
que comungam uma cultura.
Esta sempre pareceu tarefa relativamente pacífica aos críticos de arte: classificar,
antes, durante ou depois da manifestação artística, esse conjunto de valores éticosestéticos que tornam determinadas obras irmanadas entre si.
Victor Hugo dizia, aqui parafraseado, que não há nenhum exército com força
bastante para se comparar a uma ideia cujo tempo tenha chegado. Então, como uma
nuvem X, Y ou Z que pairava sobre determinados locais, em determinadas épocas,
chovia copiosamente um conjunto de ideias que, a despeito das diferenças estilísticas
entre os artistas, possuíam algo em comum, um cerne ideológico, artístico,
96
Varal do Brasil
verbivocovisual que as atava num feixe discreto (ou nem tanto), repleto de
exemplares que corroboravam aquela Ideia maiúscula reinante. Muitos importantes
críticos da arte, como Alexandre Baumgartem, com sua obra Aesthetica, ou Schlegel,
Cassirer, Eliot propunham, cada um à sua maneira, a criação de um cânone específico
diante do qual a obra em questão era, por contraste (prefigurando mesmo a natureza de
Saussure e do primeiro Barthes, com seus estruturalismos ortodoxos), cotejada àquele
cânone estabelecido, e, só daí, era-lhe atribuído um “valor” (termo bastante
estruturalista), que era, em outras palavras, o modo como aquela obra contribuía para a
manutenção, em equilíbrio ou desequilíbrio, de um cânone vigente.
Adoro a alegoria criada por Eliot. Parafraseado, o grande poeta e crítico dizia que
o cânone era como um jardim cheio de estátuas e que cada nova estátua ali colocada,
por merecimento, abalava e reorganizava o equilíbrio de todas as estátuas que ali já
estavam devidamente implementadas em seus pedestais.
Esse confronto com a pluralidade e essa consciência da multiplicidade e da
soberania da diferença é o grande divisor de águas
É uma bela metáfora, em que pese ao fato de Eliot, por estar numa época em que
isso era o normal, via a obra de arte com certa estaticidade que, olhada hoje, nos
desconcertaria.
No entanto, o mundo, após a revolução da comunicação, que a bem dizer
começou na década de 40 do século XX (ou até ligeiramente antes), quando se
inventaram as tecnologias como o telégrafo, o cinema, o telefone, a televisão, o celular,
o computador, a Internet etc., etc., tornou-se, pouco a pouco, ciente das várias
ideologias e viu-se numa espécie de entrecruzamento de linhas de ideias e valores com
que nem sequer se poderia sonhar antes. Esse confronto com a pluralidade e essa
consciência da multiplicidade e da soberania da diferença é o grande divisor de águas
da era da informação.
Se antes, as ideologias costumavam se estabelecer em blocos dicotômicos – ou
se é negro ou se é branco; ou se é monarquista ou se é republicano; ou se é comunista
ou se é capitalista; ou se é realista ou se é romântico etc. –, eis que, de repente,
97
Varal do Brasil
percebemos que todas as ideologias humanas, ao contrário do que muitos
pensavam, mantiveram alguma semente pronta para ser replantada e germinar. Nem
vou entrar no mérito de que estamos sempre precisando relembrar, por exemplo, o
Shoá, ou holocausto nazista, pelo fato comezinho de que, useira e vezeiramente, há
quem reacenda a fogueira inquisitorial do nazismo, com rótulos como “neonazismo”,
“skinhead”... Sim houve outros holocaustos na história humana tão graves ou até mais
do que o Shoá. Entretanto, lembrá-lo é fundamental por duas razões: tratou-se do
primeiro genocídio registrado por meios de comunicação de massa; tratou-se do primeiro
genocídio que inventou uma fundamentação “científica” para sua existência (o
darwinismo e o biologismo deturpados) e, pior, USOU a ciência para fins de extermínio.
Bem, mas estamos falando de arte, e não exclusivamente de ideologias. O que
quero suscitar, com este breve artigo, é a seguinte pergunta: como podemos ter um
Zeitgeist, hoje, em que a grande ideologia que deve reinar (e reina) é o respeito às
infindas ideologias que reinam pelo mundo afora? A literatura, para ficarmos no que mais
especificamente interessa a este artigo, hoje, não encontra mais um leitor passivo, que,
assim como o próprio papel, aceita sem retrucar tudo o que se lhe escreva por cima. Os
cérebros, hoje, já não aceitam (ou não deveriam aceitar...) qualquer escritura que se lhes
dê. Há de haver uma refutação natural àquilo que já se provou deletério, pernicioso,
inumano, desumano...
E vou além: um leitor, hoje, não precisa, sequer, ler o texto do alto da página até
embaixo, da esquerda para direita, linha por linha. Ele pode parar, ir à Internet, consultar,
criar seus próprios diálogos, buscar links, empreender, enfim, seu próprio hipertexto.
Dificilmente temos, nos dias contemporâneos, dois leitores que leiam exatamente da
mesma forma o mesmo texto: cada um fez seu próprio hipertexto.
E, assim, como acontece com um único leitor, pode-se falar, com muita fluidez,
que ocorre fenômeno similar com grupos de leitores, aqueles que compartilhem uma
cultura, um conjunto de valores éticos e estéticos. Dois grupos não lerão do mesmo
modo a mesma obra de arte, seja ela qual for.
Assim, a arte, e a literatura mais especificamente, deixou de ser uma “estátua”
num “jardim de estátuas”, e se transformou numa bailarina num imenso balé já formado
por orquestra, corpo de baile, maestros, músicos, costureiros, linha do coro, elenco de
98
Varal do Brasil
apoio, solistas, partituras, improvisos, recriações...
Qual é o papel da literatura neste mosaico, neste caleidoscópio, neste “arcoíris” (como diria Nelson Mandela), nesta fosforescência?
Não pretendo, aqui, fazer a bainha na questão. Pretendo, antes, desfiar a trama
do tecido e recriar tecidos inusitados. Parece-me que está aí um dos papéis da literatura
diante do renovado cenário mundial. Mostrar os muitos fios que o compõem e
demonstrar como é possível lidar com todos em harmonia, beleza, ajuste, recomposição
e – criatividade.
A nova literatura trouxe isto de seus antepassados artísticos: criatividade. E
contribui com eles com a seguinte conjuntura – movimento, respeito, conciliação,
ideologia das ideias, refutação do que a profecia da história já demonstrou há muito
como nocivo. A nova literatura dança na criatividade de novos e antigos arquétipos,
tendo como grande farol o afã por se criar um mundo mais ativo e atuante nas ideologias
plurais que nos respeitem e nos digam respeito.
Com o lançamento marcado ainda para este ano a antologia POESIA E
PROSA NA TERRA DE ANITA do Grupo de Escritores Lagunenses
CARROSSEL DAS LETRAS.
O livro contará com contos, crônicas e poemas dos membros do Grupo e terá
as ilustrações e a capa feitas pelo artista plástico Arthur Cook.
99
Varal do Brasil
Thiago Arancam
Vou lhes falar desse Grande Tenor, Mundialmente conhecido, Amigo
Querido e que acompanhei o começo da carreira. Filho de Sergio, um Amigo
nosso de Londrina, cantava para nós em reuniões feitas na chácara de seu
pai e em outras reuniões que organizávamos na casa de Amigos como um
Lindo Show que organizamos da casa des Mes Chers Amis Thelma e Chico
Gregori que foi uma revelação para os londrinenses !!!!
Me lembro ainda quando falava com ele ao telefone e ele com Aquela Voz
Divina cantava para mim “Amigos para Sempre...”, só de pensar me arrepio
inteira... E eu sempre lhe dizia... “Você será um Grande Sucesso Mundial,
tenho certeza disso, Mon Chéri !!!! “
Cada vez que o ouvíamos cantar, me emocionava...
Era impossível conter as lágrimas !!!!
Agora Voilà Thiago Aracam, aquele menino Querido, Doce e Super Educado
virou um Astro Internacional, aclamado pelos Grandes Tenores !!!!
100
Varal do Brasil
Um pouquinho do seu curriculum :
Começa seus estudos musicais em São Paulo em 1998 na "Escola Municipal
de Música" e continua na "Faculdade de Música Carlos Gomes" onde se
forma em "Canto Erudito" em 2003. Participa do V Concurso Internacional
de Canto Erudito Bidu Sayão em 2004, onde vence o "Prêmio Revelação" e
a bolsa de estudo do projeto "VITAE".
Logo depois é convidado a freqüentar a conceituada "Accademia de Canto
Lírico do Teatro alla Scala" de Milão, sob direção da famosa soprano Leyla
Gencer, tornando-se o primeiro Brasileiro a ingressar nesta Accademia.
Aqui encontra o atual maestro de técnica vocal, Vincenzo Manno.
Estreia em concerto lírico no "Alla Scala" dia 27 de Fevereiro de 2005 e
participa depois de diversos concertos e produções de
opera.
Em 2007 apresenta-se em uma tournée com a
"Orchestra Sinfônica do Friuli-Venezia Giulia":
quatro concertos de árias de Zarzuela e de
canções clássicas Espanholas, e no dia 24 de
Junho, diploma-se em "Canto Lírico" no Teatro
alla Scala de Milão.
Recebe, em Bolzano, Itália, o prestigioso premio
pela melhor voz lírica emergente 2007/2008,
"Premio Alto Adige – Talento Emergente della
Lirica 2007/2008", pela "Associação Amigos da
Lirica L’Obiettivo" de Bolzano.
Em Dezembro, debuta na opera "Le Villi" de G.
Puccini, interpretando Roberto, no Teatro Coccia
de Novara e no Teatro Sociale de Mântua.
Em 2008 participa de uma tournée
nos Emirados Árabes, com a orquestra da
Accademia do Teatro alla Scala e de dois
101
Varal do Brasil
concertos de grande sucesso com a
Orquestra Camerata Brasil de Brasília,
sob a regência do maestro Sílvio
Barbato.
Em ocasião das comemorações do dia
da Independência, se apresenta na
Embaixada do Brasil em Roma.
Participa do conceituado concurso lírico
internacional Operalia 2008, organizado
pelo tenor Placido Domingo, onde ganha
três prêmios: PREMIO ZARZUELA,
PREMIO DO PUBLICO e SEGUNDO
PREMIO OPERA. Escolhido por Placido
Domingo, estréia o papel de Don Josè
(Carmen, de Georges Bizet)
em Novembro, no Washington National
Opera, (EUA), ao lado
Alguns de seus prêmios :
da mezzosoprano Denyce Graves e
regido pelo maestro Julius Rudel.
Em 2009 debuta Cavaradossi (Tosca,
de Giacomo Puccini) em Frankfurt,
Conte Maurizio (Adriana Lecouvreur,
de Francesco Cilea) no Teatro Regio di
Torino, Radames (Aida, de Giuseppe
Verdi) em Sanxay, (França), e se
apresenta em Londres em um recital
em St. John's (Rosenblatt Recitals).
"Prêmio Revelação" do
V Concurso Internacional de
Canto Bidu Sayão 2004.
"Prêmio Alto Adige – Talento
Emergente della Lirica
2007/2008", pela "Associação
Amigos da Lirica L’Obiettivo"
de Bolzano, durante as
comemorações da Operetta "La
musa leggera".
"Operalia 2008" - Primo
Prêmio Zarzuela "Don Placido
Domingo", Primo Prêmio
Audience (do público), e
Segundo Prêmio Opera.
102
Varal do Brasil
Hoje casado com a Linda Michela e
residindo na Itália é nosso Orgulho
Nacional !!!!!
Acompanhem os Grandes Sucessos de
Thiago pelos sites :
http://www.thiagoarancam.com/
http://www.youtube.com/user/
arancam
http://www.twitter.com/arancam
http://
thiagoarancam.blogspot.com/
103
Varal do Brasil
Por Tereza Rödel
Neste espaço, Tereza vai colocar poemas que vai aqui e ali, garimpando. Garipando sim, porque
muitas poesias esquecidas no tempo se comparam a pepitas de ouro! Palavras da garimpeira:
« Comecei a fazer um novo hobby, que é garimpar poesias que acho bonitas, feitas por pessoas
simples mas com alma poética. Achei esta em um livro de 1979, de uma amiga minha. Gostei e
estou enviando !
CORPOS SUADOS
Tua mão macia tocou minha alma
Teus lábios doces roçaram os meus
Teus seios nus no meu peito fizeram meu coração
Poesia de Demétrio Nazário
Verani – Orleans (SC))
Bater mais forte, e esse amor tão puro tal qual,
Branda luz no escuro, me fez a mente confundir e
nesse momento tão sublime em que nada do corpo é
pecado......
Nos abraços de meus braços,
No calor do corpo teu.
A meiguice do teu tocar,
A meninice do teu olhar...
A sensação tão doce do teu amor.
O perfume sutil da essência da vida no ar.
E o tato dos meus dedos
Na tua pele macia me fazia cavalgar neste campo farto sob o
fascínio da
Canção alucinante do prazer.
A boca molhada de beijos, falando coisas de aventura
Me levou as alturas e me senti em ti na intimidade dos teus
segredos.
104
Varal do Brasil
Sinto muito, mas terei que partir
Para outras terras distantes não sei o quanto...
Não quero que chorem
Que caiam em pranto
Quando eu partir
Não sei para onde irei, mas tenho que partir
Fugir do meu próprio eu
Para um lugar em que não possa encontrar-me...
Sei que ninguém sentirá minha falta
Quando eu partir
Preciso fugir
Sair de mim
Ver pores-do-sol
Solitário como um corpo jogado aos vermes
Quando eu fugir
Quando eu partir
Distante, para não sei onde
Que eu não deixe saudades
E leve todas as minhas lembranças
Quando eu partir
E assim como um vocábulo apagado
Há muito tempo não invocado
Eu veja o que fui
E o que deixei de ser
Quando eu parti
105
Por Thiago Maerki
Despedida
Varal do Brasil
Biografia
Thiago Maerki é licenciado em Letras e concluiu o curso de
Filosofia dos Frades Franciscanos Capuchinhos. Atualmente, é
professor de Língua Portuguesa em escolas da rede pública e
privada no Brasil. Maerki é poeta, jornalista e membro da
Academia Nogueirense de Letras (ANL), cadeira nº 29 e autor do
livro de poesias “Reflexos Interiores”, publicado em 2009.
Também em 2009, criou o site de literatura Imitatio
(www.imitatio.webnode.com), a fim de divulgar seus trabalhos
bem como o de outros escritores.
Mais sobre o autor em:
http://www.imitatio.webnode.com
http://recantodasletras.uol.com.br/autores/thiagomaerki
http://lattes.cnpq.br/8302766901789307
Ana Maria Magalhães nasceu em Lisboa no dia 14 de Abril de 1946. Licenciada em
Filosofia pela Faculdade de Letras de Lisboa. É professora de Português e História
no Ensino Preparatório desde 1969. Técnica de Gabinete do FAOJ durante dois
anos. Professora destacada no Serviço de Ensino Básico e Secundário de Português
no estrangeiro durante dois anos. Formadora de professores de História. Professora
destacada no Instituto de Educação Educacional para realizar um estudo sobre os
hábitos de leitura das crianças e jovens portugueses. É co-autora de várias colecções
e livros didácticos.
Fonte:
http://www.wook.pt/
106
Varal do Brasil
Por Tino Portes
Grande coisa
O poder que tenho em mãos
é um pífio pudor
tem-no um qualquer homem
O valor que outros me dão
ou que me vêm impor
só a mim este consome
Grande coisa tudo em vão
Adiante está o sol-pôr
lá nada valem nomes
TINO PORTES
Albertino Lineu Portes nasceu em 25 de abril de 1978, em Santa
Rosa do Viterbo/SP. Incentivado pelo pai, bibliotecário, e pela mãe,
psicopedagoga, dedica-se à poesia – livre – desde que tomou contato com
as primeiras letras.
Funcionário público, em 2007, por ocasião do convite de uma
amiga para participar de um varal literário, começou a divulgar seus
escritos.
Jovem, leitor assíduo de João Cabral de Melo Neto e Baudelaire,
ditam-lhe as musas que vez por outra metrifique, embora não esconda sua
predileção pelos versos e inspiração desmedidos.
Confesso “poeta de horas de ócio” e avesso aos critérios de
avaliação, esquiva-se de concursos, não tendo portanto premiações a
divulgar.
[email protected]
[email protected]
107
Varal do Brasil
Um sonho
Quando se sonha só
Nada acontece
A não ser sonhos
Como disse o poeta
Pra realizar um sonho
Várias mãos são necessárias
Força, vontade, movimento
Construção demanda tempo
Querer e caminhar
Pé firme na estrada
E aí a coisa anda
Firmeza, insistência
Boa dose de paciência
São as bases da existência.
VALDECK ALMEIDA DE JESUS, 43, Jornalista,
funcionário público, editor de livros e palestrante.
Membro da Academia de Letras de Jequié, dos Poetas
del Mundo e da União Brasileira de Escritores.
Embaixador Universal da Paz. Publicou os livros
Memorial do Inferno: a saga da família Almeida no
Jardim do Éden, Feitiço contra o feiticeiro, Valdeck é
Prosa e Vanise é Poesia, 30 Anos de Poesia,
Heartache Poems, dentre outros, e participa de mais
de 60 antologias. Organiza e patrocina o Prêmio
Literário Valdeck Almeida de Jesus de Poesia, desde
2005, o qual já lançou mais de 600 poetas.
Site: www.galinhapulando.com e E-mail:
[email protected]
Foto: Ramsart
108
Varal do Brasil
O ritmo da estação
Ronca o flamboyant
Debaixo do sol do meio-dia
Desse agosto – tão sem gosto,
No seu sono de outono,
À revelia
De outra árvore em seu posto:
O chapéu-de-sol. E o chapéu,
Do arrebol (ao nascer e ao pôr do sol)
É o réu!
Pois o primeiro,
Assim curvado está
Sob o intento do momento
Que seca o orvalho em cada galho.
Não à pá
Que do outro recolhe ao vento
As folhas vermelhas com a mão. E como
bolhas
De sabão... voam, sopradas ao chão
Sem escolhas!
Por Valquíria Gesqui Malagoli
109
Varal do Brasil
Valquíria Gesqui Malagoli
Jundiaiense, Presidente da Academia Feminina de
Letras e Artes de Jundiaí (2010-2012) e membro de diversas
entidades culturais.
Articulista do Jornal de Jundiaí Regional, colabora
também com outros veículos.
Autora de: Versos versus Versos (2005), Testamento
(2008) – poesias; O presente de grego (2009) – romance
infanto-juvenil, A menina fala-fala, Sonho ou Pesadelo e
Ih... racionais!, que integram a Coleção Oficinas para o
público infantil (2010).
Em coautoria com Renata Iacovino, lançou Missivas
(2006 – parceria poética), OLHAR DIverso – haicaimagético
(2009), o CD autoral inVERSO (2010), além dos infantis
uniVerso enCantado (2007 – livro/CD) e De grão em grão
(2008 – CD).
Juntas, realizam oficinas, saraus e atividades afins;
desenvolveram e mantêm desde 2009 a CircuitoTeca,
biblioteca itinerante sem fins lucrativos. Com Josyanne Rita
de Arruda Franco, criaram o jornal literário de distribuição
gratuita CAJU.
www.valquiriamalagoli.com.br
vmalagoli.blog.uol.com.br
reval.nafoto.net
[email protected]
caju.valquiriamalagoli.com.br
110
Varal do Brasil
Juazeiro do Padim Pe. Cícero
Juazeiro,Juazeiro do Padim Pe. Cícero
Ali estava o Padre Cícero sublime e divino.
Boas intenções tinha,doava terra aos pobres
O pequeno vilarejo passou para cidade
A cidade prosperou com a ajuda de Pe. Cícero,
Pelos seus feitos valiosos,o Padim mereceu aquela estátua
Juazeiro,Juazeiro do Padim Pe. Cícero
Uma jovem Maria de Araújo no ano de l885
Com vinte anos passou a vestir manto e hábito preto
Tornara-se a beata Maria de Araújo ao serviço do Senhor
Continuava morando em sua casa,mas servia a Deus e aos
necessitados
A beata tinha visões,comunicava-se com Nossa Senhora e Jesus Cristo
Juazeiro,Juazeiro do Padim Pe.Cícero
Em visões Jesus Cristo lhe dava direções espirituais
Melhorava sua inteligência dando conhecimento aos mistérios divinos.
A beata se confessava apenas com Pe. Cícero.
Era o dia primeiro de março,
Ao amanhecer da primeira sexta quaresma de l889,
Padre Cícero confessava.
Juazeiro,Juazeiro do Padim Pe. Cícero
A beata Maria de Araújo foi a primeira a comungar a hóstia
O padre quando ofertou para a beata, a sagrada transformava-se na
boca
Oh milagre!Imediatamente tornava-se em porção de sangue.
Oh! Grande descoberta,sempre que ia comungar o milagre acontecia.
A beata Maria de Araújo, sendo sangue do meu sangue,devo divulgar.
Por Varenka de Fátima
111
Varal do Brasil
Varenka de Fátima Araújo.
Reside em Salvador-Bahia. Filha de Francisco Chagas de Araújo e
Maria Albaniza Araújo. Formada em Direção teatral pela Universidade
Federal da Bahia, cursou licenciatura em Desenho na Escola de Belas
Artes da UFBA É figurinista da Escola de Teatro da UFBA. Professora
de teatro aqui e em 1984 no Panamá. Atriz, maquiadora e figurinista de
varias peças de teatro. Participou do livro Ecos Machadianos, 2009;
coletânea verso e prosa, teve participação com a poesia Salvador no
Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus, 2009; Duas poesias na
Antologia Delicatta IV prosa e verso, 2009; Poeta, Mostra Tua Cara e
Coletânea EldoradoXVI, 2009; Na antologia Mãos que falam, ficou na
nona colocação com a poesia Tempo de Espera, 2009; Teve três
poemas no livro GACBA, 2009; Antologia de Contos e Crônicas
Fronteiras, 2010; Coletânea em Verso e Prosa Ecos Castroalvinos,
2010; Coletânea de Poemas, Crônicas e Contos El Dorado XVII, 2010;
Antologia Contemporânea 14 Poetas. É colaboradora da revista
Artpoesia e Minirevista Contando e Poetizando de Marcos Toledo é
membro do grupo Poetas Del Mundo, do site Luso Poemas e Varal do
Brasil. .Email: venkadefá[email protected]
Celeiro dos Escritores: http://galerialiteraria.celeirodeescritores.org/
perfil.asp?at=varenka
Poetas Del Mundo: http://www.poetasdelmundo.com/
verInfo_america.asp?ID=6036
Luso Poemas: http://www.luso-poemas.net/modules/yogurt/index.php?
uid=9120
Recanto das Letras: http://recantodasletras.uol.com.br/
autor_textos.php?id=69129
Varal do Brasil: http://www.varaldobrasil.ch/23201/49501.html
Contato: [email protected]
Foto Jacqueline Aisenman
112
Varal do Brasil
Mas dá carinho.
VIVINHO
Gatinho enrolado,
Dengoso, danado,
Por Anna Back.
O que espero de ti?
Que cresças assim,
Criticando, achando,
Olhos vivos, bem vivos,
Sempre opinando!
Sorriso largo, olhar incisivo.
Cresças assim...
Carinho, pra dar e retribuir,
Dando atenção, afago, afeto,
Assim é o nosso Vivinho.
A todos, a nós, a mim.
Gosta de perto estar,
Em nossos corações,
Mas prefere sair, passear.
Sempre por perto!
Meu Vivo, tio Vina, o Vini.
Trazendo surpresas boas ou más...
Tão vivo, traquino...
Na tua música e na tua vida,
Que xingo,
Que o nosso amor te proteja,
Que brigo,
Onde estejas...E por onde vás!
Que cobro!
A atenção desdobro,
Porque exige, insiste,
Na irreverência,
Na auto-suficiência.
Dá trabalho,
113
Varal do Brasil
Vera Lúcia Luz Erthal, natural de Lages, SC, filha de Osvaldo
Backes da Luz e Maria dos Prazeres Luz. Nasceu a11 de abril de
1955.É casada com Hélio Adilson Erthal, mãe de três filhos e tem
dois netos.
Escritora autodidata escreve desde os dezessete anos. Publica suas
obras sob o pseudônimo de ANNA BACK.
Professora aposentada pelo Estado. Trabalhou 27 anos como
professora, secretária e diretora de escola pública.
Hoje, atua na Secretaria da Educação de seu município, Otacílio
Costa, na serra catarinense.
Publicações: ROSTOS E VÉUS (2006) - Concurso Literário do
Estado de SC; NINGUÉM SABE (2007) – Medalha de Bronze no
Concurso da ABPEL RJ; NATAL SEM NOEL (2008) Revista
Literária da ABPEL RJ (Edição Machado de Assis); MEU BEM
(2009) – Antologia Scorteci (Enigmas do Amor) – SP; POEMA
MATUTINO – (2009) – Antologia Scorteci (Enigmas do Amor) –
SP; FAVOS DE MEL – (2009) Revista Literária – Clube dos
Escritores de Piracicaba – SP e
AMIGO AUSENTE – (2010)
Revista Literária – Clube dos Escritores de Piracicaba – SP.
Foto de Jacqueline Aisenman
114
Varal do Brasil
Ingredientes
4 ovos
1 lata de leite condensado
1 colher (sopa) de margarina
1 colher (sopa) de fermento em
pó
Trigo até dar o ponto
Preparando
Bata na batedeira os ovos com o leite
condensado por cinco minutos.
Junte a margarina e bata até que ela dissolva
bem.
Numa vasilha coloque a mistura da batedeira
e vá colocando a farinha de trigo aos poucos,
até ficar no ponto de enrolar as rosquinhas
Amasse bem a massa, enrole, e frite em óleo
bem quente
Coloque em papel apropriado para absorver
a gordura e depois passe no açúcar refinado.
115
Varal do Brasil
EL LIBRO DE LOS DESEOS
Eres el libro que contiene mi alma
en que cada hoja narrada es mi vida
y en cada letra escrita está mi pasión
Eres la magia que representa al alquimista de Gutenberg
que con tus tipos móviles haces desprender del libro
papel de recuerdos y olores de tinta de amor
que lo tienes impreso allí en tu corazón
Cada punto seguido es tu ausencia
cada punto aparte representa mi nostalgia
la coma queda suspendida en el deseo
y el punto y coma une tu ausencia mi nostalgia y nuestro deseo
para que en todo el texto se refleje la expresión de nuestro querer
Víctor Manuel Guzmán Villena. Nacido en Ibarra- Ecuador, un 26 de
febrero de 1956. Escritor y comunicador social. Ha publicado varios
libros relacionados al mundo espiritual, metafísico y esotérico: Círculos
de Vida, Laberintos Internos. Uno de carácter costumbrista: Con amor a
mi provincia. Dos poemarios: Idioma del Alma y Laberintos de Amar:
Encierro de los sentidos. En Internet la obra ha sido publicada en muchos
sitios web y en revistas literarias y especializadas.
Su vida se desarrolla incorporando todos estos conocimientos absorbidos
por medio del estudio catedrático, la búsqueda del conocimiento y lo
aprendido en la escuela de la vida. Toda esta comunión de ideas y sus
experiencias lo hacen estar siempre en pos del entendimiento y el libre
albedrío. Libre Pensador e Iconoclasta de la vida, ya que siente que los
caminos a recorrer en la búsqueda filosófica son infinitos para derribar
mitos y figuras desde los pedestales.
a poesia refletindo sensualidade que acaricia, com seus versos uma
homenagem a mulher recorrendo com luz ardente suas delicias e sua
alma. Reveste cada poema com néctar dourado de palavras onde o amor
e a paixão se abraçam com a vida.
116
Varal do Brasil
Por Vó Fia
Solange era o nome daquela menina linda, ela era o encanto de sua família e também dos
amigos, porque era loirinha, pele rosada, dentinhos clarinhos e enormes olhos azuis, mas mesmo
em sua infância ela já demonstrava ser uma pessoinha sonhadora, vivia imersa em sonhos e muitas
vezes, se esquecia da vida .
Seus sonhos cresceram com ela e no colégio era uma aluna inteligente, porém desatenta,
parecia estar sempre em outra galáxia, mas como era muito gentil e alegre, os professores não se
zangavam, mas não facilitavam e suas notas eram sempre baixas, porque notas não se ganha sem
merecimento.
Já adulta Solange continuou sonhando acordada, mas agora seu sonho era sempre o mesmo e
se concentrava em Paris, que ela conhecia através de leituras, imagens fotográficas e filmes sobre
a desejada Cidade Luz; sem condições financeiras ela jamais visitou a cidade e se contentava em
sonhar.
O tempo todo ela fantasiava viagens e passeios maravilhosos em Paris, fechada em seu
quarto ela fechava os olhos e se sentia as margens do Rio Sena, de mãos dadas com um hipotético
namorado a luz do luar, ao som de lindas canções cantadas por Edith Piaf, mas na vida real ela não
tinha ninguém ao seu lado.
Vivendo nesse mundo irreal ela quase não saia de casa e apesar de ser linda, nunca namorou
e era motivo de piadas dos conterrâneos pela sua mania por Paris, porque além de sonhar ela falava sobre a cidade, como se conhecesse tudo por lá, citava o Museu do Louvre, a Catedral de Notre
Dame e muito mais.
A areia do tempo correndo e Solange sonhando com Paris e se esquecendo de viver, com sua
obsessão incurável ela só conversava sobre esse assunto e as pessoas passaram a se afastar dela;
cada vez mais solitária, ela foi definhando e aos quarenta anos de idade parecia uma velha decrépita, mas não desistia de sonhar
Viveu mais dois anos e por fim morreu só em seu quarto e ao ser encontrada pela família,
segurava com as duas mãos uma miniatura da Torre Eiffel, como símbolo de uma paixão doentia e
anormal por uma cidade nunca vista realmente, mas sempre desejada; Solange tinha tudo para ser
feliz, mas viveu e morreu só com seus sonhos.
117
Varal do Brasil
Por Thiago Maerki
Origens:
À Literatura popular impressa em folhetos e vendida em praças e feiras livres deu-se o
nome de Literatura de Cordel. Ao menos, foi dessa maneira que se chamou essa espécie de
criação artístico-popular no Brasil, pois para sua venda, eram expostas em barbantes, cordas.
Entretanto, ela foi chamada de diferentes maneiras em diversas partes do mundo: corridos
(México e Venezuela), hojas ou pliegos sueltos (Argentina, Chile, Paraguai, Uruguai, Peru...).
A Literatura de Cordel, da forma que se encontra atualmente na tradição nordestina do
Brasil, teve origem em Portugal, onde era chamada de folhas volantes (folhas soltas) e que
geralmente retratavam fatos históricos, poesia, cenas de teatro (Gil Vicente), anedotas ou novelas
tradicionais das quais as mais conhecidas são: Imperatriz Porcina, Princesa Magalona e Carlos
Magno. Na tradição lusitana, esses textos eram memorizados e depois cantados por cegos em
lugares públicos.
Apesar de Portugal ter influenciado o desenvolvimento dessa literatura em território
brasileiro, não é ele o criador do cordel. Ela remonta à época dos povos conquistadores grecoromanos, fenícios, cartagineses e saxões, chegando à Península Ibérica (Portugal e Espanha) por
volta do século XVI.
No Brasil, trazida pelos colonizadores lusos, a Literatura de Cordel floresceu, à princípio,
no território que vai da Bahia ao Maranhão, estendo-se a todo o nordeste brasileiro. Uma questão
intriga desde tempos os pesquisadores: Por que exatamente a região do nordeste? Isso pode ter
acontecido pelo fato de Salvador ter sido a primeira capital da nova colônia, permanecendo com
118
Varal do Brasil
esse status até 1763, quando a cede do governo foi transferida ao Rio de Janeiro. Além
desse, há outros motivos de base sócio-culturais, por exemplo, como salientou Câmara Cascudo,
“a organização da sociedade patriarcal, o surgimento das manifestações messiânicas, o
aparecimento de bandos de cangaceiros ou bandidos, as secas periódicas provocando
desequilíbrios econômicos e sociais, as lutas de família deram oportunidade, entre outros fatores,
para que se verificasse o surgimento de grupos de cantadores com instrumentos do pensamento
coletivo e das manifestações de memória popular (...)”.
Temas tradicionais da Literatura de Cordel:
Por conta da diversidade de assuntos tratados pelo cordel, seus temas são numerosos, o que
dificulta sua classificação. Apesar disso, grandes foram os esforços de vários países em promover
uma categorização formal com relação aos seus ciclos temáticos. No Brasil, vários pesquisadores
se empenharam em construir uma classificação, dentre eles estão: Ariano Suassuna, Cavalcante
Proença, Câmara Cascudo, Leonardo Mota, Manuel Diégues Jr., Orígenes Lessa e Roberto
Câmara Benjamin. Todos eles deram suas contribuições, entretanto, sem esgotar o assunto. Uma
das mais abrangentes e melhores classificações é a de Manuel Diégues Jr, a qual apresenta-se a
seguir:
I. Temas tradicionais: a.) romances e novelas; b.) contos
maravilhosos; c.) estórias de animais; d.) anti-heróis/peripécias/diabruras;
e.) tradição religiosa.
119
Varal do Brasil
Pode-se citar, como exemplos desse ciclo: Proezas de Carlos Magno, Histórias dos Doze
Pares de França, Cavaleiro Oliveiros, Cavaleiro Roldão, Roberto Diabo, Helena de Tróia,
Histórias da Imperatriz Porcina, Donzela Teodora ... e outros de origem bíblica: José do Egito,
Sansão e Dalila, Judas e histórias da Virgem Maria, Jesus , São Pedro, São Paulo ... No Catálogo
da Casa Rui Barbosa, constam também contos maravilhosos: Ali Babá e os 40 Ladrões, Proezas de
Malasartes, O Barba Azul, A Branca de Neve, A Bela Adormecida, O Ladrão de Bagdá e outros.
II. Fatos circunstanciais ou acontecidos: a.) de natureza física (enchentes, cheias, secas,
terremotos, etc.); b.) de repercussão social (festas, desportes,novelas astronautas, etc.); c.) cidade e
vida urbana; d.) crítica e sátira; e.) elemento humano (figuras atuais ou atualizadas, como Getúlio
Vargas, ciclo do fanatismo e misticismo, ciclo do cangaceirismo, tipos étnicos ou regionais, etc.
III. Cantorias e pelejas: são influenciados pela oralidade, fruto do desafio entre dois ou mais
cantadores. Por ser recitados, não houve uma preocupação em escrever esses poemas e registrá-los
por escrito, dos quais muitos poucos acabaram em folhetos de cordel.
Apogeu e decadência do cordel no Brasil:
Pode-se afirmar, conforme estudos realizados por Liêdo Maranhão, que o auge da Literatura
de Cordel no Brasil deu-se nas décadas de 40 e 50, quando reinava o populismo de Getúlio
Vargas. Os dois cordéis que tiveram maior tiragem nessa época é justamente um que trata da
morte de Getúlio Vargas e outro da de Agamenon Magalhães, que em apenas três meses venderam
mais de 10 mil exemplares de um único folheto.
A decadência, por sua vez, começou na década de 80, quando a Tipografia São Francisco,
principal meio de divulgação dos cordéis, fundada nos anos 40 pelo poeta alagoano José Bernardo
da Silva, foi vendida para o Governo do Estado e doada para a Academia Brasileira de Cordel. As
mudanças constantes na política da Secretaria de Cultura do Estado e o sucateamento das
máquinas contribuíram para que a “lira nordestina”, forma que era chamada nos anos 80, fosse
menos valorizada levando a tipografia a abandonar completamente a impressão do antigo acervo
de José Bernardo, restando hoje, saudades de um tempo que se foi.
120
Varal do Brasil
Sim,
preciso dizer
Vida em poesia
Rezar versos
se possivel, todo dia...
Para que se transforme
Amor em mantra...
Sendo assim,
depois somente
o eco reticente...
Walnélia Corrêa Pederneiras – catarinense, reside em
Florianópolis/SC. Formada em Letras pela Universidade Federal
de Santa Catarina. Professora de Yoga e Meditação. Escreve desde
menina.
Participou das Antologias: "Poesia do Brasil" Bento Gonçalves RS
(volumes 4,6,7,8,9,10), "Poeta mostra a tua cara" (volume 5),
Poetas do Café (volume 3), Poemas à Flor da Pele (volumes 1 e 2),
Poetas del Mundo em Poesia (volume 1), Antologia Escritores
Brasileiros...e autores em Língua Portuguesa -Vitória da Conquista
-Bahia (volumes 6 e 7), Poetas En/Cena -Belô Poético (volumes 1,
2 e 3).
É Cônsul de "Poetas del Mundo" em Florianópolis-SC. Membro
da Academia Poçoense de Letras,ocupante da Cadeira número 43Poções-Bahia-Brasil. Escreve nos sites: Recanto das Letras:http://
recantodasletras.uol.com.br/autor.php?id=28134; Usina de
Letras:http://www.usinadeletras.com.br/exibelotextoautor.php?
user=walnelia; Apolo – Academia Poçoense de Letras: http://
www.apoloacademiadeletras.com.br/ e Varal do Brasil – Literário,
sem frescuras – http://www.varaldobrasil.ch
121
Varal do Brasil
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA, ALFABETIZAÇÃO E DIVERSIDADE
IV CONCURSO LITERATURA PARA TODOS
BOLETIM Nº 1
30 de agosto de 2010
O Ministério da Educação lançou nessa sexta-feira, 27, o 4º Concurso Literatura para Todos, por meio de
Edital N.º5/2010/SECAD/MEC, publicado no Diário Oficial da União. A iniciativa é uma das estratégias
da Política de Leitura do MEC com o objetivo de democratizar o acesso à leitura, constituir um acervo
bibliográfico literário específico para jovens, adultos e idosos recém alfabetizados e criar uma comunidade
de leitores - os chamados neoleitores.
Nessa quarta edição, os candidatos concorrem nas categorias prosa (conto, novela e crônica), poesia, textos
da tradição oral (em prosa ou em verso), perfil biográfico e dramaturgia. Serão selecionadas duas obras das
categorias: prosa, poesia e textos da tradição oral e apenas uma das criações inscritas das categorias perfil
biográfico e dramaturgia. Também será escolhida uma obra de qualquer uma das modalidades do concurso
de autor natural dos países africanos de língua oficial portuguesa: Angola, Cabo Verde, Guiné Bissau,
Moçambique e São Tomé e Príncipe. Os vencedores recebem prêmios no valor de R$ 10 mil. (segue)
122
Varal do Brasil
Cerca de 300 mil exemplares das obras vencedoras serão
publicados. Os títulos serão distribuídos aos estados e
municípios participantes do Programa Brasil
Alfabetizado, às escolas públicas que ofertam a
modalidade Educação de Jovens e Adultos (EJA), às
universidades que compõem a Rede de Formação de
Alfabetização de Jovens e Adultos, aos núcleos de EJA
das instituições de ensino superior e às unidades
prisionais que ofertam essa modalidade de ensino.
Os interessados em concorrer devem encaminhar as obras
literárias até 13 de outubro para o endereço: IV Concurso
Literatura para Todos, Ministério da Educação, Esplanada
dos Ministérios, Bloco L, Sala 211, CEP 70047–900,
Brasília /DF.
Já os concorrentes naturais e residentes em países
africanos de língua oficial portuguesa devem encaminhar
os textos literários para as embaixadas do Brasil nos
respectivos países. Mais informações podem ser obtidas
por meio do endereço eletrônico:
[email protected] .
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anteriores, peça através do
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