açúcar - JM Madeira

Transcrição

açúcar - JM Madeira
O CORAÇÃO NA BOCA
A mulher
Crónica de Patrícia Lencastre
P. 2
O PALCO E O TRONO
António Plácido
e José Manuel Coelho
Uma conversa na vida real
P. 3
açucar 08 | suplemento que não pode ser vendido separadamente do JM | design açucar - ricardo tadeu barros | ilustração capa - JM
talvez a revista mais
doce da madeira
BOCA DOCE
16 perguntas
a Diogo Abrantes
Campeão mundial de muay thai
P. 15
ATA
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o
a
r
o
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Por a
fundada 2015
08
a
2 | açúcar | SÁB 23 JAN 2016
o coração na boca
A mulher
Filhos ou pais,
mulheres CRÓNICA
ou maridos, Patrícia Lencastre
amigos ou [email protected]
colegas. www.shortstoryblog.com
Somos tudo
isto mas muito
mais. Porque
conseguimos
ser tudo isto
num só.
h
á não muito tempo atrás,
enquanto viajava nos antigos armários da minha
mãe, encontrei uma carteira recheada de pequenos tesouros aos meus
olhos. Guardada de forma
quase imaculada há mais
de 30 anos, a carteira escondia uma série de rascunhos, recibos, anotações de reuniões e medidas que pretendia tomar.
Pelo meio, nas costas de
papéis e em postais que
encontrava: poemas. Uns
completos, outros inacabados. Rimas soltas que
talvez pensasse depois vir
a completar.
Queria detestar
O desenhado desejo
E de ti desdenhar
O movimento de um beijo
Dizia a primeira quadra
de um deles. Ainda não o
consegui decifrar todo.
Passo muitos momentos
a tentar fazê-lo por entre
a sua letra apressada,
monóculo
G
imagino que escrita
numa qualquer breve
pausa de um dia. Tento
decifrá-la porque penso
que talvez tenha assim
uma hipótese de a redescobrir. E aprendê-la enquanto mulher que foi,
para além do mundo que
era para mim.
E isto fez-me pensar. No
que somos para cada
uma das pessoas das nossas vidas. Em quem era
essa mulher - com mais
ou menos a idade que tenho agora – para o mundo além de mim.
Porque todos somos tantas pessoas em nós. Para
os nossos pais, para os
nossos filhos, para os nossos companheiros de
vida, para os nossos amigos e colegas. Como se tivéssemos uma capacidade infinita de nos adaptarmos e recriarmos a
cada contacto. Somos to-
dos num só.
Por um lado as eternas
crianças indefesas para os
nossos pais e, por outro,
os pais protectores, fonte
de conhecimento e porto
seguro dos nossos filhos.
E temos, todos, infinita
capacidade de transformação, de acudira a cada
um desses papeis num
abrir e fechar de olhos
enquanto os equilibramos.
Filhos ou pais, mulheres
ou maridos, amigos ou
colegas. Somos tudo isto
mas muito mais. Porque
conseguimos ser tudo isto
num só. Mas este – um só
– fica tantas vezes apenas
connosco e eu sinto que
esta carteira, esta viagem
ao início dos anos 80 mas
ajudou a descobrir essa
essência da minha mãe.
Da mulher para além daquilo que eu via com os
meus olhos de filha. a
por Susana de Figueiredo
osto das praias de calhau da
Ilha. Das montanhas perpétuas e da sua altivez determinada. Da sua natureza violentamente bela, só, interpelativa.
Gosto deste amor puro e duro que
me enche da coragem de aqui ficar
para sempre. E gosto de sentir
que não é, afinal, coragem mas vontade. Ânsia circular de um recomeço longínquo e quase absurdo.
E gosto tanto da gente daqui... Do
bailado que traz o sorriso das
crianças insulares, da bravura sin-
gular que o isolamento lhes faz irromper de dentro, da gravidade do
olhar que a gargalhada aguda
amortece em ironia. Gosto do inabalável horizonte líquido que deixa tudo em aberto, das reticências
rápidas e profundas preenchidas
de futuro. Deste sabor agridoce de
terra incompreendida. E do ventre
quieto e quente que o azul obstinado deste mar embala, quando escuto o tempo que foi mais soma
que tempo. Vaguíssimo. Insólito.
Por pouco, irresolúvel. a
a
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o palco e o trono
©Martim Leitão
José Manuel Coelho & António Plácido
EDIÇÃO
Susana de Figueiredo
[email protected]
a
vida é um grande palco
de imprevisibilidades,
e, quer acreditemos ou
não em acasos, a verdade é que uma conversa
entre António Plácido e
José Manuel Coelho
aconteceria mais depressa na ficção do que
na realidade. A Açúcar
só teve de imaginá-la...
António Plácido (AP) – José
Manuel Coelho, quando era
miúdo já brincava aos deputados? Quando é que percebeu que tinha jeito para a
política?
JMC - Eu nunca percebi
que tivesse jeito para a política. O meu interesse pela
política resultou de não
aceitar as injustiças sociais
como uma coisa normal, e
achei que a forma mais eficaz de combatê-las seria
através da política.
AP – Apesar de ter sido militante do Partido Comunista, até 1999, e de ainda se
considerar comunista, em
2007 foi candidato pelo
PND. Acha que a política é
um palco, onde todos são
atores e onde as convicções
importam pouco?
JMC - Acho que sim, mas
foi exatamente para contrariar esse “palco” que eu saí
do PCP e do PND. Queriam
espartilhar a minha ação
segundo um guião, e eu via
que esse guião não era o
certo.
AP – Federico Garcia Lorca
dizia que “um povo que não
ama e não cuida do seu teatro, se não está morto, está
moribundo”. Acha que a
Madeira tem cuidado bem
do seu teatro?
JMC - Não, não tem. O teatro tem sido muito negligenciado, a Madeira é, talvez, a terra onde esta forma
de arte é menos incutida
nas pessoas. O teatro tinha
que ser promovido através
das autarquias, das casas
do povo, mas a juventude,
ao fim de semana, vai é
para as discotecas...
AP - E a culpa é de quem?
JMC - É de quem tem o poder político.
AP – Acha que o teatro,
para ter público, tem de
apostar em estratégias bá-
sicas de comicidade, abandonando a sua vertente pedagógica?
JMC - Não. Deve ter sempre
a sua componente pedagógica, aliás, era essa a função do teatro durante o salazarismo, não é por acaso
que as peças eram previamente visualizadas e censuradas. O teatro desenvolve o
espírito crítico, e, talvez por
isso, não seja muito bem
visto pelo poder político.
AP – O José Manuel Coelho
é hoje o homem que imaginava ser há vinte anos?
JMC - Eu nunca almejei
chegar onde cheguei. A vida
é um acidente, um produto
do acaso. E eu sou deputado por acaso.
AP – Como gosta de ocupar
o seu tempo fora da política?
JMC - Dedico-me à leitura e
à agricultura. Também gosto de correr.
Um diálogo
na vida real:
António
Plácido, Vicepresidente
do Teatro
Experimental
do Funchal,
ator e intérprete
da palavra,
e José Manuel
Coelho,
deputado
do PTP.
a
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AP - E o que gosta de ler?
JMC – De tudo um pouco.
Tanto leio uma obra de um
religioso como a de um
ateu. É importante diversificar, conhecer um determinado pensamento e também o seu contrário.
«Não tenho
ambições
políticas. Se as
tivesse, não
combatia o
Regime»
AP – Gosta de viajar?
JMC - Também gosto, mas
não tenho tido muitas
oportunidades para tal. Fiz
poucas viagens. Estive no
Ultramar, durante a tropa,
fui à União Soviética, em
1981, e a Londres, em 2012,
a convite da comunidade de
emigrantes madeirenses.
AP – E de cinema, também
gosta?
JMC - Gosto, mas não costumo ir, porque a vida política absorve-me o tempo
quase todo. Quando era jovem ia com frequência ao
cinema. Nos anos 60, a
vida era diferente, os bons
filmes passavam nos cinemas e os espetáculos nas
grandes casas de espetáculo.
AP - Esta pergunta sobre o
cinema não foi uma pergunta inocente… Quando
levou para a Assembleia
António
Plácido
"encontrou"
um José
Manuel
Coelho menos
conhecido dos
madeirenses.
um relógio enorme pendurado ao pescoço, transportou-me para um filme de
Ingmar Bergman que me
marcou na adolescência:
“Lágrimas e suspiros”, em
que a obsessão pelo tempo é
traduzida pelos relógios...
JMC – Esse episódio foi
uma sátira ao regimento da
ALRAM, que, na altura, era
muito castrador da liberdade de intervenção do deputado. O limite era dois minutos. Ora, como o regimento obriga que se cumprimente a mesa, esse
preâmbulo praticamente
“limpava” um minuto da
minha intervenção. Então,
quase não podia exercer o
meu dever de deputado.
AP - Tem consciência que
esse tipo de estratégias o
tornou mais conhecido?
JMC - Sim, mas não foram
estratégias para me tornar
conhecido, fi-lo para derrubar barreiras, pois entendo
que não devemos recorrer à
violência para impor a justiça, temos de usar meios
pacíficos.
AP – Qual é a sua grande
ambição política?
JMC - Não tenho ambições
políticas. Se as tivesse, não
combatia o sistema.
AP - Então, porque concorreu à Presidência da República?
JMC – Fi-lo com o intuito
de alertar para a situação
que se vivia no país, em geral, e na Madeira, em particular.
AP - Ou seja, todo o “teatro” que tem feito é uma
forma de denunciar aquilo
que está errado?
JMC – É uma forma de
exercer a democracia, de
procurar aperfeiçoar o sistema político e a sociedade.
A democracia é como as
plantas, precisa de ser cuidada, senão definha e morre.
AP - Mas, agindo desse
modo, não se arrisca a ser
acusado de “enxovalhar”?
JMC - O que faz enxovalhar
os regimes democráticos
são os desvios. Por exemplo, a doutrina de Cristo,
quer se acredite ou não
nele, é boa, mas, ao longo
da história, tem vindo a sofrer desvios graves. O mesmo sucede relativamente
ao socialismo.
AP – Depois de ter entrado
na política, tem mais amigos ou inimigos?
JMC - Tenho cada vez mais
inimigos. Quando começamos a contestar o poder
instalado, os vícios da sociedade, a primeira reação
é a revolta das pessoas que
beneficiam daquela situação.
AP – Mas isso não é contraditório? Vejamos, se o seu
papel tem sido defender a
maior parte das pessoas
contra uma minoria, essa
maioria não deveria ser
“sua amiga”?
JMC – Pois... Acontece que
a maior parte das pessoas
é manipulada. Quando comecei a minha luta, tinha
muito mais votos do que
tenho agora. Como quase
todos dizem mal de mim,
influenciam negativamente as pessoas menos esclarecidas. É como no tempo
do Salazar, as pessoas menos cultas tinham ódio ao
comunismo porque as elites e os órgãos de informação manipulavam a opinião pública. Daí a importância da cultura, permite
distinguir o verdadeiro do
falso. a
a
©DR
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O grupo de originais escolheu o tema “Chuva” para gravar o terceiro teledisco. Com seis
anos de existência, os ATA vêm provar que o Rock não está morto, apesar de ainda não
terem conseguido conquistar um dos principais objetivos: o mercado nacional. Será que
é desta vez? É a pergunta que o vocalista da banda, Fernando Almeida, faz numa altura
em que ser músico na Região é um ato de coragem e de loucura.
ENTREVISTA
Sandra S. Gonçalves
[email protected]
O
s ATA vêm, mais uma
vez, provar que o Rock
não está morto. A banda
madeirense de originais,
formada em 2010 e apre-
sentada ao público em
2012, está de volta com o
terceiro videoclipe, intitulado “Chuva”, que foi rodado na Região pela mão
da realizadora Cristina
Vieira.
Fernando Almeida, vocalista e porta-voz do grupo, afirmou que este
novo projeto é a continuidade do trabalho que os
ATA têm vindo a desenvolver desde que saíram
os videoclipes “Pula Pula”
e “Fácil”, em 2013 e 2015,
respetivamente. «A nossa
ideia era todos os anos
apresentar sempre algo
de novo, mas não tem
Fernando
Almeida
lamentou
o facto de
a música
não ser
devidamente
apoiada,
o que dificulta
a vida dos
artistas
na Região.
sido possível devido às
inúmeras contrariedades
que temos encontrado»,
disse.
O áudio do teledisco foi
gravado por Beto Madeira
e a masterização do tema
é da autoria de João Moreira. Em fase de conclusão, o lançamento do
“Chuva” está previsto
para o final de fevereiro
ou início de março, sendo
que ainda está por definir
o local para a apresentação oficial da música da
autoria dos elementos da
banda. São eles: Bruno
Freitas na bateria, Fernando Almeida na voz e
baixo e Filipe Pereira na
guitarra. «Quanto ao lançamento e promoção deste videoclipe, estamos em
conversações e a ultimar
pormenores com uma
editora de nova geração, a
“DFM”, com sede no Funchal. Estamos ansiosos,
porque se avizinham várias ações e surpresas
neste campo», adiantou,
acrescentando que as redes sociais não são suficientes para a promoção
do tema.
A banda, que toca música
100 por cento portuguesa,
escolheu o “Chuva” para
gravar o terceiro
a
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videoclipe porque, conforme explicou, é uma música de esperança que vai
de encontro àquilo que as
pessoas precisam de ouvir
nesta altura. «Neste momento temos cerca de
duas dezenas de temas
originais e todos seriam
ótimos para gravar um videoclipe, mas optámos
pelo “Chuva” porque tem
uma mensagem de otimismo e nos dias que correm, devido às dificuldades que a região e o país
atravessam, é sempre
bom transmitirmos uma
certa esperança. Além disso, é uma música alegre
que funciona, porque fica
no ouvido de quem ouve.
Temos também de jogar
com esta parte “comercial” para que se consiga
alcançar o sucesso», vincou.
ÉLVIO CAMACHO
PARTICIPA NO VÍDEO
O vocalista do trio adiantou que o teledisco conta
com a participação espe-
cial do conhecido ator
madeirense Élvio Camacho, que se tornou célebre depois de fazer parte
do elenco da série juvenil
Morangos com Açúcar, da
TVI. Fernando Almeida
revelou que foi uma
mais-valia contracenar
com o artista, de quem
amigo, e por isso acredita
que o produto final ficou
com mais qualidade devido às indicações que deu
a todos os que participaram na gravação do tema,
não só os músicos, mas
também as atrizes Catarina Pimenta e Carolina
Abreu. «Já há muito tempo que queria gravar um
videoclipe com o Élvio,
porque considero-o um
dos melhores atores da
atualidade e deu-me um
prazer enorme ele ter
aceite o convite da banda.
A prestação dele está incrível na forma como nos
põe a contracenar uns
com os outros e houve
um rol de cenas que surgiram de improviso devi-
O teledisco
da música
“Chuva”
conta com
a participação
especial
do conhecido
ator madeirense
Élvio Camacho,
que se tornou
célebre depois
de fazer parte
do elenco
da série juvenil
Morangos com
Açúcar, da TVI.
do à sua enorme experiência», sustentou.
NÃO É FÁCIL SER
MÚSICO NA REGIÃO
O teledisco foi gravado
em dois cenários diferentes: um no Espaço 116, na
Zona Velha, e outro no
Complexo Desportivo do
Faial, onde não faltaram
os drones, da equipa de
Vítor Carvalho, e os skaters. O porta-voz da banda aproveitou a ocasião
para agradecer a todos os
que colaboraram na gravação do “Chuva”, apesar
dos entraves que algumas
entidades regionais colocaram na escolha dos locais. Fernando Almeida
lamentou o facto de a
música e as artes, em geral, não serem devidamente apoiadas, o que dificulta a vida dos artistas
na Região. «Não é fácil ser
músico na Madeira, digamos que é um ato de coragem e, ao mesmo tempo, de loucura, mas não
podemos desistir. Numa
altura em que o dinheiro
não abunda, se não há
verbas para as outras
áreas, consideradas as
mais básicas, a cultura é
sempre a que mais sofre»,
afirmou.
Na sua ótica, as dificuldades aumentam quando se
trata de uma banda de
originais que se vê limitada pelos promotores de
eventos e agentes culturais que preferem contratar um grupo de “covers”,
porque vai de encontro
àquilo que o público quer
e que, de certa forma, foi
educado para ouvir. «As
pessoas querem ouvir as
músicas “x” ou “y” que
passam a toda a hora nas
rádios e, se calhar, estas
também têm alguma responsabilidade nisso, porque somos capazes de ouvir o mesmo tema cinco
ou seis vezes. Por isso, se
aparecemos num bar a
tocar uma música que
nunca ouviram, por muito boa que seja vão demorar muito mais tempo a
a
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O videoclipe foi gravado em dois cenários
diferentes: um no Espaço 116, na Zona Velha,
e outro Complexo Desportivo do Faial.
assimilar, acabando por
haver uma certa relutância em relação a isso», lamentou, dizendo que sente que o facto de cantarem apenas músicas portuguesas não é um entrave, uma vez que «a língua
é universal».
EDUCAR PARA
A MÚSICA
Segundo o artista, «enquanto não houver uma
mudança de mentalidades» e um alargar de horizontes o problema irá
sempre persistir. «Os responsáveis pelos espaços
de diversão vão sempre
de encontro àquilo que as
pessoas querem ouvir
com a justificação de que
é o cliente que manda. É
verdade que esta lógica
está certa, mas acaba por
ser um ciclo vicioso, porque se não derem ao público outro tipo de música para consumir este vai
estar sempre à espera do
mesmo, daí a necessidade
de educar as pessoas para
outras realidades», frisou.
Nesse sentido, o trio foi
“obrigado” a incorporar
no seu repertório musical
alguns “covers” para se
adaptar à realidade da
Região como a “A Mula da
Cooperativa” do eterno
Max, “Saudade” dos Heróis do Mar e “Cairo” dos
Táxi. Temas de artistas e
bandas já extintos que os
ATA dão o seu “toque especial”, tornando-os “rockeiros”, ou este não fosse
o estilo musical que os
define. «Tivemos que incorporar alguns “covers”
no nosso repertório musical para podermos ter a
oportunidade de tocar
em outros locais, mas
quando tomámos essa
decisão, a escolha das
músicas não foi ao acaso,
tanto que as que tocamos
têm um significado para
nós», referiu.
TEMA DE
TELENOVELA
Desde que surgiu na indústria musical madei-
«Nessa altura,
se tivéssemos
conhecido
pessoas
responsáveis
por telenovelas
ou séries
televisivas,
provavelmente
tínhamos
conseguido
singrar no
continente.
Quem sabe se
não é agora que
a nossa música
entra “pela
casa adentro
das pessoas”».
rense, especialmente depois da gravação do “Pula
Pula”, que um dos principais objetivos do grupo
era que o tema fizesse
parte da banda sonora de
uma telenovela, o que seria, no seu entender, um
passo importante para
conquistar o mercado nacional, até porque as pessoas acabam por ficar
com as músicas no ouvido. Passados três anos, os
elementos dos ATA não
conseguiram ir mais
além. «Nessa altura, se tivéssemos conhecido pessoas responsáveis por telenovelas ou séries televisivas, provavelmente tínhamos conseguido singrar no continente, mas
infelizmente isso acabou
por não acontecer, quem
sabe se não é agora que a
nossa música entra “pela
casa adentro das pessoas”», disse.
Assim como o Rock não
está morto, como muitos
apregoam, a banda não
vai desistir de tentar a
sua sorte em outros mercados. «O facto de estarmos numa ilha limitanos imenso. Se estivéssemos no continente a probabilidade de chegarmos
mais longe era maior,
porque o mercado é outro e não existem tantas
limitações, sobretudo no
número de espaços onde
podemos atuar de acordo
com o nosso estilo», salientou.
Neste momento o grupo
de originais não tem manager. O músico acredita
que com uma estratégia
de marketing bem definida os ATA conseguirão
chegar a bom porto. Por
enquanto, vão tentando a
sua sorte na Madeira,
mas para isso é preciso
que os promotores de
concertos valorizem mais
as bandas regionais.
«Apostem naquilo que é
de cá, para ver se juntos
conseguimos fazer a revolução e abanar a indústria musical madeirense», rematou. a
a
8 | açúcar | SÁB 23 JAN 2016
a viajante
Estes são mais
três dos destinos
favoritos da viajante
Sofia Vasconcelos.
Para desfrutar
«a sós, com amigos
ou em família».
Cidades a visitar
em 2016
Sofia Vasconcelos
www.frommadeiratomars.com
[email protected]
https://www.facebook.com/
Frommadeiratomars
Instagram@frommadeiratomars
1
Auvers-sur-Oise
Quer saber o que está
neste cantinho do Mundo
que inspirou os quadros
de Van Gogh? Considere
uma visita fora dos trajetos mais turísticos para
uma experiência personalizada e relaxante, apenas
a uma hora de Paris. Muitos (se não a maioria) das
pessoas conhece Paris.
Pelos melhores e piores
motivos é um dos destinos mais conhecidos na
Europa. Mas porque não
conhecer o campo e a sua
envolvência, as suas flores e casinhas rústicas.
Prove os croissants “au
chocolat” nas padarias locais e saboreie um bom
vinho francês ao sabor do
vento das propriedades
vinículas e sob as flores
das amendoeiras, em
contraste com o azul do
céu. Perfeito para longas
caminhadas, reveja as
paisagens dos quadros de
Van Gogh e a história inspiradora daquele que é
um dos pintores famosos
do Século XIX. Ao visitar
Auvers sur Oise, parece
que retrocedemos no
tempo e descobrimos um
local que inspira paz e beleza.
COMO LÁ CHEGAR?
Voos diretos desde a Madeira para Paris com a
Transavia.
Auvers sur Oise fica a 50
minutos de carro desde o
aeroporto de Paris (Orly).
ONDE FICAR?
Péniche Daphné Quai de
l'île - 25 rue Marcel Martin, 95430 Auvers-surOise.
Au Trianon D’Auvers 10
Rue Des Bartagnoles,
95430 Auvers-sur-Oise. a
a
SÁB 23 JAN 2016 | açúcar | 9
2
Dresden
3
Dresden foi uma agradável surpresa. Esta cidade
alemã está cheia de atrações históricas, monumentos em estilo barroco, museus e teatros espectacularmente fundidos com a cultura moderna, arte e os hipsters
do bairro de Neustadt.
Adorei explorar os pequenos pátios das casas
onde se encontram os
seus ateliers, as lojas de
vinyl e os mercados de
rua. À noite, há festa garantida já que tem a
maior densidade de bares e clubes na Alemanha. Adorava lá voltar.
Viena
«Agora é só escolher,
mas não deixe de ir, de seguir,
de viajar e de tornar o sonho
realidade».
COMO LÁ CHEGAR?
Voos diretos desde a Madeira com a Germania.
ONDE FICAR?
Innside by Meliá Dresden
Salzgasse 4, Altstadt,
01067 Dresden.
LaLeLu Hostel Königsbrückerstrasse 70, Dresden. a
Viena é uma cidade incrível! Tem museus contemporâneos, o culto dos
cafés, restaurantes e
muitos recantos para
descobrir. Vale a pena visitar o Museums Quartier um exemplo de arquitetura moderna integrada num espaço público com cafés, restaurantes e zonas de lazer. Sinta
a grandeza imperial de
Viena, com palácios inesquecíveis tais como
Schloss Belvedere. Em
Viena respira-se música,
não só em espetáculos de
música clássica, nos teatros, como também em
bares de rock e jazz ao
vivo. Esta cidade grande
e multifacetada, tem
uma qualidade de vida
que se sente a pé, de bicicleta ou através dos excelentes transportes públicos.
COMO LÁ CHEGAR?
Voos diretos desde a Madeira com a Austrian Airlines.
ONDE FICAR?
Hotel Daniel Vienna
Landstraßer Gürtel 5, 03.
Landstraße, 1030 Viena.
Meninger Hotel Wien
Downtown Franz Rembrandtstraße 21, 02. Leopoldstadt, 1020 Viena. a
a
10 | açúcar | SÁB 23 JAN 2016
horas vagas
[livro, filme, música]
Sandra Sousa
http://estrelasnocolo.wordpress.com
O
livro “Conversas
com a minha
gata”, poderá dizer-se, é uma
obra de autoajuda um
pouco disfarçada. Conhecemos Sara que, de repente, se vê num limbo.
Tem de avançar, mas,
Virgílio Jesus
cinema
[email protected]
T
odos nós conhecemos Leonardo
DiCaprio enquanto estrela de cinema e como galã da indústria de Hollywood que
deixou a sua marca no
filme Titanic (1997).
Desde então, já embarcou
em tantas outras extraordinárias viagens que esta
é facilmente esquecida.
Agora, quase 20 anos depois, apresenta-nos uma
das suas melhores interpretações, demasiado física e expressiva que,
sem sombra para dúvidas, lhe valerá o Óscar. “O
Renascido” conta-nos a
história verídica de um
caçador de peles que durante uma expedição acaba por ser ferido por um
urso. Alguns dos membros da expedição tentam
cuidar dos seus ferimentos, mas Glass é enterrado vivo por um criminosso, John Fitzgerald (Tom
Hardy, com uma linguagem seca, maligna e arrogante), que ainda assassina o seu filho. Aí começa
uma incrível jornada de
sobrevivência e de vingança. Além da temática
extremamente interes-
Diogo Freitas
[email protected]
C
SUGESTÕES
- Hunky Dory, 1971 RCA Records
- Station To Station, 1976
RCA Records
- Outside, 1995 Virgin Records
- Black Star, 2016 ISO Records
(própria).
omeço este artigo
reconhecendo que
o tema, assim
como o título, tem
sido bastante batido. Mas,
tendo a oportunidade, aqui
fica o meu tributo a Davie
Jones, David Bowie, Ziggy
Stardust, Thin White
Duke...
Voz única, que fazia dele
um dos melhores intérpretes das últimas décadas, Bowie era um artista completo. Para além das leituras
profissionais obrigatórias, o
libreto do “Hunky Dory” foi
dos “livros” que mais li na
vida. Para mim o melhor
disco de Bowie, eufórico, in-
livro
Conversas com a minha gata Eduardo Jáuregui
para isso acontecer, tem
de dar passos muito importantes que irão mudar
completamente a sua
vida.
É impulsionada por uma
gata que lhe aparece subitamente na janela do seu
apartamento e que fala
com ela, dando-lhe ordens diretamente!
Como devem calcular
Sara pensa que enlouqueceu, mas é no meio dessa
loucura que ela vê uma
boia para se segurar
quando parece que tudo à
sua volta se afunda.
Aos poucos vai-se deixando levar pela voz calmante da gata e segue as pistas que esta lhe dá para,
com pequenos passos, ir
mudando hábitos e rotinas que lhe estavam a
“roubar” o melhor da
vida. a
The Revenant: O Renascido
sante, que mostra os
confrontos de inúmeros
caçadores com americanos nativos, “The Revenant: O Renascido” apresenta algumas sequências metafísicas tão características das outras
obras-primas de Alejandro G. Iñarritu, desta vez
com influências de Terrence Malick e do também mexicano Alfonso
Cuáron. Um clássico
imediato que tem a função de revitalizar o género há muito perdido no
tempo e na memória, o
“western”. a
Realizado por Alejandro
G. Iñarritu
Elenco Leonardo DiCaprio,
Tom Hardy, Domhnall
Gleeson, Will Poulter
e Forrest Goodluck
Duração 156 minutos
Género Aventura / Drama
música
Somos Todos Super Homens...
trospectivo e psicadélico,
este álbum deu-nos as conhecidas Changes ou Life
On Mars. Mas depois tem
temas como Quicksand ou
The Bewlay Brothers. Neste
disco temos referênicas a
Warhol e aos Velvet Underground, que o marcariam
no futuro.
E não podemos falar dos
Velvet Underground sem falar de Lou Reed, que Bowie
encontra nos anos 70 na
fase de Berlim, juntamente
com Iggy Pop. É com Bowie
que Iggy compõe o famoso
“Lust For Life”. E é com a
Berlim dividida em mente
que é composto o hino He-
roes, uma história de amor
marcada pelo Muro (“I can
remember/ Standing by the
wall/ And the guns/ Shot
above our heads/ And we
kissed/ As though nothing
could fall”).
Para além do new wave,
pop puro e duro e toques
tropicais, Bowie passou ainda pela electrónica de maneira marcante. Com Brian
Eno, fez Outside (1995), um
disco electrónico industrial,
com uma narrativa artística
conceptual. Não menosprezando as inúmeras fases e
façanhas desta estrela caída
do céu, saltamos dos anos
90 directamente para Ja-
neiro de 2016. Mais precisamente para o dia 8, em que
lança Black Star. É um disco
mais pesado, que nos remetia já para a ainda desconhecida fase de doença por
que já passava, quando o
escreveu e gravou. Ouvindo,
agora (obrigado, T.M.F.),
percebemos o quão genial
era David Bowie e que todo
ele era arte. Se em 1971 escrevia “I’m not a prophet or
a stone age man/ Just a
mortal with potential of a
superman/ I’m living on”,
na sua partida para o espaço, de onde certamente vinha, era um mortal que foi
Super Homem. a
a
SÁB 23 JAN 2016 | açúcar | 11
na moda
Saldos… Para eles!
1 Blusão e calças Zara /
1
camisola lã - Gant.com /
Malha - asos.com /
ténis Adidas em
Footasylum.com
3
2 Sobretudo - Zara /
5
Casaco e jeans Gant.com / camisaRalph Lauren
na Cortefiel
3 Blusão - Mango.com/
camisa e camisola Gant.com
/ calças-Zara /
botas-Eureka
2
4
4 Blusão e camisola Gant.com / calçasMango.com /
sapatos - Eureka
6
5 Casaco, camisola
e camisa - Gant.com/
calças - Mango.com
6 Blazer e calças - Zara
Laura Capontes
lauracapontes@[email protected]
foto © Laura Capontes
s
e a palavra saldos, para as
mulheres, é sinónimo de
euforia e emoção, para os
homens já não é bem assim. Filas longas, confusão, andar de loja em loja
a comparar preços? Não!
Não é um programa que
os atraia muito.
É certo que os homens,
cada vez mais, se preocupam com o seu visual e
estão mais atentos às novidades do mundo da
moda, comprando roupa, sapatos e acessórios
com mais regularidade e
/ camisa
e camisola - Gant /
botas - Eureka
sempre de olho nas tendências. Geralmente decidem muito mais rápido
que nós e mantêm-se firmes ao que realmente
pretendem e necessitam.
Por isso, se não tiverem
realmente a necessidade
de comprar algo, muitas
vezes a época de saldos
passa-lhes ao lado. “Se tenho calças e ténis de que
gosto, e os uso regularmente, não preciso de
comprar nada disso de
momento”. É mais ou
menos assim que pensam? É normal! Muitas
mulheres também gostavam de ir aos saldos com
esse pensamento.
Concordo que devemos
fazer compras pondera-
das e não nos deixarmos
levar pela emoção nem
pelo impulso, no entanto,
podemos encontrar boas
opções nos saldos, apostando em peças de qualidade (qualidade não é necessariamente sinónimo
de caro, tenho malhas da
Zara, Massimo dutti, etc..
compradas nos saldos
que já têm alguns anos!)
e intemporais.
Nesta altura, os preços
baixaram novamente e
numa pesquisa que fiz
ainda encontramos muitas peças de qualidade
para homem e a preços
bem simpáticos, aproveitem e apostem num fato
com um bom corte (não
trabalha de fato? Não faz
mal, um fato acaba sempre por ser necessário,
para festas ou eventos
formais), jeans, sapatos,
ténis, camisas, malhas,
um bom casaco e um blusão são sempre boas opções. Se, mesmo assim, ir
para lojas na época de
saldos não é para si, pode
sempre comprar online,
onde até muitas vezes encontra mais diversidade
de marcas e modelos
(Footasylum, Asos, Gant,
Mango, Eureka, Vicri,
Lion of Porches, entre outras).
Fiz alguns looks com peças em saldos para se inspirarem, e claro, adaptarem ao vosso gosto e estilo. Boas Compras! a
a
12 | açúcar | SÁB 23 JAN 2016
feliz com menos
Juntinho ao coração
Débora G. Pereira
www.simplesmentenatural.com
A
inda antes de ser
mãe, fui a um retiro de alimentação macrobiótica
onde conheci uma mãe
que carregava o filho de
cerca de 2 anos num tecido. Achei maravilhoso, a
criança parecia muito satisfeita e a mãe também.
Eu, que já na altura não
via muita piada a ter que
manobrar um carrinho
com a minha notável agilidade, pensei que aquele
método de carregar o bebé
seria perfeito para mim e
para as minhas futuras
crias.
Desde os primeiros dias de
vida, utilizei com os meus
filhos os porta bebés, aliás
nunca sentimos necessidade de adquirir um carrinho. Ambos se sentiam tão
confortáveis e aninhados
juntinho ao meu coração
que, frequentemente, durante os nossos passeios
aproveitavam para dormir
e encantar as pessoas por
quem passávamos. Algumas estranhavam, porém,
a maioria abria um enorme sorriso mesmo não nos
conhecendo de lado nenhum.
Existem diferentes tipos de
porta bebés, uns mais adequados a bebés pequenos e
outros a crianças mais
crescidas. Além de prático
e confortável, este modo
de transportar o bebé traz
vários benefícios ao nível
da postura tanto da mãe
como do bebé, ao nível social, pois o bebé encontrase à altura do campo de visão dos adultos recebendo
mais estímulos e ao nível
afetivo, contribuindo para o
fortalecimento do vinculo
mãe-bebé. Eu reparava que
os meus bebés se sentiam
mais seguros, acalmandose com maior facilidade e
eu ficava com os braços libertos.
Saliente-se que tal como os
carrinhos de bebé ou as cadeiras para o automóvel, a
utilização de porta bebés
também deve de obedecer
a normas de segurança, tais
como: porta bebé bem ajustado, nem muito apertado
nem muito frouxo; a cara
do bebé deve estar sempre
visível para haver circulação de ar e a mãe poder
olhar para ele; deve haver
pelo menos um dedo entre
o queixo e o peito do bebé;
o bebé deve estar suficientemente alto para poder ser
beijado e ter um bom suporte nas costas e pernas
(porta bebés ergonómicos)
de modo a respeitar a sua
anatomia e fisiologia.
Para mais informações a
este respeito, pode consultar a Doula e Consultora de
amamentação Maria Faria
através da sua página no Facebook Gosto de ser Mãe e,
ainda, assistir a um desfile
de porta bebés que decorrerá no próximo dia 30 de janeiro, pelas 19h, no restaurante Magic on the Rocks
(Madeira Magic). Uma semana cheia de momentos
felizes. a
saúde
Pediculose
“Piolhos” um problema Sempre Actual
Bruno Olim
Farmacêutico
[email protected]
N
a sociedade actual persistem
ainda alguns mitos e inverdades
sobre este ser que apresenta uma belíssima capacidade de adaptação (múmias
egípcias com mais de 3 mil
anos apresentavam piolhos). É necessário conceber o piolho como um ectoparasita, que persiste como
resultado das nossas relações de proximidade social,
logo, sem nenhum cunho
pejorativo, nem de rótulo
social.
O piolho da cabeça é um insecto que parasita externamente a cabeça do ser humano (é especifico do Homem e não contamina outros animais), alimenta-se
de sangue (o prurido surge
cerca de 1 a 2 semanas após
a infestação, devido ao picar, à saliva e às fezes), o
piolho fêmea deposita entre 3 a 8 ovos (lêndeas) por
dia.
A infestação não é associada à falta de higiene, no entanto, bons hábitos de higiene permitem uma detecção precoce e tratamento
mais rápido. O piolho não
salta nem voa, não provoca
nenhuma patologia grave
(a utilização de produtos
O piolho não
salta nem voa,
não provoca
nenhuma
patologia
grave
e localiza-se
junto à raiz
do cabelo para
se poder
alimentar
várias vezes
ao dia.
não autorizados para o
efeito causa mais dano que
a infestação), o piolho localiza-se junto à raiz do cabelo para se poder alimentar
várias vezes ao dia (o cabelo curto não resolve o problema, só facilita a remoção dos piolhos e lêndeas).
O piolho foi transmitido
por outra pessoa (contacto
entre cabeças, pentes escovas, chapéus, bonés, gorros,
elásticos do cabelo etc.),
não interessa quem, só interessa tratar!
Tratar uma pediculose encerra um conjunto de medidas, como a remoção do
piolho e lêndeas mecanicamente com um pente metálico (pentear diariamente
durante 2 semanas) exaustivamente mecha a mecha
de cabelo (nuca e atrás das
orelhas), sendo que o pente
deverá ser verificado para
eliminação dos parasitas e
ovos em cada passagem. É
importante verificar e limpar todos os objectos utlizados na cabeça (chapéus,
elásticos etc.), lavar roupa
de cama, toalhas e forras
de almofadas a temperatura elevada, inspecção e tratamento do resto da família
(verdadeiras medidas preventivas). Em termos de
abordagem terapêutica,
existe uma vasta gama de
produtos, cada um com a
sua especificidade, sendo
importante seguir o conselho do seu farmacêutico e
cumprir escrupulosamente
o regime posológico.
Não existe prevenção farmacológica, só comportamental. a
a
SÁB 23 JAN 2016 | açúcar | 13
feliz com mais
A primeira vez
[email protected]
N
ão me recordo
exatamente qual
foi o primeiro
prato que fiz,
digno desse nome. Lembro-me em que altura foi,
mas não o quê, pelo menos, não precisamente. Estava na faculdade a estudar
algo que não me via a fazer
num futuro, nem próximo,
nem longínquo, entre pizzas congeladas, tigelas de
cereais, louça até ao teto,
etc., a única refeição decente que conseguia ter era
ao fim de semana, quando
ia passá-lo com a namorada da altura. A minha inaptidão na arte de manejar
zinha veio após uma daquelas discussões de casal,
estúpidas, como todas são
no início dos 20 anos, “nunca fazes nada, não ajudas
em nada, estou farta de fazer tudo sozinha” – deixo à
vossa imaginação o resto
da conversa. Confesso que
não era uma pessoa fácil de
aturar em relação a isso,
cresci numa casa em que
as tarefas domésticas não
eram partilhadas igualmente entre os sexos, principalmente na parte da cozinha. A minha avó tratava
dos pratos principais, durante a semana, a minha
mãe encarregava-se do fim
de semana e a minha tia
das sobremesas. A minha
principal preocupação cingia-se ao ato de enfiar a comida pela goela abaixo, e
isso foi algo que se trans-
portou para aquele período
de transição entre a parvoíce da adolescência e a maturidade da idade adulta.
Após uma dormida de costas voltadas - escusado será
dizer que, num pré-adulto
que só estava ao fim de semana com a namorada,
isso tem efeito imediato resolvi meter a mão na
massa e tratar de resolver
esse problema de maneira
rápida e eficaz. Limpar a
casa não era dos meus pontos fortes, nem arrumá-la,
só restava cozinhar. “Vou
fazer a melhor refeição da
tua vida!” – não disse, mas
terá certamente passado
pela minha cabeça tal pensamento, afinal de contas,
não parecia ser algo tão difícil. Não me lembro o que
foi o jantar nessa noite,
mas a probabilidade de ter
sido uma massa, ressequida, pegajosa, insonsa ou demasiado salgada, acompanhada por uma lata de
atum ou bocados de frango,
é alta. Também não me recordo do sabor, mas sei que
foi o suficiente para não
voltar a dormir de costas
voltadas. a
PUB
SideDish Moustache
tachos, frigideiras, panelas,
facas – 99% das vezes acabavam como uma cena digna do SAW - era de tal maneira que fazer um simples
prato digno desse nome,
volto a frisar a importância
de tal facto, era simplesmente impossível – nem Ethan Hunt conseguia salvarme. O tempo ia passando e
continuava nas minhas belas idas ao centro comercial, pizzas e cereais durante a semana, o álcool também existia em horário
“pós-laboral” – escusado
será dizer que com uma alimentação baseada em E’s e
outras letras do alfabeto, a
barriga começou a inchar e
a crescer cada vez mais.
Olhando para o passado
não é um tempo de que me
orgulhe muito.
A primeira aventura na co-
a
14 | açúcar | SÁB 23 JAN 2016
mais açúcar
4 pessoas
Dificuldade Média - 1 Hora
Pêra assada e recheada com requeijão
ingredientes
modo de preparação
4 pêras descascadas
4 colheres de sopa
de açúcar amarelo
1 pau de canela
1 estrela de anis
2 dl de Vinho Madeira
1 requeijão
4 colheres de sopa de nozes
Alfaces variadas
Comece por descascar as
pêras e coloque-as num
tabuleiro de ir ao forno,
depois junte o pau de
canela, a estrela de anis,
o açúcar e regue com o
Vinho Madeira, depois
tape o tabuleiro com papel alumínio e leve ao
forno previamente aque-
cido a 180ºc por 35 minutos.
Passado o tempo retire
as pêras e corte-as ao
meio e retire o caroço,
recheie com o requeijão
e sirva sobre a salada
temperada com azeite e
vinagre, as nozes e algum molho do assado. a
Granola
Pequenos-almoços saudáveis com granola caseira
Chef Pasteleira - Eleven, Lisboa
[email protected]
D
e há uns tempos
a esta parte, e um
pouco por todo o
lado, a palavra
“gourmet” passou a ser obrigatória em mercearias,
supermercados, restaurantes, hamburguerias, botecos, enfim, em tudo o que
se relaciona com produtos
alimentares ou com gastronomia. São as conservas, os
enchidos, os biscoitos, as
bolachas, os pratos, os
hamburgers, as sandes, sei
lá, é tudo e mais um par de
botas!
Chega ao ridículo de haver
produtos que, apesar de serem exactamente iguais ao
que sempre foram, são
modo de preparação
50g de morangos
desidratados
80g de pistáchio
120g de noz pecan
120g de amêndoas
50g de sementes de girassol
50g de sementes de sésamo
200g de mel
400g de flocos de aveia
- Tostar o pistáchio, noz,
amêndoa e sementes no
forno por 15 minutos a
150º.
- Aquecer o mel, juntar os
flocos de aveia e envolver
bem. Colocar a aveia num
tabuleiro sobre papel ve-
A Mania do Gourmet...
anunciados como distintivos, simplesmente pela metamorfose que o “gourmet”
sugere. Imagine, caro leitor,
uma lata de conservas da
marca x, que antes comprava no supermercado
por 1,00€, passar a custar
2,00€ por quaisquer artes
de mágica. Simplesmente,
por ostentar a palavra
“gourmet”. Para este fenómeno não me ocorre mais
nada do que apelidá-lo de
fraude, mas, neste caso, é
uma fraude que o consumidor, presunçoso e aspiracional como é, legitima pagando um prémio pela palavra “gourmet”, e ainda
fica muito feliz ….
Actualmente, não há ninguém que se preze dentro
desta indústria que não tenha qualquer produto que
não seja “gourmet”, não
sei mesmo o que era de
nós antes da entrada de
rompante do “gourmet”
no léxico e na boca de todos nós. A nossa vida e cultura gastronómica deveriam ser um autêntico deserto!
O grau de exigência dos
consumidores deve ser
cada vez maior, e para tal
há que começar a desconfiar sempre do já omnipresente “gourmet” em quaisquer produtos ou estabelecimentos. a
getal e levar ao forno a
180º durante 20 minutos,
mexendo a cada 5.
- Depois de arrefecida,
juntar os frutos secos e o
morango desidratado.
Armazenar numa embalagem hermética. a
por António Janela
©Colorbakery
Joana Gonçalves
ingredientes
a
SÁB 23 JAN 2016 | açúcar | 15
boca doce
Diogo Abrantes
Campeão mundial de Muay Thai
1
12
Três características da
sua personalidade que
melhor o definem?
Determinação, honestidade e humildade.
O que distingue um
madeirense de um
continental
(além do sotaque)?
Acho que os continentais têm mais facilidade
em se exprimir.
2
13
A crítica mais
construtiva que já
lhe fizeram?
E a mais injusta
ou absurda?
Que deposito demasiada
confiança e importância em quem não merece. A mais absurda,
que sou demasiado
persistente.
Que opinião tem dos
madeirenses que
escondem o sotaque?
Acho mau demais.
14
Que expressões
madeirenses usa com
mais frequência?
Espigos.
3
A decisão mais
importante que teve
de tomar?
Deixar de fazer uma
vida com hábitos menos
saudáveis para me
transformar num desportista vencedor.
4
A sua dúvida mais
persistente?
O que vou fazer quando
deixar a competição?
5
Um arrependimento?
Ter feito um interregno
nos estudos dos 17 aos
25 anos.
6
Um ato de coragem?
Ter lutado bastante
doente.
7
Uma atitude
imperdoável?
Atitudes imperdoáveis
são roubar, matar, violar, entre outras coisas
deste calibre de gravidade. Quem nunca fez
nada disto deve ser perdoado.
10
8
A companhia ideal
para uma conversa
metafísica?
A minha ex-namorada.
9
Qual é a sua maior
extravagância?
Viajar.
Quem são os seus
heróis na vida real?
Rickson Gracie, Andre
Agassi, Ayrton Senna,
Saenchai, Stephen
Hawking e David Gilmour.
11
Uma doce memória
da infância?
Os passeios com os
meus avós.
15
A quem gostaria
de pagar uma poncha?
A Alberto João Jardim.
16
Os 5 segredos da ilha…
Um lugar
Lagoa do Vento
Um hotel
Paul do Mar
Um restaurante
Chão da Ribeira
Uma atividade
ao ar livre
Caminhar pelas
montanhas
Uma loja
Loja do Marítimo.