açúcar - JM Madeira
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açúcar - JM Madeira
O CORAÇÃO NA BOCA A mulher Crónica de Patrícia Lencastre P. 2 O PALCO E O TRONO António Plácido e José Manuel Coelho Uma conversa na vida real P. 3 açucar 08 | suplemento que não pode ser vendido separadamente do JM | design açucar - ricardo tadeu barros | ilustração capa - JM talvez a revista mais doce da madeira BOCA DOCE 16 perguntas a Diogo Abrantes Campeão mundial de muay thai P. 15 ATA s ê u g u t r o p m e k c o r o a r o m Por a fundada 2015 08 a 2 | açúcar | SÁB 23 JAN 2016 o coração na boca A mulher Filhos ou pais, mulheres CRÓNICA ou maridos, Patrícia Lencastre amigos ou [email protected] colegas. www.shortstoryblog.com Somos tudo isto mas muito mais. Porque conseguimos ser tudo isto num só. h á não muito tempo atrás, enquanto viajava nos antigos armários da minha mãe, encontrei uma carteira recheada de pequenos tesouros aos meus olhos. Guardada de forma quase imaculada há mais de 30 anos, a carteira escondia uma série de rascunhos, recibos, anotações de reuniões e medidas que pretendia tomar. Pelo meio, nas costas de papéis e em postais que encontrava: poemas. Uns completos, outros inacabados. Rimas soltas que talvez pensasse depois vir a completar. Queria detestar O desenhado desejo E de ti desdenhar O movimento de um beijo Dizia a primeira quadra de um deles. Ainda não o consegui decifrar todo. Passo muitos momentos a tentar fazê-lo por entre a sua letra apressada, monóculo G imagino que escrita numa qualquer breve pausa de um dia. Tento decifrá-la porque penso que talvez tenha assim uma hipótese de a redescobrir. E aprendê-la enquanto mulher que foi, para além do mundo que era para mim. E isto fez-me pensar. No que somos para cada uma das pessoas das nossas vidas. Em quem era essa mulher - com mais ou menos a idade que tenho agora – para o mundo além de mim. Porque todos somos tantas pessoas em nós. Para os nossos pais, para os nossos filhos, para os nossos companheiros de vida, para os nossos amigos e colegas. Como se tivéssemos uma capacidade infinita de nos adaptarmos e recriarmos a cada contacto. Somos to- dos num só. Por um lado as eternas crianças indefesas para os nossos pais e, por outro, os pais protectores, fonte de conhecimento e porto seguro dos nossos filhos. E temos, todos, infinita capacidade de transformação, de acudira a cada um desses papeis num abrir e fechar de olhos enquanto os equilibramos. Filhos ou pais, mulheres ou maridos, amigos ou colegas. Somos tudo isto mas muito mais. Porque conseguimos ser tudo isto num só. Mas este – um só – fica tantas vezes apenas connosco e eu sinto que esta carteira, esta viagem ao início dos anos 80 mas ajudou a descobrir essa essência da minha mãe. Da mulher para além daquilo que eu via com os meus olhos de filha. a por Susana de Figueiredo osto das praias de calhau da Ilha. Das montanhas perpétuas e da sua altivez determinada. Da sua natureza violentamente bela, só, interpelativa. Gosto deste amor puro e duro que me enche da coragem de aqui ficar para sempre. E gosto de sentir que não é, afinal, coragem mas vontade. Ânsia circular de um recomeço longínquo e quase absurdo. E gosto tanto da gente daqui... Do bailado que traz o sorriso das crianças insulares, da bravura sin- gular que o isolamento lhes faz irromper de dentro, da gravidade do olhar que a gargalhada aguda amortece em ironia. Gosto do inabalável horizonte líquido que deixa tudo em aberto, das reticências rápidas e profundas preenchidas de futuro. Deste sabor agridoce de terra incompreendida. E do ventre quieto e quente que o azul obstinado deste mar embala, quando escuto o tempo que foi mais soma que tempo. Vaguíssimo. Insólito. Por pouco, irresolúvel. a a SÁB 23 JAN 2016 | açúcar | 3 o palco e o trono ©Martim Leitão José Manuel Coelho & António Plácido EDIÇÃO Susana de Figueiredo [email protected] a vida é um grande palco de imprevisibilidades, e, quer acreditemos ou não em acasos, a verdade é que uma conversa entre António Plácido e José Manuel Coelho aconteceria mais depressa na ficção do que na realidade. A Açúcar só teve de imaginá-la... António Plácido (AP) – José Manuel Coelho, quando era miúdo já brincava aos deputados? Quando é que percebeu que tinha jeito para a política? JMC - Eu nunca percebi que tivesse jeito para a política. O meu interesse pela política resultou de não aceitar as injustiças sociais como uma coisa normal, e achei que a forma mais eficaz de combatê-las seria através da política. AP – Apesar de ter sido militante do Partido Comunista, até 1999, e de ainda se considerar comunista, em 2007 foi candidato pelo PND. Acha que a política é um palco, onde todos são atores e onde as convicções importam pouco? JMC - Acho que sim, mas foi exatamente para contrariar esse “palco” que eu saí do PCP e do PND. Queriam espartilhar a minha ação segundo um guião, e eu via que esse guião não era o certo. AP – Federico Garcia Lorca dizia que “um povo que não ama e não cuida do seu teatro, se não está morto, está moribundo”. Acha que a Madeira tem cuidado bem do seu teatro? JMC - Não, não tem. O teatro tem sido muito negligenciado, a Madeira é, talvez, a terra onde esta forma de arte é menos incutida nas pessoas. O teatro tinha que ser promovido através das autarquias, das casas do povo, mas a juventude, ao fim de semana, vai é para as discotecas... AP - E a culpa é de quem? JMC - É de quem tem o poder político. AP – Acha que o teatro, para ter público, tem de apostar em estratégias bá- sicas de comicidade, abandonando a sua vertente pedagógica? JMC - Não. Deve ter sempre a sua componente pedagógica, aliás, era essa a função do teatro durante o salazarismo, não é por acaso que as peças eram previamente visualizadas e censuradas. O teatro desenvolve o espírito crítico, e, talvez por isso, não seja muito bem visto pelo poder político. AP – O José Manuel Coelho é hoje o homem que imaginava ser há vinte anos? JMC - Eu nunca almejei chegar onde cheguei. A vida é um acidente, um produto do acaso. E eu sou deputado por acaso. AP – Como gosta de ocupar o seu tempo fora da política? JMC - Dedico-me à leitura e à agricultura. Também gosto de correr. Um diálogo na vida real: António Plácido, Vicepresidente do Teatro Experimental do Funchal, ator e intérprete da palavra, e José Manuel Coelho, deputado do PTP. a 4 | açúcar | SÁB 23 JAN 2016 AP - E o que gosta de ler? JMC – De tudo um pouco. Tanto leio uma obra de um religioso como a de um ateu. É importante diversificar, conhecer um determinado pensamento e também o seu contrário. «Não tenho ambições políticas. Se as tivesse, não combatia o Regime» AP – Gosta de viajar? JMC - Também gosto, mas não tenho tido muitas oportunidades para tal. Fiz poucas viagens. Estive no Ultramar, durante a tropa, fui à União Soviética, em 1981, e a Londres, em 2012, a convite da comunidade de emigrantes madeirenses. AP – E de cinema, também gosta? JMC - Gosto, mas não costumo ir, porque a vida política absorve-me o tempo quase todo. Quando era jovem ia com frequência ao cinema. Nos anos 60, a vida era diferente, os bons filmes passavam nos cinemas e os espetáculos nas grandes casas de espetáculo. AP - Esta pergunta sobre o cinema não foi uma pergunta inocente… Quando levou para a Assembleia António Plácido "encontrou" um José Manuel Coelho menos conhecido dos madeirenses. um relógio enorme pendurado ao pescoço, transportou-me para um filme de Ingmar Bergman que me marcou na adolescência: “Lágrimas e suspiros”, em que a obsessão pelo tempo é traduzida pelos relógios... JMC – Esse episódio foi uma sátira ao regimento da ALRAM, que, na altura, era muito castrador da liberdade de intervenção do deputado. O limite era dois minutos. Ora, como o regimento obriga que se cumprimente a mesa, esse preâmbulo praticamente “limpava” um minuto da minha intervenção. Então, quase não podia exercer o meu dever de deputado. AP - Tem consciência que esse tipo de estratégias o tornou mais conhecido? JMC - Sim, mas não foram estratégias para me tornar conhecido, fi-lo para derrubar barreiras, pois entendo que não devemos recorrer à violência para impor a justiça, temos de usar meios pacíficos. AP – Qual é a sua grande ambição política? JMC - Não tenho ambições políticas. Se as tivesse, não combatia o sistema. AP - Então, porque concorreu à Presidência da República? JMC – Fi-lo com o intuito de alertar para a situação que se vivia no país, em geral, e na Madeira, em particular. AP - Ou seja, todo o “teatro” que tem feito é uma forma de denunciar aquilo que está errado? JMC – É uma forma de exercer a democracia, de procurar aperfeiçoar o sistema político e a sociedade. A democracia é como as plantas, precisa de ser cuidada, senão definha e morre. AP - Mas, agindo desse modo, não se arrisca a ser acusado de “enxovalhar”? JMC - O que faz enxovalhar os regimes democráticos são os desvios. Por exemplo, a doutrina de Cristo, quer se acredite ou não nele, é boa, mas, ao longo da história, tem vindo a sofrer desvios graves. O mesmo sucede relativamente ao socialismo. AP – Depois de ter entrado na política, tem mais amigos ou inimigos? JMC - Tenho cada vez mais inimigos. Quando começamos a contestar o poder instalado, os vícios da sociedade, a primeira reação é a revolta das pessoas que beneficiam daquela situação. AP – Mas isso não é contraditório? Vejamos, se o seu papel tem sido defender a maior parte das pessoas contra uma minoria, essa maioria não deveria ser “sua amiga”? JMC – Pois... Acontece que a maior parte das pessoas é manipulada. Quando comecei a minha luta, tinha muito mais votos do que tenho agora. Como quase todos dizem mal de mim, influenciam negativamente as pessoas menos esclarecidas. É como no tempo do Salazar, as pessoas menos cultas tinham ódio ao comunismo porque as elites e os órgãos de informação manipulavam a opinião pública. Daí a importância da cultura, permite distinguir o verdadeiro do falso. a a ©DR SÁB 23 JAN 2016 | açúcar | 5 A T A o t r o m á t s e o ã n k c o ro O grupo de originais escolheu o tema “Chuva” para gravar o terceiro teledisco. Com seis anos de existência, os ATA vêm provar que o Rock não está morto, apesar de ainda não terem conseguido conquistar um dos principais objetivos: o mercado nacional. Será que é desta vez? É a pergunta que o vocalista da banda, Fernando Almeida, faz numa altura em que ser músico na Região é um ato de coragem e de loucura. ENTREVISTA Sandra S. Gonçalves [email protected] O s ATA vêm, mais uma vez, provar que o Rock não está morto. A banda madeirense de originais, formada em 2010 e apre- sentada ao público em 2012, está de volta com o terceiro videoclipe, intitulado “Chuva”, que foi rodado na Região pela mão da realizadora Cristina Vieira. Fernando Almeida, vocalista e porta-voz do grupo, afirmou que este novo projeto é a continuidade do trabalho que os ATA têm vindo a desenvolver desde que saíram os videoclipes “Pula Pula” e “Fácil”, em 2013 e 2015, respetivamente. «A nossa ideia era todos os anos apresentar sempre algo de novo, mas não tem Fernando Almeida lamentou o facto de a música não ser devidamente apoiada, o que dificulta a vida dos artistas na Região. sido possível devido às inúmeras contrariedades que temos encontrado», disse. O áudio do teledisco foi gravado por Beto Madeira e a masterização do tema é da autoria de João Moreira. Em fase de conclusão, o lançamento do “Chuva” está previsto para o final de fevereiro ou início de março, sendo que ainda está por definir o local para a apresentação oficial da música da autoria dos elementos da banda. São eles: Bruno Freitas na bateria, Fernando Almeida na voz e baixo e Filipe Pereira na guitarra. «Quanto ao lançamento e promoção deste videoclipe, estamos em conversações e a ultimar pormenores com uma editora de nova geração, a “DFM”, com sede no Funchal. Estamos ansiosos, porque se avizinham várias ações e surpresas neste campo», adiantou, acrescentando que as redes sociais não são suficientes para a promoção do tema. A banda, que toca música 100 por cento portuguesa, escolheu o “Chuva” para gravar o terceiro a 6 | açúcar | SÁB 23 JAN 2016 videoclipe porque, conforme explicou, é uma música de esperança que vai de encontro àquilo que as pessoas precisam de ouvir nesta altura. «Neste momento temos cerca de duas dezenas de temas originais e todos seriam ótimos para gravar um videoclipe, mas optámos pelo “Chuva” porque tem uma mensagem de otimismo e nos dias que correm, devido às dificuldades que a região e o país atravessam, é sempre bom transmitirmos uma certa esperança. Além disso, é uma música alegre que funciona, porque fica no ouvido de quem ouve. Temos também de jogar com esta parte “comercial” para que se consiga alcançar o sucesso», vincou. ÉLVIO CAMACHO PARTICIPA NO VÍDEO O vocalista do trio adiantou que o teledisco conta com a participação espe- cial do conhecido ator madeirense Élvio Camacho, que se tornou célebre depois de fazer parte do elenco da série juvenil Morangos com Açúcar, da TVI. Fernando Almeida revelou que foi uma mais-valia contracenar com o artista, de quem amigo, e por isso acredita que o produto final ficou com mais qualidade devido às indicações que deu a todos os que participaram na gravação do tema, não só os músicos, mas também as atrizes Catarina Pimenta e Carolina Abreu. «Já há muito tempo que queria gravar um videoclipe com o Élvio, porque considero-o um dos melhores atores da atualidade e deu-me um prazer enorme ele ter aceite o convite da banda. A prestação dele está incrível na forma como nos põe a contracenar uns com os outros e houve um rol de cenas que surgiram de improviso devi- O teledisco da música “Chuva” conta com a participação especial do conhecido ator madeirense Élvio Camacho, que se tornou célebre depois de fazer parte do elenco da série juvenil Morangos com Açúcar, da TVI. do à sua enorme experiência», sustentou. NÃO É FÁCIL SER MÚSICO NA REGIÃO O teledisco foi gravado em dois cenários diferentes: um no Espaço 116, na Zona Velha, e outro no Complexo Desportivo do Faial, onde não faltaram os drones, da equipa de Vítor Carvalho, e os skaters. O porta-voz da banda aproveitou a ocasião para agradecer a todos os que colaboraram na gravação do “Chuva”, apesar dos entraves que algumas entidades regionais colocaram na escolha dos locais. Fernando Almeida lamentou o facto de a música e as artes, em geral, não serem devidamente apoiadas, o que dificulta a vida dos artistas na Região. «Não é fácil ser músico na Madeira, digamos que é um ato de coragem e, ao mesmo tempo, de loucura, mas não podemos desistir. Numa altura em que o dinheiro não abunda, se não há verbas para as outras áreas, consideradas as mais básicas, a cultura é sempre a que mais sofre», afirmou. Na sua ótica, as dificuldades aumentam quando se trata de uma banda de originais que se vê limitada pelos promotores de eventos e agentes culturais que preferem contratar um grupo de “covers”, porque vai de encontro àquilo que o público quer e que, de certa forma, foi educado para ouvir. «As pessoas querem ouvir as músicas “x” ou “y” que passam a toda a hora nas rádios e, se calhar, estas também têm alguma responsabilidade nisso, porque somos capazes de ouvir o mesmo tema cinco ou seis vezes. Por isso, se aparecemos num bar a tocar uma música que nunca ouviram, por muito boa que seja vão demorar muito mais tempo a a SÁB 23 JAN 2016 | açúcar | 7 O videoclipe foi gravado em dois cenários diferentes: um no Espaço 116, na Zona Velha, e outro Complexo Desportivo do Faial. assimilar, acabando por haver uma certa relutância em relação a isso», lamentou, dizendo que sente que o facto de cantarem apenas músicas portuguesas não é um entrave, uma vez que «a língua é universal». EDUCAR PARA A MÚSICA Segundo o artista, «enquanto não houver uma mudança de mentalidades» e um alargar de horizontes o problema irá sempre persistir. «Os responsáveis pelos espaços de diversão vão sempre de encontro àquilo que as pessoas querem ouvir com a justificação de que é o cliente que manda. É verdade que esta lógica está certa, mas acaba por ser um ciclo vicioso, porque se não derem ao público outro tipo de música para consumir este vai estar sempre à espera do mesmo, daí a necessidade de educar as pessoas para outras realidades», frisou. Nesse sentido, o trio foi “obrigado” a incorporar no seu repertório musical alguns “covers” para se adaptar à realidade da Região como a “A Mula da Cooperativa” do eterno Max, “Saudade” dos Heróis do Mar e “Cairo” dos Táxi. Temas de artistas e bandas já extintos que os ATA dão o seu “toque especial”, tornando-os “rockeiros”, ou este não fosse o estilo musical que os define. «Tivemos que incorporar alguns “covers” no nosso repertório musical para podermos ter a oportunidade de tocar em outros locais, mas quando tomámos essa decisão, a escolha das músicas não foi ao acaso, tanto que as que tocamos têm um significado para nós», referiu. TEMA DE TELENOVELA Desde que surgiu na indústria musical madei- «Nessa altura, se tivéssemos conhecido pessoas responsáveis por telenovelas ou séries televisivas, provavelmente tínhamos conseguido singrar no continente. Quem sabe se não é agora que a nossa música entra “pela casa adentro das pessoas”». rense, especialmente depois da gravação do “Pula Pula”, que um dos principais objetivos do grupo era que o tema fizesse parte da banda sonora de uma telenovela, o que seria, no seu entender, um passo importante para conquistar o mercado nacional, até porque as pessoas acabam por ficar com as músicas no ouvido. Passados três anos, os elementos dos ATA não conseguiram ir mais além. «Nessa altura, se tivéssemos conhecido pessoas responsáveis por telenovelas ou séries televisivas, provavelmente tínhamos conseguido singrar no continente, mas infelizmente isso acabou por não acontecer, quem sabe se não é agora que a nossa música entra “pela casa adentro das pessoas”», disse. Assim como o Rock não está morto, como muitos apregoam, a banda não vai desistir de tentar a sua sorte em outros mercados. «O facto de estarmos numa ilha limitanos imenso. Se estivéssemos no continente a probabilidade de chegarmos mais longe era maior, porque o mercado é outro e não existem tantas limitações, sobretudo no número de espaços onde podemos atuar de acordo com o nosso estilo», salientou. Neste momento o grupo de originais não tem manager. O músico acredita que com uma estratégia de marketing bem definida os ATA conseguirão chegar a bom porto. Por enquanto, vão tentando a sua sorte na Madeira, mas para isso é preciso que os promotores de concertos valorizem mais as bandas regionais. «Apostem naquilo que é de cá, para ver se juntos conseguimos fazer a revolução e abanar a indústria musical madeirense», rematou. a a 8 | açúcar | SÁB 23 JAN 2016 a viajante Estes são mais três dos destinos favoritos da viajante Sofia Vasconcelos. Para desfrutar «a sós, com amigos ou em família». Cidades a visitar em 2016 Sofia Vasconcelos www.frommadeiratomars.com [email protected] https://www.facebook.com/ Frommadeiratomars Instagram@frommadeiratomars 1 Auvers-sur-Oise Quer saber o que está neste cantinho do Mundo que inspirou os quadros de Van Gogh? Considere uma visita fora dos trajetos mais turísticos para uma experiência personalizada e relaxante, apenas a uma hora de Paris. Muitos (se não a maioria) das pessoas conhece Paris. Pelos melhores e piores motivos é um dos destinos mais conhecidos na Europa. Mas porque não conhecer o campo e a sua envolvência, as suas flores e casinhas rústicas. Prove os croissants “au chocolat” nas padarias locais e saboreie um bom vinho francês ao sabor do vento das propriedades vinículas e sob as flores das amendoeiras, em contraste com o azul do céu. Perfeito para longas caminhadas, reveja as paisagens dos quadros de Van Gogh e a história inspiradora daquele que é um dos pintores famosos do Século XIX. Ao visitar Auvers sur Oise, parece que retrocedemos no tempo e descobrimos um local que inspira paz e beleza. COMO LÁ CHEGAR? Voos diretos desde a Madeira para Paris com a Transavia. Auvers sur Oise fica a 50 minutos de carro desde o aeroporto de Paris (Orly). ONDE FICAR? Péniche Daphné Quai de l'île - 25 rue Marcel Martin, 95430 Auvers-surOise. Au Trianon D’Auvers 10 Rue Des Bartagnoles, 95430 Auvers-sur-Oise. a a SÁB 23 JAN 2016 | açúcar | 9 2 Dresden 3 Dresden foi uma agradável surpresa. Esta cidade alemã está cheia de atrações históricas, monumentos em estilo barroco, museus e teatros espectacularmente fundidos com a cultura moderna, arte e os hipsters do bairro de Neustadt. Adorei explorar os pequenos pátios das casas onde se encontram os seus ateliers, as lojas de vinyl e os mercados de rua. À noite, há festa garantida já que tem a maior densidade de bares e clubes na Alemanha. Adorava lá voltar. Viena «Agora é só escolher, mas não deixe de ir, de seguir, de viajar e de tornar o sonho realidade». COMO LÁ CHEGAR? Voos diretos desde a Madeira com a Germania. ONDE FICAR? Innside by Meliá Dresden Salzgasse 4, Altstadt, 01067 Dresden. LaLeLu Hostel Königsbrückerstrasse 70, Dresden. a Viena é uma cidade incrível! Tem museus contemporâneos, o culto dos cafés, restaurantes e muitos recantos para descobrir. Vale a pena visitar o Museums Quartier um exemplo de arquitetura moderna integrada num espaço público com cafés, restaurantes e zonas de lazer. Sinta a grandeza imperial de Viena, com palácios inesquecíveis tais como Schloss Belvedere. Em Viena respira-se música, não só em espetáculos de música clássica, nos teatros, como também em bares de rock e jazz ao vivo. Esta cidade grande e multifacetada, tem uma qualidade de vida que se sente a pé, de bicicleta ou através dos excelentes transportes públicos. COMO LÁ CHEGAR? Voos diretos desde a Madeira com a Austrian Airlines. ONDE FICAR? Hotel Daniel Vienna Landstraßer Gürtel 5, 03. Landstraße, 1030 Viena. Meninger Hotel Wien Downtown Franz Rembrandtstraße 21, 02. Leopoldstadt, 1020 Viena. a a 10 | açúcar | SÁB 23 JAN 2016 horas vagas [livro, filme, música] Sandra Sousa http://estrelasnocolo.wordpress.com O livro “Conversas com a minha gata”, poderá dizer-se, é uma obra de autoajuda um pouco disfarçada. Conhecemos Sara que, de repente, se vê num limbo. Tem de avançar, mas, Virgílio Jesus cinema [email protected] T odos nós conhecemos Leonardo DiCaprio enquanto estrela de cinema e como galã da indústria de Hollywood que deixou a sua marca no filme Titanic (1997). Desde então, já embarcou em tantas outras extraordinárias viagens que esta é facilmente esquecida. Agora, quase 20 anos depois, apresenta-nos uma das suas melhores interpretações, demasiado física e expressiva que, sem sombra para dúvidas, lhe valerá o Óscar. “O Renascido” conta-nos a história verídica de um caçador de peles que durante uma expedição acaba por ser ferido por um urso. Alguns dos membros da expedição tentam cuidar dos seus ferimentos, mas Glass é enterrado vivo por um criminosso, John Fitzgerald (Tom Hardy, com uma linguagem seca, maligna e arrogante), que ainda assassina o seu filho. Aí começa uma incrível jornada de sobrevivência e de vingança. Além da temática extremamente interes- Diogo Freitas [email protected] C SUGESTÕES - Hunky Dory, 1971 RCA Records - Station To Station, 1976 RCA Records - Outside, 1995 Virgin Records - Black Star, 2016 ISO Records (própria). omeço este artigo reconhecendo que o tema, assim como o título, tem sido bastante batido. Mas, tendo a oportunidade, aqui fica o meu tributo a Davie Jones, David Bowie, Ziggy Stardust, Thin White Duke... Voz única, que fazia dele um dos melhores intérpretes das últimas décadas, Bowie era um artista completo. Para além das leituras profissionais obrigatórias, o libreto do “Hunky Dory” foi dos “livros” que mais li na vida. Para mim o melhor disco de Bowie, eufórico, in- livro Conversas com a minha gata Eduardo Jáuregui para isso acontecer, tem de dar passos muito importantes que irão mudar completamente a sua vida. É impulsionada por uma gata que lhe aparece subitamente na janela do seu apartamento e que fala com ela, dando-lhe ordens diretamente! Como devem calcular Sara pensa que enlouqueceu, mas é no meio dessa loucura que ela vê uma boia para se segurar quando parece que tudo à sua volta se afunda. Aos poucos vai-se deixando levar pela voz calmante da gata e segue as pistas que esta lhe dá para, com pequenos passos, ir mudando hábitos e rotinas que lhe estavam a “roubar” o melhor da vida. a The Revenant: O Renascido sante, que mostra os confrontos de inúmeros caçadores com americanos nativos, “The Revenant: O Renascido” apresenta algumas sequências metafísicas tão características das outras obras-primas de Alejandro G. Iñarritu, desta vez com influências de Terrence Malick e do também mexicano Alfonso Cuáron. Um clássico imediato que tem a função de revitalizar o género há muito perdido no tempo e na memória, o “western”. a Realizado por Alejandro G. Iñarritu Elenco Leonardo DiCaprio, Tom Hardy, Domhnall Gleeson, Will Poulter e Forrest Goodluck Duração 156 minutos Género Aventura / Drama música Somos Todos Super Homens... trospectivo e psicadélico, este álbum deu-nos as conhecidas Changes ou Life On Mars. Mas depois tem temas como Quicksand ou The Bewlay Brothers. Neste disco temos referênicas a Warhol e aos Velvet Underground, que o marcariam no futuro. E não podemos falar dos Velvet Underground sem falar de Lou Reed, que Bowie encontra nos anos 70 na fase de Berlim, juntamente com Iggy Pop. É com Bowie que Iggy compõe o famoso “Lust For Life”. E é com a Berlim dividida em mente que é composto o hino He- roes, uma história de amor marcada pelo Muro (“I can remember/ Standing by the wall/ And the guns/ Shot above our heads/ And we kissed/ As though nothing could fall”). Para além do new wave, pop puro e duro e toques tropicais, Bowie passou ainda pela electrónica de maneira marcante. Com Brian Eno, fez Outside (1995), um disco electrónico industrial, com uma narrativa artística conceptual. Não menosprezando as inúmeras fases e façanhas desta estrela caída do céu, saltamos dos anos 90 directamente para Ja- neiro de 2016. Mais precisamente para o dia 8, em que lança Black Star. É um disco mais pesado, que nos remetia já para a ainda desconhecida fase de doença por que já passava, quando o escreveu e gravou. Ouvindo, agora (obrigado, T.M.F.), percebemos o quão genial era David Bowie e que todo ele era arte. Se em 1971 escrevia “I’m not a prophet or a stone age man/ Just a mortal with potential of a superman/ I’m living on”, na sua partida para o espaço, de onde certamente vinha, era um mortal que foi Super Homem. a a SÁB 23 JAN 2016 | açúcar | 11 na moda Saldos… Para eles! 1 Blusão e calças Zara / 1 camisola lã - Gant.com / Malha - asos.com / ténis Adidas em Footasylum.com 3 2 Sobretudo - Zara / 5 Casaco e jeans Gant.com / camisaRalph Lauren na Cortefiel 3 Blusão - Mango.com/ camisa e camisola Gant.com / calças-Zara / botas-Eureka 2 4 4 Blusão e camisola Gant.com / calçasMango.com / sapatos - Eureka 6 5 Casaco, camisola e camisa - Gant.com/ calças - Mango.com 6 Blazer e calças - Zara Laura Capontes lauracapontes@[email protected] foto © Laura Capontes s e a palavra saldos, para as mulheres, é sinónimo de euforia e emoção, para os homens já não é bem assim. Filas longas, confusão, andar de loja em loja a comparar preços? Não! Não é um programa que os atraia muito. É certo que os homens, cada vez mais, se preocupam com o seu visual e estão mais atentos às novidades do mundo da moda, comprando roupa, sapatos e acessórios com mais regularidade e / camisa e camisola - Gant / botas - Eureka sempre de olho nas tendências. Geralmente decidem muito mais rápido que nós e mantêm-se firmes ao que realmente pretendem e necessitam. Por isso, se não tiverem realmente a necessidade de comprar algo, muitas vezes a época de saldos passa-lhes ao lado. “Se tenho calças e ténis de que gosto, e os uso regularmente, não preciso de comprar nada disso de momento”. É mais ou menos assim que pensam? É normal! Muitas mulheres também gostavam de ir aos saldos com esse pensamento. Concordo que devemos fazer compras pondera- das e não nos deixarmos levar pela emoção nem pelo impulso, no entanto, podemos encontrar boas opções nos saldos, apostando em peças de qualidade (qualidade não é necessariamente sinónimo de caro, tenho malhas da Zara, Massimo dutti, etc.. compradas nos saldos que já têm alguns anos!) e intemporais. Nesta altura, os preços baixaram novamente e numa pesquisa que fiz ainda encontramos muitas peças de qualidade para homem e a preços bem simpáticos, aproveitem e apostem num fato com um bom corte (não trabalha de fato? Não faz mal, um fato acaba sempre por ser necessário, para festas ou eventos formais), jeans, sapatos, ténis, camisas, malhas, um bom casaco e um blusão são sempre boas opções. Se, mesmo assim, ir para lojas na época de saldos não é para si, pode sempre comprar online, onde até muitas vezes encontra mais diversidade de marcas e modelos (Footasylum, Asos, Gant, Mango, Eureka, Vicri, Lion of Porches, entre outras). Fiz alguns looks com peças em saldos para se inspirarem, e claro, adaptarem ao vosso gosto e estilo. Boas Compras! a a 12 | açúcar | SÁB 23 JAN 2016 feliz com menos Juntinho ao coração Débora G. Pereira www.simplesmentenatural.com A inda antes de ser mãe, fui a um retiro de alimentação macrobiótica onde conheci uma mãe que carregava o filho de cerca de 2 anos num tecido. Achei maravilhoso, a criança parecia muito satisfeita e a mãe também. Eu, que já na altura não via muita piada a ter que manobrar um carrinho com a minha notável agilidade, pensei que aquele método de carregar o bebé seria perfeito para mim e para as minhas futuras crias. Desde os primeiros dias de vida, utilizei com os meus filhos os porta bebés, aliás nunca sentimos necessidade de adquirir um carrinho. Ambos se sentiam tão confortáveis e aninhados juntinho ao meu coração que, frequentemente, durante os nossos passeios aproveitavam para dormir e encantar as pessoas por quem passávamos. Algumas estranhavam, porém, a maioria abria um enorme sorriso mesmo não nos conhecendo de lado nenhum. Existem diferentes tipos de porta bebés, uns mais adequados a bebés pequenos e outros a crianças mais crescidas. Além de prático e confortável, este modo de transportar o bebé traz vários benefícios ao nível da postura tanto da mãe como do bebé, ao nível social, pois o bebé encontrase à altura do campo de visão dos adultos recebendo mais estímulos e ao nível afetivo, contribuindo para o fortalecimento do vinculo mãe-bebé. Eu reparava que os meus bebés se sentiam mais seguros, acalmandose com maior facilidade e eu ficava com os braços libertos. Saliente-se que tal como os carrinhos de bebé ou as cadeiras para o automóvel, a utilização de porta bebés também deve de obedecer a normas de segurança, tais como: porta bebé bem ajustado, nem muito apertado nem muito frouxo; a cara do bebé deve estar sempre visível para haver circulação de ar e a mãe poder olhar para ele; deve haver pelo menos um dedo entre o queixo e o peito do bebé; o bebé deve estar suficientemente alto para poder ser beijado e ter um bom suporte nas costas e pernas (porta bebés ergonómicos) de modo a respeitar a sua anatomia e fisiologia. Para mais informações a este respeito, pode consultar a Doula e Consultora de amamentação Maria Faria através da sua página no Facebook Gosto de ser Mãe e, ainda, assistir a um desfile de porta bebés que decorrerá no próximo dia 30 de janeiro, pelas 19h, no restaurante Magic on the Rocks (Madeira Magic). Uma semana cheia de momentos felizes. a saúde Pediculose “Piolhos” um problema Sempre Actual Bruno Olim Farmacêutico [email protected] N a sociedade actual persistem ainda alguns mitos e inverdades sobre este ser que apresenta uma belíssima capacidade de adaptação (múmias egípcias com mais de 3 mil anos apresentavam piolhos). É necessário conceber o piolho como um ectoparasita, que persiste como resultado das nossas relações de proximidade social, logo, sem nenhum cunho pejorativo, nem de rótulo social. O piolho da cabeça é um insecto que parasita externamente a cabeça do ser humano (é especifico do Homem e não contamina outros animais), alimenta-se de sangue (o prurido surge cerca de 1 a 2 semanas após a infestação, devido ao picar, à saliva e às fezes), o piolho fêmea deposita entre 3 a 8 ovos (lêndeas) por dia. A infestação não é associada à falta de higiene, no entanto, bons hábitos de higiene permitem uma detecção precoce e tratamento mais rápido. O piolho não salta nem voa, não provoca nenhuma patologia grave (a utilização de produtos O piolho não salta nem voa, não provoca nenhuma patologia grave e localiza-se junto à raiz do cabelo para se poder alimentar várias vezes ao dia. não autorizados para o efeito causa mais dano que a infestação), o piolho localiza-se junto à raiz do cabelo para se poder alimentar várias vezes ao dia (o cabelo curto não resolve o problema, só facilita a remoção dos piolhos e lêndeas). O piolho foi transmitido por outra pessoa (contacto entre cabeças, pentes escovas, chapéus, bonés, gorros, elásticos do cabelo etc.), não interessa quem, só interessa tratar! Tratar uma pediculose encerra um conjunto de medidas, como a remoção do piolho e lêndeas mecanicamente com um pente metálico (pentear diariamente durante 2 semanas) exaustivamente mecha a mecha de cabelo (nuca e atrás das orelhas), sendo que o pente deverá ser verificado para eliminação dos parasitas e ovos em cada passagem. É importante verificar e limpar todos os objectos utlizados na cabeça (chapéus, elásticos etc.), lavar roupa de cama, toalhas e forras de almofadas a temperatura elevada, inspecção e tratamento do resto da família (verdadeiras medidas preventivas). Em termos de abordagem terapêutica, existe uma vasta gama de produtos, cada um com a sua especificidade, sendo importante seguir o conselho do seu farmacêutico e cumprir escrupulosamente o regime posológico. Não existe prevenção farmacológica, só comportamental. a a SÁB 23 JAN 2016 | açúcar | 13 feliz com mais A primeira vez [email protected] N ão me recordo exatamente qual foi o primeiro prato que fiz, digno desse nome. Lembro-me em que altura foi, mas não o quê, pelo menos, não precisamente. Estava na faculdade a estudar algo que não me via a fazer num futuro, nem próximo, nem longínquo, entre pizzas congeladas, tigelas de cereais, louça até ao teto, etc., a única refeição decente que conseguia ter era ao fim de semana, quando ia passá-lo com a namorada da altura. A minha inaptidão na arte de manejar zinha veio após uma daquelas discussões de casal, estúpidas, como todas são no início dos 20 anos, “nunca fazes nada, não ajudas em nada, estou farta de fazer tudo sozinha” – deixo à vossa imaginação o resto da conversa. Confesso que não era uma pessoa fácil de aturar em relação a isso, cresci numa casa em que as tarefas domésticas não eram partilhadas igualmente entre os sexos, principalmente na parte da cozinha. A minha avó tratava dos pratos principais, durante a semana, a minha mãe encarregava-se do fim de semana e a minha tia das sobremesas. A minha principal preocupação cingia-se ao ato de enfiar a comida pela goela abaixo, e isso foi algo que se trans- portou para aquele período de transição entre a parvoíce da adolescência e a maturidade da idade adulta. Após uma dormida de costas voltadas - escusado será dizer que, num pré-adulto que só estava ao fim de semana com a namorada, isso tem efeito imediato resolvi meter a mão na massa e tratar de resolver esse problema de maneira rápida e eficaz. Limpar a casa não era dos meus pontos fortes, nem arrumá-la, só restava cozinhar. “Vou fazer a melhor refeição da tua vida!” – não disse, mas terá certamente passado pela minha cabeça tal pensamento, afinal de contas, não parecia ser algo tão difícil. Não me lembro o que foi o jantar nessa noite, mas a probabilidade de ter sido uma massa, ressequida, pegajosa, insonsa ou demasiado salgada, acompanhada por uma lata de atum ou bocados de frango, é alta. Também não me recordo do sabor, mas sei que foi o suficiente para não voltar a dormir de costas voltadas. a PUB SideDish Moustache tachos, frigideiras, panelas, facas – 99% das vezes acabavam como uma cena digna do SAW - era de tal maneira que fazer um simples prato digno desse nome, volto a frisar a importância de tal facto, era simplesmente impossível – nem Ethan Hunt conseguia salvarme. O tempo ia passando e continuava nas minhas belas idas ao centro comercial, pizzas e cereais durante a semana, o álcool também existia em horário “pós-laboral” – escusado será dizer que com uma alimentação baseada em E’s e outras letras do alfabeto, a barriga começou a inchar e a crescer cada vez mais. Olhando para o passado não é um tempo de que me orgulhe muito. A primeira aventura na co- a 14 | açúcar | SÁB 23 JAN 2016 mais açúcar 4 pessoas Dificuldade Média - 1 Hora Pêra assada e recheada com requeijão ingredientes modo de preparação 4 pêras descascadas 4 colheres de sopa de açúcar amarelo 1 pau de canela 1 estrela de anis 2 dl de Vinho Madeira 1 requeijão 4 colheres de sopa de nozes Alfaces variadas Comece por descascar as pêras e coloque-as num tabuleiro de ir ao forno, depois junte o pau de canela, a estrela de anis, o açúcar e regue com o Vinho Madeira, depois tape o tabuleiro com papel alumínio e leve ao forno previamente aque- cido a 180ºc por 35 minutos. Passado o tempo retire as pêras e corte-as ao meio e retire o caroço, recheie com o requeijão e sirva sobre a salada temperada com azeite e vinagre, as nozes e algum molho do assado. a Granola Pequenos-almoços saudáveis com granola caseira Chef Pasteleira - Eleven, Lisboa [email protected] D e há uns tempos a esta parte, e um pouco por todo o lado, a palavra “gourmet” passou a ser obrigatória em mercearias, supermercados, restaurantes, hamburguerias, botecos, enfim, em tudo o que se relaciona com produtos alimentares ou com gastronomia. São as conservas, os enchidos, os biscoitos, as bolachas, os pratos, os hamburgers, as sandes, sei lá, é tudo e mais um par de botas! Chega ao ridículo de haver produtos que, apesar de serem exactamente iguais ao que sempre foram, são modo de preparação 50g de morangos desidratados 80g de pistáchio 120g de noz pecan 120g de amêndoas 50g de sementes de girassol 50g de sementes de sésamo 200g de mel 400g de flocos de aveia - Tostar o pistáchio, noz, amêndoa e sementes no forno por 15 minutos a 150º. - Aquecer o mel, juntar os flocos de aveia e envolver bem. Colocar a aveia num tabuleiro sobre papel ve- A Mania do Gourmet... anunciados como distintivos, simplesmente pela metamorfose que o “gourmet” sugere. Imagine, caro leitor, uma lata de conservas da marca x, que antes comprava no supermercado por 1,00€, passar a custar 2,00€ por quaisquer artes de mágica. Simplesmente, por ostentar a palavra “gourmet”. Para este fenómeno não me ocorre mais nada do que apelidá-lo de fraude, mas, neste caso, é uma fraude que o consumidor, presunçoso e aspiracional como é, legitima pagando um prémio pela palavra “gourmet”, e ainda fica muito feliz …. Actualmente, não há ninguém que se preze dentro desta indústria que não tenha qualquer produto que não seja “gourmet”, não sei mesmo o que era de nós antes da entrada de rompante do “gourmet” no léxico e na boca de todos nós. A nossa vida e cultura gastronómica deveriam ser um autêntico deserto! O grau de exigência dos consumidores deve ser cada vez maior, e para tal há que começar a desconfiar sempre do já omnipresente “gourmet” em quaisquer produtos ou estabelecimentos. a getal e levar ao forno a 180º durante 20 minutos, mexendo a cada 5. - Depois de arrefecida, juntar os frutos secos e o morango desidratado. Armazenar numa embalagem hermética. a por António Janela ©Colorbakery Joana Gonçalves ingredientes a SÁB 23 JAN 2016 | açúcar | 15 boca doce Diogo Abrantes Campeão mundial de Muay Thai 1 12 Três características da sua personalidade que melhor o definem? Determinação, honestidade e humildade. O que distingue um madeirense de um continental (além do sotaque)? Acho que os continentais têm mais facilidade em se exprimir. 2 13 A crítica mais construtiva que já lhe fizeram? E a mais injusta ou absurda? Que deposito demasiada confiança e importância em quem não merece. A mais absurda, que sou demasiado persistente. Que opinião tem dos madeirenses que escondem o sotaque? Acho mau demais. 14 Que expressões madeirenses usa com mais frequência? Espigos. 3 A decisão mais importante que teve de tomar? Deixar de fazer uma vida com hábitos menos saudáveis para me transformar num desportista vencedor. 4 A sua dúvida mais persistente? O que vou fazer quando deixar a competição? 5 Um arrependimento? Ter feito um interregno nos estudos dos 17 aos 25 anos. 6 Um ato de coragem? Ter lutado bastante doente. 7 Uma atitude imperdoável? Atitudes imperdoáveis são roubar, matar, violar, entre outras coisas deste calibre de gravidade. Quem nunca fez nada disto deve ser perdoado. 10 8 A companhia ideal para uma conversa metafísica? A minha ex-namorada. 9 Qual é a sua maior extravagância? Viajar. Quem são os seus heróis na vida real? Rickson Gracie, Andre Agassi, Ayrton Senna, Saenchai, Stephen Hawking e David Gilmour. 11 Uma doce memória da infância? Os passeios com os meus avós. 15 A quem gostaria de pagar uma poncha? A Alberto João Jardim. 16 Os 5 segredos da ilha… Um lugar Lagoa do Vento Um hotel Paul do Mar Um restaurante Chão da Ribeira Uma atividade ao ar livre Caminhar pelas montanhas Uma loja Loja do Marítimo.