Fanzine At Last

Transcrição

Fanzine At Last
CYNDI LAUPER – Fazendo música nos seus próprios termos
P
ara quem acompanha
o trabalho de Cyndi
Lauper
é
estranho
dizer que ela está de volta,
afinal Cyndi tem estado na
ativa ininterruptamente nos
últimos anos. Em 1997 lançou o álbum Sisters of Avalon pela Sony Music, álbum
este que chegou a render
dois videoclipes: You don’t
Know e Sisters of Avalon
com direito a exibição na
MTV; um privilégio se formos levar em consideração
o que viria pela frente.
Cyndi não estava satisfeita
com a divulgação de seus
trabalhos na década de 90,
então simplesmente lançou
mais um álbum em 1998,
Merry Christmas... Have a
Nice Life, com músicas natalinas e encerrou o contrato
que a obrigava
a lançar este
álbum,
desligando-se
da
gravadora
e
mergulhando
de vez no esquecimento por
parte da mídia.
Cyndi, contudo, passou a
trabalhar como
nunca.
Basta
observarmos
sua trajetória a
partir de 1997, ano em que
entrou em turnê pelos Estados Unidos com Tina Turner,
com o objetivo de promover
Sisters of Avalon. Mesmo
estando grávida, Cyndi se
apresentou até as vésperas
do
nascimento,
em
19/11/1997, de seu filho
Declyn
Wallace
Lauper
Thornton, fruto de seu casamento com o ator David
Thornton, com quem está
casada desde 1991.
Em 1998, lançou o
álbum
de
Natal
Merry Christmas...
Have a Nice Life
com alguns clássicos mesclados a
composições
próprias. Ainda em
1998, já sem ligação com a Sony
Music,
lançou
o
single de Disco Inferno (trilha sonora
do filme A Night at
the Roxbury), alcançando
um grande êxito nas pistas
de dança nos Estados Unidos. Com este single Cyndi
chegou a ser indicada ao
Grammy de melhor gravação dance em 1999, concorrendo com Gloria Estefan, Daft Punk e Madonna. Vale a pena lembrar
que enquanto seus concorrentes tinham todo o
apoio da mídia e das
grandes
gravadoras,
Cyndi já estava trabalhando de forma autônoma, tanto que o single
foi lançado pelo selo
independente Jellybean,
razão pela qual ficou
restrito aos Estados Unidos.
O sucesso de Disco Inferno permitiu a
Cyndi excursionar ao
lado de Cher pelos
Estados Unidos em
1999, numa mega
produção que bateu
recordes de público
naquele ano.
No ano 2000, Cyndi
estrelou o filme The
Opportunists ao lado
de Christopher Wal-
ken. O filme foi muito bem
recebido pela crítica e a atuação, em seu primeiro
papel dramático, foi bastante elogiada. Ela já havia
atuado em outros três filmes: Vibes (1988), Fora de
Controle (1991) e Um Talento Muito Especial (1993),
além de algumas participações em seriados de TV,
onde chegou a ganhar um
Emmy por sua participação
no seriado Mad About You
(1995).
Ainda em 2000, Cyndi entrou em estúdio para gravação de um novo álbum. A
música de trabalho seria
Higher Plane, faixa esta que
chegou a ter sete versões
remixadas, sendo enviada
aos principais DJs dos Estados Unidos e Europa. O trabalho foi bem aceito e até
chegou a tocar em algumas
rádios, porém as gravações
Cyndi e Christopher Walken
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CYNDI LAUPER – Fazendo música nos seus próprios termos
do novo disco se estenderam até 2001, quando ficou
pronto o álbum Shine. No
entanto, Cyndi ainda não
havia assinado com nenhuma gravadora, não por falta
de convites, mas porque
queria ter a certeza de que
desta vez sua arte seria devidamente valorizada.
Em meados de 2001, dispensou propostas de uma
série de grandes gravadoras
e assinou com a Edel America Records, uma gravadora
pequena, mas que lhe garantia total autonomia. A
data de lançamento prevista
seria o fatídico 11 de setembro, porém a gravadora
faliu antes desta data e o
disco acabou não sendo lançado, restando aos fãs recorrer à Internet para gravar as músicas, pois todas
as faixas acabaram vazando
e ficando disponíveis na
Web. Em meio a tudo isto
Cyndi continuava fazendo
shows quase que diários
pelos Estados Unidos. Após
o atentado de 11 de setembro ela participou do projeto
Come Together, para angariar fundos destinados às
famílias das vítimas. Em 02
de outubro de 2001, junto a
outros artistas, interpretou
músicas de John Lennon
numa apresentação no Madison Square Garden. Nesta
noite Cyndi saiu do Madison
Square e foi com a banda
até o Central Park onde cantou Strawberry Fields Forever.
Em 2002, Cyndi lançou o EP
Shine pelo selo independente Oglio Records, com quatro das doze faixas que teriam sido lançadas no CD de
mesmo nome e
uma versão remix de Shine.
Da mesma forma que o single
de Disco Inferno
este EP ficou
restrito aos EUA,
mas chegou por
aqui através de
lojas de CDs
importados
e
lojas virtuais na
Internet.
Durante o ano de 2002,
Cyndi continuou com os
shows para divulgação de
Shine. Também em 2002,
participou do Divas Live Las
Vegas ao lado de Cher, Celine Dion, Steve Nicks, Shakira entre outras, dividindo o
palco com Cher. Mais uma
vez vale a pena lembrar que
ela estava sem nenhuma
estrutura de mar-keting por
trás.
No final de 2002 voltou a
excursionar com Cher, turnê
esta que se estendeu até o
início de 2003. Neste ano
Cyndi lançou um single com
versões remixes de Shine,
também pela Oglio Records
e continuou com os shows.
Recentemente ela fez uma
série de apresentações com
o roqueiro Meat Loaf.
Agora Cyndi entrou em acordo
com a Sony Music e acabou retornando à sua
gravadora
de
origem. O acordo
já rendeu frutos
e o novo trabalho já está com
data de lançamento marcada
para 18 de novembro de 2003.
Trata-se do álbum At Last com grandes
clássicos como Unchained
Melody, Don’t Let Me Be
Misunterstood, Walk On By
e La Vie En Rose, entre outros grandes standards da
música americana. O disco
também conta com as participações de Stevie Wonder e
Tony Bennett. Há um clipe
disponível no site da gravadora Sony Music do Canadá
www.sonymusic.com.ca onde Cyndi canta parte de algumas das músicas deste
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dependente onde pôde saborear grandes vitórias: foi
indicada a um Grammy,
participou em 1999 de uma
das maiores turnês daquele
ano, ao lado de Cher, turnê
esta que levou mais de
1.500.000 de pessoas aos
shows, estrelou um filme ao
lado do consagrado Christopher Walken e fez parte do
badaladíssimo Divas Las
Vegas 2002, só para citar
alguns feitos.
trabalho. Também é possível ouvir trechos de todas as
músicas do CD no site
www.cyndilaupermusic.com
e já é possível deixar registrado seu pedido de compra
do CD no site da loja virtual
Amazon, que possui um link
no site oficial de Cyndi:
www.cyndilauper.com
Em uma entrevista disponibilizada no seu site oficial
em 2002, Cyndi pedia calma
aos fãs mais afoitos que
estavam ansiosos por vê-la
de volta à mídia e dizia que
somente ela sabia ao certo
sua concepção do que seria
uma boa divulgação do seu
trabalho. Agora ela prova
que
mais
uma vez estava
certa.
Voltou para
os braços da
Sony
Music
sim,
mas
voltou
com
total controle
de sua carreira e com a
prova de que
a verdadeira
arte sobrevive a qualquer tempestade. Foram
cinco anos como artista in-
Na década de 80 e início dos
anos 90 a mídia
a banalizou por
sua imagem, ela
era considerada
a
“maluquinha
de cabelos coloridos”, mas bastava se despir
de conceitos e
preconceitos para perceber sua
poderosa extensão vocal e o
conteúdo apurado e inteligente
de suas letras.
Cyndi travou uma série de
batalhas simplesmente para
ser ela mesma. Este seu
novo trabalho é o marco de
muito, basta olhar a capa do
CD. Nele Cyndi está vestida
de maneira extremamente
elegante, com a cidade de
Nova York ao fundo e, em
seu rosto, há uma expressão que mescla conquista e
altivez. Poderia soar prepotente em outro contexto,
mas neste caso é apenas a
legitimação de uma conquista.
Na verdade Cyndi Lauper
reescreveu sua história, que
já era cativante e digna de
ter conquistado a
legião
de
fãs
pelo mundo afora. Ela provou
que é uma artista pura e que a
verdadeira arte
não depende da
mídia para existir. Este novo
trabalho é um
tributo,
tanto
que se cogitou o
nome de From
Cyn With Love
ou De Cyn Com
Amor, talvez um tributo à
cidade de Nova York, que
aparece ao fundo na capa
do CD, talvez aos fãs que
nunca deixaram de acreditar, mas talvez o mais acertado seria pensar que é um
tributo àqueles que apostam
em si mesmos e nos seus
ideais e vão até onde for
preciso para fazer valer sua
crença.
Parabéns Cyndi Lauper!!!
TEXTO: ROGÉRIO SILVA
[email protected]
Cyndi e Cher
uma nova era na sua carreira e não é preciso analisar
EDITORAÇÃO/COLABORAÇÃO:
CLÁUDIO N. ALVES
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