Vol 04 ANAIS FAEF Psicologia 2014 FINAL 2

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Vol 04 ANAIS FAEF Psicologia 2014 FINAL 2
SOCIEDADE C U LTURAL E
EDUCACIONAL DE G ARÇA
Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF
VOLUME 04
PSICOLOGIA
Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814
1
ISSN 1676-6814
XVII
VOLUME 04
PSICOLOGIA
GARÇA/SP - 2014
Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF
S OCIEDADE CU LTURAL E
EDUCACIONAL DE G ARÇA
Exemplares desta publicação podem ser solicitados à:
SOCIEDADE CULTURAL E EDUCACIONAL DE GARÇA
FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR E FORMAÇÃO - FAEF
Rodovia Comandante João Ribeiro de Barros km 420, via de
acesso a Garça, km 1, CEP 17400-000, Garça/SP
www.grupofaef.edu.br / [email protected]
Telefone: (14) 3407-8000
EDIÇÃO, EDITORAÇÃO ELETRÔNICA, ARTE FINAL e CAPA
Aroldo José Abreu Pinto
Ficha Catalográfica elaborada pela biblioteca da
Faculdade de Ensino Superior e Formação - FAEF
630
Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF.
S621a
XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF. Anais... – Garça:
Editora FAEF, 2014.
269 p. vol 04 - (07 vols.)
15x22cm.
ISSN 1676-6814
1. Ciências Agrárias 2.Ciências Contábeis 3. Administração 4.
Agronomia 5. Engenharia Florestal 6. Medicina Veterinária 7. Pedagogia
8. Psicologia 9. Direito. 10 Turismo. 11 Comércio Exterior
Os autores são responsáveis pelo conteúdo das
palestras e trabalhos científicos.
Reprodução permitida desde que citada a fonte.
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XVII
SUMÁRIO
Apresentação ............................................................... 11
Comissão Organizadora ................................................... 13
Agradecimentos ............................................................ 15
Programação ................................................................ 17
TRABALHOS APRESENTADOS
PSICOLOGIA ................................................................... 1
CULTURA E SUBLIMAÇÃO: OBSERVAÇÕES SOBRE AS
TRANSFORMAÇÕES DO LAÇO SOCIAL NA CONTEMPORANEIDADE
Juliana BARACAT; Mariana BARACAT .................................. 21
A MOTIVAÇÃO NA BUSCA TRANSCENDENTAL DO EGO
DAMETO, Lucas; SILVA, Alini; BARACAT, Juliana ...................... 35
ERGONOMIA COGNITIVA: UM ESTUDO SOBRE OS TRAÇOS
INTELECTUAIS NO MUNDO DO TRABALHO
Matheus Cardoso VALENCIANO; Juliana BARACAT ................... 43
A CONCEPÇÃO DE PESSOA PARA EMMANUEL MOUNIER
Daiane Castro MOREIRA; Magda Rodrigues de OLIVEIRA; Silvio
Teixeira GONÇALVES; Janete Bervique AGUIRRES ................... 49
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A CONSTRUÇÃO DA SUBJETIVIDADE INFANTIL SOB INFLUÊNCIA DA
MÍDIA, DESTACANDO A VISÃO DA GESTALT-TERAPIA
Janaina de Aguiar BISPO; Dayran Karam dos REIS ................... 57
AUTORREALIZAÇÃO EM KURT GOLDSTEIN E ABRAHAM MASLOW
PARRERA, Hélide Maria; PESSIM, Larissa Estanislau; BERVIQUE, Dra.
Janete de Aguirre ......................................................... 65
BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE AS TEORIAS DA APRENDIZAGEM
DE GARDNER, PIAGET, VYGOTSKY E WALLON E O OLHAR
PSICOPEDAGÓGIO SOBRE AS PRÁTICAS EDUCACIONAIS
Flávia Maia GARCIA; Luciana da SILVA; Rodrigo M. de Melo DIEGUES;
Helena Maria da Silva SANTOS .......................................... 73
CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM ABRIGOS POR DECISÃO JUDICIAL
Natália Cristina DE MARCO; Suellen Rodrigues FANTOZZI .......... 83
DEFICIÊNCIA VISUAL: PENSANDO SOBRE A PSICOMOTRICIDADE E
AS PRÁXIS PSICOLÓGICAS
Ayla Gabriele Pereira de MELO; Juliana BARACAT ................... 91
UMA DISCUSSÃO SOBRE A PRESENÇA DE SINTOMAS PSICÓTICOS NA
DEPRESSÃO
Janaina de Aguiar BISPO; Frederico de Conti Blaziza MACHADO;
José Wellington SANTOS ................................................. 99
DISFORIA DE GÊNERO OU TRANSEXUALISMO MASCULINO E SUAS
ESPECIFICIDADES
Natália Cristina DE MARCO; Dayran Karam DOS REIS .............. 107
ESPAÇO POTENCIAL: UM SONHO REALIZADO
LOTERIO, Larissa Quinhoneiro; PESSIM, Larissa Estanislau;
SOUZA, Michele Nunes Fraquetto de; REIS, Mestranda Dayran
Karam dos ................................................................ 117
ESTUDO DE CASO SOBRE DEFICIÊNCIA INTELECTUAL MODERADA
NO CAPS
Janaina de Aguiar BISPO; Frederico de Conte Blaziza MACHADO;
Hélide Maria PARRERA¹ ................................................. 127
ÉTICA, COMPROMISSO SOCIAL E POLÍTICO NO TRABALHO DO
PSICÓLOGO QUE ATUA EM INSTITUIÇÕES PÚBLICAS
Danuza Sgobbi SAES ..................................................... 135
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EXPERIMENTO-PILOTO: “FANTASIA COMO INSTRUMENTO
PSICOTERAPÊUTICO”
Janaina de Aguiar BISPO; Frederico de Conte Blaziza MACHADO;
Hélide Maria PARRERA; Janete de Aguirre BERVIQUE .............. 147
MÍDIA E SUBJETIVIDADE: UM ESTUDO SOBRE AS POSSÍVEIS
IONFLUÊNCIAS DA MÍDIA NA CONSTRUÇÃO DAS NOVAS
SUBJETIVIDADES
Janaina de Aguiar BISPO; Frederico de Conti Blaziza MACHADO;
José Wellington SANTOS ................................................ 157
MOTIVAÇÃO PARA A VIDA: O QUE A PSICOLOGIA DA MOTIVAÇÃO
PODE NOS ENSINAR?
Hilton Aparecido SANTOS; Maria Thatiani BRATICHE; Juliana
BARACAT .................................................................. 163
O CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL (CAPS) E A DEMÊNCIA:
DESTAQUES NA SAÚDE MENTAL
Janaina de Aguiar BISPO; Frederico de Conte Blaziza
MACHADO; Hélide Maria PARRERA; Esp. Mestranda Dayran
Karam dos REIS ......................................................... 169
O PAPEL DO EDUCADOR INFANTIL NO PROCESSO DE INCLUSÃO DE
ALUNOS COM NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS
Graziella Russo CHERUBINI; Daiane Nascimento LIMA; Juliana
BARACAT .................................................................. 179
O PEQUENO HANS: UM CASO DE FOBIA
José Wellington dos SANTOS; Jéssica MANTOANI; Lucimara Cristina
LOPES; Simone VILAS BOAS ............................................ 185
O SELF REAL E O SELF IDEAL NA CONCEPÇÃO DE CARL ROGERS
Emerson RIBEIRO; Frederico de Conti Blaziza MACHADO; Michele
Nunes Fraquetto de SOUZA; Janete de Aguirre BERVIQUE ........ 191
O SONHO NA REALIDADE COTIDIANA EM MEDARD BOSS
Janaina de Aguiar BISPO; Bruna Carolina Montoro FERNANDES2;
Simone VILASBOAS; Janete de Aguirre BERVIQUE .................. 201
PERDAS PARENTAIS
LOPES, Mileni Cristina; SANTOS, José Wellington dos ............. 209
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REVISÃO HISTÓRICO CRÍTICA SOBRE O ATENDIMENTO AO
ADOLESCENTE INFRATOR NO BRASIL E O PAPEL DO PSICOLOGO
Danuza SAES .............................................................. 219
SÍNDROME DA ALIENAÇÃO PARENTAL (SAP): O PERFIL DO
ALIENADOR
HANDA, Luciana Zombini; FONSECA, Bárbara Cristina
Rodrigues ................................................................. 231
SUICÍDIO NA ADOLESCÊNCIA: REFLEXOS NA FAMÍLIA ENLUTADA
HANDA, Luciana Zombini; FONSECA, Bárbara Cristina
Rodrigues ................................................................. 239
UMA DISCUSSÃO SOBRE A PRESENÇA DE SINTOMAS PSICÓTICOS NA
DEPRESSÃO
Janaina de Aguiar BISPO; Frederico de Conti Blaziza MACHADO;
José Wellington SANTOS ................................................ 247
UMA INVESTIGAÇÃO BIBLIOGRÁFICA SOBRE O FUNCIONAMENTO
NEUROPSICOLÓGICO DOS INDIVÍDUOS COM TRANSTORNO DE
ANSIEDADE GENERALIZADA - TAG
TINETTI, Milena de Oliveira; FONSECA, Bárbara Cristina
Rodrigues ................................................................. 255
Normas para elaboração de artigo científico do Simpósio da
FAEF ....................................................................... 265
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APRESENTAÇÃO
O décimo sétimo Simpósio de Ciências Aplicadas é um marco
histórico para todos os membros da nossa prestigiada FAEF.
Chegamos às vésperas de duas décadas de existência, tratandose do mais relevante evento anual de ensino, pesquisa e
extensão da nossa IES, momento em que todos os membros da
direção, coordenações, corpo administrativo, funcionários,
colaboradores, docentes e discentes estão unidos para um único
objetivo, qual seja, a construção e a divulgação do
conhecimento. Prova dessa assertiva é a inscrição de
aproximadamente 2000 pessoas entre alunos e profissionais
das diversas áreas e um número elevado de trabalhos
científicos, entre artigos, comunicações científicas e técnicas,
relatos de casos, revisões de literatura e outros. A cada ano,
felizmente, majora o volume e a qualidade dos trabalhos
inscritos e aprovados para publicação nos anais.
Todavia, para quem pensa que alcançamos tudo, vale
aguardar para participar desses quatro dias de evento, pois,
aspiramos continuar “mudando a história” da melhor maneira
que sabemos: produzindo e divulgando conhecimento (tríade:
ensino, pesquisa e extensão de excelência).
Assim sendo, com muita dedicação, paixão e
profissionalismo ao que fazemos, temos a certeza de que a
décima sétima edição do Simpósio de Ciências Aplicadas da
FAEF, leva-nos, a cada ano, a buscar o conhecimento como
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que pela primeira vez, pois objetivamos atingir a nossa parcela
neste processo essencial para a formação dos nossos alunos,
profissionais que já estão no mercado de trabalho e a população
externa que nos visita para abrilhantar este grandioso evento
científico.
Sejam todos bem-vindos!
PROF. MSC. OSNI ÁLAMO PINHEIRO JÚNIOR
PRESIDENTE EXECUTIVO
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DO
XVII SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS APLICADAS DA FAEF
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COMISSÃO ORGANIZADORA
Presidente de Honra do Simpósio
Profª. Drª. Dayse Maria Alonso Shimizu
Presidente Executivo do Simpósio
Prof. MSc. Osni Alamo Pinheiro Junior
Vice Presidente
Prof. MSc. Martinho Otto Gerlack Neto
Comissão Científica do Simpósio
Prof. MSc. Felipe Camargo de Campos Lima
Profª. MSc. Priscilla dos Santos Bagagi
Profª. MSc. Vanessa Zappa
Profª. Drª. Letícia de Abreu Faria
Comissão de Infraestrutura do Simpósio
Prof. Esp. Daniel Aparecido Marzola
Sra. Lirya Kemp Marcondes de Moura
Prof. MSc. Márcio Roberto Agostinho
Prof. Esp. Fernando Rocha
Prof. Esp. Alexandre Luis da Silva Felipe
Prof. Dr. Ernani Nery de Andrade
Sr. Rodrigo Pinheiro de Azevedo
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Prof. MSc. Felipe Camargo de Campos Lima
Sra. Maria Aparecida da Silva
Comissão de Captação de Parceiros
Prof. MSc. Márcio Roberto Agostinho
Prof. MSc. Martinho Otto Gerlack Neto
Profª. MSc. Gisleine Galvão Bosque
Sr. Mateus Souza Avelar
Prof. Esp. Paulo César Jacobino
Sra. Lirya Kemp Marcondes de Moura
Comissão de Marketing, Comunicação Visual e Mídias Sociais
Prof. MSc. Augusto Gabriel Claro de Melo
Srta. Andréia Travenssolo Mansano
Profª. MSc.Vanessa Zappa
Sr. Rodrigo Pinheiro de Azevedo
Sr. Anderson de Oliveira Cardoso Moraes
Comissão de Documentação e Expedição de Certificados
Profª. MSc. Gisleine Galvão Bosque
Profª. MSc. Priscilla dos Santos Bagagi
Prof. MSc. Márcio Roberto Agostinho
Prof. MSc. Augusto Gabriel Claro de Melo
Profª. MSc. Raquel Beneton Ferioli
Srta. Ana Stela Agostinho Costa
Srta. Andréia Travenssolo Mansano
Srta. Suellen Sossolote
Comissão de Cultura e Entretenimento
Profª. MSc. Gisleine Galvão Bosque
Profª. MSc. Priscilla dos Santos Bagagi
Prof. MSc. Augusto Gabriel Claro de Melo
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Prof. MSc. Márcio Roberto Agostinho
Prof. MSc. Martinho Otto Gerlack Neto
Sra. Lirya Kemp Marcondes de Moura
Srta. Andréia Travenssolo Mansano
Prof. Dr. Ernani Nery de Andrade
Sra. Maria Aparecida da Silva
Profª. MSc. Gisele Fabricia Martins dos Reis
Prof. Msc.Diego José Zanzarini Delfiol
Comissão de Secretaria e Tesouraria do Simpósio
Profª. Msc. Priscilla dos Santos Bagagi
Profª. Msc. Gisleine Galvão Bosque
Prof. Msc. Augusto Gabriel Claro de Melo
Profª. Esp. Amaly Pinha Alonso
Srta. Rosilene Pedroso de Oliveira
Srta. Ana Stela Agostinho Costa
Sr. Wilson Shimizu
Comissão Editorial do Simpósio
Prof. Dr. Aroldo José de Abreu Pinto
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COMISSÃO CIENTÍFICA DOS CURSOS
Administração
Prof. MSc. Ricardo Alves Perri
Prof. Esp. Jorge Toshio Fushimi
Agronomia
Prof. Dr. Edgard Marino Júnior
Prof. Esp. Giovana Paiva Azevedo
Profª. Drª. Letícia de Abreu Faria
Ciências Contábeis
Prof. Esp. Nildemar Andrade Gonçalves Gonzaga
Prof. Esp. Cristiano dos Santos Dereça
Direito
Prof. Esp. Diogo Simionato Alves
Prof. Dr. Silvio Carlos Alvares
Profª. MSc. Simone Doreto Campanari
Profª. Drª. Érika Cristina de Menezes Vieira Costa Tamae
Profª. MSc. Claudia Telles de Paula
Engenharia Florestal
Prof. MSc. Augusto Gabriel Claro de Melo
Prof. MSc. Murici Carlos Candelaria
Prof. Esp. Victor Lopes Braccialli
Medicina Veterinária
Profª. Esp. Fernanda Tamara Neme Mobaid Agudo Romão
Profª. Msc. Raquel Beneton Ferioli
Profª. Msc. Vanessa Zappa
Pedagogia
Prof. MSc. Odair Vieira da Silva
Profª. MSc. Neuci Leme de Camargo
Profª. MSc. Priscilla dos Santos Bagagi
Psicologia
Prof. MSc. Rangel Antonio Gazzolla
Profª. MSc. Juliana Baracat
Turismo
Profª. Msc. Talita Prado Barbosa
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XVII
AGRADECIMENTOS
A Comissão Organizadora e a Administração Superior da Sociedade
Cultural e Educacional de Garça agradecem imensamente a todos aqueles
que participaram do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF e, em
especial, aos palestrantes, apoios e/ou patrocínios das empresas e órgãos
públicos que contribuíram para o sucesso do evento.
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PROGRAMAÇÃO
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MINICURSOS
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TRABALHOS
APRESENTADOS
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CULTURA E SUBLIMAÇÃO: OBSERVAÇÕES
SOBRE AS TRANSFORMAÇÕES DO LAÇO SOCIAL
NA CONTEMPORANEIDADE
Juliana BARACAT1
Mariana BARACAT2
1
Psicóloga e Docente do curso de Psicologia da Faculdade de Ensino
Superior e Formação Integral- FAEF. Doutoranda em Psicologia pela
UNESP/ASSIS.
2
Psicóloga Clínica, Especialista em Saúde da Família pela UNIMAR.
RESUMO
Este artigo pretende discutir a noção de laço social estipulada
por Jacques Lacan, a partir de transformações do laço social na
cultura contemporânea. Apontar-se-á três movimentos políticos
sociais ocorridos nos Estados Unidos, num período de 30 anos, a fim
de argumentar sobre a rapidez e volatibilidade do discurso social na
pós-modernidade. Como resultado, discutir-se-á como o declínio do
discurso do mestre teve como consequência o empobrecimento dos
mecanismos de sublimação, os quais atualmente se fazem visíveis.
Palavras-chave: cultura, laço social, psicanálise, sublimação.
ABSTRACT
This article aims to discuss the notion of social bound thought by
Jacques Lacan, trhough the transformations in the social bound in
contemporary culture. Will be point out trhee social politycal
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moviments occurred in the United States, in a period of thirty years,
to argue about the fasteness and volatibility of the social speech in
posmodernity. As result, wil be discussed how the decline of the
master’s speech had the consequence of pooring the sublimative
mecanism, which nowadays is notable.
Key-words: culture, social bound, psychoanalisys, subllimation.
1- INTRODUÇÃO
Este artigo pretende apontar algumas transformações no laço
social no decorrer do século XX, de forma a discutir as transformações
na discursividade que tecem os laços sociais contemporâneos. Desta
forma, observa-se que a pós-modernidade caracteriza-se por essa
volatização das mentalidades que, ora são contrapostas, ora são
sobrepostas.
O laço social foi derivado por Lacan (1992) a partir de seus quatro
discursos, sendo o primeiro e fundamental o discurso do mestre.
Este nos aponta que todo saber é balizado por esta dialética
hegeliana, cujo agente é o significante mestre. Historicamente, os
significantes mestres giraram em torno da discursividade religiosa
católica e pelo advento do saber Universitário. Com o declínio das
clássicas formas de dominação, a discursividade moderna passa a
ser permeada pela lógica do mercado, sendo o saber religioso,
gradativamente, substituído pelo poder do capital.
Dito de outra maneira, os laços sociais transformam-se com o
passar dos tempos pelas mudanças na mentalidade social, cujos
valores, limites e proibições vão sendo conjugados numa construção
sócio-histórica. Este trabalho pretende analisar alguns deslocamentos
do laço social, pós segunda guerra mundial, partindo da afirmação
de Dufour (2005) acerca da marca do holocausto judeu no imaginário
idealístico moderno e aliado à percepção da rapidez com que tais
deslocamentos vem ocorrendo. Iremos discorrer sobre três
transformações do laço social ocorridos nos Estados Unidos, já que
este país se coloca como potencial política voraz na produção de
discursos sociais. Os movimentos analisados serão: o “caça as bruxas”
durante o macartismo; o movimento hippie e o movimento punk
iniciado na Nova York dos anos 1970. Apesar de suas já distantes
datas, iremos apontar como tais movimentos, ocorridos
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sucessivamente num intervalo de vinte e cinco a trinta anos,
deflagram esta volatilidade que pretendemos apontar, da fluidez
dos movimentos discursivos engendrados na pós-modernidade.
2-O DECLÍNIO DA NARRATIVA
Em 1936 Walter Benjamin (1983) identificava uma falência na
capacidade do homem em narrar. A narrativa, tradicionalmente
vinculada ao trabalho artesanal e realizada durante o mesmo, possuia
características, entre outras, de transmitir ensinamentos sobre a
vida e sobre o ofício, educar através de conselhos, auxiliando o
individuo em sua formação moral e mantendo vivas memórias de
tempos já não existentes ou de locais distantes. Imagina-se a cena:
um ferreiro forjando uma peça, contando a seu jovem aprendiz,
talvez seu filho, como aprendeu sua arte, em que momento de sua
vida isto ocorreu, quem a ensinou, talvez seu pai ou alguém que lhe
serviu como; e como este saber lhe serviu durante a vida.
Benjamin (1983) falava sobre uma época na qual o homem comum
não tinha ideais maiores do que sua subsistência, sua relação com a
religiosidade, intermediada pela figura do sacerdote; e com sua
moral, sendo esta o emblema de um ideal a ser seguido. No mesmo
texto o autor identifica o nascimento do romance em “Dom Quixote
de La Mancha”, personagem do século XVI que, alimentado pelas
narrativas cavalheirescas, parte em busca de realizar na prática as
fantasias antes existentes apenas na imaginação. Dom Quixote,
assim, se distancia das narrativas antes povoadas por reis, santos e
heróis, figuras emblemáticas do Outro, congeladas e inacessíveis
em seu pedestal idealístico. Dom Quixote seria o homem moderno,
desejante, que busca alcançar este ideal, torná-lo seu eu, atuando
suas fantasias particulares, sem compromissos em emitir um conselho
ou ensinar algo para alguém, nada além da vicissitude de sua própria
vida.
Esta característica de individualidade e egocentrismo, se
podemos nomear assim, marca o homem moderno em sua relação
com o desejo e as possibilidades de fazê-lo possível. Interessante
seria sabermos como se relacionava o homem medieval com o mesmo,
dada as limitações hierárquicas e os diferentes valores que atingiam
cada um. Seria Lucrécia Borgia mais desejosa que a lavadeira de seu
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palácio, ou apenas mais livre, mais poderosa?
Movimento iniciado em fins da década de 1940, em que tomou
corpo a recente necessidade norte-americana em legitimar sua
hegemonia militar e econômica, dado o desfecho da segunda Grande
Guerra, elegendo como inimigo a União Soviética, ex-aliada durante
o mesmo confronto. Diante da necessidade política, entre as duas
nações, em se estabelecer como um referencial de império, a guerra
fria teve como molde as teorias conspiratórias e a espionagem, reatuando componentes do conflito mundial a partir da política
ideológica: capitalismo versus socialismo (HELLMAN, 1981).
Da parte capitalista, os EUA elegeram como significante mestre
de seu discurso a liberdade, apanágio ideal inexistente no declarado
totalitarismo socialista, engendrando a propaganda do American Way
of Life: casa própria, carros, mulheres recatadas e prendadas,
civilidade alienada disfarçada de patriotismo, etc. Esta propaganda
foi veiculada amplamente em filmes, como exemplificados muito
bem nos filmes de Doris Day e nas comédias de Jerry Lewis. O filme
hollywoodiano, como sabemos, é o produto moderno que ocupou o
lugar antes ocupado pela literatura romântica ou folhetins,
transbordantes de um ideário ilusório e idílico, uma espécie de contos
de fadas, cuja moral se resume à clichês estereotipados do ser
humano e os bens de consumo de sua sociedade (HELLMAN, 1981).
Como porta voz ou líder, o senador Joseph MacCarthy lançou
esta campanha de caça a elementos subversivos da sociedade, que
ficou conhecido como “Caça às bruxas”, diante de sua semelhança
com a Inquisição. Não eram os atos que importavam e sim sua
aparência; se a pessoa não se afoga no rio é bruxa, então vai pra
fogueira, se afogar não era, mas que pena.
Note-se que a dita subversão procurada por este movimento era
ampla e ambígua, atingindo em cheio a industria cultural e artistas
que apoiaram a aliança EUA e URSS durante a guerra, como Chaplin.
Outros eram alvo de perseguição por difundir ideais humanistas e
pacifistas, como Dalton Trumbo e Lílian Hellman; de forma geral,
qualquer um que manifestasse idéias liberais e fora do modelo
conservador era motivo de interesse do dito comitê (FRIEDRICH,
1988).
O que interessa aqui, na realidade, é que este movimento,
obviamente questionável, mobilizou uma boa parcela de intelectuais
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e artistas, que amparados pela 5a emenda da Constituição Norteamericana, sobre o direito de ter liberdade e se calar sobre aspectos
privados da vida, combateram o próprio ideário macartista, a
liberdade, com a própria.
Neste paradoxo, lutar pela liberdade contra aqueles que a tolhem
em nome da liberdade, criou-se um inimigo dentro de casa e
estimulou grandes produções artísticas e movimentos de liberdade.
O papel da imprensa, através do jornalista Edward R. Murrow, talvez
nunca tenha sido tão ética. Pelo papel da imprensa é que foi possível
mobilizar a opinião pública e revertê-la contra o líder; expondo o
que antes era um ideal em sua forma mais ridícula e abjeta,
demovendo o público e engendrando uma transformação daquele
laço social (BARKIN, 2003).
Através da percepção de Freud (1921/1996) acerca da psicologia
das massas, podemos identificar a alienação do grupo na época,
incentivados pela apologia política de perseguição ao que é estranho
ou oposto, na lógica da negação das diferenças. O socialismo tornouse o significante a ser rechaçado e a liberdade, de forma deturpada,
tornou-se o significante mestre, pois em nome desta que o
macartismo se fortaleceu e agregou a opinião pública. MacCarthy,
como porta voz do movimento, personificou o ideal comum de
exclusão da diferença e exaltação narcísica do nacionalismo. Este
movimento, de caráter estrutural paranóico, em vista do rechaço
do significante que marca a castração, no caso o socialismo, marca
o retorno libidinal investido no narcisismo nacionalista.
A perseguição ideológica gerou o movimento contrário, que a
partir do mesmo significante mestre, a liberdade, desconstruiu o
maquinário macartista, expondo o movimento ao ridículo e absurdo
que o fundava. Entretanto, a sociedade norte-americana ainda
permaneceu, e permanece, basicamente conservadora. As diversas
vivencias que permeiam a pós-modernidade, vivencias liberais e
conservadoras, arcaicas e modernas, ou ultramodernas, são
constituídas na subjetividade individualista que marca a
contemporaneidade.
O movimento hippie emergiu na sociedade norte-americana no
inicio da década de 1960, influenciado pela literatura beatnik, estilo
que deu visibilidade ao inconformismo, crítica da sociedade capitalista
e das condições humanas à margem da sociedade. Um autor expressivo
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deste movimento foi Jack Kerouac, cujo livro On the road (2009) pode
ser identificado como fonte de inspirações de obras revolucionárias
posteriores, como o filme Easy Rider ( HOPPER, 1969).
A geração flower power, como ficou conhecida, engendrou-se em
torno de ideais questionadores e contraculturais, impulsionados pelo
desejo de conquista de direitos humanos, rebeldia contra o capitalismo
(pré) selvagem, o conservadorismo e o status quo. Suas marcas eram
as divulgações da espiritualidade hindu, uso indiscriminado de drogas
(cannabis e LSD), vestuário colorido e psicodélico, mensagens pacifistas
e de amor livre. A liberação sexual, aliada as campanhas dos direitos
humanos, alavancou o movimento feminista, que pela primeira vez,
ganhou um corpo atuante, ao contrário das manifestações isoladas e
marginalizadas até então (DIAS, 2003).
Entretanto, um ideal que se tornou símbolo desta época foi o do
“não” a guerra, resposta perante o combate no Vietnam que abarcou
muitas vidas do contingente jovem norte-americano. A atitude
difundida, além dos protestos e outras manifestações culturais, foi a
da desobediência civil, inspirada na poética de Walden, de Thoreau;
simplesmente não faça o que lhe é pedido pela sociedade (DIAS, 2003).
Findo o conflito no Vietnam, a desilusão tomou conta do “verão
de amor”; os jovens ganharam idade e se viram diante do impasse
insustentável de se negar a entrar no sistema, cortando seus longos
cabelos e indo procurar emprego. Muito se fala sobre a hipocrisia do
movimento hippie, mediante sua própria efemeridade e
superficialidade. A própria proposta das comunidades alternativas
rendeu poucos resultados, dando a muitos a impressão de que o
movimento se resumiu a um bando de “filhinhos de papai” que
queriam simplesmente fazer baderna e fugir da morte certa numa
guerra que nada lhes atingia (no ideal). Nas palavras de Ed Sanders,
poeta e músico da época:
O problema com os hippies foi que se desenvolveu uma hostilidade dentro da
contracultura entre aqueles que tinham o equivalente a um fundo de crédito
e aqueles que tinham que se virar sozinhos. (...). Eles podiam voltar pra
casa. Podiam ligar pra mamãe e dizer “Me tira daqui”. Ao passo que alguém,
criado no conjunto habitacional da Rua Columbia não podia escapar. Assim,
surgiu um outro tipo de hippie lúmpen, que vinha de uma verdadeira infância
de maus tratos- com pais que o odiavam, pais que o haviam rejeitado. E esses
garotos se transformaram num tipo hostil de gente de rua. Tipo punks (MCNEIL
e MACCAIN, 1997, p.38).
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O termo punk surgiu na década de 1950, para adjetivar uma
pessoa vagabunda, à margem da sociedade, rebelde, talvez melhor
traduzida para o português por nosso termo baderneiro. Como
movimento, possui duas linhas: o punk norte-americano, fruto de
movimentos culturais alternativos e já distanciados do Flower power,
como o circulo de artistas e performers que rodeavam Andy Warhol;
e o punk britânico, inspirado no primeiro movimento, mas distante
deste em sua proposta. Na verdade, a imagem do punk melhor
difundida mundialmente foi a inglesa, com o vestuário maltrapilho
e inspirado em cenas do S&M (sado-masoquismo), excesso de
tatuagens, piercings e atitudes francamente hostis e antissociais. O
que nos interessa aqui é o inicio desta subcultura nos EUA.
Teve inicio em cidades metropolitanas e industrializadas como
Nova York e Detroit, em fins de 60, inicio dos anos 70. O movimento
realmente ocorreu em Nova York, nos guetos homossexuais e de
drogadictos, por meio, basicamente de bandas de rock, porém,
influenciou a juventude de Detroit, cidade francamente
industrializada, pobre e barulhenta (músicos da cidade falam sobre
a influência dos sons de motores de avião e das fábricas de
automóveis) (MCNEIL e MCCAIN, 1997).
Desiludidos com os próprios ídolos musicais da geração hippie,
como Led Zepellin e Pink Floyd, que a esta altura já haviam ganho
status de mega-astros, com seus shows caros e hipertécnicos, suas
músicas pretensiosas e longas, os punks criaram um ideal de
individualidade artística, retornando ao rock rápido dos anos 50,
batidas fortes e pouco, ou quase nenhum, virtuosismo (MCNEIL e
MCCAIN, 1997).
Músicos da época relatam como ponto de partida o som e visual
do grupo Velvet Underground, banda fabricada por Andy Warhol, que
chamou a atenção por suas letras realistas, que abordavam sexo e
drogas declaradamente e, o mais interessante, por possuir um cantor
que, na opinião de muitos, não sabia cantar. Nas palavras de Iggy
Pop: “O disco do Velvet se tornou importantíssimo para mim, não só
por causa do que dizia, mas também porque ouvi outras pessoas que
sabiam fazer música boa, sem serem nada boas em música. Isto me
deu esperança” (MCNEIL e MCCAIN, 1997, p. 34).
Partindo da ideia de que tudo é válido e aceitável, o punk rock
viabilizou um ecletismo artístico nunca visto até então. Os ideais
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idílicos do movimento hippie foram levados ao extremo, sendo a
maconha e o sexo livre substituídos por drogas mais pesadas e
libertinagem sexual. Ao invés de protestar por direitos civis, os punks
simplesmente se impuseram em sua restrita sociedade onde tudo
era permitido, exacerbando as particularidades de cada um e
exaltando ao máximo as diferenças individuais.
Apesar de dar vazão as vias autodestrutivas, tanto que dessa
geração quem não morreu abandonou essa cultura, deu espaço para
a liberdade de expressão tanto para mulheres, homossexuais e
transgêneros. Para os punks, o diferente e contestador era o que
importava, e não alguma marca registrada fixa ou discurso pré-fixado.
Porém, a autodestruição acima citada cobrou seu preço e, em cerca
de uma década, quem não morreu se vendeu, ou melhor, partiu para
estilos softs mais aceitáveis para o mercado, adotando atitudes mais
suaves e conformistas, engendrando um número considerável de
estilos musicais como o New Wave, a música eletrônica e a Disco
music (MCNEIL e MCCAIN, 1997).
Na literatura o movimento se difundiu através de relatos
biográficos e poesias, os quais em geral tratavam de ambiguidade
sexual e o cotidiano de viciados em heroína, representados por Jim
Carroll e Patti Smith. No cinema, jovens cineastas como Francis Ford
Copolla, Martin Scorsese e John Cassavettes se apropriam da
abordagem realista e se aventuraram a filmar histórias que antes
não eram contadas, ou a partir de perspectivas antes omitidas, como
em filmes como A woman under the influence ou Táxi driver (DEMME,
2003).
Já em inícios dos anos 80, os yuppies (young urban professionals),
com suas carreiras em ascensão, o consumismo exacerbado, movidos
pela cocaína, vieram a dar o ponto final em qualquer possibilidade
de rebeldia e inconformismo. Como diziam os punks, os hippies
viraram yuppies, e acabaram com tudo (MCNEIL e MCCAIN, 1997).
3-CONSIDERAÇÕES FINAIS: E AGORA JOSÉ?
No ensaio The impudence of uttering: the mother tong (2007)
Julia Kristeva nota que a sublimação é apoiada pela linguagem, sendo
esta a fundadora da cultura. Para Freud (1915/2010), a sublimação
possui três características: modificação no alvo da pulsão,
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modificação no objeto da pulsão e uma validação externa, ou seja,
o reconhecimento do valor da obra pela sociedade.
Para Kristeva (2007) a pulsão sublimatória é submetida, não
apenas, ao autoerotismo, mas também às regras particulares de uma
dada língua e da semiótica de cada momento histórico. A
dessexualização necessária a este processo, longe de repudiar a carga
sexual, a transpõe para investir na comunicação que compõe a
representação das coisas e das palavras. Assim, a linguagem é
transformada em objeto de gozo.
No caso da música, por exemplo, a linguagem musical é o motor
da expressão artística, como na pintura e na escultura é a própria
semiótica, estudo dos símbolos e dos fenômenos culturais como
elementos signeos. Kristeva (2007) irá, brevemente, ao final do ensaio
articular a possibilidade de sublimar com a relação da mãe com sua
criança, sendo a própria relação um ato sublimatório. Identifica na
expressão de Winnicott, “mãe suficientemente boa” esta
possibilidade, marcando o papel de portadora de um desejo, ao
mesmo tempo em que deve estabelecer a falta na criança.
Atualmente pode-se perceber uma falência do Nome do Pai, sendo
este movimento, em geral, inserido pela função materna, é pela voz
da mãe que o terceiro invade a relação, a principio dual, entre ela
(ou seja lá quem fizer este papel) e a criança.
Em paralelo a esta constatação, viu-se em A arte de reduzir
cabeças (2005) de Dany Dufour, como a massificação do mercado
capitalista enquanto mestre do discurso pós-moderno invadiu as
relações objetais humanas, sendo as mesmas com objetos em si ou
com o individuo, já que o humano na sociedade capitalista se torna
um objeto (não utilizando aqui a idéia freudiana de objeto amoroso,
carregado de identificações e imagos). Pelo contrário, os objetos
pós-modernos são desvinculados de qualquer carga simbólica, para
melhor facilitar sua circulação, suas trocas.
Essa dessimbolização objetal atinge o psiquismo humano, como
nota Yannis Gabriel (1988), exemplificados nas patologias atuais,
cujas estruturas clássicas (psicose, perversão e neurose) passam a
se apresentar transformadas em sua aparência, como nos casos
limites e no narcisismo moderno; mostram-se com um traço comum,
que é o empobrecimento do funcionamento psíquico e um recuo na
capacidade de simbolização. Para este autor, atualmente ocorre um
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enfraquecimento na configuração de Eros, a cultura dispensa
gradativamente a necessidade de sublimar e construir vínculos sociais
dessexualizados. Articula este fato com a falta parental, no sentido
de pais que pudessem se constituir alvos identificatórios suficientes
para autorizar que se formasse a estruturação da personalidade, a
organização psíquica escaparia, assim, do modelo genital e edípico.
Retomando o trabalho de Dufour (2005), o autor identifica no
Holocausto judeu, ocorrido na segunda Grande Guerra uma marca
na possibilidade do estabelecimento de qualquer ideal, como se
naquele contexto, o humano tivesse chegado ao ponto mais baixo
de sua civilidade.
Nossa intenção, neste trabalho, foi tentar identificar alguns
movimentos sociais que ainda tentaram formar um laço social, mas
pudemos perceber que os três falharam em sua possibilidade de
engendrar a sublimação, já que apenas poucos conseguiram erigir
uma obra de peso, no que tange o reconhecimento social. Na verdade,
estes movimentos, talvez excluído o papel da imprensa no
macartismo, vieram ao encontro com os fatores expostos por
Gabriel(1988) e Dufour (2005), no sentido que responderam
diretamente à demanda do mestre mercado, produzindo objetos
efêmeros e superficiais.
No macartismo, pode-se perceber a luta por um ideal e a atividade
sublimatória vinculada ao direito de expressão, à liberdade de
conduta (escolha política ou ideário liberal) e a inserção de pessoas
num movimento desvinculado de seu próprio eu. Já o movimento
flower-power, apesar da proposta pacifista e da mobilização em torno
da derrubada de tabus sociais conservadores, ficou resumido a jovens
alienados, que apenas queriam fugir de suas responsabilidades, sendo
estas as mesmas as quais não tiveram escapatória e os fez retornar
ao dito sistema. O movimento punk leva às últimas consequências
qualquer possibilidade de articulação do Nome do Pai, seria o
estruturalmente mais perverso, tanto que seus participantes, no mais,
encontraram apenas a morte e a decadência. Apesar de reconhecer
vários méritos neste movimento, como a contestação de modelos
sociais, este não possuiu sustentação idealística suficiente para fazer
uma marca positiva no ideário social; apenas se resumiu, novamente,
a um bando de gente doida, da qual ninguém hoje ouviu falar, e que
teve que se adequar aos moldes capitalistas.
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Nos três movimentos, pode-se perceber o alvo da crítica, o Outro
a ser combatido, sendo este o propulsor do movimento. Entretanto,
a falha reconhecida em fazer uma marca se dá, justamente, na forma
como os mesmos foram digeridos pela sociedade. Se um jovem hoje
se auto intitula um hippie ou um punk, podemos ter certeza que
estará se referindo ao lado menos interessante do movimento, que
este terá sido apropriado apenas em sua imagem (roupas, atitude,
uso de drogas e sexo alienado), e não à articulação simbólica que
verdadeiramente engendrou tais movimentos (Jack Kerouac, Henri
Thoreau, Andy Warhol, Patti Smith, apenas para citar alguns
exemplos).
Concordamos com Enriquez (1991) acerca do caráter
predominantemente subversivo da psicanálise pois: “revela, nos
comportamentos cotidianos, a parte de mentiras e máscaras;
desmistifica os ideais e as ideologias; devolve a carga dramática à
relação sexual” (p. 241).
Vemos que a sexualidade libertária de hoje mina exatamente a
referida carga dramática da relação sexual, a banaliza. As máscaras
são a palavra de ordem, já que a imagem é tudo, sede é nada (imagem
e não imago); e as ideias e ideologias, foram substituídas por
constructos que não fazem jus ao nome.
De nossa parte, vemos na clínica psicanalítica a eclosão de novas
configurações subjetivas, principalmente personalidade narcísicas,
as quais tornam a intervenção psicanalítica muito difícil, quando
não impossível. O que nos chama muito a atenção é realmente a
falência das funções maternas e paternas, os filhos gerados sem
uma centelha de desejo, tratados como meros objetos
dessimbolizados , “coisas” que estão dando muito trabalho. Neste
aspecto, vemos que a psicanálise se faz muito necessária, pois
apresenta uma discursividade que rema contra a maré atual.
Entretanto, não sabemos se é o suficiente, ou o que seria necessário
para reverter tal situação. Para concluir, preferimos deixar nas
palavras do poeta, que como Freud reconhece, sempre apreende
melhor as coisas:
E agora, José?
A festa acabou,
A luz apagou,
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O povo sumiu, a noite esfriou,
e agora, José?
E agora, você?
Você que é sem nome,
Que zomba dos outros,
Você que faz versos,
Que ama, protesta?
E agora, José?
(DRUMMOND, 1988)
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Rio de Janeiro: Imago, 1996 (original publicado em 1921)..
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A MOTIVAÇÃO NA BUSCA TRANSCENDENTAL DO
EGO
DAMETO, Lucas1
SILVA, Alini2
BARACAT, Juliana3
1
2
Discente do Curso de Psicologia da FAEF - [email protected]
Discente do Curso de Psicologia da FAEF - [email protected]
3
Docente do Curso de Psicologia da FAEF - [email protected]
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo conceituar motivação e
transcendência, tendo como principal base a teoria de Maslow sobre
as necessidades básicas. Apresentaremos ao leitor os caminhos
percorridos pelo ego até conseguir alcançar uma possível
transcendência, assim abrangendo teorias que ampliará nossa visão
sobre o assunto levando-nos ao entendimento geral do mesmo.
Relacionaremos as necessidades básicas com a transcendência
mostrando como a primeira acontece para alcançar à segunda.
Palavras Chave – Ego, motivação, necessidades básicas e
transcendência.
ABSTRACT
This paper aims to conceptualize motivation and transcendence,
the main base of Maslow’s theory of basic needs. Introduce the reader
to the paths taken by the ego to achieving a possible transcendence,
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thus encompassing theories that brighten our view on the subject
leading us to the general understanding of it. Will relate the basic
needs with transcendence showing how the first case to reach the
second.
Keywords – Basic needs, ego, motivation and transcendence.
1.INTRODUÇÃO
Primeiramente, o presente trabalho tem como proposta
desenvolver e apresentar o conceito de motivação e, também, de
transcendência, assim identificando a relação entre ambas para uma
busca idealizada do ego. Deste modo, iremos abranger teorias e
textos ligados diretamente à Filosofia, Psicologia e a áreas que
estudam o desenvolvimento humano. Uma das teorias apresentadas
será a de Maslow, a qual ele expõe a pirâmide Hierárquica de
Necessidades. Com essa teoria apresentaremos os caminhos
percorridos pelo ego até alcançar uma possível transcendência.
Apresentaremos, também, as relações objetais que o ego toma como
identificação para si. Junto a isso identificaremos a influência
ocorrida para o individuo se transcender.
O tema, de certa forma, é bastante complexo, pois, além de
tudo, não podemos afirmar que a transcendência é algo pouco difícil
de ser alcançado. Para uma possível transcendência é preciso passar
por várias etapas da vida, levando muito em conta a resiliência do
individuo e a sua relação com o meio.
O ser humano precisa de algo que o leve para frente,
independente se este é constante ou apenas momentâneo, querer
realizar objetivos que estejam além do que já é capaz, sendo assim,
precisa da motivação. Por motivação temos grandes teorias e
explicações que abrangem inúmeras áreas filosóficas e humanas.
2.DEFINIÇÕES PARA MOTIVAÇÃO E TRANSCENDÊNCIA
Para definir motivação há uma forte contradição, já que todas
as concepções são ainda primitivas, de senso comum, mesmo com
um linguajar mais formal. Muitos estudiosos definem motivação, por
vezes, de formas contraditórias. Pois, a vasta quantidade de
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concepções indica a falta de conhecimento sobre o assunto. No
entanto, para o respectivo artigo, nos convêm as seguintes definições:
segundo Rogers, Ludington & Graham (1997) a motivação é um estado,
no qual sentimos desejo ou necessidade de algo, é um impulso que
temos para fazer alguma coisa. Ainda, de acordo com Lieury &
Fenouillet (2000) ela é um conjunto de mecanismos biológicos e
psicológicos que torna possível o desencadeamento da ação para
uma meta, como também para o afastamento desta. Logo, quanto
mais motivada e mais persistente maior é a atividade do indivíduo.
O fato é que mesmo sendo entendida como um conjunto de fatores
ou um processo, a motivação leva a uma escolha, faz iniciar um
comportamento direcionado a um objetivo (BZUNECK, 2004).
Uma das grandes teorias da motivação humana foi criada e
desenvolvida por Abraham Maslow, que nos apresenta o conceito de
necessidades básicas, no qual ele afirma que todos os indivíduos
possuem essas necessidades, mas com graus de intensidade
diferenciados de uma pessoa para outra (PUENTE, 1982).
Maslow apresenta as necessidades básicas especificamente como:
·
Necessidades fisiológicas – Fome, sede, sono, sexo, etc.
Uma pessoa que carece de alimento, segurança, amor e estima, desejará,
provavelmente, alimento acima de tudo (MASLOW, 1971, p.342).
·
Necessidades de segurança – Após a satisfação das
necessidades fisiológicas, a necessidade de segurança vem à tona,
essa necessidade é mais abrangente em crianças.
No livro Tendências Contemporâneas em Psicologia da Motivação
(1982), Puente cita exemplos de Maslow sobre as necessidades de
segurança:
– necessidades de proteção e tranquilização durante uma doença;
– preferência por um tipo qualquer de rotina ou ritmo
ininterrupto;
– preferência pelo conhecimento, por uma religião, ciência ou
filosofia que organize o universo. (PUENTE, 1982)
·
Necessidades de amor – Por necessidades de amor devemos
entender que não é sexo, mas sim uma afeição. Maslow apresenta
essa concepção pela frase de Rogers: “Amor significa ser plenamente
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compreendido e profundamente aceito por alguém” (PUENTE, 1982,
p.24).
·
Necessidades de estima – Aceitação própria, autoestima,
autoconfiança, valor e respeito a si próprio. Podemos falar também
em um Ego estruturado.
·
Necessidades de autoatualização – É este ponto que mais
nos interessa para o presente artigo. Sobre a autoatualização, Maslow
(1971) diz que é “o desejo de a pessoa tornar-se sempre mais do que
é e de vir a ser tudo o que pode ser”, assim, ligando-se totalmente
à transcendência.
Maslow, então, fala sobre a necessidade de crescimento ligado à
autoatualização e dentro desse fator estão contidos: verdade,
bondade, beleza, transcendência, inteireza, justiça e outras
(PUENTE, 1982).
Para prosseguirmos com o desenvolvimento do trabalho temos
que entender por definição de transcendência como “ir além”. Ir
além do desejo, e os desejos humanos são inesgotáveis, sendo assim,
podemos definir transcendência como algo infinito – quanto mais se
alcança, maior o desejo de prosseguir.
Podemos separar a transcendência em três tipos, são estes:
Religiosa – ajuda no desamparo do indivíduo e lida com as forças da
natureza –; Filosófica – vai além da aparência para buscar a essência
– e Psíquica – que vai além do consciente em busca de respostas para
seus próprios traumas (AUTORIA DESCONHECIDA).
A palavra transcendência é fortemente usada em termos
espirituais, divino ou meta-humano, mas igualmente não é excluída
a compreensão de que a busca da transcendência seja algo natural
(BOAINAIN, 1998).
Maslow nos apresenta a concepção de transcendência da seguinte
forma:
Transcendência também significa tornar-se divino ou assemelhado a Deus,
indo além do meramente humano. Mas é necessário que aqui sejamos
cautelosos para não fazer desse tipo de colocação algo extra-humano ou sobre
humano. Eu penso na utilização da palavra “meta-humano” [...] como forma
de enfatizar que este torna-se muito elevado ou divino assemelhado a Deus é
parte da natureza mesmo que não seja frequentemente observado o fato.
Ainda assim permanece como potencialidade da natureza humana (MASLOW,
1969, p. 61).
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Agora que entendemos o conceito de motivação e transcendência
precisamos identificar como a primeira levará o Ego a uma possível
transcendência.
2.1. A motivação na busca de uma possível transcendência do
Ego
O enfoque deste ponto é delimitado a identificar quais influências
levam o ego a uma possível transcendência e como isso ocorre na
maioria das vezes.
Maslow coloca junto à autoatualização a própria transcendência,
pois na obra O Comportamento Humano na Empresa (1971) ele diz
que a “autoatualização é a tendência de realizar o potencial. Essa
tendência pode ser expressa como o desejo de a pessoa tornar-se
sempre mais o que é e de vir a ser tudo o que pode ser” (MASLOW,
1971, p.352).
Então, sabemos que para a transcendência ser alcançada, o
individuo precisa passar por todas as etapas das necessidades básicas,
sem exceção de nenhuma. Mas também, para unir o ego à
transcendência deve ser direcionado catexias ao objeto de
identificação do eu – que provavelmente seja transcendental – assim
com o investimento libidinal ligado ao objeto transcendente e as
necessidades básicas terem sido saciadas, a probabilidade do ego
do individuo se aproximar à transcendência tende a aumentar.
O fator de identificação com o objeto transcendental – real ou
fantasioso – é de grande importância para a busca da transcendência,
pois, podemos identificar nas pessoas autoatualizadas ou transcendentais
que suas ligações religiosas são extremamente fortes. Qual foi o objeto
que o ego desses indivíduos extremamente religiosos tomou como
identificação? O Divino. Podendo ser Deus, deuses mitológicos, pagãos,
entre toda diversidade que há, mas de qualquer forma, sendo uma
divindade. Por esse motivo que muitas vezes a palavra transcendência
é entendida como um termo espiritual ou meta-humano.
Outro ponto essencial para alcançar a transcendência é a autonomia,
que leva o ego absolutamente a assumir seu desamparo, o individuo
não pode ter o ego dependente. Isso forma uma ligação da identificação
transcendental e apresenta que as identificações anteriores, como a
da figura paterna ou materna, foram abandonadas pelo ego.
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[...] Isso nos conduz de volta à origem do ideal do ego; por trás dele jaz
oculta a primeira e mais importante identificação de um indivíduo, a sua
identificação com o pai em sua própria pré-história pessoal. [...] as escolhas
objetais pertencentes ao primeiro período sexual e relacionadas ao pai e à
mãe parecem normalmente encontrar seu desfecho numa identificação desse
tipo, que assim reforçaria a primária (FREUD, 1923, p.18).
2.2.Necessidades de deficiência e crescimento
Para prosseguirmos com ensaio do ego transcendental temos por
obrigação de ter a ciência das necessidades de deficiência e de
crescimento.
Maslow nos apresenta a necessidade de deficiência como se fosse
“buracos vazios que devem ser preenchidos a bem da saúde e, além
disso, devem ser preenchidos de fora por outros seres humanos que
não sejam o próprio sujeito” (MASLOW, 1968, p.49) e as necessidades
de crescimento como “vários processos que levam a pessoa no sentido
de sua individuação final” (MASLOW, 1968, p.53). A necessidade de
crescimento acontece após as necessidades básicas serem concluídas.
A pessoa orientada para a satisfação de necessidades é mais egocêntrica,
tornando-se difícil centrar-se no mundo, dificuldade que aumenta quanto
mais déficit de necessidades a pessoa tenha.
A pessoa motivada para o crescimento possui uma capacidade para centrarse no mundo quanto mais deixa para trás o egocentrismo, mais envolvida
estará com o mundo objetivo. (PUENTE, 1982, p.30)
Então, outro ponto que sabemos é que o individuo, para alcançar
a transcendência, precisa ser motivado pela necessidade de
crescimento, pois a satisfação das necessidades básicas gera uma
crescente motivação tornando a pessoa mais ativa e assim buscando
o crescimento do próprio ego (PUENTE, 1982).
3.CONSIDERAÇÕES FINAIS
O trabalho teve como objetivo apresentar ao leitor a
definição de motivação pela teoria de Maslow, que nos sugere o
conceito das necessidades básicas. Desta forma, utilizamos as
etapas dessas necessidades com a finalidade de modificar o ego
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do indivíduo com o intuito de que este chegue a uma possível
transcendência.
O grande aspecto que motivou o estudo da transcendência foi a
ampla complexidade para entendimento do assunto por estudantes
de psicologia e outras áreas que exigem esse entendimento. Além
de tudo houve uma grande escassez na pesquisa sobre a motivação
ligada à transcendência, assim, buscamos teorias de ambos os
assuntos separadamente e por fim às ligamos.
Compreendemos que a transcendência é algo muito raro de ser
alcançado, mas não impossível. Como mostramos no artigo, deve-se
passar por várias fazes antes de se pensar em um ego transcendental,
não apenas pelas necessidades básicas, mas pensando também na
identificação para o ideal do ego e na necessidade de crescimento.
Chegamos, enfim, à conclusão de que a motivação baseada nas
necessidades básicas é a maior essência para a busca do ego
transcendental.
4.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BOAINAIN, E. Tornar-se transpessoal: transcendência e
espiritualidade na obra de Carl Rogers. 1998. Summus Editorial.
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Edição, pp. 9-36. Petrópolis: Vozes.
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2000. Tradução de Y.M.C.T. Silva. São Paulo: Loyola. (trabalho
originalmente publicado em 1996).
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York, Viking. – A
_____ The Healthy Personality: Readings. 1969. New York, Van
Nostrand Reinhold – B
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PUENTE, M. Tendências Contemporâneas em Psicologia da
Motivação. 1982. Câmara Brasileira do Livro, SP.
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teacher’s guide to building excitement for learning & igniting the
drive for quality. 1997. 3ª Ed. Evergreen: Peak Learning Systems.
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ERGONOMIA COGNITIVA: UM ESTUDO SOBRE
OS TRAÇOS INTELECTUAIS NO MUNDO DO
TRABALHO
Matheus Cardoso VALENCIANO1
Juliana BARACAT2
1
Discente do Curso de Psicologia da Faculdade de Ciências da Saúde de
Garça- SP - e-mail: [email protected]
2
Docente do Curso de Psicologia da Faculdade de Ciências d Saúde de
Garça- SP - e-mail: [email protected]
RESUMO
A Ergonomia Cognitiva , é uma área da ergonomia que
representa e refere-se aos processos mentais , tais como percepção,
atenção , cognição , controle motor e armazenamento e
recuperação de memória , e como eles afetam as interfaces entre
seres humanos e outros elementos de um sistema. A Ergonomia,
pode ser definida como adaptação do trabalho ao homem, é dividida
em física, organizacional e cognitiva. No início da produção
industrial organizada, principalmente após a fase da administração
científica de Taylor, em 1912, era a ergonomia física que
predominava, em que se utilizava a força física dos trabalhadores
e se originou o termo “mão-de-obra”. Com o passar do tempo, e
cada vez mais, principalmente devido a mecanização e
automatização das máquinas, deixou-se de usar “as mãos” e passouse a usar “o cérebro”.
Palavras-Chave : Cognitivismo, Ergonomia, Trabalho
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ABSTRACT
Cognitive Ergonomics, is an area that is ergonomic and refers to
mental processes such as perception, attention, cognition, motor
control and memory storage and retrieval, and how they affect the
interface between humans and other elements of a system.
Ergonomics can be defined as adaptation of work to man, is divided
into physical, cognitive and organizational. At the beginning of
organized industrial production, especially after the phase of
scientific management Taylor, in 1912, was the physical ergonomics
that prevailed, that was used in the physical strength of workers
and originated the term “hand labor”. With the passage of time,
and increasingly, mainly due to mechanization and automation of
machinery was allowed to use “hands” and we started to use “the
brain”.
Key-words: cognitivism, ergonomics, work.
1.INTRODUÇÃO
O Objetivo deste artigo, é mostrar que a Ergonomia esta
relacionada com o contexto moderno de trabalho, sobretudo na
economia industrial e como as aplicações de técnicas de adaptação
do homem em relação ao seu trabalho de forma eficiente e segura
visa otimizar o bem estar e o aumento da produtividade, sendo este
fruto da disciplina de Ergonomia e Saúde do trabalhador do curso de
Psicologia.
A palavra Ergonomia divide-se em Ergo+Nomia pois esta tem
origem de duas palavras gregas “Ergon”( Ergo ) que significa trabalho
, e “Nomos”( nomia ) , que significa leis , regras .
A Ergonomia estuda e defende os aspectos fisiológicos ,
anatômicos , psicológicos , relacionados com o ambiente profissional.
Em 1949, K.F.H. Murrel, engenheiro inglês, começou a dar um
conteúdo mais preciso à ergonomia, e fez o reconhecimento desta
disciplina científica criando a primeira associação nacional de
Ergonomia, a Ergonomic Research Society, que reunia fisiologistas,
psicólogos e engenheiros que se interessavam pela adaptação do
trabalho ao homem (LIDA, 2001). Foi a partir deste momento que a
ergonomia passou a ter grande aplicação prática.A Cognição , já
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éum ato ou processo de conhecer , que envolve atenção , percepção,
memória , raciocínio , juízo , imaginação , pensamento e linguagem
. A palavra tem origem nos escritos de Platão e Aristoteles .
No passado o trabalho era essencialmente físico, com pouca ou
nenhuma participação intelectual daqueles que atuavam no chão de
fabrica. O termo mão-de-obra vem desta atuação, onde usavam-se
as mãos e não a “cabeça”. Na medida em que a tecnologia foi
evoluindo, cada vez mais o trabalho físico foi diminuindo, enquanto
o trabalho intelectual foi aumentando, podendo-se pensar, até, no
termo cérebro-de-obra.A carga mental de trabalho , tomadas de
decisões , desempenho , interação homem computador ,estresse e
treinamento , se relacionam a projetos envolvendo seres humanos
e sistemas ( WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre).
O olhar da Ergonomia não se limita a entender a atividade humana
nos processos de trabalho de uma ótica puramente física , ou entender
que os trabalhadores não são apenas simples executantes , e sim
que são capazes de detectar sinais e indícios importantes , são
operadores competentes e são organizados entre si para trabalhar ,
e que nesse contexto podem cometer erros ( LAVILLE, 1977).
2.DESENVOLVIMENTO
A Ergonomia tem uma dimensão pluridisciplinar que envolve a
Fisiologia, a Psicologia, a Sociologia, Engenharia e Medicina do
Trabalho ( LAVILLE, 1977) .
Alguns tópicos da Ergonomia Cognitiva , érepresentado pela Carga
Mental de Trabalho , Vigilância , Tomadas de Decisões , Desempenho
de Habilidades , Erro Humano e Interação Homem Computador .
Há muito tempo que a Ergonomia vem evoluindo , tendo tomado
um grande impulso após a Segunda Guerra Mundial, envolvido com o
advento de máquinas e armas sofisticadas, criando demandas
cognitivas jamais vistas antes por operadores de máquinas, em termos
de tomada de decisão, atenção, análise situacional e coordenação
entre mãos e olhos. Um exemplo clássico que podemos estar
utilizando é que em 1943, Alphonse Chapanis, tenente do exército
norte-americano, mostrou que o “erro do piloto” poderia ser muito
reduzido quando controles mais lógicos e diferenciáveis substituíssem
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os confusos projetos das cabines dos aviões. Muitos pesquisadores
estudaram e criaram definições de inteligência, e alguns até criaram
métodos para medir a inteligência de uma pessoa, existindo testes
que “conferem uma nota” para a mesma. Dentre as diversas teorias
duas se destacam: a do suíço Jean Piaget (1896-1980) e a do francês
Alfred Binet (1857-1911). Piaget imaginou a inteligência como um
desenvolvimento cognitivo caracterizado por uma evolução
progressiva, em função da idade, como uma construção progressiva
de estruturas mentais. Segundo Piaget, o ser humano apresenta os
seguintes estágios de inteligência: de 0 a 2 anos de idade é o estágio
sensório motor , caracterizada pela inteligência aplicada à situações
e ações concretas; de 2 a 7 anos o estágio pré-operatório,
caracterizado pela reprodução de imagens metais, usando
pensamentos intuitivos que se expressa numa linguagem
comunicativa; de 7 a 12 anos estágio de operações concretas,
caracterizada pela aceitação do ponto de vista do outro, levando
em conta mais de uma perspectiva e acima de 12 anos o estágio de
operações formais, caracterizada pela fase de transição para o modo
adulto de pensar, formando a partir dessa fase a capacidade de
raciocínio sobre hipóteses e idéias abstratas . (ABRANTES e ABRANTES,
2009).
Cada uma dessas fases é caracterizada por formas diferentes de
organização mental que possibilitam as diferentes maneiras do
indivíduo relacionar-se com a realidade que o rodeia (COLL E
GILLIÈRON, 1987).
Segundo Gardner (1994), todo ser humano é dotado de múltiplas
inteligências, sendo algumas mais fortes que outras, ou seja, cada
pessoa tem mais ou menos facilidade de executar determinadas
tarefas. Quando um trabalhador é obrigado a usar aspecto de sua
inteligência menos desenvolvida, ele se estressa, ou seja, o trabalho
não está sendo adaptado a ele, trazendo-lhe uma série de
consequências, típicas das condições de estresse.
Sabe-se que há muito tempo, as empresas procuram contratar
funcionários que tenham formação multi, inter e transdisciplinar,
ou seja, que irão atuar em diversas especialidades e áreas. Também
se sabe que, mesmo muitas pessoas que atendem a estes requisitos,
também têm suas inteligências fortes, ou seja, também estarão
submetidas ao estresse, quando obrigadas continuamente a analisar
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problemas e tomar decisões, sobre questões às quais não estão
enquadradas nas suas áreas fortes da inteligência.
Com a crescente sofisticação dos trabalhos, principalmente com
ações e interações em sistemas computacionais, em que o trabalhador
tem que estar continuamente atento e tomando decisões, sabe-se
do aumento do estresse ocupacional. Enquanto no passado, devido
ao trabalho físico, era a ergonomia física que predominava, já há
algum tempo que predomina o trabalho mental, relacionado à
ergonomia cognitiva. Em síntese, pode-se pensar que saiu-se da era.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Concluindo este artigo, pode-se recomendar que, ao se fazer
uma análise ou auditoria ou projeto ergonômico de um posto de
trabalho, especialmente onde ocorrerá a ergonomia cognitiva,
principalmente com interação entre homem e computador, deve-se
levar em conta quais, dentre as múltiplas, são as inteligências fortes
exigidas para tal, de forma a colocar a pessoa certa no lugar certo.
Baseado na teoria das inteligências múltiplas, em especial devido
formação neuronal e comportamentos, também se pode explicar e
aceitar que existem trabalhos que são melhores executados por
mulheres, do que por homens, e vice versa. Um trabalho de ergonomia
bem feito , ajudará muitas empresas a crescerem no mercado e
consequentemente se expandirem com mais facilidade .
4.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABRANTES, José; ABRANTES, Maria Helena Barbosa. Por quê as
mulheres são mais inteligentes que os homens.
, Wak,
, 2009
CAMPBELL, Linda, CAMPBELL, Bruce e DICKINSON, Dee. Ensino e
aprendizagem por meio das Inteligências Múltiplas. Tradução de
Magda França Lopes. 2 ed, Porto Alegre: Artmed, 2000.
GARDNER, Howard. Estruturas da mente. Porto Alegre, ArtMed, Porto
Alegre, RS, 1994.
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A CONCEPÇÃO DE PESSOA PARA EMMANUEL
MOUNIER
Daiane Castro MOREIRA1
Magda Rodrigues de OLIVEIRA
Silvio Teixeira GONÇALVES
Janete Bervique AGUIRRES2
1
Discente do curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e
Formação Integral de Garça - FAEF
2
Docente do curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e
Formação Integral de Garça - FAEF
RESUMO
Este artigo apresenta os elementos que definem a concepção de
pessoa para Emmanuel Mounier e o seu conceito de personalismo,
que vêm a definir o que ele pensa sobre a liberdade do homem, a
sua história e luta para defender uma liberdade de expressão que,
nos dias atuais, já se faz comum de acordo com situações.
Palavras-chave: Concepção, Pessoa, Liberdade, Mounier.
ABSTRACT
This article introduces the elements that define the concept of
person to Emmanuel Mounier and his concept of personalism, which
come to define what he thinks about human freedom, its history
and fight to defend freedom of expression, nowadays , it is already
common according to situations.
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Keywords: Design, Individual Freedom, Mounier.
1 INTRODUÇÃO
Segundo HENRIQUES; VACAS (2000), Emmanuel Mounier nasceu
em 1905, em Grenoble, e foi um filósofo e escritor, dividiu com o
mundo diversas obras, incluindo a revista Espirit, com forte influência
o Personalismo.
Uma das grandes contribuições deste autor foi o livro: O
Personalismo, elaborado em plena vida, uma filosofia que aborda
sistematizações, além de realçar a liberdade do homem e o poder
ser imprevisível.
A publicação de O Personalismo na França, no final da década
de 1940, foi de enorme importância pela influência que teve na
evolução do pensamento político universal, em toda a segunda
metade do século XX. A sua afirmação central, “a existência de
pessoas livres e criadoras”, fez dele mais uma orientação do que
uma doutrina.
1.1 Objetivo geral
Discorrer sobre a concepção da pessoa e de liberdade de
expressão, segundo Emmanuel Mounier.
Objetivos específicos:
- caracterizar o que é Personalismo para Mounier;
- definir o que é liberdade humana e liberdade de expressão,
para este pensador;
- descrever a nova concepção de civilização, segundo o
pensamento do mesmo;
1.2 Metodologia
Elegemos a pesquisa bibliográfica para a elaboração do presente
artigo. Esta pesquisa consiste em levantamentos de dados, sobre o
que já foi publicado em livros, revistas, sites e outras fontes, para
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efetua-lo foi necessário selecionar os textos úteis por serem
adequados ao assunto e aos objetivos.
2 A LIBERDADE DE EXPRESSÃO DA PESSOA LIVRE E CRIADORA
Mounier defende a liberdade do homem, de ser, de querer, de ir
e vir, pensar e agir de forma que nenhuma imposição o impeça de
ser quem ele é; isto é explicado no seguinte trecho:
A pessoa, para ele é antes de mais nada o não, a recusa de aderir, a
possibilidade de se opor, de duvidar, de resistir à vertigem mental
correlativamente a todas as formas de afirmação coletiva quer sejam
teológicas, quer sejam socialistas (MOUNIER, 1976 apud NASCIMENTO,2007).
Segundo Santos e Monteiro (s.d.), o Personalismo de Emmanuel
Mounier é uma forma de compreender o homem e suas características
próprias. Nas suas contribuições filosóficas ele expressa
veementemente os atributos do homem, afirmando que ele é um
ser de liberdade de expressão, ou seja, de escolhas: alguém que
sabe amar, querer, sentir entre outros atributos, porem ele não deve
ser manipulado ou usado para benefícios de terceiros, como no século
XX, quando as pessoas desta época não tinham ou não faziam o uso
da liberdade de expressão.
Mounier, em muitas das suas tentativas de fazer valer a liberdade,
lançou mão de escritos que continham ideais de sua própria autoria;
chegou a ir para prisão em nome deste protesto contra as forças
opressoras. Este fato veio a ocorrer em decorrência de certos
problemas do século XX, como a Segunda Guerra Mundial, que
devastou o país deixando caos e miséria por toda parte, além da
eminente ameaça de uma terceira guerra.
Nestes processos, o país afetado pela guerra encontrava-se em
conflito com tudo e com todos; as pessoas não podiam afirmar suas
ideias ou quaisquer outros direitos. Foi então que Mounier apresentou
sua filosofia, seu jeito de compreender a vida; foi questionado e em
resposta a esta acusação afirmou que:
O Personalismo é uma filosofia. Não é apenas uma atitude. É uma filosofia,
não é um sistema. Não foge à sistematização. Porquanto o pensamento
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necessita de ordem: conceitos, lógica, esquemas unificantes, não servem
apenas para fixar e comunicar um pensamento que sem eles se diluiria em
intuições opacas e solitárias; [...] Por que define estruturas, o Personalismo
é uma filosofia e não apenas uma atitude. Mas sendo a existência de pessoas
livres e criadoras a sua afirmação central, introduz no centro dessas estruturas
um princípio de imprevisibilidade que afasta qualquer desejo de sistematização
definitiva (MOUNIER1964, apud SANTOS; MONTEIRO, .s.d).
Para Mounier, a liberdade do homem é inegável e deixá-la por
outras forças significa acomodar-se em uma situação alienante. A
alienação do homem é a miséria material, que não aceita a pessoa
como corpo e alma; assim, o homem alienado deixa de ser o que
realmente é de fato (MOUNIER, 1976 apud NASCIMENTO, 2007).
O homem existe para uma busca concreta de libertação, isso se
dá por um processo de transformação da própria consciência, mas a
libertação também se dará pelo esforço do homem em “humanizar
a humanidade” humanizando-se (MOUNIER, 1976 apud NASCIMENTO,
2007). A pessoa só se faz na comunidade e comunidade só pode ser
entendida como comunidade de pessoas.
As características de pessoa para Mounier são: a encarnação, o
engajamento, a vocação, a ultrapassagem de si, o despojamento, a
liberdade e a autonomia, a comunhão e a comunidade. A comunidade
e a pessoa seriam a proposta personalista de Emmanuel Mounier,
que quis mostrar uma nova civilização, que era contra a civilização
individualista e a civilização coletivista.
A partir da visão personalista, Mounier estabelece os seguintes
temas de concepção de civilização (LORENZO, 2010):
1. A educação da pessoa: a pessoa ser engajada como pessoa,
ser livre em toda sua dimensão.
2. A vida privada: a pessoa precisa de interioridade para a vida
pública.
3. A cultura da pessoa: a cultura está no povo, e o enriquecimento
no interior de cada um.
4. Uma economia para a pessoa: crítica ao capitalismo que é
impessoal e está fora da pessoa. Promove uma economia voltada
para a pessoa.
5. A sociedade política: a política deve atender à pessoa integral.
6. A sociedade internacional e inter-racial: propõe uma
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comunidade que não seria composta pelo Estado, e sim pelo povo
fora e ao lado dos Estados.
Mounier foi o precursor do personalismo da liberdade do homem,
deste ser de devir de direito e de subjetividades. Ele ainda afirmava
que não basta compreender, é preciso fazer; mais que desenvolver
em nós esta consciência e sinceridade, e sim assumir o máximo de
responsabilidade e transformar a realidade.
Neste contexto de pós-guerra que, a partir do engajamento de
Mounier se fez valer a influência dos seus conceitos sobre a liberdade
de expressão do homem, sendo esta usada no cotidiano do indivíduo
diante de diversos situações, ambientes e épocas.
No texto produzido pelo Escritório de Programas Internacionais
de Informação, Departamento de Estado dos EUA, pode-se encontrar
conceitos que definem alguns traços da liberdade de expressão, fatos
que antes não eram vistos com bons olhos na época de Mounier;
mas, atualmente este mesmo tema é abordado sob um novo olhar e
isso pode de ser conferido no texto a seguir.
A liberdade de expressão, sobretudo sobre política e questões públicas, é o
suporte vital de qualquer democracia. Os governos democráticos não controlam
o conteúdo da maior parte dos discursos escritos ou verbais. Assim, geralmente,
as democracias têm muitas vozes exprimindo ideias e opiniões diferentes, e
até contrárias. O princípio da liberdade de expressão deve ser protegido pela
constituição de uma democracia, impedindo os ramos legislativo e executivo
do governo de impor a censura. (http://www.embaixada-americana.org.br)
(s. d., s.p.)
Diante deste argumento pode-se compreender que, quando se
restringe a liberdade de um indivíduo, não somente o direito deste
é atingido, mas também o de toda a comunidade, de receber e
debater as informações; caracteriza-se, assim, que a liberdade de
expressão atinge o indivíduo e a interação humana na sociedade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por hora, podemos afirmar que as contribuições de Emmanuel
Mounier, conceituando o personalismo e a liberdade do indivíduo, e
a sua busca concreta de libertação.
Embora, nos dias atuais, a liberdade de expressão esteja presente
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em diversos momentos, fazendo valer os direitos de alguém, não se
pode esquecer os precursores da conquista desses direitos, que foram
defendidos com muitas lutas pessoais para garantir o que antes foi
negado.
Em nome destes ideais, Mounier foi preso, mal visto, mal
interpretado, mas as suas contribuições contribuíram são essenciais
no mundo atual, em que as pessoas estão mais conscientes do seu
próprio poder de libertar-se.
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A CONSTRUÇÃO DA SUBJETIVIDADE INFANTIL
SOB INFLUÊNCIA DA MÍDIA, DESTACANDO A
VISÃO DA GESTALT-TERAPIA
Janaina de Aguiar BISPO1
Dayran Karam dos REIS²
1
Discente do Curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e
Integral – FAEF, Sociedade Cultural e Educacional de Garça – S/S LTDA.
² Docente do Curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e
Integral, Sociedade Cultural e Educacional de Garça – S/S LTDA.
RESUMO
O presente artigo mostra a influência que a mídia exerce na
construção da subjetividade infantil, e ainda carateriza a visão de
ser humano, principalmente a infância, sob a ótica da Gestal-terapia.
É relatado sobre o conceito de subjetividade, que é o estado e/ou
caráter daquilo que é subjetivo, e também é abordado sobre o poder
da manipulação que a mídia possui sobre a sociedade, em especial
sobre as crianças, criando novas percepções e novas formas de
subjetividade. A metodologia utilizada para a realização desse artigo
foi o levantamento bibliográfico através de livros e artigos
acadêmicos que relatam sobre o dado tema.
Palavras-chave: Gestalt-terapia, Infância, Mídia, Subjetividade.
ABSTRACT
This paper shows the influence the media has on children’s
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construction of subjectivity, and still features the vision of humans,
particularly in view of childhood Gestal therapy. It is reported on
the concept of subjectivity, which is the state and / or character of
what is subjective, and is also discussed about the power of
manipulating the media has on society, especially on children,
creating new insights and new ways of subjectivity. The methodology
used to conduct this article was the bibliographic through books and
scholarly articles that report on the given topic.
Keywords: Gestalt Therapy, Childhood, Media, Subjectivity.
1.INTRODUÇÃO
Para a Gestalt-terapia, assim como para o Existencialismo, o ser
humano não é visto como um ser universal, mas como um ser
particular, com liberdade e vontade pessoais, singular, consciente e
responsável. A proposta da Gestalt-terapia é ver o homem
singuralizado na sua forma de ser e agir, como um ser único no
universo, individualizando-se a partir do seu encontro entre sua
subjetividade e sua singularidade (RIBEIRO, 1985).
Subjetividade é o estado e/ou caráter daquilo que é subjetivo. Subjetivo é o
que diz respeito ao sujeito, que se passa no íntimo do sujeito pensante, que
varia de acordo com o julgamento, os sentimentos, os hábitos de cada um,
individual, o gosto é subjetivo (FERREIRA, 2004, p. 515).
A construção da subjetividade é a produção da conexão do mundo
externo com o mundo interno através da interiorização, que seria a
apreensão dos processos subjetivos dos outros, passando de uma
relação interpessoal para um controle e planejamento da sua própria
atividade, estruturando-se pelas suas reações sociais (COLVARA, 2007).
O poder da manipulação que a mídia possui pode agir como um
tipo de controle social, que ajuda no processo de massificação da
sociedade, que procede de várias pessoas que caminham sem opinião
própria. Sendo um instrumento de manipulação, a mídia é utilizada
para serviços de interesses particulares, criando percepções e novos
modos de subjetividade, e influenciando e modificando contextos
sociais, cria valores e verdades, fazendo com que várias pessoas
enxerguem o mundo através de suas lentes (SILVA, 2006).
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Atualmente, a mídia tem uma dimensão central e capital em
vários âmbitos da sociedade moderna, como, a política, a escola, o
esporte, e a economia que são marcados pela influência dos meios
de comunicação de massa. O domínio da mídia está crescendo, pois
os avanços tecnológicos fazem com que as informações sejam
transmitidas de forma rápida e real. O surgimento de uma nova
produção da subjetividade se dá devido às relações e experiências
mostradas pela mídia (SILVA, 2006).
O imaginário infantil numa sociedade dependente da mídia está sujeita a
manipulações que transformam os seus estágios naturais de formação e
crescimento e os direciona para uma existência servil e utilitária, num
interesse agressivo de perpetuação do ‘modus vivendun’ até então
estabelecido (CONSONI, 1997, p. 06).
A mídia influência nos modos de subjetivação, além de contribuir
para a criação de subjetividades. A subjetividade está ligada
diretamente às experiências que o indivíduo faz de si mesmo, onde
é fundamental a “relação consigo”. (CESAR, 2012). Assim, a mídia
além de influenciar a subjetividade, contribui para a criação de novas
subjetividades.
A mídia é divertida, colorida, convidativa e muito atrativa para
a criança (PEREIRA, 2010). A mídia infantil não fornece elementos
para estimular a leitura crítica das crianças e não atua na construção
da sua visão crítica de mundo, além de limitar a visão infantil e
restringir seu espaço de participação, não reconhecendo as crianças
como produtoras da cultura (FERREIRA, 2007).
Quando se analisam as crianças em relação à mídia de massa e à cultura
popular, nossa tendência é defini-las como consumidores, expectadores,
receptores, vítimas. Mas elas também são usuários daquela mídia e daquela
cultura: fazem escolhas e interpretações, delineiam o que querem [...].
Enxergar as crianças como receptoras passivas do poder da mídia nos coloca
em conflito com as fantasias que elas escolheram e, portanto, com as próprias
crianças. Enxergá-las como usuárias ativas permite que trabalhemos com o
entretenimento que as ajude a crescer (JONES, 2004, p. 20 apud ALMEIDA,
FERREIRA, 2006).
Os meios de comunicação influenciam o desenvolvimento da
personalidade de uma criança, que está no começo de sua construção.
Assim, os meios de comunicação fazem parte de nossas vidas, os
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pais devem ajudar os filhos colocando limites, dizendo o que é bom
ou ruim, para eles aprenderem a lidar com os meios de comunicação
desde cedo (PEREIRA, 2010).
O artigo tem como objetivo mostrar à influência que a mídia
exerce na construção da subjetividade infantil, e ainda caraterizar
a visão de ser humano, principalmente a infância, sob a ótica da
Gestal-terapia.
2. A VISÃO DA GESTALT-TERAPIA SOBRE O HOMEM, DESTACANDO
O MOMENTO DA INFÂNCIA
A Gestalt-terapia compreende o homem como uma totalidade,
um sistema organizado e integrado, uma integração indivisível corpo/
mente, na qual não há separação entre os elementos que o compõem,
mas sim integração, correlação, organização e interdependência
(MAYER, 1986).
A idéia humanista afirma que o homem é um ser de
potencialidades que podem ser atualizadas a qualquer momento de
sua vida, e a perspectiva existencial afirma que o homem nunca
está pronto, ele não é isso ou aquilo de uma forma definitiva, mas
está sendo nesse momento algo que pode vir a ser outra coisa no
momento seguinte, o homem é um constante vir a ser, é um ser em
processo (AGUIAR, 2005).
A abordagem gestáltica com crianças tem o objetivo de ajudar
a criança a tomar consciência da sua existência e de si mesma
(OAKLANDER, 1980). O desenvolvimento sadio do corpo, do intelecto
e dos sentimentos da criança constitui a fundamento subjacente
do senso de eu da criança. O senso de eu forte ajuda a criança a
ter um bom contato com as pessoas e o meio ambiente desse meio,
que é um aspecto muito importante para a Gestalt-terapia (MATTAR,
2010).
A prática da Gestalt-terapia com crianças tem a meta de retomar
o curso satisfatório do desenvolvimento da criança, assim, oferece
à criança a oportunidade de se libertar daquilo que obstrui seus
sentidos e seu contato pelo com o mundo (AGUIAR, 2005).
O homem é um ser relacional, e está em constante relação
interrupta, em que o ser humano é construído, transformado,
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constituído pelo meio, ao mesmo tempo em que modifica, influencia
e transforma esse meio deixando sua “marca” (AGUIAR, 2005). Essa
relação interrupta a qual Perls (1985) denominou de processo de
auto-regulação organísmica, visa alcançar o melhor equilíbrio possível
num determinado campo e que é representado pelo ciclo de contato.
A tendência a auto-regulação é comum a todo ser humano, pois é a
forma que o homem busca para satisfazer suas necessidades de se
relacionar no mundo (AGUIAR, 2005).
Na abordagem Gestalt-terapia a criança é vista como um ser em
desenvolvimento, e não de forma dividida em fases e estágios, como
afirma alguns autores e teorias psicológicas sobre o desenvolvimento
infantil, considerando que toda criança cresce e se desenvolve
obedecendo a fases sucessivas. Para a Gestalt-terapia a criança é
vista como um todo e é resultado das influências ambientais, culturais
e sociais, dos acontecimentos e das potencialidades herdadas ou
desenvolvidas, assim a criança é um ser em constante transformação,
e cada ser é único, singular, tendo suas limitações e possibilidades
(RAMOS, 2013).
A infância na visão da Gestalt-terapia é um determinado momento
do desenvolvimento humano, no qual o ritmo das aquisições e
transformações é mais freqüente e acelerado, assim nesse período
há constantes desafios e inúmeros ajustamentos criativos. Assim, a
infância é vista como uma trajetória construída através de momentos
singulares contínuos que são em si completos no aqui e agora de
cada criança (AGUIAR, 2005).
Os ajustamentos criativos podem ser entendidos como a
expressão, a cada momento, da melhor forma possível desse individuo
auto-regular-se no contato com o mundo, sendo caracterizado como
o processo de desenvolvimento no ciclo continuo de ajustamentos
criativos ao longo da vida (PERLS, 1977).
A criança vai construindo várias formas de estar e relacionar-se
com o mundo, as quais chamamos de ajustamentos criativos e que
podem ser apresentados de formas saudáveis ou menos saudáveis. O
que vai determinar se um ajustamento é saudável ou não, é a forma
como a criança interage com o mundo dirigido pelo processo de
auto-regulação (AGUIAR, 2005).
O funcionamento não saudável é considerado um fenômeno
interativo que ocorre na fronteira de contato e que se refere à
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incapacidade de se relacionar criativamente com o meio,
relacionando-se através de padrões cristalizados e repetitivos, nos
quais a expressão de necessidades é distorcida ou eliminada, com o
intuito de manter a relação com o outro, por mais artificial que essa
relação possa parecer (FRAZÃO, 1997).
O desenvolvimento sadio, do corpo, dos sentidos, do intelecto e
dos sentimentos da criança constitui a base subjacente do senso do
eu da criança, pois um senso do eu forte coopera para um bom contato
com o meio ambiente e com as pessoas desse meio ambiente
(OAKLANDER, 1980).
A Gestalt-terapia fornece respaldo para que a criança escolha
seu próprio caminho e aprenda a fazer suas próprias escolhas, pois
os outros não poderão escolher sempre por ela, assim ajuda a criança
a se sentir forte dentro de si própria e a ver o mundo a sua volta tal
como ele é realmente (RAMOS, 2013).
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através desse artigo pude perceber que a mídia é convidativa
e divertida, assim influencia na construção da subjetividade das
crianças, e não estimula uma leitura critica do mundo, apenas
cria opiniões e valores, contribuindo para criar subjetividades
como ela quer, não produzindo programas educativos que
contribuem para um desenvolvimento sadio na infância e ainda
não vêem as crianças como produtoras da cultura. A Gestaltterapia, ao contrário da mídia, visa o desenvolvimento sadio da
criança para que ela aprenda a fazer as suas próprias escolhas
com liberdade e que possa ver o mundo como ele realmente é, e
não como a mídia quer que ele seja.
4.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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SP, Editora Livro Pleno, 2005.
ALMEIDA, L. L.; FERREIRA, M. F. Visão sobre a mídia: contato,
interesses e opiniões no ambiente escolar. 2006.
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COLVARA, L. F. A criança em tempos de TV. UNESP, Bauru, 2007
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AUTORREALIZAÇÃO EM KURT GOLDSTEIN E
ABRAHAM MASLOW
PARRERA, Hélide Maria¹
PESSIM, Larissa Estanislau1
BERVIQUE, Dra. Janete de Aguirre
1
2
2
Acadêmicas do Curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e
de Formação Integral de Garça.
Orientadora do Curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e de
Formação Integral de Garça. Email: [email protected]
RESUMO
O presente artigo teve como objetivo investigar, mediante uma
perspectiva epistemológica, a noção de autorrealização em Kurt
Goldstein e Abraham Maslow, analisando o indivíduo como um todo
e destacando os pontos de encontro entre ambos. Para executá-lo,
usamos a pesquisa bibliográfica. Na introdução, consideramos as
ideias e definições de Goldstein e de Maslow. A parte nuclear foi
estruturada em três pontos: (1) Teoria Organísmica; (2) A Hierarquia
das Necessidades e (3) Pensamentos em comum. Em considerações
finais, retomamos os objetivos, podendo afirmar que foram atingidos.
Palavras-chave: Abraham Maslow, autorrealização, Kurt
Goldstein, Teoria Organísmica.
ABSTRACT
The present study aimed to investigate, by an epistemological
perspective, the notion of self-realization in Kurt Goldstein and
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Abraham Maslow, analyzing the individual as a whole and comparing
the points of encounter between Goldstein and Maslow. To run it use
the literature search. In the introduction we consider the ideas and
definitions of Goldstein and Maslow. The nuclear part was structured
in three points: (1) Organismic Theory, (2) The Hierarchy of Needs
(3) Thoughts in common. In closing remarks resumed objectives and
can say that were hit.
Keywords: Abraham Maslow, self-realization, Kurt Goldstein,
Organismic Theory.
1.INTRODUÇÃO
O conceito de autorrealização utilizado por Maslow baseia-se no
trabalho de Kurt Goldstein que, como neurofisiologista, definia o termo
como uma tendência fundamental em todo o organismo de realizar
sua natureza no ambiente. Maslow deu-lhe um sentido psicológico,
colocando-o como tendência do indivíduo de utilizar plenamente seus
talentos, capacidades e potencialidades no mundo. Essa possibilidade
que o indivíduo tem de fazer, em suas escolhas, opções pelo
crescimento e realizar sua própria natureza íntima, em um processo
contínuo de desenvolvimento, revela que aquilo no que o indivíduo
vem a ser a todo o momento, nesse processo, é uma incógnita muito
pessoal e interior a cada um (SILVA; RIBEIRO; CUNHA, 1999).
O ser humano é motivado por necessidades e as nossas
necessidades mais básicas são inatas, tendo evoluído ao longo de
milhares de anos. A Hierarquia de Necessidades de Abraham Maslow
ajuda a explicar, através de uma pirâmide, como estas necessidades
nos motivam. A pirâmide é composta por cinco níveis. Em sua base
estão as necessidades fisiológicas, enquanto no topo está a
necessidade de crescimento, de autorrealização.
O organismo é a unidade de referência adotada pelos autores da
Gestalt-terapia. O termo organismo foi empregado originalmente
devido à adoção da Teoria Organísmica de Kurt Goldstein como
modelo de referência teórica para a Gestalt-Terapia (REIS;
RODRIGUES; BERVIQUE, 2011).
Após o surgimento da Teoria de Goldstein, surgiram vários
seguidores influenciados pela mesma, dentre eles Maslow, que foi
um grande teórico e possui pontos em comum com Goldstein. Estes
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pensadores seguem o mesmo princípio de que as pessoas possuem
todos os recursos internos necessários ao crescimento e à cura, e o
objetivo da terapia é remover os obstáculos para que o indivíduo
consiga isso. Eles consideram que os seres humanos têm um impulso
inerente ao organismo como um todo para direcionar ao
desenvolvimento das capacidades, que podem ser físicas, intelectuais
ou morais. (ZENGO, 2011).
Este trabalho teve como objetivo geral investigar na literatura a
Teoria de Goldstein e de Maslow sobre autorrealização. E teve como
objetivo específico identificar os pontos em comum em ambas, no
que se refere à autorrealização.
A fim de cumprir os objetivos, foi realizado um levantamento de
dados com base no acervo da Biblioteca Central da FAEF (Associação
Cultural e Educacional de Garça) e busca eletrônica de artigos
indexados nas bases de dados do Scholar Google Acadêmico, Scielo,
Pubmed e revistas eletrônicas. As palavras-chave usadas foram:
Abraham Maslow, autorrealização, Kurt Goldstein e Teoria Organísmica.
2.PONTOS DE ENCONTRO SOBRE A AUTORREALIZAÇÃO
Antes de identificar os pontos em comum entre as teorias dos
autores considerados, julgamos necessário pontuar alguns aspectos
de cada um, como segue.
2.1 Teoria organísmica
Kurt Goldstein formulou a Teoria Organísmica a partir de seus estudos
com soldados que participaram da 1ª Guerra Mundial. Chegou à conclusão
de que determinado sintoma não pode ser compreendido somente a
partir de certa lesão orgânica, senão também pelo organismo como um
todo; pois, o organismo se comporta como um todo unificado e não
como um conjunto de partes (LAWRENCE; OLIVER, 2001).
O princípio básico da Teoria Organísmica consiste em descobrir
as leis pelas quais o organismo inteiro funciona, para que se possa
compreender a função de qualquer de seus componentes (HALL;
LINDZEY, 1986).
Para Kurt Goldstein, a autorrealização é o motivo básico, único,
que possui o organismo, é um propósito soberano da vida e as
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necessidades são suas manifestações. Goldstein considera, também,
que não existe homem “mau” naturalmente no organismo, só existe
por influência do ambiente; o homem é naturalmente bom, mas
pode ser corrompido pelo ambiente (HALL; LINDZEY, 1986).
Goldstein considerava que o principal motivo para as pessoas é a
autorrealização e todos os aspectos do funcionamento humano são,
basicamente, expressões desse motivo único, que é realizar o self. Isso
pode ser expresso de maneira simples, como comer, ou de maneiras
grandiosas, como as mais nobres produções criativas. Mas, em última
análise, é o motivo que guia nosso comportamento. Cada pessoa tem
potenciais internos que devem ser cumpridos no processo de crescimento.
É o reconhecimento disso que liga Goldstein a outros pesadores no
Movimento do Potencial Humano (LAWRENCE; OLIVER, 2001).
2.2- A hierarquia das necessidades humanas
Abraham Maslow (1908-1970) foi um psicólogo americano
considerado o Pai do Humanismo na Psicologia (MOSQUERA, 1985).
De acordo com sua teoria da motivação, o ser humano possui diversas
necessidades que podem ser separadas em categorias hierarquizadas,
conforme a figura a seguir, conhecida como:
Pirâmide de Necessidade de Maslow
Fonte: Strack (2012).
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A busca de satisfação das necessidades superiores é, em si, um
indicador de saúde psicológica. Maslow afirma que a satisfação de
necessidades superiores é intrinsecamente mais gratificante e que a
meta motivacional é uma indicação de que o indivíduo foi além do
nível de funcionamento por deficiência (FADIMAN; FRAGER, 2004).
Segundo estes autores, as necessidades da base da pirâmide
precisam ser satisfeitas antes das necessidades do topo, como
segue.
As necessidades fisiológicas são as mais elementares e
constituem a sobrevivência do indivíduo e a preservação da espécie:
ar, água, comida, sono, sexo etc; quando estas não são satisfeitas,
podemos ficar doentes e, por isso, devemos aliviá-las o mais
rapidamente possível para restabelecer a homeostase.
As necessidades de segurança estão relacionadas com o
estabelecimento de estabilidade e consistência num mundo caótico,
devido à necessidade de nos sentirmos seguros, frente a ameaças e
perigos.
Considerando as necessidades sociais e de amor, é evidente que
os seres humanos desejam manter relações humanas com harmonia,
querem pertencer a grupos: clubes, grupos de trabalho, grupos
religiosos, família. Precisamos nos sentir amados pelos outros, de
ser aceitos pelos outros; precisamos que precisem de nós.
Na sequência, são considerados dois tipos de necessidades de
autoestima. Em primeiro lugar, a autoestima que resulta do
reconhecimento das nossas capacidades por nós mesmos. Em
segundo, a atenção e o reconhecimento que vêm dos outros. Em
geral, é a necessidade de sentir-se digno, respeitado por si e pelos
outros, com prestígio e reconhecimento, poder e orgulho.
No topo da pirâmide, estão as necessidades de autorrealização,
que também são conhecidas como necessidades de crescimento. Este
é o desejo para nos tornarmos mais e mais o que somos, para nos
tornarmos tudo o que somos capazes de ser. Incluem a realização,
aproveitar todo o potencial próprio, fazer o que a pessoa gosta e é
capaz de conseguir.
Para entender melhor esse tipo de experiência, Maslow investigou
as experiências culminantes, que são momentos em que nos sentimos
vivos; um exemplo é quando o pai e a mãe veem seu filho recémGarça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814
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nascido, que proporciona um real significado de ser autorrealizado,
sendo um momento de intensa alegria.
Uma outra contribuição foi seu estudo de indivíduos saudáveis,
satisfeitos consigo mesmos e autorrealizados. A partir daí, Maslow
concluiu que as pessoas realizadas têm as seguintes características:
elas aceitam a si mesmas e aos outros, são capazes de responder à
singularidade de pessoas e situações, ao invés de responder de
maneira mecânica e estereotipada, de ser espontâneas e criativas,
entre outras (LAWRENCE; OLIVER, 2001).
Segundo os mesmos autores, os conceitos da autorrealização,
crescimento e self são todos eles abstrações de alto nível. O que
precisamos é nos aproximar dos processos reais, dos fatos vivos e
concretos, procurando apenas desfrutar o momento presente e, com
isso, avançar passo a passo em direção ao futuro. As leis que explicam
a motivação e a competitividade deficientes não podem ser aplicáveis
ao crescimento, espontaneidade e criatividade.
2.3- Pensamentos em comum
Menezes (2008 citado por FADIMAN; FRAGER, 2004) afirma que
Maslow e Goldstein acreditam que um organismo autorrealizado
saudável provoca esse choque por aventurar-se em novas situações,
a fim de utilizar suas capacidades. Para Goldstein e Maslow, a
autorrealização não livra o indivíduo de problemas ou dificuldades;
pelo contrário, o crescimento pode trazer uma certa quantidade de
dor e sofrimento.
Um dos principais pontos tocados por Maslow é que nós estamos
sempre desejando alguma coisa e raramente alcançamos um estado
de completa satisfação, sem metas ou desejos. Sua Hierarquia de
Necessidades é uma tentativa de prever que tipos de desejos vão
surgir quando os anteriores estiverem suficientemente satisfeitos e
não dominarem mais o comportamento (FADIMAN; FRAGER, 2004).
A maior força motivadora da personalidade é o impulso para
realização do self, ou seja, essa ânsia pela autorrealização.
Para Goldstein e Maslow, o importante é dar ênfase ao material
trazido pelo cliente e à sua situação imediata do que apegar-se ao
passado.
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3.CONSIDERAÇÕES FINAIS
Todas as obras e textos consultados citam, claramente, Goldstein
como fonte original do conceito “autorrealização” e, também, da
perspectiva de hierarquia das necessidades.
Goldstein postulava que, para entender o modo como a natureza
e os organismos funcionam, há de se pensar em uma escala
ascendente que vai do inferior (mais simples) ao superior (mais
complexo).
Maslow, no entanto, inova e se diferencia de Goldstein ao
desdobrar essa perspectiva para o estudo de pessoas saudáveis,
criativas e autorrealizadoras. Como Goldstein!
O ser humano está sempre em busca da autorrealização, pois
ela não é estática, faz parte do desenvolvimento humano,
independente da cultura, tornando a abordagem de Maslow
claramente humanista, sobrevivendo até hoje.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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SILVA, E. P.; RIBEIRO, C.; CUNHA, C. A. C. Motivação para a qualidade:
o caminho do saber profundo de Deming. Anais do III Fórum Brasileiro
da Abordagem Centrada na Pessoa; 1999; 1; 26; 41; III Fórum
Brasileiro da Abordagem Centrada na Pessoa; Ouro Preto-MG; BRASIL;
Português.
STRACK, J. Hierarquia ou pirâmide do empreendedorismo? 2012.
Disponível em:< http://jair.strack.nom.br/?p=58>. Acesso em 10
abril. 2013.
ZENGO, C.G. Mente amplamente aberta. 2011- Disponível em:< http:/
/www.apacp.org.br/wp-content/uploads/2012/03/art054.html>.
Acesso em 10 abril. 2013.
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BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE AS TEORIAS
DA APRENDIZAGEM DE GARDNER, PIAGET,
VYGOTSKY E WALLON E O OLHAR
PSICOPEDAGÓGIO SOBRE AS PRÁTICAS
EDUCACIONAIS
Flávia Maia GARCIA1
Luciana da SILVA2
Rodrigo M. de Melo DIEGUES3
Helena Maria da Silva SANTOS4
1
Graduada em Pedagogia Instituto Educacional de Garça (IESG) – Garça,
SP.
2
Graduada em Pedagogia pela Faculdade de Ciências Humanas de Garça
(FAHU/ACEG) – Garça, SP.
3
Graduado em Pedagogia pela Faculdade de Ciências Humanas de Garça
(FAHU/ACEG) – Garça, SP- Email: [email protected].
4
Docente do curso de Psicologia da FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR E
FORMAÇÃO INTEGRAL – FAEF - Garça/SP. [email protected]
RESUMO
O tema deste artigo orbita em torno do conceito de aprendizagem
e suas dificuldades e o olhar psicopedagógico sobre esta
problemática, a fim de, compreendê-la e abrir novos horizontes para
possíveis intervenções. Inicialmente traremos à tona o pensamento
de Gardner sobre a aprendizagem onde aborda as múltiplas
inteligências realçando o meio escolar como propulsor para seu
desenvolvimento nos educandos. Não obstante, o tripé Educacional,
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formado por Piaget, Vygotsky e Wallon, destaca a aprendizagem como
capacidade inerente ao desenvolvimento cognitivo através da
interação/sujeito/meio e a afetividade. Ambos contribuíram à
psicopedagogia, sendo esta, ferramenta para entender as dificuldades
de aprendizagem e suas possíveis causas.
Palavras - chave: aprendizagem, dificuldades de aprendizagem,
educação.
ABSTRACT
The theme of this article revolves around the concept of learning
and its difficulties and the look on Psychology this problem, in order
to understand it and open new horizons for possible interventions.
Initially we will bring to the fore the Gardner thought about learning
where addresses the multiple intelligences enhancing middle school
as propellant its development in students. Nevertheless, the
Educational, Tripod formed by Piaget, Vygotsky and Wallon, highlights
how learning ability nherent in the cognitive development through
the interaction/subject/middle and affectivity . Both contributed
to the Psycho-pedagogy, being this, tool to understand the learning
difficulties and their possible causes.
Keywords: learning, learning disabilities, education.
INTRODUÇÃO
Neste trabalho procuramos elencar alguns conceitos importantes
das teorias educacionais, destacando Gardner e o tríplice
educacional: Piaget, Vygotsky e Wallon e a contribuição das teorias
dos mesmos para a fundamentação psicopedagógica e para a prática
educativa.
Com base em pesquisas de artigos, foi possível observar inúmeros
trabalhos que convergem em um mesmo tema: aprendizagem e
intervenção para a superação das dificuldades inerentes à
aprendizagem.
Na figura 1-A (quadro comparativo) segue resumidamente as
teorias em questão, excetuando a de Gardner que será abordada
logo depois do quadro comparativo:
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Fonte: ROQUE, Walkiria (2010)
1. A aprendizagem sob a ótica de Gardner
Inicialmente, iremos abordar a teoria de Gardner em que, nos
seus trabalhos procura as fontes construtoras. Ao observar essas
fontes de informações sobre o desenvolvimento, acabou reunindo
uma grande quantidade delas, teorizando nas sete inteligências,
sendo elas:
Linguística: características dos poetas- localizada no centro de
Broca; Lógico-matemática: à capacidade lógica e matemáticalocalizada no centro de Broca; Espacial: capaz de se locomover e se
localizar, dominar um mundo espacial- localiza-se no hemisfério
direito do cérebro; Musical: dominar elementos da música- localizase no hemisfério direito do cérebro; Corporal-cinestésica: utilizar a
mensagem corporal para resolução de problemas- localiza-se no
hemisfério esquerdo do cérebro; Inteligência interpessoal:
capacidade de compreender outras pessoas- localiza-se nos lobos
frontais e Inteligência intrapessoal: capacidade de autocontrole para
operar efetivamente na vida- localiza-se nos lobos frontais.
Para Gardner o propósito da escola deveria ser centrada no aluno,
além de, o de desenvolver essas inteligências e ajudar as pessoas a
atingirem seus objetivos. Ele se preocupa com a criança que não
atingem a meta desejada e consequentemente são consideradas como
não se tem talento algum.
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Neste modelo os professores seriam liberados para fazer aquilo
que deveriam fazer: ensinar o assunto de sua maneira, e o
coordenador assegurar que a equação aluno-avaliação-curriculocomunidade estivesse adequadamente equilibrada.
A inteligência para ele é a capacidade de solucionar problemas
ou elaborar produtos que são importantes em um determinado
ambiente. Essa capacidade permite às pessoas abordar soluções e
atingir objetivos.
A inteligência é um potencial biopsicológico. O fato de um
individuo ser ou não considerado inteligente e em que os aspectos,
é um produto de sua herança genética e de suas propriedades
psicológicas, variando de seus poderes cognitivos às suas disposição
de personalidade, sendo assim, o talento é sinal de um potencial
biopsicológico precoce.
As crianças possuem necessidades diferentes para cada fase,
respondem a diferentes formas de informação cultural e assimilam
conteúdos com diferentes estruturas motivacionais e cognitivas, logo
os tipos de regimes educacionais planejados pelos professores
precisam levar em conta esses fatores de desenvolvimento.
2.A aprendizagem sob a ótica da teoria de Piaget
Na teoria Piagetiana, o individuo em contato com o objeto
desenvolve sua capacidade cognitiva construindo seu conhecimento,
postula que ao se deparar com algo novo o individuo tenta remetêlo a qualquer coisa que já conheça. Em sua teoria, Piaget nomeou
assimilação, isto é, reconhecer alguma coisa como diferente do que
se conhece. A partir deste reconhecimento, do contato com a
novidade, da experimentação, o indivíduo refina seus conhecimentos
e incorpora uma nova informação, ou seja, acontece a assimilação,
a acomodação e o conhecimento na sua estrutura cognitiva torna a
desiquilibrar-se, o que proporciona a criação de um novo
conhecimento.
A função do professor, neste ponto de vista, é desiquilibrar a
estrutura do conhecimento ou o esquema mental no aluno oferecer
desafios e oportunidade para novas aprendizagens.
Não obstante, é necessário oferecer um mecanismo contínuo de
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sondagem aos conhecimentos prévios dos alunos, para uma possível
intervenção auxiliando o aluno no seu desenvolvimento.
Piaget, também formulou também os chamados Estágios de
Desenvolvimento, determinando o nível maturacional da criança e
suas apropriações de acordo com a fase de seu desenvolvimento:
Segue a tabela resumindo as características presentes do
desenvolvimento em cada fase:
ESTÁGIOS
FAIXA DE IDADE
Sensório motor
0a2
Pré-operatório
2a7
Operatório concreto
7 a 11
Operatório formal
Acima de 11
CARACTERÍSTICAS
Desenvolvimento da percepção
e da motricidade
Surgimento da linguagem que
retratam coisas e objetos por
meio de simbolismo e da
internalização de esquemas de
ação e imitação.
Classificação e seriação e
construção cognitiva.
habilidade de solucionar
problemas concretos.
Objetos e pessoas passam
a ser mais bem explorados
nas interações das crianças
raciocio lógico e sistemático,
pensamento formal abstrato
e planejamento de ações
coletivas
3.A aprendizagem sob a ótica da teoria de Vygotsky
Resumidamente a aprendizagem sob a ótica de Vygostsky, tem
como palavra chave Interação social no qual o desenvolvimento do
indivíduo ocorre através da relação com o meio social em que vive.
O conceito de mediação simbólica trata do conceito de
intermediação, da relação homem-mundo e acontece por meio de
duas formas:
Uso de ferramentas: objetos criados no mundo pelo homem para
interferir no meio em que vive. Toda a ação do homem é cultura e
alarga possibilidades.
Signos e símbolos: são representações, onde demandam
abstrações elaboradas, entre elas a comunicação.
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A linguagem como instrumento do pensamento, tem duas funções:
·
Comunicação: expressão e intercambio social;
·
Categorização: Classificação e conceituação do mundo
(inteligência prática).
Vygotsky, em suas pesquisas teoriza a zona de desenvolvimento
proximal, tendo dois conceitos: O conhecimento real e potencial.
O conhecimento real é o que o aluno sabe, o que domina. Já o
conhecimento potencial é aquele que se pode dominar com a
mediação do outro, sendo este mais experiente.
A distância entre o conhecimento real e potencial é chamada de
desenvolvimento proximal, onde o professor deve atuar para
promover o desenvolvimento do aluno no seu aspecto cognitivo.
4.A aprendizagem sob a ótica da teoria de Wallon
A perspectiva da aprendizagem de Wallon defende a ideia da
compreensão d criança completa, concreta e contextualizada vista
no seu aspecto integral, respeitando as especificidades de cada uma.
Segundo ele são quatro os campos funcionais que visualizam a
criança de modo integral:
a) Manifestação afetiva/relação; que é a relação d criança com
o meio que ela está inserida;
b) O movimento: sinal de vida psíquica, deslumbrada em duas
dimensões: a) expressiva- base das emoções de expressão; b)
instrumental- ação direta sobre o meio físico.
c) A inteligência: 1º momento: sincretismo, ou seja, misturar
as coisas, confusão, o indivíduo não separa a qualidade do objeto.
Com a experiência da criança sobre o mundo ocorrem progressivas
diferenciações, o que proporciona o ampliar de seu repertorio de
categorizações. 2º momento: pensamento categorial, ou seja,
conceitual e acontece na idade escolar, possibilitando o pesar real
por meio de diferenças e classificações.
d) A construção do eu como pessoa: o indivíduo constrói
consciência de si. Nesta situação, mamãe e bebê são vistos como
um todo, que representa para Wallon alto grau de sociabilidade- ela
e outro, para depois o indivíduo perceber-se enquanto único, o que
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nomeia processo de individuação.
Esse processo é caracterizado em duas formas: imitação do outro
(maneira de ter o outro como referencia); Negação do outro (perceber
o limite e o outro). Vale lembrar que segundo Wallon a relação destes
quatro campos funcionais não é harmoniosa, mas permeada por
conflitos.
5.A contribuição da psicopedagogia para compreensão dos
problemas de aprendizagem
Ao elencar os aspectos importantes destas teorias, é importante
ressaltar que estes teóricos e muito outros pesquisadores, têm
contribuído de maneira relevante para compreender os fracassos
escolares. Desta forma, a psicopedagogia ajuda a compreender os
problemas inerentes à aprendizagem e entender as possíveis
dificuldades situadas neste movimento e promover situações que
possam contribuir para a resolução da problemática.
A psicopedagogia, como ciência que estuda possibilidades de
intervenção nas dificuldades escolares, é um avanço na prática
docente, pois ela permite o professor entender e se orientar da
melhor maneira de como agir diante de situações problemas
encontrados no dia a dia na vida do aprendente dentro da escola.
O fracasso escolar não está restrito apenas no plano biológico,
são muitos os fatores que interferem na aprendizagem do aprendente,
e não apenas por um fator, esteja ele na criança, no meio familiar
ou escolar. São elas:
·
Carências afetivas;
·
Deficientes condições habitacionais;
·
Sanitárias, de higiene e nutrição;
·
Pobreza da estimulação precoce
·
Privações lúdicas e Psicomotoras;
·
Simbólicas e cultural;
·
Ambientes repressivos;
·
Nível elevado de ansiedade;
·
Relações interfamiliares
·
Métodos de ensinos impróprios e inadequados.
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Um ambiente estimulante e encorajador em casa produz
estudantes adaptáveis e dispostos a aprender, mesmo crianças com
comprometimentos cognitivos.
A psicopedagogia, neste sentido, vem ajudar o ensinante a intervir
nestes aspectos, sob a lente de diversas áreas. O professor deve
conhecer parte de cada teoria relevante ao atuar psicopedagógico,
tais como: psicologia, psicanálise, filosofia, sociologia, pedagogia,
neurologia, neuropedagogia entre outros. Desta forma, a
psicopedagogia utiliza de diversas lentes para compreender o
processo de aprender do ser humano.
A epistemologia convergente criada em 1965 é considerada um
método clinico destinada ao processo de diagnóstico e intervenção
para diferentes faixas etárias, sendo fundamentada em três linhas
teóricas: a psicanálise, a psicologia social, e a epistemologia
genética, ela procura entender a contribuição dos aspectos afetivos,
cognitivos e do meio sócio educacional na aprendizagem do
aprendente e suas dificuldades. É nessa direção que o psicopedagogo/
ensinante precisa atuar, ou seja, propiciar condições para que o
aprendente construa seu conhecimento reflexivamente e tornar-se
cada vez mais autônomo em relação ao meio, interagir-se com os
colegas e resolver conflitos, ser independente e curioso, usar
iniciativa própria; ter confiança e habilidades para formar ideias
próprias e exprimi-las com convicção.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Concluímos, portanto que, para entender a atuação
psicopedagógica na prática educativa é importante, antes de tudo,
compreender o que se passa com o sujeito aprendente e conhecer
as teorias da aprendizagem no qual permite compreender suas
dificuldades e encontrar maneiras eficazes de intervir para haurilas ou como forma preventiva.
De maneira alguma a psicopedagogia é uma ciências que promete
extirpar as dificuldades do aprendente como solução mágica, pelo
contrário, ela possibilitará ao ensinante ferramentas para advir neste
processo, procurando levar o sujeito ao domínio dos conteúdos
respeitando o limite de cada um.
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Em suma, é necessário encontrar formas e caminhos diferentes
para levar o aluno à compreensão dos conteúdos, principalmente
aqueles que apresentam dificuldades de aprendizagem de ordem
biológica, social ou psicológica.
REFERÊNCIAS
LIMA, Sandra Vaz de; Fatores que interferem na aprendizagem.
Disponível em: http://www.webartigos.com/artigos/fatores-queinterferem-na-aprendizagem/4419/. Acesso em 28 de mar de 2014.
ROQUE, Walkiria. Piaget, Vigotsky e Wallon: tripé teórico da
educação, 20 nov. 2010. Disponível em: <http://
walkiriaroque.wordpress.com/2010/11/20piaget-vygotsky-e-wllontripe-teorico-da-educacao-2/. Acesso em: 30 de mar. de 2014
TRAVASSOS, Luiz Carlos Panisset. Inteligências Múltiplas. 2001.
Disponível em:<http://eduep.uepb.edu.br/rbct/sumarios/pdf/
inteligencias_multiplas.pdf> A c e s s o em: 28 março 2014.
VISCA, Jorge. Clinica Psicopedagogica: Epistemologia convergente.
Porto alegre: Artes Médicas, 1987.
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CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM ABRIGOS POR
DECISÃO JUDICIAL
Natália Cristina DE MARCO 1
Suellen Rodrigues FANTOZZI2
Esp. Mestranda DayranKaram dos REIS 3
1
Acadêmicos do curso de Psicologia da FAEF - Garça – SP - Brasil. e-mail:
[email protected]
2
Acadêmicos do curso de Psicologia da FAEF - Garça – SP - Brasil. e-mail:
[email protected]
3
Docente do curso de Psicologia da FAEF – Garça – SP Brasil. e-mail:
[email protected]
RESUMO
As situações de crianças e adolescentes morando em abrigos ou
orfanatos por ordem judicial; maus tratos, carências afetivas,
sentimento de perda. Visa observar o cotidiano de uma criança e/ou
adolescente que foi “tirada” de sua casa por ordem judicial, por
conta da principal má conduta e negligência dos pais.
Palavras-chave: abrigo, adolescentes, crianças, justiça.
ABSTRACT
The situation of
children and
adolescents living
in shelters or orphanages by court order, maltreatment, affective
needs, sense of loss. Aims to observe the daily life of a child and /
or adolescent who was ”taken away” from her home by court
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order, on account of major misconduct and neglect of parents.
Keywards: shelter, teenagers, children, justice
1.INTRODUÇÃO
Este artigo tem por objetivo principal ampliar as discussões e
normas de acolhimento referente a crianças e adolescentes que
moram em abrigos ou orfanatos, por ordem judicial.
O assunto é um campo ainda em fase de crescimento, mudanças
e até desenvolvimento, que agrega diversas áreas como a política,
equipes multiprofissionais, secretaria municipal, poder judiciário,
governo e principalmente o abrigo.
A forma de acolhimento de cada criança/adolescente, os
ganhos, danos e perdas sofridos e enfrentados por elas de formas
diferenciadas, o modo de lidar com a separação da família que
cada um encara e vivencia de uma forma, a vida no novo local
(abrigo), o acolhimento por parte das outras crianças/adolescentes
e também por parte dos funcionários do abrigo e o reflexo que
todas essas mudanças vão causar sobre a vida e o crescimento
delas. São temas a serem abordados especificadamente ao
decorrer do artigo, pretendemos de um modo geral, dar uma nova
concepção ao olhar para essas crianças/adolescentes e a forma
como são abordados.
Visando-se que o acolhimento em si é um fator de risco para o
desenvolvimento do acolhido, especialmente no que se refere a saúde
mental e o desenvolvimento integral da criança/adolescente.
De acordo com Silva (2007) a reação de dor e aflição prolongadas
podem manifestar-se a qualquer etapa da sequência do processo
seja ela o protesto, desespero ou o desinteresse. De início fica claro
que a criança chora, chama e busca o progenitor ausente, recusando
quaisquer tentativas de consolo por outras pessoas; cria um
retraimento emocional, que se manifesta por meio da expressão
facial de tristeza e a falta de interesse nas atividades apropriadas
para a idade; a contrariedade dos horários de comer e dormir;
regressão ou perda de hábitos já adquiridos; após um tempo, notase uma indiferença às recordações da figura cuidadora tanto por
fotos ou menção do nome.
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1.1 OBJETIVO GERA
Investigar os principais motivos dos acolhimentos de um modo
geral dessas crianças/adolescentes e como elas lidam com essa nova
fase e suas mudanças.
1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
- Pesquisar os danos da separação repentina dos pais, afetividade;
- Pesquisar como se da à perda da guarda dos pais;
- Observar a vivência com as pessoas a sua volta e o convívio
com os demais internos relacionados à educação e respeito.
2.O NOVO VÍNCULO: DA SEPARAÇÃO DOS PAIS AO CONVÍVIO COM
NOVAS PESSOAS
Desde o início do século XX, a Psicologia está presente no campo
das ciências da saúde. A atuação dos psicólogos se dá numa relação
multiprofissional, buscando cada vez mais a humanização dos
atendimentos quer em clínicas, hospitais, ambulatoriais, na rede
pública e privada e, esta tem uma dimensão social, devido aos graves
problemas enfrentados, principalmente, pela sociedade brasileira.
Segundo Martins e Rocha (2001): “A Psicologia da Saúde surge então
da necessidade de promover e de pensar o processo saúde/doença
como um fenômeno social”.
A Psicologia da Saúde pode ser definida como: “O conjunto de
contribuições educacionais, científicas e profissionais específicas da
Psicologia para a promoção e manutenção da saúde, prevenção e
tratamento das doenças, na identificação da etiologia e diagnósticos
relacionados à saúde, doença e às disfunções, bem como no
aperfeiçoamento do sistema de políticas da saúde” (MATARAZZO apud
MARTINS E ROCHA, 2001).
O psicólogo ao atuar em instituições de saúde, objetiva a
minimização do sofrimento provocado pela hospitalização, ou pelo
tratamento médico. Segundo Romano (1999, p. 10): “O psicólogo tratará
das representações que o indivíduo tem de doença em geral e da sua
doença em particular; ocupar-se-á de toda simbologia cultural, social e
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individual à doença daquela pessoa”.No Brasil, segundo a Constituição
Federal, a saúde é um direito de todos e um dever do Estado.
A psicologia na saúde pode ser compreendida como um domínio
da psicologia que utiliza vários conhecimentos resultantes de estudos
e de pesquisas psicológicas, com o intuito de promover e proteger a
saúde. É também seu objetivo, prevenir e tratar enfermidades, bem
como identificar etiologias e disfunções associadas às doenças, além
da análise e melhoria do sistema de cuidados de saúde e
aperfeiçoamento da política de saúde (OLIVEIRA, 2010).
Os abrigos são instituições governamentais ou nãogovernamentais responsáveis pela integridade física e emocional das
crianças que necessitam se afastar da família temporariamente.
Nesses abrigos essas crianças perdem a referência do que é ter uma
família, acolhimento, segurança, relação mãe/filho e acabam por
romper os laços de convivência familiar e comunitária (MARQUES,
CANO, VENDRUSCOLO, 2007).
Nogueira (1998) em seu poema O Menor Abandonado aborda o
contexto das crianças retiradas dos pais:
Criança que hoje chora nos braços do abandono,
Que não tem o calor do amor,
O teto de um lar regular,
Mas o prenúncio da vida perdida,
Sei que o seu caminho, sozinho,
Continuará até o fim assim
E que nessa viagem sem belas paisagens,
Por estradas frias, sombrias,
O desatino será certamente o seu destino.
Criança, que hoje chora no braços do abandono,
Sem ter dono, sem ter sono
Tranquilo do infante, mas vive constante
Sem ter abrigo, sem ter amigo,
Completamente perdida na solidão,
Sem que o olhar do seu irmão,
Que passa indiferente, contente
Detenha-se sobre sua triste sorte
E procure ajudá-la a crescer, viver,
Ressuscita-la dessa vida, que é morte.
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Criança, que hoje chora nos braços do abandono,
Que não tem o regaço da mãe para seu cansaço,
Que não tem a presença do pai para secar seu lacrimejar,
E mesmo o auxílio de alguém caridoso, despretensioso
Para sentir a grande necessidade e ter caridade
De olhar para o abandono da criança,
Que não pode ser vista com esperança,
Quando sua vida presente desmente
Que possa ter um alegre amanhã.
Chore, criança abandonada, desesperada,
Que, talvez, no seu grito de orfandade
Desperte a nossa sociedade, pois já é tempo
De sensibilizar o coração do seu irmão,
Fazê-lo sentir que foi justamente por não ouvir
O seu choro, que hoje os homens, em coro,
Lamentam os seus crimes, a sua agressividade,
E se julgam também culpados, por terem gerado,
Com tanta indiferença, a sua nefasta presença,
De homem revoltado, delinquente, afeito à maldade,
Como fruto da nossa própria comunidade.
(NOGUEIRA, 1998, p. 15)
A maioria das crianças/adolescente que vivem em abrigos tem
famílias, e foram afastados por conta de negligência, abandono ou
violência, e o perfil deles não se enquadra para a adoção; a grande
maioria deles passa boa parte da vida em abrigos (infância e
adolescência), são de família que enfrentam varias dificuldades e
vão e voltam dos abrigos (COSTA; ROSSETI-FERREIRA, 2009). Essa
vulnerabilidade das famílias está diretamente ligada a pobreza no
Brasil (MARQUES, CANO, VENDRUSCOLO, 2007).
As necessidades básicas das crianças são atendidas pelos
cuidadores. Para o acolhimento provisório é necessário uma
preparação e o acompanhamento para depois retornar à família. As
crianças institucionalizadas necessitam de uma família para recebelos no menos tempo possível, que ofereça assistência e vínculo que
somente a família vai oferecer. O vínculo é um processo de muita
importância no desenvolvimento infantil e é garantido pelo ECA
(MARQUES, CANO, VENDRUSCOLO, 2007).
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Valorizar o contexto familiar é importante para o
desenvolvimento infantil, o desenvolvimento se enquadra em áreas
da Psicologia, principalmente o Desenvolvimento; os vínculos afetivos
são de grande importância, assim como o convívio com os pais e
familiares. A criança que vive em abrigos pode ter uma tendência à
patologias de convívio social, principalmente as crianças mais novas,
pois elas acabam não criando ou muito poucos vínculos afetivos com
monitores/cuidadores, professores e pessoas do seu meio social,
pois eles não são a “mãe e o pai” (COSTA; ROSSETI-FERREIRA, 2009).
Ameaças e o rompimento afetivo podem gerar a falta de práticas
em diálogos e discursos com outras pessoas, assim vão surgindo os
problemas de desenvolvimento e de escolaridade (COSTA; ROSSETIFERREIRA, 2009).
A guarda pode provisória ou definitiva, pode ser modificada a
qualquer momento, visando o interesse do menor.
Colocar crianças/adolescentes em abrigos é uma medida de
proteção para os quais a família, normalmente, não está em
condições de oferecer cuidados, seja por questões financeiras,
drogas, maus tratos, dentre outros. A intenção dos abrigos é fornecer
uma melhor qualidade de vida e proteção para as crianças/
adolescentes, temporariamente ou por tempo indeterminado.
Crianças/adolescentes acolhidas nos abrigos são de ambos os
sexos e idades. Os abrigos oferecem condições de higiene, segurança,
espaços de lazer, recreação e estudos, e toda uma estrutura, até
mesmo afetiva, que não teriam em casa.
De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA
(2010):
Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em
geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a
efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à
educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à
dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e
comunitária.
Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer
forma de negligência, discriminação, exploração, violência,
crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado,
por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais.
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Art. 7º A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e
à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que
permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso,
em condições dignas de existência.
Art. 19. - § 1º Toda criança ou adolescente que estiver inserido
em programa de acolhimento familiar ou institucional terá sua
situação reavaliada, no máximo, a cada seis meses, devendo a
autoridade judiciária competente, com base em relatório elaborado
por equipe interprofissional ou multidisciplinar, decidir de forma
fundamentada pela possibilidade de reintegração familiar ou
colocação em família substituta.
3.CONSIDERAÇÕES FINAIS
O abrigo é considerado o recurso extremo de amparo e de guarda
provisória de crianças/adolescentes em face da fragilização dos
vínculos familiares; destina-se a atender crianças e adolescentes,
que pela extrema fragilização dos vínculos familiares, necessitam
desta proteção, pois não tem onde morar e não podem viver com
seus pais, nem podem contar com um tutor ou guardião que por eles
se responsabilizem até que a situação familiar seja fortalecida e se
evite sua estruturação na rua, ou quando já estruturados se propõe
a uma mudança de vida. Enfim, deve-se constituir um espaço de
acolhimento saudável, de proteção e guarda provisória da criança
de do adolescente, a instituição deve estar voltada para a reinserção
familiar biológica, relação afetiva com novo âmbito de moradia e
para a construção de autonomia em dependência.
O estabelecimento dos vínculos com os novos responsáveis
(direção/monitores) e outros acolhidos, dá-se com o tempo uns com
mais rapidez, outros com mais lentidão.
Seria necessário para o desenvolvimento das crianças,
principalmente nos vínculos, que elas ficassem nos abrigos
provisoriamente e por um curto período de tempo, voltando para
casa ou para um novo lar, porém não é o que ocorre, existem crianças
que ficam toda a infância em abrigos, intercalando idas e vindas
para os pais, o que gera um dano psíquico e de vínculos muito grande
para essas crianças.
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DEFICIÊNCIA VISUAL: PENSANDO SOBRE A
PSICOMOTRICIDADE E AS PRÁXIS
PSICOLÓGICAS
Ayla Gabriele Pereira de MELO¹
Juliana BARACAT²
¹ Acadêmica do curso de Psicologia da FASU - Garça – SP - Brasil. e-mail:
[email protected]
² Orientadora Mestre Docente do Curso de Psicologia da Faculdade de
Ciências da Saúde de Garça – SP – Brasil. e-mail: [email protected]
³Curso de Psicologia, Faculdade de Ciências da Saúde – FASU, Faculdade
de Ensino Superior e Formação Integral – FAEF, Sociedade Cultural e
Educacional de Garça-GARÇA/SP – Brasil. www.grupofaef.edu.br
RESUMO
Este artigo objetiva fazer um levantamento de dados e
informações relativas à deficiência visual, bem como a melhora da
qualidade de vida através de recursos como a psicomotricidade e as
necessidades das práticas da ciência psicológica. Desde a produção
de buscas e descobertas científicas até a comprovação das mesmas,
trazendo para próximo do convívio do leitor.
Palavras chaves: deficiência visual, psicologia, psicomotricidade.
ABSTRACT
This article aims aims to survey data and information relating to
visual impairment, as well as improving quality of life through
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features such as psychomotor and needs of practices of psychological
science. Since the production of scientific discoveries and searches
until proof of the same, bringing the reader close to the living.
Key words: visual impairment, psychology, psychomotor.
1.INTRODUÇÃO
O trabalho objetiva oferecer maiores esclarecimentos quanto à
deficiência visual, para o entendimento mais completo do homem a
respeito de sua condição humana, suas potencialidades, e essas
sujeitas a qualquer momento à incapacidade. Ademais este artigo é
fruto dos estudos efetuados na disciplina Psicologia da pessoa com
deficiência, da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral –
FAEF.
2.A DEFICIÊNCIA VISUAL E O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR
A deficiência visual é considerada a perda da visão que não é
possível ser corrigida ou recuperada com lentes por prescrição regular
(WHALEY, WONG citado por MOURA, PEDRO, 2006). Outros autores
consideram como a perda total da visão até a ausência de projeção
de luz (SOARES, SILVA, GOMES et al, 2012).
Vitor da Fonseca (1995) reconhece que não se pode definir
critérios numéricos pois reduziria consideravelmente o problema,
porém apresenta como uma tentativa de tornar mais objetiva as
avaliações, os seguintes critérios: cegueira como a capacidade visual
de 20/200 ou inferior no melhor olho (o indivíduo distingue a 20 pés,
o que o olho normal enxergaria a 200); amblíope àquele com
capacidade visual inferior a 20/70 e que podem ler letra impressa; e
cego àquele que não pode ler letra impressa.
Outras definições encontradas, foram:
A criança que enxerga estabelece uma comunicação visual com o mundo
exterior desde os primeiros meses de vida porque é estimulada a olhar para
tudo o que está à sua volta, sendo possível acompanhar o movimento das
pessoas e dos objetos sem sair do lugar. A visão reina soberana na hierarquia
dos sentidos e ocupa uma posição proeminente no que se refere à percepção
e integração de formas, contornos, tamanhos, cores e imagens que estruturam
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a composição de uma paisagem ou de um ambiente. É o elo de ligação que
integra os outros sentidos, permite associar som e imagem, imitar um gesto
ou comportamento e exercer uma atividade exploratória circunscrita a um
espaço delimitado. (MEC, 2007. pág. 15).
Estudos realizados Conselho Brasileiro de Oftamologia (CBO)
indicam em 2004 haver entre um a 1,2 milhão de cegos e 4 milhões
de pessoas com deficiência visual grave no Brasil, desses sendo 5%
crianças cegas de um olho e 60% desses casos poderiam ser evitados
caso fosse tratados precocemente. Segundo as informações do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) extraídas do
Censo 2010, os números apontam para 35,8 milhões de pessoas com
deficiência visual no Brasil, coleta realizada utilizando como critérios
a dificuldade permanente de enxergar e o grau como nenhuma
dificuldade; alguma dificuldade, grande dificuldade; não consegue
de algum modo. Dados da Organização Mundial de Saúde ( OMS)
indicam que cerca de 500 mil crianças ao ano ficam cegas no mundo.
(TOLEDO, PAIVA, CAMILO et al., 2010).
A visão, responsável pelo envio de 85% dos estímulos enviado ao
cérebro e também no desenvolvimento da locomoção e mobilidade
(CERQUEIRA apud TOLEDO et al, 2010) qualquer prejuízo ou o fato
de perder a visão precocemente ou nascer sem a mesma
comprometerá atividades básicas como segurança, integridade,
recreação, auto-imagem, orientação, liberdade, percepção e
aprendizagem (GÂNGAR citado por LOPES, KITADAI, OKAI, 2010).
Enquanto a criança se desenvolve, seu sistema motor sofre
influências de mecanismos visuais, táteis e áudio-motores e, a partir
deles, constrói ou modifica suas posturas corporais. Em crianças sem
deficiência visual, esses mecanismos funcionam através de conexões
neurais, conexões possíveis devido aos estímulos enviados por órgãos
sensitivos já totalmente formados ao nascimento. (ADAMS, VICTOR,
ROPPER citado por Lopes et al, 2010). Embora os bebês recémnascidos ainda não interpretem os sinais sensoriais (ainda não há
evidências a respeito), as crianças que não recebem o “input” visual
necessitam de caminhos diferentes de investigação e
acompanhamento (Salgado citado por Lopes et al, 2010).
O controle visual que possibilita autocorreção do corpo e sua
ausência colabora para que o sistema nervoso central adapte-se
através de outros mecanismos como a propriocepção, sistema
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vestibular e cerebelo (MOTTA citado por LOPES et al, 2010).
Porém, variando o grau de deficiência, seu comprometimento e
fatores externos não conseguem dar informações necessárias,
resultando em crianças que não atingem o potencial de
desenvolvimento em sua coordenação e inclusive no desenvolvimento
neuropsicomotor (SALGADO citado por Lopes et al, 2010). Afirma
Motta: “A criança com visão subnormal ou cegueira congênita é
desprovida de conhecimento prévio” (citado por LOPES et al, 2010,
p.151).
A falta de compreensão dos trajetos sensoriais resultam em
alterações na coordenação motora e problemas de respostas
cognitivas ao comparem seus desempenhos com crianças videntes
(MASIN citado por TOLEDO et al, 2010).
Dentre o período escolar, é comum os professores confundirem
ou interpretarem erroneamente alguns comportamentos dos alunos
que tem baixa visão e que oscilam entre ver/não ver. Tais
discriminações variam de lugar, posição de objeto, iluminação,
movimento, profundidade, percepção de formas que não condizem
com o potencial da visão. Os professores não sabem como lidar com
alunos cegos, há problemas de aproximação, comunicação, tabus
que os impedem de saber o que e como fazer no processo ensinoaprendizagem.( TOLEDO et al, 2010).
A psicomotricidade do indivíduo é desenvolvida de acordo com o
crescimento e amadurecimento. Atualmente estudos qualificam
características e algumas associações de determinados
comportamentos como condizentes à determinada faixa etária. Esses
resultados foram padronizados a partir de estudo como de Gallahue,
em 2005, que atribui às ações dos indivíduos sendo representações
de como o indivíduo vê o mundo e o seu corpo (SOCARES, SILVA,
GOMES et al, 2012).Psicomotricidade é também entendida como uma
nova abordagem do corpo humano. Abordagem que através da terapia
psicomotriz dispõe a desenvolver as capacidade/potencialidades
expressivas do indivíduo, olhar o homem como o seu corpo, entendêlo uma coisa una e não divisível (COSTE, 1992).
Tais conceitos de aprendizagens citados anteriormente, que
podem provocar lacunas no desenvolvimento da criança podem e
devem ser trabalhados com recursos como a psicomotricidade. Meur
e Staes (1989) nos dizem da importância do trabalho de educação
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psicomotora e de sua necessidade de início precoce, propiciando
melhor desempenho e desenvolvimento tanto no esquema corporal
quanto cognitivo, às pessoas envolvidas no trabalho de educação ou
reeducação psicomotora, como os pais e os professores.
A visão, sendo um dos principais receptores de estímulos, possui
relevância no desenvolvimento motor, devido a mesma colocar o
indivíduo em contato com a realidade externa, permitindo ter
experiências na exploração do meio, do próprio corpo em relação
ao meio, aos outros (SOARES et al, 2012).
A diminuição ou a ausência da visão compromete as interpretações
de sensações corporais, construções e reconhecimentos de definições
ambientais (pistas), autoconhecimento do corpo, o desenvolvimento
do esquema corporal, (o que compromete também o desenvolvimento
da personalidade) dificuldade de comunicação não verbal e noção
espacial (SOARES et al, 2012).
Um estudo de caso realizado por Soares et al (2012) com um
participante do sexo masculino, de 23 anos, que possuía diagnóstico
médico de grave comprometimento da visão desde a infância,
demonstra que, com a utilização de práticas e estimulações
psicomotoras como a observação, exercícios de equilíbrio, com o
professor realizando intervenções cinestésicas a todo o momento,
exercícios que trabalham o desenvolvimento de esquema corporal
com auxílio de estímulos sonoros, exercícios de marcha com uso de
bengala adaptativa, exercícios que atuam no desenvolvimento
situacional trabalhando a orientação, mobilidade e orientação
espacial, esses e outros exercícios que atuam no desenvolvimento
cognitivo. Em seus resultados, os autores constataram o
desenvolvimento, organização e melhoras no entendimento das
relações espaciais, que como cita os autores, são funcionalidades
essenciais para a adaptação do sujeito fora do ambiente familiar. A
relevância de aprimoramentos em suas orientações e mobilidades a
fim da independência do deficiente visual. Outro dado encontrado é
a significância de grande valor do uso da bengala adequada para o
processo de desenvolvimento da independência do deficiente visual
se realize.
PRÁXIS PSICOLÓGICAS
Como descrito anteriormente, as situações, bem como as
dificuldades encontradas pelos indivíduos com necessidades
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especiais, geralmente não estão sendo aproveitadas pelos envolvidos
do meio como os pais, os professores, etc. como recurso ao
desenvolvimento dos mesmos.
Tal comportamento agrava a necessidade de oferta de serviços
especiais a esses sujeitos. A este tema é proposto serviços especiais
como a educação especial e a reabilitação, o trabalho do psicólogo
pode ser compreender ambos como ainda na clínica (AMIRALIAN,
1986)
A educação especial visa, de modo geral, o desenvolvimento de
capacidades intelectuais, físicas, intelectuais ou sócio-emocionais.
A reabilitação busca proporcionar condições para que o indivíduo se
torne apto a recuperar ou adquirir outras habilidades distintas
daquelas, caso possuísse; anteriormente à condição incapacitada
(ganhou destaque no fim da II Guerra Mundial devido a necessidade
de atendimento ao mutilados). Ambos os recursos podem proporcionar
e objetivar aquele indivíduo incapacitado, a possibilidade de ser
funcional novamente e apto para uma vida produtiva. Porém para
que isso ocorra, é fundamental trabalhar com uma equipe
multidisciplinar, desde já incluso o psicólogo (AMIRALIAN, 1986).
A atuação do psicólogo em atividades com sujeitos divergentes
tem sido delimitada ao longo do tempo e de forma ainda que
complexa. A heterogeneidade da clientela pode variar de
incapacidades físicas sensoriais (cegueira e surdez), físicas motoras
(amputação, paralisias) entre outras incapacidades intelectuais,
sociais ou emocionais; de acordo existem duas vertentes que podem
facilitar os estudos, sendo a primeira focada em investigar as
condições básicas e os efeitos psicológicos que compreendem todos
os indivíduos que se encontram dentre uma população divergente e
a segunda a fim de estudar situações e problemas específicos de
cada grupo delimitado (AMIRALIAN, 1986).
3.CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados bibliográficos encontrados demonstram a
importância da visão em todo o sistema sensorial e
consequentementes alterações no desenvolvimento psicomotor,
aprendizado, entre outras; as necessidade de maiores pesquisas sobre
a condição da deficiência visual. Encontrados também conceituações
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diferentes de acordo com cada autor encontrado. Verifica-se a
contribuição significativa que a psicomotricidade como abordagem
e sua eficácia em prática como no estudo de caso. Nota-se a
necessidade de produção de mais conhecimentos e aprofundamentos
teóricos e práticos das práxis psicológicas, bem como suas
publicações.
4.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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UMA DISCUSSÃO SOBRE A PRESENÇA DE
SINTOMAS PSICÓTICOS NA DEPRESSÃO
Janaina de Aguiar BISPO
1
Frederico de Conti Blaziza MACHADO¹
José Wellington SANTOS ²
1
Discentes do Curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e
Integral – FAEF, Sociedade Cultural e Educacional de Garça – S/S LTDA.
² Docente do Curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e
Integral, Sociedade Cultural e Educacional de Garça – S/S LTDA.
RESUMO
A depressão expressa no termo original, do latim, composto por
duas palavras, de (para baixo) e premere (pressionar), significando,
portanto, que o sujeito está, quanto a seu estado de ânimo,
pressionado para baixo. A depressão pode se caracterizar através de
sintomas psicóticos ou não. O texto relata sobre o conceito de
depressão e seus principais sintomas, as características da depressão
psicótica, os aspectos clínicos e diagnósticos. Aponta também para
dados epidemiológicos baseados na OMS (Organização Mundial da
Saúde) e em alguns artigos encontrados sobre o dado tema.
Palavras chaves: Aspectos clínicos, Depressão Psicótica,
Diagnósticos, Sintomas.
ABSTRACT
Depression expressed in the original term, from the Latin,
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composed of two words, the (downward) and Premere (press),
meaning therefore that the subject is, as to his state of mind, pressed
down. Depression can be characterized by psychotic symptoms or
not. The paper reports on the concept of depression and its main
symptoms, features of psychotic depression, the presence of
psychotic symptoms in depression, the clinical and diagnostic aspects.
It also points to epidemiological data based on the WHO (World Health
Organization) and found some articles on the given topic.
Keywords: Clinical aspects, Psychotic Depression, Diagnostic,
Symptoms.
1.INTRODUÇÃO
A depressão expressa no termo original, do latim, composto por
duas palavras, de (para baixo) e premere (pressionar), significando,
portanto, que o sujeito está, quanto a seu estado de ânimo,
pressionado para baixo. A depressão pode se caracterizar através de
sintomas psicóticos ou não (DELOUYA, 2001).
O objetivo do artigo é descrever sobre o tema depressão,
destacando seus principais sintomas, os sintomas psicóticos, os
aspectos clínicos e os diagnósticos.
A depressão psicótica é um tipo de depressão grave, que além
de apresentar os sintomas geralmente apresentados em uma
depressão, há também sintomas psicóticos, como delírios e
alucinações. Quando comparado a episódios depressivos nãopsicóticos, a depressão psicótica é mais grave, pois há maior risco
de suicídio (PORTO, 1999).
Estudos revelam que a epidemiologia da depressão é algo
discutido cada dia mais. Os transtornos depressivos são prevalentes,
tendem a afetar adultos jovens, e apresentam um curto episódico e
crônico (LIMA, 1999). Segundo dados da OMS (Organização Mundial
da Saúde), em 2020 a depressão será o principal distúrbio mental
nos países desenvolvidos, chegando a ocupar a segunda posição, essa
previsão foi baseada nas estatísticas reais: em 2000, cerca de um
milhão de pessoas cometeram suicídio, e os indícios é a depressão.
Além disso, alguns textos de KAPLAN & SADOCK (1995) apud LIMA
(1999), indicam que sintomas psicóticos acontecem em cerca de
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15% de todos os pacientes com depressão. Segundo CORYELL (1984)
e SPITZER (1978) apud LIMA (1999) os sintomas psicóticos surgem
em mais de 25% dos pacientes deprimidos acolhidos em hospitais.
Depressão psicótica é uma depressão grave, na qual acontecem adjuntos aos
sintomas depressivos, um ou mais sintomas psicóticos, como delírio de ruína
ou culpa, delírio hipocondríaco ou de negação de órgão ou alucinações com
conteúdos depressivos. Se os sintomas psicóticos são de teor depressivo,
negativo são classificados como sintomas psicóticos humor-congruentes (de
doença, culpa, punição, morte, etc.). Caso os sintomas psicóticos não sejam
de conteúdo negativo, são denominados sintomas psicóticos humorincongruentes (delírio de perseguição, de inserção de pensamentos, autoreferentes, etc.) (DALGALARONDO 2008, p.312).
A depressão pode ser tratada em qualquer situação terapêutica
ou tratamento psíquico, uma vez que “fuga para as cavernas” que
se identifica na reclusão depressiva tem sua relativa semelhança
com a busca de ajuda, tratamento ou análise. A violência sob qual o
individuo se encontra, é a busca para a caverna, seu lugar de abrigo.
Portanto, a sessão, o analista, o enquadre e a análise, em seu
conjunto, tornam-se refúgio ou abrigo, que faz com que o paciente
consiga com o tempo transformar a caverna em seu lar (DELOUYA,
2001).
O tratamento mais usado para a depressão é a psicoterapia,
porém, em casos de transtornos depressivos mais graves, que é o
caso da depressão psicótica, deve haver uma combinação de
medicamentos e psicoterapias, que é provavelmente o método mais
eficiente de tratamento (CASTRO, 2011).
2.CONSIDERAÇÕES SOBRE A PRESENÇA DE SINTOMAS PSICÓTICOS
NA DEPRESSÃO
A depressão do ponto de vista psicopatológico tem como
elementos mais destacados o humor triste e o desânimo, entretanto,
se caracteriza por vários sintomas: psíquicos (humor depressivo,
perda da auto-estima, ideações suicidas, redução da capacidade de
experimentar prazer na maior parte das atividades antes agradáveis,
fadiga e diminuição da capacidade de pensar, se concentrar ou tomar
decisões); fisiológicos (alterações do sono, do apetite e do interesse
sexual e também queixas múltiplas: dores pelo corpo, maior
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sensibilidade aos estímulos, entre outras) e evidências
comportamentais (retraimento social, comportamentos suicidas,
crises de choro, lentidão generalizada ou agitação, irritabilidade e
diminuição da capacidade para desenvolver suas atividades
laborativas e sociais habituais) (PORTO, 1999).
A depressão psicótica pode ser conceituada no decorrer de um
rompimento com a realidade, através de alucinações e delírios
durante um episódio de depressão maior. O DSM-IV define que a
depressão maior requer pelo menos duas semanas de humor
deprimido ou a perda de interesse em quase todas atividades,
acompanhado de pelo menos quatro sintomas adicionados de
depressão a partir de uma lista que inclui alterações de peso, sono,
apetite ou atividade psicomotora, energia diminuída, sentimentos
de inutilidade ou culpa, dificuldade de pensar, concentra-se ou tomar
decisões, ou pensamentos recorrentes de morte ou ideação, ou
tentativas de suicídio. Esses sintomas devem ter surgido
recentemente ou ter piorado claramente em comparação ao estado
anterior ao episódio da pessoa, esses sintomas devem persistir
durante a maior parte do dia, em quase todos os dias, por pelo
menos duas semanas consecutivas, e causar sofrimento e prejuízo
clinicamente significativos nas áreas social. Os sintomas citados não
devem ser causados pelo luto ou abuso de substâncias ou condição
clínica (PARKER, 2009).
A depressão maior é subdividida em múltiplos subgrupos, alguns
ponderados do ponto de vista categorial, como, psicótica,
melancólica, catatônica, alguns etiologicamente,como, pós-parto,
sazonais, atípicas, e alguns de forma dimensional, que envolve
gravidade, persistência e cronocidade (PARKER, 2009).
Embora a depressão seja descrita em vários artigos e livros como
uma psicopatologia que apresenta vários sintomas devemos levar
em consideração a individualidade das pessoas, sua vivência e sua
personalidade (DELOUYA, 2001).
A depressão é vista na atualidade como um dos principais
distúrbios em crescimento, baseados em alguns escritos de Freud,
escritores relacionam esse crescimento da depressão com a pósmodernidade, relacionada com a falta de um líder e ao desamparo
da sociedade (DELOUYA, 2001).
A depressão pode estar presente, em formas graves, em que há
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a presença de sintomas psicóticos (delírios e alucinações).
Alucinações são alterações da senso-percepção nas quais o paciente
apresenta percepções falsas (na ausência de um estímulo real), que
podem ocorrer nas diferentes modalidades sensoriais; olfativa, visual,
tátil e auditiva. Os delírios são alterações do conteúdo do
pensamento, geralmente envolvendo interpretação incorreta de fatos
reais. Os delírios depressivos podem ser congruentes com o humor
ou incongruentes (PORTO, 1999).
Os delírios depressivos congruentes com o humor incluem delírios
de ruína, de punição merecida, delírios de culpa, e delírios de
niiliismo. As pessoas que apresentam depressão delirante podem
interpretar eventos comuns que ocorrem no dia a dia como ênfases
de defeitos pessoais, ao tempo em que se culpam de forma indevida
e inapropriada. O paciente volta no tempo, com a finalidade de se
acusar por supostos delitos ou atos culposos do passado, remoendo
receios indevidos. Os delírios de ruina pode se apresentar como:
ruína de corpo (negação de órgãos e/ou delírios hipocandríacos),
ruína espiritual (delírios de culpa e acusações por pecados cometidos)
e ruína de riqueza (delírios que envolve a pobreza e a miséria). A
forma como esse delírio se apresenta depende da personalidade do
paciente (PORTO, 1999).
Os delírios incongruentes com o humor relacionam-se a temas
de perseguição, e delírios de estar sendo controlado. Esses tipos de
delírios estão associados a um prognóstico que não são muito raros
dos estados ditos “esquizoafetivos” (PORTO, 1999).
As alucinações que geralmente acompanham os estados
depressivos são transitórias e não elaboradas. São associadas com o
humor depressivo, como, vozes que condenam o paciente, choro de
defuntos, condenação do demônio, entre outras. Raramente ocorrem
alucinações não congruentes com o humor (PORTO, 1999).
As ideias de suicídio são frequentemente encontradas nos casos
de depressão, em que há presença de sintomas psicóticos ou não. As
motivações para o suicídio estão associadas ao desejo de por fim a
um estado emocional penoso e tido como interminável, distorções
cognitivas, como, encontrar dificuldade para superar as perdas
sofridas e outros buscam a morte como punição para suas supostas
culpas. Os pensamentos de suicídio podem variar desde o desejo de
estar morto, até planos que estabelecem o momento, o modo e o
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lugar para cometer o ato de se matar. Esses tipos de pensamentos
relátivos à morte devem ser investigados, para que se possa prevenir
atos suicidas, dando oportunidade ao doente de se expressar a
respeito deles (PORTO, 1999).
O diagnóstico dos estados depressivos deve levar em conta, se
os sintomas são primários ou secundários a doenças físicas e/ou uso
de drogas e medicamentos. Para diagnosticar um paciente com
depressão psicótica é necessário ter cautela, pois devido as
características da psicose dificulta a relacionar com a depressão
maior, mas, há semelhanças nos sintomas entre as pessoas que tem
depressão psicótica, como, exposições anormais de emoção,
pensamentos suicidas, discurso desorganizado, confusão,
delírios,perda de contato com a realidade, alucinações e medo
constante (PORTO, 1999).
Atualmente, estão sendo feitas algumas pesquisas por alguns
médicos para diferenciar o tratamento de depressão psicótica com
a depressão sem sintomas psicóticos, esses estudos começaram
devido á maioria dos pacientes psicóticos apresentar dificuldades
para responder ao tratamento, os dados preliminares coletados são
que pacientes com depressão psicótica apresentam alterações no
volume de determinadas estruturas cerebrais (CASTRO, 2011).
O tratamento da depressão psicótica pode ser feita através de
uma internação hospitalar, constante visitação médica e
acompanhamento psicológico. A combinação de antidepressivos e
medicamentos antipsicóticos costumam fazer os sintomas ficarem
mais leves. Um método também usado é a eletroconsulsoterapia
que geralmente é usado quando os antidepressivos e antipsicóticos
não produzem o resultado esperado (CASTRO, 2011).
3.CONSIDERAÇÕES FINAIS
A depressão é um distúrbio que é muito presente na nossa
sociedade, de acordo com os estudos e pesquisas tende a crescer
ainda mais. Baseados em escritos de Freud esse fenômeno está ligado
ao desamparo da sociedade pós-moderna. Depressão psicótica é um
tipo de depressão grave onde além dos sintomas apresentados em
uma depressão, há a presença de delirios e alucinações. Deve-se
levar em consideração independente dos sintomas e gravidade do
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quadro clínico a individualidade da pessoa, sua vivência e sua
personalidade, que são aspectos que estão ligados ao diagnóstico da
psicopatologia. Nesses casos de depressão é comum o paciente ter
pensamentos de suicidio, a depressão psicótica é caracterizada como
um distúrbio grave que deve ser tratado através de psicoterapia,
medicações e em casos mais graves internações.
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CASTRO, F. Médicos criam método para diagnóstico da depressão
psicótica. Neurociência. 29 de agosto de 2011.
DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e semiologia dos transtornos
mentais. 2ª edição. 2008
DELOUYA, D.. Depressão. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2001. –
(Coleção clínica psicanalítica/ dirigida por Flávio Carvalho Ferraz).
DSM-IV-TR – Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais
(Trad. Cláudia Dornelles; 4 e.d. rev. – Porto Alegre: Artmed, 2002
LIMA, M. S. Depressão, epidemiologia e impacto social. Revista
Brasileira de Psiquiatria. Depressão, vol. 21, 1999.
PORTO, J. A. D. Conceito e diagnóstico. Revista Brasileira de
Psiquiatia. vol.21, p. 06-11, 1999.
PARKER, G.; Brotchie, H. Depressão maior suscita questionamento
maior. Revista Brasileira de Psiquiatria. Vol. 31, São Paulo, 2009.
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DISFORIA DE GÊNERO OU TRANSEXUALISMO
MASCULINO E SUAS ESPECIFICIDADES
Natália Cristina DE MARCO
Dayran Karam DOS REIS
1
1
2
Acadêmica do curso de Psicologia da FAEF - Garça – SP - Brasil. e-mail:
[email protected]
2
Docente do curso de Psicologia da FAEF – Garça – SP Brasil. e-mail:
[email protected]
RESUMO
A disforia de gênero não é especifica e não acomete
indivíduos específicos, é uma condição onde as pessoas desde
crianças ‘não aceitam’ o sexo de nascimento, relatam que
nasceram no corpo errado, se vestem com roupas femininas e
na fase adulta chegam até a fazer operação de troca de sexo,
mas para isso há um diagnostico preciso com um equipe
multidisciplinar.
Palavras-Chave: Disforia de gênero masculino, Família,
Sociedade.
ABSTRACT
The gender dysphoria is not specific and not affects specific
individuals, is a condition where people from kids ‘not accept’ the
sex of birth, reported that they were born in the wrong body, dress
up in women’s clothing and adulthood will even make sex-change
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operation, but for that there is a precise diagnosis with a
multidisciplinary team.
Keywords: dysphoria of male gender, Family, Society
1.INTRODUÇÃO
A aceitação da família, de certa forma, é uma incógnita, pois
eles agem das formas mais variadas possíveis, porém a grande
maioria, depois de um tempo, até “raciocinar” o que está
acontecendo passa a aceitar. Já o preconceito frente a sociedade é
diferente, as pessoas “preferem criticar” do que tentar entender, é
mais simples falar do que se colocar no lugar do outro, sempre existe
aquele pensamento “isso nunca vai acontecer comigo ou na minha
família”; o mundo hoje em dia, é aberto a novas experiências, não
é porque hoje as pessoas tem mais coragem de falar que isso nunca
existiu antes, hoje está tudo mais explícito e as pessoas não tem a
capacidade de aceitar isso, por qual motivo? O que há de errado em
se aceitar e ser feliz? Nada? Se as pessoas são felizes como são,
porque não aceitar aos outros que escolhem ser “diferentes”, ser
eles mesmos? Eis as questões mais difíceis de responder, pois a
sociedade de hoje ainda segue muito as regras culturais de que
homem tem que casar com mulher e vice versa. Mas se a decisão é
de cada um, porque não aceitar ou ao menos respeitá-las? Eis mais
uma vez as questões que tentarei responder ao longo do trabalho.
Sociedade X Preconceito. E relacionado ao trabalho do psicólogo,
qual a importância de sua participação? Qual a importância do
acompanhamento antes e depois da cirurgia?
Dessa forma, tratar de um tema que ainda é um tabu pra
sociedade é algo que motiva, pois para ter um melhor entendimento
sobre o assunto e de alguma forma contribuir para que o tema seja
visto de outra forma, começar a ser mais aceito e também mais
abordado pela sociedade, que ao invés de falar, citar e conversar
sobre o assunto prefere não se manifestar e deixar que continue da
mesma forma.
A disforia de gênero começa a ser observada desde a infância,
quando a criança se identifica mais com brincadeiras do sexo oposto,
é necessário um acompanhamento com uma equipe multidisciplinar
para que o diagnóstico seja preciso. É uma incompatibilidade entre
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o sexo ‘de origem’ e a sua identidade de gênero, nestes indivíduos,
o desejo de pertencer ao sexo oposto é extremamente forte,
procurando desesperadamente a terapia hormonal e a cirurgia, com
este objetivo (ATHAYDE, 2001).
O presente estudo se propôs a: - Pesquisar bibliograficamente a
partir de quando se pode ser diagnosticada a disforia de gênero,
quais as mudanças, o preconceito por parte da sociedade e o
tratamento feito com o paciente até a mudança de sexo. Em
decorrência das pesquisas, é visado: - Pesquisar o comportamento
do indivíduo, da família e da sociedade; - Descrever quais os requisitos
para a cirurgia.
2.FAMÍLIA, SOCIEDADE E O “SONHO” DA CIRURGIA
O transexualismo Masculino é uma condição que necessita da
“colaboração” de diversos profissionais trabalhando em conjunto,
visando somente um indivíduo, pois é um diagnóstico e tratamento
que tem de ser feito com muita precisão, pois uma vez operado não
há mais volta. São recomendados cerca de dois anos de tratamento,
acompanhamento e cuidados antes do procedimento cirúrgico, para
que seja feito o diagnóstico correto, pois em casos de diagnóstico
incorreto pode levar a pessoa até ao suicídio (ATHAYDE, 2001).
O transexualismo alcançou a categoria de fenômeno social com
a intervenção médica feita em Jorgensen,
“... Caso Jorgensen, Harry Benjamin, endocrinologista alemão muito
interessado no fenômeno transexual, concluiu em 1954 o processo de alteração
corporal do paciente, realizando a vaginoplastia. Já em 1953 havia introduzido
o termo transexualismo...” (Apud COSSI, 2011, p. 34)
Dessa forma, os meios de comunicação expandiram a divulgação
do transexualismo pelo seu grande interesse no caso e, desde então,
foi como se abrissem uma possibilidade de cada um poder “escolher”
o seu sexo (FRIGET, 2002, p. 26-7, citado por COSSI, 2011, p. 34).
O transexualismo ainda é um tema ‘generalizado’, mesmo assim
vou trabalhar com o tema “disforia de gênero masculino” e
“transexualismo masculino”. Alguns termos que podem ser
utilizados:
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O transexualismo como um fenômeno, claramente contrasta nossos
entendimentos comuns sobre sexualidade, mas não é uma depravação sexual
e sim a forma mais extrema de distúrbio da identidade sexual. Também
chamado de disforia de gênero, é uma incompatibilidade entre o sexo
anatômico de um indivíduo e a sua identidade de gênero.
Gênero: é o que o ser humano se torna socialmente, em termos de homem ou
mulher;
Identidade de gênero: é convicção interna de masculinidade ou feminilidade;
Papel do gênero (gender role): é o estereótipo cultural do que é masculino
ou feminino;
Desordens da identidade de gênero: é quando existe uma discordância entre
o sexo biológico e sua identidade de gênero, entre as quais se encontra o
transexualismo.
Nestes indivíduos, o desejo de pertencer ao sexo oposto é extremamente
forte, procurando desesperadamente a terapia hormonal e a cirurgia, com
este objetivo.
Consequentemente seu sofrimento é tanto e tão urgente que podem chegar
as extremo de automutilação e suicídio. (ATHAYDE, pag. 2,2001).
Não existe um processo que seja específico na construção da
identidade de gênero nos transexuais. O gênero só existe na prática,
na vivência e na realização. Os fatos que vão “fazer” o gênero são
de colocar uma certa roupa, escolher uma certa cor, escolher certos
acessórios, como será o corte de cabelo, como irá andar e até mesmo
sua estética corporal. (BENTO, 2006)
De acordo com COSSI (2011) o termo disforia de gênero surge a
partir do que visa Money em 1980 e entra no DSM III.
O preconceito hoje em dia ainda é muito grande por parte das
próprias pessoas com o ‘problema’ (disforia de gênero) e maior ainda
por parte da sociedade, que não está preparada para aceitar os tipos
de mudanças que as pessoas decidem fazer em si, não por estética,
mas muitas vezes pela não aceitação do corpo com o qual nasceu no
caso a intenção dessas pessoas não é somente se vestir como mulheres
ou algo do gênero, é uma ‘questão’ de se sentir bem com seu corpo,
é uma ‘questão’ de ver o corpo da forma como realmente o sente
(LACERDA, 2004).
Disforia de gênero ou transexualismo é um quadro clínico que
está em discussão hoje em dia, e gera uma grande polêmica. É uma
problemática que se manifesta na identidade sexual. As pessoas vivem
em discordância em relação ao seu sexo, relatam pertencer ao sexo
oposto ou se identificar com ele, assim grande parte busca por
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tratamentos hormonais, mudança de sexo e consequentemente
mudança de nome. (COSSI, 2011)
De acordo com Matilde Josefina Sutter Hojda:
Transexual é o indivíduo que repudia o sexo que ostenta anatomicamente.
Sendo o fato psicológico predominante na transexualidade, o indivíduo
identifica-se com o sexo oposto, embora dotado de genitália externa e
interna de um único sexo. O transexual não se confunde com o homossexual,
pois este não nega seu sexo, embora mantendo relações sexuais com pessoas
do seu próprio sexo. Não se confunde, ademais, com o travesti, que em seu
fetichismo é levado a se vestir nos moldes do sexo oposto. Não se identifica,
ademais, com o bissexual, indivíduo que mantém relações sexuais com
parceiros de ambos os sexos. (Apud LACERDA, pag. 3, 2004)
BENTO (2006) cita que a sociedade ou as pessoas que buscam
mais a fundo esse assunto, querem falar dessas pessoas fazendo
somente algumas perguntas que são superficiais, porém, “ninguém
sabe como vivem, não sabem sobre suas sexualidades, sonhos,
desejos..”
De acordo com ATHAYDE (2001) essas pessoas sente-se
aprisionadas ao corpo errado, com isso buscam mudanças anatômicas,
no caso, que seriam as cirurgias tanto de implante de silicone, como
após terapia a cirurgia de mudança de sexo ou a transgenitalização.
Porém, nessa cirurgia pode haver complicações, com isso, no Brasil
são poucas clinicas que fazem esse tipo de cirurgia, pois os médicos
a consideram auto risco e “preferem não se arriscar”, ou seja, ou os
pacientes pagam caro em clínicas particulares, ou vão em busca
dessa “melhoria” no exterior. A cirurgia não é a cura para o distúrbio,
e sim um procedimento de bem estar emocional. Os centros médicos
que realizam esse tipo de cirurgia de transgenitalização estabelecem
um conjunto de regras, a qual falarei em breve.
De acordo com o CID-10:
F64 Transtornos da identidade sexual:
F64.0 Transexualismo: Trata-se de um desejo de viver e ser aceito enquanto
pessoa do sexo oposto. Este desejo se acompanha em geral de um sentimento de
mal estar ou de inadaptação por referência a seu próprio sexo anatômico e do
desejo de submeter-se a uma intervenção cirúrgica ou a um tratamento hormonal
a fim de tornar seu corpo tão conforme quanto possível ao sexo desejado.
F64.2 Transtorno de identidade sexual na infância
Transtorno que usualmente primeiro se manifesta no início da infância (e
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sempre bem antes da puberdade), caracterizado por um persistente em intenso
sofrimento com relação a pertencer a um dado sexo, junto com o desejo de
ser (ou a insistência de que se é) do outro sexo. Há uma preocupação
persistente com a roupa e as atividades do sexo oposto e repúdio do próprio
sexo. O diagnóstico requer uma profunda perturbação de identidade sexual
normal; não é suficiente que uma menina seja levada ou traquinas ou que o
menino tenha uma atitude afeminada. Os transtornos da identidade sexual
nos indivíduos púberes ou pré-púberes não devem ser classificados aqui mas
sob a rubrica F66.-.
CIRURGIA DE TRANSGENITALIZAÇÃO
Não posso considerar o sexo como um elemento apenas
fisiológico, determinado geneticamente e imutável; há décadas a
medicina permite que o indivíduo se adeque ao sexo que tem certeza
pertencer porém, a cirurgia ainda apresenta distintos
questionamentos . O transexualismo Masculino é uma mulher no corpo
de homem e o transexualismo feminino, é o homem no corpo de
mulher, isso seria uma neurodiscordância de gênero; entende-se que
a transexualidade pode ser determinada por uma alteração genética
no componente cerebral, combinado com alteração hormonal e o
fator social (Apud VIEIRA, 2000), porém Cossi ressalta que:
“... Os transexuais apresentam órgãos genitais normais, assim como suas
características sexuais secundárias. Apresentam os cromossomos sexuais XX
no caso das transexuais femininas e XY no caso dos transexuais masculinos,
ou seja, são geneticamente e anatomicamente normais.” (COSSI, pag. 39,
2011).
Para poder iniciar o processo de cirurgia é feia uma triagem
rigorosa nos transexuais primários, visando às chances de sucesso
no pós-operatório; é utilizada uma equipe multidisciplinar com
profissionais especializados no assunto, a equipe é composta por:
um endocrinologista, um psiquiatra, um psicólogo e um cirurgião
plástico, que vão analisar o grau de feminilidade do paciente. Dessa
forma, o papel do psicólogo é muito importante na indicação ou não
do paciente para a cirurgia, durante o processo e no pós-operatório
(VIEIRA, 2000).
A cirurgia é irreversível, e não é só mudar de sexo, é colocar a
aparência física do paciente de acordo com sua verdadeira identidade
sexual. Em partes visa melhorar a saúde do paciente, dessa forma, o
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médico além de ministrar hormônios pode fazer a cirurgia de
adequação. Mas, o cirurgião plástico não pode ser obrigado a
conseguir a ‘cura’ com o resultado; o orgasmo e o prazer são
resultados de diversos fatores. Esteticamente o efeito deverá ser
semelhante ao sexo ‘desejado’, mas não se pode falar em perfeição,
embora a nova genitália deva permitir ao paciente que realize
normalmente suas necessidades fisiológicas (VIEIRA, 2000).
Em 1978 que iniciou uma nova visão para a lei relacionada ao
código penal brasileiro; onde um cirurgião plástico que havia
realizado uma cirurgia de transgenitalização foi condenado a dois
anos de reclusão por infringir a lei, mas ele atuou dentro dos limites
de exercício não cometendo crime e em 1979 por votação unanime
ele foi absolvido (VIEIRA, 2000).
Não é necessário que o transexual entre com uma ação em juízo
para obter autorização para a cirurgia, é competência médica e não
de ordem judicial, sendo resolvido de acordo com os princípios éticos,
no qual, os profissionais tem conhecimento e formação para conhecer
os aspectos que envolvem a cirurgia (VIEIRA, 2000).
Somente em 10 de setembro de 1997 o Conselho Federal de
Medicina, através da Resolução 1482/97 autorizou
experimentalmente (em hospitais universitários e hospitais públicos
adequados para pesquisa) a cirurgia de transgenitalização do tipo
neocolpovulvoplastia, neofaloplatia e/ou procedimentos
complementares sobre as gônodas ou caracteres sexuais secundários
como tratamento para os transexuais. Dessa forma, para avaliação
haverá uma equipe multidisciplinar composta por: Médico-Psiquiatra,
Cirurgião, Psicólogo e Assistente Social; São necessários dois anos
de acompanhamento em conjunto. Os critérios estabelecidos para
os candidatos são: Diagnóstico médico de transexualismo, maioridade
de 21 anos de idade e a ausência de características físicas
inapropriadas para a cirurgia, também é exigido o termo de
consentimento livre e esclarecido, de acordo com a Resolução CNS
nº 196/96 (VIEIRA, 2000).
3.CONSIDERAÇÕES FINAIS
A disforia de gênero ou transexualismo não acomete indivíduos
específicos, tanto que se da em homens e mulheres (no caso só
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trabalhei na parte do homem que quer virar mulher) e também não
posso dizer que é uma doença específica pois os indivíduos são
geneticamente e anatomicamente normais. São pessoas que
discordam do sexo de nascimento, acreditam tem nascido no corpo
errado.
A meu ver, muitas pessoas se assumem somente depois de muitos
anos, se casam, tem filhos, por medo do que a sociedade pode dizer
e depois acabam por assumir sua verdadeira “identidade”, depois
de analisar muito a situação e perceber que se aceitar primeiramente
vai ser menos “doloroso”, se assumem e procuram pela cirurgia,
que se da somente depois de no mínimo dois anos de tratamento
com uma equipe multidisciplinar e o diagnóstico preciso, neste
momento o trabalho do psicólogo é muito importante, pois ele que
vai fazer a maior parte da análise para o diagnóstico, o tratamento
adequado e o acompanhamento do paciente após a operação,
utilizando de técnicas e métodos que ajudam na própria aceitação
do paciente e da família.
Quanto a sociedade não há muito o que se fazer, acredito que o
preconceito surge pela falta de conhecimento, a generalização, o
modismo e o sensacionalismo que muitas vezes a mídia impõe,
transexualismo não é uma escolha.
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARAÚJO, L. R. de – Transexualidade: dos transtornos às experiências
singulares – Mestrado em Psicologia Clínica, Universidade Católica
de Pernambuco (UNICAP), 2010.
ATHAYDE, A. V. L. de – Transexualismo Masculino – Arq. Bras.
Endocrinol. Metab., vol.45 nº4, São Paulo, Aug. 2001.
BENTO, B. – A reinvenção do corpo: sexualidade e gênero na
experiência transexual – Rio de Janeiro: Garamond, 2006.
CID-10 online www.psicologia.pt/instrumentos/dsm_cid/cid.php
acesso em 02 de Outubro de 2013 as 14:30.
COSSI, R. K. – Corpo em obra: contribuições para a clínica
psicanalítica do transexualismo – São Paulo: nVersos, 2011.
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LACERDA, H. H. - Transexualismo – Tese de conclusão de curso de
Ciências Juridicas, Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, divisão
técnica de pesquisa, p. 3, nov. 2004.
OLTAMARI, L. C. – Política e sexualidade: notas sobre o combate ao
preconceito contra os homossexuais – Psicologia & Sociedade, 22(3),
608-611, 2010.
VIEIRA, T. R. – Aspectos psicológicos, médicos e jurídicos do
transexualismo – Psicólogo informação, ano 4, nº 4, p. 63-77, jan/
dez, 2000.
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ESPAÇO POTENCIAL: UM SONHO REALIZADO
LOTERIO, Larissa Quinhoneiro1
PESSIM, Larissa Estanislau2
SOUZA, Michele Nunes Fraquetto de¹
REIS, Mestranda Dayran Karam dos3
1
Acadêmicas do Curso de Formação de Psicologia da FAEF.
2
Acadêmicas do Curso de Formação de Psicologia da FAEF.
3
Supervisora de Estágio do Curso de Psicologia da FAEF.
RESUMO
Segundo a ONU, o autismo acomete cerca de 70 milhões de pessoas
no mundo. Em crianças, é mais comum que o câncer, a AIDS e o diabetes.
Este artigo tem como objetivo descrever as características e tipos de
tratamento para o autismo, investigar o trabalho da Instituição
Concedente do Estágio Supervisionado em Psicologia em Instituição de
Saúde, a atuação do Psicólogo nessa Instituição e a historia da mesma
desde sua criação até os dias de hoje. Foi realizado um levantamento
de dados com base no acervo bibliográfico e busca eletrônica de artigos.
Os resultados encontrados mostraram que há diversos tipos de autismo,
ou seja, o autismo se apresenta como um espectro, a criança pode ter
um grau mais leve ou um grau mais acentuado.
Palavras-chave: Autismo. Espectro Autista. Tratamentos.
ABSTRACT
According to the ONU, autism affects approximately 70 million
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people worldwide. In children, it is more common than cancer, AIDS
and diabetes. This article aims to describe the characteristics and
types of treatment for autism, investigating the work of the
Institution Granting the Supervised Internship in Psychology in Health
Institution, the role of the psychologist in this institution and the
history of it since its inception to the present day . A survey-based
data in bibliographic and electronic search of articles. The results
showed that there are different types of autism, or autism presents
as a spectrum, the child may have a mild level or greater degree.
Keywords: Autism. Autistic Spectrum. Treatments.
1.INTRODUÇÃO
Este artigo foi desenvolvido pelas alunas do curso de Psicologia
durante o estagio na área de Saúde, realizado em uma instituição
direcionada ao Autismo “Espaço Potencial”, localizada na cidade de
Marília. Quanto à metodologia, foi realizado um levantamento de
dados no acervo da Biblioteca Central da FAEF- Associação Cultural
e Educacional de Garça - e busca eletrônica de artigos indexados
nas bases de dados do Scholar Google Acadêmico, Scielo, Pubmed e
Periódico CAPES. As palavras-chave usadas foram: autismo, espectro
autista, tratamentos.
[...]o autismo, embora possa ser visto como uma condição médica, também
pode ser encarado como um modo de ser completo, uma forma de identidade
profundamente diferente [...]
(OLIVERS SACKS)
No que se refere ao Autismo, o termo originário da palavra grega
autos, que significa próprio, foi cunhado por Eugene Bleuler em 1911,
para descrever um sintoma da esquizofrenia, definido como
estreitamento com o mundo exterior (FRITH, 1989 citado por AMORIM,
2006).
Em 1943, Kanner descreveu, sob o nome Distúrbios Autísticos do
Contato Afetivo, um quadro caracterizado por isolamento extremo,
obsessividade, estereotipias e ecolalia. Esse conjunto de sinais foi
por ele visualizado como uma doença específica relacionada a
fenômenos da linha esquizofrênica (ASSUMPÇÃO JR, PIMENTEL, 2000).
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Inicialmente foi valorizada a hipótese de que o autismo era
causado por fatores psicológicos e de que os pais eram responsáveis
pelo surgimento deste quadro por apresentarem um comportamento
frio e obsessivo com os seus filhos. Com o passar do tempo, essa
hipótese foi posta de lado pela literatura médica e atualmente se
considera o autismo como uma desordem neurobiológica, apesar do
mecanismo preciso da doença ainda não ser conhecido (GIKOVATE,
2009).
O Autismo – chamado pela CID-10 de “Autismo Infantil” e de
“Transtorno Autístico” pelo DSM-IV – manifesta-se desde a primeira
infância, ou seja, antes dos 3 anos de idade. Atinge 3 a 4 vezes mais
meninos que meninas. Caracteriza-se por problemas sérios nas
interações sociais, na comunicação e no comportamento, o qual é
bastante limitado, e de natureza repetitiva e estereotipada (DSM IV,
1995).
Deve-se esclarecer que há diversos quadros de autismo para
diferentes pessoas, isso depende de fatores como, a idade e o nível
intelectual de cada indivíduo, isso é o que se pode chamar de espectro
autista. (RIVIÈRE, citado por OLIVEIRA, 2011).
O espectro autista é o diagnóstico dado a pessoas que apresentam
algumas características autísticas, porém não se enquadram dentro
do autismo devido ao fato de ser um transtorno profundo do
desenvolvimento. O autismo “parece remeter a um conjunto bastante
heterogêneo de individualidades, cujos níveis evolutivos, 18
necessidades educativas e terapêuticas e perspectivas vitais são
bastante diferentes” (RIVIÈRE, citado por OLIVEIRA, 2011).
O autismo é um transtorno global do desenvolvimento infantil
que segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), cerca de 70
milhões de pessoas no mundo são acometidas pelo transtorno, sendo
que, em crianças, é mais comum que o câncer, a Aids e o diabetes.
Em termos clínicos, os sintomas podem estar presentes desde o
nascimento (70% dos casos) ou surgirem em algum momento antes
dos três anos de idade em uma criança que teve o desenvolvimento
aparentemente normal (30% dos casos). A criança apresenta se
desligada do meio e não responde ao chamado do seu nome. Não
retribui um sorriso e faz pouco contato com o olhar. É capaz de ficar
muito tempo sozinha e só procura os outros para satisfazer suas
necessidades (GIKOVATE, 2009).
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Entender e dominar o mundo singular dos indivíduos com autismo
é ter a oportunidade de participar de um milagre diário: a
redescoberta do que há de mais humano em nós e neles (SILVA, 2009).
As pesquisas demonstram que o tratamento mais eficaz é uma
combinação de programas especializados, englobando: programa
educacional, intervenções na comunicação, desenvolvimento de
habilidades sociais e intervenção comportamental. Outros
tratamentos, tais como terapia ocupacional e fisioterapia podem
promover progressos porque atuam nas possíveis comorbidades, como
dificuldades motoras e sensoriais (LEVY, S, HYMAN, S. 2008).
Alguns autores afirmam que o planejamento do tratamento deve
ser estruturado de acordo com as etapas de vida do paciente.
Portanto, com crianças pequenas, a prioridade deveria ser terapia
da fala, da interação social/linguagem, educação especial e suporte
familiar. Já com adolescentes, os alvos seriam os grupos de
habilidades sociais, terapia ocupacional e sexualidade. Com adultos,
questões como as opções de moradia e tutela deveriam ser focadas
(BOSA, 2006).
Segundo Bosa (2006) alguns autores salientam quatro alvos
básicos de qualquer tratamento: 1) estimular o desenvolvimento
social e comunicativo; 2) aprimorar o aprendizado e a capacidade
de solucionar problemas; 3) diminuir comportamentos que interferem
com o aprendizado e com o acesso às oportunidades de experiências
do cotidiano; e 4) ajudar as famílias a lidarem com o autismo.
2.ESPAÇO POTENCIAL: DESENVOLVENDO POTENCIALIDADES
A instituição concedente do estágio é o Espaço Potencial de
Marília que cuida de cerca de 60 crianças e jovens autistas (e outras
crianças e jovens com transtornos similares). É uma Sociedade Civil
de Direito Privado e filantrópica que tem por objetivo principal
promover a atenção integral a essas crianças e jovens em aspectos
referentes à saúde, educação e socialização, busca fortalecer o
vínculo familiar e social destas pessoas com vista à inclusão,
autonomia e independência. O interesse pela escolha do estágio nessa
instituição justifica-se por acreditar que o autista tem potencial
para aprender e pelo interesse em conhecer de perto o mundo
particular que eles vivem.
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É uma instituição de educação e saúde voltada a alunos autistas,
que surgiu da união de alguns pais e amigos de crianças e jovens
autistas ou com transtornos globais do desenvolvimento que tiveram
seus filhos convidados a se retirar da escola porque não havia condições
de atender às suas necessidades. Na época, a cidade não contava
com nenhuma escola que tivesse um serviço especializado para os
autistas, nem a saúde nem a educação pública forneciam um ambiente
qualificado para estas crianças (CORREIO MARILIENSE, 2012).
Os pais preocupados, estavam comprometidos a oferecerem um
espaço que estimulasse essas crianças no crescimento e
desenvolvimento de seus potenciais, bem como na busca pelos seus
direitos, assim, se uniram na criação do projeto (CORREIO
MARILIENSE, 2012).
Desta forma, resolveram criar, elas próprias, uma alternativa
para o desenvolvimento das suas crianças, assim em 30 de abril de
2009 foi fundado o Espaço Potencial. Em abril de 2010 passa a
funcionar em caráter oficial, nessa época eram seis crianças
atendidas, com envolvimento e participação direta dos pais. É
reconhecida como Utilidade Pública Municipal pela Lei nº 7273/11;
com Registro no Conselho Municipal de Defesa da Criança e
Adolescente número 022/12 (CORREIO MARILIENSE, 2012.)
Neste momento a instituição é composta por duas professoras,
sendo uma psicopedagoga; uma psicóloga; uma fonoaudióloga; uma
assistente social e dois auxiliares de classe, a maioria são voluntários.
Porém, com o passar do tempo o objetivo se voltou não só para
apontar soluções para o entrave existentes no processo educacional
ou social do autista, mas propor também uma reflexão acerca de
como este assunto vem sendo discutidos na sociedade e nos poderes
competentes.
Enquanto por um lado as crianças eram atendidas em suas áreas
específicas com uma proposta pedagógica diferenciada e baseada
no apoio ao atendimento das necessidades básicas de cada um,
visando o desenvolvimento de seu potencial; por outro lado, os pais
e amigos criaram um grupo para refletir sobre assuntos ligados à
temática e discutir as formas alternativas de organização formal
deste trabalho na comunidade local.
As reflexões deste grupo foram pautadas na escassez de
equipamento social no município, a incapacidade de atender a essa
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demanda, embora tivesse resguardados por lei, inúmeros direitos a
criança autista, como acesso a cultura, lazer, educação e
principalmente a saúde, direitos esses fundamentais para exercício
pleno de sua pessoa, porém ignorados pelos poderes públicos
competentes, pois não há iniciativa no 3° setor (instituição de
atendimento), profissionais capacitados, nem tão pouco,
especialistas suficientes na rede para atender a demanda. Realizaram
vários encontros com os pais e alguns amigos que assumiram a causa
a fim e com ações conjuntas e imediatas pudessem pensar na
organização deste grupo como representante do desejo da maioria
(CORREIO MARILIENSE, 2012.)
Desta forma, o referido grupo optou pela criação de uma
Associação de Pais e Amigos destas crianças e jovens na cidade de
Marília, onde pudesse oferecer um espaço privilegiado no
atendimento de suas necessidades e no desenvolvimento das
potencialidades dos autistas.
Esse trabalho aconteceu por dois anos e meio, com 10 (dez) crianças/
jovens de 03 a 24 anos como um “projeto piloto”, mantido pelos pais,
amigos e comunidade, através de eventos realizados para mantê-lo.
Em meados de 2011, representantes do poder público municipal
com a iniciativa de estabelecer parceria financeira com a Associação
Espaço Potencial para o atendimento da demanda, que era de 37
crianças/jovens, dado ao sucesso dos resultados obtidos, engrossando
assim a luta pela defesa dos direito desta parcela da população.
Atualmente, a instituição atende 62 crianças/jovens e está
localizada na Rua Coronel José Braz, 1.131, no bairro Salgado Filho
(atrás do Marília Tênis Clube), na zona oeste da cidade. A instituição
mantém suas atividades de segunda a sexta-feira nos dois períodos
e os alunos também participam de atividades externas.
Os profissionais trabalham com atendimentos de forma individual
e as crianças/jovens são acompanhadas diariamente. É estimulado
o desenvolvimento das capacidades motoras, cognitivas, equilíbrio
pessoal e inserção social, visando a aquisição do conhecimento,
habilidades e formação de seus hábitos e atitudes e ainda do
despertar de suas potencialidades. Buscam a redução ou eliminação
de comportamentos inadequados, centrado na estrutura de condutas
e posturas, propiciando à criança sua independência e, à sua família
qualidade de vida.
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Através do convênio formado com a prefeitura a instituição conta
com um grupo de profissionais: psicólogo, fonoaudiólogo, terapeuta
ocupacional, assistente social, psicopedagogo, fisioterapeuta e
educador social e físico, que buscam juntos a formação integral nas
áreas da saúde, educação e socialização. São utilizados os programas:
Teacch (Tratamento e Educação para Autista e Crianças com
Déficits Relacionados à Comunicação);
-
O PCS (Programa de Comunicação Alternativa Suplementar);
-
O ABA (Análise Aplicada do Comportamento);
Equoterapia (Por meios de cavalos, visa o bem estar físico e
emocional, supera-se os danos sensórias, motores, cognitivos e
comportamentais);
Apoio Familiar (De forma individual e grupal, via orientação,
acompanhamento, atendimento psicossocial e encaminhamento à
intervenção terapêutica, a fim de minimizar as dificuldades
vivenciadas por elas e o fortalecimento familiar.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em todos os transtornos invasivos do desenvolvimento os sintomas
aparecem nos primeiros anos de vida. Por isso é muito importante
que os pais ou professores, ao detectarem algo diferente na criança,
encaminhem-na para profissionais especializados, pois quanto mais
cedo descobrir o diagnóstico, melhor será para o desenvolvimento
da mesma.
O diagnóstico é sempre muito difícil para a família. Há vários
tipos de autista, um tratamento que é indicado para um pode não
funcionar para o outro. Isso angustia ainda mais os pais, que depois
de passarem pela fase da negação e do luto do filho ideal, começam
a correr atrás de todos os tipos de tratamentos possíveis que ofereçam
a cura. Muitas vezes acabam se decepcionando, pois o autismo não
tem cura e as melhorias no desenvolvimento e no comportamento
da criança vem com o tempo. É necessário conhecer a fundo “o seu”
autista para que se possa trabalhar seu potencial e suas habilidades,
pois cada pequena conquista é uma grande vitória para eles. É preciso
comemorar, reconhecer e estimular, para que eles se tornem cada
vez mais independentes.
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A equipe do Espaço Potencial nos recebeu muito bem desde o
primeiro dia de estágio. Nos inseriu em suas atividades e projetos;
esclarecem nossas dúvidas e nos deixam a vontade para participar
de todas as programações. É uma instituição que leva o trabalho
super a sério e se engajam na luta em prol das crianças/jovens
autistas. É muito gratificante e também tem sido muito enriquecedor,
para nós, como estagiárias, ter acesso a prática nessa área de
educação especial, ter o apoio e abertura da Instituição.
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMORIM, L. C. D. O conceito de morte e a Síndrome de Asperguer.
2008. 116 f. Dissertação (Mestrado) – Instituto de Psicologia,
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008.
Associação Americana de Psiquiatria. Manual de estatística e
diagnóstico de transtornos mentais (DSM IV TM) 4. ed. Porto Alegre:
Artes Médicas, 1995.
ASSUMPCAO JR, Francisco B and PIMENTEL, Ana Cristina M. Autismo
infantil. Rev. Bras. Psiquiatr. [online]. 2000, vol.22, suppl.2, pp.
37-39. ISSN 1516-4446.
BOSA, Cleonice Alves. Autismo: intervenções psicoeducacionais.
Revista Brasileira de Psiquiatria, v. 28, p. 47-53, 2006. Disponível
em: < http://www.scielo.br/pdf/rbp/v28s1/a07v28s1.pdf > Acesso
em: 15 set. 2008.
Correio Mariliense: Com 40 autistas, Espaço Potencial será
inaugurado no próximo dia 04. Publicado em: 25/04/2012. Acesso
em: 21 set de 2013. Disponível em <http://www.correiomariliense.
com.br/materia.php?materia=24661>
Correio Mariliense: Marília Shopping Expõe sobre o ‘Dia do Autismo’.
Publicado em: 31/03/2012. Acesso em: 21 set de 2013. Disponível
em <http://www.correiomariliense.com.br/materia.php?
materia=23878>
GIKOVATE, C. G. Autismo: Conceito, Diagnóstico e Quadro Clínico.
In:LA-MOGLIA, A. (Coord.). Tema sem inclusão: Saberes e práticas
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Rio de Janeiro: Synergia/UNIRIO, 2009.
LEVY, S. E.; HYMAN, S. L. Tratamentos Médicos Complementares e
Alternativos para Crianças com Transtornos do Espectro Autista.
Volume 17, No 4. Publicado em Outubro de 2008. Disponível
em:<http://www.ama.org.br/site/images/stories/Voceeaama/
artigos/090330tratamentocamart.pdf>. Acesso em 03 nov. 2012.
OLIVEIRA, A. L. Formação de Professores na Educação Básica para
Atuar com Educandos com Transtornos Globais do Desenvolvimento
(TGD) no Processo de Educação Inclusiva. Universidade Federal do
Paraná, 2011.
O.M.S. Classificação de transtornos mentais e de comportamento
da CID 10: Descrições Clínicas e Diretrizes Diagnósticos. Trad.
Dorgival Caetano. Porto Alegre: Artmed. 1993, p. 149-158.
SILVA, A. B. B. Mundo Singular. 1. Ed. São Paulo: Fontanar, 2009.
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ESTUDO DE CASO SOBRE DEFICIÊNCIA
INTELECTUAL MODERADA NO CAPS
Janaina de Aguiar BISPO ¹
Frederico de Conte Blaziza MACHADO ¹
Hélide Maria PARRERA¹
Esp. Mestranda Dayran Karam dos REIS ²
¹ Discentes do Curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e
Integral – FAEF, Sociedade Cultural e Educacional de Garça – S/S LTDA.
² Supervisora de Estágio e Docente do Curso de Psicologia da Faculdade
de Ensino Superior e Integral, Sociedade Cultural e Educacional de Garça
– S/S LTDA.
RESUMO
Este artigo trata-se da apresentação de um estudo de caso
sobre uma pessoa com retardo mental moderado que frequenta a
instituição CAPS. O objetivo é mostrar como o grupo de estagiários
trabalharam com o caso no CAPS, quais atividades foram desenvolvidas,
as observações dos estagiarios e os resultados alcançados com o
trabalho desenvolvido. Foram utilizadas algumas atividades lúdicas e
a técnica projetiva da Gestalt-terapia e a paciente aprendeu a se
comunicar com mais faclidade e a lidar melhor com a frustração.
Palavras-chave: CAPS, Estagiários, Retardo Mental.
ABSTRACT
This article is in the presentation of a case study of a person
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with mental retardation. The aim is to show how the group of trainees
worked with the case in CAPS, which activities were developed, the
observations of the trainees and the results achieved with the work.
Some entertaining activities and projective technique of Gestalt
therapy was used and the patient learned to communicate more and
better faclidade deal with frustration.
Keywords: CAPS, Interns, Mental Retardation.
1.INTRODUÇÂO
A Psicologia da Saúde surgiu da necessidade de promover e de
pensar o processo saúde/doença como um fenômeno social. Além
disso, o aumento dos custos dos serviços de saúde tem colocado em
destaque a importância da educação sobre exercícios saudáveis e
políticas de prevenção que permitem uma intervenção integral,
aumento dos números de adesão a tratamentos e diminuição do
impacto da doença sobre o funcionamento integral do indivíduo.
Sabe-se que o conceito de saúde esta sujeito a compreensão que se
tem do ser humano e da sua relação com o meio ambiente. Esse
conceito varia de cultura para cultura.
A transmissão desses valores se dá, pelos meios de comunicação
de massa. Via mídia, a saúde, um problema humano e existencial,
pode ser compartilhada por todos os segmentos da sociedade. Para
esses segmentos sociais, a saúde e a doença abarcam uma complicada
interação entre os aspectos psicológicos, físicos, ambientais e sociais
da condição humana e seus significados, demonstrando uma relação
que decorre o corpo social e individual, o ser humano enquanto ser
global. (MARTINS & JUNIOR 2001).
Segundo a Constituição Federal, a saúde é um direito de todos e
um dever do Estado; as ações e serviços públicos de saúde são
responsabilidade do Sistema Único de Saúde (SUS). Cabe ao SUS fazer
a vigilância sanitária, e a vigilância sanitária está no SUS. Ela é o
SUS que todo mundo usa, pois todos utilizam diariamente algum
produto ou serviço controlado pela Vigilância Sanitária (BORBA,
2010).
Segundo o Ministério da Saúde, o primeiro Centro de Atenção
Psicossocial (CAPS) do Brasil foi inaugurado em março de 1986, na
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cidade de São Paulo: seu nome era Centro de Atenção Psicossocial
Professor Luiz da Rocha Cerqueira, conhecido como CAPS da Rua
Itapeva. A invenção desse CAPS e dos outros que surgiram com o
tempo em outros lugares e com outros nomes, participou de um
movimento social, inicialmente de trabalhadores de saúde mental,
que procuravam o avanço da assistência no Brasil e apontavam o
estado precário dos hospitais psiquiátricos, que até o momento eram
o único recurso reservado aos usuários portadores de transtornos
mentais.
Os serviços de saúde mental passam a existir em várias cidades
do país e vão se estabilizando como dispositivos ativos na redução
de internações e na mudança do modelo assistencial. Os NAPS/CAPS
foram criados oficialmente a partir da Portaria GM 224/92 e eram
determinados como “unidades de saúde locais/regionais, na qual há
uma população adscrita determinada pela condição local e que
proporcionam atendimento de cuidados mediadores entre o regime
ambulatorial e a internação hospitalar, em um ou dois períodos de
quatro horas, por equipe multiprofissional” (BRASIL, 2004).
O CAPS busca como objetivo principal a desinstitucionalização,
que significa restituir a dignidade da pessoa em sofrimento mental
mediante a reconquista de sua cidadania, da promoção de
tratamentos dignos, que superem o modelo clínico, com base na
atenção médico-biológica centrada na patologia e no
hospitalocentrismo, mediante o estabelecimento de redes de
cuidados substitutivas, entre elas, hospitalização parcial, existência
de leitos em hospitais gerais, pensões protegidas, centros de atenção
psicossocial (OLIVEIRA, 2002).
2.RELATO DO CASO
A pessoa a qual se baseia esse estudo tem 32 anos, as inicias do
nome são I. P. C., do sexo feminino, solteira, nacionalidade brasileira,
é da cor parda e sua formação escolar é ensino fundamental
incompleto. A queixa principal é a impulsividade, instabilidade
emocional, hipocondria e alguns momentos de agressividade. A
paciente tem o diagnóstico fechado feito pela psiquiatra do CAPS I
de Garça, com a ajuda da psicóloga da instituição. O diagnóstico é
F31.0-Transtorno Afetivo Bipolar, episódio atual hipomaníaco, F10.2–
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Transtornos mentais e comportamentais devido ao uso de álcoolsíndrome da dependência, e F71- Retardo Mental Moderado.
De acordo com a psicóloga do CAPS I de Garça - SP, os dados
sobre a família e a paciente são os seguintes: a paciente chegou até
o CAPS, pois fazia uso excessivo de bebida alcoólica, o que a tornava
agressiva e impulsiva. A mãe é permissiva, sempre deixou a filha
fazer o que quer, a paciente começou a fumar com aproximadamente
12 anos de idade, parou de estudar na 3ª série, começou a beber, e
sair com vários homens a troco de dinheiro, muitas vezes a troco de
moeda ou doce. Desde adolescente a paciente teve várias internações
devido a bebida, mas devido a sua debilidade intelectual não
conseguia acompanhar o tratamento no CAPS AD, assim começou a
se tratar no CAPS I. A mãe da paciente ficou doente, e quem começou
a tomar conta dela foi uma irmã. Depois que a irmã começou a
cuidar dela, a paciente melhorou muito, pois a irmã era firme, não
permitia que ela fizesse o que queria. A paciente parou de beber há
2 anos, quando entrou no CAPS I, começou o tratamento e largou a
bebida. A paciente é solteira e não está namorando. As condições de
higiene da paciente são um pouco ruim, mas de acordo com a
psicóloga do CAPS, a paciente melhorou muito, teve até algumas
aulas sobre higiene e ultimamente tem se cuidado, apesar de precisar
melhorar um pouco ainda. A condição econômica da família é classe
média baixa. O relacionamento familiar da paciente é bom com todos
da família. A paciente se apresenta nos encontros terapêuticos limpa
e razoavelmente bem vestida. No momento, a paciente não ingere
mais bebida alcoólica há aproximadamente 2 anos, e fuma desde os
13 anos de idade. Em relação ao repouso a paciente dorme 10 horas
por dia e tem o sono tranquilo e profundo. O asseio corporal é feito
parcialmente todos os dias, toma banho todos os dias, as roupas
estão sempre parcialmente limpas, e sempre está de chinelo, não
gosta de usar outros sapatos. Ela fuma, estudou apenas até a 3ª
série, no momento não trabalha, e frequenta todos os dias a
instituição CAPS I de Garça. Faz acompanhamento psicológico e
medicamentoso devido a sua necessidade, a paciente tem diagnostico
fechado de F31.0-Transtorno Afetivo Bipolar, episódio atual
hipomaníaco, F10.2–Transtornos mentais e comportamentais devido
ao uso de álcool- síndrome da dependência, e F71- Retardo mental
moderado, faz uso das seguintes medicações: Levomepromazina 25
mg, toma 2 comprimidos de manhã, 2 comprimidos a tarde e 4 a
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noite, é um antipsicótico que ajuda a dormir; Haloperidol (haldol)
25 mg, toma 1 comprimido pela manhã, ajuda a não ter alucinação
e a melhorar o comportamento; Biperideno 20 mg, toma 1
comprimido pela manhã e 1 a noite, combate os efeitos colaterais
do haldol como enjoou e tremores; Carbonatolitil 300 mg, toma 1
comprimido de manhã, 1 comprimido a tarde e 1 a noite, baixa a
euforia, quando a paciente está no período maníaco; Clorpormazina
100 mg, toma 1 comprimido a noite, é um antipsicótico que ajuda a
dormir e Diazepam 10 mg, toma um comprimido a noite, para ajudar
a dormir.Não freqüenta igrejas, mas se diz Católica. Não tem
namorado, mas ás vezes sai com alguns homens. Como outras
informações a paciente tem um filho de 7 anos, foi casada durante
3 meses com o pai da criança, mas depois largou, a irmã a ajuda
cuidar de seu filho.
3.ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
Durante as atividades desenvolvidas foi utilizada a técnica
projetiva da Gestalt-terapia, algumas atividades lúdicas e ensinamos
a letra de música “Evidências” de Chitãozinho e Xororó, com o intuito
de estimular a memória da paciente.
Durante os encontros fizemos várias atividades que serão
descritas a seguir: “Caixinha de Comandos”, atividades que
estimulam pensamento lógico, raciocínio, a memória, soma,
relacionar com sons e animais, alfabeto, nomes dos integrantes,
motricidade; Fabricamos e jogamos boliche, utilizamos garrafas pet,
e tinta guache; Desenhos para colorir; Revistas, jornais para fazer
recortes demonstrando o que sentiam e o que gostavam; Massinha
de modelar; Pintura com os dedos; Amarelinha; Futebol; Montar
quebra-cabeça; Atividades de raciocínio; Ensinamos a cantar a
música”Evidências” de Chitãozinho e Xororó; Dança; Atividades e
jogos com bexigas; Adivinhar o que o colega estava desenhando em
uma lousa com giz; Reconhecimento das partes do corpo com a
música: “Cabeça, Ombro, Joelho e Pé”; Dinâmica do “Rolo de
Barbante”, com o intuito de cada membro receber e dar elogios;
Dinâmica Linha do Tempo.- escrever ou desenhar o que eles pensaram
e sentiram na primeira vez que fomos no CAPS, durante , e o que
esperavam, depois.
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4.O PROCESSO DE EVOLUÇÃO
Os encontros terapêuticos aconteceram toda quarta-feira às 14h,
desde setembro de 2013, desde o primeiro encontro a paciente se
mostrou dinâmica, falava bastante, interagia com os estagiários e
com os outros pacientes, fez todas as atividades propostas com
facilidade, e de certa forma liderava o grupo durante as atividades.
I. P. C. demonstra vontade de participar dos encontros
terapêuticos e está respondendo bem ao trabalho terapêutico,
cooperando com o que é proposto, faltou apenas um dia no encontro,
pois estava com dor de barriga,
Durante esses meses de psicoterapia grupal, aplicamos a técnica
projetiva da Gestalt-terapia, através de várias atividades, como
desenhos, pintura com os dedos, revistas, jornais para fazer recortes
demonstrando o que sentiam e o que gostavam e atividade com
massinha de modelar, dentre outras atividades, as quais todas a
paciente teve uma ótima participação.
5.RESULTADOS ALCANÇADOS
I. P. C. obteve melhora com a comunicação, depois das atividades
que fizemos a paciente começou a se comunicar melhor, e também
aprendeu a lidar melhor com a frustração, o processo da terapia foi
desenvolvido com facilidade, e foram alcançados alguns resultados
satisfatórios.
Como estagiários tivemos resultados satisfatórios, como,
ampliação do nosso conhecimento, conseguimos criar o vínculo
terapêutico e foi uma experiência satisfatória para nós, fomos
recebidos muito bem pela paciente que aderiu ao processo
terapêutico com facilidade.
6.CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através das observações dos estagiários, durante o processo
terapêutico a paciente demonstrou facilidade em liderar e mobilizar
o grupo para fazer as atividades. A paciente tem demonstrado vontade
de melhorar, tem realizado o que tem sido proposto na terapia grupal,
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o que tem ajudado muito no processo da terapia e alcançado
resultados satisfatórios.
I. P. C. quer continuar a psicoterapia pois, acredita que pode obter
benefícios e devido ao vinculo terapêutico que fizemos com ela.
Hoje, I. P. C., lida melhor com a frustração, e consegue controlar
melhor a sua impulsividade. Além do tratamento medicamentoso que
recebe para melhorar os transtornos que tem, a paciente tem recebido
estímulos positivos através das atividades que realizamos com ela,
ajudando a melhorar o retardo mental moderado que ela tem.
7.BIBLIOGRAFIA DE APOIO
BORBA, R. M. O que é saúde, 2010. Disponível em: http://
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ÉTICA, COMPROMISSO SOCIAL E POLÍTICO NO
TRABALHO DO PSICÓLOGO QUE ATUA EM
INSTITUIÇÕES PÚBLICAS
Danuza Sgobbi SAES1
1
Departamento de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e
Formação Integral – FAEF, Garça/SP, Brasil, email:
[email protected]
RESUMO
A psicologia se constituiu de forma plural e multifacetada, com
diversas conceituações sobre seus objetivos, objetos e métodos e
fins, que podem ser dos mais humanos até aqueles relacionados a
normatizações e exclusão; mas também produziu grande
conhecimento científico acerca da natureza humana e contribuiu
para a promoção de modos de vida mais saudáveis, permitindo a
ampliação dos espaços de inserção, como nas Instituições Públicas,
onde o profissional lida com questões complexas, relacionadas à
realidade social e, variáveis institucionais com as quais pode não
estar preparado. Concluímos que esta atuação exige preparo
profissional, responsabilidade ética, compromisso social e político.
Palavras Chave: Psicologo, Instituições Públicas, Psicologia.
ABSTRACT
The psychology consisted of plural and multifaceted way, with
various conceptualizations of their goals, methods and objects and
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purposes, that may be the most human to those related to norms
and exclusion; but produced extensive scientific knowledge of human
nature and contributed to the promotion of healthier lifestyles,
allowing the expansion of the areas of insertion as in Public
Institutions, where staff deal with complex issues related to social
reality and institutional variables which can not be prepared. We
conclude that this action requires professional training, ethics, social
responsibility and political commitment.
Word Keys: Psychologist, Public Institutions, Psychology.
1.INTRODUÇÃO
No sentido de tornar clara a construção teórica que motivou e
embasou o presente estudo, iniciaremos com uma contextualização
da psicologia enquanto ciência, o que em nosso entendimento
caracterizou sua construção como profissão e esta, por sua vez,
justificou sua inserção nas instituições públicas.
Tal esforço se deve ao fato de acreditarmos que as ciências em
geral e as pesquisas em particular devem para justificar seus métodos;
apresentar as idéias e teorias que os embasam, apesar de nem sempre
esta tarefa ser fácil ou unânime entre os pensadores.
As ciências constroem um modo específico de apreender os fatos
que se propõem a explicar, através de formulações conceituais, cada
uma delas com um método, de acordo com o objeto que dá seu
estudo. (Jupiassu,1989; Rappaport, 1982).
A psicologia enquanto ciência não se desenvolveu de forma linear
e nem homogênea, mas sim através da confluência de outras ciências
e a partir de uma profusão de diferentes interpretações acerca do
que ela se propunha. (Figueiredo, 1996)
As idéias que deram origem a Psicologia estiveram presentes no
pensamento humano desde a antiguidade, porém, nos meados do
século XIX e começo do século XX afirma-se como um domínio do
saber, mas sem excluir esta pluralidade de tendências. (Nascimento
e col., 2006)
Esta multiplicidade, então, pode-se dizer é constitutiva da
formulação do que é psicológico, não apenas na contemporaneidade,
pois, sua própria invenção não pode ser desvinculada das condições
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que possibilitaram seu nascimento, que não foi fruto da evolução
natural de uma tendência ou de indivíduos isolados, mas de um
movimento de indagação suscitado pela leitura de diferentes
percursos, saberes e práticas. (Ferreira, 2006)
Assim, nascida de idéias muita antigas e de diversas áreas do
saber, vai se constituindo de forma plural e multifacetada, através
de diversas conceituações acerca de seus objetivos, objetos e
métodos e mesmo, de seus fins, que podem ser dos mais libertários
e humanos até aqueles relacionados a normatizações e modelos de
exclusão das pessoas. (Bock,1999)
Em sua busca por reconhecimento enquanto ciência, porém,
assentou suas bases em um modelo positivista que buscava descrever
o comportamento humano, encontrar desvios, realizar comparações,
com um enfoque individualista. (Figueiredo, 1996; Gomes, 2003)
A psicologia ocupou um papel importante na sociedade durante
o século XX, ajudando a construir o mundo e as pessoas que foram
se constituindo neste, inventando e transformando diversas idéias,
mas também tomando lugar como uma técnica de regulamentação,
um pretenso conhecimento sobre as pessoas, muitas vezes, com o
intuito de administrá-las ou moldá-las. (Rose, 2008)
Com o desenvolvimento industrial e a demanda de mão de obra,
surge a necessidade de seleção de pessoas, triagem de pessoal, bem
como, avaliação de competências e de desempenho acadêmico e
escolar, lançando as bases para a avaliação psicológica. Também
tomam vulto os trabalhos de psicoterapia clínica. E, em todas estas
frentes de trabalho percebemos um enfoque individualista.
(Figueiredo, 1996)
A Psicologia, desta forma, tomou o lugar de uma técnica de
regulamentação, um pretenso conhecimento sobre as pessoas, muitas
vezes, com o intuito de administrá-las ou moldá-las, reproduzindo
os interesses da elite, com suas idéias universalizantes. (Rose, 2008;
Brambilla e Avoglia,2010)
Em 1962 é reconhecida como profissão e gradativamente vai se
inserindo na vida das pessoas e nas diversas áreas de atuação e
passa a ocupar um papel importante na sociedade durante o século
XX, ajudando a construir o mundo e as pessoas, inventando e
transformando diversas idéias. (Ferreira, 2006)
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As questões políticas, neste momento, não eram priorizadas nos
discursos e práticas dos psicólogos, pois, a Psicologia era valorizada
por seus aspectos técnicos e científicos, alienada do processo
histórico e político da qual estava inserida (Bock,2009)
Não há que se duvidar, porém, que em seu tempo de existência a
Psicologia produziu grande volume de conhecimento científico acerca
da natureza humana, acumulando conhecimentos e buscando contribuir
para a promoção de modos de vida mais saudáveis, o que permitiu a
ampliação de seus espaços de inserção. (Moura, 1999; Mazer, 2010)
A criação destes espaços foi ampliando de tal forma, a inserção
do psicólogo na sociedade que, podemos dizer, transformou aquilo
que se consideraria, no início desta ciência, como peculiar de sua
área e atuação. (Colosio, 2012)
A transformação desta profissão, como ocorre com outras se deu,
então, em razão de sua interação com o contexto social, pois sua
aplicação veio de demandas específicas das mais diversas situações
humanas. (Ferreira,2006; Freire, 2003)
Desta forma, cada vez mais os psicólogos foram sendo chamados
a atuar em contato direto com a realidade sócio-econômica nacional
e de acordo com as necessidades que surgiam, gerando novos padrões
de serviços. Nas últimas décadas ocorreu uma crescente expansão
do campo de trabalho no setor público, graças a um histórico de
abertura política e democratização (Bastos & Achcar, 1994; Pessoti,
2004; Colosio, 2012)
Desta forma, a inserção em diferentes espaços deu-se na prática
atendendo à emergência das demandas sociais e políticas, mas não
foi acompanhada por uma atualização e formação adequada de
preparo para estas atuações.
2.DESENVOLVIMENTO
No setor público, podemos dizer, a atuação do psicólogo está
concentrada nas áreas da educação, justiça e saúde, caracterizando
assim, grande demanda de serviços que, mesmo muito diversos entre
si, possuem como característica em comum, o fato de se realizarem
em contextos institucionais e serem diretamente influenciados pelas
demandas, vicissitudes e imperativos destes
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As instituições públicas impõem ao Psicólogo a necessidade de
trabalhar diante de uma realidade complexa relacionada às questões
Institucionais, isto é, como um profissional inserido em um contexto
imaterial de instituição, que tem uma jurisdição, política, pauta,
ideologias, mediadas pelo Estado, permeando as relações e
cumprindo uma função social, bem como, está nela submetido a um
grupo, sujeito a burocracia e às relações de poder. (Guirado,1986)
Além disso, atualmente vivemos um tempo de redução dos
espaços de subjetividade que se faz mais marcante nos espaços
públicos de instituições e organizações, que passam a ser lugares
não implicados com o resgate do sentido e os sujeitos sociais são
destituídos de razão, representação e simbolização, bem como,
possibilidades de aprendizagem e crescimento. (Andrade e Morato,
2004).
Outra questão, segundo Guirado (1986), característica das
Instituições Públicas se refere ao caráter alienante de suas práticas,
pela estratificação e hipertrofia que produz nas estruturas de
dominação do instituído.
Esta alienação remete a processos complexos, que se reproduzem
pela articulação de instâncias psíquicas e institucionais, que se
estruturam na cultura e se impõem aos indivíduos como uma violência
simbólica. Também está relacionada à dignidade do trabalho,
infelicidade dos servidores. Esta situação serve a perversão do Estado
que cumpre os interesses da elite dominante. (Matos, 1994)
Na instituição, na atuação em equipes multiprofissionais,
necessita delimitar sua atuação e saber, muitas vezes, na intersecção
com outras áreas e saberes, nem sempre sintonizados ou
concordantes com a Psicologia no tratamento dos fatos, objetos e
fenômenos.
Além disso, cabe ao serviço público o atendimento a camadas
da população excluídas de benefícios sociais, vivendo em situações
precárias, desprovidas de dignidade e em relações humanas
destruídas, pois, a realidade brasileira é dominada por desigualdades,
opressão e sofrimento. (Guzzo,2007)
A sua inserção nesta realidade deu-se não apenas como resultado
do espaço conquistado pela profissão, como também respondendo a
demandas e urgências da realidade social, de modo que pode não
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ter ocorrido suficiente preparo teórico e técnico para lidar as
demandas que se impunham.
A atuação com a problemática trazida por uma população
carente, vai muito além da compreensão individualista e subjetiva
de mundo da qual o psicólogo possui formação. Assim, o caráter
individualista e essencialmente subjetivo da formação do profissional
em contraposição com uma realidade macro social pungente pode
ter imposto dificuldades e obstáculos de toda ordem, suscitando
críticas, inclusive, justificadas. (Ceneide e Ceverny, 2012)
Estas críticas baseiam-se no fato de que a formação do
profissional, permaneceu voltada para uma realidade de consultório
e os psicólogos se viram obrigados a atuar em espaços que
desconheciam, sem ter submetido suas teorias às necessárias revisões
críticas. Tal fato levou a discussões quanto às finalidades da prática
profissional e profissão, bem como, críticas à formação e atuação.
(Bastos & Achcar, 1994; Moura, 1999)
O trabalho em instituições, então, denunciou as limitações dos
profissionais da psicologia para sua inserção em uma realidade
distinta da clínica, e a psicologia,então, vem enfrentando uma crise,
na qual, muitas de suas práticas e âmbitos de atuação vêm recebendo
severos questionamentos. (Andrade & Morato, 2004; Colosio, 2012)
Estes questionamento, contudo, devem ser acolhidos como
oportunidades de revisão de nosso fazer, já que faz parte de um
processo de amadurecimento da profissão, um olhar crítico sobre
sua atuação (Moura 1999; Pessoti, 2004)
Precisamos reconhecer que nem todas as atividades a serem
realizadas estão definidas previamente, pois, estão sendo construídas
e decididas a cada momento. Entretanto, isso não significa um fazer
sem critério nem direção, o trabalho se apóia em um saber que vai
se fazendo no coletivo da própria prática, mas que precisa ser
constantemente repensado e reformulado. (Nascimento e col.; 2006)
Os profissionais que atuam nesta realidade acabam se paralisando
e perdendo o significado de envolvimento e transformação de seu
trabalho. Mas, eles necessitam de uma nova consciência de
humanidade. Os psicólogos devem abandonar uma postura neutra e
de omissão, se comprometer com a realidade e libertação da
população, o que pode ser desafiador e difícil. (Guzzo,2007)
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Devemos buscar um trabalho que vá além das práticas
assistencialistas e da reprodução de modelos e desenvolver nossa
atuação a partir da escuta das reais demandaS da população brasileira
para construir práticas que vão ao seu encontro. (Andrade e Morato,
2004)
Precisamos lembrar que o trabalho está voltado para seres
humanos e deve se pautar em princípios de respeito, beneficência e
justiça e os profissionais devem se eximir de causar qualquer dano
às pessoas que confiam sua subjetividade á eles. (Hutz,2009; Pelini
e Leme, 2011)
Igualmente importantes são as questões relacionadas ao processo
de formação e as distorções nas práticas e na ética de sua utilização,
para que não se corra o risco de causar danos, ou propiciar
estigmatizações de qualquer natureza, às pessoas atendidas sejam
em qualquer contexto. (Noronha, 2002 e 2009; Santos, 2011)
As práticas psicológicas devem se libertar, portanto, dos
mecanismos de disciplinamento, normalização e controle, se
comprometer com a realidade do país, buscando a conscientização
e superação da alienação, libertação das relações de dominação.
Isto exige uma mudança de perspectiva teórica e prática na atuação
profissional. (Freire,2003; Guzzo, 2007)
Ela deve, portanto, partir em sua prática, de um compromisso
social e responsabilidade ética e atuar na potência política da vida
e promover modos de vida mais saudáveis e ter um compromisso
com a garantia dos direitos humanos. (Moura, 1999; Gomes, 2003;
Pessoti, 2004; Nascimento,2006)
O trabalho psicológico em um contexto institucional deve
considerar que faz parte de um campo de forças, produz realidades,
não apenas as revela e tem como objetivo investigar formas de afetar
as relações institucionais, sendo assim, seu objetivo deve ser também
de afetar as relações de saber e poder, buscando possibilidades de
alterá-las. (Machado, 2011)
O trabalho do psicólogo em instituições públicas parece ser uma
atividade complexa onde o profissional é chamado a atuar no interior
de problemáticas relacionadas não apenas com aspectos subjetivos
e individuais, mas também aqueles de ordem social e política.
Discutir o trabalho do psicólogo em instituições públicas, não
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tem a ver apenas com o amadurecimento crítico e reflexivo da
profissão, mas também com um necessário compromisso social e
ético. Pois, os serviços de psicologia, antes de qualquer coisa, estão
a serviço do Outro, da população, que busca e necessita de qualidade
de vida. (Freire, 2003)
Para Morato (2004) trabalhar em uma dimensão ética significa
considerar os valores como criações humanas, acolher as diferenças,
nos diversos contextos, libertando-se dos valores predominantes,
principalmente quando se trabalha com populações de baixo nível
sócio econômico.
A Psicologia, para Bock (1999),deve se desenvolver vinculada à
sociedade que a acolhe, mantendo um vínculo e compromisso com
as necessidades e demandas da maioria da população brasileira.
3.CONCLUSÃO
Concluindo, então, acreditamos que nas Instituições Públicas está
uma grande oportunidade do psicólogo oferecer um fazer que busque
a humanização e qualidade de vida para pessoas que não podem
encontrar este profissional de outra forma. Temos, portanto,
obrigação ética e compromisso social em oferecer um trabalho de
qualidade, que humaniza, que desperta, que reconhece, mas será
que é possível fazê-lo?
Acreditamos que sim, desde que estejamos prontos a superar as
dificuldades das formações acadêmicas e dos enfoques
essencialmente clínicos e individualizantes, compreendermos as
variáveis relacionadas à realidade em que estivermos inseridos, não
só buscando entendê-las, mas intervindo sobre elas.
Mais que isso, não nos furtarmos ao posicionamento ético e
político diante de questões que dizem respeito ao cuidado integral
com o outro e com seu sofrimento que está tão atrelado a questões
emocionais, quanto sociais, culturais e econômicas. Lançarmos um
olhar sobre os múltiplos determinantes institucionais que incidem
cotidianamente em nosso trabalho, ultrapassando os limites das
relações individuais para intervir no coletivo e nas relações
institucionais.
Com este estudo, portanto, não buscamos apenas as limitações
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e dificuldades encontradas pelo psicólogo para oferecer um trabalho
ético e politicamente orientado à sua população; mas propomos que
é possível superá-las, garantindo assim, o aprimoramento de nosso
trabalho que pode levar a seu melhor reconhecimento e ampliação.
4.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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EXPERIMENTO-PILOTO: “FANTASIA COMO
INSTRUMENTO PSICOTERAPÊUTICO”
Janaina de Aguiar BISPO¹
Frederico de Conte Blaziza MACHADO¹
Hélide Maria PARRERA¹
Janete de Aguirre BERVIQUE ²
¹ Discentes do curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e
Integral – FAEF, Sociedade Cultural e Educacional de Garça – S/S LTDA
² Docente do curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e
Integral – FAEF, Sociedade Cultural e Educacional de Garça – S/S LTDA.
RESUMO
O objetivo do experimento piloto é apresentar os resultados
obtidos através do experimento realizado com o processo de fantasia
como instrumento psicoterapêutico utilizado pela Gestalt-terapia,
como forma do indivíduo ter contato com a realidade através da
fantasia. O experimento foi realizado com quatro pessoas, a viagem
de fantasia utilizada foi a viagem que está no capitulo 1 do livro
“Descobrindo crianças” de Violet Oaklander. A viagem de fantasia é
um método que se torna eficaz quando o paciente traz uma
experiência para o aqui-e-agora, visualizando do que encenando,
com essa técnica o paciente “percebe-se no contexto, a fim de lidar
melhor com ele agora, a fantasia pode ser relativa a um evento
esperado e um evento metafórico.
Palavras-chave: Experimento, Gestalt-terapia, Método de
Fantasia.
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ABSTRACT
The objective of this pilot study is to present the results obtained
from the experiment with the process of fantasy as psychotherapeutic
tool used by Gestalt therapy as a means of individual having contact
with reality through fantasy. The experiment was conducted with
four people, the fantasy trip the trip that was used is in Chapter 1 of
the book “Discovering Children” Violet Oaklander. A fantasy trip is a
method that becomes effective when the patient brings an experience
to the here-and-now, you will see that the staging, with this technique
the patient “is perceived in the context in order to better deal with
it now , the fantasy may be related to an expected event and a
metaphorical event.
Keywords: Experiment, Gestalt Therapy, Method Fantasy.
1.INTRODUÇÃO
Segundo Yontef(1998), a Gestalt-terapia provavelmente tem a
maior variedade de estilos e modalidades em Psicoterapia, ela é
praticada em terapia individual, em grupos, em Worshops, com
casais, com famílias e com crianças, e é praticada em famílias,
agências de serviços, hospitais, clinicas particulares, centros de
crescimentos, e assim por diante. Os estilos em cada modalidade
variam em muitas dimensões: Grau e tipo de estruturas; quantidade
e qualidade de técnicas usadas, freqüências das sessões, facilidadedificuldade de se relacionar; foco no corpo; cognição, sentimentos,
contato interpessoal, e assim por diante (p. 42).
As modalidades da Gestalt-terapia, têm em comum os princípios
gerais, ênfase na experiência direta e na experimentação
(fenomenologia), uso do contato direto e presença pessoal
(existencialismo dialógico) e ênfase nos conceitos de campo “do
que” e do “como” e do “aqui-e-agora”. Dentro desses parâmetros,
as intervenções de desenvolvem de acordo com o contexto e a
personalidade do Terapeuta e do paciente. As diferenças técnicas
não são importantes, embora o tipo e a qualidade do contato
terapêutico, um ajuste entre a atitude e a ênfase do terapeuta, e as
necessidades do paciente sejam importantes; os aspectos vitais como:
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metodologia geral, o relacionamento e a atitude é que se torna mais
importante na Gestalt-terapia (YONTEF, 1998, p. 43).
Um dos métodos utilizados pela terapia da Gestalt é viagem de
fantasia, esse método torna eficaz quando o paciente traz uma
experiência para o aqui-e-agora, visualizando do que encenando,
com essa técnica o paciente “percebe-se no contexto, a fim de lidar
melhor com ele agora. A fantasia poderia ser relativa a um evento
esperado, um evento metafórico, e assim por diante, num outro
caso uma paciente que está trabalhando seu sentimento de vergonha
e auto-rejeição é solicitada a imaginar uma mãe que com sinceridade,
diz “eu te amo como você é”, conforme a fantasia vai sendo exposta
de modo detalhado. A paciente lida com a sua experiência, esta
fantasia ajuda a paciente a perceber as possibilidades de autorealização em relação a um sentimento maternal e serve como
transição para integrar a idéia de paternidade boa.A imagem pode
ser usada para trabalhar entre sessões ou como meditação, ela
também suscita sentimentos de experiências com abandono, perda
e criação difícil (YONTEF, 1998, p. 45).
O método de Viagem de Fantasia utiliza a imaginação criativa é
constante, é o contato com a realidade através da fantasia, que
possibilita ao parceiro terapêutico projetar suas esperanças,
vontades, desejos, medos etc.. Existe a possibilidade da
conscientização das necessidades, estar aqui e lá permite o
autoconhecimento pela presentificação das experiências não
entendidas, a situação problema é vivenciada interiormente, podendo
ser objetivada em cada uma das possibilidades (PERLS, 1977; RIBEIRO,
1999; BERVIQUE 2006 apud REIS, 2011).
De acordo com Lima e Orgler 2007, a viagem de fantasia é um
dos métodos utilizados em Gestalt-terapia para fazer aparecer
elementos do fundo. O procedimento tem objetivo de ampliara
awareness, possibilitando o autoconhecimento pela busca do presente
nas experiências não percebidas.
Segundo Stevens, 1976: “É valioso tornar-se mais consciente de
si próprio e é muito importante também comunicar esta consciência
a alguém; desta forma, sua vida torna-se interligada com a de outros
num contato honesto [...] projeção numa situação de fantasia,
reidentificação através da dramatização e diálogo [...] diferentes
contextos de fantasia fazem a diferença. Você descobrirá também
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que alguns dos seus principais sentimentos e temas reaparecem,
apesar das situações diferentes. Isto é mais uma confirmação de
que aquilo que você experiência nestas fantasias é uma expressão
real da sua existência: como você realmente vive, sente, age.”
O objetivo é usar o meio de identificação, ao invés de interpretar,
fazer com que se tome consciência delas e que sejam juntadas,
como parte da própria personalidade. Assim as fantasias são a chave
para a conscientização das próprias necessidades (BUROW; SCHERPP,
1995, apud REIS, 2011).
Este método é muito utilizado com grupos, mas também pode
ser usada individualmente. Com ótimos resultados com adultos e
com crianças, que por conta própria, já a utilizam em suas
brincadeiras (LIMA E ORGLER, 2007).
Oaklander (1980, p. 25) utilizou esse método com crianças e nos
diz: Através da fantasia pode nos divertir com a criança e também
descobrir qual é o processo dela. Na maioria das vezes o seu processo
de fantasia, que consiste na forma como faz as coisas e se move no
seu mundo fantasioso, é o mesmo que seu processo de vida. Podemos
trazer à luz aquilo que está oculto ou que ela evita, e podemos
também descobrir o que se passa na vida da criança a partir dela
própria. Por essas razões encorajamos a fantasia e a utilizamos como
instrumento terapêutico.
Ao fazermos uso desse recurso, devemos das instruções para que
fique confortável e comece a entrar em contato com suas percepções,
sua respiração, enfim, a entrar em contato consigo mesma. A fantasia
deve ser narrada com voz calma, pausada, facilitando a “entrada”
na história (LIMA E ORGLER, 2007).
No livro de Stevens (1976), temos uma série de exemplos de
fantasia, um dos exemplos é a “Loja abandonadas e a loja de
trocas”, em que pedimos para a pessoa “entrar na loja”, escolher
um objeto e deixar um objeto seu em troca. Violet Oaklander, no
primeiro capítulo do livro Descobrindo crianças (1980), apresenta
a fantasia da caverna, que pode ser utilizada em crianças e
adultos. Trata-se de uma viagem imaginária na qual o cliente é
convidado a passear por uma floresta, sentir o ar do campo, o
cheiro de mato, terminando em uma caverna onde tem uma porta
com seu nome escrito, que é o “seu lugar”. Ao voltar da fantasia,
o cliente faz um desenho revelando o que havia nesse lugar. Em
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seguida, é encorajado a relatar suas experiências, como o que
viu e seus sentimentos.
As fantasias podem ser criadas pelo terapeuta para facilitar a
expressão e o trabalho com aspectos evitados ou ignorados. De acordo
com Juliano, 1999, nos fala que “[...] são recurso preciosos para
‘mobilizar’ o fundo, tornando-o mais rico, mais consciente. Em geral,
funciona enriquecendo o campo perceptual que estava estreitando
por questões existenciais.”
A Viagem de Fantasia é promovida no presente, como se estivesse
acontecendo agora. A evidência no presente, na metodologia da
Gestalt-terapia, é uma herança taoísta e zen-budista: “Permaneça
no presente. O presente é mais acessível do que as lembranças do
passado e do que as fantasias sobre o futuro. Fique atento, ao que
está acontecendo agora” (HEIDER, 1980, p.27, apud REIS, 2011).
O objetivo deste artigo é apresentar os resultados obtidos através
do experimento realizado com o processo de fantasia como
instrumento psicoterapêutico utilizado pela Gestalt-terapia, como
forma do indivíduo ter contato com a realidade através da fantasia.
1.1.Quanto à metodologia
O experimento foi desenvolvido pelo grupo de experimentadores
composto por cinco universitários, alunos do 8º termo do Curso de
Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral.
O grupo experimental foi composto por quatro sujeitos voluntários
da escola EMEF Eduardo Souza Porto, da cidade de Fernão SP, que
fizeram o experimento de Viagem de Fantasia.
A preparação dos experimentadores foi realizada através da leitura
do capitulo 1 do livro “Descobrindo crianças” de Violet Oaklander,
que fala sobre a fantasia. Foi aplicada a Viagem de Fantasia que está
no capitulo 1 do livro “Descobrindo crianças” de Violet Oaklander.
Durante a aplicação do experimento, uma experimentadora aplicou o
método e depois pediu para cada um desenhar o que viu na viagem de
fantasia, e os outros quatro experimentadores observaram e anotaram
a experiência de cada individuo.
O experimento foi executado na sala de aula da escola EMEF
Eduardo Souza Porto, da cidade de Fernão SP, um ambiente calmo
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com algumas cadeiras em círculo. Pedimos para os voluntários que
se sentessem nas cadeiras de maneira em que se sintam confortáveis
e para fecharem os olhos, e a experimentadora começou a ler
pausadamente a viagem de fantasia para os participantes.
2.EXPERIMENTO
Primeiro realizamos o exercício de consciência corporal e logo em
seguida a vigem de fantasia, ambos serão descritos a seguir: Agora
gostaria que vocês ficassem o mais confortável possível; fechem os
olhos e entrem em seu espaço. Quando você fecha os olhos, existe um
espaço onde você se encontra. É o que eu chamo de seu espaço. Você
ocupa este espaço nesta sala, ou em qualquer lugar que esteja, mas
geralmente não o nota. Com os olhos fechados, você consegue ter a
sensação desse espaço – onde o seu corpo está, e o ar que está em
volta de você. É um lugar gostoso de estar, porque ele é o seu lugar, o
seu espaço. Note o que está acontecendo no seu corpo. Note se existe
tensão em alguma parte. Não tente relaxar estas partes em que você
talvez esteja tenso ou rijo. É só notá-las. Percorra o seu corpo da
cabeça até os dedos dos pés, e procure notar. Como você está
respirando? Está dando respiradas profundas, ou respiradas curtas e
rápidas? Agora eu gostaria que você desse algumas respiradas bem
profundas. Deixe o ar sair com um som. Haaaaaaaah. Muito bem.
Agora vou contar uma pequena estória, e levar você para uma viagem
de faz-de-conta. Veja se consegue acompanhar. Imagine aquilo que
estou contando, e veja como se sente ao fazê-lo. Perceba se está
gostando ou não dessa viagenzinha. Quando você chegar a alguma
parte que não goste, não precisa ir. Basta escutar a minha voz,
acompanhar se você quiser, e vamos ver o que acontece. “Quero que
você imagine que está caminhando numa floresta. Árvores por todos
os lados e passarinhos cantando. O sol passa através das árvores, e há
sombra. É gostoso caminhar nessa floresta. Ao longo da trilha há flores,
florzinhas do mato. Você está caminhando por esta trilha. Dos lados
há rochas e de vez em quando você vê um pequeno animal fugindo em
disparada, um coelhinho talvez. Você está caminhando, logo começa
a perceber que a trilha está subindo, e que você está indo montanha
a cima. Agora você sabe que está escalando uma montanha. Quando
você chaga no topo da montanha, você se senta numa rocha enorme
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para descansar. Você olha em volta. O sol está brilhando; aves voam
em torno de você. Bem na sua frente, com um vale no meio, há outra
montanha. Você pode ver que nessa outra montanha há uma caverna,
e fica desejando estar lá. Você nota que os pássaros voam pra lá com
facilidade, e gostaria de ser pássaro. De repente, pois isto aqui é uma
fantasia e tudo pode acontecer, você percebe que se transformou
num pássaro! Então você decola e voa facilmente para o outro lado.
(Pausa para dar um tempo para voar).
“Do outro lado você aterrissa sobre uma rocha, e
instantaneamente se transforma em você mesmo outra vez. Você
trepa nas rochas procurando uma entrada para a caverna, e enxerga
uma pequena porta. Você se agacha, abre a porta e entra na caverna.
Lá dentro há espaço de sobra para você ficar de pé.Você dá uma
volta examinando as paredes da caverna, e de repente nota uma
passagem – um corredor. Você anda por este corredor, e de repente
nota que há filas e filas de portas, cada uma com um nome escrito.
De repente você chega a uma porta onde está escrito o seu nome.
Você fica parado na frente da sua porta, pensando nela. Você sabe
que já, já vai abri-la e passar para o outro lado da porta. Você sabe
que este vai ser o seu lugar. Por ser um lugar do qual você lembra,
um lugar que você conhece agora, um lugar com o qual você sonha,
um lugar que você talvez nem goste, um lugar que você nunca viu,
um lugar dentro ou um lugar fora. Você não vai saber enquanto não
abrir a porta. Mas, qualquer lugar que seja, este será o seu lugar.
“Então você gira a maçaneta e passa pela porta. Olhe para o seu
lugar! Você está surpreso? Dê uma boa olhada. Se você não vê lugar
nenhum, invente um agora. Veja oi que há aí, onde é que ele fica,
dentro ou fora. Quem está aí? Há gente, gente que você conhece ou
não conhece? Há animais? Ou não há ninguém? Como você se sente
nesse lugar? Note como você está se sentindo. Você se sente bem ou
não? Olhe em volta, passeie pelo lugar. (Pausa.)
Quando tiver acabado, abra os olhos e estará de novo nesta sala.
(Pausa). A experimentadora pediu para os voluntários pegarem uma
folha e lápis de cor e/ou giz de cera e desenhar o lugar que viram na
fantasia. Desenhe o seu lugar o melhor que puder. Se quiser, pode
desenhar os seus sentimentos em relação ao lugar, usando cores,
formas e traços. Após o desenho, eles voltaram para o círculo e foi
feita as seguintes perguntas para cada participante:
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- O que você desenhou?
- O que esse desenho representa para você?
- Qual foi a sua experiência?
2.1.RESULTADOS
Durante a execução do experimento não encontramos nenhuma
dificuldade, os participantes conseguiram concluir até o final o
experimento. Através dos relatos de cada indivíduo, pode-se dizer
que os participantes se sentiram bem durante a aplicação do
experimento, podemos perceber também que no método de Viagem
de Fantasia, as pessoas fantasiam com seu referencial pessoal.
Abaixo os relatos dos indivíduos:
- I:”Eu desenhei uma caverna, senti uma grande paz, queria estar
lá, uma sensação de paz”.
- B:”Eu desenhei uma academia, faço educação física, eu gosto
de fazer, me senti bem”.
- L:”Eu desenhei um lugar que eu nunca estive, uma floresta,
representa o meu futuro, foi uma experiência boa, foi muito bom”.
- C: “Eu desenhei uma caverna, uma porta, dentro da porta um lugar
com pessoas, eu vejo pessoas precisando de ajuda, foi muito bom”.
3.CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através desse trabalho, foi possível verificar a aplicabilidade da
viagem de fantasia, com o intuito de obter resultados sobre conteúdos
pessoais de fantasia de cada participante do experimento.
Aprendemos a controlar a ansiedade, trabalhar em equipe, e ainda
que para o experimento tenha eficácia é importante que o sujeito
se entregue, projetando-se na fantasia. Por tanto através do método
de viagem de fantasia, foi possível fazer cada individuo viajar na
fantasia, projetando seus afetos, medos e desejos.
4.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
JULIANO, J.C. A arte de restaurar histórias, São Paulo: Sumus, 1999.
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LIMA, P.; ORGLER, S. Dicionário de Gestalt-terapia. São Paulo:
Summus, 2007.
OAKLANDER, V. Descobrindo crianças. São Paulo: Summus, 1980.
REIS, D. K. INFLUÊNCIAS ESPIRITUALISTAS NA METODOLOGIA DA
GESTALT-TERAPIA: UM ESTUDO TEÓRICO.2011. Monografia
apresentada como requisito do curso de Psicologia – FAEF/ACEG/
FASU, Garça – SP.
STEVENS, J. Tornar-se presente. São Paulo: Summus, 1976.
YONTEF, Gary M. Processo, diálogo e awarenees ensaios em Gestaltterapia. Summus editorial, 1998.
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MÍDIA E SUBJETIVIDADE: UM ESTUDO SOBRE AS
POSSÍVEIS IONFLUÊNCIAS DA MÍDIA NA
CONSTRUÇÃO DAS NOVAS SUBJETIVIDADES
Janaina de Aguiar BISPO
1
Frederico de Conti Blaziza MACHADO¹
José Wellington SANTOS ²
1
Discentes do Curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e
Integral – FAEF, Sociedade Cultural e Educacional de Garça – S/S LTDA.
² Docente do Curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e
Integral, Sociedade Cultural e Educacional de Garça – S/S LTDA.
RESUMO
O presente artigo teve como objetivo investigar na literatura
sobre mídia e subjetividade, no sentido geral, destacando
principalmente a influência da mídia na construção das novas
subjetividades. Para executá-lo usei a pesquisa bibliográfica. Na
introdução relata sobre a mídia como instrumento de manipulação
e a construção da subjetividade. No desenvolvimento foram
discorridos sobre o consumismo e a auto-valorização do corpo,
mostrando a influência que a mídia tem sobre a sociedade induzidos
ela ao consumismo e levando a busca pelo corpo perfeito. Concluindo,
que a mídia tem grande influência sobre a construção das
subjetividade, e vem surgindo novas subjetividades baseados nos
modelos impostos pela mídia.
Palavras chaves: influência, mídia, subjetividade.
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ABSTRACT
The present study aimed to investigate the literature on media
and subjectivity, in the general sense, particularly focusing on the
influence of media in the construction of new subjetividades.Para
run it used the literature. In the introduction reports on the media
as an instrument of manipulation and construction of subjectivity.
In developing discorridos were about consumerism and self-worth of
the body, showing the influence the media has on society induced
her to consumerism and leading the search for the perfect body. In
conclusion, the media has a great influence on the construction of
subjectivity and new subjectivities are emerging based on models
imposed by the media.
Keywords: influence, media, subjectivity,
1.INTRODUÇÃO
A mídia é considerada o quarto maior segmento econômico do
mundo, e a maior fonte de entretenimento e informação que a
população possui. O poder da manipulação que a mídia possui pode
agir como um tipo de controle social, que ajuda no processo de
massificação da sociedade, que procede de várias pessoas que
caminham sem opinião própria (SILVIA, 2006).
Sendo um instrumento de manipulação, a mídia é utilizada para
serviços de interesses particulares, criando percepções e novos modos
de subjetividade, e influenciando e modificando contextos sociais,
cria valores e verdades, fazendo com que várias pessoas enxerguem
o mundo através de suas lentes (SILVIA, 2006).
A subjetividade é construída de várias formas dentro do ambiente
social, por ações acometidas por um grupo, como também pela mídia.
O indivíduo vai se constituindo a partir de suas experiências de vida,
sua subjetividade passa a ser tudo que ele vivencia (BRADO, 2010).
“As máquinas tecnológicas de informação e de comunicação operam no
núcleo da subjetividade humana, não apenas no seio de suas memórias,
da sua inteligência, mas também da sua sensibilidade, dos seus afetos,
dos seus fantasmas inconscientes (...)” (BARADO, 2010 apud GUATTARI,
1992, p.14).
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Novas subjetividades estão surgindo baseado nas informações
que a mídia impõe ao homem, o que influencia na sua maneira de
viver e complica na hora de fazer escolhas por conta própria (SILVIA,
2006).
A mídia dita normas de como deve ser o corpo das pessoas e
também que elas têm que viver no mundo do sexo. Destaca o corpo
belo, enfatizando a magreza, e cria padrões de beleza, tendo ampla
valorização da aparência atlética, e mostrando em exibição corpos
“perfeitos”. Essa alta valorização e busca do corpo perfeito
transmitido pela mídia reforça o narcisismo contemporâneo, através
da busca por meios para se chegar ao corpo perfeito (SILVA; BRAZ;
SILVIA, 2011).
Quando se analisam as crianças em relação à mídia de massa e à cultura
popular, nossa tendência é defini-las como consumidores, expectadores,
receptores, vítimas. Mas elas também são usuários daquela mídia e daquela
cultura: fazem escolhas e interpretações, delineiam o que querem [...].
Enxergar as crianças como receptoras passivas do poder da mídia nos coloca
em conflito com as fantasias que elas escolheram e, portanto, com as próprias
crianças. Enxergá-las como usuárias ativas permite que trabalhemos com o
entretenimento que as ajude a crescer (JONES, 2004, p. 20 apud ALMEIDA,
FERREIRA, 2006).
Sendo assim, fica clara a grande influência da mídia na construção
da subjetividade, e de contexto e normas sociais, fazendo as pessoas
ver as coisas como a mídia quer. A subjetividade é construída através
das experiências vividas pelo indivíduo e baseado nas informações
que a mídia impõe ao homem, o que influencia em suas escolhas.
Além disso, a mídia dita normas sobre o corpo belo, tendo uma ampla
valorização da aparência atlética, reforçando o narcisismo, onde é
possível ver um exemplo de influência da mídia sobre a construção
da subjetividade.
A mídia é um fenômeno que está freqüentemente presente na
sociedade, tendo grande influência na construção das novas
subjetividades. Logo, como acadêmica do curso de Psicologia me
interesso muito por esse tema, com esse trabalho pretendo promover
maior aprendizagem para as pessoas sobre a influência da mídia na
construção das novas subjetividades e de contextos e normas sociais,
e considerando também que vivemos na era da informação, onde a
maioria das pessoas tem acesso á mídia.
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O objetivo desse trabalho é investigar na literatura sobre mídia
e subjetividade, no sentido geral, destacando principalmente a
influência da mídia na construção das novas subjetividades.
A metodologia utilizada para a realização desse artigo foi o
levantamento bibliográfico através de artigos acadêmicos que
relatavam sobre o dado tema.
2. CONSIDERAÇÕES SOBRE A INFLUÊNCIA DA MÍDIA SOBRE A
OCNSTRUÇÃO DAS NOVAS SUBJETIVIDADES
A mídia se destaca como fundamental no meio social. O domínio
da mídia cresce de forma exacerbada, a escola, o esporte, a
economia, a política, são marcados pelo meio de comunicação de
massa. O avanço tecnológico ligado a necessidade de troca de
informação, possibilitou que os meios de comunicação crescesse
tomando um lugar influente e central na sociedade. Há o surgimento
de uma nova produção da subjetividade, baseado nas relações e
experiências apresentadas pela mídia (SILVIA, 2006).
Hoje em dia a sociedade dá valores aos bens, ao materialismo,
os modos de subjetivação parte da equação SER-TER. Por causa disso,
o homem sob “ataque” da mídia e do consumismo, é transformado
em um consumidor, seduzido pelas novidades do mercado ele compra
compulsivamente e quer obter produzidos socialmente cobiçados
buscando ser aceito no meio (SILVIA, 2006).
Praticar o consumo está associado à participação de um mundo
de prazeres, no qual o homem se sente realizado ao obter o objeto
almejado, o qual produz uma sensação de liberdade e poder. Portanto,
ao praticar o consumo as pessoas se tornam imediatistas e frustradas,
como diz Debord (1997, p. 44) “ondas de entusiasmo por determinado
produto, apoiado e lançado por todos os meios de comunicação,
propagam-se com grande rapidez”; após o consumo do objeto
desejado, passado o momento de excitação fervorosa, o fetichismo
da mercadoria some e é preciso encontrar outra objeto de consumo,
pois o que foi adquirido anteriormente perde o sentido, o valor,
assim que se toma posse dele (SILVIA, 2006).
A comunicação midiática proporciona novas formas de
sociabilidade. A informação é transformada em mercadoria, as
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propagandas de cigarros e bebidas, são exemplos, de unificação da
beleza, juventude, e riqueza, apresentando sempre um atleta
vencedor. A mídia reforça a cultura, através da desvalorização do
outro, celebrando a gratificação imediata de desejos e pulsões. A
obsessão pelo corpo perfeito, materialismo nas relações, fetichismo
da juventude, falta de valores como a ausência de obrigações e
sanções morais são valores centrados no espetáculo e no consumo
que são produzidos pela mídia (SILVIA, 2006).
A mídia cada vez mais mostra através dos programas de televisão,
revistas e jornais novidades em setores de cosméticos, vestuário e
alimentação. As propagandas o tempo todo mostram sucesso e
felicidade. De modo, que as pessoas que vêem isso, pensam que
conseguirão sucesso e felicidade obtendo esses produtos (CRUZ et
al, 2008).
Algumas revistas, que seria uma mídia escrita se mostram
sensacionalistas quando abordam questões como a valorização do
estilo atlético que são impostas ao público, geralmente feminino
(CRUZ et al, 2008).
(...) a boa forma passa a ser considerada uma espécie de melhor parte do
indivíduo e que, por isso mesmo, tem o direito e o dever de passar por todos
os lugares e experimentar diferentes acontecimentos. Mas aquilo que ainda
não é boa forma e que o indivíduo considera “apenas” o seu corpo, torna-se
uma espécie de mala por vezes incomodamente pesada, que ele necessita
carregar, embora muitas vezes ele queira escondê-la, eliminá-la ou aposentála. Durante séculos o corpo foi considerado o espelho da alma. Agora ele é
chamado a ocupar o seu lugar (...) ( CRUZ et al, 2008 apud SANT’ANNA, 2001,
p. 108).
O modernismo contemporâneo trouxe o capitalismo, onde tudo
que queremos obter está à venda, inclusive o corpo. O consumismo
gerado pela mídia mostra os modelos de roupas estereotipados; a
manufatura de cosméticos distribuindo a cada dia uma nova fórmula,
com gel e cremes redutivos para eliminar as gorduras do corpo e a
indústria farmacêutica faturando alto com medicamentos que inibem
o apetite, cada vez mais a mídia mostrando modelos de corpos
perfeitos, interferindo na construção da subjetividade das pessoas
(CRUZ et al, 2008).
Inserido na apreensão da subjetividade feminina sobre a imagem
de si, é possível perceber duas extremidades do culto do corpo,
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obesidade e anorexia, um verdadeiro cabo de guerra, na qual nenhum
dos lados sai vitorioso. (CRUZ et al, 2008).
3.CONSIDERAÇÕES FINAIS
Hoje em dia todos tem acesso a midia, que influencia a população
através dos vários meios de comunicação, os assuntos que mais são
mostrados através da mídia influenciando na construção de novas
subjetividades, são sobre a busca do corpo perfeito e sobre o
consumismo, enfatizando tal coisas como se tendo um corpo perfeito
e determinados profutos você será feliz e bem sucedido. Sendo assim,
é possível concluir que a mídia tem grande influencia na construção
de novas subjetividades, tendo um poder de manipulação sobre as
pessoas, fazendo com que tais indivíduos vejam as coisas e
acontecimentos da vida conforme é imposto pela mídia. Uma das
formas de diminuir essa influência seria as pessoas se tornar mais
criticas não aceitando as coisas como lhe são impostas e tendo
decisões e escolhas de uma forma autêntica.
4. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
ALMEIDA, L. L.; FERREIRA, M. F. Visão sobre a mídia: contato,
interesses e opiniões no ambiente escolar. 2006.
CRUZ, P. P., NILSON, G., PARDO, E. R., OREQUES, A. Culto ao corpo:
as influências da mídia contemporânea marcando a juventude.
Fazendo Gênero 8 – Corpo, Violência e Poder. Florianópolis, de 25 a
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MOTIVAÇÃO PARA A VIDA: O QUE A PSICOLOGIA
DA MOTIVAÇÃO PODE NOS ENSINAR?
Hilton Aparecido SANTOS1
Maria Thatiani BRATICHE2
Juliana BARACAT3
1
Acadêmico do curso de Psicologia FAEF. E-mail: [email protected]
2
3
Acadêmica do curso de Psicologia FAEF. E-mail:
[email protected]
Docente do curso de Psicologia FAEF. E-mail: [email protected]
RESUMO
Este estudo tem como finalidade apresentar uma breve revisão
de literatura sobre a relevância da Psicologia da motivação para
as relações humanas. Tem como objetivo evidenciar as
necessidades psíquicas para a busca da sua realização na vida do
indivíduo.
Palavras-chaves: conflitos, relações humanas, sentido da vida.
ABSTRACT
This study aims to present a brief review of literature on the
relevance of the Psychology of Motivation for human relationships.
This study aims to present a brief review of literature on the relevance
of the psychology of motivation for human relationships
Key-words: conflits, human relations, meaning of life.
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1.INTRODUÇÃO
A Psicologia da Motivação compreende o estudo do
comportamento do indivíduo apoiado por suas motivações. Esta
abordagem permite compreender como os seres humanos, em
determinadas e diferentes situações, são motivados ou não a ação
(MARQUES 2010).
É certo que cada pessoa tem seu próprio modo de compreender
os impulsos externos e internos, afinal, somos seres únicos com
experiências únicas e estas moldam nossa personalidade e
consequentemente nossos comportamentos.
A motivação é uma força interior que se modifica a cada momento
durante toda a vida, em que direciona e intensifica os objetivos de
um indivíduo (CABRAL 2009). Segundo Todorov e Moreira (2005) a
Motivação, assim como aprendizagem, é um termo largamente usado
em compêndios de Psicologia e, como a aprendizagem, é usado em
diferentes contextos com diferentes significados. O mesmo autor
pode empregar o termo de maneira diversa num mesmo parágrafo.
Ainda segundo Todorov e Moreira (2005) traz algumas definições
sobre a motivação, entre elas: “Um motivo é uma necessidade ou
desejo acoplado com a intenção de atingir um objetivo
apropriado”(KRENCH & CRUTCHFIELD, 1959, p. 272); “Uma busca
dos determinantes (todos os determinantes) da atividade humana e
animal”.(YOUNG, 1961, p. 24); “A propriedade básica dos motivos é
a energização do comportamento”.(KIMBLE & GARMEZY, 1963, p.
405); “O energizador do comportamento”(LEWIS, 1963, p. 560).
Um exame cuidadoso da palavra (motivo) e de seu uso revela que, em sua
definição, deverá haver referência a três componentes: o comportamento de
um sujeito; a condição biológica interna relacionada; e a circunstância externa
relacionada.(RAY, 1964, p. 101).
2.DESENVOLVIMENTO
Dentro da Psicologia da motivação é possível notar uma teoria
que classifica quais as necessidades consideradas básicas para uma
vida “saudável”, entre estas chamamos a atenção para a Teoria da
Hierarquia de Necessidades de Maslow. Como citado por Bueno (2002),
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Maslow buscou compreender o homem dentro de uma percepção
multidimensional, considerando a existência de diversas
necessidades, desde as mais básicas até as mais complexas.
Maslow desenvolveu cinco categorias gerais de necessidades, que
ele considerava exaustivas e mutuamente exclusivas: as necessidades
fisiológicas, as necessidades de segurança, as necessidades sociais,
as necessidades do ego e as necessidades de auto-realização (ou
auto-atualização).
Para ele o comportamento é motivado por necessidades a que
ele deu o nome de necessidades fundamentais. As necessidades
fisiológicas são aquelas relacionadas às necessidades mais básicas
do indivíduo. São necessidades biológicas como a fome, a sede, o
sono. As necessidades de segurança surgem na medida em que as
fisiológicas estejam razoavelmente satisfeitas. Levam as pessoas a
protegerem-se de qualquer perigo, seja ele real ou imaginário físico
ou abstrato. Também diz respeito à necessidade se sentir-se seguro
epistemologicamente, fazendo com que o indivíduo busque nas
religiões e filosofias de vida um arsenal epistêmico que lhe garanta
o sentido da vida (LA PUENTE, 1982).
As necessidades sociais referem-se à necessidade de afeto
das pessoas que consideramos (namorado, filhos, amigos). São
necessidades sociais presentes em todo ser humano. Estas versam
sobre a necessidade de amar e sentir-se amado, tanto que Maslow
identifica na não satisfação destas as origens do adoecimento
psíquico. As necessidades de estima dizem respeito às
necessidades ou desejos das pessoas de uma auto-avaliação
estável, bem como, uma auto-estima firme. A satisfação desta,
gera sentimentos de auto-confiança, de valor, de capacidade e
sentimento de utilidade. Quando não saciadas geram sentimentos
de inferioridade, fraqueza e desamparo As necessidades de autorealização são necessidades de crescimento e revelam uma
tendência de todo ser humano em realizar de forma plena o seu
potencial (GUIMARÃES, 2001).
A teoria psicanalítica de Sigmund Freud, segundo Faria (2010)
diz que o comportamento é determinado pela motivação inconsciente
e pelos impulsos instintivos. Freud divide a psique em inconsciente,
consciente e pré-consciente, naquilo que conhece-se como primeira
tópica. Agrega a esta a chamada segunda tópica, que são o ego, o id
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e o superego. Estas últimas articulam-se à primeira tópica, sendo
que apenas o id é totalmente inconsciente.
O inconsciente é a essência do indivíduo, quem ele realmente é.
Os desejos sexuais e os reprimidos são gerados por ele. O consciente
é questão moral e cultural que influencia esse ser. As convenções da
sociedade que o integra. E o controle tem o papel de intermediação
entre o id e o ego
Para Rowell (1998) o id é o reservatório inconsciente das pulsões
as quais estão sempre ativas. Regido pelo princípio do prazer, o id
exige satisfação imediata desses impulsos, sem levar em conta a
possibilidade de consequências indesejáveis. O ego funciona
principalmente a nível consciente e pré-consciente, embora também
contenha elementos inconscientes, pois evoluiu a partir do id. Regido
pelo princípio da realidade, o ego cuida dos impulsos do id, tão logo
encontre a circunstância adequada. Desejos inadequados não são
satisfeitos, mas reprimidos.
Apenas parcialmente consciente, o superego serve como um
censor das funções do ego (contendo os ideais do indivíduo derivados
dos valores familiares e sociais), sendo a fonte dos sentimentos de
culpa e medo de punição. Desta forma, estes seres psíquicos que
habitam a mente humana, articulam-se de forma dinâmica, cabendo
ao ego administrar os conflitos erigidos entre id e superego, entre
princípio do prazer e princípio de realidade, ou mesmo, entre o ego
e o mundo externo (ROWELL, 1998).
3.CONSIDERAÇÕES FINAIS
A presente revisão de literatura descreveu sobre algumas
definições quanto à palavra motivação, e através das teorias expostas
foi possível observar aspectos que englobam essa busca por assimilar
os conhecimentos apresentados para uma melhor vivência.
A teoria de Maslow consegue mostrar qual a hierárquia de
necessidades para um indivíduo, através da classificação exposta o
ser humano pode vir a trabalhar aspectos que não estejam fluindo
de maneira positiva, e assim procurar promover melhorias em sua
vida. Cabe ressaltar que a terapêutica de Maslow visa substituir os
alvos da necessidade, de forma a auxiliar o sujeito a superar
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necessidades pouco satisfeitas, para que venha a alcançar a
autorrealização.
Com a relação exposta acerca da Psicanálise também é possível
notar a motivação presente em nossas vidas, em que id, ego e
superego acaba exercendo sua função e consequentemente
contribuindo para a motivação humana. O Id surgindo do desejo
imediatista, do querer. O Ego servindo como ponto de equilíbrio
para o Superego. E o Superego no sentido de contenção das vontades
do Id.
Desta forma, espera-se que este estudo seja uma contribuição
aos profissionais da área da saúde, humanas e qualquer forma de
comunicação social no intuito de mostrar o conhecimento de teorias
motivacionais e a uma possível forma de colocá-la em prática.
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do Centro de Ensino Superior de Catalão – CESUC. Ano IV nº 06, 1º
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GUIMARÃES, M. C. Maslow e Marketing – Para Além da Hierarquia
das Necessidades. 2001. Psicóloga (PUC-MG), Pós-graduada em
Didática do Ensino Superior pela Universidade Católica de Brasília
e Mestranda em Gestão Estratégica de Negócios pela CNEC/Varginha
–MG. Professora de Psicologia Aplicada à Administração no Instituto
de Ensino Superior Cenecista – INESC.
LA PUENTE, M. Tendências contemporâneas em Psicologia da
Motivação. São Paulo: Cortez, 1982.
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Acessado em 16/05/2013.
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O CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL (CAPS)
E A DEMÊNCIA: DESTAQUES NA SAÚDE MENTAL
Janaina de Aguiar BISPO
1
Frederico de Conte Blaziza MACHADO ¹
Hélide Maria PARRERA¹
Esp. Mestranda Dayran Karam dos REIS²
1
Discentes do Curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e
Integral – FAEF, Sociedade Cultural e Educacional de Garça – S/S LTDA.
² Supervisora de Estágio e Docente do Curso de Psicologia da Faculdade
de Ensino Superior e Integral, Sociedade Cultural e Educacional de Garça
– S/S LTDA.
RESUMO
O presente artigo relata sobre como surgiu, o que é e quais são os
objetivos do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), e sobre demência
como uma síndrome bastante presente na sociedade. Depois é abordado
sobre a importância do apoio da família com pessoas que tem doença
mental, mostra o CAPS como uma alternativa para eles, e aponta a
definição e características da demência. A metodologia utilizada para
a realização desse artigo foi o levantamento bibliográfico através de
livros e artigos acadêmicos que relatavam sobre o dado tema.
Palavras-chave: CAPS, Demência, Saúde Mental.
ABSTRACT
This article reports on how it came, what it is and what the
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goals of the Center for Psychosocial Care (CAPS), and on dementia
as a syndrome very present in society. Is then approached about the
importance of family support to people who have mental illness,
shows the CAPS as an alternative for them, and points out the
definition and characteristics of dementia. The methodology used
to conduct this article was the literature through books and scholarly
articles that reported on the given theme.
Keywords: CAPS, Dementia, Mental Health.
1.INTRODUÇÃO
Segundo o Ministério da Saúde, o primeiro Centro de Atenção
Psicossocial (CAPS) do Brasil foi inaugurado em março de 1986, na
cidade de São Paulo: seu nome era Centro de Atenção Psicossocial
Professor Luiz da Rocha Cerqueira, conhecido como CAPS da Rua
Itapeva. A invenção desse CAPS e dos outros que surgiram com o
tempo em outros lugares e com outros nomes, participou de um
movimento social, inicialmente de trabalhadores de saúde mental,
que procuravam o avanço da assistência no Brasil e apontavam o
estado precário dos hospitais psiquiátricos, que até o momento eram
o único recurso reservado aos usuários portadores de transtornos
mentais.
Os serviços de saúde mental passam a existir em várias cidades
do país e vão se estabilizando como dispositivos ativos na redução
de internações e na mudança do modelo assistencial. Os NAPS/CAPS
foram criados oficialmente a partir da Portaria GM 224/92 e eram
determinados como unidades de saúde locais/regionais, na qual há
uma população adscrita determinada pela condição local e que
proporcionam atendimento de cuidados mediadores entre o regime
ambulatorial e a internação hospitalar, em um ou dois períodos de
quatro horas, por equipe multiprofissional (BRASIL, 2004).
Os NAPS (Núcleos de Atenção Psicossocial), assim como os CAPS,
os CERSAMs (Centros de Referência em Saúde Mental) e outros tipos
de serviços substitutivos que têm aparecido no país são recentemente
regulamentados pela Portaria nº 336/GM, de 19 de fevereiro de 2002
e associam a rede do Sistema Único de Saúde, o SUS. Essa portaria
reconheceu e aumentou o funcionamento e a complexidade dos CAPS,
que têm o mandato de dar um atendimento durante o dia às pessoas
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que sofrem com transtornos mentais severos e persistentes, num
dado território, apresentando cuidados clínicos e de reabilitação
psicossocial, com o objetivo de substituir o modelo centrado no
hospital, impedindo as internações e beneficiando o exercício da
cidadania e da inserção social dos usuários e de suas famílias (BRASIL,
2004).
O objetivo dos CAPS é proporcionar atendimento à população de
sua área de alcance, desempenhando o acompanhamento clínico e a
reinserção social dos usuários pelo ingresso ao trabalho, exercício
dos direitos civis, lazer, e fortalecimento dos laços familiares e
comunitários. É um serviço de atendimento de saúde mental instituído
para ser substitutivo às internações em hospitais psiquiátricos. Seu
principal atributo é buscar integrá-los a um ambiente social e cultural
concreto, designado como seu “território”, o espaço da cidade onde
se desenvolve a vida quotidiana de usuários e familiares. Os CAPS
constituem a principal estratégia do processo de reforma psiquiátrica
(BRASIL, 2004).
Os trabalhos realizados nos CAPS se caracterizam por
acontecerem em um espaço aberto, acolhedor e inserido na cidade,
no bairro. Os projetos desses serviços, muitas vezes, ultrapassam a
própria estrutura física, em busca da rede de suporte social,
potencializadora de suas ações, preocupando-se com o indivíduo e
sua singularidade, sua cultura, sua história, e sua vida quotidiana.
As oficinas terapêuticas são uma das formas fundamentais de
tratamento oferecido nos CAPS. Essas oficinas são atividades
desempenhadas em grupo com a presença e orientação de um ou
mais estagiários, profissionais, e/ou monitores (BRASIL, 2004).
A demência é uma síndrome muito presente nos CAPS, e é
caracterizada por um declínio das funções cognitivas, incluindo o
distúrbio de memória, sintomas comportamentais e psicológicos e
ter intensidade e duração suficientes para prejudicarem a função
social e ocupacional (VALE, 2007).
Apesar das demências ocorrer mais nos idosos, envelhecimento
não é a sua causa, pode ocorrer em alguns jovens e adultos, e não
obrigatoriamente ela é progressiva e degenerativa. A demência afeta
as seguintes funções mentais: memória, atenção, linguagem,
raciocínio, julgamento, orientação, calculo, praxias, gnosias e
funções executivas (VALE, 2007).
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O objetivo do artigo é descrever como funciona o Centro de
Atenção Psicossocial (CAPS), e a demência, no sentido geral, como
fatores de extrema importância para a saúde mental.
2.CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL (CAPS) UMA ALTERNATIVA
PARA DOENTES MENTAIS
O primeiro contato que as pessoas tem com o mundo é através
dos nossos pais, sendo na família que recebemos os primeiros valores,
as primeiras relações afetivas, e encontramos as respostas para as
situações do dia-a-dia e dividimos nossas dúvidas, angústias e
temores. A família desempenha papel de fundamental importância
para a formação do indivíduo, pois é considerada a base principal
para o desenvolvimento humano.
Segundo OLSCHOWSKY E SCHRANH, 2006, a doença mental junto
com a patologia psiquiátrica vem ligados o estigma, o preconceito e
a exclusão do indivíduo com sofrimento psíquico. Sentimentos como
revolta, medo, vergonha, constituem a complexidade desse
fenômeno, pois o doente e a família, além do tratamento, devem
aprender a lidar com o imaginário da incapacidade e o perigo em
relação ao louco, evitando os próprios preconceitos e os da sociedade.
Uma das mudanças ocasionadas com a nova assistência psiquiátrica
foi a de proporcionar que o doente mental permaneça com sua
família, mas para que essa relação seja saudável, é preciso que o
serviço esteja juntamente com uma rede articulada de apoio e de
organizações que se dedique a oferecer um cuidado contínuo.
O comprometimento da família no cuidado do doente se faz
necessário de uma nova organização familiar e aquisição de
habilidades que podem desestruturar as atividades dos familiares.
Essa responsabilidade do familiar com o doente também é positiva,
pois além de aumentar suas relações, o familiar passa a ser um
parceiro da equipe de saúde para cuidar do doente, facilitando as
ações de promoção da saúde mental e de inserir o indivíduo na
sociedade. Várias vezes, o familiar responsável dirige sua dedicação
e seu tempo no cuidado da pessoa com sofrimento psíquico, assim,
gera a transformações na sua vida, como dificuldades no trabalho e
diminuição do lazer. O pensamento que temos em relação a equipe
de saúde mental, é que deve estar atenta e comprometida com esse
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problema: a dificuldade do cuidado da família e do usuário, buscando
construir opções de apoio e formas que facilitem a participação e a
integração da família. (OLSCHOWSKY, A.; SCHRANH, 2006).
Em relação a experiência em saúde mental, podemos perceber
que quando um familiar fica doente, acontece uma mudança na
convivência diária da família, gerando ansiedade e preocupação, e
que na maioria das vezes, acreditamos que estamos imunes à doença.
Quando ficamos doentes ocorre a desorganização no modo de
funcionamento de uma família, pois é um acontecimento imprevisível
(OLSCHOWSKY, A.; SCHRANH, 2006).
Falando em Reforma Psiquiátrica brasileira e das lutas
“antimanicomiais”, surge como alternativa o CAPS (Centro de
Atenção Psicossocial), que veio inovar estratégias ao modelo
hospitalocêntrico da saúde mental no país. O CAPS é financiado pelo
SUS, e criado pela portaria 224/92 (BRASIL, 1992), viabilizou-se a
ampliação desses equipamentos substitutivos, ocorrendo o aumento
de 160 para quase quinhentas unidades em menos de 10 anos no
país. Os CAPs apresentam-se como serviços comunitários regionais
compostos por equipes multiprofissionais onde deve haver um cuidado
para que os pacientes tenham não só uma abordagem psicológica e
medicamentosa de sua doença, mas também social.
A Reforma Sanitária e a Reforma Psiquiátrica seguiram rumos
paralelos e acabaram por expressar um distanciamento disciplinar
(Onocko Campos, 1998). A necessidade da comunicação entre saúde
coletiva e saúde mental é reconhecida pelo Ministério da Saúde e
permanece praticamente inexplorada, sendo de máxima importância
social. Por ser uma iniciativa nova, a avaliação dos CAPS torna-se
essencial para a identificação de questões que possam contribuir
para um aperfeiçoamento desses serviços.
O movimento da luta antimanicomial contribui na formação do
cenário nacional de luta em prol dos direitos dos usuários e familiares
a uma atenção digna dos serviços de saúde, através de ações que se
multiplicam e pautam pela criatividade dos protagonistas, que
buscam mudar o imaginário social sobre a loucura. O movimento da
luta antimanicomial traz em seu conjunto os princípios de Honneth
quando busca trazer à consciência da sociedade as situações de
desrespeito, que os portadores de transtorno mental sofrem, sendo
no convívio com a sociedade, ou sendo na atenção à saúde mental.
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Ainda destaca o sentimento de injustiça, a privação de direito, como
um fator importante na luta por reconhecimento (HONNETH, 2003).
Outro ponto a ser destacado é que, em 25 anos de existência, o
movimento da luta antimanicomial não se institucionalizou. Ele ainda
apresenta em sua caminhada debates sobre seus rumos, colocando
em cenários diversos usuários, familiares e trabalhadores como
protagonistas do processo em curso na construção de uma nova forma
de cuidado em saúde mental.
O CAPS busca como objetivo principal a desinstitucionalização,
que significa restituir a dignidade da pessoa em sofrimento mental
buscando reconsquistar sua cidadania, pelo direito de tratamentos
dignos, que superem o modelo clínico, com base na atenção médicobiológica centrada na patologia e no hospitalocentrismo, mediante
o estabelecimento de redes de cuidados substitutivas, entre elas,
hospitalização parcial, existência de leitos em hospitais gerais,
pensões protegidas, centros de atenção psicossocial. (OLIVEIRA,
2002).
O Movimento de Reforma Psiquiátrica Brasileira está Estruturado
na Declaração de Caracas, que passou a elaborar seus princípios
básicos, definidos pela regionalização, hierarquização,
complementaridade do setor privado, descentralização e integração
(NICK; OLIVEIRA, 1998, p. 584).
O CAPS estrutura-se como novo espaço da terapia psiquiátrica,
que tem objetivo proporcionar assistência multiprofissional e busca
a reinserção social de seus usuários, prevenindo internações não
necessárias e compulsivas, combatendo o preconceito e discriminação
(CUNHA, 2003). Com isso, o CAPS tem como objetivo oferecer um
espaço de tratamento, reabilitação, acolhimento, relações
interpessoais e produção de novas subjetividades às pessoas
portadoras de transtorno mentais. Por isso, é necessário que as
equipes multiprofissionais dos CAPS, estabeleçam uma relação de
confiança com seus usuários, capaz de demonstrar a sociedade com
que suas falas e atos são acolhidos.
2.1.DEFINIÇÃO DE DEMÊNCIA E SUAS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS.
Dividida em 3 estágios como Leve, Moderada e Grave demência
é uma síndrome que vem crescendo cada vez mais entre a população
idosa e até mesmo em meio à os jovens, devido ao uso acentuado de
drogas (psicotrópicas) e álcool. A demência possui causas especificas,
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dentre elas: doença de Pick, doença de Creutzfeldt-Jakob, doença
de Huntington, doença de Parkinson, vírus da imunodeficiência
humana e traumatismo craniano, doença de Biswanger, escleroses e
muitas outras. A demência acaba sendo uma doença essencialmente
dos idosos, devido ao aumento exacerbado da população com mais
de 60 anos. Segundo o DSM-IV no ano de 2030, estima-se que 20% da
população terá mais de 65 anos.
A demência possui estágios progressivos e estáticos, permanentes
e reversíveis, afetando diretamente a linguagem, memoria, atenção,
coordenação, personalidade, percepção, raciocínio, velocidade
motora e funções cognitivas em geral. Se estima que 30% dos casos
tenham alucinações e 40% tenham delírios e apenas 15% dos casos
diagnosticados de demência sejam reversíveis.
Para um diagnóstico de demência, de acordo com Manual de
diagnóstico e estatísticas de transtornos mentais é necessário que
os sintomas resultem em um comprometimento significativo no
funcionamento social ou ocupacional e represente um declínio
significativo a partir do nível anterior de funcionamento.
Muitas vezes os sintomas não são notados, pois são ignorados
pelo paciente e pelas pessoas próximas a ele por serem muito “sutis”,
se agravando conforme a demência progride, fazendo com que o
paciente ou seus relativos procurem um médico anos após a aparição
dos primeiros sintomas. Aqueles que procuram atendimento
psicossocial logo no inicio possui uma maior chance de fazer com
que os sintomas fiquem estáticos ou até regridam, embora demência
causada por encefalites, paradas cardíacas com hipóxia cerebral,
traumatismo cranianos possam ser súbitas.
Como citado a cima o tratamento depende da circunstancia da
demência podendo muitas vezes conter os sintomas ou até mesmo
reverte-los, mas na maioria dos casos psicoterapias e medidas
farmacológicas servem apenas para “atrasar” o agravamento dos
sintomas. A psicoterapia é altamente recomendada para estimular a
memória, melhorar habilidades psicomotoras, orientação espacial e
da realidade, depressão, comportamentos agressivos e várias outras
situações. Os medicamentos entram para o “suporte” ao trabalho
do psicólogo (Antipsicóticos, Estabilizadores de Humor, Estimulantes
do SNC, Realçadores Cognitivos “...”), e também é fundamental que
a família de o apoio e atenção necessária para melhora do paciente.
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3.CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esse artigo contribuiu para ampliar o nosso conhecimento sobre
a teoria de CAPS, demência e saúde mental, no sentido geral, na
prática temos aprendido muito sobre o funcionamento do CAPS
através de atividades e oficinas realizadas com os pacientes do CAPS
I de Garça, tem sido uma experiência muito interessante e
gratificante para nós, os pacientes e os funcionários são bem
receptivos, e tem colaborado e incentivado para desenvolver as
atividades de uma maneira criativa.
4.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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O PAPEL DO EDUCADOR INFANTIL NO
PROCESSO DE INCLUSÃO DE ALUNOS COM
NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS
Graziella Russo CHERUBINI1
Daiane Nascimento LIMA2
Juliana BARACAT3
1
2
Acadêmica do curso de Psicologia. E-mail: [email protected]
Acadêmica do curso de Psicologia. E-mail: [email protected]
3
Docente do curso de Psicologia. E-mail: [email protected]
RESUMO
O presente artigo tem como objetivo propor soluções para que
os educadores infantis sejam capacitados para atender alunos com
necessidades educativas especiais dentro das classes de ensino
regular. É expresso por lei o direito de todos à uma educação de
qualidade, independente de diferenças individuais, portanto, é de
extrema importância que os professores estejam aptos a adequar
alunos com N.E.E no ambiente escolar juntamente com alunos que
não possuem algum tipo de necessidade especial, através de projetos
pedagógicos específicos na instituição de ensino.
Palavras chave: necessidades educativas especiais; projetos
pedagógicos; soluções.
ABSTRACT
This paper aims to propose solutions for the early childhood
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educators are able to meet students with special needs within the
regular education classes. It is expressed by law the right of all to a
quality education, regardless of individual differences, so it is
extremely important that teachers are able to match students with
SEN in the school environment with students who do not have some
kind of special need, through specific educational institution in
educational projects.
Keywords: needsteaching projects; solutions; special
educational.
1.INTRODUÇÃO
O presente artigo é fruto da disciplina Psicologia da Pessoa com
Deficiência, e tem o objetivo de apresentar as principais dificuldades
que os professores encontram no processo de educação de alunos
com necessidades educativas especiais inclusos nas escolas de ensino
regular.
Assim como os idosos e as mulheres, as crianças são vítimas de
preconceitos e sofrem abuso de poder, em algumas sociedades. A
problemática da deficiência reflete a maturidade humana e cultural
de uma comunidade. Há um julgamento que distingue “deficiente”
de “não-deficiente”, uma relatividade cultural que procura “excluir”
ou “afastar” os considerados “indesejáveis”, cuja presença incomoda
a ordem social (FONSECA, 1995). Ademais, o autor comenta a
frequencia de uma postura idealizadora das crianças e pessoas em
geral na escola, posto que as expectativas idealizadas vão de encontro
com a realidade dos seres, com suas limitações e potencialidades
variadas dado a singularidade dos sujeitos.
2.DESENVOLVIMENTO TEÓRICO
A inclusão de alunos com necessidades educativas especiais
(N.E.E) em classes de ensino regular passou a ser considerada como
uma forma democrática de avanço aos direitos e oportunidades
educacionais a partir de 1994, após ser aprovada pela Conferência
Mundial de Educação Especial, com a Declaração de Salamanca. (de
Salamanca, Declaração. “Sobre princípios, políticas e práticas na
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área das necessidades educativas especiais.” Espanha: Salamanca 1994).
O papel do professor, juntamente com os projetos pedagógicos
especializados da instituição de ensino, é de extrema importância,
pois eles precisam ter uma capacitação adequada para atender esses
alunos com necessidades educativas especiais em classes de ensino
regular.
É expresso por lei que todos os indivíduos têm direito à educação,
independente de diferenças individuais, e protegidos de quaisquer
preconceitos, tal como inscrito na Declaração Universal dos Direitos
do Homem, (1948). O presente artigo tem como objetivo, apresentar
os direitos conquistados pelas pessoas com N.E.E dentro do ambiente
educacional e propor soluções para que os educadores sejam
capacitados para atender a esses alunos.
É expresso na Declaração de Salamanca: (SALAMANCA, 1994)
·
cada criança tem o direito fundamental à educação e deve
ter a oportunidade de conseguir e manter um nível aceitável de
aprendizagem,
·
cada criança tem características, interesses, capacidades e
necessidades de aprendizagem que lhe são próprias,
·
os sistemas de educação devem ser planejados e os
programas educativos implementados tendo em vista a vasta
diversidade destas características e necessidades,
·
as crianças e jovens com necessidades educativas especiais
devem ter acesso às escolas regulares, que a elas se devem adequar
através duma pedagogia centrada na criança, capaz de ir ao encontro
destas necessidades,
·
as escolas regulares, seguindo esta orientação inclusiva,
constituem os meios capazes para combater as atitudes
discriminatórias, criando comunidades abertas e solidárias,
construindo uma sociedade inclusiva e atingindo a educação para
todos; além disso, proporcionam uma educação adequada à maioria
das crianças e promovem a eficiência, numa ótima relação custoqualidade, de todo o sistema educativo.
Não há fortes razões para que a inclusão de alunos com
necessidades especiais no ensino regular não seja aceita. Essa
perspectiva de integração já não é nova, segundo a constituição do
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Centro Nacional de Educação Especial (Cenesp) do Ministério de
Educação e Cultura (MEC), de 1974, a orientação de voltava para a
integração:
Os alunos deficientes, sempre que suas condições pessoais permitirem, serão
incorporados à classes comuns de escola do ensino regular quando o professor de
classe dispuser de orientações e materiais adequados que lhe possibilitem oferecer
tratamento especial a esses deficientes(BRASIL apud BUENO, 1999, p.2).
É necessário, portanto, que os professores possuam a capacitação
adequada para o ensino regular e programas especializados. O papel
do educador é primordialmente importante para que esses alunos
com necessidades educativas especiais tenham a oportunidade de
aprender de acordo com suas limitações. Os professores não
receberam uma formação especializada para lidar com essa situação,
visto que a inclusão é uma situação nova em ambiente escolar. A
capacitação de professores para a compreensão dos alunos com N.E.E.
não é o suficiente, é necessária a construção de uma nova visão de
ensino e de aprendizagem, fundada em atitudes favoráveis à inclusão
(OMOTE; OLIVEIRA; BALEOTTI; MARTINS; 2005). O processo de
integração não se deve somente a uma lei, os profissionais da rede
regular de ensino, para atender pessoas com necessidades educativas
especiais, devem ter conhecimento sobre diferentes áreas, como
psicologia, medicina, pedagogia, entre outros. Um saber
interdisciplinar é indispensável no processo de integração.
A escola, como uma instituição mediadora, é a grande responsável
por levar cultura às pessoas, mais do que a família e o meio social.
É através da escola que a sociedade adquire, fundamenta e modifica conceitos
de participação, colaboração e adaptação. Embora outras instituições como
família ou igreja tenha papel muito importante, é da escola a maior parcela.
(MANTOAN apud DO PRADO e MAROSTEGA, 2001, p. 2)
É fundamental para o desenvolvimento de pessoas com N.E.E,
adotar novas perspectivas, concepções pedagógicas e abordagens
interativas, “em que a aprendizagem abre caminhos que favorecem
o desenvolvimento” (MARCHESI e MARTIN apud BUENO, 1999, p. 2).
A inclusão não deve apenas ser colocada em prática com alunos
que possuem N.E.E., mas sim, com todos os alunos mesmo que estes
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não possuam algum tipo de deficiência. O termo “inclusão” pretende
definir igualdade, por isso, pessoas que possuem ou não algum tipo
de necessidade, devem ser atendidas da mesma maneira, porém,
levando em consideração que alunos com N.E.E, geralmente, possuem
uma certa limitação física e/ou mental que deverá ser respeitada.
3.CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerando que pessoas com necessidades educativas especiais
são protegidas por lei, como proclamado na Declaração de Salamanca
e na Declaração Universal dos Direitos Humanos, é necessário que
esses alunos sejam vistos de forma igualitária perante outros alunos
dentro da instituição de ensino. Nos dias atuais, já observamos uma
considerável evolução em relação a inclusão, porém, ainda é
necessário quebrar muitos preconceitos e a ideia da incapacidade
dessas pessoas com N.E.E. Os educadores devem estabelecer projetos
específicos para que esses alunos possam adequar-se ao ambiente
escolar, em classes de ensino regular. Acreditamos que essa
incapacidade que a sociedade enxerga nessas pessoas, é um
preconceito, uma desigualdade irreal, pois todos possuem
capacidades que podem ser consideradas de acordo com suas
limitações, o que falta é oportunidade para essas pessoas mostrarem
o quão participativas podem ser na sociedade, e, principalmente, o
ambiente escolar, que tem grande responsabilidade em levar
educação à esses alunos.
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O PEQUENO HANS: UM CASO DE FOBIA
José Wellington dos SANTOS1
Jéssica MANTOANI 2
Lucimara Cristina LOPES
3
Simone VILAS BOAS 4
4
1
Docente do curso de psicologia da FAEF/ACEG
[email protected]
2
Discente do Curso de Psicologia - – FASU/ACEG
[email protected]
3
Discente do Curso de Psicologia - – FASU/ACEG
[email protected]
Discente do Curso de Psicologia - – FASU/ACEG [email protected]
RESUMO
O caso do pequeno Hans é um dos casos bem sucedidos de Sigmund
Freud no qual sua ideias sobre a sexualidade infantil são
apresentadas, tendo o complexo de édipo como seu núcleo central.
Um garoto de cinco anos apresenta fobia a cavalo. O sintoma surge
no momento em que o pai, que vivia viajando a trabalho, aposentase e fica mais presente em casa. Este artigo pretende discutir a
função dos sintomas fóbicos na economia psíquica do pequeno Hans.
Faremos isto a partir da obra “Análise de uma fobia em um menino
de cinco anos” onde Freud relata o caso.
Palavras chave: fobia, deslocamento, sintoma, sexualidade,
neurose
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ABSTRACT
The case of Little Hans is one of the successful cases of
Sigmund Freud in which his ideas about infantile sexuality are
presented, and the Oedipus complex as its central core. A five
year old boy has horse phobia. The symptom arises at the time
that his father, who lived traveling for work, retires and is more
present at home. This article discusses the role of social phobia
symptoms in the psychic economy of Little Hans. We do this
from the book “Analysis of a phobia in a five year old boy” where
Freud reports the case.
Keywords: phobia, displacement, symptoms, sexuality, neurosis
1.INTRODUÇÃO
A fobia começou a ser estudada pela psicanalise, por Freud a
partir do caso bem sucedido do pequeno Hans. Sabe- se acordo
com dicionário de psicanalise, organizado por Chemama, (apud
SILVA, 2005. p. 2) que a fobia é caracterizada por um “ataque de
pânico diante de um objeto, animal ou determinada organização
do espaço, que funcionam como sinais de angústia”. Por que
surgiria, então, a fobia? Qual o seu papel enquanto sintoma? São
questões que pretendemos discutir no presente trabalho com a
finalidade de entender os aspectos mais importantes do sofrimento
de um garoto neurótico que embora tivesse bons pais que descrevem
Hans como uma criança alegre, franca, desenvolve um medo
irracional de cavalo.
Considerando que o sintoma tem uma função na economia
psíquica do sujeito, qual o papel da fobia na vida mental do
pequeno Hans? Esta é a questão fundamental que o presente
trabalho pretende discutir. Faremos isso a partir do caso
apresentado por Freud que se encontra em “Análise de uma fobia
em um menino de cinco anos”. (Obras psicológicas completas
de Sigmund Freud: edição standard brasileira, V. X). Análise de
uma fobia em um menino de cinco anos. (Obras psicológicas
completas de Sigmund Freud: edição standard brasileira, V. X)
Rio de Janeiro: Imago.
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2. O PAPEL DA FOBIA NA ECONOMIA PSÍQUICA DO PEQUENO HANS
Fobia é uma neurose caracterizada pela localização da angústia
em pessoas, coisas e situações que se tornam, assim, objeto de um
terror paralisante (fobias) e pelas medidas de defesa contra o
aparecimento do objeto fóbico ou da angústia que são condutas
evitativas. (QUILES, 1986, p.50).
Freud coloca que o sintoma fóbico do pequeno Hans tem como
principal papel diminuir a angústia de castração. O sintoma é mais
que uma disfunção a ser reparada, ele ensina algo sobre a causalidade
do sujeito. A formação do sintoma é o caminho que o ego encontra
para resolver o conflito entre as exigências do Id e as censuras do
superego e da cultura. Como observa Nagera:
Se essas pulsões, que são incompatíveis com a individualidade atual do sujeito,
adquirem suficiente intensidade, deve resultar um conflito entre elas e a outra
opção de sua personalidade, aquela que manteve sua relação com a realidade.
Esse conflito é resolvido pela formação de sintomas... em todas as neuroses os
sintomas patológicos são realmente os produtos finais de tais conflitos os quais
culminaram em “repressão” e “divisão do ego”. (NAGERA, 1970, p.90)
O pequeno Hans tem o desejo de ficar com a mãe e de afastar o
seu pai, mas pelo medo da castração ele recalca os impulsos hostis
contra o pai, o que dá início à formação do sintoma. Por ter esses
impulsos a criança teme que o pai vá castigá-la, ameaçá-la. O medo
que Hans tinha do pai foi deslocado para o cavalo, por quem ele temia
ser mordido. Assim, ele restringe a situação de angústia ao encontro
com o cavalo (e com aquilo que se associa ao cavalo), que pode ser
evitado, em contraste com o contato com o pai, do qual ele não poderia
fugir. A fobia permite que o sujeito contorne a castração e possa evitar
o confronto com ela, é uma defesa porque na escolha de um objeto
(cavalo) dá-se uma significação para a irrupção de angústia (afeto
sem representação), transformando-a em medo, o que é mais tolerado
com maior facilidade pelo sujeito.
2.1 – A FOBIA COMO SATISFAÇÃO SUBSTITUTA DA PULSÃO
AGRESSIVA OU SEXUAL
Na perspectiva freudiana, o sintoma é o retorno do recalcado e
porta um sentido inconsciente decifrável na experiência analítica.
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O sintoma é uma satisfação substitutiva de uma satisfação impossível.
Sobre esta ótica, a fobia de Hans por cavalos e seu medo de ser
mordido por ele, são advindos de um passeio com sua mãe e viu um
acidente com cavalos, no qual viu um cavalo de ônibus cair e escoicear
com suas patas. Isso lhe causou uma grande impressão, ficou
aterrorizado e pensou que o cavalo estivesse morto.
Ver aquele cavalo caindo, representava para Hans de forma
inconsciente, a realização do seu desejo de morte contra o seu pai.
Era a satisfação substitutiva do ID de forma indireta e disfarçada.
Como brm afirma Freud “Nas neuroses, são os instintos sexuais que
sucumbem à ‘repressão’, e constituem assim a base mais importante
para a gênese dos sintomas, que podem, por conseguinte, ser encarados
como substitutos de satisfações sexuais”. (FREUD, 1996, p. 130).
2.2 – A FOBIA COMO MECANISMO DE DEFESA
Mecanismo de defesa é uma denominação dada por Freud para as
manifestações do Ego diante das exigências das outras instâncias psíquicas
(Id e Superego), com a finalidade de proteger o Ego de um possível
desprazer psíquico, anunciado por esses sentimentos de ansiedade, medo,
culpa, entre outros. Em suma, os mecanismos de defesa são ações
psicológicas que buscam reduzir as manifestações iminentemente
perigosas ao Ego. No evidente caso do pequeno Hans, sua fobia foi
resultante do conflito entre sua sexualidade infantil recalcada e as
exigências da realidade moral imposta pela cultura. Seu medo da ameaça
de castração, e a culpa por desejar sua mãe e nutrir contra o seu pai
desejos de morte, foi recalcado para o inconsciente, desenvolvendo fobia
a cavalos, mantendo a homeostase do seu conflito deslocando todos os
seus sentimentos hostis para com o seu pai aos cavalos.
Um dos mecanismos de defesa utilizado pelo fóbico, talvez o principal,
é o deslocamento que consiste em desviar a pulsão para um alvo que
substitui o alvo original que se encontra reprimido. (QUILES, 1986, p.57).
2.3 – A FOBIA COMO GANHO SECUNDÁRIO
Em Psicanálise, entende-se como ganho secundário as vantagens
advindas da neurose, as quais apresentam soluções menos
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conflituosas entre a dimensão crítica da mente e o desejo de
origem inconsciente.
Um dia, quando Hans estava na rua, foi acometido de um ataque
de ansiedade. Não podia, contudo, dizer de que é que tinha medo;
mas logo no início desse estado de ansiedade deixou escapar para
seu pai o motivo para estar doente, o ganho proveniente da doença.
Queria ficar com sua mãe e acariciá-la. Ao discutir sobre a reação
negativa do paciente diante da melhora, Freud afirma:
Não há dúvida de que existe algo nessas pessoas que se coloca contra o seu
restabelecimento, e a aproximação deste é temida como se fosse um perigo.
Estamos acostumados a dizer que a necessidade de doença nelas levou a
melhor sobre o desejo de restabelecimento. Se analisarmos essa resistência
da maneira habitual, então, mesmo depois de feito o desconto de uma atitude
de desafio para com o médico e da fixação às diversas formas de ganho com
a doença, a maior parte dela ainda resta, e revela-se como o mais poderoso
de todos os obstáculos à cura, mais poderoso que os conhecidos obstáculos da
inacessibilidade narcísica, da atitude negativa para com o médico e do apego
ao ganho com a enfermidade. (1996, p.)
Ao manter a mãe perto dele através da doença, o pequeno Hans
não se sente culpado pelos seus desejos, mas um doente.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho não tinha a intenção de fazer uma discussão
profunda da neurose fóbica e sim fazer algumas considerações sobre
a fobia a partir do caso do pequeno Hans, no qual Freud apresenta
algumas das suas ideias sobre a sexualidade infantil. A fobia era a
prática sexual daquele garoto neurótico que tinha uma fixação na
figura da mãe e uma consequente hostilidade ao pai. O Neurótico é
alguém que encontra no sintoma uma forma de resolução do seu
conflito através da satisfação substituta e ganho secundário.
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O SELF REAL E O SELF IDEAL NA CONCEPÇÃO
DE CARL ROGERS
Emerson RIBEIRO1
Frederico de Conti Blaziza MACHADO¹
Michele Nunes Fraquetto de SOUZA¹
Profª. Dra. Janete de Aguirre BERVIQUE²
1
Discentes do curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e
Integral – FAEF, Sociedade Cultural e Educacional de Garça – S/S LTDA
² Docente do curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e
Integral – FAEF, Sociedade Cultural e Educacional de Garça – S/S LTDA.
RESUMO
Este estudo tem como objetivo discorrer sobre a concepção de
Carl Rogers de self ideal e de self real e, também, conceituar
congruência e incongruência.
Palavras-chave: Carl Rogers, Self ideal, Self real, congruência.
ABSTRACT
This studyaims to reflectanddiscussthe conceptionofCarlRogerson
therealselfand theideal selfand also conceptualize congruence and
incongruence.
Keywords: CarlRogers, idealself, realself, congruence
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1. INTRODUÇÃO
Carl Rogers nasceu em 1902, em Oak Park, Illinois, no subúrbio
de Chicago. Sua família era religiosa e a supressão de emoções e a
enfatização do comportamento moral eram sua principal
característica.Todavia, esses ensinamentos fundamentalistas
dominaram Rogers até a adolescência, o forçando a viver com a
visão de mundo de outra pessoa em vez da própria (SCHULTZ;
SCHULTZ, 2002 p. 314.), culminando futuramente na criação de sua
teoria.
Em l959 Rogers elabora seu principal trabalho teórico;no geral,
define uma série de conceitos, criando teorias da personalidade e
modelos de uma terapia, mudanças da personalidade e relações
interpessoais, estabelecendo uma estrutura através da qual as
pessoas possam construir e modificar suas opiniões a respeito de si
mesmas.
Rogers (apud FADIMAN;FRAGER, 2004, p. 359) acreditava que “a
realidade das pessoas são assuntos pessoais então só podem ser
conhecidos pelos próprios indivíduos”. Ele afirmava também que
todos os seres humanos são motivados fundamentalmente por um
processo voltado para o crescimento, que ele denomina tendência
para a realização.Em sua teoria, revela que as pessoas usam suas
experiências para se definir.
Rogers desenvolveu uma abordagem psicoterapêutica chamada
Terapia Centrada na Pessoa (ACP), que consiste em um trabalho de
cooperação entre psicólogo e cliente, cujo objetivo é a liberação
desse núcleo da personalidade, obtendo-se com isso a descoberta
ou redescoberta da autoestima, da autoconfiança e do
amadurecimento emocional. Cada indivíduo possui um campo de
experiências único, contendo tudo o que se passa no organismo como:
eventos, percepções, sensações e impactos dos quais as pessoas não
tomam consciência. Isso não é uma entidade estável, imutável,em
que a idéia do eu não representa uma acumulação de inúmeras
aprendizagens e condicionamentos efetuados na mesma direção.
O objetivo geral do artigo é investigar na literatura, a
concepção de self real e self ideal de Carl Rogers, e os objetivos
específicos do artigo é esclarecer a concepção de self real e ideal
em Carl Rogers e definir congruência e incongruência.
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2. TEORIA DO SELF
O self, para Rogers, consiste num conjunto de percepções,de
valores conscientes do eu; assim é o self que estabelece interação
entre o organismo e o meio.É uma extensa teoria fenomenológica
(voltada para a experiência subjetiva de mundo do indivíduo), sendo
assim a visão pessoal do mundo. Segundo Rogers(apudSCHULTZ;
SCHULTZ 2002, p. 318), o impacto do mundo experiencial, o ambiente
ou situações cotidianas, a realidade de nosso ambiente depende da
percepção que temos dele, que nem sempre condiz com a realidade.
“Para mim a experiência é a mais alta autoridade. O critério de validade é a
minha própria experiência” (ROGERS, apud SCHULTZ; SCHULTZ 2002, p. 318).
Tal noção de percepção subjetivanão é legado de Rogers;pois,
essa idéia chamada Fenomenologia é antiga e, sendo assim, a única
realidade da qual podemos estar seguros é o nosso próprio mundo
de experiências, nossa percepção interna da realidade. Rogers que,
atéentão, acreditava serem os fatores externos indicadores mais
importantes do comportamento, concluiu que o nível de
autodiscernimento de uma pessoa é o indicador mais importante
(SCHULTZ; SCHULTZ, 2002, p. 318).
2.1. DESENVOLVIMENTO DO SELF
É importante, para maior compreensão da teoria, o entendimento
de organismo; este é a pessoa total, incluindo todas as necessidades
inatas básicas: necessidades de sobrevivência como alimento,
descanso, sexo, sentimentos e emoções, e necessidades sociais das
quais a consideração positiva se torna mais importante (FONTANA,
2002, p. 267).
Conforme Schultz e Schultz (2002), a consideração positiva
consiste na aceitação e aprovação ainda quando crianças, sendo a
força socializadora e motivadora de comportamentos; sem a
consideração positiva, o indivíduo não teria uma consideração
positiva de si mesmo já que esta o faz obediente aos pais, professores.
Quando os pais direcionam certa quantidade de afeto e amores
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ao bebê, estãocontribuindo para o desenvolvimento do
comportamento do mesmo, que vai girar em torno desses afetos.
Essas necessidadesdo organismo, quando satisfeitas, fazem com que
o indivíduo esteja em congruência com seu self. Na medida em quesão
ampliados nossos encontros sociais ainda como bebês,é desenvolvido
nosso campo experiencialde maneira mais complexa, tornando-o
diferente dos demais.Essa diferenciaçãodefinida por aquilo que é
‘’eu’’ e aquilo que é o “outro”, objetos e eventos externos a mim,
é conhecida como self ou autoconceito. Rogers (apud, SCHULTZ e
SCHULTZ, 2002) afirmava que o autoconceito é,também, a imagem
do que somos,deveríamos e gostaríamos de ser.
Com o surgimento do self há nos bebês uma necessidadeque
Rogers
denomina
de
consideraçãopositiva,
sendo
estaaceitaçãoaprovação e amor por parte das outras pessoas onde o
comportamento do bebê é direcionado pela quantidade dessesafetos.
Quando a consideração positiva não é oferecidaa atualização e o
desenvolvimento do self serãoentrevados. Caso isso venha a ocorrer
frequentemente, os bebês param de se esforçar para atualizar o
self culminando com ações incoerentes, uma vez que passaram a
agir de forma a receberem consideração positiva dos outros . Com
o tempo a consideração positiva passa a vir mais de dentro de nós
do que de outras pessoas(autoconsideração positiva) que acaba se
tornando forte como nossa necessidade de consideração positiva
pelos outros. Para simplificar podemos utilizar o exemplo de uma
criança que recebe carinho e afeto dos pais quando estão contentes;
essa criança vai desenvolver autoconsideração positiva sempre que
se comportar de maneira contente.
Vale ressaltar que tanto a consideração positiva como a autoconsideração positiva são recíprocas, os pais podem não reagir de
forma a aprovar o comportamento de seu bebe, não reagindo desse
modo com consideração positiva, pois, alguns comportamentos são
perturbadores. Todavia, os bebês aprendem que todo afeto tem preço
dependendo da maneira adequada de se comportar, entendendo que
às vezes são premiados eoutras vezes não (SCHULTZ e SCHULTZ,
2002).
Toda vez que um bebe se comportar de maneira inapropriada
despertando a desaprovação do progenitor, a criança aprende a
desaprovar a si mesma subjugandose e padrões externos de
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julgamento passam a ser internos e pessoais.A autoconsideração
nesse caso será apenas em situações cuja aprovação dos pais
aconteça; na verdade nessas condições o autoconceito dessas crianças
passa a funcionar como substituto dos pais .
Tendo internalizado as normas dos pais, elas passam a agir
de acordo com estas normas a fim de receberem consideração positiva
dos pais desenvolvendo autoconsideração positiva. Desse modo
aprendem a inibir comportamentos satisfatórios não agindo de
maneira livre e espontânea; por se julgarem em todo comportamento
acabam impedindo o desenvolvimentoe atualização plena do self,
sendo este desenvolvimento inibido por essas condições.
2.2. CONGRUÊNCIA E INCONGRUÊNCIA
A congruência é definida como o grau de exatidão entre a
experiência da comunicação e a tomada de consciência. Um alto
grau da congruência significa que a comunicação (o que se está
expressando), a experiência (o que está ocorrendo em nosso campo)
e a tomada de consciência (o que se está percebendo) são todas
semelhantes(FONTANA, 2002). Nossas observações e as de um
observador externo seriam consistentes. Um exemplo seria as
crianças pequenas que exibem alta congruência porque expressam
seus sentimentos logo que seja possível com o seu ser total.
Quando uma criança tem fome ela toda está com fome neste
exato momento! Quandouma criança sente amor ou raiva ela expressa
plenamente essas emoções. Isto pode justificar a rapidez com que a
criança substitui um estado emocional por outro. A expressão total
de seus sentimentos permite que elas liquidem a bagagem emocional
que não foi expressa em experiências anteriores. A congruência é
bem descrita por um Zen-budista ao dizer: “Quando tenho fome,
como; quando estou cansado, sento-me; quando estou com sono,
durmo”.
Já a incongruência ocorre no momento em que existem diferenças
entre a tomada de consciência, a experiência e a comunicação. Ela
é definida não só como inabilidade de perceber com precisão, mas
também como inabilidade de comunicação. Recebe o nome repressão
o momento em que a incongruência esta entre a tomada de
consciência e a experiência(FONTANA, 2002 p. 268).
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Este tipo de incongruência é muitas vezes percebido como
mentira, inautêntico ou desonesto. Muitas vezes esses
comportamentos tomam-se foco de discussões em terapias de grupo
ou em grupos de encontro. Embora tais comportamentos pareçam
ser realizados com malícia, terapeutas e treinadores relatam que a
ausência de congruência social, aparente falta de boa vontade em
comunicar-se, é com freqüência uma falta de autocontrole e
consciência pessoal.
A pessoa não é capaz de expressar suas emoções e percepções
reais em virtude do medo e de velhos hábitos de encobrimento que
são difíceis de superar. Por outro lado, é possível que a pessoa tenha
dificuldade em compreender o que os outros esperam dela.
A incongruência pode ser sentida como tensão, ansiedade ouem
circunstâncias mais extremas como confusão interna. Um paciente
internado em hospital psiquiátrico que declara não saber onde está,
em que hospital, qual a hora do dia, ou mesmo quem ele é, está exibindo
alto grau de incongruência. A discrepância entre a realidade externa e
aquilo que ele está subjetivamente experienciando tomou-se tão grande
que ele não é capaz de atuar. A maioria dos sintomas descritos na
Literatura psiquiátrica pode ser vistos como formas de incongruência.
Para Rogers, a forma particular de distúrbio é menos crítica do que o
reconhecimento de que há uma incongruência que exige uma solução.
Todavia esses indivíduos não aprendem somente a inibir esses
comportamentos inaceitáveis, mas futuramente podem negar ou
deformar a maneira de perceber o seu mundo experiencial ao sustentar
percepções distorcidas de certas experiências acabam se tornando
alienadas de seu verdadeiro self , ou seja passamos a avaliar nossas
experiências não como contributos para desenvolvimento e tendência
atualizante, por meio de avaliação organismica e sim por meio da
consideração positiva dos outros
daí que chamamos
incongruência,todavia pode ser definida como a discrepância entre
a auto imagem de uma pessoa e os aspectos de sua experiência. Essa
deformação do mundo experiencial contribui para alienação do
verdadeiro self , desse modo é a alienação básica no homem cuja
fidelidade fracassou em si mesmo, sua valorização organísmica natural
da experiência, mas em nome da preservação da consideração positiva
dos outros passou a falsificar alguns dos valores que experimenta e a
percebê-los apenas em termos de seu valor para os outros. Contudo
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essa não foi uma escolha consciente, mas um desenvolvimento natural
e trágico no início da infância (ROGERS, 1959).
Todavia quando estas incongruências são manifestadas é possível
o desenvolvimento da ansiedade. E importante destacar que a saúde
emocional é uma função da nossa compatibilidade entre o nosso
auto conceito e nossas experiências.
2.3. SELF REAL E SELF IDEAL
O Self consiste num processo constante de formar-se e reformarse à medida que essas situações são experienciadas pelo organismo.
Rogers separa O SELF entre self ideal e o real; self ideal seria “o
auto-conceito que o indivíduo mais gostaria de possuir, sobre o qual
atribui o maior valor para si mesmo”(ROGERS apud FADIMAN , 2004,
p. 359,). É um modelo pelo qual uma pessoa pode se esforçar. Como
o self ele é uma estrutura mutante, constantemente sofrendo
redefinição. O self ideal pode se tornar um obstáculo para a saúde
pessoal quando ele difere muito do self real. O self real é quem você
realmente é, onde contém a tendência para a realização; sendo
assim o real é aceitar-se como se é na realidade e não como se quer
ser (ideal), isso é um sinal de saúde mental. È importante destacar
o que foi dito acima que o espaço entre o eu real e o eu ideal, o “eu
sou” e “eu deveria” é chamado de incongruência.
As pessoas que sofrem dessa discrepância entre o real e o ideal
muitas vezes não estão dispostas a ver a diferença entre ideais e
atos. Rogers defendia que o homem desenvolve sua personalidade a
serviço de objetivos positivos, e cada organismo apresenta
determinadas aptidões, capacidades e potencialidades inatas. Neste
processo único para cada pessoa, ocorrem experiências e
comportamentos congruentes e incongruentes, ambos necessários
ao crescimento saudável e inevitável.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A imagem do Self Ideal, na medida em que se diferencia de modo
claro do comportamento e dos valores reais de uma pessoa é um
obstáculo ao crescimento pessoal.
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Quando a incongruência é uma discrepância entre a tomada de
consciência e a comunicação a pessoa não expressa o que está
realmente sentindo, pensando ou experienciando. Este tipo de
incongruência é muitas vezes percebido como mentiroso , inautêntico
ou desonesto.
Em sua teoria, Rogers destaca duas necessidades importantes
para o indivíduo, a necessidade de consideração positiva e a
necessidade de auto-consideração, ambas aprendidas. A primeira
desenvolve-se quando o indivíduo é bebê e a segunda em virtude de
o bebê receber a consideração positiva dos outros. A necessidade
de auto-estima é inerente a todo ser humano, e seu processo iniciase desde a infância até a maturidade.
A importância do relacionamento com os pais ou cuidadores,
como ela vivencia os sentimentos de amor e de apreço das pessoas
significativas para si que, primordialmente, são os pais. As pessoas
significativas para a criança têm uma forte influência sobre ela e a
formação da imagem que tem de si mesma, bem como o rumo de
sua vida. Os pais querem determinar quais sentimentos e ações são
aprovados ou recusados, é nesse momento que a criança pode entrar
num conflito, pois ela acaba por excluir as experiências reprováveis,
mesmo que para si estejam corretas, assim tenta ser o que os outros
querem ao invés de ser como é.
Sua teoria baseava-se no impulso do individuo para o crescimento,
saúde e adaptação. A terapia era um modo de libertar o cliente pra
retornar seu desenvolvimento normal. Ela enfatizava o sentimento mais
do que o intelecto, a situação imediata de vida mais do que o passado.
Rogers conclui que em cada um de nós existe um impulso natural
para sermos o mais competentes e capazes que biologicamente
pudermos ser. Assim como uma planta cresce para se tornar uma
planta saudável, e uma semente contém de si o impulso para tornarse uma árvore, também uma pessoa é compelida a tornar-se uma
pessoa inteira, completa e auto-realizada (FADIMAN, 2004).
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FADIMAN, James e FRAGER Robert. Carl Rogers e a perspectiva
centrada na pessoa. In: Personalidade e Crescimento pessoal. Porto
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SCHULTZ, D.P.; SCHULTZ, S.E. Teorias da personalidade 7. Ed.
Universidade do sul da Florida: Ed Cengage Learning, 2002 .
FONTANA, D. Psicologia para professores (Psychology of
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O SONHO NA REALIDADE COTIDIANA EM
MEDARD BOSS
Janaina de Aguiar BISPO1
Bruna Carolina Montoro FERNANDES2
Simone VILASBOAS3
Janete de Aguirre BERVIQUE4
1
Discente do curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e
Integral – FAEF, Sociedade Cultural e Educacional de Garça – S/S LTDA
2
Discente do curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e
Integral – FAEF, Sociedade Cultural e Educacional de Garça – S/S LTDA
3
Discente do curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e
Integral – FAEF, Sociedade Cultural e Educacional de Garça – S/S LTDA
4
Docente do curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e
Integral – FAEF, Sociedade Cultural e Educacional de Garça – S/S LTDA.
RESUMO
O presente artigo tem como objetivo a exposição do sonho na
realidade cotidiana em Medard Boss, no primeiro momento é discutido
sobre o significado dos sonhos, desde a história antiga. Depois é
abordado sobre o que Medard Boss diz sobre os sonhos, sua
contribuição na compreensão do sonhar do ser humano e a sua
utilização no cotidiano da clinica e considerações sobre a Psicologia
Existencial. Após estudo de inúmeros casos, Medar dBoss demonstra
que não existe ruptura entre o modo de ser no sonhar e o modo de
ser na vigília. A metodologia utilizada para a realização desse artigo
foi o levantamento bibliográfico através de livros acadêmicos e
artigos que relatavam sobre o dado tema.
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Palavras-chave: Gestalt- terapia, MedardBoss, Perls, Sonho.
ABSTRACT
This article aims to show the dream into reality in everyday
MedardBoss, the first moment is discussed about the meaning of
dreams, from ancient history. After that is addressed on the Boss
says about dreams, their contribution to the understanding of the
dream of the human and its use in everyday clinical considerations
and Existential Psychology. After studying countless cases, Boss shows
that there is no break between the mode of being in the dream and
way of being in Eve. The methodology used to conduct this article
was the literature through academic books and articles that reported
on the given theme.
Keywords: Dream, Gestalt therapy, Medard Boss, Perls.
1.INTRODUÇÃO
Desde a História antiga e atualidade, há interesse pelos
significados dos sonhos.Na antiguidade eles eram considerados como
“mensageiros dos deuses”. Na tradição chinesa do século XVIII a.C,
sabe-se que Confúcio retirava sua sabedoria dos sonhos.
Na época helenística, havia 420 templos dedicados a Esculápio,
na qual praticava-se a incubação, que consistia em dormir no templo
para sonhar com a cura de doenças. O indivíduo dormia em pele
com sangue de cabra ou de carneiro que eram sacrifícios para os
deuses; e grandes serpentes verdes e amarelas de dois metros de
comprimento ficavam à noite pelo pavimento, entre pétalas de flores
e as pessoas que dormiam; eram os tratamentos, que eles
acreditavam que levavam para uma cura mais rápida.
Seguindo o pensamento de Perls (1997), encontramos tudo o que
precisamos no sonho, na periferia do sonho. A parte da personalidade
que está faltando, a dificuldade existencial, tudo está aí. É uma
espécie de ataque central bem no meio da sua não-existência.
O sonho encontra-se nos interesses da Gestalt-terapia e Perls
ficou famoso a partir de seus trabalhos com sonhos, que são relatados
no livro Gestalt-terapia explicada, do qual extraímos o trecho a seguir.
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Todos os diferentes elementos do sonho são fragmentos da personalidade.
Como o objetivo de cada um de nós é tornar-se uma personalidade saudável,
ou seja, unificada, é preciso reunir os diferentes fragmentos do sonho. Nós
devemos nos reapropriar desses elementos projetados, fragmentados, de nossa
personalidade e recuperar assim o potencial escondido no sonho (...). Em
Gestalt- terapia os sonhos não são interpretados. Fazemos dele algo bem
mais interessante. Em vez de analisar, autopsiar o sonho, nós queremos trazêlo de volta à vida. A forma de chegar a isto é reviver o sonho como se ele
sedesenrolasse atualmente. Em vez de contá-lo como se fosse uma história
passada, dramatize-o, encene-o no presente, de modo que ele se torne parte
de você mesmo, de modo que você esteja verdadeiramente envolvido nele
(...). Se você quiser trabalhar sozinho com um sonho, escreva-o, faça a lista
de todos os seus elementos, de todos os detalhes, depois trabalhe com cada
um, tornando-se cada um deles (PERLS, 1976, p.101).
Assim, a função do sonho é apontar para aquilo que a pessoa luta
contra em si mesmo, demonstrando a dificuldade existencial, a parte
da personalidade que está faltando (PERLS, 1997, p. 102) e que o
indivíduo aliena em sua vida desperta. A compreensão do sonho
promovida pelo gestalt-terapeuta objetiva um encontro do paciente
exatamente com aquilo que ele necessita reassimilar. A reassimilação
dá-se por um aprendizado proporcionado pela identificação, e a
tomada de consciência é o meio da descoberta (PERLS, 1997, p. 106).
2.CONSIDERAÇÕES SOBRE O SONHO NA PSICOLOGIA EXISTENCIAL
PARA MEDARD BOSS
Portella et al (2000) a Psicologia Existencial representada por
Binswanger assim como para Medard Boss, é que se opõe à aplicação
do conceito de causalidade das ciências naturais à Psicologia. Não
existe relação de causa e efeito na existência humana. No máximo,
existem apenas sequências de comportamentos. Assim como o
Existencialismo, rejeita a causalidade, rejeitando também o
Positivismo, o determinismo e o materialismo. A Psicologia deve
acompanhar seu próprio método, a Fenomenologia, e seus próprios
conceitos, modos de existência, “ser-no-mundo”, liberdade,
responsabilidade, “vir-a-ser”, transcendência, espacialidade,
temporalidade e muitos outros, todos derivados da ontologia de
Heidegger.
A análise da existência de, Heidegger, se baseia na concepção
de que o homem não é mais compreendido em termos de alguma
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teoria, mas em termos de um elucidação puramente fenomenológica
da estrutura total ou articulação total da existência como ser-nomundo. (BERVIQUE, 2013, p. 96).
Portella et al (2000) a estrutura da existência “ser-no-mundo”,
quanto ao Dasein foi, formulada por Binswanger e Boss. Boss referese ao termo Dasein análise, como um cauteloso explicação da
natureza específica da existência humana, ou ser-no-mundo; segundo
Boss o homem revela o mundo. Portanto, na Análise Existencial ou
do Dasein, para Boss, é ver o que está na experiência e descrevê-lo
tão exatamente quanto a linguagem o permita.
O Ser-além-do-mundo, é que a existência apenas consiste em
nossas possibilidades de relacionamento com o que encontramos.
Ele afirma que “o homem existe sempre e somente com uma miríade
de possibilidades de relacionar-se e de descobrir os seres vivos e as
coisas que ele encontra”. Em outras palavras, ele afirma: “o homem
deve acolher todas as suas possibilidades de vida, se apropriar delas
e junta-las para invenção de um eu verdadeiro e livre”. (PORTELLA
et al apud Boss, 1979).
Boss (1979) não se refere aos modos-de-ser-no-mundo no mesmo
sentido de Binswanger, mas fala das características que estão em
toda existência humana. Essas características chamam-se
existenciais. Entre as mais importantes estão a espacialidade,
temporalidade, corporeidade, experiência num mundo partilhado,
e o estado de entusiasmo ou sintonia.
No que se refere ao tema deste artigo, a literatura deixou claro
que Boss utilizou a Dasein análise nos sonhos; como existencialista
não acredita no conceito do simbolismo, pois o sonho é outro modo
de ser-no-mundo. Para ele, os sonhos são revelações da existência e
não disfarces. Seu significado existencial demonstra-se e não deve
ser buscado em algum conteúdo oculto ou elaboração onírica por
trás da cena. (PORTELLA et al apud Boss, 1979).
O sonho é um modo específico de estar-no-mundo, como um
mundo específico e um modo específico de existir. No sonho nós
vemos o homem como um todo, o conjunto de seus problemas, numa
modalidade existencial diferente do que na vigília, mas contra o
pano de fundo e com estrutura de articulação a priori, e também o
sonho é de importância terapêutica capital para o analista
existencial.Porque por meio da estrutura dos sonhos que ele é capaz,
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primeiramente, de mostrar ao paciente a estrutura do seu ser-nomundo numa maneira geral, e, em também ele pode, nesta base,
liberá-lo para a totalidade das possibilidades existenciais do ser, em
outras palavras para a determinação aberta (Entshlossenheit): ele
pode, para usar a expressão de Heidegger, “recuperar” (zurückholen)
a existência de uma existência de sonhos para uma capacidade
genuína de ser ela própria. (BERVIQUE, 2013, p. 96).
Na Dasein análise, o sonhar deve ser reconhecido como um modo
de existência, igualmente quando está acordada (BOSS, 1979 , p.
27). Boss sustenta que o sonhar assemelha-se ao estado desperto,
em razão de o sonhador poder interferir ativamente na circunstância
sonhada. Ele afirma que assim como a tomada de decisão voluntária
referente a entes caracteriza tanto o estar desperto, quanto o sonhar,
qualquer outro modo de comportamento aberto aos seres humanos
acordados pode ocorrer também durante o sonhar (BOSS, 1979, p.
180).
A primeira diferença que Boss faz entre o sonhar e a vigília é a
maneira marcadamente diferenciada do campo de abertura
perceptiva e liberdade, aberto e mantido pela existência do sonhador
em ambos os estados (BOSS, 1979, p. 191). Em sua análise sobre a
natureza do sonhar, ele se encontra com o aperto da abertura
desempenhada no sonhar em oposição à amplidão da abertura
presente para o indivíduo desperto.
Há uma realidade diferente entre sonhar e estar desperto e,
consequentemente, modos distintos de experienciar essas realidades.
A existência de realidades paralelas: o sonhar e o estar desperto; é
defendida por Boss através da constatação de que o sonhador, muitas
vezes, reconhece que está sonhando e, assim, é capaz de distinguir
que não está vivenciando eventos reais tais como os que são dados
em vigília. (SANTOS, 2004 apud BOSS).
Existem, segundo Boss, diferenças qualitativas na abertura dos
dois estados: a abertura da experiência onírica é mais limitada que
a do estado desperto. Essa limitação do mundo onírico reflete nos
entes sonhados. Ao sonhar, os entes são apenas percebidos imediata
e sensorialmente, e no presente, ao passo que no estado desperto
além dos entes serem também percebidos de imediato, podem ainda
ser recordados ou esperados. (SANTOS, 2004 apud BOSS).
Boss (1977) relata sobre sonhos: “andar e sonhar, como duas
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maneiras diferentes de realização da mesma histórica existência
humana, estão fundamentalmente juntos na mesma existência” (p.
190), ou, “nós não temos sonhos, nós somos nossos sonhos” (Boss,
1963, p. 261). O sonho, para ele não é um conteúdo simbólico, como
diziam Freud e Jung, mas uma contínua existência que encontra
esclarecimento na continuidade das essências do estado consciente,
o que é presente na fenomenologia de Boss é a probabilidade do
acontecimento poder aparecer, sem a distorção das interpretações
teóricas.
O sonho desvela de sua maneira peculiar, sentidos conectados à
mesma abertura, seja por meio das sensações, das imagens, das
situações sonhadas, etc. (TORRES et al apud Boss, 1979).
3.CONSIDERAÇÕES FINAIS
O sonho é um caminho para ser e o sentido da Dasein análise.
Um caminho perto da autenticidade e distância dos diversos vícios
intelectuais presentes na contemporaneidade herdados do
pensamento moderno. O sonhar e o estar desperto é definido por
Boss (1979) através da constatação de que o sonhador, muitas vezes,
reconhece que esta sonhando e assim é capaz de distinguir que não
está vivenciando eventos real tais como os que são em vigília. Após
estudo de inúmeros sonhos, ele mostra que não existe ruptura entre
o modo de ser no sonhar e o modo de ser na vigília.
4.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BERVIQUE, J. A. TEORIAS E TÉCNICAS PSICOTERÁPICAS
Fenomenológicas, Existenciais e Humanísticas I. COLETÂNIA DE
TEXTOS. pág. 96, 2013.
BOSS, M. Na Noite Passada Eu Sonhei..., 3. ed. São Paulo:
Summus,1979(1975).
GINGER, S. Gestalt-Uma terapia de contato. Editora:Summus.
GOMES, W. Influências da Fenomenologia e da Semiótica na
Psicoterapia. PSICO. Vol. 12, pág. 127-144,1986.
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PERLS, F.S. Gestalt-terapia explicada. Editora:Summus, 1977.
PERLS, F.S. A abordagem gestáltica e a testemunha ocular da
terapia. Rio de Janeiro: Zahar,1997.
PORTELLA, D. C. P. et al. Existencialismo. Jornal Online Existencial.
Edição Especial. Caderno de Temas Existenciais, 2000.
SANTOS, Í. P. A. Sonho e alucinações visuais: Propostas
fenomenológicas para sua compreensão, interpretação e
intervenção psicológica. Perspectivas da Psicoterapia Existencial.
Universidade Paulista-UNIP e Universidade Alvorada/DF, Brasil, 2004.
TORRES, A. R. R. Esboço onírico na prática fenomenológicoexistencial. 2007.
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Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF
PERDAS PARENTAIS
LOPES, Mileni Cristina1
SANTOS, José Wellington dos2
1
Acadêmica do curso de Psicologia da FAEF- Garça– SP – Brasil. E-mail:
[email protected]
2
Docente do curso de Psicologia da FAEF- Garça- SP- Brasil. E-mail:
[email protected]
RESUMO
Os seres humanos precisam do outro para se desenvolver melhor
a sua personalidade, quando ocorre o rompimento deste vinculo
acontece diversas disfunções, principalmente quando for uma pessoa
amada. A morte do filho é considera uma dor intensa, cruel, dolorosa
é difícil de aceitar, pois não seguiu o ciclo de vida normal, dos mais
velhos partirem antes dos mais novos. Quando acontece ao contrario
do filho morrer antes dos pais, podem ocorrer diversos sentimentos
nos pais sendo o mais comum à culpa, pois sentem-se incapaz de ter
feito alguma coisa para evitar ou salvar o filho da morte. Muitas
vezes os casais se separam após a morte do filho, pois não encontram,
mas razoes para continuarem juntos.
PALAVRAS CHAVES: Filho, morte, pais e vínculos afetivos.
ABSTRACT
Humans need each other to better develop his personality, when
the breaking of this bond occurs various disorders, especially when
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a loved one occurs. The death of the child is considered an intense,
cruel, painful pain is difficult to accept because it did not follow the
normal life cycle, before departing for older youngsters. When it is
the opposite of child die before their parents, many parents may
experience feelings in the most common being to blame, because
they feel incapable of having done something to avoid or save his
son’s death. Often couples split up after the death of his son, did
meet, but reasons to stay together.
KEYWORDS: Son, death, parents and affective bonds.
1.INTRODUÇÃO
A todo momento em nossas vidas nos deparamos com as perdas
afetivas nos quais nos causam intenso sofrimento e dor, principalmente
quando perdemos uma pessoa que seja realmente significativa para
nós. E com bases nessas perdas que surgem diversas perguntas que
buscamos respostas: como será a vida diária com a ausência da pessoa
amada? Com bases nesse estudo focaremos nas perdas parentais de
como os pais reagem após a perda de seu filho pela morte, será que é
possível fazer o desligamento total desse vinculo? Ao longo desta
pesquisa buscaremos respostas para tais perguntas.
O objetivo geral desta pesquisa é investigar e compreender na
literatura psicológica sobre as perdas parentais. A pesquisa será feita
através da revisão de literatura através de textos que discutem sobre
o tema, sites de apoio, artigos acadêmicos e livros.
A realidade é o grande vilão do desejo, mas a realidade também
é bondosa, pois como uma mãe que às vezes é dura, ela nos ensina
a viver, a amar fazendo usufruir de tudo que a vida lhe oferece,
apesar das perdas que sofremos ao longo da vida. Desde cedo
presenciamos perdas, mas nossos educadores fazem de tudo para
evitarmos o contato com este tal sofrimento, temos sentimentos
negativos em relação à morte e a evitamos, portanto quando ficamos
frente a frente com a morte não sabemos como lidarmos com ela.
Quanto maior for o apego afetivo da pessoa amada, maior será o
sofrimento causado pela perda (COMIN, 2004).
O entorpecimento e a dificuldade de assimilar a perda são
características marcantes do luto. A primeira sensação após sofrer
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uma perda é de não acreditar no fato e a segunda sensação é de
negação da morte. Nesse momento o apoio familiar e amigos são
fundamentais no processo do luto, a dor da perda é muito intensa
para quem o vivencia e o enlutado sente-se sensível perante este
sofrimento, portanto o apoio emocional o ombro amigo as palavras
de conforto devem ser vindas com sinceridade (SOUZA, 2012).
Perder um filho é considerado a dor mais profunda, pois não é
um evento normal, interrompe o ciclo de vida natural, o considerado
normal é os pais morrerem antes do filho, quando acontece ao
contrario quebra-se o paradigma normal do ciclo de vida, os pais
sente-se severamente abalados com o fato, na qual a culpa são
sentimentos comuns, acham-se incapazes de proteger o filho
deixando-o morrerem (BRANDÃO, 2009).
Durante a todo o momento de nossas vidas há faltas, e, portanto
essas faltas nos trazem dor e sofrimento, pelo fato de não aceitar
essa dor que ocorre o luto, e quando não aceitamos a perda a dor
será maior. Sabemos que todo ser vivo tem inicio e infelizmente
terá um fim, mesmo sabendo disto preferimos acreditar que tudo
será eterno (COMIN, 2004).
Cada pessoa elabora e usam recursos diferentes para enfrentar
a dor da perda, cada um tem suas experiências, crenças e valores de
acordo com o histórico de vida, a perda de um filho é considerado
uma dor irreparável e injusta. (ALARCÃO, CARVALHO e PELLOSO,
2008).
2.ANALISE PSICOLOGICA DE PAIS QUE PERDERAM OS FILHOS
PELA MORTE
A dor da perda da pessoa amada é considerada uma dor terrível,
deixa marcas para sempre, mais a perda de um filho segundo Gonzala
(2006), é mil vezes pior, pois é uma dor injusta, profunda, extrema
e afeta todos os membros da família, o social e a estrutura familiar
(ALMEIDA, SANTOS e HASS, 2011citado por GONZALA, 2006). Embora
a dor da perda do filho seja diferente para cada um dos pais, pois
dependerá do vinculo afetivo que ambos os pais mantêm com o filho,
se o vinculo entre filho e pais for muito forte, a dor da perda será
devastadora e o luto perante essa dor será maior. A elaboração do
luto dependerá de como ambos reagirá após a morte do filho, à dor
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pode ser tão intensa para alguns pais que eles nem consigam ajudar
a si próprio (ALMEIDA, SANTOS e HASS, 2011).
A forma na qual ocorre à morte é um fator que influência bastante
no processo de luto, existem varias forma de a pessoa lidar com as
perdas, em casos de perdas por patologias graves a pessoa ao longo
do tempo vem se preparando, já em casos de perdas repentinas
como acidentes e suicídios há um alto grau de culpa e rejeição de
aceitar o fato da morte, são comuns os sentimentos de raiva pelo
falecido pelo fato de tê-lo deixado sozinho ou porque não conseguiu
fazer nada para que a morte fosse evitada. A morte de um filho
inesperada traz intensos conflitos para os pais, o processo de
elaboração é complicado causando desorganização, sentimentos de
impotência e principalmente sentem-se culpados com a morte
(PASSARO, GERARDI apud CASSELLATO, 1998). Na morte inesperada
não deu tempo de fazer despedidas do falecido, nesse caso não
ocorreu nenhum luto antecipatório.
Ao saber que o filho não existirá e não será mais membro da
família é muito doloroso, causando nos pais a sensação de falha e
irresponsabilidade na criação dos filhos (BRANDÃO, 2009, citado por
BROWN, 1995). Como no caso do incêndio da boate Kiss ocorrido em
27 de Janeiro de 2013 em Santa Maria (RS), vários pais perderam
seus filhos em um único dia. O que era para ser uma festa, uma
diversão para os jovens se tornou em tragédia, que levou mais de
240 jovens a morte. Os pais deram autonomia para seus filhos, na
qual todos os jovens buscam, naquele dia seria mais um dia de
diversão, entretenimento e lazer para os jovens, nunca se imaginou
que a diversão se tornaria em tragédia.
A morte não esperada dos filhos causou um grande choque inicial
para os pais quando souberam da noticia (SOUZA, 2012). Em relato
de uma mãe que perdeu sua filha após incêndio na boate Kiss:
Após um ano da tragédia na boate Kiss em Santa Maria, Ligiane Righi da Silva
mãe de uma das vitimas relata que ainda sente a presença da filha Adrielle
em quase todos os momentos, disse que algumas vezes nas refeições em
família coloca um prato de comida na mesa para a filha que morreu. A mãe da
vitima ainda relatou que luta na justiça para punir os envolvidos, pois quer
um ambiente de maior segurança para sua outra filha viva.(http://
www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/brasil/2014/01/26/
interna_brasil,486170/mae-de-vitima-da-boate-kiss-diz-que-ainda-colocaprato-na-mesa-para-filha.shtml).
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Ao perder um filho perdem-se muitas perspectivas de futuro,
pois é neles que os pais depositam sonhos, desejos e projetos de
futuro, um filho não é somente uma extensão biológica como também
psicológica pelo fato de todo amor, carinho, dedicação, atenção que
são investidos neles. Ao perder um filho, perdem-se parte de si próprio
(BRANDÃO, 2009). O tempo é o melhor remédio, só ele dará o conforto
necessário, só com o tempo os pais conseguiram entender o que de
fato ocorreu e começam a reorganizarem suas vidas conforme o
possível (PASSARO e GERARDI citado por VIORST 2004).
Diante de uma morte cuja causa não é natural crescem os sentimentos de
incompreensão, injustiça e revolta. A perda torna-se inaceitável, por tirar
dos seus filhos o direito de viver, diferentemente de quando a morte acontece
pelo processo natural de envelhecimento ou doença. Quando ela ocorre por
ato de crueldade dos homens se torna inadmissível e inconfortável para as
mães (ALARCÃO; CARVALHO E PELLOSO, 2008).
As mães são aquelas que talvez sintam mais culpadas pela morte,
pois tem a crença que poderia ter feito algo na qual tivesse evitado
a morte e ter salvo o filho, também podem pensar que cometeu um
pecado por não cumprir os deveres maternos e o ter deixado o filho
morrer antes dela.
A partir do momento que este ligamento afetivo é rompido
inesperadamente, o sistema familiar muda, os pais tem a sensação
de fracasso em relação à criação do filho, sentem-se incapazes de
serem cuidadores. Quando a morte é inesperada há grandes chances
de luto perturbado. Para superar a perda inesperada os pais
necessitam de tempo para se ajustar-se a vida sem o filho, deverá
ajustar-se ao novo modelo do funcionamento familiar, quanto mais
dramático for à morte do filho maior será o tempo para assimilar a
nova situação, nesse caso a perda de interesse pelo mundo externo
é comum perante a fatalidade que sofreu (ALMEIDA, SANTOS e HASS,
2011).
A mãe ao perder um filho de uma maneira brusca e inesperada,
o sentimento de perda é irreparável é comum que esse sentimento
ao longo do tempo se agrave, levando a não aceitação da morte,
levando a desorganização em sua vida diária e impotência. Para
uma mãe o sentimento pelo filho continua preservados e sempre
são revividos em lembranças. (ALARCÃ, CARVALHO E PELLOSO, 2008).
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O choque da perda dos filhos causa um grande impacto na vida
diária dos pais, segundo os autores Casellato e Motta (2002) são
divididos em quatro dimensões, são elas: a individual, conjugal,
familiar e a social. A seguir explicaremos as quatro dimensões
(PASSARO, GERARDI citado por CASELLATO e MOTTA, 2002).
A primeira dimensão é a individual é relatada por mães que
vivenciaram a perda do filho, a mãe enlutada perde parte de si
mesma, perde sua esperança de cuidadora e também perde sua
identidade. Segundo Weiss (apud Coelho, 2000) o luto individual segue
três principais tarefas na elaboração do luto, tais como: o fato de
continuar a vida diária mantendo uma vida com qualidade seguindo
adequadamente os papeis sociais (PASSARO e GERARDI citado por
COELHO, 2000);
A segunda dimensão é a conjugal, a morte do filho tem efeitos
diferentes na vida do casal, pois cada um tem seu modo de pensar e
reagir e lidar com o pesar, nesta fase pode ocorrer conflitos como
problemas sexuais. Os pais têm sentimentos ambivalentes perante a
morte, quebram-se padrões na vida do casal, es colocarem culpa no
outro. O divorcio pode ocorrer nessa fase, pois o filho era o que
mantinha o casal junto e sem ele não há razoes para os pais
continuarem juntos;
A terceira dimensão é a familiar, a perda causa grandes impactos
no sistema familiar, a família deve se reorganizar perante a ausência
do membro falecido, devem-se estabelecer regras e papeis para os
membros sobreviventes. Portanto a família deve se readaptar e
continuar a vida diária e sempre buscando manter o equilíbrio;
A quarta e ultima dimensão é a social, a perda de um filho causa
um grande impacto na vida dos pais, é um evento significativo, e a
sociedade muitas vezes não sabe lidar com os pais enlutados e agem
de forma inadequada. Muitos mitos e crenças são descritos pela
sociedade tais como: os pais reagem da mesma forma ao perderem
um filho, mais ao longo do tempo a dor passará e retornará a vida
diária como era antes da perda ou também que não é o fim do mundo
que ainda existem pessoas vivas que os amam (PASSARO e GERARDI,
citado por CASSELATO e MOTTA, 2002).
A morte de um jovem é interpretada como interrupção no seu ciclo biológico
e isso provoca sentimentos de impotência, frustração, tristeza, dor, sofrimento
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e angústia. Sabe-se que a morte é um fato inevitável, contudo, é difícil aceitar
que aconteça precocemente. Lidar com a morte é uma questão difícil, muito
pior quando ocorre com um filho, isso porque a morte de um jovem é uma
situação que não é naturalmente pensada pela família, pois o normal seria
que os pais morressem antes na perspectiva do ciclo vital (ALARCÃO; CARVALHO
E PELLOSO, 2008).
Não importa qual seja a idade do falecimento do filho a dor será
intensa, injusta e marcante para todos os membros da família. A
morte quando ocorre no parto ainda não se estabeleceu um vinculo
afetivo entre a família. O sentimento de culpa da mãe pode se
estabelecer por não conseguir manter uma gravidez segura durante
a gestação, nesse caso deve ser trabalhada a perda com ambos e o
apoio familiar e de amigos são fundamentais nesse processo, se caso
houver trauma nesse período é possível que haja separação do casal
(BRANDÃO, 2009).
Quando o bebê nasce com algum tipo de anomalias ou doenças
crônicas e graves e leva a falecer logo nos primeiros dias ou meses
de vida, os pais frequentemente têm sentimentos de frustação, pois
foram depositados no bebê sonhos, expectativas, esperanças de uma
vida melhor para o filho e não foi possível concretizar todos os desejos
dos pais após a morte (BRANDÃO, 2009).
A morte quando ocorre com o filho ainda criança, causa intensos
conflitos e culpa dos pais por não serem capazes o suficiente para
cuidar do filho, pois a criança precisa dos cuidados dos pais para
sobreviver e manterem seguras. Os papeis da criança quando falecida
influência diretamente de como os pais iram reagir, por exemplo, a
perda de um único filho, morte em acidentes, única menina ou único
menino entre irmãos esses tipos de mortes podem ser muito difíceis
de fazer o luto (BRANDÃO, 2009).
Quando a morte ocorre na adolescência, fase da vida complicada,
tumultuada e estressante para pais e filhos. Nessa fase a maioria
das mortes acontece por acidentes ou suicídio, assim o grau de
ruptura tende a ser maior para os familiares e pais. Esse rompimento
pode gerar conflitos em todos os membros da família, podendo
ocorrer divorcio, depressão ou doença física, geralmente ocorre em
filhos adolescentes vivos que presenciam a dor da perda (BRANDÃO,
2009).
A morte do filho na vida adulta é profunda e injusta é uma dor
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duradoura, é a fase na qual os filhos estão cheios de planos e desejos
para o futuro. Os familiares sobreviventes ficam paralisados perante
essa dor e perdem a motivação de continuar seus projetos de vida.
Alguns pais tem dificuldade para lidarem com os filhos vivos e passam
a terem sentimentos ambivalentes, por um lado temem em investir
afetivamente no filho e novamente ocorrer à perda e já por outro
lado superprotegem o filho com medo que o percam novamente.
(BRANDÃO, 2009).
Quanto maior for o investimento afetivo objetal, maior será a
energia para o desligamento deste vinculo afetivo, então se
imaginamos quanta energia será necessária para os pais se desligarem
de seus filhos, se isso for possível, pois os pais que tiverem grandes
vínculos com seus filhos nunca será possível romper afetivamente,
mesmo que o fato da morte tenha ocorrido há muito anos (OLIVEIRA
e LOPES, 2008).
3.CONSIDERAÇÕES FINAIS
Todos seres vivos irão passar pela experiência da morte ou
presenciaram a morte de uma pessoa amada. Não é fácil lidar com
as perdas é difícil aceitar e lidar com ela, pois é uma dor injusta e
profunda. Portanto podemos considerar que a morte de um filho é
ainda mais doloroso, pois acredita-se que deve seguir o ciclo de vida
natural dos pais que são mais velhos partirem antes do filho que
ainda é novo. Quando acontece a morte do filho os pais que realmente
amaram seus filhos nunca se esquecerá do filho morto, sempre será
lembrado, mesmo que a morte tenha ocorrido há muitos anos atrás.
A morte repentina dos filhos causa ainda mais danos nos pais, pois é
uma morte inesperada e com isso ficam-se buscando respostas
intermináveis porque o filho e não “eu” que seria os pais.
A culpa frequentemente é um sentimento comuns nos pais, pois
acham-se que tinham dever de proteger sua prole, evitando qualquer
dano e sofrimento ao filho. O filho é considerado como a continuação
dos pais. Alguns pais vivem em função dos filhos e quando acontece
o rompimento desse laços afetivo pela morte causam diversas
disfunções na vida familiar, social e intima é comum nessa fase
ocorrer separações do casal, pois o casal não vê mais nenhum motivo
para estarem juntos.
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O luto patológico acontece quando os pais apesar da morte do
filho ainda vivem em função do filho falecido e quando se tem outro
filho surgem sentimentos ambivalentes em relação ao filho vivo, ao
mesmo tempo que temem em investir afetivamente no filho e perder
o filho novamente e por outro superprotegem com medo de perder
novamente.
É importante que os pais consigam retornar a vida diária, e
aproveitar as pessoas vivas que estão ao seu lado. Não há formulas
que façam os pais se desligarem dos filhos mortos e nem é possível,
o único remédio é o tempo que lhe darão o conforto necessários e o
apoio familiar perante o enlutado.
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
ALARCÃO, A. C. J; CARVALHO, M. D. de B.; PELLOSO, S. M. A morte
de um filho jovem em circunstancias violenta: Compreendendo a
vivencia da mãe. Maringá, 2008.
ALMEIDA, E. J. de; SANTOS, S. G; HASS, E. I. Padrões especiais em
mães que perderam filhos por morte súbita. Revista de Psicologia
da IMED, vol.3. p.607-616, Porto Alegre, 2011.
SOUZA, A. P de. A morte de um ente querido: a espiritualidade
como facilitadora do processo de luto. Belo Horizonte, 2012.
PASSARO, B. M.; GERARDI, C. B. Como eu vivo é a maior homenagem
para meu filho... São Paulo, 2006.
BRANDÃO, F. R. M. A Repercussão da morte de um filho de um filho
na organização e estrutura familiar: Uma revisão de literatura. S/
C, 2009.
BOWLBY, J. Formação e Rompimentos dos Laços Afetivos. São Paulo:
Martins Fontes, 1997.
COMIN, O.J. Revista: Luto, viver apesar de tudo. Psicologia Brasil,
2. nº 15. Novembro 2004.
MELO, R. Processo de luto: O inevitável percurso face a
inevitabilidade da morte. S/C, outubro jovem em cir. 2004.
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OLIVEIRA, J. B. A. de; LOPES, R. G. da C. O Processo de luto no
idoso pela morte de cônjuge e filho. Maringá, v.13, n.2, p. 217221, abri/jun. 2008.
Disponível:http://www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/
brasil/2014/01/26/interna_brasil,486170/mae-de-vitima-da-boatekiss-diz-que-ainda-coloca-prato-na-mesa-para-filha.shtml, acessado
em 05/04/2014.
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REVISÃO HISTÓRICO CRÍTICA SOBRE O
ATENDIMENTO AO ADOLESCENTE INFRATOR NO
BRASIL E O PAPEL DO PSICOLOGO
Danuza SAES1
1
Departamento de Psicologia, Faculdade de Ensino Superior e Formação
Integral – FAEF, Garça – SP, Brasil, [email protected]
RESUMO
O atendimento ao adolescente infrator no Brasil se confunde
com a história do atendimento à criança e adolescentes excluídos e
marginalizados e as políticas de atendimento têm a marca do
abandono e da punição. Apenas nas últimas décadas, a partir de
forte movimento nacional e internacional, começaram a existir leis
e políticas para garantir os direitos desta população, como o ECA,
mas que ainda estão longe de serem efetivadas. Um dos avanços
deste setor foi a inserção do trabalho do psicólogo que hoje já conta
com suficientes regulamentações e reconhecimento.
PALAVRAS – CHAVE: Adolescente Infrator, Psicólogo, ECA.
ABSTRACT
The offending adolescent care in Brazil is intertwined with the
history of child care and excluded and marginalized young people
and care policies have the mark of abandonment and punishment.
Only in recent decades, from a strong domestic and international
movement, began to be laws and policies to ensure the rights of this
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population, such as ACE, but are still far from being effected. One
of the advances in this sector was the inclusion of the work of the
psychologist who today has sufficient regulations and recognition..
WORD KEYS: adolescent Offenders, psychologist, ECA
INTRODUÇÃO
Para compreendermos a inserção e contexto do trabalho do
Psicólogo junto ao adolescente infrator, faz-se necessária uma
contextualização histórica, cultural, social e política do atendimento
a esta população não só por este profissional, mas por toda uma
rede onde este se integra.
Precisamos também compreender que ao falarmos de criança e
adolescente estamos nos remetendo a um conceito circunscrito
histórica, geográfica e culturalmente, pois, cada época e contexto
deram sua própria interpretação sobre estes. (Ariés, 1981 ; Cruz e
Guareschi; 2005)
A invenção e construção destes termos, bem como, as condutas
e políticas de atendimento estão relacionadas à intervenção social
e controle que passaram pela exclusão, caridade, filantropia,
eugenia, pela gestão e tutela de acordo com os interesses e relações
de poder dominantes, portanto, as práticas de atendimento á criança
e adolescente não podem ser pensadas sem levar em consideração
estas forças. (Ariés, ; Cruz e Guareschi; 2005; Arantes, 2011)
DESENVOLVIMENTO
Desde o período da colonização brasileira, encontramos registros
acerca destas práticas, que parecem deixar claro que não existia
uma categoria universal de criança, pois, fossem elas portuguesas,
escravas ou indígenas possuíam diferentes olhares e pareciam não
compartilhar da mesma natureza humana. (Priore e Venâncio, 2010;
Arantes, 2009)
As crianças indígenas brasileiras foram a via de acesso para que
os jesuítas pudessem incutir nestes povos sua própria cultura e crença
religiosa, para tanto, já se praticava o afastamento do convívio
familiar e comunitário para o recolhimento em locais determinados
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pelos religiosos. (Priore e Venâncio, 2010; Arantes, 2009)
Em período, subseqüente surgem as rodas dos expostos,
destinadas a recolher os filhos gerados em situações de adultério,
miscigenação, entre outras que diferiam dos padrões exigidos pela
família tradicional, lá eram simplesmente abandonados sem qualquer
implicação para quem o fizesse. (Priore e Venâncio, 2010; Arantes,
2009)
As Casas de Misericórdia, colônias agrícolas e Orfanatos surgiram
no sentido de dar algum apoio às crianças abandonadas; estas casas
de caráter religioso subsistiam de donativos e espalharam – se pelo
país, nelas as crianças viviam em péssimas condições e havia alto
índice de mortalidade, sendo que as que sobreviviam eram
encaminhadas precocemente ao trabalho, abandonadas ou
dependiam da “caridade cristã”. (Priore e Venâncio, 2010;
Arantes,2009)
Com o Brasil independente, proclamada a República, a
industrialização crescente e abolição da escravatura houve aumento
do aglomerado urbano, piora na qualidade de vida da população e
aumento da criminalidade. Assim, um grande número de pessoas,
inclusive crianças e jovens, independentemente de suas idades, foram
enviadas para as “Casas de Correção”, muitas vezes, por motivos
injustificados. (Priore e Venâncio, 2010)
Inicialmente, se a autoridade judiciária verificasse que houve
discernimento, a criança receberia o mesmo tratamento de um
adulto, mas nesta época começa a surgir uma preocupação com as
crianças e adolescentes que cometessem delitos. (Arantes, 2009)
Começa a surgir o termo “menor” para crianças abandonadas e
supostamente criminosas e para estas busca-se uma tutela que tinha
caráter correcional, repressivo e punitivo, justificada em nome da
prevenção e do seu bem estar. (Arantes, 2009)
Em 1861 é decretada a criação do Instituto de Menores e a Casa
de Correção da Corte, para dar abrigo às crianças e aos jovens em
situação de criminalidade, porém, estes locais só vão efetivamente
surgir no final do Século XIX. (Marcílio, 2001)
Nestas casas, o maior objetivo era a educação moral e religiosa
e o instrumento utilizado para tanto eram os castigos corporais, o
período de internação era longo: ia desde oito anos até a idade de
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maioridade. Ao término desta internação, os jovens eram transferidos
para escolas de guerra. (Marcílio, 2001)
Em 1891 a maioridade penal é estabelecida aos nove anos, e
houve a criação de um juízo específico para menores, mas em 1927
entra em vigor o Código de Menores, que estabeleceu a maioridade
penal aos 18 anos e transformou o ‘menor’ em uma categoria jurídica.
(Marcílio, 2001)
Neste período, médicos, juristas e outros homens da ciência
começaram a propagar idéias higienistas que preconizavam a pobreza
e a hereditariedade como fatores determinantes do comportamento
delitivo, assim, seria necessário o afastamento das crianças de seu
ambiente sócio familiar a fim de que recebessem educação e hábitos
adequados. (Oliva e Kauchakje, 2009)
Em 1941, no governo Getúlio Vargas, é criado o SAM – Serviço de
Assistência ao Menor, na tentativa de congregar o aparato público e
instituições particulares, criando normas para seu funcionamento e
atendimento, tendo caráter centralizador e baseado no Ministério
da Justiça. (Cruz e Guareschi; 2005)
Este órgão legitimava a doutrina da situação irregular e partia
de posturas coercitivas e excludentes, bem como atendia
precariamente as crianças, com instituições inchadas, grande número
de fugas, rebeliões e denúncias de abusos e maus tratos, até que
uma comissão de inquérito extingue o SAM. (Cruz e Guareschi; 2005)
Em 1964 com o golpe Militar é criada a FUNABEM (Fundação
Nacional de Bem Estar do Menor), subordinada financeira e
administrativamente à Presidência, passa a tratar o menor como
assunto de Segurança Nacional, herdando do SAM as locações,
funcionários, internos e as práticas repressivas, não concretizou suas
propostas originais de prevenção e descentralização e não melhorou
a situação das crianças na prática. (Alves,2001; Cruz e Guareschi;
2005)
Em 1976 a Funabem é extinta e passa a se chamar FEBEM
((Fundação Estadual para o Bem Estar do Menor). Esta instituição
era destinada a atender tanto crianças “abandonadas” quanto
infratores. (Alves,2001; Guirado, 1985)
Desde sua criação ela foi alvo de críticas por ser uma instituição
conservadora, contrária à mudança, que resiste em romper com a
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violência física e, ainda sofria de mazelas como escassez de
funcionários, super lotação, inadequação dos espaços, prevalecendo
o mal estar até mesmo entre os funcionários. (Guirado,1985; Lima,
2006)
Em 2006 a FEBEM passa a se chamar Fundação Casa, com o intuito
de marcar uma época de alteração, descentralização do atendimento,
fim das grandes unidades, entre outras promessas. (disponível em
www.fundacaocasa.sp.gov.br/)
Em relação à legislação que regula o atendimento ao adolescente
infrator vemos que houve um longo caminho que se iniciou com lutas
e debates de âmbito nacional e internacional. (Oliva e Kauchakje,
2009)
Os primeiros grandes marcos foram : a Declaração de Genebra
de 1924 convenção e Declaração Universal dos Direitos Humanos de
1948 e convenção americana dos direitos Humanos de 1969. Tais
documentos aliados a intensa mobilização, geraram debates que se
refletiram no Brasil. (Lima,2006; Oliva e Kauchakje, 2009)
A constituição de 1988 foi o primeiro dispositivo nacional a
assegurar direitos das crianças e adolescentes. (Brasil, 1988)
Em 1990 é promulgada a importante Lei 8069/90, denominada
Estatuto da Criança e do Adolescente. (Lima,2006; Brasil,1990)
Trata-se de uma lei civilizatória que trouxe inúmeras inovações
e avanços, pois, passa a tratar a criança e o adolescente como
prioridade absoluta, como merecedores de proteção integral, pessoas
em condição peculiar de desenvolvimento e, mais que isso, os eleva
a categoria de sujeitos e cidadãos. (CFP, 2011)
Ele é dirigido á todas as crianças e adolescentes e rompe com a
doutrina da situação irregular. Traz um grande avanço em relação
ao adolescente infrator, pois, o responsabiliza, mas assegura ao
mesmo direitos individuais e processuais. (CFP, 2010 e 2011)
Determina medidas sócio educativas: advertência, obrigação de
reparar o dano, prestação de serviços a comunidade, liberdade
Assistida, Semiliberdade e Internação; que deverão ser impetradas
de acordo com a natureza do ato, bem como, capacidade do
adolescente e o afastamento do convívio social que sempre deverá
respeitar os princípios de brevidade e excepcionalidade. (Brasil,1990,
CFP, 2010)
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As medidas, segundo o ECA, devem ser cumpridas segundo
algumas prerrogativas, assegurando-se sempre ao adolescente, em
qualquer uma delas, as condições de vida,saúde,educação,bem como,
atendimento adequado. (Brasil,1990. CFP, 2010)
Em 2006, complementado a implementação do Eca, surge o
SINASE (Sistema Nacional De Atendimento Sócio Educativo) que
organizado pela Secretaria Nacional de direitos Humanos e Conselho
Nacional dos direitos da Criança e do Adolescente, visa enfrentar as
situações de violências e violações de direitos no cumprimento de
medidas sócio educativas. (Brasília,2006)
Ele busca ser um sistema integrado que articula as diversas
esferas de poder e de atendimento ligadas às medidas sócio
educativas e, ainda, formular diretrizes de atendimento.
(Brasília,2006)
Diante de todo este avanço, ainda nos defrontamos com situações
reais de violência e violação e direitos conforme constatação
realizada por inspeção nas Unidades de Internação de todo os país
realizada em parceria entre a OAB e o conselho Federal de Psicologia.
(CFP, 2006)
Este documento comprova que de forma generalizada pelo país
nos defrontamos com situação de barbárie e péssimo atendimento
nas medidas sócio educativas de internação. (CFP, 2006)
Mas, sabemos que não cabe á apenas um conjunto de leis mudar
a realidade e as práticas de uma sociedade, há ainda muitos desafios
a resistir e combater. pois, ainda não há efetividade nas ações e
promoção dos direitos da criança e adolescente em termos de
políticas públicas. (Oliva e Kauchakje, 2009)
Os centros de internação, em nosso país, ainda sofrem de
precariedades, superlotação, condições de insalubridade, abusos,
descasos, torturas físicas e psicológicas, assim, a prática institucional
que predomina é a não socializadora composta por elementos de
insegurança,medo e violência (Napoli, 2011; Coutinho e cols,2011)
O que verificamos na prática é que as Instituições que prestam
atendimento aos adolescentes infratores, em regime de internação,
acabam por reproduzir a cultura presidiária, em suas regras,
linguagens e ritos, em geral, são se mostram sistemas refratários e
resistentes a mudança. (Lima, 2006)
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A internação possui, na verdade, um tríplice aspecto: punir,
intimidar e recuperar o infrator, contudo, esses três aspectos não se
coadunam e um impede a realização do outro. (Jessé,1998)
Os sistemas fechados não dão possibilidades de êxito aos
profissionais responsáveis pelo tratamento, já que os agentes não
podem conciliar uma tarefa custodial com uma missão terapêutica,
assim, as medidas em meio aberto vêm sendo amplamente utilizadas
no mundo inteiro. (Jessé,1998)
As instituições fechadas são claras representantes do que
denominaram como instituições totais, isto é, espaços destinados
ao controle social e perpetuação do status quo vigente, pois,
controlam a vida dos indivíduos a ela submetidos que são
desapropriados de sua individualidade através das regras que os
impõe. (Foucault 1999; Goffman (1987)
Nestas instituições prevalecem as relações sociais autoritárias e
até mesmo violentas, sendo que esta violência vai desde a humilhação
até o dano físico. E em resposta os internados criam sistemas próprios
para burlar as leis institucionais impostas, desenvolvem uma
linguagem própria e controles sociais informais. (Goffman ,1987)
O que impera nestas instituições são as relações de poder, um
grupo é “subordinado” a outro que vai remodelar e vigiar o primeiro,é
o poder da disciplina na “construção” e controle dos indivíduos.
Vemos ainda que, o exame e a avaliação dos “internados” é um dos
instrumentos de reprodução e manutenção do poder e da disciplina.
(Foucault, 2008)
Não podemos desconsiderar o sofrimento emocional que é
produzido nos funcionários através das relações que são estabelecidas
neste contexto que, muitas vezes, tendem a reproduzir a cultura
vigente da violência, do poder e da submissão. (Lima, 2006)
O ECA, na exigência do trabalho multiprofissional ao adolescente
infrator, assegurou a inserção e manutenção do psicólogo nas
instituições que prestam este tipo de atendimento, assim, se por
um lado abre-se um fértil campo de trabalho, por outro temos de
nos posicionar profissionalmente no enfrentamento das mazelas que
ainda fazem parte destes contextos. (CFP, 2010)
As questões relacionadas ao trabalho do psicólogo junto ao
adolescente infrator e em medidas sócio educativas é tão complexa,
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que o próprio Conselho Federal de Psicologia tem se mobilizado em
reflexões e debates que se refletiram no seminário Nacional sobre a
Atuação dos psicólogos junto aos adolescentes privados de Liberdade
que ocorreu em 2006, bem como, na Cartilha de Referências técnicas
para atuação de psicólogos no âmbito das medidas sócio educativas
em Unidades de Internação (CFP, 2006;CFP,2010)
O psicólogo que atua inserido neste sistema de atendimento
necessita refletir sobre seu papel nele, pois, ele tem como obrigação
realizar uma intervenção crítica e transformadora, eximindo-se de
preconceitos e estigmas, promover condições para combater todas
as violações que ali ocorrem, sem qualquer neutralidade neste
sentido. (KOLLER, 2002; CFP, 2010)
Sua contribuição vai além de subsidiar decisões judiciais, ele
deve prestar um atendimento de qualidade ao adolescente que
infraciona, considerando o contexto de sua história , sua
subjetividade,bem como, situando-o em um contexto social, político
e cultural, compreendo todas as variáveis implicadas em seu
comportamento. (CFP, 2010)
Ainda, deve ter conhecimento teórico e técnico vasto na área,
bem como, de todos os documentos, normativas e regulamentações
que o embasam, não restringindo seu trabalho a elaboração de
relatórios, mas sim abarcara aplicação de todas as suas técnicas na
rotina de atendimento, nas mais diversas situações e contextos,
proporcionado experiências terapêuticas e de ressignificação.
(KOLLER, 2002; CFP, 2010)
CONCLUSÃO
Ao longo da história da humanidade e em diferentes civilizações,
crianças e adolescentes vêm sendo tratados de forma desrespeitosa,
vítimas de todo tipo de violência, mas muitos avanços ocorreram
com base em lutas, debates, que geraram legislações e mudanças
institucionais. Mas, ainda há muito que se conquistar, pois, é
necessário implementar e aprimorar o Eca para transformá-lo em
realidade para toda a população.
As medidas sócio educativas carecem de efetividade e ainda são
pautadas em modelos de disseminação e manutenção da violência e
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do sofrimento, e as políticas públicas pouco respaldo oferecem para
uma mudança efetiva nestas práticas.
Uma das grandes conquistas no atendimento ao adolescente
infrator foi a obrigatoriedade de atendimento Psicossocial, o que
assegurou a atuação do Psicólogo nesta área, abrindo-se um grande
campo de trabalho, bem como, de intervenção junto a esta
população.
Hoje já é possível para este profissional, contar com Referenciais
técnicos que dão suporte a sua atuação, que deve ser pautada em
amplo conhecimento teórico e técnico, bem como, em
posicionamentos éticos e humanizadores.
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SÍNDROME DA ALIENAÇÃO PARENTAL (SAP): O
PERFIL DO ALIENADOR
HANDA, Luciana Zombini¹
FONSECA, Bárbara Cristina Rodrigues²
¹, Acadêmica do curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e
Formação Integral- FAEF . E-mail para contato:
[email protected]
² Pedagoga, Orientadora Educacional, Psicóloga clínica e Docente Mestre
do curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e Formação
Integral- FAEF. E-mail para contato: [email protected]
Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral- FAEF – Garça – SPBrasil - http://www.grupofaef.edu.br/
RESUMO
Em decorrência dos altos índices de divórcio no Brasil constatase que muitas são as marcas deixadas nos cônjuges e filhos, sendo
essas muitas vezes desencadeadas por sentimentos de ódio, raiva,
repulsa, vingança, mentiras e contradições. Por meio desses
sentimentos instigam os filhos a que desenvolvam atitudes e
sentimentos negativos contra o cônjuge que não detém a guarda. O
presente estudo objetiva traçar o perfil do genitor alienador bem
como identificar como esse genitor age em relação aos filhos e genitor
alienado.
Palavras-chave:
Alienador. Perfil.
Divórcio. Sindrome Alienação Parental.
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ABSTRACT
Due to the high divorce rates in Brazil-it appears that many are
the marks left on spouses and children, and these often triggered by
feelings of hatred, anger, disgust, revenge, lies and contradictions.
By means of these feelings entice children to develop negative
attitudes and feelings toward the spouse who has custody. This study
aims to profile the alienating parent and to identify how this parent
acts in relation to the children and the alienated parent.
Keywords: Divorce. Parental Alienation Syndrome. Alienating.
Profile.
INTRODUÇÃO
Em 2011, o Brasil registrou a maior taxa de divórcios desde 1984,
chegando a 351.153, um crescimento de 45,6% em relação a 2010,
quando foram registrados 243.224. O casamento também aumentou,
em 2011 foram registrados 1.026.736 casamentos, 5% a mais que no
ano anterior. O ano de 2011 foi o primeiro no qual as novas regras
foram observadas, revelando que o número de separações caiu de
67.623 processos ou escrituras, em 2010, para 7.774 e a taxa de
divórcio aumentou. O aumento do número de divórcios ocorreu devido
à aprovação da Emenda Constitucional nº 66 que eliminou os prazos
para o divórcio ao extinguir o instituto da separação judicial, evitando
os longos processos em que se buscava quem era o culpado pelo fim
do casamento (IBGE, 2011).
Verificou-se, também, que as mulheres ainda são a maioria na
responsabilidade pela guarda dos filhos. Entretanto, houve um
aumento de 5,4% na guarda compartilhada, que representa mais
que o dobro do verificado em 2001. A guarda compartilhada foi mais
frequente no Pará e no Distrito Federal. A Lei 11.698/2008 prevê
que, sempre que for possível, a guarda compartilhada, modelo de
convivência em que pai e mãe se responsabilizam conjuntamente
pela educação e cuidado com os filhos, deverá ser decretada pelo
juiz (ANOREG/DF, 2013).
Diante da realidade do divórcio no Brasil e, em se tratando do
evento mais estressante no ciclo de vida dos indivíduos, verifica-se
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que as consequências nos filhos são preocupantes e significativas. A
saída de um dos pais da residência não é a única mudança na vida
dos filhos que acompanha o divórcio parental. Podem acontecer:
declínio econômico, mudança de casa e de escola e afastamento de
amigos (AMATO, 2001; HETHERINGTON; STANLEY-HAGAN, 1999). Neste
sentido, Souza (1999) acrescenta outras mudanças, tais como, menos
acesso a avós, menos contato com um dos pais, instabilidade
produzida e o possível prolongamento do conflito parental através
de disputas de guarda e pensão. O recasamento também pode ser
encarado como uma das possíveis consequências, criando uma teia
complexa de relacionamentos (DANTAS at al., 2004).
A literatura científica tem explorado e descrito numerosos fatores
que contribuem para as adaptações que o ajustamento de crianças
e adolescentes pós-divórcio enfrentarão como o tempo de separação,
as características da personalidade desses, sua idade na ocasião da
separação, o gênero, o nível de conflito entre os pais e a qualidade
da parentalidade (AMATO, 2006).
Segundo Alemão (2012), no Brasil, a Alienação Parental surgiu com
mais intensidade quase simultaneamente com a Europa em 2002, mas
entrou em vigor em 2010. Conforme o art. 2º da Lei 12.318/10 (BRASIL,
2010) que passou a ser uma das mais recentes conquistas, ligada à
garantia da convivência familiar e direitos da criança e do adolescente:
Considera-se ato de Alienação Parental a interferência na formação psicológica
da criança ou adolescente, promovida ou induzida por um dos genitores, avós
ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob a autoridade, guarda ou
vigilância, para que repudie genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento
ou à manutenção de vínculos com este.
O artigo 1º da Lei 12.318/10 (BRASIL, 2010) define ainda a
Alienação Parental como sendo:
“(...) ato de alienação parental a interferência na formação psicológica da
criança ou do adolescente promovida ou induzida por um dos genitores, pelos
avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob a sua autoridade,
guarda ou vigilância para que repudie genitor ou que cause prejuízo ao
estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este” (LAP, 2010: art.1º).
Quando no divórcio a guarda dos filhos não é compartilhada entre
os pais a probabilidade de ocorrência da Síndrome da Alienação
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Parental – SAP é significativa. Segundo Trindade (2007), essa síndrome
é um transtorno de ordem psicológica que agrega sintomas em que
um genitor – denominado alienador - mediante várias estratégias
visa o impedimento e destruição de seus vínculos com o outro genitor
– denominado alienante – sem que se tenham motivos reais e
relevantes para essa prática.
No entanto, a literatura existente sobre o assunto enfatiza, em
sua maioria, os reflexos da SAP nas crianças envolvidas, no entanto,
muito pouco se procura esclarecer o perfil do alienador nessa prática.
O alienador é, na maioria das vezes, a mãe por ser detentora da
guarda monoparental muito utilizada no Brasil, pois tem mais tempo
de se relacionar com a criança, e ainda por quase sempre estar
movida pela raiva e ressentimento decorrentes do fim do
relacionamento conjugal. O alienador pode ser ainda avós, familiares,
padrasto/madrasta, pai e amigos que exerçam esse papel com o
objetivo de dificultar a relação entre a criança e o cônjuge alienado
(SILVA, 2011).
O presente artigo tem o intuito de estudar a Alienação Parental
no tocante ao perfil do alienador os diversos motivos que o levam a
manipular a criança até afastá-la do cônjuge alienado caracterizando
a Síndrome de Alienação Parental (SAP).
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO PERFIL DO ALIENADOR
Silva (2011) descreve o perfil psicológico do alienador como
exercendo o papel de “vítima “perante outros profissionais, amigos
e Judiciário; esquizo-paranóide que consegue fazer uma divisão rígida
das pessoas em “boas “ (a favor dela) e “más”(contra ela) sentindose perseguido, injustiçado e indefeso; psicopata que não sente culpa
ou remorso, não tendo a mínima consideração pelo sofrimento alheio
(filhos), nem respeitando regras, leis e sentenças judiciais.
Alemão (2012 apud Trindade, 2007) descreveu amplamente as
características, condutas, comportamentos e sentimentos do genitor
alienador, a saber:
1- Comportamentos: dependência; baixa autoestima; condutas
de não respeitar as regras; hábito contumaz de atacar as decisões
judiciais; litigância como forma de manter aceso o conflito familiar
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e de negar a perda; sedução e manipulação; dominância e imposição;
queixumes; histórias de desamparo ou, ao contrário, de vitórias
afetivas; resistência a ser avaliado e; resistência recusa, ou falso
interesse pelo tratamento.
2. Condutas: apresentar o novo cônjuge como novo pai ou nova
mãe; interceptar cartas, e-mail s, telefonemas, recados, pacotes
destinados aos filhos; desvalorizar o outro cônjuge perante terceiros;
desqualificar o outro cônjuge para os filhos; recusar informações
em relação aos filhos (escola, passeios, aniversários, festas etc.);
falar de modo descortês do novo cônjuge do outro genitor; impedir
visitação; “esquecer” de transmitir avisos importantes/compromissos
(médicos, escolares, etc.); envolver pessoas na lavagem emocional
dos filhos; tomar decisões importantes sobre os filhos sem consultar
o outro; trocar nomes (atos falhos) o sobrenomes; impedir o outro
cônjuge de receber informações sobre os filhos; sair de férias e deixar
os filhos com outras pessoas; alegar que o outro cônjuge não tem
disponibilidade para os filhos; falar das roupas que o outro cônjuge
comprou para os filhos ou proibi-los de usá-las; ameaçar punir os
filhos caso eles tentem se aproximar do outro cônjuge; culpar o
outro cônjuge pelo comportamento dos filhos e; ocupar os filhos no
horário destinado a ficarem com o outro;
3. Outros comportamentos: obstrução a todo contato; falsas
denúncias de abuso físico, emocional ou sexual; deterioração da
relação após a separação e; reação de medo da parte dos filhos.
4. Sentimentos: destruição, ódio e raiva; inveja e ciúmes;
incapacidade de gratidão; superproteção dos filhos; desejos (e
comportamentos) de mudanças súbitas ou radicais (hábitos, cidade, país)
e; medo e incapacidade perante a vida, ou poder excessivo (onipotência).
Para Gardner (2002) o alienador também possui comportamentos
típicos para essa prática, tais como: recusar-se a passar as chamadas
telefônicas aos filhos; organizar várias atividades com os filhos
durante o período que o outro genitor deve normalmente exercer o
direito de visitas; apresentar o novo cônjuge aos filhos como sua
nova mãe ou seu novo pai e por vezes insistir que a criança utilize
esse tratamento pessoal; interceptar as cartas e os pacotes mandados
aos filhos; desvalorizar e insultar o outro genitor na presença dos
filhos; recusar informações ao outro genitor sobre as atividades em
que os filhos estão envolvidos (esportes atividades escolares, grupos
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teatrais, escotismo, etc.); falar de maneira descortês ao novo cônjuge
do outro genitor; impedir o outro genitor de exercer seu direito de
visita; “esquecer” de avisar o outro genitor de compromissos
importantes (dentistas, médicos, psicólogos); envolver pessoas
próximas (sua mãe, seu novo cônjuge, etc.) na lavagem cerebral de
seus filhos; tomar decisões importantes a respeito dos filhos sem
consultar o outro genitor (escolha da religião, escolha da escola,
etc.); trocar (ou tentar trocar) seus nome e sobrenomes; impedir o
outro genitor de ter acesso às informações escolares e/ou médicas
dos filhos; sair de férias sem os filhos e deixá-los com outras pessoas
que não o outro genitor, ainda que este esteja disponível e queira
ocupar-se dos filhos; falar aos filhos que a roupa que o outro genitor
comprou é feia, e proibi-los de usá-las; ameaçar punir os filhos se
eles telefonarem, escreverem, ou a se comunicarem com o outro
genitor de qualquer maneira; culpar o outro genitor pelo mau
comportamento dos filhos.
Segundo Silva (2011 apud Lippian, 2004) além das habituais
estratégias utilizadas pelo alienador, existe uma caracterizada ainda
como a mais sórdida delas a qual caracteriza o nível grave da SAP que
é a falsa acusação de abuso sexual, identificada cada vez mais nas
Delegacias de Polícia de todo o país. Nestes casos, a veracidade ou a
falsidade do abuso sexual deverá ser investigada. Não são raras as
interpretações ou memórias equivocadas por parte da criança e a
submissão ao adulto que levem o menor a mentir sobre o suposto abuso
sexual e a formular denúncias, cabendo aos profissionais envolvidos
manter o distanciamento necessário para a apuração dos fatos. Cabe
aqui enfatizar a necessidade de um trabalho multidisciplinar para esses
casos mais complexos (SILVA, 2011 apud PILLAI, 2005).
A indução dos filhos a formular falsas acusações de abuso sexual
contra o pai alienado, além de ser um ato lesivo à moral, e que
depreciará para sempre a vida de quem foi acusado, em determinados
momentos da vida dos filhos essa “manobra sórdida” encontrará
espaço no desenvolvimento psicossexual infantil (SILVA, 2001).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente estudo objetivou identificar o perfil do alienador na
Síndrome de Alienação Parental e constatou-se, entre outras
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características que o mesmo age de forma a agredir e se vingar do
cônjuge alienado por motivos decorrentes de um relacionamento
anteriormente desgastado culminando em divórcio, utilizando-se de
meios sórdidos com envolvimento dos filhos que detém a guarda,
levando-os a destruição de vínculos com o alienado e consequências
emocionais irreparáveis na vida adulta.
Verificou-se que por questões culturais, a guarda materna ainda
é adotada de forma majoritária no país, o que contribui, e muito,
para o aumento da Alienação Parental. Acredita-se que com o
exercício da guarda compartilhada entre pai e mãe, na divisão das
responsabilidades sobre os filhos ajudaria no equilíbrio da relação
evitando maiores desgastes. Cabe ainda salientar que o rompimento
de vínculo matrimonial, em hipótese alguma, deve afetar os filhos
com ou sem influencia de um dos pais, pois os mesmos devem ser
protegidos de quaisquer efeitos que o divórcio possa causar.
Por se tratar de uma problemática bastante ampla, não se
esgotaram todos os aspectos a serem investigados, sendo assim, novos
estudos devem ser realizados no sentido de detectar os motivos que
levam o alienador a agir dessa forma, para suprir a lacuna hoje
existente no tocante ao apoio preventivo às famílias em crise em
seus relacionamentos conjugais e bem como atendimento psicológico
ao alienador que, por vezes, já apresenta indícios de tal prática
alienante dentro do vínculo conjugal mesmo antes do divórcio.
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parental e altera o art. 236 da Lei nº 8.069, de julho de 1990.
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SUICÍDIO NA ADOLESCÊNCIA: REFLEXOS NA
FAMÍLIA ENLUTADA
HANDA, Luciana Zombini1
FONSECA, Bárbara Cristina Rodrigues2
1
2
Acadêmica do curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e
Formação Integral- FAEF . E-mail para contato:
[email protected]
Pedagoga, Orientadora Educacional, Psicóloga clínica e Docente Mestre
do curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e Formação
Integral- FAEF. E-mail para contato: [email protected]
RESUMO
Diversas são as causas que levam o adolescente à prática do
suicídio, no entanto, as estatísticas não apresentam os reais motivos
em virtude principalmente de fatores familiares como a ocultação,
sentimentos de culpa e vergonha, entre outros. A literatura existente
relata exaustivamente as causas do suicídio na adolescência, mas
na sua minoria, dá ênfase à família enlutada. Assim, este estudo
objetiva investigar, a partir de uma pesquisa bibliográfica, os reflexos
na família em casos de suicídio na adolescência, os sentimentos
envolvidos, enfim, o lidar com o período de luto.
Palavras-chave: Adolescência. Enfrentamento. Família. Suicídio.
.
ABSTRACT
There are several causes that lead adolescents to commit suicide,
however, the statistics do not show the real reasons mainly due to
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family factors such as concealment, feelings of guilt and shame,
among others. The existing literature extensively reports the causes
of suicide in adolescence, but in his minority, emphasizes the
bereaved family. Thus, this study investigates, from a literature
search, the reflexes in the family in cases of suicide in adolescence,
the feelings involved, finally, the deal with the mourning period.
Keywords: Adolescence. Coping. Family. Suicide.
INTRODUÇÃO
Segundo Avanci (2004), a adolescência foi descrita de acordo
com o paradigma biomédico, como uma fase do desenvolvimento
humano de transição entre a infância e a vida adulta, na segunda
década da vida, notada principalmente pelas transformações
biológicas na puberdade e relacionadas a maturidade biopsicossocial.
Essas transformações são apresentadas como elementares da vida
dos indivíduos, o que leva a identificar a adolescência como sendo
um período crítico, norteado de momentos de definições de
identidade sexual, profissional, de valores e sujeito a crises que
muitas vezes são tratadas como patológicas. Vários aspectos
influenciam no processo de adolescer, entre eles a família e a
sociedade. Esses caminham juntos ao processo biológico contribuindo
positiva ou negativamente para a formação do indivíduo.
A Organização Mundial da Saúde (OMS, 2000) aponta o suicídio
como um problema de saúde publica mundial estando em muitos
países entre as três principais causas de morte entre indivíduos de
15 a 44 anos e a segunda causa de morte entre indivíduos de 10 a 24
anos. No entanto, essas estatísticas não são confiáveis e muitas vezes
são subestimadas devido às alterações nos atestados de óbito
solicitadas pela família e a própria sociedade em virtude do estigma
que essa prática oferece. As estatísticas não apresentam reais motivos
nos casos concretos em virtude de vários fatores, sendo a ocultação
e a vergonha, os principais deles (BRAGA; DELL’AGLIO, 2013).
Alguns pesquisadores (ARAUJO; VIEIRA; COUTINHO, 2010)
apontam como principais fatores de risco para o suicídio na
adolescência a presença de sintomas depressivos, tais como:
sentimentos de tristeza, desesperança, falta de motivação,
depreciação de humor, perda ou ganho significativo de peso,
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problemas de sono, capacidade diminuída de pensar ou concentrarse. Um estudo de Scavacini (2013) apresenta como principais causas
do suicídio na adolescência a depressão, os problemas familiares,
envolvimento com drogas, bulling, falta de amigos, insegurança,
baixa auto-estima, dificuldade em lidar com as pressões impostas
pela sociedade (escolha de carreira, primeiro emprego, adaptação
ao meio), discriminação social e racial. Segundo Dutra (2002) a solidão
é um sentimento muito comum entre os adolescentes que cometem
suicídio. Nestes casos, os jovens relatavam sentirem falta de amigos
e reclamavam não ter ninguém para dividir experiências e tristezas,
apresentando maior probabilidade de desenvolver problemas
emocionais, comportamentais e afetivos.
Diante da prática do suicídio existem os “sobreviventes” que
não são somente os familiares, mas também os amigos de escola,
comunidade, igreja e até mesmo a pessoa que atropela um suicida
têm a necessidade de cuidados por meio de grupos de apoio
(SCAVACINI, 2013). Conforme verificado, a literatura existente sobre
o suicídio na adolescência relata exaustivamente suas causas nessa
fase do desenvolvimento humano, mas, sem dar ênfase aos reflexos
desse ato na família enlutada. Dada a relevância que a perda de um
membro da família tem tanto para o indivíduo como para todo o
sistema familiar, bem como os efeitos e implicações das diferentes
formas de se lidar e de se compreender a morte, considera-se a
necessidade de estudos que propiciem a abordagem e a reflexão
sobre como ela é vivenciada no âmbito individual e familiar, uma
vez que a experiência da perda por morte será inevitável em algum
momento da trajetória de vida de todo ser humano, e mais
especificamente, quando se trata de morte violenta como o suicídio
(BARBOSA, 2011).
No sentido de diminuir a lacuna existente na literatura conforme
exposto acima, esta pesquisa tem como objetivo investigar, a partir
de uma pesquisa bibliográfica, os reflexos na família enlutada em
casos de suicídio na adolescência.
REFLEXOS NOS FAMILIARES ENLUTADOS
São denominados “sobreviventes” todas as pessoas afetadas por
um suicídio: pais, filhos, irmãos, familiares, amigos, colegas etc.
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Também são consideradas sobreviventes pessoas que perderam
alguém significativo por suicídio e aquelas que tiveram a vida afetada
ou mudada por causa dessa morte (SCAVACINI K. 2003).
Vários sentimentos podem ocorrer nos membros da família dos
adolescentes que cometeram suicídio, em especial, nos pais
enlutados. A morte de um filho pode representar a impotência do
amor dos pais para evitar esse evento final, podendo colocar em
dúvida a qualidade desse amor, como se tivesse fracassado. Eles
podem ainda sentirem-se culpados por sobreviverem ao filho
(OLIVEIRA; LOPES, 2008).
Segundo Laplanche e Pontalis (2004) na morte abrupta ocorre
uma ruptura brusca no investimento objetal, emergindo a pulsão de
morte, que é uma categoria fundamental das pulsões que se
contrapõem à de vida, tendendo à autodestruição. Esta pode ser
ainda maior quando a morte foi violenta, com mutilação do corpo, e
principalmente quando ocorreu por suicídio, suscitando um forte
sentimento de culpa, fracasso e impotência.
Não é raro ocorrer nesses pais momentos de sofrimento psíquico
ou mesmo somático em datas especiais como aniversário de morte
ou nascimento. Podem ocorrer ainda sintomas de pânico, boca seca
e outras indicações da atividade do sistema nervoso autônomo
relacionadas ao período de dor. Alguns também podem apresentar
ideação suicida (PARKES, 1988; OLIVEIRA, 2008).
O traço mais característico do luto não é a depressão profunda,
mas sim, episódios agudos de dor, com muita saudade e dor psíquica.
Observa-se ainda que o refúgio no alcoolismo representa uma saída
encontrada para aqueles familiares que já bebiam e apresentavam
um ajustamento psíquico precário (PARKES, 1998 apud OLIVEIRA,
2008).
O impacto da perda na família pode gerar uma crise por conta
da necessidade de seus membros continuarem desempenhando os
diversos papéis, com a sobrecarga do luto dos demais elementos da
família, agravadas pelas reações próprias da sintomatologia do luto
individual. Tal crise deverá ser então superada para que uma
reorganização do sistema familiar possa ocorrer, implicando
construção de uma nova identidade (BROMBERG, 1997).
Uma morte brusca exige dos enlutados um rompimento repentino,
de modo que não houve uma preparação prévia, o que é comum nos
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casos de acidentes. Nestes casos, a questão conjugal merece atenção
especial. Poucos estudos focalizam a experiência dos pais enlutados
e, especialmente, os efeitos da experiência da perda sobre o
relacionamento conjugal dos mesmos. Assim, dada a parentalidade
e a conjugalidade, a vivência do luto pode promover maior
aproximação ou distanciamento do casal enlutado (MORELLI, 2013).
Da mesma forma, um profissional de saúde mental também pode
auxiliar os membros de uma família a permanecerem conectados
uns com os outros, poderá ocorrer um profundo impacto sobre o
ajustamento a longo prazo da família após uma morte (BROWN, 2001).
Neste sentido, Shneidman (1973) aponta a posvenção como qualquer
ato apropriado e de ajuda que aconteça após o suicídio com o objetivo
de auxiliar os sobreviventes a viver mais, com mais produtividade e
menos estresse. São ações, atividades, intervenções, suporte e
assistência para aqueles impactados por um suicídio completo, ou
seja, os sobreviventes. É uma ferramenta reconhecida mundialmente
como um componente importante no cuidado da saúde mental dessas
pessoas.
A pósvenção tem o objetivo de trazer alívio dos efeitos
relacionados com o sofrimento e a perda. Prevenir o aparecimento
de reações adversas e complicações do luto. Minimizar o risco de
comportamento suicida nos enlutados por suicídio.
Promover resistência e enfrentamento em sobreviventes
(BEAUTRAIS, 2004; SCAVACINI, 2011; FUKUMITSU, 2013).
No Brasil ainda faltam Políticas Públicas para implantação da
posvenção nas redes de atendimento aos familiares enlutados.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente estudo objetivou identificar e enfatizar os reflexos
da prática do suicídio de adolescente na família enlutada, mais
especificamente os sentimentos de culpa, vergonha e dor ao lidar
com o período de luto, crises familiares decorrentes da morte por
suicídio de um filho e adaptação familiar. Também objetivou
sensibilizar os adolescentes com ideação suicida dos reflexos que
seus atos poderão ocasionar na família nuclear.
Diante dessas problemáticas enfrentadas pela família enlutada,
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o apoio por meio de intervenção comunitária tem um papel
extremamente importante. Na verdade, sendo o luto uma reação à
privação ou perda, a dificuldade de envolvimento e integração social
no decurso do luto pode representar um obstáculo ao curso do
desenvolvimento saudável do processo (YOUNG; PAPADATOU, 2003
apud REBELO, 2003). Por meio da partilha das emoções do luto vividas
ou em curso, segundo Rebelo Rebelo (2003), em grupos de discussão
temática, as pessoas em luto encontram saídas individuais para os
problemas de conflito social inerentes às fases de indiferença e
desorganização emocional do processo.
Por se tratar de uma problemática bastante ampla, não se
esgotaram todos os aspectos a serem investigados, sendo assim, novos
estudos devem ser realizados no sentido de ajudar familiares e
profissionais da área da saúde no enfrentamento do luto e suas
consequências, principalmente à criação de políticas publicas tão
necessárias para suprir a lacuna hoje existente no tocante ao apoio
preventivo a adolescentes e aos familiares enlutados.
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UMA DISCUSSÃO SOBRE A PRESENÇA DE
SINTOMAS PSICÓTICOS NA DEPRESSÃO
Janaina de Aguiar BISPO1
Frederico de Conti Blaziza MACHADO2
José Wellington SANTOS3
1
Discente do Curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e
Integral – FAEF, Sociedade Cultural e Educacional de Garça – S/S LTDA.
2
Discente do Curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e
Integral – FAEF, Sociedade Cultural e Educacional de Garça – S/S LTDA.
3
Docente do Curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e
Integral, Sociedade Cultural e Educacional de Garça – S/S LTDA.
RESUMO
A depressão expressa no termo original, do latim, composto
por duas palavras, de (para baixo) e premere (pressionar),
significando, portanto, que o sujeito está, quanto a seu estado
de ânimo, pressionado para baixo. A depressão pode se
caracterizar através de sintomas psicóticos ou não. O texto relata
sobre o conceito de depressão e seus principais sintomas, as
características da depressão psicótica, os aspectos clínicos e
diagnósticos. Aponta também para dados epidemiológicos
baseados na OMS (Organização Mundial da Saúde) e em alguns
artigos encontrados sobre o dado tema.
Palavras chaves: Aspectos clínicos, Depressão Psicótica,
Diagnósticos, Sintomas.
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ABSTRACT
Depression expressed in the original term, from the Latin,
composed of two words, the (downward) and Premere (press),
meaning therefore that the subject is, as to his state of mind, pressed
down. Depression can be characterized by psychotic symptoms or
not. The paper reports on the concept of depression and its main
symptoms, features of psychotic depression, the presence of
psychotic symptoms in depression, the clinical and diagnostic aspects.
It also points to epidemiological data based on the WHO (World Health
Organization) and found some articles on the given topic.
Keywords: Clinical aspects, Psychotic Depression, Diagnostic,
Symptoms.
1. INTRODUÇÃO
A depressão expressa no termo original, do latim, composto por
duas palavras, de (para baixo) e premere (pressionar), significando,
portanto, que o sujeito está, quanto a seu estado de ânimo,
pressionado para baixo. A depressão pode se caracterizar através de
sintomas psicóticos ou não (DELOUYA, 2001).
O objetivo do artigo é descrever sobre o tema depressão,
destacando seus principais sintomas, os sintomas psicóticos, os
aspectos clínicos e os diagnósticos.
A depressão psicótica é um tipo de depressão grave, que além
de apresentar os sintomas geralmente apresentados em uma
depressão, há também sintomas psicóticos, como delírios e
alucinações. Quando comparado a episódios depressivos nãopsicóticos, a depressão psicótica é mais grave, pois há maior risco
de suicídio (PORTO, 1999).
Estudos revelam que a epidemiologia da depressão é algo
discutido cada dia mais. Os transtornos depressivos são prevalentes,
tendem a afetar adultos jovens, e apresentam um curto episódico e
crônico (LIMA, 1999). Segundo dados da OMS (Organização Mundial
da Saúde), em 2020 a depressão será o principal distúrbio mental
nos países desenvolvidos, chegando a ocupar a segunda posição, essa
previsão foi baseada nas estatísticas reais: em 2000, cerca de um
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milhão de pessoas cometeram suicídio, e os indícios é a depressão.
Além disso, alguns textos de KAPLAN & SADOCK (1995) apud LIMA
(1999), indicam que sintomas psicóticos acontecem em cerca de
15% de todos os pacientes com depressão. Segundo CORYELL (1984)
e SPITZER (1978) apud LIMA (1999) os sintomas psicóticos surgem
em mais de 25% dos pacientes deprimidos acolhidos em hospitais.
Depressão psicótica é uma depressão grave, na qual acontecem adjuntos aos
sintomas depressivos, um ou mais sintomas psicóticos, como delírio de ruína
ou culpa, delírio hipocondríaco ou de negação de órgão ou alucinações com
conteúdos depressivos. Se os sintomas psicóticos são de teor depressivo,
negativo são classificados como sintomas psicóticos humor-congruentes (de
doença, culpa, punição, morte, etc.). Caso os sintomas psicóticos não sejam
de conteúdo negativo, são denominados sintomas psicóticos humorincongruentes (delírio de perseguição, de inserção de pensamentos, autoreferentes, etc.) (DALGALARONDO 2008, p.312).
A depressão pode ser tratada em qualquer situação terapêutica
ou tratamento psíquico, uma vez que “fuga para as cavernas” que
se identifica na reclusão depressiva tem sua relativa semelhança
com a busca de ajuda, tratamento ou análise. A violência sob qual o
individuo se encontra, é a busca para a caverna, seu lugar de abrigo.
Portanto, a sessão, o analista, o enquadre e a análise, em seu
conjunto, tornam-se refúgio ou abrigo, que faz com que o paciente
consiga com o tempo transformar a caverna em seu lar (DELOUYA,
2001).
O tratamento mais usado para a depressão é a psicoterapia,
porém, em casos de transtornos depressivos mais graves, que é o
caso da depressão psicótica, deve haver uma combinação de
medicamentos e psicoterapias, que é provavelmente o método mais
eficiente de tratamento (CASTRO, 2011).
2.CONSIDERAÇÕES SOBRE A PRESENÇA DE SINTOMAS PSICÓTICOS
NA DEPRESSÃO
A depressão do ponto de vista psicopatológico tem como
elementos mais destacados o humor triste e o desânimo, entretanto,
se caracteriza por vários sintomas: psíquicos (humor depressivo,
perda da auto-estima, ideações suicidas, redução da capacidade de
experimentar prazer na maior parte das atividades antes agradáveis,
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fadiga e diminuição da capacidade de pensar, se concentrar ou tomar
decisões); fisiológicos (alterações do sono, do apetite e do interesse
sexual e também queixas múltiplas: dores pelo corpo, maior
sensibilidade aos estímulos, entre outras) e evidências
comportamentais (retraimento social, comportamentos suicidas,
crises de choro, lentidão generalizada ou agitação, irritabilidade e
diminuição da capacidade para desenvolver suas atividades
laborativas e sociais habituais) (PORTO, 1999).
A depressão psicótica pode ser conceituada no decorrer de um
rompimento com a realidade, através de alucinações e delírios
durante um episódio de depressão maior. O DSM-IV define que a
depressão maior requer pelo menos duas semanas de humor
deprimido ou a perda de interesse em quase todas atividades,
acompanhado de pelo menos quatro sintomas adicionados de
depressão a partir de uma lista que inclui alterações de peso, sono,
apetite ou atividade psicomotora, energia diminuída, sentimentos
de inutilidade ou culpa, dificuldade de pensar, concentra-se ou tomar
decisões, ou pensamentos recorrentes de morte ou ideação, ou
tentativas de suicídio. Esses sintomas devem ter surgido
recentemente ou ter piorado claramente em comparação ao estado
anterior ao episódio da pessoa, esses sintomas devem persistir
durante a maior parte do dia, em quase todos os dias, por pelo
menos duas semanas consecutivas, e causar sofrimento e prejuízo
clinicamente significativos nas áreas social. Os sintomas citados não
devem ser causados pelo luto ou abuso de substâncias ou condição
clínica (PARKER, 2009).
A depressão maior é subdividida em múltiplos subgrupos, alguns
ponderados do ponto de vista categorial, como, psicótica,
melancólica, catatônica, alguns etiologicamente,como, pós-parto,
sazonais, atípicas, e alguns de forma dimensional, que envolve
gravidade, persistência e cronocidade (PARKER, 2009).
Embora a depressão seja descrita em vários artigos e livros como
uma psicopatologia que apresenta vários sintomas devemos levar
em consideração a individualidade das pessoas, sua vivência e sua
personalidade (DELOUYA, 2001).
A depressão é vista na atualidade como um dos principais
distúrbios em crescimento, baseados em alguns escritos de Freud,
escritores relacionam esse crescimento da depressão com a pós250
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modernidade, relacionada com a falta de um líder e ao desamparo
da sociedade (DELOUYA, 2001).
A depressão pode estar presente, em formas graves, em que há
a presença de sintomas psicóticos (delírios e alucinações).
Alucinações são alterações da senso-percepção nas quais o paciente
apresenta percepções falsas (na ausência de um estímulo real), que
podem ocorrer nas diferentes modalidades sensoriais; olfativa, visual,
tátil e auditiva. Os delírios são alterações do conteúdo do
pensamento, geralmente envolvendo interpretação incorreta de fatos
reais. Os delírios depressivos podem ser congruentes com o humor
ou incongruentes (PORTO, 1999).
Os delírios depressivos congruentes com o humor incluem delírios
de ruína, de punição merecida, delírios de culpa, e delírios de
niiliismo. As pessoas que apresentam depressão delirante podem
interpretar eventos comuns que ocorrem no dia a dia como ênfases
de defeitos pessoais, ao tempo em que se culpam de forma indevida
e inapropriada. O paciente volta no tempo, com a finalidade de se
acusar por supostos delitos ou atos culposos do passado, remoendo
receios indevidos. Os delírios de ruina pode se apresentar como:
ruína de corpo (negação de órgãos e/ou delírios hipocandríacos),
ruína espiritual (delírios de culpa e acusações por pecados cometidos)
e ruína de riqueza (delírios que envolve a pobreza e a miséria). A
forma como esse delírio se apresenta depende da personalidade do
paciente (PORTO, 1999).
Os delírios incongruentes com o humor relacionam-se a temas
de perseguição, e delírios de estar sendo controlado. Esses tipos de
delírios estão associados a um prognóstico que não são muito raros
dos estados ditos “esquizoafetivos” (PORTO, 1999).
As alucinações que geralmente acompanham os estados
depressivos são transitórias e não elaboradas. São associadas com o
humor depressivo, como, vozes que condenam o paciente, choro de
defuntos, condenação do demônio, entre outras. Raramente ocorrem
alucinações não congruentes com o humor (PORTO, 1999).
As ideias de suicídio são frequentemente encontradas nos casos
de depressão, em que há presença de sintomas psicóticos ou não. As
motivações para o suicídio estão associadas ao desejo de por fim a
um estado emocional penoso e tido como interminável, distorções
cognitivas, como, encontrar dificuldade para superar as perdas
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sofridas e outros buscam a morte como punição para suas supostas
culpas. Os pensamentos de suicídio podem variar desde o desejo de
estar morto, até planos que estabelecem o momento, o modo e o
lugar para cometer o ato de se matar. Esses tipos de pensamentos
relátivos à morte devem ser investigados, para que se possa prevenir
atos suicidas, dando oportunidade ao doente de se expressar a
respeito deles (PORTO, 1999).
O diagnóstico dos estados depressivos deve levar em conta, se
os sintomas são primários ou secundários a doenças físicas e/ou uso
de drogas e medicamentos. Para diagnosticar um paciente com
depressão psicótica é necessário ter cautela, pois devido as
características da psicose dificulta a relacionar com a depressão
maior, mas, há semelhanças nos sintomas entre as pessoas que tem
depressão psicótica, como, exposições anormais de emoção,
pensamentos suicidas, discurso desorganizado, confusão,
delírios,perda de contato com a realidade, alucinações e medo
constante (PORTO, 1999).
Atualmente, estão sendo feitas algumas pesquisas por alguns
médicos para diferenciar o tratamento de depressão psicótica com
a depressão sem sintomas psicóticos, esses estudos começaram
devido á maioria dos pacientes psicóticos apresentar dificuldades
para responder ao tratamento, os dados preliminares coletados são
que pacientes com depressão psicótica apresentam alterações no
volume de determinadas estruturas cerebrais (CASTRO, 2011).
O tratamento da depressão psicótica pode ser feita através de
uma internação hospitalar, constante visitação médica e
acompanhamento psicológico. A combinação de antidepressivos e
medicamentos antipsicóticos costumam fazer os sintomas ficarem
mais leves. Um método também usado é a eletroconsulsoterapia
que geralmente é usado quando os antidepressivos e antipsicóticos
não produzem o resultado esperado (CASTRO, 2011).
3.CONSIDERAÇÕES FINAIS
A depressão é um distúrbio que é muito presente na nossa
sociedade, de acordo com os estudos e pesquisas tende a crescer
ainda mais. Baseados em escritos de Freud esse fenômeno está ligado
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ao desamparo da sociedade pós-moderna. Depressão psicótica é um
tipo de depressão grave onde além dos sintomas apresentados em
uma depressão, há a presença de delirios e alucinações. Deve-se
levar em consideração independente dos sintomas e gravidade do
quadro clínico a individualidade da pessoa, sua vivência e sua
personalidade, que são aspectos que estão ligados ao diagnóstico da
psicopatologia. Nesses casos de depressão é comum o paciente ter
pensamentos de suicidio, a depressão psicótica é caracterizada como
um distúrbio grave que deve ser tratado através de psicoterapia,
medicações e em casos mais graves internações.
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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UMA INVESTIGAÇÃO BIBLIOGRÁFICA SOBRE O
FUNCIONAMENTO NEUROPSICOLÓGICO DOS
INDIVÍDUOS COM TRANSTORNO DE ANSIEDADE
GENERALIZADA - TAG
2
TINETTI, Milena de Oliveira1
FONSECA, Bárbara Cristina Rodrigues2
1
Acadêmica do Curso de Psicologia – Faculdade de Ensino Superior e
Formação Integral – FAEF. E-mail: [email protected]
Pedagoga, Orientadora Educacional, Psicóloga clínica e Docente Mestre
do curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e Formação
Integral- FAEF. E-mail para contato: [email protected]
Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral- FAEF – Garça – SPBrasil - http://www.grupofaef.edu.br/
RESUMO
A preocupação é um fenômeno antigo, porém universal e sua
patologia é definida pelo “excesso” e o fato de ser considerada de
difícil controle. O Transtorno de Ansiedade Generalizada - TAG é
caracterizado por uma preocupação desproporcional em relação ao
futuro. O objetivo dessa pesquisa foi investigar, por meio de um
levantamento bibliográfico, o funcionamento neuropsicológico do
indivíduo com TAG. Os resultados encontrados demonstraram que
algumas áreas e estruturas cerebrais estão envolvidas diretamente,
das mais “simples” às mais complexas, como o sistema límbico, a
amígdala e o hipocampo.
Palavras chaves: Ansiedade. Ansiedade Generalizada.
Funcionamento Neuropsicológico.
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ABSTRACT
Worry is an old, but universal and its pathology is defined by the
“excess” phenomenon and the fact that it is considered difficult to
control. The Generalized Anxiety Disorder - GAD is characterized by
a disproportionate concern about the future. The objective of this
research was to investigate, through a literature neuropsychological
functioning of individuals with GAD. The results showed that some
brain areas and structures are directly involved, the “simpler” to
more complex, such as the limbic system, the amygdala and
hippocampus.
Keywords: Anxiety. Generalized Anxiety. Neuropsychological
functioning.
1.INTRODUÇÃO
Muito tem se falado ultimamente sobre ansiedade e pessoas que
se percebem muito ansiosas. No Brasil, os transtornos de ansiedade
apresentam uma alta prevalência (9,5% a 17,5%) estando associados
a uma elevada demanda potencial estimada (5,5% a 12%) para casos
necessitados de assistência. Esses dados, juntamente com a
morbidade e os custos associados a essas patologias, indicam que os
transtornos de ansiedade constituem um grupo de transtornos de
grande importância para a saúde individual e pública (ALMEIDA et
al, 2002).
O termo ansiedade provém do grego Anshein, que significa
“estrangular, sufocar, oprimir”. A ansiedade está relacionada ao
acréscimo da percepção à dor; é um estado de humor desconfortável
e de apreensão negativa em relação ao futuro, ou seja, uma
inquietação desagradável, que envolve respostas que têm por
objetivo a proteção. O indivíduo fica angustiado, tenso, preocupado,
nervoso ou irritado (BARROS et al, 2003).
Do ponto de vista biológico, é um estado de funcionamento
cerebral, ligado à percepção de contextos ambientais temíveis, que
possibilita a identificação do perigo e o grau de ameaça. É um estado
emocional com elementos psicológicos e fisiológicos que faz parte
das experiências humanas normais, ela passa a ser patológica quando
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é desproporcional à situação que a desencadeia, ou quando não existe
um objeto específico ao qual se direcione (ANDRADE; GORENSTEIN,
1998). É considerada doença quando excede aspectos adaptativos
prejudicando o desempenho de funções, indo de normal à parte de
transtornos psiquiátricos, podendo ser: branda ou intensa, sucinta
ou prolongada, levando a danos sociais. Ansiedade é um sentimento
de medo, diante de algo desconhecido e para qual não se tem uma
resposta precisa (MASCELLA, 2011).
As síndromes ansiosas são ordenadas inicialmente em dois grupos:
a) ansiedade generalizada (TAG) que são quadros em que a ansiedade
é constante e permanente e, b) crises de pânico que são quadros em
que há crises de ansiedade abruptas e mais ou menos intensas
(HOLLANDER; SIMEON, 2004, apud DALGALARRONDO, 2008).
O Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) é um transtorno
crônico que refere-se a uma ansiedade com duração de no mínimo
seis meses, com excessivas preocupações imaginárias e múltiplos
sintomas somáticos (DSM, 2002). Estima-se na população em geral
uma prevalência de 5,7% de TAG durante a vida (PESQUISA NACIONAL
DE COMORBIDADES – NCS, 2005).
A CID-10 (2007) define o TAG como um quadro ansioso
generalizado e persistente, que pode estar relacionado a diversos
eventos e diferentes atividades do cotidiano. São identificados os
seguintes aspectos diagnósticos: reação aguda a evento estressante
ou traumático recente; sofrimento extremo resultado de um evento
recente ou preocupação com o evento; sintomas podem ser
primariamente somáticos e outros sintomas podem incluir: humor
deprimido; ansiedade; preocupação; sentimento de incapaci-dade
de funcionar.
No mesmo sentido, o Manual de Diagnóstico e Estatística de
Transtornos Mentais IV (DSM-IV, 2002) classifica como transtornos de
ansiedade em: transtorno de ansiedade generalizada (TAG),
transtorno do pânico, agorafobia, fobia social, transtorno obsessivocompulsivo (TOC), fobias específicas e transtorno de estresse póstraumático e ainda descreve alguns critérios de diagnósticos para o
mesmo: a) ansiedade e preocupação excessivas, na maioria dos dias
por período mínimo de 6 meses, em diferentes atividades e eventos
da vida; b) o indivíduo considera difícil controlar a preocupação; c)
a ansiedade e a preocupação estão associadas a pelo menos três dos
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seguintes sintomas: inquietação ou sensação de estar “com os nervos
à flor da pele”; fatigabilidade, cansaço fácil; dificuldade de
concentrar-se, sensações de “branco” na mente; irritabilidade,
“pavio curto”; tensão muscular, dificuldade de relaxar; allteração
do sono (dificuldades em conciliar ou manter o sono, ou sono
insatisfatório e inquieto); d) o foco da ansiedade ou preocupação
não é decorrente de outro transtorno; e) a ansiedade, a preocupação
ou os sintomas físicos causam sofrimento clinicamente significativo
ou prejuízo no funcionamento social ou ocupacional ou em outras
áreas importantes da vida do indivíduo; f) a perturbação não se deve
aos efeitos fisiológicos diretos de uma substância ou de uma condição
médica geral nem ocorre exclusivamente durante um Transtorno do
Humor, Transtorno Psicótico ou Transtorno Invasivo do
Desenvolvimento.
O TAG é uma doença com múltiplas causas, entre elas estão
fatores genéticos e psicossociais, e costuma se agravar durante
eventos estressantes como casamento, divórcio, promoção,
demissão, hospitalização de entes queridos, nascimento de filhos,
etc. (POSSENDORO, 2007). Segundo Mascella (2011) o Transtorno de
Ansiedade Generalizada apresenta múltiplos sintomas somáticos:
cefaleia, dores musculares, dores ou queimação no estômago,
taquicardia, tontura, formigamento e sudorese fria. Essa ansiedade
patológica crônica não é limitada a uma situação ambiental ou a um
objeto especifico.
Tendo em vista a complexidade de tal transtorno e a presença
de pouca literatura esta pesquisa bibliográfica foi direcionada para
investigar e descrever o possível funcionamento neuropsicológico
do indivíduo com TAG.
O FUNCIONAMENTO NEUROPSICOLÓGICO NOS INDIVÍDUOS
COM TAG
O Sistema Límbico encontra-se relacionado ao controle e à
elaboração de significativa parte dos comportamentos motivados e
da emoção, sendo formado pelas estruturas: tálamo, epitálamo,
hipocampo, amígdalas, cíngulo e septo. A serotonina
(neurotransmissor presente nas fendas sinápticas responsável pela
comunicação entre os neurônios) influi sobre todas as funções
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cerebrais, ela regula o humor, o sono, a atividade sexual, o apetite,
o ritmo circadiano, as funções neuroendócrinas, a temperatura
corporal, a sensibilidade à dor e a atividade motora. Em quadros de
ansiedade, a transmissão serotonérgica se encontra diminuída
ocasionando quadros de hipoglicemia e alterações no ritmo circadiano
(RANGÉ, 2001).
De acordo com Rangé (2001) o cérebro humano apresenta vários
circuitos neurais relacionados com a detecção de estímulos de perigo,
bem como com a expressão de reações de defesa frente a esses
estímulos. Há estruturas localizadas no tronco encefálico, como a
Coluna Dorsolateral da Matéria Cinzenta Periaquedutal (MCPD); o
lócus coeruleus (principal produtor de noradrenalina) e os núcleos
da rafe (principais produtos de serotonina). A MCPD é altamente
eficaz contra estímulos de perigo real; projeções que descem da
MCPD atingem a medula espinhal e acionam um conjunto de reações
comportamentais. Da MCPD também partem projeções ascendentes
que atingem o complexo amigdaloide (localizado no lobo temporal
de ambos os hemisférios cerebrais), epicentro da circuitaria neural
responsável pela modulação de reações presentes no medo e na
ansiedade.
As estruturas neuroanatômicas associadas (por exemplo, a
amígdala, lócus coeruleus, córtex pré-frontal direito), anormalidades
nos transmissores de serotonina, o ácido gama-aminobutírico (GABA)
e o hormônio liberador de corticotrolina (CRH), são descritos como
vulnerabilidades biológicas para a ansiedade (RANGÉ, 2001).
O fato de o complexo de amigdaloide ser uma estrutura
importante do circuito neural relacionado com ansiedade
antecipatória indica que essa estrutura participa de vários transtornos
de ansiedade, como por exemplo, o TAG. Uma maior sensibilidade
do núcleo lateral da amígdala pode tornar uma pessoa mais relativa
a estímulos ambientais, reagindo de forma defensiva a situações
que outras pessoas simplesmente ignoram (RANGÉ, 2001).
A amígdala, por suas inerências que saem do núcleo central
atingindo o hipotálamo e o tronco cerebral, é capaz de desencadear
a resposta hormonal e neurovegetativa de estresse. Por outro lado,
devido à sua conexão com o núcleo basal de Meynert, consegue
modular a direção da atenção para o estímulo perigoso. A produção,
na amígdala, do efeito de potenciação em longo prazo pode explicar
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sua participação nos processos de ansiedade e estresse póstraumático, nos quais as associações entre sinais perigosos e a
resposta de estresse são aprendidos e reforçados, ocasionando os
sintomas somáticos de ansiedade (LeDOUX, 2000, apud BUTMAN,
2001).
O núcleo lateral da amígdala representa a via de entrada, sendo
responsável pelo processamento de estímulos do meio externo, pode
estar funcionando de maneira adequada, mas o núcleo central da
amígdala, que representa a via de saída, sendo responsável pela
ativação de reações motoras e fisiológicas frente a situações de
perigo, na ausência de qualquer situação de perigo, apresenta uma
atividade exageradamente alta. O contato contínuo e incontrolável
com estímulos de perigo pode causar um desequilibro no
funcionamento do hipocampo (participa da regulação de reações
hormonais e está envolvido com sistemas neurais que participam da
formação das memórias que chegam até a consciência), levando
uma falha nesse sistema de retroalimentação negativa da atividade
hormonal. Esse quadro caracteriza o aspecto crônico de vários
transtornos de ansiedade (RANGÉ, 2001).
O hipocampo, ao processar as reações hormonais, de acordo com
Rangé et al (2011), pode ativar sistemas de memória explícita com
situações de perigo, por meio de projeções até áreas corticais
superiores, como o córtex pré-frontal, considerado a “sede da
personalidade”, responsável pelas tarefas cognitivas mais sofisticadas
e complexas da mente humana. Esses processos mnemônicos de longa
duração podem produzir preocupações crônicas, persistentes e
excessivas.
A preocupação é um fenômeno universal e sua patologia é definida
por dois critérios: o “excesso” e o fato de ser considerada de difícil
controle. Assim, o diagnóstico e o tratamento do TAG podem ser um
grande desafio, mesmo para um clínico experiente.
O tratamento farmacológico é um dos principais tipos de
tratamentos do TAG. Atualmente, os principais fármacos prescritos
são: Benzodiazepínicos, Buspirona, Antidepressivos, Inibidores
seletivos da recaptação de serotonina e noradrenalina, antihistamínicos, antipsicóticos e fitoterápicos. Até poucos anos, a única
alternativa eram os benzodiazepínicos, entretanto, desde a
introdução da buspirona, única azapirona disponível no Brasil, o leque
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de medicamentos eficazes no TAG tem-se ampliado (ANDREATINI;
BOERNGEN-LACERDA; FILHO, 2001).
As intervenções cognitivo-comportamentais para o tratamento
do TAG também tem sido utilizadas com bastante sucesso. A Terapia
Cognitiva-comportamental faz uso de diferentes e eficazes técnicas
para os transtornos de ansiedade, tais como: a psicoeducação, a
identifi-cação dos pensamentos automáticos e das emoções, a
identi-ficação das crenças centrais e intermediárias, a reestruturação
cognitiva, e a resolução de problemas e a avaliação do processo
(OLIVEIRA, 2011).
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Transtorno de Ansiedade gera preocupações excessivas, por
período mínimo de seis meses, em diferentes atividades e eventos
cotidianos da vida, associados a sintomas somáticos. Os pacientes
com TAG normalmente preocupam-se desproporcionadamente com o
futuro, têm dificuldades para tomar decisões, para solucionar
problemas e cometem vários erros do pensamento, como por exemplo,
a catastrofização, por ter dificuldade de raciocinar com base na
realidade. Suas interpretações dos eventos tomam grandes proporções,
enfatizando os aspectos negativos e ignorando os positivos.
O objetivo da presente pesquisa foi investigar o funcionamento
neuropsicológico do indivíduo com Transtorno de Ansiedade
Generalizada. Os resultados encontrados demonstraram que a partir
da definição de que a ansiedade generalizada é a percepção de uma
ameaça e preocupações imaginárias e excessivas, estão envolvidas
algumas áreas e estruturas cerebrais como a coluna dorsolateral da
matéria cinzenta periaquedutal (MCPD), localizada no tronco
encefálico, eficaz contra os estímulos de perigo real; a conexão da
amígdala com o núcleo basal de Meynert que modula a atenção para
o estímulo perigoso e ainda, o núcleo lateral e central da amígdala,
que representa, respectivamente, a via de entrada, responsável pelo
processamento de estímulos do meio externo, e a de saída,
responsável pela ativação de reações motoras e fisiológicas frente a
situações de perigo.
Esta pesquisa contribui para que profissionais da área da saúde
conheçam o funcionamento neuropsicológico nos indivíduos com TAG
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e, assim, possam compreender melhor este tipo de transtorno,
trabalhando no sentido da prevenção, diagnóstico e tratamentos mais
adequados. É importante ressaltar o quanto isso se faz necessário,
uma vez que, uma pessoa com TAG apresenta forte potencial para o
desenvolvimento de depressão e abuso de substâncias. Outras pesquisas
são necessárias para uma melhor análise uma vez que foram
encontrados poucos trabalhos neste sentido.
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XVII
MANUAL DE PUBLICAÇÕES DO
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QUEM SERIAMENTE ESTUDA NO NÍVEL SUPERIOR FAZ PESQUISA...
QUEM PESQUISA QUER PUBLICAR
1. Por que quem estuda nível superior deve fazer pesquisa?
Porque o ensino superior visa à formação de um profissional liberal
e este profissional somente será liberal e autônomo se aprendeu a
pesquisar de forma sistemática e científica e se adquiriu este hábito
permanentemente em sua vida.
2. E se o universitário não realizar pesquisa, em sua formação
superior, será um profissional fracassado?
Certamente, primeiro porque não saberá atualizar seus
conhecimentos na área profissional e ficará ultrapassado, pois as
ciências e as tecnologias evoluem a cada dia e quem não sabe
pesquisar não saberá se atualizar, e depois porque não saberá resolver
problemas novos na sua área profissional, devendo assim ser
comandado e monitorado, ou seja, poderá exercer cargos mais baixos
onde seus superiores comandem suas ações profissionais. Resumindo:
terá o diploma de nível superior mas exercerá apenas as funções de
nível técnico, por absoluta incompetência.
3. Onde posso publicar minhas pesquisas?
Uma das opções é nos Anais dos Simpósios de Ciências Aplicadas da
FAEF realizados anualmente.
4. O que é “Anais dos Simpósios de Ciências Aplicadas da FAEF”?
A FAEF realiza anualmente o “Simpósio de Ciências Aplicadas”,
durante o primeiro semestre de cada ano, tratando-se de um evento
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científico, devidamente planejado, visando à apresentação de
trabalhos científicos de toda comunidade acadêmica: professores e
alunos. Os trabalhos aceitos pela Comissão Científica são
apresentados oralmente ou em painéis e são publicados nos ANAIS
de cada simpósio.
5. Como devo apresentar os trabalhos realizados para serem
aprovados e publicados?
De acordo com as Normas para Publicação nos “Simpósios de Ciências
Aplicadas” descritas abaixo:
1. Encaminhamento: os trabalhos para apreciação, devem ser
identificados como para “Simpósio” (especificar a área de
conhecimento – Administração, Agronomia, Ciências Contábeis,
Direito, Engenharia Florestal, Medicina Veterinária, Pedagogia,
Psicologia, Turismo e Sistemas de Informação) e poderão ser enviados
pela Internet, no endereço [email protected] (atentando para o
tamanho do arquivo que não deverá ultrapassar 3 Mb, já inclusos
tabelas e gráficos) ou via correio em CD (devidamente identificado),
gravado em editor de texto Word for Windows, para o endereço:
Rodovia Comandante João Ribeiro de Barros km 420, via de acesso à
Garça km 1, Campus Rosa Dourada – caixa postal 61, CEP 17400-000,
Garça/SP. Os textos devem apresentar as seguintes especificações:
página A4, fonte Times New Roman, corpo 12, entrelinhas 1,5, com
3cm de margem superior, inferior, esquerda e direita. Os trabalhos
devem conter de 6 a 15 páginas, incluindo as referências
bibliográficas.
2. Informar endereço completo, telefone e e-mail para contato
futuro.
3. Serão aceitos trabalhos escritos nos seguintes idiomas: espanhol,
inglês e português.
4. Apresentação dos trabalhos:
4.1. Título e Identificação do(s) autor(es)
4.1.1 Título completo do artigo em LETRA MAIÚSCULA: em negrito,
centralizado e fonte tamanho 12.
4.1.2 Nome completo do(s) autor(es) (por extenso e apenas o
SOBRENOME EM MAIÚSCULA): alinhado à direita, fonte tamanho 12,
com indicação para nota de rodapé.
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4.1.3 Na nota de rodapé, deve constar filiação científica, na seguinte
ordem: Departamento, Instituto ou Faculdade, Universidade – SIGLA
– CIDADE/ESTADO – PAÍS e endereço eletrônico, fonte tamanho 10.
4.1.4 Entre o título e os dados de identificação do(s) autor(es), deve
existir espaço de uma linha.
4.1.5 Todos os subtítulos devem estar alinhados à esquerda, em CAIXA
ALTA, negrito e fonte tamanho 12.
4.2. Resumo e Abstract
RESUMO de, no máximo, 100 palavras e de três a cinco palavraschave (termos ou expressões que identifiquem o conteúdo do
trabalho). O título, o resumo e as palavras-chaves deverão ser no
idioma do texto. O corpo do texto pertencente ao resumo deve estar
em espaçamento entre linhas simples e fonte tamanho 10. A seguir,
deve constar o ABSTRACT e Keywords, nos mesmos moldes do resumo.
4.3. Corpo do texto:
4.3.1 Subitens destacados em negrito, no mesmo corpo do texto,
alinhados à esquerda. 4.3.2 Texto contendo, sempre que possível:
a) INTRODUÇÃO (com exposição de objetivos e metodologia);
b) DESENVOLVIMENTO (com subtítulo derivado do título; corpo do
texto com as reflexões ou ainda Material e Métodos, Resultados e
Discussão),
c) CONCLUSÃO ou CONSIDERAÇÕES FINAIS e REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS.
Obs: Os artigos que, por preferência do autor, não tenham a estrutura
contida neste item não serão excluídos.
4.3.3 Todo o corpo do texto deve estar em espaçamento 1,5, contendo
sempre o espaço de uma linha entre os subtítulos e o texto.
4.3.4 Notas de rodapé devem ser, na medida do possível, incluídas
no corpo do texto.
4.3.5 Tabelas e gráficos deverão ser numerados, sequencialmente,
em algarismos arábicos e encabeçados por seus respectivos títulos.
4.3.6 Fotografias e ilustrações poderão ser coloridas e deverão ser
inseridas no corpo do texto, numeradas, sequencialmente, e com
legendas.
4.3.7 Referências no corpo do texto deverão ser feitas pelo sobrenome
do autor, entre parênteses e separado por vírgula da data de
publicação e da(s) página(s) utilizada(s) tanto para citação direta
como indireta.Ex: (SILVA, 1984, p. 123). Caso o nome do autor esteja
citado no texto, deverá ser acrescentada a data e paginação entre
parênteses.
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Por exemplo, “Silva (1984, p. 123) aponta...”. As citações de diversas
obras de um mesmo autor, publicadas no mesmo ano, deverão ser
discriminadas por letras minúsculas em ordem alfabética, após a
data, sem espaçamento (SILVA, 1984a; 1984b). Quando a obra tiver
até três autores, estes deverão ser separados por ponto e vírgula
(SILVA; SOUZA, 1987). No caso de três ou mais, indica-se o primeiro,
seguido da expressão “et al”. (SILVA et al., 1986).
As citações literais, com mais de três linhas devem seguir este
modelo, estando o texto entre linhas simples, com fonte tamanho
11, entre aspas e seguida da referência do autor, com nome, data e
página referente” (SILVA, 1987, p.82).
4.3.8 Vale ressaltar que, “as citações literais com no máximo três
linhas deverão estar entre aspas, como parte do texto, seguidas de
sua referência”.
4.3.9 Anexos e/ou Apêndices serão incluídos somente quando
imprescindíveis à compreensão do texto.
4.4. Referências bibliográficas:
4.4.1 As referências bibliográficas deverão ser arroladas no final do
trabalho, pela ordem alfabética do sobrenome do(s) autor(es),
obedecendo às normas da ABNT (NBR 6023, de agosto de 2002).
Ex: LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Metodologia do trabalho
científico. 2.ed. São Paulo: Atlas, 1986.
4.4.2 Para referência de segunda mão, um autor citado pelo autor
do texto siga o exemplo: (LAKATOS apud SEVERINO, 1990, p. 25).
5. Os trabalhos de alunos e de orientandos deverão, antes de serem
encaminhados, receber a aprovação dos professores em cujas
disciplinas, práticas ou estágios eles foram elaborados; ou de seus
orientadores de projetos de iniciação científica ou de trabalhos de
conclusão de curso.
6. Serão publicados os trabalhos aprovados e recomendados por
pareceristas das áreas correspondentes, que constituem a Comissão
Científica do Simpósio.
7. É vedada a reprodução dos trabalhos em outras publicações
eletrônicas.
8. Os trabalhos que não estiverem de acordo com estas normas de
formatação serão devolvidos ao(s) autor(es); podendo ser refeitos e
apresentados em outra oportunidade, mediante os critérios 5 e 6.
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9. Os casos não previstos por estas Normas serão resolvidos pela
Comissão Científica do Simpósio.
10. Os dados e conceitos emitidos nos trabalhos, bem como a exatidão
das referências bibliográficas, são de inteira responsabilidade de
seus autores.
Garça, 3 de março de 2014.
COMISSÃO CIENTÍFICA DO SIMPÓSIO
DE
CIÊNCIAS APLICADAS DA FAEF.
Rodovia Comandante João Ribeiro de Barros km 420
Via de acesso a Garça, km 1, CEP 17400-000, Garça/SP
www.grupofaef.edu.br / [email protected]
(14) 3407-8000
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