valor nutritivo de subprodutos de frutas para ovinos

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valor nutritivo de subprodutos de frutas para ovinos
Marcos Cláudio Pinheiro Rogério
VALOR NUTRITIVO DE SUBPRODUTOS DE FRUTAS
PARA OVINOS
Tese apresentada à Escola de Veterinária
da Universidade Federal de Minas Gerais,
como requisito parcial para obtenção do
grau de Doutor em Ciência Animal.
Área de Concentração: Nutrição Animal
Orientador: Prof. Iran Borges
Belo Horizonte - Minas Gerais
Escola de Veterinária - UFMG
2005
R722v
Rogério, Marcos Cláudio Pinheiro, 1975Valor nutritivo de subprodutos de frutas para ovinos / Marcos Cláudio Pinheiro Rogério. 2005.
318 p.: il.
Orientador: Iran Borges
Tese (doutorado) - Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Veterinária.
Inclui bibliografia
1. Ovino – Alimentação e rações – Teses. 2. Dieta em veterinária – Teses. 3. Nutrição
animal - Teses. 4. Frutas – Subprodutos – Teses. I. Borges, Iran, 1960- II. Universidade Federal
de Minas Gerais. Escola de Veterinária. III. Título.
CDD – 636.308 5
Tese defendida e aprovada em 10/02/2005, pela Comissão Examinadora constituída por:
________________________________
Prof. Iran Borges
(Orientador)
________________________________
Prof. José Neuman Miranda Neiva
________________________________
Prof. Rogério Martins Maurício
________________________________
Prof. Norberto Mário Rodriguez
________________________________
Prof. Lúcio Carlos Gonçalves
3
4
A Deus, que nos dá a ÁGUA que sacia a
sede da realização pessoal, dedico esse
trabalho. Só Ele nos oferece o Caminho,
a Verdade e a Vida: Jesus Cristo, Nosso
Senhor.
“Eu sou uma espécie de testemunho da
minha terra e do meu tempo. Se eu não
fosse do Ceará, o que seria de mim? Sei
lá. Não posso me imaginar ou fazer
projeções ante esta sugestão insólita. O
Ceará está muito ligado a mim para que
eu possa me imaginar fora dele. Ou pior,
sem ele”. Rachel de Queiroz
5
6
AGRADECIMENTOS
À Deus e Sua Mãe Santíssima.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico pela bolsa concedida.
Ao Banco do Nordeste e à Fundação Cearense de Amparo à Pesquisa pelo auxílio financeiro à
execução do experimento.
À Universidade Federal de Minas Gerais e seu corpo qualificado de professores e técnicos pela
excelência na transmissão de conhecimentos importantíssimos à minha formação profissional.
À Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA Caprinos e EMBRAPA
Agroindústria Tropical) e à Universidade Federal do Ceará pela disponibilização de sua infraestrutura para execução de toda a fase experimental.
À Universidade Estadual Vale do Acaraú pelo apoio dado à realização da maior parte das
análises laboratoriais.
À Bioclin® por ter fornecido os kits indispensáveis à realização das análises de soro sangüíneo.
Ao Professor Iran Borges, por seu exemplo profissional e, acima de tudo, por ensinar a superar
as dificuldades e por exigir dedicação e aplicação ao trabalho, dando, ao mesmo tempo, o apoio
proporcional à cobrança feita. Gratidão representa tudo o que sinto também pelos conselhos,
companheirismo, incentivo e compreensão nos períodos em que mais necessitei.
Ao Professor José Neuman, pelo apoio irrestrito à execução do experimento, companheirismo e
valiosos ensinamentos, além das importantes sugestões que contribuíram para a melhoria dos
experimentos, do conteúdo e da redação desta tese.
Ao Professor Lúcio Carlos Gonçalves pelo exemplo de dedicação ao trabalho, apoio e incentivo,
bem como, pelas correções e sugestões ao trabalho.
Ao Professor Norberto Mário Rodriguez, pela relevante contribuição à minha formação
profissional, por sua compreensão e apoio incondicional, bem como, pelas valiosas sugestões a
este trabalho.
Ao Professor Rogério Martins Maurício, pela disponibilidade e apoio particularmente no
encerramento deste trabalho e por suas importantes contribuições a partir das correções
realizadas.
À Professora Eloísa de Oliveira Simões Saliba, pelo apoio às análises realizadas no Laboratório
de Nutrição Animal da Escola de Veterinária da UFMG, pela simplicidade, companheirismo e
permanente disposição para ajudar.
Aos demais professores da Escola de Veterinária da UFMG, pela contribuição à minha
formação profissional.
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Ao Professor Juan Ramón Olalquiaga Perez, pela participação na banca de qualificação e
contribuições dadas à minha formação profissional.
Aos pesquisadores da EMBRAPA Caprinos e Agroindústria Tropical: Aurino Simplício, José
Carlos Machado Pimentel, Luís Vieira, Nélson Barros, Vânia Vasconcelos, Alcido Wander,
Raimundo Lobo e Eneas Leite por possibilitar a execução da fase experimental naquela
instituição.
Aos professores da Universidade Estadual Vale do Acaraú: Allysson Ney, Ana Sancha,
Claudinha, Cléber, Dêis, Fabianno e Révia, pela amizade, apoio em palavras e ações e,
sobretudo, pela oportunidade de feliz convivência, especialmente agradeço.
À Professora Ana Cláudia Nascimento Campos da Universidade Federal do Ceará pelo apoio
irrestrito e amizade sincera.
Ao meu amigo Gabrimar, pelos ensinamentos e transmissão de experiências profissionais, por
demonstrar o grande valor da verdade e da sinceridade em nossos dias e, mais, por gostar do
Ceará tanto quanto eu.
Aos amigos professores da Universidade Estadual do Ceará: Genário, Salette, Lucinha, Cláudio
e Verônica pela confiança na execução deste ideal, sempre com constantes estímulos e auxílio
em todos os momentos.
Aos estudantes de graduação do curso de Zootecnia da UFC: Cley Anderson, Josemir, Davi,
Tiago, pela disponibilidade constante e pelo auxílio imprescindível à realização dos
experimentos.
Aos colegas de pós-graduação da UFC: Salete, Canindé, Roberto, Edilton, Arnaud e Danielle
pelo apoio irrestrito e disponibilidade no auxílio às fases experimentais desta tese.
Aos meus caros alunos do curso de graduação da UVA: Tallita, Ana Gláudia, Joaquim, Sueli,
Bartolomeu Neto, Éden, Celly, Thiago, Leonardo, Alixandre, Nertan, Gil Mário e Vandenberg
pelo apoio irrestrito na execução das análises laboratoriais e na formatação dos dados obtidos,
amizade, companheirismo e boa convivência acadêmica.
Aos colegas da UFMG: Angelinha, Ricardo Rosero, Thierry, Sabará, Léo Lara, Martín,
Eduardo, Alessandra, Fernando Henrique, Ívis, Bolívar, Leonardo, Breno, Fernando Cezar,
Sidney, Fabiana, Luis Orcírio, pela amizade e apoio.
Aos meus irmãos fluminenses: Felipão, Fábio e Marcão pelas sinceras demonstrações de
amizade e confiança, pelos momentos agradáveis de descontração, bondade e simplicidade. À
Juliana Oliveira, por sua sincera amizade e apoio em todos os momentos.
Ao pessoal de apoio da Embrapa Caprinos, particularmente aos técnicos Lourenço, Ana
Cristina, Maria de Jesus, Fábio, Pedro, Evaristo, Welinton, Valdécio, Tânia, Eliene, Liduína,
Helena, Leitão, pela ajuda imprescindível.
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Às amigas do Laboratório de Nutrição Animal da UFC: Helena e Roseane, pelo apoio
incondicional à realização de parte das análises naquele laboratório.
Aos amigos do Laboratório de Nutrição Animal da UFMG: Toninho e Margot, pela
oportunidade de convívio, ensinamentos e apoio.
Ao pessoal do Colegiado de Pós-graduação, particularmente à Nilda e à Eliane, pela amizade,
compreensão, palavras de apoio e enorme presteza e disponibilidade.
Ao pessoal da Biblioteca da Escola de Veterinária da UFMG, pela presteza e atenção sempre
dispensados.
Aos funcionários do Departamento de Zootecnia da Escola de Veterinária da UFMG, pelo
convívio agradável.
A todos os colegas, familiares e amigos que durante o curso sempre se dispensaram a servir; que
torceram e rezaram por mim a Deus pelo êxito desse trabalho. Os nomes e as lembranças
estarão sempre presentes nas recordações do autor.
"É terrivelmente sedutor para alguns igualar-se a Deus e tornar-se deus dos próprios
semelhantes. Mas, na hora em que isso acontece, a infelicidade toma conta de dominados e
dominadores... Ainda bem que, enquanto o ser humano delira em fazer-se deus, Deus decide
fazer-se homem. No fundo, trata-se de duas loucuras: a loucura do Amor contra a loucura da
arrogância; a loucura da Vida contra a loucura da morte”. Pe. Virgílio, ssp.
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10
SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS ................................................................................................... 14
LISTA DE FIGURAS .................................................................................................... 24
LISTA DE ANEXOS ..................................................................................................... 26
RESUMO ....................................................................................................................... 29
ABSTRACT ..................................................................................................................... 30
Capítulo I - INTRODUÇÃO GERAL ............................................................................ 31
Capítulo II - REVISÃO DE LITERATURA.................................................................. 33
1. POTENCIAL DE UTILIZAÇÃO DE SUBPRODUTOS DO PROCESSAMENTO
DE FRUTAS .............................................................................................................. 33
1.1. Abacaxi (Ananas comosus L., Merr.) .............................................................. 33
1.2. Acerola (Malpighia glabra L.) ........................................................................ 34
1.3. Caju (Anacardium occidentale)....................................................................... 34
1.4. Maracujá (Passiflora edulis) ........................................................................... 36
2. RENDIMENTOS MÉDIOS DE SUBPRODUTOS DO PROCESSAMENTO DE
FRUTAS..................................................................................................................... 37
3. VALOR NUTRICIONAL DE SUBPRODUTOS DO PROCESSAMENTO DE
FRUTAS..................................................................................................................... 37
4. DESEMPENHO ANIMAL A PARTIR DA UTILIZAÇÃO DE SUBPRODUTOS
DO PROCESSAMENTO DE FRUTAS .................................................................... 44
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 45
Capítulo III - EXPERIMENTO 1................................................................................... 51
Valor nutritivo do subproduto da indústria processadora de abacaxi (Ananas comosus)
em dietas para ovinos. 1. Consumo, digestibilidade aparente e balanços energético e
nitrogenado ..................................................................................................................... 51
RESUMO ................................................................................................................... 51
1. INTRODUÇÃO...................................................................................................... 51
2. MATERIAL E MÉTODOS.................................................................................... 52
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................... 56
4. CONCLUSÕES ...................................................................................................... 66
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 66
Capítulo IV - EXPERIMENTO 2................................................................................... 69
Valor nutritivo do subproduto da indústria processadora de abacaxi (Ananas comosus)
em dietas para ovinos. 2. Dinâmica da fermentação ruminal e cinética sangüínea........ 69
RESUMO ................................................................................................................... 69
1. INTRODUÇÃO...................................................................................................... 69
2. MATERIAL E MÉTODOS.................................................................................... 70
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................... 71
4. CONCLUSÕES ...................................................................................................... 86
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 86
Capítulo V - EXPERIMENTO 3 .................................................................................... 89
Valor nutritivo do subproduto da indústria processadora de abacaxi (Ananas comosus)
em dietas para ovinos. 3. Degradabilidade ruminal ....................................................... 89
RESUMO ................................................................................................................... 89
11
1. INTRODUÇÃO...................................................................................................... 89
2. MATERIAL E MÉTODOS.................................................................................... 90
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................... 92
4. CONCLUSÕES .................................................................................................... 105
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 105
Capítulo VI - EXPERIMENTO 4................................................................................. 107
Valor nutritivo do subproduto da indústria processadora de acerola (Malpighia glabra)
em dietas para ovinos. 1. Consumo, digestibilidade aparente e balanços energético e
nitrogenado ................................................................................................................... 107
RESUMO ................................................................................................................. 107
1. INTRODUÇÃO.................................................................................................... 107
2. MATERIAL E MÉTODOS.................................................................................. 108
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................... 112
4. CONCLUSÕES .................................................................................................... 123
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 123
Capítulo VII - EXPERIMENTO 5 ............................................................................... 125
Valor nutritivo do subproduto da indústria processadora de acerola (Malpighia glabra)
em dietas para ovinos. 2. Dinâmica da fermentação ruminal e cinética sangüínea...... 125
RESUMO ................................................................................................................. 125
1. INTRODUÇÃO.................................................................................................... 125
2. MATERIAL E MÉTODOS.................................................................................. 126
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................... 127
4. CONCLUSÕES .................................................................................................... 143
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 143
Capítulo VIII - EXPERIMENTO 6 .............................................................................. 145
Valor nutritivo do subproduto da indústria processadora de acerola (Malpighia glabra)
em dietas para ovinos. 3. Degradabilidade ruminal ..................................................... 145
RESUMO ................................................................................................................. 145
1. INTRODUÇÃO.................................................................................................... 145
2. MATERIAL E MÉTODOS.................................................................................. 146
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................... 148
4. CONCLUSÕES .................................................................................................... 160
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 160
Capítulo IX - EXPERIMENTO 7................................................................................. 163
Valor nutritivo do subproduto da indústria processadora de caju (Anacardium
occidentale) em dietas para ovinos. 1. Consumo, digestibilidade aparente e balanços
energético e nitrogenado............................................................................................... 163
RESUMO ................................................................................................................. 163
1. INTRODUÇÃO.................................................................................................... 163
2. MATERIAL E MÉTODOS.................................................................................. 164
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................... 168
4. CONCLUSÕES .................................................................................................... 181
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 181
Capítulo X - EXPERIMENTO 8 .................................................................................. 183
12
Valor nutritivo do subproduto da indústria processadora de caju (Anacardium
occidentale) em dietas para ovinos. 2. Dinâmica da fermentação ruminal e cinética
sangüínea ...................................................................................................................... 183
RESUMO ................................................................................................................. 183
1. INTRODUÇÃO.................................................................................................... 183
2. MATERIAL E MÉTODOS.................................................................................. 184
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................... 185
4. CONCLUSÕES .................................................................................................... 204
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 204
Capítulo XI - EXPERIMENTO 9................................................................................. 207
Valor nutritivo do subproduto da indústria processadora de caju (Anacardium
occidentale) em dietas para ovinos. 3. Degradabilidade ruminal................................. 207
RESUMO ................................................................................................................. 207
1. INTRODUÇÃO.................................................................................................... 207
2. MATERIAL E MÉTODOS.................................................................................. 208
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................... 210
4. CONCLUSÕES .................................................................................................... 226
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 226
Capítulo XII - EXPERIMENTO 10 ............................................................................. 229
Valor nutritivo do subproduto da indústria processadora de maracujá (Passiflora edulis)
em dietas para ovinos. 1. Consumo, digestibilidade aparente e balanços energético e
nitrogenado ................................................................................................................... 229
RESUMO ................................................................................................................. 229
1. INTRODUÇÃO.................................................................................................... 229
2. MATERIAL E MÉTODOS.................................................................................. 230
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................... 234
4. CONCLUSÕES .................................................................................................... 247
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 248
Capítulo XIII - EXPERIMENTO 11 ............................................................................ 251
Valor nutritivo do subproduto da indústria processadora de maracujá (Passiflora edulis)
em dietas para ovinos. 2. Dinâmica da fermentação ruminal e cinética sangüínea...... 251
RESUMO ................................................................................................................. 251
1. INTRODUÇÃO.................................................................................................... 251
2. MATERIAL E MÉTODOS.................................................................................. 252
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................... 253
4. CONCLUSÕES .................................................................................................... 271
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 272
Capítulo XIV - EXPERIMENTO 12............................................................................ 273
Valor nutritivo do subproduto da indústria processadora de maracujá (Passiflora edulis)
em dietas para ovinos. 3. Degradabilidade ruminal ..................................................... 273
RESUMO ................................................................................................................. 273
1. INTRODUÇÃO.................................................................................................... 273
2. MATERIAL E MÉTODOS.................................................................................. 274
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................... 276
4. CONCLUSÕES .................................................................................................... 291
13
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 291
LISTA DE TABELAS
Capítulo II
Tabela 1. Estimativas da produção (em toneladas) de pedúnculo de caju na região
nordeste e no Brasil ........................................................................................................ 35
Tabela 2. Região brasileira, área colhida (hectare), produção (tonelada), participação
(%) e produtividade (t/ha) de maracujá no ano de 1996................................................. 36
Tabela 3. Rendimentos médios de produção de subprodutos na industrialização de frutas
........................................................................................................................................ 37
Tabela 4. Composição bromatológica de subprodutos do processamento de frutas em
Matéria Seca (MS).......................................................................................................... 39
Tabela 5. Valor alimentar médio (matéria seca) da planta e dos subprodutos da indústria
do abacaxi ....................................................................................................................... 40
Tabela 6. Valor alimentar médio (matéria seca) dos subprodutos da indústria
processadora de sucos de abacaxi, acerola, maracujá e melão....................................... 40
Tabela 7. Composição em aminoácidos do subproduto da indústria de caju e do farelo
de soja ............................................................................................................................. 42
Tabela 8. Coeficiente de Digestibilidade (%) de alguns nutrientes de subprodutos do
processamento de frutas ................................................................................................. 43
Capítulo III
Tabela 1. Composição centesimal e bromatológica das dietas contendo subproduto de
abacaxi ofertadas a ovinos em base de matéria seca ...................................................... 53
Tabela 2. Consumo médio diário de matéria seca de subproduto de abacaxi, capim
elefante, milho e torta de algodão (kg) e, entre parêntesis, a porcentagem (%) de cada
um dos alimentos em função do consumo de matéria seca total (CMST) (kg) das dietas
oferecidas a ovinos ......................................................................................................... 56
Tabela 3. Composição química (%) e níveis de energia bruta (Mcal/kg) dos ingredientes
das dietas fornecidas durante o experimento com base de matéria seca ........................ 57
Tabela 4. Composição química (%) e energia bruta média (Mcal/kg) das dietas contendo
quantidades crescentes de subproduto de abacaxi com base na matéria seca ................ 58
Tabela 5 - Médias de consumo diário (g/kg0,75, %PV, g/dia) das frações matéria seca,
matéria seca digestível, matéria orgânica, matéria orgânica digestível, proteína bruta,
proteína bruta digestível, extrato etéreo e extrato etéreo digestível das dietas contendo
quantidades crescentes de subproduto de abacaxi fornecidas a ovinos.......................... 59
Tabela 6 - Médias (%) dos coeficientes de digestibilidade da matéria seca, matéria
orgânica, proteína bruta e extrato etéreo das dietas contendo quantidades crescentes de
subproduto de abacaxi fornecidas a ovinos .................................................................... 61
Tabela 7 - Médias de consumo (g/kg0,75, % de peso vivo e em % de matéria seca
ingerida) das frações fibrosas e frações fibrosas digestíveis das dietas contendo
quantidades crescentes de subproduto de abacaxi fornecidas a ovinos.......................... 62
Tabela 8 - Médias (%) dos coeficientes de digestibilidade das frações fibrosas das dietas
contendo quantidades crescentes de subproduto de abacaxi fornecidas a ovinos .......... 64
14
Tabela 9 - Médias de consumo de energia bruta (EB), digestível (ED) e metabolizável
(EM) em relação à unidade de tamanho metabólico dos ovinos (kcal/kg0,75), coeficientes
de digestibilidade aparente da energia bruta, balanço energético e teores de ED (TED) e
de EM (TEM) por quilo de matéria seca ingerida (kcal) das dietas contendo quantidades
crescentes de subproduto de abacaxi fornecidas a ovinos.............................................. 65
Tabela 10 - Balanço de nitrogênio comparado nas diferentes dietas contendo
quantidades crescentes de subproduto de abacaxi fornecidas a ovinos.......................... 66
Capítulo IV
Tabela 1. Concentração de nitrogênio amoniacal (mg/ 100 ml) no líquido ruminal de
ovinos consumindo dietas contendo distintas quantidades de subproduto de abacaxi1 em
vários horários pós-prandial ........................................................................................... 72
Tabela 2. Valores de pH do líquido ruminal de ovinos consumindo dietas contendo
distintas quantidades de subproduto de abacaxi1 em vários horários pós-prandial........ 74
Tabela 3 - Concentração de acetato, propionato e butirato (milimoles/ 100 ml) no
líquido ruminal de ovinos submetidos a dietas contendo distintas quantidades de
subproduto de abacaxi1 em vários horários pós-prandial ............................................... 77
Tabela 4 - Concentração total de ácidos graxos voláteis (milimoles/ 100 ml) e relação de
acetato : propionato (Acet./Prop.) no líquido ruminal de ovinos submetidos a dietas
contendo distintas quantidades de subproduto de abacaxi1 em vários horários pósprandial ........................................................................................................................... 77
Tabela 5 - Proporção molar do acetato, propionato e butirato no líquido ruminal de
ovinos submetidos a dietas contendo distintas quantidades de subproduto de abacaxi1
em vários horários pós-prandial ..................................................................................... 78
Tabela 6. Concentração de uréia (mg/ 100ml) no soro de ovinos submetidos a dietas
contendo distintas quantidades de subproduto de abacaxi1 em vários horários pósprandial ........................................................................................................................... 83
Tabela 7. Concentração de creatinina (mg/ 100ml) no soro de ovinos submetidos a
dietas contendo distintas quantidades de subproduto de abacaxi1 em vários horários pósprandial ........................................................................................................................... 85
Tabela 8. Concentração de albumina (mg/ 100ml) no soro de ovinos submetidos a dietas
contendo distintas quantidades de subproduto de abacaxi1 em vários horários pósprandial ........................................................................................................................... 85
Tabela 9. Concentração de proteínas totais (g/ 100ml) no soro de ovinos submetidos a
dietas contendo distintas quantidades de subproduto de abacaxi1 em vários horários pósprandial ........................................................................................................................... 86
Capítulo V
Tabela 1. Desaparecimento da matéria seca (%) do subproduto de abacaxi e do capim
elefante incubados em sacos de náilon no rume de ovinos submetidos a dietas contendo
subproduto de abacaxi .................................................................................................... 93
Tabela 2. Potenciais de degradação (A), taxas de degradação (c), frações solúveis (S),
frações degradáveis (B1), tempos de colonização (TC) e degradabilidades efetivas (DE),
nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da matéria seca dos alimentos utilizados nesse
ensaio.............................................................................................................................. 94
15
Tabela 3. Desaparecimento da proteína bruta (%) do subproduto de abacaxi e do capim
elefante incubados em sacos de náilon no rume de ovinos submetidos a dieta contendo
subproduto de abacaxi .................................................................................................... 95
Tabela 4. Potenciais de degradação (A), taxas de degradação (c), frações solúveis (S),
frações degradáveis (B1), tempos de colonização (TC) e degradabilidades efetivas (DE),
nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da proteína bruta dos alimentos utilizados neste
experimento .................................................................................................................... 96
Tabela 5. Valores percentuais de proteína não degradada no rúmen (PNDR), proteína
indigestível não degradada no rúmen (PINDR), proteína digestível não degradada no
rúmen (PDNDR) e proteína efetivamente degradada no rúmen (PEDR), nas taxas de
passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da proteína bruta dos alimentos utilizados nesse ensaio ... 97
Tabela 6. Desaparecimento da fibra em detergente neutro (%) do subproduto de abacaxi
e do capim elefante incubados em sacos de náilon no rume de ovinos submetidos a
dietas contendo subproduto de abacaxi .......................................................................... 98
Tabela 7. Potenciais de degradação (A), taxas de degradação (c), frações solúveis (S),
frações degradáveis (B1), tempos de colonização (TC) e degradabilidades efetivas (DE),
nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da fibra em detergente neutro dos alimentos
utilizados nesse ensaio.................................................................................................... 99
Tabela 8. Desaparecimento da fibra em detergente ácido (%) do subproduto de abacaxi
e do capim elefante incubados em sacos de náilon no rume de ovinos submetidos a
dietas contendo subproduto de abacaxi ........................................................................ 100
Tabela 9. Potenciais de degradação (A), taxas de degradação (c), frações solúveis (S),
frações degradáveis (B1), tempos de colonização (TC) e degradabilidades efetivas (DE),
nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da fibra em detergente ácido dos alimentos
utilizados nesse ensaio.................................................................................................. 101
Tabela 10. Desaparecimento das hemiceluloses (%) do subproduto de abacaxi e do
capim elefante incubados em sacos de náilon no rume de ovinos submetidos a dietas
contendo subproduto de abacaxi .................................................................................. 102
Tabela 11. Potenciais de degradação (A), taxas de degradação (c), frações solúveis (S),
frações degradáveis (B1), tempos de colonização (TC) e degradabilidades efetivas (DE),
nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, das hemiceluloses dos alimentos utilizados
nesse ensaio .................................................................................................................. 103
Tabela 12. Desaparecimento da celulose (%) do subproduto de abacaxi e do capim
elefante incubados em sacos de náilon no rume de ovinos submetidos a dietas contendo
subproduto de abacaxi .................................................................................................. 103
Tabela 13. Potenciais de degradação (A), taxas de degradação (c), frações solúveis (S),
frações degradáveis (B1), tempos de colonização (TC) e degradabilidades efetivas (DE),
nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da celulose dos alimentos utilizados nesse
ensaio............................................................................................................................ 104
Capítulo VI
Tabela 1. Composição centesimal e bromatológica das dietas contendo subproduto de
acerola ofertadas a ovinos em base de matéria seca..................................................... 109
Tabela 2. Consumo médio diário de matéria seca de subproduto de acerola, capim
elefante, milho e torta de algodão (kg) e, entre parêntesis, a porcentagem (%) de cada
16
um dos alimentos em função do consumo de matéria seca total (CMST) (kg) das dietas
oferecidas a ovinos ....................................................................................................... 112
Tabela 3. Composição química (%) e níveis de energia bruta (Mcal/kg) dos ingredientes
das dietas fornecidas durante o experimento com base de matéria seca ...................... 113
Tabela 4. Composição química (%) e energia bruta média (Mcal/kg) das dietas contendo
quantidades crescentes de subproduto de acerola com base de matéria seca............... 114
Tabela 5. Médias de consumo diário (g/kg0,75, %PV, g/dia) das frações matéria seca,
matéria seca digestível, matéria orgânica, matéria orgânica digestível, proteína bruta
proteína bruta digestível, extrato etéreo e extrato etéreo digestível das dietas contendo
quantidades crescentes de subproduto de acerola fornecidas a ovinos ........................ 115
Tabela 6 - Médias (%) dos coeficientes de digestibilidade da matéria seca, matéria
orgânica, proteína bruta e extrato etéreo das dietas contendo quantidades crescentes de
subproduto de acerola fornecidas a ovinos................................................................... 117
Tabela 7 - Médias de consumo (g/kg0,75, % de peso vivo e % de matéria seca ingerida)
das frações fibrosas e frações fibrosas digestíveis das dietas contendo quantidades
crescentes de subproduto de acerola fornecidas a ovinos............................................. 119
Tabela 8 - Médias (%) dos coeficientes de digestibilidade das frações fibrosas das dietas
contendo quantidades crescentes de subproduto de acerola fornecidas a ovinos......... 120
Tabela 9 - Médias de consumo de energia bruta (EB), digestível (ED) e metabolizável
(EM) em relação à unidade de tamanho metabólico dos ovinos (kcal/kg0,75), coeficientes
de digestibilidade aparente da energia bruta, balanço energético e teores de ED (TED) e
de EM (TEM) por quilo de matéria seca ingerida (kcal) das dietas contendo quantidades
crescentes de subproduto de acerola fornecidas a ovinos............................................. 121
Tabela 10 - Balanço de nitrogênio comparado nas diferentes dietas contendo
quantidades crescentes de subproduto de acerola fornecidas a ovinos ........................ 122
Capítulo VII
Tabela 1. Concentração de nitrogênio amoniacal (mg/ 100 ml) no líquido ruminal de
ovinos consumindo dietas contendo distintas quantidades de subproduto de acerola1 em
vários horários pós-prandial ......................................................................................... 128
Tabela 2. Valores de pH do líquido ruminal de ovinos consumindo dietas contendo
distintas quantidades de subproduto de acerola1 em vários horários pós-prandial....... 131
Tabela 3. Concentração de acetato, propionato e butirato (milimoles/ 100 ml) no líquido
ruminal de ovinos submetidos a dietas contendo distintas quantidades de subproduto de
acerola1 em vários horários pós-prandial...................................................................... 133
Tabela 4. Concentração total de ácidos graxos voláteis (milimoles/ 100 ml) e relação de
acetato : propionato (Acet./Prop.) no líquido ruminal de ovinos submetidos a dietas
contendo distintas quantidades de subproduto de acerola1 em vários horários pósprandial ......................................................................................................................... 133
Tabela 5. Proporção molar do acetato, propionato e butirato no líquido ruminal de
ovinos submetidos a dietas contendo distintas quantidades de subproduto de acerola1 em
vários horários pós-prandial ......................................................................................... 134
Tabela 6. Concentração de uréia (mg/ 100ml) no soro de ovinos submetidos a dietas
contendo distintas quantidades de subproduto de acerola1 em vários horários pósprandial1 ........................................................................................................................ 138
17
Tabela 7. Concentração de creatinina (mg/ 100ml) no soro de ovinos submetidos a
dietas contendo distintas quantidades de subproduto de acerola1 em vários horários pósprandial ......................................................................................................................... 141
Tabela 8. Concentração de albumina (mg/ 100ml) no soro de ovinos submetidos a dietas
contendo distintas quantidades de subproduto de acerola1 em vários horários pósprandial ......................................................................................................................... 142
Tabela 9. Concentração de proteínas totais (g/ 100ml) no soro de ovinos submetidos a
dietas contendo distintas quantidades de subproduto de acerola1 em vários horários pósprandial ......................................................................................................................... 143
Capítulo VIII
Tabela 1. Desaparecimento da matéria seca (%) do subproduto de acerola e do capim
elefante incubados em sacos de náilon no rume de ovinos submetidos a dietas contendo
subproduto de acerola................................................................................................... 148
Tabela 2. Potenciais de degradação (A), taxas de degradação (c), frações solúveis (S),
frações degradáveis (B1), tempos de colonização (TC) e degradabilidades efetivas (DE),
nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da matéria seca dos alimentos utilizados nesse
ensaio............................................................................................................................ 150
Tabela 3. Desaparecimento da proteína bruta (%) do subproduto de acerola e do capim
elefante incubados em sacos de náilon no rume de ovinos submetidos a dietas contendo
subproduto de acerola................................................................................................... 150
Tabela 4. Potenciais de degradação (A), taxas de degradação (c), frações solúveis (S),
frações degradáveis (B1), tempos de colonização (TC) e degradabilidades efetivas (DE),
nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da proteína bruta dos alimentos utilizados
nesse ensaio .................................................................................................................. 152
Tabela 5. Valores percentuais de proteína não degradada no rúmen (PNDR), proteína
indigestível não degradada no rúmen (PINDR), proteína digestível não degradada no
rúmen (PDNDR) e proteína efetivamente degradada no rúmen (PEDR), nas taxas de
passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da proteína bruta dos alimentos utilizados nesse ensaio . 152
Tabela 6. Desaparecimento da fibra em detergente neutro (%) do subproduto de acerola
e do capim elefante incubados em sacos de náilon no rume de ovinos submetidos a
dietas contendo subproduto de acerola......................................................................... 153
Tabela 7. Potenciais de degradação (A), taxas de degradação (c), frações solúveis (S),
frações degradáveis (B1), tempos de colonização (TC) e degradabilidades efetivas (DE),
nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da fibra em detergente neutro dos alimentos
utilizados nesse ensaio.................................................................................................. 155
Tabela 8. Desaparecimento da fibra em detergente ácido (%) do subproduto de acerola e
do capim elefante incubados em sacos de náilon no rume de ovinos submetidos a dietas
contendo subproduto de acerola ................................................................................... 155
Tabela 9. Potenciais de degradação (A), taxas de degradação (c), frações solúveis (S),
frações degradáveis (B1), tempos de colonização (TC) e degradabilidades efetivas (DE),
nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da fibra em detergente ácido dos alimentos
utilizados neste experimento ........................................................................................ 157
Tabela 10. Desaparecimento das hemiceluloses (%) do subproduto de acerola e do
capim elefante incubados em sacos de náilon no rume de ovinos submetidos a dietas
contendo subproduto de acerola ................................................................................... 157
18
Tabela 11. Potenciais de degradação (A), taxas de degradação (c), frações solúveis (S),
frações degradáveis (B1), tempos de colonização (TC) e degradabilidades efetivas (DE),
nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, das hemiceluloses dos alimentos utilizados
neste experimento ......................................................................................................... 158
Tabela 12. Desaparecimento da celulose (%) do subproduto de acerola e do capim
elefante incubados em sacos de náilon no rume de ovinos submetidos a dietas contendo
subproduto de acerola................................................................................................... 159
Tabela 13. Potenciais de degradação (A), taxas de degradação (c), frações solúveis (S),
frações degradáveis (B1), tempos de colonização (TC) e degradabilidades efetivas (DE),
nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da celulose dos alimentos utilizados nesse
ensaio............................................................................................................................ 160
Capítulo IX
Tabela 1. Composição centesimal e bromatológica das dietas contendo subproduto de
caju ofertadas a ovinos em base de matéria seca.......................................................... 165
Tabela 2. Consumo médio diário de matéria seca de subproduto de caju, feno de capim
elefante, milho e farelo de soja (kg) e, entre parêntesis, a porcentagem (%) de cada um
dos alimentos em função do consumo de matéria seca total (CMST) (kg) das dietas
oferecidas a ovinos ....................................................................................................... 168
Tabela 3. Composição química (%) e níveis de energia bruta (Mcal/kg) dos ingredientes
das dietas fornecidas durante o experimento com base de matéria seca ..................... 169
Tabela 4. Composição química (%) e energia bruta média (Mcal/kg) das dietas contendo
quantidades crescentes do subproduto de caju com base de matéria seca.................... 170
Tabela 5 - Médias de consumo diário (g/kg0,75, % do peso vivo, g/dia) das frações
matéria seca, matéria seca digestível, matéria orgânica, proteína bruta, proteína bruta
digestível e extrato etéreo das dietas contendo quantidades crescentes de subproduto de
caju fornecidas a ovinos ............................................................................................... 171
Tabela 6 - Médias (%) dos coeficientes de digestibilidade da matéria seca, matéria
orgânica, proteína bruta e extrato etéreo das dietas contendo quantidades crescentes de
subproduto de caju fornecidas a ovinos........................................................................ 173
Tabela 7 - Médias de consumo (g/kg0,75, % de peso vivo e % de matéria seca ingerida)
das frações fibrosas alimentares das dietas contendo quantidades crescentes de
subproduto de caju fornecidas a ovinos........................................................................ 175
Tabela 8 - Médias (%) dos coeficientes de digestibilidade das frações fibrosas
alimentares das dietas contendo quantidades crescentes de subproduto de caju
fornecidas a ovinos ....................................................................................................... 177
Tabela 9 - Médias de consumo de energia bruta (EB), digestível (ED) e metabolizável
(EM) em relação à unidade de tamanho metabólico dos ovinos (kcal/kg0,75), coeficientes
de digestibilidade aparente da energia bruta, balanço energético e teores de ED (TED) e
de EM (TEM) por quilo de matéria seca ingerida (kcal) das dietas contendo quantidades
crescentes de subproduto de caju fornecidas a ovinos ................................................. 179
Tabela 10 - Balanço de nitrogênio comparado nas diferentes dietas contendo
quantidades crescentes de subproduto de caju fornecidas a ovinos ............................. 180
Capítulo X
19
Tabela 1. Concentração de nitrogênio amoniacal (mg/ 100 ml) no líquido ruminal de
ovinos consumindo dietas contendo distintas quantidades de subproduto de caju1 em
vários horários pós-prandial ......................................................................................... 186
Tabela 2. Valores de pH do líquido ruminal de ovinos consumindo dietas contendo
distintas quantidades de subproduto de caju1 em vários horários pós-prandial ........... 187
Tabela 3 - Concentração de acetato, propionato e butirato (milimoles/ 100 ml) no
líquido ruminal de ovinos consumindo dietas contendo distintas quantidades de
subproduto de caju1 em vários horários pós-prandial................................................... 190
Tabela 4 - Concentração total de ácidos graxos voláteis (milimoles/ 100 ml) e relação de
acetato : propionato (Acet./Prop.) no líquido ruminal de ovinos consumindo dietas
contendo distintas quantidades de subproduto de caju1 em vários horários pós-prandial
...................................................................................................................................... 190
Tabela 5 - Proporção molar do acetato, propionato e butirato no líquido ruminal de
ovinos consumindo dietas contendo distintas quantidades de subproduto de caju1 em
vários horários pós-prandial ......................................................................................... 191
Tabela 6. Concentração de uréia (mg/ 100ml) no soro de ovinos consumindo dietas
contendo distintas quantidades de subproduto de caju1 em vários horários pós-prandial
...................................................................................................................................... 196
Tabela 7. Concentração de creatinina (mg/ 100ml) no soro de ovinos consumindo dietas
contendo distintas quantidades de subproduto de caju1 em vários horários pós-prandial
...................................................................................................................................... 198
Tabela 8. Concentração de albumina (mg/ 100ml) no soro de ovinos consumindo dietas
contendo distintas quantidades de subproduto de caju1 em vários horários pós-prandial
...................................................................................................................................... 200
Tabela 9. Concentração de proteínas totais (g/ 100ml) no soro de ovinos consumindo
dietas contendo distintas quantidades de subproduto de caju1 em vários horários pósprandial ......................................................................................................................... 202
Capítulo XI
Tabela 1. Desaparecimento da matéria seca (%) do subproduto de caju e do capim
elefante incubados em sacos de náilon no rume de ovinos submetidos a dieta contendo
subproduto de caju........................................................................................................ 211
Tabela 2. Potenciais de degradação (A), taxas de degradação (c), frações solúveis (S),
frações degradáveis (B1), tempos de colonização (TC) e degradabilidades efetivas (DE),
nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da matéria seca dos alimentos utilizados nesse
ensaio............................................................................................................................ 213
Tabela 3. Desaparecimento da proteína bruta (%) do subproduto de caju e do capim
elefante incubados em sacos de náilon no rume de ovinos submetidos a dieta contendo
subproduto de caju........................................................................................................ 214
Tabela 4. Potenciais de degradação (A), taxas de degradação (c), frações solúveis (S),
frações degradáveis (B1), tempos de colonização (TC) e degradabilidades efetivas (DE),
nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da proteína bruta dos alimentos utilizados
nesse ensaio .................................................................................................................. 215
Tabela 5. Valores percentuais de proteína não degradada no rúmen (PNDR), proteína
indigestível não degradada no rúmen (PINDR), proteína digestível não degradada no
20
rúmen (PDNDR) e proteína efetivamente degradada no rúmen (PEDR), nas taxas de
passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da proteína bruta dos alimentos utilizados nesse ensaio . 216
Tabela 6. Desaparecimento da fibra em detergente neutro (%) do subproduto de caju e
do capim elefante incubados em sacos de náilon no rume de ovinos submetidos a dieta
contendo subproduto de caju ........................................................................................ 218
Tabela 7. Potenciais de degradação (A), taxas de degradação (c), frações solúveis (S),
frações degradáveis (B1), tempos de colonização (TC) e degradabilidades efetivas (DE),
nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da fibra em detergente neutro dos alimentos
utilizados nesse ensaio.................................................................................................. 219
Tabela 8. Desaparecimento da fibra em detergente ácido (%) do subproduto de caju e do
capim elefante incubados em sacos de náilon no rume de ovinos submetidos a dietas
contendo subproduto de caju ........................................................................................ 220
Tabela 9. Potenciais de degradação (A), taxas de degradação (c), frações solúveis (S),
frações degradáveis (B1), tempos de colonização (TC) e degradabilidades efetivas (DE),
nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da fibra em detergente ácido dos alimentos
utilizados nesse ensaio.................................................................................................. 221
Tabela 10. Desaparecimento das hemiceluloses (%) do subproduto de caju e do capim
elefante incubados em sacos de náilon no rume de ovinos submetidos a dietas contendo
subproduto de caju........................................................................................................ 222
Tabela 11. Potenciais de degradação (A), taxas de degradação (c), frações solúveis (S),
frações degradáveis (B1), tempos de colonização (TC) e degradabilidades efetivas (DE),
nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, das hemiceluloses dos alimentos utilizados
nesse ensaio .................................................................................................................. 224
Tabela 12. Desaparecimento da celulose (%) do subproduto de caju e do capim elefante
incubados em sacos de náilon no rume de ovinos submetidos a dietas contendo
subproduto de caju........................................................................................................ 224
Tabela 13. Potenciais de degradação (A), taxas de degradação (c), frações solúveis (S),
frações degradáveis (B1), tempos de colonização (TC) e degradabilidades efetivas (DE),
nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da celulose dos alimentos utilizados neste
experimento .................................................................................................................. 225
Capítulo XII
Tabela 1. Composição centesimal e bromatológica das dietas contendo subproduto de
maracujá e ofertadas a ovinos em base de matéria seca ............................................... 231
Tabela 2. Consumo médio diário de matéria seca de subproduto de maracujá, capim
elefante, milho e torta de algodão (kg) e, entre parêntesis, a porcentagem (%) de cada
um dos alimentos em função do consumo de matéria seca total (CMST) (kg) das dietas
oferecidas a ovinos ....................................................................................................... 234
Tabela 3. Composição química (%) e níveis de energia bruta (Mcal/kg) dos ingredientes
das dietas fornecidas durante o experimento com base de matéria seca ...................... 235
Tabela 4. Composição química (%) e energia bruta média (Mcal/kg) das dietas contendo
quantidades crescentes de subproduto de maracujá com base de matéria seca............ 236
Tabela 5 - Médias de consumo diário (g/kg0,75) das frações matéria seca, matéria seca
digestível, matéria orgânica, matéria orgânica digestível, proteína bruta, proteína bruta
digestível, extrato etéreo e extrato etéreo digestível das dietas contendo quantidades
crescentes de subproduto de maracujá fornecidas a ovinos ......................................... 238
21
Tabela 6 - Médias (%) dos coeficientes de digestibilidade da matéria seca, matéria
orgânica, proteína bruta e extrato etéreo das dietas contendo quantidades crescentes de
subproduto de maracujá fornecidas a ovinos................................................................ 240
Tabela 7 - Médias de consumo (g/kg0,75, % do peso vivo e % da materia seca ingerida)
das frações fibrosas e frações fibrosas digestíveis das dietas contendo quantidades
crescentes de subproduto de maracujá fornecidas a ovinos ......................................... 241
Tabela 8 - Médias (%) dos coeficientes de digestibilidade das frações fibrosas das dietas
contendo quantidades crescentes de subproduto de maracujá fornecidas a ovinos...... 244
Tabela 9 - Médias de consumo de energia bruta (EB), digestível (ED) e metabolizável
(EM) em relação à unidade de tamanho metabólico dos ovinos (kcal/kg0,75), coeficientes
de digestibilidade aparente da energia bruta, balanço energético e teores de ED (TED) e
de EM (TEM) por quilo de matéria seca ingerida (kcal) das dietas contendo quantidades
crescentes de subproduto de maracujá fornecidas a ovinos ......................................... 246
Tabela 10 - Balanço de nitrogênio comparado nas diferentes dietas contendo
quantidades crescentes de subproduto de maracujá fornecidas a ovinos ..................... 247
Capítulo XIII
Tabela 1. Concentração de nitrogênio amoniacal (mg/ 100 ml) no líquido ruminal de
ovinos consumindo dietas contendo distintas quantidades de subproduto de maracujá1
em vários horários pós-prandial ................................................................................... 254
Tabela 2. Valores de pH do líquido ruminal de ovinos consumindo dietas contendo
distintas quantidades de subproduto de maracujá1 em vários horários pós-prandial ... 257
Tabela 3 - Concentração de acetato, propionato e butirato (milimoles/ 100 ml) no
líquido ruminal de ovinos consumindo dietas contendo distintas quantidades de
subproduto de maracujá1 em vários horários pós-prandial........................................... 260
Tabela 4 - Concentração total de ácidos graxos voláteis (milimoles/ 100 ml) e relação de
acetato : propionato (Acet./Prop.) no líquido ruminal de ovinos consumindo dietas
contendo distintas quantidades de subproduto de maracujá1 em vários horários pósprandial ......................................................................................................................... 260
Tabela 5 - Proporção molar do acetato, propionato e butirato no líquido ruminal de
ovinos consumindo dietas contendo distintas quantidades de subproduto de maracujá1
em vários horários pós-prandial ................................................................................... 261
Tabela 6. Concentração de uréia (mg/ 100ml) no soro de ovinos consumindo dietas
contendo distintas quantidades de subproduto de maracujá1 em vários horários pósprandial ......................................................................................................................... 265
Tabela 7. Concentração de creatinina (mg/ 100ml) no soro de ovinos consumindo dietas
contendo distintas quantidades de subproduto de maracujá1 em vários horários pósprandial ......................................................................................................................... 268
Tabela 8. Concentração de albumina (mg/ 100ml) no soro de ovinos consumindo dietas
contendo distintas quantidades de subproduto de maracujá1 em vários horários pósprandial ......................................................................................................................... 269
Tabela 9. Concentração de proteínas totais (g/ 100ml) no soro de ovinos consumindo
dietas contendo distintas quantidades de subproduto de maracujá1 em vários horários
pós-prandial .................................................................................................................. 271
Capítulo XIV
22
Tabela 1. Desaparecimento da matéria seca (%) do subproduto de maracujá e do capim
elefante incubados em sacos de náilon no rume de ovinos submetidos a dieta contendo
subproduto de maracujá................................................................................................ 276
Tabela 2. Potenciais de degradação (A), taxas de degradação (c), frações solúveis (S),
frações degradáveis (B1), tempos de colonização (TC) e degradabilidades efetivas (DE),
nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da matéria seca dos alimentos utilizados neste
experimento .................................................................................................................. 278
Tabela 3. Desaparecimento da proteína bruta (%) do subproduto de maracujá e do capim
elefante incubados em sacos de náilon no rume de ovinos submetidos a dieta contendo
subproduto de maracujá................................................................................................ 279
Tabela 4. Potenciais de degradação (A), taxas de degradação (c), frações solúveis (S),
frações degradáveis (B1), tempos de colonização (TC) e degradabilidades efetivas (DE),
nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da proteína bruta dos alimentos utilizados
nesse ensaio .................................................................................................................. 280
Tabela 5. Valores percentuais de proteína não degradada no rúmen (PNDR), proteína
indigestível não degradada no rúmen (PINDR), proteína digestível não degradada no
rúmen (PDNDR) e proteína efetivamente degradada no rúmen (PEDR), nas taxas de
passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da proteína bruta dos alimentos utilizados nesse ensaio . 282
Tabela 6. Desaparecimento da fibra em detergente neutro (%) do subproduto de
maracujá e do capim elefante incubados em sacos de náilon no rume de ovinos
submetidos a dieta contendo subproduto de maracujá ................................................. 283
Tabela 7. Potenciais de degradação (A), taxas de degradação (c), frações solúveis (S),
frações degradáveis (B1), tempos de colonização (TC) e degradabilidades efetivas (DE),
nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da fibra em detergente neutro dos alimentos
utilizados neste experimento ........................................................................................ 284
Tabela 8. Desaparecimento da fibra em detergente ácido (%) do subproduto de maracujá
e do capim elefante incubados em sacos de náilon no rume de ovinos submetidos a dieta
contendo subproduto de maracujá ................................................................................ 286
Tabela 9. Potenciais de degradação (A), taxas de degradação (c), frações solúveis (S),
frações degradáveis (B1), tempos de colonização (TC) e degradabilidades efetivas (DE),
nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da fibra em detergente ácido dos alimentos
utilizados neste experimento ........................................................................................ 288
Tabela 10. Desaparecimento das hemiceluloses (%) do subproduto de maracujá e do
capim elefante incubados em sacos de náilon no rume de ovinos submetidos a dieta
contendo subproduto de maracujá ................................................................................ 288
Tabela 11. Potenciais de degradação (A), taxas de degradação (c), frações solúveis (S),
frações degradáveis (B1), tempos de colonização (TC) e degradabilidades efetivas (DE),
nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, das hemiceluloses dos alimentos utilizados
neste experimento ......................................................................................................... 289
Tabela 12. Desaparecimento da celulose (%) do subproduto de maracujá e do capim
elefante incubados em sacos de náilon no rume de ovinos submetidos a dieta contendo
subproduto de maracujá................................................................................................ 290
Tabela 13. Potenciais de degradação (A), taxas de degradação (c), frações solúveis (S),
frações degradáveis (B1), tempos de colonização (TC) e degradabilidades efetivas (DE),
23
nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da celulose dos alimentos utilizados neste
experimento .................................................................................................................. 291
LISTA DE FIGURAS
Capítulo IV
Figura 1. Concentração de nitrogênio amoniacal em função do tempo de colheita do
líquido ruminal ............................................................................................................... 73
Figura 2. Potencial hidrogeniônico em função do tempo de colheita do líquido ruminal
........................................................................................................................................ 74
Figura 3. Concentrações de ácidos graxos voláteis totais em mmol/ 100 ml de líquido
ruminal em função do tempo de colheita........................................................................ 76
Figura 4. Concentrações de ácido acético em mmol/ 100 ml de líquido ruminal em
função do tempo de colheita........................................................................................... 80
Figura 5. Concentrações de ácido propiônico em mmol/ 100 ml de líquido ruminal em
função do tempo de colheita........................................................................................... 81
Figura 6. Relação acetato : propionato no líquido ruminal em função do tempo de
colheita ........................................................................................................................... 82
Figura 7. Concentração de uréia sérica em função do tempo de colheita do sangue ..... 84
Capítulo V
Figura 1. Desaparecimento da MS dos alimentos em função do tempo de incubação... 94
Figura 2. Desaparecimento da PB dos alimentos em função do tempo de incubação ... 96
Figura 3. Desaparecimento da FDN dos alimentos em função do tempo de incubação 99
Figura 4. Desaparecimento da FDA dos alimentos em função do tempo de incubação
...................................................................................................................................... 101
Figura 5. Desaparecimento das hemiceluloses dos alimentos em função do tempo de
incubação ...................................................................................................................... 102
Figura 6. Desaparecimento da celulose dos alimentos em função do tempo de incubação
...................................................................................................................................... 104
Capítulo VII
Figura 1. Concentração de nitrogênio amoniacal em função do tempo de colheita do
líquido ruminal ............................................................................................................. 129
Figura 2. Concentração de ácidos graxos voláteis em função do tempo de colheita do
líquido ruminal ............................................................................................................. 137
Figura 3. Concentração de uréia sérica em função do tempo de colheita do sangue ... 140
Figura 4. Concentração de creatinina sérica em função do tempo de colheita do sangue
...................................................................................................................................... 142
Capítulo VIII
Figura 1. Desaparecimento da MS dos alimentos em função do tempo de incubação. 149
Figura 2. Desaparecimento da PB dos alimentos em função do tempo de incubação . 151
Figura 3. Desaparecimento da FDN dos alimentos em função do tempo de incubação
...................................................................................................................................... 154
Figura 4. Desaparecimento da FDA dos alimentos em função do tempo de incubação
...................................................................................................................................... 156
24
Figura 5. Desaparecimento das hemiceluloses dos alimentos em função do tempo de
incubação ...................................................................................................................... 158
Figura 6. Desaparecimento da celulose dos alimentos em função do tempo de incubação
...................................................................................................................................... 160
Capítulo X
Figura 1. Concentração de nitrogênio amoniacal em função do tempo de colheita do
líquido ruminal ............................................................................................................. 187
Figura 2. Potencial hidrogeniônico (pH) do líquido ruminal em função do tempo de
colheita em horas .......................................................................................................... 188
Figura 3. Concentração de ácidos graxos voláteis em função do tempo de colheita do
líquido ruminal ............................................................................................................. 193
Figura 4. Concentração de ácido acético em função do tempo de colheita do líquido
ruminal.......................................................................................................................... 194
Figura 5. Concentração de ácido propiônico em função do tempo de colheita do líquido
ruminal.......................................................................................................................... 195
Figura 6. Concentração de ácido butírico em função do tempo de colheita do líquido
ruminal.......................................................................................................................... 195
Figura 7. Concentração de uréia sérica em função do tempo de colheita do sangue ... 198
Figura 8. Concentração de creatinina sérica em função do tempo de colheita do sangue
...................................................................................................................................... 199
Figura 9. Concentração de albumina sérica em função do tempo de colheita do sangue
...................................................................................................................................... 201
Figura 10. Concentração de proteínas totais séricas em função do tempo de colheita do
sangue ........................................................................................................................... 204
Capítulo XI
Figura 1. Desaparecimento da MS dos alimentos em função do tempo de incubação. 212
Figura 2. Desaparecimento da PB dos alimentos em função do tempo de incubação . 215
Figura 3. Desaparecimento da FDN dos alimentos em função do tempo de incubação
...................................................................................................................................... 218
Figura 4. Desaparecimento da FDA dos alimentos em função do tempo de incubação
...................................................................................................................................... 221
Figura 5. Desaparecimento das hemiceluloses dos alimentos em função do tempo de
incubação ...................................................................................................................... 223
Figura 6. Desaparecimento da celulose dos alimentos em função do tempo de incubação
...................................................................................................................................... 225
Capítulo XIII
Figura 1. Concentração de nitrogênio amoniacal em função do tempo de colheita do
líquido ruminal ............................................................................................................. 256
Figura 2. Potencial hidrogeniônico (pH) do líquido ruminal em função do tempo de
colheita em horas .......................................................................................................... 258
Figura 3. Concentração de ácidos graxos voláteis em função do tempo de colheita do
líquido ruminal ............................................................................................................. 263
Figura 4. Concentração de ácido acético em função do tempo de colheita do líquido
ruminal.......................................................................................................................... 265
Figura 5. Concentração de uréia sérica em função do tempo de colheita do sangue ... 267
25
Figura 6. Concentração de creatinina sérica em função do tempo de colheita do sangue
...................................................................................................................................... 268
Figura 7. Concentração de albumina sérica em função do tempo de colheita do sangue
...................................................................................................................................... 270
Capítulo XIV
Figura 1. Desaparecimento da MS dos alimentos em função do tempo de incubação. 278
Figura 2. Desaparecimento da PB dos alimentos em função do tempo de incubação . 280
Figura 3. Desaparecimento da FDN dos alimentos em função do tempo de incubação
...................................................................................................................................... 284
Figura 4. Desaparecimento da FDA dos alimentos em função do tempo de incubação
...................................................................................................................................... 287
Figura 5. Desaparecimento das hemiceluloses dos alimentos em função do tempo de
incubação ...................................................................................................................... 289
Figura 6. Desaparecimento da celulose dos alimentos em função do tempo de incubação
...................................................................................................................................... 291
LISTA DE ANEXOS
ANEXO 1 ..................................................................................................................... 296
Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no Capítulo III
...................................................................................................................................... 296
ANEXO 2 ..................................................................................................................... 300
Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no Capítulo VI
...................................................................................................................................... 300
ANEXO 3 ..................................................................................................................... 304
Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no Capítulo IX
...................................................................................................................................... 304
ANEXO 4 ..................................................................................................................... 308
Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no Capítulo
XII................................................................................................................................. 308
ANEXO 5 ..................................................................................................................... 311
Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no Capitulo IV
...................................................................................................................................... 311
ANEXO 6 ..................................................................................................................... 312
Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no Capitulo
VII................................................................................................................................. 312
ANEXO 7 ..................................................................................................................... 313
Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no Capitulo X
...................................................................................................................................... 313
ANEXO 8 ..................................................................................................................... 314
Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no Capitulo
XIII ............................................................................................................................... 314
ANEXO 9 ..................................................................................................................... 315
Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no subproduto
de Abacaxi (Capitulo V)............................................................................................... 315
26
Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no capim
elefante (Capitulo V) .................................................................................................... 315
ANEXO 10 ................................................................................................................... 316
Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no subproduto
de Acerola (Capitulo VIII) ........................................................................................... 316
Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no capim
elefante (Capitulo VIII) ................................................................................................ 316
ANEXO 11 ................................................................................................................... 317
Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no subproduto
de Caju (Capitulo XI) ................................................................................................... 317
Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no capim
elefante (Capitulo XI)................................................................................................... 317
ANEXO 12 ................................................................................................................... 318
Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no subproduto
de Maracujá (Capitulo XIV)......................................................................................... 318
Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no capim
elefante (Capitulo XIV) ................................................................................................ 318
27
28
RESUMO
Foram realizados doze experimentos com o objetivo de determinar o valor nutritivo para ovinos
de quatro subprodutos de frutas: abacaxi (Ananas comosus), acerola (Malpighia glabra), caju
(Anacardium occidentale) e maracujá (Passiflora edulis). No primeiro, quarto, sétimo e décimo
experimentos, foram avaliadas as inclusões em níveis crescentes destes subprodutos em dietas
isoprotéicas e isofibrosas fornecidas a ovinos sobre os consumos e coeficientes de
digestibilidade da matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), proteína bruta (PB), extrato etéreo
(EE), fibra detergente neutro (FDN), fibra detergente ácido (FDA), hemiceluloses (HCEL),
celulose (CEL) e energia. Avaliaram-se também os balanços nitrogenados e de energia. No
segundo, quinto, oitavo e décimo primeiro experimentos, foi avaliada a influência da inclusão
destes subprodutos sobre as concentrações de nitrogênio amoniacal (N-NH3), sobre o pH e sobre
as concentrações molares de ácidos graxos voláteis (AGV) do líquido ruminal, assim como os
níveis séricos de albumina (ALB), creatinina (CRE), uréia (UR) e proteínas totais (PT) de
ovinos. No terceiro, sexto, nono e décimo segundo experimentos, os subprodutos foram
comparados, em cada experimento, com o capim elefante (Pennisetum purpureum), com 56 dias
de idade, em relação às degradabilidades ruminais da MS, PB, FDN, FDA, HCEL e CEL. No
primeiro experimento, maior consumo de MS foi encontrado na dieta que incluiu 11% de
subproduto de abacaxi em relação às dietas controle e com 27% de subproduto. As
digestibilidades da FDA reduziram com a inclusão deste subproduto. Os balanços energéticos e
protéicos foram positivos. No segundo experimento, nas dietas controle e com 11% de
subproduto, a segunda hora pós-prandial apresentou as maiores concentrações de N-NH3. A
dieta com 16% de subproduto de abacaxi apresentou a maior concentração de AGV na oitava
hora pós-prandial. No terceiro experimento, o subproduto de abacaxi apresentou maiores
percentuais de proteína digestível não degradada no rúmen em relação aos encontrados para o
capim. Podem ocorrer restrições no consumo e na disponibilidade energética de dietas com este
subproduto. No quarto experimento, as dietas que incluíram o subproduto de acerola
apresentaram menores digestibilidades da MS, MO, FDN, FDA, CEL. No quinto experimento, a
inclusão em 43% de subproduto de acerola resultou em menores concentrações de acetato e
propionato. No sexto experimento, o subproduto de acerola apresentou maiores percentuais de
proteína digestível não degradada no rúmen em relação aos encontrados para o capim. No
sétimo experimento foram encontrados maiores consumos de MS, MO, PB, FDN, HCEL e EM
para a dieta com 19% de subproduto de caju. Os balanços energéticos e protéicos foram
positivos, entretanto, houve redução acentuada destes valores na dieta com 52% de subproduto.
No oitavo experimento, maiores concentrações de N-NH3 foram evidenciadas nos tratamentos
zero e 52%. As dietas com subproduto de caju apresentaram maiores concentrações de PT. No
nono experimento,o subproduto de caju apresentou potencial de degradação e taxa de
degradação “c” da MS, PB e FDN inferiores àqueles do capim elefante. No décimo experimento
foram evidenciados maiores consumos de MS, MO, FDN e HCEL na dieta com 18% de
subproduto de maracujá em relação às dietas com 31 e 47%. Os consumos de PB e de EM
nestes níveis (31 e 47%) não foram adequados para a categoria animal utilizada. No décimo
primeiro experimento, maior concentração de N-NH3 foi encontrada na dieta com 47% de
subproduto de maracujá em relação às dietas controle e com 18% de subproduto. As
concentrações de AGV totais foram superiores na dieta com 47% de subproduto de maracujá em
relação à dieta com 18% de subproduto no jejum e na segunda hora pós-prandial. No décimo
segundo experimento, das seis às 24 horas de incubação ruminal, o subproduto de maracujá
apresentou maiores taxas de desaparecimento da MS, PB, FDN, HCEL e CEL em relação ao
capim, particularmente em função das maiores taxas de degradação “c”.
Palavras-chave: dieta, fibra, frutas, nutrição, ovinos, ruminantes
29
ABSTRACT
Twelve experiments were allotted to determine nutritional value of four fruit’s by-products:
pineapple (Ananas comosus), barbados cherry (Malpighia glabra), cashew (Anacardium
occidentale) and passion fruit (Passiflora edulis) for sheep. In the first one, fourth, seventh and
tenth experiments, inclusions in increasing levels of these by-products in isoproteics and
isofibrous diets supplied to sheep were analised on intakes and coefficients of digestibility of dry
matter (DM), organic matter (OM), crude protein (CP), ether extract (EE),neutral detergent
fiber (NDF), acid detergent fiber (ADF), hemicelluloses (HCEL), cellulose (CEL) and energy.
The nitrogenous and energy balances were also evaluated. In the second one, fifth, eighth and
tenth first experiments, the influence of inclusion of these by-products on the ammoniac nitrogen
concentrations (N-NH3), on pH and on the molar concentrations of volatile fatty acids (VFA) of
ruminal liquid, as well as sorum levels of albumen (ALB), creatinina (CRE), urea (UR) and
total proteins (TP) of sheep. In third, sixth, nineth and tenth second experiments, by-products
were compared, in each experiment, with elephant grass (Pennisetum purpureum), with 56 days
old, in relation to ruminal degradabilities of DM, CP, NDF, ADF, HCEL and CEL. In the first
experiment, greater DM intake was found in diet that included 11% of pineapple’s by-product
in relation to control diet and that included 27% of by-product. ADF digestibilities reduced with
inclusion of pineapple’s by-product. Energy and protein balances were positive. Control Diet
and that included 11% of by-product in the second hour after feeding presented the biggest
concentrations of N-NH3 in comparison to the too much times of harvest. Diet with 16% of
pineapple’s by-product presented the biggest concentration of total VFA in eighth hour after
feeding. Pineapple by-product presented the biggest values of not degraded ruminal digestible
protein in relation to that observed for elephant grass. Restrictions in the intake and energy
availability of diets with this by-product can occur. In the fourth experiment, diets that included
acerola’s by-product presented smallest digestibilities of DM, OM, NDF, ADF, CEL. Acerola’s
by-product presented restrictions of use for sheep nutrition because the presence of ligninas in
it. The inclusion of 43% of acerola’s by-product resulted in fewer concentrations of acetate and
propionate. Acerola’s by-product presented highest values of not degraded ruminal digestible
protein in relation to that observed for elephant grass. In the seventh experiment highest intakes
of DM, OM, CP, NDF, HCEL and ME were observed for diet with 19% of cashew’s by-product.
Energy and protein balances were positive, however,there was big reduction of these values in
the diet with 52% of this by-product. Biggest N-NH3 concentrations were evidenced in
treatments zero and 52%. The diets with cashew’s by-product presented biggest TP
concentrations. Cashew by-product presented potential of degradation and rate of degradation
"c" of DM,CD, NDF smaller than those observed for elephant grass. In tenth experiment,
highest intakes of DM, OM, NDF and HCEL were observed in the diet with 18% of maracujá’s
by-product in relation to the diets with 31 and 47% of this by-product. Intakes of CD and ME in
these levels (31 and 47%) were not adjusted for the used animal category. Highest N-NH3
concentration was found in diet with 47% of maracujá’s by-product in relation to control diet
and in that with 18% of this by-product. Total concentrations of VFA were bigger in diet with
47% of maracujá’s by-product in relation to diet with 18% of this by-product in zero and
second after feeding. In the tenth second experiment, since six until 24 hours of ruminal
incubation, maracujá’s by-product presented bigger rates of disappearance of DM, CP, NDF,
HCEL and CEL in relation to elephant grass, particularly because of the biggest rates of
degradation "c".
Keywords: diet, fiber, fruits, nutrition, ruminants, sheep
30
Capítulo I - INTRODUÇÃO GERAL
O sistema de criação extensiva dos
rebanhos ovinos brasileiros geralmente
subsiste sob condições muito aquém
daquelas requeridas para uma adequada
exploração. Dentro deste universo, é
preciso especializar a produção, trazendo
tecnificação
e
competitividade
aos
criatórios para o atendimento das
exigências quantitativas e qualitativas do
mercado, aliado a resultados lucrativos.
O ovino apresenta-se como espécie de
grande importância, tendo-se difundido por
todas as regiões do mundo. No Brasil, o Rio
Grande do Sul e o nordeste brasileiro
destacam-se como regiões onde a
exploração
ovina
apresenta
grande
significado econômico. Entretanto, nos
últimos anos, esse panorama vem sofrendo
alterações, e a região sudeste, bem como a
centro-oeste, passam a assumir lugar de
destaque na ovinocultura, com rebanhos
significativos,
explorando
lã
e
principalmente
carne.
Mediante
as
perspectivas favoráveis, principalmente
para a produção de carne no Brasil, a
exploração de ovinos tem merecido atenção
especial.
A ovinocultura no Nordeste Brasileiro, em
particular, sempre foi uma atividade de
grande relevância econômica e social, por
suprir de carne a preços mais acessíveis às
populações rurais e das periferias das
grandes cidades. Apesar disso, esta
atividade é caracterizada como de baixo
rendimento, devido à predominância do
tipo de exploração extensiva na maioria dos
criatórios, a qual sofre grande influência
das condições climáticas.
Nesta região, a presença de duas estações
climáticas definidas, com um período seco
e outro chuvoso, pastagens degradadas,
redução significativa na capacidade de
suporte da vegetação nativa e na qualidade
da forragem disponível especialmente no
período seco, levam à situação de baixa
produtividade,
lento
desenvolvimento
ponderal das crias, elevada taxa de
mortalidade de animais jovens, não
separação de animais jovens das demais
categorias do rebanho e idade tardia ao
abate.
Isso
acarreta
uma
baixa
disponibilidade de animais destinados ao
abate, particularmente no período de
estiagem.
Apesar das limitações de pluviosidade
serem uma realidade incontestável, o clima
seco é menos propenso a doenças e
favorece a fruticultura. A irrigação também
tem proporcionado novas oportunidades de
produção e geração de emprego e renda
para a região a partir desta atividade. Com a
diversificação dos mercados, o foco
principal deixou de ser a exportação de
frutas in natura, existindo um forte
incentivo no sentido de se processar as
frutas com vistas à agregação de valor.
Em resposta a esse incentivo, o número de
agroindústrias instaladas na região tem
aumentado
significativamente,
incrementando a produção de subprodutos
agroindustriais que podem ser aproveitados
tanto para a reposição de matéria orgânica
para o solo em que as plantas são
cultivadas, quanto para as dietas animais,
particularmente de ruminantes, tornando-se
importante fator de redução nos custos de
produção. Uma possível utilização desses
subprodutos é na alimentação de caprinos e
ovinos.
Tecnologias
visando
aumentar
a
produtividade dos sistemas de produção de
ruminantes, bem como procurando produzir
animais mais jovens e de melhor carcaça
têm sido desenvolvidas constantemente
pelas empresas de pesquisa brasileiras,
31
sendo ainda necessário, entretanto encontrar
alternativas para que a atividade recuperese gradativamente, capitalizando o produtor
e tornando-o capaz de reinvestir na terra.
No Nordeste semi-árido, o confinamento de
borregos é uma prática que já vem sendo
utilizada, em virtude da prolongada estação
seca que ocorre na região o que provoca
grandes reduções na disponibilidade de
forragem, no pasto, tanto no aspecto
quantitativo como no qualitativo. Nestas
condições pode haver desde a simples
redução na taxa de crescimento dos animais
até perda de peso, sem falar no aspecto
econômico, importante na tomada de
decisão quanto ao uso do confinamento.
O aproveitamento de subprodutos do
processamento de frutas tem tido evidência
nas pesquisas de nutrição em virtude do
32
grande desperdício desta importante fonte
fibrosa pelas agroindústrias produtoras de
sucos, compotas e doces. O interessante é
verificar que exatamente na época seca do
ano, onde há escassez de forragens, aí
ocorre a maior produção de subprodutos de
frutas. Um outro aspecto é a questão
ambiental onde esse aproveitamento
evitaria problemas de contaminação.
Diante de todas essas vantagens aliado ao
valor nutritivo que a literatura amplamente
discute e que demonstra potencialidade de
uso na nutrição de ruminantes, é que se
buscou, com este trabalho, determinar o
valor nutritivo de quatro subprodutos de
frutas: acerola, abacaxi, caju e maracujá. A
escolha destes subprodutos aconteceu em
função da maior disponibilidade das
agroindústrias instaladas na região.
Capítulo II - REVISÃO DE LITERATURA
1. POTENCIAL DE UTILIZAÇÃO DE
SUBPRODUTOS DO
PROCESSAMENTO DE FRUTAS
A região tropical brasileira apresenta
grande diversidade de espécies botânicas
nativas e exóticas. Dentre as plantas de
interesse econômico, destacam-se várias
espécies frutíferas, muitas das quais são
cultivadas e processadas industrialmente,
gerando um montante considerável de
subprodutos que podem ser aproveitados na
alimentação animal. Dentre as espécies,
merecem destaque especial as seguintes:
1.1. Abacaxi (Ananas comosus L., Merr.)
O abacaxi (Ananas comosus L., Merr.) é
uma espécie tropical originária da América
Latina, sendo o Brasil um dos principais
centros de diversidade da espécie (Lousada
Júnior, 2003). O abacaxi é uma das frutas
tropicais mais populares do mundo e tem o
Brasil como um dos principais centros
produtores da espécie. A área plantada de
abacaxi no Brasil em 2000 foi de 62,9 mil
hectares,
com
uma
produção
de
aproximadamente 22,1 mil frutos/ha
(IBGE, 2004). A planta é cultivada em
todas as regiões do país, tendo na Região
Nordeste, os estados da Paraíba e Bahia
como maiores produtores, com uma
produção de 223,5 mil e 116,7 mil
toneladas, respectivamente, no ano de 1999
(Anuário Estatístico do Brasil, 1999).
Atualmente, o estado do Ceará detém o
título de maior exportador brasileiro da
fruta (Agrianual, 2004).
Do abacaxizeiro, apenas o fruto, que
compreende
38%
da
planta,
é
comercializável, sendo o restante (folhas,
caules e raízes) considerado subproduto
agrícola, ainda não aproveitável (Py et al.
1984). De acordo com Lavezzo (1995), o
subproduto da planta do abacaxi póscolheita é uma fonte de forragem que ainda
possui
uso
limitado.
Compreende
principalmente as folhas, que constituem a
parte superior da planta do abacaxi após a
colheita do fruto. Quando desidratado
recebe o nome de feno de abacaxi e, quando
moído, de farinha de folha de abacaxi.
Ainda segundo este autor, além dos
subprodutos do cultivo, existe também o
subproduto da indústria de conserva do
abacaxi, composto de casca, coroa, brotos
da fruta, anexos da fruta, miolo e polpa, da
qual se extrai o suco. O subproduto pode
ser desidratado e o produto final passa a ser
chamado de farelo de abacaxi. Lavezzo
(1995) destacou ainda que o farelo de
abacaxi pode ter seu valor energético
aumentado pela adição do melaço de
abacaxi obtido a partir da evaporação do
excedente do suco. Entretanto, a prática de
secagem não tem sido muito adotada pelo
alto custo, além de diminuir o valor
alimentar original do subproduto.
Além de usado ao natural, o abacaxi pode
ser industrializado e diversos subprodutos
podem ser obtidos dos subprodutos
industriais. A industrialização do fruto é
integrada, procurando-se tirar o máximo
rendimento da fruta em relação ao produto
principal (fruto em calda ou enlatado),
obtendo-se outros subprodutos como o suco
simples e concentrado, suco da casca e
subprodutos industrializados na dieta para
alimentação
animal.
Durante
a
industrialização do abacaxi, sobram nas
fábricas: cascas, talos, coroas e cilindros,
considerados rejeitos. A prensagem desses
rejeitos resulta em suco e torta, que ainda
são fornecidos para os animais de forma
empírica (Vasconcelos et al., 2002).
Durante a industrialização do abacaxi
sobram nas fábricas: cascas, talos, coroas e
33
cilindros, considerados rejeitos, que
correspondem, em média, a 35% do peso
em matéria natural da matéria-prima
processada. A prensagem desses rejeitos
resulta em suco e torta, que é utilizada em
dietas animais de forma empírica. Do total
de rejeitos prensados, 75 a 85% é suco e de
15 a 25% resulta em torta (Py et al., 1984).
Além de subprodutos industriais, os
subprodutos agrícolas, como folhas e caule,
podem ser usados no preparo de dietas com
bom valor nutritivo. Segundo Py et al.
(1984), após a colheita do fruto e mudas
remanescentes, pode-se obter de 15 a 30
toneladas de matéria seca por hectare (0,4 a
0,6 kg/planta), passível de ser usado como
alimento para ruminantes. Porém, Kellems
et al. (1979) afirmaram que o subproduto
verde da planta de abacaxi pós-colheita
apresenta uma produtividade de 50,5
toneladas de MS por hectare ou 226
toneladas de matéria verde por hectare.
1.2. Acerola (Malpighia glabra L.)
A aceroleira (Malpighia glabra L.,
Malpighia punicifolia L. ou Malpighia
emarginata DC) é nativa da América
Tropical e subtropical e freqüentemente é
referida como Cereja de Barbados, Cereja
de Porto Rico, Cereja das Antilhas ou
Cereja das Índias Ocidentais (Lousada
Júnior, 2003).
A produção de acerola no Brasil atingiu 33
mil toneladas em área colhida de 11 mil
hectares no ano de 1996 (Anuário
Estatístico do Brasil, 1999). A aceroleira é
cultivada principalmente nos estados do
Nordeste, com grandes perspectivas de
expansão das exportações, principalmente
para a França, Alemanha e Estados Unidos.
Alguns
empreendimentos
agrícolas
localizados no Rio Grande do Norte,
Paraíba e Bahia já exportam acerola sob a
forma de suco, polpa ou fruta congelada
34
para a Holanda e o Japão, além de
explorarem o mercado interno brasileiro.
Outras regiões, como a Centro Oeste e os
estados de Minas Gerais e São Paulo têm
implementado de forma acentuada o plantio
da aceroleira, principalmente com objetivo
de produção de suco e, mais recentemente,
para a indústria de refrigerantes,
demonstrando assim, o grande potencial
dessa cultura. Embora, existam poucos
dados na literatura, os subprodutos da
agroindústria constando da semente
triturada e da polpa após a retirada do suco,
podem apresentar potencial para o consumo
animal.
1.3. Caju (Anacardium occidentale)
O cajueiro (Anacardium occidentale) é
originário do continente americano e ocupa
lugar de destaque entre as plantas frutíferas
tropicais,
em
face
da
crescente
comercialização da amêndoa e do líquido
de castanha de caju (LCC) (Lavezzo, 1995).
A castanha é o verdadeiro fruto. O
pseudofruto é o pedúnculo hipertrofiado,
rico em vitamina C e usado na fabricação
de doces e bebidas. O bagaço, após a
extração do suco, pode ser usado na
alimentação animal.
Do peso do pseudofruto, em média 81% são
representados pelo suco, já o peso da
castanha é composto pela amêndoa (32%),
película (3%) e casca (65%) (Lima et al.,
1994).
O Brasil destaca-se como o terceiro
produtor mundial (Pimentel, 2002). Com o
desenvolvimento de tecnologias para os
segmentos de produção e industrialização
do sistema agroindustrial do caju, o cajueiro
tem elevado sua produtividade por área, o
número de meses de oferta para o mercado,
expandido suas fronteiras de plantio e
induzido um aumento de pequenas e médias
agroindústrias de amêndoa, suco e polpa,
principalmente na Região Nordeste. O
Ceará destaca-se como o principal estado
produtor do Nordeste, dos 668,1 hectares de
área colhida de castanha na região em 2003,
205,3 hectares, foi proveniente deste estado
(Agrianual, 2004). Atualmente, a amêndoa
de caju é o principal produto exportado pelo
estado do Ceará. A castanha é a parte do
caju de maior valor comercial, enquanto
que o pedúnculo é comercializado em
pequena escala, entre 10 a 15% do total
produzido, sendo altamente perecível
(Vasconcelos et al., 2002).
Conforme Meneses (1994), os principais
açúcares encontrados no pedúnculo são,
maltose, sacarose, celobiose, rafinose,
glicose e frutose, sendo estes 2 últimos
presentes em maior quantidade. Holanda et
al. (1996) encontraram valores de matéria
seca (MS), proteína bruta (PB) e nutrientes
digestíveis totais (NDT) da ordem de
69,5%; 8,61%; 75,0%, respectivamente.
Furusho et al. (1997) encontraram valores
superiores para a proteína bruta (16,6%) em
matéria seca.
A produção de pedúnculo de caju na região
nordeste e no país foi estimada pelo
Anuário Estatístico do Brasil (1999), como
mostra a Tabela 1. O IBGE (2004) citou um
rendimento médio de castanha em 2000 de
138,6 mil toneladas e do pedúnculo de mais
de um milhão de toneladas. Como a safra
de caju concentra-se na época seca
(Holanda et al., 1996), período que se
caracteriza pela baixa produção de
volumosos e preços de concentrados
elevados, a utilização do pedúnculo do caju
seco possui grande potencial para ser usado
como ingrediente de dietas.
Tabela 1. Estimativas da produção (em toneladas) de pedúnculo de caju na região nordeste e no
Brasil
1990
1995
1996
1997
1998
1999
Estado
Maranhão
21,2
51,8
36,4
36,3
33,8
35,6
Piauí
215,1
424,9
221,9
199,3
55,2
290,0
Ceará
470,0
728,1
747,4
43,6
122,9
694,0
R.Grande do Norte
209,2
324,5
361,6
305,0
145,3
161,1
Paraíba
7,2
74,9
51,2
54,0
48,4
45,1
Pernambuco
34,0
31,3
43,5
50,3
32,2
35,5
Alagoas
0
0
0
792,0
792,0
756,0
Bahia
3,0
28,7
36,0
32,6
33,5
29,7
959,7
1664,2
1498,0
1513,1
1263,3
2047,0
Nordeste
969,0
1667,1
1504,9
1528,6
1287,1
2058,9
Brasil
Fonte: Anuário Estatístico do Brasil (1999)
Os principais subprodutos do caju para uso
na alimentação animal são o farelo de
castanha de caju e o farelo de bagaço de
caju. O farelo de castanha de caju é um
subproduto da industrialização da amêndoa
e o farelo do bagaço é o subproduto da
industrialização do pedúnculo do caju, na
extração de sucos (Barbosa et al., 1989).
Awolumate (1983) citou que o uso direto
do farelo de bagaço de caju como alimento
animal pode ser limitado por seus altos
35
níveis de umidade e fibra. Por outro lado,
Furusho et al. (1997), salientaram que em
virtude da baixa disponibilidade da proteína
existente como decorrência dos altos níveis
de ligninas e taninos existentes, a eficiência
de uso na alimentação animal pode ser
melhorada através do seu enriquecimento
em proteína por leveduras. De acordo com
Tonissi e Goes (2004), extratos de culturas
de fungos têm sido avaliados por sua
possível ação no aumento da degradação da
fibra no rúmen e melhoria do fluxo de
nitrogênio absorvível no duodeno. De
acordo com estes autores, a captação de
fontes nitrogenadas, como amônia e
proteínas,
para
utilização
pelos
microrganismos ruminais é estimulada
pelas leveduras.
Os suplementos concentrados comumente
usados para minorar a situação alimentar do
rebanho na época seca sofrem constantes
aumentos de preço, tornando seu uso muito
oneroso e economicamente inviável. Por
outro lado, a Região Nordeste oferece
condições bastante favoráveis para o
aproveitamento
de
subprodutos
agroindustriais, tais como a polpa de caju, a
polpa de acerola e a rama da mandioca, por
exemplo (Catunda e Menezes, 1989).
Ainda segundo estes mesmos autores, a
castanha é a parte do caju de maior valor
comercial, já o pedúnculo é comercializado
em pequena escala, comparando-se com o
grande volume de produção. Mesmo
admitindo-se
a
possibilidade
do
aproveitamento industrial do pedúnculo
para a fabricação de sucos e doces, a
utilização do excedente da produção para
dieta animal seria uma alternativa bastante
válida. Costa et al. (1977) identificaram
para a farinha do bagaço de caju, um teor
médio de 11% de proteína bruta na matéria
seca.
1.4. Maracujá (Passiflora edulis)
O
gênero
Passiflora,
da
família
Passifloraceae, contém mais de 500
espécies tropicais, sendo o Brasil o centro
de origem da maioria delas. O maracujá
amarelo (Passiflora edulis f. flavicarpa,
Deuger) é a principal variedade cultivada,
sendo responsável pelo fornecimento de
matéria-prima para indústria processadora,
bem como para comercialização de frutas
frescas (Lousada Júnior, 2003).
Dados sobre a produção brasileira de
maracujá em 1996 encontram-se na Tabela
2. O Nordeste apresenta-se como a região
de maior área plantada e produção total,
apesar da baixa produtividade por hectare.
Tabela 2. Região brasileira, área colhida (hectare), produção (tonelada), participação (%) e
produtividade (t/ha) de maracujá no ano de 1996.
Participação (%)
Região
Área colhida Produção
Produtividade
Área colhida
Produção
22,9
176,1
52
43
7,7
Nordeste
Sudeste
9,7
124,4
22
30
12,8
Norte
8,6
80,5
19
20
9,3
Centro-Oeste
1,7
16,2
4
4
9,7
Sul
1,5
12,2
3
3
8,0
TOTAL
44,4
409,4
100
100
9,2
Fonte: Anuário Estatístico do Brasil (1999)
36
A cultura apresenta um vasto potencial para
o aproveitamento do subproduto em virtude
da proporção da casca em relação ao total
do fruto. No entanto, atenção especial deve
ser tomada, particularmente com relação à
inclusão da semente (rica em óleo) no
composto da dieta, na medida em que altos
níveis de extrato etéreo dietéticos podem
inibir a digestibilidade das frações fibrosas
(Starling et al., 1997).
Os principais produtos do maracujá são o
suco concentrado e a polpa que são a base
para a fabricação de vários outros produtos,
como bebidas, laticínios, confeitaria,
geléias etc. (Sebrae, 2004).
2. RENDIMENTOS MÉDIOS DE
SUBPRODUTOS DO
PROCESSAMENTO DE FRUTAS
A industrialização de frutas para produção
de sucos ou polpa produz subprodutos com
elevado potencial de utilização na
alimentação de ruminantes. A produção de
subprodutos varia com o tipo de fruta e o
processamento utilizado.
Conhecendo-se a produção da matériaprima, o percentual de utilização pela
indústria e o rendimento do subproduto,
pode-se estimar a produção de subprodutos
do processamento de frutas. Por exemplo,
para uma produção de pedúnculo de caju de
1,3 milhões de toneladas em 1999 e uma
utilização de 10% desse total pela indústria,
pode-se estimar uma produção de
subproduto de, aproximadamente, 130 mil
toneladas.
O rendimento médio de subprodutos
oriundos do processamento de frutas
encontra-se na Tabela 3.
Tabela 3. Rendimentos médios de produção
de subprodutos na industrialização de frutas
Frutas
Rendimento
de subproduto (%)
Abacaxi
30 a 40
Acerola
15 a 41
Cajá
Caju
15 a 30
Graviola
35
Goiaba
5
Jaca
70
Manga
37 a 50
Mangaba
23
Maracujá
65 a 70
Melão
45
Pinha
72
Pitanga
70
Umbu
45
Tamarindo
50 a 65
Fonte: Py et al. (1984); Porras (1989);
Arostegui e Pennock (1955); informações
pessoais concedidas pelas indústrias Cevap,
Cajubras e Maisa citadas por Vasconcelos
et al. (2002).
3. VALOR NUTRICIONAL DE
SUBPRODUTOS DO
PROCESSAMENTO DE FRUTAS
A importância da racionalidade no uso dos
alimentos, bem como o conhecimento da
combinação ideal entre eles, tem orientado
e exigido melhor conhecimento de seu
valor nutricional, incluindo o processo de
utilização de nutrientes (Euclides Filho,
2004).
A
composição
químicabromatológica
desses
subprodutos
apresenta
variações
consideráveis,
dependendo da origem, do processamento
industrial, da incorporação de outros
subprodutos, da inclusão maior ou menor
de cascas em relação às sementes, como por
exemplo, no subproduto de maracujá.
A determinação da presença de compostos
fenólicos, principalmente tanino, também
auxilia na avaliação da qualidade
nutricional de subprodutos (Teixeira, 1992).
Ainda segundo este autor, a presença de
compostos polifenólicos pode promover
queda na digestão ou na utilização
metabólica da proteína, além de reduzir ou
cessar o consumo de alimentos. Também
foi feito destaque por estes autores para
outras determinações, como a presença de
constituintes tóxicos e do teor de lipídeos,
as quais devem ser consideradas, pois em
altas concentrações, podem tornar o
subproduto indisponível para uso. A
presença de gordura em elevadas
quantidades normalmente reduz a digestão
da fibra, e a extensão deste efeito negativo
depende de seu grau de insaturação e
esterificação (Teixeira, 1992).
Avaliando a degradabilidade ruminal dos
subprodutos de caju, graviola, manga e
urucum em ovinos, Gonçalves et al. (2004)
observaram
poucas
variações
na
degradabilidade
potencial
entre
os
subprodutos de graviola, manga e urucum,
entretanto, para o subproduto de caju foi
encontrado o menor valor desse parâmetro
(46,33%), seguido pelo subproduto de
manga (80,29%), subproduto de urucum
(82,66%) e subproduto de graviola
(83,65%). A maior fração solúvel,
denotando maior disponibilidade ruminal
dos nutrientes, foi encontrada para o
subproduto de urucum (50,59%) e a menor
para o subproduto de caju (15,52%), rico
em taninos.
Já Manoel et al. (2003) estudaram a
degradabilidade da matéria seca dos
subprodutos de abacaxi, acerola, goiaba,
maracujá, melão, farelo de castanha de caju
e soja extrusada. A partir dos valores de a
(fração solúvel) e b (fração insolúvel
potencialmente degradada) e dos dados de
degradabilidades potencial e efetiva, os
autores concluíram que o farelo de castanha
38
de caju pode ser classificado como
concentrado, por apresentar valores desses
parâmetros analisados muito semelhantes
aos da soja extrusada. Os subprodutos de
abacaxi, maracujá e melão podem ser
considerados volumosos de boa qualidade e
os subprodutos de acerola e goiaba,
volumosos de menor qualidade. Alves et al.
(2002) concordaram que os subprodutos de
abacaxi, maracujá e melão podem ser
utilizados na alimentação animal baseados
nos
consumos
e
coeficientes
de
digestibilidade da matéria seca que foram
semelhantes aos de volumosos de boa
qualidade. Já para os subprodutos de
acerola e de goiaba também comentaram
que a sua inclusão em dietas animais
representa restrições particularmente devido
à queda de digestibilidade.
Em substituição à silagem de milho, Lallo
et al. (2002a) utilizaram níveis crescentes
de silagem de subproduto industrial de
abacaxi para avaliar a degradabilidade
ruminal em bovinos de corte. Os resultados
demonstraram que a inclusão do subproduto
de abacaxi reduziu a fração solúvel (a) da
matéria seca, aumentando a fração
potencialmente degradável (b) desse
nutriente. A taxa de degradação da fração b,
entretanto, somente foi crescente até 40%
de substituição da silagem de milho pela
silagem de subproduto de abacaxi. Para a
degradabilidade da proteína bruta, a fração
solúvel (a) foi crescente até o nível máximo
de inclusão de subproduto de abacaxi
(60%) que foi acompanhado pela maior
degradabilidade efetiva a uma taxa de
passagem de 5%/hora (72,67%). Para
bovinos confinados, Lallo et al. (2002b)
também avaliaram os efeitos dessa
substituição sobre a digestibilidade aparente
de dietas contendo níveis crescentes de
silagem de subproduto de abacaxi. Houve
redução linear na digestibilidade aparente
da matéria seca, matéria orgânica, proteína
bruta e energia bruta quando se substituiu a
silagem de milho pela
subproduto de abacaxi.
silagem
de
Por sua vez, Oliveira et al. (2004)
realizaram a inclusão em níveis crescentes
do bagaço de caju desidratado para
avaliação do consumo e digestibilidade da
matéria seca e proteína bruta de dietas
experimentais fornecidas a ovinos. Estes
autores constataram um efeito linear
negativo das digestibilidades da matéria
seca e proteína bruta a partir do aumento da
inclusão de subproduto de caju às dietas
experimentais.
A composição nutricional de subprodutos
da indústria da acerola, caju, maracujá,
melão e tamarindo são apresentados na
Tabela 4.
Tabela 4. Composição bromatológica de subprodutos do processamento de frutas em Matéria
Seca (MS)
Subproduto industrial (%)
Composição
Acerola
Caju
Maracujá
Melão
Tamarindo
Matéria Natural
19,3
29,2
13,4
13,5
46,7
Matéria Seca
89,7
89,1
89,3
85,0
88,6
Proteína Bruta
13,8
14,4
13,2
18,5
12,2
NIDA
0,85
2,06
0,50
0,33
1,33
FDN
63,1
70,1
55,9
56,4
46,7
FDA
54,5
57,0
39,7
40,4
32,7
Celulose
33,58
26,94
25,21
30,42
15,65
Hemiceluloses
8,6
13,1
16,2
15,9
14,0
Lignina
20,57
29,85
13,87
9,59
16,66
Energia bruta (Mcal/kg)
4,50
4,72
4,77
5,17
4,36
Tanino
13,2
4,0
6,6
3,8
21,4
Minerais
3,0
2,3
5,3
4,6
2,6
Ca
0,29
0,17
0,18
0,17
0,50
P
0,42
0,49
0,36
1,10
0,44
Fonte: Vasconcelos et al. (2002)
O subproduto da indústria de conserva de
abacaxi apresenta bom valor nutricional
para caprinos e ovinos pelo fato dos
principais constituintes da matéria orgânica
serem
os
carboidratos
solúveis,
principalmente, açúcares (Muller, 1978).
Além destes, estes autores destacaram que
outros carboidratos como a hemicelulose,
celulose, hexosanas e pentosanas estão
presentes. Contêm também pectina que age
protegendo a mucosa gastrointestinal e
neutralizando as toxinas bacterianas
(Müller,
1978).
A
digestibilidade
geralmente é alta, tendo sido encontrado
valores de digestibilidade aparente da
matéria seca variando entre 61,1 e 78,2 %
(Rodrigues e Peixoto, 1990; Bandeira,
1995). A digestibilidade da proteína bruta,
por sua vez, a exemplo do que ocorre com o
subproduto da indústria citrícola, também é
baixa (Bandeira, 1995) e há recomendação
da utilização de fontes suplementares de
proteína em combinação com este
39
subproduto para
aproveitamento.
melhoria
de
seu
Valores
alimentares
médios
dos
subprodutos da indústria de conservas do
abacaxi estão dispostos na Tabela 5.
Tabela 5. Valor alimentar médio (matéria seca) da planta e dos subprodutos da indústria do
abacaxi
Parâmetros
Subprodutos da planta
Subprodutos da indústria de
conservas
Umidade
76,4
90,0
PB (%)
6,3
6,9
EE (%)
2,1
0,9
FB (%)
23,6
17,8
MM (%)
4,2
4,0
ENN (%)
63,8
70,4
ED (Mcal/kg)
2,57
3,26
EM (Mcal/kg)
2,11
2,68
Elm (Mcal/kg)
1,26
1,62
Elg (Mcal/kg)
0,6
1,0
Ell (Mcal/kg)
1,28
1,76
NDT (%)
58,0
74,0
Fonte: Müller (1978)
Os restos culturais do abacaxizeiro já vêm
sendo utilizados na alimentação de
ruminantes, e, segundo Oliveira e Couto
(1985), sua utilização na alimentação de
outros animais fica limitada, devido ao
elevado teor de fibras, especialmente de
suas folhas. As folhas do abacaxizeiro
devem ser utilizadas logo após a colheita
dos frutos, para se obter simultaneamente
alta massa foliar com níveis protéicos
elevados e de componentes estruturais
baixos (celulose, hemiceluloses e lignina).
Na Tabela 6 são apresentados outros
valores alimentares médios do subproduto
da planta verde de abacaxi e de subprodutos
de abacaxi, acerola, maracujá e melão.
Tabela 6. Valor alimentar médio (matéria seca) dos subprodutos da indústria processadora de
sucos de abacaxi, acerola, maracujá e melão
Parâmetros
Subproduto de Subproduto de Subproduto de Subproduto de
abacaxi
acerola
maracujá
melão
PB (%)
8,4
10,5
12,4
17,3
EE (%)
1,2
3,2
1,0
3,3
FDN (%)
71,4
71,9
59,2
59,1
FDA (%)
30,7
54,7
49,0
49,2
MM (%)
6,8
2,7
9,8
14,6
Fonte: Lousada Júnior et al. (2002)
40
Os subprodutos da agroindústria também
vêm sendo utilizados como aditivos na
ensilagem de gramíneas ou mesmo como
silagens exclusivas. Utilizando a inclusão
em níveis crescentes de subprodutos
agroindustriais de caju e de abacaxi à
silagem de capim elefante, Ferreira et al.
(2003a) e Ferreira et al. (2003b)
constataram que o bagaço de caju e o
subproduto de abacaxi desidratados podem
ser utilizados, desta forma, na alimentação
animal por proporcionarem aumento no
consumo de matéria seca. Correia et al.
(2002a) discutiram que a substituição do
feno de capim Coast cross pelo subproduto
agroindustrial de abacaxi, em dietas
fornecidas com mistura total para caprinos,
não afetou a digestibilidade aparente da
matéria seca, proteína bruta e fibra em
detergente neutro, porém melhorou os
coeficientes de digestibilidade da matéria
orgânica, fibra em detergente ácido e
celulose das dietas utilizadas.
Ainda avaliando a qualidade nutritiva de
silagens de capim elefante com níveis
crescentes de subprodutos da indústria de
suco de abacaxi, Ferreira et al. (2004a)
verificaram que essa adição melhora os
níveis de MS, PB e mantém os valores de
pH e níveis de N-NH3 dentro dos níveis
característicos de silagens bem preservadas,
conservando assim, a qualidade nutricional
das mesmas. Já para os subprodutos de caju
e acerola também incluídos na silagem de
capim elefante, Ferreira et al. (2004b) e
Ferreira et al. (2004c) verificaram que essas
inclusões levam à redução dos níveis de NNH3 e elevação nos níveis de MS e PB. Os
elevados níveis de FDA e FDN podem
comprometer a digestibilidade da silagem,
reduzindo seu valor nutritivo.
Preparando silagens exclusivas de plantas
de abacaxi, Leonel et al. (2004) mediram
alguns parâmetros de fermentação de
silagens de plantas de abacaxi preparadas
com ou sem aditivos (aditivo microbiano
comercial, farelo de milho e farelo de milho
+ aditivo microbiano comercial). Não
houve diferenças de pH para as silagens
estudadas. Perceberam, entretanto, que as
silagens de plantas de abacaxi acrescidas de
aditivo microbiológico e plantas de abacaxi
acrescidas de 7,5% de farelo de milho na
matéria natural foram os tratamentos que
proporcionaram menores perdas de
nitrogênio. Os parâmetros de todos os
tratamentos, segundo esses autores, foram
adequados qualificando as silagens como de
boa qualidade.
Carneiro et al. (1998) caracterizaram
quimicamente as farinhas integral e
desengordurada da semente de acerola, a
qual apresentaram alto conteúdo de fibras
totais (61%), proteína bruta (11%) e lipídios
(13%). No mesmo trabalho observaram
42% de aminoácidos essenciais na semente,
sendo a lisina, o aminoácido limitante. Os
autores reportaram que o teor de fenóis
totais presentes na semente de acerola é de
6,4 mg/g da amostra, e que esses compostos
fenólicos possuem efeitos antinutricionais,
reduzindo a digestibilidade da proteína e a
biodisponibilidade de minerais.
Neiva
et
al.
(2002)
avaliaram
bromatologicamente o subproduto da
goiaba e encontraram valores de 7,8% de
PB, 72,6% de FDN, 54,8% de FDA e
17,8% de hemiceluloses em base de matéria
seca. Com relação à farinha de pedúnculo
de caju desidratado, Catunda e Meneses
(1989) obtiveram 11,8% de PB, 21,1% de
FB, 6,4% de EE, 8,1% de minerais e 0,5%
de tanino. Holanda et al. (1996) mostraram
a composição em aminoácidos do
subproduto da indústria de caju. Como
valores referenciais para efeito de
comparação foi citada a composição
aminoacítica do farelo de soja com 45% de
proteína bruta conforme Rostagno (2000).
Todos os percentuais de aminoácidos
existentes no subproduto de caju são
menores do que aqueles encontrados para o
farelo de soja.
Tabela 7. Composição em aminoácidos do subproduto da indústria de caju e do farelo de soja
Subproduto de Caju
Farelo de Soja (45% PB)
Aminoácidos
Percentual
Aminoácidos
Percentual
Lisina
0,30
Lisina
2,78
Histidina
0,21
Histidina
1,17
Arginina
0,33
Arginina
3,33
Treonina
0,31
Treonina
1,78
Glicina
0,38
Glicina + Serina
4,45
Cistina
0,16
Cistina
0,62
Valina
0,38
Valina
2,13
Metionina
0,20
Metionina
0,65
Isoleucina
0,39
Isoleucina
2,11
Leucina
0,56
Leucina
3,53
Fenilalanina
0,25
Fenilalanina
2,30
Triptofano
0,26
Triptofano
0,65
Fonte: Holanda et al. (1996); Rostagno (2000)
A semente de maracujá apresenta alto teor
de lípides (32%), mostrando-se viável na
formulação de dietas para ruminantes. De
acordo com Pizza Júnior (1966), as
sementes perfazem, em média, 11,8% do
fruto. Otagaki e Matsumoto (1958) citados
por Pruthi (1963) recomendaram desde
aquela época a incorporação do subproduto
de maracujá (cascas + sementes) em 22%
de dietas fornecidas com mistura total de
vacas leiteiras. Os autores compararam
ainda a casca de maracujá com o farelo de
abacaxi e verificaram não haver diferenças
significativas entre esses dois subprodutos,
sendo que a digestibilidade da proteína das
cascas de maracujá foi três vezes maior do
que a digestibilidade do farelo de abacaxi.
Pruthi
(1963)
relatou
variações
consideráveis no conteúdo de pectina das
cascas da variedade roxa, entre nove e 15%,
mas destacou que a pectina é de boa
qualidade em termos nutricionais. Vieira et
al. (1999) citados por Lousada Júnior
(2003), analisando as cascas do fruto de
maracujá roxo, observaram valores de
42
43,75, 35,06 e 8,56% na MS para FDN,
FDA e PB, respectivamente.
Starling et al. (1997) utilizando sementes de
maracujá em níveis crescentes em dietas
para ovinos, verificaram que a inclusão de
8,8% resultou no maior consumo de matéria
seca (53,5g/UTM). Os altos níveis de
lipídeos, entretanto, levaram à redução da
digestibilidade dos constituintes fibrosos à
medida que se aumentou a proporção de
semente de maracujá na dieta.
Goes et al. (1994) encontraram níveis de
umidade e extrato etéreo para a polpa do
fruto de melão de 92,4% e 1,5%,
respectivamente. Porras (1989) avaliou a
adição de subproduto de manga na
ensilagem de forragem verde nos níveis de
5%, 10% e 15% em relação a essa forragem
verde e não encontrou alteração na
digestibilidade in vitro e no teor de energia.
A digestibilidade de alguns subprodutos do
processamento de frutas encontra-se na
Tabela 8. Dos subprodutos apresentados, a
acerola é o que apresenta menor
digestibilidade da MS, seguido da goiaba,
do abacaxi desidratado e do melão. Os
demais possuem valores de digestibilidade
da MS superiores a 59%, destacando-se a
polpa cítrica e o abacaxi ensilado.
O elevado valor nutritivo dos subprodutos
da indústria de conserva de abacaxi deve-se
ao seu conteúdo em carboidratos solúveis e
rapidamente degradados (Lavezzo, 1995).
Conforme este autor, a presença de pectina
protegendo a mucosa gastrintestinal
neutraliza as toxinas bacterianas. Os autores
continuam os comentários afirmando que a
aceitação deste subproduto por ruminantes
é boa e a adaptação é rápida, podendo ser
usado para substituir alimentos como farelo
de arroz, mandioca e milho, sendo
considerado um alimento concentrado rico
em açúcar, pobre em proteína e rico em
fibra. O subproduto da indústria de
conserva de abacaxi ensilado também
apresenta
elevados
coeficientes
de
digestibilidade da MS, FDN, FDA EE,
superiores a 76%, sendo considerada de
qualidade satisfatória (Lavezzo, 1995).
Tabela 8. Coeficiente de Digestibilidade (%) de alguns
processamento de frutas
Subproduto
Porcentagem
Composição
Abacaxi
47,5
MS
Abacaxi
71,7 a 74,2
MS
Abacaxi
72,6
FDN
Abacaxi
74,0
ENN
Silagem de abacaxi
76,0
MS
Acerola
22,8
MS
Goiaba
30,8
MS
Maracujá
59,9
MS
Melão
47,7
MS
Caju (farinha)
69,5
MS
Caju (farinha)
9,8
PB
Caju (farinha)
5,4
EE
Caju (farinha)
44,8
ENN
Polpa cítrica seca
72,4
MO
Polpa cítrica seca
64,8
PB
Polpa cítrica seca
71,0
FDN
Polpa cítrica seca
72,9
MS
Polpa cítrica seca
45,3
PB
Polpa cítrica seca
68,5
FDN
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43
4. DESEMPENHO ANIMAL A PARTIR
DA UTILIZAÇÃO DE SUBPRODUTOS
DO PROCESSAMENTO DE FRUTAS
O desempenho animal depende da ingestão
de nutrientes digestíveis e metabolizáveis,
sendo que 60 a 90% das diferenças de
desempenho são causadas pelo aumento de
ingestão e 10 a 40% às diferenças de
digestibilidade (Mertens e Ely, 1982).
Historicamente, consumo e digestibilidade
têm sido calculados por equações de
regressões baseadas na composição química
do alimento, obtendo resultados com
precisão aceitável.
Utilizando subprodutos da agroindústria do
abacaxi prensados e ensilados, com teor de
matéria de 24%, e suplementados com 100
gramas de farelo de soja por quilograma de
silagem consumida, com base na matéria
natural, na alimentação de ovinos
confinados, Geoffroy et al. (1984),
registraram ganhos de peso de 182
gramas/animal/dia e uma conversão
alimentar de cinco quilos de matéria seca
consumida, por quilograma de peso ganho.
Furusho et al. (1997) determinaram o
desempenho de cordeiros terminados em
confinamento, utilizando o pedúnculo de
caju seco na dieta, enriquecido ou não por
leveduras. Verificaram que os animais que
receberam a dieta contendo o pedúnculo
enriquecido obtiveram menor ganho de
peso comparado aos animais que receberam
o pedúnculo não enriquecido. Citaram que
este efeito pode estar associado à conversão
dos
açúcares
em
proteína
pelos
microrganismos, redundando em declínio
na quantidade de energia na dieta. Para ser
usado
na
elaboração
de
dietas,
recomendaram que sejam realizados outros
estudos para determinação do nível ideal de
inclusão. Holanda et al. (1996), trabalhando
com enriquecimento protéico de pedúnculo
de caju a partir do emprego de leveduras na
alimentação de ovinos, constataram que o
44
emprego de leveduras na fermentação de
pedúnculo viabilizou um concentrado
protéico semelhante à torta de algodão.
Lallo et al. (2002c) verificaram que a
silagem de subproduto industrial de abacaxi
pode ser utilizada na terminação de
novilhos confinados na medida em que a
substituição de silagem de milho por
silagem de subproduto de abacaxi não
alterou o desempenho dos animais, a
conversão alimentar e nem o rendimento de
carcaça.
Lousada Júnior et al. (2002) obtiveram
consumo de MS com ovinos recebendo
uma dieta exclusiva de subproduto da
acerola de 1,4% do PV. Quando o
subproduto utilizado foi o maracujá e o
melão, o consumo de MS foi de 3,5% e
3,4% do PV, respectivamente.
Correia et al. (2002b) forneceram a 24
fêmeas caprinas mestiças Saanen x SRD de
peso médio inicial de 19,2kg 4 níveis de
inclusão de subproduto de abacaxi (zero,
33, 66 e 100%) em substituição ao feno de
Coast cross. Segundo estes autores, o
subproduto agroindustrial de abacaxi
desidratado pode substituir o feno de capim
Coast cross até o nível de 100% em dietas
peletizadas para caprinos confinados, sem
comprometer o ganho em peso desses
animais.
Teixeira et al. (2003) forneceram a ovinos
em terminação, dietas à base de silagem de
capim elefante, contendo ou não bagaço de
caju. Estes autores verificaram que as
silagens contendo bagaço de caju
permitiram maior conversão alimentar
quando utilizadas em dietas suplementadas
com concentrado na proporção de 1,5% do
peso vivo, permitindo a redução nos custos
de produção de ovinos com ganhos de
pesos compreendidos entre 110 e 176g/dia.
Lopes et al. (2004) avaliaram o
desempenho de ovinos mestiços da raça
Santa Inês, recebendo dietas formuladas
para o atendimento dos requisitos
nutricionais de cordeiros em terminação,
com diferentes níveis de inclusão de bagaço
de caju desidratado. A inclusão foi feita em
5 níveis (zero; 10%; 20%; 30% e 40%) e
não houve diferenças de consumo entre os
tratamentos nem para o consumo de matéria
seca, nem para a conversão alimentar dos
ovinos em terminação utilizados no
experimento. O ganho de peso, entretanto,
decresceu proporcionalmente ao aumento
de inclusão do bagaço de caju às dietas
ficando entre 187 (40% de inclusão) e 295
g/dia (tratamento controle).
Alves et al. (2003), trabalhando com
subproduto in natura de maracujá ou
silagem de sorgo, suplementados, ou não,
com concentrado, observaram o consumo
alimentar e o ganho de peso de novilhos. O
subproduto de maracujá, constituído de
cascas (maior parte) e de sementes,
mostrou-se superior, segundo esses autores,
à silagem de sorgo, em termos de consumo
e ganho de peso de bovinos em
crescimento, mesmo sem suplementação.
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49
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Capítulo III - EXPERIMENTO 1
Valor nutritivo do subproduto da indústria processadora de abacaxi (Ananas comosus) em
dietas para ovinos. 1. Consumo, digestibilidade aparente e balanços energético e
nitrogenado
RESUMO
O presente estudo foi conduzido com o objetivando de avaliar a influência da inclusão do
subproduto do processamento de abacaxi (Ananas comosus L.) sobre os consumos (por unidade
de tamanho metabólico – UTM) e coeficientes de digestibilidade da matéria seca (MS), matéria
orgânica (MO), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), fibra detergente neutro (FDN), fibra
detergente ácido (FDA), hemiceluloses (HCEL), celulose (CEL) e energia de dietas
experimentais isofibrosas e isoprotéicas contendo o subproduto de abacaxi. Avaliou-se ainda os
balanços nitrogenados e de energia das referidas dietas. Vinte ovinos machos, inteiros foram
distribuídos em quatro níveis de inclusão do subproduto (zero; 11%; 16%; 27%), em
delineamento inteiramente ao acaso, com cinco ovinos para cada um dos quatro tratamentos.
Maiores consumos de matéria seca foram evidenciados para o tratamento que incluiu 11% do
subproduto. Quanto aos consumos de proteína bruta, fibra detergente neutro, fibra detergente
ácido e celulose (g/UTM) e energia metabolizável (kcal/UTM), o tratamento que incluiu 11% de
subproduto apenas foi superior ao tratamento 27% de inclusão (P<0,05). Houve diferenças
apenas para o coeficiente de digestibilidade da FDA, onde o tratamento que não incluiu o
subproduto de abacaxi apresentou a maior digestibilidade. Os dados de digestibilidade da CEL
foram semelhantes, permitindo-nos inferir que a fração celulósica pode ter sido a responsável
pela queda da digestibilidade da FDA, por possíveis associações secundárias com ligninas. Os
balanços energéticos e protéicos foram positivos.
Palavras-chave: dieta, fibra, frutas, nutrição, ovinos, ruminantes
1. INTRODUÇÃO
Segundo estimativas da FAO (1994), nos
países em desenvolvimento, como é o caso
do Brasil, as perdas pós-colheita de frutas
frescas são estimadas na ordem de 20 a
50%. Mesmo assim, existe uma tendência
mundial para o mercado de produtos
transformados como conservas, sucos,
geléias e doces, gerando grandes
quantidades de subprodutos industriais, fato
que tem sido efetivamente observado no
país.
O abacaxi é uma das frutas tropicais mais
populares do mundo e tem o Brasil como
um dos principais centros produtores da
espécie. A área plantada de abacaxi no
Brasil em 2000 foi de 62,9 mil hectares,
com uma produção aproximada de 22,1 mil
frutos/ha. O Nordeste figura como uma das
regiões em que mais se produz abacaxi.
Neste mesmo ano, o Nordeste contribuiu de
forma significativa na produção nacional.
Os estados da Paraíba e Bahia são os
maiores produtores.
Do abacaxizeiro, apenas o fruto é
comercializável. Quando do processamento
industrial, cascas, talos, coroas e cilindros
são considerados rejeitos da indústria e
ainda são fornecidos para os animais de
forma empírica. Do total da fruta, após
prensagem, 75-85 % é suco, e 15 a 25 %
resulta em torta.
A aceitação deste subproduto por
ruminantes é boa e a adaptação é rápida,
51
sendo considerado um alimento rico em
açúcares, com razoável valor protéico e rico
em fibras. O elevado valor nutritivo dos
subprodutos da indústria de processamento
de abacaxi deve-se ao seu conteúdo em
carboidratos solúveis os quais são
rapidamente degradados. Contém também
pectina, componente dietético solúvel de
relevantes propriedades nutricionais. O
subproduto de abacaxi seco pode ainda ser
utilizado como aditivo às silagens de capim
elefante com melhoria da qualidade
nutricional das mesmas.
Conhecendo-se a qualidade nutritiva deste
subproduto e os baixos custos de aquisição
do mesmo é que se torna imprescindível
determinar a forma de inclusão do mesmo
em dietas para ruminantes.
A inclusão de subprodutos em dietas para
ruminantes pode provocar elevação na taxa
de passagem da digesta pelo trato
gastrointestinal, reduzindo a digestibilidade
dos nutrientes. A presença de lignina
também pode ser um fator de interferência
sobre a digestibilidade de nutrientes como a
proteína e carboidratos.
Com o presente trabalho avaliaram-se os
coeficientes de digestibilidade e os
consumos por unidade de tamanho
metabólico (UTM) da matéria seca (MS),
matéria orgânica (MO), proteína bruta (PB),
extrato etéreo (EE), energia, fibra em
detergente neutro (FDN), fibra em
detergente ácido (FDA), hemiceluloses
(HCEL) e celulose (CEL) de dietas
experimentais fornecidas a ovinos em
crescimento contendo o subproduto da
indústria
processadora
de
abacaxi.
Complementarmente avaliaram-se também
os balanços energético e nitrogenado destas
dietas. Objetivando-se determinar se é
possível e em que percentual deva ser feita
sua inclusão nas dietas para ruminantes.
52
2. MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado na Embrapa
Caprinos, em Sobral, Ceará, zona
fisiográfica do Sertão Cearense, a 3o42’ de
latitude Sul, 40o21’ de longitude Oeste,
altitude de 83 m, no período de nove a 23
de dezembro de 2002.
A região possui clima tipo BShw’,
megatérmico, seco, em que a precipitação
chuvosa (janeiro a junho) apresenta
precipitação média de 888,9 mm,
correspondendo a 92,6% do total médio
anual. A média anual das temperaturas
máxima, média e mínima está em torno de
33,3, 26,6 e 22,0oC, respectivamente, e a
média anual da umidade relativa do ar é de
67,9%.
O subproduto agroindustrial de abacaxi
(Ananas comosus, L.) utilizado era
proveniente
da
Empresa
Mossoró
Agroindustrial S.A. (MAISA) localizada
em Mossoró – RN. Caracterizava-se por
apresentar cascas, coroas e talos que após
secagem
ao
sol
foram
picados
grosseiramente.
O
capim
elefante
(Pennisetum purpureum) fornecido era
proveniente de capineira existente na
EMBRAPA Caprinos obtido por corte
manual diário a cerca de 15 cm do solo, 57
dias após o plantio. A torta de algodão e o
milho foram obtidos no comércio de Sobral
– Ceará em quantidade suficiente para a
realização de todo o experimento. A dieta
formulada e sua composição química e
energética constam da Tabela 1.
Pretendeu-se a inclusão do subproduto de
abacaxi nos níveis zero, 10, 19 e 28 % a
uma dieta básica composta de capim
elefante, milho e torta de algodão. O nível
máximo foi determinado pelo ajuste das
dietas em função da substituição total do
capim elefante pelo subproduto de abacaxi
e, ao mesmo tempo, para atenderem aos
requisitos de proteína bruta (14,7%) e de
NDT (72%) prescritos pelo National
Research Council (1985) para cordeiros em
terminação (quatro a sete meses de idade)
com peso vivo de 30kg e ganho de peso de
295g/dia. Houve dificuldade para, com os
alimentos utilizados, se atingir o
requerimento de energia. Desta maneira,
procurou-se estabelecer um nível de fibra
dietético máximo, idêntico para os quatro
tratamentos, de modo que os níveis de
energia se aproximassem daquele prescrito
pelo National Research Council (1985).
Tabela 1. Composição centesimal e bromatológica das dietas
ofertadas a ovinos em base de matéria seca
Tratamentos
Capim
Milho
Torta de
Propostos
Elefante
Algodão
0%
27,92
52,14
19,94
9,71%
18,09
51,04
21,16
19,22%
8,40
50,03
22,35
28,05%
0
49,11
22,84
Foram utilizados 20 cordeiros machos e
inteiros com oito meses de idade e peso
vivo médio de 32 kg, que foram
distribuídos de forma que os tratamentos
tivessem a maior homogeneidade possível.
Os
ovinos
foram
previamente
desverminados e alojados em gaiolas de
metabolismo com bebedouros, comedouros
e saleiros plásticos e dispositivos
apropriados para colheita de urina e fezes.
Estes dispositivos foram constituídos por
baldes de 10 litros colocados sob um tripé
de madeira que servia como apoio a uma
tela com malha de cinco mm de maneira a
permitir um declive para a queda das fezes
sem risco de contaminação da urina que
ficava no balde. As fezes foram colhidas
em recipientes plásticos colocados logo à
frente do tripé com a tela, estando os dois
tipos de recipientes de colheita sob o funil
da gaiola metabólica.
O período de adaptação dos animais às
dietas e às gaiolas foi de 10 dias, sendo o
período de colheita (experimental) de sete
dias. Os 20 carneiros foram pesados no
início do período de adaptação. O peso foi
utilizado para o cálculo do consumo em
gramas por unidade de tamanho metabólico
(kg0,75).
contendo subproduto de abacaxi
%MS %PB
69,69
76,37
82,95
88,64
14,72
14,72
14,72
14,72
%NDT %FDN
65,00
65,76
65,38
65,99
38,8
38,8
38,8
38,8
As dietas foram divididas em duas refeições
iguais e oferecidas bem misturadas aos
ovinos, às 7 h e 30 min e a outra às 18 h e
30 min, buscando-se sempre deixar uma
sobra que, em média ficasse entre 15 e 20
% da matéria seca oferecida por dia. Água e
sal mineralizado estiveram disponíveis à
vontade.
Amostras do alimento oferecido e das
sobras foram retiradas e pesadas
diariamente às sete horas. Posteriormente,
foi preparada uma amostra composta por
animal para as sobras e outra composta dos
alimentos fornecidos nos sete dias de
colheita. Na amostra composta das sobras,
foi feita a separação manual dos alimentos
para o posterior cálculo do consumo de
cada alimento individualmente, a partir da
quantidade fornecida de cada um deles.
Após isso, as amostras de sobras foram
novamente
misturadas
para
serem,
juntamente com as amostras dos alimentos
oferecidos, moídas em moinhos de facas
com peneira de malha de 1 mm e estocadas
para futuras análises laboratoriais.
A colheita total de fezes também foi diária.
A produção total teve o peso registrado e
fez-se a reserva de uma alíquota de 20 %
deste peso. Ao final do experimento
também foi preparada uma amostra
53
composta por animal que foi embalada em
sacos plásticos individuais e armazenada a
-10o C. No final do experimento foram
descongeladas à temperatura ambiente por
cerca de 14 horas, passadas em peneira de
malha grossa, homogeneizadas e pesadas.
Após isto, foram acondicionadas em
bandejas de alumínio e levadas à estufa de
ventilação forçada (55 a 60o C) por 72
horas, para a determinação da matéria préseca. Foram então moídas em moinho com
peneira de 1 mm e acondicionadas em
recipientes plásticos para futuras análises.
Nos baldes coletores de urina foram
adicionados 100 ml de ácido clorídrico
(HCl 2N) na véspera de cada colheita,
evitando-se assim perdas de nitrogênio por
volatilização. O volume total de líquido foi
pesado retirando-se para cada carneiro uma
alíquota de 20 % do volume total colhido a
cada dia, acondicionada em frascos
plásticos (uma amostra composta por
animal) e imediatamente congelada.
Para as determinações de matéria seca,
matéria orgânica e cinzas, extrato etéreo,
proteína bruta, cálcio e fósforo do material
analisado seguiu-se a metodologia proposta
por AOAC (1980). Já para a quantificação
da FDN, FDA, celulose, hemiceluloses e
ligninas, utilizou-se a metodologia proposta
por Van Soest et al. (1991).
As análises laboratoriais foram realizadas
nas dependências dos Laboratórios de
Nutrição Animal da EMBRAPA Caprinos
(Sobral – Ceará), do Departamento de
Zootecnia da Universidade Federal do
Ceará
(Fortaleza
–
Ceará),
do
Departamento de Zootecnia da Escola de
Veterinária da UFMG (Belo Horizonte –
Minas Gerais) e do Centro de Ciências
Agrárias e Biológicas da Universidade
Estadual Vale do Acaraú (Sobral – Ceará).
Para a estimativa de Nutrientes Digestíveis
Totais (NDT) dos alimentos isoladamente
foram utilizadas duas equações propostas
54
por Cappelle et al. (2001). Para o milho e a
torta de algodão recorreu-se à seguinte
equação:
NDT = 9,6134 + 0,8294 x DMS (r2=0,98;
P<0,01)
Para o subproduto de abacaxi e capim
elefante a equação utilizada foi esta:
NDT = 10,43 + 0,8019 x DMS (r2=0,89;
P<0,01), onde para ambas:
DMS = Digestibilidade in vitro da matéria
seca segundo metodologia proposta por
Tilley e Terry (1963).
Para o cálculo da porcentagem dos
carboidratos totais (CHOT) utilizou-se
equação sugerida por Sniffen et al. (1992):
CHOT (%) = 100 - (%PB + %EE +
%Cinzas), onde CHOT = valor percentual
dos carboidratos totais, PB = valor
percentual da proteína bruta, % Cinzas =
valor percentual de cinzas.
Para o cálculo de NDT das dietas
experimentais utilizou-se a equação NDT =
PBD + 2,25 x EED + CHOTD, utilizada
pelo Sistema de Cornell (Sniffen et al.,
1992), sendo que PBD, EED e CHOTD
correspondem respectivamente a proteína
bruta, extrato etéreo e carboidratos totais
digestíveis.
Para o cálculo do NDT das dietas
experimentais conforme o National
Research Council (2001) foram utilizadas
as seguintes equações:
CNFVD=0,98 x (100 - [(FDN -PBIDN) +
PB + EE + Cinzas])
PBVD = PB x EXP x [-1,2 x (PBIDA/PB)]
para o subproduto de abacaxi e para o
capim elefante
PBVD = [1 - (0,4 x (PBIDA/PB))] x PB
para o milho e para a torta de algodão.
AGVD = EE - 1.
FDNVD = 0,75 x [(FDN - PBIDN) - L] x
[1 – (L/((FDN - PBIDN) x EXP x 0,667))].
NDT1X (%) = CNFVD + PBVD + (AGVD
x 2,25) + FDNVD - 7, onde: NDT1X =
Nutrientes
Digestíveis
Totais
para
manutenção, CNFVD = Carboidratos Não
Fibrosos Verdadeiramente Digestíveis,
PBVD = Proteína Bruta Verdadeiramente
Digestível, AGVD = Ácidos Graxos
Verdadeiramente Digestíveis, FDNVD =
Fibra
em
Detergente
Neutro
Verdadeiramente Digestível, FDN = Fibra
em Detergente Neutro, EE = Extrato
Etéreo, L = Lignina em Detergente Ácido,
PB = Proteína Bruta, PBIDN = Proteína
Bruta Insolúvel em Detergente Neutro,
PBIDA = Proteína Bruta Insolúvel em
Detergente Ácido.
A determinação dos coeficientes de
digestibilidade de matéria seca, matéria
orgânica, proteína bruta, fibra em
detergente neutro e fibra em detergente
ácido, celulose, hemiceluloses e energia
bruta foi feita a partir da seguinte fórmula:
[(Consumo do nutriente em gramas –
quantidade em gramas do nutriente nas
fezes)/Consumo
do
nutriente
em
gramas]/100 (Silva e Leão, 1979).
Obteve-se a Energia Bruta (EB) em
calorímetro adiabático tipo PARR 2081 nas
dependências do Laboratório de Nutrição
Animal da EMBRAPA Caprinos em Sobral
- Ceará. No caso da urina, colocou-se cerca
de 1 ml de urina em papel de filtro
absorvente para permitir a sua combustão
na bomba calorimétrica. Anteriormente fezse a queima de seis papéis de filtro vazios
para referenciação da produção de calor do
papel individualmente, servindo de branco.
Utilizando-se a técnica direta de
determinação de energia com bomba
calorimétrica, calculou-se o valor da
energia digestível e energia metabolizável.
Para tanto, mediu-se a energia contida nas
fezes, no alimento oferecido, nas sobras do
alimento e na urina. A ED foi calculada
conforme descrito acima, já a energia
metabolizável pela fórmula de Blaxter e
Clapperton (1965) na qual a Energia
Digestível é igual a Energia Bruta Ingerida
menos a Energia Bruta excretada nas fezes;
a Energia Metabolizável é igual a Energia
Digestível menos a Energia Bruta da Urina
mais a Energia dos Gases. A produção de
metano foi estimada pela seguinte equação:
Cm = 0,67 + 0,062D, onde Cm = produção
de metano em kcal/ 100 kcal de energia
consumida e D = digestibilidade aparente
da energia bruta do alimento.
Foram também calculados o balanço de
nitrogênio [N ingerido - (N fecal + N
urinário)], nitrogênio ingerido (N fornecido
- N das sobras) e porcentagem de nitrogênio
retido em relação ao nitrogênio ingerido.
O delineamento experimental utilizado foi o
inteiramente ao acaso, com quatro
tratamentos (quatro níveis de inclusão do
subproduto) e cinco repetições (animais)
por tratamento.
As análises estatísticas foram feitas
mediante o uso do procedimento GLM
(General Linear Models) do SAS
(Statistical Analysis System) (Littel et al.,
1991), por meio do seguinte modelo
estatístico:
Yij = µ + Hj + eij
onde,
Yij = valor referente à observação da
repetição i do tratamento j
µ = média geral
Hj = efeito do tratamento j (j = 1, 2, 3, 4)
eij = erro aleatório associado à observação
As médias foram comparadas utilizando-se
o Teste SNK, em nível de 5% de
probabilidade. Foi também observado o
grau de correlação de Pearson (P<0,05)
entre as variáveis utilizando-se o software
55
SAEG (Ribeiro Júnior, 2001) para se saber
se a variação de uma delas acompanha
proporcional, direta ou inversamente, a
variação da outra conforme recomendou
Sampaio (2002).
estudada. As equações demonstradas neste
trabalho foram assim selecionadas para
trazer maior confiança e melhor
aplicabilidade à previsão de valores de
consumo e digestibilidade.
A análise de regressão foi realizada
utilizando-se o software SAEG (Ribeiro
Júnior, 2001) para permitir a estimativa dos
consumos e coeficientes de digestibilidade
em níveis de subproduto de abacaxi,
compreendidos no intervalo estudado, que
não foram testados no ensaio. Foram
testados diferentes modelos matemáticos
(lineares, polinomiais, logarítmicos e
exponenciais), a partir do procedimento
Modelos Pré-definidos, para escolha
daquele
que
apresentasse
maior
significância e maiores coeficientes de
regressão. Para a escolha do modelo
matemático também foi observado se o
mesmo ajustava-se à resposta biológica
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Pelo ajuste de consumo, em função da
seletividade dos animais, a real inclusão do
subproduto de abacaxi ficou nos seguintes
níveis: zero, 11, 16 e 27 % (Tabela 2). A
partir desta consideração todas as
discussões de resultados levarão em conta
estes níveis de inclusão.
A composição química dos ingredientes das
dietas com base na matéria seca (MS) está
demonstrada na Tabela 3. A composição
química e energia bruta das dietas consta na
Tabela 4.
Tabela 2. Consumo médio diário de matéria seca de subproduto de abacaxi, capim elefante,
milho e torta de algodão (kg) e, entre parêntesis, a porcentagem (%) de cada um dos alimentos
em função do consumo de matéria seca total (CMST) (kg) das dietas oferecidas a ovinos
Tratamentos
CMST
Subproduto
Capim
Milho
Torta de
de Abacaxi
Elefante
Algodão
0%
1,354
0,000 (0)
0,298 (22,03)
0,764 (56,40)
0,292 (21,56)
11 %
1,730 0,188 (10,89)
0,146 (8,42)
0,987 (57,06)
0,409 (23,63)
16 %
1,441 0,231 (16,05)
0,113 (7,81)
0,758 (52,63)
0,339 (23,51)
27 %
1,230 0,331 (26,93)
0,000 (0)
0,647 (52,61)
0,252 (20,46)
56
Tabela 3. Composição química (%) e níveis de energia bruta (Mcal/kg) dos ingredientes das
dietas fornecidas durante o experimento com base de matéria seca
Componentes
Subproduto
Capim
Milho
Torta de
de Abacaxi
Elefante
Algodão
Matéria Seca (%)
88,51
21,01
87,60
91,03
Proteína Bruta (%)
9,25
10,85
9,15
35,67
PBVD (%)*
4,91
9,00
8,98
33,15
NIDN (%)*
1,00
1,72
1,66
0,89
PBIDN (%)*
6,25
10,75
10,38
5,56
NIDA (%)*
0,78
0,27
0,07
1,01
PBIDA (%)*
4,88
1,69
0,44
6,31
DIVMS (%)*
56,77
58,79
86,29
49,78
Extrato Etéreo (%)
1,34
1,78
4,71
7,98
AGVD (%)*
0,34
0,78
3,71
6,98
Fibra em Detergente Neutro (%)
66,14
74,63
15,28
57,03
FDNVD (%)*
25,16
36,83
0,83
3,48
Fibra em Detergente Ácido (%)
34,41
43,93
3,78
35,97
Hemiceluloses (%)
31,73
30,7
11,5
21,06
Celulose (%)
37,74
51,73
5,76
40,56
Ligninas (%)
10,05
5,3
1,66
22,22
Cinzas (%)
9,20
9,88
4,05
1,88
Ca (%)
2,22
0,93
0,13
0,39
P (%)
0,03
0,02
0,06
0,10
Carboidratos Totais (%)
80,21
77,49
82,09
54,47
CNFVD (%)*
19,91
13,34
75,64
2,94
Energia Bruta (Mcal/kg)
4,09
3,98
4,39
4,74
NDT (%)*
55,95
57,57
81,18
50,90
* PBVD=Proteína Bruta Verdadeiramente Digestível; NIDN=Nitrogênio Insolúvel em
Detergente Neutro; PBIDN=Proteína Bruta Insolúvel em Detergente Neutro; NIDA=Nitrogênio
Insolúvel em Detergente Ácido; PBIDA=Proteína Bruta Insolúvel em Detergente Ácido;
DIVMS=Digestibilidade in vitro da matéria seca; AGVD=Ácidos Graxos Verdadeiramente
Digestíveis; FDNVD=Fibra em Detergente Neutro Verdadeiramente Digestível;
CNFVD=Carboidratos Não Fibrosos Verdadeiramente Digestíveis; NDT=Nutrientes
Digestíveis Totais
57
Tabela 4. Composição química (%) e energia bruta média (Mcal/kg) das dietas contendo
quantidades crescentes de subproduto de abacaxi com base na matéria seca
Dietas
Componentes
0
11%
16%
27%
Matéria Seca (%)
73,66
82,90
83,35
88,55
Proteína Bruta (%)
15,24
15,57
15,53
14,60
PBVD (%)*
14,19
14,25
14,01
12,83
NIDN (%)*
1,51
1,41
1,38
1,33
PBIDN (%)*
9,42
8,82
8,61
8,28
NIDA (%)*
0,32
0,39
0,42
0,45
PBIDA (%)*
1,98
2,41
2,63
2,83
Extrato Etéreo (%)
4,77
4,87
4,71
4,47
AGVD (%)*
3,77
3,87
3,71
3,47
Fibra em Detergente Neutro (%)
37,36
35,68
37,89
37,52
FDNVD (%)*
9,33
7,14
8,17
7,92
Fibra em Detergente Ácido (%)
19,56
18,10
19,40
18,61
Hemiceluloses (%)
17,79
17,58
18,49
18,90
Celulose (%)
23,39
21,34
22,66
21,49
Ligninas (%)
6,89
7,74
8,13
8,14
Cinzas (%)
4,87
4,59
4,82
4,99
Ca (%)
0,36
0,49
0,59
0,75
P (%)
0,06
0,06
0,06
0,06
Carboidratos Totais (%)
75,11
74,97
74,94
75,93
CNFVD (%)*
46,23
47,15
44,74
45,76
Energia Bruta (Mcal/kg)
4,37
4,41
4,39
4,38
NDT (%)1*
73,16
67,49
72,32
68,92
NDT (%)2*
71,24
70,24
68,26
67,32
1
Determinado conforme Sniffen et al. (1992). 2 Determinado conforme o NRC (1985).
*PBVD=Proteína Bruta Verdadeiramente Digestível; NIDN=Nitrogênio Insolúvel em
Detergente Neutro; PBIDN=Proteína Bruta Insolúvel em Detergente Neutro; NIDA=Nitrogênio
Insolúvel em Detergente Ácido; PBIDA=Proteína Bruta Insolúvel em Detergente Ácido;
AGVD=Ácidos Graxos Verdadeiramente Digestíveis; FDNVD=Fibra em Detergente Neutro
Verdadeiramente Digestível; CNFVD=Carboidratos Não Fibrosos Verdadeiramente Digestíveis;
NDT=Nutrientes Digestíveis Totais
58
Na Tabela 5 estão apresentadas as
comparações de médias de consumo em
g/kg0,75 da matéria seca, matéria orgânica,
proteína bruta e extrato etéreo. O consumo
médio diário de matéria seca foi de 106,24
g/UTM, destacando-se o tratamento que
incluiu 11 % de subproduto agroindustrial
de abacaxi, que apresentou consumo/UTM
superior aos tratamentos zero e 27 % de
inclusão e semelhante ao tratamento 16 %
de inclusão do subproduto, os demais
equivaleram-se. Lousada Júnior (2003),
fornecendo exclusivamente subproduto de
abacaxi para cordeiros em crescimento,
encontrou um consumo médio inferior a
todos aqui obtidos (64,9 g de MS/UTM).
Para o National Research Council (1985), a
exigência nutricional para ovinos em
terminação com 30 kg de peso vivo com
ganho de peso diário de 295g/dia é de
101,42 gramas de MS/kg0,75/dia, ficando
com valores inferiores, marginalmente nos
extremos de inclusão. Esta constatação
provavelmente interferiu nos resultados de
análises de outros nutrientes descritos no
presente trabalho, já que houve altas
correlações entre o consumo de matéria
seca e de todos os outros nutrientes
analisados (r>0,87; P<0,0001), conforme é
possível observar na tabela de correlações
de Pearson para este experimento na seção
de anexos desta tese (Anexo 1).
Tabela 5 - Médias de consumo diário (g/kg0,75, %PV, g/dia) das frações matéria seca, matéria
seca digestível, matéria orgânica, matéria orgânica digestível, proteína bruta, proteína bruta
digestível, extrato etéreo e extrato etéreo digestível das dietas contendo quantidades crescentes
de subproduto de abacaxi fornecidas a ovinos
Frações
Dietas
Coeficientes de
analisadas
0
11%
16%
27%
Variação (%)
Matéria Seca (g/kg0,75)
98,88b 126,11a 105,54ab 94,44b
14,86
b
a
ab
b
Matéria Seca (%PV)
4,14
5,28
4,42
4,02
14,59
Matéria Seca (g/dia)
1353,9a 1729,8a 1440,7a 1230,3a
19,44
Matéria Seca Digestível (g/kg0,75)
69,00ab 80,35a 72,52ab 62,00b
14,16
Matéria Orgânica (g/kg0,75)
95,18b 121,66a 102,13ab 92,14b
14,82
Matéria Orgânica Digestível (g/kg0,75) 69,98a 82,73a 74,54a 64,60a
14,22
Proteína Bruta (g/kg0,75)
17,27ab 20,94a 17,46ab 15,98b
14,67
a
a
a
a
Proteína Bruta (g/dia)
236,60 288,23 237,85 208,16
19,67
Proteína Bruta Digestível (g/kg0,75)
12,02ab 13,68a 11,32ab 10,35b
14,30
Extrato Etéreo (g/kg0,75)
4,73a
6,03a
5,25a
4,60a
16,86
Extrato Etéreo Digestível (g/kg0,75)
3,97a
5,11a
4,64a
3,92a
17,77
a
Médias com letras iguais na mesma linha não diferem significativamente pelo teste SNK
(P>0,05)
A partir da observação dos consumos de
matéria seca, nota-se que os tratamentos
que incluíram zero e 27 % do subproduto
de abacaxi foram inferiores aos requisitos
para cordeiros de 30 kg de peso vivo em
terminação estabelecidos pelo National
Research Council (1985). O consumo de
matéria seca digestível apresentou uma
diferença em relação ao consumo de MS.
No primeiro parâmetro, houve semelhança
entre o tratamento controle e os demais
tratamentos. Neste caso a melhor
digestibilidade favoreceu o consumo de
material nutritivo mais disponível ao
processo digestivo.
Reduções de consumo podem acontecer em
função de odores ou gostos desagradáveis
(Van Soest, 1994). Efeitos digestivos sobre
a taxa de passagem também podem
influenciar o consumo e devem ser melhor
estudados. O aumento no consumo de fibra
59
indigestível, por exemplo, leva ao aumento
do tempo de retenção ruminal o que resulta
na limitação por enchimento, mais severa
em dietas com alimentos de baixa
qualidade. Ainda de acordo com Van Soest
(1994), isto se torna um problema para os
pequenos ruminantes que têm requisitos de
energia e de consumo mais altos em relação
à sua capacidade gastrintestinal.
Van Soest (1994) destacou também que
ruminantes com pesos vivos inferiores a
100kg parecem sofrer maiores limitações
sobre a retenção, influenciadas pelo
tamanho. Animais de 40 kg, por exemplo,
segundo este autor, encontram-se na
condição em que a seletividade alimentar é
a estratégia viável para aumentos na taxa de
passagem. Abaixo de 40 kg, grande parte
dos pequenos ruminantes é selecionador de
concentrados. Na dieta em que o
subproduto de abacaxi foi incluído em
maior quantidade, foi constatada a redução
no consumo deste subproduto e aumento do
consumo de concentrado (Tabelas 1 e 2).
Inúmeros fatores que incluem o tamanho
gastrintestinal, a capacidade de enchimento
do rúmen, a tolerância à passagem de
partículas maiores, a capacidade digestiva,
a superfície absortiva intestinal, a própria
estratégia alimentar, a qualidade do
alimento disponível e a capacidade
gastrintestinal afetam a estratégia alimentar
(Van Soest, 1994). A mastigação também é
provavelmente a principal força na redução
do tamanho das partículas de materiais
lignificados que têm ligação cruzada.
Estudos posteriores que avaliem o tempo de
mastigação em dietas contendo subproduto
de abacaxi serão importantes para elucidar
estes comentários.
Para o tratamento 11 % de inclusão também
foi encontrada superioridade de valores de
consumo de matéria orgânica com relação
aos níveis zero e 27 % de inclusão e
semelhança ao tratamento que incluiu 16 %
de subproduto de abacaxi (Tabela 5). Para a
60
matéria orgânica digestível não houve
diferenças
entre
os
tratamentos
experimentais. Provalmente os coeficientes
de digestibilidade da matéria orgânica
contribuíram para este resultado e serão
discutidos a seguir.
Quanto aos consumos de proteína bruta e de
proteína bruta digestível (g/UTM), o
tratamento que incluiu 11 % de subproduto
superou apenas o tratamento com 27 % de
inclusão. Para todos os tratamentos foram
supridos os requisitos de consumo de
proteína, 14,93 g/kg0,75, conforme o
National Research Council (1985). No nível
27% de inclusão foi evidenciado o maior
conteúdo de ligninas dentre as dietas
experimentais (Tabela 4). De acordo com
Van Soest (1994), os subprodutos de frutas
constituem-se em potencial fonte alimentar,
entretanto, geralmente apresentam baixa
quantidade de proteína disponível e,
portanto, segundo este autor, deve ser
realizada a determinação do conteúdo de
nitrogênio da fibra em detergente ácido
(NIDA). Os altos níveis de ligninas
existentes no subproduto de abacaxi e na
torta de algodão (Tabela 3) provavelmente
indisponibilizaram a proteína dietética e,
como
conseqüência,
podem
ter
proporcionado a redução do consumo de
proteína. Um outro aspecto baseia-se nos
comentários de Lousada Júnior (2003) que
encontrou consumos de apenas 5,29 g de
proteína bruta/UTM em cordeiros que
receberam
subproduto
de
abacaxi
exclusivamente. No presente ensaio, as
dietas não continham apenas subproduto e
isso pode ter estimulado o consumo dos
animais pela seleção de ingredientes
alimentares.
Não houve diferenças quanto aos consumos
de extrato etéreo e de extrato etéreo
digestível entre as dietas, mesmo porque, os
níveis de EE nas mesmas foram muito
próximos e a diferença obtida entre os
consumos de MS talvez não tenha sido
suficientemente intensa a ponto de
promover alterações nos consumos dessa
fração entre os tratamentos aqui estudados.
X = % de inclusão de subproduto de
abacaxi
A análise de regressão indicou resposta
quadrática para o consumo de matéria seca
digestível por unidade de tamanho
metabólico como resposta à adição de
subproduto de abacaxi, a saber:
Resolvendo dy/dx=0 para a equação citada
verifica-se que a inclusão de subproduto em
10,95% corresponde ao maior consumo de
matéria seca.
CMSD = 69,60 + 1,38X - 0,063X2 (R2 =
0,31; P<0,05), onde:
CMSD = Consumo de matéria seca
digestível/UTM
Os coeficientes de digestibilidade da
matéria seca, matéria orgânica, proteína
bruta e extrato etéreo encontram-se na
Tabela 6.
Tabela 6 - Médias (%) dos coeficientes de digestibilidade da matéria seca, matéria orgânica,
proteína bruta e extrato etéreo das dietas contendo quantidades crescentes de subproduto de
abacaxi fornecidas a ovinos
Frações
Dietas
Coeficientes de
Analisadas
0
11%
16%
27%
Variação (%)
a
b
ab
ab
Matéria Seca
70,20 63,90 68,72
65,70
5,03
Matéria Orgânica
73,92a 68,13a 72,99a 70,17a
4,66
Proteína Bruta
70,28a 65,47a 64,89a 64,65a
6,34
Extrato Etéreo
84,62a 84,92a 88,26a 84,70a
6,22
a
Médias com letras iguais na mesma linha não diferem significativamente pelo teste SNK
(P>0,05)
Não houve diferenças significativas para os
coeficientes de digestibilidade da matéria
orgânica, proteína bruta e extrato etéreo. Os
valores foram altos especialmente se
comparados a outros alimentos citados por
Valadares Filho et al. (2002). Para a
digestibilidade da matéria orgânica, o valor
foi comparável ao do feno do capim Tifton
(68,58%). Para a digestibilidade da proteína
bruta, os valores para as dietas em que se
incluiu o subproduto foram similares ao
grão de soja (65,00) e para a digestibilidade
do extrato etéreo foram similares à
digestibilidade deste nutriente no glúten de
milho (82,58%).
Para a digestibilidade da matéria seca, o
tratamento que não incluiu subproduto de
abacaxi foi superior apenas ao tratamento
11% que, por sua vez, apresentou maior
consumo de matéria seca em relação às
dietas controle e com 27% de subproduto.
A digestibilidade da matéria seca da dieta
com 11% de subproduto foi semelhante
estatisticamente aos tratamentos com 16 e
27% de inclusão e estes idênticos ao
tratamento 0% de inclusão.
Significativa correlação negativa foi
encontrada entre a digestibilidade da
matéria seca e o consumo de proteína bruta
(r=-0,5366; P<0,01). Apesar das dietas
terem sido formuladas de modo a serem
isoprotéicas, os níveis de NIDA cresceram
na medida em que crescia a inclusão do
subproduto de abacaxi (Tabela 3), isto
provavelmente levou à queda na
disponibilidade da proteína bruta no nível
de 27 % de inclusão de subproduto de
abacaxi, diferentemente do que ocorreu, por
exemplo, com a digestibilidade da matéria
seca que tendeu a aumentar principalmente
influenciada pelos carboidratos dietéticos.
Mais estudos são requeridos no sentido de
61
se avaliar a influência da presença de
compostos fenólicos como os taninos, por
exemplo, sobre o consumo e digestibilidade
da proteína de dietas contendo subprodutos
da indústria processadora de frutas.
As análises de regressão para estes
coeficientes de digestibilidade também
indicaram baixa confiabilidade em virtude
dos baixos coeficientes de determinação e
não foram aqui representados em virtude de
apresentarem coeficientes de determinação
inferiores a 30%. Nenhum dos modelos de
equações de regressão testados apresentou
significância
estatística
para
a
digestibilidade do extrato etéreo.
A Tabela 7 apresenta os valores de
consumo médio diário das frações fibrosas
alimentares (fibra em detergente neutro,
fibra em detergente ácido, hemiceluloses e
celulose) em gramas por unidade de
tamanho metabólico.
Tabela 7 - Médias de consumo (g/kg0,75, % de peso vivo e em % de matéria seca ingerida) das
frações fibrosas e frações fibrosas digestíveis das dietas contendo quantidades crescentes de
subproduto de abacaxi fornecidas a ovinos
Frações
Dietas
Coeficientes de
Analisadas
0
11%
16%
27% Variação (%)
Fibra Detergente Neutro (g/kg0,75)
47,98ab 59,96a 49,38ab 44,36b
14,59
Fibra Detergente Neutro (% PV)
2,01ab 2,51a 2,07ab 1,89b
14,37
0,75
ab
a
ab
b
Fibra Detergente Neutro Digestível (g/kg ) 29,25 33,68 28,46 23,19
15,88
Fibra Detergente Neutro (% MSI)
48,68a 47,52b 46,83b 46,99b
1,61
Fibra Detergente Ácido (g/kg0,75)
20,50ab 24,49a 20,68ab 18,37b
13,74
Fibra Detergente Ácido (% PV)
0,86ab 1,03a 0,87ab 0,78b
13,45
0,75
Fibra Detergente Ácido Digestível (g/kg ) 11,59a 11,24a 9,34a 7,18b
16,01
Fibra Detergente Ácido (% MSI)
20,99a 19,40a 19,65a 19,48a
5,51
0,75
b
a
b
b
Hemiceluloses (g/kg )
27,48 35,46 28,70 26,00
15,64
Hemiceluloses (% PV)
1,15b 1,49a 1,20b 1,11b
15,47
Hemiceluloses Digestíveis (g/kg0,75)*
17,66ab 22,44a 19,12ab 16,02b
16,96
Hemiceluloses (% MSI)
27,69a 28,12a 27,18a 27,51a
1,96
Celulose (g/kg0,75)
28,11ab 33,13a 27,38ab 24,35b
14,54
Celulose (% PV)
1,18ab 1,39a 1,15ab 1,04b
14,17
0,75
a
a
a
b
Celulose Digestível (g/kg )*
17,22 17,29 15,96 12,52
13,82
Celulose (% MSI)
28,69a 26,23b 25,98b 25,80b
4,10
a
Médias com letras iguais na mesma linha não diferem significativamente pelo teste SNK
(P>0,05)
Os consumos de FDN, FDA e celulose por
UTM e por porcentagem de peso vivo
apresentaram-se
semelhantes
particularmente quanto à superioridade de
valores no tratamento 11 % de inclusão em
relação ao tratamento 27 % de inclusão. O
consumo das hemiceluloses foi superior aos
demais quando se incluiu 11 % de
subproduto de abacaxi. Os consumos de
todas as frações fibrosas foram altamente
correlacionados com os consumos de todos
62
os outros nutrientes. Lousada Júnior (2003)
fornecendo única e exclusivamente
subproduto de abacaxi para cordeiros em
terminação verificou consumos de FDN
(g/UTM) similar aos aqui encontrados
(47,15 g/UTM). Segundo o autor, este
consumo foi semelhante aos encontrados
para os subprodutos de maracujá (49,43
g/UTM) e de melão (50,23 g/UTM)
também avaliados, tendo sido inferior ao
encontrado para o subproduto de goiaba
(78,75 g/UTM) e superior ao encontrado
para o subproduto de acerola (24,03
g/UTM).
consumo de celulose (%MSI) foi inferior
nos tratamentos que incluíram o subproduto
em relação ao tratamento controle.
A comparação de médias entre os
tratamentos para os consumos de FDN e
HCEL digestíveis (g/UTM) mostrou-se
semelhante à encontrada para os consumos
de FDN e HCEL (g/UTM), já no consumo
de FDAD (g/UTM) foi evidenciado que no
tratamento 27% houve o menor valor em
relação as demais dietas. Caracteriza-se em
relação a FDA, que nas condições em que
os animais têm a possibilidade em
selecionar outros ingredientes da dieta, eles
o fazem. No tratamento 27% como foi
retirado o capim elefante, fonte fibrosa de
melhor digestibilidade, houve redução
acentuada do consumo para esse
tratamento.
A seguir são apresentadas as equações de
regressão para os consumos das frações
fibrosas digestíveis:
O consumo de celulose digestível (g/UTM)
não
variou
entre
os
tratamentos
experimentais. Para todas as dietas
experimentais, os níveis de ligninas
aumentaram com a inclusão do subproduto
(Tabela 4). Na Tabela 4 também percebe-se
que os níveis de celulose diminuíram com o
aumento de inclusão do subproduto. Isso
provavelmente resultou no menor consumo
de celulose digestível evidenciado no
tratamento 27% de inclusão do subproduto.
No Capítulo V serão discutidas as
degradabilidades ruminais da celulose do
capim elefante e do subproduto de abacaxi
e assim será possível aprofundar mais estes
comentários.
A FDN como porcentagem da matéria seca
ingerida ficou em torno de 47% para as
dietas que incluíram o subproduto e foram
inferiores
ao
tratamento
controle.
Provavelmente por isso, o tipo de resposta
encontrada entre os tratamentos para o
consumo de matéria seca (Tabela 5) tenha
sido tão semelhante ao que foi encontrado
aqui. Os consumos de FDA e de
hemiceluloses
não
variaram
como
porcentagem da matéria seca ingerida e o
CFDND = 29,63 + 0,49X - 0,028X2 (R2 =
0,39; P<0,05), onde:
CFDND = Consumo de Fibra Detergente
Neutro Digestível em g/UTM
X = Nível de inclusão do subproduto de
abacaxi (%)
CFDAD = 11,69 - 0,031X - 0,0052X2 (R2 =
0,58; P<0,05), onde:
CFDAD = Consumo de Fibra Detergente
Ácido Digestível em g/UTM
X = Nível de inclusão do subproduto de
abacaxi (%)
CHCELD = 17,94 + 0,53X - 0,023X2 (R2 =
0,33; P<0,05), onde:
CHCELD = Consumo de Hemiceluloses
Digestíveis em g/UTM
X = Nível de inclusão do subproduto de
abacaxi (%)
CCELD = 17,26 + 0,093X - 0,01X2 (R2 =
0,49; P<0,01), onde:
CCELD = Consumo de Celulose Digestível
em g/UTM
X = Nível de inclusão do subproduto de
abacaxi (%)
Apesar dos baixos coeficientes de
determinação, a análise de variância
mostrou significância (P<0,05) entre a
elevação nos níveis de inclusão do
subproduto de abacaxi e o consumo das
frações fibrosas digestíveis (g/kg0,75).
Resolvendo dy/dx=0 para as equações
correspondentes ao consumo das frações
fibrosas digestíveis, a inclusão entre 4,65 e
11,52% é a mais recomendável conforme
estes parâmetros estudados. É importante
destacar novamente os baixos coeficientes
de determinação das equações que sugerem
63
menor confiabilidade em relação às médias
comparadas a partir dos dados da Tabela 7.
A importância de se conhecer os níveis que
trazem os maiores consumos fibrosos
advém da capacidade do ruminante em
utilizá-los, a partir da fermentação
microbiana, para a síntese protéica
microbiana e para a produção de ácidos
graxos voláteis importantes ao metabolismo
energético
destes
animais.
Foram
encontradas altas correlações (r>0,85;
P<0,0001) entre o consumo de fibra e os
consumos
de
proteína
e
energia
metabolizável o que também contribui para
o adequado balanço protéico e energético
das dietas experimentais.
Dependendo da região e da facilidade de
aquisição de subprodutos da indústria
processadora de abacaxi, a substituição de
fontes de fibras forrageiras tradicionais
como o capim elefante, por exemplo, por
fontes alternativas de fibra não forrageira
pode vir a baratear os custos de produção
sem resultar em perdas de valor nutritivo
das
dietas
e/ou
diminuição
do
aproveitamento destes nutrientes em termos
de consumo e digestibilidade.
Quanto as digestibilidades da FDN e
hemiceluloses não houve diferenças
significativas entre os tratamentos a partir
do incremento dos níveis de subproduto de
abacaxi dietéticos (Tabela 8).
Tabela 8 - Médias (%) dos coeficientes de digestibilidade das frações fibrosas das dietas
contendo quantidades crescentes de subproduto de abacaxi fornecidas a ovinos
Frações
Dietas
Coeficientes de
Analisadas
0
11%
16%
27%
Variação (%)
Fibra Detergente Neutro 61,56a 56,27a 57,73a 52,70a
11,59
Fibra Detergente Ácido 56,79a 46,34b 45,28b 39,38b
13,59
a
a
a
a
Hemiceluloses
65,26 63,19 66,71 62,14
11,86
Celulose
61,64a 52,51b 58,71ab 51,43b
9,89
a
Médias com letras iguais na mesma linha não diferem significativamente pelo teste SNK
(P>0,05).
Já para a FDA, o tratamento que não incluiu
o subproduto de abacaxi apresentou a maior
digestibilidade. Os dados de digestibilidade
da celulose foram semelhantes permitindo
inferir que a fração celulósica pode ter sido
a responsável pela queda da digestibilidade
da FDA quando se incluiu o subproduto de
abacaxi, uma vez que a porção
hemicelulolítica não variou para os
tratamentos. Porém ressalta-se que houve
semelhança de valores de digestibilidade da
celulose entre os tratamentos 0% e 16% de
inclusão de subproduto. De acordo com
Van Soest (1994), a celulose apresenta
pouca
influência
direta
sobre
a
digestibilidade. Para este autor, qualquer
predição baseada no conteúdo deste
nutriente nos alimentos fornecidos deve
considerar as associações secundárias com
64
lignificação e outros fatores de proteção. As
dietas do tratamento 0% de inclusão do
subproduto apresentavam níveis de ligninas
da ordem de 12,44%. Com a inclusão do
subproduto estes níveis aumentaram para
13 e 14%.
Dentre as equações representantes das
frações fibrosas dietéticas destacou-se a
equação da digestibilidade da fibra
detergente ácido:
DFDA = 56,58 - 0,98X + 0,013X2
(R2=0,54; P<0,01), onde:
DFDA = Digestibilidade da FDA (%)
X = Nível de inclusão do subproduto de
abacaxi (%)
Van Soest (1994) comentou que a
digestibilidade pode ser reduzida pela
presença de compostos que suprimem a
atividade da microflora ruminal ou que
protegem a parede celular da microflora
ruminal (taninos, por exemplo).
A seguir, será feita a comparação das
médias de consumo de energia bruta,
energia digestível e energia metabolizável
para avaliação do balanço energético dos
ovinos. Esses consumos serão analisados e
discutidos juntamente com os coeficientes
de digestibilidade aparente da energia bruta
e os teores de energia digestível e energia
metabolizável por quilo de matéria seca
ingerida (kcal) (Tabela 9).
Tabela 9 - Médias de consumo de energia bruta (EB), digestível (ED) e metabolizável (EM) em
relação à unidade de tamanho metabólico dos ovinos (kcal/kg0,75), coeficientes de
digestibilidade aparente da energia bruta, balanço energético e teores de ED (TED) e de EM
(TEM) por quilo de matéria seca ingerida (kcal) das dietas contendo quantidades crescentes de
subproduto de abacaxi fornecidas a ovinos
Frações
Dietas
Coeficientes de
Analisadas
0%
11%
16%
27%
Variação (%)
Consumo de EB
431,16b 550,77a 465,52ab 417,22b
15,06
Consumo de ED
300,26ab 350,64a 322,35ab 274,29b
14,63
ab
a
ab
b
Consumo de EM
262,99 325,27 300,33
239,58
16,46
Coeficientes de digestibilidade (%)
70,09a
63,84a
69,19a
65,80a
5,27
Balanço energético
3,60a
4,45a
4,11a
3,12a
21,18
Teor de ED/Kg MS
3054,5a 2788,1a 3049,8a 2906,8a
5,29
Teor de EM/Kg MS
2678,8a 2590,0a 2838,8a 2526,1a
8,75
a
Médias com letras iguais na mesma linha não diferem significativamente pelo teste SNK
(P>0,05).
Não houve diferenças significativas entre os
tratamentos para a digestibilidade da
energia bruta, para o balanço energético e
para os teores de energia digestível e de
energia metabolizável por quilo de matéria
seca ingerida. Quanto ao consumo de
energia bruta, o tratamento que incluiu 11%
de subproduto apresentou melhores
resultados que o tratamento controle (0%) e
o tratamento de inclusão máxima do
subproduto (27%).
Para os consumos de energia digestível e de
energia metabolizável, houve igualdade de
valores na faixa de inclusão de subproduto
compreendida entre os níveis zero e 16%.
Houve também no nível 27%, redução de
consumo de energia metabolizável em
relação ao nível 10% de inclusão. O
tratamento 27% de inclusão não atendeu
aos requisitos preconizados pelo National
Research Council (1985) para consumo de
energia metabolizável para cordeiros de 30
quilos de peso vivo em terminação, a saber,
265,24 kcal/kg0,75, entretanto os valores
encontrados neste tratamento foram
semelhantes estatisticamente aos valores
dos tratamentos 11 e 16% de inclusão que
atenderam aos requisitos energéticos de
ovinos em terminação. De acordo com Van
Soest (1994), a diminuição do aporte
energético dietético pode influenciar
negativamente a utilização da proteína
dietética, comprovada pela alta correlação
positiva encontrada neste trabalho entre o
consumo de energia metabolizável e o
balanço nitrogenado (r=0,8137; P<0,0001).
Será
demonstrada
a
equação
correspondente ao consumo de energia
metabolizável (CEM) em relação aos níveis
de inclusão de subproduto de abacaxi (X)
65
CEM = 264,88 + 8,47X - 0,35X2 (R2=0,37;
P<0,05)
Resolvendo dy/dx=0, verifica-se que dentre
os tratamentos que incluíram o subproduto
de abacaxi, o maior consumo de energia
metabolizável ocorreu quando se incluiu
12,1% de subproduto de abacaxi. Nesse
nível, o consumo médio diário de energia
metabolizável por UTM seria de 316,13
kcal.
Os valores médios do balanço de nitrogênio
para os quatro tratamentos constam na
Tabela 10. Não houve diferenças
estatísticas entre os tratamentos para
nenhum dos parâmetros analisados nesta
Tabela.
Tabela 10 - Balanço de nitrogênio comparado nas diferentes dietas contendo quantidades
crescentes de subproduto de abacaxi fornecidas a ovinos
Frações
Dietas
Coeficientes
de
Analisadas
0%
11%
16%
27%
Variação (%)
Nitrogênio ingerido (g/dia)
37,86a 46,12a
38,06a
33,31a
19,67
Nitrogênio fecal (g/dia)
11,54a 15,98a
13,35a
11,71a
23,77
Nitrogênio urinário (g/dia)
8,33a
5,65b
4,27b
4,68b
29,74
a
a
a
a
Balanço de nitrogênio
17,99
24,49
20,44
16,92
23,07
Nitrogênio retido (% sobre o N
47,43a 53,26a
53,18a
50,43a
9,51
ingerido)
a
Médias com letras iguais na mesma linha não diferem significativamente pelo teste SNK
(P>0,05).
Balanços nitrogenados e energéticos
positivos
foram
encontrados
como
resultado do efeito da proteína dietética
sobre a digestão e fermentação microbiana,
assim como, pelo efeito do perfil de
aminoácidos incorporados e disponibilidade
de energia à produção e ao metabolismo
animal. Alta correlação foi encontrada entre
os balanços nitrogenados e energético
(r=0,92; P<0,0001). Também foram
encontradas altas correlações positivas
entre os consumos de todos os nutrientes
dietéticos e o balanço nitrogenado (r>0,79;
P<0,0001).
4. CONCLUSÕES
O
subproduto
do
processamento
agroindustrial do abacaxi apresenta
potencialidade como alimento para
ruminantes especialmente se incluindo em
até 16% de dietas para ovinos.
66
As características da parede celular do
subproduto de abacaxi provavelmente
limitaram o consumo dos nutrientes
dietéticos.
Mais pesquisas são necessárias para avaliar
os parâmetros de fermentação ruminal de
dietas que contenham este subproduto e
seus efeitos sobre o consumo de nutrientes.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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67
68
Capítulo IV - EXPERIMENTO 2
Valor nutritivo do subproduto da indústria processadora de abacaxi (Ananas comosus) em
dietas para ovinos. 2. Dinâmica da fermentação ruminal e cinética sangüínea
RESUMO
O presente estudo foi conduzido com o objetivo de avaliar a influência da inclusão do
subproduto do processamento de abacaxi (Ananas comosus L.) sobre a concentração de
nitrogênio amoniacal (N-NH3) em mg/100 ml, pH e concentrações molares de ácidos graxos
voláteis (AGVs) do líquido ruminal, assim como os níveis séricos de albumina (ALB),
creatinina (CRE), uréia (UR) e proteínas totais (PT) em ovinos que receberam dietas
experimentais isofibrosas e isoprotéicas contendo o subproduto em níveis crescentes. Vinte
ovinos machos, inteiros foram distribuídos em quatro tratamentos de inclusão percentual do
subproduto de abacaxi (zero; 11%; 16%; 27%), segundo delineamento em blocos ao acaso, em
esquema de parcelas subdivididas, tendo nas parcelas as dietas e nas sub-parcelas os tempos de
colheita (zero, duas, cinco, oito horas pós-prandial) com cinco repetições. Não houve diferenças
de pH entre as dietas, entretanto houve efeito cúbico descendente do pH entre os horários de
colheita para cada um dos níveis de inclusão. Na dieta em que o subproduto não foi incluído e
naquela dieta em que o subproduto foi incluído em 11%, a 2a hora pós-prandial, apresentou as
maiores concentrações de N-NH3. Na 8a hora pós prandial, a dieta com 27% de subproduto de
abacaxi apresentou maior concentração de N-NH3 em comparação às dietas controle e com 11%
de subproduto. Entre os tratamentos, a dieta com 16% de subproduto de abacaxi apresentou os
maiores níveis de AGVs produzidos (P<0,05) contribuindo em maior parcela para isso, as
concentrações de ácido acético. A relação acetato : propionato não se alterou quando se
forneceu o subproduto. Entre os tratamentos, também não foram observadas diferenças
significativas para as médias de concentrações séricas de UR, CRE e PT. Na dieta com 11% de
subproduto, entretanto a concentração de ALB foi maior que quando a inclusão foi feita em
27%,5 horas após o fornecimento alimentar. A inclusão do subproduto de abacaxi entre 16 e
27% do total dietético apresentou melhores resultados no que diz respeito aos parâmetros
analisados neste trabalho particularmente entre cinco e oito horas após o fornecimento das
dietas aos animais.
Palavras-chave: Abacaxi, amônia, frutas, ovinos, pH, ruminantes
1. INTRODUÇÃO
A escassez de dados particularmente no que
diz respeito à utilização de subprodutos da
indústria processadora de frutas na
alimentação
de
ruminantes
tem
representado perdas econômicas incríveis
no que diz respeito à perda de material de
reconhecido
valor
nutritivo
e,
contaminações ambientais, já que grande
parte destes subprodutos é acumulada a céu
aberto sem ser executado nenhum
tratamento.
O uso de fontes de fibras não forrageiras, na
alimentação de ruminantes, requer cuidados
especiais particularmente em função dos
métodos de análises laboratoriais serem
direcionados para fontes de fibra
forrageiras. Além disso, é preciso
considerar a efetividade física da fibra
oriunda de subprodutos agroindustriais.
Normalmente
a
administração
de
subprodutos reduz o tamanho das partículas
fibrosas em virtude dos processos de
moagem, o que diminui a mastigação e
reduz o pH a níveis inferiores aos
recomendados para uma adequada função
ruminal. Isso pode levar a problemas de
acidose nos rebanhos comerciais com
graves perdas produtivas.
Em se tratando de acidose, mensurações de
valores de pH do líquido ruminal, por
69
exemplo, são extremamente importantes
porque fornecem subsídios para o
entendimento de variações das populações
microbianas ruminais e dos níveis dos
produtos de fermentação como resposta às
mudanças de características químicas das
dietas.
Um outro aspecto ainda não avaliado para
os subprodutos de frutas é a disponibilidade
de nitrogênio amoniacal para a síntese de
proteína microbiana. A origem do
nitrogênio ruminal advém também do
sangue na medida em que a uréia sangüínea
pode passar para o rúmen e contribuir com
até 12g de N/dia.
A relação dos aminoácidos e proteínas no
soro sangüíneo com a cinética de
fermentação ruminal também existe e seu
estudo contribui para a identificação dos
níveis de proteína circulantes em função da
dieta administrada.
Objetivou-se, portanto, com o presente
trabalho, avaliar os efeitos de quatro tempos
de colheita previamente estabelecidos sobre
os níveis séricos de albumina, creatinina,
proteínas totais e uréia, bem como, a
disponibilidade de nitrogênio amoniacal,
pH e concentrações de ácidos graxos
voláteis do líquido ruminal de ovinos em
terminação que receberam dieta composta
de capim elefante, milho, torta de algodão e
níveis crescentes de subproduto de abacaxi.
2. MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado na sede da
EMBRAPA Caprinos em Sobral – CE.
Foram utilizados 20 cordeiros machos e
inteiros com 8 meses de idade e peso vivo
médio de 32 kg. Os tratamentos consistiram
de subproduto agroindustrial de abacaxi
composto basicamente de cascas e polpa
prensadas, secas ao sol, em níveis
crescentes (zero, 11, 16 e 27 %), em relação
a dietas compostas de capim elefante in
natura, milho e torta de algodão. O nível
máximo foi determinado pelo ajuste das
dietas em função da substituição total do
capim elefante pelo subproduto de abacaxi
e, ao mesmo tempo, para atenderem aos
70
requisitos de proteína bruta (14,7%) e de
NDT (72%) prescritos pelo National
Research Council (1985) para cordeiros em
terminação (quatro a sete meses de idade)
com peso vivo de 30kg e ganho de peso de
295g/dia. Houve dificuldades para, com os
alimentos utilizados, se atingir o
requerimento de energia. Desta maneira,
procurou-se estabelecer um nível de fibra
dietético máximo, idêntico para os quatro
tratamentos, de modo que os níveis de
energia se aproximassem daquele prescrito
pelo National Research Council (1985).
Os ovinos utilizados foram pesados no
início do experimento e alojados em gaiolas
metabólicas. O período de adaptação dos
animais às dietas e às gaiolas foi de 17 dias
e, logo ao final desse, realizou-se a colheita
de sangue, por punção da veia jugular, para
as determinações dos níveis séricos de
albumina, creatinina, proteínas totais e uréia
e também colheu-se líquido ruminal por
meio de sonda esofágica para as
mensurações de N-NH3, ácidos graxos
voláteis e pH ruminais em quatro tempos
pré-estabelecidos (zero hora ou antes do
fornecimento da dieta, 2h, 5h e 8h pósprandial).
As dietas foram fornecidas às sete horas em
uma única vez. Água e sal mineralizado
estiveram disponíveis à vontade. O pH foi
medido em potenciômetro imediatamente
após a colheita enquanto as amostras de
aproximadamente 50 ml de líquido ruminal
foram acidificadas em 1 ml de ácido
sulfúrico 1:1 e guardadas a -5oC para
futuras análises de N-NH3. Em uma
alíquota de 4 ml de líquido ruminal foi
adicionado 1 ml de ácido metafosfórico a
25% para serem analisados os níveis de
ácidos graxos voláteis. As análises de NNH3 e AGVs foram realizadas nas
dependências do Laboratório de Nutrição
Animal da Escola de Veterinária da UFMG.
O nitrogênio amoniacal no líquido ruminal
foi determinado por destilação com óxido
de magnésio, usando-se ácido bórico com
indicador misto de cor como solução
receptora (vermelho de metila e verde de
bromocresol) e titulando-se com HCl
0,01N. Os ácidos graxos voláteis foram
quantificados usando-se um cromatógrafo
de fase gasosa SHIMADZU®, modelo GC17A dotado de coluna capilar metil-silicone
(CBP1 m25-025).
As dosagens de albumina, creatinina,
nitrogênio uréico e proteínas totais foram
realizadas a partir da utilização de kits
Bioclin®. Essas análises também foram
realizadas nas dependências do Laboratório
de Nutrição Animal da Escola de
Veterinária da UFMG.
Os parâmetros foram analisados para cada
tratamento experimental através de um
delineamento em blocos ao acaso em um
esquema de parcelas subdivididas, tendo
nas parcelas as dietas e nas sub-parcelas os
tempos de colheita (zero, duas, cinco, oito
horas pós-prandial) com cinco repetições,
segundo o seguinte modelo estatístico:
Yijk = µ + Fj + Tk + FTjk + eijk
onde,
Yijk = valor referente à observação da
repetição i no tratamento j e no tempo de
colheita k
µ = média geral
Fj = efeito do tratamento j (j = zero, 11%,
16%, 27%)
Tk = efeito do tempo de colheita k (k =
zero, 2, 5, 8)
FTjk = interação dos efeitos do tratamento j
com o tempo de colheita k
eijk = erro aleatório associado à observação
As médias foram comparadas pelo teste
SNK (P<0,05) empregando-se o software
SAEG versão 8.0 (Ribeiro Júnior, 2001).
No caso particular dos dados de creatinina,
houve perda de duas subparcelas, então as
análises estatísticas foram feitas mediante o
uso do procedimento GLM (General Linear
Models) do SAS para dados desbalanceados
(Statistical Analysis System) (Littel et al.,
1991) sendo realizada a comparação de
médias também pelo teste SNK (P<0,05).
A análise de regressão foi realizada
utilizando-se o software SAEG (Ribeiro
Júnior, 2001) para permitir a estimativa dos
parâmetros analisados para cada nível de
subproduto de abacaxi testado em função
dos tempos de colheita. Testou-se
diferentes
modelos
a
partir
do
procedimento Modelos Pré-definidos, para
escolha daquele que apresentasse maior
significância e maiores coeficientes de
determinação. Também foi considerado
aquele modelo matemático que melhor
adequacidade apresentou para o tipo de
resposta biológica estudada.
No caso particular das concentrações
séricas de uréia e creatinina (mg/ 100 ml de
soro sangüíneo), foi feita a transformação
para
arcoseno
(ARSEN
(RAIZ
(VAR/100))). De acordo com Sampaio
(2002), grupos experimentais que revelam
variâncias diversificadas, dependendo das
respostas
médias,
apresentando
distribuições
aparentemente
normais,
demandam transformação. As médias
destes parâmetros existentes nas Tabelas 6
e 7, entretanto, para melhor visualização
das respostas e facilitar comparações com a
literatura, foram aquelas provenientes dos
valores obtidos experimentalmente e não
dos valores transformados, considerandose apenas o grau de significância dos testes
de médias.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1. Efeito das dietas e dos tempos de
colheita sobre as concentrações de
nitrogênio amoniacal no rume de ovinos
Os resultados dos níveis de nitrogênio
amoniacal (N-NH3) encontram-se na Tabela
1. A interação tempo de colheita versus
dietas experimentais foi significativa
(P<0,05). Entre os tempos de colheita não
houve diferenças significativas para os
tratamentos 16 e 27% de inclusão do
subproduto de abacaxi, já para o tratamento
controle e para o tratamento 11%, a maior
concentração foi encontrada duas horas
pós-prandial. Diferenças significativas entre
os tratamentos apenas ocorreram na oitava
hora pós-alimentar. Neste horário, o
tratamento 27% apresentou maiores
concentrações de nitrogênio amoniacal em
relação ao tratamento controle e à dieta que
incluiu 11% de subproduto. Todos foram
71
semelhantes ao valor encontrado no
tratamento 16%. Provavelmente os
tratamentos zero e 11% apresentaram taxas
de
degradação
protéica
menor
principalmente em relação ao tratamento
27%. No próximo capítulo serão avaliados
comparativamente o subproduto de abacaxi
e o capim elefante em termos de percentual
de proteína solúvel, taxa de degradação da
proteína bruta, percentual da fração
lentamente degradada em relação ao total,
bem como os valores de proteína não
degradada no rúmen, proteína degradada no
rúmen e, portanto, será possível tecer
comentários sobre a maior o menor
disponibilização da proteína do subproduto
e conseqüentemente a influência sobre as
concentrações de nitrogênio amoniacal no
líquido ruminal.
Tabela 1. Concentração de nitrogênio amoniacal (mg/ 100 ml) no líquido ruminal de ovinos
consumindo dietas contendo distintas quantidades de subproduto de abacaxi1 em vários horários
pós-prandial
Dietas
Horário (h)2
Médias
0%3
11%3
16%3
27%3
0
6,21Ba
4,84Ba
4,59Aa
6,95Aa
5,65B
Aa
Aa
Aa
Aa
2
13,53
11,05
10,18
11,17
11,48A
Ba
Ba
Aa
Aa
5
3,72
4,72
6,33
8,94
5,93B
8
3,85Bb
3,85Bb
5,96Aab
10,30Aa
5,99B
b
b
ab
a
Médias
6,83
6,11
6,76
9,34
1
Percentagem de inclusão do subproduto de abacaxi nas dietas
Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
3
Letras minúsculas iguais na mesma linha indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
CV = 48,96%
2
As concentrações de N-NH3 reveladas pelos
tratamentos
experimentais
estiveram,
todavia, sempre aquém dos níveis
considerados ótimos (23,5 mg/100 ml) por
Mehrez et al. (1977), para que se obtivesse
a máxima fermentação microbiana em
ruminantes em produção.
Tal afirmação deve ser avaliada com senso
crítico já que o crescimento microbiano não
foi comparado e, além disso, Van Soest
(1994) destacou que além da absorção de
amônia pelo epitélio ruminal e também da
passagem para o abomaso, há de se
considerar que parte desta é necessária e
amplamente usada para o crescimento
microbiano. Isso é confirmado pelo
adequado atendimento aos requisitos
protéicos prescritos pelo National Research
Council (1985) para ovinos em crescimento
(Capítulo III). Comentários sobre a
degradabilidade ruminal dos diferentes
nutrientes de dietas contendo subproduto de
abacaxi serão realizados no próximo
capítulo e enriquecerão estes comentários.
72
3.2. Equações de predição da concentração
de nitrogênio amoniacal no líquido ruminal
de ovinos em função do tempo de colheita
conforme os tratamentos experimentais
Pela análise de regressão destacaram-se em
função dos mais altos coeficientes de
determinação e significância estatística
(P<0,05),
as
seguintes
equações
representadas na Figura 1, a seguir.
3.2.1. Dieta com 0% de subproduto de
abacaxi
N-NH3 = 6,20 + 8,85X - 3,08X2 + 0,24X3
(R2 = 0,74; P<0,001), onde:
N-NH3 = concentrações de nitrogênio
amoniacal em mg/ 100 ml
X = tempo de colheita do líquido ruminal
em horas
3.2.2. Dieta com 11% de subproduto de
abacaxi
N-NH3 = 4,84 + 6,87X - 2,21X2 + 0,17X3
(R2 = 0,70; P<0,001), onde:
N-NH3 = concentrações de nitrogênio
amoniacal em mg/ 100 ml
produção). Entretanto, esses valores ainda
estiveram aquém da recomendação de
Mehrez et al. (1977), o que pode revelar
uma certa indisponibilização, talvez pela
excessiva presença de ligninas (Capítulo
III), ao ataque feito pelos microrganismos
ruminais.
X = tempo de colheita do líquido ruminal
em horas
Concentrações de N-NH3 (mg/ 100 ml)
As equações apresentaram comportamento
cúbico ascendente até próximo das duas
horas pós-prandial onde foram encontradas
as maiores concentrações de nitrogênio
amoniacal no líquido ruminal (pico de
16
14
12
10
0%
8
11%
6
4
2
0
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Tempo de colheita (h)
Figura 1. Concentração de nitrogênio amoniacal em função do tempo de colheita do líquido
ruminal
A análise do gráfico ainda sugere que a
inclusão do subproduto de abacaxi em 11%
do total dietético apresentou maior pico de
concentração de nitrogênio amoniacal às
duas horas pós-alimentação, entretanto,
essa concentração manteve-se mais elevada
para inclusão em comparação à controle.
Isso pode representar melhor distribuição
das concentrações de nitrogênio amoniacal
ao longo do tempo pós-prandial em dietas
que contenham tal percentagem de
subproduto de abacaxi em comparação à
dieta que não realizou essa inclusão.
3.3. Efeito das dietas e dos tempos de
colheita sobre os valores de pH ruminal
dos ovinos
Os resultados de medições de pH ruminal
de ovinos que receberam dietas com vários
níveis de subproduto de abacaxi encontramse na Tabela 2.
A interação tempo de colheita versus
tratamentos
experimentais
não
foi
significativa
(P>0,05).
Não
houve
diferenças significativas para os valores de
pH entre as dietas em todos os horários
estudados, entretanto, diferenças foram
constatadas em mesma dieta nos vários
tempos de colheita evidenciando-se que a
ingestão de quaiquer das dietas promoveu a
acidificação do meio ruminal. O pH foi
mais alto no tempo zero.
3.4. Equações de predição do pH no líquido
ruminal de ovinos em função do tempo de
colheita
conforme
os
tratamentos
experimentais
Baseado no coeficiente de determinação e
na significância estatística (P<0,05), a
análise de regressão indicou as seguintes
equações representadas na Figura 2.
73
3.4.1. Dieta com 0% de subproduto de
abacaxi
3.4.3. Dieta com 16% de subproduto de
abacaxi
pH = 6,93 - 0,085X (R2 = 0,52; P<0,001),
onde:
pH = valores de pH em escala de zero a 14
X = tempo em horas de colheita do líquido
ruminal (horas)
pH = 7,04 - 0,43X + 0,14X2 - 0,012X3 (R2
= 0,51; P<0,01), onde:
pH = valores de pH em escala de zero a 14
X = tempo em horas de colheita do líquido
ruminal
3.4.2. Dieta com 11% de subproduto de
abacaxi
3.4.4. Dieta com 27% de subproduto de
abacaxi
pH = 7,26 - 0,56X + 0,14X2 - 0,011X3 (R2
= 0,78; P<0,0001), onde:
pH = valores de pH em escala de zero a 14
X = tempo em horas de colheita do líquido
ruminal
pH = 7,01 - 0,63X + 0,19X2 - 0,015X3
(R2=0,61; P<0,01), onde:
pH = valores de pH em escala de zero a 14
X = tempo em horas de colheita do líquido
ruminal
Tabela 2. Valores de pH do líquido ruminal de ovinos consumindo dietas contendo distintas
quantidades de subproduto de abacaxi1 em vários horários pós-prandial
Dietas
Horário (h)2
Médias
0%3
11%3
16%3
27%3
0
7,03Aa
7,26Aa
7,04Aa
7,01Aa
7,09A
Ba
Ba
Ba
BCa
2
6,67
6,63
6,63
6,38
6,58B
Ba
Ba
ABa
Ba
5
6,43
6,71
6,80
6,64
6,65B
Ba
Ba
Ca
Ca
8
6,32
6,44
6,20
6,18
6,28C
a
a
a
a
Médias
6,61
6,76
6,67
6,55
1
Percentagem de inclusão do subproduto de abacaxi nas dietas
Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
3
Letras minúsculas iguais na mesma linha indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
CV = 3,95%
2
7,4
7,2
7
0%
6,8
pH
11%
16%
6,6
27%
6,4
6,2
6
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Tempo de colheita (h)
Figura 2. Potencial hidrogeniônico em função do tempo de colheita do líquido ruminal
74
Observa-se a partir da Figura 2 que os
valores de pH das dietas que incluíram o
subproduto em 16 e 27% apresentaram
picos de pH às cinco horas após o
fornecimento
alimentar
com
pH
aproximando-se da neutralidade, já para o
tratamento controle e a dieta que incluiu o
subproduto em 11%, o efeito do
fornecimento alimentar sobre o pH ao
longo do tempo mostrou-se descendente,
principalmente para o tratamento controle.
A inclusão do subproduto de abacaxi em
16% traria melhores resultados quanto a
manutenção do pH ruminal em níveis
próximos à neutralidade sem riscos de
maiores quedas desses valores como as que
ocorreram com os demais tratamentos, já
que Silva e Leão (1979) recomendaram
para uma adequada fermentação ruminal,
um pH compreendido entre 5,5 e sete.
Hobson e Stewart (1997) delimitaram mais
este intervalo afirmando que valores de pH
entre seis e sete permitem a presença de
todos os componentes da biomassa
microbiana do rúmen, sejam bactérias,
principalmente as celulolíticas, protozoários
ou fungos e, de acordo com Lindberg
(1985), o valor ótimo de pH compatível
com a ação das enzimas desses
microrganismos está entre seis e oito.
Portanto, um tratamento que apresente
valores de pH mais próximos de sete serão
mais vantajosos em termos de efetiva
atividade microbiana ruminal.
A este respeito, Van Houtert (1993)
ponderou que a baixa ingestão de alimentos
e fermentação com pH ruminal em torno de
6,5 e sete, são comuns em ruminantes
alimentados com dietas volumosas. Em
função das dietas serem ricas em
carboidratos estruturais houve um estímulo
contínuo à ruminação, o que provocou
salivação constante, de comprovado efeito
tamponante, muito embora ainda sejam
necessários estudos mais aprofundados
sobre o tamanho de partícula ingerido e a
efetividade com que fontes de fibra não
forrageiras mantêm estável a função
ruminal. Vale salientar que em experimento
avaliando o valor nutritivo do subproduto
de
abacaxi
fornecido
única
e
exclusivamente a ovinos, Lousada Júnior
(2003) destacou que animais alimentados
com o subproduto de abacaxi ingerem as
partículas maiores (mais fibrosas) e deixam
nos cochos a porção mais pulverulenta
demonstrando um sinal adaptativo dos
animais às dietas quanto ao aspecto da
efetividade da função ruminal que elas
venham proporcionar.
As concentrações dos ácidos acético,
propiônico e butírico estão apresentadas na
Tabela 3. Não foram quantificados os
demais ácidos graxos de cadeia curta,
normalmente presentes no líquido ruminal
(isobutírico, 2-metil-butírico, valérico,
isovalérico, capróico). Na Tabela 4, são
apresentadas as concentrações dos AGV
totais (somatório dos ácidos acético,
propiônico e butírico) e a relação acetato :
propionato encontrada. As proporções
molares do acetato, propionato e butirato
aparecem na Tabela 5.
As interações tempo versus dietas
experimentais foram significativas (P<0,05)
para as concentrações de ácido acético e de
ácidos graxos voláteis totais (milimoles/100
ml de líquido ruminal), bem como para a
relação acetato : propionato e para as
proporções molares de ácidos acético e
propiônico. Para os demais parâmetros
avaliados nas Tabelas 3, 4 e 5 não houve
significância estatística para a interação
tempo
versus
dietas
experimentais
(P>0,05).
Os AGV totais nos tratamentos 0, 11 e 16%
de inclusão de subproduto de abacaxi
apresentaram valores menores no jejum. No
tratamento com 27% de subproduto, no
jejum foi menor do que aqueles
encontrados nos tempos dois e oito, mas
semelhante ao tempo cinco. Silva e Leão
(1979) destacaram que a produção de
acetato endógeno aumenta no carneiro em
jejum e diminui quando o animal recebe
alimento, sugerindo uma mobilização de
ácidos graxos livres do plasma, sendo estes
possivelmente os precursores do acetato
endógeno.
Para o tratamento controle, a elevação dos
AGVs ocorreu a partir das cinco horas pós75
AGV = 3,8 + 1,22X - 0,017X2 (R2 = 0,84;
P<0,0001), onde:
AGV = concentração total de ácidos graxos
voláteis em milimoles/ 100 ml
X = tempo de colheita em horas do líquido
ruminal
alimentação. Nas dietas que incluíram o
subproduto em 11 e 16% do total dietético,
maiores concentrações de AGVs totais
apenas ocorreram na oitava hora após a
alimentação. Entre os tratamentos, o
tratamento 16% apresentou os maiores
níveis médios de ácidos graxos voláteis
produzidos (P<0,05) na oitava hora pósprandial.
3.5.2. Dieta com 11% de subproduto de
abacaxi
AGV = 3,5 + 0,62X - 0,036X2 (R2 = 0,79;
P<0,0001), onde:
AGV = concentração total de ácidos graxos
voláteis em milimoles/ 100 ml
X = tempo de colheita em horas do líquido
ruminal
3.5. Equações de predição da concentração
dos ácidos graxos voláteis totais no líquido
ruminal de ovinos em função do tempo de
colheita do líquido ruminal dentro dos
tratamentos experimentais
Em função da alta significância existente na
interação horas pós-prandial e tratamentos
(P<0,001), as equações de regressão para os
AGV totais tiveram altos coeficientes de
determinação caracterizando-se por efeito
quadrático ascendente (Figura 3).
3.5.3. Dieta com 16% de subproduto de
abacaxi
AGV = 4,38 + 3,9X – 1,16X2 + 0,11X3 (R2
= 0,80; P<0,0001), onde:
AGV = concentração total de ácidos graxos
voláteis em milimoles/ 100 ml
X = tempo de colheita em horas do líquido
ruminal
3.5.1. Dieta com 0% de subproduto de
abacaxi
Concentrações de AGV (mmol/ 100 ml)
20
18
16
14
12
0%
10
11%
8
16%
6
4
2
0
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Tempo de colheita (h)
Figura 3. Concentrações de ácidos graxos voláteis totais em mmol/ 100 ml de líquido ruminal
em função do tempo de colheita
A inclusão do subproduto de abacaxi em
16% do total dietético apresentou elevação
mais acentuada das concentrações de ácidos
graxos voláteis totais até duas horas após a
alimentação, notando-se sutil queda entre
duas e cinco horas, para depois elevar-se
novamente, atingindo valores máximos às
76
oito horas, ainda com tendência à elevação.
Contribuiu em maior parcela para isto, o
ácido acético (Figura 4) que apresentou
superioridade de valores médios para o
tratamento 16% em relação aos demais
(P<0,05).
Tabela 3 - Concentração de acetato, propionato e butirato (milimoles/ 100 ml) no líquido ruminal de ovinos submetidos a dietas contendo distintas
quantidades de subproduto de abacaxi1 em vários horários pós-prandial
HORA(h)2
0
2
5
8
Médias
1
0%3
11%3
Ba
3,32
2,93Ba
Bb
3,52
3,21Bb
6,29Aa 4,71Ba
7,78Ab 6,67Abc
5,23b
4,38b
Acetato3
16%3
2,96Ca
5,29Bab
5,47Ba
13,16Aa
6,72a
27%3 Médias 0%3
2,70Ba
2,98C 0,76Ca
Aa
6,13
4,54B 1,74BCa
3,96ABa 5,11B 3,28ABa
5,23Ac 8,21A 4,02Aa
4,50b
2,45a
Propionato3
11%3
16%3
27%3 Médias 0%3
11%3
Ca
Ca
Ba
Ba
C
0,50
1,21
0,93
0,02
0,02Ba
0,85
BCa
BCa
ABa
ABa
B
1,53
2,68
2,44
0,25
0,27ABa
2,10
2,51ABa 3,11Ba 2,11ABa 2,75B 0,42Aa 0,20ABa
3,71Aa 5,09Aa 3,24Aa 4,01A 0,50Aab 0,42Ab
2,06a
3,02a
2,18a
0,30ab
0,23b
Butirato3
16%3
0,21Ba
0,45Ba
0,34Ba
0,82Aa
0,45a
27%3 Médias
0,25Aa 0,12C
0,34Aa 0,33B
0,38Aa 0,34B
0,50Aab 0,56A
0,37ab
-
Percentagem de inclusão do subproduto de abacaxi nas dietas
Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
3
Letras minúsculas iguais na mesma linha, para mesmo parâmetro, indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
CV Acetato = 27,8%; CV Propionato = 50,33%; CV Butirato = 65,3%
2
Tabela 4 - Concentração total de ácidos graxos voláteis (milimoles/ 100 ml) e relação de acetato : propionato (Acet./Prop.) no líquido ruminal de ovinos
submetidos a dietas contendo distintas quantidades de subproduto de abacaxi1 em vários horários pós-prandial
Acet./Prop.3
AGV totais3
HORA(h)2
0%3
11%3
16%3
27%3
0%3
11%3
16%3
27%3
Médias
Médias
Ba
Ba
Ca
Ba
Aa
Aa
Ab
C
0
4,10
3,45
4,38
3,88
6,65
6,58
3,30
2,86Ab
3,95
4,85A
Ba
Ba
Ba
Aa
Ba
Ba
Aa
Aa
B
2
5,50
5,00
8,42
8,91
2,07
2,12
2,07
3,36
6,96
2,40B
Aa
Ba
Ba
ABa
Ba
Ba
Aa
Aa
B
5
9,99
7,41
8,92
6,45
1,94
1,94
2,03
1,96
8,20
1,97B
Ab
Ab
Aa
Ab
Ba
Ba
Aa
Aa
A
8
12,29
10,79
19,06
8,97
1,98
1,81
2,99
1,66
12,78
2,11B
Médias
7,97b
6,66b
10,20a
7,05b
3,16a
3,12a
2,60a
2,46a
1
Percentagem de inclusão do subproduto de abacaxi nas dietas
Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
3
Letras minúsculas iguais na mesma linha, para mesmo parâmetro, indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
CV AGV totais = 32,82%; CV Acetato = 27,8%; CV Propionato = 50,33%; CV Butirato = 65,3%; CV Acet./Prop.= 39,37%
2
77
Tabela 5 - Proporção molar do acetato, propionato e butirato no líquido ruminal de ovinos submetidos
subproduto de abacaxi1 em vários horários pós-prandial
Propionato3
Acetato3
2
3
3
3
3
3
3
HORA(h)
0%
11%
16%
27% Médias 0%
11%
16%3
27%3 Médias
0
83,90Aa 85,64Aa 69,09Ab 69,51Ab 77,03A 15,55Bb 13,81Bb 26,33Aa 24,89Ba 20,14B
2
63,90Bb 63,89Bab 62,97Aab 72,56Aa 65,83B 31,60Aa 30,51Aa 31,34Aa 24,10Ba 29,39A
5
62,85Ba 64,04Ba 62,25Aa 61,55Ba 62,67B 32,91Aa 33,27Aa 33,74Aa 32,43Aa 33,09A
8
63,27Bab 61,71Bab 70,06Aa 58,59Bb 63,41B 32,58Aa 34,46Aa 25,29Ab 35,97Aa 32,07A
Médias 68,48a 68,82a 66,09a 65,55a
28,16a 28,01a 29,17a 29,35a
1
Percentagem de inclusão do subproduto de abacaxi nas dietas
Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
3
Letras minúsculas iguais na mesma linha, para mesmo parâmetro, indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
CV Acetato = 8,92%; CV Propionato = 18,26%; CV Butirato = 58,24%
2
78
a dietas contendo distintas quantidades de
3
0%
0,56Ab
4,50Aa
4,24Aa
4,15Aa
3,36a
Butirato3
11%
16%3
0,55Bb 4,59Aa
5,60Aa 5,69Aa
2,70ABa 4,02Aa
3,83ABa 4,65Aa
3,17a
4,74a
3
27%3 Médias
5,61Aa 2,83A
3,35Aa 4,78A
6,02Aa 4,24A
5,45Aa 4,52A
5,10a
-
Analisando-se a Tabela 3 em termos das
concentrações do acetato, percebe-se que as
dietas que incluíram o subproduto em 11 e
16% apresentaram mais altas concentrações
apenas às oito horas pós-prandial. Já para o
tratamento 27% de inclusão, os tempos dois
e oito apresentaram maiores concentrações
que o jejum, mas todos os horários
apresentaram valores semelhantes ao tempo
cinco e para a dieta controle as maiores
concentrações foram encontradas entre
cinco e oito horas pós-prandial. Entre os
tratamentos não foram evidenciadas
diferenças no jejum e no tempo cinco,
todavia, no tempo dois o tratamento
controle e o tratamento que incluiu o
subproduto em 11% do total apresentaram
concentrações de acetato inferiores ao
tratamento 27%. Todos foram semelhantes
ao valor encontrado no tratamento 16%
para este horário. No tempo oito, o
tratamento 16% apresentou concentração de
acetato superior às demais.
Para o propionato, ainda conforme a Tabela
3, não houve diferenças entre os
tratamentos experimentais. Entre os tempos
de colheita, maior concentração foi
encontrada apenas às oito horas pósprandial. Para o butirato a dieta com 16%
de
subproduto
apresentou
maior
concentração do que a dieta com 11% e foi
semelhante às demais. A oitava hora pósprandial apresentou a maior concentração
de butirato. Isso pode revelar o efeito de
compostos fenólicos indisponibilizando os
carboidratos para fermentação ruminal já
que a maior produção somente foi
alcançada oito horas após a alimentação.
3.6.
Equações
de
predição
das
concentrações do ácido acético em
mmol/100 ml de líquido ruminal de ovinos
em função do tempo de colheita do líquido
ruminal
dentro
dos
tratamentos
experimentais
Para as concentrações do ácido acético,
destacaram-se as seguintes equações
conforme a significância estatística
(P<0,05) e os coeficientes de determinação
superiores a 45%. As Figuras 4 e 5
representam graficamente as equações aqui
determinadas.
3.6.1. Dieta com 0% de subproduto de
abacaxi
AACET = 3,06 + 0,47X + 0,017X2 (R2 =
0,78; P<0,0001), onde:
AACET = concentração de acetato em
mmol/ 100 ml
X = tempo de colheita do líquido ruminal
(horas)
3.6.2. Dieta com 11% de subproduto de
abacaxi
AACET = 2,88 + 0,13X + 0,043X2 (R2 =
0,74; P<0,001), onde:
AACET = concentração de acetato em
mmol/ 100 ml
X = tempo de colheita do líquido ruminal
(horas)
3.6.3. Dieta com 16% de subproduto de
abacaxi
AACET = 2,96 + 2,41X - 0,78X2 + 0,08X3
(R2 = 0,89; P<0,001), onde:
AACET = concentração de acetato em
mmol/ 100 ml
X = tempo de colheita do líquido ruminal
(horas)
Para a dieta com 16% de subproduto de
abacaxi, pelo gráfico percebe-se uma
elevação dos níveis de ácido acético
(milimoles/ 100ml) entre zero (jejum) e
duas horas (pós-alimentação). Entre duas e
cinco horas ocorreu estabilização e de cinco
até oito horas houve nova elevação, bem
mais pronunciada que a primeira atingindo
o nível máximo de ácido acético produzido
em 13,16 milimoles/ 100ml.
A seguir é demonstrado o gráfico para as
concentrações de ácido acético.
79
Concentrações de ácido acético (mmol/ 100 ml)
14
12
10
0%
8
11%
6
16%
4
2
0
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Tempo de colheita (h)
Figura 4. Concentrações de ácido acético em mmol/ 100 ml de líquido ruminal em função do
tempo de colheita
France e Siddons (1993) atribuíram ao
acetato grande importância nas respostas
das concentrações dos AGV totais quando
as dietas forem ricas em volumosos, pois
nestas condições este ácido terá sempre alta
participação na fração dos AGV, isso
parece ter sido confirmado nesse ensaio. No
Capítulo III foi demonstrado que os valores
de FDN das dietas experimentais foram
similares mesmo quando o capim elefante
foi totalmente substituído pelo subproduto
de abacaxi. Isso leva a crer que o
subproduto de abacaxi apresenta potencial
em termos de substituição de uma fonte de
fibra forrageira. O cuidado, entretanto, a ser
tomado nessa inclusão é não ultrapassar os
16% de inclusão, já que neste tratamento
houve maior produção de AGV totais,
embora a maior produção tenha ocorrido
somente às oito horas pós-prandial o que
pode revelar certa indisponibilidade aos
microrganismos ruminais da fibra dietética,
por efeito das ligninas presentes (Capítulo
III).
Conforme Annison et al. (1963) citados por
Silva e Leão (1979), o único ácido graxo
volátil que faz real contribuição para a
síntese de glicose no ruminante é o
propionato, sendo este o seu precursor
quantitativamente
mais
importante.
Todavia,
não
houve
diferenças
80
significativas entre os tratamentos para as
concentrações médias de propionato, sendo
que as maiores concentrações deste AGV
foram para a oitava hora pós-prandial em
relação ao jejum para todos os tratamentos
(P<0,05). Hungate (1966) comentou que
quando existe predominância de substratos
ricos em carboidratos estruturais a
tendência é não ocorrerem diferenças nas
concentrações de propionato. Segundo este
autor, a microflora do rúmen pode
direcionar a produção de AGV no sentido
do acetato.
3.7.
Equações
de
predição
das
concentrações do ácido propiônico em
mmol/100 ml de líquido ruminal de ovinos
em função do tempo de colheita do líquido
ruminal
dentro
dos
tratamentos
experimentais
A seguir estão demonstradas as equações e
o gráfico referente às concentrações de
propionato no líquido ruminal em função
do tempo de colheita para cada tratamento
em função dos mais altos coeficientes de
determinação e significância estatística.
3.7.1. Dieta com 0% de subproduto de
abacaxi
Concentrações de propionato (mmol/ 100 ml)
APROP = 0,71 + 0,62X - 0,026X2 (R2 =
0,79; P<0,0001), onde:
APROP = concentração de propionato em
mmol/ 100 ml
X = tempo de colheita do líquido ruminal
(horas)
3.7.2. Dieta com 11% de subproduto de
abacaxi
APROP = 0,55 + 0,44X - 0,0066X2 (R2 =
0,81; P<0,0001), onde:
APROP = concentração de propionato em
mmol/ 100 ml
X = tempo de colheita do líquido ruminal
(horas)
4,5
4
3,5
3
2,5
0%
11%
2
1,5
1
0,5
0
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Tempo de colheita (h)
Figura 5. Concentrações de ácido propiônico em mmol/ 100 ml de líquido ruminal em função do
tempo de colheita
3.8. Efeito das dietas e dos tempos de
colheita
sobre
a
relação
acetato:propionato no rume de ovinos
A relação acetato : propionato não se
alterou entre os tratamentos para os
horários pós-prandial, entretanto, no jejum,
as dietas com 16 e com 27% apresentaram
menor relação do que a dieta controle e do
que a dieta com 11% de subproduto.
Quando o subproduto de abacaxi foi
fornecido nos tratamentos controle e 11%,
houve
redução
desta
relação
comparativamente ao jejum. Isto é
perfeitamente explicável pela inclusão de
alimentos concentrados (milho e torta de
algodão) que também faziam parte das
dietas. Alimentos ricos em amido e proteína
favorecem a formação de ácido propiônico
e tendem a produzir menos ácido acético
em comparação ao jejum (Silva e Leão,
1979). Para os demais tratamentos não
houve
redução
da
relação
acetato:propionato nos períodos
prandial em relação ao jejum.
pós-
3.9. Equações de predição da relação
acetato : propionato em função do tempo
de colheita do líquido ruminal dentro dos
tratamentos experimentais
3.9.1. Dieta com 0% de subproduto de
abacaxi
Y = 6,18 - 1,88X + 0,17X2 (R2 = 0,63;
P<0,001), onde:
Y = Relação acetato : propionato
X = tempo de colheita do líquido ruminal
(horas)
3.9.2. Dieta com 11% de subproduto de
abacaxi
Y = 6,58 - 3,64X + 0,81X2 - 0,054X3 (R2 =
0,86; P<0,001), onde:
Y = Relação acetato : propionato
X = tempo de colheita do líquido ruminal
(horas)
81
O gráfico preparado a partir destas
equações revelou que a relação acetato
propionato
diminuiu
a
partir
fornecimento das dietas experimentais.
do
7
Relação acetato : propionato
6
5
4
0%
11%
3
2
1
0
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Tempo de colheita (h)
Figura 6. Relação acetato : propionato no líquido ruminal em função do tempo de colheita
3.10. Efeito das dietas e dos tempos de
colheita sobre as proporções molares de
acetato, propionato e butirato no rume de
ovinos
com 16% de subproduto e na dieta com
27% de subproduto, maiores proporções
molares de acetato foram obtidas no jejum e
na 2a hora pós-prandial.
Analisando as proporções molares de
acetato percebe-se que não houve
diferenças entre as dietas experimentais
para a quinta hora pós-prandial. Durante o
jejum, as dietas com 16 e 27% de
subproduto apresentaram as menores
proporções deste ácido graxo volátil. Para a
2a hora pós-prandial, a dieta com 27% de
subproduto apresentou proporção superior à
encontrada para a dieta controle e foi
semelhante às demais. Para a 8a hora pósprandial a dieta com 16% de subproduto
apresentou proporção superior àquela
encontrada para a dieta com 27% de
subproduto e ambas foram semelhantes às
proporções encontradas para as demais
dietas. Em se tratando das proporções de
acetato encontradas para os horários de
colheita dentro de cada tratamento
percebeu-se que a dieta controle e a dieta
com 11% de subproduto apresentaram
menores proporções nos horários pósprandial em relação ao jejum. Não houve
diferenças entre os horários para a dieta
Para o propionato não foram encontradas
diferenças entre as dietas experimentais na
2a e 5a hora pós-prandial. No jejum,
menores proporções molares de propionato
foram encontradas na dieta controle e na
dieta com 11% de subproduto. Na 8a hora
pós-prandial, menor valor foi encontrado
para a dieta com 16% de subproduto.
82
Para o butirato, não houve diferenças nem
entre as dietas experimentais, nem entre os
tempos de colheita (P>0,05).
Silva e Leão (1979) citaram faixas de
normalidade para as concentrações de
ácidos graxos voláteis no rúmen. Para o
ácido acético, níveis normais para
ruminantes seriam de 54 a 74%. Para o
ácido propiônico, de 16 a 27% e para o
ácido butírico, de seis a 15%. Observando
os dados da Tabela 5, percebe-se que os
valores médios de ácido propiônico ficaram
entre 28,16 e 29,35% entre os tratamentos
experimentais e os valores médios de ácido
butírico ficaram entre 3,17 e 5,1% entre os
tratamentos. Esta constatação pode ser
justificada pelo fato das dietas terem sido
preparadas para o atendimento dos
requisitos nutricionais de cordeiros em
terminação, que normalmente são altos. A
relação
volumoso : concentrado foi
desfavorável (28% : 72%), muito embora os
níveis de FDN das dietas tenham sido
superiores a 48%, e isso pode ter levado ao
aumento dos níveis de propionato e
aumento da interconversão de butirato em
acetato, através da rota da β-oxidação (Silva
e Leão, 1979).
3.11. Efeito das dietas e dos tempos de
colheita sobre os valores de uréia no soro
sangüíneo dos ovinos
Na Tabela 6 são apresentadas as
concentrações de uréia em diferentes
tempos para os respectivos níveis de
inclusão de subproduto de abacaxi.
Tabela 6. Concentração de uréia (mg/ 100ml) no soro de ovinos submetidos a dietas contendo
distintas quantidades de subproduto de abacaxi1 em vários horários pós-prandial
Dietas
Horário (h)2
Médias
0%3
11%3
16%3
27%3
0
8,67Ba
7,99Ba
8,94Ba
11,54ABa
9,29B
Ba
Ba
Ba
Ba
2
7,66
7,47
11,03
6,13
8,07B
Aa
Aa
Aa
ABb
5
19,21
19,03
24,03
14,05
19,08A
Aa
ABa
ABa
Aa
8
17,62
15,52
16,81
19,01
17,24A
Médias
13,29a
12,51a
15,20a
12,68a
1
Percentagem de inclusão do subproduto de abacaxi nas dietas
Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
3
Letras minúsculas iguais na mesma linha indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
CV = 25,81%
2
Não houve interação significativa entre
dietas e horários de colheita de sangue
(P>0,05). As médias evidenciaram um
aumento dos níveis de uréia cinco horas
após
o
fornecimento
das
dietas
experimentais
(P<0,05).
Entre
os
tratamentos,
não
houve
diferenças
significativas (P>0,05).
entre 18 e 31 mg/ 100ml. Essa normalidade
somente foi atingida a partir da quinta hora
após o fornecimento alimentar, muito
embora para a dieta com 27% de
subproduto de abacaxi no jejum a média
tenha sido semelhante à média de oito horas
após o fornecimento dos alimentos que foi
de 19,01 mg/ 100 ml de soro.
A amônia é um derivado primário do
catabolismo dos aminoácidos pelas
bactérias
ruminais,
absorvida
pela
circulação porta, removida pelo fígado e
incorporada ao ciclo da uréia com
resultante formação de uréia e eventual
excreção pelos rins (Meyer et al., 1995).
Uma outra parte, conforme Rodríguez
(1986) é reciclado para o rúmen
principalmente pela saliva o que pode
indicar o novo aproveitamento deste
nitrogênio endógeno. Baseado nestas
informações foi feita a análise da uréia no
soro sangüíneo dos animais experimentais.
De acordo com Meyer et al. (1995), valores
normais de uréia para ovinos situam-se
3.12. Equações de predição das
concentrações de uréia sérica no sangue de
ovinos em função do tempo de colheita do
líquido ruminal dentro dos tratamentos
experimentais através de análise de
regressão
3.12.1. Dieta com 16% de subproduto de
abacaxi
Uréia = 7,04 + 5,01X - 0,46X2 (R2 = 0,52;
P<0,01), onde:
Uréia = concentração de uréia em mg/ 100
ml de líquido ruminal
X = tempo de colheita do líquido ruminal
(horas)
83
Resolvendo dy/dx = 0 encontrou-se a maior
concentração de uréia sangüínea para este
tratamento que seria 25,53 mg/ 100 ml de
soro sangüíneo em seis horas após o
fornecimento alimentar.
O gráfico preparado a partir desta equação
está apresentado a seguir (Figura 7):
Concentrações de uréia sérica (mg/ 100 ml)
25
20
15
16%
10
5
0
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Tempo de colheita (h)
Figura 7. Concentração de uréia sérica em função do tempo de colheita do sangue
3.13. Efeito das dietas e dos tempos de
colheita sobre os valores de creatinina no
soro sangüíneo dos ovinos
Na Tabela 7 são apresentados os dados de
creatinina. A interação tempo de colheita
versus tratamentos experimentais não foi
significativa. De acordo com Meyer et al.
(1995), valores normais para ovinos situamse entre 1,2 e 1,9 mg/ 100 ml. Não houve
diferenças
significativas
entre
os
tratamentos e entre os horários pósprandial. Foram encontrados valores dentro
da faixa de normalidade às cinco horas pósprandial para o tratamento controle, para o
jejum e tempo dois pós-prandial para a
dieta que incluiu o subproduto em 16% e
para a oitava hora pós-prandial do
tratamento 27%. Apenas o tratamento 11%
apresentou em todos os tempos valores
abaixo da faixa de normalidade citada.
Também para a uréia a maior parte das
84
médias encontradas para os tratamentos e
horários de colheita foram inferiores à faixa
de de valores normais citada por Meyer et
al. (1995). No próximo capítulo serão
discutidos os valores de proteína degradável
e não degradável no rume do subproduto de
abacaxi, que serão importantes para
entender a disponibilidade ruminal da
proteína existente neste alimento.
Purser (1970) citado por Silva e Leão
(1979) concluiu que a variação na
concentração de proteínas no plasma pode
constituir um dos melhores métodos para se
estudar o estado nutricional e o suprimento
para os ruminantes. Além disso, sugeriu
que a proporção de aminoácidos essenciais
e não essenciais no sangue pode refletir a
disponibilidade relativa de carboidratos e
proteínas.
Tabela 7. Concentração de creatinina (mg/ 100ml) no soro de ovinos submetidos a dietas
contendo distintas quantidades de subproduto de abacaxi1 em vários horários pós-prandial
Dietas
Horário (h)2
Médias
3
3
0%
11%
16%3
27%3
0
1,16Aa
1,09Aa
1,25Aa
0,92Aa
1,11A
Aa
Aa
Aa
Aa
2
0,98
1,11
1,29
0,67
1,00A
Aa
Aa
Aa
Aa
5
1,67
1,10
1,07
1,00
1,21A
Aa
Aa
Aa
Aa
8
0,92
1,02
1,03
1,26
1,06A
a
a
a
a
Médias
1,18
1,08
1,16
0,96
1
Percentagem de inclusão do subproduto de abacaxi nas dietas
Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
3
Letras minúsculas iguais na mesma linha indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
CV = 33,33%
2
3.14. Efeito das dietas e dos tempos de
colheita sobre os valores de albumina no
soro sangüíneo dos ovinos
entretanto, semelhante às concentrações do
tratamento controle e do tratamento 16% de
inclusão.
Na Tabela 8 são apresentadas as
concentrações de albumina em diferentes
tempos para os respectivos níveis de
inclusão de subproduto de abacaxi.
Para a albumina os valores normais
segundo Meyer et al. (1995) para ovinos
encontram-se entre 2,4 e 3,9 g/ 100 ml. Os
valores estiveram normais apenas na oitava
hora pós-prandial do tratamento controle,
no jejum do tratamento 16% de inclusão do
subproduto e nos tempos cinco e oito do
tratamento 27% de inclusão. Os demais
valores foram superiores à faixa de valores
recomendada por estes autores. Silva e
Leão (1979) comentaram que baixos níveis
de proteínas dietética resultam no aumento
dos níveis de aminoácidos e de proteínas no
plasma.
A interação tempo de colheita versus
tratamentos
experimentais
não
foi
significativa (P>0,05). Analisando a Tabela
8 percebe-se que o tratamento que incluiu o
subproduto em 11% do total dietético
apresentou concentração de albumina
superior àquela encontrada para o
tratamento que incluiu 27% de subproduto
de abacaxi, cinco horas após o
fornecimento das dietas aos animais, sendo,
Tabela 8. Concentração de albumina (mg/ 100ml) no soro de ovinos submetidos a dietas
contendo distintas quantidades de subproduto de abacaxi1 em vários horários pós-prandial
Dietas
Horário (h)2
Médias
0%3
11%3
16%3
27%3
0
4,40Aa
4,29Aa
3,95Aa
4,16Aa
4,20A
Aa
Aa
Aa
Aa
2
4,33
4,67
4,29
4,20
4,37A
ABab
Aa
Aab
Ab
5
4,02
4,84
4,06
3,42
4,09A
Ba
Aa
Aa
Aa
8
3,23
4,17
4,10
3,73
3,81A
ab
a
ab
b
Médias
3,99
4,49
4,10
3,88
1
Percentagem de inclusão do subproduto de abacaxi nas dietas
Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
3
Letras minúsculas iguais na mesma linha indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
CV = 16,71%
2
Nimrick et al. (1970) citados por Silva e
Leão (1979) verificaram que o consumo de
alimento influencia de certo modo a
concentração de aminoácidos no plasma.
Os valores de consumo de proteína bruta
foram superiores aos requisitos de consumo
deste nutriente prescritos pelo National
Research Council (1985). De acordo com
Silva e Leão (1979), maior consumo de
alimentos resulta em aumento da
85
concentração da maioria dos aminoácidos
no plasma.
3.15. Efeito das dietas e dos tempos de
colheita sobre os valores de proteínas totais
no soro sangüíneo dos ovinos
Na Tabela 9 são apresentadas as
concentrações de proteínas totais em
diferentes tempos para os respectivos níveis
de inclusão de subproduto de abacaxi.
Tabela 9. Concentração de proteínas totais (g/ 100ml) no soro de ovinos submetidos a dietas
contendo distintas quantidades de subproduto de abacaxi1 em vários horários pós-prandial
Dietas
Horário (h)2
Médias
0%3
11%3
16%3
27%3
0
6,35Aa
5,52Aa
4,68Aa
4,32Aa
5,22A
Aa
Aa
Aa
Aa
2
6,11
5,63
5,04
5,28
5,52A
5
5,12Aa
6,22Aa
5,29Aa
4,37Aa
5,25A
Aa
Aa
Aa
Aa
8
3,92
5,61
5,90
4,68
5,03A
a
a
a
a
Médias
5,37
5,74
5,23
4,66
1
Percentagem de inclusão do subproduto de abacaxi nas dietas
Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
3
Letras minúsculas iguais na mesma linha indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
CV = 27,71%
2
Não houve interação significativa entre
tratamentos experimentais e tempos de
colheita de sangue. Também não houve
diferenças
significativas
entre
os
tratamentos e entre os tempos de colheita
do soro (P>0,05). De acordo com Meyer et
al. (1995) os níveis séricos normais de
proteínas totais situam-se entre seis e 7,9 g/
100 ml. Todos os valores com exceção
daquele encontrado para o tempo cinco do
tratamento 11% de inclusão do subproduto
estiveram abaixo dos valores normais.
Como já foi discutido anteriormente parece
ter havido uma indisponibilização ruminal
da proteína dietética que pode ter levado a
uma baixa absorção protéica. Estudos que
avaliem a degradabilidade da proteína no
rume serão importantes para elucidar a
ocorrência desse tipo de resposta.
4. CONCLUSÕES
A inclusão em até 16% de subproduto de
abacaxi em dietas para ovinos em
terminação seria a mais indicada.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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86
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University Press, 1994. 476p.
87
88
Capítulo V - EXPERIMENTO 3
Valor nutritivo do subproduto da indústria processadora de abacaxi (Ananas comosus) em
dietas para ovinos. 3. Degradabilidade ruminal
RESUMO
O subproduto de abacaxi e o capim elefante foram avaliados comparativamente em um estudo
de degradabilidade ruminal em carneiros. Foi utilizado um delineamento de blocos ao acaso em
esquema de parcelas subdivididas, tendo seis animais nos blocos, dois alimentos como parcelas
e cinco tempos de incubação (seis, 12, 24, 48 e 96 horas) como subparcelas e a comparação das
médias efetuada pelo teste Student-Newman-Keuls (SNK) (P<0,05). Foram também calculados
o tempo de colonização, as degradabilidades efetivas para 2 taxas de passagem pré-fixadas (2,0
e 5,0%/h) e estimados os valores de proteína efetivamente degradada no rúmen (PEDR),
proteína não degradada no rúmen (PNDR) em suas frações indigestível (PINDR) e digestível
(PDNDR). O subproduto de abacaxi e o capim elefante apresentaram potenciais de degradação
da matéria seca (MS) de 60% e 76,36%, respectivamente. O subproduto de abacaxi apresentou
maior taxa de degradação da MS (2,24%/h) em relação ao capim elefante (1,96%/h). Foram
observados potenciais de degradação da proteína bruta (PB) de 80,89% e 86,74% e taxas de
degradação de 1,37%/h e 5,86%/h para o subproduto de abacaxi e capim elefante,
respectivamente. O subproduto de abacaxi apresentou maiores percentuais de proteína digestível
não degradada no rúmen em relação aos encontrados para o capim elefante. Em contrapartida, o
capim elefante apresentou maiores percentuais de proteína efetivamente degradada no rúmen
nas taxas de passagem de 2,0 e 5,0%/h. Os potenciais de degradação da fibra em detergente
neutro (FDN) variaram de 50% a 71,99% para o subproduto de abacaxi e para o capim elefante,
respectivamente, enquanto as taxas de degradação foram de 1,90%/h para o capim elefante e
1,99%/h para o subproduto de abacaxi. Os resultados de degradabilidades da parede celular,
obtidos para o subproduto de abacaxi, indicam que podem ocorrer restrições no consumo e na
disponibilidade energética de dietas baseadas nesse alimento, quando fornecidas a animais com
alto potencial de produção.
Palavras-chave: agroindústria, frutas, in situ, nutrição, ovinos, subproduto
1. INTRODUÇÃO
A fibra é o componente estrutural das
plantas, fração menos digestível dos
alimentos, fração do alimento que não é
digerida por enzimas de mamíferos, ou
mesmo a fração do alimento que promove a
ruminação e a saúde do rúmen. A fibra
afeta três características dos alimentos,
importantes na nutrição animal: está
relacionada com a digestibilidade e com os
valores energéticos; com a fermentação
ruminal e pode estar envolvida no controle
da ingestão de alimentos.
Em vista desses aspectos, a administração
de subproduto de abacaxi, que apresenta
alto conteúdo fibroso, aos ruminantes,
requer cuidado especial. Um dos primeiros
aspectos dessa administração é a redução
do tamanho das partículas fibrosas em
relação àquelas provenientes de fontes de
fibras forrageiras como o capim elefante,
por exemplo. Dietas que têm menor
tamanho de partícula entrarão no rúmen
com um tamanho ainda menor depois da
mastigação e deglutição inicial, e então
saem do rúmen com uma taxa mais rápida.
89
O consumo de matéria seca aumenta,
entretanto, menos tempo é disponibilizado
aos microrganismos para digerirem os
alimentos. A fibra também é responsável
pelo
fornecimento
de
quantidades
adequadas de carboidratos complexos que
vão reduzir a digestibilidade e controlar a
acidez ruminal. São esses dois aspectos que
definem e estabelecem o teor de fibra
efetiva das dietas.
Em se tratando da oscilação anual na
disponibilidade e na qualidade das
pastagens são utilizados subprodutos
agroindustriais por serem alguns desses
alimentos classificados como fontes de
fibra não forrageiras.
O conhecimento sobre a digestão ruminal
de fontes de fibra forrageiras e não
forrageiras é de fundamental importância
porque o rúmen é o principal sítio de
digestão de alimentos fibrosos. Como
conseqüência, é possível estabelecer a
quantidade e a proporção de nutrientes
necessários para a máxima resposta
microbiana e animal.
O estudo da degradação ruminal também é
importante sob o aspecto do aproveitamento
da proteína alimentar. As exigências de
proteína dos ruminantes são atendidas pelos
aminoácidos absorvidos no intestino
delgado, sendo estes provenientes da
proteína microbiana e da proteína dietética
não degradada no rúmen. O conhecimento
da degradabilidade da proteína é
fundamental para expressar as exigências
nutricionais. Quanto maior for a
degradabilidade da proteína da dieta, maior
será a produção de amônia e possivelmente,
maiores serão as perdas urinárias de
compostos nitrogenados na forma de uréia.
Para que estas perdas sejam reduzidas, e
que seja maximizado o crescimento
microbiano,
há
necessidade
de
sincronização entre as taxas de degradação
da proteína e dos carboidratos.
90
Existe também uma relação direta entre a
degradação ruminal e a ingestão de
forragens, indicando que o conhecimento
da taxa de degradação mostra-se como um
instrumento de significativa importância na
ingestão voluntária de forrageiras.
Este estudo teve como objetivo avaliar
comparativamente
a
degradabilidade
ruminal da matéria seca (MS), proteína
bruta (PB), fibra em detergente neutro
(FDN), fibra em detergente ácido (FDA),
hemiceluloses (HCEL) e celulose (CEL) do
subproduto de abacaxi em relação ao capim
elefante, empregando-se a técnica in situ de
incubação ruminal em sacos de náilon,
visando uma eventual substituição parcial
da gramínea em questão pelo subproduto
avaliado. A intenção foi verificar as
diferenças de degradabilidade ruminal entre
essas fontes de fibra alimentar, importante
para a adoção de sistemas mais adequados
de alimentação.
2. MATERIAL E MÉTODOS
Nas dependências do Laboratório de
Nutrição Animal do curso de Zootecnia da
Universidade Estadual Vale do Acaraú
(UVA) em Sobral - CE, amostras de
subproduto de abacaxi e capim elefante
foram pré-secas em estufa de ventilação
forçada a 60oC, por 48 horas, foram moídas
em moinho com peneira de 5 mm e foram
usadas para a incubação ruminal por
períodos de seis, 12, 24, 48, e 96 h. Foi
empregada a técnica de fermentação in situ
descrita por Balch e Johnson (1950) com
sacos de náilon de 5 x 14 cm, com
porosidade média de 0,25 mm2/mm2. Foram
colocados com 6,6 g do subproduto de
abacaxi (valor médio em base de matéria
seca) e com 6,49 g de capim elefante (valor
médio em base de matéria seca)
estabelecendo a relação média de 47,14 mg
de amostra de subproduto de abacaxi por
cm2 de área superficial dos sacos de náilon
e a relação média de 46,36 mg de amostra
de capim elefante, conforme recomendação
de Sampaio (1988). A boca de cada um dos
sacos foi fechada com argola metálica e
amarrada a uma linha no 0,70 com 25 cm de
comprimento conectada a uma âncora de
100 g, imersos em água e inseridos, via
cânula, no rúmen dos ovinos.
A fase experimental contou com 15 dias de
adaptação e 10 dias de incubações. Para os
períodos de seis, 12 e 24 h foram realizadas
duas repetições (2 sacos por animal e por
alimento). Nos períodos de 48 e 96 h foram
incubados três sacos por alimento,
procurando-se manter, no máximo, seis
sacos por animal. Cada animal continha os
alimentos sob o mesmo período de
incubação, de forma a retirar todos os sacos
de uma só vez. Este experimento
transcorreu no período de 15 de setembro a
nove de outubro de 2002 na sede da
EMBRAPA Caprinos em Sobral – CE.
Nesse estudo, foram utilizados 6 carneiros
com peso vivo médio de 47,2 kg, alojados
em gaiolas metabólicas, com água e mistura
mineral à vontade. Nocek (1988)
recomendou que os alimentos a serem
incubados no rúmen devem ser adicionados
à dieta fornecida. Baseado nessa
informação, a dieta fornecida foi
balanceada conforme o National Research
Council (1985) para ovinos adultos em
manutenção contendo capim elefante in
natura, subproduto de abacaxi, torta de
algodão e milho. Água e sal mineral
estiveram disponíveis à vontade.
Após a retirada, os sacos foram
imediatamente imersos em água fria e
lavados manualmente em água corrente, até
que esta se apresentasse límpida, colocados
em estufa de ventilação forçada a 65oC, por
72 horas, transferidos para dessecador por
30 minutos e pesados. Nas dependências do
Laboratório de Nutrição Animal da
Universidade Estadual Vale do Acaraú
(UVA), os subprodutos de incubação foram
moídos em moinho com peneira de 1 mm e
utilizados para as determinações de MS,
PB, FDN, FDA, HCEL e CEL de acordo
com Association of Official Analytical
Chemists (1995). Os níveis dessas frações
nas amostras de capim e subproduto de
abacaxi, juntamente com os pesos dos
materiais incubados e dos subprodutos,
foram utilizados para os cálculos do
desaparecimento das respectivas frações.
As frações solúveis (tempo zero de
incubação) foram determinadas através dos
mesmos procedimentos, porém sem a
incubação ruminal.
Para estimar as curvas de degradação foi
utilizado o seguinte modelo proposto por
Sampaio (1988):
p = A - B e-ct
onde,
p = porcentagem de degradação após um
tempo (t) de incubação no rúmen;
A = porcentagem máxima de degradação do
material contido no saco de náilon, ou
degradabilidade potencial
B = parâmetro sem valor biológico. Se não
houvesse tempo de colonização, ele
corresponderia ao total a ser degradado pela
ação microbiana
c = taxa constante de degradação da fração
que permanece no saco de náilon, expressa
em porcentagem por hora
t = tempo de incubação no rúmen, em horas
A análise dos dados e as equações de
regressão para os desaparecimentos dos
componentes nutricionais foram feitos
utilizando-se o programa Sistema para
Análises Estatísticas e Genéticas (SAEG),
de acordo com Ribeiro Júnior (2001). O
tempo de colonização foi estimado
conforme McDonald (1981), de acordo com
a seguinte equação:
TC = -1 * ln (A-S)
c
B
onde,
TC = tempo de colonização, em horas
A, B e c = mesmos parâmetros definidos na
equação anterior
91
S = fração solúvel determinada pela
porcentagem de desaparecimento no tempo
zero de incubação (fração rapidamente
degradada)
As degradabilidades efetivas foram
calculadas
utilizando-se
os
valores
sugeridos pelo Agricultural Research
Council (1984), de 2,0 e 5,0%/h segundo o
seguinte modelo proposto por Ørskov e
McDonald (1979):
DE = S + [(B1 * c)/(c + K)]
onde,
DE = degradabilidade efetiva, em
porcentagem
S = fração rapidamente degradada
B1 = fração degradável calculada
subtraindo-se a fração solúvel do potencial
de degradação (B1 = A - S) (fração
lentamente degradada)
c
=
mesmo
parâmetro
descrito
anteriormente
K = taxa fracional de passagem, expressa
em porcentagem por hora
Conforme recomendações do Agricultural
and Food Research Council (1992) foram
estimados os valores de proteína
efetivamente degradada no rúmen (PEDR),
proteína não degradada no rúmen (PNDR),
proteína não degradada no rúmen
indigestível (PNDRI) e proteína não
degradável no rúmen digestível (PNDRD),
segundo os seguintes modelos propostos
pelo sistema:
PEDR = 0,8S + B1c/c + K
PNDR = 1 - (S + B1c/c + K)
PNDRI = NIDA
PNDRD = 0,9 (PNDR – 6,25 NIDA)
onde,
S, B1, c e K são os mesmos parâmetros
descritos anteriormente
NIDA = Nitrogênio Insolúvel em
Detergente Ácido
92
Para
a
análise
dos
dados
de
desaparecimento
dos
componentes
nutricionais das forrageiras foi empregado
um delineamento experimental de blocos ao
acaso
em
esquema
de
parcelas
subdivididas, tendo os animais como
blocos, os alimentos como parcelas e os
tempos de incubação como subparcelas,
segundo o seguinte modelo estatístico:
Yijk = µ + Ai + Fj + Tk + FTjk + eijk
onde,
Yijk = valor referente à observação do
alimento j, no animal i e no tempo de
incubação k
µ = média geral
Ai = efeito do animal i (i = 1, 2, 3, 4, 5, 6)
Fj = efeito do alimento j (j = 1, 2)
Tk = efeito do tempo de incubação k (k = 6,
12, 24, 48, 96)
FTjk = interação dos efeitos do alimento j
com o tempo de incubação k
eijk = erro aleatório associado à observação
As médias foram comparadas empregandose o teste Student-Newman-Keuls (SNK), a
5% de probabilidade.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1. Consumo médio diário de matéria seca
dos ovinos que tiveram os alimentos
incubados in situ no rume de ovinos
Durante o período experimental com os
animais, o consumo médio de MS foi de
53,1 ± 13,8 g/ unidade de tamanho
metabólico, ou 2,51% ± 0,65% do peso
vivo. Esse resultado situa-se abaixo do
valor obtido no trabalho de Lousada Júnior
(2003), 64,98g/ UTM, avaliando consumo
de dieta exclusivamente composta de
subproduto de abacaxi por ovinos, todavia,
os animais utilizados por esse autor não
foram canulados ruminalmente. O valor
também foi adequado conforme o National
Research Council (1985) que cita o
consumo de 53,19 gramas de MS/Kg0,75/dia
como adequado para a manutenção de
ovinos adultos.
3.2. Desaparecimento ruminal da matéria
seca do subproduto de abacaxi e capim
elefante incubados in situ em ovinos
Na Tabela 1 estão as porcentagens de
desaparecimento da MS dos alimentos
utilizados nesse ensaio.
Tabela 1. Desaparecimento da matéria seca
(%) do subproduto de abacaxi e do capim
elefante incubados em sacos de náilon no
rume de ovinos submetidos a dietas
contendo subproduto de abacaxi
Tempo de
Subproduto
Capim
incubação
de Abacaxi2
elefante2
(h)1
6
34,64Da
30,27Eb
CDa
12
37,63
38,95Da
Cb
24
39,03
43,76Ca
48
49,85Bb
56,71Ba
Ab
96
59,28
68,79Aa
1
Letras maiúsculas iguais na mesma coluna
indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
2
Letras minúsculas iguais na mesma linha
indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
CV=6,09%
A partir da análise dos dados da Tabela 1,
percebe-se que para o subproduto de
abacaxi, às 12 horas, houve equivalência
com os horários de seis e 24 h, e isso pode
ser creditado à quantidade que desapareceu
desde o início, e que talvez esse alimento
necessite de maior tempo de colonização. O
capim elefante, por sua vez, sempre
apresentou taxas de desaparecimento da
matéria seca crescentes até às 96 h. Este
fato confirma a sugestão de um tempo
máximo de 96 h, postulado por Sampaio
(1994) para forragens, para se evitar a
subestimativa do valor da fração A,
particularmente para volumosos de mais
baixa qualidade.
O subproduto de abacaxi apresentou taxa de
desaparecimento da matéria seca superior
ao capim elefante às seis horas de
incubação, equivaleu-se às 12h e daí por
diante,
apresentou
taxas
de
desaparecimento
inferiores
àquelas
encontradas para o capim elefante. Sampaio
(1994) destacou que forrageiras de boa
qualidade desaparecem mais rapidamente, e
as de baixa qualidade tardam mais a
alcançar seu valor estabilizado de A. O
desaparecimento da matéria seca do
subproduto de abacaxi aqui encontrado foi
superior às seis e às 96 horas de incubação
ao desaparecimento da matéria seca do
subproduto de caju (21,17% e 44,2%,
respectivamente),
e
inferior
aos
desaparecimentos deste nutriente na
graviola
(42,42%
e
81,21%,
respectivamente) e na manga (57,04% e
80,19%,
respectivamente),
conforme
Gonçalves et al. (2004). Lousada Júnior
(2003) creditou a possibilidade de queda da
digestibilidade da matéria seca dos
subprodutos de frutas particularmente pela
alta presença de ligninas que podem
indisponibilizar além do substrato fibroso,
as proteínas ali presentes. Tomich (2003)
apresentou
valores
semelhantes
de
desaparecimento da matéria seca para o
capim elefante (30,9% para seis horas de
incubação; 41,7% para as 12 h; 55,0% para
as 24h; 66,1% para as 48h e 75,5% para as
96 h), sempre crescentes (P<0,05) entre os
tempos de incubação. Os valores de
desaparecimento do capim elefante podem
ser considerados elevados particularmente
se os compararmos ao valor de
degradabilidade potencial do feno de capim
elevante cv. Napier (58,82%) citado por
Valadares Filho et al. (2002). Estes mesmos
autores citaram valor de degradabilidade
potencial semelhante ao valor de
desaparecimento encontrado para o capim
elefante aqui utilizado para o feno de capim
colonião (68,89%) e para o feno de folhas
de mandioca (66,87%).
Os coeficientes de determinação indicam
boa adaptação dos resultados de
desaparecimento de MS ao modelo
93
proposto por Sampaio (1988) (Figura 1). As
equações geradas pelo modelo Deg = A - B
* e(-ct) foram:
Deg. MS Capim Elefante = 76,3597 50,3416 * EXP (-0,0196 * t) r2=0,95
Desaparecimento da MS (%)
Deg. MS Subproduto de Abacaxi = 60,00
- 30,3565 * EXP (-0,02239 * t) r2=0,876
80
70
60
50
S. Abacaxi
40
C. elefante
30
20
10
0
0
12
24
36
48
60
72
84
96
Tempo de incubação (h)
Figura 1. Desaparecimento da MS dos alimentos em função do tempo de incubação
Estudando a degradação in situ da MS do
capim elefante, Tomich (2003) estimou a
seguinte equação: Deg. MS = 75,4 - 55,9 *
EXP (-0,0432 * t) r2 = 0,981, bastante
semelhante aos valores aqui encontrados
para o capim elefante com exceção da taxa
fracional “c” que foi bem maior no
experimento de Tomich (2003). Em se
tratando de taxa fracional “c”, o capim
elefante, apresentou valor muito baixo
(1,93%/h). Sampaio (1988) destacou que
taxas de degradação inferiores a 2,0%/h
indicam alimentos de baixa qualidade, que
necessitam de longo tempo de permanência
no rúmen para serem degradados. Os
demais parâmetros serão discutidos a seguir
juntamente
com
os
dados
de
degradabilidade efetiva dos alimentos.
Na Tabela 2, estão os potenciais de
degradação, as taxas de degradação, as
frações solúveis, as frações degradáveis, os
tempos
de
colonização
e
as
degradabilidades efetivas nas taxas de
passagem 2,0%/h e 5,0%/h da matéria seca
94
dos
alimentos
experimento.
analisados
neste
Tabela 2. Potenciais de degradação (A),
taxas de degradação (c), frações solúveis
(S), frações degradáveis (B1), tempos de
colonização (TC) e degradabilidades
efetivas (DE), nas taxas de passagem
2,0%/h e 5,0%/h, da matéria seca dos
alimentos utilizados nesse ensaio
Parâmetro
Subproduto
Capim
de Abacaxi
elefante
A (%)
60,00
76,36
C (%/h)
2,24
1,96
S (%)
29,15
25,96
B1 (%)
30,85
50,40
TC (h)
-0:43
-0:04
DE 2,0%/h
45,44
50,91
(%)
DE 5,0%/h
38,69
40,15
(%)
Apesar dos maiores valores para a fração
rapidamente degradada e para a taxa
constante de degradação encontradas para o
subproduto
de
abacaxi,
a
fração
potencialmente degradável, assim como, a
fração lentamente degradada foram
menores, e isso provavelmente resultou nas
menores degradabilidades efetivas para o
subproduto de abacaxi.
Apesar de não existir uma explicação para
valores negativos de tempo de colonização,
eles são amplamente relatados na literatura
e aparecem em estudos de Borges (1997) e
Tomich (2003).
3.3. Desaparecimento ruminal da proteína
bruta do subproduto de abacaxi e capim
elefante incubados in situ em ovinos
As degradabilidades da PB nos vários
tempos de incubação estão na Tabela 4. A
representação gráfica destes dados está na
Figura 2.
Tabela 3. Desaparecimento da proteína
bruta (%) do subproduto de abacaxi e do
capim elefante incubados em sacos de
náilon no rume de ovinos submetidos a
dieta contendo subproduto de abacaxi
Tempo de
Subproduto
Capim
incubação
de Abacaxi2
elefante2
(h)1
6
52,84Db
65,22Ea
Cb
12
60,02
70,51Da
Cb
24
58,02
80,41Ca
Bb
48
66,62
83,63Ba
96
73,11Ab
87,22Aa
1
Letras maiúsculas iguais na mesma coluna
indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
2
Letras minúsculas iguais na mesma linha
indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
CV=4,88%
A taxa de desaparecimento da proteína
bruta do subproduto de abacaxi aumentou
13,58% das seis para as 12 h de incubação.
Teve menor degradação entre 24 e 48 h, o
que fez com que os valores estabilizassem
nesse momento. Após isso, voltou a
aumentar 14,82% nas 48 h e daí então
apresentou o maior desaparecimento no
tempo 96 h (aumento da ordem de 9,74%
em relação às 48 h de incubação),
provavelmente tal tipo de resposta deve-se
à dificuldade que os microrganismos
tiveram para atingir a parte da matriz
protéica, podendo a mesma estar protegida
por porções fibrosas (vide mais adiante
discussão sobre FDN), muito embora, é
oportuno salientar que não se fez
determinação
da
possibilidade
de
contaminação do material residual com
microrganismos (DAPA ou RNA, por
exemplo). As taxas de desaparecimento da
proteína bruta do capim elefante foram
sempre crescentes dos tempos inicial ao
final. Isto provavelmente promoveu a
interação altamente significativa entre o
tempo de incubação e o alimento fornecido
(P<0,0001) (Figura 2). A degradação
protéica do subproduto foi sempre inferior
àquela encontrada para o capim (P>0,05).
Este resultado também confirma os
comentários sobre a possível redução da
disponibilidade da matriz protéica aos
microrganismos
ruminais
feitos
anteriormente. As equações geradas pelo
modelo Deg = A - B * e(-ct) foram:
Deg. PB Subproduto de Abacaxi = 80,885
- 28,6026 * EXP (-0,01366 * t) r2=0,715
Deg. PB Capim Elefante = 86,74 30,9728 * EXP (-0,05855 * t) r2=0,927
A degradação potencial mostrou-se similar
entre os alimentos, no entanto, observa-se
superioridade do capim elefante quanto à
taxa fracional de degradação (5,86 vs 1,56
%/h). Isto provavelmente promoveu o
maior desaparecimento da gramínea em
relação ao subproduto.
Os potenciais de degradação, as taxas de
degradação, as frações solúveis, as frações
degradáveis, os tempos de colonização e as
degradabilidades efetivas, nas taxas de
passagem 2,0 e 5,0%/h, da proteína bruta,
obtidos para os alimentos estão na Tabela 4.
95
Desaparecimento da PB (%)
100
80
60
S. Abacaxi
40
C. elefante
20
0
0
12
24
36
48
60
72
84
96
Tempo de incubação (h)
Figura 2. Desaparecimento da PB dos alimentos em função do tempo de incubação
Tabela 4. Potenciais de degradação (A),
taxas de degradação (c), frações solúveis
(S), frações degradáveis (B1), tempos de
colonização (TC) e degradabilidades
efetivas (DE), nas taxas de passagem
2,0%/h e 5,0%/h, da proteína bruta dos
alimentos utilizados neste experimento
Parâmetro
Subproduto
Capim
de Abacaxi
elefante
A (%)
80,89
86,74
C (%/h)
1,366
5,855
S (%)
52,73
55,90
B1 (%)
28,15
30,84
TC (h)
1:09
0:05
DE 2,0%/h
64,16
78,89
(%)
DE 5,0%/h
58,77
72,54
(%)
As degradabilidades efetivas foram sempre
maiores para o capim elefante em relação
ao subproduto de abacaxi como resultado
mais provável da maior taxa constante de
degradação (c) encontrada para o capim, já
que as frações A, S e B1 foram bem
similares entre os alimentos estudados. O
menor valor de “c” para o subproduto
resultou em um maior tempo de
colonização em horas para este alimento.
Segundo Hobson e Stewart (1997), o
objetivo da nutrição protéica para
ruminantes é o fornecimento de quantidades
adequadas de proteínas degradáveis no
rúmen, para permitir a máxima síntese
protéica microbiana, com o mínimo de PB
na dieta. Assim sendo, visando a
sincronização nas disponibilidades de
nitrogênio e energia, para a otimização na
utilização dos compostos nitrogenados da
dieta e o maior suprimento de proteína
microbiana pós-rúmen, a taxa de
degradação ruminal da fração protéica
constitui um parâmetro importante na
seleção de alimentos para compor uma
dieta. Nesse sentido, os resultados obtidos
nesse estudo indicam que, caso haja
necessidade de suplementação protéica para
dietas baseadas em subproduto de abacaxi
e/ou capim elefante, os suplementos
deverão apresentar taxas decrescentes de
degradação ruminal da PB.
Os valores de proteína não degradada no
rúmen, proteína indigestível não degradada
no rúmen, proteína efetivamente degradada
no rúmen e proteína digestível não
degradada no rúmen, nas taxas de passagem
2,0%/h e 5,0%/h, da proteína bruta, obtidos
para os alimentos estão na Tabela 5.
Tabela 5. Valores percentuais de proteína não degradada no rúmen (PNDR), proteína
indigestível não degradada no rúmen (PINDR), proteína digestível não degradada no rúmen
(PDNDR) e proteína efetivamente degradada no rúmen (PEDR), nas taxas de passagem 2,0%/h
e 5,0%/h, da proteína bruta dos alimentos utilizados nesse ensaio
Parâmetro
Subproduto de Abacaxi
Capim elefante
2,0%/h
5,0%/h
2,0%/h
5,0%/h
PNDR
72,91
85,68
69,90
78,22
PINDR
0,78
0,78
0,27
0,27
PDNDR
61,23
72,72
61,39
68,88
PEDR
23,96
12,67
28,68
20,75
A queda dos valores de proteína
efetivamente degradada no rúmen foi
acompanhada pelo aumento da proteína não
degradada com o aumento das taxas de
passagem. O subproduto de abacaxi teve
valores mais baixos de proteína degradada
no rúmen em comparação ao capim
elefante. As altas taxas de proteína não
degradada no rúmen para ambos os
alimentos foram acompanhadas por altas
taxas também de proteína digestível não
degradada no rúmen principalmente para o
subproduto de abacaxi significando que a
proteína dietética foi sobrepassante
ruminalmente, entretanto, digestível no
intestino delgado. A partir da análise desses
dados, recomenda-se a suplementação em
dietas que o subproduto de abacaxi for
incluído com alimentos que apresentem
taxas elevadas de PEDR. Rodríguez (1986)
comentou que o preparo de dietas para
ruminantes de alta produção deve
minimizar a necessidade de proteína
dietética não degradável. A proposta é
incluir além de nitrogênio solúvel, uma
certa quantidade de aminoácidos préformados e aumentar a quantidade
disponível de matéria orgânica fermentável
o que em outras palavras representa a maior
disponibilização energética.
Valadares Filho (1994) destacou que o
Agricultural and Food Research Council
(1992) caracteriza melhor as frações
protéicas,
quando
comparado
ao
Agricultural Research Council (1984),
entretanto, o sistema de Cornell (CNCPS)
(Sniffen et al., 1992) é o que melhor
caracteriza as frações protéicas dos
alimentos, devendo na medida do possível
ser adotado pelas instituições de pesquisa
nacionais. O Agricultural and Food
Research Council (1992) e o Sistema de
Cornell calculam valores de PNDR
diferentemente. Valadares Filho (1994)
destacou que o Agricultural and Food
Research Council (1992) pode sub ou
superestimar as digestibilidades intestinais
da PNDR e sugere a utilização de animais
cecocolectomizados com anastomose íleo
retal como alternativa para a avaliação
intestinal da proteína não degradada no
rúmen dos alimentos. Contudo, mais
pesquisas são necessárias para validar esta
técnica.
De acordo com Hungate (1966) para
qualquer análise que se faça sobre a
degradabilidade de nutrientes no rúmen, é
preciso entender os fatores que regulam a
atividade microbiana ruminal.
Wallace e Cotta (1988) destacaram que a
degradabilidade protéica no rúmen é
proporcional a sua solubilidade e que
algumas proteínas solúveis podem até ser
quebradas mais lentamente conforme o grau
de estrutura, seja secundário ou terciário.
Além disso, as proteínas presentes em
alimentos de origem vegetal apresentam
naturalmente um certo grau de proteção
dependendo da matriz em que estão
imersas. Ainda segundo esses autores, a
hidrólise de polímeros não protéicos, como
os polissacarídeos, podem limitar o acesso
97
dos microrganismos proteolíticos ao seu
substrato.
Nolan et al. (1976) demonstraram que a
maior parte do N protéico microbiano é
derivado do pool de N-NH3. A proporção,
segundo esses autores, pode variar de 42 a
100% dependendo da disponibilidade de
energia. Nos tratamentos em que foi feita a
inclusão do subproduto de abacaxi, houve
também aumento do nitrogênio urinário
(Capítulo III). Isto provavelmente foi
resultado da mais alta PNDRI encontrada
para o subproduto de abacaxi. O capim
elefante, portanto, foi mais eficiente sob o
aspecto de apresentar menores perdas
urinárias de nitrogênio por causa dos
menores valores para PNDR e para PNDRI.
3.4. Desaparecimento ruminal da fibra em
detergente neutro do subproduto de
abacaxi e capim elefante incubados in situ
em ovinos
As degradabilidades da FDN nos vários
tempos de incubação estão na Tabela 6.
A interação tempo de incubação versus
alimentos foi altamente significativa
(P<0,0001). Somente houve aumento do
desaparecimento da FDN do subproduto de
abacaxi (P<0,05) a partir de 48 h de
incubação e daí um aumento da ordem de
52% para 96 h de incubação. O capim
elefante, mais uma vez, apresentou valores
crescentes (P<0,05) de desaparecimento da
FDN de seis até 96 h de incubação. Entre os
alimentos, os valores de desaparecimento
de FDN do subproduto de abacaxi foram
sempre inferiores aos do capim elefante.
O desaparecimento da FDN do subproduto
foi superior ao do capim às seis horas de
incubação ruminal, logo depois os valores
foram equivalentes às 12 e 24 horas de
incubação. A partir das 48 horas os valores
de desaparecimento da FDN do subproduto
foram sempre menores que os encontrados
para o capim.
98
Tabela 6. Desaparecimento da fibra em
detergente neutro (%) do subproduto de
abacaxi e do capim elefante incubados em
sacos de náilon no rume de ovinos
submetidos a dietas contendo subproduto de
abacaxi
Tempo de
Subproduto
Capim
incubação
de Abacaxi2
elefante2
(h)1
6
18,87Ca
10,18Eb
Ca
12
24,23
21,71Da
Ca
24
29,41
27,69Ca
48
35,75Bb
46,60Ba
Ab
96
47,55
61,63Aa
1
Letras maiúsculas iguais na mesma coluna
indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
2
Letras minúsculas iguais na mesma linha
indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
CV=11,54%
Considerando que o subproduto de abacaxi
tardou a mostrar diferenças na degradação
em função do tempo de incubação. É
possível inferir que essa porção fibrosa no
subproduto é de pior qualidade quando tem
o parâmetro desaparecimento in situ como
norteador da discussão. Por outro lado,
convém ressaltar que tal resposta pode estar
refletindo diferenças estruturais da porção
FDN (cristalinização, morfologia, outras
substâncias ligadas à parede celular). Os
resultados de desaparecimento da FDN
convergiram para o modelo proposto por
Sampaio (1988) (Figura 3), e as seguintes
equações de regressão foram obtidas:
Deg. FDN Subproduto de Abacaxi =
50,00 - 37,2062 * EXP (-0,01994 * t) r2=0,856
Deg. FDN Capim Elefante = 71,9893 64,1026 * EXP (-0,01899 * t) r2=0,946
A equação encontrada por Tomich (2003)
para a degradabilidade da FDN do capim
elefante cv Napier foi a seguinte: Deg FDN
= 70,2 - 69,1*EXP (-0,0443t) r2 = 0,977,
também semelhante àquela que foi
encontrada neste trabalho. Destaca-se, no
entanto, que a degradabilidade potencial
pode ser empregada para avaliação de
volumosos, mas com certa cautela, pois não
pode ser parâmetro único. Nesses casos,
deve-se considerar conjuntamente com a
taxa fracional de degradação, e depois com
a degradabilidade efetiva.
Desaparecimento da FDN (%)
70
60
50
40
S. Abacaxi
30
C. elefante
20
10
0
0
12
24
36
48
60
72
84
96
Tempo de incubação (h)
Figura 3. Desaparecimento da FDN dos alimentos em função do tempo de incubação
Na Tabela 7, são apresentados os potenciais
de degradação, as taxas de degradação, as
frações solúveis, as frações degradáveis, os
tempos
de
colonização
e
as
degradabilidades efetivas, nas taxas de
passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da FDN dos
alimentos. Houve menor potencial de
desaparecimento da FDN do subproduto de
abacaxi em relação ao capim elefante. Isso
também ocorreu com a degradação
potencial da MS (Tabela 3), e talvez por
isso, a correlação entre esses parâmetros
tenha sido de 0,99 (P<0,0001) para o
subproduto de abacaxi e de 0,9974
(P<0,0001) para o capim elefante. Segundo
Wilson (1994), a taxa de degradação da
FDN é influenciada por características
físicas e estruturais da parede celular,
capazes de dificultar o acesso microbiano a
essa fração. A degradabilidade efetiva da
FDN foi inferior para o subproduto de
abacaxi na taxa de passagem de 2,0%/h,
enquanto que para a taxa de passagem de
5,0%/h o subproduto de abacaxi mostrou-se
superior. O capim elefante apresentou
maiores valores de fração potencialmente
degradável e de fração letamente
degradável.
Tabela 7. Potenciais de degradação (A),
taxas de degradação (c), frações solúveis
(S), frações degradáveis (B1), tempos de
colonização (TC) e degradabilidades
efetivas (DE), nas taxas de passagem
2,0%/h e 5,0%/h, da fibra em detergente
neutro dos alimentos utilizados nesse ensaio
Parâmetro
Subproduto
Capim
de Abacaxi
elefante
A (%)
50,00
71,99
c (%/h)
1,994
1,899
S (%)
17,38
5,57
B1 (%)
32,62
66,42
TC (h)
6:36
-1:52
DE 2,0%/h
33,67
37,92
(%)
DE 5,0%/h
26,68
23,85
(%)
Em uma taxa de passagem mais lenta
(2,0%/h) esses dois aspectos provavelmente
contribuíram para que a degradabilidade
efetiva fosse maior. Em uma maior taxa de
passagem
(5,0%/h)
provavelmente
favoreceram ao subproduto a taxa de
degradação fracional “c” e a fração solúvel
que foram maiores para ele em relação
àquelas encontradas para o capim elefante.
99
O menor valor de degradabilidade potencial
encontrado para o subproduto de abacaxi
pode ser explicado pelo maior conteúdo de
lignina na FDN deste alimento (Capítulo
III) e ainda por uma configuração espacial
diferente dessa fibra, que merece ser
estudada posteriormente, e que poderia
estar
dificultando
o
acesso
dos
microrganismos à porção digerível. Pois de
acordo com Van Soest (1994) e Jung et al.
(1997), as ligninas são os principais
limitantes da digestibilidade ruminal das
frações fibrosas dietéticas.
3.5. Desaparecimento ruminal da fibra em
detergente ácido do subproduto de abacaxi
e capim elefante incubados in situ em
ovinos
Na Tabela 8 são apresentadas as
degradabilidades da FDA nos vários tempos
de incubação.
A partir das 24 h de incubação houve
aumento do desaparecimento da FDA do
subproduto de abacaxi e daí a elevação foi
constante até as 96 h. Para o capim elefante
houve aumento a partir das 12 h de
incubação continuando o aumento a partir
das 48 h finalizando o desaparecimento em
61,71% às 96 h de incubação. Houve alta
correlação entre a degradabilidade da FDN
e a da FDA (r=0,8817; P<0,0001) para o
subproduto de abacaxi e para o capim
elefante (r=0,9897; P<0,0001). Isso denota
que as ligninas e a celulose exerceram forte
influência sobre os resultados. A porção da
FDA do capim mostrou-se mais digestível
do que a do subproduto em todos os
horários estudados. Provavelmente a
formação de complexos lignocelulósicos
indisponibilizou o conteúdo da FDA do
subproduto de abacaxi. De acordo com Van
Soest (1994), a degradação biológica dos
carboidratos apresenta limites. Substratos
polifenólicos, incluindo lignina e taninos
condensados são degradados apenas por
sistemas
aeróbicos
(principalmente
formados por fungos). A presença de
100
substratos polifenólicos em ambientes
anaeróbicos promove a deposição e
proteção de carboidratos associados por
muito tempo.
Tabela 8. Desaparecimento da fibra em
detergente ácido (%) do subproduto de
abacaxi e do capim elefante incubados em
sacos de náilon no rume de ovinos
submetidos a dietas contendo subproduto de
abacaxi
Tempo de
Subproduto
Capim
incubação
de Abacaxi2
elefante2
(h)1
6
9,91Db
17,81Da
12
12,21Db
29,93Ca
Cb
24
17,85
34,28Ca
Bb
48
28,23
48,03Ba
Ab
96
45,10
61,71Aa
1
Letras minúsculas iguais na mesma coluna
indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
2
Letras maiúsculas iguais na mesma linha
indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
CV=15,57%
Os resultados de desaparecimento da FDA
convergiram para o modelo proposto por
Sampaio (1988) (Figura 4), e as seguintes
equações de regressão foram obtidas:
Deg. FDA Subproduto de Abacaxi =
63,00 - 58,105 * EXP (-0,01143 * t) r2=0,872
Deg. FDA Capim Elefante = 68,8574 –
55,0616 * EXP (-0,02085 * t) r2=0,902
Na Tabela 9, são apresentados os potenciais
de degradação, as taxas de degradação, as
frações solúveis, as frações degradáveis, os
tempos
de
colonização
e
as
degradabilidades efetivas, nas taxas de
passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da FDA dos
alimentos. A degradabilidade potencial
inferior para o subproduto, juntamente com
a menor taxa fracional de degradação, fez
com que o mesmo tivesse desaparecimento
de FDA sempre inferior ao capim elefante,
independente do horário de incubação. A
interação tempo de incubação vs alimento
incubado não foi significativa (P>0,05).
Desaparecimento da FDA (%)
70
60
50
40
S. Abacaxi
30
C. elefante
20
10
0
0
12
24
36
48
60
72
84
96
Tempo de incubação (h)
Figura 4. Desaparecimento da FDA dos alimentos em função do tempo de incubação
Tabela 9. Potenciais de degradação (A),
taxas de degradação (c), frações solúveis
(S), frações degradáveis (B1), tempos de
colonização (TC) e degradabilidades
efetivas (DE), nas taxas de passagem
2,0%/h e 5,0%/h, da fibra em detergente
ácido dos alimentos utilizados nesse ensaio
Parâmetro
Subproduto
Capim
de Abacaxi
elefante
A (%)
63,00
68,86
c (%/h)
1,143
2,085
S (%)
8,51
20,15
B1 (%)
54,49
48,71
TC (h)
5:37
5:53
DE 2,0%/h
28,33
45,01
(%)
DE 5,0%/h
18,65
34,48
(%)
A fração rapidamente degradada do
subproduto de abacaxi foi extremamente
pequena (8,51% do total de FDA) e isso
provavelmente levou a ocorrência de
degradabilidades efetivas nas duas taxas de
passagem analisadas inferiores àquelas
encontradas para o capim elefante. Um
outro aspecto que contribuiu para isso foi a
taxa constante de degradação (c) superior
para o capim elefante. Deve-se considerar
também que o percentual mais alto de
lignina encontrado para o subproduto de
abacaxi (Capítulo III) provavelmente
diminuiu também a degradabilidade efetiva
da FDA. Não se pode negar também outros
efeitos
dos
alimentos
incubados,
creditando-se tais diferenças, às influências
mais ou menos intensas do ambiente
ruminal (Borges, 1997). O tempo de
colonização para essa fração, nos dois
alimentos, foi praticamente o mesmo.
3.6.
Desaparecimento
ruminal
das
hemiceluloses do subproduto de abacaxi e
capim elefante incubados in situ em ovinos
As degradabilidades das hemiceluloses nos
vários tempos de incubação estão na Tabela
10. A interação tempo de incubação vs
alimento
incubado
foi
altamente
significativa
(P<0,0001).
O
desaparecimento das hemiceluloses do
subproduto
de
abacaxi
aumentou
significativamente (P<0,05) da 24a hora de
incubação para a 48a hora e daí atingindo
taxa de desaparecimento de 61,53% às 96 h.
Os percentuais de desaparecimento das
hemiceluloses do capim elefante, por sua
vez, foram sempre crescentes (P<0,05) da
6a à 96a horas de incubação. Os valores de
desaparecimento das seis até as 24 horas
101
de r2 o que pode representar menos
confiabilidade aos dados provenientes dela.
foram superiores (P<0,05) para o
subproduto. Às 48 e às 96 horas os valores
foram semelhantes. Alta correlação também
foi encontrada entre as degradabilidades das
hemiceluloses e da FDN para o subproduto
de abacaxi (r=0,9448; P<0,0001).
Tabela
10.
Desaparecimento
das
hemiceluloses (%) do subproduto de
abacaxi e do capim elefante incubados em
sacos de náilon no rume de ovinos
submetidos a dietas contendo subproduto de
abacaxi
Tempo de
Subproduto
Capim
2
incubação
de Abacaxi
elefante2
1
(h)
6
26,29Ca
6,77Eb
Ca
12
30,21
16,69Db
Ca
24
29,95
22,97Cb
Ba
48
44,70
42,04Ba
Aa
96
55,53
50,02Aa
Os resultados de desaparecimento das
hemiceluloses também convergiram para o
modelo proposto por Sampaio (1988)
(Figura 5), e as seguintes equações de
regressão foram obtidas:
Deg. HCEL Subproduto de Abacaxi =
66,3398 - 42,5995 * EXP (-0,0102 * t)
r2=0,758
Deg. HCEL Capim Elefante = 60,00 64,3419 * EXP (-0,02878 * t) r2=0,936
1
Letras maiúsculas iguais na mesma coluna
indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
2
Letras minúsculas iguais na mesma linha
indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
CV=12,67%
Desaparecimento das HCEL (%)
A equação de degradabilidade das
hemiceluloses evidenciou um baixo valor
60
50
40
S. Abacaxi
30
C. elefante
20
10
0
0
12
24
36
48
60
72
84
96
Tempo de incubação (h)
Figura 5. Desaparecimento das hemiceluloses dos alimentos em função do tempo de incubação
Na Tabela 11, são apresentados os
potenciais de degradação, as taxas de
degradação, as frações solúveis, as frações
degradáveis, os tempos de colonização e as
degradabilidades efetivas, nas taxas de
passagem
2,0%/h
e
5,0%/h,
das
hemiceluloses dos alimentos.
102
As
degradabilidades
efetivas
das
hemiceluloses foram decrescentes com o
aumento da taxa de passagem. Para o
subproduto de abacaxi foram superiores
àquelas obtidas para o capim elefante. A
mais alta fração solúvel e a maior fração
solúvel encontradas para o subproduto
foram provavelmente as
contribuíram nesse resultado.
que
mais
Tabela 11. Potenciais de degradação (A),
taxas de degradação (c), frações solúveis
(S), frações degradáveis (B1), tempos de
colonização (TC) e degradabilidades
efetivas (DE), nas taxas de passagem
2,0%/h e 5,0%/h, das hemiceluloses dos
alimentos utilizados nesse ensaio
Parâmetro
Subproduto
Capim
de Abacaxi
elefante
A (%)
66,34
60,00
c (%/h)
1,02
2,878
S (%)
24,34
0,81
B1 (%)
42,00
59,19
TC (h)
1:23
2:54
DE 2,0%/h
38,53
35,73
(%)
DE 5,0%/h
31,46
22,44
(%)
3.7. Desaparecimento ruminal da celulose
do subproduto de abacaxi e capim elefante
incubados in situ em ovinos
As degradabilidades da celulose nos vários
tempos de incubação estão na Tabela 12. O
tipo de resposta entre os tempos de
incubação foi semelhante para os dois
alimentos. Foi o único parâmetro de
desaparecimento nutricional testado que, na
análise de variância, não apresentou
interação tempo de incubação versus
alimentos incubados (P=0,1148). As taxas
de desaparecimento aumentaram das 6 para
as 12 h de incubação onde o
desaparecimento estabilizou até as 24 h e
depois voltou a crescer até as 96 h de
incubação. Os valores de desaparecimento
de celulose do subproduto de abacaxi foram
sempre inferiores em relação ao capim
elefante, tal como ocorreu para a FDA
(Tabela 8) comprovando os comentários de
Van Soest (1994) de que as ligninas em
ambientes
anaeróbicos
promove
a
deposição e proteção de carboidratos
associados
por
muito
tempo,
particularmente a celulose. A baixa
degradabilidade da celulose teve efeito
marcante sobre o desaparecimento da FDN
particularmente às 48 e 96 horas de
incubação ruminal (Tabela 6). A maior
correlação de Pearson encontrada entre a
degradabilidade das frações fibrosas do
subproduto de abacaxi aconteceu entre a
degradabilidade
da
FDN
e
a
degradabilidade da celulose (r=0,9503;
P<0,0001) denotando a forte influência da
degradabilidade da celulose sobre a
degradabilidade da FDN da qual faz parte.
Também foi encontrada alta correlação com
a degradabilidade da FDA (r=0,8817;
P<0,0001).
Tabela 12. Desaparecimento da celulose
(%) do subproduto de abacaxi e do capim
elefante incubados em sacos de náilon no
rume de ovinos submetidos a dietas
contendo subproduto de abacaxi
Tempo de
Subproduto
Capim
incubação
de Abacaxi2
elefante2
(h)1
6
26,85Db
36,18Da
Cb
12
31,37
45,31Ca
24
34,89Cb
49,46Ca
Bb
48
45,29
63,42Ba
Ab
96
62,03
75,22Aa
1
Letras maiúsculas iguais na mesma coluna
indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
2
Letras minúsculas iguais na mesma linha
indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
CV=8,26%
As seguintes equações ajustaram-se ao
modelo
de
Sampaio
(1988).
A
representação
gráfica
destas
degradabilidades está na Figura 6.
Deg. CEL Subproduto de Abacaxi =
73,00 - 50,7904 * EXP (-0,01397 * t) r2=0,878
Deg. CEL Capim Elefante = 82,9994 51,1028 * EXP (-0,01962 * t) r2=0,946
103
Desaparecimento da CEL (%)
80
70
60
50
S. Abacaxi
40
C. elefante
30
20
10
0
0
12
24
36
48
60
72
84
96
Tempo de incubação (h)
Figura 6. Desaparecimento da celulose dos alimentos em função do tempo de incubação
Na Tabela 13, são apresentados os
potenciais de degradação, as taxas de
degradação, as frações solúveis, as frações
degradáveis, os tempos de colonização e as
degradabilidades efetivas, nas taxas de
passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da celulose dos
alimentos.
taxas de passagem pré-fixadas. Também
contribuíram
para
as
menores
degradabilidades efetivas do subproduto de
abacaxi em relação ao capim elefante, a
menor taxa de degradação (c) e a menor
fração solúvel (S) encontrada para o
subproduto de abacaxi.
Tabela 13. Potenciais de degradação (A),
taxas de degradação (c), frações solúveis
(S), frações degradáveis (B1), tempos de
colonização (TC) e degradabilidades
efetivas (DE), nas taxas de passagem
2,0%/h e 5,0%/h, da celulose dos alimentos
utilizados nesse ensaio
Parâmetro
Subproduto
Capim
de Abacaxi
elefante
A (%)
73,00
83,00
c (%/h)
1,397
1,962
S (%)
25,32
30,08
B1 (%)
47,68
52,92
TC (h)
4:31
-1:07
DE 2,0%/h
44,93
56,28
(%)
DE 5,0%/h
35,73
44,99
(%)
A partir dos dados obtidos percebe-se que
as degradabilidades efetivas das frações
fibrosas do subproduto de abacaxi sempre
foram inferiores àquelas encontradas para o
capim
elefante,
principalmente
influenciadas pelas reduzidas taxas
constantes de degradação (inferiores a
0,8%/h), longe de serem ideais de acordo
com recomendações de Sampaio (1988). O
maior teor de ligninas para o subproduto de
abacaxi pode ter contribuído para a redução
do potencial de degradação da fração
fibrosa.
Maiores degradabilidades efetivas foram
encontradas para o capim elefante em
relação ao subproduto de abacaxi e, para os
dois alimentos, as degradabilidades efetivas
foram decrescentes a partir do aumento das
104
Dietas baseadas em subproduto de abacaxi
podem conduzir a reduções no consumo de
matéria seca (fato observado no capítulo III
no nível máximo de inclusão testado) e a
menor disponibilidade energética em
termos de produtos finais do metabolismo
de carboidratos. No capítulo anterior
discutiu-se o aspecto dos níveis de ácidos
graxos voláteis em relação ao aumento da
inclusão do subproduto de abacaxi às dietas
em substituição ao capim elefante e foi
verificado que os maiores níveis
aconteceram no tratamento que incluiu 19%
do subproduto. Provavelmente neste ponto
ocorreu um melhor equilíbrio entre capim
elefante e subproduto de abacaxi quanto a
taxa de degradação das partículas fibrosas,
conseqüentemente, a maior eficiência
energética. Esse fato pode limitar a inclusão
do subproduto de abacaxi em dietas para
ruminantes de alta produção.
4. CONCLUSÕES
Os valores obtidos para o subproduto de
abacaxi não o credenciam como ótimo
substituto do capim elefante em dietas de
ovinos, muito embora possa ser utilizado se
corrigidas as deficiências relativas às fontes
de carboidratos rapidamente fermentáveis.
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Capítulo VI - EXPERIMENTO 4
Valor nutritivo do subproduto da indústria processadora de acerola (Malpighia glabra) em
dietas para ovinos. 1. Consumo, digestibilidade aparente e balanços energético e
nitrogenado
RESUMO
O presente estudo foi conduzido objetivando avaliar a influência da inclusão do subproduto do
processamento de acerola (Malpighia glabra L.) sobre os consumos (por unidade de tamanho
metabólico - UTM) e coeficientes de digestibilidade da matéria seca (MS), matéria orgânica
(MO), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), fibra detergente neutro (FDN), fibra detergente
ácido (FDA), hemiceluloses (HCEL), celulose (CEL) e energia de dietas experimentais
isofibrosas e isoprotéicas contendo o subproduto de acerola. Avaliou-se ainda os balanços
nitrogenados e de energia das referidas dietas. Vinte ovinos machos, inteiros foram distribuídos
em quatro níveis de inclusão do subproduto (zero; 12%; 29%; 43%), em delineamento
inteiramente ao acaso, com cinco ovinos para cada um dos quatro tratamentos. Os animais que
receberam as maiores porcentagens de inclusão do subproduto apresentaram os menores
consumos de MS. Não houve diferenças entre os tratamentos quanto aos consumos de MO,
FDA e CEL. O estudo das equações de regressão revelou o intervalo compreendido entre oito e
14% como ideal para a inclusão do subproduto às dietas. Quando o subproduto foi incluído nas
dietas, os coeficientes de digestibilidade da MS, MO, FDN, FDA, CEL e EB foram sempre
inferiores aos encontrados para o tratamento controle. Os balanços energéticos e protéicos
foram positivos. De acordo com os parâmetros avaliados, o subproduto de acerola possui
restrições quanto a utilização na nutrição de ruminantes particularmente em virtude dos altos
níveis de ligninas encontrados. Mais pesquisas são requeridas particularmente quanto a
influência de outros constituintes dietéticos como os taninos, por exemplo, sobre os parâmetros
avaliados.
Palavras-chave: dieta, fibra, frutas, nutrição, ovinos, ruminantes
1. INTRODUÇÃO
A produção de acerola no Brasil atingiu 33
mil toneladas em uma área colhida de 11
mil hectares no ano de 1996 (Anuário
Estatístico do Brasil, 1999). Deste
montante, o rendimento médio de produção
de subproduto de acerola é de 15 a 41 %.
Embora, não existam informações na
literatura,
esses
subprodutos
da
agroindústria constando da semente
triturada e da polpa de acerola, após a
retirada do suco, podem apresentar
potencial para o consumo animal.
O desempenho animal, em contrapartida,
depende da ingestão de nutrientes
digestíveis e metabolizáveis. É necessário,
portanto, determinar o melhor nível de
inclusão destes subprodutos em dietas
experimentais que se apliquem à produção
intensiva de ruminantes.
O valor nutritivo de um alimento é
determinado por sua concentração de
nutrientes, a quantidade consumida do
mesmo, a proporção de nutrientes digeridos
e a eficácia com que são utilizados os
nutrientes
absorvidos.
Materiais
lignocelulósicos quando são administrados
na alimentação animal podem proporcionar
insuficientes quantidades de minerais,
energia e proteínas.
107
O subproduto agroindustrial de acerola
apresenta alto grau de lignificação das
paredes celulares. A digestibilidade deste
material pode, por essa razão, ficar
diminuída em função do maior ou menor
acesso de enzimas celulolíticas e
proteolíticas sobre os componentes solúveis
celulares e polissacarídeos de membrana.
Com o presente trabalho objetivou-se
avaliar os coeficientes de digestibilidade e
os consumos por unidade de tamanho
metabólico (UTM) da matéria seca (MS),
matéria orgânica (MO), proteína bruta (PB),
extrato etéreo (EE), energia, fibra em
detergente neutro (FDN), fibra em
detergente ácido (FDA), hemiceluloses
(HCEL) e celulose (CEL) de dietas
experimentais fornecidas a ovinos em
crescimento contendo o subproduto da
indústria
processadora
de
acerola.
Complementarmente avaliou-se também os
balanços energético e nitrogenado destas
dietas.
2. MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado na Embrapa
Caprinos, em Sobral, Ceará, zona
fisiográfica do Sertão Cearense, a 3o42’ de
latitude Sul, 40o21’ de longitude Oeste,
altitude de 83 m, no período de 18 de
novembro a quatro de dezembro de 2002.
A região possui clima tipo BShw’,
megatérmico, seco, em que a precipitação
chuvosa (janeiro a junho) apresenta
precipitação média de 888,9 mm,
correspondendo a 92,6% do total médio
anual. A média anual das temperaturas
máxima, média e mínima está em torno de
33,3, 26,6 e 22,0oC, respectivamente, e a
média anual da umidade relativa do ar é de
67,9%.
O subproduto agroindustrial de acerola
(Malpighia glabra, L.) utilizado era
proveniente
da
Empresa
Mossoró
Agroindustrial S.A. (MAISA) localizada
108
em Mossoró – RN. Caracterizava-se por
apresentar cascas e sementes que após
secagem
ao
sol
foram
picados
grosseiramente.
O
capim
elefante
(Pennisetum purpureum) fornecido era
proveniente de capineira existente na
EMBRAPA Caprinos obtido por corte
manual diário a cerca de 15 cm do solo, 57
dias após o plantio. A torta de algodão e o
milho foram obtidos no comércio de Sobral
– Ceará em quantidade suficiente para a
realização de todo o experimento.
Pretendeu-se a inclusão do subproduto de
acerola nos níveis zero, 16, 32 e 49 % a
uma dieta básica composta de capim
elefante, milho e torta de algodão. O nível
máximo foi determinado pelo ajuste das
dietas em função da substituição total do
capim elefante pelo subproduto de acerola
e, ao mesmo tempo, para atenderem aos
requisitos de proteína (14,7%) e de NDT
(72%) prescritos pelo National Research
Council (1985) para cordeiros em
terminação (quatro a sete meses de idade)
com peso vivo de 30kg e ganho de peso de
295g/dia. Houve dificuldade para se atingir
as exigências de energia. Desta maneira,
procurou-se estabelecer um nível de fibra
dietético máximo, idêntico para os quatro
tratamentos, de modo que os níveis de
energia se aproximassem daquele prescrito
pelo National Research Council (1985).
Foram utilizados 20 cordeiros machos e
inteiros com sete meses de idade e peso
vivo médio de 29 kg, escolhidos
aleatoriamente quanto ao tratamento que
participariam.
Os
ovinos
foram
previamente
desverminados e alojados em gaiolas de
metabolismo com bebedouros, comedouros
e saleiros plásticos e dispositivos
apropriados para colheita de urina e fezes.
Estes dispositivos foram constituídos por
baldes de 10 litros colocados sob um tripé
de madeira que servia como apoio a uma
tela com malha de 5 mm de maneira a
permitir um declive para a queda das fezes
sem risco de contaminação da urina que
ficava no balde. As fezes foram colhidas
em recipientes plásticos colocados logo à
frente do tripé com a tela, estando os dois
tipos de recipientes de colheita sob o funil
da gaiola metabólica.
Tabela 1. Composição centesimal e bromatológica das dietas contendo subproduto de
ofertadas a ovinos em base de matéria seca
%MS %PB %NDT1
Tratamentos
Capim
Milho
Torta de
Propostos
Elefante
Algodão
0%
32,45
50,26
17,29
68,14 14,72 66,22
16,33%
20,02
47,53
16,12
76,16 14,72 66,22
32,65%
7,60
44,69
15,06
84,18 14,72 66,22
48,97%
0
36,76
14,27
89,13 14,72 66,22
1
Estimado segundo Cappelle et al. (2001)
O período de adaptação dos animais às
dietas e às gaiolas foi de 10 dias, sendo o
período de colheita (experimental) de sete
dias. Os 20 carneiros foram pesados no
início do período de adaptação. O peso foi
utilizado para o cálculo do consumo em
gramas por unidade de tamanho metabólico
(kg0,75).
As dietas foram divididas em duas refeições
iguais e oferecidas bem misturadas aos
ovinos, às 7:30 h e a outra às 18:30 h,
buscando-se sempre deixar uma sobra
média entre 15 e 20% da matéria seca
oferecida por dia. Água e sal mineralizado
estiveram disponíveis à vontade.
Amostras do alimento oferecido e das
sobras foram retiradas e pesadas
diariamente às sete horas, colocadas em
sacos de papel e levadas à estufa de
ventilação forçada (65o C durante 72 horas).
Posteriormente, foi preparada uma amostra
composta por animal para as sobras e uma
amostra composta dos alimentos fornecidos
nos sete dias de colheita. Foram então
passadas em moinhos de facas com peneira
de malha de 1 mm e estocadas para futuras
análises laboratoriais.
A colheita total de fezes foi feita
diariamente. A produção total teve o peso
registrado e fez-se a reserva de uma
acerola
%FDN
38,80
38,80
38,80
38,80
alíquota de 20 % deste peso. Ao final do
experimento também foi preparada uma
amostra composta por animal que foi
embalada em sacos plásticos individuais e
armazenada a -10o C. No final do
experimento foram descongeladas à
temperatura ambiente por cerca de 14
horas, passadas em peneira de malha
grossa, homogeneizadas e pesadas. Após
isto, foram acondicionadas em bandejas de
alumínio e levadas à estufa de ventilação
forçada (55 a 60o C) para a determinação da
matéria pré-seca. Foram então moídas em
moinho Thomas Myller com peneira de 1
mm e acondicionadas em recipientes
plásticos para futuras análises.
Nos baldes coletores de urina foram
adicionados 100 ml de ácido clorídrico
(HCl 2N) na véspera de cada colheita,
evitando-se assim perdas de nitrogênio por
volatilização. O volume total de líquido foi
pesado retirando-se para cada carneiro uma
alíquota de 20 % do volume total colhido a
cada dia, acondicionada em frascos
plásticos (uma amostra composta por
animal) e imediatamente congelada.
Para as determinações de matéria seca,
matéria orgânica, extrato etéreo e proteína
bruta do material analisado seguiu-se a
metodologia proposta por AOAC (1980). Já
para a quantificação da FDN, FDA,
109
celulose, hemiceluloses e ligninas, utilizouse a metodologia proposta por Van Soest et
al. (1991).
correspondem respectivamente a proteína
bruta, extrato etéreo e carboidratos totais
digestíveis.
As análises laboratoriais foram realizadas
nas dependências dos Laboratórios de
Nutrição Animal da EMBRAPA Caprinos
(Sobral – Ceará), do Departamento de
Zootecnia da Universidade Federal do
Ceará
(Fortaleza
–
Ceará),
do
Departamento de Zootecnia da Escola de
Veterinária da UFMG (Belo Horizonte –
Minas Gerais) e do Centro de Ciências
Agrárias e Biológicas da Universidade
Estadual Vale do Acaraú (Sobral – Ceará).
Para o cálculo do NDT das dietas
experimentais conforme o National
Research Council (2001) foram utilizadas
as seguintes equações:
Para a estimativa de Nutrientes Digestíveis
Totais (NDT) dos alimentos isoladamente
foram utilizadas 2 equações propostas por
Cappelle et al. (2001). Para o milho e a
torta de algodão recorreu-se à seguinte
equação:
PBVD = [1 - (0,4 x (PBIDA/PB))] x PB
para o milho e para a torta de algodão.
NDT = 9,6134 + 0,8294 x DIVMS
(r2=0,98; P<0,01)
Para o subproduto de acerola e capim
elefante a equação utilizada foi:
NDT = 10,43 + 0,8019 x DIVMS (r2=0,89;
P<0,01), onde para ambas:
DIVMS = Digestibilidade in vitro da
matéria seca segundo metodologia proposta
por Tilley e Terry (1963).
Para o cálculo da porcentagem dos
carboidratos totais (CHOT) utilizou-se
equação sugerida por Sniffen et al. (1992):
CHOT (%) = 100 - (%PB + %EE +
%Cinzas), onde CHOT = valor percentual
dos carboidratos totais, PB = valor
percentual da proteína bruta, % Cinzas =
valor percentual de cinzas.
Para o cálculo de NDT das dietas
experimentais utilizou-se a equação NDT =
PBD + 2,25 x EED + CHOTD, utilizada
pelo Sistema de Cornell (Sniffen et al.,
1992), sendo que PBD, EED e CHOTD
110
CNFVD=0,98 x (100 - [(FDN -PBIDN) +
PB + EE + Cinzas])
PBVD = PB x EXP x [-1,2 x (PBIDA/PB)]
para o subproduto de acerola e para o capim
elefante
AGVD = EE - 1.
FDNVD = 0,75 x [(FDN - PBIDN) - L] x
[1 – (L/((FDN - PBIDN) x EXP x 0,667))].
NDT1X (%) = CNFVD + PBVD + (AGVD
x 2,25) + FDNVD - 7, onde: NDT1X =
Nutrientes
Digestíveis
Totais
para
manutenção, CNFVD = Carboidratos Não
Fibrosos Verdadeiramente Digestíveis,
PBVD = Proteína Bruta Verdadeiramente
Digestível, AGVD = Ácidos Graxos
Verdadeiramente Digestíveis, FDNVD =
Fibra
em
Detergente
Neutro
Verdadeiramente Digestível, FDN = Fibra
em Detergente Neutro, EE = Extrato
Etéreo, L = Lignina em Detergente Ácido,
PB = Proteína Bruta, PBIDN = Proteína
Bruta Insolúvel em Detergente Neutro,
PBIDA = Proteína Bruta Insolúvel em
Detergente Ácido.
A determinação dos coeficientes de
digestibilidade de matéria seca, matéria
orgânica, proteína bruta, fibra em
detergente neutro e fibra em detergente
ácido, celulose, hemiceluloses e energia
bruta foi feita a partir da seguinte fórmula:
[(Consumo do nutriente em gramas –
quantidade em gramas do nutriente nas
fezes)/Consumo
gramas]/100.
do
nutriente
em
Obteve-se a Energia Bruta (EB) em
calorímetro adiabático tipo PARR 2081. No
caso da urina, colocou-se cerca de 1 ml de
urina em papel de filtro absorvente para
permitir a sua combustão na bomba
calorimétrica, e feita então a queima de seis
papéis de filtro vazios para referenciação da
produção
de
calor
do
papel
individualmente, servindo de branco.
Utilizando-se a técnica direta de
determinação de energia com bomba
calorimétrica, calculou-se o valor da
energia digestível e energia metabolizável.
Para tanto, mediu-se a energia contida nas
fezes, no alimento oferecido, na sombra do
alimento e na urina.
Para o cálculo da energia metabolizável
utilizou-se a fórmula de Blaxter e
Clapperton (1965) na qual a Energia
Digestível é igual a Energia Ingerida menos
a Energia Bruta excretada nas fezes; a
Energia Metabolizável é igual a Energia
Digestível menos a Energia da Urina mais a
Energia dos Gases. A produção de metano
foi estimada pela seguinte equação: Cm =
0,67 + 0,062D, onde Cm = produção de
metano em kcal/ 100 kcal de energia
consumida e D = digestibilidade aparente
da energia bruta do alimento.
Foram também calculados o balanço de
nitrogênio (nitrogênio ingerido menos as
perdas de nitrogênio nas fezes e na urina),
nitrogênio ingerido (nitrogênio fornecido
menos o nitrogênio das sobras) e
porcentagem de nitrogênio retido em
relação ao nitrogênio ingerido.
O delineamento experimental utilizado foi o
inteiramente ao acaso, com quatro
tratamentos e cinco repetições por
tratamento.
As análises estatísticas foram feitas
mediante o uso do procedimento GLM
(General Linear Models) do SAS
(Statistical Analysis System) (Littel et al.,
1991), por meio do seguinte modelo
estatístico:
Yij = µ + Hj + eij
onde,
Yij = valor referente à observação da
repetição i do tratamento j
µ = média geral
Hj = efeito do tratamento j (j = 1, 2, 3, 4)
eij = erro aleatório associado à observação
As médias foram comparadas utilizando-se
o Teste SNK, em nível de 5% de
probabilidade. Foi também observado o
grau de correlação de Pearson (P<0,05)
entre as variáveis utilizando-se o software
SAEG (Ribeiro Júnior, 2001) para se saber
se a variação de uma delas acompanha
proporcional, direta ou inversamente, a
variação da outra conforme recomendou
Sampaio (2002).
A análise de regressão foi realizada
utilizando-se o software SAEG (Ribeiro
Júnior, 2001) para permitir a estimativa dos
consumos e coeficientes de digestibilidade
em níveis de subproduto de acerola não
testados no ensaio. Foram testados
diferentes modelos matemáticos (lineares,
polinomiais, logarítmicos e exponenciais),
a partir do procedimento Modelos Prédefinidos, para escolha daquele que
apresentasse maior significância e maiores
coeficientes de regressão. Também foi
considerado aquele modelo matemático
que melhor adequacidade apresentou para
o tipo de resposta biológica estudada. As
equações demonstradas neste trabalho
foram assim selecionadas para trazer maior
confiança e melhor aplicabilidade na
previsão de valores de consumo e
digestibilidade.
No caso particular das variáveis nitrogênio
ingerido (g/dia), nitrogênio fecal (g/dia),
nitrogênio urinário (g/dia), balanço de
nitrogênio (g/dia) e nitrogênio retido (%
111
sobre o N ingerido), foi feita a
transformação para arcoseno = raiz
quadrada
de
cada
um
desses
parâmetros/100. De acordo com Sampaio
(2002), grupos experimentais que revelam
variâncias diversificadas, dependendo das
suas respostas médias, apresentando
distribuições
aparentemente
normais,
demandam transformação. As médias
destes parâmetros existentes na Tabela 8
foram, entretanto, das médias de valores
obtidos experimentalmente e não dos
valores
transformados,
empregou-se
apenas as letras de significância estatística
obtidas a partir dos dados transformados.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Pelo ajuste de consumo, em função da
seletividade dos animais, a real inclusão do
subproduto de acerola ficou nos seguintes
níveis: zero, 12, 29 e 43% (Tabela 2). A
partir desta consideração todas as
discussões de resultados levarão em conta
estes níveis de inclusão.
A composição química dos ingredientes das
dietas com base na matéria seca (MS) está
demonstrada na Tabela 3. A composição
química e energia bruta das dietas consta na
Tabela 4.
Tabela 2. Consumo médio diário de matéria seca de subproduto de acerola, capim elefante,
milho e torta de algodão (kg) e, entre parêntesis, a porcentagem (%) de cada um dos alimentos
em função do consumo de matéria seca total (CMST) (kg) das dietas oferecidas a ovinos
Tratamentos
CMST
Subproduto
Capim
Milho
Torta de
de Acerola
Elefante
Algodão
0%
1,505
0,000 (0)
0,319 (21,16)
0,870 (57,83)
0,316 (21,00)
12%
1,759 0,216 (12,28) 0,226 (12,85)
0,979 (55,64)
0,338 (19,23)
29%
1,473 0,425 (28,88)
0,083 (5,62)
0,724 (49,16)
0,241 (16,33)
43%
1,103 0,471 (42,68)
0,000 (0)
0,470 (42,61)
0,162 (14,71)
112
Tabela 3. Composição química (%) e níveis de energia bruta (Mcal/kg) dos ingredientes das
dietas fornecidas durante o experimento com base de matéria seca
Componentes
Subproduto
Capim
Milho
Torta de
de Acerola
Elefante
Algodão
Matéria Seca (%)
82,46
15,08
81,58
84,89
Matéria Orgânica (%)
97,15
89,42
98,60
95,67
Proteína Bruta (%)
17,36
8,99
9,15
27,28
PBVD (%)*
11,08
5,36
8,95
24,31
DIVMS (%)*
45,19
58,79
86,29
49,78
NIDN (%)*
1,52
1,18
1,60
1,27
PBIDN (%)*
9,5
7,38
10,00
7,94
NIDA (%)*
1,04
0,62
0,08
1,19
PBIDA (%)*
6,50
3,88
0,50
7,44
Extrato Etéreo (%)
1,57
1,93
3,87
8,23
AGVD (%)*
0,57
0,93
2,87
7,23
Fibra em Detergente Neutro (%)
74,18
75,06
15,28
54,32
FDNVD (%)*
0,00
34,47
1,05
2,35
Fibra em Detergente Ácido (%)
59,90
42,31
3,78
32,67
Hemiceluloses (%)
14,28
32,75
11,50
21,65
Celulose (%)
39,28
45,56
5,76
28,76
Ligninas (%)
40,83
7,99
1,66
20,88
Cinzas (%)
2,85
10,58
1,40
4,33
Ca (%)
1,26
1,01
0,14
0,42
P (%)
0,03
0,02
0,06
0,10
Carboidratos Totais (%)
78,22
78,50
85,58
60,16
CNFVD (%)*
13,27
10,60
78,69
13,50
Energia Bruta (Mcal/kg)
4,46
3,95
4,37
4,89
NDT (%)*
46,67
57,57
81,18
50,90
*PBVD=Proteína Bruta Verdadeiramente Digestível; NIDN=Nitrogênio Insolúvel em
Detergente Neutro; PBIDN=Proteína Bruta Insolúvel em Detergente Neutro; NIDA=Nitrogênio
Insolúvel em Detergente Ácido; PBIDA=Proteína Bruta Insolúvel em Detergente Ácido;
DIVMS=Digestibilidade in vitro da matéria seca; AGVD=Ácidos Graxos Verdadeiramente
Digestíveis; FDNVD=Fibra em Detergente Neutro Verdadeiramente Digestível;
CNFVD=Carboidratos Não Fibrosos Verdadeiramente Digestíveis; NDT=Nutrientes
Digestíveis Totais
113
Tabela 4. Composição química (%) e energia bruta média (Mcal/kg) das dietas contendo
quantidades crescentes de subproduto de acerola com base de matéria seca
Dietas
Componentes
0
12
29
43
Matéria Seca (%)
68,20
73,78
78,63
82,44
Matéria Orgânica (%)
96,03
96,68
97,18
97,55
Proteína Bruta (%)
12,92
13,62
14,47
15,32
PBVD (%)*
11,41
11,70
11,87
12,12
NIDN (%)*
1,44
1,47
1,50
1,52
PBIDN (%)*
9,01
9,20
9,37
9,48
NIDA (%)*
0,43
0,48
0,57
0,65
PBIDA (%)*
2,67
3,00
3,56
4,08
Extrato Etéreo (%)
4,38
4,18
3,81
3,53
AGVD (%)*
3,37
3,18
2,81
2,53
Fibra em Detergente Neutro (%)
36,13
37,70
42,02
46,16
FDNVD (%)*
8,40
5,47
2,84
0,79
Fibra em Detergente Ácido (%)
18,00
21,18
26,87
31,98
Hemiceluloses (%)
18,13
16,52
15,15
14,18
Celulose (%)
19,01
19,41
21,43
23,45
Ligninas (%)
7,04
10,98
16,47
21,21
Cinzas (%)
3,96
3,32
2,81
2,45
Ca (%)
0,38
0,44
0,56
0,66
P (%)
0,06
0,06
0,06
0,05
Carboidratos Totais (%)
78,74
78,88
78,90
78,70
CNFVD (%)*
50,59
49,37
45,32
41,18
Energia Bruta (Mcal/kg)
4,39
4,43
4,46
4,49
NDT (%)1*
70,52
64,83
66,20
64,63
NDT (%)2*
70,99
66,69
59,35
52,78
1
Determinado conforme Sniffen et al. (1992). 2 Determinado conforme o NRC (1985).
*PBVD=Proteína Bruta Verdadeiramente Digestível; NIDN=Nitrogênio Insolúvel em
Detergente Neutro; PBIDN=Proteína Bruta Insolúvel em Detergente Neutro; NIDA=Nitrogênio
Insolúvel em Detergente Ácido; PBIDA=Proteína Bruta Insolúvel em Detergente Ácido;
AGVD=Ácidos Graxos Verdadeiramente Digestíveis; FDNVD=Fibra em Detergente Neutro
Verdadeiramente Digestível; CNFVD=Carboidratos Não Fibrosos Verdadeiramente Digestíveis;
NDT=Nutrientes Digestíveis Totais
114
Na Tabela 5, observam-se os consumos
médios diários dos diferentes nutrientes
presentes nas dietas experimentais.
Tabela 5. Médias de consumo diário (g/kg0,75, %PV, g/dia) das frações matéria seca, matéria
seca digestível, matéria orgânica, matéria orgânica digestível, proteína bruta proteína bruta
digestível, extrato etéreo e extrato etéreo digestível das dietas contendo quantidades crescentes
de subproduto de acerola fornecidas a ovinos
Frações
Dietas
Coeficientes de
analisadas
0%
12%
29%
43%
Variação (%)
Matéria Seca (g/kg0,75)
111,05a 122,10a 103,50a 79,43b
14,03
Matéria Seca (%PV)
4,83a
5,30a
4,47a
3,44b
13,46
Matéria Seca Digestível (g/kg0,75)
75,09a 74,85a 63,78a 44,96b
15,75
Matéria Seca (g/dia)
1354,9ab 1501,1a 1285,6ab 985,3b
18,48
0,75
a
a
a
a
Matéria Orgânica (g/kg )
103,97 112,99 100,55
95,90
21,35
Matéria Orgânica Digestível (g/kg0,75) 74,81a 75,25a 67,75a 62,89a
21,71
Proteína Bruta (g/kg0,75)
14,96ab 17,44a 15,98ab 13,05b
14,11
Proteína Bruta Digestível (g/kg0,75)
8,39a
9,64a
9,40a
7,78a
17,90
Proteína Bruta (g/dia)
182,72a 214,15a 198,43a 161,89a
18,15
Extrato Etéreo
4,80a
5,01a
3,97b
2,80c
14,94
a
a
a
b
Extrato Etéreo Digestível
3,94
4,05
3,38
2,53
16,82
a
Médias com letras iguais na mesma linha não diferem significativamente pelo teste SNK
(P>0,05)
O tratamento que incluiu 43 % do
subproduto de acerola apresentou o menor
valor (79,43g/kg0,75), sendo inclusive
inferior ao recomendado para cordeiros em
terminação pelo National Research Council
(1985) (101,42 g de MS/UTM/dia). O
consumo de matéria seca digestível também
apresentou menor valor para o tratamento
43%. O consumo de MO e de MO
digestível não diferiram significativamente
entre os tratamentos experimentais.
Provavelmente
por
causa
da
inalterabilidade de composição da matéria
orgânica das dietas experimentais (Tabela
4). Maior consumo de PB foi observado no
tratamento que incluiu 12 % de subproduto
de acerola em relação ao tratamento que
incluiu 43 % de subproduto de acerola.
Vale salientar ainda que no tratamento que
incluiu 43% de subproduto de acerola
também não foi atendido o requisito de
consumo
protéico
dos
animais
experimentais, que deveria ser de 14,93
g/UTM. O consumo de proteína bruta
digestível, entretanto, não apresentou
diferenças
significativas
entre
os
tratamentos experimentais. Este resultado
demonstra que a proteína não foi
indisponibilizada pela complexação com
ligninas. A redução do consumo da matéria
seca resultou como conseqüência na queda
do consumo de proteína bruta no tratamento
43%. É possível que as ligninas tenham
indisponibilizado a porção fibrosa dietética
que normalmente representa grande parte
do consumo de matéria seca de dietas para
ruminantes. Mais adiante o consumo das
frações fibrosas serão discutidos.
Já para o consumo de EE recomenda-se a
inclusão máxima de 12 % do subproduto de
acerola, já que acima disso houve
diminuição do consumo desse nutriente.
Para o consumo de extrato etéreo digestível
os resultados foram mais favoráveis já que
a queda no consumo somente ocorreu no
tratamento 43% de inclusão. O resultado
também leva a crer que a queda no
consumo de matéria seca para o tratamento
115
43% foi provavelmente o responsável por
essa resposta assim como ocorreu com o
consumo de proteína bruta digestível.
De acordo com Forbes (1995), o consumo
de MS (g / UTM) depende dos constituintes
da
parede
celular.
Burgi
(1986)
complementou que a presença de fatores
limitantes como fibra lignificada e
substâncias tóxicas podem indisponibilizar
alguns nutrientes dietéticos. Além da
influência negativa das altas concentrações
de ligninas presentes no subproduto de
acerola, alguns autores como Vasconcelos
et al. (2002) sugeriram o estudo de
compostos fenólicos, como os taninos,
também encontrados em altas proporções
neste subproduto e que podem ser
responsáveis por gostos desagradáveis que
levam a reduções de consumo. Sob este
aspecto faz-se necessário quantificar as
proporções entre taninos solúveis e
condensados e meios de tratamento químico
que poderiam reduzir a influência negativa
destes compostos em função de um melhor
aproveitamento do subproduto de acerola
em dietas para ruminantes.
A análise de regressão indicou respostas
cúbicas de consumo de matéria seca,
proteína bruta e extrato etéreo por unidade
de tamanho metabólico como resposta à
adição de subproduto de acerola, a saber:
CMS = 112,41 + 1,05X - 0,043X2 (R2 =
0,58; P<0,01), onde:
CMS = Consumo de matéria seca/UTM
X = % de inclusão de subproduto de acerola
CMSD= 75,07 + 0,26X - 0,023X2 (R2 =
0,64; P<0,01), onde:
CMSD= Consumo de matéria seca
digestível/UTM
X = % de inclusão de subproduto de acerola
CPB = 15,12 + 0,24X - 0,0069X2 (R2 =
0,39; P<0,05), onde:
CPB = Consumo de proteína bruta/UTM
X = % de inclusão de subproduto de acerola
116
CEE = 4,85 + 0,022X - 0,0017X2 (R2 =
0,70; P<0,001), onde:
CEE = Consumo de extrato etéreo/UTM
X = % de inclusão de subproduto de acerola
É possível que essa resposta quadrática
tenha sido obtida devido a seleção que os
animais tiveram nas dietas. Neste ensaio os
animais tiveram condições de selecionar
outros ingredientes da dieta e neste caso em
particular a seleção foi feita contra o
próprio subproduto e em favor do outro
alimento fibroso. Nota-se pela Tabela 5 que
houve diminuição da ingestão de MS para o
tratamento 43% em relação aos demais,
como substituiu-se o capim elefante pelo
subproduto, é de se supor que este último
foi preterido pelos ovinos em favor do
primeiro.
Houve alta correlação positiva entre o
consumo de matéria seca e o de proteína
bruta (r=0,9226; P<0,0001) e mais ainda
entre o consumo de matéria seca e o de
extrato etéreo (r=0,9764; P<0,0001). A
interpretação das equações mostrou para os
consumos de MS, PB e EE, um
comportamento ascendente a partir do
tratamento que não incluiu o subproduto de
acerola até o nível de inclusão determinado
pela derivação das equações, de onde
passaram a ser descendentes. Resolvendo
dy/dx=0 foram encontrados: o nível 12,21%
como o ideal para haver o maior consumo
de MS (118,82g/UTM), o nível 5,65%
como o ideal para o maior consumo de MS
digestível (75,81g/UTM), o nível 17,39%
como ideal para o maior consumo de PB
(17,2 g/UTM) e o nível 6,47% como ideal
para o maior consumo de EE (4,92
g/UTM). Os resultados das derivações
concordam com a comparação de médias
entre os tratamentos e complementam esses
resultados na medida em que estabelecem
níveis ótimos para o consumo desses
nutrientes.
Não foi demonstrada a equação para o
consumo de matéria orgânica em virtude do
baixo coeficiente de determinação (R2 =
0,09) e por não ser significativo (P>0,05).
Os coeficientes de digestibilidade da
matéria seca, matéria orgânica, proteína
bruta e extrato etéreo encontram-se na
Tabela 6.
Tabela 6 - Médias (%) dos coeficientes de digestibilidade da matéria seca, matéria orgânica,
proteína bruta e extrato etéreo das dietas contendo quantidades crescentes de subproduto de
acerola fornecidas a ovinos
Frações
Dietas
Coeficientes de
Analisadas
0%
12%
29%
43%
Variação (%)
Matéria Seca
67,59a 61,05b 61,58b 56,59c
2,32
Matéria Orgânica
71,96a 66,35b 67,33b 65,67b
2,10
Proteína Bruta
56,33a 54,72a 58,75a 59,62a
7,71
b
b
ab
a
Extrato Etéreo
81,64 80,76 85,18
90,08
4,91
a
Médias com letras iguais na mesma linha não diferem significativamente pelo teste SNK
(P>0,05)
Os coeficientes de digestibilidade da MS e
MO encontrados para o tratamento controle
(0% de inclusão de subproduto de acerola)
foram superiores aos demais coeficientes
dos tratamentos em que foi feita a inclusão
do subproduto (12%, 29% e 43%). Para o
coeficiente de digestibilidade da MS, em
particular, a dieta do tratamento que incluiu
43 % de subproduto apresentou o pior
resultado. Esses resultados demonstram que
a inclusão do subproduto de acerola às
dietas de ovinos reduz a digestibilidade da
MS e MO, portanto, inclusões desse
alimento alternativo em sistemas de
produção de ovinos deve ser vista com
cautela, somente sendo recomendada em
condições de melhor custo: benefício
financeiro ou mesmo escassez de alimentos
tradicionais. Os valores dos coeficientes de
digestibilidade encontrados da matéria seca
foram semelhantes à faixa de valores (28,4
a 78,21%) encontrada por outros autores
que trabalharam com polpa cítrica,
subproduto de uva e subproduto de abacaxi
(Hadjipanayiotou e Louca, 1976; Muller,
1978; Reis, 2000; Rodrigues e Peixoto,
1990).
Não houve diferenças significativas para os
coeficientes de digestibilidade da proteína
bruta. Esse dado sugere que à despeito dos
altos níveis de ligninas encontrados (Tabela
4) para as dietas experimentais e dos
comentários feitos por Vasconcelos et al.
(2002) e Lousada Júnior (2003) sobre a
presença de taninos no subproduto de
acerola, estes provavelmente não exerceram
efeitos de depressão da digestibilidade da
proteína. Os valores aqui encontrados,
entretanto, foram inferiores àqueles
encontrados no Capítulo III, em torno de
65% de digestibilidade, trabalhando com
inclusões crescentes de subproduto de
abacaxi a dietas compostas de capim
elefante, milho e torta de algodão. Van
Soest (1994) destacou, entretanto, que a
proteína bruta exerce pouco efeito direto
sobre o parâmetro digestibilidade.
O tratamento que incluiu 43% de
subproduto
de
acerola
apresentou
coeficiente de digestibilidade do extrato
etéreo, superior ao tratamento que não
incluiu o subproduto de acerola ou que o
incluiu em 12% do total dietético. Uma
possível explicação para isso seria o
comentário de Van Soest (1994) que
associou este tipo de resposta a falhas de
metodologia que podem vir a ocorrer na
determinação deste nutriente, como por
exemplo, a inclusão de ceras e pigmentos
como constituintes lipídicos da dieta,
117
particularmente porque nesse nível houve o
menor percentual de extrato etéreo (Tabela
4).
As análises de regressão para estes
coeficientes de digestibilidade indicaram
alta confiabilidade particularmente para as
digestibilidades da matéria seca e matéria
orgânica. Nenhum dos modelos de
equações de regressão testados apresentou
significância
estatística
para
a
digestibilidade da proteína bruta.
DMS = 66,69 - 0,31X + 0,0021X2 (R2 =
0,75; P<0,01), onde:
DMS = Digestibilidade da matéria seca (%)
X = % de inclusão de subproduto de acerola
DMO = 71,31 - 0,34X + 0,0051X2 (R2 =
0,61; P<0,01), onde:
DMO = Digestibilidade da matéria orgânica
(%)
X = % de inclusão de subproduto de acerola
DEE = 81,4 - 0,09X + 0,007X2 (R2 = 0,49;
P<0,01), onde:
DEE = Digestibilidade do extrato etéreo
(%)
X = % de inclusão de subproduto de acerola
O efeito quadrático descendente das
equações revela que provavelmente ocorreu
a indisponibilização da MS e da MO
dietéticas quando houve a inclusão do
subproduto de acerola. A digestibilidade da
proteína bruta não foi diferente entre os
tratamentos e, por isso a equação não foi
significativa. Esses dados sugerem que
possivelmente o efeito deletério sobre a
digestibilidade desses nutrientes adveio das
frações fibrosas. Mais adiante será discutida
a confirmação ou não desse comentário
(Tabelas 7 e 8).
Houve alta correlação entre os coeficientes
de digestibilidade da matéria seca e da
matéria orgânica (r=0,9138; P<0,0001).
Considerando os valores médios de
118
digestibilidade da MS, da MO e do EE
entre os tratamentos e as equações de
regressão é possível definir que a inclusão
do subproduto de acerola não beneficiou a
qualidade nutritiva das dietas sob esses
parâmetros analisados. Caso seja incluída,
para fins de barateamento dos custos das
dietas para ruminantes, essa inclusão deve
ser feita nos níveis compreendidos entre
6,43 e 33,33% conforme a derivação destas
equações.
Lousada Júnior (2003) comparando os
coeficientes de digestibilidade da matéria
seca dos subprodutos de abacaxi, acerola,
goiaba, maracujá e melão fornecidos
exclusivamente a ovinos, encontrou menor
valor de digestibilidade para os subprodutos
de acerola (22,79%) e de goiaba (30,84%)
em relação aos demais. Este autor destacou
que o subproduto de acerola fornecido
individualmente pode ter levado à
deficiência de fibra efetiva o que pode ter
provocado a elevação na taxa de passagem
da digesta pelo trato gastrointestinal. Um
outro aspecto credenciado pelo autor para
esse aumento da taxa de passagem foi os
altos níveis de ligninas ali existentes. No
capítulo VIII será feita a discussão sobre a
degradabilidade ruminal dos constituintes
fibrosos e nesse momento será possível
verificar a ocorrência ou não desse fato
sugerido.
Maior consumo de FDN foi observado no
tratamento que incluiu 12% de subproduto
de acerola em relação ao tratamento que
incluiu 43% de subproduto. Para o consumo
de FDN digestível o tratamento 43%
apresentou o menor valor a despeito de ter
apresentado o maior consumo de FDN
como porcentagem da matéria seca
ingerida. Os consumos de FDA, de FDA
digestível e celulose por UTM, entretanto,
não diferiram entre os tratamentos, mas o
consumo de celulose digestível foi sempre
inferior em relação ao tratamento controle.
Tabela 7 - Médias de consumo (g/kg0,75, % de peso vivo e % de matéria seca ingerida) das
frações fibrosas e frações fibrosas digestíveis das dietas contendo quantidades crescentes de
subproduto de acerola fornecidas a ovinos
Coeficientes de
Dietas
Frações Analisadas
0%
12%
29%
43% Variação (%)
Fibra Detergente Neutro (g/kg0,75)
54,75ab 60,56a 53,37ab 43,75b
13,83
Fibra Detergente Neutro (% PV)
2,38ab 2,63a 2,31ab 1,89b
13,35
Fibra Detergente Neutro Digestível (g/kg0,75) 32,52a 30,45a 26,54a 20,74b
15,54
c
c
b
a
Fibra Detergente Neutro (% MSI)
49,34 49,57 51,58 55,07
1,89
Fibra Detergente Ácido (g/kg0,75)
22,19a 27,80a 27,72a 26,34a
13,59
Fibra Detergente Ácido (% PV)
0,97a 1,21a 1,20a 1,14a
13,27
0,75
Fibra Detergente Ácido Digestível (g/kg ) 10,29a 10,79a 9,49a 9,47a
22,16
Fibra Detergente Ácido (% MSI)
20,02d 22,77c 26,80b 33,17a
4,82
Hemiceluloses (g/kg0,75)
32,56a 32,76a 25,64b 17,40b
15,00
Hemiceluloses (% PV)
1,42a 1,42a 1,11b 0,75c
14,46
Hemiceluloses Digestíveis (g/kg0,75)*
22,22a 19,66ab 17,04b 11,27c
13,68
Hemiceluloses (% MSI)
29,32a 26,80b 24,78c 21,90d
1,71
Celulose (g/kg0,75)
24,58a 24,68a 22,64a 19,27a
14,60
Celulose (% PV)
1,07a 1,07a 0,98a 0,83a
14,31
0,75
Celulose Digestível (g/kg )*
9,97a 6,67b 6,17b 5,04b
24,53
b
b
b
a
Celulose (% MSI)
22,15 20,22 21,87 24,28
6,27
a
Médias com letras iguais na mesma linha não diferem significativamente pelo teste SNK
(P>0,05)
Para o consumo de FDN (UTM) esse efeito
de queda somente foi detectado com 43%
de inclusão. O consumo de celulose não
variou entre os tratamentos. Isso pode
caracterizar um efeito de indisponibilização
da fibra, particularmente das hemiceluloses
e da celulose resultando em queda do
consumo e da digestibilidade da matéria
seca quando o subproduto de acerola foi
incluído
principalmente
em
altas
concentrações (43%). Por outro lado, o
efeito também pode ter sido da própria
redução das porcentagens de hemiceluloses
quando houve o aumento da inclusão do
subproduto (Tabela 4), todavia, as
concentrações de FDN aumentaram com
inclusão bem como os níveis de FDA e de
ligninas (22,83% na maior inclusão). O
consumo de celulose proporcional ao
consumo de matéria seca também aumentou
entre os tratamentos experimentais com o
aumento da inclusão do subproduto de
acerola (Tabela 7). Este fato indica a ação
das
ligninas
também
sobre
indisponibilização da fibra dietética.
a
A seguir são apresentadas as equações de
regressão para os consumos das frações
fibrosas:
CFDN = 55,37 + 0,53X - 0,019X2 (R2 =
0,44; P<0,01), onde:
CFDN = Consumo de FDN em g/UTM
X = Nível de inclusão do subproduto de
acerola (%)
CFDND = 32,41 - 0,086X - 0,0043X2 (R2 =
0,58; P<0,01), onde:
CFDND = Consumo de FDN Digestível em
g/UTM
X = Nível de inclusão do subproduto de
acerola (%)
CFDA = 22,54 + 0,47X - 0,009X2 (R2 =
0,32; P<0,05), onde:
CFDA = Consumo de FDA em g/UTM
119
X = Nível de inclusão do subproduto de
acerola (%)
CHCEL = 32,83 + 0,065X - 0,01X2 (R2 =
0,74; P<0,01), onde:
CHCEL = Consumo de HCEL em g/UTM
X = Nível de inclusão do subproduto de
acerola (%)
CHCELD = 21,94 - 0,083X - 0,0038X2 (R2
= 0,77; P<0,01), onde:
CFDN = Consumo de FDN em g/UTM
X = Nível de inclusão do subproduto de
acerola (%)
CCEL = 24,59 + 0,056X - 0,0043X2 (R2 =
0,35; P<0,05), onde:
CCEL = Consumo de CEL em g/UTM
X = Nível de inclusão do subproduto de
acerola (%)
Resolvendo dy/dx=0 para estas equações
foram encontrados níveis ótimos de
inclusão do subproduto de acerola
compreendidos entre 3,25 e 26,11%.
Quanto às digestibilidades da FDN, FDA e
CEL houve superioridade do tratamento
controle (0% de inclusão do subproduto de
acerola) sobre os demais tratamentos
(Tabela 8).
Tabela 8 - Médias (%) dos coeficientes de digestibilidade das frações fibrosas das dietas
contendo quantidades crescentes de subproduto de acerola fornecidas a ovinos
Frações
Dietas
Coeficientes de
Analisadas
0%
12%
29%
43%
Variação (%)
Fibra Detergente Neutro 59,67a 49,95b 49,60b 47,58b
5,54
Fibra Detergente Ácido 46,76a 37,98b 34,04b 36,14b
13,06
Hemiceluloses
68,52a 60,06b 66,39a 64,91a
4,56
Celulose
40,29a 26,67b 27,22b 26,25b
14,44
a
Médias com letras iguais na mesma linha não diferem significativamente pelo teste SNK
(P>0,05).
Os coeficientes de digestibilidade da
celulose para os tratamentos que incluíram
subproduto de acerola ficaram entre 26 e
27%, muito inferiores ao valor encontrado
para o tratamento controle (40,29 %). No
Capítulo III foram encontrados para as
dietas que incluíram o subproduto de
abacaxi, coeficientes de digestibilidade da
celulose muito superiores a estes (51 a
58%). A provável formação de complexos
lignocelulósicos pode ter levado à queda da
digestibilidade desta importante fração
fibrosa em dietas para ruminantes. O
coeficiente
de
digestibilidade
das
hemiceluloses da dieta que incluiu 12% de
subproduto de acerola foi inferior aos
demais coeficientes dos outros tratamentos.
Estudos de microscopia especialmente das
porções fibrosas da dieta poderiam trazer
resultados bem mais efetivos de interações
120
existentes entre os carboidratos estruturais
(lignina, celulose, hemiceluloses) e
digestibilidade.
Dentre as equações representantes das
frações fibrosas dietéticas destacaram-se as
seguintes quanto aos maiores coeficientes
de determinação e por terem apresentado
significância estatística:
DFDN = 58,82 - 0,68X + 0,01X2 (R2=0,69;
P<0,01), onde:
DFDN = Digestibilidade da FDN (%)
X = Nível de inclusão do subproduto de
acerola (%)
DFDA = 46,65 - 0,86X + 0,015X2
(R2=0,53; P<0,01), onde:
DFDA = Digestibilidade da FDA (%)
X = Nível de inclusão do subproduto de
acerola (%)
DCEL = 39,11 - 0,98X + 0,016X2
(R2=0,61; P<0,01), onde:
DCEL = Digestibilidade da CEL (%)
X = Nível de inclusão do subproduto de
acerola (%)
A exemplo do que aconteceu com as
equações
encontradas
para
as
digestibilidades da matéria seca e da
matéria
orgânica,
as
curvas
de
digestibilidade da FDN e celulose também
tiveram tipo de resposta semelhante, isso
porque a FDN teve grande participação na
composição total das dietas. Houve
superioridade de digestibilidades quando
não se incluiu nas dietas o subproduto de
acerola e a partir de então houve queda das
digestibilidades. De acordo com Forbes
(1995), a digestibilidade é produto do
tempo de retenção ruminal e das
características de degradação dos alimentos
em estudo. Os consumos de hemiceluloses
em g/UTM foram menores nos tratamentos
que incluíram o subproduto de acerola em
29 e 43% do total dietético provavelmente
em função do maior tempo de retenção
ruminal que pode ter favorecido a ação dos
microrganismos
ruminais
sobre
as
hemiceluloses existentes no substrato
alimentar. Estudos complementares de
degradação dos diferentes nutrientes,
particularmente das frações fibrosas, ainda
são
requeridos
para
o
melhor
esclarecimento da interação existente entre
os nutrientes dietéticos e a digestibilidade.
Estes comentários serão feitos no Capítulo
VIII.
A seguir, será feita a comparação das
médias de consumo de energias bruta,
digestível e metabolizável para avaliação do
balanço energético dos ovinos. Esses
consumos serão discutidos juntamente com
a digestibilidade da energia bruta e os
teores de energia digestível e metabolizável
por quilo de matéria seca ingerida (kcal)
(Tabela 9).
Tabela 9 - Médias de consumo de energia bruta (EB), digestível (ED) e metabolizável (EM) em
relação à unidade de tamanho metabólico dos ovinos (kcal/kg0,75), coeficientes de
digestibilidade aparente da energia bruta, balanço energético e teores de ED (TED) e de EM
(TEM) por quilo de matéria seca ingerida (kcal) das dietas contendo quantidades crescentes de
subproduto de acerola fornecidas a ovinos
Frações
Dietas
Coeficientes de
Analisadas
0%
12%
29%
43%
Variação (%)
Consumo de EB
484,47a 538,27a 460,71a 358,19b
14,02
Consumo de ED
328,81a 334,75a 288,96ab 226,27b
16,13
Consumo de EM
280,46a 286,80a 212,75ab 165,89b
27,01
a
b
b
b
Coeficientes de digestibilidade (%)
67,85
61,98
62,55
62,73
3,63
Balanço energético
3,51a
3,56a
2,62ab
1,93b
30,44
TED/kg MS
2955,9a 2730,4b 2784,5ab 2854,8ab
4,20
TEM/kg MS
2499,7a 2298,7a 2061,5a 2122,5a
19,04
a
Médias com letras iguais na mesma linha não diferem significativamente pelo teste SNK
(P>0,05).
O consumo de EB foi menor no tratamento
que incluiu 43% de subproduto de acerola,
já para os consumos de energia digestível e
metabolizável o tratamento 43% de
inclusão de subproduto apresentou-se com
menor valor aos encontrados para os
tratamentos que incluíram zero e 12% de
subproduto. O tratamento que incluiu 29%
de subproduto, apresentou valores de
consumo dessas frações intermediário e
121
semelhantes aos demais tratamentos. Os
coeficientes de digestibilidade para todas as
dietas que incluíram o subproduto de
acerola foram inferiores (P<0,05) àquela
sem subproduto. Os balanços energéticos
foram positivos em todos os tratamentos,
entretanto, foi observada a superioridade de
valores para inclusões de zero e 12% de
inclusão em relação à 43%. Com 29% de
inclusão observou-se equivalência desse
com os demais tratamentos, pois ficou com
valores intermediários.
O teor de energia metabolizável por quilo
de matéria seca ingerida não diferiu entre as
dietas, entretanto, o teor de energia
digestível/kg MS foi superior para a dieta
controle em relação à dieta com 12% de
subproduto de acerola e semelhante aos
demais.
Serão
demonstradas
as
equações
correspondentes à digestibilidade da
energia bruta (DEB) e consumo de energia
metabolizável (CEM) em relação aos níveis
de inclusão de subproduto de acerola (X).
DEB = 67,34 - 0,43X + 0,0078X2 (R2=0,48;
P<0,01)
CEM = 286,15 - 0,33X - 0,061X2 (R2=0,42;
P<0,05)
Resolvendo dy/dx=0 para estas equações
são encontrados o nível 27,56% como o que
apresentou menor digestibilidade da energia
bruta e o nível 2,71% como o que
representa o maior consumo de energia
metabolizável o que representa um
consumo médio diário de energia
metabolizável por UTM de 230,72 kcal e
284,81 kcal, respectivamente.
Os valores médios do balanço de nitrogênio
para os quatro tratamentos constam na
Tabela 10.
Tabela 10 - Balanço de nitrogênio comparado nas diferentes dietas contendo quantidades
crescentes de subproduto de acerola fornecidas a ovinos
Frações
Dietas
Coeficientes
de
Analisadas
0%
12%
29%
43%
Variação (%)
Nitrogênio ingerido (g/dia)
29,24a 34,27a
31,75a
25,90a
10,08
ab
a
ab
Nitrogênio fecal (g/dia)
12,83
15,30
13,04
10,45b
9,24
Nitrogênio urinário (g/dia)
4,61a
2,33b
5,95a
2,38b
21,58
Balanço de nitrogênio (g/dia)
11,80a 16,64a
12,77a
13,07a
16,15
Nitrogênio retido (% sobre o N
40,32a 47,33a
39,75a
50,40a
11,02
ingerido)
a
Médias com letras iguais na mesma linha não diferem significativamente pelo teste SNK
(P>0,05).
Mesmo com a transformação angular
realizada, não houve diferenças estatísticas
entre os tratamentos para a porcentagem de
nitrogênio retido e nitrogênio ingerido,
entretanto, houve maior perda de nitrogênio
fecal no tratamento 12% em relação ao 49%
e semelhança com os demais. Em se
tratando de nitrogênio urinário, no
tratamento que incluiu 29% de subproduto
de acerola em relação aos tratamentos que
122
incluíram 12 e 43% do subproduto houve
maior perda. Não houve diferenças
estatísticas também para os balanços
nitrogenados.
O estudo das fontes protéicas dietéticas é
fundamental e pode favorecer a oferta de
alimentos para ruminantes (Dhiman e
Satter, 1993), pois a disponibilidade de
nitrogênio nas dietas dos sistemas de
produção
comercial
de
ruminantes
normalmente é baixa (Merkel et al., 1999).
A eficiência de utilização da energia e
proteína presentes em dietas para
ruminantes depende da relação existente
entre eles. O incremento da proteína
dietética traz benefícios ao consumo
alimentar provavelmente porque melhora a
efetividade dos processos digestivos e de
fermentação microbiana como resultado da
maior incorporação de aminoácidos ao
metabolismo animal (Garnsworthy e Cole,
1990 citados por Bruckental et al., 2000).
4. CONCLUSÕES
Apesar
dos
balanços
nitrogenados
positivos, a inclusão do subproduto de
acerola reduziu o consumo de MS.
Os níveis recomendados para uso em
situações emergenciais seriam de oito a
14% do total de dietas para ovinos.
Mais pesquisas são necessárias para avaliar
o efeito de taninos sobre o consumo dos
diferentes nutrientes testados nesse
experimento. Estudos posteriores que
avaliem a microscopia dos constituintes
fibrosos dietéticos existentes em dietas em
que o subproduto de acerola esteja incluso,
ainda são necessários.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Capítulo VII - EXPERIMENTO 5
Valor nutritivo do subproduto da indústria processadora de acerola (Malpighia glabra) em
dietas para ovinos. 2. Dinâmica da fermentação ruminal e cinética sangüínea
RESUMO
O presente estudo foi conduzido com o objetivo de avaliar a influência da inclusão do
subproduto do processamento de acerola (Malpighia glabra L.) sobre a concentração de
nitrogênio amoniacal (N-NH3) em mg/100 ml, pH e concentrações molares de ácidos graxos
voláteis (AGVs) do líquido ruminal, assim como os níveis séricos de albumina (ALB),
creatinina (CRE), uréia (UR) e proteínas totais (PT) em ovinos que receberam dietas
experimentais isofibrosas e isoprotéicas contendo o subproduto em níveis crescentes. Vinte
ovinos machos, inteiros foram distribuídos em quatro tratamentos de inclusão percentual do
subproduto de acerola (zero; 12%; 29%; 43%), segundo delineamento em blocos ao acaso, em
esquema de parcelas subdivididas, tendo nas parcelas as dietas e nas sub-parcelas os tempos de
colheita (zero, duas, cinco, oito horas pós-prandial) com cinco repetições. A concentração de NNH3 no rume foi superior (P<0,05) na dieta controle em relação à dieta com 12% de subproduto
e semelhante às demais na 2a e 8a hora pós-prandial. Para a 5a hora pós-prandial, as dietas que
incluíram subproduto de acerola apresentaram menores concentrações de N-NH3 em relação à
dieta controle. Embora a relação acetato: propionato não tenha diferido entre os tratamentos, o
tratamento que incluiu maior quantidade de subproduto revelou maior concentração de acetato e
menor concentração de propionato na 2a e 5a hora pós-prandial . Ressalte-se, entretanto, que a
inclusão do subproduto em qualquer um dos níveis testados pode levar à diminuição da
disponibilidade de energia ao ruminante, na medida em que a produção de AGV total diminuiu
com a inclusão do subproduto.
Palavras-chave: Acerola, amônia, frutas, ovinos, pH, ruminantes
1. INTRODUÇÃO
O Cornell Net Carbohydrate and Protein
System citado por Russell et al. (1992)
dividiu o ecossistema microbiano ruminal
em dois grupos: microrganismos que
fermentam carboidratos não estruturais
(CNE) e aqueles que fermentam
carboidratos estruturais (CE). Esta divisão
refere-se às diferenças na utilização de
nitrogênio (N) e eficiência de crescimento,
assim como uma quase exclusiva partição
de utilização de fonte energética. As
bactérias fermentadoras de CE usam
somente amônia como fonte de N e não
fermentam peptídeos ou aminoácidos. As
bactérias fermentadoras de CNE (amido,
pectina, açúcares etc.) usam ou amônia ou
peptídeo e aminoácidos como fonte de N e
podem produzir amônia.
produção de amônia excede a taxa de
utilização. Quando há excessiva produção e
absorção de amônia há um aumento na
excreção de N e no custo de energia para a
síntese de uréia.
A degradação dos carboidratos leva à
produção de ácidos graxos voláteis. Os
ácidos acético, propiônico e butírico são as
formas predominantes e constituem a maior
fonte de energia para os ruminantes
fornecendo em torno de 70 a 80% das
exigências totais de energia a esses animais.
Os principais substratos para essa
fermentação são carboidratos complexos
originários de células vegetais, e estes,
consistem principalmente em celulose,
hemiceluloses, pectinas, amidos, dextrinas e
carboidratos
solúveis
(mono
e
dissacarídeos).
Os microrganismos ruminais podem utilizar
amônia, mas em muitos casos a taxa de
125
As ligninas, apesar de não serem
consideradas carboidratos, são encontradas
em estreita associação com os carboidratos
da parede celular de modo a formar uma
camada de revestimento protetora da
estrutura celulose-hemiceluloses da célula,
durante o crescimento da planta, e
aparentemente a protege de ataques
bacterianos no rume e intestinos dos
ruminantes. A quantidade total de ligninas
na planta e seu sítio de deposição
interferem,
entretanto,
sobre
a
digestibilidade e valor nutritivo das
forragens. Primeiramente, porque as
ligninas são indigeríveis e, ao revestir a
célula, não permitem o ataque enzimático
ao seu conteúdo e porque ao se combinarem
quimicamente com outros nutrientes, os
tornam indisponíveis.
O subproduto de acerola caracteriza-se
principalmente por apresentar alto conteúdo
de fibras, o que lhe confere a participação
no grupo de fontes de fibras não
forrageiras. A existência de compostos
fenólicos (Lousada Júnior, 2003) pode
reduzir a digestibilidade de carboidratos e
proteínas e/ou a disponibilidade de
determinados minerais.
O presente trabalho teve como objetivo
avaliar os níveis séricos de albumina,
creatinina, proteínas totais e uréia, bem
como, a disponibilidade de nitrogênio
amoniacal, concentrações de ácidos graxos
voláteis e pH do líquido ruminal de ovinos
em terminação, que receberam dieta
composta de capim elefante, milho, torta de
algodão e níveis crescentes de subproduto
de acerola.
2. MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado na sede da
EMBRAPA Caprinos em Sobral - CE.
Foram utilizados 20 cordeiros machos e
inteiros com sete meses de idade e peso
vivo médio de 29 kg. Os tratamentos
consistiram de subproduto agroindustrial de
acerola composto basicamente de cascas e
sementes, secas ao sol, em níveis crescentes
(zero, 12, 29 e 43 %), em relação a dietas
compostas de capim elefante in natura,
126
milho e torta de algodão. O nível máximo
foi determinado pelo ajuste das dietas em
função da substituição total do capim
elefante pelo subproduto de acerola e, ao
mesmo tempo, para atenderem aos
requisitos de proteína bruta (14,7%) e de
NDT (72%) prescritos pelo National
Research Council (1985) para cordeiros em
terminação (quatro a sete meses de idade)
com peso vivo de 30kg e ganho de peso de
295g/dia. Houve dificuldades para, com os
alimentos utilizados, se atingir o
requerimento de energia. Desta maneira,
procurou-se estabelecer um nível de fibra
dietético máximo, idêntico para os quatro
tratamentos, de modo que os níveis de
energia se aproximassem daquele prescrito
pelo National Research Council (1985).
Os ovinos utilizados foram pesados no
início do experimento e alojados em gaiolas
metabólicas. O período de adaptação dos
animais às dietas e às gaiolas foi de 17 dias,
logo ao final desse, realizou-se a colheita de
sangue, por punção da veia jugular, para as
determinações dos níveis séricos de
albumina, creatinina, proteínas totais e uréia
e também colheu-se o líquido ruminal por
meio de sonda esofágica para as
mensurações de N-NH3, ácidos graxos
voláteis e pH ruminais em quatro tempos
pré-estabelecidos (zero hora ou antes do
fornecimento da dieta, 2h, 5h e 8h pósprandial).
As dietas foram fornecidas às sete horas em
uma única vez. Água e sal mineralizado
estiveram disponíveis à vontade. O pH foi
medido em potenciômetro imediatamente
após a colheita do líquido ruminal,
enquanto as amostras de aproximadamente
50 ml de líquido ruminal foram acidificadas
em 1 ml de ácido sulfúrico 1:1 e guardadas
a -5oC para futuras análises de N-NH3. Em
alíquota de 4 ml de líquido ruminal foi
adicionado 1 ml de ácido metafosfórico a
25% para serem analisados os níveis de
ácidos graxos voláteis. As análises de NNH3 e AGVs foram realizadas nas
dependências do Laboratório de Nutrição
Animal da Escola de Veterinária da UFMG.
O nitrogênio amoniacal no líquido ruminal
foi determinado por destilação com óxido
de magnésio, usando-se ácido bórico com
indicador misto de cor como solução
receptora (vermelho de metila + verde de
bromocresol) e titulando-se com HCl
0,01N. Os ácidos graxos voláteis foram
quantificados usando-se cromatógrafo de
fase gasosa SHIMADZU®, modelo GC17A dotado de coluna capilar metil-silicone
(CBP1 m25-025).
As dosagens de albumina, creatinina,
nitrogênio uréico e proteínas totais foram
realizadas a partir da utilização de kits
Bioclin®. Essas análises também foram
realizadas nas dependências do Laboratório
de Nutrição Animal da Escola de
Veterinária da UFMG.
Os parâmetros foram analisados para cada
tratamento experimental através de um
delineamento em blocos ao acaso em um
esquema de parcelas subdivididas, tendo
nas parcelas as dietas e nas sub-parcelas os
tempos de colheita (zero, 2, 5, 8h pósprandial) com cinco repetições, segundo o
seguinte modelo estatístico:
Yijk = µ + Fj + Tk + FTjk + eijk
onde,
Yijk = valor referente à observação da
repetição i no tratamento j e no tempo de
colheita k
µ = média geral
Fj = efeito do tratamento j (j = zero, 12%,
29%, 43%)
Tk = efeito do tempo de colheita k (k =
zero, 2, 5, 8)
FTjk = interação dos efeitos do tratamento j
com o tempo de colheita k
eijk = erro aleatório associado à observação
As médias foram comparadas pelo teste
SNK (P<0,05) empregando-se o software
SAEG versão 8.0 (Ribeiro Júnior, 2001).
No caso particular dos dados de nitrogênio
amoniacal, houve perda de sete subparcelas.
As análises estatísticas desses dados foram
então realizadas mediante o uso do
procedimento GLM (General Linear
Models) do SAS para dados desbalanceados
(Statistical Analysis System) (Littel et al.,
1991), sendo realizada a comparação de
médias pelo teste t (P<0,05) através de
estimativa das médias de parcelas e
subparcelas que seriam esperadas caso os
dados fossem balanceados, conforme
definição do LSMEANS (Least Squares
Means) (Littel et al., 1991).
A análise de regressão foi realizada
utilizando-se o software SAEG (Ribeiro
Júnior, 2001) para permitir a estimativa dos
parâmetros analisados para cada nível de
subproduto de acerola testado em função
dos tempos de colheita. Testou-se
diferentes
modelos
a
partir
do
procedimento Modelos Pré-definidos, para
escolha daquele que apresentasse maior
significância e maiores coeficientes de
determinação. Também foi considerado
aquele modelo matemático que melhor
adequacidade apresentou para o tipo de
resposta biológica estudada.
No caso particular das concentrações
séricas de uréia e creatinina (mg/ 100 ml de
soro sangüíneo), foi feita a transformação
para
arcoseno
(ARSEN
(RAIZ
(VAR/100))). De acordo com Sampaio
(2002), grupos experimentais que revelam
variâncias diversificadas, dependendo das
respostas
médias,
apresentando
distribuições
aparentemente
normais,
demandam transformação. As médias
destes parâmetros existentes nas Tabelas 6
e 7, entretanto, para melhor visualização
das respostas e facilitar comparações com a
literatura, foram aquelas provenientes dos
valores obtidos experimentalmente e não
dos valores transformados, considerandose apenas o grau de significância dos testes
de médias.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1. Efeito das dietas e dos tempos de
colheita sobre as concentrações de
nitrogênio amoniacal no rume de ovinos
Os resultados dos níveis de nitrogênio
amoniacal (N-NH3) encontram-se na Tabela
1.
127
Tabela 1. Concentração de nitrogênio amoniacal (mg/ 100 ml) no líquido ruminal de ovinos
consumindo dietas contendo distintas quantidades de subproduto de acerola1 em vários horários
pós-prandial
Dietas
Horário (h)2
Médias
0%3
12%3
29%3
43%3
0
4,59Ca
3,97Ba
5,58Ba
5,58Ba
4,93B
Aa
Ab
Aab
Aab
2
14,40
10,73
12,87
12,59
12,64A
5
7,45Ba
2,11Bc
5,09Bb
4,59Bb
4,81B
BCa
Bb
Ba
Bab
8
6,45
2,73
6,21
4,84
5,06B
a
c
ab
b
Médias
8,22
4,89
7,44
6,90
1
Percentagem de inclusão do subproduto de acerola nas dietas
Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (t)
3
Letras minúsculas iguais na mesma linha indicam semelhança estatística a 5% (t)
CV = 26,40%
2
A interação tempo de colheita versus
tratamento experimental foi significativa
(P<0,05). Analisando a tabela, verifica-se
que às duas horas após o fornecimento
alimentar houve a maior concentração de
nitrogênio amoniacal no líquido ruminal em
todas as dietas. Neste horário, o tratamento
controle foi superior à dieta que incluiu
12% de subproduto de acerola (P<0,05),
entretanto, foi semelhante aos demais. No
jejum não houve diferenças entre as dietas.
Na quinta hora pós-prandial o tratamento
controle apresentou a maior concentração
de N-NH3 em relação aos demais e na
oitava hora pós-prandial as dietas controle e
com 29% de subproduto de acerola
mostraram-se com superioridade de valores
em relação à dieta com 12% de subproduto
e todos foram semelhantes ao nível máximo
de inclusão.
As concentrações de N-NH3 obtidas com as
dietas experimentais estiveram, todavia,
sempre aquém dos níveis de 23,5 mg/100
ml, considerados ótimos por Mehrez et al.
(1977), para que se obtivesse condições de
se atingir a máxima fermentação
microbiana em ruminantes em produção.
Esta constatação servirá de base para
relacionar a eficiência de produção de
proteína microbiana em base de
disponibilidade de AGVs disponíveis para a
produção de energia em forma de ATP.
3.2. Equações de predição da concentração
de nitrogênio amoniacal no líquido ruminal
128
de ovinos em função do tempo de colheita
conforme os tratamentos experimentais
Pela análise de regressão realizada, foram
encontradas
as
seguintes
equações
conforme a significância estatística
(P<0,05) e maiores coeficientes de
determinação (superiores a 45%).
3.2.1. Dieta com 0% de subproduto de
acerola
N-NH3 = 4,59 + 10,01X - 3,00X2 + 0,22X3
(R2 = 0,77; P<0,0001), onde:
N-NH3 = concentração de nitrogênio
amoniacal em mg / 100 ml de líquido
ruminal;
X = tempo de colheita do líquido ruminal
(horas)
3.2.2. Dieta com 12% de subproduto de
acerola
N-NH3 = 3,97 + 7,65X - 2,65X2 + 0,21X3
(R2 = 0,80; P<0,0001), onde:
N-NH3 = concentração de nitrogênio
amoniacal em mg / 100 ml de líquido
ruminal;
X = tempo de colheita do líquido ruminal
(horas)
3.2.3. Dieta com 29% de subproduto de
acerola
N-NH3 = 5,58 + 7,8X - 2,61X2 + 0,21X3 (R2
= 0,71; P<0,0001), onde:
N-NH3 = concentração de nitrogênio
amoniacal em mg / 100 ml de líquido
ruminal;
A Figura 1, a seguir, permite um melhor
acompanhamento e visualização dos dados
experimentais ao longo dos períodos de
colheita do líquido ruminal.
X = tempo de colheita do líquido ruminal
(horas)
Concentrações de N-NH3 (mg/ 100 ml)
16
14
12
10
0%
8
12%
6
29%
4
2
0
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Tempo de colheita (h)
Figura 1. Concentração de nitrogênio amoniacal em função do tempo de colheita do líquido
ruminal
Pelo gráfico é possível perceber que, dentre
os tratamentos demonstrados, o tratamento
controle foi aquele que apresentou maior
pico de produção de N-NH3 no líquido
ruminal em torno das duas horas após a
alimentação. Em seguida apresentaram
maiores picos de produção nesse período, o
tratamento 29% e, depois, o tratamento
12%.
Rodriguez
(1986)
destacou,
entretanto, que é de suma importância para
a otimização da síntese de proteína
microbiana
ruminal,
minimizar
a
necessidade de proteína dietética não
degradável, que é geralmente cara. Para
isso, segundo esse autor, o fator mais
importante, além de N solúvel e uma certa
quantidade de aminoácidos pré-formados, é
a quantidade disponível de matéria orgânica
(MO) fermentável para os microrganismos
ou, em outras palavras, a disponibilidade de
energia. No Capítulo VIII serão feitos
comentários sobre a degradabilidade da
proteína no rúmen que servirão para um
melhor aprofundamento desses comentários
a partir das dietas experimentais fornecidas.
3.3. Equação de predição da concentração
de nitrogênio amoniacal no líquido ruminal
de ovinos em função do nível de inclusão
do subproduto de acerola
Dentre as equações que correlacionaram a
concentração de nitrogênio amoniacal e os
tratamentos experimentais destacou-se em
termos de significância e coeficiente de
determinação a equação preparada para o
tempo cinco (cinco horas após o
fornecimento alimentar):
3.3.1. Tempo de colheita cinco horas pósprandial
N-NH3 = 7,45 - 0,93X + 0,049X2 0,00066X3 (R2=0,57; P<0,01), onde:
N-NH3 = concentração de nitrogênio
amoniacal no tempo 5
X = % de inclusão do subproduto de
acerola
Resolvendo dy/dx=0 para essa equação,
destaca-se o nível 36,7% de inclusão de
subproduto de acerola como aquele que
apresentou maior concentração de N-NH3
no líquido ruminal. O nível 12,8% de
inclusão de subproduto apresentou a menor
concentração. A interpretação desses
resultado requer comentários acerca dos
129
níveis de AGVs produzidos nesse nível de
inclusão e das perdas de nitrogênio na urina
e fezes apresentados no capítulo anterior.
Pela análise de variância realizada para as
perdas de nitrogênio na urina e nas fezes,
foi encontrado que tanto o tratamento que
incluiu 12% de subproduto de acerola
quanto àquele que incluiu 43% de
subproduto, foram encontradas as menores
perdas de nitrogênio na urina, entretanto, a
dieta que incluiu 12% de subproduto teve
maiores perdas de nitrogênio nas fezes em
relação àquela com 43% de inclusão. Vale
ressaltar, entretanto, que tanto as perdas de
nitrogênio urinárias quanto as fecais para
esses dois níveis de inclusão de subproduto
de acerola foram semelhantes aos níveis
encontrados para o tratamento que não
incluiu o subproduto. A causa, portanto,
para os menores valores nos tratamentos 12
e 43% em relação ao tratamento controle
parece ter sido a maior eficiência de
aproveitamento da amônia ruminal para a
síntese protéica microbiana. Estudos que
avaliem essa síntese serão importantes para
a confirmação ou não deste comentário.
Bhatta et al. (2001), trabalhando com
inclusões em níveis crescentes de cascas de
sementes de tamarindo, destacaram que
fontes naturais de taninos podem ser
utilizadas inclusive para beneficiar a
manipulação ruminal, na medida em que
dependendo da fonte de carboidratos, pode
haver um aumento da síntese de proteína
microbiana que efetivamente é absorvida
em nível de intestino, o que diminui as
perdas de nitrogênio na urina e fezes.
No Capítulo IV discutiu-se a concentração
de N-NH3 de ovinos alimentados com
dietas contendo subproduto de abacaxi.
Níveis de inclusão de subproduto de
abacaxi compreendidos entre 12 e 29%
apresentaram maiores concentrações de NNH3. Para o subproduto de acerola, a sua
não inclusão representou as maiores
concentrações. Sob esse aspecto é possível
inferir a provável interferência das ligninas
e outros compostos polifenólicos presentes,
estes últimos referidos por Vasconcelos et
al. (2002) e Lousada Júnior (2003), como
130
possíveis causadores de efeitos tóxicos e/ou
antinutricionais.
De
acordo
com
McSweeney et al. (2001), os complexos
taninos-proteínas dietéticas podem reduzir
o suprimento de nitrogênio para o animal na
medida em que principalmente os taninos
condensados reduzem a disponibilidade de
nitrogênio
para
os
microrganismos
ruminais. Vários autores tais como Osawa
et al. (1993), Nemoto et al. (1995) e
McSweeney et al. (2001) comentaram que a
maior parte das bactérias anaeróbicas é
capaz de dissociar complexos proteínastaninos hidrolisáveis, entretanto, é incapaz
de dissociar complexos proteínas-taninos
condensados. Segundo McSweeney et al.
(2001),
microrganismos
anaeróbicos
capazes de degradar complexos proteínastaninos condensados ainda não foram
identificados e podem não ocorrer na
natureza. Mais pesquisas são necessárias
para
identificar
a
habilidade
de
microrganismos gastrointestinais capazes
de metabolizar estes compostos e seus
efeitos sobre as populações microbianas.
3.4. Efeito das dietas e dos tempos de
colheita sobre os valores de pH ruminal
dos ovinos
Os resultados de medições
encontram-se na Tabela 2.
de
pH
A interação tempo versus dietas
experimentais foi significativa (P<0,05),
particularmente porque o tratamento
controle apresentou diminuição dos valores
de pH após o fornecimento alimentar.
Resposta que não foi observada para os
demais tratamentos. No tempo dois, o
tratamento 29% apresentou superioridade
de pH em relação ao tratamento controle e
foi idêntico aos tratamentos 12 e 43% de
inclusão e estes semelhantes ao tratamento
controle. No tempo cinco, todos os
tratamentos que incluíram o subproduto de
acerola apresentaram valores mais altos que
o tratamento controle. Para o jejum e para a
oitava hora pós-prandial não houve
diferenças entre as dietas experimentais.
Tabela 2. Valores de pH do líquido ruminal de ovinos consumindo dietas contendo distintas
quantidades de subproduto de acerola1 em vários horários pós-prandial
Dietas
Horário (h)2
Médias
0%3
12%3
29%3
43%3
0
6,85Aa
6,81Aa
6,70Aa
6,87Aa
6,81A
Bb
Aab
Aa
Aab
2
6,47
6,66
6,89
6,73
6,69AB
Bb
Aa
Aa
Aa
5
6,26
6,54
6,63
6,61
6,51C
8
6,51Ba
6,61Aa
6,66Aa
6,68Aa
6,62BC
b
a
a
a
Médias
6,52
6,66
6,72
6,72
1
Percentagem de inclusão do subproduto de acerola nas dietas
Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
3
Letras minúsculas iguais na mesma linha indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
CV = 6,66%
2
Os valores médios, entretanto, mantiveramse dentro dos padrões normais de 5,5 e sete
citados por Silva e Leão (1979), melhor
ainda, estiveram entre seis e sete, o que
segundo Hobson e Stewart (1997),
permitem a presença de todos os
componentes da biomassa microbiana do
rúmen, sejam bactérias, principalmente as
celulolíticas, protozoários ou fungos.
Pedroso (2003) citou que os animais
superiores dispõem de dois mecanismos
para manutenção da constância do pH dos
líquidos biológicos: mecanismos físicoquímicos, representados por sistemas
tampões que envolvem moléculas orgânicas
ou inorgânicas e, mecanismos fisiológicos,
desempenhado pelo rúmen e rins, por
exemplo. Silva e Leão (1979) destacaram
que, no caso particular do líquido ruminal,
atuam principalmente o poder tamponante
da saliva e a absorção dos ácidos graxos
voláteis desempenhada pelas papilas
ruminais. Pedroso (2003) comentou que os
rins permitem a menor ou maior reabsorção
de bicarbonato e de sódio filtrados pelo
glomérulo, excretando, pelos túbulos, maior
ou menor quantidade de hidrogênio. A
amônia (NH3), também secretada pelas
células tubulares, é poderoso auxiliar,
quando necessário, na excreção renal de
grandes quantidades de hidrogênio. Estudos
complementares ainda são necessários para
quantificar particularmente a efetividade
física da fibra de dietas que contêm
subproduto de acerola.
3.5. Equação de predição do pH no líquido
ruminal de ovinos em função do nível de
inclusão do subproduto de acerola em suas
dietas
Baseado no coeficiente de determinação e
na significância estatística (P<0,05), a
análise de regressão indicou o tempo de
colheita de duas horas após a alimentação
como o mais representativo entre os
tratamentos:
3.5.1. Tempo de colheita 2 horas pósprandial
pH = 6,47 + 0,011X + 0,00059X2 0,000017X3 (R2=0,52; P<0,01), onde:
pH = valores de pH em escala de zero a 14.
X = % de inclusão de subproduto de acerola
O aumento da inclusão do subproduto de
acerola
às
dietas
experimentais
proporcionou em efeito cúbico ascendente
até 30,26% (pH = 6,87) de onde foi
percebida nova queda dos valores de pH até
6,73 em 43% de inclusão desse subproduto.
Hobson (1988) destacou que o pH é o fator
que mais influência exerce sobre o
ecossistema
ruminal.
As
bactérias
celulolíticas e metanogênicas, segundo esse
autor, são bastante sensíveis a pH inferior a
seis. De acordo com Church (1988), o pH
do rume alcança seu valor mais baixo 2 a 6
horas após a ingestão, dependendo da
natureza da dieta e da velocidade de
ingestão alimentar.
131
3.6. Efeito das dietas e dos tempos de
colheita sobre as concentrações totais dos
ácidos graxos voláteis, concentrações e
proporção dos ácidos graxos voláteis no
líquido ruminal de ovinos
As concentrações dos ácidos acético,
propiônico e butírico estão apresentadas na
Tabela 3. Na Tabela 4, são apresentadas as
concentrações dos AGV totais (somatório
dos ácidos acético, propiônico e butírico) e
a relação acetato : propionato encontrada.
As proporções molares do acetato,
propionato e butirato aparecem na Tabela 5.
As interações tempo de colheita versus
dietas experimentais foram significativas
para as concentrações dos ácidos acético,
propiônico, butírico e de ácidos graxos
voláteis totais (mmol/100 ml de líquido
ruminal), bem como para a proporção molar
de ácido acético. Para a relação acetato :
propionato e para as proporções molares de
propionato e de butirato esta interação não
foi significativa (P>0,05).
Nos tempos de amostragem zero e cinco
horas
pós-prandial
das
dietas
as
concentrações de acetato foram similares,
sendo que às duas horas, aquela dieta que
não possuía subproduto de acerola
apresentou-se com maior concentração
desse ácido. As demais dietas foram
similares nesse horário. Já às oito horas,
apenas
notou-se
diferença
nas
concentrações de acetato para a inclusão de
43%
de
subproduto
de
acerola,
apresentando o menor valor. Comparandose o efeito do tempo de amostragem sobre a
concentração acética, vê-se que apenas com
inclusão de 43% de subproduto de acerola é
que não houve diferença, os demais
apresentaram diferenças distribuídas de
forma mais aleatória para cada nível de
inclusão, destacando-se a similaridade de
resposta obtida nas dietas com inclusões
intermediárias (12 e 29%), onde as
concentrações para o último tempo diferiu
dos demais, que por sua vez, mostraram-se
equivalentes.
Para o propionato também não foram
notadas diferenças entre as dietas para os
132
tempos zero e cinco horas e nos tempos
dois e oito horas, a dieta que não incluiu o
subproduto
apresentou
as
maiores
concentrações. Entre os horários, dentro de
cada tratamento, apenas a dieta controle
apresentou diferenças já que os tempos dois
e
oito
apresentaram
as
maiores
concentrações de propionato no líquido
ruminal.
A produção de butirato, por sua vez, não
apresentou variações com o tempo apenas
na dieta que incluiu 43% de subproduto, já
as dietas sem subproduto e com 12 e 29%
de inclusão tiveram essa resposta maior às 8
horas, sendo que para a dieta sem
subproduto o tempo dois apresentou a
segunda maior concentração e no jejum e às
cinco horas foram encontradas as menores
concentrações. Entre os tratamentos, dentro
de cada horário, houve diferenças apenas
nos tempos dois e oito horas. No tempo
dois, os tratamentos 29 e 43% apresentaram
concentrações menores que a dieta controle
e foram semelhantes ao tratamento 12% e
no tempo oito o tratamento 43% apresentou
a menor concentração em relação aos
demais.
Após a análise dos ácidos graxos voláteis
individualmente, verificando-se os dados de
AGV totais constata-se o mesmo tipo de
resposta encontrada para o acetato. Isto
revela a influência marcante do acetato em
dietas que incluíram o subproduto de
acerola em níveis crescentes. Não houve
diferenças entre os tratamentos para o jejum
e tempo cinco, no tempo dois, todos os
tratamentos que incluíram o subproduto
apresentaram concentrações de AGV totais
inferiores à dieta controle e no tempo oito o
tratamento 43% apresentou a menor
concentração. A inclusão do subproduto de
acerola em substituição ao capim elefante,
considerando-se as médias dos horários nos
níveis testados nesse experimento, levou à
redução na produção de ácidos graxos
voláteis, particularmente às duas e oito
horas pós-prandial. A relação acetato :
propionato, entretanto, não foi alterada
entre os tratamentos e entre os tempos de
colheita (P>0,05).
Tabela 3. Concentração de acetato, propionato e butirato (milimoles/ 100 ml) no líquido ruminal de ovinos submetidos a dietas contendo distintas
quantidades de subproduto de acerola1 em vários horários pós-prandial
Propionato3
Butirato3
Acetato3
HORA(h)2 0%3
12%3
29%3
43%3 Médias 0%3
12%3
29%3
43%3 Médias 0%3
12%3
29%3 43%3 Médias
Ba
Ba
Ba
Aa
Ba
Aa
Aa
Aa
Ca
Ba
C
C
0
3,09
3,99
4,21
2,25
1,22
1,30
1,32
0,74
0,08
0,23
0,09Ba 0,14Aa 0,14C
3,39
1,15
Aa
Bb
Bb
Ab
Aa
Ab
Ab
Ab
Ba
Bab
B
B
2
8,31
3,76
4,92
3,66
5,78
1,76
1,98
1,28
0,78
0,36
0,38Bb 0,14Ab 0,41B
5,16
2,70
Ba
Ba
Ba
Aa
Ba
Aa
Aa
Aa
Ca
Ba
C
BC
5
4,63
3,04
4,03
3,71
2,89
1,48
1,93
0,94
0,32
0,40
0,30Ba 0,13Aa 0,29BC
3,85
1,81
8
7,22Aa 9,80Aa 9,46Aa 3,28Ab 7,44A 6,12Aa 3,35Ab 3,66Ab 1,65Ab 3,69A 1,34Aa 0,89Aa 1,05Aa 0,47Ab 0,94A
Médias 5,81a
5,15a
5,66a
3,22b
4,00a
1,97b
2,22b
1,16b
0,63a
0,47a
0,46a
0,22b
1
Percentagem de inclusão do subproduto de acerola nas dietas
Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
3
Letras minúsculas iguais na mesma linha, para mesmo parâmetro, indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
CV Acetato = 34,4%; CV Propionato = 67,13%; CV Butirato = 69,1%
2
Tabela 4. Concentração total de ácidos graxos voláteis (milimoles/ 100 ml) e relação de acetato : propionato (Acet./Prop.) no líquido ruminal de ovinos
submetidos a dietas contendo distintas quantidades de subproduto de acerola1 em vários horários pós-prandial
Acet./Prop.3
AGV totais3
2
3
3
3
3
3
3
HORA(h)
0%
12%
29%
43%
0%
12%
29%3
43%3
Médias
Médias
0
4,39Ba
5,52Ba
5,62Ba
3,14Aa
4,29Aa
3,78Aa
3,64Aa
3,60Aa
4,67C
3,83A
Aa
Bb
Bb
Ab
Aa
Aa
Aa
Aa
B
2
14,87
5,87
7,28
5,08
1,85
2,24
2,62
3,42
8,28
2,53A
Ba
Ba
Ba
Aa
Aa
Aa
Aa
Aa
C
5
7,84
4,92
6,26
4,78
3,41
2,25
2,23
4,84
5,95
3,18A
Aa
Aa
Aa
Ab
Aa
Aa
Aa
Aa
A
8
14,68
14,04
14,17
5,41
1,41
3,35
2,81
3,00
12,08
2,64A
a
b
b
c
a
a
a
a
Médias
10,45
7,59
8,33
4,60
2,74
2,90
2,82
3,72
1
Percentagem de inclusão do subproduto de acerola nas dietas
Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
3
Letras minúsculas iguais na mesma linha, para mesmo parâmetro, indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
CV AGV totais = 39,08%; CV Acet./Prop.= 60,9%
2
133
Tabela 5. Proporção molar do acetato, propionato e butirato no líquido ruminal de ovinos submetidos
subproduto de acerola1 em vários horários pós-prandial
Propionato3
Acetato3
2
3
3
3
3
3
3
0%
HORA(h)
0%
12%
29%
43%
12%
29%3
43%3 Médias
Médias
0
73,92Aa 74,40Aa 75,84Aa 72,59Aa 74,19A 24,22Ba 21,91Aa 22,69Aa 23,67Aa 23,12A
2
58,10BCa 64,23Aa 67,68Aa 71,34Aa 65,34B 35,98ABa 30,43Aa 27,25Aa 25,14Aa 29,70A
5
66,45ABab 62,82Aab 63,74Ab 79,02Aa 68,01AB 30,51ABa 29,79Aa 30,95Aa 18,81Aa 27,51A
8
49,92Cb 70,16Aa 66,92Aa 62,40Aab 62,35B 39,55Aa 23,30Ab 25,26Ab 29,87Aab 29,49A
Médias
62,10b 67,90ab 68,54ab 71,34a
32,56a 26,36ab 26,54b 24,37b
1
Percentagem de inclusão do subproduto de acerola nas dietas
Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
3
Letras minúsculas iguais na mesma linha, para mesmo parâmetro, indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
CV Acetato = 14,81%; CV Propionato = 32,09%; CV Butirato = 73,62%
P
P
2
P
P
P
P
134
a dietas contendo distintas quantidades de
3
0%
1,86Ba
5,93ABa
3,04Ba
10,53Aa
5,34a
3
12%
3,70Aa
5,33Aa
7,39Aa
6,54Aa
5,74a
Butirato3
29%3
1,47Ba
5,07ABa
5,31ABa
7,82Aa
4,92a
43%3 Médias
3,73Aa 2,69B
3,52Aa 4,96B
2,16Aa 4,48B
7,73Aa 8,16A
4,29a
-
France e Siddons (1993) atribuíram ao
acetato
grande
importância
no
comportamento das concentrações dos
AGV totais quando as dietas forem ricas em
volumosos, pois nestas condições este ácido
terá sempre alta participação na fração dos
AGV.
A proporção molar média de acetato
(Tabela 5) não diferiu entre os tratamentos
para os tempos zero e duas horas pósprandial, entretanto para o tempo cinco a
proporção foi maior para o tratamento 43%
em relação ao tratamento 29% de inclusão e
semelhante aos demais. O tratamento 29%
também foi semelhante aos tratamentos
controle e 12%. Para as oito horas após a
alimentação
o
tratamento
controle
apresentou menor valor em relação às
dietas que incluíram o subproduto em 12 e
29% tendo sido semelhante à dieta com
43% de inclusão do subproduto. Este
último, por sua vez, também foi semelhante
aos tratamentos 12 e 29%. Dentro de cada
tratamento, apenas o tratamento controle
apresentou diferenças entre os tempos de
colheita. Neste tratamento, o fornecimento
alimentar levou à redução dos valores em
relação especialmente aos tempos dois e
oito horas pós-prandial. No tempo cinco, o
valor encontrado foi semelhante aos tempos
zero e duas horas pós-prandial.
A proporção molar média de propionato
não diferiu (P>0,05) entre os tempos de
colheita e foi superior na dieta controle
comparativamente às dietas com 29 e 43%
de inclusão do subproduto e semelhante à
dieta que incluiu o subproduto em 12%.
Para o butirato, não houve diferenças entre
as proporções molares encontradas entre os
tratamentos e a maior proporção foi
encontrada oito horas após o fornecimento
alimentar.
Silva e Leão (1979) citaram faixas de
normalidade para as concentrações de
ácidos graxos voláteis no rúmen para
manutenção da função ruminal e estímulo
da atividade microbiana. Para o ácido
acético, níveis normais para ruminantes
seriam de 54 a 74%. Para o ácido
propiônico, de 16 a 27% e para o ácido
butírico, de seis a 15%. Observando os
dados da Tabela 5, percebe-se que os
valores médios de ácido acético estiveram
dentro da faixa de normalidade citadas por
esses autores. Para o propionato, todos os
tratamentos que incluíram o subproduto de
acerola apresentaram proporções molares
médias dentro da faixa de normalidade,
entretanto, o tratamento que não incluiu o
subproduto apresentou proporção molar de
propionato de 32,56% considerando a
média dos tempos de colheita. A inclusão
do subproduto de acerola contribuiu para
minimizar as concentrações de ácido
propiônico favorecendo os níveis de
acetato. Este resultado sugere que, nestas
condições experimentais, o subproduto de
acerola pode ser utilizado em substituição
ao capim elefante (fonte de fibra forrageira)
causando
alterações
desejáveis
nas
condições ruminais. Para o butirato, todas
as proporções molares estiveram abaixo do
recomendado por Silva e Leão (1979).
Apesar das dietas terem sido preparadas
para serem isoprotéicas e isofibrosas,
depois de realizado o ajuste de consumo
percebeu-se que a dieta controle foi
contemplada com maior disponibilidade
energética em virtude de um teor de FDN
mais baixo que o das demais dietas
experimentais (Capítulo VI) o que
representa
maiores
proporções
de
carboidratos
solúveis,
prontamente
disponíveis no rume. Isso foi comprovado
com a ocorrência de um pH mais baixo para
esse tratamento em relação aos demais
(Tabela 2). Vale lembrar que na dieta
controle foi encontrado maior coeficiente
de digestibilidade da energia bruta em
relação aos demais tratamentos (Capítulo
VI).
Rocha Filho et al. (1999) avaliaram os
efeitos da inclusão de polpa de citros e do
milho, em substituição à silagem de milho,
sobre as condições ruminais de vacas
leiteiras em lactação. Os resultados desse
trabalho concordaram com os que foram
encontrados, na medida em que a produção
de ácido acético foi maior (P<0,05) para a
dieta que continha maior proporção de
subproduto de frutas. A inclusão de milho
associado com a polpa de citros aumentou
135
(P<0,05) a produção de ácido propiônico.
Da mesma maneira, a dieta que não incluiu
subproduto apresentou maior concentração
desse ácido graxo volátil. As menores
relações acetato/propionato (P<0,05) foram
observadas quando o milho foi incluído na
dieta, isolado ou associado com polpa. As
quantidades de ácidos graxos voláteis não
foram significativamente diferentes entre os
tratamentos (P>0,05). Nestas condições
experimentais os resultados sugeriram que a
polpa de citros pode ser utilizada em
substituição ao volumoso causando
alterações desejáveis nas condições
ruminais. A associação do milho com a
polpa de citros, segundo esses autores, é
uma alternativa para minimizar os efeitos
característicos dos alimentos concentrados
sobre o padrão de fermentação ruminal.
Um outro aspecto que deve ser lembrado é
o aumento nos níveis de ligninas com a
crescente inclusão do subproduto de
acerola. Vasconcelos et al. (2002) destacou
também a presença de taninos em dietas
que contêm subproduto de acerola. Van
Soest (1994) ressaltou que ligninas e
taninos pertencem à classe de substâncias
indisponíveis à fermentação ruminal e que,
portanto, limitam o uso da parede celular.
Com isso, embora os níveis de carboidratos
totais fossem semelhantes entre as dietas a
biodisponibilidade deles diminuiu com o
aumento da inclusão do subproduto, assim
como a biodisponibilidade ruminal da
proteína dietética. Isso resultou em maiores
concentrações de N-NH3 e de AGV totais
no tratamento controle.
3.7. Equações de predição da concentração
dos ácidos graxos voláteis no líquido
ruminal de ovinos em função do tempo de
colheita pós-prandial do líquido ruminal
dentro dos tratamentos experimentais
3.7.1. Dieta com 0% de subproduto de
acerola
AGV = 4,39 + 11,13X - 3,52X2 + 0,29X3
(R2=0,55; P<0,01), onde:
AGV = Concentração de ácidos graxos
voláteis em milimoles/ 100 ml no líquido
ruminal
136
X = tempo de colheita do líquido ruminal
em horas
3.7.2. Dieta com 12% de subproduto de
acerola
AGV = 5,52 + 1,2X - 0,68X2 + 0,082X3
(R2=0,65; P<0,01), onde:
AGV = Concentração de ácidos graxos
voláteis em milimoles/ 100 ml no líquido
ruminal
X = tempo de colheita do líquido ruminal
em horas
3.7.3. Dieta com 29% de subproduto de
acerola
AGV = 5,62 + 2,21X - 0,87X2 + 0,091X3
(R2=0,66; P<0,01), onde:
AGV = Concentração de ácidos graxos
voláteis em milimoles/ 100 ml no líquido
ruminal
X = tempo de colheita do líquido ruminal
em horas
Como é possível perceber na Figura 2, às
duas horas foram evidenciados picos de
produção de ácidos graxos voláteis, com
maior evidência para o tratamento controle.
Daí em diante houve um comportamento
cúbico descendente até em torno de cinco
horas pós-prandial onde foi verificada nova
ascendência no tempo oito horas. Isso pode
indicar a demora na disponibilização dos
carboidratos presentes na dieta o que torna
a produção de AGV mais demorada
(praticamente apenas a partir de oito horas
pós-prandial para os tratamentos que
incluíram o subproduto). O efeito de
ligninas e de taninos sobre esses
carboidratos parece o fator que mais
interferiu sobre a disponibilização ruminal
dos carboidratos. No Capítulo VI foi
percebida a redução da digestibilidade da
energia bruta quando o subproduto de
acerola
foi
incluído
nas
dietas
experimentais e isso possivelmente
interferiu no consumo de energia
metabolizável evidenciado naquele capítulo
particularmente para a dieta que incluiu o
subproduto em 43% em relação àquela que
o incluiu em 12%. Como conseqüência, o
balanço energético também foi inferior no
tratamento 43% em relação ao tratamento
que incluiu 12% de subproduto na dieta.
Concentrações de AGV (mmol/ 100 ml)
18
16
14
12
10
0%
8
12%
29%
6
4
2
0
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Tempo de colheita (h)
Figura 2. Concentração de ácidos graxos voláteis em função do tempo de colheita do líquido
ruminal
inclusão sob o aspecto da produção de
ácidos
graxos
voláteis.
Obteve-se
significância
estatística
(P<0,05)
e
coeficientes de determinação superiores a
45% para as equações a zero, duas e oito
horas:
Ainda considerando a Figura 2, verifica-se
que concordando com os dados da Tabela
4, as concentrações de ácidos graxos
voláteis foram maiores para a dieta controle
em relação aos demais tratamentos.
Contribuiu provavelmente para isso, as
menores produções de ácido propiônico
evidenciadas para os tratamentos onde
houve a inclusão do subproduto de acerola
em relação ao tratamento controle.
Bergman (1990) destacou que o propionato
é o único AGV que pode ser uma
importante fonte de glicose. Este autor
destacou que cerca de 50 a 60% do carbono
do propionato realmente forma glicose.
Como comentado anteriormente, baseado
nas proporções molares de ácidos graxos
voláteis individualmente (Tabela 5), houve
excedentes na produção de propionato na
dieta controle e níveis dentro da faixa de
normalidade para os demais tratamentos.
3.8.1. Tempo de colheita zero horas (antes
do fornecimento alimentar)
AACET = 3,09 + 0,074X + 0,00084X2 0,000071X3 (R2=0,45; P<0,05), onde:
AACET = Concentração de acetato em
milimoles/ 100 ml no líquido ruminal
X = % de inclusão de subproduto de acerola
3.8. Equações de predição da concentração
dos ácidos graxos voláteis no líquido
ruminal de ovinos em função do nível de
inclusão do subproduto de acerola em suas
dietas
3.8.2. Tempo de colheita 2 horas pósprandial
AACET = 8,31 - 0,73X + 0,035X2 0,00048X3 (R2=0,62; P<0,01), onde:
AACET = Concentração de acetato em
milimoles/ 100 ml no líquido ruminal
X = % de inclusão de subproduto de acerola
Conforme orientações de Sampaio (2002)
foi realizada a análise de regressão para
determinação dos melhores níveis de
Resolvendo dy/dx=0 encontra-se para esse
tempo de colheita o nível de inclusão de
subproduto de acerola de 23% como o que
apresenta maior concentração de ácido
acético.
APROP = 5,58 - 0,23X + 0,003X2
(R2=0,51; P<0,01), onde:
P
P
P
P
137
APROP = Concentração de propionato em
milimoles/ 100 ml no líquido ruminal
X = % de inclusão de subproduto de acerola
AACET = Concentração de acetato em
milimoles/ 100 ml no líquido ruminal
X = % de inclusão de subproduto de acerola
ABUT = 0,75 - 0,019X + 0,00016X2
(R2=0,42; P<0,05), onde:
ABUT = Concentração de butirato em
milimoles/ 100 ml no líquido ruminal
X = % de inclusão de subproduto de acerola
AGVTOT = 14,68 - 0,27X + 0,025X2 0,00054X3 (R2=0,50; P<0,01), onde:
AGVTOT = Concentração de ácidos graxos
voláteis em milimoles/ 100 ml no líquido
ruminal
X = % de inclusão de subproduto de acerola
AGVTOT = 14,87 - 1,38X + 0,063X2 0,00085X3 (R2=0,65; P<0,001), onde:
AGVTOT = Concentração de ácidos graxos
voláteis em milimoles/ 100 ml no líquido
ruminal
X = % de inclusão de subproduto de acerola
Resolvendo dy/dx=0 para essas equações
referentes ao tempo de colheita de líquido
ruminal de duas horas após o fornecimento
alimentar,
verificou-se
que
as
concentrações dos ácidos graxos voláteis
foram sempre menores quando se fez a
inclusão do subproduto de acerola em
relação ao tratamento controle. Em se
tratando dos tratamentos que incluíram o
subproduto, as maiores concentrações de
ácidos graxos voláteis seriam encontradas
quando o subproduto fosse incluído em
8,6% do total dietético.
3.8.3. Tempo de colheita 8 horas pósprandial
AACET = 7,22 + 0,26X - 0,0021X2 0,00014X3 (R2=0,55; P<0,01), onde:
Resolvendo dy/dx=0 para essas equações
percebeu-se que a maior concentração de
ácido acético ocorrerá quando for feita a
inclusão de 20,38% de subproduto de
acerola. Para a concentração de AGV totais,
a inclusão de 23,89% de subproduto de
acerola, 8 horas após o fornecimento
alimentar, resultará em uma concentração
de 15,14 milimoles de AGV totais por 100
ml de líquido ruminal, praticamente a
mesma encontrada para o tratamento
controle (14,68 milimoles/100 ml de
líquido ruminal) (Tabela 4).
3.9. Efeito das dietas e dos tempos de
colheita sobre os valores de uréia no soro
sangüíneo dos ovinos
A seguir serão apresentados os dados
obtidos a partir da avaliação do soro
sangüíneo colheitado. Na Tabela 6 são
apresentados os dados de uréia.
Tabela 6. Concentração de uréia (mg/ 100ml) no soro de ovinos submetidos a dietas contendo
distintas quantidades de subproduto de acerola1 em vários horários pós-prandial1
Dietas
Horário (h)2
Médias
0%3
12%3
29%3
43%3
0
2,44Ba
1,37Ba
1,69Ba
1,41Ba
1,73C
Ab
Aab
Ab
Aa
2
14,84
16,99
15,78
20,24
16,96A
Ba
Ba
Ba
Ba
5
1,83
0,79
1,61
1,18
1,35C
Ba
Ba
Ba
Ba
8
3,61
2,01
3,24
1,83
2,67B
Médias
5,68a
5,29a
5,58a
6,16a
1
Percentagem de inclusão do subproduto de acerola nas dietas
Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
3
Letras minúsculas iguais na mesma linha indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
CV = 19,39%
2
A interação tempo de colheita versus dietas
experimentais foi significativa (P>0,05). As
138
diferenças entre tempos de colheita somente
foram presentes às duas horas pós-prandial,
quando em todas as dietas testadas obtevese a concentração máxima de uréia sérica.
Por outro lado, destaca-se que também
nesse horário é que se pode notar diferença
entre as dietas, sendo que com a inclusão de
43% do subproduto de acerola, registrou-se
a maior concentração uréica no soro em
relação aos tratamentos zero e 29% de
inclusão do subproduto e semelhança ao
valor encontrado para o tratamento 12% de
inclusão. Os demais tratamentos tiveram
concentrações similares. A tendência de se
elevar os níveis de N-uréico no soro não se
confirmou, por falta de significância
estatística, mesmo após a transformação
para arcoseno.
A análise de uréia sérica tem a finalidade de
se verificar se o suprimento de proteína está
adequado conforme Preston et al. (1965) e
Meyer et al. (1995). A amônia é um
derivado primário do catabolismo dos
aminoácidos pelas bactérias ruminais,
absorvida pela circulação porta, removida
pelo fígado e incorporada ao ciclo da uréia
com resultante formação de uréia e eventual
excreção pelos rins (Meyer et al., 1995).
Uma outra parte, conforme Rodríguez
(1986) é reciclado para o rúmen
principalmente pela saliva o que pode
indicar o novo aproveitamento deste
nitrogênio endógeno. Baseado nestas
informações foi feita a análise da uréia no
soro sangüíneo dos animais experimentais.
De acordo com Meyer et al. (1995), valores
normais de uréia para ovinos situam-se
entre 18 e 31 mg/ 100ml. Essa normalidade
somente foi atingida na segunda hora após
o fornecimento alimentar para o tratamento
que incluiu o subproduto em 43% do total
dietético. Este resultado pode estar
indicando a indisponibilização da proteína
no rume para a síntese protéica. Os dados
da Tabela 2 evidenciaram também as baixas
concentrações de nitrogênio amoniacal no
líquido ruminal especialmente nas dietas
que incluíram o subproduto. No Capítulo
seguinte serão determinados os níveis de
proteína degradável e não degradável no
rume que servirão para a possível
confirmação e aprofundamento desses
comentários.
3.10.
Equações
de
predição
da
concentração de uréia sérica de ovinos em
função do tempo de colheita do sangue
dentro dos tratamentos experimentais
A análise de regressão destacou altos
coeficientes de determinação para a análise
de
uréia
sérica
particularmente
relacionando este parâmetro com o tempo
de colheita do líquido ruminal em função da
administração da dieta para cada um dos
tratamentos.
3.10.1. Dieta com 0% de subproduto de
acerola
Uréia = 2,44 + 14,08X - 4,67X2 + 0,37X3
(R2=0,81; P<0,0001), onde:
Uréia = Concentração de uréia sérica em
mg/ 100 ml no líquido ruminal
X = tempo de colheita do líquido ruminal
em horas
3.10.2. Dieta com 12% de subproduto de
acerola
Uréia = 1,37 + 17,61X - 5,8X2 + 0,45X3
(R2=0,89; P<0,0001), onde:
Uréia = Concentração de uréia sérica em
mg/ 100 ml no líquido ruminal
X = tempo de colheita do líquido ruminal
em horas
3.10.3. Dieta com 29% de subproduto de
acerola
Uréia = 1,69 + 15,79X - 5,18X2 + 0,4X3
(R2=0,86; P<0,0001), onde:
Uréia = Concentração de uréia sérica em
mg/ 100 ml no líquido ruminal
X = tempo de colheita do líquido ruminal
em horas
3.10.4. Dieta com 43% de subproduto de
acerola
Uréia = 1,41 + 21,03X - 6,87X2 + 0,53X3
(R2=0,98; P<0,0001), onde:
Uréia = Concentração de uréia sérica em
mg/ 100 ml no líquido ruminal
X = tempo de colheita do líquido ruminal
em horas
A representação gráfica desta equações
consta na Figura 3, a seguir. Os picos de
uréia sérica aconteceram duas horas pósprandial para todos os tratamentos
139
analisados,
encontrada
mesmo tipo de resposta
para as concentrações de
nitrogênio amoniacal (Figura 1).
Concentrações de uréia sérica (mg/ 100 ml)
25
20
15
0%
12%
29%
43%
10
5
0
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Tempo de colheita (h)
Figura 3. Concentração de uréia sérica em função do tempo de colheita do sangue
3.11.
Equações
de
predição
da
concentração de uréia sérica no líquido
ruminal de ovinos em função do nível de
inclusão do subproduto de acerola em suas
dietas
Destacaram-se as seguintes equações para
cada um dos tempos de colheita sangüínea
pós-prandial.
3.11.1 Tempo de colheita zero horas (antes
do fornecimento alimentar)
Uréia = 2,44 - 0,18X + 0,009X2 0,00012X3 (R2=0,51; P<0,01), onde:
Uréia = concentração de uréia em mg/100
ml de líquido ruminal
X = % de inclusão de subproduto de acerola
3.11.2. Tempo de colheita oito horas pósprandial
Uréia = 3,61 - 0,32X + 0,019X2 - 0,0003X3
(R2=0,46; P<0,05), onde:
Uréia = concentração de uréia em mg/100
ml de líquido ruminal
X = % de inclusão de subproduto de acerola
140
Resolvendo dy/dx=0 e analisando o
comportamento cúbico destas equações
conclui-se que o tratamento que não incluiu
o subproduto apresentou as maiores
concentrações de uréia. Quando se incluiu
subproduto de acerola, para a oitava hora
após a alimentação, a maior concentração
de uréia foi encontrada em 30,6% de
inclusão, concordando com os dados de
concentrações de N-NH3 que foram
superiores na dieta controle com
semelhança à dieta que incluiu 29% de
subproduto de acerola (Tabela 2).
3.12. Efeito das dietas e dos tempos de
colheita sobre os valores de creatinina no
soro sangüíneo dos ovinos
Na Tabela 7 são apresentados os dados de
creatinina. De acordo com Meyer et al.
(1995), valores normais para ovinos situamse entre 1,2 e 1,9 mg/ 100 ml, portanto para
as presentes atingiu-se esses patamares
apenas à duas horas pós-prandial,
mostrando que os tratamentos impuseram
uma deficiência no que diz respeito a esse
parâmetro fisiológico.
Tabela 7. Concentração de creatinina (mg/ 100ml) no soro de ovinos submetidos a dietas
contendo distintas quantidades de subproduto de acerola1 em vários horários pós-prandial
Dietas
Horário (h)2
Médias
0%3
12%3
29%3
43%3
0
0,83Ab
0,98Aab
1,11Bab
1,59Aa
1,13B
Aa
Aa
Aa
Aa
2
1,25
1,25
1,90
1,76
1,54A
Aa
Aa
Ba
Aa
5
0,74
0,81
0,53
0,97
0,76B
8
0,91Aa
0,95Aa
1,02ABa
0,99Aa
0,97B
b
ab
ab
a
Médias
0,93
1,00
1,14
1,33
1
Percentagem de inclusão do subproduto de acerola nas dietas
Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
3
Letras minúsculas iguais na mesma linha indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
CV = 25,11%
2
A interação tempo versus dietas
experimentais
não
foi
significativa
(P<0,05).
Entre
os
tratamentos
experimentais foi encontrada maior
concentração quando o subproduto de
acerola foi incluído em 43% em relação à
dieta controle. Ambos foram semelhantes
aos valores encontrados para as demais
dietas experimentais. Entre os horários, o
tempo de colheita de duas horas apresentou
concentrações superiores aos demais
horários.
De acordo com Meyer et al. (1995), as
concentrações
de
creatinina
estão
relacionadas com os níveis de uréia no soro
porque os glomérulos renais filtram tanto a
creatinina quanto a uréia. Neste trabalho a
correlação foi significativa, entretanto, foi
baixa (r=0,4170; P<0,05).
3.13.
Equação
de
predição
da
concentração de creatinina sérica de
ovinos em função do tempo de colheita
dentro dos tratamentos experimentais
A análise de regressão resultou em
equações com coeficientes de determinação
inferiores a 20% e não significativos
(P>0,05), destacando-se apenas a equação
representada a seguir que relaciona as
concentrações séricas de creatinina com os
tempos de colheita de sangue para o
tratamento 29% de inclusão do subproduto
de acerola.
3.13.1. Dieta com 29% de subproduto de
acerola
CREA = 1,11 + 1,08X - 0,41X2 + 0,034X3
(R2 = 0,60; P<0,01), onde:
CREA = Concentração de creatinina sérica
em mg/ 100 ml no líquido ruminal
X = tempo de colheita do líquido ruminal
em horas
A referida equação está representa na
Figura 4 a seguir. O tipo de resposta do
gráfico apresenta o tempo de colheita de
duas horas como o que apresentou a maior
concentração
sérica
de
creatinina
concordante com o que havia sido
observado para os níveis de uréia sérica ao
longo dos horários.
141
Concentrações de creatinina sérica (mg/ 100 ml)
2
1,8
1,6
1,4
1,2
1
29%
0,8
0,6
0,4
0,2
0
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Tempo de colheita (h)
Figura 4. Concentração de creatinina sérica em função do tempo de colheita do sangue
3.14. Efeito das dietas e dos tempos de
colheita sobre os valores de albumina no
soro sangüíneo de ovinos
Na Tabela 8 são apresentados os dados de
albumina. A interação tempo de colheita
versus dietas experimentais não foi
significativa.
Tabela 8. Concentração de albumina (mg/ 100ml) no soro de ovinos submetidos a dietas
contendo distintas quantidades de subproduto de acerola1 em vários horários pós-prandial
Dietas
Horário (h)2
Médias
0%3
12%3
29%3
43%3
0
4,38ABa
4,48Aa
4,27Aa
4,33Aa
4,37A
Ba
Ba
Aa
Aa
2
3,57
3,42
3,55
3,82
3,59B
5
4,69Aa
4,30ABa
3,97Aa
4,02Aa
4,24A
ABa
ABa
Aa
Aa
8
4,45
3,70
3,96
3,78
3,97AB
a
a
a
a
Médias
4,27
3,98
3,94
3,99
1
Percentagem de inclusão do subproduto de acerola nas dietas
Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
3
Letras minúsculas iguais na mesma linha indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
CV = 15,10%
2
Entre os horários, maior concentração foi
encontrada para o jejum e para a quinta
hora pós-prandial em relação à segunda
hora pós-prandial e, para ambas, foi
encontrada semelhança com a concentração
encontrada na oitava hora pós-prandial.
Entre os tratamentos experimentais, não
houve diferenças para nenhum dos tempos
de colheita analisados.
Para a albumina os valores normais
segundo Meyer et al. (1995) para ovinos
encontram-se entre 2,4 e 3,9 g/ 100 ml.
142
Também se pode considerar que os valores
estiveram dentro da normalidade em virtude
de haver semelhança estatística (P<0,05)
entre as médias que fizeram parte desta
faixa de valores e os que não se
apresentaram dentro da faixa.
A mensuração do total de proteínas reflete
uma combinação entre a albumina e as
globulinas. Baixos níveis de proteína
dietética resulta em aumento nos níveis de
aminoácidos como glutamato, glutamina,
leucina, glicina e isoleucina no plasma,
enquanto em animais em jejum os níveis de
lisina, isoleucina e histidina no plasma
aumentaram, mas os de serina, glutamina,
glicina, alanina e arginina decresceram.
Este decréscimo possivelmente se deve à
utilização dos aminoácidos como fontes de
energia assim como para a síntese de
proteína (Silva e Leão, 1979). Para a
albumina, a análise de regressão resultou
em equações com coeficientes de
determinação inferiores a 25% e não
significativos (P>0,05).
3.15. Efeito das dietas e dos tempos de
colheita sobre os valores de proteína totais
no soro sangüíneos dos ovinos
Na Tabela 9 são apresentados os dados de
proteínas totais. A interação tempo de
colheita versus dietas experimentais não foi
significativa (P>0,05). Para os tempos de
colheita, maiores concentrações foram
encontradas para a 2a e 5a hora pósprandial. Entre as dietas experimentais, não
houve diferenças significativas.
Tabela 9. Concentração de proteínas totais (g/ 100ml) no soro de ovinos submetidos a dietas
contendo distintas quantidades de subproduto de acerola1 em vários horários pós-prandial
Dietas
Horário (h)2
Médias
0%3
12%3
29%3
43%3
0
4,89Aa
4,88Aa
4,64Ba
4,75Aa
4,79B
Aa
Aa
Aa
Aa
2
5,63
5,92
6,25
5,64
5,86A
5
5,62Aa
5,05Aa
5,52ABa
5,48Aa
5,42A
Aa
Aa
Ba
Aa
8
4,76
4,80
4,82
4,80
4,80B
a
a
a
a
Médias
5,23
5,16
5,31
5,17
1
Percentagem de inclusão do subproduto de acerola nas dietas
Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
3
Letras minúsculas iguais na mesma linha indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
CV = 15,13%
2
De acordo com Meyer et al. (1995) os
níveis séricos normais de proteínas totais
situam-se entre 6 e 7,9 g/ 100 ml, portanto,
com exceção do tempo dois do tratamento
29% (6,25 g/100ml) os demais valores não
estiveram dentro da faixa de normalidade.
Isto pode indicar baixo suprimento protéico
ou mesmo indisponibilização da proteína
fornecida na dieta.
Para as proteínas totais, a análise de
regressão também resultou em equações
com coeficientes de determinação inferiores
a 25% e não significativos (P>0,05).
4. CONCLUSÕES
Para os parâmetros avaliados, a inclusão do
subproduto de acerola deve ser entre 28 e
33%. Ressalte-se, entretanto, que a inclusão
do subproduto em qualquer um dos níveis
testados pode levar à diminuição da
disponibilidade de energia ao ruminante, na
medida em que a produção de AGV total
diminuiu com a inclusão do subproduto;
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Capítulo VIII - EXPERIMENTO 6
Valor nutritivo do subproduto da indústria processadora de acerola (Malpighia glabra) em
dietas para ovinos. 3. Degradabilidade ruminal
RESUMO
O subproduto de acerola e o capim elefante foram avaliados comparativamente em ensaio de
degradabilidade ruminal em carneiros. Foi utilizado um delineamento de blocos ao acaso em
esquema de parcelas subdivididas, tendo seis animais nos blocos, dois alimentos como parcelas
e cinco tempos de incubação (seis, 12, 24, 48 e 96 horas) como subparcelas e a comparação de
médias efetuada pelo teste Student-Newman-Keuls (SNK) (P<0,05). Foram também calculados
o tempo de colonização, as degradabilidades efetivas para duas taxas de passagem pré-fixadas
(2,0 e 5,0%/h) e estimados os valores de proteína efetivamente degradada no rúmen (PEDR),
proteína não degradada no rúmen (PNDR) em suas frações indigestível (PNDRI) e digestível
(PNDRD). O subproduto e o capim apresentaram potenciais de degradação da matéria seca
(MS) de 48,67% e 78,12%, respectivamente. O subproduto de acerola teve taxa de degradação
da MS (4,82/h) superior àquela encontrada para o capim elefante (2,12%/h). Foram observados
potenciais de degradação da proteína bruta (PB) de 70,61% e 86,55% e taxas de degradação de
3,51%/h e 6,61%/h para o subproduto de acerola e capim elefante, respectivamente. O
subproduto de acerola apresentou maiores percentuais de proteína não degradada no rúmen
digestível em relação aos encontrados para o capim elefante. Em contrapartida, o subproduto de
acerola apresentou menores percentuais de proteína efetivamente degradada no rúmen nas taxas
de passagem de 2,0 e 5,0%/h. Os potenciais de degradação da fibra em detergente neutro (FDN)
variaram de 42,40% a 77,18% para o subproduto de acerola e para o capim elefante, enquanto
as taxas foram de 4,36%/h para o subproduto de acerola e 1,76%/h para o capim elefante. Os
resultados de degradabilidades da parede celular, obtidos para o subproduto de acerola, indicam
que podem ocorrer restrições no consumo e na disponibilidade energética de dietas baseadas
nesse alimento, quando fornecidas a animais com alto potencial de produção.
Palavras-chave: agroindústria, frutas, in situ, nutrição, ovinos, subproduto
1. INTRODUÇÃO
A suspensão de alimentos dentro do rúmen
(técnica de saco de náilon) permite o
contato íntimo do alimento teste com o
meio ruminal. A dieta é o fator que mais
determina a quantidade e tipos de
microrganismos no rúmen e, portanto, a
taxa e extensão de digestão dos nutrientes
da dieta. A digestibilidade ruminal de
componentes da dieta e a remoção dos
produtos finais da fermentação também são
influenciados pela taxa de passagem das
fases líquida e sólida.
Em muitos experimentos, as características
de degradabilidade dos alimentos têm sido
descritas pela fração solúvel A, a fração
insolúvel, mas degradável, B e c, a
velocidade em que a fração B é degradada.
Estas taxas constantes têm sido utilizadas
visando desenvolver um sistema que possa
predizer não apenas o valor nutritivo do
alimento, mas também o consumo.
Crowford et al. (1978) e Stern e Satter
(1984) relataram que a proteína solúvel
correlaciona-se altamente com o curto
tempo (duas horas) de incubação ruminal.
Essa alta correlação deve-se ao fato da fase
145
líquida da digesta ruminal passar mais
rapidamente do que a fração sólida.
Nos capítulos VI e VII constatou-se que a
inclusão do subproduto de acerola, rico em
ligninas, levou à queda da digestibilidade
dos constituintes fibrosos dietéticos e
provavelmente a conseqüência foi a
diminuição na produção total de ácidos
graxos voláteis nos tratamentos em que foi
feita a inclusão do subproduto de acerola.
A complexidade estrutural evidenciada na
parede celular de determinados alimentos
requer a ação sinérgica de um consórcio de
enzimas para sua efetiva degradação. Este
processo depende da ação cooperativa de
diversos microrganismos, já que nenhum
organismo isoladamente produz o conjunto
completo de biocatalisadores responsáveis
pela
degradação
dos
componentes
celulósicos e hemicelulósicos da parede
celular. Além disso, a destruição da lignina
por vias enzimáticas não é uma solução
exeqüível no meio ruminal (Khazaal et al.,
1993).
Este estudo teve como objetivo avaliar
comparativamente
a
degradabilidade
ruminal da matéria seca (MS), proteína
bruta (PB), fibra em detergente neutro
(FDN), fibra em detergente ácido (FDA),
hemiceluloses (HCEL) e celulose (CEL) do
subproduto de acerola em relação ao capim
elefante, empregando-se a técnica in situ de
incubação ruminal em sacos de náilon,
visando uma eventual substituição parcial
da gramínea em questão pelo subproduto
avaliado. A intenção foi verificar as
diferenças de degradabilidade ruminal entre
essas fontes de fibra alimentar, importante
para a adoção de sistemas alternativos de
alimentação.
2. MATERIAL E MÉTODOS
Nas dependências do Laboratório de
Nutrição Animal do curso de Zootecnia da
Universidade Estadual Vale do Acaraú
146
(UVA) em Sobral - CE, amostras de
subproduto de acerola e capim elefante
foram pré-secas em estufa de ventilação
forçada a 60oC, por 48 horas, foram moídas
em peneira de 5 mm e foram usadas para a
incubação ruminal por períodos de seis, 12,
24, 48, e 96 h. Foi empregada a técnica de
fermentação in situ descrita por Balch e
Johnson (1950) com sacos de náilon de 5 x
14 cm, com porosidade média de 0,25
mm2/mm2. Foram colocados com 6,56 g do
subproduto de acerola (valor médio em
base de matéria seca) e com 6,48 g de
capim elefante (valor médio em base de
matéria seca) estabelecendo a relação média
de 46,86 mg de amostra de subproduto de
acerola por cm2 de área superficial dos
sacos de náilon e a relação média de 46,29
mg de amostra de capim elefante, conforme
recomendação de Nocek (1988). A boca de
cada um dos sacos foi fechada com argola
metálica e amarrada a uma linha náilon no
0,70 com 25 cm de comprimento conectada
a uma âncora de 100 g, imersos em água e
inseridos, via cânula, no rúmen dos ovinos.
A fase experimental contou com 15 dias de
adaptação e 10 dias de incubações. Para os
períodos de seis, 12 e 24 h foram realizadas
duas repetições (dois sacos por animal e por
alimento). Nos períodos de 48 e 96 h foram
incubados três sacos por alimento,
procurando-se manter, no máximo, seis
sacos por animal. Cada animal continha os
alimentos sob o mesmo período de
incubação, de forma a retirar todos os sacos
de uma só vez. Este experimento
transcorreu no período de 10 de outubro a
três de novembro de 2002 na sede da
EMBRAPA Caprinos em Sobral – CE.
Nesse estudo, foram utilizados seis
carneiros por tratamento com peso vivo
médio de 47,2 kg, alojados em gaiolas
metabólicas, com água e mistura mineral à
vontade. Nocek (1988) recomendou que os
alimentos a serem incubados no rúmen
devem ser adicionados à dieta fornecida.
Baseado nessa informação, a dieta
fornecida foi balanceada em termos de
proteína bruta conforme o National
Research Council (1985) para ovinos
adultos em manutenção composta de capim
elefante in natura, subproduto de acerola e
milho. Água e sal mineral estiveram
disponíveis à vontade.
Após a retirada, os sacos foram
imediatamente imersos em água fria e
lavados manualmente em água corrente, até
que esta se apresentasse límpida, colocados
em estufa de ventilação forçada a 65oC, por
72 horas, transferidos para dessecador por
30 minutos e pesados. Nas dependências do
Laboratório de Nutrição Animal da
Universidade Estadual Vale do Acaraú
(UVA), os subprodutos de incubação foram
moídos em moinho com peneira de 1 mm e
utilizados para as determinações de MS,
PB, FDN, FDA, HCEL e CEL de acordo
com Association of Official Analytical
Chemists (1995). Os níveis dessas frações
nas amostras de capim e subproduto de
acerola, juntamente com os pesos dos
materiais incubados e dos subprodutos,
foram utilizados para os cálculos do
desaparecimento das respectivas frações.
As frações solúveis (tempo zero de
incubação) foram determinadas através dos
mesmos procedimentos, porém sem a
incubação ruminal.
Para estimar as curvas de degradação foi
utilizado o seguinte modelo proposto por
Sampaio (1988):
p = A - B e-ct
onde,
p = porcentagem de degradação após um
tempo (t) de incubação no rúmen;
A = porcentagem máxima de degradação do
material contido no saco de náilon, ou
degradabilidade potencial
B = parâmetro sem valor biológico. Se não
houvesse tempo de colonização, ele
corresponderia ao total a ser degradado pela
ação microbiana
c = taxa constante de degradação da fração
que permanece no saco de náilon, expressa
em porcentagem por hora
t = tempo de incubação no rúmen, em horas
A análise dos dados e as equações de
regressão para os desaparecimentos dos
componentes nutricionais foram feitos
utilizando-se o programa Sistema para
Análises Estatísticas e Genéticas (SAEG),
de acordo com Ribeiro Júnior (2001). O
tempo de colonização foi estimado
conforme McDonald (1981), de acordo com
a seguinte equação:
TC = -1 * ln (A-S)
c
B
onde,
TC = tempo de colonização, em horas
A, B e c = mesmos parâmetros definidos na
equação anterior
S = fração solúvel determinada pela
porcentagem de desaparecimento no tempo
zero de incubação (fração rapidamente
degradada)
As degradabilidades efetivas foram
calculadas
utilizando-se
os
valores
sugeridos pelo Agricultural Research
Council (1984), de 2,0 e 5,0%/h segundo o
seguinte modelo proposto por Ørskov e
McDonald (1979):
DE = S + [(B1 * c)/(c + K)]
onde,
DE = degradabilidade efetiva, em
porcentagem
S = fração rapidamente degradada
B1 = fração degradável calculada
subtraindo-se a fração solúvel do potencial
de degradação (B1 = A - S) (fração
lentamente degradada)
c
=
mesmo
parâmetro
descrito
anteriormente
K = taxa fracional de passagem, expressa
em porcentagem por hora
Conforme recomendações do Agricultural
and Food Research Council (1992) foram
147
estimados os valores de proteína
efetivamente degradada no rúmen (PEDR),
proteína não degradada no rúmen (PNDR),
proteína não degradada no rúmen
indigestível (PNDRI) e proteína não
degradável no rúmen digestível (PNDRD),
segundo os seguintes modelos propostos
pelo sistema:
PEDR = 0,8S + B1c/c + K
PNDR = 1 - (S + B1c/c + K)
PNDRI = NIDA
PNDRD = 0,9 (PNDR – 6,25 NIDA)
onde,
S, B1, c e K são os mesmos parâmetros
descritos anteriormente
NIDA = Nitrogênio Insolúvel em
Detergente Ácido
Para a análise estatística dos dados de
desaparecimento
dos
componentes
nutricionais das forrageiras foi empregado
um delineamento experimental de blocos ao
acaso
em
esquema
de
parcelas
subdivididas, tendo os animais como
blocos, os alimentos como parcelas e os
tempos de incubação como subparcelas,
segundo o seguinte modelo estatístico:
Yijk = µ + Ai + Fj + Tk + FTjk + eijk
onde,
Yijk = valor referente à observação do
alimento j, no animal i e no tempo de
incubação k
µ = média geral
Ai = efeito do animal i (i = 1, 2, 3, 4, 5, 6)
Fj = efeito do alimento j (j = 1, 2)
Tk = efeito do tempo de incubação k (k = 6,
12, 24, 48, 96)
FTjk = interação dos efeitos do alimento j
com o tempo de incubação k
eijk = erro aleatório associado à observação
As médias foram comparadas empregandose o teste Student-Newman-Keuls (SNK), a
5% de probabilidade.
148
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1. Consumo médio diário de matéria seca
dos ovinos que tiveram os alimentos
incubados in situ no rume de ovinos
O consumo médio de MS foi de 44,2 ± 18,3
g/ unidade de tamanho metabólico, ou
2,09% ± 0,86% do peso vivo. Lousada
Júnior (2003) observou um consumo médio
de matéria seca em ovinos alimentados,
única e exclusivamente, com subproduto de
acerola da ordem de 34,24g/UTM, bem
inferior ao encontrado nesse trabalho e
creditou esse baixo valor ao elevado teor de
lignina detectado no subproduto de acerola.
Os valores de consumo aqui encontrados
foram,
todavia,
inferiores
aos
recomendados pelo National Research
Council
(1985)
para
ovinos
em
manutenção, ou seja, 53,19 gramas de
MS/Kg0,75/dia.
3.2. Desaparecimento ruminal da matéria
seca do subproduto de acerola e capim
elefante incubados in situ em ovinos
Na Tabela 1, estão as porcentagens de
desaparecimento da MS dos alimentos
incubados no rume de ovinos.
Tabela 1. Desaparecimento da matéria seca
(%) do subproduto de acerola e do capim
elefante incubados em sacos de náilon no
rume de ovinos submetidos a dietas
contendo subproduto de acerola
Tempo de
Subproduto
Capim
incubação
de Acerola2
elefante2
(h)1
6
33,14Ba
34,86Da
12
37,61Bb
45,42Ca
Ab
24
43,36
49,10Ca
Ab
48
46,05
57,30Ba
Ab
96
48,68
73,05Aa
1
Letras maiúsculas iguais na mesma coluna
indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
2
Letras minúsculas iguais na mesma linha
indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
CV=8,46%
novo aumento somente às 48h de
incubação. Às 96h de incubação foi
encontrado
o
maior
valor
de
desaparecimento de matéria seca (73,05%)
(P<0,05).
Foi verificada, para o subproduto de
acerola, a estabilização (P>0,05), a partir
das 24h de incubação (43,36%), não
diferindo às 48h (46,05%) e às 96h
(48,68%), demonstrando que o subproduto
apresenta dificuldade em degradar-se no
rume, haja visto a comparação do mesmo
com o capim elefante, cujos valores foram
superiores aos da acerola desde as 12 horas,
mas manteve-se até as 96 horas.
Os coeficientes de determinação, superiores
a 85%, indicam a boa adequação dos
resultados de desaparecimento de MS ao
modelo proposto por Sampaio (1988)
(Figura 1). As equações geradas pelo
modelo Deg = A - B * e(-ct) foram:
Com exceção das seis horas de incubação
ruminal, todos os outros períodos em que
foi determinada a degradabilidade da MS
do subproduto de acerola foram inferiores
(P<0,05) aos encontrados para o capim
elefante.
Para
este
volumoso,
a
degradabilidade da matéria seca aumentou
das seis para as 12 horas de incubação e daí
Deg. MS Subproduto de Acerola =
48,6675 - 19,6856 * EXP (-0,04819 * t)
r2=0,86
Deg. MS Capim Elefante = 78,1209 48,3346 * EXP (-0,02117 * t) r2=0,90
Desaparecimento da MS (%)
80
70
60
50
S. Acerola
40
C. elefante
30
20
10
0
0
12
24
36
48
60
72
84
96
Tempo de incubação (h)
Figura 1. Desaparecimento da MS dos alimentos em função do tempo de incubação
Estudando a degradação in situ da MS do
subproduto de acerola em bovinos, Manoel
et al. (2003), utilizando equação proposta
por Ørskov e McDonald (1979), p=a+b(1-ect
), onde “a+b” corresponde à fração A do
modelo de Sampaio (1988) e “c” também
representa a taxa constante de degradação
da fração que permanece no saco de náilon,
estimaram a seguinte equação Deg. MS =
11,94 + 48,16 * (1-e-0,05 * t) r2 = 0,93. Estes
autores encontraram valores de “A” e “c”
superiores
(60,09%
e
5%/h,
respectivamente) aos encontrados neste
trabalho
(48,67%
e
4,82%/h,
respectivamente). Para o capim elefante,
Tomich (2003) estimou a seguinte equação:
Deg. MS = 75,4 - 55,9 * EXP (-0,0432 * t) r2 =
0,981,
bastante
semelhante
àquela
encontrada neste trabalho.
Na Tabela 2, estão os potenciais de
degradação, as taxas de degradação, as
149
frações solúveis, as frações degradáveis, os
tempos
de
colonização
e
as
degradabilidades efetivas nas taxas de
passagem 2,0%/h e 5,0%/h da matéria seca
dos
alimentos
analisados
neste
experimento. Conforme Sampaio (1988),
taxas de degradação inferiores a 2,0%/h
indicam alimentos de baixa qualidade, que
necessitam de longo tempo de permanência
no rúmen para serem degradados.
Tabela 2. Potenciais de degradação (A),
taxas de degradação (c), frações solúveis
(S), frações degradáveis (B1), tempos de
colonização (TC) e degradabilidades
efetivas (DE), nas taxas de passagem
2,0%/h e 5,0%/h, da matéria seca dos
alimentos utilizados nesse ensaio
Parâmetro
Subproduto
Capim
de Acerola
elefante
A (%)
48,67
78,12
C (%/h)
4,82
2,12
S (%)
29,37
27,68
B1 (%)
19,30
50,44
TC (h)
0:25
-2:01
DE 2,0%/h
43,01
53,62
(%)
DE 5,0%/h
38,84
42,69
(%)
Tanto o subproduto de acerola quanto o
capim elefante apresentaram taxas de
degradação superiores a 2,0%/h o que não
denotaria
baixa
qualidade
nutritiva
conforme Sampaio (1988), porém deve-se
considerar que a degradabilidade potencial
(A) para acerola foi bem inferior ao capim
elefante, e portanto tal expectativa deve ser
mais contida sobre o emprego desse
alimento na nutrição de ruminantes. A taxa
de degradação da fração B do subproduto
de acerola foi semelhante à do capim
gordura com idade de 61 a 90 dias
(4,76%/h) conforme Valadares Filho et al.
(2002). Forrageiras com maiores valores de
potencial de degradação são mais
digestíveis no rúmen, mas também devem
apresentar altos valores de taxa de
150
degradação para propiciar o potencial
máximo de degradação em menor tempo.
Ørskov
(2000)
sugeriu
que
as
características de A, B e c resultam da
interação planta-microrganismo e em
função disso faz-se necessário combinar B
e c particularmente quando algumas
forrageiras apresentam valor muito baixo de
B e valor de c, alto. É o que ocorre, por
exemplo, com o subproduto de acerola em
relação ao capim elefante. O resultado disso
são degradabilidades efetivas semelhantes
pois, a interação entre os fatores B e c foi o
fator preponderante para a eficiência de
fermentação ruminal. Manoel et al. (2003)
encontraram degradabilidade efetiva a uma
taxa de passagem de 5,0%/h de 31,94%,
inferior à encontrada neste trabalho (Tabela
2). Apesar de não existir uma explicação
para valores negativos de tempos de
colonização, eles são amplamente relatados
na literatura e aparecem em estudos de
Borges (1997) e Tomich (2003).
3.3. Desaparecimento ruminal da proteína
bruta do subproduto de acerola e capim
elefante incubados in situ em ovinos
As degradabilidades da PB nos vários
tempos de incubação estão na Tabela 3.
Tabela 3. Desaparecimento da proteína
bruta (%) do subproduto de acerola e do
capim elefante incubados em sacos de
náilon no rume de ovinos submetidos a
dietas contendo subproduto de acerola
Tempo de
Subproduto
Capim
incubação
de Acerola2
elefante2
(h)1
6
52,60Cb
64,98Da
12
56,25Cb
75,97Ca
Bb
24
61,62
79,49BCa
Ab
48
67,04
82,76Ba
Ab
96
69,64
88,65Aa
1
Letras maiúsculas iguais na mesma coluna
indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
2
Letras minúsculas iguais na mesma linha
indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
CV=5,91%
deprimiu a produção cumulativa durante os
estágios iniciais de fermentação (até as 8
horas de incubação), fato observado na
Tabela 3. O subproduto de abacaxi
(Capítulo V) apresentou taxas de
desaparecimento
da
proteína
bruta
superiores àquelas encontradas para o
subproduto de acerola chegando a uma taxa
de desaparecimento às 96 h de 80,46%.
Tomich (2003) encontrou valores de
desaparecimento da proteína bruta do capim
elefante cv. Napier variando de 44,9% (6 h
de incubação) até 84,2% (96 h de
incubação), inferiores aos encontrados
nesse trabalho (Tabela 3). As equações
geradas pelo modelo Deg = A - B * e(-ct)
(Figura 2) foram:
Desaparecimento da PB (%)
Este parâmetro foi o único que não mostrou
interação significativa (P>0,05) entre dieta
e tempo de incubação no rume. Verifica-se
que o tempo de incubação contribuiu para
que
houvesse
um
crescente
desaparecimento da fração nitrogenada
tanto do subproduto de acerola quanto do
capim elefante. Todos os percentuais de
desaparecimento da PB do subproduto de
acerola, nos diferentes tempos testados,
foram inferiores àquelas encontradas para o
capim elefante. No Capítulo VII, foi
discutido que as dietas que incluíram 18 e
49% de subproduto de acerola apresentaram
menores concentrações de N-NH3 no
líquido ruminal que naquelas sem o
subproduto. As menores concentrações
deste parâmetro foram provavelmente
devido
às
menores
taxas
de
desaparecimento da PB do subproduto de
acerola em relação ao capim elefante.
Bhatta et al. (2001) incluíram cascas de
semente de tamarindo, em níveis
crescentes, em dietas para ruminantes e
verificaram que a presença dos taninos
Deg. PB Subproduto de Acerola =
70,6144 - 21,4435 * EXP (-0,03508 * t)
r2=0,80
Deg. PB Capim Elefante = 86,5484 29,7822 * EXP (-0,0661 * t) r2=0,77
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
S. Acerola
C. elefante
0
12
24
36
48
60
72
84
96
Tempo de incubação (h)
Figura 2. Desaparecimento da PB dos alimentos em função do tempo de incubação
Tomich (2003) encontrou a seguinte
equação para o desaparecimento ruminal da
proteína bruta do capim elefante cv. Napier:
Deg. PB Capim Elefante = 96,5 - 55,5 *
EXP (-0,0146*t) r2 = 0,967.
Os potenciais de degradação, as taxas de
degradação, as frações solúveis, as frações
degradáveis, os tempos de colonização e as
degradabilidades efetivas, nas taxas de
passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da proteína
151
bruta, obtidos para os alimentos estão na
Tabela 4.
Tabela 4. Potenciais de degradação (A),
taxas de degradação (c), frações solúveis
(S), frações degradáveis (B1), tempos de
colonização (TC) e degradabilidades
efetivas (DE), nas taxas de passagem
2,0%/h e 5,0%/h, da proteína bruta dos
alimentos utilizados nesse ensaio
Parâmetro
Subproduto
Capim
de Acerola
elefante
A (%)
70,61
86,55
C (%/h)
3,508
6,61
S (%)
49,71
56,78
B1 (%)
20,90
29,77
TC (h)
0:44
0:01
DE 2,0%/h
63,02
79,63
(%)
DE 5,0%/h
58,33
73,73
(%)
O tempo de colonização da proteína bruta
do subproduto de acerola foi superior
àquele encontrado para o capim elefante.
Todas as frações analisadas para o
subproduto de acerola foram sempre
inferiores àquelas encontradas para o capim
elefante. Segundo Hungate (1966), o
objetivo da nutrição protéica para
ruminantes é o fornecimento de quantidades
adequadas de proteínas degradáveis no
rúmen, para permitir a máxima síntese
protéica microbiana, com o mínimo de PB
na dieta. Baseado nesses dados recomendase a suplementação protéica à dietas
baseadas em subproduto de acerola,
particularmente com altos níveis de
proteína solúvel para corrigir especialmente
a deficiência de nitrogênio ruminal nas
primeiras horas pós-prandial.
É
interessante
perceber
que
a
degradabilidade potencial da PB foi bem
superior àquela encontrada para a MS
(Tabela 2), revelando que as taxas de
desaparecimento da PB provavelmente não
foram responsáveis pela limitação da
degradabilidade da MS. O subproduto de
acerola também apresentou maiores valores
de S e B1 para o desaparecimento da
proteína bruta em comparação aos
encontrados para o capim (Tabelas 2 e 4).
Isso possivelmente fez com que as
degradabilidades efetivas da PB do
subproduto fossem maiores que aquelas
evidenciadas para a MS. Mesmo assim, não
houve superioridade de valores em relação
as degradabilidades efetivas da PB do
capim particularmente porque a taxa
fracional de degradação da proteína bruta
do subproduto de acerola foi quase a
metade daquela encontrada para o capim.
Os valores de proteína não degradada no
rúmen, proteína indigestível não degradada
no rúmen, proteína efetivamente degradada
no rúmen e proteína digestível não
degradada no rúmen, nas taxas de passagem
2,0%/h e 5,0%/h, da proteína bruta, obtidos
para os alimentos estão na Tabela 5.
Tabela 5. Valores percentuais de proteína não degradada no rúmen (PNDR), proteína
indigestível não degradada no rúmen (PINDR), proteína digestível não degradada no rúmen
(PDNDR) e proteína efetivamente degradada no rúmen (PEDR), nas taxas de passagem 2,0%/h
e 5,0%/h, da proteína bruta dos alimentos utilizados nesse ensaio
Parâmetro
Subproduto de Acerola
Capim elefante
2,0%/h
5,0%/h
2,0%/h
5,0%/h
PNDR
77,66
85,54
70,55
78,16
PINDR
1,04
1,04
0,62
0,62
PDNDR
64,05
71,13
60,01
66,86
PEDR
20,53
13,29
28,13
20,86
152
Os valores de PEDR para o subproduto de
acerola foram inferiores àqueles observados
para o capim elefante, entretanto, as
concentrações de PNDR foram superiores
para o subproduto de acerola. A análise
desses dados revela um considerável efeito
sobrepassante da proteína do subproduto de
acerola.
Ruminantes que têm baixos requisitos de
proteína praticamente podem obter toda
proteína de que necessitam a partir das
bactérias ruminais. No entanto, animais em
crescimento e fêmeas em lactação e
gestação, por apresentarem requisitos mais
elevados, são dependentes de uma
quantidade variável de proteína dietética
não degradável, além da proteína
microbiana (Rodríguez, 1986).
Rodríguez (1986) comentou, entretanto,
que o preparo de dietas para ruminantes de
alta produção deve minimizar a necessidade
de proteína dietética não degradável. A
proposta é incluir além de nitrogênio
solúvel, uma certa quantidade de
aminoácidos pré-formados e aumentar a
quantidade disponível de matéria orgânica
fermentável o que em outras palavras
representa
a
maior
disponibilidade
energética. Exemplificou ainda a farinha de
peixe
como
alimento
de
baixa
degradabilidade, permitindo, portanto, um
aumento
substancial
da
proteína
metabolizável disponível, já que fontes de
proteína altamente degradável em excesso
contribuem para a formação de N-NH3 além
da necessidade.
suplementação protéica com alimentos
ricos em proteína solúvel e suplementação
energética para a melhoria dos processos de
síntese de proteína microbiana e produção
de ácidos graxos voláteis, importantes para
o suprimento de energia aos ruminantes.
Essa interação proteína: energia justifica a
recomendação feita no Capítulo VI, obtida
a partir das equações de regressão e da
comparação das médias dos dados
experimentais dos consumos e coeficientes
de digestibilidade dos diferentes nutrientes
analisados, de inclusão de apenas oito a
14% de subproduto de acerola em dietas
para ovinos.
3.4. Desaparecimento ruminal da fibra em
detergente neutro do subproduto de acerola
e capim elefante incubados in situ em
ovinos
As degradabilidades da FDN nos vários
tempos de incubação estão na Tabela 6.
Tabela 6. Desaparecimento da fibra em
detergente neutro (%) do subproduto de
acerola e do capim elefante incubados em
sacos de náilon no rume de ovinos
submetidos a dietas contendo subproduto de
acerola
Tempo de
Subproduto
Capim
incubação
de Acerola2
elefante2
(h)1
6
26,41Ba
21,62Da
12
30,20Ba
32,90Ca
Aa
24
36,79
37,88Ca
Ab
48
39,70
47,59Ba
Ab
96
42,02
67,13Aa
1
O subproduto de acerola caracteriza-se por
alta fração de PDNDR resultando em
aumento
substancial
da
proteína
metabolizável tal como ocorre com a
farinha de peixe, entretanto, as baixas
concentrações de N-NH3 e de uréia
evidenciadas no Capítulo VII, abaixo dos
valores considerados normais por Mehrez et
al. (1977) e por Meyer et al. (1995),
evidenciam
a
necessidade
de
Letras maiúsculas iguais na mesma coluna
indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
2
Letras minúsculas iguais na mesma linha
indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
CV=11,89%
Deve-se observar, inicialmente, que a FDN
desapareceu sempre com maior intensidade
para o capim elefante em comparação ao
subproduto de acerola. Para o capim
elefante, a plenitude do desaparecimento da
De acordo com Ørskov (2000), a
degradabilidade potencial da matéria seca
reflete intimamente a da fração fibrosa.
Altas correlações foram encontradas entre a
degradabilidade da matéria seca e as
degradabilidades da FDN (r=0,9854;
P<0,0001), da FDA (r=0,8996; P<0,0001) e
da celulose (r=0,8524; P<0,0001).
porção fibrosa deu-se após 96h, enquanto
para o subproduto de acerola já se observou
um estabelecimento no seu padrão de
fermentação às 24h, muito parecido com o
desaparecimento da MS, onde a única
diferença foi que naquela avaliação, o
subproduto de acerola estabilizou-se às 48
horas de incubação ruminal. Os menores
valores de desaparecimento da FDN
encontrados para o subproduto de acerola,
particularmente para as 48 e 96 horas de
incubação
ruminal,
devem-se
provavelmente aos altos níveis de ligninas
existentes que limitaram o uso pelos
microrganismos ruminais da FDN presente
neste alimento (Capítulo VI), entretanto, a
degradação foi idêntica àquela observada
para o capim o que provavelmente deve-se
à maior taxa de degradação da fração
solúvel da FDN existente no subproduto.
Os resultados de desaparecimento da FDN
convergiram para o modelo proposto por
Sampaio (1988) (Figura 3), e as seguintes
equações de regressão foram obtidas:
Deg. FDN Subproduto de Acerola =
42,4049 - 19,5402 * EXP (-0,04355 * t)
r2=0,85
Deg. FDN Capim Elefante = 77,18053 60,7228 * EXP (-0,01757 * t) r2=0,90
Desaparecimento da FDN (%)
70
60
50
40
S. Acerola
30
C. elefante
20
10
0
0
12
24
36
48
60
72
84
96
Tempo de incubação (h)
Figura 3. Desaparecimento da FDN dos alimentos em função do tempo de incubação
A equação encontrada por Tomich (2003)
para a degradabilidade da FDN do capim
elefante cv Napier foi a seguinte: Deg FDN
= 70,2 - 69,1*EXP (-0,0443t) r2 = 0,977.
Na Tabela 7, são apresentados os potenciais
de degradação, as taxas de degradação, as
frações solúveis, as frações degradáveis, os
tempos
de
colonização
e
as
degradabilidades efetivas, nas taxas de
154
passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da FDN dos
alimentos.
Acompanhando o que ocorreu com a
degradabilidade da matéria seca, houve
superioridade da fração solúvel (S) e da
taxa de degradação (c) do subproduto em
relação ao capim. Isso provavelmente
contribuiu para que a maior taxa de
desaparecimento do subproduto ocorresse
já às 24 horas. Em contrapartida, o
subproduto de acerola apresentou menores
valores de B1 e da fração A em comparação
àqueles encontrados para o capim elefante.
Isso demonstra limitação para o ataque
microbiano dos nutrientes existentes no
subproduto. Provavelmente a existência de
compostos fenólicos neste alimento
conforme relatou Lousada Júnior (2003)
ocasionou a redução da degradabilidade
ruminal confirmando os comentários feitos
por Alves et al. (2002) e Manoel et al.
(2003) de que o subproduto de acerola, a
despeito de apresentar altos níveis de fibra,
o que o classifica como fonte de fibra não
forrageira, induz à queda da digestibilidade
de outros nutrientes qualificando-o como
volumoso de menor qualidade.
Tabela 7. Potenciais de degradação (A),
taxas de degradação (c), frações solúveis
(S), frações degradáveis (B1), tempos de
colonização (TC) e degradabilidades
efetivas (DE), nas taxas de passagem
2,0%/h e 5,0%/h, da fibra em detergente
neutro dos alimentos utilizados nesse ensaio
Parâmetro
Subproduto
Capim
de Acerola
elefante
A (%)
42,40
77,18
c (%/h)
4,355
1,757
S (%)
23,56
14,24
B1 (%)
18,84
62,94
TC (h)
0:50
-2:02
DE 2,0%/h
36,48
43,68
(%)
DE 5,0%/h
32,33
30,61
(%)
O subproduto de acerola apresentou, como
conseqüência,
menor
degradabilidade
efetiva para a taxa de passagem de 2,0%/h
em comparação ao capim elefante. Na taxa
de passagem de 5,0%/h, todavia, o
subproduto
apresentou
maior
degradabilidade efetiva do que o capim. O
subproduto de abacaxi (Capítulo V) em
comparação ao subproduto de acerola
apresentou
menores
degradabilidades
efetivas (variação de 22,49 para 34,03%).
Contribuiu para isso a baixa taxa de
degradação (c) (0,659%/h), muito inferior
àquela encontrada para o subproduto de
acerola (4,345%/h).
3.5. Desaparecimento ruminal da fibra em
detergente ácido do subproduto de acerola
e capim elefante incubados in situ em
ovinos
Na Tabela 8 são apresentadas as
degradabilidades da FDA nos vários tempos
de incubação.
Tabela 8. Desaparecimento da fibra em
detergente ácido (%) do subproduto de
acerola e do capim elefante incubados em
sacos de náilon no rume de ovinos
submetidos a dietas contendo subproduto de
acerola
Tempo de
Subproduto
Capim
2
incubação
de Acerola
elefante2
(h)1
6
21,57Ca
26,44Da
BCa
12
27,00
33,18Ca
ABa
24
31,94
37,17Ca
ABb
48
34,23
47,50Ba
Ab
96
36,44
66,57Aa
1
Letras maíúsculas iguais na mesma coluna
indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
2
Letras minúsculas iguais na mesma linha
indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
CV=16,74%
Houve interação significativa entre tempo
de incubação e alimentos incubados
(P<0,0001) para a degradabilidade da FDA.
A degradabilidade da FDA do capim
elefante
apenas
foi
superior
às
degradabilidades do subproduto de acerola
às 48 e 96 h. Nos mais altos tempos de
incubação, o aumento de degradação da
FDA foi mais acentuada para o capim
elefante em comparação ao subproduto de
acerola. Comparando as taxas de
desaparecimento da FDN com as da FDA
verifica-se que também às 48 e às 96 horas
de incubação ruminal, os valores de
desaparecimento da FDA do subproduto
155
também foram inferiores àqueles do capim
e nos demais horários também foram
semelhantes. A degradação da FDA do
subproduto de acerola foi menos acentuada
entre os horários que aquela observada para
a FDN (Tabela 6) evidenciando que no que
tange à degradação ruminal a FDA esteve
menos disponível aos microrganismos
ruminais.
carece de confiabilidade para se expressar a
resposta do desaparecimento da FDA do
subproduto de acerola.
A indisponibilização dos constituintes
fibrosos
dietéticos,
pela
presença
especialmente
de
ligninas,
foi
provavelmente a causa para a redução na
produção total de ácidos graxos voláteis
evidenciada no Capítulo VII para todos os
tratamentos em que o subproduto de acerola
foi incluído.
A cinética de degradação da FDA do
subproduto de acerola não se ajustou ao
modelo proposto por Sampaio (1988), Deg.
FDA Subproduto de Acerola = 36,52728 17,7646 * EXP (-0,04842 * t)
r2=0,60. A
equação cúbica (p = 1,87 + 0,82t - 0,014t2 +
0,000075t3, R2 = 0,604) obtida pelo
procedimento Modelos Pré-Definidos do
SAEG (Ribeiro Júnior, 2001) também
apresentou baixo valor de coeficiente de
determinação. Fica demonstrado pelos r2
das equações que, mesmo obtendo-se a
convergência dos pontos à curva, a mesma
Já para o capim elefante houve ajuste ao
modelo proposto por Sampaio (1988):
Deg. FDA Capim Elefante = 82,3838 62,4835 * EXP (-0,01376 * t) r2=0,87
A representação gráfica das equações
conforme modelo de Sampaio (1988) está
na Figura 4.
Desaparecimento da FDA (%)
70
60
50
40
S. Acerola
30
C. elefante
20
10
0
0
12
24
36
48
72
60
84
96
Tempo de incubação (h)
Figura 4. Desaparecimento da FDA dos alimentos em função do tempo de incubação
Na Tabela 9, são apresentados os potenciais
de degradação, as taxas de degradação, as
frações solúveis, as frações degradáveis, os
tempos
de
colonização
e
as
degradabilidades efetivas, nas taxas de
passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da FDA dos
alimentos.
156
Alta correlação foi encontrada entre as
degradabilidades da FDN e da FDA
P<0,0001),
entretanto,
(r=0,9059;
diferentemente do que ocorreu para as
degradabilidades efetivas dos alimentos
(Tabela 7) em que foi percebido maior
valor para o subproduto de acerola na taxa
de passagem de 5,0%/h, para a FDA os
valores de degradabilidades efetivas do
subproduto foram sempre inferiores aos
encontrados para o capim elefante.
Contribuíram para isso, os mais baixos
valores das frações A e B1 do subproduto
de acerola em comparação a essas frações
no capim elefante, embora a taxa fracional
“c” e a fração solúvel S fossem maiores
para o subproduto.
Tabela 9. Potenciais de degradação (A),
taxas de degradação (c), frações solúveis
(S), frações degradáveis (B1), tempos de
colonização (TC) e degradabilidades
efetivas (DE), nas taxas de passagem
2,0%/h e 5,0%/h, da fibra em detergente
ácido dos alimentos utilizados neste
experimento
Parâmetro
Subproduto
Capim
de Acerola
elefante
A (%)
36,53
82,38
c (%/h)
4,842
1,376
S (%)
19,60
16,56
B1 (%)
16,92
65,83
TC (h)
1:00
-3:47
DE 2,0%/h
31,58
43,39
(%)
DE 5,0%/h
27,93
30,76
(%)
3.6.
Desaparecimento
ruminal
das
hemiceluloses do subproduto de acerola e
capim elefante incubados in situ em ovinos
As degradabilidades das hemiceluloses nos
vários tempos de incubação estão na Tabela
10. Os dados de desaparecimento das
hemiceluloses do subproduto de acerola
foram
superiores
(P<0,05)
àqueles
encontrados para o capim elefante até as 24
horas de incubação ruminal. A partir daí,
houve semelhança de desaparecimento
entre os alimentos para as 48 horas e às 96
houve
superiodade
de
horas,
desaparecimento das hemiceluloses para o
capim elefante. O maior valor de
desaparecimento das hemiceluloses do
subproduto foi atingido já às 24 horas onde
houve estabilização. Para o capim elefante
o desaparecimento aumentou das seis para
as 12 horas de incubação ruminal e daí
aumentou novamente às 48 horas
finalizando o aumento às 96 horas. Isso
revela o mesmo comportamento observado
para os desaparecimentos da FDN e da
FDA onde o subproduto foi degradado mais
intensivamente nas primeiras horas de
seu
incubação,
estabilizando
desaparecimento ruminal muito antes de se
chegar às 96 horas. O capim elefante
também a exemplo do que foi observado
para o FDN e para o FDA também atingiu
sua máxima degradação apenas às 96 horas.
Tabela
10.
Desaparecimento
das
hemiceluloses (%) do subproduto de
acerola e do capim elefante incubados em
sacos de náilon no rume de ovinos
submetidos a dietas contendo subproduto de
acerola
Tempo de
Subproduto
Capim
incubação
de Acerola2
elefante2
(h)1
6
38,43Ba
15,39Db
Ba
12
40,04
30,91Cb
Aa
24
48,88
38,58Cb
48
53,79Aa
48,08Ba
Ab
96
56,71
67,84Aa
1
Letras maiúsculas iguais na mesma coluna
indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
2
Letras minúsculas iguais na mesma linha
indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
CV=15,33%
São escassos, ou inexistentes, os trabalhos
que indiquem o desaparecimento das
frações fibrosas do subproduto de acerola;
portanto não foi possível analisar os
presentes resultados de forma comparativa.
Os resultados de desaparecimento das
hemiceluloses do subproduto de acerola não
convergiram adequadamente para o modelo
proposto por Sampaio (1988), e a seguinte
equação de regressão foi obtida:
157
Para o capim elefante, a degradabilidade
das hemiceluloses presentes se ajustou ao
modelo proposto por Sampaio (1988).
Foram testados outros modelos: lineares,
quadráticos, cúbicos, exponenciais, dentre
outros, mas todos apresentaram coeficientes
de determinação menores ao encontrado
para o modelo de Sampaio (1988).
Deg. HCEL Capim Elefante = 74,4043 62,5472 * EXP (-0,02166 * t) r2=0,921
Desaparecimento das HCEL (%)
Deg. HCEL Subproduto de Acerola =
57,2735 - 25,8081 * EXP (-0,0416 * t)
r2=0,578
As duas equações conforme Sampaio
(1988) estão representadas na Figura 5.
70
60
50
40
S. Acerola
30
C. elefante
20
10
0
0
12
24
36
48
60
72
84
96
Tempo de incubação (h)
Figura 5. Desaparecimento das hemiceluloses dos alimentos em função do tempo de incubação
Na Tabela 11, são apresentados os
potenciais de degradação, as taxas de
degradação, as frações solúveis, as frações
degradáveis, os tempos de colonização e as
degradabilidades efetivas, nas taxas de
passagem
2,0%/h
e
5,0%/h,
das
hemiceluloses dos alimentos.
As
degradabilidades
efetivas
das
hemiceluloses foram decrescentes com o
aumento da taxa de passagem, a exemplo
do que também ocorreu com o subproduto
de abacaxi (Capítulo V). Foram, entretanto,
superiores àquelas obtidas para o capim
elefante. Apesar do subproduto de acerola
apresentar menor fração potencialmente
degradável que a do capim elefante, a
fração solúvel e a taxa fracional “c” e isso
pode ter contribuído para os maiores
valores
de
degradabilidade
efetiva
encontrados para o subproduto.
158
Tabela 11. Potenciais de degradação (A),
taxas de degradação (c), frações solúveis
(S), frações degradáveis (B1), tempos de
colonização (TC) e degradabilidades
efetivas (DE), nas taxas de passagem
2,0%/h e 5,0%/h, das hemiceluloses dos
alimentos utilizados neste experimento
Parâmetro
Subproduto
Capim
de Acerola
elefante
A (%)
57,27
74,40
c (%/h)
4,16
2,166
S (%)
30,73
10,44
B1 (%)
26,54
63,96
TC (h)
-0:40
-1:02
DE 2,0%/h
48,66
43,70
(%)
DE 5,0%/h
42,79
29,77
(%)
Deve-se destacar também que a fração A
encontrada para as hemiceluloses foi
bastante superior àquela encontrada para a
FDA (36,53%) (Tabela 9) que, por sua vez,
também foi inferior ao valor de A para a
FDN (42,40%) (Tabela 7). Isto evidencia o
importante papel das hemiceluloses
contribuindo para a melhoria da
degradabilidade ruminal da FDN.
3.7. Desaparecimento ruminal da celulose
do subproduto de acerola e capim elefante
incubados in situ em ovinos
As degradabilidades da celulose nos vários
tempos de incubação estão na Tabela 12.
Tabela 12. Desaparecimento da celulose
(%) do subproduto de acerola e do capim
elefante incubados em sacos de náilon no
rume de ovinos submetidos a dietas
contendo subproduto de acerola
Tempo de
Subproduto
Capim
incubação
de Acerola2
elefante2
(h)1
6
32,50Da
36,69Da
CDb
12
38,20
48,08Ca
BCb
24
42,61
51,16Ca
ABb
48
49,17
61,79Ba
Ab
96
52,37
77,18Aa
1
Letras maiúsculas iguais na mesma coluna
indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
2
Letras minúsculas iguais na mesma linha
indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
CV=11,56%
Para a celulose, foram encontradas maiores
taxas de desaparecimento para o capim
elefante em relação ao subproduto de
acerola a partir das 12 horas de incubação
ruminal, diferentemente do que aconteceu
para as hemiceluloses (Tabela 10). Com
esse resultado percebe-se que as menores
taxas de desaparecimento da celulose do
subproduto contribuíram significativamente
para a redução da degradabilidade da FDN
(r=0,9503; P<0,05). A formação de
complexos lignocelulósicos provavelmente
foi o principal influenciador para esse
resultado
(Forbes,
1995).
O
desaparecimento entre os períodos de
incubação ruminal também foi bem mais
acentuado para o capim elefante em relação
ao subproduto de acerola.
Acompanhando o que ocorreu para a
degradabilidade da FDA (r=0,8817;
P<0,0001), a equação de degradabilidade
da celulose do subproduto de acerola
também não correspondeu ao modelo
proposto por Sampaio (1988).
Deg. CEL Subproduto de Acerola =
52,2846 - 26,5358 * EXP (-0,04654 * t)
r2=0,55
Para o capim elefante, houve ajuste para o
modelo proposto por Sampaio (1988).
Deg. CEL Capim Elefante = 84,3488 52,001 * EXP (-0,01951 * t) r2=0,917
As duas equações estão representadas na
Figura 6.
Na Tabela 13, são apresentados os
potenciais de degradação, as taxas de
degradação, as frações solúveis, as frações
degradáveis, os tempos de colonização e as
degradabilidades efetivas, nas taxas de
passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da celulose dos
alimentos.
As degradabilidades efetivas do subproduto
de acerola para as diferentes taxas de
passagem analisadas foram inferiores
àquelas encontradas para o capim elefante
concordando com o que foi observado para
as degradabilidades efetivas da FDA.
Contribuíram de forma mais marcante para
este resultado, os baixos valores de B1 e S
encontrados para o subproduto de acerola.
Isso denota a forte influência das ligninas
presentes no subproduto indisponibilizando
a celulose por complexação. Lousada
Júnior (2003) ainda destacou o efeito
negativo de taninos presentes no
subproduto
de
acerola
sobre
a
digestibilidade
dos
nutrientes
nele
existentes.
159
Desaparecimento da CEL (%)
90
80
70
60
50
S. Acerola
40
C. elefante
30
20
10
0
0
12
24
36
48
60
72
84
96
Tempo de incubação (h)
Figura 6. Desaparecimento da celulose dos alimentos em função do tempo de incubação
Tabela 13. Potenciais de degradação (A),
taxas de degradação (c), frações solúveis
(S), frações degradáveis (B1), tempos de
colonização (TC) e degradabilidades
efetivas (DE), nas taxas de passagem
2,0%/h e 5,0%/h, da celulose dos alimentos
utilizados nesse ensaio
Parâmetro
Subproduto
Capim
de Acerola
elefante
A (%)
52,29
84,35
c (%/h)
4,654
1,951
S (%)
25,25
30,88
B1 (%)
27,03
53,47
TC (h)
-0:24
-1:36
DE 2,0%/h
44,16
57,28
(%)
DE 5,0%/h
38,28
45,89
(%)
4. CONCLUSÕES
Foram evidenciados baixos valores de
potencial e de degradabilidades efetivas da
parede celular, principalmente em virtude
do alto teor de ligninas para o subproduto
de acerola.
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Capítulo IX - EXPERIMENTO 7
Valor nutritivo do subproduto da indústria processadora de caju (Anacardium
occidentale) em dietas para ovinos. 1. Consumo, digestibilidade aparente e balanços
energético e nitrogenado
RESUMO
O presente estudo foi conduzido objetivando avaliar a influência da inclusão do subproduto do
processamento de caju (Anacardium occidentale L.) sobre os consumos (por unidade de
tamanho metabólico – UTM) e coeficientes de digestibilidade da matéria seca (MS), matéria
orgânica (MO), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), fibra detergente neutro (FDN), fibra
detergente ácido (FDA), hemiceluloses (HCEL), celulose (CEL) e energia de dietas
experimentais isofibrosas e isoprotéicas contendo o subproduto de caju. Avaliou-se ainda os
balanços nitrogenados e de energia das referidas dietas. Vinte ovinos machos, inteiros foram
distribuídos em quatro níveis de inclusão do subproduto (zero; 19%; 38%; 52%), em
delineamento inteiramente ao acaso, com cinco ovinos para cada tratamento. Maiores consumos
de MS, MO, PB, FDN, HCEL e de energia metabolizável (EM) foram evidenciados para o
tratamento que incluiu 19% do subproduto. Quando o subproduto de caju foi incluído em 52%
do total dietético houve aumento da digestibilidade das hemiceluloses e da celulose presentes na
dieta em relação às digestibilidades destes nutrientes na dieta com 19% de subproduto. Os
balanços energéticos e protéicos foram positivos, entretanto, houve redução acentuada destes
valores na dieta com 52% de subproduto. Portanto, o subproduto de caju apresenta
potencialidade como alimento para ruminantes. Em se tratando da fibra consumida, houve
prejuízo particularmente para o consumo de energia metabolizável em concentrações de
subproduto de caju superiores a 19% do total dietético.
Palavras-chave: dieta, fibra, frutas, nutrição, ovinos, ruminantes
1. INTRODUÇÃO
O aproveitamento de subprodutos do
processamento de frutas na alimentação de
ruminantes surgiu como resposta ao
incremento da fruticultura nacional. O
cajueiro ocupa lugar de destaque entre as
plantas frutíferas tropicais, em face da
crescente comercialização da castanha de
caju. A castanha é o verdadeiro fruto e,
contém no seu interior, a amêndoa de alto
valor nutritivo. O pseudofruto é o
pedúnculo hipertrofiado, sendo rico em
vitamina C e usado na fabricação de doces
e bebidas. O bagaço, após a extração do
suco, pode ser usado na alimentação
animal. Do peso do pseudofruto, em média
81% são representados pelo suco.
Com o desenvolvimento de tecnologias
para os segmentos de produção e
industrialização do sistema agroindustrial
do caju, o cajueiro tem elevado sua
produtividade por área, o número de meses
de oferta para o mercado, expandido suas
fronteiras de plantio e induzido um
aumento
de
pequenas
e
médias
agroindústrias de amêndoa, suco e polpa,
principalmente
na
região
nordeste.
Atualmente, a amêndoa de caju é o
principal produto exportado pelo estado do
Ceará. A castanha é a parte do caju de
maior valor comercial, enquanto que o
pedúnculo é comercializado em pequena
escala, entre 10 a 15% do total produzido,
sendo altamente perecível.
163
Conforme Meneses (1994), os principais
açúcares encontrados no pedúnculo são,
maltose, sacarose, celobiose, rafinose,
glicose e frutose, sendo estes 2 últimos
presentes em maior quantidade. Holanda et
al. (1996) encontraram valores de matéria
seca (MS), proteína bruta (PB) e nutrientes
digestíveis totais (NDT) da ordem de
69,5%; 8,61%; 75,0%, respectivamente.
Furusho et al. (1997) encontraram valores
superiores para a proteína bruta (16,6%) em
matéria seca.
Em 2000 foram mais de 138 mil toneladas
de castanha e do pedúnculo, mais de um
milhão. Como a safra de caju concentra-se
na época seca, período que se caracteriza
pela baixa produção de volumosos e preços
de concentrados elevados, a utilização do
pedúnculo do caju seco possui grande
potencial para ser usado como ingrediente
de dietas.
Os principais subprodutos do caju para uso
na alimentação animal são a farelo de
castanha de caju, o farelo de caju
desidratado (pseudofruto), após prensagem
para extração do suco.
Com o presente estudo avaliaram-se os
coeficientes de digestibilidade e os
consumos por unidade de tamanho
metabólico (UTM) da matéria seca (MS),
matéria orgânica (MO), proteína bruta (PB),
extrato etéreo (EE), energia, fibra em
detergente neutro (FDN), fibra em
detergente ácido (FDA), hemiceluloses
(HCEL) e celulose (CEL) de dietas
experimentais fornecidas a ovinos em
crescimento contendo o subproduto da
indústria
processadora
de
caju.
Complementarmente avaliou-se também os
balanços energético e nitrogenado destas
dietas. Objetivando-se determinar se é
possível e em que percentual deva ser feita
sua inclusão nas dietas para ruminantes.
164
2. MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado no Setor de
Forragicultura do Centro de Ciências
Agrárias da Universidade Federal do Ceará,
em Fortaleza, Ceará, a 3º43'02" de latitude
Sul e 38º32'35" de longitude Oeste, altitude
de 26,36 m, no período de 26 de novembro
a 12 de dezembro de 2002.
A região possui clima tipo AW’, segundo
Koeppen, ou seja, quente e úmido,
distinguindo-se
duas
estações
de
precipitação: uma chuvosa, denominada
regionalmente de inverno, e outra seca,
chamada verão. A precipitação média é de
1378,3 mm anuais. A média anual das
temperaturas máxima, média e mínima está
em torno de 30,0, 26,3 e 23,3oC,
respectivamente, e a média anual da
umidade relativa do ar é de 77 %.
O subproduto agroindustrial de caju
(Anacardium occidentale, L.) utilizado foi
obtido da Empresa Mossoró Agroindustrial
S.A. (MAISA) localizada em Mossoró RN. Era composto basicamente pelo bagaço
do pseudofruto após a extração do suco,
que após secagem ao sol foi picado
grosseiramente. O feno do capim elefante
(Pennisetum purpureum) fornecido era
proveniente de capineira existente na
Fazenda Experimental da Universidade
Federal do Ceará, localizada em Pentecoste
- Ceará, obtido por corte manual diário,
contando com 57 dias após o plantio. O
farelo de soja e o milho foram obtidos no
comércio de Fortaleza - Ceará em
quantidade suficiente para a realização de
todo o experimento. A dieta formulada e
sua composição química e energética
constam da Tabela 1.
Pretendeu-se a inclusão do subproduto de
caju nos níveis zero, 18, 37 e 56 % a uma
dieta básica composta de feno de capim
elefante, milho e farelo de soja. O nível
máximo foi determinado pelo ajuste das
dietas em função da substituição total do
feno de capim elefante pelo subproduto de
caju e, ao mesmo tempo, para atenderem
aos requisitos de proteína bruta (14,7%) e
de NDT (72%) prescritos pelo National
Research Council (1985) para cordeiros em
terminação (quatro a sete meses de idade)
com peso vivo de 30kg e ganho de peso de
295g/dia. Houve dificuldade para, com os
alimentos utilizados, se atingir o
requerimento de energia. Desta maneira,
procurou-se estabelecer um nível de fibra
dietético máximo, idêntico para os quatro
tratamentos, de modo que os níveis de
energia se aproximassem daquele prescrito
pelo National Research Council (1985).
Tabela 1. Composição centesimal e bromatológica das dietas contendo subproduto de caju
ofertadas a ovinos em base de matéria seca
Tratamentos
Feno de Capim Milho Farelo de %MS %PB %NDT1 %FDN
Soja
Propostos
Elefante
0%
51,70
38,60
9,70
86,32 12,04 65,00
58,89
18,33%
34,68
39,54
7,45
86,19 12,50 63,76
59,18
37,28%
17,45
40,20
5,07
86,08 12,95 62,38
59,63
56,49%
0
40,86
2,65
85,97 13,40 60,99
60,10
1
Estimado segundo Cappelle et al. (2001)
Foram utilizados 20 cordeiros machos e
inteiros com seis meses de idade e peso
vivo médio de 24 kg.
Os
ovinos
foram
previamente
desverminados e alojados em gaiolas de
metabolismo com bebedouros, comedouros
e saleiros plásticos, dotados de dispositivos
apropriados para colheita de urina e fezes.
Estes dispositivos foram constituídos por
baldes de 10 litros colocados sob um tripé
de fibra de vidro que servia como apoio a
uma tela com malha de 5 mm de maneira a
permitir um declive para a queda das fezes
sem risco de contaminação da urina que
ficava no balde. As fezes foram colhidas
em recipientes plásticos colocados logo à
frente do tripé com a tela, estando os dois
tipos de recipientes de colheita sob o funil
da gaiola metabólica.
O período de adaptação dos animais às
dietas e às gaiolas foi de 10 dias, sendo o
período de colheita (experimental) os sete
dias subseqüentes. Os 20 carneiros foram
pesados no início do período de adaptação,
tais pesos foram utilizados para o cálculo
do consumo em gramas por unidade de
tamanho metabólico (kg0,75).
As dietas foram divididas em duas refeições
iguais e oferecidas bem misturadas aos
ovinos, às 7 h e 30 min e a outra às 17 h e
30 min, buscando-se sempre deixar uma
sobra que, em média ficasse entre 10 e 20%
da matéria seca oferecida por dia. Água e
sal mineralizado estiveram disponíveis à
vontade.
Amostras do alimento oferecido e das
sobras foram retiradas e pesadas
diariamente às sete horas. Posteriormente,
foi preparada uma amostra composta por
animal para as sobras e outra composta dos
alimentos fornecidos nos sete dias de
colheita. Na amostra composta das sobras,
foi feita a separação manual dos alimentos
para o posterior cálculo do consumo de
cada ingrediente, a partir da quantidade
originalmente fornecida de cada um deles.
Após isso, as amostras de sobras foram
novamente recompostas e homogeneizadas,
para juntamente com as amostras dos
alimentos oferecidos, serem moídas em
moinhos de facas com peneira de malha de
1 mm e estocadas para futuras análises
laboratoriais.
165
A colheita total de fezes também foi diária.
A produção total teve o peso registrado e
colheu-se uma alíquota de 20 % deste peso
para as futuras análises. Ao final do
experimento também foi preparada uma
amostra composta por animal que foi
embalada em sacos plásticos individuais e
armazenada a -10o C. No final do
experimento foram descongeladas à
temperatura ambiente por cerca de 14
horas, passadas em peneira de malha
grossa, homogeneizadas e pesadas. Após
isto, foram acondicionadas em bandejas de
alumínio e levadas à estufa de ventilação
forçada (55 a 60o C), por 72 horas, para a
determinação da matéria pré-seca. Foram
então moídas em moinho Thomas Myller
com peneira de 1 mm e acondicionadas em
recipientes plásticos para futuras análises.
Nos baldes coletores de urina foram
adicionados 100 ml de ácido clorídrico
(HCl 2N) na véspera de cada colheita,
evitando-se perdas de nitrogênio por
volatilização. O volume total de líquido foi
pesado retirando-se para cada carneiro uma
alíquota de 20 % do volume total colhido a
cada dia, acondicionada em frascos
plásticos (uma amostra composta por
animal) e imediatamente congelada.
Para as determinações de matéria seca,
matéria orgânica e cinzas, extrato etéreo,
proteína bruta, cálcio e fósforo do material
analisado seguiu-se a metodologia proposta
por AOAC (1980). Já para a quantificação
da FDN, FDA, celulose, hemiceluloses e
ligninas, utilizou-se a metodologia proposta
por Van Soest et al. (1991). Estas análises
laboratoriais foram determinadas nas
dependências dos Laboratórios de Nutrição
Animal do Departamento de Zootecnia da
Universidade Federal do Ceará (Fortaleza –
Ceará) e do Centro de Ciências Agrárias e
Biológicas da Universidade Estadual Vale
do Acaraú (Sobral – Ceará).
Para a estimativa de Nutrientes Digestíveis
Totais (NDT) dos alimentos isoladamente
166
foram utilizadas duas equações propostas
por Cappelle et al. (2001). Para o milho e o
farelo de soja recorreu-se à seguinte
equação:
NDT = 9,6134 + 0,8294 x DMS (r2=0,98;
P<0,01)
Para o subproduto de caju e o feno de
capim elefante a equação utilizada foi esta:
NDT = 10,43 + 0,8019 x DMS (r2=0,89;
P<0,01), onde para ambas:
DMS = Digestibilidade in vitro da matéria
seca segundo metodologia proposta por
Tilley e Terry (1963), determinada no
Laboratório de Nutrição Animal da
EMBRAPA Caprinos (Sobral - Ceará).
Para o cálculo da porcentagem dos
carboidratos totais (CHOT) utilizou-se
equação sugerida por Sniffen et al. (1992):
CHOT (%) = 100 - (%PB + %EE +
%Cinzas), onde CHOT = valor percentual
dos carboidratos totais, PB = valor
percentual da proteína Bruta, % Cinzas =
valor percentual de cinzas.
Para o cálculo de NDT das dietas
experimentais utilizou-se a equação NDT =
PBD + 2,25 x EED + CHOTD, utilizada
pelo Sistema de Cornell (Sniffen et al.,
1992), sendo que PBD, EED e CHOTD
correspondem respectivamente a proteína
bruta, extrato etéreo e carboidratos totais
digestíveis.
Para o cálculo do NDT das dietas
experimentais conforme o National
Research Council (2001) foram utilizadas
as seguintes equações:
CNFVD=0,98 x (100 - [(FDN - PBIDN) +
PB + EE + Cinzas])
PBVD = PB x EXP x [-1,2 x (PBIDA/PB)]
para o subproduto de caju e para o feno de
capim elefante
PBVD = [1 - (0,4 x (PBIDA/PB))] x PB
para o milho e para o farelo de soja.
AGVD = EE - 1.
FDNVD = 0,75 x [(FDN - PBIDN) - L] x
[1 – (L/((FDN - PBIDN) x EXP x 0,667))].
NDT1X (%) = CNFVD + PBVD + (AGVD
x 2,25) + FDNVD - 7, onde: NDT1X =
Nutrientes
Digestíveis
Totais
para
manutenção, CNFVD = Carboidratos Não
Fibrosos Verdadeiramente Digestíveis,
PBVD = Proteína Bruta Verdadeiramente
Digestível, AGVD = Ácidos Graxos
Verdadeiramente Digestíveis, FDNVD =
Fibra
em
Detergente
Neutro
Verdadeiramente Digestível, FDN = Fibra
em Detergente Neutro, EE = Extrato
Etéreo, L = Lignina em Detergente Ácido,
PB = Proteína Bruta, PBIDN = Proteína
Bruta Insolúvel em Detergente Neutro,
PBIDA = Proteína Bruta Insolúvel em
Detergente Ácido.
A determinação dos coeficientes de
digestibilidade de matéria seca, matéria
orgânica, proteína bruta, fibra em
detergente neutro e fibra em detergente
ácido, celulose, hemiceluloses e energia
bruta foi feita a partir da seguinte fórmula:
[(Consumo do nutriente em gramas –
quantidade em gramas do nutriente nas
fezes)/Consumo
do
nutriente
em
gramas]/100 (Silva e Leão, 1979).
Obteve-se a Energia Bruta (EB) em
calorímetro adiabático tipo PARR 2081 nas
dependências do Laboratório de Nutrição
Animal da EMBRAPA Caprinos em Sobral
- Ceará. No caso da urina, colocou-se cerca
de 1 ml de urina em papel de filtro
absorvente para permitir a sua combustão
na bomba calorimétrica. Anteriormente fezse a queima de seis papéis de filtro vazios
para referenciação da produção de calor do
papel individualmente, servindo de branco.
Utilizando-se a técnica direta de
determinação de energia com bomba
calorimétrica, calculou-se o valor da
energia digestível e energia metabolizável.
Para tanto, mediu-se a energia contida nas
fezes, no alimento oferecido, nas sobras do
alimento e na urina. A ED foi calculada
conforme descrito acima, já a energia
metabolizável pela fórmula de Blaxter e
Clapperton (1965) na qual a Energia
Digestível é igual a Energia Bruta Ingerida
menos a Energia Bruta excretada nas fezes;
a Energia Metabolizável é igual a Energia
Digestível menos a Energia Bruta da Urina
mais a Energia dos Gases. A produção de
metano foi estimada pela seguinte equação:
Cm = 0,67 + 0,062D, onde Cm = produção
de metano em kcal/ 100 kcal de energia
consumida e D = digestibilidade aparente
da energia bruta do alimento.
Foram também calculados o balanço de
nitrogênio [N ingerido - (N fecal + N
urinário)], nitrogênio ingerido (N fornecido
- N das sobras) e porcentagem de nitrogênio
retido em relação ao nitrogênio ingerido.
O delineamento experimental utilizado foi o
inteiramente ao acaso, com quatro
tratamentos (quatro níveis de inclusão do
subproduto) e cinco repetições (animais)
por tratamento.
As análises estatísticas foram feitas
mediante o uso dos softwares SAEG
(Sistema de Análises Estatísticas e
Genéticas) (Ribeiro Júnior, 2001) e SAS
(Statistical Analyses System) (Littell et al.,
1991), por meio do seguinte modelo
estatístico:
Yij = µ + Hj + eij
onde,
Yij = valor referente à observação da
repetição i do tratamento j
µ = média geral
Hj = efeito do tratamento j (j = 1, 2, 3, 4)
eij = erro aleatório associado à observação
As médias foram comparadas utilizando-se
os testes t e SNK, em nível de 5% de
167
probabilidade. Foi também observado o
grau de correlação de Pearson (P<0,05)
entre as variáveis estudadas para se saber
se a variação de uma delas acompanha
proporcional, direta ou inversamente, a
variação da outra conforme recomendou
Sampaio (2002).
estudada. As equações demonstradas neste
trabalho foram assim selecionadas para
trazer maior confiança e melhor
aplicabilidade à previsão de valores de
consumo e digestibilidade.
A análise de regressão foi realizada
utilizando-se também o software SAEG
(Ribeiro Júnior, 2001) para permitir a
estimativa dos consumos e coeficientes de
digestibilidade em níveis de subproduto de
caju, compreendidos no intervalo estudado,
que não foram testados no ensaio. Foram
testados diferentes modelos matemáticos
(lineares, polinomiais, logarítmicos e
exponenciais), a partir do procedimento
Modelos Pré-definidos, para escolha
apresentasse
maior
daquele
que
significância e maiores coeficientes de
determinação. Para a escolha do modelo
matemático também foi observado se o
mesmo ajustava-se à resposta biológica
Pelo ajuste de consumo, em função da
seletividade dos animais, a real inclusão do
subproduto de caju ficou nos seguintes
níveis: zero, 19, 38 e 52% (Tabela 2). A
partir desta consideração todas as
discussões de resultados levarão em conta
estes níveis de inclusão.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A composição química e teor de energia
bruta e nutrientes digestíveis totais (NDT)
dos ingredientes das dietas com base na
matéria seca (MS) estão demonstrados na
Tabela 3. A composição química, nutrientes
digestíveis totais (NDT) e energia bruta das
dietas consta na Tabela 4.
Tabela 2. Consumo médio diário de matéria seca de subproduto de caju, feno de capim elefante,
milho e farelo de soja (kg) e, entre parêntesis, a porcentagem (%) de cada um dos alimentos em
função do consumo de matéria seca total (CMST) (kg) das dietas oferecidas a ovinos
CMST
Subproduto
Milho
Farelo de
Tratamentos
Feno de Capim
de Caju
Elefante
Soja
0%
1,115
0,000 (0)
0,473 (42,4)
0,477 (42,78) 0,165 (14,82)
19 %
1,598
0,308 (19,29)
0,490 (30,68)
0,597 (37,32) 0,203 (12,71)
38 %
0,194 (15,9)
0,436 (35,64) 0,127 (10,41)
1,222
0,465 (38,05)
52 %
0,775
0,404 (52,11)
0,000 (0)
0,317 (40,93)
0,054 (6,96)
168
Tabela 3. Composição química (%) e níveis de energia bruta (Mcal/kg) dos ingredientes das
dietas fornecidas durante o experimento com base de matéria seca
Componentes
Subproduto Feno de Capim
Milho
Farelo de
de Caju
Elefante
Soja
Matéria Seca (%)
89,10
89,75
81,58
86,89
Proteína Bruta (%)
13,78
6,81
9,15
44,68
PBVD (%)*
2,89
3,97
8,95
41,33
NIDN (%)*
5,19
0,94
1,87
2,62
PBIDN (%)*
32,44
5,88
11,69
16,38
NIDA (%)*
2,87
0,49
0,08
1,34
PBIDA (%)*
17,94
3,06
0,50
8,38
DIVMS (%)*
45,85
52,45
86,29
79,42
Extrato Etéreo (%)
3,91
1,42
4,51
4,87
AGVD (%)*
2,91
0,42
3,51
3,87
Fibra em Detergente Neutro (%)
79,23
78,71
15,28
51,46
FDNVD (%)*
0,00
42,46
0,14
12,75
Fibra em Detergente Ácido (%)
68,59
43,67
3,78
32,67
Hemiceluloses (%)
10,64
35,11
11,50
18,79
Celulose (%)
30,81
46,86
5,76
22,52
Ligninas (%)
37,76
5,81
1,66
7,08
Cinzas (%)
2,78
13,02
1,70
2,39
Ca (%)
0,53
0,76
0,14
0,33
P (%)
0,043
0,034
0,052
0,048
Carboidratos Totais (%)
79,53
78,75
84,64
48,06
CNFVD (%)
32,08
5,80
79,43
12,72
Energia Bruta (Mcal/kg)
4,34
3,92
4,37
4,47
NDT (%)*
47,20
52,49
81,18
75,48
*PBVD=Proteína Bruta Verdadeiramente Digestível; NIDN=Nitrogênio Insolúvel em
Detergente Neutro; PBIDN=Proteína Bruta Insolúvel em Detergente Neutro; NIDA=Nitrogênio
Insolúvel em Detergente Ácido; PBIDA=Proteína Bruta Insolúvel em Detergente Ácido;
DIVMS=Digestibilidade in vitro da matéria seca; AGVD=Ácidos Graxos Verdadeiramente
Digestíveis; FDNVD=Fibra em Detergente Neutro Verdadeiramente Digestível;
CNFVD=Carboidratos Não Fibrosos Verdadeiramente Digestíveis; NDT=Nutrientes
Digestíveis Totais
169
Tabela 4. Composição química (%) e energia bruta média (Mcal/kg) das dietas contendo
quantidades crescentes do subproduto de caju com base de matéria seca
Dietas
Componentes
0
19
38
52
Matéria Seca (%)
85,83
86,21
86,29
85,87
Proteína Bruta (%)
13,42
13,84
14,24
14,04
PBVD (%)*
11,64
10,37
9,22
8,05
NIDN (%)*
1,59
2,32
3,06
3,65
PBIDN (%)*
9,92
14,50
19,15
22,83
NIDA (%)*
0,44
0,90
1,34
1,62
5,65
10,13
PBIDA (%)*
2,75
8,36
3,25
3,83
4,22
Extrato Etéreo (%)
3,49
2,25
2,49
2,83
3,22
AGVD (%)*
47,54
53,47
51,12
Fibra em Detergente Neutro (%)
51,68
19,95
14,70
8,13
0,95
FDNVD (%)*
24,98
32,19
37,79
39,56
Fibra em Detergente Ácido (%)
Hemiceluloses (%)
22,59
19,50
15,69
11,56
Celulose (%)
25,67
25,33
23,57
19,98
4,22
10,59
16,62
20,85
Ligninas (%)
Cinzas (%)
5,47
6,60
3,98
2,31
0,43
0,43
0,41
0,36
Ca (%)
P (%)
0,04
0,05
0,05
0,04
Carboidratos Totais (%)
76,72
77,20
77,95
79,43
CNFVD (%)*
38,32
39,23
42,76
50,11
Energia Bruta (Mcal/kg)
4,19
4,24
4,30
4,36
NDT (%)1*
67,16
61,07
62,50
63,79
NDT (%)2*
67,98
62,90
59,48
59,36
1
Determinado conforme Sniffen et al. (1992). 2 Determinado conforme o NRC (1985).
*PBVD=Proteína Bruta Verdadeiramente Digestível; NIDN=Nitrogênio Insolúvel em
Detergente Neutro; PBIDN=Proteína Bruta Insolúvel em Detergente Neutro; NIDA=Nitrogênio
Insolúvel em Detergente Ácido; PBIDA=Proteína Bruta Insolúvel em Detergente Ácido;
AGVD=Ácidos Graxos Verdadeiramente Digestíveis; FDNVD=Fibra em Detergente Neutro
Verdadeiramente Digestível; CNFVD=Carboidratos Não Fibrosos Verdadeiramente Digestíveis;
NDT=Nutrientes Digestíveis Totais
170
A composição química das dietas
experimentais revela a presença de altos
níveis de ligninas especialmente quando se
fez a maior inclusão do subproduto (52%).
Estas ligninas elevarão as concentrações de
NIDA parâmetro de análise que pode
refletir a baixa disponibilidade da proteína
aos microrganismos ruminais. Vê-se mais
uma vez que particularmente nos
tratamentos 38 e 52% os valores de NIDA
foram bastante elevados. Os valores de
NDT calculados a partir da PB, do EE e dos
carboidratos totais foram inferiores aos
prescritos pelo National Research Council
(1985) para esta categoria animal revelando
também
a
provável
redução
da
digestibilidade destes nutrientes dietéticos
especialmente quando o subproduto de caju
foi incluído em altas concentrações.
A Tabela 5 contém a comparação de médias
de consumo em g/kg0,75 da matéria seca,
matéria orgânica, proteína bruta e extrato
etéreo.
Tabela 5 - Médias de consumo diário (g/kg0,75, % do peso vivo, g/dia) das frações matéria seca,
matéria seca digestível, matéria orgânica, proteína bruta, proteína bruta digestível e extrato
etéreo das dietas contendo quantidades crescentes de subproduto de caju fornecidas a ovinos
Frações
Dietas
Coeficientes de
analisadas
0%
19%
38%
52%
Variação (%)
0,75
b
a
b
c
Matéria Seca (g/kg )
90,21 135,06
95,49
39,56
23,58
Matéria Seca (% PV)
4,12b
6,15a
4,32b
1,79c
23,03
Matéria Seca Digestível (g/kg0,75)
59,19b 80,82a 56,96b
23,83c
23,84
Matéria Seca (g/dia)
984,5b 1435,6a 1035,2b 431,0c
27,51
Matéria Orgânica (g/kg0,75)
85,93b 132,68a 96,11b
44,54c
22,86
Matéria Orgânica Digestível (g/kg0,75) 62,00b 88,46a 64,37b
31,22c
22,96
0,75
b
a
b
c
Proteína Bruta (g/kg )
12,54
18,46
12,71
5,41
24,73
Proteína Bruta Digestível (g/kg0,75)
7,86a
8,32a
4,84b
1,56c
30,22
Proteína Bruta (g/dia)
131,96b 196,30a 138,03b 58,79c
28,56
Extrato Etéreo (g/kg0,75)
3,63b
6,24a
5,63a
3,93b
19,02
Extrato Etéreo Digestível (g/kg0,75)
3,01b
5,01a
4,98a
3,49b
18,80
a
Médias com letras iguais na mesma linha não diferem significativamente pelo teste t (P>0,05)
O consumo médio diário de matéria seca foi
de 90,08 g/UTM, destacando-se o
tratamento que incluiu 19 % de subproduto
agroindustrial de caju, que apresentou
consumo/UTM superior aos demais níveis
de inclusão. Para o National Research
Council (1985), a exigência nutricional para
ovinos em terminação com 30 kg de peso
vivo é de 101,42 gramas de MS/kg0,75/dia,
portanto apenas com 19% de inclusão foi
possível atender tal ingestão, ficando
marginal quando se acrescentou 38%,
destaca-se no entanto, o baixo consumo que
apresentaram os cordeiros que consumiram
dieta com 52% de subproduto de caju, que
assemelhou-se a consumos de palhadas
(Jarrige, 1981). O consumo médio diário de
matéria seca foi inferior aos encontrados
nos Capítulos III e VI para os subprodutos
de abacaxi (108,72 g/UTM) e acerola
(104,02 g/UTM). Oliveira et al. (2004)
forneceram subproduto de caju em níveis
crescentes a dietas contendo feno de capim
Tifton 85, milho e farelo de soja para
cordeiros em crescimento. Avaliaram o
consumo de matéria seca encontrando um
consumo médio superior (104,99 g de
MS/UTM). Os níveis de inclusão do
subproduto foram de 10, 20, 30 e 40%,
sendo o nível máximo de inclusão doze
pontos percentuais inferior ao aplicado no
presente trabalho. Contrariamente ao que
foi observado neste trabalho, Oliveira et al.
(2004) afirmaram haver encontrado
171
aumento no consumo de matéria seca das
dietas experimentais nos maiores níveis de
inclusão do subproduto de caju. Vale
ressaltar que os consumos de matéria seca
(%PV), de matéria seca digestível (g/UTM)
e de matéria orgânica digestível (g/UTM)
tiveram o mesmo tipo de resposta que o
consumo de matéria seca (Tabela 5)
A análise de regressão indicou respostas
cúbicas de consumo de matéria seca, a
saber:
CMS = 91,75 + 3,77X - 0,093X2 (R2=0,75;
P<0,01), onde:
CMS = Consumo de matéria seca/UTM
X = % de inclusão de subproduto de caju
Os consumos de matéria orgânica e de
proteína bruta tiveram o mesmo tipo de
resposta que o consumo de matéria seca.
Foram superiores no tratamento que incluiu
19% de subproduto de caju em relação aos
encontrados para os demais tratamentos. O
consumo de proteína bruta digestível
apresentou, por sua vez, semelhanças entre
os tratamentos controle e 19% com
superioridade em relação aos demais. Altas
correlações foram encontradas entre os
consumos de matéria seca e de proteína
bruta (r=0,9896; P<0,0001) e os de matéria
orgânica e de proteína bruta (r=0,9799;
P<0,0001). Todas as correlações de Pearson
estudadas
neste
trabalho
estão
representadas na sessão de anexos deste
trabalho (Anexo 3).
A análise de regressão indicou respostas
cúbicas de consumo de matéria orgânica
por unidade de tamanho metabólico como
resposta à adição de subproduto de caju, a
saber:
CMO = 87,54 + 3,80X - 0,09X2 (R2 = 0,73;
P<0,01), onde:
CMO
=
Consumo
de
matéria
orgânica/UTM
X = % de inclusão de subproduto de caju
172
Apenas para o tratamento que incluiu 19%
de subproduto de caju foi atendido o
requisito de consumo de proteína, 14,93
g/kg0,75 conforme o National Research
Council (1985) para cordeiros em
terminação. O maior teor de PB consumido
em 19% deveu-se ao maior consumo de
MS, visto que o teor de PB das dietas
(Tabela 4) estavam muito próximos. O
subproduto de caju quando incluído em até
19% apresenta bons resultados de consumo
de PB limitando o seu uso até esse
percentual em dietas para ruminantes.
Acima disso, provavelmente a presença de
ligninas e taninos pode trazer prejuízos ao
desempenho animal particularmente pela
redução do consumo. Estudos que
promovam o tratamento químico do
subproduto de caju na intenção de se
disponibilizar as proteínas existentes serão
importantes para a maior inclusão desse
subproduto em substituição a fontes
tradicionais de proteína às dietas de
ruminantes.
A média de consumo de proteína bruta foi
de 12,28 g/UTM, inferior àquela encontrada
por Oliveira et al. (2004), 16,16 g de
proteína bruta/UTM em cordeiros que
receberam subproduto de caju em níveis
crescentes a uma dieta basal composta de
feno de Tifton 85, milho e farelo de soja. É
importante ressaltar que o tratamento que
incluiu 19% de subproduto de caju
apresentou valor médio de consumo de
proteína bruta superior à média encontrada
por esses autores (Tabela 4). Isto reforça a
constatação de que a inclusão do
subproduto de caju em até 19% do total das
dietas para pequenos ruminantes não
promove prejuízos para o consumo de
proteína bruta.
Sobre o consumo de extrato etéreo, a
inclusão do subproduto de caju em até 38%
do total das dietas experimentais promoveu
aumento destes valores. O mesmo foi
observado para o consumo de extrato etéreo
digestível.
Estudos
de
microscopia
eletrônica que determinem a interação de
fatores antinutricionais e o conteúdo celular
do subproduto de caju podem ser
elucidativos para o aprofundamento dos
estudos de disponibilização de nutrientes
em dietas que utilizem subproduto de caju
para ruminantes.
A análise de regressão indicou respostas
quadráticas de consumo de proteína bruta e
de extrato etéreo por unidade de tamanho
metabólico como resposta à adição de
subproduto de caju, a saber:
2
2
CPB = 12,79 + 0,49X - 0,012X (R =0,73;
P<0,01), onde:
CPB = Consumo de proteína bruta/UTM
X = % de inclusão de subproduto de caju
CEE = 3,67 + 0,2X - 0,0037X2 (R2 = 0,63;
P<0,01), onde:
CEE = Consumo de extrato etéreo/UTM
X = % de inclusão de subproduto de caju
Resolvendo dy/dx=0 para as equações
citadas anteriormente verifica-se que entre
19,23 e 21,11 % de inclusão serão obtidos
maiores consumos de matéria seca, matéria
orgânica e proteína bruta. Para o consumo
de extrato etéreo a melhor inclusão sobe
para 27,03%.
Os coeficientes de digestibilidade da
matéria seca, matéria orgânica, proteína
bruta e extrato etéreo encontram-se na
Tabela 6.
Tabela 6 - Médias (%) dos coeficientes de digestibilidade da matéria seca, matéria orgânica,
proteína bruta e extrato etéreo das dietas contendo quantidades crescentes de subproduto de caju
fornecidas a ovinos
Frações
Dietas s
Coeficientes de
Analisadas
0%
19%
38%
52%
Variação (%)
Matéria Seca
66,33a 59,62b 60,13ab 60,46ab
6,39
Matéria Orgânica
72,95a 66,42b 67,44ab 70,28ab
5,13
Proteína Bruta
62,72a 44,96b 38,05b 28,33c
14,24
Extrato Etéreo
83,66ab 80,33b 88,55a 88,60a
4,76
a
Médias com letras iguais na mesma linha não diferem significativamente pelo teste SNK
(P>0,05)
Os coeficientes de digestibilidade da
matéria seca e da matéria orgânica
apresentaram
respostas
semelhantes
(r=0,9324; P<0,0001). O tratamento que
incluiu 19% de subproduto de caju
apresentou digestibilidade desses nutrientes
inferior ao tratamento em que esta inclusão
não foi feita. Em contrapartida, houve
semelhança entre os tratamentos 38 e 52% e
destes com os demais. A digestibilidade da
MS provavelmente interferiu no consumo
de MS. Observando-se os dados da Tabela
6 verifica-se que no tratamento 19% onde o
consumo
foi
maior
(P<0,05)
a
digestibilidade foi menor que aquela
observada para o tratamento controle,
talvez pelo aumento da taxa de passagem
dos nutrientes dietéticos. Nos tratamentos
38 e 52% a digestibilidade foi semelhante
ao tratamento 19% dado os baixos
consumos verificados e provavelmente ao
maior tempo de permanência no rúmen.
Mesmo assim, a matéria seca digestível
teve como menores valores aqueles para os
tratamentos 38 e 52%.
O valor médio de digestibilidade da matéria
seca para as dietas que incluíram o
subproduto de caju foi de 60,07%. Valor
considerado mediano e semelhante aos
encontrados para alimentos volumosos.
Valadares Filho et al. (2002) citaram
valores semelhantes para a digestibilidade
da matéria seca de folhas de Brachiaria
173
decumbens (60,61%) e de silagem de
milheto
(59,76%).
Coeficientes
de
digestibilidade da matéria seca inferiores
foram citados por estes autores para o pasto
de capim elefante (54,03%) e superiores
para o milho desintegrado com palha e
sabugo (69,66%) e para concentrados
comerciais como o farelo de trigo
(72,96%), por exemplo. Oliveira et al.
(2004), em dietas que incluíram subproduto
de caju em níveis crescentes, encontraram
valor médio de digestibilidade da matéria
seca de 63,73%, ligeiramente superior ao
encontrado nesse ensaio.
De acordo com Van Soest (1994), as
ligações não hidrolisáveis da lignina e de
outros polifenólicos trouxeram a eles a
denominação de substâncias condensadas.
Substâncias fenólicas simples parecem ser
utilizadas por organismos anaeróbicos,
enquanto as substâncias condensadas
parecem ter as suas quebras limitadas à
ação de organismos aeróbicos. A maior
parte dos tratos gastrointestinais dos
animais apresenta ambiente anaeróbico e
assim existe uma limitação na degradação
de substâncias resistentes presentes nos
vegetais. A lignina e os taninos, por
exemplo, limitam o potencial máximo de
degradação da parede celular vegetal.
Ainda segundo este autor, os taninos
causam deficiências nitrogenadas em
bactérias não adaptadas e assim inibem a
digestão celulolítica e na utilização prática
de alimentos com altos níveis de taninos, a
quantidade ingerida pode ser limitada pela
intolerância ao tanino. O autor destacou que
a maior parte dos subprodutos de baixa
qualidade podem ser fornecidos em baixo
nível (cinco a 10% da dieta) sem efeitos
negativos, entretanto, quantidades maiores
podem ser contraproducentes e propõe o
estudo de subprodutos alimentares com a
avaliação concomitante da fermentação
ruminal dos mesmos e o desempenho
animal.
174
No presente ensaio, a ingestão de matéria
seca e de proteína bruta foi menor
especialmente no tratamento que incluiu o
subproduto em 52% e maior no tratamento
que incluiu 19%. A digestibilidade da PB,
por sua vez, teve maior valor no tratamento
controle seguido pelos tratamentos 19 e
38% e, por último aquele do tratamento
52%. Esta interação fez com que no cálculo
de consumo de proteína bruta digestível, os
valores nos tratamentos controle e 19%
fossem equivalentes e superiores aos
demais provando que a melhoria da
digestibilidade incrementou o consumo de
proteína prontamente disponível no caso do
tratamento controle.
A análise de regressão, indicou a equação a
seguir:
DPB = 62,65 - 0,91X + 0,0052X2 (R2 =
0,83 P<0,01), onde:
DPB = Digestibilidade da proteína bruta
(%)
X = % de inclusão de subproduto de caju
O comportamento quadrático descendente
revelou superioridade de digestibilidade da
proteína bruta quando não foi feita a
inclusão do subproduto. Sob quaisquer
níveis de inclusão desse subproduto, a
digestibilidade da proteína foi inferior.
Vale destacar que já no primeiro nível de
inclusão de subproduto de caju, o teor
percentual de NIDA duplicou em relação ao
tratamento que não incluiu o subproduto e
assim foi crescente até o nível máximo de
inclusão (52% de subproduto de caju)
(Tabela 3). Embora as dietas tenham sido
formuladas para serem isoprotéicas, o que
na verdade ocorreu foi uma queda na
disponibilidade da proteína em virtude da
menor digestibilidade desse nutriente com o
incremento do subproduto de caju na dieta.
No Capítulo XI desta tese serão
demonstrados os dados de proteína
degradável e não degradável no rúmen que
representam valores mais realísticos do
aproveitamento da proteína exógena e, no
capítulo X, as concentrações séricas de NNH3 que permitem maiores comentários
acerca do aproveitamento desse substrato
nitrogenado para a síntese de proteína
microbiana.
A Tabela 7 apresenta os valores de
consumo médio diário das frações fibrosas
alimentares (fibra em detergente neutro,
fibra em detergente ácido, hemiceluloses e
celulose) em gramas por unidade de
tamanho metabólico.
Tabela 7 - Médias de consumo (g/kg0,75, % de peso vivo e % de matéria seca ingerida) das
frações fibrosas alimentares das dietas contendo quantidades crescentes de subproduto de caju
fornecidas a ovinos
Dietas
Coeficientes de
Frações Analisadas
0%
19%
38% 52% Variação (%)
Fibra Detergente Neutro (g/kg0,75)
62,62b 99,22a 76,33b 39,05c
22,72
Fibra Detergente Neutro (% PV)
2,86b 4,52a 3,45b 1,76c
22,25
Fibra Detergente Neutro Digestível (g/kg0,75) 38,33b 67,93a 57,60a 29,57b
22,96
Fibra Detergente Neutro (% MSI)
69,37c 73,48c 80,17b 98,42a
5,66
Fibra Detergente Ácido (g/kg0,75)
20,65b 41,80a 39,09a 20,08b
19,43
Fibra Detergente Ácido (% PV)
0,94b 1,90a 1,77a 0,91b
18,97
0,75
b
a
a
b
Fibra Detergente Ácido Digestível (g/kg ) 11,96 23,50 21,20 11,85
20,33
Fibra Detergente Ácido (% MSI)
23,55d 30,94c 41,39b 50,90a
6,28
Hemiceluloses (g/kg0,75)
41,23b 58,16a 38,97b 16,49c
22,16
Hemiceluloses (% PV)
1,89b 2,65a 1,77b 0,74c
21,56
0,75
Hemiceluloses Digestíveis (g/kg )*
30,90b 41,99a 28,80b 13,66c
21,02
Hemiceluloses (% MSI)
46,74a 43,06a 41,26a 41,06a
13,18
0,75
b
a
a
c
Celulose (g/kg )
21,31 34,34 30,55 11,19
26,24
Celulose (% PV)
0,97b 1,57a 1,38a 0,50c
25,67
Celulose Digestível (g/kg0,75)*
10,28b 17,59a 19,77a 7,37b
29,78
Celulose (% MSI)
23,07c 25,41bc 31,94a 28,04b
9,95
a
Médias com letras iguais na mesma linha não diferem significativamente pelo teste t (P>0,05)
Quanto aos consumos de FDN e
hemiceluloses (g/UTM) o tratamento que
incluiu 19% de subproduto de caju
apresentou o maior valor. Já os consumos
de FDA e de celulose apresentaram maiores
coeficientes de digestibilidade entre 19 e
38% de inclusão de subproduto de caju. É
importante destacar que o tratamento 19%
apresentou mais alto valor percentual de
celulose e que o tratamento 38% apresentou
o segundo maior valor (37,91%) dentre as
dietas experimentais e isto pode ter
favorecido a resposta encontrada. No nível
em que houve a maior inclusão do
subproduto de caju a provável formação de
complexos lignocelulósicos pode ter
causado redução da digestibilidade da FDA.
Os consumos de FDN, FDA e CEL
digestível revelaram superioridade de
valores para os tratamentos 19 e 38% de
inclusão do subproduto de caju. Já para o
consumo das hemiceluloses digestíveis o
tratamento 19% apresentou o maior valor
seguido dos tratamentos controle e 38% e o
tratamento 52% apresentou o menor valor
de consumo entre todos os tratamentos.
Posteriormente
estes
dados
serão
comentados juntamente com os coeficientes
de digestibilidade dessas frações (Tabela 8).
O National Research Council (1985) não
especifica valores de consumo mínimo de
fibra para ovinos. Entretanto, uma
quantidade máxima de carboidratos
rapidamente fermentáveis (CNF) e uma
175
quantidade mínima de carboidratos
lentamente digestíveis (maior proporção da
FDN) devem ser providas, e a relação entre
estas frações de carboidratos é importante
(National Research Council, 2001). O
índice histórico para o nível adequado de
carboidratos estruturais tem sido a relação
volumoso : concentrado, no entanto, essa
relação não considera a qualidade da
forragem (nível de fibra) nem reconhece a
fibra de fontes não forrageiras como o
subproduto de caju, por exemplo.
Para se ter um referencial sobre o
atendimento ou não dos níveis mínimos de
fibra de ruminantes com dietas que utilizem
o subproduto de caju utilizou-se a
recomendação de Macedo Júnior (2004) de
consumo de FDN para ovelhas da raça
Santa Inês com peso vivo médio de 45 kg,
ou seja, 28,05% de FDN. Como referido
anteriormente, o consumo médio diário de
matéria seca foi de 90,08 g/UTM, inferior
àquele
recomendado
pelo
National
Research Council (1985). Se considerarmos
os percentuais mínimos de inclusão de fibra
dietética citados no parágrafo anterior, deve
haver um consumo médio superior a 25,27
g de FDN/UTM. Todos os valores
ultrapassaram essa recomendação de
mínimo consumo de FDN para a adequada
funcionalidade ruminal. É importante
recordar que estudos que determinem a
efetividade física da fibra de subprodutos
de frutas para dietas de pequenos
ruminantes serão importantes para avaliar
adequadamente este antendimento.
A seguir são apresentadas as equações de
regressão para os consumos das frações
fibrosas:
CFDN = 63,61 + 2,96X - 0,067X2 (R2 =
0,70; P<0,01), onde:
CFDN = Consumo de FDN em g/UTM
X = Nível de inclusão do subproduto de
caju (%)
176
CFDA = 20,54 + 1,78X - 0,034X2 (R2 =
0,78; P<0,01), onde:
CFDA = Consumo de FDA em g/UTM
X = Nível de inclusão do subproduto de
caju (%)
CHCEL = 42,06 + 1,41X - 0,037X2 (R2 =
0,77; P<0,01), onde:
CHCEL = Consumo de HCEL em g/UTM
X = Nível de inclusão do subproduto de
caju (%)
CCEL = 20,98 + 1,29X - 0,028X2 (R2 =
0,70; P<0,01), onde:
CCEL = Consumo de CEL em g/UTM
X = Nível de inclusão do subproduto de
caju (%)
Resolvendo dy/dx=0 para as equações
correspondentes ao consumo das frações
fibrosas encontra-se a faixa de inclusão
compreendida entre 19,05 e 26,18 % como
a mais adequada.
Alta correlação foi encontrada entre o
consumo de matéria seca e de FDN e FDA
(% PV) (r>0,82; P<0,0001). Basta verificar
que no tratamento que incluiu 19% de
subproduto de caju mais de 73% de matéria
seca ingerida constituía-se de fibra
alimentar chegando no tratamento 52% de
inclusão do subproduto a fibra constituir-se
mais de 98% da matéria seca consumida.
Os altos níveis de fibra existentes no
subproduto de caju (Tabela 4) foram
determinantes para o aumento dos
consumos de FDN e FDA com a inclusão
crescente do subproduto, mesmo não
ocorrendo aumento proporcional do
consumo de matéria seca. Isso pode ter
causado a diminuição dos níveis
energéticos das dietas em que o subproduto
de caju foi incluído comparativamente à
dieta controle (0% de inclusão de
subproduto).
Alta correlação negativa foi encontrada
entre o consumo de matéria seca (% PV) e
o consumo de FDA como porcentagem da
matéria seca ingerida (r=-0,6515; P<0,001),
ou seja, à medida que o consumo de matéria
seca diminuiu houve um aumento
proporcional do consumo de FDA. Um
agravante disso também foi constatado pela
alta correlação negativa existente entre o
consumo de FDA proporcional ao consumo
de matéria seca e a digestibilidade da
proteína bruta (r=-0,8557; P<0,0001). Esse
aumento de consumo de compostos
lignocelulósicos
indisponibilizado
(Tabela 6).
provavelmente
teria
a proteína dietética
Quanto às digestibilidades da FDN e da
FDA não houve diferenças significativas
entre os tratamentos a partir do incremento
dos níveis de subproduto de caju dietéticos
(Tabela 8).
Tabela 8 - Médias (%) dos coeficientes de digestibilidade das frações fibrosas alimentares das
dietas contendo quantidades crescentes de subproduto de caju fornecidas a ovinos
Frações
Dietas
Coeficientes de
Analisadas
0%
19%
38%
52%
Variação (%)
Fibra Detergente Neutro 64,95a 68,22a 76,32a 75,25a
14,08
Fibra Detergente Ácido 58,80a 55,90a 54,63a 59,26a
9,05
Hemiceluloses
75,97ab 72,02b 74,66ab 82,09a
6,53
b
b
a
a
Celulose
46,86 50,76 65,35 64,68
12,30
a
Médias com letras iguais na mesma linha não diferem significativamente pelo teste SNK
(P>0,05).
Apesar de não ter havido diferenças
significativas para os coeficientes de
digestibilidade da FDN e da FDA, estes
valores favoreceram o consumo destas
frações para os tratamentos 19 e 38%
(Tabela
7),
revelando
que
as
digestibilidades de 64,95% e de 75,25%
para os tratamentos zero e 52% não foram
suficientes para aumentar o aporte fibroso
efetivo ao animal.
As digestibilidades da FDN para 38 e 52%
de inclusão do subproduto de caju foram
comparáveis à digestibilidade do capim
Tifton 85 (73,46%), superior à da silagem
do bagaço de laranja (69,55%) e a
digestibilidade da FDA semelhante à
digestibilidade do milho desintegrado com
palha e sabugo (53,35%), no entanto, a
inclusão de 19% desse subproduto
equivaleu-se aos dados da silagem de
bagaço de laranja (69,55%) (Valadares
Filho et al., 2002).
A fração celulósica apresentou maior
digestibilidade nos níveis onde foi realizada
a maior inclusão do subproduto de caju (38
e 52% de inclusão). O menor consumo de
matéria seca para a dieta com 52% de
subproduto
de
caju
(Tabela
5)
provavelmente favoreceu a degradação
microbiana da celulose. O pouco substrato
fibroso disponível foi provavelmente mais
intensivamente degradado. No Capítulo XI
será feita a avaliação das degradabilidades
ruminais da celulose existente no
subproduto de caju e no capim elefante.
Particularmente para o tratamento 52% a
alta digestibilidade não foi suficiente para
promover o aporte de hemiceluloses
digestíveis para o rúmen o que ficou
evidenciado no mais baixo consumo desse
nutriente digestível demonstrado na Tabela
7. Para as hemiceluloses, houve
superioridade
de
coeficiente
de
digestibilidade no tratamento que incluiu
52% de subproduto de caju em comparação
com o valor encontrado para o tratamento
que incluiu 19% de subproduto. Da mesma
forma que para as hemiceluloses neste
tratamento também foi encontrado o menor
177
consumo de celulose digestível. Houve
semelhança, entretanto dos coeficientes de
digestibilidade destes dois níveis com os
encontrados para os tratamentos zero e 38%
de inclusão de subproduto de caju.
A diminuição do processo fermentativo
provavelmente resultou em um maior
tempo de retenção ruminal e conseqüente
redução do consumo de matéria seca. De
acordo com Van Soest (1994), a presença
de lignina limita o uso da parede celular e a
presença de taninos, óleos essenciais e
polifenóis inibem a ação de proteases e
celulases. A análise de variância indicou
um aumento da digestibilidade da celulose
nos níveis 38 e 52% de inclusão do
subproduto de caju. Embora tenha havido
uma redução da ação das celulases, o
aumento no tempo de retenção pode ter
promovido uma maior disponibilização
deste
substrato
nutritivo
aos
microrganismos ainda atuantes.
De acordo com Mertens (2001), alterações
no nível de fibra fisicamente efetiva na
dieta, resultam em mudanças nos processos
de mastigação, de secreção salivar, de
produção de ácidos graxos voláteis, do pH
ruminal,
mudança
nas
populações
microbianas, na relação acetato :
propionato. Portanto, amplo campo de
pesquisa ainda existe quanto a avaliação do
subproduto de caju em dietas para
ruminantes. No Capítulo X serão
demonstrados os dados de AGVs e pH
ruminais
que
poderão
ajudar
no
aprofundamento destas discussões. Um
outro aspecto é o tamanho das partículas
fibrosas e a granulometria de concentrados
e de subprodutos agroindustriais. Campo
que merece mais pesquisas principalmente
para a melhor eficiência do uso desses
alimentos sem riscos à função ruminal.
Dentre os modelos testados para os dados
de digestibilidade das frações fibrosas,
apenas a digestibilidade da celulose teve
ajuste significativo (P<0,05) e com
178
coeficiente de determinação superior a
45%.
DCEL = 45,82 + 0,45X + 0,0011X2 (R2 =
0,56; P<0,01), onde:
DCEL = Digestibilidade da CEL (%)
X = Nível de inclusão do subproduto de
caju (%)
A equação revelou um efeito quadrático
ascendente. O maior tempo de retenção
ruminal
das
partículas
fibrosas
provavelmente foi o responsável pelo
aumento da digestibilidade da celulose nos
mais altos níveis de inclusão de subproduto
de caju onde ocorreu redução de consumo
de matéria seca.
A seguir, será feita a comparação das
médias de consumo de energia bruta,
energia digestível e energia metabolizável
para avaliação do balanço energético dos
ovinos. Esses consumos serão analisados e
discutidos juntamente com os coeficientes
de digestibilidade aparente da energia bruta
e os teores de energia digestível e energia
metabolizável por quilo de matéria seca
ingerida (kcal) (Tabela 9).
Os dados de consumo de energia
metabolizável foram concordantes com os
de energia digestível e de energia bruta, ou
seja, maior consumo foi observado para o
tratamento que incluiu 19% de subproduto
de caju. Neste nível provavelmente
favoreceu o aumento do consumo desta
fração no tratamento que incluiu o
subproduto em 19% (Tabela 5) em
comparação ao tratamento sem o
subproduto.
Church e Pond (1987) destacaram que o
consumo de alimentos é controlado pela
diluição de dietas com alimentos de baixa
digestibilidade. Mais uma vez, também
falado por esses autores, destaca-se o
estudo de granulometrias aplicadas aos
alimentos fornecidos a ruminantes. A alta
pulverulência alimentar, segundo Church e
Pond (1987), por exemplo, pode ser uma
forma física de administração pouco
apetecível e por conseqüência promover
uma redução no consumo das dietas.
Tabela 9 - Médias de consumo de energia bruta (EB), digestível (ED) e metabolizável (EM) em
relação à unidade de tamanho metabólico dos ovinos (kcal/kg0,75), coeficientes de
digestibilidade aparente da energia bruta, balanço energético e teores de ED (TED) e de EM
(TEM) por quilo de matéria seca ingerida (kcal) das dietas contendo quantidades crescentes de
subproduto de caju fornecidas a ovinos
Frações
Dietas
Coeficientes de
Analisadas
0%
19%
38%
52%
Variação (%)
Consumo de EB
390,50b 576,68a 419,67b 180,91c
23,11
Consumo de ED
256,14b 333,53a 237,33b 105,01c
23,40
b
a
b
c
Consumo de EM
203,19 310,70 205,27
38,21
33,90
Coeficientes de digestibilidade (%)
65,89a
57,77b
57,12b
58,05b
6,62
Balanço energético
2,16b
3,31a
2,23b
0,43c
37,91
Teor de ED/Kg MS
2833,2a 2467,6b 2525,6ab 2651,1ab
7,41
Teor de EM/Kg MS
2046,9a 2298,2a 2178,6a 949,1b
32,56
a
Médias com letras iguais na mesma linha não diferem significativamente pelo teste t (P>0,05).
Apenas no tratamento que incluiu o
subproduto de caju em 19% do total
dietético foi atendido o requisito prescrito
pelo National Research Council (1985) para
consumo de energia metabolizável, a saber,
265,24 kcal/kg0,75. Esta constatação pode ter
sido determinante para o menor balanço
energético evidenciado principalmente no
tratamento que incluiu o subproduto em
52% com o tratamento em que o
subproduto de caju foi incluído em 19%.
De acordo com Van Soest (1994), a
diminuição do aporte energético dietético
pode influenciar negativamente a utilização
da proteína dietética, comprovada pela alta
correlação positiva encontrada neste
trabalho entre o consumo de energia
metabolizável e o balanço nitrogenado
(r=0,8768; P<0,0001).
Os coeficientes de digestibilidade da
energia bruta nas dietas que incluíram o
subproduto de caju foram sempre menores
do que no tratamento em que essa inclusão
não foi feita.
A seguir são demonstradas as equações
correspondentes à digestibilidade da
energia bruta (DEB) e consumo de energia
metabolizável (CEM) em relação aos níveis
de inclusão de subproduto de caju (X).
DEB = 65,71 - 0,52X + 0,0073X2 (R2 =
0,50; P<0,01)
CEM = 205,86 + 9,86X - 0,25X2 (R2 =
0,74; P<0,01)
A equação para a DEB foi quadrática
descendente até 35,62% de inclusão do
subproduto de caju (DEB = 56,45%). A
partir daí teve comportamento ascendente
até os 52% de inclusão quando apresentou
digestibilidade da energia bruta de 58,05%.
Maior consumo de energia metabolizável
foi evidenciado resolvendo dy/dx=0 para a
equação do CEM aos 19,72% de inclusão
do subproduto de caju, com o valor de
303,08 kcal por UTM. A partir daí houve
queda
do
consumo
de
energia
metabolizável.
Em seguida é demonstrada a relação
existente entre o teor de energia
metabolizável (TEM) em kcal/kg de
matéria seca e a inclusão de subproduto de
caju (X) em percentual.
179
TEM = 1996,29 + 49,17X - 1,3X2 (r2=0,46;
P<0,01).
Resolvendo dy/dx=0 encontrou-se como
nível ótimo de inclusão de subproduto de
caju quanto ao teor de energia
metabolizável a uma dieta básica composta
de capim elefante, milho e farelo de soja, o
percentual de 18,91 %. É importante
destacar que a partir desse percentual de
inclusão de subproduto de caju começou a
ocorrer o declíneo do teor de energia
metabolizável.
Os valores médios do balanço de nitrogênio
para os quatro tratamentos constam na
Tabela 10.
Tabela 10 - Balanço de nitrogênio comparado nas diferentes dietas contendo quantidades
crescentes de subproduto de caju fornecidas a ovinos
Frações
Dietas
Coeficientes
de
Analisadas
0%
19%
38%
52%
Variação (%)
Nitrogênio ingerido (g/dia)
21,11b 31,41a
22,09b
9,41c
28,56
Nitrogênio fecal (g/dia)
7,87b
17,20a
13,62a
6,72b
28,46
Nitrogênio urinário (g/dia)
1,72a
2,40a
2,18a
2,39a
32,62
Balanço de nitrogênio
11,52a 11,81a
6,29b
0,30c
48,39
a
ab
b
c
Nitrogênio retido (% sobre o N
52,66
37,30
26,71
1,90
39,36
ingerido)
a
Médias com letras iguais na mesma linha não diferem significativamente pelo teste t (P>0,05).
Maiores balanços nitrogenados foram
encontrados para os tratamentos zero e 19%
de inclusão de subproduto de caju. Em
contrapartida, maiores perdas de nitrogênio
nas fezes foram observadas nos tratamentos
que incluíram o subproduto de caju em 19 e
38%. No caso da dieta com 19% de
subproduto,
a
maior
perda
fecal
provavelmente foi resultado da maior
ingestão de nitrogênio. Para a dieta com
38% o maior valor provavelmente deveu-se
a uma menor eficiência de uso do
nitrogênio para a síntese de proteína
microbiana confirmada pela menor retenção
de nitrogênio em relação à dieta controle. O
tratamento 0% de inclusão teve maior
retenção de nitrogênio do que os
tratamentos 38 e 52% de inclusão de
subproduto de caju e semelhança ao
tratamento 19% de inclusão. Estes
resultados evidenciam que o preparo de
dietas para ruminantes deve considerar o
perfil de aminoácidos incorporados e a
disponibilidade de energia ao metabolismo
animal e à fermentação microbiana. Além
da redução na ingestão do nitrogênio, o
180
mais
baixo
consumo
de
energia
metabolizável nos níveis 38 e 52%
interferiu negativamente sobre o balanço
nitrogenado e, portanto, sobre a queda na
retenção de nitrogênio. Mais uma vez é
importante ressaltar que os compostos
polifenólicos tais como taninos e ligninas
podem ter indisponibilizado a proteína
dietética e assim ter promovido a redução
da retenção de nitrogênio. A inclusão do
subproduto de caju acima a partir de 38%
do total dietético não é benéfica dada à
redução nos balanços energético e
nitrogenado.
A seguir, são apresentados as equações com
maiores coeficientes de determinação
(r>45%) e significâncias estatísticas
(P<0,05).
NING = 21,49 + 0,86X - 0,021X2 (R2 =
0,67; P<0,01), onde:
NING = nitrogênio ingerido (g/dia)
X = % de inclusão do subproduto de caju
NFECAL = 8,09 + 0,71X - 0,014X2 (R2 =
0,67; P<0,01), onde:
NFECAL = nitrogênio fecal (g/dia)
X = % de inclusão do subproduto de caju
Estimativas do valor energético a partir de
características químicas e bromatológicas
dos alimentos. Revista Brasileira de
Zootecnia, v.30, n.6, p.1837-1856, 2001.
BN = 11,63 + 0,12X - 0,0065X2 (R2 = 0,68;
P<0,01), onde:
BN = balanço de nitrogênio (g/dia)
X = % de inclusão do subproduto de caju
CHURCH,
D.C.,
POND,
W.G.
Fundamentos de nutrición y alimentación
de animales. Mexico: Limusa, 1987. 438p.
NR = 51,56 - 0,34X - 0,011X2 (R2 = 0,74;
P<0,01), onde:
NR = nitrogênio retido (% sobre o
nitrogênio ingerido)
X = % de inclusão do subproduto de caju
Resolvendo dy/dx=0 para estas equações
foram encontrados os níveis de inclusão de
subproduto de caju compreendidos entre
9,23 e 25,36% como os ideais para o os
parâmetros avaliados nestas equações.
4. CONCLUSÕES
O
subproduto
do
processamento
agroindustrial
de
caju
apresenta
potencialidade como alimento para
ruminantes.
Houve prejuízo particularmente quanto ao
aproveitamento das frações fibrosa e
protéica das dietas e, portanto, não deve ser
ultrapassado o percentual de 19% de
inclusão nas dietas para ruminantes.
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Capítulo X - EXPERIMENTO 8
Valor nutritivo do subproduto da indústria processadora de caju (Anacardium
occidentale) em dietas para ovinos. 2. Dinâmica da fermentação ruminal e cinética
sangüínea
RESUMO
O presente estudo foi conduzido com o objetivo de avaliar a influência da inclusão do
subproduto do processamento de caju (Anacardium occidentale L.) sobre a concentração de
nitrogênio amoniacal (N-NH3) em mg/100 ml, pH e concentrações molares de ácidos graxos
voláteis (AGVs) do líquido ruminal, assim como os níveis séricos de albumina (ALB),
creatinina (CRE), uréia (UR) e proteínas totais (PT) em ovinos que receberam dietas
experimentais isofibrosas e isoprotéicas contendo o subproduto em níveis crescentes. Vinte
ovinos machos, inteiros foram distribuídos em quatro tratamentos de inclusão percentual do
subproduto de caju (zero; 19%; 38%; 52%), segundo delineamento em blocos ao acaso, em
esquema de parcelas subdivididas, tendo nas parcelas as dietas e nas sub-parcelas os tempos de
colheita (zero, duas, cinco, oito horas pós-prandial) com cinco repetições. O pH manteve-se
dentro dos padrões normais citados pela literatura mesmo nas mais altas inclusões de
subproduto de caju. As maiores concentrações de N-NH3 foram evidenciadas nos tratamentos
zero e 52%. A proporção molar dos AGV no líquido ruminal nas dietas com subproduto de caju
foi típica de dietas ricas em volumosos. A relação acetato : propionato não foi afetada pela
inclusão do subproduto de caju. As concentrações séricas de UR, CRE e ALB não variaram
entre os tratamentos. Para as concentrações de PT os tratamentos que incluíram o subproduto de
caju apresentaram superioridade de valores. Os valores de UR e CRE foram inferiores e os
valores de ALB e PT superaram os valores normais citados pela literatura. Estes resultados
sugerem a ocorrência da reciclagem de nitrogênio na tentativa de suprimento de substrato
nitrogenado aos microrganismos ruminais. A inclusão do subproduto de caju em até 19 % do
total dietético apresentou melhores resultados no que diz respeito aos parâmetros analisados
neste trabalho.
Palavras-chave: Caju, amônia, frutas, ovinos, pH, ruminantes
1. INTRODUÇÃO
Um importante obstáculo à utilização de
subprodutos agroindustriais na alimentação
de ruminantes em substituição a fontes de
fibra forrageiras é o tamanho das partículas
alimentares. A fibra, no caso dos
subprodutos, que são geralmente muito
mais finamente moídos e isso resulta em
uma diminuição da atividade mastigatória,
do fluxo salivar ao rúmen e, portanto, do
efeito de tamponamento ruminal e da taxa
de passagem.
Para contornar este problema, muitas vezes
recomenda-se corrigir o FDN do
subproduto para a sua efetividade física
(determinação laboratorial que utiliza
peneiras com malha de 1,18 mm) ou
mesmo extrapolando os níveis mínimos de
consumo de FDN prescritos pelos sistemas
tradicionais.
No Sistema de Cornell (Fox et al., 2003), a
FDN fisicamente efetiva é utilizada para a
predição do pH ruminal, que por sua vez, é
utilizado para o ajuste da produção de
proteína microbiana e digestão da parede
celular. O conhecimento do pH ruminal em
dietas que utilizem o subproduto de caju,
portanto, é fundamental para a evitar a
redução do consumo de matéria seca, para
permitir a adequada produção de proteína
microbiana sem maiores perdas de
nitrogênio nas excretas e para a produção
de ácidos graxos voláteis resultantes do
metabolismo de carboidratos.
183
A análise de proteínas totais e albumina
séricas contribui para o conhecimento da
absorção principalmente dos constituintes
da fração B1 que representa a proteína
verdadeira rapidamente degradável no
rúmen. Esta fração antes de ser absorvida
pode ainda fornecer peptídeos para os
microrganismos que degradam carboidratos
não fibrosos.
Em se tratando da relação proteína : energia
de dietas que contêm subproduto de caju,
importante
é
ainda
verificar
as
concentrações de nitrogênio amoniacal no
líquido ruminal, uréia sérica e de ácidos
graxos voláteis. Altas concentrações de
ligninas e de taninos estão presentes no
subproduto de caju e isso pode reduzir os
aportes protéico e energético necessários à
adequada fermentação ruminal e ao
atendimento dos requisitos nutricionais dos
ruminantes.
Objetivou-se, portanto, com o presente
trabalho, avaliar em quatro tempos de
colheita previamente estabelecidos, os
níveis séricos de albumina, creatinina,
proteínas totais e uréia, bem como, a
disponibilidade de nitrogênio amoniacal,
pH e concentrações de ácidos graxos
voláteis do líquido ruminal de ovinos em
terminação, que receberam dieta composta
de feno de capim elefante, milho, farelo de
soja e níveis crescentes de subproduto de
caju.
2. MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado no Setor de
Forragicultura da Universidade Federal do
Ceará em Fortaleza – CE. Foram utilizados
20 cordeiros machos e inteiros com seis
meses de idade e peso vivo médio de 24 kg.
Os tratamentos consistiram de subproduto
agroindustrial
de
caju
composto
basicamente de bagaço do pseudofruto após
a extração do suco, seco ao sol e picado
grosseiramente, em níveis crescentes (zero,
19, 38 e 52 %), em relação a dietas
compostas de feno de capim elefante, milho
e farelo de soja. O nível máximo foi
determinado pelo ajuste das dietas em
função da substituição total do feno de
184
capim elefante pelo subproduto de caju e,
ao mesmo tempo, para atenderem aos
requisitos de proteína bruta (14,7%) e de
NDT (72%) prescritos pelo National
Research Council (1985) para cordeiros em
terminação (quatro a sete meses de idade)
com peso vivo de 30kg e ganho de peso de
295g/dia. Houve dificuldades para, com os
alimentos utilizados, se atingir o
requerimento de energia. Desta maneira,
procurou-se estabelecer um nível de fibra
dietético máximo, idêntico para os quatro
tratamentos, de modo que os níveis de
energia se aproximassem daquele prescrito
pelo National Research Council (1985).
Os ovinos utilizados foram pesados no
início do experimento e alojados em gaiolas
metabólicas. O período de adaptação dos
animais às dietas e às gaiolas foi de 17 dias,
logo ao final desse, em um dia realizou-se a
colheita de sangue, por punção da veia
jugular, para as determinações dos níveis
séricos de albumina, creatinina, proteínas
totais e uréia e também colheu-se líquido
ruminal para as mensurações de N-NH3,
ácidos graxos voláteis e pH ruminais em
quatro tempos pré-estabelecidos (zero hora
ou antes do fornecimento da dieta, 2 h, 5 h
e 8 h pós-prandial).
As dietas foram fornecidas às 7 horas em
uma única vez. Água e sal mineralizado
estiveram disponíveis à vontade. O pH foi
medido em potenciômetro imediatamente
após a colheita, enquanto as amostras de
aproximadamente 50 ml de líquido ruminal
foram acidificadas em 1 ml de ácido
sulfúrico 1:1 e guardadas a -5oC para
futuras análises de N-NH3. Em uma
alíquota de 4 ml de líquido ruminal foi
adicionado 1 ml de ácido metafosfórico a
25% para serem analisados os níveis de
ácidos graxos voláteis. As análises de NNH3 e AGVs foram realizadas nas
dependências do Laboratório de Nutrição
Animal da Escola de Veterinária da UFMG.
O nitrogênio amoniacal no líquido ruminal
foi determinado por destilação com óxido
de magnésio, usando-se ácido bórico com
indicador misto de cor como solução
receptora (vermelho de metila + verde de
bromocresol) e titulando-se com HCl
0,01N. Os ácidos graxos voláteis foram
quantificados usando-se um cromatógrafo
de fase gasosa SHIMADZU®, modelo GC17A dotado de coluna capilar metil-silicone
(CBP1 m25-025).
As dosagens de albumina, creatinina,
nitrogênio uréico e proteínas totais foram
realizadas a partir da utilização de kits
Bioclin®. Essas análises também foram
realizadas nas dependências do Laboratório
de Nutrição Animal da Escola de
Veterinária da UFMG.
Os parâmetros foram analisados para cada
tratamento experimental através de um
delineamento em blocos ao acaso em um
esquema de parcelas subdivididas, tendo
nas parcelas as dietas e nas sub-parcelas os
tempos de colheita (zero, duas, cinco, oito
horas pós-prandial) com cinco repetições,
segundo o seguinte modelo estatístico:
Yijk = µ + Fj + Tk + FTjk + eijk
onde,
Yijk = valor referente à observação da
repetição i no tratamento j e no tempo de
colheita k
µ = média geral
Fj = efeito do tratamento j (j = zero, 19%,
38%, 52%)
Tk = efeito do tempo de colheita k (k =
zero, 2, 5, 8)
FTjk = interação dos efeitos do tratamento j
com o tempo de colheita k
eijk = erro aleatório associado à observação
As médias foram comparadas pelo teste
SNK (P<0,05) empregando-se o software
SAEG versão 8.0 (Ribeiro Júnior, 2001).
No caso particular da concentração de ácido
butírico (milimoles/ 100 ml de líquido
ruminal), da relação acetato : propionato e
da proporção molar de ácido butírico em
relação a quantidade total de ácidos graxos
voláteis, foi feita a transformação para
arcoseno (ARSEN (RAIZ (VAR/100))). De
acordo com Sampaio (2002), grupos
experimentais que revelam variâncias
diversificadas, dependendo das respostas
médias,
apresentando
distribuições
aparentemente
normais,
demandam
transformação.
As
médias
destes
parâmetros existentes nas Tabelas 4, 5 e 6
foram, entretanto, para melhor visualização
das respostas e facilitar comparações com a
literatura, empregou-se as médias de
valores obtidos experimentalmente e não
dos valores transformados, considerando-se
apenas o grau de significância dos testes de
médias.
A análise de regressão foi realizada
utilizando-se o software SAEG (Ribeiro
Júnior, 2001) para permitir a estimativa dos
parâmetros analisados para cada nível de
subproduto de caju testado em função dos
tempos de colheita. Testou-se diferentes
modelos, a partir do procedimento
Modelos Pré-definidos, para escolha
daquele
que
apresentasse
maior
significância e maiores coeficientes de
determinação. Também foi considerado
aquele modelo matemático que melhor
adequacidade apresentou para o tipo de
resposta biológica estudada.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1. Efeito das dietas e dos tempos de
colheita sobre as concentrações de
nitrogênio amoniacal no rume de ovinos
Os resultados dos níveis de nitrogênio
amoniacal (N-NH3) encontram-se na Tabela
1. A interação tempo de colheita versus
dieta experimentais foi significativa
(P>0,05). Entre os horários de colheita no
tratamento controle, o valor do tempo dois
foi superior aos encontrados para o tempo
zero e para o tempo oito, mas foi
semelhante ao valor encontrado para a 5a
hora pós-prandial e este com os demais.
Nos outros tratamentos não houve
diferenças entre os tempos de colheita. No
maior nível de inclusão os picos de
produção de nitrogênio amoniacal foram
bem evidentes na 2a e 5a hora pós-prandial.
As concentrações de N-NH3 reveladas pelos
tratamentos
experimentais
estiveram,
todavia, sempre aquém dos níveis
considerados ótimos (23,5 mg/100 ml) por
Mehrez et al. (1977), para que se obtivesse
condições de se atingir a máxima
185
fermentação microbiana em ruminantes em
produção.
Tabela 1. Concentração de nitrogênio amoniacal (mg/ 100 ml) no líquido ruminal de ovinos
consumindo dietas contendo distintas quantidades de subproduto de caju1 em vários horários
pós-prandial
Dietas
Horário (h)2
Médias
3
3
0%
19 %
38 %3
52 %3
0
8,81Ba
4,84Aa
2,61Aa
9,68Ba
6,48B
Aa
Abc
Ac
Aab
2
18,49
10,80
7,07
15,51
12,97A
ABab
Ab
Ab
Aa
5
13,15
9,68
7,32
17,25
11,85A
Ba
Aa
Aa
Ba
8
6,83
5,46
3,47
9,43
6,30B
a
b
b
a
Médias
11,82
7,69
5,12
12,97
1
Percentagem de inclusão do subproduto de caju nas dietas
Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
3
Letras minúsculas iguais na mesma linha indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
CV = 48,63%
2
A ausência do subproduto de caju no
tratamento 0% teria propiciado maior
digestibilidade da proteína bruta dietética
para este tratamento em relação aos demais
(Capítulo IX). A provável causa para isso é
a existência de compostos fenólicos no
subproduto de suco de caju (Vasconcelos et
al., 2002). De acordo com Van Soest
(1994), os taninos inibem a ação de
proteases no líquido ruminal. Já para o
tratamento que incluiu o subproduto de caju
em 52%, a explicação mais provável estaria
na alta inclusão de taninos e ligninas. Como
o consumo foi de apenas 5,41 g/kg0,75
(Capítulo IX) quando a exigência prescrita
pelo National Research Council (1985) é de
14,93 g/kg0,75. Van Soest (1994) destacou a
baixa tolerância a ingestão de taninos em
ruminantes. Wallace e Cotta (1988)
comentaram que a uréia endógena é
na
significativamente
importante
reciclagem de nitrogênio quando a ingestão
de proteína é baixa e isso promove o
aumento do fluxo de nitrogênio no rúmen
particularmente em ineficientes retenções
de nitrogênio. O tratamento 52% de
inclusão apresentou a menor taxa de
retenção de nitrogênio dentre os
tratamentos experimentais (Capítulo IX).
Na Tabela 6, os comentários acerca dos
níveis séricos de uréia serão importantes
para o aprofundamento destes comentários.
186
Outros estudos devem ser conduzidos com
o propósito de avaliar e comparar o
crescimento entre as dietas experimentais e
de absorção pelo epitélio ruminal e
passagem da amônia para o abomaso. No
Capítulo XI será feita a discussão sobre a
degradabilidade ruminal da proteína do
subproduto de caju, importante para se
quantificar a disponibilidade deste nutriente
para os microrganismos e para o ruminante.
A análise de regressão foi feita
considerando-se as concentrações de
nitrogênio amoniacal em função do tempo
de colheita. A equação com maior
coeficiente de determinação e significância
estatística está representada a seguir. A
Figura 1 permite uma melhor visualização
das concentrações previstas por esta
equação.
3.2. Equação de predição da concentração
de nitrogênio amoniacal no líquido ruminal
de ovinos em função do tempo de colheita
conforme os tratamentos experimentais
3.2.1. Dieta com 0% de subproduto de caju
N-NH3 = 10,16 + 3,73X - 0,53X2 (R2 =
0,58; P<0,001), onde:
N-NH3 = concentração de nitrogênio
amoniacal em mg / 100 ml de líquido
ruminal;
X = tempo de colheita do líquido ruminal
(horas)
Concentrações de N-NH3 (mg/ 100 ml)
18
16
14
12
10
0%
8
6
4
2
0
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Tempo de colheita (h)
Figura 1. Concentração de nitrogênio amoniacal em função do tempo de colheita do líquido
ruminal
A Figura 1 destaca principalmente o tempo
de duas horas após a administração
alimentar como o que apresentou maior
concentração de nitrogênio amoniacal, fato
que já havia sido discutido quando
realizada a análise da Tabela 1.
3.3. Efeito das dietas e dos tempos de
colheita sobre os valores de pH ruminal
dos ovinos
Os resultados de medições
encontram-se na Tabela 2.
de
pH
Tabela 2. Valores de pH do líquido ruminal de ovinos consumindo dietas contendo distintas
quantidades de subproduto de caju1 em vários horários pós-prandial
Dietas
Horário (h)2
Médias
0 %3
19 %3
38 %3
52 %3
0
6,70Aa
6,74Aa
6,62Aa
6,85Aa
6,73A
Bab
Bab
Bb
Ba
2
6,34
6,51
6,35
6,61
6,45B
Bb
Bb
Bb
Ba
5
6,23
6,34
6,32
6,58
6,37B
Ba
Ba
Ba
Ba
8
6,32
6,39
6,37
6,46
6,38B
Médias
6,40b
6,50b
6,41b
6,62a
1
Percentagem de inclusão do subproduto de caju nas dietas
Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
3
Letras minúsculas iguais na mesma linha indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
CV = 2,57%
2
A interação tempo de colheita do líquido
ruminal versus dietas experimentais não foi
significativa (P>0,05) para os valores de pH
do líquido ruminal. A alimentação
promoveu a queda das concentrações de pH
do líquido ruminal. O tratamento 52%
apresentou valor de pH mais elevado. Os
demais tratamentos apresentaram valores
menores
(P<0,05)
e
semelhantes
estatisticamente (P>0,05). Os valores
médios, entretanto, mantiveram-se dentro
do recomendado por Hobson e Stewart
(1997), ou seja entre seis e sete, para
permitir a presença de todos os
componentes da biomassa microbiana do
rúmen, sejam bactérias, principalmente as
celulolíticas, protozoários ou fungos e por
Lindberg (1985), ou seja entre seis e oito,
187
compatível com a ação das enzimas desses
microrganismos. A este respeito, Van
Houtert (1993) ponderou que baixa ingestão
de alimentos como evidenciado no
tratamento 52% de inclusão do subproduto
de caju é comum o pH se situar em torno de
6,5 e sete.
colheita
conforme
os
tratamentos
experimentais
Conforme os tratamentos experimentais
podem ser destacadas as seguintes
equações, representadas na Figura 2. O
gráfico demonstra a queda do pH do líquido
ruminal a partir das duas horas após a
administração das dietas experimentais
como comentado anteriormente, tanto no
tratamento 0% quanto no tratamento 19%
de inclusão do subproduto de caju.
Um dos principais obstáculos à inclusão de
subprodutos agroindustriais como os de
frutas em substituição a fontes de fibras
forrageiras é a diminuição da efetividade
física da fibra dietética particularmente
como resultado da diminuição da atividade
mastigatória e da secreção salivar. Como
conseqüência, Van Soest (1994), destacou
que a regulação do pH passa a depender do
trânsito de ácidos graxos através da parede
ruminal e da secreção de bases em seu
interior. A uréia, segundo este autor, pode
ser rapidamente hidrolisada a bicarbonato
de amônia suportando sua utilização.
3.4.1. Dieta com 0% de subproduto de caju
pH = 6,68 - 0,18X + 0,017X2 (R2=0,80;
P<0,00001), onde:
pH = valores de pH em escala de zero a 14
X = tempo de colheita do líquido ruminal
(horas)
3.4.2. Dieta com 19% de subproduto de
caju
pH = 6,74 - 0,14X + 0,012X2 (R2=0,47;
P<0,05), onde:
pH = valores de pH em escala de zero a 14
X = tempo de colheita do líquido ruminal
(horas)
3.4. Equações de predição do pH no líquido
ruminal de ovinos em função do tempo de
6,8
6,7
6,6
6,5
pH
0%
19%
6,4
6,3
6,2
6,1
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Tempo de colheita (h)
Figura 2. Potencial hidrogeniônico (pH) do líquido ruminal em função do tempo de colheita em
horas
3.5. Efeito das dietas e dos tempos de
colheita sobre as concentrações totais dos
ácidos graxos voláteis, concentrações e
188
proporção dos ácidos graxos voláteis no
líquido ruminal de ovinos
As concentrações dos ácidos acético,
propiônico e butírico estão apresentadas na
Tabela 3. Não foram quantificados os
demais ácidos graxos de cadeia curta,
normalmente presentes no líquido ruminal
(isobutírico, 2-metil-butírico, valérico,
isovalérico, capróico). Na Tabela 4, são
apresentadas as concentrações dos AGV
totais (somatório dos ácidos acético,
propiônico e butírico) e a relação acetato :
propionato encontrada. As proporções
molares do acetato, propionato e butirato
aparecem na Tabela 5.
Medindo-se a concentração de AGV no
rúmen, pode-se ter uma idéia da sua
produção e conseqüentemente da absorção
destes ácidos.
As interações tempo de colheita do líquido
ruminal versus dietas experimentais para o
acetato, propionato e butirato (milimoles/
100 ml) não foram significativas
estatisticamente (P>0,05). Analisando os
dados da Tabela 3, percebe-se que apenas
houve
aumento
significativo
das
concentrações de acetato e propionato a
partir da quinta hora pós-prandial. Entre os
tratamentos, a concentração de ácido
acético foi maior na dieta controle em
relação as dietas que incluíram o
subproduto de caju em 38 e 52% e todos
foram semelhantes à dieta que incluiu o
subproduto em 19% do total dietético. Para
o propionato, os tratamentos 0% e 19%
apresentaram maiores concentrações do que
o tratamento 52% e todos foram
semelhantes ao tratamento 38%. Para o
butirato não houve diferenças significativas
entre os tratamentos experimentais. Entre
os tempos de colheita foi obtida maior
concentração de ácido butírico nos tempos
cinco e oito horas pós-prandial.
A interação tempo de colheita do líquido
ruminal versus dietas experimentais para as
concentrações de AGV totais (milimoles/
100
ml)
não
foi
significativa
estatisticamente (P>0,05). As maiores
concentrações foram encontradas às cinco e
oito horas pós-prandial. A dieta controle
apresentou maior produção de AGV totais
do que as dietas com 38% e 52% de
subproduto. A dieta com 19% de
subproduto apresentou maior concentração
do que a dieta com 52% e foi semelhante
estatisticamente às dietas controle e com
38% de subproduto. France e Siddons
(1993) atribuíram ao acetato grande
importância no comportamento das
concentrações dos AGV totais quando as
dietas forem ricas em volumosos, pois
nestas condições este ácido terá sempre alta
participação na fração dos AGV.
A interação tempos de colheita versus
dietas experimentais não foi significativa
para a relação acetato : propionato
(P>0,05).
Não
foram
encontradas
diferenças
significativas
para
este
parâmetro
entre
os
tratamentos
experimentais. A relação acetato :
propionato diminuiu na quinta e oitava hora
pós-prandial em relação ao jejum (Tabela
4). Provavelmente isso ocorreu como
resposta à redução da inclusão de
carboidratos estruturais nas dietas (Capítulo
IX).
Os valores médios de acetato, propionato e
butirato a partir da segunda hora após o
fornecimento alimentar nos tratamentos que
incluíram subproduto de caju foram
respectivamente
5,66;
1,97;
0,49
milimoles/100 ml de líquido ruminal,
bastante semelhantes aos encontrados para
o subproduto de acerola (Capítulo VII), a
saber, 5,07; 2,00; 0,46 milimoles/100 ml de
líquido ruminal para acetato, propionato e
butirato
respectivamente.
Já
as
concentrações destes ácidos evidenciadas
nas dietas que incluíram o subproduto de
abacaxi (Capítulo IV) foram ligeiramente
superiores: 5,98; 2,94 e 0,41 milimoles/100
ml de líquido ruminal para acetato,
propionato e butirato, respectivamente.
Provavelmente as altas proporções de
ligninas existentes nos subprodutos de
acerola e de caju indisponibilizaram mais
os carboidratos aos microrganismos
ruminais do que no tratamento que incluiu o
subproduto de abacaxi e isso pode ter
resultado na queda de produção de AGV
totais.
189
Tabela 3 - Concentração de acetato, propionato e butirato (milimoles/ 100 ml) no líquido ruminal de
quantidades de subproduto de caju1 em vários horários pós-prandial
Propionato3
Acetato3
HORA(h)2 0 %3
19 %3 38 %3
52 %3 Médias 0 %3
19 %3 38 %3 52 %3 Médias
Ca
Aa
Aa
Aa
Ca
C
0
4,08
4,57
3,72
2,87
1,38
1,05Ba 1,06Ba 0,66Ba 1,04C
3,81
Ca
Aa
Aa
Aa
BCa
BC
2
5,20
5,16
5,70
4,43
1,88
1,63Ba 1,48ABa 1,40ABa 1,60B
5,12
Aa
Ab
Ab
Ab
Aa
A
5
12,03
6,75
7,29
4,63
3,37
2,49Ab 2,31Ab 1,60ABb 2,44A
7,68
8
8,50Ba 7,38Aa 5,10Aa 4,51Aa 6,37AB 2,46Ba 2,64Aa 2,32Aa 1,90Aa 2,33A
Médias
7,46a 5,96ab
5,45b
4,11b
2,27a
1,95a
1,79ab
1,39b
1
ovinos consumindo dietas contendo distintas
0 %3
0,43Aa
0,46Aa
0,69Aa
0,50Aa
0,52a
Butirato3
19 %3 38 %3
0,28Aa 0,24Ba
0,39Aa 0,53ABa
0,47Aa 0,65Aa
0,61Aa 0,56Aa
0,44a
0,49a
52 %3 Médias
0,24Aa 0,30B
0,38Aa 0,44AB
0,38Aa 0,55A
0,41Aa 0,52A
0,35a
P
P
P
P
P
P
P
P
Percentagem de inclusão do subproduto de caju nas dietas
Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
3
Letras minúsculas iguais na mesma linha, para mesmo parâmetro, indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
CV Acetato = 44,9%; CV Propionato = 34,7%; CV Butirato = 31,7%
P
P
2
P
P
P
P
Tabela 4 - Concentração total de ácidos graxos voláteis (milimoles/ 100 ml) e relação de acetato : propionato (Acet./Prop.) no líquido ruminal de ovinos
consumindo dietas contendo distintas quantidades de subproduto de caju1 em vários horários pós-prandial
AGV totais2
Acet./Prop.2
1
3
3
3
3
3
3
HORA(h)
0%
19 %
38 %
52 %
0%
19 %
38 %3
52 %3
Médias
Médias
0
5,90Ca
5,90Aa
5,02Ba
3,77Aa
2,96Aa
5,28Aa
4,67Aa
5,18Aa
5,15C
4,52A
Ca
Aa
ABa
Aa
Aa
Aa
Aa
ABa
B
2
7,54
7,18
7,70
6,21
2,76
3,24
4,93
3,19
7,16
3,53AB
Aa
Ab
Ab
Ab
Aa
Aa
ABa
ABa
A
5
16,09
9,71
10,25
6,61
3,83
2,75
3,08
2,99
10,67
3,16B
Ba
Aa
ABa
Aa
Aa
Aa
Ba
Ba
A
8
11,46
10,63
7,97
6,83
3,46
2,78
2,21
2,41
9,22
2,72B
a
ab
bc
c
a
a
a
a
Médias
10,25
8,36
7,74
5,86
3,25
3,51
3,72
3,44
P
P
P
1
Percentagem de inclusão do subproduto de caju nas dietas
Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
3
Letras minúsculas iguais na mesma linha, para mesmo parâmetro, indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
CV AGV totais = 38,14%; CV Acet./Prop.= 21,51%
P
P
2
P
P
P
P
190
P
P
P
P
Tabela 5 - Proporção molar do acetato, propionato e butirato no
subproduto de caju1 em vários horários pós-prandial
Acetato3
2
3
3
HORA(h)
0%
19 %
38 %3
52 %3 Médias 0 %3
0
69,01Ab 77,59Aab 76,72Aab 75,80Aa 74,78A 23,46Aa
2
68,49Aa 71,74Aa 75,20Aa 70,22Aa 71,41AB 25,08Aa
5
73,82Aa 69,46Aa 68,72ABa 69,74Aa 70,43AB 21,23Aa
8
71,21Aa 68,55Aa 63,93Ba 66,11Aa 67,45B 23,76Aa
Médias 70,63a 71,83a 71,14a 70,46a
23,38a
1
líquido ruminal de ovinos consumindo dietas contendo distintas quantidades de
Propionato3
19 %
38 %3
52 %3
17,77Aa 19,58Ba 17,00Ba
22,73Aa 19,32Ba 23,31ABa
25,53Aa 24,62ABa 24,32ABa
25,77Aa 29,06Aa 27,90Aa
22,95a 23,14a
23,13a
3
Médias
19,45B
22,61AB
23,92A
26,62A
-
3
0%
7,53Aa
6,44Aa
4,95Aa
5,03Aa
5,99a
Butirato3
19 % 38 %3
4,64Aab 3,70Ab
5,54Aa 5,48Aa
5,01Aa 6,66Aa
5,68Aa 7,01Aa
5,22a 5,71a
3
52 %3 Médias
7,21Aa 5,77A
6,48Aa 5,98A
5,94Aa 5,64A
6,00Aa 5,93A
6,41a
P
P
P
P
P
P
P
P
Percentagem de inclusão do subproduto de caju nas dietas
Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
3
Letras minúsculas iguais na mesma linha, para mesmo parâmetro, indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
CV Acetato = 10,01%; CV Propionato = 23,09%; CV Butirato = 30,07%
P
P
2
P
P
P
P
191
Para o subproduto de acerola, por exemplo,
foi verificada a produção total de ácidos
graxos voláteis de 7,53 milimoles/100 ml
de líquido ruminal, seguida de 8,12
milimoles/100 ml de líquido ruminal para o
subproduto de caju e 9,33 milimoles/100 ml
de líquido ruminal para o subproduto de
abacaxi, nos tratamentos que incluíram os
subprodutos em tempos de colheita de duas,
cinco e oito horas após o fornecimento
alimentar.
A relação acetato : propionato foi bem
próxima para as dietas com subproduto de
caju e com subproduto de acerola (3,06 e
2,97 vezes mais acetato do que propionato,
respectivamente).
Hungate
(1966)
comentou que quando existe predominância
de substratos ricos em carboidratos
estruturais a tendência é de não ocorrerem
diferenças nas concentrações de propionato.
Segundo este autor, a microflora do rúmen
pode direcionar a produção de AGV no
sentido do acetato. Para o subproduto de
abacaxi esta relação foi menor dando um
indicativo de maior concentração molar de
ácido propiônico nestas dietas. Conforme
Annison et al. (1963) citados por Silva e
Leão (1979), o único ácido graxo volátil
que faz real contribuição para a síntese de
glicose no ruminante é o propionato, sendo
este o seu precursor quantitativamente mais
importante.
3.6. Equações de predição da concentração
dos ácidos graxos voláteis totais no líquido
ruminal de ovinos em função do tempo de
colheita do líquido ruminal dentro dos
tratamentos experimentais
Maior significância estatística e maiores
coeficientes de determinação foram
encontrados quando se relacionou as
concentrações de ácidos graxos voláteis e
os tempos de colheita do líquido ruminal
dentro de cada um dos tratamentos
experimentais. Na Figura 3 é demonstrado
o
comportamento
das
equações
encontradas.
3.6.1. Dieta com 0% de subproduto de caju
AGV = 5,9 - 1,41X + 1,4X2 - 0,14X3
(R2=0,51; P<0,01), onde:
192
AGV = Concentração de ácidos graxos
voláteis em milimoles / 100 ml de líquido
ruminal
X = tempo de colheita do líquido ruminal
(horas)
3.6.2. Dieta com 19% de subproduto de
caju
AGV = 5,77 + 0,94X - 0,041X2 (R2=0,46;
P<0,01), onde:
AGV = Concentração de ácidos graxos
voláteis em milimoles / 100 ml de líquido
ruminal
X = tempo de colheita do líquido ruminal
(horas)
3.6.3. Dieta com 52% de subproduto de
caju
AGV = 3,79 + 1,13X - 0,096X2 (R2=0,51;
P<0,01), onde:
AGV = Concentração de ácidos graxos
voláteis em milimoles / 100 ml de líquido
ruminal
X = tempo de colheita do líquido ruminal
(horas)
Todas as equações apresentaram efeito
ascendente até a quinta hora pós-prandial
(Figura 3) denotando que as dietas
experimentais
levaram
ao
efetivo
incremento na produção de AGV totais
particularmente estimulados pela produção
de ácido acético como será discutido mais
adiante.
A análise da Figura 3 sugere a maior
concentração total de AGV totais para o
tratamento que não incluiu o subproduto de
caju em relação aos tratamentos 19 e 52%
de
inclusão
deste
subproduto,
particularmente após as duas horas do
fornecimento das dietas experimentais.
A interação, tempos de colheita do líquido
ruminal versus dietas experimentais
também não foi significativa para as
proporções molares de ácidos graxos
voláteis (P>0,05). Analisando-se estes
dados percebe-se que não houve diferenças
entre os valores médios desses ácidos
graxos entre os tratamentos (P>0,05). Entre
o jejum e a administração das dietas
também não houve diferenças significativas
inferior àquela obtida para o tempo zero.
Em contrapartida, houve aumento das
proporções molares de propionato
na
quinta e oitava horas após o fornecimento
alimentar em relação ao tempo zero
(P<0,05).
para os valores de ácido butírico (P>0,05).
A partir da administração das dietas, as
proporções de ácido acético após duas e
cinco horas do fornecimento alimentar
foram semelhantes ao tempo zero,
entretanto, foram também semelhantes à
proporção encontrada no tempo oito que foi
Concentrações de AGV (mmol/ 100 ml)
18
16
14
12
10
0%
8
19%
52%
6
4
2
0
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Tempo de colheita (h)
Figura 3. Concentração de ácidos graxos voláteis em função do tempo de colheita do líquido
ruminal
Silva e Leão (1979) citaram faixas de
normalidade para as concentrações de
ácidos graxos voláteis no rúmen. Para o
ácido acético, níveis normais para
ruminantes seriam de 54 a 74%. Para o
ácido propiônico, de 16 a 27% e para o
ácido butírico, de seis a 15%. Observando
os dados da Tabela 5, percebe-se que os
valores médios de ácido acético ficaram
entre 63,93 % (Tratamento 38% e Tempo
de colheita oito) e 77,59% (Tratamento
38% e Tempo de colheita zero). Este
último,
entretanto,
não
foi
significativamente diferente (P>0,05) de
69,01% (Tratamento 0% e Tempo de
colheita zero). Os valores médios de ácido
propiônico ficaram entre 17,00 %
(Tratamento 52% e Tempo de colheita
zero) e 29,06% (Tratamento 38% e Tempo
de colheita oito). Este último também não
foi significativamente diferente (P>0,05) de
25,77 % (Tratamento 19% e Tempo de
colheita oito). A média dos valores de ácido
butírico dos tratamentos para todos os
tempos de colheita variaram de 5,22 %
(Tratamento 19%) a 6,41 % (Tratamento
52%)
e
não
foram
diferentes
estatisticamente (P>0,05).
3.7. Equações de predição da proporção
molar dos ácidos acético, propiônico e
butírico no líquido ruminal de ovinos em
função do tempo de colheita do líquido
ruminal
dentro
dos
tratamentos
experimentais
Para as concentrações dos ácidos acético,
propiônico e butírico somente foi
encontrada
significância
estatística
(P<0,05) e coeficientes de determinação
superiores a 45% quando foi feita a relação
entre as concentrações destes ácidos e os
tempos de colheita do líquido ruminal
dentro dos tratamentos. Assim, para o ácido
acético foram encontradas as equações a
seguir, representadas nas Figuras 4, 5 e 6.
193
3.7.3. Dieta com 52% de subproduto de
caju
APROP = 0,73 + 0,3X - 0,019X2 (R2=0,63;
P<0,001), onde:
APROP = Concentração de ácido
propiônico em milimoles / 100 ml de
líquido ruminal
X = tempo de colheita do líquido ruminal
(horas)
3.7.1. Dieta com 0% de subproduto de caju
AACET = 4,08 - 1,27X + 1,15X2 - 0,11X3
(R2=0,46; P<0,05), onde:
AACET = Concentração de ácido acético
em milimoles / 100 ml de líquido ruminal
X = tempo de colheita do líquido ruminal
(horas)
ABUT = 0,43 - 0,062X + 0,046X2 0,0046X3 (R2=0,54; P<0,01), onde:
ABUT = Concentração de ácido butírico
em milimoles / 100 ml de líquido ruminal
X = tempo de colheita do líquido ruminal
(horas)
ABUT = 0,024 + 0,29X - 0,067X2 +
0,0046X3 (R2=0,51; P<0,01), onde:
ABUT = Concentração de ácido butírico
em milimoles / 100 ml de líquido ruminal
X = tempo de colheita do líquido ruminal
(horas)
3.7.2. Dieta com 19% de subproduto de
caju
APROP = 1,01 + 0,4X - 0,025X2 (R2=0,64;
P<0,001), onde:
APROP = Concentração de ácido
propiônico em milimoles / 100 ml de
líquido ruminal
X = tempo de colheita do líquido ruminal
(horas)
Conforme as equações, resolvendo dy/dx=0
encontrou-se para a dieta controle as
maiores produções dos ácidos acético e
butírico em torno das seis horas pósprandial. No tratamento 19%, a produção
de ácido propiônico foi maior às oito horas
pós-prandial e no tratamento 52% a maior
produção de ácido butírico aconteceu entre
7,9 e 9,42 horas pós-prandial.
Concentrações de ácido acético (mmol/ 100 ml)
14
12
10
8
0%
6
4
2
0
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Tempo de colheita (h)
Figura 4. Concentração de ácido acético em função do tempo de colheita do líquido ruminal
194
Concentrações de ácido propiônico (mmol/100ml)
3,0
2,5
2,0
1,5
19%
52%
1,0
0,5
0,0
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Tempo de colheita (h)
Concentrações de ácido butírico (mmol/ 100 ml)
Figura 5. Concentração de ácido propiônico em função do tempo de colheita do líquido ruminal
0,8
0,7
0,6
0,5
0%
0,4
52%
0,3
0,2
0,1
0
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Tempo de colheita (h)
Figura 6. Concentração de ácido butírico em função do tempo de colheita do líquido ruminal
3.8. Efeito das dietas e dos tempos de
colheita sobre os valores de uréia no soro
sangüíneo dos ovinos
A seguir serão apresentados os dados
obtidos a partir da avaliação do soro
sangüíneo colheitado. Na Tabela 6 são
apresentados os dados de uréia.
Não houve interação significativa entre
dieta e tempos de colheita do sangue
(P<0,05) para os níveis séricos de uréia.
Para todos os tratamentos experimentais, as
diferenças entre tempos de colheita somente
foram presentes às duas horas pós-prandial,
quando se obteve a concentração máxima
de uréia no soro sangüíneo. Não houve
diferenças significativas para os níveis de
N-uréico no soro entre os tratamentos,
195
entretanto, convém destacar que a
característica aqui medida teve coeficiente
de variação de 64,11%.
Tabela 6. Concentração de uréia (mg/ 100ml) no soro de ovinos consumindo dietas contendo
distintas quantidades de subproduto de caju1 em vários horários pós-prandial
Dietas
Horário (h)2
Médias
0 %3
19 %3
38 %3
52 %3
0
3,16Ba
3,32Ba
1,71Ba
3,08Ba
2,82C
Aa
Aa
Aa
Aa
2
11,43
9,96
14,22
11,61
11,80A
5
6,21Ba
5,47Ba
5,10Ba
5,28Ba
5,52B
Ba
Ba
Ba
Ba
8
1,61
1,58
1,13
2,13
1,61C
a
a
a
a
Médias
5,60
5,08
5,54
5,52
1
Percentagem de inclusão do subproduto de caju nas dietas
Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
3
Letras minúsculas iguais na mesma linha indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
CV = 64,11%
2
A amônia é um derivado primário do
catabolismo dos aminoácidos pelas
bactérias
ruminais,
absorvida
pela
circulação porta, removida pelo fígado e
incorporada ao ciclo da uréia com
resultante formação de uréia e eventual
excreção pelos rins (Meyer et al., 1995). As
concentrações de uréia séricas podem dar
um indício de disponibilização protéica
ruminal e fornecimento adequado de
proteína na dieta. Valores abaixo do normal
podem indicar deficiência na alimentação
ou estados patológicos (Meyer et al., 1995).
Valores acima do normal também podem
indicar estados patológicos, mas também,
indicar baixa eficiência no uso da amônia
disponibilizada no rúmen por uma possível
falta de energia fermentável (Rodríguez,
1986).
Baseado nestas informações foi feito a
análise da uréia no soro sangüíneo dos
animais experimentais. De acordo com
Meyer et al. (1995), valores normais de
uréia para ovinos situam-se entre 18 e 31
mg/100ml. Não foram encontrados valores
dentro desta faixa. Os valores estiveram
sempre abaixo desses parâmetros.
De acordo com Van Soest (1994), a matéria
microbiana é derivada da fermentação dos
subprodutos alimentares e do material
endógeno secretado (uréia e muco
proveniente da saliva) que pode não ser
facilmente distinguível dos produtos
196
microbianos. Ainda segundo este autor, os
carboidratos fermentáveis promovem o
crescimento microbiano, e os requerimentos
de nitrogênio são atendidos pelos micróbios
a partir da quebra da amônia na forma de
células microbianas. Além disso, o autor
destacou que a hidrólise da uréia produz
bicarbonato de amônio, que pode atuar
como tamponante e que o trabalho do
fígado convertendo amônia em uréia,
excretando-o depois via rins, é um processo
que gasta energia, associado com dietas
altamente protéicas. Não foi o que ocorreu
com as dietas deste experimento.
Provavelmente a inclusão do subproduto de
caju às dietas e em níveis bastante elevados
(52%) resultou no incremento de taninos e
ligninas às dietas, além de promover a
diminuição da efetividade física da fibra
dietética. A deficiência protéica resultante
de uma baixa ingestão de proteína (Capítulo
IX) provavelmente promoveu um aumento
das taxas de reciclagem do nitrogênio
endógeno e retorno deste ao rúmen para a
síntese protéica microbiana. Além disso, a
hidrólise da uréia com produção de
bicarbonato de amônio também pode ter
ocorrido para a manutenção adequada do
pH ruminal (Tabela 2). O resultado
provável disso tudo foi a redução dos níveis
circulantes de uréia.
Outros
estudos
merecem
atenção
particularmente para avaliar a dinâmica da
fermentação ruminal dos compostos
nitrogenados a partir do uso de marcadores.
Sob este aspecto, a determinação da taxa de
passagem seria extremamente importante
para o conhecimento mais aprofundado do
nível de aproveitamento alimentar no trato
gastrointestinal. De acordo com Van Soest
(1994), a utilização da proteína microbiana
do trato inferior como nitrogênio não
protéico é provavelmente mais importante
em baixos consumos de proteína. O estudo
dos sítios de degradação do nitrogênio, da
fibra e dos carboidratos solúveis, portanto,
indicariam melhor a eficiência com que
estes nutrientes seriam digeridos em cada
um dos compartimentos do trato
gastrointestinal. No Capítulo XI serão feitos
comentários sobre a degradação ruminal da
proteína do subproduto de caju.
3.9. Equações de predição da concentração
de uréia sérica de ovinos em função dos
tratamentos experimentais dentro de cada
tempo de colheita pós-prandial do sangue
Realizando as análises de regressão para
este parâmetro em relação aos níveis de
inclusão de subproduto de caju em cada
tempo de colheita do líquido ruminal, foi
encontrada maior confiabilidade em termos
de coeficiente de determinação e
significância as seguintes equações:
3.9.1. Tempo de colheita = zero (antes do
fornecimento alimentar)
Uréia = 3,16 + 0,17X - 0,011X2 +
0,00016X3 (R2 = 0,53; P<0,01), onde:
Uréia = concentração de uréia em mg/100
ml de líquido ruminal
X = % de inclusão do subproduto de caju
Resolvendo dy/dx = 0 encontrou-se a maior
concentração de uréia sangüínea para o
tempo zero que seria 3,92 mg/ 100 ml de
soro sangüíneo em 9,84% de inclusão do
subproduto de caju.
3.10. Equações de predição das
concentrações de uréia sérica no sangue de
ovinos em função do tempo de colheita pós-
prandial
dentro
experimentais
dos
tratamentos
Na Figura 7, estão representadas as
equações significativas (P<0,05) e com
mais altos coeficientes de determinação que
correlacionam as concentrações de uréia no
soro sangüíneo com os tempos de colheita
dentro de cada tratamento experimental.
3.10.1. Dieta com 19% de subproduto de
caju
Uréia = 4,38 + 2,29X - 0,34X2 (R2 = 0,46;
P<0,01), onde:
Uréia = concentração de uréia em mg/100
ml de líquido ruminal
X = tempo de colheita do líquido ruminal
(horas)
3.10.3. Dieta com 38% de subproduto de
caju
Uréia = 1,71 + 12,65X - 3,73X2 + 0,27X3
(R2 = 0,70; P<0,001), onde:
Uréia = concentração de uréia em mg/100
ml de líquido ruminal
X = tempo de colheita do líquido ruminal
(horas)
3.10.4. Dieta com 52% de subproduto de
caju
Uréia = 3,08 + 8,62X - 2,54X2 + 0,18X3 (R2
= 0,74; P<0,001), onde:
Uréia = concentração de uréia em mg/100
ml de líquido ruminal
X = tempo de colheita do líquido ruminal
(horas)
A partir da análise da Figura 7, a seguir,
percebe-se que os picos nas concentrações
de uréia foram percebidos às duas horas
pós-prandial para as dietas com 38 e 52%
de subproduto tendo sido visualmente mais
acentuado para o tratamento 38%.
Destaque-se todavia, que o tratamento 38%,
conforme a análise de variância, não foi
superior (P>0,05) aos demais tratamentos
no tempo dois (Tabela 6). Para a dieta com
19% de subproduto, conforme derivação da
equação encontrada, o pico aconteceria às
3,4 horas pós-prandial.
197
16
Concentrações de uréia sérica (mg/ 100 ml)
14
12
10
19%
8
38%
52%
6
4
2
0
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Tempo de colheita (h)
Figura 7. Concentração de uréia sérica em função do tempo de colheita do sangue
3.11. Efeito das dietas e dos tempos de
colheita pós-prandial sobre os valores de
creatinina no soro sangüíneo dos ovinos
Na Tabela 7 são apresentados os dados de
creatinina.
Não
houve
interação
significativa entre tempos de colheita
versus dietas experimentais. De acordo com
Meyer et al. (1995), valores normais para
ovinos situam-se entre 1,2 e 1,9 mg/ 100
ml, portanto nenhum dos tratamentos em
nenhum tempo de colheita de sangue
mostrou valores superiores à essa
recomendação, indicando uma deficiência
no que diz respeito a esse parâmetro
fisiológico.
Não
houve
diferenças
significativas entre as dietas experimentais.
Menor concentração de creatinina entre os
tempos de colheita foi encontrada às duas
horas pós-prandial.
Tabela 7. Concentração de creatinina (mg/ 100ml) no soro de ovinos consumindo dietas
contendo distintas quantidades de subproduto de caju1 em vários horários pós-prandial
Dietas
Horário (h)2
Médias
0 %3
19 %3
38 %3
52 %3
0
0,94Aab
0,67Bb
1,10Aa
1,11Aa
0,95A
Aa
Ba
Aa
Aa
2
0,86
0,72
0,74
0,71
0,76B
Aa
ABa
Aa
Aa
5
0,98
1,01
0,87
1,10
0,99A
Aa
Aa
Aa
Aa
8
0,87
1,10
1,09
1,10
1,04A
Médias
0,91a
0,87a
0,95a
1,01a
1
Percentagem de inclusão do subproduto de caju nas dietas
Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
3
Letras minúsculas iguais na mesma linha indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
CV = 25,97%
2
3.12. Equações de predição das
concentrações de creatinina sérica no
sangue de ovinos em função dos
198
tratamentos experimentais
tempos de colheita
dentro
dos
foram encontradas equações com maiores
coeficientes
de
determinação.
A
representação gráfica está na Figura 8.
A análise de regressão que verificou o
efeito dos níveis de inclusão do subproduto
de caju em relação às concentrações séricas
de creatinina somente foi significativa
(P<0,05) para o tempo de colheita anterior a
administração das dietas.
3.13.1. Dieta com 19% de subproduto de
caju
CREA = 0,64 + 0,073X - 0,0018X2 (R2 =
0,49; P<0,01), onde:
CREA = concentração de creatinina em
mg/100 ml de líquido ruminal
X = tempo de colheita do líquido ruminal
(horas)
3.12.1. Tempo de colheita = zero horas
(antes do fornecimento alimentar)
CREA = 0,94 - 0,056X + 0,0028X2 0,000032X3 (R2 = 0,62; P<0,01), onde:
CREA = concentração sérica de creatinina
(mg / 100 ml de soro sangüíneo)
X = % de inclusão de subproduto de caju
3.13.2. Dieta com 52% de subproduto de
caju
CREA = 1,11 - 0,43X + 0,14X2 - 0,011X3
(R2 = 0,67; P<0,001), onde:
CREA = concentração de creatinina em
mg/100 ml de líquido ruminal
X = tempo de colheita do líquido ruminal
(horas)
Resolvendo dy/dx=0 para esta equação
encontra-se a maior concentração de
creatinina sérica (1,17 mg/100 ml de soro
sangüíneo) para este tempo de colheita
incluindo-se o subproduto de caju em
46,86% do total dietético e em 12,71% do
total dietético tem-se a menor concentração
sérica (0,61 mg/100 ml de soro sangüíneo).
Para o tratamento 19% a creatinina teve
resposta quadrática ascendente com
concentração máxima encontrada às oito
horas pós-prandial. No tratamento 52%, a
resposta foi cúbica descendente depois da
alimentação até as duas horas pós-prandial.
A partir daí, foi ascendente até as cinco
horas e novamente descendente, só que de
forma menos acentuada, até as oito horas
pós-prandial (Figura 8).
3.13. Equações de predição das
concentrações de creatinina sérica no
sangue de ovinos em função do tempo de
colheita do sangue dentro dos tratamentos
experimentais
Em se tratando da análise de regressão que
avaliou o efeito dos tempos de colheita
sobre as concentrações séricas de creatinina
Concentrações de uréia sérica (mg/ 100 ml)
1,2
1
0,8
19%
0,6
52%
0,4
0,2
0
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Tempo de colheita (h)
Figura 8. Concentração de creatinina sérica em função do tempo de colheita do sangue
199
3.14. Efeito das dietas e dos tempos de
colheita pós-prandial sobre os valores de
albumina no soro sangüíneo dos ovinos
Na Tabela 8 são apresentados os dados de
albumina.
Tabela 8. Concentração de albumina (mg/ 100ml) no soro de ovinos consumindo dietas
contendo distintas quantidades de subproduto de caju1 em vários horários pós-prandial
Dietas
Horário (h)2
Médias
3
3
0%
19 %
38 %3
52 %3
0
5,51Aa
5,70Aa
5,83Aa
4,55Bb
5,40A
Aa
Aa
Aa
Aa
2
5,14
4,99
5,43
6,16
5,43A
Aa
Aa
Aa
Aa
5
5,06
5,02
5,10
5,54
5,18A
Ba
Ba
Ba
Ca
8
2,98
2,97
3,12
2,91
3,00B
a
a
a
a
Médias
4,67
4,67
4,87
4,79
1
Percentagem de inclusão do subproduto de caju nas dietas
Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
3
Letras minúsculas iguais na mesma linha indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
CV = 15,36%
2
A interação tempo de colheita do sangue
versus tratamento experimental também
não foi significativa para este parâmetro.
Não houve diferenças significativas entre os
tratamentos experimentais, entretanto as
maiores concentrações de albumina após a
administração das dietas experimentais
foram encontradas às duas e cinco horas
após o fornecimento alimentar e foram
semelhantes ao jejum. Meyer et al. (1995)
citaram que para ovinos a normalidade
encontra-se entre 2,4 e 3,9 g de albumina/
100 ml de soro sangüíneo. Os valores
estiveram dentro dos padrões normais
apenas na oitava hora pós-prandial. Silva e
Leão (1979) comentaram que baixos níveis
de proteína dietética resultam no aumento
dos níveis de aminoácidos como a
glutamina, leucina, glicina e isoleucina no
plasma. Nimrick et al. (1970) citados por
Silva e Leão (1979) verificaram que o
consumo de alimentos influencia de certo
modo a concentração de aminoácidos no
plasma. Harper (1967) citado por Silva e
Leão (1979) propuseram que os
aminoácidos atuam no mecanismo de
retroalimentação regulando o consumo de
alimento.
A mensuração do total de proteínas reflete
uma combinação entre a albumina e as
globulinas. Baixos níveis de proteína
dietética resultam em aumento nos níveis
de
aminoácidos
como
glutamato,
200
glutamina, leucina, glicina e isoleucina no
plasma, enquanto em animais em jejum os
níveis de lisina, isoleucina e histidina no
plasma aumentaram, mas os de serina,
glutamina, glicina, alanina e arginina
decresceram.
Este
decréscimo
possivelmente se deve à utilização dos
aminoácidos como fontes de energia assim
como para a síntese de proteína (Silva e
Leão, 1979).
3.15. Equações de predição das
concentrações de albumina sérica no
sangue de ovinos em função do tempo de
colheita do líquido ruminal dentro dos
tratamentos experimentais
Não foram encontradas equações de
regressão significativas (P<0,05) para os
níveis de inclusão em relação às
concentrações séricas de albumina dentro
de cada tempo de colheita, entretanto,
correlacionando-se as concentrações séricas
de albumina com os tempos de colheita
foram encontradas equações com altos
coeficientes de determinação e alta
significância estatística (P<0,01). A seguir
estão demonstradas estas equações e na
Figura 9 a representação gráfica de todas
elas.
3.15.1. Dieta com 0% de subproduto de
caju
ALB = 5,35 + 0,18X - 0,058X2 (R2 = 0,61;
P<0,001), onde:
ALB = concentração sérica de albumina
(mg/100 ml de soro sangüíneo)
X = tempo de colheita do soro sangüíneo
(horas)
ALB = 4,64 + 0,94X - 0,15X2 (R2 = 0,85;
P<0,0001), onde:
ALB = concentração sérica de albumina
(mg/100 ml de soro sangüíneo)
X = tempo de colheita do soro sangüíneo
(horas)
3.15.2. Dieta com 19% de subproduto de
caju
ALB = 5,7 - 0,74X + 0,24X2 - 0,023X3 (R2
= 0,73; P<0,001), onde:
ALB = concentração sérica de albumina
(mg/100 ml de soro sangüíneo)
X = tempo de colheita do soro sangüíneo
(horas)
Apenas para a dieta com 52% de
subproduto de caju a resposta foi
ascendente até 3,13 horas pós-prandial.
Para as equações preparadas para as dietas
controle e 38% de subproduto de caju, a
resposta foi quadrática descendente a partir
do jejum. Para a dieta com 19% de
subproduto, a resposta foi cúbica
descendente até as duas horas pós-prandial,
de onde houve leve ascendência até a quinta
hora pós-prandial e daí em diante,
novamente descendente. Foi comentado
anteriormente que os valores somente
estiveram dentro da normalidade após oito
horas da administração alimentar e que
altos níveis séricos de albumina podem
revelar baixos níveis de proteína dietética
(Silva e Leão, 1979).
P
P
P
P
P
3.15.3. Dieta com 38% de subproduto de
caju
ALB = 5,72 + 0,088X - 0,051X2 (R2 = 0,67;
P<0,001), onde:
ALB = concentração sérica de albumina
(mg/100 ml de soro sangüíneo)
X = tempo de colheita do soro sangüíneo
(horas)
P
P
P
3.15.4. Dieta com 52% de subproduto de
caju
Concentrações de albumina sérica (mg/ 100 ml)
7
6
5
0%
4
19%
38%
3
52%
2
1
0
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Tempo de colheita (h)
Figura 9. Concentração de albumina sérica em função do tempo de colheita do sangue
201
3.16. Efeito das dietas e dos tempos de
colheita sobre os valores de proteínas
totais no soro sangüíneo dos ovinos
Na Tabela 9 são apresentados os dados de
proteínas totais.
Tabela 9. Concentração de proteínas totais (g/ 100ml) no soro de ovinos consumindo dietas
contendo distintas quantidades de subproduto de caju1 em vários horários pós-prandial
Dietas
Horário (h)2
Médias
3
3
0%
19 %
38 %3
52 %3
0
6,36Ba
6,56Ca
6,75Ca
6,74Ca
6,60C
Ab
Aa
Aab
Ab
2
13,73
16,13
14,94
13,96
14,69A
Bb
Ba
Ba
Ba
9,10
8,59
8,69
5
5,83
8,06B
Ba
Ca
Da
Da
8
4,57
5,34
4,88
4,64
4,86D
a
b
a
a
Médias
7,62
9,28
8,79
8,51
1
Percentagem de inclusão do subproduto de caju nas dietas
Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
3
Letras minúsculas iguais na mesma linha indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
CV = 15,85%
2
Também não houve interação significativa
entre os tratamentos experimentais e os
tempos de colheita do soro sangüíneo. As
maiores concentrações de proteínas totais
foram encontradas duas horas após o
fornecimento das dietas. A dieta controle
apresentou a menor concentração de
proteínas totais em relação às dietas que
incluíram o subproduto de caju. De acordo
com Meyer et al. (1995) os níveis séricos
normais de proteínas totais situam-se entre
seis e 7,9 g/ 100 ml. Esta normalidade
somente foi observada no jejum.
Silva e Leão (1979) destacaram que o
aumento da concentração de aminoácidos
no sangue não se constitui um indicador da
melhoria da nutrição protéica do animal.
Segundo estes autores, a melhoria do
balanço de aminoácidos resulta em seu
decréscimo no sangue. Os altos níveis de
proteínas totais, portanto, retratam o
aumento da eficiência de reciclagem do
nitrogênio no sangue para fornecimento de
nitrogênio endógeno à síntese de proteína
microbiana ruminal, já que apenas no
tratamento 19% de inclusão foram
atendidos os requisitos de consumo de
proteína. Neste caso, os altos níveis de
proteínas totais séricas podem refletir a
disponibilidade de proteínas. De acordo
com Meyer et al. (1995), uma pequena
quantidade de proteínas atinge o filtrado
glomerular, mas quando isso ocorre, os
202
túbulos renais também promovem a sua
reabsorção. O glomérulo, segundo esses
autores, também filtra a creatinina e a uréia
nitrogenada do sangue retendo também a
albumina.
3.17. Equações de predição das
concentrações de proteínas totais séricas
no sangue de ovinos em função dos
tratamentos experimentais dentro dos
tempos de colheita
Relacionando a concentração sérica de
proteínas totais e a porcentagem de inclusão
do subproduto de caju destacou-se a
seguinte equação:
3.17.1. Tempo de colheita cinco horas pósprandial
PROTOT = 5,99 + 0,19X - 0,0027X2 (R2 =
0,47; P<0,01), onde:
PROTOT = concentração sérica de
proteínas totais (g / 100 ml de soro
sangüíneo)
X = % de inclusão de subproduto de caju
Resolvendo dy/dx=0 para esta equação
tem-se o nível 35,19% de inclusão do
subproduto como o que apresentou maior
concentração de proteínas totais no soro
revelando que neste nível repercute um
provável incremento do processo de
reciclagem de nitrogênio.
3.18. Equações de predição das
concentrações de proteínas totais séricas
no sangue de ovinos em função do tempo de
colheita
dentro
dos
tratamentos
experimentais
Levando-se
em
consideração
as
concentrações séricas de proteínas totais e
os tempos de colheita dentro de cada
tratamento foram encontradas equações
com altos coeficientes de determinação e
altas significâncias. A Figura 10 é feita a
representação gráfica destas equações.
3.18.1. Dieta com 0% de subproduto de
caju
PROTOT = 6,36 + 8,26X - 2,69X2 +
0,20X3 (R2 = 0,85; P<0,0001), onde:
PROTOT = concentração sérica de
proteínas totais (g/100 ml de soro
sangüíneo)
X = tempo de colheita de sangue (horas)
3.18.2. Dieta com 19% de subproduto de
caju
PROTOT = 6,56 + 9,65X - 2,83X2 +
0,20X3 (R2 = 0,95; P<0,0001), onde:
PROTOT = concentração sérica de
proteínas totais (g/100 ml de soro
sangüíneo)
X = tempo de colheita de sangue (horas)
3.18.3. Dieta com 38% de subproduto de
caju
PROTOT = 6,75 + 8,32X - 2,46X2 +
0,17X3 (R2 = 0,93; P<0,0001), onde:
PROTOT = concentração sérica de
proteínas totais (g/100 ml de soro
sangüíneo)
X = tempo de colheita de sangue (horas)
3.18.4. Dieta com 52% de subproduto de
caju
PROTOT = 6,74 + 7,18X - 2,07X2 +
0,14X3 (R2 = 0,91; P<0,0001), onde:
PROTOT = concentração sérica de
proteínas totais (g/100 ml de soro
sangüíneo)
X = tempo de colheita de sangue (horas)
P
P
Como é possível observar na Figura 10 a
seguir, os picos nas concentrações de
proteínas séricas totais foram observados às
duas horas pós-prandial. O mesmo tipo de
resposta
foi
encontrado
para
as
concentrações de nitrogênio amoniacal no
líquido ruminal e para as concentrações
séricas de uréia. A correlação foi maior
entre uréia e proteínas totais (r=0,761;
P<0,05) do que entre proteínas totais e
nitrogênio amoniacal (r=0,3451; P<0,05).
Este resultado pode representar a ocorrência
de reciclagem de nitrogênio em virtude da
baixa ingestão de proteína digestível
(Capítulo
IX)
particularmente
nos
tratamentos que incluíram o subproduto
entre 38 e 52% do total dietético. De acordo
com Rodríguez (1986), a amônia presente
no rúmen é utilizada para a síntese de
proteína microbiana, dependendo da
energia disponível. Estando a energia
disponível baixa pode haver absorção da
amônia pela parede ruminal e no fígado a
transformação da mesma em uréia.
Rodríguez (1986) ressaltou que o nitrogênio
na forma de uréia é reciclado para o rúmen,
principalmente pela saliva, ou é eliminado
pela urina. A primeira opção parece ter sido
confirmada pelos baixos níveis séricos de
uréia encontrados neste trabalho para os
tratamentos que incluíram o subproduto de
caju (Tabela 6) como evidência da baixa
ingestão de proteína mas também do
aumento de reciclagem de N na tentativa do
organismo animal atender os seus requisitos
nitrogenados.
203
Concentrações de proteínas totais séricas (mg/ 100 ml)
18
16
14
12
0%
10
19%
38%
8
52%
6
4
2
0
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Tempo de colheita (h)
Figura 10. Concentração de proteínas totais séricas em função do tempo de colheita do sangue
4. CONCLUSÕES
nutrientes. Juiz de Fora: Embrapa Gado de
Leite, 2003. 202p.
A inclusão do subproduto de caju
promoveu a redução dos níveis de
nitrogênio amoniacal no líquido ruminal e
não representou riscos para diminuições
acentuadas do pH ruminal, mesmo incluído
em altas concentrações (52% do total);
FRANCE, J., SIDDONS, R.C. Volatile
fatty acid production. In: FORBES, J. M.,
FRANCE, J. Quantitative aspects of
ruminant digestion and metabolism.
Cambridge University, 1993. p.107-121.
A proporção molar dos AGV no líquido
ruminal nas dietas com subproduto de caju
foi típica de dietas ricas em volumosos;
HOBSON, P.N., STEWART, C.S. The
rumen microbial ecosystem. 1ed. London:
Blackie Academic and Professional. 1997.
340p.
A relação acetato : propionato não foi
afetada pela inclusão do subproduto de
caju;
HUNGATE, R.E. The rumen and its
microbes. London, Academic Press, 1966,
533p.
Principalmente em face da baixa
disponibilidade de substratos nitrogenados
das dietas experimentais, a inclusão de até
19 % do subproduto de caju em dietas para
ovinos em terminação é a mais indicada.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FOX, D.G., TYLUTKI, T.P., TEDESCHI,
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proteínas “líquidos” para a avaliação da
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205
206
Capítulo XI - EXPERIMENTO 9
Valor nutritivo do subproduto da indústria processadora de caju (Anacardium
occidentale) em dietas para ovinos. 3. Degradabilidade ruminal
RESUMO
O subproduto de caju e o capim elefante foram avaliados comparativamente em um estudo de
degradabilidade ruminal em carneiros. Foi utilizado um delineamento de blocos ao acaso em
esquema de parcelas subdivididas, tendo seis animais nos blocos, dois alimentos como parcelas
e cinco tempos de incubação (seis, 12, 24, 48 e 96 horas) como subparcelas e a comparação das
médias efetuada pelo teste Student-Newman-Keuls (SNK) (P<0,05). Foram também calculados
o tempo de colonização, as degradabilidades efetivas para duas taxas de passagem pré-fixadas
(2,0 e 5,0%/h) e estimados os valores de proteína efetivamente degradada no rúmen (PEDR),
proteína não degradada no rúmen (PNDR) em suas frações indigestível (PNDRI) e digestível
(PNDRD). O subproduto e o capim apresentaram potenciais de degradação da matéria seca
(MS) de 51,08% e 76,01%, respectivamente. O subproduto de caju exibiu menor taxa de
degradação da MS (1,7%/h) em relação ao capim elefante (2,00%/h). Foram observados
potenciais de degradação da proteína bruta (PB) de 43,91% e 86,68% e taxas de degradação de
2,21%/h e 3,29%/h para o subproduto de caju e capim elefante, respectivamente. O subproduto
de caju teve menores percentuais de proteína não degradada no rúmen digestível em relação aos
encontrados para o capim elefante. O capim elefante também apresentou maiores percentuais de
proteína efetivamente degradada no rúmen em relação ao subproduto nas 2 taxas de passagem
previstas. Os potenciais de degradação da fibra em detergente neutro (FDN) variaram de
42,23% a 73,05% para o subproduto de caju e para o capim elefante, respectivamente, enquanto
as taxas de degradação foram de 1,37%/h para o subproduto de caju e 1,74%/h para o capim
elefante. Os resultados de degradabilidades da parede celular, obtidos para o subproduto de caju,
indicaram que podem ocorrer restrições no consumo e na disponibilidade energética de dietas
baseadas nesse alimento, quando fornecidas a animais com alto potencial de produção.
Palavras-chave: agroindústria, frutas, in situ, nutrição, ovinos, subproduto
1. INTRODUÇÃO
Os sistemas de exigências nutricionais que
dão suporte à formulação de dietas para
ruminantes, enfatizam a necessidade de se
utilizar a degradação ruminal e a digestão
pós-ruminal de proteínas e carboidratos
contidos nos alimentos. As discussões
atualmente
giram
em
torno
da
aplicabilidade de uso do Sistema de Cornell
para melhor suprimento de nutrientes aos
tecidos corporais.
Estudos de consumo de matéria seca dos
alimentos, de partição da digestão para
conhecimento das taxas de digestão e de
passagem dos nutrientes em cada
compartimento digestivo, de crescimento
microbiano e de metabolismo de nutrientes
absorvidos também são necessários para a
melhor acurácia deste sistema que se
propõe a simular as respostas biológicas
integradas, não lineares e dinâmicas que
ocorrem no organismo dos ruminantes.
As interações entre consumo de matéria
seca, digestão e taxa de passagem
207
apresentam várias implicações. A taxa de
crescimento de cada pool microbiano que
digere as diferentes frações de carboidratos
e de aminoácidos absorvíveis produzidos
dependerá do consumo dos alimentos
oferecidos. A porcentagem de parede
celular não digerida depende das taxas de
digestão e de passagem. O local de digestão
e a extensão da digestão também podem ser
alterados em função da taxa de passagem ao
longo de todo o trato digestivo. Desta
maneira, aquelas frações prontamente
disponíveis serão degradadas no rúmen, ao
passo que aquelas frações mais lentamente
digeridas serão parcialmente degradadas no
rúmen e parcialmente degradadas pósruminalmente, sendo esta proporção entre
os compartimentos dependente das taxas de
passagem das frações de carboidratos e
proteínas existentes nos alimentos.
O conhecimento sobre a digestão ruminal
de fontes de fibra forrageiras e não
forrageiras é de fundamental importância
porque o rúmen é o principal sítio de
digestão de alimentos fibrosos. Como
conseqüência, é possível estabelecer a
quantidade e a proporção de nutrientes
necessários para a máxima resposta
microbiana e animal (Nocek, 1988).
Interações que podem ocorrer entre as altas
taxas de ligninas e de taninos existentes no
subproduto
de
caju
com
a
indisponibilização de carboidratos e
proteínas dietéticos poderão ser melhor
discutidos neste capítulo.
Um outro aspecto importante neste estudo é
a sincronização entre as taxas de
degradação da proteína e dos carboidratos
dietéticos proposta por Russell et al.
(1991). Quanto menor é a degradabilidade
da proteína da dieta, menor também será a
produção de amônia resultando em menores
perdas urinárias de compostos nitrogenados
na forma de uréia.
Este estudo teve como objetivo avaliar
comparativamente
a
degradabilidade
208
ruminal da matéria seca (MS), proteína
bruta (PB), fibra em detergente neutro
(FDN), fibra em detergente ácido (FDA),
hemiceluloses (HCEL) e celulose (CEL) do
subproduto de caju em relação ao capim
elefante, empregando-se a técnica in situ de
incubação ruminal em sacos de náilon. A
intenção foi verificar as diferenças de
degradabilidade ruminal entre essas fontes
de fibra alimentar, importante para a adoção
de
sistemas
mais
adequados
de
alimentação.
2. MATERIAL E MÉTODOS
Nas dependências do Laboratório de
Nutrição Animal do curso de Zootecnia da
Universidade Estadual Vale do Acaraú
(UVA) em Sobral - CE, amostras de
subproduto de caju e capim elefante foram
pré-secas em estufa de ventilação forçada a
60oC, por 48 horas, foram moídas em
moinho com peneira de 5 mm e foram
usadas para a incubação ruminal por
períodos de seis, 12, 24, 48, e 96 h. Foi
empregada a técnica de fermentação in situ
descrita por Balch e Johnson (1950) com
sacos de náilon de 5 x 14 cm, com
porosidade média de 0,25 mm2/mm2. Foram
colocados com 6,24 g do subproduto de
caju (valor médio em base de matéria seca)
e com 6,44 g de capim elefante (valor
médio em base de matéria seca)
estabelecendo a relação média de 44,57 mg
de amostra de subproduto de caju por cm2
de área superficial dos sacos de náilon e a
relação média de 46 mg de amostra de
capim elefante, conforme recomendação de
Sampaio (1988). A boca de cada um dos
sacos foi fechada com argola metálica e
amarrada a uma linha no 0,70 com 25 cm de
comprimento conectada a uma âncora de
100 g, imersos em água e inseridos, via
cânula, no rúmen dos ovinos.
A fase experimental contou com 15 dias de
adaptação e 10 dias de incubações. Para os
períodos de seis, 12 e 24 h foram realizadas
duas repetições (dois sacos por animal e por
alimento), nos demais foram incubados três
sacos por alimento, procurando-se manter,
no máximo, seis sacos por animal. Cada
animal continha os alimentos sob o mesmo
período de incubação, de forma a retirar
todos os sacos de uma só vez. Este
experimento transcorreu no período de
quatro a 28 de novembro de 2002 na sede
da EMBRAPA Caprinos em Sobral – CE.
Para
a
análise
dos
dados
de
desaparecimento
dos
componentes
nutricionais das forrageiras foi empregado
um delineamento experimental de blocos ao
acaso
em
esquema
de
parcelas
subdivididas, tendo os animais como
blocos, os alimentos como parcelas e os
tempos de incubação como subparcelas,
segundo o seguinte modelo estatístico:
Foram utilizados seis carneiros com peso
variando de 47,2 kg, alojados em gaiolas
metabólicas, com água e mistura mineral à
vontade. Nocek (1988) recomendou que os
alimentos a serem incubados no rúmen
devem ser adicionados à dieta fornecida.
Baseado nessa informação, a dieta
fornecida foi balanceada em termos de
proteína bruta conforme o National
Research Council (1985) para ovinos
adultos em manutenção composta de capim
elefante in natura, subproduto de caju e
milho. Água e sal mineral estiveram
disponíveis à vontade.
Yijk = µ + Ai + Fj + Tk + FTjk + eijk
onde,
Yijk = valor referente à observação do
alimento j, no animal i e no tempo de
incubação k
µ = média geral
Ai = efeito do animal i (i = 1, 2, 3, 4, 5, 6)
Fj = efeito do alimento j (j = 1, 2)
Tk = efeito do tempo de incubação k (k = 6,
12, 24, 48, 96)
FTjk = interação dos efeitos do alimento j
com o tempo de incubação k
eijk = erro aleatório associado à observação
Após a retirada, os sacos foram
imediatamente imersos em água fria e
lavados manualmente em água corrente, até
que esta se apresentasse límpida, colocados
em estufa de ventilação forçada a 65oC, por
72 horas, transferidos para dessecador por
30 minutos e pesados. Nas dependências do
Laboratório de Nutrição Animal da
Universidade Estadual Vale do Acaraú
(UVA), os subprodutos de incubação foram
moídos em moinho com peneira de 1 mm e
utilizados para as determinações de MS,
PB, FDN, FDA, HCEL e CEL de acordo
com Association of Official Analytical
Chemists (1995). Os níveis dessas frações
nas amostras de capim e subproduto de
caju, juntamente com os pesos dos
materiais incubados e dos subprodutos,
foram utilizados para os cálculos do
desaparecimento das respectivas frações.
As frações solúveis (tempo zero de
incubação) foram determinadas pelos
mesmos procedimentos, porém sem a
incubação ruminal.
As médias foram comparadas empregandose o teste Student-Newman-Keuls (SNK), a
5% de probabilidade. Para estimar as curvas
de degradação foi utilizado o seguinte
modelo proposto por Sampaio (1988):
p = A - B e-ct
onde,
p = porcentagem de degradação após um
tempo (t) de incubação no rúmen;
A = porcentagem máxima de degradação do
material contido no saco de náilon, ou
degradabilidade potencial
B = parâmetro sem valor biológico. Se não
houvesse tempo de colonização, ele
corresponderia ao total a ser degradado pela
ação microbiana
c = taxa constante de degradação da fração
que permanece no saco de náilon, expressa
em porcentagem por hora
t = tempo de incubação no rúmen, em horas
A análise dos dados e as equações de
regressão para os desaparecimentos dos
componentes nutricionais foram feitos
209
utilizando-se o programa Sistema para
Análises Estatísticas e Genéticas (SAEG),
de acordo com Ribeiro Júnior (2001). O
tempo de colonização foi estimado
conforme McDonald (1981), de acordo com
a seguinte equação:
TC = -1 * ln (A-S)
c
B
onde,
TC = tempo de colonização, em horas
A, B e c = mesmos parâmetros definidos na
equação anterior
S = fração solúvel determinada pela
porcentagem de desaparecimento no tempo
zero de incubação (fração rapidamente
degradada)
As degradabilidades efetivas foram
calculadas
utilizando-se
os
valores
sugeridos pelo Agricultural Research
Council (1984), de 2,0 e 5,0%/h, segundo o
seguinte modelo proposto por Ørskov e
McDonald (1979):
DE = S + [(B1 * c)/(c + K)]
onde,
DE = degradabilidade efetiva, em
porcentagem
S = fração rapidamente degradada
B1 = fração degradável calculada
subtraindo-se a fração solúvel do potencial
de degradação (B1 = A - S) (fração
lentamente degradada)
c
=
mesmo
parâmetro
descrito
anteriormente
K = taxa fracional de passagem, expressa
em porcentagem por hora
Conforme recomendações do Agricultural
and Food Research Council (1992) foram
estimados os valores de proteína
efetivamente degradada no rúmen (PEDR),
proteína não degradada no rúmen (PNDR),
proteína não degradada no rúmen
indigestível (PNDRI) e proteína não
degradável no rúmen digestível (PNDRD),
segundo os seguintes modelos propostos
pelo sistema:
210
PEDR = 0,8S + B1c/c + K
PNDR = 1 - (S + B1c/c + K)
PNDRI = NIDA
PNDRD = 0,9 (PNDR – 6,25 NIDA)
onde,
S, B1, c e K são os mesmos parâmetros
descritos anteriormente
NIDA = Nitrogênio Insolúvel em
Detergente Ácido
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1. Consumo médio diário de matéria seca
dos ovinos que tiveram os alimentos
incubados in situ no rume de ovinos
Durante o período experimental com os
animais, o consumo médio de MS das
dietas experimentais foi de 70,95 ± 16,42 g/
unidade de tamanho metabólico (UTM), ou
2,83% ± 0,66% do peso vivo (PV). Esse
resultado situa-se abaixo do valor obtido no
trabalho de Lopes et al. (2004), 4,52% do
PV, avaliando consumo de dietas,
compostas de feno de Tifton 85, milho e
farelo de soja com inclusão crescente de
subproduto da indústria de suco de caju,
fornecidas a ovinos, todavia, os animais
utilizados por esses autores não foram
canulados ruminalmente. Segundo o
National Research Council (1985), tais
valores de ingestão estariam suprindo as
exigências para ovinos adultos em
manutenção, preconizado em 53,19 gramas
de MS/Kg0,75/dia.
3.2. Desaparecimento ruminal da matéria
seca do subproduto de caju e capim
elefante incubados in situ em ovinos
Na Tabela 1, estão as porcentagens de
desaparecimento da MS dos alimentos
incubados no rume de ovinos. Para este
parâmetro não houve interação significativa
entre tempo de incubação X alimento
incubado (P>0,05). Para o subproduto de
caju, houve equivalência de valores nos
horários seis e 12 horas, apresentando
diferença a partir de 24 h que persistiu até
as 96 horas. O capim elefante, por sua vez,
sempre
apresentou
taxas
de
desaparecimento da matéria seca crescentes
até às 96 h. Este fato confirma a suspeita
discutida nos capítulos anteriores de que o
subproduto de caju apresenta dificuldade
em
degradar-se
no
rume.
O
desaparecimento de matéria seca do capim
elefante foi sempre superior ao do
subproduto de caju. Sampaio (1994)
destacou que forrageiras de boa qualidade
desaparecem mais rapidamente, e as de
baixa qualidade tardam mais a alcançar seu
valor estabilizado de A.
Tabela 1. Desaparecimento da matéria seca
(%) do subproduto de caju e do capim
elefante incubados em sacos de náilon no
rume de ovinos submetidos a dieta
contendo subproduto de caju
Tempo de
Subproduto
Capim
incubação
de Caju2
elefante2
(h)1
6
19,51Db
31,25Ea
Db
12
21,62
37,86Da
Cb
24
26,39
44,34Ca
Bb
48
36,26
57,13Ba
96
43,83Ab
68,64Aa
1
Letras maiúsculas iguais na mesma coluna
indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
2
Letras minúsculas iguais na mesma linha
indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
CV=6,59%
Num paralelo entre o desaparecimento da
MS do subproduto de caju com aqueles
para o bagaço de cana auto-hidrolisado
incubado no rume de ovinos apresentados
por Borges (1997), nota-se que houve uma
resposta aproximada para os tempos de 12 e
48 horas tomados como exemplos (22,31 e
31,77%, respectivamente). Borges (1997) já
havia comentado a semelhança de
degradabilidade do bagaço de cana autohidrolisado com palha de soja incubada no
rume de ovinos e caprinos (Carneiro, 1994).
No trabalho de Gonçalves et al. (2004), que
mediu o desaparecimento da MS do
subproduto da indústria de suco de caju em
três tempos de incubação (6, 28 e 96 horas),
verificou-se que após 6 horas de incubação
no rume de ovinos o desaparecimento da
MS foi de 21,17%, um pouco superior ao
valor aqui obtido para o mesmo tempo de
incubação. Os ovinos recebiam concentrado
à base de milho e soja e feno de capim
elefante. Deste tempo em diante, os valores
de desaparecimento de MS foram também
semelhantes aos aqui encontrados e
demonstraram haver diferenças de valores
entre os tempos seis e 28 horas com
superioridade estatística para este último
(32,20%). Às 96 horas o desaparecimento
da matéria seca foi de 44,2%.
Os valores de desaparecimento da MS aqui
encontrados foram baixos mesmo se
compararmos com outros subprodutos de
frutas também citados por Gonçalves et al.
(2004). O desaparecimento da MS da
graviola, segundo estes autores, variou
entre os tempos seis e 96 horas de 31,13 a
81,21%. O subproduto de manga, outro
testado por estes autores, variou de 47,31 a
80,19%. No capítulo V foi exibido o
desaparecimento da MS do subproduto de
abacaxi que variou de 34,64 a 59,28%,
valores bem acima dos aqui encontrados.
Até mesmo o subproduto de acerola
(Capítulo VIII), cuja indisponibilização de
nutrientes havia sido comentada em virtude
das altas concentrações de ligninas e
taninos,
apresentou
taxas
de
desaparecimento da MS superiores, a saber,
de 33,14 às seis horas de incubação a
48,68% às 96 horas de incubação. Esta
constatação leva-nos a perceber que a
inclusão do subproduto de caju em dietas
para ruminantes deve ser feita com cautela
na medida em que ocorre uma baixa
disponibilidade dos nutrientes em nível de
rume.
Tomich (2003) assinalou maiores valores
de desaparecimento da matéria seca do
211
capim elefante, à exceção do valor
registrado pelo autor para as seis horas de
incubação (30,9% para seis horas de
incubação; 41,7% para as 12 h; 55,0% para
as 24h; 66,1% para as 48h e 75,5% para as
96 h), e também foram sempre crescentes
(P<0,05) entre os tempos de incubação.
resultados de desaparecimento de MS ao
modelo proposto por Sampaio (1988)
(Figura 1). As equações geradas pelo
modelo Deg = A - B * e(-ct) foram:
Deg. MS Subproduto de Caju = 51,0759 35,6565 * EXP (-0,01698 * t) r2=0,959
Os coeficientes de determinação, superiores
a 90%, indicam a boa adequação dos
Deg. MS Capim Elefante = 76,0141 49,8635 * EXP (-0,01995 * t) r2=0,96
Desaparecimento da MS (%)
80
70
60
50
S. Caju
40
C. elefante
30
20
10
0
0
12
24
36
48
60
72
84
96
Tempo de incubação (h)
Figura 1. Desaparecimento da MS dos alimentos em função do tempo de incubação
O parâmetro A que corresponde à
degradabilidade potencial foi bastante baixo
para o subproduto de caju, comparando-se
com outros subprodutos tais como o
subproduto de abacaxi (81,32%) (Capítulo
V) e os subprodutos de graviola e manga
(83,65 e 80,29%, respectivamente, citados
por Gonçalves et al., 2004), entretanto,
superior ao encontrado por Gonçalves et al.
(2004) para o próprio subproduto de caju
(46,33%).
Incubando
diferentes
subprodutos de frutas em bovinos
canulados, Manoel et al. (2003)
encontraram valor de degradabilidade
potencial mais baixa que esta apenas para o
subproduto de goiaba (31,85%). Lousada
Júnior (2003) destacou que o subproduto de
goiaba contém 18,5% de ligninas (%MS)
associando este alto valor à alta proporção
de sementes encontradas neste subproduto.
Isto pode ter indisponibilizado diversos
nutrientes do subproduto de goiaba avaliado
212
quanto a degradabilidade ruminal por
Manoel et al. (2003).
A taxa fracional do capim elefante foi
ligeiramente superior à do subproduto de
caju refletindo-se, portanto, em uma maior
degradabilidade
potencial.
Conforme
Sampaio (1988), taxas de degradação
inferiores a 2,0%/h indicam alimentos de
baixa qualidade, que necessitam de longo
tempo de permanência no rúmen para
serem degradados. Estudando a degradação
in situ da MS do capim elefante, Tomich
(2003) encontrou valor semelhante ao aqui
encontrado para a fração A, entretanto, para
a fração “c” o valor aqui encontrado foi
bem inferior, representadas na seguinte
equação: Deg. MS = 75,4 - 55,9 * EXP (0,0432 * t) 2
r = 0,981. Nocek (1988) destacou
que a dieta administrada ao animal
experimental pode promover diferenças de
digestibilidade ruminal in situ dos
diferentes nutrientes presentes em um
mesmo alimento.
Na Tabela 2, estão os potenciais de
degradação, as taxas de degradação, as
frações solúveis, as frações degradáveis, os
tempos
de
colonização
e
as
degradabilidades efetivas nas taxas de
passagem 2,0%/h e 5,0%/h da matéria seca
dos
alimentos
analisados
neste
experimento.
Tabela 2. Potenciais de degradação (A),
taxas de degradação (c), frações solúveis
(S), frações degradáveis (B1), tempos de
colonização (TC) e degradabilidades
efetivas (DE), nas taxas de passagem
2,0%/h e 5,0%/h, da matéria seca dos
alimentos utilizados nesse ensaio
Capim
Parâmetro
Subproduto
elefante
de Caju
A (%)
51,08
76,01
c (%/h)
1,70
2,00
S (%)
27,24
17,36
33,72
48,77
B1 (%)
TC (h)
3:18
1:07
DE 2,0%/h
32,84
51,60
(%)
DE 5,0%/h
25,91
41,15
(%)
Com tais dados é possível aferir que após o
cálculo da degradabilidade efetiva da MS
para os alimentos incubados torna-se mais
evidente a superioridade do capim elefante
em relação ao subproduto de caju. Todos os
parâmetros analisados contribuíram para as
menores degradabilidades efetivas nas taxas
de passagem pré-fixadas para o subproduto
de caju. A fração A foi menor
provavelmente pelo maior tempo de
colonização necessário, dado a baixa taxa
de degradação (c), inferior a 2,0%/h e pela
menor fração solúvel (S). Até mesmo a
fração B1 (lentamente degradada) foi
menor não porque o capim elefante teria
maior proporção de nutrientes lentamente
degradáveis, mas porque a própria fração
potencialmente degradável (A) era menor.
O tempo de colonização em horas foi
superior para o subproduto de maracujá em
relação ao capim elefante, que, inclusive,
foi
negativo,
denotando
a
alta
disponibilidade da proteína do capim no
líquido ruminal. A esse propósito, apesar de
não existir uma explicação para valores
negativos de tempo de colonização, eles são
amplamente relatados na literatura e
aparecem em estudos de Borges (1997) e
Tomich (2003). Vasconcelos et al. (2002)
destacaram a presença de compostos
polifenólicos no subproduto de caju que
poderiam ser junto com as ligninas
(Capítulo IX), os principais responsáveis
pelo baixo desaparecimento ruminal da
matéria seca, particularmente exercendo
efeito anti-nutricional sobre proteínas e
carboidratos.
Os valores de degradabilidade efetiva para
o subproduto de caju foram baixos,
especialmente se os compararmos com os
de outros subprodutos de frutas, como o da
manga (61,11%) e o da graviola (48,35%),
citados por Gonçalves et al. (2004) ou
mesmo o do abacaxi (49,2%), o do
maracujá (55,22%), o do melão (54,37%), o
da acerola (31,94%) e o da goiaba (27,18%)
citados por Manoel et al. (2003) todos para
a taxa de passagem de 5,0%/h. A
expectativa de uso do subproduto de caju na
nutrição de ruminantes, portanto, ainda
deve ser vista com reservas. O valor de
degradabilidade efetiva na taxa de
passagem de 5,0%/h aqui encontrado
(25,91%) foi idêntico ao citado por
Gonçalves et al. (2004) para o subproduto
de caju utilizado em seu trabalho.
3.3. Desaparecimento ruminal da proteína
bruta do subproduto de caju e capim
elefante incubados in situ em ovinos
As degradabilidades da PB nos vários
tempos de incubação estão na Tabela 3.
Os valores percentuais de proteína bruta
existentes no subproduto de caju
pressupõem um alimento que, como um
213
subproduto agroindustrial, apresenta até um
razoável conteúdo protéico (13,78% na
matéria seca) (Capítulo IX). Entretanto, nos
Capítulos IX e X sob os aspectos de
consumo, digestibilidade da proteína,
conteúdo de nitrogênio amoniacal no
líquido ruminal, níveis séricos de uréia,
creatinina, albumina e proteínas totais, já se
discutiu bastante sobre a indisponibilização
desta proteína em virtude dos altos níveis
de ligninas e de taninos existentes neste
alimento.
Tabela 3. Desaparecimento da proteína
bruta (%) do subproduto de caju e do capim
elefante incubados em sacos de náilon no
rume de ovinos submetidos a dieta
contendo subproduto de caju
Tempo de
Subproduto
Capim
incubação
de Caju2
elefante2
(h)1
6
18,17Db
64,08Ea
12
20,65Db
69,25Da
Cb
24
25,33
73,62Ca
Bb
48
34,55
81,42Ba
Ab
96
39,99
85,47Aa
1
Letras maiúsculas iguais na mesma coluna
indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
2
Letras minúsculas iguais na mesma linha
indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
CV=4,69%
Na análise da degradação ruminal da
proteína do subproduto de caju, os dados
convergem mais uma vez para a
constatação de uma indisponibilização aos
microrganismos dessa proteína em nível
ruminal. As taxas de desaparecimento do
subproduto foram, em todos os tempos de
incubação, sempre inferiores àquelas
encontradas para o capim elefante.
O desaparecimento da proteína bruta do
subproduto de caju foi estável entre as seis
e às 12 h de incubação, daí para as 24 h de
incubação houve um aumento significativo
(P<0,05) na taxa de desaparecimento da
ordem de 22,66%. A maior taxa de
desaparecimento ocorreu às 96 h e foi de
214
39,99%. Valor muito baixo especialmente
verificando-se que o desaparecimento da
proteína bruta do subproduto de acerola
pode chegar a quase 70% em 96 horas
(Capítulo V) e o do subproduto de abacaxi
ultrapassa os 80% de desaparecimento da
proteína bruta (Capítulo VIII).
O desaparecimento da proteína bruta do
capim elefante, por sua vez, foram sempre
crescentes dos tempos inicial ao final, e
mostrou-se sempre superior ao subproduto
de caju. Tomich (2003) encontrou valores
de desaparecimento da proteína bruta do
capim elefante cv. Napier variando de
44,9% (seis horas de incubação) até 84,2%
(96 h de incubação), inferiores aos
encontrados aqui (Tabela 4).
As equações geradas pelo modelo Deg = A
- B * e(-ct) foram as seguintes e estão
representadas na Figura 2:
Deg. PB Subproduto de Caju = 43,9137 29,9604 * EXP (-0,02205 * t) r2=0,969
Deg. PB Capim Elefante = 86,676 27,1032 * EXP (-0,03292 * t) r2=0,874
Os potenciais de degradação, as taxas de
degradação, as frações solúveis, as frações
degradáveis, os tempos de colonização e as
degradabilidades efetivas, nas taxas de
passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da proteína
bruta, obtidos para os alimentos estão na
Tabela 4.
Os dados da Tabela 4 revelaram que a baixa
degradação da proteína do subproduto de
caju influenciou nos baixos valores de sua
degradabilidade
da
MS
(r=0,9829;
P<0,0001). A correlação de Pearson entre a
degradabilidade da PB e a degradabilidade
da MS do capim elefante também foi alta e
significativa
(r=0,9373;
P<0,001)
mostrando que a degradação da proteína
bruta também teve efeito marcante sobre a
degradabilidade da MS deste alimento.
Desaparecimento da PB (%)
90
80
70
60
50
S. Caju
40
C. elefante
30
20
10
0
0
12
24
36
48
60
72
84
96
Tempo de incubação (h)
Figura 2. Desaparecimento da PB dos alimentos em função do tempo de incubação
Tabela 4. Potenciais de degradação (A),
taxas de degradação (c), frações solúveis
(S), frações degradáveis (B1), tempos de
colonização (TC) e degradabilidades
efetivas (DE), nas taxas de passagem
2,0%/h e 5,0%/h, da proteína bruta dos
alimentos utilizados nesse ensaio
Parâmetro
Subproduto
Capim
de Caju
elefante
A (%)
43,91
86,68
c (%/h)
2,21
3,29
S (%)
14,71
50,92
B1 (%)
29,20
35,76
TC (h)
1:10
-8:25
DE 2,0%/h
30,02
73,16
(%)
DE 5,0%/h
23,65
65,12
(%)
A fração potencialmente degradável (A) do
subproduto de caju foi de apenas 43,91%,
um pouco mais que a metade da
degradabilidade potencial do capim
elefante. Este valor de A foi comparável a
degradabilidades potenciais de alimentos de
baixo valor nutritivo como o capim gordura
(91 a 120 dias) com 45,66% de A, citado
por Valadares Filho et al. (2002), e menos
da metade da degradabilidade potencial do
caroço integral de algodão (91,82%),
considerado de alto valor nutritivo, citado
por Borges (1997). A fração solúvel
também foi inferior àquela obtida para a
MS, assim como a fração lentamente
degradável (B1).
Considerando que, conforme Van Soest
(1994), peptídeos, aminoácidos livres,
amônia, aminas, entre outros compostos
nitrogenados, constituem a maior parte da
fração solúvel da PB de forrageiras frescas
e que esse conteúdo situa-se, geralmente,
entre 10% a 15% do teor protéico, a fração
solúvel de PB encontrada para o subproduto
de caju foi baixa e a do capim elefante, alta.
Estes valores foram semelhantes aos
encontrados por Moreira et al. (2003) para
a farinha de peixe, ou seja, 22,6%; 19,0%
para as taxas de passagem de 2,0%/h, e
5,0%/h, respectivamente.
Tal tipo de resposta encontrada para o
subproduto de caju pode dever-se à
dificuldade que os microrganismos tiveram
para atingir a parte da matriz protéica,
podendo a mesma estar protegida por
porções fibrosas que podem estar
indisponibilizadas por interações existentes
com ligninas e/ou com taninos (vide mais
adiante discussão sobre FDN), muito
embora, seja oportuno salientar que não se
fez determinação de possibilidade de
contaminação do material residual com
microrganismos determinando-se os níveis
de ácido 2-α-amino-pimélico (DAPA) nos
subprodutos de incubações dos vários
horários.
Os parâmetros A, c e B1 foram sempre
elevados para o capim elefante, como
conseqüência, foram encontrados altas
degradabilidades efetivas para as 3 taxas de
passagem pré-definidas para este alimento.
Segundo Hungate (1966), o objetivo da
nutrição protéica para ruminantes é o
fornecimento de quantidades adequadas de
proteínas degradáveis no rúmen, para
permitir a máxima síntese protéica
microbiana, com o mínimo de PB na dieta.
Assim sendo, visando à sincronização nas
disponibilidades de nitrogênio e energia,
para a otimização na utilização dos
compostos nitrogenados da dieta e o maior
suprimento de proteína microbiana pósrúmen, a taxa de degradação ruminal da
fração protéica constitui um parâmetro
importante na seleção de alimentos para
compor uma dieta. Nesse sentido, os
resultados obtidos nesse estudo indicam que
há necessidade de suplementação protéica
em dietas que incluem o subproduto de
caju. Baseado nas características de
degradação ruminal, os suplementos
deverão apresentar taxas decrescentes de
degradação
ruminal
da
PB.
Na
suplementação energética para dietas
compostas com subproduto de caju
recomendar-se-ia a inclusão de alimentos
concentrados
energéticos
contendo
carboidratos de mais baixa taxa de digestão.
Para o capim elefante poderiam ser
incluídos concentrados energéticos de mais
rápida degradação pelos microrganismos
ruminais.
Os valores de proteína não degradada no
rúmen, proteína indigestível não degradada
no rúmen, proteína efetivamente degradada
no rúmen e proteína digestível não
degradada no rúmen, nas taxas de passagem
2,0%/h e 5,0%/h, da proteína bruta, obtidos
para os alimentos estão na Tabela 5.
Tabela 5. Valores percentuais de proteína não degradada no rúmen (PNDR), proteína
indigestível não degradada no rúmen (PINDR), proteína digestível não degradada no rúmen
(PDNDR) e proteína efetivamente degradada no rúmen (PEDR), nas taxas de passagem 2,0%/h
e 5,0%/h, da proteína bruta dos alimentos utilizados nesse ensaio
Parâmetro
Subproduto de Caju
Capim elefante
2,0%/h
5,0%/h
2,0%/h
5,0%/h
PNDR
81,19
89,02
68,14
79,66
PNDRI
2,87
2,87
0,49
0,49
PNDRD
56,93
63,98
58,57
68,94
PEDR
18,11
10,57
29,94
19,11
A queda dos valores de proteína
efetivamente degradada no rúmen foi
acompanhada pelo aumento da proteína não
degradada no rúmen com o aumento das
taxas de passagem. O subproduto de caju
teve valores menores de proteína
efetivamente degradada no rúmen em
comparação
ao
capim
elefante
acompanhados de altas taxas de proteína
não
degradada
no
rúmen,
com
216
superioridade de PINDR em relação àquela
do capim elefante. Para se ter uma idéia de
que os valores de PNDR aqui encontrados
são elevados, basta compará-los com os
valores de PNDR do farelo de soja (19,01%
em taxa de passagem de 5%/h) ou do fubá
de milho (5,61% em taxa de passagem de
5%/h) citados por Valadares Filho (1997).
Rodríguez (1986) comentou que o preparo
de dietas para ruminantes de alta produção
deve-se minimizar a inclusão de proteína
dietética não degradável. Sua proposta é de
incluir além de nitrogênio solúvel, uma
certa quantidade de aminoácidos préformados e aumentar a quantidade
disponível de matéria orgânica fermentável
o que em outras palavras representa a maior
disponibilidade energética. Para o National
Research Council (1985), o aumento da
quantidade de proteína sobrepassante
ruminalmente nem sempre representa
aumento de produção especialmente se essa
proteína não degradada no rume também
tiver baixa digestão pós-ruminalmente.
Assim, faz-se necessário o aprofundamento
dos estudos sobre a digestão do subproduto
de caju no intestino.
A presença de taninos no subproduto de
caju (Vasconcelos et al., 2002) pressupõe
também a alta afinidade dos mesmos pelas
proteínas, atribuída às fortes pontes de
hidrogênio que se formariam entre o
oxigênio do grupo carbonila das proteínas e
os grupos hidroxifenólicos dos taninos
(McLeod, 1974). De acordo com Hagerman
e Butler (1989), ambos os tipos de tanino
(condensados e hidrolisáveis) seriam
capazes de interagir com as proteínas,
formando
complexos
solúveis
ou
insolúveis, dependendo, de acordo com
McLeod (1974) e Mangan (1988), da
configuração espacial e peso molecular das
estruturas que participariam da interação e
da disponibilidade de grupos fenóis
reativos. Para Van Soest (1994), os efeitos
dos taninos condensados sobre a proteína
dietética seriam mais negativos do que os
efeitos dos taninos hidrolisáveis.
De acordo com Hungate (1966) para
qualquer análise que se faça sobre a
degradabilidade de nutrientes no rúmen, é
preciso entender os fatores que regulam a
atividade microbiana ruminal. Nolan et al.
(1976) demonstraram que a maior parte do
N protéico microbiano é derivado do pool
de N-NH3. No capítulo X foi discutido que
a inclusão do subproduto de caju em níveis
de 19 e 38% do total dietético resultaram na
diminuição dos níveis de nitrogênio
amoniacal do líquido ruminal em relação à
dieta
controle
(sem
inclusão
de
subproduto). A proteína não degradada no
rume foi maior para o subproduto de caju
em relação ao capim elefante (Tabela 5).
3.4. Desaparecimento ruminal da fibra em
detergente neutro do subproduto de caju e
capim elefante incubados in situ em ovinos
As degradabilidades da FDN nos vários
tempos de incubação estão na Tabela 6.
Não houve interação significativa entre
tempos de incubação e alimentos incubados
(P>0,05). Os valores de desaparecimento da
FDN do subproduto de caju foram sempre
inferiores (P<0,05) àqueles do capim
elefante, praticamente a metade. Basta
verificar que o subproduto de caju
necessitaria de 96 horas para chegar a uma
taxa de desaparecimento semelhante à que
ocorreu com o capim elefante às 24 horas.
Efetivamente o desaparecimento da FDN
do subproduto de caju somente foi
significativo (P<0,05) da 6a para a 24a hora
de incubação, muito parecido com os
desaparecimentos da MS e da PB, onde a
única diferença foi que nestas avaliações os
valores de desaparecimento após 12 horas
de incubação foram diferentes dos
incubados após 24 horas.
Os valores de desaparecimento da FDN do
subproduto de caju foram muito baixos
mesmo se os compararmos com os dados de
desaparecimento de outros subprodutos de
frutas. O subproduto de acerola, por
exemplo,
apresentou
valores
de
desaparecimento da FDN variando de
17,45% às seis horas de incubação até
34,96% às 96 horas de incubação (Capítulo
VIII).
217
certos nutrientes, principalmente com as
enzimas digestivas, pode interferir nos
processos digestivos (McLeod, 1974;
Jansman, 1993; Rabelo, 1997). Estudos
posteriores que venham a analisar o efeito
do tanino contido nos subprodutos da
indústria de sucos de frutas sobre a
degradabilidade in situ dos nutrientes
existentes seria de fundamental importância
para o aprofundamento destes comentários.
Tabela 6. Desaparecimento da fibra em
detergente neutro (%) do subproduto de
caju e do capim elefante incubados em
sacos de náilon no rume de ovinos
submetidos a dieta contendo subproduto de
caju
Tempo de
Subproduto
Capim
incubação
de Caju2
elefante2
(h)1
6
7,26Db
14,66Ea
CDb
12
10,15
22,24Da
Cb
24
13,00
30,28Ca
48
23,58Bb
45,33Ba
Ab
96
31,69
61,04Aa
O fator de maior efeito sobre a extensão e a
taxa de degradação da parede celular dos
vegetais é a presença de ligninas. Van Soest
(1994) comentou que o teor de FDN das
forragens, por exemplo, é negativamente
correlacionado com o seu consumo.
Forragens com menor fração fibrosa,
segundo estes autores, refletem maior
digestibilidade e maior consumo.
1
Letras maiúsculas iguais na mesma coluna
indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
2
Letras minúsculas iguais na mesma linha
indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
CV=12,55%
Já no Capítulo IX foi credenciada a
provável interferência de ligninas sobre a
digestibilidade da FDN. Os taninos também
podem interferir na determinação e nos
resultados da degradabilidade das frações
fibrosas (Makkar et al., 1995), pois podem
formar complexos com as proteínas e fibras
os quais são insolúveis em detergente
(Makkar et al., 1997). Vasconcelos et al.
(2002) citaram que o subproduto de caju
apresenta 4,0% de taninos em base de
matéria seca. A interação do tanino com
Os resultados de desaparecimento da FDN
convergiram para o modelo proposto por
Sampaio (1988) (Figura 3), e as seguintes
equações de regressão foram obtidas:
Deg. FDN Subproduto de Caju = 42,2272
- 38,3171 * EXP (-0,01372 * t) r2=0,938
Deg. FDN Capim Elefante = 73,0499 64,0977 * EXP (-0,01743 * t) r2=0,954
Desaparecimento da FDN (%)
70
60
50
40
S. Caju
30
C. elefante
20
10
0
0
12
24
36
48
60
72
84
96
Tempo de incubação (h)
Figura 3. Desaparecimento da FDN dos alimentos em função do tempo de incubação
218
A equação encontrada por Tomich (2003)
para a degradabilidade da FDN do capim
elefante cv Napier foi a seguinte: Deg FDN
= 70,2 - 69,1*EXP (-0,0443t) r2 = 0,977,
também semelhante àquela que foi
encontrada neste trabalho, mas apresentou
valor de taxa fracional muito superior a
aqui encontrada, a exemplo do que também
ocorreu para a degradabilidade da matéria
seca.
Na Tabela 7, são apresentados os potenciais
de degradação, as taxas de degradação, as
frações solúveis, as frações degradáveis, os
tempos
de
colonização
e
as
degradabilidades efetivas, nas taxas de
passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da FDN dos
alimentos.
Os dados da Tabela 7 comportam-se da
mesma maneira que aqueles encontrados
para a proteína bruta (r=0,9725; P<0,0001).
Os baixos valores de A para o subproduto
de caju foram conseqüência da menor taxa
de degradação “c” e das baixas
concentrações de S e de B1. Para o capim
elefante os valores destas frações foram
muito superiores e isto resultou nas maiores
degradabilidades efetivas nas duas taxas de
passagem pré-fixadas. Isso pode estar
indicando uma baixa digestibilidade dos
carboidratos estruturais presentes no
subproduto de caju. Como conseqüência,
para o subproduto de caju foi encontrado
maior tempo de colonização microbiana,
praticamente o dobro do encontrado para o
capim elefante.
A degradabilidade potencial do subproduto
de caju foi inferior àquela observada para o
bagaço de cana auto-hidrolisado, em média
de 61,12%, citado por Borges (1997) e aos
valores observados por Figueira (1991) que
avaliou a degradabilidade in situ da canade-açúcar suplementada com 1; 1,5 e 2,0%
de uréia com valores de A de 56,10; 46,35 e
45,45%, respectivamente. O valor de A
aqui encontrado, somente foi superior ao do
caroço integral de algodão (35,9%) citado
por Borges (1997). Naquele trabalho, o
autor comentou a influência do nível de
gordura na dieta sobre a queda da
digestibilidade da fibra. Não foi o que
ocorreu aqui já que as dietas fornecidas não
incluíam alimentos com altas concentrações
de extrato etéreo. Um outro aspecto que
também pode ser descartado para justificar
a baixa degradabilidade potencial do
subproduto seria a provável queda do pH
ruminal a partir da inclusão do subproduto
às dietas. Van Soest (1994) destacou que a
redução no pH ruminal pode prejudicar a
degradação da fibra. No Capítulo X foi
verificado que a inclusão do subproduto de
caju mesmo em 52% do total de dietas
fornecidas a ovinos em crescimento não
resultou em valores de pH fora dos valores
normais recomendados para uma adequada
função ruminal (Hobson e Stewart, 1997).
Assim sendo, outros fatores podem se fazer
presentes e podem estar indisponibilizando
a FDN aos microrganismos ruminais e que
não foram identificados tais como os
taninos.
Tabela 7. Potenciais de degradação (A),
taxas de degradação (c), frações solúveis
(S), frações degradáveis (B1), tempos de
colonização (TC) e degradabilidades
efetivas (DE), nas taxas de passagem
2,0%/h e 5,0%/h, da fibra em detergente
neutro dos alimentos utilizados nesse ensaio
Parâmetro
Subproduto
Capim
de Caju
elefante
A (%)
42,23
73,05
c (%/h)
1,372
1,743
S (%)
6,00
11,53
B1 (%)
36,23
61,52
TC (h)
4:05
2:22
DE 2,0%/h
20,74
40,18
(%)
DE 5,0%/h
13,80
27,43
(%)
Elevados conteúdos de ligninas, todavia,
foram verificados para o subproduto de caju
(Capítulo IX). De acordo com Van Soest
(1994) e Jung et al. (1997), as ligninas são
os principais limitantes da digestibilidade
ruminal das frações fibrosas dietéticas.
Estudos posteriores que avaliem as
interações microscópicas das partículas
fibrosas após os diferentes tempos de
incubação ruminal serão de grande valia
para o aprofundamento e tirada de
conclusões.
Para aprofundar ainda mais o estudo de
degradabilidade das frações fibrosas, fez-se
a análise das degradabilidades da FDA,
hemiceluloses e celulose.
3.5. Desaparecimento ruminal da fibra em
detergente ácido do subproduto de caju e
capim elefante incubados in situ em ovinos
Na Tabela 8 são apresentadas as
degradabilidades da FDA nos vários tempos
de incubação.
Tabela 8. Desaparecimento da fibra em
detergente ácido (%) do subproduto de caju
e do capim elefante incubados em sacos de
náilon no rume de ovinos submetidos a
dietas contendo subproduto de caju
Tempo de
Subproduto
Capim
incubação
de Caju2
elefante2
(h)1
6
5,57Db
11,94Ea
CDb
12
6,74
16,73Da
Cb
24
10,46
25,83Ca
48
18,12Bb
40,95Ba
Ab
96
23,36
57,56Aa
1
Letras maiúsculas iguais na mesma coluna
indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
2
Letras minúsculas iguais na mesma linha
indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
CV=15,23%
entre
a
Houve
alta
correlação
da
FDN
e
a
degradabilidade
degradabilidade da FDA tanto para o
subproduto de caju (r=0,961; P<0,0001)
quanto para o capim elefante (r=0,9895;
P<0,0001). Da mesma forma como ocorreu
para a degradabilidade da FDN, os valores
220
de desaparecimento da FDA do subproduto
de caju não variaram entre os tempos seis e
12 horas. O desaparecimento às 24 horas
foi semelhante àquele encontrado para as
12 horas. Das 24 horas em diante o
desaparecimento
foi
crescente
e
estatisticamente
diferente.
O
desaparecimento da FDA do capim elefante
foi acentuadamente crescente a partir das 6
horas de incubação e mostrou-se mais
digestível que o subproduto de caju. A
fração FDA apresentou valores de
degradabilidade
inferiores
àqueles
encontrados para a FDN. Percebe-se então
o representativo efeito dos altos níveis de
ligninas encontrados no subproduto de caju
(Capítulo IX) sobre a degradabilidade
ruminal da FDA provavelmente influindo
também sobre a digestibilidade da celulose
e das hemiceluloses já que as taxas de
desaparecimento da FDN também foram
inferiores àquelas encontradas para o capim
elefante (Tabela 7). A indisponibilização
dos constituintes fibrosos dietéticos, pela
presença especialmente de ligninas, foi
provavelmente a causa para a redução na
produção total de ácidos graxos voláteis
verificada no Capítulo X nos tratamentos
que incluíram o subproduto de caju em 38 e
52% do total dietético em relação ao
tratamento controle (0% de inclusão).
Teixeira (1997) preparou uma compilação
de dados de literatura que mostram valores
médios de degradabilidade da FDA de
diferentes alimentos. Considerando que o
valor médio de desaparecimento da FDA do
subproduto de caju foi de 12,85% percebese que o mesmo foi inferior àquele
encontrado para o farelo de algodão
(21,1%) e muito menos ainda para o bagaço
de cana (45,1%).
Os resultados de desaparecimento da FDA
convergiram para o modelo proposto por
Sampaio (1988) (Figura 4), e as seguintes
equações de regressão foram obtidas:
Deg. FDA Capim Elefante = 74,3111 –
68,4694 * EXP (-0,01473 * t) r2=0,952
Deg. FDA Subproduto de Caju = 28,4237
- 26,1656 * EXP (-0,01764 * t) r2=0,911
Desaparecimento da FDA (%)
70
60
50
40
S. Caju
30
C. elefante
20
10
0
0
12
24
36
48
60
72
84
96
Tempo de incubação (h)
Figura 4. Desaparecimento da FDA dos alimentos em função do tempo de incubação
A partir da análise destas equações observase que embora a taxa de degradação “c” do
subproduto de caju seja maior que àquela
encontrada para o capim elefante, os baixos
valores de A (fração potencialmente
degradável), de S e, portanto de B1 se
mostraram sempre menores que os
encontrados para o capim elefante o que
não trouxe benefícios para os valores de
degradabilidades efetivas do subproduto de
caju. Um outro aspecto foi o maior tempo
de colonização encontrado para o
subproduto de caju denotando a maior
indisponibilização dos carboidratos ao
ataque microbiano. Para o capim elefante
não houve tanta superioridade de fração
solúvel em relação ao subproduto de caju,
mas a fração lentamente degradável foi
mais de 2,5 vezes maior o que lhe conferiu
uma
maior
fração
potencialmente
degradável (A).
Na Tabela 9, são apresentados os potenciais
de degradação, as taxas de degradação, as
frações solúveis, as frações degradáveis, os
tempos
de
colonização
e
as
degradabilidades efetivas, nas taxas de
passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da FDA dos
alimentos.
Tabela 9. Potenciais de degradação (A),
taxas de degradação (c), frações solúveis
(S), frações degradáveis (B1), tempos de
colonização (TC) e degradabilidades
efetivas (DE), nas taxas de passagem
2,0%/h e 5,0%/h, da fibra em detergente
ácido dos alimentos utilizados nesse ensaio
Parâmetro
Subproduto
Capim
de Caju
elefante
A (%)
28,42
74,31
c (%/h)
1,764
1,473
S (%)
3,96
8,35
B1 (%)
24,47
65,96
TC (h)
3:29
2:32
DE 2,0%/h
15,42
36,33
(%)
DE 5,0%/h
10,34
23,36
(%)
A fração FDA determinada conforme Van
Soest et al. (1991) isola principalmente a
celulose e as ligninas. Os baixos valores de
degradabilidade efetiva provavelmente
deveram-se à indigestibilidade das ligninas
(Capítulo IX).
Para a FDN (Tabela 7), o subproduto de
caju apresentou menor valor para “c” do
221
que o capim elefante e para a FDA foi o
inverso. Na tentativa de degradar um
substrato altamente indisponibilizado pela
presença de fatores anti-nutricionais como
taninos e ligninas, os microrganismos
ruminais podem ter movido uma ação de
degradação mais marcante e assim ter
resultado em um maior valor de “c”,
entretanto, a baixa taxa potencial de
degradação
não
trouxe
maiores
degradabilidades efetivas para o subproduto
em relação ao capim.
Embora menos provável, um outro aspecto
que também deve ser discutido na tentativa
de se explicar a baixa degradabilidade da
FDA encontrada para o subproduto de caju
é o tamanho de partícula da dieta. Embora
os saquinhos apresentassem alimentos com
mesma granulometria, mas o tamanho da
partícula da dieta influencia a taxa de
passagem e o tempo de permanência do
alimento dentro do rúmen. O subproduto de
caju normalmente é oferecido finamente
moído e isso pode diminuir a efetividade da
fibra ali existente com conseqüente
diminuição do ataque microbiano. Rápidas
taxas de passagem podem limitar a
degradação da fibra ao permitir que uma
grande proporção de FDN potencialmente
fermentável escape do rúmen (San
Emetério, 1998 citado por Campos et al.,
2003). Estudos com marcadores de fases
sólida e líquida seriam importantes para o
aprofundamento e a provável eliminação
desta provável causa de queda de
digestibilidade.
De acordo com Chesson e Forsberg (1988),
as bactérias celulolíticas são as primeiras a
iniciar a degradação da parede celular
vegetal. Ainda segundo estes autores, o
parênquima prontamente digestível é
intensivamente colonizado por elas e
prontamente digerido, enquanto a espessa
parede celular de tecidos esclerenquimais e
vasculares é esparsamente colonizada dada
as complexas ligações lignina-celulose
existentes. Tratamentos químicos com
222
álcalis, por exemplo, podem vir a contribuir
com a maior disponibilização dos
carboidratos estruturais contidos no
subproduto de caju aos microrganismos
ruminais.
As principais bactérias celulolíticas
existentes no ambiente ruminal são R.
albus, R. flavefaciens e B. succinogenes.
Ainda de acordo com Chesson e Forsberg
(1988) a faixa de pH ideal para a ação das
liberadas
por
estes
celulases
microrganismos deve se situar entre 6 e 6,8.
No Capítulo X verificou-se que em dietas
onde se incluiu o subproduto de caju em até
52% do total dietético o pH ficou dentro
desta faixa recomendada
3.6.
Desaparecimento
ruminal
das
hemiceluloses do subproduto de caju e
capim elefante incubados in situ em ovinos
As degradabilidades das hemiceluloses nos
vários tempos de incubação estão na Tabela
10.
Tabela
10.
Desaparecimento
das
hemiceluloses (%) do subproduto de caju e
do capim elefante incubados em sacos de
náilon no rume de ovinos submetidos a
dietas contendo subproduto de caju
Tempo de
Subproduto
Capim
incubação
de Caju2
elefante2
(h)1
6
14,06Eb
20,99Ea
Db
12
20,54
26,18Da
Cb
24
26,51
36,33Ca
Bb
48
35,25
49,89Ba
Ab
96
51,72
64,68Aa
1
Letras maiúsculas iguais na mesma coluna
indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
2
Letras minúsculas iguais na mesma linha
indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
CV=12,36%
O desaparecimento das hemiceluloses do
subproduto
de
caju
aumentou
a
significativamente (P<0,05) da 6 hora em
diante, comportamento também observado
presentes resultados de uma
comparativa mais aprofundada.
para o capim elefante. Os dados de
desaparecimento do capim elefante,
entretanto, foram sempre superiores àqueles
encontrados pelo subproduto de caju. Alta
correlação também foi encontrada entre as
degradabilidades das hemiceluloses e da
FDN para o subproduto de caju (r=0,9522;
P<0,0001) e para o capim elefante (r=0,99;
P<0,0001).
Os resultados de desaparecimento das
hemiceluloses também convergiram para o
modelo proposto por Sampaio (1988)
(Figura 5), e as seguintes equações de
regressão foram obtidas:
Deg. HCEL Subproduto de Caju =
74,9817 - 63,2371 * EXP (-0,0103 * t)
r2=0,913
São escassos, ou inexistentes, os trabalhos
que indiquem o desaparecimento das
frações fibrosas do subproduto de caju;
portanto não foi possível analisar os
Desaparecimento das HCEL (%)
forma
Deg. HCEL Capim Elefante = 75,0727 60,5416 * EXP (-0,01834 * t) r2=0,944
70
60
50
40
S. Caju
30
C. elefante
20
10
0
0
12
24
36
48
60
72
84
96
Tempo de incubação (h)
Figura 5. Desaparecimento das hemiceluloses dos alimentos em função do tempo de incubação
A degradabilidade potencial pode ser
empregada para avaliação de volumosos,
mas com certa cautela, pois não pode ser
parâmetro único, nesses casos deve-se
considerar conjuntamente com a taxa
fracional de degradação e depois com a
degradabilidade efetiva. As equações
evidenciam
a
semelhança
de
degradabilidade
potencial
entre
o
subproduto de caju e o capim elefante,
embora a taxa de degradação “c” tenha se
apresentado inferior. Isso provavelmente foi
resultado do maior tempo de colonização e
da maior fração B1 existente no subproduto
de caju (Tabela 11). O menor valor de “c”
provavelmente contribuiu para os menores
valores
de
desaparecimento
das
hemiceluloses do subproduto de caju
evidenciados na Tabela 10.
Na Tabela 11, são apresentados os
potenciais de degradação, as taxas de
degradação, as frações solúveis, as frações
degradáveis, os tempos de colonização e as
degradabilidades efetivas, nas taxas de
passagem
2,0%/h
e
5,0%/h,
das
hemiceluloses dos alimentos.
As
degradabilidades
efetivas
das
hemiceluloses foram decrescentes com o
aumento da taxa de passagem para ambos
os alimentos e acompanharam o mesmo
comportamento
das
degradabilidades
efetivas previstas para a FDN e para a FDA.
223
Para o subproduto de caju foram inferiores
àquelas obtidas para o capim elefante
particularmente em virtude dos menores
valores de “c” e de S.
Tabela 11. Potenciais de degradação (A),
taxas de degradação (c), frações solúveis
(S), frações degradáveis (B1), tempos de
colonização (TC) e degradabilidades
efetivas (DE), nas taxas de passagem
2,0%/h e 5,0%/h, das hemiceluloses dos
alimentos utilizados nesse ensaio
Parâmetro
Subproduto
Capim
de Caju
elefante
A (%)
74,98
75,07
c (%/h)
1,03
1,834
S (%)
11,89
14,64
B1 (%)
63,09
60,43
TC (h)
0:13
0:06
DE 2,0%/h
33,34
43,55
(%)
DE 5,0%/h
22,67
30,86
(%)
3.7. Desaparecimento ruminal da celulose
do subproduto de caju e capim elefante
incubados in situ em ovinos
As degradabilidades da celulose nos vários
tempos de incubação estão na Tabela 12.
Tabela 12. Desaparecimento da celulose
(%) do subproduto de caju e do capim
elefante incubados em sacos de náilon no
rume de ovinos submetidos a dietas
contendo subproduto de caju
Tempo de
Subproduto
Capim
incubação
de Caju2
elefante2
(h)1
6
17,46Db
25,49Da
CDb
12
21,95
32,56CDa
Cb
24
26,33
39,95Ca
Bb
48
33,90
56,42Ba
Ab
96
43,86
70,15Aa
1
Letras maiúsculas iguais na mesma coluna
indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
2
Letras minúsculas iguais na mesma linha
indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
CV=11,8%
224
Ambos os alimentos apresentaram respostas
semelhantes entre si e também ao que já
havia sido observado para as frações FDN,
FDA e hemiceluloses. O desaparecimento
da celulose aumentou efetivamente da 6a
para a 24a hora de incubação. Para o
subproduto de caju praticamente na 6a o
valor de desaparecimento representou o
valor da fração solúvel (16,84%)
compreendendo a perda dessa fração
durante a lavagem no tempo zero. Os
valores de desaparecimento de celulose do
subproduto de caju foram sempre inferiores
aos encontrados para o capim elefante. Os
valores de desaparecimento da celulose dos
subprodutos de abacaxi e de acerola foram
superiores a estes encontrados para o
subproduto de caju. Para o subproduto de
acerola (Capítulo VIII), os valores de
desaparecimento variaram de 32,5 % (t =
seis horas) para 52,37% (t = 96 horas) e
para o subproduto de abacaxi (Capítulo V),
os valores variaram de 26,85% (t = seis
horas) para 62,03% (t = 96 horas)
refletindo-se no maior potencial de
degradação dentre os subprodutos até aqui
estudados (A=73%). A mais alta correlação
de
Pearson
observada
para
a
degradabilidade da celulose do subproduto
de caju foi com a degradabilidade da
matéria seca (r=0,9914; P<0,0001) e depois
com a degradabilidade da FDN (r=0,9855;
P<0,0001). Isto pode estar indicando a forte
influência da degradabilidade da celulose
sobre a degradabilidade da FDN da qual faz
parte. Também foi encontrada alta
correlação com a degradabilidade da FDA
(r=0,9835; P<0,0001).
As equações geradas pelo modelo de
Sampaio (1988) (Figura 6) foram:
Deg. CEL Subproduto de Caju =
52,90572 - 38,018* EXP (-0,01483 * t)
r2=0,727
Deg. CEL Capim Elefante = 80,49963 61,30252 * EXP (-0,01874 * t) r2=0,972
Desaparecimento da CEL (%)
80
70
60
50
S. Caju
40
C. elefante
30
20
10
0
0
12
24
36
48
72
60
84
96
Tempo de incubação (h)
Figura 6. Desaparecimento da celulose dos alimentos em função do tempo de incubação
Inicialmente é bom chamar atenção para o
baixo coeficiente de determinação obtido,
mesmo convergindo para o modelo, este
valor é menor do que aqueles obtidos até
aqui e deve ser avaliado com cautela.
As equações e a Tabela 13 revelam um
maior valor potencialmente degradável para
o capim elefante. O capim elefante também
apresentou maiores valores de “c”, de S e
de B1. Como resultado de todos esses
parâmetros favorecendo ao capim elefante,
o tempo de colonização para ele foi menor
e as degradabilidades efetivas foram
maiores, fato que pode estar refletindo ou
mesmo determinando as superioridades
obtidas pelo capim elefante até aqui.
Verifica-se na Tabela 13 os altos valores de
A e de “c” para o capim elefante e a mais
alta fração B1 para este alimento. A
celulose com isso aparece como o nutriente
que contribuiu bastante para que as
degradabilidades efetivas da FDN do capim
fossem maiores do que aquelas do
subproduto de caju. Por outro lado, a
formação de complexos lignocelulósicos
provavelmente foi o principal influenciador
para a baixa disponibilidade da celulose do
subproduto de caju (Forbes, 1995).
Tabela 13. Potenciais de degradação (A),
taxas de degradação (c), frações solúveis
(S), frações degradáveis (B1), tempos de
colonização (TC) e degradabilidades
efetivas (DE), nas taxas de passagem
2,0%/h e 5,0%/h, da celulose dos alimentos
utilizados neste experimento
Parâmetro
Subproduto
Capim
de Caju
elefante
A (%)
52,91
80,50
c (%/h)
1,483
1,874
S (%)
16,84
20,94
B1 (%)
36,06
59,56
TC (h)
3:34
1:32
DE 2,0%/h
32,20
49,75
(%)
DE 5,0%/h
25,09
37,17
(%)
Dietas baseadas em subproduto de caju
levam à redução do consumo de matéria
seca (Capítulo IX) e à menor produção de
ácidos graxos voláteis (Capítulo X)
particularmente em inclusões de 38 e 52%
do total dietético. A principal causa para
essa redução de consumo é a baixa
degradabilidade ruminal das frações
fibrosas. De acordo com Church e Pond
(1987) o consumo de alimentos nos animais
é controlado pelo efeito calórico das dietas
e pela presença na dieta de alimentos de
baixa digestibilidade. A redução do
consumo de alimentos para sistemas de
produção de ruminantes exerce efeito
marcante particularmente em função do não
atendimento dos requerimentos nutricionais
prescritos pelos sistemas. O atendimento
aos níveis recomendados de proteínas e de
energia nas dietas depende do consumo
adequado de matéria seca. Esse fato pode
limitar a inclusão do subproduto de caju em
dietas para ruminantes de alta produção.
4. CONCLUSÕES
Foram evidenciados baixos valores de
degradabilidade
potencial
e
de
degradabilidades efetivas da proteína bruta
e da parede celular, principalmente em
virtude do alto teor de ligninas para o
subproduto de caju.
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Capítulo XII - EXPERIMENTO 10
Valor nutritivo do subproduto da indústria processadora de maracujá (Passiflora edulis)
em dietas para ovinos. 1. Consumo, digestibilidade aparente e balanços energético e
nitrogenado
RESUMO
O presente estudo foi conduzido objetivando avaliar a influência da inclusão do subproduto do
processamento de maracujá (Passiflora edulis) sobre os consumos (por unidade de tamanho
metabólico – UTM) e coeficientes de digestibilidade da matéria seca (MS), matéria orgânica
(MO), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), fibra detergente neutro (FDN), fibra detergente
ácido (FDA), hemiceluloses (HCEL), celulose (CEL) e energia de dietas experimentais
isofibrosas e isoprotéicas contendo o subproduto de maracujá. Avaliou-se ainda os balanços
nitrogenados e de energia das referidas dietas. Vinte ovinos machos, inteiros foram distribuídos
em quatro níveis de inclusão do subproduto (zero; 18%; 31%; 47%), em delineamento
inteiramente ao acaso, com cinco ovinos para cada um dos quatro tratamentos. Maiores
consumos de MS, MO, FDN e HCEL foram evidenciados para a dieta que incluiu 18% de
subproduto em relação às dietas com percentuais de inclusão de 31 e 47%. Quando o
subproduto de maracujá foi incluído em 47% do total dietético houve aumento da
digestibilidade da celulose em relação ao tratamento 18%. Os consumos de proteína bruta e
energia metabolizável não foram adequados para a categoria animal utilizada nas dietas com 31
e 47% de subproduto, resultando em menor balanço de energia na dieta com 47% de subproduto
em relação à dieta com 18% de subproduto. O subproduto de maracujá apresenta potencialidade
como alimento para ruminantes, entretanto houve prejuízo na disponibilização de energia e
proteína dietéticas quando a inclusão do subproduto foi superior a 18% do total dietético.
Palavras-chave: dieta, fibra, frutas, nutrição, ovinos, ruminantes
1. INTRODUÇÃO
A industrialização de frutas para produção
de sucos ou polpa produz subprodutos com
elevado potencial de utilização na
alimentação de ruminantes. O maracujá, por
exemplo, apresenta amplo potencial de
aproveitamento de seus subprodutos
principalmente a casca que representa alta
proporção em relação ao total do fruto. É na
casca que se encontra a pectina, um
nutriente de alta digestibilidade e
disponibilidade ruminal. A literatura cita
comparações entre a casca de maracujá e o
farelo de abacaxi destacando também o fato
da digestibilidade da proteína das cascas de
maracujá ser três vezes maior do que a
digestibilidade do farelo de abacaxi.
As sementes perfazem, em média, 11,8%
do fruto. Atenção especial deve ser tomada
com relação a essa inclusão, na medida em
que os altos níveis de extrato etéreo (sete a
nove por cento da MS da dieta) presentes
podem inibir a digestibilidade das frações
fibrosas. Isso porém não deprecia a
qualidade do subproduto. É uma vantagem
a semente de maracujá apresentar alto teor
de lípides (32%), pois contribui com o
maior aporte energético às dietas, de
extrema importância principalmente para o
fechamento e barateamento de custos de
dietas para animais em produção.
Otagaki e Matsumoto (1958) citados por
Pruthi
(1963)
recomendaram
a
incorporação do subproduto de maracujá
(cascas + sementes) em 22% de dietas
229
fornecidas com mistura total de vacas
leiteiras.
Com o presente ensaio avaliou-se os
coeficientes de digestibilidade e os
consumos por unidade de tamanho
metabólico (UTM) da matéria seca (MS),
matéria orgânica (MO), proteína bruta (PB),
extrato etéreo (EE), energia, fibra em
detergente neutro (FDN), fibra em
detergente ácido (FDA), hemiceluloses
(HCEL) e celulose (CEL) de dietas
experimentais fornecidas a ovinos em
crescimento contendo o subproduto da
indústria processadora de maracujá.
Complementarmente avaliou-se também os
balanços energético e nitrogenado destas
dietas. Objetivando-se determinar se é
possível e em que percentual deva ser feita
sua inclusão nas dietas para ruminantes.
2. MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado na Embrapa
Caprinos, em Sobral, Ceará, zona
fisiográfica do Sertão Cearense, a 3o42’ de
latitude Sul, 40o21’ de longitude Oeste,
altitude de 83 m, no período de 21 de
outubro a seis de novembro de 2002.
A região possui clima tipo BShw’,
megatérmico, seco, em que a precipitação
chuvosa (janeiro a junho) apresenta
precipitação média de 888,9 mm,
correspondendo a 92,6 % do total médio
anual. A média anual das temperaturas
máxima, média e mínima está em torno de
33,3, 26,6 e 22,0oC, respectivamente, e a
média anual da umidade relativa do ar é de
67,9%.
O subproduto agroindustrial de maracujá
(Passiflora edulis) utilizado foi obtido da
Cajubrás S.A. (Sucos Jandaia) localizada
em Pacajús - CE. Era composto
basicamente pela casca e sementes após a
extração do suco e, após secagem ao sol,
picado grosseiramente. O capim elefante
(Pennisetum purpureum) fornecido era
230
proveniente de capineira existente na
EMBRAPA Caprinos obtido por corte
manual diário a cerca de 15 cm do solo, 57
dias após o plantio. A torta de algodão e o
milho foram obtidos no comércio de Sobral
– Ceará em quantidade suficiente para a
realização de todo o experimento. A dieta
conforme foi formulada e sua composição
química e energética constam da Tabela 1.
Pretendeu-se a inclusão do subproduto de
maracujá nos níveis zero, 15, 31 e 46 % a
uma dieta básica composta de capim
elefante in natura picado grosseiramente,
milho e torta de algodão. O nível máximo
foi determinado pelo ajuste das dietas em
função da substituição total do capim
elefante pelo subproduto de maracujá e, ao
mesmo tempo, para atenderem aos
requisitos de proteína bruta (14,7%) e de
NDT (72%) prescritos pelo National
Research Council (1985) para cordeiros em
terminação (quatro a sete meses de idade)
com peso vivo de 30kg e ganho de peso de
295g/dia. Houve dificuldade para, com os
alimentos utilizados, se atingir o
requerimento de energia. Desta maneira,
procurou-se estabelecer um nível de fibra
dietético máximo, idêntico para os quatro
tratamentos, de modo que os níveis de
energia se aproximassem daquele prescrito
pelo National Research Council (1985).
Foram utilizados 20 cordeiros machos e
inteiros com seis meses de idade e peso
vivo médio de 28,5 kg, que foram
distribuídos de forma que os tratamentos
tivessem a maior homogeneidade possível.
Os
ovinos
foram
previamente
desverminados e alojados em gaiolas de
metabolismo com bebedouros, comedouros
e saleiros plásticos e dispositivos
apropriados para colheita de urina e fezes.
Estes dispositivos foram constituídos por
baldes de 10 litros colocados sob um tripé
de madeira que servia como apoio a uma
tela com malha de 5 mm de maneira a
permitir um declive para a queda das fezes
sem risco de contaminação da urina que
ficava no balde. As fezes foram colhidas
em recipientes plásticos colocados logo à
frente do tripé com a tela, estando os dois
tipos de recipientes de colheita sob o funil
da gaiola metabólica.
Tabela 1. Composição centesimal e bromatológica das dietas contendo subproduto de maracujá
e ofertadas a ovinos em base de matéria seca
%MS %PB %NDT1 %FDN
Torta de
Tratamentos
Capim
Milho
Algodão
Propostos
Elefante
0%
31,28
49,47
19,25
70,33 14,72 69,56
38,80
15,31%
20,85
47,43
16,41
76,89 14,72 68,59
38,80
30,61%
11,62
40,50
17,27
82,26 14,72 66,53
38,80
45,92%
0
43,35
10,73
90,03 14,72 66,67
38,80
1
Estimado segundo Cappelle et al. (2001)
O período de adaptação dos animais às
dietas e às gaiolas foi de 10 dias, sendo o
período de colheita (experimental) de 7
dias. Os 20 carneiros foram pesados no
início do período de adaptação. O peso foi
utilizado para o cálculo do consumo em
gramas por unidade de tamanho metabólico
(kg0,75).
As dietas foram divididas em duas refeições
iguais e oferecidas bem misturadas aos
ovinos, às 7 h e 30 min e a outra às 18 h e
30 min, buscando-se sempre deixar uma
sobra que, em média ficasse entre 15 e 20%
da matéria seca oferecida por dia. Água e
sal mineralizado estiveram disponíveis à
vontade.
Amostras do alimento oferecido e das
sobras foram retiradas e pesadas
diariamente às sete horas. Posteriormente,
foi preparada uma amostra composta por
animal para as sobras e outra composta dos
alimentos fornecidos nos sete dias de
colheita. Na amostra composta das sobras,
foi feita a separação manual dos alimentos
para o posterior cálculo do consumo de
cada alimento individualmente, a partir da
quantidade fornecida de cada um deles.
Após isso, as amostras de sobras foram
misturadas
para
serem,
novamente
juntamente com as amostras dos alimentos
oferecidos, moídas em moinhos de facas
com peneira de malha de 1 mm e estocadas
para futuras análises laboratoriais.
A colheita total de fezes também foi diária.
A produção total teve o peso registrado e
foi feita a reserva de uma alíquota de 20%
deste peso. Ao final do experimento
também foi preparada uma amostra
composta por animal que foi embalada em
sacos plásticos individuais e armazenada a
-10oC. No final do experimento foram
descongeladas à temperatura ambiente por
cerca de 14 horas, passadas em peneira de
malha grossa, homogeneizadas e pesadas.
Após isto, foram acondicionadas em
bandejas de alumínio e levadas à estufa de
ventilação forçada (55 a 60o C), por 72
horas, para a determinação da matéria préseca. Foram então moídas em moinho
Thomas Myller com peneira de 1 mm e
acondicionadas em recipientes plásticos
para futuras análises.
Nos baldes coletores de urina foram
adicionados 100 ml de ácido clorídrico
(HCl 2N) na véspera de cada colheita,
evitando-se assim perdas de nitrogênio por
volatilização. O volume total de líquido foi
pesado retirando-se para cada carneiro uma
alíquota de 20% do volume total colhido a
cada dia, acondicionada em frascos
plásticos (uma amostra composta por
animal) e imediatamente congelada.
231
Para as determinações de matéria seca,
matéria orgânica e cinzas, extrato etéreo,
proteína bruta, cálcio e fósforo do material
analisado seguiu-se a metodologia proposta
por AOAC (1980). Já para a quantificação
da FDN, FDA, celulose, hemiceluloses e
ligninas, utilizou-se a metodologia proposta
por Van Soest et al. (1991). Estas análises
laboratoriais foram determinadas nas
dependências dos Laboratórios de Nutrição
Animal do Centro de Ciências Agrárias e
Biológicas da Universidade Estadual Vale
do Acaraú (Sobral – Ceará) e do
Zootecnia
Departamento
de
da
Universidade Federal do Ceará (Fortaleza –
Ceará).
Para o cálculo de NDT das dietas
experimentais utilizou-se a equação NDT =
PBD + 2,25 x EED + CHOTD, utilizada
pelo Sistema de Cornell (Sniffen et al.,
1992), sendo que PBD, EED e CHOTD
correspondem respectivamente a proteína
bruta, extrato etéreo e carboidratos totais
digestíveis.
Para a estimativa de Nutrientes Digestíveis
Totais (NDT) dos alimentos isoladamente
foram utilizadas duas equações propostas
por Cappelle et al. (2001). Para o milho e o
farelo de soja recorreu-se à seguinte
equação:
PBVD = PB x EXP x [-1,2 x (PBIDA/PB)]
para o subproduto de maracujá e para o
capim elefante
NDT = 9,6134 + 0,8294 x DMS (r2=0,98;
P<0,01)
AGVD = EE - 1.
Para o subproduto de maracujá e capim
elefante a equação utilizada foi esta:
NDT = 10,43 + 0,8019 x DMS (r2=0,89;
P<0,01), onde para ambas:
DMS = Digestibilidade in vitro da matéria
seca segundo metodologia proposta por
Tilley e Terry (1963), determinada no
Laboratório de Nutrição Animal da
EMBRAPA Caprinos (Sobral - Ceará).
Para o cálculo da porcentagem dos
carboidratos totais (CHOT) utilizou-se
equação sugerida por Sniffen et al. (1992):
CHOT (%) = 100 - (%PB + %EE +
%Cinzas), onde CHOT = valor percentual
dos carboidratos totais, PB = valor
percentual da proteína bruta, % Cinzas =
valor percentual de cinzas.
232
Para o cálculo do NDT das dietas
experimentais conforme o National
Research Council (2001) foram utilizadas
as seguintes equações:
CNFVD=0,98 x (100 - [(FDN -PBIDN) +
PB + EE + Cinzas])
PBVD = [1 - (0,4 x (PBIDA/PB))] x PB
para o milho e para a torta de algodão.
FDNVD = 0,75 x [(FDN - PBIDN) - L] x
[1 – (L/((FDN - PBIDN) x EXP x 0,667))].
NDT1X (%) = CNFVD + PBVD + (AGVD
x 2,25) + FDNVD - 7, onde: NDT1X =
Nutrientes
Digestíveis
Totais
para
manutenção, CNFVD = Carboidratos Não
Fibrosos Verdadeiramente Digestíveis,
PBVD = Proteína Bruta Verdadeiramente
Digestível, AGVD = Ácidos Graxos
Verdadeiramente Digestíveis, FDNVD =
Fibra
em
Detergente
Neutro
Verdadeiramente Digestível, FDN = Fibra
em Detergente Neutro, EE = Extrato
Etéreo, L = Lignina em Detergente Ácido,
PB = Proteína Bruta, PBIDN = Proteína
Bruta Insolúvel em Detergente Neutro,
PBIDA = Proteína Bruta Insolúvel em
Detergente Ácido.
A determinação dos coeficientes de
digestibilidade de matéria seca, matéria
orgânica, proteína bruta, fibra em
detergente neutro e fibra em detergente
ácido, celulose, hemiceluloses e energia
bruta foi feita a partir da seguinte fórmula:
[(Consumo do nutriente em gramas –
quantidade em gramas do nutriente nas
do
nutriente
em
fezes)/Consumo
gramas]/100 (Silva e Leão, 1979).
Obteve-se a Energia Bruta (EB) em
calorímetro adiabático tipo PARR 2081 nas
dependências do Laboratório de Nutrição
Animal da EMBRAPA Caprinos em Sobral
- Ceará. No caso da urina, colocou-se cerca
de 1 ml de urina em papel de filtro
absorvente para permitir a sua combustão
na bomba calorimétrica. Anteriormente fezse a queima de seis papéis de filtro vazios
para referenciação da produção de calor do
papel individualmente, servindo de branco.
Utilizando-se a técnica direta de
determinação de energia com bomba
calorimétrica, calculou-se o valor da
energia digestível e energia metabolizável.
Para tanto, mediu-se a energia contida nas
fezes, no alimento oferecido, nas sobras do
alimento e na urina. A ED foi calculada
conforme descrito acima, já a energia
metabolizável pela fórmula de Blaxter e
Clapperton (1965) na qual a Energia
Digestível é igual a Energia Bruta Ingerida
menos a Energia Bruta excretada nas fezes;
a Energia Metabolizável é igual a Energia
Digestível menos a Energia Bruta da Urina
mais a Energia dos Gases. A produção de
metano foi estimada pela seguinte equação:
Cm = 0,67 + 0,062D, onde Cm = produção
de metano em kcal/ 100 kcal de energia
consumida e D = digestibilidade aparente
da energia bruta do alimento.
Foram também calculados o balanço de
nitrogênio [N ingerido - (N fecal + N
urinário)], nitrogênio ingerido (N fornecido
- N das sobras) e porcentagem de nitrogênio
retido em relação ao nitrogênio ingerido.
O delineamento experimental utilizado foi o
inteiramente ao acaso, com quatro
tratamentos (quatro níveis de inclusão do
subproduto) e cinco repetições (animais)
por tratamento.
As análises estatísticas foram feitas
mediante o uso dos softwares SAEG
(Sistema de Análises Estatísticas e
Genéticas) (Ribeiro Júnior, 2001) e SAS
(Statistical Analyses System) (Littell et al.,
1991), por meio do seguinte modelo
estatístico:
Yij = µ + Hj + eij
onde,
Yij = valor referente à observação da
repetição i do tratamento j
µ = média geral
Hj = efeito do tratamento j (j = 1, 2, 3, 4)
eij = erro aleatório associado à observação
As médias foram comparadas utilizando-se
os testes t e SNK, em nível de 5% de
probabilidade. Foi também observado o
grau de correlação de Pearson (P<0,05)
entre as variáveis estudadas para se saber
se a variação de uma delas acompanha
proporcional, direta ou inversamente, a
variação da outra conforme recomendou
Sampaio (2002).
No caso particular da variável balanço de
nitrogênio (Mcal/Kg), foi feita a
transformação para arcoseno = raiz
quadrada desse parâmetro/100. De acordo
com Sampaio (2002), grupos experimentais
que revelam variâncias diversificadas,
dependendo das suas respostas médias,
apresentando distribuições aparentemente
normais, demandam transformação. As
médias deste parâmetro existente na Tabela
10 foram, entretanto, dos valores obtidos
experimentalmente e não dos valores
transformados, empregou-se apenas as
letras de significância estatística obtidas a
partir dos dados transformados.
A análise de regressão foi realizada
utilizando-se também o software SAEG
(Ribeiro Júnior, 2001) para permitir a
estimativa dos consumos e coeficientes de
233
digestibilidade em níveis de subproduto de
maracujá, compreendidos no intervalo
estudado, que não foram testados no
ensaio. Foram testados diferentes modelos
matemáticos
(lineares,
polinomiais,
logarítmicos e exponenciais), a partir do
procedimento Modelos Pré-definidos, para
escolha daquele que apresentasse maior
significância e maiores coeficientes de
determinação. Para a escolha do modelo
matemático também foi observado se o
mesmo ajustava-se à resposta biológica
estudada. As equações demonstradas neste
trabalho foram assim selecionadas para
trazer maior confiança e melhor
aplicabilidade à previsão de valores de
consumo e digestibilidade.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Pelo ajuste de consumo, em função da
seletividade dos animais, a real inclusão do
subproduto de maracujá ficou nos seguintes
níveis: zero, 18, 31 e 47% (Tabela 2). A
partir desta consideração todas as
discussões de resultados levarão em conta
estes níveis de inclusão.
A composição química dos ingredientes das
dietas com base na matéria seca (MS) está
demonstrada na Tabela 3. A composição
química e energia bruta das dietas consta na
Tabela 4.
Tabela 2. Consumo médio diário de matéria seca de subproduto de maracujá, capim elefante,
milho e torta de algodão (kg) e, entre parêntesis, a porcentagem (%) de cada um dos alimentos
em função do consumo de matéria seca total (CMST) (kg) das dietas oferecidas a ovinos
Milho
Torta de
Tratamentos
CMST
Subproduto
Capim Elefante
Algodão
de Maracujá
0%
1,416
0,000 (0)
0,328 (23,13)
0,782 (55,22) 0,306 (21,64)
18%
1,541
0,279 (18,12)
0,154 (9,97)
0,811 (52,63) 0,297 (19,28)
31%
1,167
0,365 (31,30)
0,122 (10,44)
0,504 (43,22) 0,176 (15,04)
47%
1,117
0,526 (47,06)
0,000 (0)
0,492 (44,02)
0,099 (8,92)
234
Tabela 3. Composição química (%) e níveis de energia bruta (Mcal/kg) dos ingredientes das
dietas fornecidas durante o experimento com base de matéria seca
Milho
Torta de
Componentes
Subproduto de Capim Elefante
Algodão
Maracujá
Matéria Seca (%)
88,26
21,05
86,54
90,76
Proteína Bruta (%)
13,46
8,43
9,15
31,41
PBVD (%)*
9,85
5,75
8,95
28,94
NIDN (%)*
0,72
0,70
0,44
1,46
PBIDN (%)*
4,50
4,38
2,75
9,13
NIDA (%)*
0,56
0,43
0,08
0,99
PBIDA (%)*
3,50
2,69
0,50
6,19
DIVMS (%)*
57,94
58,79
86,29
49,78
Extrato Etéreo (%)
7,97
1,69
4,69
8,22
AGVD (%)*
6,97
0,69
3,69
7,22
Fibra em Detergente Neutro (%)
57,14
76,45
15,28
54,59
FDNVD (%)*
0,99
43,77
6,05
1,57
Fibra em Detergente Ácido (%)
44,16
39,02
3,78
36,22
Hemiceluloses (%)
12,98
37,43
11,50
18,37
Celulose (%)
40,35
44,50
5,76
42,61
Ligninas (%)
25,69
4,87
1,66
21,31
Cinzas (%)
6,54
10,79
1,86
4,96
Ca (%)
0,63
0,93
0,13
0,39
P (%)
0,03
0,02
0,05
0,09
Carboidratos Totais (%)
72,03
79,09
84,30
65,41
CNFVD (%)
19,00
6,87
70,33
9,75
Energia Bruta (Mcal/kg)
4,95
4,04
4,46
4,82
NDT (%)*
56,89
57,57
81,18
50,90
*PBVD=Proteína Bruta Verdadeiramente Digestível; NIDN=Nitrogênio Insolúvel em
Detergente Neutro; PBIDN=Proteína Bruta Insolúvel em Detergente Neutro; NIDA=Nitrogênio
Insolúvel em Detergente Ácido; PBIDA=Proteína Bruta Insolúvel em Detergente Ácido;
DIVMS=Digestibilidade in vitro da matéria seca; AGVD=Ácidos Graxos Verdadeiramente
Digestíveis; FDNVD=Fibra em Detergente Neutro Verdadeiramente Digestível;
CNFVD=Carboidratos Não Fibrosos Verdadeiramente Digestíveis; NDT=Nutrientes
Digestíveis Totais
235
Tabela 4. Composição química (%) e energia bruta média (Mcal/kg) das dietas contendo
quantidades crescentes de subproduto de maracujá com base de matéria seca
Dietas
Componentes
0
18
31
47
Matéria Seca (%)
72,30
81,14
80,88
87,73
Proteína Bruta (%)
13,80
14,15
13,77
13,16
PBVD (%)*
12,53
12,65
11,90
11,16
NIDN (%)*
0,72
0,71
0,71
0,66
PBIDN (%)*
4,51
4,46
4,43
4,14
NIDA (%)*
0,36
0,38
0,40
0,39
PBIDA (%)*
2,24
2,36
2,52
2,42
Extrato Etéreo (%)
4,76
5,67
5,93
6,55
AGVD (%)*
3,76
4,67
4,93
5,55
Fibra em Detergente Neutro (%)
37,93
36,54
40,68
38,49
FDNVD (%)*
13,80
8,03
7,73
3,27
Fibra em Detergente Ácido (%)
18,95
20,86
24,98
25,68
Hemiceluloses (%)
18,98
15,68
15,70
12,81
Celulose (%)
22,69
22,99
26,17
25,33
Ligninas (%)
6,66
10,12
12,47
14,72
Cinzas (%)
4,60
4,20
4,72
4,34
Ca (%)
0,37
0,35
0,41
0,39
P (%)
0,05
0,05
0,05
0,04
Carboidratos Totais (%)
79,00
77,92
77,07
76,84
CNFVD (%)*
42,54
43,02
38,53
40,77
Energia Bruta (Mcal/kg)
4,44
4,58
4,62
4,72
1
NDT (%) *
73,74
70,20
72,01
72,88
NDT (%)2*
70,33
67,20
62,27
60,68
1
Determinado conforme Sniffen et al. (1992). 2 Determinado conforme o NRC (1985).
*PBVD=Proteína Bruta Verdadeiramente Digestível; NIDN=Nitrogênio Insolúvel em
Detergente Neutro; PBIDN=Proteína Bruta Insolúvel em Detergente Neutro; NIDA=Nitrogênio
Insolúvel em Detergente Ácido; PBIDA=Proteína Bruta Insolúvel em Detergente Ácido;
AGVD=Ácidos Graxos Verdadeiramente Digestíveis; FDNVD=Fibra em Detergente Neutro
Verdadeiramente Digestível; CNFVD=Carboidratos Não Fibrosos Verdadeiramente Digestíveis;
NDT=Nutrientes Digestíveis Totais
236
Os dados de composição bromatológica das
dietas experimentais (Tabela 4) mostram
que é possível com a inclusão de
subproduto da indústria de suco de
maracujá chegar-se aos 72% de NDT
preconizados pelo National Research
Council (1985) para ovinos em crescimento
a partir dos cálculos feitos com a equação
de Sniffen et al. (1992). Um dos grandes
entraves para o fechamento e barateamento
do custo de dietas para animais em
crescimento é a disponibilidade de
subprodutos com preços mais acessíveis ao
produtor e que contribuam efetivamente
com a fração energética das dietas.
O valor de extrato etéreo aqui encontrado
foi de 7,97% (Tabela 3), mas Starling et al.
(1997) citou que a semente de maracujá
pode apresentar 31,95% de extrato etéreo
em matéria seca. Isso demonstra a grande
viabilidade do subproduto de maracujá
como constituinte energético de dietas para
ruminantes. Cuidado especial, entretanto
deve ser tomado em relação a essa inclusão
para que não ocorram efeitos depletivos da
gordura dietética sobre a digestibilidade das
frações fibrosas (Devendra e Lewis, 1974).
Outro cuidado é com os altos níveis de
ligninas existentes (35,69%) que podem
indisponibilizar
sobremaneira
os
carboidratos e proteínas. A alta FDN
(57,14%) reitera a possibilidade de uso do
subproduto de maracujá como fonte de
fibra não forrageira às dietas de ruminantes,
ponto positivo para as épocas em que a
disponilidade de forragem é baixa como
descrito por Vasconcelos et al. (2002).
A Tabela 5 contém a comparação de médias
de consumo em g/kg0,75 da matéria seca,
matéria orgânica, proteína bruta e extrato
etéreo. O consumo médio diário de matéria
seca foi de 106,52 g/UTM. As dietas com
menores níveis de inclusão, zero e 18%,
mostraram-se equivalentes e superiores às
demais (em média 120,57 vs 92,46
g/UTM), que por sua vez equivaleram-se
entre si. Para o National Research Council
(1985), a exigência nutricional para ovinos
em terminação com 30 kg de peso vivo é de
101,42 g de MS/kg0,75/dia. Exatamente os
tratamentos zero e 18% apresentaram
consumos superiores ao recomendado,
enquanto a inclusão de 31% de subproduto
de maracujá teve ingestões marginais à essa
preconizada. O consumo médio diário de
matéria seca foi inferior ao encontrado no
Capítulo III para o subproduto de abacaxi
(108,72 g/UTM), mas foi superior aos
encontrados para o subproduto de acerola
(104,02 g/UTM) (Capítulo VI) e para o
subproduto de caju (90,08 g/UTM)
(Capítulo IX). Lousada Júnior (2003)
forneceram subproduto de maracujá única e
exclusivamente
para
cordeiros
em
crescimento e encontraram um consumo
médio inferior (84,03 g de MS/UTM),
portanto de acordo com os obtidos nesse
ensaio, onde elevando-se a participação do
subproduto nas dietas, diminuiu-se o
consumo a valores que se aproximaram aos
reportados pelos autores. Starling et al.
(1997), em ensaio de consumo e
digestibilidade aparente com ovinos,
utilizaram semente de maracujá em níveis
crescentes ao feno de capim gordura
(Melinis minutiflora) e encontraram o maior
consumo de matéria seca (53,5 g/UTM)
quando incluíram 8,8% de semente. Vale
ressaltar que a autora trabalhou com um
subproduto cujas características são
bastante diferentes do aqui estudado, tendo
níveis de extrato etéreo de 31,95%.
O consumo de matéria seca como
porcentagem do peso vivo apresentou o
mesmo comportamento
que aquele
calculado em gramas por unidade de
tamanho metabólico. Já os consumos de
matéria seca e de matéria orgânica
digestível (g/UTM) foram menores nos
tratamentos 31 e 47% de inclusão do
subproduto. O consumo de matéria
orgânica (UTM), conforme podia-se
esperar, também teve resposta similar ao
encontrado para o consumo de matéria seca
(r=0,9994; P<0,0001) destacando-se as
237
dietas que incluíram 0% e 18% de
subproduto de maracujá em relação às
demais.
Tabela 5 - Médias de consumo diário (g/kg0,75) das frações matéria seca, matéria seca digestível,
matéria orgânica, matéria orgânica digestível, proteína bruta, proteína bruta digestível, extrato
etéreo e extrato etéreo digestível das dietas contendo quantidades crescentes de subproduto de
maracujá fornecidas a ovinos
Frações
Dietas
Coeficientes de
analisadas
0%
18%
31%
47%
Variação (%)
Matéria Seca (g/kg0,75)
116,01ab 125,13a 94,49b 90,43b
20,61
Matéria Seca (% PV)
5,04ab
5,43a
4,09b
3,92b
20,69
Matéria Seca Digestível (g/kg0,75)
80,73a 81,26a 63,22b 60,73b
21,58
a
a
a
a
Matéria Seca (g/dia)
1416,2 1540,9 1167,4 1117,4
22,70
Matéria Orgânica (g/kg0,75)
111,57ab 120,21a 91,33b 87,89b
20,35
Matéria Orgânica Digestível (g/kg0,75) 82,43a 82,96a 64,65b 62,34b
21,22
Proteína Bruta (g/kg0,75)
14,12ab 15,44a 12,14ab 11,31b
20,41
Proteína Bruta Digestível (g/kg0,75)
8,01ab
8,49a
7,35ab
6,83b
20,83
Proteína Bruta (g/dia)
172,27a 190,07a 149,96a 139,82a
22,26
0,75
a
a
a
a
Extrato Etéreo (g/kg )
5,65
6,75
5,62
5,79
20,18
Extrato Etéreo Digestível (g/kg0,75)
4,39a
5,79a
4,87a
5,31a
22,71
a
Médias com letras iguais na mesma linha não diferem significativamente pelo teste t (P>0,05)
O consumo de proteína bruta e o consumo
de proteína bruta digestível apresentaram
superioridade de valor para o tratamento
que incluiu o subproduto em 18% em
relação àquele com 47%. Os tratamentos
zero e 31% tiveram valores intermediários e
foram semelhantes entre si e aos demais.
Altas correlações foram encontradas entre
os consumos de matéria seca (UTM) e de
proteína bruta (UTM) (r=0,9903; P<0,0001)
e os de matéria orgânica (UTM) e de
proteína
bruta
(UTM)
(r=0,9894;
P<0,0001). Todas as correlações de Pearson
estudadas
neste
trabalho
estão
representadas na sessão de anexos deste
trabalho (Anexo 4).
consumo de proteína dietética, bem como
os níveis de PB que cada dieta fornecia,
pois houve uma tendência em diminuir a
oferta desse nutriente conforme elevou-se a
participação do subproduto nas mesmas. O
subproduto de maracujá quando incluído
em até 18% leva à melhoria do consumo
desses nutrientes. De acordo com
Gagliostro e Chillard (1991), a regulação do
consumo também pode ser feita pela
ingestão de energia pelo animal, o que
poderá ser constatado neste trabalho pela
alta correlação (r=0,9723; P<0,0001)
existente entre o consumo de matéria seca e
o consumo de energia metabolizável que
será discutido mais adiante (Tabela 9).
Apenas o tratamento que incluiu 18% de
subproduto de maracujá atendeu o requisito
mínimo para o consumo de proteína, 14,93
g/kg0,75 conforme o National Research
Council (1985), muito embora, a dieta sem
subproduto mostrou consumo bastante
próximo ao preconizado. A análise dos
dados demonstrou que a diminuição do
consumo de matéria seca interferiu no
A média de consumo de proteína bruta foi
de 13,25 g/UTM, superior àquela
encontrada por Lousada Júnior (2003),
10,38 g de proteína bruta/UTM em
cordeiros que receberam subproduto de
maracujá única e exclusivamente. Houve
superioridade em relação àquela encontrada
no Capítulo IX para o subproduto de caju
(12,28 g/UTM) e inferioridade àquelas
238
encontradas no Capítulo III para o
subproduto de abacaxi (17,91 g/UTM) e no
Capítulo VI para o subproduto de acerola
(15,36 g/UTM). Os resultados revelam que
entre os subprodutos estudados as dietas
que incluíram o subproduto de maracujá e o
subproduto de caju foram as que
apresentaram os menores consumos de
proteína bruta. Van Soest (1994) ponderou
que os subprodutos de frutas geralmente
não contribuem com proteína. Segundo este
autor, a presença de ligninas em excesso
pode inclusive indisponibilizar a pouca
proteína existente e limitar o consumo de
matéria seca. Efeitos digestivos sobre a taxa
de passagem devem ser melhor estudados e
no
Capítulo
XIV
será
feito
o
aprofundamento
em
termos
de
degradabilidade ruminal do subproduto de
maracujá.
Não houve diferenças significativas quanto
aos consumos de extrato etéreo e de extrato
etéreo digestível entre os tratamentos
experimentais. Provavelmente a diferença
obtida entre os consumos de matéria seca
não tenha sido suficientemente intensa a
ponto de promover alterações nos
consumos dessa fração entre os tratamentos
aqui estudados, uma vez que de acordo com
a Tabela 4 as concentrações de EE
elevaram-se com a inclusão do subproduto
de maracujá.
A análise de regressão indicou equações
com baixos coeficientes de determinação
(r<0,45):
CMS = 122,57 - 0,67X (R2 = 0,22; P<0,05),
onde:
CMS = Consumo de MS em g/UTM
X = Nível de inclusão do subproduto de
maracujá (%)
CMSD = 83,34 - 0,49X (R2 = 0,26;
P<0,05), onde:
CMSD = Consumo de MS Digestível em
g/UTM
X = Nível de inclusão do subproduto de
maracujá (%)
CMO = 117,68 - 0,62X (R2 = 0,21;
P<0,05), onde:
CMO = Consumo de MO em g/UTM
X = Nível de inclusão do subproduto de
maracujá (%)
CMOD = 85,03 - 0,49X (R2 = 0,26;
P<0,05), onde:
CMOD = Consumo de MO Digestível em
g/UTM
X = Nível de inclusão do subproduto de
maracujá (%)
CPB = 15,00 - 0,072X (R2 = 0,18; P>0,05),
onde:
CPB = Consumo de PB em g/UTM
X = Nível de inclusão do subproduto de
maracujá (%)
Os coeficientes de digestibilidade da
matéria seca, matéria orgânica, proteína
bruta e extrato etéreo encontram-se na
Tabela 6.
Não houve diferenças significativas quanto
aos coeficientes de digestibilidade da
matéria seca, da matéria orgânica e da
proteína bruta entre os tratamentos
experimentais. Já para o extrato etéreo
evidenciou-se o aumento da digestibilidade
dessa fração para toda inclusão do
subproduto de maracujá.
Apesar dos altos níveis de ligninas
presentes
nas
dietas
experimentais
principalmente por causa das inclusões do
subproduto e da torta de algodão não houve
queda na digestibilidade da proteína e nem
da digestibilidade do extrato etéreo. A
explicação mais plausível pode estar na
forma física e na cristalinização dos
componentes da parede celular (Van Soest,
1994), assim sendo estudos de microscopia
eletrônica seriam importantes para elucidar
as interações existentes entre as ligninas,
frações fibrosas e componentes solúveis
presentes neste alimento, bem como outros
tipos de análises capazes de detectar tais
possíveis diferenças estruturais. O valor
239
médio de digestibilidade da matéria seca
para as dietas que incluíram o subproduto
de maracujá foi de 66,28%, valor
relativamente alto, em se tratando de um
subproduto, comparável àquele encontrado
para o capim Tifton 85, por exemplo
(66,30%) citado por Valadares Filho et al.
(2002). Contribuiu principalmente para isso
os altos valores de digestibilidade do
extrato etéreo, média de 87,9% para os
tratamentos que incluíram o subproduto de
maracujá, comparável àquele encontrado
para o glúten de milho (82,58%) também
citado por Valadares Filho et al. (2002).
Tabela 6 - Médias (%) dos coeficientes de digestibilidade da matéria seca, matéria orgânica,
proteína bruta e extrato etéreo das dietas contendo quantidades crescentes de subproduto de
maracujá fornecidas a ovinos
Frações
Dietas
Coeficientes de
Analisadas
0%
18%
31%
47%
Variação (%)
a
a
a
a
Matéria Seca
69,54 64,96 67,00
66,88
5,05
Matéria Orgânica
73,81a 68,98a 70,89a 70,69a
4,54
Proteína Bruta
56,83a 55,28a 60,60a 60,41a
7,99
Extrato Etéreo
77,10b 85,06a 87,05a 91,59a
6,51
a
Médias com letras iguais na mesma linha não diferem significativamente pelo teste SNK
(P>0,05)
O valor médio de digestibilidade da
proteína bruta para as dietas que incluíram
o subproduto de maracujá foi de 58,76%,
comparável ao encontrado para a o farelo
de arroz (58,08%) ou para o milho
desintegrado com palha e sabugo (57,89%)
(Valadares Filho et al., 2002).
N-NH3 que permitem maiores comentários
acerca do aproveitamento desse substrato
nitrogenado para a síntese de proteína
microbiana.
Em dietas que incluíram exclusivamente
subproduto de maracujá para ovinos,
Lousada Júnior (2003), encontrou valores
médios de digestibilidade da matéria seca e
da proteína bruta de 59,95 e 54,35%,
inferiores aos aqui obtidos. A média de
digestibilidade da proteína bruta das dietas
em que foi feita a inclusão do subproduto
de caju foi ainda menor (37,11%) (Capítulo
IX). O efeito antinutricional das ligninas ali
existentes foi ainda mais marcante do que
sobre o subproduto de maracujá. No
Capítulo
XIV
desta
tese
serão
demonstrados os dados de proteína
degradável e não degradável no rúmen que
representam valores mais realísticos do
aproveitamento da proteína exógena e, no
capítulo XIII, as concentrações séricas de
DEE = 77,33 + 0,43X - 0,0028X2 (R2 =
0,52; P<0,01), onde:
DEE = Digestibilidade do extrato etéreo
(%)
X = % de inclusão de subproduto de
maracujá
240
A análise de regressão, considerando um R2
superior a 45%, indicou a equação a seguir:
O efeito quadrático ascendente revelou
superioridade de digestibilidade do extrato
etéreo a partir do primeiro nível de inclusão
do subproduto (18%).
A Tabela 7 apresenta os valores de
consumo médio diário das frações fibrosas
alimentares (fibra em detergente neutro,
fibra em detergente ácido, hemiceluloses e
celulose) em gramas por unidade de
tamanho metabólico.
Tabela 7 - Médias de consumo (g/kg0,75, % do peso vivo e % da materia seca ingerida) das
frações fibrosas e frações fibrosas digestíveis das dietas contendo quantidades crescentes de
subproduto de maracujá fornecidas a ovinos
Dietas
Coeficientes
Frações
de
Analisadas
0%
18%
31%
47%
Variação
(%)
Fibra Detergente Neutro (g/kg0,75)
58,75ab 63,03a 47,41b 43,65b
21,73
Fibra Detergente Neutro (% PV)
2,55ab
2,73a 2,05b 1,89b
21,84
Fibra Detergente Neutro Digestível (g/kg0,75)
38,95a 37,63a 26,22ab 23,29b
24,86
Fibra Detergente Neutro (% MSI)
50,47a 50,33a 50,20ab 48,15b
3,18
Fibra Detergente Ácido (g/kg0,75)
22,11a 26,92a 23,63a 23,12a
22,35
Fibra Detergente Ácido (% PV)
0,96a
1,17a 1,02a 1,00a
22,85
0,75
a
Fibra Detergente Ácido Digestível (g/kg )
12,22 12,63a 10,16a 10,00a
31,40
c
b
a
a
Fibra Detergente Ácido (% MSI)
18,94 21,48 25,01 25,50
4,51
Hemiceluloses (g/kg0,75)
36,63a 36,12a 23,77b 20,53b
21,83
Hemiceluloses (% PV)
1,59a
1,57a 1,03b 0,89b
21,62
0,75
a
Hemiceluloses Digestíveis (g/kg )*
26,73 25,00a 16,07b 13,29b
23,35
Hemiceluloses (% MSI)
31,53a 28,85b 25,19c 22,65d
4,33
Celulose (g/kg0,75)
28,41a 31,19a 25,99a 24,09a
21,58
Celulose (% PV)
1,24a
1,35a 1,13a 1,04a
21,95
0,75
a
Celulose Digestível (g/kg )*
14,61 16,11a 15,69a 15,15a
26,96
Celulose (% MSI)
24,36b 24,97b 27,51a 26,59a
4,44
a
Médias com letras iguais na mesma linha não diferem significativamente pelo teste t (P>0,05)
O consumo de FDN apresentou entre os
tratamentos o mesmo padrão que o
consumo de matéria seca (r=0,9918;
P<0,0001), ou seja, maior consumo de FDN
foi verificado no tratamento 18% de
inclusão de subproduto de maracujá, que
apesar de semelhante ao controle, superou
os demais. Já para o consumo das
hemiceluloses, inclusões de zero a 18% do
subproduto de maracujá apresentaram
valores superiores aos dos tratamentos com
31 e 47% (P<0,05). De acordo com Van
Soest (1994), a fermentabilidade da
celulose e das hemiceluloses é limitada pela
lignificação e as hemiceluloses, em
particular estão mais associadas à lignina
do que a qualquer outro polissacarídeo.
Assim
sendo,
essa
queda
na
fermentabilidade pode ter promovido a
redução do consumo nos níveis 31 e 47%
de inclusão que apresentaram níveis de
lignina dietéticos na ordem de 15,54 e
19,17% do total da matéria seca (Tabela 4),
percentagens superiores aos tratamentos
com menores níveis de subproduto de
maracujá.
Quanto aos consumos de FDA e de celulose
não houve diferenças significativas entre os
tratamentos experimentais. O estudo de
degradação das frações fibrosas do
subproduto de maracujá que será descrito
no Capítulo XIV será importante para a
melhor compreensão destes resultados. É
importante salientar que as dietas com 31 e
47% de inclusão de subproduto de maracujá
apresentaram maiores valores de FDA
(Tabela 4) e que isso pode ter
contrabalanceado os níveis desta fração
fibrosa entre os tratamentos mesmo tendo
havido a redução de consumo de FDN
nestes tratamentos em relação ao tratamento
18%.
O consumo de FDN digestível foi superior
no tratamento controle e no tratamento 18%
241
em relação ao tratamento 47% e todos
foram semelhantes ao tratamento 31%. Não
foram
evidenciadas
diferenças
significativas
entre
os
tratamentos
experimentais para os consumos de FDA e
de celulose digestíveis. Já para os consumos
de hemiceluloses digestíveis os tratamentos
31 e 47% apresentaram os menores valores
e, portanto, foi essa resposta que
provavelmente mais interferiu sobre a
queda no consumo de FDN digestível
particularmente na dieta de maior inclusão
do subproduto.
O National Research Council (1985) não
especifica valores de consumo mínimo de
fibra para ovinos. Entretanto, uma
quantidade máxima de carboidratos
rapidamente fermentáveis (CNF) e uma
quantidade mínima de carboidratos
lentamente digestíveis (maior proporção da
FDN) devem ser providas, e a relação entre
estas frações de carboidratos é importante
(National Research Council, 2001). O
índice histórico para o nível adequado de
carboidratos estruturais tem sido a relação
volumoso : concentrado, no entanto, essa
relação não considera a qualidade da
forragem (nível de fibra) nem reconhece a
fibra de fontes não forrageiras como o
subproduto de maracujá, por exemplo.
Para se ter um referencial sobre o
atendimento ou não dos níveis mínimos de
fibra de ruminantes com dietas que utilizem
o subproduto de maracujá foi utilizada a
recomendação de Macedo Júnior (2004) de
consumo de FDN para ovelhas da raça
Santa Inês com peso vivo médio de 45kg,
ou seja, 28,05% de FDN. Como referido
anteriormente, o consumo médio diário de
matéria seca foi de 106,52 g/UTM, superior
àquele
recomendado
pelo
National
Research Council (1985). Considerando os
percentuais mínimos de inclusão de fibra
dietética citados no parágrafo anterior, deve
haver um consumo médio superior a 29,88
g de FDN/UTM. Os valores encontrados na
Tabela 7 ultrapassaram essa recomendação
242
de consumo de FDN. É importante recordar
que estudos que determinem a efetividade
física da fibra de subprodutos de frutas para
dietas de pequenos ruminantes serão
importantes para avaliar adequadamente
este antendimento.
Lousada Júnior (2003), avaliando o
consumo voluntário de subproduto de
maracujá fornecido exclusivamente para
ovinos encontraram consumos de FDN
médios ainda inferiores (49,43 g/UTM) ao
encontrado neste trabalho para as dietas que
incluíram subproduto de maracujá (51,36
g/UTM).
A seguir são apresentadas as equações de
regressão para os consumos de frações
fibrosas:
CFDND = 39,76 - 0,24X - 0,0028X2 (R2 =
0,43; P<0,01), onde:
CFDND = Consumo de FDN Digestível em
g/UTM
X = Nível de inclusão do subproduto de
maracujá (%)
CHCEL = 37,53 - 0,2X - 0,004X2 (R2 =
0,53; P<0,01), onde:
CHCEL = Consumo de HCEL em g/UTM
X = Nível de inclusão do subproduto de
maracujá (%)
CHCELD = 27,33 - 0,22X - 0,002X2 (R2 =
0,59; P<0,01), onde:
CHCELD = Consumo de HCEL
Digestíveis em g/UTM
X = Nível de inclusão do subproduto de
maracujá (%)
O comportamento quadrático descendente
das equações revelou que a inclusão do
subproduto de maracujá às dietas
experimentais resultou em menores
consumos de FDN digestível, de
hemiceluloses
e
de
hemiceluloses
digestíveis em relação à dieta controle.
Houve alta correlação entre o consumo de
matéria seca e os consumos de FDN
(CFDN) e de FDA (CFDA) (% PV)
(r>0,84; P<0,0001). O FDN consumido
proporcionalmente à matéria seca ingerida
(MSI) representou em média 49,79%. A
inclusão do subproduto de maracujá em até
31% do total dietético revelou semelhança
de valores de CFDN (%MSI) e o valor
deste tratamento ainda foi semelhante ao do
tratamento 47%. A homogeneidade de
CFDN (%MSI) entre os tratamentos deve
ter propiciado uma distribuição mais
uniforme de energia entre os tratamentos.
Basta comentar que no Capítulo IX no
tratamento que incluiu 52% de subproduto
de caju, o CFDN (%MSI) chegou a 98%
comprometendo totalmente o aporte de
energia prontamente disponível aos animais
que faziam parte deste tratamento. O
subproduto de maracujá, em contrapartida,
promoveu no tratamento 47% o maior valor
de NDT dentre os tratamentos que
incluíram o subproduto.
Nos tratamentos 31 e 47% de inclusão
também foram evidenciados os maiores
CFDA (%MSI) e de CCEL (%MSI). Devese considerar que o aumento de CFDA
(%MSI) também compreende o aumento de
inclusão de ligninas e isso pode representar
a queda na digestibilidade desta fração. Alta
correlação negativa foi encontrada entre
CHCEL (%MSI) e CFDA (%MSI) (r=0,8815; P<0,0001) e entre CHCEL e CCEL
(%MSI) (r=-0,6585; P<0,001), ou seja, à
medida que o consumo de hemiceluloses
diminuiu, aumentou o consumo de FDA e
de celulose. Alta correlação negativa foi
encontrada entre o CHCEL (%MSI) e a
digestibilidade da celulose (r=-0,6755;
P<0,001). Dentre os carboidratos estruturais
consumidos com o aumento da inclusão do
subproduto de maracujá, a celulose foi
favorecida com aumentos em seus níveis
correspondentes a essa inclusão (Tabela 4).
Paralelamente ainda houve a melhoria de
sua digestibilidade com a inclusão do
subproduto (Tabela 8).
Baixa correlação negativa foi encontrada
entre o consumo de matéria seca (% PV) e
o CFDA (%MSI) (r=-0,3796; P<0,05), ou
seja, à medida que o consumo de matéria
seca diminuiu houve um aumento
proporcional do consumo de FDA. Esta
correlação, entretanto foi muito menor do
que aquela encontrada para o subproduto de
caju, por exemplo, no Capítulo IX (r=0,6515; P<0,001). O CFDA (%MSI)
interferiu
negativamente
sobre
a
digestibilidade da FDN (r=-0,6939;
P<0,001), da FDA (r=-0,489; P<0,05), das
hemiceluloses (r=-0,5073; P<0,05), mas
não interferiu nas digestibilidades da
matéria seca (r=-0,2049; P>0,05), da
matéria orgânica (r=-0,2626; P>0,05) e da
proteína bruta (r=0,2481; P>0,05). O
aumento de consumo de compostos
lignocelulósicos
provavelmente
indisponibilizou
os
carboidratos,
particularmente os estruturais, mas não
indisponibilizou a proteína e os lipídios
dietéticos.
Quanto às digestibilidades da FDA e das
hemiceluloses não houve diferenças
significativas entre os tratamentos a partir
do incremento dos níveis de subproduto de
maracujá dietéticos (Tabela 8).
A digestibilidade da FDN foi inferior nos
tratamentos que incluíram o subproduto em
31 e 47% do total dietético em relação à
dieta controle. O tratamento 18% teve valor
semelhante aos demais. A digestibilidade
da celulose foi superior no tratamento 47%
em relação ao tratamento 18%, mas
equivaleu-se aos tratamentos zero e 31%, os
quais assemelharam-se à digestibilidade
encontrada no tratamento 18%.
243
Tabela 8 - Médias (%) dos coeficientes de digestibilidade das frações fibrosas das dietas
contendo quantidades crescentes de subproduto de maracujá fornecidas a ovinos
Frações
Dietas
Coeficientes de
Analisadas
0%
18%
31%
47%
Variação (%)
Fibra Detergente Neutro 66,32a 59,67ab 55,50b 52,59b
8,62
Fibra Detergente Ácido 54,90a 46,78a 43,43a 41,84a
16,30
Hemiceluloses
73,11a 69,24a 67,45a 64,73a
7,93
Celulose
50,59ab 51,26b 60,68ab 62,86a
12,55
a
Médias com letras iguais na mesma linha não diferem significativamente pelo teste SNK
(P>0,05).
A digestibilidade média da FDN das dietas
experimentais que incluíram o subproduto
de maracujá foi de 55,92%, comparável
àquela encontrada por Lousada Júnior
(2003) para o subproduto de maracujá
fornecido exclusivamente para ovinos
(56,24%). A digestibilidade da FDA, média
de valores médios dos tratamentos que
incluíram o subproduto de maracujá, foi de
44,02%, comparável ao encontrado para a
silagem de milho (43,44%), com percentual
de lignina de 4,86% (%MS), e para o feno
de alfafa (45,6%), com percentual de
lignina de 9,04% (%MS) conforme
Valadares Filho et al. (2002). Esses dados
revelam que, mesmo tendo sido as dietas
experimentais aqui trabalhadas ricas em
ligninas, o efeito antinutricional de redução
da
digestibilidade
da
FDA
e,
particularmente da celulose, não foi tão
marcante quanto foi, por exemplo, para as
dietas que incluíram subproduto de abacaxi
(Capítulo III), subproduto de acerola
(Capítulo VI) e subproduto de caju
(Capítulo IX), cujas digestibilidades médias
da FDA foram bem inferiores (21,18%;
27,29% e 33,66%, respectivamente).
Vale salientar ainda a presença da pectina
em altas quantidades (31,35% em %MS) no
subproduto de maracujá conforme citou
Lousada Júnior (2003). A pectina é um
carboidrato encontrado na lamela média
entre as paredes celulares dos vegetais. Ela
é um tipo de fibra solúvel em detergente
neutro, por essa razão não é computada na
porcentagem de FDN (Hall, 2000). De
244
acordo com Van Soest (1994), a perda de
pectina neste processo e sua relativa
disponibilidade nutritiva são evidências da
ausência de ligações covalentes com a
matriz lignificada. Ainda segundo este
autor, a pectina faz parte da parede celular,
entretanto é rapidamente fermentável e
completamente degradável pelas bactérias
ruminais. Foi a pectina que provavelmente
contribuiu para que o teor de carboidratos
não fibrosos do subproduto de maracujá
chegasse a 24,93% (Tabela 4).
É importante ressaltar que a pectina parece
desempenhar também um importante papel
nas ligações de ácidos biliares e gorduras
contribuindo com a melhoria da
digestibilidade do extrato etéreo (Van
Soest, 1994). Fato que foi evidenciado
nesta tese a partir da inclusão do
subproduto de maracujá às dietas
experimentais (Tabela 5).
De acordo com Van Soest (1994), os
pequenos ruminantes, em relação aos
grandes ruminantes, compensam a baixa
capacidade digestiva evitando o consumo
de alimentos de baixa qualidade por meio
da seleção de alimentos. Os pequenos
ruminantes têm a capacidade de utilizar a
pectina, presente em altas concentrações
nos subprodutos de frutas. Existe um
processo adaptativo dessas espécies de
animais para melhor utilizar este
carboidrato estrutural. Van Soest (1994)
destacou também que o valor calórico da
fibra nos alimentos depende de sua
fermentabilidade.
Fibras
altamente
fermentáveis (digestíveis), como a pectina
das frutas e vegetais, promovem mais
calorias do que os farelos de cereais, que
são mais lignificados e menos fermentáveis.
Como todo subproduto agroindustrial, o
subproduto de maracujá como substituto do
capim elefante pode representar, conforme
Mertens (2001), uma redução no nível de
fibra fisicamente efetiva na dieta. No
Capítulo XIII serão avaliadas as produções
de ácidos graxos voláteis, o pH do líquido
ruminal e a relação acetato : propionato,
que são importantes para a detecção de
alguma alteração patológica em virtude da
substituição de uma fonte de fibra
forrageira (capim elefante) por uma não
forrageira (subproduto de maracujá).
não
representou
efeito
deletério
significativo sobre as digestibilidades (%)
da FDN (r=0,1213; P=0,3052), da FDA
(r=0,1659; P=0,2422), das hemiceluloses
(r=0,0072; P=0,488) e da celulose (r=0,0343; P=0,443).
A seguir, será feita a comparação das
médias de consumo de energia bruta,
energia digestível e energia metabolizável
para avaliação do balanço energético dos
ovinos. Esses consumos serão analisados e
discutidos juntamente com os coeficientes
de digestibilidade aparente da energia bruta
e com os teores de energia digestível e de
energia metabolizável por quilo de matéria
seca ingerida (Tabela 9).
DFDN = 66,37 - 0,43X + 0,003X2 (R2 =
0,57; P<0,01), onde:
DFDN = Digestibilidade da FDN (%)
X = Nível de inclusão do subproduto de
maracujá (%)
Os consumos de EB diferiram apenas entre
as dietas com 18 e 47% do subproduto de
maracujá, pois as outras tiveram valores
intermediários e equivalentes entre si, é
possível notar uma tendência de respostas
entre o consumo de EB e de MS, fato muito
comum de ser observado nesse tipo de
ensaio, tendo-se em conta que geralmente a
MS é altamente carburante e fornece
sempre valores muito similares de EB,
independentemente da partição da mesma,
demonstrando-se assim como é difícil usar
o consumo de EB para quaisquer
indicativos além de aferir com o de MS.
O efeito quadrático descendente observado
revelou a redução da digestibilidade da
FDN a partir da inclusão do subproduto de
maracujá. Provavelmente esta redução
ocorreu em virtude da influência negativa
dos altos níveis de ligninas presentes nas
dietas experimentais. Não se pode descartar
totalmente o efeito dos lipídeos da dieta
sobre a queda nesta digestibilidade,
entretanto, as dietas (Tabela 4) não
ultrapassaram o teto máximo de lipídeos
(sete a oito por cento) que devem ser
fornecidos em dietas para ruminantes sem
efeitos deletérios sobre a digestibilidade da
fibra, descritos por Van Soest (1994).
Considerando as correlações de Pearson
calculadas, o consumo de extrato (g/UTM)
A similaridade no consumo de ED resultou
da relação intrínseca dos consumos de EB,
que mostrou-se diferente entre as dietas,
com os coeficientes de digestibilidade da
energia bruta. Os dados de consumo de EM
foram bem correlacionados com o balanço
energético das dietas experimentais
(r=0,9675; P<0,0001). O tratamento 18%
apresentou
maiores
valores
destes
parâmetros em relação ao tratamento 47%,
sendo que estes dois tratamentos foram
semelhantes aos tratamentos zero e 31% de
inclusão de subproduto de maracujá. A
inclusão energética advinda de lipídios
existentes no subproduto de maracujá
parece não ter sido suficiente para, em
interação com os ácidos graxos voláteis
Dentre os modelos testados para os dados
de digestibilidade das frações fibrosas,
apenas a digestibilidade da FDN teve ajuste
significativo (P<0,05) e com coeficiente de
determinação superior a 45%.
245
produzidos a partir da fermentação de
carboidratos estruturais, resultarem na
melhoria efetiva do balanço energético do
tratamento 47% em relação ao tratamento
18%. Um outro aspecto que também deve
ser destacado são as maiores perdas
urinárias e por gases de energia que podem
ter levado ao baixo balanço energético
encontrado para o tratamento 47% de
inclusão.
Altas
correlações
foram
encontradas entre o consumo de EM e os
consumos de FDN (r=0,9566; P<0,0001),
de celulose (r=0,9341; P<0,0001), de
hemiceluloses (r=0,9071; P<0,0001) e de
extrato etéreo (r=0,8587; P<0,0001)
revelando que a queda no consumo de EM
foi resultado da queda no consumo das
frações fibrosas e dos lipídios dietéticos.
Estudos de produção de ácidos graxos
voláteis e de degradabilidade ruminal das
frações fibrosas complementarão estes
comentários nos Capítulos XIII e XIV. Não
houve diferenças significativas entre os
tratamentos
experimentais
para
os
coeficientes de digestibilidade da energia
bruta e, portanto, para o consumo de
energia digestível.
Tabela 9 - Médias de consumo de energia bruta (EB), digestível (ED) e metabolizável (EM) em
relação à unidade de tamanho metabólico dos ovinos (kcal/kg0,75), coeficientes de
digestibilidade aparente da energia bruta, balanço energético e teores de ED (TED) e de EM
(TEM) por quilo de matéria seca ingerida (kcal) das dietas contendo quantidades crescentes de
subproduto de maracujá fornecidas a ovinos
Frações
Dietas
Coeficientes de
Analisadas
0%
18%
31%
47%
Variação (%)
Consumo de EB
513,72ab 566,26a 435,58ab 426,31b
20,64
Consumo de ED
355,04a 362,58a 287,93a 284,02a
22,04
ab
a
ab
b
Consumo de EM
317,81 337,31 241,24
227,32
26,63
Coeficientes de digestibilidade (%)
68,97a
63,92a
66,27a
66,38a
5,20
Balanço energético
3,89ab
4,17a
2,99ab
2,80b
29,41
Teor de ED/Kg de MS
3055,0a 2892,2a 3054,2a 3130,3a
5,24
Teor de EM/ Kg de MS
2736,0a 2669,1a 2536,3a 2464,0a
9,21
a
Médias com letras iguais na mesma linha não diferem significativamente pelo teste t (P>0,05).
Alta correlação foi encontrada entre o
consumo de matéria seca e o consumo de
energia
metabolizável
(r=0,9723;
P<0,0001), portanto, a redução no consumo
de matéria seca resultou em decréscimo
também no consumo de energia. Church e
Pond (1987) destacaram que o consumo de
alimentos é controlado pela diluição
calórica e pela diluição de dietas com
alimentos de baixa digestibilidade. Mais
uma vez, também falado por esses autores,
destaca-se o estudo de granulometrias
aplicadas aos alimentos fornecidos a
ruminantes. A alta pulverulência alimentar,
segundo Church e Pond (1987), por
exemplo, pode ser uma forma física de
administração pouco apetecível e por
246
conseqüência promover uma redução no
consumo das dietas.
Nos tratamentos zero e 18% de inclusão do
subproduto de maracujá foi alcançado o
requisito prescrito pelo National Research
Council (1985) para consumo de energia
metabolizável de cordeiros em terminação,
a saber, 265,24 kcal/kg0,75. Esta constatação
pode ter sido determinante para o menor
balanço
energético
evidenciado
no
tratamento que incluiu o subproduto em
47% com o tratamento em que o
subproduto de maracujá foi incluído em
18%. De acordo com Van Soest (1994), a
diminuição do aporte energético dietético
pode influenciar negativamente a utilização
da proteína dietética, comprovada pela alta
correlação positiva encontrada neste
trabalho entre o consumo de energia
metabolizável e o balanço nitrogenado
(r=0,9079; P<0,0001).
digestível e de energia metabolizável (kcal)
por quilo de matéria seca ingerida.
Os valores médios do balanço de nitrogênio
para os quatro tratamentos constam na
Tabela 10.
Não houve diferenças entre as dietas
experimentais para os teores de energia
Tabela 10 - Balanço de nitrogênio comparado nas diferentes dietas contendo quantidades
crescentes de subproduto de maracujá fornecidas a ovinos
Frações
Dietas
Coeficientes
de
Analisadas
0%
18%
31%
47%
Variação (%)
Nitrogênio ingerido (g/dia)
27,56ab 30,41a 23,99ab
22,37b
22,26
Nitrogênio fecal (g/dia)
11,89ab 13,63a
9,48b
8,89b
24,93
Nitrogênio urinário (g/dia)
4,26a
5,26a
5,70a
5,21a
28,24
Balanço de nitrogênio
11,41a 11,53a
8,82a
8,27a
22,64
Nitrogênio retido (% sobre o N
41,07a 35,24a
36,41a
35,84a
24,65
ingerido)
a
Médias com letras iguais na mesma linha não diferem significativamente pelo teste t (P>0,05).
Quanto ao nitrogênio ingerido (g/dia) houve
superioridade de valores para o tratamento
18% de inclusão em relação ao tratamento
47%. Estes resultados evidenciam que o
preparo de dietas para ruminantes deve
considerar o perfil de aminoácidos
incorporados e a disponibilidade de energia
ao metabolismo animal e à fermentação
microbiana. Além da redução na ingestão
do nitrogênio, os baixos consumos de
energia metabolizável nos níveis 31 e 47%
(inferiores aos recomendados pelo National
Research Council, 1985) elevaram as
perdas
de
nitrogênio
nas
fezes
possivelmente em virtude de ineficiência no
processo de síntese de proteína microbiana.
Não
houve
também
diferenças
significativas para o nitrogênio urinário e
para o nitrogênio retido entre os
tratamentos
experimentais.
Em
contrapartida, maiores perdas de nitrogênio
nas fezes foram observadas nos tratamentos
que incluíram o subproduto de maracujá em
31 e 47% em relação ao tratamento 18%.
Não houve diferenças significativas para o
balanço de nitrogênio mesmo tendo sido
feita a transformação para arcoseno para se
obter a redução do coeficiente de variação.
Altas correlações foram encontradas entre o
balanço de nitrogênio (BN) e o nitrogênio
ingerido (r=0,916; P<0,0001), entre BN e o
consumo de EM (r=0,9079; P<0,0001) e
entre BN e o balanço de energia (r=0,9408;
P<0,0001). Rodríguez (1986) destacou a
importância da energia fermentável
disponível aos microrganismos ruminais
para a utilização dos esqueletos de carbono
advindos dos carboidratos dietéticos para a
síntese de proteína microbiana e melhoria
da eficiência de uso do N-NH3 disponível
ruminalmente. No Capítulo XIII os níveis
de N-NH3 do líquido ruminal dos animais
que receberam subproduto de maracujáem
níveis crescentes serão discutidos para
aprofundamento destes comentários.
4. CONCLUSÕES
O
subproduto
agroindustrial de
do
processamento
maracujá apresenta
247
potencialidade como alimento para
ruminantes. Entretanto, houve limitação de
consumo da maior parte dos nutrientes
quando o subproduto de maracujá foi a
principal fonte fibrosa das dietas
experimentais.
O subproduto de maracujá deve ser incluído
em até 18% do total das dietas.
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249
250
Capítulo XIII - EXPERIMENTO 11
Valor nutritivo do subproduto da indústria processadora de maracujá (Passiflora edulis)
em dietas para ovinos. 2. Dinâmica da fermentação ruminal e cinética sangüínea
RESUMO
O presente estudo foi conduzido com o objetivo de avaliar a influência da inclusão do
subproduto do processamento de maracujá (Passiflora edulis) sobre a concentração de
nitrogênio amoniacal (N-NH3) em mg/100 ml, pH e concentrações molares de ácidos graxos
voláteis (AGVs) do líquido ruminal, assim como os níveis séricos de albumina (ALB),
creatinina (CRE), uréia (UR) e proteínas totais (PT) em ovinos que receberam dietas
experimentais isofibrosas e isoprotéicas contendo o subproduto em níveis crescentes. Vinte
ovinos machos, inteiros foram distribuídos em quatro tratamentos de inclusão percentual do
subproduto de maracujá (zero; 18%; 31%; 47%), segundo delineamento em blocos ao acaso, em
esquema de parcelas subdivididas, tendo nas parcelas as dietas e nas sub-parcelas os tempos de
colheita (zero, duas, cinco, oito horas pós-prandial) com cinco repetições. O pH reduziu quando
o subproduto foi incluído em 47% do total das dietas durante o jejum. Maiores concentrações de
N-NH3 foram evidenciadas na dieta com 47% de subproduto. A proporção molar dos AGV
totais no líquido ruminal nas dietas com subproduto de maracujá foi típica de dietas ricas em
concentrados. A relação acetato : propionato não foi afetada pela inclusão do subproduto de
maracujá. As concentrações séricas de UR, CRE, ALB e PT não variaram entre as dietas em
duas, cinco e oito horas pós-prandial. Os valores de UR nos horários pós-prandial estiveram
dentro da normalidade conforme a literatura, os de CRE foram normais no jejum e na 8a hora
pós-prandial, os valores de ALB foram normais na 5a e 8a hora pós-prandial e os de PT foram
normais às duas e cinco horas pós-prandial. A inclusão do subproduto de maracujá em até 18%
do total dietético apresentou melhores resultados no que diz respeito aos parâmetros analisados
neste trabalho.
Palavras-chave: Maracujá, amônia, frutas, ovinos, pH, ruminantes
1. INTRODUÇÃO
A fermentação ruminal é o resultado de
atividades físicas e microbiológicas que
convertem os componentes dietéticos em
produtos proveitosos para os ruminantes,
como os ácidos graxos voláteis (AGV),
proteína microbiana e vitaminas do
complexo B e outros compostos como o
CH4, CO2, amônia e nitratos.
A quantificação de amônia, por exemplo,
pode ser usada como indicador da
eficiência da sua utilização no rume. O teor
de N-NH3 no líquido ruminal é
conseqüência do equilíbrio entre sua
produção
e
sua
utilização
pelos
microrganismos, e esta última dependente
da quantidade de energia disponível. Além
disto, parte desta amônia é absorvida
através do epitélio ruminal e em
quantidades
concentração.
proporcionais
à
sua
O pH é outro fator que deve ser
considerado para a análise da função
ruminal pois varia muito com a dieta e é
capaz de influir profundamente na
população microbiana já que a eficiência de
crescimento das bactérias depende, em
muito, deste parâmetro. O conhecimento do
pH ruminal em dietas que utilizem o
subproduto de maracujá é fundamental
também para evitar a redução do consumo
de matéria seca, para permitir a adequada
produção de proteína microbiana sem
maiores perdas de nitrogênio nas excretas e
para a produção de ácidos graxos voláteis
resultantes do metabolismo de carboidratos.
O estudo das frações séricas de albumina,
proteínas totais, uréia e creatinina dizem
251
respeito à taxa de degradação das diversas
frações
nutritivas
dos
alimentos,
principalmente da proteína dietética, visto
que a taxa de degradação é diretamente
proporcional ao pool de metabólitos
circulantes no sangue.
Objetivou-se, portanto, com o presente
trabalho, avaliar os efeitos de quatro tempos
de colheita previamente estabelecidos sobre
os níveis séricos de albumina, creatinina,
proteínas totais e uréia, bem como, a
disponibilidade de nitrogênio amoniacal,
pH e concentrações de ácidos graxos
voláteis do líquido ruminal de ovinos em
terminação, que receberam dieta composta
de capim elefante in natura, milho, torta de
algodão e níveis crescentes de subproduto
de maracujá.
2. MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado na sede da
EMBRAPA Caprinos em Sobral – CE.
Foram utilizados 20 cordeiros machos e
inteiros com seis meses de idade e peso
vivo médio de 28,5 kg. Os tratamentos
consistiram de subproduto agroindustrial de
maracujá composto basicamente de cascas e
sementes após a extração do suco, seco ao
sol e picado grosseiramente, em níveis
crescentes (zero, 18, 31 e 47 %), em relação
a dietas compostas de capim elefante in
natura, milho e torta de algodão. O nível
máximo foi determinado pelo ajuste das
dietas em função da substituição total do
capim elefante pelo subproduto de maracujá
e, ao mesmo tempo, para atenderem aos
requisitos de proteína (14,7%) e de energia
(72%) prescritos pelo National Research
Council (1985) para para cordeiros em
terminação (quatro a sete meses de idade)
com peso vivo de 30kg e ganho de peso de
295g/dia. Houve dificuldades para, com os
alimentos utilizados, se atingir o
requerimento de energia. Desta maneira,
procurou-se estabelecer um nível de fibra
dietético máximo, idêntico para os quatro
tratamentos, de modo que os níveis de
energia se aproximassem daquele prescrito
pelo National Research Council (1985).
252
Os ovinos utilizados foram pesados no
início do experimento e alojados em gaiolas
metabólicas. O período de adaptação dos
animais às dietas e às gaiolas foi de 17 dias
e um dia de colheita quando realizou-se a
colheita de sangue, por punção da veia
jugular, para as determinações dos níveis
séricos de albumina, creatinina, proteínas
totais e uréia e também colheu-se líquido
ruminal por meio de sonda esofágica para
as mensurações de N-NH3, ácidos graxos
voláteis e pH ruminais em quatro tempos
pré-estabelecidos (zero horas ou antes do
fornecimento da dieta, 2 h, 5 h e 8 h pósprandial).
As dietas foram fornecidas às sete horas em
uma única vez. Água e sal mineralizado
estiveram disponíveis à vontade. O pH foi
medido em potenciômetro, enquanto as
amostras de aproximadamente 50 ml de
líquido ruminal foram acidificadas em 1 ml
de ácido sulfúrico 1:1 e guardadas a -5oC
para futuras análises de N-NH3. Em uma
alíquota de 4 ml de líquido ruminal foi
adicionado 1 ml de ácido metafosfórico a
25% para serem analisados os níveis de
ácidos graxos voláteis. As análises de NNH3 e AGVs foram realizadas nas
dependências do Laboratório de Nutrição
Animal da Escola de Veterinária da UFMG.
O nitrogênio amoniacal no líquido ruminal
foi determinado por destilação com óxido
de magnésio, usando-se ácido bórico com
indicador misto de cor como solução
receptora (vermelho de metila + verde de
bromocresol) e titulando-se com HCl
0,01N. Os ácidos graxos voláteis foram
quantificados usando-se um cromatógrafo
de fase gasosa SHIMADZU®, modelo GC17A dotado de coluna capilar metil-silicone
(CBP1 m25-025).
As dosagens de albumina, creatinina,
nitrogênio uréico e proteínas totais foram
realizadas a partir da utilização de kits
Bioclin®. Essas análises também foram
realizadas nas dependências do Laboratório
de Nutrição Animal da Escola de
Veterinária da UFMG.
Os parâmetros foram analisados para cada
tratamento experimental através de um
delineamento em blocos ao acaso em um
esquema de parcelas subdivididas, tendo
nas parcelas as dietas e nas sub-parcelas os
tempos de colheita (zero, duas, cinco, oito
horas pós-prandial) com cinco repetições,
segundo o seguinte modelo estatístico:
Yijk = µ + Fj + Tk + FTjk + eijk
onde,
Yijk = valor referente à observação da
repetição i no tratamento j e no tempo de
colheita k
µ = média geral
Fj = efeito do tratamento j (j = zero, 18%,
31%, 47%)
Tk = efeito do tempo de colheita k (k =
zero, 2, 5, 8)
FTjk = interação dos efeitos do tratamento j
com o tempo de colheita k
eijk = erro aleatório associado à observação
As médias foram comparadas pelo teste
SNK (P<0,05) empregando-se o software
SAEG versão 8.0 (Ribeiro Júnior, 2001).
No caso particular dos dados de nitrogênio
amoniacal, houve perda de duas
subparcelas. As análises estatísticas desses
dados foram então realizadas mediante o
uso do procedimento GLM (General Linear
Models) do SAS para dados desbalanceados
(Statistical Analysis System) (Littel et al.,
1991), sendo realizada a comparação de
médias pelo teste t (P<0,05) através de
estimativa das médias de parcelas e
subparcelas que seriam esperadas caso os
dados fossem balanceados, conforme
definição do LSMEANS (Least Squares
Means) (Littel et al., 1991).
No caso particular das concentrações de
ácido propiônico e de ácido butírico
(milimoles/ 100 ml de líquido ruminal), da
relação acetato : propionato e da proporção
molar de ácido butírico em relação a
quantidade total de ácidos graxos voláteis,
foi feita a transformação para arcoseno =
raiz quadrada de cada um desses
parâmetros/100. De acordo com Sampaio
(2002), grupos experimentais que revelam
variâncias diversificadas, dependendo das
respostas
médias,
apresentando
distribuições
aparentemente
normais,
demandam transformação. As médias
destes parâmetros existentes nas Tabelas 4,
5
e
6
foram
aquelas
obtidas
experimentalmente e não a partir de valores
transformados, empregou-se apenas as
letras de significância estatística obtidas a
partir dos dados transformados.
A análise de regressão foi realizada
utilizando-se o software SAEG (Ribeiro
Júnior, 2001) para permitir a estimativa dos
parâmetros analisados para cada nível de
subproduto de maracujá testado em função
dos tempos de colheita. Testou-se
diferentes
modelos,
a
partir
do
procedimento Modelos Pré-definidos, para
escolha daquele que apresentasse maior
significância e maiores coeficientes de
determinação. Também foi considerado
aquele modelo matemático que melhor
adequacidade apresentou para o tipo de
resposta biológica estudada.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1. Efeito das dietas e dos tempos de
colheita sobre as concentrações de
nitrogênio amoniacal no rume de ovinos
Os resultados dos níveis de nitrogênio
amoniacal (N-NH3) encontram-se na Tabela
1.
Houve interação entre o tempo de colheita e
dietas experimentais (P<0,05). Verifica-se
pela análise da Tabela 1 que, após o período
de jejum, nos tratamentos zero, 31 e 47%
de inclusão do subproduto de maracujá
somente depois da 5a hora pós-prandial foi
percebido o aumento nas concentrações de
nitrogênio amoniacal. O tratamento 18%
apresentou resposta diferente quanto às
concentrações de N-NH3 já que não
apresentou variação do jejum até a 5a hora
pós-prandial, obtendo-se uma queda nessa
concentração somente oito horas após a
refeição.
253
Tabela 1. Concentração de nitrogênio amoniacal (mg/ 100 ml) no líquido ruminal de ovinos
consumindo dietas contendo distintas quantidades de subproduto de maracujá1 em vários
horários pós-prandial
Dietas
Horário (h)2
Médias
0 %3
18 %3
31 %3
47 %3
0
9,94Ab
8,44Ab
11,67Bb
17,75Ba
11,95B
BCb
Ab
Bab
Ca
2
6,45
7,07
9,18
11,54
8,56C
Ac
Ad
Ab
Aa
5
13,40
8,44
17,99
23,21
15,76A
Cc
Bd
Bb
Ca
8
4,59
2,36
8,81
9,56
6,33D
Médias
8,60b
6,58b
11,91a
15,51a
1
Percentagem de inclusão de subproduto de maracujá nas dietas
Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (t)
3
Letras minúsculas iguais na mesma linha indicam semelhança estatística a 5% (t)
CV = 25,89%
2
Analisando-se a 5a hora pós-prandial
verifica-se que o tratamento 18%
apresentou as menores concentrações de NNH3 no líquido ruminal, seguido pelo
tratamento controle (0%), e o tratamento
47% demonstrou a maior concentração de
N-NH3, seguido pelo tratamento 31%.
Porém é oportuno salientar que todas as
dietas mostraram tendência de queda na
concentração do N-NH3 nesse último
horário de colheita. A resposta obtida nesse
horário com 18% de subproduto pode estar
demonstrando que provavelmente houve
maior eficiência de uso da amônia ruminal
para a síntese de proteína microbiana nesse
tratamento. No Capítulo anterior verificouse para este nível de inclusão, os maiores
consumos de proteína bruta e energia
metabolizável em relação ao tratamento
47%. Um outro aspecto é que apenas nos
tratamentos zero e 18% foram atendidos os
requisitos de consumo de proteína e de
energia metabolizável preconizados pelo
National Research Council (1985) para
ovinos em crescimento. Este déficit nas
demais dietas pode ter gerado também um
desbalanço na relação proteína : energia das
dietas e isso ter levado à queda da
eficiência de uso do nitrogênio pelos
microrganismos ruminais.
Wallace e Cotta (1988) comentaram que a
uréia endógena é significativamente
importante na reciclagem de nitrogênio
quando a ingestão de proteína é baixa e isso
promove o aumento do fluxo de nitrogênio
no rúmen particularmente em ineficientes
retenções de nitrogênio. Na Tabela 6, os
254
comentários acerca dos níveis séricos de
uréia
serão
importantes
para
o
aprofundamento destes comentários.
As concentrações de N-NH3 reveladas pelos
tratamentos
experimentais
estiveram,
todavia, sempre aquém dos níveis
considerados ótimos (23,5 mg/100 ml) por
Mehrez et al. (1977), para que se obtivesse
condições de se atingir a máxima
fermentação microbiana.
Outros estudos devem ser conduzidos com
o propósito de avaliar e comparar o
crescimento entre as dietas experimentais e
de absorção pelo epitélio ruminal e
passagem da amônia para o abomaso. No
Capítulo XIV será feita a discussão sobre a
degradabilidade ruminal da proteína do
subproduto de maracujá, importante para se
quantificar a disponibilidade deste nutriente
para os microrganismos e para o ruminante.
Pela análise de regressão realizada
correlacionando as concentrações de
nitrogênio amoniacal com os níveis de
inclusão do subproduto de maracujá às
dietas experimentais para cada um dos
tempos de colheita, foram encontradas as
seguintes
equações,
conforme
a
significância estatística (P<0,05) e maiores
coeficientes de determinação (superiores a
45%).
3.2. Equações de predição da concentração
de nitrogênio amoniacal no líquido ruminal
de ovinos em função do nível de inclusão
do subproduto de maracujá em suas dietas
3.2.1. Tempo de Colheita zero horas (antes
do fornecimento alimentar)
N-NH3 = 8,07 - 0,14X + 0,0096X2 0,000049X3 (R2 = 0,67; P<0,01), onde:
N-NH3 = concentração de nitrogênio
amoniacal em mg / 100 ml de líquido
ruminal;
X = % de inclusão do subproduto de
maracujá
3.2.2. Tempo de Colheita 5 horas pósprandial
N-NH3 = 13,4 - 1,4X + 0,08X2 - 0,00097X3
(R2 = 0,58; P<0,01), onde:
N-NH3 = concentração de nitrogênio
amoniacal em mg / 100 ml de líquido
ruminal;
X = % de inclusão do subproduto de
maracujá
3.2.3. Tempo de Colheita 8 horas pósprandial
N-NH3 = 4,59 - 0,9X + 0,056X2 0,00074X3 (R2 = 0,59; P<0,01), onde:
N-NH3 = concentração de nitrogênio
amoniacal em mg / 100 ml de líquido
ruminal;
X = % de inclusão do subproduto de
maracujá
Resolvendo dy/dx=0 para estas equações
observa-se que a inclusão do subproduto de
maracujá nos níveis compreendidos entre
40,42 e 44,06% proporcionou as maiores
concentrações de nitrogênio amoniacal no
líquido ruminal. Em contrapartida, quando
a inclusão do subproduto foi feita entre 7,75
e 10,91% ocorreram as menores
concentrações de nitrogênio amoniacal no
líquido ruminal. Nestes últimos níveis,
portanto, parece ter havido maior eficiência
de uso do nitrogênio amoniacal para a
síntese de proteína microbiana.
A análise de regressão também foi feita
considerando-se as concentrações de
nitrogênio amoniacal em função do tempo
de colheita. As equações com maiores
coeficientes de determinação e significância
estatística estão representados a seguir. A
Figura 1 permite uma melhor visualização
das concentrações previstas por estas
equações.
3.3. Equações de predição da concentração
de nitrogênio amoniacal no líquido ruminal
de ovinos em função do tempo de colheita
conforme os tratamentos experimentais
3.3.1. Dieta com 0% de subproduto de
maracujá
N-NH3 = 8,07 - 3,93X + 1,94X2 - 0,188X3
(R2 = 0,50; P<0,05), onde:
N-NH3 = concentração de nitrogênio
amoniacal em mg / 100 ml de líquido
ruminal;
X = tempo de colheita do líquido ruminal
(horas)
3.3.2. Dieta com 18% de subproduto de
maracujá
N-NH3 = 8,44 - 1,94X + 0,79X2 - 0,08X3
(R2 = 0,50; P<0,01), onde:
N-NH3 = concentração de nitrogênio
amoniacal em mg / 100 ml de líquido
ruminal;
X = tempo de colheita do líquido ruminal
(horas)
3.3.3. Dieta com 47% de subproduto de
maracujá
N-NH3 = 17,75 - 9,4X + 3,85X2 - 0,35X3
(R2 = 0,59; P<0,01), onde:
N-NH3 = concentração de nitrogênio
amoniacal em mg / 100 ml de líquido
ruminal;
X = tempo de colheita do líquido ruminal
(horas)
Pela análise da Figura 1 observa-se que
houve uma queda nas concentrações de
nitrogênio amoniacal duas horas após a
alimentação e o pico de produção de
nitrogênio amoniacal ocorreu apenas às
cinco horas pós-prandial. O estudo de
desaparecimento da proteína bruta no
Capítulo XIV servirá para compreender
melhor esta resposta. A Figura 1 destaca
principalmente o tempo de cinco horas após
a administração alimentar como o que
apresentou maiores concentrações de
nitrogênio amoniacal, fato que já havia sido
discutido quando realizada a análise da
Tabela 1.
255
Concentrações de N-NH3 (mg/ 100 ml)
25
20
15
0%
18%
10
47%
5
0
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Tempo de colheita (h)
Figura 1. Concentração de nitrogênio amoniacal em função do tempo de colheita do líquido
ruminal
Do jejum para a segunda hora pós-prandial
houve uma redução das concentrações de
N-NH3, principalmente no tratamento que
incluiu o subproduto de maracujá em 47%
do total dietético. Este comportamento foi
diferente do que ocorreu para os
subprodutos de abacaxi (Capítulo IV), de
acerola (Capítulo VII) e de caju (Capítulo
X), onde já às duas horas pós-prandial,
foram
encontradas
as
maiores
concentrações de nitrogênio amoniacal no
líquido ruminal. Apesar da controvérsia do
efeito da adição de lipídios na dieta de
ruminantes sobre a degradabilidade
protéica, os trabalhos de Jenkins e
Palmquist (1984) e Murphy et al (1987)
sinalizaram com a hipótese de que tal
procedimento pode influir na síntese
bacteriana, tornando-a mais eficiente, e
consequentemente causando uma redução
nas concentrações de N-NH3 no rume. Tal
suposição somente assumiria maior grau de
certeza, caso o crescimento microbiano
houvesse sido comparado, pois de acordo
com Hungate (1966), Church (1988) e Van
Soest (1994), além da absorção de amônia
pelo epitélio ruminal e também da
passagem para o abomaso, há de se
considerar que parte desta é necessária e
amplamente usada para o crescimento
microbiano. Os comentários sobre a
degradabilidade das frações fibrosas
256
(Capítulo XIV) serão elucidativos e trarão
um melhor entendimento para este fato, a
partir do conhecimento das frações A
(potencialmente degradável), S (fração
rapidamente degradada) e B1 (fração
lentamente degradada). Estudos posteriores
que avaliem a degradabilidade ruminal da
pectina também serão importantes para
entender
o
aproveitamento
deste
constituinte fibroso de alta fermentabilidade
e disponibilidade ruminal.
3.4. Efeito das dietas e dos tempos de
colheita sobre os valores de pH ruminal
dos ovinos
Os resultados de medições de pH
encontram-se na Tabela 2. A interação entre
tempo de colheita do líquido ruminal e
dietas experimentais foi significativa
(P<0,05) para os valores de pH do líquido
ruminal. Para todos os tratamentos, o
fornecimento alimentar foi determinante
para a queda do pH ruminal, com exceção
do tratamento 47% no qual não foram
evidenciadas diferenças entre os horários de
colheita. No jejum, o tratamento 47%
apresentou menor valor de pH. Para os
demais tempos de colheita, não houve
diferenças entre as dietas experimentais.
Analisando-se a tabela verifica-se que no
tratamento 47% foi encontrado o menor
valor de pH (5,84). Os valores, entretanto,
mantiveram-se dentro do recomendado por
Hobson e Stewart (1997), ou seja, entre seis
e sete e bem próximos a ele como no
tratamento 47% para os tempos dois e
cinco. Apenas o tempo oito do tratamento
47% que pareceu ter-se distanciado mais
desta
recomendação,
entretanto,
estatisticamente este valor foi semelhante
aos outros dentro deste tratamento. Além
disso, estes valores foram considerados
normais por Silva e Leão (1979) que
citaram padrões normais de 5,5 a sete. Isto
pode, todavia, ser um indicativo de que o
subproduto de maracujá não deve ser
fornecido como a principal fonte fibrosa
dietética para cordeiros em crescimento sob
risco de ocorrência de acidose. As
prováveis causas para isso seriam
conhecidas a partir da condução de
experimentos que avaliassem o crescimento
das populações microbianas ruminais em
função da inclusão em níveis crescentes do
subproduto de maracujá em dietas para
ruminantes.
Tabela 2. Valores de pH do líquido ruminal de ovinos consumindo dietas contendo distintas
quantidades de subproduto de maracujá1 em vários horários pós-prandial
Dietas
Horário (h)2
Médias
0 %3
18 %3
31 %3
47 %3
Aa
Aa
Aa
Ab
0
6,78
7,01
6,81
6,28
6,72A
Ba
Ba
Ba
Aa
2
6,12
6,36
6,40
5,98
6,21B
Ba
Ba
Ba
Aa
5
6,13
6,19
6,24
5,90
6,12B
Ba
Ba
Ba
Aa
8
6,24
6,27
6,18
5,84
6,13B
a
a
a
b
Médias
6,32
6,46
6,41
6,00
1
Percentagem de inclusão de subproduto de maracujá nas dietas
Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
3
Letras minúsculas iguais na mesma linha indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
CV = 6,30%
2
Hobson e Stewart (1997) comentou que o
pH compreendido entre seis e sete permite a
presença de todos os componentes da
biomassa microbiana do rúmen, sejam
bactérias, principalmente as celulolíticas,
protozoários ou fungos. Lindberg (1985)
citou valores normais entre seis e oito, para
que se permita a adequada ação das
enzimas desses microrganismos sobre o
substrato alimentar.
Um dos principais obstáculos à inclusão de
subprodutos agroindustriais como os de
frutas em substituição a fontes de fibras
forrageiras é a diminuição da efetividade
física da fibra dietética particularmente
como resultado da diminuição da atividade
mastigatória e da secreção salivar. Como
conseqüência, Van Soest (1994), destacou
que a regulação do pH passa a depender do
trânsito de ácidos graxos através da parede
ruminal e da secreção de bases em seu
interior.
3.5. Equações de predição do pH no líquido
ruminal de ovinos em função do nível de
inclusão do subproduto de maracujá em
suas dietas
Baseado no coeficiente de determinação e
na significância estatística (P<0,05), a
análise de regressão indicou o tempo de
colheita de zero horas (antes do
fornecimento alimentar) como o mais
representativo entre os tratamentos:
3.5.1. Tempo de Colheita zero horas (antes
do fornecimento alimentar)
pH = 6,79 + 0,025X - 0,00077X2 (R2=0,48;
P<0,01), onde:
pH = valores de pH em escala de zero a 14
X = % de inclusão de subproduto de
maracujá
3.6. Equações de predição do pH no líquido
ruminal de ovinos em função do tempo de
257
colheita
conforme
experimentais
os
pH = 6,97 - 0,32X + 0,029X2 (R2=0,66;
P<0,001), onde:
pH = valores de pH em escala de zero a 14
X = tempo de colheita do líquido ruminal
(horas)
tratamentos
P
3.6.1. Dieta com 0% de subproduto de
maracujá
pH = 6,72 - 0,28X + 0,0028X2 (R2=0,53;
P<0,01), onde:
pH = valores de pH em escala de zero a 14
X = tempo de colheita do líquido ruminal
(horas)
P
P
P
As equações demonstram a partir da
observação da Figura 2 um efeito
quadrático descendente do pH a partir da
inclusão do subproduto de maracujá em
dietas para ruminantes. A seguir serão
demonstradas as concentrações dos ácidos
graxos voláteis no líquido ruminal que
podem ter contribuído para esta queda.
3.6.2. Dieta com 18% de subproduto de
maracujá
8
7
6
pH
5
0%
4
18%
3
2
1
0
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Tempo de colheita (h)
Figura 2. Potencial hidrogeniônico (pH) do líquido ruminal em função do tempo de colheita em
horas
3.7. Efeito das dietas e dos tempos de
colheita sobre as concentrações totais dos
ácidos graxos voláteis, concentrações e
proporção dos ácidos graxos voláteis no
líquido ruminal de ovinos
As concentrações dos ácidos acético,
propiônico e butírico estão apresentadas na
Tabela 3. Não foram quantificados os
demais ácidos graxos de cadeia curta,
normalmente presentes no líquido ruminal
(isobutírico, 2-metil-butírico, valérico,
isovalérico, capróico). Na Tabela 4, são
apresentadas as concentrações dos AGV
totais (somatório dos ácidos acético,
258
propiônico e butírico) e a relação acetato :
propionato encontrada. As proporções
molares do acetato, propionato e butirato
aparecem na Tabela 5.
Medindo-se a concentração de AGV no
rúmen, pode-se ter uma idéia da sua
produção e conseqüentemente da absorção
destes ácidos.
A interação tempo de colheita do líquido
ruminal versus tratamento experimental
apenas foi significativa estatisticamente
para as concentrações de acetato (P<0,05),
não tendo sido significativa para as
concentrações de propionato e de butirato
(milimoles/ 100 ml) (P>0,05). Analisando
os dados da Tabela 3, percebe-se que para o
acetato houve diferença de concentrações
entre os tratamentos apenas para a 2a hora
pós-prandial onde os tratamentos 18 e 31%
apresentaram os menores valores. Entre os
tempos de colheita do líquido ruminal,
verificou-se que a dieta controle apresentou
menor valor no jejum. Para a dieta com
18%
de
subproduto,
as
maiores
concentrações foram evidenciadas na quinta
e oitava horas pós-prandial. Na dieta com
31% de subproduto a maior concentração
foi atingida apenas oito horas após o
fornecimento alimentar. Na dieta com 47%
de subproduto a oitava hora pós-prandial
apresentou maior concentração em relação
ao jejum e à segunda hora pós-prandial,
entretanto, foi semelhante à quinta hora
pós-prandial e, esta, semelhante às demais.
Para o propionato, o tratamento 18%
apresentou as menores concentrações em
comparação aos tratamentos 31 e 47% e foi
semelhante ao tratamento 0% que, por sua
vez, foi semelhante ao tratamento 31%. Os
tempos cinco e oito horas após o
fornecimento alimentar apresentaram as
maiores concentrações de propionato e
foram semelhantes ao tempo duas horas.
Isto, em parte, explica a queda do pH a
partir da 2a hora pós-prandial e a
estabilização da mesma a partir deste
horário.
Para o butirato, não houve diferenças
significativas (P>0,05) entre as dietas
experimentais e a oitava hora pós-prandial
apresentou superioridade de valores em
relação ao jejum e semelhança aos demais
horários.
A interação tempo de colheita do líquido
ruminal X dietas experimentais foi
significativa (P<0,05) para os ácidos graxos
voláteis totais provavelmente como
resultado das maiores concentrações de
ácido acético em relação aos demais ácidos
graxos voláteis. France e Siddons (1993)
atribuíram ao acetato grande importância
nas oscilações das concentrações dos AGV
totais quando as dietas forem ricas em
volumosos, pois nestas condições este ácido
terá sempre alta participação na fração dos
AGV.
Na 5a e 8a horas pós-prandial não houve
diferenças
entre
os
tratamentos
experimentais para as concentrações de
AGV totais, já para a 2a hora pós-prandial
os tratamentos 18 e 31% apresentaram os
menores valores. Para o tratamento 0%,
houve aumento das concentrações de AGV
totais a partir da 2a hora pós-prandial. Para
os tratamentos 18 e 31% este aumento só
ocorreu significativamente cinco horas pósprandial e para o tratamento 47% só foi
significativo em relação ao tempo zero a
partir da 8a hora pós-prandial.
Os valores de AGV totais produzidos a
partir da 2a hora pós-prandial, foram em
média, 13,71 milimoles/100ml de líquido
ruminal para os tratamentos que incluíram o
subproduto
de
maracujá,
bastante
superiores aos encontrados a partir das duas
horas após o fornecimento alimentar para
os tratamentos que incluíram o subproduto
de acerola (7,53 mmol/100 ml) (Capítulo
VII), para os que incluíram o subproduto de
caju (8,12 mmol/100 ml) (Capítulo X) e
para os que incluíram o subproduto de
abacaxi (9,33 mmol/100 ml) (Capítulo IV).
Este resultado demonstra a maior
degradabilidade dos carboidratos de dietas
que têm o subproduto de maracujá incluído
em relação às dietas que incluíram os outros
subprodutos de frutas analisados nesta tese.
Além disso, houve nas dietas que incluíram
o subproduto de maracujá uma maior
produção de propionato em relação aos
demais, aspecto confirmado também nas
proporções molares de ácido propiônico
(Tabela 5). Provavelmente estas altas
produções foram responsáveis pela queda
do pH demonstrado na Figura 2 a partir de
equações geradas dos valores de pH
encontrados nos horários para o tratamento
18% de inclusão do subproduto.
259
Tabela 3 - Concentração de acetato, propionato e butirato (milimoles/ 100 ml) no líquido ruminal de ovinos consumindo dietas contendo distintas
quantidades de subproduto de maracujá1 em vários horários pós-prandial
HORA(h)2
0
2
5
8
Médias
1
0 %3
3,34Ba
10,60Aa
9,62Aa
10,50Aa
8,51ab
18 %3
3,57Ba
4,97Bb
10,22Aa
9,64Aa
7,10b
Acetato3
31 %3
5,83BCa
4,06Cb
8,18Ba
11,31Aa
7,34ab
47 %3 Médias 0 %3
6,92Ba
4,91D 2,73Ab
Ba
8,38
7,00C 3,82Aa
9,00ABa 9,25B 3,27Aa
11,80Aa 10,81A 3,84Aab
9,02a
3,41bc
Propionato3
18 %3 31 %3 47 %3
1,43Ab 2,38Bab 5,18Aa
2,29Aa 2,59Ba 5,05Aa
3,79Aa 6,41Aa 5,07Aa
2,96Ab 6,32Aa 6,04Aa
2,62c
4,43ab
5,33a
Médias
2,93B
3,44AB
4,63A
4,79A
-
0 %3
0,47Aa
0,76Aa
0,98Aa
1,04Aa
0,81a
Butirato3
18 %3 31 %3
0,33Aa 0,30Aa
0,41Aa 0,26Aa
0,78Aa 0,61Aa
0,80Aa 0,78Aa
0,58a
0,49a
47 %3 Médias
0,55Aa 0,41B
0,45Aa 0,47AB
0,52Aa 0,72AB
0,69Aa 0,83A
0,55a
P
P
P
P
P
P
P
P
Percentagem de inclusão do subproduto de maracujá nas dietas
Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
3
Letras minúsculas iguais na mesma linha, para mesmo parâmetro, indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
CV Acetato = 28,1%; CV Propionato = 24,9%; CV Butirato = 42,6%
2
Tabela 4 - Concentração total de ácidos graxos voláteis (milimoles/ 100 ml) e relação de acetato : propionato (Acet./Prop.) no líquido ruminal de ovinos
consumindo dietas contendo distintas quantidades de subproduto de maracujá1 em vários horários pós-prandial
HORA(h)1
0
2
5
8
Médias
1
0 %3
6,53Bb
15,18Aa
13,87Aa
15,39Aa
12,74b
18 %3
5,32Bb
7,67Bb
14,79Aa
13,40Aa
10,30b
AGV totais2
31 %3
8,51Bab
6,91ABb
15,20Aa
18,41Aa
12,26b
47 %3
12,65Ba
13,88ABa
14,58ABa
18,53Aa
14,91a
Médias
8,25C
10,91B
14,61A
16,43A
-
0 %3
1,61Aa
3,03Aa
2,97Aa
2,85Aa
2,61a
Percentagem de inclusão do subproduto de maracujá nas dietas
Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
3
Letras minúsculas iguais na mesma linha, para mesmo parâmetro, indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
CV AGV totais = 27,16%; CV Acet./Prop.= 26,53%
2
260
18 %3
3,20Aa
2,95Aa
3,04Aa
3,31Aa
3,13a
Acet./Prop.2
31 %3
3,22Aa
1,65Aa
1,40Aa
2,28Aa
2,14a
47 %3
1,58Aa
2,59Aa
2,19Aa
2,42Aa
2,20a
Médias
2,40A
2,56A
2,40A
2,71A
P
P
P
P
P
P
P
P
Tabela 5 - Proporção molar do acetato, propionato e butirato no líquido ruminal de ovinos consumindo dietas contendo distintas quantidades de
subproduto de maracujá1 em vários horários pós-prandial
2
HORA(h)
0
2
5
8
Médias
1
3
0%
54,31Aa
70,42Aa
66,86Aa
66,78Aa
64,59a
3
18 %
69,09Aa
66,79Aa
66,53Aa
71,83Aa
68,56a
Acetato3
31 %3
68,43Aa
59,50Aa
55,18Aa
63,24Aa
61,59a
3
47 %
57,69Aa
65,04Aa
63,26Aa
65,37Aa
62,84a
Médias
62,38A
65,44A
62,96A
66,80A
-
3
0%
39,77Aa
24,52Ba
24,37ABb
25,55Ba
28,55ab
Propionato3
18 %
31 %3 47 %3
Aa
25,23
27,76Aa 38,55Aa
28,29Aa 36,64Aa 32,31Aa
27,29Aab 41,29Aa 33,43Aab
22,28Aa 32,67Aa 30,93Aa
25,77b 34,59a 33,80a
3
Médias
32,82A
30,44A
31,59A
27,85A
-
3
0%
5,93Aa
5,06Aa
8,78Aa
7,67Aa
6,86a
Butirato3
18 %
31 %3
Aa
5,68
3,81Aa
4,92Aa 3,86Aa
6,17Aa 3,53Aa
5,89Aa 4,09Aa
5,67a
3,82a
3
47 %3 Médias
3,77Aa 4,80A
2,64Aa 4,12A
3,31Aa 5,45A
3,71Aa 5,34A
3,36a
-
Percentagem de inclusão do subproduto de maracujá nas dietas
Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
3
Letras minúsculas iguais na mesma linha, para mesmo parâmetro, indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
CV Acetato = 17,75%; CV Propionato = 30,24%; CV Butirato = 45,12%
P
P
2
P
P
P
P
261
As altas proporções de pectina comentadas
por Lousada Júnior (2003) para o
subproduto de maracujá podem ter
contribuído para as maiores produções de
AGV totais. As altas proporções de ligninas
existentes nas dietas experimentais parecem
não ter exercido efeito marcante sobre a
degradabilidade dos carboidratos tanto
quanto foi evidenciado para os subprodutos
de abacaxi, acerola e caju.
A interação tempos de colheita X
tratamentos
experimentais
não
foi
significativa para a relação acetato :
propionato
(P>0,05).
Não
foram
encontradas diferenças significativas para
este parâmetro entre os tratamentos
experimentais e entre os tempos de colheita
do líquido ruminal.
3.8. Equações de predição da concentração
dos ácidos graxos voláteis totais no líquido
ruminal de ovinos em função do nível de
inclusão do subproduto de maracujá em
suas dietas
3.8.1. Tempo de Colheita duas horas pósprandial
AGV = 15,18 - 0,55X + 0,0051X2 +
0,00013X3 (R2 = 0,55; P<0,01), onde:
AGV = concentração de AGV totais em
mmol/ 100 ml
X = % de inclusão do subproduto de
maracujá
A derivação da equação permitiu perceber a
resposta
cúbica
descendente
das
concentrações de AGV totais desde o
tratamento que não incluiu o subproduto
(15,18 mmol/ 100 ml de líquido ruminal)
até 26,69% de inclusão (6,6 mmol/ 100 ml
de líquido ruminal). A partir deste nível
houve resposta ascendente até a inclusão do
subproduto em 47% do total dietético
(13,88 mmol/ 100 ml de líquido ruminal).
3.9. Equações de predição da concentração
dos ácidos graxos voláteis totais no líquido
ruminal de ovinos em função do tempo de
262
colheita do líquido ruminal dentro dos
tratamentos experimentais
Maior significância estatística e maiores
coeficientes de determinação foram
encontrados quando se relacionou as
concentrações de ácidos graxos voláteis e
os tempos de colheita do líquido ruminal
dentro de cada um dos tratamentos
experimentais. Na Figura 3 é demonstrado
o
comportamento
das
equações
encontradas.
3.9.1. Dieta com 0% de subproduto de
maracujá
AGV = 7,71 + 2,94X - 0,26X2 (R2=0,51;
P<0,01), onde:
AGV = Concentração de ácidos graxos
voláteis em milimoles / 100 ml de líquido
ruminal
X = tempo de colheita do líquido ruminal
(horas)
3.9.2. Dieta com 18% de subproduto de
maracujá
AGV = 4,57 + 2,81X - 0,21X2 (R2=0,64;
P<0,001), onde:
AGV = Concentração de ácidos graxos
voláteis em milimoles / 100 ml de líquido
ruminal
X = tempo de colheita do líquido ruminal
(horas)
3.9.3. Dieta com 31% de subproduto de
maracujá
AGV = 7,45 + 0,73X + 0,09X2 (R2=0,53;
P<0,01), onde:
AGV = Concentração de ácidos graxos
voláteis em milimoles / 100 ml de líquido
ruminal
X = tempo de colheita do líquido ruminal
(horas)
Para os tratamentos 0% e 18% houve um
comportamento quadrático ascendente até a
5a hora pós-prandial e daí em diante houve
uma leve queda das concentrações. Para o
tratamento 31% este comportamento foi
sempre ascendente até a oitava hora pósprandial.
Concentrações de AGV (mmol/ 100 ml)
25
20
15
0%
18%
31%
10
5
0
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Tempo de colheita (h)
Figura 3. Concentração de ácidos graxos voláteis em função do tempo de colheita do líquido
ruminal
A
análise
da
Figura
3
sugere
comportamentos diferentes entre os três
tratamentos demonstrados, daí a interação
tempo versus dietas experimentais ter sido
significativa (P<0,05).
A interação tempos de colheita do líquido
ruminal versus dietas experimentais, por
sua vez, não foi significativa para as
proporções molares de ácidos graxos
voláteis (P>0,05). Analisando-se estes
dados percebe-se que não houve diferenças
entre as proporções de acetato e de butirato
entre os tratamentos e entre os tempos de
colheita (P>0,05). Já para o propionato as
médias dos valores encontrados para cada
tratamento revelaram superioridade de
propionato para os tratamentos que
incluíram o subproduto de maracujá em 31
e 47% do total dietético e estes foram
semelhantes à dieta controle. Não houve
diferenças entre os tempos de colheita.
Silva e Leão (1979) citaram faixas de
normalidade para as concentrações de
ácidos graxos voláteis no rúmen. Para o
ácido acético, níveis normais para
ruminantes seriam de 54 a 74%. Para o
ácido propiônico, de 16 a 27% e para o
ácido butírico, de 6 a 15%. Observando os
dados da Tabela 5, percebe-se que os
valores médios de ácido acético ficaram
entre 54,31 % (Tratamento 0% e Tempo de
colheita zero) e 71,83% (Tratamento 18% e
Tempo de colheita oito) caracterizando a
normalidade destes valores segundo os
autores. Os valores médios de ácido
propiônico ficaram entre 24,37 %
(Tratamento 0% e Tempo de colheita cinco)
e 41,29% (Tratamento 31% e Tempo de
colheita cinco). Principalmente para os
tratamentos 31 e 47% foram encontradas
proporções
molares
superiores
aos
parâmetros normais citados por Silva e
Leão (1979).
De acordo com Nocek (1997), a acidose é
conseqüência da ingestão de grandes
quantidades, acima do normal, de
carboidratos fermentáveis no rúmen. O
efeito mais crítico é a queda do pH advinda
desta alta ingestão. Mudanças na população
microbiana podem acontecer inclusive com
a redução da habilidade do metabolismo
sistêmico de catabolizar e/ou excretar certos
metabólitos. No tratamento 47% foram
encontrados valores de pH inferiores aos
recomendados pela literatura. Isto sugere a
necessidade de determinação da efetividade
física do subproduto de maracujá para que
sua inclusão seja baseada nos níveis
mínimos de fibra fisicamente efetiva. Já se
263
sabe que a inclusão superior a 31% podem
desencadear quadros de acidose sub-clínica.
De acordo com Nocek (1997), este processo
patológico inicia-se com o aumento de
carboidratos altamente fermentáveis na
dieta com um concomitante aumento na
taxa de crescimento das bactérias. Estes
eventos levam ao aumento na produção de
AGV totais e à queda do pH ruminal.
A média dos valores de ácido butírico dos
tratamentos para todos os tempos de
colheita variou de 3,36 % (Tratamento
47%) a 6,86 % (Tratamento 0%) e não foi
diferente estatisticamente (P>0,05). Valores
considerados normais somente foram
encontrados nos tratamentos zero e 18% de
inclusão do subproduto.
3.10.
Equações de predição das
concentrações
dos
ácidos
acético,
propiônico e butírico em mmol/ 100 ml de
líquido ruminal de ovinos em função dos
tratamentos experimentais dentro dos
tempos de colheita do líquido ruminal
Em destaque apenas a equação de regressão
da concentração de ácido acético em função
dos tratamentos experimentais dentro do
tempo de colheita de 2 horas pós-prandial.
O resultado revela a alta influência das
concentrações de ácido acético sobre as
concentrações de AGV totais já discutidos
anteriormente. O comportamento foi o
mesmo da equação citada no item 3.8.1.
3.10.1. Tempo de colheita duas horas pósprandial
AACET = 10,66 - 0,5X + 0,0096X2 (R2 =
0,75; P<0,0001), onde:
AACET = concentração de ácido acético
em mmol/ 100 ml
X = % de inclusão do subproduto de
maracujá
A derivação da equação permitiu perceber o
comportamento quadrático descendente das
concentrações de ácido acético desde o
tratamento que não incluiu o subproduto.
3.11. Equações de predição das
concentrações do ácido acético em mmol/
100 ml de líquido ruminal de ovinos em
264
função do tempo de colheita do líquido
ruminal
dentro
dos
tratamentos
experimentais
Para as concentrações dos ácidos acético,
propiônico e butírico somente destacaramse as seguintes equações conforme a
significância estatística (P<0,05) e os
coeficientes de determinação superiores a
45%. As Figuras 4 e 5 representam
graficamente
as
equações
aqui
determinadas.
3.11.1. Dieta com 0% de subproduto de
maracujá
AACET = 3,34 + 6,33X - 1,57X2 + 0,11X3
(R2=0,62; P<0,01), onde:
AACET = Concentração de ácido acético
em milimoles / 100 ml de líquido ruminal
X = tempo de colheita do líquido ruminal
(horas)
3.11.2. Dieta com 18% de subproduto de
maracujá
AACET = 3,0 + 1,87X - 0,12X2 (R2=0,54;
P<0,01), onde:
AACET = Concentração de ácido acético
em milimoles / 100 ml de líquido ruminal
X = tempo de colheita do líquido ruminal
(horas)
3.11.3. Dieta com 31% de subproduto de
maracujá
AACET = 5,29 - 0,29X + 0,13X2 (R2=0,56;
P<0,001), onde:
AACET = Concentração de ácido acético
em milimoles / 100 ml de líquido ruminal
X = tempo de colheita do líquido ruminal
(horas)
3.11.4. Dieta com 47% de subproduto de
maracujá
AACET = 7,16 + 0,27X + 0,037X2
(R2=0,45; P<0,01), onde:
AACET = Concentração de ácido acético
em milimoles / 100 ml de líquido ruminal
X = tempo de colheita do líquido ruminal
(horas)
A Figura 4 demonstra maior pico de
produção de ácido acético para o tratamento
0% de inclusão de subproduto de maracujá,
duas horas após o fornecimento alimentar.
Concentrações de ácido acético (mmol/ 100 ml)
14
12
10
0%
8
18%
31%
6
47%
4
2
0
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Tempo de colheita (h)
Figura 4. Concentração de ácido acético em função do tempo de colheita do líquido ruminal
3.12. Efeito das dietas e dos tempos de
colheita sobre os valores de uréia no soro
sangüíneo dos ovinos
A seguir serão apresentados os dados
obtidos a partir da avaliação do soro
sangüíneo colheitado. Na Tabela 6 são
apresentados os dados de uréia.
Tabela 6. Concentração de uréia (mg/ 100ml) no soro de ovinos consumindo dietas contendo
distintas quantidades de subproduto de maracujá1 em vários horários pós-prandial
Dietas
Horário (h)2
Médias
3
3
0%
18 %
31 %3
47 %3
0
95,16Aa
60,69Ab
91,68Aa
76,70Aab
81,06A
Ba
Ba
Ba
Ba
2
27,15
36,01
27,88
19,94
27,74B
Ba
Ca
Ba
Ba
5
17,71
16,48
21,96
22,01
19,54BC
Ba
Ca
Ba
Ba
8
18,53
14,36
21,78
12,98
16,91C
a
a
a
a
Médias
39,64
31,88
40,82
32,91
1
Percentagem de inclusão de subproduto de maracujá nas dietas
Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
3
Letras minúsculas iguais na mesma linha indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
CV = 38,67%
2
A interação tempos de colheita versus
dietas experimentais foi significativa para
este parâmetro. No jejum, a dieta com 18%
de
subproduto
apresentou
menor
concentração de uréia do que as dietas
controle e aquela que incluiu 31% de
subproduto e todos os valores foram
semelhantes à dieta com 47% de
subproduto. Durante a execução das
análises, algumas amostras de soro
sangüíneo foram retiradas por terceiros da
câmara fria do Laboratório de Nutrição
Animal da UFMG, dentre elas as amostras
do tempo zero, e isso pode ter
comprometido
os
resultados
aqui
encontrados que foram muitas vezes
superiores aos demais e distantes da faixa
de valores considerada normal por Meyer et
265
al. (1995). Entre os tempos de colheita,
todos os valores foram inferiores àqueles
encontrados no jejum, sendo que na dieta
com 18% de inclusão de subproduto, os
valores às cinco e oito horas pós-prandial
foram ainda menores do que as duas horas
pós-prandial.
A amônia é um derivado primário do
catabolismo dos aminoácidos pelas
bactérias
ruminais,
absorvida
pela
circulação porta, removida pelo fígado e
incorporada ao ciclo da uréia com
resultante formação de uréia e eventual
excreção pelos rins (Meyer et al., 1995).
Baseado nestas informações foi feito a
análise da uréia no soro sangüíneo dos
animais experimentais. De acordo com
Meyer et al. (1995), valores normais de
uréia para ovinos situam-se entre 18 e 31
mg/ 100ml. Todos os valores com exceção
daqueles medidos durante o jejum
estiveram dentro da faixa de normalidade,
com exceção do valor médio encontrado no
Tratamento 18% (Tempo dois), ou seja,
36,01%.
De acordo com Van Soest (1994), a matéria
microbiana é derivada da fermentação dos
subprodutos alimentares e do material
endógeno secretado (uréia e muco
proveniente da saliva) que pode não ser
facilmente distinguível dos produtos
microbianos. Ainda segundo este autor, os
carboidratos fermentáveis promovem o
crescimento microbiano, e os requerimentos
de nitrogênio são atendidos pelos micróbios
a partir da quebra da amônia na forma de
células microbianas. Preston et al. (1965) e
Meyer et al. (1995) sugeriram a
determinação do nível de uréia no sangue
para verificar se o suprimento de proteína
está adequado. Considerando que os valores
estiveram dentro dos níveis normais existe
um indicativo de nutrição protéica
adequada.
Outros
estudos
merecem
atenção
particularmente para avaliar a dinâmica da
fermentação ruminal dos compostos
nitrogenados a partir do uso de marcadores.
Sob este aspecto, a determinação da taxa de
266
passagem seria extremamente importante
para o conhecimento mais aprofundado do
nível de aproveitamento alimentar no trato
gastrointestinal. O estudo dos sítios de
degradação do nitrogênio, da fibra e dos
carboidratos solúveis, portanto, indicariam
melhor a eficiência com que estes
nutrientes seriam digeridos em cada um dos
compartimentos do trato gastrointestinal.
No Capítulo XIV serão feitos comentários
sobre a degradação ruminal da proteína do
subproduto de maracujá.
3.13. Equações de predição das
concentrações de uréia sérica no sangue de
ovinos em função do tempo de colheita do
líquido ruminal dentro dos tratamentos
experimentais
Na Figura 5, estão representadas as
equações significativas (P<0,05) e com
mais altos coeficientes de determinação que
correlacionam as concentrações de uréia no
soro sangüíneo com os tempos de colheita
dentro de cada tratamento experimental.
3.13.1. Dieta com 0% de subproduto de
maracujá
Uréia = 89,2 - 29,74X + 2,66X2 (R2 = 0,88;
P<0,0001), onde:
Uréia = concentração de uréia em mg/100
ml de líquido ruminal
X = tempo de colheita do líquido ruminal
(horas)
3.13.2. Dieta com 18% de subproduto de
maracujá
Uréia = 60,48 - 14,08X + 1,04X2 (R2 =
0,49; P<0,01), onde:
Uréia = concentração de uréia em mg/100
ml de líquido ruminal
X = tempo de colheita do líquido ruminal
(horas)
3.13.3. Dieta com 31% de subproduto de
maracujá
Uréia = 85,65 - 27,07X + 2,44X2 (R2 =
0,78; P<0,0001), onde:
Uréia = concentração de uréia em mg/100
ml de líquido ruminal
X = tempo de colheita do líquido ruminal
(horas)
Uréia = concentração de uréia em mg/100
ml de líquido ruminal
X = tempo de colheita do líquido ruminal
(horas)
3.13.4. Dieta com 47% de subproduto de
maracujá
Uréia = 76,7 - 48,05X + 11,44X2 - 0,8X3
(R2 = 0,88; P<0,0001), onde:
100
Concentrações de uréia sérica (mg/ 100 ml)
90
80
70
60
0%
18%
50
31%
47%
40
30
20
10
0
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Tempo de colheita (h)
Figura 5. Concentração de uréia sérica em função do tempo de colheita do sangue
A Figura 5 demonstra que houve queda das
concentrações séricas de uréia e que após o
fornecimento alimentar os níveis de uréia
caíram até a quinta hora pós-prandial e daí
houve um leve aumento até a quinta hora
pós-prandial para as dietas controle e com
31% de subproduto. Na dieta com 18% de
subproduto, as concentrações caíram até a
quinta hora pós-prandial e daí praticamente
se estabilizou até a 8a hora pós-prandial.
Para a dieta com 47% de subproduto, a
queda ocorreu até em torno de duas horas
pós-prandial, a partir da qual houve leve
aumento até a quinta hora pós-prandial e
depois nova queda até a oitava hora pósprandial. Vale salientar, entretanto, as
possíveis alterações que podem ter ocorrido
com a retirada das amostras do tempo zero
de dentro da câmara fria.
3.14. Efeito das dietas e dos tempos de
colheita sobre os valores de creatinina no
soro sangüíneo dos ovinos
Na Tabela 7 são apresentados os dados de
creatinina. Houve interação significativa
entre tempos de colheita versus dietas
experimentais. De acordo com Meyer et al.
(1995), valores normais para ovinos situamse entre 1,2 e 1,9 mg/ 100 ml. A
normalidade foi atingida no jejum e às 8
horas após o fornecimento alimentar em
todos os tratamentos. Não houve diferenças
significativas
entre
os
tratamentos,
entretanto
evidenciaram-se
maiores
concentrações séricas de creatinina
principalmente no jejum e na oitava hora
pós-prandial. Diferenças ocorreram para
mais e para menos entre os horários dentro
de cada tratamento e, por essa razão, a
interação foi significativa.
267
Tabela 7. Concentração de creatinina (mg/ 100ml) no soro de ovinos consumindo dietas
contendo distintas quantidades de subproduto de maracujá1 em vários horários pós-prandial
Dietas
Horário (h)2
Médias
3
3
0%
18 %
31 %3
47 %3
0
1,45Aa
1,33Ba
1,63Aa
1,21Aa
1,41A
BCa
ABa
Ba
Ba
2
0,93
0,95
0,91
0,73
0,88B
Ca
Ba
Ba
Ba
5
0,69
0,67
0,78
0,73
0,72B
ABa
Aa
ABa
Aa
8
1,23
1,19
1,25
1,34
1,25A
a
a
a
a
Médias
1,08
1,03
1,14
1,01
1
Percentagem de inclusão de subproduto de maracujá nas dietas
Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
3
Letras minúsculas iguais na mesma linha indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
CV = 30,08%
2
Em se tratando da análise de regressão que
avaliou o efeito dos tempos de colheita
sobre as concentrações séricas de creatinina
foram encontradas equações com maiores
coeficientes
de
determinação.
A
representação gráfica está na Figura 6.
3.15. Equações de predição das
concentrações de creatinina sérica no
sangue de ovinos em função do tempo de
colheita do sangue dentro dos tratamentos
experimentais
Concentrações de creatinina sérica (mg/ 100 ml)
1,8
1,6
1,4
1,2
0%
1
31%
0,8
47%
0,6
0,4
0,2
0
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Tempo de colheita (h)
Figura 6. Concentração de creatinina sérica em função do tempo de colheita do sangue
3.15.1. Dieta com 0% de subproduto de
maracujá
CREA = 1,46 - 0,35X + 0,04X2 (R2 = 0,69;
P<0,0001), onde:
CREA = concentração de creatinina em
mg/100 ml de líquido ruminal
X = tempo de colheita do líquido ruminal
(horas)
268
3.15.2. Dieta com 31% de subproduto de
maracujá
CREA = 1,6 - 0,4X + 0,045X2 (R2 = 0,65;
P<0,001), onde:
CREA = concentração de creatinina em
mg/100 ml de líquido ruminal
X = tempo de colheita do líquido ruminal
(horas)
3.15.3. Dieta com 47% de subproduto de
maracujá
CREA = 1,2 - 0,29X + 0,039X2 (R2 = 0,70;
P<0,0001), onde:
CREA = concentração de creatinina em
mg/100 ml de líquido ruminal
X = tempo de colheita do líquido ruminal
(horas)
A dieta controle apresentou concentrações
séricas de creatinina sempre decrescentes a
partir do fornecimento alimentar até 4,38
horas pós-prandial de onde houve aumento
das concentrações séricas até a oitava hora
pós-prandial. Já para as dietas que
incluíram o subproduto a queda foi evidente
até aproximadamente 4,44 horas (31% de
subproduto) e até 3,72 horas (47% de
subproduto) e daí em diante foi ascendente
até a oitava hora de colheita (Figura 6).
3.17. Efeito das dietas e dos tempos de
colheita sobre os valores de albumina no
soro sangüíneo dos ovinos
Na Tabela 8 são apresentados os dados de
albumina.
Tabela 8. Concentração de albumina (mg/ 100ml) no soro de ovinos consumindo dietas
contendo distintas quantidades de subproduto de maracujá1 em vários horários pós-prandial
Dietas
Horário (h)2
Médias
0 %3
18 %3
31 %3
47 %3
Aa
Ab
Aa
Aa
0
4,97
3,90
5,34
5,42
4,91A
Aa
Aa
ABa
Aa
2
4,75
4,35
4,57
4,89
4,64A
Ba
Aa
Ba
Ba
5
3,50
3,27
3,58
3,41
3,44B
Ba
Aa
Ba
Ba
8
3,87
3,76
3,90
3,79
3,83B
a
a
a
a
Médias
4,27
3,82
4,35
4,38
1
Percentagem de inclusão de subproduto de maracujá nas dietas
Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
3
Letras minúsculas iguais na mesma linha indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
CV = 16,65%
2
Houve interação significativa entre tempo
de colheita do sangue e dietas
experimentais.
Houve
diferenças
significativas entre as dietas experimentais
durante o jejum. A dieta com 18% de
subproduto
apresentou
a
menor
concentração sérica de albumina. Nos
demais tempos de colheita, não houve
diferenças entre as dietas experimentais.
Para as dietas controle e com 47% de
subproduto as maiores concentrações foram
encontradas para o jejum e segunda hora
pós-prandial. Na dieta com 18% de
subproduto,
não
houve
diferenças
significativas entre os tempos de colheita.
Para a dieta com 31% de subproduto de
maracujá, o jejum apresentou maior
concentração do que na quinta e na oitava
hora pós-prandial e foi semelhante ao valor
encontrado na segunda hora pós-prandial.
Meyer et al. (1995) citaram que para ovinos
a normalidade encontra-se entre 2,4 e 3,9 g
de albumina/ 100 ml de soro sangüíneo. Os
valores estiveram dentro dos padrões
normais principalmente na quinta e oitava
horas pós-prandial. Maiores concentrações
de nitrogênio amoniacal no líquido ruminal
foram evidenciadas principalmente às cinco
horas pós-prandial (Tabela 1). Isto
provavelmente
contribuiu
para
a
normalizaçào dos níveis séricos de
albumina e de proteínas totais apenas a
partir da 5a hora pós-prandial.
A mensuração do total de proteínas reflete
uma combinação entre a albumina e as
globulinas. Baixos níveis de proteína
dietética resultam em aumento nos níveis
de
aminoácidos
como
glutamato,
glutamina, leucina, glicina e isoleucina no
plasma, enquanto em animais em jejum os
níveis de lisina, isoleucina e histidina no
plasma aumentaram, mas os de serina,
glutamina, glicina, alanina e arginina
decresceram.
Este
decréscimo
269
X = tempo de colheita do soro sangüíneo
(horas)
possivelmente se deve à utilização dos
aminoácidos como fontes de energia assim
como para a síntese de proteína (Silva e
Leão, 1979).
3.17.2. Dieta com 31% de subproduto de
maracujá
ALB = 5,41 - 0,59X + 0,05X2 (R2 = 0,57;
P<0,001), onde:
ALB = concentração sérica de albumina
(mg/100 ml de soro sangüíneo)
X = tempo de colheita do soro sangüíneo
(horas)
3.17. Equações de predição das
concentrações de albumina sérica no
sangue de ovinos em função do tempo de
colheita do líquido ruminal dentro dos
tratamentos experimentais
Não foram encontradas equações de
regressão significativas (P<0,05) para os
níveis de inclusão em relação às
concentrações séricas de albumina dentro
de cada tempo de colheita, entretanto,
correlacionando-se as concentrações séricas
de albumina com os tempos de colheita
foram encontradas equações com altos
coeficientes de determinação e alta
significância estatística (P<0,01). A seguir
estão demonstradas estas equações e na
Figura 8 a representação gráfica de todas
elas.
3.17.3. Dieta com 47% de subproduto de
maracujá
ALB = 5,58 - 0,62X + 0,048X2 (R2 = 0,52;
P<0,01), onde:
ALB = concentração sérica de albumina
(mg/100 ml de soro sangüíneo)
X = tempo de colheita do soro sangüíneo
(horas)
Todas as equações revelaram um efeito
quadrático descendente a partir das duas
horas até as oito horas pós-prandial. Os
valores normais a partir da quinta e oitava
horas pós-prandial dão um indício de
adequado fornecimento de proteína na dieta
e de aproveitamento pelo organismo
animal.
3.17.1. Dieta com 0% de subproduto de
maracujá
ALB = 5,13 - 0,44X + 0,037X2 (R2 = 0,52;
P<0,01), onde:
ALB = concentração sérica de albumina
(mg/100 ml de soro sangüíneo)
Concentrações de albumina sérica (mg/ 100 ml)
6
5
4
0%
3
31%
47%
2
1
0
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Tempo de colheita (h)
Figura 7. Concentração de albumina sérica em função do tempo de colheita do sangue
270
3.18. Efeito das dietas e dos tempos de
colheita sobre os valores de proteínas
totais no soro sangüíneo dos ovinos
Na Tabela 9 são apresentados os dados de
proteínas totais.
Tabela 9. Concentração de proteínas totais (g/ 100ml) no soro de ovinos consumindo dietas
contendo distintas quantidades de subproduto de maracujá1 em vários horários pós-prandial
Dietas
Horário (h)2
Médias
0 %3
18 %3
31 %3
47 %3
0
5,04Aa
5,39Ba
6,59Ba
5,73Ba
5,69B
Aa
ABa
ABa
ABa
2
6,36
6,64
7,57
7,50
7,02B
Aa
Ba
ABa
Ba
5
6,90
6,83
7,19
6,17
6,77B
Aa
Aa
Aa
Aa
8
7,80
9,75
10,10
9,40
9,26A
Médias
6,52a
7,15a
7,86a
7,20a
1
Percentagem de inclusão de subproduto de maracujá nas dietas
Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
3
Letras minúsculas iguais na mesma linha indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
CV = 29,13%
2
Houve interação significativa entre dietas e
tempos de colheita do soro sangüíneo. Não
houve diferenças significativas para as
mensurações deste parâmetro entre as dietas
experimentais. No tratamento 0% não
houve diferenças significativas entre os
tempos de colheita (P>0,05). Nos
tratamentos 18 e 47% de inclusão do
subproduto de maracujá o tempo 8
apresentou maiores concentrações de
proteínas totais em relação ao jejum e ao
tempo cinco, entretanto foram semelhantes
ao tempo dois. No tratamento 31% a
superioridade foi apenas em relação ao
jejum já que os valores dos tempos dois,
cinco
e
oito
foram
semelhantes
estatisticamente (P>0,05). De acordo com
Meyer et al. (1995) os níveis séricos
normais de proteínas totais situam-se entre
seis e 7,9 g/ 100 ml. A normalidade foi
atingida principalmente entre os tempos
dois e cinco. O tempo oito, com exceção do
tratamento
0%,
teve
excesso
de
concentrações de proteínas totais resultado
provável das mais altas concentrações de
N-NH3 verificadas principalmente no
tempo cinco (Tabela 1) e das maiores
concentrações de AGV totais verificadas
principalmente nos tempos cinco e oito.
Silva e Leão (1979) destacaram que o
aumento da concentração de aminoácidos
no sangue não constitui-se um indicador da
melhoria da nutrição protéica do animal.
Segundo estes autores, a melhoria do
balanço de aminoácidos resulta em seu
decréscimo no sangue. Os altos níveis de
proteínas totais na oitava hora pós-prandial,
portanto, retratam o aumento da eficiência
de reciclagem do nitrogênio no sangue para
fornecimento de nitrogênio endógeno à
síntese de proteína microbiana ruminal. De
acordo com Meyer et al. (1995), uma
pequena quantidade de proteínas atinge o
filtrado glomerular, mas quando isso
ocorre, os túbulos renais também
promovem a sua reabsorção. O glomérulo,
segundo esses autores, também filtra a
creatinina e a uréia nitrogenada do sangue
retendo também a albumina.
4. CONCLUSÕES
Altas inclusões do subproduto de maracujá
em dietas para cordeiros em crescimento
podem representar queda do pH ruminal;
A elevada produção de propionato no rume
pode contribuir positivamente para o
incremento energético das dietas para
ovinos. Esta inclusão, entretanto, traz
melhores resultados quando em até 18% do
total dietético;
A partir da análise dos parâmetros séricos
verificou-se que o suprimento de proteína
271
pareceu ser adequado face a normalidade
dos parâmetros medidos.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Capítulo XIV - EXPERIMENTO 12
Valor nutritivo do subproduto da indústria processadora de maracujá (Passiflora edulis)
em dietas para ovinos. 3. Degradabilidade ruminal
RESUMO
O subproduto de maracujá e o capim elefante foram avaliados comparativamente em um estudo
de degradabilidade ruminal em carneiros. Foi utilizado um delineamento de blocos ao acaso em
esquema de parcelas subdivididas, tendo seis animais nos blocos, dois alimentos como parcelas
e cinco tempos de incubação (seis, 12, 24, 48 e 96 horas) como subparcelas e a comparação das
médias efetuada pelo teste Student-Newman-Keuls (SNK) (P<0,05). Foram também calculados
o tempo de colonização, as degradabilidades efetivas para duas taxas de passagem pré-fixadas
(2,0 e 5,0%/h) e estimados os valores de proteína efetivamente degradada no rúmen (PEDR),
proteína não degradada no rúmen (PNDR) em suas frações indigestível (PINDR) e digestível
(PDNDR). O subproduto e o capim apresentaram potenciais de degradação da matéria seca
(MS) de 66,32% e 73,93%, respectivamente. O subproduto de maracujá exibiu maior taxa
fracional de degradação da MS (5,3%/h) em relação ao capim elefante (2,75%/h). Foram
observados potenciais de degradação da proteína bruta (PB) de 93,27% e 86,76% e taxas de
degradação de 6,36%/h e 2,84%/h para o subproduto de maracujá e capim elefante,
respectivamente. O subproduto de maracujá teve maior percentual de proteína digestível não
degradada no rúmen na taxa de passagem de 2,0%/h em relação ao encontrado para o capim
elefante. Em contrapartida, a gramínea apresentou menor percentual de proteína efetivamente
degradada no rúmen na taxa de passagem de 5,0%/h. Os potenciais de degradação da fibra em
detergente neutro (FDN) variaram de 48,91% a 66,16% para o subproduto de maracujá e para o
capim elefante, respectivamente, enquanto as taxas de degradação foram de 5,02%/h para o
subproduto de maracujá e 2,9%/h para o capim elefante. Os resultados de degradabilidades da
parede celular, obtidos para o subproduto de maracujá, indicaram que podem ocorrer restrições
quanto ao potencial de degradação particularmente para a matéria seca e para a FDN e que isso
pode limitar a inclusão do subproduto de maracujá em dietas para ruminantes.
Palavras-chave: agroindústria, frutas, in situ, nutrição, ovinos, subproduto
1. INTRODUÇÃO
Os estudos de degradabilidade justificam-se
pela necessidade de se comparar os
alimentos considerando que os mais
digestíveis poderão representar melhor
retorno econômico/produtivo dos animais
que os consumirem. É indispensável
também a formulação de modelos
mecanísticos que expressem progressiva e
verdadeiramente o fenômeno dinâmico da
digestão
considerando
os
fatores
circunstanciais inerentes aos alimentos
oferecidos, em especial a sua composição
bromatológica.
O principal componente do subproduto de
maracujá são as cascas, sendo fundamental
maiores informações sobre o seu valor
nutritivo. Os estudos revelam que a casca
do maracujá tem alto teor de fibras e
carboidratos, baixo teor de extrato etéreo,
sendo uma fonte satisfatória de pectina,
proteínas e minerais. Além das cascas, as
sementes também fazem parte do
subproduto
e
apresentam
elevadas
concentrações de proteína bruta e de extrato
273
etéreo além de serem ricas em fibras. A
associação de cascas e sementes produz um
subproduto de boa qualidade quanto as
características bromatológicas e que merece
ser estudado quanto a sua degradabilidade
ruminal.
O conhecimento sobre a digestão ruminal
de fontes de fibra não forrageiras como o
subproduto de maracujá é de fundamental
importância porque o rúmen é o principal
sítio de digestão de alimentos fibrosos.
Como conseqüência, é possível estabelecer
a quantidade e a proporção de nutrientes
necessários para a máxima resposta
microbiana e animal (Nocek, 1988).
Este estudo teve como objetivo avaliar
comparativamente
a
degradabilidade
ruminal da matéria seca (MS), proteína
bruta (PB), fibra em detergente neutro
(FDN), fibra em detergente ácido (FDA),
hemiceluloses (HCEL) e celulose (CEL) do
subproduto de maracujá em relação ao
capim elefante, empregando-se a técnica in
situ de incubação ruminal em sacos de
náilon, visando uma eventual substituição
parcial da gramínea em questão pelo
subproduto avaliado. A intenção foi
verificar as diferenças de degradabilidade
ruminal entre essas fontes de fibra
alimentar, importante para a adoção de
sistemas mais adequados de alimentação.
2. MATERIAL E MÉTODOS
Nas dependências do Laboratório de
Nutrição Animal do curso de Zootecnia da
Universidade Estadual Vale do Acaraú
(UVA) em Sobral - CE, amostras de
subproduto de maracujá e capim elefante
foram pré-secas em estufa de ventilação
forçada a 60oC, por 48 horas e foram
moídas em moinho com peneira de 5 mm
tendo sido usadas para a incubação ruminal
por períodos de seis, 12, 24, 48 e 96 h. Foi
empregada a técnica de fermentação in situ
descrita por Balch e Johnson (1950) com
sacos de náilon de 5 x 14 cm, com
274
porosidade média de 0,25 mm2/mm2. Foram
colocados com 6,54 g do subproduto de
maracujá (valor médio em base de matéria
seca) e com 6,51 g de capim elefante (valor
médio em base de matéria seca)
estabelecendo a relação média de 46,71 mg
de amostra de subproduto de maracujá por
cm2 de área superficial dos sacos de náilon
e a relação média de 46,5 mg de amostra de
capim elefante, conforme recomendação de
Sampaio (1988). A boca de cada um dos
sacos foi fechada com argola metálica e
amarrada a uma linha no 0,70 com 25 cm de
comprimento conectada a uma âncora de
100 g, imersos em água e inseridos, via
cânula, no rúmen dos ovinos.
A fase experimental contou com 15 dias de
adaptação e 10 dias de incubações. Para os
períodos de seis, 12 e 24 h foram realizadas
duas repetições (dois sacos por animal e por
alimento), nos demais foram incubados três
sacos por alimento, procurando-se manter,
no máximo, seis sacos por animal. Cada
animal continha os alimentos sob o mesmo
período de incubação, de forma a retirar
todos os sacos de uma só vez. Este
experimento transcorreu no período de 29
de novembro até 23 de dezembro de 2002
na sede da EMBRAPA Caprinos em Sobral
– CE.
Foram utilizados seis carneiros por
tratamento, com peso vivo médio de
variando de 47,2 kg, alojados em gaiolas
metabólicas, com água e mistura mineral à
vontade. Nocek (1988) recomendou que os
alimentos a serem incubados no rúmen
devem ser adicionados à dieta fornecida.
Baseado nessa informação, a dieta
fornecida foi balanceada em termos de
proteína bruta conforme o National
Research Council (1985) para ovinos
adultos em manutenção composta de capim
elefante in natura, subproduto de maracujá
e milho. Água e sal mineral estiveram
disponíveis à vontade.
Após a retirada, os sacos foram
imediatamente imersos em água fria e
lavados manualmente em água corrente, até
que esta se apresentasse límpida, colocados
em estufa de ventilação forçada a 65oC, por
72 horas, transferidos para dessecador por
30 minutos e pesados. Nas dependências do
Laboratório de Nutrição Animal da UVA,
os subprodutos de incubação foram moídos
em moinho com peneira de 1 mm e
utilizados para as determinações de MS,
PB, FDN, FDA, HCEL e CEL de acordo
com Association of Official Analytical
Chemists (1995). Os níveis dessas frações
nas amostras de capim e subproduto de
maracujá, juntamente com os pesos dos
materiais incubados e dos subprodutos,
foram utilizados para os cálculos do
desaparecimento das respectivas frações.
As frações solúveis (tempo zero de
incubação) foram determinadas pelos
mesmos procedimentos, porém sem a
incubação ruminal.
dados
de
dos
Para
a
análise
dos
componentes
desaparecimento
nutricionais das forrageiras foi empregado
um delineamento experimental de blocos ao
acaso
em
esquema
de
parcelas
subdivididas, tendo os animais como
blocos, os alimentos como parcelas e os
tempos de incubação como subparcelas,
segundo o seguinte modelo estatístico:
Yijk = µ + Ai + Fj + Tk + FTjk + eijk
onde,
Yijk = valor referente à observação do
alimento j, no animal i e no tempo de
incubação k
µ = média geral
Ai = efeito do animal i (i = 1, 2, 3, 4, 5, 6)
Fj = efeito do alimento j (j = 1, 2)
Tk = efeito do tempo de incubação k (k = 6,
12, 24, 48, 96)
FTjk = interação dos efeitos do alimento j
com o tempo de incubação k
eijk = erro aleatório associado à observação
As médias foram comparadas empregandose o teste Student-Newman-Keuls (SNK), a
5% de probabilidade. Para estimar as curvas
de degradação foi utilizado o seguinte
modelo proposto por Sampaio (1988):
p = A - B e-ct
onde,
p = porcentagem de degradação após um
tempo (t) de incubação no rúmen;
A = porcentagem máxima de degradação do
material contido no saco de náilon, ou
degradabilidade potencial
B = parâmetro sem valor biológico. Se não
houvesse tempo de colonização, ele
corresponderia ao total a ser degradado pela
ação microbiana
c = taxa constante de degradação da fração
que permanece no saco de náilon, expressa
em porcentagem por hora
t = tempo de incubação no rúmen, em horas
A análise dos dados e as equações de
regressão para os desaparecimentos dos
componentes nutricionais foram feitos
utilizando-se o programa Sistema para
Análises Estatísticas e Genéticas (SAEG),
de acordo com Ribeiro Júnior (2001). O
tempo de colonização foi estimado
conforme McDonald (1981), de acordo com
a seguinte equação:
TC = -1 * ln (A-S)
c
B
onde,
TC = tempo de colonização, em horas
A, B e c = mesmos parâmetros definidos na
equação anterior
S = fração solúvel determinada pela
porcentagem de desaparecimento no tempo
zero de incubação (fração rapidamente
degradada)
As degradabilidades efetivas foram
calculadas
utilizando-se
os
valores
sugeridos pelo Agricultural Research
Council (1984), de 2,0 e 5,0%/h segundo o
seguinte modelo proposto por Ørskov e
McDonald (1979):
275
DE = S + [(B1 * c)/(c + K)]
onde,
DE = degradabilidade efetiva, em
porcentagem
S = fração rapidamente degradada
B1 = fração degradável calculada
subtraindo-se a fração solúvel do potencial
de degradação (B1 = A - S) (fração
lentamente degradada)
c
=
mesmo
parâmetro
descrito
anteriormente
K = taxa fracional de passagem, expressa
em porcentagem por hora
do PV, avaliando consumo em ovinos de
subproduto
de
maracujá
fornecido
exclusivamente, todavia, os animais
utilizados por esse autor não foram
canulados ruminalmente. Entretanto, o
NRC (1985) recomendou o consumo de
53,19 gramas de MS/Kg0,75/dia para a
adequada manutenção de ovinos adultos,
que foi respeitado neste experimento.
Conforme recomendações do Agricultural
and Food Research Council (1992) foram
estimados os valores de proteína
efetivamente degradada no rúmen (PEDR),
proteína não degradada no rúmen (PNDR),
proteína não degradada no rúmen
indigestível (PNDRI) e proteína não
degradável no rúmen digestível (PNDRD),
segundo os seguintes modelos propostos
pelo sistema:
Na Tabela 1, estão as porcentagens de
desaparecimento da MS dos alimentos
incubados no rume de ovinos.
PEDR = 0,8S + B1c/c + K
PNDR = 1 - (S + B1c/c + K)
PNDRI = NIDA
PNDRD = 0,9 (PNDR – 6,25 NIDA)
onde,
S, B1, c e K são os mesmos parâmetros
descritos anteriormente
NIDA = Nitrogênio Insolúvel em
Detergente Ácido
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1. Consumo médio diário de matéria seca
dos ovinos que tiveram os alimentos
incubados in situ no rume de ovinos
Durante o período experimental com os
animais, o consumo médio de MS das
dietas experimentais foi de 60,76 ± 23,85 g/
unidade de tamanho metabólico (UTM), ou
2,32% ± 0,91% do peso vivo (PV). Esse
resultado situa-se abaixo do valor obtido no
trabalho de Lousada Júnior (2003), 3,47%
276
3.2. Desaparecimento ruminal da matéria
seca do subproduto de maracujá e capim
elefante incubados in situ em ovinos
Tabela 1. Desaparecimento da matéria seca
(%) do subproduto de maracujá e do capim
elefante incubados em sacos de náilon no
rume de ovinos submetidos a dieta
contendo subproduto de maracujá
Tempo de
Subproduto
Capim
incubação de Maracujá2
elefante2
(h)1
6
47,52Da
34,17Db
Ca
12
51,07
37,21Db
24
59,51Ba
48,72Cb
Aa
48
64,29
62,07Ba
Ab
96
65,98
70,03Aa
1
Letras maiúsculas iguais na mesma coluna
indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
2
Letras minúsculas iguais na mesma linha
indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
CV=5,27%
Em todos os tempos com exceção para as
96h, o desaparecimento da matéria seca do
subproduto de maracujá foi superior aos do
capim elefante. Para o capim elefante, as
taxas de desaparecimento foram sempre
crescentes até às 96h e diferentes
estatisticamente
(P<0,05).
Para
o
subproduto, foram notados valores distintos
e crescentes (P<0,05) no desaparecimento
da MS, à medida que aumentou o tempo de
incubação, entretanto entre os tempos 48 e
96h não foram observadas diferenças
significativas o que demonstra a
estabilização do processo fermentativo. A
partir de 48h não houve aumento do
desaparecimento
da
matéria
seca,
característica geralmente observada em
alimentos concentrados conforme Nocek
(1988). Segundo este autor, experimentos
de degradabilidade que avaliem alimentos
concentrados só precisam ser incubados até
as 48h em face do seu rápido
desaparecimento. Particularmente a maior
taxa de degradação fracional “c” e o maior
tempo de colonização foram determinantes
para a superioridade de valores de
desaparecimento da MS do subproduto em
relação ao capim (Tabela 1). Sampaio
(1994) destacou que alimentos de melhor
qualidade desaparecem mais rapidamente e
alcançam mais rapidamente seu valor
estabilizado de A.
Os valores de desaparecimento da MS aqui
encontrados foram mais altos do que
aqueles encontrados no Capítulo V para o
desaparecimento da MS do subproduto de
abacaxi, que variou de 34,64 a 59,28%, ou
mesmo para o subproduto de acerola, cuja
indisponibilização de nutrientes havia sido
comentada
em
virtude
das
altas
concentrações de ligninas e taninos e que
apresentou taxas de desaparecimento da MS
de 33,14% às seis horas de incubação a
48,68% às 96 horas de incubação. Para o
subproduto de caju (Capítulo XI), os
valores de desaparecimento da MS
variaram de 19,51% (6h) até 43,83% (96h).
Esta constatação conduz ao pressuposto que
a inclusão do subproduto de maracujá em
dietas para ruminantes dentre os alimentos
que foram avaliados nesta tese apresenta os
melhores
resultados
quanto
a
degradabilidade ruminal, entretanto a sua
inclusão em dietas para ovinos também
deve ser feita com cautela na medida em
que ocorre uma limitação potencial para
essa disponibilidade ruminal.
Os valores de desaparecimento da matéria
seca do capim elefante aqui encontrados
foram menores do que os encontrados por
Tomich (2003), à exceção do valor
encontrado por este autor para as seis horas
de incubação (30,9% para seis horas de
incubação; 41,7% para as 12 h; 55,0% para
as 24h; 66,1% para as 48h e 75,5% para as
96 h), e também foram sempre crescentes
(P<0,05) entre os tempos de incubação.
Os coeficientes de determinação, superiores
a 90%, indicam a boa adequação dos
resultados de desaparecimento de MS ao
modelo proposto por Sampaio (1988)
(Figura 1). As equações geradas pelo
modelo Deg = A - B * e(-ct) foram:
Deg. MS Subproduto de Maracujá =
66,3204 - 26,6006 * EXP (-0,05287 * t)
r2=0,901
Deg. MS Capim Elefante = 73,9254348,4975 * EXP (-0,02752 * t) r2=0,941
A equação de degradabilidade do capim
elefante reflete um potencial de degradação
mais alto em relação àquele encontrado
para o subproduto de maracujá, entretanto,
a taxa de degradação “c” foi menor. A taxa
fracional “c” do capim foi superior a
2,0%/h. Sampaio (1988) afirmou que taxas
de degradação superiores a 2,0%/h indicam
alimentos de alta qualidade, que necessitam
de pouco tempo de permanência no rúmen
para serem degradados, entretanto, foi
menor que a do subproduto e isto foi
determinante para um desaparecimento
mais tardio. Estudando a degradação in situ
da MS do capim elefante, Tomich (2003)
encontrou valores semelhantes aos aqui
encontrados para a fração A, representada
na seguinte equação: Deg. MS = 75,4 - 55,9
* EXP (-0,0432 * t) r2 = 0,981.
Na Tabela 2, estão os potenciais de
degradação, as taxas de degradação, as
frações solúveis, as frações degradáveis, os
de
tempos
colonização
e
as
degradabilidades efetivas nas taxas de
passagem 2,0%/h e 5,0%/h da matéria seca
277
dos
alimentos
experimento.
analisados
neste
Desaparecimento da MS (%)
80
70
60
50
S. Maracujá
40
C. elefante
30
20
10
0
0
12
24
36
48
60
72
84
96
Tempo de incubação (h)
Figura 1. Desaparecimento da MS dos alimentos em função do tempo de incubação
Tabela 2. Potenciais de degradação (A),
taxas de degradação (c), frações solúveis
(S), frações degradáveis (B1), tempos de
colonização (TC) e degradabilidades
efetivas (DE), nas taxas de passagem
2,0%/h e 5,0%/h, da matéria seca dos
alimentos utilizados neste experimento
Parâmetro
Subproduto
Capim
de Maracujá
elefante
A (%)
66,32
73,93
c (%/h)
5,29
2,75
S (%)
41,00
27,85
B1 (%)
25,32
46,07
TC (h)
-0:56
1:52
DE 2,0%/h
59,37
54,54
(%)
DE 5,0%/h
54,01
44,21
(%)
Os dados revelam que provavelmente existe
uma fração maior de nutrientes na matéria
seca que apresentam alta disponibilidade
ruminal e que por essa razão elevaram o
valor da taxa fracional “c” com diminuição
concomitante do tempo de colonização.
é
limitada
Esta
disponibilidade
provavelmente pelos altos níveis de ligninas
presentes no subproduto de maracujá,
fazendo com que a degradação somente
278
ocorra até as 48 horas e seja encontrado um
baixo valor para o potencial de degradação
A, ou seja, 66,32% (Tabela 2). Comparando
este valor aos encontrados por Gonçalves et
al. (2004) para os subprodutos de graviola e
de manga, por exemplo, que apresentam
valores de A da ordem de 83,65% e
80,29%, respectivamente, vê-se que
potencialmente a degradação do subproduto
de maracujá é baixa apesar de possuir uma
fração que é disponibilizada rapidamente no
rúmen (S=41%).
O valor de degradabilidade potencial aqui
encontrado foi inferior aos 78,92%
referenciados por Manoel et al. (2003); tal
valor foi obtido para o subproduto de
maracujá incubado em vacas Jersey
fistuladas. De acordo com Van Soest
(1994), a menor capacidade de retenção
alimentar em virtude da menor capacidade
do rume pode limitar o aproveitamento de
nutrientes e levar a diferenças marcantes de
degradação entre espécies de grandes e de
pequenos
ruminantes.
Complementou
salientando que os pequenos ruminantes
podem equilibrar o status nutricional com
uma digestão mais rápida (taxa de
passagem mais rápida).
O parâmetro B, como não assume papel
biológico, não será discutido daqui para
frente. A fração B1 que representa a
matéria seca lentamente degradada foi
maior para o capim elefante o que a longo
prazo ajudou na maior taxa de
desaparecimento às 96h.
para o capim elefante. É oportuno salientar,
entretanto, que não se fez determinação de
possibilidade de contaminação do material
residual
com
microrganismos
determinando-se os níveis de ácido 2-αamino-pimélico (DAPA) nos subprodutos
de incubações dos vários horários.
O valor de degradabilidade efetiva para o
subproduto de maracujá, a uma taxa de
passagem fixa de 5,0%/h aqui encontrado
(54,01%), foi semelhante ao encontrado por
Manoel et al. (2003) para o subproduto de
maracujá (55,22%) e para o subproduto de
melão (54,37%) incubados em vacas Jersey
(55,22%) na mesma taxa de passagem. Este
valor, entretanto foi menor em comparação
àquele encontrado para o subproduto da
manga (61,11%) e superior ao da graviola
(48,35%) também na taxa de passagem de
5,0%/h, citados por Gonçalves et al. (2004).
Também foi superior aos valores
encontrados para o subproduto de abacaxi
(49,2%), para o subproduto de acerola
(31,94%) e para o subproduto de goiaba
(27,18%), citados por Manoel et al. (2003)
todos para a taxa de passagem de 5,0%/h. A
expectativa de uso do subproduto de
maracujá na nutrição de ruminantes mostrase mais promissora na medida em que os
valores de degradabilidade efetiva foram
comparáveis àqueles citados na literatura
como os valores mais altos para
subprodutos de frutas.
Tabela 3. Desaparecimento da proteína
bruta (%) do subproduto de maracujá e do
capim elefante incubados em sacos de
náilon no rume de ovinos submetidos a
dieta contendo subproduto de maracujá
Tempo de
Subproduto
Capim
incubação de Maracujá2
elefante2
(h)1
6
77,77Ba
62,59Db
Ba
12
80,76
66,36Db
Aa
24
89,23
74,12Cb
Aa
48
92,08
77,94Bb
Aa
96
93,00
85,43Ab
3.3. Desaparecimento ruminal da proteína
bruta do subproduto de maracujá e capim
elefante incubados in situ em ovinos
As degradabilidades da PB nos vários
tempos de incubação estão na Tabela 3. O
subproduto de maracujá apresentou em
todos os tempos de incubação as maiores
taxas de desaparecimento da proteína bruta
em relação ao capim elefante. A
estabilização do desaparecimento para o
subproduto já ocorreu às 24 horas resultante
da altíssima taxa de degradação “c” (Tabela
4), mais do que o triplo daquela encontrada
1
Letras maiúsculas iguais na mesma coluna
indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
2
Letras minúsculas iguais na mesma linha
indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
CV=4,05%
O capim elefante, por sua vez, apresentou
taxas de desaparecimento semelhantes às
seis e 12 horas de incubação e daí em diante
apresentou taxas de desaparecimento da
proteína bruta sempre crescentes e distintas
estatisticamente até as 96h. Mesmo assim,
às 96h ainda foi inferior àquela obtida para
o subproduto de maracujá, muito embora
ambos tiveram indícios de alta solubilidade
da proteína.
No Capítulo XIII verificou-se que as dietas
que incluíram o subproduto de maracujá em
31 e 47% do total dietético apresentaram as
maiores
concentrações
médias
de
nitrogênio amoniacal. Os resultados aqui
encontrados justificam essas maiores
concentrações em virtude das altas taxas de
desaparecimento inicial da proteína bruta
no rume. Apesar do mais alto
desaparecimento naquele capítulo não
foram encontradas diferenças significativas
279
entre os tratamentos para as concentrações
séricas de uréia (Capítulo XIII). Estudos de
crescimento microbiano e de síntese de
proteína microbiana são ainda necessários
para aprofundar estes comentários, pois aí
pode residir uma das prováveis explicações
para tal fato.
Deg. PB Subproduto de Maracujá =
93,2705 - 23,6731 * EXP (-0,06363 * t)
r2=0,91
Deg. PB Capim Elefante = 86,7612 28,2937 * EXP (-0,02841 * t) r2=0,783
Desaparecimento da PB (%)
As equações geradas pelo modelo Deg = A
- B * e(-ct) (Figura 2) foram:
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
S. Maracujá
C. elefante
0
12
24
36
48
60
72
84
96
Tempo de incubação (h)
Figura 2. Desaparecimento da PB dos alimentos em função do tempo de incubação
Os potenciais de degradação, as taxas de
degradação, as frações solúveis, as frações
degradáveis, os tempos de colonização e as
degradabilidades efetivas, nas taxas de
passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da proteína
bruta, obtidos para os alimentos estão na
Tabela 4.
Os dados da Tabela 4 revelaram maiores
valores de degradabilidade efetiva para a
proteína bruta do subproduto de maracujá
do que as encontradas para o capim
elefante. Foi encontrada alta correlação
significativa entre a degradabilidade da MS
e a da PB para o subproduto (r=0,9832;
P<0,05). Também para o capim elefante,
r=0,9138; P<0,01.
Tabela 4. Potenciais de degradação (A),
taxas de degradação (c), frações solúveis
(S), frações degradáveis (B1), tempos de
colonização (TC) e degradabilidades
efetivas (DE), nas taxas de passagem
2,0%/h e 5,0%/h, da proteína bruta dos
alimentos utilizados nesse ensaio
Parâmetro
Subproduto
Capim
de Maracujá
elefante
A (%)
93,27
86,76
c (%/h)
6,36
2,84
S (%)
69,56
58,85
B1 (%)
23,71
27,91
TC (h)
-0:01
0:29
DE 2,0%/h
87,60
75,23
(%)
DE 5,0%/h
82,84
68,96
(%)
O desaparecimento da proteína bruta do
subproduto mostrou-se bastante superior ao
280
encontrado para a gramínea. O maior valor
de A (quase 100%) foi resultado
principalmente da maior taxa fracional de
degradação (c) e do menor tempo de
colonização. Um outro aspecto que precisa
ser bastante discutido é a alta fração solúvel
da proteína (S). Esta fração é calculada a
partir do desaparecimento da proteína
unicamente com a lavagem sem ter sido
feita a incubação ruminal. Vê-se que esta
proteína possivelmente não está ligada a
estruturas mais complexas que a
indisponibilizariam, senão dificilmente
sairiam com a lavagem. Altas frações
solúveis, segundo Van Soest (1994),
fornecem ao ambiente ruminal, peptídeos,
aminoácidos livres, amônia, aminas, entre
outros compostos nitrogenados importantes
para a síntese de proteína microbiana e
como constituintes a serem absorvidos pósruminalmente.
A fração potencialmente degradável (A) da
proteína bruta do subproduto de maracujá
foi
de
93,27%
comparável
a
degradabilidade potencial de alimentos
concentrados como o glúten de milho com
94,90% de A, citado por Valadares Filho et
al. (2002), e como o caroço integral de
algodão (91,82%), considerado de alto
valor nutritivo, citado por Borges (1997). A
fração solúvel também foi muito superior
àquela obtida para a MS. A fração
lentamente degradável (B1) foi um pouco
menor do que aquela encontrada para a
matéria seca.
Segundo o National Research Council
(2001), o objetivo da nutrição protéica para
vacas leiteiras, por exemplo, é o
fornecimento de quantidades adequadas de
proteínas degradáveis no rúmen, para
permitir a máxima síntese protéica
microbiana, com o mínimo de PB na dieta.
Assim sendo, visando à sincronização nas
disponibilidades de nitrogênio e energia,
para a otimização na utilização dos
compostos nitrogenados da dieta e o maior
suprimento de proteína microbiana pós-
rúmen, a taxa de degradação ruminal da
fração protéica constitui um parâmetro
importante na seleção de alimentos para
compor uma dieta. Nesse sentido, os
resultados obtidos nesse estudo indicam que
o subproduto de maracujá pode ser
utilizado como alimento fornecedor de
proteínas de alta solubilidade ao ambiente
ruminal. Isto é importante particularmente
quando na dieta são incluídos alimentos de
baixa degradabilidade protéica ou quando
deseja-se melhorar a eficiência de síntese
de proteína microbiana. Rodríguez (1986)
comentou que o preparo de dietas para
ruminantes deve preconizar a inclusão de
nitrogênio solúvel e de certa quantidade de
aminoácidos pré-formados, além de
aumentar a quantidade disponível de
matéria
orgânica
fermentável.
Na
suplementação energética para dietas
compostas com subproduto de maracujá
recomendar-se-ía a inclusão de alimentos
concentrados
energéticos
contendo
carboidratos prontamente disponíveis como
o milho, por exemplo. Para o capim
elefante
poderiam
ser
incluídos
concentrados energéticos de mais lenta
degradação pelos microrganismos ruminais.
Os valores de proteína não degradada no
rúmen, proteína indigestível não degradada
no rúmen, proteína efetivamente degradada
no rúmen e proteína digestível não
degradada no rúmen, nas taxas de passagem
2,0%/h e 5,0%/h, da proteína bruta, obtidos
para os alimentos estão na Tabela 5.
A queda dos valores de proteína
efetivamente degradada no rúmen foi
acompanhada pelo aumento da proteína não
degradada no rúmen com o aumento das
taxas de passagem. O subproduto de
maracujá teve valor menor de proteína
efetivamente degradada no rúmen em
comparação ao capim elefante na taxa de
passagem de 2,0%/h. Na taxa de passagem
de 5,0%/h o valor de PEDR foi maior para
ele. Inversamente a isso, percebeu-se que a
PNDR e a PDNDR do subproduto de
281
maracujá
foram
superiores
àquelas
encontradas para o capim também na taxa
de passagem de 2,0%/h e em 5,0%/h foram
inferiores aos valores encontrados destes
parâmetros no capim. O valor de PINDR
foi superior para o subproduto de maracujá.
Tabela 5. Valores percentuais de proteína não degradada no rúmen (PNDR), proteína
indigestível não degradada no rúmen (PINDR), proteína digestível não degradada no rúmen
(PDNDR) e proteína efetivamente degradada no rúmen (PEDR), nas taxas de passagem 2,0%/h
e 5,0%/h, da proteína bruta dos alimentos utilizados nesse ensaio
Parâmetro
Subproduto de Maracujá
Capim elefante
2,0%/h
5,0%/h
2,0%/h
5,0%/h
PNDR
73,65
80,60
71,46
82,38
PINDR
0,56
0,56
0,43
0,43
PDNDR
63,13
69,39
61,90
71,72
PEDR
24,69
18,17
26,11
16,12
De acordo com Rodríguez (1986), a
proteína da dieta está formada pela proteína
verdadeira e pelo nitrogênio não protéico
(NNP). Ambos, pela ação microbiana, são
degradados a amônia, entretanto uma parte
da proteína passa diretamente ao intestino
delgado sem ser atacada (proteína
sobrepassante ou proteína não degradável).
Os dados encontrados na Tabela 5,
particularmente a evidência de altos valores
de PNDR para o subproduto de maracujá,
provavelmente foram resultado das altas
frações solúvel (69,56%) e potencialmente
degradável (93,27%) encontradas para ele
(Tabela 4). A alta taxa fracional de
degradação (c) encontrada (6,36%/h)
(Tabela 4) também pode ser um indício de
presença de nitrogênio não protéico que
sendo prontamente degradado no rúmen
também é rapidamente incorporado pelos
microrganismos ruminais, principalmente
pelas bactérias para a síntese de proteína
microbiana. Rodríguez (1986) destacou
ainda que a amônia, presente no rúmen, é
utilizada para a síntese de proteína
microbiana, dependendo da quantidade de
energia disponível. No Capítulo XII
verificou-se que nas dietas onde o
subproduto de maracujá foi incluído em 31
e 47% do total dietético, a recomendação
prescrita pelo National Research Council
(1985) para consumo de energia
metabolizável não foi atendida. No
282
Capítulo XIII, exatamente para estes
tratamentos, foram encontradas as maiores
concentrações de N-NH3 no líquido
ruminal, revelando que o mesmo não vinha
sendo utilizado adequadamente para a
síntese protéica microbiana. Provavelmente
o sinergismo PB versus EM não foi
respeitado. Possivelmente, em função de
tudo isso, as equações do AFRC (1993)
demonstraram valores de PEDR inferiores
aos de PNDR. Assim mesmo, a PNDR foi
altamente digestível como revelaram os
dados da Tabela 5.
3.4. Desaparecimento ruminal da fibra em
detergente neutro do subproduto de
maracujá e capim elefante incubados in
situ em ovinos
As degradabilidades da FDN nos vários
tempos de incubação estão na Tabela 6. A
interação tempo de incubação X alimento
incubado foi significativa (P<0,05). Com
isso, os valores de desaparecimento da FDN
do subproduto de maracujá foram
superiores (P<0,05) àqueles do capim
elefante nos tempos seis, 12 e 24 horas de
incubação ruminal. Houve semelhança às
48 h de incubação entre os valores de
desaparecimento encontrados e às 96 h, a
taxa de desaparecimento foi menor para o
subproduto. Mais adiante, na Tabela 7,
serão discutidos outros aspectos como as
frações A, S e B1 e a taxa fracional “c”, que
serão importantes para o melhor
entendimento destes dados.
Tabela 6. Desaparecimento da fibra em
detergente neutro (%) do subproduto de
maracujá e do capim elefante incubados em
sacos de náilon no rume de ovinos
submetidos a dieta contendo subproduto de
maracujá
Tempo de
Subproduto
Capim
incubação de Maracujá2
elefante2
(h)1
6
24,74Da
11,38Db
Ca
12
29,72
15,57Db
24
39,73Ba
33,21Cb
Aa
48
45,67
50,22Ba
Ab
96
48,66
61,55Aa
1
Letras maiúsculas iguais na mesma coluna
indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
2
Letras minúsculas iguais na mesma linha
indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
CV=11,32%
Entre os tempos de incubação não houve
diferenças estatísticas (P>0,05) para as
taxas de desaparecimento do capim nos
tempos seis e 12 horas o mesmo
comportamento
observado
para
o
desaparecimento da matéria seca. Daí em
diante o desaparecimento foi crescente e
diferente estatisticamente entre os tempos
de incubação (P<0,05). Alta correlação foi
encontrada entre o desaparecimento da
matéria seca e o desaparecimento da FDN
para o capim elefante (r=0,9612; P<0,01).
Para o subproduto de maracujá, a taxa de
desaparecimento foi crescente até as 48
horas e aí estabilizou, não havendo,
portanto, diferenças estatísticas entre as
taxas de desaparecimento dos tempos 48 e
96 h. Este foi o mesmo comportamento
observado para as taxas de desaparecimento
da matéria seca (r=0,9712; P<0,001). Este
resultado demonstra que os prováveis
determinantes sobre os menores valores de
desaparecimento da matéria seca para o
subproduto de maracujá foram as frações
fibrosas provavelmente ligadas à lignina.
Os valores de desaparecimento da FDN do
subproduto de maracujá, entretanto, foram
ainda superiores àqueles encontrados para o
subproduto de acerola que apresentou
valores de desaparecimento variando de
17,45% às seis horas de incubação até
34,96% às 96 horas de incubação (Capítulo
VIII) e para o subproduto de caju (7,26% às
seis horas e 31,69% às 96 h) (Capítulo XI),
demonstrando que o efeito de ligninas
existentes em associação com taninos
realizou um efeito de indisponibilização
ruminal bem mais acentuado para estes dois
subprodutos.
O fator de maior efeito sobre a extensão e a
taxa de degradação da parede celular dos
vegetais é a presença de ligninas. Van Soest
(1994) comentou que o teor de FDN das
forragens, por exemplo, é negativamente
correlacionado com o seu consumo.
Forragens com menor fração fibrosa,
segundo estes autores, refletem maior
digestibilidade e maior consumo.
Os resultados de desaparecimento da FDN
convergiram para o modelo proposto por
Sampaio (1988) (Figura 3), e as seguintes
equações de regressão foram obtidas:
Deg. FDN Subproduto de Maracujá =
48,9142 - 33,2831 * EXP (-0,05024 * t)
r2=0,843
Deg. FDN Capim Elefante = 66,156 67,3934 * EXP (-0,02896 * t) r2=0,941
A equação encontrada por Tomich (2003)
para a degradabilidade da FDN do capim
elefante cv Napier foi a seguinte: Deg FDN
= 70,2 - 69,1*EXP (-0,0443t) r2 = 0,977,
também semelhante àquela que foi
encontrada neste trabalho.
283
Desaparecimento da FDN (%)
70
60
50
40
S. Maracujá
30
C. elefante
20
10
0
0
12
24
36
48
60
72
84
96
Tempo de incubação (h)
Figura 3. Desaparecimento da FDN dos alimentos em função do tempo de incubação
Na Tabela 7, são apresentados os potenciais
de degradação, as taxas de degradação, as
frações solúveis, as frações degradáveis, os
tempos
de
colonização
e
as
degradabilidades efetivas, nas taxas de
passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da FDN dos
alimentos.
Tabela 7. Potenciais de degradação (A),
taxas de degradação (c), frações solúveis
(S), frações degradáveis (B1), tempos de
colonização (TC) e degradabilidades
efetivas (DE), nas taxas de passagem
2,0%/h e 5,0%/h, da fibra em detergente
neutro dos alimentos utilizados neste
experimento
Parâmetro
Subproduto
Capim
de Maracujá
elefante
A (%)
48,91
66,16
c (%/h)
5,024
2,896
S (%)
5,02
4,21
B1 (%)
33,17
61,95
TC (h)
0:04
2:55
DE 2,0%/h
39,47
40,85
(%)
DE 5,0%/h
32,37
26,93
(%)
Analisando-se os dados da Tabela 7
percebe-se que o subproduto de maracujá
apresentou maior taxa de degradação (c) em
relação ao capim elefante e um pouco mais
284
de fração solúvel (S), entretanto a baixa
fração
potencialmente
degradável
provavelmente resultou da menor fração B1
(lentamente degradada) para o subproduto,
praticamente a metade daquela encontrada
para o capim elefante. Isto fez com que no
início o subproduto de maracujá
desaparecesse mais rapidamente do que o
capim até a 24a hora de incubação (Tabela
6). A partir daí, provavelmente começou a
ocorrer a degradação de B1 e então o capim
elefante pôde apresentar taxas de
desaparecimento mais altas.
Apesar da menor fração potencialmente
degradável (A) encontrada para o
subproduto de maracujá, a sua maior taxa
de degradação “c” possibilitou a quase
equivalência da degradabilidade efetiva do
mesmo em relação à gramínea e mais, o
subproduto suplantou o capim elefante nas
maiores taxas de passagem onde se exige
maiores taxas de degradação. No Capítulo
XIII,
entretanto,
verificou-se
pela
comparação de médias de AGV totais entre
os tratamentos experimentais, que o
tratamento que incluiu o subproduto em
47% resultou nas maiores produções.
Contribuíram para isso tanto o aumento na
produção de acetato quanto o aumento na
produção de propionato. De acordo com
Van Soest (1994), os pequenos ruminantes
selecionam dietas de alta qualidade que
permitem a eles a produção de altas taxas
de AGVs. Complementa ainda que o rúmen
destes animais já apresenta um aumento da
superfície de absorção em função da alta
produção de AGVs. Considerando-se que
os valores medidos de AGV totais foram
colheitados até às oito horas após o
fornecimento alimentar, percebe-se que as
altas taxas de AGV totais foram justificadas
pelos maiores desaparecimentos da FDN
verificados para o subproduto de maracujá
em até 24 h de incubação. Portanto, o efeito
diário da degradação do subproduto de
maracujá foi benéfico na medida em que
disponibilizou maior quantidade de fibra
dietética para a produção de AGV em um
menor espaço de tempo que o capim
elefante. Isto também representa energia
disponível para o processo de síntese
microbiana de proteína e entre os
subprodutos estudados o subproduto de
maracujá foi o que apresentou as melhores
concentrações séricas de proteínas totais
(Capítulo XIII). Estudos sobre síntese de
proteína microbiana em ruminantes
alimentados
com
dietas
contendo
subproduto de maracujá, bem como de
fluxo de proteína dietética para o duoudeno
são necessários, para a melhor discussão e
elucidação destes dados.
A pectina existente em alta quantidade no
subproduto de maracujá conforme relatou
Lousada Júnior (2003) também pode ter
beneficiado a maior produção de AGV para
o tratamento que incluiu o subproduto de
maracujá em 47% principalmente por ser
ela um carboidrato estrutural que é
degradado rapidamente no rúmen conforme
Van Soest (1994).
A degradabilidade potencial do subproduto
de maracujá foi inferior àquela observada
para o bagaço de cana auto-hidrolisado, em
média de 61,12%, citado por Borges (1997)
e ao valor observado por Figueira (1991)
que avaliou a degradabilidade in situ da
cana-de-açúcar suplementada com 1,0% de
uréia com valor de A de 56,10%. O valor de
A aqui encontrado, somente foi superior ao
do caroço integral de algodão (35,9%)
citado por Borges (1997). Naquele trabalho,
o autor comentou a influência do nível de
gordura existente no caroço sobre a queda
da digestibilidade da fibra.
Discutindo-se as possíveis causas para as
baixas degradabilidades da FDN do
subproduto de maracujá, um outro aspecto
que também não pode ser descartado para
justificar isso seria a provável queda do pH
ruminal a partir da inclusão do subproduto
de maracujá às dietas. No tratamento que
incluiu o subproduto em 47% o pH
mostrou-se inferior aos demais tratamentos.
Van Soest (1994) destacou que a redução
no pH ruminal pode prejudicar a
degradação da fibra. Apesar de todos estes
comentários, a melhor explicação parece
ser o alto conteúdo de lignina na FDN do
subproduto de maracujá (Capítulo XII). De
acordo com Van Soest (1994) e Jung et al.
(1997), as ligninas são os principais
limitantes da digestibilidade ruminal das
frações fibrosas dietéticas. Estudos
posteriores que avaliem as interações
microscópicas das partículas fibrosas após
os diferentes tempos de incubação ruminal
serão
de
grande
valia
para
o
aprofundamento e melhores conclusões
nesse aspecto.
Para estudar a degradabilidade das frações
fibrosas,
fez-se
a
análise
das
degradabilidades da FDA, hemiceluloses e
celulose.
3.5. Desaparecimento ruminal da fibra em
detergente ácido do subproduto de
maracujá e capim elefante incubados in
situ em ovinos
Na Tabela 8 são apresentadas as
degradabilidades da FDA nos vários tempos
de incubação. Comparando-se os dados da
Tabela 8 com a Tabela 6, verifica-se que as
taxas de desaparecimento da FDA do
subproduto de maracujá reduziram bastante
285
em relação àquelas da FDN. O interessante
é que os desaparecimentos da FDA da
gramínea foram semelhantes àqueles do
subproduto até as 24h e superiores às 48 e
96h de incubação, enquanto as taxas de
desaparecimento da FDN do subproduto
foram superiores àquelas do capim até as
24h, idêntica às 48h e inferior às 96h de
incubação. Esta resposta inversa denota o
efeito antinutricional das ligninas presentes
no subproduto sobre a degradabilidade da
FDA indisponibilizando esta fração à ação
dos microrganismos ruminais. Esta
indisponibilização resultou em um baixo
percentual de degradabilidade potencial (A)
(Tabela 9). Houve alta correlação entre a
degradabilidade
da
FDN
e
a
degradabilidade da FDA tanto para o
subproduto de maracujá (r=0,953; P<0,01)
quanto para o capim elefante (r=0,9959;
P<0,0001), provavelmente em virtude desta
fração fazer parte da FDN.
Tabela 8. Desaparecimento da fibra em
detergente ácido (%) do subproduto de
maracujá e do capim elefante incubados em
sacos de náilon no rume de ovinos
submetidos a dieta contendo subproduto de
maracujá
Tempo de
Subproduto
Capim
incubação de Maracujá2
elefante2
(h)1
6
9,89Da
15,46Da
Ca
12
15,55
20,19Da
24
29,05Ba
34,07Ca
ABb
48
33,54
51,99Ba
Ab
96
37,69
61,76Aa
1
Letras maiúsculas iguais na mesma coluna
indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
2
Letras minúsculas iguais na mesma linha
indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
CV=15,67%
A celulose é o principal substrato fibroso
atacado pelos microrganismos ruminais e o
início da atividade de degradação fibrosa.
Como conseqüência, os valores de
desaparecimento da FDA do capim elefante
286
foram superiores. As ligninas existentes no
subproduto de maracujá provavelmente
influenciaram no baixo valor de fração
potencialmente degradável encontrado para
ele (A=37,42%) (Tabela 9). Basta lembrar
que no Capítulo XII foi mostrado que o
aumento do consumo de FDA como
porcentagem da matéria seca ingerida
resultou na redução dos coeficientes de
digestibilidade da FDN, da própria FDA e
das hemiceluloses.
A porção de FDA do capim mostrou-se
mais digestível que a do subproduto
particularmente nos tempos 48 e 96h.
Contribuiu para isso principalmente a maior
fração B1 encontrada para o capim elefante.
A alta taxa de degradação (c) compensou a
menor fração potencialmente degradável
encontrada para o subproduto apenas nas
primeiras horas de incubação. Depois disso,
a indisponibilidade do substrato fibroso à
degradação ruminal provavelmente causada
pelas ligninas cessou a degradação da FDA.
Teixeira (1997) preparou uma compilação
de dados de literatura que mostram valores
médios de degradabilidade da FDA de
diferentes alimentos. Considerando que o
valor médio de desaparecimento da FDA do
subproduto de maracujá foi de 25,14%
percebe-se que o mesmo foi ainda superior
àquele encontrado para o farelo de algodão
(21,1%), mas inferior àquele encontrado
para o bagaço de cana (45,1%).
Os resultados de desaparecimento da FDA
convergiram para o modelo proposto por
Sampaio (1988) (Figura 4), e as seguintes
equações de regressão foram obtidas:
Deg. FDA Subproduto de Maracujá =
37,4219 - 39,5672 * EXP (-0,05636 * t)
r2=0,808
Deg. FDA Capim Elefante = 66,6923 62,368 * EXP (-0,02788 * t) r2=0,928
Desaparecimento da FDA (%)
70
60
50
40
S. Maracujá
30
C. elefante
20
10
0
0
12
24
36
48
60
72
84
96
Tempo de incubação (h)
Figura 4. Desaparecimento da FDA dos alimentos em função do tempo de incubação
A partir da análise destas equações observase que embora a taxa de degradação “c” do
subproduto de maracujá seja maior que
àquela encontrada para o capim elefante, os
baixos valores de A (fração potencialmente
degradável), de S e, portanto de B1 se
mostraram sempre menores que os
encontrados para o capim elefante o que
não trouxe benefícios para os valores de
degradabilidades efetivas do subproduto de
maracujá.
Na Tabela 9, são apresentados os potenciais
de degradação, as taxas de degradação, as
frações solúveis, as frações degradáveis, os
tempos
de
colonização
e
as
degradabilidades efetivas, nas taxas de
passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da FDA dos
alimentos.
A degradabilidade efetiva do subproduto de
maracujá para as diferentes taxas de
passagem
pré-fixadas
foram
muito
inferiores àquelas encontradas para o capim
elefante, inversamente ao que ocorreu para
a degradabilidade efetiva da FDN cujas
degradabilidades efetivas foram superiores
àquelas do capim graças ao efeito da taxa
fracional “c” mais alta para o subproduto e,
por apresentar um potencial de degradação
bem superior ao aqui encontrado (48,91%)
(Tabela 7). Estes resultados demonstram
que o valor de degradabilidade potencial da
FDN foi mais baixo do que o do capim
elefante (Tabela 7) como conseqüência do
efeito das ligninas sobre esta fração,
entretanto,
principalmente
as
hemiceluloses, mas também a celulose
provavelmente contribuíram em termos de
disponibilidade ruminal para que a fração A
da FDN fosse superior àquela da FDA e
então ocorresse uma maior degradabilidade
efetiva para a FDN do subproduto em
relação à gramínea. As taxas de
desaparecimento das hemiceluloses e da
celulose serão comentadas a seguir para a
confirmação ou não destes comentários.
De acordo com Chesson e Forsberg (1988),
as bactérias celulolíticas são as primeiras a
iniciar a degradação da parede celular
vegetal. Ainda segundo estes autores, o
parênquima prontamente digestível é
intensivamente colonizado por elas e
prontamente digerido, enquanto a espessa
parede celular de tecidos esclerenquimais e
vasculares é esparsamente colonizada dada
as complexas ligações lignina-celulose
existentes. Tratamentos químicos com
álcalis, por exemplo, podem vir a contribuir
com a maior disponibilização dos
carboidratos estruturais contidos no
subproduto
de
maracujá
aos
microrganismos ruminais.
287
Tabela 9. Potenciais de degradação (A),
taxas de degradação (c), frações solúveis
(S), frações degradáveis (B1), tempos de
colonização (TC) e degradabilidades
efetivas (DE), nas taxas de passagem
2,0%/h e 5,0%/h, da fibra em detergente
ácido dos alimentos utilizados neste
experimento
Parâmetro
Subproduto
Capim
de Maracujá
elefante
A (%)
37,42
66,69
c (%/h)
5,636
2,788
S (%)
5,33
15,01
B1 (%)
32,09
51,68
TC (h)
3:43
6:44
DE 2,0%/h
29,02
45,10
(%)
DE 5,0%/h
22,34
33,51
(%)
3.6.
Desaparecimento
ruminal
das
hemiceluloses do subproduto de maracujá e
capim elefante incubados in situ em ovinos
As degradabilidades das hemiceluloses nos
vários tempos de incubação estão na Tabela
10.
Tabela
10.
Desaparecimento
das
hemiceluloses (%) do subproduto de
maracujá e do capim elefante incubados em
sacos de náilon no rume de ovinos
submetidos a dieta contendo subproduto de
maracujá
Tempo de
Subproduto
Capim
2
incubação de Maracujá
elefante2
(h)1
6
50,40Ca
5,55Db
Ba
12
59,51
8,96Db
ABa
24
60,02
26,87Cb
Aa
48
68,65
47,69Bb
Aa
96
68,11
61,24Aa
1
Letras maiúsculas iguais na mesma coluna
indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
2
Letras minúsculas iguais na mesma linha
indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
CV=13,09%
288
Os dados de desaparecimento das
hemiceluloses foram similares àqueles
encontrados para a FDN, ou seja, foram
superiores para o subproduto de maracujá
até as 24h de incubação. Para as
hemiceluloses a superioridade ainda foi até
as 48h e permaneceu semelhante àquela
encontrada para a gramínea até as 96h de
incubação, indicando maior disponibilidade
ruminal para as hemiceluloses em relação a
FDA e FDN (Tabelas 7 e 9).
No Capítulo XII verificou-se a diminuição
da digestibilidade das hemiceluloses
quando o subproduto de maracujá foi
incluído em 31 e 47% do total dietético,
entretanto, neste estudo de desaparecimento
ruminal das hemiceluloses para o
subproduto de maracujá em relação ao
capim elefante foram encontrados os
maiores valores de desaparecimento das
hemiceluloses para todos os horários com
exceção das 96h. Os dados de
desaparecimento da FDN também se
mostraram superiores aos encontrados para
o capim elefante até as 48h de incubação
ruminal.
O
desaparecimento
das
hemiceluloses foi cerca de 10 vezes mais
acentuado às seis horas de incubação,
cresceu até as 12 horas e daí em diante
estabilizou. O capim elefante, por sua vez,
teve valores de desaparecimento idêntico às
seis e 12 horas de incubação e daí em diante
houve um aumento significativo (P<0,05)
até as 96 h de incubação. Alta correlação
foi, portanto, encontrada entre as
degradabilidades das hemiceluloses e da
FDN para o capim elefante (r=0,989;
P<0,0001). Para o subproduto de maracujá
também
foi
encontrada
correlação
significativa (r=0,8646; P<0,0001).
Os resultados de desaparecimento das
hemiceluloses também convergiram para o
modelo proposto por Sampaio (1988)
(Figura 5), e as seguintes equações de
regressão foram obtidas:
Deg. HCEL Capim Elefante = 62,00 72,0879 * EXP (-0,03134 * t) r2=0,931
Desaparecimento das HCEL (%)
Deg. HCEL Subproduto de Maracujá =
68,5865 - 23,7147 * EXP (-0,0575 * t)
r2=0,482
80
70
60
50
S. Maracujá
40
C. elefante
30
20
10
0
0
12
24
36
48
60
72
84
96
Tempo de incubação (h)
Figura 5. Desaparecimento das hemiceluloses dos alimentos em função do tempo de incubação
A degradabilidade potencial pode ser
empregada para avaliação de volumosos,
mas com certa cautela, pois não pode ser
parâmetro único, nesses casos deve-se
considerar conjuntamente com a taxa
fracional de degradação e depois com a
degradabilidade efetiva. As equações
evidenciam
a
semelhança
de
degradabilidade
potencial
entre
o
subproduto de maracujá e o capim elefante,
provavelmente porque o subproduto de
maracujá apresentou maiores valores para
“c” e S, entretanto o capim elefante
apresentou maior valor de B1 o que lhe
favoreceu o desaparecimento às 96h de
incubação (Tabela 11).
Na Tabela 11, são apresentados os
potenciais de degradação, as taxas de
degradação, as frações solúveis, as frações
degradáveis, os tempos de colonização e as
degradabilidades efetivas, nas taxas de
passagem
2,0%/h
e
5,0%/h,
das
hemiceluloses dos alimentos.
Tabela 11. Potenciais de degradação (A),
taxas de degradação (c), frações solúveis
(S), frações degradáveis (B1), tempos de
colonização (TC) e degradabilidades
efetivas (DE), nas taxas de passagem
2,0%/h e 5,0%/h, das hemiceluloses dos
alimentos utilizados neste experimento
Parâmetro
Subproduto
Capim
de Maracujá
elefante
A (%)
68,59
62,00
c (%/h)
5,75
3,13
S (%)
41,06
1,17
B1 (%)
27,53
60,83
TC (h)
-2:35
5:25
DE 2,0%/h
61,48
38,30
(%)
DE 5,0%/h
55,78
24,60
(%)
As
degradabilidades
efetivas
das
hemiceluloses foram decrescentes com o
aumento da taxa de passagem para ambos
os alimentos, sendo que o subproduto de
maracujá apresentou maiores valores de
degradabilidades efetivas do que o capim
elefante como conseqüência principalmente
da maior fração solúvel e da maior taxa de
289
degradação (c).
degradabilidade das
hemiceluloses normalmente mostra-se
inferior àquela evidenciada para a celulose
(Van Soest, 1994).
3.7. Desaparecimento ruminal da celulose
do subproduto de maracujá e capim
elefante incubados in situ em ovinos
As degradabilidades da celulose nos vários
tempos de incubação estão na Tabela 12. O
desaparecimento da celulose aumentou da
6a para a 12a hora de incubação e aí
estabilizou até a 24a hora de incubação.
Deste ponto houve novo aumento até as 48
h e nova estabilização. Os valores de
desaparecimento de celulose do subproduto
de maracujá foram sempre superiores aos
encontrados para o capim elefante com
exceção das 96h de incubação cujos valores
foram semelhantes. Verificou-se com isso
que não houve efeito das ligninas presentes
no subproduto de maracujá sobre o
desaparecimento da celulose. Estudos que
avaliem por microscopia eletrônica a
interação entre os constituintes fibrosos
presentes no subproduto de maracujá nos
subprodutos de incubação ruminal obtidos
neste experimento serão de grande valia
para o entendimento destes resultados.
Tabela 12. Desaparecimento da celulose
(%) do subproduto de maracujá e do capim
elefante incubados em sacos de náilon no
rume de ovinos submetidos a dieta
contendo subproduto de maracujá
Tempo de
Subproduto
Capim
incubação de Maracujá2
elefante2
(h)1
6
48,90Ca
38,83Db
12
63,94Ba
43,33Db
Ba
24
66,65
53,19Cb
Aa
48
76,49
68,16Bb
Aa
96
79,03
76,67Aa
1
Letras maiúsculas iguais na mesma coluna
indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
2
Letras minúsculas iguais na mesma linha
indicam semelhança estatística a 5% (SNK)
CV=6,36%
290
Os valores de desaparecimento da celulose
dos subprodutos de abacaxi e de acerola
foram inferiores a estes encontrados para o
subproduto de maracujá. Para o subproduto
de acerola (Capítulo VIII), os valores de
desaparecimento variaram de 32,5 % (t =
seis horas) para 52,37% (t = 96 horas), para
o subproduto de abacaxi (Capítulo V), os
valores variaram de 26,85% (t = seis horas)
para 62,03% (t = 96 horas) e para o
subproduto de caju (Capítulo XI), os
valores variaram de 17,46% (t = seis horas)
para 43,86% (t = 96 horas).
As equações geradas pelo modelo de
Sampaio (1988) (Figura 6) foram:
Deg. CEL Subproduto de Maracujá =
80,00 - 39,5955 * EXP (-0,05408 * t) r2=0,839
Deg. CEL Capim Elefante = 77,00 48,0972 * EXP (-0,03221 * t) r2=0,938
As equações e a Tabela 13 revelam um
maior valor potencialmente degradável para
o subproduto de maracujá, que apresentou
maiores valores de “c” e de B1.
Dietas baseadas em altos níveis de
inclusões de subproduto de maracujá levam
à redução do consumo de matéria seca
(Capítulo XII) provavelmente não por causa
de indisponibilização causada por presença
de ligninas, mas provavelmente pela
redução da efetividade física da fibra e pela
maior proporção molar de propionato no
níveis 31 e 47% de inclusão como
comentado no Capítulo XIII que levou à
queda do pH ruminal (47% de inclusão de
subproduto). De acordo com Church e Pond
(1987) o consumo de alimentos nos animais
é controlado pelo efeito calórico das dietas.
O subproduto de maracujá também
contribuiu com a alta fração energética das
dietas experimentais (Capítulo XII). A
redução do consumo de alimentos para
sistemas de produção de ruminantes exerce
efeito marcante particularmente em função
do não atendimento dos requerimentos
nutricionais prescritos pelos sistemas. O
atendimento aos níveis recomendados de
proteínas e de energia nas dietas depende
do consumo adequado de matéria seca. Esse
fato pode limitar a inclusão do subproduto
de maracujá em dietas para ruminantes de
alta produção.
Desaparecimento da CEL (%)
90
80
70
60
50
S. Maracujá
40
C. elefante
30
20
10
0
0
12
24
36
48
60
72
84
96
Tempo de incubação (h)
Figura 6. Desaparecimento da celulose dos alimentos em função do tempo de incubação
Tabela 13. Potenciais de degradação (A),
taxas de degradação (c), frações solúveis
(S), frações degradáveis (B1), tempos de
colonização (TC) e degradabilidades
efetivas (DE), nas taxas de passagem
2,0%/h e 5,0%/h, da celulose dos alimentos
utilizados neste experimento
Parâmetro
Subproduto
Capim
de Maracujá
elefante
A (%)
80,00
77,00
c (%/h)
5,408
3,221
S (%)
26,74
34,35
B1 (%)
53,26
42,65
TC (h)
-5:29
3:44
DE 2,0%/h
65,62
60,66
(%)
DE 5,0%/h
54,41
51,06
(%)
4. CONCLUSÕES
Foram evidenciados altos valores de
degradabilidade
potencial
e
de
degradabilidades efetivas da proteína bruta,
das hemiceluloses e da celulose no
subproduto de maracujá.
Os valores obtidos para o subproduto de
maracujá o credenciam como ótimo
substituto do capim elefante em dietas de
ovinos e como alimento de alta
disponibilidade de proteínas e carboidratos
no rume.
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293
294
ANEXOS
295
ANEXO 1
Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no Capítulo III
DMS
CMS
DMO
CMO
DPB
CPB
DEE
CEE
DEB
CEB
CED
CEM
BE
DCHO
CCHO
DFDN
CFDN
DFDA
CFDA
DHCEL
CHCEL
DCEL
CCEL
NING
NFECAL
NURIN
BN
NR
CMSPV
CFDNPV
CFDAPV
CHCELPV
FDNMSI
FDAMSI
HCELMSI
CELMSI
DMS
1.0000
-0.4840
0.9926
-0.4863
0.4850
-0.5366
0.1748
-0.4127
0.9874
-0.4857
-0.1538
-0.1790
-0.1485
0.9516
-0.4772
0.6154
-0.4907
0.5933
-0.5000
0.5055
-0.4754
0.8602
-0.4720
-0.4474
-0.5906
0.1508
-0.4088
-0.1529
-0.4901
-0.4964
-0.5075
-0.4798
-0.4801
0.1101
0.2074
-0.2281
CMS
-0.4840
1.0000
-0.4842
0.9991
-0.2526
0.9713
-0.0583
0.9709
-0.4629
0.9990
0.9300
0.8729
0.8011
-0.4774
0.9986
-0.2431
0.9944
-0.2048
0.9618
-0.2563
0.9953
-0.3325
0.9598
0.8653
0.8070
0.0755
0.8511
0.4002
0.9859
0.9797
0.9495
0.9785
0.9524
-0.2801
-0.5169
0.5574
DMO
0.9926
-0.4842
1.0000
-0.4861
0.4462
-0.5376
0.1135
-0.4086
0.9904
-0.4840
-0.1520
-0.1972
-0.1605
0.9730
-0.4780
0.6321
-0.4956
0.5690
-0.5051
0.5536
-0.4801
0.8303
-0.4815
-0.4470
-0.5744
0.1397
-0.4139
-0.1780
-0.4905
-0.5017
-0.5131
-0.4848
-0.4903
0.0597
0.1849
-0.2683
CMO
-0.4863
0.9991
-0.4861
1.0000
-0.2608
0.9681
-0.0468
0.9733
-0.4651
0.9991
0.9304
0.8732
0.8008
-0.4791
0.9989
-0.2573
0.9913
-0.2242
0.9578
-0.2626
0.9928
-0.3422
0.9540
0.8618
0.8070
0.0620
0.8514
0.4083
0.9852
0.9767
0.9455
0.9762
0.9465
-0.3000
-0.5272
0.5445
DPB
0.4850
-0.2526
0.4462
-0.2608
1.0000
-0.2943
0.3280
-0.2526
0.4600
-0.2613
-0.1300
-0.2048
-0.1254
0.2455
-0.2414
0.2908
-0.2384
0.3737
-0.2519
0.1573
-0.2255
0.4429
-0.1683
-0.1850
-0.5909
0.4149
-0.0946
0.1273
-0.2792
-0.2637
-0.2795
-0.2488
-0.1931
0.3030
0.2445
0.0234
CPB
-0.5366
0.9713
-0.5376
0.9681
-0.2943
1.0000
-0.1528
0.9244
-0.5254
0.9669
0.8671
0.7960
0.7543
-0.5160
0.9597
-0.2366
0.9779
-0.1622
0.9742
-0.2743
0.9611
-0.3558
0.9752
0.9119
0.8653
0.2186
0.8267
0.2494
0.9475
0.9532
0.9516
0.9351
0.9580
-0.1902
-0.4151
0.5061
Obs.: Valores em vermelho apresentam correlação significativa (P<0,05);
Valores em preto apresentam correlação não significativa (P>0,05);
Valores em azul representam o encontro de iguais aspectos analisados (linha X coluna).
296
DEE
0.1748
-0.0583
0.1135
-0.0468
0.3280
-0.1528
1.0000
0.0175
0.1462
-0.0465
0.0131
0.2331
0.2587
-0.0343
-0.0330
-0.1888
-0.0726
-0.2589
-0.0829
-0.0845
-0.0647
0.2238
-0.0914
-0.0388
-0.1506
-0.2773
0.1563
0.5433
-0.0941
-0.1079
-0.1214
-0.0975
-0.1274
-0.0004
0.0346
-0.0695
CEE
-0.4127
0.9709
-0.4086
0.9733
-0.2526
0.9244
0.0175
1.0000
-0.3741
0.9777
0.9450
0.8920
0.8151
-0.4058
0.9693
-0.2453
0.9540
-0.2315
0.9165
-0.2388
0.9587
-0.2903
0.9121
0.8203
0.7691
-0.0054
0.8377
0.4503
0.9584
0.9408
0.9061
0.9432
0.9060
-0.3553
-0.5437
0.4838
DEB
0.9874
-0.4629
0.9904
-0.4651
0.4600
-0.5254
0.1462
-0.3741
1.0000
-0.4612
-0.1203
-0.1540
-0.1359
0.9583
-0.4564
0.6140
-0.4747
0.5729
-0.4879
0.5188
-0.4574
0.8298
-0.4621
-0.4519
-0.5848
0.0982
-0.3971
-0.1265
-0.4636
-0.4751
-0.4893
-0.4569
-0.4645
0.0614
0.1748
-0.2455
CEB
-0.4857
0.9990
-0.4840
0.9991
-0.2613
0.9669
-0.0465
0.9777
-0.4612
1.0000
0.9333
0.8774
0.8084
-0.4767
0.9981
-0.2530
0.9907
-0.2236
0.9571
-0.2567
0.9922
-0.3426
0.9535
0.8643
0.8088
0.0555
0.8570
0.4156
0.9838
0.9747
0.9435
0.9743
0.9448
-0.3039
-0.5295
0.5423
CED
-0.1538
0.9300
-0.1520
0.9304
-0.1300
0.8671
0.0131
0.9450
-0.1203
0.9333
1.0000
0.9283
0.8525
-0.1537
0.9325
-0.0751
0.9114
-0.0512
0.8611
-0.1177
0.9248
-0.0651
0.8679
0.7764
0.6647
0.0731
0.8005
0.4400
0.9145
0.8952
0.8470
0.9068
0.8587
-0.3634
-0.5698
0.5221
CEM
-0.1790
0.8729
-0.1972
0.8732
-0.2048
0.7960
0.2331
0.8920
-0.1540
0.8774
0.9283
1.0000
0.9258
-0.2013
0.8788
-0.1230
0.8566
-0.1064
0.8086
-0.1463
0.8697
-0.1012
0.7942
0.7381
0.6818
-0.1270
0.8137
0.5664
0.8490
0.8323
0.7854
0.8443
0.7760
-0.3055
-0.5186
0.5179
BE
-0.1485
0.8011
-0.1605
0.8008
-0.1254
0.7543
0.2587
0.8151
-0.1359
0.8084
0.8525
0.9258
1.0000
-0.1756
0.8028
-0.0679
0.7860
-0.0860
0.7571
-0.0662
0.7886
-0.0623
0.7511
0.8520
0.7418
-0.0297
0.9181
0.5768
0.7167
0.7007
0.6683
0.7065
0.6705
-0.2692
-0.4291
0.4004
DCHO
0.9516
-0.4774
0.9730
-0.4791
0.2455
-0.5160
-0.0343
-0.4058
0.9583
-0.4767
-0.1537
-0.2013
-0.1756
1.0000
-0.4754
0.6363
-0.4900
0.5585
-0.4954
0.5702
-0.4772
0.7824
-0.4860
-0.4453
-0.4873
0.0900
-0.4468
-0.2726
-0.4772
-0.4899
-0.4967
-0.4759
-0.4889
0.0161
0.1582
-0.2888
CCHO
-0.4772
0.9986
-0.4780
0.9989
-0.2414
0.9597
-0.0330
0.9693
-0.4564
0.9981
0.9325
0.8788
0.8028
-0.4754
1.0000
-0.2515
0.9908
-0.2208
0.9531
-0.2572
0.9949
-0.3330
0.9501
0.8519
0.7904
0.0509
0.8509
0.4276
0.9860
0.9776
0.9422
0.9796
0.9440
-0.2966
-0.5338
0.5633
ANEXO 1
Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no Capítulo III
DMS
CMS
DMO
CMO
DPB
CPB
DEE
CEE
DEB
CEB
CED
CEM
BE
DCHO
CCHO
DFDN
CFDN
DFDA
CFDA
DHCEL
CHCEL
DCEL
CCEL
NING
NFECAL
NURIN
BN
NR
CMSPV
CFDNPV
CFDAPV
CHCELPV
FDNMSI
FDAMSI
HCELMSI
CELMSI
DFDN
0.6154
-0.2431
0.6321
-0.2573
0.2908
-0.2366
-0.1888
-0.2453
0.6140
-0.2530
-0.0751
-0.1230
-0.0679
0.6363
-0.2515
1.0000
-0.2112
0.8741
-0.1521
0.9077
-0.2439
0.5004
-0.1843
-0.1698
-0.2367
0.2657
-0.2377
-0.3405
-0.2561
-0.2232
-0.1633
-0.2555
-0.1954
0.3972
0.4481
-0.2234
CFDN
-0.4907
0.9944
-0.4956
0.9913
-0.2384
0.9779
-0.0726
0.9540
-0.4747
0.9907
0.9114
0.8566
0.7860
-0.4900
0.9908
-0.2112
1.0000
-0.1539
0.9806
-0.2440
0.9926
-0.3205
0.9793
0.8708
0.8110
0.1335
0.8322
0.3426
0.9805
0.9857
0.9691
0.9762
0.9728
-0.1801
-0.4390
0.5708
DFDA
0.5933
-0.2048
0.5690
-0.2242
0.3737
-0.1622
-0.2589
-0.2315
0.5729
-0.2236
-0.0512
-0.1064
-0.0860
0.5585
-0.2208
0.8741
-0.1539
1.0000
-0.0926
0.5922
-0.1891
0.5656
-0.0831
-0.1404
-0.2597
0.4312
-0.2464
-0.3981
-0.2060
-0.1535
-0.0898
-0.1896
-0.0800
0.5584
0.4963
-0.0476
CFDA
-0.5000
0.9618
-0.5051
0.9578
-0.2519
0.9742
-0.0829
0.9165
-0.4879
0.9571
0.8611
0.8086
0.7571
-0.4954
0.9531
-0.1521
0.9806
-0.0926
1.0000
-0.1873
0.9494
-0.3240
0.9901
0.8821
0.8392
0.2179
0.7955
0.2228
0.9420
0.9605
0.9835
0.9272
0.9786
-0.0552
-0.2740
0.4526
DHCL
0.5055
-0.2563
0.5536
-0.2626
0.1573
-0.2743
-0.0845
-0.2388
0.5188
-0.2567
-0.1177
-0.1463
-0.0662
0.5702
-0.2572
0.9077
-0.2440
0.5922
-0.1873
1.0000
-0.2744
0.3397
-0.2515
-0.1763
-0.1763
0.0859
-0.2097
-0.2608
-0.2780
-0.2654
-0.2093
-0.2944
-0.2735
0.2139
0.3706
-0.3781
CHCL
-0.4754
0.9953
-0.4801
0.9928
-0.2255
0.9611
-0.0647
0.9587
-0.4574
0.9922
0.9248
0.8697
0.7886
-0.4772
0.9949
-0.2439
0.9926
-0.1891
0.9494
-0.2744
1.0000
-0.3122
0.9536
0.8468
0.7777
0.0785
0.8388
0.4103
0.9854
0.9822
0.9412
0.9875
0.9502
-0.2542
-0.5328
0.6330
DCEL
0.8602
-0.3325
0.8303
-0.3422
0.4429
-0.3558
0.2238
-0.2903
0.8298
-0.3426
-0.0651
-0.1012
-0.0623
0.7824
-0.3330
0.5004
-0.3205
0.5656
-0.3240
0.3397
-0.3122
1.0000
-0.2774
-0.2672
-0.4171
0.2641
-0.2775
-0.1534
-0.3483
-0.3359
-0.3421
-0.3255
-0.2941
0.2274
0.2176
-0.0505
CCEL
-0.4720
0.9598
-0.4815
0.9540
-0.1683
0.9752
-0.0914
0.9121
-0.4621
0.9535
0.8679
0.7942
0.7511
-0.4860
0.9501
-0.1843
0.9793
-0.0831
0.9901
-0.2515
0.9536
-0.2774
1.0000
0.8904
0.8029
0.2827
0.8048
0.2327
0.9368
0.9561
0.9699
0.9285
0.9853
-0.0466
-0.2940
0.5070
NING
-0.4474
0.8653
-0.4470
0.8618
-0.1850
0.9119
-0.0388
0.8203
-0.4519
0.8643
0.7764
0.7381
0.8520
-0.4453
0.8519
-0.1698
0.8708
-0.1404
0.8821
-0.1763
0.8468
-0.2672
0.8904
1.0000
0.8933
0.2763
0.9272
0.3049
0.7756
0.7799
0.7880
0.7594
0.8051
-0.1533
-0.3204
0.3795
NFECAL
-0.5906
0.8070
-0.5744
0.8070
-0.5909
0.8653
-0.1506
0.7691
-0.5848
0.8088
0.6647
0.6818
0.7418
-0.4873
0.7904
-0.2367
0.8110
-0.2597
0.8392
-0.1763
0.7777
-0.4171
0.8029
0.8933
1.0000
0.0335
0.7883
0.1744
0.7449
0.7475
0.7745
0.7160
0.7440
-0.1913
-0.2923
0.2597
NURIN
0.1508
0.0755
0.1397
0.0620
0.4149
0.2186
-0.2773
-0.0054
0.0982
0.0555
0.0731
-0.1270
-0.0297
0.0900
0.0509
0.2657
0.1335
0.4312
0.2179
0.0859
0.0785
0.2641
0.2827
0.2763
0.0335
1.0000
-0.0057
-0.5746
0.0393
0.0976
0.1815
0.0441
0.2502
0.4585
0.3605
0.0546
BN
-0.4088
0.8511
-0.4139
0.8514
-0.0946
0.8267
0.1563
0.8377
-0.3971
0.8570
0.8005
0.8137
0.9181
-0.4468
0.8509
-0.2377
0.8322
-0.2464
0.7955
-0.2097
0.8388
-0.2775
0.8048
0.9272
0.7883
-0.0057
1.0000
0.6339
0.7611
0.7411
0.7000
0.7515
0.7181
-0.3244
-0.4885
0.4259
NR
-0.1529
0.4002
-0.1780
0.4083
0.1273
0.2494
0.5433
0.4503
-0.1265
0.4156
0.4400
0.5664
0.5768
-0.2726
0.4276
-0.3405
0.3426
-0.3981
0.2228
-0.2608
0.4103
-0.1534
0.2327
0.3049
0.1744
-0.5746
0.6339
1.0000
0.3620
0.3039
0.1798
0.3738
0.1941
-0.5091
-0.6097
0.3562
CMSPV
-0.4901
0.9859
-0.4905
0.9852
-0.2792
0.9475
-0.0941
0.9584
-0.4636
0.9838
0.9145
0.8490
0.7167
-0.4772
0.9860
-0.2561
0.9805
-0.2060
0.9420
-0.2780
0.9854
-0.3483
0.9368
0.7756
0.7449
0.0393
0.7611
0.3620
1.0000
0.9942
0.9601
0.9951
0.9581
-0.2820
-0.5300
0.5804
Obs.: Valores em vermelho apresentam correlação significativa (P<0,05);
Valores em preto apresentam correlação não significativa (P>0,05);
Valores em azul representam o encontro de iguais aspectos analisados (linha X coluna).
297
ANEXO 1
Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no Capítulo III
DMS
CMS
DMO
CMO
DPB
CPB
DEE
CEE
DEB
CEB
CED
CEM
BE
DCHO
CCHO
DFDN
CFDN
DFDA
CFDA
DHCEL
CHCEL
DCEL
CCEL
NING
NFECAL
NURIN
BN
NR
CMSPV
CFDNPV
CFDAPV
CHCELPV
CCELPV
FDNMSI
FDAMSI
HCELMSI
CELMSI
CFDNPV
-0.4964
0.9797
-0.5017
0.9767
-0.2637
0.9532
-0.1079
0.9408
-0.4751
0.9747
0.8952
0.8323
0.7007
-0.4899
0.9776
-0.2232
0.9857
-0.1535
0.9605
-0.2654
0.9822
-0.3359
0.9561
0.7799
0.7475
0.0976
0.7411
0.3039
0.9942
1.0000
0.9796
0.9924
0.9785
-0.1793
-0.4500
0.5942
-0.2837
CFDAPV
-0.5075
0.9495
-0.5131
0.9455
-0.2795
0.9516
-0.1214
0.9061
-0.4893
0.9435
0.8470
0.7854
0.6683
-0.4967
0.9422
-0.1633
0.9691
-0.0898
0.9835
-0.2093
0.9412
-0.3421
0.9699
0.7880
0.7745
0.1815
0.7000
0.1798
0.9601
0.9796
1.0000
0.9476
0.9895
-0.0515
-0.2821
0.4751
-0.1372
CHCLPV
-0.4798
0.9785
-0.4848
0.9762
-0.2488
0.9351
-0.0975
0.9432
-0.4569
0.9743
0.9068
0.8443
0.7065
-0.4759
0.9796
-0.2555
0.9762
-0.1896
0.9272
-0.2944
0.9875
-0.3255
0.9285
0.7594
0.7160
0.0441
0.7515
0.3738
0.9951
0.9924
0.9476
1.0000
0.9521
-0.2541
-0.5438
0.6551
-0.3678
CCELPV
-0.4801
0.9524
-0.4903
0.9465
-0.1931
0.9580
-0.1274
0.9060
-0.4645
0.9448
0.8587
0.7760
0.6705
-0.4889
0.9440
-0.1954
0.9728
-0.0800
0.9786
-0.2735
0.9502
-0.2941
0.9853
0.8051
0.7440
0.2502
0.7181
0.1941
0.9581
0.9785
0.9895
0.9521
1.0000
-0.0431
-0.3035
0.5320
-0.0961
FDNMSI
0.1101
-0.2801
0.0597
-0.3000
0.3030
-0.1902
-0.0004
-0.3553
0.0614
-0.3039
-0.3634
-0.3055
-0.2692
0.0161
-0.2966
0.3972
-0.1801
0.5584
-0.0552
0.2139
-0.2542
0.2274
-0.0466
-0.1533
-0.1913
0.4585
-0.3244
-0.5091
-0.2820
-0.1793
-0.0515
-0.2541
-0.0431
1.0000
0.8654
-0.0373
0.8807
Obs,: Valores em vermelho apresentam correlação significativa (P<0,05);
Valores em preto apresentam correlação não significativa (P>0,05);
Valores em azul representam o encontro de iguais aspectos analisados (linha X coluna),
298
FDAMSI
0.2074
-0.5169
0.1849
-0.5272
0.2445
-0.4151
0.0346
-0.5437
0.1748
-0.5295
-0.5698
-0.5186
-0.4291
0.1582
-0.5338
0.4481
-0.4390
0.4963
-0.2740
0.3706
-0.5328
0.2176
-0.2940
-0.3204
-0.2923
0.3605
-0.4885
-0.6097
-0.5300
-0.4500
-0.2821
-0.5438
-0.3035
0.8654
1.0000
-0.5330
0.8901
HCLMSI
-0.2281
0.5574
-0.2683
0.5445
0.0234
0.5061
-0.0695
0.4838
-0.2455
0.5423
0.5221
0.5179
0.4004
-0.2888
0.5633
-0.2234
0.5708
-0.0476
0.4526
-0.3781
0.6330
-0.0505
0.5070
0.3795
0.2597
0.0546
0.4259
0.3562
0.5804
0.5942
0.4751
0.6551
0.5320
-0.0373
-0.5330
1.0000
-0.2882
CELMSI
0.2008
-0.3423
0.1624
-0.3587
0.4521
-0.2248
0.0034
-0.3841
0.1629
-0.3604
-0.3853
-0.4058
-0.2998
0.0935
-0.3645
0.3101
-0.2584
0.5050
-0.1139
0.1246
-0.3431
0.2978
-0.0739
-0.1240
-0.2415
0.6062
-0.3079
-0.5377
-0.3696
-0.2837
-0.1372
-0.3678
-0.0961
0.8807
0.8901
-0.2882
1.0000
ANEXO 1
Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no Capítulo III
Onde: DMS
= Digestibilidade da Matéria Seca
DHCEL
= Digestibilidade das Hemiceluloses
CMS
= Consumo de Matéria Seca por Unidade de Tamanho Metabólico
CHCEL
= Consumo das Hemiceluloses por Unidade de Tamanho Metabólico
DMO
= Digestibilidade da Matéria Orgânica
DCEL
= Digestibilidade da Celulose
CMO
= Consumo de Matéria Orgânica por Unidade de Tamanho Metabólico
CCEL
= Consumo da Celulose por Unidade de Tamanho Metabólico
DPB
= Digestibilidade da Proteína Bruta
NING
= % de Nitrogênio Ingerido
CPB
= Consumo de Proteína Bruta por Unidade de Tamanho Metabólico
NFECAL
= % de Nitrogênio Fecal
DEE
= Digestibilidade do Extrato Etéreo
NURIN
= % de Nitrogênio na Urina
CEE
= Consumo do Extrato Etéreo por Unidade de Tamanho Metabólico
BN
= Balanço de Nitrogênio
DEB
= Digestibilidade da Energia Bruta
NRET
= Nitrogênio Retido
CEB
= Consumo de Energia Bruta por Unidade de Tamanho Metabólico
CMSPV
= Consumo de Matéria seca por Unidade de Peso vivo
CED
= Consumo de Energia Digestível por Unidade de Tamanho Metabólico
CFDNPV
= Consumo da Fibra em Detergente Neutro por Unidade de Peso vivo
= Consumo da Fibra em Detergente Ácido por Unidade de Peso vivo
CEM
= Consumo de Energia Metabolizável por Unidade de Tamanho Metabólico
CFDAPV
BE
= Balanço de Energia
CHCELPV
= Consumo de Hemiceluloses por Unidade de Peso vivo
DCHO
= Digestibilidade dos Carboidratos
CCELPV
= Consumo de Celulose por Unidade de Peso vivo
CCHO
= Consumo de Carboidratos por Unidade de Tamanho Metabólico
FDNMSI
= Consumo da Fibra em Detergente Neutro Proporcional a Matéria Seca Ingerida
DFDN
= Digestibilidade da Fibra em Detergente Neutro
FDAMSI
= Consumo da Fibra em Detergente Ácido Proporcional a Matéria Seca Ingerida
CFDN
= Consumo da Fibra em Detergente Neutro por Unidade de Tamanho Metabólico
HCELMSI
= Consumo de Hemiceluloses Proporcional a Matéria Seca Ingerida
DFDA
= Digestibilidade da Fibra em Detergente Ácido
CELMSI
= Consumo de Celulose Proporcional a Matéria Seca Ingerida
CFDA
= Consumo da Fibra em Detergente Ácido por Unidade de Tamanho Metabólico
299
ANEXO 2
Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no Capítulo VI
DMS
CMS
DMO
CMO
DPB
CPB
DEE
CEE
DEB
CEB
CED
CEM
BE
DCHO
CCHO
DFDN
CFDN
DFDA
CFDA
DHCEL
CHCEL
DCEL
CCEL
NING
NFECAL
NURIN
BN
NR
CMSPV
CFDNPV
CFDAPV
CHCELPV
FDNMSI
FDAMSI
HCELMSI
CELMSI
DMS
1,0000
0,5829
0,9138
0,2189
-0,1494
0,3506
-0,4241
0,7044
0,7246
0,5504
0,6721
0,5986
0,1852
0,9009
0,5753
0,8536
0,4972
0,6404
-0,2582
0,4061
0,7498
0,8255
0,5676
0,2794
0,3290
0,3335
0,0142
-0,3064
0,5968
0,5135
-0,2534
0,7578
0,5837
-0,7317
-0,8439
0,9026
CMS
0,5829
1,0000
0,3645
0,7378
-0,1983
0,9226
-0,3657
0,9764
0,2774
0,9988
0,9736
0,8554
0,6823
0,3684
0,9993
0,3031
0,9832
0,2946
0,4629
-0,3087
0,9598
0,2672
0,9014
0,8410
0,8453
-0,0004
0,6092
0,0443
0,9916
0,9749
0,4518
0,9480
0,8849
-0,6972
-0,6858
0,6418
DMO
0,9138
0,3645
1,0000
0,1313
-0,0203
0,1602
-0,2411
0,4904
0,8973
0,3306
0,5209
0,4731
-0,0143
0,9642
0,3544
0,9035
0,2982
0,7043
-0,3234
0,6262
0,5403
0,9260
0,4307
0,1472
0,1472
0,2572
-0,0146
-0,1860
0,3692
0,3030
-0,3342
0,5443
0,4374
-0,4912
-0,6321
0,7270
CMO
0,2189
0,7378
0,1313
1,0000
0,1142
0,7381
-0,1357
0,6480
0,1963
0,7520
0,7317
0,6912
0,5362
0,0872
0,7462
0,1554
0,8034
0,3228
0,6785
-0,2950
0,6229
0,1086
0,7950
0,8488
0,6998
-0,2642
0,8363
0,4155
0,6721
0,7297
0,6043
0,5696
0,7126
-0,1841
-0,2036
0,2109
DPB
-0,1494
-0,1983
-0,0203
0,1142
1,0000
-0,0543
0,4971
-0,2698
0,0860
-0,1821
-0,1361
-0,2018
-0,0357
-0,2640
-0,2024
-0,1087
-0,1065
-0,1145
0,2387
0,2159
-0,2591
-0,0014
-0,0584
0,0530
-0,4752
-0,0302
0,3858
0,5698
-0,2303
-0,1416
0,2088
-0,2821
-0,0918
0,4675
0,3967
-0,3138
CPB
0,3506
0,9226
0,1602
0,7381
-0,0543
1,0000
-0,1678
0,8400
0,1267
0,9363
0,8839
0,7158
0,7755
0,1430
0,9156
0,0439
0,9451
0,0539
0,6727
-0,3588
0,8001
0,0485
0,8032
0,9194
0,8407
0,0258
0,7062
0,1329
0,9080
0,9298
0,6597
0,7837
0,7776
-0,4917
-0,4331
0,3591
Obs.: Valores em vermelho apresentam correlação significativa (P<0,05);
Valores em preto apresentam correlação não significativa (P>0,05);
Valores em azul representam o encontro de iguais aspectos analisados (linha X coluna).
300
DEE
-0,4241
-0,3657
-0,2411
-0,1357
0,4971
-0,1678
1,0000
-0,4522
-0,0394
-0,3425
-0,3074
-0,2691
-0,2791
-0,3938
-0,3692
-0,5100
-0,2605
-0,4668
0,2775
-0,0011
-0,4692
-0,2185
-0,1770
-0,1836
-0,4047
-0,2440
0,1213
0,4765
-0,3537
-0,2459
0,3028
-0,4583
-0,1605
0,6765
0,6600
-0,6126
CEE
0,7044
0,9764
0,4904
0,6480
-0,2698
0,8400
-0,4522
1,0000
0,3712
0,9658
0,9647
0,8719
0,5982
0,5081
0,9741
0,4437
0,9310
0,3954
0,2788
-0,2224
0,9945
0,3972
0,8713
0,7444
0,7987
0,0320
0,4921
-0,0457
0,9763
0,9319
0,2744
0,9891
0,8651
-0,7922
-0,8059
0,7783
DEB
0,7246
0,2774
0,8973
0,1963
0,0860
0,1267
-0,0394
0,3712
1,0000
0,2500
0,4819
0,4683
-0,0950
0,8427
0,2670
0,7869
0,2529
0,6482
-0,1891
0,6060
0,4125
0,8371
0,4312
0,1227
0,0766
0,0504
0,0944
0,0493
0,2817
0,2577
-0,1976
0,4174
0,4391
-0,2468
-0,4012
0,5197
CEB
0,5504
0,9988
0,3306
0,7520
-0,1821
0,9363
-0,3425
0,9658
0,2500
1,0000
0,9682
0,8477
0,6960
0,3315
0,9984
0,2662
0,9884
0,2675
0,5007
-0,3304
0,9458
0,2334
0,8998
0,8560
0,8508
-0,0061
0,6289
0,0602
0,9890
0,9786
0,4890
0,9329
0,8816
-0,6709
-0,6539
0,6064
CED
0,6721
0,9736
0,5209
0,7317
-0,1361
0,8839
-0,3074
0,9647
0,4819
0,9682
1,0000
0,8833
0,6029
0,5054
0,9703
0,4287
0,9619
0,3969
0,4218
-0,1480
0,9557
0,4212
0,9306
0,8052
0,7854
0,0006
0,5979
0,0779
0,9673
0,9562
0,4115
0,9464
0,9182
-0,6541
-0,6790
0,6678
CEM
0,5986
0,8554
0,4731
0,6912
-0,2018
0,7158
-0,2691
0,8719
0,4683
0,8477
0,8833
1,0000
0,3395
0,4797
0,8574
0,4178
0,8386
0,4904
0,3065
-0,2850
0,8661
0,4676
0,8178
0,6610
0,7080
-0,2528
0,5708
0,2057
0,8483
0,8309
0,2908
0,8576
0,8041
-0,5653
-0,6126
0,6247
BE
0,1852
0,6823
-0,0143
0,5362
-0,0357
0,7755
-0,2791
0,5982
-0,0950
0,6960
0,6029
0,3395
1,0000
-0,0150
0,6782
-0,0357
0,6582
-0,0848
0,4063
-0,2787
0,5907
-0,2398
0,4633
0,7747
0,6774
0,2593
0,5022
-0,0709
0,6483
0,6193
0,3665
0,5604
0,4137
-0,5232
-0,4097
0,2877
DCHO
0,9009
0,3684
0,9642
0,0872
-0,2640
0,1430
-0,3938
0,5081
0,8427
0,3315
0,5054
0,4797
-0,0150
1,0000
0,3592
0,9123
0,2799
0,7180
-0,3893
0,5864
0,5532
0,8852
0,3914
0,1231
0,2524
0,2712
-0,1203
-0,3341
0,3755
0,2868
-0,4001
0,5593
0,3995
-0,5775
-0,6907
0,7581
CCHO
0,5753
0,9993
0,3544
0,7462
-0,2024
0,9156
-0,3692
0,9741
0,2670
0,9984
0,9703
0,8574
0,6782
0,3592
1,0000
0,2991
0,9833
0,2984
0,4665
-0,3212
0,9579
0,2594
0,9038
0,8377
0,8445
-0,0101
0,6098
0,0474
0,9900
0,9740
0,4545
0,9456
0,8864
-0,6935
-0,6824
0,6386
ANEXO 2
Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no Capítulo VI
DMS
CMS
DMO
CMO
DPB
CPB
DEE
CEE
DEB
CEB
CED
CEM
BE
DCHO
CCHO
DFDN
CFDN
DFDA
CFDA
DHCEL
CHCEL
DCEL
CCEL
NING
NFECAL
NURIN
BN
NR
CMSPV
CFDNPV
CFDAPV
CHCELPV
FDNMSI
FDAMSI
HCELMSI
CELMSI
DFDN
0,8536
0,3031
0,9035
0,1554
-0,1087
0,0439
-0,5100
0,4437
0,7869
0,2662
0,4287
0,4178
-0,0357
0,9123
0,2991
1,0000
0,2183
0,8905
-0,4258
0,5718
0,4970
0,8823
0,3278
0,1136
0,1588
0,2347
-0,0569
-0,2557
0,2837
0,1954
-0,4656
0,4826
0,3067
-0,5343
-0,6654
0,7501
CFDN
0,4972
0,9832
0,2982
0,8034
-0,1065
0,9451
-0,2605
0,9310
0,2529
0,9884
0,9619
0,8386
0,6582
0,2799
0,9833
0,2183
1,0000
0,2445
0,6052
-0,3298
0,9040
0,2252
0,9338
0,8703
0,8278
-0,0675
0,6918
0,1555
0,9714
0,9885
0,5943
0,8896
0,9144
-0,5579
-0,5527
0,5206
DFDA
0,6404
0,2946
0,7043
0,3228
-0,1145
0,0539
-0,4668
0,3954
0,6482
0,2675
0,3969
0,4904
-0,0848
0,7180
0,2984
0,8905
0,2445
1,0000
-0,2428
0,2981
0,4310
0,8009
0,3226
0,1843
0,2320
-0,0333
0,1197
-0,0483
0,2536
0,1972
-0,3047
0,4002
0,2761
-0,3647
-0,4832
0,5655
CFDA
-0,2582
0,4629
-0,3234
0,6785
0,2387
0,6727
0,2775
0,2788
-0,1891
0,5007
0,4218
0,3065
0,4063
-0,3893
0,4665
-0,4258
0,6052
-0,2428
1,0000
-0,4168
0,2067
-0,2996
0,5453
0,6700
0,4789
-0,2434
0,7230
0,4624
0,4350
0,5764
0,9857
0,1825
0,5108
0,2553
0,3123
-0,3479
DHCEL
0,4061
-0,3087
0,6262
-0,2950
0,2159
-0,3588
-0,0011
-0,2224
0,6060
-0,3304
-0,1480
-0,2850
-0,2787
0,5864
-0,3212
0,5718
-0,3298
0,2981
-0,4168
1,0000
-0,1814
0,5205
-0,1532
-0,2887
-0,3684
0,4680
-0,3812
-0,3079
-0,3139
-0,3362
-0,4307
-0,1823
-0,1532
0,0715
-0,0335
0,1260
CHCEL
0,7498
0,9598
0,5403
0,6229
-0,2591
0,8001
-0,4692
0,9945
0,4125
0,9458
0,9557
0,8661
0,5907
0,5532
0,9579
0,4970
0,9040
0,4310
0,2067
-0,1814
1,0000
0,4378
0,8548
0,7097
0,7601
0,0477
0,4619
-0,0573
0,9603
0,9053
0,2009
0,9953
0,8495
-0,8228
-0,8470
0,8268
DCEL
0,8255
0,2672
0,9260
0,1086
-0,0014
0,0485
-0,2185
0,3972
0,8371
0,2334
0,4212
0,4676
-0,2398
0,8852
0,2594
0,8823
0,2252
0,8009
-0,2996
0,5205
0,4378
1,0000
0,3812
0,0426
0,0562
0,0582
-0,0051
-0,0499
0,2740
0,2332
-0,3045
0,4438
0,3932
-0,3339
-0,5052
0,6337
CCEL
0,5676
0,9014
0,4307
0,7950
-0,0584
0,8032
-0,1770
0,8713
0,4312
0,8998
0,9306
0,8178
0,4633
0,3914
0,9038
0,3278
0,9338
0,3226
0,5453
-0,1532
0,8548
0,3812
1,0000
0,7489
0,7010
-0,1147
0,6292
0,2045
0,8916
0,9251
0,5362
0,8431
0,9871
-0,4529
-0,5111
0,5380
NING
0,2794
0,8410
0,1472
0,8488
0,0530
0,9194
-0,1836
0,7444
0,1227
0,8560
0,8052
0,6610
0,7747
0,1231
0,8377
0,1136
0,8703
0,1843
0,6700
-0,2887
0,7097
0,0426
0,7489
1,0000
0,8511
0,0082
0,8174
0,2170
0,7772
0,7974
0,5927
0,6580
0,6637
-0,4061
-0,3418
0,2674
NFECAL
0,3290
0,8453
0,1472
0,6998
-0,4752
0,8407
-0,4047
0,7987
0,0766
0,8508
0,7854
0,7080
0,6774
0,2524
0,8445
0,1588
0,8278
0,2320
0,4789
-0,3684
0,7601
0,0562
0,7010
0,8511
1,0000
0,0047
0,5230
-0,0948
0,8069
0,7833
0,4284
0,7272
0,6449
-0,5825
-0,4953
0,3928
NURIN
0,3335
-0,0004
0,2572
-0,2642
-0,0302
0,0258
-0,2440
0,0320
0,0504
-0,0061
0,0006
-0,2528
0,2593
0,2712
-0,0101
0,2347
-0,0675
-0,0333
-0,2434
0,4680
0,0477
0,0582
-0,1147
0,0082
0,0047
1,0000
-0,4649
-0,8004
0,0007
-0,0665
-0,2431
0,0469
-0,1143
-0,3324
-0,2739
0,2079
BN
0,0142
0,6092
-0,0146
0,8363
0,3858
0,7062
0,1213
0,4921
0,0944
0,6289
0,5979
0,5708
0,5022
-0,1203
0,6098
-0,0569
0,6918
0,1197
0,7230
-0,3812
0,4619
-0,0051
0,6292
0,8174
0,5230
-0,4649
1,0000
0,7331
0,5462
0,6203
0,6496
0,4127
0,5486
-0,0269
-0,0223
0,0171
NR
-0,3064
0,0443
-0,1860
0,4155
0,5698
0,1329
0,4765
-0,0457
0,0493
0,0602
0,0779
0,2057
-0,0709
-0,3341
0,0474
-0,2557
0,1555
-0,0483
0,4624
-0,3079
-0,0573
-0,0499
0,2045
0,2170
-0,0948
-0,8004
0,7331
1,0000
0,0156
0,1233
0,4316
-0,0770
0,1713
0,4566
0,3882
-0,3078
CMSPV
0,5968
0,9916
0,3692
0,6721
-0,2303
0,9080
-0,3537
0,9763
0,2817
0,9890
0,9673
0,8483
0,6483
0,3755
0,9900
0,2837
0,9714
0,2536
0,4350
-0,3139
0,9603
0,2740
0,8916
0,7772
0,8069
0,0007
0,5462
0,0156
1,0000
0,9828
0,4453
0,9610
0,8958
-0,7074
-0,7015
0,6615
Obs.: Valores em vermelho apresentam correlação significativa (P<0,05);
Valores em preto apresentam correlação não significativa (P>0,05);
Valores em azul representam o encontro de iguais aspectos analisados (linha X coluna).
301
ANEXO 2
Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no Capítulo VI
DMS
CMS
DMO
CMO
DPB
CPB
DEE
CEE
DEB
CEB
CED
CEM
BE
DCHO
CCHO
DFDN
CFDN
DFDA
CFDA
DHCEL
CHCEL
DCEL
CCEL
NING
NFECAL
NURIN
BN
NR
CMSPV
CFDNPV
CFDAPV
CHCELPV
FDNMSI
FDAMSI
HCELMSI
CELMSI
CFDNPV
0,5135
0,9749
0,3030
0,7297
-0,1416
0,9298
-0,2459
0,9319
0,2577
0,9786
0,9562
0,8309
0,6193
0,2868
0,9740
0,1954
0,9885
0,1972
0,5764
-0,3362
0,9053
0,2332
0,9251
0,7974
0,7833
-0,0665
0,6203
0,1233
0,9828
1,0000
0,5907
0,9055
0,9300
-0,5682
-0,5698
0,5431
-0,4820
CFDAPV
-0,2534
0,4518
-0,3342
0,6043
0,2088
0,6597
0,3028
0,2744
-0,1976
0,4890
0,4115
0,2908
0,3665
-0,4001
0,4545
-0,4656
0,5943
-0,3047
0,9857
-0,4307
0,2009
-0,3045
0,5362
0,5927
0,4284
-0,2431
0,6496
0,4316
0,4453
0,5907
1,0000
0,1924
0,5285
0,2583
0,3082
-0,3378
0,0335
CHCELPV
0,7578
0,9480
0,5443
0,5696
-0,2821
0,7837
-0,4583
0,9891
0,4174
0,9329
0,9464
0,8576
0,5604
0,5593
0,9456
0,4826
0,8896
0,4002
0,1825
-0,1823
0,9953
0,4438
0,8431
0,6580
0,7272
0,0469
0,4127
-0,0770
0,9610
0,9055
0,1924
1,0000
0,8531
-0,8269
-0,8552
0,8382
-0,6038
CCELPV
0,5837
0,8849
0,4374
0,7126
-0,0918
0,7776
-0,1605
0,8651
0,4391
0,8816
0,9182
0,8041
0,4137
0,3995
0,8864
0,3067
0,9144
0,2761
0,5108
-0,1532
0,8495
0,3932
0,9871
0,6637
0,6449
-0,1143
0,5486
0,1713
0,8958
0,9300
0,5285
0,8531
1,0000
-0,4572
-0,5245
0,5589
-0,1828
Obs.: Valores em vermelho apresentam correlação significativa (P<0,05);
Valores em preto apresentam correlação não significativa (P>0,05);
Valores em azul representam o encontro de iguais aspectos analisados (linha X coluna).
302
FDNMSI
-0,7317
-0,6972
-0,4912
-0,1841
0,4675
-0,4917
0,6765
-0,7922
-0,2468
-0,6709
-0,6541
-0,5653
-0,5232
-0,5775
-0,6935
-0,5343
-0,5579
-0,3647
0,2553
0,0715
-0,8228
-0,3339
-0,4529
-0,4061
-0,5825
-0,3324
-0,0269
0,4566
-0,7074
-0,5682
0,2583
-0,8269
-0,4572
1,0000
0,9709
-0,8968
0,8051
FDAMSI
-0,8439
-0,6858
-0,6321
-0,2036
0,3967
-0,4331
0,6600
-0,8059
-0,4012
-0,6539
-0,6790
-0,6126
-0,4097
-0,6907
-0,6824
-0,6654
-0,5527
-0,4832
0,3123
-0,0335
-0,8470
-0,5052
-0,5111
-0,3418
-0,4953
-0,2739
-0,0223
0,3882
-0,7015
-0,5698
0,3082
-0,8552
-0,5245
0,9709
1,0000
-0,9767
0,6766
HCELMSI
0,9026
0,6418
0,7270
0,2109
-0,3138
0,3591
-0,6126
0,7783
0,5197
0,6064
0,6678
0,6247
0,2877
0,7581
0,6386
0,7501
0,5206
0,5655
-0,3479
0,1260
0,8268
0,6337
0,5380
0,2674
0,3928
0,2079
0,0171
-0,3078
0,6615
0,5431
-0,3378
0,8382
0,5589
-0,8968
-0,9767
1,0000
-0,5280
CELMSI
-0,3312
-0,5902
-0,0583
-0,1479
0,3703
-0,5700
0,5589
-0,6064
0,1760
-0,5870
-0,4710
-0,3818
-0,6931
-0,1456
-0,5845
-0,1201
-0,4800
-0,0605
0,0300
0,3611
-0,6060
0,0900
-0,1908
-0,4775
-0,5931
-0,3146
-0,1257
0,3836
-0,5933
-0,4820
0,0335
-0,6038
-0,1828
0,8051
0,6766
-0,5280
1,0000
ANEXO 2
Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no Capítulo VI
Onde: DMS
= Digestibilidade da Matéria Seca
DHCEL
= Digestibilidade das Hemiceluloses
CMS
= Consumo de Matéria Seca por Unidade de Tamanho Metabólico
CHCEL
= Consumo das Hemiceluloses por Unidade de Tamanho Metabólico
DMO
= Digestibilidade da Matéria Orgânica
DCEL
= Digestibilidade da Celulose
CMO
= Consumo de Matéria Orgânica por Unidade de Tamanho Metabólico
CCEL
= Consumo da Celulose por Unidade de Tamanho Metabólico
DPB
= Digestibilidade da Proteína Bruta
NING
= % de Nitrogênio Ingerido
CPB
= Consumo de Proteína Bruta por Unidade de Tamanho Metabólico
NFECAL
= % de Nitrogênio Fecal
DEE
= Digestibilidade do Extrato Etéreo
NURIN
= % de Nitrogênio na Urina
CEE
= Consumo do Extrato Etéreo por Unidade de Tamanho Metabólico
BN
= Balanço de Nitrogênio
DEB
= Digestibilidade da Energia Bruta
NRET
= Nitrogênio Retido
CEB
= Consumo de Energia Bruta por Unidade de Tamanho Metabólico
CMSPV
= Consumo de Matéria seca por Unidade de Peso vivo
CED
= Consumo de Energia Digestível por Unidade de Tamanho Metabólico
CFDNPV
= Consumo da Fibra em Detergente Neutro por Unidade de Peso vivo
CEM
= Consumo de Energia Metabolizável por Unidade de Tamanho Metabólico
CFDAPV
= Consumo da Fibra em Detergente Ácido por Unidade de Peso vivo
BE
= Balanço de Energia
CHCELPV
=
DCHO
= Digestibilidade dos Carboidratos
CCELPV
= Consumo de Celulose por Unidade de Peso vivo
CCHO
= Consumo de Carboidratos por Unidade de Tamanho Metabólico
FDNMSI
= Consumo da Fibra em Detergente Neutro Proporcional a Matéria Seca Ingerida
DFDN
= Digestibilidade da Fibra em Detergente Neutro
FDAMSI
= Consumo da Fibra em Detergente Ácido Proporcional a Matéria Seca Ingerida
CFDN
= Consumo da Fibra em Detergente Neutro por Unidade de Tamanho Metabólico
HCELMSI
= Consumo de Hemiceluloses Proporcional a Matéria Seca Ingerida
DFDA
= Digestibilidade da Fibra em Detergente Ácido
CELMSI
= Consumo de Celulose Proporcional a Matéria Seca Ingerida
CFDA
= Consumo da Fibra em Detergente Ácido por Unidade de Tamanho Metabólico
Consumo de Hemiceluloses por Unidade de Peso vivo
303
ANEXO 3
Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no Capítulo IX
DMS
CMS
DMO
CMO
DPB
CPB
DEE
CEE
DEB
CEB
CED
CEM
BE
DCHO
CCHO
DFDN
CFDN
DFDA
CFDA
DHCEL
CHCEL
DCEL
CCEL
NING
NFECAL
NURIN
BN
NR
CMSPV
CFDNPV
CFDAPV
CHCELPV
FDNMSI
FDAMSI
HCELMSI
CELMSI
DMS
1,0000
-0,1870
0,9324
-0,2223
0,6278
-0,2165
0,2891
-0,5483
0,9290
-0,2198
-0,0145
-0,0828
-0,2586
0,9739
-0,1872
0,2030
-0,3061
0,7537
-0,4581
0,4589
-0,1207
-0,0804
-0,2958
-0,2014
-0,5577
-0,5470
0,2294
0,4006
-0,1905
-0,3097
-0,4634
-0,1230
-0,2998
-0,3254
-0,3562
0,2460
CMS
-0,1870
1,0000
-0,4525
0,9968
0,3506
0,9896
-0,5774
0,8034
-0,1067
0,9972
0,9750
0,9586
0,6423
-0,2939
0,9995
-0,4316
0,9827
-0,3703
0,8244
-0,7498
0,9870
-0,3253
0,9508
0,9688
0,8706
-0,0087
0,8237
0,6066
0,9976
0,9815
0,8249
0,9828
0,9519
-0,6698
-0,6457
-0,0205
DMO
0,9324
-0,4525
1,0000
-0,4739
0,4181
-0,4890
0,4457
-0,6776
0,8427
-0,4890
-0,2971
-0,3603
-0,4271
0,9469
-0,4514
0,3412
-0,5414
0,8081
-0,6354
0,6737
-0,3776
0,0407
-0,5362
-0,4584
-0,7343
-0,4549
-0,0428
0,1366
-0,4590
-0,5487
-0,6443
-0,3828
-0,5439
-0,0117
-0,0900
0,2968
CMO
-0,2223
0,9968
-0,4739
1,0000
0,2889
0,9799
-0,5512
0,8431
-0,1538
0,9922
0,9611
0,9485
0,6583
-0,3210
0,9981
-0,3976
0,9921
-0,3755
0,8573
-0,7310
0,9807
-0,2806
0,9619
0,9611
0,8922
0,0186
0,7883
0,5551
0,9937
0,9900
0,8572
0,9758
0,9623
-0,6215
-0,5919
-0,0279
DPB
0,6278
0,3506
0,4181
0,2889
1,0000
0,3802
-0,2751
-0,2006
0,7754
0,3453
0,5027
0,4182
-0,0420
0,4712
0,3360
-0,2761
0,2109
0,2805
-0,1128
-0,2322
0,4097
-0,5628
0,1751
0,3639
-0,0781
-0,5282
0,7392
0,9194
0,3528
0,2144
-0,1109
0,4123
0,1773
-0,8557
-0,7365
0,2618
CPB
-0,2165
0,9896
-0,4890
0,9799
0,3802
1,0000
-0,6397
0,7756
-0,1028
0,9956
0,9727
0,9567
0,6595
-0,3323
0,9852
-0,5064
0,9675
-0,4053
0,7887
-0,7978
0,9725
-0,3554
0,9261
0,9809
0,8662
0,0076
0,8459
0,6350
0,9866
0,9655
0,7881
0,9677
0,9265
-0,6711
-0,6661
-0,0502
Obs.: Valores em vermelho apresentam correlação significativa (P<0,05);
Valores em preto apresentam correlação não significativa (P>0,05);
Valores em azul representam o encontro de iguais aspectos analisados (linha X coluna).
304
DEE
0,2891
-0,5774
0,4457
-0,5512
-0,2751
-0,6397
1,0000
-0,3111
0,1552
-0,5928
-0,5483
-0,5196
-0,2672
0,3364
-0,5635
0,6697
-0,5181
0,4546
-0,2583
0,6943
-0,5859
0,6168
-0,4004
-0,6073
-0,5166
-0,3567
-0,4990
-0,3471
-0,5825
-0,5236
-0,2627
-0,5904
-0,4071
0,5078
0,5791
0,0145
CEE
-0,5483
0,8034
-0,6776
0,8431
-0,2006
0,7756
-0,3111
1,0000
-0,5219
0,8069
0,7029
0,7315
0,7058
-0,5879
0,8114
-0,1857
0,8965
-0,4854
0,9630
-0,5895
0,7462
0,1249
0,8965
0,7797
0,9341
0,2264
0,4237
0,1289
0,7941
0,8873
0,9569
0,7347
0,8909
-0,1550
-0,0890
-0,1771
DEB
0,9290
-0,1067
0,8427
-0,1538
0,7754
-0,1028
0,1552
-0,5219
1,0000
-0,1235
0,0999
0,0304
-0,1412
0,8579
-0,1149
0,0536
-0,2313
0,7129
-0,4610
0,3408
-0,0358
-0,1366
-0,2493
-0,0901
-0,5138
-0,0599
0,3873
0,5805
-0,1106
-0,2348
-0,4665
-0,0389
-0,2535
-0,3583
-0,4706
0,2258
CEB
-0,2198
0,9972
-0,4890
0,9922
0,3453
0,9956
-0,5928
0,8069
-0,1235
1,0000
0,9734
0,9614
0,6634
-0,3300
0,9953
-0,4571
0,9820
-0,4043
0,8255
-0,7745
0,9799
-0,3143
0,9520
0,9741
0,8792
0,0074
0,8230
0,6086
0,9950
0,9810
0,8262
0,9760
0,9533
-0,6624
-0,6389
-0,0419
CED
-0,0145
0,9750
-0,2971
0,9611
0,5027
0,9727
-0,5483
0,7029
0,0999
0,9734
1,0000
0,9766
0,6605
-0,1394
0,9714
-0,4411
0,9346
-0,2394
0,7280
-0,6859
0,9745
-0,3138
0,9018
0,9592
0,7687
-0,1329
0,9150
0,7294
0,9700
0,9307
0,7253
0,9679
0,9004
-0,7240
-0,7292
0,0055
CEM
-0,0828
0,9586
-0,3603
0,9485
0,4182
0,9567
-0,5196
0,7315
0,0304
0,9614
0,9766
1,0000
0,7299
-0,1987
0,9560
-0,4531
0,9258
-0,3081
0,7501
-0,7000
0,9495
-0,2076
0,9130
0,9465
0,7915
-0,1614
0,8768
0,6885
0,9529
0,9208
0,7467
0,9421
0,9112
-0,6963
-0,6676
-0,0612
BE
-0,2586
0,6423
-0,4271
0,6583
-0,0420
0,6595
-0,2672
0,7058
-0,1412
0,6634
0,6605
0,7299
1,0000
-0,3200
0,6392
-0,4838
0,6816
-0,2831
0,6162
-0,4450
0,5893
0,2789
0,6725
0,6767
0,6441
-0,0456
0,5476
0,2631
0,6290
0,6682
0,6048
0,5732
0,6634
-0,1493
-0,1659
-0,3764
DCHO
0,9739
-0,2939
0,9469
-0,3210
0,4712
-0,3323
0,3364
-0,5879
0,8579
-0,3300
-0,1394
-0,1987
-0,3200
1,0000
-0,2904
0,2898
-0,4016
0,7695
-0,4995
0,5453
-0,2345
0,0052
-0,3926
-0,3075
-0,5896
-0,4493
0,0764
0,2244
-0,2998
-0,4079
-0,5073
-0,2388
-0,3989
-0,2220
-0,2109
0,1992
CCHO
-0,1872
0,9995
-0,4514
0,9981
0,3360
0,9852
-0,5635
0,8114
-0,1149
0,9953
0,9714
0,9560
0,6392
-0,2904
1,0000
-0,4128
0,9845
-0,3656
0,8350
-0,7414
0,9856
-0,3133
0,9550
0,9644
0,8745
-0,0070
0,8128
0,5935
0,9972
0,9833
0,8356
0,9816
0,9561
-0,6654
-0,6333
-0,0231
ANEXO 3
Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no Capítulo IX
DMS
CMS
DMO
CMO
DPB
CPB
DEE
CEE
DEB
CEB
CED
CEM
BE
DCHO
CCHO
DFDN
CFDN
DFDA
CFDA
DHCEL
CHCEL
DCEL
CCEL
NING
NFECAL
NURIN
BN
NR
CMSPV
CFDNPV
CFDAPV
CHCELPV
FDNMSI
FDAMSI
HCELMSI
CELMSI
DFDN
0,2030
-0,4316
0,3412
-0,3976
-0,2761
-0,5064
0,6697
-0,1857
0,0536
-0,4571
-0,4411
-0,4531
-0,4838
0,2898
-0,4128
1,0000
-0,3708
0,4672
-0,0654
0,6532
-0,4083
0,4539
-0,2805
-0,4863
-0,3346
-0,0472
-0,4998
-0,3914
-0,4338
-0,3736
-0,0670
-0,4089
-0,2834
0,3670
0,5320
0,2410
CFDN
-0,3061
0,9827
-0,5414
0,9921
0,2109
0,9675
-0,5181
0,8965
-0,2313
0,9820
0,9346
0,9258
0,6816
-0,4016
0,9845
-0,3708
-1,0000
-0,4121
0,9014
-0,7324
0,9556
-0,2117
0,9734
0,9515
0,9226
0,0535
0,7405
0,4991
0,9787
0,9970
0,9006
0,9496
0,9730
-0,5354
-0,5063
-0,0657
DFDA
0,7537
-0,3703
0,8081
-0,3755
0,2805
-0,4053
0,4546
-0,4854
0,7129
-0,4043
-0,2394
-0,3081
-0,2831
0,7695
-0,3656
0,4672
-0,4121
1,0000
-0,4312
0,6241
-0,3313
0,1563
-0,4390
-0,3919
-0,5928
-0,5011
-0,0545
0,0780
-0,3719
-0,4135
-0,4352
-0,3322
-0,4429
0,1264
0,0742
0,0587
CFDA
-0,4581
0,8244
-0,6354
0,8573
-0,1128
0,7887
-0,2583
0,9630
-0,4610
0,8255
0,7280
0,7501
0,6162
-0,4995
0,8350
-0,0654
0,9014
-0,4312
1,0000
-0,6111
0,7625
0,0870
0,9285
0,7865
0,9268
0,1465
0,4514
0,2038
0,8174
0,8951
0,9970
0,7540
0,9251
-0,2883
-0,1407
-0,1884
DHCEL
0,4589
-0,7498
0,6737
-0,7310
-0,2322
-0,7978
0,6943
-0,5895
0,3408
-0,7745
-0,6859
-0,7000
-0,4450
0,5453
-0,7414
0,6532
-0,7324
0,6241
-0,6111
1,0000
-0,6815
0,4245
-0,7109
-0,7942
-0,7728
-0,0940
-0,6096
-0,4714
-0,7437
-0,7267
-0,6062
-0,6746
-0,7065
0,5651
0,5024
0,3419
CHCEL
-0,1207
0,9870
-0,3776
0,9807
0,4097
0,9725
-0,5859
0,7462
-0,0358
0,9799
0,9745
0,9495
0,5893
-0,2345
0,9856
-0,4083
0,9556
-0,3313
0,7625
-0,6815
1,0000
-0,3740
0,9189
0,9479
0,8156
-0,0064
0,8385
0,6330
0,9861
0,9557
0,7641
0,9976
0,9215
-0,7015
-0,7057
0,1233
DCEL
-0,0804
-0,3253
0,0407
-0,2806
-0,5628
-0,3554
0,6168
0,1249
-0,1366
-0,3143
-0,3138
-0,2076
0,2789
0,0052
-0,3133
0,4539
-0,2117
0,1563
0,0870
0,4245
-0,3740
1,0000
-0,0942
-0,2877
-0,0875
-0,0640
-0,3912
-0,4505
-0,3463
-0,2361
0,0626
-0,3950
-0,1146
0,5783
0,6925
-0,2409
CCEL
-0,2958
0,9508
-0,5362
0,9619
0,1751
0,9261
-0,4004
0,8965
-0,2493
0,9520
0,9018
0,9130
0,6725
-0,3926
0,9550
-0,2805
0,9734
-0,4390
0,9285
-0,7109
0,9189
-0,0942
1,0000
0,9170
0,9107
0,0156
0,6985
0,4773
0,9448
0,9679
0,9252
0,9114
0,9977
-0,5473
-0,4604
-0,0599
NING
-0,2014
0,9688
-0,4584
0,9611
0,3639
0,9809
-0,6073
0,7797
-0,0901
0,9741
0,9592
0,9465
0,6767
-0,3075
0,9644
-0,4863
0,9515
-0,3919
0,7865
-0,7942
0,9479
-0,2877
0,9170
1,0000
0,8818
0,0067
0,8637
0,6233
0,9524
0,9345
0,7713
0,9298
0,9043
-0,6406
-0,6319
-0,0574
NFECAL
-0,5577
0,8706
-0,7343
0,8922
-0,0781
0,8662
-0,5166
0,9341
-0,5138
0,8792
0,7687
0,7915
0,6441
-0,5896
0,8745
-0,3346
0,9226
-0,5928
0,9268
-0,7728
0,8156
-0,0875
0,9107
0,8818
1,0000
0,2695
0,5286
0,2387
0,8567
0,9078
0,9142
0,8001
0,9002
-0,3674
-0,2767
-0,1616
NURIN
-0,5470
-0,0087
-0,4549
0,0186
-0,5282
0,0076
-0,3567
0,2264
-0,0599
0,0074
-0,1329
-0,1614
-0,0456
-0,4493
-0,0070
-0,0472
0,0535
-0,5011
0,1465
-0,0940
-0,0064
-0,0640
0,0156
0,0067
0,2695
1,0000
-0,3535
-0,5792
-0,0079
0,0543
0,1498
-0,0051
0,0184
0,2359
0,2754
0,1362
BN
0,2294
0,8237
-0,0428
0,7883
0,7392
0,8459
-0,4990
0,4237
0,3873
0,8230
0,9150
0,8768
0,5476
0,0764
0,8128
-0,4998
0,7405
-0,0545
0,4514
-0,6096
0,8385
-0,3912
0,6985
0,8637
0,5286
-0,3535
1,0000
0,8901
0,8090
0,7256
0,4371
0,8224
0,6867
-0,7609
-0,8332
0,0343
NR
0,4006
0,6066
0,1366
0,5551
0,9194
0,6350
-0,3471
0,1289
0,5805
0,6086
0,7294
0,6885
0,2631
0,2244
0,5935
-0,3914
0,4991
0,0780
0,2038
-0,4714
0,6330
-0,4505
0,4773
0,6233
0,2387
-0,5792
0,8901
1,0000
0,6045
0,4980
0,2014
0,6305
0,4760
-0,7812
-0,8719
0,1089
CMSPV
-0,1905
0,9976
-0,4590
0,9937
0,3528
0,9866
-0,5825
0,7941
-0,1106
0,9950
0,9700
0,9529
0,6290
-0,2998
0,9972
-0,4338
0,9787
-0,3719
0,8174
-0,7437
0,9861
-0,3463
0,9448
0,9524
0,8567
-0,0079
0,8090
0,6045
1,0000
0,9828
0,8231
0,9868
0,9505
-0,6515
-0,6515
-0,0167
Obs.: Valores em vermelho apresentam correlação significativa (P<0,05);
Valores em preto apresentam correlação não significativa (P>0,05);
Valores em azul representam o encontro de iguais aspectos analisados (linha X coluna).
305
ANEXO 3
Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no Capítulo IX
DMS
CMS
DMO
CMO
DPB
CPB
DEE
CEE
DEB
CEB
CED
CEM
BE
DCHO
CCHO
DFDN
CFDN
DFDA
CFDA
DHCEL
CHCEL
DCEL
CCEL
NING
NFECAL
NURIN
BN
NR
CMSPV
CFDNPV
CFDAPV
CHCELPV
FDNMSI
FDAMSI
HCELMSI
CELMSI
CFDNPV
-0,3097
0,9815
-0,5487
0,9900
0,2144
0,9655
-0,5236
0,8873
-0,2348
0,9810
0,9307
0,9208
0,6682
-0,4079
0,9833
-0,3736
0,9970
-0,4135
0,8951
-0,7267
0,9557
-0,2361
0,9679
0,9345
0,9078
0,0543
0,7256
0,4980
0,9828
1,0000
0,9002
0,9551
0,9726
-0,5414
-0,5129
-0,0643
0,0615
CFDAPV
-0,4634
0,8249
-0,6443
0,8572
-0,1109
0,7881
-0,2627
0,9569
-0,4665
0,8262
0,7253
0,7467
0,6048
-0,5073
0,8356
-0,0670
0,9006
-0,4352
0,9970
-0,6062
0,7641
0,0626
0,9252
0,7713
0,9142
0,1498
0,4371
0,2014
0,8231
0,9002
1,0000
0,7608
0,9270
-0,2939
-0,1456
-0,1886
0,3572
CHCELPV
-0,1230
0,9828
-0,3828
0,9758
0,4123
0,9677
-0,5904
0,7347
-0,0389
0,9760
0,9679
0,9421
0,5732
-0,2388
0,9816
-0,4089
0,9496
-0,3322
0,7540
-0,6746
0,9976
-0,3950
0,9114
0,9298
0,8001
-0,0051
0,8224
0,6305
0,9868
0,9551
0,7608
1,0000
0,9186
-0,7072
-0,7114
0,1283
-0,0991
CCELPV
-0,2998
0,9519
-0,5439
0,9623
0,1773
0,9265
-0,4071
0,8909
-0,2535
0,9533
0,9004
0,9112
0,6634
-0,3989
0,9561
-0,2834
0,9730
-0,4429
0,9251
-0,7065
0,9215
-0,1146
0,9977
0,9043
0,9002
0,0184
0,6867
0,4760
0,9505
0,9726
0,9270
0,9186
1,0000
-0,5540
-0,4670
-0,5068
0,2215
Obs.: Valores em vermelho apresentam correlação significativa (P<0,05);
Valores em preto apresentam correlação não significativa (P>0,05);
Valores em azul representam o encontro de iguais aspectos analisados (linha X coluna).
306
FDNMSI
-0,3254
-0,6698
-0,0117
-0,6215
-0,7365
-0,6711
0,5078
-0,1550
-0,3583
-0,6624
-0,7240
-0,6963
-0,1493
-0,2220
-0,6654
0,3670
-0,5354
0,1264
-0,2883
0,5651
-0,7015
0,5783
-0,5473
-0,6406
-0,3674
0,2359
-0,7609
-0,7812
-0,6748
-0,5414
-0,2939
-0,7072
-0,5540
1,0000
0,9078
-0,1544
0,4211
FDAMSI
-0,3562
-0,6457
-0,0900
-0,5919
-0,8557
-0,6661
0,5791
-0,0890
-0,4706
-0,6389
-0,7292
-0,6676
-0,1659
-0,2109
-0,6333
0,5320
-0,5063
0,0742
-0,1407
0,5024
-0,7057
0,6925
-0,4604
-0,6319
-0,2767
0,2754
-0,8332
-0,8719
-0,6515
-0,5129
-0,1456
-0,7114
-0,4670
0,9078
1,0000
-0,3014
0,5425
HCELMSI
0,2460
-0,0205
0,2968
-0,0279
0,2618
-0,0502
0,0145
-0,1771
0,2258
-0,0419
0,0055
-0,0612
-0,3764
0,1992
-0,0231
0,2410
-0,0657
0,0587
-0,1884
0,3419
0,1233
-0,2409
-0,0599
-0,0574
-0,1616
0,1362
0,0343
0,1089
-0,0167
-0,0643
-0,1886
0,1283
-0,5068
-0,1544
-0,3014
1,0000
-0,0025
CELMSI
-0,4383
0,0507
-0,3538
-0,0030
-0,6023
-0,0834
0,4337
0,4105
-0,4954
-0,0323
-0,1176
-0,0003
0,3303
-0,4142
-0,0404
0,3205
0,0784
-0,3328
0,3724
0,1215
-0,0851
0,7845
0,2336
-0,0421
0,2332
0,1488
-0,2988
-0,4015
-0,0644
0,0615
0,3572
-0,0991
0,2215
0,4211
0,5425
-0,0025
1,0000
ANEXO 3
Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no Capítulo IX
Onde: DMS
= Digestibilidade da Matéria Seca
DHCEL
= Digestibilidade das Hemiceluloses
CMS
= Consumo de Matéria Seca por Unidade de Tamanho Metabólico
CHCEL
= Consumo das Hemiceluloses por Unidade de Tamanho Metabólico
DMO
= Digestibilidade da Matéria Orgânica
DCEL
= Digestibilidade da Celulose
CMO
= Consumo de Matéria Orgânica por Unidade de Tamanho Metabólico
CCEL
= Consumo da Celulose por Unidade de Tamanho Metabólico
DPB
= Digestibilidade da Proteína Bruta
NING
= % de Nitrogênio Ingerido
CPB
= Consumo de Proteína Bruta por Unidade de Tamanho Metabólico
NFECAL
= % de Nitrogênio Fecal
DEE
= Digestibilidade do Extrato Etéreo
NURIN
= % de Nitrogênio na Urina
CEE
= Consumo do Extrato Etéreo por Unidade de Tamanho Metabólico
BN
= Balanço de Nitrogênio
DEB
= Digestibilidade da Energia Bruta
NRET
= Nitrogênio Retido
CEB
= Consumo de Energia Bruta por Unidade de Tamanho Metabólico
CMSPV
= Consumo de Matéria seca por Unidade de Peso vivo
CED
= Consumo de Energia Digestível por Unidade de Tamanho Metabólico
CFDNPV
= Consumo da Fibra em Detergente Neutro por Unidade de Peso vivo
CEM
= Consumo de Energia Metabolizável por Unidade de Tamanho Metabólico
CFDAPV
= Consumo da Fibra em Detergente Ácido por Unidade de Peso vivo
BE
= Balanço de Energia
CHCELPV
= Consumo de Hemiceluloses por Unidade de Peso vivo
DCHO
= Digestibilidade dos Carboidratos
CCELPV
= Consumo de Celulose por Unidade de Peso vivo
CCHO
= Consumo de Carboidratos por Unidade de Tamanho Metabólico
FDNMSI
= Consumo da Fibra em Detergente Neutro Proporcional a Matéria Seca Ingerida
DFDN
= Digestibilidade da Fibra em Detergente Neutro
FDAMSI
= Consumo da Fibra em Detergente Ácido Proporcional a Matéria Seca Ingerida
CFDN
= Consumo da Fibra em Detergente Neutro por Unidade de Tamanho Metabólico
HCELMSI
= Consumo de Hemiceluloses Proporcional a Matéria Seca Ingerida
DFDA
= Digestibilidade da Fibra em Detergente Ácido
CELMSI
= Consumo de Celulose Proporcional a Matéria Seca Ingerida
CFDA
= Consumo da Fibra em Detergente Ácido por Unidade de Tamanho Metabólico
307
ANEXO 4
Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no Capítulo XII
DMS
CMS
DMO
CMO
DPB
CPB
DEE
CEE
DFDN
CFDN
DFDA
CFDA
DHCEL
CHCEL
DCEL
CCEL
BN
NRET
DEB
CEB
CED
CEM
CMSPV
CFDNPV
CFDAPV
CHCELPV
CCELPV
FDNMSI
FDAMSI
HCELMSI
CELMSI
BE
DCHO
CCHO
NING
NFECAL
NURIN
DMS
1,0000
0,0250
0,9940
0,0322
0,5406
0,0065
-0,2245
-0,0081
0,6864
0,0029
0,7199
-0,0879
0,5580
0,0529
0,4843
0,0199
0,3269
0,5082
0,9772
0,0109
0,2590
0,2267
0,0010
-0,0211
-0,1086
0,0315
-0,0052
-0,1392
-0,2049
0,0967
-0,0639
0,2688
0,9550
0,0294
0,0763
-0,1651
0,2617
CMS
0,0250
1,0000
0,0530
0,9994
-0,4305
0,9903
-0,0264
0,8731
0,4177
0,9918
0,3780
0,8440
0,2318
0,9367
-0,3115
0,9586
0,8491
0,5881
0,0427
0,9956
0,9655
0,9723
0,9937
0,9850
0,8302
0,9347
0,9438
0,4186
-0,3892
0,5112
-0,3052
0,9225
0,1523
0,9992
0,9405
0,9319
-0,4771
DMO
0,9940
0,0530
1,0000
0,0604
0,5091
0,0269
-0,2474
-0,0115
0,7124
0,0331
0,7196
0,3439
0,5966
0,1002
0,4372
0,0298
0,3470
0,5234
0,9797
0,0331
0,2798
0,2481
0,0256
0,0060
-0,1203
0,0769
0,0011
-0,1144
-0,2626
0,1546
-0,1240
0,2964
0,9696
0,0597
0,1055
-0,1277
-0,2765
CMO
0,0322
0,9994
0,0604
1,0000
-0,4194
0,9894
-0,0295
0,8816
0,4140
0,9875
0,3733
0,8446
0,2325
0,9303
-0,3064
0,9563
0,8551
0,6016
0,0475
0,9963
0,9669
0,9738
0,9927
0,9803
0,8301
0,9280
0,9409
0,3923
-0,3877
0,4973
-0,3105
0,9248
0,1568
0,9986
0,9413
0,9280
-0,4826
DPB
0,5206
-0,4305
0,5091
-0,4194
1,0000
-0,4114
0,0969
-0,2123
0,0861
-0,4792
0,0862
-0,3260
0,2475
-0,4981
0,5230
-0,4137
-0,0379
0,2099
0,5105
-0,4048
-0,2618
-0,2907
-0,4575
-0,5053
-0,3498
-0,5227
-0,4388
-0,5238
0,2481
-0,4490
0,1537
-0,2099
0,3195
-0,4373
-0,3069
-0,6469
0,2156
CPB
0,0065
0,9903
0,0269
0,9894
-0,4114
1,0000
0,0001
0,8949
0,3778
0,9808
0,3487
0,8730
0,2045
0,9049
-0,2646
0,9748
0,8515
0,5954
0,0209
0,9914
0,9569
0,9621
0,9867
0,9766
0,8615
0,9049
0,9626
0,4106
-0,3237
0,4550
-0,2195
0,9074
0,1199
0,9849
0,9423
0,9238
-0,4583
DEE
-0,2245
-0,0264
-0,2474
-0,0295
0,0969
0,0001
1,0000
0,2129
-0,5044
-0,0135
-0,3024
0,3692
-0,4381
-0,2244
0,5615
0,1280
-0,0034
-0,0859
-0,1300
0,0341
0,0008
-0,0824
-0,0384
-0,0234
0,3505
-0,2324
0,1136
0,0424
0,7566
-0,5831
0,6136
-0,0452
-0,4072
-0,0440
0,0379
0,0038
0,1664
CEE
-0,0081
0,8731
-0,0115
0,8816
-0,2123
0,8949
0,2129
1,0000
0,1213
0,8266
0,1659
0,9305
0,0072
0,6543
-0,0343
0,8950
0,8035
0,6263
-0,0089
0,9118
0,8690
0,8587
0,8719
0,8249
0,9200
0,6552
0,8858
0,0937
-0,0101
0,0530
-0,0533
0,8028
0,0030
0,8583
0,8372
0,7638
-0,4185
Obs.: Valores em vermelho apresentam correlação significativa (P<0,05);
Valores em preto apresentam correlação não significativa (P>0,05);
Valores em azul representam o encontro de iguais aspectos analisados (linha X coluna).
308
DFDN
0,6864
0,4177
0,7124
0,4140
0,0861
0,3778
-0,5044
0,1213
1,0000
0,4326
0,8971
0,0643
0,7769
0,5775
-0,1352
0,3248
0,5060
0,4571
0,6540
0,3652
0,5196
0,5551
0,3928
0,4073
0,0438
0,5565
0,2974
0,3332
-0,6939
0,7132
-0,4586
0,5776
0,7977
0,4337
0,4232
0,2934
-0,2990
CFDN
0,0029
0,9918
0,0331
0,9875
-0,4792
0,9808
-0,0135
0,8266
0,4326
1,0000
0,3929
0,8365
0,2382
0,9524
-0,3232
0,9598
0,8168
0,5395
0,0284
0,9821
0,9494
0,9566
0,9869
0,9945
0,8247
0,9514
0,9466
0,5294
-0,3867
0,5623
-0,2739
0,9052
0,1424
0,9919
0,9271
0,9409
-0,4603
DFDA
0,7199
0,3780
0,7196
0,3733
0,0862
0,3487
-0,3024
0,1659
0,8971
0,3929
1,0000
0,1393
0,4609
0,4796
0,0550
0,3485
0,4634
0,4505
0,6900
0,3414
0,5083
0,5160
0,3682
0,3818
0,1341
0,4689
0,3365
0,3167
-0,4890
0,5419
-0,2306
0,5074
0,7774
0,3877
0,3510
0,2348
-0,3576
CFDA
-0,0879
0,8440
-0,0958
0,8446
-0,3260
0,8730
0,3692
0,9305
0,0643
0,8365
0,1393
1,0000
-0,0333
0,6298
0,0513
0,9358
0,7394
0,5469
-0,0705
0,8832
0,8277
0,8074
0,8467
0,8389
0,9933
0,6335
0,9304
0,3522
0,1573
0,0434
0,1808
0,7460
-0,0785
0,8273
0,8047
0,7809
-0,4095
DHCEL CHCEL
0,5580
0,0529
0,2318
0,9367
0,5966
0,1002
0,2325
0,9303
0,2475
-0,4981
0,2045
0,9049
-0,4381 -0,2244
0,0072
0,6543
0,7769
0,5775
0,2382
0,9524
0,4609
0,4796
-0,0333
0,6298
1,0000
0,3562
0,3562
1,0000
-0,0487 -0,4867
0,1487
0,8403
0,4234
0,7468
0,4166
0,4607
0,5314
0,0795
0,1925
0,9011
0,3203
0,8857
0,3649
0,9071
0,1861
0,9283
0,1946
0,9434
-0,0765
0,6168
0,3212
0,9965
0,1011
0,8245
0,1640
0,5546
-0,5073 -0,6357
0,4833
0,7730
-0,3821 -0,4888
0,4446
0,8683
0,6337
0,2455
0,2451
0,9461
0,3245
0,8669
0,1518
0,8996
-0,1705 -0,4248
DCEL
0,4843
-0,3115
0,4372
-0,3064
0,5230
-0,2646
0,5615
-0,0343
-0,1352
-0,3232
0,0550
0,0513
-0,0487
-0,4867
1,0000
-0,1240
-0,0155
0,1754
0,4934
-0,2631
-0,1274
-0,2033
-0,3270
-0,3371
0,0338
-0,5004
-0,1398
-0,2565
0,6927
-0,6755
0,7043
-0,1535
0,2724
-0,3320
-0,1989
-0,3669
-0,0036
CCEL
0,0109
0,9586
0,0298
0,9563
-0,4137
0,9748
0,1280
0,8950
0,3248
0,9598
0,3485
0,9358
0,1487
0,8403
-0,1240
1,0000
0,8313
0,6061
0,0332
0,9682
0,9382
0,9341
0,9605
0,9610
0,9293
0,8442
0,9932
0,4679
-0,1621
0,3537
-0,0264
0,8681
0,1060
0,9495
0,9021
0,8916
-0,5022
BN
0,3269
0,8491
0,3470
0,6016
-0,0379
0,8515
-0,0034
0,8035
0,5060
0,8168
0,4634
0,7394
0,4234
0,7468
-0,0155
0,8313
1,0000
0,8596
0,3351
0,8556
0,9127
0,9079
0,8080
0,7773
0,6907
0,7175
0,7811
0,1733
-0,2708
0,2990
-0,1919
0,9408
0,3703
0,8452
0,9160
0,7464
-0,6144
NRET
0,5082
0,5881
0,5234
0,1332
0,2099
0,5954
-0,0859
0,6263
0,4571
0,5395
0,4505
0,5469
0,4166
0,4607
0,1754
0,6061
0,8596
1,0000
0,4823
0,6003
0,6994
0,6789
0,5669
0,5185
0,5198
0,4451
0,5780
-0,0664
-0,1353
0,0761
-0,0408
0,6774
0,5103
0,5829
0,6175
0,4073
-0,7460
DEB
0,9772
0,0427
0,9797
0,0475
0,5105
0,0209
-0,1300
-0,0089
0,6540
0,0284
0,6900
-0,0705
0,5314
0,0795
0,4934
0,0332
0,3351
0,4823
1,0000
0,0286
0,2830
0,2274
0,0144
0,0006
-0,0957
0,0552
0,0038
-0,0795
-0,1834
0,1081
-0,0603
0,2828
0,9385
0,0483
0,1035
-0,1287
-0,2484
CEB
0,0109
0,9956
0,0331
0,9963
-0,4048
0,9914
0,0341
0,9118
0,3652
0,9821
0,3414
0,8832
0,1925
0,9011
-0,2631
0,9682
0,8556
0,6003
0,0286
1,0000
0,9660
0,9680
0,9896
0,9756
0,8691
0,8991
0,9535
0,3792
-0,3146
0,4327
-0,2546
0,9178
0,1176
0,9924
0,9411
0,9220
-0,4718
CED
0,2590
0,9655
0,2798
0,9969
-0,2618
0,9569
0,0008
0,8690
0,5196
0,9494
0,5083
0,8277
0,3203
0,8857
-0,1274
0,9382
0,9127
0,6994
0,2830
0,9660
1,0000
0,9873
0,9511
0,9348
0,8065
0,8765
0,9152
0,3460
-0,3491
0,4444
-0,2556
0,9566
0,3513
0,9639
0,9339
0,8557
-0,5230
ANEXO 4
Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no Capítulo XII
DMS
CMS
DMO
CMO
DPB
CPB
DEE
CEE
DFDN
CFDN
DFDA
CFDA
DHCEL
CHCEL
DCEL
CCEL
BN
NRET
DEB
CEB
CED
CEM
CMSPV
CFDNPV
CFDAPV
CHCELPV
CCELPV
FDNMSI
FDAMSI
HCELMSI
CELMSI
BE
DCHOT
CCHO
NING
NFECAL
NURIN
CEM
0,2267
0,9723
0,2481
0,9738
-0,2907
0,9621
-0,0824
0,8587
0,5551
0,9566
0,516
0,8074
0,3649
0,9071
-0,2033
0,9341
0,9079
0,6789
0,2274
0,968
0,9873
1,0000
0,9577
0,9417
0,7861
0,898
0,911
0,3564
-0,4099
0,4979
-0,3062
0,9675
0,3323
0,9712
0,9391
0,8707
-0,5198
CMSPV
0,001
0,9937
0,0256
0,9927
-0,4575
0,9867
-0,0384
0,8719
0,3928
0,9869
0,3682
0,8467
0,1861
0,9283
-0,327
0,9605
0,808
0,5669
0,0144
0,9896
0,9511
0,9577
1,0000
0,9919
0,8458
0,9356
0,9587
0,4268
-0,3796
0,5074
-0,282
0,8805
0,1332
0,9922
0,8997
0,9119
-0,4892
CFDNPV
-0,0211
0,985
0,006
0,9803
-0,5053
0,9766
-0,0234
0,8249
0,4073
0,9945
0,3818
0,8389
0,1946
0,9434
-0,3371
0,961
0,7773
0,5185
0,0006
0,9756
0,9348
0,9417
0,9919
1,0000
0,8391
0,9511
0,9599
0,5365
-0,3763
0,5574
-0,2511
0,8647
0,123
0,9844
0,8882
0,9219
-0,4712
CFDAPV
-0,1086
0,8302
-0,1203
0,8301
-0,3498
0,8615
0,3505
0,92
0,0438
0,8247
0,1341
0,9933
-0,0765
0,6168
0,0338
0,9293
0,6907
0,5198
-0,0957
0,8691
0,8065
0,7861
0,8458
0,8391
1,0000
0,6365
0,9304
0,3522
0,1573
0,0434
0,1808
0,746
-0,0785
0,8273
0,8047
0,7809
-0,4095
CHCELPV
0,0315
0,9347
0,0769
0,928
-0,5227
0,9049
-0,2324
0,6552
0,5565
0,9514
0,4689
0,6335
0,3212
0,9965
-0,5004
0,8442
0,7175
0,4451
0,0552
0,8991
0,8765
0,898
0,9356
0,9511
0,6365
1,0000
0,838
0,5607
-0,6301
0,7714
-0,4728
0,8386
0,229
0,9436
0,8391
0,8887
-0,4553
CCELPV
-0,0052
0,9438
0,0011
0,9409
-0,4388
0,9626
0,1136
0,8858
0,2974
0,9466
0,3365
0,9304
0,1011
0,8245
-0,1398
0,9932
0,7811
0,578
0,0038
0,9535
0,9152
0,911
0,9587
0,9599
0,9304
0,838
1,0000
0,4736
-0,1511
0,3476
-0,003
0,8171
0,0856
0,934
0,8518
0,8632
-0,5104
FDNMSI
-0,1392
0,4186
-0,1144
0,3923
-0,5238
0,4106
0,0424
0,0937
0,3332
0,5294
0,3167
0,3522
0,164
0,5546
-0,2565
0,4679
0,1733
-0,0664
-0,0795
0,3792
0,346
0,3564
0,4268
0,5365
0,3522
0,5607
0,4736
1,0000
-0,1751
0,6192
0,0807
0,3184
0,0032
0,4232
0,355
0,4958
-0,0677
FDAMSI
-0,2049
-0,3892
-0,2626
-0,3877
0,2481
-0,3237
0,7566
-0,0101
-0,6939
-0,3867
-0,489
0,1573
-0,5073
-0,6357
0,6927
-0,1621
-0,2708
-0,1353
-0,1834
-0,3146
-0,3491
-0,4099
-0,3796
-0,3763
0,1573
-0,6301
-0,1511
-0,1751
1,0000
-0,8815
0,8742
-0,4067
-0,4277
-0,4163
-0,329
-0,3605
0,1663
HCELMSI
0,0967
0,5112
0,1546
0,4973
-0,449
0,455
-0,5831
0,053
0,7132
0,5623
0,5419
0,0434
0,4833
0,773
-0,6755
0,3537
0,299
0,0761
0,1081
0,4327
0,4444
0,4979
0,5074
0,5574
0,0434
0,7714
0,3476
0,6192
-0,8815
1,0000
-0,6585
0,4771
0,3419
0,5349
0,4327
0,5253
-0,1651
CELMSI
-0,0639
-0,3052
-0,124
-0,3105
0,1537
-0,2195
0,6136
-0,0533
-0,4586
-0,2739
-0,236
0,1808
-0,3821
-0,4888
0,7043
-0,0264
-0,1919
-0,0408
-0,0603
-0,2546
-0,2556
-0,3062
-0,282
-0,2511
0,1808
-0,4728
-0,003
0,0807
0,8742
-0,6585
1,0000
-0,338
-0,2367
-0,3337
-0,272
-0,2841
0,0129
BE
0,2688
0,9225
0,2964
0,9248
-0,2099
0,9074
-0,0452
0,8028
0,5776
0,9052
0,5074
0,746
0,4446
0,8683
-0,1535
0,8681
0,9408
0,6774
0,2828
0,9178
0,9566
0,9675
0,8805
0,8647
0,746
0,8386
0,8171
0,3184
-0,4067
0,4771
-0,338
1,0000
0,3563
0,9232
0,9704
0,8591
-0,4548
DCHOT
0,955
0,1523
0,9696
0,1568
0,3195
0,1199
-0,4072
0,003
0,7977
0,1424
0,7774
-0,0785
0,6337
0,2455
0,2724
0,106
0,3703
0,5103
0,9385
0,1176
0,3513
0,3323
0,1332
0,123
-0,0785
0,229
0,0856
0,0032
-0,4277
0,3419
-0,2367
0,3563
1,0000
0,1629
0,1677
-0,0027
-0,3528
CCHO
0,0294
0,9992
0,0557
0,9986
-0,4373
0,9849
-0,044
0,8583
0,4337
0,9919
0,3877
0,8273
0,2451
0,9461
-0,332
0,9495
0,8452
0,5829
0,0483
0,9924
0,9639
0,9712
0,9922
0,9844
0,8273
0,9436
0,934
0,4232
-0,4163
0,5349
-0,3337
0,9232
0,1629
1,0000
0,9376
0,9323
-0,4792
NING
0,0763
0,9405
0,1055
0,9413
-0,3069
0,9423
0,0379
0,8372
0,4232
0,9271
0,351
0,8047
0,3245
0,8669
-0,1989
0,9021
0,916
0,6175
0,1035
0,9411
0,9339
0,9391
0,8997
0,8882
0,8047
0,8391
0,8518
0,355
-0,329
0,4327
-0,272
0,9704
0,1677
0,9376
1,0000
0,9221
-0,393
NFECAL
-0,1651
0,9319
-0,1277
0,928
-0,6469
0,9238
0,0038
0,7638
0,2934
0,9409
0,2348
0,7809
0,1518
0,8996
-0,3669
0,8916
0,7464
0,4073
-0,1287
0,922
0,8557
0,8707
0,9119
0,9219
0,7809
0,8887
0,8632
0,4958
-0,3605
0,5253
-0,2841
0,8591
-0,0027
0,9323
0,9221
1,0000
-0,4064
NURIN
-0,3269
-0,4771
-0,2765
-0,4826
0,2156
-0,4583
0,1664
-0,4185
-0,299
-0,4603
-0,3576
-0,4095
-0,1705
-0,4248
-0,0036
-0,5022
-0,6144
-0,746
-0,2484
-0,4718
-0,523
-0,5198
-0,4892
-0,4712
-0,4095
-0,4553
-0,5104
-0,0677
0,1663
-0,1651
0,0129
-0,4548
-0,3528
-0,4792
-0,393
-0,4064
1,0000
Obs.: Valores em vermelho apresentam correlação significativa (P<0,05);
309
Valores em preto apresentam correlação não significativa (P>0,05);
Valores em azul representam o encontro de iguais aspectos analisados (linha X coluna).
ANEXO 4
Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no Capítulo XII
Onde:
DMS
= Digestibilidade da Matéria Seca
= Consumo de Energia Bruta por Unidade de Tamanho Metabólico
CMS
= Consumo de Matéria Seca por Unidade de Tamanho Metabólico
CED
= Consumo de Energia Digestível por Unidade de Tamanho Metabólico
CMO
= Consumo de Matéria Orgânica por Unidade de Tamanho Metabólico
CEM
= Consumo de Energia Metabolizável por Unidade de Tamanho Metabólico
DMO
= Digestibilidade da Matéria Orgânica
CMSPV
= Consumo de Matéria seca por Unidade de Peso vivo
DPB
= Digestibilidade da Proteína Bruta
CFDNPV
= Consumo da Fibra em Detergente Neutro por Unidade de Peso vivo
CPB
= Consumo de Proteína Bruta por Unidade de Tamanho Metabólico
CFDAPV
= Consumo da Fibra em Detergente Ácido por Unidade de Peso vivo
DEE
= Digestibilidade do Extrato Etéreo
CHCELPV
=
CEE
= Consumo do Extrato Etéreo por Unidade de Tamanho Metabólico
CCELPV
= Consumo de Celulose por Unidade de Peso vivo
DFDN
= Digestibilidade da Fibra em Detergente Neutro
FDNMSI
CFDN
= Consumo da Fibra em Detergente Neutro por Unidade de Tamanho
Metabólico
= Digestibilidade da Fibra em Detergente Ácido
FDAMSI
HCELMSI
= Consumo da Fibra em Detergente Neutro Proporcional a Matéria Seca
Ingerida
= Consumo da Fibra em Detergente Ácido Proporcional a Matéria Seca
Ingerida
= Consumo de Hemiceluloses Proporcional a Matéria Seca Ingerida
= Consumo da Fibra em Detergente Ácido por Unidade de Tamanho
Metabólico
DHCEL = Digestibilidade das Hemiceluloses
CELMSI
= Consumo de Celulose Proporcional a Matéria Seca Ingerida
BE
= Balanço de Energia
CHCEL = Consumo das Hemiceluloses por Unidade de Tamanho Metabólico
DCHO
= Digestibilidade dos Carboidratos
DFDA
CFDA
310
CEB
Consumo de Hemiceluloses por Unidade de Peso vivo
DCEL
= Digestibilidade da Celulose
CCHO
= Consumo de Carboidratos por Unidade de Tamanho Metabólico
CCEL
= Consumo da Celulose por Unidade de Tamanho Metabólico
NING
= % de Nitrogênio Ingerido
BN
= Balanço de Nitrogênio
NFECAL
= % de Nitrogênio Fecal
NRET
= Nitrogênio Retido
NURIN
= % de Nitrogênio na Urina
DEB
= Digestibilidade da Energia Bruta
ANEXO 5
Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no Capitulo IV
NNH3
PH
PROTOT
ALB
UREIA
CREAT
AACET
APROP
ABUT
AGVTOT
RACPROP
PAACET
PAPROP
PABUT
NNH3
1,0000
-0,0900
0,0902
0,0729
-0,2295
-0,1140
-0,0508
0,0006
0,2671
-0,0156
-0,1083
-0,1201
0,0425
0,2861
PH
-0,0900
1,0000
0,1883
0,2971
-0,1389
-0,0061
-0,6279
-0,6766
-0,4190
-0,6710
0,4391
0,4302
-0,4685
-0,0757
PROTOT
0,0902
0,1883
1,0000
0,3843
0,0022
0,0107
-0,0237
-0,0677
-0,0258
-0,0417
0,1341
0,1067
-0,0974
-0,0753
ALB
0,0729
0,2971
0,3843
1,0000
0,0335
-0,0206
-0,1984
-0,1994
-0,1212
-0,2060
0,0049
0,0554
-0,0715
0,0237
UREIA
-0,2295
-0,1389
0,0022
0,0335
1,0000
0,417
0,2635
0,3353
0,1713
0,3005
-0,2787
-0,2764
0,3067
0,0314
CREAT
-0,1140
-0,0061
0,0107
-0,0206
0,417
1,0000
-0,0129
0,0832
-0,0175
0,0220
0,0133
-0,0680
0,0775
0,0017
AACET
-0,0508
-0,6279
-0,0237
-0,1984
0,2635
-0,0129
1,0000
0,8347
0,6297
0,9757
-0,2342
-0,1814
0,2057
0,0075
APROP
0,0006
-0,6766
-0,0677
-0,1994
0,3353
0,0832
0,8347
1,0000
0,6036
0,9325
-0,5319
-0,5633
0,6140
0,0975
ABUT
0,2671
-0,4190
-0,0258
-0,1212
0,1713
-0,0175
0,6297
0,6036
1,0000
0,6796
-0,4276
-0,4856
0,3313
0,6783
AGVTOT
-0,0156
-0,6710
-0,0417
-0,2060
0,3005
0,0220
0,9757
0,9325
0,6796
1,0000
-0,3710
-0,3532
0,3781
0,0817
RACPROP
-0,1083
0,4391
0,1341
0,0049
-0,2787
0,0133
-0,2342
-0,5319
-0,4276
-0,3710
1,0000
0,9390
-0,9205
-0,4718
PAACET
-0,1201
0,4302
0,1067
0,0554
-0,2764
-0,0680
-0,1814
-0,5633
-0,4856
-0,3532
0,9390
1,0000
-0,9611
-0,5598
PAPROP
0,0425
-0,4685
-0,0974
-0,0715
0,3067
0,0775
0,2057
0,6140
0,3313
0,3781
-0,9205
-0,9611
1,0000
0,3092
PABUT
0,2861
-0,0757
-0,0753
0,0237
0,0314
0,0017
0,0075
0,0975
0,6783
0,0817
-0,4718
-0,5598
0,3092
1,0000
Obs,: Valores em vermelho apresentam correlação significativa (P<0,05);
Valores em preto apresentam correlação não significativa (P>0,05);
Valores em azul representam o encontro de iguais aspectos analisados (linha X coluna),
Onde:
NNH3
pH
AACET
APROP
ABUT
AGVTOT
RACPROP
PAACET
PAPROP
PABUT
PROTOT
ALB
UREIA
CREAT
=
=
=
=
=
=
=
=
=
=
=
=
=
=
Concentração de Nitrogênio Amoniacal (mg/100 ml de liquido ruminal)
Potencial Hidrogeniônico
Concentração de Ácido Acético (mg/100 ml de liquido ruminal)
Concentração de Ácido Propiônico (mg/100 ml de liquido ruminal)
Concentração de Ácido Butírico (mg/100 ml de liquido ruminal)
Concentração de Ácidos Graxos Voláteis (mg/100 ml de liquido ruminal)
Relação Acetato Propionato
Proporção Molar do Acetato (%)
Proporção Molar do Propionato (%)
Proporção Molar do Butirato (%)
Concentração de Proteínas Totais (g/100 ml de soro sangüineo)
Concentração de Albumina (g/100 ml de soro sangüineo)
Concentração de Uréia (g/100 ml de soro sangüineo)
Concentração de Creatinina (g/100 ml de soro sangüineo)
311
ANEXO 6
Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no Capitulo VII
NNH3
PH
PROTOT
ALB
UREIA
CREAT
AACET
APROP
ABUT
AGVTOT
RACPROP
PAACET
PAPROP
PABUT
NNH3
1,0000
-0,0315
0,3451
-0,2573
0,7852
0,2631
0,1659
0,2182
0,0439
0,1952
-0,0512
-0,0546
0,1031
-0,0868
PH
-0,0315
1,0000
0,0946
0,0131
0,0525
-0,0128
-0,2379
-0,4165
-0,3196
-0,3496
0,3284
0,4404
-0,4221
-0,2181
PROTOT
0,3451
0,0946
1,0000
0,0751
0,361
0,0726
-0,0750
-0,0426
-0,1387
-0,0744
-0,0544
0,0308
0,0277
-0,1419
ALB
-0,2573
0,0131
0,0751
1,0000
-0,3091
-0,0730
-0,1601
-0,0415
-0,0821
-0,1168
-0,0394
-0,0495
0,0623
-0,0084
UREIA
0,7852
0,0525
0,361
-0,3091
1,0000
0,4170
0,0529
0,0932
0,0159
0,0728
-0,1144
-0,0771
0,0901
0,0024
CREAT
0,2631
-0,0128
0,0726
-0,0730
0,4170
1,0000
-0,0095
0,0028
-0,0246
-0,0065
-0,1418
-0,0546
0,0586
0,0131
AACET
0,1659
-0,2379
-0,0750
-0,1601
0,0529
-0,0095
1,0000
0,7015
0,6659
0,9403
-0,1687
-0,2077
0,1747
0,1568
APROP
0,2182
-0,4165
-0,0426
-0,0415
0,0932
0,0028
0,7015
1,0000
0,5977
0,8972
-0,5251
-0,6746
0,7165
0,1791
Obs,: Valores em vermelho apresentam correlação significativa (P<0,05);
Valores em preto apresentam correlação não significativa (P>0,05);
Valores em azul representam o encontro de iguais aspectos analisados (linha X coluna),
Onde:
312
NNH3
pH
AACET
APROP
ABUT
AGVTOT
RACPROP
PAACET
PAPROP
PABUT
PROTOT
ALB
UREIA
CREAT
=
=
=
=
=
=
=
=
=
=
=
=
=
=
Concentração de Nitrogênio Amoniacal (mg/100 ml de liquido ruminal)
Potencial Hidrogeniônico
Concentração de Ácido Acético (mg/100 ml de liquido ruminal)
Concentração de Ácido Propiônico (mg/100 ml de liquido ruminal)
Concentração de Ácido Butírico (mg/100 ml de liquido ruminal)
Concentração de Ácidos Graxos Voláteis (mg/100 ml de liquido ruminal)
Relação Acetato Propionato
Proporção Molar do Acetato (%)
Proporção Molar do Propionato (%)
Proporção Molar do Butirato (%)
Concentração de Proteínas Totais (g/100 ml de soro sangüineo)
Concentração de Albumina (g/100 ml de soro sangüineo)
Concentração de Uréia (g/100 ml de soro sangüineo)
Concentração de Creatinina (g/100 ml de soro sangüineo)
ABUT
0,0439
-0,3196
-0,1387
-0,0821
0,0159
-0,0246
0,6659
0,5977
1,0000
0,7365
-0,3718
-0,5528
0,3027
0,7769
AGVTOT
0,1952
-0,3496
-0,0744
-0,1168
0,0728
-0,0065
0,9403
0,8972
0,7365
1,0000
-0,3635
-0,4689
0,4453
0,2414
RACPROP
-0,0512
0,3284
-0,0544
-0,0394
-0,1144
-0,1418
-0,1687
-0,5251
-0,3718
-0,3635
1,0000
0,8917
-0,8768
-0,3928
PAACET
-0,0546
0,4404
0,0308
-0,0495
-0,0771
-0,0546
-0,2077
-0,6746
-0,5528
-0,4689
0,8917
1,0000
-0,9279
-0,5631
PAPROP
0,1031
-0,4221
0,0277
0,0623
0,0901
0,0586
0,1747
0,7165
0,3027
0,4453
-0,8768
-0,9279
1,0000
0,2144
PABUT
-0,0868
-0,2181
-0,1419
-0,0084
0,0024
0,0131
0,1568
0,1791
0,7769
0,2414
-0,3928
-0,5631
0,2144
1,0000
ANEXO 7
Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no Capitulo X
NNH3
PH
PROTOT
ALB
UREIA
CREAT
AACET
APROP
ABUT
AGVTOT
RACPROP
PAACET
PAPROP
PABUT
NNH3
1,0000
-0,1729
0,3451
0,2466
0,4512
-0,0020
0,0497
0,0413
0,1665
0,0596
-0,1852
-0,1571
0,0995
0,2132
PH
-0,1729
1,0000
-0,0706
0,2271
-0,1855
-0,0023
-0,5213
-0,5951
-0,5154
-0,5777
0,1422
0,1965
-0,1768
-0,1652
PROTOT
0,3451
-0,0706
1,0000
0,4524
0,7610
-0,3741
-0,1242
-0,2074
-0,0283
-0,1458
0,0660
0,0743
-0,1294
0,0591
ALB
0,2466
0,2271
0,4524
1,0000
0,4623
-0,1649
-0,1179
-0,2078
-0,0075
-0,1395
0,1286
0,1048
-0,1918
0,1013
UREIA
0,4512
-0,1855
0,7610
0,4623
1,0000
-0,2927
-0,0012
-0,1239
0,1089
-0,0211
0,1151
0,0711
-0,1693
0,1448
CREAT
-0,0020
-0,0023
-0,3741
-0,1649
-0,2927
1,0000
-0,0691
0,0889
0,0009
-0,0347
-0,1540
-0,1100
0,1636
-0,0331
AACET
0,0497
-0,5213
-0,1242
-0,1179
-0,0012
-0,0691
1,0000
0,7087
0,5488
0,9824
0,1745
0,2047
-0,2240
-0,0948
APROP
0,0413
-0,5951
-0,2074
-0,2078
-0,1239
0,0889
0,7087
1,0000
0,6283
0,8228
-0,4411
-0,4137
0,4546
0,1877
ABUT
0,1665
-0,5154
-0,0283
-0,0075
0,1089
0,0009
0,5488
0,6283
1,0000
0,6395
-0,3548
-0,4507
0,2457
0,6891
AGVTOT
0,0596
-0,5777
-0,1458
-0,1395
-0,0211
-0,0347
0,9824
0,8228
0,6395
1,0000
0,0157
0,0391
-0,0590
0,0135
RACPROP
-0,1852
0,1422
0,0660
0,1286
0,1151
-0,1540
0,1745
-0,4411
-0,3548
0,0157
1,0000
0,9335
-0,9393
-0,5913
PAACET
-0,1571
0,1965
0,0743
0,1048
0,0711
-0,1100
0,2047
-0,4137
-0,4507
0,0391
0,9335
1,0000
-0,9420
-0,7582
PAPROP
0,0995
-0,1768
-0,1294
-0,1918
-0,1693
0,1636
-0,2240
0,4546
0,2457
-0,0590
-0,9393
-0,9420
1,0000
0,4953
PABUT
0,2132
-0,1652
0,0591
0,1013
0,1448
-0,0331
-0,0948
0,1877
0,6891
0,0135
-0,5913
-0,7582
0,4953
1,0000
Obs,: Valores em vermelho apresentam correlação significativa (P<0,05);
Valores em preto apresentam correlação não significativa (P>0,05);
Valores em azul representam o encontro de iguais aspectos analisados (linha X coluna),
Onde:
NNH3
pH
AACET
APROP
ABUT
AGVTOT
RACPROP
PAACET
PAPROP
PABUT
PROTOT
ALB
UREIA
CREAT
=
=
=
=
=
=
=
=
=
=
=
=
=
=
Concentração de Nitrogênio Amoniacal (mg/100 ml de liquido ruminal)
Potencial Hidrogeniônico
Concentração de Ácido Acético (mg/100 ml de liquido ruminal)
Concentração de Ácido Propiônico (mg/100 ml de liquido ruminal)
Concentração de Ácido Butírico (mg/100 ml de liquido ruminal)
Concentração de Ácidos Graxos Voláteis (mg/100 ml de liquido ruminal)
Relação Acetato Propionato
Proporção Molar do Acetato (%)
Proporção Molar do Propionato (%)
Proporção Molar do Butirato (%)
Concentração de Proteínas Totais (g/100 ml de soro sangüineo)
Concentração de Albumina (g/100 ml de soro sangüineo)
Concentração de Uréia (g/100 ml de soro sangüineo)
Concentração de Creatinina (g/100 ml de soro sangüineo)
313
ANEXO 8
Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no Capitulo XIII
NNH3
PH
PROTOT
ALB
UREIA
CREAT
AACET
APROP
ABUT
AGVTOT
RACPROP
PAACET
PAPROP
PABUT
NNH3
1,0000
0,1191
-0,1372
-0,0470
0,2963
0,0076
-0,1634
0,0182
-0,0925
-0,1080
-0,1306
-0,1812
0,2195
-0,0386
PH
0,1191
1,0000
-0,2172
0,1136
0,4636
0,3050
-0,5979
-0,5337
-0,1515
-0,6481
0,1267
0,0594
-0,1316
0,1491
PROTOT
-0,1372
-0,2172
1,0000
-0,1366
-0,3939
-0,1096
0,2981
0,2296
0,1496
0,3137
-0,0408
-0,0016
0,0123
-0,0240
ALB
-0,0470
0,1136
-0,1366
1,0000
0,5537
0,1408
-0,2249
-0,0149
-0,2473
-0,1779
-0,1442
-0,0897
0,1917
-0,2093
UREIA
0,2963
0,4636
-0,3939
0,5537
1,0000
0,4475
-0,4992
-0,2051
-0,1905
-0,4387
-0,0920
-0,1762
0,1992
-0,0049
CREAT
0,0076
0,3050
-0,1096
0,1408
0,4475
1,0000
-0,1459
-0,0753
-0,0933
-0,1387
-0,0521
-0,0180
0,0240
-0,0090
AACET
-0,1634
-0,5979
0,2981
-0,2249
-0,4992
-0,1459
1,0000
0,4975
0,2303
0,9038
0,1522
0,2543
-0,2028
-0,1866
APROP
0,0182
-0,5337
0,2296
-0,0149
-0,2051
-0,0753
0,4975
1,0000
0,3742
0,8131
-0,5733
-0,5871
0,6612
-0,0108
Obs,: Valores em vermelho apresentam correlação significativa (P<0,05);
Valores em preto apresentam correlação não significativa (P>0,05);
Valores em azul representam o encontro de iguais aspectos analisados (linha X coluna),
Onde:
314
NNH3
pH
AACET
APROP
ABUT
AGVTOT
RACPROP
PAACET
PAPROP
PABUT
PROTOT
ALB
UREIA
CREAT
=
=
=
=
=
=
=
=
=
=
=
=
=
=
Concentração de Nitrogênio Amoniacal (mg/100 ml de liquido ruminal)
Potencial Hidrogeniônico
Concentração de Ácido Acético (mg/100 ml de liquido ruminal)
Concentração de Ácido Propiônico (mg/100 ml de liquido ruminal)
Concentração de Ácido Butírico (mg/100 ml de liquido ruminal)
Concentração de Ácidos Graxos Voláteis (mg/100 ml de liquido ruminal)
Relação Acetato Propionato
Proporção Molar do Acetato (%)
Proporção Molar do Propionato (%)
Proporção Molar do Butirato (%)
Concentração de Proteínas Totais (g/100 ml de soro sangüineo)
Concentração de Albumina (g/100 ml de soro sangüineo)
Concentração de Uréia (g/100 ml de soro sangüineo)
Concentração de Creatinina (g/100 ml de soro sangüineo)
ABUT
-0,0925
-0,1515
0,1496
-0,2473
-0,1905
-0,0933
0,2303
0,3742
1,0000
0,4141
-0,2642
-0,4575
0,1377
0,8552
AGVTOT
-0,1080
-0,6481
0,3137
-0,1779
-0,4387
-0,1387
0,9038
0,8131
0,4141
1,0000
-0,1831
-0,1403
0,1775
-0,0472
RACPROP
-0,1306
0,1267
-0,0408
-0,1442
-0,0920
-0,0521
0,1522
-0,5733
-0,2642
-0,1831
1,0000
0,8995
-0,8932
-0,2573
PAACET
-0,1812
0,0594
-0,0016
-0,0897
-0,1762
-0,0180
0,2543
-0,5871
-0,4575
-0,1403
0,8995
1,0000
-0,9208
-0,4513
PAPROP
0,2195
-0,1316
0,0123
0,1917
0,1992
0,0240
-0,2028
0,6612
0,1377
0,1775
-0,8932
-0,9208
1,0000
0,0676
PABUT
-0,0386
0,1491
-0,0240
-0,2093
-0,0049
-0,0090
-0,1866
-0,0108
0,8552
-0,0472
-0,2573
-0,4513
0,0676
1,0000
ANEXO 9
Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no subproduto de Abacaxi (Capitulo V)
DMS
1,0000
0,9367
0,9882
0,9255
0,9453
0,9465
DMS
DPB
DFDN
DFDA
DHCEL
DCEL
DPB
0,9367
1,0000
0,9082
0,8813
0,8619
0,9128
DFDN
0,9882
0,9082
1,0000
0,8817
0,9448
0,9503
DFDA
0,9255
0,8813
0,8817
1,0000
0,8272
0,8817
DHCEL
0,9453
0,8619
0,9448
0,8272
1,0000
0,8638
DCEL
0,9465
0,9128
0,9503
0,8817
0,8638
1,0000
Obs,: Valores em vermelho apresentam correlação significativa (P<0,05);
Valores em preto apresentam correlação não significativa (P>0,05);
Valores em azul representam o encontro de iguais aspectos analisados (linha X coluna),
Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no capim elefante (Capitulo V)
DMS
1,0000
0,9343
0,9966
0,8687
0,9790
0,9944
DMS
DPB
DFDN
DFDA
DHCEL
DCEL
DPB
0,9343
1,0000
0,9229
0,7919
0,8855
0,9180
DFDN
0,9966
0,9229
1,0000
0,9897
0,9849
0,9936
DFDA
0,8687
0,7919
0,9897
1,0000
0,8387
0,8628
DHCEL
0,9790
0,8855
0,9849
0,8387
1,0000
0,9825
DCEL
0,9944
0,9180
0,9936
0,8628
0,9825
1,0000
Obs,: Valores em vermelho apresentam correlação significativa (P<0,05);
Valores em preto apresentam correlação não significativa (P>0,05);
Valores em azul representam o encontro de iguais aspectos analisados (linha X coluna),
Onde:
DMS
DPB
DFDN
DFDA
DHCEL
DCEL
=
=
=
=
=
=
Desaparecimento da Matéria Seca
Desaparecimento da Proteína Bruta
Desaparecimento da Fibra em Detergente Neutro
Desaparecimento da Fibra em Detergente Ácido
Desaparecimento das Hemiceluloses
Desaparecimento da Celulose
315
ANEXO 10
Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no subproduto de Acerola (Capitulo VIII)
DMS
1,0000
0,9276
0,9854
0,8996
0,6877
0,8524
DMS
DPB
DFDN
DFDA
DHCEL
DCEL
DPB
0,9276
1,0000
0,9203
0,8807
0,5755
0,8279
DFDN
0,9854
0,9203
1,0000
0,9059
0,6825
0,9503
DFDA
0,8996
0,8807
0,9059
1,0000
0,3468
0,8817
DHCEL
0,6877
0,5755
0,6825
0,3468
1,0000
0,5260
DCEL
0,8524
0,8279
0,9503
0,8817
0,5260
1,0000
Obs,: Valores em vermelho apresentam correlação significativa (P<0,05);
Valores em preto apresentam correlação não significativa (P>0,05);
Valores em azul representam o encontro de iguais aspectos analisados (linha X coluna),
Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no capim elefante (Capitulo VIII)
DMS
1,0000
0,8216
0,9975
0,9773
0,9304
0,9929
DMS
DPB
DFDN
DFDA
DHCEL
DCEL
DPB
0,8216
1,0000
0,8170
0,7832
0,7636
0,8137
DFDN
0,9975
0,8170
1,0000
0,9842
0,9263
0,9910
DFDA
0,9773
0,7832
0,9842
1,0000
0,8736
0,9724
DHCEL
0,9304
0,7636
0,9263
0,8736
1,0000
0,9225
DCEL
0,9929
0,8137
0,9910
0,9724
0,9225
1,0000
Obs,: Valores em vermelho apresentam correlação significativa (P<0,05);
Valores em preto apresentam correlação não significativa (P>0,05);
Valores em azul representam o encontro de iguais aspectos analisados (linha X coluna),
Onde:
316
DMS
DPB
DFDN
DFDA
DHCEL
DCEL
=
=
=
=
=
=
Desaparecimento da Matéria Seca
Desaparecimento da Proteína Bruta
Desaparecimento da Fibra em Detergente Neutro
Desaparecimento da Fibra em Detergente Ácido
Desaparecimento das Hemiceluloses
Desaparecimento da Celulose
ANEXO 11
Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no subproduto de Caju (Capitulo XI)
DMS
1,0000
0,9829
0,9855
0,9835
0,9488
0,8136
DMS
DPB
DFDN
DFDA
DHCEL
DCEL
DPB
0,9829
1,0000
0,9725
0,9592
0,9358
0,8328
DFDN
0,9855
0,9725
1,0000
0,9610
0,9522
0,8247
DFDA
0,9835
0,9592
0,9610
1,0000
0,8971
0,7787
DHCEL
0,9488
0,9358
0,9522
0,8971
1,0000
0,8512
DCEL
0,8136
0,8328
0,8247
0,7787
0,8512
1,0000
Obs,: Valores em vermelho apresentam correlação significativa (P<0,05);
Valores em preto apresentam correlação não significativa (P>0,05);
Valores em azul representam o encontro de iguais aspectos analisados (linha X coluna),
Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no capim elefante (Capitulo XI)
DMS
1,0000
0,9373
0,9951
0,9891
0,9858
0,9914
DMS
DPB
DFDN
DFDA
DHCEL
DCEL
DPB
0,9373
1,0000
0,9139
0,9152
0,8936
0,9350
DFDN
0,9951
0,9139
1,0000
0,9895
0,9900
0,9855
DFDA
0,9891
0,9152
0,9895
1,0000
0,9780
0,9835
DHCEL
0,9858
0,8936
0,9900
0,9780
1,0000
0,9781
DCEL
0,9914
0,9350
0,9855
0,9835
0,9781
1,0000
Obs,: Valores em vermelho apresentam correlação significativa (P<0,05);
Valores em preto apresentam correlação não significativa (P>0,05);
Valores em azul representam o encontro de iguais aspectos analisados (linha X coluna),
Onde:
DMS
DPB
DFDN
DFDA
DHCEL
DCEL
=
=
=
=
=
=
Desaparecimento da Matéria Seca
Desaparecimento da Proteína Bruta
Desaparecimento da Fibra em Detergente Neutro
Desaparecimento da Fibra em Detergente Ácido
Desaparecimento das Hemiceluloses
Desaparecimento da Celulose
317
ANEXO 12
Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no subproduto de Maracujá (Capitulo XIV)
DMS
1,0000
0,9832
0,9712
0,9506
0,8623
0,9048
DMS
DPB
DFDN
DFDA
DHCEL
DCEL
DPB
0,9832
1,0000
0,9555
0,9267
0,8608
0,9130
DFDN
0,9712
0,9555
1,0000
0,953
0,989
0,8897
DFDA
0,9506
0,9267
0,953
1,0000
0,7433
0,8302
DHCEL
0,8623
0,8608
0,989
0,7433
1,0000
0,8788
DCEL
0,9048
0,9130
0,8897
0,8302
0,8788
1,0000
Obs,: Valores em vermelho apresentam correlação significativa (P<0,05);
Valores em preto apresentam correlação não significativa (P>0,05);
Valores em azul representam o encontro de iguais aspectos analisados (linha X coluna),
Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no capim elefante (Capitulo XIV)
DMS
1,0000
0,9138
0,9612
0,9493
0,9558
0,9933
DMS
DPB
DFDN
DFDA
DHCEL
DCEL
DPB
0,9138
1,0000
0,8765
0,7951
0,7851
0,8635
DFDN
0,9612
0,8765
1,0000
0,9959
0,8646
0,9913
DFDA
0,9493
0,7951
0,9959
1,0000
0,9861
0,9502
DHCEL
0,9558
0,7851
0,8646
0,9861
1,0000
0,9577
DCEL
0,9933
0,8635
0,9913
0,9502
0,9577
1,0000
Obs,: Valores em vermelho apresentam correlação significativa (P<0,05);
Valores em preto apresentam correlação não significativa (P>0,05);
Valores em azul representam o encontro de iguais aspectos analisados (linha X coluna),
Onde:
318
DMS
DPB
DFDN
DFDA
DHCEL
DCEL
=
=
=
=
=
=
Desaparecimento da Matéria Seca
Desaparecimento da Proteína Bruta
Desaparecimento da Fibra em Detergente Neutro
Desaparecimento da Fibra em Detergente Ácido
Desaparecimento das Hemiceluloses
Desaparecimento da Celulose

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