valor nutritivo de subprodutos de frutas para ovinos
Transcrição
valor nutritivo de subprodutos de frutas para ovinos
Marcos Cláudio Pinheiro Rogério VALOR NUTRITIVO DE SUBPRODUTOS DE FRUTAS PARA OVINOS Tese apresentada à Escola de Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito parcial para obtenção do grau de Doutor em Ciência Animal. Área de Concentração: Nutrição Animal Orientador: Prof. Iran Borges Belo Horizonte - Minas Gerais Escola de Veterinária - UFMG 2005 R722v Rogério, Marcos Cláudio Pinheiro, 1975Valor nutritivo de subprodutos de frutas para ovinos / Marcos Cláudio Pinheiro Rogério. 2005. 318 p.: il. Orientador: Iran Borges Tese (doutorado) - Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Veterinária. Inclui bibliografia 1. Ovino – Alimentação e rações – Teses. 2. Dieta em veterinária – Teses. 3. Nutrição animal - Teses. 4. Frutas – Subprodutos – Teses. I. Borges, Iran, 1960- II. Universidade Federal de Minas Gerais. Escola de Veterinária. III. Título. CDD – 636.308 5 Tese defendida e aprovada em 10/02/2005, pela Comissão Examinadora constituída por: ________________________________ Prof. Iran Borges (Orientador) ________________________________ Prof. José Neuman Miranda Neiva ________________________________ Prof. Rogério Martins Maurício ________________________________ Prof. Norberto Mário Rodriguez ________________________________ Prof. Lúcio Carlos Gonçalves 3 4 A Deus, que nos dá a ÁGUA que sacia a sede da realização pessoal, dedico esse trabalho. Só Ele nos oferece o Caminho, a Verdade e a Vida: Jesus Cristo, Nosso Senhor. “Eu sou uma espécie de testemunho da minha terra e do meu tempo. Se eu não fosse do Ceará, o que seria de mim? Sei lá. Não posso me imaginar ou fazer projeções ante esta sugestão insólita. O Ceará está muito ligado a mim para que eu possa me imaginar fora dele. Ou pior, sem ele”. Rachel de Queiroz 5 6 AGRADECIMENTOS À Deus e Sua Mãe Santíssima. Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico pela bolsa concedida. Ao Banco do Nordeste e à Fundação Cearense de Amparo à Pesquisa pelo auxílio financeiro à execução do experimento. À Universidade Federal de Minas Gerais e seu corpo qualificado de professores e técnicos pela excelência na transmissão de conhecimentos importantíssimos à minha formação profissional. À Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA Caprinos e EMBRAPA Agroindústria Tropical) e à Universidade Federal do Ceará pela disponibilização de sua infraestrutura para execução de toda a fase experimental. À Universidade Estadual Vale do Acaraú pelo apoio dado à realização da maior parte das análises laboratoriais. À Bioclin® por ter fornecido os kits indispensáveis à realização das análises de soro sangüíneo. Ao Professor Iran Borges, por seu exemplo profissional e, acima de tudo, por ensinar a superar as dificuldades e por exigir dedicação e aplicação ao trabalho, dando, ao mesmo tempo, o apoio proporcional à cobrança feita. Gratidão representa tudo o que sinto também pelos conselhos, companheirismo, incentivo e compreensão nos períodos em que mais necessitei. Ao Professor José Neuman, pelo apoio irrestrito à execução do experimento, companheirismo e valiosos ensinamentos, além das importantes sugestões que contribuíram para a melhoria dos experimentos, do conteúdo e da redação desta tese. Ao Professor Lúcio Carlos Gonçalves pelo exemplo de dedicação ao trabalho, apoio e incentivo, bem como, pelas correções e sugestões ao trabalho. Ao Professor Norberto Mário Rodriguez, pela relevante contribuição à minha formação profissional, por sua compreensão e apoio incondicional, bem como, pelas valiosas sugestões a este trabalho. Ao Professor Rogério Martins Maurício, pela disponibilidade e apoio particularmente no encerramento deste trabalho e por suas importantes contribuições a partir das correções realizadas. À Professora Eloísa de Oliveira Simões Saliba, pelo apoio às análises realizadas no Laboratório de Nutrição Animal da Escola de Veterinária da UFMG, pela simplicidade, companheirismo e permanente disposição para ajudar. Aos demais professores da Escola de Veterinária da UFMG, pela contribuição à minha formação profissional. 7 Ao Professor Juan Ramón Olalquiaga Perez, pela participação na banca de qualificação e contribuições dadas à minha formação profissional. Aos pesquisadores da EMBRAPA Caprinos e Agroindústria Tropical: Aurino Simplício, José Carlos Machado Pimentel, Luís Vieira, Nélson Barros, Vânia Vasconcelos, Alcido Wander, Raimundo Lobo e Eneas Leite por possibilitar a execução da fase experimental naquela instituição. Aos professores da Universidade Estadual Vale do Acaraú: Allysson Ney, Ana Sancha, Claudinha, Cléber, Dêis, Fabianno e Révia, pela amizade, apoio em palavras e ações e, sobretudo, pela oportunidade de feliz convivência, especialmente agradeço. À Professora Ana Cláudia Nascimento Campos da Universidade Federal do Ceará pelo apoio irrestrito e amizade sincera. Ao meu amigo Gabrimar, pelos ensinamentos e transmissão de experiências profissionais, por demonstrar o grande valor da verdade e da sinceridade em nossos dias e, mais, por gostar do Ceará tanto quanto eu. Aos amigos professores da Universidade Estadual do Ceará: Genário, Salette, Lucinha, Cláudio e Verônica pela confiança na execução deste ideal, sempre com constantes estímulos e auxílio em todos os momentos. Aos estudantes de graduação do curso de Zootecnia da UFC: Cley Anderson, Josemir, Davi, Tiago, pela disponibilidade constante e pelo auxílio imprescindível à realização dos experimentos. Aos colegas de pós-graduação da UFC: Salete, Canindé, Roberto, Edilton, Arnaud e Danielle pelo apoio irrestrito e disponibilidade no auxílio às fases experimentais desta tese. Aos meus caros alunos do curso de graduação da UVA: Tallita, Ana Gláudia, Joaquim, Sueli, Bartolomeu Neto, Éden, Celly, Thiago, Leonardo, Alixandre, Nertan, Gil Mário e Vandenberg pelo apoio irrestrito na execução das análises laboratoriais e na formatação dos dados obtidos, amizade, companheirismo e boa convivência acadêmica. Aos colegas da UFMG: Angelinha, Ricardo Rosero, Thierry, Sabará, Léo Lara, Martín, Eduardo, Alessandra, Fernando Henrique, Ívis, Bolívar, Leonardo, Breno, Fernando Cezar, Sidney, Fabiana, Luis Orcírio, pela amizade e apoio. Aos meus irmãos fluminenses: Felipão, Fábio e Marcão pelas sinceras demonstrações de amizade e confiança, pelos momentos agradáveis de descontração, bondade e simplicidade. À Juliana Oliveira, por sua sincera amizade e apoio em todos os momentos. Ao pessoal de apoio da Embrapa Caprinos, particularmente aos técnicos Lourenço, Ana Cristina, Maria de Jesus, Fábio, Pedro, Evaristo, Welinton, Valdécio, Tânia, Eliene, Liduína, Helena, Leitão, pela ajuda imprescindível. 8 Às amigas do Laboratório de Nutrição Animal da UFC: Helena e Roseane, pelo apoio incondicional à realização de parte das análises naquele laboratório. Aos amigos do Laboratório de Nutrição Animal da UFMG: Toninho e Margot, pela oportunidade de convívio, ensinamentos e apoio. Ao pessoal do Colegiado de Pós-graduação, particularmente à Nilda e à Eliane, pela amizade, compreensão, palavras de apoio e enorme presteza e disponibilidade. Ao pessoal da Biblioteca da Escola de Veterinária da UFMG, pela presteza e atenção sempre dispensados. Aos funcionários do Departamento de Zootecnia da Escola de Veterinária da UFMG, pelo convívio agradável. A todos os colegas, familiares e amigos que durante o curso sempre se dispensaram a servir; que torceram e rezaram por mim a Deus pelo êxito desse trabalho. Os nomes e as lembranças estarão sempre presentes nas recordações do autor. "É terrivelmente sedutor para alguns igualar-se a Deus e tornar-se deus dos próprios semelhantes. Mas, na hora em que isso acontece, a infelicidade toma conta de dominados e dominadores... Ainda bem que, enquanto o ser humano delira em fazer-se deus, Deus decide fazer-se homem. No fundo, trata-se de duas loucuras: a loucura do Amor contra a loucura da arrogância; a loucura da Vida contra a loucura da morte”. Pe. Virgílio, ssp. 9 10 SUMÁRIO LISTA DE TABELAS ................................................................................................... 14 LISTA DE FIGURAS .................................................................................................... 24 LISTA DE ANEXOS ..................................................................................................... 26 RESUMO ....................................................................................................................... 29 ABSTRACT ..................................................................................................................... 30 Capítulo I - INTRODUÇÃO GERAL ............................................................................ 31 Capítulo II - REVISÃO DE LITERATURA.................................................................. 33 1. POTENCIAL DE UTILIZAÇÃO DE SUBPRODUTOS DO PROCESSAMENTO DE FRUTAS .............................................................................................................. 33 1.1. Abacaxi (Ananas comosus L., Merr.) .............................................................. 33 1.2. Acerola (Malpighia glabra L.) ........................................................................ 34 1.3. Caju (Anacardium occidentale)....................................................................... 34 1.4. Maracujá (Passiflora edulis) ........................................................................... 36 2. RENDIMENTOS MÉDIOS DE SUBPRODUTOS DO PROCESSAMENTO DE FRUTAS..................................................................................................................... 37 3. VALOR NUTRICIONAL DE SUBPRODUTOS DO PROCESSAMENTO DE FRUTAS..................................................................................................................... 37 4. DESEMPENHO ANIMAL A PARTIR DA UTILIZAÇÃO DE SUBPRODUTOS DO PROCESSAMENTO DE FRUTAS .................................................................... 44 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 45 Capítulo III - EXPERIMENTO 1................................................................................... 51 Valor nutritivo do subproduto da indústria processadora de abacaxi (Ananas comosus) em dietas para ovinos. 1. Consumo, digestibilidade aparente e balanços energético e nitrogenado ..................................................................................................................... 51 RESUMO ................................................................................................................... 51 1. INTRODUÇÃO...................................................................................................... 51 2. MATERIAL E MÉTODOS.................................................................................... 52 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................... 56 4. CONCLUSÕES ...................................................................................................... 66 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 66 Capítulo IV - EXPERIMENTO 2................................................................................... 69 Valor nutritivo do subproduto da indústria processadora de abacaxi (Ananas comosus) em dietas para ovinos. 2. Dinâmica da fermentação ruminal e cinética sangüínea........ 69 RESUMO ................................................................................................................... 69 1. INTRODUÇÃO...................................................................................................... 69 2. MATERIAL E MÉTODOS.................................................................................... 70 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................... 71 4. CONCLUSÕES ...................................................................................................... 86 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 86 Capítulo V - EXPERIMENTO 3 .................................................................................... 89 Valor nutritivo do subproduto da indústria processadora de abacaxi (Ananas comosus) em dietas para ovinos. 3. Degradabilidade ruminal ....................................................... 89 RESUMO ................................................................................................................... 89 11 1. INTRODUÇÃO...................................................................................................... 89 2. MATERIAL E MÉTODOS.................................................................................... 90 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................... 92 4. CONCLUSÕES .................................................................................................... 105 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 105 Capítulo VI - EXPERIMENTO 4................................................................................. 107 Valor nutritivo do subproduto da indústria processadora de acerola (Malpighia glabra) em dietas para ovinos. 1. Consumo, digestibilidade aparente e balanços energético e nitrogenado ................................................................................................................... 107 RESUMO ................................................................................................................. 107 1. INTRODUÇÃO.................................................................................................... 107 2. MATERIAL E MÉTODOS.................................................................................. 108 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................... 112 4. CONCLUSÕES .................................................................................................... 123 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 123 Capítulo VII - EXPERIMENTO 5 ............................................................................... 125 Valor nutritivo do subproduto da indústria processadora de acerola (Malpighia glabra) em dietas para ovinos. 2. Dinâmica da fermentação ruminal e cinética sangüínea...... 125 RESUMO ................................................................................................................. 125 1. INTRODUÇÃO.................................................................................................... 125 2. MATERIAL E MÉTODOS.................................................................................. 126 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................... 127 4. CONCLUSÕES .................................................................................................... 143 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 143 Capítulo VIII - EXPERIMENTO 6 .............................................................................. 145 Valor nutritivo do subproduto da indústria processadora de acerola (Malpighia glabra) em dietas para ovinos. 3. Degradabilidade ruminal ..................................................... 145 RESUMO ................................................................................................................. 145 1. INTRODUÇÃO.................................................................................................... 145 2. MATERIAL E MÉTODOS.................................................................................. 146 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................... 148 4. CONCLUSÕES .................................................................................................... 160 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 160 Capítulo IX - EXPERIMENTO 7................................................................................. 163 Valor nutritivo do subproduto da indústria processadora de caju (Anacardium occidentale) em dietas para ovinos. 1. Consumo, digestibilidade aparente e balanços energético e nitrogenado............................................................................................... 163 RESUMO ................................................................................................................. 163 1. INTRODUÇÃO.................................................................................................... 163 2. MATERIAL E MÉTODOS.................................................................................. 164 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................... 168 4. CONCLUSÕES .................................................................................................... 181 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 181 Capítulo X - EXPERIMENTO 8 .................................................................................. 183 12 Valor nutritivo do subproduto da indústria processadora de caju (Anacardium occidentale) em dietas para ovinos. 2. Dinâmica da fermentação ruminal e cinética sangüínea ...................................................................................................................... 183 RESUMO ................................................................................................................. 183 1. INTRODUÇÃO.................................................................................................... 183 2. MATERIAL E MÉTODOS.................................................................................. 184 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................... 185 4. CONCLUSÕES .................................................................................................... 204 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 204 Capítulo XI - EXPERIMENTO 9................................................................................. 207 Valor nutritivo do subproduto da indústria processadora de caju (Anacardium occidentale) em dietas para ovinos. 3. Degradabilidade ruminal................................. 207 RESUMO ................................................................................................................. 207 1. INTRODUÇÃO.................................................................................................... 207 2. MATERIAL E MÉTODOS.................................................................................. 208 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................... 210 4. CONCLUSÕES .................................................................................................... 226 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 226 Capítulo XII - EXPERIMENTO 10 ............................................................................. 229 Valor nutritivo do subproduto da indústria processadora de maracujá (Passiflora edulis) em dietas para ovinos. 1. Consumo, digestibilidade aparente e balanços energético e nitrogenado ................................................................................................................... 229 RESUMO ................................................................................................................. 229 1. INTRODUÇÃO.................................................................................................... 229 2. MATERIAL E MÉTODOS.................................................................................. 230 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................... 234 4. CONCLUSÕES .................................................................................................... 247 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 248 Capítulo XIII - EXPERIMENTO 11 ............................................................................ 251 Valor nutritivo do subproduto da indústria processadora de maracujá (Passiflora edulis) em dietas para ovinos. 2. Dinâmica da fermentação ruminal e cinética sangüínea...... 251 RESUMO ................................................................................................................. 251 1. INTRODUÇÃO.................................................................................................... 251 2. MATERIAL E MÉTODOS.................................................................................. 252 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................... 253 4. CONCLUSÕES .................................................................................................... 271 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 272 Capítulo XIV - EXPERIMENTO 12............................................................................ 273 Valor nutritivo do subproduto da indústria processadora de maracujá (Passiflora edulis) em dietas para ovinos. 3. Degradabilidade ruminal ..................................................... 273 RESUMO ................................................................................................................. 273 1. INTRODUÇÃO.................................................................................................... 273 2. MATERIAL E MÉTODOS.................................................................................. 274 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................... 276 4. CONCLUSÕES .................................................................................................... 291 13 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 291 LISTA DE TABELAS Capítulo II Tabela 1. Estimativas da produção (em toneladas) de pedúnculo de caju na região nordeste e no Brasil ........................................................................................................ 35 Tabela 2. Região brasileira, área colhida (hectare), produção (tonelada), participação (%) e produtividade (t/ha) de maracujá no ano de 1996................................................. 36 Tabela 3. Rendimentos médios de produção de subprodutos na industrialização de frutas ........................................................................................................................................ 37 Tabela 4. Composição bromatológica de subprodutos do processamento de frutas em Matéria Seca (MS).......................................................................................................... 39 Tabela 5. Valor alimentar médio (matéria seca) da planta e dos subprodutos da indústria do abacaxi ....................................................................................................................... 40 Tabela 6. Valor alimentar médio (matéria seca) dos subprodutos da indústria processadora de sucos de abacaxi, acerola, maracujá e melão....................................... 40 Tabela 7. Composição em aminoácidos do subproduto da indústria de caju e do farelo de soja ............................................................................................................................. 42 Tabela 8. Coeficiente de Digestibilidade (%) de alguns nutrientes de subprodutos do processamento de frutas ................................................................................................. 43 Capítulo III Tabela 1. Composição centesimal e bromatológica das dietas contendo subproduto de abacaxi ofertadas a ovinos em base de matéria seca ...................................................... 53 Tabela 2. Consumo médio diário de matéria seca de subproduto de abacaxi, capim elefante, milho e torta de algodão (kg) e, entre parêntesis, a porcentagem (%) de cada um dos alimentos em função do consumo de matéria seca total (CMST) (kg) das dietas oferecidas a ovinos ......................................................................................................... 56 Tabela 3. Composição química (%) e níveis de energia bruta (Mcal/kg) dos ingredientes das dietas fornecidas durante o experimento com base de matéria seca ........................ 57 Tabela 4. Composição química (%) e energia bruta média (Mcal/kg) das dietas contendo quantidades crescentes de subproduto de abacaxi com base na matéria seca ................ 58 Tabela 5 - Médias de consumo diário (g/kg0,75, %PV, g/dia) das frações matéria seca, matéria seca digestível, matéria orgânica, matéria orgânica digestível, proteína bruta, proteína bruta digestível, extrato etéreo e extrato etéreo digestível das dietas contendo quantidades crescentes de subproduto de abacaxi fornecidas a ovinos.......................... 59 Tabela 6 - Médias (%) dos coeficientes de digestibilidade da matéria seca, matéria orgânica, proteína bruta e extrato etéreo das dietas contendo quantidades crescentes de subproduto de abacaxi fornecidas a ovinos .................................................................... 61 Tabela 7 - Médias de consumo (g/kg0,75, % de peso vivo e em % de matéria seca ingerida) das frações fibrosas e frações fibrosas digestíveis das dietas contendo quantidades crescentes de subproduto de abacaxi fornecidas a ovinos.......................... 62 Tabela 8 - Médias (%) dos coeficientes de digestibilidade das frações fibrosas das dietas contendo quantidades crescentes de subproduto de abacaxi fornecidas a ovinos .......... 64 14 Tabela 9 - Médias de consumo de energia bruta (EB), digestível (ED) e metabolizável (EM) em relação à unidade de tamanho metabólico dos ovinos (kcal/kg0,75), coeficientes de digestibilidade aparente da energia bruta, balanço energético e teores de ED (TED) e de EM (TEM) por quilo de matéria seca ingerida (kcal) das dietas contendo quantidades crescentes de subproduto de abacaxi fornecidas a ovinos.............................................. 65 Tabela 10 - Balanço de nitrogênio comparado nas diferentes dietas contendo quantidades crescentes de subproduto de abacaxi fornecidas a ovinos.......................... 66 Capítulo IV Tabela 1. Concentração de nitrogênio amoniacal (mg/ 100 ml) no líquido ruminal de ovinos consumindo dietas contendo distintas quantidades de subproduto de abacaxi1 em vários horários pós-prandial ........................................................................................... 72 Tabela 2. Valores de pH do líquido ruminal de ovinos consumindo dietas contendo distintas quantidades de subproduto de abacaxi1 em vários horários pós-prandial........ 74 Tabela 3 - Concentração de acetato, propionato e butirato (milimoles/ 100 ml) no líquido ruminal de ovinos submetidos a dietas contendo distintas quantidades de subproduto de abacaxi1 em vários horários pós-prandial ............................................... 77 Tabela 4 - Concentração total de ácidos graxos voláteis (milimoles/ 100 ml) e relação de acetato : propionato (Acet./Prop.) no líquido ruminal de ovinos submetidos a dietas contendo distintas quantidades de subproduto de abacaxi1 em vários horários pósprandial ........................................................................................................................... 77 Tabela 5 - Proporção molar do acetato, propionato e butirato no líquido ruminal de ovinos submetidos a dietas contendo distintas quantidades de subproduto de abacaxi1 em vários horários pós-prandial ..................................................................................... 78 Tabela 6. Concentração de uréia (mg/ 100ml) no soro de ovinos submetidos a dietas contendo distintas quantidades de subproduto de abacaxi1 em vários horários pósprandial ........................................................................................................................... 83 Tabela 7. Concentração de creatinina (mg/ 100ml) no soro de ovinos submetidos a dietas contendo distintas quantidades de subproduto de abacaxi1 em vários horários pósprandial ........................................................................................................................... 85 Tabela 8. Concentração de albumina (mg/ 100ml) no soro de ovinos submetidos a dietas contendo distintas quantidades de subproduto de abacaxi1 em vários horários pósprandial ........................................................................................................................... 85 Tabela 9. Concentração de proteínas totais (g/ 100ml) no soro de ovinos submetidos a dietas contendo distintas quantidades de subproduto de abacaxi1 em vários horários pósprandial ........................................................................................................................... 86 Capítulo V Tabela 1. Desaparecimento da matéria seca (%) do subproduto de abacaxi e do capim elefante incubados em sacos de náilon no rume de ovinos submetidos a dietas contendo subproduto de abacaxi .................................................................................................... 93 Tabela 2. Potenciais de degradação (A), taxas de degradação (c), frações solúveis (S), frações degradáveis (B1), tempos de colonização (TC) e degradabilidades efetivas (DE), nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da matéria seca dos alimentos utilizados nesse ensaio.............................................................................................................................. 94 15 Tabela 3. Desaparecimento da proteína bruta (%) do subproduto de abacaxi e do capim elefante incubados em sacos de náilon no rume de ovinos submetidos a dieta contendo subproduto de abacaxi .................................................................................................... 95 Tabela 4. Potenciais de degradação (A), taxas de degradação (c), frações solúveis (S), frações degradáveis (B1), tempos de colonização (TC) e degradabilidades efetivas (DE), nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da proteína bruta dos alimentos utilizados neste experimento .................................................................................................................... 96 Tabela 5. Valores percentuais de proteína não degradada no rúmen (PNDR), proteína indigestível não degradada no rúmen (PINDR), proteína digestível não degradada no rúmen (PDNDR) e proteína efetivamente degradada no rúmen (PEDR), nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da proteína bruta dos alimentos utilizados nesse ensaio ... 97 Tabela 6. Desaparecimento da fibra em detergente neutro (%) do subproduto de abacaxi e do capim elefante incubados em sacos de náilon no rume de ovinos submetidos a dietas contendo subproduto de abacaxi .......................................................................... 98 Tabela 7. Potenciais de degradação (A), taxas de degradação (c), frações solúveis (S), frações degradáveis (B1), tempos de colonização (TC) e degradabilidades efetivas (DE), nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da fibra em detergente neutro dos alimentos utilizados nesse ensaio.................................................................................................... 99 Tabela 8. Desaparecimento da fibra em detergente ácido (%) do subproduto de abacaxi e do capim elefante incubados em sacos de náilon no rume de ovinos submetidos a dietas contendo subproduto de abacaxi ........................................................................ 100 Tabela 9. Potenciais de degradação (A), taxas de degradação (c), frações solúveis (S), frações degradáveis (B1), tempos de colonização (TC) e degradabilidades efetivas (DE), nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da fibra em detergente ácido dos alimentos utilizados nesse ensaio.................................................................................................. 101 Tabela 10. Desaparecimento das hemiceluloses (%) do subproduto de abacaxi e do capim elefante incubados em sacos de náilon no rume de ovinos submetidos a dietas contendo subproduto de abacaxi .................................................................................. 102 Tabela 11. Potenciais de degradação (A), taxas de degradação (c), frações solúveis (S), frações degradáveis (B1), tempos de colonização (TC) e degradabilidades efetivas (DE), nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, das hemiceluloses dos alimentos utilizados nesse ensaio .................................................................................................................. 103 Tabela 12. Desaparecimento da celulose (%) do subproduto de abacaxi e do capim elefante incubados em sacos de náilon no rume de ovinos submetidos a dietas contendo subproduto de abacaxi .................................................................................................. 103 Tabela 13. Potenciais de degradação (A), taxas de degradação (c), frações solúveis (S), frações degradáveis (B1), tempos de colonização (TC) e degradabilidades efetivas (DE), nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da celulose dos alimentos utilizados nesse ensaio............................................................................................................................ 104 Capítulo VI Tabela 1. Composição centesimal e bromatológica das dietas contendo subproduto de acerola ofertadas a ovinos em base de matéria seca..................................................... 109 Tabela 2. Consumo médio diário de matéria seca de subproduto de acerola, capim elefante, milho e torta de algodão (kg) e, entre parêntesis, a porcentagem (%) de cada 16 um dos alimentos em função do consumo de matéria seca total (CMST) (kg) das dietas oferecidas a ovinos ....................................................................................................... 112 Tabela 3. Composição química (%) e níveis de energia bruta (Mcal/kg) dos ingredientes das dietas fornecidas durante o experimento com base de matéria seca ...................... 113 Tabela 4. Composição química (%) e energia bruta média (Mcal/kg) das dietas contendo quantidades crescentes de subproduto de acerola com base de matéria seca............... 114 Tabela 5. Médias de consumo diário (g/kg0,75, %PV, g/dia) das frações matéria seca, matéria seca digestível, matéria orgânica, matéria orgânica digestível, proteína bruta proteína bruta digestível, extrato etéreo e extrato etéreo digestível das dietas contendo quantidades crescentes de subproduto de acerola fornecidas a ovinos ........................ 115 Tabela 6 - Médias (%) dos coeficientes de digestibilidade da matéria seca, matéria orgânica, proteína bruta e extrato etéreo das dietas contendo quantidades crescentes de subproduto de acerola fornecidas a ovinos................................................................... 117 Tabela 7 - Médias de consumo (g/kg0,75, % de peso vivo e % de matéria seca ingerida) das frações fibrosas e frações fibrosas digestíveis das dietas contendo quantidades crescentes de subproduto de acerola fornecidas a ovinos............................................. 119 Tabela 8 - Médias (%) dos coeficientes de digestibilidade das frações fibrosas das dietas contendo quantidades crescentes de subproduto de acerola fornecidas a ovinos......... 120 Tabela 9 - Médias de consumo de energia bruta (EB), digestível (ED) e metabolizável (EM) em relação à unidade de tamanho metabólico dos ovinos (kcal/kg0,75), coeficientes de digestibilidade aparente da energia bruta, balanço energético e teores de ED (TED) e de EM (TEM) por quilo de matéria seca ingerida (kcal) das dietas contendo quantidades crescentes de subproduto de acerola fornecidas a ovinos............................................. 121 Tabela 10 - Balanço de nitrogênio comparado nas diferentes dietas contendo quantidades crescentes de subproduto de acerola fornecidas a ovinos ........................ 122 Capítulo VII Tabela 1. Concentração de nitrogênio amoniacal (mg/ 100 ml) no líquido ruminal de ovinos consumindo dietas contendo distintas quantidades de subproduto de acerola1 em vários horários pós-prandial ......................................................................................... 128 Tabela 2. Valores de pH do líquido ruminal de ovinos consumindo dietas contendo distintas quantidades de subproduto de acerola1 em vários horários pós-prandial....... 131 Tabela 3. Concentração de acetato, propionato e butirato (milimoles/ 100 ml) no líquido ruminal de ovinos submetidos a dietas contendo distintas quantidades de subproduto de acerola1 em vários horários pós-prandial...................................................................... 133 Tabela 4. Concentração total de ácidos graxos voláteis (milimoles/ 100 ml) e relação de acetato : propionato (Acet./Prop.) no líquido ruminal de ovinos submetidos a dietas contendo distintas quantidades de subproduto de acerola1 em vários horários pósprandial ......................................................................................................................... 133 Tabela 5. Proporção molar do acetato, propionato e butirato no líquido ruminal de ovinos submetidos a dietas contendo distintas quantidades de subproduto de acerola1 em vários horários pós-prandial ......................................................................................... 134 Tabela 6. Concentração de uréia (mg/ 100ml) no soro de ovinos submetidos a dietas contendo distintas quantidades de subproduto de acerola1 em vários horários pósprandial1 ........................................................................................................................ 138 17 Tabela 7. Concentração de creatinina (mg/ 100ml) no soro de ovinos submetidos a dietas contendo distintas quantidades de subproduto de acerola1 em vários horários pósprandial ......................................................................................................................... 141 Tabela 8. Concentração de albumina (mg/ 100ml) no soro de ovinos submetidos a dietas contendo distintas quantidades de subproduto de acerola1 em vários horários pósprandial ......................................................................................................................... 142 Tabela 9. Concentração de proteínas totais (g/ 100ml) no soro de ovinos submetidos a dietas contendo distintas quantidades de subproduto de acerola1 em vários horários pósprandial ......................................................................................................................... 143 Capítulo VIII Tabela 1. Desaparecimento da matéria seca (%) do subproduto de acerola e do capim elefante incubados em sacos de náilon no rume de ovinos submetidos a dietas contendo subproduto de acerola................................................................................................... 148 Tabela 2. Potenciais de degradação (A), taxas de degradação (c), frações solúveis (S), frações degradáveis (B1), tempos de colonização (TC) e degradabilidades efetivas (DE), nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da matéria seca dos alimentos utilizados nesse ensaio............................................................................................................................ 150 Tabela 3. Desaparecimento da proteína bruta (%) do subproduto de acerola e do capim elefante incubados em sacos de náilon no rume de ovinos submetidos a dietas contendo subproduto de acerola................................................................................................... 150 Tabela 4. Potenciais de degradação (A), taxas de degradação (c), frações solúveis (S), frações degradáveis (B1), tempos de colonização (TC) e degradabilidades efetivas (DE), nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da proteína bruta dos alimentos utilizados nesse ensaio .................................................................................................................. 152 Tabela 5. Valores percentuais de proteína não degradada no rúmen (PNDR), proteína indigestível não degradada no rúmen (PINDR), proteína digestível não degradada no rúmen (PDNDR) e proteína efetivamente degradada no rúmen (PEDR), nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da proteína bruta dos alimentos utilizados nesse ensaio . 152 Tabela 6. Desaparecimento da fibra em detergente neutro (%) do subproduto de acerola e do capim elefante incubados em sacos de náilon no rume de ovinos submetidos a dietas contendo subproduto de acerola......................................................................... 153 Tabela 7. Potenciais de degradação (A), taxas de degradação (c), frações solúveis (S), frações degradáveis (B1), tempos de colonização (TC) e degradabilidades efetivas (DE), nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da fibra em detergente neutro dos alimentos utilizados nesse ensaio.................................................................................................. 155 Tabela 8. Desaparecimento da fibra em detergente ácido (%) do subproduto de acerola e do capim elefante incubados em sacos de náilon no rume de ovinos submetidos a dietas contendo subproduto de acerola ................................................................................... 155 Tabela 9. Potenciais de degradação (A), taxas de degradação (c), frações solúveis (S), frações degradáveis (B1), tempos de colonização (TC) e degradabilidades efetivas (DE), nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da fibra em detergente ácido dos alimentos utilizados neste experimento ........................................................................................ 157 Tabela 10. Desaparecimento das hemiceluloses (%) do subproduto de acerola e do capim elefante incubados em sacos de náilon no rume de ovinos submetidos a dietas contendo subproduto de acerola ................................................................................... 157 18 Tabela 11. Potenciais de degradação (A), taxas de degradação (c), frações solúveis (S), frações degradáveis (B1), tempos de colonização (TC) e degradabilidades efetivas (DE), nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, das hemiceluloses dos alimentos utilizados neste experimento ......................................................................................................... 158 Tabela 12. Desaparecimento da celulose (%) do subproduto de acerola e do capim elefante incubados em sacos de náilon no rume de ovinos submetidos a dietas contendo subproduto de acerola................................................................................................... 159 Tabela 13. Potenciais de degradação (A), taxas de degradação (c), frações solúveis (S), frações degradáveis (B1), tempos de colonização (TC) e degradabilidades efetivas (DE), nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da celulose dos alimentos utilizados nesse ensaio............................................................................................................................ 160 Capítulo IX Tabela 1. Composição centesimal e bromatológica das dietas contendo subproduto de caju ofertadas a ovinos em base de matéria seca.......................................................... 165 Tabela 2. Consumo médio diário de matéria seca de subproduto de caju, feno de capim elefante, milho e farelo de soja (kg) e, entre parêntesis, a porcentagem (%) de cada um dos alimentos em função do consumo de matéria seca total (CMST) (kg) das dietas oferecidas a ovinos ....................................................................................................... 168 Tabela 3. Composição química (%) e níveis de energia bruta (Mcal/kg) dos ingredientes das dietas fornecidas durante o experimento com base de matéria seca ..................... 169 Tabela 4. Composição química (%) e energia bruta média (Mcal/kg) das dietas contendo quantidades crescentes do subproduto de caju com base de matéria seca.................... 170 Tabela 5 - Médias de consumo diário (g/kg0,75, % do peso vivo, g/dia) das frações matéria seca, matéria seca digestível, matéria orgânica, proteína bruta, proteína bruta digestível e extrato etéreo das dietas contendo quantidades crescentes de subproduto de caju fornecidas a ovinos ............................................................................................... 171 Tabela 6 - Médias (%) dos coeficientes de digestibilidade da matéria seca, matéria orgânica, proteína bruta e extrato etéreo das dietas contendo quantidades crescentes de subproduto de caju fornecidas a ovinos........................................................................ 173 Tabela 7 - Médias de consumo (g/kg0,75, % de peso vivo e % de matéria seca ingerida) das frações fibrosas alimentares das dietas contendo quantidades crescentes de subproduto de caju fornecidas a ovinos........................................................................ 175 Tabela 8 - Médias (%) dos coeficientes de digestibilidade das frações fibrosas alimentares das dietas contendo quantidades crescentes de subproduto de caju fornecidas a ovinos ....................................................................................................... 177 Tabela 9 - Médias de consumo de energia bruta (EB), digestível (ED) e metabolizável (EM) em relação à unidade de tamanho metabólico dos ovinos (kcal/kg0,75), coeficientes de digestibilidade aparente da energia bruta, balanço energético e teores de ED (TED) e de EM (TEM) por quilo de matéria seca ingerida (kcal) das dietas contendo quantidades crescentes de subproduto de caju fornecidas a ovinos ................................................. 179 Tabela 10 - Balanço de nitrogênio comparado nas diferentes dietas contendo quantidades crescentes de subproduto de caju fornecidas a ovinos ............................. 180 Capítulo X 19 Tabela 1. Concentração de nitrogênio amoniacal (mg/ 100 ml) no líquido ruminal de ovinos consumindo dietas contendo distintas quantidades de subproduto de caju1 em vários horários pós-prandial ......................................................................................... 186 Tabela 2. Valores de pH do líquido ruminal de ovinos consumindo dietas contendo distintas quantidades de subproduto de caju1 em vários horários pós-prandial ........... 187 Tabela 3 - Concentração de acetato, propionato e butirato (milimoles/ 100 ml) no líquido ruminal de ovinos consumindo dietas contendo distintas quantidades de subproduto de caju1 em vários horários pós-prandial................................................... 190 Tabela 4 - Concentração total de ácidos graxos voláteis (milimoles/ 100 ml) e relação de acetato : propionato (Acet./Prop.) no líquido ruminal de ovinos consumindo dietas contendo distintas quantidades de subproduto de caju1 em vários horários pós-prandial ...................................................................................................................................... 190 Tabela 5 - Proporção molar do acetato, propionato e butirato no líquido ruminal de ovinos consumindo dietas contendo distintas quantidades de subproduto de caju1 em vários horários pós-prandial ......................................................................................... 191 Tabela 6. Concentração de uréia (mg/ 100ml) no soro de ovinos consumindo dietas contendo distintas quantidades de subproduto de caju1 em vários horários pós-prandial ...................................................................................................................................... 196 Tabela 7. Concentração de creatinina (mg/ 100ml) no soro de ovinos consumindo dietas contendo distintas quantidades de subproduto de caju1 em vários horários pós-prandial ...................................................................................................................................... 198 Tabela 8. Concentração de albumina (mg/ 100ml) no soro de ovinos consumindo dietas contendo distintas quantidades de subproduto de caju1 em vários horários pós-prandial ...................................................................................................................................... 200 Tabela 9. Concentração de proteínas totais (g/ 100ml) no soro de ovinos consumindo dietas contendo distintas quantidades de subproduto de caju1 em vários horários pósprandial ......................................................................................................................... 202 Capítulo XI Tabela 1. Desaparecimento da matéria seca (%) do subproduto de caju e do capim elefante incubados em sacos de náilon no rume de ovinos submetidos a dieta contendo subproduto de caju........................................................................................................ 211 Tabela 2. Potenciais de degradação (A), taxas de degradação (c), frações solúveis (S), frações degradáveis (B1), tempos de colonização (TC) e degradabilidades efetivas (DE), nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da matéria seca dos alimentos utilizados nesse ensaio............................................................................................................................ 213 Tabela 3. Desaparecimento da proteína bruta (%) do subproduto de caju e do capim elefante incubados em sacos de náilon no rume de ovinos submetidos a dieta contendo subproduto de caju........................................................................................................ 214 Tabela 4. Potenciais de degradação (A), taxas de degradação (c), frações solúveis (S), frações degradáveis (B1), tempos de colonização (TC) e degradabilidades efetivas (DE), nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da proteína bruta dos alimentos utilizados nesse ensaio .................................................................................................................. 215 Tabela 5. Valores percentuais de proteína não degradada no rúmen (PNDR), proteína indigestível não degradada no rúmen (PINDR), proteína digestível não degradada no 20 rúmen (PDNDR) e proteína efetivamente degradada no rúmen (PEDR), nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da proteína bruta dos alimentos utilizados nesse ensaio . 216 Tabela 6. Desaparecimento da fibra em detergente neutro (%) do subproduto de caju e do capim elefante incubados em sacos de náilon no rume de ovinos submetidos a dieta contendo subproduto de caju ........................................................................................ 218 Tabela 7. Potenciais de degradação (A), taxas de degradação (c), frações solúveis (S), frações degradáveis (B1), tempos de colonização (TC) e degradabilidades efetivas (DE), nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da fibra em detergente neutro dos alimentos utilizados nesse ensaio.................................................................................................. 219 Tabela 8. Desaparecimento da fibra em detergente ácido (%) do subproduto de caju e do capim elefante incubados em sacos de náilon no rume de ovinos submetidos a dietas contendo subproduto de caju ........................................................................................ 220 Tabela 9. Potenciais de degradação (A), taxas de degradação (c), frações solúveis (S), frações degradáveis (B1), tempos de colonização (TC) e degradabilidades efetivas (DE), nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da fibra em detergente ácido dos alimentos utilizados nesse ensaio.................................................................................................. 221 Tabela 10. Desaparecimento das hemiceluloses (%) do subproduto de caju e do capim elefante incubados em sacos de náilon no rume de ovinos submetidos a dietas contendo subproduto de caju........................................................................................................ 222 Tabela 11. Potenciais de degradação (A), taxas de degradação (c), frações solúveis (S), frações degradáveis (B1), tempos de colonização (TC) e degradabilidades efetivas (DE), nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, das hemiceluloses dos alimentos utilizados nesse ensaio .................................................................................................................. 224 Tabela 12. Desaparecimento da celulose (%) do subproduto de caju e do capim elefante incubados em sacos de náilon no rume de ovinos submetidos a dietas contendo subproduto de caju........................................................................................................ 224 Tabela 13. Potenciais de degradação (A), taxas de degradação (c), frações solúveis (S), frações degradáveis (B1), tempos de colonização (TC) e degradabilidades efetivas (DE), nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da celulose dos alimentos utilizados neste experimento .................................................................................................................. 225 Capítulo XII Tabela 1. Composição centesimal e bromatológica das dietas contendo subproduto de maracujá e ofertadas a ovinos em base de matéria seca ............................................... 231 Tabela 2. Consumo médio diário de matéria seca de subproduto de maracujá, capim elefante, milho e torta de algodão (kg) e, entre parêntesis, a porcentagem (%) de cada um dos alimentos em função do consumo de matéria seca total (CMST) (kg) das dietas oferecidas a ovinos ....................................................................................................... 234 Tabela 3. Composição química (%) e níveis de energia bruta (Mcal/kg) dos ingredientes das dietas fornecidas durante o experimento com base de matéria seca ...................... 235 Tabela 4. Composição química (%) e energia bruta média (Mcal/kg) das dietas contendo quantidades crescentes de subproduto de maracujá com base de matéria seca............ 236 Tabela 5 - Médias de consumo diário (g/kg0,75) das frações matéria seca, matéria seca digestível, matéria orgânica, matéria orgânica digestível, proteína bruta, proteína bruta digestível, extrato etéreo e extrato etéreo digestível das dietas contendo quantidades crescentes de subproduto de maracujá fornecidas a ovinos ......................................... 238 21 Tabela 6 - Médias (%) dos coeficientes de digestibilidade da matéria seca, matéria orgânica, proteína bruta e extrato etéreo das dietas contendo quantidades crescentes de subproduto de maracujá fornecidas a ovinos................................................................ 240 Tabela 7 - Médias de consumo (g/kg0,75, % do peso vivo e % da materia seca ingerida) das frações fibrosas e frações fibrosas digestíveis das dietas contendo quantidades crescentes de subproduto de maracujá fornecidas a ovinos ......................................... 241 Tabela 8 - Médias (%) dos coeficientes de digestibilidade das frações fibrosas das dietas contendo quantidades crescentes de subproduto de maracujá fornecidas a ovinos...... 244 Tabela 9 - Médias de consumo de energia bruta (EB), digestível (ED) e metabolizável (EM) em relação à unidade de tamanho metabólico dos ovinos (kcal/kg0,75), coeficientes de digestibilidade aparente da energia bruta, balanço energético e teores de ED (TED) e de EM (TEM) por quilo de matéria seca ingerida (kcal) das dietas contendo quantidades crescentes de subproduto de maracujá fornecidas a ovinos ......................................... 246 Tabela 10 - Balanço de nitrogênio comparado nas diferentes dietas contendo quantidades crescentes de subproduto de maracujá fornecidas a ovinos ..................... 247 Capítulo XIII Tabela 1. Concentração de nitrogênio amoniacal (mg/ 100 ml) no líquido ruminal de ovinos consumindo dietas contendo distintas quantidades de subproduto de maracujá1 em vários horários pós-prandial ................................................................................... 254 Tabela 2. Valores de pH do líquido ruminal de ovinos consumindo dietas contendo distintas quantidades de subproduto de maracujá1 em vários horários pós-prandial ... 257 Tabela 3 - Concentração de acetato, propionato e butirato (milimoles/ 100 ml) no líquido ruminal de ovinos consumindo dietas contendo distintas quantidades de subproduto de maracujá1 em vários horários pós-prandial........................................... 260 Tabela 4 - Concentração total de ácidos graxos voláteis (milimoles/ 100 ml) e relação de acetato : propionato (Acet./Prop.) no líquido ruminal de ovinos consumindo dietas contendo distintas quantidades de subproduto de maracujá1 em vários horários pósprandial ......................................................................................................................... 260 Tabela 5 - Proporção molar do acetato, propionato e butirato no líquido ruminal de ovinos consumindo dietas contendo distintas quantidades de subproduto de maracujá1 em vários horários pós-prandial ................................................................................... 261 Tabela 6. Concentração de uréia (mg/ 100ml) no soro de ovinos consumindo dietas contendo distintas quantidades de subproduto de maracujá1 em vários horários pósprandial ......................................................................................................................... 265 Tabela 7. Concentração de creatinina (mg/ 100ml) no soro de ovinos consumindo dietas contendo distintas quantidades de subproduto de maracujá1 em vários horários pósprandial ......................................................................................................................... 268 Tabela 8. Concentração de albumina (mg/ 100ml) no soro de ovinos consumindo dietas contendo distintas quantidades de subproduto de maracujá1 em vários horários pósprandial ......................................................................................................................... 269 Tabela 9. Concentração de proteínas totais (g/ 100ml) no soro de ovinos consumindo dietas contendo distintas quantidades de subproduto de maracujá1 em vários horários pós-prandial .................................................................................................................. 271 Capítulo XIV 22 Tabela 1. Desaparecimento da matéria seca (%) do subproduto de maracujá e do capim elefante incubados em sacos de náilon no rume de ovinos submetidos a dieta contendo subproduto de maracujá................................................................................................ 276 Tabela 2. Potenciais de degradação (A), taxas de degradação (c), frações solúveis (S), frações degradáveis (B1), tempos de colonização (TC) e degradabilidades efetivas (DE), nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da matéria seca dos alimentos utilizados neste experimento .................................................................................................................. 278 Tabela 3. Desaparecimento da proteína bruta (%) do subproduto de maracujá e do capim elefante incubados em sacos de náilon no rume de ovinos submetidos a dieta contendo subproduto de maracujá................................................................................................ 279 Tabela 4. Potenciais de degradação (A), taxas de degradação (c), frações solúveis (S), frações degradáveis (B1), tempos de colonização (TC) e degradabilidades efetivas (DE), nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da proteína bruta dos alimentos utilizados nesse ensaio .................................................................................................................. 280 Tabela 5. Valores percentuais de proteína não degradada no rúmen (PNDR), proteína indigestível não degradada no rúmen (PINDR), proteína digestível não degradada no rúmen (PDNDR) e proteína efetivamente degradada no rúmen (PEDR), nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da proteína bruta dos alimentos utilizados nesse ensaio . 282 Tabela 6. Desaparecimento da fibra em detergente neutro (%) do subproduto de maracujá e do capim elefante incubados em sacos de náilon no rume de ovinos submetidos a dieta contendo subproduto de maracujá ................................................. 283 Tabela 7. Potenciais de degradação (A), taxas de degradação (c), frações solúveis (S), frações degradáveis (B1), tempos de colonização (TC) e degradabilidades efetivas (DE), nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da fibra em detergente neutro dos alimentos utilizados neste experimento ........................................................................................ 284 Tabela 8. Desaparecimento da fibra em detergente ácido (%) do subproduto de maracujá e do capim elefante incubados em sacos de náilon no rume de ovinos submetidos a dieta contendo subproduto de maracujá ................................................................................ 286 Tabela 9. Potenciais de degradação (A), taxas de degradação (c), frações solúveis (S), frações degradáveis (B1), tempos de colonização (TC) e degradabilidades efetivas (DE), nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da fibra em detergente ácido dos alimentos utilizados neste experimento ........................................................................................ 288 Tabela 10. Desaparecimento das hemiceluloses (%) do subproduto de maracujá e do capim elefante incubados em sacos de náilon no rume de ovinos submetidos a dieta contendo subproduto de maracujá ................................................................................ 288 Tabela 11. Potenciais de degradação (A), taxas de degradação (c), frações solúveis (S), frações degradáveis (B1), tempos de colonização (TC) e degradabilidades efetivas (DE), nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, das hemiceluloses dos alimentos utilizados neste experimento ......................................................................................................... 289 Tabela 12. Desaparecimento da celulose (%) do subproduto de maracujá e do capim elefante incubados em sacos de náilon no rume de ovinos submetidos a dieta contendo subproduto de maracujá................................................................................................ 290 Tabela 13. Potenciais de degradação (A), taxas de degradação (c), frações solúveis (S), frações degradáveis (B1), tempos de colonização (TC) e degradabilidades efetivas (DE), 23 nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da celulose dos alimentos utilizados neste experimento .................................................................................................................. 291 LISTA DE FIGURAS Capítulo IV Figura 1. Concentração de nitrogênio amoniacal em função do tempo de colheita do líquido ruminal ............................................................................................................... 73 Figura 2. Potencial hidrogeniônico em função do tempo de colheita do líquido ruminal ........................................................................................................................................ 74 Figura 3. Concentrações de ácidos graxos voláteis totais em mmol/ 100 ml de líquido ruminal em função do tempo de colheita........................................................................ 76 Figura 4. Concentrações de ácido acético em mmol/ 100 ml de líquido ruminal em função do tempo de colheita........................................................................................... 80 Figura 5. Concentrações de ácido propiônico em mmol/ 100 ml de líquido ruminal em função do tempo de colheita........................................................................................... 81 Figura 6. Relação acetato : propionato no líquido ruminal em função do tempo de colheita ........................................................................................................................... 82 Figura 7. Concentração de uréia sérica em função do tempo de colheita do sangue ..... 84 Capítulo V Figura 1. Desaparecimento da MS dos alimentos em função do tempo de incubação... 94 Figura 2. Desaparecimento da PB dos alimentos em função do tempo de incubação ... 96 Figura 3. Desaparecimento da FDN dos alimentos em função do tempo de incubação 99 Figura 4. Desaparecimento da FDA dos alimentos em função do tempo de incubação ...................................................................................................................................... 101 Figura 5. Desaparecimento das hemiceluloses dos alimentos em função do tempo de incubação ...................................................................................................................... 102 Figura 6. Desaparecimento da celulose dos alimentos em função do tempo de incubação ...................................................................................................................................... 104 Capítulo VII Figura 1. Concentração de nitrogênio amoniacal em função do tempo de colheita do líquido ruminal ............................................................................................................. 129 Figura 2. Concentração de ácidos graxos voláteis em função do tempo de colheita do líquido ruminal ............................................................................................................. 137 Figura 3. Concentração de uréia sérica em função do tempo de colheita do sangue ... 140 Figura 4. Concentração de creatinina sérica em função do tempo de colheita do sangue ...................................................................................................................................... 142 Capítulo VIII Figura 1. Desaparecimento da MS dos alimentos em função do tempo de incubação. 149 Figura 2. Desaparecimento da PB dos alimentos em função do tempo de incubação . 151 Figura 3. Desaparecimento da FDN dos alimentos em função do tempo de incubação ...................................................................................................................................... 154 Figura 4. Desaparecimento da FDA dos alimentos em função do tempo de incubação ...................................................................................................................................... 156 24 Figura 5. Desaparecimento das hemiceluloses dos alimentos em função do tempo de incubação ...................................................................................................................... 158 Figura 6. Desaparecimento da celulose dos alimentos em função do tempo de incubação ...................................................................................................................................... 160 Capítulo X Figura 1. Concentração de nitrogênio amoniacal em função do tempo de colheita do líquido ruminal ............................................................................................................. 187 Figura 2. Potencial hidrogeniônico (pH) do líquido ruminal em função do tempo de colheita em horas .......................................................................................................... 188 Figura 3. Concentração de ácidos graxos voláteis em função do tempo de colheita do líquido ruminal ............................................................................................................. 193 Figura 4. Concentração de ácido acético em função do tempo de colheita do líquido ruminal.......................................................................................................................... 194 Figura 5. Concentração de ácido propiônico em função do tempo de colheita do líquido ruminal.......................................................................................................................... 195 Figura 6. Concentração de ácido butírico em função do tempo de colheita do líquido ruminal.......................................................................................................................... 195 Figura 7. Concentração de uréia sérica em função do tempo de colheita do sangue ... 198 Figura 8. Concentração de creatinina sérica em função do tempo de colheita do sangue ...................................................................................................................................... 199 Figura 9. Concentração de albumina sérica em função do tempo de colheita do sangue ...................................................................................................................................... 201 Figura 10. Concentração de proteínas totais séricas em função do tempo de colheita do sangue ........................................................................................................................... 204 Capítulo XI Figura 1. Desaparecimento da MS dos alimentos em função do tempo de incubação. 212 Figura 2. Desaparecimento da PB dos alimentos em função do tempo de incubação . 215 Figura 3. Desaparecimento da FDN dos alimentos em função do tempo de incubação ...................................................................................................................................... 218 Figura 4. Desaparecimento da FDA dos alimentos em função do tempo de incubação ...................................................................................................................................... 221 Figura 5. Desaparecimento das hemiceluloses dos alimentos em função do tempo de incubação ...................................................................................................................... 223 Figura 6. Desaparecimento da celulose dos alimentos em função do tempo de incubação ...................................................................................................................................... 225 Capítulo XIII Figura 1. Concentração de nitrogênio amoniacal em função do tempo de colheita do líquido ruminal ............................................................................................................. 256 Figura 2. Potencial hidrogeniônico (pH) do líquido ruminal em função do tempo de colheita em horas .......................................................................................................... 258 Figura 3. Concentração de ácidos graxos voláteis em função do tempo de colheita do líquido ruminal ............................................................................................................. 263 Figura 4. Concentração de ácido acético em função do tempo de colheita do líquido ruminal.......................................................................................................................... 265 Figura 5. Concentração de uréia sérica em função do tempo de colheita do sangue ... 267 25 Figura 6. Concentração de creatinina sérica em função do tempo de colheita do sangue ...................................................................................................................................... 268 Figura 7. Concentração de albumina sérica em função do tempo de colheita do sangue ...................................................................................................................................... 270 Capítulo XIV Figura 1. Desaparecimento da MS dos alimentos em função do tempo de incubação. 278 Figura 2. Desaparecimento da PB dos alimentos em função do tempo de incubação . 280 Figura 3. Desaparecimento da FDN dos alimentos em função do tempo de incubação ...................................................................................................................................... 284 Figura 4. Desaparecimento da FDA dos alimentos em função do tempo de incubação ...................................................................................................................................... 287 Figura 5. Desaparecimento das hemiceluloses dos alimentos em função do tempo de incubação ...................................................................................................................... 289 Figura 6. Desaparecimento da celulose dos alimentos em função do tempo de incubação ...................................................................................................................................... 291 LISTA DE ANEXOS ANEXO 1 ..................................................................................................................... 296 Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no Capítulo III ...................................................................................................................................... 296 ANEXO 2 ..................................................................................................................... 300 Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no Capítulo VI ...................................................................................................................................... 300 ANEXO 3 ..................................................................................................................... 304 Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no Capítulo IX ...................................................................................................................................... 304 ANEXO 4 ..................................................................................................................... 308 Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no Capítulo XII................................................................................................................................. 308 ANEXO 5 ..................................................................................................................... 311 Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no Capitulo IV ...................................................................................................................................... 311 ANEXO 6 ..................................................................................................................... 312 Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no Capitulo VII................................................................................................................................. 312 ANEXO 7 ..................................................................................................................... 313 Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no Capitulo X ...................................................................................................................................... 313 ANEXO 8 ..................................................................................................................... 314 Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no Capitulo XIII ............................................................................................................................... 314 ANEXO 9 ..................................................................................................................... 315 Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no subproduto de Abacaxi (Capitulo V)............................................................................................... 315 26 Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no capim elefante (Capitulo V) .................................................................................................... 315 ANEXO 10 ................................................................................................................... 316 Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no subproduto de Acerola (Capitulo VIII) ........................................................................................... 316 Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no capim elefante (Capitulo VIII) ................................................................................................ 316 ANEXO 11 ................................................................................................................... 317 Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no subproduto de Caju (Capitulo XI) ................................................................................................... 317 Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no capim elefante (Capitulo XI)................................................................................................... 317 ANEXO 12 ................................................................................................................... 318 Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no subproduto de Maracujá (Capitulo XIV)......................................................................................... 318 Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no capim elefante (Capitulo XIV) ................................................................................................ 318 27 28 RESUMO Foram realizados doze experimentos com o objetivo de determinar o valor nutritivo para ovinos de quatro subprodutos de frutas: abacaxi (Ananas comosus), acerola (Malpighia glabra), caju (Anacardium occidentale) e maracujá (Passiflora edulis). No primeiro, quarto, sétimo e décimo experimentos, foram avaliadas as inclusões em níveis crescentes destes subprodutos em dietas isoprotéicas e isofibrosas fornecidas a ovinos sobre os consumos e coeficientes de digestibilidade da matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), fibra detergente neutro (FDN), fibra detergente ácido (FDA), hemiceluloses (HCEL), celulose (CEL) e energia. Avaliaram-se também os balanços nitrogenados e de energia. No segundo, quinto, oitavo e décimo primeiro experimentos, foi avaliada a influência da inclusão destes subprodutos sobre as concentrações de nitrogênio amoniacal (N-NH3), sobre o pH e sobre as concentrações molares de ácidos graxos voláteis (AGV) do líquido ruminal, assim como os níveis séricos de albumina (ALB), creatinina (CRE), uréia (UR) e proteínas totais (PT) de ovinos. No terceiro, sexto, nono e décimo segundo experimentos, os subprodutos foram comparados, em cada experimento, com o capim elefante (Pennisetum purpureum), com 56 dias de idade, em relação às degradabilidades ruminais da MS, PB, FDN, FDA, HCEL e CEL. No primeiro experimento, maior consumo de MS foi encontrado na dieta que incluiu 11% de subproduto de abacaxi em relação às dietas controle e com 27% de subproduto. As digestibilidades da FDA reduziram com a inclusão deste subproduto. Os balanços energéticos e protéicos foram positivos. No segundo experimento, nas dietas controle e com 11% de subproduto, a segunda hora pós-prandial apresentou as maiores concentrações de N-NH3. A dieta com 16% de subproduto de abacaxi apresentou a maior concentração de AGV na oitava hora pós-prandial. No terceiro experimento, o subproduto de abacaxi apresentou maiores percentuais de proteína digestível não degradada no rúmen em relação aos encontrados para o capim. Podem ocorrer restrições no consumo e na disponibilidade energética de dietas com este subproduto. No quarto experimento, as dietas que incluíram o subproduto de acerola apresentaram menores digestibilidades da MS, MO, FDN, FDA, CEL. No quinto experimento, a inclusão em 43% de subproduto de acerola resultou em menores concentrações de acetato e propionato. No sexto experimento, o subproduto de acerola apresentou maiores percentuais de proteína digestível não degradada no rúmen em relação aos encontrados para o capim. No sétimo experimento foram encontrados maiores consumos de MS, MO, PB, FDN, HCEL e EM para a dieta com 19% de subproduto de caju. Os balanços energéticos e protéicos foram positivos, entretanto, houve redução acentuada destes valores na dieta com 52% de subproduto. No oitavo experimento, maiores concentrações de N-NH3 foram evidenciadas nos tratamentos zero e 52%. As dietas com subproduto de caju apresentaram maiores concentrações de PT. No nono experimento,o subproduto de caju apresentou potencial de degradação e taxa de degradação “c” da MS, PB e FDN inferiores àqueles do capim elefante. No décimo experimento foram evidenciados maiores consumos de MS, MO, FDN e HCEL na dieta com 18% de subproduto de maracujá em relação às dietas com 31 e 47%. Os consumos de PB e de EM nestes níveis (31 e 47%) não foram adequados para a categoria animal utilizada. No décimo primeiro experimento, maior concentração de N-NH3 foi encontrada na dieta com 47% de subproduto de maracujá em relação às dietas controle e com 18% de subproduto. As concentrações de AGV totais foram superiores na dieta com 47% de subproduto de maracujá em relação à dieta com 18% de subproduto no jejum e na segunda hora pós-prandial. No décimo segundo experimento, das seis às 24 horas de incubação ruminal, o subproduto de maracujá apresentou maiores taxas de desaparecimento da MS, PB, FDN, HCEL e CEL em relação ao capim, particularmente em função das maiores taxas de degradação “c”. Palavras-chave: dieta, fibra, frutas, nutrição, ovinos, ruminantes 29 ABSTRACT Twelve experiments were allotted to determine nutritional value of four fruit’s by-products: pineapple (Ananas comosus), barbados cherry (Malpighia glabra), cashew (Anacardium occidentale) and passion fruit (Passiflora edulis) for sheep. In the first one, fourth, seventh and tenth experiments, inclusions in increasing levels of these by-products in isoproteics and isofibrous diets supplied to sheep were analised on intakes and coefficients of digestibility of dry matter (DM), organic matter (OM), crude protein (CP), ether extract (EE),neutral detergent fiber (NDF), acid detergent fiber (ADF), hemicelluloses (HCEL), cellulose (CEL) and energy. The nitrogenous and energy balances were also evaluated. In the second one, fifth, eighth and tenth first experiments, the influence of inclusion of these by-products on the ammoniac nitrogen concentrations (N-NH3), on pH and on the molar concentrations of volatile fatty acids (VFA) of ruminal liquid, as well as sorum levels of albumen (ALB), creatinina (CRE), urea (UR) and total proteins (TP) of sheep. In third, sixth, nineth and tenth second experiments, by-products were compared, in each experiment, with elephant grass (Pennisetum purpureum), with 56 days old, in relation to ruminal degradabilities of DM, CP, NDF, ADF, HCEL and CEL. In the first experiment, greater DM intake was found in diet that included 11% of pineapple’s by-product in relation to control diet and that included 27% of by-product. ADF digestibilities reduced with inclusion of pineapple’s by-product. Energy and protein balances were positive. Control Diet and that included 11% of by-product in the second hour after feeding presented the biggest concentrations of N-NH3 in comparison to the too much times of harvest. Diet with 16% of pineapple’s by-product presented the biggest concentration of total VFA in eighth hour after feeding. Pineapple by-product presented the biggest values of not degraded ruminal digestible protein in relation to that observed for elephant grass. Restrictions in the intake and energy availability of diets with this by-product can occur. In the fourth experiment, diets that included acerola’s by-product presented smallest digestibilities of DM, OM, NDF, ADF, CEL. Acerola’s by-product presented restrictions of use for sheep nutrition because the presence of ligninas in it. The inclusion of 43% of acerola’s by-product resulted in fewer concentrations of acetate and propionate. Acerola’s by-product presented highest values of not degraded ruminal digestible protein in relation to that observed for elephant grass. In the seventh experiment highest intakes of DM, OM, CP, NDF, HCEL and ME were observed for diet with 19% of cashew’s by-product. Energy and protein balances were positive, however,there was big reduction of these values in the diet with 52% of this by-product. Biggest N-NH3 concentrations were evidenced in treatments zero and 52%. The diets with cashew’s by-product presented biggest TP concentrations. Cashew by-product presented potential of degradation and rate of degradation "c" of DM,CD, NDF smaller than those observed for elephant grass. In tenth experiment, highest intakes of DM, OM, NDF and HCEL were observed in the diet with 18% of maracujá’s by-product in relation to the diets with 31 and 47% of this by-product. Intakes of CD and ME in these levels (31 and 47%) were not adjusted for the used animal category. Highest N-NH3 concentration was found in diet with 47% of maracujá’s by-product in relation to control diet and in that with 18% of this by-product. Total concentrations of VFA were bigger in diet with 47% of maracujá’s by-product in relation to diet with 18% of this by-product in zero and second after feeding. In the tenth second experiment, since six until 24 hours of ruminal incubation, maracujá’s by-product presented bigger rates of disappearance of DM, CP, NDF, HCEL and CEL in relation to elephant grass, particularly because of the biggest rates of degradation "c". Keywords: diet, fiber, fruits, nutrition, ruminants, sheep 30 Capítulo I - INTRODUÇÃO GERAL O sistema de criação extensiva dos rebanhos ovinos brasileiros geralmente subsiste sob condições muito aquém daquelas requeridas para uma adequada exploração. Dentro deste universo, é preciso especializar a produção, trazendo tecnificação e competitividade aos criatórios para o atendimento das exigências quantitativas e qualitativas do mercado, aliado a resultados lucrativos. O ovino apresenta-se como espécie de grande importância, tendo-se difundido por todas as regiões do mundo. No Brasil, o Rio Grande do Sul e o nordeste brasileiro destacam-se como regiões onde a exploração ovina apresenta grande significado econômico. Entretanto, nos últimos anos, esse panorama vem sofrendo alterações, e a região sudeste, bem como a centro-oeste, passam a assumir lugar de destaque na ovinocultura, com rebanhos significativos, explorando lã e principalmente carne. Mediante as perspectivas favoráveis, principalmente para a produção de carne no Brasil, a exploração de ovinos tem merecido atenção especial. A ovinocultura no Nordeste Brasileiro, em particular, sempre foi uma atividade de grande relevância econômica e social, por suprir de carne a preços mais acessíveis às populações rurais e das periferias das grandes cidades. Apesar disso, esta atividade é caracterizada como de baixo rendimento, devido à predominância do tipo de exploração extensiva na maioria dos criatórios, a qual sofre grande influência das condições climáticas. Nesta região, a presença de duas estações climáticas definidas, com um período seco e outro chuvoso, pastagens degradadas, redução significativa na capacidade de suporte da vegetação nativa e na qualidade da forragem disponível especialmente no período seco, levam à situação de baixa produtividade, lento desenvolvimento ponderal das crias, elevada taxa de mortalidade de animais jovens, não separação de animais jovens das demais categorias do rebanho e idade tardia ao abate. Isso acarreta uma baixa disponibilidade de animais destinados ao abate, particularmente no período de estiagem. Apesar das limitações de pluviosidade serem uma realidade incontestável, o clima seco é menos propenso a doenças e favorece a fruticultura. A irrigação também tem proporcionado novas oportunidades de produção e geração de emprego e renda para a região a partir desta atividade. Com a diversificação dos mercados, o foco principal deixou de ser a exportação de frutas in natura, existindo um forte incentivo no sentido de se processar as frutas com vistas à agregação de valor. Em resposta a esse incentivo, o número de agroindústrias instaladas na região tem aumentado significativamente, incrementando a produção de subprodutos agroindustriais que podem ser aproveitados tanto para a reposição de matéria orgânica para o solo em que as plantas são cultivadas, quanto para as dietas animais, particularmente de ruminantes, tornando-se importante fator de redução nos custos de produção. Uma possível utilização desses subprodutos é na alimentação de caprinos e ovinos. Tecnologias visando aumentar a produtividade dos sistemas de produção de ruminantes, bem como procurando produzir animais mais jovens e de melhor carcaça têm sido desenvolvidas constantemente pelas empresas de pesquisa brasileiras, 31 sendo ainda necessário, entretanto encontrar alternativas para que a atividade recuperese gradativamente, capitalizando o produtor e tornando-o capaz de reinvestir na terra. No Nordeste semi-árido, o confinamento de borregos é uma prática que já vem sendo utilizada, em virtude da prolongada estação seca que ocorre na região o que provoca grandes reduções na disponibilidade de forragem, no pasto, tanto no aspecto quantitativo como no qualitativo. Nestas condições pode haver desde a simples redução na taxa de crescimento dos animais até perda de peso, sem falar no aspecto econômico, importante na tomada de decisão quanto ao uso do confinamento. O aproveitamento de subprodutos do processamento de frutas tem tido evidência nas pesquisas de nutrição em virtude do 32 grande desperdício desta importante fonte fibrosa pelas agroindústrias produtoras de sucos, compotas e doces. O interessante é verificar que exatamente na época seca do ano, onde há escassez de forragens, aí ocorre a maior produção de subprodutos de frutas. Um outro aspecto é a questão ambiental onde esse aproveitamento evitaria problemas de contaminação. Diante de todas essas vantagens aliado ao valor nutritivo que a literatura amplamente discute e que demonstra potencialidade de uso na nutrição de ruminantes, é que se buscou, com este trabalho, determinar o valor nutritivo de quatro subprodutos de frutas: acerola, abacaxi, caju e maracujá. A escolha destes subprodutos aconteceu em função da maior disponibilidade das agroindústrias instaladas na região. Capítulo II - REVISÃO DE LITERATURA 1. POTENCIAL DE UTILIZAÇÃO DE SUBPRODUTOS DO PROCESSAMENTO DE FRUTAS A região tropical brasileira apresenta grande diversidade de espécies botânicas nativas e exóticas. Dentre as plantas de interesse econômico, destacam-se várias espécies frutíferas, muitas das quais são cultivadas e processadas industrialmente, gerando um montante considerável de subprodutos que podem ser aproveitados na alimentação animal. Dentre as espécies, merecem destaque especial as seguintes: 1.1. Abacaxi (Ananas comosus L., Merr.) O abacaxi (Ananas comosus L., Merr.) é uma espécie tropical originária da América Latina, sendo o Brasil um dos principais centros de diversidade da espécie (Lousada Júnior, 2003). O abacaxi é uma das frutas tropicais mais populares do mundo e tem o Brasil como um dos principais centros produtores da espécie. A área plantada de abacaxi no Brasil em 2000 foi de 62,9 mil hectares, com uma produção de aproximadamente 22,1 mil frutos/ha (IBGE, 2004). A planta é cultivada em todas as regiões do país, tendo na Região Nordeste, os estados da Paraíba e Bahia como maiores produtores, com uma produção de 223,5 mil e 116,7 mil toneladas, respectivamente, no ano de 1999 (Anuário Estatístico do Brasil, 1999). Atualmente, o estado do Ceará detém o título de maior exportador brasileiro da fruta (Agrianual, 2004). Do abacaxizeiro, apenas o fruto, que compreende 38% da planta, é comercializável, sendo o restante (folhas, caules e raízes) considerado subproduto agrícola, ainda não aproveitável (Py et al. 1984). De acordo com Lavezzo (1995), o subproduto da planta do abacaxi póscolheita é uma fonte de forragem que ainda possui uso limitado. Compreende principalmente as folhas, que constituem a parte superior da planta do abacaxi após a colheita do fruto. Quando desidratado recebe o nome de feno de abacaxi e, quando moído, de farinha de folha de abacaxi. Ainda segundo este autor, além dos subprodutos do cultivo, existe também o subproduto da indústria de conserva do abacaxi, composto de casca, coroa, brotos da fruta, anexos da fruta, miolo e polpa, da qual se extrai o suco. O subproduto pode ser desidratado e o produto final passa a ser chamado de farelo de abacaxi. Lavezzo (1995) destacou ainda que o farelo de abacaxi pode ter seu valor energético aumentado pela adição do melaço de abacaxi obtido a partir da evaporação do excedente do suco. Entretanto, a prática de secagem não tem sido muito adotada pelo alto custo, além de diminuir o valor alimentar original do subproduto. Além de usado ao natural, o abacaxi pode ser industrializado e diversos subprodutos podem ser obtidos dos subprodutos industriais. A industrialização do fruto é integrada, procurando-se tirar o máximo rendimento da fruta em relação ao produto principal (fruto em calda ou enlatado), obtendo-se outros subprodutos como o suco simples e concentrado, suco da casca e subprodutos industrializados na dieta para alimentação animal. Durante a industrialização do abacaxi, sobram nas fábricas: cascas, talos, coroas e cilindros, considerados rejeitos. A prensagem desses rejeitos resulta em suco e torta, que ainda são fornecidos para os animais de forma empírica (Vasconcelos et al., 2002). Durante a industrialização do abacaxi sobram nas fábricas: cascas, talos, coroas e 33 cilindros, considerados rejeitos, que correspondem, em média, a 35% do peso em matéria natural da matéria-prima processada. A prensagem desses rejeitos resulta em suco e torta, que é utilizada em dietas animais de forma empírica. Do total de rejeitos prensados, 75 a 85% é suco e de 15 a 25% resulta em torta (Py et al., 1984). Além de subprodutos industriais, os subprodutos agrícolas, como folhas e caule, podem ser usados no preparo de dietas com bom valor nutritivo. Segundo Py et al. (1984), após a colheita do fruto e mudas remanescentes, pode-se obter de 15 a 30 toneladas de matéria seca por hectare (0,4 a 0,6 kg/planta), passível de ser usado como alimento para ruminantes. Porém, Kellems et al. (1979) afirmaram que o subproduto verde da planta de abacaxi pós-colheita apresenta uma produtividade de 50,5 toneladas de MS por hectare ou 226 toneladas de matéria verde por hectare. 1.2. Acerola (Malpighia glabra L.) A aceroleira (Malpighia glabra L., Malpighia punicifolia L. ou Malpighia emarginata DC) é nativa da América Tropical e subtropical e freqüentemente é referida como Cereja de Barbados, Cereja de Porto Rico, Cereja das Antilhas ou Cereja das Índias Ocidentais (Lousada Júnior, 2003). A produção de acerola no Brasil atingiu 33 mil toneladas em área colhida de 11 mil hectares no ano de 1996 (Anuário Estatístico do Brasil, 1999). A aceroleira é cultivada principalmente nos estados do Nordeste, com grandes perspectivas de expansão das exportações, principalmente para a França, Alemanha e Estados Unidos. Alguns empreendimentos agrícolas localizados no Rio Grande do Norte, Paraíba e Bahia já exportam acerola sob a forma de suco, polpa ou fruta congelada 34 para a Holanda e o Japão, além de explorarem o mercado interno brasileiro. Outras regiões, como a Centro Oeste e os estados de Minas Gerais e São Paulo têm implementado de forma acentuada o plantio da aceroleira, principalmente com objetivo de produção de suco e, mais recentemente, para a indústria de refrigerantes, demonstrando assim, o grande potencial dessa cultura. Embora, existam poucos dados na literatura, os subprodutos da agroindústria constando da semente triturada e da polpa após a retirada do suco, podem apresentar potencial para o consumo animal. 1.3. Caju (Anacardium occidentale) O cajueiro (Anacardium occidentale) é originário do continente americano e ocupa lugar de destaque entre as plantas frutíferas tropicais, em face da crescente comercialização da amêndoa e do líquido de castanha de caju (LCC) (Lavezzo, 1995). A castanha é o verdadeiro fruto. O pseudofruto é o pedúnculo hipertrofiado, rico em vitamina C e usado na fabricação de doces e bebidas. O bagaço, após a extração do suco, pode ser usado na alimentação animal. Do peso do pseudofruto, em média 81% são representados pelo suco, já o peso da castanha é composto pela amêndoa (32%), película (3%) e casca (65%) (Lima et al., 1994). O Brasil destaca-se como o terceiro produtor mundial (Pimentel, 2002). Com o desenvolvimento de tecnologias para os segmentos de produção e industrialização do sistema agroindustrial do caju, o cajueiro tem elevado sua produtividade por área, o número de meses de oferta para o mercado, expandido suas fronteiras de plantio e induzido um aumento de pequenas e médias agroindústrias de amêndoa, suco e polpa, principalmente na Região Nordeste. O Ceará destaca-se como o principal estado produtor do Nordeste, dos 668,1 hectares de área colhida de castanha na região em 2003, 205,3 hectares, foi proveniente deste estado (Agrianual, 2004). Atualmente, a amêndoa de caju é o principal produto exportado pelo estado do Ceará. A castanha é a parte do caju de maior valor comercial, enquanto que o pedúnculo é comercializado em pequena escala, entre 10 a 15% do total produzido, sendo altamente perecível (Vasconcelos et al., 2002). Conforme Meneses (1994), os principais açúcares encontrados no pedúnculo são, maltose, sacarose, celobiose, rafinose, glicose e frutose, sendo estes 2 últimos presentes em maior quantidade. Holanda et al. (1996) encontraram valores de matéria seca (MS), proteína bruta (PB) e nutrientes digestíveis totais (NDT) da ordem de 69,5%; 8,61%; 75,0%, respectivamente. Furusho et al. (1997) encontraram valores superiores para a proteína bruta (16,6%) em matéria seca. A produção de pedúnculo de caju na região nordeste e no país foi estimada pelo Anuário Estatístico do Brasil (1999), como mostra a Tabela 1. O IBGE (2004) citou um rendimento médio de castanha em 2000 de 138,6 mil toneladas e do pedúnculo de mais de um milhão de toneladas. Como a safra de caju concentra-se na época seca (Holanda et al., 1996), período que se caracteriza pela baixa produção de volumosos e preços de concentrados elevados, a utilização do pedúnculo do caju seco possui grande potencial para ser usado como ingrediente de dietas. Tabela 1. Estimativas da produção (em toneladas) de pedúnculo de caju na região nordeste e no Brasil 1990 1995 1996 1997 1998 1999 Estado Maranhão 21,2 51,8 36,4 36,3 33,8 35,6 Piauí 215,1 424,9 221,9 199,3 55,2 290,0 Ceará 470,0 728,1 747,4 43,6 122,9 694,0 R.Grande do Norte 209,2 324,5 361,6 305,0 145,3 161,1 Paraíba 7,2 74,9 51,2 54,0 48,4 45,1 Pernambuco 34,0 31,3 43,5 50,3 32,2 35,5 Alagoas 0 0 0 792,0 792,0 756,0 Bahia 3,0 28,7 36,0 32,6 33,5 29,7 959,7 1664,2 1498,0 1513,1 1263,3 2047,0 Nordeste 969,0 1667,1 1504,9 1528,6 1287,1 2058,9 Brasil Fonte: Anuário Estatístico do Brasil (1999) Os principais subprodutos do caju para uso na alimentação animal são o farelo de castanha de caju e o farelo de bagaço de caju. O farelo de castanha de caju é um subproduto da industrialização da amêndoa e o farelo do bagaço é o subproduto da industrialização do pedúnculo do caju, na extração de sucos (Barbosa et al., 1989). Awolumate (1983) citou que o uso direto do farelo de bagaço de caju como alimento animal pode ser limitado por seus altos 35 níveis de umidade e fibra. Por outro lado, Furusho et al. (1997), salientaram que em virtude da baixa disponibilidade da proteína existente como decorrência dos altos níveis de ligninas e taninos existentes, a eficiência de uso na alimentação animal pode ser melhorada através do seu enriquecimento em proteína por leveduras. De acordo com Tonissi e Goes (2004), extratos de culturas de fungos têm sido avaliados por sua possível ação no aumento da degradação da fibra no rúmen e melhoria do fluxo de nitrogênio absorvível no duodeno. De acordo com estes autores, a captação de fontes nitrogenadas, como amônia e proteínas, para utilização pelos microrganismos ruminais é estimulada pelas leveduras. Os suplementos concentrados comumente usados para minorar a situação alimentar do rebanho na época seca sofrem constantes aumentos de preço, tornando seu uso muito oneroso e economicamente inviável. Por outro lado, a Região Nordeste oferece condições bastante favoráveis para o aproveitamento de subprodutos agroindustriais, tais como a polpa de caju, a polpa de acerola e a rama da mandioca, por exemplo (Catunda e Menezes, 1989). Ainda segundo estes mesmos autores, a castanha é a parte do caju de maior valor comercial, já o pedúnculo é comercializado em pequena escala, comparando-se com o grande volume de produção. Mesmo admitindo-se a possibilidade do aproveitamento industrial do pedúnculo para a fabricação de sucos e doces, a utilização do excedente da produção para dieta animal seria uma alternativa bastante válida. Costa et al. (1977) identificaram para a farinha do bagaço de caju, um teor médio de 11% de proteína bruta na matéria seca. 1.4. Maracujá (Passiflora edulis) O gênero Passiflora, da família Passifloraceae, contém mais de 500 espécies tropicais, sendo o Brasil o centro de origem da maioria delas. O maracujá amarelo (Passiflora edulis f. flavicarpa, Deuger) é a principal variedade cultivada, sendo responsável pelo fornecimento de matéria-prima para indústria processadora, bem como para comercialização de frutas frescas (Lousada Júnior, 2003). Dados sobre a produção brasileira de maracujá em 1996 encontram-se na Tabela 2. O Nordeste apresenta-se como a região de maior área plantada e produção total, apesar da baixa produtividade por hectare. Tabela 2. Região brasileira, área colhida (hectare), produção (tonelada), participação (%) e produtividade (t/ha) de maracujá no ano de 1996. Participação (%) Região Área colhida Produção Produtividade Área colhida Produção 22,9 176,1 52 43 7,7 Nordeste Sudeste 9,7 124,4 22 30 12,8 Norte 8,6 80,5 19 20 9,3 Centro-Oeste 1,7 16,2 4 4 9,7 Sul 1,5 12,2 3 3 8,0 TOTAL 44,4 409,4 100 100 9,2 Fonte: Anuário Estatístico do Brasil (1999) 36 A cultura apresenta um vasto potencial para o aproveitamento do subproduto em virtude da proporção da casca em relação ao total do fruto. No entanto, atenção especial deve ser tomada, particularmente com relação à inclusão da semente (rica em óleo) no composto da dieta, na medida em que altos níveis de extrato etéreo dietéticos podem inibir a digestibilidade das frações fibrosas (Starling et al., 1997). Os principais produtos do maracujá são o suco concentrado e a polpa que são a base para a fabricação de vários outros produtos, como bebidas, laticínios, confeitaria, geléias etc. (Sebrae, 2004). 2. RENDIMENTOS MÉDIOS DE SUBPRODUTOS DO PROCESSAMENTO DE FRUTAS A industrialização de frutas para produção de sucos ou polpa produz subprodutos com elevado potencial de utilização na alimentação de ruminantes. A produção de subprodutos varia com o tipo de fruta e o processamento utilizado. Conhecendo-se a produção da matériaprima, o percentual de utilização pela indústria e o rendimento do subproduto, pode-se estimar a produção de subprodutos do processamento de frutas. Por exemplo, para uma produção de pedúnculo de caju de 1,3 milhões de toneladas em 1999 e uma utilização de 10% desse total pela indústria, pode-se estimar uma produção de subproduto de, aproximadamente, 130 mil toneladas. O rendimento médio de subprodutos oriundos do processamento de frutas encontra-se na Tabela 3. Tabela 3. Rendimentos médios de produção de subprodutos na industrialização de frutas Frutas Rendimento de subproduto (%) Abacaxi 30 a 40 Acerola 15 a 41 Cajá Caju 15 a 30 Graviola 35 Goiaba 5 Jaca 70 Manga 37 a 50 Mangaba 23 Maracujá 65 a 70 Melão 45 Pinha 72 Pitanga 70 Umbu 45 Tamarindo 50 a 65 Fonte: Py et al. (1984); Porras (1989); Arostegui e Pennock (1955); informações pessoais concedidas pelas indústrias Cevap, Cajubras e Maisa citadas por Vasconcelos et al. (2002). 3. VALOR NUTRICIONAL DE SUBPRODUTOS DO PROCESSAMENTO DE FRUTAS A importância da racionalidade no uso dos alimentos, bem como o conhecimento da combinação ideal entre eles, tem orientado e exigido melhor conhecimento de seu valor nutricional, incluindo o processo de utilização de nutrientes (Euclides Filho, 2004). A composição químicabromatológica desses subprodutos apresenta variações consideráveis, dependendo da origem, do processamento industrial, da incorporação de outros subprodutos, da inclusão maior ou menor de cascas em relação às sementes, como por exemplo, no subproduto de maracujá. A determinação da presença de compostos fenólicos, principalmente tanino, também auxilia na avaliação da qualidade nutricional de subprodutos (Teixeira, 1992). Ainda segundo este autor, a presença de compostos polifenólicos pode promover queda na digestão ou na utilização metabólica da proteína, além de reduzir ou cessar o consumo de alimentos. Também foi feito destaque por estes autores para outras determinações, como a presença de constituintes tóxicos e do teor de lipídeos, as quais devem ser consideradas, pois em altas concentrações, podem tornar o subproduto indisponível para uso. A presença de gordura em elevadas quantidades normalmente reduz a digestão da fibra, e a extensão deste efeito negativo depende de seu grau de insaturação e esterificação (Teixeira, 1992). Avaliando a degradabilidade ruminal dos subprodutos de caju, graviola, manga e urucum em ovinos, Gonçalves et al. (2004) observaram poucas variações na degradabilidade potencial entre os subprodutos de graviola, manga e urucum, entretanto, para o subproduto de caju foi encontrado o menor valor desse parâmetro (46,33%), seguido pelo subproduto de manga (80,29%), subproduto de urucum (82,66%) e subproduto de graviola (83,65%). A maior fração solúvel, denotando maior disponibilidade ruminal dos nutrientes, foi encontrada para o subproduto de urucum (50,59%) e a menor para o subproduto de caju (15,52%), rico em taninos. Já Manoel et al. (2003) estudaram a degradabilidade da matéria seca dos subprodutos de abacaxi, acerola, goiaba, maracujá, melão, farelo de castanha de caju e soja extrusada. A partir dos valores de a (fração solúvel) e b (fração insolúvel potencialmente degradada) e dos dados de degradabilidades potencial e efetiva, os autores concluíram que o farelo de castanha 38 de caju pode ser classificado como concentrado, por apresentar valores desses parâmetros analisados muito semelhantes aos da soja extrusada. Os subprodutos de abacaxi, maracujá e melão podem ser considerados volumosos de boa qualidade e os subprodutos de acerola e goiaba, volumosos de menor qualidade. Alves et al. (2002) concordaram que os subprodutos de abacaxi, maracujá e melão podem ser utilizados na alimentação animal baseados nos consumos e coeficientes de digestibilidade da matéria seca que foram semelhantes aos de volumosos de boa qualidade. Já para os subprodutos de acerola e de goiaba também comentaram que a sua inclusão em dietas animais representa restrições particularmente devido à queda de digestibilidade. Em substituição à silagem de milho, Lallo et al. (2002a) utilizaram níveis crescentes de silagem de subproduto industrial de abacaxi para avaliar a degradabilidade ruminal em bovinos de corte. Os resultados demonstraram que a inclusão do subproduto de abacaxi reduziu a fração solúvel (a) da matéria seca, aumentando a fração potencialmente degradável (b) desse nutriente. A taxa de degradação da fração b, entretanto, somente foi crescente até 40% de substituição da silagem de milho pela silagem de subproduto de abacaxi. Para a degradabilidade da proteína bruta, a fração solúvel (a) foi crescente até o nível máximo de inclusão de subproduto de abacaxi (60%) que foi acompanhado pela maior degradabilidade efetiva a uma taxa de passagem de 5%/hora (72,67%). Para bovinos confinados, Lallo et al. (2002b) também avaliaram os efeitos dessa substituição sobre a digestibilidade aparente de dietas contendo níveis crescentes de silagem de subproduto de abacaxi. Houve redução linear na digestibilidade aparente da matéria seca, matéria orgânica, proteína bruta e energia bruta quando se substituiu a silagem de milho pela subproduto de abacaxi. silagem de Por sua vez, Oliveira et al. (2004) realizaram a inclusão em níveis crescentes do bagaço de caju desidratado para avaliação do consumo e digestibilidade da matéria seca e proteína bruta de dietas experimentais fornecidas a ovinos. Estes autores constataram um efeito linear negativo das digestibilidades da matéria seca e proteína bruta a partir do aumento da inclusão de subproduto de caju às dietas experimentais. A composição nutricional de subprodutos da indústria da acerola, caju, maracujá, melão e tamarindo são apresentados na Tabela 4. Tabela 4. Composição bromatológica de subprodutos do processamento de frutas em Matéria Seca (MS) Subproduto industrial (%) Composição Acerola Caju Maracujá Melão Tamarindo Matéria Natural 19,3 29,2 13,4 13,5 46,7 Matéria Seca 89,7 89,1 89,3 85,0 88,6 Proteína Bruta 13,8 14,4 13,2 18,5 12,2 NIDA 0,85 2,06 0,50 0,33 1,33 FDN 63,1 70,1 55,9 56,4 46,7 FDA 54,5 57,0 39,7 40,4 32,7 Celulose 33,58 26,94 25,21 30,42 15,65 Hemiceluloses 8,6 13,1 16,2 15,9 14,0 Lignina 20,57 29,85 13,87 9,59 16,66 Energia bruta (Mcal/kg) 4,50 4,72 4,77 5,17 4,36 Tanino 13,2 4,0 6,6 3,8 21,4 Minerais 3,0 2,3 5,3 4,6 2,6 Ca 0,29 0,17 0,18 0,17 0,50 P 0,42 0,49 0,36 1,10 0,44 Fonte: Vasconcelos et al. (2002) O subproduto da indústria de conserva de abacaxi apresenta bom valor nutricional para caprinos e ovinos pelo fato dos principais constituintes da matéria orgânica serem os carboidratos solúveis, principalmente, açúcares (Muller, 1978). Além destes, estes autores destacaram que outros carboidratos como a hemicelulose, celulose, hexosanas e pentosanas estão presentes. Contêm também pectina que age protegendo a mucosa gastrointestinal e neutralizando as toxinas bacterianas (Müller, 1978). A digestibilidade geralmente é alta, tendo sido encontrado valores de digestibilidade aparente da matéria seca variando entre 61,1 e 78,2 % (Rodrigues e Peixoto, 1990; Bandeira, 1995). A digestibilidade da proteína bruta, por sua vez, a exemplo do que ocorre com o subproduto da indústria citrícola, também é baixa (Bandeira, 1995) e há recomendação da utilização de fontes suplementares de proteína em combinação com este 39 subproduto para aproveitamento. melhoria de seu Valores alimentares médios dos subprodutos da indústria de conservas do abacaxi estão dispostos na Tabela 5. Tabela 5. Valor alimentar médio (matéria seca) da planta e dos subprodutos da indústria do abacaxi Parâmetros Subprodutos da planta Subprodutos da indústria de conservas Umidade 76,4 90,0 PB (%) 6,3 6,9 EE (%) 2,1 0,9 FB (%) 23,6 17,8 MM (%) 4,2 4,0 ENN (%) 63,8 70,4 ED (Mcal/kg) 2,57 3,26 EM (Mcal/kg) 2,11 2,68 Elm (Mcal/kg) 1,26 1,62 Elg (Mcal/kg) 0,6 1,0 Ell (Mcal/kg) 1,28 1,76 NDT (%) 58,0 74,0 Fonte: Müller (1978) Os restos culturais do abacaxizeiro já vêm sendo utilizados na alimentação de ruminantes, e, segundo Oliveira e Couto (1985), sua utilização na alimentação de outros animais fica limitada, devido ao elevado teor de fibras, especialmente de suas folhas. As folhas do abacaxizeiro devem ser utilizadas logo após a colheita dos frutos, para se obter simultaneamente alta massa foliar com níveis protéicos elevados e de componentes estruturais baixos (celulose, hemiceluloses e lignina). Na Tabela 6 são apresentados outros valores alimentares médios do subproduto da planta verde de abacaxi e de subprodutos de abacaxi, acerola, maracujá e melão. Tabela 6. Valor alimentar médio (matéria seca) dos subprodutos da indústria processadora de sucos de abacaxi, acerola, maracujá e melão Parâmetros Subproduto de Subproduto de Subproduto de Subproduto de abacaxi acerola maracujá melão PB (%) 8,4 10,5 12,4 17,3 EE (%) 1,2 3,2 1,0 3,3 FDN (%) 71,4 71,9 59,2 59,1 FDA (%) 30,7 54,7 49,0 49,2 MM (%) 6,8 2,7 9,8 14,6 Fonte: Lousada Júnior et al. (2002) 40 Os subprodutos da agroindústria também vêm sendo utilizados como aditivos na ensilagem de gramíneas ou mesmo como silagens exclusivas. Utilizando a inclusão em níveis crescentes de subprodutos agroindustriais de caju e de abacaxi à silagem de capim elefante, Ferreira et al. (2003a) e Ferreira et al. (2003b) constataram que o bagaço de caju e o subproduto de abacaxi desidratados podem ser utilizados, desta forma, na alimentação animal por proporcionarem aumento no consumo de matéria seca. Correia et al. (2002a) discutiram que a substituição do feno de capim Coast cross pelo subproduto agroindustrial de abacaxi, em dietas fornecidas com mistura total para caprinos, não afetou a digestibilidade aparente da matéria seca, proteína bruta e fibra em detergente neutro, porém melhorou os coeficientes de digestibilidade da matéria orgânica, fibra em detergente ácido e celulose das dietas utilizadas. Ainda avaliando a qualidade nutritiva de silagens de capim elefante com níveis crescentes de subprodutos da indústria de suco de abacaxi, Ferreira et al. (2004a) verificaram que essa adição melhora os níveis de MS, PB e mantém os valores de pH e níveis de N-NH3 dentro dos níveis característicos de silagens bem preservadas, conservando assim, a qualidade nutricional das mesmas. Já para os subprodutos de caju e acerola também incluídos na silagem de capim elefante, Ferreira et al. (2004b) e Ferreira et al. (2004c) verificaram que essas inclusões levam à redução dos níveis de NNH3 e elevação nos níveis de MS e PB. Os elevados níveis de FDA e FDN podem comprometer a digestibilidade da silagem, reduzindo seu valor nutritivo. Preparando silagens exclusivas de plantas de abacaxi, Leonel et al. (2004) mediram alguns parâmetros de fermentação de silagens de plantas de abacaxi preparadas com ou sem aditivos (aditivo microbiano comercial, farelo de milho e farelo de milho + aditivo microbiano comercial). Não houve diferenças de pH para as silagens estudadas. Perceberam, entretanto, que as silagens de plantas de abacaxi acrescidas de aditivo microbiológico e plantas de abacaxi acrescidas de 7,5% de farelo de milho na matéria natural foram os tratamentos que proporcionaram menores perdas de nitrogênio. Os parâmetros de todos os tratamentos, segundo esses autores, foram adequados qualificando as silagens como de boa qualidade. Carneiro et al. (1998) caracterizaram quimicamente as farinhas integral e desengordurada da semente de acerola, a qual apresentaram alto conteúdo de fibras totais (61%), proteína bruta (11%) e lipídios (13%). No mesmo trabalho observaram 42% de aminoácidos essenciais na semente, sendo a lisina, o aminoácido limitante. Os autores reportaram que o teor de fenóis totais presentes na semente de acerola é de 6,4 mg/g da amostra, e que esses compostos fenólicos possuem efeitos antinutricionais, reduzindo a digestibilidade da proteína e a biodisponibilidade de minerais. Neiva et al. (2002) avaliaram bromatologicamente o subproduto da goiaba e encontraram valores de 7,8% de PB, 72,6% de FDN, 54,8% de FDA e 17,8% de hemiceluloses em base de matéria seca. Com relação à farinha de pedúnculo de caju desidratado, Catunda e Meneses (1989) obtiveram 11,8% de PB, 21,1% de FB, 6,4% de EE, 8,1% de minerais e 0,5% de tanino. Holanda et al. (1996) mostraram a composição em aminoácidos do subproduto da indústria de caju. Como valores referenciais para efeito de comparação foi citada a composição aminoacítica do farelo de soja com 45% de proteína bruta conforme Rostagno (2000). Todos os percentuais de aminoácidos existentes no subproduto de caju são menores do que aqueles encontrados para o farelo de soja. Tabela 7. Composição em aminoácidos do subproduto da indústria de caju e do farelo de soja Subproduto de Caju Farelo de Soja (45% PB) Aminoácidos Percentual Aminoácidos Percentual Lisina 0,30 Lisina 2,78 Histidina 0,21 Histidina 1,17 Arginina 0,33 Arginina 3,33 Treonina 0,31 Treonina 1,78 Glicina 0,38 Glicina + Serina 4,45 Cistina 0,16 Cistina 0,62 Valina 0,38 Valina 2,13 Metionina 0,20 Metionina 0,65 Isoleucina 0,39 Isoleucina 2,11 Leucina 0,56 Leucina 3,53 Fenilalanina 0,25 Fenilalanina 2,30 Triptofano 0,26 Triptofano 0,65 Fonte: Holanda et al. (1996); Rostagno (2000) A semente de maracujá apresenta alto teor de lípides (32%), mostrando-se viável na formulação de dietas para ruminantes. De acordo com Pizza Júnior (1966), as sementes perfazem, em média, 11,8% do fruto. Otagaki e Matsumoto (1958) citados por Pruthi (1963) recomendaram desde aquela época a incorporação do subproduto de maracujá (cascas + sementes) em 22% de dietas fornecidas com mistura total de vacas leiteiras. Os autores compararam ainda a casca de maracujá com o farelo de abacaxi e verificaram não haver diferenças significativas entre esses dois subprodutos, sendo que a digestibilidade da proteína das cascas de maracujá foi três vezes maior do que a digestibilidade do farelo de abacaxi. Pruthi (1963) relatou variações consideráveis no conteúdo de pectina das cascas da variedade roxa, entre nove e 15%, mas destacou que a pectina é de boa qualidade em termos nutricionais. Vieira et al. (1999) citados por Lousada Júnior (2003), analisando as cascas do fruto de maracujá roxo, observaram valores de 42 43,75, 35,06 e 8,56% na MS para FDN, FDA e PB, respectivamente. Starling et al. (1997) utilizando sementes de maracujá em níveis crescentes em dietas para ovinos, verificaram que a inclusão de 8,8% resultou no maior consumo de matéria seca (53,5g/UTM). Os altos níveis de lipídeos, entretanto, levaram à redução da digestibilidade dos constituintes fibrosos à medida que se aumentou a proporção de semente de maracujá na dieta. Goes et al. (1994) encontraram níveis de umidade e extrato etéreo para a polpa do fruto de melão de 92,4% e 1,5%, respectivamente. Porras (1989) avaliou a adição de subproduto de manga na ensilagem de forragem verde nos níveis de 5%, 10% e 15% em relação a essa forragem verde e não encontrou alteração na digestibilidade in vitro e no teor de energia. A digestibilidade de alguns subprodutos do processamento de frutas encontra-se na Tabela 8. Dos subprodutos apresentados, a acerola é o que apresenta menor digestibilidade da MS, seguido da goiaba, do abacaxi desidratado e do melão. Os demais possuem valores de digestibilidade da MS superiores a 59%, destacando-se a polpa cítrica e o abacaxi ensilado. O elevado valor nutritivo dos subprodutos da indústria de conserva de abacaxi deve-se ao seu conteúdo em carboidratos solúveis e rapidamente degradados (Lavezzo, 1995). Conforme este autor, a presença de pectina protegendo a mucosa gastrintestinal neutraliza as toxinas bacterianas. Os autores continuam os comentários afirmando que a aceitação deste subproduto por ruminantes é boa e a adaptação é rápida, podendo ser usado para substituir alimentos como farelo de arroz, mandioca e milho, sendo considerado um alimento concentrado rico em açúcar, pobre em proteína e rico em fibra. O subproduto da indústria de conserva de abacaxi ensilado também apresenta elevados coeficientes de digestibilidade da MS, FDN, FDA EE, superiores a 76%, sendo considerada de qualidade satisfatória (Lavezzo, 1995). Tabela 8. Coeficiente de Digestibilidade (%) de alguns processamento de frutas Subproduto Porcentagem Composição Abacaxi 47,5 MS Abacaxi 71,7 a 74,2 MS Abacaxi 72,6 FDN Abacaxi 74,0 ENN Silagem de abacaxi 76,0 MS Acerola 22,8 MS Goiaba 30,8 MS Maracujá 59,9 MS Melão 47,7 MS Caju (farinha) 69,5 MS Caju (farinha) 9,8 PB Caju (farinha) 5,4 EE Caju (farinha) 44,8 ENN Polpa cítrica seca 72,4 MO Polpa cítrica seca 64,8 PB Polpa cítrica seca 71,0 FDN Polpa cítrica seca 72,9 MS Polpa cítrica seca 45,3 PB Polpa cítrica seca 68,5 FDN nutrientes de subprodutos do Fonte Lousada Júnior et al., 2002 Müller, 1978 Müller, 1978 Müller, 1978 Lavezzo, 1995 Lousada Júnior et al., 2002 Lousada Júnior et al., 2002 Lousada Júnior et al., 2002 Lousada Júnior et al., 2002 Holanda et al., 1996 Holanda et al., 1996 Holanda et al., 1996 Holanda et al., 1996 O’Mara et al., 1999 O’Mara et al., 1999 O’Mara et al., 1999 Madrid et al., 1997 Madrid et al., 1997 Madrid et al., 1997 43 4. DESEMPENHO ANIMAL A PARTIR DA UTILIZAÇÃO DE SUBPRODUTOS DO PROCESSAMENTO DE FRUTAS O desempenho animal depende da ingestão de nutrientes digestíveis e metabolizáveis, sendo que 60 a 90% das diferenças de desempenho são causadas pelo aumento de ingestão e 10 a 40% às diferenças de digestibilidade (Mertens e Ely, 1982). Historicamente, consumo e digestibilidade têm sido calculados por equações de regressões baseadas na composição química do alimento, obtendo resultados com precisão aceitável. Utilizando subprodutos da agroindústria do abacaxi prensados e ensilados, com teor de matéria de 24%, e suplementados com 100 gramas de farelo de soja por quilograma de silagem consumida, com base na matéria natural, na alimentação de ovinos confinados, Geoffroy et al. (1984), registraram ganhos de peso de 182 gramas/animal/dia e uma conversão alimentar de cinco quilos de matéria seca consumida, por quilograma de peso ganho. Furusho et al. (1997) determinaram o desempenho de cordeiros terminados em confinamento, utilizando o pedúnculo de caju seco na dieta, enriquecido ou não por leveduras. Verificaram que os animais que receberam a dieta contendo o pedúnculo enriquecido obtiveram menor ganho de peso comparado aos animais que receberam o pedúnculo não enriquecido. Citaram que este efeito pode estar associado à conversão dos açúcares em proteína pelos microrganismos, redundando em declínio na quantidade de energia na dieta. Para ser usado na elaboração de dietas, recomendaram que sejam realizados outros estudos para determinação do nível ideal de inclusão. Holanda et al. (1996), trabalhando com enriquecimento protéico de pedúnculo de caju a partir do emprego de leveduras na alimentação de ovinos, constataram que o 44 emprego de leveduras na fermentação de pedúnculo viabilizou um concentrado protéico semelhante à torta de algodão. Lallo et al. (2002c) verificaram que a silagem de subproduto industrial de abacaxi pode ser utilizada na terminação de novilhos confinados na medida em que a substituição de silagem de milho por silagem de subproduto de abacaxi não alterou o desempenho dos animais, a conversão alimentar e nem o rendimento de carcaça. Lousada Júnior et al. (2002) obtiveram consumo de MS com ovinos recebendo uma dieta exclusiva de subproduto da acerola de 1,4% do PV. Quando o subproduto utilizado foi o maracujá e o melão, o consumo de MS foi de 3,5% e 3,4% do PV, respectivamente. Correia et al. (2002b) forneceram a 24 fêmeas caprinas mestiças Saanen x SRD de peso médio inicial de 19,2kg 4 níveis de inclusão de subproduto de abacaxi (zero, 33, 66 e 100%) em substituição ao feno de Coast cross. Segundo estes autores, o subproduto agroindustrial de abacaxi desidratado pode substituir o feno de capim Coast cross até o nível de 100% em dietas peletizadas para caprinos confinados, sem comprometer o ganho em peso desses animais. Teixeira et al. (2003) forneceram a ovinos em terminação, dietas à base de silagem de capim elefante, contendo ou não bagaço de caju. Estes autores verificaram que as silagens contendo bagaço de caju permitiram maior conversão alimentar quando utilizadas em dietas suplementadas com concentrado na proporção de 1,5% do peso vivo, permitindo a redução nos custos de produção de ovinos com ganhos de pesos compreendidos entre 110 e 176g/dia. Lopes et al. (2004) avaliaram o desempenho de ovinos mestiços da raça Santa Inês, recebendo dietas formuladas para o atendimento dos requisitos nutricionais de cordeiros em terminação, com diferentes níveis de inclusão de bagaço de caju desidratado. A inclusão foi feita em 5 níveis (zero; 10%; 20%; 30% e 40%) e não houve diferenças de consumo entre os tratamentos nem para o consumo de matéria seca, nem para a conversão alimentar dos ovinos em terminação utilizados no experimento. O ganho de peso, entretanto, decresceu proporcionalmente ao aumento de inclusão do bagaço de caju às dietas ficando entre 187 (40% de inclusão) e 295 g/dia (tratamento controle). Alves et al. (2003), trabalhando com subproduto in natura de maracujá ou silagem de sorgo, suplementados, ou não, com concentrado, observaram o consumo alimentar e o ganho de peso de novilhos. O subproduto de maracujá, constituído de cascas (maior parte) e de sementes, mostrou-se superior, segundo esses autores, à silagem de sorgo, em termos de consumo e ganho de peso de bovinos em crescimento, mesmo sem suplementação. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGRIANUAL. Anuário da Agricultura Brasileira. FNP-2004. ALVES, G.R., FONTES, C.A.A., RIBEIRO, E.G. et al. Influência do nível de matéria seca, e de uréia sobre a qualidade de silagens contendo polpa de abacaxi, em mistura com bagaço de cana ou feno de Coast cross. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 39, 2002, Recife. Anais... Recife-PE: Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2002. CD ROM. ALVES, G.R., FONTES, C.A.A., RIBEIRO, E.G. et al. Consumo alimentar e ganho de peso de novilhos alimentados com subproduto in natura de maracujá ou silagem de sorgo, suplementados, ou não, com concentrado. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 40, 2003, Santa Maria. Anais... Santa Maria-RS: Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2003. CD ROM. ANUÁRIO ESTATÍSTICO DO BRASIL. Rio de Janeiro: IBGE, v.59, 1999. AROSTEGUI, F., PENNOCK, W. La acerola. Rio Piedras, Porto Rico: Universidad de Puerto Rico. Estación Experimental Agrícola, 1955. 9p. (University of Puerto Rico. EUA. Publicación Miscelánea, 15). AWOLUMATE, E.O. Chemical composition and potential uses of processing wastes from same Nigerian cash crops. Turrialba, v.33, n.4, p.381-386, 1983. BANDEIRA, D.A. Valor nutritivo do feno de subproduto agroindustrial do abacaxi (Ananas comosus L. Mer) na alimentação de ovinos. Dissertação (Mestrado em produção animal), Universidade Federal da Paraíba, Areia, 1995. 58p. BARBOSA, H.P., FÍALO, E.T., FREITAS, A.R. Composição química, energética e proteína digestível de alguns alimentos para suínos. Boletim de Indústria Animal, v.46, n.1, p.99-112, 1989. BRAGA, R. Plantas do nordeste: especialmente do Ceará, Fortaleza, 1976. 540p. CARNEIRO, J.G.M., DAWOOD, L.A.C., NETTO, F.M. Caracterização química das farinhas integral e desengordurada de semente de acerola, isolamento e caracterização parcial da fração protéica. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE TECNOLOGIA DE ALIMENTOS, 16, 1998, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: 1998. CD-ROM. CATUNDA, A.G., MENEZES, F.A.B. Aproveitamento da farinha da polpa do caju 45 e do feno da rama da mandioca na alimentação de ovinos na época seca. Boletim de pesquisa n.16, agosto 1989. 12p. CORREIA, M.X.C., COSTA, R.G., SILVA, J.H.V. et al. Digestibilidade de rações com diferentes níveis de inclusão de subproduto agroindustrial de abacaxi em substituição ao feno de capim Coast cross. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 39, 2002, Recife. Anais... Recife-PE: Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2002a. CD ROM. CORREIA, M.X.C., COSTA, R.G., SILVA, J.H.V. et al. Desempenho de caprinos alimentados com níveis crescentes de subproduto agroindustrial de abacaxi em substituição ao feno de capim Coast cross. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 39, 2002, Recife. Anais... Recife-PE: Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2002b. CD ROM. COSTA, C.P., OLIVEIRA, B., VELLOSO, J.A.F. Efeito dos taninos do pseudofruto do caju (Anacardium occidentale, L.) sobre o desenvolvimento de ratos. Anais da Escola de Agronomia e Veterinária, v.7, n.1, p.6577, 1977. EUCLIDES FILHO, K. Retrospectiva e desafios da produção de ruminantes no Brasil. Disponível em: www.sbz.org.br/eventos/PortoAlegre/home pagesbz/Kepler.htm. Acesso em: 12 set. 2004. FERREIRA, A.C.H., RODRIGUEZ, N.M., NEIVA, J.N.M. et al. Consumo voluntário e digestibilidade aparente da matéria seca das silagens de capim elefante com diferentes níveis de subprodutos da indústria do suco de abacaxi. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 40, 2003, Santa Maria. Anais... Santa Maria-RS: Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2003a. CD ROM. FERREIRA, A.C.H., RODRIGUEZ, N.M., NEIVA, J.N.M. et al. Consumo voluntário 46 e digestibilidade aparente da matéria seca das silagens de capim elefante com diferentes níveis de subprodutos da indústria do suco de caju. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 40, 2003, Santa Maria. Anais... Santa Maria-RS: Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2003b. CD ROM. FERREIRA, A.C.H., NEIVA, J.N.M., RODRIGUEZ, N.M. et al. Valor nutritivo de silagens de capim elefante com níveis crescentes de subprodutos da indústria do suco de abacaxi. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 41, 2004, Campo Grande. Anais... Campo Grande-MS: Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2004a. CD ROM. FERREIRA, A.C.H., NEIVA, J.N.M., RODRIGUEZ, N.M. et al. Valor nutritivo de silagens de capim elefante com níveis crescentes de subprodutos da indústria do suco de acerola. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 41, 2004, Campo Grande. Anais... Campo Grande-MS: Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2004b. CD ROM. FERREIRA, A.C.H., NEIVA, J.N.M., RODRIGUEZ, N.M. et al. Valor nutritivo de silagens de capim elefante com níveis crescentes de subprodutos da indústria do suco de caju. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 41, 2004, Campo Grande. Anais... Campo Grande-MS: Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2004c. CD ROM. FURUSHO, I.F., OLALQUIAGA PEREZ, J.R., LIMA, G.F.C. et al. Desempenho de cordeiros Santa Inês, terminados em confinamento, com dieta contendo pedúnculo do caju. In: REUNIÃO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 34, 1997, Juiz de Fora, MG. Anais... Juiz de Fora: Sociedade Brasileira de Zootecnia, 1997. v.1. p.385-387. GEOFFROY, P.B., LAVIGNE, P., MAHE, Y. et al. Utilisation de l’ensilage de déchets de conservaire d’ananas pour l’engraissement d’agneux et de taurillons. Revue d’Elevage et de Médicine Veterinaire des Pays Tropicaux, Hérault, FR, v.37, n.3, p.326-330, 1984. GHOSH, T.K.; PATRA, U.K.; TRIBEDI, D. Comparative nutrient utilization of pineapple tops in sheep and goats. Indian Journal of Dairy Science, v. 59, n.11 p. 1462-1463, 1989. GOES, M.E.P.L., MARTINS, C.B., TELES, F.F.F. et al. Moisture content and fatty acid composition of five tropical fruits. Revista Ceres, v.41, n. 235, p. 235243, 1994. GONÇALVES, J.S., FEITOSA, J.V., NEIVA, J.N.M. et al. Degradabilidade ruminal dos subprodutos agroindustriais do caju (Anacardium occidentale L.), graviola (Anona muricata L.), manga (Mangifera indica L.) e urucum (Bixa orellana L.) em ovinos. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 41, 2004, Campo Grande. Anais... Campo Grande-MS: SBZ, 2004. CD ROM. HOLANDA, J.S., FURUSHU, I.F., LIMA, G.L. et al. Perspectivas de uso do pedúnculo de caju na alimentação animal. In: SIMPÓSIO NORDESTINO DE PRODUÇÃO DE RUMINANTES, 6, 1996, Natal. Anais... Natal: Sociedade Nordestina de Alimentação de Ruminantes, 1996. p. 155-161. IBGE. Banco de dados agregados. Disponível em: http://www.sidra.ibge.gov.br. Acesso em: 12 set. 2004. KELLEMS, R.O., WAYMAN, O., NGUYEN, A.H. Post-harvest pineapple plant forage as a potential feedstuffs for beef cattle:evaluated by laboratory analyses, “in vitro” and “in vivo” digestibility and feedlot trials. Journal Animal Science, v.48, n.5, p.1040-1048, 1979. LALLO, F.H., PRADO, I.N., ZEOULA, L.M. et al. Níveis de substituição da silagem de milho pela silagem de subproduto industrial de abacaxi sobre a degradabilidade ruminal em bovinos de corte. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 39, Recife. Anais... Recife: Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2002a. CD-ROM. LALLO, F.H., PRADO, I.N., ZEOULA, L.M. et al. Substituição da silagem de milho pela silagem de subproduto industrial de abacaxi sobre a digestibilidade aparente de rações em bovinos confinados. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 39, Recife. Anais... Recife: Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2002b. CD-ROM. LALLO, F.H., PRADO, I.N., ZEOULA, L.M. et al. Níveis de substituição da silagem de milho pela silagem de subproduto industrial de abacaxi sobre o desempenho, rendimento e características de carcaça em bovinos confinados. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 39, Recife. Anais... Recife: Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2002c. CD-ROM. LAVEZZO, O.E.N.M. Abacaxi, banana, caju, uva, maça. In: SIMPÓSIO SOBRE NUTRIÇÃO DE BOVINOS, 6, 1995, Piracicaba-SP. Anais... Piracicaba: FEALQ, 1995. LEONEL, F.P., CUNHA, D.N.F.V., COSTA, M.G. et al. Parâmetros de fermentação de silagens de plantas de abacaxi (Ananas comosus) preparadas com diferentes aditivos. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 41, 2004, Campo Grande. Anais... Campo Grande-MS: Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2004. CD-Rom. LIMA, O. G., MAGALHÃES NETO, B., FARIAS, L. Introdução ao estudo químico dos cajus de Pernambuco, In: 47 CONGRESSO BRASILEIRO DE QUÍMICA, 4, 1994, Recife. Anais... Recife: CBQ, 1994. p.17. MENESES, J.B. Pós-colheita do pedúnculo de caju. Informe Agropecuário, v.17, n.180, p.13-17, 1994. LOPES, J.B., DANTAS FILHO, L.A., VASCONCELOS, V.R. et al. Desempenho de ovinos mestiços da raça Santa Inês recebendo dietas com diferentes níveis de inclusão de polpa de caju desidratada (Anacardium occidentale L.). In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 41, 2004, Campo Grande. Anais... Campo GrandeMS: Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2004. CD-Rom. MERTENS, D. R., ELY, L. O. Relationship of rate and extent of digestion to forage utilization - a dynamic model evaluation. Journal of Animal Science, v.54, n.3-4, p.895-905, 1982. LOPES NETO, A. Agroindústria do caju. IPLANCE, 1997. 263p. LOUSADA JÚNIOR, J.E., NEIVA, J.N.M., PIMENTEL, J.C.M. et al. Avaliação do consumo e digestibilidade aparente da matéria seca de subprodutos da agroindústria processadora de frutas. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 39, Recife. Anais... Recife: Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2002. CD-ROM. LOUSADA JÚNIOR, J.E. Digestibilidade aparente de subprodutos do processamento de frutas em ovinos. Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 2003. 94p. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) – Universidade Federal do Ceará, 2003. MADRID, J.A., HERNANDEZ, F.A., PULGAR, M.A. et al. Urea and citrus byproduct supplementation of straw-based diets for goats effect on barley straw digestibility. Small Ruminant Research, v.24, n.3, p.149-155, 1997. MANOEL, A.O., BANYS, V.L., PEREIRA, R.C. et al. Degradabilidade da matéria seca dos subprodutos de polpa de frutas e soja extrusada. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 40, 2003, Santa Maria. Anais... Santa Maria-RS: Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2003. CD-Rom. 48 MÜLLER, Z.O. Feeding potential of pineapple waste for cattle. World Animal Review, v.25, n.1, p.25-29, 1978. NEIVA, J.N.M., VIEIRA, N.F., PIMENTEL, J.C.M. et al. Avaliação do valor nutritivo de silagens de capim elefante (Pennisetum purpureum) com diferentes níveis de subproduto da goiaba. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 39, 2002, Recife. Anais... Recife: Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2002. CD-Rom. O’MARA, F.P., COYLE, J.E., DRENNAN, M.J. A comparison of digestibility of some concentrate feed ingredients in cattle and sheep. Animal Feed Science Technology, v. 81, n..1/2, p. 167-174, 1999. OLIVEIRA, M.A., COUTO, F.A.A. Uso de restos culturais do abacaxizeiro na alimentação de bovinos. Informe Agropecuário, v.11, n. 130 p. 76-78, 1985. OLIVEIRA, M.E., DANTAS FILHO, L.A., LOPES, J.B. et al. Consumo e digestibilidade da matéria seca e proteína bruta de dietas com diferentes níveis de inclusão de polpa de caju desidratada (Anacardium occidentale L.) em ovinos. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 41, 2004, Campo Grande. Anais... Campo GrandeMS: Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2004. CD ROM. OLIVEIRA FILHO, G.S., NEIVA, J.N.M., PIMENTEL, J.C.M. et al. Avaliação do valor nutritivo de silagens de capim elefante (Pennisetum purpureum) com diferentes níveis de subproduto do abacaxi (Ananas comosus L., Merr.). In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 39, 2002, Recife. Anais... Recife: Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2002. CD ROM. OTAGAKI, K.K., MORITA, K. Pineapple plant as a feed for livestock. [S.l.]: ASDA, 1959. PIMENTEL, C.R.M., FILGUEIRAS, H.A.C., ALVES, R.E. Frutas do Brasil: caju pós-colheita. Agroindústria Tropical. Brasília: EMBRAPA Informação Tecnológica, 2002. 36p. PIZZA JÚNIOR, C.T. A cultura do maracujá. Campinas: Secretaria de Agricultura, 1966. 102p. PORRAS, F.J.Z. Conservação do subproduto de manga (Mangifera indica) e seu aproveitamento na ensilagem de capim elefante (Pennisetum purpureum). Viçosa: Universidade Federal de Viçosa, 1989. 49p. Dissertação de Mestrado. PRUTHI, S. Physiology, chemistry and technology of passion fruit. Advances in food research, New York, v.12, p.203-282, 1963. PY, C.; LACOEUILHE, J. J.; TEISSON, C. L’ananas: as culture, sés produits. Paris: G-P Maisonnneuve & Larose, 1984. 562p. RODRIGUES, R.C., PEIXOTO, R.R. Avaliação de alimentos: composição de alimentos, digestibilidade e balanço de nitrogênio de subproduto da indústria de abacaxi ensilado. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 27, 1990. Campinas. Anais... Campinas, SP: SBZ, 1990, p.95. ROSTAGNO, H.S. Tabelas brasileiras para aves e suínos; composição de alimentos e exigências nutricionais. Viçosa, MG: UFV, Departamento de Zootecnia, 2000. 141p. SEBRAE. A Disponível agroindústria de frutas. em: http://www.sebraenet.com.br/agronegócios/ fruticultura/cap5.doc. Acesso em: 12 set. 2004. TEIXEIRA, J.C. Nutrição de ruminantes. Lavras, MG: FAEPE, 1992. 239p. TEIXEIRA, M.C., NEIVA, J.N.M., MORAES, S.A. et al. Desempenho de ovinos alimentados com dietas à base de silagem de capim elefante (Pennisetum purpureum, Schum) contendo ou não bagaço de caju (Anacardium occidentale, L.). In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 40, 2003, Santa Maria. Anais... Santa Maria-RS: Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2003. CD ROM. SILVA. R. H., PEREZ, J. R. O., GERASEEV, L. C. et al. Exigências nutricionais de proteína e energia de cordeiros da raça Santa Inês crescendo dos 15 aos 25 kg. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 37, 2000, Viçosa-MG. Anais... Viçosa: Gnosis Sistema Editorial Multimídia, 2000. STARLING, J.M.C., RODRIGUEZ, N.M., MOURÃO, G.B. Avaliação da semente de maracujá (Passiflora edulis) em ensaio de digestibilidade da matéria seca, fibra em detergente ácido, hemicelulose e celulose. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.49, n.1, p.63-74, 1997. TONISSI, R.H., GOES, B. Leveduras e enzimas na alimentação de ruminantes. Cadernos Técnicos da Escola de Veterinária da UFMG, v.43, p.46-66, 2004. VASCONCELOS, V.R., NEIVA, J.N.M, PIMENTEL, J.C.M. et al. Utilização de subprodutos do processamento de frutas na alimentação de caprinos e ovinos. IN: SEMINÁRIO NORDESTINO DE PECUÁRIA – PECNORDESTE, 6, Fortaleza-CE, Anais... Fortaleza: FAEC, 2002. p.83-99. 49 50 Capítulo III - EXPERIMENTO 1 Valor nutritivo do subproduto da indústria processadora de abacaxi (Ananas comosus) em dietas para ovinos. 1. Consumo, digestibilidade aparente e balanços energético e nitrogenado RESUMO O presente estudo foi conduzido com o objetivando de avaliar a influência da inclusão do subproduto do processamento de abacaxi (Ananas comosus L.) sobre os consumos (por unidade de tamanho metabólico – UTM) e coeficientes de digestibilidade da matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), fibra detergente neutro (FDN), fibra detergente ácido (FDA), hemiceluloses (HCEL), celulose (CEL) e energia de dietas experimentais isofibrosas e isoprotéicas contendo o subproduto de abacaxi. Avaliou-se ainda os balanços nitrogenados e de energia das referidas dietas. Vinte ovinos machos, inteiros foram distribuídos em quatro níveis de inclusão do subproduto (zero; 11%; 16%; 27%), em delineamento inteiramente ao acaso, com cinco ovinos para cada um dos quatro tratamentos. Maiores consumos de matéria seca foram evidenciados para o tratamento que incluiu 11% do subproduto. Quanto aos consumos de proteína bruta, fibra detergente neutro, fibra detergente ácido e celulose (g/UTM) e energia metabolizável (kcal/UTM), o tratamento que incluiu 11% de subproduto apenas foi superior ao tratamento 27% de inclusão (P<0,05). Houve diferenças apenas para o coeficiente de digestibilidade da FDA, onde o tratamento que não incluiu o subproduto de abacaxi apresentou a maior digestibilidade. Os dados de digestibilidade da CEL foram semelhantes, permitindo-nos inferir que a fração celulósica pode ter sido a responsável pela queda da digestibilidade da FDA, por possíveis associações secundárias com ligninas. Os balanços energéticos e protéicos foram positivos. Palavras-chave: dieta, fibra, frutas, nutrição, ovinos, ruminantes 1. INTRODUÇÃO Segundo estimativas da FAO (1994), nos países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil, as perdas pós-colheita de frutas frescas são estimadas na ordem de 20 a 50%. Mesmo assim, existe uma tendência mundial para o mercado de produtos transformados como conservas, sucos, geléias e doces, gerando grandes quantidades de subprodutos industriais, fato que tem sido efetivamente observado no país. O abacaxi é uma das frutas tropicais mais populares do mundo e tem o Brasil como um dos principais centros produtores da espécie. A área plantada de abacaxi no Brasil em 2000 foi de 62,9 mil hectares, com uma produção aproximada de 22,1 mil frutos/ha. O Nordeste figura como uma das regiões em que mais se produz abacaxi. Neste mesmo ano, o Nordeste contribuiu de forma significativa na produção nacional. Os estados da Paraíba e Bahia são os maiores produtores. Do abacaxizeiro, apenas o fruto é comercializável. Quando do processamento industrial, cascas, talos, coroas e cilindros são considerados rejeitos da indústria e ainda são fornecidos para os animais de forma empírica. Do total da fruta, após prensagem, 75-85 % é suco, e 15 a 25 % resulta em torta. A aceitação deste subproduto por ruminantes é boa e a adaptação é rápida, 51 sendo considerado um alimento rico em açúcares, com razoável valor protéico e rico em fibras. O elevado valor nutritivo dos subprodutos da indústria de processamento de abacaxi deve-se ao seu conteúdo em carboidratos solúveis os quais são rapidamente degradados. Contém também pectina, componente dietético solúvel de relevantes propriedades nutricionais. O subproduto de abacaxi seco pode ainda ser utilizado como aditivo às silagens de capim elefante com melhoria da qualidade nutricional das mesmas. Conhecendo-se a qualidade nutritiva deste subproduto e os baixos custos de aquisição do mesmo é que se torna imprescindível determinar a forma de inclusão do mesmo em dietas para ruminantes. A inclusão de subprodutos em dietas para ruminantes pode provocar elevação na taxa de passagem da digesta pelo trato gastrointestinal, reduzindo a digestibilidade dos nutrientes. A presença de lignina também pode ser um fator de interferência sobre a digestibilidade de nutrientes como a proteína e carboidratos. Com o presente trabalho avaliaram-se os coeficientes de digestibilidade e os consumos por unidade de tamanho metabólico (UTM) da matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), energia, fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), hemiceluloses (HCEL) e celulose (CEL) de dietas experimentais fornecidas a ovinos em crescimento contendo o subproduto da indústria processadora de abacaxi. Complementarmente avaliaram-se também os balanços energético e nitrogenado destas dietas. Objetivando-se determinar se é possível e em que percentual deva ser feita sua inclusão nas dietas para ruminantes. 52 2. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado na Embrapa Caprinos, em Sobral, Ceará, zona fisiográfica do Sertão Cearense, a 3o42’ de latitude Sul, 40o21’ de longitude Oeste, altitude de 83 m, no período de nove a 23 de dezembro de 2002. A região possui clima tipo BShw’, megatérmico, seco, em que a precipitação chuvosa (janeiro a junho) apresenta precipitação média de 888,9 mm, correspondendo a 92,6% do total médio anual. A média anual das temperaturas máxima, média e mínima está em torno de 33,3, 26,6 e 22,0oC, respectivamente, e a média anual da umidade relativa do ar é de 67,9%. O subproduto agroindustrial de abacaxi (Ananas comosus, L.) utilizado era proveniente da Empresa Mossoró Agroindustrial S.A. (MAISA) localizada em Mossoró – RN. Caracterizava-se por apresentar cascas, coroas e talos que após secagem ao sol foram picados grosseiramente. O capim elefante (Pennisetum purpureum) fornecido era proveniente de capineira existente na EMBRAPA Caprinos obtido por corte manual diário a cerca de 15 cm do solo, 57 dias após o plantio. A torta de algodão e o milho foram obtidos no comércio de Sobral – Ceará em quantidade suficiente para a realização de todo o experimento. A dieta formulada e sua composição química e energética constam da Tabela 1. Pretendeu-se a inclusão do subproduto de abacaxi nos níveis zero, 10, 19 e 28 % a uma dieta básica composta de capim elefante, milho e torta de algodão. O nível máximo foi determinado pelo ajuste das dietas em função da substituição total do capim elefante pelo subproduto de abacaxi e, ao mesmo tempo, para atenderem aos requisitos de proteína bruta (14,7%) e de NDT (72%) prescritos pelo National Research Council (1985) para cordeiros em terminação (quatro a sete meses de idade) com peso vivo de 30kg e ganho de peso de 295g/dia. Houve dificuldade para, com os alimentos utilizados, se atingir o requerimento de energia. Desta maneira, procurou-se estabelecer um nível de fibra dietético máximo, idêntico para os quatro tratamentos, de modo que os níveis de energia se aproximassem daquele prescrito pelo National Research Council (1985). Tabela 1. Composição centesimal e bromatológica das dietas ofertadas a ovinos em base de matéria seca Tratamentos Capim Milho Torta de Propostos Elefante Algodão 0% 27,92 52,14 19,94 9,71% 18,09 51,04 21,16 19,22% 8,40 50,03 22,35 28,05% 0 49,11 22,84 Foram utilizados 20 cordeiros machos e inteiros com oito meses de idade e peso vivo médio de 32 kg, que foram distribuídos de forma que os tratamentos tivessem a maior homogeneidade possível. Os ovinos foram previamente desverminados e alojados em gaiolas de metabolismo com bebedouros, comedouros e saleiros plásticos e dispositivos apropriados para colheita de urina e fezes. Estes dispositivos foram constituídos por baldes de 10 litros colocados sob um tripé de madeira que servia como apoio a uma tela com malha de cinco mm de maneira a permitir um declive para a queda das fezes sem risco de contaminação da urina que ficava no balde. As fezes foram colhidas em recipientes plásticos colocados logo à frente do tripé com a tela, estando os dois tipos de recipientes de colheita sob o funil da gaiola metabólica. O período de adaptação dos animais às dietas e às gaiolas foi de 10 dias, sendo o período de colheita (experimental) de sete dias. Os 20 carneiros foram pesados no início do período de adaptação. O peso foi utilizado para o cálculo do consumo em gramas por unidade de tamanho metabólico (kg0,75). contendo subproduto de abacaxi %MS %PB 69,69 76,37 82,95 88,64 14,72 14,72 14,72 14,72 %NDT %FDN 65,00 65,76 65,38 65,99 38,8 38,8 38,8 38,8 As dietas foram divididas em duas refeições iguais e oferecidas bem misturadas aos ovinos, às 7 h e 30 min e a outra às 18 h e 30 min, buscando-se sempre deixar uma sobra que, em média ficasse entre 15 e 20 % da matéria seca oferecida por dia. Água e sal mineralizado estiveram disponíveis à vontade. Amostras do alimento oferecido e das sobras foram retiradas e pesadas diariamente às sete horas. Posteriormente, foi preparada uma amostra composta por animal para as sobras e outra composta dos alimentos fornecidos nos sete dias de colheita. Na amostra composta das sobras, foi feita a separação manual dos alimentos para o posterior cálculo do consumo de cada alimento individualmente, a partir da quantidade fornecida de cada um deles. Após isso, as amostras de sobras foram novamente misturadas para serem, juntamente com as amostras dos alimentos oferecidos, moídas em moinhos de facas com peneira de malha de 1 mm e estocadas para futuras análises laboratoriais. A colheita total de fezes também foi diária. A produção total teve o peso registrado e fez-se a reserva de uma alíquota de 20 % deste peso. Ao final do experimento também foi preparada uma amostra 53 composta por animal que foi embalada em sacos plásticos individuais e armazenada a -10o C. No final do experimento foram descongeladas à temperatura ambiente por cerca de 14 horas, passadas em peneira de malha grossa, homogeneizadas e pesadas. Após isto, foram acondicionadas em bandejas de alumínio e levadas à estufa de ventilação forçada (55 a 60o C) por 72 horas, para a determinação da matéria préseca. Foram então moídas em moinho com peneira de 1 mm e acondicionadas em recipientes plásticos para futuras análises. Nos baldes coletores de urina foram adicionados 100 ml de ácido clorídrico (HCl 2N) na véspera de cada colheita, evitando-se assim perdas de nitrogênio por volatilização. O volume total de líquido foi pesado retirando-se para cada carneiro uma alíquota de 20 % do volume total colhido a cada dia, acondicionada em frascos plásticos (uma amostra composta por animal) e imediatamente congelada. Para as determinações de matéria seca, matéria orgânica e cinzas, extrato etéreo, proteína bruta, cálcio e fósforo do material analisado seguiu-se a metodologia proposta por AOAC (1980). Já para a quantificação da FDN, FDA, celulose, hemiceluloses e ligninas, utilizou-se a metodologia proposta por Van Soest et al. (1991). As análises laboratoriais foram realizadas nas dependências dos Laboratórios de Nutrição Animal da EMBRAPA Caprinos (Sobral – Ceará), do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal do Ceará (Fortaleza – Ceará), do Departamento de Zootecnia da Escola de Veterinária da UFMG (Belo Horizonte – Minas Gerais) e do Centro de Ciências Agrárias e Biológicas da Universidade Estadual Vale do Acaraú (Sobral – Ceará). Para a estimativa de Nutrientes Digestíveis Totais (NDT) dos alimentos isoladamente foram utilizadas duas equações propostas 54 por Cappelle et al. (2001). Para o milho e a torta de algodão recorreu-se à seguinte equação: NDT = 9,6134 + 0,8294 x DMS (r2=0,98; P<0,01) Para o subproduto de abacaxi e capim elefante a equação utilizada foi esta: NDT = 10,43 + 0,8019 x DMS (r2=0,89; P<0,01), onde para ambas: DMS = Digestibilidade in vitro da matéria seca segundo metodologia proposta por Tilley e Terry (1963). Para o cálculo da porcentagem dos carboidratos totais (CHOT) utilizou-se equação sugerida por Sniffen et al. (1992): CHOT (%) = 100 - (%PB + %EE + %Cinzas), onde CHOT = valor percentual dos carboidratos totais, PB = valor percentual da proteína bruta, % Cinzas = valor percentual de cinzas. Para o cálculo de NDT das dietas experimentais utilizou-se a equação NDT = PBD + 2,25 x EED + CHOTD, utilizada pelo Sistema de Cornell (Sniffen et al., 1992), sendo que PBD, EED e CHOTD correspondem respectivamente a proteína bruta, extrato etéreo e carboidratos totais digestíveis. Para o cálculo do NDT das dietas experimentais conforme o National Research Council (2001) foram utilizadas as seguintes equações: CNFVD=0,98 x (100 - [(FDN -PBIDN) + PB + EE + Cinzas]) PBVD = PB x EXP x [-1,2 x (PBIDA/PB)] para o subproduto de abacaxi e para o capim elefante PBVD = [1 - (0,4 x (PBIDA/PB))] x PB para o milho e para a torta de algodão. AGVD = EE - 1. FDNVD = 0,75 x [(FDN - PBIDN) - L] x [1 – (L/((FDN - PBIDN) x EXP x 0,667))]. NDT1X (%) = CNFVD + PBVD + (AGVD x 2,25) + FDNVD - 7, onde: NDT1X = Nutrientes Digestíveis Totais para manutenção, CNFVD = Carboidratos Não Fibrosos Verdadeiramente Digestíveis, PBVD = Proteína Bruta Verdadeiramente Digestível, AGVD = Ácidos Graxos Verdadeiramente Digestíveis, FDNVD = Fibra em Detergente Neutro Verdadeiramente Digestível, FDN = Fibra em Detergente Neutro, EE = Extrato Etéreo, L = Lignina em Detergente Ácido, PB = Proteína Bruta, PBIDN = Proteína Bruta Insolúvel em Detergente Neutro, PBIDA = Proteína Bruta Insolúvel em Detergente Ácido. A determinação dos coeficientes de digestibilidade de matéria seca, matéria orgânica, proteína bruta, fibra em detergente neutro e fibra em detergente ácido, celulose, hemiceluloses e energia bruta foi feita a partir da seguinte fórmula: [(Consumo do nutriente em gramas – quantidade em gramas do nutriente nas fezes)/Consumo do nutriente em gramas]/100 (Silva e Leão, 1979). Obteve-se a Energia Bruta (EB) em calorímetro adiabático tipo PARR 2081 nas dependências do Laboratório de Nutrição Animal da EMBRAPA Caprinos em Sobral - Ceará. No caso da urina, colocou-se cerca de 1 ml de urina em papel de filtro absorvente para permitir a sua combustão na bomba calorimétrica. Anteriormente fezse a queima de seis papéis de filtro vazios para referenciação da produção de calor do papel individualmente, servindo de branco. Utilizando-se a técnica direta de determinação de energia com bomba calorimétrica, calculou-se o valor da energia digestível e energia metabolizável. Para tanto, mediu-se a energia contida nas fezes, no alimento oferecido, nas sobras do alimento e na urina. A ED foi calculada conforme descrito acima, já a energia metabolizável pela fórmula de Blaxter e Clapperton (1965) na qual a Energia Digestível é igual a Energia Bruta Ingerida menos a Energia Bruta excretada nas fezes; a Energia Metabolizável é igual a Energia Digestível menos a Energia Bruta da Urina mais a Energia dos Gases. A produção de metano foi estimada pela seguinte equação: Cm = 0,67 + 0,062D, onde Cm = produção de metano em kcal/ 100 kcal de energia consumida e D = digestibilidade aparente da energia bruta do alimento. Foram também calculados o balanço de nitrogênio [N ingerido - (N fecal + N urinário)], nitrogênio ingerido (N fornecido - N das sobras) e porcentagem de nitrogênio retido em relação ao nitrogênio ingerido. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente ao acaso, com quatro tratamentos (quatro níveis de inclusão do subproduto) e cinco repetições (animais) por tratamento. As análises estatísticas foram feitas mediante o uso do procedimento GLM (General Linear Models) do SAS (Statistical Analysis System) (Littel et al., 1991), por meio do seguinte modelo estatístico: Yij = µ + Hj + eij onde, Yij = valor referente à observação da repetição i do tratamento j µ = média geral Hj = efeito do tratamento j (j = 1, 2, 3, 4) eij = erro aleatório associado à observação As médias foram comparadas utilizando-se o Teste SNK, em nível de 5% de probabilidade. Foi também observado o grau de correlação de Pearson (P<0,05) entre as variáveis utilizando-se o software 55 SAEG (Ribeiro Júnior, 2001) para se saber se a variação de uma delas acompanha proporcional, direta ou inversamente, a variação da outra conforme recomendou Sampaio (2002). estudada. As equações demonstradas neste trabalho foram assim selecionadas para trazer maior confiança e melhor aplicabilidade à previsão de valores de consumo e digestibilidade. A análise de regressão foi realizada utilizando-se o software SAEG (Ribeiro Júnior, 2001) para permitir a estimativa dos consumos e coeficientes de digestibilidade em níveis de subproduto de abacaxi, compreendidos no intervalo estudado, que não foram testados no ensaio. Foram testados diferentes modelos matemáticos (lineares, polinomiais, logarítmicos e exponenciais), a partir do procedimento Modelos Pré-definidos, para escolha daquele que apresentasse maior significância e maiores coeficientes de regressão. Para a escolha do modelo matemático também foi observado se o mesmo ajustava-se à resposta biológica 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Pelo ajuste de consumo, em função da seletividade dos animais, a real inclusão do subproduto de abacaxi ficou nos seguintes níveis: zero, 11, 16 e 27 % (Tabela 2). A partir desta consideração todas as discussões de resultados levarão em conta estes níveis de inclusão. A composição química dos ingredientes das dietas com base na matéria seca (MS) está demonstrada na Tabela 3. A composição química e energia bruta das dietas consta na Tabela 4. Tabela 2. Consumo médio diário de matéria seca de subproduto de abacaxi, capim elefante, milho e torta de algodão (kg) e, entre parêntesis, a porcentagem (%) de cada um dos alimentos em função do consumo de matéria seca total (CMST) (kg) das dietas oferecidas a ovinos Tratamentos CMST Subproduto Capim Milho Torta de de Abacaxi Elefante Algodão 0% 1,354 0,000 (0) 0,298 (22,03) 0,764 (56,40) 0,292 (21,56) 11 % 1,730 0,188 (10,89) 0,146 (8,42) 0,987 (57,06) 0,409 (23,63) 16 % 1,441 0,231 (16,05) 0,113 (7,81) 0,758 (52,63) 0,339 (23,51) 27 % 1,230 0,331 (26,93) 0,000 (0) 0,647 (52,61) 0,252 (20,46) 56 Tabela 3. Composição química (%) e níveis de energia bruta (Mcal/kg) dos ingredientes das dietas fornecidas durante o experimento com base de matéria seca Componentes Subproduto Capim Milho Torta de de Abacaxi Elefante Algodão Matéria Seca (%) 88,51 21,01 87,60 91,03 Proteína Bruta (%) 9,25 10,85 9,15 35,67 PBVD (%)* 4,91 9,00 8,98 33,15 NIDN (%)* 1,00 1,72 1,66 0,89 PBIDN (%)* 6,25 10,75 10,38 5,56 NIDA (%)* 0,78 0,27 0,07 1,01 PBIDA (%)* 4,88 1,69 0,44 6,31 DIVMS (%)* 56,77 58,79 86,29 49,78 Extrato Etéreo (%) 1,34 1,78 4,71 7,98 AGVD (%)* 0,34 0,78 3,71 6,98 Fibra em Detergente Neutro (%) 66,14 74,63 15,28 57,03 FDNVD (%)* 25,16 36,83 0,83 3,48 Fibra em Detergente Ácido (%) 34,41 43,93 3,78 35,97 Hemiceluloses (%) 31,73 30,7 11,5 21,06 Celulose (%) 37,74 51,73 5,76 40,56 Ligninas (%) 10,05 5,3 1,66 22,22 Cinzas (%) 9,20 9,88 4,05 1,88 Ca (%) 2,22 0,93 0,13 0,39 P (%) 0,03 0,02 0,06 0,10 Carboidratos Totais (%) 80,21 77,49 82,09 54,47 CNFVD (%)* 19,91 13,34 75,64 2,94 Energia Bruta (Mcal/kg) 4,09 3,98 4,39 4,74 NDT (%)* 55,95 57,57 81,18 50,90 * PBVD=Proteína Bruta Verdadeiramente Digestível; NIDN=Nitrogênio Insolúvel em Detergente Neutro; PBIDN=Proteína Bruta Insolúvel em Detergente Neutro; NIDA=Nitrogênio Insolúvel em Detergente Ácido; PBIDA=Proteína Bruta Insolúvel em Detergente Ácido; DIVMS=Digestibilidade in vitro da matéria seca; AGVD=Ácidos Graxos Verdadeiramente Digestíveis; FDNVD=Fibra em Detergente Neutro Verdadeiramente Digestível; CNFVD=Carboidratos Não Fibrosos Verdadeiramente Digestíveis; NDT=Nutrientes Digestíveis Totais 57 Tabela 4. Composição química (%) e energia bruta média (Mcal/kg) das dietas contendo quantidades crescentes de subproduto de abacaxi com base na matéria seca Dietas Componentes 0 11% 16% 27% Matéria Seca (%) 73,66 82,90 83,35 88,55 Proteína Bruta (%) 15,24 15,57 15,53 14,60 PBVD (%)* 14,19 14,25 14,01 12,83 NIDN (%)* 1,51 1,41 1,38 1,33 PBIDN (%)* 9,42 8,82 8,61 8,28 NIDA (%)* 0,32 0,39 0,42 0,45 PBIDA (%)* 1,98 2,41 2,63 2,83 Extrato Etéreo (%) 4,77 4,87 4,71 4,47 AGVD (%)* 3,77 3,87 3,71 3,47 Fibra em Detergente Neutro (%) 37,36 35,68 37,89 37,52 FDNVD (%)* 9,33 7,14 8,17 7,92 Fibra em Detergente Ácido (%) 19,56 18,10 19,40 18,61 Hemiceluloses (%) 17,79 17,58 18,49 18,90 Celulose (%) 23,39 21,34 22,66 21,49 Ligninas (%) 6,89 7,74 8,13 8,14 Cinzas (%) 4,87 4,59 4,82 4,99 Ca (%) 0,36 0,49 0,59 0,75 P (%) 0,06 0,06 0,06 0,06 Carboidratos Totais (%) 75,11 74,97 74,94 75,93 CNFVD (%)* 46,23 47,15 44,74 45,76 Energia Bruta (Mcal/kg) 4,37 4,41 4,39 4,38 NDT (%)1* 73,16 67,49 72,32 68,92 NDT (%)2* 71,24 70,24 68,26 67,32 1 Determinado conforme Sniffen et al. (1992). 2 Determinado conforme o NRC (1985). *PBVD=Proteína Bruta Verdadeiramente Digestível; NIDN=Nitrogênio Insolúvel em Detergente Neutro; PBIDN=Proteína Bruta Insolúvel em Detergente Neutro; NIDA=Nitrogênio Insolúvel em Detergente Ácido; PBIDA=Proteína Bruta Insolúvel em Detergente Ácido; AGVD=Ácidos Graxos Verdadeiramente Digestíveis; FDNVD=Fibra em Detergente Neutro Verdadeiramente Digestível; CNFVD=Carboidratos Não Fibrosos Verdadeiramente Digestíveis; NDT=Nutrientes Digestíveis Totais 58 Na Tabela 5 estão apresentadas as comparações de médias de consumo em g/kg0,75 da matéria seca, matéria orgânica, proteína bruta e extrato etéreo. O consumo médio diário de matéria seca foi de 106,24 g/UTM, destacando-se o tratamento que incluiu 11 % de subproduto agroindustrial de abacaxi, que apresentou consumo/UTM superior aos tratamentos zero e 27 % de inclusão e semelhante ao tratamento 16 % de inclusão do subproduto, os demais equivaleram-se. Lousada Júnior (2003), fornecendo exclusivamente subproduto de abacaxi para cordeiros em crescimento, encontrou um consumo médio inferior a todos aqui obtidos (64,9 g de MS/UTM). Para o National Research Council (1985), a exigência nutricional para ovinos em terminação com 30 kg de peso vivo com ganho de peso diário de 295g/dia é de 101,42 gramas de MS/kg0,75/dia, ficando com valores inferiores, marginalmente nos extremos de inclusão. Esta constatação provavelmente interferiu nos resultados de análises de outros nutrientes descritos no presente trabalho, já que houve altas correlações entre o consumo de matéria seca e de todos os outros nutrientes analisados (r>0,87; P<0,0001), conforme é possível observar na tabela de correlações de Pearson para este experimento na seção de anexos desta tese (Anexo 1). Tabela 5 - Médias de consumo diário (g/kg0,75, %PV, g/dia) das frações matéria seca, matéria seca digestível, matéria orgânica, matéria orgânica digestível, proteína bruta, proteína bruta digestível, extrato etéreo e extrato etéreo digestível das dietas contendo quantidades crescentes de subproduto de abacaxi fornecidas a ovinos Frações Dietas Coeficientes de analisadas 0 11% 16% 27% Variação (%) Matéria Seca (g/kg0,75) 98,88b 126,11a 105,54ab 94,44b 14,86 b a ab b Matéria Seca (%PV) 4,14 5,28 4,42 4,02 14,59 Matéria Seca (g/dia) 1353,9a 1729,8a 1440,7a 1230,3a 19,44 Matéria Seca Digestível (g/kg0,75) 69,00ab 80,35a 72,52ab 62,00b 14,16 Matéria Orgânica (g/kg0,75) 95,18b 121,66a 102,13ab 92,14b 14,82 Matéria Orgânica Digestível (g/kg0,75) 69,98a 82,73a 74,54a 64,60a 14,22 Proteína Bruta (g/kg0,75) 17,27ab 20,94a 17,46ab 15,98b 14,67 a a a a Proteína Bruta (g/dia) 236,60 288,23 237,85 208,16 19,67 Proteína Bruta Digestível (g/kg0,75) 12,02ab 13,68a 11,32ab 10,35b 14,30 Extrato Etéreo (g/kg0,75) 4,73a 6,03a 5,25a 4,60a 16,86 Extrato Etéreo Digestível (g/kg0,75) 3,97a 5,11a 4,64a 3,92a 17,77 a Médias com letras iguais na mesma linha não diferem significativamente pelo teste SNK (P>0,05) A partir da observação dos consumos de matéria seca, nota-se que os tratamentos que incluíram zero e 27 % do subproduto de abacaxi foram inferiores aos requisitos para cordeiros de 30 kg de peso vivo em terminação estabelecidos pelo National Research Council (1985). O consumo de matéria seca digestível apresentou uma diferença em relação ao consumo de MS. No primeiro parâmetro, houve semelhança entre o tratamento controle e os demais tratamentos. Neste caso a melhor digestibilidade favoreceu o consumo de material nutritivo mais disponível ao processo digestivo. Reduções de consumo podem acontecer em função de odores ou gostos desagradáveis (Van Soest, 1994). Efeitos digestivos sobre a taxa de passagem também podem influenciar o consumo e devem ser melhor estudados. O aumento no consumo de fibra 59 indigestível, por exemplo, leva ao aumento do tempo de retenção ruminal o que resulta na limitação por enchimento, mais severa em dietas com alimentos de baixa qualidade. Ainda de acordo com Van Soest (1994), isto se torna um problema para os pequenos ruminantes que têm requisitos de energia e de consumo mais altos em relação à sua capacidade gastrintestinal. Van Soest (1994) destacou também que ruminantes com pesos vivos inferiores a 100kg parecem sofrer maiores limitações sobre a retenção, influenciadas pelo tamanho. Animais de 40 kg, por exemplo, segundo este autor, encontram-se na condição em que a seletividade alimentar é a estratégia viável para aumentos na taxa de passagem. Abaixo de 40 kg, grande parte dos pequenos ruminantes é selecionador de concentrados. Na dieta em que o subproduto de abacaxi foi incluído em maior quantidade, foi constatada a redução no consumo deste subproduto e aumento do consumo de concentrado (Tabelas 1 e 2). Inúmeros fatores que incluem o tamanho gastrintestinal, a capacidade de enchimento do rúmen, a tolerância à passagem de partículas maiores, a capacidade digestiva, a superfície absortiva intestinal, a própria estratégia alimentar, a qualidade do alimento disponível e a capacidade gastrintestinal afetam a estratégia alimentar (Van Soest, 1994). A mastigação também é provavelmente a principal força na redução do tamanho das partículas de materiais lignificados que têm ligação cruzada. Estudos posteriores que avaliem o tempo de mastigação em dietas contendo subproduto de abacaxi serão importantes para elucidar estes comentários. Para o tratamento 11 % de inclusão também foi encontrada superioridade de valores de consumo de matéria orgânica com relação aos níveis zero e 27 % de inclusão e semelhança ao tratamento que incluiu 16 % de subproduto de abacaxi (Tabela 5). Para a 60 matéria orgânica digestível não houve diferenças entre os tratamentos experimentais. Provalmente os coeficientes de digestibilidade da matéria orgânica contribuíram para este resultado e serão discutidos a seguir. Quanto aos consumos de proteína bruta e de proteína bruta digestível (g/UTM), o tratamento que incluiu 11 % de subproduto superou apenas o tratamento com 27 % de inclusão. Para todos os tratamentos foram supridos os requisitos de consumo de proteína, 14,93 g/kg0,75, conforme o National Research Council (1985). No nível 27% de inclusão foi evidenciado o maior conteúdo de ligninas dentre as dietas experimentais (Tabela 4). De acordo com Van Soest (1994), os subprodutos de frutas constituem-se em potencial fonte alimentar, entretanto, geralmente apresentam baixa quantidade de proteína disponível e, portanto, segundo este autor, deve ser realizada a determinação do conteúdo de nitrogênio da fibra em detergente ácido (NIDA). Os altos níveis de ligninas existentes no subproduto de abacaxi e na torta de algodão (Tabela 3) provavelmente indisponibilizaram a proteína dietética e, como conseqüência, podem ter proporcionado a redução do consumo de proteína. Um outro aspecto baseia-se nos comentários de Lousada Júnior (2003) que encontrou consumos de apenas 5,29 g de proteína bruta/UTM em cordeiros que receberam subproduto de abacaxi exclusivamente. No presente ensaio, as dietas não continham apenas subproduto e isso pode ter estimulado o consumo dos animais pela seleção de ingredientes alimentares. Não houve diferenças quanto aos consumos de extrato etéreo e de extrato etéreo digestível entre as dietas, mesmo porque, os níveis de EE nas mesmas foram muito próximos e a diferença obtida entre os consumos de MS talvez não tenha sido suficientemente intensa a ponto de promover alterações nos consumos dessa fração entre os tratamentos aqui estudados. X = % de inclusão de subproduto de abacaxi A análise de regressão indicou resposta quadrática para o consumo de matéria seca digestível por unidade de tamanho metabólico como resposta à adição de subproduto de abacaxi, a saber: Resolvendo dy/dx=0 para a equação citada verifica-se que a inclusão de subproduto em 10,95% corresponde ao maior consumo de matéria seca. CMSD = 69,60 + 1,38X - 0,063X2 (R2 = 0,31; P<0,05), onde: CMSD = Consumo de matéria seca digestível/UTM Os coeficientes de digestibilidade da matéria seca, matéria orgânica, proteína bruta e extrato etéreo encontram-se na Tabela 6. Tabela 6 - Médias (%) dos coeficientes de digestibilidade da matéria seca, matéria orgânica, proteína bruta e extrato etéreo das dietas contendo quantidades crescentes de subproduto de abacaxi fornecidas a ovinos Frações Dietas Coeficientes de Analisadas 0 11% 16% 27% Variação (%) a b ab ab Matéria Seca 70,20 63,90 68,72 65,70 5,03 Matéria Orgânica 73,92a 68,13a 72,99a 70,17a 4,66 Proteína Bruta 70,28a 65,47a 64,89a 64,65a 6,34 Extrato Etéreo 84,62a 84,92a 88,26a 84,70a 6,22 a Médias com letras iguais na mesma linha não diferem significativamente pelo teste SNK (P>0,05) Não houve diferenças significativas para os coeficientes de digestibilidade da matéria orgânica, proteína bruta e extrato etéreo. Os valores foram altos especialmente se comparados a outros alimentos citados por Valadares Filho et al. (2002). Para a digestibilidade da matéria orgânica, o valor foi comparável ao do feno do capim Tifton (68,58%). Para a digestibilidade da proteína bruta, os valores para as dietas em que se incluiu o subproduto foram similares ao grão de soja (65,00) e para a digestibilidade do extrato etéreo foram similares à digestibilidade deste nutriente no glúten de milho (82,58%). Para a digestibilidade da matéria seca, o tratamento que não incluiu subproduto de abacaxi foi superior apenas ao tratamento 11% que, por sua vez, apresentou maior consumo de matéria seca em relação às dietas controle e com 27% de subproduto. A digestibilidade da matéria seca da dieta com 11% de subproduto foi semelhante estatisticamente aos tratamentos com 16 e 27% de inclusão e estes idênticos ao tratamento 0% de inclusão. Significativa correlação negativa foi encontrada entre a digestibilidade da matéria seca e o consumo de proteína bruta (r=-0,5366; P<0,01). Apesar das dietas terem sido formuladas de modo a serem isoprotéicas, os níveis de NIDA cresceram na medida em que crescia a inclusão do subproduto de abacaxi (Tabela 3), isto provavelmente levou à queda na disponibilidade da proteína bruta no nível de 27 % de inclusão de subproduto de abacaxi, diferentemente do que ocorreu, por exemplo, com a digestibilidade da matéria seca que tendeu a aumentar principalmente influenciada pelos carboidratos dietéticos. Mais estudos são requeridos no sentido de 61 se avaliar a influência da presença de compostos fenólicos como os taninos, por exemplo, sobre o consumo e digestibilidade da proteína de dietas contendo subprodutos da indústria processadora de frutas. As análises de regressão para estes coeficientes de digestibilidade também indicaram baixa confiabilidade em virtude dos baixos coeficientes de determinação e não foram aqui representados em virtude de apresentarem coeficientes de determinação inferiores a 30%. Nenhum dos modelos de equações de regressão testados apresentou significância estatística para a digestibilidade do extrato etéreo. A Tabela 7 apresenta os valores de consumo médio diário das frações fibrosas alimentares (fibra em detergente neutro, fibra em detergente ácido, hemiceluloses e celulose) em gramas por unidade de tamanho metabólico. Tabela 7 - Médias de consumo (g/kg0,75, % de peso vivo e em % de matéria seca ingerida) das frações fibrosas e frações fibrosas digestíveis das dietas contendo quantidades crescentes de subproduto de abacaxi fornecidas a ovinos Frações Dietas Coeficientes de Analisadas 0 11% 16% 27% Variação (%) Fibra Detergente Neutro (g/kg0,75) 47,98ab 59,96a 49,38ab 44,36b 14,59 Fibra Detergente Neutro (% PV) 2,01ab 2,51a 2,07ab 1,89b 14,37 0,75 ab a ab b Fibra Detergente Neutro Digestível (g/kg ) 29,25 33,68 28,46 23,19 15,88 Fibra Detergente Neutro (% MSI) 48,68a 47,52b 46,83b 46,99b 1,61 Fibra Detergente Ácido (g/kg0,75) 20,50ab 24,49a 20,68ab 18,37b 13,74 Fibra Detergente Ácido (% PV) 0,86ab 1,03a 0,87ab 0,78b 13,45 0,75 Fibra Detergente Ácido Digestível (g/kg ) 11,59a 11,24a 9,34a 7,18b 16,01 Fibra Detergente Ácido (% MSI) 20,99a 19,40a 19,65a 19,48a 5,51 0,75 b a b b Hemiceluloses (g/kg ) 27,48 35,46 28,70 26,00 15,64 Hemiceluloses (% PV) 1,15b 1,49a 1,20b 1,11b 15,47 Hemiceluloses Digestíveis (g/kg0,75)* 17,66ab 22,44a 19,12ab 16,02b 16,96 Hemiceluloses (% MSI) 27,69a 28,12a 27,18a 27,51a 1,96 Celulose (g/kg0,75) 28,11ab 33,13a 27,38ab 24,35b 14,54 Celulose (% PV) 1,18ab 1,39a 1,15ab 1,04b 14,17 0,75 a a a b Celulose Digestível (g/kg )* 17,22 17,29 15,96 12,52 13,82 Celulose (% MSI) 28,69a 26,23b 25,98b 25,80b 4,10 a Médias com letras iguais na mesma linha não diferem significativamente pelo teste SNK (P>0,05) Os consumos de FDN, FDA e celulose por UTM e por porcentagem de peso vivo apresentaram-se semelhantes particularmente quanto à superioridade de valores no tratamento 11 % de inclusão em relação ao tratamento 27 % de inclusão. O consumo das hemiceluloses foi superior aos demais quando se incluiu 11 % de subproduto de abacaxi. Os consumos de todas as frações fibrosas foram altamente correlacionados com os consumos de todos 62 os outros nutrientes. Lousada Júnior (2003) fornecendo única e exclusivamente subproduto de abacaxi para cordeiros em terminação verificou consumos de FDN (g/UTM) similar aos aqui encontrados (47,15 g/UTM). Segundo o autor, este consumo foi semelhante aos encontrados para os subprodutos de maracujá (49,43 g/UTM) e de melão (50,23 g/UTM) também avaliados, tendo sido inferior ao encontrado para o subproduto de goiaba (78,75 g/UTM) e superior ao encontrado para o subproduto de acerola (24,03 g/UTM). consumo de celulose (%MSI) foi inferior nos tratamentos que incluíram o subproduto em relação ao tratamento controle. A comparação de médias entre os tratamentos para os consumos de FDN e HCEL digestíveis (g/UTM) mostrou-se semelhante à encontrada para os consumos de FDN e HCEL (g/UTM), já no consumo de FDAD (g/UTM) foi evidenciado que no tratamento 27% houve o menor valor em relação as demais dietas. Caracteriza-se em relação a FDA, que nas condições em que os animais têm a possibilidade em selecionar outros ingredientes da dieta, eles o fazem. No tratamento 27% como foi retirado o capim elefante, fonte fibrosa de melhor digestibilidade, houve redução acentuada do consumo para esse tratamento. A seguir são apresentadas as equações de regressão para os consumos das frações fibrosas digestíveis: O consumo de celulose digestível (g/UTM) não variou entre os tratamentos experimentais. Para todas as dietas experimentais, os níveis de ligninas aumentaram com a inclusão do subproduto (Tabela 4). Na Tabela 4 também percebe-se que os níveis de celulose diminuíram com o aumento de inclusão do subproduto. Isso provavelmente resultou no menor consumo de celulose digestível evidenciado no tratamento 27% de inclusão do subproduto. No Capítulo V serão discutidas as degradabilidades ruminais da celulose do capim elefante e do subproduto de abacaxi e assim será possível aprofundar mais estes comentários. A FDN como porcentagem da matéria seca ingerida ficou em torno de 47% para as dietas que incluíram o subproduto e foram inferiores ao tratamento controle. Provavelmente por isso, o tipo de resposta encontrada entre os tratamentos para o consumo de matéria seca (Tabela 5) tenha sido tão semelhante ao que foi encontrado aqui. Os consumos de FDA e de hemiceluloses não variaram como porcentagem da matéria seca ingerida e o CFDND = 29,63 + 0,49X - 0,028X2 (R2 = 0,39; P<0,05), onde: CFDND = Consumo de Fibra Detergente Neutro Digestível em g/UTM X = Nível de inclusão do subproduto de abacaxi (%) CFDAD = 11,69 - 0,031X - 0,0052X2 (R2 = 0,58; P<0,05), onde: CFDAD = Consumo de Fibra Detergente Ácido Digestível em g/UTM X = Nível de inclusão do subproduto de abacaxi (%) CHCELD = 17,94 + 0,53X - 0,023X2 (R2 = 0,33; P<0,05), onde: CHCELD = Consumo de Hemiceluloses Digestíveis em g/UTM X = Nível de inclusão do subproduto de abacaxi (%) CCELD = 17,26 + 0,093X - 0,01X2 (R2 = 0,49; P<0,01), onde: CCELD = Consumo de Celulose Digestível em g/UTM X = Nível de inclusão do subproduto de abacaxi (%) Apesar dos baixos coeficientes de determinação, a análise de variância mostrou significância (P<0,05) entre a elevação nos níveis de inclusão do subproduto de abacaxi e o consumo das frações fibrosas digestíveis (g/kg0,75). Resolvendo dy/dx=0 para as equações correspondentes ao consumo das frações fibrosas digestíveis, a inclusão entre 4,65 e 11,52% é a mais recomendável conforme estes parâmetros estudados. É importante destacar novamente os baixos coeficientes de determinação das equações que sugerem 63 menor confiabilidade em relação às médias comparadas a partir dos dados da Tabela 7. A importância de se conhecer os níveis que trazem os maiores consumos fibrosos advém da capacidade do ruminante em utilizá-los, a partir da fermentação microbiana, para a síntese protéica microbiana e para a produção de ácidos graxos voláteis importantes ao metabolismo energético destes animais. Foram encontradas altas correlações (r>0,85; P<0,0001) entre o consumo de fibra e os consumos de proteína e energia metabolizável o que também contribui para o adequado balanço protéico e energético das dietas experimentais. Dependendo da região e da facilidade de aquisição de subprodutos da indústria processadora de abacaxi, a substituição de fontes de fibras forrageiras tradicionais como o capim elefante, por exemplo, por fontes alternativas de fibra não forrageira pode vir a baratear os custos de produção sem resultar em perdas de valor nutritivo das dietas e/ou diminuição do aproveitamento destes nutrientes em termos de consumo e digestibilidade. Quanto as digestibilidades da FDN e hemiceluloses não houve diferenças significativas entre os tratamentos a partir do incremento dos níveis de subproduto de abacaxi dietéticos (Tabela 8). Tabela 8 - Médias (%) dos coeficientes de digestibilidade das frações fibrosas das dietas contendo quantidades crescentes de subproduto de abacaxi fornecidas a ovinos Frações Dietas Coeficientes de Analisadas 0 11% 16% 27% Variação (%) Fibra Detergente Neutro 61,56a 56,27a 57,73a 52,70a 11,59 Fibra Detergente Ácido 56,79a 46,34b 45,28b 39,38b 13,59 a a a a Hemiceluloses 65,26 63,19 66,71 62,14 11,86 Celulose 61,64a 52,51b 58,71ab 51,43b 9,89 a Médias com letras iguais na mesma linha não diferem significativamente pelo teste SNK (P>0,05). Já para a FDA, o tratamento que não incluiu o subproduto de abacaxi apresentou a maior digestibilidade. Os dados de digestibilidade da celulose foram semelhantes permitindo inferir que a fração celulósica pode ter sido a responsável pela queda da digestibilidade da FDA quando se incluiu o subproduto de abacaxi, uma vez que a porção hemicelulolítica não variou para os tratamentos. Porém ressalta-se que houve semelhança de valores de digestibilidade da celulose entre os tratamentos 0% e 16% de inclusão de subproduto. De acordo com Van Soest (1994), a celulose apresenta pouca influência direta sobre a digestibilidade. Para este autor, qualquer predição baseada no conteúdo deste nutriente nos alimentos fornecidos deve considerar as associações secundárias com 64 lignificação e outros fatores de proteção. As dietas do tratamento 0% de inclusão do subproduto apresentavam níveis de ligninas da ordem de 12,44%. Com a inclusão do subproduto estes níveis aumentaram para 13 e 14%. Dentre as equações representantes das frações fibrosas dietéticas destacou-se a equação da digestibilidade da fibra detergente ácido: DFDA = 56,58 - 0,98X + 0,013X2 (R2=0,54; P<0,01), onde: DFDA = Digestibilidade da FDA (%) X = Nível de inclusão do subproduto de abacaxi (%) Van Soest (1994) comentou que a digestibilidade pode ser reduzida pela presença de compostos que suprimem a atividade da microflora ruminal ou que protegem a parede celular da microflora ruminal (taninos, por exemplo). A seguir, será feita a comparação das médias de consumo de energia bruta, energia digestível e energia metabolizável para avaliação do balanço energético dos ovinos. Esses consumos serão analisados e discutidos juntamente com os coeficientes de digestibilidade aparente da energia bruta e os teores de energia digestível e energia metabolizável por quilo de matéria seca ingerida (kcal) (Tabela 9). Tabela 9 - Médias de consumo de energia bruta (EB), digestível (ED) e metabolizável (EM) em relação à unidade de tamanho metabólico dos ovinos (kcal/kg0,75), coeficientes de digestibilidade aparente da energia bruta, balanço energético e teores de ED (TED) e de EM (TEM) por quilo de matéria seca ingerida (kcal) das dietas contendo quantidades crescentes de subproduto de abacaxi fornecidas a ovinos Frações Dietas Coeficientes de Analisadas 0% 11% 16% 27% Variação (%) Consumo de EB 431,16b 550,77a 465,52ab 417,22b 15,06 Consumo de ED 300,26ab 350,64a 322,35ab 274,29b 14,63 ab a ab b Consumo de EM 262,99 325,27 300,33 239,58 16,46 Coeficientes de digestibilidade (%) 70,09a 63,84a 69,19a 65,80a 5,27 Balanço energético 3,60a 4,45a 4,11a 3,12a 21,18 Teor de ED/Kg MS 3054,5a 2788,1a 3049,8a 2906,8a 5,29 Teor de EM/Kg MS 2678,8a 2590,0a 2838,8a 2526,1a 8,75 a Médias com letras iguais na mesma linha não diferem significativamente pelo teste SNK (P>0,05). Não houve diferenças significativas entre os tratamentos para a digestibilidade da energia bruta, para o balanço energético e para os teores de energia digestível e de energia metabolizável por quilo de matéria seca ingerida. Quanto ao consumo de energia bruta, o tratamento que incluiu 11% de subproduto apresentou melhores resultados que o tratamento controle (0%) e o tratamento de inclusão máxima do subproduto (27%). Para os consumos de energia digestível e de energia metabolizável, houve igualdade de valores na faixa de inclusão de subproduto compreendida entre os níveis zero e 16%. Houve também no nível 27%, redução de consumo de energia metabolizável em relação ao nível 10% de inclusão. O tratamento 27% de inclusão não atendeu aos requisitos preconizados pelo National Research Council (1985) para consumo de energia metabolizável para cordeiros de 30 quilos de peso vivo em terminação, a saber, 265,24 kcal/kg0,75, entretanto os valores encontrados neste tratamento foram semelhantes estatisticamente aos valores dos tratamentos 11 e 16% de inclusão que atenderam aos requisitos energéticos de ovinos em terminação. De acordo com Van Soest (1994), a diminuição do aporte energético dietético pode influenciar negativamente a utilização da proteína dietética, comprovada pela alta correlação positiva encontrada neste trabalho entre o consumo de energia metabolizável e o balanço nitrogenado (r=0,8137; P<0,0001). Será demonstrada a equação correspondente ao consumo de energia metabolizável (CEM) em relação aos níveis de inclusão de subproduto de abacaxi (X) 65 CEM = 264,88 + 8,47X - 0,35X2 (R2=0,37; P<0,05) Resolvendo dy/dx=0, verifica-se que dentre os tratamentos que incluíram o subproduto de abacaxi, o maior consumo de energia metabolizável ocorreu quando se incluiu 12,1% de subproduto de abacaxi. Nesse nível, o consumo médio diário de energia metabolizável por UTM seria de 316,13 kcal. Os valores médios do balanço de nitrogênio para os quatro tratamentos constam na Tabela 10. Não houve diferenças estatísticas entre os tratamentos para nenhum dos parâmetros analisados nesta Tabela. Tabela 10 - Balanço de nitrogênio comparado nas diferentes dietas contendo quantidades crescentes de subproduto de abacaxi fornecidas a ovinos Frações Dietas Coeficientes de Analisadas 0% 11% 16% 27% Variação (%) Nitrogênio ingerido (g/dia) 37,86a 46,12a 38,06a 33,31a 19,67 Nitrogênio fecal (g/dia) 11,54a 15,98a 13,35a 11,71a 23,77 Nitrogênio urinário (g/dia) 8,33a 5,65b 4,27b 4,68b 29,74 a a a a Balanço de nitrogênio 17,99 24,49 20,44 16,92 23,07 Nitrogênio retido (% sobre o N 47,43a 53,26a 53,18a 50,43a 9,51 ingerido) a Médias com letras iguais na mesma linha não diferem significativamente pelo teste SNK (P>0,05). Balanços nitrogenados e energéticos positivos foram encontrados como resultado do efeito da proteína dietética sobre a digestão e fermentação microbiana, assim como, pelo efeito do perfil de aminoácidos incorporados e disponibilidade de energia à produção e ao metabolismo animal. Alta correlação foi encontrada entre os balanços nitrogenados e energético (r=0,92; P<0,0001). Também foram encontradas altas correlações positivas entre os consumos de todos os nutrientes dietéticos e o balanço nitrogenado (r>0,79; P<0,0001). 4. CONCLUSÕES O subproduto do processamento agroindustrial do abacaxi apresenta potencialidade como alimento para ruminantes especialmente se incluindo em até 16% de dietas para ovinos. 66 As características da parede celular do subproduto de abacaxi provavelmente limitaram o consumo dos nutrientes dietéticos. Mais pesquisas são necessárias para avaliar os parâmetros de fermentação ruminal de dietas que contenham este subproduto e seus efeitos sobre o consumo de nutrientes. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS A.O.A.C. Association of Official Analytical Chemists, Official Methods of Analysis (red.). Washington DC: AOAC, 1980. 1015p. BLAXTER, K. L., CLAPPERTON, J. L. Prediction of the amount of methane produced by ruminants. Brittish Journal of Nutrition, v.19, n.1-2, p.511-522, 1965. CAPPELLE, E.R. VALADARES FILHO, S.C., COELHO DA SILVA, J.F. et al. Estimativas do valor energético a partir de características químicas e bromatológicas dos alimentos. Revista Brasileira de Zootecnia, v.30, n.6, p.1837-1856, 2001. FAO. Production Yearbook. Roma, v.48, p.164-165. (FAO Statistics, 125). 1994. GAGLIOSTRO, G., CHILLARD, Y. Duodenal rapeseed oil infusion in early and mid lactation cows. 2. Voluntary intake, milk production and composition. Journal of Dairy Science, v.74, n.1-2, p.499-509, 1991. LITTELL, R.C.; FREUND, R.J.; SPECTOR, P.C. SAS® system for linear models. Cary, NC, EUA: SAS Institute Inc., 1991. 329p. LOUSADA JÚNIOR, J.E. Digestibilidade aparente de subprodutos do processamento de frutas em ovinos. Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 2003. 94p. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) – Universidade Federal do Ceará, 2003. NATIONAL RESEARCH COUNCIL. Nutrient Requeriments of Sheep. 6.ed. Washington DC, USA: National Academy Press, 1985. 99p. SAMPAIO, I. B. M. Estatística aplicada à experimentação animal. 2.ed. Belo Horizonte: Fundação de Ensino e Pesquisa em Medicina Veterinária e Zootecnia, 2002. 265p. SNIFFEN, C.J., O’CONNOR, J.D., VAN SOEST, P.J. et al. A net carbohydrate and protein system for evaluating cattle diets. II. Carbohydrate and protein availability. Journal of Animal Science, v.70, p. 35623577, 1992. TILLEY, J.M.A., TERRY, R.A. A twostage technique for the “in vitro” digestion of forage crops. Journal of British Grassland Society. v.18, n.2, p.104-111, 1963. VAN SOEST, P. J. Nutritional ecology of the ruminant. 2.ed. Ithaca, New York (USA): Cornell University Press, 1994. 476p. VAN SOEST, P. J., ROBERTSON, J. D., LEWIS, B. A. Methods for dietary fiber, neutral detergent fiber, nonstarch polysaccharides in relation to animal nutrition. Journal of Dairy Science, v.74, n.11-12, p.3583-3597, 1991. RIBEIRO JÚNIOR, J.I. Análises estatísticas no SAEG. Viçosa:UFV, 2001. 301p. 67 68 Capítulo IV - EXPERIMENTO 2 Valor nutritivo do subproduto da indústria processadora de abacaxi (Ananas comosus) em dietas para ovinos. 2. Dinâmica da fermentação ruminal e cinética sangüínea RESUMO O presente estudo foi conduzido com o objetivo de avaliar a influência da inclusão do subproduto do processamento de abacaxi (Ananas comosus L.) sobre a concentração de nitrogênio amoniacal (N-NH3) em mg/100 ml, pH e concentrações molares de ácidos graxos voláteis (AGVs) do líquido ruminal, assim como os níveis séricos de albumina (ALB), creatinina (CRE), uréia (UR) e proteínas totais (PT) em ovinos que receberam dietas experimentais isofibrosas e isoprotéicas contendo o subproduto em níveis crescentes. Vinte ovinos machos, inteiros foram distribuídos em quatro tratamentos de inclusão percentual do subproduto de abacaxi (zero; 11%; 16%; 27%), segundo delineamento em blocos ao acaso, em esquema de parcelas subdivididas, tendo nas parcelas as dietas e nas sub-parcelas os tempos de colheita (zero, duas, cinco, oito horas pós-prandial) com cinco repetições. Não houve diferenças de pH entre as dietas, entretanto houve efeito cúbico descendente do pH entre os horários de colheita para cada um dos níveis de inclusão. Na dieta em que o subproduto não foi incluído e naquela dieta em que o subproduto foi incluído em 11%, a 2a hora pós-prandial, apresentou as maiores concentrações de N-NH3. Na 8a hora pós prandial, a dieta com 27% de subproduto de abacaxi apresentou maior concentração de N-NH3 em comparação às dietas controle e com 11% de subproduto. Entre os tratamentos, a dieta com 16% de subproduto de abacaxi apresentou os maiores níveis de AGVs produzidos (P<0,05) contribuindo em maior parcela para isso, as concentrações de ácido acético. A relação acetato : propionato não se alterou quando se forneceu o subproduto. Entre os tratamentos, também não foram observadas diferenças significativas para as médias de concentrações séricas de UR, CRE e PT. Na dieta com 11% de subproduto, entretanto a concentração de ALB foi maior que quando a inclusão foi feita em 27%,5 horas após o fornecimento alimentar. A inclusão do subproduto de abacaxi entre 16 e 27% do total dietético apresentou melhores resultados no que diz respeito aos parâmetros analisados neste trabalho particularmente entre cinco e oito horas após o fornecimento das dietas aos animais. Palavras-chave: Abacaxi, amônia, frutas, ovinos, pH, ruminantes 1. INTRODUÇÃO A escassez de dados particularmente no que diz respeito à utilização de subprodutos da indústria processadora de frutas na alimentação de ruminantes tem representado perdas econômicas incríveis no que diz respeito à perda de material de reconhecido valor nutritivo e, contaminações ambientais, já que grande parte destes subprodutos é acumulada a céu aberto sem ser executado nenhum tratamento. O uso de fontes de fibras não forrageiras, na alimentação de ruminantes, requer cuidados especiais particularmente em função dos métodos de análises laboratoriais serem direcionados para fontes de fibra forrageiras. Além disso, é preciso considerar a efetividade física da fibra oriunda de subprodutos agroindustriais. Normalmente a administração de subprodutos reduz o tamanho das partículas fibrosas em virtude dos processos de moagem, o que diminui a mastigação e reduz o pH a níveis inferiores aos recomendados para uma adequada função ruminal. Isso pode levar a problemas de acidose nos rebanhos comerciais com graves perdas produtivas. Em se tratando de acidose, mensurações de valores de pH do líquido ruminal, por 69 exemplo, são extremamente importantes porque fornecem subsídios para o entendimento de variações das populações microbianas ruminais e dos níveis dos produtos de fermentação como resposta às mudanças de características químicas das dietas. Um outro aspecto ainda não avaliado para os subprodutos de frutas é a disponibilidade de nitrogênio amoniacal para a síntese de proteína microbiana. A origem do nitrogênio ruminal advém também do sangue na medida em que a uréia sangüínea pode passar para o rúmen e contribuir com até 12g de N/dia. A relação dos aminoácidos e proteínas no soro sangüíneo com a cinética de fermentação ruminal também existe e seu estudo contribui para a identificação dos níveis de proteína circulantes em função da dieta administrada. Objetivou-se, portanto, com o presente trabalho, avaliar os efeitos de quatro tempos de colheita previamente estabelecidos sobre os níveis séricos de albumina, creatinina, proteínas totais e uréia, bem como, a disponibilidade de nitrogênio amoniacal, pH e concentrações de ácidos graxos voláteis do líquido ruminal de ovinos em terminação que receberam dieta composta de capim elefante, milho, torta de algodão e níveis crescentes de subproduto de abacaxi. 2. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado na sede da EMBRAPA Caprinos em Sobral – CE. Foram utilizados 20 cordeiros machos e inteiros com 8 meses de idade e peso vivo médio de 32 kg. Os tratamentos consistiram de subproduto agroindustrial de abacaxi composto basicamente de cascas e polpa prensadas, secas ao sol, em níveis crescentes (zero, 11, 16 e 27 %), em relação a dietas compostas de capim elefante in natura, milho e torta de algodão. O nível máximo foi determinado pelo ajuste das dietas em função da substituição total do capim elefante pelo subproduto de abacaxi e, ao mesmo tempo, para atenderem aos 70 requisitos de proteína bruta (14,7%) e de NDT (72%) prescritos pelo National Research Council (1985) para cordeiros em terminação (quatro a sete meses de idade) com peso vivo de 30kg e ganho de peso de 295g/dia. Houve dificuldades para, com os alimentos utilizados, se atingir o requerimento de energia. Desta maneira, procurou-se estabelecer um nível de fibra dietético máximo, idêntico para os quatro tratamentos, de modo que os níveis de energia se aproximassem daquele prescrito pelo National Research Council (1985). Os ovinos utilizados foram pesados no início do experimento e alojados em gaiolas metabólicas. O período de adaptação dos animais às dietas e às gaiolas foi de 17 dias e, logo ao final desse, realizou-se a colheita de sangue, por punção da veia jugular, para as determinações dos níveis séricos de albumina, creatinina, proteínas totais e uréia e também colheu-se líquido ruminal por meio de sonda esofágica para as mensurações de N-NH3, ácidos graxos voláteis e pH ruminais em quatro tempos pré-estabelecidos (zero hora ou antes do fornecimento da dieta, 2h, 5h e 8h pósprandial). As dietas foram fornecidas às sete horas em uma única vez. Água e sal mineralizado estiveram disponíveis à vontade. O pH foi medido em potenciômetro imediatamente após a colheita enquanto as amostras de aproximadamente 50 ml de líquido ruminal foram acidificadas em 1 ml de ácido sulfúrico 1:1 e guardadas a -5oC para futuras análises de N-NH3. Em uma alíquota de 4 ml de líquido ruminal foi adicionado 1 ml de ácido metafosfórico a 25% para serem analisados os níveis de ácidos graxos voláteis. As análises de NNH3 e AGVs foram realizadas nas dependências do Laboratório de Nutrição Animal da Escola de Veterinária da UFMG. O nitrogênio amoniacal no líquido ruminal foi determinado por destilação com óxido de magnésio, usando-se ácido bórico com indicador misto de cor como solução receptora (vermelho de metila e verde de bromocresol) e titulando-se com HCl 0,01N. Os ácidos graxos voláteis foram quantificados usando-se um cromatógrafo de fase gasosa SHIMADZU®, modelo GC17A dotado de coluna capilar metil-silicone (CBP1 m25-025). As dosagens de albumina, creatinina, nitrogênio uréico e proteínas totais foram realizadas a partir da utilização de kits Bioclin®. Essas análises também foram realizadas nas dependências do Laboratório de Nutrição Animal da Escola de Veterinária da UFMG. Os parâmetros foram analisados para cada tratamento experimental através de um delineamento em blocos ao acaso em um esquema de parcelas subdivididas, tendo nas parcelas as dietas e nas sub-parcelas os tempos de colheita (zero, duas, cinco, oito horas pós-prandial) com cinco repetições, segundo o seguinte modelo estatístico: Yijk = µ + Fj + Tk + FTjk + eijk onde, Yijk = valor referente à observação da repetição i no tratamento j e no tempo de colheita k µ = média geral Fj = efeito do tratamento j (j = zero, 11%, 16%, 27%) Tk = efeito do tempo de colheita k (k = zero, 2, 5, 8) FTjk = interação dos efeitos do tratamento j com o tempo de colheita k eijk = erro aleatório associado à observação As médias foram comparadas pelo teste SNK (P<0,05) empregando-se o software SAEG versão 8.0 (Ribeiro Júnior, 2001). No caso particular dos dados de creatinina, houve perda de duas subparcelas, então as análises estatísticas foram feitas mediante o uso do procedimento GLM (General Linear Models) do SAS para dados desbalanceados (Statistical Analysis System) (Littel et al., 1991) sendo realizada a comparação de médias também pelo teste SNK (P<0,05). A análise de regressão foi realizada utilizando-se o software SAEG (Ribeiro Júnior, 2001) para permitir a estimativa dos parâmetros analisados para cada nível de subproduto de abacaxi testado em função dos tempos de colheita. Testou-se diferentes modelos a partir do procedimento Modelos Pré-definidos, para escolha daquele que apresentasse maior significância e maiores coeficientes de determinação. Também foi considerado aquele modelo matemático que melhor adequacidade apresentou para o tipo de resposta biológica estudada. No caso particular das concentrações séricas de uréia e creatinina (mg/ 100 ml de soro sangüíneo), foi feita a transformação para arcoseno (ARSEN (RAIZ (VAR/100))). De acordo com Sampaio (2002), grupos experimentais que revelam variâncias diversificadas, dependendo das respostas médias, apresentando distribuições aparentemente normais, demandam transformação. As médias destes parâmetros existentes nas Tabelas 6 e 7, entretanto, para melhor visualização das respostas e facilitar comparações com a literatura, foram aquelas provenientes dos valores obtidos experimentalmente e não dos valores transformados, considerandose apenas o grau de significância dos testes de médias. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1. Efeito das dietas e dos tempos de colheita sobre as concentrações de nitrogênio amoniacal no rume de ovinos Os resultados dos níveis de nitrogênio amoniacal (N-NH3) encontram-se na Tabela 1. A interação tempo de colheita versus dietas experimentais foi significativa (P<0,05). Entre os tempos de colheita não houve diferenças significativas para os tratamentos 16 e 27% de inclusão do subproduto de abacaxi, já para o tratamento controle e para o tratamento 11%, a maior concentração foi encontrada duas horas pós-prandial. Diferenças significativas entre os tratamentos apenas ocorreram na oitava hora pós-alimentar. Neste horário, o tratamento 27% apresentou maiores concentrações de nitrogênio amoniacal em relação ao tratamento controle e à dieta que incluiu 11% de subproduto. Todos foram 71 semelhantes ao valor encontrado no tratamento 16%. Provavelmente os tratamentos zero e 11% apresentaram taxas de degradação protéica menor principalmente em relação ao tratamento 27%. No próximo capítulo serão avaliados comparativamente o subproduto de abacaxi e o capim elefante em termos de percentual de proteína solúvel, taxa de degradação da proteína bruta, percentual da fração lentamente degradada em relação ao total, bem como os valores de proteína não degradada no rúmen, proteína degradada no rúmen e, portanto, será possível tecer comentários sobre a maior o menor disponibilização da proteína do subproduto e conseqüentemente a influência sobre as concentrações de nitrogênio amoniacal no líquido ruminal. Tabela 1. Concentração de nitrogênio amoniacal (mg/ 100 ml) no líquido ruminal de ovinos consumindo dietas contendo distintas quantidades de subproduto de abacaxi1 em vários horários pós-prandial Dietas Horário (h)2 Médias 0%3 11%3 16%3 27%3 0 6,21Ba 4,84Ba 4,59Aa 6,95Aa 5,65B Aa Aa Aa Aa 2 13,53 11,05 10,18 11,17 11,48A Ba Ba Aa Aa 5 3,72 4,72 6,33 8,94 5,93B 8 3,85Bb 3,85Bb 5,96Aab 10,30Aa 5,99B b b ab a Médias 6,83 6,11 6,76 9,34 1 Percentagem de inclusão do subproduto de abacaxi nas dietas Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK) 3 Letras minúsculas iguais na mesma linha indicam semelhança estatística a 5% (SNK) CV = 48,96% 2 As concentrações de N-NH3 reveladas pelos tratamentos experimentais estiveram, todavia, sempre aquém dos níveis considerados ótimos (23,5 mg/100 ml) por Mehrez et al. (1977), para que se obtivesse a máxima fermentação microbiana em ruminantes em produção. Tal afirmação deve ser avaliada com senso crítico já que o crescimento microbiano não foi comparado e, além disso, Van Soest (1994) destacou que além da absorção de amônia pelo epitélio ruminal e também da passagem para o abomaso, há de se considerar que parte desta é necessária e amplamente usada para o crescimento microbiano. Isso é confirmado pelo adequado atendimento aos requisitos protéicos prescritos pelo National Research Council (1985) para ovinos em crescimento (Capítulo III). Comentários sobre a degradabilidade ruminal dos diferentes nutrientes de dietas contendo subproduto de abacaxi serão realizados no próximo capítulo e enriquecerão estes comentários. 72 3.2. Equações de predição da concentração de nitrogênio amoniacal no líquido ruminal de ovinos em função do tempo de colheita conforme os tratamentos experimentais Pela análise de regressão destacaram-se em função dos mais altos coeficientes de determinação e significância estatística (P<0,05), as seguintes equações representadas na Figura 1, a seguir. 3.2.1. Dieta com 0% de subproduto de abacaxi N-NH3 = 6,20 + 8,85X - 3,08X2 + 0,24X3 (R2 = 0,74; P<0,001), onde: N-NH3 = concentrações de nitrogênio amoniacal em mg/ 100 ml X = tempo de colheita do líquido ruminal em horas 3.2.2. Dieta com 11% de subproduto de abacaxi N-NH3 = 4,84 + 6,87X - 2,21X2 + 0,17X3 (R2 = 0,70; P<0,001), onde: N-NH3 = concentrações de nitrogênio amoniacal em mg/ 100 ml produção). Entretanto, esses valores ainda estiveram aquém da recomendação de Mehrez et al. (1977), o que pode revelar uma certa indisponibilização, talvez pela excessiva presença de ligninas (Capítulo III), ao ataque feito pelos microrganismos ruminais. X = tempo de colheita do líquido ruminal em horas Concentrações de N-NH3 (mg/ 100 ml) As equações apresentaram comportamento cúbico ascendente até próximo das duas horas pós-prandial onde foram encontradas as maiores concentrações de nitrogênio amoniacal no líquido ruminal (pico de 16 14 12 10 0% 8 11% 6 4 2 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 Tempo de colheita (h) Figura 1. Concentração de nitrogênio amoniacal em função do tempo de colheita do líquido ruminal A análise do gráfico ainda sugere que a inclusão do subproduto de abacaxi em 11% do total dietético apresentou maior pico de concentração de nitrogênio amoniacal às duas horas pós-alimentação, entretanto, essa concentração manteve-se mais elevada para inclusão em comparação à controle. Isso pode representar melhor distribuição das concentrações de nitrogênio amoniacal ao longo do tempo pós-prandial em dietas que contenham tal percentagem de subproduto de abacaxi em comparação à dieta que não realizou essa inclusão. 3.3. Efeito das dietas e dos tempos de colheita sobre os valores de pH ruminal dos ovinos Os resultados de medições de pH ruminal de ovinos que receberam dietas com vários níveis de subproduto de abacaxi encontramse na Tabela 2. A interação tempo de colheita versus tratamentos experimentais não foi significativa (P>0,05). Não houve diferenças significativas para os valores de pH entre as dietas em todos os horários estudados, entretanto, diferenças foram constatadas em mesma dieta nos vários tempos de colheita evidenciando-se que a ingestão de quaiquer das dietas promoveu a acidificação do meio ruminal. O pH foi mais alto no tempo zero. 3.4. Equações de predição do pH no líquido ruminal de ovinos em função do tempo de colheita conforme os tratamentos experimentais Baseado no coeficiente de determinação e na significância estatística (P<0,05), a análise de regressão indicou as seguintes equações representadas na Figura 2. 73 3.4.1. Dieta com 0% de subproduto de abacaxi 3.4.3. Dieta com 16% de subproduto de abacaxi pH = 6,93 - 0,085X (R2 = 0,52; P<0,001), onde: pH = valores de pH em escala de zero a 14 X = tempo em horas de colheita do líquido ruminal (horas) pH = 7,04 - 0,43X + 0,14X2 - 0,012X3 (R2 = 0,51; P<0,01), onde: pH = valores de pH em escala de zero a 14 X = tempo em horas de colheita do líquido ruminal 3.4.2. Dieta com 11% de subproduto de abacaxi 3.4.4. Dieta com 27% de subproduto de abacaxi pH = 7,26 - 0,56X + 0,14X2 - 0,011X3 (R2 = 0,78; P<0,0001), onde: pH = valores de pH em escala de zero a 14 X = tempo em horas de colheita do líquido ruminal pH = 7,01 - 0,63X + 0,19X2 - 0,015X3 (R2=0,61; P<0,01), onde: pH = valores de pH em escala de zero a 14 X = tempo em horas de colheita do líquido ruminal Tabela 2. Valores de pH do líquido ruminal de ovinos consumindo dietas contendo distintas quantidades de subproduto de abacaxi1 em vários horários pós-prandial Dietas Horário (h)2 Médias 0%3 11%3 16%3 27%3 0 7,03Aa 7,26Aa 7,04Aa 7,01Aa 7,09A Ba Ba Ba BCa 2 6,67 6,63 6,63 6,38 6,58B Ba Ba ABa Ba 5 6,43 6,71 6,80 6,64 6,65B Ba Ba Ca Ca 8 6,32 6,44 6,20 6,18 6,28C a a a a Médias 6,61 6,76 6,67 6,55 1 Percentagem de inclusão do subproduto de abacaxi nas dietas Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK) 3 Letras minúsculas iguais na mesma linha indicam semelhança estatística a 5% (SNK) CV = 3,95% 2 7,4 7,2 7 0% 6,8 pH 11% 16% 6,6 27% 6,4 6,2 6 0 1 2 3 4 5 6 7 8 Tempo de colheita (h) Figura 2. Potencial hidrogeniônico em função do tempo de colheita do líquido ruminal 74 Observa-se a partir da Figura 2 que os valores de pH das dietas que incluíram o subproduto em 16 e 27% apresentaram picos de pH às cinco horas após o fornecimento alimentar com pH aproximando-se da neutralidade, já para o tratamento controle e a dieta que incluiu o subproduto em 11%, o efeito do fornecimento alimentar sobre o pH ao longo do tempo mostrou-se descendente, principalmente para o tratamento controle. A inclusão do subproduto de abacaxi em 16% traria melhores resultados quanto a manutenção do pH ruminal em níveis próximos à neutralidade sem riscos de maiores quedas desses valores como as que ocorreram com os demais tratamentos, já que Silva e Leão (1979) recomendaram para uma adequada fermentação ruminal, um pH compreendido entre 5,5 e sete. Hobson e Stewart (1997) delimitaram mais este intervalo afirmando que valores de pH entre seis e sete permitem a presença de todos os componentes da biomassa microbiana do rúmen, sejam bactérias, principalmente as celulolíticas, protozoários ou fungos e, de acordo com Lindberg (1985), o valor ótimo de pH compatível com a ação das enzimas desses microrganismos está entre seis e oito. Portanto, um tratamento que apresente valores de pH mais próximos de sete serão mais vantajosos em termos de efetiva atividade microbiana ruminal. A este respeito, Van Houtert (1993) ponderou que a baixa ingestão de alimentos e fermentação com pH ruminal em torno de 6,5 e sete, são comuns em ruminantes alimentados com dietas volumosas. Em função das dietas serem ricas em carboidratos estruturais houve um estímulo contínuo à ruminação, o que provocou salivação constante, de comprovado efeito tamponante, muito embora ainda sejam necessários estudos mais aprofundados sobre o tamanho de partícula ingerido e a efetividade com que fontes de fibra não forrageiras mantêm estável a função ruminal. Vale salientar que em experimento avaliando o valor nutritivo do subproduto de abacaxi fornecido única e exclusivamente a ovinos, Lousada Júnior (2003) destacou que animais alimentados com o subproduto de abacaxi ingerem as partículas maiores (mais fibrosas) e deixam nos cochos a porção mais pulverulenta demonstrando um sinal adaptativo dos animais às dietas quanto ao aspecto da efetividade da função ruminal que elas venham proporcionar. As concentrações dos ácidos acético, propiônico e butírico estão apresentadas na Tabela 3. Não foram quantificados os demais ácidos graxos de cadeia curta, normalmente presentes no líquido ruminal (isobutírico, 2-metil-butírico, valérico, isovalérico, capróico). Na Tabela 4, são apresentadas as concentrações dos AGV totais (somatório dos ácidos acético, propiônico e butírico) e a relação acetato : propionato encontrada. As proporções molares do acetato, propionato e butirato aparecem na Tabela 5. As interações tempo versus dietas experimentais foram significativas (P<0,05) para as concentrações de ácido acético e de ácidos graxos voláteis totais (milimoles/100 ml de líquido ruminal), bem como para a relação acetato : propionato e para as proporções molares de ácidos acético e propiônico. Para os demais parâmetros avaliados nas Tabelas 3, 4 e 5 não houve significância estatística para a interação tempo versus dietas experimentais (P>0,05). Os AGV totais nos tratamentos 0, 11 e 16% de inclusão de subproduto de abacaxi apresentaram valores menores no jejum. No tratamento com 27% de subproduto, no jejum foi menor do que aqueles encontrados nos tempos dois e oito, mas semelhante ao tempo cinco. Silva e Leão (1979) destacaram que a produção de acetato endógeno aumenta no carneiro em jejum e diminui quando o animal recebe alimento, sugerindo uma mobilização de ácidos graxos livres do plasma, sendo estes possivelmente os precursores do acetato endógeno. Para o tratamento controle, a elevação dos AGVs ocorreu a partir das cinco horas pós75 AGV = 3,8 + 1,22X - 0,017X2 (R2 = 0,84; P<0,0001), onde: AGV = concentração total de ácidos graxos voláteis em milimoles/ 100 ml X = tempo de colheita em horas do líquido ruminal alimentação. Nas dietas que incluíram o subproduto em 11 e 16% do total dietético, maiores concentrações de AGVs totais apenas ocorreram na oitava hora após a alimentação. Entre os tratamentos, o tratamento 16% apresentou os maiores níveis médios de ácidos graxos voláteis produzidos (P<0,05) na oitava hora pósprandial. 3.5.2. Dieta com 11% de subproduto de abacaxi AGV = 3,5 + 0,62X - 0,036X2 (R2 = 0,79; P<0,0001), onde: AGV = concentração total de ácidos graxos voláteis em milimoles/ 100 ml X = tempo de colheita em horas do líquido ruminal 3.5. Equações de predição da concentração dos ácidos graxos voláteis totais no líquido ruminal de ovinos em função do tempo de colheita do líquido ruminal dentro dos tratamentos experimentais Em função da alta significância existente na interação horas pós-prandial e tratamentos (P<0,001), as equações de regressão para os AGV totais tiveram altos coeficientes de determinação caracterizando-se por efeito quadrático ascendente (Figura 3). 3.5.3. Dieta com 16% de subproduto de abacaxi AGV = 4,38 + 3,9X – 1,16X2 + 0,11X3 (R2 = 0,80; P<0,0001), onde: AGV = concentração total de ácidos graxos voláteis em milimoles/ 100 ml X = tempo de colheita em horas do líquido ruminal 3.5.1. Dieta com 0% de subproduto de abacaxi Concentrações de AGV (mmol/ 100 ml) 20 18 16 14 12 0% 10 11% 8 16% 6 4 2 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 Tempo de colheita (h) Figura 3. Concentrações de ácidos graxos voláteis totais em mmol/ 100 ml de líquido ruminal em função do tempo de colheita A inclusão do subproduto de abacaxi em 16% do total dietético apresentou elevação mais acentuada das concentrações de ácidos graxos voláteis totais até duas horas após a alimentação, notando-se sutil queda entre duas e cinco horas, para depois elevar-se novamente, atingindo valores máximos às 76 oito horas, ainda com tendência à elevação. Contribuiu em maior parcela para isto, o ácido acético (Figura 4) que apresentou superioridade de valores médios para o tratamento 16% em relação aos demais (P<0,05). Tabela 3 - Concentração de acetato, propionato e butirato (milimoles/ 100 ml) no líquido ruminal de ovinos submetidos a dietas contendo distintas quantidades de subproduto de abacaxi1 em vários horários pós-prandial HORA(h)2 0 2 5 8 Médias 1 0%3 11%3 Ba 3,32 2,93Ba Bb 3,52 3,21Bb 6,29Aa 4,71Ba 7,78Ab 6,67Abc 5,23b 4,38b Acetato3 16%3 2,96Ca 5,29Bab 5,47Ba 13,16Aa 6,72a 27%3 Médias 0%3 2,70Ba 2,98C 0,76Ca Aa 6,13 4,54B 1,74BCa 3,96ABa 5,11B 3,28ABa 5,23Ac 8,21A 4,02Aa 4,50b 2,45a Propionato3 11%3 16%3 27%3 Médias 0%3 11%3 Ca Ca Ba Ba C 0,50 1,21 0,93 0,02 0,02Ba 0,85 BCa BCa ABa ABa B 1,53 2,68 2,44 0,25 0,27ABa 2,10 2,51ABa 3,11Ba 2,11ABa 2,75B 0,42Aa 0,20ABa 3,71Aa 5,09Aa 3,24Aa 4,01A 0,50Aab 0,42Ab 2,06a 3,02a 2,18a 0,30ab 0,23b Butirato3 16%3 0,21Ba 0,45Ba 0,34Ba 0,82Aa 0,45a 27%3 Médias 0,25Aa 0,12C 0,34Aa 0,33B 0,38Aa 0,34B 0,50Aab 0,56A 0,37ab - Percentagem de inclusão do subproduto de abacaxi nas dietas Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK) 3 Letras minúsculas iguais na mesma linha, para mesmo parâmetro, indicam semelhança estatística a 5% (SNK) CV Acetato = 27,8%; CV Propionato = 50,33%; CV Butirato = 65,3% 2 Tabela 4 - Concentração total de ácidos graxos voláteis (milimoles/ 100 ml) e relação de acetato : propionato (Acet./Prop.) no líquido ruminal de ovinos submetidos a dietas contendo distintas quantidades de subproduto de abacaxi1 em vários horários pós-prandial Acet./Prop.3 AGV totais3 HORA(h)2 0%3 11%3 16%3 27%3 0%3 11%3 16%3 27%3 Médias Médias Ba Ba Ca Ba Aa Aa Ab C 0 4,10 3,45 4,38 3,88 6,65 6,58 3,30 2,86Ab 3,95 4,85A Ba Ba Ba Aa Ba Ba Aa Aa B 2 5,50 5,00 8,42 8,91 2,07 2,12 2,07 3,36 6,96 2,40B Aa Ba Ba ABa Ba Ba Aa Aa B 5 9,99 7,41 8,92 6,45 1,94 1,94 2,03 1,96 8,20 1,97B Ab Ab Aa Ab Ba Ba Aa Aa A 8 12,29 10,79 19,06 8,97 1,98 1,81 2,99 1,66 12,78 2,11B Médias 7,97b 6,66b 10,20a 7,05b 3,16a 3,12a 2,60a 2,46a 1 Percentagem de inclusão do subproduto de abacaxi nas dietas Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK) 3 Letras minúsculas iguais na mesma linha, para mesmo parâmetro, indicam semelhança estatística a 5% (SNK) CV AGV totais = 32,82%; CV Acetato = 27,8%; CV Propionato = 50,33%; CV Butirato = 65,3%; CV Acet./Prop.= 39,37% 2 77 Tabela 5 - Proporção molar do acetato, propionato e butirato no líquido ruminal de ovinos submetidos subproduto de abacaxi1 em vários horários pós-prandial Propionato3 Acetato3 2 3 3 3 3 3 3 HORA(h) 0% 11% 16% 27% Médias 0% 11% 16%3 27%3 Médias 0 83,90Aa 85,64Aa 69,09Ab 69,51Ab 77,03A 15,55Bb 13,81Bb 26,33Aa 24,89Ba 20,14B 2 63,90Bb 63,89Bab 62,97Aab 72,56Aa 65,83B 31,60Aa 30,51Aa 31,34Aa 24,10Ba 29,39A 5 62,85Ba 64,04Ba 62,25Aa 61,55Ba 62,67B 32,91Aa 33,27Aa 33,74Aa 32,43Aa 33,09A 8 63,27Bab 61,71Bab 70,06Aa 58,59Bb 63,41B 32,58Aa 34,46Aa 25,29Ab 35,97Aa 32,07A Médias 68,48a 68,82a 66,09a 65,55a 28,16a 28,01a 29,17a 29,35a 1 Percentagem de inclusão do subproduto de abacaxi nas dietas Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK) 3 Letras minúsculas iguais na mesma linha, para mesmo parâmetro, indicam semelhança estatística a 5% (SNK) CV Acetato = 8,92%; CV Propionato = 18,26%; CV Butirato = 58,24% 2 78 a dietas contendo distintas quantidades de 3 0% 0,56Ab 4,50Aa 4,24Aa 4,15Aa 3,36a Butirato3 11% 16%3 0,55Bb 4,59Aa 5,60Aa 5,69Aa 2,70ABa 4,02Aa 3,83ABa 4,65Aa 3,17a 4,74a 3 27%3 Médias 5,61Aa 2,83A 3,35Aa 4,78A 6,02Aa 4,24A 5,45Aa 4,52A 5,10a - Analisando-se a Tabela 3 em termos das concentrações do acetato, percebe-se que as dietas que incluíram o subproduto em 11 e 16% apresentaram mais altas concentrações apenas às oito horas pós-prandial. Já para o tratamento 27% de inclusão, os tempos dois e oito apresentaram maiores concentrações que o jejum, mas todos os horários apresentaram valores semelhantes ao tempo cinco e para a dieta controle as maiores concentrações foram encontradas entre cinco e oito horas pós-prandial. Entre os tratamentos não foram evidenciadas diferenças no jejum e no tempo cinco, todavia, no tempo dois o tratamento controle e o tratamento que incluiu o subproduto em 11% do total apresentaram concentrações de acetato inferiores ao tratamento 27%. Todos foram semelhantes ao valor encontrado no tratamento 16% para este horário. No tempo oito, o tratamento 16% apresentou concentração de acetato superior às demais. Para o propionato, ainda conforme a Tabela 3, não houve diferenças entre os tratamentos experimentais. Entre os tempos de colheita, maior concentração foi encontrada apenas às oito horas pósprandial. Para o butirato a dieta com 16% de subproduto apresentou maior concentração do que a dieta com 11% e foi semelhante às demais. A oitava hora pósprandial apresentou a maior concentração de butirato. Isso pode revelar o efeito de compostos fenólicos indisponibilizando os carboidratos para fermentação ruminal já que a maior produção somente foi alcançada oito horas após a alimentação. 3.6. Equações de predição das concentrações do ácido acético em mmol/100 ml de líquido ruminal de ovinos em função do tempo de colheita do líquido ruminal dentro dos tratamentos experimentais Para as concentrações do ácido acético, destacaram-se as seguintes equações conforme a significância estatística (P<0,05) e os coeficientes de determinação superiores a 45%. As Figuras 4 e 5 representam graficamente as equações aqui determinadas. 3.6.1. Dieta com 0% de subproduto de abacaxi AACET = 3,06 + 0,47X + 0,017X2 (R2 = 0,78; P<0,0001), onde: AACET = concentração de acetato em mmol/ 100 ml X = tempo de colheita do líquido ruminal (horas) 3.6.2. Dieta com 11% de subproduto de abacaxi AACET = 2,88 + 0,13X + 0,043X2 (R2 = 0,74; P<0,001), onde: AACET = concentração de acetato em mmol/ 100 ml X = tempo de colheita do líquido ruminal (horas) 3.6.3. Dieta com 16% de subproduto de abacaxi AACET = 2,96 + 2,41X - 0,78X2 + 0,08X3 (R2 = 0,89; P<0,001), onde: AACET = concentração de acetato em mmol/ 100 ml X = tempo de colheita do líquido ruminal (horas) Para a dieta com 16% de subproduto de abacaxi, pelo gráfico percebe-se uma elevação dos níveis de ácido acético (milimoles/ 100ml) entre zero (jejum) e duas horas (pós-alimentação). Entre duas e cinco horas ocorreu estabilização e de cinco até oito horas houve nova elevação, bem mais pronunciada que a primeira atingindo o nível máximo de ácido acético produzido em 13,16 milimoles/ 100ml. A seguir é demonstrado o gráfico para as concentrações de ácido acético. 79 Concentrações de ácido acético (mmol/ 100 ml) 14 12 10 0% 8 11% 6 16% 4 2 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 Tempo de colheita (h) Figura 4. Concentrações de ácido acético em mmol/ 100 ml de líquido ruminal em função do tempo de colheita France e Siddons (1993) atribuíram ao acetato grande importância nas respostas das concentrações dos AGV totais quando as dietas forem ricas em volumosos, pois nestas condições este ácido terá sempre alta participação na fração dos AGV, isso parece ter sido confirmado nesse ensaio. No Capítulo III foi demonstrado que os valores de FDN das dietas experimentais foram similares mesmo quando o capim elefante foi totalmente substituído pelo subproduto de abacaxi. Isso leva a crer que o subproduto de abacaxi apresenta potencial em termos de substituição de uma fonte de fibra forrageira. O cuidado, entretanto, a ser tomado nessa inclusão é não ultrapassar os 16% de inclusão, já que neste tratamento houve maior produção de AGV totais, embora a maior produção tenha ocorrido somente às oito horas pós-prandial o que pode revelar certa indisponibilidade aos microrganismos ruminais da fibra dietética, por efeito das ligninas presentes (Capítulo III). Conforme Annison et al. (1963) citados por Silva e Leão (1979), o único ácido graxo volátil que faz real contribuição para a síntese de glicose no ruminante é o propionato, sendo este o seu precursor quantitativamente mais importante. Todavia, não houve diferenças 80 significativas entre os tratamentos para as concentrações médias de propionato, sendo que as maiores concentrações deste AGV foram para a oitava hora pós-prandial em relação ao jejum para todos os tratamentos (P<0,05). Hungate (1966) comentou que quando existe predominância de substratos ricos em carboidratos estruturais a tendência é não ocorrerem diferenças nas concentrações de propionato. Segundo este autor, a microflora do rúmen pode direcionar a produção de AGV no sentido do acetato. 3.7. Equações de predição das concentrações do ácido propiônico em mmol/100 ml de líquido ruminal de ovinos em função do tempo de colheita do líquido ruminal dentro dos tratamentos experimentais A seguir estão demonstradas as equações e o gráfico referente às concentrações de propionato no líquido ruminal em função do tempo de colheita para cada tratamento em função dos mais altos coeficientes de determinação e significância estatística. 3.7.1. Dieta com 0% de subproduto de abacaxi Concentrações de propionato (mmol/ 100 ml) APROP = 0,71 + 0,62X - 0,026X2 (R2 = 0,79; P<0,0001), onde: APROP = concentração de propionato em mmol/ 100 ml X = tempo de colheita do líquido ruminal (horas) 3.7.2. Dieta com 11% de subproduto de abacaxi APROP = 0,55 + 0,44X - 0,0066X2 (R2 = 0,81; P<0,0001), onde: APROP = concentração de propionato em mmol/ 100 ml X = tempo de colheita do líquido ruminal (horas) 4,5 4 3,5 3 2,5 0% 11% 2 1,5 1 0,5 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 Tempo de colheita (h) Figura 5. Concentrações de ácido propiônico em mmol/ 100 ml de líquido ruminal em função do tempo de colheita 3.8. Efeito das dietas e dos tempos de colheita sobre a relação acetato:propionato no rume de ovinos A relação acetato : propionato não se alterou entre os tratamentos para os horários pós-prandial, entretanto, no jejum, as dietas com 16 e com 27% apresentaram menor relação do que a dieta controle e do que a dieta com 11% de subproduto. Quando o subproduto de abacaxi foi fornecido nos tratamentos controle e 11%, houve redução desta relação comparativamente ao jejum. Isto é perfeitamente explicável pela inclusão de alimentos concentrados (milho e torta de algodão) que também faziam parte das dietas. Alimentos ricos em amido e proteína favorecem a formação de ácido propiônico e tendem a produzir menos ácido acético em comparação ao jejum (Silva e Leão, 1979). Para os demais tratamentos não houve redução da relação acetato:propionato nos períodos prandial em relação ao jejum. pós- 3.9. Equações de predição da relação acetato : propionato em função do tempo de colheita do líquido ruminal dentro dos tratamentos experimentais 3.9.1. Dieta com 0% de subproduto de abacaxi Y = 6,18 - 1,88X + 0,17X2 (R2 = 0,63; P<0,001), onde: Y = Relação acetato : propionato X = tempo de colheita do líquido ruminal (horas) 3.9.2. Dieta com 11% de subproduto de abacaxi Y = 6,58 - 3,64X + 0,81X2 - 0,054X3 (R2 = 0,86; P<0,001), onde: Y = Relação acetato : propionato X = tempo de colheita do líquido ruminal (horas) 81 O gráfico preparado a partir destas equações revelou que a relação acetato propionato diminuiu a partir fornecimento das dietas experimentais. do 7 Relação acetato : propionato 6 5 4 0% 11% 3 2 1 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 Tempo de colheita (h) Figura 6. Relação acetato : propionato no líquido ruminal em função do tempo de colheita 3.10. Efeito das dietas e dos tempos de colheita sobre as proporções molares de acetato, propionato e butirato no rume de ovinos com 16% de subproduto e na dieta com 27% de subproduto, maiores proporções molares de acetato foram obtidas no jejum e na 2a hora pós-prandial. Analisando as proporções molares de acetato percebe-se que não houve diferenças entre as dietas experimentais para a quinta hora pós-prandial. Durante o jejum, as dietas com 16 e 27% de subproduto apresentaram as menores proporções deste ácido graxo volátil. Para a 2a hora pós-prandial, a dieta com 27% de subproduto apresentou proporção superior à encontrada para a dieta controle e foi semelhante às demais. Para a 8a hora pósprandial a dieta com 16% de subproduto apresentou proporção superior àquela encontrada para a dieta com 27% de subproduto e ambas foram semelhantes às proporções encontradas para as demais dietas. Em se tratando das proporções de acetato encontradas para os horários de colheita dentro de cada tratamento percebeu-se que a dieta controle e a dieta com 11% de subproduto apresentaram menores proporções nos horários pósprandial em relação ao jejum. Não houve diferenças entre os horários para a dieta Para o propionato não foram encontradas diferenças entre as dietas experimentais na 2a e 5a hora pós-prandial. No jejum, menores proporções molares de propionato foram encontradas na dieta controle e na dieta com 11% de subproduto. Na 8a hora pós-prandial, menor valor foi encontrado para a dieta com 16% de subproduto. 82 Para o butirato, não houve diferenças nem entre as dietas experimentais, nem entre os tempos de colheita (P>0,05). Silva e Leão (1979) citaram faixas de normalidade para as concentrações de ácidos graxos voláteis no rúmen. Para o ácido acético, níveis normais para ruminantes seriam de 54 a 74%. Para o ácido propiônico, de 16 a 27% e para o ácido butírico, de seis a 15%. Observando os dados da Tabela 5, percebe-se que os valores médios de ácido propiônico ficaram entre 28,16 e 29,35% entre os tratamentos experimentais e os valores médios de ácido butírico ficaram entre 3,17 e 5,1% entre os tratamentos. Esta constatação pode ser justificada pelo fato das dietas terem sido preparadas para o atendimento dos requisitos nutricionais de cordeiros em terminação, que normalmente são altos. A relação volumoso : concentrado foi desfavorável (28% : 72%), muito embora os níveis de FDN das dietas tenham sido superiores a 48%, e isso pode ter levado ao aumento dos níveis de propionato e aumento da interconversão de butirato em acetato, através da rota da β-oxidação (Silva e Leão, 1979). 3.11. Efeito das dietas e dos tempos de colheita sobre os valores de uréia no soro sangüíneo dos ovinos Na Tabela 6 são apresentadas as concentrações de uréia em diferentes tempos para os respectivos níveis de inclusão de subproduto de abacaxi. Tabela 6. Concentração de uréia (mg/ 100ml) no soro de ovinos submetidos a dietas contendo distintas quantidades de subproduto de abacaxi1 em vários horários pós-prandial Dietas Horário (h)2 Médias 0%3 11%3 16%3 27%3 0 8,67Ba 7,99Ba 8,94Ba 11,54ABa 9,29B Ba Ba Ba Ba 2 7,66 7,47 11,03 6,13 8,07B Aa Aa Aa ABb 5 19,21 19,03 24,03 14,05 19,08A Aa ABa ABa Aa 8 17,62 15,52 16,81 19,01 17,24A Médias 13,29a 12,51a 15,20a 12,68a 1 Percentagem de inclusão do subproduto de abacaxi nas dietas Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK) 3 Letras minúsculas iguais na mesma linha indicam semelhança estatística a 5% (SNK) CV = 25,81% 2 Não houve interação significativa entre dietas e horários de colheita de sangue (P>0,05). As médias evidenciaram um aumento dos níveis de uréia cinco horas após o fornecimento das dietas experimentais (P<0,05). Entre os tratamentos, não houve diferenças significativas (P>0,05). entre 18 e 31 mg/ 100ml. Essa normalidade somente foi atingida a partir da quinta hora após o fornecimento alimentar, muito embora para a dieta com 27% de subproduto de abacaxi no jejum a média tenha sido semelhante à média de oito horas após o fornecimento dos alimentos que foi de 19,01 mg/ 100 ml de soro. A amônia é um derivado primário do catabolismo dos aminoácidos pelas bactérias ruminais, absorvida pela circulação porta, removida pelo fígado e incorporada ao ciclo da uréia com resultante formação de uréia e eventual excreção pelos rins (Meyer et al., 1995). Uma outra parte, conforme Rodríguez (1986) é reciclado para o rúmen principalmente pela saliva o que pode indicar o novo aproveitamento deste nitrogênio endógeno. Baseado nestas informações foi feita a análise da uréia no soro sangüíneo dos animais experimentais. De acordo com Meyer et al. (1995), valores normais de uréia para ovinos situam-se 3.12. Equações de predição das concentrações de uréia sérica no sangue de ovinos em função do tempo de colheita do líquido ruminal dentro dos tratamentos experimentais através de análise de regressão 3.12.1. Dieta com 16% de subproduto de abacaxi Uréia = 7,04 + 5,01X - 0,46X2 (R2 = 0,52; P<0,01), onde: Uréia = concentração de uréia em mg/ 100 ml de líquido ruminal X = tempo de colheita do líquido ruminal (horas) 83 Resolvendo dy/dx = 0 encontrou-se a maior concentração de uréia sangüínea para este tratamento que seria 25,53 mg/ 100 ml de soro sangüíneo em seis horas após o fornecimento alimentar. O gráfico preparado a partir desta equação está apresentado a seguir (Figura 7): Concentrações de uréia sérica (mg/ 100 ml) 25 20 15 16% 10 5 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 Tempo de colheita (h) Figura 7. Concentração de uréia sérica em função do tempo de colheita do sangue 3.13. Efeito das dietas e dos tempos de colheita sobre os valores de creatinina no soro sangüíneo dos ovinos Na Tabela 7 são apresentados os dados de creatinina. A interação tempo de colheita versus tratamentos experimentais não foi significativa. De acordo com Meyer et al. (1995), valores normais para ovinos situamse entre 1,2 e 1,9 mg/ 100 ml. Não houve diferenças significativas entre os tratamentos e entre os horários pósprandial. Foram encontrados valores dentro da faixa de normalidade às cinco horas pósprandial para o tratamento controle, para o jejum e tempo dois pós-prandial para a dieta que incluiu o subproduto em 16% e para a oitava hora pós-prandial do tratamento 27%. Apenas o tratamento 11% apresentou em todos os tempos valores abaixo da faixa de normalidade citada. Também para a uréia a maior parte das 84 médias encontradas para os tratamentos e horários de colheita foram inferiores à faixa de de valores normais citada por Meyer et al. (1995). No próximo capítulo serão discutidos os valores de proteína degradável e não degradável no rume do subproduto de abacaxi, que serão importantes para entender a disponibilidade ruminal da proteína existente neste alimento. Purser (1970) citado por Silva e Leão (1979) concluiu que a variação na concentração de proteínas no plasma pode constituir um dos melhores métodos para se estudar o estado nutricional e o suprimento para os ruminantes. Além disso, sugeriu que a proporção de aminoácidos essenciais e não essenciais no sangue pode refletir a disponibilidade relativa de carboidratos e proteínas. Tabela 7. Concentração de creatinina (mg/ 100ml) no soro de ovinos submetidos a dietas contendo distintas quantidades de subproduto de abacaxi1 em vários horários pós-prandial Dietas Horário (h)2 Médias 3 3 0% 11% 16%3 27%3 0 1,16Aa 1,09Aa 1,25Aa 0,92Aa 1,11A Aa Aa Aa Aa 2 0,98 1,11 1,29 0,67 1,00A Aa Aa Aa Aa 5 1,67 1,10 1,07 1,00 1,21A Aa Aa Aa Aa 8 0,92 1,02 1,03 1,26 1,06A a a a a Médias 1,18 1,08 1,16 0,96 1 Percentagem de inclusão do subproduto de abacaxi nas dietas Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK) 3 Letras minúsculas iguais na mesma linha indicam semelhança estatística a 5% (SNK) CV = 33,33% 2 3.14. Efeito das dietas e dos tempos de colheita sobre os valores de albumina no soro sangüíneo dos ovinos entretanto, semelhante às concentrações do tratamento controle e do tratamento 16% de inclusão. Na Tabela 8 são apresentadas as concentrações de albumina em diferentes tempos para os respectivos níveis de inclusão de subproduto de abacaxi. Para a albumina os valores normais segundo Meyer et al. (1995) para ovinos encontram-se entre 2,4 e 3,9 g/ 100 ml. Os valores estiveram normais apenas na oitava hora pós-prandial do tratamento controle, no jejum do tratamento 16% de inclusão do subproduto e nos tempos cinco e oito do tratamento 27% de inclusão. Os demais valores foram superiores à faixa de valores recomendada por estes autores. Silva e Leão (1979) comentaram que baixos níveis de proteínas dietética resultam no aumento dos níveis de aminoácidos e de proteínas no plasma. A interação tempo de colheita versus tratamentos experimentais não foi significativa (P>0,05). Analisando a Tabela 8 percebe-se que o tratamento que incluiu o subproduto em 11% do total dietético apresentou concentração de albumina superior àquela encontrada para o tratamento que incluiu 27% de subproduto de abacaxi, cinco horas após o fornecimento das dietas aos animais, sendo, Tabela 8. Concentração de albumina (mg/ 100ml) no soro de ovinos submetidos a dietas contendo distintas quantidades de subproduto de abacaxi1 em vários horários pós-prandial Dietas Horário (h)2 Médias 0%3 11%3 16%3 27%3 0 4,40Aa 4,29Aa 3,95Aa 4,16Aa 4,20A Aa Aa Aa Aa 2 4,33 4,67 4,29 4,20 4,37A ABab Aa Aab Ab 5 4,02 4,84 4,06 3,42 4,09A Ba Aa Aa Aa 8 3,23 4,17 4,10 3,73 3,81A ab a ab b Médias 3,99 4,49 4,10 3,88 1 Percentagem de inclusão do subproduto de abacaxi nas dietas Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK) 3 Letras minúsculas iguais na mesma linha indicam semelhança estatística a 5% (SNK) CV = 16,71% 2 Nimrick et al. (1970) citados por Silva e Leão (1979) verificaram que o consumo de alimento influencia de certo modo a concentração de aminoácidos no plasma. Os valores de consumo de proteína bruta foram superiores aos requisitos de consumo deste nutriente prescritos pelo National Research Council (1985). De acordo com Silva e Leão (1979), maior consumo de alimentos resulta em aumento da 85 concentração da maioria dos aminoácidos no plasma. 3.15. Efeito das dietas e dos tempos de colheita sobre os valores de proteínas totais no soro sangüíneo dos ovinos Na Tabela 9 são apresentadas as concentrações de proteínas totais em diferentes tempos para os respectivos níveis de inclusão de subproduto de abacaxi. Tabela 9. Concentração de proteínas totais (g/ 100ml) no soro de ovinos submetidos a dietas contendo distintas quantidades de subproduto de abacaxi1 em vários horários pós-prandial Dietas Horário (h)2 Médias 0%3 11%3 16%3 27%3 0 6,35Aa 5,52Aa 4,68Aa 4,32Aa 5,22A Aa Aa Aa Aa 2 6,11 5,63 5,04 5,28 5,52A 5 5,12Aa 6,22Aa 5,29Aa 4,37Aa 5,25A Aa Aa Aa Aa 8 3,92 5,61 5,90 4,68 5,03A a a a a Médias 5,37 5,74 5,23 4,66 1 Percentagem de inclusão do subproduto de abacaxi nas dietas Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK) 3 Letras minúsculas iguais na mesma linha indicam semelhança estatística a 5% (SNK) CV = 27,71% 2 Não houve interação significativa entre tratamentos experimentais e tempos de colheita de sangue. Também não houve diferenças significativas entre os tratamentos e entre os tempos de colheita do soro (P>0,05). De acordo com Meyer et al. (1995) os níveis séricos normais de proteínas totais situam-se entre seis e 7,9 g/ 100 ml. Todos os valores com exceção daquele encontrado para o tempo cinco do tratamento 11% de inclusão do subproduto estiveram abaixo dos valores normais. Como já foi discutido anteriormente parece ter havido uma indisponibilização ruminal da proteína dietética que pode ter levado a uma baixa absorção protéica. Estudos que avaliem a degradabilidade da proteína no rume serão importantes para elucidar a ocorrência desse tipo de resposta. 4. CONCLUSÕES A inclusão em até 16% de subproduto de abacaxi em dietas para ovinos em terminação seria a mais indicada. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FRANCE, J., SIDDONS, R.C. Volatile fatty acid production. In: FORBES, J. M., FRANCE, J. Quantitative aspects of 86 ruminant digestion and metabolism. Cambridge University, 1993. p.107-121. HOBSON, P.N., STEWART, C.S. The rumen microbial ecosystem. 1ed. London: Blackie Academic and Professional. 1997. 340p. HUNGATE, R.E. The rumen and its microbes. London, Academic Press, 1966, 533p. LINDBERG, J.E. Estimation of rumen degradability of feed proteins with the in sacco technique and various in vitro methods: a review. Acta Agriculturae Scandinavica. suppl. 25, p.65-97, 1985. LITTELL, R.C.; FREUND, R.J.; SPECTOR, P.C. SAS® system for linear models. Cary, NC, EUA: SAS Institute Inc., 1991. 329p. LOUSADA JÚNIOR, J.E. Digestibilidade aparente de subprodutos do processamento de frutas em ovinos. Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 2003. 94p. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) – Universidade Federal do Ceará, 2003. MEHREZ, A.Z., ØRSKOV, E.R., McDONALD, I. Rate of rumen fermentation in relation to ammonia concentration. Brittish Journal of Nutrition, v.38, n.3, p.437-443, 1977. em Medicina Veterinária e Zootecnia, 2002. 265p. MEYER, D.J., COLES, E.H., RICH, L.J. Medicina de laboratório veterinária: interpretação e diagnóstico; Tradução e revisão científica Paulo Marcos Oliveira. São Paulo: Roca, 1995. 302p. SAUVANT, D., MESCHY, F., MERTENS, D. Les composantes de l’acidose ruminale et les effets acidogènes des rations. INRA Prod. Anim., v.12, n.1, p.49-60, 1999. NATIONAL RESEARCH COUNCIL. Nutrient requirements of sheep. New York: National Academy Press, 1985. 99p. SILVA, J.F.C., LEÃO, M.I. Fundamentos da nutrição de ruminantes. Piracicaba, Livroceres, 1979. 380p. RIBEIRO JÚNIOR, J.I. Análises estatísticas no SAEG. Viçosa:UFV, 2001. 301p. VAN HOUTERT, M.F.J. The production and metabolism of volatile fatty acids by ruminants fed roughages: A review. Animal Feed Science and Technology, v.43, n.3/4, p.189-225, 1993. SAMPAIO, I.B.M. Estatística aplicada à experimentação animal. 2.ed. Belo Horizonte: Fundação de Ensino e Pesquisa VAN SOEST, P.J. Nutritional Ecology of the Ruminant. 2nd edition. USA: Cornell University Press, 1994. 476p. 87 88 Capítulo V - EXPERIMENTO 3 Valor nutritivo do subproduto da indústria processadora de abacaxi (Ananas comosus) em dietas para ovinos. 3. Degradabilidade ruminal RESUMO O subproduto de abacaxi e o capim elefante foram avaliados comparativamente em um estudo de degradabilidade ruminal em carneiros. Foi utilizado um delineamento de blocos ao acaso em esquema de parcelas subdivididas, tendo seis animais nos blocos, dois alimentos como parcelas e cinco tempos de incubação (seis, 12, 24, 48 e 96 horas) como subparcelas e a comparação das médias efetuada pelo teste Student-Newman-Keuls (SNK) (P<0,05). Foram também calculados o tempo de colonização, as degradabilidades efetivas para 2 taxas de passagem pré-fixadas (2,0 e 5,0%/h) e estimados os valores de proteína efetivamente degradada no rúmen (PEDR), proteína não degradada no rúmen (PNDR) em suas frações indigestível (PINDR) e digestível (PDNDR). O subproduto de abacaxi e o capim elefante apresentaram potenciais de degradação da matéria seca (MS) de 60% e 76,36%, respectivamente. O subproduto de abacaxi apresentou maior taxa de degradação da MS (2,24%/h) em relação ao capim elefante (1,96%/h). Foram observados potenciais de degradação da proteína bruta (PB) de 80,89% e 86,74% e taxas de degradação de 1,37%/h e 5,86%/h para o subproduto de abacaxi e capim elefante, respectivamente. O subproduto de abacaxi apresentou maiores percentuais de proteína digestível não degradada no rúmen em relação aos encontrados para o capim elefante. Em contrapartida, o capim elefante apresentou maiores percentuais de proteína efetivamente degradada no rúmen nas taxas de passagem de 2,0 e 5,0%/h. Os potenciais de degradação da fibra em detergente neutro (FDN) variaram de 50% a 71,99% para o subproduto de abacaxi e para o capim elefante, respectivamente, enquanto as taxas de degradação foram de 1,90%/h para o capim elefante e 1,99%/h para o subproduto de abacaxi. Os resultados de degradabilidades da parede celular, obtidos para o subproduto de abacaxi, indicam que podem ocorrer restrições no consumo e na disponibilidade energética de dietas baseadas nesse alimento, quando fornecidas a animais com alto potencial de produção. Palavras-chave: agroindústria, frutas, in situ, nutrição, ovinos, subproduto 1. INTRODUÇÃO A fibra é o componente estrutural das plantas, fração menos digestível dos alimentos, fração do alimento que não é digerida por enzimas de mamíferos, ou mesmo a fração do alimento que promove a ruminação e a saúde do rúmen. A fibra afeta três características dos alimentos, importantes na nutrição animal: está relacionada com a digestibilidade e com os valores energéticos; com a fermentação ruminal e pode estar envolvida no controle da ingestão de alimentos. Em vista desses aspectos, a administração de subproduto de abacaxi, que apresenta alto conteúdo fibroso, aos ruminantes, requer cuidado especial. Um dos primeiros aspectos dessa administração é a redução do tamanho das partículas fibrosas em relação àquelas provenientes de fontes de fibras forrageiras como o capim elefante, por exemplo. Dietas que têm menor tamanho de partícula entrarão no rúmen com um tamanho ainda menor depois da mastigação e deglutição inicial, e então saem do rúmen com uma taxa mais rápida. 89 O consumo de matéria seca aumenta, entretanto, menos tempo é disponibilizado aos microrganismos para digerirem os alimentos. A fibra também é responsável pelo fornecimento de quantidades adequadas de carboidratos complexos que vão reduzir a digestibilidade e controlar a acidez ruminal. São esses dois aspectos que definem e estabelecem o teor de fibra efetiva das dietas. Em se tratando da oscilação anual na disponibilidade e na qualidade das pastagens são utilizados subprodutos agroindustriais por serem alguns desses alimentos classificados como fontes de fibra não forrageiras. O conhecimento sobre a digestão ruminal de fontes de fibra forrageiras e não forrageiras é de fundamental importância porque o rúmen é o principal sítio de digestão de alimentos fibrosos. Como conseqüência, é possível estabelecer a quantidade e a proporção de nutrientes necessários para a máxima resposta microbiana e animal. O estudo da degradação ruminal também é importante sob o aspecto do aproveitamento da proteína alimentar. As exigências de proteína dos ruminantes são atendidas pelos aminoácidos absorvidos no intestino delgado, sendo estes provenientes da proteína microbiana e da proteína dietética não degradada no rúmen. O conhecimento da degradabilidade da proteína é fundamental para expressar as exigências nutricionais. Quanto maior for a degradabilidade da proteína da dieta, maior será a produção de amônia e possivelmente, maiores serão as perdas urinárias de compostos nitrogenados na forma de uréia. Para que estas perdas sejam reduzidas, e que seja maximizado o crescimento microbiano, há necessidade de sincronização entre as taxas de degradação da proteína e dos carboidratos. 90 Existe também uma relação direta entre a degradação ruminal e a ingestão de forragens, indicando que o conhecimento da taxa de degradação mostra-se como um instrumento de significativa importância na ingestão voluntária de forrageiras. Este estudo teve como objetivo avaliar comparativamente a degradabilidade ruminal da matéria seca (MS), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), hemiceluloses (HCEL) e celulose (CEL) do subproduto de abacaxi em relação ao capim elefante, empregando-se a técnica in situ de incubação ruminal em sacos de náilon, visando uma eventual substituição parcial da gramínea em questão pelo subproduto avaliado. A intenção foi verificar as diferenças de degradabilidade ruminal entre essas fontes de fibra alimentar, importante para a adoção de sistemas mais adequados de alimentação. 2. MATERIAL E MÉTODOS Nas dependências do Laboratório de Nutrição Animal do curso de Zootecnia da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA) em Sobral - CE, amostras de subproduto de abacaxi e capim elefante foram pré-secas em estufa de ventilação forçada a 60oC, por 48 horas, foram moídas em moinho com peneira de 5 mm e foram usadas para a incubação ruminal por períodos de seis, 12, 24, 48, e 96 h. Foi empregada a técnica de fermentação in situ descrita por Balch e Johnson (1950) com sacos de náilon de 5 x 14 cm, com porosidade média de 0,25 mm2/mm2. Foram colocados com 6,6 g do subproduto de abacaxi (valor médio em base de matéria seca) e com 6,49 g de capim elefante (valor médio em base de matéria seca) estabelecendo a relação média de 47,14 mg de amostra de subproduto de abacaxi por cm2 de área superficial dos sacos de náilon e a relação média de 46,36 mg de amostra de capim elefante, conforme recomendação de Sampaio (1988). A boca de cada um dos sacos foi fechada com argola metálica e amarrada a uma linha no 0,70 com 25 cm de comprimento conectada a uma âncora de 100 g, imersos em água e inseridos, via cânula, no rúmen dos ovinos. A fase experimental contou com 15 dias de adaptação e 10 dias de incubações. Para os períodos de seis, 12 e 24 h foram realizadas duas repetições (2 sacos por animal e por alimento). Nos períodos de 48 e 96 h foram incubados três sacos por alimento, procurando-se manter, no máximo, seis sacos por animal. Cada animal continha os alimentos sob o mesmo período de incubação, de forma a retirar todos os sacos de uma só vez. Este experimento transcorreu no período de 15 de setembro a nove de outubro de 2002 na sede da EMBRAPA Caprinos em Sobral – CE. Nesse estudo, foram utilizados 6 carneiros com peso vivo médio de 47,2 kg, alojados em gaiolas metabólicas, com água e mistura mineral à vontade. Nocek (1988) recomendou que os alimentos a serem incubados no rúmen devem ser adicionados à dieta fornecida. Baseado nessa informação, a dieta fornecida foi balanceada conforme o National Research Council (1985) para ovinos adultos em manutenção contendo capim elefante in natura, subproduto de abacaxi, torta de algodão e milho. Água e sal mineral estiveram disponíveis à vontade. Após a retirada, os sacos foram imediatamente imersos em água fria e lavados manualmente em água corrente, até que esta se apresentasse límpida, colocados em estufa de ventilação forçada a 65oC, por 72 horas, transferidos para dessecador por 30 minutos e pesados. Nas dependências do Laboratório de Nutrição Animal da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA), os subprodutos de incubação foram moídos em moinho com peneira de 1 mm e utilizados para as determinações de MS, PB, FDN, FDA, HCEL e CEL de acordo com Association of Official Analytical Chemists (1995). Os níveis dessas frações nas amostras de capim e subproduto de abacaxi, juntamente com os pesos dos materiais incubados e dos subprodutos, foram utilizados para os cálculos do desaparecimento das respectivas frações. As frações solúveis (tempo zero de incubação) foram determinadas através dos mesmos procedimentos, porém sem a incubação ruminal. Para estimar as curvas de degradação foi utilizado o seguinte modelo proposto por Sampaio (1988): p = A - B e-ct onde, p = porcentagem de degradação após um tempo (t) de incubação no rúmen; A = porcentagem máxima de degradação do material contido no saco de náilon, ou degradabilidade potencial B = parâmetro sem valor biológico. Se não houvesse tempo de colonização, ele corresponderia ao total a ser degradado pela ação microbiana c = taxa constante de degradação da fração que permanece no saco de náilon, expressa em porcentagem por hora t = tempo de incubação no rúmen, em horas A análise dos dados e as equações de regressão para os desaparecimentos dos componentes nutricionais foram feitos utilizando-se o programa Sistema para Análises Estatísticas e Genéticas (SAEG), de acordo com Ribeiro Júnior (2001). O tempo de colonização foi estimado conforme McDonald (1981), de acordo com a seguinte equação: TC = -1 * ln (A-S) c B onde, TC = tempo de colonização, em horas A, B e c = mesmos parâmetros definidos na equação anterior 91 S = fração solúvel determinada pela porcentagem de desaparecimento no tempo zero de incubação (fração rapidamente degradada) As degradabilidades efetivas foram calculadas utilizando-se os valores sugeridos pelo Agricultural Research Council (1984), de 2,0 e 5,0%/h segundo o seguinte modelo proposto por Ørskov e McDonald (1979): DE = S + [(B1 * c)/(c + K)] onde, DE = degradabilidade efetiva, em porcentagem S = fração rapidamente degradada B1 = fração degradável calculada subtraindo-se a fração solúvel do potencial de degradação (B1 = A - S) (fração lentamente degradada) c = mesmo parâmetro descrito anteriormente K = taxa fracional de passagem, expressa em porcentagem por hora Conforme recomendações do Agricultural and Food Research Council (1992) foram estimados os valores de proteína efetivamente degradada no rúmen (PEDR), proteína não degradada no rúmen (PNDR), proteína não degradada no rúmen indigestível (PNDRI) e proteína não degradável no rúmen digestível (PNDRD), segundo os seguintes modelos propostos pelo sistema: PEDR = 0,8S + B1c/c + K PNDR = 1 - (S + B1c/c + K) PNDRI = NIDA PNDRD = 0,9 (PNDR – 6,25 NIDA) onde, S, B1, c e K são os mesmos parâmetros descritos anteriormente NIDA = Nitrogênio Insolúvel em Detergente Ácido 92 Para a análise dos dados de desaparecimento dos componentes nutricionais das forrageiras foi empregado um delineamento experimental de blocos ao acaso em esquema de parcelas subdivididas, tendo os animais como blocos, os alimentos como parcelas e os tempos de incubação como subparcelas, segundo o seguinte modelo estatístico: Yijk = µ + Ai + Fj + Tk + FTjk + eijk onde, Yijk = valor referente à observação do alimento j, no animal i e no tempo de incubação k µ = média geral Ai = efeito do animal i (i = 1, 2, 3, 4, 5, 6) Fj = efeito do alimento j (j = 1, 2) Tk = efeito do tempo de incubação k (k = 6, 12, 24, 48, 96) FTjk = interação dos efeitos do alimento j com o tempo de incubação k eijk = erro aleatório associado à observação As médias foram comparadas empregandose o teste Student-Newman-Keuls (SNK), a 5% de probabilidade. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1. Consumo médio diário de matéria seca dos ovinos que tiveram os alimentos incubados in situ no rume de ovinos Durante o período experimental com os animais, o consumo médio de MS foi de 53,1 ± 13,8 g/ unidade de tamanho metabólico, ou 2,51% ± 0,65% do peso vivo. Esse resultado situa-se abaixo do valor obtido no trabalho de Lousada Júnior (2003), 64,98g/ UTM, avaliando consumo de dieta exclusivamente composta de subproduto de abacaxi por ovinos, todavia, os animais utilizados por esse autor não foram canulados ruminalmente. O valor também foi adequado conforme o National Research Council (1985) que cita o consumo de 53,19 gramas de MS/Kg0,75/dia como adequado para a manutenção de ovinos adultos. 3.2. Desaparecimento ruminal da matéria seca do subproduto de abacaxi e capim elefante incubados in situ em ovinos Na Tabela 1 estão as porcentagens de desaparecimento da MS dos alimentos utilizados nesse ensaio. Tabela 1. Desaparecimento da matéria seca (%) do subproduto de abacaxi e do capim elefante incubados em sacos de náilon no rume de ovinos submetidos a dietas contendo subproduto de abacaxi Tempo de Subproduto Capim incubação de Abacaxi2 elefante2 (h)1 6 34,64Da 30,27Eb CDa 12 37,63 38,95Da Cb 24 39,03 43,76Ca 48 49,85Bb 56,71Ba Ab 96 59,28 68,79Aa 1 Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK) 2 Letras minúsculas iguais na mesma linha indicam semelhança estatística a 5% (SNK) CV=6,09% A partir da análise dos dados da Tabela 1, percebe-se que para o subproduto de abacaxi, às 12 horas, houve equivalência com os horários de seis e 24 h, e isso pode ser creditado à quantidade que desapareceu desde o início, e que talvez esse alimento necessite de maior tempo de colonização. O capim elefante, por sua vez, sempre apresentou taxas de desaparecimento da matéria seca crescentes até às 96 h. Este fato confirma a sugestão de um tempo máximo de 96 h, postulado por Sampaio (1994) para forragens, para se evitar a subestimativa do valor da fração A, particularmente para volumosos de mais baixa qualidade. O subproduto de abacaxi apresentou taxa de desaparecimento da matéria seca superior ao capim elefante às seis horas de incubação, equivaleu-se às 12h e daí por diante, apresentou taxas de desaparecimento inferiores àquelas encontradas para o capim elefante. Sampaio (1994) destacou que forrageiras de boa qualidade desaparecem mais rapidamente, e as de baixa qualidade tardam mais a alcançar seu valor estabilizado de A. O desaparecimento da matéria seca do subproduto de abacaxi aqui encontrado foi superior às seis e às 96 horas de incubação ao desaparecimento da matéria seca do subproduto de caju (21,17% e 44,2%, respectivamente), e inferior aos desaparecimentos deste nutriente na graviola (42,42% e 81,21%, respectivamente) e na manga (57,04% e 80,19%, respectivamente), conforme Gonçalves et al. (2004). Lousada Júnior (2003) creditou a possibilidade de queda da digestibilidade da matéria seca dos subprodutos de frutas particularmente pela alta presença de ligninas que podem indisponibilizar além do substrato fibroso, as proteínas ali presentes. Tomich (2003) apresentou valores semelhantes de desaparecimento da matéria seca para o capim elefante (30,9% para seis horas de incubação; 41,7% para as 12 h; 55,0% para as 24h; 66,1% para as 48h e 75,5% para as 96 h), sempre crescentes (P<0,05) entre os tempos de incubação. Os valores de desaparecimento do capim elefante podem ser considerados elevados particularmente se os compararmos ao valor de degradabilidade potencial do feno de capim elevante cv. Napier (58,82%) citado por Valadares Filho et al. (2002). Estes mesmos autores citaram valor de degradabilidade potencial semelhante ao valor de desaparecimento encontrado para o capim elefante aqui utilizado para o feno de capim colonião (68,89%) e para o feno de folhas de mandioca (66,87%). Os coeficientes de determinação indicam boa adaptação dos resultados de desaparecimento de MS ao modelo 93 proposto por Sampaio (1988) (Figura 1). As equações geradas pelo modelo Deg = A - B * e(-ct) foram: Deg. MS Capim Elefante = 76,3597 50,3416 * EXP (-0,0196 * t) r2=0,95 Desaparecimento da MS (%) Deg. MS Subproduto de Abacaxi = 60,00 - 30,3565 * EXP (-0,02239 * t) r2=0,876 80 70 60 50 S. Abacaxi 40 C. elefante 30 20 10 0 0 12 24 36 48 60 72 84 96 Tempo de incubação (h) Figura 1. Desaparecimento da MS dos alimentos em função do tempo de incubação Estudando a degradação in situ da MS do capim elefante, Tomich (2003) estimou a seguinte equação: Deg. MS = 75,4 - 55,9 * EXP (-0,0432 * t) r2 = 0,981, bastante semelhante aos valores aqui encontrados para o capim elefante com exceção da taxa fracional “c” que foi bem maior no experimento de Tomich (2003). Em se tratando de taxa fracional “c”, o capim elefante, apresentou valor muito baixo (1,93%/h). Sampaio (1988) destacou que taxas de degradação inferiores a 2,0%/h indicam alimentos de baixa qualidade, que necessitam de longo tempo de permanência no rúmen para serem degradados. Os demais parâmetros serão discutidos a seguir juntamente com os dados de degradabilidade efetiva dos alimentos. Na Tabela 2, estão os potenciais de degradação, as taxas de degradação, as frações solúveis, as frações degradáveis, os tempos de colonização e as degradabilidades efetivas nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h da matéria seca 94 dos alimentos experimento. analisados neste Tabela 2. Potenciais de degradação (A), taxas de degradação (c), frações solúveis (S), frações degradáveis (B1), tempos de colonização (TC) e degradabilidades efetivas (DE), nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da matéria seca dos alimentos utilizados nesse ensaio Parâmetro Subproduto Capim de Abacaxi elefante A (%) 60,00 76,36 C (%/h) 2,24 1,96 S (%) 29,15 25,96 B1 (%) 30,85 50,40 TC (h) -0:43 -0:04 DE 2,0%/h 45,44 50,91 (%) DE 5,0%/h 38,69 40,15 (%) Apesar dos maiores valores para a fração rapidamente degradada e para a taxa constante de degradação encontradas para o subproduto de abacaxi, a fração potencialmente degradável, assim como, a fração lentamente degradada foram menores, e isso provavelmente resultou nas menores degradabilidades efetivas para o subproduto de abacaxi. Apesar de não existir uma explicação para valores negativos de tempo de colonização, eles são amplamente relatados na literatura e aparecem em estudos de Borges (1997) e Tomich (2003). 3.3. Desaparecimento ruminal da proteína bruta do subproduto de abacaxi e capim elefante incubados in situ em ovinos As degradabilidades da PB nos vários tempos de incubação estão na Tabela 4. A representação gráfica destes dados está na Figura 2. Tabela 3. Desaparecimento da proteína bruta (%) do subproduto de abacaxi e do capim elefante incubados em sacos de náilon no rume de ovinos submetidos a dieta contendo subproduto de abacaxi Tempo de Subproduto Capim incubação de Abacaxi2 elefante2 (h)1 6 52,84Db 65,22Ea Cb 12 60,02 70,51Da Cb 24 58,02 80,41Ca Bb 48 66,62 83,63Ba 96 73,11Ab 87,22Aa 1 Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK) 2 Letras minúsculas iguais na mesma linha indicam semelhança estatística a 5% (SNK) CV=4,88% A taxa de desaparecimento da proteína bruta do subproduto de abacaxi aumentou 13,58% das seis para as 12 h de incubação. Teve menor degradação entre 24 e 48 h, o que fez com que os valores estabilizassem nesse momento. Após isso, voltou a aumentar 14,82% nas 48 h e daí então apresentou o maior desaparecimento no tempo 96 h (aumento da ordem de 9,74% em relação às 48 h de incubação), provavelmente tal tipo de resposta deve-se à dificuldade que os microrganismos tiveram para atingir a parte da matriz protéica, podendo a mesma estar protegida por porções fibrosas (vide mais adiante discussão sobre FDN), muito embora, é oportuno salientar que não se fez determinação da possibilidade de contaminação do material residual com microrganismos (DAPA ou RNA, por exemplo). As taxas de desaparecimento da proteína bruta do capim elefante foram sempre crescentes dos tempos inicial ao final. Isto provavelmente promoveu a interação altamente significativa entre o tempo de incubação e o alimento fornecido (P<0,0001) (Figura 2). A degradação protéica do subproduto foi sempre inferior àquela encontrada para o capim (P>0,05). Este resultado também confirma os comentários sobre a possível redução da disponibilidade da matriz protéica aos microrganismos ruminais feitos anteriormente. As equações geradas pelo modelo Deg = A - B * e(-ct) foram: Deg. PB Subproduto de Abacaxi = 80,885 - 28,6026 * EXP (-0,01366 * t) r2=0,715 Deg. PB Capim Elefante = 86,74 30,9728 * EXP (-0,05855 * t) r2=0,927 A degradação potencial mostrou-se similar entre os alimentos, no entanto, observa-se superioridade do capim elefante quanto à taxa fracional de degradação (5,86 vs 1,56 %/h). Isto provavelmente promoveu o maior desaparecimento da gramínea em relação ao subproduto. Os potenciais de degradação, as taxas de degradação, as frações solúveis, as frações degradáveis, os tempos de colonização e as degradabilidades efetivas, nas taxas de passagem 2,0 e 5,0%/h, da proteína bruta, obtidos para os alimentos estão na Tabela 4. 95 Desaparecimento da PB (%) 100 80 60 S. Abacaxi 40 C. elefante 20 0 0 12 24 36 48 60 72 84 96 Tempo de incubação (h) Figura 2. Desaparecimento da PB dos alimentos em função do tempo de incubação Tabela 4. Potenciais de degradação (A), taxas de degradação (c), frações solúveis (S), frações degradáveis (B1), tempos de colonização (TC) e degradabilidades efetivas (DE), nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da proteína bruta dos alimentos utilizados neste experimento Parâmetro Subproduto Capim de Abacaxi elefante A (%) 80,89 86,74 C (%/h) 1,366 5,855 S (%) 52,73 55,90 B1 (%) 28,15 30,84 TC (h) 1:09 0:05 DE 2,0%/h 64,16 78,89 (%) DE 5,0%/h 58,77 72,54 (%) As degradabilidades efetivas foram sempre maiores para o capim elefante em relação ao subproduto de abacaxi como resultado mais provável da maior taxa constante de degradação (c) encontrada para o capim, já que as frações A, S e B1 foram bem similares entre os alimentos estudados. O menor valor de “c” para o subproduto resultou em um maior tempo de colonização em horas para este alimento. Segundo Hobson e Stewart (1997), o objetivo da nutrição protéica para ruminantes é o fornecimento de quantidades adequadas de proteínas degradáveis no rúmen, para permitir a máxima síntese protéica microbiana, com o mínimo de PB na dieta. Assim sendo, visando a sincronização nas disponibilidades de nitrogênio e energia, para a otimização na utilização dos compostos nitrogenados da dieta e o maior suprimento de proteína microbiana pós-rúmen, a taxa de degradação ruminal da fração protéica constitui um parâmetro importante na seleção de alimentos para compor uma dieta. Nesse sentido, os resultados obtidos nesse estudo indicam que, caso haja necessidade de suplementação protéica para dietas baseadas em subproduto de abacaxi e/ou capim elefante, os suplementos deverão apresentar taxas decrescentes de degradação ruminal da PB. Os valores de proteína não degradada no rúmen, proteína indigestível não degradada no rúmen, proteína efetivamente degradada no rúmen e proteína digestível não degradada no rúmen, nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da proteína bruta, obtidos para os alimentos estão na Tabela 5. Tabela 5. Valores percentuais de proteína não degradada no rúmen (PNDR), proteína indigestível não degradada no rúmen (PINDR), proteína digestível não degradada no rúmen (PDNDR) e proteína efetivamente degradada no rúmen (PEDR), nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da proteína bruta dos alimentos utilizados nesse ensaio Parâmetro Subproduto de Abacaxi Capim elefante 2,0%/h 5,0%/h 2,0%/h 5,0%/h PNDR 72,91 85,68 69,90 78,22 PINDR 0,78 0,78 0,27 0,27 PDNDR 61,23 72,72 61,39 68,88 PEDR 23,96 12,67 28,68 20,75 A queda dos valores de proteína efetivamente degradada no rúmen foi acompanhada pelo aumento da proteína não degradada com o aumento das taxas de passagem. O subproduto de abacaxi teve valores mais baixos de proteína degradada no rúmen em comparação ao capim elefante. As altas taxas de proteína não degradada no rúmen para ambos os alimentos foram acompanhadas por altas taxas também de proteína digestível não degradada no rúmen principalmente para o subproduto de abacaxi significando que a proteína dietética foi sobrepassante ruminalmente, entretanto, digestível no intestino delgado. A partir da análise desses dados, recomenda-se a suplementação em dietas que o subproduto de abacaxi for incluído com alimentos que apresentem taxas elevadas de PEDR. Rodríguez (1986) comentou que o preparo de dietas para ruminantes de alta produção deve minimizar a necessidade de proteína dietética não degradável. A proposta é incluir além de nitrogênio solúvel, uma certa quantidade de aminoácidos préformados e aumentar a quantidade disponível de matéria orgânica fermentável o que em outras palavras representa a maior disponibilização energética. Valadares Filho (1994) destacou que o Agricultural and Food Research Council (1992) caracteriza melhor as frações protéicas, quando comparado ao Agricultural Research Council (1984), entretanto, o sistema de Cornell (CNCPS) (Sniffen et al., 1992) é o que melhor caracteriza as frações protéicas dos alimentos, devendo na medida do possível ser adotado pelas instituições de pesquisa nacionais. O Agricultural and Food Research Council (1992) e o Sistema de Cornell calculam valores de PNDR diferentemente. Valadares Filho (1994) destacou que o Agricultural and Food Research Council (1992) pode sub ou superestimar as digestibilidades intestinais da PNDR e sugere a utilização de animais cecocolectomizados com anastomose íleo retal como alternativa para a avaliação intestinal da proteína não degradada no rúmen dos alimentos. Contudo, mais pesquisas são necessárias para validar esta técnica. De acordo com Hungate (1966) para qualquer análise que se faça sobre a degradabilidade de nutrientes no rúmen, é preciso entender os fatores que regulam a atividade microbiana ruminal. Wallace e Cotta (1988) destacaram que a degradabilidade protéica no rúmen é proporcional a sua solubilidade e que algumas proteínas solúveis podem até ser quebradas mais lentamente conforme o grau de estrutura, seja secundário ou terciário. Além disso, as proteínas presentes em alimentos de origem vegetal apresentam naturalmente um certo grau de proteção dependendo da matriz em que estão imersas. Ainda segundo esses autores, a hidrólise de polímeros não protéicos, como os polissacarídeos, podem limitar o acesso 97 dos microrganismos proteolíticos ao seu substrato. Nolan et al. (1976) demonstraram que a maior parte do N protéico microbiano é derivado do pool de N-NH3. A proporção, segundo esses autores, pode variar de 42 a 100% dependendo da disponibilidade de energia. Nos tratamentos em que foi feita a inclusão do subproduto de abacaxi, houve também aumento do nitrogênio urinário (Capítulo III). Isto provavelmente foi resultado da mais alta PNDRI encontrada para o subproduto de abacaxi. O capim elefante, portanto, foi mais eficiente sob o aspecto de apresentar menores perdas urinárias de nitrogênio por causa dos menores valores para PNDR e para PNDRI. 3.4. Desaparecimento ruminal da fibra em detergente neutro do subproduto de abacaxi e capim elefante incubados in situ em ovinos As degradabilidades da FDN nos vários tempos de incubação estão na Tabela 6. A interação tempo de incubação versus alimentos foi altamente significativa (P<0,0001). Somente houve aumento do desaparecimento da FDN do subproduto de abacaxi (P<0,05) a partir de 48 h de incubação e daí um aumento da ordem de 52% para 96 h de incubação. O capim elefante, mais uma vez, apresentou valores crescentes (P<0,05) de desaparecimento da FDN de seis até 96 h de incubação. Entre os alimentos, os valores de desaparecimento de FDN do subproduto de abacaxi foram sempre inferiores aos do capim elefante. O desaparecimento da FDN do subproduto foi superior ao do capim às seis horas de incubação ruminal, logo depois os valores foram equivalentes às 12 e 24 horas de incubação. A partir das 48 horas os valores de desaparecimento da FDN do subproduto foram sempre menores que os encontrados para o capim. 98 Tabela 6. Desaparecimento da fibra em detergente neutro (%) do subproduto de abacaxi e do capim elefante incubados em sacos de náilon no rume de ovinos submetidos a dietas contendo subproduto de abacaxi Tempo de Subproduto Capim incubação de Abacaxi2 elefante2 (h)1 6 18,87Ca 10,18Eb Ca 12 24,23 21,71Da Ca 24 29,41 27,69Ca 48 35,75Bb 46,60Ba Ab 96 47,55 61,63Aa 1 Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK) 2 Letras minúsculas iguais na mesma linha indicam semelhança estatística a 5% (SNK) CV=11,54% Considerando que o subproduto de abacaxi tardou a mostrar diferenças na degradação em função do tempo de incubação. É possível inferir que essa porção fibrosa no subproduto é de pior qualidade quando tem o parâmetro desaparecimento in situ como norteador da discussão. Por outro lado, convém ressaltar que tal resposta pode estar refletindo diferenças estruturais da porção FDN (cristalinização, morfologia, outras substâncias ligadas à parede celular). Os resultados de desaparecimento da FDN convergiram para o modelo proposto por Sampaio (1988) (Figura 3), e as seguintes equações de regressão foram obtidas: Deg. FDN Subproduto de Abacaxi = 50,00 - 37,2062 * EXP (-0,01994 * t) r2=0,856 Deg. FDN Capim Elefante = 71,9893 64,1026 * EXP (-0,01899 * t) r2=0,946 A equação encontrada por Tomich (2003) para a degradabilidade da FDN do capim elefante cv Napier foi a seguinte: Deg FDN = 70,2 - 69,1*EXP (-0,0443t) r2 = 0,977, também semelhante àquela que foi encontrada neste trabalho. Destaca-se, no entanto, que a degradabilidade potencial pode ser empregada para avaliação de volumosos, mas com certa cautela, pois não pode ser parâmetro único. Nesses casos, deve-se considerar conjuntamente com a taxa fracional de degradação, e depois com a degradabilidade efetiva. Desaparecimento da FDN (%) 70 60 50 40 S. Abacaxi 30 C. elefante 20 10 0 0 12 24 36 48 60 72 84 96 Tempo de incubação (h) Figura 3. Desaparecimento da FDN dos alimentos em função do tempo de incubação Na Tabela 7, são apresentados os potenciais de degradação, as taxas de degradação, as frações solúveis, as frações degradáveis, os tempos de colonização e as degradabilidades efetivas, nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da FDN dos alimentos. Houve menor potencial de desaparecimento da FDN do subproduto de abacaxi em relação ao capim elefante. Isso também ocorreu com a degradação potencial da MS (Tabela 3), e talvez por isso, a correlação entre esses parâmetros tenha sido de 0,99 (P<0,0001) para o subproduto de abacaxi e de 0,9974 (P<0,0001) para o capim elefante. Segundo Wilson (1994), a taxa de degradação da FDN é influenciada por características físicas e estruturais da parede celular, capazes de dificultar o acesso microbiano a essa fração. A degradabilidade efetiva da FDN foi inferior para o subproduto de abacaxi na taxa de passagem de 2,0%/h, enquanto que para a taxa de passagem de 5,0%/h o subproduto de abacaxi mostrou-se superior. O capim elefante apresentou maiores valores de fração potencialmente degradável e de fração letamente degradável. Tabela 7. Potenciais de degradação (A), taxas de degradação (c), frações solúveis (S), frações degradáveis (B1), tempos de colonização (TC) e degradabilidades efetivas (DE), nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da fibra em detergente neutro dos alimentos utilizados nesse ensaio Parâmetro Subproduto Capim de Abacaxi elefante A (%) 50,00 71,99 c (%/h) 1,994 1,899 S (%) 17,38 5,57 B1 (%) 32,62 66,42 TC (h) 6:36 -1:52 DE 2,0%/h 33,67 37,92 (%) DE 5,0%/h 26,68 23,85 (%) Em uma taxa de passagem mais lenta (2,0%/h) esses dois aspectos provavelmente contribuíram para que a degradabilidade efetiva fosse maior. Em uma maior taxa de passagem (5,0%/h) provavelmente favoreceram ao subproduto a taxa de degradação fracional “c” e a fração solúvel que foram maiores para ele em relação àquelas encontradas para o capim elefante. 99 O menor valor de degradabilidade potencial encontrado para o subproduto de abacaxi pode ser explicado pelo maior conteúdo de lignina na FDN deste alimento (Capítulo III) e ainda por uma configuração espacial diferente dessa fibra, que merece ser estudada posteriormente, e que poderia estar dificultando o acesso dos microrganismos à porção digerível. Pois de acordo com Van Soest (1994) e Jung et al. (1997), as ligninas são os principais limitantes da digestibilidade ruminal das frações fibrosas dietéticas. 3.5. Desaparecimento ruminal da fibra em detergente ácido do subproduto de abacaxi e capim elefante incubados in situ em ovinos Na Tabela 8 são apresentadas as degradabilidades da FDA nos vários tempos de incubação. A partir das 24 h de incubação houve aumento do desaparecimento da FDA do subproduto de abacaxi e daí a elevação foi constante até as 96 h. Para o capim elefante houve aumento a partir das 12 h de incubação continuando o aumento a partir das 48 h finalizando o desaparecimento em 61,71% às 96 h de incubação. Houve alta correlação entre a degradabilidade da FDN e a da FDA (r=0,8817; P<0,0001) para o subproduto de abacaxi e para o capim elefante (r=0,9897; P<0,0001). Isso denota que as ligninas e a celulose exerceram forte influência sobre os resultados. A porção da FDA do capim mostrou-se mais digestível do que a do subproduto em todos os horários estudados. Provavelmente a formação de complexos lignocelulósicos indisponibilizou o conteúdo da FDA do subproduto de abacaxi. De acordo com Van Soest (1994), a degradação biológica dos carboidratos apresenta limites. Substratos polifenólicos, incluindo lignina e taninos condensados são degradados apenas por sistemas aeróbicos (principalmente formados por fungos). A presença de 100 substratos polifenólicos em ambientes anaeróbicos promove a deposição e proteção de carboidratos associados por muito tempo. Tabela 8. Desaparecimento da fibra em detergente ácido (%) do subproduto de abacaxi e do capim elefante incubados em sacos de náilon no rume de ovinos submetidos a dietas contendo subproduto de abacaxi Tempo de Subproduto Capim incubação de Abacaxi2 elefante2 (h)1 6 9,91Db 17,81Da 12 12,21Db 29,93Ca Cb 24 17,85 34,28Ca Bb 48 28,23 48,03Ba Ab 96 45,10 61,71Aa 1 Letras minúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK) 2 Letras maiúsculas iguais na mesma linha indicam semelhança estatística a 5% (SNK) CV=15,57% Os resultados de desaparecimento da FDA convergiram para o modelo proposto por Sampaio (1988) (Figura 4), e as seguintes equações de regressão foram obtidas: Deg. FDA Subproduto de Abacaxi = 63,00 - 58,105 * EXP (-0,01143 * t) r2=0,872 Deg. FDA Capim Elefante = 68,8574 – 55,0616 * EXP (-0,02085 * t) r2=0,902 Na Tabela 9, são apresentados os potenciais de degradação, as taxas de degradação, as frações solúveis, as frações degradáveis, os tempos de colonização e as degradabilidades efetivas, nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da FDA dos alimentos. A degradabilidade potencial inferior para o subproduto, juntamente com a menor taxa fracional de degradação, fez com que o mesmo tivesse desaparecimento de FDA sempre inferior ao capim elefante, independente do horário de incubação. A interação tempo de incubação vs alimento incubado não foi significativa (P>0,05). Desaparecimento da FDA (%) 70 60 50 40 S. Abacaxi 30 C. elefante 20 10 0 0 12 24 36 48 60 72 84 96 Tempo de incubação (h) Figura 4. Desaparecimento da FDA dos alimentos em função do tempo de incubação Tabela 9. Potenciais de degradação (A), taxas de degradação (c), frações solúveis (S), frações degradáveis (B1), tempos de colonização (TC) e degradabilidades efetivas (DE), nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da fibra em detergente ácido dos alimentos utilizados nesse ensaio Parâmetro Subproduto Capim de Abacaxi elefante A (%) 63,00 68,86 c (%/h) 1,143 2,085 S (%) 8,51 20,15 B1 (%) 54,49 48,71 TC (h) 5:37 5:53 DE 2,0%/h 28,33 45,01 (%) DE 5,0%/h 18,65 34,48 (%) A fração rapidamente degradada do subproduto de abacaxi foi extremamente pequena (8,51% do total de FDA) e isso provavelmente levou a ocorrência de degradabilidades efetivas nas duas taxas de passagem analisadas inferiores àquelas encontradas para o capim elefante. Um outro aspecto que contribuiu para isso foi a taxa constante de degradação (c) superior para o capim elefante. Deve-se considerar também que o percentual mais alto de lignina encontrado para o subproduto de abacaxi (Capítulo III) provavelmente diminuiu também a degradabilidade efetiva da FDA. Não se pode negar também outros efeitos dos alimentos incubados, creditando-se tais diferenças, às influências mais ou menos intensas do ambiente ruminal (Borges, 1997). O tempo de colonização para essa fração, nos dois alimentos, foi praticamente o mesmo. 3.6. Desaparecimento ruminal das hemiceluloses do subproduto de abacaxi e capim elefante incubados in situ em ovinos As degradabilidades das hemiceluloses nos vários tempos de incubação estão na Tabela 10. A interação tempo de incubação vs alimento incubado foi altamente significativa (P<0,0001). O desaparecimento das hemiceluloses do subproduto de abacaxi aumentou significativamente (P<0,05) da 24a hora de incubação para a 48a hora e daí atingindo taxa de desaparecimento de 61,53% às 96 h. Os percentuais de desaparecimento das hemiceluloses do capim elefante, por sua vez, foram sempre crescentes (P<0,05) da 6a à 96a horas de incubação. Os valores de desaparecimento das seis até as 24 horas 101 de r2 o que pode representar menos confiabilidade aos dados provenientes dela. foram superiores (P<0,05) para o subproduto. Às 48 e às 96 horas os valores foram semelhantes. Alta correlação também foi encontrada entre as degradabilidades das hemiceluloses e da FDN para o subproduto de abacaxi (r=0,9448; P<0,0001). Tabela 10. Desaparecimento das hemiceluloses (%) do subproduto de abacaxi e do capim elefante incubados em sacos de náilon no rume de ovinos submetidos a dietas contendo subproduto de abacaxi Tempo de Subproduto Capim 2 incubação de Abacaxi elefante2 1 (h) 6 26,29Ca 6,77Eb Ca 12 30,21 16,69Db Ca 24 29,95 22,97Cb Ba 48 44,70 42,04Ba Aa 96 55,53 50,02Aa Os resultados de desaparecimento das hemiceluloses também convergiram para o modelo proposto por Sampaio (1988) (Figura 5), e as seguintes equações de regressão foram obtidas: Deg. HCEL Subproduto de Abacaxi = 66,3398 - 42,5995 * EXP (-0,0102 * t) r2=0,758 Deg. HCEL Capim Elefante = 60,00 64,3419 * EXP (-0,02878 * t) r2=0,936 1 Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK) 2 Letras minúsculas iguais na mesma linha indicam semelhança estatística a 5% (SNK) CV=12,67% Desaparecimento das HCEL (%) A equação de degradabilidade das hemiceluloses evidenciou um baixo valor 60 50 40 S. Abacaxi 30 C. elefante 20 10 0 0 12 24 36 48 60 72 84 96 Tempo de incubação (h) Figura 5. Desaparecimento das hemiceluloses dos alimentos em função do tempo de incubação Na Tabela 11, são apresentados os potenciais de degradação, as taxas de degradação, as frações solúveis, as frações degradáveis, os tempos de colonização e as degradabilidades efetivas, nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, das hemiceluloses dos alimentos. 102 As degradabilidades efetivas das hemiceluloses foram decrescentes com o aumento da taxa de passagem. Para o subproduto de abacaxi foram superiores àquelas obtidas para o capim elefante. A mais alta fração solúvel e a maior fração solúvel encontradas para o subproduto foram provavelmente as contribuíram nesse resultado. que mais Tabela 11. Potenciais de degradação (A), taxas de degradação (c), frações solúveis (S), frações degradáveis (B1), tempos de colonização (TC) e degradabilidades efetivas (DE), nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, das hemiceluloses dos alimentos utilizados nesse ensaio Parâmetro Subproduto Capim de Abacaxi elefante A (%) 66,34 60,00 c (%/h) 1,02 2,878 S (%) 24,34 0,81 B1 (%) 42,00 59,19 TC (h) 1:23 2:54 DE 2,0%/h 38,53 35,73 (%) DE 5,0%/h 31,46 22,44 (%) 3.7. Desaparecimento ruminal da celulose do subproduto de abacaxi e capim elefante incubados in situ em ovinos As degradabilidades da celulose nos vários tempos de incubação estão na Tabela 12. O tipo de resposta entre os tempos de incubação foi semelhante para os dois alimentos. Foi o único parâmetro de desaparecimento nutricional testado que, na análise de variância, não apresentou interação tempo de incubação versus alimentos incubados (P=0,1148). As taxas de desaparecimento aumentaram das 6 para as 12 h de incubação onde o desaparecimento estabilizou até as 24 h e depois voltou a crescer até as 96 h de incubação. Os valores de desaparecimento de celulose do subproduto de abacaxi foram sempre inferiores em relação ao capim elefante, tal como ocorreu para a FDA (Tabela 8) comprovando os comentários de Van Soest (1994) de que as ligninas em ambientes anaeróbicos promove a deposição e proteção de carboidratos associados por muito tempo, particularmente a celulose. A baixa degradabilidade da celulose teve efeito marcante sobre o desaparecimento da FDN particularmente às 48 e 96 horas de incubação ruminal (Tabela 6). A maior correlação de Pearson encontrada entre a degradabilidade das frações fibrosas do subproduto de abacaxi aconteceu entre a degradabilidade da FDN e a degradabilidade da celulose (r=0,9503; P<0,0001) denotando a forte influência da degradabilidade da celulose sobre a degradabilidade da FDN da qual faz parte. Também foi encontrada alta correlação com a degradabilidade da FDA (r=0,8817; P<0,0001). Tabela 12. Desaparecimento da celulose (%) do subproduto de abacaxi e do capim elefante incubados em sacos de náilon no rume de ovinos submetidos a dietas contendo subproduto de abacaxi Tempo de Subproduto Capim incubação de Abacaxi2 elefante2 (h)1 6 26,85Db 36,18Da Cb 12 31,37 45,31Ca 24 34,89Cb 49,46Ca Bb 48 45,29 63,42Ba Ab 96 62,03 75,22Aa 1 Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK) 2 Letras minúsculas iguais na mesma linha indicam semelhança estatística a 5% (SNK) CV=8,26% As seguintes equações ajustaram-se ao modelo de Sampaio (1988). A representação gráfica destas degradabilidades está na Figura 6. Deg. CEL Subproduto de Abacaxi = 73,00 - 50,7904 * EXP (-0,01397 * t) r2=0,878 Deg. CEL Capim Elefante = 82,9994 51,1028 * EXP (-0,01962 * t) r2=0,946 103 Desaparecimento da CEL (%) 80 70 60 50 S. Abacaxi 40 C. elefante 30 20 10 0 0 12 24 36 48 60 72 84 96 Tempo de incubação (h) Figura 6. Desaparecimento da celulose dos alimentos em função do tempo de incubação Na Tabela 13, são apresentados os potenciais de degradação, as taxas de degradação, as frações solúveis, as frações degradáveis, os tempos de colonização e as degradabilidades efetivas, nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da celulose dos alimentos. taxas de passagem pré-fixadas. Também contribuíram para as menores degradabilidades efetivas do subproduto de abacaxi em relação ao capim elefante, a menor taxa de degradação (c) e a menor fração solúvel (S) encontrada para o subproduto de abacaxi. Tabela 13. Potenciais de degradação (A), taxas de degradação (c), frações solúveis (S), frações degradáveis (B1), tempos de colonização (TC) e degradabilidades efetivas (DE), nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da celulose dos alimentos utilizados nesse ensaio Parâmetro Subproduto Capim de Abacaxi elefante A (%) 73,00 83,00 c (%/h) 1,397 1,962 S (%) 25,32 30,08 B1 (%) 47,68 52,92 TC (h) 4:31 -1:07 DE 2,0%/h 44,93 56,28 (%) DE 5,0%/h 35,73 44,99 (%) A partir dos dados obtidos percebe-se que as degradabilidades efetivas das frações fibrosas do subproduto de abacaxi sempre foram inferiores àquelas encontradas para o capim elefante, principalmente influenciadas pelas reduzidas taxas constantes de degradação (inferiores a 0,8%/h), longe de serem ideais de acordo com recomendações de Sampaio (1988). O maior teor de ligninas para o subproduto de abacaxi pode ter contribuído para a redução do potencial de degradação da fração fibrosa. Maiores degradabilidades efetivas foram encontradas para o capim elefante em relação ao subproduto de abacaxi e, para os dois alimentos, as degradabilidades efetivas foram decrescentes a partir do aumento das 104 Dietas baseadas em subproduto de abacaxi podem conduzir a reduções no consumo de matéria seca (fato observado no capítulo III no nível máximo de inclusão testado) e a menor disponibilidade energética em termos de produtos finais do metabolismo de carboidratos. No capítulo anterior discutiu-se o aspecto dos níveis de ácidos graxos voláteis em relação ao aumento da inclusão do subproduto de abacaxi às dietas em substituição ao capim elefante e foi verificado que os maiores níveis aconteceram no tratamento que incluiu 19% do subproduto. Provavelmente neste ponto ocorreu um melhor equilíbrio entre capim elefante e subproduto de abacaxi quanto a taxa de degradação das partículas fibrosas, conseqüentemente, a maior eficiência energética. Esse fato pode limitar a inclusão do subproduto de abacaxi em dietas para ruminantes de alta produção. 4. CONCLUSÕES Os valores obtidos para o subproduto de abacaxi não o credenciam como ótimo substituto do capim elefante em dietas de ovinos, muito embora possa ser utilizado se corrigidas as deficiências relativas às fontes de carboidratos rapidamente fermentáveis. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGRICULTURAL AND FOOD RESEARCH COUNCIL. Nutrive requirements of ruminant animal: protein. Nutrition Abstracts and Reviews. n.9, p.6571, 1992. AGRICULTURAL RESEARCH COUNCIL - ARC. The nutrient requirements of ruminant livestock. sppl. 1. Slough: Commonwealth Agricultural Bureaux. 1984. 45p. ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTS - AOAC. Official methods of analysis. 16.ed. Washington: AOAC, 1995. 2000p. BALCH, C.C., JOHNSON, V.W. Factors affecting the utilization of food by cows. II. Factors influencing the rate of breakdown of cellulose (cotton thread) in the rumen of the cows. Brittish Journal of Nutrition, v.4, p.361-368, 1950. BORGES, I. Influência da dieta na degradabilidade in situ do caroço de algodão integral, e do bagaço de cana-deaçúcar auto-hidrolisado, na dinâmica da fermentação ruminal e na cinética sangüínea de ovinos. Belo Horizonte: UFMG - Escola de Veterinária, 1997. 130p. (Tese, Doutorado em Ciência Animal). CAPPELLE, E.R., VALADARES FILHO, S.C., COELHO DA SILVA, J.F. et al. Estimativas do valor energético a partir de características químicas de bromatológicas dos alimentos. Revista Brasileira de Zootecnia, v.30, n.6, p.1837-1856, 2001. GONÇALVES, J.S., FEITOSA, J.V., NEIVA, J.N.M. et al. Degradabilidade ruminal dos subprodutos agroindustriais do caju (Anacardium occidentale L.), graviola (Anona muricata L.), manga (Mangifera indica L.) e urucum (Bixa orellana L.) em ovinos. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 41, 2004, Campo Grande. Anais... Campo Grande-MS: SBZ, 2004. CD ROM. HUNGATE, R. E. The rumen and its microbes. London, Academic Press, 1966, 533p. HOBSON, P.N., STEWART, C.S. The rumen microbial ecosystem. 1ed. London: Blackie Academic and Professional. 1997. 340p. JUNG, H.G., MERTENS, D.R., PAYNE, A.J. Correlation of acid detergent lignin and klason lignin with digestibility of forage dry matter and neutral detergent fiber. Journal of Dairy Science. v.80, n.8, p.16221628, 1997. LOUSADA JÚNIOR, J.E. Digestibilidade aparente de subprodutos do processamento de frutas em ovinos. Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 2003. 94p. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) – Universidade Federal do Ceará, 2003. McDONALD, J. A revised model for the estimation of protein degradabitility in the rumen. Journal of Agricultural Science (Cambridge). v.96, n.1, p.251-252, 1981. 105 NATIONAL RESEARCH COUNCIL. Nutrient requirements of sheep. Washington: National Academy Press, 1985. 99p. NEUMANN, M. Avaliação, composição, digestibilidade e aspectos metabólicos da fibra. Porto Alegre, UFRGS, 2002. 34p. (Seminário apresentado na disciplina Bioquímica do Tecido Animal do Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias da UFRGS). Disponível em http:// www.ufrgs.br/favet/bioquimica/posgrad/BT A/fibra.pdf Acesso em 02 set. 2004. NOCEK, J.E. In situ and other methods to estimate rumial protein and energy digestibility: a review. Journal of Dairy Science. v.71, n.8, p.2051-2069, 1988. NOLAN, J.V., NORTEN, B.W., LENG, R.A. Further studies on the dynamics of nitrogen metabolism in sheep. Brittish Journal of Nutrition, v.35, p.127-147, 1976. ØRSKOV, E.R., McDONALD, J. The estimation of protein degradability in the rumen from incubation measurements of feed in weighted according to rate of passage. Journal of Agricultural Science (Cambridge). v.92, n.2, p.499-503, 1979. RIBEIRO JÚNIOR, J.I. Análises estatísticas no SAEG. Viçosa:UFV, 2001. 301p. RODRÍGUEZ, N.M. Importância da degradabilidade da proteína no rúmen para a formulação de rações para ruminantes. Cadernos Técnicos da Escola de Veterinária da UFMG, v.1, p.27-45, 1986. RUSSELL, J.B., ONODERA, R., HINO, T. Ruminal protein fermentation: new perspectives on previous contradictions. In: TSUDA, T., SASAKI, Y., KAWASHIMA, R. Physiological aspects of digestion and metabolism in ruminants. New York. Academic Press. 1991. p.682-697. SAMPAIO, I.B.M. Experimental designs and modelling techniques in the study of roughage degradation in rumen and growth 106 of ruminants. Reading: Univesity of Reading, 1988. 214p. (Tese, Doutorado em Fisiologia) SAMPAIO, I.B.M. Contribuições estatísticas e de técnica experimental para ensaios de degradabilidade de forragens quando avaliadas in situ. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE PRODUÇÃO DE RUMINANTES, REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 31, 1994, Maringá. Anais... Maringá: SBZ, 1994. p.81-88. TOMICH, T.R. Potencial forrageiro de híbridos de sorgo com capim Sudão avaliados em regime de corte. Belo Horizonte: UFMG - Escola de Veterinária, 2003. 87p. (Tese, Doutorado em Ciência Animal) VALADARES FILHO, S.C., ROCHA Jr., V.R., CAPPELLE, E.R. Tabelas brasileiras de composição de alimentos para bovinos. Viçosa: UFV; DZO; DPI, 2002. 297p. VALADARES FILHO, S.C. Utilização da técnica in situ para avaliação dos alimentos. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE PRODUÇÃO DE RUMINANTES, REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 31, 1994, Maringá. Anais... Maringá: SBZ, 1994. p.95–118. VAN SOEST, P.J. Nutritional ecology of the ruminant. 2ed. Ithaca: Cornell University Press. 1994. 476p. VAN SOEST, P.J., ROBERTSON, J.B., LEWIS, B.A. Methods for dietary fiber, neutral detergent, and nonstarch polysaccharides in relation to animal nutrition. Journal of Dairy Science. v.74, n.10, p.3583-3597, 1991. WALLACE, R.J., COTTA, M.A. Metabolism of nitrogen-containing compounds. In: HOBSON, P.N. The rumen microbial ecosystem. New York: Elsevier, 1988. p.217-249. Capítulo VI - EXPERIMENTO 4 Valor nutritivo do subproduto da indústria processadora de acerola (Malpighia glabra) em dietas para ovinos. 1. Consumo, digestibilidade aparente e balanços energético e nitrogenado RESUMO O presente estudo foi conduzido objetivando avaliar a influência da inclusão do subproduto do processamento de acerola (Malpighia glabra L.) sobre os consumos (por unidade de tamanho metabólico - UTM) e coeficientes de digestibilidade da matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), fibra detergente neutro (FDN), fibra detergente ácido (FDA), hemiceluloses (HCEL), celulose (CEL) e energia de dietas experimentais isofibrosas e isoprotéicas contendo o subproduto de acerola. Avaliou-se ainda os balanços nitrogenados e de energia das referidas dietas. Vinte ovinos machos, inteiros foram distribuídos em quatro níveis de inclusão do subproduto (zero; 12%; 29%; 43%), em delineamento inteiramente ao acaso, com cinco ovinos para cada um dos quatro tratamentos. Os animais que receberam as maiores porcentagens de inclusão do subproduto apresentaram os menores consumos de MS. Não houve diferenças entre os tratamentos quanto aos consumos de MO, FDA e CEL. O estudo das equações de regressão revelou o intervalo compreendido entre oito e 14% como ideal para a inclusão do subproduto às dietas. Quando o subproduto foi incluído nas dietas, os coeficientes de digestibilidade da MS, MO, FDN, FDA, CEL e EB foram sempre inferiores aos encontrados para o tratamento controle. Os balanços energéticos e protéicos foram positivos. De acordo com os parâmetros avaliados, o subproduto de acerola possui restrições quanto a utilização na nutrição de ruminantes particularmente em virtude dos altos níveis de ligninas encontrados. Mais pesquisas são requeridas particularmente quanto a influência de outros constituintes dietéticos como os taninos, por exemplo, sobre os parâmetros avaliados. Palavras-chave: dieta, fibra, frutas, nutrição, ovinos, ruminantes 1. INTRODUÇÃO A produção de acerola no Brasil atingiu 33 mil toneladas em uma área colhida de 11 mil hectares no ano de 1996 (Anuário Estatístico do Brasil, 1999). Deste montante, o rendimento médio de produção de subproduto de acerola é de 15 a 41 %. Embora, não existam informações na literatura, esses subprodutos da agroindústria constando da semente triturada e da polpa de acerola, após a retirada do suco, podem apresentar potencial para o consumo animal. O desempenho animal, em contrapartida, depende da ingestão de nutrientes digestíveis e metabolizáveis. É necessário, portanto, determinar o melhor nível de inclusão destes subprodutos em dietas experimentais que se apliquem à produção intensiva de ruminantes. O valor nutritivo de um alimento é determinado por sua concentração de nutrientes, a quantidade consumida do mesmo, a proporção de nutrientes digeridos e a eficácia com que são utilizados os nutrientes absorvidos. Materiais lignocelulósicos quando são administrados na alimentação animal podem proporcionar insuficientes quantidades de minerais, energia e proteínas. 107 O subproduto agroindustrial de acerola apresenta alto grau de lignificação das paredes celulares. A digestibilidade deste material pode, por essa razão, ficar diminuída em função do maior ou menor acesso de enzimas celulolíticas e proteolíticas sobre os componentes solúveis celulares e polissacarídeos de membrana. Com o presente trabalho objetivou-se avaliar os coeficientes de digestibilidade e os consumos por unidade de tamanho metabólico (UTM) da matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), energia, fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), hemiceluloses (HCEL) e celulose (CEL) de dietas experimentais fornecidas a ovinos em crescimento contendo o subproduto da indústria processadora de acerola. Complementarmente avaliou-se também os balanços energético e nitrogenado destas dietas. 2. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado na Embrapa Caprinos, em Sobral, Ceará, zona fisiográfica do Sertão Cearense, a 3o42’ de latitude Sul, 40o21’ de longitude Oeste, altitude de 83 m, no período de 18 de novembro a quatro de dezembro de 2002. A região possui clima tipo BShw’, megatérmico, seco, em que a precipitação chuvosa (janeiro a junho) apresenta precipitação média de 888,9 mm, correspondendo a 92,6% do total médio anual. A média anual das temperaturas máxima, média e mínima está em torno de 33,3, 26,6 e 22,0oC, respectivamente, e a média anual da umidade relativa do ar é de 67,9%. O subproduto agroindustrial de acerola (Malpighia glabra, L.) utilizado era proveniente da Empresa Mossoró Agroindustrial S.A. (MAISA) localizada 108 em Mossoró – RN. Caracterizava-se por apresentar cascas e sementes que após secagem ao sol foram picados grosseiramente. O capim elefante (Pennisetum purpureum) fornecido era proveniente de capineira existente na EMBRAPA Caprinos obtido por corte manual diário a cerca de 15 cm do solo, 57 dias após o plantio. A torta de algodão e o milho foram obtidos no comércio de Sobral – Ceará em quantidade suficiente para a realização de todo o experimento. Pretendeu-se a inclusão do subproduto de acerola nos níveis zero, 16, 32 e 49 % a uma dieta básica composta de capim elefante, milho e torta de algodão. O nível máximo foi determinado pelo ajuste das dietas em função da substituição total do capim elefante pelo subproduto de acerola e, ao mesmo tempo, para atenderem aos requisitos de proteína (14,7%) e de NDT (72%) prescritos pelo National Research Council (1985) para cordeiros em terminação (quatro a sete meses de idade) com peso vivo de 30kg e ganho de peso de 295g/dia. Houve dificuldade para se atingir as exigências de energia. Desta maneira, procurou-se estabelecer um nível de fibra dietético máximo, idêntico para os quatro tratamentos, de modo que os níveis de energia se aproximassem daquele prescrito pelo National Research Council (1985). Foram utilizados 20 cordeiros machos e inteiros com sete meses de idade e peso vivo médio de 29 kg, escolhidos aleatoriamente quanto ao tratamento que participariam. Os ovinos foram previamente desverminados e alojados em gaiolas de metabolismo com bebedouros, comedouros e saleiros plásticos e dispositivos apropriados para colheita de urina e fezes. Estes dispositivos foram constituídos por baldes de 10 litros colocados sob um tripé de madeira que servia como apoio a uma tela com malha de 5 mm de maneira a permitir um declive para a queda das fezes sem risco de contaminação da urina que ficava no balde. As fezes foram colhidas em recipientes plásticos colocados logo à frente do tripé com a tela, estando os dois tipos de recipientes de colheita sob o funil da gaiola metabólica. Tabela 1. Composição centesimal e bromatológica das dietas contendo subproduto de ofertadas a ovinos em base de matéria seca %MS %PB %NDT1 Tratamentos Capim Milho Torta de Propostos Elefante Algodão 0% 32,45 50,26 17,29 68,14 14,72 66,22 16,33% 20,02 47,53 16,12 76,16 14,72 66,22 32,65% 7,60 44,69 15,06 84,18 14,72 66,22 48,97% 0 36,76 14,27 89,13 14,72 66,22 1 Estimado segundo Cappelle et al. (2001) O período de adaptação dos animais às dietas e às gaiolas foi de 10 dias, sendo o período de colheita (experimental) de sete dias. Os 20 carneiros foram pesados no início do período de adaptação. O peso foi utilizado para o cálculo do consumo em gramas por unidade de tamanho metabólico (kg0,75). As dietas foram divididas em duas refeições iguais e oferecidas bem misturadas aos ovinos, às 7:30 h e a outra às 18:30 h, buscando-se sempre deixar uma sobra média entre 15 e 20% da matéria seca oferecida por dia. Água e sal mineralizado estiveram disponíveis à vontade. Amostras do alimento oferecido e das sobras foram retiradas e pesadas diariamente às sete horas, colocadas em sacos de papel e levadas à estufa de ventilação forçada (65o C durante 72 horas). Posteriormente, foi preparada uma amostra composta por animal para as sobras e uma amostra composta dos alimentos fornecidos nos sete dias de colheita. Foram então passadas em moinhos de facas com peneira de malha de 1 mm e estocadas para futuras análises laboratoriais. A colheita total de fezes foi feita diariamente. A produção total teve o peso registrado e fez-se a reserva de uma acerola %FDN 38,80 38,80 38,80 38,80 alíquota de 20 % deste peso. Ao final do experimento também foi preparada uma amostra composta por animal que foi embalada em sacos plásticos individuais e armazenada a -10o C. No final do experimento foram descongeladas à temperatura ambiente por cerca de 14 horas, passadas em peneira de malha grossa, homogeneizadas e pesadas. Após isto, foram acondicionadas em bandejas de alumínio e levadas à estufa de ventilação forçada (55 a 60o C) para a determinação da matéria pré-seca. Foram então moídas em moinho Thomas Myller com peneira de 1 mm e acondicionadas em recipientes plásticos para futuras análises. Nos baldes coletores de urina foram adicionados 100 ml de ácido clorídrico (HCl 2N) na véspera de cada colheita, evitando-se assim perdas de nitrogênio por volatilização. O volume total de líquido foi pesado retirando-se para cada carneiro uma alíquota de 20 % do volume total colhido a cada dia, acondicionada em frascos plásticos (uma amostra composta por animal) e imediatamente congelada. Para as determinações de matéria seca, matéria orgânica, extrato etéreo e proteína bruta do material analisado seguiu-se a metodologia proposta por AOAC (1980). Já para a quantificação da FDN, FDA, 109 celulose, hemiceluloses e ligninas, utilizouse a metodologia proposta por Van Soest et al. (1991). correspondem respectivamente a proteína bruta, extrato etéreo e carboidratos totais digestíveis. As análises laboratoriais foram realizadas nas dependências dos Laboratórios de Nutrição Animal da EMBRAPA Caprinos (Sobral – Ceará), do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal do Ceará (Fortaleza – Ceará), do Departamento de Zootecnia da Escola de Veterinária da UFMG (Belo Horizonte – Minas Gerais) e do Centro de Ciências Agrárias e Biológicas da Universidade Estadual Vale do Acaraú (Sobral – Ceará). Para o cálculo do NDT das dietas experimentais conforme o National Research Council (2001) foram utilizadas as seguintes equações: Para a estimativa de Nutrientes Digestíveis Totais (NDT) dos alimentos isoladamente foram utilizadas 2 equações propostas por Cappelle et al. (2001). Para o milho e a torta de algodão recorreu-se à seguinte equação: PBVD = [1 - (0,4 x (PBIDA/PB))] x PB para o milho e para a torta de algodão. NDT = 9,6134 + 0,8294 x DIVMS (r2=0,98; P<0,01) Para o subproduto de acerola e capim elefante a equação utilizada foi: NDT = 10,43 + 0,8019 x DIVMS (r2=0,89; P<0,01), onde para ambas: DIVMS = Digestibilidade in vitro da matéria seca segundo metodologia proposta por Tilley e Terry (1963). Para o cálculo da porcentagem dos carboidratos totais (CHOT) utilizou-se equação sugerida por Sniffen et al. (1992): CHOT (%) = 100 - (%PB + %EE + %Cinzas), onde CHOT = valor percentual dos carboidratos totais, PB = valor percentual da proteína bruta, % Cinzas = valor percentual de cinzas. Para o cálculo de NDT das dietas experimentais utilizou-se a equação NDT = PBD + 2,25 x EED + CHOTD, utilizada pelo Sistema de Cornell (Sniffen et al., 1992), sendo que PBD, EED e CHOTD 110 CNFVD=0,98 x (100 - [(FDN -PBIDN) + PB + EE + Cinzas]) PBVD = PB x EXP x [-1,2 x (PBIDA/PB)] para o subproduto de acerola e para o capim elefante AGVD = EE - 1. FDNVD = 0,75 x [(FDN - PBIDN) - L] x [1 – (L/((FDN - PBIDN) x EXP x 0,667))]. NDT1X (%) = CNFVD + PBVD + (AGVD x 2,25) + FDNVD - 7, onde: NDT1X = Nutrientes Digestíveis Totais para manutenção, CNFVD = Carboidratos Não Fibrosos Verdadeiramente Digestíveis, PBVD = Proteína Bruta Verdadeiramente Digestível, AGVD = Ácidos Graxos Verdadeiramente Digestíveis, FDNVD = Fibra em Detergente Neutro Verdadeiramente Digestível, FDN = Fibra em Detergente Neutro, EE = Extrato Etéreo, L = Lignina em Detergente Ácido, PB = Proteína Bruta, PBIDN = Proteína Bruta Insolúvel em Detergente Neutro, PBIDA = Proteína Bruta Insolúvel em Detergente Ácido. A determinação dos coeficientes de digestibilidade de matéria seca, matéria orgânica, proteína bruta, fibra em detergente neutro e fibra em detergente ácido, celulose, hemiceluloses e energia bruta foi feita a partir da seguinte fórmula: [(Consumo do nutriente em gramas – quantidade em gramas do nutriente nas fezes)/Consumo gramas]/100. do nutriente em Obteve-se a Energia Bruta (EB) em calorímetro adiabático tipo PARR 2081. No caso da urina, colocou-se cerca de 1 ml de urina em papel de filtro absorvente para permitir a sua combustão na bomba calorimétrica, e feita então a queima de seis papéis de filtro vazios para referenciação da produção de calor do papel individualmente, servindo de branco. Utilizando-se a técnica direta de determinação de energia com bomba calorimétrica, calculou-se o valor da energia digestível e energia metabolizável. Para tanto, mediu-se a energia contida nas fezes, no alimento oferecido, na sombra do alimento e na urina. Para o cálculo da energia metabolizável utilizou-se a fórmula de Blaxter e Clapperton (1965) na qual a Energia Digestível é igual a Energia Ingerida menos a Energia Bruta excretada nas fezes; a Energia Metabolizável é igual a Energia Digestível menos a Energia da Urina mais a Energia dos Gases. A produção de metano foi estimada pela seguinte equação: Cm = 0,67 + 0,062D, onde Cm = produção de metano em kcal/ 100 kcal de energia consumida e D = digestibilidade aparente da energia bruta do alimento. Foram também calculados o balanço de nitrogênio (nitrogênio ingerido menos as perdas de nitrogênio nas fezes e na urina), nitrogênio ingerido (nitrogênio fornecido menos o nitrogênio das sobras) e porcentagem de nitrogênio retido em relação ao nitrogênio ingerido. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente ao acaso, com quatro tratamentos e cinco repetições por tratamento. As análises estatísticas foram feitas mediante o uso do procedimento GLM (General Linear Models) do SAS (Statistical Analysis System) (Littel et al., 1991), por meio do seguinte modelo estatístico: Yij = µ + Hj + eij onde, Yij = valor referente à observação da repetição i do tratamento j µ = média geral Hj = efeito do tratamento j (j = 1, 2, 3, 4) eij = erro aleatório associado à observação As médias foram comparadas utilizando-se o Teste SNK, em nível de 5% de probabilidade. Foi também observado o grau de correlação de Pearson (P<0,05) entre as variáveis utilizando-se o software SAEG (Ribeiro Júnior, 2001) para se saber se a variação de uma delas acompanha proporcional, direta ou inversamente, a variação da outra conforme recomendou Sampaio (2002). A análise de regressão foi realizada utilizando-se o software SAEG (Ribeiro Júnior, 2001) para permitir a estimativa dos consumos e coeficientes de digestibilidade em níveis de subproduto de acerola não testados no ensaio. Foram testados diferentes modelos matemáticos (lineares, polinomiais, logarítmicos e exponenciais), a partir do procedimento Modelos Prédefinidos, para escolha daquele que apresentasse maior significância e maiores coeficientes de regressão. Também foi considerado aquele modelo matemático que melhor adequacidade apresentou para o tipo de resposta biológica estudada. As equações demonstradas neste trabalho foram assim selecionadas para trazer maior confiança e melhor aplicabilidade na previsão de valores de consumo e digestibilidade. No caso particular das variáveis nitrogênio ingerido (g/dia), nitrogênio fecal (g/dia), nitrogênio urinário (g/dia), balanço de nitrogênio (g/dia) e nitrogênio retido (% 111 sobre o N ingerido), foi feita a transformação para arcoseno = raiz quadrada de cada um desses parâmetros/100. De acordo com Sampaio (2002), grupos experimentais que revelam variâncias diversificadas, dependendo das suas respostas médias, apresentando distribuições aparentemente normais, demandam transformação. As médias destes parâmetros existentes na Tabela 8 foram, entretanto, das médias de valores obtidos experimentalmente e não dos valores transformados, empregou-se apenas as letras de significância estatística obtidas a partir dos dados transformados. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Pelo ajuste de consumo, em função da seletividade dos animais, a real inclusão do subproduto de acerola ficou nos seguintes níveis: zero, 12, 29 e 43% (Tabela 2). A partir desta consideração todas as discussões de resultados levarão em conta estes níveis de inclusão. A composição química dos ingredientes das dietas com base na matéria seca (MS) está demonstrada na Tabela 3. A composição química e energia bruta das dietas consta na Tabela 4. Tabela 2. Consumo médio diário de matéria seca de subproduto de acerola, capim elefante, milho e torta de algodão (kg) e, entre parêntesis, a porcentagem (%) de cada um dos alimentos em função do consumo de matéria seca total (CMST) (kg) das dietas oferecidas a ovinos Tratamentos CMST Subproduto Capim Milho Torta de de Acerola Elefante Algodão 0% 1,505 0,000 (0) 0,319 (21,16) 0,870 (57,83) 0,316 (21,00) 12% 1,759 0,216 (12,28) 0,226 (12,85) 0,979 (55,64) 0,338 (19,23) 29% 1,473 0,425 (28,88) 0,083 (5,62) 0,724 (49,16) 0,241 (16,33) 43% 1,103 0,471 (42,68) 0,000 (0) 0,470 (42,61) 0,162 (14,71) 112 Tabela 3. Composição química (%) e níveis de energia bruta (Mcal/kg) dos ingredientes das dietas fornecidas durante o experimento com base de matéria seca Componentes Subproduto Capim Milho Torta de de Acerola Elefante Algodão Matéria Seca (%) 82,46 15,08 81,58 84,89 Matéria Orgânica (%) 97,15 89,42 98,60 95,67 Proteína Bruta (%) 17,36 8,99 9,15 27,28 PBVD (%)* 11,08 5,36 8,95 24,31 DIVMS (%)* 45,19 58,79 86,29 49,78 NIDN (%)* 1,52 1,18 1,60 1,27 PBIDN (%)* 9,5 7,38 10,00 7,94 NIDA (%)* 1,04 0,62 0,08 1,19 PBIDA (%)* 6,50 3,88 0,50 7,44 Extrato Etéreo (%) 1,57 1,93 3,87 8,23 AGVD (%)* 0,57 0,93 2,87 7,23 Fibra em Detergente Neutro (%) 74,18 75,06 15,28 54,32 FDNVD (%)* 0,00 34,47 1,05 2,35 Fibra em Detergente Ácido (%) 59,90 42,31 3,78 32,67 Hemiceluloses (%) 14,28 32,75 11,50 21,65 Celulose (%) 39,28 45,56 5,76 28,76 Ligninas (%) 40,83 7,99 1,66 20,88 Cinzas (%) 2,85 10,58 1,40 4,33 Ca (%) 1,26 1,01 0,14 0,42 P (%) 0,03 0,02 0,06 0,10 Carboidratos Totais (%) 78,22 78,50 85,58 60,16 CNFVD (%)* 13,27 10,60 78,69 13,50 Energia Bruta (Mcal/kg) 4,46 3,95 4,37 4,89 NDT (%)* 46,67 57,57 81,18 50,90 *PBVD=Proteína Bruta Verdadeiramente Digestível; NIDN=Nitrogênio Insolúvel em Detergente Neutro; PBIDN=Proteína Bruta Insolúvel em Detergente Neutro; NIDA=Nitrogênio Insolúvel em Detergente Ácido; PBIDA=Proteína Bruta Insolúvel em Detergente Ácido; DIVMS=Digestibilidade in vitro da matéria seca; AGVD=Ácidos Graxos Verdadeiramente Digestíveis; FDNVD=Fibra em Detergente Neutro Verdadeiramente Digestível; CNFVD=Carboidratos Não Fibrosos Verdadeiramente Digestíveis; NDT=Nutrientes Digestíveis Totais 113 Tabela 4. Composição química (%) e energia bruta média (Mcal/kg) das dietas contendo quantidades crescentes de subproduto de acerola com base de matéria seca Dietas Componentes 0 12 29 43 Matéria Seca (%) 68,20 73,78 78,63 82,44 Matéria Orgânica (%) 96,03 96,68 97,18 97,55 Proteína Bruta (%) 12,92 13,62 14,47 15,32 PBVD (%)* 11,41 11,70 11,87 12,12 NIDN (%)* 1,44 1,47 1,50 1,52 PBIDN (%)* 9,01 9,20 9,37 9,48 NIDA (%)* 0,43 0,48 0,57 0,65 PBIDA (%)* 2,67 3,00 3,56 4,08 Extrato Etéreo (%) 4,38 4,18 3,81 3,53 AGVD (%)* 3,37 3,18 2,81 2,53 Fibra em Detergente Neutro (%) 36,13 37,70 42,02 46,16 FDNVD (%)* 8,40 5,47 2,84 0,79 Fibra em Detergente Ácido (%) 18,00 21,18 26,87 31,98 Hemiceluloses (%) 18,13 16,52 15,15 14,18 Celulose (%) 19,01 19,41 21,43 23,45 Ligninas (%) 7,04 10,98 16,47 21,21 Cinzas (%) 3,96 3,32 2,81 2,45 Ca (%) 0,38 0,44 0,56 0,66 P (%) 0,06 0,06 0,06 0,05 Carboidratos Totais (%) 78,74 78,88 78,90 78,70 CNFVD (%)* 50,59 49,37 45,32 41,18 Energia Bruta (Mcal/kg) 4,39 4,43 4,46 4,49 NDT (%)1* 70,52 64,83 66,20 64,63 NDT (%)2* 70,99 66,69 59,35 52,78 1 Determinado conforme Sniffen et al. (1992). 2 Determinado conforme o NRC (1985). *PBVD=Proteína Bruta Verdadeiramente Digestível; NIDN=Nitrogênio Insolúvel em Detergente Neutro; PBIDN=Proteína Bruta Insolúvel em Detergente Neutro; NIDA=Nitrogênio Insolúvel em Detergente Ácido; PBIDA=Proteína Bruta Insolúvel em Detergente Ácido; AGVD=Ácidos Graxos Verdadeiramente Digestíveis; FDNVD=Fibra em Detergente Neutro Verdadeiramente Digestível; CNFVD=Carboidratos Não Fibrosos Verdadeiramente Digestíveis; NDT=Nutrientes Digestíveis Totais 114 Na Tabela 5, observam-se os consumos médios diários dos diferentes nutrientes presentes nas dietas experimentais. Tabela 5. Médias de consumo diário (g/kg0,75, %PV, g/dia) das frações matéria seca, matéria seca digestível, matéria orgânica, matéria orgânica digestível, proteína bruta proteína bruta digestível, extrato etéreo e extrato etéreo digestível das dietas contendo quantidades crescentes de subproduto de acerola fornecidas a ovinos Frações Dietas Coeficientes de analisadas 0% 12% 29% 43% Variação (%) Matéria Seca (g/kg0,75) 111,05a 122,10a 103,50a 79,43b 14,03 Matéria Seca (%PV) 4,83a 5,30a 4,47a 3,44b 13,46 Matéria Seca Digestível (g/kg0,75) 75,09a 74,85a 63,78a 44,96b 15,75 Matéria Seca (g/dia) 1354,9ab 1501,1a 1285,6ab 985,3b 18,48 0,75 a a a a Matéria Orgânica (g/kg ) 103,97 112,99 100,55 95,90 21,35 Matéria Orgânica Digestível (g/kg0,75) 74,81a 75,25a 67,75a 62,89a 21,71 Proteína Bruta (g/kg0,75) 14,96ab 17,44a 15,98ab 13,05b 14,11 Proteína Bruta Digestível (g/kg0,75) 8,39a 9,64a 9,40a 7,78a 17,90 Proteína Bruta (g/dia) 182,72a 214,15a 198,43a 161,89a 18,15 Extrato Etéreo 4,80a 5,01a 3,97b 2,80c 14,94 a a a b Extrato Etéreo Digestível 3,94 4,05 3,38 2,53 16,82 a Médias com letras iguais na mesma linha não diferem significativamente pelo teste SNK (P>0,05) O tratamento que incluiu 43 % do subproduto de acerola apresentou o menor valor (79,43g/kg0,75), sendo inclusive inferior ao recomendado para cordeiros em terminação pelo National Research Council (1985) (101,42 g de MS/UTM/dia). O consumo de matéria seca digestível também apresentou menor valor para o tratamento 43%. O consumo de MO e de MO digestível não diferiram significativamente entre os tratamentos experimentais. Provavelmente por causa da inalterabilidade de composição da matéria orgânica das dietas experimentais (Tabela 4). Maior consumo de PB foi observado no tratamento que incluiu 12 % de subproduto de acerola em relação ao tratamento que incluiu 43 % de subproduto de acerola. Vale salientar ainda que no tratamento que incluiu 43% de subproduto de acerola também não foi atendido o requisito de consumo protéico dos animais experimentais, que deveria ser de 14,93 g/UTM. O consumo de proteína bruta digestível, entretanto, não apresentou diferenças significativas entre os tratamentos experimentais. Este resultado demonstra que a proteína não foi indisponibilizada pela complexação com ligninas. A redução do consumo da matéria seca resultou como conseqüência na queda do consumo de proteína bruta no tratamento 43%. É possível que as ligninas tenham indisponibilizado a porção fibrosa dietética que normalmente representa grande parte do consumo de matéria seca de dietas para ruminantes. Mais adiante o consumo das frações fibrosas serão discutidos. Já para o consumo de EE recomenda-se a inclusão máxima de 12 % do subproduto de acerola, já que acima disso houve diminuição do consumo desse nutriente. Para o consumo de extrato etéreo digestível os resultados foram mais favoráveis já que a queda no consumo somente ocorreu no tratamento 43% de inclusão. O resultado também leva a crer que a queda no consumo de matéria seca para o tratamento 115 43% foi provavelmente o responsável por essa resposta assim como ocorreu com o consumo de proteína bruta digestível. De acordo com Forbes (1995), o consumo de MS (g / UTM) depende dos constituintes da parede celular. Burgi (1986) complementou que a presença de fatores limitantes como fibra lignificada e substâncias tóxicas podem indisponibilizar alguns nutrientes dietéticos. Além da influência negativa das altas concentrações de ligninas presentes no subproduto de acerola, alguns autores como Vasconcelos et al. (2002) sugeriram o estudo de compostos fenólicos, como os taninos, também encontrados em altas proporções neste subproduto e que podem ser responsáveis por gostos desagradáveis que levam a reduções de consumo. Sob este aspecto faz-se necessário quantificar as proporções entre taninos solúveis e condensados e meios de tratamento químico que poderiam reduzir a influência negativa destes compostos em função de um melhor aproveitamento do subproduto de acerola em dietas para ruminantes. A análise de regressão indicou respostas cúbicas de consumo de matéria seca, proteína bruta e extrato etéreo por unidade de tamanho metabólico como resposta à adição de subproduto de acerola, a saber: CMS = 112,41 + 1,05X - 0,043X2 (R2 = 0,58; P<0,01), onde: CMS = Consumo de matéria seca/UTM X = % de inclusão de subproduto de acerola CMSD= 75,07 + 0,26X - 0,023X2 (R2 = 0,64; P<0,01), onde: CMSD= Consumo de matéria seca digestível/UTM X = % de inclusão de subproduto de acerola CPB = 15,12 + 0,24X - 0,0069X2 (R2 = 0,39; P<0,05), onde: CPB = Consumo de proteína bruta/UTM X = % de inclusão de subproduto de acerola 116 CEE = 4,85 + 0,022X - 0,0017X2 (R2 = 0,70; P<0,001), onde: CEE = Consumo de extrato etéreo/UTM X = % de inclusão de subproduto de acerola É possível que essa resposta quadrática tenha sido obtida devido a seleção que os animais tiveram nas dietas. Neste ensaio os animais tiveram condições de selecionar outros ingredientes da dieta e neste caso em particular a seleção foi feita contra o próprio subproduto e em favor do outro alimento fibroso. Nota-se pela Tabela 5 que houve diminuição da ingestão de MS para o tratamento 43% em relação aos demais, como substituiu-se o capim elefante pelo subproduto, é de se supor que este último foi preterido pelos ovinos em favor do primeiro. Houve alta correlação positiva entre o consumo de matéria seca e o de proteína bruta (r=0,9226; P<0,0001) e mais ainda entre o consumo de matéria seca e o de extrato etéreo (r=0,9764; P<0,0001). A interpretação das equações mostrou para os consumos de MS, PB e EE, um comportamento ascendente a partir do tratamento que não incluiu o subproduto de acerola até o nível de inclusão determinado pela derivação das equações, de onde passaram a ser descendentes. Resolvendo dy/dx=0 foram encontrados: o nível 12,21% como o ideal para haver o maior consumo de MS (118,82g/UTM), o nível 5,65% como o ideal para o maior consumo de MS digestível (75,81g/UTM), o nível 17,39% como ideal para o maior consumo de PB (17,2 g/UTM) e o nível 6,47% como ideal para o maior consumo de EE (4,92 g/UTM). Os resultados das derivações concordam com a comparação de médias entre os tratamentos e complementam esses resultados na medida em que estabelecem níveis ótimos para o consumo desses nutrientes. Não foi demonstrada a equação para o consumo de matéria orgânica em virtude do baixo coeficiente de determinação (R2 = 0,09) e por não ser significativo (P>0,05). Os coeficientes de digestibilidade da matéria seca, matéria orgânica, proteína bruta e extrato etéreo encontram-se na Tabela 6. Tabela 6 - Médias (%) dos coeficientes de digestibilidade da matéria seca, matéria orgânica, proteína bruta e extrato etéreo das dietas contendo quantidades crescentes de subproduto de acerola fornecidas a ovinos Frações Dietas Coeficientes de Analisadas 0% 12% 29% 43% Variação (%) Matéria Seca 67,59a 61,05b 61,58b 56,59c 2,32 Matéria Orgânica 71,96a 66,35b 67,33b 65,67b 2,10 Proteína Bruta 56,33a 54,72a 58,75a 59,62a 7,71 b b ab a Extrato Etéreo 81,64 80,76 85,18 90,08 4,91 a Médias com letras iguais na mesma linha não diferem significativamente pelo teste SNK (P>0,05) Os coeficientes de digestibilidade da MS e MO encontrados para o tratamento controle (0% de inclusão de subproduto de acerola) foram superiores aos demais coeficientes dos tratamentos em que foi feita a inclusão do subproduto (12%, 29% e 43%). Para o coeficiente de digestibilidade da MS, em particular, a dieta do tratamento que incluiu 43 % de subproduto apresentou o pior resultado. Esses resultados demonstram que a inclusão do subproduto de acerola às dietas de ovinos reduz a digestibilidade da MS e MO, portanto, inclusões desse alimento alternativo em sistemas de produção de ovinos deve ser vista com cautela, somente sendo recomendada em condições de melhor custo: benefício financeiro ou mesmo escassez de alimentos tradicionais. Os valores dos coeficientes de digestibilidade encontrados da matéria seca foram semelhantes à faixa de valores (28,4 a 78,21%) encontrada por outros autores que trabalharam com polpa cítrica, subproduto de uva e subproduto de abacaxi (Hadjipanayiotou e Louca, 1976; Muller, 1978; Reis, 2000; Rodrigues e Peixoto, 1990). Não houve diferenças significativas para os coeficientes de digestibilidade da proteína bruta. Esse dado sugere que à despeito dos altos níveis de ligninas encontrados (Tabela 4) para as dietas experimentais e dos comentários feitos por Vasconcelos et al. (2002) e Lousada Júnior (2003) sobre a presença de taninos no subproduto de acerola, estes provavelmente não exerceram efeitos de depressão da digestibilidade da proteína. Os valores aqui encontrados, entretanto, foram inferiores àqueles encontrados no Capítulo III, em torno de 65% de digestibilidade, trabalhando com inclusões crescentes de subproduto de abacaxi a dietas compostas de capim elefante, milho e torta de algodão. Van Soest (1994) destacou, entretanto, que a proteína bruta exerce pouco efeito direto sobre o parâmetro digestibilidade. O tratamento que incluiu 43% de subproduto de acerola apresentou coeficiente de digestibilidade do extrato etéreo, superior ao tratamento que não incluiu o subproduto de acerola ou que o incluiu em 12% do total dietético. Uma possível explicação para isso seria o comentário de Van Soest (1994) que associou este tipo de resposta a falhas de metodologia que podem vir a ocorrer na determinação deste nutriente, como por exemplo, a inclusão de ceras e pigmentos como constituintes lipídicos da dieta, 117 particularmente porque nesse nível houve o menor percentual de extrato etéreo (Tabela 4). As análises de regressão para estes coeficientes de digestibilidade indicaram alta confiabilidade particularmente para as digestibilidades da matéria seca e matéria orgânica. Nenhum dos modelos de equações de regressão testados apresentou significância estatística para a digestibilidade da proteína bruta. DMS = 66,69 - 0,31X + 0,0021X2 (R2 = 0,75; P<0,01), onde: DMS = Digestibilidade da matéria seca (%) X = % de inclusão de subproduto de acerola DMO = 71,31 - 0,34X + 0,0051X2 (R2 = 0,61; P<0,01), onde: DMO = Digestibilidade da matéria orgânica (%) X = % de inclusão de subproduto de acerola DEE = 81,4 - 0,09X + 0,007X2 (R2 = 0,49; P<0,01), onde: DEE = Digestibilidade do extrato etéreo (%) X = % de inclusão de subproduto de acerola O efeito quadrático descendente das equações revela que provavelmente ocorreu a indisponibilização da MS e da MO dietéticas quando houve a inclusão do subproduto de acerola. A digestibilidade da proteína bruta não foi diferente entre os tratamentos e, por isso a equação não foi significativa. Esses dados sugerem que possivelmente o efeito deletério sobre a digestibilidade desses nutrientes adveio das frações fibrosas. Mais adiante será discutida a confirmação ou não desse comentário (Tabelas 7 e 8). Houve alta correlação entre os coeficientes de digestibilidade da matéria seca e da matéria orgânica (r=0,9138; P<0,0001). Considerando os valores médios de 118 digestibilidade da MS, da MO e do EE entre os tratamentos e as equações de regressão é possível definir que a inclusão do subproduto de acerola não beneficiou a qualidade nutritiva das dietas sob esses parâmetros analisados. Caso seja incluída, para fins de barateamento dos custos das dietas para ruminantes, essa inclusão deve ser feita nos níveis compreendidos entre 6,43 e 33,33% conforme a derivação destas equações. Lousada Júnior (2003) comparando os coeficientes de digestibilidade da matéria seca dos subprodutos de abacaxi, acerola, goiaba, maracujá e melão fornecidos exclusivamente a ovinos, encontrou menor valor de digestibilidade para os subprodutos de acerola (22,79%) e de goiaba (30,84%) em relação aos demais. Este autor destacou que o subproduto de acerola fornecido individualmente pode ter levado à deficiência de fibra efetiva o que pode ter provocado a elevação na taxa de passagem da digesta pelo trato gastrointestinal. Um outro aspecto credenciado pelo autor para esse aumento da taxa de passagem foi os altos níveis de ligninas ali existentes. No capítulo VIII será feita a discussão sobre a degradabilidade ruminal dos constituintes fibrosos e nesse momento será possível verificar a ocorrência ou não desse fato sugerido. Maior consumo de FDN foi observado no tratamento que incluiu 12% de subproduto de acerola em relação ao tratamento que incluiu 43% de subproduto. Para o consumo de FDN digestível o tratamento 43% apresentou o menor valor a despeito de ter apresentado o maior consumo de FDN como porcentagem da matéria seca ingerida. Os consumos de FDA, de FDA digestível e celulose por UTM, entretanto, não diferiram entre os tratamentos, mas o consumo de celulose digestível foi sempre inferior em relação ao tratamento controle. Tabela 7 - Médias de consumo (g/kg0,75, % de peso vivo e % de matéria seca ingerida) das frações fibrosas e frações fibrosas digestíveis das dietas contendo quantidades crescentes de subproduto de acerola fornecidas a ovinos Coeficientes de Dietas Frações Analisadas 0% 12% 29% 43% Variação (%) Fibra Detergente Neutro (g/kg0,75) 54,75ab 60,56a 53,37ab 43,75b 13,83 Fibra Detergente Neutro (% PV) 2,38ab 2,63a 2,31ab 1,89b 13,35 Fibra Detergente Neutro Digestível (g/kg0,75) 32,52a 30,45a 26,54a 20,74b 15,54 c c b a Fibra Detergente Neutro (% MSI) 49,34 49,57 51,58 55,07 1,89 Fibra Detergente Ácido (g/kg0,75) 22,19a 27,80a 27,72a 26,34a 13,59 Fibra Detergente Ácido (% PV) 0,97a 1,21a 1,20a 1,14a 13,27 0,75 Fibra Detergente Ácido Digestível (g/kg ) 10,29a 10,79a 9,49a 9,47a 22,16 Fibra Detergente Ácido (% MSI) 20,02d 22,77c 26,80b 33,17a 4,82 Hemiceluloses (g/kg0,75) 32,56a 32,76a 25,64b 17,40b 15,00 Hemiceluloses (% PV) 1,42a 1,42a 1,11b 0,75c 14,46 Hemiceluloses Digestíveis (g/kg0,75)* 22,22a 19,66ab 17,04b 11,27c 13,68 Hemiceluloses (% MSI) 29,32a 26,80b 24,78c 21,90d 1,71 Celulose (g/kg0,75) 24,58a 24,68a 22,64a 19,27a 14,60 Celulose (% PV) 1,07a 1,07a 0,98a 0,83a 14,31 0,75 Celulose Digestível (g/kg )* 9,97a 6,67b 6,17b 5,04b 24,53 b b b a Celulose (% MSI) 22,15 20,22 21,87 24,28 6,27 a Médias com letras iguais na mesma linha não diferem significativamente pelo teste SNK (P>0,05) Para o consumo de FDN (UTM) esse efeito de queda somente foi detectado com 43% de inclusão. O consumo de celulose não variou entre os tratamentos. Isso pode caracterizar um efeito de indisponibilização da fibra, particularmente das hemiceluloses e da celulose resultando em queda do consumo e da digestibilidade da matéria seca quando o subproduto de acerola foi incluído principalmente em altas concentrações (43%). Por outro lado, o efeito também pode ter sido da própria redução das porcentagens de hemiceluloses quando houve o aumento da inclusão do subproduto (Tabela 4), todavia, as concentrações de FDN aumentaram com inclusão bem como os níveis de FDA e de ligninas (22,83% na maior inclusão). O consumo de celulose proporcional ao consumo de matéria seca também aumentou entre os tratamentos experimentais com o aumento da inclusão do subproduto de acerola (Tabela 7). Este fato indica a ação das ligninas também sobre indisponibilização da fibra dietética. a A seguir são apresentadas as equações de regressão para os consumos das frações fibrosas: CFDN = 55,37 + 0,53X - 0,019X2 (R2 = 0,44; P<0,01), onde: CFDN = Consumo de FDN em g/UTM X = Nível de inclusão do subproduto de acerola (%) CFDND = 32,41 - 0,086X - 0,0043X2 (R2 = 0,58; P<0,01), onde: CFDND = Consumo de FDN Digestível em g/UTM X = Nível de inclusão do subproduto de acerola (%) CFDA = 22,54 + 0,47X - 0,009X2 (R2 = 0,32; P<0,05), onde: CFDA = Consumo de FDA em g/UTM 119 X = Nível de inclusão do subproduto de acerola (%) CHCEL = 32,83 + 0,065X - 0,01X2 (R2 = 0,74; P<0,01), onde: CHCEL = Consumo de HCEL em g/UTM X = Nível de inclusão do subproduto de acerola (%) CHCELD = 21,94 - 0,083X - 0,0038X2 (R2 = 0,77; P<0,01), onde: CFDN = Consumo de FDN em g/UTM X = Nível de inclusão do subproduto de acerola (%) CCEL = 24,59 + 0,056X - 0,0043X2 (R2 = 0,35; P<0,05), onde: CCEL = Consumo de CEL em g/UTM X = Nível de inclusão do subproduto de acerola (%) Resolvendo dy/dx=0 para estas equações foram encontrados níveis ótimos de inclusão do subproduto de acerola compreendidos entre 3,25 e 26,11%. Quanto às digestibilidades da FDN, FDA e CEL houve superioridade do tratamento controle (0% de inclusão do subproduto de acerola) sobre os demais tratamentos (Tabela 8). Tabela 8 - Médias (%) dos coeficientes de digestibilidade das frações fibrosas das dietas contendo quantidades crescentes de subproduto de acerola fornecidas a ovinos Frações Dietas Coeficientes de Analisadas 0% 12% 29% 43% Variação (%) Fibra Detergente Neutro 59,67a 49,95b 49,60b 47,58b 5,54 Fibra Detergente Ácido 46,76a 37,98b 34,04b 36,14b 13,06 Hemiceluloses 68,52a 60,06b 66,39a 64,91a 4,56 Celulose 40,29a 26,67b 27,22b 26,25b 14,44 a Médias com letras iguais na mesma linha não diferem significativamente pelo teste SNK (P>0,05). Os coeficientes de digestibilidade da celulose para os tratamentos que incluíram subproduto de acerola ficaram entre 26 e 27%, muito inferiores ao valor encontrado para o tratamento controle (40,29 %). No Capítulo III foram encontrados para as dietas que incluíram o subproduto de abacaxi, coeficientes de digestibilidade da celulose muito superiores a estes (51 a 58%). A provável formação de complexos lignocelulósicos pode ter levado à queda da digestibilidade desta importante fração fibrosa em dietas para ruminantes. O coeficiente de digestibilidade das hemiceluloses da dieta que incluiu 12% de subproduto de acerola foi inferior aos demais coeficientes dos outros tratamentos. Estudos de microscopia especialmente das porções fibrosas da dieta poderiam trazer resultados bem mais efetivos de interações 120 existentes entre os carboidratos estruturais (lignina, celulose, hemiceluloses) e digestibilidade. Dentre as equações representantes das frações fibrosas dietéticas destacaram-se as seguintes quanto aos maiores coeficientes de determinação e por terem apresentado significância estatística: DFDN = 58,82 - 0,68X + 0,01X2 (R2=0,69; P<0,01), onde: DFDN = Digestibilidade da FDN (%) X = Nível de inclusão do subproduto de acerola (%) DFDA = 46,65 - 0,86X + 0,015X2 (R2=0,53; P<0,01), onde: DFDA = Digestibilidade da FDA (%) X = Nível de inclusão do subproduto de acerola (%) DCEL = 39,11 - 0,98X + 0,016X2 (R2=0,61; P<0,01), onde: DCEL = Digestibilidade da CEL (%) X = Nível de inclusão do subproduto de acerola (%) A exemplo do que aconteceu com as equações encontradas para as digestibilidades da matéria seca e da matéria orgânica, as curvas de digestibilidade da FDN e celulose também tiveram tipo de resposta semelhante, isso porque a FDN teve grande participação na composição total das dietas. Houve superioridade de digestibilidades quando não se incluiu nas dietas o subproduto de acerola e a partir de então houve queda das digestibilidades. De acordo com Forbes (1995), a digestibilidade é produto do tempo de retenção ruminal e das características de degradação dos alimentos em estudo. Os consumos de hemiceluloses em g/UTM foram menores nos tratamentos que incluíram o subproduto de acerola em 29 e 43% do total dietético provavelmente em função do maior tempo de retenção ruminal que pode ter favorecido a ação dos microrganismos ruminais sobre as hemiceluloses existentes no substrato alimentar. Estudos complementares de degradação dos diferentes nutrientes, particularmente das frações fibrosas, ainda são requeridos para o melhor esclarecimento da interação existente entre os nutrientes dietéticos e a digestibilidade. Estes comentários serão feitos no Capítulo VIII. A seguir, será feita a comparação das médias de consumo de energias bruta, digestível e metabolizável para avaliação do balanço energético dos ovinos. Esses consumos serão discutidos juntamente com a digestibilidade da energia bruta e os teores de energia digestível e metabolizável por quilo de matéria seca ingerida (kcal) (Tabela 9). Tabela 9 - Médias de consumo de energia bruta (EB), digestível (ED) e metabolizável (EM) em relação à unidade de tamanho metabólico dos ovinos (kcal/kg0,75), coeficientes de digestibilidade aparente da energia bruta, balanço energético e teores de ED (TED) e de EM (TEM) por quilo de matéria seca ingerida (kcal) das dietas contendo quantidades crescentes de subproduto de acerola fornecidas a ovinos Frações Dietas Coeficientes de Analisadas 0% 12% 29% 43% Variação (%) Consumo de EB 484,47a 538,27a 460,71a 358,19b 14,02 Consumo de ED 328,81a 334,75a 288,96ab 226,27b 16,13 Consumo de EM 280,46a 286,80a 212,75ab 165,89b 27,01 a b b b Coeficientes de digestibilidade (%) 67,85 61,98 62,55 62,73 3,63 Balanço energético 3,51a 3,56a 2,62ab 1,93b 30,44 TED/kg MS 2955,9a 2730,4b 2784,5ab 2854,8ab 4,20 TEM/kg MS 2499,7a 2298,7a 2061,5a 2122,5a 19,04 a Médias com letras iguais na mesma linha não diferem significativamente pelo teste SNK (P>0,05). O consumo de EB foi menor no tratamento que incluiu 43% de subproduto de acerola, já para os consumos de energia digestível e metabolizável o tratamento 43% de inclusão de subproduto apresentou-se com menor valor aos encontrados para os tratamentos que incluíram zero e 12% de subproduto. O tratamento que incluiu 29% de subproduto, apresentou valores de consumo dessas frações intermediário e 121 semelhantes aos demais tratamentos. Os coeficientes de digestibilidade para todas as dietas que incluíram o subproduto de acerola foram inferiores (P<0,05) àquela sem subproduto. Os balanços energéticos foram positivos em todos os tratamentos, entretanto, foi observada a superioridade de valores para inclusões de zero e 12% de inclusão em relação à 43%. Com 29% de inclusão observou-se equivalência desse com os demais tratamentos, pois ficou com valores intermediários. O teor de energia metabolizável por quilo de matéria seca ingerida não diferiu entre as dietas, entretanto, o teor de energia digestível/kg MS foi superior para a dieta controle em relação à dieta com 12% de subproduto de acerola e semelhante aos demais. Serão demonstradas as equações correspondentes à digestibilidade da energia bruta (DEB) e consumo de energia metabolizável (CEM) em relação aos níveis de inclusão de subproduto de acerola (X). DEB = 67,34 - 0,43X + 0,0078X2 (R2=0,48; P<0,01) CEM = 286,15 - 0,33X - 0,061X2 (R2=0,42; P<0,05) Resolvendo dy/dx=0 para estas equações são encontrados o nível 27,56% como o que apresentou menor digestibilidade da energia bruta e o nível 2,71% como o que representa o maior consumo de energia metabolizável o que representa um consumo médio diário de energia metabolizável por UTM de 230,72 kcal e 284,81 kcal, respectivamente. Os valores médios do balanço de nitrogênio para os quatro tratamentos constam na Tabela 10. Tabela 10 - Balanço de nitrogênio comparado nas diferentes dietas contendo quantidades crescentes de subproduto de acerola fornecidas a ovinos Frações Dietas Coeficientes de Analisadas 0% 12% 29% 43% Variação (%) Nitrogênio ingerido (g/dia) 29,24a 34,27a 31,75a 25,90a 10,08 ab a ab Nitrogênio fecal (g/dia) 12,83 15,30 13,04 10,45b 9,24 Nitrogênio urinário (g/dia) 4,61a 2,33b 5,95a 2,38b 21,58 Balanço de nitrogênio (g/dia) 11,80a 16,64a 12,77a 13,07a 16,15 Nitrogênio retido (% sobre o N 40,32a 47,33a 39,75a 50,40a 11,02 ingerido) a Médias com letras iguais na mesma linha não diferem significativamente pelo teste SNK (P>0,05). Mesmo com a transformação angular realizada, não houve diferenças estatísticas entre os tratamentos para a porcentagem de nitrogênio retido e nitrogênio ingerido, entretanto, houve maior perda de nitrogênio fecal no tratamento 12% em relação ao 49% e semelhança com os demais. Em se tratando de nitrogênio urinário, no tratamento que incluiu 29% de subproduto de acerola em relação aos tratamentos que 122 incluíram 12 e 43% do subproduto houve maior perda. Não houve diferenças estatísticas também para os balanços nitrogenados. O estudo das fontes protéicas dietéticas é fundamental e pode favorecer a oferta de alimentos para ruminantes (Dhiman e Satter, 1993), pois a disponibilidade de nitrogênio nas dietas dos sistemas de produção comercial de ruminantes normalmente é baixa (Merkel et al., 1999). A eficiência de utilização da energia e proteína presentes em dietas para ruminantes depende da relação existente entre eles. O incremento da proteína dietética traz benefícios ao consumo alimentar provavelmente porque melhora a efetividade dos processos digestivos e de fermentação microbiana como resultado da maior incorporação de aminoácidos ao metabolismo animal (Garnsworthy e Cole, 1990 citados por Bruckental et al., 2000). 4. CONCLUSÕES Apesar dos balanços nitrogenados positivos, a inclusão do subproduto de acerola reduziu o consumo de MS. Os níveis recomendados para uso em situações emergenciais seriam de oito a 14% do total de dietas para ovinos. Mais pesquisas são necessárias para avaliar o efeito de taninos sobre o consumo dos diferentes nutrientes testados nesse experimento. Estudos posteriores que avaliem a microscopia dos constituintes fibrosos dietéticos existentes em dietas em que o subproduto de acerola esteja incluso, ainda são necessários. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANUÁRIO ESTATÍSTICO DO BRASIL. Rio de Janeiro: IBGE, v.54, 1994; v.59, 1999. A.O.A.C. Association of Official Analytical Chemists, Official Methods of Analysis (red.). Washington DC: AOAC, 1980. 1015p. BLAXTER, K. L., CLAPPERTON, J. L. Prediction of the amount of methane produced by ruminants. Brittish Journal of Nutrition, v.19, n.1-2, p.511-522, 1965. BRUCKENTAL, I., HOLTZMAN, M., KAIM, M. et al. Effect of amount of undegradable crude protein in the diets of high-yielding dairy cows on energy balance and reproduction. Livestoch Production Science, v.63, p.131-140, 2000. BURGI, R. Utilização de subprodutos agroindustriais na alimentação de ruminantes. IN: CONGRESSO BRASILEIRO DE PASTAGENS, 86, 8, Piracicaba-SP, 1986. Anais... Piracicaba: FEALQ, 1986. p.101-117. CAPPELLE, E.R., VALADARES FILHO, S.C., COELHO DA SILVA, J.F. et al. Estimativas do valor energético a partir de características químicas de bromatológicas dos alimentos. Revista Brasileira de Zootecnia, v.30, n.6, p.1837-1856, 2001. CHURCH, D.C., POND, W.G. Fundamentos de nutrición y alimentación de animales. Mexico: Limusa, 1987. 438p. DHIMAN, T.R., SATTER, L.D. Protein as the first limiting nutrient for lactating dairy cows fed high proportions of good quality alfalfa silage. Journal of Dairy Science, v.76, p.1960-1971, 1993. FORBES, J.M. Physical limitation of feed intake in ruminants and its interactions with other factors affecting intake. In: ENGELHARDT, W.V., LEONHARDMAREK, S., BREVES, G. et al. Ruminant physiology: digestion, metabolism, growth and reproduction. Ferdinand Enke Verlag Stuttgart, Enke, 1995. HADJIPANAYIOTOU, M., LOUCA, A. A note on the value of dried citrus pulp and grape marc as barley replacements in calf fattening diets. Animal Production, v.23, n.1, p.129-132, 1976. LITTELL, R.C., FREUND, R.J., SPECTOR, P.C. SAS® system for linear models. Cary, NC, EUA: SAS Institute Inc., 1991. 329p. LOUSADA JÚNIOR, J.E. Digestibilidade aparente de subprodutos do processamento 123 de frutas em ovinos. Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 2003. 94p. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) – Universidade Federal do Ceará, 2003. MERKEL, R.C., POND, K.R., BURNS, J.C. et al. Intake, digestibility and nitrogen utilization of three tropical tree legumes. I. As sole feeds compared to Asystasia intrusa and Brachiaria brizantha. Animal Feed Science and Technology, v.82, p.91-106, 1999. MÜLLER, Z.O. Feeding potential of pineapple waste for cattle. World Animal Review, v.25, n.1, p.25-29, 1978. NATIONAL RESEARCH COUNCIL. Nutrient Requeriments of Sheep. 6.ed. Washington DC, USA: National Academy Press, 1985. 99p. REIS, J. Composição química, consumo voluntário e digestibilidade de silagens de subprodutos do fruto de maracujá (Passiflora edulis Sims f. flavicarpa) e de capim elefante (Pennisetum purpureum Schum) cv. Cameroon e suas combinações. Ciência e Agrotecnologia, v.24, n.1, p.213224, 2000. RIBEIRO JÚNIOR, J.I. Análises estatísticas no SAEG. Viçosa:UFV, 2001. 301p. RODRIGUES, R.C., PEIXOTO, R.R. Composição bromatológica, digestibilidade e balanço de nitrogênio de subprodutos da indústria de abacaxi. IN: REUNIÃO 124 ANUAL DA SBZ, 27, 1990. Campinas-SP. Anais... Campinas, SP: SBZ, 1990. p.92-93. SAMPAIO, I.B.M. Estatística aplicada à experimentação animal. 2.ed. Belo Horizonte: Fundação de Ensino e Pesquisa em Medicina Veterinária e Zootecnia, 2002. 265p. SNIFFEN, C.J., O’CONNOR, J.D., VAN SOEST, P.J. et al. A net carbohydrate and protein system for evaluating cattle diets. II. Carbohydrate and protein availability. Journal of Animal Science, v.70, p. 35623577, 1992. TILLEY, J.M.A., TERRY, R.A. A twostage technique for the “in vitro” digestion of forage crops. Journal of British Grassland Society. v.18, n.2, p.104-111, 1963. VAN SOEST, P.J. Nutritional ecology of the ruminant. 2.ed. Ithaca, New York (USA): Cornell University Press, 1994. 476p. VAN SOEST, P.J., ROBERTSON, J.D., LEWIS, B.A. Methods for dietary fiber, neutral detergent fiber, nonstarch polysaccharides in relation to animal nutrition. Journal of Dairy Science, v.74, n.11-12, p.3583-3597, 1991. VASCONCELOS, V.R., NEIVA, J.N.M, PIMENTEL, J.C.M. et al. Utilização de subprodutos do processamento de frutas na alimentação de caprinos e ovinos. IN: SEMINÁRIO NORDESTINO DE PECUÁRIA – PECNORDESTE, 6, Fortaleza-CE, Anais... Fortaleza: FAEC, 2002. p.83-99. Capítulo VII - EXPERIMENTO 5 Valor nutritivo do subproduto da indústria processadora de acerola (Malpighia glabra) em dietas para ovinos. 2. Dinâmica da fermentação ruminal e cinética sangüínea RESUMO O presente estudo foi conduzido com o objetivo de avaliar a influência da inclusão do subproduto do processamento de acerola (Malpighia glabra L.) sobre a concentração de nitrogênio amoniacal (N-NH3) em mg/100 ml, pH e concentrações molares de ácidos graxos voláteis (AGVs) do líquido ruminal, assim como os níveis séricos de albumina (ALB), creatinina (CRE), uréia (UR) e proteínas totais (PT) em ovinos que receberam dietas experimentais isofibrosas e isoprotéicas contendo o subproduto em níveis crescentes. Vinte ovinos machos, inteiros foram distribuídos em quatro tratamentos de inclusão percentual do subproduto de acerola (zero; 12%; 29%; 43%), segundo delineamento em blocos ao acaso, em esquema de parcelas subdivididas, tendo nas parcelas as dietas e nas sub-parcelas os tempos de colheita (zero, duas, cinco, oito horas pós-prandial) com cinco repetições. A concentração de NNH3 no rume foi superior (P<0,05) na dieta controle em relação à dieta com 12% de subproduto e semelhante às demais na 2a e 8a hora pós-prandial. Para a 5a hora pós-prandial, as dietas que incluíram subproduto de acerola apresentaram menores concentrações de N-NH3 em relação à dieta controle. Embora a relação acetato: propionato não tenha diferido entre os tratamentos, o tratamento que incluiu maior quantidade de subproduto revelou maior concentração de acetato e menor concentração de propionato na 2a e 5a hora pós-prandial . Ressalte-se, entretanto, que a inclusão do subproduto em qualquer um dos níveis testados pode levar à diminuição da disponibilidade de energia ao ruminante, na medida em que a produção de AGV total diminuiu com a inclusão do subproduto. Palavras-chave: Acerola, amônia, frutas, ovinos, pH, ruminantes 1. INTRODUÇÃO O Cornell Net Carbohydrate and Protein System citado por Russell et al. (1992) dividiu o ecossistema microbiano ruminal em dois grupos: microrganismos que fermentam carboidratos não estruturais (CNE) e aqueles que fermentam carboidratos estruturais (CE). Esta divisão refere-se às diferenças na utilização de nitrogênio (N) e eficiência de crescimento, assim como uma quase exclusiva partição de utilização de fonte energética. As bactérias fermentadoras de CE usam somente amônia como fonte de N e não fermentam peptídeos ou aminoácidos. As bactérias fermentadoras de CNE (amido, pectina, açúcares etc.) usam ou amônia ou peptídeo e aminoácidos como fonte de N e podem produzir amônia. produção de amônia excede a taxa de utilização. Quando há excessiva produção e absorção de amônia há um aumento na excreção de N e no custo de energia para a síntese de uréia. A degradação dos carboidratos leva à produção de ácidos graxos voláteis. Os ácidos acético, propiônico e butírico são as formas predominantes e constituem a maior fonte de energia para os ruminantes fornecendo em torno de 70 a 80% das exigências totais de energia a esses animais. Os principais substratos para essa fermentação são carboidratos complexos originários de células vegetais, e estes, consistem principalmente em celulose, hemiceluloses, pectinas, amidos, dextrinas e carboidratos solúveis (mono e dissacarídeos). Os microrganismos ruminais podem utilizar amônia, mas em muitos casos a taxa de 125 As ligninas, apesar de não serem consideradas carboidratos, são encontradas em estreita associação com os carboidratos da parede celular de modo a formar uma camada de revestimento protetora da estrutura celulose-hemiceluloses da célula, durante o crescimento da planta, e aparentemente a protege de ataques bacterianos no rume e intestinos dos ruminantes. A quantidade total de ligninas na planta e seu sítio de deposição interferem, entretanto, sobre a digestibilidade e valor nutritivo das forragens. Primeiramente, porque as ligninas são indigeríveis e, ao revestir a célula, não permitem o ataque enzimático ao seu conteúdo e porque ao se combinarem quimicamente com outros nutrientes, os tornam indisponíveis. O subproduto de acerola caracteriza-se principalmente por apresentar alto conteúdo de fibras, o que lhe confere a participação no grupo de fontes de fibras não forrageiras. A existência de compostos fenólicos (Lousada Júnior, 2003) pode reduzir a digestibilidade de carboidratos e proteínas e/ou a disponibilidade de determinados minerais. O presente trabalho teve como objetivo avaliar os níveis séricos de albumina, creatinina, proteínas totais e uréia, bem como, a disponibilidade de nitrogênio amoniacal, concentrações de ácidos graxos voláteis e pH do líquido ruminal de ovinos em terminação, que receberam dieta composta de capim elefante, milho, torta de algodão e níveis crescentes de subproduto de acerola. 2. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado na sede da EMBRAPA Caprinos em Sobral - CE. Foram utilizados 20 cordeiros machos e inteiros com sete meses de idade e peso vivo médio de 29 kg. Os tratamentos consistiram de subproduto agroindustrial de acerola composto basicamente de cascas e sementes, secas ao sol, em níveis crescentes (zero, 12, 29 e 43 %), em relação a dietas compostas de capim elefante in natura, 126 milho e torta de algodão. O nível máximo foi determinado pelo ajuste das dietas em função da substituição total do capim elefante pelo subproduto de acerola e, ao mesmo tempo, para atenderem aos requisitos de proteína bruta (14,7%) e de NDT (72%) prescritos pelo National Research Council (1985) para cordeiros em terminação (quatro a sete meses de idade) com peso vivo de 30kg e ganho de peso de 295g/dia. Houve dificuldades para, com os alimentos utilizados, se atingir o requerimento de energia. Desta maneira, procurou-se estabelecer um nível de fibra dietético máximo, idêntico para os quatro tratamentos, de modo que os níveis de energia se aproximassem daquele prescrito pelo National Research Council (1985). Os ovinos utilizados foram pesados no início do experimento e alojados em gaiolas metabólicas. O período de adaptação dos animais às dietas e às gaiolas foi de 17 dias, logo ao final desse, realizou-se a colheita de sangue, por punção da veia jugular, para as determinações dos níveis séricos de albumina, creatinina, proteínas totais e uréia e também colheu-se o líquido ruminal por meio de sonda esofágica para as mensurações de N-NH3, ácidos graxos voláteis e pH ruminais em quatro tempos pré-estabelecidos (zero hora ou antes do fornecimento da dieta, 2h, 5h e 8h pósprandial). As dietas foram fornecidas às sete horas em uma única vez. Água e sal mineralizado estiveram disponíveis à vontade. O pH foi medido em potenciômetro imediatamente após a colheita do líquido ruminal, enquanto as amostras de aproximadamente 50 ml de líquido ruminal foram acidificadas em 1 ml de ácido sulfúrico 1:1 e guardadas a -5oC para futuras análises de N-NH3. Em alíquota de 4 ml de líquido ruminal foi adicionado 1 ml de ácido metafosfórico a 25% para serem analisados os níveis de ácidos graxos voláteis. As análises de NNH3 e AGVs foram realizadas nas dependências do Laboratório de Nutrição Animal da Escola de Veterinária da UFMG. O nitrogênio amoniacal no líquido ruminal foi determinado por destilação com óxido de magnésio, usando-se ácido bórico com indicador misto de cor como solução receptora (vermelho de metila + verde de bromocresol) e titulando-se com HCl 0,01N. Os ácidos graxos voláteis foram quantificados usando-se cromatógrafo de fase gasosa SHIMADZU®, modelo GC17A dotado de coluna capilar metil-silicone (CBP1 m25-025). As dosagens de albumina, creatinina, nitrogênio uréico e proteínas totais foram realizadas a partir da utilização de kits Bioclin®. Essas análises também foram realizadas nas dependências do Laboratório de Nutrição Animal da Escola de Veterinária da UFMG. Os parâmetros foram analisados para cada tratamento experimental através de um delineamento em blocos ao acaso em um esquema de parcelas subdivididas, tendo nas parcelas as dietas e nas sub-parcelas os tempos de colheita (zero, 2, 5, 8h pósprandial) com cinco repetições, segundo o seguinte modelo estatístico: Yijk = µ + Fj + Tk + FTjk + eijk onde, Yijk = valor referente à observação da repetição i no tratamento j e no tempo de colheita k µ = média geral Fj = efeito do tratamento j (j = zero, 12%, 29%, 43%) Tk = efeito do tempo de colheita k (k = zero, 2, 5, 8) FTjk = interação dos efeitos do tratamento j com o tempo de colheita k eijk = erro aleatório associado à observação As médias foram comparadas pelo teste SNK (P<0,05) empregando-se o software SAEG versão 8.0 (Ribeiro Júnior, 2001). No caso particular dos dados de nitrogênio amoniacal, houve perda de sete subparcelas. As análises estatísticas desses dados foram então realizadas mediante o uso do procedimento GLM (General Linear Models) do SAS para dados desbalanceados (Statistical Analysis System) (Littel et al., 1991), sendo realizada a comparação de médias pelo teste t (P<0,05) através de estimativa das médias de parcelas e subparcelas que seriam esperadas caso os dados fossem balanceados, conforme definição do LSMEANS (Least Squares Means) (Littel et al., 1991). A análise de regressão foi realizada utilizando-se o software SAEG (Ribeiro Júnior, 2001) para permitir a estimativa dos parâmetros analisados para cada nível de subproduto de acerola testado em função dos tempos de colheita. Testou-se diferentes modelos a partir do procedimento Modelos Pré-definidos, para escolha daquele que apresentasse maior significância e maiores coeficientes de determinação. Também foi considerado aquele modelo matemático que melhor adequacidade apresentou para o tipo de resposta biológica estudada. No caso particular das concentrações séricas de uréia e creatinina (mg/ 100 ml de soro sangüíneo), foi feita a transformação para arcoseno (ARSEN (RAIZ (VAR/100))). De acordo com Sampaio (2002), grupos experimentais que revelam variâncias diversificadas, dependendo das respostas médias, apresentando distribuições aparentemente normais, demandam transformação. As médias destes parâmetros existentes nas Tabelas 6 e 7, entretanto, para melhor visualização das respostas e facilitar comparações com a literatura, foram aquelas provenientes dos valores obtidos experimentalmente e não dos valores transformados, considerandose apenas o grau de significância dos testes de médias. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1. Efeito das dietas e dos tempos de colheita sobre as concentrações de nitrogênio amoniacal no rume de ovinos Os resultados dos níveis de nitrogênio amoniacal (N-NH3) encontram-se na Tabela 1. 127 Tabela 1. Concentração de nitrogênio amoniacal (mg/ 100 ml) no líquido ruminal de ovinos consumindo dietas contendo distintas quantidades de subproduto de acerola1 em vários horários pós-prandial Dietas Horário (h)2 Médias 0%3 12%3 29%3 43%3 0 4,59Ca 3,97Ba 5,58Ba 5,58Ba 4,93B Aa Ab Aab Aab 2 14,40 10,73 12,87 12,59 12,64A 5 7,45Ba 2,11Bc 5,09Bb 4,59Bb 4,81B BCa Bb Ba Bab 8 6,45 2,73 6,21 4,84 5,06B a c ab b Médias 8,22 4,89 7,44 6,90 1 Percentagem de inclusão do subproduto de acerola nas dietas Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (t) 3 Letras minúsculas iguais na mesma linha indicam semelhança estatística a 5% (t) CV = 26,40% 2 A interação tempo de colheita versus tratamento experimental foi significativa (P<0,05). Analisando a tabela, verifica-se que às duas horas após o fornecimento alimentar houve a maior concentração de nitrogênio amoniacal no líquido ruminal em todas as dietas. Neste horário, o tratamento controle foi superior à dieta que incluiu 12% de subproduto de acerola (P<0,05), entretanto, foi semelhante aos demais. No jejum não houve diferenças entre as dietas. Na quinta hora pós-prandial o tratamento controle apresentou a maior concentração de N-NH3 em relação aos demais e na oitava hora pós-prandial as dietas controle e com 29% de subproduto de acerola mostraram-se com superioridade de valores em relação à dieta com 12% de subproduto e todos foram semelhantes ao nível máximo de inclusão. As concentrações de N-NH3 obtidas com as dietas experimentais estiveram, todavia, sempre aquém dos níveis de 23,5 mg/100 ml, considerados ótimos por Mehrez et al. (1977), para que se obtivesse condições de se atingir a máxima fermentação microbiana em ruminantes em produção. Esta constatação servirá de base para relacionar a eficiência de produção de proteína microbiana em base de disponibilidade de AGVs disponíveis para a produção de energia em forma de ATP. 3.2. Equações de predição da concentração de nitrogênio amoniacal no líquido ruminal 128 de ovinos em função do tempo de colheita conforme os tratamentos experimentais Pela análise de regressão realizada, foram encontradas as seguintes equações conforme a significância estatística (P<0,05) e maiores coeficientes de determinação (superiores a 45%). 3.2.1. Dieta com 0% de subproduto de acerola N-NH3 = 4,59 + 10,01X - 3,00X2 + 0,22X3 (R2 = 0,77; P<0,0001), onde: N-NH3 = concentração de nitrogênio amoniacal em mg / 100 ml de líquido ruminal; X = tempo de colheita do líquido ruminal (horas) 3.2.2. Dieta com 12% de subproduto de acerola N-NH3 = 3,97 + 7,65X - 2,65X2 + 0,21X3 (R2 = 0,80; P<0,0001), onde: N-NH3 = concentração de nitrogênio amoniacal em mg / 100 ml de líquido ruminal; X = tempo de colheita do líquido ruminal (horas) 3.2.3. Dieta com 29% de subproduto de acerola N-NH3 = 5,58 + 7,8X - 2,61X2 + 0,21X3 (R2 = 0,71; P<0,0001), onde: N-NH3 = concentração de nitrogênio amoniacal em mg / 100 ml de líquido ruminal; A Figura 1, a seguir, permite um melhor acompanhamento e visualização dos dados experimentais ao longo dos períodos de colheita do líquido ruminal. X = tempo de colheita do líquido ruminal (horas) Concentrações de N-NH3 (mg/ 100 ml) 16 14 12 10 0% 8 12% 6 29% 4 2 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 Tempo de colheita (h) Figura 1. Concentração de nitrogênio amoniacal em função do tempo de colheita do líquido ruminal Pelo gráfico é possível perceber que, dentre os tratamentos demonstrados, o tratamento controle foi aquele que apresentou maior pico de produção de N-NH3 no líquido ruminal em torno das duas horas após a alimentação. Em seguida apresentaram maiores picos de produção nesse período, o tratamento 29% e, depois, o tratamento 12%. Rodriguez (1986) destacou, entretanto, que é de suma importância para a otimização da síntese de proteína microbiana ruminal, minimizar a necessidade de proteína dietética não degradável, que é geralmente cara. Para isso, segundo esse autor, o fator mais importante, além de N solúvel e uma certa quantidade de aminoácidos pré-formados, é a quantidade disponível de matéria orgânica (MO) fermentável para os microrganismos ou, em outras palavras, a disponibilidade de energia. No Capítulo VIII serão feitos comentários sobre a degradabilidade da proteína no rúmen que servirão para um melhor aprofundamento desses comentários a partir das dietas experimentais fornecidas. 3.3. Equação de predição da concentração de nitrogênio amoniacal no líquido ruminal de ovinos em função do nível de inclusão do subproduto de acerola Dentre as equações que correlacionaram a concentração de nitrogênio amoniacal e os tratamentos experimentais destacou-se em termos de significância e coeficiente de determinação a equação preparada para o tempo cinco (cinco horas após o fornecimento alimentar): 3.3.1. Tempo de colheita cinco horas pósprandial N-NH3 = 7,45 - 0,93X + 0,049X2 0,00066X3 (R2=0,57; P<0,01), onde: N-NH3 = concentração de nitrogênio amoniacal no tempo 5 X = % de inclusão do subproduto de acerola Resolvendo dy/dx=0 para essa equação, destaca-se o nível 36,7% de inclusão de subproduto de acerola como aquele que apresentou maior concentração de N-NH3 no líquido ruminal. O nível 12,8% de inclusão de subproduto apresentou a menor concentração. A interpretação desses resultado requer comentários acerca dos 129 níveis de AGVs produzidos nesse nível de inclusão e das perdas de nitrogênio na urina e fezes apresentados no capítulo anterior. Pela análise de variância realizada para as perdas de nitrogênio na urina e nas fezes, foi encontrado que tanto o tratamento que incluiu 12% de subproduto de acerola quanto àquele que incluiu 43% de subproduto, foram encontradas as menores perdas de nitrogênio na urina, entretanto, a dieta que incluiu 12% de subproduto teve maiores perdas de nitrogênio nas fezes em relação àquela com 43% de inclusão. Vale ressaltar, entretanto, que tanto as perdas de nitrogênio urinárias quanto as fecais para esses dois níveis de inclusão de subproduto de acerola foram semelhantes aos níveis encontrados para o tratamento que não incluiu o subproduto. A causa, portanto, para os menores valores nos tratamentos 12 e 43% em relação ao tratamento controle parece ter sido a maior eficiência de aproveitamento da amônia ruminal para a síntese protéica microbiana. Estudos que avaliem essa síntese serão importantes para a confirmação ou não deste comentário. Bhatta et al. (2001), trabalhando com inclusões em níveis crescentes de cascas de sementes de tamarindo, destacaram que fontes naturais de taninos podem ser utilizadas inclusive para beneficiar a manipulação ruminal, na medida em que dependendo da fonte de carboidratos, pode haver um aumento da síntese de proteína microbiana que efetivamente é absorvida em nível de intestino, o que diminui as perdas de nitrogênio na urina e fezes. No Capítulo IV discutiu-se a concentração de N-NH3 de ovinos alimentados com dietas contendo subproduto de abacaxi. Níveis de inclusão de subproduto de abacaxi compreendidos entre 12 e 29% apresentaram maiores concentrações de NNH3. Para o subproduto de acerola, a sua não inclusão representou as maiores concentrações. Sob esse aspecto é possível inferir a provável interferência das ligninas e outros compostos polifenólicos presentes, estes últimos referidos por Vasconcelos et al. (2002) e Lousada Júnior (2003), como 130 possíveis causadores de efeitos tóxicos e/ou antinutricionais. De acordo com McSweeney et al. (2001), os complexos taninos-proteínas dietéticas podem reduzir o suprimento de nitrogênio para o animal na medida em que principalmente os taninos condensados reduzem a disponibilidade de nitrogênio para os microrganismos ruminais. Vários autores tais como Osawa et al. (1993), Nemoto et al. (1995) e McSweeney et al. (2001) comentaram que a maior parte das bactérias anaeróbicas é capaz de dissociar complexos proteínastaninos hidrolisáveis, entretanto, é incapaz de dissociar complexos proteínas-taninos condensados. Segundo McSweeney et al. (2001), microrganismos anaeróbicos capazes de degradar complexos proteínastaninos condensados ainda não foram identificados e podem não ocorrer na natureza. Mais pesquisas são necessárias para identificar a habilidade de microrganismos gastrointestinais capazes de metabolizar estes compostos e seus efeitos sobre as populações microbianas. 3.4. Efeito das dietas e dos tempos de colheita sobre os valores de pH ruminal dos ovinos Os resultados de medições encontram-se na Tabela 2. de pH A interação tempo versus dietas experimentais foi significativa (P<0,05), particularmente porque o tratamento controle apresentou diminuição dos valores de pH após o fornecimento alimentar. Resposta que não foi observada para os demais tratamentos. No tempo dois, o tratamento 29% apresentou superioridade de pH em relação ao tratamento controle e foi idêntico aos tratamentos 12 e 43% de inclusão e estes semelhantes ao tratamento controle. No tempo cinco, todos os tratamentos que incluíram o subproduto de acerola apresentaram valores mais altos que o tratamento controle. Para o jejum e para a oitava hora pós-prandial não houve diferenças entre as dietas experimentais. Tabela 2. Valores de pH do líquido ruminal de ovinos consumindo dietas contendo distintas quantidades de subproduto de acerola1 em vários horários pós-prandial Dietas Horário (h)2 Médias 0%3 12%3 29%3 43%3 0 6,85Aa 6,81Aa 6,70Aa 6,87Aa 6,81A Bb Aab Aa Aab 2 6,47 6,66 6,89 6,73 6,69AB Bb Aa Aa Aa 5 6,26 6,54 6,63 6,61 6,51C 8 6,51Ba 6,61Aa 6,66Aa 6,68Aa 6,62BC b a a a Médias 6,52 6,66 6,72 6,72 1 Percentagem de inclusão do subproduto de acerola nas dietas Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK) 3 Letras minúsculas iguais na mesma linha indicam semelhança estatística a 5% (SNK) CV = 6,66% 2 Os valores médios, entretanto, mantiveramse dentro dos padrões normais de 5,5 e sete citados por Silva e Leão (1979), melhor ainda, estiveram entre seis e sete, o que segundo Hobson e Stewart (1997), permitem a presença de todos os componentes da biomassa microbiana do rúmen, sejam bactérias, principalmente as celulolíticas, protozoários ou fungos. Pedroso (2003) citou que os animais superiores dispõem de dois mecanismos para manutenção da constância do pH dos líquidos biológicos: mecanismos físicoquímicos, representados por sistemas tampões que envolvem moléculas orgânicas ou inorgânicas e, mecanismos fisiológicos, desempenhado pelo rúmen e rins, por exemplo. Silva e Leão (1979) destacaram que, no caso particular do líquido ruminal, atuam principalmente o poder tamponante da saliva e a absorção dos ácidos graxos voláteis desempenhada pelas papilas ruminais. Pedroso (2003) comentou que os rins permitem a menor ou maior reabsorção de bicarbonato e de sódio filtrados pelo glomérulo, excretando, pelos túbulos, maior ou menor quantidade de hidrogênio. A amônia (NH3), também secretada pelas células tubulares, é poderoso auxiliar, quando necessário, na excreção renal de grandes quantidades de hidrogênio. Estudos complementares ainda são necessários para quantificar particularmente a efetividade física da fibra de dietas que contêm subproduto de acerola. 3.5. Equação de predição do pH no líquido ruminal de ovinos em função do nível de inclusão do subproduto de acerola em suas dietas Baseado no coeficiente de determinação e na significância estatística (P<0,05), a análise de regressão indicou o tempo de colheita de duas horas após a alimentação como o mais representativo entre os tratamentos: 3.5.1. Tempo de colheita 2 horas pósprandial pH = 6,47 + 0,011X + 0,00059X2 0,000017X3 (R2=0,52; P<0,01), onde: pH = valores de pH em escala de zero a 14. X = % de inclusão de subproduto de acerola O aumento da inclusão do subproduto de acerola às dietas experimentais proporcionou em efeito cúbico ascendente até 30,26% (pH = 6,87) de onde foi percebida nova queda dos valores de pH até 6,73 em 43% de inclusão desse subproduto. Hobson (1988) destacou que o pH é o fator que mais influência exerce sobre o ecossistema ruminal. As bactérias celulolíticas e metanogênicas, segundo esse autor, são bastante sensíveis a pH inferior a seis. De acordo com Church (1988), o pH do rume alcança seu valor mais baixo 2 a 6 horas após a ingestão, dependendo da natureza da dieta e da velocidade de ingestão alimentar. 131 3.6. Efeito das dietas e dos tempos de colheita sobre as concentrações totais dos ácidos graxos voláteis, concentrações e proporção dos ácidos graxos voláteis no líquido ruminal de ovinos As concentrações dos ácidos acético, propiônico e butírico estão apresentadas na Tabela 3. Na Tabela 4, são apresentadas as concentrações dos AGV totais (somatório dos ácidos acético, propiônico e butírico) e a relação acetato : propionato encontrada. As proporções molares do acetato, propionato e butirato aparecem na Tabela 5. As interações tempo de colheita versus dietas experimentais foram significativas para as concentrações dos ácidos acético, propiônico, butírico e de ácidos graxos voláteis totais (mmol/100 ml de líquido ruminal), bem como para a proporção molar de ácido acético. Para a relação acetato : propionato e para as proporções molares de propionato e de butirato esta interação não foi significativa (P>0,05). Nos tempos de amostragem zero e cinco horas pós-prandial das dietas as concentrações de acetato foram similares, sendo que às duas horas, aquela dieta que não possuía subproduto de acerola apresentou-se com maior concentração desse ácido. As demais dietas foram similares nesse horário. Já às oito horas, apenas notou-se diferença nas concentrações de acetato para a inclusão de 43% de subproduto de acerola, apresentando o menor valor. Comparandose o efeito do tempo de amostragem sobre a concentração acética, vê-se que apenas com inclusão de 43% de subproduto de acerola é que não houve diferença, os demais apresentaram diferenças distribuídas de forma mais aleatória para cada nível de inclusão, destacando-se a similaridade de resposta obtida nas dietas com inclusões intermediárias (12 e 29%), onde as concentrações para o último tempo diferiu dos demais, que por sua vez, mostraram-se equivalentes. Para o propionato também não foram notadas diferenças entre as dietas para os 132 tempos zero e cinco horas e nos tempos dois e oito horas, a dieta que não incluiu o subproduto apresentou as maiores concentrações. Entre os horários, dentro de cada tratamento, apenas a dieta controle apresentou diferenças já que os tempos dois e oito apresentaram as maiores concentrações de propionato no líquido ruminal. A produção de butirato, por sua vez, não apresentou variações com o tempo apenas na dieta que incluiu 43% de subproduto, já as dietas sem subproduto e com 12 e 29% de inclusão tiveram essa resposta maior às 8 horas, sendo que para a dieta sem subproduto o tempo dois apresentou a segunda maior concentração e no jejum e às cinco horas foram encontradas as menores concentrações. Entre os tratamentos, dentro de cada horário, houve diferenças apenas nos tempos dois e oito horas. No tempo dois, os tratamentos 29 e 43% apresentaram concentrações menores que a dieta controle e foram semelhantes ao tratamento 12% e no tempo oito o tratamento 43% apresentou a menor concentração em relação aos demais. Após a análise dos ácidos graxos voláteis individualmente, verificando-se os dados de AGV totais constata-se o mesmo tipo de resposta encontrada para o acetato. Isto revela a influência marcante do acetato em dietas que incluíram o subproduto de acerola em níveis crescentes. Não houve diferenças entre os tratamentos para o jejum e tempo cinco, no tempo dois, todos os tratamentos que incluíram o subproduto apresentaram concentrações de AGV totais inferiores à dieta controle e no tempo oito o tratamento 43% apresentou a menor concentração. A inclusão do subproduto de acerola em substituição ao capim elefante, considerando-se as médias dos horários nos níveis testados nesse experimento, levou à redução na produção de ácidos graxos voláteis, particularmente às duas e oito horas pós-prandial. A relação acetato : propionato, entretanto, não foi alterada entre os tratamentos e entre os tempos de colheita (P>0,05). Tabela 3. Concentração de acetato, propionato e butirato (milimoles/ 100 ml) no líquido ruminal de ovinos submetidos a dietas contendo distintas quantidades de subproduto de acerola1 em vários horários pós-prandial Propionato3 Butirato3 Acetato3 HORA(h)2 0%3 12%3 29%3 43%3 Médias 0%3 12%3 29%3 43%3 Médias 0%3 12%3 29%3 43%3 Médias Ba Ba Ba Aa Ba Aa Aa Aa Ca Ba C C 0 3,09 3,99 4,21 2,25 1,22 1,30 1,32 0,74 0,08 0,23 0,09Ba 0,14Aa 0,14C 3,39 1,15 Aa Bb Bb Ab Aa Ab Ab Ab Ba Bab B B 2 8,31 3,76 4,92 3,66 5,78 1,76 1,98 1,28 0,78 0,36 0,38Bb 0,14Ab 0,41B 5,16 2,70 Ba Ba Ba Aa Ba Aa Aa Aa Ca Ba C BC 5 4,63 3,04 4,03 3,71 2,89 1,48 1,93 0,94 0,32 0,40 0,30Ba 0,13Aa 0,29BC 3,85 1,81 8 7,22Aa 9,80Aa 9,46Aa 3,28Ab 7,44A 6,12Aa 3,35Ab 3,66Ab 1,65Ab 3,69A 1,34Aa 0,89Aa 1,05Aa 0,47Ab 0,94A Médias 5,81a 5,15a 5,66a 3,22b 4,00a 1,97b 2,22b 1,16b 0,63a 0,47a 0,46a 0,22b 1 Percentagem de inclusão do subproduto de acerola nas dietas Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK) 3 Letras minúsculas iguais na mesma linha, para mesmo parâmetro, indicam semelhança estatística a 5% (SNK) CV Acetato = 34,4%; CV Propionato = 67,13%; CV Butirato = 69,1% 2 Tabela 4. Concentração total de ácidos graxos voláteis (milimoles/ 100 ml) e relação de acetato : propionato (Acet./Prop.) no líquido ruminal de ovinos submetidos a dietas contendo distintas quantidades de subproduto de acerola1 em vários horários pós-prandial Acet./Prop.3 AGV totais3 2 3 3 3 3 3 3 HORA(h) 0% 12% 29% 43% 0% 12% 29%3 43%3 Médias Médias 0 4,39Ba 5,52Ba 5,62Ba 3,14Aa 4,29Aa 3,78Aa 3,64Aa 3,60Aa 4,67C 3,83A Aa Bb Bb Ab Aa Aa Aa Aa B 2 14,87 5,87 7,28 5,08 1,85 2,24 2,62 3,42 8,28 2,53A Ba Ba Ba Aa Aa Aa Aa Aa C 5 7,84 4,92 6,26 4,78 3,41 2,25 2,23 4,84 5,95 3,18A Aa Aa Aa Ab Aa Aa Aa Aa A 8 14,68 14,04 14,17 5,41 1,41 3,35 2,81 3,00 12,08 2,64A a b b c a a a a Médias 10,45 7,59 8,33 4,60 2,74 2,90 2,82 3,72 1 Percentagem de inclusão do subproduto de acerola nas dietas Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK) 3 Letras minúsculas iguais na mesma linha, para mesmo parâmetro, indicam semelhança estatística a 5% (SNK) CV AGV totais = 39,08%; CV Acet./Prop.= 60,9% 2 133 Tabela 5. Proporção molar do acetato, propionato e butirato no líquido ruminal de ovinos submetidos subproduto de acerola1 em vários horários pós-prandial Propionato3 Acetato3 2 3 3 3 3 3 3 0% HORA(h) 0% 12% 29% 43% 12% 29%3 43%3 Médias Médias 0 73,92Aa 74,40Aa 75,84Aa 72,59Aa 74,19A 24,22Ba 21,91Aa 22,69Aa 23,67Aa 23,12A 2 58,10BCa 64,23Aa 67,68Aa 71,34Aa 65,34B 35,98ABa 30,43Aa 27,25Aa 25,14Aa 29,70A 5 66,45ABab 62,82Aab 63,74Ab 79,02Aa 68,01AB 30,51ABa 29,79Aa 30,95Aa 18,81Aa 27,51A 8 49,92Cb 70,16Aa 66,92Aa 62,40Aab 62,35B 39,55Aa 23,30Ab 25,26Ab 29,87Aab 29,49A Médias 62,10b 67,90ab 68,54ab 71,34a 32,56a 26,36ab 26,54b 24,37b 1 Percentagem de inclusão do subproduto de acerola nas dietas Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK) 3 Letras minúsculas iguais na mesma linha, para mesmo parâmetro, indicam semelhança estatística a 5% (SNK) CV Acetato = 14,81%; CV Propionato = 32,09%; CV Butirato = 73,62% P P 2 P P P P 134 a dietas contendo distintas quantidades de 3 0% 1,86Ba 5,93ABa 3,04Ba 10,53Aa 5,34a 3 12% 3,70Aa 5,33Aa 7,39Aa 6,54Aa 5,74a Butirato3 29%3 1,47Ba 5,07ABa 5,31ABa 7,82Aa 4,92a 43%3 Médias 3,73Aa 2,69B 3,52Aa 4,96B 2,16Aa 4,48B 7,73Aa 8,16A 4,29a - France e Siddons (1993) atribuíram ao acetato grande importância no comportamento das concentrações dos AGV totais quando as dietas forem ricas em volumosos, pois nestas condições este ácido terá sempre alta participação na fração dos AGV. A proporção molar média de acetato (Tabela 5) não diferiu entre os tratamentos para os tempos zero e duas horas pósprandial, entretanto para o tempo cinco a proporção foi maior para o tratamento 43% em relação ao tratamento 29% de inclusão e semelhante aos demais. O tratamento 29% também foi semelhante aos tratamentos controle e 12%. Para as oito horas após a alimentação o tratamento controle apresentou menor valor em relação às dietas que incluíram o subproduto em 12 e 29% tendo sido semelhante à dieta com 43% de inclusão do subproduto. Este último, por sua vez, também foi semelhante aos tratamentos 12 e 29%. Dentro de cada tratamento, apenas o tratamento controle apresentou diferenças entre os tempos de colheita. Neste tratamento, o fornecimento alimentar levou à redução dos valores em relação especialmente aos tempos dois e oito horas pós-prandial. No tempo cinco, o valor encontrado foi semelhante aos tempos zero e duas horas pós-prandial. A proporção molar média de propionato não diferiu (P>0,05) entre os tempos de colheita e foi superior na dieta controle comparativamente às dietas com 29 e 43% de inclusão do subproduto e semelhante à dieta que incluiu o subproduto em 12%. Para o butirato, não houve diferenças entre as proporções molares encontradas entre os tratamentos e a maior proporção foi encontrada oito horas após o fornecimento alimentar. Silva e Leão (1979) citaram faixas de normalidade para as concentrações de ácidos graxos voláteis no rúmen para manutenção da função ruminal e estímulo da atividade microbiana. Para o ácido acético, níveis normais para ruminantes seriam de 54 a 74%. Para o ácido propiônico, de 16 a 27% e para o ácido butírico, de seis a 15%. Observando os dados da Tabela 5, percebe-se que os valores médios de ácido acético estiveram dentro da faixa de normalidade citadas por esses autores. Para o propionato, todos os tratamentos que incluíram o subproduto de acerola apresentaram proporções molares médias dentro da faixa de normalidade, entretanto, o tratamento que não incluiu o subproduto apresentou proporção molar de propionato de 32,56% considerando a média dos tempos de colheita. A inclusão do subproduto de acerola contribuiu para minimizar as concentrações de ácido propiônico favorecendo os níveis de acetato. Este resultado sugere que, nestas condições experimentais, o subproduto de acerola pode ser utilizado em substituição ao capim elefante (fonte de fibra forrageira) causando alterações desejáveis nas condições ruminais. Para o butirato, todas as proporções molares estiveram abaixo do recomendado por Silva e Leão (1979). Apesar das dietas terem sido preparadas para serem isoprotéicas e isofibrosas, depois de realizado o ajuste de consumo percebeu-se que a dieta controle foi contemplada com maior disponibilidade energética em virtude de um teor de FDN mais baixo que o das demais dietas experimentais (Capítulo VI) o que representa maiores proporções de carboidratos solúveis, prontamente disponíveis no rume. Isso foi comprovado com a ocorrência de um pH mais baixo para esse tratamento em relação aos demais (Tabela 2). Vale lembrar que na dieta controle foi encontrado maior coeficiente de digestibilidade da energia bruta em relação aos demais tratamentos (Capítulo VI). Rocha Filho et al. (1999) avaliaram os efeitos da inclusão de polpa de citros e do milho, em substituição à silagem de milho, sobre as condições ruminais de vacas leiteiras em lactação. Os resultados desse trabalho concordaram com os que foram encontrados, na medida em que a produção de ácido acético foi maior (P<0,05) para a dieta que continha maior proporção de subproduto de frutas. A inclusão de milho associado com a polpa de citros aumentou 135 (P<0,05) a produção de ácido propiônico. Da mesma maneira, a dieta que não incluiu subproduto apresentou maior concentração desse ácido graxo volátil. As menores relações acetato/propionato (P<0,05) foram observadas quando o milho foi incluído na dieta, isolado ou associado com polpa. As quantidades de ácidos graxos voláteis não foram significativamente diferentes entre os tratamentos (P>0,05). Nestas condições experimentais os resultados sugeriram que a polpa de citros pode ser utilizada em substituição ao volumoso causando alterações desejáveis nas condições ruminais. A associação do milho com a polpa de citros, segundo esses autores, é uma alternativa para minimizar os efeitos característicos dos alimentos concentrados sobre o padrão de fermentação ruminal. Um outro aspecto que deve ser lembrado é o aumento nos níveis de ligninas com a crescente inclusão do subproduto de acerola. Vasconcelos et al. (2002) destacou também a presença de taninos em dietas que contêm subproduto de acerola. Van Soest (1994) ressaltou que ligninas e taninos pertencem à classe de substâncias indisponíveis à fermentação ruminal e que, portanto, limitam o uso da parede celular. Com isso, embora os níveis de carboidratos totais fossem semelhantes entre as dietas a biodisponibilidade deles diminuiu com o aumento da inclusão do subproduto, assim como a biodisponibilidade ruminal da proteína dietética. Isso resultou em maiores concentrações de N-NH3 e de AGV totais no tratamento controle. 3.7. Equações de predição da concentração dos ácidos graxos voláteis no líquido ruminal de ovinos em função do tempo de colheita pós-prandial do líquido ruminal dentro dos tratamentos experimentais 3.7.1. Dieta com 0% de subproduto de acerola AGV = 4,39 + 11,13X - 3,52X2 + 0,29X3 (R2=0,55; P<0,01), onde: AGV = Concentração de ácidos graxos voláteis em milimoles/ 100 ml no líquido ruminal 136 X = tempo de colheita do líquido ruminal em horas 3.7.2. Dieta com 12% de subproduto de acerola AGV = 5,52 + 1,2X - 0,68X2 + 0,082X3 (R2=0,65; P<0,01), onde: AGV = Concentração de ácidos graxos voláteis em milimoles/ 100 ml no líquido ruminal X = tempo de colheita do líquido ruminal em horas 3.7.3. Dieta com 29% de subproduto de acerola AGV = 5,62 + 2,21X - 0,87X2 + 0,091X3 (R2=0,66; P<0,01), onde: AGV = Concentração de ácidos graxos voláteis em milimoles/ 100 ml no líquido ruminal X = tempo de colheita do líquido ruminal em horas Como é possível perceber na Figura 2, às duas horas foram evidenciados picos de produção de ácidos graxos voláteis, com maior evidência para o tratamento controle. Daí em diante houve um comportamento cúbico descendente até em torno de cinco horas pós-prandial onde foi verificada nova ascendência no tempo oito horas. Isso pode indicar a demora na disponibilização dos carboidratos presentes na dieta o que torna a produção de AGV mais demorada (praticamente apenas a partir de oito horas pós-prandial para os tratamentos que incluíram o subproduto). O efeito de ligninas e de taninos sobre esses carboidratos parece o fator que mais interferiu sobre a disponibilização ruminal dos carboidratos. No Capítulo VI foi percebida a redução da digestibilidade da energia bruta quando o subproduto de acerola foi incluído nas dietas experimentais e isso possivelmente interferiu no consumo de energia metabolizável evidenciado naquele capítulo particularmente para a dieta que incluiu o subproduto em 43% em relação àquela que o incluiu em 12%. Como conseqüência, o balanço energético também foi inferior no tratamento 43% em relação ao tratamento que incluiu 12% de subproduto na dieta. Concentrações de AGV (mmol/ 100 ml) 18 16 14 12 10 0% 8 12% 29% 6 4 2 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 Tempo de colheita (h) Figura 2. Concentração de ácidos graxos voláteis em função do tempo de colheita do líquido ruminal inclusão sob o aspecto da produção de ácidos graxos voláteis. Obteve-se significância estatística (P<0,05) e coeficientes de determinação superiores a 45% para as equações a zero, duas e oito horas: Ainda considerando a Figura 2, verifica-se que concordando com os dados da Tabela 4, as concentrações de ácidos graxos voláteis foram maiores para a dieta controle em relação aos demais tratamentos. Contribuiu provavelmente para isso, as menores produções de ácido propiônico evidenciadas para os tratamentos onde houve a inclusão do subproduto de acerola em relação ao tratamento controle. Bergman (1990) destacou que o propionato é o único AGV que pode ser uma importante fonte de glicose. Este autor destacou que cerca de 50 a 60% do carbono do propionato realmente forma glicose. Como comentado anteriormente, baseado nas proporções molares de ácidos graxos voláteis individualmente (Tabela 5), houve excedentes na produção de propionato na dieta controle e níveis dentro da faixa de normalidade para os demais tratamentos. 3.8.1. Tempo de colheita zero horas (antes do fornecimento alimentar) AACET = 3,09 + 0,074X + 0,00084X2 0,000071X3 (R2=0,45; P<0,05), onde: AACET = Concentração de acetato em milimoles/ 100 ml no líquido ruminal X = % de inclusão de subproduto de acerola 3.8. Equações de predição da concentração dos ácidos graxos voláteis no líquido ruminal de ovinos em função do nível de inclusão do subproduto de acerola em suas dietas 3.8.2. Tempo de colheita 2 horas pósprandial AACET = 8,31 - 0,73X + 0,035X2 0,00048X3 (R2=0,62; P<0,01), onde: AACET = Concentração de acetato em milimoles/ 100 ml no líquido ruminal X = % de inclusão de subproduto de acerola Conforme orientações de Sampaio (2002) foi realizada a análise de regressão para determinação dos melhores níveis de Resolvendo dy/dx=0 encontra-se para esse tempo de colheita o nível de inclusão de subproduto de acerola de 23% como o que apresenta maior concentração de ácido acético. APROP = 5,58 - 0,23X + 0,003X2 (R2=0,51; P<0,01), onde: P P P P 137 APROP = Concentração de propionato em milimoles/ 100 ml no líquido ruminal X = % de inclusão de subproduto de acerola AACET = Concentração de acetato em milimoles/ 100 ml no líquido ruminal X = % de inclusão de subproduto de acerola ABUT = 0,75 - 0,019X + 0,00016X2 (R2=0,42; P<0,05), onde: ABUT = Concentração de butirato em milimoles/ 100 ml no líquido ruminal X = % de inclusão de subproduto de acerola AGVTOT = 14,68 - 0,27X + 0,025X2 0,00054X3 (R2=0,50; P<0,01), onde: AGVTOT = Concentração de ácidos graxos voláteis em milimoles/ 100 ml no líquido ruminal X = % de inclusão de subproduto de acerola AGVTOT = 14,87 - 1,38X + 0,063X2 0,00085X3 (R2=0,65; P<0,001), onde: AGVTOT = Concentração de ácidos graxos voláteis em milimoles/ 100 ml no líquido ruminal X = % de inclusão de subproduto de acerola Resolvendo dy/dx=0 para essas equações referentes ao tempo de colheita de líquido ruminal de duas horas após o fornecimento alimentar, verificou-se que as concentrações dos ácidos graxos voláteis foram sempre menores quando se fez a inclusão do subproduto de acerola em relação ao tratamento controle. Em se tratando dos tratamentos que incluíram o subproduto, as maiores concentrações de ácidos graxos voláteis seriam encontradas quando o subproduto fosse incluído em 8,6% do total dietético. 3.8.3. Tempo de colheita 8 horas pósprandial AACET = 7,22 + 0,26X - 0,0021X2 0,00014X3 (R2=0,55; P<0,01), onde: Resolvendo dy/dx=0 para essas equações percebeu-se que a maior concentração de ácido acético ocorrerá quando for feita a inclusão de 20,38% de subproduto de acerola. Para a concentração de AGV totais, a inclusão de 23,89% de subproduto de acerola, 8 horas após o fornecimento alimentar, resultará em uma concentração de 15,14 milimoles de AGV totais por 100 ml de líquido ruminal, praticamente a mesma encontrada para o tratamento controle (14,68 milimoles/100 ml de líquido ruminal) (Tabela 4). 3.9. Efeito das dietas e dos tempos de colheita sobre os valores de uréia no soro sangüíneo dos ovinos A seguir serão apresentados os dados obtidos a partir da avaliação do soro sangüíneo colheitado. Na Tabela 6 são apresentados os dados de uréia. Tabela 6. Concentração de uréia (mg/ 100ml) no soro de ovinos submetidos a dietas contendo distintas quantidades de subproduto de acerola1 em vários horários pós-prandial1 Dietas Horário (h)2 Médias 0%3 12%3 29%3 43%3 0 2,44Ba 1,37Ba 1,69Ba 1,41Ba 1,73C Ab Aab Ab Aa 2 14,84 16,99 15,78 20,24 16,96A Ba Ba Ba Ba 5 1,83 0,79 1,61 1,18 1,35C Ba Ba Ba Ba 8 3,61 2,01 3,24 1,83 2,67B Médias 5,68a 5,29a 5,58a 6,16a 1 Percentagem de inclusão do subproduto de acerola nas dietas Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK) 3 Letras minúsculas iguais na mesma linha indicam semelhança estatística a 5% (SNK) CV = 19,39% 2 A interação tempo de colheita versus dietas experimentais foi significativa (P>0,05). As 138 diferenças entre tempos de colheita somente foram presentes às duas horas pós-prandial, quando em todas as dietas testadas obtevese a concentração máxima de uréia sérica. Por outro lado, destaca-se que também nesse horário é que se pode notar diferença entre as dietas, sendo que com a inclusão de 43% do subproduto de acerola, registrou-se a maior concentração uréica no soro em relação aos tratamentos zero e 29% de inclusão do subproduto e semelhança ao valor encontrado para o tratamento 12% de inclusão. Os demais tratamentos tiveram concentrações similares. A tendência de se elevar os níveis de N-uréico no soro não se confirmou, por falta de significância estatística, mesmo após a transformação para arcoseno. A análise de uréia sérica tem a finalidade de se verificar se o suprimento de proteína está adequado conforme Preston et al. (1965) e Meyer et al. (1995). A amônia é um derivado primário do catabolismo dos aminoácidos pelas bactérias ruminais, absorvida pela circulação porta, removida pelo fígado e incorporada ao ciclo da uréia com resultante formação de uréia e eventual excreção pelos rins (Meyer et al., 1995). Uma outra parte, conforme Rodríguez (1986) é reciclado para o rúmen principalmente pela saliva o que pode indicar o novo aproveitamento deste nitrogênio endógeno. Baseado nestas informações foi feita a análise da uréia no soro sangüíneo dos animais experimentais. De acordo com Meyer et al. (1995), valores normais de uréia para ovinos situam-se entre 18 e 31 mg/ 100ml. Essa normalidade somente foi atingida na segunda hora após o fornecimento alimentar para o tratamento que incluiu o subproduto em 43% do total dietético. Este resultado pode estar indicando a indisponibilização da proteína no rume para a síntese protéica. Os dados da Tabela 2 evidenciaram também as baixas concentrações de nitrogênio amoniacal no líquido ruminal especialmente nas dietas que incluíram o subproduto. No Capítulo seguinte serão determinados os níveis de proteína degradável e não degradável no rume que servirão para a possível confirmação e aprofundamento desses comentários. 3.10. Equações de predição da concentração de uréia sérica de ovinos em função do tempo de colheita do sangue dentro dos tratamentos experimentais A análise de regressão destacou altos coeficientes de determinação para a análise de uréia sérica particularmente relacionando este parâmetro com o tempo de colheita do líquido ruminal em função da administração da dieta para cada um dos tratamentos. 3.10.1. Dieta com 0% de subproduto de acerola Uréia = 2,44 + 14,08X - 4,67X2 + 0,37X3 (R2=0,81; P<0,0001), onde: Uréia = Concentração de uréia sérica em mg/ 100 ml no líquido ruminal X = tempo de colheita do líquido ruminal em horas 3.10.2. Dieta com 12% de subproduto de acerola Uréia = 1,37 + 17,61X - 5,8X2 + 0,45X3 (R2=0,89; P<0,0001), onde: Uréia = Concentração de uréia sérica em mg/ 100 ml no líquido ruminal X = tempo de colheita do líquido ruminal em horas 3.10.3. Dieta com 29% de subproduto de acerola Uréia = 1,69 + 15,79X - 5,18X2 + 0,4X3 (R2=0,86; P<0,0001), onde: Uréia = Concentração de uréia sérica em mg/ 100 ml no líquido ruminal X = tempo de colheita do líquido ruminal em horas 3.10.4. Dieta com 43% de subproduto de acerola Uréia = 1,41 + 21,03X - 6,87X2 + 0,53X3 (R2=0,98; P<0,0001), onde: Uréia = Concentração de uréia sérica em mg/ 100 ml no líquido ruminal X = tempo de colheita do líquido ruminal em horas A representação gráfica desta equações consta na Figura 3, a seguir. Os picos de uréia sérica aconteceram duas horas pósprandial para todos os tratamentos 139 analisados, encontrada mesmo tipo de resposta para as concentrações de nitrogênio amoniacal (Figura 1). Concentrações de uréia sérica (mg/ 100 ml) 25 20 15 0% 12% 29% 43% 10 5 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 Tempo de colheita (h) Figura 3. Concentração de uréia sérica em função do tempo de colheita do sangue 3.11. Equações de predição da concentração de uréia sérica no líquido ruminal de ovinos em função do nível de inclusão do subproduto de acerola em suas dietas Destacaram-se as seguintes equações para cada um dos tempos de colheita sangüínea pós-prandial. 3.11.1 Tempo de colheita zero horas (antes do fornecimento alimentar) Uréia = 2,44 - 0,18X + 0,009X2 0,00012X3 (R2=0,51; P<0,01), onde: Uréia = concentração de uréia em mg/100 ml de líquido ruminal X = % de inclusão de subproduto de acerola 3.11.2. Tempo de colheita oito horas pósprandial Uréia = 3,61 - 0,32X + 0,019X2 - 0,0003X3 (R2=0,46; P<0,05), onde: Uréia = concentração de uréia em mg/100 ml de líquido ruminal X = % de inclusão de subproduto de acerola 140 Resolvendo dy/dx=0 e analisando o comportamento cúbico destas equações conclui-se que o tratamento que não incluiu o subproduto apresentou as maiores concentrações de uréia. Quando se incluiu subproduto de acerola, para a oitava hora após a alimentação, a maior concentração de uréia foi encontrada em 30,6% de inclusão, concordando com os dados de concentrações de N-NH3 que foram superiores na dieta controle com semelhança à dieta que incluiu 29% de subproduto de acerola (Tabela 2). 3.12. Efeito das dietas e dos tempos de colheita sobre os valores de creatinina no soro sangüíneo dos ovinos Na Tabela 7 são apresentados os dados de creatinina. De acordo com Meyer et al. (1995), valores normais para ovinos situamse entre 1,2 e 1,9 mg/ 100 ml, portanto para as presentes atingiu-se esses patamares apenas à duas horas pós-prandial, mostrando que os tratamentos impuseram uma deficiência no que diz respeito a esse parâmetro fisiológico. Tabela 7. Concentração de creatinina (mg/ 100ml) no soro de ovinos submetidos a dietas contendo distintas quantidades de subproduto de acerola1 em vários horários pós-prandial Dietas Horário (h)2 Médias 0%3 12%3 29%3 43%3 0 0,83Ab 0,98Aab 1,11Bab 1,59Aa 1,13B Aa Aa Aa Aa 2 1,25 1,25 1,90 1,76 1,54A Aa Aa Ba Aa 5 0,74 0,81 0,53 0,97 0,76B 8 0,91Aa 0,95Aa 1,02ABa 0,99Aa 0,97B b ab ab a Médias 0,93 1,00 1,14 1,33 1 Percentagem de inclusão do subproduto de acerola nas dietas Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK) 3 Letras minúsculas iguais na mesma linha indicam semelhança estatística a 5% (SNK) CV = 25,11% 2 A interação tempo versus dietas experimentais não foi significativa (P<0,05). Entre os tratamentos experimentais foi encontrada maior concentração quando o subproduto de acerola foi incluído em 43% em relação à dieta controle. Ambos foram semelhantes aos valores encontrados para as demais dietas experimentais. Entre os horários, o tempo de colheita de duas horas apresentou concentrações superiores aos demais horários. De acordo com Meyer et al. (1995), as concentrações de creatinina estão relacionadas com os níveis de uréia no soro porque os glomérulos renais filtram tanto a creatinina quanto a uréia. Neste trabalho a correlação foi significativa, entretanto, foi baixa (r=0,4170; P<0,05). 3.13. Equação de predição da concentração de creatinina sérica de ovinos em função do tempo de colheita dentro dos tratamentos experimentais A análise de regressão resultou em equações com coeficientes de determinação inferiores a 20% e não significativos (P>0,05), destacando-se apenas a equação representada a seguir que relaciona as concentrações séricas de creatinina com os tempos de colheita de sangue para o tratamento 29% de inclusão do subproduto de acerola. 3.13.1. Dieta com 29% de subproduto de acerola CREA = 1,11 + 1,08X - 0,41X2 + 0,034X3 (R2 = 0,60; P<0,01), onde: CREA = Concentração de creatinina sérica em mg/ 100 ml no líquido ruminal X = tempo de colheita do líquido ruminal em horas A referida equação está representa na Figura 4 a seguir. O tipo de resposta do gráfico apresenta o tempo de colheita de duas horas como o que apresentou a maior concentração sérica de creatinina concordante com o que havia sido observado para os níveis de uréia sérica ao longo dos horários. 141 Concentrações de creatinina sérica (mg/ 100 ml) 2 1,8 1,6 1,4 1,2 1 29% 0,8 0,6 0,4 0,2 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 Tempo de colheita (h) Figura 4. Concentração de creatinina sérica em função do tempo de colheita do sangue 3.14. Efeito das dietas e dos tempos de colheita sobre os valores de albumina no soro sangüíneo de ovinos Na Tabela 8 são apresentados os dados de albumina. A interação tempo de colheita versus dietas experimentais não foi significativa. Tabela 8. Concentração de albumina (mg/ 100ml) no soro de ovinos submetidos a dietas contendo distintas quantidades de subproduto de acerola1 em vários horários pós-prandial Dietas Horário (h)2 Médias 0%3 12%3 29%3 43%3 0 4,38ABa 4,48Aa 4,27Aa 4,33Aa 4,37A Ba Ba Aa Aa 2 3,57 3,42 3,55 3,82 3,59B 5 4,69Aa 4,30ABa 3,97Aa 4,02Aa 4,24A ABa ABa Aa Aa 8 4,45 3,70 3,96 3,78 3,97AB a a a a Médias 4,27 3,98 3,94 3,99 1 Percentagem de inclusão do subproduto de acerola nas dietas Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK) 3 Letras minúsculas iguais na mesma linha indicam semelhança estatística a 5% (SNK) CV = 15,10% 2 Entre os horários, maior concentração foi encontrada para o jejum e para a quinta hora pós-prandial em relação à segunda hora pós-prandial e, para ambas, foi encontrada semelhança com a concentração encontrada na oitava hora pós-prandial. Entre os tratamentos experimentais, não houve diferenças para nenhum dos tempos de colheita analisados. Para a albumina os valores normais segundo Meyer et al. (1995) para ovinos encontram-se entre 2,4 e 3,9 g/ 100 ml. 142 Também se pode considerar que os valores estiveram dentro da normalidade em virtude de haver semelhança estatística (P<0,05) entre as médias que fizeram parte desta faixa de valores e os que não se apresentaram dentro da faixa. A mensuração do total de proteínas reflete uma combinação entre a albumina e as globulinas. Baixos níveis de proteína dietética resulta em aumento nos níveis de aminoácidos como glutamato, glutamina, leucina, glicina e isoleucina no plasma, enquanto em animais em jejum os níveis de lisina, isoleucina e histidina no plasma aumentaram, mas os de serina, glutamina, glicina, alanina e arginina decresceram. Este decréscimo possivelmente se deve à utilização dos aminoácidos como fontes de energia assim como para a síntese de proteína (Silva e Leão, 1979). Para a albumina, a análise de regressão resultou em equações com coeficientes de determinação inferiores a 25% e não significativos (P>0,05). 3.15. Efeito das dietas e dos tempos de colheita sobre os valores de proteína totais no soro sangüíneos dos ovinos Na Tabela 9 são apresentados os dados de proteínas totais. A interação tempo de colheita versus dietas experimentais não foi significativa (P>0,05). Para os tempos de colheita, maiores concentrações foram encontradas para a 2a e 5a hora pósprandial. Entre as dietas experimentais, não houve diferenças significativas. Tabela 9. Concentração de proteínas totais (g/ 100ml) no soro de ovinos submetidos a dietas contendo distintas quantidades de subproduto de acerola1 em vários horários pós-prandial Dietas Horário (h)2 Médias 0%3 12%3 29%3 43%3 0 4,89Aa 4,88Aa 4,64Ba 4,75Aa 4,79B Aa Aa Aa Aa 2 5,63 5,92 6,25 5,64 5,86A 5 5,62Aa 5,05Aa 5,52ABa 5,48Aa 5,42A Aa Aa Ba Aa 8 4,76 4,80 4,82 4,80 4,80B a a a a Médias 5,23 5,16 5,31 5,17 1 Percentagem de inclusão do subproduto de acerola nas dietas Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK) 3 Letras minúsculas iguais na mesma linha indicam semelhança estatística a 5% (SNK) CV = 15,13% 2 De acordo com Meyer et al. (1995) os níveis séricos normais de proteínas totais situam-se entre 6 e 7,9 g/ 100 ml, portanto, com exceção do tempo dois do tratamento 29% (6,25 g/100ml) os demais valores não estiveram dentro da faixa de normalidade. Isto pode indicar baixo suprimento protéico ou mesmo indisponibilização da proteína fornecida na dieta. Para as proteínas totais, a análise de regressão também resultou em equações com coeficientes de determinação inferiores a 25% e não significativos (P>0,05). 4. CONCLUSÕES Para os parâmetros avaliados, a inclusão do subproduto de acerola deve ser entre 28 e 33%. Ressalte-se, entretanto, que a inclusão do subproduto em qualquer um dos níveis testados pode levar à diminuição da disponibilidade de energia ao ruminante, na medida em que a produção de AGV total diminuiu com a inclusão do subproduto; 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BHATTA, R., KRISHNAMOORTHY, U., MOHAMMED, F. Effect of tamarind (Tamarindus indica) seed husk tannins on in vitro rumen fermentation. Animal Feed Science and Technology, v.90, p.143-152, 2001. CHURCH, D.C. The ruminant animal digestive physiology and nutrition. Prentice Hall: New Jersey, 1988. 564p. FRANCE, J., SIDDONS, R.C. Volatile fatty acid production. In: FORBES, J. M., FRANCE, J. Quantitative aspects of ruminant digestion and metabolism. Cambridge University, 1993. p.107-121. HOBSON, P. N. The rumen microbial ecosystem. London, Elsevier Applied Science, 1988. 527p. HOBSON, P.N., STEWART, C.S. The rumen microbial ecosystem. 1ed. London: 143 Blackie Academic and Professional. 1997. 340p. 1ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan S.A. 2003. p.78-85. LITTELL, R.C.; FREUND, R.J.; SPECTOR, P.C. SAS® system for linear models. Cary, NC, EUA: SAS Institute Inc., 1991. 329p. PRESTON, T. R.; WHITELAN, F. G.; MacLEOD, N. A.; PHILIP, E. B. The nutrition of the early-weaned calf. VII. The effect on nitrogen retention on diets containing different levels of fish meal. Anim. Prod., v.7, n.1, p.53-58, 1965. LOUSADA JÚNIOR, J.E. Digestibilidade aparente de subprodutos do processamento de frutas em ovinos. Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 2003. 94p. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) – Universidade Federal do Ceará, 2003. McSWEENEY, C.S., PALMER, B., McNEILL, D.M. et al. Microbial interactions with tannins: nutritional consequences for ruminants. Animal Feed Science and Technology, v.91, p.83-93, 2001. MEHREZ, A.Z., ØRSKOV, E.R., McDONALD, I. Rate of rumen fermentation in relation to ammonia concentration. Brittish Journal of Nutrition, v.38, n.3, p.437-443, 1977. MEYER, D.J., COLES, E.H., RICH, L.J. Medicina de laboratório veterinária: interpretação e diagnóstico; Tradução e revisão científica Paulo Marcos Oliveira. São Paulo: Roca, 1995. 302p. NATIONAL RESEARCH COUNCIL. Nutrient requirements of sheep. New York: National Academy Press, 1985. 99p. NEMOTO, K., OSAWA, R., HIROTA, K. et al. An investigation of gram-negative tannin-protein degrading bacteria in faecal flora of various mammals. Journal Veterinary Medicine Science, v.57, p.921926, 1995. OSAWA, R.O., WALSH, T.P. CORK, S.J. Metabolism of tannin-protein complex by facultatively anaerobic bacteria isolated from koala faeces. Biodegradation, v.4, p.91-99, 1993. PEDROSO, E.R.P. Equilíbrio ácido-básico. In: TEIXEIRA NETO, F. Nutrição Clínica. 144 RIBEIRO JÚNIOR, J.I. Análises estatísticas no SAEG. Viçosa:UFV, 2001. 301p. ROCHA FILHO, R.R., MACHADO, P.F., D’ARCE, R.D. et al. Polpa de citros e de milho e a produção de ácidos graxos voláteis no rúmen. Science Agriculture, v.56, n.2, p.????, 1999. RODRIGUEZ, N. M. Importância da degradabilidade da proteína no rúmen para a formulação de rações para ruminantes. Cadernos Técnicos da Escola de Veterinária da UFMG, v.1, p.27-45, 1986. RUSSELL, J.B., O’CONNOR, J.D., FOX, D.G. et al. A net carbohydrate and protein system for evaluating cattle diets. I. Ruminal fermentation. Journal of Animal Science, v.70, p.3551-3560, 1992. SAMPAIO, I.B.M. Estatística aplicada à experimentação animal. 2.ed. Belo Horizonte: Fundação de Ensino e Pesquisa em Medicina Veterinária e Zootecnia, 2002. 265p. SILVA, J.F.C., LEÃO, M.I. Fundamentos da nutrição de ruminantes. Piracicaba, Livroceres, 1979. 380p. VAN SOEST, P.J. Nutritional Ecology of the Ruminant. 2nd edition. USA: Cornell University Press, 1994. 476p. VASCONCELOS, V.R., NEIVA, J.N.M, PIMENTEL, J.C.M. et al. Utilização de subprodutos do processamento de frutas na alimentação de caprinos e ovinos. IN: SEMINÁRIO NORDESTINO DE PECUÁRIA – PECNORDESTE, 6, Fortaleza-CE, Anais... Fortaleza: FAEC, 2002. p.83-99. Capítulo VIII - EXPERIMENTO 6 Valor nutritivo do subproduto da indústria processadora de acerola (Malpighia glabra) em dietas para ovinos. 3. Degradabilidade ruminal RESUMO O subproduto de acerola e o capim elefante foram avaliados comparativamente em ensaio de degradabilidade ruminal em carneiros. Foi utilizado um delineamento de blocos ao acaso em esquema de parcelas subdivididas, tendo seis animais nos blocos, dois alimentos como parcelas e cinco tempos de incubação (seis, 12, 24, 48 e 96 horas) como subparcelas e a comparação de médias efetuada pelo teste Student-Newman-Keuls (SNK) (P<0,05). Foram também calculados o tempo de colonização, as degradabilidades efetivas para duas taxas de passagem pré-fixadas (2,0 e 5,0%/h) e estimados os valores de proteína efetivamente degradada no rúmen (PEDR), proteína não degradada no rúmen (PNDR) em suas frações indigestível (PNDRI) e digestível (PNDRD). O subproduto e o capim apresentaram potenciais de degradação da matéria seca (MS) de 48,67% e 78,12%, respectivamente. O subproduto de acerola teve taxa de degradação da MS (4,82/h) superior àquela encontrada para o capim elefante (2,12%/h). Foram observados potenciais de degradação da proteína bruta (PB) de 70,61% e 86,55% e taxas de degradação de 3,51%/h e 6,61%/h para o subproduto de acerola e capim elefante, respectivamente. O subproduto de acerola apresentou maiores percentuais de proteína não degradada no rúmen digestível em relação aos encontrados para o capim elefante. Em contrapartida, o subproduto de acerola apresentou menores percentuais de proteína efetivamente degradada no rúmen nas taxas de passagem de 2,0 e 5,0%/h. Os potenciais de degradação da fibra em detergente neutro (FDN) variaram de 42,40% a 77,18% para o subproduto de acerola e para o capim elefante, enquanto as taxas foram de 4,36%/h para o subproduto de acerola e 1,76%/h para o capim elefante. Os resultados de degradabilidades da parede celular, obtidos para o subproduto de acerola, indicam que podem ocorrer restrições no consumo e na disponibilidade energética de dietas baseadas nesse alimento, quando fornecidas a animais com alto potencial de produção. Palavras-chave: agroindústria, frutas, in situ, nutrição, ovinos, subproduto 1. INTRODUÇÃO A suspensão de alimentos dentro do rúmen (técnica de saco de náilon) permite o contato íntimo do alimento teste com o meio ruminal. A dieta é o fator que mais determina a quantidade e tipos de microrganismos no rúmen e, portanto, a taxa e extensão de digestão dos nutrientes da dieta. A digestibilidade ruminal de componentes da dieta e a remoção dos produtos finais da fermentação também são influenciados pela taxa de passagem das fases líquida e sólida. Em muitos experimentos, as características de degradabilidade dos alimentos têm sido descritas pela fração solúvel A, a fração insolúvel, mas degradável, B e c, a velocidade em que a fração B é degradada. Estas taxas constantes têm sido utilizadas visando desenvolver um sistema que possa predizer não apenas o valor nutritivo do alimento, mas também o consumo. Crowford et al. (1978) e Stern e Satter (1984) relataram que a proteína solúvel correlaciona-se altamente com o curto tempo (duas horas) de incubação ruminal. Essa alta correlação deve-se ao fato da fase 145 líquida da digesta ruminal passar mais rapidamente do que a fração sólida. Nos capítulos VI e VII constatou-se que a inclusão do subproduto de acerola, rico em ligninas, levou à queda da digestibilidade dos constituintes fibrosos dietéticos e provavelmente a conseqüência foi a diminuição na produção total de ácidos graxos voláteis nos tratamentos em que foi feita a inclusão do subproduto de acerola. A complexidade estrutural evidenciada na parede celular de determinados alimentos requer a ação sinérgica de um consórcio de enzimas para sua efetiva degradação. Este processo depende da ação cooperativa de diversos microrganismos, já que nenhum organismo isoladamente produz o conjunto completo de biocatalisadores responsáveis pela degradação dos componentes celulósicos e hemicelulósicos da parede celular. Além disso, a destruição da lignina por vias enzimáticas não é uma solução exeqüível no meio ruminal (Khazaal et al., 1993). Este estudo teve como objetivo avaliar comparativamente a degradabilidade ruminal da matéria seca (MS), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), hemiceluloses (HCEL) e celulose (CEL) do subproduto de acerola em relação ao capim elefante, empregando-se a técnica in situ de incubação ruminal em sacos de náilon, visando uma eventual substituição parcial da gramínea em questão pelo subproduto avaliado. A intenção foi verificar as diferenças de degradabilidade ruminal entre essas fontes de fibra alimentar, importante para a adoção de sistemas alternativos de alimentação. 2. MATERIAL E MÉTODOS Nas dependências do Laboratório de Nutrição Animal do curso de Zootecnia da Universidade Estadual Vale do Acaraú 146 (UVA) em Sobral - CE, amostras de subproduto de acerola e capim elefante foram pré-secas em estufa de ventilação forçada a 60oC, por 48 horas, foram moídas em peneira de 5 mm e foram usadas para a incubação ruminal por períodos de seis, 12, 24, 48, e 96 h. Foi empregada a técnica de fermentação in situ descrita por Balch e Johnson (1950) com sacos de náilon de 5 x 14 cm, com porosidade média de 0,25 mm2/mm2. Foram colocados com 6,56 g do subproduto de acerola (valor médio em base de matéria seca) e com 6,48 g de capim elefante (valor médio em base de matéria seca) estabelecendo a relação média de 46,86 mg de amostra de subproduto de acerola por cm2 de área superficial dos sacos de náilon e a relação média de 46,29 mg de amostra de capim elefante, conforme recomendação de Nocek (1988). A boca de cada um dos sacos foi fechada com argola metálica e amarrada a uma linha náilon no 0,70 com 25 cm de comprimento conectada a uma âncora de 100 g, imersos em água e inseridos, via cânula, no rúmen dos ovinos. A fase experimental contou com 15 dias de adaptação e 10 dias de incubações. Para os períodos de seis, 12 e 24 h foram realizadas duas repetições (dois sacos por animal e por alimento). Nos períodos de 48 e 96 h foram incubados três sacos por alimento, procurando-se manter, no máximo, seis sacos por animal. Cada animal continha os alimentos sob o mesmo período de incubação, de forma a retirar todos os sacos de uma só vez. Este experimento transcorreu no período de 10 de outubro a três de novembro de 2002 na sede da EMBRAPA Caprinos em Sobral – CE. Nesse estudo, foram utilizados seis carneiros por tratamento com peso vivo médio de 47,2 kg, alojados em gaiolas metabólicas, com água e mistura mineral à vontade. Nocek (1988) recomendou que os alimentos a serem incubados no rúmen devem ser adicionados à dieta fornecida. Baseado nessa informação, a dieta fornecida foi balanceada em termos de proteína bruta conforme o National Research Council (1985) para ovinos adultos em manutenção composta de capim elefante in natura, subproduto de acerola e milho. Água e sal mineral estiveram disponíveis à vontade. Após a retirada, os sacos foram imediatamente imersos em água fria e lavados manualmente em água corrente, até que esta se apresentasse límpida, colocados em estufa de ventilação forçada a 65oC, por 72 horas, transferidos para dessecador por 30 minutos e pesados. Nas dependências do Laboratório de Nutrição Animal da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA), os subprodutos de incubação foram moídos em moinho com peneira de 1 mm e utilizados para as determinações de MS, PB, FDN, FDA, HCEL e CEL de acordo com Association of Official Analytical Chemists (1995). Os níveis dessas frações nas amostras de capim e subproduto de acerola, juntamente com os pesos dos materiais incubados e dos subprodutos, foram utilizados para os cálculos do desaparecimento das respectivas frações. As frações solúveis (tempo zero de incubação) foram determinadas através dos mesmos procedimentos, porém sem a incubação ruminal. Para estimar as curvas de degradação foi utilizado o seguinte modelo proposto por Sampaio (1988): p = A - B e-ct onde, p = porcentagem de degradação após um tempo (t) de incubação no rúmen; A = porcentagem máxima de degradação do material contido no saco de náilon, ou degradabilidade potencial B = parâmetro sem valor biológico. Se não houvesse tempo de colonização, ele corresponderia ao total a ser degradado pela ação microbiana c = taxa constante de degradação da fração que permanece no saco de náilon, expressa em porcentagem por hora t = tempo de incubação no rúmen, em horas A análise dos dados e as equações de regressão para os desaparecimentos dos componentes nutricionais foram feitos utilizando-se o programa Sistema para Análises Estatísticas e Genéticas (SAEG), de acordo com Ribeiro Júnior (2001). O tempo de colonização foi estimado conforme McDonald (1981), de acordo com a seguinte equação: TC = -1 * ln (A-S) c B onde, TC = tempo de colonização, em horas A, B e c = mesmos parâmetros definidos na equação anterior S = fração solúvel determinada pela porcentagem de desaparecimento no tempo zero de incubação (fração rapidamente degradada) As degradabilidades efetivas foram calculadas utilizando-se os valores sugeridos pelo Agricultural Research Council (1984), de 2,0 e 5,0%/h segundo o seguinte modelo proposto por Ørskov e McDonald (1979): DE = S + [(B1 * c)/(c + K)] onde, DE = degradabilidade efetiva, em porcentagem S = fração rapidamente degradada B1 = fração degradável calculada subtraindo-se a fração solúvel do potencial de degradação (B1 = A - S) (fração lentamente degradada) c = mesmo parâmetro descrito anteriormente K = taxa fracional de passagem, expressa em porcentagem por hora Conforme recomendações do Agricultural and Food Research Council (1992) foram 147 estimados os valores de proteína efetivamente degradada no rúmen (PEDR), proteína não degradada no rúmen (PNDR), proteína não degradada no rúmen indigestível (PNDRI) e proteína não degradável no rúmen digestível (PNDRD), segundo os seguintes modelos propostos pelo sistema: PEDR = 0,8S + B1c/c + K PNDR = 1 - (S + B1c/c + K) PNDRI = NIDA PNDRD = 0,9 (PNDR – 6,25 NIDA) onde, S, B1, c e K são os mesmos parâmetros descritos anteriormente NIDA = Nitrogênio Insolúvel em Detergente Ácido Para a análise estatística dos dados de desaparecimento dos componentes nutricionais das forrageiras foi empregado um delineamento experimental de blocos ao acaso em esquema de parcelas subdivididas, tendo os animais como blocos, os alimentos como parcelas e os tempos de incubação como subparcelas, segundo o seguinte modelo estatístico: Yijk = µ + Ai + Fj + Tk + FTjk + eijk onde, Yijk = valor referente à observação do alimento j, no animal i e no tempo de incubação k µ = média geral Ai = efeito do animal i (i = 1, 2, 3, 4, 5, 6) Fj = efeito do alimento j (j = 1, 2) Tk = efeito do tempo de incubação k (k = 6, 12, 24, 48, 96) FTjk = interação dos efeitos do alimento j com o tempo de incubação k eijk = erro aleatório associado à observação As médias foram comparadas empregandose o teste Student-Newman-Keuls (SNK), a 5% de probabilidade. 148 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1. Consumo médio diário de matéria seca dos ovinos que tiveram os alimentos incubados in situ no rume de ovinos O consumo médio de MS foi de 44,2 ± 18,3 g/ unidade de tamanho metabólico, ou 2,09% ± 0,86% do peso vivo. Lousada Júnior (2003) observou um consumo médio de matéria seca em ovinos alimentados, única e exclusivamente, com subproduto de acerola da ordem de 34,24g/UTM, bem inferior ao encontrado nesse trabalho e creditou esse baixo valor ao elevado teor de lignina detectado no subproduto de acerola. Os valores de consumo aqui encontrados foram, todavia, inferiores aos recomendados pelo National Research Council (1985) para ovinos em manutenção, ou seja, 53,19 gramas de MS/Kg0,75/dia. 3.2. Desaparecimento ruminal da matéria seca do subproduto de acerola e capim elefante incubados in situ em ovinos Na Tabela 1, estão as porcentagens de desaparecimento da MS dos alimentos incubados no rume de ovinos. Tabela 1. Desaparecimento da matéria seca (%) do subproduto de acerola e do capim elefante incubados em sacos de náilon no rume de ovinos submetidos a dietas contendo subproduto de acerola Tempo de Subproduto Capim incubação de Acerola2 elefante2 (h)1 6 33,14Ba 34,86Da 12 37,61Bb 45,42Ca Ab 24 43,36 49,10Ca Ab 48 46,05 57,30Ba Ab 96 48,68 73,05Aa 1 Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK) 2 Letras minúsculas iguais na mesma linha indicam semelhança estatística a 5% (SNK) CV=8,46% novo aumento somente às 48h de incubação. Às 96h de incubação foi encontrado o maior valor de desaparecimento de matéria seca (73,05%) (P<0,05). Foi verificada, para o subproduto de acerola, a estabilização (P>0,05), a partir das 24h de incubação (43,36%), não diferindo às 48h (46,05%) e às 96h (48,68%), demonstrando que o subproduto apresenta dificuldade em degradar-se no rume, haja visto a comparação do mesmo com o capim elefante, cujos valores foram superiores aos da acerola desde as 12 horas, mas manteve-se até as 96 horas. Os coeficientes de determinação, superiores a 85%, indicam a boa adequação dos resultados de desaparecimento de MS ao modelo proposto por Sampaio (1988) (Figura 1). As equações geradas pelo modelo Deg = A - B * e(-ct) foram: Com exceção das seis horas de incubação ruminal, todos os outros períodos em que foi determinada a degradabilidade da MS do subproduto de acerola foram inferiores (P<0,05) aos encontrados para o capim elefante. Para este volumoso, a degradabilidade da matéria seca aumentou das seis para as 12 horas de incubação e daí Deg. MS Subproduto de Acerola = 48,6675 - 19,6856 * EXP (-0,04819 * t) r2=0,86 Deg. MS Capim Elefante = 78,1209 48,3346 * EXP (-0,02117 * t) r2=0,90 Desaparecimento da MS (%) 80 70 60 50 S. Acerola 40 C. elefante 30 20 10 0 0 12 24 36 48 60 72 84 96 Tempo de incubação (h) Figura 1. Desaparecimento da MS dos alimentos em função do tempo de incubação Estudando a degradação in situ da MS do subproduto de acerola em bovinos, Manoel et al. (2003), utilizando equação proposta por Ørskov e McDonald (1979), p=a+b(1-ect ), onde “a+b” corresponde à fração A do modelo de Sampaio (1988) e “c” também representa a taxa constante de degradação da fração que permanece no saco de náilon, estimaram a seguinte equação Deg. MS = 11,94 + 48,16 * (1-e-0,05 * t) r2 = 0,93. Estes autores encontraram valores de “A” e “c” superiores (60,09% e 5%/h, respectivamente) aos encontrados neste trabalho (48,67% e 4,82%/h, respectivamente). Para o capim elefante, Tomich (2003) estimou a seguinte equação: Deg. MS = 75,4 - 55,9 * EXP (-0,0432 * t) r2 = 0,981, bastante semelhante àquela encontrada neste trabalho. Na Tabela 2, estão os potenciais de degradação, as taxas de degradação, as 149 frações solúveis, as frações degradáveis, os tempos de colonização e as degradabilidades efetivas nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h da matéria seca dos alimentos analisados neste experimento. Conforme Sampaio (1988), taxas de degradação inferiores a 2,0%/h indicam alimentos de baixa qualidade, que necessitam de longo tempo de permanência no rúmen para serem degradados. Tabela 2. Potenciais de degradação (A), taxas de degradação (c), frações solúveis (S), frações degradáveis (B1), tempos de colonização (TC) e degradabilidades efetivas (DE), nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da matéria seca dos alimentos utilizados nesse ensaio Parâmetro Subproduto Capim de Acerola elefante A (%) 48,67 78,12 C (%/h) 4,82 2,12 S (%) 29,37 27,68 B1 (%) 19,30 50,44 TC (h) 0:25 -2:01 DE 2,0%/h 43,01 53,62 (%) DE 5,0%/h 38,84 42,69 (%) Tanto o subproduto de acerola quanto o capim elefante apresentaram taxas de degradação superiores a 2,0%/h o que não denotaria baixa qualidade nutritiva conforme Sampaio (1988), porém deve-se considerar que a degradabilidade potencial (A) para acerola foi bem inferior ao capim elefante, e portanto tal expectativa deve ser mais contida sobre o emprego desse alimento na nutrição de ruminantes. A taxa de degradação da fração B do subproduto de acerola foi semelhante à do capim gordura com idade de 61 a 90 dias (4,76%/h) conforme Valadares Filho et al. (2002). Forrageiras com maiores valores de potencial de degradação são mais digestíveis no rúmen, mas também devem apresentar altos valores de taxa de 150 degradação para propiciar o potencial máximo de degradação em menor tempo. Ørskov (2000) sugeriu que as características de A, B e c resultam da interação planta-microrganismo e em função disso faz-se necessário combinar B e c particularmente quando algumas forrageiras apresentam valor muito baixo de B e valor de c, alto. É o que ocorre, por exemplo, com o subproduto de acerola em relação ao capim elefante. O resultado disso são degradabilidades efetivas semelhantes pois, a interação entre os fatores B e c foi o fator preponderante para a eficiência de fermentação ruminal. Manoel et al. (2003) encontraram degradabilidade efetiva a uma taxa de passagem de 5,0%/h de 31,94%, inferior à encontrada neste trabalho (Tabela 2). Apesar de não existir uma explicação para valores negativos de tempos de colonização, eles são amplamente relatados na literatura e aparecem em estudos de Borges (1997) e Tomich (2003). 3.3. Desaparecimento ruminal da proteína bruta do subproduto de acerola e capim elefante incubados in situ em ovinos As degradabilidades da PB nos vários tempos de incubação estão na Tabela 3. Tabela 3. Desaparecimento da proteína bruta (%) do subproduto de acerola e do capim elefante incubados em sacos de náilon no rume de ovinos submetidos a dietas contendo subproduto de acerola Tempo de Subproduto Capim incubação de Acerola2 elefante2 (h)1 6 52,60Cb 64,98Da 12 56,25Cb 75,97Ca Bb 24 61,62 79,49BCa Ab 48 67,04 82,76Ba Ab 96 69,64 88,65Aa 1 Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK) 2 Letras minúsculas iguais na mesma linha indicam semelhança estatística a 5% (SNK) CV=5,91% deprimiu a produção cumulativa durante os estágios iniciais de fermentação (até as 8 horas de incubação), fato observado na Tabela 3. O subproduto de abacaxi (Capítulo V) apresentou taxas de desaparecimento da proteína bruta superiores àquelas encontradas para o subproduto de acerola chegando a uma taxa de desaparecimento às 96 h de 80,46%. Tomich (2003) encontrou valores de desaparecimento da proteína bruta do capim elefante cv. Napier variando de 44,9% (6 h de incubação) até 84,2% (96 h de incubação), inferiores aos encontrados nesse trabalho (Tabela 3). As equações geradas pelo modelo Deg = A - B * e(-ct) (Figura 2) foram: Desaparecimento da PB (%) Este parâmetro foi o único que não mostrou interação significativa (P>0,05) entre dieta e tempo de incubação no rume. Verifica-se que o tempo de incubação contribuiu para que houvesse um crescente desaparecimento da fração nitrogenada tanto do subproduto de acerola quanto do capim elefante. Todos os percentuais de desaparecimento da PB do subproduto de acerola, nos diferentes tempos testados, foram inferiores àquelas encontradas para o capim elefante. No Capítulo VII, foi discutido que as dietas que incluíram 18 e 49% de subproduto de acerola apresentaram menores concentrações de N-NH3 no líquido ruminal que naquelas sem o subproduto. As menores concentrações deste parâmetro foram provavelmente devido às menores taxas de desaparecimento da PB do subproduto de acerola em relação ao capim elefante. Bhatta et al. (2001) incluíram cascas de semente de tamarindo, em níveis crescentes, em dietas para ruminantes e verificaram que a presença dos taninos Deg. PB Subproduto de Acerola = 70,6144 - 21,4435 * EXP (-0,03508 * t) r2=0,80 Deg. PB Capim Elefante = 86,5484 29,7822 * EXP (-0,0661 * t) r2=0,77 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 S. Acerola C. elefante 0 12 24 36 48 60 72 84 96 Tempo de incubação (h) Figura 2. Desaparecimento da PB dos alimentos em função do tempo de incubação Tomich (2003) encontrou a seguinte equação para o desaparecimento ruminal da proteína bruta do capim elefante cv. Napier: Deg. PB Capim Elefante = 96,5 - 55,5 * EXP (-0,0146*t) r2 = 0,967. Os potenciais de degradação, as taxas de degradação, as frações solúveis, as frações degradáveis, os tempos de colonização e as degradabilidades efetivas, nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da proteína 151 bruta, obtidos para os alimentos estão na Tabela 4. Tabela 4. Potenciais de degradação (A), taxas de degradação (c), frações solúveis (S), frações degradáveis (B1), tempos de colonização (TC) e degradabilidades efetivas (DE), nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da proteína bruta dos alimentos utilizados nesse ensaio Parâmetro Subproduto Capim de Acerola elefante A (%) 70,61 86,55 C (%/h) 3,508 6,61 S (%) 49,71 56,78 B1 (%) 20,90 29,77 TC (h) 0:44 0:01 DE 2,0%/h 63,02 79,63 (%) DE 5,0%/h 58,33 73,73 (%) O tempo de colonização da proteína bruta do subproduto de acerola foi superior àquele encontrado para o capim elefante. Todas as frações analisadas para o subproduto de acerola foram sempre inferiores àquelas encontradas para o capim elefante. Segundo Hungate (1966), o objetivo da nutrição protéica para ruminantes é o fornecimento de quantidades adequadas de proteínas degradáveis no rúmen, para permitir a máxima síntese protéica microbiana, com o mínimo de PB na dieta. Baseado nesses dados recomendase a suplementação protéica à dietas baseadas em subproduto de acerola, particularmente com altos níveis de proteína solúvel para corrigir especialmente a deficiência de nitrogênio ruminal nas primeiras horas pós-prandial. É interessante perceber que a degradabilidade potencial da PB foi bem superior àquela encontrada para a MS (Tabela 2), revelando que as taxas de desaparecimento da PB provavelmente não foram responsáveis pela limitação da degradabilidade da MS. O subproduto de acerola também apresentou maiores valores de S e B1 para o desaparecimento da proteína bruta em comparação aos encontrados para o capim (Tabelas 2 e 4). Isso possivelmente fez com que as degradabilidades efetivas da PB do subproduto fossem maiores que aquelas evidenciadas para a MS. Mesmo assim, não houve superioridade de valores em relação as degradabilidades efetivas da PB do capim particularmente porque a taxa fracional de degradação da proteína bruta do subproduto de acerola foi quase a metade daquela encontrada para o capim. Os valores de proteína não degradada no rúmen, proteína indigestível não degradada no rúmen, proteína efetivamente degradada no rúmen e proteína digestível não degradada no rúmen, nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da proteína bruta, obtidos para os alimentos estão na Tabela 5. Tabela 5. Valores percentuais de proteína não degradada no rúmen (PNDR), proteína indigestível não degradada no rúmen (PINDR), proteína digestível não degradada no rúmen (PDNDR) e proteína efetivamente degradada no rúmen (PEDR), nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da proteína bruta dos alimentos utilizados nesse ensaio Parâmetro Subproduto de Acerola Capim elefante 2,0%/h 5,0%/h 2,0%/h 5,0%/h PNDR 77,66 85,54 70,55 78,16 PINDR 1,04 1,04 0,62 0,62 PDNDR 64,05 71,13 60,01 66,86 PEDR 20,53 13,29 28,13 20,86 152 Os valores de PEDR para o subproduto de acerola foram inferiores àqueles observados para o capim elefante, entretanto, as concentrações de PNDR foram superiores para o subproduto de acerola. A análise desses dados revela um considerável efeito sobrepassante da proteína do subproduto de acerola. Ruminantes que têm baixos requisitos de proteína praticamente podem obter toda proteína de que necessitam a partir das bactérias ruminais. No entanto, animais em crescimento e fêmeas em lactação e gestação, por apresentarem requisitos mais elevados, são dependentes de uma quantidade variável de proteína dietética não degradável, além da proteína microbiana (Rodríguez, 1986). Rodríguez (1986) comentou, entretanto, que o preparo de dietas para ruminantes de alta produção deve minimizar a necessidade de proteína dietética não degradável. A proposta é incluir além de nitrogênio solúvel, uma certa quantidade de aminoácidos pré-formados e aumentar a quantidade disponível de matéria orgânica fermentável o que em outras palavras representa a maior disponibilidade energética. Exemplificou ainda a farinha de peixe como alimento de baixa degradabilidade, permitindo, portanto, um aumento substancial da proteína metabolizável disponível, já que fontes de proteína altamente degradável em excesso contribuem para a formação de N-NH3 além da necessidade. suplementação protéica com alimentos ricos em proteína solúvel e suplementação energética para a melhoria dos processos de síntese de proteína microbiana e produção de ácidos graxos voláteis, importantes para o suprimento de energia aos ruminantes. Essa interação proteína: energia justifica a recomendação feita no Capítulo VI, obtida a partir das equações de regressão e da comparação das médias dos dados experimentais dos consumos e coeficientes de digestibilidade dos diferentes nutrientes analisados, de inclusão de apenas oito a 14% de subproduto de acerola em dietas para ovinos. 3.4. Desaparecimento ruminal da fibra em detergente neutro do subproduto de acerola e capim elefante incubados in situ em ovinos As degradabilidades da FDN nos vários tempos de incubação estão na Tabela 6. Tabela 6. Desaparecimento da fibra em detergente neutro (%) do subproduto de acerola e do capim elefante incubados em sacos de náilon no rume de ovinos submetidos a dietas contendo subproduto de acerola Tempo de Subproduto Capim incubação de Acerola2 elefante2 (h)1 6 26,41Ba 21,62Da 12 30,20Ba 32,90Ca Aa 24 36,79 37,88Ca Ab 48 39,70 47,59Ba Ab 96 42,02 67,13Aa 1 O subproduto de acerola caracteriza-se por alta fração de PDNDR resultando em aumento substancial da proteína metabolizável tal como ocorre com a farinha de peixe, entretanto, as baixas concentrações de N-NH3 e de uréia evidenciadas no Capítulo VII, abaixo dos valores considerados normais por Mehrez et al. (1977) e por Meyer et al. (1995), evidenciam a necessidade de Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK) 2 Letras minúsculas iguais na mesma linha indicam semelhança estatística a 5% (SNK) CV=11,89% Deve-se observar, inicialmente, que a FDN desapareceu sempre com maior intensidade para o capim elefante em comparação ao subproduto de acerola. Para o capim elefante, a plenitude do desaparecimento da De acordo com Ørskov (2000), a degradabilidade potencial da matéria seca reflete intimamente a da fração fibrosa. Altas correlações foram encontradas entre a degradabilidade da matéria seca e as degradabilidades da FDN (r=0,9854; P<0,0001), da FDA (r=0,8996; P<0,0001) e da celulose (r=0,8524; P<0,0001). porção fibrosa deu-se após 96h, enquanto para o subproduto de acerola já se observou um estabelecimento no seu padrão de fermentação às 24h, muito parecido com o desaparecimento da MS, onde a única diferença foi que naquela avaliação, o subproduto de acerola estabilizou-se às 48 horas de incubação ruminal. Os menores valores de desaparecimento da FDN encontrados para o subproduto de acerola, particularmente para as 48 e 96 horas de incubação ruminal, devem-se provavelmente aos altos níveis de ligninas existentes que limitaram o uso pelos microrganismos ruminais da FDN presente neste alimento (Capítulo VI), entretanto, a degradação foi idêntica àquela observada para o capim o que provavelmente deve-se à maior taxa de degradação da fração solúvel da FDN existente no subproduto. Os resultados de desaparecimento da FDN convergiram para o modelo proposto por Sampaio (1988) (Figura 3), e as seguintes equações de regressão foram obtidas: Deg. FDN Subproduto de Acerola = 42,4049 - 19,5402 * EXP (-0,04355 * t) r2=0,85 Deg. FDN Capim Elefante = 77,18053 60,7228 * EXP (-0,01757 * t) r2=0,90 Desaparecimento da FDN (%) 70 60 50 40 S. Acerola 30 C. elefante 20 10 0 0 12 24 36 48 60 72 84 96 Tempo de incubação (h) Figura 3. Desaparecimento da FDN dos alimentos em função do tempo de incubação A equação encontrada por Tomich (2003) para a degradabilidade da FDN do capim elefante cv Napier foi a seguinte: Deg FDN = 70,2 - 69,1*EXP (-0,0443t) r2 = 0,977. Na Tabela 7, são apresentados os potenciais de degradação, as taxas de degradação, as frações solúveis, as frações degradáveis, os tempos de colonização e as degradabilidades efetivas, nas taxas de 154 passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da FDN dos alimentos. Acompanhando o que ocorreu com a degradabilidade da matéria seca, houve superioridade da fração solúvel (S) e da taxa de degradação (c) do subproduto em relação ao capim. Isso provavelmente contribuiu para que a maior taxa de desaparecimento do subproduto ocorresse já às 24 horas. Em contrapartida, o subproduto de acerola apresentou menores valores de B1 e da fração A em comparação àqueles encontrados para o capim elefante. Isso demonstra limitação para o ataque microbiano dos nutrientes existentes no subproduto. Provavelmente a existência de compostos fenólicos neste alimento conforme relatou Lousada Júnior (2003) ocasionou a redução da degradabilidade ruminal confirmando os comentários feitos por Alves et al. (2002) e Manoel et al. (2003) de que o subproduto de acerola, a despeito de apresentar altos níveis de fibra, o que o classifica como fonte de fibra não forrageira, induz à queda da digestibilidade de outros nutrientes qualificando-o como volumoso de menor qualidade. Tabela 7. Potenciais de degradação (A), taxas de degradação (c), frações solúveis (S), frações degradáveis (B1), tempos de colonização (TC) e degradabilidades efetivas (DE), nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da fibra em detergente neutro dos alimentos utilizados nesse ensaio Parâmetro Subproduto Capim de Acerola elefante A (%) 42,40 77,18 c (%/h) 4,355 1,757 S (%) 23,56 14,24 B1 (%) 18,84 62,94 TC (h) 0:50 -2:02 DE 2,0%/h 36,48 43,68 (%) DE 5,0%/h 32,33 30,61 (%) O subproduto de acerola apresentou, como conseqüência, menor degradabilidade efetiva para a taxa de passagem de 2,0%/h em comparação ao capim elefante. Na taxa de passagem de 5,0%/h, todavia, o subproduto apresentou maior degradabilidade efetiva do que o capim. O subproduto de abacaxi (Capítulo V) em comparação ao subproduto de acerola apresentou menores degradabilidades efetivas (variação de 22,49 para 34,03%). Contribuiu para isso a baixa taxa de degradação (c) (0,659%/h), muito inferior àquela encontrada para o subproduto de acerola (4,345%/h). 3.5. Desaparecimento ruminal da fibra em detergente ácido do subproduto de acerola e capim elefante incubados in situ em ovinos Na Tabela 8 são apresentadas as degradabilidades da FDA nos vários tempos de incubação. Tabela 8. Desaparecimento da fibra em detergente ácido (%) do subproduto de acerola e do capim elefante incubados em sacos de náilon no rume de ovinos submetidos a dietas contendo subproduto de acerola Tempo de Subproduto Capim 2 incubação de Acerola elefante2 (h)1 6 21,57Ca 26,44Da BCa 12 27,00 33,18Ca ABa 24 31,94 37,17Ca ABb 48 34,23 47,50Ba Ab 96 36,44 66,57Aa 1 Letras maíúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK) 2 Letras minúsculas iguais na mesma linha indicam semelhança estatística a 5% (SNK) CV=16,74% Houve interação significativa entre tempo de incubação e alimentos incubados (P<0,0001) para a degradabilidade da FDA. A degradabilidade da FDA do capim elefante apenas foi superior às degradabilidades do subproduto de acerola às 48 e 96 h. Nos mais altos tempos de incubação, o aumento de degradação da FDA foi mais acentuada para o capim elefante em comparação ao subproduto de acerola. Comparando as taxas de desaparecimento da FDN com as da FDA verifica-se que também às 48 e às 96 horas de incubação ruminal, os valores de desaparecimento da FDA do subproduto 155 também foram inferiores àqueles do capim e nos demais horários também foram semelhantes. A degradação da FDA do subproduto de acerola foi menos acentuada entre os horários que aquela observada para a FDN (Tabela 6) evidenciando que no que tange à degradação ruminal a FDA esteve menos disponível aos microrganismos ruminais. carece de confiabilidade para se expressar a resposta do desaparecimento da FDA do subproduto de acerola. A indisponibilização dos constituintes fibrosos dietéticos, pela presença especialmente de ligninas, foi provavelmente a causa para a redução na produção total de ácidos graxos voláteis evidenciada no Capítulo VII para todos os tratamentos em que o subproduto de acerola foi incluído. A cinética de degradação da FDA do subproduto de acerola não se ajustou ao modelo proposto por Sampaio (1988), Deg. FDA Subproduto de Acerola = 36,52728 17,7646 * EXP (-0,04842 * t) r2=0,60. A equação cúbica (p = 1,87 + 0,82t - 0,014t2 + 0,000075t3, R2 = 0,604) obtida pelo procedimento Modelos Pré-Definidos do SAEG (Ribeiro Júnior, 2001) também apresentou baixo valor de coeficiente de determinação. Fica demonstrado pelos r2 das equações que, mesmo obtendo-se a convergência dos pontos à curva, a mesma Já para o capim elefante houve ajuste ao modelo proposto por Sampaio (1988): Deg. FDA Capim Elefante = 82,3838 62,4835 * EXP (-0,01376 * t) r2=0,87 A representação gráfica das equações conforme modelo de Sampaio (1988) está na Figura 4. Desaparecimento da FDA (%) 70 60 50 40 S. Acerola 30 C. elefante 20 10 0 0 12 24 36 48 72 60 84 96 Tempo de incubação (h) Figura 4. Desaparecimento da FDA dos alimentos em função do tempo de incubação Na Tabela 9, são apresentados os potenciais de degradação, as taxas de degradação, as frações solúveis, as frações degradáveis, os tempos de colonização e as degradabilidades efetivas, nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da FDA dos alimentos. 156 Alta correlação foi encontrada entre as degradabilidades da FDN e da FDA P<0,0001), entretanto, (r=0,9059; diferentemente do que ocorreu para as degradabilidades efetivas dos alimentos (Tabela 7) em que foi percebido maior valor para o subproduto de acerola na taxa de passagem de 5,0%/h, para a FDA os valores de degradabilidades efetivas do subproduto foram sempre inferiores aos encontrados para o capim elefante. Contribuíram para isso, os mais baixos valores das frações A e B1 do subproduto de acerola em comparação a essas frações no capim elefante, embora a taxa fracional “c” e a fração solúvel S fossem maiores para o subproduto. Tabela 9. Potenciais de degradação (A), taxas de degradação (c), frações solúveis (S), frações degradáveis (B1), tempos de colonização (TC) e degradabilidades efetivas (DE), nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da fibra em detergente ácido dos alimentos utilizados neste experimento Parâmetro Subproduto Capim de Acerola elefante A (%) 36,53 82,38 c (%/h) 4,842 1,376 S (%) 19,60 16,56 B1 (%) 16,92 65,83 TC (h) 1:00 -3:47 DE 2,0%/h 31,58 43,39 (%) DE 5,0%/h 27,93 30,76 (%) 3.6. Desaparecimento ruminal das hemiceluloses do subproduto de acerola e capim elefante incubados in situ em ovinos As degradabilidades das hemiceluloses nos vários tempos de incubação estão na Tabela 10. Os dados de desaparecimento das hemiceluloses do subproduto de acerola foram superiores (P<0,05) àqueles encontrados para o capim elefante até as 24 horas de incubação ruminal. A partir daí, houve semelhança de desaparecimento entre os alimentos para as 48 horas e às 96 houve superiodade de horas, desaparecimento das hemiceluloses para o capim elefante. O maior valor de desaparecimento das hemiceluloses do subproduto foi atingido já às 24 horas onde houve estabilização. Para o capim elefante o desaparecimento aumentou das seis para as 12 horas de incubação ruminal e daí aumentou novamente às 48 horas finalizando o aumento às 96 horas. Isso revela o mesmo comportamento observado para os desaparecimentos da FDN e da FDA onde o subproduto foi degradado mais intensivamente nas primeiras horas de seu incubação, estabilizando desaparecimento ruminal muito antes de se chegar às 96 horas. O capim elefante também a exemplo do que foi observado para o FDN e para o FDA também atingiu sua máxima degradação apenas às 96 horas. Tabela 10. Desaparecimento das hemiceluloses (%) do subproduto de acerola e do capim elefante incubados em sacos de náilon no rume de ovinos submetidos a dietas contendo subproduto de acerola Tempo de Subproduto Capim incubação de Acerola2 elefante2 (h)1 6 38,43Ba 15,39Db Ba 12 40,04 30,91Cb Aa 24 48,88 38,58Cb 48 53,79Aa 48,08Ba Ab 96 56,71 67,84Aa 1 Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK) 2 Letras minúsculas iguais na mesma linha indicam semelhança estatística a 5% (SNK) CV=15,33% São escassos, ou inexistentes, os trabalhos que indiquem o desaparecimento das frações fibrosas do subproduto de acerola; portanto não foi possível analisar os presentes resultados de forma comparativa. Os resultados de desaparecimento das hemiceluloses do subproduto de acerola não convergiram adequadamente para o modelo proposto por Sampaio (1988), e a seguinte equação de regressão foi obtida: 157 Para o capim elefante, a degradabilidade das hemiceluloses presentes se ajustou ao modelo proposto por Sampaio (1988). Foram testados outros modelos: lineares, quadráticos, cúbicos, exponenciais, dentre outros, mas todos apresentaram coeficientes de determinação menores ao encontrado para o modelo de Sampaio (1988). Deg. HCEL Capim Elefante = 74,4043 62,5472 * EXP (-0,02166 * t) r2=0,921 Desaparecimento das HCEL (%) Deg. HCEL Subproduto de Acerola = 57,2735 - 25,8081 * EXP (-0,0416 * t) r2=0,578 As duas equações conforme Sampaio (1988) estão representadas na Figura 5. 70 60 50 40 S. Acerola 30 C. elefante 20 10 0 0 12 24 36 48 60 72 84 96 Tempo de incubação (h) Figura 5. Desaparecimento das hemiceluloses dos alimentos em função do tempo de incubação Na Tabela 11, são apresentados os potenciais de degradação, as taxas de degradação, as frações solúveis, as frações degradáveis, os tempos de colonização e as degradabilidades efetivas, nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, das hemiceluloses dos alimentos. As degradabilidades efetivas das hemiceluloses foram decrescentes com o aumento da taxa de passagem, a exemplo do que também ocorreu com o subproduto de abacaxi (Capítulo V). Foram, entretanto, superiores àquelas obtidas para o capim elefante. Apesar do subproduto de acerola apresentar menor fração potencialmente degradável que a do capim elefante, a fração solúvel e a taxa fracional “c” e isso pode ter contribuído para os maiores valores de degradabilidade efetiva encontrados para o subproduto. 158 Tabela 11. Potenciais de degradação (A), taxas de degradação (c), frações solúveis (S), frações degradáveis (B1), tempos de colonização (TC) e degradabilidades efetivas (DE), nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, das hemiceluloses dos alimentos utilizados neste experimento Parâmetro Subproduto Capim de Acerola elefante A (%) 57,27 74,40 c (%/h) 4,16 2,166 S (%) 30,73 10,44 B1 (%) 26,54 63,96 TC (h) -0:40 -1:02 DE 2,0%/h 48,66 43,70 (%) DE 5,0%/h 42,79 29,77 (%) Deve-se destacar também que a fração A encontrada para as hemiceluloses foi bastante superior àquela encontrada para a FDA (36,53%) (Tabela 9) que, por sua vez, também foi inferior ao valor de A para a FDN (42,40%) (Tabela 7). Isto evidencia o importante papel das hemiceluloses contribuindo para a melhoria da degradabilidade ruminal da FDN. 3.7. Desaparecimento ruminal da celulose do subproduto de acerola e capim elefante incubados in situ em ovinos As degradabilidades da celulose nos vários tempos de incubação estão na Tabela 12. Tabela 12. Desaparecimento da celulose (%) do subproduto de acerola e do capim elefante incubados em sacos de náilon no rume de ovinos submetidos a dietas contendo subproduto de acerola Tempo de Subproduto Capim incubação de Acerola2 elefante2 (h)1 6 32,50Da 36,69Da CDb 12 38,20 48,08Ca BCb 24 42,61 51,16Ca ABb 48 49,17 61,79Ba Ab 96 52,37 77,18Aa 1 Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK) 2 Letras minúsculas iguais na mesma linha indicam semelhança estatística a 5% (SNK) CV=11,56% Para a celulose, foram encontradas maiores taxas de desaparecimento para o capim elefante em relação ao subproduto de acerola a partir das 12 horas de incubação ruminal, diferentemente do que aconteceu para as hemiceluloses (Tabela 10). Com esse resultado percebe-se que as menores taxas de desaparecimento da celulose do subproduto contribuíram significativamente para a redução da degradabilidade da FDN (r=0,9503; P<0,05). A formação de complexos lignocelulósicos provavelmente foi o principal influenciador para esse resultado (Forbes, 1995). O desaparecimento entre os períodos de incubação ruminal também foi bem mais acentuado para o capim elefante em relação ao subproduto de acerola. Acompanhando o que ocorreu para a degradabilidade da FDA (r=0,8817; P<0,0001), a equação de degradabilidade da celulose do subproduto de acerola também não correspondeu ao modelo proposto por Sampaio (1988). Deg. CEL Subproduto de Acerola = 52,2846 - 26,5358 * EXP (-0,04654 * t) r2=0,55 Para o capim elefante, houve ajuste para o modelo proposto por Sampaio (1988). Deg. CEL Capim Elefante = 84,3488 52,001 * EXP (-0,01951 * t) r2=0,917 As duas equações estão representadas na Figura 6. Na Tabela 13, são apresentados os potenciais de degradação, as taxas de degradação, as frações solúveis, as frações degradáveis, os tempos de colonização e as degradabilidades efetivas, nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da celulose dos alimentos. As degradabilidades efetivas do subproduto de acerola para as diferentes taxas de passagem analisadas foram inferiores àquelas encontradas para o capim elefante concordando com o que foi observado para as degradabilidades efetivas da FDA. Contribuíram de forma mais marcante para este resultado, os baixos valores de B1 e S encontrados para o subproduto de acerola. Isso denota a forte influência das ligninas presentes no subproduto indisponibilizando a celulose por complexação. Lousada Júnior (2003) ainda destacou o efeito negativo de taninos presentes no subproduto de acerola sobre a digestibilidade dos nutrientes nele existentes. 159 Desaparecimento da CEL (%) 90 80 70 60 50 S. Acerola 40 C. elefante 30 20 10 0 0 12 24 36 48 60 72 84 96 Tempo de incubação (h) Figura 6. Desaparecimento da celulose dos alimentos em função do tempo de incubação Tabela 13. Potenciais de degradação (A), taxas de degradação (c), frações solúveis (S), frações degradáveis (B1), tempos de colonização (TC) e degradabilidades efetivas (DE), nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da celulose dos alimentos utilizados nesse ensaio Parâmetro Subproduto Capim de Acerola elefante A (%) 52,29 84,35 c (%/h) 4,654 1,951 S (%) 25,25 30,88 B1 (%) 27,03 53,47 TC (h) -0:24 -1:36 DE 2,0%/h 44,16 57,28 (%) DE 5,0%/h 38,28 45,89 (%) 4. CONCLUSÕES Foram evidenciados baixos valores de potencial e de degradabilidades efetivas da parede celular, principalmente em virtude do alto teor de ligninas para o subproduto de acerola. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGRICULTURAL AND FOOD RESEARCH COUNCIL. Nutrive requirements of ruminant animal: protein. Nutrition Abstracts and Reviews. n.9, p.6571, 1992. AGRICULTURAL RESEARCH COUNCIL - ARC. The nutrient requirements of ruminant livestock. sppl. 1. Slough: Commonwealth Agricultural Bureaux. 1984. 45p. ALVES, G.R., FONTES, C.A.A., RIBEIRO, E.G. et al. Influência do nível de matéria seca, e de uréia sobre a qualidade de silagens contendo polpa de abacaxi, em mistura com bagaço de cana ou feno de Coast cross. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 39, 2002, Recife. Anais... Recife-PE: Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2002. CD ROM. ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTS - AOAC. Official methods of analysis. 16.ed. Washington: AOAC, 1995. 2000p. BALCH, C.C., JOHNSON, V.W. Factors affecting the utilization of food by cows. II. Factors influencing the rate of breakdown of cellulose (cotton thread) in the rumen of the cows. Brittish Journal of Nutrition, v.4, p.361-368, 1950. BHATTA, R., KRISHNAMOORTHY, U., MOHAMMED, F. Effect of tamarind (Tamarindus indica) seed husk tannins on in vitro fermentation. Animal Feed Science and Technology, v.90, p.143-152, 2001. BORGES, I. Influência da dieta na degradabilidade in situ do caroço de algodão integral, e do bagaço de cana-deaçúcar auto-hidrolisado, na dinâmica da fermentação ruminal e na cinética sangüínea de ovinos. Belo Horizonte: UFMG - Escola de Veterinária, 1997. 130p. (Tese, Doutorado em Ciência Animal). CAPPELLE, E.R. VALADARES FILHO, S.C., COELHO DA SILVA, J.F. et al. Estimativas do valor energético a partir de características químicas e bromatológicas dos alimentos. Revista Brasileira de Zootecnia, v.30, n.6, p.1837-1856, 2001. CROWFORD, J., HOOVER, W.H., SNIFFEN, C.J. et al. Degradation of feedstuffs nitrogen in the rumen vs. Nitrogen solubility in three solvents. Journal of Animal Science, v.46, p.17681779, 1978. FORBES, J.M. Physical limitation of feed intake in ruminants and its interactions with other factors affecting intake. In: ENGELHARDT, W.V., LEONHARDMAREK, S., BREVES, G. et al. Ruminant physiology: digestion, metabolism, growth and reproduction. Ferdinand Enke Verlag Stuttgart, Enke, 1995. KHAZAAL, K.A., OWEN, E., DODSON, E. et al. Treatments of barley straw with ligninase: effect of activity and fate of enzyme shortly after being added to straw. Animal Feed Science and Technology, v.41, n.1, p.15-23, 1993. LOUSADA JÚNIOR, J.E. Digestibilidade aparente de subprodutos do processamento de frutas em ovinos. Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 2003. 94p. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) – Universidade Federal do Ceará, 2003. MANOEL, A.O., BANYS, V.L., PEREIRA, R.C. et al. Degradabilidade da matéria seca dos subprodutos de polpa de frutas e soja extrudada. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 40, 2003, Santa Maria. Anais... Santa Maria-RS: Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2003. CD-Rom. McDONALD, J. A revised model for the estimation of protein degradabitility in the rumen. Journal of Agricultural Science (Cambridge). v.96, n.1, p.251-252, 1981. MEHREZ, A.Z., ØRSKOV, E.R., McDONALD, I. Rate of rumen fermentation in relation to ammonia concentration. Brittish Journal of Nutrition, v.38, n.3, p.437-443, 1977. MEYER, D.J., COLES, E.H., RICH, L.J. Medicina de laboratorio veterinária: interpretação e diagnóstico; Tradução e revisão científica Paulo Marcos Oliveira. São Paulo: Roca, 1995. 302p. NATIONAL RESEARCH COUNCIL. Nutrient requirements of dairy cattle. 7.ed. Washington: National Academy Press, 2001. 362p. NATIONAL RESEARCH COUNCIL. Nutrient requirements of sheep. Washington: National Academy Press, 1985. 99p. NOCEK, J.E. In situ and other methods to estimate rumial protein and energy digestibility: a review. Journal of Dairy Science. v.71, n.8, p.2051-2069, 1988. ØRSKOV, E.R. The in situ technique for the estimation of forage degradability in ruminants. In: GIVENS, D.I., OWEN, E., AXFORD, R.F.E. et al. Forage Evaluation in Ruminant Nutrition. CAB International, 2000. Cap. 9, p.175-188. ØRSKOV, E.R., McDONALD, J. The estimation of protein degradability in the rumen from incubation measurements of feed in weighted according to rate of passage. Journal of Agricultural Science (Cambridge). v.92, n.2, p.499-503, 1979. 161 RIBEIRO JÚNIOR, J.I. Análises estatísticas no SAEG. Viçosa:UFV, 2001. 301p. RODRÍGUEZ, N.M. Importância da degradabilidade da proteína no rúmen para a formulação de rações para ruminantes. Cadernos Técnicos da Escola de Veterinária da UFMG, v.1, p.27-45, 1986. SAMPAIO, I.B.M. Experimental designs and modelling techniques in the study of roughage degradation in rumen and growth of ruminants. Reading: Univesity of Reading, 1988. 214p. (Tese, Doutorado em Fisiologia) STERN, M.D., SATTER, L.D. Evaluation of nitrogen solubility and the dracon bag technique as methods for estimating protein 162 degradation in the rumen. Journal of Animal Science, v.58, p.714-722, 1984. TOMICH, T.R. Potencial forrageiro de híbridos de sorgo com capim Sudão avaliados em regime de corte. Belo Horizonte: UFMG - Escola de Veterinária, 2003. 87p. (Tese, Doutorado em Ciência Animal) VALADARES FILHO, S.C., ROCHA Jr., V.R., CAPPELLE, E.R. Tabelas brasileiras de composição de alimentos para bovinos. Viçosa: UFV; DZO; DPI, 2002. 297p. VAN SOEST, P.J., ROBERTSON, J.B., LEWIS, B.A. Methods for dietary fiber, neutral detergent, and nonstarch polysaccharides in relation to animal nutrition. Journal of Dairy Science. v.74, n.10, p.3583-3597, 1991. Capítulo IX - EXPERIMENTO 7 Valor nutritivo do subproduto da indústria processadora de caju (Anacardium occidentale) em dietas para ovinos. 1. Consumo, digestibilidade aparente e balanços energético e nitrogenado RESUMO O presente estudo foi conduzido objetivando avaliar a influência da inclusão do subproduto do processamento de caju (Anacardium occidentale L.) sobre os consumos (por unidade de tamanho metabólico – UTM) e coeficientes de digestibilidade da matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), fibra detergente neutro (FDN), fibra detergente ácido (FDA), hemiceluloses (HCEL), celulose (CEL) e energia de dietas experimentais isofibrosas e isoprotéicas contendo o subproduto de caju. Avaliou-se ainda os balanços nitrogenados e de energia das referidas dietas. Vinte ovinos machos, inteiros foram distribuídos em quatro níveis de inclusão do subproduto (zero; 19%; 38%; 52%), em delineamento inteiramente ao acaso, com cinco ovinos para cada tratamento. Maiores consumos de MS, MO, PB, FDN, HCEL e de energia metabolizável (EM) foram evidenciados para o tratamento que incluiu 19% do subproduto. Quando o subproduto de caju foi incluído em 52% do total dietético houve aumento da digestibilidade das hemiceluloses e da celulose presentes na dieta em relação às digestibilidades destes nutrientes na dieta com 19% de subproduto. Os balanços energéticos e protéicos foram positivos, entretanto, houve redução acentuada destes valores na dieta com 52% de subproduto. Portanto, o subproduto de caju apresenta potencialidade como alimento para ruminantes. Em se tratando da fibra consumida, houve prejuízo particularmente para o consumo de energia metabolizável em concentrações de subproduto de caju superiores a 19% do total dietético. Palavras-chave: dieta, fibra, frutas, nutrição, ovinos, ruminantes 1. INTRODUÇÃO O aproveitamento de subprodutos do processamento de frutas na alimentação de ruminantes surgiu como resposta ao incremento da fruticultura nacional. O cajueiro ocupa lugar de destaque entre as plantas frutíferas tropicais, em face da crescente comercialização da castanha de caju. A castanha é o verdadeiro fruto e, contém no seu interior, a amêndoa de alto valor nutritivo. O pseudofruto é o pedúnculo hipertrofiado, sendo rico em vitamina C e usado na fabricação de doces e bebidas. O bagaço, após a extração do suco, pode ser usado na alimentação animal. Do peso do pseudofruto, em média 81% são representados pelo suco. Com o desenvolvimento de tecnologias para os segmentos de produção e industrialização do sistema agroindustrial do caju, o cajueiro tem elevado sua produtividade por área, o número de meses de oferta para o mercado, expandido suas fronteiras de plantio e induzido um aumento de pequenas e médias agroindústrias de amêndoa, suco e polpa, principalmente na região nordeste. Atualmente, a amêndoa de caju é o principal produto exportado pelo estado do Ceará. A castanha é a parte do caju de maior valor comercial, enquanto que o pedúnculo é comercializado em pequena escala, entre 10 a 15% do total produzido, sendo altamente perecível. 163 Conforme Meneses (1994), os principais açúcares encontrados no pedúnculo são, maltose, sacarose, celobiose, rafinose, glicose e frutose, sendo estes 2 últimos presentes em maior quantidade. Holanda et al. (1996) encontraram valores de matéria seca (MS), proteína bruta (PB) e nutrientes digestíveis totais (NDT) da ordem de 69,5%; 8,61%; 75,0%, respectivamente. Furusho et al. (1997) encontraram valores superiores para a proteína bruta (16,6%) em matéria seca. Em 2000 foram mais de 138 mil toneladas de castanha e do pedúnculo, mais de um milhão. Como a safra de caju concentra-se na época seca, período que se caracteriza pela baixa produção de volumosos e preços de concentrados elevados, a utilização do pedúnculo do caju seco possui grande potencial para ser usado como ingrediente de dietas. Os principais subprodutos do caju para uso na alimentação animal são a farelo de castanha de caju, o farelo de caju desidratado (pseudofruto), após prensagem para extração do suco. Com o presente estudo avaliaram-se os coeficientes de digestibilidade e os consumos por unidade de tamanho metabólico (UTM) da matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), energia, fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), hemiceluloses (HCEL) e celulose (CEL) de dietas experimentais fornecidas a ovinos em crescimento contendo o subproduto da indústria processadora de caju. Complementarmente avaliou-se também os balanços energético e nitrogenado destas dietas. Objetivando-se determinar se é possível e em que percentual deva ser feita sua inclusão nas dietas para ruminantes. 164 2. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado no Setor de Forragicultura do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Ceará, em Fortaleza, Ceará, a 3º43'02" de latitude Sul e 38º32'35" de longitude Oeste, altitude de 26,36 m, no período de 26 de novembro a 12 de dezembro de 2002. A região possui clima tipo AW’, segundo Koeppen, ou seja, quente e úmido, distinguindo-se duas estações de precipitação: uma chuvosa, denominada regionalmente de inverno, e outra seca, chamada verão. A precipitação média é de 1378,3 mm anuais. A média anual das temperaturas máxima, média e mínima está em torno de 30,0, 26,3 e 23,3oC, respectivamente, e a média anual da umidade relativa do ar é de 77 %. O subproduto agroindustrial de caju (Anacardium occidentale, L.) utilizado foi obtido da Empresa Mossoró Agroindustrial S.A. (MAISA) localizada em Mossoró RN. Era composto basicamente pelo bagaço do pseudofruto após a extração do suco, que após secagem ao sol foi picado grosseiramente. O feno do capim elefante (Pennisetum purpureum) fornecido era proveniente de capineira existente na Fazenda Experimental da Universidade Federal do Ceará, localizada em Pentecoste - Ceará, obtido por corte manual diário, contando com 57 dias após o plantio. O farelo de soja e o milho foram obtidos no comércio de Fortaleza - Ceará em quantidade suficiente para a realização de todo o experimento. A dieta formulada e sua composição química e energética constam da Tabela 1. Pretendeu-se a inclusão do subproduto de caju nos níveis zero, 18, 37 e 56 % a uma dieta básica composta de feno de capim elefante, milho e farelo de soja. O nível máximo foi determinado pelo ajuste das dietas em função da substituição total do feno de capim elefante pelo subproduto de caju e, ao mesmo tempo, para atenderem aos requisitos de proteína bruta (14,7%) e de NDT (72%) prescritos pelo National Research Council (1985) para cordeiros em terminação (quatro a sete meses de idade) com peso vivo de 30kg e ganho de peso de 295g/dia. Houve dificuldade para, com os alimentos utilizados, se atingir o requerimento de energia. Desta maneira, procurou-se estabelecer um nível de fibra dietético máximo, idêntico para os quatro tratamentos, de modo que os níveis de energia se aproximassem daquele prescrito pelo National Research Council (1985). Tabela 1. Composição centesimal e bromatológica das dietas contendo subproduto de caju ofertadas a ovinos em base de matéria seca Tratamentos Feno de Capim Milho Farelo de %MS %PB %NDT1 %FDN Soja Propostos Elefante 0% 51,70 38,60 9,70 86,32 12,04 65,00 58,89 18,33% 34,68 39,54 7,45 86,19 12,50 63,76 59,18 37,28% 17,45 40,20 5,07 86,08 12,95 62,38 59,63 56,49% 0 40,86 2,65 85,97 13,40 60,99 60,10 1 Estimado segundo Cappelle et al. (2001) Foram utilizados 20 cordeiros machos e inteiros com seis meses de idade e peso vivo médio de 24 kg. Os ovinos foram previamente desverminados e alojados em gaiolas de metabolismo com bebedouros, comedouros e saleiros plásticos, dotados de dispositivos apropriados para colheita de urina e fezes. Estes dispositivos foram constituídos por baldes de 10 litros colocados sob um tripé de fibra de vidro que servia como apoio a uma tela com malha de 5 mm de maneira a permitir um declive para a queda das fezes sem risco de contaminação da urina que ficava no balde. As fezes foram colhidas em recipientes plásticos colocados logo à frente do tripé com a tela, estando os dois tipos de recipientes de colheita sob o funil da gaiola metabólica. O período de adaptação dos animais às dietas e às gaiolas foi de 10 dias, sendo o período de colheita (experimental) os sete dias subseqüentes. Os 20 carneiros foram pesados no início do período de adaptação, tais pesos foram utilizados para o cálculo do consumo em gramas por unidade de tamanho metabólico (kg0,75). As dietas foram divididas em duas refeições iguais e oferecidas bem misturadas aos ovinos, às 7 h e 30 min e a outra às 17 h e 30 min, buscando-se sempre deixar uma sobra que, em média ficasse entre 10 e 20% da matéria seca oferecida por dia. Água e sal mineralizado estiveram disponíveis à vontade. Amostras do alimento oferecido e das sobras foram retiradas e pesadas diariamente às sete horas. Posteriormente, foi preparada uma amostra composta por animal para as sobras e outra composta dos alimentos fornecidos nos sete dias de colheita. Na amostra composta das sobras, foi feita a separação manual dos alimentos para o posterior cálculo do consumo de cada ingrediente, a partir da quantidade originalmente fornecida de cada um deles. Após isso, as amostras de sobras foram novamente recompostas e homogeneizadas, para juntamente com as amostras dos alimentos oferecidos, serem moídas em moinhos de facas com peneira de malha de 1 mm e estocadas para futuras análises laboratoriais. 165 A colheita total de fezes também foi diária. A produção total teve o peso registrado e colheu-se uma alíquota de 20 % deste peso para as futuras análises. Ao final do experimento também foi preparada uma amostra composta por animal que foi embalada em sacos plásticos individuais e armazenada a -10o C. No final do experimento foram descongeladas à temperatura ambiente por cerca de 14 horas, passadas em peneira de malha grossa, homogeneizadas e pesadas. Após isto, foram acondicionadas em bandejas de alumínio e levadas à estufa de ventilação forçada (55 a 60o C), por 72 horas, para a determinação da matéria pré-seca. Foram então moídas em moinho Thomas Myller com peneira de 1 mm e acondicionadas em recipientes plásticos para futuras análises. Nos baldes coletores de urina foram adicionados 100 ml de ácido clorídrico (HCl 2N) na véspera de cada colheita, evitando-se perdas de nitrogênio por volatilização. O volume total de líquido foi pesado retirando-se para cada carneiro uma alíquota de 20 % do volume total colhido a cada dia, acondicionada em frascos plásticos (uma amostra composta por animal) e imediatamente congelada. Para as determinações de matéria seca, matéria orgânica e cinzas, extrato etéreo, proteína bruta, cálcio e fósforo do material analisado seguiu-se a metodologia proposta por AOAC (1980). Já para a quantificação da FDN, FDA, celulose, hemiceluloses e ligninas, utilizou-se a metodologia proposta por Van Soest et al. (1991). Estas análises laboratoriais foram determinadas nas dependências dos Laboratórios de Nutrição Animal do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal do Ceará (Fortaleza – Ceará) e do Centro de Ciências Agrárias e Biológicas da Universidade Estadual Vale do Acaraú (Sobral – Ceará). Para a estimativa de Nutrientes Digestíveis Totais (NDT) dos alimentos isoladamente 166 foram utilizadas duas equações propostas por Cappelle et al. (2001). Para o milho e o farelo de soja recorreu-se à seguinte equação: NDT = 9,6134 + 0,8294 x DMS (r2=0,98; P<0,01) Para o subproduto de caju e o feno de capim elefante a equação utilizada foi esta: NDT = 10,43 + 0,8019 x DMS (r2=0,89; P<0,01), onde para ambas: DMS = Digestibilidade in vitro da matéria seca segundo metodologia proposta por Tilley e Terry (1963), determinada no Laboratório de Nutrição Animal da EMBRAPA Caprinos (Sobral - Ceará). Para o cálculo da porcentagem dos carboidratos totais (CHOT) utilizou-se equação sugerida por Sniffen et al. (1992): CHOT (%) = 100 - (%PB + %EE + %Cinzas), onde CHOT = valor percentual dos carboidratos totais, PB = valor percentual da proteína Bruta, % Cinzas = valor percentual de cinzas. Para o cálculo de NDT das dietas experimentais utilizou-se a equação NDT = PBD + 2,25 x EED + CHOTD, utilizada pelo Sistema de Cornell (Sniffen et al., 1992), sendo que PBD, EED e CHOTD correspondem respectivamente a proteína bruta, extrato etéreo e carboidratos totais digestíveis. Para o cálculo do NDT das dietas experimentais conforme o National Research Council (2001) foram utilizadas as seguintes equações: CNFVD=0,98 x (100 - [(FDN - PBIDN) + PB + EE + Cinzas]) PBVD = PB x EXP x [-1,2 x (PBIDA/PB)] para o subproduto de caju e para o feno de capim elefante PBVD = [1 - (0,4 x (PBIDA/PB))] x PB para o milho e para o farelo de soja. AGVD = EE - 1. FDNVD = 0,75 x [(FDN - PBIDN) - L] x [1 – (L/((FDN - PBIDN) x EXP x 0,667))]. NDT1X (%) = CNFVD + PBVD + (AGVD x 2,25) + FDNVD - 7, onde: NDT1X = Nutrientes Digestíveis Totais para manutenção, CNFVD = Carboidratos Não Fibrosos Verdadeiramente Digestíveis, PBVD = Proteína Bruta Verdadeiramente Digestível, AGVD = Ácidos Graxos Verdadeiramente Digestíveis, FDNVD = Fibra em Detergente Neutro Verdadeiramente Digestível, FDN = Fibra em Detergente Neutro, EE = Extrato Etéreo, L = Lignina em Detergente Ácido, PB = Proteína Bruta, PBIDN = Proteína Bruta Insolúvel em Detergente Neutro, PBIDA = Proteína Bruta Insolúvel em Detergente Ácido. A determinação dos coeficientes de digestibilidade de matéria seca, matéria orgânica, proteína bruta, fibra em detergente neutro e fibra em detergente ácido, celulose, hemiceluloses e energia bruta foi feita a partir da seguinte fórmula: [(Consumo do nutriente em gramas – quantidade em gramas do nutriente nas fezes)/Consumo do nutriente em gramas]/100 (Silva e Leão, 1979). Obteve-se a Energia Bruta (EB) em calorímetro adiabático tipo PARR 2081 nas dependências do Laboratório de Nutrição Animal da EMBRAPA Caprinos em Sobral - Ceará. No caso da urina, colocou-se cerca de 1 ml de urina em papel de filtro absorvente para permitir a sua combustão na bomba calorimétrica. Anteriormente fezse a queima de seis papéis de filtro vazios para referenciação da produção de calor do papel individualmente, servindo de branco. Utilizando-se a técnica direta de determinação de energia com bomba calorimétrica, calculou-se o valor da energia digestível e energia metabolizável. Para tanto, mediu-se a energia contida nas fezes, no alimento oferecido, nas sobras do alimento e na urina. A ED foi calculada conforme descrito acima, já a energia metabolizável pela fórmula de Blaxter e Clapperton (1965) na qual a Energia Digestível é igual a Energia Bruta Ingerida menos a Energia Bruta excretada nas fezes; a Energia Metabolizável é igual a Energia Digestível menos a Energia Bruta da Urina mais a Energia dos Gases. A produção de metano foi estimada pela seguinte equação: Cm = 0,67 + 0,062D, onde Cm = produção de metano em kcal/ 100 kcal de energia consumida e D = digestibilidade aparente da energia bruta do alimento. Foram também calculados o balanço de nitrogênio [N ingerido - (N fecal + N urinário)], nitrogênio ingerido (N fornecido - N das sobras) e porcentagem de nitrogênio retido em relação ao nitrogênio ingerido. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente ao acaso, com quatro tratamentos (quatro níveis de inclusão do subproduto) e cinco repetições (animais) por tratamento. As análises estatísticas foram feitas mediante o uso dos softwares SAEG (Sistema de Análises Estatísticas e Genéticas) (Ribeiro Júnior, 2001) e SAS (Statistical Analyses System) (Littell et al., 1991), por meio do seguinte modelo estatístico: Yij = µ + Hj + eij onde, Yij = valor referente à observação da repetição i do tratamento j µ = média geral Hj = efeito do tratamento j (j = 1, 2, 3, 4) eij = erro aleatório associado à observação As médias foram comparadas utilizando-se os testes t e SNK, em nível de 5% de 167 probabilidade. Foi também observado o grau de correlação de Pearson (P<0,05) entre as variáveis estudadas para se saber se a variação de uma delas acompanha proporcional, direta ou inversamente, a variação da outra conforme recomendou Sampaio (2002). estudada. As equações demonstradas neste trabalho foram assim selecionadas para trazer maior confiança e melhor aplicabilidade à previsão de valores de consumo e digestibilidade. A análise de regressão foi realizada utilizando-se também o software SAEG (Ribeiro Júnior, 2001) para permitir a estimativa dos consumos e coeficientes de digestibilidade em níveis de subproduto de caju, compreendidos no intervalo estudado, que não foram testados no ensaio. Foram testados diferentes modelos matemáticos (lineares, polinomiais, logarítmicos e exponenciais), a partir do procedimento Modelos Pré-definidos, para escolha apresentasse maior daquele que significância e maiores coeficientes de determinação. Para a escolha do modelo matemático também foi observado se o mesmo ajustava-se à resposta biológica Pelo ajuste de consumo, em função da seletividade dos animais, a real inclusão do subproduto de caju ficou nos seguintes níveis: zero, 19, 38 e 52% (Tabela 2). A partir desta consideração todas as discussões de resultados levarão em conta estes níveis de inclusão. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO A composição química e teor de energia bruta e nutrientes digestíveis totais (NDT) dos ingredientes das dietas com base na matéria seca (MS) estão demonstrados na Tabela 3. A composição química, nutrientes digestíveis totais (NDT) e energia bruta das dietas consta na Tabela 4. Tabela 2. Consumo médio diário de matéria seca de subproduto de caju, feno de capim elefante, milho e farelo de soja (kg) e, entre parêntesis, a porcentagem (%) de cada um dos alimentos em função do consumo de matéria seca total (CMST) (kg) das dietas oferecidas a ovinos CMST Subproduto Milho Farelo de Tratamentos Feno de Capim de Caju Elefante Soja 0% 1,115 0,000 (0) 0,473 (42,4) 0,477 (42,78) 0,165 (14,82) 19 % 1,598 0,308 (19,29) 0,490 (30,68) 0,597 (37,32) 0,203 (12,71) 38 % 0,194 (15,9) 0,436 (35,64) 0,127 (10,41) 1,222 0,465 (38,05) 52 % 0,775 0,404 (52,11) 0,000 (0) 0,317 (40,93) 0,054 (6,96) 168 Tabela 3. Composição química (%) e níveis de energia bruta (Mcal/kg) dos ingredientes das dietas fornecidas durante o experimento com base de matéria seca Componentes Subproduto Feno de Capim Milho Farelo de de Caju Elefante Soja Matéria Seca (%) 89,10 89,75 81,58 86,89 Proteína Bruta (%) 13,78 6,81 9,15 44,68 PBVD (%)* 2,89 3,97 8,95 41,33 NIDN (%)* 5,19 0,94 1,87 2,62 PBIDN (%)* 32,44 5,88 11,69 16,38 NIDA (%)* 2,87 0,49 0,08 1,34 PBIDA (%)* 17,94 3,06 0,50 8,38 DIVMS (%)* 45,85 52,45 86,29 79,42 Extrato Etéreo (%) 3,91 1,42 4,51 4,87 AGVD (%)* 2,91 0,42 3,51 3,87 Fibra em Detergente Neutro (%) 79,23 78,71 15,28 51,46 FDNVD (%)* 0,00 42,46 0,14 12,75 Fibra em Detergente Ácido (%) 68,59 43,67 3,78 32,67 Hemiceluloses (%) 10,64 35,11 11,50 18,79 Celulose (%) 30,81 46,86 5,76 22,52 Ligninas (%) 37,76 5,81 1,66 7,08 Cinzas (%) 2,78 13,02 1,70 2,39 Ca (%) 0,53 0,76 0,14 0,33 P (%) 0,043 0,034 0,052 0,048 Carboidratos Totais (%) 79,53 78,75 84,64 48,06 CNFVD (%) 32,08 5,80 79,43 12,72 Energia Bruta (Mcal/kg) 4,34 3,92 4,37 4,47 NDT (%)* 47,20 52,49 81,18 75,48 *PBVD=Proteína Bruta Verdadeiramente Digestível; NIDN=Nitrogênio Insolúvel em Detergente Neutro; PBIDN=Proteína Bruta Insolúvel em Detergente Neutro; NIDA=Nitrogênio Insolúvel em Detergente Ácido; PBIDA=Proteína Bruta Insolúvel em Detergente Ácido; DIVMS=Digestibilidade in vitro da matéria seca; AGVD=Ácidos Graxos Verdadeiramente Digestíveis; FDNVD=Fibra em Detergente Neutro Verdadeiramente Digestível; CNFVD=Carboidratos Não Fibrosos Verdadeiramente Digestíveis; NDT=Nutrientes Digestíveis Totais 169 Tabela 4. Composição química (%) e energia bruta média (Mcal/kg) das dietas contendo quantidades crescentes do subproduto de caju com base de matéria seca Dietas Componentes 0 19 38 52 Matéria Seca (%) 85,83 86,21 86,29 85,87 Proteína Bruta (%) 13,42 13,84 14,24 14,04 PBVD (%)* 11,64 10,37 9,22 8,05 NIDN (%)* 1,59 2,32 3,06 3,65 PBIDN (%)* 9,92 14,50 19,15 22,83 NIDA (%)* 0,44 0,90 1,34 1,62 5,65 10,13 PBIDA (%)* 2,75 8,36 3,25 3,83 4,22 Extrato Etéreo (%) 3,49 2,25 2,49 2,83 3,22 AGVD (%)* 47,54 53,47 51,12 Fibra em Detergente Neutro (%) 51,68 19,95 14,70 8,13 0,95 FDNVD (%)* 24,98 32,19 37,79 39,56 Fibra em Detergente Ácido (%) Hemiceluloses (%) 22,59 19,50 15,69 11,56 Celulose (%) 25,67 25,33 23,57 19,98 4,22 10,59 16,62 20,85 Ligninas (%) Cinzas (%) 5,47 6,60 3,98 2,31 0,43 0,43 0,41 0,36 Ca (%) P (%) 0,04 0,05 0,05 0,04 Carboidratos Totais (%) 76,72 77,20 77,95 79,43 CNFVD (%)* 38,32 39,23 42,76 50,11 Energia Bruta (Mcal/kg) 4,19 4,24 4,30 4,36 NDT (%)1* 67,16 61,07 62,50 63,79 NDT (%)2* 67,98 62,90 59,48 59,36 1 Determinado conforme Sniffen et al. (1992). 2 Determinado conforme o NRC (1985). *PBVD=Proteína Bruta Verdadeiramente Digestível; NIDN=Nitrogênio Insolúvel em Detergente Neutro; PBIDN=Proteína Bruta Insolúvel em Detergente Neutro; NIDA=Nitrogênio Insolúvel em Detergente Ácido; PBIDA=Proteína Bruta Insolúvel em Detergente Ácido; AGVD=Ácidos Graxos Verdadeiramente Digestíveis; FDNVD=Fibra em Detergente Neutro Verdadeiramente Digestível; CNFVD=Carboidratos Não Fibrosos Verdadeiramente Digestíveis; NDT=Nutrientes Digestíveis Totais 170 A composição química das dietas experimentais revela a presença de altos níveis de ligninas especialmente quando se fez a maior inclusão do subproduto (52%). Estas ligninas elevarão as concentrações de NIDA parâmetro de análise que pode refletir a baixa disponibilidade da proteína aos microrganismos ruminais. Vê-se mais uma vez que particularmente nos tratamentos 38 e 52% os valores de NIDA foram bastante elevados. Os valores de NDT calculados a partir da PB, do EE e dos carboidratos totais foram inferiores aos prescritos pelo National Research Council (1985) para esta categoria animal revelando também a provável redução da digestibilidade destes nutrientes dietéticos especialmente quando o subproduto de caju foi incluído em altas concentrações. A Tabela 5 contém a comparação de médias de consumo em g/kg0,75 da matéria seca, matéria orgânica, proteína bruta e extrato etéreo. Tabela 5 - Médias de consumo diário (g/kg0,75, % do peso vivo, g/dia) das frações matéria seca, matéria seca digestível, matéria orgânica, proteína bruta, proteína bruta digestível e extrato etéreo das dietas contendo quantidades crescentes de subproduto de caju fornecidas a ovinos Frações Dietas Coeficientes de analisadas 0% 19% 38% 52% Variação (%) 0,75 b a b c Matéria Seca (g/kg ) 90,21 135,06 95,49 39,56 23,58 Matéria Seca (% PV) 4,12b 6,15a 4,32b 1,79c 23,03 Matéria Seca Digestível (g/kg0,75) 59,19b 80,82a 56,96b 23,83c 23,84 Matéria Seca (g/dia) 984,5b 1435,6a 1035,2b 431,0c 27,51 Matéria Orgânica (g/kg0,75) 85,93b 132,68a 96,11b 44,54c 22,86 Matéria Orgânica Digestível (g/kg0,75) 62,00b 88,46a 64,37b 31,22c 22,96 0,75 b a b c Proteína Bruta (g/kg ) 12,54 18,46 12,71 5,41 24,73 Proteína Bruta Digestível (g/kg0,75) 7,86a 8,32a 4,84b 1,56c 30,22 Proteína Bruta (g/dia) 131,96b 196,30a 138,03b 58,79c 28,56 Extrato Etéreo (g/kg0,75) 3,63b 6,24a 5,63a 3,93b 19,02 Extrato Etéreo Digestível (g/kg0,75) 3,01b 5,01a 4,98a 3,49b 18,80 a Médias com letras iguais na mesma linha não diferem significativamente pelo teste t (P>0,05) O consumo médio diário de matéria seca foi de 90,08 g/UTM, destacando-se o tratamento que incluiu 19 % de subproduto agroindustrial de caju, que apresentou consumo/UTM superior aos demais níveis de inclusão. Para o National Research Council (1985), a exigência nutricional para ovinos em terminação com 30 kg de peso vivo é de 101,42 gramas de MS/kg0,75/dia, portanto apenas com 19% de inclusão foi possível atender tal ingestão, ficando marginal quando se acrescentou 38%, destaca-se no entanto, o baixo consumo que apresentaram os cordeiros que consumiram dieta com 52% de subproduto de caju, que assemelhou-se a consumos de palhadas (Jarrige, 1981). O consumo médio diário de matéria seca foi inferior aos encontrados nos Capítulos III e VI para os subprodutos de abacaxi (108,72 g/UTM) e acerola (104,02 g/UTM). Oliveira et al. (2004) forneceram subproduto de caju em níveis crescentes a dietas contendo feno de capim Tifton 85, milho e farelo de soja para cordeiros em crescimento. Avaliaram o consumo de matéria seca encontrando um consumo médio superior (104,99 g de MS/UTM). Os níveis de inclusão do subproduto foram de 10, 20, 30 e 40%, sendo o nível máximo de inclusão doze pontos percentuais inferior ao aplicado no presente trabalho. Contrariamente ao que foi observado neste trabalho, Oliveira et al. (2004) afirmaram haver encontrado 171 aumento no consumo de matéria seca das dietas experimentais nos maiores níveis de inclusão do subproduto de caju. Vale ressaltar que os consumos de matéria seca (%PV), de matéria seca digestível (g/UTM) e de matéria orgânica digestível (g/UTM) tiveram o mesmo tipo de resposta que o consumo de matéria seca (Tabela 5) A análise de regressão indicou respostas cúbicas de consumo de matéria seca, a saber: CMS = 91,75 + 3,77X - 0,093X2 (R2=0,75; P<0,01), onde: CMS = Consumo de matéria seca/UTM X = % de inclusão de subproduto de caju Os consumos de matéria orgânica e de proteína bruta tiveram o mesmo tipo de resposta que o consumo de matéria seca. Foram superiores no tratamento que incluiu 19% de subproduto de caju em relação aos encontrados para os demais tratamentos. O consumo de proteína bruta digestível apresentou, por sua vez, semelhanças entre os tratamentos controle e 19% com superioridade em relação aos demais. Altas correlações foram encontradas entre os consumos de matéria seca e de proteína bruta (r=0,9896; P<0,0001) e os de matéria orgânica e de proteína bruta (r=0,9799; P<0,0001). Todas as correlações de Pearson estudadas neste trabalho estão representadas na sessão de anexos deste trabalho (Anexo 3). A análise de regressão indicou respostas cúbicas de consumo de matéria orgânica por unidade de tamanho metabólico como resposta à adição de subproduto de caju, a saber: CMO = 87,54 + 3,80X - 0,09X2 (R2 = 0,73; P<0,01), onde: CMO = Consumo de matéria orgânica/UTM X = % de inclusão de subproduto de caju 172 Apenas para o tratamento que incluiu 19% de subproduto de caju foi atendido o requisito de consumo de proteína, 14,93 g/kg0,75 conforme o National Research Council (1985) para cordeiros em terminação. O maior teor de PB consumido em 19% deveu-se ao maior consumo de MS, visto que o teor de PB das dietas (Tabela 4) estavam muito próximos. O subproduto de caju quando incluído em até 19% apresenta bons resultados de consumo de PB limitando o seu uso até esse percentual em dietas para ruminantes. Acima disso, provavelmente a presença de ligninas e taninos pode trazer prejuízos ao desempenho animal particularmente pela redução do consumo. Estudos que promovam o tratamento químico do subproduto de caju na intenção de se disponibilizar as proteínas existentes serão importantes para a maior inclusão desse subproduto em substituição a fontes tradicionais de proteína às dietas de ruminantes. A média de consumo de proteína bruta foi de 12,28 g/UTM, inferior àquela encontrada por Oliveira et al. (2004), 16,16 g de proteína bruta/UTM em cordeiros que receberam subproduto de caju em níveis crescentes a uma dieta basal composta de feno de Tifton 85, milho e farelo de soja. É importante ressaltar que o tratamento que incluiu 19% de subproduto de caju apresentou valor médio de consumo de proteína bruta superior à média encontrada por esses autores (Tabela 4). Isto reforça a constatação de que a inclusão do subproduto de caju em até 19% do total das dietas para pequenos ruminantes não promove prejuízos para o consumo de proteína bruta. Sobre o consumo de extrato etéreo, a inclusão do subproduto de caju em até 38% do total das dietas experimentais promoveu aumento destes valores. O mesmo foi observado para o consumo de extrato etéreo digestível. Estudos de microscopia eletrônica que determinem a interação de fatores antinutricionais e o conteúdo celular do subproduto de caju podem ser elucidativos para o aprofundamento dos estudos de disponibilização de nutrientes em dietas que utilizem subproduto de caju para ruminantes. A análise de regressão indicou respostas quadráticas de consumo de proteína bruta e de extrato etéreo por unidade de tamanho metabólico como resposta à adição de subproduto de caju, a saber: 2 2 CPB = 12,79 + 0,49X - 0,012X (R =0,73; P<0,01), onde: CPB = Consumo de proteína bruta/UTM X = % de inclusão de subproduto de caju CEE = 3,67 + 0,2X - 0,0037X2 (R2 = 0,63; P<0,01), onde: CEE = Consumo de extrato etéreo/UTM X = % de inclusão de subproduto de caju Resolvendo dy/dx=0 para as equações citadas anteriormente verifica-se que entre 19,23 e 21,11 % de inclusão serão obtidos maiores consumos de matéria seca, matéria orgânica e proteína bruta. Para o consumo de extrato etéreo a melhor inclusão sobe para 27,03%. Os coeficientes de digestibilidade da matéria seca, matéria orgânica, proteína bruta e extrato etéreo encontram-se na Tabela 6. Tabela 6 - Médias (%) dos coeficientes de digestibilidade da matéria seca, matéria orgânica, proteína bruta e extrato etéreo das dietas contendo quantidades crescentes de subproduto de caju fornecidas a ovinos Frações Dietas s Coeficientes de Analisadas 0% 19% 38% 52% Variação (%) Matéria Seca 66,33a 59,62b 60,13ab 60,46ab 6,39 Matéria Orgânica 72,95a 66,42b 67,44ab 70,28ab 5,13 Proteína Bruta 62,72a 44,96b 38,05b 28,33c 14,24 Extrato Etéreo 83,66ab 80,33b 88,55a 88,60a 4,76 a Médias com letras iguais na mesma linha não diferem significativamente pelo teste SNK (P>0,05) Os coeficientes de digestibilidade da matéria seca e da matéria orgânica apresentaram respostas semelhantes (r=0,9324; P<0,0001). O tratamento que incluiu 19% de subproduto de caju apresentou digestibilidade desses nutrientes inferior ao tratamento em que esta inclusão não foi feita. Em contrapartida, houve semelhança entre os tratamentos 38 e 52% e destes com os demais. A digestibilidade da MS provavelmente interferiu no consumo de MS. Observando-se os dados da Tabela 6 verifica-se que no tratamento 19% onde o consumo foi maior (P<0,05) a digestibilidade foi menor que aquela observada para o tratamento controle, talvez pelo aumento da taxa de passagem dos nutrientes dietéticos. Nos tratamentos 38 e 52% a digestibilidade foi semelhante ao tratamento 19% dado os baixos consumos verificados e provavelmente ao maior tempo de permanência no rúmen. Mesmo assim, a matéria seca digestível teve como menores valores aqueles para os tratamentos 38 e 52%. O valor médio de digestibilidade da matéria seca para as dietas que incluíram o subproduto de caju foi de 60,07%. Valor considerado mediano e semelhante aos encontrados para alimentos volumosos. Valadares Filho et al. (2002) citaram valores semelhantes para a digestibilidade da matéria seca de folhas de Brachiaria 173 decumbens (60,61%) e de silagem de milheto (59,76%). Coeficientes de digestibilidade da matéria seca inferiores foram citados por estes autores para o pasto de capim elefante (54,03%) e superiores para o milho desintegrado com palha e sabugo (69,66%) e para concentrados comerciais como o farelo de trigo (72,96%), por exemplo. Oliveira et al. (2004), em dietas que incluíram subproduto de caju em níveis crescentes, encontraram valor médio de digestibilidade da matéria seca de 63,73%, ligeiramente superior ao encontrado nesse ensaio. De acordo com Van Soest (1994), as ligações não hidrolisáveis da lignina e de outros polifenólicos trouxeram a eles a denominação de substâncias condensadas. Substâncias fenólicas simples parecem ser utilizadas por organismos anaeróbicos, enquanto as substâncias condensadas parecem ter as suas quebras limitadas à ação de organismos aeróbicos. A maior parte dos tratos gastrointestinais dos animais apresenta ambiente anaeróbico e assim existe uma limitação na degradação de substâncias resistentes presentes nos vegetais. A lignina e os taninos, por exemplo, limitam o potencial máximo de degradação da parede celular vegetal. Ainda segundo este autor, os taninos causam deficiências nitrogenadas em bactérias não adaptadas e assim inibem a digestão celulolítica e na utilização prática de alimentos com altos níveis de taninos, a quantidade ingerida pode ser limitada pela intolerância ao tanino. O autor destacou que a maior parte dos subprodutos de baixa qualidade podem ser fornecidos em baixo nível (cinco a 10% da dieta) sem efeitos negativos, entretanto, quantidades maiores podem ser contraproducentes e propõe o estudo de subprodutos alimentares com a avaliação concomitante da fermentação ruminal dos mesmos e o desempenho animal. 174 No presente ensaio, a ingestão de matéria seca e de proteína bruta foi menor especialmente no tratamento que incluiu o subproduto em 52% e maior no tratamento que incluiu 19%. A digestibilidade da PB, por sua vez, teve maior valor no tratamento controle seguido pelos tratamentos 19 e 38% e, por último aquele do tratamento 52%. Esta interação fez com que no cálculo de consumo de proteína bruta digestível, os valores nos tratamentos controle e 19% fossem equivalentes e superiores aos demais provando que a melhoria da digestibilidade incrementou o consumo de proteína prontamente disponível no caso do tratamento controle. A análise de regressão, indicou a equação a seguir: DPB = 62,65 - 0,91X + 0,0052X2 (R2 = 0,83 P<0,01), onde: DPB = Digestibilidade da proteína bruta (%) X = % de inclusão de subproduto de caju O comportamento quadrático descendente revelou superioridade de digestibilidade da proteína bruta quando não foi feita a inclusão do subproduto. Sob quaisquer níveis de inclusão desse subproduto, a digestibilidade da proteína foi inferior. Vale destacar que já no primeiro nível de inclusão de subproduto de caju, o teor percentual de NIDA duplicou em relação ao tratamento que não incluiu o subproduto e assim foi crescente até o nível máximo de inclusão (52% de subproduto de caju) (Tabela 3). Embora as dietas tenham sido formuladas para serem isoprotéicas, o que na verdade ocorreu foi uma queda na disponibilidade da proteína em virtude da menor digestibilidade desse nutriente com o incremento do subproduto de caju na dieta. No Capítulo XI desta tese serão demonstrados os dados de proteína degradável e não degradável no rúmen que representam valores mais realísticos do aproveitamento da proteína exógena e, no capítulo X, as concentrações séricas de NNH3 que permitem maiores comentários acerca do aproveitamento desse substrato nitrogenado para a síntese de proteína microbiana. A Tabela 7 apresenta os valores de consumo médio diário das frações fibrosas alimentares (fibra em detergente neutro, fibra em detergente ácido, hemiceluloses e celulose) em gramas por unidade de tamanho metabólico. Tabela 7 - Médias de consumo (g/kg0,75, % de peso vivo e % de matéria seca ingerida) das frações fibrosas alimentares das dietas contendo quantidades crescentes de subproduto de caju fornecidas a ovinos Dietas Coeficientes de Frações Analisadas 0% 19% 38% 52% Variação (%) Fibra Detergente Neutro (g/kg0,75) 62,62b 99,22a 76,33b 39,05c 22,72 Fibra Detergente Neutro (% PV) 2,86b 4,52a 3,45b 1,76c 22,25 Fibra Detergente Neutro Digestível (g/kg0,75) 38,33b 67,93a 57,60a 29,57b 22,96 Fibra Detergente Neutro (% MSI) 69,37c 73,48c 80,17b 98,42a 5,66 Fibra Detergente Ácido (g/kg0,75) 20,65b 41,80a 39,09a 20,08b 19,43 Fibra Detergente Ácido (% PV) 0,94b 1,90a 1,77a 0,91b 18,97 0,75 b a a b Fibra Detergente Ácido Digestível (g/kg ) 11,96 23,50 21,20 11,85 20,33 Fibra Detergente Ácido (% MSI) 23,55d 30,94c 41,39b 50,90a 6,28 Hemiceluloses (g/kg0,75) 41,23b 58,16a 38,97b 16,49c 22,16 Hemiceluloses (% PV) 1,89b 2,65a 1,77b 0,74c 21,56 0,75 Hemiceluloses Digestíveis (g/kg )* 30,90b 41,99a 28,80b 13,66c 21,02 Hemiceluloses (% MSI) 46,74a 43,06a 41,26a 41,06a 13,18 0,75 b a a c Celulose (g/kg ) 21,31 34,34 30,55 11,19 26,24 Celulose (% PV) 0,97b 1,57a 1,38a 0,50c 25,67 Celulose Digestível (g/kg0,75)* 10,28b 17,59a 19,77a 7,37b 29,78 Celulose (% MSI) 23,07c 25,41bc 31,94a 28,04b 9,95 a Médias com letras iguais na mesma linha não diferem significativamente pelo teste t (P>0,05) Quanto aos consumos de FDN e hemiceluloses (g/UTM) o tratamento que incluiu 19% de subproduto de caju apresentou o maior valor. Já os consumos de FDA e de celulose apresentaram maiores coeficientes de digestibilidade entre 19 e 38% de inclusão de subproduto de caju. É importante destacar que o tratamento 19% apresentou mais alto valor percentual de celulose e que o tratamento 38% apresentou o segundo maior valor (37,91%) dentre as dietas experimentais e isto pode ter favorecido a resposta encontrada. No nível em que houve a maior inclusão do subproduto de caju a provável formação de complexos lignocelulósicos pode ter causado redução da digestibilidade da FDA. Os consumos de FDN, FDA e CEL digestível revelaram superioridade de valores para os tratamentos 19 e 38% de inclusão do subproduto de caju. Já para o consumo das hemiceluloses digestíveis o tratamento 19% apresentou o maior valor seguido dos tratamentos controle e 38% e o tratamento 52% apresentou o menor valor de consumo entre todos os tratamentos. Posteriormente estes dados serão comentados juntamente com os coeficientes de digestibilidade dessas frações (Tabela 8). O National Research Council (1985) não especifica valores de consumo mínimo de fibra para ovinos. Entretanto, uma quantidade máxima de carboidratos rapidamente fermentáveis (CNF) e uma 175 quantidade mínima de carboidratos lentamente digestíveis (maior proporção da FDN) devem ser providas, e a relação entre estas frações de carboidratos é importante (National Research Council, 2001). O índice histórico para o nível adequado de carboidratos estruturais tem sido a relação volumoso : concentrado, no entanto, essa relação não considera a qualidade da forragem (nível de fibra) nem reconhece a fibra de fontes não forrageiras como o subproduto de caju, por exemplo. Para se ter um referencial sobre o atendimento ou não dos níveis mínimos de fibra de ruminantes com dietas que utilizem o subproduto de caju utilizou-se a recomendação de Macedo Júnior (2004) de consumo de FDN para ovelhas da raça Santa Inês com peso vivo médio de 45 kg, ou seja, 28,05% de FDN. Como referido anteriormente, o consumo médio diário de matéria seca foi de 90,08 g/UTM, inferior àquele recomendado pelo National Research Council (1985). Se considerarmos os percentuais mínimos de inclusão de fibra dietética citados no parágrafo anterior, deve haver um consumo médio superior a 25,27 g de FDN/UTM. Todos os valores ultrapassaram essa recomendação de mínimo consumo de FDN para a adequada funcionalidade ruminal. É importante recordar que estudos que determinem a efetividade física da fibra de subprodutos de frutas para dietas de pequenos ruminantes serão importantes para avaliar adequadamente este antendimento. A seguir são apresentadas as equações de regressão para os consumos das frações fibrosas: CFDN = 63,61 + 2,96X - 0,067X2 (R2 = 0,70; P<0,01), onde: CFDN = Consumo de FDN em g/UTM X = Nível de inclusão do subproduto de caju (%) 176 CFDA = 20,54 + 1,78X - 0,034X2 (R2 = 0,78; P<0,01), onde: CFDA = Consumo de FDA em g/UTM X = Nível de inclusão do subproduto de caju (%) CHCEL = 42,06 + 1,41X - 0,037X2 (R2 = 0,77; P<0,01), onde: CHCEL = Consumo de HCEL em g/UTM X = Nível de inclusão do subproduto de caju (%) CCEL = 20,98 + 1,29X - 0,028X2 (R2 = 0,70; P<0,01), onde: CCEL = Consumo de CEL em g/UTM X = Nível de inclusão do subproduto de caju (%) Resolvendo dy/dx=0 para as equações correspondentes ao consumo das frações fibrosas encontra-se a faixa de inclusão compreendida entre 19,05 e 26,18 % como a mais adequada. Alta correlação foi encontrada entre o consumo de matéria seca e de FDN e FDA (% PV) (r>0,82; P<0,0001). Basta verificar que no tratamento que incluiu 19% de subproduto de caju mais de 73% de matéria seca ingerida constituía-se de fibra alimentar chegando no tratamento 52% de inclusão do subproduto a fibra constituir-se mais de 98% da matéria seca consumida. Os altos níveis de fibra existentes no subproduto de caju (Tabela 4) foram determinantes para o aumento dos consumos de FDN e FDA com a inclusão crescente do subproduto, mesmo não ocorrendo aumento proporcional do consumo de matéria seca. Isso pode ter causado a diminuição dos níveis energéticos das dietas em que o subproduto de caju foi incluído comparativamente à dieta controle (0% de inclusão de subproduto). Alta correlação negativa foi encontrada entre o consumo de matéria seca (% PV) e o consumo de FDA como porcentagem da matéria seca ingerida (r=-0,6515; P<0,001), ou seja, à medida que o consumo de matéria seca diminuiu houve um aumento proporcional do consumo de FDA. Um agravante disso também foi constatado pela alta correlação negativa existente entre o consumo de FDA proporcional ao consumo de matéria seca e a digestibilidade da proteína bruta (r=-0,8557; P<0,0001). Esse aumento de consumo de compostos lignocelulósicos indisponibilizado (Tabela 6). provavelmente teria a proteína dietética Quanto às digestibilidades da FDN e da FDA não houve diferenças significativas entre os tratamentos a partir do incremento dos níveis de subproduto de caju dietéticos (Tabela 8). Tabela 8 - Médias (%) dos coeficientes de digestibilidade das frações fibrosas alimentares das dietas contendo quantidades crescentes de subproduto de caju fornecidas a ovinos Frações Dietas Coeficientes de Analisadas 0% 19% 38% 52% Variação (%) Fibra Detergente Neutro 64,95a 68,22a 76,32a 75,25a 14,08 Fibra Detergente Ácido 58,80a 55,90a 54,63a 59,26a 9,05 Hemiceluloses 75,97ab 72,02b 74,66ab 82,09a 6,53 b b a a Celulose 46,86 50,76 65,35 64,68 12,30 a Médias com letras iguais na mesma linha não diferem significativamente pelo teste SNK (P>0,05). Apesar de não ter havido diferenças significativas para os coeficientes de digestibilidade da FDN e da FDA, estes valores favoreceram o consumo destas frações para os tratamentos 19 e 38% (Tabela 7), revelando que as digestibilidades de 64,95% e de 75,25% para os tratamentos zero e 52% não foram suficientes para aumentar o aporte fibroso efetivo ao animal. As digestibilidades da FDN para 38 e 52% de inclusão do subproduto de caju foram comparáveis à digestibilidade do capim Tifton 85 (73,46%), superior à da silagem do bagaço de laranja (69,55%) e a digestibilidade da FDA semelhante à digestibilidade do milho desintegrado com palha e sabugo (53,35%), no entanto, a inclusão de 19% desse subproduto equivaleu-se aos dados da silagem de bagaço de laranja (69,55%) (Valadares Filho et al., 2002). A fração celulósica apresentou maior digestibilidade nos níveis onde foi realizada a maior inclusão do subproduto de caju (38 e 52% de inclusão). O menor consumo de matéria seca para a dieta com 52% de subproduto de caju (Tabela 5) provavelmente favoreceu a degradação microbiana da celulose. O pouco substrato fibroso disponível foi provavelmente mais intensivamente degradado. No Capítulo XI será feita a avaliação das degradabilidades ruminais da celulose existente no subproduto de caju e no capim elefante. Particularmente para o tratamento 52% a alta digestibilidade não foi suficiente para promover o aporte de hemiceluloses digestíveis para o rúmen o que ficou evidenciado no mais baixo consumo desse nutriente digestível demonstrado na Tabela 7. Para as hemiceluloses, houve superioridade de coeficiente de digestibilidade no tratamento que incluiu 52% de subproduto de caju em comparação com o valor encontrado para o tratamento que incluiu 19% de subproduto. Da mesma forma que para as hemiceluloses neste tratamento também foi encontrado o menor 177 consumo de celulose digestível. Houve semelhança, entretanto dos coeficientes de digestibilidade destes dois níveis com os encontrados para os tratamentos zero e 38% de inclusão de subproduto de caju. A diminuição do processo fermentativo provavelmente resultou em um maior tempo de retenção ruminal e conseqüente redução do consumo de matéria seca. De acordo com Van Soest (1994), a presença de lignina limita o uso da parede celular e a presença de taninos, óleos essenciais e polifenóis inibem a ação de proteases e celulases. A análise de variância indicou um aumento da digestibilidade da celulose nos níveis 38 e 52% de inclusão do subproduto de caju. Embora tenha havido uma redução da ação das celulases, o aumento no tempo de retenção pode ter promovido uma maior disponibilização deste substrato nutritivo aos microrganismos ainda atuantes. De acordo com Mertens (2001), alterações no nível de fibra fisicamente efetiva na dieta, resultam em mudanças nos processos de mastigação, de secreção salivar, de produção de ácidos graxos voláteis, do pH ruminal, mudança nas populações microbianas, na relação acetato : propionato. Portanto, amplo campo de pesquisa ainda existe quanto a avaliação do subproduto de caju em dietas para ruminantes. No Capítulo X serão demonstrados os dados de AGVs e pH ruminais que poderão ajudar no aprofundamento destas discussões. Um outro aspecto é o tamanho das partículas fibrosas e a granulometria de concentrados e de subprodutos agroindustriais. Campo que merece mais pesquisas principalmente para a melhor eficiência do uso desses alimentos sem riscos à função ruminal. Dentre os modelos testados para os dados de digestibilidade das frações fibrosas, apenas a digestibilidade da celulose teve ajuste significativo (P<0,05) e com 178 coeficiente de determinação superior a 45%. DCEL = 45,82 + 0,45X + 0,0011X2 (R2 = 0,56; P<0,01), onde: DCEL = Digestibilidade da CEL (%) X = Nível de inclusão do subproduto de caju (%) A equação revelou um efeito quadrático ascendente. O maior tempo de retenção ruminal das partículas fibrosas provavelmente foi o responsável pelo aumento da digestibilidade da celulose nos mais altos níveis de inclusão de subproduto de caju onde ocorreu redução de consumo de matéria seca. A seguir, será feita a comparação das médias de consumo de energia bruta, energia digestível e energia metabolizável para avaliação do balanço energético dos ovinos. Esses consumos serão analisados e discutidos juntamente com os coeficientes de digestibilidade aparente da energia bruta e os teores de energia digestível e energia metabolizável por quilo de matéria seca ingerida (kcal) (Tabela 9). Os dados de consumo de energia metabolizável foram concordantes com os de energia digestível e de energia bruta, ou seja, maior consumo foi observado para o tratamento que incluiu 19% de subproduto de caju. Neste nível provavelmente favoreceu o aumento do consumo desta fração no tratamento que incluiu o subproduto em 19% (Tabela 5) em comparação ao tratamento sem o subproduto. Church e Pond (1987) destacaram que o consumo de alimentos é controlado pela diluição de dietas com alimentos de baixa digestibilidade. Mais uma vez, também falado por esses autores, destaca-se o estudo de granulometrias aplicadas aos alimentos fornecidos a ruminantes. A alta pulverulência alimentar, segundo Church e Pond (1987), por exemplo, pode ser uma forma física de administração pouco apetecível e por conseqüência promover uma redução no consumo das dietas. Tabela 9 - Médias de consumo de energia bruta (EB), digestível (ED) e metabolizável (EM) em relação à unidade de tamanho metabólico dos ovinos (kcal/kg0,75), coeficientes de digestibilidade aparente da energia bruta, balanço energético e teores de ED (TED) e de EM (TEM) por quilo de matéria seca ingerida (kcal) das dietas contendo quantidades crescentes de subproduto de caju fornecidas a ovinos Frações Dietas Coeficientes de Analisadas 0% 19% 38% 52% Variação (%) Consumo de EB 390,50b 576,68a 419,67b 180,91c 23,11 Consumo de ED 256,14b 333,53a 237,33b 105,01c 23,40 b a b c Consumo de EM 203,19 310,70 205,27 38,21 33,90 Coeficientes de digestibilidade (%) 65,89a 57,77b 57,12b 58,05b 6,62 Balanço energético 2,16b 3,31a 2,23b 0,43c 37,91 Teor de ED/Kg MS 2833,2a 2467,6b 2525,6ab 2651,1ab 7,41 Teor de EM/Kg MS 2046,9a 2298,2a 2178,6a 949,1b 32,56 a Médias com letras iguais na mesma linha não diferem significativamente pelo teste t (P>0,05). Apenas no tratamento que incluiu o subproduto de caju em 19% do total dietético foi atendido o requisito prescrito pelo National Research Council (1985) para consumo de energia metabolizável, a saber, 265,24 kcal/kg0,75. Esta constatação pode ter sido determinante para o menor balanço energético evidenciado principalmente no tratamento que incluiu o subproduto em 52% com o tratamento em que o subproduto de caju foi incluído em 19%. De acordo com Van Soest (1994), a diminuição do aporte energético dietético pode influenciar negativamente a utilização da proteína dietética, comprovada pela alta correlação positiva encontrada neste trabalho entre o consumo de energia metabolizável e o balanço nitrogenado (r=0,8768; P<0,0001). Os coeficientes de digestibilidade da energia bruta nas dietas que incluíram o subproduto de caju foram sempre menores do que no tratamento em que essa inclusão não foi feita. A seguir são demonstradas as equações correspondentes à digestibilidade da energia bruta (DEB) e consumo de energia metabolizável (CEM) em relação aos níveis de inclusão de subproduto de caju (X). DEB = 65,71 - 0,52X + 0,0073X2 (R2 = 0,50; P<0,01) CEM = 205,86 + 9,86X - 0,25X2 (R2 = 0,74; P<0,01) A equação para a DEB foi quadrática descendente até 35,62% de inclusão do subproduto de caju (DEB = 56,45%). A partir daí teve comportamento ascendente até os 52% de inclusão quando apresentou digestibilidade da energia bruta de 58,05%. Maior consumo de energia metabolizável foi evidenciado resolvendo dy/dx=0 para a equação do CEM aos 19,72% de inclusão do subproduto de caju, com o valor de 303,08 kcal por UTM. A partir daí houve queda do consumo de energia metabolizável. Em seguida é demonstrada a relação existente entre o teor de energia metabolizável (TEM) em kcal/kg de matéria seca e a inclusão de subproduto de caju (X) em percentual. 179 TEM = 1996,29 + 49,17X - 1,3X2 (r2=0,46; P<0,01). Resolvendo dy/dx=0 encontrou-se como nível ótimo de inclusão de subproduto de caju quanto ao teor de energia metabolizável a uma dieta básica composta de capim elefante, milho e farelo de soja, o percentual de 18,91 %. É importante destacar que a partir desse percentual de inclusão de subproduto de caju começou a ocorrer o declíneo do teor de energia metabolizável. Os valores médios do balanço de nitrogênio para os quatro tratamentos constam na Tabela 10. Tabela 10 - Balanço de nitrogênio comparado nas diferentes dietas contendo quantidades crescentes de subproduto de caju fornecidas a ovinos Frações Dietas Coeficientes de Analisadas 0% 19% 38% 52% Variação (%) Nitrogênio ingerido (g/dia) 21,11b 31,41a 22,09b 9,41c 28,56 Nitrogênio fecal (g/dia) 7,87b 17,20a 13,62a 6,72b 28,46 Nitrogênio urinário (g/dia) 1,72a 2,40a 2,18a 2,39a 32,62 Balanço de nitrogênio 11,52a 11,81a 6,29b 0,30c 48,39 a ab b c Nitrogênio retido (% sobre o N 52,66 37,30 26,71 1,90 39,36 ingerido) a Médias com letras iguais na mesma linha não diferem significativamente pelo teste t (P>0,05). Maiores balanços nitrogenados foram encontrados para os tratamentos zero e 19% de inclusão de subproduto de caju. Em contrapartida, maiores perdas de nitrogênio nas fezes foram observadas nos tratamentos que incluíram o subproduto de caju em 19 e 38%. No caso da dieta com 19% de subproduto, a maior perda fecal provavelmente foi resultado da maior ingestão de nitrogênio. Para a dieta com 38% o maior valor provavelmente deveu-se a uma menor eficiência de uso do nitrogênio para a síntese de proteína microbiana confirmada pela menor retenção de nitrogênio em relação à dieta controle. O tratamento 0% de inclusão teve maior retenção de nitrogênio do que os tratamentos 38 e 52% de inclusão de subproduto de caju e semelhança ao tratamento 19% de inclusão. Estes resultados evidenciam que o preparo de dietas para ruminantes deve considerar o perfil de aminoácidos incorporados e a disponibilidade de energia ao metabolismo animal e à fermentação microbiana. Além da redução na ingestão do nitrogênio, o 180 mais baixo consumo de energia metabolizável nos níveis 38 e 52% interferiu negativamente sobre o balanço nitrogenado e, portanto, sobre a queda na retenção de nitrogênio. Mais uma vez é importante ressaltar que os compostos polifenólicos tais como taninos e ligninas podem ter indisponibilizado a proteína dietética e assim ter promovido a redução da retenção de nitrogênio. A inclusão do subproduto de caju acima a partir de 38% do total dietético não é benéfica dada à redução nos balanços energético e nitrogenado. A seguir, são apresentados as equações com maiores coeficientes de determinação (r>45%) e significâncias estatísticas (P<0,05). NING = 21,49 + 0,86X - 0,021X2 (R2 = 0,67; P<0,01), onde: NING = nitrogênio ingerido (g/dia) X = % de inclusão do subproduto de caju NFECAL = 8,09 + 0,71X - 0,014X2 (R2 = 0,67; P<0,01), onde: NFECAL = nitrogênio fecal (g/dia) X = % de inclusão do subproduto de caju Estimativas do valor energético a partir de características químicas e bromatológicas dos alimentos. Revista Brasileira de Zootecnia, v.30, n.6, p.1837-1856, 2001. BN = 11,63 + 0,12X - 0,0065X2 (R2 = 0,68; P<0,01), onde: BN = balanço de nitrogênio (g/dia) X = % de inclusão do subproduto de caju CHURCH, D.C., POND, W.G. Fundamentos de nutrición y alimentación de animales. Mexico: Limusa, 1987. 438p. NR = 51,56 - 0,34X - 0,011X2 (R2 = 0,74; P<0,01), onde: NR = nitrogênio retido (% sobre o nitrogênio ingerido) X = % de inclusão do subproduto de caju Resolvendo dy/dx=0 para estas equações foram encontrados os níveis de inclusão de subproduto de caju compreendidos entre 9,23 e 25,36% como os ideais para o os parâmetros avaliados nestas equações. 4. CONCLUSÕES O subproduto do processamento agroindustrial de caju apresenta potencialidade como alimento para ruminantes. Houve prejuízo particularmente quanto ao aproveitamento das frações fibrosa e protéica das dietas e, portanto, não deve ser ultrapassado o percentual de 19% de inclusão nas dietas para ruminantes. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS A.O.A.C. Association of Official Analytical Chemists, Official Methods of Analysis (red.). Washington DC: AOAC, 1980. 1015p. BLAXTER, K. L., CLAPPERTON, J. L. Prediction of the amount of methane produced by ruminants. Brittish Journal of Nutrition, v.19, n.1-2, p.511-522, 1965. CAPPELLE, E.R. VALADARES FILHO, S.C., COELHO DA SILVA, J.F. et al. FURUSHO, I.F., OLALQUIAGA PEREZ, J.R., LIMA, G.F.C. et al. Desempenho de cordeiros Santa Inês, terminados em confinamento, com dieta contendo pedúnculo do caju. In: REUNIÃO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 34, 1997, Juiz de Fora, MG. Anais... Juiz de Fora: Sociedade Brasileira de Zootecnia, 1997. v.1. p.385-387. HOLANDA, J.S., FURUSHU, I.F., LIMA, G.L. et al. Perspectivas de uso do pedúnculo de caju na alimentação animal. In: SIMPÓSIO NORDESTINO DE PRODUÇÃO DE RUMINANTES, 6, 1996, Natal. Anais... Natal: Sociedade Nordestina de Alimentação de Ruminantes, 1996. p. 155-161. JARRIGE, R. Alimentación de los rumiantes. Madrid. Munsidal Prensa, 1981. 677p. LEÃO, M. I. Metabolismo de carboidratos e lipídeos em ruminantes. Belo Horizonte: Escola de Veterinária da UFMG, 1999. 89p. LITTELL, R.C.; FREUND, R.J.; SPECTOR, P.C. SAS® system for linear models. Cary, NC, EUA: SAS Institute Inc., 1991. 329p. MACEDO JÚNIOR, G.L. Influência de diferentes níveis de FDN dietético no consumo e digestibilidade aparente e no comportamento ingestivo de ovelhas Santa Inês. Lavras-MG: Universidade Federal de Lavras, 2004. 127p. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) – Universidade Federal de Lavras, 2004. MENESES, J.B. Pós-colheita do pedúnculo de caju. Informe Agropecuário, v.17, n.180, p.13-17, 1994. 181 MERTENS, D.R. Physical effective NDF and its use in formulating dairy rations. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL EM BOVINOS DE LEITE, 2, 2001, Lavras. Anais… Lavras: UFLA-FAEPE, 2001. p.25-36. NATIONAL RESEARCH COUNCIL. Nutrient Requeriments of Dairy Cattle. 7.ed. revised ed. Washington DC, USA: National Academy Press, 2001. 432p. NATIONAL RESEARCH COUNCIL. Nutrient Requeriments of Sheep. 6.ed. Washington DC, USA: National Academy Press, 1985. 99p. OLIVEIRA, M.E., DANTAS FILHO, L.A., LOPES, J.B. et al. Consumo e digestibilidade da matéria seca e proteína bruta de dietas com diferentes níveis de inclusão de polpa de caju desidratada (Anacardium occidentale L.) em ovinos. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 41, 2004, Campo Grande. Anais... Campo GrandeMS: Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2004. CD ROM. RIBEIRO JÚNIOR, J.I. Análises estatísticas no SAEG. Viçosa:UFV, 2001. 301p. SAMPAIO, I. B. M. Estatística aplicada à experimentação animal. 2.ed. Belo Horizonte: Fundação de Ensino e Pesquisa 182 em Medicina Veterinária e Zootecnia, 2002. 265p. SILVA, J.F.C. e LEÃO, M.I. Fundamentos da nutrição de ruminantes. Piracicaba, Livroceres, 1979. 380p. SNIFFEN, C.J., O’CONNOR, J.D., VAN SOEST, P.J. et al. A net carbohydrate and protein system for evaluating cattle diets. II. Carbohydrate and protein availability. Journal of Animal Science, v.70, p. 35623577, 1992. TILLEY, J.M.A., TERRY, R.A. A twostage technique for the “in vitro” digestion of forage crops. Journal of British Grassland Society. v.18, n.2, p.104-111, 1963. VALADARES FILHO, S.C., ROCHA Jr., V.R., CAPPELLE, E.R. Tabelas brasileiras de composição de alimentos para bovinos. Viçosa: UFV; DZO; DPI, 2002. 297p. VAN SOEST, P. J. Nutritional ecology of the ruminant. 2.ed. Ithaca, New York (USA): Cornell University Press, 1994. 476p. VAN SOEST, P. J., ROBERTSON, J. D., LEWIS, B. A. Methods for dietary fiber, neutral detergent fiber, nonstarch polysaccharides in relation to animal nutrition. Journal of Dairy Science, v.74, n.11-12, p.3583-3597, 1991. Capítulo X - EXPERIMENTO 8 Valor nutritivo do subproduto da indústria processadora de caju (Anacardium occidentale) em dietas para ovinos. 2. Dinâmica da fermentação ruminal e cinética sangüínea RESUMO O presente estudo foi conduzido com o objetivo de avaliar a influência da inclusão do subproduto do processamento de caju (Anacardium occidentale L.) sobre a concentração de nitrogênio amoniacal (N-NH3) em mg/100 ml, pH e concentrações molares de ácidos graxos voláteis (AGVs) do líquido ruminal, assim como os níveis séricos de albumina (ALB), creatinina (CRE), uréia (UR) e proteínas totais (PT) em ovinos que receberam dietas experimentais isofibrosas e isoprotéicas contendo o subproduto em níveis crescentes. Vinte ovinos machos, inteiros foram distribuídos em quatro tratamentos de inclusão percentual do subproduto de caju (zero; 19%; 38%; 52%), segundo delineamento em blocos ao acaso, em esquema de parcelas subdivididas, tendo nas parcelas as dietas e nas sub-parcelas os tempos de colheita (zero, duas, cinco, oito horas pós-prandial) com cinco repetições. O pH manteve-se dentro dos padrões normais citados pela literatura mesmo nas mais altas inclusões de subproduto de caju. As maiores concentrações de N-NH3 foram evidenciadas nos tratamentos zero e 52%. A proporção molar dos AGV no líquido ruminal nas dietas com subproduto de caju foi típica de dietas ricas em volumosos. A relação acetato : propionato não foi afetada pela inclusão do subproduto de caju. As concentrações séricas de UR, CRE e ALB não variaram entre os tratamentos. Para as concentrações de PT os tratamentos que incluíram o subproduto de caju apresentaram superioridade de valores. Os valores de UR e CRE foram inferiores e os valores de ALB e PT superaram os valores normais citados pela literatura. Estes resultados sugerem a ocorrência da reciclagem de nitrogênio na tentativa de suprimento de substrato nitrogenado aos microrganismos ruminais. A inclusão do subproduto de caju em até 19 % do total dietético apresentou melhores resultados no que diz respeito aos parâmetros analisados neste trabalho. Palavras-chave: Caju, amônia, frutas, ovinos, pH, ruminantes 1. INTRODUÇÃO Um importante obstáculo à utilização de subprodutos agroindustriais na alimentação de ruminantes em substituição a fontes de fibra forrageiras é o tamanho das partículas alimentares. A fibra, no caso dos subprodutos, que são geralmente muito mais finamente moídos e isso resulta em uma diminuição da atividade mastigatória, do fluxo salivar ao rúmen e, portanto, do efeito de tamponamento ruminal e da taxa de passagem. Para contornar este problema, muitas vezes recomenda-se corrigir o FDN do subproduto para a sua efetividade física (determinação laboratorial que utiliza peneiras com malha de 1,18 mm) ou mesmo extrapolando os níveis mínimos de consumo de FDN prescritos pelos sistemas tradicionais. No Sistema de Cornell (Fox et al., 2003), a FDN fisicamente efetiva é utilizada para a predição do pH ruminal, que por sua vez, é utilizado para o ajuste da produção de proteína microbiana e digestão da parede celular. O conhecimento do pH ruminal em dietas que utilizem o subproduto de caju, portanto, é fundamental para a evitar a redução do consumo de matéria seca, para permitir a adequada produção de proteína microbiana sem maiores perdas de nitrogênio nas excretas e para a produção de ácidos graxos voláteis resultantes do metabolismo de carboidratos. 183 A análise de proteínas totais e albumina séricas contribui para o conhecimento da absorção principalmente dos constituintes da fração B1 que representa a proteína verdadeira rapidamente degradável no rúmen. Esta fração antes de ser absorvida pode ainda fornecer peptídeos para os microrganismos que degradam carboidratos não fibrosos. Em se tratando da relação proteína : energia de dietas que contêm subproduto de caju, importante é ainda verificar as concentrações de nitrogênio amoniacal no líquido ruminal, uréia sérica e de ácidos graxos voláteis. Altas concentrações de ligninas e de taninos estão presentes no subproduto de caju e isso pode reduzir os aportes protéico e energético necessários à adequada fermentação ruminal e ao atendimento dos requisitos nutricionais dos ruminantes. Objetivou-se, portanto, com o presente trabalho, avaliar em quatro tempos de colheita previamente estabelecidos, os níveis séricos de albumina, creatinina, proteínas totais e uréia, bem como, a disponibilidade de nitrogênio amoniacal, pH e concentrações de ácidos graxos voláteis do líquido ruminal de ovinos em terminação, que receberam dieta composta de feno de capim elefante, milho, farelo de soja e níveis crescentes de subproduto de caju. 2. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado no Setor de Forragicultura da Universidade Federal do Ceará em Fortaleza – CE. Foram utilizados 20 cordeiros machos e inteiros com seis meses de idade e peso vivo médio de 24 kg. Os tratamentos consistiram de subproduto agroindustrial de caju composto basicamente de bagaço do pseudofruto após a extração do suco, seco ao sol e picado grosseiramente, em níveis crescentes (zero, 19, 38 e 52 %), em relação a dietas compostas de feno de capim elefante, milho e farelo de soja. O nível máximo foi determinado pelo ajuste das dietas em função da substituição total do feno de 184 capim elefante pelo subproduto de caju e, ao mesmo tempo, para atenderem aos requisitos de proteína bruta (14,7%) e de NDT (72%) prescritos pelo National Research Council (1985) para cordeiros em terminação (quatro a sete meses de idade) com peso vivo de 30kg e ganho de peso de 295g/dia. Houve dificuldades para, com os alimentos utilizados, se atingir o requerimento de energia. Desta maneira, procurou-se estabelecer um nível de fibra dietético máximo, idêntico para os quatro tratamentos, de modo que os níveis de energia se aproximassem daquele prescrito pelo National Research Council (1985). Os ovinos utilizados foram pesados no início do experimento e alojados em gaiolas metabólicas. O período de adaptação dos animais às dietas e às gaiolas foi de 17 dias, logo ao final desse, em um dia realizou-se a colheita de sangue, por punção da veia jugular, para as determinações dos níveis séricos de albumina, creatinina, proteínas totais e uréia e também colheu-se líquido ruminal para as mensurações de N-NH3, ácidos graxos voláteis e pH ruminais em quatro tempos pré-estabelecidos (zero hora ou antes do fornecimento da dieta, 2 h, 5 h e 8 h pós-prandial). As dietas foram fornecidas às 7 horas em uma única vez. Água e sal mineralizado estiveram disponíveis à vontade. O pH foi medido em potenciômetro imediatamente após a colheita, enquanto as amostras de aproximadamente 50 ml de líquido ruminal foram acidificadas em 1 ml de ácido sulfúrico 1:1 e guardadas a -5oC para futuras análises de N-NH3. Em uma alíquota de 4 ml de líquido ruminal foi adicionado 1 ml de ácido metafosfórico a 25% para serem analisados os níveis de ácidos graxos voláteis. As análises de NNH3 e AGVs foram realizadas nas dependências do Laboratório de Nutrição Animal da Escola de Veterinária da UFMG. O nitrogênio amoniacal no líquido ruminal foi determinado por destilação com óxido de magnésio, usando-se ácido bórico com indicador misto de cor como solução receptora (vermelho de metila + verde de bromocresol) e titulando-se com HCl 0,01N. Os ácidos graxos voláteis foram quantificados usando-se um cromatógrafo de fase gasosa SHIMADZU®, modelo GC17A dotado de coluna capilar metil-silicone (CBP1 m25-025). As dosagens de albumina, creatinina, nitrogênio uréico e proteínas totais foram realizadas a partir da utilização de kits Bioclin®. Essas análises também foram realizadas nas dependências do Laboratório de Nutrição Animal da Escola de Veterinária da UFMG. Os parâmetros foram analisados para cada tratamento experimental através de um delineamento em blocos ao acaso em um esquema de parcelas subdivididas, tendo nas parcelas as dietas e nas sub-parcelas os tempos de colheita (zero, duas, cinco, oito horas pós-prandial) com cinco repetições, segundo o seguinte modelo estatístico: Yijk = µ + Fj + Tk + FTjk + eijk onde, Yijk = valor referente à observação da repetição i no tratamento j e no tempo de colheita k µ = média geral Fj = efeito do tratamento j (j = zero, 19%, 38%, 52%) Tk = efeito do tempo de colheita k (k = zero, 2, 5, 8) FTjk = interação dos efeitos do tratamento j com o tempo de colheita k eijk = erro aleatório associado à observação As médias foram comparadas pelo teste SNK (P<0,05) empregando-se o software SAEG versão 8.0 (Ribeiro Júnior, 2001). No caso particular da concentração de ácido butírico (milimoles/ 100 ml de líquido ruminal), da relação acetato : propionato e da proporção molar de ácido butírico em relação a quantidade total de ácidos graxos voláteis, foi feita a transformação para arcoseno (ARSEN (RAIZ (VAR/100))). De acordo com Sampaio (2002), grupos experimentais que revelam variâncias diversificadas, dependendo das respostas médias, apresentando distribuições aparentemente normais, demandam transformação. As médias destes parâmetros existentes nas Tabelas 4, 5 e 6 foram, entretanto, para melhor visualização das respostas e facilitar comparações com a literatura, empregou-se as médias de valores obtidos experimentalmente e não dos valores transformados, considerando-se apenas o grau de significância dos testes de médias. A análise de regressão foi realizada utilizando-se o software SAEG (Ribeiro Júnior, 2001) para permitir a estimativa dos parâmetros analisados para cada nível de subproduto de caju testado em função dos tempos de colheita. Testou-se diferentes modelos, a partir do procedimento Modelos Pré-definidos, para escolha daquele que apresentasse maior significância e maiores coeficientes de determinação. Também foi considerado aquele modelo matemático que melhor adequacidade apresentou para o tipo de resposta biológica estudada. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1. Efeito das dietas e dos tempos de colheita sobre as concentrações de nitrogênio amoniacal no rume de ovinos Os resultados dos níveis de nitrogênio amoniacal (N-NH3) encontram-se na Tabela 1. A interação tempo de colheita versus dieta experimentais foi significativa (P>0,05). Entre os horários de colheita no tratamento controle, o valor do tempo dois foi superior aos encontrados para o tempo zero e para o tempo oito, mas foi semelhante ao valor encontrado para a 5a hora pós-prandial e este com os demais. Nos outros tratamentos não houve diferenças entre os tempos de colheita. No maior nível de inclusão os picos de produção de nitrogênio amoniacal foram bem evidentes na 2a e 5a hora pós-prandial. As concentrações de N-NH3 reveladas pelos tratamentos experimentais estiveram, todavia, sempre aquém dos níveis considerados ótimos (23,5 mg/100 ml) por Mehrez et al. (1977), para que se obtivesse condições de se atingir a máxima 185 fermentação microbiana em ruminantes em produção. Tabela 1. Concentração de nitrogênio amoniacal (mg/ 100 ml) no líquido ruminal de ovinos consumindo dietas contendo distintas quantidades de subproduto de caju1 em vários horários pós-prandial Dietas Horário (h)2 Médias 3 3 0% 19 % 38 %3 52 %3 0 8,81Ba 4,84Aa 2,61Aa 9,68Ba 6,48B Aa Abc Ac Aab 2 18,49 10,80 7,07 15,51 12,97A ABab Ab Ab Aa 5 13,15 9,68 7,32 17,25 11,85A Ba Aa Aa Ba 8 6,83 5,46 3,47 9,43 6,30B a b b a Médias 11,82 7,69 5,12 12,97 1 Percentagem de inclusão do subproduto de caju nas dietas Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK) 3 Letras minúsculas iguais na mesma linha indicam semelhança estatística a 5% (SNK) CV = 48,63% 2 A ausência do subproduto de caju no tratamento 0% teria propiciado maior digestibilidade da proteína bruta dietética para este tratamento em relação aos demais (Capítulo IX). A provável causa para isso é a existência de compostos fenólicos no subproduto de suco de caju (Vasconcelos et al., 2002). De acordo com Van Soest (1994), os taninos inibem a ação de proteases no líquido ruminal. Já para o tratamento que incluiu o subproduto de caju em 52%, a explicação mais provável estaria na alta inclusão de taninos e ligninas. Como o consumo foi de apenas 5,41 g/kg0,75 (Capítulo IX) quando a exigência prescrita pelo National Research Council (1985) é de 14,93 g/kg0,75. Van Soest (1994) destacou a baixa tolerância a ingestão de taninos em ruminantes. Wallace e Cotta (1988) comentaram que a uréia endógena é na significativamente importante reciclagem de nitrogênio quando a ingestão de proteína é baixa e isso promove o aumento do fluxo de nitrogênio no rúmen particularmente em ineficientes retenções de nitrogênio. O tratamento 52% de inclusão apresentou a menor taxa de retenção de nitrogênio dentre os tratamentos experimentais (Capítulo IX). Na Tabela 6, os comentários acerca dos níveis séricos de uréia serão importantes para o aprofundamento destes comentários. 186 Outros estudos devem ser conduzidos com o propósito de avaliar e comparar o crescimento entre as dietas experimentais e de absorção pelo epitélio ruminal e passagem da amônia para o abomaso. No Capítulo XI será feita a discussão sobre a degradabilidade ruminal da proteína do subproduto de caju, importante para se quantificar a disponibilidade deste nutriente para os microrganismos e para o ruminante. A análise de regressão foi feita considerando-se as concentrações de nitrogênio amoniacal em função do tempo de colheita. A equação com maior coeficiente de determinação e significância estatística está representada a seguir. A Figura 1 permite uma melhor visualização das concentrações previstas por esta equação. 3.2. Equação de predição da concentração de nitrogênio amoniacal no líquido ruminal de ovinos em função do tempo de colheita conforme os tratamentos experimentais 3.2.1. Dieta com 0% de subproduto de caju N-NH3 = 10,16 + 3,73X - 0,53X2 (R2 = 0,58; P<0,001), onde: N-NH3 = concentração de nitrogênio amoniacal em mg / 100 ml de líquido ruminal; X = tempo de colheita do líquido ruminal (horas) Concentrações de N-NH3 (mg/ 100 ml) 18 16 14 12 10 0% 8 6 4 2 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 Tempo de colheita (h) Figura 1. Concentração de nitrogênio amoniacal em função do tempo de colheita do líquido ruminal A Figura 1 destaca principalmente o tempo de duas horas após a administração alimentar como o que apresentou maior concentração de nitrogênio amoniacal, fato que já havia sido discutido quando realizada a análise da Tabela 1. 3.3. Efeito das dietas e dos tempos de colheita sobre os valores de pH ruminal dos ovinos Os resultados de medições encontram-se na Tabela 2. de pH Tabela 2. Valores de pH do líquido ruminal de ovinos consumindo dietas contendo distintas quantidades de subproduto de caju1 em vários horários pós-prandial Dietas Horário (h)2 Médias 0 %3 19 %3 38 %3 52 %3 0 6,70Aa 6,74Aa 6,62Aa 6,85Aa 6,73A Bab Bab Bb Ba 2 6,34 6,51 6,35 6,61 6,45B Bb Bb Bb Ba 5 6,23 6,34 6,32 6,58 6,37B Ba Ba Ba Ba 8 6,32 6,39 6,37 6,46 6,38B Médias 6,40b 6,50b 6,41b 6,62a 1 Percentagem de inclusão do subproduto de caju nas dietas Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK) 3 Letras minúsculas iguais na mesma linha indicam semelhança estatística a 5% (SNK) CV = 2,57% 2 A interação tempo de colheita do líquido ruminal versus dietas experimentais não foi significativa (P>0,05) para os valores de pH do líquido ruminal. A alimentação promoveu a queda das concentrações de pH do líquido ruminal. O tratamento 52% apresentou valor de pH mais elevado. Os demais tratamentos apresentaram valores menores (P<0,05) e semelhantes estatisticamente (P>0,05). Os valores médios, entretanto, mantiveram-se dentro do recomendado por Hobson e Stewart (1997), ou seja entre seis e sete, para permitir a presença de todos os componentes da biomassa microbiana do rúmen, sejam bactérias, principalmente as celulolíticas, protozoários ou fungos e por Lindberg (1985), ou seja entre seis e oito, 187 compatível com a ação das enzimas desses microrganismos. A este respeito, Van Houtert (1993) ponderou que baixa ingestão de alimentos como evidenciado no tratamento 52% de inclusão do subproduto de caju é comum o pH se situar em torno de 6,5 e sete. colheita conforme os tratamentos experimentais Conforme os tratamentos experimentais podem ser destacadas as seguintes equações, representadas na Figura 2. O gráfico demonstra a queda do pH do líquido ruminal a partir das duas horas após a administração das dietas experimentais como comentado anteriormente, tanto no tratamento 0% quanto no tratamento 19% de inclusão do subproduto de caju. Um dos principais obstáculos à inclusão de subprodutos agroindustriais como os de frutas em substituição a fontes de fibras forrageiras é a diminuição da efetividade física da fibra dietética particularmente como resultado da diminuição da atividade mastigatória e da secreção salivar. Como conseqüência, Van Soest (1994), destacou que a regulação do pH passa a depender do trânsito de ácidos graxos através da parede ruminal e da secreção de bases em seu interior. A uréia, segundo este autor, pode ser rapidamente hidrolisada a bicarbonato de amônia suportando sua utilização. 3.4.1. Dieta com 0% de subproduto de caju pH = 6,68 - 0,18X + 0,017X2 (R2=0,80; P<0,00001), onde: pH = valores de pH em escala de zero a 14 X = tempo de colheita do líquido ruminal (horas) 3.4.2. Dieta com 19% de subproduto de caju pH = 6,74 - 0,14X + 0,012X2 (R2=0,47; P<0,05), onde: pH = valores de pH em escala de zero a 14 X = tempo de colheita do líquido ruminal (horas) 3.4. Equações de predição do pH no líquido ruminal de ovinos em função do tempo de 6,8 6,7 6,6 6,5 pH 0% 19% 6,4 6,3 6,2 6,1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 Tempo de colheita (h) Figura 2. Potencial hidrogeniônico (pH) do líquido ruminal em função do tempo de colheita em horas 3.5. Efeito das dietas e dos tempos de colheita sobre as concentrações totais dos ácidos graxos voláteis, concentrações e 188 proporção dos ácidos graxos voláteis no líquido ruminal de ovinos As concentrações dos ácidos acético, propiônico e butírico estão apresentadas na Tabela 3. Não foram quantificados os demais ácidos graxos de cadeia curta, normalmente presentes no líquido ruminal (isobutírico, 2-metil-butírico, valérico, isovalérico, capróico). Na Tabela 4, são apresentadas as concentrações dos AGV totais (somatório dos ácidos acético, propiônico e butírico) e a relação acetato : propionato encontrada. As proporções molares do acetato, propionato e butirato aparecem na Tabela 5. Medindo-se a concentração de AGV no rúmen, pode-se ter uma idéia da sua produção e conseqüentemente da absorção destes ácidos. As interações tempo de colheita do líquido ruminal versus dietas experimentais para o acetato, propionato e butirato (milimoles/ 100 ml) não foram significativas estatisticamente (P>0,05). Analisando os dados da Tabela 3, percebe-se que apenas houve aumento significativo das concentrações de acetato e propionato a partir da quinta hora pós-prandial. Entre os tratamentos, a concentração de ácido acético foi maior na dieta controle em relação as dietas que incluíram o subproduto de caju em 38 e 52% e todos foram semelhantes à dieta que incluiu o subproduto em 19% do total dietético. Para o propionato, os tratamentos 0% e 19% apresentaram maiores concentrações do que o tratamento 52% e todos foram semelhantes ao tratamento 38%. Para o butirato não houve diferenças significativas entre os tratamentos experimentais. Entre os tempos de colheita foi obtida maior concentração de ácido butírico nos tempos cinco e oito horas pós-prandial. A interação tempo de colheita do líquido ruminal versus dietas experimentais para as concentrações de AGV totais (milimoles/ 100 ml) não foi significativa estatisticamente (P>0,05). As maiores concentrações foram encontradas às cinco e oito horas pós-prandial. A dieta controle apresentou maior produção de AGV totais do que as dietas com 38% e 52% de subproduto. A dieta com 19% de subproduto apresentou maior concentração do que a dieta com 52% e foi semelhante estatisticamente às dietas controle e com 38% de subproduto. France e Siddons (1993) atribuíram ao acetato grande importância no comportamento das concentrações dos AGV totais quando as dietas forem ricas em volumosos, pois nestas condições este ácido terá sempre alta participação na fração dos AGV. A interação tempos de colheita versus dietas experimentais não foi significativa para a relação acetato : propionato (P>0,05). Não foram encontradas diferenças significativas para este parâmetro entre os tratamentos experimentais. A relação acetato : propionato diminuiu na quinta e oitava hora pós-prandial em relação ao jejum (Tabela 4). Provavelmente isso ocorreu como resposta à redução da inclusão de carboidratos estruturais nas dietas (Capítulo IX). Os valores médios de acetato, propionato e butirato a partir da segunda hora após o fornecimento alimentar nos tratamentos que incluíram subproduto de caju foram respectivamente 5,66; 1,97; 0,49 milimoles/100 ml de líquido ruminal, bastante semelhantes aos encontrados para o subproduto de acerola (Capítulo VII), a saber, 5,07; 2,00; 0,46 milimoles/100 ml de líquido ruminal para acetato, propionato e butirato respectivamente. Já as concentrações destes ácidos evidenciadas nas dietas que incluíram o subproduto de abacaxi (Capítulo IV) foram ligeiramente superiores: 5,98; 2,94 e 0,41 milimoles/100 ml de líquido ruminal para acetato, propionato e butirato, respectivamente. Provavelmente as altas proporções de ligninas existentes nos subprodutos de acerola e de caju indisponibilizaram mais os carboidratos aos microrganismos ruminais do que no tratamento que incluiu o subproduto de abacaxi e isso pode ter resultado na queda de produção de AGV totais. 189 Tabela 3 - Concentração de acetato, propionato e butirato (milimoles/ 100 ml) no líquido ruminal de quantidades de subproduto de caju1 em vários horários pós-prandial Propionato3 Acetato3 HORA(h)2 0 %3 19 %3 38 %3 52 %3 Médias 0 %3 19 %3 38 %3 52 %3 Médias Ca Aa Aa Aa Ca C 0 4,08 4,57 3,72 2,87 1,38 1,05Ba 1,06Ba 0,66Ba 1,04C 3,81 Ca Aa Aa Aa BCa BC 2 5,20 5,16 5,70 4,43 1,88 1,63Ba 1,48ABa 1,40ABa 1,60B 5,12 Aa Ab Ab Ab Aa A 5 12,03 6,75 7,29 4,63 3,37 2,49Ab 2,31Ab 1,60ABb 2,44A 7,68 8 8,50Ba 7,38Aa 5,10Aa 4,51Aa 6,37AB 2,46Ba 2,64Aa 2,32Aa 1,90Aa 2,33A Médias 7,46a 5,96ab 5,45b 4,11b 2,27a 1,95a 1,79ab 1,39b 1 ovinos consumindo dietas contendo distintas 0 %3 0,43Aa 0,46Aa 0,69Aa 0,50Aa 0,52a Butirato3 19 %3 38 %3 0,28Aa 0,24Ba 0,39Aa 0,53ABa 0,47Aa 0,65Aa 0,61Aa 0,56Aa 0,44a 0,49a 52 %3 Médias 0,24Aa 0,30B 0,38Aa 0,44AB 0,38Aa 0,55A 0,41Aa 0,52A 0,35a P P P P P P P P Percentagem de inclusão do subproduto de caju nas dietas Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK) 3 Letras minúsculas iguais na mesma linha, para mesmo parâmetro, indicam semelhança estatística a 5% (SNK) CV Acetato = 44,9%; CV Propionato = 34,7%; CV Butirato = 31,7% P P 2 P P P P Tabela 4 - Concentração total de ácidos graxos voláteis (milimoles/ 100 ml) e relação de acetato : propionato (Acet./Prop.) no líquido ruminal de ovinos consumindo dietas contendo distintas quantidades de subproduto de caju1 em vários horários pós-prandial AGV totais2 Acet./Prop.2 1 3 3 3 3 3 3 HORA(h) 0% 19 % 38 % 52 % 0% 19 % 38 %3 52 %3 Médias Médias 0 5,90Ca 5,90Aa 5,02Ba 3,77Aa 2,96Aa 5,28Aa 4,67Aa 5,18Aa 5,15C 4,52A Ca Aa ABa Aa Aa Aa Aa ABa B 2 7,54 7,18 7,70 6,21 2,76 3,24 4,93 3,19 7,16 3,53AB Aa Ab Ab Ab Aa Aa ABa ABa A 5 16,09 9,71 10,25 6,61 3,83 2,75 3,08 2,99 10,67 3,16B Ba Aa ABa Aa Aa Aa Ba Ba A 8 11,46 10,63 7,97 6,83 3,46 2,78 2,21 2,41 9,22 2,72B a ab bc c a a a a Médias 10,25 8,36 7,74 5,86 3,25 3,51 3,72 3,44 P P P 1 Percentagem de inclusão do subproduto de caju nas dietas Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK) 3 Letras minúsculas iguais na mesma linha, para mesmo parâmetro, indicam semelhança estatística a 5% (SNK) CV AGV totais = 38,14%; CV Acet./Prop.= 21,51% P P 2 P P P P 190 P P P P Tabela 5 - Proporção molar do acetato, propionato e butirato no subproduto de caju1 em vários horários pós-prandial Acetato3 2 3 3 HORA(h) 0% 19 % 38 %3 52 %3 Médias 0 %3 0 69,01Ab 77,59Aab 76,72Aab 75,80Aa 74,78A 23,46Aa 2 68,49Aa 71,74Aa 75,20Aa 70,22Aa 71,41AB 25,08Aa 5 73,82Aa 69,46Aa 68,72ABa 69,74Aa 70,43AB 21,23Aa 8 71,21Aa 68,55Aa 63,93Ba 66,11Aa 67,45B 23,76Aa Médias 70,63a 71,83a 71,14a 70,46a 23,38a 1 líquido ruminal de ovinos consumindo dietas contendo distintas quantidades de Propionato3 19 % 38 %3 52 %3 17,77Aa 19,58Ba 17,00Ba 22,73Aa 19,32Ba 23,31ABa 25,53Aa 24,62ABa 24,32ABa 25,77Aa 29,06Aa 27,90Aa 22,95a 23,14a 23,13a 3 Médias 19,45B 22,61AB 23,92A 26,62A - 3 0% 7,53Aa 6,44Aa 4,95Aa 5,03Aa 5,99a Butirato3 19 % 38 %3 4,64Aab 3,70Ab 5,54Aa 5,48Aa 5,01Aa 6,66Aa 5,68Aa 7,01Aa 5,22a 5,71a 3 52 %3 Médias 7,21Aa 5,77A 6,48Aa 5,98A 5,94Aa 5,64A 6,00Aa 5,93A 6,41a P P P P P P P P Percentagem de inclusão do subproduto de caju nas dietas Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK) 3 Letras minúsculas iguais na mesma linha, para mesmo parâmetro, indicam semelhança estatística a 5% (SNK) CV Acetato = 10,01%; CV Propionato = 23,09%; CV Butirato = 30,07% P P 2 P P P P 191 Para o subproduto de acerola, por exemplo, foi verificada a produção total de ácidos graxos voláteis de 7,53 milimoles/100 ml de líquido ruminal, seguida de 8,12 milimoles/100 ml de líquido ruminal para o subproduto de caju e 9,33 milimoles/100 ml de líquido ruminal para o subproduto de abacaxi, nos tratamentos que incluíram os subprodutos em tempos de colheita de duas, cinco e oito horas após o fornecimento alimentar. A relação acetato : propionato foi bem próxima para as dietas com subproduto de caju e com subproduto de acerola (3,06 e 2,97 vezes mais acetato do que propionato, respectivamente). Hungate (1966) comentou que quando existe predominância de substratos ricos em carboidratos estruturais a tendência é de não ocorrerem diferenças nas concentrações de propionato. Segundo este autor, a microflora do rúmen pode direcionar a produção de AGV no sentido do acetato. Para o subproduto de abacaxi esta relação foi menor dando um indicativo de maior concentração molar de ácido propiônico nestas dietas. Conforme Annison et al. (1963) citados por Silva e Leão (1979), o único ácido graxo volátil que faz real contribuição para a síntese de glicose no ruminante é o propionato, sendo este o seu precursor quantitativamente mais importante. 3.6. Equações de predição da concentração dos ácidos graxos voláteis totais no líquido ruminal de ovinos em função do tempo de colheita do líquido ruminal dentro dos tratamentos experimentais Maior significância estatística e maiores coeficientes de determinação foram encontrados quando se relacionou as concentrações de ácidos graxos voláteis e os tempos de colheita do líquido ruminal dentro de cada um dos tratamentos experimentais. Na Figura 3 é demonstrado o comportamento das equações encontradas. 3.6.1. Dieta com 0% de subproduto de caju AGV = 5,9 - 1,41X + 1,4X2 - 0,14X3 (R2=0,51; P<0,01), onde: 192 AGV = Concentração de ácidos graxos voláteis em milimoles / 100 ml de líquido ruminal X = tempo de colheita do líquido ruminal (horas) 3.6.2. Dieta com 19% de subproduto de caju AGV = 5,77 + 0,94X - 0,041X2 (R2=0,46; P<0,01), onde: AGV = Concentração de ácidos graxos voláteis em milimoles / 100 ml de líquido ruminal X = tempo de colheita do líquido ruminal (horas) 3.6.3. Dieta com 52% de subproduto de caju AGV = 3,79 + 1,13X - 0,096X2 (R2=0,51; P<0,01), onde: AGV = Concentração de ácidos graxos voláteis em milimoles / 100 ml de líquido ruminal X = tempo de colheita do líquido ruminal (horas) Todas as equações apresentaram efeito ascendente até a quinta hora pós-prandial (Figura 3) denotando que as dietas experimentais levaram ao efetivo incremento na produção de AGV totais particularmente estimulados pela produção de ácido acético como será discutido mais adiante. A análise da Figura 3 sugere a maior concentração total de AGV totais para o tratamento que não incluiu o subproduto de caju em relação aos tratamentos 19 e 52% de inclusão deste subproduto, particularmente após as duas horas do fornecimento das dietas experimentais. A interação, tempos de colheita do líquido ruminal versus dietas experimentais também não foi significativa para as proporções molares de ácidos graxos voláteis (P>0,05). Analisando-se estes dados percebe-se que não houve diferenças entre os valores médios desses ácidos graxos entre os tratamentos (P>0,05). Entre o jejum e a administração das dietas também não houve diferenças significativas inferior àquela obtida para o tempo zero. Em contrapartida, houve aumento das proporções molares de propionato na quinta e oitava horas após o fornecimento alimentar em relação ao tempo zero (P<0,05). para os valores de ácido butírico (P>0,05). A partir da administração das dietas, as proporções de ácido acético após duas e cinco horas do fornecimento alimentar foram semelhantes ao tempo zero, entretanto, foram também semelhantes à proporção encontrada no tempo oito que foi Concentrações de AGV (mmol/ 100 ml) 18 16 14 12 10 0% 8 19% 52% 6 4 2 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 Tempo de colheita (h) Figura 3. Concentração de ácidos graxos voláteis em função do tempo de colheita do líquido ruminal Silva e Leão (1979) citaram faixas de normalidade para as concentrações de ácidos graxos voláteis no rúmen. Para o ácido acético, níveis normais para ruminantes seriam de 54 a 74%. Para o ácido propiônico, de 16 a 27% e para o ácido butírico, de seis a 15%. Observando os dados da Tabela 5, percebe-se que os valores médios de ácido acético ficaram entre 63,93 % (Tratamento 38% e Tempo de colheita oito) e 77,59% (Tratamento 38% e Tempo de colheita zero). Este último, entretanto, não foi significativamente diferente (P>0,05) de 69,01% (Tratamento 0% e Tempo de colheita zero). Os valores médios de ácido propiônico ficaram entre 17,00 % (Tratamento 52% e Tempo de colheita zero) e 29,06% (Tratamento 38% e Tempo de colheita oito). Este último também não foi significativamente diferente (P>0,05) de 25,77 % (Tratamento 19% e Tempo de colheita oito). A média dos valores de ácido butírico dos tratamentos para todos os tempos de colheita variaram de 5,22 % (Tratamento 19%) a 6,41 % (Tratamento 52%) e não foram diferentes estatisticamente (P>0,05). 3.7. Equações de predição da proporção molar dos ácidos acético, propiônico e butírico no líquido ruminal de ovinos em função do tempo de colheita do líquido ruminal dentro dos tratamentos experimentais Para as concentrações dos ácidos acético, propiônico e butírico somente foi encontrada significância estatística (P<0,05) e coeficientes de determinação superiores a 45% quando foi feita a relação entre as concentrações destes ácidos e os tempos de colheita do líquido ruminal dentro dos tratamentos. Assim, para o ácido acético foram encontradas as equações a seguir, representadas nas Figuras 4, 5 e 6. 193 3.7.3. Dieta com 52% de subproduto de caju APROP = 0,73 + 0,3X - 0,019X2 (R2=0,63; P<0,001), onde: APROP = Concentração de ácido propiônico em milimoles / 100 ml de líquido ruminal X = tempo de colheita do líquido ruminal (horas) 3.7.1. Dieta com 0% de subproduto de caju AACET = 4,08 - 1,27X + 1,15X2 - 0,11X3 (R2=0,46; P<0,05), onde: AACET = Concentração de ácido acético em milimoles / 100 ml de líquido ruminal X = tempo de colheita do líquido ruminal (horas) ABUT = 0,43 - 0,062X + 0,046X2 0,0046X3 (R2=0,54; P<0,01), onde: ABUT = Concentração de ácido butírico em milimoles / 100 ml de líquido ruminal X = tempo de colheita do líquido ruminal (horas) ABUT = 0,024 + 0,29X - 0,067X2 + 0,0046X3 (R2=0,51; P<0,01), onde: ABUT = Concentração de ácido butírico em milimoles / 100 ml de líquido ruminal X = tempo de colheita do líquido ruminal (horas) 3.7.2. Dieta com 19% de subproduto de caju APROP = 1,01 + 0,4X - 0,025X2 (R2=0,64; P<0,001), onde: APROP = Concentração de ácido propiônico em milimoles / 100 ml de líquido ruminal X = tempo de colheita do líquido ruminal (horas) Conforme as equações, resolvendo dy/dx=0 encontrou-se para a dieta controle as maiores produções dos ácidos acético e butírico em torno das seis horas pósprandial. No tratamento 19%, a produção de ácido propiônico foi maior às oito horas pós-prandial e no tratamento 52% a maior produção de ácido butírico aconteceu entre 7,9 e 9,42 horas pós-prandial. Concentrações de ácido acético (mmol/ 100 ml) 14 12 10 8 0% 6 4 2 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 Tempo de colheita (h) Figura 4. Concentração de ácido acético em função do tempo de colheita do líquido ruminal 194 Concentrações de ácido propiônico (mmol/100ml) 3,0 2,5 2,0 1,5 19% 52% 1,0 0,5 0,0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 Tempo de colheita (h) Concentrações de ácido butírico (mmol/ 100 ml) Figura 5. Concentração de ácido propiônico em função do tempo de colheita do líquido ruminal 0,8 0,7 0,6 0,5 0% 0,4 52% 0,3 0,2 0,1 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 Tempo de colheita (h) Figura 6. Concentração de ácido butírico em função do tempo de colheita do líquido ruminal 3.8. Efeito das dietas e dos tempos de colheita sobre os valores de uréia no soro sangüíneo dos ovinos A seguir serão apresentados os dados obtidos a partir da avaliação do soro sangüíneo colheitado. Na Tabela 6 são apresentados os dados de uréia. Não houve interação significativa entre dieta e tempos de colheita do sangue (P<0,05) para os níveis séricos de uréia. Para todos os tratamentos experimentais, as diferenças entre tempos de colheita somente foram presentes às duas horas pós-prandial, quando se obteve a concentração máxima de uréia no soro sangüíneo. Não houve diferenças significativas para os níveis de N-uréico no soro entre os tratamentos, 195 entretanto, convém destacar que a característica aqui medida teve coeficiente de variação de 64,11%. Tabela 6. Concentração de uréia (mg/ 100ml) no soro de ovinos consumindo dietas contendo distintas quantidades de subproduto de caju1 em vários horários pós-prandial Dietas Horário (h)2 Médias 0 %3 19 %3 38 %3 52 %3 0 3,16Ba 3,32Ba 1,71Ba 3,08Ba 2,82C Aa Aa Aa Aa 2 11,43 9,96 14,22 11,61 11,80A 5 6,21Ba 5,47Ba 5,10Ba 5,28Ba 5,52B Ba Ba Ba Ba 8 1,61 1,58 1,13 2,13 1,61C a a a a Médias 5,60 5,08 5,54 5,52 1 Percentagem de inclusão do subproduto de caju nas dietas Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK) 3 Letras minúsculas iguais na mesma linha indicam semelhança estatística a 5% (SNK) CV = 64,11% 2 A amônia é um derivado primário do catabolismo dos aminoácidos pelas bactérias ruminais, absorvida pela circulação porta, removida pelo fígado e incorporada ao ciclo da uréia com resultante formação de uréia e eventual excreção pelos rins (Meyer et al., 1995). As concentrações de uréia séricas podem dar um indício de disponibilização protéica ruminal e fornecimento adequado de proteína na dieta. Valores abaixo do normal podem indicar deficiência na alimentação ou estados patológicos (Meyer et al., 1995). Valores acima do normal também podem indicar estados patológicos, mas também, indicar baixa eficiência no uso da amônia disponibilizada no rúmen por uma possível falta de energia fermentável (Rodríguez, 1986). Baseado nestas informações foi feito a análise da uréia no soro sangüíneo dos animais experimentais. De acordo com Meyer et al. (1995), valores normais de uréia para ovinos situam-se entre 18 e 31 mg/100ml. Não foram encontrados valores dentro desta faixa. Os valores estiveram sempre abaixo desses parâmetros. De acordo com Van Soest (1994), a matéria microbiana é derivada da fermentação dos subprodutos alimentares e do material endógeno secretado (uréia e muco proveniente da saliva) que pode não ser facilmente distinguível dos produtos 196 microbianos. Ainda segundo este autor, os carboidratos fermentáveis promovem o crescimento microbiano, e os requerimentos de nitrogênio são atendidos pelos micróbios a partir da quebra da amônia na forma de células microbianas. Além disso, o autor destacou que a hidrólise da uréia produz bicarbonato de amônio, que pode atuar como tamponante e que o trabalho do fígado convertendo amônia em uréia, excretando-o depois via rins, é um processo que gasta energia, associado com dietas altamente protéicas. Não foi o que ocorreu com as dietas deste experimento. Provavelmente a inclusão do subproduto de caju às dietas e em níveis bastante elevados (52%) resultou no incremento de taninos e ligninas às dietas, além de promover a diminuição da efetividade física da fibra dietética. A deficiência protéica resultante de uma baixa ingestão de proteína (Capítulo IX) provavelmente promoveu um aumento das taxas de reciclagem do nitrogênio endógeno e retorno deste ao rúmen para a síntese protéica microbiana. Além disso, a hidrólise da uréia com produção de bicarbonato de amônio também pode ter ocorrido para a manutenção adequada do pH ruminal (Tabela 2). O resultado provável disso tudo foi a redução dos níveis circulantes de uréia. Outros estudos merecem atenção particularmente para avaliar a dinâmica da fermentação ruminal dos compostos nitrogenados a partir do uso de marcadores. Sob este aspecto, a determinação da taxa de passagem seria extremamente importante para o conhecimento mais aprofundado do nível de aproveitamento alimentar no trato gastrointestinal. De acordo com Van Soest (1994), a utilização da proteína microbiana do trato inferior como nitrogênio não protéico é provavelmente mais importante em baixos consumos de proteína. O estudo dos sítios de degradação do nitrogênio, da fibra e dos carboidratos solúveis, portanto, indicariam melhor a eficiência com que estes nutrientes seriam digeridos em cada um dos compartimentos do trato gastrointestinal. No Capítulo XI serão feitos comentários sobre a degradação ruminal da proteína do subproduto de caju. 3.9. Equações de predição da concentração de uréia sérica de ovinos em função dos tratamentos experimentais dentro de cada tempo de colheita pós-prandial do sangue Realizando as análises de regressão para este parâmetro em relação aos níveis de inclusão de subproduto de caju em cada tempo de colheita do líquido ruminal, foi encontrada maior confiabilidade em termos de coeficiente de determinação e significância as seguintes equações: 3.9.1. Tempo de colheita = zero (antes do fornecimento alimentar) Uréia = 3,16 + 0,17X - 0,011X2 + 0,00016X3 (R2 = 0,53; P<0,01), onde: Uréia = concentração de uréia em mg/100 ml de líquido ruminal X = % de inclusão do subproduto de caju Resolvendo dy/dx = 0 encontrou-se a maior concentração de uréia sangüínea para o tempo zero que seria 3,92 mg/ 100 ml de soro sangüíneo em 9,84% de inclusão do subproduto de caju. 3.10. Equações de predição das concentrações de uréia sérica no sangue de ovinos em função do tempo de colheita pós- prandial dentro experimentais dos tratamentos Na Figura 7, estão representadas as equações significativas (P<0,05) e com mais altos coeficientes de determinação que correlacionam as concentrações de uréia no soro sangüíneo com os tempos de colheita dentro de cada tratamento experimental. 3.10.1. Dieta com 19% de subproduto de caju Uréia = 4,38 + 2,29X - 0,34X2 (R2 = 0,46; P<0,01), onde: Uréia = concentração de uréia em mg/100 ml de líquido ruminal X = tempo de colheita do líquido ruminal (horas) 3.10.3. Dieta com 38% de subproduto de caju Uréia = 1,71 + 12,65X - 3,73X2 + 0,27X3 (R2 = 0,70; P<0,001), onde: Uréia = concentração de uréia em mg/100 ml de líquido ruminal X = tempo de colheita do líquido ruminal (horas) 3.10.4. Dieta com 52% de subproduto de caju Uréia = 3,08 + 8,62X - 2,54X2 + 0,18X3 (R2 = 0,74; P<0,001), onde: Uréia = concentração de uréia em mg/100 ml de líquido ruminal X = tempo de colheita do líquido ruminal (horas) A partir da análise da Figura 7, a seguir, percebe-se que os picos nas concentrações de uréia foram percebidos às duas horas pós-prandial para as dietas com 38 e 52% de subproduto tendo sido visualmente mais acentuado para o tratamento 38%. Destaque-se todavia, que o tratamento 38%, conforme a análise de variância, não foi superior (P>0,05) aos demais tratamentos no tempo dois (Tabela 6). Para a dieta com 19% de subproduto, conforme derivação da equação encontrada, o pico aconteceria às 3,4 horas pós-prandial. 197 16 Concentrações de uréia sérica (mg/ 100 ml) 14 12 10 19% 8 38% 52% 6 4 2 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 Tempo de colheita (h) Figura 7. Concentração de uréia sérica em função do tempo de colheita do sangue 3.11. Efeito das dietas e dos tempos de colheita pós-prandial sobre os valores de creatinina no soro sangüíneo dos ovinos Na Tabela 7 são apresentados os dados de creatinina. Não houve interação significativa entre tempos de colheita versus dietas experimentais. De acordo com Meyer et al. (1995), valores normais para ovinos situam-se entre 1,2 e 1,9 mg/ 100 ml, portanto nenhum dos tratamentos em nenhum tempo de colheita de sangue mostrou valores superiores à essa recomendação, indicando uma deficiência no que diz respeito a esse parâmetro fisiológico. Não houve diferenças significativas entre as dietas experimentais. Menor concentração de creatinina entre os tempos de colheita foi encontrada às duas horas pós-prandial. Tabela 7. Concentração de creatinina (mg/ 100ml) no soro de ovinos consumindo dietas contendo distintas quantidades de subproduto de caju1 em vários horários pós-prandial Dietas Horário (h)2 Médias 0 %3 19 %3 38 %3 52 %3 0 0,94Aab 0,67Bb 1,10Aa 1,11Aa 0,95A Aa Ba Aa Aa 2 0,86 0,72 0,74 0,71 0,76B Aa ABa Aa Aa 5 0,98 1,01 0,87 1,10 0,99A Aa Aa Aa Aa 8 0,87 1,10 1,09 1,10 1,04A Médias 0,91a 0,87a 0,95a 1,01a 1 Percentagem de inclusão do subproduto de caju nas dietas Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK) 3 Letras minúsculas iguais na mesma linha indicam semelhança estatística a 5% (SNK) CV = 25,97% 2 3.12. Equações de predição das concentrações de creatinina sérica no sangue de ovinos em função dos 198 tratamentos experimentais tempos de colheita dentro dos foram encontradas equações com maiores coeficientes de determinação. A representação gráfica está na Figura 8. A análise de regressão que verificou o efeito dos níveis de inclusão do subproduto de caju em relação às concentrações séricas de creatinina somente foi significativa (P<0,05) para o tempo de colheita anterior a administração das dietas. 3.13.1. Dieta com 19% de subproduto de caju CREA = 0,64 + 0,073X - 0,0018X2 (R2 = 0,49; P<0,01), onde: CREA = concentração de creatinina em mg/100 ml de líquido ruminal X = tempo de colheita do líquido ruminal (horas) 3.12.1. Tempo de colheita = zero horas (antes do fornecimento alimentar) CREA = 0,94 - 0,056X + 0,0028X2 0,000032X3 (R2 = 0,62; P<0,01), onde: CREA = concentração sérica de creatinina (mg / 100 ml de soro sangüíneo) X = % de inclusão de subproduto de caju 3.13.2. Dieta com 52% de subproduto de caju CREA = 1,11 - 0,43X + 0,14X2 - 0,011X3 (R2 = 0,67; P<0,001), onde: CREA = concentração de creatinina em mg/100 ml de líquido ruminal X = tempo de colheita do líquido ruminal (horas) Resolvendo dy/dx=0 para esta equação encontra-se a maior concentração de creatinina sérica (1,17 mg/100 ml de soro sangüíneo) para este tempo de colheita incluindo-se o subproduto de caju em 46,86% do total dietético e em 12,71% do total dietético tem-se a menor concentração sérica (0,61 mg/100 ml de soro sangüíneo). Para o tratamento 19% a creatinina teve resposta quadrática ascendente com concentração máxima encontrada às oito horas pós-prandial. No tratamento 52%, a resposta foi cúbica descendente depois da alimentação até as duas horas pós-prandial. A partir daí, foi ascendente até as cinco horas e novamente descendente, só que de forma menos acentuada, até as oito horas pós-prandial (Figura 8). 3.13. Equações de predição das concentrações de creatinina sérica no sangue de ovinos em função do tempo de colheita do sangue dentro dos tratamentos experimentais Em se tratando da análise de regressão que avaliou o efeito dos tempos de colheita sobre as concentrações séricas de creatinina Concentrações de uréia sérica (mg/ 100 ml) 1,2 1 0,8 19% 0,6 52% 0,4 0,2 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 Tempo de colheita (h) Figura 8. Concentração de creatinina sérica em função do tempo de colheita do sangue 199 3.14. Efeito das dietas e dos tempos de colheita pós-prandial sobre os valores de albumina no soro sangüíneo dos ovinos Na Tabela 8 são apresentados os dados de albumina. Tabela 8. Concentração de albumina (mg/ 100ml) no soro de ovinos consumindo dietas contendo distintas quantidades de subproduto de caju1 em vários horários pós-prandial Dietas Horário (h)2 Médias 3 3 0% 19 % 38 %3 52 %3 0 5,51Aa 5,70Aa 5,83Aa 4,55Bb 5,40A Aa Aa Aa Aa 2 5,14 4,99 5,43 6,16 5,43A Aa Aa Aa Aa 5 5,06 5,02 5,10 5,54 5,18A Ba Ba Ba Ca 8 2,98 2,97 3,12 2,91 3,00B a a a a Médias 4,67 4,67 4,87 4,79 1 Percentagem de inclusão do subproduto de caju nas dietas Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK) 3 Letras minúsculas iguais na mesma linha indicam semelhança estatística a 5% (SNK) CV = 15,36% 2 A interação tempo de colheita do sangue versus tratamento experimental também não foi significativa para este parâmetro. Não houve diferenças significativas entre os tratamentos experimentais, entretanto as maiores concentrações de albumina após a administração das dietas experimentais foram encontradas às duas e cinco horas após o fornecimento alimentar e foram semelhantes ao jejum. Meyer et al. (1995) citaram que para ovinos a normalidade encontra-se entre 2,4 e 3,9 g de albumina/ 100 ml de soro sangüíneo. Os valores estiveram dentro dos padrões normais apenas na oitava hora pós-prandial. Silva e Leão (1979) comentaram que baixos níveis de proteína dietética resultam no aumento dos níveis de aminoácidos como a glutamina, leucina, glicina e isoleucina no plasma. Nimrick et al. (1970) citados por Silva e Leão (1979) verificaram que o consumo de alimentos influencia de certo modo a concentração de aminoácidos no plasma. Harper (1967) citado por Silva e Leão (1979) propuseram que os aminoácidos atuam no mecanismo de retroalimentação regulando o consumo de alimento. A mensuração do total de proteínas reflete uma combinação entre a albumina e as globulinas. Baixos níveis de proteína dietética resultam em aumento nos níveis de aminoácidos como glutamato, 200 glutamina, leucina, glicina e isoleucina no plasma, enquanto em animais em jejum os níveis de lisina, isoleucina e histidina no plasma aumentaram, mas os de serina, glutamina, glicina, alanina e arginina decresceram. Este decréscimo possivelmente se deve à utilização dos aminoácidos como fontes de energia assim como para a síntese de proteína (Silva e Leão, 1979). 3.15. Equações de predição das concentrações de albumina sérica no sangue de ovinos em função do tempo de colheita do líquido ruminal dentro dos tratamentos experimentais Não foram encontradas equações de regressão significativas (P<0,05) para os níveis de inclusão em relação às concentrações séricas de albumina dentro de cada tempo de colheita, entretanto, correlacionando-se as concentrações séricas de albumina com os tempos de colheita foram encontradas equações com altos coeficientes de determinação e alta significância estatística (P<0,01). A seguir estão demonstradas estas equações e na Figura 9 a representação gráfica de todas elas. 3.15.1. Dieta com 0% de subproduto de caju ALB = 5,35 + 0,18X - 0,058X2 (R2 = 0,61; P<0,001), onde: ALB = concentração sérica de albumina (mg/100 ml de soro sangüíneo) X = tempo de colheita do soro sangüíneo (horas) ALB = 4,64 + 0,94X - 0,15X2 (R2 = 0,85; P<0,0001), onde: ALB = concentração sérica de albumina (mg/100 ml de soro sangüíneo) X = tempo de colheita do soro sangüíneo (horas) 3.15.2. Dieta com 19% de subproduto de caju ALB = 5,7 - 0,74X + 0,24X2 - 0,023X3 (R2 = 0,73; P<0,001), onde: ALB = concentração sérica de albumina (mg/100 ml de soro sangüíneo) X = tempo de colheita do soro sangüíneo (horas) Apenas para a dieta com 52% de subproduto de caju a resposta foi ascendente até 3,13 horas pós-prandial. Para as equações preparadas para as dietas controle e 38% de subproduto de caju, a resposta foi quadrática descendente a partir do jejum. Para a dieta com 19% de subproduto, a resposta foi cúbica descendente até as duas horas pós-prandial, de onde houve leve ascendência até a quinta hora pós-prandial e daí em diante, novamente descendente. Foi comentado anteriormente que os valores somente estiveram dentro da normalidade após oito horas da administração alimentar e que altos níveis séricos de albumina podem revelar baixos níveis de proteína dietética (Silva e Leão, 1979). P P P P P 3.15.3. Dieta com 38% de subproduto de caju ALB = 5,72 + 0,088X - 0,051X2 (R2 = 0,67; P<0,001), onde: ALB = concentração sérica de albumina (mg/100 ml de soro sangüíneo) X = tempo de colheita do soro sangüíneo (horas) P P P 3.15.4. Dieta com 52% de subproduto de caju Concentrações de albumina sérica (mg/ 100 ml) 7 6 5 0% 4 19% 38% 3 52% 2 1 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 Tempo de colheita (h) Figura 9. Concentração de albumina sérica em função do tempo de colheita do sangue 201 3.16. Efeito das dietas e dos tempos de colheita sobre os valores de proteínas totais no soro sangüíneo dos ovinos Na Tabela 9 são apresentados os dados de proteínas totais. Tabela 9. Concentração de proteínas totais (g/ 100ml) no soro de ovinos consumindo dietas contendo distintas quantidades de subproduto de caju1 em vários horários pós-prandial Dietas Horário (h)2 Médias 3 3 0% 19 % 38 %3 52 %3 0 6,36Ba 6,56Ca 6,75Ca 6,74Ca 6,60C Ab Aa Aab Ab 2 13,73 16,13 14,94 13,96 14,69A Bb Ba Ba Ba 9,10 8,59 8,69 5 5,83 8,06B Ba Ca Da Da 8 4,57 5,34 4,88 4,64 4,86D a b a a Médias 7,62 9,28 8,79 8,51 1 Percentagem de inclusão do subproduto de caju nas dietas Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK) 3 Letras minúsculas iguais na mesma linha indicam semelhança estatística a 5% (SNK) CV = 15,85% 2 Também não houve interação significativa entre os tratamentos experimentais e os tempos de colheita do soro sangüíneo. As maiores concentrações de proteínas totais foram encontradas duas horas após o fornecimento das dietas. A dieta controle apresentou a menor concentração de proteínas totais em relação às dietas que incluíram o subproduto de caju. De acordo com Meyer et al. (1995) os níveis séricos normais de proteínas totais situam-se entre seis e 7,9 g/ 100 ml. Esta normalidade somente foi observada no jejum. Silva e Leão (1979) destacaram que o aumento da concentração de aminoácidos no sangue não se constitui um indicador da melhoria da nutrição protéica do animal. Segundo estes autores, a melhoria do balanço de aminoácidos resulta em seu decréscimo no sangue. Os altos níveis de proteínas totais, portanto, retratam o aumento da eficiência de reciclagem do nitrogênio no sangue para fornecimento de nitrogênio endógeno à síntese de proteína microbiana ruminal, já que apenas no tratamento 19% de inclusão foram atendidos os requisitos de consumo de proteína. Neste caso, os altos níveis de proteínas totais séricas podem refletir a disponibilidade de proteínas. De acordo com Meyer et al. (1995), uma pequena quantidade de proteínas atinge o filtrado glomerular, mas quando isso ocorre, os 202 túbulos renais também promovem a sua reabsorção. O glomérulo, segundo esses autores, também filtra a creatinina e a uréia nitrogenada do sangue retendo também a albumina. 3.17. Equações de predição das concentrações de proteínas totais séricas no sangue de ovinos em função dos tratamentos experimentais dentro dos tempos de colheita Relacionando a concentração sérica de proteínas totais e a porcentagem de inclusão do subproduto de caju destacou-se a seguinte equação: 3.17.1. Tempo de colheita cinco horas pósprandial PROTOT = 5,99 + 0,19X - 0,0027X2 (R2 = 0,47; P<0,01), onde: PROTOT = concentração sérica de proteínas totais (g / 100 ml de soro sangüíneo) X = % de inclusão de subproduto de caju Resolvendo dy/dx=0 para esta equação tem-se o nível 35,19% de inclusão do subproduto como o que apresentou maior concentração de proteínas totais no soro revelando que neste nível repercute um provável incremento do processo de reciclagem de nitrogênio. 3.18. Equações de predição das concentrações de proteínas totais séricas no sangue de ovinos em função do tempo de colheita dentro dos tratamentos experimentais Levando-se em consideração as concentrações séricas de proteínas totais e os tempos de colheita dentro de cada tratamento foram encontradas equações com altos coeficientes de determinação e altas significâncias. A Figura 10 é feita a representação gráfica destas equações. 3.18.1. Dieta com 0% de subproduto de caju PROTOT = 6,36 + 8,26X - 2,69X2 + 0,20X3 (R2 = 0,85; P<0,0001), onde: PROTOT = concentração sérica de proteínas totais (g/100 ml de soro sangüíneo) X = tempo de colheita de sangue (horas) 3.18.2. Dieta com 19% de subproduto de caju PROTOT = 6,56 + 9,65X - 2,83X2 + 0,20X3 (R2 = 0,95; P<0,0001), onde: PROTOT = concentração sérica de proteínas totais (g/100 ml de soro sangüíneo) X = tempo de colheita de sangue (horas) 3.18.3. Dieta com 38% de subproduto de caju PROTOT = 6,75 + 8,32X - 2,46X2 + 0,17X3 (R2 = 0,93; P<0,0001), onde: PROTOT = concentração sérica de proteínas totais (g/100 ml de soro sangüíneo) X = tempo de colheita de sangue (horas) 3.18.4. Dieta com 52% de subproduto de caju PROTOT = 6,74 + 7,18X - 2,07X2 + 0,14X3 (R2 = 0,91; P<0,0001), onde: PROTOT = concentração sérica de proteínas totais (g/100 ml de soro sangüíneo) X = tempo de colheita de sangue (horas) P P Como é possível observar na Figura 10 a seguir, os picos nas concentrações de proteínas séricas totais foram observados às duas horas pós-prandial. O mesmo tipo de resposta foi encontrado para as concentrações de nitrogênio amoniacal no líquido ruminal e para as concentrações séricas de uréia. A correlação foi maior entre uréia e proteínas totais (r=0,761; P<0,05) do que entre proteínas totais e nitrogênio amoniacal (r=0,3451; P<0,05). Este resultado pode representar a ocorrência de reciclagem de nitrogênio em virtude da baixa ingestão de proteína digestível (Capítulo IX) particularmente nos tratamentos que incluíram o subproduto entre 38 e 52% do total dietético. De acordo com Rodríguez (1986), a amônia presente no rúmen é utilizada para a síntese de proteína microbiana, dependendo da energia disponível. Estando a energia disponível baixa pode haver absorção da amônia pela parede ruminal e no fígado a transformação da mesma em uréia. Rodríguez (1986) ressaltou que o nitrogênio na forma de uréia é reciclado para o rúmen, principalmente pela saliva, ou é eliminado pela urina. A primeira opção parece ter sido confirmada pelos baixos níveis séricos de uréia encontrados neste trabalho para os tratamentos que incluíram o subproduto de caju (Tabela 6) como evidência da baixa ingestão de proteína mas também do aumento de reciclagem de N na tentativa do organismo animal atender os seus requisitos nitrogenados. 203 Concentrações de proteínas totais séricas (mg/ 100 ml) 18 16 14 12 0% 10 19% 38% 8 52% 6 4 2 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 Tempo de colheita (h) Figura 10. Concentração de proteínas totais séricas em função do tempo de colheita do sangue 4. CONCLUSÕES nutrientes. Juiz de Fora: Embrapa Gado de Leite, 2003. 202p. A inclusão do subproduto de caju promoveu a redução dos níveis de nitrogênio amoniacal no líquido ruminal e não representou riscos para diminuições acentuadas do pH ruminal, mesmo incluído em altas concentrações (52% do total); FRANCE, J., SIDDONS, R.C. Volatile fatty acid production. In: FORBES, J. M., FRANCE, J. Quantitative aspects of ruminant digestion and metabolism. Cambridge University, 1993. p.107-121. A proporção molar dos AGV no líquido ruminal nas dietas com subproduto de caju foi típica de dietas ricas em volumosos; HOBSON, P.N., STEWART, C.S. The rumen microbial ecosystem. 1ed. London: Blackie Academic and Professional. 1997. 340p. A relação acetato : propionato não foi afetada pela inclusão do subproduto de caju; HUNGATE, R.E. The rumen and its microbes. London, Academic Press, 1966, 533p. Principalmente em face da baixa disponibilidade de substratos nitrogenados das dietas experimentais, a inclusão de até 19 % do subproduto de caju em dietas para ovinos em terminação é a mais indicada. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FOX, D.G., TYLUTKI, T.P., TEDESCHI, L.O. et al. Sistema de carboidratos e proteínas “líquidos” para a avaliação da nutrição de rebanhos e excreção de 204 LINDBERG, J.E. Estimation of rumen degradability of feed proteins with the in sacco technique and various in vitro methods: a review. Acta Agriculturae Scandinavica. suppl. 25, p.65-97, 1985. MEHREZ, A.Z., ØRSKOV, E.R., McDONALD, I. Rate of rumen fermentation in relation to ammonia concentration. Brittish Journal of Nutrition, v.38, n.3, p.437-443, 1977. MEYER, D.J., COLES, E.H., RICH, L.J. Medicina de laboratorio veterinária: interpretação e diagnóstico; Tradução e revisão científica Paulo Marcos Oliveira. São Paulo: Roca, 1995. 302p. NATIONAL RESEARCH COUNCIL. Nutrient requirements of sheep. New York: National Academy Press, 1985. 99p. RIBEIRO JÚNIOR, J.I. Análises estatísticas no SAEG. Viçosa:UFV, 2001. 301p. RODRÍGUEZ, N.M. Importância da degradabilidade da proteína no rúmen para a formulação de rações para ruminantes. Cadernos Técnicos da Escola de Veterinária da UFMG, v.1, p.27-45, 1986. SAMPAIO, I. B. M. Estatística aplicada à experimentação animal. 2.ed. Belo Horizonte: Fundação de Ensino e Pesquisa em Medicina Veterinária e Zootecnia, 2002. 265p. SILVA, J.F.C., LEÃO, M.I. Fundamentos da nutrição de ruminantes. Piracicaba, Livroceres, 1979. 380p. VAN HOUTERT, M.F.J. The production and metabolism of volatile fatty acids by ruminants fed roughages: A review. Animal Feed Science and Technology, v.43, n.3/4, p.189-225, 1993. VAN SOEST, P.J. Nutritional Ecology of the Ruminant. 2nd edition. USA: Cornell University Press, 1994. 476p. VASCONCELOS, V.R., NEIVA, J.N.M., PIMENTEL, J.C.M. et al. Utilização de subprodutos do processamento de frutas na alimentação de caprinos e ovinos. In: SEMINÁRIO NORDESTINO DE PECUÁRIA – PECNORDESTE, 6, Fortaleza-CE, Anais... Fortaleza:FAEC, 2002, p.83-99. WALLACE, R.J., COTTA, M.A. Metabolism of nitrogen-containing compounds. In: HOBSON, P.N. The rumen microbial ecosystem. New York: Elsevier, 1988. p.217-249. 205 206 Capítulo XI - EXPERIMENTO 9 Valor nutritivo do subproduto da indústria processadora de caju (Anacardium occidentale) em dietas para ovinos. 3. Degradabilidade ruminal RESUMO O subproduto de caju e o capim elefante foram avaliados comparativamente em um estudo de degradabilidade ruminal em carneiros. Foi utilizado um delineamento de blocos ao acaso em esquema de parcelas subdivididas, tendo seis animais nos blocos, dois alimentos como parcelas e cinco tempos de incubação (seis, 12, 24, 48 e 96 horas) como subparcelas e a comparação das médias efetuada pelo teste Student-Newman-Keuls (SNK) (P<0,05). Foram também calculados o tempo de colonização, as degradabilidades efetivas para duas taxas de passagem pré-fixadas (2,0 e 5,0%/h) e estimados os valores de proteína efetivamente degradada no rúmen (PEDR), proteína não degradada no rúmen (PNDR) em suas frações indigestível (PNDRI) e digestível (PNDRD). O subproduto e o capim apresentaram potenciais de degradação da matéria seca (MS) de 51,08% e 76,01%, respectivamente. O subproduto de caju exibiu menor taxa de degradação da MS (1,7%/h) em relação ao capim elefante (2,00%/h). Foram observados potenciais de degradação da proteína bruta (PB) de 43,91% e 86,68% e taxas de degradação de 2,21%/h e 3,29%/h para o subproduto de caju e capim elefante, respectivamente. O subproduto de caju teve menores percentuais de proteína não degradada no rúmen digestível em relação aos encontrados para o capim elefante. O capim elefante também apresentou maiores percentuais de proteína efetivamente degradada no rúmen em relação ao subproduto nas 2 taxas de passagem previstas. Os potenciais de degradação da fibra em detergente neutro (FDN) variaram de 42,23% a 73,05% para o subproduto de caju e para o capim elefante, respectivamente, enquanto as taxas de degradação foram de 1,37%/h para o subproduto de caju e 1,74%/h para o capim elefante. Os resultados de degradabilidades da parede celular, obtidos para o subproduto de caju, indicaram que podem ocorrer restrições no consumo e na disponibilidade energética de dietas baseadas nesse alimento, quando fornecidas a animais com alto potencial de produção. Palavras-chave: agroindústria, frutas, in situ, nutrição, ovinos, subproduto 1. INTRODUÇÃO Os sistemas de exigências nutricionais que dão suporte à formulação de dietas para ruminantes, enfatizam a necessidade de se utilizar a degradação ruminal e a digestão pós-ruminal de proteínas e carboidratos contidos nos alimentos. As discussões atualmente giram em torno da aplicabilidade de uso do Sistema de Cornell para melhor suprimento de nutrientes aos tecidos corporais. Estudos de consumo de matéria seca dos alimentos, de partição da digestão para conhecimento das taxas de digestão e de passagem dos nutrientes em cada compartimento digestivo, de crescimento microbiano e de metabolismo de nutrientes absorvidos também são necessários para a melhor acurácia deste sistema que se propõe a simular as respostas biológicas integradas, não lineares e dinâmicas que ocorrem no organismo dos ruminantes. As interações entre consumo de matéria seca, digestão e taxa de passagem 207 apresentam várias implicações. A taxa de crescimento de cada pool microbiano que digere as diferentes frações de carboidratos e de aminoácidos absorvíveis produzidos dependerá do consumo dos alimentos oferecidos. A porcentagem de parede celular não digerida depende das taxas de digestão e de passagem. O local de digestão e a extensão da digestão também podem ser alterados em função da taxa de passagem ao longo de todo o trato digestivo. Desta maneira, aquelas frações prontamente disponíveis serão degradadas no rúmen, ao passo que aquelas frações mais lentamente digeridas serão parcialmente degradadas no rúmen e parcialmente degradadas pósruminalmente, sendo esta proporção entre os compartimentos dependente das taxas de passagem das frações de carboidratos e proteínas existentes nos alimentos. O conhecimento sobre a digestão ruminal de fontes de fibra forrageiras e não forrageiras é de fundamental importância porque o rúmen é o principal sítio de digestão de alimentos fibrosos. Como conseqüência, é possível estabelecer a quantidade e a proporção de nutrientes necessários para a máxima resposta microbiana e animal (Nocek, 1988). Interações que podem ocorrer entre as altas taxas de ligninas e de taninos existentes no subproduto de caju com a indisponibilização de carboidratos e proteínas dietéticos poderão ser melhor discutidos neste capítulo. Um outro aspecto importante neste estudo é a sincronização entre as taxas de degradação da proteína e dos carboidratos dietéticos proposta por Russell et al. (1991). Quanto menor é a degradabilidade da proteína da dieta, menor também será a produção de amônia resultando em menores perdas urinárias de compostos nitrogenados na forma de uréia. Este estudo teve como objetivo avaliar comparativamente a degradabilidade 208 ruminal da matéria seca (MS), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), hemiceluloses (HCEL) e celulose (CEL) do subproduto de caju em relação ao capim elefante, empregando-se a técnica in situ de incubação ruminal em sacos de náilon. A intenção foi verificar as diferenças de degradabilidade ruminal entre essas fontes de fibra alimentar, importante para a adoção de sistemas mais adequados de alimentação. 2. MATERIAL E MÉTODOS Nas dependências do Laboratório de Nutrição Animal do curso de Zootecnia da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA) em Sobral - CE, amostras de subproduto de caju e capim elefante foram pré-secas em estufa de ventilação forçada a 60oC, por 48 horas, foram moídas em moinho com peneira de 5 mm e foram usadas para a incubação ruminal por períodos de seis, 12, 24, 48, e 96 h. Foi empregada a técnica de fermentação in situ descrita por Balch e Johnson (1950) com sacos de náilon de 5 x 14 cm, com porosidade média de 0,25 mm2/mm2. Foram colocados com 6,24 g do subproduto de caju (valor médio em base de matéria seca) e com 6,44 g de capim elefante (valor médio em base de matéria seca) estabelecendo a relação média de 44,57 mg de amostra de subproduto de caju por cm2 de área superficial dos sacos de náilon e a relação média de 46 mg de amostra de capim elefante, conforme recomendação de Sampaio (1988). A boca de cada um dos sacos foi fechada com argola metálica e amarrada a uma linha no 0,70 com 25 cm de comprimento conectada a uma âncora de 100 g, imersos em água e inseridos, via cânula, no rúmen dos ovinos. A fase experimental contou com 15 dias de adaptação e 10 dias de incubações. Para os períodos de seis, 12 e 24 h foram realizadas duas repetições (dois sacos por animal e por alimento), nos demais foram incubados três sacos por alimento, procurando-se manter, no máximo, seis sacos por animal. Cada animal continha os alimentos sob o mesmo período de incubação, de forma a retirar todos os sacos de uma só vez. Este experimento transcorreu no período de quatro a 28 de novembro de 2002 na sede da EMBRAPA Caprinos em Sobral – CE. Para a análise dos dados de desaparecimento dos componentes nutricionais das forrageiras foi empregado um delineamento experimental de blocos ao acaso em esquema de parcelas subdivididas, tendo os animais como blocos, os alimentos como parcelas e os tempos de incubação como subparcelas, segundo o seguinte modelo estatístico: Foram utilizados seis carneiros com peso variando de 47,2 kg, alojados em gaiolas metabólicas, com água e mistura mineral à vontade. Nocek (1988) recomendou que os alimentos a serem incubados no rúmen devem ser adicionados à dieta fornecida. Baseado nessa informação, a dieta fornecida foi balanceada em termos de proteína bruta conforme o National Research Council (1985) para ovinos adultos em manutenção composta de capim elefante in natura, subproduto de caju e milho. Água e sal mineral estiveram disponíveis à vontade. Yijk = µ + Ai + Fj + Tk + FTjk + eijk onde, Yijk = valor referente à observação do alimento j, no animal i e no tempo de incubação k µ = média geral Ai = efeito do animal i (i = 1, 2, 3, 4, 5, 6) Fj = efeito do alimento j (j = 1, 2) Tk = efeito do tempo de incubação k (k = 6, 12, 24, 48, 96) FTjk = interação dos efeitos do alimento j com o tempo de incubação k eijk = erro aleatório associado à observação Após a retirada, os sacos foram imediatamente imersos em água fria e lavados manualmente em água corrente, até que esta se apresentasse límpida, colocados em estufa de ventilação forçada a 65oC, por 72 horas, transferidos para dessecador por 30 minutos e pesados. Nas dependências do Laboratório de Nutrição Animal da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA), os subprodutos de incubação foram moídos em moinho com peneira de 1 mm e utilizados para as determinações de MS, PB, FDN, FDA, HCEL e CEL de acordo com Association of Official Analytical Chemists (1995). Os níveis dessas frações nas amostras de capim e subproduto de caju, juntamente com os pesos dos materiais incubados e dos subprodutos, foram utilizados para os cálculos do desaparecimento das respectivas frações. As frações solúveis (tempo zero de incubação) foram determinadas pelos mesmos procedimentos, porém sem a incubação ruminal. As médias foram comparadas empregandose o teste Student-Newman-Keuls (SNK), a 5% de probabilidade. Para estimar as curvas de degradação foi utilizado o seguinte modelo proposto por Sampaio (1988): p = A - B e-ct onde, p = porcentagem de degradação após um tempo (t) de incubação no rúmen; A = porcentagem máxima de degradação do material contido no saco de náilon, ou degradabilidade potencial B = parâmetro sem valor biológico. Se não houvesse tempo de colonização, ele corresponderia ao total a ser degradado pela ação microbiana c = taxa constante de degradação da fração que permanece no saco de náilon, expressa em porcentagem por hora t = tempo de incubação no rúmen, em horas A análise dos dados e as equações de regressão para os desaparecimentos dos componentes nutricionais foram feitos 209 utilizando-se o programa Sistema para Análises Estatísticas e Genéticas (SAEG), de acordo com Ribeiro Júnior (2001). O tempo de colonização foi estimado conforme McDonald (1981), de acordo com a seguinte equação: TC = -1 * ln (A-S) c B onde, TC = tempo de colonização, em horas A, B e c = mesmos parâmetros definidos na equação anterior S = fração solúvel determinada pela porcentagem de desaparecimento no tempo zero de incubação (fração rapidamente degradada) As degradabilidades efetivas foram calculadas utilizando-se os valores sugeridos pelo Agricultural Research Council (1984), de 2,0 e 5,0%/h, segundo o seguinte modelo proposto por Ørskov e McDonald (1979): DE = S + [(B1 * c)/(c + K)] onde, DE = degradabilidade efetiva, em porcentagem S = fração rapidamente degradada B1 = fração degradável calculada subtraindo-se a fração solúvel do potencial de degradação (B1 = A - S) (fração lentamente degradada) c = mesmo parâmetro descrito anteriormente K = taxa fracional de passagem, expressa em porcentagem por hora Conforme recomendações do Agricultural and Food Research Council (1992) foram estimados os valores de proteína efetivamente degradada no rúmen (PEDR), proteína não degradada no rúmen (PNDR), proteína não degradada no rúmen indigestível (PNDRI) e proteína não degradável no rúmen digestível (PNDRD), segundo os seguintes modelos propostos pelo sistema: 210 PEDR = 0,8S + B1c/c + K PNDR = 1 - (S + B1c/c + K) PNDRI = NIDA PNDRD = 0,9 (PNDR – 6,25 NIDA) onde, S, B1, c e K são os mesmos parâmetros descritos anteriormente NIDA = Nitrogênio Insolúvel em Detergente Ácido 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1. Consumo médio diário de matéria seca dos ovinos que tiveram os alimentos incubados in situ no rume de ovinos Durante o período experimental com os animais, o consumo médio de MS das dietas experimentais foi de 70,95 ± 16,42 g/ unidade de tamanho metabólico (UTM), ou 2,83% ± 0,66% do peso vivo (PV). Esse resultado situa-se abaixo do valor obtido no trabalho de Lopes et al. (2004), 4,52% do PV, avaliando consumo de dietas, compostas de feno de Tifton 85, milho e farelo de soja com inclusão crescente de subproduto da indústria de suco de caju, fornecidas a ovinos, todavia, os animais utilizados por esses autores não foram canulados ruminalmente. Segundo o National Research Council (1985), tais valores de ingestão estariam suprindo as exigências para ovinos adultos em manutenção, preconizado em 53,19 gramas de MS/Kg0,75/dia. 3.2. Desaparecimento ruminal da matéria seca do subproduto de caju e capim elefante incubados in situ em ovinos Na Tabela 1, estão as porcentagens de desaparecimento da MS dos alimentos incubados no rume de ovinos. Para este parâmetro não houve interação significativa entre tempo de incubação X alimento incubado (P>0,05). Para o subproduto de caju, houve equivalência de valores nos horários seis e 12 horas, apresentando diferença a partir de 24 h que persistiu até as 96 horas. O capim elefante, por sua vez, sempre apresentou taxas de desaparecimento da matéria seca crescentes até às 96 h. Este fato confirma a suspeita discutida nos capítulos anteriores de que o subproduto de caju apresenta dificuldade em degradar-se no rume. O desaparecimento de matéria seca do capim elefante foi sempre superior ao do subproduto de caju. Sampaio (1994) destacou que forrageiras de boa qualidade desaparecem mais rapidamente, e as de baixa qualidade tardam mais a alcançar seu valor estabilizado de A. Tabela 1. Desaparecimento da matéria seca (%) do subproduto de caju e do capim elefante incubados em sacos de náilon no rume de ovinos submetidos a dieta contendo subproduto de caju Tempo de Subproduto Capim incubação de Caju2 elefante2 (h)1 6 19,51Db 31,25Ea Db 12 21,62 37,86Da Cb 24 26,39 44,34Ca Bb 48 36,26 57,13Ba 96 43,83Ab 68,64Aa 1 Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK) 2 Letras minúsculas iguais na mesma linha indicam semelhança estatística a 5% (SNK) CV=6,59% Num paralelo entre o desaparecimento da MS do subproduto de caju com aqueles para o bagaço de cana auto-hidrolisado incubado no rume de ovinos apresentados por Borges (1997), nota-se que houve uma resposta aproximada para os tempos de 12 e 48 horas tomados como exemplos (22,31 e 31,77%, respectivamente). Borges (1997) já havia comentado a semelhança de degradabilidade do bagaço de cana autohidrolisado com palha de soja incubada no rume de ovinos e caprinos (Carneiro, 1994). No trabalho de Gonçalves et al. (2004), que mediu o desaparecimento da MS do subproduto da indústria de suco de caju em três tempos de incubação (6, 28 e 96 horas), verificou-se que após 6 horas de incubação no rume de ovinos o desaparecimento da MS foi de 21,17%, um pouco superior ao valor aqui obtido para o mesmo tempo de incubação. Os ovinos recebiam concentrado à base de milho e soja e feno de capim elefante. Deste tempo em diante, os valores de desaparecimento de MS foram também semelhantes aos aqui encontrados e demonstraram haver diferenças de valores entre os tempos seis e 28 horas com superioridade estatística para este último (32,20%). Às 96 horas o desaparecimento da matéria seca foi de 44,2%. Os valores de desaparecimento da MS aqui encontrados foram baixos mesmo se compararmos com outros subprodutos de frutas também citados por Gonçalves et al. (2004). O desaparecimento da MS da graviola, segundo estes autores, variou entre os tempos seis e 96 horas de 31,13 a 81,21%. O subproduto de manga, outro testado por estes autores, variou de 47,31 a 80,19%. No capítulo V foi exibido o desaparecimento da MS do subproduto de abacaxi que variou de 34,64 a 59,28%, valores bem acima dos aqui encontrados. Até mesmo o subproduto de acerola (Capítulo VIII), cuja indisponibilização de nutrientes havia sido comentada em virtude das altas concentrações de ligninas e taninos, apresentou taxas de desaparecimento da MS superiores, a saber, de 33,14 às seis horas de incubação a 48,68% às 96 horas de incubação. Esta constatação leva-nos a perceber que a inclusão do subproduto de caju em dietas para ruminantes deve ser feita com cautela na medida em que ocorre uma baixa disponibilidade dos nutrientes em nível de rume. Tomich (2003) assinalou maiores valores de desaparecimento da matéria seca do 211 capim elefante, à exceção do valor registrado pelo autor para as seis horas de incubação (30,9% para seis horas de incubação; 41,7% para as 12 h; 55,0% para as 24h; 66,1% para as 48h e 75,5% para as 96 h), e também foram sempre crescentes (P<0,05) entre os tempos de incubação. resultados de desaparecimento de MS ao modelo proposto por Sampaio (1988) (Figura 1). As equações geradas pelo modelo Deg = A - B * e(-ct) foram: Deg. MS Subproduto de Caju = 51,0759 35,6565 * EXP (-0,01698 * t) r2=0,959 Os coeficientes de determinação, superiores a 90%, indicam a boa adequação dos Deg. MS Capim Elefante = 76,0141 49,8635 * EXP (-0,01995 * t) r2=0,96 Desaparecimento da MS (%) 80 70 60 50 S. Caju 40 C. elefante 30 20 10 0 0 12 24 36 48 60 72 84 96 Tempo de incubação (h) Figura 1. Desaparecimento da MS dos alimentos em função do tempo de incubação O parâmetro A que corresponde à degradabilidade potencial foi bastante baixo para o subproduto de caju, comparando-se com outros subprodutos tais como o subproduto de abacaxi (81,32%) (Capítulo V) e os subprodutos de graviola e manga (83,65 e 80,29%, respectivamente, citados por Gonçalves et al., 2004), entretanto, superior ao encontrado por Gonçalves et al. (2004) para o próprio subproduto de caju (46,33%). Incubando diferentes subprodutos de frutas em bovinos canulados, Manoel et al. (2003) encontraram valor de degradabilidade potencial mais baixa que esta apenas para o subproduto de goiaba (31,85%). Lousada Júnior (2003) destacou que o subproduto de goiaba contém 18,5% de ligninas (%MS) associando este alto valor à alta proporção de sementes encontradas neste subproduto. Isto pode ter indisponibilizado diversos nutrientes do subproduto de goiaba avaliado 212 quanto a degradabilidade ruminal por Manoel et al. (2003). A taxa fracional do capim elefante foi ligeiramente superior à do subproduto de caju refletindo-se, portanto, em uma maior degradabilidade potencial. Conforme Sampaio (1988), taxas de degradação inferiores a 2,0%/h indicam alimentos de baixa qualidade, que necessitam de longo tempo de permanência no rúmen para serem degradados. Estudando a degradação in situ da MS do capim elefante, Tomich (2003) encontrou valor semelhante ao aqui encontrado para a fração A, entretanto, para a fração “c” o valor aqui encontrado foi bem inferior, representadas na seguinte equação: Deg. MS = 75,4 - 55,9 * EXP (0,0432 * t) 2 r = 0,981. Nocek (1988) destacou que a dieta administrada ao animal experimental pode promover diferenças de digestibilidade ruminal in situ dos diferentes nutrientes presentes em um mesmo alimento. Na Tabela 2, estão os potenciais de degradação, as taxas de degradação, as frações solúveis, as frações degradáveis, os tempos de colonização e as degradabilidades efetivas nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h da matéria seca dos alimentos analisados neste experimento. Tabela 2. Potenciais de degradação (A), taxas de degradação (c), frações solúveis (S), frações degradáveis (B1), tempos de colonização (TC) e degradabilidades efetivas (DE), nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da matéria seca dos alimentos utilizados nesse ensaio Capim Parâmetro Subproduto elefante de Caju A (%) 51,08 76,01 c (%/h) 1,70 2,00 S (%) 27,24 17,36 33,72 48,77 B1 (%) TC (h) 3:18 1:07 DE 2,0%/h 32,84 51,60 (%) DE 5,0%/h 25,91 41,15 (%) Com tais dados é possível aferir que após o cálculo da degradabilidade efetiva da MS para os alimentos incubados torna-se mais evidente a superioridade do capim elefante em relação ao subproduto de caju. Todos os parâmetros analisados contribuíram para as menores degradabilidades efetivas nas taxas de passagem pré-fixadas para o subproduto de caju. A fração A foi menor provavelmente pelo maior tempo de colonização necessário, dado a baixa taxa de degradação (c), inferior a 2,0%/h e pela menor fração solúvel (S). Até mesmo a fração B1 (lentamente degradada) foi menor não porque o capim elefante teria maior proporção de nutrientes lentamente degradáveis, mas porque a própria fração potencialmente degradável (A) era menor. O tempo de colonização em horas foi superior para o subproduto de maracujá em relação ao capim elefante, que, inclusive, foi negativo, denotando a alta disponibilidade da proteína do capim no líquido ruminal. A esse propósito, apesar de não existir uma explicação para valores negativos de tempo de colonização, eles são amplamente relatados na literatura e aparecem em estudos de Borges (1997) e Tomich (2003). Vasconcelos et al. (2002) destacaram a presença de compostos polifenólicos no subproduto de caju que poderiam ser junto com as ligninas (Capítulo IX), os principais responsáveis pelo baixo desaparecimento ruminal da matéria seca, particularmente exercendo efeito anti-nutricional sobre proteínas e carboidratos. Os valores de degradabilidade efetiva para o subproduto de caju foram baixos, especialmente se os compararmos com os de outros subprodutos de frutas, como o da manga (61,11%) e o da graviola (48,35%), citados por Gonçalves et al. (2004) ou mesmo o do abacaxi (49,2%), o do maracujá (55,22%), o do melão (54,37%), o da acerola (31,94%) e o da goiaba (27,18%) citados por Manoel et al. (2003) todos para a taxa de passagem de 5,0%/h. A expectativa de uso do subproduto de caju na nutrição de ruminantes, portanto, ainda deve ser vista com reservas. O valor de degradabilidade efetiva na taxa de passagem de 5,0%/h aqui encontrado (25,91%) foi idêntico ao citado por Gonçalves et al. (2004) para o subproduto de caju utilizado em seu trabalho. 3.3. Desaparecimento ruminal da proteína bruta do subproduto de caju e capim elefante incubados in situ em ovinos As degradabilidades da PB nos vários tempos de incubação estão na Tabela 3. Os valores percentuais de proteína bruta existentes no subproduto de caju pressupõem um alimento que, como um 213 subproduto agroindustrial, apresenta até um razoável conteúdo protéico (13,78% na matéria seca) (Capítulo IX). Entretanto, nos Capítulos IX e X sob os aspectos de consumo, digestibilidade da proteína, conteúdo de nitrogênio amoniacal no líquido ruminal, níveis séricos de uréia, creatinina, albumina e proteínas totais, já se discutiu bastante sobre a indisponibilização desta proteína em virtude dos altos níveis de ligninas e de taninos existentes neste alimento. Tabela 3. Desaparecimento da proteína bruta (%) do subproduto de caju e do capim elefante incubados em sacos de náilon no rume de ovinos submetidos a dieta contendo subproduto de caju Tempo de Subproduto Capim incubação de Caju2 elefante2 (h)1 6 18,17Db 64,08Ea 12 20,65Db 69,25Da Cb 24 25,33 73,62Ca Bb 48 34,55 81,42Ba Ab 96 39,99 85,47Aa 1 Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK) 2 Letras minúsculas iguais na mesma linha indicam semelhança estatística a 5% (SNK) CV=4,69% Na análise da degradação ruminal da proteína do subproduto de caju, os dados convergem mais uma vez para a constatação de uma indisponibilização aos microrganismos dessa proteína em nível ruminal. As taxas de desaparecimento do subproduto foram, em todos os tempos de incubação, sempre inferiores àquelas encontradas para o capim elefante. O desaparecimento da proteína bruta do subproduto de caju foi estável entre as seis e às 12 h de incubação, daí para as 24 h de incubação houve um aumento significativo (P<0,05) na taxa de desaparecimento da ordem de 22,66%. A maior taxa de desaparecimento ocorreu às 96 h e foi de 214 39,99%. Valor muito baixo especialmente verificando-se que o desaparecimento da proteína bruta do subproduto de acerola pode chegar a quase 70% em 96 horas (Capítulo V) e o do subproduto de abacaxi ultrapassa os 80% de desaparecimento da proteína bruta (Capítulo VIII). O desaparecimento da proteína bruta do capim elefante, por sua vez, foram sempre crescentes dos tempos inicial ao final, e mostrou-se sempre superior ao subproduto de caju. Tomich (2003) encontrou valores de desaparecimento da proteína bruta do capim elefante cv. Napier variando de 44,9% (seis horas de incubação) até 84,2% (96 h de incubação), inferiores aos encontrados aqui (Tabela 4). As equações geradas pelo modelo Deg = A - B * e(-ct) foram as seguintes e estão representadas na Figura 2: Deg. PB Subproduto de Caju = 43,9137 29,9604 * EXP (-0,02205 * t) r2=0,969 Deg. PB Capim Elefante = 86,676 27,1032 * EXP (-0,03292 * t) r2=0,874 Os potenciais de degradação, as taxas de degradação, as frações solúveis, as frações degradáveis, os tempos de colonização e as degradabilidades efetivas, nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da proteína bruta, obtidos para os alimentos estão na Tabela 4. Os dados da Tabela 4 revelaram que a baixa degradação da proteína do subproduto de caju influenciou nos baixos valores de sua degradabilidade da MS (r=0,9829; P<0,0001). A correlação de Pearson entre a degradabilidade da PB e a degradabilidade da MS do capim elefante também foi alta e significativa (r=0,9373; P<0,001) mostrando que a degradação da proteína bruta também teve efeito marcante sobre a degradabilidade da MS deste alimento. Desaparecimento da PB (%) 90 80 70 60 50 S. Caju 40 C. elefante 30 20 10 0 0 12 24 36 48 60 72 84 96 Tempo de incubação (h) Figura 2. Desaparecimento da PB dos alimentos em função do tempo de incubação Tabela 4. Potenciais de degradação (A), taxas de degradação (c), frações solúveis (S), frações degradáveis (B1), tempos de colonização (TC) e degradabilidades efetivas (DE), nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da proteína bruta dos alimentos utilizados nesse ensaio Parâmetro Subproduto Capim de Caju elefante A (%) 43,91 86,68 c (%/h) 2,21 3,29 S (%) 14,71 50,92 B1 (%) 29,20 35,76 TC (h) 1:10 -8:25 DE 2,0%/h 30,02 73,16 (%) DE 5,0%/h 23,65 65,12 (%) A fração potencialmente degradável (A) do subproduto de caju foi de apenas 43,91%, um pouco mais que a metade da degradabilidade potencial do capim elefante. Este valor de A foi comparável a degradabilidades potenciais de alimentos de baixo valor nutritivo como o capim gordura (91 a 120 dias) com 45,66% de A, citado por Valadares Filho et al. (2002), e menos da metade da degradabilidade potencial do caroço integral de algodão (91,82%), considerado de alto valor nutritivo, citado por Borges (1997). A fração solúvel também foi inferior àquela obtida para a MS, assim como a fração lentamente degradável (B1). Considerando que, conforme Van Soest (1994), peptídeos, aminoácidos livres, amônia, aminas, entre outros compostos nitrogenados, constituem a maior parte da fração solúvel da PB de forrageiras frescas e que esse conteúdo situa-se, geralmente, entre 10% a 15% do teor protéico, a fração solúvel de PB encontrada para o subproduto de caju foi baixa e a do capim elefante, alta. Estes valores foram semelhantes aos encontrados por Moreira et al. (2003) para a farinha de peixe, ou seja, 22,6%; 19,0% para as taxas de passagem de 2,0%/h, e 5,0%/h, respectivamente. Tal tipo de resposta encontrada para o subproduto de caju pode dever-se à dificuldade que os microrganismos tiveram para atingir a parte da matriz protéica, podendo a mesma estar protegida por porções fibrosas que podem estar indisponibilizadas por interações existentes com ligninas e/ou com taninos (vide mais adiante discussão sobre FDN), muito embora, seja oportuno salientar que não se fez determinação de possibilidade de contaminação do material residual com microrganismos determinando-se os níveis de ácido 2-α-amino-pimélico (DAPA) nos subprodutos de incubações dos vários horários. Os parâmetros A, c e B1 foram sempre elevados para o capim elefante, como conseqüência, foram encontrados altas degradabilidades efetivas para as 3 taxas de passagem pré-definidas para este alimento. Segundo Hungate (1966), o objetivo da nutrição protéica para ruminantes é o fornecimento de quantidades adequadas de proteínas degradáveis no rúmen, para permitir a máxima síntese protéica microbiana, com o mínimo de PB na dieta. Assim sendo, visando à sincronização nas disponibilidades de nitrogênio e energia, para a otimização na utilização dos compostos nitrogenados da dieta e o maior suprimento de proteína microbiana pósrúmen, a taxa de degradação ruminal da fração protéica constitui um parâmetro importante na seleção de alimentos para compor uma dieta. Nesse sentido, os resultados obtidos nesse estudo indicam que há necessidade de suplementação protéica em dietas que incluem o subproduto de caju. Baseado nas características de degradação ruminal, os suplementos deverão apresentar taxas decrescentes de degradação ruminal da PB. Na suplementação energética para dietas compostas com subproduto de caju recomendar-se-ia a inclusão de alimentos concentrados energéticos contendo carboidratos de mais baixa taxa de digestão. Para o capim elefante poderiam ser incluídos concentrados energéticos de mais rápida degradação pelos microrganismos ruminais. Os valores de proteína não degradada no rúmen, proteína indigestível não degradada no rúmen, proteína efetivamente degradada no rúmen e proteína digestível não degradada no rúmen, nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da proteína bruta, obtidos para os alimentos estão na Tabela 5. Tabela 5. Valores percentuais de proteína não degradada no rúmen (PNDR), proteína indigestível não degradada no rúmen (PINDR), proteína digestível não degradada no rúmen (PDNDR) e proteína efetivamente degradada no rúmen (PEDR), nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da proteína bruta dos alimentos utilizados nesse ensaio Parâmetro Subproduto de Caju Capim elefante 2,0%/h 5,0%/h 2,0%/h 5,0%/h PNDR 81,19 89,02 68,14 79,66 PNDRI 2,87 2,87 0,49 0,49 PNDRD 56,93 63,98 58,57 68,94 PEDR 18,11 10,57 29,94 19,11 A queda dos valores de proteína efetivamente degradada no rúmen foi acompanhada pelo aumento da proteína não degradada no rúmen com o aumento das taxas de passagem. O subproduto de caju teve valores menores de proteína efetivamente degradada no rúmen em comparação ao capim elefante acompanhados de altas taxas de proteína não degradada no rúmen, com 216 superioridade de PINDR em relação àquela do capim elefante. Para se ter uma idéia de que os valores de PNDR aqui encontrados são elevados, basta compará-los com os valores de PNDR do farelo de soja (19,01% em taxa de passagem de 5%/h) ou do fubá de milho (5,61% em taxa de passagem de 5%/h) citados por Valadares Filho (1997). Rodríguez (1986) comentou que o preparo de dietas para ruminantes de alta produção deve-se minimizar a inclusão de proteína dietética não degradável. Sua proposta é de incluir além de nitrogênio solúvel, uma certa quantidade de aminoácidos préformados e aumentar a quantidade disponível de matéria orgânica fermentável o que em outras palavras representa a maior disponibilidade energética. Para o National Research Council (1985), o aumento da quantidade de proteína sobrepassante ruminalmente nem sempre representa aumento de produção especialmente se essa proteína não degradada no rume também tiver baixa digestão pós-ruminalmente. Assim, faz-se necessário o aprofundamento dos estudos sobre a digestão do subproduto de caju no intestino. A presença de taninos no subproduto de caju (Vasconcelos et al., 2002) pressupõe também a alta afinidade dos mesmos pelas proteínas, atribuída às fortes pontes de hidrogênio que se formariam entre o oxigênio do grupo carbonila das proteínas e os grupos hidroxifenólicos dos taninos (McLeod, 1974). De acordo com Hagerman e Butler (1989), ambos os tipos de tanino (condensados e hidrolisáveis) seriam capazes de interagir com as proteínas, formando complexos solúveis ou insolúveis, dependendo, de acordo com McLeod (1974) e Mangan (1988), da configuração espacial e peso molecular das estruturas que participariam da interação e da disponibilidade de grupos fenóis reativos. Para Van Soest (1994), os efeitos dos taninos condensados sobre a proteína dietética seriam mais negativos do que os efeitos dos taninos hidrolisáveis. De acordo com Hungate (1966) para qualquer análise que se faça sobre a degradabilidade de nutrientes no rúmen, é preciso entender os fatores que regulam a atividade microbiana ruminal. Nolan et al. (1976) demonstraram que a maior parte do N protéico microbiano é derivado do pool de N-NH3. No capítulo X foi discutido que a inclusão do subproduto de caju em níveis de 19 e 38% do total dietético resultaram na diminuição dos níveis de nitrogênio amoniacal do líquido ruminal em relação à dieta controle (sem inclusão de subproduto). A proteína não degradada no rume foi maior para o subproduto de caju em relação ao capim elefante (Tabela 5). 3.4. Desaparecimento ruminal da fibra em detergente neutro do subproduto de caju e capim elefante incubados in situ em ovinos As degradabilidades da FDN nos vários tempos de incubação estão na Tabela 6. Não houve interação significativa entre tempos de incubação e alimentos incubados (P>0,05). Os valores de desaparecimento da FDN do subproduto de caju foram sempre inferiores (P<0,05) àqueles do capim elefante, praticamente a metade. Basta verificar que o subproduto de caju necessitaria de 96 horas para chegar a uma taxa de desaparecimento semelhante à que ocorreu com o capim elefante às 24 horas. Efetivamente o desaparecimento da FDN do subproduto de caju somente foi significativo (P<0,05) da 6a para a 24a hora de incubação, muito parecido com os desaparecimentos da MS e da PB, onde a única diferença foi que nestas avaliações os valores de desaparecimento após 12 horas de incubação foram diferentes dos incubados após 24 horas. Os valores de desaparecimento da FDN do subproduto de caju foram muito baixos mesmo se os compararmos com os dados de desaparecimento de outros subprodutos de frutas. O subproduto de acerola, por exemplo, apresentou valores de desaparecimento da FDN variando de 17,45% às seis horas de incubação até 34,96% às 96 horas de incubação (Capítulo VIII). 217 certos nutrientes, principalmente com as enzimas digestivas, pode interferir nos processos digestivos (McLeod, 1974; Jansman, 1993; Rabelo, 1997). Estudos posteriores que venham a analisar o efeito do tanino contido nos subprodutos da indústria de sucos de frutas sobre a degradabilidade in situ dos nutrientes existentes seria de fundamental importância para o aprofundamento destes comentários. Tabela 6. Desaparecimento da fibra em detergente neutro (%) do subproduto de caju e do capim elefante incubados em sacos de náilon no rume de ovinos submetidos a dieta contendo subproduto de caju Tempo de Subproduto Capim incubação de Caju2 elefante2 (h)1 6 7,26Db 14,66Ea CDb 12 10,15 22,24Da Cb 24 13,00 30,28Ca 48 23,58Bb 45,33Ba Ab 96 31,69 61,04Aa O fator de maior efeito sobre a extensão e a taxa de degradação da parede celular dos vegetais é a presença de ligninas. Van Soest (1994) comentou que o teor de FDN das forragens, por exemplo, é negativamente correlacionado com o seu consumo. Forragens com menor fração fibrosa, segundo estes autores, refletem maior digestibilidade e maior consumo. 1 Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK) 2 Letras minúsculas iguais na mesma linha indicam semelhança estatística a 5% (SNK) CV=12,55% Já no Capítulo IX foi credenciada a provável interferência de ligninas sobre a digestibilidade da FDN. Os taninos também podem interferir na determinação e nos resultados da degradabilidade das frações fibrosas (Makkar et al., 1995), pois podem formar complexos com as proteínas e fibras os quais são insolúveis em detergente (Makkar et al., 1997). Vasconcelos et al. (2002) citaram que o subproduto de caju apresenta 4,0% de taninos em base de matéria seca. A interação do tanino com Os resultados de desaparecimento da FDN convergiram para o modelo proposto por Sampaio (1988) (Figura 3), e as seguintes equações de regressão foram obtidas: Deg. FDN Subproduto de Caju = 42,2272 - 38,3171 * EXP (-0,01372 * t) r2=0,938 Deg. FDN Capim Elefante = 73,0499 64,0977 * EXP (-0,01743 * t) r2=0,954 Desaparecimento da FDN (%) 70 60 50 40 S. Caju 30 C. elefante 20 10 0 0 12 24 36 48 60 72 84 96 Tempo de incubação (h) Figura 3. Desaparecimento da FDN dos alimentos em função do tempo de incubação 218 A equação encontrada por Tomich (2003) para a degradabilidade da FDN do capim elefante cv Napier foi a seguinte: Deg FDN = 70,2 - 69,1*EXP (-0,0443t) r2 = 0,977, também semelhante àquela que foi encontrada neste trabalho, mas apresentou valor de taxa fracional muito superior a aqui encontrada, a exemplo do que também ocorreu para a degradabilidade da matéria seca. Na Tabela 7, são apresentados os potenciais de degradação, as taxas de degradação, as frações solúveis, as frações degradáveis, os tempos de colonização e as degradabilidades efetivas, nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da FDN dos alimentos. Os dados da Tabela 7 comportam-se da mesma maneira que aqueles encontrados para a proteína bruta (r=0,9725; P<0,0001). Os baixos valores de A para o subproduto de caju foram conseqüência da menor taxa de degradação “c” e das baixas concentrações de S e de B1. Para o capim elefante os valores destas frações foram muito superiores e isto resultou nas maiores degradabilidades efetivas nas duas taxas de passagem pré-fixadas. Isso pode estar indicando uma baixa digestibilidade dos carboidratos estruturais presentes no subproduto de caju. Como conseqüência, para o subproduto de caju foi encontrado maior tempo de colonização microbiana, praticamente o dobro do encontrado para o capim elefante. A degradabilidade potencial do subproduto de caju foi inferior àquela observada para o bagaço de cana auto-hidrolisado, em média de 61,12%, citado por Borges (1997) e aos valores observados por Figueira (1991) que avaliou a degradabilidade in situ da canade-açúcar suplementada com 1; 1,5 e 2,0% de uréia com valores de A de 56,10; 46,35 e 45,45%, respectivamente. O valor de A aqui encontrado, somente foi superior ao do caroço integral de algodão (35,9%) citado por Borges (1997). Naquele trabalho, o autor comentou a influência do nível de gordura na dieta sobre a queda da digestibilidade da fibra. Não foi o que ocorreu aqui já que as dietas fornecidas não incluíam alimentos com altas concentrações de extrato etéreo. Um outro aspecto que também pode ser descartado para justificar a baixa degradabilidade potencial do subproduto seria a provável queda do pH ruminal a partir da inclusão do subproduto às dietas. Van Soest (1994) destacou que a redução no pH ruminal pode prejudicar a degradação da fibra. No Capítulo X foi verificado que a inclusão do subproduto de caju mesmo em 52% do total de dietas fornecidas a ovinos em crescimento não resultou em valores de pH fora dos valores normais recomendados para uma adequada função ruminal (Hobson e Stewart, 1997). Assim sendo, outros fatores podem se fazer presentes e podem estar indisponibilizando a FDN aos microrganismos ruminais e que não foram identificados tais como os taninos. Tabela 7. Potenciais de degradação (A), taxas de degradação (c), frações solúveis (S), frações degradáveis (B1), tempos de colonização (TC) e degradabilidades efetivas (DE), nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da fibra em detergente neutro dos alimentos utilizados nesse ensaio Parâmetro Subproduto Capim de Caju elefante A (%) 42,23 73,05 c (%/h) 1,372 1,743 S (%) 6,00 11,53 B1 (%) 36,23 61,52 TC (h) 4:05 2:22 DE 2,0%/h 20,74 40,18 (%) DE 5,0%/h 13,80 27,43 (%) Elevados conteúdos de ligninas, todavia, foram verificados para o subproduto de caju (Capítulo IX). De acordo com Van Soest (1994) e Jung et al. (1997), as ligninas são os principais limitantes da digestibilidade ruminal das frações fibrosas dietéticas. Estudos posteriores que avaliem as interações microscópicas das partículas fibrosas após os diferentes tempos de incubação ruminal serão de grande valia para o aprofundamento e tirada de conclusões. Para aprofundar ainda mais o estudo de degradabilidade das frações fibrosas, fez-se a análise das degradabilidades da FDA, hemiceluloses e celulose. 3.5. Desaparecimento ruminal da fibra em detergente ácido do subproduto de caju e capim elefante incubados in situ em ovinos Na Tabela 8 são apresentadas as degradabilidades da FDA nos vários tempos de incubação. Tabela 8. Desaparecimento da fibra em detergente ácido (%) do subproduto de caju e do capim elefante incubados em sacos de náilon no rume de ovinos submetidos a dietas contendo subproduto de caju Tempo de Subproduto Capim incubação de Caju2 elefante2 (h)1 6 5,57Db 11,94Ea CDb 12 6,74 16,73Da Cb 24 10,46 25,83Ca 48 18,12Bb 40,95Ba Ab 96 23,36 57,56Aa 1 Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK) 2 Letras minúsculas iguais na mesma linha indicam semelhança estatística a 5% (SNK) CV=15,23% entre a Houve alta correlação da FDN e a degradabilidade degradabilidade da FDA tanto para o subproduto de caju (r=0,961; P<0,0001) quanto para o capim elefante (r=0,9895; P<0,0001). Da mesma forma como ocorreu para a degradabilidade da FDN, os valores 220 de desaparecimento da FDA do subproduto de caju não variaram entre os tempos seis e 12 horas. O desaparecimento às 24 horas foi semelhante àquele encontrado para as 12 horas. Das 24 horas em diante o desaparecimento foi crescente e estatisticamente diferente. O desaparecimento da FDA do capim elefante foi acentuadamente crescente a partir das 6 horas de incubação e mostrou-se mais digestível que o subproduto de caju. A fração FDA apresentou valores de degradabilidade inferiores àqueles encontrados para a FDN. Percebe-se então o representativo efeito dos altos níveis de ligninas encontrados no subproduto de caju (Capítulo IX) sobre a degradabilidade ruminal da FDA provavelmente influindo também sobre a digestibilidade da celulose e das hemiceluloses já que as taxas de desaparecimento da FDN também foram inferiores àquelas encontradas para o capim elefante (Tabela 7). A indisponibilização dos constituintes fibrosos dietéticos, pela presença especialmente de ligninas, foi provavelmente a causa para a redução na produção total de ácidos graxos voláteis verificada no Capítulo X nos tratamentos que incluíram o subproduto de caju em 38 e 52% do total dietético em relação ao tratamento controle (0% de inclusão). Teixeira (1997) preparou uma compilação de dados de literatura que mostram valores médios de degradabilidade da FDA de diferentes alimentos. Considerando que o valor médio de desaparecimento da FDA do subproduto de caju foi de 12,85% percebese que o mesmo foi inferior àquele encontrado para o farelo de algodão (21,1%) e muito menos ainda para o bagaço de cana (45,1%). Os resultados de desaparecimento da FDA convergiram para o modelo proposto por Sampaio (1988) (Figura 4), e as seguintes equações de regressão foram obtidas: Deg. FDA Capim Elefante = 74,3111 – 68,4694 * EXP (-0,01473 * t) r2=0,952 Deg. FDA Subproduto de Caju = 28,4237 - 26,1656 * EXP (-0,01764 * t) r2=0,911 Desaparecimento da FDA (%) 70 60 50 40 S. Caju 30 C. elefante 20 10 0 0 12 24 36 48 60 72 84 96 Tempo de incubação (h) Figura 4. Desaparecimento da FDA dos alimentos em função do tempo de incubação A partir da análise destas equações observase que embora a taxa de degradação “c” do subproduto de caju seja maior que àquela encontrada para o capim elefante, os baixos valores de A (fração potencialmente degradável), de S e, portanto de B1 se mostraram sempre menores que os encontrados para o capim elefante o que não trouxe benefícios para os valores de degradabilidades efetivas do subproduto de caju. Um outro aspecto foi o maior tempo de colonização encontrado para o subproduto de caju denotando a maior indisponibilização dos carboidratos ao ataque microbiano. Para o capim elefante não houve tanta superioridade de fração solúvel em relação ao subproduto de caju, mas a fração lentamente degradável foi mais de 2,5 vezes maior o que lhe conferiu uma maior fração potencialmente degradável (A). Na Tabela 9, são apresentados os potenciais de degradação, as taxas de degradação, as frações solúveis, as frações degradáveis, os tempos de colonização e as degradabilidades efetivas, nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da FDA dos alimentos. Tabela 9. Potenciais de degradação (A), taxas de degradação (c), frações solúveis (S), frações degradáveis (B1), tempos de colonização (TC) e degradabilidades efetivas (DE), nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da fibra em detergente ácido dos alimentos utilizados nesse ensaio Parâmetro Subproduto Capim de Caju elefante A (%) 28,42 74,31 c (%/h) 1,764 1,473 S (%) 3,96 8,35 B1 (%) 24,47 65,96 TC (h) 3:29 2:32 DE 2,0%/h 15,42 36,33 (%) DE 5,0%/h 10,34 23,36 (%) A fração FDA determinada conforme Van Soest et al. (1991) isola principalmente a celulose e as ligninas. Os baixos valores de degradabilidade efetiva provavelmente deveram-se à indigestibilidade das ligninas (Capítulo IX). Para a FDN (Tabela 7), o subproduto de caju apresentou menor valor para “c” do 221 que o capim elefante e para a FDA foi o inverso. Na tentativa de degradar um substrato altamente indisponibilizado pela presença de fatores anti-nutricionais como taninos e ligninas, os microrganismos ruminais podem ter movido uma ação de degradação mais marcante e assim ter resultado em um maior valor de “c”, entretanto, a baixa taxa potencial de degradação não trouxe maiores degradabilidades efetivas para o subproduto em relação ao capim. Embora menos provável, um outro aspecto que também deve ser discutido na tentativa de se explicar a baixa degradabilidade da FDA encontrada para o subproduto de caju é o tamanho de partícula da dieta. Embora os saquinhos apresentassem alimentos com mesma granulometria, mas o tamanho da partícula da dieta influencia a taxa de passagem e o tempo de permanência do alimento dentro do rúmen. O subproduto de caju normalmente é oferecido finamente moído e isso pode diminuir a efetividade da fibra ali existente com conseqüente diminuição do ataque microbiano. Rápidas taxas de passagem podem limitar a degradação da fibra ao permitir que uma grande proporção de FDN potencialmente fermentável escape do rúmen (San Emetério, 1998 citado por Campos et al., 2003). Estudos com marcadores de fases sólida e líquida seriam importantes para o aprofundamento e a provável eliminação desta provável causa de queda de digestibilidade. De acordo com Chesson e Forsberg (1988), as bactérias celulolíticas são as primeiras a iniciar a degradação da parede celular vegetal. Ainda segundo estes autores, o parênquima prontamente digestível é intensivamente colonizado por elas e prontamente digerido, enquanto a espessa parede celular de tecidos esclerenquimais e vasculares é esparsamente colonizada dada as complexas ligações lignina-celulose existentes. Tratamentos químicos com 222 álcalis, por exemplo, podem vir a contribuir com a maior disponibilização dos carboidratos estruturais contidos no subproduto de caju aos microrganismos ruminais. As principais bactérias celulolíticas existentes no ambiente ruminal são R. albus, R. flavefaciens e B. succinogenes. Ainda de acordo com Chesson e Forsberg (1988) a faixa de pH ideal para a ação das liberadas por estes celulases microrganismos deve se situar entre 6 e 6,8. No Capítulo X verificou-se que em dietas onde se incluiu o subproduto de caju em até 52% do total dietético o pH ficou dentro desta faixa recomendada 3.6. Desaparecimento ruminal das hemiceluloses do subproduto de caju e capim elefante incubados in situ em ovinos As degradabilidades das hemiceluloses nos vários tempos de incubação estão na Tabela 10. Tabela 10. Desaparecimento das hemiceluloses (%) do subproduto de caju e do capim elefante incubados em sacos de náilon no rume de ovinos submetidos a dietas contendo subproduto de caju Tempo de Subproduto Capim incubação de Caju2 elefante2 (h)1 6 14,06Eb 20,99Ea Db 12 20,54 26,18Da Cb 24 26,51 36,33Ca Bb 48 35,25 49,89Ba Ab 96 51,72 64,68Aa 1 Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK) 2 Letras minúsculas iguais na mesma linha indicam semelhança estatística a 5% (SNK) CV=12,36% O desaparecimento das hemiceluloses do subproduto de caju aumentou a significativamente (P<0,05) da 6 hora em diante, comportamento também observado presentes resultados de uma comparativa mais aprofundada. para o capim elefante. Os dados de desaparecimento do capim elefante, entretanto, foram sempre superiores àqueles encontrados pelo subproduto de caju. Alta correlação também foi encontrada entre as degradabilidades das hemiceluloses e da FDN para o subproduto de caju (r=0,9522; P<0,0001) e para o capim elefante (r=0,99; P<0,0001). Os resultados de desaparecimento das hemiceluloses também convergiram para o modelo proposto por Sampaio (1988) (Figura 5), e as seguintes equações de regressão foram obtidas: Deg. HCEL Subproduto de Caju = 74,9817 - 63,2371 * EXP (-0,0103 * t) r2=0,913 São escassos, ou inexistentes, os trabalhos que indiquem o desaparecimento das frações fibrosas do subproduto de caju; portanto não foi possível analisar os Desaparecimento das HCEL (%) forma Deg. HCEL Capim Elefante = 75,0727 60,5416 * EXP (-0,01834 * t) r2=0,944 70 60 50 40 S. Caju 30 C. elefante 20 10 0 0 12 24 36 48 60 72 84 96 Tempo de incubação (h) Figura 5. Desaparecimento das hemiceluloses dos alimentos em função do tempo de incubação A degradabilidade potencial pode ser empregada para avaliação de volumosos, mas com certa cautela, pois não pode ser parâmetro único, nesses casos deve-se considerar conjuntamente com a taxa fracional de degradação e depois com a degradabilidade efetiva. As equações evidenciam a semelhança de degradabilidade potencial entre o subproduto de caju e o capim elefante, embora a taxa de degradação “c” tenha se apresentado inferior. Isso provavelmente foi resultado do maior tempo de colonização e da maior fração B1 existente no subproduto de caju (Tabela 11). O menor valor de “c” provavelmente contribuiu para os menores valores de desaparecimento das hemiceluloses do subproduto de caju evidenciados na Tabela 10. Na Tabela 11, são apresentados os potenciais de degradação, as taxas de degradação, as frações solúveis, as frações degradáveis, os tempos de colonização e as degradabilidades efetivas, nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, das hemiceluloses dos alimentos. As degradabilidades efetivas das hemiceluloses foram decrescentes com o aumento da taxa de passagem para ambos os alimentos e acompanharam o mesmo comportamento das degradabilidades efetivas previstas para a FDN e para a FDA. 223 Para o subproduto de caju foram inferiores àquelas obtidas para o capim elefante particularmente em virtude dos menores valores de “c” e de S. Tabela 11. Potenciais de degradação (A), taxas de degradação (c), frações solúveis (S), frações degradáveis (B1), tempos de colonização (TC) e degradabilidades efetivas (DE), nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, das hemiceluloses dos alimentos utilizados nesse ensaio Parâmetro Subproduto Capim de Caju elefante A (%) 74,98 75,07 c (%/h) 1,03 1,834 S (%) 11,89 14,64 B1 (%) 63,09 60,43 TC (h) 0:13 0:06 DE 2,0%/h 33,34 43,55 (%) DE 5,0%/h 22,67 30,86 (%) 3.7. Desaparecimento ruminal da celulose do subproduto de caju e capim elefante incubados in situ em ovinos As degradabilidades da celulose nos vários tempos de incubação estão na Tabela 12. Tabela 12. Desaparecimento da celulose (%) do subproduto de caju e do capim elefante incubados em sacos de náilon no rume de ovinos submetidos a dietas contendo subproduto de caju Tempo de Subproduto Capim incubação de Caju2 elefante2 (h)1 6 17,46Db 25,49Da CDb 12 21,95 32,56CDa Cb 24 26,33 39,95Ca Bb 48 33,90 56,42Ba Ab 96 43,86 70,15Aa 1 Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK) 2 Letras minúsculas iguais na mesma linha indicam semelhança estatística a 5% (SNK) CV=11,8% 224 Ambos os alimentos apresentaram respostas semelhantes entre si e também ao que já havia sido observado para as frações FDN, FDA e hemiceluloses. O desaparecimento da celulose aumentou efetivamente da 6a para a 24a hora de incubação. Para o subproduto de caju praticamente na 6a o valor de desaparecimento representou o valor da fração solúvel (16,84%) compreendendo a perda dessa fração durante a lavagem no tempo zero. Os valores de desaparecimento de celulose do subproduto de caju foram sempre inferiores aos encontrados para o capim elefante. Os valores de desaparecimento da celulose dos subprodutos de abacaxi e de acerola foram superiores a estes encontrados para o subproduto de caju. Para o subproduto de acerola (Capítulo VIII), os valores de desaparecimento variaram de 32,5 % (t = seis horas) para 52,37% (t = 96 horas) e para o subproduto de abacaxi (Capítulo V), os valores variaram de 26,85% (t = seis horas) para 62,03% (t = 96 horas) refletindo-se no maior potencial de degradação dentre os subprodutos até aqui estudados (A=73%). A mais alta correlação de Pearson observada para a degradabilidade da celulose do subproduto de caju foi com a degradabilidade da matéria seca (r=0,9914; P<0,0001) e depois com a degradabilidade da FDN (r=0,9855; P<0,0001). Isto pode estar indicando a forte influência da degradabilidade da celulose sobre a degradabilidade da FDN da qual faz parte. Também foi encontrada alta correlação com a degradabilidade da FDA (r=0,9835; P<0,0001). As equações geradas pelo modelo de Sampaio (1988) (Figura 6) foram: Deg. CEL Subproduto de Caju = 52,90572 - 38,018* EXP (-0,01483 * t) r2=0,727 Deg. CEL Capim Elefante = 80,49963 61,30252 * EXP (-0,01874 * t) r2=0,972 Desaparecimento da CEL (%) 80 70 60 50 S. Caju 40 C. elefante 30 20 10 0 0 12 24 36 48 72 60 84 96 Tempo de incubação (h) Figura 6. Desaparecimento da celulose dos alimentos em função do tempo de incubação Inicialmente é bom chamar atenção para o baixo coeficiente de determinação obtido, mesmo convergindo para o modelo, este valor é menor do que aqueles obtidos até aqui e deve ser avaliado com cautela. As equações e a Tabela 13 revelam um maior valor potencialmente degradável para o capim elefante. O capim elefante também apresentou maiores valores de “c”, de S e de B1. Como resultado de todos esses parâmetros favorecendo ao capim elefante, o tempo de colonização para ele foi menor e as degradabilidades efetivas foram maiores, fato que pode estar refletindo ou mesmo determinando as superioridades obtidas pelo capim elefante até aqui. Verifica-se na Tabela 13 os altos valores de A e de “c” para o capim elefante e a mais alta fração B1 para este alimento. A celulose com isso aparece como o nutriente que contribuiu bastante para que as degradabilidades efetivas da FDN do capim fossem maiores do que aquelas do subproduto de caju. Por outro lado, a formação de complexos lignocelulósicos provavelmente foi o principal influenciador para a baixa disponibilidade da celulose do subproduto de caju (Forbes, 1995). Tabela 13. Potenciais de degradação (A), taxas de degradação (c), frações solúveis (S), frações degradáveis (B1), tempos de colonização (TC) e degradabilidades efetivas (DE), nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da celulose dos alimentos utilizados neste experimento Parâmetro Subproduto Capim de Caju elefante A (%) 52,91 80,50 c (%/h) 1,483 1,874 S (%) 16,84 20,94 B1 (%) 36,06 59,56 TC (h) 3:34 1:32 DE 2,0%/h 32,20 49,75 (%) DE 5,0%/h 25,09 37,17 (%) Dietas baseadas em subproduto de caju levam à redução do consumo de matéria seca (Capítulo IX) e à menor produção de ácidos graxos voláteis (Capítulo X) particularmente em inclusões de 38 e 52% do total dietético. A principal causa para essa redução de consumo é a baixa degradabilidade ruminal das frações fibrosas. De acordo com Church e Pond (1987) o consumo de alimentos nos animais é controlado pelo efeito calórico das dietas e pela presença na dieta de alimentos de baixa digestibilidade. A redução do consumo de alimentos para sistemas de produção de ruminantes exerce efeito marcante particularmente em função do não atendimento dos requerimentos nutricionais prescritos pelos sistemas. O atendimento aos níveis recomendados de proteínas e de energia nas dietas depende do consumo adequado de matéria seca. Esse fato pode limitar a inclusão do subproduto de caju em dietas para ruminantes de alta produção. 4. CONCLUSÕES Foram evidenciados baixos valores de degradabilidade potencial e de degradabilidades efetivas da proteína bruta e da parede celular, principalmente em virtude do alto teor de ligninas para o subproduto de caju. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGRICULTURAL AND FOOD RESEARCH COUNCIL. Nutrive requirements of ruminant animal: protein. Nutrition Abstracts and Reviews. n.9, p.6571, 1992. RESEARCH AGRICULTURAL COUNCIL - ARC. The nutrient requirements of ruminant livestock. sppl. 1. Commonwealth Agricultural Slough: Bureaux. 1984. 45p. ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTS - AOAC. Official methods of analysis. 16.ed. Washington: AOAC, 1995. 2000p. BALCH, C.C., JOHNSON, V.W. Factors affecting the utilization of food by cows. II. Factors influencing the rate of breakdown of cellulose (cotton thread) in the rumen of the cows. Brittish Journal of Nutrition, v.4, p.361-368, 1950. BORGES, I. Influência da dieta na degradabilidade in situ do caroço de algodão integral, e do bagaço de cana-deaçúcar auto-hidrolisado, na dinâmica da 226 fermentação ruminal e na cinética sangüínea de ovinos. Belo Horizonte: UFMG - Escola de Veterinária, 1997. 130p. (Tese, Doutorado em Ciência Animal). CAMPOS, W.E., SATURNINO, H.M., SOUSA, B.M. et al. Degradabilidade “in situ” da silagem de 4 genótipos de sorgo com e sem tanino. II – Fibra detergente neutro, fibra detergente ácido, hemicelulose e celulose. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.55, n.2, p.209215, 2003. CAPPELLE, E.R. VALADARES FILHO, S.C., COELHO DA SILVA, J.F. et al. Estimativas do valor energético a partir de características químicas e bromatológicas dos alimentos. Revista Brasileira de Zootecnia, v.30, n.6, p.1837-1856, 2001. CARNEIRO, J. C. Dinâmica da fermentação ruminal e cecal em ovinos e caprinos. Belo Horizonte, EV-UFMG, 1994. 174p. CHESSON, A., FORSBERG, C.W. Polysaccharide degradation by rúmen microorganisms. In: HOBSON, P.N. The rumen microbial ecosystem. Elsevier Science: New York, 1988. p.251-284. CHURCH, D.C., POND, W.G. Fundamentos de nutrición y alimentación de animales. Mexico: Limusa, 1987. 438p. FIGUEIRA, D. G. Efeito do nível de uréia sobre as digestibilidades aparente e in situ, e a dinâmica fase sólida em bovinos alimentados com cana-de-açúcar e farelo de algodão. Belo Horizonte, EV-UFMG, 1991. 123p. (Dissertação de mestrado). FORBES, J.M. Physical limitation of feed intake in ruminants and its interactions with other factors affecting intake. In: ENGELHARDT, W.V., LEONHARDMAREK, S., BREVES, G. et al. Ruminant physiology: digestion, metabolism, growth and reproduction. Ferdinand Enke Verlag Stuttgart, Enke, 1995. GONÇALVES, J.S., FEITOSA, J.V., NEIVA, J.N.M. et al. Degradabilidade ruminal dos subprodutos agroindustriais do caju (Anacardium occidentale L.), graviola (Anona muricata L.), manga (Mangifera indica L.) e urucum (Bixa orellana L.) em ovinos. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 41, 2004, Campo Grande. Anais... Campo Grande-MS: SBZ, 2004. CD ROM. HAGERMAN, A.E., BUTLER, L.G. Choosing appropriate methods and standards for assaying tannin. J. Chem. Ecol., v.15, p.1795-1810, 1989. HOBSON, P.N., STEWART, C.S. The rumen microbial ecosystem. 1ed. London: Blackie Academic and Professional. 1997. 340p. HUNGATE, R. E. The rumen and its microbes. London, Academic Press, 1966, 533p. JANSMAN, A.J.M. Tannins in feedstuffs for simple-stomached animals. Nutr. Res. Rev., v.6, p.209-236, 1993. JUNG, H.G., MERTENS, D.R., PAYNE, A.J. Correlation of acid detergent lignin and klason lignin with digestibility of forage dry matter and neutral detergent fiber. Journal of Dairy Science. v.80, n.8, p.16221628, 1997. LOPES, J.B., DANTAS FILHO, L.A., VASCONCELOS, V.R. et al. Desempenho de ovinos mestiços da raça Santa Inês recebendo dietas com diferentes níveis de inclusão de polpa de caju desidratada (Anacardium occidentale L.). In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 41, 2004, Campo Grande. Anais... Campo GrandeMS: Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2004. CD-Rom. LOUSADA JÚNIOR, J.E. Digestibilidade aparente de subprodutos do processamento de frutas em ovinos. Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 2003. 94p. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) – Universidade Federal do Ceará, 2003. MAKKAR, H.P.S., BLUMMEL, M., BECKER, K. “In vitro” rumen apparent and true digestibilities of tannin rich forages. Animal Feed Science and Technology, v.67, p.245-251, 1997. MAKKAR, H.P.S., BOROWY, N.K., BECKER, K. Some problems in fiber determination of a tannin rich forage “Acacia saligna leaves” and their implications in vivo studies. Animal Feed Science and Technology, v.55, p.67-76, 1995. MANGAN, J.L. Nutritional effects of tannins in animal feeds. Nutr. Res. Rev., v.1, p.209-231, 1988. MANOEL, A.O., BANYS, V.L., PEREIRA, R.C. et al. Degradabilidade da matéria seca dos subprodutos de polpa de frutas e soja extrudada. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 40, 2003, Santa Maria. Anais... Santa Maria-RS: Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2003. CD-Rom. McDONALD, J. A revised model for the estimation of protein degradabitility in the rumen. Journal of Agricultural Science (Cambridge). v.96, n.1, p.251-252, 1981. McLEOD, M.N. Plant tannins – their role in forage quality. Nutrition Abstracts and Reviews, v.44, p.803-815, 1974. MOREIRA, J.F.C., RODRÍGUEZ, N.M., FERNANDES, P.C.C. et al. Concentrados protéicos para bovinos. 1. Digestibilidade in situ da matéria seca e da proteína bruta. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.55, n.3, p.315-323, 2003. NATIONAL RESEARCH COUNCIL. Nutrient requirements of dairy cattle. 7.ed. Washington: National Academy Press, 2001. 362p. NATIONAL RESEARCH COUNCIL. Nutrient requirements of sheep. 227 Washington: National Academy Press, 1985. 99p. NOCEK, J.E. In situ and other methods to estimate rumial protein and energy digestibility: a review. Journal of Dairy Science. v.71, n.8, p.2051-2069, 1988. NOLAN, J.V., NORTEN, B.W., LENG, R.A. Further studies on the dynamics of nitrogen metabolism in sheep. Brittish Journal of Nutrition, v.35, p.127-147, 1976. ØRSKOV, E.R., McDONALD, J. The estimation of protein degradability in the rumen from incubation measurements of feed in weighted according to rate of passage. Journal of Agricultural Science (Cambridge). v.92, n.2, p.499-503, 1979. RABELO, E. Degradabilidade in situ de silagens de híbridos de sorgo [Sorghum bicolor (L) Moench] de porte médio com diferentes níveis de taninos e suculência no colmo. Belo Horizonte, EV-UFMG, 1997. 98p. Dissertação (Mestrado em Zootecnia). RIBEIRO JÚNIOR, J.I. Análises estatísticas no SAEG. Viçosa:UFV, 2001. 301p. RODRÍGUEZ, N.M. Importância da degradabilidade da proteína no rúmen para a formulação de rações para ruminantes. Cadernos Técnicos da Escola de Veterinária da UFMG, v.1, p.27-45, 1986. RUSSEL, J.B., ONODERA, R., HINO, T. Ruminal protein fermentation: new perspectives on previous contradictions. In: TSUDA, T., SASAKI, Y., KAWASHIMA, R. Physiological aspects of digestion and metabolism in ruminants. New York. Academic Press. 1991. p.682-697. SAMPAIO, I.B.M. Experimental designs and modelling techniques in the study of roughage degradation in rumen and growth of ruminants. Reading: Univesity of Reading, 1988. 214p. (Tese, Doutorado em Fisiologia) 228 SAMPAIO, I.B.M. Contribuições estatísticas e de técnica experimental para ensaios de degradabilidade de forragens quando avaliadas in situ. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE PRODUÇÃO DE RUMINANTES, REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 31, 1994, Maringá. Anais... Maringá: SBZ, 1994. p.81-88. TEIXEIRA, J.C. Digestibilidade em ruminantes. Lavras: UFLA-FAEPE, 1997. p. 111-113. TOMICH, T.R. Potencial forrageiro de híbridos de sorgo com capim Sudão avaliados em regime de corte. Belo Horizonte: UFMG - Escola de Veterinária, 2003. 87p. (Tese, Doutorado em Ciência Animal) VALADARES FILHO, S.C. Digestão pósruminal de proteína e exigências de aminoácidos para ruminantes. In: TEIXEIRA, J.C. Digestibilidade em ruminantes. Lavras: UFLA-FAEPE, 1997. p. 111-113. VALADARES FILHO, S.C., ROCHA Jr., V.R., CAPPELLE, E.R. Tabelas brasileiras de composição de alimentos para bovinos. Viçosa: UFV; DZO; DPI, 2002. 297p. VAN SOEST, P.J. Nutritional ecology of the ruminant. 2ed. Ithaca: Cornell University Press. 1994. 476p. VAN SOEST, P.J., ROBERTSON, J.B., LEWIS, B.A. Methods for dietary fiber, neutral detergent, and nonstarch polysaccharides in relation to animal nutrition. Journal of Dairy Science. v.74, n.10, p.3583-3597, 1991. VASCONCELOS, V.R., NEIVA, J.N.M, PIMENTEL, J.C.M. et al. Utilização de subprodutos do processamento de frutas na alimentação de caprinos e ovinos. IN: SEMINÁRIO NORDESTINO DE PECUÁRIA – PECNORDESTE, 6, Fortaleza-CE, Anais... Fortaleza: FAEC, 2002. p.83-99. Capítulo XII - EXPERIMENTO 10 Valor nutritivo do subproduto da indústria processadora de maracujá (Passiflora edulis) em dietas para ovinos. 1. Consumo, digestibilidade aparente e balanços energético e nitrogenado RESUMO O presente estudo foi conduzido objetivando avaliar a influência da inclusão do subproduto do processamento de maracujá (Passiflora edulis) sobre os consumos (por unidade de tamanho metabólico – UTM) e coeficientes de digestibilidade da matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), fibra detergente neutro (FDN), fibra detergente ácido (FDA), hemiceluloses (HCEL), celulose (CEL) e energia de dietas experimentais isofibrosas e isoprotéicas contendo o subproduto de maracujá. Avaliou-se ainda os balanços nitrogenados e de energia das referidas dietas. Vinte ovinos machos, inteiros foram distribuídos em quatro níveis de inclusão do subproduto (zero; 18%; 31%; 47%), em delineamento inteiramente ao acaso, com cinco ovinos para cada um dos quatro tratamentos. Maiores consumos de MS, MO, FDN e HCEL foram evidenciados para a dieta que incluiu 18% de subproduto em relação às dietas com percentuais de inclusão de 31 e 47%. Quando o subproduto de maracujá foi incluído em 47% do total dietético houve aumento da digestibilidade da celulose em relação ao tratamento 18%. Os consumos de proteína bruta e energia metabolizável não foram adequados para a categoria animal utilizada nas dietas com 31 e 47% de subproduto, resultando em menor balanço de energia na dieta com 47% de subproduto em relação à dieta com 18% de subproduto. O subproduto de maracujá apresenta potencialidade como alimento para ruminantes, entretanto houve prejuízo na disponibilização de energia e proteína dietéticas quando a inclusão do subproduto foi superior a 18% do total dietético. Palavras-chave: dieta, fibra, frutas, nutrição, ovinos, ruminantes 1. INTRODUÇÃO A industrialização de frutas para produção de sucos ou polpa produz subprodutos com elevado potencial de utilização na alimentação de ruminantes. O maracujá, por exemplo, apresenta amplo potencial de aproveitamento de seus subprodutos principalmente a casca que representa alta proporção em relação ao total do fruto. É na casca que se encontra a pectina, um nutriente de alta digestibilidade e disponibilidade ruminal. A literatura cita comparações entre a casca de maracujá e o farelo de abacaxi destacando também o fato da digestibilidade da proteína das cascas de maracujá ser três vezes maior do que a digestibilidade do farelo de abacaxi. As sementes perfazem, em média, 11,8% do fruto. Atenção especial deve ser tomada com relação a essa inclusão, na medida em que os altos níveis de extrato etéreo (sete a nove por cento da MS da dieta) presentes podem inibir a digestibilidade das frações fibrosas. Isso porém não deprecia a qualidade do subproduto. É uma vantagem a semente de maracujá apresentar alto teor de lípides (32%), pois contribui com o maior aporte energético às dietas, de extrema importância principalmente para o fechamento e barateamento de custos de dietas para animais em produção. Otagaki e Matsumoto (1958) citados por Pruthi (1963) recomendaram a incorporação do subproduto de maracujá (cascas + sementes) em 22% de dietas 229 fornecidas com mistura total de vacas leiteiras. Com o presente ensaio avaliou-se os coeficientes de digestibilidade e os consumos por unidade de tamanho metabólico (UTM) da matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), energia, fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), hemiceluloses (HCEL) e celulose (CEL) de dietas experimentais fornecidas a ovinos em crescimento contendo o subproduto da indústria processadora de maracujá. Complementarmente avaliou-se também os balanços energético e nitrogenado destas dietas. Objetivando-se determinar se é possível e em que percentual deva ser feita sua inclusão nas dietas para ruminantes. 2. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado na Embrapa Caprinos, em Sobral, Ceará, zona fisiográfica do Sertão Cearense, a 3o42’ de latitude Sul, 40o21’ de longitude Oeste, altitude de 83 m, no período de 21 de outubro a seis de novembro de 2002. A região possui clima tipo BShw’, megatérmico, seco, em que a precipitação chuvosa (janeiro a junho) apresenta precipitação média de 888,9 mm, correspondendo a 92,6 % do total médio anual. A média anual das temperaturas máxima, média e mínima está em torno de 33,3, 26,6 e 22,0oC, respectivamente, e a média anual da umidade relativa do ar é de 67,9%. O subproduto agroindustrial de maracujá (Passiflora edulis) utilizado foi obtido da Cajubrás S.A. (Sucos Jandaia) localizada em Pacajús - CE. Era composto basicamente pela casca e sementes após a extração do suco e, após secagem ao sol, picado grosseiramente. O capim elefante (Pennisetum purpureum) fornecido era 230 proveniente de capineira existente na EMBRAPA Caprinos obtido por corte manual diário a cerca de 15 cm do solo, 57 dias após o plantio. A torta de algodão e o milho foram obtidos no comércio de Sobral – Ceará em quantidade suficiente para a realização de todo o experimento. A dieta conforme foi formulada e sua composição química e energética constam da Tabela 1. Pretendeu-se a inclusão do subproduto de maracujá nos níveis zero, 15, 31 e 46 % a uma dieta básica composta de capim elefante in natura picado grosseiramente, milho e torta de algodão. O nível máximo foi determinado pelo ajuste das dietas em função da substituição total do capim elefante pelo subproduto de maracujá e, ao mesmo tempo, para atenderem aos requisitos de proteína bruta (14,7%) e de NDT (72%) prescritos pelo National Research Council (1985) para cordeiros em terminação (quatro a sete meses de idade) com peso vivo de 30kg e ganho de peso de 295g/dia. Houve dificuldade para, com os alimentos utilizados, se atingir o requerimento de energia. Desta maneira, procurou-se estabelecer um nível de fibra dietético máximo, idêntico para os quatro tratamentos, de modo que os níveis de energia se aproximassem daquele prescrito pelo National Research Council (1985). Foram utilizados 20 cordeiros machos e inteiros com seis meses de idade e peso vivo médio de 28,5 kg, que foram distribuídos de forma que os tratamentos tivessem a maior homogeneidade possível. Os ovinos foram previamente desverminados e alojados em gaiolas de metabolismo com bebedouros, comedouros e saleiros plásticos e dispositivos apropriados para colheita de urina e fezes. Estes dispositivos foram constituídos por baldes de 10 litros colocados sob um tripé de madeira que servia como apoio a uma tela com malha de 5 mm de maneira a permitir um declive para a queda das fezes sem risco de contaminação da urina que ficava no balde. As fezes foram colhidas em recipientes plásticos colocados logo à frente do tripé com a tela, estando os dois tipos de recipientes de colheita sob o funil da gaiola metabólica. Tabela 1. Composição centesimal e bromatológica das dietas contendo subproduto de maracujá e ofertadas a ovinos em base de matéria seca %MS %PB %NDT1 %FDN Torta de Tratamentos Capim Milho Algodão Propostos Elefante 0% 31,28 49,47 19,25 70,33 14,72 69,56 38,80 15,31% 20,85 47,43 16,41 76,89 14,72 68,59 38,80 30,61% 11,62 40,50 17,27 82,26 14,72 66,53 38,80 45,92% 0 43,35 10,73 90,03 14,72 66,67 38,80 1 Estimado segundo Cappelle et al. (2001) O período de adaptação dos animais às dietas e às gaiolas foi de 10 dias, sendo o período de colheita (experimental) de 7 dias. Os 20 carneiros foram pesados no início do período de adaptação. O peso foi utilizado para o cálculo do consumo em gramas por unidade de tamanho metabólico (kg0,75). As dietas foram divididas em duas refeições iguais e oferecidas bem misturadas aos ovinos, às 7 h e 30 min e a outra às 18 h e 30 min, buscando-se sempre deixar uma sobra que, em média ficasse entre 15 e 20% da matéria seca oferecida por dia. Água e sal mineralizado estiveram disponíveis à vontade. Amostras do alimento oferecido e das sobras foram retiradas e pesadas diariamente às sete horas. Posteriormente, foi preparada uma amostra composta por animal para as sobras e outra composta dos alimentos fornecidos nos sete dias de colheita. Na amostra composta das sobras, foi feita a separação manual dos alimentos para o posterior cálculo do consumo de cada alimento individualmente, a partir da quantidade fornecida de cada um deles. Após isso, as amostras de sobras foram misturadas para serem, novamente juntamente com as amostras dos alimentos oferecidos, moídas em moinhos de facas com peneira de malha de 1 mm e estocadas para futuras análises laboratoriais. A colheita total de fezes também foi diária. A produção total teve o peso registrado e foi feita a reserva de uma alíquota de 20% deste peso. Ao final do experimento também foi preparada uma amostra composta por animal que foi embalada em sacos plásticos individuais e armazenada a -10oC. No final do experimento foram descongeladas à temperatura ambiente por cerca de 14 horas, passadas em peneira de malha grossa, homogeneizadas e pesadas. Após isto, foram acondicionadas em bandejas de alumínio e levadas à estufa de ventilação forçada (55 a 60o C), por 72 horas, para a determinação da matéria préseca. Foram então moídas em moinho Thomas Myller com peneira de 1 mm e acondicionadas em recipientes plásticos para futuras análises. Nos baldes coletores de urina foram adicionados 100 ml de ácido clorídrico (HCl 2N) na véspera de cada colheita, evitando-se assim perdas de nitrogênio por volatilização. O volume total de líquido foi pesado retirando-se para cada carneiro uma alíquota de 20% do volume total colhido a cada dia, acondicionada em frascos plásticos (uma amostra composta por animal) e imediatamente congelada. 231 Para as determinações de matéria seca, matéria orgânica e cinzas, extrato etéreo, proteína bruta, cálcio e fósforo do material analisado seguiu-se a metodologia proposta por AOAC (1980). Já para a quantificação da FDN, FDA, celulose, hemiceluloses e ligninas, utilizou-se a metodologia proposta por Van Soest et al. (1991). Estas análises laboratoriais foram determinadas nas dependências dos Laboratórios de Nutrição Animal do Centro de Ciências Agrárias e Biológicas da Universidade Estadual Vale do Acaraú (Sobral – Ceará) e do Zootecnia Departamento de da Universidade Federal do Ceará (Fortaleza – Ceará). Para o cálculo de NDT das dietas experimentais utilizou-se a equação NDT = PBD + 2,25 x EED + CHOTD, utilizada pelo Sistema de Cornell (Sniffen et al., 1992), sendo que PBD, EED e CHOTD correspondem respectivamente a proteína bruta, extrato etéreo e carboidratos totais digestíveis. Para a estimativa de Nutrientes Digestíveis Totais (NDT) dos alimentos isoladamente foram utilizadas duas equações propostas por Cappelle et al. (2001). Para o milho e o farelo de soja recorreu-se à seguinte equação: PBVD = PB x EXP x [-1,2 x (PBIDA/PB)] para o subproduto de maracujá e para o capim elefante NDT = 9,6134 + 0,8294 x DMS (r2=0,98; P<0,01) AGVD = EE - 1. Para o subproduto de maracujá e capim elefante a equação utilizada foi esta: NDT = 10,43 + 0,8019 x DMS (r2=0,89; P<0,01), onde para ambas: DMS = Digestibilidade in vitro da matéria seca segundo metodologia proposta por Tilley e Terry (1963), determinada no Laboratório de Nutrição Animal da EMBRAPA Caprinos (Sobral - Ceará). Para o cálculo da porcentagem dos carboidratos totais (CHOT) utilizou-se equação sugerida por Sniffen et al. (1992): CHOT (%) = 100 - (%PB + %EE + %Cinzas), onde CHOT = valor percentual dos carboidratos totais, PB = valor percentual da proteína bruta, % Cinzas = valor percentual de cinzas. 232 Para o cálculo do NDT das dietas experimentais conforme o National Research Council (2001) foram utilizadas as seguintes equações: CNFVD=0,98 x (100 - [(FDN -PBIDN) + PB + EE + Cinzas]) PBVD = [1 - (0,4 x (PBIDA/PB))] x PB para o milho e para a torta de algodão. FDNVD = 0,75 x [(FDN - PBIDN) - L] x [1 – (L/((FDN - PBIDN) x EXP x 0,667))]. NDT1X (%) = CNFVD + PBVD + (AGVD x 2,25) + FDNVD - 7, onde: NDT1X = Nutrientes Digestíveis Totais para manutenção, CNFVD = Carboidratos Não Fibrosos Verdadeiramente Digestíveis, PBVD = Proteína Bruta Verdadeiramente Digestível, AGVD = Ácidos Graxos Verdadeiramente Digestíveis, FDNVD = Fibra em Detergente Neutro Verdadeiramente Digestível, FDN = Fibra em Detergente Neutro, EE = Extrato Etéreo, L = Lignina em Detergente Ácido, PB = Proteína Bruta, PBIDN = Proteína Bruta Insolúvel em Detergente Neutro, PBIDA = Proteína Bruta Insolúvel em Detergente Ácido. A determinação dos coeficientes de digestibilidade de matéria seca, matéria orgânica, proteína bruta, fibra em detergente neutro e fibra em detergente ácido, celulose, hemiceluloses e energia bruta foi feita a partir da seguinte fórmula: [(Consumo do nutriente em gramas – quantidade em gramas do nutriente nas do nutriente em fezes)/Consumo gramas]/100 (Silva e Leão, 1979). Obteve-se a Energia Bruta (EB) em calorímetro adiabático tipo PARR 2081 nas dependências do Laboratório de Nutrição Animal da EMBRAPA Caprinos em Sobral - Ceará. No caso da urina, colocou-se cerca de 1 ml de urina em papel de filtro absorvente para permitir a sua combustão na bomba calorimétrica. Anteriormente fezse a queima de seis papéis de filtro vazios para referenciação da produção de calor do papel individualmente, servindo de branco. Utilizando-se a técnica direta de determinação de energia com bomba calorimétrica, calculou-se o valor da energia digestível e energia metabolizável. Para tanto, mediu-se a energia contida nas fezes, no alimento oferecido, nas sobras do alimento e na urina. A ED foi calculada conforme descrito acima, já a energia metabolizável pela fórmula de Blaxter e Clapperton (1965) na qual a Energia Digestível é igual a Energia Bruta Ingerida menos a Energia Bruta excretada nas fezes; a Energia Metabolizável é igual a Energia Digestível menos a Energia Bruta da Urina mais a Energia dos Gases. A produção de metano foi estimada pela seguinte equação: Cm = 0,67 + 0,062D, onde Cm = produção de metano em kcal/ 100 kcal de energia consumida e D = digestibilidade aparente da energia bruta do alimento. Foram também calculados o balanço de nitrogênio [N ingerido - (N fecal + N urinário)], nitrogênio ingerido (N fornecido - N das sobras) e porcentagem de nitrogênio retido em relação ao nitrogênio ingerido. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente ao acaso, com quatro tratamentos (quatro níveis de inclusão do subproduto) e cinco repetições (animais) por tratamento. As análises estatísticas foram feitas mediante o uso dos softwares SAEG (Sistema de Análises Estatísticas e Genéticas) (Ribeiro Júnior, 2001) e SAS (Statistical Analyses System) (Littell et al., 1991), por meio do seguinte modelo estatístico: Yij = µ + Hj + eij onde, Yij = valor referente à observação da repetição i do tratamento j µ = média geral Hj = efeito do tratamento j (j = 1, 2, 3, 4) eij = erro aleatório associado à observação As médias foram comparadas utilizando-se os testes t e SNK, em nível de 5% de probabilidade. Foi também observado o grau de correlação de Pearson (P<0,05) entre as variáveis estudadas para se saber se a variação de uma delas acompanha proporcional, direta ou inversamente, a variação da outra conforme recomendou Sampaio (2002). No caso particular da variável balanço de nitrogênio (Mcal/Kg), foi feita a transformação para arcoseno = raiz quadrada desse parâmetro/100. De acordo com Sampaio (2002), grupos experimentais que revelam variâncias diversificadas, dependendo das suas respostas médias, apresentando distribuições aparentemente normais, demandam transformação. As médias deste parâmetro existente na Tabela 10 foram, entretanto, dos valores obtidos experimentalmente e não dos valores transformados, empregou-se apenas as letras de significância estatística obtidas a partir dos dados transformados. A análise de regressão foi realizada utilizando-se também o software SAEG (Ribeiro Júnior, 2001) para permitir a estimativa dos consumos e coeficientes de 233 digestibilidade em níveis de subproduto de maracujá, compreendidos no intervalo estudado, que não foram testados no ensaio. Foram testados diferentes modelos matemáticos (lineares, polinomiais, logarítmicos e exponenciais), a partir do procedimento Modelos Pré-definidos, para escolha daquele que apresentasse maior significância e maiores coeficientes de determinação. Para a escolha do modelo matemático também foi observado se o mesmo ajustava-se à resposta biológica estudada. As equações demonstradas neste trabalho foram assim selecionadas para trazer maior confiança e melhor aplicabilidade à previsão de valores de consumo e digestibilidade. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Pelo ajuste de consumo, em função da seletividade dos animais, a real inclusão do subproduto de maracujá ficou nos seguintes níveis: zero, 18, 31 e 47% (Tabela 2). A partir desta consideração todas as discussões de resultados levarão em conta estes níveis de inclusão. A composição química dos ingredientes das dietas com base na matéria seca (MS) está demonstrada na Tabela 3. A composição química e energia bruta das dietas consta na Tabela 4. Tabela 2. Consumo médio diário de matéria seca de subproduto de maracujá, capim elefante, milho e torta de algodão (kg) e, entre parêntesis, a porcentagem (%) de cada um dos alimentos em função do consumo de matéria seca total (CMST) (kg) das dietas oferecidas a ovinos Milho Torta de Tratamentos CMST Subproduto Capim Elefante Algodão de Maracujá 0% 1,416 0,000 (0) 0,328 (23,13) 0,782 (55,22) 0,306 (21,64) 18% 1,541 0,279 (18,12) 0,154 (9,97) 0,811 (52,63) 0,297 (19,28) 31% 1,167 0,365 (31,30) 0,122 (10,44) 0,504 (43,22) 0,176 (15,04) 47% 1,117 0,526 (47,06) 0,000 (0) 0,492 (44,02) 0,099 (8,92) 234 Tabela 3. Composição química (%) e níveis de energia bruta (Mcal/kg) dos ingredientes das dietas fornecidas durante o experimento com base de matéria seca Milho Torta de Componentes Subproduto de Capim Elefante Algodão Maracujá Matéria Seca (%) 88,26 21,05 86,54 90,76 Proteína Bruta (%) 13,46 8,43 9,15 31,41 PBVD (%)* 9,85 5,75 8,95 28,94 NIDN (%)* 0,72 0,70 0,44 1,46 PBIDN (%)* 4,50 4,38 2,75 9,13 NIDA (%)* 0,56 0,43 0,08 0,99 PBIDA (%)* 3,50 2,69 0,50 6,19 DIVMS (%)* 57,94 58,79 86,29 49,78 Extrato Etéreo (%) 7,97 1,69 4,69 8,22 AGVD (%)* 6,97 0,69 3,69 7,22 Fibra em Detergente Neutro (%) 57,14 76,45 15,28 54,59 FDNVD (%)* 0,99 43,77 6,05 1,57 Fibra em Detergente Ácido (%) 44,16 39,02 3,78 36,22 Hemiceluloses (%) 12,98 37,43 11,50 18,37 Celulose (%) 40,35 44,50 5,76 42,61 Ligninas (%) 25,69 4,87 1,66 21,31 Cinzas (%) 6,54 10,79 1,86 4,96 Ca (%) 0,63 0,93 0,13 0,39 P (%) 0,03 0,02 0,05 0,09 Carboidratos Totais (%) 72,03 79,09 84,30 65,41 CNFVD (%) 19,00 6,87 70,33 9,75 Energia Bruta (Mcal/kg) 4,95 4,04 4,46 4,82 NDT (%)* 56,89 57,57 81,18 50,90 *PBVD=Proteína Bruta Verdadeiramente Digestível; NIDN=Nitrogênio Insolúvel em Detergente Neutro; PBIDN=Proteína Bruta Insolúvel em Detergente Neutro; NIDA=Nitrogênio Insolúvel em Detergente Ácido; PBIDA=Proteína Bruta Insolúvel em Detergente Ácido; DIVMS=Digestibilidade in vitro da matéria seca; AGVD=Ácidos Graxos Verdadeiramente Digestíveis; FDNVD=Fibra em Detergente Neutro Verdadeiramente Digestível; CNFVD=Carboidratos Não Fibrosos Verdadeiramente Digestíveis; NDT=Nutrientes Digestíveis Totais 235 Tabela 4. Composição química (%) e energia bruta média (Mcal/kg) das dietas contendo quantidades crescentes de subproduto de maracujá com base de matéria seca Dietas Componentes 0 18 31 47 Matéria Seca (%) 72,30 81,14 80,88 87,73 Proteína Bruta (%) 13,80 14,15 13,77 13,16 PBVD (%)* 12,53 12,65 11,90 11,16 NIDN (%)* 0,72 0,71 0,71 0,66 PBIDN (%)* 4,51 4,46 4,43 4,14 NIDA (%)* 0,36 0,38 0,40 0,39 PBIDA (%)* 2,24 2,36 2,52 2,42 Extrato Etéreo (%) 4,76 5,67 5,93 6,55 AGVD (%)* 3,76 4,67 4,93 5,55 Fibra em Detergente Neutro (%) 37,93 36,54 40,68 38,49 FDNVD (%)* 13,80 8,03 7,73 3,27 Fibra em Detergente Ácido (%) 18,95 20,86 24,98 25,68 Hemiceluloses (%) 18,98 15,68 15,70 12,81 Celulose (%) 22,69 22,99 26,17 25,33 Ligninas (%) 6,66 10,12 12,47 14,72 Cinzas (%) 4,60 4,20 4,72 4,34 Ca (%) 0,37 0,35 0,41 0,39 P (%) 0,05 0,05 0,05 0,04 Carboidratos Totais (%) 79,00 77,92 77,07 76,84 CNFVD (%)* 42,54 43,02 38,53 40,77 Energia Bruta (Mcal/kg) 4,44 4,58 4,62 4,72 1 NDT (%) * 73,74 70,20 72,01 72,88 NDT (%)2* 70,33 67,20 62,27 60,68 1 Determinado conforme Sniffen et al. (1992). 2 Determinado conforme o NRC (1985). *PBVD=Proteína Bruta Verdadeiramente Digestível; NIDN=Nitrogênio Insolúvel em Detergente Neutro; PBIDN=Proteína Bruta Insolúvel em Detergente Neutro; NIDA=Nitrogênio Insolúvel em Detergente Ácido; PBIDA=Proteína Bruta Insolúvel em Detergente Ácido; AGVD=Ácidos Graxos Verdadeiramente Digestíveis; FDNVD=Fibra em Detergente Neutro Verdadeiramente Digestível; CNFVD=Carboidratos Não Fibrosos Verdadeiramente Digestíveis; NDT=Nutrientes Digestíveis Totais 236 Os dados de composição bromatológica das dietas experimentais (Tabela 4) mostram que é possível com a inclusão de subproduto da indústria de suco de maracujá chegar-se aos 72% de NDT preconizados pelo National Research Council (1985) para ovinos em crescimento a partir dos cálculos feitos com a equação de Sniffen et al. (1992). Um dos grandes entraves para o fechamento e barateamento do custo de dietas para animais em crescimento é a disponibilidade de subprodutos com preços mais acessíveis ao produtor e que contribuam efetivamente com a fração energética das dietas. O valor de extrato etéreo aqui encontrado foi de 7,97% (Tabela 3), mas Starling et al. (1997) citou que a semente de maracujá pode apresentar 31,95% de extrato etéreo em matéria seca. Isso demonstra a grande viabilidade do subproduto de maracujá como constituinte energético de dietas para ruminantes. Cuidado especial, entretanto deve ser tomado em relação a essa inclusão para que não ocorram efeitos depletivos da gordura dietética sobre a digestibilidade das frações fibrosas (Devendra e Lewis, 1974). Outro cuidado é com os altos níveis de ligninas existentes (35,69%) que podem indisponibilizar sobremaneira os carboidratos e proteínas. A alta FDN (57,14%) reitera a possibilidade de uso do subproduto de maracujá como fonte de fibra não forrageira às dietas de ruminantes, ponto positivo para as épocas em que a disponilidade de forragem é baixa como descrito por Vasconcelos et al. (2002). A Tabela 5 contém a comparação de médias de consumo em g/kg0,75 da matéria seca, matéria orgânica, proteína bruta e extrato etéreo. O consumo médio diário de matéria seca foi de 106,52 g/UTM. As dietas com menores níveis de inclusão, zero e 18%, mostraram-se equivalentes e superiores às demais (em média 120,57 vs 92,46 g/UTM), que por sua vez equivaleram-se entre si. Para o National Research Council (1985), a exigência nutricional para ovinos em terminação com 30 kg de peso vivo é de 101,42 g de MS/kg0,75/dia. Exatamente os tratamentos zero e 18% apresentaram consumos superiores ao recomendado, enquanto a inclusão de 31% de subproduto de maracujá teve ingestões marginais à essa preconizada. O consumo médio diário de matéria seca foi inferior ao encontrado no Capítulo III para o subproduto de abacaxi (108,72 g/UTM), mas foi superior aos encontrados para o subproduto de acerola (104,02 g/UTM) (Capítulo VI) e para o subproduto de caju (90,08 g/UTM) (Capítulo IX). Lousada Júnior (2003) forneceram subproduto de maracujá única e exclusivamente para cordeiros em crescimento e encontraram um consumo médio inferior (84,03 g de MS/UTM), portanto de acordo com os obtidos nesse ensaio, onde elevando-se a participação do subproduto nas dietas, diminuiu-se o consumo a valores que se aproximaram aos reportados pelos autores. Starling et al. (1997), em ensaio de consumo e digestibilidade aparente com ovinos, utilizaram semente de maracujá em níveis crescentes ao feno de capim gordura (Melinis minutiflora) e encontraram o maior consumo de matéria seca (53,5 g/UTM) quando incluíram 8,8% de semente. Vale ressaltar que a autora trabalhou com um subproduto cujas características são bastante diferentes do aqui estudado, tendo níveis de extrato etéreo de 31,95%. O consumo de matéria seca como porcentagem do peso vivo apresentou o mesmo comportamento que aquele calculado em gramas por unidade de tamanho metabólico. Já os consumos de matéria seca e de matéria orgânica digestível (g/UTM) foram menores nos tratamentos 31 e 47% de inclusão do subproduto. O consumo de matéria orgânica (UTM), conforme podia-se esperar, também teve resposta similar ao encontrado para o consumo de matéria seca (r=0,9994; P<0,0001) destacando-se as 237 dietas que incluíram 0% e 18% de subproduto de maracujá em relação às demais. Tabela 5 - Médias de consumo diário (g/kg0,75) das frações matéria seca, matéria seca digestível, matéria orgânica, matéria orgânica digestível, proteína bruta, proteína bruta digestível, extrato etéreo e extrato etéreo digestível das dietas contendo quantidades crescentes de subproduto de maracujá fornecidas a ovinos Frações Dietas Coeficientes de analisadas 0% 18% 31% 47% Variação (%) Matéria Seca (g/kg0,75) 116,01ab 125,13a 94,49b 90,43b 20,61 Matéria Seca (% PV) 5,04ab 5,43a 4,09b 3,92b 20,69 Matéria Seca Digestível (g/kg0,75) 80,73a 81,26a 63,22b 60,73b 21,58 a a a a Matéria Seca (g/dia) 1416,2 1540,9 1167,4 1117,4 22,70 Matéria Orgânica (g/kg0,75) 111,57ab 120,21a 91,33b 87,89b 20,35 Matéria Orgânica Digestível (g/kg0,75) 82,43a 82,96a 64,65b 62,34b 21,22 Proteína Bruta (g/kg0,75) 14,12ab 15,44a 12,14ab 11,31b 20,41 Proteína Bruta Digestível (g/kg0,75) 8,01ab 8,49a 7,35ab 6,83b 20,83 Proteína Bruta (g/dia) 172,27a 190,07a 149,96a 139,82a 22,26 0,75 a a a a Extrato Etéreo (g/kg ) 5,65 6,75 5,62 5,79 20,18 Extrato Etéreo Digestível (g/kg0,75) 4,39a 5,79a 4,87a 5,31a 22,71 a Médias com letras iguais na mesma linha não diferem significativamente pelo teste t (P>0,05) O consumo de proteína bruta e o consumo de proteína bruta digestível apresentaram superioridade de valor para o tratamento que incluiu o subproduto em 18% em relação àquele com 47%. Os tratamentos zero e 31% tiveram valores intermediários e foram semelhantes entre si e aos demais. Altas correlações foram encontradas entre os consumos de matéria seca (UTM) e de proteína bruta (UTM) (r=0,9903; P<0,0001) e os de matéria orgânica (UTM) e de proteína bruta (UTM) (r=0,9894; P<0,0001). Todas as correlações de Pearson estudadas neste trabalho estão representadas na sessão de anexos deste trabalho (Anexo 4). consumo de proteína dietética, bem como os níveis de PB que cada dieta fornecia, pois houve uma tendência em diminuir a oferta desse nutriente conforme elevou-se a participação do subproduto nas mesmas. O subproduto de maracujá quando incluído em até 18% leva à melhoria do consumo desses nutrientes. De acordo com Gagliostro e Chillard (1991), a regulação do consumo também pode ser feita pela ingestão de energia pelo animal, o que poderá ser constatado neste trabalho pela alta correlação (r=0,9723; P<0,0001) existente entre o consumo de matéria seca e o consumo de energia metabolizável que será discutido mais adiante (Tabela 9). Apenas o tratamento que incluiu 18% de subproduto de maracujá atendeu o requisito mínimo para o consumo de proteína, 14,93 g/kg0,75 conforme o National Research Council (1985), muito embora, a dieta sem subproduto mostrou consumo bastante próximo ao preconizado. A análise dos dados demonstrou que a diminuição do consumo de matéria seca interferiu no A média de consumo de proteína bruta foi de 13,25 g/UTM, superior àquela encontrada por Lousada Júnior (2003), 10,38 g de proteína bruta/UTM em cordeiros que receberam subproduto de maracujá única e exclusivamente. Houve superioridade em relação àquela encontrada no Capítulo IX para o subproduto de caju (12,28 g/UTM) e inferioridade àquelas 238 encontradas no Capítulo III para o subproduto de abacaxi (17,91 g/UTM) e no Capítulo VI para o subproduto de acerola (15,36 g/UTM). Os resultados revelam que entre os subprodutos estudados as dietas que incluíram o subproduto de maracujá e o subproduto de caju foram as que apresentaram os menores consumos de proteína bruta. Van Soest (1994) ponderou que os subprodutos de frutas geralmente não contribuem com proteína. Segundo este autor, a presença de ligninas em excesso pode inclusive indisponibilizar a pouca proteína existente e limitar o consumo de matéria seca. Efeitos digestivos sobre a taxa de passagem devem ser melhor estudados e no Capítulo XIV será feito o aprofundamento em termos de degradabilidade ruminal do subproduto de maracujá. Não houve diferenças significativas quanto aos consumos de extrato etéreo e de extrato etéreo digestível entre os tratamentos experimentais. Provavelmente a diferença obtida entre os consumos de matéria seca não tenha sido suficientemente intensa a ponto de promover alterações nos consumos dessa fração entre os tratamentos aqui estudados, uma vez que de acordo com a Tabela 4 as concentrações de EE elevaram-se com a inclusão do subproduto de maracujá. A análise de regressão indicou equações com baixos coeficientes de determinação (r<0,45): CMS = 122,57 - 0,67X (R2 = 0,22; P<0,05), onde: CMS = Consumo de MS em g/UTM X = Nível de inclusão do subproduto de maracujá (%) CMSD = 83,34 - 0,49X (R2 = 0,26; P<0,05), onde: CMSD = Consumo de MS Digestível em g/UTM X = Nível de inclusão do subproduto de maracujá (%) CMO = 117,68 - 0,62X (R2 = 0,21; P<0,05), onde: CMO = Consumo de MO em g/UTM X = Nível de inclusão do subproduto de maracujá (%) CMOD = 85,03 - 0,49X (R2 = 0,26; P<0,05), onde: CMOD = Consumo de MO Digestível em g/UTM X = Nível de inclusão do subproduto de maracujá (%) CPB = 15,00 - 0,072X (R2 = 0,18; P>0,05), onde: CPB = Consumo de PB em g/UTM X = Nível de inclusão do subproduto de maracujá (%) Os coeficientes de digestibilidade da matéria seca, matéria orgânica, proteína bruta e extrato etéreo encontram-se na Tabela 6. Não houve diferenças significativas quanto aos coeficientes de digestibilidade da matéria seca, da matéria orgânica e da proteína bruta entre os tratamentos experimentais. Já para o extrato etéreo evidenciou-se o aumento da digestibilidade dessa fração para toda inclusão do subproduto de maracujá. Apesar dos altos níveis de ligninas presentes nas dietas experimentais principalmente por causa das inclusões do subproduto e da torta de algodão não houve queda na digestibilidade da proteína e nem da digestibilidade do extrato etéreo. A explicação mais plausível pode estar na forma física e na cristalinização dos componentes da parede celular (Van Soest, 1994), assim sendo estudos de microscopia eletrônica seriam importantes para elucidar as interações existentes entre as ligninas, frações fibrosas e componentes solúveis presentes neste alimento, bem como outros tipos de análises capazes de detectar tais possíveis diferenças estruturais. O valor 239 médio de digestibilidade da matéria seca para as dietas que incluíram o subproduto de maracujá foi de 66,28%, valor relativamente alto, em se tratando de um subproduto, comparável àquele encontrado para o capim Tifton 85, por exemplo (66,30%) citado por Valadares Filho et al. (2002). Contribuiu principalmente para isso os altos valores de digestibilidade do extrato etéreo, média de 87,9% para os tratamentos que incluíram o subproduto de maracujá, comparável àquele encontrado para o glúten de milho (82,58%) também citado por Valadares Filho et al. (2002). Tabela 6 - Médias (%) dos coeficientes de digestibilidade da matéria seca, matéria orgânica, proteína bruta e extrato etéreo das dietas contendo quantidades crescentes de subproduto de maracujá fornecidas a ovinos Frações Dietas Coeficientes de Analisadas 0% 18% 31% 47% Variação (%) a a a a Matéria Seca 69,54 64,96 67,00 66,88 5,05 Matéria Orgânica 73,81a 68,98a 70,89a 70,69a 4,54 Proteína Bruta 56,83a 55,28a 60,60a 60,41a 7,99 Extrato Etéreo 77,10b 85,06a 87,05a 91,59a 6,51 a Médias com letras iguais na mesma linha não diferem significativamente pelo teste SNK (P>0,05) O valor médio de digestibilidade da proteína bruta para as dietas que incluíram o subproduto de maracujá foi de 58,76%, comparável ao encontrado para a o farelo de arroz (58,08%) ou para o milho desintegrado com palha e sabugo (57,89%) (Valadares Filho et al., 2002). N-NH3 que permitem maiores comentários acerca do aproveitamento desse substrato nitrogenado para a síntese de proteína microbiana. Em dietas que incluíram exclusivamente subproduto de maracujá para ovinos, Lousada Júnior (2003), encontrou valores médios de digestibilidade da matéria seca e da proteína bruta de 59,95 e 54,35%, inferiores aos aqui obtidos. A média de digestibilidade da proteína bruta das dietas em que foi feita a inclusão do subproduto de caju foi ainda menor (37,11%) (Capítulo IX). O efeito antinutricional das ligninas ali existentes foi ainda mais marcante do que sobre o subproduto de maracujá. No Capítulo XIV desta tese serão demonstrados os dados de proteína degradável e não degradável no rúmen que representam valores mais realísticos do aproveitamento da proteína exógena e, no capítulo XIII, as concentrações séricas de DEE = 77,33 + 0,43X - 0,0028X2 (R2 = 0,52; P<0,01), onde: DEE = Digestibilidade do extrato etéreo (%) X = % de inclusão de subproduto de maracujá 240 A análise de regressão, considerando um R2 superior a 45%, indicou a equação a seguir: O efeito quadrático ascendente revelou superioridade de digestibilidade do extrato etéreo a partir do primeiro nível de inclusão do subproduto (18%). A Tabela 7 apresenta os valores de consumo médio diário das frações fibrosas alimentares (fibra em detergente neutro, fibra em detergente ácido, hemiceluloses e celulose) em gramas por unidade de tamanho metabólico. Tabela 7 - Médias de consumo (g/kg0,75, % do peso vivo e % da materia seca ingerida) das frações fibrosas e frações fibrosas digestíveis das dietas contendo quantidades crescentes de subproduto de maracujá fornecidas a ovinos Dietas Coeficientes Frações de Analisadas 0% 18% 31% 47% Variação (%) Fibra Detergente Neutro (g/kg0,75) 58,75ab 63,03a 47,41b 43,65b 21,73 Fibra Detergente Neutro (% PV) 2,55ab 2,73a 2,05b 1,89b 21,84 Fibra Detergente Neutro Digestível (g/kg0,75) 38,95a 37,63a 26,22ab 23,29b 24,86 Fibra Detergente Neutro (% MSI) 50,47a 50,33a 50,20ab 48,15b 3,18 Fibra Detergente Ácido (g/kg0,75) 22,11a 26,92a 23,63a 23,12a 22,35 Fibra Detergente Ácido (% PV) 0,96a 1,17a 1,02a 1,00a 22,85 0,75 a Fibra Detergente Ácido Digestível (g/kg ) 12,22 12,63a 10,16a 10,00a 31,40 c b a a Fibra Detergente Ácido (% MSI) 18,94 21,48 25,01 25,50 4,51 Hemiceluloses (g/kg0,75) 36,63a 36,12a 23,77b 20,53b 21,83 Hemiceluloses (% PV) 1,59a 1,57a 1,03b 0,89b 21,62 0,75 a Hemiceluloses Digestíveis (g/kg )* 26,73 25,00a 16,07b 13,29b 23,35 Hemiceluloses (% MSI) 31,53a 28,85b 25,19c 22,65d 4,33 Celulose (g/kg0,75) 28,41a 31,19a 25,99a 24,09a 21,58 Celulose (% PV) 1,24a 1,35a 1,13a 1,04a 21,95 0,75 a Celulose Digestível (g/kg )* 14,61 16,11a 15,69a 15,15a 26,96 Celulose (% MSI) 24,36b 24,97b 27,51a 26,59a 4,44 a Médias com letras iguais na mesma linha não diferem significativamente pelo teste t (P>0,05) O consumo de FDN apresentou entre os tratamentos o mesmo padrão que o consumo de matéria seca (r=0,9918; P<0,0001), ou seja, maior consumo de FDN foi verificado no tratamento 18% de inclusão de subproduto de maracujá, que apesar de semelhante ao controle, superou os demais. Já para o consumo das hemiceluloses, inclusões de zero a 18% do subproduto de maracujá apresentaram valores superiores aos dos tratamentos com 31 e 47% (P<0,05). De acordo com Van Soest (1994), a fermentabilidade da celulose e das hemiceluloses é limitada pela lignificação e as hemiceluloses, em particular estão mais associadas à lignina do que a qualquer outro polissacarídeo. Assim sendo, essa queda na fermentabilidade pode ter promovido a redução do consumo nos níveis 31 e 47% de inclusão que apresentaram níveis de lignina dietéticos na ordem de 15,54 e 19,17% do total da matéria seca (Tabela 4), percentagens superiores aos tratamentos com menores níveis de subproduto de maracujá. Quanto aos consumos de FDA e de celulose não houve diferenças significativas entre os tratamentos experimentais. O estudo de degradação das frações fibrosas do subproduto de maracujá que será descrito no Capítulo XIV será importante para a melhor compreensão destes resultados. É importante salientar que as dietas com 31 e 47% de inclusão de subproduto de maracujá apresentaram maiores valores de FDA (Tabela 4) e que isso pode ter contrabalanceado os níveis desta fração fibrosa entre os tratamentos mesmo tendo havido a redução de consumo de FDN nestes tratamentos em relação ao tratamento 18%. O consumo de FDN digestível foi superior no tratamento controle e no tratamento 18% 241 em relação ao tratamento 47% e todos foram semelhantes ao tratamento 31%. Não foram evidenciadas diferenças significativas entre os tratamentos experimentais para os consumos de FDA e de celulose digestíveis. Já para os consumos de hemiceluloses digestíveis os tratamentos 31 e 47% apresentaram os menores valores e, portanto, foi essa resposta que provavelmente mais interferiu sobre a queda no consumo de FDN digestível particularmente na dieta de maior inclusão do subproduto. O National Research Council (1985) não especifica valores de consumo mínimo de fibra para ovinos. Entretanto, uma quantidade máxima de carboidratos rapidamente fermentáveis (CNF) e uma quantidade mínima de carboidratos lentamente digestíveis (maior proporção da FDN) devem ser providas, e a relação entre estas frações de carboidratos é importante (National Research Council, 2001). O índice histórico para o nível adequado de carboidratos estruturais tem sido a relação volumoso : concentrado, no entanto, essa relação não considera a qualidade da forragem (nível de fibra) nem reconhece a fibra de fontes não forrageiras como o subproduto de maracujá, por exemplo. Para se ter um referencial sobre o atendimento ou não dos níveis mínimos de fibra de ruminantes com dietas que utilizem o subproduto de maracujá foi utilizada a recomendação de Macedo Júnior (2004) de consumo de FDN para ovelhas da raça Santa Inês com peso vivo médio de 45kg, ou seja, 28,05% de FDN. Como referido anteriormente, o consumo médio diário de matéria seca foi de 106,52 g/UTM, superior àquele recomendado pelo National Research Council (1985). Considerando os percentuais mínimos de inclusão de fibra dietética citados no parágrafo anterior, deve haver um consumo médio superior a 29,88 g de FDN/UTM. Os valores encontrados na Tabela 7 ultrapassaram essa recomendação 242 de consumo de FDN. É importante recordar que estudos que determinem a efetividade física da fibra de subprodutos de frutas para dietas de pequenos ruminantes serão importantes para avaliar adequadamente este antendimento. Lousada Júnior (2003), avaliando o consumo voluntário de subproduto de maracujá fornecido exclusivamente para ovinos encontraram consumos de FDN médios ainda inferiores (49,43 g/UTM) ao encontrado neste trabalho para as dietas que incluíram subproduto de maracujá (51,36 g/UTM). A seguir são apresentadas as equações de regressão para os consumos de frações fibrosas: CFDND = 39,76 - 0,24X - 0,0028X2 (R2 = 0,43; P<0,01), onde: CFDND = Consumo de FDN Digestível em g/UTM X = Nível de inclusão do subproduto de maracujá (%) CHCEL = 37,53 - 0,2X - 0,004X2 (R2 = 0,53; P<0,01), onde: CHCEL = Consumo de HCEL em g/UTM X = Nível de inclusão do subproduto de maracujá (%) CHCELD = 27,33 - 0,22X - 0,002X2 (R2 = 0,59; P<0,01), onde: CHCELD = Consumo de HCEL Digestíveis em g/UTM X = Nível de inclusão do subproduto de maracujá (%) O comportamento quadrático descendente das equações revelou que a inclusão do subproduto de maracujá às dietas experimentais resultou em menores consumos de FDN digestível, de hemiceluloses e de hemiceluloses digestíveis em relação à dieta controle. Houve alta correlação entre o consumo de matéria seca e os consumos de FDN (CFDN) e de FDA (CFDA) (% PV) (r>0,84; P<0,0001). O FDN consumido proporcionalmente à matéria seca ingerida (MSI) representou em média 49,79%. A inclusão do subproduto de maracujá em até 31% do total dietético revelou semelhança de valores de CFDN (%MSI) e o valor deste tratamento ainda foi semelhante ao do tratamento 47%. A homogeneidade de CFDN (%MSI) entre os tratamentos deve ter propiciado uma distribuição mais uniforme de energia entre os tratamentos. Basta comentar que no Capítulo IX no tratamento que incluiu 52% de subproduto de caju, o CFDN (%MSI) chegou a 98% comprometendo totalmente o aporte de energia prontamente disponível aos animais que faziam parte deste tratamento. O subproduto de maracujá, em contrapartida, promoveu no tratamento 47% o maior valor de NDT dentre os tratamentos que incluíram o subproduto. Nos tratamentos 31 e 47% de inclusão também foram evidenciados os maiores CFDA (%MSI) e de CCEL (%MSI). Devese considerar que o aumento de CFDA (%MSI) também compreende o aumento de inclusão de ligninas e isso pode representar a queda na digestibilidade desta fração. Alta correlação negativa foi encontrada entre CHCEL (%MSI) e CFDA (%MSI) (r=0,8815; P<0,0001) e entre CHCEL e CCEL (%MSI) (r=-0,6585; P<0,001), ou seja, à medida que o consumo de hemiceluloses diminuiu, aumentou o consumo de FDA e de celulose. Alta correlação negativa foi encontrada entre o CHCEL (%MSI) e a digestibilidade da celulose (r=-0,6755; P<0,001). Dentre os carboidratos estruturais consumidos com o aumento da inclusão do subproduto de maracujá, a celulose foi favorecida com aumentos em seus níveis correspondentes a essa inclusão (Tabela 4). Paralelamente ainda houve a melhoria de sua digestibilidade com a inclusão do subproduto (Tabela 8). Baixa correlação negativa foi encontrada entre o consumo de matéria seca (% PV) e o CFDA (%MSI) (r=-0,3796; P<0,05), ou seja, à medida que o consumo de matéria seca diminuiu houve um aumento proporcional do consumo de FDA. Esta correlação, entretanto foi muito menor do que aquela encontrada para o subproduto de caju, por exemplo, no Capítulo IX (r=0,6515; P<0,001). O CFDA (%MSI) interferiu negativamente sobre a digestibilidade da FDN (r=-0,6939; P<0,001), da FDA (r=-0,489; P<0,05), das hemiceluloses (r=-0,5073; P<0,05), mas não interferiu nas digestibilidades da matéria seca (r=-0,2049; P>0,05), da matéria orgânica (r=-0,2626; P>0,05) e da proteína bruta (r=0,2481; P>0,05). O aumento de consumo de compostos lignocelulósicos provavelmente indisponibilizou os carboidratos, particularmente os estruturais, mas não indisponibilizou a proteína e os lipídios dietéticos. Quanto às digestibilidades da FDA e das hemiceluloses não houve diferenças significativas entre os tratamentos a partir do incremento dos níveis de subproduto de maracujá dietéticos (Tabela 8). A digestibilidade da FDN foi inferior nos tratamentos que incluíram o subproduto em 31 e 47% do total dietético em relação à dieta controle. O tratamento 18% teve valor semelhante aos demais. A digestibilidade da celulose foi superior no tratamento 47% em relação ao tratamento 18%, mas equivaleu-se aos tratamentos zero e 31%, os quais assemelharam-se à digestibilidade encontrada no tratamento 18%. 243 Tabela 8 - Médias (%) dos coeficientes de digestibilidade das frações fibrosas das dietas contendo quantidades crescentes de subproduto de maracujá fornecidas a ovinos Frações Dietas Coeficientes de Analisadas 0% 18% 31% 47% Variação (%) Fibra Detergente Neutro 66,32a 59,67ab 55,50b 52,59b 8,62 Fibra Detergente Ácido 54,90a 46,78a 43,43a 41,84a 16,30 Hemiceluloses 73,11a 69,24a 67,45a 64,73a 7,93 Celulose 50,59ab 51,26b 60,68ab 62,86a 12,55 a Médias com letras iguais na mesma linha não diferem significativamente pelo teste SNK (P>0,05). A digestibilidade média da FDN das dietas experimentais que incluíram o subproduto de maracujá foi de 55,92%, comparável àquela encontrada por Lousada Júnior (2003) para o subproduto de maracujá fornecido exclusivamente para ovinos (56,24%). A digestibilidade da FDA, média de valores médios dos tratamentos que incluíram o subproduto de maracujá, foi de 44,02%, comparável ao encontrado para a silagem de milho (43,44%), com percentual de lignina de 4,86% (%MS), e para o feno de alfafa (45,6%), com percentual de lignina de 9,04% (%MS) conforme Valadares Filho et al. (2002). Esses dados revelam que, mesmo tendo sido as dietas experimentais aqui trabalhadas ricas em ligninas, o efeito antinutricional de redução da digestibilidade da FDA e, particularmente da celulose, não foi tão marcante quanto foi, por exemplo, para as dietas que incluíram subproduto de abacaxi (Capítulo III), subproduto de acerola (Capítulo VI) e subproduto de caju (Capítulo IX), cujas digestibilidades médias da FDA foram bem inferiores (21,18%; 27,29% e 33,66%, respectivamente). Vale salientar ainda a presença da pectina em altas quantidades (31,35% em %MS) no subproduto de maracujá conforme citou Lousada Júnior (2003). A pectina é um carboidrato encontrado na lamela média entre as paredes celulares dos vegetais. Ela é um tipo de fibra solúvel em detergente neutro, por essa razão não é computada na porcentagem de FDN (Hall, 2000). De 244 acordo com Van Soest (1994), a perda de pectina neste processo e sua relativa disponibilidade nutritiva são evidências da ausência de ligações covalentes com a matriz lignificada. Ainda segundo este autor, a pectina faz parte da parede celular, entretanto é rapidamente fermentável e completamente degradável pelas bactérias ruminais. Foi a pectina que provavelmente contribuiu para que o teor de carboidratos não fibrosos do subproduto de maracujá chegasse a 24,93% (Tabela 4). É importante ressaltar que a pectina parece desempenhar também um importante papel nas ligações de ácidos biliares e gorduras contribuindo com a melhoria da digestibilidade do extrato etéreo (Van Soest, 1994). Fato que foi evidenciado nesta tese a partir da inclusão do subproduto de maracujá às dietas experimentais (Tabela 5). De acordo com Van Soest (1994), os pequenos ruminantes, em relação aos grandes ruminantes, compensam a baixa capacidade digestiva evitando o consumo de alimentos de baixa qualidade por meio da seleção de alimentos. Os pequenos ruminantes têm a capacidade de utilizar a pectina, presente em altas concentrações nos subprodutos de frutas. Existe um processo adaptativo dessas espécies de animais para melhor utilizar este carboidrato estrutural. Van Soest (1994) destacou também que o valor calórico da fibra nos alimentos depende de sua fermentabilidade. Fibras altamente fermentáveis (digestíveis), como a pectina das frutas e vegetais, promovem mais calorias do que os farelos de cereais, que são mais lignificados e menos fermentáveis. Como todo subproduto agroindustrial, o subproduto de maracujá como substituto do capim elefante pode representar, conforme Mertens (2001), uma redução no nível de fibra fisicamente efetiva na dieta. No Capítulo XIII serão avaliadas as produções de ácidos graxos voláteis, o pH do líquido ruminal e a relação acetato : propionato, que são importantes para a detecção de alguma alteração patológica em virtude da substituição de uma fonte de fibra forrageira (capim elefante) por uma não forrageira (subproduto de maracujá). não representou efeito deletério significativo sobre as digestibilidades (%) da FDN (r=0,1213; P=0,3052), da FDA (r=0,1659; P=0,2422), das hemiceluloses (r=0,0072; P=0,488) e da celulose (r=0,0343; P=0,443). A seguir, será feita a comparação das médias de consumo de energia bruta, energia digestível e energia metabolizável para avaliação do balanço energético dos ovinos. Esses consumos serão analisados e discutidos juntamente com os coeficientes de digestibilidade aparente da energia bruta e com os teores de energia digestível e de energia metabolizável por quilo de matéria seca ingerida (Tabela 9). DFDN = 66,37 - 0,43X + 0,003X2 (R2 = 0,57; P<0,01), onde: DFDN = Digestibilidade da FDN (%) X = Nível de inclusão do subproduto de maracujá (%) Os consumos de EB diferiram apenas entre as dietas com 18 e 47% do subproduto de maracujá, pois as outras tiveram valores intermediários e equivalentes entre si, é possível notar uma tendência de respostas entre o consumo de EB e de MS, fato muito comum de ser observado nesse tipo de ensaio, tendo-se em conta que geralmente a MS é altamente carburante e fornece sempre valores muito similares de EB, independentemente da partição da mesma, demonstrando-se assim como é difícil usar o consumo de EB para quaisquer indicativos além de aferir com o de MS. O efeito quadrático descendente observado revelou a redução da digestibilidade da FDN a partir da inclusão do subproduto de maracujá. Provavelmente esta redução ocorreu em virtude da influência negativa dos altos níveis de ligninas presentes nas dietas experimentais. Não se pode descartar totalmente o efeito dos lipídeos da dieta sobre a queda nesta digestibilidade, entretanto, as dietas (Tabela 4) não ultrapassaram o teto máximo de lipídeos (sete a oito por cento) que devem ser fornecidos em dietas para ruminantes sem efeitos deletérios sobre a digestibilidade da fibra, descritos por Van Soest (1994). Considerando as correlações de Pearson calculadas, o consumo de extrato (g/UTM) A similaridade no consumo de ED resultou da relação intrínseca dos consumos de EB, que mostrou-se diferente entre as dietas, com os coeficientes de digestibilidade da energia bruta. Os dados de consumo de EM foram bem correlacionados com o balanço energético das dietas experimentais (r=0,9675; P<0,0001). O tratamento 18% apresentou maiores valores destes parâmetros em relação ao tratamento 47%, sendo que estes dois tratamentos foram semelhantes aos tratamentos zero e 31% de inclusão de subproduto de maracujá. A inclusão energética advinda de lipídios existentes no subproduto de maracujá parece não ter sido suficiente para, em interação com os ácidos graxos voláteis Dentre os modelos testados para os dados de digestibilidade das frações fibrosas, apenas a digestibilidade da FDN teve ajuste significativo (P<0,05) e com coeficiente de determinação superior a 45%. 245 produzidos a partir da fermentação de carboidratos estruturais, resultarem na melhoria efetiva do balanço energético do tratamento 47% em relação ao tratamento 18%. Um outro aspecto que também deve ser destacado são as maiores perdas urinárias e por gases de energia que podem ter levado ao baixo balanço energético encontrado para o tratamento 47% de inclusão. Altas correlações foram encontradas entre o consumo de EM e os consumos de FDN (r=0,9566; P<0,0001), de celulose (r=0,9341; P<0,0001), de hemiceluloses (r=0,9071; P<0,0001) e de extrato etéreo (r=0,8587; P<0,0001) revelando que a queda no consumo de EM foi resultado da queda no consumo das frações fibrosas e dos lipídios dietéticos. Estudos de produção de ácidos graxos voláteis e de degradabilidade ruminal das frações fibrosas complementarão estes comentários nos Capítulos XIII e XIV. Não houve diferenças significativas entre os tratamentos experimentais para os coeficientes de digestibilidade da energia bruta e, portanto, para o consumo de energia digestível. Tabela 9 - Médias de consumo de energia bruta (EB), digestível (ED) e metabolizável (EM) em relação à unidade de tamanho metabólico dos ovinos (kcal/kg0,75), coeficientes de digestibilidade aparente da energia bruta, balanço energético e teores de ED (TED) e de EM (TEM) por quilo de matéria seca ingerida (kcal) das dietas contendo quantidades crescentes de subproduto de maracujá fornecidas a ovinos Frações Dietas Coeficientes de Analisadas 0% 18% 31% 47% Variação (%) Consumo de EB 513,72ab 566,26a 435,58ab 426,31b 20,64 Consumo de ED 355,04a 362,58a 287,93a 284,02a 22,04 ab a ab b Consumo de EM 317,81 337,31 241,24 227,32 26,63 Coeficientes de digestibilidade (%) 68,97a 63,92a 66,27a 66,38a 5,20 Balanço energético 3,89ab 4,17a 2,99ab 2,80b 29,41 Teor de ED/Kg de MS 3055,0a 2892,2a 3054,2a 3130,3a 5,24 Teor de EM/ Kg de MS 2736,0a 2669,1a 2536,3a 2464,0a 9,21 a Médias com letras iguais na mesma linha não diferem significativamente pelo teste t (P>0,05). Alta correlação foi encontrada entre o consumo de matéria seca e o consumo de energia metabolizável (r=0,9723; P<0,0001), portanto, a redução no consumo de matéria seca resultou em decréscimo também no consumo de energia. Church e Pond (1987) destacaram que o consumo de alimentos é controlado pela diluição calórica e pela diluição de dietas com alimentos de baixa digestibilidade. Mais uma vez, também falado por esses autores, destaca-se o estudo de granulometrias aplicadas aos alimentos fornecidos a ruminantes. A alta pulverulência alimentar, segundo Church e Pond (1987), por exemplo, pode ser uma forma física de administração pouco apetecível e por 246 conseqüência promover uma redução no consumo das dietas. Nos tratamentos zero e 18% de inclusão do subproduto de maracujá foi alcançado o requisito prescrito pelo National Research Council (1985) para consumo de energia metabolizável de cordeiros em terminação, a saber, 265,24 kcal/kg0,75. Esta constatação pode ter sido determinante para o menor balanço energético evidenciado no tratamento que incluiu o subproduto em 47% com o tratamento em que o subproduto de maracujá foi incluído em 18%. De acordo com Van Soest (1994), a diminuição do aporte energético dietético pode influenciar negativamente a utilização da proteína dietética, comprovada pela alta correlação positiva encontrada neste trabalho entre o consumo de energia metabolizável e o balanço nitrogenado (r=0,9079; P<0,0001). digestível e de energia metabolizável (kcal) por quilo de matéria seca ingerida. Os valores médios do balanço de nitrogênio para os quatro tratamentos constam na Tabela 10. Não houve diferenças entre as dietas experimentais para os teores de energia Tabela 10 - Balanço de nitrogênio comparado nas diferentes dietas contendo quantidades crescentes de subproduto de maracujá fornecidas a ovinos Frações Dietas Coeficientes de Analisadas 0% 18% 31% 47% Variação (%) Nitrogênio ingerido (g/dia) 27,56ab 30,41a 23,99ab 22,37b 22,26 Nitrogênio fecal (g/dia) 11,89ab 13,63a 9,48b 8,89b 24,93 Nitrogênio urinário (g/dia) 4,26a 5,26a 5,70a 5,21a 28,24 Balanço de nitrogênio 11,41a 11,53a 8,82a 8,27a 22,64 Nitrogênio retido (% sobre o N 41,07a 35,24a 36,41a 35,84a 24,65 ingerido) a Médias com letras iguais na mesma linha não diferem significativamente pelo teste t (P>0,05). Quanto ao nitrogênio ingerido (g/dia) houve superioridade de valores para o tratamento 18% de inclusão em relação ao tratamento 47%. Estes resultados evidenciam que o preparo de dietas para ruminantes deve considerar o perfil de aminoácidos incorporados e a disponibilidade de energia ao metabolismo animal e à fermentação microbiana. Além da redução na ingestão do nitrogênio, os baixos consumos de energia metabolizável nos níveis 31 e 47% (inferiores aos recomendados pelo National Research Council, 1985) elevaram as perdas de nitrogênio nas fezes possivelmente em virtude de ineficiência no processo de síntese de proteína microbiana. Não houve também diferenças significativas para o nitrogênio urinário e para o nitrogênio retido entre os tratamentos experimentais. Em contrapartida, maiores perdas de nitrogênio nas fezes foram observadas nos tratamentos que incluíram o subproduto de maracujá em 31 e 47% em relação ao tratamento 18%. Não houve diferenças significativas para o balanço de nitrogênio mesmo tendo sido feita a transformação para arcoseno para se obter a redução do coeficiente de variação. Altas correlações foram encontradas entre o balanço de nitrogênio (BN) e o nitrogênio ingerido (r=0,916; P<0,0001), entre BN e o consumo de EM (r=0,9079; P<0,0001) e entre BN e o balanço de energia (r=0,9408; P<0,0001). Rodríguez (1986) destacou a importância da energia fermentável disponível aos microrganismos ruminais para a utilização dos esqueletos de carbono advindos dos carboidratos dietéticos para a síntese de proteína microbiana e melhoria da eficiência de uso do N-NH3 disponível ruminalmente. No Capítulo XIII os níveis de N-NH3 do líquido ruminal dos animais que receberam subproduto de maracujáem níveis crescentes serão discutidos para aprofundamento destes comentários. 4. CONCLUSÕES O subproduto agroindustrial de do processamento maracujá apresenta 247 potencialidade como alimento para ruminantes. Entretanto, houve limitação de consumo da maior parte dos nutrientes quando o subproduto de maracujá foi a principal fonte fibrosa das dietas experimentais. O subproduto de maracujá deve ser incluído em até 18% do total das dietas. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS A.O.A.C. Association of Official Analytical Chemists, Official Methods of Analysis (red.). Washington DC: AOAC, 1980. 1015p. BLAXTER, K. L., CLAPPERTON, J. L. Prediction of the amount of methane produced by ruminants. Brittish Journal of Nutrition, v.19, n.1-2, p.511-522, 1965. CAPPELLE, E.R. VALADARES FILHO, S.C., COELHO DA SILVA, J.F. et al. Estimativas do valor energético a partir de características químicas e bromatológicas dos alimentos. Revista Brasileira de Zootecnia, v.30, n.6, p.1837-1856, 2001. CHURCH, D.C., POND, W.G. Fundamentos de nutrición y alimentación de animales. Mexico: Limusa, 1987. 438p. DEVENDRA, C., LEWIS, D. The interaction between dietary lipids and fibre in the sheep. 2. Digestibility studies. Animal Production, v.19, n.1, p.67-76, 1974. GAGLIOSTRO, G., CHILLARD, Y. Duodenal rapeseed oil infusion in early and mid lactation cows. 2. Voluntary intake, milk production and composition. Journal of Dairy Science, v.74, n.1-2, p.499-509, 1991. HALL, M.B. Neutral detergent-soluble carbohydrates: nutritional relevance and analysis. Florida /US: University of Florida, 2000 (Bulletin 339). LITTELL, R.C.; FREUND, R.J.; SPECTOR, P.C. SAS® system for linear 248 models. Cary, NC, EUA: SAS Institute Inc., 1991. 329p. LOUSADA JÚNIOR, J.E. Digestibilidade aparente de subprodutos do processamento de frutas em ovinos. Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 2003. 94p. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) – Universidade Federal do Ceará, 2003. MACEDO JÚNIOR, G.L. Influência de diferentes níveis de FDN dietético no consumo e digestibilidade aparente e no comportamento ingestivo de ovelhas Santa Inês. Lavras: Universidade Federal de Lavras, 2004. 127p. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) – Universidade Federal de Lavras, 2004. MERTENS, D.R. Physical effective NDF and its use in formulating dairy rations. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL EM BOVINOS DE LEITE, 2, 2001, Lavras. Anais… Lavras: UFLA-FAEPE, 2001. p.25-36. NATIONAL RESEARCH COUNCIL. Nutrient Requeriments of Dairy Cattle. 7.ed. revised ed. Washington DC, USA: National Academy Press, 2001. 432p. NATIONAL RESEARCH COUNCIL. Nutrient Requeriments of Sheep. 6.ed. Washington DC, USA: National Academy Press, 1985. 99p. PRUTHI, S. Physiology, chemistry and technology of passion fruit. Advances in food research, New York, v.12, p.203-282, 1963. RIBEIRO JÚNIOR, J.I. Análises estatísticas no SAEG. Viçosa:UFV, 2001. 301p. RODRÍGUEZ, N.M. Importância da degradabilidade da proteína no rúmen para a formulação de rações para ruminantes. Cadernos Técnicos da Escola de Veterinária da UFMG, v.1, p.27-45, 1986. SAMPAIO, I. B. M. Estatística aplicada à experimentação animal. 2.ed. Belo Horizonte: Fundação de Ensino e Pesquisa em Medicina Veterinária e Zootecnia, 2002. 265p. SILVA, J.F.C. e LEÃO, M.I. Fundamentos da nutrição de ruminantes. Piracicaba, Livroceres, 1979. 380p. SNIFFEN, C.J., O’CONNOR, J.D., VAN SOEST, P.J. et al. A net carbohydrate and protein system for evaluating cattle diets. II. Carbohydrate and protein availability. Journal of Animal Science, v.70, p. 35623577, 1992. STARLING, J.M.C., RODRIGUEZ, N.M., MOURÃO, G.B. Avaliação da semente de maracujá (Passiflora edulis) em ensaio de digestibilidade da matéria seca, fibra em detergente ácido, hemicelulose e celulose. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.49, n.1, p.63-74, 1997. TILLEY, J.M.A., TERRY, R.A. A twostage technique for the “in vitro” digestion of forage crops. Journal of British Grassland Society. v.18, n.2, p.104-111, 1963. VALADARES FILHO, S.C., ROCHA Jr., V.R., CAPPELLE, E.R. Tabelas brasileiras de composição de alimentos para bovinos. Viçosa: UFV; DZO; DPI, 2002. 297p. VAN SOEST, P. J. Nutritional ecology of the ruminant. 2.ed. Ithaca, New York (USA): Cornell University Press, 1994. 476p. VAN SOEST, P. J., ROBERTSON, J. D., LEWIS, B. A. Methods for dietary fiber, neutral detergent fiber, nonstarch polysaccharides in relation to animal nutrition. Journal of Dairy Science, v.74, n.11-12, p.3583-3597, 1991. VASCONCELOS, V.R., NEIVA, J.N.M., PIMENTEL, J.C.M. et al. Utilização de subprodutos do processamento de frutas na alimentação de caprinos e ovinos. In: SEMINÁRIO NORDESTINO DE PECUÁRIA – PECNORDESTE, 6, Fortaleza-CE, Anais... Fortaleza:FAEC, 2002, p.83-99. 249 250 Capítulo XIII - EXPERIMENTO 11 Valor nutritivo do subproduto da indústria processadora de maracujá (Passiflora edulis) em dietas para ovinos. 2. Dinâmica da fermentação ruminal e cinética sangüínea RESUMO O presente estudo foi conduzido com o objetivo de avaliar a influência da inclusão do subproduto do processamento de maracujá (Passiflora edulis) sobre a concentração de nitrogênio amoniacal (N-NH3) em mg/100 ml, pH e concentrações molares de ácidos graxos voláteis (AGVs) do líquido ruminal, assim como os níveis séricos de albumina (ALB), creatinina (CRE), uréia (UR) e proteínas totais (PT) em ovinos que receberam dietas experimentais isofibrosas e isoprotéicas contendo o subproduto em níveis crescentes. Vinte ovinos machos, inteiros foram distribuídos em quatro tratamentos de inclusão percentual do subproduto de maracujá (zero; 18%; 31%; 47%), segundo delineamento em blocos ao acaso, em esquema de parcelas subdivididas, tendo nas parcelas as dietas e nas sub-parcelas os tempos de colheita (zero, duas, cinco, oito horas pós-prandial) com cinco repetições. O pH reduziu quando o subproduto foi incluído em 47% do total das dietas durante o jejum. Maiores concentrações de N-NH3 foram evidenciadas na dieta com 47% de subproduto. A proporção molar dos AGV totais no líquido ruminal nas dietas com subproduto de maracujá foi típica de dietas ricas em concentrados. A relação acetato : propionato não foi afetada pela inclusão do subproduto de maracujá. As concentrações séricas de UR, CRE, ALB e PT não variaram entre as dietas em duas, cinco e oito horas pós-prandial. Os valores de UR nos horários pós-prandial estiveram dentro da normalidade conforme a literatura, os de CRE foram normais no jejum e na 8a hora pós-prandial, os valores de ALB foram normais na 5a e 8a hora pós-prandial e os de PT foram normais às duas e cinco horas pós-prandial. A inclusão do subproduto de maracujá em até 18% do total dietético apresentou melhores resultados no que diz respeito aos parâmetros analisados neste trabalho. Palavras-chave: Maracujá, amônia, frutas, ovinos, pH, ruminantes 1. INTRODUÇÃO A fermentação ruminal é o resultado de atividades físicas e microbiológicas que convertem os componentes dietéticos em produtos proveitosos para os ruminantes, como os ácidos graxos voláteis (AGV), proteína microbiana e vitaminas do complexo B e outros compostos como o CH4, CO2, amônia e nitratos. A quantificação de amônia, por exemplo, pode ser usada como indicador da eficiência da sua utilização no rume. O teor de N-NH3 no líquido ruminal é conseqüência do equilíbrio entre sua produção e sua utilização pelos microrganismos, e esta última dependente da quantidade de energia disponível. Além disto, parte desta amônia é absorvida através do epitélio ruminal e em quantidades concentração. proporcionais à sua O pH é outro fator que deve ser considerado para a análise da função ruminal pois varia muito com a dieta e é capaz de influir profundamente na população microbiana já que a eficiência de crescimento das bactérias depende, em muito, deste parâmetro. O conhecimento do pH ruminal em dietas que utilizem o subproduto de maracujá é fundamental também para evitar a redução do consumo de matéria seca, para permitir a adequada produção de proteína microbiana sem maiores perdas de nitrogênio nas excretas e para a produção de ácidos graxos voláteis resultantes do metabolismo de carboidratos. O estudo das frações séricas de albumina, proteínas totais, uréia e creatinina dizem 251 respeito à taxa de degradação das diversas frações nutritivas dos alimentos, principalmente da proteína dietética, visto que a taxa de degradação é diretamente proporcional ao pool de metabólitos circulantes no sangue. Objetivou-se, portanto, com o presente trabalho, avaliar os efeitos de quatro tempos de colheita previamente estabelecidos sobre os níveis séricos de albumina, creatinina, proteínas totais e uréia, bem como, a disponibilidade de nitrogênio amoniacal, pH e concentrações de ácidos graxos voláteis do líquido ruminal de ovinos em terminação, que receberam dieta composta de capim elefante in natura, milho, torta de algodão e níveis crescentes de subproduto de maracujá. 2. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado na sede da EMBRAPA Caprinos em Sobral – CE. Foram utilizados 20 cordeiros machos e inteiros com seis meses de idade e peso vivo médio de 28,5 kg. Os tratamentos consistiram de subproduto agroindustrial de maracujá composto basicamente de cascas e sementes após a extração do suco, seco ao sol e picado grosseiramente, em níveis crescentes (zero, 18, 31 e 47 %), em relação a dietas compostas de capim elefante in natura, milho e torta de algodão. O nível máximo foi determinado pelo ajuste das dietas em função da substituição total do capim elefante pelo subproduto de maracujá e, ao mesmo tempo, para atenderem aos requisitos de proteína (14,7%) e de energia (72%) prescritos pelo National Research Council (1985) para para cordeiros em terminação (quatro a sete meses de idade) com peso vivo de 30kg e ganho de peso de 295g/dia. Houve dificuldades para, com os alimentos utilizados, se atingir o requerimento de energia. Desta maneira, procurou-se estabelecer um nível de fibra dietético máximo, idêntico para os quatro tratamentos, de modo que os níveis de energia se aproximassem daquele prescrito pelo National Research Council (1985). 252 Os ovinos utilizados foram pesados no início do experimento e alojados em gaiolas metabólicas. O período de adaptação dos animais às dietas e às gaiolas foi de 17 dias e um dia de colheita quando realizou-se a colheita de sangue, por punção da veia jugular, para as determinações dos níveis séricos de albumina, creatinina, proteínas totais e uréia e também colheu-se líquido ruminal por meio de sonda esofágica para as mensurações de N-NH3, ácidos graxos voláteis e pH ruminais em quatro tempos pré-estabelecidos (zero horas ou antes do fornecimento da dieta, 2 h, 5 h e 8 h pósprandial). As dietas foram fornecidas às sete horas em uma única vez. Água e sal mineralizado estiveram disponíveis à vontade. O pH foi medido em potenciômetro, enquanto as amostras de aproximadamente 50 ml de líquido ruminal foram acidificadas em 1 ml de ácido sulfúrico 1:1 e guardadas a -5oC para futuras análises de N-NH3. Em uma alíquota de 4 ml de líquido ruminal foi adicionado 1 ml de ácido metafosfórico a 25% para serem analisados os níveis de ácidos graxos voláteis. As análises de NNH3 e AGVs foram realizadas nas dependências do Laboratório de Nutrição Animal da Escola de Veterinária da UFMG. O nitrogênio amoniacal no líquido ruminal foi determinado por destilação com óxido de magnésio, usando-se ácido bórico com indicador misto de cor como solução receptora (vermelho de metila + verde de bromocresol) e titulando-se com HCl 0,01N. Os ácidos graxos voláteis foram quantificados usando-se um cromatógrafo de fase gasosa SHIMADZU®, modelo GC17A dotado de coluna capilar metil-silicone (CBP1 m25-025). As dosagens de albumina, creatinina, nitrogênio uréico e proteínas totais foram realizadas a partir da utilização de kits Bioclin®. Essas análises também foram realizadas nas dependências do Laboratório de Nutrição Animal da Escola de Veterinária da UFMG. Os parâmetros foram analisados para cada tratamento experimental através de um delineamento em blocos ao acaso em um esquema de parcelas subdivididas, tendo nas parcelas as dietas e nas sub-parcelas os tempos de colheita (zero, duas, cinco, oito horas pós-prandial) com cinco repetições, segundo o seguinte modelo estatístico: Yijk = µ + Fj + Tk + FTjk + eijk onde, Yijk = valor referente à observação da repetição i no tratamento j e no tempo de colheita k µ = média geral Fj = efeito do tratamento j (j = zero, 18%, 31%, 47%) Tk = efeito do tempo de colheita k (k = zero, 2, 5, 8) FTjk = interação dos efeitos do tratamento j com o tempo de colheita k eijk = erro aleatório associado à observação As médias foram comparadas pelo teste SNK (P<0,05) empregando-se o software SAEG versão 8.0 (Ribeiro Júnior, 2001). No caso particular dos dados de nitrogênio amoniacal, houve perda de duas subparcelas. As análises estatísticas desses dados foram então realizadas mediante o uso do procedimento GLM (General Linear Models) do SAS para dados desbalanceados (Statistical Analysis System) (Littel et al., 1991), sendo realizada a comparação de médias pelo teste t (P<0,05) através de estimativa das médias de parcelas e subparcelas que seriam esperadas caso os dados fossem balanceados, conforme definição do LSMEANS (Least Squares Means) (Littel et al., 1991). No caso particular das concentrações de ácido propiônico e de ácido butírico (milimoles/ 100 ml de líquido ruminal), da relação acetato : propionato e da proporção molar de ácido butírico em relação a quantidade total de ácidos graxos voláteis, foi feita a transformação para arcoseno = raiz quadrada de cada um desses parâmetros/100. De acordo com Sampaio (2002), grupos experimentais que revelam variâncias diversificadas, dependendo das respostas médias, apresentando distribuições aparentemente normais, demandam transformação. As médias destes parâmetros existentes nas Tabelas 4, 5 e 6 foram aquelas obtidas experimentalmente e não a partir de valores transformados, empregou-se apenas as letras de significância estatística obtidas a partir dos dados transformados. A análise de regressão foi realizada utilizando-se o software SAEG (Ribeiro Júnior, 2001) para permitir a estimativa dos parâmetros analisados para cada nível de subproduto de maracujá testado em função dos tempos de colheita. Testou-se diferentes modelos, a partir do procedimento Modelos Pré-definidos, para escolha daquele que apresentasse maior significância e maiores coeficientes de determinação. Também foi considerado aquele modelo matemático que melhor adequacidade apresentou para o tipo de resposta biológica estudada. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1. Efeito das dietas e dos tempos de colheita sobre as concentrações de nitrogênio amoniacal no rume de ovinos Os resultados dos níveis de nitrogênio amoniacal (N-NH3) encontram-se na Tabela 1. Houve interação entre o tempo de colheita e dietas experimentais (P<0,05). Verifica-se pela análise da Tabela 1 que, após o período de jejum, nos tratamentos zero, 31 e 47% de inclusão do subproduto de maracujá somente depois da 5a hora pós-prandial foi percebido o aumento nas concentrações de nitrogênio amoniacal. O tratamento 18% apresentou resposta diferente quanto às concentrações de N-NH3 já que não apresentou variação do jejum até a 5a hora pós-prandial, obtendo-se uma queda nessa concentração somente oito horas após a refeição. 253 Tabela 1. Concentração de nitrogênio amoniacal (mg/ 100 ml) no líquido ruminal de ovinos consumindo dietas contendo distintas quantidades de subproduto de maracujá1 em vários horários pós-prandial Dietas Horário (h)2 Médias 0 %3 18 %3 31 %3 47 %3 0 9,94Ab 8,44Ab 11,67Bb 17,75Ba 11,95B BCb Ab Bab Ca 2 6,45 7,07 9,18 11,54 8,56C Ac Ad Ab Aa 5 13,40 8,44 17,99 23,21 15,76A Cc Bd Bb Ca 8 4,59 2,36 8,81 9,56 6,33D Médias 8,60b 6,58b 11,91a 15,51a 1 Percentagem de inclusão de subproduto de maracujá nas dietas Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (t) 3 Letras minúsculas iguais na mesma linha indicam semelhança estatística a 5% (t) CV = 25,89% 2 Analisando-se a 5a hora pós-prandial verifica-se que o tratamento 18% apresentou as menores concentrações de NNH3 no líquido ruminal, seguido pelo tratamento controle (0%), e o tratamento 47% demonstrou a maior concentração de N-NH3, seguido pelo tratamento 31%. Porém é oportuno salientar que todas as dietas mostraram tendência de queda na concentração do N-NH3 nesse último horário de colheita. A resposta obtida nesse horário com 18% de subproduto pode estar demonstrando que provavelmente houve maior eficiência de uso da amônia ruminal para a síntese de proteína microbiana nesse tratamento. No Capítulo anterior verificouse para este nível de inclusão, os maiores consumos de proteína bruta e energia metabolizável em relação ao tratamento 47%. Um outro aspecto é que apenas nos tratamentos zero e 18% foram atendidos os requisitos de consumo de proteína e de energia metabolizável preconizados pelo National Research Council (1985) para ovinos em crescimento. Este déficit nas demais dietas pode ter gerado também um desbalanço na relação proteína : energia das dietas e isso ter levado à queda da eficiência de uso do nitrogênio pelos microrganismos ruminais. Wallace e Cotta (1988) comentaram que a uréia endógena é significativamente importante na reciclagem de nitrogênio quando a ingestão de proteína é baixa e isso promove o aumento do fluxo de nitrogênio no rúmen particularmente em ineficientes retenções de nitrogênio. Na Tabela 6, os 254 comentários acerca dos níveis séricos de uréia serão importantes para o aprofundamento destes comentários. As concentrações de N-NH3 reveladas pelos tratamentos experimentais estiveram, todavia, sempre aquém dos níveis considerados ótimos (23,5 mg/100 ml) por Mehrez et al. (1977), para que se obtivesse condições de se atingir a máxima fermentação microbiana. Outros estudos devem ser conduzidos com o propósito de avaliar e comparar o crescimento entre as dietas experimentais e de absorção pelo epitélio ruminal e passagem da amônia para o abomaso. No Capítulo XIV será feita a discussão sobre a degradabilidade ruminal da proteína do subproduto de maracujá, importante para se quantificar a disponibilidade deste nutriente para os microrganismos e para o ruminante. Pela análise de regressão realizada correlacionando as concentrações de nitrogênio amoniacal com os níveis de inclusão do subproduto de maracujá às dietas experimentais para cada um dos tempos de colheita, foram encontradas as seguintes equações, conforme a significância estatística (P<0,05) e maiores coeficientes de determinação (superiores a 45%). 3.2. Equações de predição da concentração de nitrogênio amoniacal no líquido ruminal de ovinos em função do nível de inclusão do subproduto de maracujá em suas dietas 3.2.1. Tempo de Colheita zero horas (antes do fornecimento alimentar) N-NH3 = 8,07 - 0,14X + 0,0096X2 0,000049X3 (R2 = 0,67; P<0,01), onde: N-NH3 = concentração de nitrogênio amoniacal em mg / 100 ml de líquido ruminal; X = % de inclusão do subproduto de maracujá 3.2.2. Tempo de Colheita 5 horas pósprandial N-NH3 = 13,4 - 1,4X + 0,08X2 - 0,00097X3 (R2 = 0,58; P<0,01), onde: N-NH3 = concentração de nitrogênio amoniacal em mg / 100 ml de líquido ruminal; X = % de inclusão do subproduto de maracujá 3.2.3. Tempo de Colheita 8 horas pósprandial N-NH3 = 4,59 - 0,9X + 0,056X2 0,00074X3 (R2 = 0,59; P<0,01), onde: N-NH3 = concentração de nitrogênio amoniacal em mg / 100 ml de líquido ruminal; X = % de inclusão do subproduto de maracujá Resolvendo dy/dx=0 para estas equações observa-se que a inclusão do subproduto de maracujá nos níveis compreendidos entre 40,42 e 44,06% proporcionou as maiores concentrações de nitrogênio amoniacal no líquido ruminal. Em contrapartida, quando a inclusão do subproduto foi feita entre 7,75 e 10,91% ocorreram as menores concentrações de nitrogênio amoniacal no líquido ruminal. Nestes últimos níveis, portanto, parece ter havido maior eficiência de uso do nitrogênio amoniacal para a síntese de proteína microbiana. A análise de regressão também foi feita considerando-se as concentrações de nitrogênio amoniacal em função do tempo de colheita. As equações com maiores coeficientes de determinação e significância estatística estão representados a seguir. A Figura 1 permite uma melhor visualização das concentrações previstas por estas equações. 3.3. Equações de predição da concentração de nitrogênio amoniacal no líquido ruminal de ovinos em função do tempo de colheita conforme os tratamentos experimentais 3.3.1. Dieta com 0% de subproduto de maracujá N-NH3 = 8,07 - 3,93X + 1,94X2 - 0,188X3 (R2 = 0,50; P<0,05), onde: N-NH3 = concentração de nitrogênio amoniacal em mg / 100 ml de líquido ruminal; X = tempo de colheita do líquido ruminal (horas) 3.3.2. Dieta com 18% de subproduto de maracujá N-NH3 = 8,44 - 1,94X + 0,79X2 - 0,08X3 (R2 = 0,50; P<0,01), onde: N-NH3 = concentração de nitrogênio amoniacal em mg / 100 ml de líquido ruminal; X = tempo de colheita do líquido ruminal (horas) 3.3.3. Dieta com 47% de subproduto de maracujá N-NH3 = 17,75 - 9,4X + 3,85X2 - 0,35X3 (R2 = 0,59; P<0,01), onde: N-NH3 = concentração de nitrogênio amoniacal em mg / 100 ml de líquido ruminal; X = tempo de colheita do líquido ruminal (horas) Pela análise da Figura 1 observa-se que houve uma queda nas concentrações de nitrogênio amoniacal duas horas após a alimentação e o pico de produção de nitrogênio amoniacal ocorreu apenas às cinco horas pós-prandial. O estudo de desaparecimento da proteína bruta no Capítulo XIV servirá para compreender melhor esta resposta. A Figura 1 destaca principalmente o tempo de cinco horas após a administração alimentar como o que apresentou maiores concentrações de nitrogênio amoniacal, fato que já havia sido discutido quando realizada a análise da Tabela 1. 255 Concentrações de N-NH3 (mg/ 100 ml) 25 20 15 0% 18% 10 47% 5 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 Tempo de colheita (h) Figura 1. Concentração de nitrogênio amoniacal em função do tempo de colheita do líquido ruminal Do jejum para a segunda hora pós-prandial houve uma redução das concentrações de N-NH3, principalmente no tratamento que incluiu o subproduto de maracujá em 47% do total dietético. Este comportamento foi diferente do que ocorreu para os subprodutos de abacaxi (Capítulo IV), de acerola (Capítulo VII) e de caju (Capítulo X), onde já às duas horas pós-prandial, foram encontradas as maiores concentrações de nitrogênio amoniacal no líquido ruminal. Apesar da controvérsia do efeito da adição de lipídios na dieta de ruminantes sobre a degradabilidade protéica, os trabalhos de Jenkins e Palmquist (1984) e Murphy et al (1987) sinalizaram com a hipótese de que tal procedimento pode influir na síntese bacteriana, tornando-a mais eficiente, e consequentemente causando uma redução nas concentrações de N-NH3 no rume. Tal suposição somente assumiria maior grau de certeza, caso o crescimento microbiano houvesse sido comparado, pois de acordo com Hungate (1966), Church (1988) e Van Soest (1994), além da absorção de amônia pelo epitélio ruminal e também da passagem para o abomaso, há de se considerar que parte desta é necessária e amplamente usada para o crescimento microbiano. Os comentários sobre a degradabilidade das frações fibrosas 256 (Capítulo XIV) serão elucidativos e trarão um melhor entendimento para este fato, a partir do conhecimento das frações A (potencialmente degradável), S (fração rapidamente degradada) e B1 (fração lentamente degradada). Estudos posteriores que avaliem a degradabilidade ruminal da pectina também serão importantes para entender o aproveitamento deste constituinte fibroso de alta fermentabilidade e disponibilidade ruminal. 3.4. Efeito das dietas e dos tempos de colheita sobre os valores de pH ruminal dos ovinos Os resultados de medições de pH encontram-se na Tabela 2. A interação entre tempo de colheita do líquido ruminal e dietas experimentais foi significativa (P<0,05) para os valores de pH do líquido ruminal. Para todos os tratamentos, o fornecimento alimentar foi determinante para a queda do pH ruminal, com exceção do tratamento 47% no qual não foram evidenciadas diferenças entre os horários de colheita. No jejum, o tratamento 47% apresentou menor valor de pH. Para os demais tempos de colheita, não houve diferenças entre as dietas experimentais. Analisando-se a tabela verifica-se que no tratamento 47% foi encontrado o menor valor de pH (5,84). Os valores, entretanto, mantiveram-se dentro do recomendado por Hobson e Stewart (1997), ou seja, entre seis e sete e bem próximos a ele como no tratamento 47% para os tempos dois e cinco. Apenas o tempo oito do tratamento 47% que pareceu ter-se distanciado mais desta recomendação, entretanto, estatisticamente este valor foi semelhante aos outros dentro deste tratamento. Além disso, estes valores foram considerados normais por Silva e Leão (1979) que citaram padrões normais de 5,5 a sete. Isto pode, todavia, ser um indicativo de que o subproduto de maracujá não deve ser fornecido como a principal fonte fibrosa dietética para cordeiros em crescimento sob risco de ocorrência de acidose. As prováveis causas para isso seriam conhecidas a partir da condução de experimentos que avaliassem o crescimento das populações microbianas ruminais em função da inclusão em níveis crescentes do subproduto de maracujá em dietas para ruminantes. Tabela 2. Valores de pH do líquido ruminal de ovinos consumindo dietas contendo distintas quantidades de subproduto de maracujá1 em vários horários pós-prandial Dietas Horário (h)2 Médias 0 %3 18 %3 31 %3 47 %3 Aa Aa Aa Ab 0 6,78 7,01 6,81 6,28 6,72A Ba Ba Ba Aa 2 6,12 6,36 6,40 5,98 6,21B Ba Ba Ba Aa 5 6,13 6,19 6,24 5,90 6,12B Ba Ba Ba Aa 8 6,24 6,27 6,18 5,84 6,13B a a a b Médias 6,32 6,46 6,41 6,00 1 Percentagem de inclusão de subproduto de maracujá nas dietas Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK) 3 Letras minúsculas iguais na mesma linha indicam semelhança estatística a 5% (SNK) CV = 6,30% 2 Hobson e Stewart (1997) comentou que o pH compreendido entre seis e sete permite a presença de todos os componentes da biomassa microbiana do rúmen, sejam bactérias, principalmente as celulolíticas, protozoários ou fungos. Lindberg (1985) citou valores normais entre seis e oito, para que se permita a adequada ação das enzimas desses microrganismos sobre o substrato alimentar. Um dos principais obstáculos à inclusão de subprodutos agroindustriais como os de frutas em substituição a fontes de fibras forrageiras é a diminuição da efetividade física da fibra dietética particularmente como resultado da diminuição da atividade mastigatória e da secreção salivar. Como conseqüência, Van Soest (1994), destacou que a regulação do pH passa a depender do trânsito de ácidos graxos através da parede ruminal e da secreção de bases em seu interior. 3.5. Equações de predição do pH no líquido ruminal de ovinos em função do nível de inclusão do subproduto de maracujá em suas dietas Baseado no coeficiente de determinação e na significância estatística (P<0,05), a análise de regressão indicou o tempo de colheita de zero horas (antes do fornecimento alimentar) como o mais representativo entre os tratamentos: 3.5.1. Tempo de Colheita zero horas (antes do fornecimento alimentar) pH = 6,79 + 0,025X - 0,00077X2 (R2=0,48; P<0,01), onde: pH = valores de pH em escala de zero a 14 X = % de inclusão de subproduto de maracujá 3.6. Equações de predição do pH no líquido ruminal de ovinos em função do tempo de 257 colheita conforme experimentais os pH = 6,97 - 0,32X + 0,029X2 (R2=0,66; P<0,001), onde: pH = valores de pH em escala de zero a 14 X = tempo de colheita do líquido ruminal (horas) tratamentos P 3.6.1. Dieta com 0% de subproduto de maracujá pH = 6,72 - 0,28X + 0,0028X2 (R2=0,53; P<0,01), onde: pH = valores de pH em escala de zero a 14 X = tempo de colheita do líquido ruminal (horas) P P P As equações demonstram a partir da observação da Figura 2 um efeito quadrático descendente do pH a partir da inclusão do subproduto de maracujá em dietas para ruminantes. A seguir serão demonstradas as concentrações dos ácidos graxos voláteis no líquido ruminal que podem ter contribuído para esta queda. 3.6.2. Dieta com 18% de subproduto de maracujá 8 7 6 pH 5 0% 4 18% 3 2 1 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 Tempo de colheita (h) Figura 2. Potencial hidrogeniônico (pH) do líquido ruminal em função do tempo de colheita em horas 3.7. Efeito das dietas e dos tempos de colheita sobre as concentrações totais dos ácidos graxos voláteis, concentrações e proporção dos ácidos graxos voláteis no líquido ruminal de ovinos As concentrações dos ácidos acético, propiônico e butírico estão apresentadas na Tabela 3. Não foram quantificados os demais ácidos graxos de cadeia curta, normalmente presentes no líquido ruminal (isobutírico, 2-metil-butírico, valérico, isovalérico, capróico). Na Tabela 4, são apresentadas as concentrações dos AGV totais (somatório dos ácidos acético, 258 propiônico e butírico) e a relação acetato : propionato encontrada. As proporções molares do acetato, propionato e butirato aparecem na Tabela 5. Medindo-se a concentração de AGV no rúmen, pode-se ter uma idéia da sua produção e conseqüentemente da absorção destes ácidos. A interação tempo de colheita do líquido ruminal versus tratamento experimental apenas foi significativa estatisticamente para as concentrações de acetato (P<0,05), não tendo sido significativa para as concentrações de propionato e de butirato (milimoles/ 100 ml) (P>0,05). Analisando os dados da Tabela 3, percebe-se que para o acetato houve diferença de concentrações entre os tratamentos apenas para a 2a hora pós-prandial onde os tratamentos 18 e 31% apresentaram os menores valores. Entre os tempos de colheita do líquido ruminal, verificou-se que a dieta controle apresentou menor valor no jejum. Para a dieta com 18% de subproduto, as maiores concentrações foram evidenciadas na quinta e oitava horas pós-prandial. Na dieta com 31% de subproduto a maior concentração foi atingida apenas oito horas após o fornecimento alimentar. Na dieta com 47% de subproduto a oitava hora pós-prandial apresentou maior concentração em relação ao jejum e à segunda hora pós-prandial, entretanto, foi semelhante à quinta hora pós-prandial e, esta, semelhante às demais. Para o propionato, o tratamento 18% apresentou as menores concentrações em comparação aos tratamentos 31 e 47% e foi semelhante ao tratamento 0% que, por sua vez, foi semelhante ao tratamento 31%. Os tempos cinco e oito horas após o fornecimento alimentar apresentaram as maiores concentrações de propionato e foram semelhantes ao tempo duas horas. Isto, em parte, explica a queda do pH a partir da 2a hora pós-prandial e a estabilização da mesma a partir deste horário. Para o butirato, não houve diferenças significativas (P>0,05) entre as dietas experimentais e a oitava hora pós-prandial apresentou superioridade de valores em relação ao jejum e semelhança aos demais horários. A interação tempo de colheita do líquido ruminal X dietas experimentais foi significativa (P<0,05) para os ácidos graxos voláteis totais provavelmente como resultado das maiores concentrações de ácido acético em relação aos demais ácidos graxos voláteis. France e Siddons (1993) atribuíram ao acetato grande importância nas oscilações das concentrações dos AGV totais quando as dietas forem ricas em volumosos, pois nestas condições este ácido terá sempre alta participação na fração dos AGV. Na 5a e 8a horas pós-prandial não houve diferenças entre os tratamentos experimentais para as concentrações de AGV totais, já para a 2a hora pós-prandial os tratamentos 18 e 31% apresentaram os menores valores. Para o tratamento 0%, houve aumento das concentrações de AGV totais a partir da 2a hora pós-prandial. Para os tratamentos 18 e 31% este aumento só ocorreu significativamente cinco horas pósprandial e para o tratamento 47% só foi significativo em relação ao tempo zero a partir da 8a hora pós-prandial. Os valores de AGV totais produzidos a partir da 2a hora pós-prandial, foram em média, 13,71 milimoles/100ml de líquido ruminal para os tratamentos que incluíram o subproduto de maracujá, bastante superiores aos encontrados a partir das duas horas após o fornecimento alimentar para os tratamentos que incluíram o subproduto de acerola (7,53 mmol/100 ml) (Capítulo VII), para os que incluíram o subproduto de caju (8,12 mmol/100 ml) (Capítulo X) e para os que incluíram o subproduto de abacaxi (9,33 mmol/100 ml) (Capítulo IV). Este resultado demonstra a maior degradabilidade dos carboidratos de dietas que têm o subproduto de maracujá incluído em relação às dietas que incluíram os outros subprodutos de frutas analisados nesta tese. Além disso, houve nas dietas que incluíram o subproduto de maracujá uma maior produção de propionato em relação aos demais, aspecto confirmado também nas proporções molares de ácido propiônico (Tabela 5). Provavelmente estas altas produções foram responsáveis pela queda do pH demonstrado na Figura 2 a partir de equações geradas dos valores de pH encontrados nos horários para o tratamento 18% de inclusão do subproduto. 259 Tabela 3 - Concentração de acetato, propionato e butirato (milimoles/ 100 ml) no líquido ruminal de ovinos consumindo dietas contendo distintas quantidades de subproduto de maracujá1 em vários horários pós-prandial HORA(h)2 0 2 5 8 Médias 1 0 %3 3,34Ba 10,60Aa 9,62Aa 10,50Aa 8,51ab 18 %3 3,57Ba 4,97Bb 10,22Aa 9,64Aa 7,10b Acetato3 31 %3 5,83BCa 4,06Cb 8,18Ba 11,31Aa 7,34ab 47 %3 Médias 0 %3 6,92Ba 4,91D 2,73Ab Ba 8,38 7,00C 3,82Aa 9,00ABa 9,25B 3,27Aa 11,80Aa 10,81A 3,84Aab 9,02a 3,41bc Propionato3 18 %3 31 %3 47 %3 1,43Ab 2,38Bab 5,18Aa 2,29Aa 2,59Ba 5,05Aa 3,79Aa 6,41Aa 5,07Aa 2,96Ab 6,32Aa 6,04Aa 2,62c 4,43ab 5,33a Médias 2,93B 3,44AB 4,63A 4,79A - 0 %3 0,47Aa 0,76Aa 0,98Aa 1,04Aa 0,81a Butirato3 18 %3 31 %3 0,33Aa 0,30Aa 0,41Aa 0,26Aa 0,78Aa 0,61Aa 0,80Aa 0,78Aa 0,58a 0,49a 47 %3 Médias 0,55Aa 0,41B 0,45Aa 0,47AB 0,52Aa 0,72AB 0,69Aa 0,83A 0,55a P P P P P P P P Percentagem de inclusão do subproduto de maracujá nas dietas Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK) 3 Letras minúsculas iguais na mesma linha, para mesmo parâmetro, indicam semelhança estatística a 5% (SNK) CV Acetato = 28,1%; CV Propionato = 24,9%; CV Butirato = 42,6% 2 Tabela 4 - Concentração total de ácidos graxos voláteis (milimoles/ 100 ml) e relação de acetato : propionato (Acet./Prop.) no líquido ruminal de ovinos consumindo dietas contendo distintas quantidades de subproduto de maracujá1 em vários horários pós-prandial HORA(h)1 0 2 5 8 Médias 1 0 %3 6,53Bb 15,18Aa 13,87Aa 15,39Aa 12,74b 18 %3 5,32Bb 7,67Bb 14,79Aa 13,40Aa 10,30b AGV totais2 31 %3 8,51Bab 6,91ABb 15,20Aa 18,41Aa 12,26b 47 %3 12,65Ba 13,88ABa 14,58ABa 18,53Aa 14,91a Médias 8,25C 10,91B 14,61A 16,43A - 0 %3 1,61Aa 3,03Aa 2,97Aa 2,85Aa 2,61a Percentagem de inclusão do subproduto de maracujá nas dietas Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK) 3 Letras minúsculas iguais na mesma linha, para mesmo parâmetro, indicam semelhança estatística a 5% (SNK) CV AGV totais = 27,16%; CV Acet./Prop.= 26,53% 2 260 18 %3 3,20Aa 2,95Aa 3,04Aa 3,31Aa 3,13a Acet./Prop.2 31 %3 3,22Aa 1,65Aa 1,40Aa 2,28Aa 2,14a 47 %3 1,58Aa 2,59Aa 2,19Aa 2,42Aa 2,20a Médias 2,40A 2,56A 2,40A 2,71A P P P P P P P P Tabela 5 - Proporção molar do acetato, propionato e butirato no líquido ruminal de ovinos consumindo dietas contendo distintas quantidades de subproduto de maracujá1 em vários horários pós-prandial 2 HORA(h) 0 2 5 8 Médias 1 3 0% 54,31Aa 70,42Aa 66,86Aa 66,78Aa 64,59a 3 18 % 69,09Aa 66,79Aa 66,53Aa 71,83Aa 68,56a Acetato3 31 %3 68,43Aa 59,50Aa 55,18Aa 63,24Aa 61,59a 3 47 % 57,69Aa 65,04Aa 63,26Aa 65,37Aa 62,84a Médias 62,38A 65,44A 62,96A 66,80A - 3 0% 39,77Aa 24,52Ba 24,37ABb 25,55Ba 28,55ab Propionato3 18 % 31 %3 47 %3 Aa 25,23 27,76Aa 38,55Aa 28,29Aa 36,64Aa 32,31Aa 27,29Aab 41,29Aa 33,43Aab 22,28Aa 32,67Aa 30,93Aa 25,77b 34,59a 33,80a 3 Médias 32,82A 30,44A 31,59A 27,85A - 3 0% 5,93Aa 5,06Aa 8,78Aa 7,67Aa 6,86a Butirato3 18 % 31 %3 Aa 5,68 3,81Aa 4,92Aa 3,86Aa 6,17Aa 3,53Aa 5,89Aa 4,09Aa 5,67a 3,82a 3 47 %3 Médias 3,77Aa 4,80A 2,64Aa 4,12A 3,31Aa 5,45A 3,71Aa 5,34A 3,36a - Percentagem de inclusão do subproduto de maracujá nas dietas Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK) 3 Letras minúsculas iguais na mesma linha, para mesmo parâmetro, indicam semelhança estatística a 5% (SNK) CV Acetato = 17,75%; CV Propionato = 30,24%; CV Butirato = 45,12% P P 2 P P P P 261 As altas proporções de pectina comentadas por Lousada Júnior (2003) para o subproduto de maracujá podem ter contribuído para as maiores produções de AGV totais. As altas proporções de ligninas existentes nas dietas experimentais parecem não ter exercido efeito marcante sobre a degradabilidade dos carboidratos tanto quanto foi evidenciado para os subprodutos de abacaxi, acerola e caju. A interação tempos de colheita X tratamentos experimentais não foi significativa para a relação acetato : propionato (P>0,05). Não foram encontradas diferenças significativas para este parâmetro entre os tratamentos experimentais e entre os tempos de colheita do líquido ruminal. 3.8. Equações de predição da concentração dos ácidos graxos voláteis totais no líquido ruminal de ovinos em função do nível de inclusão do subproduto de maracujá em suas dietas 3.8.1. Tempo de Colheita duas horas pósprandial AGV = 15,18 - 0,55X + 0,0051X2 + 0,00013X3 (R2 = 0,55; P<0,01), onde: AGV = concentração de AGV totais em mmol/ 100 ml X = % de inclusão do subproduto de maracujá A derivação da equação permitiu perceber a resposta cúbica descendente das concentrações de AGV totais desde o tratamento que não incluiu o subproduto (15,18 mmol/ 100 ml de líquido ruminal) até 26,69% de inclusão (6,6 mmol/ 100 ml de líquido ruminal). A partir deste nível houve resposta ascendente até a inclusão do subproduto em 47% do total dietético (13,88 mmol/ 100 ml de líquido ruminal). 3.9. Equações de predição da concentração dos ácidos graxos voláteis totais no líquido ruminal de ovinos em função do tempo de 262 colheita do líquido ruminal dentro dos tratamentos experimentais Maior significância estatística e maiores coeficientes de determinação foram encontrados quando se relacionou as concentrações de ácidos graxos voláteis e os tempos de colheita do líquido ruminal dentro de cada um dos tratamentos experimentais. Na Figura 3 é demonstrado o comportamento das equações encontradas. 3.9.1. Dieta com 0% de subproduto de maracujá AGV = 7,71 + 2,94X - 0,26X2 (R2=0,51; P<0,01), onde: AGV = Concentração de ácidos graxos voláteis em milimoles / 100 ml de líquido ruminal X = tempo de colheita do líquido ruminal (horas) 3.9.2. Dieta com 18% de subproduto de maracujá AGV = 4,57 + 2,81X - 0,21X2 (R2=0,64; P<0,001), onde: AGV = Concentração de ácidos graxos voláteis em milimoles / 100 ml de líquido ruminal X = tempo de colheita do líquido ruminal (horas) 3.9.3. Dieta com 31% de subproduto de maracujá AGV = 7,45 + 0,73X + 0,09X2 (R2=0,53; P<0,01), onde: AGV = Concentração de ácidos graxos voláteis em milimoles / 100 ml de líquido ruminal X = tempo de colheita do líquido ruminal (horas) Para os tratamentos 0% e 18% houve um comportamento quadrático ascendente até a 5a hora pós-prandial e daí em diante houve uma leve queda das concentrações. Para o tratamento 31% este comportamento foi sempre ascendente até a oitava hora pósprandial. Concentrações de AGV (mmol/ 100 ml) 25 20 15 0% 18% 31% 10 5 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 Tempo de colheita (h) Figura 3. Concentração de ácidos graxos voláteis em função do tempo de colheita do líquido ruminal A análise da Figura 3 sugere comportamentos diferentes entre os três tratamentos demonstrados, daí a interação tempo versus dietas experimentais ter sido significativa (P<0,05). A interação tempos de colheita do líquido ruminal versus dietas experimentais, por sua vez, não foi significativa para as proporções molares de ácidos graxos voláteis (P>0,05). Analisando-se estes dados percebe-se que não houve diferenças entre as proporções de acetato e de butirato entre os tratamentos e entre os tempos de colheita (P>0,05). Já para o propionato as médias dos valores encontrados para cada tratamento revelaram superioridade de propionato para os tratamentos que incluíram o subproduto de maracujá em 31 e 47% do total dietético e estes foram semelhantes à dieta controle. Não houve diferenças entre os tempos de colheita. Silva e Leão (1979) citaram faixas de normalidade para as concentrações de ácidos graxos voláteis no rúmen. Para o ácido acético, níveis normais para ruminantes seriam de 54 a 74%. Para o ácido propiônico, de 16 a 27% e para o ácido butírico, de 6 a 15%. Observando os dados da Tabela 5, percebe-se que os valores médios de ácido acético ficaram entre 54,31 % (Tratamento 0% e Tempo de colheita zero) e 71,83% (Tratamento 18% e Tempo de colheita oito) caracterizando a normalidade destes valores segundo os autores. Os valores médios de ácido propiônico ficaram entre 24,37 % (Tratamento 0% e Tempo de colheita cinco) e 41,29% (Tratamento 31% e Tempo de colheita cinco). Principalmente para os tratamentos 31 e 47% foram encontradas proporções molares superiores aos parâmetros normais citados por Silva e Leão (1979). De acordo com Nocek (1997), a acidose é conseqüência da ingestão de grandes quantidades, acima do normal, de carboidratos fermentáveis no rúmen. O efeito mais crítico é a queda do pH advinda desta alta ingestão. Mudanças na população microbiana podem acontecer inclusive com a redução da habilidade do metabolismo sistêmico de catabolizar e/ou excretar certos metabólitos. No tratamento 47% foram encontrados valores de pH inferiores aos recomendados pela literatura. Isto sugere a necessidade de determinação da efetividade física do subproduto de maracujá para que sua inclusão seja baseada nos níveis mínimos de fibra fisicamente efetiva. Já se 263 sabe que a inclusão superior a 31% podem desencadear quadros de acidose sub-clínica. De acordo com Nocek (1997), este processo patológico inicia-se com o aumento de carboidratos altamente fermentáveis na dieta com um concomitante aumento na taxa de crescimento das bactérias. Estes eventos levam ao aumento na produção de AGV totais e à queda do pH ruminal. A média dos valores de ácido butírico dos tratamentos para todos os tempos de colheita variou de 3,36 % (Tratamento 47%) a 6,86 % (Tratamento 0%) e não foi diferente estatisticamente (P>0,05). Valores considerados normais somente foram encontrados nos tratamentos zero e 18% de inclusão do subproduto. 3.10. Equações de predição das concentrações dos ácidos acético, propiônico e butírico em mmol/ 100 ml de líquido ruminal de ovinos em função dos tratamentos experimentais dentro dos tempos de colheita do líquido ruminal Em destaque apenas a equação de regressão da concentração de ácido acético em função dos tratamentos experimentais dentro do tempo de colheita de 2 horas pós-prandial. O resultado revela a alta influência das concentrações de ácido acético sobre as concentrações de AGV totais já discutidos anteriormente. O comportamento foi o mesmo da equação citada no item 3.8.1. 3.10.1. Tempo de colheita duas horas pósprandial AACET = 10,66 - 0,5X + 0,0096X2 (R2 = 0,75; P<0,0001), onde: AACET = concentração de ácido acético em mmol/ 100 ml X = % de inclusão do subproduto de maracujá A derivação da equação permitiu perceber o comportamento quadrático descendente das concentrações de ácido acético desde o tratamento que não incluiu o subproduto. 3.11. Equações de predição das concentrações do ácido acético em mmol/ 100 ml de líquido ruminal de ovinos em 264 função do tempo de colheita do líquido ruminal dentro dos tratamentos experimentais Para as concentrações dos ácidos acético, propiônico e butírico somente destacaramse as seguintes equações conforme a significância estatística (P<0,05) e os coeficientes de determinação superiores a 45%. As Figuras 4 e 5 representam graficamente as equações aqui determinadas. 3.11.1. Dieta com 0% de subproduto de maracujá AACET = 3,34 + 6,33X - 1,57X2 + 0,11X3 (R2=0,62; P<0,01), onde: AACET = Concentração de ácido acético em milimoles / 100 ml de líquido ruminal X = tempo de colheita do líquido ruminal (horas) 3.11.2. Dieta com 18% de subproduto de maracujá AACET = 3,0 + 1,87X - 0,12X2 (R2=0,54; P<0,01), onde: AACET = Concentração de ácido acético em milimoles / 100 ml de líquido ruminal X = tempo de colheita do líquido ruminal (horas) 3.11.3. Dieta com 31% de subproduto de maracujá AACET = 5,29 - 0,29X + 0,13X2 (R2=0,56; P<0,001), onde: AACET = Concentração de ácido acético em milimoles / 100 ml de líquido ruminal X = tempo de colheita do líquido ruminal (horas) 3.11.4. Dieta com 47% de subproduto de maracujá AACET = 7,16 + 0,27X + 0,037X2 (R2=0,45; P<0,01), onde: AACET = Concentração de ácido acético em milimoles / 100 ml de líquido ruminal X = tempo de colheita do líquido ruminal (horas) A Figura 4 demonstra maior pico de produção de ácido acético para o tratamento 0% de inclusão de subproduto de maracujá, duas horas após o fornecimento alimentar. Concentrações de ácido acético (mmol/ 100 ml) 14 12 10 0% 8 18% 31% 6 47% 4 2 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 Tempo de colheita (h) Figura 4. Concentração de ácido acético em função do tempo de colheita do líquido ruminal 3.12. Efeito das dietas e dos tempos de colheita sobre os valores de uréia no soro sangüíneo dos ovinos A seguir serão apresentados os dados obtidos a partir da avaliação do soro sangüíneo colheitado. Na Tabela 6 são apresentados os dados de uréia. Tabela 6. Concentração de uréia (mg/ 100ml) no soro de ovinos consumindo dietas contendo distintas quantidades de subproduto de maracujá1 em vários horários pós-prandial Dietas Horário (h)2 Médias 3 3 0% 18 % 31 %3 47 %3 0 95,16Aa 60,69Ab 91,68Aa 76,70Aab 81,06A Ba Ba Ba Ba 2 27,15 36,01 27,88 19,94 27,74B Ba Ca Ba Ba 5 17,71 16,48 21,96 22,01 19,54BC Ba Ca Ba Ba 8 18,53 14,36 21,78 12,98 16,91C a a a a Médias 39,64 31,88 40,82 32,91 1 Percentagem de inclusão de subproduto de maracujá nas dietas Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK) 3 Letras minúsculas iguais na mesma linha indicam semelhança estatística a 5% (SNK) CV = 38,67% 2 A interação tempos de colheita versus dietas experimentais foi significativa para este parâmetro. No jejum, a dieta com 18% de subproduto apresentou menor concentração de uréia do que as dietas controle e aquela que incluiu 31% de subproduto e todos os valores foram semelhantes à dieta com 47% de subproduto. Durante a execução das análises, algumas amostras de soro sangüíneo foram retiradas por terceiros da câmara fria do Laboratório de Nutrição Animal da UFMG, dentre elas as amostras do tempo zero, e isso pode ter comprometido os resultados aqui encontrados que foram muitas vezes superiores aos demais e distantes da faixa de valores considerada normal por Meyer et 265 al. (1995). Entre os tempos de colheita, todos os valores foram inferiores àqueles encontrados no jejum, sendo que na dieta com 18% de inclusão de subproduto, os valores às cinco e oito horas pós-prandial foram ainda menores do que as duas horas pós-prandial. A amônia é um derivado primário do catabolismo dos aminoácidos pelas bactérias ruminais, absorvida pela circulação porta, removida pelo fígado e incorporada ao ciclo da uréia com resultante formação de uréia e eventual excreção pelos rins (Meyer et al., 1995). Baseado nestas informações foi feito a análise da uréia no soro sangüíneo dos animais experimentais. De acordo com Meyer et al. (1995), valores normais de uréia para ovinos situam-se entre 18 e 31 mg/ 100ml. Todos os valores com exceção daqueles medidos durante o jejum estiveram dentro da faixa de normalidade, com exceção do valor médio encontrado no Tratamento 18% (Tempo dois), ou seja, 36,01%. De acordo com Van Soest (1994), a matéria microbiana é derivada da fermentação dos subprodutos alimentares e do material endógeno secretado (uréia e muco proveniente da saliva) que pode não ser facilmente distinguível dos produtos microbianos. Ainda segundo este autor, os carboidratos fermentáveis promovem o crescimento microbiano, e os requerimentos de nitrogênio são atendidos pelos micróbios a partir da quebra da amônia na forma de células microbianas. Preston et al. (1965) e Meyer et al. (1995) sugeriram a determinação do nível de uréia no sangue para verificar se o suprimento de proteína está adequado. Considerando que os valores estiveram dentro dos níveis normais existe um indicativo de nutrição protéica adequada. Outros estudos merecem atenção particularmente para avaliar a dinâmica da fermentação ruminal dos compostos nitrogenados a partir do uso de marcadores. Sob este aspecto, a determinação da taxa de 266 passagem seria extremamente importante para o conhecimento mais aprofundado do nível de aproveitamento alimentar no trato gastrointestinal. O estudo dos sítios de degradação do nitrogênio, da fibra e dos carboidratos solúveis, portanto, indicariam melhor a eficiência com que estes nutrientes seriam digeridos em cada um dos compartimentos do trato gastrointestinal. No Capítulo XIV serão feitos comentários sobre a degradação ruminal da proteína do subproduto de maracujá. 3.13. Equações de predição das concentrações de uréia sérica no sangue de ovinos em função do tempo de colheita do líquido ruminal dentro dos tratamentos experimentais Na Figura 5, estão representadas as equações significativas (P<0,05) e com mais altos coeficientes de determinação que correlacionam as concentrações de uréia no soro sangüíneo com os tempos de colheita dentro de cada tratamento experimental. 3.13.1. Dieta com 0% de subproduto de maracujá Uréia = 89,2 - 29,74X + 2,66X2 (R2 = 0,88; P<0,0001), onde: Uréia = concentração de uréia em mg/100 ml de líquido ruminal X = tempo de colheita do líquido ruminal (horas) 3.13.2. Dieta com 18% de subproduto de maracujá Uréia = 60,48 - 14,08X + 1,04X2 (R2 = 0,49; P<0,01), onde: Uréia = concentração de uréia em mg/100 ml de líquido ruminal X = tempo de colheita do líquido ruminal (horas) 3.13.3. Dieta com 31% de subproduto de maracujá Uréia = 85,65 - 27,07X + 2,44X2 (R2 = 0,78; P<0,0001), onde: Uréia = concentração de uréia em mg/100 ml de líquido ruminal X = tempo de colheita do líquido ruminal (horas) Uréia = concentração de uréia em mg/100 ml de líquido ruminal X = tempo de colheita do líquido ruminal (horas) 3.13.4. Dieta com 47% de subproduto de maracujá Uréia = 76,7 - 48,05X + 11,44X2 - 0,8X3 (R2 = 0,88; P<0,0001), onde: 100 Concentrações de uréia sérica (mg/ 100 ml) 90 80 70 60 0% 18% 50 31% 47% 40 30 20 10 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 Tempo de colheita (h) Figura 5. Concentração de uréia sérica em função do tempo de colheita do sangue A Figura 5 demonstra que houve queda das concentrações séricas de uréia e que após o fornecimento alimentar os níveis de uréia caíram até a quinta hora pós-prandial e daí houve um leve aumento até a quinta hora pós-prandial para as dietas controle e com 31% de subproduto. Na dieta com 18% de subproduto, as concentrações caíram até a quinta hora pós-prandial e daí praticamente se estabilizou até a 8a hora pós-prandial. Para a dieta com 47% de subproduto, a queda ocorreu até em torno de duas horas pós-prandial, a partir da qual houve leve aumento até a quinta hora pós-prandial e depois nova queda até a oitava hora pósprandial. Vale salientar, entretanto, as possíveis alterações que podem ter ocorrido com a retirada das amostras do tempo zero de dentro da câmara fria. 3.14. Efeito das dietas e dos tempos de colheita sobre os valores de creatinina no soro sangüíneo dos ovinos Na Tabela 7 são apresentados os dados de creatinina. Houve interação significativa entre tempos de colheita versus dietas experimentais. De acordo com Meyer et al. (1995), valores normais para ovinos situamse entre 1,2 e 1,9 mg/ 100 ml. A normalidade foi atingida no jejum e às 8 horas após o fornecimento alimentar em todos os tratamentos. Não houve diferenças significativas entre os tratamentos, entretanto evidenciaram-se maiores concentrações séricas de creatinina principalmente no jejum e na oitava hora pós-prandial. Diferenças ocorreram para mais e para menos entre os horários dentro de cada tratamento e, por essa razão, a interação foi significativa. 267 Tabela 7. Concentração de creatinina (mg/ 100ml) no soro de ovinos consumindo dietas contendo distintas quantidades de subproduto de maracujá1 em vários horários pós-prandial Dietas Horário (h)2 Médias 3 3 0% 18 % 31 %3 47 %3 0 1,45Aa 1,33Ba 1,63Aa 1,21Aa 1,41A BCa ABa Ba Ba 2 0,93 0,95 0,91 0,73 0,88B Ca Ba Ba Ba 5 0,69 0,67 0,78 0,73 0,72B ABa Aa ABa Aa 8 1,23 1,19 1,25 1,34 1,25A a a a a Médias 1,08 1,03 1,14 1,01 1 Percentagem de inclusão de subproduto de maracujá nas dietas Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK) 3 Letras minúsculas iguais na mesma linha indicam semelhança estatística a 5% (SNK) CV = 30,08% 2 Em se tratando da análise de regressão que avaliou o efeito dos tempos de colheita sobre as concentrações séricas de creatinina foram encontradas equações com maiores coeficientes de determinação. A representação gráfica está na Figura 6. 3.15. Equações de predição das concentrações de creatinina sérica no sangue de ovinos em função do tempo de colheita do sangue dentro dos tratamentos experimentais Concentrações de creatinina sérica (mg/ 100 ml) 1,8 1,6 1,4 1,2 0% 1 31% 0,8 47% 0,6 0,4 0,2 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 Tempo de colheita (h) Figura 6. Concentração de creatinina sérica em função do tempo de colheita do sangue 3.15.1. Dieta com 0% de subproduto de maracujá CREA = 1,46 - 0,35X + 0,04X2 (R2 = 0,69; P<0,0001), onde: CREA = concentração de creatinina em mg/100 ml de líquido ruminal X = tempo de colheita do líquido ruminal (horas) 268 3.15.2. Dieta com 31% de subproduto de maracujá CREA = 1,6 - 0,4X + 0,045X2 (R2 = 0,65; P<0,001), onde: CREA = concentração de creatinina em mg/100 ml de líquido ruminal X = tempo de colheita do líquido ruminal (horas) 3.15.3. Dieta com 47% de subproduto de maracujá CREA = 1,2 - 0,29X + 0,039X2 (R2 = 0,70; P<0,0001), onde: CREA = concentração de creatinina em mg/100 ml de líquido ruminal X = tempo de colheita do líquido ruminal (horas) A dieta controle apresentou concentrações séricas de creatinina sempre decrescentes a partir do fornecimento alimentar até 4,38 horas pós-prandial de onde houve aumento das concentrações séricas até a oitava hora pós-prandial. Já para as dietas que incluíram o subproduto a queda foi evidente até aproximadamente 4,44 horas (31% de subproduto) e até 3,72 horas (47% de subproduto) e daí em diante foi ascendente até a oitava hora de colheita (Figura 6). 3.17. Efeito das dietas e dos tempos de colheita sobre os valores de albumina no soro sangüíneo dos ovinos Na Tabela 8 são apresentados os dados de albumina. Tabela 8. Concentração de albumina (mg/ 100ml) no soro de ovinos consumindo dietas contendo distintas quantidades de subproduto de maracujá1 em vários horários pós-prandial Dietas Horário (h)2 Médias 0 %3 18 %3 31 %3 47 %3 Aa Ab Aa Aa 0 4,97 3,90 5,34 5,42 4,91A Aa Aa ABa Aa 2 4,75 4,35 4,57 4,89 4,64A Ba Aa Ba Ba 5 3,50 3,27 3,58 3,41 3,44B Ba Aa Ba Ba 8 3,87 3,76 3,90 3,79 3,83B a a a a Médias 4,27 3,82 4,35 4,38 1 Percentagem de inclusão de subproduto de maracujá nas dietas Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK) 3 Letras minúsculas iguais na mesma linha indicam semelhança estatística a 5% (SNK) CV = 16,65% 2 Houve interação significativa entre tempo de colheita do sangue e dietas experimentais. Houve diferenças significativas entre as dietas experimentais durante o jejum. A dieta com 18% de subproduto apresentou a menor concentração sérica de albumina. Nos demais tempos de colheita, não houve diferenças entre as dietas experimentais. Para as dietas controle e com 47% de subproduto as maiores concentrações foram encontradas para o jejum e segunda hora pós-prandial. Na dieta com 18% de subproduto, não houve diferenças significativas entre os tempos de colheita. Para a dieta com 31% de subproduto de maracujá, o jejum apresentou maior concentração do que na quinta e na oitava hora pós-prandial e foi semelhante ao valor encontrado na segunda hora pós-prandial. Meyer et al. (1995) citaram que para ovinos a normalidade encontra-se entre 2,4 e 3,9 g de albumina/ 100 ml de soro sangüíneo. Os valores estiveram dentro dos padrões normais principalmente na quinta e oitava horas pós-prandial. Maiores concentrações de nitrogênio amoniacal no líquido ruminal foram evidenciadas principalmente às cinco horas pós-prandial (Tabela 1). Isto provavelmente contribuiu para a normalizaçào dos níveis séricos de albumina e de proteínas totais apenas a partir da 5a hora pós-prandial. A mensuração do total de proteínas reflete uma combinação entre a albumina e as globulinas. Baixos níveis de proteína dietética resultam em aumento nos níveis de aminoácidos como glutamato, glutamina, leucina, glicina e isoleucina no plasma, enquanto em animais em jejum os níveis de lisina, isoleucina e histidina no plasma aumentaram, mas os de serina, glutamina, glicina, alanina e arginina decresceram. Este decréscimo 269 X = tempo de colheita do soro sangüíneo (horas) possivelmente se deve à utilização dos aminoácidos como fontes de energia assim como para a síntese de proteína (Silva e Leão, 1979). 3.17.2. Dieta com 31% de subproduto de maracujá ALB = 5,41 - 0,59X + 0,05X2 (R2 = 0,57; P<0,001), onde: ALB = concentração sérica de albumina (mg/100 ml de soro sangüíneo) X = tempo de colheita do soro sangüíneo (horas) 3.17. Equações de predição das concentrações de albumina sérica no sangue de ovinos em função do tempo de colheita do líquido ruminal dentro dos tratamentos experimentais Não foram encontradas equações de regressão significativas (P<0,05) para os níveis de inclusão em relação às concentrações séricas de albumina dentro de cada tempo de colheita, entretanto, correlacionando-se as concentrações séricas de albumina com os tempos de colheita foram encontradas equações com altos coeficientes de determinação e alta significância estatística (P<0,01). A seguir estão demonstradas estas equações e na Figura 8 a representação gráfica de todas elas. 3.17.3. Dieta com 47% de subproduto de maracujá ALB = 5,58 - 0,62X + 0,048X2 (R2 = 0,52; P<0,01), onde: ALB = concentração sérica de albumina (mg/100 ml de soro sangüíneo) X = tempo de colheita do soro sangüíneo (horas) Todas as equações revelaram um efeito quadrático descendente a partir das duas horas até as oito horas pós-prandial. Os valores normais a partir da quinta e oitava horas pós-prandial dão um indício de adequado fornecimento de proteína na dieta e de aproveitamento pelo organismo animal. 3.17.1. Dieta com 0% de subproduto de maracujá ALB = 5,13 - 0,44X + 0,037X2 (R2 = 0,52; P<0,01), onde: ALB = concentração sérica de albumina (mg/100 ml de soro sangüíneo) Concentrações de albumina sérica (mg/ 100 ml) 6 5 4 0% 3 31% 47% 2 1 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 Tempo de colheita (h) Figura 7. Concentração de albumina sérica em função do tempo de colheita do sangue 270 3.18. Efeito das dietas e dos tempos de colheita sobre os valores de proteínas totais no soro sangüíneo dos ovinos Na Tabela 9 são apresentados os dados de proteínas totais. Tabela 9. Concentração de proteínas totais (g/ 100ml) no soro de ovinos consumindo dietas contendo distintas quantidades de subproduto de maracujá1 em vários horários pós-prandial Dietas Horário (h)2 Médias 0 %3 18 %3 31 %3 47 %3 0 5,04Aa 5,39Ba 6,59Ba 5,73Ba 5,69B Aa ABa ABa ABa 2 6,36 6,64 7,57 7,50 7,02B Aa Ba ABa Ba 5 6,90 6,83 7,19 6,17 6,77B Aa Aa Aa Aa 8 7,80 9,75 10,10 9,40 9,26A Médias 6,52a 7,15a 7,86a 7,20a 1 Percentagem de inclusão de subproduto de maracujá nas dietas Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK) 3 Letras minúsculas iguais na mesma linha indicam semelhança estatística a 5% (SNK) CV = 29,13% 2 Houve interação significativa entre dietas e tempos de colheita do soro sangüíneo. Não houve diferenças significativas para as mensurações deste parâmetro entre as dietas experimentais. No tratamento 0% não houve diferenças significativas entre os tempos de colheita (P>0,05). Nos tratamentos 18 e 47% de inclusão do subproduto de maracujá o tempo 8 apresentou maiores concentrações de proteínas totais em relação ao jejum e ao tempo cinco, entretanto foram semelhantes ao tempo dois. No tratamento 31% a superioridade foi apenas em relação ao jejum já que os valores dos tempos dois, cinco e oito foram semelhantes estatisticamente (P>0,05). De acordo com Meyer et al. (1995) os níveis séricos normais de proteínas totais situam-se entre seis e 7,9 g/ 100 ml. A normalidade foi atingida principalmente entre os tempos dois e cinco. O tempo oito, com exceção do tratamento 0%, teve excesso de concentrações de proteínas totais resultado provável das mais altas concentrações de N-NH3 verificadas principalmente no tempo cinco (Tabela 1) e das maiores concentrações de AGV totais verificadas principalmente nos tempos cinco e oito. Silva e Leão (1979) destacaram que o aumento da concentração de aminoácidos no sangue não constitui-se um indicador da melhoria da nutrição protéica do animal. Segundo estes autores, a melhoria do balanço de aminoácidos resulta em seu decréscimo no sangue. Os altos níveis de proteínas totais na oitava hora pós-prandial, portanto, retratam o aumento da eficiência de reciclagem do nitrogênio no sangue para fornecimento de nitrogênio endógeno à síntese de proteína microbiana ruminal. De acordo com Meyer et al. (1995), uma pequena quantidade de proteínas atinge o filtrado glomerular, mas quando isso ocorre, os túbulos renais também promovem a sua reabsorção. O glomérulo, segundo esses autores, também filtra a creatinina e a uréia nitrogenada do sangue retendo também a albumina. 4. CONCLUSÕES Altas inclusões do subproduto de maracujá em dietas para cordeiros em crescimento podem representar queda do pH ruminal; A elevada produção de propionato no rume pode contribuir positivamente para o incremento energético das dietas para ovinos. Esta inclusão, entretanto, traz melhores resultados quando em até 18% do total dietético; A partir da análise dos parâmetros séricos verificou-se que o suprimento de proteína 271 pareceu ser adequado face a normalidade dos parâmetros medidos. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CHURCH, D. C. The ruminant animal Digestive physiology and nutrition. New Jersey, Reston, 1988. 564 p. FRANCE, J., SIDDONS, R.C. Volatile fatty acid production. In: FORBES, J. M., FRANCE, J. Quantitative aspects of ruminant digestion and metabolism. Cambridge University, 1993. p.107-121. HOBSON, P.N., STEWART, C.S. The rumen microbial ecosystem. 1ed. London: Blackie Academic and Professional. 1997. 340p. HUNGATE, R.E. The rumen and its microbes. London, Academic Press, 1966, 533p. JENKINS, J., PALMQUIST, D. L. Effect of fatty acid or calcium soaps on rumen and total nutrient digestibility of dairy ration. J. Dairy Sci., v.67, n.5, p.978-986, 1984. LINDBERG, J.E. Estimation of rumen degradability of feed proteins with the in sacco technique and various in vitro methods: a review. Acta Agriculturae Scandinavica. suppl. 25, p.65-97, 1985. LITTELL, R.C.; FREUND, R.J.; SPECTOR, P.C. SAS® system for linear models. Cary, NC, EUA: SAS Institute Inc., 1991. 329p. LOUSADA JÚNIOR, J.E. Digestibilidade aparente de subprodutos do processamento de frutas em ovinos. Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 2003. 94p. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) – Universidade Federal do Ceará, 2003. MEHREZ, A.Z., ØRSKOV, E.R., McDONALD, I. Rate of rumen fermentation in relation to ammonia concentration. Brittish Journal of Nutrition, v.38, n.3, p.437-443, 1977. 272 MEYER, D.J., COLES, E.H., RICH, L.J. Medicina de laboratorio veterinária: interpretação e diagnóstico; Tradução e revisão científica Paulo Marcos Oliveira. São Paulo: Roca, 1995. 302p. MURPHY, M., ÚDEN, P., PALMQUIST, D. L., WITITORSSON, A. Rumen and total digestibilities in lactating cows fed diets containing full fat rapeseed. J. Dairy Sci, v.70, n.8, p.1572-1582, 1987. NATIONAL RESEARCH COUNCIL. Nutrient requirements of sheep. New York: National Academy Press, 1985. 99p. NOCEK, J.E. Manejo de alimentação de vacas no pós-parto. In: TEIXEIRA, J.C. Digestibilidade em ruminantes. Lavras: UFLA – FAEPE, 1997. 327p. PRESTON, T. R.; WHITELAN, F. G.; MacLEOD, N. A.; PHILIP, E. B. The nutrition of the early-weaned calf. VII. The effect on nitrogen retention on diets containing different levels of fish meal. Anim. Prod., v.7, n.1, p.53-58, 1965. RIBEIRO JÚNIOR, J.I. Análises estatísticas no SAEG. Viçosa:UFV, 2001. 301p. SAMPAIO, I. B. M. Estatística aplicada à experimentação animal. 2.ed. Belo Horizonte: Fundação de Ensino e Pesquisa em Medicina Veterinária e Zootecnia, 2002. 265p. SILVA, J.F.C., LEÃO, M.I. Fundamentos da nutrição de ruminantes. Piracicaba, Livroceres, 1979. 380p. VAN SOEST, P.J. Nutritional Ecology of the Ruminant. 2nd edition. USA: Cornell University Press, 1994. 476p. WALLACE, R.J., COTTA, M.A. Metabolism of nitrogen-containing compounds. In: HOBSON, P.N. The rumen microbial ecosystem. New York: Elsevier, 1988. p.217-249. Capítulo XIV - EXPERIMENTO 12 Valor nutritivo do subproduto da indústria processadora de maracujá (Passiflora edulis) em dietas para ovinos. 3. Degradabilidade ruminal RESUMO O subproduto de maracujá e o capim elefante foram avaliados comparativamente em um estudo de degradabilidade ruminal em carneiros. Foi utilizado um delineamento de blocos ao acaso em esquema de parcelas subdivididas, tendo seis animais nos blocos, dois alimentos como parcelas e cinco tempos de incubação (seis, 12, 24, 48 e 96 horas) como subparcelas e a comparação das médias efetuada pelo teste Student-Newman-Keuls (SNK) (P<0,05). Foram também calculados o tempo de colonização, as degradabilidades efetivas para duas taxas de passagem pré-fixadas (2,0 e 5,0%/h) e estimados os valores de proteína efetivamente degradada no rúmen (PEDR), proteína não degradada no rúmen (PNDR) em suas frações indigestível (PINDR) e digestível (PDNDR). O subproduto e o capim apresentaram potenciais de degradação da matéria seca (MS) de 66,32% e 73,93%, respectivamente. O subproduto de maracujá exibiu maior taxa fracional de degradação da MS (5,3%/h) em relação ao capim elefante (2,75%/h). Foram observados potenciais de degradação da proteína bruta (PB) de 93,27% e 86,76% e taxas de degradação de 6,36%/h e 2,84%/h para o subproduto de maracujá e capim elefante, respectivamente. O subproduto de maracujá teve maior percentual de proteína digestível não degradada no rúmen na taxa de passagem de 2,0%/h em relação ao encontrado para o capim elefante. Em contrapartida, a gramínea apresentou menor percentual de proteína efetivamente degradada no rúmen na taxa de passagem de 5,0%/h. Os potenciais de degradação da fibra em detergente neutro (FDN) variaram de 48,91% a 66,16% para o subproduto de maracujá e para o capim elefante, respectivamente, enquanto as taxas de degradação foram de 5,02%/h para o subproduto de maracujá e 2,9%/h para o capim elefante. Os resultados de degradabilidades da parede celular, obtidos para o subproduto de maracujá, indicaram que podem ocorrer restrições quanto ao potencial de degradação particularmente para a matéria seca e para a FDN e que isso pode limitar a inclusão do subproduto de maracujá em dietas para ruminantes. Palavras-chave: agroindústria, frutas, in situ, nutrição, ovinos, subproduto 1. INTRODUÇÃO Os estudos de degradabilidade justificam-se pela necessidade de se comparar os alimentos considerando que os mais digestíveis poderão representar melhor retorno econômico/produtivo dos animais que os consumirem. É indispensável também a formulação de modelos mecanísticos que expressem progressiva e verdadeiramente o fenômeno dinâmico da digestão considerando os fatores circunstanciais inerentes aos alimentos oferecidos, em especial a sua composição bromatológica. O principal componente do subproduto de maracujá são as cascas, sendo fundamental maiores informações sobre o seu valor nutritivo. Os estudos revelam que a casca do maracujá tem alto teor de fibras e carboidratos, baixo teor de extrato etéreo, sendo uma fonte satisfatória de pectina, proteínas e minerais. Além das cascas, as sementes também fazem parte do subproduto e apresentam elevadas concentrações de proteína bruta e de extrato 273 etéreo além de serem ricas em fibras. A associação de cascas e sementes produz um subproduto de boa qualidade quanto as características bromatológicas e que merece ser estudado quanto a sua degradabilidade ruminal. O conhecimento sobre a digestão ruminal de fontes de fibra não forrageiras como o subproduto de maracujá é de fundamental importância porque o rúmen é o principal sítio de digestão de alimentos fibrosos. Como conseqüência, é possível estabelecer a quantidade e a proporção de nutrientes necessários para a máxima resposta microbiana e animal (Nocek, 1988). Este estudo teve como objetivo avaliar comparativamente a degradabilidade ruminal da matéria seca (MS), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), hemiceluloses (HCEL) e celulose (CEL) do subproduto de maracujá em relação ao capim elefante, empregando-se a técnica in situ de incubação ruminal em sacos de náilon, visando uma eventual substituição parcial da gramínea em questão pelo subproduto avaliado. A intenção foi verificar as diferenças de degradabilidade ruminal entre essas fontes de fibra alimentar, importante para a adoção de sistemas mais adequados de alimentação. 2. MATERIAL E MÉTODOS Nas dependências do Laboratório de Nutrição Animal do curso de Zootecnia da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA) em Sobral - CE, amostras de subproduto de maracujá e capim elefante foram pré-secas em estufa de ventilação forçada a 60oC, por 48 horas e foram moídas em moinho com peneira de 5 mm tendo sido usadas para a incubação ruminal por períodos de seis, 12, 24, 48 e 96 h. Foi empregada a técnica de fermentação in situ descrita por Balch e Johnson (1950) com sacos de náilon de 5 x 14 cm, com 274 porosidade média de 0,25 mm2/mm2. Foram colocados com 6,54 g do subproduto de maracujá (valor médio em base de matéria seca) e com 6,51 g de capim elefante (valor médio em base de matéria seca) estabelecendo a relação média de 46,71 mg de amostra de subproduto de maracujá por cm2 de área superficial dos sacos de náilon e a relação média de 46,5 mg de amostra de capim elefante, conforme recomendação de Sampaio (1988). A boca de cada um dos sacos foi fechada com argola metálica e amarrada a uma linha no 0,70 com 25 cm de comprimento conectada a uma âncora de 100 g, imersos em água e inseridos, via cânula, no rúmen dos ovinos. A fase experimental contou com 15 dias de adaptação e 10 dias de incubações. Para os períodos de seis, 12 e 24 h foram realizadas duas repetições (dois sacos por animal e por alimento), nos demais foram incubados três sacos por alimento, procurando-se manter, no máximo, seis sacos por animal. Cada animal continha os alimentos sob o mesmo período de incubação, de forma a retirar todos os sacos de uma só vez. Este experimento transcorreu no período de 29 de novembro até 23 de dezembro de 2002 na sede da EMBRAPA Caprinos em Sobral – CE. Foram utilizados seis carneiros por tratamento, com peso vivo médio de variando de 47,2 kg, alojados em gaiolas metabólicas, com água e mistura mineral à vontade. Nocek (1988) recomendou que os alimentos a serem incubados no rúmen devem ser adicionados à dieta fornecida. Baseado nessa informação, a dieta fornecida foi balanceada em termos de proteína bruta conforme o National Research Council (1985) para ovinos adultos em manutenção composta de capim elefante in natura, subproduto de maracujá e milho. Água e sal mineral estiveram disponíveis à vontade. Após a retirada, os sacos foram imediatamente imersos em água fria e lavados manualmente em água corrente, até que esta se apresentasse límpida, colocados em estufa de ventilação forçada a 65oC, por 72 horas, transferidos para dessecador por 30 minutos e pesados. Nas dependências do Laboratório de Nutrição Animal da UVA, os subprodutos de incubação foram moídos em moinho com peneira de 1 mm e utilizados para as determinações de MS, PB, FDN, FDA, HCEL e CEL de acordo com Association of Official Analytical Chemists (1995). Os níveis dessas frações nas amostras de capim e subproduto de maracujá, juntamente com os pesos dos materiais incubados e dos subprodutos, foram utilizados para os cálculos do desaparecimento das respectivas frações. As frações solúveis (tempo zero de incubação) foram determinadas pelos mesmos procedimentos, porém sem a incubação ruminal. dados de dos Para a análise dos componentes desaparecimento nutricionais das forrageiras foi empregado um delineamento experimental de blocos ao acaso em esquema de parcelas subdivididas, tendo os animais como blocos, os alimentos como parcelas e os tempos de incubação como subparcelas, segundo o seguinte modelo estatístico: Yijk = µ + Ai + Fj + Tk + FTjk + eijk onde, Yijk = valor referente à observação do alimento j, no animal i e no tempo de incubação k µ = média geral Ai = efeito do animal i (i = 1, 2, 3, 4, 5, 6) Fj = efeito do alimento j (j = 1, 2) Tk = efeito do tempo de incubação k (k = 6, 12, 24, 48, 96) FTjk = interação dos efeitos do alimento j com o tempo de incubação k eijk = erro aleatório associado à observação As médias foram comparadas empregandose o teste Student-Newman-Keuls (SNK), a 5% de probabilidade. Para estimar as curvas de degradação foi utilizado o seguinte modelo proposto por Sampaio (1988): p = A - B e-ct onde, p = porcentagem de degradação após um tempo (t) de incubação no rúmen; A = porcentagem máxima de degradação do material contido no saco de náilon, ou degradabilidade potencial B = parâmetro sem valor biológico. Se não houvesse tempo de colonização, ele corresponderia ao total a ser degradado pela ação microbiana c = taxa constante de degradação da fração que permanece no saco de náilon, expressa em porcentagem por hora t = tempo de incubação no rúmen, em horas A análise dos dados e as equações de regressão para os desaparecimentos dos componentes nutricionais foram feitos utilizando-se o programa Sistema para Análises Estatísticas e Genéticas (SAEG), de acordo com Ribeiro Júnior (2001). O tempo de colonização foi estimado conforme McDonald (1981), de acordo com a seguinte equação: TC = -1 * ln (A-S) c B onde, TC = tempo de colonização, em horas A, B e c = mesmos parâmetros definidos na equação anterior S = fração solúvel determinada pela porcentagem de desaparecimento no tempo zero de incubação (fração rapidamente degradada) As degradabilidades efetivas foram calculadas utilizando-se os valores sugeridos pelo Agricultural Research Council (1984), de 2,0 e 5,0%/h segundo o seguinte modelo proposto por Ørskov e McDonald (1979): 275 DE = S + [(B1 * c)/(c + K)] onde, DE = degradabilidade efetiva, em porcentagem S = fração rapidamente degradada B1 = fração degradável calculada subtraindo-se a fração solúvel do potencial de degradação (B1 = A - S) (fração lentamente degradada) c = mesmo parâmetro descrito anteriormente K = taxa fracional de passagem, expressa em porcentagem por hora do PV, avaliando consumo em ovinos de subproduto de maracujá fornecido exclusivamente, todavia, os animais utilizados por esse autor não foram canulados ruminalmente. Entretanto, o NRC (1985) recomendou o consumo de 53,19 gramas de MS/Kg0,75/dia para a adequada manutenção de ovinos adultos, que foi respeitado neste experimento. Conforme recomendações do Agricultural and Food Research Council (1992) foram estimados os valores de proteína efetivamente degradada no rúmen (PEDR), proteína não degradada no rúmen (PNDR), proteína não degradada no rúmen indigestível (PNDRI) e proteína não degradável no rúmen digestível (PNDRD), segundo os seguintes modelos propostos pelo sistema: Na Tabela 1, estão as porcentagens de desaparecimento da MS dos alimentos incubados no rume de ovinos. PEDR = 0,8S + B1c/c + K PNDR = 1 - (S + B1c/c + K) PNDRI = NIDA PNDRD = 0,9 (PNDR – 6,25 NIDA) onde, S, B1, c e K são os mesmos parâmetros descritos anteriormente NIDA = Nitrogênio Insolúvel em Detergente Ácido 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1. Consumo médio diário de matéria seca dos ovinos que tiveram os alimentos incubados in situ no rume de ovinos Durante o período experimental com os animais, o consumo médio de MS das dietas experimentais foi de 60,76 ± 23,85 g/ unidade de tamanho metabólico (UTM), ou 2,32% ± 0,91% do peso vivo (PV). Esse resultado situa-se abaixo do valor obtido no trabalho de Lousada Júnior (2003), 3,47% 276 3.2. Desaparecimento ruminal da matéria seca do subproduto de maracujá e capim elefante incubados in situ em ovinos Tabela 1. Desaparecimento da matéria seca (%) do subproduto de maracujá e do capim elefante incubados em sacos de náilon no rume de ovinos submetidos a dieta contendo subproduto de maracujá Tempo de Subproduto Capim incubação de Maracujá2 elefante2 (h)1 6 47,52Da 34,17Db Ca 12 51,07 37,21Db 24 59,51Ba 48,72Cb Aa 48 64,29 62,07Ba Ab 96 65,98 70,03Aa 1 Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK) 2 Letras minúsculas iguais na mesma linha indicam semelhança estatística a 5% (SNK) CV=5,27% Em todos os tempos com exceção para as 96h, o desaparecimento da matéria seca do subproduto de maracujá foi superior aos do capim elefante. Para o capim elefante, as taxas de desaparecimento foram sempre crescentes até às 96h e diferentes estatisticamente (P<0,05). Para o subproduto, foram notados valores distintos e crescentes (P<0,05) no desaparecimento da MS, à medida que aumentou o tempo de incubação, entretanto entre os tempos 48 e 96h não foram observadas diferenças significativas o que demonstra a estabilização do processo fermentativo. A partir de 48h não houve aumento do desaparecimento da matéria seca, característica geralmente observada em alimentos concentrados conforme Nocek (1988). Segundo este autor, experimentos de degradabilidade que avaliem alimentos concentrados só precisam ser incubados até as 48h em face do seu rápido desaparecimento. Particularmente a maior taxa de degradação fracional “c” e o maior tempo de colonização foram determinantes para a superioridade de valores de desaparecimento da MS do subproduto em relação ao capim (Tabela 1). Sampaio (1994) destacou que alimentos de melhor qualidade desaparecem mais rapidamente e alcançam mais rapidamente seu valor estabilizado de A. Os valores de desaparecimento da MS aqui encontrados foram mais altos do que aqueles encontrados no Capítulo V para o desaparecimento da MS do subproduto de abacaxi, que variou de 34,64 a 59,28%, ou mesmo para o subproduto de acerola, cuja indisponibilização de nutrientes havia sido comentada em virtude das altas concentrações de ligninas e taninos e que apresentou taxas de desaparecimento da MS de 33,14% às seis horas de incubação a 48,68% às 96 horas de incubação. Para o subproduto de caju (Capítulo XI), os valores de desaparecimento da MS variaram de 19,51% (6h) até 43,83% (96h). Esta constatação conduz ao pressuposto que a inclusão do subproduto de maracujá em dietas para ruminantes dentre os alimentos que foram avaliados nesta tese apresenta os melhores resultados quanto a degradabilidade ruminal, entretanto a sua inclusão em dietas para ovinos também deve ser feita com cautela na medida em que ocorre uma limitação potencial para essa disponibilidade ruminal. Os valores de desaparecimento da matéria seca do capim elefante aqui encontrados foram menores do que os encontrados por Tomich (2003), à exceção do valor encontrado por este autor para as seis horas de incubação (30,9% para seis horas de incubação; 41,7% para as 12 h; 55,0% para as 24h; 66,1% para as 48h e 75,5% para as 96 h), e também foram sempre crescentes (P<0,05) entre os tempos de incubação. Os coeficientes de determinação, superiores a 90%, indicam a boa adequação dos resultados de desaparecimento de MS ao modelo proposto por Sampaio (1988) (Figura 1). As equações geradas pelo modelo Deg = A - B * e(-ct) foram: Deg. MS Subproduto de Maracujá = 66,3204 - 26,6006 * EXP (-0,05287 * t) r2=0,901 Deg. MS Capim Elefante = 73,9254348,4975 * EXP (-0,02752 * t) r2=0,941 A equação de degradabilidade do capim elefante reflete um potencial de degradação mais alto em relação àquele encontrado para o subproduto de maracujá, entretanto, a taxa de degradação “c” foi menor. A taxa fracional “c” do capim foi superior a 2,0%/h. Sampaio (1988) afirmou que taxas de degradação superiores a 2,0%/h indicam alimentos de alta qualidade, que necessitam de pouco tempo de permanência no rúmen para serem degradados, entretanto, foi menor que a do subproduto e isto foi determinante para um desaparecimento mais tardio. Estudando a degradação in situ da MS do capim elefante, Tomich (2003) encontrou valores semelhantes aos aqui encontrados para a fração A, representada na seguinte equação: Deg. MS = 75,4 - 55,9 * EXP (-0,0432 * t) r2 = 0,981. Na Tabela 2, estão os potenciais de degradação, as taxas de degradação, as frações solúveis, as frações degradáveis, os de tempos colonização e as degradabilidades efetivas nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h da matéria seca 277 dos alimentos experimento. analisados neste Desaparecimento da MS (%) 80 70 60 50 S. Maracujá 40 C. elefante 30 20 10 0 0 12 24 36 48 60 72 84 96 Tempo de incubação (h) Figura 1. Desaparecimento da MS dos alimentos em função do tempo de incubação Tabela 2. Potenciais de degradação (A), taxas de degradação (c), frações solúveis (S), frações degradáveis (B1), tempos de colonização (TC) e degradabilidades efetivas (DE), nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da matéria seca dos alimentos utilizados neste experimento Parâmetro Subproduto Capim de Maracujá elefante A (%) 66,32 73,93 c (%/h) 5,29 2,75 S (%) 41,00 27,85 B1 (%) 25,32 46,07 TC (h) -0:56 1:52 DE 2,0%/h 59,37 54,54 (%) DE 5,0%/h 54,01 44,21 (%) Os dados revelam que provavelmente existe uma fração maior de nutrientes na matéria seca que apresentam alta disponibilidade ruminal e que por essa razão elevaram o valor da taxa fracional “c” com diminuição concomitante do tempo de colonização. é limitada Esta disponibilidade provavelmente pelos altos níveis de ligninas presentes no subproduto de maracujá, fazendo com que a degradação somente 278 ocorra até as 48 horas e seja encontrado um baixo valor para o potencial de degradação A, ou seja, 66,32% (Tabela 2). Comparando este valor aos encontrados por Gonçalves et al. (2004) para os subprodutos de graviola e de manga, por exemplo, que apresentam valores de A da ordem de 83,65% e 80,29%, respectivamente, vê-se que potencialmente a degradação do subproduto de maracujá é baixa apesar de possuir uma fração que é disponibilizada rapidamente no rúmen (S=41%). O valor de degradabilidade potencial aqui encontrado foi inferior aos 78,92% referenciados por Manoel et al. (2003); tal valor foi obtido para o subproduto de maracujá incubado em vacas Jersey fistuladas. De acordo com Van Soest (1994), a menor capacidade de retenção alimentar em virtude da menor capacidade do rume pode limitar o aproveitamento de nutrientes e levar a diferenças marcantes de degradação entre espécies de grandes e de pequenos ruminantes. Complementou salientando que os pequenos ruminantes podem equilibrar o status nutricional com uma digestão mais rápida (taxa de passagem mais rápida). O parâmetro B, como não assume papel biológico, não será discutido daqui para frente. A fração B1 que representa a matéria seca lentamente degradada foi maior para o capim elefante o que a longo prazo ajudou na maior taxa de desaparecimento às 96h. para o capim elefante. É oportuno salientar, entretanto, que não se fez determinação de possibilidade de contaminação do material residual com microrganismos determinando-se os níveis de ácido 2-αamino-pimélico (DAPA) nos subprodutos de incubações dos vários horários. O valor de degradabilidade efetiva para o subproduto de maracujá, a uma taxa de passagem fixa de 5,0%/h aqui encontrado (54,01%), foi semelhante ao encontrado por Manoel et al. (2003) para o subproduto de maracujá (55,22%) e para o subproduto de melão (54,37%) incubados em vacas Jersey (55,22%) na mesma taxa de passagem. Este valor, entretanto foi menor em comparação àquele encontrado para o subproduto da manga (61,11%) e superior ao da graviola (48,35%) também na taxa de passagem de 5,0%/h, citados por Gonçalves et al. (2004). Também foi superior aos valores encontrados para o subproduto de abacaxi (49,2%), para o subproduto de acerola (31,94%) e para o subproduto de goiaba (27,18%), citados por Manoel et al. (2003) todos para a taxa de passagem de 5,0%/h. A expectativa de uso do subproduto de maracujá na nutrição de ruminantes mostrase mais promissora na medida em que os valores de degradabilidade efetiva foram comparáveis àqueles citados na literatura como os valores mais altos para subprodutos de frutas. Tabela 3. Desaparecimento da proteína bruta (%) do subproduto de maracujá e do capim elefante incubados em sacos de náilon no rume de ovinos submetidos a dieta contendo subproduto de maracujá Tempo de Subproduto Capim incubação de Maracujá2 elefante2 (h)1 6 77,77Ba 62,59Db Ba 12 80,76 66,36Db Aa 24 89,23 74,12Cb Aa 48 92,08 77,94Bb Aa 96 93,00 85,43Ab 3.3. Desaparecimento ruminal da proteína bruta do subproduto de maracujá e capim elefante incubados in situ em ovinos As degradabilidades da PB nos vários tempos de incubação estão na Tabela 3. O subproduto de maracujá apresentou em todos os tempos de incubação as maiores taxas de desaparecimento da proteína bruta em relação ao capim elefante. A estabilização do desaparecimento para o subproduto já ocorreu às 24 horas resultante da altíssima taxa de degradação “c” (Tabela 4), mais do que o triplo daquela encontrada 1 Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK) 2 Letras minúsculas iguais na mesma linha indicam semelhança estatística a 5% (SNK) CV=4,05% O capim elefante, por sua vez, apresentou taxas de desaparecimento semelhantes às seis e 12 horas de incubação e daí em diante apresentou taxas de desaparecimento da proteína bruta sempre crescentes e distintas estatisticamente até as 96h. Mesmo assim, às 96h ainda foi inferior àquela obtida para o subproduto de maracujá, muito embora ambos tiveram indícios de alta solubilidade da proteína. No Capítulo XIII verificou-se que as dietas que incluíram o subproduto de maracujá em 31 e 47% do total dietético apresentaram as maiores concentrações médias de nitrogênio amoniacal. Os resultados aqui encontrados justificam essas maiores concentrações em virtude das altas taxas de desaparecimento inicial da proteína bruta no rume. Apesar do mais alto desaparecimento naquele capítulo não foram encontradas diferenças significativas 279 entre os tratamentos para as concentrações séricas de uréia (Capítulo XIII). Estudos de crescimento microbiano e de síntese de proteína microbiana são ainda necessários para aprofundar estes comentários, pois aí pode residir uma das prováveis explicações para tal fato. Deg. PB Subproduto de Maracujá = 93,2705 - 23,6731 * EXP (-0,06363 * t) r2=0,91 Deg. PB Capim Elefante = 86,7612 28,2937 * EXP (-0,02841 * t) r2=0,783 Desaparecimento da PB (%) As equações geradas pelo modelo Deg = A - B * e(-ct) (Figura 2) foram: 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 S. Maracujá C. elefante 0 12 24 36 48 60 72 84 96 Tempo de incubação (h) Figura 2. Desaparecimento da PB dos alimentos em função do tempo de incubação Os potenciais de degradação, as taxas de degradação, as frações solúveis, as frações degradáveis, os tempos de colonização e as degradabilidades efetivas, nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da proteína bruta, obtidos para os alimentos estão na Tabela 4. Os dados da Tabela 4 revelaram maiores valores de degradabilidade efetiva para a proteína bruta do subproduto de maracujá do que as encontradas para o capim elefante. Foi encontrada alta correlação significativa entre a degradabilidade da MS e a da PB para o subproduto (r=0,9832; P<0,05). Também para o capim elefante, r=0,9138; P<0,01. Tabela 4. Potenciais de degradação (A), taxas de degradação (c), frações solúveis (S), frações degradáveis (B1), tempos de colonização (TC) e degradabilidades efetivas (DE), nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da proteína bruta dos alimentos utilizados nesse ensaio Parâmetro Subproduto Capim de Maracujá elefante A (%) 93,27 86,76 c (%/h) 6,36 2,84 S (%) 69,56 58,85 B1 (%) 23,71 27,91 TC (h) -0:01 0:29 DE 2,0%/h 87,60 75,23 (%) DE 5,0%/h 82,84 68,96 (%) O desaparecimento da proteína bruta do subproduto mostrou-se bastante superior ao 280 encontrado para a gramínea. O maior valor de A (quase 100%) foi resultado principalmente da maior taxa fracional de degradação (c) e do menor tempo de colonização. Um outro aspecto que precisa ser bastante discutido é a alta fração solúvel da proteína (S). Esta fração é calculada a partir do desaparecimento da proteína unicamente com a lavagem sem ter sido feita a incubação ruminal. Vê-se que esta proteína possivelmente não está ligada a estruturas mais complexas que a indisponibilizariam, senão dificilmente sairiam com a lavagem. Altas frações solúveis, segundo Van Soest (1994), fornecem ao ambiente ruminal, peptídeos, aminoácidos livres, amônia, aminas, entre outros compostos nitrogenados importantes para a síntese de proteína microbiana e como constituintes a serem absorvidos pósruminalmente. A fração potencialmente degradável (A) da proteína bruta do subproduto de maracujá foi de 93,27% comparável a degradabilidade potencial de alimentos concentrados como o glúten de milho com 94,90% de A, citado por Valadares Filho et al. (2002), e como o caroço integral de algodão (91,82%), considerado de alto valor nutritivo, citado por Borges (1997). A fração solúvel também foi muito superior àquela obtida para a MS. A fração lentamente degradável (B1) foi um pouco menor do que aquela encontrada para a matéria seca. Segundo o National Research Council (2001), o objetivo da nutrição protéica para vacas leiteiras, por exemplo, é o fornecimento de quantidades adequadas de proteínas degradáveis no rúmen, para permitir a máxima síntese protéica microbiana, com o mínimo de PB na dieta. Assim sendo, visando à sincronização nas disponibilidades de nitrogênio e energia, para a otimização na utilização dos compostos nitrogenados da dieta e o maior suprimento de proteína microbiana pós- rúmen, a taxa de degradação ruminal da fração protéica constitui um parâmetro importante na seleção de alimentos para compor uma dieta. Nesse sentido, os resultados obtidos nesse estudo indicam que o subproduto de maracujá pode ser utilizado como alimento fornecedor de proteínas de alta solubilidade ao ambiente ruminal. Isto é importante particularmente quando na dieta são incluídos alimentos de baixa degradabilidade protéica ou quando deseja-se melhorar a eficiência de síntese de proteína microbiana. Rodríguez (1986) comentou que o preparo de dietas para ruminantes deve preconizar a inclusão de nitrogênio solúvel e de certa quantidade de aminoácidos pré-formados, além de aumentar a quantidade disponível de matéria orgânica fermentável. Na suplementação energética para dietas compostas com subproduto de maracujá recomendar-se-ía a inclusão de alimentos concentrados energéticos contendo carboidratos prontamente disponíveis como o milho, por exemplo. Para o capim elefante poderiam ser incluídos concentrados energéticos de mais lenta degradação pelos microrganismos ruminais. Os valores de proteína não degradada no rúmen, proteína indigestível não degradada no rúmen, proteína efetivamente degradada no rúmen e proteína digestível não degradada no rúmen, nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da proteína bruta, obtidos para os alimentos estão na Tabela 5. A queda dos valores de proteína efetivamente degradada no rúmen foi acompanhada pelo aumento da proteína não degradada no rúmen com o aumento das taxas de passagem. O subproduto de maracujá teve valor menor de proteína efetivamente degradada no rúmen em comparação ao capim elefante na taxa de passagem de 2,0%/h. Na taxa de passagem de 5,0%/h o valor de PEDR foi maior para ele. Inversamente a isso, percebeu-se que a PNDR e a PDNDR do subproduto de 281 maracujá foram superiores àquelas encontradas para o capim também na taxa de passagem de 2,0%/h e em 5,0%/h foram inferiores aos valores encontrados destes parâmetros no capim. O valor de PINDR foi superior para o subproduto de maracujá. Tabela 5. Valores percentuais de proteína não degradada no rúmen (PNDR), proteína indigestível não degradada no rúmen (PINDR), proteína digestível não degradada no rúmen (PDNDR) e proteína efetivamente degradada no rúmen (PEDR), nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da proteína bruta dos alimentos utilizados nesse ensaio Parâmetro Subproduto de Maracujá Capim elefante 2,0%/h 5,0%/h 2,0%/h 5,0%/h PNDR 73,65 80,60 71,46 82,38 PINDR 0,56 0,56 0,43 0,43 PDNDR 63,13 69,39 61,90 71,72 PEDR 24,69 18,17 26,11 16,12 De acordo com Rodríguez (1986), a proteína da dieta está formada pela proteína verdadeira e pelo nitrogênio não protéico (NNP). Ambos, pela ação microbiana, são degradados a amônia, entretanto uma parte da proteína passa diretamente ao intestino delgado sem ser atacada (proteína sobrepassante ou proteína não degradável). Os dados encontrados na Tabela 5, particularmente a evidência de altos valores de PNDR para o subproduto de maracujá, provavelmente foram resultado das altas frações solúvel (69,56%) e potencialmente degradável (93,27%) encontradas para ele (Tabela 4). A alta taxa fracional de degradação (c) encontrada (6,36%/h) (Tabela 4) também pode ser um indício de presença de nitrogênio não protéico que sendo prontamente degradado no rúmen também é rapidamente incorporado pelos microrganismos ruminais, principalmente pelas bactérias para a síntese de proteína microbiana. Rodríguez (1986) destacou ainda que a amônia, presente no rúmen, é utilizada para a síntese de proteína microbiana, dependendo da quantidade de energia disponível. No Capítulo XII verificou-se que nas dietas onde o subproduto de maracujá foi incluído em 31 e 47% do total dietético, a recomendação prescrita pelo National Research Council (1985) para consumo de energia metabolizável não foi atendida. No 282 Capítulo XIII, exatamente para estes tratamentos, foram encontradas as maiores concentrações de N-NH3 no líquido ruminal, revelando que o mesmo não vinha sendo utilizado adequadamente para a síntese protéica microbiana. Provavelmente o sinergismo PB versus EM não foi respeitado. Possivelmente, em função de tudo isso, as equações do AFRC (1993) demonstraram valores de PEDR inferiores aos de PNDR. Assim mesmo, a PNDR foi altamente digestível como revelaram os dados da Tabela 5. 3.4. Desaparecimento ruminal da fibra em detergente neutro do subproduto de maracujá e capim elefante incubados in situ em ovinos As degradabilidades da FDN nos vários tempos de incubação estão na Tabela 6. A interação tempo de incubação X alimento incubado foi significativa (P<0,05). Com isso, os valores de desaparecimento da FDN do subproduto de maracujá foram superiores (P<0,05) àqueles do capim elefante nos tempos seis, 12 e 24 horas de incubação ruminal. Houve semelhança às 48 h de incubação entre os valores de desaparecimento encontrados e às 96 h, a taxa de desaparecimento foi menor para o subproduto. Mais adiante, na Tabela 7, serão discutidos outros aspectos como as frações A, S e B1 e a taxa fracional “c”, que serão importantes para o melhor entendimento destes dados. Tabela 6. Desaparecimento da fibra em detergente neutro (%) do subproduto de maracujá e do capim elefante incubados em sacos de náilon no rume de ovinos submetidos a dieta contendo subproduto de maracujá Tempo de Subproduto Capim incubação de Maracujá2 elefante2 (h)1 6 24,74Da 11,38Db Ca 12 29,72 15,57Db 24 39,73Ba 33,21Cb Aa 48 45,67 50,22Ba Ab 96 48,66 61,55Aa 1 Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK) 2 Letras minúsculas iguais na mesma linha indicam semelhança estatística a 5% (SNK) CV=11,32% Entre os tempos de incubação não houve diferenças estatísticas (P>0,05) para as taxas de desaparecimento do capim nos tempos seis e 12 horas o mesmo comportamento observado para o desaparecimento da matéria seca. Daí em diante o desaparecimento foi crescente e diferente estatisticamente entre os tempos de incubação (P<0,05). Alta correlação foi encontrada entre o desaparecimento da matéria seca e o desaparecimento da FDN para o capim elefante (r=0,9612; P<0,01). Para o subproduto de maracujá, a taxa de desaparecimento foi crescente até as 48 horas e aí estabilizou, não havendo, portanto, diferenças estatísticas entre as taxas de desaparecimento dos tempos 48 e 96 h. Este foi o mesmo comportamento observado para as taxas de desaparecimento da matéria seca (r=0,9712; P<0,001). Este resultado demonstra que os prováveis determinantes sobre os menores valores de desaparecimento da matéria seca para o subproduto de maracujá foram as frações fibrosas provavelmente ligadas à lignina. Os valores de desaparecimento da FDN do subproduto de maracujá, entretanto, foram ainda superiores àqueles encontrados para o subproduto de acerola que apresentou valores de desaparecimento variando de 17,45% às seis horas de incubação até 34,96% às 96 horas de incubação (Capítulo VIII) e para o subproduto de caju (7,26% às seis horas e 31,69% às 96 h) (Capítulo XI), demonstrando que o efeito de ligninas existentes em associação com taninos realizou um efeito de indisponibilização ruminal bem mais acentuado para estes dois subprodutos. O fator de maior efeito sobre a extensão e a taxa de degradação da parede celular dos vegetais é a presença de ligninas. Van Soest (1994) comentou que o teor de FDN das forragens, por exemplo, é negativamente correlacionado com o seu consumo. Forragens com menor fração fibrosa, segundo estes autores, refletem maior digestibilidade e maior consumo. Os resultados de desaparecimento da FDN convergiram para o modelo proposto por Sampaio (1988) (Figura 3), e as seguintes equações de regressão foram obtidas: Deg. FDN Subproduto de Maracujá = 48,9142 - 33,2831 * EXP (-0,05024 * t) r2=0,843 Deg. FDN Capim Elefante = 66,156 67,3934 * EXP (-0,02896 * t) r2=0,941 A equação encontrada por Tomich (2003) para a degradabilidade da FDN do capim elefante cv Napier foi a seguinte: Deg FDN = 70,2 - 69,1*EXP (-0,0443t) r2 = 0,977, também semelhante àquela que foi encontrada neste trabalho. 283 Desaparecimento da FDN (%) 70 60 50 40 S. Maracujá 30 C. elefante 20 10 0 0 12 24 36 48 60 72 84 96 Tempo de incubação (h) Figura 3. Desaparecimento da FDN dos alimentos em função do tempo de incubação Na Tabela 7, são apresentados os potenciais de degradação, as taxas de degradação, as frações solúveis, as frações degradáveis, os tempos de colonização e as degradabilidades efetivas, nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da FDN dos alimentos. Tabela 7. Potenciais de degradação (A), taxas de degradação (c), frações solúveis (S), frações degradáveis (B1), tempos de colonização (TC) e degradabilidades efetivas (DE), nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da fibra em detergente neutro dos alimentos utilizados neste experimento Parâmetro Subproduto Capim de Maracujá elefante A (%) 48,91 66,16 c (%/h) 5,024 2,896 S (%) 5,02 4,21 B1 (%) 33,17 61,95 TC (h) 0:04 2:55 DE 2,0%/h 39,47 40,85 (%) DE 5,0%/h 32,37 26,93 (%) Analisando-se os dados da Tabela 7 percebe-se que o subproduto de maracujá apresentou maior taxa de degradação (c) em relação ao capim elefante e um pouco mais 284 de fração solúvel (S), entretanto a baixa fração potencialmente degradável provavelmente resultou da menor fração B1 (lentamente degradada) para o subproduto, praticamente a metade daquela encontrada para o capim elefante. Isto fez com que no início o subproduto de maracujá desaparecesse mais rapidamente do que o capim até a 24a hora de incubação (Tabela 6). A partir daí, provavelmente começou a ocorrer a degradação de B1 e então o capim elefante pôde apresentar taxas de desaparecimento mais altas. Apesar da menor fração potencialmente degradável (A) encontrada para o subproduto de maracujá, a sua maior taxa de degradação “c” possibilitou a quase equivalência da degradabilidade efetiva do mesmo em relação à gramínea e mais, o subproduto suplantou o capim elefante nas maiores taxas de passagem onde se exige maiores taxas de degradação. No Capítulo XIII, entretanto, verificou-se pela comparação de médias de AGV totais entre os tratamentos experimentais, que o tratamento que incluiu o subproduto em 47% resultou nas maiores produções. Contribuíram para isso tanto o aumento na produção de acetato quanto o aumento na produção de propionato. De acordo com Van Soest (1994), os pequenos ruminantes selecionam dietas de alta qualidade que permitem a eles a produção de altas taxas de AGVs. Complementa ainda que o rúmen destes animais já apresenta um aumento da superfície de absorção em função da alta produção de AGVs. Considerando-se que os valores medidos de AGV totais foram colheitados até às oito horas após o fornecimento alimentar, percebe-se que as altas taxas de AGV totais foram justificadas pelos maiores desaparecimentos da FDN verificados para o subproduto de maracujá em até 24 h de incubação. Portanto, o efeito diário da degradação do subproduto de maracujá foi benéfico na medida em que disponibilizou maior quantidade de fibra dietética para a produção de AGV em um menor espaço de tempo que o capim elefante. Isto também representa energia disponível para o processo de síntese microbiana de proteína e entre os subprodutos estudados o subproduto de maracujá foi o que apresentou as melhores concentrações séricas de proteínas totais (Capítulo XIII). Estudos sobre síntese de proteína microbiana em ruminantes alimentados com dietas contendo subproduto de maracujá, bem como de fluxo de proteína dietética para o duoudeno são necessários, para a melhor discussão e elucidação destes dados. A pectina existente em alta quantidade no subproduto de maracujá conforme relatou Lousada Júnior (2003) também pode ter beneficiado a maior produção de AGV para o tratamento que incluiu o subproduto de maracujá em 47% principalmente por ser ela um carboidrato estrutural que é degradado rapidamente no rúmen conforme Van Soest (1994). A degradabilidade potencial do subproduto de maracujá foi inferior àquela observada para o bagaço de cana auto-hidrolisado, em média de 61,12%, citado por Borges (1997) e ao valor observado por Figueira (1991) que avaliou a degradabilidade in situ da cana-de-açúcar suplementada com 1,0% de uréia com valor de A de 56,10%. O valor de A aqui encontrado, somente foi superior ao do caroço integral de algodão (35,9%) citado por Borges (1997). Naquele trabalho, o autor comentou a influência do nível de gordura existente no caroço sobre a queda da digestibilidade da fibra. Discutindo-se as possíveis causas para as baixas degradabilidades da FDN do subproduto de maracujá, um outro aspecto que também não pode ser descartado para justificar isso seria a provável queda do pH ruminal a partir da inclusão do subproduto de maracujá às dietas. No tratamento que incluiu o subproduto em 47% o pH mostrou-se inferior aos demais tratamentos. Van Soest (1994) destacou que a redução no pH ruminal pode prejudicar a degradação da fibra. Apesar de todos estes comentários, a melhor explicação parece ser o alto conteúdo de lignina na FDN do subproduto de maracujá (Capítulo XII). De acordo com Van Soest (1994) e Jung et al. (1997), as ligninas são os principais limitantes da digestibilidade ruminal das frações fibrosas dietéticas. Estudos posteriores que avaliem as interações microscópicas das partículas fibrosas após os diferentes tempos de incubação ruminal serão de grande valia para o aprofundamento e melhores conclusões nesse aspecto. Para estudar a degradabilidade das frações fibrosas, fez-se a análise das degradabilidades da FDA, hemiceluloses e celulose. 3.5. Desaparecimento ruminal da fibra em detergente ácido do subproduto de maracujá e capim elefante incubados in situ em ovinos Na Tabela 8 são apresentadas as degradabilidades da FDA nos vários tempos de incubação. Comparando-se os dados da Tabela 8 com a Tabela 6, verifica-se que as taxas de desaparecimento da FDA do subproduto de maracujá reduziram bastante 285 em relação àquelas da FDN. O interessante é que os desaparecimentos da FDA da gramínea foram semelhantes àqueles do subproduto até as 24h e superiores às 48 e 96h de incubação, enquanto as taxas de desaparecimento da FDN do subproduto foram superiores àquelas do capim até as 24h, idêntica às 48h e inferior às 96h de incubação. Esta resposta inversa denota o efeito antinutricional das ligninas presentes no subproduto sobre a degradabilidade da FDA indisponibilizando esta fração à ação dos microrganismos ruminais. Esta indisponibilização resultou em um baixo percentual de degradabilidade potencial (A) (Tabela 9). Houve alta correlação entre a degradabilidade da FDN e a degradabilidade da FDA tanto para o subproduto de maracujá (r=0,953; P<0,01) quanto para o capim elefante (r=0,9959; P<0,0001), provavelmente em virtude desta fração fazer parte da FDN. Tabela 8. Desaparecimento da fibra em detergente ácido (%) do subproduto de maracujá e do capim elefante incubados em sacos de náilon no rume de ovinos submetidos a dieta contendo subproduto de maracujá Tempo de Subproduto Capim incubação de Maracujá2 elefante2 (h)1 6 9,89Da 15,46Da Ca 12 15,55 20,19Da 24 29,05Ba 34,07Ca ABb 48 33,54 51,99Ba Ab 96 37,69 61,76Aa 1 Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK) 2 Letras minúsculas iguais na mesma linha indicam semelhança estatística a 5% (SNK) CV=15,67% A celulose é o principal substrato fibroso atacado pelos microrganismos ruminais e o início da atividade de degradação fibrosa. Como conseqüência, os valores de desaparecimento da FDA do capim elefante 286 foram superiores. As ligninas existentes no subproduto de maracujá provavelmente influenciaram no baixo valor de fração potencialmente degradável encontrado para ele (A=37,42%) (Tabela 9). Basta lembrar que no Capítulo XII foi mostrado que o aumento do consumo de FDA como porcentagem da matéria seca ingerida resultou na redução dos coeficientes de digestibilidade da FDN, da própria FDA e das hemiceluloses. A porção de FDA do capim mostrou-se mais digestível que a do subproduto particularmente nos tempos 48 e 96h. Contribuiu para isso principalmente a maior fração B1 encontrada para o capim elefante. A alta taxa de degradação (c) compensou a menor fração potencialmente degradável encontrada para o subproduto apenas nas primeiras horas de incubação. Depois disso, a indisponibilidade do substrato fibroso à degradação ruminal provavelmente causada pelas ligninas cessou a degradação da FDA. Teixeira (1997) preparou uma compilação de dados de literatura que mostram valores médios de degradabilidade da FDA de diferentes alimentos. Considerando que o valor médio de desaparecimento da FDA do subproduto de maracujá foi de 25,14% percebe-se que o mesmo foi ainda superior àquele encontrado para o farelo de algodão (21,1%), mas inferior àquele encontrado para o bagaço de cana (45,1%). Os resultados de desaparecimento da FDA convergiram para o modelo proposto por Sampaio (1988) (Figura 4), e as seguintes equações de regressão foram obtidas: Deg. FDA Subproduto de Maracujá = 37,4219 - 39,5672 * EXP (-0,05636 * t) r2=0,808 Deg. FDA Capim Elefante = 66,6923 62,368 * EXP (-0,02788 * t) r2=0,928 Desaparecimento da FDA (%) 70 60 50 40 S. Maracujá 30 C. elefante 20 10 0 0 12 24 36 48 60 72 84 96 Tempo de incubação (h) Figura 4. Desaparecimento da FDA dos alimentos em função do tempo de incubação A partir da análise destas equações observase que embora a taxa de degradação “c” do subproduto de maracujá seja maior que àquela encontrada para o capim elefante, os baixos valores de A (fração potencialmente degradável), de S e, portanto de B1 se mostraram sempre menores que os encontrados para o capim elefante o que não trouxe benefícios para os valores de degradabilidades efetivas do subproduto de maracujá. Na Tabela 9, são apresentados os potenciais de degradação, as taxas de degradação, as frações solúveis, as frações degradáveis, os tempos de colonização e as degradabilidades efetivas, nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da FDA dos alimentos. A degradabilidade efetiva do subproduto de maracujá para as diferentes taxas de passagem pré-fixadas foram muito inferiores àquelas encontradas para o capim elefante, inversamente ao que ocorreu para a degradabilidade efetiva da FDN cujas degradabilidades efetivas foram superiores àquelas do capim graças ao efeito da taxa fracional “c” mais alta para o subproduto e, por apresentar um potencial de degradação bem superior ao aqui encontrado (48,91%) (Tabela 7). Estes resultados demonstram que o valor de degradabilidade potencial da FDN foi mais baixo do que o do capim elefante (Tabela 7) como conseqüência do efeito das ligninas sobre esta fração, entretanto, principalmente as hemiceluloses, mas também a celulose provavelmente contribuíram em termos de disponibilidade ruminal para que a fração A da FDN fosse superior àquela da FDA e então ocorresse uma maior degradabilidade efetiva para a FDN do subproduto em relação à gramínea. As taxas de desaparecimento das hemiceluloses e da celulose serão comentadas a seguir para a confirmação ou não destes comentários. De acordo com Chesson e Forsberg (1988), as bactérias celulolíticas são as primeiras a iniciar a degradação da parede celular vegetal. Ainda segundo estes autores, o parênquima prontamente digestível é intensivamente colonizado por elas e prontamente digerido, enquanto a espessa parede celular de tecidos esclerenquimais e vasculares é esparsamente colonizada dada as complexas ligações lignina-celulose existentes. Tratamentos químicos com álcalis, por exemplo, podem vir a contribuir com a maior disponibilização dos carboidratos estruturais contidos no subproduto de maracujá aos microrganismos ruminais. 287 Tabela 9. Potenciais de degradação (A), taxas de degradação (c), frações solúveis (S), frações degradáveis (B1), tempos de colonização (TC) e degradabilidades efetivas (DE), nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da fibra em detergente ácido dos alimentos utilizados neste experimento Parâmetro Subproduto Capim de Maracujá elefante A (%) 37,42 66,69 c (%/h) 5,636 2,788 S (%) 5,33 15,01 B1 (%) 32,09 51,68 TC (h) 3:43 6:44 DE 2,0%/h 29,02 45,10 (%) DE 5,0%/h 22,34 33,51 (%) 3.6. Desaparecimento ruminal das hemiceluloses do subproduto de maracujá e capim elefante incubados in situ em ovinos As degradabilidades das hemiceluloses nos vários tempos de incubação estão na Tabela 10. Tabela 10. Desaparecimento das hemiceluloses (%) do subproduto de maracujá e do capim elefante incubados em sacos de náilon no rume de ovinos submetidos a dieta contendo subproduto de maracujá Tempo de Subproduto Capim 2 incubação de Maracujá elefante2 (h)1 6 50,40Ca 5,55Db Ba 12 59,51 8,96Db ABa 24 60,02 26,87Cb Aa 48 68,65 47,69Bb Aa 96 68,11 61,24Aa 1 Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK) 2 Letras minúsculas iguais na mesma linha indicam semelhança estatística a 5% (SNK) CV=13,09% 288 Os dados de desaparecimento das hemiceluloses foram similares àqueles encontrados para a FDN, ou seja, foram superiores para o subproduto de maracujá até as 24h de incubação. Para as hemiceluloses a superioridade ainda foi até as 48h e permaneceu semelhante àquela encontrada para a gramínea até as 96h de incubação, indicando maior disponibilidade ruminal para as hemiceluloses em relação a FDA e FDN (Tabelas 7 e 9). No Capítulo XII verificou-se a diminuição da digestibilidade das hemiceluloses quando o subproduto de maracujá foi incluído em 31 e 47% do total dietético, entretanto, neste estudo de desaparecimento ruminal das hemiceluloses para o subproduto de maracujá em relação ao capim elefante foram encontrados os maiores valores de desaparecimento das hemiceluloses para todos os horários com exceção das 96h. Os dados de desaparecimento da FDN também se mostraram superiores aos encontrados para o capim elefante até as 48h de incubação ruminal. O desaparecimento das hemiceluloses foi cerca de 10 vezes mais acentuado às seis horas de incubação, cresceu até as 12 horas e daí em diante estabilizou. O capim elefante, por sua vez, teve valores de desaparecimento idêntico às seis e 12 horas de incubação e daí em diante houve um aumento significativo (P<0,05) até as 96 h de incubação. Alta correlação foi, portanto, encontrada entre as degradabilidades das hemiceluloses e da FDN para o capim elefante (r=0,989; P<0,0001). Para o subproduto de maracujá também foi encontrada correlação significativa (r=0,8646; P<0,0001). Os resultados de desaparecimento das hemiceluloses também convergiram para o modelo proposto por Sampaio (1988) (Figura 5), e as seguintes equações de regressão foram obtidas: Deg. HCEL Capim Elefante = 62,00 72,0879 * EXP (-0,03134 * t) r2=0,931 Desaparecimento das HCEL (%) Deg. HCEL Subproduto de Maracujá = 68,5865 - 23,7147 * EXP (-0,0575 * t) r2=0,482 80 70 60 50 S. Maracujá 40 C. elefante 30 20 10 0 0 12 24 36 48 60 72 84 96 Tempo de incubação (h) Figura 5. Desaparecimento das hemiceluloses dos alimentos em função do tempo de incubação A degradabilidade potencial pode ser empregada para avaliação de volumosos, mas com certa cautela, pois não pode ser parâmetro único, nesses casos deve-se considerar conjuntamente com a taxa fracional de degradação e depois com a degradabilidade efetiva. As equações evidenciam a semelhança de degradabilidade potencial entre o subproduto de maracujá e o capim elefante, provavelmente porque o subproduto de maracujá apresentou maiores valores para “c” e S, entretanto o capim elefante apresentou maior valor de B1 o que lhe favoreceu o desaparecimento às 96h de incubação (Tabela 11). Na Tabela 11, são apresentados os potenciais de degradação, as taxas de degradação, as frações solúveis, as frações degradáveis, os tempos de colonização e as degradabilidades efetivas, nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, das hemiceluloses dos alimentos. Tabela 11. Potenciais de degradação (A), taxas de degradação (c), frações solúveis (S), frações degradáveis (B1), tempos de colonização (TC) e degradabilidades efetivas (DE), nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, das hemiceluloses dos alimentos utilizados neste experimento Parâmetro Subproduto Capim de Maracujá elefante A (%) 68,59 62,00 c (%/h) 5,75 3,13 S (%) 41,06 1,17 B1 (%) 27,53 60,83 TC (h) -2:35 5:25 DE 2,0%/h 61,48 38,30 (%) DE 5,0%/h 55,78 24,60 (%) As degradabilidades efetivas das hemiceluloses foram decrescentes com o aumento da taxa de passagem para ambos os alimentos, sendo que o subproduto de maracujá apresentou maiores valores de degradabilidades efetivas do que o capim elefante como conseqüência principalmente da maior fração solúvel e da maior taxa de 289 degradação (c). degradabilidade das hemiceluloses normalmente mostra-se inferior àquela evidenciada para a celulose (Van Soest, 1994). 3.7. Desaparecimento ruminal da celulose do subproduto de maracujá e capim elefante incubados in situ em ovinos As degradabilidades da celulose nos vários tempos de incubação estão na Tabela 12. O desaparecimento da celulose aumentou da 6a para a 12a hora de incubação e aí estabilizou até a 24a hora de incubação. Deste ponto houve novo aumento até as 48 h e nova estabilização. Os valores de desaparecimento de celulose do subproduto de maracujá foram sempre superiores aos encontrados para o capim elefante com exceção das 96h de incubação cujos valores foram semelhantes. Verificou-se com isso que não houve efeito das ligninas presentes no subproduto de maracujá sobre o desaparecimento da celulose. Estudos que avaliem por microscopia eletrônica a interação entre os constituintes fibrosos presentes no subproduto de maracujá nos subprodutos de incubação ruminal obtidos neste experimento serão de grande valia para o entendimento destes resultados. Tabela 12. Desaparecimento da celulose (%) do subproduto de maracujá e do capim elefante incubados em sacos de náilon no rume de ovinos submetidos a dieta contendo subproduto de maracujá Tempo de Subproduto Capim incubação de Maracujá2 elefante2 (h)1 6 48,90Ca 38,83Db 12 63,94Ba 43,33Db Ba 24 66,65 53,19Cb Aa 48 76,49 68,16Bb Aa 96 79,03 76,67Aa 1 Letras maiúsculas iguais na mesma coluna indicam semelhança estatística a 5% (SNK) 2 Letras minúsculas iguais na mesma linha indicam semelhança estatística a 5% (SNK) CV=6,36% 290 Os valores de desaparecimento da celulose dos subprodutos de abacaxi e de acerola foram inferiores a estes encontrados para o subproduto de maracujá. Para o subproduto de acerola (Capítulo VIII), os valores de desaparecimento variaram de 32,5 % (t = seis horas) para 52,37% (t = 96 horas), para o subproduto de abacaxi (Capítulo V), os valores variaram de 26,85% (t = seis horas) para 62,03% (t = 96 horas) e para o subproduto de caju (Capítulo XI), os valores variaram de 17,46% (t = seis horas) para 43,86% (t = 96 horas). As equações geradas pelo modelo de Sampaio (1988) (Figura 6) foram: Deg. CEL Subproduto de Maracujá = 80,00 - 39,5955 * EXP (-0,05408 * t) r2=0,839 Deg. CEL Capim Elefante = 77,00 48,0972 * EXP (-0,03221 * t) r2=0,938 As equações e a Tabela 13 revelam um maior valor potencialmente degradável para o subproduto de maracujá, que apresentou maiores valores de “c” e de B1. Dietas baseadas em altos níveis de inclusões de subproduto de maracujá levam à redução do consumo de matéria seca (Capítulo XII) provavelmente não por causa de indisponibilização causada por presença de ligninas, mas provavelmente pela redução da efetividade física da fibra e pela maior proporção molar de propionato no níveis 31 e 47% de inclusão como comentado no Capítulo XIII que levou à queda do pH ruminal (47% de inclusão de subproduto). De acordo com Church e Pond (1987) o consumo de alimentos nos animais é controlado pelo efeito calórico das dietas. O subproduto de maracujá também contribuiu com a alta fração energética das dietas experimentais (Capítulo XII). A redução do consumo de alimentos para sistemas de produção de ruminantes exerce efeito marcante particularmente em função do não atendimento dos requerimentos nutricionais prescritos pelos sistemas. O atendimento aos níveis recomendados de proteínas e de energia nas dietas depende do consumo adequado de matéria seca. Esse fato pode limitar a inclusão do subproduto de maracujá em dietas para ruminantes de alta produção. Desaparecimento da CEL (%) 90 80 70 60 50 S. Maracujá 40 C. elefante 30 20 10 0 0 12 24 36 48 60 72 84 96 Tempo de incubação (h) Figura 6. Desaparecimento da celulose dos alimentos em função do tempo de incubação Tabela 13. Potenciais de degradação (A), taxas de degradação (c), frações solúveis (S), frações degradáveis (B1), tempos de colonização (TC) e degradabilidades efetivas (DE), nas taxas de passagem 2,0%/h e 5,0%/h, da celulose dos alimentos utilizados neste experimento Parâmetro Subproduto Capim de Maracujá elefante A (%) 80,00 77,00 c (%/h) 5,408 3,221 S (%) 26,74 34,35 B1 (%) 53,26 42,65 TC (h) -5:29 3:44 DE 2,0%/h 65,62 60,66 (%) DE 5,0%/h 54,41 51,06 (%) 4. CONCLUSÕES Foram evidenciados altos valores de degradabilidade potencial e de degradabilidades efetivas da proteína bruta, das hemiceluloses e da celulose no subproduto de maracujá. Os valores obtidos para o subproduto de maracujá o credenciam como ótimo substituto do capim elefante em dietas de ovinos e como alimento de alta disponibilidade de proteínas e carboidratos no rume. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGRICULTURAL AND FOOD RESEARCH COUNCIL. Nutrive requirements of ruminant animal: protein. Nutrition Abstracts and Reviews. n.9, p.6571, 1992. AGRICULTURAL RESEARCH COUNCIL - ARC. The nutrient requirements of ruminant livestock. sppl. 1. Slough: Commonwealth Agricultural Bureaux. 1984. 45p. ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTS - AOAC. Official methods of analysis. 16.ed. Washington: AOAC, 1995. 2000p. BALCH, C.C., JOHNSON, V.W. Factors affecting the utilization of food by cows. II. 291 Factors influencing the rate of breakdown of cellulose (cotton thread) in the rumen of the cows. Brittish Journal of Nutrition, v.4, p.361-368, 1950. klason lignin with digestibility of forage dry matter and neutral detergent fiber. Journal of Dairy Science. v.80, n.8, p.16221628, 1997. BORGES, I. Influência da dieta na degradabilidade in situ do caroço de algodão integral, e do bagaço de cana-deaçúcar auto-hidrolisado, na dinâmica da fermentação ruminal e na cinética sangüínea de ovinos. Belo Horizonte: UFMG - Escola de Veterinária, 1997. 130p. (Tese, Doutorado em Ciência Animal). LOUSADA JÚNIOR, J.E. Digestibilidade aparente de subprodutos do processamento em de frutas ovinos. Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 2003. 94p. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) – Universidade Federal do Ceará, 2003. CAPPELLE, E.R. VALADARES FILHO, S.C., COELHO DA SILVA, J.F. et al. Estimativas do valor energético a partir de características químicas e bromatológicas dos alimentos. Revista Brasileira de Zootecnia, v.30, n.6, p.1837-1856, 2001. CHESSON, A., FORSBERG, C.W. Polysaccharide degradation by rúmen microorganisms. In: HOBSON, P.N. The rumen microbial ecosystem. Elsevier Science: New York, 1988. p.251-284. CHURCH, D.C., POND, W.G. Fundamentos de nutrición y alimentación de animales. Mexico: Limusa, 1987. 438p. FIGUEIRA, D. G. Efeito do nível de uréia sobre as digestibilidades aparente e in situ, e a dinâmica fase sólida em bovinos alimentados com cana-de-açúcar e farelo de algodão. Belo Horizonte, EV-UFMG, 1991. 123p. (Dissertação de mestrado). GONÇALVES, J.S., FEITOSA, J.V., NEIVA, J.N.M. et al. Degradabilidade ruminal dos subprodutos agroindustriais do caju (Anacardium occidentale L.), graviola (Anona muricata L.), manga (Mangifera indica L.) e urucum (Bixa orellana L.) em ovinos. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 41, 2004, Campo Grande. Anais... Campo Grande-MS: SBZ, 2004. CD ROM. JUNG, H.G., MERTENS, D.R., PAYNE, A.J. Correlation of acid detergent lignin and 292 A.O., BANYS, MANOEL, V.L., PEREIRA, R.C. et al. Degradabilidade da matéria seca dos subprodutos de polpa de frutas e soja extrudada. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 40, 2003, Santa Maria. Anais... Santa Maria-RS: Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2003. CD-Rom. McDONALD, J. A revised model for the estimation of protein degradabitility in the rumen. Journal of Agricultural Science (Cambridge). v.96, n.1, p.251-252, 1981. NATIONAL RESEARCH COUNCIL. Nutrient requirements of dairy cattle. 7.ed. Washington: National Academy Press, 2001. 362p. NATIONAL RESEARCH COUNCIL. Nutrient requirements of sheep. Washington: National Academy Press, 1985. 99p. NOCEK, J.E. In situ and other methods to estimate rumial protein and energy digestibility: a review. Journal of Dairy Science. v.71, n.8, p.2051-2069, 1988. ØRSKOV, E.R., McDONALD, J. The estimation of protein degradability in the rumen from incubation measurements of feed in weighted according to rate of passage. Journal of Agricultural Science (Cambridge). v.92, n.2, p.499-503, 1979. RIBEIRO JÚNIOR, J.I. Análises estatísticas no SAEG. Viçosa:UFV, 2001. 301p. RODRÍGUEZ, N.M. Importância da degradabilidade da proteína no rúmen para a formulação de rações para ruminantes. Cadernos Técnicos da Escola de Veterinária da UFMG, v.1, p.27-45, 1986. SAMPAIO, I.B.M. Experimental designs and modelling techniques in the study of roughage degradation in rumen and growth of ruminants. Reading: Univesity of Reading, 1988. 214p. (Tese, Doutorado em Fisiologia) SAMPAIO, I.B.M. Contribuições estatísticas e de técnica experimental para ensaios de degradabilidade de forragens quando avaliadas in situ. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE PRODUÇÃO DE RUMINANTES, REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 31, 1994, Maringá. Anais... Maringá: SBZ, 1994. p.81-88. TEIXEIRA, J.C. Digestibilidade em ruminantes. Lavras: UFLA-FAEPE, 1997. p. 111-113. TOMICH, T.R. Potencial forrageiro de híbridos de sorgo com capim sudão avaliados em regime de corte. Belo Horizonte: UFMG - Escola de Veterinária, 2003. 87p. (Tese, Doutorado em Ciência Animal) VALADARES FILHO, S.C., ROCHA Jr., V.R., CAPPELLE, E.R. Tabelas brasileiras de composição de alimentos para bovinos. Viçosa: UFV; DZO; DPI, 2002. 297p. VAN SOEST, P.J. Nutritional ecology of the ruminant. 2ed. Ithaca: Cornell University Press. 1994. 476p. VAN SOEST, P.J., ROBERTSON, J.B., LEWIS, B.A. Methods for dietary fiber, neutral detergent, and nonstarch polysaccharides in relation to animal nutrition. Journal of Dairy Science. v.74, n.10, p.3583-3597, 1991. 293 294 ANEXOS 295 ANEXO 1 Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no Capítulo III DMS CMS DMO CMO DPB CPB DEE CEE DEB CEB CED CEM BE DCHO CCHO DFDN CFDN DFDA CFDA DHCEL CHCEL DCEL CCEL NING NFECAL NURIN BN NR CMSPV CFDNPV CFDAPV CHCELPV FDNMSI FDAMSI HCELMSI CELMSI DMS 1.0000 -0.4840 0.9926 -0.4863 0.4850 -0.5366 0.1748 -0.4127 0.9874 -0.4857 -0.1538 -0.1790 -0.1485 0.9516 -0.4772 0.6154 -0.4907 0.5933 -0.5000 0.5055 -0.4754 0.8602 -0.4720 -0.4474 -0.5906 0.1508 -0.4088 -0.1529 -0.4901 -0.4964 -0.5075 -0.4798 -0.4801 0.1101 0.2074 -0.2281 CMS -0.4840 1.0000 -0.4842 0.9991 -0.2526 0.9713 -0.0583 0.9709 -0.4629 0.9990 0.9300 0.8729 0.8011 -0.4774 0.9986 -0.2431 0.9944 -0.2048 0.9618 -0.2563 0.9953 -0.3325 0.9598 0.8653 0.8070 0.0755 0.8511 0.4002 0.9859 0.9797 0.9495 0.9785 0.9524 -0.2801 -0.5169 0.5574 DMO 0.9926 -0.4842 1.0000 -0.4861 0.4462 -0.5376 0.1135 -0.4086 0.9904 -0.4840 -0.1520 -0.1972 -0.1605 0.9730 -0.4780 0.6321 -0.4956 0.5690 -0.5051 0.5536 -0.4801 0.8303 -0.4815 -0.4470 -0.5744 0.1397 -0.4139 -0.1780 -0.4905 -0.5017 -0.5131 -0.4848 -0.4903 0.0597 0.1849 -0.2683 CMO -0.4863 0.9991 -0.4861 1.0000 -0.2608 0.9681 -0.0468 0.9733 -0.4651 0.9991 0.9304 0.8732 0.8008 -0.4791 0.9989 -0.2573 0.9913 -0.2242 0.9578 -0.2626 0.9928 -0.3422 0.9540 0.8618 0.8070 0.0620 0.8514 0.4083 0.9852 0.9767 0.9455 0.9762 0.9465 -0.3000 -0.5272 0.5445 DPB 0.4850 -0.2526 0.4462 -0.2608 1.0000 -0.2943 0.3280 -0.2526 0.4600 -0.2613 -0.1300 -0.2048 -0.1254 0.2455 -0.2414 0.2908 -0.2384 0.3737 -0.2519 0.1573 -0.2255 0.4429 -0.1683 -0.1850 -0.5909 0.4149 -0.0946 0.1273 -0.2792 -0.2637 -0.2795 -0.2488 -0.1931 0.3030 0.2445 0.0234 CPB -0.5366 0.9713 -0.5376 0.9681 -0.2943 1.0000 -0.1528 0.9244 -0.5254 0.9669 0.8671 0.7960 0.7543 -0.5160 0.9597 -0.2366 0.9779 -0.1622 0.9742 -0.2743 0.9611 -0.3558 0.9752 0.9119 0.8653 0.2186 0.8267 0.2494 0.9475 0.9532 0.9516 0.9351 0.9580 -0.1902 -0.4151 0.5061 Obs.: Valores em vermelho apresentam correlação significativa (P<0,05); Valores em preto apresentam correlação não significativa (P>0,05); Valores em azul representam o encontro de iguais aspectos analisados (linha X coluna). 296 DEE 0.1748 -0.0583 0.1135 -0.0468 0.3280 -0.1528 1.0000 0.0175 0.1462 -0.0465 0.0131 0.2331 0.2587 -0.0343 -0.0330 -0.1888 -0.0726 -0.2589 -0.0829 -0.0845 -0.0647 0.2238 -0.0914 -0.0388 -0.1506 -0.2773 0.1563 0.5433 -0.0941 -0.1079 -0.1214 -0.0975 -0.1274 -0.0004 0.0346 -0.0695 CEE -0.4127 0.9709 -0.4086 0.9733 -0.2526 0.9244 0.0175 1.0000 -0.3741 0.9777 0.9450 0.8920 0.8151 -0.4058 0.9693 -0.2453 0.9540 -0.2315 0.9165 -0.2388 0.9587 -0.2903 0.9121 0.8203 0.7691 -0.0054 0.8377 0.4503 0.9584 0.9408 0.9061 0.9432 0.9060 -0.3553 -0.5437 0.4838 DEB 0.9874 -0.4629 0.9904 -0.4651 0.4600 -0.5254 0.1462 -0.3741 1.0000 -0.4612 -0.1203 -0.1540 -0.1359 0.9583 -0.4564 0.6140 -0.4747 0.5729 -0.4879 0.5188 -0.4574 0.8298 -0.4621 -0.4519 -0.5848 0.0982 -0.3971 -0.1265 -0.4636 -0.4751 -0.4893 -0.4569 -0.4645 0.0614 0.1748 -0.2455 CEB -0.4857 0.9990 -0.4840 0.9991 -0.2613 0.9669 -0.0465 0.9777 -0.4612 1.0000 0.9333 0.8774 0.8084 -0.4767 0.9981 -0.2530 0.9907 -0.2236 0.9571 -0.2567 0.9922 -0.3426 0.9535 0.8643 0.8088 0.0555 0.8570 0.4156 0.9838 0.9747 0.9435 0.9743 0.9448 -0.3039 -0.5295 0.5423 CED -0.1538 0.9300 -0.1520 0.9304 -0.1300 0.8671 0.0131 0.9450 -0.1203 0.9333 1.0000 0.9283 0.8525 -0.1537 0.9325 -0.0751 0.9114 -0.0512 0.8611 -0.1177 0.9248 -0.0651 0.8679 0.7764 0.6647 0.0731 0.8005 0.4400 0.9145 0.8952 0.8470 0.9068 0.8587 -0.3634 -0.5698 0.5221 CEM -0.1790 0.8729 -0.1972 0.8732 -0.2048 0.7960 0.2331 0.8920 -0.1540 0.8774 0.9283 1.0000 0.9258 -0.2013 0.8788 -0.1230 0.8566 -0.1064 0.8086 -0.1463 0.8697 -0.1012 0.7942 0.7381 0.6818 -0.1270 0.8137 0.5664 0.8490 0.8323 0.7854 0.8443 0.7760 -0.3055 -0.5186 0.5179 BE -0.1485 0.8011 -0.1605 0.8008 -0.1254 0.7543 0.2587 0.8151 -0.1359 0.8084 0.8525 0.9258 1.0000 -0.1756 0.8028 -0.0679 0.7860 -0.0860 0.7571 -0.0662 0.7886 -0.0623 0.7511 0.8520 0.7418 -0.0297 0.9181 0.5768 0.7167 0.7007 0.6683 0.7065 0.6705 -0.2692 -0.4291 0.4004 DCHO 0.9516 -0.4774 0.9730 -0.4791 0.2455 -0.5160 -0.0343 -0.4058 0.9583 -0.4767 -0.1537 -0.2013 -0.1756 1.0000 -0.4754 0.6363 -0.4900 0.5585 -0.4954 0.5702 -0.4772 0.7824 -0.4860 -0.4453 -0.4873 0.0900 -0.4468 -0.2726 -0.4772 -0.4899 -0.4967 -0.4759 -0.4889 0.0161 0.1582 -0.2888 CCHO -0.4772 0.9986 -0.4780 0.9989 -0.2414 0.9597 -0.0330 0.9693 -0.4564 0.9981 0.9325 0.8788 0.8028 -0.4754 1.0000 -0.2515 0.9908 -0.2208 0.9531 -0.2572 0.9949 -0.3330 0.9501 0.8519 0.7904 0.0509 0.8509 0.4276 0.9860 0.9776 0.9422 0.9796 0.9440 -0.2966 -0.5338 0.5633 ANEXO 1 Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no Capítulo III DMS CMS DMO CMO DPB CPB DEE CEE DEB CEB CED CEM BE DCHO CCHO DFDN CFDN DFDA CFDA DHCEL CHCEL DCEL CCEL NING NFECAL NURIN BN NR CMSPV CFDNPV CFDAPV CHCELPV FDNMSI FDAMSI HCELMSI CELMSI DFDN 0.6154 -0.2431 0.6321 -0.2573 0.2908 -0.2366 -0.1888 -0.2453 0.6140 -0.2530 -0.0751 -0.1230 -0.0679 0.6363 -0.2515 1.0000 -0.2112 0.8741 -0.1521 0.9077 -0.2439 0.5004 -0.1843 -0.1698 -0.2367 0.2657 -0.2377 -0.3405 -0.2561 -0.2232 -0.1633 -0.2555 -0.1954 0.3972 0.4481 -0.2234 CFDN -0.4907 0.9944 -0.4956 0.9913 -0.2384 0.9779 -0.0726 0.9540 -0.4747 0.9907 0.9114 0.8566 0.7860 -0.4900 0.9908 -0.2112 1.0000 -0.1539 0.9806 -0.2440 0.9926 -0.3205 0.9793 0.8708 0.8110 0.1335 0.8322 0.3426 0.9805 0.9857 0.9691 0.9762 0.9728 -0.1801 -0.4390 0.5708 DFDA 0.5933 -0.2048 0.5690 -0.2242 0.3737 -0.1622 -0.2589 -0.2315 0.5729 -0.2236 -0.0512 -0.1064 -0.0860 0.5585 -0.2208 0.8741 -0.1539 1.0000 -0.0926 0.5922 -0.1891 0.5656 -0.0831 -0.1404 -0.2597 0.4312 -0.2464 -0.3981 -0.2060 -0.1535 -0.0898 -0.1896 -0.0800 0.5584 0.4963 -0.0476 CFDA -0.5000 0.9618 -0.5051 0.9578 -0.2519 0.9742 -0.0829 0.9165 -0.4879 0.9571 0.8611 0.8086 0.7571 -0.4954 0.9531 -0.1521 0.9806 -0.0926 1.0000 -0.1873 0.9494 -0.3240 0.9901 0.8821 0.8392 0.2179 0.7955 0.2228 0.9420 0.9605 0.9835 0.9272 0.9786 -0.0552 -0.2740 0.4526 DHCL 0.5055 -0.2563 0.5536 -0.2626 0.1573 -0.2743 -0.0845 -0.2388 0.5188 -0.2567 -0.1177 -0.1463 -0.0662 0.5702 -0.2572 0.9077 -0.2440 0.5922 -0.1873 1.0000 -0.2744 0.3397 -0.2515 -0.1763 -0.1763 0.0859 -0.2097 -0.2608 -0.2780 -0.2654 -0.2093 -0.2944 -0.2735 0.2139 0.3706 -0.3781 CHCL -0.4754 0.9953 -0.4801 0.9928 -0.2255 0.9611 -0.0647 0.9587 -0.4574 0.9922 0.9248 0.8697 0.7886 -0.4772 0.9949 -0.2439 0.9926 -0.1891 0.9494 -0.2744 1.0000 -0.3122 0.9536 0.8468 0.7777 0.0785 0.8388 0.4103 0.9854 0.9822 0.9412 0.9875 0.9502 -0.2542 -0.5328 0.6330 DCEL 0.8602 -0.3325 0.8303 -0.3422 0.4429 -0.3558 0.2238 -0.2903 0.8298 -0.3426 -0.0651 -0.1012 -0.0623 0.7824 -0.3330 0.5004 -0.3205 0.5656 -0.3240 0.3397 -0.3122 1.0000 -0.2774 -0.2672 -0.4171 0.2641 -0.2775 -0.1534 -0.3483 -0.3359 -0.3421 -0.3255 -0.2941 0.2274 0.2176 -0.0505 CCEL -0.4720 0.9598 -0.4815 0.9540 -0.1683 0.9752 -0.0914 0.9121 -0.4621 0.9535 0.8679 0.7942 0.7511 -0.4860 0.9501 -0.1843 0.9793 -0.0831 0.9901 -0.2515 0.9536 -0.2774 1.0000 0.8904 0.8029 0.2827 0.8048 0.2327 0.9368 0.9561 0.9699 0.9285 0.9853 -0.0466 -0.2940 0.5070 NING -0.4474 0.8653 -0.4470 0.8618 -0.1850 0.9119 -0.0388 0.8203 -0.4519 0.8643 0.7764 0.7381 0.8520 -0.4453 0.8519 -0.1698 0.8708 -0.1404 0.8821 -0.1763 0.8468 -0.2672 0.8904 1.0000 0.8933 0.2763 0.9272 0.3049 0.7756 0.7799 0.7880 0.7594 0.8051 -0.1533 -0.3204 0.3795 NFECAL -0.5906 0.8070 -0.5744 0.8070 -0.5909 0.8653 -0.1506 0.7691 -0.5848 0.8088 0.6647 0.6818 0.7418 -0.4873 0.7904 -0.2367 0.8110 -0.2597 0.8392 -0.1763 0.7777 -0.4171 0.8029 0.8933 1.0000 0.0335 0.7883 0.1744 0.7449 0.7475 0.7745 0.7160 0.7440 -0.1913 -0.2923 0.2597 NURIN 0.1508 0.0755 0.1397 0.0620 0.4149 0.2186 -0.2773 -0.0054 0.0982 0.0555 0.0731 -0.1270 -0.0297 0.0900 0.0509 0.2657 0.1335 0.4312 0.2179 0.0859 0.0785 0.2641 0.2827 0.2763 0.0335 1.0000 -0.0057 -0.5746 0.0393 0.0976 0.1815 0.0441 0.2502 0.4585 0.3605 0.0546 BN -0.4088 0.8511 -0.4139 0.8514 -0.0946 0.8267 0.1563 0.8377 -0.3971 0.8570 0.8005 0.8137 0.9181 -0.4468 0.8509 -0.2377 0.8322 -0.2464 0.7955 -0.2097 0.8388 -0.2775 0.8048 0.9272 0.7883 -0.0057 1.0000 0.6339 0.7611 0.7411 0.7000 0.7515 0.7181 -0.3244 -0.4885 0.4259 NR -0.1529 0.4002 -0.1780 0.4083 0.1273 0.2494 0.5433 0.4503 -0.1265 0.4156 0.4400 0.5664 0.5768 -0.2726 0.4276 -0.3405 0.3426 -0.3981 0.2228 -0.2608 0.4103 -0.1534 0.2327 0.3049 0.1744 -0.5746 0.6339 1.0000 0.3620 0.3039 0.1798 0.3738 0.1941 -0.5091 -0.6097 0.3562 CMSPV -0.4901 0.9859 -0.4905 0.9852 -0.2792 0.9475 -0.0941 0.9584 -0.4636 0.9838 0.9145 0.8490 0.7167 -0.4772 0.9860 -0.2561 0.9805 -0.2060 0.9420 -0.2780 0.9854 -0.3483 0.9368 0.7756 0.7449 0.0393 0.7611 0.3620 1.0000 0.9942 0.9601 0.9951 0.9581 -0.2820 -0.5300 0.5804 Obs.: Valores em vermelho apresentam correlação significativa (P<0,05); Valores em preto apresentam correlação não significativa (P>0,05); Valores em azul representam o encontro de iguais aspectos analisados (linha X coluna). 297 ANEXO 1 Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no Capítulo III DMS CMS DMO CMO DPB CPB DEE CEE DEB CEB CED CEM BE DCHO CCHO DFDN CFDN DFDA CFDA DHCEL CHCEL DCEL CCEL NING NFECAL NURIN BN NR CMSPV CFDNPV CFDAPV CHCELPV CCELPV FDNMSI FDAMSI HCELMSI CELMSI CFDNPV -0.4964 0.9797 -0.5017 0.9767 -0.2637 0.9532 -0.1079 0.9408 -0.4751 0.9747 0.8952 0.8323 0.7007 -0.4899 0.9776 -0.2232 0.9857 -0.1535 0.9605 -0.2654 0.9822 -0.3359 0.9561 0.7799 0.7475 0.0976 0.7411 0.3039 0.9942 1.0000 0.9796 0.9924 0.9785 -0.1793 -0.4500 0.5942 -0.2837 CFDAPV -0.5075 0.9495 -0.5131 0.9455 -0.2795 0.9516 -0.1214 0.9061 -0.4893 0.9435 0.8470 0.7854 0.6683 -0.4967 0.9422 -0.1633 0.9691 -0.0898 0.9835 -0.2093 0.9412 -0.3421 0.9699 0.7880 0.7745 0.1815 0.7000 0.1798 0.9601 0.9796 1.0000 0.9476 0.9895 -0.0515 -0.2821 0.4751 -0.1372 CHCLPV -0.4798 0.9785 -0.4848 0.9762 -0.2488 0.9351 -0.0975 0.9432 -0.4569 0.9743 0.9068 0.8443 0.7065 -0.4759 0.9796 -0.2555 0.9762 -0.1896 0.9272 -0.2944 0.9875 -0.3255 0.9285 0.7594 0.7160 0.0441 0.7515 0.3738 0.9951 0.9924 0.9476 1.0000 0.9521 -0.2541 -0.5438 0.6551 -0.3678 CCELPV -0.4801 0.9524 -0.4903 0.9465 -0.1931 0.9580 -0.1274 0.9060 -0.4645 0.9448 0.8587 0.7760 0.6705 -0.4889 0.9440 -0.1954 0.9728 -0.0800 0.9786 -0.2735 0.9502 -0.2941 0.9853 0.8051 0.7440 0.2502 0.7181 0.1941 0.9581 0.9785 0.9895 0.9521 1.0000 -0.0431 -0.3035 0.5320 -0.0961 FDNMSI 0.1101 -0.2801 0.0597 -0.3000 0.3030 -0.1902 -0.0004 -0.3553 0.0614 -0.3039 -0.3634 -0.3055 -0.2692 0.0161 -0.2966 0.3972 -0.1801 0.5584 -0.0552 0.2139 -0.2542 0.2274 -0.0466 -0.1533 -0.1913 0.4585 -0.3244 -0.5091 -0.2820 -0.1793 -0.0515 -0.2541 -0.0431 1.0000 0.8654 -0.0373 0.8807 Obs,: Valores em vermelho apresentam correlação significativa (P<0,05); Valores em preto apresentam correlação não significativa (P>0,05); Valores em azul representam o encontro de iguais aspectos analisados (linha X coluna), 298 FDAMSI 0.2074 -0.5169 0.1849 -0.5272 0.2445 -0.4151 0.0346 -0.5437 0.1748 -0.5295 -0.5698 -0.5186 -0.4291 0.1582 -0.5338 0.4481 -0.4390 0.4963 -0.2740 0.3706 -0.5328 0.2176 -0.2940 -0.3204 -0.2923 0.3605 -0.4885 -0.6097 -0.5300 -0.4500 -0.2821 -0.5438 -0.3035 0.8654 1.0000 -0.5330 0.8901 HCLMSI -0.2281 0.5574 -0.2683 0.5445 0.0234 0.5061 -0.0695 0.4838 -0.2455 0.5423 0.5221 0.5179 0.4004 -0.2888 0.5633 -0.2234 0.5708 -0.0476 0.4526 -0.3781 0.6330 -0.0505 0.5070 0.3795 0.2597 0.0546 0.4259 0.3562 0.5804 0.5942 0.4751 0.6551 0.5320 -0.0373 -0.5330 1.0000 -0.2882 CELMSI 0.2008 -0.3423 0.1624 -0.3587 0.4521 -0.2248 0.0034 -0.3841 0.1629 -0.3604 -0.3853 -0.4058 -0.2998 0.0935 -0.3645 0.3101 -0.2584 0.5050 -0.1139 0.1246 -0.3431 0.2978 -0.0739 -0.1240 -0.2415 0.6062 -0.3079 -0.5377 -0.3696 -0.2837 -0.1372 -0.3678 -0.0961 0.8807 0.8901 -0.2882 1.0000 ANEXO 1 Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no Capítulo III Onde: DMS = Digestibilidade da Matéria Seca DHCEL = Digestibilidade das Hemiceluloses CMS = Consumo de Matéria Seca por Unidade de Tamanho Metabólico CHCEL = Consumo das Hemiceluloses por Unidade de Tamanho Metabólico DMO = Digestibilidade da Matéria Orgânica DCEL = Digestibilidade da Celulose CMO = Consumo de Matéria Orgânica por Unidade de Tamanho Metabólico CCEL = Consumo da Celulose por Unidade de Tamanho Metabólico DPB = Digestibilidade da Proteína Bruta NING = % de Nitrogênio Ingerido CPB = Consumo de Proteína Bruta por Unidade de Tamanho Metabólico NFECAL = % de Nitrogênio Fecal DEE = Digestibilidade do Extrato Etéreo NURIN = % de Nitrogênio na Urina CEE = Consumo do Extrato Etéreo por Unidade de Tamanho Metabólico BN = Balanço de Nitrogênio DEB = Digestibilidade da Energia Bruta NRET = Nitrogênio Retido CEB = Consumo de Energia Bruta por Unidade de Tamanho Metabólico CMSPV = Consumo de Matéria seca por Unidade de Peso vivo CED = Consumo de Energia Digestível por Unidade de Tamanho Metabólico CFDNPV = Consumo da Fibra em Detergente Neutro por Unidade de Peso vivo = Consumo da Fibra em Detergente Ácido por Unidade de Peso vivo CEM = Consumo de Energia Metabolizável por Unidade de Tamanho Metabólico CFDAPV BE = Balanço de Energia CHCELPV = Consumo de Hemiceluloses por Unidade de Peso vivo DCHO = Digestibilidade dos Carboidratos CCELPV = Consumo de Celulose por Unidade de Peso vivo CCHO = Consumo de Carboidratos por Unidade de Tamanho Metabólico FDNMSI = Consumo da Fibra em Detergente Neutro Proporcional a Matéria Seca Ingerida DFDN = Digestibilidade da Fibra em Detergente Neutro FDAMSI = Consumo da Fibra em Detergente Ácido Proporcional a Matéria Seca Ingerida CFDN = Consumo da Fibra em Detergente Neutro por Unidade de Tamanho Metabólico HCELMSI = Consumo de Hemiceluloses Proporcional a Matéria Seca Ingerida DFDA = Digestibilidade da Fibra em Detergente Ácido CELMSI = Consumo de Celulose Proporcional a Matéria Seca Ingerida CFDA = Consumo da Fibra em Detergente Ácido por Unidade de Tamanho Metabólico 299 ANEXO 2 Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no Capítulo VI DMS CMS DMO CMO DPB CPB DEE CEE DEB CEB CED CEM BE DCHO CCHO DFDN CFDN DFDA CFDA DHCEL CHCEL DCEL CCEL NING NFECAL NURIN BN NR CMSPV CFDNPV CFDAPV CHCELPV FDNMSI FDAMSI HCELMSI CELMSI DMS 1,0000 0,5829 0,9138 0,2189 -0,1494 0,3506 -0,4241 0,7044 0,7246 0,5504 0,6721 0,5986 0,1852 0,9009 0,5753 0,8536 0,4972 0,6404 -0,2582 0,4061 0,7498 0,8255 0,5676 0,2794 0,3290 0,3335 0,0142 -0,3064 0,5968 0,5135 -0,2534 0,7578 0,5837 -0,7317 -0,8439 0,9026 CMS 0,5829 1,0000 0,3645 0,7378 -0,1983 0,9226 -0,3657 0,9764 0,2774 0,9988 0,9736 0,8554 0,6823 0,3684 0,9993 0,3031 0,9832 0,2946 0,4629 -0,3087 0,9598 0,2672 0,9014 0,8410 0,8453 -0,0004 0,6092 0,0443 0,9916 0,9749 0,4518 0,9480 0,8849 -0,6972 -0,6858 0,6418 DMO 0,9138 0,3645 1,0000 0,1313 -0,0203 0,1602 -0,2411 0,4904 0,8973 0,3306 0,5209 0,4731 -0,0143 0,9642 0,3544 0,9035 0,2982 0,7043 -0,3234 0,6262 0,5403 0,9260 0,4307 0,1472 0,1472 0,2572 -0,0146 -0,1860 0,3692 0,3030 -0,3342 0,5443 0,4374 -0,4912 -0,6321 0,7270 CMO 0,2189 0,7378 0,1313 1,0000 0,1142 0,7381 -0,1357 0,6480 0,1963 0,7520 0,7317 0,6912 0,5362 0,0872 0,7462 0,1554 0,8034 0,3228 0,6785 -0,2950 0,6229 0,1086 0,7950 0,8488 0,6998 -0,2642 0,8363 0,4155 0,6721 0,7297 0,6043 0,5696 0,7126 -0,1841 -0,2036 0,2109 DPB -0,1494 -0,1983 -0,0203 0,1142 1,0000 -0,0543 0,4971 -0,2698 0,0860 -0,1821 -0,1361 -0,2018 -0,0357 -0,2640 -0,2024 -0,1087 -0,1065 -0,1145 0,2387 0,2159 -0,2591 -0,0014 -0,0584 0,0530 -0,4752 -0,0302 0,3858 0,5698 -0,2303 -0,1416 0,2088 -0,2821 -0,0918 0,4675 0,3967 -0,3138 CPB 0,3506 0,9226 0,1602 0,7381 -0,0543 1,0000 -0,1678 0,8400 0,1267 0,9363 0,8839 0,7158 0,7755 0,1430 0,9156 0,0439 0,9451 0,0539 0,6727 -0,3588 0,8001 0,0485 0,8032 0,9194 0,8407 0,0258 0,7062 0,1329 0,9080 0,9298 0,6597 0,7837 0,7776 -0,4917 -0,4331 0,3591 Obs.: Valores em vermelho apresentam correlação significativa (P<0,05); Valores em preto apresentam correlação não significativa (P>0,05); Valores em azul representam o encontro de iguais aspectos analisados (linha X coluna). 300 DEE -0,4241 -0,3657 -0,2411 -0,1357 0,4971 -0,1678 1,0000 -0,4522 -0,0394 -0,3425 -0,3074 -0,2691 -0,2791 -0,3938 -0,3692 -0,5100 -0,2605 -0,4668 0,2775 -0,0011 -0,4692 -0,2185 -0,1770 -0,1836 -0,4047 -0,2440 0,1213 0,4765 -0,3537 -0,2459 0,3028 -0,4583 -0,1605 0,6765 0,6600 -0,6126 CEE 0,7044 0,9764 0,4904 0,6480 -0,2698 0,8400 -0,4522 1,0000 0,3712 0,9658 0,9647 0,8719 0,5982 0,5081 0,9741 0,4437 0,9310 0,3954 0,2788 -0,2224 0,9945 0,3972 0,8713 0,7444 0,7987 0,0320 0,4921 -0,0457 0,9763 0,9319 0,2744 0,9891 0,8651 -0,7922 -0,8059 0,7783 DEB 0,7246 0,2774 0,8973 0,1963 0,0860 0,1267 -0,0394 0,3712 1,0000 0,2500 0,4819 0,4683 -0,0950 0,8427 0,2670 0,7869 0,2529 0,6482 -0,1891 0,6060 0,4125 0,8371 0,4312 0,1227 0,0766 0,0504 0,0944 0,0493 0,2817 0,2577 -0,1976 0,4174 0,4391 -0,2468 -0,4012 0,5197 CEB 0,5504 0,9988 0,3306 0,7520 -0,1821 0,9363 -0,3425 0,9658 0,2500 1,0000 0,9682 0,8477 0,6960 0,3315 0,9984 0,2662 0,9884 0,2675 0,5007 -0,3304 0,9458 0,2334 0,8998 0,8560 0,8508 -0,0061 0,6289 0,0602 0,9890 0,9786 0,4890 0,9329 0,8816 -0,6709 -0,6539 0,6064 CED 0,6721 0,9736 0,5209 0,7317 -0,1361 0,8839 -0,3074 0,9647 0,4819 0,9682 1,0000 0,8833 0,6029 0,5054 0,9703 0,4287 0,9619 0,3969 0,4218 -0,1480 0,9557 0,4212 0,9306 0,8052 0,7854 0,0006 0,5979 0,0779 0,9673 0,9562 0,4115 0,9464 0,9182 -0,6541 -0,6790 0,6678 CEM 0,5986 0,8554 0,4731 0,6912 -0,2018 0,7158 -0,2691 0,8719 0,4683 0,8477 0,8833 1,0000 0,3395 0,4797 0,8574 0,4178 0,8386 0,4904 0,3065 -0,2850 0,8661 0,4676 0,8178 0,6610 0,7080 -0,2528 0,5708 0,2057 0,8483 0,8309 0,2908 0,8576 0,8041 -0,5653 -0,6126 0,6247 BE 0,1852 0,6823 -0,0143 0,5362 -0,0357 0,7755 -0,2791 0,5982 -0,0950 0,6960 0,6029 0,3395 1,0000 -0,0150 0,6782 -0,0357 0,6582 -0,0848 0,4063 -0,2787 0,5907 -0,2398 0,4633 0,7747 0,6774 0,2593 0,5022 -0,0709 0,6483 0,6193 0,3665 0,5604 0,4137 -0,5232 -0,4097 0,2877 DCHO 0,9009 0,3684 0,9642 0,0872 -0,2640 0,1430 -0,3938 0,5081 0,8427 0,3315 0,5054 0,4797 -0,0150 1,0000 0,3592 0,9123 0,2799 0,7180 -0,3893 0,5864 0,5532 0,8852 0,3914 0,1231 0,2524 0,2712 -0,1203 -0,3341 0,3755 0,2868 -0,4001 0,5593 0,3995 -0,5775 -0,6907 0,7581 CCHO 0,5753 0,9993 0,3544 0,7462 -0,2024 0,9156 -0,3692 0,9741 0,2670 0,9984 0,9703 0,8574 0,6782 0,3592 1,0000 0,2991 0,9833 0,2984 0,4665 -0,3212 0,9579 0,2594 0,9038 0,8377 0,8445 -0,0101 0,6098 0,0474 0,9900 0,9740 0,4545 0,9456 0,8864 -0,6935 -0,6824 0,6386 ANEXO 2 Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no Capítulo VI DMS CMS DMO CMO DPB CPB DEE CEE DEB CEB CED CEM BE DCHO CCHO DFDN CFDN DFDA CFDA DHCEL CHCEL DCEL CCEL NING NFECAL NURIN BN NR CMSPV CFDNPV CFDAPV CHCELPV FDNMSI FDAMSI HCELMSI CELMSI DFDN 0,8536 0,3031 0,9035 0,1554 -0,1087 0,0439 -0,5100 0,4437 0,7869 0,2662 0,4287 0,4178 -0,0357 0,9123 0,2991 1,0000 0,2183 0,8905 -0,4258 0,5718 0,4970 0,8823 0,3278 0,1136 0,1588 0,2347 -0,0569 -0,2557 0,2837 0,1954 -0,4656 0,4826 0,3067 -0,5343 -0,6654 0,7501 CFDN 0,4972 0,9832 0,2982 0,8034 -0,1065 0,9451 -0,2605 0,9310 0,2529 0,9884 0,9619 0,8386 0,6582 0,2799 0,9833 0,2183 1,0000 0,2445 0,6052 -0,3298 0,9040 0,2252 0,9338 0,8703 0,8278 -0,0675 0,6918 0,1555 0,9714 0,9885 0,5943 0,8896 0,9144 -0,5579 -0,5527 0,5206 DFDA 0,6404 0,2946 0,7043 0,3228 -0,1145 0,0539 -0,4668 0,3954 0,6482 0,2675 0,3969 0,4904 -0,0848 0,7180 0,2984 0,8905 0,2445 1,0000 -0,2428 0,2981 0,4310 0,8009 0,3226 0,1843 0,2320 -0,0333 0,1197 -0,0483 0,2536 0,1972 -0,3047 0,4002 0,2761 -0,3647 -0,4832 0,5655 CFDA -0,2582 0,4629 -0,3234 0,6785 0,2387 0,6727 0,2775 0,2788 -0,1891 0,5007 0,4218 0,3065 0,4063 -0,3893 0,4665 -0,4258 0,6052 -0,2428 1,0000 -0,4168 0,2067 -0,2996 0,5453 0,6700 0,4789 -0,2434 0,7230 0,4624 0,4350 0,5764 0,9857 0,1825 0,5108 0,2553 0,3123 -0,3479 DHCEL 0,4061 -0,3087 0,6262 -0,2950 0,2159 -0,3588 -0,0011 -0,2224 0,6060 -0,3304 -0,1480 -0,2850 -0,2787 0,5864 -0,3212 0,5718 -0,3298 0,2981 -0,4168 1,0000 -0,1814 0,5205 -0,1532 -0,2887 -0,3684 0,4680 -0,3812 -0,3079 -0,3139 -0,3362 -0,4307 -0,1823 -0,1532 0,0715 -0,0335 0,1260 CHCEL 0,7498 0,9598 0,5403 0,6229 -0,2591 0,8001 -0,4692 0,9945 0,4125 0,9458 0,9557 0,8661 0,5907 0,5532 0,9579 0,4970 0,9040 0,4310 0,2067 -0,1814 1,0000 0,4378 0,8548 0,7097 0,7601 0,0477 0,4619 -0,0573 0,9603 0,9053 0,2009 0,9953 0,8495 -0,8228 -0,8470 0,8268 DCEL 0,8255 0,2672 0,9260 0,1086 -0,0014 0,0485 -0,2185 0,3972 0,8371 0,2334 0,4212 0,4676 -0,2398 0,8852 0,2594 0,8823 0,2252 0,8009 -0,2996 0,5205 0,4378 1,0000 0,3812 0,0426 0,0562 0,0582 -0,0051 -0,0499 0,2740 0,2332 -0,3045 0,4438 0,3932 -0,3339 -0,5052 0,6337 CCEL 0,5676 0,9014 0,4307 0,7950 -0,0584 0,8032 -0,1770 0,8713 0,4312 0,8998 0,9306 0,8178 0,4633 0,3914 0,9038 0,3278 0,9338 0,3226 0,5453 -0,1532 0,8548 0,3812 1,0000 0,7489 0,7010 -0,1147 0,6292 0,2045 0,8916 0,9251 0,5362 0,8431 0,9871 -0,4529 -0,5111 0,5380 NING 0,2794 0,8410 0,1472 0,8488 0,0530 0,9194 -0,1836 0,7444 0,1227 0,8560 0,8052 0,6610 0,7747 0,1231 0,8377 0,1136 0,8703 0,1843 0,6700 -0,2887 0,7097 0,0426 0,7489 1,0000 0,8511 0,0082 0,8174 0,2170 0,7772 0,7974 0,5927 0,6580 0,6637 -0,4061 -0,3418 0,2674 NFECAL 0,3290 0,8453 0,1472 0,6998 -0,4752 0,8407 -0,4047 0,7987 0,0766 0,8508 0,7854 0,7080 0,6774 0,2524 0,8445 0,1588 0,8278 0,2320 0,4789 -0,3684 0,7601 0,0562 0,7010 0,8511 1,0000 0,0047 0,5230 -0,0948 0,8069 0,7833 0,4284 0,7272 0,6449 -0,5825 -0,4953 0,3928 NURIN 0,3335 -0,0004 0,2572 -0,2642 -0,0302 0,0258 -0,2440 0,0320 0,0504 -0,0061 0,0006 -0,2528 0,2593 0,2712 -0,0101 0,2347 -0,0675 -0,0333 -0,2434 0,4680 0,0477 0,0582 -0,1147 0,0082 0,0047 1,0000 -0,4649 -0,8004 0,0007 -0,0665 -0,2431 0,0469 -0,1143 -0,3324 -0,2739 0,2079 BN 0,0142 0,6092 -0,0146 0,8363 0,3858 0,7062 0,1213 0,4921 0,0944 0,6289 0,5979 0,5708 0,5022 -0,1203 0,6098 -0,0569 0,6918 0,1197 0,7230 -0,3812 0,4619 -0,0051 0,6292 0,8174 0,5230 -0,4649 1,0000 0,7331 0,5462 0,6203 0,6496 0,4127 0,5486 -0,0269 -0,0223 0,0171 NR -0,3064 0,0443 -0,1860 0,4155 0,5698 0,1329 0,4765 -0,0457 0,0493 0,0602 0,0779 0,2057 -0,0709 -0,3341 0,0474 -0,2557 0,1555 -0,0483 0,4624 -0,3079 -0,0573 -0,0499 0,2045 0,2170 -0,0948 -0,8004 0,7331 1,0000 0,0156 0,1233 0,4316 -0,0770 0,1713 0,4566 0,3882 -0,3078 CMSPV 0,5968 0,9916 0,3692 0,6721 -0,2303 0,9080 -0,3537 0,9763 0,2817 0,9890 0,9673 0,8483 0,6483 0,3755 0,9900 0,2837 0,9714 0,2536 0,4350 -0,3139 0,9603 0,2740 0,8916 0,7772 0,8069 0,0007 0,5462 0,0156 1,0000 0,9828 0,4453 0,9610 0,8958 -0,7074 -0,7015 0,6615 Obs.: Valores em vermelho apresentam correlação significativa (P<0,05); Valores em preto apresentam correlação não significativa (P>0,05); Valores em azul representam o encontro de iguais aspectos analisados (linha X coluna). 301 ANEXO 2 Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no Capítulo VI DMS CMS DMO CMO DPB CPB DEE CEE DEB CEB CED CEM BE DCHO CCHO DFDN CFDN DFDA CFDA DHCEL CHCEL DCEL CCEL NING NFECAL NURIN BN NR CMSPV CFDNPV CFDAPV CHCELPV FDNMSI FDAMSI HCELMSI CELMSI CFDNPV 0,5135 0,9749 0,3030 0,7297 -0,1416 0,9298 -0,2459 0,9319 0,2577 0,9786 0,9562 0,8309 0,6193 0,2868 0,9740 0,1954 0,9885 0,1972 0,5764 -0,3362 0,9053 0,2332 0,9251 0,7974 0,7833 -0,0665 0,6203 0,1233 0,9828 1,0000 0,5907 0,9055 0,9300 -0,5682 -0,5698 0,5431 -0,4820 CFDAPV -0,2534 0,4518 -0,3342 0,6043 0,2088 0,6597 0,3028 0,2744 -0,1976 0,4890 0,4115 0,2908 0,3665 -0,4001 0,4545 -0,4656 0,5943 -0,3047 0,9857 -0,4307 0,2009 -0,3045 0,5362 0,5927 0,4284 -0,2431 0,6496 0,4316 0,4453 0,5907 1,0000 0,1924 0,5285 0,2583 0,3082 -0,3378 0,0335 CHCELPV 0,7578 0,9480 0,5443 0,5696 -0,2821 0,7837 -0,4583 0,9891 0,4174 0,9329 0,9464 0,8576 0,5604 0,5593 0,9456 0,4826 0,8896 0,4002 0,1825 -0,1823 0,9953 0,4438 0,8431 0,6580 0,7272 0,0469 0,4127 -0,0770 0,9610 0,9055 0,1924 1,0000 0,8531 -0,8269 -0,8552 0,8382 -0,6038 CCELPV 0,5837 0,8849 0,4374 0,7126 -0,0918 0,7776 -0,1605 0,8651 0,4391 0,8816 0,9182 0,8041 0,4137 0,3995 0,8864 0,3067 0,9144 0,2761 0,5108 -0,1532 0,8495 0,3932 0,9871 0,6637 0,6449 -0,1143 0,5486 0,1713 0,8958 0,9300 0,5285 0,8531 1,0000 -0,4572 -0,5245 0,5589 -0,1828 Obs.: Valores em vermelho apresentam correlação significativa (P<0,05); Valores em preto apresentam correlação não significativa (P>0,05); Valores em azul representam o encontro de iguais aspectos analisados (linha X coluna). 302 FDNMSI -0,7317 -0,6972 -0,4912 -0,1841 0,4675 -0,4917 0,6765 -0,7922 -0,2468 -0,6709 -0,6541 -0,5653 -0,5232 -0,5775 -0,6935 -0,5343 -0,5579 -0,3647 0,2553 0,0715 -0,8228 -0,3339 -0,4529 -0,4061 -0,5825 -0,3324 -0,0269 0,4566 -0,7074 -0,5682 0,2583 -0,8269 -0,4572 1,0000 0,9709 -0,8968 0,8051 FDAMSI -0,8439 -0,6858 -0,6321 -0,2036 0,3967 -0,4331 0,6600 -0,8059 -0,4012 -0,6539 -0,6790 -0,6126 -0,4097 -0,6907 -0,6824 -0,6654 -0,5527 -0,4832 0,3123 -0,0335 -0,8470 -0,5052 -0,5111 -0,3418 -0,4953 -0,2739 -0,0223 0,3882 -0,7015 -0,5698 0,3082 -0,8552 -0,5245 0,9709 1,0000 -0,9767 0,6766 HCELMSI 0,9026 0,6418 0,7270 0,2109 -0,3138 0,3591 -0,6126 0,7783 0,5197 0,6064 0,6678 0,6247 0,2877 0,7581 0,6386 0,7501 0,5206 0,5655 -0,3479 0,1260 0,8268 0,6337 0,5380 0,2674 0,3928 0,2079 0,0171 -0,3078 0,6615 0,5431 -0,3378 0,8382 0,5589 -0,8968 -0,9767 1,0000 -0,5280 CELMSI -0,3312 -0,5902 -0,0583 -0,1479 0,3703 -0,5700 0,5589 -0,6064 0,1760 -0,5870 -0,4710 -0,3818 -0,6931 -0,1456 -0,5845 -0,1201 -0,4800 -0,0605 0,0300 0,3611 -0,6060 0,0900 -0,1908 -0,4775 -0,5931 -0,3146 -0,1257 0,3836 -0,5933 -0,4820 0,0335 -0,6038 -0,1828 0,8051 0,6766 -0,5280 1,0000 ANEXO 2 Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no Capítulo VI Onde: DMS = Digestibilidade da Matéria Seca DHCEL = Digestibilidade das Hemiceluloses CMS = Consumo de Matéria Seca por Unidade de Tamanho Metabólico CHCEL = Consumo das Hemiceluloses por Unidade de Tamanho Metabólico DMO = Digestibilidade da Matéria Orgânica DCEL = Digestibilidade da Celulose CMO = Consumo de Matéria Orgânica por Unidade de Tamanho Metabólico CCEL = Consumo da Celulose por Unidade de Tamanho Metabólico DPB = Digestibilidade da Proteína Bruta NING = % de Nitrogênio Ingerido CPB = Consumo de Proteína Bruta por Unidade de Tamanho Metabólico NFECAL = % de Nitrogênio Fecal DEE = Digestibilidade do Extrato Etéreo NURIN = % de Nitrogênio na Urina CEE = Consumo do Extrato Etéreo por Unidade de Tamanho Metabólico BN = Balanço de Nitrogênio DEB = Digestibilidade da Energia Bruta NRET = Nitrogênio Retido CEB = Consumo de Energia Bruta por Unidade de Tamanho Metabólico CMSPV = Consumo de Matéria seca por Unidade de Peso vivo CED = Consumo de Energia Digestível por Unidade de Tamanho Metabólico CFDNPV = Consumo da Fibra em Detergente Neutro por Unidade de Peso vivo CEM = Consumo de Energia Metabolizável por Unidade de Tamanho Metabólico CFDAPV = Consumo da Fibra em Detergente Ácido por Unidade de Peso vivo BE = Balanço de Energia CHCELPV = DCHO = Digestibilidade dos Carboidratos CCELPV = Consumo de Celulose por Unidade de Peso vivo CCHO = Consumo de Carboidratos por Unidade de Tamanho Metabólico FDNMSI = Consumo da Fibra em Detergente Neutro Proporcional a Matéria Seca Ingerida DFDN = Digestibilidade da Fibra em Detergente Neutro FDAMSI = Consumo da Fibra em Detergente Ácido Proporcional a Matéria Seca Ingerida CFDN = Consumo da Fibra em Detergente Neutro por Unidade de Tamanho Metabólico HCELMSI = Consumo de Hemiceluloses Proporcional a Matéria Seca Ingerida DFDA = Digestibilidade da Fibra em Detergente Ácido CELMSI = Consumo de Celulose Proporcional a Matéria Seca Ingerida CFDA = Consumo da Fibra em Detergente Ácido por Unidade de Tamanho Metabólico Consumo de Hemiceluloses por Unidade de Peso vivo 303 ANEXO 3 Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no Capítulo IX DMS CMS DMO CMO DPB CPB DEE CEE DEB CEB CED CEM BE DCHO CCHO DFDN CFDN DFDA CFDA DHCEL CHCEL DCEL CCEL NING NFECAL NURIN BN NR CMSPV CFDNPV CFDAPV CHCELPV FDNMSI FDAMSI HCELMSI CELMSI DMS 1,0000 -0,1870 0,9324 -0,2223 0,6278 -0,2165 0,2891 -0,5483 0,9290 -0,2198 -0,0145 -0,0828 -0,2586 0,9739 -0,1872 0,2030 -0,3061 0,7537 -0,4581 0,4589 -0,1207 -0,0804 -0,2958 -0,2014 -0,5577 -0,5470 0,2294 0,4006 -0,1905 -0,3097 -0,4634 -0,1230 -0,2998 -0,3254 -0,3562 0,2460 CMS -0,1870 1,0000 -0,4525 0,9968 0,3506 0,9896 -0,5774 0,8034 -0,1067 0,9972 0,9750 0,9586 0,6423 -0,2939 0,9995 -0,4316 0,9827 -0,3703 0,8244 -0,7498 0,9870 -0,3253 0,9508 0,9688 0,8706 -0,0087 0,8237 0,6066 0,9976 0,9815 0,8249 0,9828 0,9519 -0,6698 -0,6457 -0,0205 DMO 0,9324 -0,4525 1,0000 -0,4739 0,4181 -0,4890 0,4457 -0,6776 0,8427 -0,4890 -0,2971 -0,3603 -0,4271 0,9469 -0,4514 0,3412 -0,5414 0,8081 -0,6354 0,6737 -0,3776 0,0407 -0,5362 -0,4584 -0,7343 -0,4549 -0,0428 0,1366 -0,4590 -0,5487 -0,6443 -0,3828 -0,5439 -0,0117 -0,0900 0,2968 CMO -0,2223 0,9968 -0,4739 1,0000 0,2889 0,9799 -0,5512 0,8431 -0,1538 0,9922 0,9611 0,9485 0,6583 -0,3210 0,9981 -0,3976 0,9921 -0,3755 0,8573 -0,7310 0,9807 -0,2806 0,9619 0,9611 0,8922 0,0186 0,7883 0,5551 0,9937 0,9900 0,8572 0,9758 0,9623 -0,6215 -0,5919 -0,0279 DPB 0,6278 0,3506 0,4181 0,2889 1,0000 0,3802 -0,2751 -0,2006 0,7754 0,3453 0,5027 0,4182 -0,0420 0,4712 0,3360 -0,2761 0,2109 0,2805 -0,1128 -0,2322 0,4097 -0,5628 0,1751 0,3639 -0,0781 -0,5282 0,7392 0,9194 0,3528 0,2144 -0,1109 0,4123 0,1773 -0,8557 -0,7365 0,2618 CPB -0,2165 0,9896 -0,4890 0,9799 0,3802 1,0000 -0,6397 0,7756 -0,1028 0,9956 0,9727 0,9567 0,6595 -0,3323 0,9852 -0,5064 0,9675 -0,4053 0,7887 -0,7978 0,9725 -0,3554 0,9261 0,9809 0,8662 0,0076 0,8459 0,6350 0,9866 0,9655 0,7881 0,9677 0,9265 -0,6711 -0,6661 -0,0502 Obs.: Valores em vermelho apresentam correlação significativa (P<0,05); Valores em preto apresentam correlação não significativa (P>0,05); Valores em azul representam o encontro de iguais aspectos analisados (linha X coluna). 304 DEE 0,2891 -0,5774 0,4457 -0,5512 -0,2751 -0,6397 1,0000 -0,3111 0,1552 -0,5928 -0,5483 -0,5196 -0,2672 0,3364 -0,5635 0,6697 -0,5181 0,4546 -0,2583 0,6943 -0,5859 0,6168 -0,4004 -0,6073 -0,5166 -0,3567 -0,4990 -0,3471 -0,5825 -0,5236 -0,2627 -0,5904 -0,4071 0,5078 0,5791 0,0145 CEE -0,5483 0,8034 -0,6776 0,8431 -0,2006 0,7756 -0,3111 1,0000 -0,5219 0,8069 0,7029 0,7315 0,7058 -0,5879 0,8114 -0,1857 0,8965 -0,4854 0,9630 -0,5895 0,7462 0,1249 0,8965 0,7797 0,9341 0,2264 0,4237 0,1289 0,7941 0,8873 0,9569 0,7347 0,8909 -0,1550 -0,0890 -0,1771 DEB 0,9290 -0,1067 0,8427 -0,1538 0,7754 -0,1028 0,1552 -0,5219 1,0000 -0,1235 0,0999 0,0304 -0,1412 0,8579 -0,1149 0,0536 -0,2313 0,7129 -0,4610 0,3408 -0,0358 -0,1366 -0,2493 -0,0901 -0,5138 -0,0599 0,3873 0,5805 -0,1106 -0,2348 -0,4665 -0,0389 -0,2535 -0,3583 -0,4706 0,2258 CEB -0,2198 0,9972 -0,4890 0,9922 0,3453 0,9956 -0,5928 0,8069 -0,1235 1,0000 0,9734 0,9614 0,6634 -0,3300 0,9953 -0,4571 0,9820 -0,4043 0,8255 -0,7745 0,9799 -0,3143 0,9520 0,9741 0,8792 0,0074 0,8230 0,6086 0,9950 0,9810 0,8262 0,9760 0,9533 -0,6624 -0,6389 -0,0419 CED -0,0145 0,9750 -0,2971 0,9611 0,5027 0,9727 -0,5483 0,7029 0,0999 0,9734 1,0000 0,9766 0,6605 -0,1394 0,9714 -0,4411 0,9346 -0,2394 0,7280 -0,6859 0,9745 -0,3138 0,9018 0,9592 0,7687 -0,1329 0,9150 0,7294 0,9700 0,9307 0,7253 0,9679 0,9004 -0,7240 -0,7292 0,0055 CEM -0,0828 0,9586 -0,3603 0,9485 0,4182 0,9567 -0,5196 0,7315 0,0304 0,9614 0,9766 1,0000 0,7299 -0,1987 0,9560 -0,4531 0,9258 -0,3081 0,7501 -0,7000 0,9495 -0,2076 0,9130 0,9465 0,7915 -0,1614 0,8768 0,6885 0,9529 0,9208 0,7467 0,9421 0,9112 -0,6963 -0,6676 -0,0612 BE -0,2586 0,6423 -0,4271 0,6583 -0,0420 0,6595 -0,2672 0,7058 -0,1412 0,6634 0,6605 0,7299 1,0000 -0,3200 0,6392 -0,4838 0,6816 -0,2831 0,6162 -0,4450 0,5893 0,2789 0,6725 0,6767 0,6441 -0,0456 0,5476 0,2631 0,6290 0,6682 0,6048 0,5732 0,6634 -0,1493 -0,1659 -0,3764 DCHO 0,9739 -0,2939 0,9469 -0,3210 0,4712 -0,3323 0,3364 -0,5879 0,8579 -0,3300 -0,1394 -0,1987 -0,3200 1,0000 -0,2904 0,2898 -0,4016 0,7695 -0,4995 0,5453 -0,2345 0,0052 -0,3926 -0,3075 -0,5896 -0,4493 0,0764 0,2244 -0,2998 -0,4079 -0,5073 -0,2388 -0,3989 -0,2220 -0,2109 0,1992 CCHO -0,1872 0,9995 -0,4514 0,9981 0,3360 0,9852 -0,5635 0,8114 -0,1149 0,9953 0,9714 0,9560 0,6392 -0,2904 1,0000 -0,4128 0,9845 -0,3656 0,8350 -0,7414 0,9856 -0,3133 0,9550 0,9644 0,8745 -0,0070 0,8128 0,5935 0,9972 0,9833 0,8356 0,9816 0,9561 -0,6654 -0,6333 -0,0231 ANEXO 3 Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no Capítulo IX DMS CMS DMO CMO DPB CPB DEE CEE DEB CEB CED CEM BE DCHO CCHO DFDN CFDN DFDA CFDA DHCEL CHCEL DCEL CCEL NING NFECAL NURIN BN NR CMSPV CFDNPV CFDAPV CHCELPV FDNMSI FDAMSI HCELMSI CELMSI DFDN 0,2030 -0,4316 0,3412 -0,3976 -0,2761 -0,5064 0,6697 -0,1857 0,0536 -0,4571 -0,4411 -0,4531 -0,4838 0,2898 -0,4128 1,0000 -0,3708 0,4672 -0,0654 0,6532 -0,4083 0,4539 -0,2805 -0,4863 -0,3346 -0,0472 -0,4998 -0,3914 -0,4338 -0,3736 -0,0670 -0,4089 -0,2834 0,3670 0,5320 0,2410 CFDN -0,3061 0,9827 -0,5414 0,9921 0,2109 0,9675 -0,5181 0,8965 -0,2313 0,9820 0,9346 0,9258 0,6816 -0,4016 0,9845 -0,3708 -1,0000 -0,4121 0,9014 -0,7324 0,9556 -0,2117 0,9734 0,9515 0,9226 0,0535 0,7405 0,4991 0,9787 0,9970 0,9006 0,9496 0,9730 -0,5354 -0,5063 -0,0657 DFDA 0,7537 -0,3703 0,8081 -0,3755 0,2805 -0,4053 0,4546 -0,4854 0,7129 -0,4043 -0,2394 -0,3081 -0,2831 0,7695 -0,3656 0,4672 -0,4121 1,0000 -0,4312 0,6241 -0,3313 0,1563 -0,4390 -0,3919 -0,5928 -0,5011 -0,0545 0,0780 -0,3719 -0,4135 -0,4352 -0,3322 -0,4429 0,1264 0,0742 0,0587 CFDA -0,4581 0,8244 -0,6354 0,8573 -0,1128 0,7887 -0,2583 0,9630 -0,4610 0,8255 0,7280 0,7501 0,6162 -0,4995 0,8350 -0,0654 0,9014 -0,4312 1,0000 -0,6111 0,7625 0,0870 0,9285 0,7865 0,9268 0,1465 0,4514 0,2038 0,8174 0,8951 0,9970 0,7540 0,9251 -0,2883 -0,1407 -0,1884 DHCEL 0,4589 -0,7498 0,6737 -0,7310 -0,2322 -0,7978 0,6943 -0,5895 0,3408 -0,7745 -0,6859 -0,7000 -0,4450 0,5453 -0,7414 0,6532 -0,7324 0,6241 -0,6111 1,0000 -0,6815 0,4245 -0,7109 -0,7942 -0,7728 -0,0940 -0,6096 -0,4714 -0,7437 -0,7267 -0,6062 -0,6746 -0,7065 0,5651 0,5024 0,3419 CHCEL -0,1207 0,9870 -0,3776 0,9807 0,4097 0,9725 -0,5859 0,7462 -0,0358 0,9799 0,9745 0,9495 0,5893 -0,2345 0,9856 -0,4083 0,9556 -0,3313 0,7625 -0,6815 1,0000 -0,3740 0,9189 0,9479 0,8156 -0,0064 0,8385 0,6330 0,9861 0,9557 0,7641 0,9976 0,9215 -0,7015 -0,7057 0,1233 DCEL -0,0804 -0,3253 0,0407 -0,2806 -0,5628 -0,3554 0,6168 0,1249 -0,1366 -0,3143 -0,3138 -0,2076 0,2789 0,0052 -0,3133 0,4539 -0,2117 0,1563 0,0870 0,4245 -0,3740 1,0000 -0,0942 -0,2877 -0,0875 -0,0640 -0,3912 -0,4505 -0,3463 -0,2361 0,0626 -0,3950 -0,1146 0,5783 0,6925 -0,2409 CCEL -0,2958 0,9508 -0,5362 0,9619 0,1751 0,9261 -0,4004 0,8965 -0,2493 0,9520 0,9018 0,9130 0,6725 -0,3926 0,9550 -0,2805 0,9734 -0,4390 0,9285 -0,7109 0,9189 -0,0942 1,0000 0,9170 0,9107 0,0156 0,6985 0,4773 0,9448 0,9679 0,9252 0,9114 0,9977 -0,5473 -0,4604 -0,0599 NING -0,2014 0,9688 -0,4584 0,9611 0,3639 0,9809 -0,6073 0,7797 -0,0901 0,9741 0,9592 0,9465 0,6767 -0,3075 0,9644 -0,4863 0,9515 -0,3919 0,7865 -0,7942 0,9479 -0,2877 0,9170 1,0000 0,8818 0,0067 0,8637 0,6233 0,9524 0,9345 0,7713 0,9298 0,9043 -0,6406 -0,6319 -0,0574 NFECAL -0,5577 0,8706 -0,7343 0,8922 -0,0781 0,8662 -0,5166 0,9341 -0,5138 0,8792 0,7687 0,7915 0,6441 -0,5896 0,8745 -0,3346 0,9226 -0,5928 0,9268 -0,7728 0,8156 -0,0875 0,9107 0,8818 1,0000 0,2695 0,5286 0,2387 0,8567 0,9078 0,9142 0,8001 0,9002 -0,3674 -0,2767 -0,1616 NURIN -0,5470 -0,0087 -0,4549 0,0186 -0,5282 0,0076 -0,3567 0,2264 -0,0599 0,0074 -0,1329 -0,1614 -0,0456 -0,4493 -0,0070 -0,0472 0,0535 -0,5011 0,1465 -0,0940 -0,0064 -0,0640 0,0156 0,0067 0,2695 1,0000 -0,3535 -0,5792 -0,0079 0,0543 0,1498 -0,0051 0,0184 0,2359 0,2754 0,1362 BN 0,2294 0,8237 -0,0428 0,7883 0,7392 0,8459 -0,4990 0,4237 0,3873 0,8230 0,9150 0,8768 0,5476 0,0764 0,8128 -0,4998 0,7405 -0,0545 0,4514 -0,6096 0,8385 -0,3912 0,6985 0,8637 0,5286 -0,3535 1,0000 0,8901 0,8090 0,7256 0,4371 0,8224 0,6867 -0,7609 -0,8332 0,0343 NR 0,4006 0,6066 0,1366 0,5551 0,9194 0,6350 -0,3471 0,1289 0,5805 0,6086 0,7294 0,6885 0,2631 0,2244 0,5935 -0,3914 0,4991 0,0780 0,2038 -0,4714 0,6330 -0,4505 0,4773 0,6233 0,2387 -0,5792 0,8901 1,0000 0,6045 0,4980 0,2014 0,6305 0,4760 -0,7812 -0,8719 0,1089 CMSPV -0,1905 0,9976 -0,4590 0,9937 0,3528 0,9866 -0,5825 0,7941 -0,1106 0,9950 0,9700 0,9529 0,6290 -0,2998 0,9972 -0,4338 0,9787 -0,3719 0,8174 -0,7437 0,9861 -0,3463 0,9448 0,9524 0,8567 -0,0079 0,8090 0,6045 1,0000 0,9828 0,8231 0,9868 0,9505 -0,6515 -0,6515 -0,0167 Obs.: Valores em vermelho apresentam correlação significativa (P<0,05); Valores em preto apresentam correlação não significativa (P>0,05); Valores em azul representam o encontro de iguais aspectos analisados (linha X coluna). 305 ANEXO 3 Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no Capítulo IX DMS CMS DMO CMO DPB CPB DEE CEE DEB CEB CED CEM BE DCHO CCHO DFDN CFDN DFDA CFDA DHCEL CHCEL DCEL CCEL NING NFECAL NURIN BN NR CMSPV CFDNPV CFDAPV CHCELPV FDNMSI FDAMSI HCELMSI CELMSI CFDNPV -0,3097 0,9815 -0,5487 0,9900 0,2144 0,9655 -0,5236 0,8873 -0,2348 0,9810 0,9307 0,9208 0,6682 -0,4079 0,9833 -0,3736 0,9970 -0,4135 0,8951 -0,7267 0,9557 -0,2361 0,9679 0,9345 0,9078 0,0543 0,7256 0,4980 0,9828 1,0000 0,9002 0,9551 0,9726 -0,5414 -0,5129 -0,0643 0,0615 CFDAPV -0,4634 0,8249 -0,6443 0,8572 -0,1109 0,7881 -0,2627 0,9569 -0,4665 0,8262 0,7253 0,7467 0,6048 -0,5073 0,8356 -0,0670 0,9006 -0,4352 0,9970 -0,6062 0,7641 0,0626 0,9252 0,7713 0,9142 0,1498 0,4371 0,2014 0,8231 0,9002 1,0000 0,7608 0,9270 -0,2939 -0,1456 -0,1886 0,3572 CHCELPV -0,1230 0,9828 -0,3828 0,9758 0,4123 0,9677 -0,5904 0,7347 -0,0389 0,9760 0,9679 0,9421 0,5732 -0,2388 0,9816 -0,4089 0,9496 -0,3322 0,7540 -0,6746 0,9976 -0,3950 0,9114 0,9298 0,8001 -0,0051 0,8224 0,6305 0,9868 0,9551 0,7608 1,0000 0,9186 -0,7072 -0,7114 0,1283 -0,0991 CCELPV -0,2998 0,9519 -0,5439 0,9623 0,1773 0,9265 -0,4071 0,8909 -0,2535 0,9533 0,9004 0,9112 0,6634 -0,3989 0,9561 -0,2834 0,9730 -0,4429 0,9251 -0,7065 0,9215 -0,1146 0,9977 0,9043 0,9002 0,0184 0,6867 0,4760 0,9505 0,9726 0,9270 0,9186 1,0000 -0,5540 -0,4670 -0,5068 0,2215 Obs.: Valores em vermelho apresentam correlação significativa (P<0,05); Valores em preto apresentam correlação não significativa (P>0,05); Valores em azul representam o encontro de iguais aspectos analisados (linha X coluna). 306 FDNMSI -0,3254 -0,6698 -0,0117 -0,6215 -0,7365 -0,6711 0,5078 -0,1550 -0,3583 -0,6624 -0,7240 -0,6963 -0,1493 -0,2220 -0,6654 0,3670 -0,5354 0,1264 -0,2883 0,5651 -0,7015 0,5783 -0,5473 -0,6406 -0,3674 0,2359 -0,7609 -0,7812 -0,6748 -0,5414 -0,2939 -0,7072 -0,5540 1,0000 0,9078 -0,1544 0,4211 FDAMSI -0,3562 -0,6457 -0,0900 -0,5919 -0,8557 -0,6661 0,5791 -0,0890 -0,4706 -0,6389 -0,7292 -0,6676 -0,1659 -0,2109 -0,6333 0,5320 -0,5063 0,0742 -0,1407 0,5024 -0,7057 0,6925 -0,4604 -0,6319 -0,2767 0,2754 -0,8332 -0,8719 -0,6515 -0,5129 -0,1456 -0,7114 -0,4670 0,9078 1,0000 -0,3014 0,5425 HCELMSI 0,2460 -0,0205 0,2968 -0,0279 0,2618 -0,0502 0,0145 -0,1771 0,2258 -0,0419 0,0055 -0,0612 -0,3764 0,1992 -0,0231 0,2410 -0,0657 0,0587 -0,1884 0,3419 0,1233 -0,2409 -0,0599 -0,0574 -0,1616 0,1362 0,0343 0,1089 -0,0167 -0,0643 -0,1886 0,1283 -0,5068 -0,1544 -0,3014 1,0000 -0,0025 CELMSI -0,4383 0,0507 -0,3538 -0,0030 -0,6023 -0,0834 0,4337 0,4105 -0,4954 -0,0323 -0,1176 -0,0003 0,3303 -0,4142 -0,0404 0,3205 0,0784 -0,3328 0,3724 0,1215 -0,0851 0,7845 0,2336 -0,0421 0,2332 0,1488 -0,2988 -0,4015 -0,0644 0,0615 0,3572 -0,0991 0,2215 0,4211 0,5425 -0,0025 1,0000 ANEXO 3 Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no Capítulo IX Onde: DMS = Digestibilidade da Matéria Seca DHCEL = Digestibilidade das Hemiceluloses CMS = Consumo de Matéria Seca por Unidade de Tamanho Metabólico CHCEL = Consumo das Hemiceluloses por Unidade de Tamanho Metabólico DMO = Digestibilidade da Matéria Orgânica DCEL = Digestibilidade da Celulose CMO = Consumo de Matéria Orgânica por Unidade de Tamanho Metabólico CCEL = Consumo da Celulose por Unidade de Tamanho Metabólico DPB = Digestibilidade da Proteína Bruta NING = % de Nitrogênio Ingerido CPB = Consumo de Proteína Bruta por Unidade de Tamanho Metabólico NFECAL = % de Nitrogênio Fecal DEE = Digestibilidade do Extrato Etéreo NURIN = % de Nitrogênio na Urina CEE = Consumo do Extrato Etéreo por Unidade de Tamanho Metabólico BN = Balanço de Nitrogênio DEB = Digestibilidade da Energia Bruta NRET = Nitrogênio Retido CEB = Consumo de Energia Bruta por Unidade de Tamanho Metabólico CMSPV = Consumo de Matéria seca por Unidade de Peso vivo CED = Consumo de Energia Digestível por Unidade de Tamanho Metabólico CFDNPV = Consumo da Fibra em Detergente Neutro por Unidade de Peso vivo CEM = Consumo de Energia Metabolizável por Unidade de Tamanho Metabólico CFDAPV = Consumo da Fibra em Detergente Ácido por Unidade de Peso vivo BE = Balanço de Energia CHCELPV = Consumo de Hemiceluloses por Unidade de Peso vivo DCHO = Digestibilidade dos Carboidratos CCELPV = Consumo de Celulose por Unidade de Peso vivo CCHO = Consumo de Carboidratos por Unidade de Tamanho Metabólico FDNMSI = Consumo da Fibra em Detergente Neutro Proporcional a Matéria Seca Ingerida DFDN = Digestibilidade da Fibra em Detergente Neutro FDAMSI = Consumo da Fibra em Detergente Ácido Proporcional a Matéria Seca Ingerida CFDN = Consumo da Fibra em Detergente Neutro por Unidade de Tamanho Metabólico HCELMSI = Consumo de Hemiceluloses Proporcional a Matéria Seca Ingerida DFDA = Digestibilidade da Fibra em Detergente Ácido CELMSI = Consumo de Celulose Proporcional a Matéria Seca Ingerida CFDA = Consumo da Fibra em Detergente Ácido por Unidade de Tamanho Metabólico 307 ANEXO 4 Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no Capítulo XII DMS CMS DMO CMO DPB CPB DEE CEE DFDN CFDN DFDA CFDA DHCEL CHCEL DCEL CCEL BN NRET DEB CEB CED CEM CMSPV CFDNPV CFDAPV CHCELPV CCELPV FDNMSI FDAMSI HCELMSI CELMSI BE DCHO CCHO NING NFECAL NURIN DMS 1,0000 0,0250 0,9940 0,0322 0,5406 0,0065 -0,2245 -0,0081 0,6864 0,0029 0,7199 -0,0879 0,5580 0,0529 0,4843 0,0199 0,3269 0,5082 0,9772 0,0109 0,2590 0,2267 0,0010 -0,0211 -0,1086 0,0315 -0,0052 -0,1392 -0,2049 0,0967 -0,0639 0,2688 0,9550 0,0294 0,0763 -0,1651 0,2617 CMS 0,0250 1,0000 0,0530 0,9994 -0,4305 0,9903 -0,0264 0,8731 0,4177 0,9918 0,3780 0,8440 0,2318 0,9367 -0,3115 0,9586 0,8491 0,5881 0,0427 0,9956 0,9655 0,9723 0,9937 0,9850 0,8302 0,9347 0,9438 0,4186 -0,3892 0,5112 -0,3052 0,9225 0,1523 0,9992 0,9405 0,9319 -0,4771 DMO 0,9940 0,0530 1,0000 0,0604 0,5091 0,0269 -0,2474 -0,0115 0,7124 0,0331 0,7196 0,3439 0,5966 0,1002 0,4372 0,0298 0,3470 0,5234 0,9797 0,0331 0,2798 0,2481 0,0256 0,0060 -0,1203 0,0769 0,0011 -0,1144 -0,2626 0,1546 -0,1240 0,2964 0,9696 0,0597 0,1055 -0,1277 -0,2765 CMO 0,0322 0,9994 0,0604 1,0000 -0,4194 0,9894 -0,0295 0,8816 0,4140 0,9875 0,3733 0,8446 0,2325 0,9303 -0,3064 0,9563 0,8551 0,6016 0,0475 0,9963 0,9669 0,9738 0,9927 0,9803 0,8301 0,9280 0,9409 0,3923 -0,3877 0,4973 -0,3105 0,9248 0,1568 0,9986 0,9413 0,9280 -0,4826 DPB 0,5206 -0,4305 0,5091 -0,4194 1,0000 -0,4114 0,0969 -0,2123 0,0861 -0,4792 0,0862 -0,3260 0,2475 -0,4981 0,5230 -0,4137 -0,0379 0,2099 0,5105 -0,4048 -0,2618 -0,2907 -0,4575 -0,5053 -0,3498 -0,5227 -0,4388 -0,5238 0,2481 -0,4490 0,1537 -0,2099 0,3195 -0,4373 -0,3069 -0,6469 0,2156 CPB 0,0065 0,9903 0,0269 0,9894 -0,4114 1,0000 0,0001 0,8949 0,3778 0,9808 0,3487 0,8730 0,2045 0,9049 -0,2646 0,9748 0,8515 0,5954 0,0209 0,9914 0,9569 0,9621 0,9867 0,9766 0,8615 0,9049 0,9626 0,4106 -0,3237 0,4550 -0,2195 0,9074 0,1199 0,9849 0,9423 0,9238 -0,4583 DEE -0,2245 -0,0264 -0,2474 -0,0295 0,0969 0,0001 1,0000 0,2129 -0,5044 -0,0135 -0,3024 0,3692 -0,4381 -0,2244 0,5615 0,1280 -0,0034 -0,0859 -0,1300 0,0341 0,0008 -0,0824 -0,0384 -0,0234 0,3505 -0,2324 0,1136 0,0424 0,7566 -0,5831 0,6136 -0,0452 -0,4072 -0,0440 0,0379 0,0038 0,1664 CEE -0,0081 0,8731 -0,0115 0,8816 -0,2123 0,8949 0,2129 1,0000 0,1213 0,8266 0,1659 0,9305 0,0072 0,6543 -0,0343 0,8950 0,8035 0,6263 -0,0089 0,9118 0,8690 0,8587 0,8719 0,8249 0,9200 0,6552 0,8858 0,0937 -0,0101 0,0530 -0,0533 0,8028 0,0030 0,8583 0,8372 0,7638 -0,4185 Obs.: Valores em vermelho apresentam correlação significativa (P<0,05); Valores em preto apresentam correlação não significativa (P>0,05); Valores em azul representam o encontro de iguais aspectos analisados (linha X coluna). 308 DFDN 0,6864 0,4177 0,7124 0,4140 0,0861 0,3778 -0,5044 0,1213 1,0000 0,4326 0,8971 0,0643 0,7769 0,5775 -0,1352 0,3248 0,5060 0,4571 0,6540 0,3652 0,5196 0,5551 0,3928 0,4073 0,0438 0,5565 0,2974 0,3332 -0,6939 0,7132 -0,4586 0,5776 0,7977 0,4337 0,4232 0,2934 -0,2990 CFDN 0,0029 0,9918 0,0331 0,9875 -0,4792 0,9808 -0,0135 0,8266 0,4326 1,0000 0,3929 0,8365 0,2382 0,9524 -0,3232 0,9598 0,8168 0,5395 0,0284 0,9821 0,9494 0,9566 0,9869 0,9945 0,8247 0,9514 0,9466 0,5294 -0,3867 0,5623 -0,2739 0,9052 0,1424 0,9919 0,9271 0,9409 -0,4603 DFDA 0,7199 0,3780 0,7196 0,3733 0,0862 0,3487 -0,3024 0,1659 0,8971 0,3929 1,0000 0,1393 0,4609 0,4796 0,0550 0,3485 0,4634 0,4505 0,6900 0,3414 0,5083 0,5160 0,3682 0,3818 0,1341 0,4689 0,3365 0,3167 -0,4890 0,5419 -0,2306 0,5074 0,7774 0,3877 0,3510 0,2348 -0,3576 CFDA -0,0879 0,8440 -0,0958 0,8446 -0,3260 0,8730 0,3692 0,9305 0,0643 0,8365 0,1393 1,0000 -0,0333 0,6298 0,0513 0,9358 0,7394 0,5469 -0,0705 0,8832 0,8277 0,8074 0,8467 0,8389 0,9933 0,6335 0,9304 0,3522 0,1573 0,0434 0,1808 0,7460 -0,0785 0,8273 0,8047 0,7809 -0,4095 DHCEL CHCEL 0,5580 0,0529 0,2318 0,9367 0,5966 0,1002 0,2325 0,9303 0,2475 -0,4981 0,2045 0,9049 -0,4381 -0,2244 0,0072 0,6543 0,7769 0,5775 0,2382 0,9524 0,4609 0,4796 -0,0333 0,6298 1,0000 0,3562 0,3562 1,0000 -0,0487 -0,4867 0,1487 0,8403 0,4234 0,7468 0,4166 0,4607 0,5314 0,0795 0,1925 0,9011 0,3203 0,8857 0,3649 0,9071 0,1861 0,9283 0,1946 0,9434 -0,0765 0,6168 0,3212 0,9965 0,1011 0,8245 0,1640 0,5546 -0,5073 -0,6357 0,4833 0,7730 -0,3821 -0,4888 0,4446 0,8683 0,6337 0,2455 0,2451 0,9461 0,3245 0,8669 0,1518 0,8996 -0,1705 -0,4248 DCEL 0,4843 -0,3115 0,4372 -0,3064 0,5230 -0,2646 0,5615 -0,0343 -0,1352 -0,3232 0,0550 0,0513 -0,0487 -0,4867 1,0000 -0,1240 -0,0155 0,1754 0,4934 -0,2631 -0,1274 -0,2033 -0,3270 -0,3371 0,0338 -0,5004 -0,1398 -0,2565 0,6927 -0,6755 0,7043 -0,1535 0,2724 -0,3320 -0,1989 -0,3669 -0,0036 CCEL 0,0109 0,9586 0,0298 0,9563 -0,4137 0,9748 0,1280 0,8950 0,3248 0,9598 0,3485 0,9358 0,1487 0,8403 -0,1240 1,0000 0,8313 0,6061 0,0332 0,9682 0,9382 0,9341 0,9605 0,9610 0,9293 0,8442 0,9932 0,4679 -0,1621 0,3537 -0,0264 0,8681 0,1060 0,9495 0,9021 0,8916 -0,5022 BN 0,3269 0,8491 0,3470 0,6016 -0,0379 0,8515 -0,0034 0,8035 0,5060 0,8168 0,4634 0,7394 0,4234 0,7468 -0,0155 0,8313 1,0000 0,8596 0,3351 0,8556 0,9127 0,9079 0,8080 0,7773 0,6907 0,7175 0,7811 0,1733 -0,2708 0,2990 -0,1919 0,9408 0,3703 0,8452 0,9160 0,7464 -0,6144 NRET 0,5082 0,5881 0,5234 0,1332 0,2099 0,5954 -0,0859 0,6263 0,4571 0,5395 0,4505 0,5469 0,4166 0,4607 0,1754 0,6061 0,8596 1,0000 0,4823 0,6003 0,6994 0,6789 0,5669 0,5185 0,5198 0,4451 0,5780 -0,0664 -0,1353 0,0761 -0,0408 0,6774 0,5103 0,5829 0,6175 0,4073 -0,7460 DEB 0,9772 0,0427 0,9797 0,0475 0,5105 0,0209 -0,1300 -0,0089 0,6540 0,0284 0,6900 -0,0705 0,5314 0,0795 0,4934 0,0332 0,3351 0,4823 1,0000 0,0286 0,2830 0,2274 0,0144 0,0006 -0,0957 0,0552 0,0038 -0,0795 -0,1834 0,1081 -0,0603 0,2828 0,9385 0,0483 0,1035 -0,1287 -0,2484 CEB 0,0109 0,9956 0,0331 0,9963 -0,4048 0,9914 0,0341 0,9118 0,3652 0,9821 0,3414 0,8832 0,1925 0,9011 -0,2631 0,9682 0,8556 0,6003 0,0286 1,0000 0,9660 0,9680 0,9896 0,9756 0,8691 0,8991 0,9535 0,3792 -0,3146 0,4327 -0,2546 0,9178 0,1176 0,9924 0,9411 0,9220 -0,4718 CED 0,2590 0,9655 0,2798 0,9969 -0,2618 0,9569 0,0008 0,8690 0,5196 0,9494 0,5083 0,8277 0,3203 0,8857 -0,1274 0,9382 0,9127 0,6994 0,2830 0,9660 1,0000 0,9873 0,9511 0,9348 0,8065 0,8765 0,9152 0,3460 -0,3491 0,4444 -0,2556 0,9566 0,3513 0,9639 0,9339 0,8557 -0,5230 ANEXO 4 Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no Capítulo XII DMS CMS DMO CMO DPB CPB DEE CEE DFDN CFDN DFDA CFDA DHCEL CHCEL DCEL CCEL BN NRET DEB CEB CED CEM CMSPV CFDNPV CFDAPV CHCELPV CCELPV FDNMSI FDAMSI HCELMSI CELMSI BE DCHOT CCHO NING NFECAL NURIN CEM 0,2267 0,9723 0,2481 0,9738 -0,2907 0,9621 -0,0824 0,8587 0,5551 0,9566 0,516 0,8074 0,3649 0,9071 -0,2033 0,9341 0,9079 0,6789 0,2274 0,968 0,9873 1,0000 0,9577 0,9417 0,7861 0,898 0,911 0,3564 -0,4099 0,4979 -0,3062 0,9675 0,3323 0,9712 0,9391 0,8707 -0,5198 CMSPV 0,001 0,9937 0,0256 0,9927 -0,4575 0,9867 -0,0384 0,8719 0,3928 0,9869 0,3682 0,8467 0,1861 0,9283 -0,327 0,9605 0,808 0,5669 0,0144 0,9896 0,9511 0,9577 1,0000 0,9919 0,8458 0,9356 0,9587 0,4268 -0,3796 0,5074 -0,282 0,8805 0,1332 0,9922 0,8997 0,9119 -0,4892 CFDNPV -0,0211 0,985 0,006 0,9803 -0,5053 0,9766 -0,0234 0,8249 0,4073 0,9945 0,3818 0,8389 0,1946 0,9434 -0,3371 0,961 0,7773 0,5185 0,0006 0,9756 0,9348 0,9417 0,9919 1,0000 0,8391 0,9511 0,9599 0,5365 -0,3763 0,5574 -0,2511 0,8647 0,123 0,9844 0,8882 0,9219 -0,4712 CFDAPV -0,1086 0,8302 -0,1203 0,8301 -0,3498 0,8615 0,3505 0,92 0,0438 0,8247 0,1341 0,9933 -0,0765 0,6168 0,0338 0,9293 0,6907 0,5198 -0,0957 0,8691 0,8065 0,7861 0,8458 0,8391 1,0000 0,6365 0,9304 0,3522 0,1573 0,0434 0,1808 0,746 -0,0785 0,8273 0,8047 0,7809 -0,4095 CHCELPV 0,0315 0,9347 0,0769 0,928 -0,5227 0,9049 -0,2324 0,6552 0,5565 0,9514 0,4689 0,6335 0,3212 0,9965 -0,5004 0,8442 0,7175 0,4451 0,0552 0,8991 0,8765 0,898 0,9356 0,9511 0,6365 1,0000 0,838 0,5607 -0,6301 0,7714 -0,4728 0,8386 0,229 0,9436 0,8391 0,8887 -0,4553 CCELPV -0,0052 0,9438 0,0011 0,9409 -0,4388 0,9626 0,1136 0,8858 0,2974 0,9466 0,3365 0,9304 0,1011 0,8245 -0,1398 0,9932 0,7811 0,578 0,0038 0,9535 0,9152 0,911 0,9587 0,9599 0,9304 0,838 1,0000 0,4736 -0,1511 0,3476 -0,003 0,8171 0,0856 0,934 0,8518 0,8632 -0,5104 FDNMSI -0,1392 0,4186 -0,1144 0,3923 -0,5238 0,4106 0,0424 0,0937 0,3332 0,5294 0,3167 0,3522 0,164 0,5546 -0,2565 0,4679 0,1733 -0,0664 -0,0795 0,3792 0,346 0,3564 0,4268 0,5365 0,3522 0,5607 0,4736 1,0000 -0,1751 0,6192 0,0807 0,3184 0,0032 0,4232 0,355 0,4958 -0,0677 FDAMSI -0,2049 -0,3892 -0,2626 -0,3877 0,2481 -0,3237 0,7566 -0,0101 -0,6939 -0,3867 -0,489 0,1573 -0,5073 -0,6357 0,6927 -0,1621 -0,2708 -0,1353 -0,1834 -0,3146 -0,3491 -0,4099 -0,3796 -0,3763 0,1573 -0,6301 -0,1511 -0,1751 1,0000 -0,8815 0,8742 -0,4067 -0,4277 -0,4163 -0,329 -0,3605 0,1663 HCELMSI 0,0967 0,5112 0,1546 0,4973 -0,449 0,455 -0,5831 0,053 0,7132 0,5623 0,5419 0,0434 0,4833 0,773 -0,6755 0,3537 0,299 0,0761 0,1081 0,4327 0,4444 0,4979 0,5074 0,5574 0,0434 0,7714 0,3476 0,6192 -0,8815 1,0000 -0,6585 0,4771 0,3419 0,5349 0,4327 0,5253 -0,1651 CELMSI -0,0639 -0,3052 -0,124 -0,3105 0,1537 -0,2195 0,6136 -0,0533 -0,4586 -0,2739 -0,236 0,1808 -0,3821 -0,4888 0,7043 -0,0264 -0,1919 -0,0408 -0,0603 -0,2546 -0,2556 -0,3062 -0,282 -0,2511 0,1808 -0,4728 -0,003 0,0807 0,8742 -0,6585 1,0000 -0,338 -0,2367 -0,3337 -0,272 -0,2841 0,0129 BE 0,2688 0,9225 0,2964 0,9248 -0,2099 0,9074 -0,0452 0,8028 0,5776 0,9052 0,5074 0,746 0,4446 0,8683 -0,1535 0,8681 0,9408 0,6774 0,2828 0,9178 0,9566 0,9675 0,8805 0,8647 0,746 0,8386 0,8171 0,3184 -0,4067 0,4771 -0,338 1,0000 0,3563 0,9232 0,9704 0,8591 -0,4548 DCHOT 0,955 0,1523 0,9696 0,1568 0,3195 0,1199 -0,4072 0,003 0,7977 0,1424 0,7774 -0,0785 0,6337 0,2455 0,2724 0,106 0,3703 0,5103 0,9385 0,1176 0,3513 0,3323 0,1332 0,123 -0,0785 0,229 0,0856 0,0032 -0,4277 0,3419 -0,2367 0,3563 1,0000 0,1629 0,1677 -0,0027 -0,3528 CCHO 0,0294 0,9992 0,0557 0,9986 -0,4373 0,9849 -0,044 0,8583 0,4337 0,9919 0,3877 0,8273 0,2451 0,9461 -0,332 0,9495 0,8452 0,5829 0,0483 0,9924 0,9639 0,9712 0,9922 0,9844 0,8273 0,9436 0,934 0,4232 -0,4163 0,5349 -0,3337 0,9232 0,1629 1,0000 0,9376 0,9323 -0,4792 NING 0,0763 0,9405 0,1055 0,9413 -0,3069 0,9423 0,0379 0,8372 0,4232 0,9271 0,351 0,8047 0,3245 0,8669 -0,1989 0,9021 0,916 0,6175 0,1035 0,9411 0,9339 0,9391 0,8997 0,8882 0,8047 0,8391 0,8518 0,355 -0,329 0,4327 -0,272 0,9704 0,1677 0,9376 1,0000 0,9221 -0,393 NFECAL -0,1651 0,9319 -0,1277 0,928 -0,6469 0,9238 0,0038 0,7638 0,2934 0,9409 0,2348 0,7809 0,1518 0,8996 -0,3669 0,8916 0,7464 0,4073 -0,1287 0,922 0,8557 0,8707 0,9119 0,9219 0,7809 0,8887 0,8632 0,4958 -0,3605 0,5253 -0,2841 0,8591 -0,0027 0,9323 0,9221 1,0000 -0,4064 NURIN -0,3269 -0,4771 -0,2765 -0,4826 0,2156 -0,4583 0,1664 -0,4185 -0,299 -0,4603 -0,3576 -0,4095 -0,1705 -0,4248 -0,0036 -0,5022 -0,6144 -0,746 -0,2484 -0,4718 -0,523 -0,5198 -0,4892 -0,4712 -0,4095 -0,4553 -0,5104 -0,0677 0,1663 -0,1651 0,0129 -0,4548 -0,3528 -0,4792 -0,393 -0,4064 1,0000 Obs.: Valores em vermelho apresentam correlação significativa (P<0,05); 309 Valores em preto apresentam correlação não significativa (P>0,05); Valores em azul representam o encontro de iguais aspectos analisados (linha X coluna). ANEXO 4 Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no Capítulo XII Onde: DMS = Digestibilidade da Matéria Seca = Consumo de Energia Bruta por Unidade de Tamanho Metabólico CMS = Consumo de Matéria Seca por Unidade de Tamanho Metabólico CED = Consumo de Energia Digestível por Unidade de Tamanho Metabólico CMO = Consumo de Matéria Orgânica por Unidade de Tamanho Metabólico CEM = Consumo de Energia Metabolizável por Unidade de Tamanho Metabólico DMO = Digestibilidade da Matéria Orgânica CMSPV = Consumo de Matéria seca por Unidade de Peso vivo DPB = Digestibilidade da Proteína Bruta CFDNPV = Consumo da Fibra em Detergente Neutro por Unidade de Peso vivo CPB = Consumo de Proteína Bruta por Unidade de Tamanho Metabólico CFDAPV = Consumo da Fibra em Detergente Ácido por Unidade de Peso vivo DEE = Digestibilidade do Extrato Etéreo CHCELPV = CEE = Consumo do Extrato Etéreo por Unidade de Tamanho Metabólico CCELPV = Consumo de Celulose por Unidade de Peso vivo DFDN = Digestibilidade da Fibra em Detergente Neutro FDNMSI CFDN = Consumo da Fibra em Detergente Neutro por Unidade de Tamanho Metabólico = Digestibilidade da Fibra em Detergente Ácido FDAMSI HCELMSI = Consumo da Fibra em Detergente Neutro Proporcional a Matéria Seca Ingerida = Consumo da Fibra em Detergente Ácido Proporcional a Matéria Seca Ingerida = Consumo de Hemiceluloses Proporcional a Matéria Seca Ingerida = Consumo da Fibra em Detergente Ácido por Unidade de Tamanho Metabólico DHCEL = Digestibilidade das Hemiceluloses CELMSI = Consumo de Celulose Proporcional a Matéria Seca Ingerida BE = Balanço de Energia CHCEL = Consumo das Hemiceluloses por Unidade de Tamanho Metabólico DCHO = Digestibilidade dos Carboidratos DFDA CFDA 310 CEB Consumo de Hemiceluloses por Unidade de Peso vivo DCEL = Digestibilidade da Celulose CCHO = Consumo de Carboidratos por Unidade de Tamanho Metabólico CCEL = Consumo da Celulose por Unidade de Tamanho Metabólico NING = % de Nitrogênio Ingerido BN = Balanço de Nitrogênio NFECAL = % de Nitrogênio Fecal NRET = Nitrogênio Retido NURIN = % de Nitrogênio na Urina DEB = Digestibilidade da Energia Bruta ANEXO 5 Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no Capitulo IV NNH3 PH PROTOT ALB UREIA CREAT AACET APROP ABUT AGVTOT RACPROP PAACET PAPROP PABUT NNH3 1,0000 -0,0900 0,0902 0,0729 -0,2295 -0,1140 -0,0508 0,0006 0,2671 -0,0156 -0,1083 -0,1201 0,0425 0,2861 PH -0,0900 1,0000 0,1883 0,2971 -0,1389 -0,0061 -0,6279 -0,6766 -0,4190 -0,6710 0,4391 0,4302 -0,4685 -0,0757 PROTOT 0,0902 0,1883 1,0000 0,3843 0,0022 0,0107 -0,0237 -0,0677 -0,0258 -0,0417 0,1341 0,1067 -0,0974 -0,0753 ALB 0,0729 0,2971 0,3843 1,0000 0,0335 -0,0206 -0,1984 -0,1994 -0,1212 -0,2060 0,0049 0,0554 -0,0715 0,0237 UREIA -0,2295 -0,1389 0,0022 0,0335 1,0000 0,417 0,2635 0,3353 0,1713 0,3005 -0,2787 -0,2764 0,3067 0,0314 CREAT -0,1140 -0,0061 0,0107 -0,0206 0,417 1,0000 -0,0129 0,0832 -0,0175 0,0220 0,0133 -0,0680 0,0775 0,0017 AACET -0,0508 -0,6279 -0,0237 -0,1984 0,2635 -0,0129 1,0000 0,8347 0,6297 0,9757 -0,2342 -0,1814 0,2057 0,0075 APROP 0,0006 -0,6766 -0,0677 -0,1994 0,3353 0,0832 0,8347 1,0000 0,6036 0,9325 -0,5319 -0,5633 0,6140 0,0975 ABUT 0,2671 -0,4190 -0,0258 -0,1212 0,1713 -0,0175 0,6297 0,6036 1,0000 0,6796 -0,4276 -0,4856 0,3313 0,6783 AGVTOT -0,0156 -0,6710 -0,0417 -0,2060 0,3005 0,0220 0,9757 0,9325 0,6796 1,0000 -0,3710 -0,3532 0,3781 0,0817 RACPROP -0,1083 0,4391 0,1341 0,0049 -0,2787 0,0133 -0,2342 -0,5319 -0,4276 -0,3710 1,0000 0,9390 -0,9205 -0,4718 PAACET -0,1201 0,4302 0,1067 0,0554 -0,2764 -0,0680 -0,1814 -0,5633 -0,4856 -0,3532 0,9390 1,0000 -0,9611 -0,5598 PAPROP 0,0425 -0,4685 -0,0974 -0,0715 0,3067 0,0775 0,2057 0,6140 0,3313 0,3781 -0,9205 -0,9611 1,0000 0,3092 PABUT 0,2861 -0,0757 -0,0753 0,0237 0,0314 0,0017 0,0075 0,0975 0,6783 0,0817 -0,4718 -0,5598 0,3092 1,0000 Obs,: Valores em vermelho apresentam correlação significativa (P<0,05); Valores em preto apresentam correlação não significativa (P>0,05); Valores em azul representam o encontro de iguais aspectos analisados (linha X coluna), Onde: NNH3 pH AACET APROP ABUT AGVTOT RACPROP PAACET PAPROP PABUT PROTOT ALB UREIA CREAT = = = = = = = = = = = = = = Concentração de Nitrogênio Amoniacal (mg/100 ml de liquido ruminal) Potencial Hidrogeniônico Concentração de Ácido Acético (mg/100 ml de liquido ruminal) Concentração de Ácido Propiônico (mg/100 ml de liquido ruminal) Concentração de Ácido Butírico (mg/100 ml de liquido ruminal) Concentração de Ácidos Graxos Voláteis (mg/100 ml de liquido ruminal) Relação Acetato Propionato Proporção Molar do Acetato (%) Proporção Molar do Propionato (%) Proporção Molar do Butirato (%) Concentração de Proteínas Totais (g/100 ml de soro sangüineo) Concentração de Albumina (g/100 ml de soro sangüineo) Concentração de Uréia (g/100 ml de soro sangüineo) Concentração de Creatinina (g/100 ml de soro sangüineo) 311 ANEXO 6 Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no Capitulo VII NNH3 PH PROTOT ALB UREIA CREAT AACET APROP ABUT AGVTOT RACPROP PAACET PAPROP PABUT NNH3 1,0000 -0,0315 0,3451 -0,2573 0,7852 0,2631 0,1659 0,2182 0,0439 0,1952 -0,0512 -0,0546 0,1031 -0,0868 PH -0,0315 1,0000 0,0946 0,0131 0,0525 -0,0128 -0,2379 -0,4165 -0,3196 -0,3496 0,3284 0,4404 -0,4221 -0,2181 PROTOT 0,3451 0,0946 1,0000 0,0751 0,361 0,0726 -0,0750 -0,0426 -0,1387 -0,0744 -0,0544 0,0308 0,0277 -0,1419 ALB -0,2573 0,0131 0,0751 1,0000 -0,3091 -0,0730 -0,1601 -0,0415 -0,0821 -0,1168 -0,0394 -0,0495 0,0623 -0,0084 UREIA 0,7852 0,0525 0,361 -0,3091 1,0000 0,4170 0,0529 0,0932 0,0159 0,0728 -0,1144 -0,0771 0,0901 0,0024 CREAT 0,2631 -0,0128 0,0726 -0,0730 0,4170 1,0000 -0,0095 0,0028 -0,0246 -0,0065 -0,1418 -0,0546 0,0586 0,0131 AACET 0,1659 -0,2379 -0,0750 -0,1601 0,0529 -0,0095 1,0000 0,7015 0,6659 0,9403 -0,1687 -0,2077 0,1747 0,1568 APROP 0,2182 -0,4165 -0,0426 -0,0415 0,0932 0,0028 0,7015 1,0000 0,5977 0,8972 -0,5251 -0,6746 0,7165 0,1791 Obs,: Valores em vermelho apresentam correlação significativa (P<0,05); Valores em preto apresentam correlação não significativa (P>0,05); Valores em azul representam o encontro de iguais aspectos analisados (linha X coluna), Onde: 312 NNH3 pH AACET APROP ABUT AGVTOT RACPROP PAACET PAPROP PABUT PROTOT ALB UREIA CREAT = = = = = = = = = = = = = = Concentração de Nitrogênio Amoniacal (mg/100 ml de liquido ruminal) Potencial Hidrogeniônico Concentração de Ácido Acético (mg/100 ml de liquido ruminal) Concentração de Ácido Propiônico (mg/100 ml de liquido ruminal) Concentração de Ácido Butírico (mg/100 ml de liquido ruminal) Concentração de Ácidos Graxos Voláteis (mg/100 ml de liquido ruminal) Relação Acetato Propionato Proporção Molar do Acetato (%) Proporção Molar do Propionato (%) Proporção Molar do Butirato (%) Concentração de Proteínas Totais (g/100 ml de soro sangüineo) Concentração de Albumina (g/100 ml de soro sangüineo) Concentração de Uréia (g/100 ml de soro sangüineo) Concentração de Creatinina (g/100 ml de soro sangüineo) ABUT 0,0439 -0,3196 -0,1387 -0,0821 0,0159 -0,0246 0,6659 0,5977 1,0000 0,7365 -0,3718 -0,5528 0,3027 0,7769 AGVTOT 0,1952 -0,3496 -0,0744 -0,1168 0,0728 -0,0065 0,9403 0,8972 0,7365 1,0000 -0,3635 -0,4689 0,4453 0,2414 RACPROP -0,0512 0,3284 -0,0544 -0,0394 -0,1144 -0,1418 -0,1687 -0,5251 -0,3718 -0,3635 1,0000 0,8917 -0,8768 -0,3928 PAACET -0,0546 0,4404 0,0308 -0,0495 -0,0771 -0,0546 -0,2077 -0,6746 -0,5528 -0,4689 0,8917 1,0000 -0,9279 -0,5631 PAPROP 0,1031 -0,4221 0,0277 0,0623 0,0901 0,0586 0,1747 0,7165 0,3027 0,4453 -0,8768 -0,9279 1,0000 0,2144 PABUT -0,0868 -0,2181 -0,1419 -0,0084 0,0024 0,0131 0,1568 0,1791 0,7769 0,2414 -0,3928 -0,5631 0,2144 1,0000 ANEXO 7 Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no Capitulo X NNH3 PH PROTOT ALB UREIA CREAT AACET APROP ABUT AGVTOT RACPROP PAACET PAPROP PABUT NNH3 1,0000 -0,1729 0,3451 0,2466 0,4512 -0,0020 0,0497 0,0413 0,1665 0,0596 -0,1852 -0,1571 0,0995 0,2132 PH -0,1729 1,0000 -0,0706 0,2271 -0,1855 -0,0023 -0,5213 -0,5951 -0,5154 -0,5777 0,1422 0,1965 -0,1768 -0,1652 PROTOT 0,3451 -0,0706 1,0000 0,4524 0,7610 -0,3741 -0,1242 -0,2074 -0,0283 -0,1458 0,0660 0,0743 -0,1294 0,0591 ALB 0,2466 0,2271 0,4524 1,0000 0,4623 -0,1649 -0,1179 -0,2078 -0,0075 -0,1395 0,1286 0,1048 -0,1918 0,1013 UREIA 0,4512 -0,1855 0,7610 0,4623 1,0000 -0,2927 -0,0012 -0,1239 0,1089 -0,0211 0,1151 0,0711 -0,1693 0,1448 CREAT -0,0020 -0,0023 -0,3741 -0,1649 -0,2927 1,0000 -0,0691 0,0889 0,0009 -0,0347 -0,1540 -0,1100 0,1636 -0,0331 AACET 0,0497 -0,5213 -0,1242 -0,1179 -0,0012 -0,0691 1,0000 0,7087 0,5488 0,9824 0,1745 0,2047 -0,2240 -0,0948 APROP 0,0413 -0,5951 -0,2074 -0,2078 -0,1239 0,0889 0,7087 1,0000 0,6283 0,8228 -0,4411 -0,4137 0,4546 0,1877 ABUT 0,1665 -0,5154 -0,0283 -0,0075 0,1089 0,0009 0,5488 0,6283 1,0000 0,6395 -0,3548 -0,4507 0,2457 0,6891 AGVTOT 0,0596 -0,5777 -0,1458 -0,1395 -0,0211 -0,0347 0,9824 0,8228 0,6395 1,0000 0,0157 0,0391 -0,0590 0,0135 RACPROP -0,1852 0,1422 0,0660 0,1286 0,1151 -0,1540 0,1745 -0,4411 -0,3548 0,0157 1,0000 0,9335 -0,9393 -0,5913 PAACET -0,1571 0,1965 0,0743 0,1048 0,0711 -0,1100 0,2047 -0,4137 -0,4507 0,0391 0,9335 1,0000 -0,9420 -0,7582 PAPROP 0,0995 -0,1768 -0,1294 -0,1918 -0,1693 0,1636 -0,2240 0,4546 0,2457 -0,0590 -0,9393 -0,9420 1,0000 0,4953 PABUT 0,2132 -0,1652 0,0591 0,1013 0,1448 -0,0331 -0,0948 0,1877 0,6891 0,0135 -0,5913 -0,7582 0,4953 1,0000 Obs,: Valores em vermelho apresentam correlação significativa (P<0,05); Valores em preto apresentam correlação não significativa (P>0,05); Valores em azul representam o encontro de iguais aspectos analisados (linha X coluna), Onde: NNH3 pH AACET APROP ABUT AGVTOT RACPROP PAACET PAPROP PABUT PROTOT ALB UREIA CREAT = = = = = = = = = = = = = = Concentração de Nitrogênio Amoniacal (mg/100 ml de liquido ruminal) Potencial Hidrogeniônico Concentração de Ácido Acético (mg/100 ml de liquido ruminal) Concentração de Ácido Propiônico (mg/100 ml de liquido ruminal) Concentração de Ácido Butírico (mg/100 ml de liquido ruminal) Concentração de Ácidos Graxos Voláteis (mg/100 ml de liquido ruminal) Relação Acetato Propionato Proporção Molar do Acetato (%) Proporção Molar do Propionato (%) Proporção Molar do Butirato (%) Concentração de Proteínas Totais (g/100 ml de soro sangüineo) Concentração de Albumina (g/100 ml de soro sangüineo) Concentração de Uréia (g/100 ml de soro sangüineo) Concentração de Creatinina (g/100 ml de soro sangüineo) 313 ANEXO 8 Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no Capitulo XIII NNH3 PH PROTOT ALB UREIA CREAT AACET APROP ABUT AGVTOT RACPROP PAACET PAPROP PABUT NNH3 1,0000 0,1191 -0,1372 -0,0470 0,2963 0,0076 -0,1634 0,0182 -0,0925 -0,1080 -0,1306 -0,1812 0,2195 -0,0386 PH 0,1191 1,0000 -0,2172 0,1136 0,4636 0,3050 -0,5979 -0,5337 -0,1515 -0,6481 0,1267 0,0594 -0,1316 0,1491 PROTOT -0,1372 -0,2172 1,0000 -0,1366 -0,3939 -0,1096 0,2981 0,2296 0,1496 0,3137 -0,0408 -0,0016 0,0123 -0,0240 ALB -0,0470 0,1136 -0,1366 1,0000 0,5537 0,1408 -0,2249 -0,0149 -0,2473 -0,1779 -0,1442 -0,0897 0,1917 -0,2093 UREIA 0,2963 0,4636 -0,3939 0,5537 1,0000 0,4475 -0,4992 -0,2051 -0,1905 -0,4387 -0,0920 -0,1762 0,1992 -0,0049 CREAT 0,0076 0,3050 -0,1096 0,1408 0,4475 1,0000 -0,1459 -0,0753 -0,0933 -0,1387 -0,0521 -0,0180 0,0240 -0,0090 AACET -0,1634 -0,5979 0,2981 -0,2249 -0,4992 -0,1459 1,0000 0,4975 0,2303 0,9038 0,1522 0,2543 -0,2028 -0,1866 APROP 0,0182 -0,5337 0,2296 -0,0149 -0,2051 -0,0753 0,4975 1,0000 0,3742 0,8131 -0,5733 -0,5871 0,6612 -0,0108 Obs,: Valores em vermelho apresentam correlação significativa (P<0,05); Valores em preto apresentam correlação não significativa (P>0,05); Valores em azul representam o encontro de iguais aspectos analisados (linha X coluna), Onde: 314 NNH3 pH AACET APROP ABUT AGVTOT RACPROP PAACET PAPROP PABUT PROTOT ALB UREIA CREAT = = = = = = = = = = = = = = Concentração de Nitrogênio Amoniacal (mg/100 ml de liquido ruminal) Potencial Hidrogeniônico Concentração de Ácido Acético (mg/100 ml de liquido ruminal) Concentração de Ácido Propiônico (mg/100 ml de liquido ruminal) Concentração de Ácido Butírico (mg/100 ml de liquido ruminal) Concentração de Ácidos Graxos Voláteis (mg/100 ml de liquido ruminal) Relação Acetato Propionato Proporção Molar do Acetato (%) Proporção Molar do Propionato (%) Proporção Molar do Butirato (%) Concentração de Proteínas Totais (g/100 ml de soro sangüineo) Concentração de Albumina (g/100 ml de soro sangüineo) Concentração de Uréia (g/100 ml de soro sangüineo) Concentração de Creatinina (g/100 ml de soro sangüineo) ABUT -0,0925 -0,1515 0,1496 -0,2473 -0,1905 -0,0933 0,2303 0,3742 1,0000 0,4141 -0,2642 -0,4575 0,1377 0,8552 AGVTOT -0,1080 -0,6481 0,3137 -0,1779 -0,4387 -0,1387 0,9038 0,8131 0,4141 1,0000 -0,1831 -0,1403 0,1775 -0,0472 RACPROP -0,1306 0,1267 -0,0408 -0,1442 -0,0920 -0,0521 0,1522 -0,5733 -0,2642 -0,1831 1,0000 0,8995 -0,8932 -0,2573 PAACET -0,1812 0,0594 -0,0016 -0,0897 -0,1762 -0,0180 0,2543 -0,5871 -0,4575 -0,1403 0,8995 1,0000 -0,9208 -0,4513 PAPROP 0,2195 -0,1316 0,0123 0,1917 0,1992 0,0240 -0,2028 0,6612 0,1377 0,1775 -0,8932 -0,9208 1,0000 0,0676 PABUT -0,0386 0,1491 -0,0240 -0,2093 -0,0049 -0,0090 -0,1866 -0,0108 0,8552 -0,0472 -0,2573 -0,4513 0,0676 1,0000 ANEXO 9 Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no subproduto de Abacaxi (Capitulo V) DMS 1,0000 0,9367 0,9882 0,9255 0,9453 0,9465 DMS DPB DFDN DFDA DHCEL DCEL DPB 0,9367 1,0000 0,9082 0,8813 0,8619 0,9128 DFDN 0,9882 0,9082 1,0000 0,8817 0,9448 0,9503 DFDA 0,9255 0,8813 0,8817 1,0000 0,8272 0,8817 DHCEL 0,9453 0,8619 0,9448 0,8272 1,0000 0,8638 DCEL 0,9465 0,9128 0,9503 0,8817 0,8638 1,0000 Obs,: Valores em vermelho apresentam correlação significativa (P<0,05); Valores em preto apresentam correlação não significativa (P>0,05); Valores em azul representam o encontro de iguais aspectos analisados (linha X coluna), Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no capim elefante (Capitulo V) DMS 1,0000 0,9343 0,9966 0,8687 0,9790 0,9944 DMS DPB DFDN DFDA DHCEL DCEL DPB 0,9343 1,0000 0,9229 0,7919 0,8855 0,9180 DFDN 0,9966 0,9229 1,0000 0,9897 0,9849 0,9936 DFDA 0,8687 0,7919 0,9897 1,0000 0,8387 0,8628 DHCEL 0,9790 0,8855 0,9849 0,8387 1,0000 0,9825 DCEL 0,9944 0,9180 0,9936 0,8628 0,9825 1,0000 Obs,: Valores em vermelho apresentam correlação significativa (P<0,05); Valores em preto apresentam correlação não significativa (P>0,05); Valores em azul representam o encontro de iguais aspectos analisados (linha X coluna), Onde: DMS DPB DFDN DFDA DHCEL DCEL = = = = = = Desaparecimento da Matéria Seca Desaparecimento da Proteína Bruta Desaparecimento da Fibra em Detergente Neutro Desaparecimento da Fibra em Detergente Ácido Desaparecimento das Hemiceluloses Desaparecimento da Celulose 315 ANEXO 10 Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no subproduto de Acerola (Capitulo VIII) DMS 1,0000 0,9276 0,9854 0,8996 0,6877 0,8524 DMS DPB DFDN DFDA DHCEL DCEL DPB 0,9276 1,0000 0,9203 0,8807 0,5755 0,8279 DFDN 0,9854 0,9203 1,0000 0,9059 0,6825 0,9503 DFDA 0,8996 0,8807 0,9059 1,0000 0,3468 0,8817 DHCEL 0,6877 0,5755 0,6825 0,3468 1,0000 0,5260 DCEL 0,8524 0,8279 0,9503 0,8817 0,5260 1,0000 Obs,: Valores em vermelho apresentam correlação significativa (P<0,05); Valores em preto apresentam correlação não significativa (P>0,05); Valores em azul representam o encontro de iguais aspectos analisados (linha X coluna), Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no capim elefante (Capitulo VIII) DMS 1,0000 0,8216 0,9975 0,9773 0,9304 0,9929 DMS DPB DFDN DFDA DHCEL DCEL DPB 0,8216 1,0000 0,8170 0,7832 0,7636 0,8137 DFDN 0,9975 0,8170 1,0000 0,9842 0,9263 0,9910 DFDA 0,9773 0,7832 0,9842 1,0000 0,8736 0,9724 DHCEL 0,9304 0,7636 0,9263 0,8736 1,0000 0,9225 DCEL 0,9929 0,8137 0,9910 0,9724 0,9225 1,0000 Obs,: Valores em vermelho apresentam correlação significativa (P<0,05); Valores em preto apresentam correlação não significativa (P>0,05); Valores em azul representam o encontro de iguais aspectos analisados (linha X coluna), Onde: 316 DMS DPB DFDN DFDA DHCEL DCEL = = = = = = Desaparecimento da Matéria Seca Desaparecimento da Proteína Bruta Desaparecimento da Fibra em Detergente Neutro Desaparecimento da Fibra em Detergente Ácido Desaparecimento das Hemiceluloses Desaparecimento da Celulose ANEXO 11 Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no subproduto de Caju (Capitulo XI) DMS 1,0000 0,9829 0,9855 0,9835 0,9488 0,8136 DMS DPB DFDN DFDA DHCEL DCEL DPB 0,9829 1,0000 0,9725 0,9592 0,9358 0,8328 DFDN 0,9855 0,9725 1,0000 0,9610 0,9522 0,8247 DFDA 0,9835 0,9592 0,9610 1,0000 0,8971 0,7787 DHCEL 0,9488 0,9358 0,9522 0,8971 1,0000 0,8512 DCEL 0,8136 0,8328 0,8247 0,7787 0,8512 1,0000 Obs,: Valores em vermelho apresentam correlação significativa (P<0,05); Valores em preto apresentam correlação não significativa (P>0,05); Valores em azul representam o encontro de iguais aspectos analisados (linha X coluna), Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no capim elefante (Capitulo XI) DMS 1,0000 0,9373 0,9951 0,9891 0,9858 0,9914 DMS DPB DFDN DFDA DHCEL DCEL DPB 0,9373 1,0000 0,9139 0,9152 0,8936 0,9350 DFDN 0,9951 0,9139 1,0000 0,9895 0,9900 0,9855 DFDA 0,9891 0,9152 0,9895 1,0000 0,9780 0,9835 DHCEL 0,9858 0,8936 0,9900 0,9780 1,0000 0,9781 DCEL 0,9914 0,9350 0,9855 0,9835 0,9781 1,0000 Obs,: Valores em vermelho apresentam correlação significativa (P<0,05); Valores em preto apresentam correlação não significativa (P>0,05); Valores em azul representam o encontro de iguais aspectos analisados (linha X coluna), Onde: DMS DPB DFDN DFDA DHCEL DCEL = = = = = = Desaparecimento da Matéria Seca Desaparecimento da Proteína Bruta Desaparecimento da Fibra em Detergente Neutro Desaparecimento da Fibra em Detergente Ácido Desaparecimento das Hemiceluloses Desaparecimento da Celulose 317 ANEXO 12 Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no subproduto de Maracujá (Capitulo XIV) DMS 1,0000 0,9832 0,9712 0,9506 0,8623 0,9048 DMS DPB DFDN DFDA DHCEL DCEL DPB 0,9832 1,0000 0,9555 0,9267 0,8608 0,9130 DFDN 0,9712 0,9555 1,0000 0,953 0,989 0,8897 DFDA 0,9506 0,9267 0,953 1,0000 0,7433 0,8302 DHCEL 0,8623 0,8608 0,989 0,7433 1,0000 0,8788 DCEL 0,9048 0,9130 0,8897 0,8302 0,8788 1,0000 Obs,: Valores em vermelho apresentam correlação significativa (P<0,05); Valores em preto apresentam correlação não significativa (P>0,05); Valores em azul representam o encontro de iguais aspectos analisados (linha X coluna), Correlações de Pearson existentes entre os principais aspectos estudados no capim elefante (Capitulo XIV) DMS 1,0000 0,9138 0,9612 0,9493 0,9558 0,9933 DMS DPB DFDN DFDA DHCEL DCEL DPB 0,9138 1,0000 0,8765 0,7951 0,7851 0,8635 DFDN 0,9612 0,8765 1,0000 0,9959 0,8646 0,9913 DFDA 0,9493 0,7951 0,9959 1,0000 0,9861 0,9502 DHCEL 0,9558 0,7851 0,8646 0,9861 1,0000 0,9577 DCEL 0,9933 0,8635 0,9913 0,9502 0,9577 1,0000 Obs,: Valores em vermelho apresentam correlação significativa (P<0,05); Valores em preto apresentam correlação não significativa (P>0,05); Valores em azul representam o encontro de iguais aspectos analisados (linha X coluna), Onde: 318 DMS DPB DFDN DFDA DHCEL DCEL = = = = = = Desaparecimento da Matéria Seca Desaparecimento da Proteína Bruta Desaparecimento da Fibra em Detergente Neutro Desaparecimento da Fibra em Detergente Ácido Desaparecimento das Hemiceluloses Desaparecimento da Celulose
Documentos relacionados
Versão de Impressão
Rev. Bras. Saúde Prod. Anim., Salvador, v.16, n.1, p.118-129 jan./mar., 2015 http://www.rbspa.ufba.br ISSN 1519 9940
Leia maisVALOR NUTRITIVO DE SILAGENS DE CAPIM ELEFANTE
Aos professores Arlindo de Alencar Araripe Moura, João Licínio Nunes Pinho, José Neuman Miranda Neiva, Ervino Bleicher e Sebastião Medeiros; Aos meus amigos do curso de Agronomia, Ciro de Miranda P...
Leia maisVALOR NUTRITIVO E CARACTERÍSTICAS FERMENTATIVAS DE
afeto para comigo e por sempre estarem presentes nos momentos mais difíceis da minha vida, sempre me dando conselhos para que eu seguisse em frente a fim de vencer todos os obstáculos da vida. À Un...
Leia mais