O Poder purificador do Getsêmani – Por Bruce R. McConkie
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O Poder purificador do Getsêmani – Por Bruce R. McConkie
O PODER PURIFICADOR DO GETSÊMANI Por: Bruce R. McConkie Do Quórum dos Doze apóstolos A expiação do Senhor “é o evento mais transcendente que já ocorreu ou ocorrerá desde a Criação e por todos os séculos de uma eternidade sem fim”. Sinto, e o espírito parece de acordo, que a doutrina mais importante que posso declarar é do testemunho mais poderoso que posso prestar é do sacrifício expiatório de nosso Senhor Jesus Cristo. Sua expiação é o evento mais transcendente que ocorreu ou que ocorrerá desde a Criação e por todos os séculos de uma eternidade sem fim. É o supremo ato de benevolência e graça que somente um Deus poderia realizar através desse ato, tornaram-se operantes todos os termos e condições do plano de salvação eterna do Pai. Através dele, propicia-se a imortalidade e a vida eterna ao homem. Por meio dele, a humanidade é salva da morte, do inferno do diabo e do tormento eterno. Por meio dele, todos os que crêem no evangelho glorioso de Deus e lhe obedecem, todos os que são verdadeiros e fiéis e sobrepujam o mundo, os que sofrem por Cristo e sua palavra, os que são castigados e açoitados pela causa daquele a quem pertencemos – todos se tornarão como o Criador, se assentarão com Ele no seu trono em glória eterna para sempre. Usarei minhas próprias palavras para falar dessas coisas maravilhosas e talvez penseis que são palavras de escrituras, palavras proferidas por outros apóstolos e profetas. De fato, foram proclamadas primeiramente por outros, mas agora são minhas, pois o Santo Espírito de Deus prestoume testemunho de que são verdadeiras e é como se o Senhor mas tivesse revelado em primeiro lugar. Portanto, eu ouvi sua voz e conheço sua palavra. Dois mil anos atrás, fora dos muros de Jerusalém, havia um belo horto chamado Getsêmani, para o qual Jesus e seus amigos mais íntimos gostavam de retirar-se para orar e meditar. Ali Jesus ensinava aos discípulos as doutrinas do reino, e todos comungavam com Ele, que é o Pai de todos nós, e em cujo ministério estavam empenhados e a quem serviam. A exemplo do Éden, onde Adão habitou, e como o Sinai, onde Jeová deu suas leis, como o Calvário, onde o Filho de Deus entregou a vida em resgate de muitos, esse solo sagrado é onde o Filho Imaculado do Pai Eterno tomou sobre si os pecados da humanidade, contanto que se arrependessem. Nós não sabemos, não compreendemos, nem pode a mente humana conceber a implicação total do que Cristo fez no Getsêmani. Sabemos que verteu grandes gotas de sangue por todos os poros, ao sorver a borra da taça amarga que o Pai lhe dera. Sabemos que sofreu corporal e espiritualmente, mais do que é possível o ser mortal suportar sem morrer. Sabemos que, de alguma forma incompreensível para nós, seu sofrimento satisfez os reclamos da justiça, resgatando as almas penitentes das dores e penalidades do pecado, pondo a misericórdia ao alcance de todos os que cremem em seu santo nome. Sabemos que jazeu prostrado no chão, quando as dores e agonias do fardo infinito o fizeram tremer, desejando não ter de beber a taça amarga. Sabemos que um anjo desceu das cortes de glória para fortalecê-lo, e supomos que poder ter sido Miguel, o arcanjo, que outrora caiu para que o homem existisse. Até onde podemos julgar, as agonias infinitas, esse sofrimento indescritível continuou por três ou quatro horas. Depois disso, com o corpo convulso e exaurido, ele enfrentou Judas e outros demônios encarnados, alguns deles do próprio Sinédrio; e foi levado com uma corda no pescoço, como um criminoso, para ser julgado pelos arquicriminosos que, como judeus ocupavam o trono de Aarão, e como romanos exerciam o poder de César. Levaram-no a Anás, a Caifás, a Pilatos, Herodes e outra vez a Pilatos. Foi acusado, amaldiçoado e golpeado. A fétida saliva deles escorreu-lhes pelas faces, enquanto golpes violentos maltratavam ainda mais seu corpo já tão dolorido. Com furiosa ira, golpeavam-lhe impiedosamente as costas. Sangue escorreu-lhe pelas faces, quando a coroa de espinhos lhe perfurou a trêmula fronte. Depois disso tudo, ele foi açoitado com quarenta chicotadas menos uma, com um chicote de muitas correias guarnecidas de ossos aguçados e pontas de metal afiadas. Muitos morriam apenas com os açoites, mas ele ergueu-se do cruel suplício, para sofrer a morte ignominiosa sobre a horrenda cruz do Calvário. Então carregou a própria cruz até desfalecer com o peso, a dor e a crescente agonia de tudo por que passava. Finalmente numa colina denominada Calvário, novamente fora dos muros de Jerusalém, os soldados romanos o pregaram na cruz, enquanto os indefesos discípulos o olhavam e sentiam no próprio corpo a agonia da horda da morte. Com grandes martelos, transpassaram-lhe os pés, mãos e pulsos com cravos de ferro. Ele foi realmente ferido por nossas transgressões e moído por nossas iniqüidades. A cruz foi levantada para que todos pudessem ver e pasmar, amaldiçoar e escarnecer. Isto fizeram com extremo rancor das nove da manhã até o meio dia. Então os céus enegreceram. Escuridão total cobriu a terra pelo espaço de três horas, como ocorreu entre os nefitas. Houve um temporal furioso, como se o próprio Deus da natureza estivesse em agonia. E realmente estava, pois enquanto pendeu da cruz por mais três horas, do meio dia às três da tarde, repetiam-se todas as agonias infinitas e dores insuportáveis sofridas no Getsêmani. E, por fim, quando as agonias da expiação haviam cobrado seu tributo, quando fôra conquistada a vitória, quando o Filho de deus cumprira a vontade do Pai em todas as coisas, Ele exclamou: “Está consumado”,(João 19:30) e voluntariamente entregou seu espírito. 1 Quando a paz e o alívio de uma morte misericordiosa o livraram das dores e sofrimentos da mortalidade, Ele ingressou no paraíso de deus. Ao oferecer a alma pelo pecado, estava preparado para ver sua semente, segundo os profetas disseram.(Isaías 53:10). Semente esta constituída por todos os santos profetas e santos fiéis que viveram no passado; sendo estes os que haviam tomado sobre si o seu nome e que, tendo sido gerados espiritualmente por Ele, haviam-se tornado seus filhos e filhas, mesmo como nós; todos esses estavam reunidos no mundo espiritual para ali contemplar sua face e ouvir sua voz. Passadas umas trinta e oito ou quarenta horas, três dias conforme os judeus contavam o tempo, nosso bendito senhor voltou ao sepulcro, onde seu corpo parcialmente embalsamado fora colocado por Nicodemos e José de Arimatéia. Então, de maneira incompreensível para nós, ele retornou passado por corrupção, e levantou-se em gloriosa imortalidade, tornando-se igual ao seu Pai ressurreto. Recebeu assim todo o poder na terra e no céu, obtendo exaltação eterna e aparecendo a Maria Madalena e a muitos outros, antes de ascender aos céus, para sentar-se à mão direita do Deus Todo-Poderoso e reinar para sempre em glória eterna. Sua ressurreição no terceiro dia coroou o sacrifício expiatório. Novamente, de algum modo incompreensível para nós, os efeitos da ressurreição se transferem a todos os homens, para que todos possam ressurgir da morte. Assim como adão trouxe a morte, Cristo trouxe a vida; Adão é o pai da mortalidade, Cristo é o pai da imortalidade. Sem a mortalidade e a imortalidade, o ser humano não pode conseguir a salvação e ascender às alturas além dos céus, onde os deuses e anjos habitam para sempre em glória eterna. A expiação de Cristo é a doutrina básica e fundamental do evangelho, embora seja a menos compreendida de todas as verdades reveladas a nós. Muitos de nós possuímos um conhecimento superficial e confiamos que o Senhor em sua bondade nos ajude a vencer as provações e perigos da vida. Mas, se quisermos ter a fé que Enoque e Elias possuíam, devemos crer no que eles criam, saber o que eles sabiam, e viver como eles viveram. Convido-os a me acompanhar na busca de conhecimento perfeito e inequívoco da Expiação. Precisamos deixar de lado as filosofias dos homens e a sabedoria dos eruditos, e dar ouvidos ao Espírito que nos é concedido para nos guiar a toda verdade. Temos de examinar as escrituras, aceitá-las como o pensamento, a vontade e a voz do Senhor, e o próprio poder de Deus para a salvação. À medida que lemos, oramos e ponderamos, virá nossa mente a visão dos três jardins de Deus. O Jardim do Éden, o Horto do Getsêmani e o Horto do Sepulcro, onde Jesus apareceu a Maria Madalena. No Éden veremos todas as coisas criadas num estado paradisíaco, sem morte, sem procriação e sem experiências probatórias. Sabemos que essa Criação, agora desconhecida do ser humano, foi a única maneira de possibilitar a Queda. Então veremos Adão e Eva, o primeiro homem e a primeira mulher, desceram de sua condição imortal e da glória paradisíaca para se tornarem os primeiros seres mortais na terra. A mortalidade, incluindo procriação e morte, entra no mundo. E devido à transgressão, terá inicio o estado probatório de provações e experiências. No Getsêmani, veremos o Filho de Deus resgatar o homem da morte temporal e espiritual, que são conseqüências da Queda. Finalmente, diante do sepulcro vazio, saberemos que Cristo, nosso Senhor, rompeu os grilhões da morte e permanece para sempre, triunfante sobre a sepultura. Assim, a Criação gerou a Queda; e a Queda gerou a mortalidade e a morte; e Cristo trouxe a imortalidade e a vida eterna. E agora, quanto à expiação perfeita realizada pelo derramamento do sangue de Deus – eu testifico que se consumou no Getsêmani e no Gólgota; e quanto a Jesus Cristo, testifico que é o filho crucificado pelos pecados do mundo. Ele é nosso Senhor, nosso Deus e nosso Rei. Isto sei por mim mesmo, independente de qualquer outra pessoa. Sou uma de suas testemunhas e num dia que se aproxima, apalparei as marcas dos cravos em suas mãos e pés, e hei de derramar lágrimas sobre seus pés. Mas não terei mais certeza do que tenho agora de que ele é o filho de Deus Todo-Poderoso, o Salvador e Redentor, e que a salvação vem pelo seu sangue expiatório, e de nenhuma outra forma. Que Deus nos permita a todos trilhar os caminhos da luz, assim como Deus nosso Pai está na luz, para que, conforme suas promessas, o sangue de Jesus Cristo nos purifique do pecado. Em nome do Senhor Jesus Cristo. Amém. Leia a Liahona do mês de ABRIL de 2011 – contém este discurso e muito outros sobre a Expiação. Caso você deseja mais textos sobre a expiação, me solicite na próxima aula ou por e-mail. Um forte abraço, Willian Silva Prof. Preparação Missionária 2 3