O Desafio do Islam - Site Luz do Islam
Transcrição
O Desafio do Islam - Site Luz do Islam
O Desafio do Islam Wahiduddin Khan Tradução: Samir El Hayek 1 2 O Desafio do Islam Introdução Para a Fé 3 4 Em nome de Allah, o Clemente, o Misericordioso "Os sábios, dentre os servos de Allah, Só a Ele temem" (Alcorão Sagrado, 35:28) "De pronto lhes mostraremos os Nossos sinais em todas as regiões (da terra), assim como em suas próprias pessoas, até que lhes seja esclarecido que esta é a verdade." (Alcorão Sagrado, 41:52) 5 6 7 8 9 10 Capítulo I A Questão dos Opositores à Religião "O desenvolvimento científico do século passado é considerado uma explosão do conhecimento que destruiu todas as fábulas humanas sobre deuses e religiões, da mesma forma que os pensamentos antigos sobre a matéria foram desintegrados com a explosão do átomo…" Esta é a questão da ciência moderna dirigida contra a religião, como diz o Professor Julian Huxley. As páginas seguintes são a resposta dada a esse desafio, uma vez que a ciência moderna descobriu as verdades da religião; porém, não conseguiu, de nenhuma forma, prejudicá-la. Tudo que foi alcançado pela ciência moderna é a corroboração do que o Islam denominou "a verdade", há quatorze séculos atrás. "De pronto lhes mostraremos os Nossos sinais em todas as regiões (da terra), assim como em suas próprias pessoas, até que lhes seja esclarecido que esta é a verdade." (Alcorão, 41:52) A religião, na opinião dos cientistas ateus, é algo inverídico, é a manifestação do instinto humano à procura da Verdade Universal, tentando explicá-la. Esse próprio instinto humano é uma coisa aceitável. Porém, os conhecimentos e os meios limitados que proporcionaram as respostas inverídicas a nossos antepassados, são os mesmos que habitam hoje os pensamentos sobre Deus e religião. Hoje, porém, após termos meios científicos suficientes e apesar de os conhecimentos modernos terem corrigido muitas das nossas crenças sociais e de civilização, chegou a hora de reexaminarmos todos os pensamentos dos nossos antepassados. O filósofo francês, August Comte, no início do século passado, disse que a história da evolução do pensamento humano se divide em três fases: Primeira: A Fase Teológica, durante a qual os eventos eram explicados em nome de Deus. 11 Segunda: A Fase Metafísica, em que os eventos foram explicados em nome de "elementos exteriores" desconhecidos, mas sem citar o nome de Deus. Terceira: A Fase Positiva, durante a qual o homem começou a explicar os fenômenos, considerando-os como elementos submetidos a leis gerais, que podem ser sentidos através da observação ou do conhecimento científico. Nesse período não são citados os "espíritos, os deuses e a força absoluta". De acordo com isso, vivemos a terceira fase, denominada pela filosofia moderna de positivismo lógico. A teoria do Positivismo Lógico ou do Empirismo Científico só foi reconhecida como movimento científico, no último quarto deste século. Porém, como ideologia, nasceu muitos anos antes disso. Ela é definida por grandes cientistas e filósofos, como David Hume e Bertrand Russel. Essa ideologia, hoje, tornou-se, devido ao grande número de instituições científicas que desempenham papéis preponderantes em sua defesa, um dos mais importantes movimentos científicos modernos. Um dos pesquisadores diz: "Todo conhecimento verdadeiro depende da experiência, onde será analisada a sua comprovação, de uma forma direta ou indireta."1 Baseados nisso, os opositores da religiãio alegam que a evolução pela qual o homem alcançou o nível mais alto da humanidade, nega, por si, a religião… O estranho disso é que os pensamentos evoluídos modernos afirmam que só é verdade o que pode ser analisado e experimentado cientificamente. A religião é baseada em uma "verdade" impossível de ser observada ou verificada cientificamente. Em outras palavras, a explicação teológica dos acontecimentos, que não pode ser afirmada com métodos científicos, é nula, inverídica. Deriva-se disso a afirmação: "A religião é uma explicação falsa para fatos reais", ou seja, o conhecimento limitado do homem antigo não apresentou a explicação real para os acontecimentos, ao passo que a lei geral da evolução nos permitiu procurarmos as verdades por intermédio do Empirismo Verdadeiro. 1. Dicionário da Filosofia, pág. 265, 12 Podemos afirmar a mesma coisa de maneira diferente. A situação dos teólogos das religiões antigas é semelhante à do homem que preenche "um cheque sem fundo". Eles formaram expressões sem nenhum fundamento científico. A expressão: "A verdade absoluta, imutável" é correta gramaticalmente, mas não tem fundamento científico algum.2 Newton afirmou a inexistência de um deus que governava as estrelas. Laplace, com sua famosa teoria, afirmava que o sistema cósmico não necessita de qualquer fábula divina. Darwin e Pasteur, no campo da biologia, emitiram a mesma opinião. A psicologia e os importantes conhecimentos históricos, conseguidos nesse século, ocuparam o lugar de Deus que, supunha-se, dirigia os assuntos da vida humana e da história".3 Os opositores da religião tem três fundamentos: Primeiro Fundamento: O herói dessa revolução da biologia é Isaac Newton, que apresentou ao mundo a teoria que afirmava que o Universo está sujeito a leis fixas, de acordo com as quais os corpos celestes se movem. Depois dele, outros desenvolveram a teoria no âmbito científico e disseram: Tudo o que acontece no Universo, da terra até ao céu, está sujeito a uma lei específica, e a denominaram "lei da natureza". Depois dessa afirmativa, os cientistas foram obrigados a reconhecer que Deus foi Quem colocou este Universo em movimento. Voltaire apresentou um exemplo disso, dizendo: "O Universo é como o relógio em que o montador coloca as peças em seu devido lugar e a põe em funcionamento, então sua relação é cortada." David Hume, porém, livrou-se do deus inerte, dizendo: "Vemos os relógios sendo feitos nas fábricas, mas não vemos o Universo sendo feito. Como, então, podemos aceitar que ele tem um criador?" A evolução científica esclareceu ao homem muitos pontos da corrente dos acontecimentos, antes desconhecidos. Ele não sabia porque o sol nascia e se punha. Deduziu que era uma força sobrenatural que o fazia nascer e se pôr. Hoje, porém, sabemos que o motivo é a própria rotação da terra. De modo que, desvaneceu-se a necessidade da força sobrenatural, ao descobrirmos os motivos causadores desse movimento 2. "Religion and Scientific Outlook" (A Religião e a Perspectiva Científica), pág. 20. 3. "Religion Without Revelation" (A Religião sem Revelação), N. York, pág. 58. 13 cósmico. "Se o arco-íris é formado pelos raios solares que incidem sobre as gotas da chuva, o que nos leva a dizer que é um sinal de Deus?" Por isso, e por outros motivos, Huxley diz: "Se os fenômenos são causados por leis naturais, não há necessidade de ligá-los às causas sobrenaturais".4 Segundo Fundamento: Os cientistas ficaram mais convencidos ainda, após as pesquisas psicológicas terem chegado à conclusão de que a religião é resultado do subconsciente humano, e não era a descoberta de uma realidade exterior. Um psicólogo famoso diz: "Deus não é nada, além de uma projeção do homem numa tela cósmica." A crença na vida terrena e na outra vida não é mais que uma figura idealista das experiências humanas. A revelação e a inspiração não são mais que a manifestação anormal das fábulas de repressão infantis. A psicologia moderna acha que a mente humana é composta de duas coisas: o "consciente", o centro dos pensamentos que passam pela mente em épocas normais, e o "inconsciente", a memória dos pensamentos que já passaram por nossa mente e já os esquecemos; estes só se manifestam em épocas anormais, como na loucura e na histeria. Esta segunda parte é bem maior do que a primeira. Podemos compará-la a um iceberg, onde só um nono dele aparece acima da água. Freud descobriu, depois de muita pesquisa, que o subconsciente capta pensamentos da infância que geram atos irracionais; é o caso das crenças religiosas. A idéia de Paraíso e de Inferno são reflexos das esperanças que se formam no homem durante sua infância, porém, ele não teve oportunidade de realizá-las, e portanto permanecem enterrados no subconsciente. Este, por sua vez, impõe uma outra vida onde pode conseguir tudo o que deseja, a exemplo da pessoa que não consegue o que quer na vida real, mas consegue-o em sonho. Assim, surgiu o complexo de diferenciação entre os crimes sociais grandes e pequenos, e dele derivou-se uma teoria de nível cósmico. Ralph Linton diz: "A crença num ser onipotente, ditador, que só admite submissão total, foi a primeira coisa produzida pela sociedade semítica. Quem criou 4. Idem. 5. Revista "Iqbal Review", Abril de 1962. 14 esse sistema foi um poder anormal. O resultado foi que a lei de Moisés apareceu com relações extraordinárias detalhadas sobre as proibições em todos os campos da vida humana. Os que acreditaram nessas relações foram as pessoas simples, que recebiam cegamente as ordens de seus pais e as obedeciam. A imaginação judaica do divino é o sonho idealista de um semita, com algo de exagero e de devassidão nas descrições e potencialidades."6 Tereceiro Fundamento: A história. Dizem que as questões religiosos surgiram por razões históricas que cercaram o homem. Ele não tinha capacidade para escapar dos desígnios, das eventualidades, das inundações, dos terremotos e das doenças. Então, criou uma força hipotética à qual apela para salvar-se das desgraças. Daí a razão do surgimento de algo ao redor do qual as pessoas se unem, sem se dividirem. Aventaram o nome de "Deus", Cuja força supera a do homem, e que todos se apressam em aprazê-Lo. O editor da Enciclopédia das Ciências Sociais, no subtítulo "religião", diz: "Entre as coisas que ajudaram na criação da religião, a situação política e social desempenhou um papel muito importante. Os nomes e os atributos divinos surgiram das situações que imperavam na terra. A crença em que Deus fosse o Soberano é uma das figuras da soberania terrena. A soberania celestial é uma cópia fiel da soberania terrena. O soberano na terra era o juiz supremo; então, Deus passou a ter esses atributos e foi denominado "Juiz Supremo" o Qual julgará o homem pelo bem e pelo mal. Essa crença judiciária, que diz que Deus é julgador e castigador, não se encontra apenas no judaísmo, mas tem posição básica nas crenças religiosas, cristãs e muçulmanas."7 "O cérebro do homem criou a religião e a aprefeiçoou extribado na sua ignorância e incapacidade de enfrentar as forças externas." Julian Huxley acrescenta a essa declaração: "A religião é o resultado de uma relação especial entre o homem e o seu ambiente."8 Diz ainda: 6. "Tree of Culture" (A Árvore da Cultura), Ralph Linton. 7. "Enciclopédia das Ciências Sociais", 1957 vol.13, pág. 233. 8. "Man in the Modern World" (O Homem no Mundo Moderno), pág. 130. 15 "Esse ambiente já está ultrapassado; ele era o responsável por essa relação. Depois do desaparecimento dele e do encerramento da sua relação com o homem, não há mais necessidade para a religião. A crença religiosa atingiu o último ponto benéfico para nós; não consegue mais aceitar as evoluções." O homem inventou uma força além da natureza para elevar o ônus da religião; inventou a magia, então o espiritismo, então a crença divina, até inventar a idéia do Deus Único. A religião, com essas evoluções, atingiu o último estágio de sua vida. Sem dúvida, essas crenças eram, numa época específica das nossas vidas, parte benéfica da nossa civilização. Tais fatos, porém, perderam hoje suas imperiosidades para a evoluída sociedade atual."9 A filosofia comunista considera a religião uma "fraude histórica", baseada em causas econômicas, uma vez que ela analisa a história à luz da economia. Ela considera que os acontecimentos históricos que criaram a religião são o antigo sistema burguês colonialista. Esse sistema hoje está ultrapassado. Que a religião também desapareça junto com ele, diz ela. O filósofo comunista Engels diz: "Todos os valores morais, na sua análise final, são gerados por circunstâncias econômicas."10 A história humana é a história das lutas de classe, durante as quais os burgueses sugaram o sangue dos pobres. O objetivo da criação da religião e das bases morais é a proteção dos direitos dos burgueses. O Manifesto Comunista diz: "A constituição, a moral e a religião são estratagemas da burguesia por trás dos quais ela se protege seguindo a sua ganância". Lenin diz, em seu discurso no Terceiro Congresso da Juventude Comunista, em outubro de 1920: "Não cremos em Deus. Sabemos muito bem que os prelados, os latifundiários e os burgueses invocam o nome de Deus para nos explorar e defender os seus interesses. Rejeitamos veementemente todas essas bases de cunho moral que surgiram de poderes além da natureza, que 9. Idem, pág. 131. 10. "Anti Duhring", Moscou, 1954, pág. 131. 16 não condizem com nossos pensamentos de classe. Afirmamos que tudo não passa de ardil; é um véu sobre as mentes dos agricultores e dos trabalhadores para o bem do colonialismo e do feudalismo. Declaramos que o nosso sistema só segue o fruto de nossa luta proletária. O princípio de toda a nossa organização moral é a conservação dos esforços da classe proletária.11 Este é o caso dos antireligiosos, de acordo com o qual, alguns novos cientistas alegam o que pode ser resumido nas palavras de um médico americano: "A Ciência provou que a religião constitui o mais cruel e o pior logro da história."12 No próximo capítulo, se Deus quiser, vamos verificar, com bases científicas, a veracidade dessa afirmação. 11. Lenin, "Selected Works" (Obras Seletas), Moscou 1947, Vol.II, pág. 667. 12. "Science and Christian Belief" (A Ciência e a Crença Cristã), de C.A Coulson, pág. 4. 17 Segundo Capítulo Crítica à Alegação dos Opositores No primeiro capítulo apresentamos as alegações dos opositores que afirmavam a desnecessidade da religião em nossa época. Na verdade, tal questão não tem nenhum fundamento. Nos capítulos seguintes iremos apresentar os pensamentos básicos da religião, um por um, para verificarmos como era, antes da época moderna. Eis uma crítica geral, contra à dos opositores. PRIMEIRO: A Verdade Sobre a Natureza Falemos primeiro sobre a prova apresentada em nome da biologia, que diz que os eventos acontecem de acordo com a "lei natural", e que não há necessidade de supormos que o causador de tais acontecimentos é um Deus desconhecido. O que melhor foi dito a este respeito é a afirmativa de um sábio cristão: "A natureza é um fato, não uma explicação, porque o que foi descoberto não é um manifesto das causas da existência da religião". A religião nos mostra as causas, os impulsos reais concernentes ao Universo, e o que foi descoberto é o esqueleto visível do Universo. É da ciência moderna o detalhamento dos acontecimentos, e não a explicação do evento. Tudo o que a ciência abrange é a resposta à pergunta: "O que é isto?" Ela não consegue responder à pergunta "Por que?" A explicação que nos diz respeito é relacionada à segunda pergunta. Vamos explicar isso com um simples exemplo: o pintinho vive seus primeiros dias dentro do ovo, do qual sai depois do rompimento da casca. O homem antigo acreditava que Deus o fazia sair. Hoje, porém, através do microscópio, vemos que no vigésimo primeiro dia aparece uma pequena espora no bico do pintinho que ele utiliza para quebrar a casca e dela sair. Tal espora desaparece depois de alguns dias de sua saída. 18 Esta observação, como os pertinazes alegam, eliminou a teoria antiga de que Deus tirava o pintinho do ovo, uma vez que observamos de fato que um período de vinte e um dias fez o evento acontecer. Na verdade, a observação moderna só nos fornece novos elos para o evento, sem fazer-nos descobrir a verdadeira causa. A situação agora mudou; a pergunta não é mais sobre a quebra da casca, mas sobre a espora. A causa verdadeira se esclarecerá quando procurarmos a razão que originou a espora; a razão que sabia prefeitamente que o pintinho iria necessitar de tal espora para sair do ovo. Por isso, só podemos considerar a situação final (a observação microscópica) como sendo uma observação da realidade por meio de uma maneira mais ampla, mas que não é uma explicação do fenômeno. O biólogo americano, Professor Cecil P. Hamann, diz: "A fenomenal transformação dos alimentos em uma parte do corpo era atribuída antigamente a Deus. Hoje, porém, com a observação moderna, passou a ser uma reação química. Eliminou isso, acaso, a existência de Deus? Que força foi que submeteu os elementos químicos, transformando-os em reação benéfica? Depois da entrada dos alimentos no corpo humano, eles passam por várias etapas, através de um sistema próprio. É impossível que exista este sistema extraordinário por acaso. Isso nos obriga a crermos que Deus executa as poderosas leis que Ele criou para a vida."13 O homem antigo pensava que o céu chovia. Hoje, porém, sabemos tudo sobre o processo da evaporação da água do mar até à precipitação da chuva. Todas essas descobertas são quadros da realidade, mas não constituem uma explicação da mesma. A ciência não descobre para nós como essa realidade se tornou lei. Como será que acontece entre o céu e a terra, essa extraordinária ação benéfica, a ponto de os cientistas derivarem dela as leis científicas? A verdade quanto à alegação do homem, após a sua descoberta ao sistema natural, de ter descoberto a explicação do Universo, não é mais que um engano a si próprio. Ele colocou, com essa alegação, um elo do meio da corrente no lugar do elo final. O cientista americano Cecil, acrescentou: 13. "The Evidence of God in an Expounding Universe" (A Evidência de Deus num Universo em Expansão), pág. 221. 19 "A natureza não explica nada. Ela própria necessita de uma explicação." Se você perguntar a um médico: – Qual é a causa de o sangue ser vermelho? Ele responderá: – É por haver no sangue células vermelhas, cada uma das quais com um volume de 1/1750 cm. – Bom! Mas por que as células são vermelhas? – Porque há na célula uma substância chamada de hemoglobina. É uma substância que proporciona a cor vermelha quando se mistura com o oxigênio no coração. – Muito bom! De onde vêm essas células que contêm a hemoglobina? – São fabricadas no fígado. – Estranho! Como é que todas essas coisas são interligadas – sangue, células, fígado etc. – formando um todo para desempenhar sua função com tal precisão? – É o que chamamos de lei natural. – O que quer dizer com a lei natural, doutor? – Queremos dizer as reações internas alheias às forças naturais e químicas. – Mas por que essas forças resultam sempre numa determinada função? Como organizam sua ação, para que os pássaros voem, os peixes vivam na água, o homem exista no mundo com todas as suas capacidades? - Não me pregunte sobre isso, porque minha ciência só fala sobre o que acontece e não por que acontece. Fica claro, com essas respostas, o alcance da eficiência da ciência moderna para explicar as razões e os motivos por trás deste Universo. Sem dúvida que esclareceu muitas coisas desconhecidas de nós. A religião, porém, é a resposta para uma outra pergunta, sem relação com essas descobertas científicas modernas. Se essas descobertas fossem multiplicadas por um milhão, a humanidade continuaria necessitando da religião. Todas essas descobertas são elos importantes da corrente. Porém, o que tenciona substituir a religião precisa explicar completamente o Universo. O Universo, nesta sua situação, é como uma máquina que 20 trabalha dentro de uma caixa; só sabemos que ela está funcionando. Se abrirmos a caixa veremos como a máquina está interligada com engrenagens e polias, umas fazendo girar outras, e veremos todo o seu movimento. Significa, acaso, isso, que descobrimos o inventor da máquina, só porque a vimos trabalhando? Será que podemos entender logicamente que a nossa observação atesta que a máquina é autocriativa, e funciona por si? Se isso não é lógico, como podemos afirmar, então, depois de observarmos os eventos cósmicos, que o Universo se autocriou e é automotriz? O Professor A. Harris aproveitou esse exemplo quando criticou a teoria de Darwin sobre a criação e a evolução; disse: "A dedução de que a seleção natural explica o processo da permanência do melhor, não logra explicar o acontecimento do melhor."14 SEGUNDO: O Inconsciente e o Exemplo Psicológico Tratemos agora do exemplo utilizado pela psicologia que diz que Deus e a outra vida são comparações da personalidade humana, e suas esperanças, em nível universal. Não consigo entender o ponto de dedução nesse exemplo. Se eu mesmo admitir que a personalidade humana e suas esperanças estão presentes de fato e em nível universal, não entendo como a lógica dos opositores poderá anular essa minha alegação! Sabemos que a substância do feto, que só pode ser vista através do microscópio, informa sobre uma pessoa de 1,80 cm de altura; que o átomo que não pode ser visto possui um sistema matemático cósmico parecido com o sistema solar. Não há estranhar que o sistema que vemos, a nível humano no feto, e a nível do sistema solar no átomo, exista também, e de uma forma mais complexa, a nível universal. A consciência e a natureza do homem procuram um mundo totalmente evoluído. Caso essa esperança seja para um mundo real, não vejo nela qualquer um dos caminhos de impossibilidade! Não há dúvida nas afirmações dos cientistas que dizem: o intelecto humano guarda pensamentos que aparecerão depois, numa forma incomum. Só que é uma analogia estranha o fato de nos apegarmos a essa teoria para invalidarmos a religião. É uma analogia fora de lugar; é 14. "Revolt Against Reason" (Revolta Contra a Razão), Arnold Lann, pág. 133. 21 uma dedução incomum de uma realidade comum. Parece-se com quem, ao ver, um escultor fazer um ídolo, diz: "Este é o criador do homem". É vício do pensamento moderno extrair de um evento comum uma evidência incomum. Esta evidência não tem peso, em lógica. Suponhamos que um homem, caminhando na rua, começasse a proferir palavras sem nexo, devido a pensamentos armazenados em sua mente. Poderíamos nesse caso aproveitar tal acontecimento para pesquisar as palavras dos profetas que desvendam o segredo do Universo? Tal dedução não é científica, nem lógica, e prova que quem a usa não possui qualificação para discernir entre as palavras do homem da rua e as palavras dos profetas, e não podem afirmar que esse delírio é o responsável pelo que a religião revelou. Os valores mudam por si, de acordo com as circunstâncias. É errôneo pensarmos que eles estão restritos aos pensadores modernos. Suponhamos que um grupo de habitantes de outros planetas descesse à terra; que eles ouvissem mas não soubessem falar. Suponhamos que procurassem os motivos que faziam as pessoas falarem, e, durante sua pesquisa, tivesse início uma ventania e dois galhos começassem a roçar, produzindo sons. Isso se repetiria até os ventos pararem. Então, seu líder declararia: "Descobrimos o segredo da fala dos humanos: é que suas bocas possuem duas arcadas dentárias; quando uma arcada roça na outra, forma-se som!" Tal descoberta, porém, não desvenda o segredo da fala humana, como também não se pode considerar as palavras profeticas como estranhas, comparando-as ao delírio do homem da rua em estado de loucura ou de histeria. O inconsciente humano, do ponto de vista científico, é originariamente vazio, nada apresentando antes do nascimento do homem. Aloja-se nele através do consciente coisa que o preocupa agora, porque o inconsciente não é mais do que um depósito dos conhecimentos e para as observações que o homem fez durante sua vida, mesmo que tenha sido uma só vez. É impossível armazenar verdades desconhecidas anteriormente. O mais estranho ainda é que a religião transmitida pelos profetas abrange verdades eternas, que não passaram pela cabeça de ninguém em qualquer época. Se o inconsciente é o depósito desses 22 conhecimentos, donde os trouxeram aquelas pessoas que falam sobre coisas ignoradas por elas? A religião transmitida pelos profetas está ligada, de uma forma ou de outra, a todas as ciências contemporâneas: naturais, astronômicas, biológicas, humanas, psicológicas, históricas, civis, políticas, sociais etc.. Todo o evento da história humana tem como fonte o consciente além do inconsciente, e não está livre de erros, mentiras e provas falsas. As declarações dos profetas, porém, estão livres de todos esses vícios, apesar de estarem relacionadas com todas as ciências. Já se passaram vários séculos, em que os últimos corrigiram os primeiros, enquanto as declarações dos profetas continuam verdadeiras através dos tempos e ninguém conseguiu, até agora, apresentar algo de errado em suas declarações; todos os que tentaram falharam. Eis um exemplo utilizado por um grande cientista que alegou ter descoberto um erro científico no Alcorão: James Henry Breasted, diz: "O calendário lunar é muito utilizado no mundo, principalmente no ocidente asiático, devido à influência política islâmica naquela região. Mohammad estabeleceu uma confusão entre o calendário solar e o lunar, que é impossível de imaginar, a ponto de anular a intercalação dos meses. O ano lunar é formado por 354 dias – onze dias a menos de que o ano solar. De modo que, a cada 33 anos acrescenta-se um ano lunar, e a cada século acrescentam-se três anos. Se o mês de Ramadan, por exemplo, cair este ano no mês de junho, daqui a seis anos cairá no mês de abril." Passaram-se 1416 anos desde a Hégira. Como um século solar corresponde a 103 anos lunares, o calendário lunar registrou 43 anos a mais durante este período. A igreja oriental judaica supriu esta falta e escolheu o sistema de intercalação dos meses para tornar solar o seu calendário. Este é o motivo de a Ásia ocidental ainda permanecer utilizando esse inútil sistema antigo, ou seja, o calendário lunar. Não estamos aqui discutindo a diferença entre os calendários solar e lunar, mas há necessidade de esclarecermos que aquilo de que o autor acusou o Profeta do Islam é, na verdade, um erro estúpido cometido pelo próprio autor. O Alcorão nunca proibiu a intercalação dos meses, 23 mas proibiu a antecipação ou o atraso dos meses. O Alcorão diz: "A antecipação do mês sagrado é um excesso de incredulidade." (9:37) Entre os bons costumes que o profeta Abraão estipulou para os árabes foi de tornar sagrados quatro meses do ano, não havendo neles lutas nem disputas, e que são: Zul Qui’da, Zul Hijja, Muharram e Rajab. Os árabes viajavam durante euses meses, com toda liberdade, para cumprirem os rituais da peregrinação. Quando a profanação invadiu as tribos, fizeram a inovação de substituírem um mês não sagrado com um sagrado. Eles colocavam Safar no lugar de Rajab para poderem combater durante o mês sagrado. Esta inovação é que foi descrita no Alcorão como "excesso de incredulidade." Os sábios afirmam que a intercalação dos meses era uma facilidade para os árabes regularem o calendário. Algumas tribos intercalavam um mês a cada três anos para adaptarem o calendário lunar ao solar. Isso nada tem a ver com a antecipação dos meses. O que o Profeta do Islam disse na época da idolatria nada tem a ver com a declaração de James Henry Breasted. Se as palavras do Profeta tivessem tido origem no consciente ou no inconsciente, haveria nelas erros, sem dúvida. Terceiro: A Dedução Histórica e Social Aqueles que se baseiam na história ou na sociedade para apresentar as falhas originais, não estudam a religião de uma forma correta. Por isso, ela parece para eles uma coisa estranha. O exemplo disso é o vermos algo quadrado de um ângulo oblíquo, como triângulo. O erro que eles cometem é por causa de considerarem a religião como um problema objetivo. Colocam na mesma sacola tudo o que é denominado religião, sem nenhuma distinção, em qualquer época da história. Então, à luz dessa coletânea, analisam a verdade sobre a religião. Sua posição está desviada desde o início da jornada. A religião aparesenta para eles, devido a essa posição viciada, um ato social, e não o descobrimento de uma verdade. É sabido que todo aquele que descobre uma verdade tem uma prova cabal. É necessário, quando se procura essas verdades, estudarlhes as evidências e a história à luz da sua prova categórica. Quanto aos assuntos gerados pelos eventos sociais, eles não possuem exemplos 24 cabais, e sua permanência irá depender da necessidade da sociedade por eles. A religião difere totalmente disso. Não é possível procurarmos suas verdades como se procuram as evoluções no campo da arquitetura, da tecelagem, de automobilismo, porque a religião é o conhecimento de uma verdade, completamente aceita ou rejeitada pela sociedade, ou aceita de uma forma parcial. Porém, a religião, seja como for, permanece como verdade única em si, mas difere nas suas formas aceitas. Por isso, é impossível compreendermos as realidades da religião, como mero índice de todas as formas existentes nas sociedades, em nome dela. Tomemos, como exemplo, a palavra "república". É um termo político que designa um determinado sistema de governo. De acordo com essa definição, podemos julgar se um país é republicano ou não. Se, porém, procurarmos o significado de "república" nos sistemas políticos que existem nos continentes, denominados Repúblicas, e afirmarmos que todos esses países são repúblicas, então a palavra "república" fica sem sentido. Em tal caso, a República da China difere da República dos Estados Unidos, da mesma forma que a República do Paquistão difere da República da Índia. Se observarmos todas as descobertas à luz da filososfia da evolução, essa palavra perde de fato o seu sentido, porque a França, que fundou o sistema republicano, irá provar que a república, após o seu surgimento e ascensão, foi representada pela ditadura militar de De'Gaulle. Essa conjectura leva a um resultado estranho: o de não haver necessidade para Deus nas religiões! Pois há um exemplo disso na história das religiões; é o exemplo do budismo, que está totalmente livre da idéia de Deus. Então, um grupo de pessoas acreditou na necessidade de se procurar uma religião sem Deus. Se aceitarmos o pensamento que diz que algo semelhante à religião é necessário ao homem, devido ao despertar da criação e da organização social, então, não há necessidade da existência de Deus; e que se diga: "A religião ideal para esta época deve ser a budista, pois o deus da época atual é sua sociedade; e o seu objetivo político, e o mensageiro desse deus é o parlamento, que orienta 25 o povo a seu bel prazer; os templos desse deus atual não são as mesquitas ou as igrejas antigas, mas as grandes indústrias e as enormes usinas."15 Os pesquisadores modernos possuem um grande poder de criar novos pensamentos que se transformam, de religião de Deus, em idéia de religião sem deus. Isso é gerado pelo método errôneo que eles utilizaram em suas pesquisas, com os olhos tapados a todos os outros pontos científicos, criando uma sombra de dúvida sobre suas tabelas evolutivas. A exemplo disso, a conclusão a que os sociólogos e os humanistas chegaram, com suas pesquisas precisas de que a teoria de monoteísmo é uma espécie de idéia tirada do politeísmo, fê-los extraviarem-se do caminho e se dirigirem para um caminho estranho que desorientou os sábios, e confundiu-se com a evolução, do politeísmo para o monoteísmo. A idéia de politeísmo possuia valores sociais cujo objetivo era que os que acatassem esses préstimos vivessem em paz, com o reconhecimento mútuo entre eles. "A idéia monoteísta, porém, anulava essa possibilidade com a criação de uma teoria da religião superior, cujo resultado foi o início de infindáveis guerras sangrentas entre os povos do mundo. Assim, a idéia monoteísta cavou a sua própria sepultura, por evoluir numa direção contraditória. Esta é a lei do crescimento e da evolução."16 Porém, deixemos, de fato a realidade nesta lista. A história conhecida afirma que o primeiro profeta foi Noé, e ele pregava o monoteísmo. O politeísmo não é do mesmo nível, mas significa que o homem associa Deus com outras divindades, que o fazem aproximar-se d'Ele, que interferem junto a Ele. Na presença dessas verdades, as teorias do desenvolvimento e da evolução caem por terra. A teoria de Marx é a mais fútil dentre este tipo de teorias. Ela afirma que a situação social é a responsável pela formação da sociedade; por outro lado, a época em que as religiões tomaram vulto foi uma era feudal e capitalista; foi a época dos aproveitadores e surrupiadores, o mesmo acontecendo com os pensamentos religiosos e morais que foram gerados nessa época e que possuem a mesma característica dos aproveitadores colonialistas. 15. "Religion Without Revelation" (Religião sem Revelação), Julian Huxley. 16. "Man in the Modern World" (O Homem no Mundo Moderno), pág. 112. 26 Na verdade, a teoria de Marx, cientificamente falando, não possui qualquer valor. Da mesma forma, quando analisada cientificamente e experimentada, não há nada que possa comprová-la. A teoria marxista anula a vontade humana, afirmando que os acontecimentos são provenientes dos agentes dos contratempos econômicos. Isso significa que o homem não possui personalidade. É moldado pelo ambiente, como é moldado o sabão pela temperatura; não possui meios para traçar novos rumos ou trilhar novos caminhos, mas sai a procura de um sistema que sua vida econômica lhe permita adaptar-se. Se isso é verdadeiro, como conseguiu Karl Marx, filho do sistema capitalista, pensar contra os agentes econômicos predominantes em sua época? Teria ele ido até à lua e pesquisado sobre a situação da terra? Em outra expressão: Se é verdade que determinada religião é filha de uma época em particular, como o marxismo não foi filho do sistema econômico de sua época? Se tal situação não pode ser aplicada ao marxismo, como pode ser aplicada à religião? Na verdade, tal pensamento é falso e não possui nenhuma prova científica nem racional. Além do mais, os erros dessa teoria se manifestaram através da experiência russa, onde o marxismo foi adotado por um período de mais de setenta anos, durante o qual a Rússia declarou que a situação produtiva do país havia mudado totalmente, que o sistema agrícola, de troca e distribuição de renda, aconteceu com base não exploratória. Quando Stalin morreu, porém, os próprios líderes russos confessaram que a injustiça e a corrupção eram correntes na sua época; que ele explorava o povo da mesma forma que os povos eran explorados nos países colonialistas. Se levarmos em consideração que a censura rígida que os jornais e os meios de comunicação sofriam, através do quê Stalin conseguiu enganar o mundo que a sua época era a da justiça e da equidade, sem dúvida; essa censura continuou até ao desmoronamento da União Soviética, o que nos faz concluir que as coisas aconteciam por trás das cortinas da propaganda, a exemplo do que acontecia na época de Stalin. Todavia, o vigésimo e o quinquagésimo Congresso do Partido Comunista revelaram tanto as injustiças de Stalin, como os segredos dos governantes russos da época.17 17. Isso foi atestado pelo afastamento de Khruchev em outubro de 1960. 27 Esse sistema, cuja experiência durou quase um século, nos mostra que o homem não muda com a mera mudança do sistema agrícola e de troca. Se a mente humana segue o sistema econômico, por que então encontramos injustiça, corrupção e exploração no sistema comunista russo? O caso da época atual não demora em se transformar em um sofisma científico; uma vez que os cientistas desta época tratam seus casos à luz da ciência moderna, mas esse tratamento é inútil porque baseia-se na ciência absoluta, estamos numa época em que é necessário levar em consideração outras coisas. O exemplo disso é: Se aplicarmos um estudo científico em coisas científicas imperfeitas, esse ato pode acarretar resultados não científicos, imperfeitos e falsos. Em 1964 promoveu-se um congresso internacional dos orientalistas, em Nova Delhi, com um mil e duzentos participantes de todas as partes do mundo. Um dos participantes apresentou um estudo em que ele afirmava que muitos monumentos tidos como construídos por muçulmanos, não são, na realidade, da autoria deles, mas dos reis hindús. Como exemplo, ele citou o farol de Qutb, de Delhi, que dizem que foi o rei Qutbuddin Aibak quem construiu, quando, em verdade foi construído pelo rei hindú Samaudra Jobt, 23 séculos antes. Ele diz que os historiadores muçulmanos erraram ao afirmarem que o construtor do farol foi o Rei Qutbuddin. Para afirmar tal coisa ele se baseou no fato de que usou-se, na construção do farol em questão, algumas pedras que foram cortadas em época anterior à da época do Rei Qutbuddin. Isso parece ser uma prova científica, uma vez que algumas pedras do farol são, de fato, do tipo descrito pelo cientista. Porém, será que é suficiente olharmos algumas das pedras do farol para descobrirmos o seu construtor? Não haveria, acaso, outras coisas para serem observadas? Tal afirmativa não se aplica à totalidade do farol, pois há uma outra explicação que diz que essas pedras velhas vieram de construções antigas, como se dá o caso em muitas construções históricas em pedra. Não há inconveniente em aceitarmos essa explicação, uma vez que quando vemos o farol de Qutbuddin à luz de seu estilo arquitetônico, suas plantas e planejamento, bem como a mesquita inacabada a seu lado, e o outro farol incompleto, chegamos à conclusão de que a primeira explicação é uma comparação falsa, baseada em erros. 28 Este é o caso dos opositores. Eles acreditaram que os argumentos científicos modernos anularam a religião, tanto que, se olharmos detalhadamente a realidade ampla, chegaremos a uma conclusão totalmente diferente da primeira. O fato que me convence da veracidade da religião é que muitas mentes exemplares, depois de terem deixado a religião, começaram a delirar com palavras sem nexo, perdidas nas trevas, ou seja, o homem, depois de perder a base da religião, não encontra outro arrimo para seus pensamentos. Os nomes que constam da lista dos opositores, em sua maioria, são de mentalidades importantes. Porém, depois de deixarem a religião, começaram a escrever coisas sem sentido, a ponto de nos deixarem em dúvida, sem entendermos como tais palavras foram escritas por sábios. O registro produzido por eles abrange fábulas e opiniões conflitantes, confissões de desconhecimento da verdade, bem como abrangem exemplos parecidos com sofismas. A falsidade deles demonstra que fecham os olhos às verdades patentes. Eles construíram pontes imaginárias de alegações, com seus exemplos representados pela irregularidade. Isso é atributo dos casos falsos. Os casos verdadeiros, porém, baseiam-se em provas científicas fixas e não peculiares. A verdade da religião e o sofismo dos opositores transparecem mais quando olhamos o quadro da vida humana à luz da religião. É um quadro lindo, delicado, que se coaduna com os pensamentos sublimes do homem, da mesma forma que as leis matemáticas se coadunam com o Universo. É um quadro contrário ao que traçam os opositores, que apresentam um quadro disforme, que não se coaduna com a inteligência humana. Vejamos o que diz Bertrand Russel. "O homem é fruto de agentes sem objetivo. Seu nascimento, crescimento, temor, suas esperanças, paixões e crenças, tudo é resultado de um sistema matemático que combina com o sistema do átomo. O túmulo é o destino final do homem. Nenhuma força será capaz de ressuscitá-lo. Todos os esforços, sacrifícios, belos pensamentos, heroísmos geniais, serão enterrados para sempre juntamente com o desaparecimento do sistema solar. Toda luta humana será enterrada juntamente com a terra, após a destruição do Universo. Se esses pensamentos não fossem conclusivos, seriam os mais próximos da 29 realidade, a ponto de dizermos que qualquer filosofia que tentasse negálos falharia."18 Essa citação é o resumo do pensamento materialista. O Universo, à luz desse pensamento, quase perde os seus objetivos, não restando mais que as trevas, onde enfraquecem as medidas do bem e do mal, sendo que a eliminação do homem pelas bombas não é considerada injusta, uma vez que, cedo ou tarde irá desaparecer. O pensamento religioso, porém, é o pensamento da luz e da esperança. A vida e a morte estão interligadas a ele, com objetivos determinados, e todos os valores e os sublimes pensamentos encontram espaço nele. Mesmo que alguns cientistas, para corroborarem seus pensamentos com as leis matemáticas, creiam que alcançaram a verdade, a corroboração da mente humana com o pensamento religioso é uma prova conclusiva de que ele é a verdade procurada pela natureza humana. Então, não encontramos fundamentos reais para negarmos o valor do pensamento religioso. Esta é a medida científica que o matemático americano, o professor Earl Chester Rex cita, dizendo: "Utilizo, em minhas pesquisas, a medida científica islâmica, usada para escolher entre dois ou mais pensamentos diferentes sobre a mesma verdadade. É a medida que, de acordo com ela, escolhemos o pensamento que traduz de uma forma simples os problemas conflitantes. Os cientistas adotaram essa medida para escolherem entre as teorias de Ptolomeu e Copérnico. A primeira dizia que a terra era o centro do sistema solar, enquanto a outra dizia que o sistema solar é onde a terra se encontra. A teoria de Ptolomeu era extremamente complexa e por isso os cientistas a rejeitaram."19 Não há objeção quanto ao fato de que essas provas não convenceram muitas pessoas, pois as portas de suas mentes materialistas estavam cerradas, ignorando, por mais científica que fosse, a conversa sobre Deus e religião. É certo que esta sua posição não é tomada por causa que as nossas provas são fracas, mas é resultante do fanatismo que eles nutrem contra os pensamentos religiosos. O cientista britânico, James Jeans, um dos mais famosos cientistas da era moderna, falou a verdade 18. "Limitations of Science" (Limitações da Ciência), pág. 133. 19. "The Evidence of God" (A Evidência de Deus), pág. 179. 30 quando disse em seu livro "Mysterious Universe" (O Universo Misterioso): "Nossas mentes estão repletas de fanatismos, e escolhem a explicação materialista das realidades."20 Wittaker Chambers, em seu livro "Witness" (O Testemunho), cita um caso em que podia ser o ponto de mudança em sua vida. Lembra que enquanto olhava para a sua filha, os ouvidos dela lhe chamaram a atenção. Então começou a pensar que seria impossível que houvesse, por mera coincidência, algo tão complexo e preciso como os ouvidos. Seria necessário que fosse o resultado de uma vontade preparadora. Ele, porém, repeliu tais pensamentos de sua mente, para não ser obrigado a crer, logicamente, no Ser que preparou aquilo, porque sua inteligência não estava preparada para receber esse último pensamento. O Professor Doutor Thomas Daywood Parkes, depois de comentar as considerações acima mencionadas, diz: "Conheço um grande número de professores universitários e de colegas cientistas meus que enfrentaram muitas vezes tais sentimentos, quando faziam experiências químicas e naturais nos laboratórios."21 Há consenso entre os cientistas desta época quanto à Teoria da Evolução. Ela passou a ocupar, de fato, todos os ramos das ciências modernas. Em todo o caso que necessitava de Deus para a sua explicação, colocavam, sem vacilação, essa teoria. Este é um dos lados da teoria. O outro lado, porém, o lado tenebroso, que afirma que a Teoria da Evolução Orgânica é tirada da Teoria da Evolução, continua até hoje sem provas nem exemplos científicos! Muitos cientistas afirmaram que só acreditam nessa teoria; isso porque não possuem qualquer substituto para ela, além da crença direta em Deus!" Sir Arthur Keith escreveu: "A Teoria da Criação e da Evolução não é certa, cientificamente falando, nem é possível comporvá-la com exemplos. Só cremos nela porque a única alternativa, além dela, é a crença imediata na criação direta, e não é possível nem mesmo pensar-se nisso"22 20. "Mysterious Universe" (O Universo Misterioso), pág. 189. 21. "The Evidence of God" (A Evidência de Deus), págs. 73-74. 22. Revista "Islamic Thought" (O Pensamento Islâmico), Dezembro de 1961. 31 Confesso aqui a minha incapacidade de convencer aqueles que são dominados pelo fanatismo cego da explicação materialista, em detrimento da religião. Esse fanatismo tem raízes profundas, como afirma um cientista americano: "A existência da crença divina é razoável, e a negação de Deus é um sofisma insuficiente para o homem escolher um lado da crença divina. As pessoas pensam que a crença em Deus irá tirar-lhes a liberdade de pensamento, crença essa que, no conceito deles, escravizou as mentes dos cientistas. Portanto, qualquer pensamento que limita essa liberdade incentiva-lhes a ferocidade."23 De acordo com isso, Julian Huxley afirma que a profecia é a manifestação da superioridade, de uma forma incomum, que não pode ser aceita. Ou seja, o significado da crença num profeta é o de se crer que suas palavras sejam palavras de Deus, e então executamos, expontânea ou forçadamente, tudo que nos ordena. Porém, se o homem é criado e não criador, adorador e não adorado, como pode eliminar as verdades com meros pensamentos que brotam em sua mente?… Nós não podemos mudar as realidades; podemos, sim, reconhecê-las ou crer nelas. Se não desejamos ser iguais à avestruz, é melhor nos submetermos à verdade, antes de perdermos a oportunidade. Se negarmos a verdade, em nada poderemos prejudicá-la; só prejudicaremos a nós mesmos, na outra vida. 23. George H. Blount, "The Evidence of God" (A Evidência de Deus), pág. 130. 32 Terceiro Capítulo O Método de Dedução Científica A questão da época atual contra a religião é a questão do método de dedução, ou seja, o método novo que a ciência moderna descobriu com as suas evoluções nos inúmeros campos, de tal forma que não é mais enfrentada com convocação e com crenças religiosas. Esse método moderno é o conhecimento da verdade por intermédio da experiência e da pesquisa, num tempo em que as crenças religiosas se relacionam com o mundo de nosso subconsciente, sem possibilidade de se submeter à experiência. Toda a religião é construída sobre comparações e deduções e é isso que a torna falsa, porque não tem base científica.24 A questão da época atual contra a religião é falsa porque não tem base científica. O novo método não refuta a existência de coisas que não foram diretamente experimentadas, como não refuta a comparação de coisas que não vimos com coisas que vimos experimentalmente; isso é chamado "comparação científica". É considerado como experiência direta, porque a experiência não é considerada verdade científica, só por ter sido observada: como a comparação não é nula só porque é comparação. A possibilidade, tanto da verdade como da falsidade, ocorre por igual. As pessoas antigamente construíam os navios de madeira, porque acreditavam que na água só boiava o material com menos peso que ela. Quando alguns afirmaram que os navios de metal boiavam como os de madeira, foram desacreditados e foram alvo de escárneo. Um ferreiro pegou um pedaço de ferro e jogou num balde de água para mostrar às pessoas que um pedaço de qualquer metal, afundava no balde. Tal ato 24. Como exemplo, os religiosos, se desejam confirmar a existência de Deus, não usam para tal o telescópio, mas presumem que o sistema Universal e seu espírito extraoridinário demonstram que há por trás deles uma inteligência Divina. Este exemplo não confirma diretamente a existência de Deus, mas atesta a relação necessária para a fé em Deus depois de se ter acreditado n'Ele. 33 foi uma experiência falsa, pois se o metal utilizado tivesse o formato de uma concha, teriam-no visto flutuar e corroborar a afirmação daquele que disse que os navios flutuariam. No início do século XX tínhamos telescópios fracos. Quando olhávamos o céu através de tais telescópios, víamos corpos de intensa luminosidade. Deduzíamos que seriam nuvens de vapor e gás, em um estágio anterior ao de se tornarem estrela. Mas quando fizemos telescópios mais potentes e observamos os corpos novamente, soubemos que esses inumeráveis corpos luminosos eram a formação de muitas estrelas que pareciam nuvens, devido à enorme distância entre eles e a terra. Assim, verificamos que a experiência e a observação não são os únicos meios da ciência, e esta não está restrita aos assuntos observados com a experiência direta. Inventamos muitas máquinas e meios modernos para observação mais ampla. Porém, as coisas observadas com tais meios muitas vezes são superficiais, sem importância proporcional. As teorias extraídas de tais observações são assuntos que devem ser examinados. Os que examinam a ciência moderna verificam que a maioria das suas opiniões é "o resultado das observações, e que tais opiniões não são experimentadas em seguida, pois algumas observações levam os cientistas a acreditarem na existência de algumas verdades axiomáticas. Os cientistas de nossa época não conseguem expressar-se sem utilizar as palavras: "força", "energia", "natureza", "lei da natureza" etc.. Eles, porém, não sabem o que seja "força, energia, natureza e lei da natureza." Criaram palavras que expressam fatos conhecidos para explicarem causas desconhecidas. Esses cientistas não conseguem traduzir especificamente essas palavras, da mesma forma que o religioso não consegue explicar os atributos de Deus. Ambos creêm em causas desconhecidas. O Dr. Alexis Carrel diz: "O nosso universo, graças às magníficas descobertas da física e da astrofísica, tornou-se duma espantosa grandeza."25 A ciência moderna não alega, nem mesmo consegue argumentar que a verdade está restrita aos nossos conhecimentos adquiridos através da experiência direta. Na verdade, a água é líquida, e podemos observar 25. O Homem, Esse Desconhecido, pág. 31. 34 essa verdade a olho nú. Mas, a verdade é que cada molécula de água é composta de dois átomos de hidrogênio e um átomo de oxigênio, e é impossível observarmos essa verdade científica mesmo com o auxílio do mais possante microscópio do mundo. Mas foi confirmado pelos cientistas, por dedução lógica. O Professor A.E. Mander diz: "As verdades que conhecemos diretamente são chamadas de fatos perceptíveis, apesar de os fatos que conhecemos não se restringirem aos fatos perceptíveis. Há muitos outros fatos que não conhecemos diretamente, mas chegamos a eles de uma forma ou de outra. Nosso método para isso é a descoberta. Esse tipo de verdade é o que chamamos de fatos inferidos. O mais importante aqui é entendermos que não há qualquer diferença entre os dois fatos, a não ser na denominação, pois conhecemos a primeira diretamente e a segunda, por intermédio de algo. Mas a verdade sempre é a verdade, quer a conheçamos por observação ou através da descoberta."26 Mander acrescenta: "Muito pouco das verdades universais é captado pela percepção. Como podemos conhecer o muito que resta? Há um meio: é a descoberta ou a dedução da causa. Ambos são meios intelectuais que iniciamos com verdades conhecidas, e chegamos a uma teoria de que tal coisa existe aqui, mesmo que não a vejamos nunca."27 Aqui perguntamos: Como podemos utilizar-nos da constatação lógica de coisas que nunca vimos? Como podemos chamar essa constatação, de acordo com o requisito da mente, de verdade científica? O próprio Mander responde a pergunta: "O sistema explanatório é verdadeiro, porque o Universo é racional". Todo o Universo está interligado, suas verdades são compatíveis, e o seu sistema é admirável. Por isso, qualquer estudo das suas verdades, é nulo. Mander diz a este respeito: "Os eventos tangíveis fazem parte das verdades universais. Essas verdades, porém, captadas pelos sentidos, são parciais, e não são 26. A.E. Mander, "Clearer Thinking" (Pensamento Esclarecedor), pág. 46. 27. Idem., pág. 49. 35 interligadas. Se as separamos das suas congêneres, perdem totalmente o seu significado. Se as estudarmos à luz das muitas verdades que conhecemos, direta ou indiretamente, captaremos sua veracidade." Então ele apresenta um exemplo para explicar isso, dizendo: "Vemos que, ao morrer, o pássaro cai no chão. Sabemos que precisamos de força para levantar uma pedra; observamos que a lua gravita no espaço, e sabemos que subir a montanha é mais difícil que descê-la. A cada dia observamos muitas realidades que não têm nenhuma relação uma com a outra; então conhecemos uma realidade constatada, que é a "lei da gravidade". Aqui, todas essas realidades se interligam, e descobrimos, pela primeira vez, que todas estão inteiramente interligadas dentro do sistema. O mesmo caso acontece com os eventos sensíveis, se os analisarmos separadamente. Não encontramos entre eles qualquer organização. São separados e não interligados. Mas quando ligamos os eventos sensitivos com as realidades descobertas, aparece um quadro organizado para as realidades."28 A lei da gravidade não pode ser nunca observada, e todas as coisas que os cientistas observaram não representam em si a lei da gravidade, mas outras realidades, por causa das quais, logicamente, crêem na existência dessa lei. Hoje essa lei é aceita cientificamete. É a lei descoberta por Newton. Mas, qual é a realidade dessa lei, do ponto de vista experimental? Eis o Newton, escrevendo para Bently, dizendo: "É um caso intrigante encontrarmos uma matéria inanimada e insensível influenciando outra matéria, apesar de não haver qualquer relação entre elas."29 Uma teoria complexa e incompreensível, impossível de ser observada, é considerada hoje, sem discussão, uma verdade científica! Por que? Porque explica algumas observações! Então, não há necessidade de que a verdade, como sabemos, seja comprovada com experiência; então seguimos dizendo que a crença no desconhecido, que liga algumas observações e explica o seu conteúdo geral, é considerada verdade científica do mesmo nível. 28. "Clearer Thinking" (Pensamento Explanatório), pág. 51. 29. Trabalhos de W. Bently III, pág. 221 36 O Professor Mander diz: "A afirmação de que conhecemos a verdade significa que conhecemos o seu significado. Em outros termos, é que pesquisamos sobre a existência de alguma coisa e sobre sua situação, e o explicamos. A maior parte das nossas crenças está nesse rol. São na realidade "explicações de observações." Ele continua falando sobre as verdades observadas: "Quando fazemos alguma 'observação', queremos dizer algo além da observação sensorial absoluta. Significa 'observação sensorial' e 'conhecimento', no que se refere a questão da interpretação."30 A Teoria da Evolução Orgânica Será que esta é a base científica, que fundamentados nela, os cientistas concordaram quanto à veracidade da Teoria da Evolução orgânica, como disse Mander? "Será que confirmou-se a veracidade dessa teoria, de tal modo que podemos considerá-la 'a coisa mais próxima da verdade?'"31 Simpson diz a este respeito: "A Teoria da Evolução é uma verdade patente, e não é uma medida ou uma consideração manipulada para a pesquisa científica.32 O editor da Enciclopédia Britânica acredita que a Teoria da Evolução nos animais é "verdadeira", e que essa teoria conseguiu um consenso geral entre os cientistas e intelectuais após Darwin. R. S. Lyll diz: "A Teoria da Evolução continua ganhando apoio cada dia maior, após Darwin, a ponto de não haver dúvida entre cientistas e intelectuais de que essa é a única explicação lógica que traduz detalhadamente o ato da criação."33 Será que essa teoria, cuja veracidade tem concenso entre os cientistas, foi observada por alguns deles, ou experimentada em laboratório? Não! Isso é impossível. A alegação da evolução é complexa; 30. Idem, pág. 113. 31. "Clearer Thinking" (Pensamento Explanatório), pág. 56. 32. "Meaning of Evolution" (O Significado da Evolução), pág. 127. 33. "Organic Evolution" (A Evolução Orgânica), pág. 15. 37 depende de um passado muito distante e é inútil perguntar sobre a sua experiência e observação. É, de acordo com Lyll, uma "explicação lógica" para traduzir os fenômenos da criação; não é uma observação real. Foi essa a causa que levou Sir Arthur Keith, o defensor entusiasta da Teoria da Evolução a se conformar com que essa teoria não é uma observação ou experiência, mas é uma mera crença. Ele diz: "A Teoria da Evolução é uma crença básica no sistema mental".34 Uma enciclopédia diz que a Teoria de Darwin é uma teoria baseada numa explicação sem provas."35 Será que faz com que seja algo inobservável e impossível de ser experimentado como uma verdade científica? Mander cita as causas disso, apontando: 1. Essa Teoria se coaduna com todas as realidades conhecidas. 2. A teoria inclui explicações para muitos fatos que só podem ser compreendidos através dela. 3. Não surgiu ainda uma outra teoria que se coadunasse às realidades com tanta precisão.36 Se esses exemplos são suficientes para tornar a Teoria da Evolução numa verdade científica, com maior ênfase, e de uma forma mais completa, encontram-se também na religião. A afirmativa da aceitação da Teoria da Evolução, e a negação da religião do ponto de vista científico, não significa em absoluto do que o caso dos opositores seja o de dedução científica, mas está relacionado com o "resultado". Se a mesma dedução afirmasse um caso natural absoluto, os opositores a aceitariam, mas a rejeitariam se afirmasse um caso de cunho divino, porque seria indesejável para eles. A Questão do Estabelecimento da Verdade Com isso não se pode afirmar que a religião seja a "crença no incognoscível" e que a ciência seja a crença na "observação científica". Ambas, religião e ciência, contam com a crença no incognoscível. Porém, o círculo verdadeiro da religião é o círculo do estabelecimento, de uma vez por todas, da "Verdade". A pesquisa da ciência se restringe aos 34. "Revolt Against Reason" (A Revolta Contra a Razão), pág. 112. 35. Idem, pág. 111. 36. "Clearer Thinking" (Pensamento Explanatório), pág. 112 38 fenômenos primários e exteriores. Quando a ciência penetra o campo do estabelecimento final da verdade, ou seja, o campo em que ela denuncia a religião, é necessário agirmos no "segundo campo", como disse Sir Arthur Adinginn. "O nosso mundo, na época atual, atua em duas armações ao mesmo tempo. Uma é geral, que o homem normal utiliza, que pode ser tocada e vista. A outra, porém, é a "armação científica", a maior parte da qual está no espaço onde os elétrons gravitam, irrestritos e invisíveis." Sir Arthur continua, dizendo: "Assim encontramos para cada coisa uma figura com duas faces: uma é observável e a outra é ideológica, sem chance de ser observada, mesmo com o uso de microscópio ou telescópio.37 A primeira face é observada pela ciência, e é vista a grande distância, mas não consegue afirmar que observa a outra face. O mal da ciência moderna é que ela emite uma opinião a respeito de uma determinada coisa, depois da observação dos fenômenos desta. O "outro campo", porém, é o campo do conhecimento e o estabelecimento das realidades das coisas. A ciência, nesse campo, está a procura das realidades desconhecidas por intermédio de ralidades conhecidas. Quando um cientista reúne uma quantidade razoável de "realidades observadas", sente a necessidade de estipular uma teoria ou suposição científica. Com termos mais precisos, sente a necessidade de um pensamento dogmático e intuitivo que tem o papel de explicar as observações, e as interligar. Se tal pensamento for bem sucedido, de uma forma completa na explicação das realidades, passa a ser uma realidade científica, mesmo que não tenha nunca sido observada, como foram observadas as outras realidades que conhecemos através da observação científica. Isso significa que o cientista crê na existência de algo desconhecido, devido ao aparecimento de seus resultados e seus vestígios. Toda a verdade em que cremos é sempre uma suposição, no início, até que descubramos novas verdades que dêem apoio à sua veracidade. Então, a nossa convicção vai aumentando até alcançarmos a certeza. Se as deduções não forem suficientes, ela é abandonada. Dentre os exemplos dessas realidades citamos o do átomo, que não pode ser negado, apesar 37. "Nature of the Physical World" (A Natureza do Mundo Físico), págs. 7-8. 39 de não ser observado de forma conhecida, mas considerado a maior verdade científica descoberta nesta época. Este é o motivo que levou um cientista apresentar as teorias científicas da seguinte forma: "As teorias são quadros mentais que explicam leis conhecidas." A Veracidade das Teorias Científicas As verdades conhecidas no mundo como "verdades observadas", não são verdades observadas de fato, mas são explicações de algumas observações, porque a ponderação humana não pode ser descrita como completa. Por isso, todas essas explicações são consideradas suplementares e possivelmente mudam com a evolução da observação. O Professor Sullivan, depois de criticar as teorias científicas, diz: "A exposição das teorias científicas afirma que o significado da 'teoria científica verdadeira' constitui 'hipóteses práticas bem-sucedidas'. É possível que todas as teorias científicas sejam falsas, porque as teorias que consideramos hoje 'verdades', não são mais que considerações dos nossos meios limitados de observação. O caso da verdade no mundo científico continua sendo 'um caso pragmático.'"38 Os cientistas, apesar disso, continuam considerando que o objetivo que explica suas observações não é inferior ao valor da própria "verdade observada." Eles não conseguem dizer que só as verdades observadas são a ciência e que todas as outras teorias explanatórias não entram no círculo da ciência, porque não são observadas… Na verdade, isso é o que denominamos "crença no incognoscível." É, em relação aos crentes, cega, mas é a melhor explicação para as verdades que os cientistas observam. A exemplo dos cientistas que rejeitaram a teoria da luz, apresentada por Newton, conhecida pelo nome: "Teoria Corpuscular da Luz", porque ele não conseguiu explicar, no seu tempo, os fenômenos modernos da luz, nós hoje rejeitamos os pensamentos dos filósofos ímpios, porque falharam em explicar os fenômenos da natureza. A fonte das verdades religiosas é a mesma utilizada pela ciência moderna para comprovar alguma teoria científica. Chegamos finalmente à conclusão, depois de estudarmos as verdades observadas, que a 38. J. W. N. Sullivan, "Limitations of Science" (As limitações da Ciência), pág. 158. 40 explicação da religião quanto à natureza foi o núcleo da verdade, imutável, no decorrer dos tempos, no tempo em que toda teoria formulada pelo homem, há um século atrás, mais ou menos, é rejeitada agora ou está em dúvida. Se a religião diz a verdade, então, a cada passo que dermos, a observação demonstrará que cada nova descoberta científica é uma comprovação das verdades religiosas. Nos próximos capítulos discutiremos os pensamentos religiosos a partir desse ângulo. 41 QUARTO CAPÍTULO A Natureza dá Testemunho da Existência de Deus A igreja cristã publicou um livreto na índia sob o título: "A natureza e a Ciência Falam sobre Deus". Creio que este é o melhor título que se podia dar a esse livreto. A maior prova da existência de Deus é a Sua criação, coisa que está à nossa frente. E as verdades naturais mais sólidas que conhecemos nos levam a crer que, indubitavelmente, este mundo tem um Deus Único. Não conseguirmos entender a nós mesmos ou a vastidão de todo o Universo, se não tivermos crença na existência de Deus. A existência do Universo e o sistema fabuloso que ele abrange, seus segredos minuciosos, não podem ser explicados, a menos que uma força os tenha criado. Esta força é ilimitada e não é cega. PRIMEIRO – Teoria da Dúvida na Existência Há um pequeno grupo de pensadores que duvidam da existência dessa força. Crêem também que nem o homem, nem o Universo existem, que a existência nada mais é que a inexistência absoluta. Se aceitarmos esse pensamento, sem dúvida a questão de Deus ficará confusa para nós. Porém, quando cremos que o Universo existe, somos obrigados, em seguida, a crer em Deus ou na Força Criadora, como a denominamos. É impossível crermos na existência do nada absoluto. Este é um falso silogismo. Essa dúvida na existência do Universo, e que de vez em quando toma a forma da teoria de "agnoticismo", pode ser considerada uma piada filosófica, sem nenhuma relação com a verdade. Quando pensamos, nosso pensamento é, em si, prova absoluta de que existimos.39 Quando tropeçamos, em nosso caminho, em pedras e sentimos dor, isso prova de que há um mundo que existe por si, além da nossa existência. Assim, os 39. O autor está utilizando a famosa expressão filosófica: "Penso, logo existo". (N.T.) 42 nossos sentidos captam, a todo instante, inúmeras coisas, que nos proporcionam dor, alegria, sabor etc.. Esses sentimentos são provas para cada indivíduo de que ele existe num Universo e que possui a sua própria existência. Então, se alguém duvidar da sua própria existência e da existência do Universo, isso é um caso excepcional, isolado, sem relação com a experiência de milhões de pessoas. Diremos acerca desse indivíduo único: que ele perdeu a sua razão e esqueceu até de si próprio. Além disso, se aceitarmos que o próprio Universo não existe fora de nós mesmos, isso não é prova suficiente e necessária para a não existência de Deus. De qualquer forma, a teoria da dúvida é a única que não admite a existência de Deus, com tudo que abrange de ignorância, sofismo e irrealidade. É uma teoria sem sentido, incompreensível para a maioria das pessoas, e não conseguiu ser aceita no mundo científico. A Existência e a Criação O homem e o mundo comuns crêem, em qualquer circunstância que prove que eles existem e que o Universo existe. Com base no conhecimento e nessa crença, todas as atividades científicas e biológicas são edificadas. Se crermos na existência do Universo, então será necessário crermos, logicamente, no Deus desse Universo. De modo que, não tem sentido crermos nas criaturas e negarmos a existência do Criador. Nada conhecemos que surgisse do nada, sem ser criado. Qualquer que seja o volume de qualquer coisa, grande ou pequena, possui um criador. Como, então, podemos crer que um Universo igual ao nosso surgiu do nada, sem ter um Criador? John Stuart Mill, em sua biografia, cita que seu pai lhe ensinou que a pergunta: "Quem me criou?” não é suficiente para afirmar a existência de Deus, pois suscita, automaticamente a pergunta! "Quem criou Deus?" Bretrand Russel considerou esta segunda pergunta suficiente para negar a primeira.40 Nós sabemos que esse exemplo é muito antigo entre os ateus. A exigência disso é que se supormos um Criador para o Universo, necessitaremos considerá-Lo eterno! 40. Morton White, "The Age of Analysis" (A Idade da Análise), págs. 21,22. 43 O Eterno – Criador ou Matéria? Se necessitamos considerar a eternidade do Criador, porque não cremos na eternidade do Universo? Essas palavras não têm sentido, porque não conseguimos qualquer descrição do Universo que afirma que ele se criou por si. Esse exemplo tinha seu valor até o século XIX. Hoje, porém, após a descoberta da Segunda Lei da Termodinâmica, vemos que tal exemplo perdeu toda base que possuía. Essa lei, chamada de "Lei da Entropia", afirma que o Universo não pode ser eterno. Ela nos diz que a temperatura está sempre mudando, de quente para frio. O inverso é impossível, ou seja, a mudança constante dessa temperatura de baixa para alta. A lei da entropia é o equilíbrio da temperatura entre os corpos. De acordo com esta importante descoberta científica, a potência do Universo diminui dia a dia. Vai chegar o instante em que a temperatura de todas as coisas existentes estará em equilíbrio. Não restará mais nenhuma energia útil para a vida e para o trabalho. Isto feito, todas as reações químicas e naturais acabarão e, automaticamente, terminará a vida. Partindo-se dessa verdade que afirma que as reações químicas e naturais estão em movimento, e que a vida existe, é confirmado para nós que o Universo não é eterno, pois se fosse eterno teria perdido a sua energia havia muito tempo, de acordo com esse princípio, e não teria sobrado no Universo um só sopro de vida. Essa investigação científica moderna é citada por um antropologista americano, o Professor Eduard Luther Kasill, que diz: "Dessa forma, as pesquisas científicas confirmam, inadvertidamente, que este Universo teve início e, em consequência, ficou confirmada a existência de Deus, porque tudo que possui início, não pode se iniciar por si; necessita de um impulso inicial, o Criador, Deus."41 Sir James diz o mesmo: "A ciência moderna crê que o princípio da Entropia permanecerá até terminar toda a energia do Universo, e esse processo não chegou ainda ao fim, porque se tal acontecesse, não 41. "The Evidence of God" (A Evidência de Deus), pág. 51. 44 existiríamos na face da terra, e nem estaríamos pensando nela. Esse processo se aproxima com velocidade, juntamente com o tempo. Portanto, é preciso que tenha início; é necessário que tenha havido um processo no Universo, que podemos chamar de "criação num determinado tempo", portanto, não é possível que o Universo seja eterno.42 Há muitas testemunhas naturais afirmando que o Universo não existia desde a eternidade, e que possuía um período limitado. A título de exemplo, vemos a astronomia atestando que o Universo está em permanente expansão; de que todas as galáxias e os corpos celestes estãose distanciando com uma fabulosa velocidade. Poderemos explicar tal situação, se considerarmos um início em que as partes estavam centralizadas e aglomeradas; então, começou o movimento e surgiu a temperatura. Os cientistas calculam que o Universo surgiu como consequência de uma "explosão" anormal que ocorreu há 5 trilhões de anos. A crença nessa descoberta científica, de que o Universo tem uma vida limitada, choca-se com a negação da existência. O exemplo daquele que crê no acontecimento do Universo, mas o nega por causa da existência de seu Criador, é o mesmo daquele que alega que o palácio de Taj Mahal construiu-se por si próprio, sem o concurso dos construtores e dos engenheiros, apesar de se admitir que foi construído no século XVII, e que não existiu desde a eternidade. SEGUNDO - As Descobertas Astronômicas A astronomia nos esclarece que o número das estrelas, no céu, é parecido com o número dos grãos de areia existentes nas praias do mundo. Há entre elas aquelas que são um pouco maiores que a terra, mais a maior parte é muito grande, a ponto de podermos colocar, em uma só, milhões de estrelas do tamanho da terra, e permanecer ainda local vago nela. O nosso Universo é muito vasto. Para compreender isto, suponhamos um avião imaginário, andando à velocidade de 300 mil quilômetros por segundo, e que este avião esteja girando em órbita do Universo. Tal viagem imaginária levaria um bilhão de anos. Acrescenta42. "The Mysterious Universe" (O Misterioso Universo), pág. 133. 45 se a isso o fato de que o Universo não está em repouso, mas está em expansão contínua, sendo que, após um bilhão e trezentos milhões de anos essas distâncias duplicarão. Com efeito, esse avião imaginário não conseguiria completar a órbita em torno do Universo, permanecendo na sua viagem para sempre, devido à expansão constante do Universo.43 Quando o céu está claro, conseguimos ver a olho nú de cinco a seis mil estrelas aproximadamente. Esse número, porém, alcança os dois milhões de estrelas quando usamos um telescópio comum. O telescópio mais possante do mundo é do monte Palomar, no Estados Unidos da América, através do qual dá para observarmos bilhões de estrelas. O cosmo é muito vasto; nele se movem astros e planetas incontáveis, com uma velocidade extraordinária. Alguns seguem suas trajetórias isoladamente, outros seguem aos pares, e outros em forma de galáxias. Se observarmos a luz do sol que penetra pela nossa janela, veremos que há muitos corpúsculos de pó que se movem através do ar. Se conseguirmos imaginar isso de uma forma bem maior, conseguiremos algo sobre os astros do Universo, com a grande diferença de que os corpúsculos de pó se movem e se chocam entre si. Os corpos celestes, porém, apesar de seu número, seguem seus cursos, cada um muito distante do outro. Seu exemplo é como os navios que singram o alto mar, distantes uns dos outros, um desconhecendo o paradeiro do outro. Este Universo é composto de muitas galáxias, e todas estão em movimento. O movimento mais próximo de nós é o da lua que dista 384000 km da terra. Ela gira em torno da terra e completa a sua órbita em vinte nove dias e meio. Da mesma forma, a terra dista do sol 149600000 km. Ela gira ao redor de seu eixo com a velocidade de 1600 km por hora, numa órbita de 300000 km, completando-a uma vez por ano. Juntamente com a terra há nove planetas que giram em torno do sol com velocidades extraordinárias. O planeta mais distante de nosso sistema solar é Plutão, que gira numa órbita de 12 bilhões de quilômetros ao redor do sol. Ao redor de certos planetas giram trinta e uma luas. Além desses planetas, existem dois mil astros aproximadamente, milhares de cometas, todos girando ao redor do sol, cujo diâmetro é de 188400 km, e cujo volume é um milhão e duzentas mil vezes maior que a terra. 43. Esta é a teoria cósmica de Einstein, mas é apenas medida matemática. Na verdade, o homem não conseguiu até agora compreender a Vastidão do Universo. 46 Esse sol não é estático, nem está parado num determinado lugar. Ele, por sua vez, com todos os astros e estrelas, gira nesse sistema com a velocidade de 960000 km por hora. Há milhares de sistemas, além do sistema solar, que formam o que chamamos de galáxias, formando todos uma bandeja onde giram estrelas e planetas isolados ou juntamente, como gira o pião. As galáxias, por sua vez, se movem também. A galáxia onde está situado o nosso sistema solar, gira ao redor de seu eixo, completando sua órbita em duzentos e vinte milhões de anos luz. Os cientistas calculam que o Universo é composto de mais de um bilhão de galáxias. Em cada galáxia há bilhões de estrelas. Calcula-se que a galáxia mais próxima de nós é a que observamos à noite como se fossem linhas brancas; galáxia essa que abrange um traço cujo comprimento é de 100 mil anos luz. Nós distamos dessa galáxia aproximadamente 30 mil anos luz. Essa galáxia é uma parte de uma galáxia maior composta de dezessete galáxias cujo diâmetro é de dois milhões de anos luz. Juntamente com essas rotações, acontece um outro movimento: a expansão do Universo para todos os lados, como uma bexiga de borracha, quando é assoprada. O nosso sol gira em torno de seu eixo, e nós também giramos com ele na margem exterior da galáxia, distanciando-se dessa margem exterior a uma velocidade de 20 km por segundo. Todas as estrelas que fazem parte do sistema solar seguem o mesmo processo. Assim, todos os planetas caminham para um lado ou para outro, juntamente com sua rotação, de acordo com o seu sistema. Alguns se movem a uma velocidade de 13 km por segundo, e outros se movem à velocidade de 50 km por segundo, e outros, ainda, movem-se à velocidade de 75 km por segundo. Todas as estrelas, de acordo com isso, se distanciam uma da outra a cada segundo, de seu lugar, com uma velocidade enorme. Esse movimento estranho acontece de acordo com um sistema e leis específicas, para que não se choquem, nem haja diferença de velocidade. O movimento da terra ao redor do sol é preciso, não tendo qualquer perigo de haver uma mudança na velocidade de sua rotação, até após um século. A lua, que segue o movimento da terra, gira numa órbita específica e precisa, com uma pequena diferença que se repete a cada vinte e oito 47 anos e meio, com uma precisão extraordinária. Esse é o caso de todos os corpos celestes. Os astrônomos acham que as galáxias se misturam umas com as outras. Uma galáxia, com todos os seus bilhões de planetas em movimento, penetra em outra galáxia semelhante e, então, sai dela, levando todos os seus planetas sem que ocorra qualquer choque entre os planetas das duas galáxias. A mente, quando imagina esse sitema preciso, não consegue aceitar que tudo isso tenha ocorrido por si, mas admite que há uma energia sobrenatural que sustenta esse sistema, e o controla. Os Sistemas Complexos Esse sistema, que existe nos grandes mundos, é também encontrado, em sua figura completa, no menor mundo que conhecemos. Sabemos, de acordo com o conhecimento moderno, que o átomo é o menor mundo. Ele é tão pequeno que não pode ser visto mesmo com o auxílio do mais potente microscópio eletrônico. Ele, de acordo com isso, é nada, em relação à menor coisa que a vista humana possa ver. Esse átomo, porém, possui, de uma forma extraordinária, um sistema de órbita semelhante ao existente no sistema solar. O átomo é o nome dado a um conjunto de eletrons que não tem contato entre si. Há um vazio entre eles muito grande (proporcionalmente). Tomemos como exemplo um pedaço de fero onde as moléculas são bastante compactas. Os elétrons dentro dele não ocupam mais do que 10-9 da área do átomo. O resto da área é vazio. Se conseguirmos uma fotografia ampliada do elétron e do próton verificamos que a distância entre eles é de 300 m aproximadamente. O elétron, a parte negativa do átomo, gira ao redor do próton, a parte positiva do átomo; esses elementos, que nãopassam de pontos imaginários, giram ao redor do seu núcleo do mesmo jeito que a terra gira ao redor do sol, de tal modo que não se pode situar o elétron num determinado lugar, devido à sua velocidade, mas é imaginado que ele existe ao longo de trajetória, porque ele gira ao redor de seu núcleo bilhões de vezes por segundo! É impossível que esse sistema atômico tenha surgido por si, não há meios de observá-lo, nem é possível explicar a sua função dentro do 48 átomo, a não ser por meio da ciência. Ele foi adotado pela ciência. Então, por que não tiramos disso uma prova de que existe um Organizador Que comanda esse sistema? É impossível que haja o sistema no átomo sem um Organizador que o controle. Ficamos perplexos ao ver o emaranhado complexo dos fios de televisão, da mesma forma que ficamos confusos constatando que um telefonema de São Paulo até Tóquio, no Japão, é completado em alguns segundos. Se a complexidade do sistema dos fios de televisão nos deixam perplexos, que se há de dizer do nosso sistema nervoso, que é maior e mais complexo ainda? Milhões de informações percorrem o nosso sistema nervoso criado pela natureza, de um lado para o outro, noite e dia. Essas informações são responsáveis pelo ritmo do coração, pelo movimento de todos os nossos diferentes orgãos. Se esse sistema não existisse em nosso corpo, este se tornaria num emaranhado de coisas, cada uma desempenhando um papel diferente do outro. A central de comunicação dessas informações é o cérebro do homem. Ele é composto de um trilhão de células nervosas, e de todas essas células saem nervos que se espalham por todo o corpo. Eles são chamados de "tecido nervoso". Nesse tecido se desenrola o sistema de recebimento e transmissão das informações, com a velocidade de 110 km por hora. Por intermédio desse tecido é que sentimos sabor, ouvimos, vemos e executamos todos os nossos movimentos. Há três mil corpúsculos gustativos, e cada um tem um nervo particular ligado com o cérebro. Por intermédio desses corpúsculos a pessoa sente os diferentes paladares. No ouvido existem dez mil células auditivas, e, através de um sistema complexo de células receptoras de luz, elas desempenham o papel de remeter a figura captada para o cérebro. Há uma rede de tecidos nervosos ao longo de nossa pele. Ao aproximarmos da pele algo quente, trinta mil células captam a temperatura, sentem o processo e o remetem imediatamente ao cérebro. Ao aproximarmos da pele algo frio, um quarto de milhão de células, que captam as coisas frias, sentem a frieza. Depois, informam o cérebro imediatamente; então, o corpo treme, as veias da pele se expandem, e aumenta o fluxo de sangue ao local para aumentarlhe a temperatura. Se essas células sentirem uma temperatura muito elevada os informantes transmitirão a informação ao cérebro, que, 49 imediatamente, seleciona três milhões de glândulas sudoríparas, selecionam espontaneamente o suor frio, liberando-o para fora do corpo. O sistema nervoso abrange muitas ramificações. Entre elas há a que desempenha papéis autônomos no corpo como a digestão, a respiração, as batidas do coração. Esse ramo inclui dois sistemas chamados: sistema simpático e parassimpático. São denominados autônomos porque regulam as atividades que não dependem da nossa vontade, como os batimentos cardíacos, os movimentos peristáticos, o diâmetro da pupilas etc.. As ações dos nervos simpáticos e parassimpáticos são antagônicas, isto é, quando um se inibe, o outro estimula determinada função, e vice-versa. Imitando a Natureza Os melhores aparelhos inventados pelo homem não se comparam, nem de longe, ao sistema fabuloso que existe no Universo. Por isso, a imitação do sistema da natureza tornou-se hoje uma atividade científica que se preocupa em elaborar aparelhos mecânicos de acordo com esse sistema. Surgiu, então, uma nova ciência chamada de biônica que, anteriormente, se limitavam às descobertas e à utilização das potencialidades latentes na natureza. Hoje, o sistema biológico utiliza-se de muitos meios para adquirir conhecimentos que auxiliam na solução de problemas de engenharia. Como exemplo, podemos citar a máquina fotográfica. É, na realidade, uma imitação mecânica do olho humano. O diafragma é a íris. O filme é a retina do nosso olho. É nela que ficam gravadas as imagens que "focalizamos" para depois serem enviados ao cérebro, onde passam pelo processo de "revelação". A lente é o cristalino, por onde penetram os raios luminosos, levando a imagem até à retina, onde ela é fixada. Ao passar pelo cristalino, a imagem se torna menor e invertida (de cabeça para baixo) na retina, o mesmo ocorrendo com a máquina fotográfica. Há inúmeros exemplos além desse, que atestam que os cientistas naturais e tecnológicos imitam, em seus projetos, os métodos vivos da natureza. Muitos problemas preocuparam os cientistas desde os tempos remotos, quando a natureza já os tinha solucionado havia muito tempo. 50 E, se as máquinas fotográficas e as máquinas teleimpressoras não podem existir sem a mente humana, como podemos imaginar que o sistema do Universo, que é muito mais complexo do que qualquer outro sistema, surgiu por si, sem uma mente por trás dele? Ele necessita de um engenheiro que o coloque em ordem, que é Deus. É impossível que a mente imagine um sistema sem um autor. É inconcebível não crermos na existência de um autor para o Universo; é inconcebível negarmos esse autor. Na verdade, a mente humana não possue base mental para negar a existência de Deus. TERCEIRO - Essência Estranha do Universo O Universo não é como um cesto de papel, mas envolve uma essência estranha. Tal essência não se pode originar, a não ser por intermédio de uma mente que criou o Universo e dispõe dele. É impossível que haja um sistema e uma essência numa operação material cega, que aconteceu por acaso. O Universo é equilibrado e proporcional ao extremo. Cadvish disse: "Podemos pedir a qualquer pessoa, quer creia em Deus, quer não, que nos explique como o equilíbrio do Universo lhe é propício, se ele, o Universo, surgiu por acaso?"44 A vida sobre a terra necessita de inúmeras situações, cuja probabilidade matemática se vê impossibilitada de reunir. Porém, vemos que tais situações, impossíveis de se reunir, matematicamente falando, encontram-se, de fato sobre a face da terra. Por isso, somos forçados a crer que há uma energia extraordinária, inteligente, por trás do Universo causadora de tais situações. O Equilíbrio Sobre a Terra A terra é o mundo mais importante que conhecemos, pois ela encerra coisas que não existem em outro lugar deste vasto Universo. Ela, com toda sua imensidão, como nos parece, não equivale a um átomo desse extraordinário Universo. Se o seu volume fosse maior ou menor de que realmente é, a vida seria impossível sobre ela. Se tivesse o volume da lua, por exemplo, seu diâmetro seria um quarto do atual, sua gravidade seria um sexto da gravidade atual. O resultado disso seria o de 44. "The Evidence of God" (A Evidência de Deus), pág. 88. 51 não poder reter a água e a atmosfera a seu redor, como é o caso da lua, onde não há água, nem é rodeada por uma atmosfera, devido à exiguidade de sua força de gravidade. A diminuição da gravidade da terra, até ao nível da gravidade da lua, causaria o aumento do frio durante a noite, congelado tudo, e o aumento do calor durante o dia, queimando tudo. O mesmo se dá com a diminuição do volume da terra ao nível da lua, não retendo um grande volume de água. A abundância da água é essencial para a conservação do equilíbrio das estações sobre a terra. Um cientista denominou tal processo de "A fabulosa roda do equilíbrio." Com isso, a camada da atmosfera ir-se-ia elevar e enfraquecer, causando o aumento e a diminuição da temperatura a níveis extremos. Ao contrário disso, se o diâmetro da terra fosse o dobro do atual, sua gravidade dobraria, sua camada atmosférica, que dista 800 km da terra, iria baixar para muito próximo da terra. Isso acarretaria um aumento da pressão atmosférica, prejudicando as condições de vida. Se aumentasse o volume da terra, e ficasse com o mesmo volume do sol, por exemplo, sua força de gravidade aumentaria cento e cinquenta vezes, fazendo com que a camada da sua atmosfera se aproximasse a uma distância de 6 km da superfície. A pressão atmosférica seria de uma tonelada sobre um decímetro quadrado. Isso impossibilitaria o aparecimento de corpos viventes. Isso significa que o animal que pesa 1kg passaria a pesar 500 kg; o volume do homem diminuiria ao tamanho de um grande rato, e lhe impossibilitaria a exitência do cérebro porque ele precisaria de muitos tecidos nervosos no corpo, e tal sistema só existiria se o volume do corpo fosse proporcional. Aparentemente nós estamos em pé na terra. Na realidade, estamos de cabeça para baixo. Para explicarmos isso, lembremo-nos de que a terra tem o formato de uma esfera pendurada, em que as pessoas habitam. A posição das pessoas em relação às outras significa que os habitantes da América estão debaixo dos habitantes da Índia, seus antípodas, e viceversa. A nossa terra não está inerte. Ela gira em torno de seu eixo a uma velocidade de 1600 km por hora. Isso faz com a nossa posição sobre ela seja semelhante à de uma pedrinha colocada na superfície de uma roda que gira com velocidade, a ponto de lançá-la no espaço. Mas a terra não nos lança! Ficamos estáveis na sua superfície. Como isso se dá? 52 A terra possue gravidade e, por causa disso, atrai as coisas para ela. A gravidade da terra e a pressão atmosférica constante nos seguram proporcionalmente. Assim, somos atraídos por essas duas forças, de todos os lados para a esfera terrestre. A pressão atmosférica é de aproximadamente 110 kg. por decímetro quadrado. O homem, porém, não sente essa pressão porque ela é aplicada em todos os lados, como acontece quando estamos nadando. Por outro lado, o ar, como é sabido, é formado por gases de tantas utilidades, que é difícil restringí-las a um só livro. Newton, através de sua observação e estudo, chegou à conclusão de que os corpos se atraem mutuamente, mas não conseguiu descobrir a causa disso. Ele confessou que não tinha explicação para esse processo. Isso foi citado por White Head. Disse ele: "Newton descobriu, quando fez tal confissão, a extraordinária verdade filisófica de que a natureza, se não tivesse essência, não teria explicação, da mesma forma que o morto não consegue nos contar sobre tal realidade. Todas as explicações naturais e lógicas, ultimamente, não são mais que manifestações de um objetivo, porque não é possível que um morto tenha objetivos."45 Seguindo com a exposição, White Head diz: "Se este Universo não está sob o domínio de uma autoridade (Existência com Inteligência), por que então possue essa essência espantosa?" A terra completa uma volta ao redor de seu eixo a cada vinte e quatro horas e alguns minutos. Isso significa que gira em torno de seu eixo com a velocidade de mil e seiscentos quilômetros por hora. Se esta velocidade diminuir para 400 quilómetros por hora, os períodos da noite e do dia aumentariam dez vezes em relação ao que é hoje. Isso faria com que o sol, devido a sua alta temperatura, queimasse tudo que existe sobre a face da terra; o que restasse, seria destruído pela extrema baixa de temperatura durante a noite. O sol é considerado hoje o nosso meio de vida. A sua temperatura na superfície é de aproximadamente 6000 graus Kelvin. A sua distância da terra é de 140 000 000 de quilômetros. Essa grande distância é constante. Nisso há um prodígio para nós, porque se ela diminuisse e o 45. "The Age of Analysis" (A Idade da Análise), pág. 85. 53 sol se aproximasse da terra, por exemplo, cerca da metade da distância atual, todas as folhas queimariam imediatamente por causa do aumento da temperatura. Se aumentasse a distância, o frio excessivo, resultante do distanciamento, eliminaria a vida sobre a terra. Se o sol fosse substituído por um outro astro, com temperaturas dez mil vezes superiores à sua, a terra seria um forno abrasador. A terra gira no espaço, completando o giro ao redor do sol num ângulo de 33 graus em relação ao seu eixo, fato que ocasiona as estações do ano, e a conseqüente utilização da maioria das regiões da terra para a agricultura e moradia. Se a terra não tivesse essa inclinação, a escuridão cobriria os dois polos durante todo o ano e os vapores do mar iriam para os polos norte e sul, e não sobraria sobre a terra a não ser montanhas de gelo, e o predomínio dos desertos, ocasionando influências que impossibilitariam a vida sobre a terra. Se as deduções dos cientistas fossem verdadeiras, ou seja, de que a matéria organizou-se desta forma propícia equilibrada, quão estranhas e assombrosas seriam essas deduções. Dizem: A terra separou-se do sol. Isso significa que a sua temperatura inicial era igual à desse astro. Então, começou a se resfriar, pois é impossível a mistura do oxigênio com o hidrogênio, a não ser que a temperatura diminuísse para dois mil graus Celsius. Nessa fase forma-se a água. Dessa maneira, os processos de transformação continuaram por milhões de anos, até a terra atingir a sua configuração atual, há um bilhão de anos. Os gases saíram da atmosfera da terra, indo para o espaço cósmico, e os outros gases se transformaram em moléculas de água ou se juntaram aos outros elementos da terra, ou permaneceram em forma de ar, a maioria em forma de oxigênio e nitrogênio. Esse ar, com sua densidade, é considerado uma parte dos dois milhões de partes da terra. Nem todos os gases foram atraídos pela terra, nem todos se transformaram em ar. Se isso acontecesse, a vida do homem seria impossível. Se suposéssemos o impossível e a vida existisse nesses ambientes, com o decímetro quadrado, suportando milhares de quilogramas de pressão atmosférica, seria impossível a vida humana na sua forma atual. Se a litosfera fosse três metros mais grossa do que a espessura atual, o oxigênio não existiria46, e sem ele a vida animal seria impossível. 46. A camada da terra absorveria, então, todo o oxigênio. 54 Da mesma forma, se os oceanos fossem alguns metros mais profundos, atrairiam dióxido de carbono e o oxigênio47, e a vida animal e vegetal seria impossível. Se a camada atmosférica da terra fosse mais rarefeita, os meteoros penetrariam todos os dias a camada exterior da terra, e a veríamos iluminada durante a noite e lhes cairiam sobre todas as regiões da terra e as queimariam. Esses meteoros têm uma velocidade de 70 km/s e, devido a essa elevada velocidade, queimariam tudo que fosse possível queimar sobre a terra, e esta ficaria como se fosse uma peneira, em não muito tempo. Se a camada atmosférica da terra não nos protegesse desses cometas, eles nos queimariam a todos, pois sua velocidade é noventa vezes maior do que o tiro de espingarda, e sua alta temperatura é suficiente para aniquilar tudo, juntamente com o homem. Nós, então, estamos sob a proteção dessa camada densa o suficiente para não permitir que os raios solares actínicos, a não ser na proporção suficiente para a vida vegetal, a formação das vitaminas, a eliminação dos micróbios etc… Esse equilíbrio de quantidades necessárias é fantástico. Pois a camada atmosférica é formada por seis gases: 78% de nitrogênio, 21% de oxigênio e outros gases em quantidade muito pequena. Essa camada exerce uma pressão de 1,033 kgf/cm2. As outras quantidades do oxigênio existente hoje foram atraídas pela terra e representam 0,8% da água existente sobre a face da terra. O oxigênio é o único meio de respiração de todos os animais na terra, sem nenhum outro meio disponível. Lei da Pressão e do Equilíbrio Aqui surge uma pergunta importante: Como esses gases se juntam, apesar do seu movimento ininterrupto, conservando sua proporcionalidade no espaço indispensável à vida? A resposta é: Se a proporção do oxigênio fosse 50% ou mais, em lugar dos 21%, a tendência de combustão aumentaria. Se uma só árvore pegasse fogo, em alguma floresta, nessas condições toda a floresta se consumiria em instantes. 47. Seriam absorvidos pela água. 55 Se essa proporção diminuísse, e se tornasse 10%, seria possível, no decorrer dos séculos, que os animais se adaptassem a essa proporção, mas seria impossível o progresso da civilização humana, como ocorre atualmente.48 Se o oxigênio existente sobre a face da terra fosse absorvida como foi uma grande quantidade de oxigênio absorvido anteriormente, seria impossível a existência do animal sensitivo. O oxigênio, o hidrogênio, o dióxido de carbono e os outros gases se combinam, formando elementos importantes para a vida animal. Para a base da vida humana, e de acordo com tal base, não existiria uma chance em dez milhões de que esses elementos, em suas devidas proporções, e com todas as suas particularidades necessárias para a vida, se juntassem sobre um planeta particular, por acaso. Por isso, um famoso cientista diz: "A ciência não tem explicação para os fatos; e o ela dizer que são "acidentais", é desafiar a matemática." Há muitos acontecimentos que não apresentam meios para sua compreensão ou explicação, a não ser que aceitemos que há uma Mente Superior que os faz acontecer. Uma das importantes particularidades que existem quanto à água é que a densidade do gelo é menor, em relação, à densidade da água. A água, então, é elemento líquido, cuja densidade diminui após o congelamento. Esse processo tem um valor extraordinário em relação à vida. Devido a isso, o gelo bóia na água, e não afunda. Se afundasse, toda a água se congelaria. O gelo desempenha o papel de protetor da água que está debaixo dele, conservando-lhe a temperatura acima do nível de congelamento, conservando a vida dos peixes e animais marítimos. Quando a primavera chega, o gelo derrete. Se o gelo não tivesse essa característica, os habitantes das regiões polares enfrentariam problemas insolúveis, gerados pelo não derretimento do gelo. No início do século XX as árvores de carvalho foram atingidas pela praga de endoteca, espalhando-se rapidamente pelas florestas 48. Os orgãos do corpo humano, em tais condições, não poderiam continuar suas atividades cotidianas, como em situações normais, devido à impossibilidade da existência de tecidos e células do corpo e do cérebro em tal situação, porque, toda vez que o oxigênio diminui, as atividades do corpo e da mente diminuem também. 56 americanas, causando tantos estragos que alguém, ao ver aqueles danos, disse que a floresta nunca mais se encheria novamente! Nenhum tipo de árvore, até aquela época, havia alcançado a distinção e o valor atingidos pelo carvalho. Era chamada de "rainha das árvores da floresta americana", antes da chegada da endoteca, vinda da Ásia, lá por volta de 1900. Hoje, porém, não há nem vestígios das árvores de carvalho nas florestas americanas. Porém, as florestas foram refeitas rapidamente com outra espécie de árvore chamada de "Tulipa", que ocupava uma pequena proporção das florestas e não se tinha desenvolvido. Ela aproveitou a oportunidade e se desenvolveu, ocupando o espaço deixado pelo carvalho. Hoje, nenhum negociante de madeira se lembra da existência daquelas árvores. A árvore que substituiu o carvalho engrossa uma polegada a cada ano e cresce seis polegadas de altura, fornecendo madeira de excelente qualidade, utilizada em todos os tipos de indústrias de precisão. Dentre os acontecimentos científicos importantes que sucederam neste século, está o que aconteceu na Austrália. Plantaram um certo tipo de cacto nas fazendas para protegê-las. Não havia na Austrália qualquer espécie de lagarta que atacava e comia essa planta. Então, o cacto começou a se espalhar de forma assustadora, dominando uma área equivalente a todas as ilhas britânicas. O cacto invadiu cidades e aldeias, destruindo as fazendas e as plantações, impossibilitando a agricultura. Não conseguiram eliminá-lo por nenhum método. Tornou-se um exército enorme, avançado para conquistar toda a Austrália, sem haver nada que pudesse fazer frente a ele. Essa situação perdurou até que os cientistas experts em insetos começaram procurar uma lagarta que comesse cacto. Descobriram uma que só se alimentava dele e procriava rapidamente, e não tinha nenhum inseto antagônico na Austrália. Rapidamente, a pequena lagarta dominou o cacto e acabou com a calamidade australiana. Será possível que essa lei de checagem e equilíbrio tenha surgido sem um planejamento inteligente, por mero acaso? As Leis Matemáticas Exatas Há no Universo leis matemáticas exatas, de uma forma assombrosa. Até a matéria inerte, que não possui sentidos, segue determinados 57 sistemas. A água, por exemplo, onde quer que esteja nesta vasta terra, consiste de um líquido formado de 11,1% de hidrogênio e 88,9% de oxigênio. Por isso, qualquer cientista que esteja esquentando água em seu laboratório pode dizer, categoricamente, que o ponto de ebulição da água é 100 graus Célsius, sem necessitar de um termômetro, desde que a pressão atmosférica permaneça com 760 mm. Se esta pressão diminuisse, precisaríamos de menos energia para atingirmos a temperatura necessária para a ebulição. Dando-se o contrário, com a pressão acima dos 760 mm, o ponto de ebulição aumentaria na proporção do aumento da pressão. Esta experiência foi repetida várias vezes para se certificar do ponto de ebulição até antes de ferver a água e a previsão do mesmo sem o uso do termômetro. Se esse sistema não fosse constante na matéria, o homem não teria base para sustentar suas descobertas e suas experiências científicas. Sem esse sistema o nosso mundo seria controlado pelas coincidências e pelos acasos. Porém, é impossível aos naturalistas dizerem: Com um determinado evento, numa determinada situação, acontece tal coisa. Classificação dos Elementos Períodicos A primeira coisa que o estudante observa no laboratório de química é a classificação dos elementos periódicos. O cientista russo Mendeleiv criou uma tabela com números atômicos, que foi denominada "tabela periódica". Na época dele, nem todos os elementos haviam sido descobertos para preencherem todos os quadros existentes na tabela. Mendeleiv deixou tais quadros vazios, e os cientistas, posteriormente, os preencheram, como o cientista russo o tinha previsto muitos anos antes de sua descoberta. Essa tabela abrange todos os elementos, com números e pesos diferentes. Os números dos elementos designam o número dos prótons do núcleo do átomo de cada elemento. O hidrogênio, elemento mais simples, possui no seu núcleo um só próton; o hélio possue dois, o lítio, três. Só foi possível caracterizar-se a tabela periódica dos diferentes elementos devido às suas leis matemáticas fantásticas. Será que há exemplo mais demonstrativo do que a descoberta do elemento 101, com o descobrimento de seus prótons? Não é possível que os cientistas chamem esse fabuloso sistema da natureza de o "Acaso Periódico", porque é a "Lei Periódica". Não 58 podemos negar a atribuição desses a um Deus e Engenheiro… A descrença da ciência moderna em Deus é a negação da realidade do seu descobrimento, com resultado absoluto. Em 11 de Agosto de 1999 haverá um eclipse solar que será visto totalmente em Cornfall, no sul da Inglaterra. Isso não é profecia, mas os astronomos, estudando o sistema solar, deduziram que tal evento terá de acontecer. Quão assombrados ficamos quando olhamos para o céu e vemos astros e estrelas incontáveis, esses corpos celestes que continuam pendurados no espaço, há inumeráveis séculos, gravitando na vastidão do espaço, seguindo um sistema determinado, a ponto de prevermos todos os acontecimentos futuros, séculos antes de seu aparecimento! É um aviamento inédito, desde o átomo até a molécula da água, até os astros nas profundezas do espaço. Um sistema que faz deduzir leis científicas. A teoria de Newton explica a gravitação universal e, graças a ela, foi possível prever-se a descoberta de Netuno e de Plutão. João Godofredo Galle foi quem observou Netuno pela primeira vez, em 1846, confirmando as previsões e os cálculos realizados por Urbain Leverrier e por John C. Adams. Particularidades Sábias A coisa mais irregular e mais anormal é crermos que o Universo, com sua indubitabilidade matemática sejam frutos do acaso! Dentre as particularidades sábias deste Universo está a de ser propício para as atividades do homem quando necessário. Tomemos como exemplo o nitrogênio. O ar contém 78% de nitrogênio, bem como outras substâncias químicas. Nesse caso é chamado de nitrogênio composto. Tudo é absorvido pelas plantas para nos proporcionar a parte nitrogênica no alimento. Se não fosse esse processo, o homem e os animais pereceriam, bem como tudo o que depende da alimentação vegetariana, porque nenhum alimento vegetal cresce sem essa solução química. Há dois métodos únicos para a solução do nitrogênio na terra. O primeiro é através do processo bactereológico. É elaborado pelas bactérias que vivem nas raízes das árvores, debaixo da terra. Elas extraem o nitrogênio do ar, elaborando vários compostos nitrogenados importantes para a vida das plantas. Esses compostos permanecem com as raízes 59 depois da colheita. O outro processo é efetuado pela tempestade na qual tenha sido oxidado o nitrato de amônio, pelas descargas elétricas. Esse composto chega à terra por meio da chuva. A quantidade de nitrogênio obtida por intermédio desse processo, por ano, é de aproximadamente dois quilos e meio por acre, equivalente a 150 kg de nitrato de sódio.49 Essa quantidade de composto nitrogenado não é suficiente, porque nos campos plantados por várias vezes, esgota-se o nitrogênio. Por isso, vemos os agricultores mudarem de um pedaço de terra para outro, depois de certo tempo. Um fato estranho que aconteceu neste século, quando as terras para plantação foram ficando escassas, com a diminuição do nitrogênio, assustando a humanidade com o espectro da aridez, é que foi descoberto, nesse período perigoso, o terceiro processo para obtenção do nitrogênio do ar. Uma das primeiras experiências feitas nesse sentido foi o ocasionamento de tempestades artificiais, utilizando-se aparelhos com três milhões de cavalos de potência. Porém, não foi bem sucedida, a não ser na obtenção de pequena quantidade de composto nitrogenado. O homem avançou com essas experiências até encontrar o terceiro processo: a utilização do ar na fabricação do composto nitrogenado na qualidade de fertilizante. Desta feita, o homem coseguiu preparar, para o seu alimento, um processo importante, sem o qual morreria de fome. Isso é um acontecimento fantástico na história da terra, pois o homem descobriu, pela primeira vez na sua história, uma solução para a crise de alimento, afastando as sombras para a catástrofe dos habitantes da terra, quando parecia impossível evitá-la. Há inúmeros acontecimentos que afirmam a existência da sabedoria do homem e da essência do Universo. Todo nosso conhecimento nos certifica que o que foi descoberto é bem menos do que aquilo que não conseguimos até agora descobrir! Apesar disso, o que foi descoberto pelo homem é muito. Se quisermos fazer um índice para os títulos desses conhecimentos, necessitaremos de um livro enorme comparado com este livro que está em nossas mãos. Mesmo assim, sobraria muito para ser relacionado. Tudo o que a língua humana pode pronunciar sobre os prodígios de Deus é imcompleto, pois, por mais que pesquisemos, chegamos à 49. "The Mayesterious Universe" (O Misterioso Universo), págs. 3 e 4. 60 conclusão de que não conseguimos abrangê-los, e só citamos alguns deles. Na verdade, se o homem conseguisse descobrir todos os segredos do Universo, todos os habitantes da terra, com todos os meios necessários, jamais conseguiriam relacioná-los. Isso não é, acaso, atestado pelas palavras de Deus: "Ainda que todas as árvores da terra se convertessem em cálamos e o oceano (em tinta), e lhes fossem somados mais sete oceanos, isso não exauriria as palavras de Deus." (Alcorão, 31:27). E "Dize-lhes: Se o oceano se transformasse em tinta com que se escrevessem as palavras de meu Senhor, esgotar-se-ia antes de se esgotarem as Suas palavras, ainda que para isso se empregasse outro tanto de tinta." (Alcorão, 18:109). Todo aquele que tiver a oportunidade de examinar as páginas do Universo, reconhecerá de que não há exagero nessas palavras de Deus, mas são a expressão simples sobre as verdades que realmente existem. É o Acaso, ou são Processos Sábios? Os opositores da religião aceitam tudo o que expusemos nas páginas anteriores quanto aos sistemas fantásticos, quanto à sabedoria fora do comum, quanto a essência do Universo, mas explicam-no de outra forma. São incapazes de visualizar nisso um símbolo ou um sinal para um Organizador e Preparador… Acreditam que tudo isso seja produto do puro acaso. Huxley diz: "Se seis macacos sentassem à frente de máquinas de escrever e permanecessem batendo em suas teclas por milhões de anos, não estranharíamos se encontrássemos em alguns dos últimos papéis escritos por eles um dos poemas de Shakespeare! É o caso do Universo atual, resultado de processos cegos, que giravam na matéria por bilhões de anos."50 Quaisquer expressões nesse sentido constituiriam insensatez em todo o sentido da palavra. Todo o nosso conhecimento ignora, até hoje, que o acaso produziu uma fantástica realidade com efeito fantástico na vastidão do Universo. Conhecemos alguns acasos e a sua resultante. 50. "The Mayesterious Universe" (O Universo Misterioso), págs. 3-4. 61 Quando há ventos, eles carregam os pólens de uma roseira vermelha para um branca, resultando uma roseira amarela. Esse evento não explica o nosso acaso, a não ser parcial e excepcionalmente, pois a existência em série da roseira, e a sua ligação assombrosa com o sistema universal, não podem ser explicadas com o acaso do sopro do vento. Pode proporcionar a roseira amarela, mas não a própria roseira. A verdade parcial e excepcional que existe na convencional lei do acaso será nula se desejarmos explicar o Universo por intermédio dela. O professor Edwin Conclain diz: "A afirmação de que a vida surgiu como resultado de um acontecimento convencional é parecida com a imaginação de conseguirmos uma enciclopédia que resultou de uma explosão ocasional numa gráfica."51 Já foi dito que a explicação do Universo por intermédio da lei do acaso não é insensatez; é, como crê Sir James, a aplicação das leis das probabilidades puramente matemáticas."52 Um cientista americano diz: "A teoria do acaso não é suposição, mas é teoria matemática elevada. É aplicada em questões onde, na sua pesquisa, há poucos conhecimentos exatos. Ela abrange leis específicas para discernir entre o verdadeiro e o falso, na precisão da possibilidade de algum determinado acontecimento, chegando-se a um resultado: o conhecimento da possibilidade de ocorrência de um evento através do acaso."53 Se suposermos que a matéria surgiu por si no Universo, e suposermos também que a sua agregação e reação foram automáticas (mesmo não encontrando base de sutentação para tais suposições), também nesse caso não conseguiremos explicar o Universo, porque outro acaso se nos enterpõe. Para azar nosso, a matemática que nos fornece a teoria do acaso, ela própria anula qualquer possibilidade matemática da existência do Universo atual por intermédio da lei do acaso. A ciência conseguiu descobrir a idade do Universo e o seu volume. A idade e o volume descobertos pela ciência moderna são insuficientes, de qualquer forma, para permitir a existência desses Universo através da lei das probabilidades. 51. "The Evidence of God" (A Evidência de Deus), pág. 174. 52. "The Mayesterious Universe" (O Universo Misterioso), págs. 3. 53. "The Evidence of God" (A Evidência de Deus), pág. 23. 62 Podemos compreender alguma coisa da lei do acaso no seguinte exemplo: "Se pegarmos dez moedas e as enumerarmos de 1 a 10, e as colocarmos no bolso e as misturarmos, e tentarmos tirá-las em ordem novamente, de 1 a 10, colocando a moeda novamente no bolso após tirála de novo, a probabilidade de se tirar a moeda com o número dois é de uma em dez; a probabilidade de se tirar as duas moedas, na ordem 1 e 2, é uma em cem; a probabilidade de se tirar as moedas na ordem 1,2,3,4, é uma em dez mil; a probabilidade de se tirar as moedas na ordem primitiva, é uma em dez bilhões de tentativas, ou seja 10-10. Esse exemplo foi citado pelo famoso cientista americano, Krissi Moris. Ele segue, dizendo: "O objetivo da apresentação de uma questão simples como esta é o de mostrarmos como as realidades se complicam em proporções muito grandes perante as probabilidades."54 Ora, meditemos na questão do Universo! Se ele é fruto do acaso e da coincidência, quanto tempo levou para a sua formação, de acordo com a lei das probabilidades matemáticas? Os corpos são formados por células. A célula é um composto muito pequeno e extremamente complexo. Ela é estudada sob uma denominação entitulada citologia. Dentre as partes que formam a célula há a proteína. É um composto químico formado de cinco elementos: carbono, hidrogênio, nitrogênio, oxigênio e fósforo. Cada parte da proteína contém quarenta mil átomos desses elementos! Há na natureza mais de cem elementos químicos espalhados por toda parte. Qual é a proporção necessária e propícia na composição desses elementos para a lei do acaso? Será que há probabilidade de combinação de cinco elementos, dentre esse grande número, para a formação da proteína, por acaso e por coincidência absoluta? Podemos deduzir, da lei das probabilidades matemáticas, a quantidade de matéria necessária para ocasionar o movimento constante necessário, como também podemos imaginar o tempo que levaria o processo. 54. "Man Does not Stand Alone" (O Homem não Está Sozinho), pág. 17. 63 Um famoso matemático suiço, Charles Bougin Joy tentou calcular o tempo através da matemática. Ele concluiu, com suas pesquisas, que a probabilidade de acontecer puramente a coincidência que criaria o Universo, se houver matéria, é de 10-160 ou seja, um sobre 10x10, cento e sessenta vezes. Em outros termos é 1 sobre 1 seguido de 160 zeros. É um número impossível de ser lido. A possibilidade da ocorrência da proteína, por acaso, exige matéria um bilhão de vezes maior do que a matéria existente em todo o Universo, para poder movimentá-la e impulsioná-la. Quanto ao tempo necessário para que surja uma ocorrência bem sucedida para esse processo, será mais de que 10243 anos, ou seja, 1 seguido de 243 zeros. Uma parte da proteína é formada por "cadeias" compridas de aminoácidos. A parte mais importante no processo é a composição dessas cadeias. Se as misturarmos de uma forma errada, passarão a ser um veneno letal, em lugar de ser vital. O professor G.B. Leathes calculou que a probabilidade da composição dessas cadeias é efetuada de 1048 maneiras. Ele diz: "É totalmente impossível que tais cadeias se juntem puramente por acaso, de uma forma específica, para que haja a parte da proteína que abranja mil partes dos cinco elementos acima citados. É preciso esclarecer o leitor que falarmos em possibilidade, na lei das probabilidades matemáticas, não quer dizer que tenha de ocorrer o evento que estamos esperando, depois da ocorrência das tentativas citadas, naquele longíssimo tempo. Significa que sua ocorrência durante esse período é provável, não necessária. É possível, por outro lado, que nunca ocorra, mesmo que se seja tentado até à eternidade. Esta parte da proteína, de composição química, só passa a ter vida quando passa a fazer parte da célula. Aí começa a vida. Tal fato gera a pergunta mais importante em nossa pesquisa: Qual é a procedência do calor quando a proteína penetra na célula? Essa pergunta não tem resposta nos livros dos opositores ateus. É claro que a explicação dada por eles, protegidos que estão pela lei das probabilidades matemáticas, não se adapta à própria célula, mas a uma pequena parte dela, a proteína. É um átomo que não pode ser visto nem com os mais potentes microscópios, enquanto vivemos, no corpo de cada um de nós há mais de centenas de bilhões dessas células. 64 O cientista francês Conte de Nouy preparou uma tese a respeito do assunto. Seu resumo é o seguinte: A estimativa do tempo, da quantidade de matéria, do espaço infinito necessário para a ocorrência dessa probabilidade, é muito maior do que a matéria e o espaço existentes agora, e o tempo é muito maior do que aquele que o desenvolvimento da vida levou sobre a face da terra. Ele vê que o volume dessas estimativas, necessárias para o nosso processo, não podem ser nem imaginados ou planejados nos limites da razão que o homem possui hoje. Para que aconteça um evento, por acaso, do tipo que precisamos para a elaboração de um Universo com luz, caminhando em sua órbita de 1082 anos luz, ou seja, 1 seguido de 82 zeros de anos de luz; este volume seria bem maior do que o volume da luz realmente existente em nosso Universo atual. A luz da galáxia mais distante no Universo nos chega em alguns milhões de anos luz. De acordo com isso, a teoria de Einstein sobre a expansão do Universo não é suficiente para esse suposto processo. Quanto a esse processo, nós teríamos de movimentar a matéria suposta no Universo suposto com a velocidade de quinhentos trilhões de movimentos por segundo, no tempo de 10243 bilhões de anos, ou seja, 1 bilhão seguido de 243 zeros, para que pudesse acontecer a probabilidade da ocorrência da proteína que dá a vida. De Nouy diz a esse respeito: "Não devemos esquecer que a terra existe há dois bilhões de anos e que a vida, em todas as hipóteses, existe há apenas um bilhão de anos, quando a terra esfriou."55 Os cientistas tentaram descobrir a idade do Universo. O resultado da pesquisa demonstrou que nosso Universo tem 5x1011 de anos. É um período muito curto, insuficiente para que haja a probabilidade do aparecimento da proteína, de acordo com a lei das probabilidades matemáticas. No que se relaciona com a terra, onde a vida apareceu, sabemos exatamente a sua idade. Na opinião dos cientistas ela é uma parte do sol que dele se desprendeu como resultado de um choque entre o sol e um planeta gigante. Desde então, essa parte começou a girar no espaço, como uma chama de fogo. Não era possível, então, surgir a vida sobre ele, 55. "Human Destiny" (O Destino do Homem), págs. 30, 36. 65 devido à sua alta temperatura. Depois de transcorrer um tempo muito longo, a terra começou a se esfriar, solidificar-se e a se agregar, até surgir a perspectiva do início da vida sobre sua superfície. Conseguimos descobrir a idade do Universo de várias maneiras. A melhor maneira que conhecemos para esse estudo é por meio de elementos radioativos. Os átomos se desprendem constantemente desses elementos, em determinada proporção, e essa desintegração diminue o número dos átomos. Esta proporção é constante, sob quaisquer circunstâncias de alta e baixa temperatura e de pressão. Por isso, acertaremos se considerarmos a velocidade de transformação do urânio em chumbo, que é específica e constante. O urânio é encontrado em muitas elevações e montanhas. É indubitável que esse urânio faça parte da montanha, desde que se solidificou na sua última forma, quando da solidificação da terra. Ao lado do urânio encontramos chumbo. Não podemos afirmar que todo o chumbo foi formado pela desintegração do urânio. Isso é resultante do fato de que o chumbo, desta forma formado, é mais leve do que o chumbo normal. De acordo com esta base, podemos afirmar se qualquer pedaço de chumbo é resultante do urânio ou não. Com efeito, podemos calcular o tempo que levou o processo de desintegração do urânio com precisão. Ele se encontrava na montanha desde o primeiro dia da solidificação. Com isso conseguimos descobrir o tempo da solidificação da própria montanha. As experiências atestaram que passaram um bilhão e quatrocentos milhões de anos desde a solidificação das montanhas consideradas, na prática, as mais velhas da terra. Alguns de nós pensam que a idade da terra é o dobro ou o triplo da idade das montanhas. As experiências práticas, porém, negam com veemência essa opinião anormal. O Professor J. W. N. Sullivan diz que a idade média da terra é de 2 bilhões de anos.56 Reflitamos agora, depois que concluirmos que a matéria inanimada necessita de bilhões de bilhões de anos para que haja a probabilidade do aparecimento da proteína, casualmetne; como é que, nesse curto espaço de tempo, apareceram milhões de espécies animais e mais de duzentos 56. J. W. N. Sullivan. "Limitations of Science" (As Limitações da Ciência,), pág. 78. 66 milhões de espécies de plantas? Como essa enorme quantia se espalhou sobre a face da terra? Como surgiu dentre dessas espécies de animais aquele ser superior que denominamos "homem"? Não entendo como ousamos ter tais crenças, quando sabemos muito bem que a Teoria da Evolução se baseia em "mudanças puramente por acaso". Quanto a essas mudanças, pelo cálculo do matemátio Patau, cada nova mudança, em qualquer espécie, leva dois milhões de gerações para se efetuar.57 No que diz respeito ao cão, que alegam ser o avô do cavalo, quanto de tempo foi necessário, de acordo com os cálculos do matemático Patau, para o cão se tornar cavalo? Quanto de verdade há no que o cientista americano Marlyn B. Kraider diz: "A probabilidade matemática para preencher as condições necessárias para a criação, através do acaso, é, na realidade, muito próxima de zero."58 Temo-nos prolongado no assunto para que apareça a amplitude da nulidade da teoria da criação por acaso. Na verdade, não tenho dúvidas de que é puramente impossível o aparecimento da proteína e do átomo por acaso, da mesma forma que é impossível que a nossa mente, que perscruta os segredos do Universo, seja fruto do acaso, por mais exagerados que sejamos quanto à suposição do longo período que o processo da matéria do Universo levou para se formar. A teoria da criação não é provável apenas à luz da lei das probabilidades matemáticas, mas ao mesmo tempo não goza de qualquer peso lógico. Qualquer afirmação nesse sentido é absurda e cheia de insipidez… Da mesma forma é classificada a pessoa que supõe que a queda de um copo d'água ou duma xícara de café irá desenhar o mapa mundi! Não há inconveniente em perguntarmos para tal pessoa: De onde veio essa camada de terra, a gravidade, a água, o copo, para que haja a fantástica coincidência? O biólogo Hackel foi infeliz quando declarou: "Dêem-me ar, água, os elementos químicos, e tempo, e eu criarei o homem". Hackel, porém, esqueceu (ou ignorou), em sua declaração, 57. "The Evidence of God" (A Evidência de Deus), pág. 117 58. Idem, pág. 67. 67 que, ao dizer que necessitava da matéria e das condições materiais, anulou a sua declaração em si. O Professor Kraissi Morisson diz a este respeito:59 "Hackel ignora, em sua declaração, os gens hereditários, a questão da própria vida. A primeira coisa de que irá precisar para a criação do homem são os átomos que precisam ser observados, então criará os gens ou os cromossomos, para depois do arranjo desses átomos, vesti-los com o manto de vida. Porém, a possibilidade da criação, nessa tentativa, depois de tudo, é uma chance em bilhões. Se supomos que Hackel teve êxito em sua tentativa, ele não pode chamá-la de acaso, mas será o resultado da sua inteligência."60 Se fosse possível ao Universo criar-se por si só, isso significaria que ele desfruta dos atributos do Criador, e, nesse caso, seríamos obrigados a crer que o Universo é Deus… Portanto, concluímos que devemos aceitar a existência de Deus. Esse Deus será estranho: será oculto e manifesto ao mesmo tempo! Deveríamos preferir crer naquele Deus que criou o mundo material, não sendo uma parte deste Universo, mas o seu Governante e Arranjador, ao invés de adotarmos esse tipo de fábula."61 59. Ex-Presidente da Academia Americana de Ciências. 60. "Man Does not Stand Alone" (O Homem não Está Sozinho), pág. 87. 61. "The Evidence of God" (A Evidência de Deus), pág. 71. 68 QUINTO CAPÍTULO A EVIDÊNCIA DA OUTRA VIDA Dentre as mais importantes verdades com que a religião nos convoca a nela crermos é a idéia da outra vida. Seu objetivo é que há um outro mundo, diferente do nosso mundo atual; que viveremos nesse mundo eternamente; que este nosso mundo é um local de seleção e de teste, aonde o homem é colocado até a um término prefixado; que Deus acabará com este mundo quando chegar o seu término, para a construção de um outro mundo, de uma forma nova; que as pessoas serão ressuscitadas e suas obras serão expostas, boas e más, perante o tribunal de Deus, quando cada pessoa será recompensada pelos atos praticados durante a vida terrena. Acaso essa teoria é verdadeira ou não? Há possibilidade da existência dessa outra vida? Apresentaremos alguns aspectos da questão. PRIMEIRO - A Possibilidade da Outra Vida O primeiro lado dessa apresentação será a tese sobre a "possibilidade da existência da outra vida". Há, acaso, acontecimentos e sinais que atestam essa alegação? A idéia da outra vida requer, em primeiro lugar, que o homem e o Universo, em sua forma atual, não sejam eternos. Nas páginas anteriores vimos, que, indubitavelmente, a eternidade do Universo e do homem é impossível, e tivemos certeza absoluta que o homem morre, que o Universo terá fim, de acordo com a lei da entropia. Não sei se haverá um meio de sobrevivência nesse final terrível. A Questão da Morte Aqueles que não crêem na outra vida tentam, naturalmente, fazer deste Universo um mundo eterno para a sua felicidade. Por isso, procuram encontrar as causa da morte para que possam evitar tais causas e se 69 tornarem eternos. Porém, fracassam, redondamente, e toda vez que se envolvem na questão fracassam, com uma nova afirmativa sobre a certeza da morte. Por que a morte? Há aproximadamente duzentas respostas para essa importante pergunta, muito formulada nos congressos científicos; dentre elas há: a perda das eficiências do corpo; encerramento do processo das partes estruturais; o enregecimento dos tecidos nervosos; a substituição do material albuminoso, de muito movimento, pelo pouco movimento; o enfraquecimento dos tecidos nervosos, a proliferação das bactérias no corpo, e muitas outras respostas que ocorrem em torno do fenômeno da morte. A afirmação de que o corpo perde sua eficiência atrai a mente… os elementos de ferro, os calçados, os tecidos, tudo perde, sua eficiência depois de um determinado tempo. Nossos corpos também se deterioram e perdem a sua eficiência à exemplo das peles que usamos no inverno. A ciência moderna, porém, não nos apoia, porque a observação científica do corpo humano atesta que ele não se parece com as peles dos animais, com os elementos de ferro, nem se parece com as montanhas… A coisa que mais se parece com ele é um rio que corre há milhares de anos sobre a face da terra. Quem consegue afirmar que o rio corrente deteriora, enfraquece e envelhece? De acordo com essa base, o Dr. Lins Balange62 afirma que o homem é eterno até certo ponto, teoricamente, pois as células de seu corpo são agentes que atuam no tratamento e na cura das doenças, expontaneamente. Apesar disso, o homem envelhece e morre. As causas desse fenômeno são mistérios que confundem os cientistas. O nosso corpo está em renovação constante, a matéria albuminosa que existe nas células do sangue deteriora e se renova da mesma forma. Todas as células do corpo morrem e são substituídas por novas células, menos as células nervosas. As pesquisas científicas afirmam que o sangue humano é renovado no todo, a cada quatro anos aproximadamente, como se renovam todos os átomos do corpo humano em alguns anos. Isso nos esclarece que o corpo humano não é como o esqueleto, mas como o rio corrente, ou seja, é uma "atividade constante". Nessas circunstâncias todas as teorias que afirmam que a causa da morte está no corpo e na 62. Ganhador do Prêmio Nobel de Ciência. 70 perda de suas forças, é nula. Todas as coisas do corpo que se deterioraram ou se intoxicaram na infância e na juventude sairam do corpo há muito tempo. Não tem sentido transformá-las na causa da morte. Esta encontrase em outro lugar, e não nos intestinos, nos tecidos do corpo ou no coração. Alguns cientistas alegam que os tecidos nervosos são a causa da morte, porque permanecem no corpo até o final da vida, sem se renovarem. Se a afirmação, de que o sistema nervoso é o ponto fraco do corpo humano fosse verdadeira, poderíamos deduzir que qualquer corpo sem o sistema nervoso deve viver por mais tempo do que os corpos com tal sistema. A observação científica, porém, não nos apoia. Esse sistema não existe, por exemplo, nas árvores. Algumas vivem longo período. A planta do trigo, por exemplo, que não possui o sistema nervoso, vive apenas um ano. A constituição da ameba, também, não possue sistema nervoso, e, apesar disso, só vive meia hora. A conclusão dessa explicação é que os animais considerados superiores, que possuem um sistema mais completo, devem viver um tempo mais longo do que os animais inferiores. A realidade, porém, também não nos apoia. A tartaruga e o crocodilo, e o peixe espada vivem mais tempo do que qualquer outro animal, e todos são animais inferiores, com sistemas fracos. Todas as pesquisas que tentaram transformar a morte em uma questão incerta, que pode ser evitada, fracassaram. Só sobraram as probabilidades deixadas pelos tempos, ou seja, que o homem pode morrer com qualquer idade, a qualquer tempo, e não conseguimos captar qualquer possibilidade de derrotar a morte, apesar de todos os nossos esforços. O Dr. Alexis Carrel discutiu essa questão num artigo longo chamado:" O Tempo Interior", onde cita os esforços fracassados empreendidos nesse campo. Ele diz: "O homem jamais se cansará de aspirar a imortalidade. Não a conseguirá, porque lha impedem as leis da sua constituição orgânica. É fora de dúvida que conseguirá retardar, e, por ventura, até inverter, durante alguns anos, a marcha inexorável do tempo fisiológico. Mas jamais vencerá a morte."63 63. "O Homem, Esse Desconhecido", pág. 210. 71 2 – Fenômenos e Exemplos Naturais À luz dessa realidade, a questão do fim do mundo não é mais incompreensível. Temos conhecimento de umas poucas ressureições que ocorrem sobre a face da terra. Ela acontecerá novamente em proporção mais ampla, abrangendo toda a terra. O primeiro fenômeno que nos admoesta da possibilidade da ressurreição são os tremores de terra. O interior da terra possue elementos de altas temperaturas observadas quando das erupções vulcânicas. Esses elementos têm uma influência muito grande sobre a terra. Alguns causam estrondos terríveis. Os tremores de terra, que sentimos e chamamos de terremotos, continuam, até hoje, sendo uma palavra terrível na vida do homem, apesar do desenvolvimento da ciência e da tecnologia, em comparação ao que era na vida do homem antigo. Esses terremotos são uma expedição natural contra o homem, que não possui meios de os controlar. A escolha está totalmente nas mãos da primeira parte. O homem nada possui para enfrentar os terremotos. São admoestações que o lembram sempre que ele vive sobre uma substância vermelha, em brasa, apenas separando-o dela uma casca montanhosa e fina, cuja espessura não ultrapassa os cinquenta quilômetros. Essa casca não é, em relação ao globo terrestre, mais que uma casca de maçã. O geógrafo, George Jamov, diz: "Há um inferno natural aceso sob os nossos mares azuis, sob as nossas cidades civilizadas e repletas de habitantes. Em outras palavras, estamos sobre uma grande mina de dinamite que pode explodir a qualquer momento e destruir todo o sistema terreno."64 Esses terremotos atingem todas as partes da terra. Os jornais dão notícias a respeito deles todas as manhãs. A sua maior concentração ocorre nas regiões vulcânicas, por razões geográficas. O terremoto mais antigo que a história registra é o da região de Shangai, China, ocorrido em 1556, matando oito milhões de pessoas aproximadamente. Outro terremoto ocorreu na cidade de Lisboa, capital de Portugal, em 1775, destruindo toda a cidade e matando trinta mil pessoas em seis minutos. Diz-se que esse terremoto atingiu um quarto da Europa. Um terremoto do mesmo tipo ocorreu no estado de Assam, na Índia, em 1897, 64. "Biography of the Earth" (Biografia da Terra), pág. 62. 72 considerado um dos cinco maiores terremotos da história. Ele causou grande devastação numa grande região do norte da Índia, mudando a trajetória do gigantesco rio Bramaputra, perturbando as montanhas do Everest, elevando-as em quase trinta metros. Esses terremotos são ressurreições em pequena escala; quando a terra explodir, com um apavorante estrondo, quando as paredes e os tetos dos prédios ruírem, como se fossem de papel; quando houver uma reviravolta na terra; quando as demolições ocuparem o lugar das construções das grandes cidades, em alguns segundos, quando os corpos das pessoas se acumularem nas praças e ruas das cidades, como se acumulam os peixes nas costas marítimas, será o terremoto da ressurreição. Nesse instante o homem sentirá a sua impotência perante as forças da natureza. O terremoto não bate às portas das cidades; vem de repente, sem pedir licença ou dar aviso. A desgraça maior é que não se consegue antecipar a localização do terremoto nem a hora de sua ocorrência. Ele próprio é a admoestação de uma ressurreição geral, que ocorrerá repentinamente. Esse terremoto é o exemplo vivo de que o Criador da terra pode destruí-la, quando quizer. O mesmo ocorre com o espaço exterior. O Universo é um espaço ilimitado; percorrem-no incontáveis fogos terríveis, que são os planetas e as estrelas. Seu exemplo é como o de milhões de piões girando sobre uma determinada superfície, com a máxima velocidade imaginável. Essa órbita pode transformar-se, qualquer dia, num grande choque, impossível de se imaginar. Nesse terrível instante, o que acontecer com o Universo será milhares de bombardeios cheios de bombas atômicas, seguindo seu caminho no espaço, e se chocando de uma vez. O choque das galáxias não é totalmente impossível. O estranho, na verdade, é a não ocorrência desse choque. O estudo astronômico atesta a possibilidade do choque entre os corpos celestes. A teoria do surgimento do sistema solar é a de um choque entre os corpos celestes no passado. Se conseguirmos imaginar esse choque, de forma mais ampla, conseguiremos entender perfeitamente a possibilidade que citamos. Essa ocorrência é o que chamamos de ressurreição. A idéia da outra vida, que determina que o sistema do Universo que existe atualmente, será destruído um dia, não significa mais que a 73 realidade do Universo, que observamos de uma forma inicial reduzida, e que um dia será uma grande forma final. A ressurreição é uma verdade que conhecemos profundamente. Hoje a conhecemos na medida do possível; amanhã vê-la-emos realmente. 3 – A Vida Após a Morte A segunda questão desta pesquisa é a questão da vida após a morte. "Haverá vida após a morte?" Essa pergunta é repetida sempre na mente moderna. Ela responde: "Não, não há, porque a vida que conheço só existe em determinadas situações, composta de elementos materiais. Essa composição química não existe após a morte. Portanto, não há vida após a morte." T.R. Miles crê que "a ressurreição após a morte é uma verdade teatral e não literal". Ele acrescenta: "É uma questão forte em mim se o homem continua vivo após a morte. É possível que essa questão seja literalmente verdadeira. É possível descobrirmos sua veracidade ou falacidade, por intermédio da experiência. A questão principal, porém, em nosso caminho, é que não temos meios de descobrir a resposta final para essa pergunta, a não ser após à morte. Por isso, podemos fazer comparação." Mas como por comparação ele não corrobora a questão, então ela não é uma verdade literal. Sua comparação é a seguinte: "De acordo com a neurologia, é impossível conhecermos e contactarmos o mundo exterior, a não ser quando a mente humana opera em sua situação normal, ou após à morte. Essa realização é impossível devido à dispersão da composição do sistema mental.65 Há, todavia, outras comparações mais fortes que essas. Elas afirmam que a dispersão dos átomos existentes no corpo humano não elimina a vida. Esta é uma outra coisa, autoindependente, que continua após a transformação e o desaparecimento dos átomos da matéria. É sabido que o corpo humano é formado de partículas chamadas células. São pequenos átomos complexos. Seu número no corpo humano normal é mais do que 26x1016 de células. Parece que essas células são 65. "Religion and Scientific Outlook" (O Ponto de Vista da Religião e da Ciência), pág. 206. 74 como tijolos pequenos com os quais é construída a estrutura do nosso corpo. A diferença, porém, entre os tijolos do nosso corpo e os tijolos de argila é muito grande. Estes, que são usados nas construções, permanecem imutáveis como os tijolos feitos na olaria e utilizados pela primeira vez. Enquanto os tijolos da nossa estrutura mudam a cada minuto, ou a cada segundo, as células do nosso corpo diminuem rapidamente, à exemplo das maquinas que desgastam com o atrito e o uso. Essa diminuição, porém, é compensada pelos alimentos. Eles preparam para o corpo os moldes dos tijolos necessários, após a diminuição e o consumo das células.66 O corpo humano muda constantemente. É como um rio corrente que está sempre cheio de água, não sendo possível encontrarmos a mesma água que corria instantes atrás. A água do rio muda constantemente e, apesar disso, continua o mesmo rio de longo tempo. O nosso corpo é semelhante ao rio, sujeito a um processo constante, chegando o tempo que não permanecerá nele qualquer célula antiga, porque as células novas as substituem. Esse processo se repete rapidamente na infância e na juventude, e continua com certa vagarosidade na velhice. Se calcularmos a proporção de renovação nesse processo, concluiremos que ela acontece uma vez a cada dez anos. O processo de esvaecimento do corpo material aparente é constante. O homem, porém, internamente não muda; permanece como era: suas atividades, seus costumes, suas precauções, suas esperanças, seus pensamentos, tudo permanece como era. Em todas as fases da vida ele sente que é o "homem anterior"; que existia há dezenas de anos; porém, não sente que algo de seus órgãos mudou, desde as unhas de seus pés até os cabelos. Se o homem morresse com a morte do corpo, seria necessário que sentisse, pelo menos, a morte das células e a sua total transformação. Porém, já sabemos muito bem que isso não acontece. Tal realidade atesta que o homem ou a vida humana é outra coisa além do corpo, e ela permanece, apesar da mudança do corpo e de sua morte. Ele é como um rio constante, onde as células mudam constantemente! Isso fez com que um cientista classificasse o homem como algo independente, inalterável, 66. A comparação da célula com o tijolo é superficial. Na verdade, desempenha uma função muito complexa. Forma um corpo completo e é estudada em citologia. 75 apesar das mudanças seqüenciais. Ele crê: "A personalidade é a imutabilidade em mudança." Se a morte fosse o fim para o homem, seria possível dizermos, depois de cada uma das etapas da mudança química que ocorre no corpo, que o homem morreu, e que vive, após a sua morte! Isso significa que o homem de cinqüenta anos, que vemos caminhando na rua, já morreu cinco vezes nesta curta vida. Se esse homem não morre, depois da morte de parte material de seu corpo, por cinco vezes, como posso crer que ele morreu realmente na sexta vez? e que não tem mais possibilidade de viver? Algumas pessoas não admitem essa dedução. Dizem: "A mente, ou a existência interior, que chamamos 'homem' só existe como resultado da relação do corpo com o mundo exterior; e as idéias e as esperanças não existem durante a operação material, a não ser como a temperatura resultante do atrito entre duas peças de ferro. A filosofia moderna rejeita a alma com veemência. Sir James crê que os sentimentos não existem como entidade, mas são funções e processamentos. Muitos filósofos modernos insistem em que os sentimentos em si não são mais que as reações nervosas do que acontece, de movimento e atividade, no mundo exterior. De acordo com essa teoria, não há possibilidade de vida após a morte, devido à desintegração do sistema físico, e porque o centro nervoso do corpo não tem mais existência. Ele é que reagia e lidava com o mundo exterior. Os filósofos crêem, de acordo com isso, que a teoria da vida após a morte tornou-se sem fundamento, metafísico ou efetivo. Digo: se essa é a realidade do homem, tentemos criar um homem vivo e com sentimentos, uma vez que hoje conhecemos perfeitamente todos os elementos que compõem o corpo humano. Esses elementos existem na terra e no espaço exterior, e podemos consegui-los. Conhecemos também a precisão da estrutura do sistema físico e conhecemos seu esqueleto e seus tecidos. Temos à nossa disposição escultores famosos que podem esculpir corpos iguais aos corpos humanos, com todas as suas características. Experimentemos, apesar de os que se opõem à alma persistirem em afirmar a veracidade de seus princípios, e façamos centenas desses corpos, e coloquemo-los em várias 76 regiões da terra, e esperemos o tempo em que esses corpos comecem a andar, a falar, a comer, "devido à influência do mundo exterior". SEGUNDO – A Necessidade da Outra Vida Vamos pensar agora nas causas em que a religião se baseou para crer nessa teoria: A vida, como imaginamos, não é "manhã e tarde", como a vê o filósofo alemão Nitzche, nem se enche e se esvazia com o tempo, nem possui um objetivo além desse. A outra vida tem um grandioso objetivo; será a recompensa ou o castigo pelos atos efetuados na terra, bons ou maus. Essa parte da teoria da outra vida torna-se transparente quando sabemos que os atos de cada pessoa são registrados e conservados constantemente e sem interrupção. O homem possue três dimensões através dos quais ele é conhecido; são: sua intenção, sua fala, seus atos. Esses três dimensões são registrados na íntegra. Cada letra proferida por nós – e cada ato praticado por qualquer um dos nossos orgãos – é registrado no espaço e pode ser exposto a qualquer tempo, com todos os pormenores, para sabermos tudo o que ele disse ou praticou nesta vida terrena, quer seja de bem ou de mal. Os pensamentos vêm à nossa mente, e quão rápido os esquecemos! Parece que terminaram, não mais existem. Mas, após um longo tempo, sonhamos com eles, ou falamos sobre eles em hora de histeria ou de alucinação, sem nada sabermos a respeito do que falamos. Esses eventos são apenas o que a mente ou a memória sente, mas há outros pontos dessa memória que não sentimos, cuja existência é independente e cuja entidade é autônoma. As experiências expecíficas atestam que todos os nossos pensamentos são guardados integralmente, e não podemos apagá-los. Atestam também que a personalidade não está restrita ao que chamamos de inconsciente, mas há outras partes que estão por trás do inconsciente, e representam um grande aspecto da nossa personalidade, quiça o maior. Ele se parece com o iceberg, cujos oito nonos estão ocultos pela água e só aparece um nono dele. É o que chamamos de inconsciente que registra e conserva tudo que pensamos e intencionamos fazer. Freud, em sua trigésima primeira conferência, diz: "As leis da lógica, bem como os princípios da contradição, não cessam sem a atividade do inconsciente, ou seja, do Id, ou desejos 77 conflitantes que existem nele lado a lado, sem que uma parte ilumine a outra. Nada há no inconsciente que pareça recusar algo desses desejos conflitantes. Ficamos confusos ao observarmos que o inconsciente anula a opinião dos nossos filósofos que dizem que todas as nossas atividades mentais conscientes, que se coadunam com o pensamento temporal, não têm em si qualquer sinal da passagem do tempo com sua marcha. É uma verdade confusa. Os filósofos não fizeram por observar a verdade de que a passagem do tempo não modifica nada na atividade intelectual, ou nos impulsos conativos que não saem do inconsciente, mesmo as observações imaginárias que foram guardadas por dezenas de anos, como se isso tivesse acontecido ontem.67 Os psicólogos, aceitam, de um modo geral, hoje essa teoria. Significa dizer que tudo que o homem lembra de bem ou de mal, é gravado no incosciente, e aí permanece para sempre, sem sofrer influência da mudança do tempo e dos acontecimentos; isso acontece a despeito da vontade humana, quer queira, quer não. Freud não conseguiu captar o que há por trás dessa atividade de causas, e que papel ela desempenha no engenho do Universo. Por isso, vemo-lo convocando os filósofos a pensarem e a observarem. Porém, se compararmos essa realidade com a teoria da outra vida, conseguiremos chegar à sua realidade rapidamente, ou seja, de que essa realidade confirma especificamente a possibilidade da existência de um registro completo das atividades do homem durante sua vida, indicando quando começará sua outra vida. A sua própria existência testemunhará os atos cometidos por ele e as suas intenções vividas. "Criamos o homem e sabemos o que a sua alma lhe confidencia, porque estamos mais perto dele do que a (sua) artéria jugular." (Alcorão Sagrado, 50:16) O Problema das Palavras Tomemos aqui o problema das palavras: A teoria da outra vida afirma que o homem é responsável pelas suas declarações. Tudo que ele profere de palavras, boas ou más, de louvores ou de maldições, com o uso da língua na transmissão da verdade ou da falsidade, tudo será 67. Nova Conferência Introdutória Sobre Psicanálise, pág. 99. 78 preservado num registro completo. "Não pronunciará palavra alguma sem que junto a ele esteja presente uma sentinela (que a anotará)" (Alcorão Sagrado, 50:18). Este registro será exposto perante o tribunal da outra vida para o julgamento do homem. A possibilidade da ocorrência desse fato não contraria a ciência moderna. Sabemos que quando uma pessoa movimenta a língua para falar, movimenta ondas no ar, a exemplo do que acontece com a água quando nela é atirada uma pedra. Se colocarmos uma campainha elétrica dentro de uma garrafa hermeticamente fechada e apertarmos o botão que a aciona, não ouviremos nenhum som, apesar de estarmos vendo a campainha, porque as ondas não conseguem atravessar a garrafa. Essas ondas, em circunstâncias normais, atingem os tímpanos, os quais se encarregam de remetê-las para o cérebro que irá codificá-las e nos fazer entender o seu significado. Há afirmações que dizem que essas ondas permanecem em seu estado no espaço para sempre, após a sua ocorrência pela primeira vez, sendo possível ouvi-las novamente. O nosso conhecimento moderno, porém, tem sido incapaz, até agora, de reproduzir esses sons, ou, em outras palavras, de conseguir captar essas ondas novamente, apesar de continuarem em movimento no espaço, desde há muito tempo. Os cientistas, até hoje, não dedicaram atenção especial a esse campo, depois de descobrirem, teoricamente, a possibilidade da invenção de um aparelho para captar as vozes de antigamente, a exemplo do que acontece com o aparelho de rádio que capta as programações das emissoras. O maior problema, porém, que enfrentamos não é a capatação das vozes de antanho, mas o discernimento entre as muitas vozes, para que possamos decifrar cada voz. Este era o caso das emissoras, e que foi solucionado. Milhares de emissoras no mundo transmitem seus programas noite e dia, cujas ondas passam no espaço com a velocidade de 300 000 km por segundo. Na realidade, deveríamos, ao ligarmos um receptor, ouvir um emaranhado de vozes inintelegíveis. Isso, porém, não acontece, porque todas as emissoras transmitem seus programas em frequências diferentes umas das outras. Algumas transmitem em ondas curtas, outras em ondas médias, e seus programas se diferenciam pelo comprimento das ondas, o que nos faculta escutarmos cada programação com a sintonia na onda transmitida. 79 Os nossos cientistas não foram bem sucedidos na invenção de uma máquina que pudesse captar as vozes do passado. Se tivessem sido, iríamos ouvir a história de todas as épocas e de todos os tempos, com suas próprias vozes. De acordo com isso, confirma-se a possibilidade de se ouvir, no futuro, as vozes passadas. Se conseguirmos inventar essa máquina, então, a teoria da outra vida não ficará distante da lógica, que diz que tudo que o homem pronuncia é registrado e será julgado no Dia da Ressurreição. A nossa discussão do problema não anula a existência dos anjos de Deus, ou, em outras palavras, a existência de registradores invisíveis, registrando, no espaço, tudo que se pronuncia de palavras, corroborando as palavras de Deus: "Não pronunciará palavra alguma sem que junto a ele esteja presente uma sentinela (que a anotará)." (Alcorão Sagrado, 50:18) A Questão das Atividades Examinaremos agora a questão das atividades. Nossos conhecimentos neste campo corroboram de um forma surpreendente a possibilidade da outra vida. A ciência moderna afirma sua crença de que todas as nossas atividades, quer seja à luz do dia ou nas trevas, quer isolada, quer coletivamente, todas elas existem no espaço em forma de imagem. Será possível, a qualquer momento, reunirmos essas imagens para descobrirmos tudo o que o homem praticou de atos benéficos ou maléficos durante toda a sua vida. As pesquisas científicas afirmam que tudo o que acontece, quer seja no escuro ou no claro, inerte ou em movimento, emite "calor" constantemente, em todo lugar, em qualquer circunstância. Esse calor reflete as formas e a distância com exatidão, à exemplo das vozes que são a reflexão exata das ondas moduladas pela língua. Já se inventou um aparelho de precisão para fotografar as ondas de calor emitidas por qualquer ser; em seguida ele emite uma fotografia completa do ser que emitiu essas ondas de calor. Como exemplo, podemos citar a nós mesmos, escrevendo, em nosso escritório, que deixaremos dentro de uma hora. Ao fazê-lo, as ondas de calor emitidas pelo nosso corpo durante a nossa estada aí permanecerão para sempre, e será possível registramo-las a qualquer tempo através daquele aparelho. Ele, porém, 80 só conseguirá registrar as ondas de calor após algumas horas da ocorrência do fenômeno, sendo incapaz de registrar as ondas anteriores. Esse aparelho de infravermelho fotografa igualmente tanto no escuro como no claro. Os cientistas da Inglaterra e dos Estados Unidos começaram aproveitar esse aparelho para as suas investigações. Uma certa noite um avião desconhecido sobrevoou os céus de Nova York. Eles fotografaram as ondas de calor dos céus da cidade com o tal aparelho e descobriram o tipo de avião. Esse aparelho é chamado de evapógrafo. Um jornal publicou um artigo a respeito do assunto, dizendo: "Graças a esses aparelhos conseguiremos observar a nossa história nas telas do cinema, no futuro! Tal fato proporcionará descobertas fantásticas, que mudarão os nossos conceitos básicos sobre a história." Esse aparelho é fantástico, mostrando que a vida de cada um de nós pode ser registrada totalmente, como os aparelhos fotográficos automáticos registram todos os movimentos dos atores de cinema. Se você agredir um pobre ou aliviar o fardo de alguém estranho, ou se preocupar com o bem ou com o mal, todos os seus movimentos são registrados na tela do mundo, onde você será incapaz de eliminá-los ou a fugir deles, quer você esteja no escuro ou no claro. Sua vida é como o roteiro filmado em estúdio cinematográfico em que depois assistirmos na tela do cinema, ou a gravação em vídeo, podemos ver logo em seguida na tela de um televisor, sendo que a fita pode ser guardada por longo tempo, em local bem distante da ocorrência da gravação. Ao vermos as imagens, sentimos como se estivéssemos vivendo os acontecimentos. É o que acontecerá com o homem e com os atos praticados por ele. Um filme completo de tais atos será exibido para cada um no Dia da Ressurreição, quando as pessoas gritarão: "Ai de nós! Que significa este Livro? Não omite nem pequena, nem grande falta!" (Alcorão Sagrado, 18:49) Os detalhes científicos que apresentamos nas páginas anteriores esclarecem que os elementos do mundo são responsáveis pelo registro completo de todos os atos do homem. Tudo o que passa pela nossa mente é registrado para sempre; tudo que pronunciarmos será registrado com precisão. Vivemos perante câmeras operando ininterruptamente, sem distinguir entre noite e dia. Todos os nossos atos, mentais, orais, nervosos, 81 são registrados com precisão. Ao detalharmos essa extraordinária teoria científica, só podemos aceitar que cada um de nós comparecerá perante o Tribunal Divino; que esse Tribunal é que preparou essa fabulosa organização para apresentar os testemunhos que não podem ser alterados. Nenhum cientista consegue apresentar uma explicação mais precisa do fenômeno além do que apresentamos. Se essas realidades não conseguem fazer as pessoas sentirem suas responsabilidades perante o poderoso Tribunal do Dia de Prestação de Contas, não sabemos que realidade irá abrir-lhes os olhos. TERCEIRO – A Necessidade do Outro Mundo Verificamos, nas páginas anteriores, que a ocorrência de algo parecido com o outro mundo, defendida pela religião, é possível. O nosso conhecimento nos confirmou que a outra vida é possível. A questão agora é verificarmos se este mundo necessita, de fato, de algo como a outra vida; necessitará o mundo, em sua estrutura atual a sua ocorrência? 1º) A Questão Psicológica Analisemos primeiro a questão psicológica do assunto. O professor Kingham, em seu livro "A Apologia de Platão" diz: "A crença na vida após a morte não é um agonsticismo animado". É possível considerarmos tal afirmação um resumo dos pensamentos dos nossos filósofos ateus. Eles acham que a crença na outra vida é invenção da mente humana que procura um mundo livre, independente dos limites deste mundo, com seus problemas, cheio de alegria. O que a induz a ter essa crença é a sua esperança de conseguir uma vida melhor, onde não haja necessidade de esforço nem de sacrifícios. Tal crença leva o homem para o mundo do idealismo e da ficção, que sonha alcançar após à morte. Em verdade, porém na opinião dos filósofos, nada disso existe. Na minha opinião, essa necessidade humana, por si só, é uma prova psicológica muito forte da existência da outra vida. É como a sede, que indica a existência da água e a sua relação intrínseca entre a água e o homem. Da mesma forma, a procura psicológica do homem a um outro mundo é, por si só, uma prova de que algo parecido com isso existe na 82 realidade, ou é, ao menos, possível existir. Essa necessidade psicológica atesta a relação do nosso destino com essa realidade. A história nos mostra que essse instinto humano existe desde tempos mais remotos. O que não conseguimos entender é como algo inexistente pode influenciar a humanidade, de uma forma constante, em âmbito geral? Essa própria realidade nos indica uma forte circunstância da possibilidade da existência da outra vida. A negação dessa necessidade psicológica, sem provas, é considerada ignorância e fanatismo. Aqueles que negam essa forte necessidade psicológica, alegando a sua nulidade, são os mais incapazes de compreender a realidade sobre a face da terra, apesar de alardearem compreensão, sem qualquer prova, sem qualquer exemplo. Se esses pensamentos fossem frutos do ambiente, como alegam, coisa que não se coaduna com o pensamento humano, como então existe essa forma fantástica desde os tempos mais remotos? Acaso encontramos algo semelhante em outros pensamentos humanos que permaneçam até a época atual, desde milhares de anos? Será que o mais inteligente dos inteligentes conseguiria inventar um pensamento frágil, e então fazê-lo penetrar na alma humana, como se aí estivesse desde a eternidade? Todo homem tem muitas esperanças, e não se contenta apenas com ser bem sucedido. O homem deseja uma vida perene, mas a vida que lhe foi dada está sujeita à lei da morte. O estranho é que quando o homem está no limiar de uma vida bem sucedida, depois de adquirir estudos, conhecimentos, experiências, é surpreendido pela morte. Uma estatística a respeito dos empresários bem sucedidos demonstra que alcançam a estabilidade entre os 45 e 65 anos, então, passam a ganhar muito dinheiro. Nesse momento, subitamente, seus batimentos cardíacos param, à noite ou durante o dia, e então partem para um mundo desconhecido, deixando seus vastos negócios para trás. O Professor Winwood Reade diz: "É uma questão importante que nos leva a pensar se temos ou não uma relação pessoal com Deus. Há, acaso, um outro mundo além do nosso? Seremos, acaso, recompensados pelos nossos atos naquele mundo? Essa pergunta não é apenas um grande problema filosófico, mas é, ao mesmo tempo, a mais importante das nossas perguntas práticas. 83 É uma pergunta que está ligada aos nossos muitos interesses. A nossa vida presente é muito curta, suas alegrias são comuns, temporárias. Quando conseguimos o que almejamos, somos surpreendidos pela morte. Se conseguíssemos descobrir um caminho que tornasse perenes as nossas alegrias, ninguém iria deixar de segui-lo, a não ser os loucos entre nós."68 O próprio escritor, divaga, negando essa importante exigência psicológica, devido a questões sem peso nem valor. Ele diz: "Essa crença e muito razoável, quando não estudamos os seus ângulos com profundidade. Depois de nos aprofundarmos, torna-se claro que é uma questão absurda, o que pode ser demonstrado facilmente: o agricultor ignorante não pode ser responsabilizado por seus maus atos, e irá para o Paraíso, mas os gênios como Goethe, Rosseau, serão queimados no fogo do inferno. O indivíduo que permanece ignorante, portanto, é preferível aos gênios como Goethe e Rosseau! Essa afirmação é absurda."69 Essa posição é semelhante à tomada pelo Lord Klain quanto à pesquisa científica efetuada por Maxwell. Aquele afirmou que não consegue compreender uma teoria qualquer antes da colocação de seu protótipo mecânico. De acordo com essa suposicão, nego a teoria de Maxwell sobre o eletromagnetismo, porque não se aplicou a um protótipo material do Lord. Posições e alegações ficitícias como essas, tornam-se estranhas no mundo natural moderno. O famoso cientista J. W. N. Sullivan pergunta: "Como pode alguém pensar em alegar que a natureza deva ser como algum engenheiro do século XIX que a coloca em seu laboratório?"70 Dirijo as seguintes palavras ao professor Winwood: "Como pode um filósofo do século XX dizer que o mundo exterior deve-se adaptar ao que ele alega?" O nosso escritor não consegue entender uma questão muito simples: Que a verdade não necessita da realidade exterior, mas a realidade exterior é que necessita da "verdade". A verdade é que esse mundo tem um Deus, perante o Qual compareceremos no Dia do Julgamento. É 68. "Martyrdom of Man" (O Martírio do Homem), pág. 414. 69. Idem, pág. 415. 70. J.W.N. Sullivan, "The Limitations of Science" (As Limitações da Ciência), pág. 9. 84 necessário que cada um de nós, quer seja Rosseau, ou um cidadão qualquer, seja obediente e fiel a Deus. A nossa salvação não pode ser conseguida através da descrença; ela está latente em nossa crença e obediência. O estranho é que o nosso escritor não se lembrou de pedir a Goethe e Rosseau que seguissem a verdade, mas pediu a mudança dela. Quando esta não obedeceu, ele começou a negá-la! Essa posição parecese com a de quem nega a conservação dos segredos militares que, às vezes, homenageia um simples soldado razo, e condena um excelente cientista como Rosenberg e sua bela esposa à cadeira elétrica. Não há ninguém, na face da terra, além do homem, que pense no amanhã. Ele se distingue do resto dos animais devido a preocupação constante com o amanhã, pela sua luta incessante, sua diligência permanente, a fim de melhorar sua situação. Sem dúvida que encontramos alguns animais que trabalham para o seu futuro, como as formigas, que armazenam seus alimentos para o inverno, as aves, que constroem os ninhos para seus filhotes. Esses atos dos animais, porém, são instintos. São feitos sem sentimentos de responsabilidade. Não se comportam assim por causa de sua preocupação com o amanhã, mas é um instinto natural do qual se beneficiarão posteriormente. Pensar no futuro requer uma mente inteligente, racional, que são as distinções do ser humano apenas, das quais os outros animais não desfrutam. Essa enorme diferença entre o homem e o animal confirma que o homem deve ter mais distinções em relação às outras espécies para delas se beneficiar. A vida animal é a chamada "vida de hoje". O pensamento no amanhã não existe para ela. A vida do homem, porém, requer o amanhã e, se negarmos isso, estaremos contrariando a natureza. Alguns cientistas e filósofos crêem que a frustração das esperanças do homem, na sua vida presente, é o que o faz pensar em uma vida melhor. Eles acham que esse pensamento desapareceria se fosse permitido ao homem uma situação de conforto total. Um grande número das famílias romanas se convertem ao cristianismo, porque ele lhes prometia as alegrias do Paraíso. Por isso, os cientistas e os filósofos desta comunidade deduzem que a felicidade humana e o conforto da sociedade foram crescendo, cada vez mais, até chegarem, finalmente, à teoria da outra vida. A História dos últimos quatrocentos anos, porém, em que se desenvolveram a ciência e a tecnologia, desmente essa dedução. A 85 primeira coisa que o desenvolvimento e a tecnologia prepararam para o homem foi o de lhe proporcionar vários meios, monopolizados por determinadas pessoas que, por sua vez, o exploram, eliminando os pequenos trabalhadores e profissionais, transformando a corrente das fortunas em suas riquezas e tesouros, transformando as pessoas do povo em trabalhadores pobres e necessitados. É possível ler sobre essas descrições maléficas, resultantes do desenvolvimento tecnológico, no livro de Karl Marx, "O Capital", considerado como o clamor da classe trabalhadora dos séculos XVIII e XIX. A reação desse clamor começou, então, e foi seguido por longa luta, deflagrada pelas classes trabalhadoras, fazendo a situação melhorar um pouco. Porém, na minha opinião, essa mudança da situação dos trabalhadores é superficial. O trabalhador de hoje necessita mais do que necessitava ontem. A verdadeira felicidade, porém, é mais escassa, porque o sistema tecnológico não deu ao homem mais que aparências materiais, sem valores espirituais para poder fornecer aos seguidores desse sistema a felicidade e o sossego do coração, corroborando o que o poeta Blake disse a respeito da civilização moderna! "Encontrei um estigma em cada rosto; estigma de fraqueza, marcas de infortúnio." Bertrand Russell confessou que os animais do nosso mundo são cobertos com felicidade e alegria, enquanto os indivíduos são mais merecedores dessa felicidade. Mas estão desprovidos dela no nosso mundo moderno.71 Hoje, como diz Russel, é impossível conseguir-se essa dádiva: a felicidade!72 Quando alguém visita Nova York, vê os seus altos edifícios, como o do Empire State, com 102 andares. É um edifício muito alto. A temperatura, nos seus andares superiores, é muito baixa em relação aos andares inferiores. Quando se sai do eidfício e se observa da rua, não se acredita que se esteve naquele gigante de trezentos e cinquenta metros de altura. O elevador não leva mais que três minutos para chegar ao andar superior. Após se ver o edifício e desfrutar das vistas, vai-se para os night clubs e se vê homens e mulheres dançando colados… A pessoa pensa: "Quão felizes essas pessoas são!" Assiste-se a danças sensuais 71. "Conquest of Happiness" (A Conquista da Felicidade), pág. 11. 72. Idem, pág 93. 86 em que mulheres bonitas assediam os espectadores, sentando-se à sua frente, com ares de tristeza, e lhe pergunta: – Você acha que sou feia? – Não, não acho… – Devo ter perdido a minha beleza, não? – Não, na minha opinião você é linda! – Agradeço a sua gentileza. Mas os rapazes não flertem comigo, nem me notam! A vida para mim se tornou um tédio. O que vi em Nova York não é mais que uma pequena amostra do drama do homem moderno na época moderna. As ciências e a tecnologia construíram arranha-céus, mas arrancaram a felicidade dos corações de seus habitantes. Construiram fábricas movidas por máquinas enormes, mas privaram seus funcionários do descanso que almejam. Esse é o resultado da história científica e tecnológica. Como podemos almejar ou imaginar um mundo repleto de paz e felicidade produzido pela tecnologia? 2ª) A Necessidade Moral Quando estudamos o problema do ponto de vista moral, vemos que a outra vida é necessária. A história do homem não tem sentido sem ela. A racionalidade do homem o faz distinguir entre o bem e o mal; entre o útil e o inútil, entre a justiça e a injustiça. Essa natureza é que distingue o homem dos outros animais. Porém, eis o homem, que seu Senhor honrou, desperdiçando a racionalidade que Deus lhe deu, mais do que àqueles que não desfrutam dela. Ele tiraniza seu semelhante, matando-o, expulsando-o e lhe causando todo tipo de maldade. Os animais irracionais não injustiçam seus semelhantes; o leão não ataca outro leão, o tigre não ataca outro tigre; o homem, porém, passou a assassinar seus irmãos, até seus parentes próximos, coisa que não tem paralelo na lei da selva. Sem dúvida, encontramos rasgos da verdade e da justiça na história humana, que devem ser levados em consideração. A maior parte da história, porém abunda de narrações de injustiça, de corrupção e de agressão. O historiador se desespera quando vê que os acontecimentos históricos se chocam com a consciência humana. 87 Vamos citar algumas declarações desses historiadores: Voltaire diz: "A história nada mais é do que um relato de crimes e infortúnios."73 Herbert Spencer diz: "A história é uma confusão de palavras vazias, sem qualquer benefício." Napoleão diz: "Toda história é um título de uma novela sem sentido." Edward Jean diz: "A história do homem não passa de um registro dos seus crimes, da sua loucura e do seu desapontamento." Haikal diz: "A única lição que o governo e o povo tiraram da história, é que nada aprenderam da história."74 Será que toda a comédia humana terminará numa catástrofe? A nossa natureza diz: Não… A propensão à justiça e à eqüidade da consciência humana requer a não ocorrência dessa possibilidade. É necessário que haja o dia da distinção entre o autêntico e o falso; é necessário que o injusto e o injustiçado recebam suas respectivas pagas. Essa necessidade é impossível de ser distanciada dos valores históricos, como é impossível de ser afastda da natureza humana. Esse vazio distante, que faz distinção entre a realidade e a natureza, necessita de algo que o preencha. Essa distância enorme entre o que acontece e o que deveria acontecer significa que uma outra comédia foi preparada para a vida, e que forçosamente aparecerá. Esse vazio enorme exige a complementação da vida. Fico em dúvida ainda quando vejo que essa situação não leva os humanos a crerem que o que não existe hoje, e é exibido pela razão, acontecerá certamente amanhã. "Se não houver ressureição, quem haverá de castigar os sedutores?" – Uma sentença muitas vezes repetida por mim, acompanhada por amarga dor, quando leio os jornais. Eles são uma pequena amostra do que acontece todo dia no mundo. O quadro é aterrador… Falam de 73. "História da Filosofia", Will Durant, pág. 214. 74. "Western Civilization" (Civilização Ociental), E. Menall, Burns, pág. 871. 88 assassinatos, de raptos, de assaltos, de acusações falsas, de tráfico político, de promoções maléficas. Os jornais nos informam de como um governo repele os opositores débeis em nome dos interesses da nação e da segurança nacional; como pessoas dominan terras que nunca possuíram, com uso das armas. Esses jornais não passam de estórias a respeito do sofrimento do fraco e do forte, do governante e do governado. Os acontecimentos do mundo, principalmente os assassinatos em massa, as depredações, os incêndios, mostram que as pessoas são capazes de cometer qualquer crime, imaginável ou não. Pessoas que carregam os símbolos secularistas, republicanos, de não agressão, conseguem, ao mesmo tempo, cometer os piores tipo de segregação, de tirania, de agressão, sem similar na história. Todos esses crimes horríveis, que os animais mais selvagens não cometeriam, acontecem diariamente em várias partes da terra, sem que haja uma reação à altura para acabar com eles. Será que este mundo foi criado para que seja palco de sofrimento, de atos satânicos, de selvageria, de pirataria, sem que o justos e os injustos sejam julgados pelos seus atos? Um mundo desse tipo demonstra, por si só, que é incompleto e necessita de algo para completá-lo. 3ª) A Questão de Comportamento Estudemos isso de um outro ângulo. Uma questão importante fez o homem pensar desde os tempos mais remotos: é o método de obrigar as pessoas a terem um bom comportamento. Se supomos que alguns membros da sociedade foram investidos de autoridade política para realizarem esse objetivo, é possível que os governados se comportem bem, com medo do castigo. Porém, quem fará com que os investidos de poder político instituam a justiça e a eqüidade? Se recorremos ao código e aos tribunais, como, então, poderemos utilizá-los para atingirmos os locais e as partes que não obedecem à polícia e ao código? Se recorrermos à propaganda e pedirmos aos maldosos que parem de cometer crimes, quem nos obedecerá? Quem deixará de auferir os lucros fáceis? A ameaça de castigo terreno não é suficiente para coibir os desvios do homem. Todos nós sabemos que a mentira, o suborno, o 89 favoritismo, a exploração do próximo, e os métodos similares conhecidos, não cessam sem a possibilidade do castigo. Nada será bem sucedido na repressão dos crimes, a não ser o impulso do fundo do coração do homem. Quanto à consciência que penetrar no íntimo do homem, nenhum fator exterior a irá anular. Tal característica só é possível por intermédio da crença na vida futura. Uma força propulsora está oculta nesta crença, fazendo com que o evitar cada indivíduo a prática criminal seja do seu interesse pessoal. No entanto, trata-se de um interesse coletivo. Todos, quer sejam líderes ou liderados, quer estejam nas trevas ou na luz, acham que é inevitável que um dia encontrarão a Deus. Todos sentem que Deus os vê, que os julgará certamente. Essa preocupação com a crença em outra vida foi que fez o juiz Mathew Halos, um dos mais famosos juízes do século XIX, dizer: "A afirmação de que a religião é um logro, visa anular todas as nossas responsabilidades para a estabilização do sistema social".75 Quão importante este lado é para a teoria da outra vida! A importância dessa teoria está no fato de que muitos dos nossos cientístas ateus, que não crêem na realidade da outra vida, foram obrigados, de acordo com as experiências históricas, a dizer que nada há além da "outra vida", para observarem o homem e fazerem-no seguir o caminho do bem e da justiça em todas as circunstâncias. Kant negou a existência de Deus, dizendo: "Não há provas suficientes da sua existência."76 Ele nega o lado teórico da religião, mas, ao mesmo tempo, é obrigado a aceitar o seu lado prático quanto à questão moral. Voltaire também não acreditava nas verdades extraterrenas, mas dizia: "A importância de Deus e da outra vida é muito grande, pois são as bases do estabelecimento dos princípios morais".77 Ele vê que essa crença sozinha é responsável pela existência de uma estrutura moral para o bem da sociedade. Se essa crença cessar, não mais encontraremos um motivo para a prática do bem; isso causará o desmoronamento do sistema social. 75. "Religion Without Revelation" (A Religião Sem Revelação), pág. 115. 76. "História da Filosofia", Will Durant, pág. 266. 77. Windelband, "History of Philosophy" (História da Filosofia), pág. 496. 90 Aqueles que acham que a outra vida é fictícia, devem pensar em como uma idéia fictícia adquiriu uma importância tão extraordinária em relação à realidade da vida! Por que não conseguimos, sem ela, estabelecer um sistema social saudável? Por que os valores das nossas vidas desmoronam quando, abandonamos essa idéia? É possível que uma idéia fictícia ocupe essa grande importância na vida? Há, acaso, um outro exemplo no Universo para uma idéia fictícia inexistente que desfrute dessa importância real da vida, apesar de não ter nenhuma relação com a nossa realidade? A nossa sociedade promete dar outra vida à organização da vida, e seu estabelecimento sobre bases justas e reais, é, por si, a confirmação de que a outra vida é uma das verdades do Universo. Não exageraremos se afirmarmos que o lado lógico da dedução confirma a realidade dessa teoria, de uma forma científica prática. 4º) A Necessidade Cósmica Analisemos a questão por um terceiro ângulo, o que chamaremos de necessidade universal. Nas páginas anteriores falamos sobre a existência de Deus no Universo. Ficou plenamente confirmado que os estudos científicos e ideológicos nos fazem afirmar a existência de um Deus desse Universo. Fica a pergunta: se há uma relação entre Deus e o homem por haver necessidade de ela surgir, quando surgirá claramente? Quanto ao mundo de hoje, é possível afirmarmos que essa relação não surgiu ainda. O homem que não crê em Deus, diz: "Não temo a Deus!" e nada lhe acontece; pelo contrário consegue a liderança e assume as rédeas do governo! Quanto aos que transmitem a mensagem de Deus, as autoridades imobilizam as atividades, alegando que são "ilegais". Há também escritórios e instituições que se dedicam noite e dia a brincadeiras; dizem: "Nossa nave chegou à lua, e não teve o prazer de encontrar o Deus de vocês". Todos os meios oficiais de comunicação apoiam essas instituições. Cada vez que os divulgadores apresentaram suas mensagens 91 os cientistas da época os enfrentaram, dizendo: "Vocês são reacionários que se debatem nas trevas!" As crianças nascem, crescem e morrem. Os povos alcançam o auge e decaem. As revoluções acontecem e desaparecem. O sol nasce e se põe, mas nunca aparecem os sinais da existência de Deus. Nessa altura as nossas mentes e os nossos corações nos exigem crermos na existência de Deus ou negarmos essa existência. Se optarmos por crer em Deus, deveremos forçosamente crer na outra vida. Não há outro caminho para explicar a relação do homem com Deus. Darwin reconheceu que este Universo tem um Criador, mas a evolução da espécie, que ele apresentou, não possui nenhum elo entre o Criador e as criaturas, como também não sente a necessidade do "fim" deste Universo, uma necessidade que o impele a estabelecer essa ligação. Não sei como Darwin preencherá esse vazio enorme na sua teoria biológica. A minha razão nega um Deus que não tenha nenhuma relação com as questões universais, nem suas criaturas o vejam com aparência de criador. Quão estranho é este "criador" de Darwin, que, quando vem, é um gigante, então é eliminado sem os motivos que o levaram a essa criação, sem explicar a suas criaturas os seus vários atributos! Se pensarmos um pouco nessa questão, veremos nossos corações gritarem: "Sabei que a hora chegará indubitavelmente." (Alcorão, 40:59) Se observarmos atentamente, vê-la-emos chegando rapidamente, prestes a explodir, como o feto na barriga da mãe. Quão próxima está! Acontecerá repentinamente: "Perguntar-te-ão acerca da hora (do Desfecho): Quando acontecerá? Responda-lhes: Seu conhecimento está só em poder do meu Senhor, e ninguém, a não ser Ele, pode revelá-lo; (isso) a seu devido tempo. Pesada será nos céus e na terra e virá inesperadamente." (Alcorão, 7:187). QUARTO – O Testemunho Experimental Continuamos a nossa tese em outro lado da questão: Há, acaso, testemunho experimental que ateste a vida após a morte? 92 A primeira prova da outra vida é esta nossa vida em si. Aqueles que negam a outra vida confessam a intuitividade da primeira vida. Será que a vida que surgiu uma vez, não conseguirá se repetir? Essa experiência que vivemos hoje, será que é impossível acontecer outra vez? Nada há mais inimigo da lógica e da razão humana do que aceitarmos o acontecimento de um evento no presente e o negarmos no futuro! É uma estranha contradição. O homem alega que os deuses que ele inventou, com seus poderes penetrantes para explicar o Universo, conseguem recriar o Universo, mas se nega obstinadamente a aceitar aquela teoria semelhante que a religião apresenta. Sir James Jeans apresenta a teoria dessas pessoas, dizendo: "Não é estranho que a nossa terra tenha surgido por acaso, resultado de alguns acontecimentos. Se o nosso Universo permanecer na sua situação por um longo período, semelhante à sua criação, por acaso, não estará tão longe o acontecimento de qualquer coisa que inferirmos sobre a terra."78 A Teoria da Evolução diz que todos os animais evoluíram de um único animal, chegando ao que são hoje, através de longo período. De acordo com essa explicação dada por Darwin, a girafa existente atualmente pertencia à espécie de animais pequenos, de casco fendido. Ela porém, através de evoluções longas, de mutações e diferenças pequenas, que aconteceram com a espécie animal, conseguiu esse corpo enorme e estranho, que tem hoje. Darwin, no capítulo nove de sua teoria, diz: "É determimante para mim, se tivermos um longo período… É possivel um animal de casco fendido transformar-se num animal como a girafa".79 Assim, todos os cientistas que tentaram explicar o Universo e a vida, de forma natural, foram obrigados a admitir que se houver as mesmas condições que auxiliaram na criação da primeira vida, é possivel recriar a vida novamente. A possibilidade do acontecimento da outra vida é mais viável, teoricamente, do que a possibilidade da primeira vida, que de fato já aconteceu; e qualquer coisa que admitirmos que 78. "Modern Scientific Thought" (O Pensamento Científico Moderno), pág. 3. 79. "Origin of Species" (A Origem das Espécies), pág. 169. 93 criou a vida, quem quer que seja o criador, é forçoso admitirmos, de forma intuitiva, que esse criador é capaz, certamente, de recriar as mesmas condições, como da primeira vez. Devemos admitir isso, a menos que neguemos a primeira vida (que existe atualmente) ... Carecemos de todas as bases sobre as quais construímos os apoios da negação da outra vida, quando admitimos a existência da primeira vida! QUINTO – A Pesquisa Psicológica A Pesquisa psicológica confirma o que citamos acima: que todos os pensamentos do homem, ou melhor, todas as células do seu cérebro permanecem inalteráveis. Esse fato confirma explicitamente a tese de que o cérebro humano não faz parte do seu corpo. Todas as células e todos os tecidos do seu corpo mudam conpletamente em poucos anos. O registro do incosciente, porém, não aceita nenhuma mudança, ou equívoco ou dúvida, apesar da passagem de centenas de anos. Se esse registro memorial é um ser no corpo, não sei qual é a sua posição quanto a esse corpo e em que parte se oculta, particularmente! Se faz parte do corpo, por que não desaparece quando as partes do corpo desaparecem, após alguns anos? Quão fantastico é esse registro, cujas páginas se autodestroem, mas não acaba, nem desaparece! As novas pesquisas psicológicas atestam, de uma vez por todas, que a existência humana não se restringe a esse corpo material que obedece constantemente as ações da destruição, do atrito e do desaparecimento, mas é algo diferente de tudo isso, que não desaparece, mas permanece independente, sem cessar. Sabemos, também, que os limites e as leis do tempo não têm função, a não ser no nosso mundo. Se há um outro mundo, que começa a partir da morte de nossos corpos materiais, ele está isento do limite e das leis. Tudo que executamos de trabalho e atos sentimentais sai do campo desses limites e dessas leis, mesmo que haja "outra vida mental", como afirma Freud, isso significa que a vida corrente nunca acaba, mas recomeça sua marcha após à morte, e eis-nos vivos. Essa morte não é mais que um dos resultado dos limites e leis temporárias. A nossa verdadeira exitência, porém, é o inconsciente, como diz Freud. 94 Ele é independente, livre desses limites e dessas leis e não é afetado pela morte, que só atinge o corpo material, permanecendo o inconsciente, que é o verdadeiro homem. Como exemplo, posso citar um acontecimento ocorrido há um quarto de século atrás, ou um pensamento que me ocorreu vinte anos atrás, os quais eu já esqueci completamente. Apesar disso, vejo-os em meus sonhos hoje. A explicação disso para os psicólogos, é que estavam guardados no inconsciente como se tivessem acontecido ontem! Perguntamos aqui: onde está o inconsciente? Já que foi tudo gravado nas células, como é gravada a voz nas fitas e nos discos, tais células, que registraram o acontecimento de um quarto de século atrás ou a idéia de vinte anos atrás, e já desapareceram, há muito anos, e não tem nenhuma relação com o meu corpo atual. Que relação tem essa idéia a ver com o meu corpo? Trata-se de um testemunho experimental que afirma, de uma vez por todas, que há um outro mundo, fora dos nossos corpos materiais, totalmente independente, que não desaparece com o desaparecimento do corpo ou de uma parte dele. SEXTO – As Pesquisas Psíquicas As pesquisas psíquicas atestam a vida após à morte, experimental e cientificamente; o que nos leva a estranhar, nessas pesquisas, é que elas não afirmam a "permanência pura" da alma, mas afirmam a permanência pessoal que conhecíamos antes de morrer! Há muitas peculiaridades das quais o homem desfruta há muito tempo, mas que só foram descobertas recentemente. Dentre essas peculiaridades está a "visão", considerada das mais antigas distinções da espécie humana. São verdades revolucionárias que os psicólogos descobriram a respeito dessa distinção, e que os nossos antepassados desconheciam. Há outros fenômenos recentemente estudados, cujas pesquisas e estatísticas, foram feitas em diferentes partes do mundo; essas pesquisas resultaram em coisas muito importantes. Dentre essas pesquisas há o que é chamado de "Pesquisas Psíquicas". É um ramo da psicologia cujo objetivo é a tentativa de descobrir as distinções humanas paranormais. O primeiro instituto destinado a este tipo de pesquisas foi fundado em 1882 na Inglaterra. 95 Os cientistas do Instituto iniciaram seus trabalhos em 1889 e já pesquisaram 17 mil cidadões. Ele continua sob o nome de "Sociedade de Pesquisas Psíquicas". Muitos desses institutos foram fundados em várias partes do mundo. Eles confirmam, após pesquisas e experiencias de grande amplitude, que a personalidade humana continua existindo, após a deterioração do corpo físico, de uma forma estranha. Um caixeiro viajante de uma firma americana estava, uma vez, anotando os pedidos de seus clientes, no quarto do hotel Saint Josph, estado do Missouri, quando pressentiu que alguém estava ao seu lado. Ele disse: "Virei o rosto rapidamente e vi que era minha irmã". Sua irmã havia morrido havia nove anos. Depois de um instante, o rosto dela desapareceu. O homem ficou tão assustado com o fenômeno, que, em vez de prosseguir viagem, resolveu voltar para casa, em Saint Louis. Em casa, narrou o ocorrido a seus parentes, com pormenores, como havia tido a visão. Quando, durante a narrativa, ele disse: "E vi na sua face direita uma ferida de cor vermelha.", sua mãe deu um grito e levantou-se abalada, dizendo: "Fui eu que causei o ferimento que você viu. Foi um acidente. Fiquei arrependida e senti pena. Removi os vestígios do ferimento e cobri com uma pomada". Ela acrescentou: "Desde então, nunca revelei isso a ninguém".80 Esses tipos de acontecimentos não são particularidades da América e Europa; acontecem em todas as partes do mundo. Mas, como a maior parte das pesquisas científicas modernas foram efetuadas naquela região do mundo, forçosamente, as testemunhas experimentais têm de vir também daquela região. Se alguns dos nossos cientistas tivessem um pouco de ambição e confiança em si, e tivessem começado a empreender o mesmo trabalho em sua região, teriam acumulado muitos exemplos nos países asiáticos e africanos. Eu mesmo, sei de muitos acontecimentos similares que apoiam essa teoria de uma forma extraordinária. Infelizmente, as preocupações nos impedem empreendermos tais pesquisas científicas, por causa dos gastos materiais e do tempo necessário. 80. "Human Personality and its Survival After Bodily Death" (A Personalidade Humana e sua Sobrevivência Após à Morte Física). F.W.H. Myers, 1903, vol II, pág. 27. 96 Há acontecimentos incontáveis como este. Eles atestam a existência de "personagens conhecidos" depois de sua morte. É inconcebível considerarmos esses acontecimentos como "imaginação e irrealidade" como algumas pessoas se acostumaram dizer a este respeito. O segredo da ferida na face direita da moça, e ela havia morrido a algum tempo, não era do conhecimento de ninguém, além da moça e de sua mãe. Há outros acontecimentos que atestam a permanência da vida após à morte. Eles se relacionam com que chamamos de "Automatistas".81 Esse nome é dado a quem apresenta sinais de praticar atos sem a sua vontade. Tal fato demonstra que espíritos de pessoas já mortas tomam os corpos desses vivos. Essas pessoas revelam, durante os trabalhos, coisas só conhecidas pelos mortos, donos dos espíritos. Após algum tempo, tais revelações aparecem como verdades reais. Há outras pessoas que falam e escrevem ao mesmo tempo, sem que a escrita tenha relação com a fala. "Isso atesta que um espírito, além do seu próprio, habita seu corpo e o faz escrever".82 Muitos dos nossos cientistas têm dúvida quanto à aceitação dessas deduções. O escritor Prade diz: "Qualquer ramo das ciências modernas não atesta a possibilidade da vida após à morte. Elas inspiram-se para isso na exclusão de suspeitos nas pesquisas psíquicas".83 Contudo, a dedução me parece o mesmo que dizer: "O pensar" é uma exclusão suspeita, porque ninguem, dentre os milhões de animais existentes na face da terra acredita nesse fênomeno, além do homem. A permanência e o desaparecimento da vida está relacionado com a psicologia, porque é uma questão puramente psicológica, e só pode ser estudada dentro da psicologia. O procuramos em outros setores da ciência, é o mesmo que pedir a botânica e a mineralogia de confirmar o fenômeno de pensar. Não podemos, também, fazer do nosso estudo, dentro do corpo humano, um arbítrio para esse problema importante. A 81. Talvez se encontrem entre esse o que nós denominamos popularmente de pessoas tomadas. 82. "A Philosophical Scrutiny of Religion" (Uma Investigação Filosófica da Religião), pág. 407. 83. "Religion, Philosophy and Physical Researches" (Religião, Filosofia e Pesquisas Físicas), Londres, 1953, pág. 235. 97 causa disso é que a parte em que pedimos a sua permanência e a continuação de sua vida, a alma, não se encontra na parte material, mas em outro corpo. Essa é a questão que levou muitos de nossos sábios a confessarem que "a vida após a morte" é um fato real, depois de realizarem pesquisas científicas longas e completas. O professor Dukass, professor de filosofia na Universidade de Brown, lançou luzes às questões psicológicas e filosóficas quanto à questão da vida após a morte, no Décimo Sétimo Capítulo de seu livro. O Dr. Dukass não crê na vida após à morte como uma crença religiosa, mas aponta, durante sua pesquisa, muitas provas destituídas de questões religiosas que o obrigaram a crer nela. Ele diz no final do capítulo citado: "Um grupo dos nosso sábios mais eruditos examinou as provas relacionadas à questão. Examinaram-nas com olho crítico e chegaram finalmente à conclusão de que há provas que fazem a idéia da "permanência da alma" uma teoria razoável e passível de acontecer. Acham que tais provas só podem ser explicadas dessa forma. Dentre esses eruditos que efetuaram tais pesquisas podemos citar: Professor Alfred Russel Wales, Sir William Kraucass, F.H. Mayres, Cesar Lombrazo, Camil Flamarion, Sir Oliver Logg, Dr. Richard Hagxen, Mr. Henry Sidwick". O Dr. Dukass continua dizendo: Despreende-se disso que a crença da permanência da vida após a morte, no que crêem muitos de nós como crença religiosa, não é apenas uma realidade, mas talvez seja a única das inúmeras crenças religiosas que podem ser atestadas com a prova experimental. Se isso é verdade, é possível também que encontremos informações conclusivas a respeito do assunto, sem se levar em consideração as idéias que os religiosos inventaram a respeito do tipo de vida após à morte, e nem se precisa, então, crer no caráter religioso dessa teoria.84 Parece que o Dr. Dukass, após chegar a esse ponto de esclarecimento da questão da vida após à morte, e negar o seu caráter religioso, assemelha-se a um interiorano que teima que não há meio de 84. "A Philosophical Scrutiny of Religion" (Escrutíneo Filosófico da Religião), pág. 412 . 98 falar com um parente seu que mora em cidade desenvolvida. Se for ligada uma linha telefônica com seu parente e for-lhe dado o auscultador, ele dirá, depois de conversar com o parente: "Não é viável que a voz seja do meu parente. É possível que a voz tenha saído de alguma máquina." 99 SEXTO CAPÍTULO A CONFIRMAÇÃO DA MISSÃO Uma das crenças importantes da religião, após a crença em Deus, é a crença na missão, ou na revelação e na inspiração. Significa que Deus, Altíssimo, revela Suas palavras a uma pessoa que Ele escolhe dentre o povo, para informar a humanidade o que compraz a Deus. Quando somos incapazes de captar uma linha quente entre Deus e o mensageiro, negamo-lo. Hoje, porém, conseguimos compreender essa questão com facilidade total, devido às realidades conhecidas. Há muitos fatos que se desenrolam ao nosso redor a todo instante, e somos incapazes de entendê-los, ou ouvi-los, ou senti-los com os nossos sentidos. A ciência moderna conseguiu nos facilitar a sua compreensão com o auxílio dos aparelhos científicos inventados pelas pessoas. Esses aparelhos podem captar o som de uma mosca voando a uma distância de alguns quilômetros, como se estivesse ao lado do nosso ouvido. Entre os aparelhos científicos inventados há aqueles que registram as colisões dos raios cósmicos no espaço! Inventamos muitos aparelhos que conseguem capatar acontecimentos impossíveis de captar através dos meios auditivos normais. Essa capacidade de audição fora do normal não é privilégio dos aparelhos modernos apenas; sabe-se que Deus cumulou alguns animais com ela. É indubitável que o aparelho auditivo do homem seja muito limitado. Os aparelhos de alguns animais, porém, diferem muito do aparelho humano. O cão, por exemplo, consegue sentir o cheiro do animal que já passou por algum lugar. Por isso os cães são utilizados a auxiliar para desvendar crimes e capturar criminosos. A fechadura quebrada pelo ladrão é cheirada pelo cão treinado, então parte seguindo a pista, e captura o ladrão em meio a milhares de pessoas. 100 Há muitos animais que ouvem sons fora do nosso diapasão. As pesquisas provam, nesse campo, que alguns animais estão providos com capacidades telepáticas. Se colocarmos uma fêmea da mariposa numa sala com a janela aberta, ela emitirá um som que será ouvido pelo macho a grande distância, o qual pode emitir um som de retorno. Há uma outra espécie de inseto, o grilo, que mexe as patas e asas e emite sons anormais que podem ser ouvidos a quilômetros de distância, deslocando, com isso, seiscentas toneladas de ar, para chamar a fêmea. Ela, por sua vez, mesmo imóvel, emite uma resposta, inaudível para nós, mas que pode ser captada pelo macho, que a irá encontrar onde ela estiver. As pesquisas confirmam também que o gafanhoto tem uma capacidade extraordinária de audição, pois ele ouve e sente o movimento que se dá dentro do núcleo do átomo de hidrogênio! Há muitos outros exemplos que confirmam a possibilidade da existência de dons não visuais nos que têm capacidadse extrasensoriais. Se é este o caso, por que estranhamos a alegação de que uma pessoa ouve a voz de seu Senhor, inaudível para o resto das pessoas, se é possível haver movimentos e sons inaudíveis para audição humana, mas que, os aparelhos os registram, se há mensagens que só alguns animais captam? Por que a estranheza e a dúvida? Deus, por um motivo que só Ele conhece, envia Suas mensagens por vários meios, desconhecidos pelo homem escolhido para a mensagem, depois de adquirir a capacidade de captá-la e compreendê-la. Não há, na realidade, choque, entre a nossa visão e as experiências científicas. É um dado, dentre muitos, que vemos e experimentamos em locais e meios diferentes. A revelação é uma capacidade que encontramos em forma de realidade, após à experiência. Ficou demonstrado que as experiências telepáticas e do conhecimento do incognoscível não são particulares dos animais. Mas são natos no homem. O Dr. Alexis Carrel diz: "Os limites psicológicos do indivíduo, no espaço e no tempo, não são, evidentemente, senão meras suposições."85 O telepata consegue fazer você dormir, rir, chorar, como consegue transmitir-lhe palavras ou vontades estranhas a você. É um 85. O Homem, Esse Desconhecido, pág. 291. 101 processo em que não se usa quaisquer meios, nem ninguém presente, a não ser o telepata e o receptor. Como se pode duvidar do mesmo processo entre a criatura e o Criador? Depois de crermos em Deus e examinarmos todas essas experiências, entre elas a telepatia, não vemos porque negar-se a revelação e a inspiração. Em 1950, algumas pessoas da Baviera apresentaram uma queixa contra um mágico sueco de nome Vranter Strobill, acusando-o de intromissão nos programas de uma emissora de rádio através da telepatia. Vranter Strobill se apresentava no hotel Regina em Munique, quando mostrou um maço de baralho para um dos espectadores e lhe pediu para escolher uma carta. Disse também que iria transmitir o nome daquela carta e o nome do hotel, em ordem, como estavam no pensamento do espectador, ao locutor da rádio que estava transmitindo o noticiário radiofônico de Munique, sem que o locutor soubesse alguma coisa a respeito! Depois de alguns segundos, ouviu-se a voz trémula do locutor, a dizer: "Hotel Regina, dama de espada." A voz do locutor estava trêmula e apavorada, mas continuou o noticiário. Muitos ouvintes da cidade de Munique estranharam, e centenas deles ligaram para a emissora pedindo explicações sobre o fenômeno. Era impossível ligar o noticiário com "O Hotel e a dama de espada". Um médico da emissora foi examinar o locutor e o encontrou extremamente nervoso. O locutor declarou: "Senti uma dor forte na cabeça, e não sei o que aconteceu depois disso." Os cientistas apresentaram várias teorias para explicarem esse quadro telepático. Uma das teorias diz que o cérebro transmite ondas que se espalham por todo o mundo com uma velocidade extraordinária. Por isso, foi chamada de Teoria das Ondas Cerebrais.86 Nós dizemos: Se o homem consegue transferir os pensamentos para outro ser humano, a distâncias enormes, sem o uso de qualquer meio material aparente, por que é impossível acontecer o mesmo processo (e há vários exemplos a respeito)? Não é mais que uma experiência que 86. "Religion, Philosophy an Physical Research" (Religião, Filosofia e Pesquisas Físicas), C.D. Broad, págs. 47-48; "O Homem, Esse Desconhecido", págs, 291-92. 102 nos faz entender a relação das elocuções e dos seus significados que unem a criatura a Deus quando Ele envia Sua mensagem. A Telepatia é uma questão conhecida pelas pessoas. Ela nos mostra a compreensão do sistema telepático entre Deus e as criaturas, o qual se completa quando alcança o grau de revelação. Essa revelação pode ser uma "telepatia cósmica" da espécie das telepatias que conhecemos em nossa vida de níveis limitados. PRIMEIRO – A Necessidade da Mensagem Será preciso, após o esclarecimento da possibilidade da revelação e da inspiração, procurarmos se é "necessário" que Deus fale com um ser humano, para notificar Suas palavras às pessoas? A maior prova dessa necessidade é que a questão transmitida pelo mensageiro é um dos mais importantes relacionamentos com a vida humana e seu destino. O homem consegue chegar a essas realidades com seus esforços pessoais. Ele procura, desde milhares de anos, a verdade sobre o Universo para entender os segredos do começo da vida e, seu final, a verdade sobre o bem e o mal, as condições da formação do homem para a humanidade, a organização dos aparelhos da vida para que os esforços humanos possam caminhar um passo na trilha do bem e do conforto; esses esforços que não foram coroados pelo êxito, até hoje. Desvendamos os segredos do ferro, do petróleo, e conhecemos as verdades da natureza, só depois de um pequeno esforço. Somos incapazes, porém, de descobrir "a ciência humana", apesar dos esforços dos nossos maiores gênios em pesquisas ininterruptas nesse campo. Estes não conseguiram, até agora, determinar seus princípios e bases. Essa é a maior prova de que o homem necessita de orientação de Deus para que possa conhecer-se! É incontestável que o homem moderno não seja bem-sucedido ainda em desvendar o enigma da vida. Mas tem esperança de que o destino o ajude um dia a desvendar esse segredo complexo. Sem dúvida, a incapacidade do conjunto da ciência e da indústria em satisfazer as necessidades psicológicas do homem confirma o pensamento que diz: "Demos uma importância anormal à ciência material, deixando as ciências humanas em sua fase primária", mas aqueles que foram levados, 103 pela sua ambição, a agir nesse campo, campo da ciência humana, também não conseguiram descobrir nada; continuaram vacilantes em seu extravio. O Dr. Alexis Carrel, prêmio nobel da ciência, diz: "Os princípios da Revolução Francesa, as visões de Marx e de Lenin, só se aplicam a homens abstratos. É preciso reconhecerem com clareza que as leis das relações humanas permanecem desconhecidas. A sociologia e a economia política não são mais que ciências conjunturais – isto são pseudo ciências".87 É indubitável que nossas ciências modernas abriram perspectivas perante o homem. Mas, ao mesmo tempo complicaram a questão e não ajudaram na solução da crise, em nenhuma fase. O professor J.W.N. Sullivan diz: "O Universo descoberto pela ciência moderna é mais obscuro e ambíguo do que toda a história do pensamento. Não há dúvida de que o nosso conhecimento sobre a natureza seja superior ao de todas as épocas passadas. Todos esses conhecimentos, porém, não são convicentes. Enfrentamos hoje a ambiguidade e contradição em todos os lugares".88 Essa triste catástrofe que enfrentamos, depois de longas pesquisas científicas materiais a respeito do segredo da vida, nos mostra que o desvendar desse segredo não foi permitido ao homem."89 A nossa situação impõe o conhecimento do segredo da vida, pois não conseguimos conhecê-lo. Por isso, o que mais almejamos é conseguilo. A mais sublime parte da nossa personalidade, o cérebro, não sossega sem isso. A nossa vida está dispersa por ignorarmos essa verdade. O segredo da vida é a nossa grande necessidade, de um lado, mas, do outro, não conseguimos obtê-lo só por intermédio de nosssos esforços. Somente essa situação é suficiente para descobrirmos a nossa necessidade premente pela revelação. A importância do segredo da vida e a alienação desse segredo da esfera da força humana demonstram que é preciso que o conhecimeto venha também de fora, como a luz e o calor vitais para a vida humana, que estão aqui, mas foram providenciados de fora.90 87. "O Homem, Esse Desconhecido", pág. 42. 88. "Limitations of Science" (Limitações da Ciência), pág. 1. 89. O Homem, Esse Desconhecido, pág. 21. 90. Trataremos essa questão com maior detalhes nos próximos capítulos. 104 A nossa função, após aceitarmos a possibilidade e a necessidade da revelação, é perscrutarmos a pessoa que alega ser profeta… se ele é realmetne o intermediário da revelação… A crença religiosa descreveu o advento de um grande número de profetas. Mas, examinaremos, neste caso, a profecia do Mensageiro do Islam: Mohammad Ibn Abdullah (que Deus o abençoe e lhe dê paz). A profecia de todos os profetas anteriores a ele será automaticamente confirmada se a profecia dele o for, por ser ele o derradeiro Profeta, porque ele corrobora a todos eles, e porque a salvação ou a perdição da humanidade na batalha pela vida depende da crença nesse Profeta ou da sua negação. Ele nasceu em Makka, na manhã de 29 de agosto de 570. Ao atingir os quarenta anos de idade, declarou que Deus o havia enviado como o derradeiro Profeta, e o incumbiu de transmitir a Sua mensagem a todos os grupos de raça humana. Que aquele que o seguisse seria salvo na vida futura e quem o negasse estaria perdido. Isso repercute hoje sobre nossas cabeças com força máxima. Não é um som ordinário que pode ser ignorado. É o maior apelo da nossa história, convocando-nos a pensarmos acuradamente e analisarmos com exatidão. Ou o aceitamos como veraz ou o rejeitamos como mentiroso. SEGUNDO: A Avaliação da Mensagem Cada idéia passa por três fases para que se torne uma verdade científica: 1ª fase: A hipótese 2ª fase: A observação 3ª fase: A verificação Em primeiro vem a fase das verdades, que supomos, em seguida as observamos e estudamos para descobrir sua veracidade ou falsidade. Se, à luz do estudo, verificamos que são certas, e as aceitamos, transformando-as em verdades científicas, tal situação muda. Algumas vezes observamos coisas que nos conduzem a uma teoria, então começamos o estudo à sua luz. De acordo com essa base, a alegação da profecia é uma hipótese. É nosso dever verificarmos se as observações sustentam a tese. Se a sustentarem, tornar-se-á uma verdade atestada que devemos aceitar. Mas que observações necessitamos para atestarmos a hipótese? Quais são as 105 particularidades e as distinções que o Mensageiro reuniu e que não nos fornecem explicações, além de que ele era Profeta? Na minha opinião são necessárias duas medidas para que possamos aquilatar os profetas? Primeira: Que seja um homem exemplar, de forma anormal. O escolhido para ser o porta-voz de Deus, para revelar às pessoas o método e o segredo da vida, deve ter um caráter elevadíssimo e levar uma vida exemplar. Se a sua vida tiver essas características, ela é a maior prova do que ele diz, pois se os seus apelos fossem nulos, não seria possível que a grande verdade da sua própria vida se manifestasse, para elevá-lo acima de toda a humanidade. Segunda: Que suas palavras e sua mensagem estejam repletas de características impossíveis de ser obtidas por uma pessoa comum. Tais características não são alcançadas a não ser por quem tem pleno conhecimento do Senhor do Universo, uma vez que é impossível para uma pessoa comum ter o conheciemtno revelado por Deus ao Profeta. Estaremos analisando o Mensageiro à luz dessas duas avaliações. A história testemunhou definitivamente que o Profeta Mohammad desfrutava de características fora do normal. É possível que os fanáticos neguem qualquer verdade, por mais específica que seja. É possível também os rejeitadores alegarem qualquer coisa com o fito de expeculação. Porém, aqueles que não são infectados com o vírus do fanatismo e usam o raciocínio para analisar as verdades com a mente aberta, convencem-se, após analisar a vida de Mohammad que ela foi a mais elevada e mais bela vida que a humanidade conheceu. Mohammad foi investido da profecia aos quarenta anos de idade. Antes disso ele adquiriu notoriedade devido ao seu excelente caráter, a ponto de as pessoas o terem apelidado de "Assádik Alamin" (O leal sincero). Há consenso entre a tribo de Coraix quanto à sua sinceridade e lealdade. Dentre os acontecimentos que ocorreram cinco anos antes de sua profecia, há o fato da colocação da Pedra Negra quando da reconstrução do templo da Caaba. A tribo de Coraix era a encarregada de fazê-lo. Houve desentendimento sobre quem iria ter a honra de colocar a Pedra Negra no seu lugar. Tal desentendimento prolongou-se por quatro dias, 106 acirrando os ânimos, e a luta era eminente. Concordaram, então, que o árbitro fosse o primeiro que adentrasse o recinto sagrado no dia seguinte. A primeira pessoa que o adentrou foi Mohammad. Todos gritaram! "É o Amin, nós o aceitamos."91 Não conhecemos nenhum personagem de tanta honra e consideração e de uma vida tão fora do comum como ele. Ao atingir os quarenta anos de idade, tornou-se alvo de disputa entre eles. Ao receber a revelação pela primeira vez, enquanto estava na caverna de Hira, ele considerou o acontecimento um fato estranho que nunca tinha experimentado antes. Retornou para sua casa como receio no coração e narrou o acontecido para sua esposa, Khadija, que era mais velha que ele. Ela lhe disse; "Deus não te abandonará nunca, pois tu auxilias aos teus parentes e aos necessitados, e honras os hóspedes, e amainas as vicessitudes da vida dos outros." Abu Táleb, tio do profeta, não aceitou crer nele. Mas quando viu o filho, Áli, adotar o Islam, perguntou a este: "Que religião é esta?" Respondeu-lhe: "Creio em Deus, no Profeta e pratico a oração com ele." Abu Táleb lhe disse: "Ele não te pede a não ser a prática do bem; portanto, segue-o?"92 Ao reunir, pela primeira vez, as pessoas, após receber a revelação, ao lado do monte Assafa, perguntou-lhes: "Homens de Coraix, se vos dissesse que há cavaleiros no vale que estão-vos espreitando, acreditaríeis, acaso, em mim?" Todos respenderam! "Sim, pois nunca soubemos que mentes!" Esse extraordinário registro da vida do Profeta, de antes da revelação, não tem similar no mundo. Não se sabe de nenhum poeta, filósofo, pensador ou escritor que tenha recebido tal testemunho! Quando Mohammad declarou a sua profecia, a sua veracidade não tinha dúvida, nem havia motivo para ser checado pelo povo de Makka. Eles conheciam muito bem a sua vida na sua totalidade. Por isso, ninguém o acusou de mentiroso ou astuto. Pelo contrário, começaram dizer que ele perdeu a razão, que ele era poeta, que era mágico, ou que seu corpo havia sido 91. Tradição narrrada por Bukhári, capítulo da Pedra Negra. 92. "Ideal Prophet" (O Profeta Ideal), pág. 58. Ver também "A Biografia do Profeta", de Ibn Hicham, vol. I, pág. 265. 107 tomado por maus espíritos, e coisas semelhantes que os livros de história registram. Esses livros, porém, não citam qualquer tentativa que possa colocar em dúvida a sua honestidade e veracidade. A história registra, sim, que: "Todos os habitantes de Makka que quizessem guardar algo, entregavam-no a ele por terem plena confiança nele."93 No ano treze da profecia, alguns jovens de Coraix combinaram matá-lo. Cercaram a sua casa para assassiná-lo. Em tal situação crítica, ele resolveu emigrar para Yasrib, mas pediu a seu primo Áli, que devolvesse pela manhã seguinte tudo que foi confiado a ele a seus legítimos donos. An Nadhr Ibn Háress, um dos maiores oponentes do Profeta, considerado como um dos mais eloqüentes de Makka, discursando, um dia, perante os coraixitas, disse: "Povo de Coraix, por Deus, estais perante um problema insolúvel. Mohammad, que desde criança foi uma pessoa juvenil, o mais conciliatório, o mais veraz, o mais honesto dentre vós, até que seus cabelos embranqueceram; e quando se apresentou perante vós com a sua mensagem, vós o acusastes de mago. Mas nós já conhecemos os magos e seus círculos. Dissestes que ele é um energúmeno! Por Deus, ele não é um energúmeno, pois conhecemos a loucura, e ele não tem nenhum sintoma de louco. Ó coraixitas, refleti na posição que tomastes. Por Deus que há algo de extraordinário reservado para vós."94 An-Nadhr era um dos inimigos mais recalcitrantes do Profeta. Abu Lahab, tio do Profeta, que também era um dos mais aguerridos adversários dele, uma vez lhe disse: "Ó Mohammad, não digo que és mentiroso, mas a tua mensagem é nula."95 A profecia de Mohammad era para toda a humanidade, não restrita somente à Península Arábica. Por isso, ele enviou mensagens para todos os imperadores vizinhos. O imperador Bizantino, Heráclito, recebeu uma mensagem do Profeta, convocando-o para a nova religião. Ele então ordenou a seus homens que trouxessem alguma pessoa da tribo do Profeta à sua presença. Alguns comerciantes coraixitas estavam, na época, na Síria e foram levados à presença do Imperador. 93. "A Biografia do Profeta", de Ibn Hicham, vol. 2, pág. 98. 94. "Biografia do Profeta" de Ibn Hicham, vol. 1, pág. 319. 95. Tradição narrada por At-Tirmizi 108 Heráclito perguntou: – Quem de vós é parente próximo do Profeta? Abu Sufyan respondeu: – Sou eu. Então desenrolou-se um diálogo histórico entre ambos, do qual citamos o seguinte: Heráclito: – Foi ele acusado alguma vez de mentira antes de sua missão? Abu Sufyan: – Não! Heráclito: – Ele trai? Abu Sufyan: – Não! Em todo o tempo que o conhecemos, nunca soubemos que ele traiu. Heráclito disse: – É certo que se ele não mente para as pessoas, não pode mentir para Deus. Na época desse diálogo Abu Sufyan não tinha ainda acreditado no Profeta. Era seu inimigo, e lutava contra ele.96 A história nunca testemunhou um depoimento como esse de alguém, sobre seu inimigo. Esta realidade é a prova final da veracidade da missão do Profeta árabe. O Dr. Litz disse a respeito de Mohammad: "Posso dizer com toda convicção que Deus, como fonte de todo o bem e das bençãos, se revelou algo a Seus servos, então a religião de Mohammad é uma religião revelada. Se os sinais de preferência e da confiança da crença inabalável, os meios de discernimento entre o bem e o mal, e o afastamento do mal são indícios de inspiração, então a mensagem de Mohammad é esta inspiração."97 Mohammad sofreu todo tipo de maldade e percorreu os caminhos de compulsão e perseguição quando iniciou a sua missão. Sua tribo o combateu encarniçadamente. Colocaram em seu caminho espinhos, jogaram sobre ele sujidade, e, uma vez, enquanto orava, Ucba Ibn Abi Mu'it apertou-lhe o pescoço com toda a força, derrubando-o ao chão. Todas essas provações não afetaram o ânimo do Profeta. Então começaram utilizar outros métodos, boicotando-o e à sua família, os Bani Háchem, obrigando-os a se isolarem no cercado dos Bani Háchem 96. Tradição narrada por Bukhari. 97. "A Vida de Mohammad", de Abul Fadhl. 109 proibindo a todos os demais fazerem transações com eles. Tal boicote e cerco durou três anos, durante os quais os muçulmanos comiam plantas amargas para enganarem o estomago. Um dos Companheiros narra que uma vez conseguiu um pedaço seco de pele. Ele o colocou de molho, assou-o, pôs de molho novamente e o comeu. Depois do encerramento do cerco, o Profeta (que Deus o abençoe e lhe dê paz) foi até Táif que fica a 60 quilometros de Makka. O local era habitado pelos chefes e os abstados de Saquif. Eles rechaçaram o Profeta, dirigindo-lhe palavras injuriosas e desafiadoras. Ao mesmo tempo, instruíram seus escravos e suas crianças para ofendê-lo e apedrejá-lo, ferindo-o em vários lugares, fazendo-o fugir. Afastando-se dali, ele sentou para descansar ao lado do muro de Utba Ibn Rabi'a, desesperado, vertendo sangue pelos ferimentos. Esta foi a situação que o Profeta descreveu, ao dizer para Aicha: "De todas as situações que enfrentei, a pior foi o dia da Acaba." Apesar do maltrato excessivo, o Profeta continou pregando a verdade, a ponto de os coraixitas planejaram assassiná-lo. De acordo com o plano engendrado por eles, seus líderes e jovens cercaram a casa do Profeta, dispostos a matá-lo a hora de sair para cumprir a Oração da Alvorada. Mas, com a anuência de Deus, saiu da casa sem ser atingido por nenhum mal, e empreendeu a Hégira para Madina. Os coraixitas, então, declararam guerra contra ele e seus aliados e obrigaram-no a entrar na luta por dez anos. Em suas batalhas ele perdeu seus dentes, e cairam mártires muitos de seus companheiros. Ele sofreu, junto com seus companheiros, o que os povos fracos sofrem quando lhes é imposta a guerra. Foram vinte e três anos de lutas. Dois anos antes do encerramento de sua missão, ele conquistou Makka. Nesse dia seus mais encarniçados inimigos se apresentaram, impotentes à sua frente, esperando o tratamento que os vitoriosos aplicam aos derrotados. Mas, aquele que Deus denominou "misericórdia para a humanidade" lhes perguntou: "Ó coraixatis, o que pensais que irei fazer convosco?" Responderam: "Farás o bem, pois és um honrado irmão e filho de um digno irmão." O Profeta, então, disse: "Ide, estais livres!" 110 Este é, sem dúvida, o maior exemplo de misericórdia e perdão. É um dos milagres da história da humanidade. Se tal acontecimento se tivesse dado antes da história escrita, ou se não fosse atestado historicamente, muitos diriam que era fábula dos antigos, pois não nasceu um ser humano com tal caráter! O professor Bosworth Smith diz: "Quando dou uma olhada geral sobre as características e o heroísmo de Mohammad, do início e de seu desenrolar, quando vejo seus companheiros nos quais insuflou o espírito da vida, e de quantos heroísmos milagrosos foram capazes, vejo que ele é a mais sagrada das pessoas e ocupa o nível mais alto, a ponto de dizer que a humanidade não teve ninguém semelhante a ele".98 O alto exemplo que o profeta desenvolveu em toda sua vida, com seu caráter altíssimo, suas indiferenças pelas riquezas e prazeres, não tem similar na história. Era um comerciante próspero em Makka, sua esposa, Khadija, era uma das mulheres mais ricas dentre os árabes, porém seu comércio e a fortuna da sua esposa foram gastos pela sua causa. Então foi acometido por uma grande calamidade, a ponto de uma vez dizer: "Fui aterrorizado pela causa de Deus como ninguém o foi, fui injuriado pela causa de Deus como ninguém o foi. Passei trinta dias sem ter, eu e Bilal, nada para comer a não ser algo que coubesse sobre o braço do rapaz".99 O profeta passou por tudo isso por causa da sua misão. Ele teve a oportunidade de desfrutar de outro tipo de vida, diferente da vida miserável que levou. Quando ainda estava em Makka, foram-lhe oferecidas muitas vantagens materiais que lhe garantiriam conforto e grandeza. Enviaram-lhe Utba Ibn Rabi'a, que lhe disse: "Ó sobrinho, pelos laços da familia, tu és um de nós. Criaste para teu povo um problema grave que dispersou sua unidade. Escuta-me! Expor-te-ei certos assuntos, alguns por si só sem contestação. Se pretendes com o teu procedimento acumular riquezas, dar-tas-emos dos nossos bens para tornar-te o mais abastado de nós todos. Se procuras 98. "Mohammad and Mohammadanism" (Mohammad e Mohammadanismo), pág. 340. 99. Relatado por At-Tirmizi, tendo Anas como fonte. 111 honrarias, faremos de ti o de maior prestígio e, de tua presença, uma condição indispensável na grandes decisões. Se ambicionas o reinado do país, proclamaremos a tua soberania sobre todos nós. E se o que tu sentes, o que domina o teu ser, é por influência demoníaca, oferecemos o necessário, de nossos bens, aos médicos, procurando a tua cura". "Terminaste?" Respondeu: "Sim!" Disse-lhe: "Ouve!" Então recitou os primeiros versículos da 41ª Surata. Quando chegou no versículo: "Advirto-vos da vinda de uma centelha semelhante que adveio aos povos de Ad e de Samud", Ubta colocou a mão sobre a boca do Profeta e lhe pediu por Deus que parasse.100 Em Madina o Profeta era o chefe do Estado Muçulmano, auxiliado por Companheiros exemplares, que sacrificaram a vida por ele, sem que houvesse similaridade em toda a história. Os fatos históricos, porém, atestam que até o fim de seus dias, quando sua bandeira cobria toda a Península Arábica, ele continuou levando a vida de um homem comum, sem ser atraído pelos prazeres do mundo. Ômar narra: "Uma vez entrei no quarto do Profeta e o encontrei deitado no chão sobre uma esteira, encostado numa almofada estofada de sisal, o chão a marcar-lhe o corpo. Disse-lhe: 'Ó Mensageiro de Deus, pede a Deus que enriqueça a tua comunidade, pois Ele enriqueceu os persas e os romanos, mesmo quando eles não O adoravam.' Disse-me: 'Tu pensas nisso, ó Ibn Al Khattab? Àqueles foi concedido o prazer da vida terrena, e a nós o da vida futura.'"101 Aicha narra que passavam dois meses, sem que se acendesse um fogo na casa do Profeta. Urwa Ibn Azzubair perguntou-lhe: "De que vos alimentáveis, ó tia?" Respondeu: "De água e tâmaras. Tinhamos também vizinhos cristãos que nos davam leite. Que Deus os recompense!" Em outra tradição ela cita que a família de Mohammad nunca comeu, por três dias seguidos, pão de trigo, até à morte do Profeta.102 O Profeta (que Deus o tenha em sua misericórdia) levou essa vida dura, apesar de ter o poder de levar uma vida de conforto. Quando faleceu, 100. "Biografia de Mohammad", de Ibn Hicham - Vol. 1, pág. 261 101. Tradição narrada por Bukhari e Muslim. 102. "Al Tabakat Alkubra" (As Grandes Classes), de Ibn Saad, vol. 1, pág. 400. 112 nada deixou de herança, nenhum dinheiro, nem ovelhas, nem camelos. Nem fez qualquer testamento. O extraordinário Profeta, que sabia que os limites de seu império muçulmano chegariam até à África e Ásia, alcançando o coração da Europa, disse: "Nós, os profetas, nada deixamos de herança. Tudo que deixarmos deverá ser dado em caridade." Todos esses acontecimentos que citamos, de disposição, de sinceridade, de elevado caráter, não foram casuais em sua vida, mas em todo o seu decorrer, e é, na verdade, uma pequena amostra dos acontecimentos de sua vida típica. Ele elevou a humanidade aos mais altos pináculos com que ela jamais sonhou. Se ele não tivesse existido, os historiadores seriam obrigados a dizer que não existiu um ser humano de seu quilate, nem existirá na história. Não é totalmente estranho dizer-se que ele era o Profeta de Deus. O estranho é que alguém o negue, por teimosia e engano. Quando cremos em sua missão, somos capazes de desvendar o segredo de sua milagrosa vida. Se negarmos a sua profecia, porém, perderemos toda base para explicarmos a origem de seus extraordinários dons, que não possui similaridade na história. O Professor Bosworth Smith reconheceu essas realidades e convocou toda a humanidade a crer na missão do Profeta: "Mohammad, até ao fim da vida reivindicou para si apenas aquele título com o qual começou, o qual a mais elevada filosofia cristã um dia, se aventurará a crer, e concordar em lhe outorgar: o Profeta, um verdadeiro Profeta de Deus."103 O outro lado da confirmação da missão de Mohammad, porém, é aquele livro que o encarregado da missão trouxe, afirmando que é uma revelação Divina. Esse livro abrange tantas particularidades e distinções, que indicam que não é de origem humana, que é de origem divina. Como o estudo desse lado é muito importante, dedicamos a ele um capítulo à parte. 103. "Mohammad and Mohammadanism" (Mohammad e Mohammadanismo), pág. 344. 113 SÉTIMO CAPÍTULO O Alcorão é a Voz de Deus Abu Huraira narra que o Profeta Mohammad disse: "A todos os prefetas foram dadas normas por igual e foram seguidos pelas pessoas. Eu fui inspirado por Deus e espero ter o maior número de seguidores no Dia da Ressureição."104 Esta tradição determina os pontos verdadeiros da nossa pesquisa. Ela diz: O mais importante meio para se conhecer um profeta é o livro que ele propicia, alegando que provém de Deus. O Alcorão, livro do Profeta Mohammad, está em nossas mãos, e prova a sua veracidade. Quais são as particularidades que atestam que o Alcorão provém de Deus? São inúmeras, que podemos resumir no seguinte: 1) O milagre do Alcorão. A primeira particularidade que chama a atenção do pesquisador da ciência é o desafio explícito que o Alcorão lançou a todas as pessoas, há quatorze séculos, principalmente àqueles que refutavam a Mensagem do Alcorão. Nenhum gênio ou humano conseguiu responder ao desafio, até agora. O Alcorão clamou em alta voz, sem imprecisão ou ambiguidade: "E se tendes dúvidas a respeito do que temos revelado a Nosso servo (Mohammad), componde uma surata semelhante às dele (o Alcorão), e apresentai vossas testemunhas independentemente de Deus, se sois verazes." (2:23) É o mais estranho desafio da história e o mais perplexo. Nenhum escritor da história da humanidade, com todas as suas faculdades mentais, teve coragem de lançar um desafio igual. Não é possível que um autor escreva um livro que outros não consigam escrever um semelhante ou melhor. É possível produzir-se algo semelhante a qualquer obra humana 104. Sahih Al-Bukhári - Capítulo "As Prevenções" 114 com quaisquer palavras que os seres humanos não conseguem igualar; e a humanidade, no decorrer da história, tenta em vão eliminar o desafio; isso afirma automaticamente que não são palavras humanas, mas são de origem divina, e tudo o que é de origem divina, não se pode enfrentar o desafio. A história registra alguns fatos em que algumas pessoas se iludiram e tentaram enfrentar o desafio. O primeiro se deu com o profeta árabe Lubaid Ibn Rabi'a, famoso pela sua eleqüência, sua retórica e pela força dos seus versos. Quando soube que Mohammad desfiava as pessoas, ele compôs alguns versos em resposta ao que foi dito, e pendurou-os na porta da Caaba, ato este só ousado por um pequeno grupo dentre os grandes poetas árabes. Quando um muçulmano viu aquilo, sentiu o amor próprio ferido. Ele, então, escreveu alguns versículos do Alcorão e os dependurou ao lado dos versos de Lubaid. Quando este passou pela Caaba, no dia seguinte, ficou estupefato com os versículos do Alcorão e exclamou: "Por Deus, essas não são palavras humanas. Eu me converto ao Islam." A influência da eleqüência do Alcorão naquele gigante da poesia árabe, fez com que ele abandonasse a poesia. Um dia Ômar Ibn Al Khattab lhe pediu: "Declama para nós algum poema seu". Ele, então, leu a 2ª Surata do Alcorão e disse: "Nunca mais declamo poemas depois que Deus me ensinou a Surata Albácara e a Surata de Aal Imran." Quanto ao segundo fato eis que é mais estranho que o primeiro. Diz respeito a Ibn Al Mucaf'a, e é citado pelo orientalista Walsten, em seu livro, onde diz: "A alegação de Mohammad quanto ao milagre literário do Alcorão não era sem fundamento. É apoiada por um evento dado um século após o advento do Islam"105 Um grupo de ateus e ímpios ficou perturbado pela influência que o Alcorão exercia sobre as pessoas em geral. Resolveram enfrentar o desafio do Alcorão, entrando em contato com Abdullah Ibn Al-Mucafa’, um extraordinário literato e escritor, conhecido pelo seu talento, que aceitou a tarefa. 105. "Mohammad, His Life and Doctrine" (Mohammad, sua Vida e Doutrina), pág. 143 115 Ele lhes pediu um ano de prazo e lhes impôs a condição de se responsabilizarem pelas suas necessidades durante esse período. Passados seis meses, foram procurá-lo para verem o que ele havia feito, para enfrentar o desafio do Profeta do Islam. Encontraram-no sentado, com a pena em sua mão, absorto em pensamentos profundos, com um monte de papel à sua frente e com seu quarto repleto de papéis escritos e amassados. "Este genial escritor tentou, com todas as suas forças, atingir o seu objetivo, mas foi acometido de um grande fracasso em sua tentativa. Apesar de ter passado seis meses, não conseguiu compor um só versículo do mesmo estilo do Alcorão. Este fato fez com que ele desistisse de seu fracassado intento"106 De sorte que o desafio do Alcorão permanece, através dos séculos e das gerações, uma extraordinária particularidade, que atesta, sem dúvida, ser ele composto de palavras divinas e que, para qualquer pessoa, com suas faculdades normais, é suficientes para ser acreditado. É indubitável que os árabes, conhecidos como inigualáveis na história pela sua eleqüência e retórica, a ponto de denominarem a outros de bárbaros, por se orgulharem de sua retórica, foram obrigados a se inclinar perante o Alcorão, reconhecendo sua incapacidade de igualá-lo. Os livros da tradição narram, baseados em Ibn Abbáss, que Dhamad, um feiticeiro que dizia curar os loucos, quando chegou a Makka, ouviu alguns néscios de Coraix dizerem que Mohammad estava louco. Disse: "Se puder ver esse homem, talvez Deus o cure por meu intermédio." Foi ter com ele e lhe disse: "Ó Mohammad, sou feiticeiro e Deus cura a quem lhe apraz por meu intermédio. Está interessado em se curar?" O Mensageiro de Deus lhe disse: "Louvado seja Deus, a quem pedimos ajuda. A quem Deus encaminhar, ninguém extraviará, e a quem se extraviar, ninguém o orientará. Presto testemunho de que há outra divindade além de Deus, Único, sem parceiros e que Mohammad é seu servo e mensageiro." Dhamad pediu: "Repita essas suas palavras." O Mensageiro as repetiu por três vezes. Dhamad disse, então: "Já ouvi padres, magos e poetas, mas nunca ouvi palavras como estas." Há inúmeros reconhecimentos emitidos pelos senhores da poesia, 106. "Ijaz Alcor'an" (O Milagre do Alcorão), de Ar-Raf'i 116 da literatura e de pensadores, a respeito do Alcorão, registrado nas páginas da história. 2 – As Profetizações do Alcorão A segunda particularidade da grandiosidade do Alcorão depreende das suas profecias que posteriormente ocorreram de forma estranha. Um grande número de pessoas notáveis se aventuraram a profetizar futuros acontecimentos, com eles próprios ou com outros. Porém, o tempo depois provou a falsidade de tais profecias. Muitos, no início, conseguiram, devido às oportunidades, às situações, às capacidades, às ajudas e aos apoios, serem bem sucedidos, pois deduziram que conseguiram resultados satisfatórios, mas o tempo sempre anula tais profecias. O próprio tempo foi quem atestou a veracidade das profecias do Alcorão. Todos os fatos ocorreram em situações diversas. A história nos informa isso e nos causa perplexidade. Continuamos a estudar o fenômeno à luz do nosso conhecimento material e não conseguimos captar a sua realidade, a não ser que os consideremos de origem não humana. Napoleão Bonaparte era um dos maiores comandantes de sua época. Suas primeiras conquistas demonstraram que se igualaria a Cesar e a Alexandre. Por isso, a ilusão subiu-lhe à cabeça, a ponto de pensar que o destino estava nas mãos dele. Tal pensamento cresceu tanto nele, que dispensou seus companheiros, alegando que o destino só lhe reservou vitórias completas sobre a humanidade! Todos nós, porém, sabemos qual foi o seu destino. Napoleão saiu de Paris em 12 de junho de 1815 à frente de seu poderoso exército para eliminar seus inimigos no caminho. Após seis dias, o Duque de Welington infligiu ao exército de Napoleão a mais acachapante derrota em Waterloo, na Bélgica. O Duque comandava soldados ingleses, alemães e holandeses. Quando Napoleão perdeu as esperanças e teve certeza de seu inexorável destino, tentou fugir, abandonando o comando das forças francesas, para ir para América. Ao chegar ao litoral, foi preso pela polícia marítima e colocado a bordo de um navio da marinha britânica. Foi, então, enviado a uma ilha desabitada ao sul do Oceano Atlântico, a ilha de Sta. Helena, onde morreu após alguns anos de desgraça, miséria e solidão, em 5 de maio de 1821. 117 O Manifesto Comunista, que apareceu em 1848, profetizou que o primeiro país que comandaria a revolução comunista, seria a Alemanha. Mas, apesar de terem transcorrido cento e quarenta anos, a Alemanha continua livre de tal revolução e o comunismo foi abolido no país onde foi fundado. Karl Marx escreveu em maio de 1849, dizendo: "A República Vermelha surge nos céus de Paris!" Apesar de terem passado sobre essa "profecia" mais de um século e meio, o sol da República Vermelha não apareceu sobre os habitantes de Paris! Adolf Hitler, em seu famoso discurso, proferido em Munique em 4 de março de 1931, disse: "Sigo o meu caminho, ciente de que a vitória está no meu destino."107 Todo o mundo sabe hoje qual foi o destino do General alemão: Foi a derrota e o sucídio. Entre esse exército de profetas e profecias, nada encontramos além da realização das profecias do Alcorão. Esse fato é suficiente para atestar que suas palavras têm origem divina, que dominam as situações e os acontecimentos, e ele conhece tudo o que irá acontecer, até à eternidade. Citaremos aqui duas profecias dentre as muitas vaticinadas pelo Profeta do Islam e que foram realizadas na sua totalidade. Uma das duas profecias diz respeito do próprio Islam e a outra diz respeito à vitória dos romanos. Quando o Profeta iniciou sua missão, a Península Arábica ergueuse contra ele, e ele teve que enfrentar três frentes ao mesmo tempo. Primeira: As tribos politeístas, depois que se tornaram seus inimigos. Segunda: O capitalismo judeu. Terceira: Os hipócritas que se infiltraram por entre os muçulmanos para elimirarem seu movimento internamente. O Profeta lutava pelo sua causa em todas as frentes: A força dos politeístas, o capitalismo judeu e a quinta coluna. Ele enfrentou esse dilúvio opressor com determinação, mesmo sendo auxiliado por apenas um pequeno grupo de imigrantes de Makka, de habitantes de Madina e 107. "A Study of History" (Um Estudo de História), Aleridgment, pág. 447. 118 de alguns escravos que haviam-se convertido. Não há dúvida de que alguns líderes de Coraix o apoiaram, mas eles também foram boicotados por seus familiares e sofreram a inimizade da sua tribo, à exemplo do que aconteceu com o Profeta. Esse movimento se desenvolveu pulatinamente, lutando e se defendendo até a situação se deteriorar, obrigando o Profeta e seus companheiros a imigrarem para vários lugares, reunindo-se depois, em Madina, em situação precária, de necessidade e pobreza, depois de terem deixado seus bens em Makka, sua cidade natal. Para medirmos a desgraça desses imigrantes, citamos aquele grupo que vivia na Mesquita do Profeta, pois não tinham casa para morrar, e dormiam na Suffa no fundo da Mesquita. Foram por isso, denominados por moradores da Suffa". Os livros de história nos informam que o número desses Companheiros atingiu, algumas vezes o de quatrocentos. Abu Huraira narra: "Vi setenta moradores da Suffa orando, alguns com o traje até aos joelhos, outros um pouco abaixo. Quando um se inclinava, segurava o traje para não aparecerem suas vergonhas." O mesmo Abu Huraira narra: "Viram-me correr entre o púlpito da mesquita do Profeta e o quarto de Aicha. As pessoas diziam: 'Está louco!' Mas eu não estava louco, estava com fome." Nessa miserável situação, em que os muçulmanos estavam sofrendo de pobreza, temerosos que o seu inimigo os cercasse e os sequestrasse, vemos o Alcorão profetizar: "Deus decretou: Veneceremos, Eu e Meu mensageiro." (58:21). "Pretendem extinguir a luz de Deus com suas (infamantes) bocas; porém, Deus completará Sua luz, embora desgoste os incrédulos. Foi Ele Quem enviou Seu Mensageiro com a orientação e com a verdadeira religião, para fazê-la prevalecer sobre toda religião, ainda que isto desgoste os idólatras." (61:8-9) Não passou muito tempo para que os muçulmanos vissem toda a Península Arábica sob o seu domínio. Um pequeno grupo, sem montarias, sem armamentos, derrotou inimigos com poderosos exércitos, com equipamentos e armamentos. Não é de nossa alçada explicarmos essas profecias à luz da terminologia materialista. Devemos aceitar que o fornecedor dessas 119 informações incognoscíveis não as inventou ele próprio, mas fê-lo como legatário de Deus. Se ele fosse um ser humano normal, não seria possível que suas palavras ditassem a história. O Professor Stubart disse: "Nenhum ser humano da história consegue se assemelhar à personalidade de Mohammad." Ele acrescenta:"Se estudássemos a história à luz de que ele teve de meios materiais, e extraoridinários heroísmos, por ele apresentados, não encontraríamos um nome tão ilustre, tão claro como o nome do Profeta Mohammad"108 Esse fato é a mais importante prova de que Mohammad é o Mensageiro de Deus. Sir William Muir, o maior inimigo do Islam, reconhece esse fato, indiretamente, quando diz: "Mohammad desbaratou as manobras de seus inimigos sob a terra e ele tinha plena certeza de sua vitória, juntamente com um pequeno grupo de Companheiros, apesar de estar totalmente descoberto militarmente. Em outra expressão: Ele vivia na toca do leão, mas demonstrou uma fabulosa determinação, cuja semelhança só foi citada na Bíblia, quando um profeta disse a Deus: "So sobrei eu do meu povo."109 Quanto à segunda profecia que consta do Alcorão, trata-se de vaticínio da vitória dos romanos sobre os persas. No início da Surata dos Bizantinos, o Alcorão diz: "Alef, Lam, Ra. Os bizantinos foram derrotados, em terra muito próxima; porém, depois da derrota vencerão, dentro de alguns anos." (30:1-3) O Império Persa situava-se a leste da Península Arábica, do outro lado do Golfo Arábico, no tempo em que o Império Bizantino se estendia do oeste da Península, no litoral do Mar Vermelho até ao Mar Negro. O Império Persa era também chamado de Império Sassânida. Os limites de ambos os impérios se estendiam até o Rio Dajla e Eufrates, ao norte da Península Arábica. Eram os dois impérios mais fortes daquela época. 108. "Islam and its Founder" (O Islam e seu Fundador), pág. 228. 109. "Life of Mohammad" (A Vida de Mohammad), pág. 228. Talvez seja isso que o Alcorão nos diz a respeito de Moisés, que disse: "Ó Senhor meu, somente posso ter controle sobre mim e meu irmão" (5:25). 120 A história do Império Bizantino, como narra o historiador Gibbon, começa na século II da era cristã, e desfrutava, então, a fama de ser a mais desenvolvida civilização do mundo. Os historiadores se ocuparam da queda do Império Romano como com nenhum outro império.110 Não se deve refutar nenhum livro que trate do assunto, mas podemos basear-nos no livro do historiador Gibbon: "Declínio e Queda do Império Romano", que é o mais detalhado e fidedigno. O autor cita, no capítulo 5, os acontecimentos relacionados com a nossa pesquisa. O imperador constantino adotou a religião cristã em 325, e tornoua a religião oficial do Estado. Por isso, muitos romanos se converteram. Por outro lado, os persas, adoradores do sol, refutaram aquela adoção. O Imperador que assumiu o Império Romano no final do século VII foi Maurício. Era um imperador que negligenciava os assuntos do império. Por isso, seu exército comandou uma revolução contra ele sob o comando de Phocas, tornando-se, este, imperador, com a vitória da revolução e a eliminação, de uma forma brutal, da família reinante. Ele enviou um embaixador para o Imperador do Irã, Chosroes II, filho de Anucharwan, o justo. Chosroes era fiel ao Imperador Maurício, pois este lhe havia dado asilo em 590-591, devido a uma tentativa de golpe no Império Persa. O Imperador Maurício o ajudou com um exército a recuperar o trono. Narrase também que Chosroes casou com a filha de Maurício durante a sua estada em Bizâncio e, por isso, o chamava de pai. Quando Cosroes soube do golpe romano, enfureceu-se e ordenou a prisão do embaixador romano, e anunciou que não reconheceria a legitimidade do novo governo romano. Ele mandou seus exércitos para a Síria, e Phocas não conseguiu enfrentar os exércitos persas, que conquistaram as cidades de Antióquia e Jerusalém, ampliando, assim, os limites do Império Persa até ao vale do Nilo. Algumas seitas cristãs como a nestoriana e a jacobita, aborrecidas com o novo sistema romano, apoiaram os novos conquistadores, seguidos pelos judeus, o que facilitou a vitória persa. 110. "Western Civilization" (A Civilização Ocidental), pág. 210. 121 Alguns auxiliares dos romanos mandaram uma carta para o governador romano nas colônias, pedindo-lhe salvar o império. O governador enviou um poderoso exército sob o comando de seu filho, o jovem Heráclito. Ele tomou o caminho marítimo, em total segredo, que Phocas não soube de sua vinda, a não ser quando viu a frota se aproximando do litoral romano. Heráclito, sem resistência que pudesse ser citada, conquistou o Império e matou Phocas, o traidor. Parece que Heráclito não conseguiu, apesar de ter reconquistado o Império e de ter matado Phocas, parar a incursão persa, e os romanos perderam todos os setores leste e sul da capital, deixando a bandeira cristã de tremular sobre o Iraque, a Síria, a Palestina, o Egito e a Ásia menor. Foi substituída pela bandeira persa. Então, o Império Romano encolheu-se em sua capital, e todos os caminhos foram fechados num implacável boicote enconômico. Houve seca e proliferação de doenças infeciosas e só sobraram alguns ramos, do gigantesco Império. O povo da capital vivia com medo, aguardando a invasão dos persas. Por isso, todos os mercados foram fechados, o comércio entrou em crise e os institutos de ensino se transformaram em cemitérios abandonados. Os adoradores do fogo começaram a tiranizar os súditos romanos para acabarem com o cristianismo. Debochavam publicamente dos sagrados sentimentos religiosos, destruiam as igrejas e derramou-se o sangue de 100.000 cristãos aproximadamente, construiram templos para a adoração do fogo em todos os lugares e obrigaram as pessoas a adorarem o sol e o fogo. Eles usurparam a cruz sagrada e a mandaram para Madáen. O historiador Gibbon, no volume 5 de seu livro, diz: "Se a intenção de Choroes fosse realmente boa, teria feito as pazes com os romanos, depois que eles mataram Phocas, e teria recebido Heráclito como melhor amigo por ter vingado seu aliado e pai de sua esposa, Maurício. Ele, porém, mostrou as suas verdadeiras intenções quando determinou a continuação da guerra."111 111. "The History of the Decline and Fall of the Roman Empire' (A História do Declínio e Queda do Império Romano), Edward Gibbon, V. 5, pág. 74. 122 Pode-se avaliar o grande pricipício que se formou entre os romano e os persas examinando-se a carta enviada por Choeroes a Heráclito, de Jerusalém, dizendo: "Do deus Chosróes, o maior dos deuses, deus de toda a terra, para seu servo vil e negligente, Heráclito: Você diz que acredita em seu Deus. Por que o seu Deus não salva Jerusalém das minhas mãos?" O desespero e o desânimo tomaram conta de Heráclito por causa dessa péssima situação. Resolvou voltar para seu palácio, em Cartagena, no litoral africano, sem se importar mais em defender o Império, preocupando-se apenas em se salvar. Ordenou os navios imperiais de zarparem e saiu para escolher um deles que o levaria para o seu asilo voluntário. Nessa hora difícil os sacerdotes romanos apelaram, em nome da religião e de Cristo, e conseguiram convencer Heráclito a permanecer. Ele foi com os sacerdotes para a Igreja de Santa Sofia para prometer a Deus que viveria e morreria com o povo que Deus escolheu para ele. Convencido pelo General iraniano, Sain, Heráclito enviou um embaixador para Chosroes, pedindo paz. Mas, quando o embaixador romano chegou ao palácio, Chosroés recebeu-o com muita irritação, gritando: "Não quero receber esse embaixador, mas exijo que Heráclito seja posto a ferros e trazido à minha presença. Não faço as pazes com o romano até que ele abandone o seu Deus cristão, e adore o sol, nosso deus."112 Depois de seis anos de guerra, o imperador persa aceitou fazer as pazes com Heráclito sob certas condições, e que o imperador romano pagasse mil talentos de ouro, mil talentos de prata, mil peças de seda, mil cavalos, e mil moças virgens.113 Gibbon descreve tais condições como "ofensivas", sem dúvida, e que era possível que Heráclito as aceitasse, se não fosse o tempo exíguo que lhe foi concedido para efetuar o pagamento de um Império saqueado, de esperanças limitadas. Por isso, resolveu utilizar essa fortuna como última tentativa contra seus inimigos. Enquanto reinava essa situação nas duas capitais, romana e persa, reinava entre os habitantes de uma capital local, na Península Arábica, a 112. Idem, pág. 76. 113. "Talento", medida antiga de peso grega, equivalente a vinte e seis quilogramas. 123 Makka uma situação semelhante. Os persas eram masdeístas, adoradores do sol e do fogo. Os romanos acreditavam em Cristo, na revelação, na mensagem e em Deus, Excelso. Os muçulmanos, apoiavam moralmente os romanos e desejavam que eles derrotassem os politeístas e descrentes. Os descrentes de Makka, por outro lado, apoiavam os persas, por estes adorarem as aparências materiais. A luta entre os romanos e os persas tornou-se um símbolo externo da luta que se desenvolvia entre os muçulmanos e os politeístas de Makka. Moralmente, cada um dos dois grupos sentia que o resultado dessa luta externa seria o mesmo resultado de sua luta interna. Quando os persas derrotaram os romanos em 16 d.C., conquistando todas as regiões orientais do Império Romano, os politeístas apreoveitaram a oportunidade para mofar dos muçulmanos, dizendo: "Nossos irmãos derrotaram os vossos irmãos. Da mesma forma, nós vos derrotaremos se não fizerdes a paz conosco e deixardes a vossa religião! Os muçulmanos estavam em Makka em situação de maior fraqueza material. Nessa situação desesperadora, o Profeta proferiu as seguintes palavras: "Em nome de Deus, O Clemente, O Misericordioso. Alif, Lam, Mim. Os bizantinos foram derrotados em terra muito próxima; porém depois da derrota vencerão. (Isto) dentro de alguns anos, porque é de Deus a decisão do passado e do futuro, e nesse dia os crentes se regozijarão, com o socorro de Deus. Ele socorre a quem lhe apraz e Ele é o Poderoso, o Misericordiosíssimo. É a promessa de Deus, e Deus jamais quebra Sua promessa; porém, a maioria dos humanos o ignora." (30:1-6) Comentando essa profecia, Gibbon escreve: "Naquela época, quando o Alcorão profetizou isso, nenhuma profecia estava mais distante de acontecer, porque os primeiros doze anos do governo de Heráclito anunciavam o final do Império Romano". É sabido que essa profecia proveio de quem é o Senhor de todos os meios e todas as situações, em Cujas mãos estão os corações e os destinos das pessoas. Logo que Gabriel deu essa informação ao Profeta, começaram aparecer mudanças no Império Romano! Gibbon narra o fato da seguinte forma: "É um dos mais destacados heroísmos da história o que vemos em Heráclito. Esse imperador 124 apresentava um excesso de indolência e gosto pelos prazeres, e pelas fantasias, nos primeiros e últimos anos de seu governo. Parecia um espectador, resignado com os problemas de seu povo. Mas, a névoa que cobre o céu, de manhã e à noite, desaparece por causa do calor do sol. Foi o que aconteceu em relação a Heráclito. Ele se transformou, de repente, de impotente Arcadius114 em César115 da guerra, conseguindo restituir a glória romana durante seis guerras corajosas que empreendeu contra os persas. Era dever dos historiadores romanos removerem a cortina de sobre a verdade, revelando os segredo desse despertar e dormir. Depois da passagem desses séculos podemos dizer que houve incentivos políticos por trás desse heroísmo, mas foi o fruto do próprio instinto de Heráclito. Ele abandonou todos os prazeres e abandonou sua sobrinha Martina, com quem se tinha ilegalmente casado. Heráclito, aquele imperador negligente, sem determinação, traçou uma fabulosa estratégia para derrotar os persas, e começou a se preparar para a empreitada. Mas, apesar disso, quando saiu à frente de seu exército, muitos habitantes de Constantinopla achavam estar vendo o último exército da história bizantina. Heráclito sabia que a frota marítima persa era fraca. Por isso, preparou sua marinha para atacar os persas pela retaguarda. Levou seu exército pelo Mar Negro até a Armênia e atacou os persas de surpresa no mesmo campo em que Alexandre derrotara o exército persa, quando invadiu o Egito e Damasco, e os persas não conseguiram enfrentar esse ataque de surpresa, e puseram-se em fuga. Os persas possuiam um grande exército na Ásia Menor. Heráclito, porém, surpreendeu-o novamente com sua frota e infligiu-lhe pesada derrota. Depois dessa sua importante vitória, Heráclito retornou para sua capital, Constantinopla, por via marítima, e fez acordo com os ávaros, consegindo, com seu auxílio, paralizar a marcha dos persas perto de sua capital. Depois das duas guerras citadas, Heráclito empreendeu três outras guerras contra os persas, nos anos 623, 624 e 625, conseguindo chegar 114. Arcádius, um dos imperadores romanos, filho mais velho de Teosias I., assumiu o poder em 395 d.C e ficou conhecido pela sua covardia. 115. César, famoso comandante e político romano que governou de 144 a 101 a. C. 125 até às terras do Iraque, através do Mar Negro, obrigando os persas a se retirarem de todas as terras romanas, assumindo Heráclito uma posição que lhe permitia penetrar no coração do império persa. A última guerra entre ambos os Impérios foi a que ocorreu em dezembro de 627, à beira do Rio Dajla. Quando Chosroes viu que não conseguia parar a marcha dos romanos, tentou fugir de seu palácio preferido, Destkard, mas uma revolução interna surgiu no Império e seu filho Chirowe o depôs, colocando-o na prisão do palácio, onde morreu cinco dias após à sua deposição. Seu filho matou dozoito dos filhos de seu pai, Chosroes, na frente de seus olhos. O próprio Chirowe não conseguiu assumir o trono mais de oito meses, pois um de seus irmãos o matou, desencadeando uma luta dentro da casa real. No curto espaço de quatro anos, nove imperadores assumiram o poder. Tal situação caótica não permitia que os persas continuassem sua guerra com os romanos. Por isso, Kubad II, filho de Chosroes Abrowiz II, pediu a paz e anunciou sua desistência das terras romanas, devolvendo também, a cruz sagrada. Heráclito retornou a Constantinopla em março de 628, numa comemoração fabulosa, com sua carruagem sendo puxada por quatro elefantes, sendo recebido por milhares de pessoas fora da capital, carregando tochas e ramos de oliveira".116 Assim, a profecia do Alcorão foi realizada com a vitória dos romanos no tempo previsto, ou seja, em menos de dez anos, como foi insinuado com a expressão "em poucos anos". Gibbon ficou estupefato com a realização dessa profecia, mas tentou diminuir-lhe o valor, ligando-a à missiva que o profeta enviou a Chosroes. Gibbon diz: "Quando o imperador persa conseguiu a vitória sobre os romanos, recebeu uma carta de um súdito inexpressivo, de Makka, convocando-o a crer em Mohammad, o Mensageiro de Deus. Ele, porém, refutou a convocação e rasgou a carta. Quando o Profeta soube da notícia, pelo embaixador árabe, disse: Deus rasgará com o império e acabará com as suas forças". 116. Declínio e Queda do Império Romano, vol. 5, pág. 94. 126 "Mohammad, que sentou no Oriente sobre o séquito dos dois poderosos impérios, rejubilou-se quando soube da luta entre ambos e, mesmo sabendo das conquistas persas, profetizou que a vitória iria ser dos romanos após alguns anos. Naquela época, esta profecia era a mais distante de acontecer, porque os primeiros doze anos do governo de Heráclito, denotavam a aniquilação do Império Romano".117 Parece que todos os historiadores do Islam sabem muito bem que essa profecia não tem nenhuma relação com a carta que o Profeta enviou para Chosroes Abrowiz, porque essa carta foi enviada no ano 7 da Hégira, após o pacto de Hudaibiya, ou seja, em 628, sendo que a profecia foi efetuada em Makka, em 616, muito antes da Hégira. Entre os dois eventos há doze anos aproximadamente".118 3 – O Alcorão e as Descobertas Modernas A terceira particularidade que estudaremos neste capítulo, a respeito da veracidade do Alcorão, é que apesar da revelação do Alcorão ter sido feita muitos séculos antes da época da ciência moderna, nimguém conseguiu provar a existência de qualquer erro científico nele. Se fosse composto de palavras humanas, isso seria impossível . Um grupo de estudantes chineses, estudavam na Universidade da California há alguns anos atrás. Doze desses estudantes foram até ao sacerdote da Igreja de Barckley, pedindo-lhe que organizasse um curso sobre a religião cristã aos domingos, dizendo-lhe que eles não estavam dispostos a abraçar o cristianismo, mas queriam saber a proporção da influência dessa religião na civilização americana. O sacerdote escolheu um cientista matemático e astrônomo, o Professor Peter W. Stonner para ministrar o curso. Depois de quatro meses eles se converteram ao cristianismo. As causas desse estranho acontecimento são-nos narradas pelo próprio professor: "A primeira pergunta a me ser formulada foi: O que podia dizer a eles sobre a religião? Eles não acreditavam no Evangelho, e o seu ensino pelo método tradicional não traria proveito. Nessa época lembrei-me 117. Idem, págs. 73-74. 118. "Encyclopaedia of Religion and Ethics" (Enciclopédia da Religião e da Ética). 127 que durante meus estudos eu observava uma forte relação entre as ciências modernas e o livro do Gênesis e, por isso, achei que seria importante expor o fato perante o grupo. "Sabíamos, eu e o grupo, que aquilo que foi narrado nesse livro sobre a formação do mundo foi escrito milhares de anos antes das descobertas científicas modernas sobre a terra e o céu. Sentíamos também que os pensamentos das pessoas na época de Moisés, pareciam bobagens se as estudássemos à luz da ciência moderna. "Passamos todo o inverno estudado o Livro do Gênesis e os estudantes faziam as perguntas a respeito desse livro e depois procuravam as respostas com afinco na biblioteca da Universidade. Depois do inverno o sacerdote me informou que os estudantes foram ter com ele para informá-lo que pretendiam abraçar o cristianismo, declarando que chegaram à conclusão de que a Bíblia era um livro revelado por Deus".119 A título de exemplo, o livro do Gênesis sobre a condição da terra, no começo, diz: "Havia trevas sobre a face do abismo".120 Esta é a melhor descrição da situação em que a terra se encontrava naquele tempo, como a ciência moderna nos informa. A face da terra era muito quente, e a água se evaporou por causa da alta temperatura, e a luz não alcançava a superficie da terra, porque a água dos nossos mares estava ligada a uma grossa nuvem, no espaço, e as trevas dominavam a terra. Nós cremos que o Evangelho e o Tora são livros divinos, a exemplo do Alcorão, e por isso encontramos neles citações da onisciência divina. Mas os textos originais foram perdidos e há uma diferença enorme entre o Evangelho verdadeiro e o Evangelho desta época, depois de passarem dois mil anos repletos de tentativas de tradução de um idioma para outro, ficando o texto original cheio de interpolações humanas, de acordo com a afirmativa do sábio americano A. C. Morrison.121 119. "The Evidence of God" (A Evidência de Deus), págs. 137-138. 120. O Livro do Gênesis diz: "E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo." (1:2). 121. "Man Does not Stand Alone" (O Homem não Está Sozinho), pág.120 - Está patente que os Evangelhos não foram escritos durante a vida de Cristo, nem mesmo meio século depois de sua morte. O Tora também foi escrita no fim do período Babilônico, 586-538 a.C.. 128 Uma vez que esses documentos perderam seu valor, devido ao que aconteceu, Deus, Excelso, enviou uma "nova edição" de Seu Livro para a humanidade. Esse livro é o Alcorão Sagrado e, devido à sua veracidade e perfeição, possui todas as distinções e particularidades inexistentes nos livros anteriores a ele. O Alcorão foi revelado numa época em que o homem conhecia muito pouco a respeito da natureza. Ele pensava que as chuvas desciam do céu e que a terra era plana, e que o céu era o teto da terra. Via as estrelas como pregos brilhantes de prata colocados na abóbada do céu, ou que eram lâmpadas penduradas no espaço. Os antigos hindus acreditavam que a terra estava equilibrada nos dois chifres da "Vaca mãe", e que quando mudava a terra de um chifre para o outro, acontecia terremotos. Os cientistas achavam que o sol estava fixo, sem movimento, e que girava ao redor da terra, até que veio Copérnico, no século XVI, e apresentou a sua teoria a respeito do movimento do sol. Assim, a ciência foi-se desenvolvendo paulatinamente, aumentando a força da observação e do estudo perante o homem. Ele descobriu muitos segredos, e agora qualquer parte do conhecimento sobre as partes do corpo e as partes das diferentes ciências foram mudadas completamente, e provou-se a invalidade das crenças da época antiga. Isso prova que de todas as afirmativas humanas, nenhuma permanece inalterada para sempre, porque o homem fala sobre o que é conhecido das crenças e ciências da sua época. Ele repete o que encontra em sua época, quer suas palavras caiam no campo das sensibilidades ou das insensibilidades. Por isso, não encontramos um livro que tenha passado por ele um largo tempo, sem que encontremos nele um monte de erros em todos os campos, devido às novas descobertas em todos os campos. A questão do Alcorão, porém, difere totalmente de tudo isso. Ele é a verdade em tudo que diz, como era nos séculos da ignorância, sem que tivesse ocorrido nenhuma mudança em seu texto, apesar da passagem dos séculos e das longas épocas. Isso, por sí, é uma prova de que sua fonte é um cérebro magnífico, conhecedor do cognoscível e do 129 incognoscível. Ele conhece todas as verdades nas suas formas finais e reais. Sua onisciência desconhece os limites de tempo e de espaço. Se essas palavras fossem de origem humana, de conhecimento e de visão limitados, o tempo as teria anulado há muitos anos atrás, como acontecerá a todas as palavras humanas no futuro. O eixo verdadeiro da Mensagem do Alcorão é a felicidade eterna. Por isso, ele não entra em nenhum âmbito de nossa ciência e arte modernas, mas se dirige ao homem com a realidade. Trata de tudo que diz respeito ao homem, que é uma questão delicada e uma posição muito importante. Porque o homem, quando é ignorante, ou tem conhecimento insuficiente sobre um determinado assunto, então se encoraja em falar a respeito da questão, mesmo geralmente, e forçosamente se perde em sua palestra, utilizando-se de palavras ou expressões sem relação com a realidade. A título de exemplo, Aristóteles disse, como prova da prioridade do homem sobre a mulher: "A boca da mulher tem menos dentes que a boca do homem". É sabido que isso nada tem a ver com a anatomia, mas demonstra a ignorância do afirmante. O número dos dentes, tanto no homem como na mulher, é igual. É fantástico saber que o Alcorão, até no que diz respeito à maioria das ciências modernas, de uma forma ou de outra, não possui uma só palavra que a ciência tivesse confirmado depois, ser de autoria de uma pessoa insipiente. Isso demonstra que são palavras de um Ente acima da natureza, Onisciente, numa época em que ninguém sabia nada. Ele conhece, também, o que as pessoas ignoram nesta época, apesar do desenvolvimento da ciência. Apresentaremos aqui alguns exemplos que mostrarão claramente que o Alcorão trata das verdades que só foram conhecidas em nossa época, mesmo que esse tratamento esteja dentro de sinais não específicos. É preciso ser dito, como introdução para essa tese, que a adaptação das palavras do Alcorão com a ciência reside no fato de que a ciência moderna conseguiu desvendar os segredos concernentes à tese, o que nos forneceu material suficiente para traduzirmos os sinais do Alcorão a esse respeito. E se um estudo de um assunto no futuro eliminar uma das 130 verdades científicas modernas, em todo ou em parte, isso não prejudicará em absoluto a verdade do Alcorão, mas significará que o exegeta errou em sua tentativa de explicar um sinal generalizado do Alcorão. Estou convencido que as futuras descobertas serão mais corroborantes dos sinais do Alcorão, com maior explicação para seus significados ocultos. Divisão dos Versículos do Alcorão Podemos dividir os versículos alcorânicos relativos a esse assunto em dois tipos: Primeiro: o tipo conhecido pelas pessoas, até aquela época, assuntos secundários e superficiais. Segundo: totalmente desconhecido pelo homem. Há muitas coisas a cujo respeito os povos antigos só tinham conhecimento parcial. Esse conhecimento era ínfimo em relação ao conhecimento e à disposição do homem hoje, devido às invenções modernas. O Alcorão enfrentou, ao menos quanto a estas, um grande problema. Não se tratava de um livro de ciências e engenharia. Por isso, se ele começasse a revelar os segredos da natureza, as pessoas iriam descordar entre si a respeito do que foi revelado, e seria impossível alcançar o objetivo real da revelação do Alcorão: a reforma e o enriquecimento do pensamento humano. Um dos milagres do Alcorão é que ele fala com a linguagem científica, antes mesmo de sua descoberta, como também usa palavras e expressões incompreensíveis para os antigos, quando versam sobre descobertas da época moderna! 1º Tipo: A) O Alcorão cita uma lei pertinente à água, em duas Suratas: "O Discernimento" e "O Clemente". Na primeira lemos: "Ele foi Quem estabeleceu os dois mares; um é doce e saboroso e o outro é salgado e amargo, e estabeleceu entre os dois uma linha divisória e uma barreira intransponível" (13:2). Quanto ao outro versículo, ele diz: "Liberamos os dois mares para que se encontrassem. Entre ambos há uma barreira para não ser ultrapassada." (55:19-20). O fenômeno natural que o Alcorão cita nesse versículo é conhecido pelo homem desde as épocas mais remotas, ou seja, que se dois rios se 131 encontrarem numa corrente de água, a água de um deles não se mistura com a do outro. A título de exemplo, podemos citar vários afluentes do Rio Amazonas, onde se vê as duas águas independentes, como se houvesse uma linha entre elas. O mesmo se dá com os rios que correm perto dos mares. A água dos mares, quando sobe, penetra na água do rio, mas não se misturam as duas águas. A água doce permanece inalterável debaixo da água salgada. Esse fenômeno, como já citamos era conhecido do homem da antiguidade. Mas sua lei só foi descoberta há alguns anos. A observação e a experiência comprovam que há uma lei que regula os líquidos chamada "Lei da Tensão da Superfície." Ela faz a separação entre os líquidos, porque a atração das moléculas difere de um líquido para outro. Por isso, cada líquido conserva sua independência em seu aspecto. A ciência moderna aproveitou muito dessa lei, formulada pelo Alcorão com as palavras: "Entre ambos há uma barreira para não ser ultrapassada." A observação dessa barreira não se ocultava à vista dos antigos, como não contraria a observação moderna. Podemos, com certeza, dizer que, o que se quer dizer com a barreira é a elasticidade superficial existente nas duas águas e que as separa uma da outra. Podemos compreender essa elasticidade superficial com um exemplo simples: se você encher um copo com água, a água só se derramará se ela se elevar acima da superfície do copo. O motivo disso é que as moléculas dos líquidos, quando não encontram algo para se ligar a eles acima da superfície do copo, transformam-se naquilo que está abaixo dela. Então surge uma película elástica na superfície da água, que não permite que ela saia do copo. É uma película tão forte que, se colocarmos uma agulha sobre ela, ela não afunda. Esse fenômeno é chamado de elasticidade superficial, que não permite a mistura da água com o óleo, ou o que faz a separação entre a água doce e a salgada. B) Há também no Alcorão evidências exemplares como: "Foi Deus Que erigiu o céu sem colunas aparentes." (13:2) Esse versículo concorda com o que o homem da antiguidade via. Ele observava um mundo enorme e independente no espaço, formado pelo sol, pela lua e pelas estrelas, mas não via qualquer pilar ou coluna. 132 O homem atual vê nesse versículo uma explicação para suas observações as quais confirmam que os céus não possuem colunas no espaço infinito, apesar de haver colunas invisíveis, representadas pela lei da gravidade, que ajuda todos esses corpos a permanecer em seus lugares determinados. C) O Alcorão disse a respeito do sol e das estrelas: "Cada qual gira em sua órbita" (36:2). O homem da antiguidade via as estrelas movimentando-se e se afastando de sua localização após determinado tempo. Por isso, a afirmação do Alcorão não lhes era estranha. Mas, as experiências modernas vestiram essas afirmações com uma nova roupagem, pois não há uma definição mais precisa do que "girar" para o movimento dos corpos celestes. D) E o Alcorão disse a respeito da noite e do dia: "Ele ensombrece o dia com a noite, que o sucede incessantemente."(7:54) Esse versículo explicava ao homem antigo o segredo da vinda da noite após o dia… Entretanto, abrange um indício fabuloso a respeito da rotação da terra ao redor de seu eixo, responsável pela sucessão do dia e da noite, de acordo com o nosso conhecimento moderno. Devo lembrar aos leitores aqui que entre as observações que o cosmanauta russo Gagarin citou, depois de circundar a terra, está a de que ele viu uma rápida sucessão de trevas e de luz sobre a terra devido ao seu giro ao redor de seu eixo. Há muitas outras explicações a esse respeito no Alcorão. Segundo Tipo de Versículos Quanto ao segundo tipo dos versículos alcorânicos relacionados com o assunto, o homem antigo nada sabia a respeito. O Alcorão trata desses assuntos revelando segredos muito importantes confirmados pela ciência moderna. Vamos expôr, nas páginas seguintes, exemplos de vários ramos das ciências modernas. Primeiro: Astronomia O Alcorão apresenta uma idéia determinada, de conhecimentos específicos, a respeito do começo do mundo material. Essa idéia não era conhecida do homem, há um século atrás. Quanto ao homem antigo, 133 não há como falar o que era possível passar pela sua restrita mente essa idéia ou partes dela. A ciência moderna veio para corroborar o que foi revelado pelo Alcorão. O Alcorão diz o seguinte a respeito do início do mundo: "Não vêem, acaso, os incrédulos, que os céus e a terra eram uma só massa, a qual desagregamos?" (21:30) Quanto ao fim do mundo, ele diz: "Será o dia em que enrolaremos o céu como um rolo de pergaminho." (21:104) O mundo, de acordo com a exegese desses versículos era uma só massa, então esta começou a se expandir e é possível, apesar da sua expansão, agregá-la novamente em pequeno traço. Esta é a nova teoria científica a respeito do Universo. Os cientistas concluíram, por intermédio das suas pesquisas e observações quanto aos fenômenos universais, que a matéria era sólida e inerte no início, e estava em forma de gás quente, denso, firme. Então, houve uma grande explosão dessa matéria, há 5 trilhões de anos aproximadamente. Então, a matéria começou a se expandir e se distanciar. Por causa disso, o movimento da matéria tornou-se um caso inexorável, de acordo com as leis da natureza que dizem: "A força gravitacional entre essas partes da matéria é inversamente proporcional à distância entre elas (então a distância entre elas aumenta de forma notável)". Os cientistas acreditavam que o diâmetro da matéria era de 109 anos luz. Esse diâmetro, porém, de acordo com o Porfessor Edington, é dez vezes maior do que era antes. Esse processo de expansão e aumento é contínuo. O Professor Edington diz: "O exemplo das galáxias é o de manchas pintadas num balão elástico que se está enchendo continuamente. Da mesma forma se distanciam de seus irmãos todos os astros celestes com seu próprio movimento no processo de expansão cósmica"122 Quanto à segunda questão, ela nos foi confirmada, como exposta no Alcorão. O homem antigo via, a olho nú, as estrelas se afastando umas das outras, mas as via próximas uma das outras devido às distâncias fantásticas da terra, mas que, na realidade, estão a distâncias regulares. 122. "The Limitation of Science" (A Limitação da Ciência) , pág. 20. 134 Não ficamos apenas nisso; descobrimos também que a maioria dos corpos celestes que eram vistos na antiguidade, e que se pensava que fossem incompletos e compactos, possuem na realidade um espaço vazio. Descobrimos também que todo corpo material gira em torno de um núcleo próprio dele, como o sistema solar ao redor de cujo núcleo giram vários planetas e estrelas. O sistema atômico é um exemplo disso. Conseguimos observar o espaço vazio no sistema solar, mas não conseguimos observar o espaço vazio no sistema atômico, devido ao seu pequeníssimo tamanho. Não conseguimos mesmo observar esse sistema.123 Isso significa que tudo, mesmo se parecer compacto, possui algum vazio dentro dele. Como exemplo podemos citar que, se esvaziarmos o espaço dos átomos no corpo humano, não encontraremos a não ser uma quantia muito pequena de matéria, cuja existência é finita. Assim sendo, os astrofísicos dizem que, se concentrarmos o que há no espaço, sem deixarmos lugar vazio, o volume do Universo seria trinta vezes o volume do sol! É possível imaginar o tamanho do Universo, ao sabermos que a mais distante galáxia que o homem conseguiu descobrir dista alguns milhões de anos luz do sistema solar? 3) Os cientistas deduziram, através de suas pesquisas, que num futuro próximo, e de acordo com o sistema de órbita dos corpos celestes, inexoravelmente, a lua se aproximará da terra e se partirá, devido à força da gravidade, e suas particulas se espalharão pelo espaço.124 Esse fenômeno se dará de acordo com a mesma lei que rege as marés. O nosso satélite é o nosso vizinho mais próximo. Dista apenas 360 mil quilômetros da terra. Tal proximidade afeta as marés duas vezes diariamente quando há formação de ondas de até 60 metros de altura. Porém a influência dessa atração sobre a superfície da terra alcança algumas polegadas. A distância que separa a terra da lua é exatamente propícia para o benefício dos habitantes da terra. Se essa distância diminuísse para 100 mil quilômetros, por exemplo, haveria uma grande inundação marítima e suas ondas cobririam a maior parte das regiões da terra habitada, afundando tudo, podendo desintegrar até as montanhas pela força das ondas marítimas. A terra se fenderia devido à pouca gravidade. 123. Ver o Quarto Capítulo deste livro. 124. "Man Does not Stand Alone" (O Homem não está Sozinho), pág. 24. 135 Os astrônomos opinam também que a terra já passou por todos esses ciclos, durante a sua formação, até alcançar essa distância que tem da lua, de acordo com a lei astronômica. Essa mesma lei é que trará a lua para perto da terra novamente. Eles dizem que esse acontecimento se dará antes de um bilhão de 125 anos. Então, a lua se fenderá e se espalhará no espaço da terra na forma de um anel. Não seria essa teoria uma das mais concordantes para a profecia existente no Alcorão Sagrado sobre a fendidura da lua, quando da proximidade do Dia da Ressureição? O Alcorão diz: "A hora se aproxima e a lua estará fendida." (54:1) Segundo – Quanto às Camadas da Terra O Alcorão repete mais de uma vez que as montanhas foram fixadas na terra para proteger o seu equilíbrio. O Alcorão diz: "Fixou na terra firmes montanhas, para que não oscile convosco." (31:10). A ciência ignorava tal fato no decorrer dos treze passados séculos. Os geógrafos modernos, porém, o conhecem muito bem sob o nome de "Mostasia". Mas a ciência moderna está nos primeiros estágios quanto aos segredos dessa lei. O Professor Angien diz: "Descobriu-se hoje que a matéria menos pesada se elevou na superfície da terra, ao passo que os locais de matéria pesada se tornaram grandes vales. É o que vemos hoje em forma de mares. De sorte que, a elvação e o afundamento permitiram a conservação do equilibrio da terra."126 Outro cientista diz: "Há, também, nos mares, depressões parecidas com as da terra firme. Elas, porém, são mais profundas e mais vastas do que as da terra 125. Essas são conjecturas a respeito da possibilidade científica e dos seus cálculos de tempo. Não é inevitável que este fenômeno ocorra em tempo menor do que o estipulado pelos astrônomos, e suas afirmações não anulam tal possibilidade. 126. G. R. Von Angien, "Geomorphology" (Geomorfologia), págs 26-27, N. York, 1948. 136 firme. Parece que houve depressões profundas nos oceanos. A profundeza de algumas dessa depressões alcança onze quilômetros abaixo da superfície do mar. Tal profundidade é superior à altura da montanha mais alta do mundo. Se colocássemos o Evereste, o pico mais alto do Himalaia, cuja altura é de 8840 metros, numa dessas depressões, a superfície do mar estaria um quilômetro e meio acima dele. "O estranho, com esses fenômenos, é que essas depressões marítimas se encontram próximas do litoral em vez de se situarem em alto mar. Podemos imaginar as altas pressões que causaram tais depressões nos oceanos. Mas a sua proximidade de ilhas e vulcões mostram que há uma relação entre as alturas das montanhas e as profundas depressões marítimas. É que o equilíbrio da terra se baseia na elevação e na depressão, em suas diferentes partes. Alguns grandes cientistas geógrafos dizem que é possível que as depressões sejam indício de ilhas que surgirão no futuro. A causa disso é que as montanhas e as depressões na terra e no mar, respectivamente, se formam nesses vales, ocasionando vastas regiões desses vales, depois de serem preenchidas pelas montanhas. Por isso, é possível, de acordo com a inexistência do equilíbrio resultante desse processo, que surjam novas montanhas, a qualquer instante, ou surja um novo conjunto de ilhas. O que atesta isso é a existência de vestígios de elevações marinhas em algumas montanhas litorâneas. De qualquer modo, não há nenhuma teoria, à luz dos conhecimentos atuais, que explique a existência das depressões marítimas, os abissais de frio constante, em escuridão total, sob uma pressão de sete toneladas por polegada, permanecendo como um enigma perante o homem, como o enigma do mar da outra vida!127 O Alcorão diz que já se passou um longo tempo sobre a terra, durante o qual Deus a organizou. O Alcorão diz: "Depois disso dilatou a terra, da qual fez brotar a água e o pasto." (79:30-31) Esse versículo se adapta perfeitamente à mais hodierna descoberta científica. É a teoria do distanciamento ou dilatação dos continentes. Essa teoria diz que todos os continentes estavam, em algum tempo, 127. "The World we Live in" (O Mundo em que Vivemos), N. York, 1955. 137 interligados. Então, dividiram-se e começaram a se distanciar, sendo separados por vastos oceanos. Essa teoria foi lançada no mundo em 1915, pela primeira vez, quando o geólogo alemão, Alfred Wagner anunciou que se todos os continentes se aproximassem uns dos outros, eles se interligariam, como acontece com os quebra-cabeças das crianças, que podem ser vistos em três formas que explicam essa teoria (ver páginas seguinte). Há também uma grande semelhança entre os diferentes litorais, onde se encontram montanhas parecidas e com a mesma idade. Verificamos também o mesmo tipo de fauna e flora. Isso foi o que levou o litorânico, Professor Ronald Good, dizer, em seu livro: A Geografia das Plantas Florescentes.: "Os botânicos estão de acordo com a teoria que diz que não é possível explicar o fenômeno da existência de plantas semelhantes em vários continentes, a não ser que aceitemos que os continentes estavam interligados há algum tempo atrás." Essa teoria se tornou cientifica depois da comprovação do magnetismo fóssil. Os cientistas hoje, depois de estudarem os átomos das pedras, conseguem determinar a localização de qualquer lugar onde se encontra a colina daquela pedra no passado. Esse estudo provou, através de magnetismo geológico, que certas partes da terra não se encontravam no passado nos locais que se encontram hoje, mas se encontravam nos locais determinados pela teoria do distanciamento dos continentes. A essa respeito o Professor Blacket128 diz: "O estudo das pedras da Índia mostra que se encontravam ao sul do equador há setenta milhões de anos atrás. Da mesma forma, o estudo das montanhas do sul da África prova que o continente africano se separou do polo sul há trezentos milhões de anos". .Ao constatarmos essa extraordinária coincidência entre o dito no passado longínquo e o que foi descoberto recentemente, só podemos crer que as palavras do versículo provêm de um Ser cuja onisciência abrange o passado, o presente e o futuro. 128. P.M.S. Blacket é professor de ciência natural na Universidade Real de Londres. 138 Terceiro: Nutricionismo A relação dos alimentos determinada pelo Alcorão proíbe o consumo de sangue. O homem ignorava a importância dessa proibição. A análise do sangue, porém, comprovou que essa lei estava baseada numa importância particular em relação à saúde. A análise confirma que o sangue possui uma grande quantidade de ácido úrico, uma substância venenosa, se for utilizada como alimento. Este é o segredo da ordem do Alcorão para se abater os animais. O significado do abate, na terminologia islâmica, é fazê-lo de uma forma determinada, até que flua todo o sangue do animal, cortando-lhe a veia jugular localizada no pescoço, e não cortarmos as outras veias, para que permaneça a ligação do cérebro com o coração, até que o animal morra, para que o motivo da morte não seja o choque violento que atinge alguns membros principais do corpo do animal, como o cérebro ou o coração, ou o fígado. A razão disso é que o sangue coagula nas veias, e fica nas partes do corpo, se o animal morrer instantaneamente, por causa de um choque violento, envenenando, assim, toda a carne, devido ao contágio do ácido úrico. O Alcorão, também proibiu a carne de porco. O homem também ignorava, na antiguidade, a razão dessa proibição. Hoje, porém, sabe que a carne de porco causa uma porção de doenças porque possui uma grande quantidade de ácido úrico a mais do que qualquer outro animal na superfície da terra. Os outros animais, porém, expelem essa substância constantemente através da urina. O homem expele 90% dessa substância com o auxílio da clitina. O porco porém, não consegue expelir do ácido úrico a não ser 2%. O resto se mistura à sua carne e por isso o porco sofre de reumatismo. Os consumidores de carne de porco, também, sofrem de reumatismo, artrite etc.. O estudioso do Alcorão encontra muitos exemplos parecidos com o que citamos nas páginas anteriores. É um exemplo definitivo de que o Alcorão provém de uma fonte não humana. As pesquisas modernas atestam, de uma forma assombrosa, a veracidade da profecia constante do Alcorão: "Mostrar-lhes-emos os Nossos sinais em todas as regiões (da terra), assim como em suas próprias pessoas, até que lhes seja esclarecido que ele (Alcorão) é a verdade." (41:53). 139 Encerraremos este capítulo com um caso narrado pelo sábio indiano, Dr. Ináyat Allah, Al-Machriqui, que diz: "Era domingo, um dos dias do ano de 1909. Chovia a cântaros. Saí de casa por um motivo qualquer e vi o famoso astrônomo Sir James Jeans, professor da Universidade de Cambridge, que estava indo à igreja, levando o Evangelho e o guarda-chuva debaixo do braço. Aproximeime dele, comprimentei-o, porém ele não respondeu ao meu cumprimento. Fi-lo novamente e ele me perguntou: 'O que você deseja?' Respondi: 'Duas coisas, senhor! O primeiro é que o seu guarda-chuva está debaixo do seu braço, apesar da chuva forte!' Ele sorriu e abriu rapidamente o guarda-chuva. Continuei: 'A segunda coisa é: o que faz um homem famoso como o senhor dirigir-se à igreja?' Perante essa pergunta, Sir James parou um instante e então disse: 'Convido você hoje a tomar o chá da tarde comigo!' Quando cheguei, à tarde, à casa dele, fui recebido pela senhora James às quatro horas em ponto, que me avisou que o senhor James me esperava. Quando entrei no seu quarto, encontrei uma pequena mesa sobre a qual estavam os apetrechos do chá. O professor estava absorto em seus pensamentos. Quando pressentiu minha presença, perguntou! 'Qual foi mesmo a sua pergunta?' Sem esperar a minha resposta, começou discorrer sobre a formação dos corpos celestes, seus extraordinários sistemas, suas distâncias, suas órbitas, suas gravitações, suas fantásticas luzes, fazendo-me sentir o coração acelerado com a reverência e a majestade de Deus. Quanto ao senhor James, seus cabelos estavam de pé, as lágrimas lhe corriam dos olhos e suas mãos tremiam de temor a Deus. Ele parou repentinamente, e então disse: 'Ó Ináyat, quando olho para as maravilhas da criação de Deus, começo a tremer de temor a Deus. Quando ajoelho perante Deus, digo-Lhe: És Poderoso! Acho que cada parte de mim se apoia nessa prece e sinto uma calma e uma felicidade extraordinárias. Minha felicidade supera a dos outros mil vêzes. Você entende porque frequento a igreja?'" O Alamma Ináyat acrescenta, dizendo: "Esta palestra causou uma inundação em minha mente. Disse-lhe: 'Senhor, fui muito influenciado pelos detalhes científicos que me narrou. Isso me fez lembrar de um versículo de meu Livro Sagrado. Se me permitir, posso lê-lo!' Ele balançou a cabeça, dizendo: 'Com todo gosto!' Então, li o versículo seguinte: 140 "E entre as montanhas há brancas, vermelhas, de diferentes cores, e há as de intenso negro. E entre os humanos, entre os répteis e entre o gado há-os também de diferentes cores. Os sábios entre os servos de Deus a Ele temem."(35:25-26). "O senhor James deu um grito, dizendo: 'O que você disse? Os sábios dentre os servos de Deus a Ele temem? É fantástico! Muito estranho! A descoberta que fiz levou-me cinqüenta anos de estudo e observação. Quem informou Mohammad a respeito disso? É verdade que esse versículo consta do Alcorão? Se isso é verdade, pode escrever uma declaração minha de que o Alcorão é um livro revelado por Deus.' Ele, então, disse: "Mohammad era iletrado e era incapaz de descobrir esse segredo por si. Mas, Deus foi Quem lhe informou esse segredo... Fabuloso!... Fantástico! Muito estranho!"129 129. Al-Machriqui é um dos grandes cientistas indianos, naturalista e matemático. É muito famoso no Ocidente devido as suas inúmeras descobertas e seus pensamentos modernos. Foi o primeiro cientista a expor a idéia da Bomba Atômica, mas abandonou o campo da ciência para ingressar na política, devido à péssima situação dos muçulmanos na Índia (isso antes da independência). Ele fundou o Partido Popular e seus adeptos fanáticos acreditavam na necessidade da instauração dos preceitos religiosos à força. Adotaram a picareta como seu símbolo. A mais importante obra do sábio é "O Complemento da Mensagem do Islam". A comissão do Prêmio Nobel pediu-lhe que traduzisse o livro para a língua inglesa para lhe concederem o prêmio de ciências, mas ele se negou a fazê-lo, dizendo! "Não necessito de um prêmio de uma comissão que não reconhece a importância do idioma urdu." 141 OITAVO CAPÍTULO A Religião e os Problemas da Civilização A Legislação A pergunta fundamental que se apresenta quando estudamos os problemas da civilização é sobre a legislação ou a constituição. Esses problemas surgem das relações entre os indivíduos, e a legislação é quem determina essas relações fundamentadas na justiça e eqüidade. Porém, é confuso o dizer: O homem não conseguiu até agora descobrir um código de vida. É verdade que todos os países do mundo são regidos por constituições. Porém, essas costituições falhas não alcançam os seus objetivos. Eles não existem, na verdade, pois sua execução só é possível pela força e coação. É do conhecimento dos legisladores que a todas as constituições correntes nessa época, faltam-lhes bases científicas e teóricas que possibilitem a sua fixação. O Professor L.L. Fuller acha que o código não foi descoberto ainda. O próprio Fuller escreveu um livro sob o título: "O Código a Procura de si Próprio". Inúmeros livros foram escritos a respeito do assunto. Muitos cérebros entre os nossos sábios ocuparam seu tempo à procura dos valores do código. O Editor da Enciclopédia Chambers deu uma importância científica crucial, elevando-o até ao extremo. Todos esses esforços, porém, não conseguiram produzir um tipo de código de consenso. Divergiram tanto, que um especialista em legislação diz: "Se você pedir a dez especialistas informações sobre o código, deve esperar ouvir dez respostas diferentes!" Os experts da legislação se dividiram em várias correntes ideológicas, mas, apesar de seu grande número, não encontramos lugar nelas para alguns importantes cientistas jurídicos. O professor G.W. Paton diz a respeito de John Hasting: "Ele não é capaz de elucidar qualquer uma das divisões amplas do código."130 130. "A Text Book of Jurisprudence" (O Livro-texto da Jurisprudência), pág. 5. 142 A causa desse desacordo entre os jurisprudentes é a incapacidade de chegarem a uma base comum sobre a qual possam construir a estrutura do código. Eles acham que é impossivel colocar os valores, que procuram reunir na estrutura do codigo, numa só balança. "É uma realidade... A civilização ocidental não encontra outra solução para esse problema a não ser a de saltitar de um tempo para outro, de um fim para outro."131 John Hasting observou que todos os códigos só serão eficientes se tiverem uma força que os apoie. Ele diz no seu livro "The Code" (O Código), publicado pela primeira vez em 1861: "O código é a sentença proferida por uma pessoa que ocupa uma alta posição política, para alguém que ocupe uma posição inferior à dele."132 A legislação, de acordo com isso, tornou-se "editada pela autoridade."133 Por isso, os sábios modernos promoveram uma campanha contra esta idéia. Disseram: "Não é possível coibir as tendências dos governantes, a não ser que o consenso geral tenha o apoio básico na legislação." Eles negaram qualquer código ou constituição que não levava em conta a anuência do povo. De acordo com isso, muitos controles, que têm o consenso dos sábios e professores de ética, não podem ser efetivos porque o povo não os aceita. Como exemplo, os americanos não conseguiram introduzir uma medida que proibisse o consumo de bebidas alcoólicas, porque o povo não a aceitava. Os britânicos também tiveram que introduzir alterações importantes na lei criminal, e permitiram tipos de relações sexuais antes proibidos apesar do barulho dos intelectuais e do protesto dos professores de jurisprudência. Há uma outra questão sobre a qual divergem os professores da jurisprudência: se o Código é passível de mudança ou não? A teoria do "Código Natural" encontrou uma grande circulação na Idade Média e nas épocas posteriores a ela, impelida pelo pensamento de que a natureza humana é a verdadeira fonte da jurisprudência. 131. W. Friedman, "A Legal Theory" (A Teoria Legal), pág. 18. 132. "A Text Book of Jurisprudence" (O Livro-texto da Jurisprudência), pág. 56. 133. Idem, pág. 4. 143 "A natureza exige que o direito de domínio e o governo sejam de suas exigências naturais e seus apoios pioneiros. A natureza forneceu esses apoios ao homem em forma de 'cérebro'."134 Essa teoria forneceu uma base cósmica para os jurisprudentes. Foi dito: É preciso um código unificado, que sirva para todas as épocas. Essa é a teoria dos sábios dos séculos XVII e XVIII a respeito dos códigos. Então, surgiram outras correntes que negavam a possibilidade do conhecimento da base cósmica da constituição. Koehler diz a respeito: "Não há uma constituição eterna. A legislação que serve para uma época talvez não deva servir para outra. Devemos procurar sempre uma costituição que se coadune com cada civiliação. Uma constituição pode ser benéfica para certo povo e maléfica para outros."135 Esta escola eliminou a constância do código. Ela convoca o homem para o ideologismo da mudança cega e do relativismo, sem chegar a um fim específico, pois falta-lhe a base. Essa ideologia virou todos os valores humanos pelo avesso. Há uma outra corrente que pede que se obtenha maior número de valores de justiça na jurisprudência. O Lord Wright escreve a respeito da teoria de Dean Roscoe Pound: "Roscoe Pound apresenta uma teoria que acho válida, depois de todas as minhas experiências e pesquisas a respeito do código. Ele diz que o objetivo fundamental e primordial da jurisprudência é 'procurar a justiça'.136 Se aceitarmos essa teoria, surge uma pergunta importante: 'O que é a justiça? Como podemos determiná-la?' Mais uma vez voltamos para John Austin! Mais uma vez nos deparamos com o fenômeno de que o homem não consegue descobrir uma base real para a jurisprudência, apesar dos enormes esforços despendidos neste campo, há centenas de anos. A cada dia os sentimentos de desilusão aumentam entre os jurisprudentes, porque a filosofia moderna falhou em sua procura dos objetivos da constituição. O Professor G.W. Paton pergunta: "O que deve a constituição ideal abranger? É uma pergunta relacionada aos valores e entra na esfera da filosofia da legislação. Quanto 134. Boden Liener, "Jurisprudence" (A Jurisprudência), pág. 164. 135. "Philosophy of Law" (A Filosofia da Lei), pág. 5. 136. "Interpretation of Modern Legal Philosophies" (Interpretação da Filosofias Modernas e Legais), Nova Iorque, pág 794. 144 mais pedimos para a filosofia nos ajudar, quanto menos ela está preparada para fazê-lo. Falhamos em encontrar um 'equilíbrio para os valores' que seja aceito por todas as partes. "Na verdade, não há fundamento em nenhuma organização, a não ser na religião. As realidades religiosas, porém, servem como crença e intuição, e é impossível aceitá-las na base da dedução lógica."137 O Professor Paton emitiu uma opinião sobre alguns especialistas em legislação, dizendo: "Todas as tentativas de estudos filosóficos à procura dos "objetivos" na filosofia da legislação terminaram sem nenhum resultado."138 O próprio Paton pergunta: "Há, relamente 'valores ideais' que limitam as bases no desenvolvimento das legislações? Os legisladores não conseguiram alcançar esses valores até agora, apesar de sua premência." Então, diz: "Os antigos defensores da teoria do 'código natural' extraíram suas bases das realidades inspiratórias da religião. Mas se não quisermos apresentar uma legislação secular, onde encontraremos os fundamentos dos valores acordados."139 Essa experiência vigorosa convida o homem a retornar para a direção de que ele se desviou há séculos. A religião participava ativamente da formação das constituições dos tempos antigos. O especialista em códigos, Sir Henry Maine, diz: "Não há nenhum código, que tenha seu registro por escrito, desde o código chinês até o peruano, que tenha relações com os rituais religiosos, desde o início."140 Chegou o tempo de reconhecermos a verdade: a humanidade não consegue estipular uma constituição para ela sem a orientação de Deus. E, invés de empreendermos esforços infrutíferos, devemos reconhecer a realidade que o Dr. Freedman nos apresenta, dizendo: "Depois de estudarmos esses esforços diversos, torna-se claro que é necessária a orientação da religião para avaliação da medida exata da 137. "A Text Book of Jurisprudence" (O Livro-texto da Jurisprudência), pág. 104. 138. Idem, pág. 106. 139. Idem, pág. 109. 140. Sir Henry Maine, "Early Law & Custom" (As Leis e os Costumes Primordiais), pág. 5. 145 justiça. É a base utilizada pela religião prática, que só ela carrega com tanta veracidade e simplicidade.141 Encontramos na religião todas as bases necessárias procuradas pelos legisladores para a formulação de uma constituição ideal. Para se corroborar essa nossa afirmativa, apresentaremos um estudo resumido do mais importante problema da legislação humana. Primeiro – A fonte da Legislação A primeira e mais importante pergunta em relação a qualquer legislação é quanto à procura da fonte dessa legislação. Quem irá formulála? Quem a colocará em vigor? Os jurisprudentes não conseguiram responder a essa pergunta. Se nós concedermos tal distinção ao governante, só porque é governante, não há uma base teórica e científica que lhe permita, a ele ou a seus auxiliares no governo, desfrutar de tal distinção. Essa concessão, por outro lado, não é benéfica, pois a permissão ao governante de se utilizar da força para a execução de alguma ordem, é uma questão que o povo não suporta. Se conferirmos a autoridade de legislação aos membros da sociedade, estaremos conferindo-a aos mais ignorantes e insensatos, pois a sociedade – qualquer sociedade – se for analisada como um todo, não desfruta de conhecimento, de raciocínio nem de experiência necessários para a tarefa. A autoridade requer muita habilidade, de conhecimento e experiência, virtudes essas escassas entre as pessoas do povo em geral. Por outro lado, se elas quizerem fazê-lo não terão tempo suficiente para estudar e compreender os problemas legislativos. Para saírem desse impasse, os legisladores chegaram a uma solução média: Que os adultos da sociedade elejam representantes seus e esses, por sua vez, legislem em nome do povo. Verificamos a insensatez dessa solução quando vemos que o partido político que possue 51% no Congresso manda nos outros partidos que representam 49% da população. Essa solução também possui um vazio enorme, onde a minoria governa a maioria da população. 141. "Legal Theory" (A Teoria Legal), pág. 450. 146 Dessa forma, deparamo-nos novamente com o fenômeno da procura de uma base, para o código e sua fonte. A religião aceita esse perigoso desafio que pode destruir a felicidade de toda a humanidade. Ela diz: "A fonte de legislação é somente Deus, o Criador da terra e do Universo. Aquele Que aprefeiçoou as leis da natureza é o Único capaz de estipular um código para a civilização e sua sobrevivência. Não há outro além d'Ele, a quem se possa conferir esse direito." Essa resposta é tão racional e tão simples, que clama, dizendo, se conseguirmos ouvir a sua fala: Há alguém além de Deus, Glorificado e Exaltado seja, que possa resolver esse problema? Essa resposta nos levou para a sua posição quanto à legislação e o legislador, depois que se tornou impossível para nós darmos um passo nas trevas do extravio da verdadeira orientação. Não é possível ser aceito um homem como governante e legislador para o homem. Ninguém tem esse direito a não ser o Criador do homem e seu Governante natural: Deus. Segundo - O Elemento Básico Para a Legislação. Uma das mais importantes perguntas que os legisladores fazem é sobre a espcificação dos elementos básicos de legislação que não podem ser descartados em qualquer constituição quando da sua reforma ou renovação ou troca. Esses especialistas não conseguiram chegar a um acordo no asssunto, apesar das longas pesquisas empreendidas nesse campo. Eles concordaram teoricamente da necessidade de um elemento na legislação que deve ser constante e eterna, juntamente com outros elementos flexíveis que podem ser descartados quando necessário. Acham também que a falta do elemento perene e do relativo, na constituição, será a fonte de infelicidade constante da humanidade. Um dos juízes americanos, o juíz Cardoso explicou isso da seguinte forma: "A necessidade premente da legislação, hoje, é formularmos uma filosofia que concilie entre as tendências antagônicas a respeito da constância de um elemento e a mudança de outro elemento"142 142. "The Growth of Law" (O Crescimento da Lei). 147 Outro especialista, o Prefessor Roscoe Pound, diz: "A autoridade é premente na legislação. Isso, porém, não significa que a legislação se torne ineflexível. Por isso, os filósofos empreenderam extremos esforços para conciliarem entre os valores da autoridade e da mudança nesse campo."143 Na verdade, não é possível se chegar a uma base que distinga entre os elementos do código formulado pelo homem. Cada elemento que apregoa que serve para ser definitivo deve apresentar uma prova disso. Porém, é incapaz de fazê-lo. Vemos hoje um elemento da constituição sendo considerado conveniente para perdurar, mas amanhã chegam outras pessoas e anunciam a desnecessidade daquele elemento em sua constituição – Sabendo-se que a constituição é formulada de acordo com a vontade do povo –, pois ele não mais lhes interessa ou acham que deixou de ser útil, com o passar do tempo. A única solução para o nosso problema é a lei divina, que nos concede todos os elementos essenciais e necessários. Essa lei aproveita as partes principais e radicais e deixa o resto em aberto para as diferentes deligências, de acordo com o tempo e o lugar. Ela determina os elementos essenciais e secundários de acordo com uma constituição qualquer. Por um lado, ela é qualificada e desfruta do argumento de preferência, pois provém de Deus. Por outro, é necessário considerarmos a verdadeira e última palavra no assunto. Essa é uma importante distinção na legislação divina que o homem não consegue mudar. Terceiro – Determinação do Entendimento do Crime É necessário que a constituição tenha um argumento ao qual se apoie para considerar um ato qualquer como crime. O código formulado pelo homem diz que "crime é tudo aquilo que prejudica a segurança geral, ou o sistema de governo existente." A legislação humana não encontra outra base além dessa para considerar um ato como crime. Essa base incentivou o novo código a determinar que o crime de fornicação não é crime, a não ser que seja feito à força por um dos participantes. O novo código não considera a fornicação crime, mas considera a coação anterior à fornicação como o crime. 143. "Interpretation of Legal History" (Interpretação da História da Lei), pág.1. 148 Apossar-se alguém dos bens de algum cidadão é ilícito, também o é tirar-lhe a castidade e manchar-lhe a honra. Os bens de uma pessoa porém, tornam-se lícitos para uma outra pessoa, a partir da anuência do primeiro lado, dono dos bens. Assim, o código prevê que a quebra da castidade de uma das partes é permitida à outra, se for com consentimento. No consentimento de ambas as partes, o código passa a protegê-las. Se uma terceira parte se intrometer no caso, ela é que se torna criminosa e não as duas primeiras partes. O crime de fornicação faz proliferar uma grande corrupção entre a sociedade. Ele cria o problema das crianças desnaturadas (ilegais) e enfraquece os laços do casamento. Ele resulta, também, da preferência dos gozos superficiais da vida e cria uma mentalidade traidora, gerando o roubo e os assaltantes, fomentando os assassinatos, os suicídios e os raptos, corrompendo toda a sociedade. O código, porém, não consegue coibi-la, pois não encontra base para proibir o que é feito de comum acordo. O código também não conseguiu proibir a bebida alcoólica, porque crê que a comida e a bebida são um dos direitos da natureza humana, e o homem é livre para consumir o que desejar, de comida e bebida, e o código não pode se intrometer em seus direitos naturais. Assim, o consumo de bebida alcoólica, e a embriaguês que dela resulta, não é um crime, na realidade, a não ser que o ébrio saia à rua embriagado e agrida algum cidadão. O crime não é a situação de embriaguês, mas a agressão aos outros, em tal situação. A bebida alcoólica faz mal à saúde, desperdiça os bens das pessoas, e leva os alcoólatras a calamidades financeiras, enfraquecendo seus sentimentos morais, transformando-as em animais paulatinamente. O álcool é o maior auxiliar dos criminosos. Ele atrofia os sentimentos finos, induzindo o homem a praticar qualquer crime de roubo, assassinato, estupro. O código humano, porém, apesar desses vícios, não conseguiu proibir o álcool, porque não encontra resposta que justifique sua intromissão num dos direitos naturais do homem. Não conseguimos encontrar uma solução para esse problema a não ser na lei de Deus. Sua lei mostra o Seu agrado como Criador do Universo. O fato de qualquer código ser código de Deus leva consigo o 149 princípio de execução, sem necessidade de uma outra prova. Assim, o código divino preenche uma grande lacuna, incluindo qualquer ato no âmbito do código. Quarto –O Código e a Moral O código não consegue ser independente, por si, em qualquer tempo. Ele precisa se conciliar com a moral. Para explicarmos esse ponto, dizemos: 1 – Se apresentarmos um caso perante o código, a título de exemplo, e ambas as partes e suas testemunhas mentirem, a verdade não aparecerá perante o juíz. Ele precisa ser justo, mas não consegue fazê-lo, por mais que tente. Por isso, era necessário um outro código, por detrás do código, que movesse as pessoas, levando-as a recorrerem às explicações verdadeiras para chegarem à justiça. Todos os tribunais do mundo reconhecem esse princípio, pois exigem de cada testemunha que jure por Deus que declarará a verdade, antes de prestar o seu testemunho. É uma prova cristalina que atesta a importância das crenças religiosas para proteger a sacraticidade do código. Parece que a nossa sociedade eliminou a importância das crenças religiosas, tornando o juramento nos tribunais objeto de riso, considerando-o um costume totalmente inútil. 2 – É indispensável que qualquer ato condenado pelo código seja crime, também na opinião da sociedade, e que qualquer artigo do código escrito não consiga criar uma mentalidade na sociedade que considere qualquer ato como crime, como o considera o código; pois é indispensável que o criminoso sinta que é culpado e a sociedade o considere culpado. A polícia prende com todo convencimento, então o juíz, como toda tranqüilidade, dá uma sentença contra aquele homem. Por isso, era indispenável que cada crime fosse considerado culpa também. Essa é a opinião dos professores da história da lei: Uma lei não atinge o seu objetivo, a menos que seja aplicada às crenças correntes entre a sociedade para a qual foi elaborada essa lei. Se a lei não for aplicada à crença da sociedade, estará fadada ao fracasso".144 144. "A Text Book of Jurisprudence" (O livro-texto da Jurisprudência), pág. 16. 150 Essa opinião, emitida pela escola histórica da lei, não é certa no seu objetivo verdadeiro, que ele aponta com absolutez, mas é externamente verdadeiro. 3 – O temor à polícia e ao tribunal não é suficiente para coibir os crimes. É indispensável que haja algo coercitivo na sociedade que vede as pessoas de praticarem crimes, porque o suborno, o favoritismo, o serviço de advogados hábeis, o falso testemunho, todos esses expedientes são suficientes para proteger os criminoso de qualquer polícia ou tribunal humano. O criminoso não teme o castigo, qualquer castigo, se conseguir escapar das mãos do código. A lei divina dispensa todos esses casos. A crença na Outra Vida, pregada pela lei divina, é o melhor reprimidor do cometimento dos crimes. É suficiente para fazer permanecer o sentimento de culpa na consciência do indivíduo, mesmo que preste um falso testemunho perante o juiz. Há no recinto de um tribunal um monumento que lembra às pessoas o testemunho falso de um indivíduo. Ele disse: "Se eu estiver mentindo que Deus me mate aqui e agora! Ao terminar de proferir a sentença, caiu morto."145 Há outros casos desse tipo que aconteceram devido ao sentimento de culpa de seus autores. As determinações parlamentares não criam no povo sentimentos quanto à repugnância por um ato qualquer, a não ser que sejam apoiadas por leis divinas, arraigadas nas crenças da sociedade. O coercitivo que coibe a prática dos crimes não é a religião em si; é o fato de não só nos apresentar uma lei, mas nos informa que o Legislador vê todos os nossos atos, bons ou maus. Todas as nossas intenções, declarações e nossos movimentos são registrados pelos aparelhos do Legislador. Apresentar-nos-emos, após a morte, à Sua frente e não conseguiremos esconder o mais ínfimo dos nossos atos. Se conseguirmos escapar do castigo do tribunal terreno, não conseguiremos, certamente, escapar do castigo do Legislador Celestial. Se tentarmos evitar o castigo terreno, sofreremos um castigo maior no Dia da Ressurreição, que supera o castigo terreno em milhões de vezes em severidade e violência. 145. Sir Alfred Denning, "The Changing Law" (A Lei Mutável), pág. 103. 151 Quinto – O Código e o Indivíduo Lemos na história da Inglaterra que o Rei James I elaborou um decreto que dizia que o rei podia governar o país livremente, como seria da sua alçada emitir um sentença não sujeita a julgamento ou apelação. O Presidente do Tribunal Superior da época era um juiz famoso, o Lord Coke. Homem extremamente religioso, passava um quarto de seu dia na Igreja. Ele foi ter com o Rei para lhe dizer: "Não é da competência de V. Majestade emitir uma sentença. É indispensável que todos os juízes vão ao tribunal para analizá-la." O Rei lhe disse: "Acho, e já ouvi isso, que as leis são elaboradas baseadas no raciocínio. Será que tenho menos raciocínio que seus juízes?" Lord Coke lhe respondeu: "Não há dúvida que V. Majestade desfruta de ciência e de suficiência exemplares. Mas a lei exige uma longa experiência e uma análise profunda. Além disso, é a balança de ouro que pesa os direitos dos vassálos e lhes protege as personalidades." O Rei irritou-se e disse: "Será que eu também estou sujeito à lei? Tal afirmativa é rebeldia e traição!" A resposta de Lord Coke foi lembrar ao Rei a opinião de Bracton, que disse: "O Rei não está sujeito a nenhuma pessoa, mas está sujeito a Deus e à lei."146 Aqui, se tirarmos Deus do Código, não encontramos uma base razoável para dizer que: "O Rei está sujeito à lei", porque os que formularam a lei e publicaram com a sua anuência, conseguem, ao mesmo tempo, modificá-la e mudá-la, se quiseram fazê-lo. Como, então, podem submeter-se à lei? Se o homem for o legislador ele irá substituir a lei e a divindade ao mesmo tempo e, então, tornar-se-á impossível abrangê-lo dentro da esfera da lei, de alguma forma. Esse defeito nas leis modernas, apesar de todas as repúblicas confessarem o princípio da iguladade civil, tal igualdade não é praticada na realidade em nenhum país. Se quisermos julgar um presidente da república ou um governador qualquer, não conseguiremos tratá-los como se trata os cidadãos comuns, porque precisaríamos da anuência do país antes de irmos para o tribunal. 146. Sir Alfred Denning, "The Changing Law" (A Lei Mutável), págs. 117-118. 152 Em outras palavras, se quisermos julgar um político famoso, ou algum membro do poder executivo, devemos perguntar a eles próprios se nos permitem fazê-lo. Essa é a falha de toda a constituição e todo o código humanos. É um defeito existente onde há essa espécie de constituições objetivos. Não é possível alcançar-se a justiça integral, a não ser à sombra da Lei Divina, onde cada homem é igual ao próximo, perante a lei, onde podemos julgar qualquer autoridade política e executiva, da mesma forma que julgamos qualquer cidadão, porque o Governante, nessa lei, é Deus, e somente Deus, e os governados são todos os membros da sociedade, sem distinção nenhuma.147 Sexto – O Código e a Justiça A maior e mais importante base na estrutura do código é a justiça, a cuja procura os especialistas do código estão há muitos séculos. Ela faz parte do código divino, na sua forma mais completa e perfeita. A afirmativa de que a desorientação do homem para a base de justiça, devese ao fato de que as nossas pesquisas continuam falhas e exigem um aumento na pesquisa, é afirmativa nula. Tais palavras demonstram que o homem é incapaz de chegar a tal base. Já percorremos uma longa distância no âmbito das pesquisas naturais e alcançamos resultados extraordinários em todos os campos. Mas, apesar dos nossos esforços duplicados na pesquisa de leis civis, não conseguimos êxito nem em um por cento do exigido. Isso prova que a causa do nosso fracasso não é a falta de esforços, mas a causa real é que esse assunto está totalmente fora da alçada da pesquisa humana. O homem tirou a primeira fotografia em 1826. O cientista francês que inventou o aparelho fotográfico precisou de oito horas ininterruptas para fotografar a fachada de uma casa. Agora, as máquinas de vídeo conseguem fazer mais de mil fotografias em um minuto. Isso significa 147. Há muitos exemplos disso ocorridos no primeiro período do Ímperio Muçulmano. Pessoas simples do povo processavam perante os juízes os califas, os governadores, os homens públicos. Não seria isso o vestígio dos princípios elevados do Islam, o eco do dito do Profeta Mohammad que diz: "Interferis numa lei de Deus? Por Aquele em Cujas mãos está a alma de Mohammad, se Fátima, filha de Mohammad, roubasse, eu lhe cortaria a mão." 153 que conseguimos hoje fazer mais de 500 mil fotografias no mesmo tempo em que o processo da primeira fotografia levou, ou seja, a nossa velocidade aumentou quinhentas mil vezes em apenas 160 anos. No início do século XX não havia nas ruas dos Estados Unidos mais do que quatro automóveis, quando hoje passam pelas ruas milhões de automóveis. O milagre da ciência leva o homem a dividir o tempo em um milionésimo de segundo. Os telescópios conseguem detectar qualquer diferença na rotação da terra, mesmo que seja de um milionésimo. Foram desobertos aparelhos de medição tão precisos, que são capazes de detectar a diferença no peso de duas letras escritas numa folha de papel de uma enciclopédia de trinta volumes. Esta é a situação do homem, no campo científico, enquanto não consegue qualquer evolução no campo do código civil. Apresentaremos aqui alguns exemplos em diferentes campos da vida para mostrarem a veracidade da afirmativa de que a constituição divina é a única base verdadeira que serve para ser a fonte dos códigos de vida do homem. A Mulher e a Sociedade O Islam não considera o homem e a mulher iguais. Ele proíbe as relações livres entre eles. Os cientistas, no início da época científica, começaram escarnecer dessas leis e as denominaram "atrasos da época da ignorância." Disseram com veemência que o homem e a mulher são iguais, herdam os gens humanos de maneira idêntica, e seria um grande crime obstruírmos o caminho de suas relações livres. Esse pensamento criou uma nova sociedade no Ocidente. Mas as longas e amargas experiências que a humanidade viveu depois dessa permissividade sexual foram as mais duras. Concluiu-se, depois dessas experiências, que o homem e a mulher não são inata nem naturalmente iguais. Qualquer sociedade que se basear na sua igualdade causará grandes danos à civilização humana. a) Na realidade o homem e a mulher se diferenciam totalmente em suas capacidades naturais. Considerá-los iguais é contrariar as próprias leis da natureza. O Dr. Alexis Carrel, ganhador do Prêmio Nobel de Ciência, apresenta a diferença fisiológica entre o homem e a mulher, dizendo: 154 "As diferenças existentes entre o homem e a mulher não são apenas devidas à forma particular dos órgãos genitais, à presença do útero, à gestação ou ao modo de educação; têm uma causa mais profunda: a estrutura dos tecidos e a total impregnação do organismo por substâncias químicas específicas segregadas pelo ovário. A ignorância destes fatos fundamentais foi que levou os promotores do feminismo à idéia de que os dois sexos podem ter a mesma educação, as mesmas ocupações, os mesmos poderes e as mesmas responsabilidades. A mulher é, na realidade, profundamente diversa do homem. Cada célula do seu corpo tem os seus sistemas orgânicos, e, sobretudo, com o sistema nervoso. As leis fisiológicas são tão inexoráveis como as do mundo sideral, e é impossível substituí-las pelos desejos humanos; temos de as aceitar tais quais são. As mulheres devem desenvolver as suas aptidões no sentido da sua própria natureza, sem procurar imitar os homens"148 As experiências científicas comprovaram o resultado dessas diferenças naturais. A mulher fracassou em apresentar qualquer igualdade com o homem em qualquer campo; o homem consegue sobrepujá-la nos campos, considerados no passado, como monopólio feminino. Isso não é tudo… Se negarmos as leis naturais, e as regras cósmicas, e começarmos contrariá-las, quebraremos as nossas caras com as nossas mãos. Assim, o sistema imposto pelo homem, ignorando as considerações que diferenciam ambos os sexos, acarretou certos tipos de doenças e crimes no seio da sociedade. Os jovens dessa nova sociedade se queixam de tipos de doenças venérias, morais, psicológicas, resultantes dessa mistura terrível. Uma das cenas que se repetem perante os médicos dessa sociedade é o comparecimento de jovens ao consultório médico que se queixam de dor de cabeça e insônia. Ficam algum tempo falando sobre as dores… Então começa a falar sobre um rapaz que ela encontrou por acaso, havia algum tempo atrás… Nesse ponto o médico sente que ela se atrapalha com as palavras. Ele lhe pergunta: "Então, ele a convidou para o seu apartamento. O que você lhe disse?" A jovem, estupefata, responde: "Como você soube que eu ia lhe dizer isso?" É possível concluir-se tudo o que a jovem dirá ao médico depois desse diálogo. Isso é o que firam os sábios ocidentais. Isso é o que fez os 148. O Homem, Esse Desconhecido, págs. 108-109. 155 sábios ocidentais se desiludirem. Concluíram que a conservação da honra é uma balela à sombra de uma sociedade de relações livres. Um médico ocidental disse: "É possível que o homem e a mulher cheguem a um ponto em que seja impossível controlar os nervos e os sentimentos através das penalidades." Há uma campanha enérgica contra esses fenômenos em forma de artigos e livros. Alguns sábios ocidentais começaram sentir a catástrofe que ameaça sua civilização. Mas apesar disso, são incapazes de compreender as raízes da questão. A conhecida médica, Marion Hilliard, publicou um artigo contra a mistura livre. Disse: "Não posso aceitar, como médica, que as relações puras possam perdurar entre um homem e uma mulher que permaneçam juntos sozinhos por um longo tempo." Ela continua dizendo: "Não sou tão estúpida a ponto de aconselhar os jovens a não se beijarem. Mas a maioria das mães não informam seus filhos que o beijo não amaina os sentimentos, mas os inflamam." A Dra. Hilliard aceita, com essas palavras, o código divino que proíbe essas manifestações, para que o homem não chegue à beira dos hodiendos crimes sexuais. Mas a doutora. não sabe como coibir esse comportamento que se relaciona inexoravelmente com os atos demoníacos! b) A lei islâmica permite a poligamia, e houve um grande clamor contra essa permissão que a denominaram "lembranças da época da ignorância." As experiências práticas, porém, vieram confirmar que é uma lei que se coaduna com a natureza humana, porque a proibição da poligamia é a abertura de inúmeras portas para a imoralidade: Se consultarmos as publicações da ONU e de outras organizações, verificaremos através dos números e estatísticas que o homem enfrenta o problema dos filhos ilegítimos, que são mais numerosos que os legítimos, e que a percentagem dos filhos ilegítimos aumentou em sessenta por cento. Em alguns países, porém, e a título de exemplo, o Panamá, essa percentagem ultrapassou os setenta e cinco por cento, ou seja, três filhos ilegítimos em cada quatro nascimentos. A maior percentagem dessas crianças ilegítimas é encontrada na América Latina. 156 Essa publicação afirma também que a percentagem das crianças ilegítimas é nula nos países islâmicos. Ela diz ainda que essa percentagem é menos que um por cento no Egito, apesar de ser o país muçulmano que mais sofreu a influência ocidental. Quais são as causas que protegem os países islâmicos dessa calamidade? Os editores da publicação estatística afirmam que os países muçulmanos estão protegidos contra a epidemia porque praticam a poligamia." Esse sábio código divino conseguiu proteger nossos países islâmicos de uma calamidade real desta época. As experiências humanas comprovaram que o antigo código divino é o que está constituído sobre a verdade, e é misericórida para a humanidade. A Civilização O Islam instituiu o talião para quem matar intencionalmente, a não ser que os herdeiros do morto aceitem a compensação pecuniária. Essa lei enfrentou críticas severas dos legisladores na época presente. A justificativa da sua crítica é que essa lei faz perder uma outra alma, depois de ter-se perdida a primeira de fato. Isso os levou a abominarem a pena de morte na maioria dos países. A lei islâmica tem duas importantes utilidades: Primeira: Aniquila as raízes desse crime, porque ninguém se entrega à praticá-lo ao ver o castigo sofrido por um dos membros da sociedade.149 Segunda: É a compensação pescuniária. O Legislador levou em consideração todos os resultados. Se o filho único de uma pessoa idosa for morto, o assassino deve pagar ao pai do assassinado uma quantia que o satisfaça. Ele, então, perdoa o crime pela compensação recebida. A lei islâmica deu aos pais o poder da elevação da quantia da compensação, para poder apagar o fogo da vingança. 149. O único país que aplica o sistema islâmico nesse âmbito é a Arabia Saudita. Todos os encarregados dos assuntos sauditas sabem que a proporção de homicídios nela é a mais baixa no mundo. Os casos de crimes de morte anualmente não passam de alguns devido ao castigo imposto aos criminosos. Da mesma forma, os casos de roubo são nulos nesse país, pelo mesmo motivo. 157 Essa legislação é extraordinariamente prudente. Sua experiência confirma que o instinto de homicídio foi eliminado em todos os países em que foi adotada. A experiência também confirma que em todos os países que aboliram essa lei a percentagem de homicídios subiu assustadoramente chegando, em alguns países a doze por cento. Há inúmeros outros exemplos: países que aboliram a pena de morte, mas instituiram-na novamente, devido às consequências. O Parlamento do Ceilão em 1956, sancionou uma lei, abolindo a pena de morte em todo o seu território. A proporção dos crimes de morte aumentou assustadoramente após a publicação da lei. O povo do Ceilão só percebeu o erro cometido no dia 26 de setembro de 1959, quando um homem invadiu a casa do Primeiro Ministro e o matou em seu quarto. A primeira coisa que os membros do parlamento fizeram após o enterro do Primeiro Ministro, foi convocar o parlamento para uma sessão extraordinária que durou quatro horas e anunciaram, no seu encerrametno, a modificação da lei, instituindo novamente a pena de morte. O Sistema de Vida O sistema aceito pelo Islam para a vida é o de propriedade privada para os meios de produção agrícola. A estrutura de vida no Islam é baseada na propriedade privada. Esse sistema perdurou muitos séculos no mundo. Depois da revolução industrial enfrentou críticas severas, levando os intelectuais a aboli-lo. Entre a segunda metade do século XIX e a primeira metade do século XX circulou na Europa o sentimento de que a propriedade privada é uma das leis criminosas que proliferaram na Idade Média. Conseguiuse então introduzir um sistema de propriedade coletiva, considerada forte base para o sistema de vida. A primeira experiência da nova teoria, a propriedade coletiva, foi efetuada numa vasta área da terra. Teve uma promoção extraordinária e foram depositadas nela muitas esperanças. Mas a longa experiência demonstrou que esse sistema, apesar dos esforços enormes despendidos, só trouxe resultados inferiores à produção conseguida na propriedade privada, além de suas inúmeras falhas, que se resumem em sua artificialidade, a ponto de se usar a força para a sua execução. Ela também 158 coíbe o desenvolvimento humano. É, ao mesmo tempo, mais centralizadora, mais exploradora e mais ditatorial que o sistema capitalista. Como resultado da propriedade coletiva vimos a Rússia, que era um dos grandes países exportadores de produtos agrícolas no tempo tezarista, ser obrigada a comprar milhões de toneladas de trigo do mundo capitalista. O mesmo se dá com a China. Essas amargas experiências da humanidade atestam que a Mente Divina, Fonte do Código verdadeiro, conhece bem a natureza humana e compreende melhor os seus problemas. A religião tem resposta específica para todas as perguntas que se fazem em nossa luta cultural. Ela nos orienta para a verdadeira legislação natural, colocando-nos a base teórica do código. Ela nos concede uma base correta para cada problema da vida humana, para que possa alcançar os altos graus do desenvolvimento. É a forma única para a igualdade completa entre o governante e o governado; ela prepara a base psicológica, sem a qual o código se atrofia e se paralisa. Ela nos cria aquele clima propício, imprescindível para a evolução vital e efetiva. Assim, a religião nos proporciona tudo o de que necessitamos para a construção da civilização, numa época em que o ateísmo e a descrença só nos proporcionam, perdição e privação. 159 NONO CAPÍTULO A Vida que Testemunhamos Fredirich Engles escreveu: "É imprescindível que o homem tenha vestimentas para proteger o seu corpo, que tenha pão para satisfazer o seu estômago, para que possa discutir filosofia e política." Na realidade, as primeiras respostas que o homem procura obter na sua vida são as das seguintes perguntas: Quem sou eu? Que Universo é este? Como principiou minha vida? Para onde eu vou? São as perguntas inatas e básicas. O homem abre os olhos num mundo que abrange tudo, menos as respostas para essas perguntas. O sol lhe proporciona o calor necessário, mas o homem negligencia a sua sociedade e as causas do seu papel para serví-la. O ar fornece a vida ao homem, mas o homem é incapaz de influir nele para responder à pergunta: Quem é você? Porque você executa esse trabalho? Ele pensa na sua existência, mas não compreende quem é e porque veio para este mundo. O raciocínio humano é incapaz de colocar respostas para essas perguntas fundamentais na vida humana, mas não pára de procurar, mas sem conseguir uma resposta. Essas perguntas, mesmo que pareçam meras sentenças nos bocas das pessoas, elas perturbam sua alma. São devolvidas de uma forma acompanhada por reação, a ponto do homem enlouquecer. Sabemos que Engels era um pensador ateu. Seu altruísmo, porém resultou de uma sociedade acometida de perturbação e instabilidade. Quando pequeno, ele amava perdidamente a religião e passava longas horas na igreja. Depois de crescer e ampliar sua visão no estudo, negou 160 a religião tradicional. Ele escreveu a respeito dessa mudança numa carta para um amigo seu. Disse: "Faço preces diariamente e passo o dia todo fazendo preces para descobrir a verdade. A prece passou a ser a minha paixão, a partir do momento que a dúvida invadiu o meu coração. Não consigo aceitar a crença. Meu coração se enche de lágrimas enquanto escrevo essas linhas. Meu coração chora; meus olhos choram, mas sinto que não estou isento da misericórdia de Deus. Tenho esperança de alcançar a Deus a Quem desejo ver com todo o meu coração e toda minha alma. Juro por minha vida que este meu sofrimento e minha procura são um vislumbre do Espirito Santo. Não deixo o meu pensamento, mesmo que o Evangelho o desminta dez mil vezes!" O instinto da pesquisa pela verdade perturbou a alma de Engles, o jovem. A tradicional religião cristã não lhe forneceu a tranqüilidade que ela procurava. Então ele se rebelou contra ela e se afundou nas filosofias políticas, materialistas, ateístas. As raízes desse instinto humano são os sentimentos do povo pela sua necessidade ao Senhor Criador. A idéia de que: "Deus é o meu Criador e eu sou Seu servo" está inscrita no subconsciente humano. É um pacto secreto feito com o homem, desde o seu primeiro dia. Ela corre em cada célula de seu corpo. Quando um homem qualquer perde esse subconsciente, ele sente um enorme vazio, e sua alma lhe pede das profundezas que procure o seu Deus a Quem não mais vê, que se O encontra, cai de joelhos, e então esquece de tudo. A orientação para se conhecer a Deus não é mais que tentar chegar à fonte verdadeira dessa tendência humana. Aqueles que não se orientam para o conhecimento procuram outras coisas. Cada coração procura quem o oriente para o melhor de suas esperanças. Assim, quando algum líder vai ao mausoléu dos heróis e coloca uma coroa de flores e então fica parado com a cabeça inclinada, ele faz o mesmo gesto que o crente faz perante o seu Deus, ao genuflectir e se prostrar. Quando um comunista passa perante a estátua de Lenin, tira o chapéu e anda devagar, ele também, a exemplo do religioso, apresenta as suas melhores saudações ao seu deus. Cada homem é impelido a adotar 161 algo, destinando-lhe as oferendas de suas verdadeiras esperanças. Mas, se o homem apresentar oferendas a alguém além de Deus, ele estará associando alguém a Quem merece sozinho ser adorado: "A idolatria é grave iniqüidade."(31:13), e iniqüidade é o colocar algo fora de seu lugar. Se você quiser usar a tampa de alguma vasilha como chapéu, isso será iniqüidade, e o homem, ao tender para outro além de Deus, para preencher a lacuna psicológica, adotando outro que não seja Deus para protegê-lo, ele se desvia de seu verdadeiro lugar e aproveita, de seu instinto, a pior causa para a desorientação. Uma vez que esse instinto é inato, ele aparece sempre na sua forma natural orientada para Deus. Porém, a sociedade e a situação do ambiente fornecem a esse instinto uma outra orientação, fazendo com que a dúvida assalte inicialmente o homem. Mas, logo ele se livra dessas dúvidas, intencional ou involuntariamente, porque desfruta de maior liberdade na vida nova, aceitando-a, mesmo superficialmente. Bertrand Russel era muito religioso, e era assíduo frequentador das missas. Um dia seu avô lhe perguntou: "Qual a sua prece preferida?" O jovem Bertrand Russel respondeu: "A vida me cansa enquanto estiver afundado nos pecados, ó meu Deus!" Quando ele atingiu os treze anos de idade, os pensamentoos de rebeldia começaram assaltando, influenciados pelo ambiente que o rodeava, aquele jovem, que era frequentador assíduo das missas, tornou-se Bertrand Russel o filósofo ateu, descrente nas verdades celestiais. Uma rádio britânica entrevistou-o em 1959 e, ao ser perguntado por Freeman, o crítico político da emissora, "Você acha que a paixão de se ocupar com a matemática e a filosofia pode substituir os sentimentos religiosos no homem?", respondeu: "Sim, aos quarenta anos de idade alcancei a tranquilidade citada por Platão. É possivel conseguí-la por entermédio da matemática. É um mundo eterno, livre, incomensurável. Consegui, nesse mundo, uma tranquilidade parecida com a que os religiosos conseguem." Esse pensador britânico negou a autenticidade da divindade, mas não conseguiu prescindir da sua necessidade premente, devido ao instinto natural com o qual o homem nasceu. Utilizou-se da matemática e da filosofia, colocando-as no local que pertence a Deus. Foi obrigado 162 também a atribuir à matemática e à filosofia as mesmas atribuições de Deus: A eternidade, a liberdade e a incomensurabilidade. O segredo disso é que ele não consegue, sem elas, a tranquilidade procurada pelo homem. Casos simelhantes acontecam diariamente em todas as partes da terra, e milhares de pessoas que negam a existência de Deus inclinam-se perante o seu deus, para acalmar o seu instinto de adoração, porque a divindade é uma necessidade inata no homem. Esses aspectos são suficientes para apoiar esse instinto como natural, porque o homem necessita inclinar-se perante muitos outros, quando deixa de se inclinar perante Deus, ou seja, sua natureza não consegue preencher o vazio que se forma quando da negação da existência de Deus. Na verdade, o homem não tranquiliza o seu instinto quando adota outras divindadas após a descrença em Deus. Dizemos: Aqueles que adotam outra divindade além de Deus ficam desprovidos da verdadeira tranquilidade, a exemplo da criança órfão que tenta substituir a mãe com bonecos de plástico. Cada ateu, por mais que se ache ou que outros achem que ele é bem-sucedido, enfrenta em sua vida situações em que é obrigado a pensar se a verdade que ele aceitou não é artificial e inútil! Quando Nehru terminou a sua auto-biografia em 1935, doze anos antes da independência da Índia, escreveu em seu final: "Sinto que terminou uma fase da minha vida; que uma nova fase irá começar. O que abrangerá essa fase? Ninguém pode prever, pois os papéis da próxima vida estão selados." Quando os novos papéis da vida de Nehru apareceram, encontrouse ele como primeiro-ministro do terceiro maior país do mundo, governando um sexto da humanidade, sem parceiro. Mas Nehru não se contentou com isso, e continuou sentindo, estando no auge de sua carreira política, que hvia outras páginas do livro de sua vida que ainda não foram abertas. Passava pela sua cabeça a mesma pergunta que nasce com o homem. Nehru, ao se dirigir ao Congresso dos Orientalistas, promovido em Nova Delhi, em janeiro de 1964, com a participação de mil e duzentos representantes de todo o mundo, disse: "Sou político, e não encontro muito tempo para a meditação, mas preciso de vez em quando pensar. Qual é razão deste mundo? Quem 163 somos? O que fazemos? Estou convencido que há uma força que traça as nossas possibilidades."150 Este é o pensamento de intranqilidade que domina as almas daqueles que descrêem na adoração a Deus. Durante os seus prazeres efêmeros e os atos que conseguiram a estabilidade… Mas logo sentem novamente que estão desprovidos da tranqüilidade, da felicidade e da estabilidade. Essa situação, em que desaparecem a tranqüilidade e a estabilidade dos corações desprovidos da misericórdia de Deus, não perdura apenas durante os dias e os anos dessa vida provisória. É muito mais importante que isso. É uma questão eterna, representa nela os vestígios da vida sombria e obscura, à beira da qual ficam essas pessoas. É o primeiro sintoma para a vida de asfixia eterna, que os admoesta a respeito das situações assustadoras por que suas almas passarão. É uma fumaça do Inferno no qual se eternizarão certamente. Se a casa de um deles pegasse fogo, a fumaça chamaria a atenção dele sobre o perigo, para que se pudesse salvar, se conseguisse acordar a tempo. Mas, quando as línguas de fogo alcançarem a sua cama, terá perdido a oportunidade e não terá escapatória. É a perdição que o cerca por todas os lados. Foi condenado a se queimar devido à apatia de seus sentidos, e à ignorância de seu próprio interesse. Será que as pessoas despertarão em tempo para a salvação? O despertar útil é o que acontece antes da perda da oportunidade; e o despertar na hora da perdição e do desmoronamento, não fornece ao seu atuante mais que a permanência no Inferno. O Professor Michel Preacher escreveu uma biografia de Nehru. O autor, numa entrevista com Nehru, em Nova Delhi aos 13 de junho de 1956, perguntou-lhe: "Quais são os valores necessários para um ambiente salutar, de acordo com a sua filosofia política da vida?" O Primeiro Ministro respondeu: "Acredito em alguns critérios. São os critérios morais. É preciso que cada membro e ambiente se apeguem a ele. Quando eliminamos 150. National Herald Journal, número 4, janeiro de 1964. 164 esses critérios, não conseguimos chegar a resultados úteis, apesar do grande desenvolvimento material. Quanto aos meios de se conseguir esses critérios e a sua conservação na sociedade, não os conheço. Há uma consideração religiosa para a execução desses critérios, mas nos parece muito estreita, com todos os seus métodos e caminhos. Eu me preocupo muito com os valores morais e espirituais, longe de religião. Mas não conheço como é possível conservá-los na nova vida. É um problema sério!"151 Essa pergunta e sua resposta mostram claramente o vazio que o homem enfrenta em sua vida; as instituições de valores morais são as necessidades mais prementes, prosseguindo na marcha da civilização. O homem, porém, depois de abandonar a divindade, começou a vagar cegamente à procura desses valores e dos meios da sua instituição na vida dos membros da sociedade. Apesar de terem-se passado centenas de anos, o homem continua nas primeiras etapas da sua procura a esses valores desprovidos da religião. Por exemplo, instituiu-se um ministério de desburocratização para eliminar as barreiras entre o povo e os governantes. Mas a mentalidade burrocrática dos responsáveis não desaparece, apesar de todos os esforços que são dispensados nessas oportunidades, em nome da moral. Penduram-se grandes cartazes nas estações e dentro dos vagões dos trens, que dizem: "O viajar sem a passagem é crime social" mas a percentagem dos que viajam sem passagem não é suficiente para mover a consciência do indivíduo quanto a proteger a disciplina. Empregam-se enormes esforços para se combater os crimes através da imprensa, dizendo que o crime não compensa. Mas, a proporção crescente dos crimes, um dia após outro, demonstra que o castigo pelos crimes na vida não é repressiva, a ponto de evitar que os criminosos pratiquem os crimes. Há muitas frases escritas nas paredes das repartições públicas, dizendo que o dar e receber suborno é crime. Mas a pessoa, quando vê que os crimes de suborno correm soltos à vista das próprias frases, é obrigado a reconhecer que a propaganda governamental não consegue coibir esse péssimo crime social. 151. Nehru, Uma Biografia Política, págs. 607-8. 165 É escrito em cada vagão do trem: "O trem é propriedade do povo; danificá-lo é crime contra o povo." Os viajantes, porém, nos mesmos vagões, roubam suas lâmpadas elétricas, quebram seus vidros, de vez em quando ateiam fogo nele, o que prova que o interesse do povo não é mais forte que o interesse individual. Os maiores líderes e políticos anunciam em seus discursos: "A utilização dos meios governamentais em proveito particular é traição ao direito do povo e do país." Mas as grandes obras falham em atingir os seus objetivos, porque a maior parte do orçamento destinado vai para o bolso dos responsáveis por tais obras, em vez de gastá-lo nos dividos lugares. Assim, os valores desapareceram da vida nacional, apesar de todos os esforços empreendidos pelos reformadores e líderes. Todos os meios utilizados fracassam. Esses fenômenos, na realidade, são provas de que a civilização ateísta levou a humanidade para a lama, desviando-a do caminho imprescindível para a continuação da marcha. A única solução para essa crise é o retorno a Deus, aceitando-se a importância da religião, na vida; é a única base que auxilia, da melhor maneira, na marcha da humanidade, e não há outros meios para isso. O Professor Chester Bowles, ex-embaixador dos Estados Unidos na Índia, escreveu: "Os países em desenvolvimento enfrentam dois tipos de problemas em sua marcha industrial. Ambos os tipos são muito complexos. O primeiro é o de se conseguir capital, matéria-prima, conhecimento tecnológico e os melhores meios para a sua utilização. Quanto ao segundo tipo desses problemas, ele diz respeito ao povo e à administração pública. Temos, antes de perseguirmos na nossa revolução industrial que nos certificar de que essa indústria não nos gere mais problemas do que resolve. Ghandi disse: 'Os conhecimentos científicos e as descobertas aumentarão a ânsia do homem, quando o homem é a mais importante das coisas.'"152 O povo constitui uma sociedade que obedece os programas de desenvolvimento, mas os elementos de desenvolvimento, como capital 152. "The Making of a Just Society" (A Formação de uma Sociedade Justa), Delhi, 1963, págs. 68-69. 166 e tecnologia, não são de grande valia numa sociedade em que impera o vazio político e civil. Qual é o caminho que irá preencher essa lacuna para a construção de uma sociedade onde povo e governo venham a cumprir cada um com o seu papel para a elevação do conceito do país? É uma pergunta sem resposta para os pensadores modernos. Na verdade, o homem não consegue chegar a uma resposta, à sombra da sociedade ateísta, pois cada projeto de desenvolvimento que é atingido por contradições revolucionárias mostra que as crenças pessoais dos seus membros contrariam a crença coletiva. O programa de desenvolvimento, por exemplo, visa construir uma sociedade opulenta, desfrutando de segurança e paz. Os pensadores, então, dizem: "O objetivo básico do homem é conquistar a felicidade material!" Com isso, negam o princípio primordial do seu programa, porque estimulam os membros a agirem contrariamente às necessidades da sociedade. Essa contradição resulta do fato de que nenhum programa desse tipo atingiu seus objetivos até hoje, e todas as filosofias materialistas para o desenvolvimento da vida social falharam. Conseguir o homem a felicidade material significa que procura, com todas suas forças, realizar todos os seus desejos. Mas não há caminho para se atingir os objetivos pessoais, neste mundo limitado, sem se influênciar os outros. Por isso, quando o indivíduo procura realizar os seus desejos, isso transforma-se em prejuízo para os outros, pois o desejo individual destrói o desejo coletivo. Quando o indivíduo recebe tão pequeno salário, que seu rendimento não seja suficiente para atingir a sua felicidade pessoal, ele procura alcançar isso por todos os meios, mesmo recorrendo ao roubo, ao suborno, à fraude, à falsificação, a usurpação dos bens dos outros. Então, a sociedade passa a sofrer os mesmos problemas que um de seus membros sofria. O mundo moderno sofre hoje um problema não experimentado em toda sua história. É o problema da criminalidade dos menores, que se tornou parte integrante da sociedade moderna. De onde surgiram esses criminosos menores de idade? São as vítimas da felicidade material. Muitos jovens se aborecem da vida conjugal depois de pouco tempo de casados. Então, começam procurar novos rostos e novos corpos e pedem 167 o divórcio. O maior prjudicado no caso é a sociedade, que paga o preço do divórcio ao recolher crianças órfãs, com seus pais ainda em vida. Por outro lado, a sociedade debilitada, por sua vez, não consegue proporcionar para esses menores alimentação, vestimenta, moradia e educação. Eles se tornam livres de todas as responsabilidades de se revoltarem contra a sociedade que os gerou. Essa situação começa com vandalismo e culmina com os crimes sujos dos quais eles próprios foram fruto. Sir Alfred Deening disse: "A maior parte dos menores criminosos são fruto de famílias desfeitas.153 Essa contrariedade entre a filosofia social e os objetivos dos indivíduos é a fonte de todos os problemas sociais. Todos os acontecimentos que denominamos, em nossos dicionários, como "crimes e culpas" são tentativas de um povo para alcançarem seus desejos pessoais na vida, depois de fracassarem em realizá-los por um motivo ou outro. Esses acontecimentos surgem na maior parte das vezes em forma de assassinato, rapto, fraude, falsificação, pirataria, guerra, fornicação, e crimes semelhantes que a humanidade enfrenta. Essa contrariedade mostra claramente que o objetivo principal da vida é tão somente conseguir o agrado de Deus na outra vida. É o único objetivo que consegue salvar a sociedade e o indivíduo da grande contrariedade, conduzindo-os para o caminho da felicidade, prosperidades recíprocas, porque o indivíduo com esse objetivo, não colide com os almejos da sociedade, mas participa com seu esforço, de uma forma positiva e eficaz. A distinção da teoria da "outra vida" é a confirmação de que é a única base para o bom êxito dos projetos sociais num tempo em que mostra que esse é o único objetivo do indivíduo também, porque aquilo que não tiver relação com a realidade não consegue se transformar nessa estranha magnitude de importância e de acordo com os objetivos da humanidade. A medicina e a cirurgia modernas evoluiram tanto, até ao mais alto limite nesse século, que os médicos começaram dizer: "A ciência consegue eliminar todas as doenças, fora a morte e a velhice." Mas as doenças aumentam e se popularizam, proliferando-se rapidamente. 153. "The Changing Law" (A Lei Mutável), pág. 111. 168 Dentre elas podemos citar as doenças nervosas, resultantes dos fortes conflitos por que o indivíduo e a sociedade passam. A ciência moderna tentou alimentar todos os lados materiais do corpo humano, mas falhou em alimentar os sentimentos, as esperanças e os desejos. A colheita disso foi conseguir um corpo alto, saudável, mas o outro lado do corpo, a raíz do homem, começou a sofrer crises ilimitadas. Uma estatística afirma que oitenta por cento dos doentes das grandes cidades americanas sofrem de problemas nervosos, de uma forma ou de outra. Os psicólogos modernos dizem que a principal causa dessas doenças psicológicas são: a aversão, o rancor, o delito, o medo, a imposição, o desespero, o controle, a dúvida, o egoísmo e o incômodo, causado pelo ambiente, à vida desprovida da crença em Deus. Essa crença em Deus fornece ao homem uma formidável consciência, capacitando-o a enfrentar os mais difíceis problemas. Ele diligenciaria por um objetivo sublime, ignorando os objetivos sujos e vis. A crença em Deus fornece ao homem um motor que é base de todos os bens morais, a fonte da força da fé, descrita por Sir William Osler como: "É uma extraordinária força motora que não pode ser pesada em nenhuma balança nem pode ser testada nas indústrias." Essa fé é o segredo do depósito da saúde psicológica abundante, desfrutada por seus praticantes e qualquer espírito desprovido dessa crença só termina nas piores doenças. É um infortúnio para o homem o fato de que os psicólogos empreendam o que podem de sacrifícios para descobrir novas doenças psicológicas e nervosas. Mas, ao mesmo tempo, são negligentes em encontrarem um tratamento para essas doenças. Esse fenômeno, gera sentimentos aflitivos de que esses cientistas fracassaram no último campo e por isso dedicam-se ao segundo campo, ocultando sua decepção, e apresentam seus heroísmos perante o mundo. Por isso, um cientista cristão disse: "Os psicólogos empregam todos os seus esforços na descoberta dos segredos da fechadura que trancará todas as nossas portas quanto à saúde!" A nova sociedade segue em duas direções ao mesmo tempo. De um lado procura conseguir todos os confortos materiais, ao mesmo tempo 169 em que, ao abandonar a religião, cria situações que tornam a vida um inferno. Fornece o remédio oralmente e aplica o veneno através de injeção intravenosa. Citaremos aqui o testemunho desse fenômeno, prestado por um médico de nome Paul Ernest Adolf, que diz: "Conheci, durante os meus estudos de medicina, as mudanças que acontecem com os tecidos do corpo atingido com ferimentos. Durante as experiências observei que sintomas limitados ocorrem com esses tecidos, o que faz cicatrizar esses ferimentos. Quando me formei médico, estava totalmente convencido da minha capacidade de que conseguiria realizar resultados, com os meios medicinais necessários. Mas logo fui atingido por um grande choque, pois as circunstâncias me obrigaram a sentir que descuidara do mais importante elemento da medicina: Deus. "Entre os pacientes que eu tratava, no hospital, encontrava-se uma senhora de setenta anos que sofrera uma fratura na cocha. As radiografias mostraram que os ossos do seu corpo se regeneravam rapidamente. Por isso, felicitei-a pela rápida cura. Um dos cirrurgiões indicou-me que lhe desse alta em vinte e quatro horas por ela ter conseguido andar sem se apoiar em nada. Isso foi num domingo, dia que sua filha constumava ir visitá-la semanalmente. Disse-lhe: 'Sua mãe está passando bem agora; pode vir amanhã para levá-la para casa.' A filha não respondeu nada na minha frente mas foi ter com a mãe e lhe disse que havia concluído, com o marido, que não podiam preparar a sua volta (da mãe) para a casa deles; e que seria melhor encontrar para ela um local num asilo de velhos. Após a passagem de algumas horas, passei pelo leito da senhora e observei que ela teve uma rápida recaída e, após vinte e quatro horas, ela veio a falecer, não por causa da fratura da perna, mas pelo coração partido. Antes tentei prestar todos as assistências necessárias para salvá-la, mas sua situação não melhorou. Os ossos de sua cocha tinham melhorado muito, mas não encontrei remédio para seu coração partido. Ministreilhe todo tipo de vitaminas e sais minerais e todos os meios de regeneração dos ossos, mas a senhora não conseguiu mais levantar-se. Na verdade, seus ossos haviam-se regenerado, mas não tinha forças para viver, porque o elemento essencial para a vida dela não eram as vitaminas e sais minerais, nem a regeneração dos ossos, mas a esperança, a esperança de 170 viver de uma forma específica. Quando perdeu a esperança na vida, a saúde foi-se com ela. "Esse acontecimento teve uma influência em mim, porque eu senti que ele nunca poderia ter acontecido se a senhora conhecesse o Deus da esperança, em Quem eu creio."154 Esse exemplo nos fornece um quadro do conflito que o mundo enfrenta em cada fase da sua existência. O mundo tenta hoje, com todas as forças, apagar os sentimentos religiosos dos corações das pessoas, tencionando desenvolver o homem e negligenciando-lhe a alma, seu elemento essencial. Dentre os resultados dessas tentativas está o fato de a medicina conseguir regenerar os ossos de uma perna fraturada, mas a falta da crença na divindade leva o indivíduo à morte, apesar de o seu corpo estar com boa saúde. Esse conflito destruiu a humanidade. Os corpos que estão sob as roupas luminosas são os que mais necessitam da tranqüilidade e da felicidade verdadeiras. As casas majestosas são habitadas por corações partidos; as cidades iluminadas pela luz da civilização são fontes de crimes e geradoras de desgraças; os governos poderoso são acometidos de conspirações internas e minados pela desconfiança, e as obras gigantescas estão fadadas ao fracasso devido à corrupção de seus encarregados. A vida tornou-se indesejável, apesar do desenvolvimento mateiral enorme, e tudo isto e aquilo resulta do fato de o homem estar desprovido da dádiva da crença em Deus. Desprovemos a nós mesmos da fonte e da base preparados para nós pelo nosso Criador e Senhor. A causa das doenças psicológicas, citadas por nós, é uma verdade patente e reconhecida pelos psicólogos. O famoso psicólogo, o Professor G.G. Jung, resume suas experiências nesse campo, da seguinte forma: "Muitas pessoas, de todos os países civilizados, pediram-me conselhos sobre suas doenças psicológicas, nos últimos trinta anos. O problema de todos aqueles que ultrapassaram a primeira metade de suas vida, ou seja, depois dos 35 anos, era a falta da crença religiosa. É possível dizer-se que sua doença não é mais que a perda daquilo que as religiões 154. "The Evidence of God" (A Evidência de Deus), págs. 212-214. 171 fornecem aos crentes em todas as épocas. Nenhum desses doentes conseguiu sarar, antes de readquirir sua crença religiosa."155 O Alcorão diz: "Para aquele que tiver coração que escuta atentamente e é testemunha (da verdade)." (50:37). Se quisermos mais esclarecimentos, tomemos as palavras do Professor A.C. Morrison, Ex-Presidente da Acadamia de Nova Iorque: " A modéstia, o respeito, a generosidade, a moralidade, os valores, os sentimentos altruísticos e o tudo que é considerdo como 'sopros divinos', não pode ser conseguido através do ateísmo. Este é uma espécie de egoísmo em que o indivíduo senta no Trono de Deus. Esta civilização desaparecerá, sem a crença e a religião. A harmonia transformar-se-á em anarquia, o equilíbrio, o controle pessoal, e a confiança desaparecerão. A maldade proliferará em todos os lugares. É uma necessidade premente o fortalecermos as nossas relações com Deus. "156 155. "Science and Christian Belief" (A Ciência e a Crença Cristã), pág. 110. 156. "Man Does not Stand Alone" (O Homem Não Está Sozinho), pág. 123. 172