ANAIS FORMAÇÃO DE PROFESSORES: Leitura e Escrita
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ANAIS FORMAÇÃO DE PROFESSORES: Leitura e Escrita
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR Campus Paranavaí ANAIS FORMAÇÃO DE PROFESSORES: Leitura e Escrita na Educação Básica PARANAVAÍ - 2014 _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 2 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ COORDENAÇÃO GERAL DA XIII JORNADA: Dra. Maria Simone Jacomini Novak Ms. Rosângela Trabuco Malvestio da Silva EDITORAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DOS ANAIS: Neide de Almeida Lança Galvão Favaro _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 3 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ COMISSÃO ORGANIZADORA DA XIII JORNADA: Dr. Adão Aparecido Molina Ms. Cássia Regina Dias Pereira Esp. Cláudio Antônio de Brito Drª Conceição Solange Bution Perin Ms. Dorcely Izabel Bellanda Garcia Drª Edinéia Navarro Chilante Dr. Elias Canuto Brandão Drª Fátima Aparecida de Souza Francioli Ms. Gilmara Belmiro Ms. Isabel Cristina Ferreira Ms. Lígia Christina Zerbato de Moraes Ms. Luciana de Araújo Nascimento Ms. Márcio de Oliveira Esp. Marilza Pires da Silva Paszczuk Dra. Neide de Almeida Lança Galvão Favaro Ms. Nilva de Oliveira Brito dos Santos COMISSÃO CIENTÍFICA DA XIII JORNADA: Ms. Luciana de Araújo Nascimento Ms. Márcio de Oliveira Dra. Neide de Almeida Lança Galvão Favaro PARECERISTAS DOS TRABALHOS: Dr. Adão Aparecido Molina Ms. Cássia Regina Dias Pereira Drª Conceição Solange Bution Perin Ms. Dorcely Izabel Bellanda Garcia Drª Edinéia Navarro Chilante Dr. Elias Canuto Brandão Drª Fátima Aparecida de Souza Francioli Ms. Gilmara Belmiro Ms. Isabel Cristina Ferreira Ms. Lígia Christina Zerbato de Moraes Ms. Luciana de Araújo Nascimento Ms. Márcio de Oliveira Dra. Maria Simone Jacomini Novak Esp. Marilza Pires da Silva Paszczuk Dra. Neide de Almeida Lança Galvão Favaro Ms. Nilva de Oliveira Brito dos Santos Ms. Rosângela Trabuco Malvestio da Silva _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 4 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ APRESENTAÇÃO A XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR/Campus Paranavaí é um evento anual que, este ano teve sua edição com o tema “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica”. O evento aconteceu no período de 08 a 11 de setembro de 2014, na Universidade Estadual do Paraná, tendo como objetivo promover algumas reflexões sobre a temática em questão e divulgar resultados de estudos e de pesquisas de acadêmicos, de docentes e demais pesquisadores que participam de projetos de pesquisa, de extensão e de outros que envolvem as questões educacionais na atualidade. Coordenação Geral _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ Sumário A CRIANÇA E A LITERATURA: UMA CONTRIBUIÇÃO NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM ..................8 A EDUCAÇÃO DA INFÂNCIA NO SÉCULO XIX, SEGUNDO FROEBEL ................................................. 17 A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: DESAFIOS DOS EDUCADORES E PROFESSORES QUE ATUAM NO CAMPO ..................................................................................................................................31 A EDUCAÇÃO DOS NEGROS NO INÍCIO DO BRASIL REPÚBLICA: UM OLHAR NAS CONSTITUIÇÕES DE 1824 E 1891 .................................................................................................................................40 A FORMAÇÃO E A DESVALORIZAÇÃO DO PROFESSOR ENQUANTO MEDIADOR DO ENSINOAPRENDIZAGEM NA ATUALIDADE ................................................................................................ 53 A IMPORTÂNCIA DA AFETIVIDADE NO CONTEXTO EDUCACIONAL ................................................ 64 A IMPORTÂNCIA DA CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL.....................................79 A IMPORTÂNCIA DA LITERATURA INFANTIL NAS FASES DA PRÉ-LEITURA ......................................88 A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL E SUAS CONSEQUÊNCIAS NO DESENVOLVIMENTO ESCOLAR DA CRIANÇA ................................................................................. 99 A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL ............................................................. 100 A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO SOBRE A NEUROPSICOLOGIA PARA OS EDUCADORES ................... 113 A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL ............................................................... 125 A LITERATURA INFANTIL E SUA RELEVÂNCIA NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM ........ 133 A LUDICIDADE COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA QUE PROMOVE O DESENVOLVIMENTO INFANTIL....................................................................................................................................143 A LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO ....................................................................................................144 A PRÁTICA EDUCATIVA NO DESENVOLVIMENTO DOS CONCEITOS LITERÁRIOS ........................... 153 A PRÁXIS AFETIVA NO COMBATE À INDISCIPLINA ESCOLAR ........................................................ 170 A PSICOMOTRICIDADE COMO ALIADA NA ALFABETIZAÇÃO ........................................................ 187 A VIOLAÇÃO DOS DIREITOS DOS INFANTO-JUVENIS NO MUNICÍPIO DE RONDON E A GARANTIA DOS DIREITOS PELAS REDES DE PROTEÇÃO SOCIAL ....................................................................202 ABUSO SEXUAL E IMPLICAÇÕES PEDAGÓGICAS: SABERES NECESSÁRIOS A PRÁTICA ESCOLAR ....216 ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO NAS SÉRIES INICIAIS ................................................................ 229 ALFABETIZAÇÃO NO BRASIL: RECONSTITUIÇÃO HISTÓRICA DOS MÉTODOS DE ALFABETIZAÇÃO (1890 a 1997) ............................................................................................................................. 237 ALGUMAS CONTRIBUIÇÕES EDUCACIONAIS DE ANTON MAKARENKO ........................................ 251 APRENDENDO A LUDICIDADE POR MEIO DE INTERVENÇÕES NO PIBID .......................................264 _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 6 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ AS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO COMO RECURSO PEDAGÓGICO NO ENSINO FUNDAMENTAL.......................................................................................................................... 274 ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO, APOIO PSICOPEDAGÓGICO, SÍNDROME DE DOWN: O CASO R. ..................................................................................................................................290 AUXILIO DA LITERATURA INFANTIL NA PRÁTICA DOCENTE ......................................................... 303 AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL: O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM ......................................................................................................... 313 DESAFIOS ATUAIS DA FORMAÇÃO DE PROFESSORES: ENSINAR OU EDUCAR .............................. 314 DESENVOLVIMENTO DOS CONCEITOS CIENTÍFICOS EM IDADE ESCOLAR: PRIMEIRAS APROXIMAÇÕES DA TEORIA HISTÓRICO-CULTURAL ...................................................................315 EDUCAÇÃO BILÍNGUE: A FORMAÇÃO DOS PROFESSORES DE ENSINO REGULAR NO PROCESSO DE ENSINO/APRENDIZAGEM DOS ALUNOS SURDOS E OUVINTES .................................................... 325 EDUCAÇÃO DO CAMPO: EM DISCUSSÃO A GESTÃO ESCOLAR DEMOCRATICA ............................ 326 EDUCAÇÃO E RESSOCIALIZAÇÃO NO SISTEMA PRISIONAL BRASILEIRO........................................ 336 EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL: EM DISCUSSÃO AS POLÍTICAS PÚBLICAS DOS ÚLTIMOS 50 ANOS .................................................................................................................................................. 347 ENSINO FUNDAMENTAL NA EJA NO CEEBJA PARANAVAÍ: ORGANIZAÇÃO E O PERFIL DO ALUNO ADULTO TRABALHADOR ............................................................................................................. 361 ENSINO MÉDIO DE EJA: QUE ESCOLA PARA QUAL ALUNO .......................................................... 371 ERA UMA VEZ! A LITERATURA INFANTIL E A FORMAÇÃO DO LEITOR ......................................... 382 INTÉRPRETE DE LIBRAS: IMPLICAÇÕES DE ATUAÇÃO EM SALA DE AULA PARA ATENDER ALUNOS QUE NÃO DOMINAM A LÍNGUA DE SINAIS E A LÍNGUA PORTUGUESA ........................................ 395 INCLUSÃO, TRAÇOS DA DIFERENÇA: O SURDO NA BUSCA DE SUA IDENTIDADE NO PROCESSO DE EDUCAÇÃO BÁSICA .................................................................................................................... 410 INICIAÇÃO À DOCÊNCIA: O PIBID ENQUANTO CONTRIBUIÇÃO PARA A FORMAÇÃO DE PROFESSORES A PARTIR DA LEI Nº 11.502/2007 ......................................................................... 432 JOGOS E BRINCADEIRAS COMO FORMA DE APREDIZAGEM ........................................................ 442 LÚDICO: APRENDENDO BRINCANDO NA EDUCAÇÃO INFANTIL ................................................... 451 O LIVRO DIDÁTICO E OS MÉTODOS DE ALFABETIZAÇÃO ............................................................. 464 O LÚDICO NO ENSINO FUNDAMENTAL, ANOS INICIAIS............................................................... 474 O LÚDICO NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL: ANÁLISE DAS CONCEPÇÕES ............................................................................. 489 O MATERIAL DOURADO DE MONTESSORI E O PROCESSO DE APRENDIZAGEM NO ENSINO FUNDAMENTAL – ANOS FINAIS ..................................................................................................503 _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 7 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ O PAPEL DO CONSELHO DE CLASSE E SUA DESCARACTERIZAÇÃO A PARTIR DAS SÉRIES FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL............................................................................................................. 512 O PENSAMENTO MÍSTICO DE TEREZA DE JESUS EM “CASTELO INTERIOR” E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA A EDUCAÇÃO FEMININA NO SÉCULO XVI .......................................................................... 529 O PROFESSOR DA EDUCAÇÃO INFANTIL COMO CONTADOR DE HISTÓRIAS: A ORALIDADE NA FORMAÇÃO DE LEITORES ........................................................................................................... 540 O USO ABUSIVO DE MEDICAMENTOS PARA CONTROLAR O COMPORTAMENTO DE CRIANÇAS COM DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM: INDISCIPLINA, FALTA DE LIMITES OU TRANSTORNO? ......... 553 O USO DO JOGO DE REGRA COMO RECURSO DIDÁTICO NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM......................................................................................................................... 565 PEDAGOGIA HOSPITALAR: A IMPORTÂNCIA DE ATIVIDADES LÚDICAS NO PROCESSO DE RECUPERAÇÃO DA CRIANÇA HOSPITALIZADA ............................................................................. 580 POLÍTICAS AFIRMATIVAS: CONSIDERAÇÕES ACERCA DAS COTAS SOCIAIS PARA O ACESSO AO ENSINO SUPERIOR ..................................................................................................................... 604 PROCESSO DE LETRAMENTO PARA ALUNOS SURDOS: UMA VISÃO SOBRE AS PRÁTICAS DO ENSINO BILÍNGUE NO CAES DE UMA ESCOLA MUNICIPAL DE PARANAVAÍ - PR ........................................ 618 UM ESTUDO SOBRE AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM ........................................................ 628 _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 8 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ A CRIANÇA E A LITERATURA: UMA CONTRIBUIÇÃO NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM EURIMIDES, Jessica Batista1 HIROKI, Márcia Quitéria Moura Amorim2 Resumo: Tendo como tema os contos de fadas e as histórias infantis no processo de aprendizagem das crianças, este trabalho aborda a dimensão pedagógica da contação de história e outros aspectos que podem favorecer o desenvolvimento infantil. Uma abordagem qualitativa, que favorece a reflexão, a análise e interação com o assunto. O que nos levou a esse tema foi o pouco conhecimento sobre o tema e até mesmo a falta de interesse dos educadores a respeito. Os livros pesquisados nos deram uma fundamentação básica inicial para escrever este artigo. A partir da revisão literária, foi possível perceber que, embora a contação de história apresente-se como um rico meio para o desenvolvimento das habilidades da criança e do crescimento, os professores, geralmente, não tem consciência do seu valor como suporte no processo de ensino e aprendizagem, julgando muitas vezes como algo sem importância. Palavras-chaves: Desenvolvimento infantil, Contos de fada, Contação de história, literatura infantil. 1. INTRODUÇÃO Souza (2010, p. 09) discute que “a literatura existiu antes mesmo da invenção dos códigos escritos, quando os homens só possuíam o recurso da oralidade para estabelecer comunicação [...] uns com os outros”. Entendemos então que desde a antiguidade o homem expressa seus sentimentos, sua cultura, seus ensinamentos através de histórias. E essa forma encontrada de passar suas experiências, aprendizados que jamais poderiam ser esquecidos e sim ensinados à suas descendências, foi sendo aprimorada cada vez mais numa linguagem infantil, onde o pequeno homem, como era visto as crianças, passou a ser 1 2 Acadêmica do primeiro ano do curso de Pedagogia, na UNESPAR, Campus Paranavaí. Acadêmica do primeiro ano do curso de Pedagogia, na UNESPAR, Campus Paranavaí. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 9 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ projetado para um futuro promissor e os contos se tornaram um meio de contribuição para tanto e assim o é até os dias de hoje. Segundo Culler (1999, p.84) as histórias são a principal maneira pela qual entendemos as coisas, quer ao pensar em nossas vidas como uma progressão que conduz a algum lugar, quer ao dizer a nós mesmos o que está acontecendo no mundo. As crianças devem ouvir muitas histórias e gostam de ouvir várias vezes a mesma história, dessa forma, ruminando as histórias é que as crianças internalizam, contextualizam, entendem o mundo, a sociedade, seus costumes e até a elas mesmas. Tanta tecnologia, hoje, facilmente ao alcance das crianças é uma concorrente por vezes desleal, com o livro ou mesmo com a escrita, já que tudo hoje em dia é de resposta rápida! Se passarmos horas em frente ao computador e em seguida formos esperar um elevador, certamente quereremos que ele chegue numa velocidade de um click. E a leitura é um hábito que deve ser incentivado principalmente pelos pais, difícil tarefa nos dias de hoje, com tanta correria e como todo hábito, requer calma, concentração, persistência e tempo, moeda rara hoje. As escolas, mesmo com todas as dificuldades, falando das escolas públicas, devem incentivar a leitura, estando os professores acompanhando todo esse desenvolvimento tecnológico para estar por dentro da linguagem das crianças e do que elas querem ouvir, pois elas precisam se encantar com o livro desde a apresentação do mesmo, da capa, a variedade das histórias, tornando-as cada vez mais aptas a textos mais complexos. A literatura é o contato da criança com o mundo, onde ela pode viajar sem sair do lugar, sem correr riscos com o perigo, onde a realidade e a fantasia se misturam e aí ela pode ser ela mesma, com todos os seus defeitos e qualidades, vestir todos os seus personagens, sentir os mais variados sentimentos experimentar o amor, a alegria, os medos e o mais importante se encontrar. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 10 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Diante de tantos personagens a literatura se torna uma aliada dos professores que podem usá-la para mostrar que as diferenças físicas, raciais, econômicas, religiosas entre as pessoas não são um problema. As crianças precisam enxergar o mundo, as pessoas e as relações entre elas de forma mais humana, em que essas dessemelhanças apenas venham a enriquecer e a valorizar a particularidade de cada um, nunca tendo uma aparência de afastamento, mas de respeito e soma razão pela qual adentramos nessa área para trabalhar. 2. A INFÂNCIA, A LITERATURA E A ESCOLA. Os primeiros livros infantis eram escritos como uma forma de respaldar e satisfazer as necessidades da nova estrutura familiar existente no século XVIII, não existindo preocupação nenhuma com o bem estar ou educação da criança. Antes desse período, somente liam livros pessoas de alta classe, e aqueles de classes populares tinham contato apenas com a literatura oral, passada de pai pra filho, não existindo literatura infantil, pois oral ou escrita, não havia separação de historias por idade ou psicológico e sim por classe social. Não se via a infância como um período de formação do individuo, mas sim como um adulto em miniatura, era considerado apenas uma etapa rápida por onde o ser humano passava para chegar à idade adulta e contribuir com a sociedade. Com as mudanças na sociedade que estava se industrializando, e a formação de novas classes sociais, houve uma valorização da infância, onde histórias como Cinderela, Mil e Uma Noites e Fábulas foram adaptadas para que servissem a leitura de crianças, passando assim a querer ter controle do intelecto e das emoções da criança. Sendo esta missão atribuída à escola, cuja união com a literatura infantil não deu certo, pois os livros eram escritos por pedagogos e professores somente com o intuito educativo. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 11 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ A literatura infantil ainda hoje não é aceita como arte, mas sim como algo pedagógico, com objetivo didático. Com o tempo foi modificando-se as estruturas dos livros para que houvesse um melhor entendimento por parte da criança, e para que pudesse aguçar o seu gosto por leitura, pois é em sala de aula que se desenvolve esse gosto. 3. A IMPORTÂNCIA DO SER LEITOR A literatura reflete ao aluno sua própria realidade, consegue atingir mesmo aqueles com opiniões já formadas, lhes dando visões mais amplas do mundo, e formas diferentes de resolver problemas definidos por eles insolúveis. O professor deve tomar cuidado ao mostrar livros aos alunos, avaliando sempre à linguagem utilizada no texto, pois esse é um importante fator na difícil tarefa de fazê-lo gostar de ler. A leitura não deve servir apenas de consolo ao leitor, deve também fazêlo compreender a sociedade em que vive, tornar-se critico saber discernir o que é bom e ruim. Quando o professor impõe o que é certo e o que errado, ele limita o poder de entendimento do aluno, a literatura não cumpre seu real papel, em que se deve colocar o leitor em contato direto com a imaginação, onde ele criara suas próprias indagações, e então o professor poderá atuar e criar situações em que esses pensamentos desabrochem e eles aprendam. Mas os livros vão além de algo pedagógico, é através dele que o aluno conhece suas culturas, mergulhando em um novo universo, onde terá novas concepções e a escola que segue esse caminho esta abrindo portas para uma nova educação, uma nova escola, com um novo jeito de ensinar, onde o aluno com um olhar diferente perante a sociedade, só terá a acrescentar e ajudar a crescer o mundo em que vivemos. 4. OS CONTOS DE FADA NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 12 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Coelho (2005), afirma que através dos contos de fadas é possível despertar nas crianças o prazer em ouvi-los, e isso é importante para a formação de qualquer criança, pois estimula à criatividade, a imaginação, a brincadeira, a leitura e a escrita, desenvolvendo dessa forma a oralidade nas crianças dessa faixa etária. Todos esses aspectos contribuem na formação das crianças por meio da literatura. Coelho (2005), em seu livro afirma que a literatura é sem dúvida, uma das expressões mais significativas dessa ânsia permanente de saber e de domínio sobre a vida que caracteriza o homem de todas as épocas. Segundo o RCNEI (BRASIL, 1998, p. 163), “As vivências sociais, as histórias, os modos de vida, os lugares e o mundo natural são para as crianças parte de um todo integrado”. É através da contação de histórias que as crianças despertam sua imaginação, se transportando para um mundo só delas, um mundo de fantasia, criado ao seu redor. E isso é um começo para ser criativo em suas produções tanto oral como escrita, além de lhe aguçar o gosto pela leitura é claro. A literatura infantil facilita a relação e interação de professor e aluno, e aluno com aluno, além de poder ser trabalhado em todas as séries. Na verdade os contos de fadas, as fábulas, os mitos e outros, deixaram de ser vistos como fantasias, para serem vistos como portas que se abrem para um futuro e uma nova concepção de educação. “Era uma vez...”, “Foram felizes para sempre...” são expressões que tornam ainda mais mágicos os contos porque “Era Uma Vez”, não predetermina um tempo, então esse tempo que entre aspas não existe, deixa a criança livre, à vontade para escolher se aquela história é real ou não para ela, deixando-a livre para imaginar que ela poderia ser aquele personagem a qualquer tempo, em qualquer situação. E Todos Foram Felizes Para Sempre indica que a vida continua que sempre podemos ter esperanças, pois até os heróis, os príncipes e as princesas passam por dificuldades, mas que podem ser vencidas com persistência, honestidade, inteligência, garra, etc. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 13 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ 5. A LITERATURA NA PRÁTICA PEDAGÓGICA É importante entendermos como a literatura é desenvolvida em sala de aula, se os professores são preparados e como veem essas histórias no processo de aprendizagem das crianças, pois o professor tem um papel de vital importância, porque mantém um contato diário com os alunos. A literatura infantil existe há muitos anos nas escolas, mas ainda hoje muitos professores não descobriram como ela pode ajuda-los em sua missão de educadores e também no processo de aprendizagem individual do aluno, tanto dentro como fora da escola. A literatura tem o papel de incentivar a leitura assim como transmite valores éticos e morais que possibilitam um melhor convívio escolar. Ao adquirir gosto pela leitura à criança passa a escrever melhor, e a ter um repertório amplo de informações. No mundo atual a literatura infantil surge como uma fonte de conhecimento que enriquece a formação da criança desde o seu primeiro contato com as histórias infantis. De acordo com o RCNEI, “é também por meio da possibilidade de formular suas próprias questões, buscar respostas, imaginar soluções, formular explicações, expressar suas opiniões, interpretações e concepções de mundo, confrontar seu modo de pensar com os de outras crianças e adultos, e de relacionar seus conhecimentos e ideias a contextos mais amplos, que a criança poderá construir conhecimentos cada vez mais elaborados”. (BRASIL, 1998, p.172) O adulto deve ter condições emocionais para contar a história inteira, com todos os seus elementos como os de angústia, crueldade (que fazem parte da vida), se ele não estiver preparado emocionalmente é melhor dar outro livro para a criança ler ou esperar o momento em que ele esteja preparado para contar. O professor então tem um papel essencial, pois a função pedagógica implica na ação educativa do livro sobre a criança. Através das histórias infantis o professor desperta a criatividade, a autonomia e a criticidade da criança. Portanto, _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 14 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ a contação de histórias ajuda a desenvolver nas crianças uma postura investigativa tornando-as capazes de construir planejamentos que considerem a pluralidade, diversidade étnica, religiosa, cultural, identidade e autonomia, ou seja, que levem a um conhecimento do mundo. Entende-se que a criança deve vivenciar e participar desse mundo da fantasia, do faz-de-conta, da ludicidade, da magia e do encantamento, proporcionando a elas um momento lúdico movido de imaginação. Mesmo com toda essa importância percebe-se que a literatura infantil não é muito utilizada no âmbito escolar e social, e muitas vezes quando são é para distração e não para integração da criança em um contexto social. A escritora Cecília Meireles em seu livro problemas da literatura infantil deixa bastante clara sua opinião a respeito da importância da literatura infantil para a formação da criança. Insistimos na permanência do tradicional na literatura infantil, tanto oral quanto como escrito, porque por ele vemos um caminho de comunicação humana desde a infância que, vencendo o tempo e as distâncias, nos permite uma identidade de formação. Por essa comunhão de histórias, que é uma comunhão de ensinamentos, de estilos de pensar, moralizar e viver, o mundo parece tornar-se fácil, permeável a uma sociabilidade que tanto se discute. A literatura tradicional apresenta esta particularidade: sendo diversa em cada país, é a mesma no mundo todo. É que a mesma experiência humana sofre transformações regionais, sem por isso deixar de ser igual nos seus impulsos e idênticas nos seus resultados. Se cada um conhecer bem a herança tradicional do seu povo, é certo que se admirará com a semelhança que encontra, confrontando-a com a dos outros povos. [...] É um humanismo básico, uma linguagem comum, um elo entre as raças e os séculos (MEIRELES, 1979: 64). 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS A literatura infantil vem encontrando o seu verdadeiro papel, sua razão de ser, se reinventado no decorrer do processo histórico da educação brasileira, conforme a sociedade também foi se modificando nos seus mais diversos _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 15 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ interesses onde os contos para criança deixaram de ser apenas entretimento e passaram a ser um instrumento de educação e respostas para diálogos muitas vezes difíceis e evitados entre as famílias. Mas em sua maioria ainda segue as antigas rédeas que através de contos tão belos e infantis nos remetem a vidas estereotipadas, à falta de questionamentos, a aceitar o que já está pronto e assim darmos um jeito em nossas frustrações, nos tornando pessoas de um pensamento só e cheias de preconceitos. A obra literária representa o mundo adulto de várias formas e os itens que compõem um texto fictício como; o narrador, a visão do mundo e a linguagem, podem servir de meios de infundir a ideia que se deseje representar para o leitor devendo coloca-lo diante de sua situação real e que deve ser passada de forma compreensível para que ele encontre meios de construir seu senso critico. Cabe às escolas, ao professor, se adequarem a novas interpretações, a outros caminhos onde a literatura possa transmitir o respeito às várias maneiras de ser de cada um e acima de tudo, diga o que a criança quer e precisa ouvir, sem maquiagens para que ela reforce cada vez mais o seu sentido da vida. REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Brasília, DF, 1998. COELHO, Nelly Novaes. Literatura infantil: teoria e análise didática. 7º edição. São Paulo. Moderna, 2005. CULLER, Jonathan. Teoria literária. São Paulo: Beca, 1999. GREGORIN FILHO, José Nicolau. A roupa infantil da literatura. Dissertação de Mestrado. F.C.L. da UNESP, Araraquara, 1995. GREGORIN FILHO, José Nicolau. Literatura infantil: múltiplas linguagens na formação de leitores. Disponível em: <http://books.google.com.br/books?hl=ptBR&lr=lang_pt&id=6XTJrrEcyEAC&oi=fnd&pg=PT6&dq=as+escolas+devem+ince ntivar+a+literatura+infantil&ots=uv1QPVW9pL&sig=OFuzs7ETXpOzeN7r702Gipw _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 16 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ fMzw#v=onepage&q=as%20escolas%20devem%20incentivar%20a%20literatura %20infantil&f=false>. Acesso em: 08 ago. 2014. LOURENÇO, Eurenice Caetano de Souza. A importância da literatura no desenvolvimento do imaginário e suas implicações no ensino aprendizagem da criança nos anos iniciais. Disponível em: <http://www.biblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20131018142701.pdf>. Acesso em: 06 ago. 2014. MEIRELES, Cecília. Criança, meu amor. 2a edição Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1977. _____. Problemas da literatura infantil. 3a edição. São Paulo, Summus, 1979. MESQUITA, Armindo. A sabedoria dos contos de fadas. Disponível em: <http://www.cervantesvirtual.com/portales/universidad_iberoamericana/obra-visordin/a-sabedoria-dos-contos-de-fadas/html/8e9345ab-6cff-457d-b7f6f042ad3f9afd_2.html>. Acesso em: 06 ago. 2014. SOUZA, Ana A. Arguelho. Literatura Infantil na escola. Campinas, SP: Autores Associados, 2010. ZILBERMAN, Regina. A criança, o livro e a escola. In:______. A literatura infantil na escola. 11 ed. – São Paulo: Global, 2003, p. 11-30. COSTA, Marta Morais. Metodologia do ensino da literatura infantil. Disponível em: <http://books.google.com.br/books?hl=ptBR&lr=lang_pt&id=nTDbst5Y8BAC&oi=fnd&pg=PA5&dq=+escolas+incentivar+a+li teratura+infantil&ots=VsEuBtShk4&sig=eBPNLWoi9g9j0mZUCBI9DJoEpA#v=onepage&q=escolas%20incentivar%20a%20literatura%20infantil&f=fals e>. Acesso em: 08 ago. 2014. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 17 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ A EDUCAÇÃO DA INFÂNCIA NO SÉCULO XIX, SEGUNDO FROEBEL3 MOTA, Cristina Dias4 MOLINA, Adão Aparecido5 Resumo: Esta pesquisa apresenta um estudo sobre o século XlX na Alemanha, situando o pensamento do Pedagogo Friedrich Froebel (1782-1852) acerca da educação da criança daquele período. Tem como objetivo estudar a proposta pedagógica desse pensador para a educação da infância, a partir da criação dos chamados Jardins de Infãncia, visto que sua contribuição para a educação na atualidade é de grande valia e a presença de seu método ainda se faz constante na educação infantil. O estudo se realizou por intermédio de pesquisa bibliográfica e consta de dois momentos, a saber: primeiro uma contextualização histórica do período e, em seguida, um estudo específico sobre a obra do autor buscando entender o seu pensamento dentro da totalidade social, quando ele propõe uma educação visando à formação da criança para a sociedade industrial, sem desconsiderar as características dessa fase da vida na qual predomina o lúdico. Palavras-chave: História da Educação. Educação no Século XlX. Froebel. Jardins de Infância. 1. INTRODUÇÃO Este texto realiza uma discussão sobre a educação da infância a partir do ideário pedagógico do alemão Friederich Froebel (1782-1852) e tem como objetivo estudar a proposta pedagógica desse pensador para a educação da 3 Estudo elaborado e apresentado ao curso de Pedagogia, na Universidade Estadual do Paraná, Campus de Paranavaí, como parte dos requisitos para conclusão do curso de graduação. 2 Acadêmica do quarto ano do curso de Pedagogia na Universidade Estadual do Paraná – Campus de Paranavaí. 3 Professor Orientador. Doutor em Educação. Professor e membro do Colegiado do Curso de Pedagogia e do Mestrado em Ensino da Universidade Estadual do Paraná – Campus de Paranavaí, Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí – Paraná. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 18 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ infância, a partir da criação dos chamados Jardins de Infância , no século XlX na Alemanha. A forma de olhar a infância foi se modificando ao longo da história, a criança que antes passava despercebida em meio aos adultos até por volta do século XIII, foi aos poucos sendo notada até que, a partir do século XVII inicia-se uma preocupação maior em relação com os seus cuidados e com a sua formação. Nos tempos atuais, a infância é pensada como um período de grande importância para a formação e o desenvolvimento futuro dos indivíduos. Essa preocupação com a formação da criança teve importante contribuição de Froebel, cuja proposta educacional é nosso objeto de estudos neste trabalho. Assim, em se tratando de um momento histórico, contextualizado no século XlX, mas que contempla as questões da atualidade, nosso estudo foi realizado por meio de pesquisa bibliográfica e documental, com base nos autores Arce (2002), Andery (1999), Cambi (1999), Manacorda (1996), Heiland (2010), Triviños (1987) tendo como base a pesquisa qualitativa, para compreender a proposta educacional elaborada por Froebel para a educação da primeira infância, por intermédio de estudos bibliográficos. O contexto estudado por nós nessa primeira parte, se passa na Alemanha no decorrer do século XlX, onde muitos acontecimentos contribuíram para que houvessem mudanças na forma de se pensar a infância, dentre elas destacamos as mudanças socioeconômicas advindas de grandes acontecimentos como a ascensão do capitalismo, resultante da denominada “revolução Industrial”. Propomos o estudo deste contexto por nele ter vivido Friedrich Froebel, criador dos jardins de infância e um dos primeiros educadores, a considerar a infância como fase importante para a formação do indivíduo. Esta instituição criada por ele tinha como objetivo: [...] guiar, orientar e cultivar nas crianças suas tendências divinas, sua essência humana através do jogo, das ocupações e das atividades livres, tal como Deus faz com as plantas da natureza. O nome kindergartem ou Jardim de Crianças conseguiu unir todas _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 19 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ estas ideias e princípios numa única e simples palavra [...]. (ARCE, 2002, p. 66-67). No segundo momento propomos caracterizar o pensamento do autor a partir desse contexto histórico, onde vários acontecimentos mudaram a forma de ver a infância naquela época até os dias de hoje. A educação deve muito a Froebel, pois grande parte dos recursos técnicos que são utilizados atualmente nessas instituições, foram criados por ele para promover a aprendizagem e o desenvolvimento da criança. 2. ORGANIZAÇÃO SOCIOECONÔMICA E POLÍTICA DA ALEMANHA NO SÉCULO XIX Até meados do século XlX a infância era vista como algo sem importância, não se pensava na criança como quem contivesse a personalidade de um homem. As crianças morriam em grande número e eram enterradas no jardim de casa quando não batizadas. Nesse período a Alemanha era um país relativamente atrasado, se comparado a outros países da Europa Ocidental. Sua produção era basicamente agrária (instituições feudais), nos centros urbanos habitavam pequenos comerciantes economicamente dependentes dos senhores e que, por essa razão, apoiavam a existência de feudos, as indústrias eram poucas e pequenas, consequentemente empregando poucos trabalhadores. Durante a segunda metade do século, muitos acontecimentos contribuíram para a mudança socioeconômica na Alemanha, uma delas foi a Revolução Industrial, que teve um significado muito grande na firmação do capitalismo como forma de produção dominante representada através de duas classes: a burguesia e o proletariado. (ANDERY, 1999). Se o século XlX é visto como o século do “triunfo da burguesia”, também é visto como o século de grande medo pelo socialismo-comunismo, caracterizado _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 20 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ pela luta de classes que investiu as ideologias, as políticas, a própria cultura, a economia e também a vida social. (CAMBI,1999). Segundo Andery (1999), através da produção em série, da especialização de mão de obra, e da introdução de máquinas que produzissem mais, em uma mesma quantidade de tempo, aumentava-se o processo de produtividade, mas crescia também os ganhos do capitalista, a desqualificação do trabalho, a desvalorização da força de trabalho, o aumento da exploração do trabalhador e da jornada de trabalho, e a destruição de outras formas de organização de produção, concretizando-se, ainda, um último passo dado pela revolução industrial, a fabricação de máquinas por meio de outras máquinas, a indústria não dependia mais do comércio para expandir mercados. O momento sucessivo é o da chamada cooperação simples, onde, sob novas relações de propriedade e concentrando numa só oficina os artesãos antes dispersos, o modo de trabalhar permanece essencialmente o mesmo. Em um momento posterior, da cooperação simples passa-se para a manufatura, com a qual se efetua uma primeira divisão do trabalho, ou melhor, de rotinas operativas dentro de cada setor de produção e de cada estabelecimento, através do qual cada trabalhador realiza agora somente uma parte do processo produtivo completo da sua “arte”. Por ultimo, devido a crescente intervenção da ciência como força produtiva, passa-se ao sistema da fabrica e da indústria baseada nas máquinas, em que a força produtiva não é mais dada pelo homem, mas pela água dos rios, primeiro, e pelo carvão mineral, em seguida; e a máquina realiza as operações do homem, já reduzido a um simples acessório da máquina. (MANACORDA, 1996, p. 270). Na afirmação de Andery (1999), todas essas transformações ocorridas na indústria acabaram por modificar outras formas de atividades econômicas, como: a vinda do capitalismo para o campo, que acabou por desenvolver uma agricultura de mercado, ocasionando o fim do regime feudal e, consequentemente, valorizando o transporte (trocas de mercadorias entre indústria e campo), e a comunicação (informações relacionadas a mercadorias tinham grande valor financeiro). O processo de industrialização na Alemanha foi tardio e um dos fatores que ocasionaram isso, foi a falta de unidade política e econômica do país – cada _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 21 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ estado controlava sua própria política econômica – que resultou na criação de barreiras tarifárias internas dificultando a circulação de mercadorias produzidas no país. Somente em 1834 se deu a união econômica dos Estados alemães quebrando com essa barreira tarifária que dificultava o comércio nacional. Essa unificação econômica tornou-se uma exigência para que se assegurasse a unificação política e a partir dela – impulsionada pela burguesia – a Alemanha tornou-se uma grande potência capitalista industrial. Aquele aprendizado que desde o antigo Egito foi visto como forma típica de instrução das massas produtivas artesanais chegava ao fim. O desenvolvimento industrial trouxe consigo a ignorância da classe trabalhadora. Sendo que para a burguesia a educação não passava de um domínio técnico e sociopolítico mediante a formação de figuras profissionais capazes e impregnadas do espírito “burguês”, de desejo de ordem e espírito produtivo. Para o povo, era o desejo de uma emancipação das classes inferiores, mediante a libertação da mente e da consciência para chegar à libertação política. Entre o positivismo e o socialismo a ideologização da pedagogia se tornou mais forte e mais explicita. (CAMBI, 1999). Um fato novo do século é a instituição das escolas infantis, precedidas no tempo por uma assistência ou um atendimento privado, sistematizada por alguma iniciativa esporádica, sem uma metodologia adequada à idade, a fazer abater as experiências. Essas experiências apresentarão resultados importantes por intermédio dos jardins de infância idealizados pelo alemão Friedrich Froebel. (MANACORDA, 1996). 3. FROEBEL E A EDUCAÇÃO DA CRIANÇA NO SÉCULO XIX Friedrich Froebel viveu e escreveu a sua pedagogia, uma pedagogia exclusivamente voltada para a educação e para a formação da criança em idade _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 22 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ pré-escolar. Nasceu em 21 de Abril de 1782 na Alemanha na vila de Oberweissbach, do Principado de Schwazburg-Rudolstadt, situado na floresta da Turíngia, região sudeste da Alemanha. Friederich Foebel era o sexto filho do pastor luterano Johann Jakob Froebel. Sua mãe Jakobine Eleanore Hoffmann, faleceu em 7 de fevereiro de 1783, com problemas decorrentes do parto. Seus irmãos mais velhos, juntamente com pessoas estranhas, cuidaram dele até seu pai casar-se novamente em 1785. Logo após o casamento, a madrasta teve seus próprios filhos e voltou-se para o cuidado deles, ficando Froebel, no período da infância, abandonado à própria sorte e isso parece influenciar na formação de uma atitude autodidata do autor. A ausência da mãe, o amor à natureza e a fé cristã, foram marcas da infância e da juventude que trouxeram influências por toda sua vida. (HEILAND, 2010). Apesar de ser um homem ocupado, foi o pai quem ensinou Froebel a ler, a escrever e calcular. Provavelmente, também o pai sendo pastor, tenha influenciado religiosamente na concepção educativa dele. Como era lento nos estudos não deveria seguir carreira acadêmica mais ser iniciado na vida prática. Aos 14 anos foi entregue aos cuidados do um guarda florestal Witz com o intuito de aprender o ofício, mas logo foi deixado de lado pelo “tutor” e ocupou-se lendo livros de ciências naturais. O contato com a natureza despertou nele o desejo de ir à universidade, fazendo-o retornar à casa paterna para pedir autorização. (ARCE, 2002). De acordo com Heiland (2010), Froebel matricula-se no curso de ciências naturais em1799, na Universidade de Jena, mas acaba por interromper os estudos no semestre de verão em 1801 por motivos financeiros. Retorna para junto do pai que nesse período está muito doente, onde permanece até a morte de seu pai. Em 1802 torna-se agrimensor (encarregado de manter o cadastro florestal). No ano seguinte, consegue o cargo de secretário privado da municipalidade de Gross-Miltzow. Em junho de 1805, é contratado pela “escola modelo” de Frankfurt. Foi instrutor dos filhos de Caroline Von Holzhausen vivendo com eles _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 23 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ de 1808 a 1810 em Yverdon, onde aprofundou seus conhecimentos sobre as teorias de Pestalozzi (1746-1827), sendo influenciado por ele. É importante compreendermos a relação de Froebel com a natureza, para podermos compreender sua proposta educacional e suas ideias a respeito da infância. Ele fazia parte do movimento Romântico, por isso a busca de harmonização do ser humano com a natureza. Eis a visão sintética que Froebel tinha da natureza: A natureza é um símbolo do espírito divino, é uma exteriorização desse espírito. Conhecer o simbolismo da natureza é conhecer o espírito divino. Sendo o homem também uma criação divina, a criança contém dentro de si os germens de tudo o que de melhor existe na natureza humana e que une o homem a natureza e a Deus, seu criador [...]. Concomitantemente ao processo de exteriorização de si mesma, a criança deve aprender a conhecer a natureza, deve viver em harmonia com ela, pois dessa forma a criança estará naturalmente harmonizando-se com o espírito divino. (ARCE, 2002, p. 39). A partir do supracitado é possível entender a posição de Heiland (2010), quando esclarece que Froebel critica a educação de seu tempo, acreditando ser necessário que as crianças se manifestem espontaneamente para que eles deem algum conteúdo, pois tudo que se diz, soa sem conteúdo, sem vitalidade. ”Com todo nosso saber e nossa autossuficiência nos achamos vazios, e nossos filhos nos acharão vazios também”. (HEILAND, 2010, p. 53). Conforme entende Froebel, Falta substância, falta consciência do falar, devido a conceitos que são aprendidos sem vivência, e, por isso não correspondem a nenhuma realidade. Para ele, nossas palavras são aprendidas em livros, assim nossa vida interna e externa é pobre e acaba por refletir com pobreza na vida de nossos filhos. Ele afirma que, devemos aprender com nossos filhos, pois não temos essa força vital da infância que a tudo anima e dá forma, através deles descobriremos os caminhos da sabedoria. Froebel acreditava no homem essencialmente bom, quando não corrompido e, segundo esse pedagogo, muitas vezes a culpa da maldade do menino é do próprio educador que, geralmente, se atribui a intenção perversa (distorcida), aquilo que o menino o faz por ignorância. Ele entende que a _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 24 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ educação da época, tanto em casa quanto na escola, incentivava a criança à preguiça. Por isso, afirma que seria vantajoso se fossem dedicadas algumas horas ao trabalho. Ainda segundo Heiland (2010), a função da educação e do ensino, para Froebel é encorajar e enquadrar o processo dialético de construção de categorias, para ele, o homem não deve se contentar em refletir e agir em função da reflexão, mas, é necessário que ele apreenda a realidade externa e a interiorize para que possa aprendê-la na sua estrutura e na sua lógica fundamental. O autor explica que esse ”esferismo” de Froebel se transforma em uma teoria científica e uma doutrina da educação construída na relação entre o conhecimento subjetivo e o objeto cientifico, enunciando, ainda, a função da atividade pedagógica. Este mesmo aspecto é confirmado por Arce (2002, p. 47) ao colocar que: Este movimento de exteriorização e interiorização precisa da ação para mediá-lo, necessita de vida e atividade, não de palavras e conceitos. Agir pensando e pensar agindo era para Froebel o mellhor método para evitar que o ensino por demais abstrato prejudicasse o desenvolvimento dos talentos dos alunos, o que os levaria à compreensão da tríade que guia todas as suas vidas abrindo, portanto, as portas para atingir a perfeição enquanto ser humano. Froebel entende que a educação deveria estar alicerçada à “unidade vital” na relação, Deus, natureza e humanidade, para conduzir o indivíduo ao desenvolvimento pleno. Dentro deste princípio, os processos de interiorização e de exteriorização eram fundamentais, pois esses processos levavam à clarificação da consciência do autocontrole, ou seja, a educação. Nesse aspecto, três pontos são considerados importantes na metodologia froebeliana: A atitude do educador, que deveria dar a entender ao educando que ambos estavam subordinados a “unidade vital”, ou seja, o modelo a ser seguido seria Jesus. Devendo respeitar a liberdade de cada pessoa na busca do desenvolvimento de seus talentos. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 25 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Processo da educação: o homem e a natureza possuem existência em Deus, assim, educar é despertar no educando a consciência dessa realidade orientando-o para uma vida pura e santa. Função permanente do educador: respeitar a natureza, a ação de Deus e a manifestação espontânea do educando, a educação deve seguir o livre desenvolvimento, não podendo ser prescritiva, determinista e interventora, pois assim destrói a origem pura da natureza do educando. (ARCE, 2002). Para melhor complementar essas ideias Heiland (2010) escreve que, no momento que se considera o menino ou o garoto como inconfundível e separado do adolescente ou do adulto, corre-se o perigo de esquecer o homem. Este porém, se desligou totalmente das idades anteriores, não reconhecendo em si a criança, o adolescente e o jovem falando deles como se tratassem de outros seres de natureza distinta. Conforme ele entende, Froebel esclarece que, seria importante que os pais considerassem as crianças relacionando com suas idades e etapas da vida e não passassem por cima de nenhuma delas. Pensa-se que a criança passa a ser um adolescente ao chegar à idade de sê-lo, ou seja, ao alcançar o numero de anos que se supõe para essas denominações. Mas, na verdade essa passagem de denominação só acontece por que essa criança vivenciou toda a evolução da infância para poder se tornar um adolescente, ou da adolescência para se tornar um homem. Segundo o autor, Froebel acredita que, do ponto de vista dos pais e educadores, os períodos da vida humana se dividem assim: no primeiro período, temos o bebê, que necessita de cuidados; no segundo período, a dita infância, tempo da educação, época em que o homem deve ser considerado unidade; o terceiro período cultiva aspectos particulares da personalidade do garoto, dirige-os as coisas concretas e fomenta as naturais atitudes para a especialização, mas sempre com o propósito de fortificar a unidade interior do espírito humano. Segundo Froebel o ponto de partida para o ensino é o contato criado com o mundo. Portanto, a educação teria como fundamento a percepção ocorrendo _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 26 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ naturalmente nos pequenos. Segundo ele, na primeira infância deve-se trabalhar a linguagem e a percepção, sendo que no período escolar seria a vez de trabalhar, religião, ciência naturais, matemática, linguagem e artes. Ele defendia a educação sem imposições para as crianças; pois, segundo ele, elas passam por diferentes estágios de capacidades de aprendizado com características especificas, detectando ele três estágios: primeira infância, infância e idade escolar. Acreditando no seio familiar, Froebel elabora um modelo de organização associativa até então livre do controle do estado. Para melhorar o clima pedagógico entre a família, inventa materiais de jogos. Ao retornar para a Alemanha em 1836 ele levou consigo alguns materiais de jogos (brinquedos), que denominou de “dons”. Um ano depois abriu, em Bad Blankenburg, um estabelecimento onde fabricou seus primeiros “dons”. Ele acreditava que o elemento de autoaprendizagem é complementado por jogos dos quais os adultos participavam ajudando as crianças com suas sugestões ou suas explicações. (HEILAND, 2010). Sobre a elaboração, a confecção e a aplicação dos dons de Froebel na educação da infância, Arce (2002 p.61) afirma que: Quando Froebel colocou seu foco educacional sobre os “dons” como uma forma de desenvolver a criança brincando, ele o fez porque achava que a única forma da criança desenvolver sua inteligência e sua essência humana(que para Froebel era o mesmo que essência divina) seria através de sua ação e para isso ela necessitaria de materiais que a impulsionassem a agir. Esta não era uma questão só de se construir brinquedos, mas sim de materializar estruturas matematicamente perfeitas com as quais a criança poderia aprender [...]. Arce (2002, p. 65), afirma ainda que “Todos os dons são acompanhados do que Froebel denominou de ocupações, que são jogos onde a criança simula atividades do seu dia a dia ou complementa através das artes plásticas as criações feitas com os dons”. No ano de 1838 surgiram os seguintes dons: O primeiro “dom” era a bola, seguida de seis bolas menores e macias nas cores vermelho, laranja, amarelo, verde, azul e violeta. Este “dom” assim como todos os outros, deveria sempre ser apresentado num primeiro _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 27 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ momento, comparados a coisas da vida, como por exemplo, a criança deveria ser levada a observar algum animal e em seguida comparar seus movimentos com os que pudessem ser realizados com a bola. Também deixar a criança livre para brincar com o material. Após a exploração exaustiva do material, deveriam ser apresentadas suas propriedades matemáticas como a circunferência, ângulos opostos, objetivando demonstrar a perfeição das leis matemática que é igual a todas as leis naturais. Sendo os conceitos envolvidos nesse jogo o tempo, espaço considerações a respeito de velocidade, força de impacto, números, etc.; O segundo “dom” é uma bola de madeira, um cubo do mesmo tamanho da bola e um cilindro. A diferença das atividades com esse “dom” para o “dom” anterior era o fato que este acrescentaria a contradição das formas na leve tensão entre o familiar e o novo, fato este que deveria ser considerado no jogo; O terceiro “dom” é um cubo subdividido em oito pequenos cubos, podendo as crianças explorarem as formas que poderiam ser criadas com os pequenos cubos; O quarto “dom” é também um cubo, porém subdividido em oito pequenas tábuas planas iguais entre si. Cada tábua correspondia a um oitavo da área total do cubo e à metade da área de cada face do cubo. Serve para trabalhar com as crianças a construção de formas. Acompanha 100 cantos rimados e interpretáveis; O quinto “dom” mais uma vez cubo subdivididos em 27 dados, sendo que, alguns ainda se encontram subdivididos em diagonal; O sexto “dom” é semelhante ao quinto, sendo que, ao invés de subdividir em 27 dados, são tábuas planas e algumas são divididas em diferentes formas permitindo construções diferentes das feitas com o quinto ”dom.” todos os materiais desses “dons” eram acompanhados de lâminas litográficas nas quais vinham desenhadas figuras que poderiam ser obtidas com a montagem das peças que compunham o “dom.” Por meio das construções desenvolvidas pela criança, deveria forçá-la a trabalhar com _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 28 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ imagens mentais sem modelos para imitar. Essas informações Froebel publicou em seu jornal “A hora dominical” nos anos de 1838 a 1840. Em 28 de junho de 1840, o “jardim de infância geral alemão” é inaugurado. Em 1848 em Bad Liebensten Froebel abre um jardim de infância associado a um internato para a formação de professoras para o jardim de infância. (HEILAND, 2010). [...] Froebel procurou um nome que melhor se adequasse a esse novo estabelecimento, já que ele não queria que este contivesse a palavra “escola”, pois, esta traria o sentido de se estar colocando coisas na cabeça da criança, ou seja, ensinando algo, e este não era o propósito desta instituição. Seu propósito residia em guiar, orientar e cultivar nas criança suas tendências divinas, sua essência humana através do jogo, das ocupações e das atividades livres, tal como Deus faz com as plantas da natureza. O nome kindergarten ou Jardim de Crianças conseguiu unir todas estas ideias e princípios numa única e simples palavra. [...] este recanto deveria ser entregue as mulheres, que com coração de mãe eram as únicas capazes de cultivarem nas criancinhas todos os seus talentos e todos os germes da perfeição humana unida a Deus. (ARCE, 2002, p. 66-67). Assim, é possível perceber que o alemão frederich Froebel foi um dos primeiros educadores a considerar o inicio da infância como uma fase importante e decisiva na formação humana; pois ele compartilhava do pensamento de que a criança é como uma planta que está em fase de formação e desenvolvimento. As técnicas utilizadas ainda hoje na educação infantil têm muito de suas ideias, porque ele considera as brincadeiras como percurso no caminho da aprendizagem. Ele foi um dos primeiros pedagogos a falar em autoeducação, baseando-se na observação das atividades das crianças com jogos e brinquedos, a partir da qual o professor conhecia o desenvolvimento do aluno. Por meio dos brinquedos desenvolvidos por ele, analisou crianças de diferentes idades prevendo uma educação que permite ao mesmo tempo o treino de habilidades que as crianças já possuem e o surgimento de novas habilidades, por intermédio dos processos de interiorização e de exteriorização. Segundo esse educador, a criança trazia em si a semente de tudo que há de melhor no ser humano, cabendo à educação o desenvolvimento desse germe e o cuidado para não o perder. Froebel acreditava importância da união entre a _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 29 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ família e a escola para promover o desenvolvimento das crianças. Em sua visão, essas duas instituições deveriam caminhar juntas. O criador dos jardins de infância acreditava na importância da educação infantil e a considerava indispensável para a formação da criança. As atividades desenvolvidas nos Jardins de Infância serviam para possibilitar brincadeiras criativas, sendo as atividades e o material escolar, determinados de antemão para oferecer o Máximo de aproveitamento da atividade lúdica. Conforme entendia Froebel, a atividade dos sentidos e do corpo despertaria o gérmen do trabalho, atividade indispensável na sociedade capitalista. Conforme ele pensa e registra, é possível entender que o trabalho humano, realizado para a produção da vida no contato com a natureza, seria uma forma de imitação da criação do universo por Deus. (FERRARI, 2014) 4. CONCLUSÃO A partir deste estudo foi possível perceber que a proposta educacional de Froebel encontra respaldo nas transformações ocorridas na Alemanha no século XIX. Assim sendo, pudemos observar, em nossa pesquisa, a influência dos acontecimentos político-sociais, na sua forma de ver a educação, no sentido de buscar uma nova proposta pedagógica. Froebel não acreditava na eficácia da educação predominante naquele período, acreditando ser ela muito superficial. Sendo outro aspecto importante para a compreensão da sua forma de pensar a educação, suas experiências educacionais na infância. Nosso pedagogo passou por diversas situações na sua infância, a partir das quais pode perceber a ineficácia da metodologia utilizada na época, devido, basicamente, a não interiorização do aprendizado. Froebel, por acreditar que a proposta pedagógica dessa época era ineficaz e por não concordar com a forma de organização das escolas da época, criou uma nova instituição de ensino, que _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 30 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ ele chamou de “Jardins de infância” com uma nova proposta pedagógica, com objetivos diferentes das escolas. Assim, Friedrich Froebel nos trouxe um novo olhar para a infância do século XIX, olhar este que vem se renovando ao longo do tempo e que hoje é visto como algo importante para o desenvolvimento do indivíduo e para a construção do ser humano. Ele, também, nos presenteou com os chamados “Jardins de infância”, instituição criada por ele para potencializar o desenvolvimento infantil, que até hoje prevalecem utilizando algumas de suas metodologias e confirmando a eficácia de sua proposta educacional. REFERÊNCIAS ANDERY, Maria Amália Pie Abib et al. Séculos XVIII e XIX: revolução na economia e na política. In:______. Para compreender a ciência: uma perspectiva histórica. 8. ed. Rio de Janeiro, Espaço e Tempo; São Paulo: EDUC, 1999. ARCE, Alessandra. Friederich Froebel: O pedagogo dos jardins de infância. São Paulo: Vozes, 2002. ARIÈS, Philippe. História social da criança e da família. 2. ed. São Paulo: LTC, 2006. CAMBI, F. História da Pedagogia. São Paulo: Unesp, 1999. MARIO, Alighiero Manacorda. História da educação: da antiguidade aos nossos dias. 5. ed. São Paulo: Cortez, 1996. HEILAND, Helmut. Friedrich Froebel. 1.ed. Recife: Massagana, 2010. FERRARI, Márcio. Frederich Froebel. Educar para crescer. Abril. Jul. 2014. Disponível em: http://www.educarparacrescer.abril.com.br>. Acesso em: 05 maio 2014. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 31 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: DESAFIOS DOS EDUCADORES E PROFESSORES QUE ATUAM NO CAMPO 6 RODRIGUES, Andriele dos Santos7 BRANDÃO, Elias Canuto8 Resumo: Este texto analisa bibliograficamente as formações ofertadas aos educadores na modalidade de Educação de Jovens e Adultos que atendem as escolas do campo estejam elas em: quilombos, comunidades indígenas, assentamentos, acampamentos, ilhas, entre outros. A partir das pesquisas realizadas refletiremos sobre a formação e atuação dos professores para o atendimento nesta área. A finalidade é a contribuição com uma pesquisa qualitativa que auxilie nas dificuldades encontradas na implantação desta modalidade no campo. Assim, de forma comparativa, discutiremos as propostas advindas dos últimos governos e, de forma sucinta, analisaremos os fatos da realidade vivenciada pelos educadores atuante no campo, em especifico no MST, a fim de diagnosticar os problemas para que as contribuições sejam válidas para um país que ascende nesta modalidade. PALAVRAS-CHAVES: Educação de Jovens e Adultos. Movimento Sem Terra. Formação de Professores. 1. INTRODUÇÃO Esta pesquisa discute as aproximações entre Educação de Jovens e Adultos (EJA) e Educação do Campo como marcas produzidas no percurso da história da sociedade e educação brasileira, a partir das pesquisas que tematizam questões desafiadoras para as políticas públicas no país. Partiremos da atuação do profissional nas escolas do campo que, de forma imprescindível em sua 6 Trabalho em andamento para Conclusão do Curso de Pedagogia, que será apresentado, em 2014, à banca examinadora. 7 Acadêmica do 4º ano de Pedagogia da UNESPAR/FAFIPA. Pesquisadora de Iniciação Científica. 8 Professor orientador; Doutor em Sociologia; Membro do Colegiado do Curso de Pedagogia e do Programa de Pós-Graduação Mestrado em Ensino: Formação Interdisciplinar da UNESPAR-Campus de Paranavaí. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 32 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ prática, remete aos deveres de ensino pautados pelo estado brasileiro, expresso em documentos oficiais pelos Pareceres do Conselho Nacional de Educação/Câmara de Educação Básica - CNE/CEB-11/2000, Lei nº 10.172/2001 e Decreto n° 7.352 de 2010, ambos com vertentes à educação dos povos do campo. Evidenciam-se nesses documentos algumas razões de ordem históricosocial no Brasil, indicando o descaso das demandas de escolarização das classes populares por parte dos diferentes governos que de forma direta e indireta acentuaram desigualdades, produzindo danos à conquista da cidadania plena de parcela significativa da população. Identificaremos pelas legislações e artigos científicos os desafios que envolvem o direito a educação negado enquanto direitos sociais, sobretudo voltados à EJA e à Educação do Campo. Nessa perspectiva, os dados da desigualdade social podem ser comprovados ao depararmos com a realidade social entre campo e cidades. Vale destacar que campo e cidades possuem desvantagens um em relação ao outro, mas a maior desvantagem recai sobre o campo e vários [...] fatores, têm contribuído sobremaneira com a baixa escolarização no campo, demonstrando a histórica incapacidade do Estado brasileiro em atender dignamente à demanda de escolarização dessas populações. Indicam, também, que a educação praticada no meio rural brasileiro tem contribuído pouco com as necessidades de desenvolvimento das populações do campo. (MEC. 2006, p. 3). Confirma-se o exposto à medida da constatação de que as desigualdades sociais e educacionais acarretam desvantagens desde o inicio da história brasileira, indicando incapacidade do Estado em atender as demandas de escolaridade propostas nas leis, pareces e Constituição Federal. O Estado deve respeitar o que está prescrito, de que a educação é para todos, independente onde estejam, mais ainda os do campo, pela distância das escolas, pelas peculiaridades sociais e culturais e pelo fato de os camponeses serem os que alimentam os povos das cidades, mais ainda _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 33 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ [...] tendo em vista que o universo da população do campo não compreende somente o agricultor ou a pessoa que trabalha com a terra. [...] procura-se mostrar que, no campo, não existe apenas a agricultura como atividade. Outros sujeitos – como ribeirinhos, artesãos, quilombolas, indígenas, pescadores artesanais – são alguns exemplos de sujeitos que compõem o universo dessa população, que precisa ser contemplada pela Educação de Jovens e Adultos no campo. (MEC, 2006. p. 5). Os povos do campo não devem ser deixados de lado ou simplesmente excluídos de receber uma Educação de qualidade. Diante disto, ressaltamos que [...] os cursos para os educadores de EJA no campo visam garantir a avaliação permanente do processo pedagógico, a socialização das experiências vivenciadas pelos alunos e a sistematização de concepções e práticas políticopedagógicas e metodológicas que orientem a continuidade do processo. (MEC, 2006. p. 6). O documento evidencia que tais desafios encontrados são pertinentes à nossa realidade social, pois as idéias surgem mediante a relação sociedade e Estado na construção de uma política pública da EJA para o campo que possibilite aos alunos a oportunidade do conhecimento. 2. OS EDUCANDOS/ALUNOS DO CAMPO E SEUS DIREITOS A realidade da educação do campo é peculiar socialmente. Diferencia-se de quem reside nas cidades. Aproxima-se de quem reside nos vilarejos, onde alunos, mesmo ingressando, na sua maioria não chegam a concluir o ensino fundamental em razão de suas necessidades do meio que estão inseridos, onde lhes é exigido dar continuidade no trabalho que a família realiza no campo. Assim, o abandono ou repetência por parte destes que saem do campo para estudar na cidade se tornam cada vez maiores e por isto, o número de _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 34 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ analfabetismo no Brasil, historicamente tem sido alto. Para se ter uma idéia, em 2001, de acordo com o IBGE, [...] o percentual da população com 15 anos e mais de idade sem instrução, ou com menos de um ano de estudo, corresponde a 16,2 milhões de pessoas. Entre as faixas mais jovens, os dados também preocupam: na faixa etária de 15 a 19 anos, 21,7% dos jovens não concluíram o equivalente às quatro séries iniciais do ensino básico e 66,7% não completaram os oito anos de escolaridade obrigatória. Os índices para a faixa etária de 20 a 24 anos, apesar de melhores, confirmam o fenômeno da escolarização tardia e do atraso devido à repetência: 20,1% não concluíram as quatro séries iniciais e 55,9% não adquiriram a escolaridade básica de oito anos. (IBGE, 2001 APUD MEC, 2006, p. 1). Abordamos tais dados para nos atentar à necessidade da modalidade da Educação de Jovens e Adultos não apenas na cidade, mas a sua devida inserção junto aos povos do campo. Dados alarmantes nos fazem pensar: Há distinção de alunos? O modo de ensinar é diferente ou a realidade individual dos que vivem no campo deve ser compreendida na sua vivência escolar? Ocorre exclusão social e educacional de forma sutil? Ressaltamos as iniciativas educacionais partidas dos movimentos sociais e das organizações não-governamentais do campo em busca de uma educação de qualidade para os que buscam a dignidade e respeito como cidadãos e, neste caso, a Educação do Campo merece destaque, pois se preocupa com a criança, o jovem e o adulto, esteja ele no assentamento, acampamento, aldeia indígena, quilombos, seringais, ilha ou beira de rios. A EJA para os povos do campo são resultados de pressões dos movimentos sociais, sobretudo dos I ENERA, em 1997 e da I Conferência Nacional Por Uma Educação Básica das Escolas do Campo, em 1998. É no segundo evento que inclusive é apresentado um Programa que até o momento desta pesquisa é executado pelo governo federal em parceria com universidades brasileiras – o PRONERA. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 35 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Destacamos que as mudanças de concepções/paradigmas que observamos neste início de milênio e que não eram observadas até o início da década de 1990, são conseqüências das pressões das últimas duas décadas do século XX. A mudança de paradigma já aparece no parecer CEB, n°11/2000, que apresenta as funções da EJA para a sociedade quando registra [...] três funções para a EJA: a função reparadora, que sugere a restauração de um direito negado; a função equalizadora, que possibilita a reentrada no sistema educacional daqueles/as que tiverem trajetórias escolares e de vida desiguais; e a função qualificadora, no sentido de educação permanente e para toda a vida. (CEB, n°11, Maio/2000). A orientação do CEB para os que freqüentam a EJA é diferente em relação aos alunos que ingressam em cursos regulares e a recomendação é pelo fato das peculiaridades vividas pelos povos do campo que devem ser consideradas na construção das propostas pedagógicas. Destacamos que a realidade do campo compreende outras necessidades e realidades diferenciadas de quem vivem nas cidades, não que estes sejam isolados da sociedade, mas possuem em sua história peculiaridades que justificam a busca de seus direitos, pontuadas nas lutas e embates por melhores qualidade de vida, saúde e educação, por vezes identificadas nos documentos da Educação do Campo e inclusive em documentos oficiais da União ou dos Estados, incorporando toda luta pela educação dos povos do campo, da educação básica à EJA. Nesta perspectiva, a educação do campo é concebida como toda ação educativa que incorpora os espaços da floresta, da pecuária, das minas e da agricultura, mas os ultrapassa ao acolher para si os espaços pesqueiros, caiçaras, ribeirinhos e extrativistas, e fundamenta-se nas práticas sociais constitutivas dessas populações: os seus conhecimentos, habilidades, sentimentos, valores, modos de ser e de produzir, de se relacionar com a terra e formas de compartilhar a vida. (MEC, 2006. p. 9.). _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 36 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ A densa diversidade dos povos do campo nos faz remeter uma atenção especial às formas de educação que devem atender especificamente em suas políticas públicas e nos projetos pedagógicos a realidade social vivida por estes povos. A Declaração de Hamburgo (1997) firma compromissos pautados na concepção de atender em uma perspectiva de educação para a vida, a educação de adultos, compreendendo os processos de aprendizagem formais ou informais de caráter compensatório, pois em “[...] uma política compensatória, cujo único papel é repor a escolarização de pessoas que não tiveram acesso à escola em idade apropriada”. (MEC, 2006, p. 10). Salientamos que quem busca a escolarização de forma mais tardia, são orientadas a contemplar as necessidades do trabalho e sua principal ocupação e preocupação não é o estudo. O estudo é uma necessidade do mundo do trabalho, do “desenvolvimento” e da “globalização”. 3. OS PROFESSORES DA EJA E SUA ATUAÇÃO NO CAMPO O ensino no campo ocorre de maneira tardia e precária. O que no início do século XXI é entendido como campo, desde o Brasil Colônia até o fim do século XX era considerado como rural, rude e atrasado pelo Estado. Por isto a predominação da desconsideração da cultura e das experiências dos habitantes e professores do campo, com a: Falta de recursos, de escolas, de transporte, de material didático, além do despreparo e da falta de estímulo aos professores, que heroicamente tentam dar sua vida a esta causa, são algumas das características do ensino na área rural. Além disso, quase sempre, este ensino encontra-se distanciado da cultura, das necessidades e dos conhecimentos necessários para o desenvolvimento do campo. (MEC, 2006. p. 18). _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 37 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Nesta realidade torna-se difícil a implementação de propostas que superem as necessidades educacionais dos povos do campo e que ao mesmo tempo possam unificar uma educação formal e profissional de qualidade não somente para o preenchimento das necessidades do mercado, embutindo os valores dos povos do campo e suas necessidades. Destacamos que a simplicidade unida à teoria e à prática resulta numa relação professor aluno que não segue a lógica da dominação e sim a relação de saber (MEC, 2006). De acordo com Santos (2001), nossa concepção vem do senso comum, determinando que tudo que não acompanha a lógica do capital é considerado atrasado. Assim, a marginalização dos jovens e adultos do campo, por vezes rotulados como primitivos, simplórios e não desenvolvidos. Esta política parte do pressuposto de que a educação é a motora do desenvolvimento, entendendo-a como condição para aumentar o nível de empregabilidade. É essa mesma lógica que atravessa as políticas de financiamento da educação, principalmente no que diz respeito ao financiamento dos transportes para deslocar os jovens e as crianças do campo para a cidade, a não construção de escolas e não equipamento das mesmas, a ausência de cursos e de planos de carreira para os trabalhadores e trabalhadoras da educação, provocando um esvaziamento das escolas do campo. Presenciam-se, cada vez mais, uma mercantilização e uma privatização da educação por diversos meios de contratação de serviços por dentro do próprio Estado. (MEC, 2006. p. 49). Estes discursos fundamentados nas políticas públicas nacionais expulsam as crianças e os jovens do campo para fora do sistema educacional, tendo como precursor o nosso modo capitalista que menospreza todos que não se encaixam em seu modelo neoliberal de educação e de mão-de-obra para o mercado de trabalho e exportação. Os povos do campo são, assim, excluídos na prática educativa, sejam crianças, jovens e adultos. Por fim, destacamos que a população do campo, sobretudo os jovens e adultos, na prática são descartados pelo sistema educacional, mas resistem por _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 38 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ meio de suas práticas, lutas e embates, por uma educação que fortaleça o conhecimento e a consciência dos direitos constados em documentos, planos, pareceres, resoluções e na Constituição. 4. CONCLUSÃO PARCIAL O estudo ora em execução dos pareces, leis, decretos, entre outros, demonstram as lutas e embates na busca por conquistas da Educação de Jovens e Adultos que, neste caso, encaixa-se na Educação no Campo. Pela pesquisa em andamento, temos observado que a EJA voltada para os povos do campo encontra-se em defasagem quando comparada com a EJA nas cidades. Marca ainda a desigualdade social e o fechamento de escolas no campo, estimulando os camponeses a buscarem a educação fora de sua realidade, contradizendo-se com as orientações dos documentos oficiais da União, Estados e da Organização das Nações Unidas (ONU) que tratam do direito à educação. REFERÊNCIAS ARROYO, Miguel G. Por um tratamento público da Educação do Campo. In: Contribuições para a construção de um projeto de Educação do Campo. Mônica C. Molina (org.). Brasília:DF. BRASIL. Congresso Nacional. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394/96. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm>. Acesso em: 19 ago. 2014. ______. Conselho Nacional de Educação/Câmara de Educação Básica. Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo. Resolução nº 1, de 03 de abril de 2002. ______. Congresso Nacional. Plano Nacional de Educação. Lei nº 10.172/2001. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 39 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ ______. Conselho Nacional de Educação/Câmara de Educação Básica. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos. Parecer nº 11, aprovado em 10 de maio de 2000. ______. Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária. Decreto n° 7.352, de 04 de Novembro de 2010. HADDAD, Sérgio, & DI PIERRO, Maria Clara. Escolarização de jovens e adultos. Revista Brasileira de Educação, n. 14, p. 108-130. Mai/Jun/Jul/Ago. 2000. MEC, Ministério da Educação. Educação de Jovens e Adultos. 2006, (mimeo). SANTOS, Boaventura de Sousa. Reinventar a Democracia. Lisboa: Gradiva. 2001. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 40 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ A EDUCAÇÃO DOS NEGROS NO INÍCIO DO BRASIL REPÚBLICA: UM OLHAR NAS CONSTITUIÇÕES DE 1824 E 1891 MANTO,Gilson Vanello9 CÁSSIA,Rita Pizoli de 10 RESUMO: A pesquisa tem por objetivo analisar os aspectos da educação dos negros no Brasil, bem como relatar por meio de documentos oficiais o posicionamento de pesquisadores e intelectuais que interpretam as práticas educacionais dirigidas aos afros descendentes nascidos livres de mães escravas. Será discutida em linhas gerais, a formalidade Lei e sua funcionalidade como elemento de inclusão social no processo de superação do escravismo, ou seja, o que a Constituição Nacional de 1824 e 1891 estabelecia como gratuidade e instrução primária para todos os cidadãos e a criação de colégios e universidades. Portanto, se a educação era para todos porque era negado o direto a não inclusão dos filhos livres de escravas nos benefícios da instrução? O que os índices dizem sobre a realidade dos mesmos no Brasil? Palavras-chave: História. Abolição. Ventre Livre. Crianças Negras. Constituição de 1824 e 1891. Escola Pública. 1. INTRODUÇÃO: A proposta do tema deste artigo é resgatar o processo histórico da educação dos negros no Brasil e analisar como a nova ordem política e social tratava os ex-escravos e quais as perspectivas de inclusão, pois segundo Haddad (2000) o censo de 1920, realizado 30 anos após o estabelecimento da República no país, indicou que 72% população acima de cinco anos permaneciam analfabetas. De acordo com o artigo “O Negro no Pensamento Educacional Brasileiro durante o período de 1889 a 1930.” (FELIPE; FRANÇA; TERUY) cita (SOUZA, 1998, p.27) explicando as mazelas da sociedade em relação ao negro. 9 Acadêmica do 4º ano de Pedagogia da UNESPAR/FAFIPA. Professora orientadora Doutora em Educação e Membro do Colegiado do Curso de Pedagogia da UNESPAR Campus de Paranavaí. _______________________________________________________________________________ 10 UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 41 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Pode-se dizer que os grupos escolares atenderam nas primeiras décadas de sua implantação, aos alunos provenientes das camadas populares, no entanto, daqueles setores mais bem integrados no trabalho urbano. Desse contingente estavam excluídos os pobres, os miseráveis e os negros. As fotografias da época revelam a pequena presença de crianças negras nas 11classes dos grupos escolares, e isso se explica pelas péssimas condições sociais em que se encontrava a população negra da época. Portanto, a relevância deste trabalho está pautada sobre a afirmação de autores que resgatam o processo histórico dos negros e sua exclusão no processo de educação, bem como abordagem da força de trabalho escravo e a não consideração dos aspectos humanitários, legítimos e básicos de que possa ser oferecido a uma pessoa. Segundo Azevedo (2004) a posição, defendida em torno da educação é vista como estágio necessário para a introdução dos negros na sociedade livre, ou seja, é importante notar que esta discussão de sociedade livre estava ligada a Lei do Ventre Livre, e sem pouca flexibilidade, pois girava em torno da própria economia do país e por outro lado justificava o aprisionamento físico e emocional dos negros por parte de seus senhores sem muita vontade de libertá-los. Para (FONSECA et al. p.12, 2001) cita Perdigão Malheiros um dos maiores defensores do ventre livre , entendia que a libertação era uma forma justa de acabar com a escravidão no Brasil como segue: Para se obter a extinção completa da escravidão, é preciso atacá-la no seu reduto que entre nós não é hoje senão o nascimento. Cumpre, portanto, declarar que são livres todos que nascerem de certa data em diante... Esta emancipação do ventre esta liberdade dos filhos, importa a grande justiça da revogação do odioso e injustificável bárbaro princípio mantenedor da perpetuidade da escravidão, o celebre partus sequitur ventrem deve ser a pedra angular da reforma. (MALHEIROS, 1976 [1867], p.156, grifos do autor). 11 Acadêmica do 4º ano de Pedagogia da UNESPAR/FAFIPA. 2 Professora orientadora Doutora em Educação e Membro do Colegiado do Curso de Pedagogia da UNESPAR Campus de Paranavaí. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 42 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Nesta fala o autor enfatiza o massacre ideológico da escravidão, os danos que ela causou e a urgência necessidade de interferência política no desuso da exploração da mão-de-obra escravista, isto é, fazer valer a Lei de 28 de Setembro de 1871 que considerava livre todos os filhos de mulher escravas nascidas a partir da data da lei, como faz notar (ALBERTON 2005), afirma que: O percentual de crianças negras embarcadas nos portos africanos, com destino ao Brasil, chegava a representar 20% do total dos escravos traficados. Aqui, no cativeiro, o trabalho da criança negra escrava começava cedo. Aos 5 anos ou 6 anos, já eram entregues à tirania dos outros cativos. Antes mesmo dos 5 anos já desempenhavam determinadas tarefas em casa ou no campo. Com 7 ou 8 anos, começavam a fazer serviços mais pesados e de forma regular. Costumavam serem analfabetos, como seus pais. Até 1862, em qualquer idade, impiedosamente, podiam ser vendidas e separadas se seus familiares. No inicio da adolescência, as meninas negras normalmente eram violentadas pelos seus “senhores ou pelos “sinhozinhos” e eram obrigadas a servir como objeto de cama na “Casa Grande”. Quando engravidavam, seus filhos ficavam desprotegidos. (ALBERTON, 2005, p.45) Por fim, o que me leva a pesquisar este assunto são justamente as relações de poder entre os homens, dominado e dominador e o favorecimento pessoal de uma classe elitizada que sempre procurou benefícios, isto é, uma Lei que, na prática, não funcionou no que tange aos aspectos políticos e educacionais da época. Para isso, serão analisadas a Constituição e alguns estudos sobre a educação do negro nesse período. Ainda nesta linha de pensamento Alberto Guerreiro Ramos um sociólogo figura de grande relevo da ciência social no Brasil diz: Há o tema do negro e há a vida do negro. Como tema, o negro tem sido entre nós, objeto de escalpelação perpetrada por literatos e pelos chamados “antropólogos” e “sociólogos”. Como vida ou realidade efetiva, o negro vem assumindo o seu destino vem se fazendo a si próprio, segundo lhe têm permitido as condições particulares da sociedade brasileira. Mas uma coisa é o negro-tema; outra, o negro-vida. O _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 43 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ negro-tema é uma coisa examinada, olhada, vista, ora como ser mumificado, ora como ser curioso, ou de qualquer modo como um risco, um traço da realidade nacional que chama a atenção. O negro-vida é, entretanto, algo que não se deixa imobilizar; é despistador, profético, multiforme, do qual, na verdade, não se pode dar versão definitiva, pois é hoje o que não era ontem e será amanhã o que não é hoje (GUERREIRO RAMOS, 1955, p. 215). A “figura do negro” no sentido configurado e definido era vista até o século XIX como um ser sem alma, mas capaz de suprir as necessidades de uma sociedade gananciosa e dominadora. Segundo o autor essa posição desvantajosa e cruel foi com o passar do tempo se modificando por meio de reivindicações, leis e posicionamento públicos, políticos/econômicos no sentido de perceber e não explorar, isto é, seria impossível pensar na construção da história do Brasil em todos os seus aspectos sem relacionar “negro vida e o negro tema”. 2. ASPECTOS HISTÓRICOS DA ABOLIÇÃO. Falar dos aspectos da abolição no Brasil é lembrar toda uma trajetória que se iniciou desde a formação do Brasil Colônia e a tentativa frustrada de forçar os nativos (Índios) ao trabalho escravo, isto é, como era difícil manter os nativos no trabalho a solução encontrada foi apelar para o tráfico de “negros africanos”, para o Brasil, a fim de custearem os interesses da economia. É nesse contexto que Moraes (1986) discorre sobre o posicionamento nacional contrário ao tráfico e a idéia de impedir a importação de novos escravos, isto é, uma vez extinto o viveiro inesgotável da África, iria sendo progressivamente diminuída pela morte, apesar dos nascimentos. Este aspecto também é comentado por Rocha (apud ANDRADA, 1999, p. 20) “sou inimigo do tráfico de escravos. Vejo neste comércio todos os males possíveis, um ataque ao cristianismo, à humanidade e aos reais interesses do Brasil. Sou homem cristão e patriota e não posso permitir isso. Esse comércio levado a cabo para beneficio de uma raça é anticristão e eu não acredito que o homem tenha nascido para a escravidão. Acredito que os negros, mulatos, os verdes, se existirem, são tão bom quanto nós somos e igualmente dignos de serem livres”. Ao referir-se ao tráfico de escravos e o desejo de libertação, percebe-se na fala do autor aspectos perturbadores e ilegais no sentido de trabalho forçado, _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 44 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ maus tratos, interesses levianos e falta de humanidade. Portanto, neste sentido a discussão em torno da abolição e proibição do tráfico torna-se intensa, pois a ruptura com os senhores gera uma série de discussões políticas, econômicas e cívica e se realmente os escravos estavam aptos para o exercício de cidadania. Este aspecto também é comentado por ALBUQUERQUE e FILHO (2006) Para se opor à abolição, os donos de escravos e seus representantes no parlamento argumentavam que os cativos não estavam preparados para a vida em liberdade, e que fora do cativeiro se tornariam vadios e ociosos. Fizeram também previsões catastróficas de aumento da criminalidade nas cidades decorrente da saída dos escravos das zonas rurais. Na verdade, os senhores não queriam perder o controle sobre seus trabalhadores cativos e só admitiam que a abolição fosse feita no longo prazo, com indenização e leis que garantissem que, mesmo depois de abolido o cativeiro, os ex-escravos não abandonariam suas propriedades. (ALBUQUERQUE E FILHO, 2006, p. 175). FONSECA, (2007.p. 14) na Revista Brasileira de História da Educação afirma que: [...] As concepções, que durante muito tempo imperavam na historiografia, reduziam os negros à condição de objetos. Um ser em situação de absoluta dependência, ao qual tudo era negado e que não possuía nenhuma capacidade de ação e reação dentro da sociedade escravista e patriarcal. A sua condição de sujeito não foi simplesmente negada, mas absolutamente desconsiderada em favor da descrição de um quadro que delimitava lugares sociais muito preciosos para eles enquanto grupo racial. Ainda nesta mesma linha de pensamento é importante destacar que a abolição da escravatura tornou-se um impasse, pois a prescrição da Constituição de 25 de março de 1824 era de certa forma restritiva na definição de cidadão brasileiro como menciona o artigo a seguir, ou seja, designativos como ingênuos, ilegítimos e libertos eram termos que baniam os direitos de cidadania Art. 6. São Cidadãos Brasileiros _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 45 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ I. Os que no Brasil tiverem nascido, quer sejam ingênuos, ou libertos, ainda que o pai seja estrangeiro, uma vez que este não resida por serviço de sua Nação. II. Os filhos de pai Brasileiros, e Os ilegítimos de mãe Brasileira, nascidos em país estrangeiro, que vierem estabelecer domiciliam no Império. III. Os filhos de pai Brasileiro, que estivesse em país estrangeiro em serviço do Império, embora eles não venham estabelecer domicilio no Brasil. Outro aspecto levantado neste mesmo art. 6 é a definição de classe, comparado a especificidade jurídica do Capitulo VI Das Eleições onde o direito de igualdade é extremamente negado. Portanto, em analise percebe-se uma grande contradição como segue abaixo em síntese a Constituição de 1824: O Título 8.º, que trata das disposições gerais, das garantias dos direitos civis e políticos dos cidadãos brasileiros, não relata “escravo” ou “escravidão”, Art.179, A inviolabilidade dos Direitos Civis, e Políticos dos Cidadãos Brasileiro, que tem por base a liberdade, a segurança individual, e a propriedade, é garantida pela Constituição do Império, pela maneira seguinte: “são direitos totalmente negados”, XIX. Desde já ficam abolidos os açoites, a tortura, a marca de ferro quente, e todas as mais penas cruéis. ”temos uma citação da mais severa forma de tratamento desumano” Finalmente em 1850, isto é, vinte e seis anos depois é que temos um posicionamento claro acerca da abolição da escravatura, Lei Nº 581, de 4 de Setembro de 1850 “ Lei Eusébio de Queiroz” que especificava a anulação do tráfico e a regulamentação de embarcações brasileiras nos portos. De acordo com está lei a tentativa e a cumplicidade será punida segundo as regras dos artigos trinta e quatro e trinta e cinco do Código Criminal e sobre pena de retribuição a tripulação da embarcação com a soma de quarenta mil réis por cada africano apreendido, que será distribuído conforme as Leis a respeito. Considerando toda problemática do Brasil Imperial podemos enfatizar que finalmente o regime escravista chegou ao fim quando Marechal Deodoro da Fonseca proclama a República em 1889. 3. A EDUCAÇÃO PROPOSTA PELA CONSTITUIÇÃO DE 1891. O objetivo deste capítulo é relatar a educação com base na Lei e identificar sua ineficácia frente à proposta educacional PAIVA (2003) afirma: O Governo Central pudesse auxiliar as Províncias na difusão da instrução popular sem entrar em choque com a _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 46 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ interpretação corrente do artigo 10 do ato Adicional. [...] Uma discussão mais antiga, porém, era aquela referente ao ensino obrigatório. Enquanto a gratuidade do ensino, através do sistema público, fora estabelecido desde a lei de 1827, a obrigatoriedade tornou-se um problema. Não era, evidentemente, um problema prático: estabelecida pelo Regulamento de 1854, a obrigatoriedade do ensino elementar não tinha condições de ser cumprida por falta de escolas, de professores e em face das condições da vida dos próprios alunos. (PAIVA, p. 82-83) A despeito disso afirma BOMENY (2003. p. 16). Os dados sobre a educação nas décadas que se seguem à Constituição de 1891 refletem a assimetria no atendimento à população em idade escolar. Estados mais pobres exibem índices maiores de analfabetismo e fracasso escolar. As desigualdades se acentuam, e a descentralização consagrada na Carta de 1891 não contribuíra para a criação de um sistema educacional que respondesse pela demanda de educação nas décadas de 1910 e1920. Como faz notar BRITO et. al., (2004.p.60), cita Hélio Silva Jr. (2002. p. 8), a Constituição de 1891, apesar de ampliar os direitos civis e políticos, indiretamente impede o acesso dos negros às urnas – ao impor a alfabetização como requisita para o direito de sufrágio num país recém saído do escravismo: além de excluir outros segmentos, a exemplo das mulheres (cf. art. 70.§ 2º). Com efeito, apesar de a primeira constituição republicana ter reconhecido a igualdade de ex-escravos, que permaneceram á margem da sociedade, destituídos de toda sorte de direitos. Se de fato esta era a condição dos negros escravos isso Leva-nos a pensar em interesses econômicos da República, pois segundo ZOTTI (2004.p.66), apud (RIBEIRO, 1998; GHIRALDELLI JR. 1992) Diz que o processo político liderado pelos militares, intelectuais e progressistas tinham o objetivo de orientar a economia do país e incentivo à industrialização, isto é, havia uma insistência e necessidade de acabar com o analfabetismo e extensão da escola elementar do povo, como caminho fundamental e resolução de problemas. Nos dizeres do artigo de Trindade (2006. p.183) a REVISTA FARN sobre a “Constituição de 1891: As limitações da República Velha” a afirma que: [...] Para os libertos nada muda mesmo depois da Lei Áurea (1888). No entanto, propostas de reforma agrária e de educação para os ex-escravos existiram no decorrer da _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 47 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ sucessão de leis abolicionistas, pelo menos desde a década de 1870. Ignoradas pelo regime monárquico, essas propostas também permanecem ignora- das pelos constituintes de 1891. Também COSTA (2005) cita CARVALHO (1995, pp.47 e 65) ao analisar a avaliação e desempenho em ambos os aspectos de direitos do cidadão no país: Em suma, a história dos direitos no Brasil foi marcada por três barreiras: a escravidão, o latifúndio e o Estado comprometido com interesses privados. A Constituição de 1891 proibiu o governo federal de intervir na regulamentação do trabalho, legislando apenas em relação ao trabalho de menores de idade, e retirou a obrigatoriedade do Estado em fornecer a educação primária à população. (COSTA, 2005.p.81) O que se pode observar então durante todo processo de desenvolvimento no Brasil República são as diferentes formas de pensamento e interpretações a cerca do cidadão e leis de aplicabilidade, isto é, espaço de discussões e rumos que a tomariam tal implicância entre liberdade/leis/economia e educação. Nesta linha de raciocínio XAVIER (2005, p.102), contribui de maneira argumentativa de que a escola primaria brasileira atendia apenas uma parcela muito reduzida da sociedade. Forçoso, diz: é lembrar que, afinal, ainda em 1888 o Brasil possuía 750 mil escravos, cujo acesso a escolarização haviam sido negados historicamente. Em 1872, entre os escravos, o índice de analfabetos atingia 99,9% e entre a população livre, aproximadamente 80%. Em 1888, apenas 2% da população total estavam matriculadas no ensino elementar. Vinte anos depois, em 1907, a matrícula na escola primária não chegava a atingir 3% da população brasileira [...]. Outro aspecto levantado pelo autor em sei livro “Escola, Culturas e Saberes” cita a narrativa de Adriana Silva (2000) para o inicio do século XIX, ou mesmo a ação das lojas maçônicas, no terceiro quartel do século XIX, eram pouco significativas no conjunto da população negra no Brasil. O censo de 1872 afirma uma população escrava de 1,2 milhões para uma população estimada em 9.930.478 habitantes. Entretanto indica também que metade da população livre era considerada "de cor". Para finalizar este ponto de grande controvérsia entre Educação e a Constituição de 1891 é importante mencionar outros acontecimentos que acompanharam este processo tais como: A Lei Feijó de 7 de Novembro de 1831 que proibia intensamente o tráfico negreiro, Lei Eusébio de Queiróz de Setembro de 1850 que proibia o tráfico inter-atlântico de escravos, a Lei do ventre livre de 28 de Setembro de 1871 que era também conhecida como “Lei do Rio Branco”, considerava livre todos os filhos de mulheres nascidas a partir da data da lei, a Lei _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 48 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ de Saraiva - Cotegipe ou a Lei dos Sexagenários que torna livre os escravos com mais de 60 anos, Lei Áurea de 13 de Maio de 1888 que acabou de vez com a escravidão ( Lei Imperial nº 3.353). 4. INTERESSES ECONÔMICOS DA EDUCAÇÃO DO NEGRO NO INICIO DA REPUBLICA. A sociedade brasileira passou por transformações em diversas áreas no quesito da economia, da política e da própria reestruturação da visão Republicana, pois era um momento delicado e extremo em relação aos novos rumos que estabeleceriam as próximas Constituições. As mudanças de governo e as características de Brasil Colônia a República é sem dúvida um grande capitulo da história, pois segundo (SILVA; SZMRECSÁNYI, 2002) a expansão do café tornava-se uma apropriação territorial, isto é, Estado de São Paulo não estava longe de construir dos terços da sua área total de café, o vale da Paraíba ocupava uma grande parte de café, algodão, e cana-de-açúcar. Outro aspecto levantado pelo autor são as numerosas tribos de indígenas e mineiros que se instalaram nas regiões a partir de 1850 como em Casa Branca, Mogi-Guaçu, Limeira, Rio Preto, Barretos, Botucatu, lençóis Paulistas, Campos Novos etc. Outro aspecto levantado pelo autor é a crise de superprodução dos anos de 1900 a diminuição do plantio dos cafezais, que cresceu apenas 10% entre 1889 e 1909, mas após a Primeira Guerra Mundial, o produto do Brasil no mercado internacional subia de preço e era supervalorizado, ou seja, de 750 milhões de pés de café em 1909, houve uma ampliação para 828 milhões em 1918, e para mais de um bilhão em 1927. (SILVA; SZMRECSÁNYI, 2002, p.164- 166). Neste sentido a alta produtividade no Brasil República é também uma indicação de fato e transformação, pois a mão de obra escrava passa para o setor de pagamento e salário, ou seja, um grande empreendimento atinge o setor cafeeiro e a industrialização passa a movimentar os ideais da nova economia do país. Este aspecto do surto industrial no Brasil é comentado por (BRAGA; GUERRA; REIS, 2007, p. 165 e 166) que primeiro mostra o perfil de D. Pedro II como um intelectual interessado nas questões da ciência e tecnologia, buscando contato com os inventores e cientistas de várias áreas na Europa. Isso vem ao encontro de duas situações preponderante no processo de industrialização: Primeiro, a Europa não foi capaz de produzir um desenvolvimento tecnológico significativo, nem promover problemas que desafiassem a comunidade científica brasileira. Segundo, o governo brasileiro toma como base e apoio a construção de uma _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 49 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ política científica o modelo francês, isto é, as universidades francesas constituíam um espaço voltado apenas ao ensino. Vale notar a contribuição de (JUNIOR; FILHO, et al. p.264 e 265) que diz:[...] A abolição da escravatura que desencadeou uma questão social no Brasil, bem como o negro ao ser liberto, foi promovido á condição de cidadão, mas, numa sociedade discriminatória como a do final do século XIX, isso significa cidadania se segundo ou terceira categoria, já que não tinha acesso nem direito mínimo do voto, obstáculo presente na Constituição Imperial, pela exigência de renda e alfabetização, e na Constituição republicana pela necessidade do domínio das primeiras letras. [...] o aumento da massa analfabeta, formada não apenas pelos negros, depreciada pelas elites, e com contingentes cada vez maiores de imigrantes que adentravam o país, muitas vezes analfabetos, sem conhecer a língua e as leis, um grave problema era colocado: como moldar com essa população uma ordem que se mostrasse qualitativamente diferente do regime deposto? Considera se então a necessidade de mudar profundamente o país, e esta mudança passava pela instituição que se acreditava, á época, capaz de promover segura e positivamente essa transformação: a educação. 5. CONCLUSÃO Entendemos que a presente pesquisa permite-nos compreender a fragmentação história do Brasil e como estas construções foram se estabelecendo, pois se trata de uma ideologia portuguesa que a princípio era exploração de PauBrasil, açúcar e ouro, ou seja, era imprescindível uma mão de obra que pudesse gerar lucros a coroa e fortalecimento da economia. Ainda nesta linha de pensamento os autores e pesquisadores não se divergem quanto à captura de nativos (índios) para tal realização e interesses da elite, pois mediante a esta generalização escravista logo se percebe a dificuldade de manter a todo vapor o intento de exploração e cativeiro. Os índios conheciam bem a realidade das matas e fugiam e um segundo plano é colocado em ação que é a captura de negros africanos pelos portugueses e trazidos para o Brasil a fim de realizarem trabalhos braçais e de total submissão à corte portuguesa. Trabalhos estes considerados _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 50 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ muitas vezes desumanos e sem privilégios de descanso ou qualquer outro tipo de regalias. No decorrer da historia propriamente dita ou aproximadamente trezentos anos de historia dos negros no Brasil, finalmente chega um tempo de rever os conceitos de escravatura e que o ser humano não era no ponto de vista ético e religioso um consenso da maioria, salvo aqueles que auferiam para si lucros e interesses políticos. Ainda nesta mesma linha de pensamento é importante concluirmos este trabalho considerando a formatação histórica do Brasil em todos os aspectos e sem desconsiderar as ideologias e influencias que sofremos ao longo dos tempos, um legado colonial/escravista, imperial, e por fim Republicano que determinou o tipo de política e economia no país. Nasce deste ideário a imposição de uma classe elitizada capaz de suplantar seus interesses por meio de manobras e dominação e por outro, setores dominantes que se unem á luta dos negros livres, mas efetivamente aprisionados em todas as questões sociais da República e sem direito ao mínimo necessário. REFERÊNCIAS ALBERTON, S. 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Refletindo sobre esta problemática, atual e extremamente debatida, esse trabalho visa fazer um estudo sobre algumas das dificuldades encontradas pelos profissionais da educação e apresentar a necessidade deles se autovalorizarem e se interessarem em manterem-se atualizados e capacitados perante as mudanças educacionais. Desse modo, compreendemos que os docentes formadores de futuros professores cumprem um papel significativo na formação crítica e reflexiva dos profissionais da educação. Para tanto, trataremos da importância dos cursos de capacitação continuada referentes à superação dos desafios escolares que objetivam um resultado qualitativo em relação ao ensino-aprendizagem escolar, com maior comprometimento entre o professor e o aluno. Palavras-chave: Desvalorização. Formação de professores. Profissionais da Educação. 1. INTRODUÇÃO O presente artigo se refere à formação do professor e o seu atual papel perante a sociedade. O profissional da educação realiza, por meio da sua prática e metodologias adequadas, a transformação do ser social, do cidadão que frequenta o sistema regular de ensino. Desse modo, o objetivo geral desse estudo é analisar sobre a formação docente, bem como algumas dificuldades apresentadas a partir da pesquisa qualitativa em educação, com criticidade bibliográfica referente à formação de professores na atualidade. Abordando 12 Trabalho de Conclusão do Curso de Pedagogia, apresentado em 2014 à banca examinadora constituída pelos professores: Adão Aparecido Molina e Márcio de Oliveira. 13 Acadêmica do 4º ano de Pedagogia da UNESPAR/FAFIPA. 14 Professora orientadora Dr. em Educação e Membro do Colegiado do Curso de Pedagogia da UNESPAR Campus de Paranavaí.. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 54 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ questões que envolvam a compreensão das prioridades educacionais atuais, fundamentadas em teóricos que tratam sobre esta questão e no Plano Nacional da Educação – PNE/2011-2020 bem como, o estudo sobre a formação continuada dos professores para que possam aprimorar seus conhecimentos e manter as atualizações necessárias ao ensino aprendizagem. Partimos do pressuposto que a satisfação desse profissional não é considerada uma das melhores pela sociedade, devido à ausência de reconhecimento da sua profissão e que, hoje, a alienação política educacional acaba contribuindo para que o docente perca o foco da sua real função, ou seja, ensinar. Entendemos que além do desgaste físico, há, também, um aumento dos níveis de síndromes, como exemplo a síndrome de Bournaut15, caracterizada como “[...] tensão emocional e alto nível de estresse provocado por condições de trabalhos físicos, emocionais e psicológicas desgastante” (Drauzio Varella)16 e queixas relacionadas desde a educação familiar até a falta de atenção ou outras características de desatenção que o aluno apresenta em sala de aula. Como afirma Vasconcellos (2003, p.17), “[…] se formos considerar a educação do ponto de vista abstrato, é tudo muito fácil, todavia também inútil”, ou seja, observamos por meio do sistema político educacional, inúmeras leis que defendem e cobram os direitos sobre a educação, porém, não são cumpridas como deveriam e acabam interferindo de modo formal e informal na organização da sociedade. O autor faz uma relação entre as leis que teoricamente apresentam a forma justa, livre e igualitária com todos, mas que na prática nem tudo se resolve dessa forma, isto é, acaba ocorrendo um descaso com as prioridades sociais, em especial, com o sistema educacional. Historicamente, com as mudanças educacionais, o professor se depara com a própria desvalorização, em especial nos últimos 30 anos, onde o aluno se torna a única certeza e os mestres culpados pelo fracasso escolar. Compreendemos que o fracasso escolar não deve ser atribuído somente ao aluno 15 Síndrome de Bournout, é a sensação de esgotamento físico e emocional que se reflete em atitudes negativas, é um distúrbio psíquico descrito em 1974 por Freudenberg, um médico americano. 16 Drauzio Varella é médico cancerologista, formado na USP. Nasceu em São Paulo, em1943, foi um dos fundadores do Curso Objetivo e é um dos pioneiros no tratamento da AIDS. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 55 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ e/ou ao professor, pois, muitas vezes, ambos são vítimas das políticas educacionais, que faz com que haja uma fragmentação na formação dos professores e, com isso, há aumento dos problemas disciplinares em sala de aula por parte dos alunos, ausência da família na escola e da valorização social da própria escola, por meio da má remuneração salarial, crescimento exacerbado do consumismo e aquele verdadeiro jogo de “empurra- empurra” das instâncias colegiadas como afirma Vasconcellos (2003, p.18) “[…] num tempo relativamente pequeno, mudanças enormes acontecem […]”. É válido ressaltar que esses indícios como, por exemplo, o fracasso escolar, a desvalorização do professor e ausência da família não justificam a falta do comprometimento e dedicação dos professores e dos alunos para com o ensino- aprendizagem escolar. Ou seja, de nada adianta buscar uma pseudosuperação de tais problemas se não entender a importância do reconhecimento, “[…] superar as desculpas e assumir a sua realidade! […]” (VASCONCELLOS, 2003, p.67). Logo, os profissionais da educação devem compreender que a necessidade é de ocorrer uma melhora significativa e uma educação qualitativa e não apenas quantitativa. Entretanto, como afirma Paro apud Vasconcellos (2003, p.19), “[...] muitos professores acreditam que no fundo, por aquilo que fazem, não merecem ganhar mais do que ganham, […]” e isso pode resultar em uma crise de identidade. Parafraseando Vasconcellos (2003, p.20), as faculdades e universidades se veem, assim como as escolas municipais e estaduais, “obrigadas” a contratar o aluno como estagiário, com baixos salários e cargas horárias diversas, para que junto aos concursados e/ou contratados possam desenvolver inúmeros papéis dentro da escola, devido a falta de profissionais qualificados e que realmente queiram exercer a profissão. Com isso, o processo de ensino- aprendizagem, que deveria ser uma atividade conjunta de professores e alunos, organizados devidamente com o intuito de criar condições e meios para que sejam desenvolvidos os saberes e habilidades, passam a não satisfazer todas as necessidades da sociedade. Esbarrando nas questões de quem é a culpa? Dos alunos ou dos professores? Sociedade ou Estado? Ao analisarmos tais questões, _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 56 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ podemos chegar à conclusão de que é mais fácil procurar alguém e algum fato para culpar do que analisar historicamente as transformações que a sociedade mundial vem sofrendo e quais são os pontos positivos e negativos para o desenvolvimento do cidadão. Quando analisamos a educação fundamentada na Pedagogia HistóricoCrítica, identificamos um ensino centrado no desenvolvimento do aluno e o ato de ensinar visto como fundamental e de forma interdisciplinar, objetivando a transformação do conhecimento de senso comum em conhecimento científico. Porém, a compreensão do uso da metodologia adequada para essa metodologia, ainda não é dominada por todos os professores, pois, na falta de domínio do conteúdo pelo professor, gera um desinteresse e indisciplina por parte dos alunos. Nesse sentido, entendemos que, devido às transformações sociais, a escola, muitas vezes, perde o foco principal que é transmitir o conhecimento científico com qualidade e passa a assumir o papel da família, ou seja, trabalha com valores éticos e morais. Deste modo, podemos nos perguntar: Qual é, hoje, o real papel da escola e do professor? Segundo Azzi (1999, p. 36-37): […] o professor apresenta e necessita de uma autonomia didática que se expressa pelo cotidiano de seu trabalho, pois só assim é capaz de enfrentar desafios do processo de ensino- aprendizagem e da educação […]. Considerando, ainda, que a sala de aula é o espaço privilegiado da ação docente e de que se revela no cotidiano […]. Para a autora, cabe ao professor não “depositar” o conhecimento, mas sim, permitir que saibam discernir e construir, por meio da mediação o seu próprio conhecimento, sem perder a didática metodológica e o foco principal que é o processo de ensino-aprendizagem cientifico na sala de aula. Neste sentido, entendemos que este profissional poderia se adaptar às mudanças, trabalhar com criatividade, se atualizar perante as novas tecnologias e aos conceitos de valores humanos e sociais, a partir de uma reflexão sobre a ação que leva a ampliação deste saber e da própria qualificação docente, para que possa atender às necessidades e exigências da atualidade. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 57 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Desta forma, esta análise se justifica no sentido de relacionar a importância da teoria e da pratica à formação do professor e entender o papel da escola, hoje, na sociedade, e quais os motivos que estão presentes na desvalorização da formação docente. 2. A FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL DA EDUCAÇÃO Partimos do pressuposto de que atualmente o professor se encontra desmotivado com a docência, em especial o professor da Rede Regular de Ensino, o que de fato influencia no desenvolvimento profissional, já que o mesmo em determinados momentos chega a desenvolver síndromes como a de Bournout caracterizada pelo nível de estresse e tensão alterado. Por meio desta desmotivação, nos deparamos com as seguintes questões: O que leva o professor à desmotivação? Como amenizar essa questão? Qual é o real motivo do descontentamento? Entendemos que várias são as questões que embasam o desinteresse pela docência e pela sala de aula, a citar: a falta de formação continuada; a falta de tempo; a luta pela melhoria salarial entre outras. O que, muitas vezes, acontece é que este profissional, ao terminar a sua graduação, perde o interesse pela continuidade dos estudos e não procura aperfeiçoamentos necessários à boa execução do trabalho docente. Segundo Marques (2000, p.58), “[…] todo professor/educador deve ser esse profissional especializado em educação, educador por inteiro, capaz de conduzir o inteiro processo educativo: do pensar ao agir e fazer e avaliar […]”, o que corresponde a chamada autonomia profissional, pois, identificamos pontos importantes para que ocorra um ensino-aprendizagem de qualidade para nossos alunos e uma formação continuada adequada. Pois, de acordo com o autor acima referenciado, a falta de didática metodológica, autocontrole, má remuneração salarial, aumento dos problemas relacionados à disciplina, a ausência da familia, as tecnologias mal utilizadas, a alienação midiática, crescimento do consumismo, dentre outros fatores, são _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 58 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ alguns que, muitas vezes, contribuem para o fracasso educacional quando não identificados e trabalhados a tempo. De acordo com Vasconcellos (2003), não adianta considerar o professor como o vilão ou como a vítima do fracasso escolar porque o mesmo, também, está passando por contradições e incoerências. Diante dessa questão, cabe ao professor desenvolver a autocrítica e (re)contruir suas propostas pedagógicas, derivadas da teoria dialética, onde um dos seus objetivos é a prática social, que torna-se a reflexão sobre o próprio cotidiano. Considerando – em uma breve análise – da carga horária do curso ao qual nos formamos (Pedagogia), é possível perceber que na formação dos profissionais da educação, podemos destacar a importância da didática na boa atuação do professor, entretanto, quando analisamos as cargas horárias dos cursos de licenciatura em faculdades e universidades, como por exemplo, no primeiro e segundo ano do curso de graduação em pedagogia obtemos, Código* Disciplina DED-54-03 DED-55-03 Carga Horária Teórica Prática Semanal Anual Didática I 3 – 3 102 Didática II 3 – 3 102 *Universidade Estadual do Paraná- Campus Paranavaí. Curso de Graduação em Pedagogia, ano letivo de 2014. Totalizando em apenas 204 horas, vemos que o tempo é curto, o que acaba prejudicanto o desenvolvimento e a aprendizagem deste docente. Para Candau (1983 apud PEREIRA, 2002, p. 80) Todo processo de formação de educadores- especialistas e professores- inclui mnecessariamente componetes curriculares orientados para o tratamento sistemático do ‘que fazer’ educativo, da prática pedagógica. Entre eles, a didática ocupa um lugar de destaque. Sendo assim, a ausência da fundamentação teórica e da didática fazem com que esses profissionais ao invés de estimular o trabalho em sala de aula, _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 59 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ com a elaboração de um bom plano de aula, dinâmicas, metodologias e tecnologias adequadas e com organização intencional, acabam permitindo que as transformações do dia-a-dia, interfiram na sua identidade e próprio valor perante a sociedade. Pois, como afirma Azzi (1999, p.56) “[…] qualificado é o professor que possui conhecimento e o saber pedagógico e tem compromisso com o processo de ensino-aprendizagem.”. Mas o que de fato ocorre é o desinteresse pela profissao ou se tornam adeptos ao sistema educacional com aquela famosa desculpa, que podemos ouvir ou presenciar em algumas escolas, de que a culpa é do Estado, é do Sistema. Portanto, de acordo com Azzi (1999, p. 40), o professor enquanto mediador do processo de ensino- aprendizagem e com consciência de que “[…] o trabalho docente contrói-se e transforma-se no cotidiano da vida social; como prática, visa à transformação de uma realidade, a partir das necessidades práticas do homem social”, a sua identidade profissional irá se basear na dedicação em encontrar soluções para os desafios identificados nas intâncias colegiadas, em especial, para com seus alunos. Por isso, há necessidade da formação continuada dos profissionais da educação em favor da formação emancipatória do aluno, formação na qual proporciona ao docente/discente a ampliação intelectual. Segundo Santos (apud RASGO,1999), na década de 60 a formação dos docentes, não visavam tanto a formação do profissional em si, mas, o processo de ensino e os produtos de aprendizagem ou seja, buscando apenas identificar as maneiras de ensinar e como desenvolver este ensino; quais metodologias utilizar para que haja o desenvolvimento do aluno. Como afirma Santos (2002, p. 91) […] a educação vai cedendo terreno a interpretações que colocam a ação dos sujeitos nas interações sociais como elemento fundamental para a compreensão dos fenômenos sociais […], relacionada à transformações econômicas, sociais e culturais vivenciadas pela sociedade nestas últimas décadas […] A escola passa a ser vista como organização complexa, onde problemas políticos, sociais e culturais são redesenhados por suas rotinas, seus rituais e tradições. No campo da formação docente, busca-se conhecer como o professor é formado nas e pelas intituições escolares, seja na sua formação inicial, ou antes dela, seja pela sua prática profissional. […] compreender como sua história de vida e sua trajetória profissional se cruzam, modelando seus comportamentos, suas perspectivas profissionais, sua visão e _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 60 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ concepções sobre a educação, o processo de ensino, a organização do trabalho escolar, as políticas que orientam direta ou indiretamente sua prática pedagógica. Pensando por este ângulo, podemos observar que o processo de formação dos profissionais da educação enfrentam inúmeras situações que consequentemente vão além do processo de ensino-aprendizagem, ou seja, da sua prática docente. Com a organização complexa do âmbito escolar, muitos profissionais acabam por desenvolver suas tarefas de maneira mecanizada, segundo Santos(2002, p.93), a rotina estabelecida e a repetição, faz com que estes profissionais não reflitam mais sobre a sua prática. Por isso, tem- se a necessidade de uma formação continuada capaz de buscar orientar este profissional para uma atuação mais significativa no processo de escolarização do aluno. Uma vez que, na graduação, a estrutura do currículo dos cursos de formação inicial, estão organizados por disciplinas e que normalmente são trabalhados com conteúdos que visam o ensino, a escola e o sujeito enquanto aluno, como diz Santos (2002, p. 94). O papel da formação continuada dos profissionais da educação, vai além da prática pedagógica e passa muitas vezes a ser do próprio interesse deste profissional, como por exemplo, a especialização latu sensu e strictu sensu, que são ofertadas em diversas universidades e intitutos especificados, autorizados e reconhecidos pelo MEC. No Plano Nacional da Educação (2011 a 2020), nos deparamos com várias metas e estratégias que visam a formação continuada dos profissionais da educação e a implementação das intituições escolares, tais como: Meta 13: Elevar a qualidade da educação superior pela ampliação da atuação de mestres e doutores nas instituições de educação superior para 75%, no mínimo, do corpo docente em efetivo exercício, sendo, do total, 35% doutores. […]. 13.4) Induzir a melhoria da qualidade dos cursos de pedagogia e licenciaturas, por meio da aplicação de instrumento próprio de avaliação aprovado pela CONAES, de modo a permitir aos graduandos a aquisição das competências necessárias a conduzir o processo de aprendizagem de seus futuros alunos, combinando formação geral e prática didática. 13.5) Elevar o padrão de qualidade das universidades, direcionando sua atividade de modo que realizem, _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 61 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ efetivamente, pesquisa institucionalizada, na forma de programas de pós-graduação stricto sensu.[…] 13.7) Fomentar a formação de consórcios entre universidades públicas de educação superior com vistas a potencializar a atuação regional, inclusive por meio de plano de desenvolvimento institucional integrado, assegurando maior visibilidade nacional e internacional às atividades de ensino, pesquisa e extensão. Meta 14: Elevar gradualmente o número de matrículas na pós-graduação stricto sensu de modo a atingir a titulação anual de 60 mil mestres e 25 mil doutores.[…].14.1) Expandir o financiamento da pós-graduação stricto sensu por meio das agências oficiais de fomento. […]15.7) Promover a reforma curricular dos cursos de licenciatura de forma a assegurar o foco no aprendizado do estudante, dividindo a carga horária em formação geral, formação na área do saber e didática específica.[…]. Meta 16: Formar 50% dos professores da educação básica em nível de pós-graduação lato e stricto sensu, garantir a todos formação continuada em sua área de atuação.[…] Projeto de Lei do Plano Nacional de Educação (PNE 2011/2020) Como podemos observar nas metas e estratégias estipuladas no PNE, à formação continuada dos profissionais da educação tem como garantia e objetivos criados pelo Estado para a melhoria da qualidade da educação brasileira, buscando então, se igualar aos países desenvolvidos. Uma vez que, terão dez anos para serem realmente cumpridas, portanto a educação escolar, a valorização do trabalho do professor, vai além da espera pelas reações do Estado, deve partir de cada profissional que realmente tem o interesse de ampliação do próprio conhecimento, que faz parte do processo da humanização do próprio trabalho docente, que tende a superar a reprodução da cultura dominante, como afirma Facci apud (MAZZEU, 1998 p. 62): A humanização do trabalho docente implica uma ampliação da autonomia do professor e, ao mesmo tempo, uma apropriação, por ele, de conhecimentos, habilidades e valores fundamentais da cultura existente, bem como de conhecimentos necessários para assegurar aos alunos a apropriação ativa e criativa dessa cultura. Entretanto, como sabemos que essa profissão é humanista e que atualmente os valores, a busca pelo significado do eu, do seu espaço na sociedade é grande, devemos ter sempre a consciência de que os problemas, as _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 62 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ faltas de atitudes, os desafios da convivência, os relacionamentos interpessoais, a ausência da didática e metodologia adequada e as transformações constantes que o ensino sofre, influencia muito na formação continuada dos profissionais da educação. Cabendo não somente ao Estado fornecer mas, aos profissionais que querem fazer a diferença, buscar fazer valer seus direitos e deveres estabelecidos por lei, para que se possa ter uma educação com mais qualidade. 3. CONCLUSÃO Concluimos parcialmente a pesquisa relacionada ao artigo final a ser apresentado para a banca, como requisito obrigatório para o término da graduação em pedagogia. Porém, sem a intenção de por um fim no assunto, mas de proporcionar ao leitor uma nova reflexão acerca do que esta sendo pesquisado, estamos objetivando analisar de forma ampla a formação continuada dos profissionais da educação, desde a desvalorização realizada pelo próprio profissional, até em seus diversos aspectos tais como: síndromes e ausência de didática metodologia para a realização de um bom trabalho. Acreditando ainda que toda a formação continuada é um diferencial para a vida pessoal e mais ainda para a profissional, pois, quando cada um assume o seu papel e busca por meio da reflexão, do reconhecimento e da autovalorização compreender e ao mesmo tempo proporcionar novos conhecimentos, novas maneiras de melhorar o ensino – aprendizagem, a prática pedagógica se torna mais prazerosa e o processo de mediação passa a ter sentido em todos os aspectos da vida. Vale ressaltar que, de acordo com os estudos, leituras e interpretações dos textos já realizados, o tema “Formação de Professores” ao mesmo tempo em que se aparece de maneira simples e objetiva, se torna complexo, ao aprofundarmos mais as leituras podemos identificar inúmeros fatores que influenciam diretamente e indiretamente no processo de formação dos profissionais da educação, fatores dos quais, serão relatados oficialmente na conclusão do artigo. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 63 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ REFERÊNCIAS AZZI, S. Trabalho docente: autonomia didática e construção do saber pedagógico. In: PIMENTA, S.G. (Org). Saberes pedagógicos e atividade docente. São Paulo: Cortez, 1999.p. 35-60. BRASIL. Câmara dos Deputados. Projeto de Lei do Plano Nacional de Educação (PNE 2011/2020). FACCI, Marilda Golçalves Dias. Valorização ou esvaziamento do professor?: um estudo crítico-comparativo da teoria do professor reflexivo, do construtivismo e da psicologia vigotskiana. Campinas, Sp: Autores Associados,2004. MARQUES, M.O, A formação do profissional da educação. Ijuí: UNIJUI, 2000. PEREIRA, C.R.D, A formação de competências e habilidades pelos professores. In: BERBEL, N. A. N.; GOMES, D.F.M. (Orgs). Exercitando a reflexão com conversas de professores. Reflexões de 2002. 1. ed. Londrina, Pr: Abdr, 2005.p.79. VARELLA, D. SINDROME DE BURNOUT. S\d. Disponível em: <http://drauziovarella.com.br/letras/b/sindrome-de-burnout/>. Acesso em: 20 abr. 2014. VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Para onde vai o professor ? Resgate do professor como sujeito de transformação. São Paulo: Libertad, 2003. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 64 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ A IMPORTÂNCIA DA AFETIVIDADE NO CONTEXTO EDUCACIONAL 17 AMARAL, Larissa Oliveira18 SILVA, Rosangela Trabuco Malvestio da19 Resumo: O presente trabalho tem por objetivo abordar o processo de ensino e aprendizagem na Educação Infantil concomitantemente com a afetividade. A metodologia utilizada é o estudo bibliográfico, pautado em Wallon (2007), Vygotsky (2003), Blagonadezhina (1969), Luria (1979), Oliveira (1992), Rossini (2001), dentre outros, realizando também uma pesquisa de campo em duas escolas de educação infantil do município de Paranavaí (uma pública e uma privada). No primeiro momento discorre sobre a definição de afetividade destacando a importância da compreensão da mesma pelos professores. Na sequência focaliza o papel do professor neste contexto recorrendo às ideias dos autores acima citados. Por fim realiza uma pesquisa de campo onde o intuito foi verificar a vivência e o entendimento dos professores da Educação Infantil sobre o referencial estudado. Baseando-se nas teorias crítico-social de Wallon (2007) e histórico-cultural de Vygotsky (1991), entende-se que a interação professor e aluno pode proporcionar vínculo afetivo que auxilia no desenvolvimento e na aprendizagem do aluno. Ao final deste estudo, entende-se que a afetividade no contexto educacional é de grande importância, pois a criança passa por uma série de mudanças em sua trajetória educativa, cabendo ao professor valorizar os educandos, respeitando-os e compreendendo suas particularidades de forma afetiva para ganhar sua confiança. Palavras-chave: Educação Infantil. Afetividade. Aprendizagem. Professor. 1. INTRODUÇÃO O estudo realizado propõe-se a investigar a relação existente entre a afetividade no processo de ensino e aprendizagem na Educação Infantil. O interesse sobre o tema surgiu via indagações realizadas por pesquisadores e profissionais da área da educação, sendo estes envolvidos diretamente ou indiretamente no espaço escolar. Por meio de estudos realizados em Wallon 17 Trabalho de Conclusão do Curso de Pedagogia, apresentado em 2014 à banca examinadora constituída pelos professores: Ainda não definido. ² Acadêmica do 4º ano de Pedagogia da UNESPAR/FAFIPA. ³ Professora orientadora Ms. em Educação e Membro do Colegiado do Curso de Pedagogia da UNESPAR Campus de Paranavaí. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 65 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ (2007) e Vygotsky (2003), percebe-se o quanto é importante compreender a afetividade no âmbito escolar, destacando o papel do educador neste contexto, bem como a necessidade de se lidar com situações de conflito, de agressividade, ou mesmo que necessitem de maior atenção do professor, promovendo o ensino e a aprendizagem de seus alunos. Diante do exposto entende-se que os educadores necessitam de um referencial teórico que possibilite a compreensão deste assunto, pois o professor não deve se limitar a transmitir conhecimentos científicos em sala de aula – estes são fundamentais, mas deve-se também preocupar-se com outras questões, e a afetividade é uma delas. Desta forma, esta pesquisa de cunho bilbiográfico e pesquisa de campo têm como objetivo verificar a relação existente entre a afetividade e a aprendizagem do aluno na Educação Infantil. Pautado em autores Wallon (2007), Vygotsky (2003), Blagonadezhina (1969), Luria (1979), Oliveira (1992), dentre outros. No primeiro momento discorre-se sobre a definição de afetividade, destacando a importância de compreendê-la no âmbito escolar, fazendo a diferenciação entre afeto e emoção, relacionando a aprendizagem dos alunos. Segundo Wallon (2007), a afetividade é primordial no processo de aprendizagem do ser humano, estando presente em todo aspecto da vida, influenciando no crescimento cognitivo do aluno. Na segunda seção efetua-se análise do contexto dos centros de educação infantil no século XXI, onde a finalidade é discutir o cuidar e o educar, já que muitos veem as creches apenas com o papel de cuidar, fazendo a transmissão do papel da família para o educador. Diante dos estudos de Merisse (1997), entendese que a aprendizagem acontece concomitantemente ao cuidado dos alunos. Sendo assim uma necessidade atual, pois a família está cada dia mais atarefada, destinando os seus filhos aos cuidados dos Centros de Educação Infantil. No terceiro momento o papel do professor em relação à afetividade e como mediador da aprendizagem, buscando entender como trabalhar de forma diferenciada com aqueles que precisam de seu acompanhamento constitui o centro de discussão. Por fim uma pesquisa de campo em dois Centros de _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 66 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Educação Infantil da cidade de Paranavaí (uma pública e uma privada), onde o intuito foi verificar a vivência e o entendimento dos professores da Educação Infantil sobre o referencial estudado, confrontando a teoria e a prática. Segundo Behrens (2005), a escola privilegiou o pensamento dos alunos, os conteúdos científicos, desconsiderando a emoção. O importante eram as atividades produtivas, pois o que se buscava é a eficiência e o bom aproveitamento do tempo em sala de aula – ou seja: quanto mais atividades escritas melhor. Ocorre que na atualidade, autores como Wallon (2007) e Vygotsky (2003), iniciaram pesquisas relacionadas à afetividade, ligando a mesma à aprendizagem dos alunos. Os conceitos científicos continuam sendo a base da educação, mas a pedagogia aliada à afetividade traz reflexões sobre a relação professor-aluno, aluno-aluno, pais-aluno, bem como a influência deste vínculo afetivo na educação. 2. EMOÇÃO X AFETIVIDADE A afetividade faz parte da vida dos seres humanos. Desde que nasce a criança é cercada de laços afetivos – mãe, pai, avós, primos. Segundo os autores da teoria Histórico-Cultural, tais como Vygotsky (2003), Blagonadezhina (1969), Luria (1979), a afetividade possibilitou aos ancestrais humanos que se constituíssem enquanto grupo e se fortalecessem. Trabalhando em grupo, em coletividade, os seres humanos foram se constituindo quanto às capacidades psíquicas humanas e afetivas. Como exemplo, pode-se citar o afeto e o cuidado que o filho recebe da mãe, que possibilitará a base para conviver com as demais pessoas, enquanto um animal de sangue frio, como a cobra e o jacaré, por exemplo, não tem esse afeto e esse cuidado com sua cria. Estes colocam os ovos e os filhotes nascem e se criam sozinhos. A mãe não tem a preocupação com os filhotes como os mamíferos, por exemplo – o cachorro e o macaco que demonstram vínculos com suas crias. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 67 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Mas existe diferença entre afetividade e emoção? São dois conceitos únicos ou diferentes? Conforme Tassoni (s/d) existe uma grande divergência entre os autores sobre a conceituação destes termos, onde são usados como sinônimos. Para melhor compreensão sobre o assunto, este estudo se fundamenta em Wallon (2007) e Vygotsky (2003), pois estes autores discutem a afetividade da criança – do nascimento até que se tornem adultas, relacionando os processos de ensino e aprendizagem neste contexto. Wallon (2007) elabora sua teoria ressaltando sua visão em relação à construção da afetividade em um processo cognitivo do individuo. Segundo este autor, a afetividade é primordial no processo de aprendizagem do ser humano, estando presente em todos os aspectos da vida, influenciando no crescimento cognitivo do aluno. Distingue a importância de se compreender emoção, sentimento, paixão e afetividade. Segundo Wallon (2007), as emoções são revelações subjetivas, entretanto com componente orgânico, já que desta forma as crianças choram e expressam o que querem, mostrando que há algo incomodando, sendo este fome, ou dor, algum tipo de desconforto. Para Vygotsky (1991) e os autores da teoria Histórico-cultural, a afetividade é fruto das relações sociais entre os seres humanos. Neste sentido, Vygotsky (1991) destaca a importância do outro na formação do psiquismo humano, na construção do sujeito e em sua forma de pensar e agir. Davidoff (2001) afirma que a emoção é a primeira manifestação afetiva do bebê, simplificando que ao nascer o individuo é puramente emoção, com isto vem o choro, espasmos, sorriso, entre outros. Já as emoções são expressões afetivas, ou seja, vem após o afeto, sendo estas de reações intensas e breves do organismo do ser humano. Exemplo de emoções: choro (mal estar afetivo) e riso (bem estar afetivo), tais mexem com batimentos cardíacos acelerados, tremores, lágrimas, especificamente são transmitidas através de expressões faciais. Conceitualmente, segundo Oliveira (1992), a afetividade deve ser diferenciada de sentimentos, da paixão e da emoção, já que diz respeito ao bem estar ou mal estar do individuo. Com isso afirma que as manifestações afetivas _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 68 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ aparecem antes mesmo que as emoções. Segundo Silveira (2000), a relação de pais e filhos determina um vínculo afetivo desde o princípio, pois há um elo entre eles de sentimento paterno e filial. Desta forma a afetividade aparece antes mesmo que as emoções, já que ao nascer o bebê já possui um vinculo afetivo com a pessoa que o cerca. Silveira (2000) também afirma que as ações emocionais do bebê que aparecem após seu nascimento são de satisfação e insatisfação, com seu choro, seus reflexos, até mesmo de medo com algumas alterações no mundo externo. Após a compreensão sobre a afetividade e emoções que ocorrem no desenvolvimento do ser humano, cabe ressaltar a importância de compreender o papel dos centros de educação infantil e do profissional na vida escolar do aluno e como intermediar o ensino e aprendizagem com as crianças. Segundo Tassoni (s/d) toda aprendizagem está relacionada à afetividade, pois é realizada socialmente, criando vínculo com seus alunos, já que a aprendizagem não acontece somente de forma cognitiva, mas sim com a base afetiva que encaminha essas relações. Desta forma a afetividade está imbricada à aprendizagem, portanto devemos compreender o contexto dos centros de educação infantil, a fim de ressaltar essa importância da afetividade no âmbito escolar. 3. CONTEXTO DOS CENTROS DE EDUCAÇÃO INFANTIL Discussões sobre a aprendizagem das crianças em instituições de ensino não são novas. Vygotsky (2003) destaca o papel do professor como mediador, fazendo a relação recíproca do conhecimento que o aluno possui com o conteúdo que deseja ensinar. Já a escola é a instituição criada para ensinar conteúdos científicos, e em cada época há um objetivo a ser alcançado, determinado pela sociedade na qual se insere, modificando padrões que diferem das demais épocas, ocorrendo aprendizado de geração em geração, permitindo a valorização _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 69 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ da cultura humana. Esta nem sempre valorizou atividades que possibilitassem o desenvolvimento das emoções, pois eram consideradas perda de tempo (BEHERENS, 2005). Segundo Merisse (1997), no século XVII, com a Revolução Francesa, no ápice da necessidade de haver um lugar para cuidar das crianças, para que suas mães pudessem trabalhar devido à demanda de mão de obras baratas no setor industrial, surgiram às creches. O ambiente se caracterizava por cuidados básicos, não tendo visão de aprendizagem àqueles que ali estavam inseridos. Atualmente as instituições de ensino voltadas à Educação Infantil são conhecidas como Centros de Educação Infantil, que segundo a Lei de Diretrizes e Bases 9.394/96 “[...]Seção ll tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança de até 5 (cinco) anos, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade” (BRASIL, 1996). Ocorre que, no decorrer do processo de ensino e aprendizagem muitas vezes o Centro de Educação Infantil busca suprir questões tanto familiares quanto escolares, devendo cuidar da higienização dos alunos, ensinado limites, respeito com o próximo, dentre outros. [...] a creche tem geralmente sido identificada como uma instância destinada a suprir a lacuna que ressalta da incapacidade da família de cumprir sua função. Ressalta-se, assim, na história dessa entidade uma forte conotação assistencialista que insiste em manter-se presente até os dias de hoje(MERISSE, 1997, p.25). Com a complexidade da vida moderna, o professor acaba tendo a responsabilidade que antes eram dos pais e responsáveis, tendo seu papel como educador e disciplinador. A família conta com a ajuda da escola, do professor na educação dos seus filhos. Atualmente os pais saem para trabalhar, depositando seus filhos aos cuidados dos Centros de Educação Infantil, deixando a responsabilidade do cuidar e de ensinar aos professores – a criança vive mais tempo dentro do Centro de Educação Infantil do que com os seus pais. Desta forma, destaca-se a necessidade de se oferecer uma escola de qualidade, que _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 70 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ consiga fazer a união entre o cuidar e o educar, pois ao mesmo tempo em que o professor cuida ele educa – de forma consciente. Neste contexto, o professor e a família devem estar em concordância sobre questões de conduta que irá ser trabalhada. Como por exemplo, os limites impostos para a criança ter um bom relacionamento com os demais alunos e familiares, regras a serem seguidas para uma boa convivência. Se o aluno passa a insultar seus amigos em sala de aula com palavras ou atos, o professor deve conversar com a família sobre o problema, para que haja uma parceria e um consenso entre a escola e a família. Desta forma Parolin (2005, p. 53-54) afirma que “A escola, como todos os outros segmentos sociais, precisa fazer a leitura da família, de sua essência e de seu papel social, preocupada com a autoridade patriarcal e a divisão dos papéis”. É de fundamental importância o professor na vida dos alunos, pois esse profissional é o que acompanha sua vida escolar, começando pela Educação Infantil, passando pelos Anos Iniciais e assim por diante. Portanto vale ressaltar que a educação infantil, primeira etapa da educação básica, trabalha com crianças até seis anos de idade, trabalhando seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social. Cabe ao professor, portanto, fazer desse primeiro contato a diferença para enriquecer esse vínculo entre professor e aluno. Aprender, portanto, é uma tarefa complexa e requer autonomia, intencionalidade, maturidade, além de um contexto socioafetivo propenso a essa empreitada. A aprendizagem se dá em uma situação de vínculo tanto entre o aprendiz e seu ensinante como entre o aprendiz e o conhecimento (PAROLIN, 2005, p.57-58) Enquanto a criança está na escola o professor torna-se sua referência mais próxima, é a ele que a criança recorre caso tenha algum problema. Rossini (2001, p. 44) escreve que professor em geral deve possuir qualidades imprescindíveis na educação de uma criança e em contato com a sociedade como “[...] equilíbrio emocional, responsabilidade, caráter, alegria de viver, ética e principalmente gostar de ser professor". Não é apenas o mediador do _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 71 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ conhecimento científico, mas também mediador da criança com a sociedade, com o mundo. Segundo Vygostky (2003), o indivíduo adquire seu desenvolvimento por meio da influência do contexto social, cultural e histórico. Desta forma, por meio das ações o sujeito interage com as demais pessoas aprendendo a cada mediação. Assim, o professor em sala de aula, deve entender que além do ensino dos conteúdos científicos, é importante investigar quando seu aluno demonstra um comportamento desviante daquele do dia a dia. Por exemplo, aquela criança que está sempre calma, e que apresenta uma atitude agressiva com os colegas de uma hora para outra, é motivo de preocupação para o professor, devendo o mesmo investigar o porquê desta reação. O professor sendo o mediador entre seus alunos deve buscar subsídios para suprir algo negativo que a criança esteja vivendo ou praticando dentro do âmbito escolar ou fora dele. Portanto o papel do professor frente ao processo ensino e aprendizagem devem estar interelacionado à afetividade. 4. O PROFESSOR E A AFETIVIDADE De acordo com Vygotsky (2003), o desenvolvimento do individuo ocorre por meio da relação com o outro, pela mediação entre o individual, o social e o cultural. Entende-se que o outro tem importância fundamental no processo de aprendizagem, pois a mediação realizada entre os indivíduos possibilitam formas mais elaboradas de pensamento. Assim, depreende-se a importância da afetividade em sala de aula, onde o professor é o responsável pela mediação da criança com os demais. Por exemplo, aquele aluno que sempre está afastado dos colegas, cabe ao professor resgatar sua atenção, mostrando o quanto é prazeroso participar das atividades em sala, para que este sinta o gosto de estar inserido em um grupo, bem como aproximar os demais do mesmo. Assim por _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 72 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ meio destas ações, a valorização da afetividade em âmbito escolar vai propiciar a integração e aprendizagem dos alunos. Há momentos em que os alunos demonstram agressividade e indisciplina, pois a criança em diversas situações traz consigo lembranças do seu dia a dia, algo que presenciou em alguma situação sendo esta boa ou ruim. “[...] as crianças devem ter oportunidade de desenvolver sua afetividade” (ROSSINI, 2001, p. 15). Desta forma colocará exposto algo que não está lhe fazendo bem, até mesmo para que o professor saiba intermediar as alterações que estão acontecendo em laços afetivos, sendo esses com seus pais ou com seus amigos de classe. Cabe ao professor, portanto o estímulo para que haja esse desenvolvimento, sendo afetivo e carinhoso com seus alunos, desenvolvendo assim um incentivo para que a criança exponha suas emoções dentro de sala de aula. Rossini (2001) ressalta que o aprender deve estar ligado ao ato afetivo, valorizando o prazer no processo de ensino e aprendizagem. Mas vale destacar que nem sempre a aprendizagem está ligada ao prazer, já que faz uma transição do conhecimento do educando com o conhecimento científico. No decorrer do processo pode-se encontrar dificuldades, desta forma a aprendizagem requer do aluno a atenção, a concentração e a responsabilidade sobre aquilo que lhe é ensinado. Cabe ao professor, por meio de sua relação com o aluno, tornar estes momentos significativos, pois, o educador deve estar disposto a ensinar utilizando a afetividade, aproximando seus alunos do conteúdo, pois o seu papel é ajudá-lo a adquirir confiança em suas potencialidades. Neste sentido Vygotsky (2003) em seus estudos, destaca a importância do outro em relação a construção de conhecimento, intermediando a construção do próprio sujeito e suas ações. A emoção não é uma ferramenta menos importante que o pensamento. A preocupação do professor não deve se limitar ao fato de que seus alunos pensem profundamente e assimilem a geografia, mas também que a sintam. […] as reações emocionais devem constituir o fundamento do processo educativo. (VYGOTSKY, 2003, p.121). Diante do exposto, entende-se que nas instituições escolares não pode ser diferente, é necessário que o professor leve em conta a afetividade, e as emoções _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 73 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ que o individuo demonstra e transmite. Os professores, segundo Vygotsky (2003), têm como papel primordial a inserção da afetividade em sala de aula, fazendo a diferença na rotina das crianças dentro do ambiente escolar. Quando o professor conhece seus alunos, sua realidade histórica, cultural e social, buscará um ensino que propicie a valorização das qualidades de cada um, possibilitando que os mesmos possam errar sem medo de represálias, pois sabem que o educador neste contexto, é aquele que estabelece um vínculo afetivo em sala de aula, tendo como eixo principal a construção da aprendizagem da criança. A importância do professor para a aprendizagem do aluno, segundo Tassoni (s/d) é de fundamental importância, já que se refere ao contato diariamente. Em sua pesquisa observou o comportamento dos mesmos com as crianças. Da mesma forma darei ênfase a pesquisa de campo na qual terá como ênfase o confronto entre a teoria e prática que estão exercendo no âmbito escolar. 5. CONFRONTANDO A TEORIA COM A PRÁTICA Nesta seção será realizado estudos sobre o papel da equipe pedagógica e professores em relação aqueles alunos que apresentam algum comportamento desviante, se buscam fazer algo, além disso, ou se depositam todo o problema encontrado ao profissional da área da psicologia. Para melhor compreender e discutir a afetividade na Educação Infantil visitamos dois Centros de Educação Infantil no município de Paranavaí, sendo um particular localizada no centro da cidade e o outro é público em um bairro de classe média. A observação foi realizada durante cinco dias em cada instituição com a finalidade de confrontar os estudos teóricos com a prática dos professores dentro de sala de aula. Durante as observações, foram entrevistados oito profissionais do Centro de Educação Infantil, totalizando dezesseis entrevistados. No decorrer da _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 74 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ conversa buscou-se saber: Como os professores lidam com as diversas emoções dos alunos? Como é a relação professor? Existem mudanças de comportamento quando a criança está doente ou com problemas familiares? Qual a importância da parceria família e escola? Há orientações da equipe pedagógica para abordar, diagnosticar e acompanhar essa defasagem da afetividade familiar em sala de aula? A instituição promove palestras para aproximar família e escola? Existe diferença entre emoção e afetividade? Justifique. Desde o inicio do ano letivo, em relação a adaptação com o ambiente, é realizado alguma atividade diferenciada, com os alunos que se sentem inseguros? Enquanto profissional, considera que o cuidar está relacionado ao educar? Você conhece os pressupostos de Vygotsky em relação a afetividade e a mesma é importante na aprendizagem do aluno? Instituição A (particular): Os professores demonstraram muito interesse ao tema debatido, visto que é algo que buscam se aprimorar constantemente para a melhoria de seus educandos. O corpo pedagógico da escola observada realiza orientações com os professores para que adquiram conhecimento sobre esse tema, preparando-os para lidar com esse tipo de situação. O levantamento revelou que a escola, juntamente com os pais, busca soluções quando acontecem estes problemas. Direciona o corpo docente de como relacionar-se com as diversas emoções dos alunos, criando um vínculo entre professor e aluno, já que a afetividade é de extrema importância no contexto educacional. Diante disso, pode-se dizer que sete membros docentes considera que a afetividade é essencial na vida do aluno, uma vez que por meio desta se desenvolve uma aprendizagem mais prazerosa, visto que o professor promove um elo entre cuidar e educar, já que a educação infantil é a primeira etapa da educação básica. No período de adaptação são realizadas atividades diferenciadas no ambiente escolar para que o aluno se adapte ao ambiente escolar, criando vínculo entre professor e aluno, transmitindo segurança e confiança para as crianças, em especial aquelas que choram por falta dos pais. Aqueles alunos que apresentam qualquer dificuldades relacionadas a aprendizagem e afetividade, são encaminhadas para a psicóloga que fornece apoio de como o professor deve lidar com a criança em sala de aula, atende _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 75 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ também a família para conseguir um melhor diagnóstico do porquê está apresentando comportamento diferenciados. Por meio das capacitações são apresentados estudos interligados a Vygotsky (2003), já que o autor ressalta a necessidade da mediação que o professor deve estabelecer com o aluno a fim de atingir uma aprendizagem recíproca. Somente uma educadora desconhece a ênfase que a instituição dá sobre o assunto discutido, visto que a mesma está a pouco tempo na instituição, obtendo dúvidas quanto aos questionários realizados. Instituição B (púbica) percebe-se que a pedagoga da instituição conhece a importância do elo entre família e escola, mas há uma barreira nessa ligação, já que os pais estão muito atarefados, se importando somente com o cuidar do seu filho ao invés de se preocupar com a educação que está sendo transmitida. O centro de educação infantil é visto pelos pais como um depósito de crianças, no qual são deixados seus filhos enquanto trabalham, recebendo cuidados básicos de higienização. A instituição escolar não promove palestras com os pais por ter uma defasagem com a presença dos mesmos, para que tenham base a respeito dessa ligação é realizado um pequeno discurso no inicio do ano letivo, mais especificamente numa reunião que relata o regimento escolar, fazendo um breve levantamento sobre a importância do trabalho em conjunto (família-escola), deixando desejar o mesmo no decorrer do ano letivo. Esse assunto tornou-se superficial, por não haver essa relação no ambiente escolar. Os professores percebem as mudanças de comportamento dos alunos, se preocupando do porque está acontecendo essa transição de mudança repentina, mas quando os pais são comunicados, na maioria das vezes, não comparecem na instituição e nem dá importância em saber o que houve, deixando nas mãos da escola a solução do problema. Desta forma o educador faz um trabalho diferenciado, mas não com o apoio de psicóloga, visto que é muito demorado o atendimento com essa profissional, na qual os pais nem se quer buscam levar seus filhos. É nesse processo que os professores reconhecem a importância da afetividade enquanto mediador do conhecimento, buscando a confiança de seus alunos dentro da sala de aula, para que se sintam seguros no âmbito escolar. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 76 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Entre oito profissionais, somente dois disseram não saber dos pressupostos de Vygotsky (2003) quanto à afetividade e mediação do professor, pois considera importantes as experiências que já tiveram durante sua carreira profissional, fazendo mais de dez anos de atuação na educação infantil. Por meio do levantamento dos dados e com base nas teorias percebe-se que, cabe ao município disponibilizar suporte quanto a inserção de profissionais nessa área, fornecendo-os capacitação, palestras e encontros relacionados ao tema, já que há uma defasagem com a atuação de profissionais que estão a mais tempo atuando na área. 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao final deste estudo pode-se concluir que a afetividade é de extrema importância na educação infantil, vista que esta é a primeira etapa da educação base, e também por ser um dos primeiros contatos com escola e professores. Depreende-se que a mesma é fundamental no processo de ensino e aprendizagem, já que por meio da confiança e segurança passada pelos professores, os alunos conseguirão se entregar aos conteúdos a serem transmitidos e também na relação entre professor-aluno. Na pesquisa de campo constatou-se que alguns profissionais compreendem a importância da mediação do professor na vida educacional do aluno, a fim de criar um vínculo afetivo entre ambos, mas poucos sabem diferenciar afetividade de emoção. De dezoito entrevistados, quinze professores percebem a necessidade de entrelaçar o cuidar e o educar, fazendo com que seus pais trabalhem, deixando-os com esses educadores, buscando qualidade no ensino aprendizagem das crianças. A defasagem, perante a pesquisa de campo, está em relação de criar laços entre família e escolas, visando palestras, cursos e capacitações, com a _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 77 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ finalidade de transmitir em ambos a importância de andar lado, como a equipe pedagógica ao professor e professor-aluno, buscando uma aprendizagem de qualidade aos educandos. Por fim vale ressaltar que o professor deve ser mediador da aprendizagem, na qual dará suporte a criança para o seu desenvolvimento. Portanto para que esses educadores saibam mais, devem ter acesso aos pressupostos de Vygotsky (2003) e Wallon (2007), obtendo mais conhecimento sobre o que lhe é proposto profissionalmente, para que se tenha um ensino de qualidade. REFERÊNCIAS ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da educação. São Paulo: Moderna, 1989. BEHRENS, M. A. O Paradigma emergente e a prática pedagógica. Petrópolis, RJ: Vozes, 2005. BLAGONADEZHINA, L. V. (1969). Las emociones y los sentimientos. In: SMIRNOV, A. A.; LEONTIEV, A. N.; RUBINSHTEIN, S. L.e TIEPLOV, B. M. Psicologia. Trad. Florencio Villa Landa. 3. ed. México: Editorial Grijalbo, p. 355381. BRASIL, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. LEI Nº 9.394, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1996. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm>. Acessado em: 25 de jun. 2014. DAVIDOFF, Linda L. Introdução à psicologia. 3.ed. São Paulo: Pearson Makron Book, 2011. GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 2. ed. 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Série práticas educativas. Curitiba: Positivo, 2005. ROSSINI, Maria Augusta Sanches, Pedagogia afetiva. Maria Augusta Sanches Rossini. -10ªed. Petrópolis, RJ: VOZES, 2008. SILVEIRA, A. P. I. Acerca da formação e funções psicológicas: a cognição e o sentimento. Maringá, 2000. (dissertação) Texto complementar nº7. TASSONI, E. C. M. (s/d) Afetividade e a aprendizagem: a relação professor e aluno. Pesquisa realizada sob orientação na Faculdade de Educação UNICAMP. TRIVIÑOS. A. N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987. VYGOTSKY, Lev Sermenovich. Pensamento e linguagem. 3. Ed. São Paulo: Martins Fontes, 1991. VYGOTSKY, L. S. Psicologia pedagógica. Porto Alegre: Artmed, 2003. WALLON. Henri. A evolução psicológica da criança. Henri Wallon. São Paulo. Martins Fontes, 2007. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 79 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ A IMPORTÂNCIA DA CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL20 SOUZA, Jamile dos Santos Gonçalves de 21 SANTOS, Gersonita Elpidio dos22 Resumo: O presente trabalho aborda como a contação de histórias pode mostrar-se muito relevante, prestando múltiplas contribuições ao processo de ensino-aprendizagem. A contação de histórias poderá ser uma importante ferramenta para estabelecer os primeiros contatos que dos alunos com a literatura e auxiliar os docentes a correlacionarem o conteúdo previsto para o ano letivo de forma agradável e prazerosa. O principal objetivo centra-se em compreender de que modo esta prática pedagógica citada presta auxílio ao cotidiano docente. Para tanto, conceitua-se a prática de contar histórias; explana-se o conceito piagetiano de estágios de desenvolvimento sensóriomotor e pré-operatório; aborda-se a influência da contação de histórias sobre o desenvolvimento das habilidades necessárias à socialização e a aprendizagem e exploram-se conhecimentos a respeito das possibilidades de utilização da contação de histórias para a fixação dos conteúdos trabalhados em sala de aula. Palavras-chave: Educação Infantil. Contação de histórias. Aprendizagem. 1.INTRODUÇÃO A tecnologia está cada vez mais presente na sociedade, avançando a passos gigantescos. Talvez por isso seja tão difícil ao professor desenvolver no aluno o gosto pela leitura e o desejo de ler e trocar algo tecnológico por um livro . Isso é possível, desde que seja despertado o interesse pela leitura, ainda na primeira infância onde os alunos têm o primeiro contato com a leitura e escrita. Sobre o assunto, Reyes (2013) destaca: 20 Trabalho de Conclusão de Curso - Pedagogia. Acadêmica do 4º ano de Pedagogia da UNESPAR- Campus Paranavaí-PR 22 Professora Orientadora Ms em Educação e Membro do Colegiado do Curso de Letras da UNESPAR-Campus de Paranavaí-PR 21 _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 80 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Ler e escrever de múltiplas formas (pintando, brincando de fazer de conta,ouvindo, decifrando e inventando histórias e fazendo rabiscos) tem sido até então as duas faces da mesma moeda ,e as aventuras pelo mundo simbolico são colocados em marcha antes do ingresso na alfabetização formal. (REYES, 2013, p.72) Considerando algumas das particularidades do processo de ensinoaprendizagem na educação infantil, como, mais especificamente, o fato de que os alunos que participam desta etapa ainda não estão em sua grande maioria plenamente aptos a leitura autônoma, a contação de histórias surge como uma importante ferramenta para estabelecer os primeiros contatos que estes alunos terão com a leitura e a escrita. Portanto, busca-se compreender de que forma esta prática contribui e em quais aspectos da aprendizagem das etapas educacionais ela influencia. Para que seja possível, o principal objetivo proposto, consistirá na prática de contar histórias, sua influência sobre a aquisição de habilidades necessárias para que a criança aprenda adequadamente e quais as possibilidades de utilização da mesma para auxiliar na fixação dos conteúdos ensinados. De acordo com Coelho (2000, p.16), “(...) a escola é, hoje, o espaço privilegiado, em que deverão ser lançadas as bases para a formação do indivíduo. E nesse espaço, privilegiamos os estudos literários, pois, de maneira mais abrangente do que quaisquer outros, eles estimulam o exercício da mente, a percepção do real em suas múltiplas significações; a consciência do eu em relação ao outro; a leitura do mundo em seus vários níveis e, principalmente, dinamizam o estudo e conhecimento da língua, da expressão verbal significativa e consciente.” (COELHO, 2000, p. 16). O presente trabalho baseia-se em pesquisa bibliográfica de caráter exploratório, destinando-se a preencher os requisitos de avaliação da disciplina, além de promover um aprofundamento a respeito da temática abordada. 2. CONCEITOS PIAGETIANOS DOS ESTÁGIOS DE DESENVOLVIMENTO SENSÓRIO – MOTOR E PRÉ-OPERATÓRIO. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 81 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Como a criança irá socializar-se de acordo com o estágio de desenvolvimento no qual se encontra, e como o foco desta abordagem do tema está sob a educação infantil, cabe uma breve abordagem enfatizando este aspecto. Adotando como base a concepção piagetiana, dentre as diversas fases do desenvolvimento, interessam neste momento os estágios sensório-motor (compreendido dos 0 aos 2 anos) e o pré-operatório (dos 2 aos 7 anos de idade). No que se refere ao estágio sensório-motor, poderá ser conceituado como o período de formação de sua percepção sensorial, descobrindo o mundo a sua volta através das sensações de seu corpo. Segundo Piaget apud Cavicchia (2014, p. 4), “O período sensório-motor é de fundamental importância para o desenvolvimento cognitivo. Suas realizações formam a base de todos os processos cognitivos do indivíduo. Os esquemas sensório-motores são as primeiras formas de pensamento e expressão; são padrões de comportamento que podem ser aplicados a diferentes objetos em diferentes contextos. A evolução cognitiva da criança nesse período pode ser descrita em seis sub-estágios nos quais estabelecem-se as bases para a construção das principais categorias do conhecimento que possibilitam ao ser humano organizar a sua experiência na construção do mundo: objeto, espaço, causalidade e tempo.” (CAVICCHIA, 2014, p. 4). Quanto ao estágio pré-operatório é a partir dessa fase que a criança começa a estabelecer relações com o abstrato: o amigo imaginário, realiza aventuras em seu mundo imaginário onde tudo é possível, isto é, o mundo do “faz de conta”, não limitando suas descobertas apenas por aquilo que é possível constatar por meio dos sentidos (tato, olfato, audição, visão ou paladar). Acrescenta ainda Piaget apud Cavicchia (2014, p. 10), “O período pré-operatório realiza a transição entre a inteligência propriamente sensório-motora e a inteligência representativa. Essa passagem não ocorre através de mutação brusca, mas de transformações lentas e sucessivas. Ao atingir o pensamento _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 82 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ representativo a criança precisa reconstruir o objeto, o tempo, o espaço, as categorias lógicas de classes e relações nesse novo plano da representação.” (CAVICCHIA, 2014, p. 10). Desta forma, considerando o raciocínio, dentre as múltiplas atividades indicadas para a faixa etária atendida na educação infantil, a contação de histórias é uma das que se mostra mais vantajosa, quando considerada a grande quantidade de conceitos abstratos que podem ser trabalhados ao se contar uma história, tais como:mobilidade, surpresa, do interesse em face das situações ou desfechos imprevisíveis, e tantos outros benefícios de uma história bem contada. Reyes (2013,p.67) destaca: Do mesmo modo, no registro oral as vozes interpretam as convenções da linguagem escrita ,mediante pausas ,reflexões ,tons interrogativos ou exclamativos ,a criança vai se aproximando dessas convenções surpreendem, assustam ou matizam e como reproduzem as intenções e a musicalidade das vozes humanas.(REYES, 2013, p.67) No entanto o professor deve usar recursos diferentes para que os alunos possam ficar ligados na história e a mesma fique atraente e interessante .o professor deve ser criativo usar fantoches ,desenhos ,gravuras ,o próprio livro ,pois desta forma a história fica mais interessante e pode chamar mais a atenção das crianças, aguçando-lhes o imaginário O educador poderá mudar a voz ,usar roupas diferentes, dessa forma pode enriquecer ainda mais a narrativa .Segundo Reyes (2013): Os relatos contados pelas vozes adultas permitem que as crianças entrem em contato com uma língua diferente da fala do imediatismo e essa experiência acaba sendo fundamental tanto pra nutrir o pensamento e dotá-lo de estruturas invisíveis que dão coesão à sua própria narrativa. (REYES, 2013, p.67) 3. AÇÕES EDUCATIVAS DAS HISTÓRIAS INFANTIS _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 83 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Desde os primórdios da humanidade, segundo Coelho (1999), os seres humanos contam histórias. Sejam quais forem as necessidades do contador: perpetuar na memória dos ouvintes os grandes feitos de seus heróis, ou mesmo, por meio das metáforas utilizadas durante a narração, transmitir importantes conhecimentos para a vida dos mesmos. Segundo a mesma autora, também é possível constatar que qualquer pessoa em um momento indefinido de sua existência já foi ouvinte ou contador de histórias, reproduzindo os relatos que lhe foram transmitidos, garantindo desta maneira que conhecimentos ou valores essenciais fossem passados de geração em geração como já ocorre desde os tempos mais distantes da história humana. Assim, no que se refere às motivações dessa necessidade do ser humano de realizar a contação de histórias, destaca Coelho (1992) que: “Há quem conte histórias para enfatizar mensagens, transmitir conhecimentos, disciplinar, até fazer uma espécie de chantagem - se ficarem quietos, conto uma história, se isso, ¨se aquilo...¨quando o inverso que funciona. A história aquieta, serena, prende a atenção, informa, socializa, educa.” (COELHO, 1992, p. 12). Pelo exposto, narrar histórias amplia a bagagem de conhecimentos e experiências das crianças, despertando-lhes a criatividade, desenvolvendo habilidades, em relação à atenção, percepção, sensação , imaginação,etc. A grande maioria das pessoas já escutou algum tipo de história, fictícia ou não. De acordo com Dohme (2000, p. 5) as histórias representam “(...) um ‘Abrate sésamo’ para o imaginário, onde a realidade e a fantasia se sobrepõem”. Torna-se possível, por meio da contação de histórias, a criação de diversas oportunidades para que um indivíduo possa se desenvolver cognitiva e afetivamente, bem como aperfeiçoar-,se por meio desta referida prática a sua expressão oral e escrita. No que se refere mais especificamente a educação infantil, de acordo com BRASIL (1998): _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 84 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ “É importante que o professor saiba, que, ao ler uma história para as crianças, está trabalhando não só a leitura, mas também, a fala, a escuta, e a escrita; ou, quando organiza uma atividade de percurso [...], que está trabalhando tanto a percepção do espaço, como o equilíbrio e a coordenação da criança. Esses conhecimentos ajudam o professor a dirigir sua ação de forma mais consciente, ampliando as suas possibilidades de trabalho.” (BRASIL, 1998, p. 53). Assim, utilizando-se da contação de histórias infantis como recurso pedagógico, é possível dar à criança a oportunidade de tomar posicionamentos sobre questões do cotidiano sem as pressões impostas pela realidade, podendo ajudá-la, de forma lúdica, a entender as regras do mundo que a cerca e a desenvolver características indispensáveis para a socialização com os grupos que participará ao longo de sua vida. Contudo passei a me perguntar qual a importância da literatura na educação infantil com algumas leituras feitas sobre o assunto abordado ,pude concluir que alunos que têm contato com o mundo da leitura ,tendem a ter um vocabulário mais amplo e conseguem desenvolver a criatividade ,a percepção visual ,a concentração e a socialização . Reyes (2013) destaca: [...]é impressionante quando se descobre como as narrativas das crianças habitualmente expostas as histórias se diferenciam das outras a quem não se contam e nem leem histórias...de fato as crianças dessa idade e especialmente as que crescem entre livros e histórias costumam fazer perguntas sobre aquela “formiguinhas” negras dispostas nas linhas escritas dos livros( REYES, 2013, p.67) Crianças que não são estimuladas a ler desde a primeira infância por pais e educadores poderão enfrentar, não necessariamente, dificuldades de leituras, possíveis confusões de escrita, troca de palavras, troca de letras ,vocabulário pobre, falta de criatividade, entre outras. As palavras faladas e lidas às crianças têm um poder fenomenal ,podem curar feridas e abrir caminhos ,não só os professores têm esse papel ,os pais devem participar desse processo de aprendizagem ,oferecendo os livros que são _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 85 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ espelhos para olhar e ser olhados ,para tocar ,medir e explorar um mundo que se amplia a cada dia. Destaca, Reyes (2013) A história humana parece demonstrar desde o começo que “não só de pão vive o homem”, que além de sermos nutridos e atendidos no plano fisiológicos, precisamos de palavras de afeto de que são portadoras pra sobreviver a literatura ,esse texto a tantas vozes que abriga ,expressa e recolhe nossa sede de encantamento ,reúne os rastros da ancestral fascinação pelo poder das palavras que vieram antes e também por nós como em relevo para os recém-chegados” . Reyes(2013,p.25) Há diversas formas de se contar histórias. Nem sempre a história é narrada, poderá ser encenada, como já dissemos, com utilização do teatro infantil, teatro de fantoches, teatro de marionetes, etc. Poderá também, ser filmada, lida ou declamada, sugerida (história desenhada), sem legenda (história muda), com interferências de personagens, etc. Mas, recomenda o grande mestre Malba Tahan (1961,p.16):”Deveremos ter o cuidado no uso da linguagem, utilizando palavras simples, corretas e inteligíveis, de acordo com o nível de aprendizagem dos alunos. E, o mais importante, deverá ser apresentada como um jogo capaz de exercer forte impressão nas crianças”. Vimos que, desde os tempos mais remotos, o homem percebeu que cada habilidade que possuía era um recurso à sua disposição para conquistar o respeito dos seus semelhantes. Começou a cultivar o seu talento e a especializar-se nas artes. Para entreter àqueles que o cercavam e receber a sua aprovação e admiração, usava ele, com especialidade, a arte de contar histórias. Abordaremos a seguir, as ações educativas das histórias infantis, de acordo com o escritor Tahan: a) Expansão da linguagem infantil –enriquece o vocabulário e facilita a expressão e a articulação; b) Estímulo à inteligência – desenvolve o poder criador do pensamento infantil; c) Aquisição de conhecimentos – alarga os horizontes e amplia as experiências das crianças; _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 86 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ d) Socialização – identifica a criança com o grupo e ambiente, levando-a a estabelecer associações, por analogia, entre o que ouve e o que conhece; e) Revelação das diferenças individuais – facilita ao professor o conhecimento de características predominantes em seus alunos, evidenciadas através das reações provocadas pelas narrativas; f) Cultivo da sensibilidade e da imaginação – condição essencial ao desenvolvimento da criança; g) Cultivo da memória e da atenção – ensinando a criança a agir e preparando-se para a vida; h) Interesse pela leitura – familiarizando a criança com os livros e histórias, despertamos, para o futuro, esse interesse tão necessário. 4. CONCLUSÃO PARCIAL Através das reflexões levantadas no presente trabalho, bem como às argumentações positivas defendidas pelos teóricos do assunto, conclui-se que, mesmo parcialmente. As crianças demonstram enorme interesse para ouvir histórias, mas deverão ser estimuladas para que isso ocorra Portanto, o mediador deverá estar “antenado” às recomendações dos especialistas no assunto. Caso contrário, poderá ser mais um professor contando histórias, e não “o professor contador de histórias”. Portanto, muito mais do que divertir os alunos, este recurso pedagógico torna possível o desenvolvimento das capacidades de compreensão, entendimento, socialização, bem como o potencial criativo do educando, sendo de extrema importância sua realização desde a primeira infância, para que se torne um hábito, levando o aluno a buscar cada vez mais esse recurso durante sua formação educacional. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 87 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil/ Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. — Brasília: MEC/SEF, 1998. CAVICCHIA, Durlei de Carvalho. O desenvolvimento da criança nos primeiros anos de vida. Disponível em: http://www.acervodigital.unesp.br/bitstream/123456789/224/1/01d11t01.pd f. Acesso em 11de abril de 2014. COELHO, Bethy. Contar histórias: uma arte sem idade. São Paulo: Ática, 1999. COELHO, Nelly Novaes. Literatura Infantil. 1ª ed. São Paulo: Moderna, 2000. DOHME, V. Técnicas de contar histórias. 7. ed. São Paulo: Informal, 2000. TAHAN, Malba. A arte de ler e contar histórias. Editora Conquista, 2ª edição. Rio de janeiro, 1961. REYES,Yolanda. A casa imaginária: Leitura e literatura na primeira infância Editora Global ,1° edição.São Paulo,2010. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 88 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ A IMPORTÂNCIA DA LITERATURA INFANTIL NAS FASES DA PRÉLEITURA23 HORTÊNCIO, Gabrieli dos Santos24 SANTOS,Gersonita Elpídio dos25 RESUMO: O estudo tem por objetivo enfocar sobre a importância da pré-leitura na vida das crianças, abrangendo duas fases, que são: 1° fase (dos 15/17 meses aos 3 anos) e 2° fase ( a partir dos 2/3 anos). Por meio da pesquisa bibliográfica, espera-se oferecer subsídios teóricos que valorizem a importância de se contar histórias na educação infantil, servindo como estímulos à imaginação dos pequenos, com a manipulação de desenhos, gravuras, texturas de animais, objetos familiares, entre outros. O desconhecimento das teorias aqui apresentadas poderão fazer a diferença na escolha dos livros destinados a essa faixa etária, e que, futuramente tais procedimentos estarão ligados diretamente à predisposição dos leitores da literatura infantil, daí a importância deste trabalho acadêmico. Palavras-chave: Educação infantil. Literatura Infantil. Pré-leitura. 1. INTRODUÇÃO: O objetivo principal do presente trabalho é abordar sobre a importância de se trabalhar a pré-leitura apontando os benefícios que, segundo teóricos como, Zilberman(2000), Coelho(2000), Aguiar(1982), representam as bases sólidas do gosto pela literatura infantil. Mas, entende-se que pouco adiantaria oferecer um acervo fantástico, sem a mediação do professor, com planejamento e estratégias adequadas ao nível de recepção dos alunos, ao manipular e nomear os brinquedos ou desenhos, 23 Trabalho de Conclusão do Curso de Pedagogia, a ser apresentado em 2014 à banca examinadora constituída pelos professores: 24 Acadêmica do 4º ano de Pedagogia da UNESPAR/FAFIPA. 25 Professora orientadora Ms. em Estudos Literários e Membro do Colegiado do Curso de Letras da UNESPAR Campus de Paranavaí.. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 89 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ inventar situações bem simples que os relacionem efetivamente com a criança, etc. Parece tão fácil trabalhar com os livros que vêm permeados de recursos, mas o olhar do profissional da educação, ao explorar os temas, os enredos, os personagens, entre outros, deverá trazer a ideia de futuro, ou seja, quais elementos deverão ser contemplados para que o futuro leitor seja àquele que tanto esperamos, àquele que lê não somente as linhas, mas também as entrelinhas? Segundo Coelho (2000), vê-se que a presença do adulto é fundamental quanto à sua orientação para a brincadeira com o livro, oportunizando a descoberta do mundo concreto e do mundo da linguagem, por meio das atividades lúdicas. Do mesmo modo, a pesquisadora Vera Teixeira de Aguiar (1982, p. 2) afirma que: [...] Sabemos que a experiência infantil de contato com os livros deve anteceder à idade escolar. Podemos dizer que a criança deve descobrir o prazer da leitura muito antes de aprender a ler. Tais afirmações remetem à importância do ambiente familiar na formação do hábito de leitura. Mas, embora a atuação dos pais seja fundamental, é para o professor que convergem as maiores expectativas. Porém, para (Vygotsky, apud PIZOLI 2004, p.69), só é possível a criança aprender quando: [...] Na fase infantil, só é boa aquela aprendizagem que passa à frente do desenvolvimento e o conduz. Mas só se pode ensinar à criança o que ela já for capaz de aprender. A aprendizagem é possível onde é possível a imitação. Portanto, é fundamental que os pequenos possam receber propostas inovadoras de leitura, principalmente hoje, em que há uma diversidade de livros de qualidade, envolvidos de pano, com músicas, cores e formas variadas, que poderiam muito bem substituir os brinquedos. “Cabe então, ao professor iniciar a criança nas letras e incentivar-lhe o gosto, visando a desenvolver o hábito de leitura”, complementa (Aguiar 1982). _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 90 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ 2. UM RESUMO DA HISTÓRIA SOCIAL DA CRIANÇA No capítulo intitulado A Descoberta da Infância, Áries afirma que “a infância era desconhecida, até por volta do século XII, porque não havia lugar para a criança nesse mundo” (ÁRIES,2000, p.50). Ao relatar sobre os temas de miniaturistas e pintores da época, ressalta as três crianças que São Nicolau ressuscitou, “representadas numa escala mais reduzida que os adultos, sem nenhuma diferença de expressão ou de traços”. Continua o pesquisador: O pintor não hesitava em dar à nudez das crianças, nos raríssimos casos em que era exposta, a musculatura do adulto, assim no livro de salmos de São Luís de Leyde, datado do fim do século XII ou do início do XIII, Ismael, pouco depois de seu nascimento, tem os músculos abdominais e peitorais de um homem.(...) (ARIÈS, 2006,p.18) O modelo de criança, representada artisticamente, seria o modelo ligado ao mistério da maternidade da Virgem Maria, retratados como homenzinhos, um exemplo do Menino Jesus com vestes claras. Outro modelo de criança apareceu na fase gótica, fase nua. Mas o Menino Jesus aparecia sempre vestido. “Ele só desnuaria no final da idade média”, (Ariés, 2006 p. 53). A criança sendo considerada na Idade Média um ser sem importância sentimental social e afetiva, ou seja, um homem em miniatura, passa a ter uma visão de afetividade quando os artistas da época passam a transmitir as expressões mais sentimentais do Anjo, Menino Jesus e Virgem Maria, com semblante de pureza e afetividade Enquanto a origem dos temas do anjo, das infâncias santas e de suas posteriores evoluções iconográficas remontava ao século XIII, no século XV surgiram dois tipos novos de representação da infância, o retrato e o putto, a criancinha nua. Isso significa que a criança não era o modelo de um retrato real, tal como ela aparecia num determinado momento de sua vida. (Ariés, 2006). _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 91 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ As crianças morriam precocemente em grande número, por isso não se pensava como acreditamos hoje, que a criança já contivesse sua personalidade. Era uma mentalidade da época, essa certa indiferença com os sentimentos da infância. Sobre o assunto Ariés comenta: Consta que durante muito tempo se conservou no País Basco o hábito de enterrar em casa, no jardim, a criança morta sem batismo. Talvez houvesse aí uma sobrevivência de ritos muito antigos, de oferendas sacrificais. Ou será que simplesmente as crianças mortas muito cedo eram enterradas em qualquer lugar, como hoje se enterra um animal doméstico, um gato ou um cachorro? A criança era tão insignificante, tão mal entrada na vida, que não se temia que após a morte ela voltasse para importunar os vivos. (ARIÈS 2006, p.22). A importância do século XVII na evolução dos temas da primeira infância, é confirmado nos retratos de crianças sozinhas, tornando-se numerosos e comuns, ao ponto de chamar nossa atenção os famosos “retratos de família”, onde a mãe segura a criança pelo ombro e o pai dá-lhe a mão, nas telas do pintores barroco, ressaltando o dinamismo. Podemos dizer que, somente com a institucionalização da escola, é que a criança passa a ter um espaço na sociedade, tendo assim, sua etapa de infância respeitada e discutida cientificamente como importante para seu crescimento. ”Então, é a partir do desenvolvimento de uma pedagogia para as crianças que falamos em uma construção social da infância”.(Corsaro apud Brancher; Nascimento; Oliveira,s/d. p.7.) A construção social da infância se concretiza pelo estabelecimento de valores morais e espectativas de conduta para ela. Podemos falar de uma invenção social de infância a partir do século XVIII, em que há uma fundação de um estatuto para essa faixa etária.(Corsaro apud Brancher; Nascimento; Oliveira, s/d. p7.). Na sociedade contemporânea podemos perceber que existem faixas de idades que ocupam seus segmentos sendo cada respeitada. Um exemplo a ser citado são as crianças e seus espaços na sociedade, como: Creches, parques, _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 92 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ brinquedotecas, entre outros espaços como restaurantes, lojas em que são reservados e preparados para atendê-los. Para que houvesse uma mudança de visão e de comportamento da sociedade diante da criança, ou seja uma proteção garantida pela lei Magna que é a Constituição Federal de 1988, foi criado O Estatuto da Criança e do Adolescente Lei 8.069/90 que visa a obrigatoriedade por parte do poder público, família, sociedade de garantir seus direitos. Art.3° A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta lei, assegurando-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade (BRASIL 1990, p.1). Continua a lei: Art.4° É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do Poder Público assegura, com absoluita prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, á educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária (BRASIL 1990, p.1). 3. IMPORTÂNCIA DA ESCOLHA DO LIVRO INFANTIL PARA CRIANÇA NA FASE DA PRÉ-LEITURA Segundo Pizoli (2004), os primeiros livros feitos para o público infantil apareceram na metade do século XVIII, mas já existiam edições como às Fábulas de La Fontaine e os Contos da Mamãe Gansa de Charles Perrault, publicada no século XVII. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 93 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Com a denominação literatura para criança uma das primeiras polêmicas fora sobre acerca da sua natureza específica. A literatura infantil pertenceria à arte literária ou área pedagógica, teria o papel de instruir ou divertir. Sob este aspecto Coelho ressalta [...] podemos dizer que, como objeto que provoca emoções, dá prazer ou diverte e, acima de tudo, modifica a consciência de mundo de seu leitor, a literatura infantil é arte. Sob outro aspecto, como instrumento manipulado por uma intenção educativa, ela se inscreve na área pedagógica. ( COLEHO 2000 p46). Com a mudança da visão da sociedade europeia em relação à infância e o espaço que a mesma ocupara no âmbito familiar, escolar e social devendo ser incumbidas de valores morais, Zilberman afirma que: [...] as condições que decretaram seu nascimento se imprimem nos próprios textos, aparecendo através do didatismo, da presença de informações moralizantes e [...] é este o limite externo do livro para jovens, que não se liberta de uma índole teleológica, originada no caráter pragmático da ideologia burguesa que patrocinou seu aparecimento. Assume então traços educacionais, fazendo-se útil à formação da criança e capturando-a efetivamente, ao transformar o gosto pela leitura numa disposição para o consumo [...]e para a aquisição de normas (ZILBERMAN, apud PIZOLI 2004, p. 32). A leitura infantil, como afirma a autora supracitada passa a ter uma importância para além de outros na aquisição de normas, porém ao trabalhar com crianças utilizamos recursos didáticos como a leitura, orientando-os de forma lúdica. Dessa forma Coelho ressalta: a importância que se atribui, hoje, à orientação a ser dada às crianças, no sentido de que, ludicamente, sem tensões ou traumatismos, elas consigam estabelecer relações fecundas entre o universo literário e seu mundo interior, para que se forme, assim, uma consciência que facilite ou amplie suas relações com o universo real que elas estão descobrindo _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 94 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ dia-a-dia e onde elas precisam aprender a se situar com segurança, para nele poder agir.( COELHO 2000, p.51). Assim também reflete Silva (1993, p. 14), ao afirmar que o texto “sempre se refere a um determinado contexto”(...) ou seja, ele é uma ponte para determinados assuntos da realidade. Mas, acrescenta que [...] “devemos tomar cuidado com a veracidade da palavra escrita, ou seja, o próprio fetiche de se acreditar que tudo que registrados através da escrita é imutável ou uma verdade absoluta”. Portanto, a escola é o lugar apropriado para formar um indivíduo emancipado, capaz de decidir e criticar pontos relevantes diante da sociedade e tornar-se um leitor crítico. Mas, para isso, é fundamental nesse processo de aprendizagem, que a leitura seja valorizada para produzir sentidos. E, o professor mediador do encontro deverá estabelecer critérios de escolha ao selecionar livros que o mercado editorial disponibilizara, argumenta (PIZOLI, 2004). Em relação à leitura e a produção de sentidos plurais, Zilberman relata que: [...] Com efeito, a leitura, se é estimulada e exercitada com maior atenção pelos professores de língua e literatura, intervém em todos os setores intecletuais que dependem, para sua difusão, do livro, repercutindo especialmente na manifestação escrita e oral do estudante, isto é, na organização formal de seu raciocínio e expressão.( ZILBERMAN 1982, P.7) Como se vê, o texto literário não é considerado algo passivo, ao contrário necessita da vivência do indivíduo para que possa ser recriado e mediado pelo leitor, confrontando as ideias dos autores e suas próprias vivências, aumentando assim sua consciência critica. Pois, “(...) o ato de ler não se esgota na descodificação pura da palavra escrita ou da linguagem escrita, mas se antecipa e se alonga na inteligência do mundo” (FREIRE apud SILVA, 1993, p.25). É preciso que haja uma mediação precisa do professor para que o educando consiga atingir o aprendizado. Contudo, para Vygotsky (2001) apud PIZOLI (2004): _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 95 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ [...] o professor enquanto mediador no processo educativo atua na “zona de desenvolvimento proximal” do aluno, possibilitando à criança aprender no processo de imitação do adulto, isto é, o que ela não faz sozinha hoje, poderá fazer num momento posterior com a colaboração de outros, de crianças com mais idade ou mesmo de adultos. Reconhecer o momento de desenvolvimento em que cada criança está, independentemente da idade cronológica é necessário para que se possam oferecer livros que não só desperte o interesse, mas que proporcionem um “querer mais”. (VYGOTSKY 2001 apud PIZOLI 2004, p.69). Para que a literatura infantil resulte em algo prazeroso desde a infância, é necessária a adequação dos textos às diversas etapas do desenvolvimento infanto/juvenil, segundo Coelho (2000), os textos deverão ser escolhidos de acordo com os estágios psicológicos da criança, e a sua faixa etária, que são: pré-leitor ( 15 meses aos 3 anos); o leitor iniciante ( a partir dos 6/7 anos); leitor em processo( a partir dos 8/9 anos); leitor fluente(a partir dos 10/11 anos) e o leitor crítico ( a partir 12/13 anos). Quanto maior os estímulos que receber durante cada fase, melhor será o grau de domínio da leitura. Sabe-se que a evolução cognitiva de cada criança é diferenciada, mas a sequência de cada estágio são iguais para todos, é o que Coelho ressalta: Assim , a inclusão do leitor em cada categoria depende não apenas da sua faixa etária, mas principalmente da inter-relação entre sua idade cronológica , nível de amadurecimento biopsíquico-afetivo-intelectual e grau nível de conhecimento/ domínio do mecanismo da leitura. Daí que as indicações de livros para determinadas faixas-etárias sejam sempre aproximadas.( COELHO 2000, p. 32). Na fase do pré- leitor, ou seja, [...]“no momento em que a criança inicia o reconhecimento da realidade que a rodeia, principalmente pelos contatos afetivos e pelo tato” (COELHO 2000, p. 33), onde conquista a própria linguagem e passa a nomear a realidade em sua volta, por isso a importância dos pais e professores na mediação, para que o futuro leitor possa ter um desempenho apropriado na aquisição da leitura. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 96 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ O primeiro passo para a formação do hábito de leitura na escola diz respeito à seleção do material, portanto deve-se estabelecer alguns critérios que serão relevantes no trabalho com a pré-leitura, como por exemplo, livros com pouco texto, muitas gravuras e rimas, tratando de animais e objetos conhecidos, que devem ser manuseados pela criança e lidos pelo adulto para ela. Abaixo, alguns livros indicados por Vera Teixeira de Aguiar: ALBUQUEQUE, Irene de. Uma vez um homem uma vez um gato. Rio de Janeiro: Conquista; Brasília,INL,1974. AYALA, Walmir. Festa na floresta. São Paulo: Melhoramentos, 1980. CAMARGO, Luís. Maneco caneco chapéu de funil. São Paulo: Ática, 1980. CAMARGO, Milton. A zebra, a girafa e outros bichos. São Paulo: Ática, 1978. FERREIRA, Francí Depime Silva. Binduim Bassé grandão. Rio de Janeiro: Papelaria América, 1979. FRANÇA, Mary e Eliardo. Tuca, vovó e Guto. São Paulo: Ática,1979. __. O rabo do gato. São Paulo: Ática,1979. __. O pote de melado. São Paulo: Ática,1979. __. O barco. São Paulo: Ática,1979. __. A bota do bode. São Paulo: Ática,1979. __. Fogo no céu. São Paulo: Ática,1979. __. Chuva. São Paulo: Ática,1979. __. O vento. São Paulo: Ática,1979. __. Dia e noite. São Paulo: Ática,1979. FRONSACQ, Anne. Corre ratinho! Trad. de Lúcia Machado Almeida. São Paulo: Ática, s/d. FURNANI, Eva. Todo dia. São Paulo: Ática, 1980. __. Esconde-esconde. São Paulo: Ática, 1980. __. De vez em quando. São Paulo: Ática, 1980. __. Cabra-cega. São Paulo: Ática, 1980. MACHADO, Ana Maria. O gato do mato e o gato do morro. São Paulo:Ática, 1980. MACHADO, Juarez. Domingo de manhã. Rio de Janeiro: Primor. s/d. __. Ida e volta. Rio de Janeiro: Primor. s/d. MAZZETI, Maria. Coisa de lata com choro de prata. Rio de Janeiro: Ao livro Técnico, 1968. __. Rente que nem pão quente. Rio de Janeiro: Ao livro Técnico, 1969. __. Entrou por uma porta e saiu pela outra. Rio de Janeiro: Série Cadernos Didáticos: Brasília, INL, 1971. __. A baleia que fala feito gente grande. Rio de Janeiro: Record, 1974. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 97 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ __. A chuva que não acaba mais. Rio de Janeiro: Ao livro Técnico, 1976. MEIRELES, Cecília. Ou isto ou aquilo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1979. PENTEADO, Maria Heloísa. Lúcia-já-vou-indo. São Paulo: Ática, 1978. __. O shorts amarelo da raposa. Belo Horizonte, Miliguim, 1980. TENÊ. O conjunto. São Paulo: Ática, 1978. __. O time. São Paulo: Ática, 1978. __. A estrela. São Paulo: Ática, 1978. __. A pomba. São Paulo: Ática, 1978. __. A fantasia. São Paulo: Ática, 1978. __. O presente. São Paulo: Ática, 1978. __. A dinha. São Paulo: Ática, 1978. __. A peteca. São Paulo: Ática, 1978. __. A galinha. São Paulo: Ática, 1978. __. A flor. São Paulo: Ática, 1978. YOLANDA, Regina. O papa-tudo. Rio de Janeiro: Primor, 1972. (AGUIAR 1982, p.94-95): As sugestões literárias aqui apresentadas pela autora darão um norte para o trabalho do professor, porém vale ressaltar que devem ser adaptadas a cada situação particular e constantemente enriquecidas pelo professor, utilizando recursos pedagógicos como fantoches, massa de modelar, dramatização, poesia, rimas, etc. 4. CONCLUSÃO PARCIAL É inacreditável que a infância fosse algo tão insignificante, mas, através do que foi exposto fica evidente às constatações do estudioso francês Áries, sem contar que o estudo avança em outros séculos até chegar na contemporaneidade. Mas, temos plena convicção que atualmente, a infância seja vista como algo muito melhor, mais saudável. Só pelo fato da diminuição da mortalidade infantil, do carinho da família, da pediatria, das creches de qualidade de uma literatura infantil, riquíssima, como a brasileira, com inúmeras possibilidades e inesgotáveis recursos. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 98 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ REFERÊNCIAS AGUIAR, Vera Teixeira et.all. Leitura em crise na escola: as alternativas do professor. Org. Regina Zilberman. Porto Alegre: Mercado aberto,1982. ARIÉS, Philippe. História social da criança e da família; tradução de Dora Flaskman. 2 ed. Rio de Janeiro: LTC,2000. BRANCHER, Vantoir Roberto; NASCIMENTO, Cláudia Terra do; OLIVEIRA, Valeska Fortes de. A construção social do conceito infância: algumas interlocuções históricas e sociológicas: Disponível em http://coral.ufsm.br/gepeis/wp-content/uploads/2011/08/infancias.pdf. Acesso em: 01.07.2014. BRASIL. Lei N° 8.069, de 13 de julho de 1990. COELHO, Nelly Novaes. Literatura Infantil. São Paulo: Moderna, 2000. PIZOLI, Rita de Cássia. Entre a coersão e a invensão: a literatura e a busca da liberdade na seleção de livros de literatura infantil. 110 f. Dissertação (Mestrado em educação). Maringá. UEM,2004. SILVA, Ezequiel Theodoro da. Leitura na escola e na biblioteca. 4° Ed. Campinas, SP: Papirus, 1993. TRIVIÑOS, Augusto Nibaldo da Silva. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. 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A psicomotricidade tem por objetivo de desenvolver na criança, um conceito de identidade, de construção do “eu”, com seu corpo como ponto de referência para descoberta do mundo, para depois, a mesma conseguir distinguir o “outro”, as demais coisas que existem, de maneira natural, sem dificuldades. No entanto, percebe-se que os movimentos padronizados, repetitivos e sem objetivo pedagógico são os únicos estímulos motores que as crianças recebem. Essa forma de trabalho pode dificultar a aprendizagem escolar, pois o não desenvolvimento da área psicomotora pode ser um dos fatores causadores de dificuldade de aprendizagem. Neste sentido, essa pesquisa teve como principalobjetivoidentificar a função da psicomotricidade na primeira infância e suas consequências no decorrer do desenvolvimento infantil, sobretudo no âmbito escolar, dando enfoque também no papel do educador infantil diante esta realidade. Para tanto, foi utilizado a pesquisa bibliográfica baseada em alguns autores como Fonseca (2008), Oliveira (1996) e José; Coelho (1997) e a pesquisa de campo, mediante observação e entrevistas semi-estruturada com as professoras deum Centro de Educação Infantil do município de Paranavaí-PR. Espera-se que os resultados encontrados auxiliem nas práticas pedagógicas dos professores para que os mesmos compreendem que a psicomotricidade pode promover a reestruturação de conceitos em diversas áreas de conhecimento, consequentemente, promovendo uma formação mais integral do aluno. Palavras-chave: Psicomotricidade. Desenvolvimento Infantil. Aprendizagem. 26 Artigo acadêmico parcial de trabalho de conclusão de curso – UNESPAR – Campus Paranavaí – PR. 27 Acadêmica do 4º ano de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí – PR. 28 Professora orientadora Dra. em Educação pela Universidade Estadual de Maringá. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 100 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL29 TAVARES, Aparecida Ramalho30 MOLINA, Adão Aparecido31 RESUMO: Este artigo realiza uma discussão sobre a importância do brincar na educação infantil, primeira etapa da educação básica, com crianças de 0 a 05 anos. Pois, o brincar é uma ferramenta de suma importância para o desenvolvimento físico, emocional, cognitivo, social e cultural da criança. Portanto, o professor é peça fundamental na mediação entre a criança e o brincar. Diante disso, essa pesquisa tem por objetivo mostrar que o brincar não é apenas diversão, mas também uma atividade de aprendizagem para a criança, proporcionando um conhecimento próprio e a percepção do mundo por meio das brincadeiras. No entanto, o profissional da área da educação infantil deve estar preparado para conduzir essas atividades lúdicas e obter os resultados esperados que é aprendizagem e o desenvolvimento da criança. Entretanto, muitas são as contribuições do brincar na educação infantil, como: a construção da personalidade; da autoestima; a criatividade, desenvolvendo o raciocínio, entre outros. Dessa maneira, é perceptível a importância do brincar na educação infantil, porém, a falta de informação, de espaço adequado, das tecnologias avançadas ou mesmo de tempo dos pais, são fatores que atrapalham o brincar nessa faixa etária podendo prejudicar o desenvolvimento futuro da criança. Palavras-Chave: Educação Infantil; Desenvolvimento; Aprendizagem; Brincar. 1. INTRODUÇÃO Este artigo realiza uma discussão sobre a importância do brincar na educação infantil, primeira etapa da educação básica, com crianças de 0 a 05 anos, destacando a influência que esse ato possui no processo de ensino e aprendizagem com as crianças. Diante disso, essa pesquisa tem por objetivo 29 Estudo elaborado e apresentado ao curso de Pedagogia, na Universidade Estadual do Paraná, Campus de Paranavaí, como parte dos requisitos para conclusão do curso de graduação. 30 Acadêmica do quarto ano do curso de Pedagogia na Universidade Estadual do Paraná – Campus de Paranavaí. 31 Professor Orientador. Doutor em Educação. Professor e membro do Colegiado do Curso de Pedagogia e do Mestrado em Ensino da Universidade Estadual do Paraná – Campus de Paranavaí, Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí – Paraná. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 101 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ mostrar que o brincar não é apenas diversão, mas também uma atividade de aprendizagem para a criança, proporcionando um conhecimento próprio e a percepção do mundo por meio das brincadeiras. Dessa forma, por intermédio de uma pesquisa qualitativa de revisão bibliográfica, o estudo destaca na educação infantil, uma maneira divertida de trabalhar com os alunos dentro e fora de sala de aula, estimulando e incentivando o desenvolvimento e a aprendizagem, deixando as aulas mais prazerosas e trazendo resultados importantes, nessa faixa etária. Segundo Passerino (1998), com o jogo, aprende-se a agir, adquire-se iniciativa e autoconfiança, estimula-se a curiosidade e proporciona-se o desenvolvimento da linguagem, do pensamento e da concentração. Assim, cabe à instituição de ensino perceber que é através do brincar que as crianças terão oportunidades de crescerem e se adaptarem em sociedade, aproveitando todos esses benefícios, entretanto, o brincar vai muito além da diversão e da aprendizagem, pois ajuda a compreender a realidade social. Portanto, o desenvolvimento da criança é muito influenciável pelo brinquedo, é com ele que ela aprende a agir cognitivamente, ou seja, aos mecanismos mentais pelos quais, faz presentes na percepção, no pensamento, na memória, na resolução de problemas. Portanto, de acordo com Vygotsky, (1989): Brincando e jogando, a criança aplica seus esquemas mentais à realidade que a cerca, apreendendo-a e assimilando-a. Brincando e jogando, a criança reproduz as vivências, transformando o real de acordo com seus desejos e interesses. Por isso, pode-se dizer que, através do brinquedo e do jogo, a criança expressa, assimila e constrói a realidade (VYGOTSKY, 1998, p. 25.). Percebe-se que, para a criança as brincadeiras facilitam a aprendizagem pelo simples fato de que a diversão que ela sente ao brincar descontraidamente estimula sua criatividade, sendo que as brincadeiras são importantes para o seu desenvolvimento e ultrapassam a fase do egoísmo, que ocorre quando a criança _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 102 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ tem o foco nela mesmo sem dar importância às outras crianças, passando a interagir com outras nas brincadeiras. Diante disso, os jogos e as brincadeiras são instrumentos adequados para o desenvolvimento integral da criança na educação infantil, bem como para o processo de ensino e aprendizagem e desenvolvem algumas noções de grande importância para a vida em sociedade, como a noção de regras e, também, dos papéis sociais. Portanto, é por meio de jogos e brincadeiras que a criança da educação infantil se socializa, se expressa, e desenvolve seu equilíbrio, sua coordenação motora, seu esquema corporal, a memorização, a criatividade, o raciocínio, dentre outros. (VYGOTSKY, 1989). Dessa forma, ainda para Vygotsky (1989) essas brincadeiras devem ser pensadas pelo professor como espaço privilegiado para a socialização, para a interação com o outro e, principalmente, para possibilitar ao aluno diversas maneiras de lidar com situações do cotidiano. É um momento ímpar de encontro com o outro, em que juntos os alunos constituem linguagem e experiências da descoberta do mundo. Porém, o professor não pode deixar de levar em conta que é na educação infantil o primeiro contato que a criança tem na escola, e que na maioria das vezes é nesse novo ambiente que ele terá que dividir seu espaço com bastante crianças, tendo que aprender a respeitar e a seguir determinadas regras como: dormir; se alimentar; tomar banho e brincar se socializando com outras crianças da mesma faixa etária, em horários determinados pelas instituições, coisas que, provavelmente, essas crianças não tenham que realizar em casa em horários específicos. (VYGOTSKY, 1989). Contudo, é imprescindível que todos os professores compreendam a importância da brincadeira e suas implicações para organizar o processo educativo de modo mais positivo, contribuindo para o desenvolvimento dos alunos, pois infelizmente existem professores que ainda não dão a devida atenção para o momento dos jogos e das brincadeiras no âmbito escolar, deixam os alunos sem orientação pedagógica, ou seja, a falta do planejamento de suas _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 103 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ aulas, deixam esse momento apenas no brincar, quando é necessário que haja objetivos educativos dentro da prática escolar. 2. A CONTRIBUIÇÃO DO BRINCAR NO DESENVOLVIMENTO DO APRENDIZADO DA CRIANÇA O brincar é uma atividade essencial humana, é o principal modo de expressão da criança. Portanto, com o brincar a criança desenvolve diversos sentidos cognitivos, como imaginação, criatividade, personalidade e também sua própria autonomia entre outros. No entanto, independente de qual for a brincadeira, a criança tem sempre algo a aprender; isto é, o com o brincar a criança estará sempre em desenvolvimento e contribuindo para seu o crescimento, sem deixar de dizer que o brincar é um divertimento e consequentemente ela vai se tornando cada vez mais feliz e confiante tanto consigo mesma, como com as outras crianças. É nesse contexto que Ancileno e Caldeira (2007), destacam que: Para a criança, as brincadeiras proporcionam um estado de prazer, o que leva à descontração e, consequentemente, ao surgimento de novas ideias criativas que facilitam a aprendizagem de novos conteúdos e interações conscientes e inconscientes, favorecendo a confiança em si e no grupo em que está inserida. (ANCILENO; CALDEIRA 2007, p. 03). Assim, as brincadeiras são de extrema importância no âmbito educacional, em especial na primeira etapa da educação básica, que é a educação infantil. Nessa etapa a criança tem seu primeiro contato com a escola, iniciando-se o conhecimento educacional que tem uma longa jornada a percorrer, por isso que nessa etapa os jogos e as brincadeiras são fundamentais para que a criança estimule o conhecimento e o crescimento de suas potencialidades. Entretanto, a instituição de ensino de educação infantil, deve usar como metodologia em suas aulas diárias os jogos e as brincadeiras, para dar possibilidades para as crianças crescerem e se adaptarem ao meio social, _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 104 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ aproveitando todas as oportunidades de aprendizagem disponíveis que o brincar proporciona a uma criança, nessa primeira etapa da sua educação convencional. Diante disso, o papel do professor da educação infantil é essencial para fazer a mediação entre o brincar e o aprender, pois, entre jogos e brincadeiras educativas a diversão é fundamental, o prazer exercido por cada criança no ato de brincar estimula o desenvolvimento e a aprendizagem. Portanto, para Batllori (2006), os jogos pedagógicos envolvem a construção, a manifestação expressiva e lúdica de imagens, sons, falas, gestos e movimentos. Essas são as características desenvolvidas pelas crianças quando elas são colocadas diante desses jogos ou brincadeiras. Destaca, ainda, outras habilidades como: a criatividade, a comunicação e a aquisição de novos conhecimentos e experiências. Assim, é a partir do brincar que a criança começa a compreender as regras impostas pelos adultos e a melhorar o seu convívio social. Portanto, para Maluf (2003): Brincar proporciona a aquisição de novos conhecimentos, desenvolve habilidade de forma natural e agradável. Ele é uma das necessidades básicas da criança, é essencial para um bom desenvolvimento motor, social, emocional e cognitivo (MALUF, 2003, p.03). Dessa maneira, o brincar se faz importante na educação infantil, pois é por meio das brincadeiras que a criança desenvolve o seu conhecimento e evolui de forma natural e prazerosa todos os seus sentidos cognitivos. De acordo com a ideia de Santos (2007), o homem tem necessidade de realizar atividades lúdicas, com finalidade agradável, por intermédio de brincadeiras, jogos e competições. No entanto, fazer uso desses jogos e brincadeiras é necessário para qualquer ocasião das nossas vidas, pois isso acontece de forma prazerosa, ou seja, a criança gosta dessa atividade lúdica, isto é, dos jogos e brincadeiras, que propiciam benefícios e aprendizagem. Porém, é necessário que o professor seja o mediador desses jogos e brincadeiras, para que essa atividade lúdica não seja apenas para passar o tempo dentro da escola. Mas sim, que tenha objetivos educativos e que cada brincadeira _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 105 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ tenha resultados esperados de progresso e de aprendizagem das crianças, determinados pelo professor no momento da elaboração do seu plano de aula. Wayskop (1997) explica que: A criança desenvolve-se pela experiência social, nas interações que estabelece, desde cedo, com a experiência sócia histórica dos adultos e do mundo por eles criado. Dessa forma, a brincadeira é uma atividade humana na qual as crianças são introduzidas constituindo-se em um modo de assimilar e recriar a experiência sociocultural dos adultos (WAYSKOP, 1997, p. 25). Dessa forma, Wayskop (1997), destaca a forma com a qual a criança se comporta na sociedade, pois é através da brincadeira que ela tenta reproduzir os atos dos adultos, que está presente em seu convívio social. Em geral, as crianças se espelham nos adultos com os quais elas convivem, iniciando assim a formação se sua personalidade. Portanto, é importante que a criança esteja rodeada de bons exemplos para que ela possa imitar em suas brincadeiras típicas nessa faixa etária. Segundo Velasco (1996): Brincando a criança desenvolve suas capacidades físicas, verbais ou intelectuais. Quando a criança não brinca, ela deixa de estimular, e até mesmo de desenvolver as capacidades inatas podendo vir a ser um adulto inseguro, medroso e agressivo. Já quando brinca a vontade tem maiores possibilidades de se tornar um adulto equilibrado, consciente e afetuoso (VELASCO, 1996, p. 78). Diante dessa afirmação, fica nítida a importância do brincar nas primeiras etapas da vida de uma criança, para seu desenvolvimento e aprendizagem, fazendo com que essa criança se torne um adulto preparado para agir diante da sociedade. 3. A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR NA CONCEPÇÃO DE VYGOTKY E PIAGET Na visão de Vygotsky (1987), o jogo é um conhecimento feito ou em se fazendo, que se encontra impregnado do conteúdo cultural que emana da própria _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 106 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ atividade. Para usá-lo é necessário um bom planejamento que permite a aprendizagem dos elementos sociais nos quais estão inseridos os conceitos culturais. De acordo com Piaget (1975; 1978), o caráter educativo do brincar é visto como uma atividade formativa, que pressupõe o desenvolvimento integral do sujeito quer seja, na sua capacidade física, intelectual e moral, como, também, a constituição da individualidade, a formação do caráter e da personalidade de cada um. Enquanto que, na fase dirigida há a presença das brincadeiras como atividades cujo objetivo específico é o de promover a aprendizagem de um determinado conceito, ou seja, além de serem marcados pela intencionalidade do educador. Com o desenvolvimento do brincar e do jogar observa-se um movimento em direção à realização consciente de seus propósitos, e isto decide o jogo e justifica a atividade e, então, determinando a atitude afetiva da criança ao brinquedo. Dessa forma, Vygotsky (1989), afirma ainda que, o brinquedo e o jogo lúdico estimulam a curiosidade e a autoconfiança da criança, proporcionando o desenvolvimento da linguagem, do pensamento, da concentração e da atenção. Diante da concepção de Oliveira (2000) é possível entender que: Por meio da brincadeira, a criança pequena exercita capacidades nascentes, como as de representar o mundo e de distinguir entre pessoas, possibilitadas especialmente pelos jogos de faz-de-conta e os de alternância respectivamente. Ao brincar, a criança passa a compreender as características dos objetos, seu funcionamento, os elementos da natureza e os acontecimentos sociais. Ao mesmo tempo, ao tomar o papel do outro na brincadeira, começa a perceber as diferenças perspectivas de uma situação, o que lhe facilita a elaboração do diálogo interior característicos de seu pensamento verbal (OLIVEIRA, 2000, p.160). Porém, cabe ao professor fazer corretamente as escolhas das brincadeiras para seus alunos da educação infantil, pois cada faixa etária exige jogos e brincadeiras diferenciadas, sendo que, são etapas de crescimento e desenvolvimento do infantil. Portanto, uma escolha correta trará facilidades no _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 107 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ aprendizado, pois a criança realiza uma atividade lúdica, educativa, agradável e satisfatória que é o brincar. No entanto, para trabalhar com os jogos nessa etapa educacional, é preciso que o docente esteja bem fundamentado nas práticas pedagógicas. Pois, o significado pedagógico do jogo lúdico deve facilitar a aprendizagem do discente. Para que isso ocorra, entretanto, o professor teve ter bom domínio do jogo ou de qualquer atividade lúdica a ser realizada com as crianças, ou seja, ele deve saber qual a finalidade e eficiência que a prática pedagógica utilizada proporcionará de benefícios de aprendizagem para as crianças. 4. JOGOS E BRINCADEIRAS O desenvolvimento das atividades na educação infantil, precisa de metodologias que envolvam e prendam a atenção das crianças, pois eles são muitos pequenos e ainda não correspondem de maneira motora à algumas atividades. Diante disso é necessário que as atividades desenvolvidas sejam de maneira prazerosa e lúdica, sendo, no entanto, os jogos e as brincadeiras a melhor solução para que eles possam se interessar em desenvolver as atividades propostas pelo professor. Dessa forma, Huizinga (1980) afirma que: O jogo é uma atividade, consequentemente tomada como não séria e exterior à vida habitual, mas ao mesmo tempo capaz de absorver o jogador de maneira intensa e total. É uma atividade desligada de todo e qualquer interesse material, com o qual não se pode obter qualquer lucro, praticado dentro de limites espaciais e temporais próprios, segundo certa ordem e certas regras. (HUIZINGA, 1980, p. 13). Diante do exposto, seguem algumas sugestões de jogos e de atividades que, na percepção do autor, podem ser desenvolvidas com as crianças da educação infantil: _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 108 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Caixa de Sensações: o professor pode encapar uma caixa de tênis fazendo um furo em forma de círculo, com dez centímetros de diâmetro. O professor deverá organizar materiais como retalhos, flocos de algodão, pedaços de lixa, tampinhas, caixinhas e outros objetos e ir colocando-os por uma das extremidades, a fim de que a criança, com a mão do outro lado, identifique o material. Caminho Colorido: com folhas de papel pardo, faça um caminho para que as crianças carimbem os pés, com tintas coloridas. É uma atividade que envolve muito as crianças e as deixam muito felizes. Toca do Coelho: Dispor bambolês no pátio da escola de forma que fiquem duas crianças em cada um e que sobre uma fora do bambolê. Ao sinal do professor, as crianças deverão trocar de toca, entrando duas em cada um. Sempre sobrará uma criança fora da toca. De onde vem o cheiro? A professora passará perfume em um paninho e o esconderá na sala, num lugar fácil, onde os alunos deverão descobrir de onde vem o cheiro. Dentro e Fora: Fazer uma forma geométrica bem grande no chão e pedir que as crianças entrem na delimitação desse espaço. Se quiser, o professor poderá fazer outra forma dentro da que já fez e pedirá que os alunos adentrem também, explicando ainda que se a forma for pequena eles ficarão apertados. Arremesso: O professor fará uma linha no chão, usando fita crepe e as crianças deverão arremessar garrafinhas plásticas cheias de areia, para frente. O professor medirá as distâncias e verificará quem conseguiu arremessar mais longe. Depois, em sala de aula, poderá fazer um gráfico explicativo das ações e dos resultados, mostrando o desempenho das crianças. Pneus: Esses podem ser usados para várias brincadeiras, como pular dentro e fora, se equilibrar andando sobre a parte de sua lateral ou, ainda, para _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 109 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ descobrir quem consegue rolar o pneu de um determinado lugar até outro sem deixá-lo cair. Que som é esse? Com faixas de TNT preto, vendar os olhos das crianças e fazer diferentes barulhos usando instrumentos musicais, latas, brinquedos, etc., a fim de que elas identifiquem os mesmos. Caixa Surpresa: Com uma caixa de papelão encapada, o professor mandará para a casa de um aluno a fim de que os pais enviem algum material que possa ser descoberto pelas crianças. O professor vai fazendo algumas descrições do material, até que as crianças descubram o que é. Pega-Pega Diferente: Dividir a turma em dois grupos e identificá-los com lenços ou fitas de cores diferentes. Após o sinal do professor os grupos deverão pegar uns aos outros e a criança pega deverá ficar num espaço delimitado pelo professor. Vence o grupo que tiver mais pessoas que não foram pegas. Caminhada Solidária: tem como objetivo desenvolver a ideia de grupo e a tolerância entre os colegas e pode ser feita em áreas livres ou em outros espaços. Esta proposta pode ser aplicada sempre que as crianças tiverem de andar juntas, como da sala para o pátio. Quem quiser correr tem de se controlar. Quem for mais lento precisa se apressar. Se houver alguém com dificuldade de locomoção, o grupo todo terá de esperá-lo. Chuvinha de papel: pode ser realizada na sala de atividades e seu objetivo é relaxar de forma ativa (e não apenas em posição de repouso) e interagir de maneira lúdica com o educador e com os colegas. Sentar-se com a turma no chão, em torno de uma pilha de revistas e jornais velhos. Deixar que todos manipulem e rasguem as páginas livremente. Juntar os papéis picados num monte e jogar tudo para o alto. Vai ser uma festa! Depois, o papel picado pode ser aproveitado em colagens ou modelagem de bonecos. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 110 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ A música dos nomes: realizado na sala de atividades, pátio ou jardim, seu objetivo é reconhecer o próprio nome e reforçar o vínculo com o educador. Escolha uma música na qual você possa incluir o nome das crianças. Alguns exemplos: “Se Eu Fosse um Peixinho”, “A Canoa Virou”, “Ciranda, Cirandinha” e “Fui ao Itororó”. Reúna a turma em um local agradável e cante. Os bebês também podem participar, já que a intenção é fazer com que se familiarizem com os nomes. Aos que já andam, sugira uma roda, que vai se formando com aqueles que ouvem o próprio nome. Teatro de bonecos: pode ser realizado na sala de atividades, pátio ou biblioteca e tem como objetivo conhecer a rotina da escola enquanto conversa com os personagens. Você deve sentar-se com as crianças no chão e fazer os bonecos “conversarem” com cada uma. Você pode fazer perguntas como: - Quem trouxe você para a escola hoje? - Você tem amigos? Quem são? - Você já brincou no parque? - Você já tomou lanche? Dessa maneira, essas atividades são de suma importância para o desenvolvimento cognitivo e motor da criança, principalmente, nos primeiros anos de vida. Assim, é na educação infantil, primeira etapa da educação formal na vida da criança, que se faz necessário o uso dessa metodologia, ou seja, dos jogos e das brincadeiras. Dessa forma, o aluno terá um aprendizado e um desenvolvimento adequado para a sua faixa etária. 5. CONCLUSÃO O brincar é uma atividade típica da infância e essa fase de brincadeiras e jogos inicia-se tanto no convívio familiar como no âmbito escolar. Sendo que, a educação infantil, primeira etapa da educação básica, procura desenvolver _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 111 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ capacidades e valores como: o respeito mútuo, a cooperação e a aceitação do outro, além de desenvolver o pensamento crítico e tentar resolver pequenos problemas. Diante disso, a escola tem um papel fundamental para fazer essa mediação entre a aprendizagem e o brincar, dentro das práticas pedagógicas. O brincar é uma ferramenta valiosa para o professor dentro e fora da sala de aula, para chegar aos resultados esperados, qual seja: o desenvolvimento cognitivo dos alunos da primeira etapa da educação básica. Portanto, esse estudo destacou a importância do brincar na educação infantil, acreditando que as brincadeiras sejam essenciais para todas as etapas da vida da criança, iniciando especialmente na educação infantil, sendo a base essencial da formação da criança, que vai desde a aprendizagem até a formação da sua personalidade. Dessa forma, é possível afirmar a importância do brincar na educação infantil. Pois, a brincadeira, nesse momento da vida, provavelmente desenvolverá a coordenação motora, o raciocínio, a criatividade e a imaginação das crianças, resultando no desenvolvimento e na aprendizagem da criança, nessa fase tão importante da vida delas, preparando-a para o convívio social. 6. REFERÊNCIAS ANCINELO, P. R; CALDEIRA, L. P. 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Acesso em: 05 de Jun. 2014 _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 112 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ OLIVEIRA, Vera Barros de. (Org.) O brincar e a criança do nascimento aos seis anos. Petrópolis: Vozes, 2000. PASSERINO, L. M. Avaliação de jogos educativos computadorizados. . Taller internacional de Software Educativo 98. Santiago, Chile: TISE 98 Anais, l998. Disponível em: <http://www.ufmt.br/ufmtvirtual/textos/se_avaliacao_jogos.htm Acesso em 13 de Março de 2014>. PIAGET, J. A formação do símbolo: imitação, jogo e sonho, imagem e representação. 3. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1975. PIAGET, Jean. 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Acesso em: 10 Mar. 2014. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 113 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO SOBRE A NEUROPSICOLOGIA PARA OS EDUCADORES32 BONETTI, Carolina Peixoto Gontijo de Oliveira33 RITTER, Janete34 Resumo: Atualmente o diálogo a respeito dos déficits, distúrbios e dificuldades de aprendizagem têm tomado parte dos momentos de discussões entre corredores escolares. Percebemos assim, nos professores, a curiosidade a respeito do funcionamento do cérebro humano ante os estímulos proporcionados pela mediação pedagógica. E é neste momento que encaixamos as importantes descobertas obtidas pelo Neuropsicólogo Aleksander Romanovich Lúria a respeito das três Unidades Funcionais do cérebro humano. Tais descobertas nos proporcionam hoje a oportunidade de entender e melhorar cada vez mais nosso trabalho pedagógico com a finalidade de proporcionar melhores aprendizados aos nossos alunos, unindo o conhecimento da Neurologia e da Pedagogia nos pontos necessários para o aperfeiçoamento do trabalho pedagógico. Palavras-chave: Ensino e aprendizagem. Neuropsicologia. Luria. 1. INTRODUÇÃO: A CONTRIBUIÇÃO DE ALEKSANDER ROMANOVICH LÚRIA PARA A NEUROPSICOLOGIA ATUAL Com todas as oportunidades vindas de um contexto historicamente construído, temos hoje a possibilidade de relacionar estudos científicos de diversas áreas ao processo educacional, ultrapassando então a “intuição” de pais e professores. Para iniciamos nossas discussões a respeito do entendimento do processo de ensino e aprendizagem, discorreremos sobre Luria, pesquisador dedicado ao estudo do cérebro humano e suas relações sociais. Baseando-nos 32 Artigo produzido como requisito final para a aprovação no curso de pós-graduação lato sensu em Neuropedagogia na Educação, pelo Instituto de Ensino Rhema Educação, em 2013. 33 Docente nas Séries Iniciais do Ensino Fundamental na Rede Municipal em Paranavaí, Paraná. Supervisora PIBID/CAPES Subprojeto Pedagogia – Escola Municipal Profª Noêmia R. do Amaral. Graduada em Pedagogia pela Faculdade Estadual de Ciências e Letras de Paranavaí – FAFIPA. Especializada em Psicopedagogia Clínica e Institucional; Neuropedagogia na Educação; Psicomotricidade e acadêmica do curso de especialização em Arte-educação e Arteterapia no Ambiente Escolar. E-mail: [email protected]. 34 Mestre em Educação, Doutoranda da Unicamp E-mail: [email protected] . _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 114 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ em estudos de Luria (1981) a respeito do funcionamento do cérebro humano, é possível compreender melhor o processo de aprendizagem de nossos alunos e diferenciar os problemas de aprendizagem dos distúrbios de aprendizagem. Kajihara (2009) diz que “o avanço no conhecimento do papel dos sistemas cerebrais na organização das atividades psicológicas humanas começou a ocorrer a partir da década de 1930, com os estudos realizados pelo psicólogo soviético Aleksandr Romanovich Luria” (p.65). Oliveira e Rego (2010, p. 107) autoras que dispensaram tempo em estudos a respeito de Luria, dizem que este autor trabalhou para tornar a psicologia soviética “mais próxima do sonho de seus fundadores: um estudo marxista do homem a serviço do povo de uma sociedade democrática e socialista”. Até hoje, após mais de 30 anos de sua morte, as autoras afirmam que seus estudos continuam despertando interesse, pois, trazem “contribuições significativas que ajudam a compreender a necessidade de preservar a riqueza da realidade humana na sua complexidade” (p. 107). O lugar de prestígio onde Lúria se encontra, entre os autores e pesquisadores atuais, foi conquistado pelo fato de ele ser um pesquisador [...] Obstinado em compreender o complexo processo de constituição humana por meio da fecunda combinação de investigações sobre o enraizamento biológico do funcionamento psicológico e sobre a constituição histórica do psiquismo humano. (OLIVEIRA E REGO, 2010, p.105). O diferencial em Lúria está na forma em que ele pesquisava, buscando compreender o sujeito em sua totalidade. Para sua época, suas atitudes como pesquisador, eram consideradas ousadas, e ainda hoje são consideradas atuais. Oliveira e Rego (2010, p. 107) dizem que “seus estudos expressavam suas tentativas de construir uma metodologia de pesquisa capaz de romper com a artificialidade que marcava as investigações psicológicas de sua época”. Luria viveu 75 anos. Nascido em Kasan, cidade próxima a Moscou, pertencia a uma classe social prestigiada. Filho de médico, pode então ter contato desde cedo, com obras importantes da psicologia. Por viver num período de _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 115 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ grande rebuliço entre a sociedade soviética, suas condições de vida mudaram. Seus estudos ginasiais foram resumidos de 8 para 6 anos. Luria (1992, p.25) apud Oliveira e Rego (2010, p.109) comenta sobre este período dizendo que este grande movimento histórico havia os arrebatado e que os “interesses pessoais foram consumidos em favor de metas mais amplas de uma nova sociedade coletiva”. Viver neste país e durante este período foram itens fundamentais para a formação de um pesquisador tão a frente de seu tempo. Sua visão, como pesquisador, e a própria forma de pensar em ser humano, foi moldada sob uma visão social, onilateral. Seu diploma em Ciências Sociais aos 19 anos traria então a possibilidade de um Doutor em Pedagogia e em Ciências médicas com um olhar suficientemente amplo para que mais pra frente, almejasse juntamente com outros intelectuais, a criação de “uma nova psicologia”. Luria (1988b, p.22) apud Oliveira e Rego (2010) fala sobre o propósito dessa busca por novas formas de estudo psicológicos: “Nosso propósito, super ambicioso como tudo na época, era um novo modo, mais abrangente, de estudar os processos psicológicos humanos” (p.111). Os estudos deste grupo, de acordo com o autor, formado por Lev Seminovich Vygotsky e Alexei Nikolaievich Leontiev, resultaram na psicologia Histórico-cultural. Esta psicologia incorpora os princípios do materialismo histórico dialético, buscava “integrar, numa mesma perspectiva, o ser humano como corpo e mente, como ser biológico e cultural, como membro de uma espécie animal e participante de um processo histórico”. Seus escritos sobre Fundamentos da neuropsicologia são até hoje referência para estudantes da área e das quais possam interessar, pois além de discutir sobre a plasticidade neural, trata da importância da noção de sistema funcional - que trataremos no capitulo seguinte. Em 1977, Luria falece “em Moscou, com insuficiência cardíaca”, deixando o caminho preparado para estudos futuros sobre a neuropsicologia. (OLIVEIRA E REGO, 2010, p. 109). _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 116 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ 2. O CONHECIMENTO A RESPEITO DO CÉREBRO COMO FORÇA PROPULSORA DA AÇÃO DOCENTE A nova psicologia proposta por Aleksandr Romanovich Lúria e os intelectuais de seu grupo Lev Seminovich Vygotsky e Alexei Nikolaievich Leontiev, trouxeram para nossos dias um novo olhar a respeito do trabalho do professor. Considerar o convívio social em nossas análises é primordial para quem segue a linha histórico-crítica. E se tratando de alunos com problemas na aprendizagem, o conhecimento e cautela do analisador deve ser redobrado, a fim de que não aconteça equívocos em diagnósticos. Para discutirmos os problemas relacionados ao processo de ensino e aprendizagem precisamos primeiramente, definir quais são os fatores causadores das dificuldades na recepção dos conteúdos escolares. Alguns estudiosos como Johnson e Myklebust apud Kajihara (2008), pioneiros no estudo a respeito dos distúrbios da aprendizagem, nos auxiliam ao dizer que: Uma criança com distúrbio de aprendizagem é aquela que possui integridade emocional, motora, sensorial e intelectual, mas que apresenta problemas no processamento de certos tipos de informação, os quais interferem na linguagem receptiva ou expressiva, na leitura, na escrita, na aritmética ou na aprendizagem não-verbal. (Johnson e Myklebust apud Kajihara, 2008, p.63) Se seguirmos a linha de pensamento destes autores, e analisarmos minuciosamente os tantos casos que diariamente ouvimos nos corredores das escolas, poderíamos eliminar uma boa porcentagem de alunos com suspeitas de terem distúrbios na aprendizagem e quem sabe até reduziríamos as vendas de medicações para estes problemas. Diante desta necessidade de entendimento sobre o real motivo do fracasso da aprendizagem de alguns dos nossos alunos, é interessante levarmos em consideração a citação de Lucien Goldmann (1986) feita por Patto (1999), que nos inspira a realizar tal investigação ao dizer que “o _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 117 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ pesquisador deve sempre esforçar-se para apreender a realidade total e concreta, mesmo que saiba não poder alcançá-la, a não ser de maneira parcial e limitada [...]” (GOLDMANN 1986 apud PATTO 1999, p.26). Se substituirmos na citação de Goldmann o termo pesquisador, pelo termo professor, muitos casos encaminhados a atendimento psico-educacional seriam melhor analisados e equívocos evitados, já que quando o aluno não possui “integridade emocional, motora, sensorial e intelectual” é maior a possibilidade de que se confundam que o sujeito tenha algum distúrbio de aprendizagem, quando na verdade se trata de problemas que afetam a aprendizagem (Johnson e Myklebust apud Kajihara, 2008, p.63). Vygotsky (1989), também nos embasa diante da afirmação a respeito da análise profunda do sujeito que será investigado ao dizer que: Um objetivo da análise psicológica do desenvolvimento é descrever as relações internas dos processos intelectuais despertados pelo aprendizado escolar. Quanto a isso, tal análise deve ser dirigida para dentro e é análoga ao uso de raios-x. Se bem sucedida, deve revelar ao professor como os processos de desenvolvimento estimulados pelo aprendizado escolar são “embutidos na cabeça” de cada criança (Vygotsky, 1989, p. 102). Sabendo que a tarefa do professor é mediar o conteúdo, de forma que ele o receba e o compreenda, o planejamento dessa mediação deve ser feito cautelosamente de maneira que seja voltado para a especificidade de cada aluno, turma, momento e disciplina. Kostiuk apud Bordezan, Camargo-Silva & Goulart (2009, p.16) afirma que: [...] o ensino exerce um papel ativo no desenvolvimento. Ao colocar os alunos perante as tarefas de caráter cognoscitivo, o professor não se limita a organizar as ações encaminhadas para a execução destas tarefas, mas proporciona aos alunos os métodos necessários, cujo domínio leva ao _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 118 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ aparecimento de novas atividades e ao desenvolvimento das potencialidades mentais. Tal afirmação vem de encontro aos nossos pensamentos diante desta pesquisa. O desenvolvimento destas potencialidades mentais pode ser impulsionado através da mediação do professor, possibilitando assim a ampliação das capacidades psíquicas dos alunos, que poderão acompanhar o aprendizado de conteúdos históricos, científicos e culturais. O ensino de qualidade deve ter o professor como sua força propulsora e ele não deve desconsiderar-se como um possível problema do processo de ensino e aprendizagem. Ainda nos posicionando a favor do preparo e empenho pedagógico para a qualidade do ensino, acreditamos que a qualidade da formação docente é fator indispensável par tal fim. O professor deve se preocupar com sua atuação não apenas a respeito do conteúdo que será ministrado, mas sim sobre como ele será “recebido” pelo sujeito e se daquela forma será compatível com as capacidades do aluno. Quanto a isto, sabemos que antes de as crianças desenvolverem individualmente as suas capacidades psíquicas, elas encontram na cultura de sua sociedade o conhecimento historicamente construído e acumulado. Conforme a convivência neste meio ela, suas características serão gradativamente formadas e assim o indivíduo adquirirá então, no decorrer de sua vida, o saber socialmente elaborado. Em função disto, os autores Palangana, Galuch e Sforni (2002, p.115) afirmam que, “se as funções mentais são socializadas e reconstruídas por meio da comunicação, do inter-relacionamento, então, na escola, é preciso estar atento à qualidade das informações do saber mediado na relação professor/aluno. Para o parceiro de pesquisas de Lúria, o russo Vygotsky (1989), é possível aumentar a complexidade de respostas a estímulos. Baseamo-nos também na abordagem sócio-cultural que tem apontado dentro de seus pressupostos, pesquisas relevantes a respeito da possibilidade de desenvolvimento do potencial intelectual dos alunos. E é nos estudos feitos por este psicólogo social que nos basearemos ao dizer que durante o processo de ensino e aprendizagem torna-se necessário focar nossas atenções ao que ainda não aconteceu (o conteúdo _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 119 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ visado pelo professor) e trabalharmos com o que já se tem como ponto de partida. Esta é a ideia básica que para Vygotsky (1989), toma forma no conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal. Conforme os pressupostos da teoria histórico-cultural é possível entender que a aprendizagem não ocorre em função do desenvolvimento conforme explicava a teoria inatista. Ao contrário, Vygotsky, ao escrever sobre a Zona de Desenvolvimento Proximal afirma que o desenvolvimento é impulsionado pela aprendizagem. Em suas palavras, “a noção da zona de desenvolvimento proximal capacita-nos a propor uma nova fórmula, a de que o “bom aprendizado” é somente aquele que se adianta ao desenvolvimento” (1989, p. 101). Dentro deste contexto, o entendimento do professor sobre a real situação de seu aluno tem papel decisivo para que a aprendizagem ocorra e deverá existir nesta cena um trabalho mediativo entre aquela criança e o conteúdo que ele ainda não possui, impulsionando-a assim ao Nível de Desenvolvimento Potencial. A respeito desta atuação do mediador, ressaltamos a importância do conhecimento a respeito do cérebro. Lúria (1981) em suas pesquisas a respeito das “3 Unidades Funcionais” principais do cérebro humano abriu as portas para novas pesquisas, e mais avançadas sobre o assunto. Em seus escritos ele fala sobre elas: Com alguma aproximação à verdade elas podem ser descritas como uma unidade para regular o tono ou a vigília, uma unidade pra obter, processar e armazenar as informações que chegam do mundo exterior e uma unidade para programar, regular e verificar a atividade mental (LÚRIA 1981, p.27). As possibilidades vindas das pesquisas de Lúria, nos trouxeram hoje acesso a um artigo muito importante para a Neuropsicologia, Petersen e Posner (2012) relembram em seus escritos o seu primeiro artigo, de 1990, a respeito do “Sistema da Atenção do Cérebro Humano” (The Attention System of the Human _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 120 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Brain) (p.73). Neste momento ele cita a repercussão de suas pesquisas, que foram embasadas nos estudos do neuropsicólogo Lúria, e a importância que elas tiveram para a “descoberta de novas redes nas regiões do cérebro” 35 (p.73). Estas novas redes de atenção mudaram a interpretação de várias situações, como importantes mudanças ocorridas no sistema nervoso durante os primeiros anos de vida do ser humano. Um dos aspectos que nos chamam a atenção é a existência (e maior conhecimento sobre) das redes atencionais. As redes de atenção, com as novas descobertas descritas por Petersen e Posner (2012), são chamadas de Rede de Alerta, Rede de Orientação e Rede Executiva, sendo que cada uma dessas pequenas áreas, encontradas em nosso cérebro, é considerada como a responsável por um tipo de atividade. Sendo assim, cada atividade realizada por nossos alunos é permitida por estas três redes específicas. Quando tratamos do estado de prontidão, os autores citam a Rede de Alerta como a responsável. Estar atento ou a par durante uma atividade lúdica, está relacionado a esta de rede de atenção. Haveria no estado de alerta a participação, de acordo com este estudo, de “uma grande parte do hemisfério direito comum e um conjunto de áreas do tálamo” 36 (PETERSEN & POSNER 2012, p.77). Já a segunda rede, a Rede de Orientação é a responsável, por exemplo, em fazer-nos seguir instruções como memorizar e executar as etapas de uma instrução que nos foi dada. Sobre esta rede, uma surpreendente notícia – para Petersen e Posner (2012) - é que a “orientação aos estímulos visuais parecem sobrepor-se fortemente com aquelas que estão envolvidas com orientação aos estímulos em outras modalidades” (p.78). Tais descobertas, para a ação pedagógica é de grande contribuição, pois sabendo que os estímulos visuais são fortemente sobrepostos aos outros, o professor saberá conduzir suas atividades docentes considerando o assunto. E para finalizarmos a discussão sobre as redes de alerta estudadas por Petersen e Posner (2012), falaremos da Rede Executiva, que se trata da rede em 35 “has supported the addition of new networks of brain regions” “showed that a largely common right hemisphere and thalamic set of áreas are involved in both phasic and tonic alerting” _______________________________________________________________________________ 36 UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 121 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ que nós podemos atuar, controlando através da razão, do auto-controle ou a autoregulação, como é o caso do controle inibitório, fundamental para o convívio em sociedade. A rede Executiva, de acordo com as pesquisas e escritos destes autores, mostram que, assim como a Rede de Orientação, “as redes executivas frontoparietal são separadas na idade adulta, eles podem ter uma origem comum no início do desenvolvimento” (p.80). Os autores ainda falam sobre a correlação entre as diferenças individuais da rede de alerta e a de orientação, sendo que estas trabalhariam conjuntamente na maioria das atividades que executamos. Estas descobertas, “tem contribuído para o aumento no entendimento dos aspectos patológicos e para algumas novas intervenções” (PETERSEN & POSNER 2012, p.73). Várias alterações acontecem no SNC através da aquisição de experiências e é por isto que neste momento a neuroplasticidade alia-se à busca de um bom processo ensino-aprendizagem, já que as transformações neurobiológicas neste momento se tornam protagonistas. De acordo com Kajihara (2008, p.82) “A plasticidade cerebral não é somente uma característica da criança e do adulto com integridade neuronal. Nos últimos anos, a neurociência tem demonstrado que o cérebro da criança disléxica pode sofrer modificações com o ensino”. Os estudos feitos a respeito da plasticidade do Sistema Nervoso Central apontam que é possível melhorar o rendimento do indivíduo através de estímulos propositais, que geram alterações funcionais nos neurônios. De acordo com estudos feitos por Miranda-Neto, Molinari e Sant’ana (2002, p. 10) “devido à sua plasticidade, nosso cérebro irá constituir-se durante toda a vida numa obra de arte inacabada”. E para que este fator colabore diretamente nesta otimização do processo de aprendizagem, é necessária a estimulação do indivíduo de forma que o número de sinapses (ligações) ocorridas em seus neurônios seja multiplicado. Vygotsky nos faz refletir sobre a nossa ação como docentes ao afirmar que: Aprendizado não é desenvolvimento; aprendizado adequadamente organizado entretanto, resulta o em _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 122 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ desenvolvimento mental e põe em movimento vários processos de desenvolvimento que, de outra forma, seriam impossíveis de acontecer. Assim, o aprendizado é um aspecto necessário e universal do processo de desenvolvimento das funções psicológicas culturalmente organizadas e especificamente humanas. (Vygotsky, 1989, p. 101) E é desta forma que este estudo vem para contribuir na formação e informação de docentes, envolvidos diariamente na formação de indivíduos que dirigirão um dia nossa sociedade. 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS Partindo da fala de Vygotsky (1989, p.101) que diz que “o aprendizado é um aspecto necessário e universal do processo de desenvolvimento das funções psicológicas culturalmente organizadas e especificamente humanas” concluímos que o desafio encontrado por nós ao lidar com alunos que possuem problemas (ou não) no processo de aprendizagem, torna-se mais claro quando é compreendido o funcionamento do cérebro diante aos estímulos. É preciso entender que cada indivíduo é portador de uma história na qual é possível encontrar dicas que ajudarão na elaboração dos trabalhos em prol da melhoria do aprendizado deste. A neuroplasticidade é o fator que impulsiona a aprendizagem e que além de nos caracterizar como seres inteligentes, nos revela que somos capazes de adaptar-se a condições impostas por fatores externos e também internos. É importante que o trabalho seja pautado sempre na busca de possibilidades e que nós, como profissionais da educação, saibamos que qualquer mínima mudança poderá então acarretar de fato à uma aprendizagem significativa. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 123 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Esta aprendizagem deverá ser significativa não somente pelo simples fato de haver uma absorção do conteúdo de forma promissora. Devemos educar com excelência ao ponto de que o aluno consiga localizar-se na sociedade como agente histórico e transformador de sua realidade. Isto não acontecerá então somente para privilegiar a parte produtiva da sociedade, ou seja, para fins materiais, mas acontecerá intelectualmente no sujeito. Baseando-nos em Marx apud Manacorda (2007), entendemos que a nossa idealização de formação do sujeito não deve ser parcial, abordando somente o manual ou o intelectual, o autor diz que isto tornaria o homem unilateral, ou seja, dividido. Manacorda (2007, p.78), a respeito desta formação completa ainda diz que “sabendo que o trabalho é uma atividade vital humana (usada para fins corretos) o homem pode tornar-se completo nele, sendo assim, no trabalhador está contida a possibilidade humana universal”. Ou seja, devemos sim, focar a aprendizagem significativa em um âmbito intelectual e manual, o que então torna o homem onilateral, ou seja, completo. E por sabermos que o convívio social somado à fatores mediativos nos quais o aluno foi submetido, que acarretará na sua formação, nos baseamos em Bordezan e Camargo-Silva (2009, p.14) que nos acompanha nesta linha de pensamento quando dizem que “o fracasso ou sucesso das pessoas com deficiência dependerá, em grande medida, das relações que são estabelecidas, em casa, na escola, na comunidade, na sociedade em que estão inseridas”. Logo, o desenvolvimento das potencialidades mentais que os alunos – deficientes ou não- possuem pode ser impulsionado através da mediação, que intimamente ligada com o conhecimento do professor a respeito do funcionamento do cérebro humano, auxiliará no bom funcionamento dos fatores que influenciam a formação da criança. REFERÊNCIAS _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 124 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ BORDEZAN, Andréia Nakamura; CAMARGO-SILVA, Sandra Salete de; GOULART, Áurea Maria Paes Leme. A relevância da Educação Escolar no desenvolvimento da capacidade de percepção da criança com deficiência mental. Anais do IV CIPSI – Congresso Internacional de Psicologia:Maringá, UEM, 2009. KAJIHARA, Olinda Teruko. Avaliação da dislexia pelo método da Neuropsicologia cognitiva. MACIEL, L. S. B.; MORI, N. N. R. (org.). Pesquisa em educação: múltiplos olhares. Maringá: Eduem, 2009. KAJIHARA, Olinda Teruko. 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Na sequência destaca-se o papel do educador infantil nesse processo, a sua mediação o que pode contribuir, as brincadeiras e os jogos enquanto instrumentos pedagógicos fundamentais para o desenvolvimento da criança. Palavras-chave: Educação Infantil. Mediação. Lúdico. 1. INTRODUÇÃO O presente trabalho tem por objetivo discutir a importância do brincar no processo de desenvolvimento na criança, sobretudo na Educação Infantil, primeira etapa da Educação Básica. Um olhar sobre a ludicidade como um instrumento para a aprendizagem e a construção de novos conhecimentos via brincadeiras, brinquedos e jogos. Esses momentos lúdicos podem e devem ser utilizados pelo educador, mas com objetivo definido para que a aprendizagem da criança seja significativa. O brincar é característico da infância e traz benefícios para o desenvolvimento, podendo proporcionar experiências entre o real e o mundo da imaginação. Para Vygotsky apud Rego (1995), o brincar é uma atividade importante e fundamental na infância, na qual: “[...] ela recria sua realidade por meio de símbolos imaginários, conduzindo através de brinquedos diversos papéis que são elaborados no seu cotidiano como, brincar de casinha, médico, escolinha, entre outros “ (REGO, 1995, p.80). 37 Artigo produzido enquanto trabalho desenvolvido no Subprojeto Pibid Acadêmica e bolsista do PIBID/ Curso de Pedagogia da UNESPAR, Campus de Paranavaí. 39 Acadêmica e bolsista do PIBID/ Curso de Pedagogia da UNESPAR, Campus de Paranavaí. _______________________________________________________________________________ 38 UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 126 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Na interação da criança com o brinquedo, a mesma constrói o seu mundo, podendo trazer situações ou experiências sobre a sua realidade para dentro da brincadeira. O ato de brincar acaba desenvolvendo na criança aspectos intelectivo, físico, social, emocional, dentre outros. Nesse sentido, esse trabalho pretende evidenciar ao educador infantil, um que ele pode trabalhar melhor as atividades lúdicas e inserir esses momentos em projetos, planos de aula, sequências didática, tendo como objetivo que essas possam contribuir na aprendizagem e no desenvolvimento da criança. Segundo Vygotsky (1989), cabe o educador fazer uso desses recursos para chamar atenção de seus alunos, conhecendo suas limitações, fortalecendo a interação e socialização entre os alunos, gerando a participação de todos no processo de ensino e aprendizagem. Para promover isso o educador deve criar situações de interação para uma aprendizagem significativa. Essa mediação entre o educador e aluno através desses momentos lúdicos, para que tenham um bom desenvolvimento e uma aprendizagem significativa, passamos a discutir a seguir. 2. A MEDIAÇÃO DO EDUCADOR INFANTIL NO BRINCAR As atividades lúdicas são fundamentais na Educação Infantil. Vygotsky (1995) e Wajskop (2012) destacam a mediação entre educador aluno, aluno e aluno, sendo um dos fatores responsáveis para a formação da criança tanto no cognitivo, psíquica e na socialização com o outro. O papel do educador é fundamental para o enriquecimento da brincadeira. Sendo ela uma atividade social na infância, possibilita a interação com o grupo e com o adulto. É nesse momento que o educador será o mediador entre a criança e o ato de brincar. Com isso deverá organizar um trabalho com a criança na perspectiva lúdica interagindo com ela, mas ao mesmo tempo observando e registrando se a criança está se desenvolvendo em seus aspectos intelectuais, cognitivos e socializando bem com o grupo. Para que o momento de ludicidade ocorra é preciso que o educador articule atividades para uma aprendizagem significativa para o aluno. Cabe ao _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 127 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ educador selecionar materiais que irá trazer resultados, que despertem o interesse dos alunos e que poderão ser produzidos pelos alunos, pois: Considerando que a brincadeira deve ocupar um espaço central na educação infantil, entendo que o professor é figura fundamental para que isso aconteça, criando os espaços, oferecendo-lhes material e partilhando das brincadeiras das crianças. Agindo desta maneira, ele estará possibilitando ás mesmas uma forma de aceder ás culturas e modos de vida adultos, de forma criativa, social e partilhada. Estará, ainda, transmitindo valores e uma imagem da cultura como produção e não apenas consumo (WAJSKOP, 2012, p.119). Diante do exposto, entende-se que o educador poderá enriquecer as aulas com materiais que podem transformar em brinquedos ou jogos, despertando interesse pelos materiais que são feitos, trazendo valores para o ambiente escolar e favorecendo a criatividade das crianças. Vygotsky apud Rego (1995), destaca que o papel da mediação do educador nos momentos lúdicos em que ele participa, faz toda a diferença, oportunizando que as crianças se relacionem mais com o brincar, propiciando o desenvolvimento das mesmas no sentido intelectivo, social e motor. Nesse contexto Vygotsky vê que o papel do professor é de extrema relevância como agente mediador para conduzir a brincadeira, sendo ele o transmissor de conhecimentos, transformando a mesma em uma ferramenta rica em aprendizagens. Outro aspecto a ser ressaltado é o ambiente e a sua organização na educação infantil. Quando executa as atividades em sala de aula, a sua presença, a organização tantos dos brinquedos, brincadeiras ou jogos, e a duração são considerados também como uma mediação. Brougére (1998) postula que o educador deve construir um ambiente agradável para as crianças, possibilitando e estimulando a brincadeira sempre que possível. É preciso que o educador dê valor para esse momento lúdico, não o veja como um momento de recreação e crie ambiente e materiais que proporcionem elementos de motivação para as crianças. Proporcione um trabalho que desenvolva conceitos de lógica, classificação e o que é fundamental, a interação entre as crianças trabalhando em grupo. O lúdico por meio de jogos e _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 128 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ brincadeiras pode estar presente e auxiliar os alunos no processo de aprendizagem dos conteúdos escolares. Assunto esse tratado na sequência. 3. O LÚDICO E A APRENDIZAGEM Quando as crianças brincam, lançam mão do lúdico a todo o momento. É o lúdico que torna o real fantasia, proporciona momentos de descontração, do faz de conta e da imaginação. Mas o que seria lúdico? Segundo o Dicionário Escolar da Língua Portuguesa (2000, p.364) lúdico, é um “[...] adjetivo de origem latim ludus, no qual se refere a jogos e brinquedos”. As atividades lúdicas estão relacionadas com os jogos, com os brinquedos, com as brincadeiras, enfim estão ligadas ao ato de brincar. Essas atividades lúdicas são importantes para o desenvolvimento da criança em vários aspectos (intelectivos, físicos, psicológicos, sociais) e também, no que diz a respeito sobre o processo ensino-aprendizagem. O lúdico não é apenas um momento de recreação ou de diversão, mas é onde acontece o processo de ensino e aprendizagem e também o desenvolvimento dos aspectos cognitivo, físico, social e emocional da criança. E o brincar? Existe diferença entre o brincar e o lúdico? O brincar faz parte do mundo da criança, pois é dessa forma é que elas aprendem e se socializam com facilidade. No brincar ela adquire conhecimentos ligados a diversos contextos como, aprendem a conviver em grupo, a tomar decisões e percebe melhor o mundo dos adultos. De acordo com o Referencial Curricular Nacional Para a Educação Infantil: Brincar é uma das atividades fundamentais para o desenvolvimento da identidade da autonomia. O fato de a criança, desde muito cedo, poder se comunicar por meio de gestos, sons e mais tarde representar determinado papel na brincadeira faz com que ela desenvolva sua imaginação. (1998, p.22). _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 129 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ O brincar é importante para a criança, no seu desenvolvimento tanto físico, afetivo, intelectual e social, até mesmo em sua autonomia. No brincar como podemos perceber a criança se desenvolve e, ao mesmo tempo recria, repensa e relaciona a sua realidade assumindo ações sobre a brincadeira. O lúdico e a brincadeira são caminhos que facilitam a aprendizagem, pois por meio da atividade lúdica a criança começa a formar conceitos, relaciona ideias, enfim, acaba se socializando e construindo seu conhecimento. É por meio da brincadeira que a criança assume papéis durante o momento de brincar, onde elas internalizam e assimilam na brincadeira um modo de estar recriando e agindo conforme o adulto que esta a sua volta. O principal indicador da brincadeira, entre as crianças, é o papel que assumem enquanto brincam. Ao adotar outros papéis na brincadeira, as crianças agem frente à realidade de maneira nãoliteral, transferindo e substituindo suas ações cotidianas pelas ações e características do papel assumido, utilizando-se de objetos substitutos.(Referencial Curricular Nacional Para a Educação Infantil,1998,p.27). Nesse sentido, ressaltamos que o brincar faz com que a criança recrie e repense atos que estão ligados a sua realidade, a sua experiência social e as interações que se estabelece com ela. Wajskop (1997), enfatiza que a criança vai desenvolve-se pela interação social e nas experiências que tem sobre o mundo e sobre o adulto. É na brincadeira que ela vai recriando e assumindo papeis com características que ela reconhece através da sua interação e experiência social, podendo assim imitar alguém ou algo conhecido que esteja no seu ambiente familiar até mesmo na instituição de educação infantil. A brincadeira é uma forma de comportamento social, que se destaca da atividade do trabalho e do ritmo cotidiano da vida, reconstruindo-se para compreendê-los segundo uma logica própria, circunscrito e organizado no tempo e no espaço. (WAJSKOP, 1997, p.29). _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 130 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Vygotsky (1995) considera a atividade lúdica crucial para o desenvolvimento intelectivo, pois a criança ao criar situações imaginárias, desenvolve o pensamento abstrato, pois cria ações, objetos com significados, ou seja, isso acontece porque internaliza a sua realidade na brincadeira. Esse ato de brincar torna-se “[...] um significado poderoso da penetração da criança na realidade” (VYGOTSKY, 1995, p.34). Pode-se dizer que as atividades lúdicas que envolvem a brincadeira e os jogos são importantes, pois nestes momentos ocorre a aprendizagem de diversos conceitos, regras, normas de conduta, dentre outros. Aliado a este fator é preciso que o educador tenha o conhecimento de estar utilizando as brincadeiras e os jogos em suas atividades, propiciando momentos em que as crianças possam brincar e trabalhar com a imaginação. Esse momento de brincar é importante e essencial para as crianças em Centros de Educação Infantil, mas é preciso que esteja trabalhando o desenvolvimento cognitivo da criança, fazendo com que aquela determinada atividade lúdica tenha um objetivo para promover a aprendizagem. O lúdico traz benefícios para as crianças. Por exemplo, possibilita o desenvolvimento da imaginação, pois as crianças tem a capacidade de interpretar simbolicamente situações que estão ligadas no seu dia-a-dia, envolvendo atividades cognitivas e abrangendo outras formas de expressão. Por outro lado, busca mostrar aos educadores infantis que eles podem ser os mediadores entre as crianças e as atividades lúdicas, mas para tanto é necessário conhecimentos teóricos e a capacidade de observar os momentos lúdicos, transformando-os em aprendizagens. O lúdico é eminente educativo no sentido em que constitui a força impulsora de nossa curiosidade a respeito do mundo e da vida, o princípio de toda a descoberta e de toda criação (SANTO AGOSTINHO apud RODRIGUES e ROSIN, 2007, p.113). _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 131 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ A partir dessa reflexão pode-se entender que o lúdico é educativo e vai além de momentos de diversão. Ele é fundamental, pois contribui e estimula a curiosidade e novas descobertas, construindo novos conhecimentos. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS A atividade lúdica por meio de brincadeiras, brinquedos e jogos são importantes e fundamentais para o desenvolvimento da criança, nos seus aspectos físico, cognitivo, emocional e social o que contribui para uma aprendizagem significativa. Nesse sentido a atividade lúdica deve ser levada a sério pelo educador de educação infantil, visto que ela pode desenvolver e conduzir para aprendizagem. Contudo é importante que os educadores da educação infantil compreendam e tenha um novo olhar sobre as brincadeiras e jogos, visto que ele não é uma recreação ou como um meio de passar tempo, mas sim um fator importante e fundamental para ter o desenvolvimento, é preciso que o educador tenha o objetivo para essas atividades lúdicas e que elas sejam alcançadas, enfim, o educador precisa ter um novo olhar e conhecimento sobre o lúdico para conduzir essas atividades, e ver que o mesmo é um fator principal para o conhecimento para que a aprendizagem da criança seja significativa. REFERÊNCIAS BROUGÉRE, Gilles.Jogo e educação. Porto Alegre: ARTMED, 1998. BRASIL. Referencial Curricular Nacional para a educação infantil: Ministério da Educação e do Desporto .vol.1. Brasília: MEC/SEF, 1998. COLE, Michael (Org). A formação social da mente: O desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. São Paulo, Martins Fontes, 1991. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 132 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ FRIEDMANN, Adriana. O brincar no cotidiano da criança. São Paulo: Moderna, 2006. ______________, Adriana. O desenvolvimento da criança através do brincar. São Paulo: Moderna, 2006. GOMES, Tiago Pereira; CASTRO, Genivaldo Macário de. Brincar e desenvolvimento infantil: uma análise reflexiva. Endereço na Internet: http://www.ufpi.br/subsiteFiles/ppged/arquivos/files/VI.encontro.2010/GT.8/GT_08 _04_2010.pdf. Acesso em: 05 de abril de 2014. REGO, Teresa Cristina. Vygotsky: Uma perspectiva histórico-cultural da educação. 2. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1995. RODRIGUES, Elaine. ROSIN, Sheila Maria (Org). Infância e práticas educativas. Maringá, PR: Eduem, 2007. RIOS, Dermival Ribeiro. Minidicionário escolar da língua portuguesa. Ed.Comemorativa.São Paulo: DCL2000. SANTOS, S.M.P. Brinquedoteca: O Lúdico em diferentes contextos. São Paulo: Vozes, 1997. VYGOTSKY, L.S. A formação Social da Mente. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1989. WAJSKOP, Gisela. Brincar na educação infantil: uma história que se repete. 9. ed. São Paulo: Cortez,2012. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 133 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ A LITERATURA INFANTIL E SUA RELEVÂNCIA NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM 40 RIBEIRO, Larissa da Silva41 SANTOS, Nilva Oliveira Brito dos42 Resumo: O presente artigo tem analisa a importância da literatura infantil como forma de contribuição para a melhoria do processo de desenvolvimento e aprendizagem dos alunos nas séries iniciais. Destacar o quanto este elemento contribui no desenvolvimento social e psíquico destes alunos e ressaltar o quanto é imprescindível incutir nestes alunos o gosto por esta prática na qual levarão em todo o decorrer de suas vidas, constituem os objetivos da pesquisa. Este estudo tem caráter bibliográfico fundamentando-se em obras primárias e secundárias. No decorrer do referido estudo observamos que este aponta para que o educador invista no conhecimento acerca da importância da literatura, pois o seu uso contribui para uma formação crítica e integral do ser humano. Neste sentido é possível a percepção de que essa área do conhecimento é fundamental nas escolas. Palavras-chave: Literatura Infantil. Ensino. Desenvolvimento. 1 INTRODUÇÃO O presente artigo discorre sobre reflexões acerca da importância da Literatura Infantil nas séries iniciais. Tem como objetivo, destacar elementos textuais que contribuem nesse processo educativo, enfatizando a importância dos seus ensinamentos para o desenvolvimento desses alunos. Entendendo que a leitura é fundamental para construção de conhecimentos e para o desenvolvimento intelectual, ético e estético do ser humano destacamos o quanto esta prática contribui no processo de ensino e aprendizagem. Apesar da importância do ato de ler, muitas crianças ainda não têm esse hábito, ou seja, o 40 Artigo apresentado na Jornada de Pedagogia da UNESPAR, Campus de Paranavaí. ² Acadêmica do Curso de Pedagogia da UNESPAR , Campus de Paranavaí ³ Professora do colegiado de Pedagogia /Coordenadora do PIBID UNESPAR, Campus Paranavaí. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 134 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ gosto pela leitura. Nesse sentido, após o estudo, apresentamos algumas propostas que possam minimizar essa realidade à qual estamos vivenciando. De acordo com a UNESCO (2005) somente 14% da população tem o hábito de ler. Podemos afirmar que grande parte da população não é leitora. Nota-se então a necessidade de levar à sala de aula textos que despertem o prazer de ler, de sonhar, de imaginar um mundo bem melhor do que essa realidade. O processo para criar o interesse e gosto pela leitura é constante, começa desde bebê, em casa, e vai se aperfeiçoando na escola e na vida. Antes de aprenderem a ler, é muito importante que as crianças tenham contato com a literatura. Ouvir histórias contadas por um professor, pais, avós, estimula e motiva nas crianças o gosto pela leitura. Portanto, pais e professores têm um papel fundamental neste processo, pois são eles quem deve apresentar os livros às crianças, sendo então os estimuladores e incentivadores da leitura. Nota-se que a leitura não é um simples passatempo sem grandes ambições, é algo para o resto da vida, daí a necessidade de um trabalho comprometido com o lúdico da criança. Diante do contexto educacional que vivenciamos e os conflitos existentes quanto aos métodos de ensino vigente nas escolas, e possível fazer questionamentos sobre: Qual a contribuição da literatura no que se refere ao ensino e à formação social do homem? Qual a importância deste gênero literário como meio de orientação crítica e moral do cidadão que se quer formar? No desenvolvimento do artigo, no primeiro tópico abordamos a ludicidade enquanto um encaminhamento possível para o processo de ensino. Observamos no decorrer deste estudo que o aluno não aprende somente através dos processos convencionais de estudo sobre determinado assunto, ele pode também aprender e desenvolver suas capacidades através leituras de estórias encantadas que trazem em seu contexto, lições morais, éticas e sociais. Em seguida, abordamos um estudo acerca da história da literatura e algumas considerações de autores renomados no assunto, sobre a importância e a contribuição desta área para a formação de cidadãos críticos e leitores. Este gênero textual contribui _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 135 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ para uma melhor absorção dos conteúdos necessários aos alunos, eixo da discussão seguinte, apresentando o quanto a literatura infantil é importante para um ensino de qualidade na escola. Esta contribui para o pleno desenvolvimento das funções sociais e humanas. 2 CONSIDERAÇÕES SOBRE A LITERATURA INFANTIL Partindo da ideia de que a criança vista como adulto em miniatura perpetuou durante séculos em nossa cultura, antes do surgimento da infância a criança deveria amadurecer mais rapidamente para atender as necessidades do sistema de produção, caracterizando-se assim, em um modelo adulto. Isto ocorreu até o século XVII, pois posteriormente com o impulso dos estudos pedagógicos e progresso da ciência nos séculos XVIII e XIX origina-se constantes reflexões sobre a importância das etapas do desenvolvimento da criança presentes em sua infância, ou seja, a criança não é mais vista como adulto em miniatura, criando-se também uma literatura própria para ela. Os primeiros livros infantis foram produzidos para satisfazer as necessidades da nova estrutura familiar, centrada e preocupada com a privacidade e estimulo afetivo de seus membros. Antes desse modelo familiar, como vimos anteriormente não existia uma consideração ou preocupação especial para com a infância. Os primeiros textos escritos para crianças foram escritos por pedagogos e professores, e tinham um objetivo educativo. Ainda hoje a literatura é vista como colônia da pedagogia, o que lhe causa prejuízos, sendo esta não aceita como arte, pois apresenta uma finalidade pragmática e a presença de um objetivo didático faz com que ela participe de uma atividade comprometida co o domínio da criança. Com o tempo tornou-se imprescindível uma transformação entre essas relações, para que houvesse na literatura infantil uma relação de dialogo _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 136 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ saudável entre o livro e seu leitor. Pois é em sala de aula que ocorre um desenvolvimento mais intenso pelo gosto da leitura. As mudanças ocorridas no decorrer dos séculos transformaram as modalidades culturais e a literatura que conhecemos hoje. A literatura não deve servir apenas de consolo ou justificativa para os conflitos do leitor, mas deve fazer com que o mesmo compreenda desde o contexto da sociedade em que vive até a si mesmo. Cada época compreendeu e produziu literatura a seu modo. Conhecer esse “modo” é, sem dúvida, conhecer a singularidade de cada momento da longa marcha da humanidade em sua constante evolução. Conhecer a literatura que cada época destinou às suas crianças é reconhecer os ideais e valores ou desvalores sobre os quais cada sociedade se fundamentou (CARVALHO, 2000, p. 27-28). Contudo a literatura vai além de um instrumento pedagógico, pois faz cm que o aluno mergulhe em sua cultura e a escola nesse caminho, abra as portas para uma nova forma de ensinar, onde o aluno através do conhecimento literário tenha uma opinião crítica e própria, tornando-se independente e de pensamentos livres, para que faça com que a sociedade se transforme. Ao longo dos séculos, foram muitos os autores que se dispuseram e se interessaram em escrever sobre as contribuições da literatura para a formação do homem, os autores definem a literatura infantil de diferentes formas, para uns ela é um objeto de distração para as crianças, para outros ela é um objeto de ensino, já outros a considerada uma arte literária. Coelho (1991), afirma que a expressão “Literatura Infantil” sugere de imediato a ideia de belos livros coloridos destinados à distração e ao prazer das crianças em lê-los, folheá-los e ouvi-los. Com isso a literatura infantil foi minimizada e tratada como um gênero menor. No entanto, em essência, sua natureza é a mesma da que se destinam aos adultos, as diferenças são determinadas pela natureza do seu leitor/receptor: a criança. Ainda segundo Coelho (1991), as obras literárias quando eram reduzidas, ou minimizadas, atingiam um novo objetivo, que era de atrair o pequeno _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 137 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ leitor/ouvinte e levá-lo para participar das diferentes experiências que a vida pode nos oferecer, sendo ao nível do Real ou do Maravilhoso. Hoje a escola é um espaço onde se devem lançar meios para que o aluno exercite sua mente, através da literatura Infantil que é o agente ideal para o aluno poder fazer uma leitura-do-mundo, se conhecer, fazer relações com o outro e também dinamizam o estudo e conhecimento da língua, da expressão verbal significativa e consciente. Com os livros literários os alunos passam a estudar e aprender mais sobre diversas matérias, como a História, Geografia, Filosofia, Sociologia, entre outras, sem que seja percebido como um conteúdo, ele é transmitido de forma com que o aluno possa interagir com a história, conhecendo lugares, culturas, valores e aprendendo mais sobre a ética e cidadania. A leitura é um processo fundamental para o desenvolvimento da criança e também do adolescente, pois ela ajuda na formação da personalidade e do universo que o indivíduo acaba construindo dentro de si. Por esse motivo ela é vista como um fenômeno que alcança a formação de mentes seja dentro da vida cultural ou da sociedade. Pode-se dizer que o termo “Literatura Infantil”, é: [...] como 'objeto' que provoca emoções, dá prazer ou diverte e, acima de tudo, 'modifica' a consciência-de-mundo de seu leitor, a Literatura Infantil é Arte. Por outro lado, como 'instrumento' manipulado por uma intenção 'educativa', ela se inscreve na área da Pedagogia (COELHO, 1991, p. 42.). É por essas e outras que enfatizamos a importância da leitura na vida das crianças, iniciando ainda enquanto bebê e praticando na vida toda. Podemos dizer que o papel do professor como incentivador da leitura é muito importante, cabendo-lhe esse trabalho, deve fazê-lo da maneira mais gostosa e envolvente possível para a criança, incutindo-lhe o desejo no aluno de ler. A leitura torna as pessoas críticas e conscientes. Ela transmite muitas sensações importantes para a criança, fazendo com que esta reflita sobre determinadas situações que enfrenta, ou problemas que possa encontrar, e ainda permite conhecer através das histórias e personagens um mundo encantador que sem perceber acaba _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 138 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ influenciando em seu modo de vida, no seu papel como cidadão, na sua personalidade e caráter. A escola e as estórias de ficção formam o aluno e produz nele um efeito que mesmo sendo um sistema já direcionado, causa-lhe uma reação. A literatura reflete a realidade do aluno considerando seus conflitos, trazendo-lhe soluções e despertando cada vez mais o seu interesse por ouvi-la. Enquanto que a escola sempre contentando a classe burguesa, mostra através das diferentes disciplinas a realidade à sua maneira, qual seja, afastar o aluno cada vez mais do senso crítico. Aprendemos que com a leitura é possível nos tornamos cidadãos críticos, criativos e capazes de refletir a respeito de tudo que nos cerca, crescendo intelectualmente e nos fazendo sábios. 3 A LITERATURA INFANTIL COMO ELEMENTO FORMADOR DA CONSCIÊNCIA. Desde os tempos remotos o homem vem se desenvolvendo constantemente, passando por vários estágios para atingir a capacidade intelectual de que hoje usufrui. Este processo ocorreu lentamente, mas possibilitou ao homem se descobrir e aprender a praticar seus conhecimentos de forma racional e civilizada. Entretanto, o homem também é constituído de emoção e sensibilidade, isto completa sua personalidade. Diante de todo esse processo de desenvolvimento, houve também o avanço da tecnologia e de grandes descobertas no ramo da Ciência, Psicologia, Medicina, etc. Em meio a esse desenvolvimento, hoje sabe-se que a infância constitui uma fase especial de evolução e formação da criança onde se explora suas potencialidades, que com o passar do tempo vão sendo melhores trabalhadas e desenvolvidas. A Literatura Infantil auxilia no processo de desenvolvimento intelectual, social e crítico do homem, fazendo com que este _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 139 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ veja a literatura como uma chave para abertura das portas do conhecimento, pois estas são as primeiras obras das quais temos acesso. As estórias são para as crianças o que foram as parábolas de Cristo para os cristãos, para os homens: sementes para germinar e frutificar [...]. O conto infantil é uma chave mágica que abre as portas da inteligência e da sensibilidade da criança, para sua formação integral (CARVALHO, 1989, p. 17-18). Froebel, o grande pedagogo, também enfatizava o valor educativo das estórias em todas as classes, desde o jardim de infância, mas é importante que esta prática se inicie no lar, com os pais, para que seja despertado este interesse na criança e a leitura seja algo prazeroso a ela. Portanto, há a necessidade de conscientizar os pais e professores de praticar a leitura com a criança, estimulando-as e envolvendo-as no mundo da leitura. É necessário que ao ler histórias encantadas para as crianças o adulto tenha sensibilidade e conhecimento sobre o assunto, transmitindo assim todos os ensinamentos incutidos nas entrelinhas da estória. Percebe-se ainda que é imprescindível que as crianças tenham acesso a estas obras literárias para estimular sua criatividade e a fantasia, saindo um pouco da realidade a qual esta inserida e descobrindo um novo mundo paralelo. Analisando as estórias que, através dos tempos, vêm atraindo e encantando as crianças, podemos notar que, independentemente das diferenças exteriores existentes entre elas, há uma série de fatores internos que as identificam (COELHO, 1973, p. 167). É necessário ainda que os pais e professores saibam que este é um trabalho contínuo, sendo que requer muita dedicação, pois em qual for a fase da vida da criança, a influência de pais e professores é muito forte. A Literatura Infantil na vida além de desenvolver a criatividade, transmite diversos tipos de emoções que ajudam no crescimento da criança. Entre as emoções destacam-se a alegria, o medo, o bem-estar, a segurança, a tranquilidade, entre outros. É necessário que a criança conheça e saiba diferenciar estes sentimentos, pois estes estarão presentes em todos os _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 140 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ momentos de sua vida, e é possível compreendê-los através da leitura de uma estória de contos de fada. A leitura causa reações que são fruto do imaginário. Ao ouvir certas histórias a criança pode encontrar diversas respostas e solucionar determinados problemas vivenciados por elas e também pelos personagens, visto que os personagens das fábulas e contos geralmente ensinam alguma lição de vida, onde com isso, a criança internaliza e compreende vários momentos de sua vida, de sua realidade. […] como é importante para a formação de qualquer criança ouvir muitas, muitas histórias... Escutá-las é o início da aprendizagem para ser um leitor, é ter um caminho absolutamente infinito de descoberta e de compreensão do mundo [...] (ABRAMOVICH, 1991, p. 16). A leitura é de extrema importância e por meio da nossa imaginação podemos ser qualquer personagem. É importante ressaltar também que a Literatura reúne vários conceitos sócio-educativos que podem ser trabalhados na sala de aula. Cada obra seja esta um conto, uma fábula ou uma poesia contém em suas entrelinhas uma relação ao contexto sócio-cultural a que pertence, por exemplo, os contos de fada europeus reúnem uma grande cultura européia que é passada de gerações a gerações através das histórias. Os contos brasileiros retratam a cultura brasileira, assim como os contos africanos retratam a cultura africana, entre muitos outros. Sendo assim, percebemos que cada obra tem vários enfoques, tem seu valor como objeto de entretenimento para o leitor e tem um enfoque históricocultural, pois transmite a cultura de um povo ou determinada região, servindo assim como elemento formador da consciência de mundo principalmente na criança que está começando a descobrir como são as coisas à sua volta e serve também como objeto de consolidação de valores já conquistados pela sociedade e até mesmo de evolução através da elaboração de novas ideias de superação de antigos conceitos. Hoje, mais do que nunca, é urgente que as novas gerações tomem consciência da tarefa desempenhada pela Literatura no longo processo de _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 141 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ evolução que vem sendo vivido pela humanidade, pois é na infância com a leitura de textos infantis de internalizamos valores. 4 CONCLUSÃO A partir do estudo realizado pode-se observar que a literatura infantil desenvolve no aluno suas potencias como ser social, dando lugar ao processo de humanização, proporcionando o desenvolvimento dos sentidos, além de ajudar na construção da aprendizagem do mesmo. Sendo assim, a literatura infantil carrega em suas obras aspectos que estão presentes no desenvolvimento do contexto humano e social. Ao analisar obras dos mais ilustres autores sobre o assunto, foi possível ver com transparência o valor educativo que a literatura infantil apresenta. Com este gênero textual é possível trabalhar com os alunos por meio de discussões e reflexões assuntos acerca dos conflitos sociais, buscando soluções que visem o benefício de todos. É necessário fazer com que os alunos percebam que o ensino realizado com o auxilio de práticas lúdicas de leitura contribui para um melhor desenvolvimento da linguagem e escrita, criando a partir disto uma sociedade com práticas leitoras, além de formar cidadãos com bases éticas e morais, visto que a sociedade encontra-se em um contexto de constante perda de valores e virtudes que são essenciais na formação do homem. É possível perceber o quanto este gênero textual contribui para uma melhor absorção dos diferentes ensinamentos presentes na vida e no cotidiano desses alunos, incutindo-lhes valores morais, os quais podem ser encontrados nas entrelinhas das estórias infantis. A literatura infantil, uma modalidade de literatura importantíssima para o processo de ensino dos conteúdos curriculares e consequentemente para o pleno desenvolvimento das funções humanas. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 142 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ REFERÊNCIAS ABRAMOVICH, Fanny. Literatura infantil: gostosuras e bobices. 2. ed. São Paulo: Scipione, 1991. CARVALHO, Barbara Vasconcelos de. A literatura infantil: Visão histórica e crítica. 6. ed. São Paulo: Global. 1989. COELHO, Nelly Novaes. Literatura infantil: Teoria, análise e didática. 5. ed. São Paulo: Moderna, 1991. COELHO, Nelly Novaes. O ensino da Literatura. 2. ed. Rio de Janeiro, José Olympio; Brásilia, INL, 1973. SILVA, Ariana Lourenço da. Literatura infantil: Qual a Sua Contribuição Para o Desenvolvimento da Leitura nas Séries Iniciais?. 2002. Disponível em: http://www.filologia.org.br/soletras/16/literatura%20infantil%20qual%20a%20sua% 20contribui%C3%A7%C3%A3o%20para%20o%20desenvolvimento.pdf. Acesso em: 02/Jul/2014. UNESCO. Disponível em: www.unesco.org.br. Acessado: 09/Jul/2014. ZILBERMAN , Regina. A literatura infantil na escola. 5. ed. rev. ampl. São Paulo: Global, 1985. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 143 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ A LUDICIDADE COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA QUE PROMOVE O DESENVOLVIMENTO INFANTIL43 CARVALHO, Maraiza Antonia44 FERREIRA, Isabel Cristina45 RESUMO: A presente pesquisa apresenta a importância do lúdico para a aprendizagem e desenvolvimento infantil. Tem como objetivo analisar a importância da brincadeira para a criança, buscando diferenciar os termos jogo, brincadeira e brinquedo, que muitas vezes são vistos como sinônimos e apresentar ainda a importância das Brinquedotecas. Porém, a ludicidade não tem sido tão valorizada, a sociedade em geral não compreende a importância que essas atividades exercem no desenvolvimento e aprendizado das crianças. Assim sendo, a metodologia utilizada será uma pesquisa bibliográfica, baseada em autores que realizaram estudos sobre o tema, como Vygotsky (1994) e Friedmann (2006). É uma pesquisa de natureza qualitativa em educação, sendo uma atividade de investigação, com enfoque no materialismo dialético. Pretende-se mostrar quais aspectos poderão ser desenvolvidos na criança, como: autonomia, imaginação, socialização, entre outros. Espera-se que com esse estudo ocorra a reflexão sobre a influência da brincadeira e que haja uma maior valorização de tais atividades na Educação Infantil. Palavras-chave: Ludicidade. Educação Infantil. Briquedotecas. 43 Trabalho de Conclusão do Curso de Pedagogia, em 2014. Acadêmica do 4º ano de Pedagogia da UNESPAR - Universidade Estadual do Paraná - Campus Paranavaí, e-mail: [email protected] 45 Professora orientadora Ma. em Educação e Membro do Colegiado do Curso de Pedagogia da UNESPAR Campus de Paranavaí. email: [email protected] 44 _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 144 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ A LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO SILVA, Neide Alves da (PIBID, CAPES)46 SANTOS, Nilva de Oliveira Brito dos47 Resumo: Pensar no processo de apreensão do conhecimento nos remete aos quatro pilares da educação do Relatório da UNESCO, Jacques Delors: o aprender a ser,conhecer, fazer e conviver. Na concepção de Becker: “o conhecimento é o saber, a experiência de vida que a criança vai adquirir”, poderemos então, analisar e refletir sobre os pressupostos epistemológicos, que interferem nesse processo como também os facilitadores do mesmo. Visando uma proposta de trabalho que leve em contacientifica e socialmente a educação infantil enquanto uma fase de formação humana, recorremos a Piaget. Este pensador argumenta que no seu processo de desenvolvimento a criança passa por estágios. Nessa fase o brincar é fundamental. No brincar, a criança supera sua própria condição infantil, sendo desafiada e agindo. Assim a brincadeira faz parte de todo processo de conhecimento da criança, onde é através dela que ela desenvolve suas habilidades. Portanto a Ludicidade é fundamental em todo processo de ensino dentro da sala de aula, os professores devem aplicar em todo seu planejamento atividades lúdicas que favoreçam o desenvolvimento de seu aluno. Palavras-chave: Educação. Ludicidade. Brincar. 1. INTRODUÇÃO O presente trabalho tem o intuito de analisar e compreender o lúdico como responsável e auxiliador, no desenvolvimento da criança, principalmente no estágio intuitivo. O tema “Educação infantil, estágio intuitivo”, aponta para o problema que educadores recém–formados sentem, ou seja, como o lúdico pode influenciar no desenvolvimento dos aspectos cognitivos, afetivos, sociais e físicos? Para discutir esta, e demais questões, com relação à educação infantilé necessário que nos aprofundemos, analisemos e reflitamos sobre esta proposta educacional do MEC. Visando discutir a ludicidade na educação infantil, recorremos ao pensamentos de Montessori e outros educadores , na perspectiva 46 Professora da Escola Municipal Elza Caselli, Supervisora do subprojeto de Pedagogia PIBID/CAPES/UNESPAR, Campus de Paranavaí. E-mail: [email protected]. 47 Professora Me. Colegiado de Pedagogia, Coordenadora do Subprojeto de Pedagogia PIBID/CAPES/UNESPAR, Campus de Paranavaí. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 145 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ de buscar os benefícios que esta, poderá trazer para os discentes neste nível de ensino. No primeiro momento discutimos a prática do lúdico e em um segundo momento, tentar compreender o conceito etimológico de Montessori, no desenvolvimento do estágio intuitivo, reorganizando assim o trabalho pedagógico, paraensinar a criança como criança, valorizando e aproveitando a experiência e a cultura que esta traz, para seu próprio desenvolvimento psicossocial . No terceiro momento, refletiremos sobre a formação continuada dos professores e educadores como também o que eles pensam sobre o lúdico e a forma como trabalham com a criança nesta fase. 2. A LUDICIDADE É no estágio intuitivo que a criança começa a se perceber como sujeito da sociedade. O desenvolvimento de atividades lúdicas é fundamental,pois, a criança no estágio intuitivo ainda está na transição da imaginação para o real, e isto implica que ela desenvolva, sua criatividade de forma positiva. Sendoassim, as atividades lúdicas são um bom suporte nesse processo de desenvolvimento. Segundo Piletti (2011) o objetivo da educação implicapreparar as crianças para viver em sociedade num “aprender fazendo”. A maturidade, em termos psicológicos, é o nível de desenvolvimento em que a pessoa se encontra, em comparação com as outras pessoas da mesma idade. Nessa perspectiva, é importante, saber quais comportamentos são esperados em cada faixa etária, levando-se em conta o ambiente social e cultural da criança, para assim, efetivarum desenvolvimento saudável . Analisando o diaa-dia escolar encontramos dificuldades para realizar um trabalho utilizando o lúdico, como por exemplo, os poucos recursos oferecidos pelas instituições, bem como o número elevado de crianças dentro de uma sala. Dificultando assim um trabalho para que possamos perceber a criança em sua individualidade, suas necessidades e dificuldades, conforme apontadopor Montessori. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 146 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ O processo de ensino-aprendizagem é identificado como aquele em que há o envolvimento do aluno, professor, assunto e instituição. Sendo assim, tanto os alunos, como os professores e instituições de ensino, devem discutir e experimentar novas alternativas para aumento da eficácia e da eficiência desse processo. Vendo, o ensino no pensamento como agente ativo no desenvolvimento humano, de forma integra para a construção total do ser. Não devemos nos esquecer das brincadeiras de roda, das danças e outras que ajudam a criança a desenvolver o seu lado motor e lúdico. Nesse sentido é fundamental analisar o conceito de educação compensatória: Educação compensatória,como um antídoto para a privação cultural, ter-se-ia originado no pensamento de Pestalozzi e Froebel, sendo mais tarde expandido por Montessori e McMillan. Seriam estas suas origens mais remotas: Froebel iniciando os jardins de infância nas favelas alemãs, em pleno surgimento da revolução industrial; Montessori ao final do século XX, e inicio deste século, desenvolvendo trabalhos de educação pré-escolar voltados para crianças pobres de favelas italianas; McMillan, contemporânea de Montessori, enfatizando a necessidade de assistência médica e dentária, bem como a estimulação cognitiva, para compensar as deficiências das crianças. A pré-escola era encarada, por esses educadores, como uma forma de superar a miséria, a pobreza, a negligência das famílias. (KRAMER 2003, p.89) Kramer (2003) aponta que Montessori iniciou um discussão sobre otrabalho na faixa pré-escolar, visando acabar com o menosprezo e a negligência para com as crianças menos afortunadas . Hoje, a educação infantil inicia na faixa etária de 0 ano (0 a 5 anos) e a partir dos 6 anos no processo educativo de 9 anos. Montessori ao ter “colocado as crianças numa suposta creche” em um cuidar, ela não se limitou apenas a isto. Houve todo um trabalho com a leitura e a escrita enfatizando a atividade, a individualidade e a liberdade, preparando a criança para ingressar na educação básica já com certa experiência, “bagagem”. Comoa vida da criança está em desenvolvimento, achava que era função da educação favorecer esse desenvolvimento. Os estímulos externos formaram o espírito da criança, precisando, portanto, serem determinados. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 147 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Assim, na sala de aula, a criança no estágio intuitivo deve ser livre para agir sobre os objetos sujeitos à sua ação, mas estes necessitam ser preestabelecidos, como os conjuntos de jogos e outros materiais desenvolvidos pelos educadores. A pedagogia de Montessori insere-se no movimento escolanovista, implicando numa oposição aos métodos tradicionais que não respeitavam as necessidades e os mecanismos evolutivos do desenvolvimento da criança. Ocupando papel de destaque neste movimento pelas novas técnicas que apresentou para os jardins de infância e para as primeiras séries do ensino formal. O material criado por Montessori tem papel preponderante no seu trabalho educativo pois pressupõe a compreensão das coisas a partir delas mesmas, tendo como função estimular e desenvolver na criança, um impulso interior que se manifesta no trabalho espontâneo do intelecto. A educação ocupa o espaço de esperança na dinâmica da sociedade. Família, escola e sociedade são chamadas a compor uma unidade em prol deste desafio, que requer um rever contínuo de crenças, valores, princípios e ideais.À escola em parceria com a família e à sociedade tem o papel de desenvolver a formação da criança para a cidadania, envolvendo conhecimentos, atitudes, habilidades, valores, formas de pensar e agir contextualizadas ao social para que possa participar de sua transformação(LUDKE, 2004 p.42). O mundo “dos adultos” estabelece alguns paradoxos em relação à infância ao considerar as crianças, as suas circunstâncias e condições de vida. Na história da infância, nunca houve tanta preocupação com as crianças como acontece hoje em dia. Constata-se, no entanto, que a criança não dispõe mais de tempo para vivenciar suas brincadeiras e fantasias, tão benéficas ao seu desenvolvimento mental e emocional. Por um lado, é valorizada a espontaneidade e expressão infantil, ao passo que, por outro, bloqueia-se suas manifestações naturais. Sabe-se que os pais, são os primeiros agentes socializadores e os educadores mais importantes para seus filhos. Mas, apesar dessa assertiva, não assumem a maior parte da responsabilidade sobre eles. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 148 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Da mesma forma, acredita-se que as crianças devem viver e comportar-se dentro do que lhe é próprio, porém suas “infantilidades” são criticadas e bloqueadas pelos adultos. Analisamos a importância do brincar na construção do desenvolvimento e aprendizado infantil, mas quando ordenamos, em determinadas circunstâncias, que parem de brincar e elas resistem, não se compreende essa rebeldia e repreende-se com “a autoridade de adulto”. Incentivam-se as crianças a criar e se expressar só que da maneira que se idealiza para elas (WALLON, 1995 p.81). Também, vemos que isto implica, ao ritmo de desenvolvimento, interesses, possibilidades, características e espaço infantil e, em contrapartida, limita-se a vida das crianças a longos períodos em “carteiras” realizando atividades sem significado, rotineiras e que não conduzem à promoção. Espera-se que as crianças desvendem o mundo e se fecha a porta da descoberta, da curiosidade e da experiência tateante, com encaminhamentos definidos e impostos pelo adulto. Ao mesmo tempo em que se incentivam as crianças à autonomia, à livre expressão e à comunicação, no cotidiano elas não podem fazer escolhas, manifestar seus sentimentos e expor suas ideias e desejos. Outrossim, as crianças devem ser educadas para a liberdade e para a democracia, todavia em prol do controle e da disciplina, os limites são impostos de forma inflexível. As crianças pequenas precisam dos adultos paraassegurar os seus direitos. A pedagogia, via ação do educadorna educação infantil deve respeitar a criança como cidadã colocando-a no centro do processo educacional. Um desafio imposto para o educador talvez, implicando em um novo olhar sensível e reflexivo sobre a criança, procurando compreender e aceitar os sinais que manifesta e que comunica a respeito do que é e espera do adulto. Dos estudos de Rousseau, Froebel, Decroly, Montessori e Piaget , bem como seus seguidores vemos que o conceito para o desenvolvimento cognitivo na construção do conhecimento deve ser aplicado empiricamente com mais rigor (FREIRE, 1997 p.42). _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 149 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Está em construção, uma pedagogia não-escolar para a educação infantil, superando o assistencialismo e se confirmando a integração, educação e cuidado, que envolve a criança e o adulto, que contempla a família, que viabiliza uma nova organização de tempo e espaço pedagógico, com o desenvolvimento de projetos no lugar de disciplinas curriculares isoladas, vindo a garantir a construção da cultura infantil. É preciso, ampliar a rede de solidariedade de preocupações com as crianças de zero a cinco anos, reavivando a imagem do educador diante do sentido da ação educativa na contemporaneidade. Diante do contexto de desafios e descaso entre educadores, encontramos os que tiram de quase nada formas criativas, amorosas, inovadoras, estimulantes, que mobilizam a curiosidade das crianças de aprender, o que as faz a cada dia retornar à escola com brilho nos olhos, cheias de perguntas, cheias de descobertas, ansiando por compartilhar com o educador e com as outras crianças, seus novos saberes e novos desejos de saber (BALAGUER 1999 p.103). Na passagem da infância do âmbito familiar para o institucional uma nova ação pedagógica em um contexto que contemple todas as dimensões do humano passa a ser esse o desafio dos educadores. A instituição de educação infantil, é um espaço diferente assim, como o educador deve ter um perfil próprio, composto por um amplo conhecimento cultural e uma formação na qual “aprende-se a vibrar e a fazer vibrar” (Balaguer, 1999), numa prática transformadora. A tarefa, pois, consiste em "devolver à infância a sua presença enigmática“(Larossa, 1998)”. Cabe à pedagogia, ampliar e subsidiar a formação ampla e contínua do educador da educação infantil, para que atenda às demandas socioculturais dos programas voltados para a infância ressaltando uma postura ética, polivalente e comprometida, que agregue ousadia para se efetivar na prática, as conquistas obtidas nos aspectos legais em relação à infância brasileira. As relações socioculturais, o conceito de infância heterogênea, os diferentes contextos de construção da diversidade, a necessidade de se resgatar a infância abre um universo de oportunidades à Pedagogia. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 150 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Uma criança hoje, despontana família, na escola e na sociedade. Inteligente, curiosa, ativa, solidária, criativa, integrada no meio em que vive, quer dialogar e participar da construção de seu caminho, ao mesmo tempo, ávida por afeto, brincar, correr, sorrir, chorar, viver e por sonhar. Ao longo da história da humanidade foi com os pais, parentes e vizinhos, brincando com outras crianças que ela aprendeu a viver. Segundo Edwards (1999) a necessidade de programas sensíveis às crianças, vem sendo destacados e analisados no cenário mundial. O que se confirma nessas palavras é que uma sociedade humana parece ser um prérequisito necessário para escolas humanas, onde os professores sejam capazes de aprender com as crianças e com seu ambiente”. Não faz parte deste trabalho, recuperar a história da educação infantil no Brasil, pois muitos estudiosos já o fizeram, com muita propriedade. Cabe, pois, considerar os valores e princípios presentes na concepção de criança, sociedade, conhecimento, educação e cultura, necessários à contextualização sociopolítica da formação do pedagogo enquanto sujeito/profissional pesquisador, criativo e comprometido com a responsabilidade social e inovadora na educação infantil. 3. EDUCADORES E SUA FORMAÇÃO LÚDICA Para que o processo ensino-aprendizagem se desenvolva é necessário que o discente adquira conhecimentos constantemente, isto implica, portanto, não se limitar às aulas. Para que isso ocorra é necessário que os discentes se sintam motivados, isto coloca para o docente papel importante, ser o mediador nesse processo. Ser mediador no processo de ensino e aprendizagem,não é tarefa fácil, é preciso aprender-se, aperfeiçoar constantemente. O trabalho docente implica funções pedagógicas,sociais e políticas,além da transmissão do conhecimento aos discentes. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 151 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Deve-se respeitar a cultura que o discente traz e desenvolver sua aprendizagem através de formas multidisciplinares de aprendizagem. Isto nos remete a nova proposta pedagógica,não tão nova, mais ativa do que passiva implicando um processo interativo. Tendo o professor como mediador no processo de ensino e aprendizagem, os discentes compreenderãoo porquê de determinadas ações. Sempre motivado o aluno desenvolverá um conhecimento de si mesmo e o conhecimento do espaço social no qual se insere. Ao professor, cabe analisar as dificuldades, mas também os benefíciosde um trabalho na perspectiva lúdica. A instituição de ensino deve educarpara odesenvolvimento social, mas também pessoal. Nesse sentido há que se pensar também no próprio projeto da escola. Nesse projeto a presença deum currículo escolar, um currículo que precisa ser organizado de forma a contemplar a ludicidade para esta faixa etária, ou seja, a educação infantil. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Este trabalho procurou situar e desenvolver a integração de uma nova proposta pedagógica que visa o desenvolvimento da criança nos aspectos sócio, cognitivo, afetivo e físico, influenciado pelo lúdico. Foi demonstrado que apesar das dificuldades encontradas, é possível superar as dificuldades e contribuir para o desenvolvimento destes aspectos através do lúdico; implicando em todo um processo ensino–aprendizagem adquirido, aliados em concepções teóricas para a integração da criança e do estágio intuitivo, na educação infantil como sujeito de umespaço social, partindo assim do pressuposto de uma educação humanística, essa pesquisa foi assim constituída. Uma nova maneira de desenvolver com os alunos do estágio intuitivo é através da leitura e escrita que as remetessem com a realidade, mas sem deixar o lúdico perder sua importância, buscando assim uma interdisciplinaridade tanto da parte do aluno como do professor. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 152 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Também há muita coisa rica que já está sendo feita, como no desenvolvimento sócio motor da criança, mas ainda temos que dar certa atenção naquilo que parece ser estranho a nós. Quanto ao processo de formação continuada dos professores desta modalidade de ensino, existem poucos que sabem se relacionar com a ludicidade, isto é muito preocupante, visto que, uma vez trabalhada a leitura e a escrita nesse estágio de forma lúdica, a criança tende a desenvolver seu intelecto e seu físico com mais espaço. Assim sua própria cultura, e, portanto, torna-se mais atraente construir a imaginação, é necessário que haja o progresso e isto implica numa grande revolução quebrando alguns paradigmas, pois percebemos que ainda hoje nãose dá uma grande atenção, para a importância nesse desenvolvimento da criança. REFERÊNCIAS BALAGUER, I. Entrevista. Pátio Revista Pedagógica. Porto Alegre, 1999. EDWARDS, C. As cem linguagens da criança: a abordagem de Reggio. FREIRE, P.Pedagogia da autonomia. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997. KRAMER, S. Infância, cultura contemporânea e educação contra a barbárie. São Paulo: Cortez, 2003. LAROSSA, J. O enigma da infância: ou o que vai do impossível ao verdadeiro. In Pedagogia profana: danças, piruetas e mascaradas. Porto Alegre: Contra Bando, 1998. LUDKE, M.O Professor e a pesquisa.Campinas:Papiros,2004. PIAGET, J. A. Epistemologia genética. Petrópolis: Vozes, 1973. PILETTI, N. História da educação. São Paulo: Editora Ática, 2011. WALLON, H. As origens do caráter da criança. São Paulo. Manole. 1995. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 153 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ A PRÁTICA EDUCATIVA NO DESENVOLVIMENTO DOS CONCEITOS LITERÁRIOS 48 LOPES, Isabela Vieira 49 FRANCIOLI, Fátima Aparecida de Souza 50 Resumo: O presente trabalho consiste em apresentar a importância da prática educativa para o desenvolvimento dos conceitos literários, através de uma prática em que o docente consegue desenvolver estratégias e mecanismos que possibilite a transmissão dos conhecimentos no processo de ensino- aprendizagem do aluno. No entanto, observase nos dias atuais a dificuldade de organização de conteúdos por parte do professor e de assimilação e compreensão pelo aluno, que acaba resultando na desmotivação do aluno diante dos estudos. Desse modo, a finalidade dessa pesquisa é apresentar algumas práticas desenvolvidas pelo professor durante o ensino de conceitos, em especial os conceitos literários em uma turma de 2º ano da rede municipal de ensino de ParanavaíPr, tendo em vista que é imprescindível a compreensão de que a prática educativa desenvolvida pelo professor é uma das ferramentas fundamentais de desenvolvimento dos conceitos cientificos. Palavras-chave: Conceitos científicos. Conceitos literários. Trabalho pedagógico. 1. INTRODUÇÃO Muito se discute a importância da prática educativa no desenvolvimento dos conceitos. A escola tem como principal função tornar o conhecimento espontâneo em conhecimento científico, cabendo então ao professor ensinar os conteúdos de base científica que possuem inúmeros conceitos, de uma forma organizada e sistematizada, além de um caráter sequencial. É através de um trabalho pedagógico organizado e sistematizado que se obtém a abstração e a compreensão dos conceitos. Vale salientar, que o 48 Trabalho de Conclusão do Curso de Pedagogia, ano de 2014. Acadêmica do 4º ano de Pedagogia da UNESPAR/ Campus de Paranavaí. 50 Professora orientadora Doutora em Educação e Membro do Colegiado do Curso de Pedagogia da UNESPAR Campus de Paranavaí. 49 _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 154 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ professor ao ensinar o conteúdo deve dominá-lo, visto que cada conteúdo ensinado é recheado de conceitos, cabendo, portanto ao professor dirigir este ensino. Percebe-se nos dias atuais, o desafio dos educadores em transmitir o conhecimento para o aluno, pois a falta de interesse do conhecimento e a dificuldade pela forma de se organizar e aplicar os conteúdos pelos professores vem se agravando gradativamente. Sendo assim, cabe ao professor, como principal transmissor do conhecimento, buscar novas estratégias de ensino em sua prática educativa através da mediação e da organização do conhecimento promovendo o desenvolvimento intelectual dos alunos. O professor é quem seleciona, organiza e apresenta o conteúdo ao aluno, de acordo com um plano que atenda interesses e necessidades de sua classe. O tratamento do conteúdo, no planejamento do ensino, exige cada vez mais, originalidade e imaginação por parte do professor (TURRA, 1975 apud MARTINS, 1989, p.67) Sendo assim, verifica-se que o trabalho do professor é indispensável no processo de ensino e aprendizagem, por isso, pretendemos fazer uma análise da organização do trabalho pedagógico do professor de uma rede municipal do ensino fundamental, tendo em vista a relação existente entre o professor e o aluno para desenvolver e absorver os conceitos transmitidos. Para atender o aqui proposto, este trabalho foi organizado em quatro momentos. No primeiro momento apresentaremos as definições dos conceitos espontâneos e científicos com base na Pedagogia Histórico Cultural. No segundo momento as definições especificamente dos conceitos literários. No terceiro momento trataremos do trabalho pedagógico do professor e a importância da organização dos conteúdos de forma sequencial para transmitir o conhecimento e no quarto momento retratará o trabalho pedagógico sobre o desenvolvimento dos conceitos, realizados por uma professora da rede municipal do ensino fundamental da cidade de Paranavaí. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 155 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ 2. CONCEITOS ESPONTÂNEOS E CONCEITOS CIENTÍFICOS. Todo ser humano organiza informações durante sua existência. Essas informações vão sendo internalizadas e passam a garantir sua sobrevivência individual e social. A esse conjunto de informações Vigotski nominou de conceitos dividindo-os em dois grupos: os conceitos espontâneos e os conceitos científicos que procuraremos discutir a partir desse momento. Mas, devemos esclarecer que nosso objetivo será tratar do desenvolvimento dos conceitos no campo da educação escolar. Ao compreender os estudos realizados por Vigotski (2009), foi possível constatar que uma das maiores dificuldades encontradas na realização do trabalho educativo refere-se ao desenvolvimento de conceitos, devido à falta de uma metodologia experimental que permite o aprofundamento relacionado à formação dos conceitos e sua especificidade psicológica. Vigotski constatou que os métodos tradicionais de estudo dos conceitos são divididos em dois grupos básicos, caracterizados como método de definição e método de abstração. No chamado método de definição [...] sua função principal é investigar os conceitos já formados na criança através da definição verbal de seus conteúdos (VIGOTSKI, 2009, p. 151). E, o método de abstração tenta fazer a superação dos métodos verbais. Nesse caso, Vigotski (2009, p.152) faz a seguinte consideração: [...] métodos de estudo da abstração, que tentam superar as deficiências dos métodos puramente verbais de definição e estudar as funções e os processos psicológicos que fundamentam o processo de formação de conceitos com base na elaboração da experiência direta de onde nasce o conceito. A partir desse entendimento é possível considerar que, a formação dos conceitos se dá a partir do momento em que a criança passa a desenvolver traços de percepção daquilo que está vinculado com a sua realidade, permitindo a assimilação do conhecimento de sua vivência e a abstração de outros traços de percepção. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 156 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Nesse sentido, Vigotski (2009) definiu que os conceitos espontâneos são aqueles relacionados com a realidade do sujeito, acumulados a partir de sua prática cotidiana e sem uma organização consistente e sistemática, enquanto os conceitos científicos referem-se ao conhecimento mediado por outros conceitos de sustentação teórica. No entanto Vigotski deixa claro que os conceitos espontâneos são a base para o desenvolvimento dos conceitos científicos. A transformação dos conceitos espontâneos em conceitos científicos não é uma tarefa fácil, pois cabe ao papel do professor unir a realidade do aluno com seu interesse pedagógico, para que o aluno se sinta parte integrada no contexto da aprendizagem. Nesse mesmo sentido, Fontana (2005) descreve que os conceitos sistematizados de acordo com a expressão de Vigotski são organizados e construídos a partir de uma visão social e que para serem desenvolvidas necessitam de operações lógicas e complexas, discutidos, relacionados e assimilados pela criança com outro tipo de conceito. Analisando as pesquisas desenvolvidas por Vigotski (1993) Facci (2004) afirma que a formação dos conceitos se dá de uma forma gradativa, na qual são identificados por estágios, agrupamentos sincréticos e formação de complexos concretos. Dessa maneira, Vigotski afirma que: O aprendizado das crianças começa muito antes delas frequentarem a escola. Qualquer situação de aprendizado com a qual a criança se defronta na escola tem sempre uma história prévia. Por exemplo, as crianças começam a estudar aritmética na escola, mas muito antes elas tiveram algumas experiências com quantidades- elas tiveram que lidar com operações de divisão, adição, subtração e determinação de tamanho. Consequentemente, as crianças têm a sua própria aritmética préescolar, que somente psicólogos míopes podem ignorar (VIGOTSKI, 1989, p. 94-95) Nesta passagem Vigotski esclarece que ao chegar à escola toda criança já apresenta conhecimentos, no entanto, são conhecimentos espontâneos, adquiridos na sua vida cotidiana, e não conhecimentos escolares. Porém, Vigotski ressalta que: [...] estudos especiais mostram que só depois dos doze anos, ou seja, com o início da puberdade e ao término da primeira idade _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 157 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ escolar, começam a desenvolver-se na criança os processos que levam à formação dos conceitos e ao pensamento abstrato (VIGOTSKI, 2000, p. 155) Sendo assim, Galuch e Sforni (2006) apontam que aprender não é classificar conceitos cada vez maiores, mas é articular os conceitos de diferentes áreas do conhecimento de modo que ao apropriar-se de novos conceitos o aluno amplie as possibilidades da transformação cognitiva permitindo um desenvolvimento psicológico de qualidade. Conforme aponta Sforni (2004, p.49): O conhecimento científico e o domínio de conceitos mesmo representando uma organização complexa do pensamento humano, ao transformar-se em conhecimento escolar, marcado pela cultura escolar podem ser assimilados pelo aluno sem necessariamente manter sua qualidade potencialmente motora do desenvolvimento psíquico. Ao analisar e perceber a importância da assimilação tendo como finalidade a abstração do conceito, Sforni (2004) afirma que o processo de generalização de um conceito depende de vários aspectos que permite o aluno abstrair um conceito, podendo ser realizado de forma oral, representação de objetos e até mesmo por esquematização. Nesse sentido, Sforni (2004, p. 54) diz que o “[...] ensino assim organizado concebe a aprendizagem conceitual passando pelo processo: percepção, representação e conceito”. O ensino de um conceito não é uma tarefa fácil, pois exige muita competência em relação ao tipo de material, a forma de transmissão e esquematização do que será desenvolvida, tarefa esta que, para Sforni, cabe diretamente ao professor. O trabalho do professor é fundamental; é ele quem dirige atenção dos alunos para as observações necessárias, orienta a análise e expõe o ‘vocabulário- termo’. O bom encaminhamento metodológico pelo professor é decisivo para que o aluno supere a dificuldade de efetuar o trânsito da percepção à representação, e desta ao conceito (SFORNI, 2004, p. 55, grifo da autora) _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 158 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Dessas acepções podemos ressaltar a importância do trabalho educativo para o desenvolvimento do ensino dos conceitos. Nesse aspecto, Sforni (2004) relata os aspectos significativos do conhecimento de conceitos espontâneos e científicos, compreendidos a partir dos estudos de Vigotski. O estudo desse autor relatado por Sforni (2004) vêm ao encontro de nossos anseios no sentido de mostrar a distinção entre conceito espontâneo e conceito cientifico em relação ao objeto e à experiência da criança. É necessário, pois, analisar que os conceitos espontâneos são designados pela criança a partir de sua vivência com o meio que a acerca, ou seja, é a compreensão que ela faz diante da postura e da linguagem adulta. No entanto, esses conceitos espontâneos, ao transformarem-se em conhecimentos científicos, percorrem três estágios, no qual a criança passa por um processo de conhecimento já adquirido, visto que o conhecimento não se dá de um modo harmonioso e sim por conflitos. Os estágios são: 1º ESTÁGIO: agrupamento sincrético: nesse estágio são feitos os questionamentos referentes a um determinado assunto ou objeto para a criança que, nesse momento, não tem nenhum fundamento, ela apenas tem como base as impressões imediatas de conhecimento. Se perguntarmos à criança: - O que é bola? – sua resposta nesta fase tende a ser: - A bola serve para jogar. 2º ESTÁGIO: pensamento por complexo: nesse estágio ocorre a mediação da união dos conceitos espontâneos com os conceitos científicos, os conceitos ainda não estão definidos, mas se aproximam do significado real. Se fizermos a mesma pergunta à criança: - O que é bola? - a resposta da criança tende a ser mais ampla, como por exemplo: - A bola é redonda e serve para jogar futebol, basquete, handebol e vôlei. 3º ESTÁGIO: formação do conceito: nesse estágio já se tem o conceito definido, o conhecimento não se fecha ele é amplo, a criança tem o domínio da forma superior do pensamento, ou seja, ela já tem o domínio de abstração e de agrupamento. Diante da mesma pergunta: - O que é bola? Obteremos uma resposta mais complexa, como por exemplo: - A bola é um objeto redondo ou _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 159 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ oval, geralmente feito de borracha, couro ou material semelhante, cheio de ar, com que se pode praticar esporte. Quando se trabalha com a intenção de desenvolver conceito, o ideal é que o professor registre o que as crianças já sabem para fazer a problematização e sequencialmente repetir a pergunta para a criança fazer a verbalização e demonstrar que houve assimilação e abstração de conceitos. 3. CONCEITOS LITERÁRIOS Na interpretação de Lajolo (1989) se faz necessário compreender que não há uma forma específica de se definir os conceitos de literatura, pois é preciso considerar que a ausência dessa definição é em virtude do contexto social, visto que em cada tempo e em cada grupo social há uma resposta correta para se definir literatura. É necessário frisar também que já aconteceram várias tentativas de obtenção da definição de literatura: Já houve centenas de tentativas de definir o que é literatura. Nessas investidas, vários têm sido os critérios pelos quais se tenta identificar o que torna um texto literário ou não literário: o tipo de linguagem empregada, as intenções do escritor, os temas e assuntos de que trata a obra, a natureza do projeto do escritor (LAJOLO, 1988, p.24) Portanto, é de fato analisar e perceber que os conceitos de literatura são definidos e produzidos por pensadores, escritores, artista a partir do contexto que está inserido. De acordo com Eagleton (1980) a definição de literatura não pode ser feita de uma forma objetiva, pois o que se considera é o modo com que as pessoas vivenciam e analisam o texto, a partir dessa reflexão, podemos dizer que a literatura tem o poder de transformação e intensificação da linguagem. Com base em Cadermatori (1989) buscamos compreender, qual o melhor caminho para se trabalhar a obra literária com criança. O que é possível antecipar é que a obra literária permite à criança ou até mesmo ao leitor adulto maneiras de sintetizar e de interpretar através do fictício e da fantasia. A infância é considerada como uma das fases primordiais do desenvolvimento que permite a _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 160 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ formação de conceitos em virtude da forma interpretativa e imaginativa que a literatura proporciona. Se o homem se constitui à proporção da formação de conceitos, a infância se caracteriza por ser o momento basiliar e primordial dessa constituição e a literatura infantil um instrumento de formação conceitual, mas também de emancipação da manipulação da sociedade. Se a dependência infantil e a ausência de um padrão inato de comportamento são questões que se interpenetram, configurando a posição da criança na relação com o adulto, a literatura surge como um meio de superação da dependência e da carência por possibilitar a reformulação de conceitos e a autonomia do pensamento (CADERMATORI, 1989, p.21) A partir dessa reflexão, entendemos que trabalhar com conceitos literários na infância, permite que a criança sintetize e abstraia da melhor forma o que a literatura nos propõe despertar. O interesse pela imaginação provoca interesse ao oferecer diversas alternativas de interpretação do conteúdo proposto. 4. FORMAÇÃO DE PROFESSORES Se compreendermos que a escola é o ambiente principal para o desenvolvimento do psiquismo da criança, não podemos ignorar o trabalho do professor como principal sujeito da transmissão dos conhecimentos, pois cabe ao professor o ensino dos conteúdos fundamentado em conceitos. Entre a criança e o conteúdo deve trabalhar o professor como mediador entre a teoria e a prática social, visto que ele é considerado como uns dos principais responsáveis pela formação do sujeito. Dessa maneira, Duarte (2007) afirma que na prática educativa existem o educador e o educando sendo estes caracterizados como agentes sociais. Ao professor cabe o compromisso da formação intelectual do aluno por meio da transmissão do conhecimento, direcionando a aprendizagem através da mediação e da organização do conhecimento. Nas análises de Facci apud Huberman (2007) a vida profissional dos professores determina que esses profissionais desenvolvam suas carreiras por _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 161 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ meio de ciclos que vão se intensificando a partir de suas vivências no âmbito escolar. Considera-se que o docente que aprofunda e enriquece suas concepções de ensino em sua prática educativa, torna a aprendizagem dos alunos mais significativa diante da compreensão da real prática social. Dessa maneira, Facci (2007) determina que o desenvolvimento do trabalho do professor não seja apenas desenvolvido por seu interesse, é necessário que o mesmo faça algumas considerações relacionadas aos aspectos, sociais, políticos e econômicos. A prática educativa do professor está vinculada com a sua metodologia didática, uma vez que, por meio de seus métodos permite aos seus alunos apropriar-se dos conceitos que são transmitidos. Rays (1989) afirma que o método de ensino é necessário quando se busca algo concreto e de caráter educativo e organizacional com base na transmissão e na assimilação, visto que os métodos de ensino acompanham todos os aspectos políticos, sociais e econômicos, fortemente necessário na metodologia do professor. A partir dessa reflexão podemos dizer que todo conteúdo ensinado pelo professor deve ter como princípio o que Vigotski (2006) aponta como essencial, ou seja, que o conteúdo deve ser organizado, sistematizado e sequencial. Assim, também para Martins (1989) a organização sequencial dos conteúdos é uma das formas significativas que o professor busca para obter o conhecimento do aluno. Nessa direção, (HORN, 1971, apud MARTINS, 1989) determina que o ensino dos conteúdos tenha a melhor forma de sistematização para atingir um determinado objetivo ou até mesmo uma melhor aprendizagem. Vale salientar a importância do domínio do conteúdo pelo professor, visto que o mesmo deve ser transmitido ao aluno de forma gradativa. Nesse mesmo sentido, Sforni (2004) considera que o ideal de organizar e transmitir um conhecimento cientifico é apresentar o conteúdo assimilando-o com outros conhecimentos, uma vez que, dessa forma, possibilitará a formação do conceito por meio da observação e generalização do conteúdo. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 162 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Em função disso, Duarte (2007, apud Saviani, 1989) determina a prática social como ponto de partida, ou seja, é necessário que professor faça uma leitura da realidade social do seu aluno, a partir disso ele irá desafiar seu aluno indagando, criando um objeto de estudo. A preocupação que o docente tem em unir a realidade do aluno com o seu interesse pedagógico faz com que o aluno não se distancie do processo de ensino, pois de início os conteúdos específicos não interessam aos alunos, porém cabe ao professor fazer a junção do conhecimento científico com o conhecimento do senso comum, para que o aluno se sinta parte integrada no contexto de aprendizagem. Desse modo, percebem-se inúmeras discussões a respeito da organização dos conteúdos escolares, uma vez que, professores questionam os conteúdos que são estabelecidos pela instituição de ensino que determinam o que professor deverá desenvolver, ou seja, os conteúdos curriculares. Martins, faz a seguinte análise dos professores: [...] Estes são previamente definidos no plano curricular da escola e/ou nos livros didáticos, por especialistas, sem a participação do professor; sendo- lhes entregues em pequenas (grandes) doses bimestrais em forma de tarefa a ser cumprida, como se essa ação fosse deseniazada de um compromisso político concreto (MARTINS, 1989, p. 73) Após as análises dos depoimentos dos professores, Martins (1989) considerou que a maioria dos conteúdos programáticos é visto por eles como sendo defasado, ou seja, sem nenhum interesse ao aluno e nem necessários a eles. Neste sentido, o professor tem que desenvolver, em sua prática educativa, um método de ensino que proporcione uma melhor forma de transmissão de conteúdos e objetivos diante de todo conhecimento ensinado. 5. ANÁLISE DE DADOS DO DESENVOLVIMENTO DOS CONCEITOS NO ENSINO FUNDAMENTAL _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 163 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Para compreender como ocorre o desenvolvimento dos conceitos na idade escolar, fomos observar o trabalho pedagógico desenvolvido em uma turma do 2º ano de uma escola municipal localizada no município de Paranavaí- PR. O trabalhado pedagógico envolvendo os conceitos literários é realizado por unidades de ensino, na qual, cada unidade é elaborada pela professora de uma forma organizada, sistematizada e sequencial, a fim de permitir a compreensão e a abstração dos conceitos pelos alunos. Sendo assim, observou-se nessa turma a realização da unidade de ensino relacionado à poesia, cujo foco principal era oportunizar experiências de leitura do texto poético, por meio da interação entre o professor e aluno. Essa organização didática proporciona aos alunos o desenvolvimento da linguagem, da estética e da liberação da imaginação e da criatividade na ilustração, jogos dramáticos e musicalização de textos poéticos. O procedimento para o desenvolvimento da prática envolvendo a poesia foi verificado da seguinte forma: Analisou-se que a professora inicia a aula fazendo uma discussão com os alunos a respeito de seus conhecimentos a respeito do que seria uma poesia, onde a poesia poderia ser encontrada, visto que todas as respostas dos alunos eram registradas pela professora, a fim de facilitar a sua forma de sistematizar e aprofundar o conteúdo a ser trabalhado. Em seguida, após a discussão a professora apresentava o conceito de poesia aos alunos, dizendo onde se pode encontrar a poesia, e que ela pode ser vista em forma de poema. Neste sentido, o professor tem que desenvolver, em sua prática educativa, um método de ensino que proporcione uma melhor forma de transmissão de conteúdos e objetivos diante de todo conhecimento ensinado, sendo assim, RAYS, 1989, p.85 aponta que: O método traz dentro de sim a ideia de uma direção com a finalidade de alcançar um propósito, não se tratando, porém de uma direção qualquer, mas daquelas que leva de forma mais segura à consecução de um propósito estabelecido. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 164 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Toda essa discussão serviu apenas para complementar aquilo que os alunos já tinham de conhecimento. A apresentação de um poema pela professora, foi seguida da explicação da estrutura do poema como versos, estrofes e rimas partindo sempre da repetição a fim de memorizar aquilo que se foi discutido. O importante a destacar é que, durante a realização da unidade de ensino, a professora dava voz para o aluno expressar aquilo que ele tinha de conhecimento, em nenhum momento desconsiderou as argumentações feitas pelos alunos, pelo contrário, ela fazia o uso dos conhecimentos que os alunos tinham do senso comum e fazia apenas a junção dos mesmos para torná-lo científico. Várias leituras e observação de diferentes tipos de poemas e suas estruturas variadas e seus respectivos autores eram realizadas pelas crianças. Dessa maneira, (HORN, 1971, apud MARTINS, 1989, et al) determina que a informação dos conteúdos seja a melhor forma de sistematização, para atingir um determinado objetivo ou até mesmo uma melhor aprendizagem. Vale salientar, a importância do domínio do conteúdo pelo professor, visto que o mesmo deve ser transmitido ao aluno de forma gradativa. A cada aula a professora levava e apresentava à turma um poema diferente para ser discutido. Faziam a análise de sua estrutura, atividades em grupos para retratar e destacar do poema as rimas, os versos e as estrofes, seguidas sempre da ilustração e da criatividade do aluno diante daquilo que mais despertou interesse no poema. Vale salientar que todo conteúdo trabalhado com alunos permitia a participação e a interação de todos, pois a professora sempre fazia uma retrospectiva do conteúdo anteriormente trabalhado. A maioria dos poemas era musicado permitindo ainda mais o envolvimento e a interação dos alunos de uma forma mais dinâmica e lúdica. A eficiência da compreensão dos conceitos literários pelos alunos do 2º ano do ensino fundamental, foi desenvolvida pela professora a partir da apresentação de diferentes tipos de poemas e textos de outros gêneros a fim de verificar o conhecimento dos alunos a respeito da estrutura do poema. Essa forma de verificar o conhecimento literário dos alunos foi elaborada com várias _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 165 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ indagações feitas pela professora, permitindo que o aluno fizesse a observação e a seleção dos textos poéticos. Essa análise feita pela professora foi realizada de forma bem dinâmica e participativa envolvendo vários grupos de alunos para verificar qual o nível de conceito relacionado à poesia eles conseguiram abstrair. Com base na mediação da professora, juntamente com a percepção, assimilação e a seleção dos textos poéticos, foi possível constatar que a maioria dos alunos conseguiu identificar os textos poéticos verbalizando os conhecimentos adquiridos. Nesse mesmo sentido (DAVYDOV, 1982, apud SFORNI, 2004) considera que o ideal de organizar e transmitir um conhecimento específico é apresentar o conteúdo assimilando-o com outros conhecimentos, uma vez que, possibilitará a formação do conceito por meio da observação e generalização do conteúdo. A partir desses levantamentos, cabe-nos analisar que essa professora possui uma grande experiência com os métodos de ensino, o que possibilita o bom desenvolvimento dos conteúdos. Visto que sua prática sempre esteve vinculada com a alfabetização, a referida professora sempre trabalhou na perspectiva do ensino dos conteúdos curriculares, que mesmo sem ter consciência, podemos considerar que seu trabalho versava para uma perspectiva crítica de educação, uma vez que, a organização do seu trabalho pedagógico é elaborada bimestral de acordo com a necessidade que se adéqua a sua turma. Neste aspecto, cabe ao docente, como transmissor do conhecimento, dirigir a aprendizagem de seus alunos através da mediação e da organização do conhecimento. O professor é quem seleciona, organiza e apresenta o conteúdo ao aluno, de acordo com um plano que atenda interesses e necessidades de sua classe. O tratamento do conteúdo, no planejamento do ensino, exige cada vez mais, originalidade e imaginação por parte do professor (TURRA et al, 1975 apud MARTINS, 1989, p.67 Uma das estratégias mais eficiente utilizada pela professora é o trabalho diário com a rotina, visto que essa é umas das estratégias essenciais para proporcionar a aprendizagem do aluno, ou seja, através da rotina a professora se certifica que os alunos se localizam e acompanham tudo aquilo que está sendo _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 166 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ trabalhado. Outra forma de organização do trabalho com os alunos, é o trabalho coletivo, que diariamente faz parte de sua prática educativa. Nesse momento a professora enfatiza a organização de cada conteúdo trabalhado, visando sempre um acompanhamento diferenciado com os alunos que possui algum tipo de dificuldade. Assim, Sforni (2004, p. 54) diz que o “ensino assim organizado concebe a aprendizagem conceitual passando pelo processo: percepção, representação e conceito”. Vale ressaltar que durante muitos anos de atuação no âmbito educacional, essa professora já se deparou com muitos desafios e mudanças em sua prática, porém sempre demonstrou confiança e segurança em seu trabalho. Porém há certos momentos que encontra muitas barreiras para lidar com diversas dificuldades que são apresentadas pelos alunos, mas utiliza de sua experiência profissional para superar os desafios. Um dos desafios é assegurar que seus alunos cheguem ao final do 2º ano lendo, escrevendo e possuindo o domínio de diferentes tipos de conceitos, pois ela normalmente tem recebido os alunos no início do ano letivo com muitas dificuldades de leitura e escrita. É oportuno destacar-se que a professora desenvolve o ensino dos conteúdos de forma interdisciplinar, isto é, o trabalho interdisciplinar vai além da junção de várias disciplinas para atingir um determinado objetivo, pois a integração de uma disciplina com a outra torna o trabalho educativo complementar e a aprendizagem do aluno mais eficiente. Assim afirma Carlos (2006, p. 7): Trata-se de uma prática que não dilui as disciplinas no contexto escolar, mas que amplia o trabalho disciplinar na medida em que promove a aproximação e a articulação das atividades docentes numa ação coordenada e orientada por objetivos bem definidos. Vale ressaltar ainda que para Fazenda (1994), por meio da interdisciplinaridade o conhecimento está voltado para a construção do saber do aluno desenvolvendo, então, uma comunicação com outras diversas áreas do conhecimento. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 167 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ As análises do trabalho pedagógico permitiu observar que a professora destaca a importância do trabalho da interdisciplinaridade, mas por outro lado, verifica-se que os alunos em alguns momentos se sentem um pouco perdidos com essa forma de trabalho educativo. Porém, cabe ao professor lidar e adequar a melhor forma de trabalho com os seus alunos, até porque existem alguns conceitos que são mais difíceis de apropriar, dificultando a abstração e compreensão dos alunos. 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS Tendo em vista os aspectos mencionados é imprescindível a compreensão de que a prática educativa desenvolvida pelo professor é uma das das ferramentas fundamentais de desenvolvimento dos conceitos cientificos, principalmente relacionado aos conceitos literários, pois certificou-se de que a forma de organização e mediação é insdispensavél no processo de ensino aprendizagem. A pesquisa realizada permitu verificar a importância de se buscar a realidade e também usufruir dos diferentes tipos de conhecimentos prévios dos alunos, a fim de obter uma determinada finalidade e a partir disso elaborar uma prática educativa que esteje ao alcançe da aprendizagem de todos os alunos. A cada observação realizada nessa pesquisa foi possível obter grandes resultados, mesmo diante das dificuldades que o professor se depara ao ter que desenvolver um contéudo que de certa forma já vem definido nos planos curriculares. Durante as observações foi possivel constatar que os alunos chegaram ao 2º estágio, porque as crianças já conseguiam expressar, de forma oral, as conexões estabelecidas no pensamento. Sua falas articuladas, não revelavam ainda o conceito cientifico, mas uma forma de pensamento elementar, baseado em relações concretas e reais. Vigostski (2009) determina o mesmo como sendo o método de abstração, pois os alunos analisados já desenvolvem traços de percepção relacionado com a sua realidade permitindo de se fazer assimilação do _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 168 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ conhecimento com outros de sua vivência.Desta forma para que os alunos atingissem esse conceito, coube ao professor desenvolver práticas pedagógicas para transmitir os conhecimentos de maneira eficiente, benificiando o maior número possível de alunos. Isto pressupõe que o papel do professor é o de transmissor do conhecimento, que busca estratégias de ensino afim de promover o desenvolvimento intelectual dos alunos. REFERÊNCIAS CADERMATORI, Lígia. O que é literatura infantil.In: YUNES, Eliana (org). Seminário Nacional de literatura infantil e juvenil. São Paulo: Câmara Brasileira do livro, 1988. CARLOS, Jairo Gonçalves. Interdisciplinaridade no Ensino Médio: desafios e potencialidades. Programas de Pós-graduação da CAPES. 2006. Disponível: em:<http:/www.unb.br/ppgec/dissertacoes/.../proposicao_jairocarlos.pdf>. Acesso em: 14. jul.2014. DUARTE, Newton. Educação Escolar, teoria do cotidiano e a escola de Vigotski. 4. Ed. Campinas: Coleção polêmicas do nosso tempo, 2007. EAGLETON, Terry. Teoria da Literatura: uma introdução. São Paulo, Martins Fontes, 1980. FACCI, Marilda, Gonçalves Dias. Valorização ou esvaziamento do trabalho do professor? Campinas: Autores Associados, 2004. (Coleção formação de professores). 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Campinas: Autores Associados, 2008. SFORNI, Marta Sueli de Faria. Aprendizagem conceitual e organização e contribuições da teoria da atividade. 1. ed. Araraquara: JM, 2004. SFORNI. Marta Sueli de Faria; GALAUCH. Maria Terezinha Bellanda. Aprendizagem Conceitual nas séries iniciais do ensino fundamental. Educar, Curitiba, n.28: UFPR, p.1-16. Disponível em:<http://www.scielo.br/pdf/er/n28/a14n28>. Acesso em: 28 mar. 2014. VIGOTSKI. Aprendizagem e desenvolvimento intelectual na idade escolar. In: VIGOTSKII, L.S.; LURIA, A.R; LEONTIEV, A.N. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. 10. ed. São Paulo: Ícone, 2006, p. 103- 117 VIGOSTSKI. L.S. A construção do pensamento e da linguagem. 2. ed. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2009. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 170 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ A PRÁXIS AFETIVA NO COMBATE À INDISCIPLINA ESCOLAR BONETTI, Carolina P. G. O51 SILVA, Cintia Rosa da52 BATISTA, Viviane da Silva53 Resumo: Sendo o comportamento indisciplinar um dos principais descontentamentos docente, esta análise propõe uma reflexão sobre a contribuição da práxis afetiva em relação ao enfrentamento da indisciplina escolar. Para tanto, parte do pressuposto que o vínculo afetivo é capaz de suprir a carência de atenção apresentada pelos alunos contemporâneos, e portanto aproximá-lo do educador, bem como da esfera, da gestão escolar, gerando por meio dessa relação harmoniosa um ambiente propício para que o ensino progrida. Sabemos, no entanto, que as causas indisciplinar são múltiplas, apontamos então a prática afetiva como uma das possíveis soluções – e não como única ou definitiva – para essa problemática, visto que a mesma é capaz de suavizar e inibir tal comportamento, apresentando resultados efetivos e contínuos, que justamente por isso favorecem o nosso sistema educacional. Palavras-chave: Afetividade. Indisciplina. Ensino. 1. INTRODUÇÃO A educação já enfrentou muitos obstáculos e continuará a enfrentá-los, pois se trata de um sistema vivo, flexível, que se transforma, se adapta e revoluciona. Atualmente, um dos problemas mais constantes em que a educação esbarra é a indisciplina. Portanto, este é um assunto extremamente comum ao ambiente escolar, definido geralmente como agravante responsável pelo fracasso no processo de ensino. Todavia, quais medidas seriam realmente eficazes para combater e prevenir tal problema, de forma segura e duradoura? Há muito se discute sobre a melhor forma de ensinar, sobre recursos físicos, tecnológicos e didáticos que prendam a atenção do aluno e minimize a indisciplina. No entanto poucos 51 Pedagoga pela UNESPAR, Professora Municipal, Supervisora do PIBID e Orientadora deste artigo. Pibidiana, Acadêmica de Pedagogia pela UNESPAR. 53 Pibidiana, Formada em Letras, Acadêmica de Pedagogia e Mestranda pela UNESPAR. _______________________________________________________________________________ 52 UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 171 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ métodos surtem o resultado almejado; então todo o processo de ensino e ensino é comprometido. Como agir nesse caso? O que leva o aluno a ser indisciplinado? O que é indisciplina afinal? Essas são algumas das indagações que emergem dessa problemática, e que serão abordadas ao longo desta pesquisa. Partindo deste pressuposto, e buscando por medidas simples, esta pesquisa aponta o uso da afetividade como agente erradicador da indisciplina e evasão, como complemento metodológico junto à postura do educador diante deste panorama. Buscando tal compreensão, é preciso considerar que a indisciplina pode ser gerada a partir não só de fatores internos, mas também externos à escola e que esta pesquisa vem, por conseguinte, firmar o entendimento do termo “indisciplina”, evidenciando que um dos grandes agentes contra tal pode simplesmente ser a afetividade, outro termo também explorado. Embora a indisciplina seja citada como uma grande vilã, pode estar sendo interpretada erroneamente. É fato que o aluno indisciplinado incomoda e atrapalha o desenvolvimento da aula e do ensino, mas às vezes esta pode ser a forma que ele encontrou, inconscientemente, de demonstrar sua carência. Assim, este estudo volta-se para a eficácia que a abordagem/metodologia afetiva exerce sobre a indisciplina, não só no âmbito escolar, mas também social, promovendo respeito mutuo, diálogo e compreensão. O emprego da afetividade não deve ser restrito às escolas, mas expandido ao meio social, uma vez que ensinar a amar e respeitar o próximo não é dever exclusivo da escola; tal prática deve ser motivada e desempenhada dentro e fora dos muros das instituições escolares, seja para promover o ensino ou para se firmar como cidadão perante a sociedade. Este estudo se norteia por objetivos simples, como por exemplo, entender como a afetividade pode ser aplicada no âmbito escolar, constatar que a mesma pode ser um excelente instrumento educacional para inibir ou suavizar a indisciplina e a evasão escolar; discutir sobre a influência da família em relação a este contexto e compreender como a afetividade contribui para o progresso do ensino e principalmente da educação como um todo. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 172 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ 2. CONCEITUANDO “AFETIVIDADE” E “INDISCIPLINA” O termo afetividade provém do latim EFFECTIVUS, que significa “o que produz, o que tem efeito”, de EFFICERE, “cumprir, obter resultados”, FACERE, “fazer”; e embora esteja associado ao “afeto” não é apenas sinônimo de amor e carinho conforme muitos pensam. Igualmente, na psicanálise “afeto” deve ser entendido como elemento básico da afetividade humana, ou seja: Conjunto de fenômenos psíquicos que se manifestam sob a forma de emoções, sentimentos e paixões, acompanhados sempre de impressão de dor ou prazer, de satisfação ou insatisfação, de agrado ou desagrado, de alegria ou de tristeza (CODO & GAZZOTTI, 1999, p. 48-59). WALLON (1879-1962) define a afetividade como um dos conjuntos funcionais da pessoa que e atua, juntamente com a cognição e o ato motor, no processo de desenvolvimento e construção do conhecimento, assim segundo ele, o termo afetividade se refere à capacidade do ser humano de ser afetado positiva ou negativamente tanto por sensações internas como externas. Em Jean Piaget, a afetividade exerce relação com a Inteligência construída nos primeiros anos de vida: É incontestável que o afeto desempenha um papel essencial no funcionamento da inteligência. Sem afeto não haveria interesse, nem necessidade, nem motivação; e conseqüentemente, perguntas ou problemas nunca seriam colocados e não haveria inteligência. A afetividade é uma condição necessária na constituição da inteligência, mas, em minha opinião, não é suficiente (PIAGET, 1962, p.32). A afetividade pode ser entendida como o domínio das emoções, dos sentimentos e das experiências. Para Piaget (1896-1980), criador da teoria Epistemologia Genética, a afetividade é o agente motivador da atividade cognitiva “a afetividade seria a energia, o que move a ação, enquanto a razão seria o que _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 173 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ possibilitaria ao sujeito identificar desejos, sentimentos variados, e obter êxito nas ações”. Parafraseando as concepções de Vygotsky, o desenvolvimento pessoal apresenta dois níveis: o do desenvolvimento real ou efetivo referente às conquistas realizadas e o do desenvolvimento potencial ou proximal relacionado às capacidades a serem construídas, assim “os processos pelos quais o afeto e o intelecto se desenvolvem estão inteiramente enraizados em suas inter-relações e influências mútuas” (OLIVEIRA, 1992, p.76). Em outras palavras a afetividade compreende os sentimentos e as emoções e reflete na nossa capacidade de experimentar o mundo subjetivamente, determinando nossas atitudes diante de nossas vivencias e experiências, promovendo assim impulsos que podem nos motivar ou nos inibir. Quanto à indisciplina, concordando com SCHILLING (2009) podemos dizer, portanto, que indisciplinado é aquele que “possui um comportamento desviante em relação a uma norma explicita ou implícita sancionada em termos escolares e sociais”. Esses desvios são responsáveis por afetar o bom andamento das aulas, agressividade e violência. No entanto, mesmo que geralmente a indisciplina seja vista como forma de ruptura violenta com a ordem estabelecida, não devemos atribuir a ela apenas negatividade. O aluno que muda seu comportamento pode estar querendo protestar, conscientemente ou não, pode almejar renovação das práticas instituídas e regras estabelecidas; pode estar querendo evidenciar que algo está errado, que está insatisfeito com o sistema ou que precisa de apoio especializado, ao invés de querer simplesmente irritar o professor e chamar atenção para si. Ao enxergarmos a indisciplina por um ângulo pessimista, o termo “disciplinar” acaba sendo confundido com os termos “oprimir” e “castigar”; o problema maior é que usando da força opressora o professor acaba então interrompendo o desenvolvimento e a criatividade de seu aluno. Dessa forma a escola generaliza o contexto e não se atem às particularidades de seus alunos. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 174 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ A Escola Nova, representada por Dewey, Decroly, Montessori dentre outros, rejeitando este quadro, conferiu ao docente “a responsabilidade de agir como mediador da aprendizagem e, sobretudo, alguém capaz de promover a autonomia e responsabilidade dos educandos” (ESTRELA, 1992). No entanto, existem também educadores conscientes de sua importância no processo de ensino, que lançam um olhar construtivista para o ato de disciplinar. Em defesa dessa visão Parrat-Dyan diz que: A disciplina não é um conceito negativo; ela permite, autoriza, facilita, possibilita. A disciplina permite entrar na cultura da responsabilidade e compreender que as nossas ações têm conseqüências. Quem olha para a disciplina como algo negativo não entende o que é (PARRAT-DYAN 2008, p. 8). KOFF E PEREIRA também destacam aspectos positivos sobre a disciplina atrelada aos princípios de participação e cooperação e, assim tentam desmistificar a negatividade imposta à expressão: [...] a disciplina não pode mais ser encarada, unicamente, como manutenção da ordem, através da obediência a regras preestabelecidas. É claro que esta “nova escola” deve superar a visão disseminada pela literatura clássica, onde o que importa é a moldagem do comportamento e o estabelecimento de atitudes aceitáveis. É imprescindível a existência de padrões de comportamento adequados à vida em grupo, mas é fundamental reconhecê-los culturais e passíveis de revisão. Uma dada situação pode exigir atitudes consideradas indisciplinadas em outros contextos. Do mesmo modo que, muitas vezes, reagir obedientemente representa abandonar a construção de ações originais e criativas (KOFF E PEREIRA 1999, p. 149). Como observamos, as práticas disciplinares são flexíveis e por isso modificam-se com o tempo, vão desde um “conceito de disciplina compreendida como conformidade exterior às regras e aos costumes”, transpondo “um estágio em que é compreendida como conformidade simultaneamente exterior e interior” e chegando a “uma concepção que valoriza, sobretudo, a interioridade e o engajamento livre do indivíduo” (ESTRELA, 1992, p.18). O conceito de indisciplina não é tão simples como aparenta, visto que não se restringe à dimensão comportamental. Mas como definir o termo “indisciplina”? _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 175 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ A indisciplina caracteriza-se então pelo desrespeito ou repudio aos acordos estabelecidos, do não cumprimento de normas que regem a conduta individual ou coletiva; Segundo LA TAILLE em Indisciplina na Escola: alternativas teóricas e práticas, as Crianças precisam sim aderir a regras (que implicam valores e formas de conduta) e estas somente podem vir de seus educadores, pais ou professores. Os limites implicados por estas regras não devem ser apenas interpretados no seu sentido negativo: o que não pode ser feito ou ultrapassado. Devem também ser entendidos no seu sentido positivo: o limite situa, dá consciência de posição ocupada dentro de algum espaço social — a família, a escola, a sociedade como um todo (LA TAILLE 1994, p. 9). Muito se debateu sobre o assunto, por tanto é possível encontrar inúmeras definições sobre o mesmo, vejamos a perspectiva de AMADO (1998), que referese à indisciplina como sendo “um fenômeno relacional e interativo que se concretiza no incumprimento das regras que presidem, orientam e estabelecem as condições das tarefas na aula, e, ainda, o convívio entre pares e a relação com o professor, enquanto pessoa e autoridade”. Visando a individualidade de cada aluno, DELGADO E CAEIRO (2005, p. 16) apresentam a indisciplina como “um problema da prática quotidiana onde cada caso é um caso específico e, assim sendo, torna-se difícil de definir modelos de atuação generalizáveis que evitem ou regulem eficazmente cada acontecimento”. Nesta perspectiva, sugere-se que cada caso seja analisado individualmente, evitando as generalizações. Por outro lado, GARCIA (1999, p. 105) entende que “o ‘bom comportamento’ nem sempre é sinal de disciplina, pois pode indicar apenas adaptação aos esquemas da escola, simples conformidade ou mesmo apatia diante das circunstâncias”, ou seja, o ‘bom comportamento’ não significa que o aluno é realmente disciplinado e está evoluindo, pois o mesmo pode apresentar problemas de indisciplina fora da sala de aula, ou de forma que o professor não perceba. Já para ESTRELA (1992) a indisciplina pode ser conceituada como _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 176 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ negação da disciplina, ou como "desordem proveniente da quebra das regras estabelecidas pelo grupo". É, sobretudo, o professor que produz e comunica normas sociais que julga necessárias para exercer sua ação pedagógica, e assim prescreve determinadas posturas e regras a serem aceitas, muitas vezes sem a devida discussão com os alunos, e sem que aquelas atendam suas expectativas e necessidades (ESTRELA 1995, p. 65). Em síntese, a indisciplina tornou-se um dos principais problemas apontados pelos professores, e de maneira geral dificulta o ensino, provoca evasão escolar e desgasta o corpo docente. 3. DISCUTINDO SOBRE “METODOLOGIA AFETIVA” Definidos os termos, resta-nos refletir sobre a importância da afetividade no ensino, o quanto a mesma pode colaborar para com o desenvolvimento de nossos alunos, todavia, para tanto é preciso que práticas pedagógicas cooperativas, participativas, construtivistas e reflexivas sejam adotadas, e que os trabalhos educativos passem a ser elaborados com base no conteúdo sim, mas priorizando também a afetividade. A afetividade não deve ser vista apenas como um instrumento que estreite a relação professor-aluno, mas como uma ferramenta que iniba a indisciplina e minimiza a evasão escolar, pois está comprovado que uma metodologia afetiva contribui para uma práxis mais dinâmica, divertida, harmoniosa e por isso eficaz; mas qual o papel do educador nesse panorama afetivo? O educador, como facilitados que é, deve propiciar aos seus alunos oportunidades de desenvolvimento, no entanto, sempre impondo limites, frisando o respeito e a educação; enquanto isso cabe ao educando aceitar e abraçar essas oportunidades e se dedicar às experiências ofertadas pelo professor. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 177 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Visando o aspecto afetivo, o professor precisa ensinar permitindo que o aluno interaja no momento da explicação, intervindo com dúvidas, sugestões, opiniões, pois, está é uma das formas de fazê-los sentir-se importante, digno de atenção. O relacionamento baseado na afetividade é harmonioso e bem mais produtivo, evita confrontos, evita balburdia, evita a indisciplina de uma forma geral. Quando o aluno passa a ser tratado com respeito e carinho ele começa a retribuir o afeto, passa a enxergar o professor como amigo e não como um carrasco que lhe rouba as horas de laser e diversão para enfurná-lo dentro de uma sala de aula. A partir do momento que o aluno percebe sua importância, percebe que suas opiniões são acatadas e valorizadas ele cresce, amadurece e aos poucos adota uma postura mais consciente em relação ao professor, e consequentemente ao ambiente escolar como um todo. Analisando o assunto sob a ótica da prática educativa, o que se pretende com a afetividade é inserir no currículo escolar uma temática, uma consciência mais humanitária, mais flexível e atenciosa, que busque resgatar o aluno ao invés de rotulá-lo por seu comportamento e deixá-lo a mercê do conselho de classe, atingindo assim de forma concreta e precisa os objetivos pedagógicos, e, principalmente, construindo uma proposta que admita os sentimentos do aluno (permitindo que o mesmo os exprima) como objeto de conhecimento, promovendo uma intertextualidade entre as disciplinas. Promover a afetividade não é tarefa simples, a equipe pedagógica e os professores precisam estar entrosados; não seria exagero afirmar que, para alcançar o sucesso todos precisam trabalhar em prol dessa ideia, adotando nova postura, sendo mais paciente e tolerante, trazendo a afetividade para sua política de vida e não apenas vendo-a como uma “carta na manga” para acalmar os alunos; Embora a afetividade tenha conquistado muitos adeptos, luta contra três grandes obstáculos: o tradicionalismo embriagado no autoritarismo, o currículo escolar, que precisa ser adaptado e a preparação precária dos educadores. Portanto, se por um lado a metodologia afetiva contribui com o desenvolvimento e _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 178 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ com um relacionamento saudável no ambiente escolar, por outro também enfrenta barreiras para se estabelecer. Construir e pôr em prática um sistema educativo que busque resgatar o aluno e rompa a concepção tradicionalista é sem dúvidas um desafio. Mas é necessário perseverança, e lembrar que o ser humano precisa de afetividade para evoluir, no entanto é no mínimo um desafio conciliar o lado afetivo e racional, ainda mais colocando por terra o tradicionalismo; conforme ARANTES (2003) “a articulação entre os aspectos cognitivos e afetivos no funcionamento psíquico humano, é sem dúvida, uma tarefa difícil e complexa”. Contudo, a maior dificuldade, perante o contexto, é conseguir elaborar as práticas e os currículos escolares de maneira que atendam essas necessidades. Além do mais, o tema afetividade precisa ser inserido no currículo para torná-lo mais contextualizado, mais palpável ao aluno. Dessa forma, qual a relevância então afetividade no processo educativo? A relevância da afetividade no processo educativo está explícita na necessidade que temos de, segundo ARANTES (2003) “incorporar ao cotidiano escolar um trabalho sistematizado com sentimentos, rompendo assim as concepções educacionais que fragmentam o campo científico e cotidiano do conhecimento, e as vertentes racionais e emocionais do pensamento”. Bem como tornar o professor mais consciente de seus sentimentos e estado emocional, a fim de que este sempre demonstre equilíbrio e possa exercer seu papel com mérito. Além do mais, uma escola que adote a filosofia afetiva, certamente, se transforma em um ambiente mais convidativo, mais calmo e feliz, pois passa a compreender melhor os seus possíveis problemas e torna-se capaz de propor estratégias inovadoras e eficazes. Uma escola afetiva passa a estabelecer uma relação baseada na generosidade e a solidariedade não apenas com seu quadro de funcionários e alunos, mas também com a comunidade, edificando, em suma, um aluno que terá além de conhecimento científico e clássico, um caráter humanitário, coerente, sensível ao próximo, dotado de respeito e compreensão. É válido frisar que a cidadania e o conhecimento não provêm de relações conturbadas, autoritárias e tradicionalistas que buscar apenas transmitir, _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 179 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ mecanicamente, o conteúdo. Os tempos são outros, e avançam desenfreados, o que a escola oferece para os alunos? Uma imagem de “prisão”, um lugar onde o aluno precisa chegar no horário, sentar-se e assistir as aulas como um robozinho? Ou onde o aluno extrapola para ir contra o sistema, para chamar a atenção, para mostrar que tem algo errado e é taxado de indisciplinado? Não, a escola não deve ser vista dessa forma, por isso os conteúdos devem ser contextualizados de acordo com a vivência dos alunos, relacionados diretamente às emoções e a valores sociais, visando provocar a interação, a socialização, o respeito mútuo e o conhecimento. Se a escola promover a preparação do professor, sendo assim capaz de adotar um projeto permanente de afetividade e construir um ambiente propício a esta contextualização mencionada, certamente trazer o aluno para o conteúdo, envolvê-lo, aguçar sua curiosidade será tarefa bem mais fácil e agradável, será tarefa que no final apresentará resultados reais. O educador precisa estar consciente de seu papel, de seu compromisso com a educação, de suas responsabilidades, deveres e direitos; e assim buscar orientação, capacitação para desempenhar seu trabalho satisfatoriamente, alcançando os resultados positivos. Cabe à escola promover essa capacitação, mas não aquelas em que se reúnem o corpo docente e se organizam palestras cansativas e além do diploma não sobra vestígio algum dali alguns meses. A escola precisa promover uma capacitação prática, voltada para as suas próprias necessidades, precisa, em conjunto com os educadores, discutir como envolver o aluno, como parar esse círculo vicioso da indisciplina, como estabelecer laços afetivos, como preparar e aplicar aulas norteadas pela afetividade, embasadas na realidade do aluno, e não simplesmente debater sobre os índices do IDEB - Índice de Desenvolvimento da Educação Básica. Se o trabalho for bem feito, o índice do IDEB será motivo de orgulho, mas orgulho verdadeiro, conquistado através do suor da escola, e não um falso _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 180 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ orgulho, maquiado, disfarçado para camuflar o nosso vergonhoso desastre escolar. Existem professores ótimos, que sabem como lecionar, sabem como cativar e promover o ensino, mas a maioria se preocupa mais em clamar por reconhecimento e ajuste salarial; Antes de tudo isso, o professor precisa se auto-valorizar, exercer sua função da forma que tem que ser, adotar uma metodologia apoiada em valores significativos para seus alunos, passar a investigar a realidade deles, trabalhando as atividades programadas partindo disso, do mundo do aluno, respeitando seus limites e ajudando-os a superá-los. Quando se está professor, o que se almeja na verdade é uma ocupação remunerada que tenha lá algum prestígio diante da sociedade. No entanto, ser professor nunca foi tarefa fácil, quando se é professor o maior objetivo é ajudar o aluno, mediar o conhecimento. No entanto, infelizmente é comum justificar o fracasso escolar apontando os problemas do aluno; não estariam os educadores se isentando, em certa medida, de suas responsabilidades e maquiando sua ação profissional? Ao rotular o aluno considerado indisciplinado como um estorvo ao trabalho pedagógico, e muitas vezes desistindo dele, o educador não se atem a uma questão muito importante: é maravilhoso sim orgulhar-se e vangloriar o bom aluno, no entanto é preciso, árduo sim, mas também magnífico lapidar e colaborar com a edificação do aluno-problema. Aí está uma dádiva desta profissão. Embora a maioria prefira classificar, desprezar ou castigar os tais "alunosproblema", na verdade eles podem ser vistos como oportunidade para que a ação docente se consolide, seria como um exercício, em que o educador colocaria a sua formação, experiência e metodologia à prova, no resgate desse aluno. Mas essa oportunidade acaba sendo muito trabalhosa e são poucos que se comprometem de fato com esta visão e principalmente tomam atitudes para reverter o quadro. Mas que atitude poderia ser capaz de inibir ou suavizar a indisciplina? _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 181 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ A afetividade, a metodologia afetiva, o respeito, a participação familiar no contexto escolar, a motivação e a preparação profissional compõem a resposta para tal questão. Tudo parte da afetividade e vai de encontro com a necessidade de cada caso, mas o principal instrumento é sem dúvida a afetividade juntamente com o empenho e persistência do educador. Para tanto, o educador precisa ter uma formação sólida, precisa ser capacitado para saber administrar os conflitos dentro do ambiente escolar e assim ser uma espécie de erradicador da indisciplina e propagador da afetividade, mas de forma natural, sem obrigar o aluno aderir à filosofia afetiva e sim conquistandoo, interagindo com o mesmo. Embora no papel seja tudo tão perfeito e não se pode negar a nossa realidade, o professor está desgastado física e psicologicamente, vê na falta de reconhecimento e valorização de seu trabalho as causas da depressão, da ansiedade, e acaba doente, afastado. A indisciplina se alastrou pelas escolas, tal como uma erva daninha, VILLELA ilustra isso muito bem ao afirmar que: Os altos níveis de indisciplina vivenciados em sala de aula e conhecidos através dos diversos veículos de comunicação vêm tomando proporções que, além de prejudicar a aprendizagem estão influenciando na saúde física e mental de educando e educadores. O aluno indisciplinado, geralmente, não realiza as atividades propostas, não demonstra interesse, procura dispersar a sala através de seu comportamento e sempre consegue chamar a atenção dos demais (VILLELA, 2010, s.p). Ela afirma ainda o que “na maioria dos casos o professor não tem controle sobre a classe e não conseguem solucionar ou sair de situações criadas. Irritado e estressado, esse professor costuma se afastar do trabalho e o fracasso das aulas é atribuído somente ao aluno.”. Ou seja, o professor acaba se eximindo da culpa e de suas responsabilidades enquanto professor. O aluno indisciplinado costuma andar constantemente pela sala, danificar material dos colegas, jogar materiais nos colegas e pelas janelas, conversar em tom de voz alta, principalmente com quem está fora de sala. Usa ainda de agressão verbal e física, gosta de provocar, sempre diz o que irá fazer, rasga e joga muitos papéis, _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 182 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ além de gostar de narrar acontecimentos e se colocar sempre acima dos demais (VILLELA, 2010, s.p). Quando a situação atinge esse ponto crítico, a indisciplina pode acarretar a violência, e então o quadro piora; mas ainda assim o educador, o diretor, a pedagoga, os funcionários da biblioteca, da limpeza, da segurança, todos pode m colaborar com o resgate desses alunos, mas de que forma? Simples, dando-lhes atenção, respeitando suas opiniões, dando-lhes vez e voz. É aí que entra então a afetividade, pois não se pode confrontar um aluno com a mesma “arma” dele, sendo o professor um ser mais instruído e experiente cabe a ele contornar a situação e mostrar ao aluno que tanto ele, quanto a escola não são seus inimigos e sim aliados. Quando a escola adota uma política e filosofia afetiva, cedo ou tarde o aluno entenderá a sua importância dentro desse ambiente e passará a integrá-lo como peça chave. Com base nessa linha de raciocínio é possível sim que a afetividade suavize ou até mesmo extermine a indisciplina e os problemas trazidos por ela. 4. CONCLUSÃO Diante as leituras e análises resultantes desta pesquisa, fica evidente que hoje uma das maiores necessidades da educação é construir um sistema educativo que ultrapasse a proposta tradicional de ensino, que valorize o aluno, bem como a cognição e a afetividade, e que ajude a suavizar a indisciplina e também a evasão escolar. Para alcançar tal objetivo o trabalho pedagógico precisa ser revisto e tornar-se mais atrativo para os alunos, agregando valores morais e afetivos. Os docentes devem estar comprometidos com novas ideias e prontos para romper como o tradicionalismo, adotando novas práticas e posturas, estudando seu aluno e empregando a afetividade no processo educativo. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 183 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ É verdade que o rompimento como tradicionalismo, com aquilo que já se está habituado, assusta um pouco, mas é necessário acolher e desenvolver propostas que abordem a interdisciplinaridade, a interação e a afetividade. Converter a sala de aula em um ambiente harmonioso, partindo o senso comum em direção ao saber científico e mediando-os afetivamente, é o mesmo que organizar todo o processo de ensino, edificando tanto no educador quanto no educando uma consciência de seu papel, de sua função, de seus direitos e deveres dentro da escola, contribuindo assim para uma formação psíquica e moral sólida. Ainda que seja o aluno o principal agente da indisciplina, as pesquisam provam que são inúmeras as causas e justificativas para este distúrbio comportamental. A indisciplina pode ser desencadeada por questões de personalidade, por problemas emocionais, familiares, sociais ou psiquiátricos. É claro que atualmente os alunos considerados indisciplinados são tratados com mais atenção que antigamente, pois têm apoio de equipes pedagógicas, são ouvidos por psicólogas e a escola tenta suprir essa carência de acordo com suas condições. No entanto, todas essas medidas não trazem resultados efetivos, duradouros, sendo que normalmente resolvem o problema apenas momentaneamente. Assim, a afetividade entra nesse panorama como uma das ferramentas mais eficientes contra a indisciplina e a evasão escolar, surge como uma grande aliada da escola; é através de uma metodologia voltada para a afetividade que o educador conseguirá estabelecer uma relação de confiança com o educando, e a escola poderá tirar proveito dessa relação, pois quando o aluno visualiza o professor como amigo e não como inimigo ele passa a desenvolver seus conceitos de respeito e responsabilidade, passa a ver o professor como modelo, como exemplo a ser seguido. A partir dessa relação estreita, o professor é capaz de desvendar seu aluno e entender qual metodologia o ajuda mais, ambos vão se descobrindo e caminhando juntos, de forma que o aluno seja moldado nos princípios ético e morais. É obvio que o professor sozinho não reverterá todo esse quadro lamentoso no qual se encontra a educação deste país, cabe à família, à escola, à sociedade, _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 184 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ ao governo e ao Estado criarem uma política afetivo-participativa dentro e fora dos muros das escolas, está na hora do sistema valorizar o aluno, ouvir suas críticas e sugestões, está na hora de exigirmos profissionais qualificados, comprometidos com sua profissão, cientes de seus direitos e cumpridor de seus deveres. O professor precisa sim ser mais valorizado, ter um salário melhor, mas precisa também desempenhar melhor seu papel, entender sua importância dentro e fora das salas de aula. Por fim, quando o nosso sistema educacional estiver composto de educadores aptos, conscientes e bem estruturados, fundamentados na cidadania e na afetividade, assim como quando a família despertar e perceber que não é mundo que muda a mentalidade dos seus e os converte em marginais e dependentes químicos, mas sim a ausência da estrutura familiar, de carinho e atenção, quando o governo e a sociedade entenderem o valor do professor, talvez possamos ter uma educação de qualidade, livre do fantasma da indisciplina, da evasão, do desgaste físico e mental. REFERÊNCIAS AMADO, J. A indisciplina e a formação do professor competente. Faculdade Psicologia e de Ciências da Educação. Universidade de Lisboa, 1998. ARANTES, Valéria Amorim (Org.). Indisciplina na escola: alternativas teóricas e práticas. São Paulo: Summus, 2003. 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Lisboa: Editorial Estampa, 1975. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 187 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ A PSICOMOTRICIDADE COMO ALIADA NA ALFABETIZAÇÃO CARVALHO, Daiany Sousa Dos Santos54 PEREIRA, Lilian Alves55 RESUMO: A aprendizagem se desenvolve em todas as fases, esta por sua vez, cria condições para o exercício da cidadania. Um desses aprendizados é o processo de alfabetização. Neste processo os profissionais da educação podem recorrer à área da psicomotricidade para desenvolver o aprendizado das crianças. Neste sentido, o presente artigo tem como objetivo verificar a relação prática dos elementos da psicomotricidade no processo de alfabetização infantil. A pesquisa de caráter bibliográfico busca compreender o que é psicomotricidade e sua importância no desenvolvimento motor da criança. Com a pesquisa evidencia-se a relação entre psicomotricidade e alfabetização, bem como o papel dos educadores no processo de ensino e aprendizagem. Palavras-chave: Psicomotricidade. Alfabetização. Ensino. Aprendizagem. 1. INTRODUÇÃO Desde o ventre materno até a morte, o ser humano está em processo de transformação e adaptação. Durante todo esse processo ele aprende o movimento desde o mais simples ao mais complexo que será usado em toda a vida e que ajudará em outras aprendizagens. Conforme já sabemos o ingresso na escola não garante o aprendizado. Muitos fatores influenciam o processo de alfabetização: o apoio da família, a adaptação ao ambiente escolar, a atuação do educador como facilitador, entre outros. A psicomotricidade educa “o movimento ao mesmo tempo em que põe em jogo as funções intelectivas” (COSTALLAT, 1987 apud BARRETO NETTO. et al., s/d, p. 1). Na escola, portanto, não podemos deixar de considerar a intrínseca e 54 Acadêmica do 4º ano de Pedagogia e bolsista PIBID/CAPES – Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência - UNESPAR – Campus Paranavaí – PR. 55 Professora orientadora Doutoranda em Educação e Membro do Colegiado do Curso de Pedagogia da UNESPAR - Campus de Paranavaí - PR _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 188 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ dialética relação entre ações motoras e ações de cognição (BARRETO NETTO et al, s/d). Alguns pais quando vão à escola, veem seus filhos e outras crianças brincando e acabam concluindo que o professor está só passando o tempo, mas a recreação dirigida tem grande influência no desenvolvimento motor da criança. Chieza (2010) coloca que para Piaget [...] existe no desenvolvimento humano diferentes momentos. As etapas de desenvolvimento são ao mesmo tempo contínuas e descontínuas. Contínuas porque sempre se apoiam na anterior, e descontínua porque não são apenas um prolongamento. As etapas encontram-se, assim, funcionalmente dentro de um mesmo processo (CHIEZA, 2010, p. 25). Neste sentido, faz-se necessário saber o histórico psicomotor da criança. Que será a consequência dos estímulos e experiências que lhe são proporcionadas. Assim, é possível entender a necessidade da criança viver uma infância com diferentes estímulos, sem sedentarismo em excesso, para que se tenha um desenvolvimento psicomotor apropriado. Além disso, a psicomotricidade pode ser considerada um dos fatores muito importantes no processo de alfabetização. Dentre esses fatores, pode-se dizer que é necessário levar em conta o desenvolvimento psicomotor da criança, pois: A psicomotricidade é o controle sobre a expressão motora, é uma organização para entender de forma consciente e constante as necessidades do corpo. Pode-se também definir como a ciência da educação que norteia o movimento, ao mesmo tempo em que põe em jogo as funções da inteligência. A partir desta posição pode-se ver a relação íntima das funções motoras cognitivas e que, também pela afetividade, encaminha o movimento (CHIEZA, 2010, p. 14). Para a sociedade brasileira de psicomotricidade (2004), psicomotricidade é: A ciência que tem como objeto de estudo o homem através do seu corpo em movimento e em relação ao mundo interno e externo, bem como suas possibilidades de perceber, atuar, agir com o outro, com os objetos e consigo mesmo. Está relacionada ao _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 189 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ processo de maturação, onde o corpo é a origem das aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas (SBP, 2004, p. s/p). Por meio dessas definições, o presente trabalho busca entender: qual a relação prática da psicomotricidade com o processo de alfabetização de crianças nas escolas? Sabe-se que é por meio do corpo e da interação deste corpo com o mundo, que a criança aprende. Assim, é possível compreender como ocorrem as mudanças desde o nascimento e que vão se aprimorando de acordo com as oportunidades e estímulos que a criança recebe. Diante dessas considerações, o objetivo deste artigo é verificar a importância da psicomotricidade no processo de alfabetização. Para entender o quanto é importante a estimulação motora da criança, uma vez que a psicomotricidade ajudará na evolução da criança na fase de alfabetização. Esse estímulo se feito de forma errada poderá ser notado dentro de sala de aula trazendo prejuízos. Sendo assim o educador deve buscar por conhecimento, para que assim possa ajudar a criança de forma adequada. Para atingir os objetivos dessa pesquisa, foram delineados os seguintes objetivos específicos: conhecer a psicomotricidade e sua importância para o desenvolvimento motor da criança na fase de alfabetização; caracterizar ações dos educadores que ajudam ou atrapalham no desenvolvimento do movimento; e analisar como a psicomotricidade pode contribuir com o processo de alfabetização. Para atingir o objetivo citado, o procedimento técnico que foi utilizado para fundamentar o estudo foi o bibliográfico, assim foi feita uma seleção de bibliografias e leituras relevantes para o estudo. De acordo com Lima (2004, p.38) “[...] a pesquisa bibliográfica é a atividade de localização e consulta de fontes diversas de informações escrita, orientada pelo objetivo explícito de coletar materiais mais genéricos ou mais específicos a respeito de um tema”, ou seja, essa pesquisa trata-se da busca de materiais publicados, livros, revistas, artigos científicos, monografias, dissertações e teses, a fim de compreender os estudos já realizados sobre o tema. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 190 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ 2. A PSICOMOTRICIDADE NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA A Psicomotricidade pode ser considerada uma ciência relativamente nova que, por ter o homem como seu objeto de estudo e englobar várias outras áreas como: educacionais, pedagógicas e da saúde (BUENO, 1998). Historicamente o termo "psicomotricidade" aparece a partir do discurso médico, mais precisamente neurológico, quando foi necessário, no início do século XIX, nomear as zonas do córtex cerebral situadas mais além das regiões motoras. Só em pleno século XIX o corpo começa a ser estudado, em primeiro lugar, por neurologistas, por necessidade de compreensão das estruturas cerebrais, e posteriormente por psiquiatras, para a classificação de fatores patológicos. É justamente a partir da necessidade médica de encontrar uma área que explique certos fenômenos clínicos que se nomeia, pela primeira vez, a palavra psicomotricidade, no ano de 1870 (ASSIS; JOBIM, 2008, p. 2). Como podemos perceber as primeiras pesquisas sobre a psicomotricidade estiveram com a atenção voltada para a parte neurológica. De acordo com a Associação Brasileira de psicomotricidade (2004), a figura de Dupré, neuropsiquiatra, em 1909, é de fundamental importância para o âmbito psicomotor, já que é ele quem afirma a independência da debilidade motora (antecedente do sintoma psicomotor) de um possível correlato neurológico. De acordo com Falcão; Barreto (2009) foi Henry Wallon (1879-1962), médico, psicólogo e pedagogo, que provavelmente, foi o grande pioneiro da psicomotricidade, vista como campo científico. Wallon forneceu observações definitivas acerca de desenvolvimento neurológico do recém-nascido e da evolução psicomotora da criança. O autor afirma que “o movimento é a única expressão e o primeiro instrumento do psiquismo”. O movimento (ação), pensamento e linguagem são unidades inseparáveis. O movimento é o pensamento em ato, e o pensamento é o movimento sem ato. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 191 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Wallon refere-se ao esquema corporal não como uma unidade biológica ou psíquica, mas como a construção, elemento de base para o desenvolvimento da personalidade da criança. Por meio do conceito do esquema corporal, introduz, provavelmente, dados neurológicos nas suas concepções psicológicas, motivo esse que o distingue de outro grande vulto da psicologia, Piaget, que muito influenciou também a teoria e prática da psicomotricidade. São muitas as classificações e as terminologias utilizadas para dar nome as funções psicomotoras. De qualquer forma, os conceitos são basicamente os mesmos; o que muda é a forma de classificar e agrupar estes conceitos. Assim, as terminologias mais utilizadas no Brasil e seus respectivos conceitos são os seguintes: esquema corporal, tônus, motricidade ampla, motricidade fina, lateralidade, estruturação espacial, estruturação temporal e ritmo. Esquema corporal: O esquema corporal surge no primeiro ano da vida através do conhecimento do conjunto do corpo. Aos três anos a criança começa a adquiri a independência psicomotora e a identificar algumas partes do seu corpo. Esquema corporal é o conhecimento intelectual das partes do corpo e de suas funções. Segundo pesquisadores, um esquema corporal organizado permite a uma criança se sentir bem, na medida em que seu corpo lhe obedece, em que tem equilíbrio, domínio de coordenações, pode utilizar todas essas possibilidades de ação e movimento para seu poder cognitivo. Este se desenvolve durante toda a vida e resulta de experiências que vivemos no decorrer dos anos. Imagem corporal: É uma representação mental inconsciente que fazemos do nosso próprio corpo, ela é formada a partir do momento em que este corpo começa a ser desejado e, consequentemente a desejar e a ser marcado por uma história singular e pelas inscrições materna e paterna. Um exemplo de como se dá sua construção é o estágio do espelho que começa aos 6-8 meses de idade, quando a criança já se reconhece no espelho, sabendo que o que vê é sua imagem refletida. A imagem, portanto, vem antes do esquema, portanto, sem imagem, não há esquema corporal. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 192 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Tônus: É a tensão fisiológica dos músculos que garante equilíbrio estático e dinâmico, coordenação e postura em qualquer posição adotada pelo corpo, esteja ele parado ou em movimento. Exemplo: a maioria das pessoas portadoras da Síndrome de Down possui uma hipotonia, ou seja, uma tonicidade ou tensão menor do que a normal, o que faz com que haja um aumento da mobilidade e da flexibilidade e uma diminuição do equilíbrio, da postura e da coordenação. Coordenação global ou motricidade ampla: É a ação simultânea de diferentes grupos musculares na execução de movimentos voluntários, amplos e relativamente complexos. Exemplo: para caminhar utilizamos a coordenação motora ampla em que membros superiores e inferiores se alternam coordenadamente para que haja deslocamento. Motricidade fina: É a capacidade de realizar movimentos coordenados utilizando pequenos grupos musculares das extremidades. Exemplo: escrever, costurar, digitar. Lateralidade: Segundo pesquisadores lateralidade, é a capacidade motora de percepções integradas dos dois lados do corpo, direito e esquerdo. É o elemento fundamental de relações e orientações com o mundo exterior. Todo ser humano possui uma predominância de um dos lados do corpo, isso se faz em função do hemisfério cerebral. Esse lado dominante apresenta maior força muscular, mais precisão e rapidez. Estruturação espacial: É a consciência da situação das coisas entre si. É a possibilidade, da pessoa se organizar e organizar-se perante o mundo, colocar as coisas em seus lugares, movimenta-las e ter consciência da direção e distância. Estruturação temporal: É a capacidade de situar-se em função da sucessão dos acontecimentos, da duração dos intervalos, de períodos do caráter irreversível do tempo. A noção do tempo é muito abstrata e por isso muito _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 193 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ difícil para a criança compreender, pois exige a ação da memória e da lembrança. Ritmo: Cada ser humano tem seu próprio ritmo. O ritmo motor está ligado ao movimento do corpo e se realiza em um intervalo de tempo constante. O ritmo auditivo é associado com algum movimento. E para que a criança desenvolva, é necessário que o ritmo auditivo e motor estejam associados. O ritmo visual esta diretamente ligada a leitura e escrita. Para os olhos acompanharem com ritmo uma palavra atrás da outra, precisa ter um ritmo, para respeitar os espaços entre as palavras, ordenar as letras dentro das palavras e as palavras nas frases. Uma letra deve suceder a outra. A pontuação e a entonação que acompanham a leitura e escrita são resultado de habilidades rítmicas. Equilíbrio: É a capacidade de manter-se sobre uma base reduzida de sustentação do corpo utilizando uma combinação adequada de ações musculares, parado ou em movimento. Um exemplo de equilíbrio dinâmico é caminhar sobre uma prancha e de equilíbrio estático é manter-se sentado corretamente. Piaget (1896-1980) também foi uma dos autores que estudou a relação entre psicomotricidade e percepção. Seus estudos exclusivamente experimentais possibilitaram o conhecimento e importância do estágio sensório-motor e da motricidade antes da aquisição da linguagem como fator primordial para o desenvolvimento da inteligência. Para o autor, [...] o desenvolvimento mental se constrói, paulatinamente. É uma equilibração progressiva, uma passagem contínua, de um estado de menor equilíbrio para um estado de equilíbrio superior. A inteligência, portanto, é uma adaptação ao meio ambiente. Para que isso possa ocorrer, é necessário, inicialmente a manipulação dos objetos do meio com a modificação dos reflexos primários (OLIVEIRA, 2007 apud FALCÃO; BARRETO, 2009, p.31). Segundo a Associação Brasileira de Psicomotricidade (2004), foi em 1935, que Edouard Guilmain, neurologista, desenvolveu um exame psicomotor com a _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 194 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ finalidade de diagnóstico, de indicação terapêutica e de prognóstico. Em 1947, Julian de Ajuriaguerra, psiquiatra, redefiniu o conceito de debilidade motora, considerando-a como uma síndrome com suas próprias particularidades. É ele quem delimita com clareza os transtornos psicomotores que oscilam entre o neurológico e o psiquiátrico. Com estas novas contribuições, a psicomotricidade diferencia-se de outras disciplinas, adquirindo sua própria especificidade e autonomia. Na década de 70, diferentes autores definiram a psicomotricidade como uma motricidade de relação. Começa então, a ser delimitada uma diferença entre uma postura reeducativa e uma terapêutica que, ao despreocupar-se da técnica instrumentalista e ao ocupar-se do "corpo de um sujeito" vai dando progressivamente, maior importância à relação, à afetividade e ao emocional. Para o psicomotricista, a criança constitui sua unidade a partir das interações com o mundo externo e nas ações do Outro (mãe e substitutos) sobre ela. A especificidade do psicomotricista situa-se assim, na compreensão da gênese do psiquismo e dos elementos fundadores da construção da imagem e da representação de si. O sintoma psicomotor instala-se, quando ocorre um fracasso na integração somatopsíquica, consequente de fatores diversos, seja na origem do processo de constituição do psiquismo, ou posteriormente em função de disfunções orgânicas e/ou psíquicas. A patologia psicomotora é, portanto, uma patologia do continente psíquico, dos distúrbios da representação de si cuja sintomatologia pode se apresentar no somático e/ou no psíquico. 2.1 . O desenvolvimento infantil a cerca da psicomotricidade De acordo com Chieza (2010), toda criança tende a possuir um esquema de assimilação que evolui de acordo com a etapa de desenvolvimento em que ela atravessa. O entendimento da criança do mundo que a cerca inicia ao nascer na qual ela começa a compreender os movimentos. Conforme Piaget apud Chieza (2010), a primeira linguagem que a criança compreende é a linguagem do corpo, _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 195 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ a linguagem da ação. Desde o momento da concepção, o organismo humano tem uma lógica biológica, uma organização, um calendário maturativo e evolutivo. O fato de a psicomotricidade ter estreita relação com o aspecto físico, o aspecto físico e a inteligência do ser humano tornam-se um elemento fundamental na educação, principalmente quando esta relacionada com o descobrimento dos objetos, do espaço e do tempo. [...] As primeiras experiências da criança são decisivas – impressões recebidas do meio ambiente, estímulos ou restrições, ser criada numa atmosfera livre ou limitadora. Nos primeiros anos de vida, o desenvolvimento da capacidade de raciocínio e atenção (capacidade de retenção) depende de grande parte de experiências motoras: manusear, pegar, agarrar. Inteligência motora é saber agir corretamente no instante exato. Esta segurança motora ajuda a criança a investigar seus interesses pessoais, e mantém viva sua disposição de aprender (DIEM, 1980, p. 9). Na infância, a psicomotricidade é de grande importância para que aconteça o desenvolvimento e a aprendizagem da criança. O corpo é o nosso universo particular. E nele nos movemos, sentimos, agimos, percebemos e descobrimos novos universos. Tudo isso está gravado nesse corpo, e é na infância que determinamos o que ficará gravado e o que não será de grande importância. Aprender, movimentar, sentir esse universo e partilhar com outros, será de grande ajuda na estruturação desse indivíduo que se forma, assim respeitando as limitações de cada um, pois o processo de desenvolvimento pode não ser igual a todos. A psicomotricidade auxilia este universo em formação a se descobrir por inteiro, por meio de estimulação e exploração concreta do mundo (SILVA, 2005). Percebe-se como a educação motora deve ser levada a sério na educação infantil, seguindo o desenvolvimento por faixa etária, para que o indivíduo não seja prejudicado o no processo de ensino-aprendizagem. A psicomotricidade deve ser conduzida de forma lúdica, recreativa, levando-as uso de diferentes gestos, posturas e expressões corporais, com intencionalidade, ou seja, objetivando desenvolver áreas específicas, como: coordenação motora ampla e fina, _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 196 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ equilíbrio, velocidade, agilidade, ritmo, e para isso utilizar materiais diversificados que possam proporcionar esses objetivos. Segundo Fiorentin; Lustosa; Rocha (2004), o desenvolvimento motor é de suma importância para que a criança aprenda a ler e escrever, haja vista que quando é descoberta alguma dificuldade, esta por sua vez é associada a problemas motores. Os problemas motores podem trazer prejuízos para a autoestima da criança, pois estes podem fazer com que ela fique atrasada na aprendizagem em comparação aos colegas, desta forma passam a ficar reclusas e evitar atividades que exponham sua dificuldade. 3. A IMPORTÂNCIA DE UMA BOA FORMAÇÃO PROFISSIONAL PARA MELHOR DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA É na gestação que o bebê da inicio aos seus primeiros movimentos, desde esse momento ele inicia sua formação cognitiva e motora. Após o seu nascimento ele necessita que alguém o conduza para que possa desenvolver o seu esquema corporal através de estímulos e carinho, e é através dos movimentos que a psicomotricidade proporciona que vai educá-los e colocar em jogo as suas funções intelectuais, para que assim possa verificar se ele possui um desenvolvimento mental normal ou não. As atividades motoras desempenham na vida da criança um papel importantíssimo, em muitas de suas primeiras iniciativas intelectuais. Enquanto explora o mundo que a rodeia com todos os órgãos dos sentidos, ela percebe também os meios com os quais fará grande fará grande parte de seus contatos. (José, 2000. p. 109). Aproximadamente até os três anos de idade, o individuo não esta com suas funções motoras bem definidas, assim ele explora o mundo ao seu redor através dos órgãos do sentido e de objetos criando mediações entre ele e o mundo, desta _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 197 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ maneira é necessário que seja bem trabalhado o seu esquema corporal para um bom desenvolvimento da aprendizagem. A criança com bons estímulos na motricidade é capaz de desenvolver-se melhor no processo de ensino-aprendizagem, assim muitos pesquisadores defendem o trabalho da psicomotricidade nas salas de aula da educação infantil, pois iniciando desde cedo um bom desenvolvimento motor a criança não terá problemas no seu desenvolvimento. Na lateralidade a criança usa todo o jogo de seu corpo, pois necessita dominar bem seus pés, mãos, olhos e ouvidos. Por isso precisa ter atenção e percepção bem centradas para ocorrer a aprendizagem. Encontramos indivíduos que são destros, canhotos e ambidestros. Poderemos entrar também crianças que não tem lateralidade definida, e isso precisa ser trabalhada o quanto antes na criança, pois para iniciar o processo de alfabetização a criança precisa ter sua lateralidade bem definida (CHIEZA, 2010, p.21). Parece simples, mas a noção de esquerda-direita oferece um domínio de lateralidade para a criança, fazendo-a ter noção do seu eixo corporal, este por sua vez deve ser trabalhado naturalmente para que a criança consiga perceber a diferença. A noção do eu começa a partir da orientação espacial, em que a criança passa a entender o seu referencial e os objetos ao seu redor, dando oportunidade de se organizar. Segundo CHIEZA (2010), a criança encontrará dificuldades na alfabetização, caso não seja desenvolvida sua lateralidade e organização espacial, sendo assim, ela não será capaz de ler, pois não irá conseguir fazer os movimentos dos olhos da esquerda para a direita, acarretando também outras dificuldades no desenvolvimento da alfabetização. O educador deve estar bem atento a esse desenvolvimento da criança, pois se ela não tiver esses conceitos bem definidos ele irá apresentar vários problemas, e se o educador não estiver atento ao processo de ensino aprendizagem da criança ele poderá avaliá-la de forma errada, e deixando essa falha no processo, prejudicando a criança (CHIEZA, 2010, p.22). Assim os pais acabam por pressionar a escola, deixando os filhos lá para que aprendam tudo e lhes jogando a responsabilidade quando não aprendem nada, e a escola por sua vez sufoca o aluno com atividades que por fim não alcançam o seu objetivo. Cabe à escola proporcionar um ensino de qualidade, _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 198 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ respeitando os limites de cada aluno, e quem melhor pode fazer isso se não o professor? Este passa a maior parte do tempo com o aluno e poderá ajudar a desenvolver seu aspecto cognitivo, motor, social e afetivo para que a criança tenha uma aprendizagem tranquila e significativa. Dessa forma, o professor deve tentar reeducar a criança e se preocupar com o aluno que não acompanha a classe, auxiliando e respeitando os limites de cada um. Deve, também, estar aberto as mudanças que ocorrem na sociedade e procurar desenvolver a interdisciplinaridade com as aulas de educação física, pois, sendo assim, irá proporcionar um trabalho coletivo com a professora, possibilitando uma interação para que, principalmente, consiga atingir as verdadeiras necessidades dos alunos, desenvolvendo a área cognitiva, as aptidões e as habilidades, sobre tudo quando estão envolvidas a leitura e a escrita (FERRONATTO, 2006). 4. A PSICOMOTRICIDADE E SUA IMPORTÂNCIA NA EDUCAÇÃO INFANTIL É na Educação infantil que a criança irá alcançar experiências no seu próprio corpo, e é através da psicomotricidade que podemos tomar conhecimento das possibilidades de se expressar através do corpo no espaço. É necessário que a criança passe por todas as etapas do desenvolvimento. A educação motora deve dar oportunidade de desenvolvimento motor, afetivo e psicológico através da ludicidade. Através da recreação, a criança desenvolve suas aptidões perceptivas como meio do ajustamento do comportamento psicomotor. A recreação dirigida proporciona a aprendizagem das crianças em várias atividades esportivas que ajudam na conservação da saúde física, mental e no equilíbrio sócio afetivo. A maioria das crianças que passam por dificuldades de aprendizagem na escola, muitas vezes não esta no nível de escolaridade que a criança esta frequentando, mas sim nos anos de base de ensino que essa criança participou, ou seja, na educação infantil. Com isso, estudiosos defendem a ideia de que a psicomotricidade é de fundamental importância no desenvolvimento da criança, assim, é preciso que o professor encaminhe de forma agradável e produtiva o processo do ensino _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 199 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ aprendizagem, sendo que a psicomotricidade torna-se fundamental para o rendimento escolar (CHIEZA, 2010, p.22). É muito importante, quando se trabalha na Educação infantil, o conhecimento e aplicação da psicomotricidade, pois este faz parte do desenvolvimento da cultura humana. São diversas as significação que a psicogenética walloriana atribui ao ato motor. Além do seu papel na relação com o mundo físico (motricidade de realização), o movimento tem um papel fundamental na afetividade e também na cognição (GALVÃO, p.69, 1999). O objetivo da educação motora é ampliar as possibilidades do uso de gesto e movimentos, pois um simples gesto é o que permite a comunicação da criança com seu meio. A psicomotricidade deve ser levada a sério na educação infantil, respeitando a faixa etária de cada criança para que não prejudique o seu processo de ensino-aprendizagem. 5. CONCLUSÃO Durante o trabalho foi possível perceber que a escrita e a leitura tem particularidades que para auxiliar no ensino da mesma o desenvolvimento psicomotor é peça de engrenagem. Percebemos que as atividades psicomotoras permitem à criança condições de domínio do gesto da escrita, dando a ela condições de equilíbrio entre as forças musculares, flexibilidade e agilidade de cada articulação dos membros superiores. Sendo assim, o presente artigo buscou mostrar como acontece a prática docente na educação infantil, com o auxilio da psicomotricidade na alfabetização. Com o surgimento das creches as crianças passaram a ficar a maior parte do tempo fora de casa, sendo que assim boa parte de seu desenvolvimento, passou a ser acompanhado por professores. Diante disto, valorizou-se a boa formação do professor para que aconteça a estimulação da criança e seja potencializado o _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 200 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ desenvolvimento motor, que por sua vez desempenha grande papel no ensino aprendizagem. 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O enfoque desse trabalho está voltado para o estudo das violações dos direitos humanos ocorridos no município de Rondon contra as crianças e os adolescentes e como as redes de proteção se articulam para garantir a efetivação dos direitos dos menores. Visamos identificar em quais documentos constam os direitos reservados aos menores no Brasil, quais são as redes de proteção social disponíveis no município de Rondon que dão suporte às vítimas, bem como conhecer alguns encaminhamentos realizados na proteção dos direitos constitucionais. A coleta das informações dos serviços de proteção à criança e adolescente do município de Rondon, será por meio de articulações junto aos órgãos competentes do município a partir do olhar, necessidade e fundamentação da garantia e defesa dos direitos da criança e do adolescente. Palavras-chave: Criança. Adolescente. Direitos Humanos. Redes de Proteção Social. INTRODUÇÃO O estudo analisa os tipos de violações ocorridos no município de Rondon contra crianças e adolescentes e para o feito, analisaremos informações sobre os serviços sociais ou redes de proteção existentes que atuam no município com o intuito de proteger e fazer valer os direitos dos infanto-juvenis. Para a coleta destas informações será analisado instrumentos cedidos por profissionais que atuam nestes serviços. 56 O artigo em andamento é parte do estudo em desenvolvimento no Curso de Especialização Interdisciplinar em Ciências Humanas (CEICH), na Universidade Estadual do Paraná (UNESPARCampus Paranavaí). 57 Aluna do Curso de Especialização CEICH – UNESPAR. Professora da Rede Estadual de Educação (SEED). E-mail: [email protected]; [email protected]. 58 Doutor em Sociologia. Docente e orientador do Colegiado de Pedagogia e da Pós-Graduação Especialização Interdisciplinar em Ciências Humanas e do Mestrado em Ensino: Formação Docente Interdisciplinar. E-mail: [email protected]. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 203 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Para compreender o que caracteriza as violações dos direitos da criança e do adolescente, entendemos necessário conhecer alguns documentos legais que tratam sobre o assunto. Para a tramitação, realizamos estudos bibliográficos, documental e levantamento de dados. A proposição é discutir a violação dos direitos contra a criança, refletindo sobre as políticas sociais, principalmente as de assistência social com vistas ao enfrentamento deste fenômeno.O foco do estudo está em analisar a presença das redes de proteção social existentes no município de Rondon e identificar os casos de violações que ocorrem contra as crianças e adolescentes nesta cidade. DOS DIREITOS Após o final do século XX tem sido comum as pessoas falarem sobre seus direitos, dando o entendimento que realmente sabem no que estes se constituem e o que devem fazer para garanti-lo e efetivá-lo. Um número significativo da população sabe da existência de leis que regem e garantem a efetivação dos direitos. Entretanto, o dia a dia das pessoas é marcado por lutas com o intuito de fazer valer os direitos fundamentais que são garantidos por lei. Dallari (2004, p.1), enfatiza que Embora todas as pessoas sejam detentoras de direitos que devem ser garantidos e preservados, nem sempre foi clara a consciência da amplitude desses conceitos, sobretudo nas sociedades que mantêm privilégios e excluem grande parte dos trabalhadores e mulheres dos benefícios da cidadania. A consciência e a proteção desses direitos é condição para uma sociedade mais justa, constituída de indivíduos mais felizes. Acordos, leis,documentos primários, além de órgãos ou instâncias do Estado com vistas à Proteção da Criança e do Adolescente, merecem atenção e conhecimento, dentre eles a Constituição Federal de 1988, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), a Comissão Intersetorial de Enfrentamento à Violência _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 204 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Sexual contra Crianças e Adolescentes, os Planos Nacionais, os compromissos pela Redução da Violência Contra Crianças e Adolescentes, a Convenção da ONU sobre os Direitos da Criança, da Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil e Proteção do Trabalhador Adolescente como também convenções, tratados, decretos e protocolos que priorizam a garantia e a proteção desses direitos. De acordo com os documentos oficiais, crianças são os indivíduos de até onze anos de idade e adolescentes são aqueles que têm entre doze e dezoito anos. E por estarem em desenvolvimento, tanto as crianças como os adolescentes, precisam ser protegidos pela família, pela comunidade, sociedade em geral e pelo poder público (ECA, art. 2º e 4º). Na Constituição Federal de 1988, os direitos da criança e do adolescente são abordados nos artigos 227, estabelecendo que tais direitos são deveres da família, da sociedade e do Estado. Assim, É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão (BRASIL, 1988, s/p). O artigo declara que é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente os diversos direitos fundamentais e livrá-los da negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. Porém a realidade da criança e do adolescente no Brasil ainda demonstra algumas fragilidades em sua concretização, pois constantemente ocorrem situações de omissões e negligências por parte das organizações em defesa e proteção das crianças e adolescentes. Podem não serem maiores devido as medidas de enfrentamento impulsionados por movimentos sociais tomadas a partir dos anos de 1990 que resultou na criação do Estatuto da Criança e do Adolescente. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 205 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Assim o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA prevê os direitos reservados aos menores em seus primeiros artigos. O art. 4º, por exemplo, prescreve claramente a quem cabe as atribuições e responsabilidades ao afirmar: É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária (BRASIL, 1990, s/p). O art. 5º do mesmo documento deixa evidente que Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais (BRASIL, 1990, s/p). Observando o que contempla o art. 4º, nota-se a responsabilidade da família, comunidade e poder público em garantir os direitos às crianças e adolescentes. Consideremos o art. 5º como norteador para entendermos o que se enquadra como violação dos direitos essenciais à criança e ao adolescente, estando ela em qualquer classe social ou idade. Destacamos que tanto a Constituição Federal quanto o Estatuto da Criança e do Adolescente contemplam em seus documentos os mesmos direitos que são reservados à criança e ao adolescente, ou seja, um reforça o outro. Apesar de a lei prever estas garantias e evidenciar as responsabilidades da família, da comunidade e do Estado para sua concretização, a realidade do dia a dia denuncia omissões por parte das organizações sociais. Além dos documentos elencados, consideramos também o Plano Nacional de Enfrentamento a Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes enquanto mecanismo norteador com ações direcionadas à criança e ao adolescente. Somese ainda as redes de proteção social como instrumentos de políticas sociais dando garantias a viabilização de ações com vistas ao atendimento, enfrentamento e prevenção das situações de risco existente entre os menores. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 206 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ COMPREENSÕES HISTÓRICAS A política de assistência social no Brasil foi construída e conquistada no decorrer de sua história. Igreja e Estado desempenharam papéis distintos nas práticas assistenciais no país desde o século XVI. Com o “desenvolvimento industrial” do Brasil, as políticas públicas foram surgindo à medida que as relações entre capital e trabalho foram se intensificando. Por políticas públicas entende-se que são um conjunto de ações voltadas para questões de ordem social, ações estas que objetivam a promoção da cidadania a todas as pessoas, visto que é uma ação pública, ou seja, de todos (CRUZ & GUARESCHI, 2012). Para compreendermos o processo de criação e fortalecimento das políticas públicas de assistência social no Brasil, nos remeteremos à compreensão do nosso país desde sua colonização, pois foram as relações de trabalho e de poder que fez com que as organizações sociais se fortalecessem e demonstrassem a necessidade da criação de sistemas de proteção aos indivíduos desprovidos de condições sociais. No Brasil Colônia foram criadas dependências59com a Coroa portuguesa marcadas pela agricultura e pelo trabalho escravo, onde estes nem mesmo eram considerados humanos, mas posse de seu senhor. Neste sentido, já há incidências diretas no campo da violação dos direitos civis. Durante a colonização teve também o massacre da memória das culturas indígenas e africana através da exploração das crianças retiradas de suas famílias, pois, na concepção dos colonizadores eram consideradas selvagens e viviam em estado de barbárie (Ibidem). No século XVIII, em algumas regiões do Brasil, as autoridades se viram obrigadas a tomar alguma iniciativa no sentido de “amparar” crianças que eram abandonadas pelas cidades brasileiras, criando as Rodas dos Expostos, que foram aceitas com resistência pelos órgãos acolhedores que exigiam subsídios do rei. Neste mesmo período houve a aprovação de uma lei chamada “Lei dos 59 O Brasil foi mantido como colônia de Portugal por três séculos, e neste período a dependência com o império lusitano se intensificou na sua organização social e, portanto, no campo dos direitos. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 207 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Municípios”. Com esta ação inaugura-se uma fase filantrópica, associando-se o poder público e privado como filantrópicos (Ibidem). Veio o período imperial e as relações continuaram marcadas pela centralização de poder do governo e dos proprietários de terras dificultando a circulação de informações e organizações de movimentos coletivos no Brasil, reforçando as condições inadequadas de trabalho. A primeira Constituição brasileira, promulgada em 1824, por exemplo, não deu nenhuma garantia significativa no que se refere aos direitos sociais. Durante o período de 1889 até a Revolução de 1930, o Estado não intervinha na área social, pois considerava que esta não era função pública. Deste modo a assistência era desenvolvida pela Igreja Católica (Ibidem). Com o fim do regime de trabalho escravo e com a imigração de trabalhadores europeus, houve uma explosão de mão de obra de assalariados acarretando mudanças nas relações de trabalho e na economia agrícola. O resultado foi a saturação do mercado de trabalho e como consequência o crescimento desordenado das cidades sem políticas públicas (educação e saúde) voltados para este crescimento demográfico e o Estado passa a assumir funções além da coerção (Ibidem). Com o avanço do capitalismo e para regular as relações entre capital e trabalho, a Constituição de 1934 introduz direitos trabalhistas, criando neste período medidas de proteção ao trabalhador. Com a transição do modelo agrário para uma economia com base na indústria, os problemas sociais se acentuavam, pois houve a concentração da população nos centros urbanos. Diante deste novo panorama social, em 1938, houve a criação da primeira regulação da assistência social no Brasil, denominado de Conselho Nacional de Serviço Social (CNSS). Em 1937, é promulgada uma nova Constituição onde novos direitos são introduzidos na área da educação, priorizando as classes menos favorecidas. Em 1942, foi criado a Legião Brasileira de Assistência (LBA), responsável por coordenar ações da assistência em âmbito nacional. Este período foi marcado pela institucionalização do primeiro-damismo (extinto no governo Collor por desvio de dinheiro) e o surgimento de Faculdades de Serviço Social. A princípio a LBA _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 208 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ foi criado para prestar assistência aos soldados brasileiros que foram recrutados para a II Guerra Mundial e seus familiares (Ibidem). No ano de 1946, houve nova Constituição em que foram mantidos os direitos sociais já conquistados e introduzidos novos que repercutem até hoje. No período de 1961 a 1964, mesmo em fase de tensionamento institucional, ainda houve avanços no campo dos direitos sociais. O período entre 1975 e 1985 foram marcantes na história do país. Foi nesta década que vários movimentos (estudantil, docente, feminista, profissionais da saúde, setores públicos) de caráter nacional entram em cena com suas respectivas manifestações e ações coletivas (Ibidem). Mas é com a Constituição Federal de 1988 que a assistência social no Brasil teve seu marco histórico, passando a se constituir juntamente com a saúde e a previdência social, marcando o início da transformação da caridade para a noção de direito e cidadania da assistência social, apontando para seu caráter de política pública de proteção social articulada a outras políticas voltadas à garantia de direitos e de condições dignas de vida. A assistência social passa a ter caráter universal ainda que seletivo. Este período foi marcado também por intensa crise com denúncias de corrupção e desvios de verbas do Ministério da Ação Social, e é neste quadro de crise, após anos de luta que a Lei Orgânica da Assistência Social (Loas) é aprovada em 1993. A partir de sua criação, o Loas age como mecanismo contra as formas de exclusão social. A assistência social neste cenário configura-se como política social promotora de proteção social, embora marcada por inovação conceitual e por heranças históricas constitutivas da cultura brasileira. Neste ínterim, há uma década foi elaborado o Plano Nacional de Assistência Social (Pnas), aprovado pelo Conselho Nacional de Assistência Social (Cnas). Após este processo em 2005, é aprovado a regulação do Sistema Único de Saúde (Suas). Cruz &Guareschi (2012), salientam que o Suas se propõe como instrumento, unificar as ações da assistência social no país, ratificando o caráter de política pública de garantia de direitos, contrapondo-se ao modelo _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 209 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ assistencialista do primeiro-damismo. O Suas caracteriza-se como forma de gestão de proteção social e objetiva prevenir situações de risco através do [...] desenvolvimento de potencialidades e aquisições, e o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários. Destina-se à população que vive em situação de vulnerabilidade social decorrente da pobreza, com precário acesso aos serviços públicos e/ou fragilização de vínculos afetivos (CRUZ & GUARESCHI, 2012, p. 30). O Suas está organizado em dois tipos de proteção social: uma é Proteção Social Básica e a outra é a Proteção Social Especial. A primeira destina-se à prevenção de riscos sociais e pessoais econcretizase pela oferta de programas, projetos, serviços e benefícios a indivíduos e famílias em situação de vulnerabilidade social, a segunda é a modalidade de atendimento a famílias e indivíduos que se encontram em situação de risco pessoal e social, por ocorrência de maus-tratos físicos e/ou psíquicos, abuso sexual, cumprimento de medidas socioeducativas, situação de trabalho infantil, dentre outras (BRASIL/MDS). Para concretizar as políticas públicas no país certamente houve um processo de grandes lutas. Berhring e Boschetti (2011, p. 144) salientam que [...] a participação dos sujeitos usuários, e que foram decisivos direitos sociais no Brasil [...] e a assistência social para se elevar à seguridade. públicos, profissionais e de para a formatação legal dos difícil travessia do deserto da condição de política pública de A assistência social no Brasil constitui-se, portanto, como dever do Estado e direito de todo cidadão que dela necessitar, devendo promover obem-estar e proteção social a famílias, crianças, adolescentes e jovens, pessoas com deficiência, idosos, ou seja, todos que dela necessitarem. REDES DE PROTEÇÃO SOCIAL NO MUNICÍPIO DE RONDON _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 210 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ O problema do menor no Brasil não é uma discussão recente. Várias entidades e organizações sociais e políticas discutem as situações e problemas que envolvem crianças e adolescentes, a exemplo da violação dos direitos, mesmo estando eles garantidos em Lei. De acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF/BRASIL), são dezenas de milhões de pessoas que possuem direitos e deveres, mas necessitam de condições para usufruírem. Não basta a garantia. É necessário o cumprimento. As estatísticas apontam um cenário desolador em relação à violência contra crianças e adolescentes, demonstrando que aquilo que prevê a Constituição Federal não é efetivada. Em entrevista com uma Assistente Social, ao lhe perguntar o que considera como desencadeador dos problemas que envolvem crianças e adolescentes, respondeu que as diferentes configurações familiares atuais possuem grande influência na decorrência dos problemas gerados. Martins (1988) compartilha desta mesma opinião ao acreditar que os problemas que acometem crianças e adolescentes vão além de questões sociais e enfatiza que a desagregação, a desestabilização da família é um fator que acarreta impactos negativos na vida do menor. A leitura e a constatação prática nos indicam que não podemos depositar todos os problemas que acometem as crianças e adolescentes como de responsabilidade apenas da família. Não podemos também deixar de considerar a família como organização social importante na formação emocional, física, psicológica e social dos menores. Mães que se relacionam com outra pessoa sem ser o pai biológico da criança acabam ficando coniventes com situações de abusos e violência que ocorrem dentro da própria casa. Com medo de perderem o parceiro acabam compactuando com atitudes que geram maus tratos, violência psicológica e negligência que,segundo a entrevistada, é uma das violações ao menor que mais se destaca nos atendimentos realizados pelo setor. A negligência familiar em questão contra menores acabam tornando as crianças alvo de riscos e algumas passam a fazer uso de drogas e/ou se prostituindo quando não assistidos pela família. A discussão não afirma que _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 211 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ famílias “bem estruturadas” tenham filhos sem problemas com drogas e prostituição, nem que tenham seus direitos violados nas diferentes etapas da vida. Diferentes autores e a prática social indicam que muitas famílias transferem à escola sua autoridade e responsabilidade de educar moral e socialmente seusfilhos. A escola, por sua vez, não dá conta de educar e transmitir os conhecimentos historicamente acumulado. O exposto evidencia ser violação dos direitos da criança e do adolescente a não orientação da família que, segunda a Constituição Federal e o ECA, é a instituição primeira, devendo zelar pela garantia dos direitos reservados a esta faixa etária. Segundo o Conselho Tutelar do município em estudo, para os casos em que são acionados, fazem os atendimentos pontuais e posteriormente encaminham ao Sistema Único de Assistência Social (SUAS) do município. Entretanto não trabalham com ações preventivas de problemas que envolvem os menores. Constatamos ser comum receberem queixas de não pagamento de pensões por parte dos responsáveis e ao receberem, encaminham aos órgãos competentes para tomar as providências necessárias. Neste caso, a figura paterna desempenha funções relativas ao sustento econômico da família em geral e à disciplina dos filhos, compartilhando a autoridade com a figura materna. Além das entrevistas, levantamos dados registrados no SUAS (Sistema Único de Assistência Social) do município, constatando que no primeiro semestre do ano de 2014 houve atendimentos pelos setores responsáveis com registros dos seguintes casos: - Crianças ou adolescentes vítimas de abuso sexual(2 casos: sendo um entre a idade de 0 a 12 anos e outro de 13 a 17 anos); -Crianças ou adolescentes vítimas de violência intrafamiliar-física e/ou psicológica (3 casos: sendo 2 entre a idade de 0 a 12 anos e um de 13 a 17 anos); -Criança ou adolescente vítima de exploração sexual (nenhum caso registrado); _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 212 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ -Criança ou adolescente vítima de negligência ou abandono (9 casos: sendo um entre 0 a 12 anos e 8 entre 13 a 17 anos). De acordo com o IBGE, em 2013 a população estimada no município de Rondon era de 9.391 habitantes e para dar atendimento aos casos em situação de risco, o município conta com a Secretaria Municipal de Assistência Social (SMAS), composta pelos conselhos de Assistência Social (CMAS); dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA); Tutelar (CT) e do Idoso (CI). Além dos conselhos, o município dispõe ainda de um Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), de um Centro de Referência Especializada de Assistência Social (CREAS), de um Centro de Integração da Criança e do Adolescente (CICAR), além do apoio da polícia civil. O conjunto tem se organizado a fim de ofertar serviços de assistência social às famílias e a indivíduos em situação de vulnerabilidade social. O município ainda dispõe de orientação e apoio especializados e continuados a indivíduos e famílias com direitos violados, direcionando o foco das ações para a família, na perspectiva de potencializar e fortalecer sua função protetiva, sempre para garantir os direitos, em parceria entre as instâncias, órgãos e organizações, todos trabalhando para proteger e agir junto ao menor em situação de risco. Estudando o trabalho de cada órgão, o CREAS desenvolve um trabalho de prevenção e ações com famílias e indivíduos que apresentam risco pessoal e social tais como violência, vulnerabilidade, fragilização, rompimento de vínculos e violação de direitos. O CMDCAatua com a participação de vários segmentos da sociedade:Secretaria da Saúde, Secretaria da Educação, Associação Comercial e Industrial de Rondon (ACIAR), igrejas, Associação de Proteção à Maternidade e à Infância (APMI), Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), sindicato, etc.Os participantes realizam reunião uma vez por mês para discutirem ações voltadas para a mobilização da sociedade com vistas a assuntos que envolvem a criança e o adolescente do município. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 213 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ As crianças e adolescentes do município em estudo dispõem do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI) que tem por objetivo ampliar trocas culturais e de vivências, desenvolver o sentimento de pertença e de identidade, fortalecer vínculos familiares e incentivar a socialização e a convivência comunitária. Possui caráter preventivo e proativo, pautado na defesa e afirmação dos direitos e no desenvolvimento de capacidades e potencialidades, com vistas ao alcance de alternativas emancipatórias para o enfrentamento da vulnerabilidade social. Omunicípio conta com a participação de 37 crianças e adolescentes que se enquadram no perfil deste programa. O levantamento no município indica haver casos de abuso sexual e além das ações previstas pela SMAS, medidas preventivas são indicadas pelo documento Guia Escolar (2004), como: [...] informar a comunidade escolar sobre o assunto. Esse processo informativo deve integrar preferencialmente o programa de educação para a saúde sexual na escola. O segundo é criar na escola um ambiente que inclua verdadeiramente as crianças vistas como “diferentes” por seus colegas e professores e as que são rejeitados pelo grupo. O terceiro é realizar um trabalho preventivo com os pais dos alunos da escola, principalmente com famílias de crianças “em situação de risco” (GUIA ESCOLAR, 2004, p. 31). Após análise dos dados,observamos que a negligência se destaca em termos de ocorrência no município de Rondon quando se trata em indivíduos menores de 18 anos e esses dados se confirmam em números de casos a partir de estudos realizados pela UNICEF ao afirmar que “a negligência aparece como a violência mais frequentemente notificada, o que demonstra a tese de que há uma cultura camuflada do abandono infantil no país” Apesar de haver estes centros e programas disponíveis no município para dar suporte às vítimas, salientamos que nem os casos de violência cometido contra a criança e o adolescente são procurados pela rede de proteção social do município para agirem no sentido de garantirem os direitos reservados a esses indivíduos, revelando que os dados indicados estão aquém de como a realidade se apresenta realmente. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 214 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ CONCLUSÃO Após estudo percebe-se que até chegarmos ao presente momento a história das políticas públicas em favor do cidadão passou por um longo período de construção. Hoje existem mecanismos em favor do indivíduo desprovido de condições básicas desenvolvidas pelas políticas de assistência social. Neste sentido é garantido a todo cidadão gozar dos serviços ofertados pelas políticas públicas uma vez que estão garantidas em lei a todo cidadão que dele precisar. A existência destes serviços comprovam a necessidade de sua efetivação. Este estudo esteve voltado para analisar questões em que direitos de crianças e adolescentes foram violados e demonstrou que a articulação entre redes de proteção são fundamentais para dar suporte a quem necessitar. A violência cometida contra o menor seja ela de que natureza for, é um problema mundial que vem sendo discutida, tomando relevância nas discussões de ordem político-social. Mesmo com as leis existentes, o menor ainda é vítima de muitos casos de violência intrafamiliar e extrafamiliar. Conforme consta na Constituição Federal e no Estatuto da Criança e do Adolescente, compete à família, comunidade em geral e poder público garantir a implementação dos direitos da criança e do adolescente no Brasil. Por fim, para dar suporte a essas ações foram criadas as redes de proteção social que atuam com o intuito de prevenir, amenizar e tratar os casos de violência cometida contra o menor. No município em estudo há casos de crianças e adolescentes vítimas de abuso sexual, vítimas de violência intrafamiliar e vítimas de negligência ou abandono e as redes de proteção social agem com o intuito de dar suporte nas diferentes áreas a esses indivíduos. As articulações em rede devem ocorrer com vistas à proteção do indivíduo em situação de risco social _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 215 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ REFERÊNCIAS BRASIL. Constituição. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, Senado, 1998. BRASIL. Estatuto da Criança e Adolescente. Lei 8.069 de 1990. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8069.htm>. Acesso em 02 de abr. de 2014. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Violência intrafamiliar: orientações para prática em serviço / Secretaria de Políticas de Saúde. Cadernos de atenção básica, nº 8 – Brasília: Ministério da Saúde, 2001. BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social. Disponível em <http://www.mds.gov.br/assistenciasocial/suas>. Acesso em: 13de ago. de 2014. BEHRING. Elaine Rosseti. BOSCHETTI. Ivanete. Política Social – fundamentos e história. 9ª edição. Editora Cortez. São Paulo. 2011. CRUZ, Lilian Rodrigues. GUARESCHI, Neuza. Políticas públicas e assistência social. Diálogo com as práticas psicológicas. 3ª Edição. Editora Vozes. Petrópolis. 2012. DALLARI, Dalmo de Abreu. Direitos humanos e cidadania. Orientações pedagógicas e sugestões de atividades. São Paulo: Moderna, 2004. GUIA ESCOLAR. Métodos para identificação de sinais de abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes. Brasília. Secretaria Especial dos Direitos Humanos e Ministério da Educação. 2004. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em:<http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010/default.shtm>. Acesso em 10 de jun. de 2014. MARTINS, Anísio Garcia. O direito do menor. São Paulo: Livraria e Editora Universitária de Direito, 1988. UNICEF. Brasil. Infância e adolescência no Brasil. Disponível em:<http://www.unicef.org/brazil/pt/activities_9381.htm?gclid=CPDixs_84r0CFUtk 7AodPQsAEA>. Acesso em 03 de abr. de 2014. UNICEF. Brasil. Violência doméstica contra crianças e adolescentes. Disponível em: http://www.unicef.org/brazil/pt/Cap_01.pdf>. Acesso em 24 de maio de 2014. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 216 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ ABUSO SEXUAL E IMPLICAÇÕES PEDAGÓGICAS: SABERES NECESSÁRIOS A PRÁTICA ESCOLAR60 CASARIM, Andressa de Fátima61 GUARALDO, Luciana de Araújo Nascimento62 Resumo: O presente trabalho visa compreender as implicações pedagógicas do abuso sexual nos anos iniciais do Ensino Fundamental, por meio de pesquisa bibliográfica, a fim de sistematizar algumas reflexões a respeito desse tema que possam subsidiar a prática pedagógica nas instituições escolares, por meio da conceituação do que é o abuso sexual; da investigação na legislação brasileira acerca do tema; da problematização na formação do pedagogo que não está sendo capacitado para detectar e atender casos de abuso sexual. Sendo assim, o professor precisa estar preparado para poder identificar o abuso sexual, reconhecendo algumas manifestações da criança em sala de aula. Palavras-chave: Implicações Pedagógicas. Abuso Sexual. Ensino Fundamental. Formação do Pedagogo. 1. INTRODUÇÃO O Abuso Sexual é um fenômeno que ocorre em todas as áreas sociais, com indivíduos em desenvolvimento e amadurecimento social e psicológico e infelizmente, é um fenômeno que tem ocorrido de forma frequente, com grandes incidências e polêmicas, porém pouca mobilização ou discussão a respeito, já que se refere a sexualidade de forma precoce, sendo dificilmente abordado ou discutido. Para Sanderson (apud LABADESSA; ONOFRE, 2010) o abuso sexual infantil envolve situações em que a criança, incapaz de consentir conscientemente pela idade – imaturidade – tamanho ou poder, é utilizada para satisfazer necessidades ou gratificar os desejos sexuais de uma pessoa mais velha. 60 Trabalho de Conclusão do Curso de Pedagogia. Acadêmica do 4º ano de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí, 2014. 62 Professora orientadora em Educação e Membro do Colegiado do Curso de Pedagogia da UNESPAR Campus de Paranavaí. _______________________________________________________________________________ 61 UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 217 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ As consequências e traumas gerados por esta violência são catastróficos para o desenvolvimento, e acompanham o indivíduo por toda a vida, antecipando a maturação para o sexo de maneira deturpada. Se esse abuso for identificado e tratado o quanto antes e de forma adequada, com acompanhamento psicológico e punição para o devido ofensor sexual, as consequências dos traumas causados podem ser minimizados. A escola, enquanto instituição social pode contribuir na prevenção de tal ato com a efetivação de um trabalho conjunto com a família, alunos e professores, a fim de preparar a criança contra possíveis abusos, evitando-o. A escola é um espaço privilegiado para a construção da cidadania, onde um convívio harmonioso deve ser capaz de garantir o respeito aos Direitos Humanos e educar a todos no sentido de evitar as manifestações da violência. Dentre os problemas mais pungentes que temos enfrentado no Brasil, estão as diversas formas de violência cometidas contra crianças e adolescentes. A análise desse quadro social revela que as marcas físicas visíveis no corpo deixam um rastro de marcas psicológicas invisíveis e profundas. Combater a teia de violência que muitas vezes começa dentro de casa e em locais que deveriam abrigar, proteger e socializar as pessoas é uma tarefa que somente poderá ser cumprida pela mobilização de uma rede de proteção integral em que a escola se destaca como possuidora de responsabilidade social ampliada.(FALEIROS; FALEIROS, 2007, p. 7). É nesse sentido que o objetivo do trabalho é a compreensão acerca do tema abuso sexual e suas implicações pedagógicas para o Ensino Fundamental em instituições escolares. Como o maior tempo a criança é resguardado ao professor, ele possui grande papel. Além de ensinar e auxiliar a criança para interagir socialmente, pode também contribuir na prevenção e acompanhamento de tais situações referente a seus alunos. Para Folgato, na interpretação de Elias,(2010), o professor que estiver preparado, capacitado para isto, pode facilmente identificar o problema, sendo possível reconhecer o abuso sexual por algumas manifestações da criança em sala de aula. Porém, a formação profissional do educador, referente a essa _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 218 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ temática, está defasada, e ele está despreparado, o que o impede de acompanhar problemas relacionados ao abuso sexual dos alunos. Nesse sentido, o trabalho de conclusão de curso que desenvolvemos teve a intenção de compreender as implicações pedagógicas do abuso sexual nos anos iniciais do Ensino Fundamental, a fim de sistematizar algumas reflexões a respeito desse tema que possam subsidiar a prática pedagógica nas instituições escolares. Para tanto, o caminho seguido, até o momento, compreende as seguintes etapas: I) Conceituar o que é abuso sexual; II) Problematizar a formação do profissional da educação no que se refere a sua preparação acerca desse tema, esclarecendo o papel deste profissional, da escola e da comunidade na promoção de ações preventivas sobre essa temática. A etapa final compreenderá como essa temática é tratada na Legislação brasileira, porém será tratada posteriormente. 2. O ABUSO SEXUAL A violência sexual aborda diversas formas, como prostituição, tráfico com finalidade sexual , pornografia, abuso sexual, exploração sexual, etc. Violência sexual é o abuso delituoso de crianças e adolescentes, em especial de sua sexualidade, negando, inclusive, o direito das crianças e adolescentes a sua sexualidade em desenvolvimento. É considerada um crime na nossa legislação. O poder arbitrário do adulto agressor sobre as crianças e adolescentes desestrutura a identidade da pessoa vitimada, caracterizando-se como um comportamento perverso. (FALEIROS; FALEIROS ,2007, p. 38). Abuso sexual é uma modalidade de violência, uma forma de maus-tratos que compreende qualquer prática de interação, contato ou envolvimento em _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 219 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ atividades sexuais ou eróticas de crianças e adolescentes com pessoas geralmente mais velhas, até mesmo um adolescente mais velho. O abuso sexual contra crianças e adolescentes é um relacionamento interpessoal sexualizado, privado, de dominação perversa, geralmente mantido em silêncio e segredo. Os episódios de abusos sexuais, longe de serem idênticos, distinguem-se profundamente, seja pelo autor da violência sexual, seu grau de parentesco com a vítima, autoridade e responsabilidade em relação ao vitimizado, idade e sexo da vítima e do abusador, tipo de violência cometida, duração e freqüência e o local em que ocorrem. (FALEIROS; FALEIROS ,2007, p. 39). O ato ocorre de maneira em que a vítima, incapaz de consentir qualquer atividade devido à imaturidade, incapacidade física ou mental (no caso de alguma deficiência), ou força física, acaba por ser utilizada para suprir ou gratificar necessidades e anseios sexuais de outrem, violando, assim, seus direitos legais e sociais. Como afirma Cordeiro (2006, p.3): “[...] Esta situação está presente em todos os meios socioeconômicos, religiosos, étnicos e culturais”. Essa violência pode apresentar-se de variadas formas, com ou sem penetração, com ou sem uso de violência, compreendendo diversas modalidades: [...] através do contato físico, ou seja, por meio de carícias não desejadas, penetração oral, anal ou vaginal, com o pênis ou objetos, masturbação forçada, dentre outros; e sem contato físico, por exposição obrigatória a material pornográfico, exibicionismo, uso de linguagem erotizada em situação inadequada (FALEIROS; FALEIROS, 2007, p. 39). Essa forma de violência, segundo Landini (2011), pode ocorrer com ou sem uso da força ou violência; com ou sem contato físico. o abuso sexual sem contato físico envolve modalidades como: assédio sexual, abuso sexual verbal, exibicionismo e voyeurismo63. Já o Abuso com contato físico envolve: Atentado ao pudor, Estupro, Corrupção e Violência Sexual mediante fraude. 63 De acordo com o dicionário Michaelis, o termo remete à excitação sexual motivada pela observação de atos praticados por outra pessoa. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 220 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Torna-se evidente que o abuso sexual intrafamiliar, assim como as demais formas de violência, emergem do cenário socioeconômico e político da sociedade. Valores culturais, preconceito relacionado ao gênero, à geração, à raça/etnia e as práticas discriminatórias são fatores que resultam na exclusão em massa de grande parte da população e, consequentemente, muitos acabam sendo alvo da violência, nesse caso, do abuso sexual intrafamiliar. (AZAMBUJA, FERREIRA, 2011, p. 29). O abuso sexual pode ocorrer em dois ambientes: extrafamiliar e intrafamiliar. No caso do extrafamiliar, o abusador não faz parte da família, podendo ser um vizinho, um conhecido, ou mesmo qualquer desconhecido de qualquer meio. No caso do intrafamiliar, geralmente com o ato denominado de incesto, o abusador faz parte do meio familiar, podendo ser um parente – pais, tios, irmãos, primos, avós – um cuidador, ou responsável – madrasta, padrasto. Esse tipo de violência caracteriza-se como uma violação dos direitos humanos universais e dos direitos peculiares à pessoa em desenvolvimento: direito à integridade física e psicológica, ao respeito, à dignidade, ao processo de desenvolvimento físico, psicológico, moral e sexual sadio e à proteção integral. A violência sexual no âmbito familiar é uma violação ao direito à sexualidade segura e à convivência familiar protetora. (FALEIROS; FALEIROS ,2007, p. 38). De acordo com Landini, (apud Sayão, 2006), também há o Abuso Sexual Institucional, ocorrendo em estabelecimentos responsáveis por dispor e suprir cuidados substitutivos aos da família, ou estabelecimentos incumbidos de aplicar medidas privativas de liberdade. A violência institucional, que se manifesta de diferentes formas (física, psicológica e/ou sexual), se caracteriza por estar associada às condições específicas dos locais onde ocorre, como instituições de saúde, escolas, abrigos. (FALEIROS; FALEIROS ,2007, p. 33). Nem todo abusador sexual de crianças e adolescentes é um pedófilo. Pedofilia não se refere ao crime do abuso, mas sim, segundo considera a área de _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 221 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Saúde Mental, pedofilia se trata de um transtorno mental, onde há presença de sintomas que envolvem comportamentos desviados da normalidade, causando sofrimento ou incapacidade intensos. Ou seja, a pedofilia é um transtorno que se inicia na adolescência e pode ou não resultar em crime, no caso, o abuso sexual. De acordo com Williams, pedofilia, segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais publicado pela Associação de Psiquiatria Americana (sigla DSM-IV-TR) se insere no grupo das parafilias, “caracterizada por anseios, fantasias ou comportamentos sexuais recorrentes e intensos que envolvem objetos, atividades ou situações incomuns ou bizarras e causam sofrimento significativo ou dificuldades sociais na vida do indivíduo”(WILLIAMS, 2012, p. 12). Segundo Cordeiro (2006, p. 7): “Nas situações de violência extrafamiliar, tanto o agressor quanto a vítima devem ser submetidos a tratamento psicológico. O envolvimento da família vai depender do manejo dado ao caso”. E complementa: “Se não houver um tratamento às crianças e adolescentes vítimas, novos ciclos de violência acontecerão. Por isso, é necessário que tanto as vítimas quanto os abusadores recebam atendimento especializado”. É necessário ressaltar que a propagação da violência por parte da vítima, dependerá de muitos fatores como proteção, apoio, segurança, acompanhamento psicológico e tratamento adequados. [...] entende-se que a vulnerabilidade social pode ser um fator determinante para o desencadeamento da agressão física e/ou sexual de crianças e adolescentes, uma vez que as consequências da desigualdade social gerada pelo mundo capitalista contribuem para a precarização e deterioração de suas relações afetivas e parentais. (AZAMBUJA, FERREIRA, 2011, p. 30). As consequências do abuso deixam sequelas que perduram por toda a vida do indivíduo, porém para cada indivíduo é apresentado consequências distintas, referentes ao tipo de abuso, sua intensidade, relação e duração. Cordeiro (2006, p. 5) ressalta: “[...] Convém lembrar, entretanto, que um número considerável de vítimas não apresenta sintomas. A presença isolada de indicadores não é suficiente para a interpretação de abuso sexual”. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 222 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Apesar de que nem sempre é possível identificar o abuso e constatá-lo, as vítimas manifestam reações e comportamentos frutos do mesmo: [...] altos níveis de ansiedade; baixa auto-estima; distúrbios no sono e na alimentação; problemas no aprendizado e dificuldades de concentração; mudanças extremas, súbitas e inexplicadas alterações no comportamento da criança /adolescente; comportamento muito agressivo ou apático / isolado; regressão a um comportamento muito infantil; tristeza e abatimento profundo; comportamento sexualmente explícito ou presença de conhecimentos inapropriados para a idade; masturbação visível e contínua; brincadeiras sexuais agressivas; relutância em voltar para casa; faltar frequentemente à escola e ter poucos amigos [...] (ABRAPIA apud VAGLIATI; GAGLIOTTO, 2013, p. 7). O comprometimento, a conscientização e o respeito aos direitos da criança e do adolescente, na nossa realidade, por muitas vezes, não é cumprido. A criança aparenta ter comportamento diferenciado de sua idade, principalmente com relações sociais, distúrbios e atitudes excessivas. Também, pode ou não ser notável a presença de marcas físicas. Cabe a atenção à presença dos sintomas, das atitudes da criança pela possibilidade que esta agrega de estar sofrendo o abuso sexual. As consequências do abuso sexual acarretam desestrutura da identidadeda vítima causando danos à integridade física e psicológica: A criança não tem muitos amigos ou nenhum; o comportamento se torna erotizado para a idade; descaracteriza papéis e funções sociais dos adultos e de autoridade; inverte as relações entre adultos de forma negativa, desumana, negligente, agressivas, dominadoras, narcisistas, perversas; estrutura moral deturpada, assim como a visão do ato sexual.(FALEIROS; FALEIROS, 2007, p. 39) 3. PAPEL DA ESCOLA E DOS PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 223 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Como não é um assunto bem aceito em sociedade, é, portanto não discutido. Faltam informações e estudos aprofundados, e apoio legal à iniciativa, principalmente no que se refere ao campo da educação. As esferas de atuação do professor ainda são configuradas de forma abstrata e idealista em função de seu papel como educador social, não sendo preparado de forma eficaz para enfrentar problemas advindos em sua área de atuação. As grandes interrogações na formação docente estão na inadequação da integração da relação teoria e prática; na insuficiência do processo de formação, em matéria de duração, conteúdos e ações; na massificação do processo de formação que não permite a personalização e o desenvolvimento de uma ética de profissionalismo; na precária rentabilidade dos custos da formação (e do investimento na educação em geral); a disfuncionalidade dos modelos e tipos de formação, relativamente à especificidades dos níveis de ensino (diplomas e certificados). (ALVES apud FERRO apud ELIAS, 2010, p. 20). Nesse sentido, a importância na formação de profissionais qualificados para atuarem em campo é reflexo de menosprezo perante a garantia de direitos e cumprimento de deveres instituídos. Destaca-se, ainda, que o não investimento em políticas sociais por parte do Estado está relacionado ao processo de desresponsabilização em relação ao social. [...] as políticas sociais acabam legitimando os diferentes processos de exclusão social, uma vez que suas ações são muito limitadas. [...] tais ações do Estado não conseguem retirar seus usuários das condições que os colocam em situação de vulnerabilidade, pois não sanam suas necessidades, nem, principalmente, a causa da não satisfação dessas necessidades. (AZAMBUJA, FERREIRA, 2011, p. 31). Mesmo obstante à essa realidade, ainda há iniciativas, de certa forma tímidas, que necessita de maior promoção para a efetivação de seus objetivos, que é a capacitação profissional dos agentes escolares. Reconhecendo a importância da escola na rede de enfrentamento da violência sexual contra crianças e adolescentes, o governo federal, em atendimento às indicações constante no Plano Nacional, elaborou o “Guia Escolar”, pela SEDH em parceria com _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 224 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ o MEC. O Guia foi lançado em 2003 e reeditado em 2004. [...] O propósito é disponibilizá-lo como uma ferramenta de trabalho para subsidiar programas de formação voltados a professores e profissionais da educaçãoem todo o Brasil. Ele está disponível nos sites da SEDH e do MEC. [...] Foi com este propósito que o MEC/SECAD para tentar superar, ou minimizar as questões relativas à formação de professores no campo da sexualidade, com ênfase à problemática da violência sexual contra crianças e adolescentes, elaborou o Projeto Escola que Protege. Em 2004, foi lançado o projeto piloto emalgumas capitais do país. Sua execução vem sendo realizada em parceria com as universidades públicas via ações de extensão, por meio da oferta de cursos gratuitos aos profissionais de educação doensino fundamental e médio. A articulação com as secretarias de educação municipais e estaduais foi a estratégia pensada para a realização do processo de mobilização dos sujeitos. Como material de apoio,foi elaborada uma obra: “Escola que Protege: enfrentando à violência contra crianças e adolescentes”, tendo sua segunda edição lançada em 2008. Na apresentação da obra, a SECAD destaca que ela foi elaborada como um instrumento didático de apoio aos participantes do Curso de Formação de Educadores, servindo, portanto, como subsídio para atuar no enfrentamento à violência contra crianças e adolescentes. (ROCHA; LEMOS; LIRIO, 2011, p. 280-81). Para Landini (apud Azambuja, 2004), as crianças e adolescentes ingressam na creche ou escola, e permanecem por horas nessas instituições, possibilitando ao profissional de educação, acompanhar o desenvolvimento dos mesmos e verificar se estão sofrendo violência em decorrer de sinais e sintomas, como expressões verbais ou não verbais, isolamento, agressividade, distúrbios de sono, problemas com alimentação, dor, assaduras, masturbação, entre outros. O professor, nesse sentido, pode identificar o comportamento das vítimas na escola, já que boa parte do tempo lhes é reservado com a criança ou adolescente. A partir daí, ter conhecimento das leis que garantem os direitos das crianças, bem como quais as implicações pedagógicas, as ações e providências que devem ser adotadas em relação à vítima, são imprescindíveis para a tomada de atitude consciente e imediata. Para Landini, profissionais da educação e da saúde fazem parte da legislação quanto ao seu importante papel no desvelamento do abuso sexual, porém, “apesar da obrigatoriedade, contudo, é baixo o número de notificações _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 225 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ efetivamente realizadas por esses profissionais” (2011 p. 89). Porém, ressalta, ainda, que caso o profissional não se sinta seguro em lidar com a situação sozinho, que procure ajuda de um colega mais experiente. Ao responsável pela instituição de ensino, principalmente, recorrer e denunciar ao Conselho Tutelar, ou no disk denúncia para casos de abuso sexual, dentro e/ou fora do ambiente escolar. O profissional de educação está colocado em uma situação complexa pois, se, por um lado, está obrigado a notificar mesmo a suspeita de maus-tratos, por outro se vê sob o dilema de fazê-lo e trazer dificuldades suplementares à criança e à família caso a suspeita não seja comprovada. (LANDINI,2011, p. 89). O trabalho envolvendo o eixo social, com temas transversais e políticos no sentido de prevenção das crianças e adolescentes, envolvendo a escola e a comunidade em relação ao abuso sexual é imprescindível para a tomada de conhecimento, de consciência e responsabilidade, buscando minimizar suas ocorrências. Segundo Landini, em sua interpretação do O Plano Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual infanto-juvenil (2000), ressalta: [...] No eixo da prevenção, é clara a importância remetida à participação da escola no sentido de educar crianças e adolescentes sobre seus direitos e assegurar, assim, ações preventivas contra violência sexual. (LANDINI, 2011, p. 94). Profissionais podem orientar as crianças sobre sexualidade e sua importância, de forma a entenderem esta como fundamental e positiva para a vida. Programas para prevenir o abuso sexual com dicas de segurança e precaução são indispensáveis. Indicar a necessidade de comunicação a fim de facilitá-la pode também diminuir a incidência de acontecerem, inclusive se tratando das consequências e sequelas, que podem ser menores com o devido encaminhamento e tratamento. O profissional também deve estar aberto para receber depoimentos das vítimas, crianças e/ou adolescentes. É comum, em favor da figura fraterna do profissional, da atenção, do carinho e da segurança que o mesmo transmite ao _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 226 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ aluno, que este venha a ele testemunhar o caso de abuso sofrido. Nesse sentido o profissional não deve julgar, culpar, ou indagar fervorosamente sobre o fato, mas sim, deixar que a vítima se abra, o que pode ocorrer aos poucos. Geralmente estas vítimas analisam e testam o ouvinte a fim de assegurar se será entendida e acreditada por ele. Não é fácil revelar o abuso sofrido, tanto pelo trauma quanto pelas graves ameaças e coações diversas. “Se a violência sexual pode gerar traumas na criança ou adolescente, a revelação e o período posterior também o podem” (LANDINI, 2011, P. 88). Além de estarem preparados para captar essas pistas, nem sempre tão óbvias, os educadores precisam estar capacitados para lidar com a criança e suas famílias. Estabelecer uma relação de confiança com a criança ou o adolescente, sem preconceitos e moralismos, é um desafio para esses profissionais. (ROCHA; LEMOS; LIRIO, 2011, p. 282). Segundo Lamour, na interpretação de Landini (2011, p. 56-57) para os adultos, no ato do abuso, o comportamento esperado das crianças é o ato defensivo, a protestação, a recusa. Porém, quando esses comportamentos não correspondem às expectativas do adulto, no caso de crianças seduzidas e não forçadas a realizar o ato, se passam por desacreditas e são duplamente vitimizadas, primeiramente pelo abuso sofrido e posteriormente pela incredulidade do ouvinte. A falta de experiência, a ignorância ou falta de capacitação profissional podem acarretar consequências psicossociais e emocionais trágicas na vida dessas vítimas. Existe,em nível institucional, um outro tipo de violência que pode passar despercebida, que é a negligência profissional. Sua manifestação caracteriza-se pelo desprezo (por desinteresse, despreparoou incompetência) pelas outras formas de violência e de violação de direitos de crianças e adolescentes, ignorando os sinais de risco e a existência de processos violentos em curso que poderão levar a violências mais graves (como a sexual, por exemplo) ou até mesmo à morte. (FALEIROS; FALEIROS ,2007, p. 33). _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 227 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Estar preparado para estes possíveis casos é uma obrigação que o profissional deve se predispor, para garantir aos sujeitos de direitos que as crianças e os jovens o são, promovendo e facilitando a prevenção, a segurança e a instrução desses sujeitos. 4.CONCLUSÃO O Abuso sexual é um fenômeno que ocorre cada vez com maior frequência, como reflexo de um sistema politicamente estruturado desigualmente, onde a individualidade e o consumismo aumentam, fatores que favorecem a propagação desta violência, principalmente contra a criança e com o adolescente.O Estado e a comunidade devem contribuir para o combate ao abuso sexual infanto-juvenil, fazendo o possível para proteger os indivíduos em desenvolvimento e vulneráveis.A formação e a disposição do Profissional de Educação e a escola, em aliança com as leis que regem a proteção e os direitos da criança e do adolescente, possui responsabilidade de prover e assegurar cidadania, saúde, liberdade e segurança para com esses indivíduos, sendo imprescindível para minimizar essa violência. REFERÊNCIAS AZAMBUJA, Maria Regina Fay de; FERREIRA, Maria Helena Mariante.et al. Violência sexual contra crianças e adolescentes. Porto Alegre: Artmed, 2011. CORDEIRO, Flávia de Araújo. Aprendendo a prevenir: orientações para o combate ao abuso sexual contra crianças e adolescentes. Brasília: Promotoria de Justiça de Defesa da Infância e da Juventude, 2006. Disponível em: <<www.mpdft.mp.br/portal/pdf/.../cartilha_aprendendo_a_prevenir.pdf>> Acesso em: 28 de Abril de 2014. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 228 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ ELIAS, Rosane Joaquim. Violência sexual infantil: dificuldades e possibilidades no trabalho do professor. Criciúma: UNESC, 2010. Disponível em:<http://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=1&ve d=0CCwQFjAA&url=http%3A%2F%2Frepositorio.unesc.net%2Fbitstream%2Fhan dle%2F1%2F185%2FRosane%2520Joaquim%2520Elias.pdf%3Fsequence%3D1 &ei=1rleU_3WI8TF8QGshYDwCA&usg=AFQjCNE7yLblTnGIjTpaOOzs4L8bRUUkQ&bvm=bv.65397613,d.b2U>> Acesso em: 28 de Abril de 2014. FALEIROS, Vicente de Paula; FALEIROS, Eva Silveira. Escola que protege: enfrentando a violência contra crianças e adolescentes. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, 2007, edição eletrônica. Disponível em:<<portal.mec.gov.br/secad/arquivos/pdf/escqprote_eletronico.pdf>> Acesso em: 19 de Agosto de 2014 LABADESSA, Vanessa Milani. ONOFRE, Mariangela Aloise. Abuso Sexual Infantil: Breve Histórico e Perspectivas na Defesa dos Direitos Humanos. Revista Olhar Científico: Faculdades Associadas de Ariquemes. v. 01, n.1, Jan./Jul. 2010. Disponível em:<<http://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=1&c ad=rja&uact=8&ved=0CCwQFjAA&url=http%3A%2F%2Fwww.chamaeleon.org.br %2Farquivos%2Fabuso_sexual_infantil.pdf&ei=FnJ_U8izPILNsQT2zoFY&usg=AF QjCNFjGC-B2jhGNafQIYVtYbIOBS5aCw&bvm=bv.67720277,d.cWc>> Acesso em: 22 de Maio de 2014. LANDINI, Tatiana Savoia. O professor diante da violência sexual. SP: Cortez, 2011. ROCHA, Genylton Odilon Rêgo da; LEMOS, Flávia Cristina; LIRIO, Flávio Corsini. Enfrentamento da Violência Sexual Contra Crianças e Adolescentes no Brasil: políticas públicas e o papel da escola. Cadernos de Educação. Pelotas: FaE/PPGE/UFPel, 2011. Disponível em: <<periodicos.ufpel.edu.br/ojs2/index.php/caduc/article/view/1550/1457>> Acesso em:19 de Agosto de 2014. VAGLIATI, Ana Carla. GAGLIOTTO, Giseli Monteiro. Formação De Professores e Educação Sexual: O Conhecimento Psicanalítico na Prevenção e Identificação da violência e Abuso Sexual Contra Crianças e Adolescentes na Escola. In: Simpósio Internacional de Educação Sexual. III. 2013. Maringá. Anais... Maringá, Abril de 2013. Disponível em: <<http://www.sies.uem.br/anais/educacao_sexual_escolar.htm>>. Acesso em: 28 abr. 2014. WILLIAMS, Lúcia Cavalcanti de Albuquerque. Pedofilia: Identificar e Prevenir. SP: Brasiliense, 2012. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 229 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO NAS SÉRIES INICIAIS ROCHA, Alessandra Pereira da ARAÚJO, Denise Liziely Gonçalves de SANTOS, Nilva de Oliveira Brito(Orientador) Resumo: O trabalho elaborado tem como objeto de estudo a alfabetização, buscando questionar e refletir sobre algumas semelhanças e diferenças entre o Letramento e a Alfabetização, além da importância desse processo para a formação social do individuo. Tal estudo aborda uma análise de conceitos e estratégias que podem servir como apoio aos profissionais envolvidos no processo de educação. Para discussão, os livros utilizados como base durante o estudo, foram: Alfabetização & Linguística, de Luiz Carlos Cagliari; A importância do ato de ler, Paulo Freire; No mundo da escrita: uma pesquisa psicolinguística, de Mary Kato, entre outros. O resultado do estudo, uma vez socializado contribuirá significativamente para um repensar dos profissionais que trabalham diretamente em sala de aula, séries iniciais, processo de alfabetização. Palavras-Chave: Letramento; Alfabetização; Cidadania. 1. INTRODUÇÃO Dominar a língua oral e escrita é fundamental àqueles que desejam se comunicar, ter acesso à informação, defender pontos de vista, construir visões de mundo, produzir conhecimento. Mas, isso não é tarefa fácil, tanto em relação aos educandos, quanto aos seus professores, já que há muitas décadas são apontadas as mesmas dificuldades de aprendizagem, segundo Cagliari (1991,p.8). Sabe-se que o conhecimento competente da realidade linguística, compreendida no processo de alfabetização inclui vários fatores, como por exemplo: a consciência do profissional de como se dá o processo de aquisição de conhecimento; de como a criança se situa em termos de desenvolvimento emocional; de como vem evoluindo a sua interação social, da natureza da realidade linguística no momento em que acontece a alfabetização, entre outros. Destacam que não há um modelo ideal preestabelecido, e o professor deverá _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 230 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ estar atento ao ritmo de sua clientela, caso contrário poderá perder o foco, na busca de novos caminhos. A responsabilidade de todos os envolvidos no processo de alfabetização, vem provar àquilo que Paulo Freire tanto ressaltou no seu belíssimo texto A Importância do Ato de Ler, ou seja, a leitura da “palavramundo”, assimiladas no quintal de sua casa , cheia de plantas, flores e pássaros, e finalmente, a palavra escrita no chão de terra. Muito melhor do que uma folha de caderno com linhas, limitando a coordenação motora das mãozinhas frágeis! 1. LETRAMENTO No Brasil, o termo letramento tem sido utilizado por vários pesquisadores, como é caso de Mary Kato¹ em sua obra “No mundo da escrita: uma perspectiva psicolinguística”. Vem do inglês literacy, que significa capacidade de ler e escrever, ou seja, ser alfabetizado, aquele que faz uso competente e frequente da escrita. Já Mortatti (2000, P. 87) complementa essa definição afirmando que no letramento a escola tem a função de “(...) formar cidadãos funcionalmente letrados, do ponto de vista tanto do crescimento cognitivo individual, quanto no atendimento a demandas de uma sociedade que prestigia a língua padrão ou a norma culta da língua”. Soares (1999,p.2), complementa, salientando: Depois da referência de Mary Kato, em 1986, a palavra letramento aparece em 1998, no livro que pode-se dizer que lançou a palavra no mundo da educação, dedica páginas à definição de letramento e busca distinguir letramento de alfabetização: é o livro “Adultos não alfabetizados” – o avesso do avesso, de Leda Verdiani Tfouni (São Paulo, Pontes, 1988, Coleção Linguagem/Perspectivas) um estudo sobre o modo de falar e de pensar de adultos analfabetos. (SOARES, 1999, p.2). Pelo breve esboço, vê-se que a discussão poderá tomar inúmeras direções, dependendo do foco que se quer estabelecer. Mas, o que se pretende no presente estudo é apontar, de forma funcional, o que é afinal o Letramento? _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 231 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Para discussão, vale lembrar que levantamos as seguintes questões: Qual a origem do letramento que já pincelamos acima, em rápidas palavras? Existe diferença entre letramento e alfabetização? Magda Soares argumenta que as palavras: alfabetização, alfabetizar, alfabetizado, alfabetismo, analfabetismo, analfabeto, letrado e iletrado são palavras conhecidas e não precisamos defini-las, mas “letramento” é uma palavra nova que precisa ser definida, porque: A palavra letramento não está dicionarizada, porque foi introduzida muito recentemente na língua portuguesa, tanto que podemos datar sua entrada na nossa língua, identificar quando e onde essa palavra foi usada pela primeira vez, como foi informado no início dessa escrita. (SOARES, 2000, p.32) Paulo Freire, no livro A importância do ato de ler, (São Paulo, 2003) , passa-nos a mensagem de que o mundo parece ser feito apenas de coisas que a gente vê nele. Mas há outras que não vemos, embora existam. São as coisas que lemos, elas estão escondidas no meio das letras. É preciso ler para que elas apareçam diretamente em nossas cabeças. Se não lemos, todas essas coisas que estão guardadas nos livros não aparecem para nós. Quem não lê, só vê uma parte das coisas do mundo, e não consegue conhecer tudo. Muitas vezes, no meio de uma conversa, ouvimos falar de uma pessoa ou de uma história que um amigo conhece de leitura. Quem não leu, ficou de fora. É importante que o indivíduo conheça o que não está na sua frente, mas sim, dentro dos livros. Saber ler bem, interpretar oque se leu é uma relação íntima, podendo assim viver uma vida melhor. Para se ler é preciso também escrever. Na busca da melhoria e da qualidade de ensino, torna-se existente diversos pontos de vista de pesquisadores com relação a alfabetização e letramento. Durante décadas houve a procura de um método, que criasse um vínculo entre professor e aluno numa relação de segurança, simplicidade e aprendizagem de forma mais eficiente, prazerosa e duradoura. Essa metodologia proposta é fundamentada em uma contribuição para a inserção social das crianças e adolescentes como indivíduos participantes do processo pelo qual se _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 232 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ compartilham decisões, que afetam a própria vida e da comunidade que habitam, é o fato que o nosso país possui números significativos de indivíduos que não adquiriram o saber necessário para atender às exigências e adaptações de uma sociedade “letrada” onde aprender estratégias e habilidades para resolver problemas em diferentes contextos, utilizando os conhecimentos disponíveis para enfrentar situações novas e inesperadas. Isto se torna muito importante para a construção da aprendizagem dos alunos como o domínio do sistema da escrita alfabética. 2. ALFABETIZAÇÃO X LETRAMENTO Há diversas discussões sobre analfabetismo através de políticas públicas em programas desenvolvidos nos últimos anos, tendo como alvo apenas a decodificação de palavras, sem se preocupar com o entendimento da linguagem e seus significados. A partir dessa problemática apresentada, temos quatro questionamentos a saber: O letramento é apenas um método? O letramento surgiu para substituir a alfabetização? Existe um método adequado para alfabetização e o letramento? Qual a relação entre a alfabetização e o letramento? Para entendermos tais situações que englobam letramento, é necessário nos apoiarmos em alguns pressupostos teóricos como FREIRE (1992) e SOARES (2003), já citados anteriormente, entre outros. Nosso objetivo geral é analisar as práticas pedagógicas envolvendo o letramento no cotidiano escolar. E como objetivos específicos: analisar os fatores utilizados por professores para alfabetizar, identificar as dificuldades no trabalho pedagógico em alfabetizar letrando e sugerir práticas educativas para desenvolver um letrado. Os principais métodos de alfabetização historicamente falados conduziram novos rumos e traçaram metas para o ensino brasileiro. MORAIS (2005, p.17) _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 233 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ define métodos como um caminho, um conjunto de procedimentos sistemáticos que visa o desenvolvimento de uma ciência ou parte dela vendo a alfabetização como um processo pelo qual se adquire o domínio de um código e das habilidades de utiliza-lo para ler e escrever, ou seja: o domínio da tecnologia de um conjunto de técnicas para desenvolver a arte e ciência da escrita. Ao exercício efetivo e competente da tecnologia da escrita denomina-se letramento, que implica-se várias habilidades, tais como: capacidade de ler e escrever para atingir diferentes objetivos. Portanto, o letramento não surgiu para substituir a alfabetização. 3. EVOLUÇÃO DO LETRAMENTO Em décadas passadas, essa procura estava evidente na prática escolar, pois vários educadores passavam a questionar que método usar para uma aprendizagem significativa, na alfabetização com estratégia num método que pudesse oferecer novas formas de aprendizagens. Com a quebra de paradigmas, vivenciadas nos últimos anos, essas alterações se refletem com nitidez na questão do método de alfabetização, onde no ponto de vista externo, a criança sai de aprendiz, dependendo dos estímulos angariados para produzir respostas imediatas. O indivíduo passa a construir conhecimento interagindo com o objeto chamado de pré-requisitos para a aprendizagem da escrita, que caracteriza estar pronto ou maduro para ser alfabetizado. Letramento, ainda engloba a importância da língua materna, pois faz parte do convívio do indivíduo, a partir do momento em que ele nasce. Fica evidente que no interior da família existam diferenças sociolinguísticas, pois a língua sofre alterações de acordo com o tempo e espaço geográfico no qual o indivíduo vive. É pertinente salientar que o professor reflexivo, alfabetiza letrando, pois consiste em um processo que ocorre concomitantemente, ou seja, são dois processos diferentes. Porém, indissociáveis, pois um não precede o outro e ambos caminham simultaneamente. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 234 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Assim, a proposta de ensino defendida pelo letramento é enfocar atividades sociais de aprendizagem, ou seja, as práticas e métodos de alfabetização devem iniciar nas experiências sociais da criança para depois formalizar os conceitos a serem aplicados pelo professor. A base teórica do paradigma do letramento é a teoria histórico-cultural, através dos estudos de Vygotsky. O letramento focaliza os aspectos sócio-históricos da aquisição da escrita, tendo por objetivo investigar não somente quem é alfabetizado, e neste sentido, desliga-se de verificar o individual e centraliza-se no social mais amplo. Utilizar o conceito de letramento para organizar a prática escolar significa que já compreendemos que nosso problema não é apenas ensinar a ler e a escrever, mas é, também e sobretudo, levar o educando a envolver-se em práticas sociais de leitura e de escrita; para isto é importante que haja material de qualidade disponível e de fácil acesso. É possível afirmar que não existe “grau zero de letramento” ou “iletramento”, pois todo sujeito, independentemente de condição socioeconômica ou intelectual, faz algum tipo de uso da escrita e de sua prática social. As transformações socioeconômicas, políticas, históricas e/ou culturais provocam surgimento de novos conceitos e/ou termos para designar fenômenos recém-surgidos e que ainda se encontram em processos de recepção e compreensão pela sociedade na qual se inserem. Desse modo, a adoção do vocábulo “letramento” vem atender uma nova realidade, pois só recentemente a sociedade brasileira passou a preocupar-se com o desenvolvimento de habilidades para “o ler e escrever” nas práticas sociais e não somente com “o saber decodificar”, ou seja, ler e escrever mecanicamente. Contudo, essa transformação traz consigo problemas de delimitação de sentido, de definição e também de mensuração. 4 DEFINIÇÃO ATUAL DE LETRAMENTO _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 235 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Atualmente, uma definição difundida é apresentada por Magda Soares (2000, p.39): “Letramento é o resultado da ação de ensinar ou de aprender a ler e escrever, o estado ou condição que adquire um grupo social ou um indivíduo como consequência de ter-se apropriado da escrita”. Assim, letramento seria o resultado ou consequência do processo de alfabetização. Enquanto se utiliza o termo analfabeto em oposição a alfabetizado, não é possível, de maneira análoga, aplicar a mesma relação entre letrado e iletrado. O professor alfabetizador deve compreender a importância dos jogos, do faz-de-conta, do desenho, da informática, da música, da arte, para que o educando amplie sua visão de mundo, aumentando assim o significado da leitura e da escrita. Brincar faz parte das atividades que realizamos fora da escola desde muito cedo. Tudo isso contribui de forma significativa para desenvolver no indivíduo a formação de palavras ajudando grandemente no processo de alfabetização/letramento. CONCLUSÃO Ao concluir o breve estudo, de uma coisa temos certeza, que o domínio da leitura e escrita é tão importante na vida do homem, que restringir a discussão em apenas alguns conceitos, não resolverá o problema que enfrentamos hoje no Brasil, ou seja, as pessoas se alfabetizam, aprendem a ler e escrever, mas não necessariamente adquirem competência para usar a leitura e escrita, para envolver-se com as práticas sociais da escrita: não leem livros, jornais, revistas; não se dedicam a atividades de leitura e escrita e não sabem empregá-las. Isso sim é preocupante. Assim o letramento é muito mais que alfabetização. Pois ele expressa o estado, ou condição, de quem interage com diferentes portadores de leitura, com diferentes gêneros discursivos e diferentes funções que a leitura e escrita desempenham em nossas vidas. Por isso, é necessário que o professor trabalhe uma gama de atividades que desenvolvam a iniciativa, a concentração, o _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 236 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ raciocínio, o conhecimento. Como jogos de dominó, bingo, quebra-cabeça, gincana, adivinhações, boliche, baralho, loteria, trava-língua, utilização de livros de literatura, poemas, entre outros. São estratégias que contribuem de forma significativa para seu desempenho no processo de alfabetização/letramento. E a Escola terá a incumbência de garantir a todos os seus alunos o acesso aos saberes linguísticos, necessários para o exercício da cidadania. AGRADECIMENTOS Agradecemos ao PIBID/Pedagogia da Unespar - Campus Paranavaí pela oportunidade de desenvolver projetos de iniciação à docência, nos possibilitando adquirir novas experiências em nossa graduação. Agradecemos também, a orientação da coordenadora Nilva de Oliveira Brito Santos e aos patrocinadores do PIBID que incentivam na aplicação dos projetos. REFERÊNCIAS FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. São Paulo, 2003. KATO, M. No mundo da escrita: uma pesquisa psicolinguística. São Paulo, 1986. MORTATTI, M. L. R. Os sentidos da alfabetização. São Paulo, UNESP, 2000. SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte, 2000. SOARES, M. Linguagem e escola: uma perspectiva social. São Paulo, 1989. VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente: psicologia e pedagogia. São Paulo, 1988. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 237 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ ALFABETIZAÇÃO NO BRASIL: RECONSTITUIÇÃO HISTÓRICA DOS MÉTODOS DE ALFABETIZAÇÃO (1890 a 1997)64 SOUZA, Ana Carolina Soares (Unespar)65 SOUSA, Vera Lucia de (Unespar)66 NASCIMENTO-GUARALDO, Luciana de Araújo67 Resumo: Este artigo teve o objetivo de realizar uma revisão bibliográficaacerca dos métodos de alfabetização no Brasil no período de 1890 a1997. A referida delimitação temporal está relacionada a dois aspectos relevantes da história da educação brasileira. Na primeira data temos o início da escola pública, com a fundação dos primeiros grupos escolares. Já a segunda data relaciona-se com a publicação dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs). Durante a execução do trabalho tínhamos a pretensão de identificar tanto as especificidades dos diferentes métodos de alfabetização, como a história dessa temática no país. Palavras-chave:.Alfabetização. História. Métodos de alfabetização 1890-1997 1. INTRODUÇÃO Este artigo teve o objetivo de pesquisar a história da alfabetização no Brasil entre os anos finais do século XIX (1890) ao século XX (1997), na tentativa de perceber a constituição histórica e as especificidades dos diferentes métodos de alfabetização no referido período. Percebemos que ao longo desse momento o referido tema foi objeto de diversas leis, decretos, conferências e pesquisas que objetivavam enfrentar o problema da não alfabetização das crianças em idade escolar. Sabemos que a 64 Este trabalho constitui-se como parte do relatório final do projeto de iniciação científica: Alfabetização no Brasil: reconstituição histórica dos métodos de alfabetização:1890-1997. 65 Aluna do segundo ano do curso de Pedagogia Unespar Campus de Paranavaí. 66 Aluna do segundo ano do curso de Pedagogia Unespar Campus de Paranavaí. 67 Professora orientadora Mestre em Educação e membro do Colegiado do Curso de Pedagogia Unespar Campus de Paranavaí. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 238 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ alfabetização propiciada na escola, especialmente quando se trata da população menos favorecida é, na maior parte das vezes, a única forma de adentrar o mundo público da cultura letrada. Nesse sentido, acreditamos que a problemática maior em que se fundamentou esse projeto vincula-se a crescente preocupação que tem ocorrido a respeito da alfabetização no Brasil. Dessa forma, nos propomos a realizar uma revisão bibliográfica sobre a história de alfabetização no Brasil, a fim de verificar os aspectos históricos relacionados a constituição e especificidades dos diferentes métodos de alfabetização no país. O texto que apresentamos perpassa o período de 1890 a 1997 e está relacionado as questões que marcaram a história da educação pública no Brasil. O recorte temporal que ora nos propomos a investigar está relaciona ao que Dermeval Saviani (2011) denomina início da escola pública no Brasil, 1890, com a fundação dos primeiros grupos escolares no estado de São Paulo. [...] como referida aos conhecimentos, idéias, conceitos, valores, atitudes, hábitos, símbolos sob aspecto de elementos necessários à formação da humanidade em cada indivíduo singular, na forma de uma segunda natureza, que produz, deliberada e intencionalmente, através de relações pedagógicas historicamente determinadas que se travam entre os homens (SAVIANI, 2003, p. 22). Já a delimitação de 1997 está pautada na publicação dos Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa (PCNs). Outro recorte que nos propomos a realizar refere-se a análise sobre as especificidades desses métodos na proposta de alfabetização. 2.MÉTODOS DE ALFABETIZAÇÃO NO BRASIL: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 239 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Assim como Saviani (2005, p. 13) entendemos que “[...] o trabalho educativo é o ato de produzir, direta e intencionalmente, em cada indivíduo singular, a humanidade que é produzida histórica e coletivamente pelo conjunto dos homens”. Por entendermos que é por meio da alfabetização que o homem tem o acesso inicial a essa humanidade, acreditamos que compreender a história e especificidades dos métodos de alfabetização no Brasil pode colaborar na reflexão sobre os objetivos da formação humana nos diferentes momentos históricos. Dessa forma, ao recorrermos à história da educação podemos perceber que foi depois da proclamação da República (1889), que houve a institucionalização dos primeiros grupos escolares e uma maior preocupação acerca do melhor método para alfabetizar. Essas preocupações sempre estiveram pautadas no seguinte problema: “[...] a dificuldade de nossas crianças em aprender a ler e a escrever especialmente da escola pública” (MORTATTI, 2006, p. 1). Ao abordar esse tema, Mortatti (2006) afirma que foi depois da República que esse tema ganhou importância como uma das utopias da modernidade. A escola, e nela a alfabetização, passa a ser sinônimo de preparo para a nova ordem política e social: República, para cumprir a função social de esclarecer o povo e torná-los cidadãos do Estado Nação que, no momento, se constituiu com o fim do regime monárquico. Nesse sentido, de acordo com a referida autora, a institucionalização dos diferentes métodos de alfabetização só pode ser compreendida se nos atentarmos para o contexto histórico da sociedade brasileira. Por meio de uma breve revisão bibliográfica pudemos perceber os caminhos já percorridos pela alfabetização. Verificamos que a mesma sofreu modificações e essas transformações devem-se aos fatores econômicos, políticos e sociais. Sendo a alfabetização um processo histórico, tem por objetivo ensinar a ler e escrever. Em virtude dos aspectos mencionados, Mortatti (2000) ao estudar o autor Goodson percebe que ele divide suas pesquisas em três partes, sendo a primeira _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 240 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ sobre os conteúdos escolares, em que assegura esses mudam com o tempo; a segunda ele coloca que existe uma tendência ao mudar de uma tradição pedagógica para uma tradição acadêmica; e a terceira nos diz que muitas discussões sobre os conteúdos são movidos pelas necessidades que os grupos envolvidos têm status recursos e territórios. Ainda nesse contexto, Mortatti (2000) dividiu a história da alfabetização no Brasil em quatro momentos. O primeiro, da Metodização, entre 1876-1889 em que não havia material suficiente para alfabetizar, e por esse motivo iniciou o ensino da leitura com as cartas de ABC, fundamentadas nos métodos de soletração, fônico e silabação, ou seja, em que o aluno começa aprender os nomes das letras, partindo para os sons e assim formando sílabas. Essas cartilhas foram produzidas por professores fluminenses e paulistas. Com isso tem-se o início da história das cartilhas e métodos. Assim sendo, em 1876 Mortatti (2000) define como data e marco inicial a publicação do Método de João de Deus. João Deus foi o primeiro autor a discutir sobre alfabetização, e escreveu esse método com objetivo de alfabetizar suas filhas. Mas foi em 1880 que o Método de João de Deus passou a ser visto de forma científica, sistematizada. Era um método diferente que iniciava o ensino da leitura a partir das palavras. Esse método foi divulgado no Brasil pelo professor Antônio da Silva Jardim da Escola Normal de São Paulo, que defendeu durante toda a década de 1880 o uso da cartilha Maternal e o método de João de Deus. Oito anos depois, o governo português nomeou o método de João de Deus como um método nacional. No entanto, esse método não recebeu apenas elogios como várias críticas. Mas foi no início da década de 1890 que começou uma disputa, entre aqueles que defendiam o método de João de Deus, e aqueles que ainda defendiam o método da soletração. Diante desses fatos, Silva Jardim apresenta seus métodos de alfabetização inspirado em Comte, tais como: o estado teológico (soletração); estado metafísico (silabação) e o estado positivo ou cientifico (palavração). _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 241 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Outro autor que contribuiu com a história da alfabetização foi Zeferino Cândido, que instituiu três métodos de alfabetização que seguiu os mesmos critérios de Silva Jardim. Hilário Ribeiro foi outro educador e escritor brasileiro que também se fez presente na criação de cartilhas, tais como as que João de Deus apoiava. Essas cartilhas tinham como objetivo ensinar a ler, escrever e analisar a fala. No segundo momento da história da alfabetização do Brasil, situado entre 1890 a 1920, Demenech e Flaviana (2013) fundamentadas em Mortatti (2000) nos mostram a oficialização dos métodos intuitivos e analíticos. Nesse período emerge outra nova tradição, abrangendo questões didáticas, ou seja, como ensinar por meio de habilidades visuais, auditivas e motoras; a quem ensinar a leitura e escrita, envolvendo questões de ordem psicológica e didática da criança. Em 1890, o autor brasileiro Antônio Caetano foi convocado a reformar o ensino público paulista. No entanto, Caetano considerava que seria preciso adequar estes métodos a realidade brasileira. Sendo este método aprimorado 1892 por Gabriel Prestes e executado por Cesário Motta Junior. Entre 1909 e 1910 o método analítico foi empregado oficialmente, situação que permanece até 1920, quando a reforma Sampaio Dória garante autonomia didática aos professores. Tornou-se obrigatório o uso do método analítico para alfabetizar, com isso o governo do estado passa a comprar livros didáticos para serem distribuídos nas escolas públicas. A primeira cartilha deste método foi escrita por Maria Guilhermina Loureiro de Andrade com o título, Primeiro livro de leitura. É conveniente esclarecer que esse método foi empregado de diferentes modos, por meio de palavras, frases ou historietas. Houve também uma disputa entre os defensores dos métodos da palavração e da historieta. Para alguns autores uma criança aprendia a ler e escrever partindo do todo, ou seja, das palavras; e mais tarde separando em porções menores. O terceiro momento abordado por Mortatti (2000) versa a disputa entre o método misto e o analítico, que vai de 1930 a 1970. No método analítico-sintetico, se alfabetizava mediante a decomposição das palavras em sílabas e letras. De _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 242 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ acordo com alguns autores da época, esse método propiciava à criança ser o sujeito de seu próprio conhecimento, o que favorecia a criança que possuía um nível de aprendizagem. Podemos observar a partir de meados da década de 1930, a importância do método misto, contidas no livro Teste ABC de Lourenço Filho (1897-1970), que estabeleceu a ideia de alfabetização sob medida, que resulta o como ensinar subordinado à maturidade da criança. O referido educador brasileiro preocupado com a escola em seu contexto social e nas atividades de sala de aula instituiu a Biblioteca de Educação, da Companhia Melhoramentos, de São Paulo, em 1927, que tinha como objetivo divulgar as ideias que fundamentaram o movimento escolanovista. No seu livro, Lourenço Filho, tinha como finalidade medir o nível de maturidade biofisiológica para aprendizagem da leitura e escrita, ensinar a ler e escrever. De acordo com Demenech e Flaviana (2013) a importância do método de alfabetização passou a ser considerada relativizada, secundarizada e tradicional. A escrita continuou sendo vista como uma questão de habilidade caligráfica e ortográfica. Já a educação na, interpretação das autoras, deveria ser integral, oferecer mais que instrução; pois cabe a ela integrar os indivíduos, oferecendolhes oportunidade e condições, para que o aluno possa organizar sua vida para o trabalho, família, religião, etc. O quarto movimento é denominado por Mortatti (2000) como “Desmetodização”. Ocorreu partir de 1980 e esta relacionada às propostas na mudança da educação no início da década de 1980. O movimento se desenvolveu para combater o fracasso da escola na alfabetização das crianças. Nesse contexto, é que temos no Brasil, a propagação do pensamento construtivista sobre alfabetização, fruto de pesquisas sobre a psicogênese da língua escrita de Emilia Ferreiro e Ana Teberosky. Para essas estudiosas a alfabetização não estava apenas relacionada à pedagogia, mas também a psicologia. Elas mostraram que a leitura e a escrita dependia, além das técnicas utilizadas, das relações e da vivência da criança com o uso da cultura escrita, _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 243 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ como as mídias (televisão, rádio, embalagens, informática, etc.), pois todas trazem novos aprendizados para o aluno. De acordo com Mortatti (2000)Ferreiro e Teberosky se mostraram contrárias às teses de que os alunos precisavam de habilidades prévias, como lateralizaçãoespacial, discriminação visual, auditiva, coordenação viso motora e boa articulação, pois afirmavam que o Construtivismo, valorizava a forma de como a criança desenvolvia a aprendizagem em relação à escrita. E diferente do que muitos pesquisadores pensavam o Construtivismo não se trata de uma nova forma de ensinar e nem de uma nova didática da educação, mas sim uma teoria do conhecimento que pode auxiliar na ação pedagógica escolar. Com esses estudos, passou-se a observar que as crianças não aprendiam somente no ambiente escolar, mas também com o contato da linguagem escrita que se iniciava no âmbito social. O conhecimento da criança se desenvolvia por meio de experimentações, que não deveriam ser consideradas como erros, levantando hipóteses e ampliando o conhecimento sobre a leitura e a escrita. Todos esses estudos relacionados ao conhecimento da criança e voltados a analisar o processo de aprendizado durante a escrita e a leitura, fizeram com que professores planejassem e desenvolvessem o processo de ensino a partir de uma nova compreensão sobre a leitura e escrita. Foram os resultados dessas pesquisas que colaboravam para contar que a criança não começava a aprender apenas quando ingressa na escola, que o contato com a linguagem escrita iniciava no âmbito social. Acreditavam que a aprendizagem superaria a interação mecânica, a criança elaborava hipóteses para compreender a escrita, e isso acontecia através da experimentação do ler e escrever. Nessas experimentações as crianças desenvolviam as escritas espontâneas, não podendo ser considerado como “erros” e era através do levantamento dessas hipóteses que a criança fazia construções progressivas, ampliando seu conhecimento sobre a escrita (DEMENECH; FLAVIANA, 2013, p. 11). Crianças que são expostas a situações problemas são desafiadas a criar hipóteses no sentido de pensar sobre a escrita sem o ensino explícito sobre o sistema, sendo uma grande evolução no processo de aprendizagem, pois seria _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 244 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ por meio da imersão, da criança nas práticas sociais de leitura e escrita, sem todas as técnicas praticadas na escola, que o aluno aprenderia a ler e a escrever. Sabemos enfim, que o construtivismo trouxe grandes estudos e discussões, na qual tornou-se sempre revisto em pesquisas científicas, documentos que orientam o ensino, tanto na formação inicial como na continuada de professores e na escola, provocando efeitos nas instituições de ensino. Nesse 4º momento — ainda em curso —, funda-se uma outra nova tradição: a desmetodização da alfabetização, decorrente da ênfase em quem aprende e o como aprende a língua escrita (lecto-escritura), tendo-se gerado, no nível de muitas das apropriações, um certo silenciamento a respeito das questões de ordem didática e, no limite, tendo-se criado um certo ilusório consenso de que a aprendizagem independe do ensino (MORTATTI, 2006, p. 11). De acordo com autora o último período foi caracterizado como a desmetodização da alfabetização, circunstância que colaborou com a concepção ilusória de que a aprendizagem não depende do ensino, fato que contribuiu ainda mais para o rebaixamento da qualidade do ensino da escola pública. Esse período também é caracterizado pela institucionalização dos Parâmetros Curriculares Nacionais (1998) que está profundamente fundamentado na concepção construtivista de educação. 3. CARACTERIZAÇÃO DOS MÉTODOS DE ALFABETIZAÇÃO De acordo com Costa e Antunes (2013) as discussões acerca das práticas de alfabetização centraram-se na eficácia dos seus métodos, gerando conflitos entre seus defensores, criados com o intuito de superar os problemas enfrentados nas ações das salas de aulas e facilitar a aprendizagem. Os métodos estão classificados em dois grandes grupos: os métodos sintéticos e os métodos analíticos. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 245 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Percebemos que os métodos sintéticos conduziram inicialmente os processos de leitura e escrita nas escolas. Como essas instituições apresentavam condições precárias de funcionamento disso decorria diversos contratempos, entre eles as dificuldades de utilização e manutenção e do alto custo do material para escrita, dava-se prioridade ao ensino da leitura. Para essa atividade, eram utilizados os métodos alfabético, fônico e o silábico. Costa e Antunes afirmam que o método alfabético ou de soletração é o método mais antigo e utilizado desde a Grécia, sendo utilizado até o século XIX, quando a escolarização passou a ser desenvolvida no Brasil. Sua unidade principal é a letra, partindo de uma ordem crescente de dificuldade. Para os autores esse método era desenvolvido por meio de muitos exercícios que deixava o aluno distante do texto e da compreensão do que estava sendo ensinado. Com isso passou a ser eliminado gradativamente e substituído por outros mais eficientes. Mesmo com a crítica existente sobre sua falta de sentido, Mortatti (2000) afirma que ele ainda acontece no Brasil, principalmente no Nordeste. Segundo Rizzo (1986 apud COSTA; ANTUNES, 2013), o método fônico tem como unidade central o fonema e substituiu o método alfabético na tentativa de superar a grande dificuldade existente no outro método por causa da diferença entre o nome e o som da letra. A finalidade do método seria ensinar as relações entre sons e letras, para estabelecer relação entre a palavra escrita e falada. A alfabetização como esse método parte dos mais simples para o mais complexo, ensina primeiro as vogais, seus sons e formas. Posteriormente ocorre o ensino das consoantes e suas relações com as vogais. O ensino do alfabeto ocorre mediante o ensino dos sons das letras. O método fônico é vantajoso, pois a aprendizagem acontece de forma rápida e satisfatória por existir relação equivalente entre o fonema e a escrita. Ainda dentro dos métodos sintéticos é desenvolvido o método silábico que usa a sílaba como unidade principal para o ensino da leitura e da escrita. Apresenta como benefício o trabalho com a sílaba, o que possibilita uma melhor relação da fala com a escrita. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 246 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Costa e Antunes (2013) afirmam que esses métodos foram superados em razão de se fundamentarem no ensino e aprendizagem da língua escrita com a priorização do treino e repetição, como também a leitura mecânica da decodificação. Frade (2007) pontua que o método analítico rompe com o processo de decifração propondo formas de trabalho que priorizam a análise e compreensão, defendendo a natureza do fenômeno da língua e do processo de percepção infantil. Costa e Antunes (2013) argumentam que o seu ensino tem como base a unidade de análise a palavra, a frase e o texto, inicialmente pela compreensão global e depois análise das unidades menores. O método da palavração foi introduzido por Comênio em meados do século XVII, no qual as palavras são apresentadas de forma agrupada e seu ensino parte do pressuposto de que os alunos aprendem a reconhecê-las por meio da memorização de sua configuração gráfica. Frade (2007) apresenta que no ensino da leitura e escrita utilizam-se de cartões de fixação com palavras e figuras além de exercícios sinestésicos de grafia das palavras Entretanto, mesmo com a ênfase dada a leitura como fonte de prazer e a busca de significado, esse método não conseguiu superar as críticas, referente às dificuldades de enfrentar novas palavras levando ao desenvolvimento de um novo método global. O método de sentenciação tem como unidade central a sentença que deve ser reconhecida globalmente e logo após será decomposta em palavras e posteriormente em sílabas. Existem poucos estudos no Brasil que exprimem o seu uso, mas Antunes e Costa (2013) apresentam as contribuições de Rizzo (1986) que apresentam as seguintes vantagens: atender os princípios mais avançados de aprendizagens da época; e desvantagem: a ênfase na memorização deixando de lado a análise. No início do século XX, no Brasil deu-se o aparecimento do método global de contos ou de historietas. Possuindo como unidade de análise o texto, sendo considerado a extensão do método de sentenciação. Primeiro lê-se o texto, _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 247 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ depois ocorre o reconhecimento das sentenças, das palavras e por fim das sílabas. Depois de 1980, os resultados das pesquisas de Ferreiro, Teberosky sobre a psicogênese da língua escrita são divulgados e influenciou significativamente a elaboração das propostas de alfabetização de todo país. Tendo como referência os estudos de Piaget, e levando em conta o grande impacto conceitual no campo da alfabetização, o Construtivismo foi desenvolvido por Emilia Ferreiro e Ana Teberosky tendo como premissa a psicogênese da língua escrita. É uma teoria que valoriza como a criança desenvolve a aprendizagem em relação a escrita, que é entendida como um sistema de representação. O Construtivismo não é um modelo pedagógico, mas uma teoria do conhecimento, desta forma, pode auxiliar na ação pedagógica. Os defensores dessa teoria acreditam que por meio da leitura e escrita é que a alfabetização ocorre, não sendo necessário o ensino das correspondências fonema-grafema, ou da consciência fonológica, pois isso seria consequência da evolução conceitual da criança no processo de aprendizagem da leitura e da escrita. De acordo com Costa e Antunes (2013) no transcorrer do século XX o conceito de alfabetização sofreu diversas transformações que estão ligadas a necessidades tanto sociais como políticas. Esse conceito não dá mais conta de significar o que realmente ocorre com aquisição da língua escrita e leitura. É nesse contexto, que os autores apresentam o desenvolvimento do termo letramento. O significado do termo alfabetização foi aos poucos sendo ampliado a partir de determinações das políticas mundiais, como no caso da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura), que exerce influência nas políticas nacionais. O termo letramento foi construído por essa nova configuração. Os estudos no Brasil começaram a ser realizados na década de 1980, por diversos pesquisadores: Kleiman, 1995; Soares, 1998; como afirma Mortatti (2004, p.11). No Brasil, esta palavra passou a ser utilizada nos anos 80 por pesquisadores da área de Educação e Linguística. Aos poucos vem ganhando visibilidade em outros _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 248 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ espaços sociais. Essa nova concepção não exclui a necessidade de se aprender a ler e escrever, somente destaca que essa necessidade deve ir além da mera codificação e decodificação da linguagem escrita, utilizando-as de acordo com as necessidades sociais. Dessa forma mediante o conceito de Letramento temos a necessidade de refletir sobre as práticas de ensino e aprendizagem, oportunizando aos alunos mais do que conhecer o código escrito, proporcionando um ensino de qualidade para que possam fazer uso social, nas diferentes situações de interação, desse código escrito. CONCLUSÃO Assim como Saviani (2005, p. 13) entendemos que “[...] o trabalho educativo é o ato de produzir, direta e intencionalmente, em cada indivíduo singular, a humanidade que é produzida histórica e coletivamente pelo conjunto dos homens”. Por entendermos que é por meio da alfabetização que o homem tem o acesso inicial a essa humanidade, acreditamos que compreender a história e especificidades dos métodos de alfabetização no Brasil pode colaborar na reflexão sobre os objetivos da formação humana nos diferentes momentos históricos. Da apresentação dos métodos de ensino da leitura e escrita percebemos que as transformações dos diversos métodos estão relacionada a necessidade de superar os fracassos que foram ocorrendo durante a implementação de cada método. Com essas mudanças houve a possibilidade de desenvolver novas formas de ensinar e aprender a leitura e a escrita. Acreditamos que o professor precisa ter conhecimento dos fundamentos teórico e práticos que perpassam as práticas de alfabetização, a fim de adequar a prática pedagógica as necessidades do aluno. Todavia, precisa também ter _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 249 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ consciência de que sua prática pedagógica está fundamentada em determinada teoria do conhecimento. Dessa forma, os educadores não devem esperar respostas prontas aos desafios vivenciados em sala de aula, mas é necessário buscar por si mesmo, atualizando-se, buscando referenciais teóricos que venha de encontro com sua experiência. É necessário reconhecer que muito precisa ser feito, buscar qualificação na formação inicial e continuada dos professores principalmente os que se dedicam à alfabetização. REFERÊNCIAS COSTA, Sharlene Marins; ANTUNES, HeleniseSangoi.UM OLHAR REFLEXIVO SOBRE O HISTÓRICO DOS MÉTODOS DE ALFABETIZAÇÃO 2013. Disponível em: alb.com. br/arquivo-coes_anteriores/.../sm10ss20_07. pdf. Acesso em: 03/02/2013. DEMENECH, Flaviana; PAULA, Flávia Anastácio. História da alfabetização: Uma resenha descritiva sobre as tematizações, normatizações e concretizações relacionadas com a leitura e escrita. 2013. Disponível em: www.foz.unioeste.br/~eventos/viijep/trabalhos/trabalho3bd0doc. Acesso em: 08/02/2013 FRADE, Isabel Cristina Alves da Silva. Métodos de alfabetização, métodos deensino e conteúdos da alfabetização: perspectivas históricas e desafios atuais. In: ANTUNES, HeleniseSangoi (Org.) Dossiê Alfabetização e Letramento. Educação:Revista do Centro de Educação. Santa Maria, UFSM, 2007. Vol. 32, nº1. MORTATTI, Maria do Rosário Longo. História dos métodos de alfabetização no Brasil. Brasília: Conferência proferida durante o Seminário "Alfabetização e letramento em debate", promovido pelo Departamento de Políticas de Educação Infantil e Ensino Fundamental da Secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação, 2006. ___________. Os sentidos da alfabetização. São Paulo: Editora UNESP, 2000. Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa. Brasília: MEC/SEF, 1998 _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 250 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ SAVIANI, Dermeval. História das ideias pedagógicas no Brasil. Campinas: Autores Associados, 2011. 473p. SAVIANI, D. Pedagogia histórico-crítica: primeiras aproximações. 9. ed. São Paulo: Autores Associados, 2005. SAVIANI, D. Pedagogia histórico-crítica: primeiras aproximações. 9. ed. Campinas: Autores Associados, 2003. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 251 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ ALGUMAS CONTRIBUIÇÕES EDUCACIONAIS DE ANTON MAKARENKO68 NEVES, Ana Paula dos Santos69 FAVARO, Neide de Almeida Lança Galvão70 RESUMO: O objetivo deste artigoé apresentar os resultados parciais de nossa pesquisa sobre as propostas pedagógicas deAnton Semyonovich Makarenko (1888-1939). Ele é considerado um importante autor no campo educacional, pois realizou um trabalho educativo nas instituições de ensino soviéticas com crianças e jovens em situação de miséria e abandono. Seu trabalho ocorreu em uma época de grandes dificuldades na sociedade russa, pois a revolução socialista acabara de ocorrer. Como ele se deparou com crianças e jovens órfãos e carentes, acreditamos que sua experiência pedagógica pode nos ajudar a refletir sobre os problemas educacionais atuais, embora seja necessário considerar com o devido cuidado as significativas distinções históricas. O autor enfrentou dificuldades para construir sua colônia e por fim elaborou uma proposta pedagógica específica para o trabalho com esses educandos. Neste artigo apresentamos essas experiências para que, num momento posterior, possamos identificar possíveis contribuições pedagógicas que nos ajudem a refletir sobre a nossa educação. Palavras-chave:Makarenko. Educação de jovens. Educação social. 1. INTRODUÇÃO Neste trabalho apresentamos alguns resultados parciais de nossas investigações sobre as contribuições do autor Anton Makarenko para o campo educacional. Ele nasceu na Ucrânia, no final do séc. XIX, em 1º de março de 1888, e era filho de um pintor da construção civil e de uma dona de casa. Sua 68 Este artigo contém resultados parciais do Trabalho de Conclusão do Curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR), Campus de Paranavaí. 69 Acadêmica do 4º ano de Pedagogia da UNESPAR – Campus de Paranavaí. 70 Professora orientadora do Trabalho de Conclusão de Curso, Dra. em Educação (UFSC) e Membro do Colegiado do Curso de Pedagogia da UNESPAR, Campus de Paranavaí. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 252 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ infância e adolescência foram marcadas pelos conflitos próprios do período anterior à Revolução de 1917. Em sua trajetória pessoal teve uma ampla participação na vida política, defendendo alguns ideais caros à educação, como a educação para todos,o desenvolvimento da cultura e a participação dos movimentos sociais. Morreu no ano de 1939, no dia 1º de abril, com 51 anos, de um ataque cardíaco durante uma viagem de trem. Este autor elaborou algumas propostas pedagógicas que atenderam os estudantes russos de sua época. O público alvo de seu trabalho foram as crianças e os adolescentes que se encontravam em uma situação de abandono, tanto social como educacional. Suas ações no campo educacionaltinham o objetivo de tornar a educação algo prazeroso a eles, permitindo-lhes ver nos estudos uma esperança para um novo futuro. Acreditamos que as experiências que o autor vivenciou com esses alunos podem nos ajudar a problematizar algumas ações educativas destinadas ao público jovem, tanto aqueles em situação de risco e miséria social, quanto os próprios adolescentes de nossas trazemalgunselementos para questionarmos escolas. Suas experiências erepensarmos nossas questões educacionais. É necessário esclarecer de antemão que não estamos propondo a reprodução de suas experiências – que foram feitas em outro país, em um momento histórico distinto do nosso e atendendo a especificidades próprias –, para a realidade brasileira. Suas obras foram escritas em um período de grandes revoluções e de transformações históricas, para atender a problemáticas distintas das nossas. As crianças e os jovens tinham uma vida distinta e os problemas não eram os mesmos de nossa sociedade nos dias atuais. Este é o pressuposto de nossas análises. Para resgatarmos as contribuições do autor, estruturamos este artigo em dois momentos: no primeiro apresentamos a trajetória de Makarenkopara a construção de seu ambiente de trabalho pedagógico com estes educandos e no segundo apresentamos algumas estratégias pedagógicas que ele utilizou, bem como seus resultados. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 253 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ 2. OS PRIMEIROS PASSOS DE MAKARENKO PARA A COLÔNIA Makarenko começou seu trabalho na educação muito cedo, pois logo após ter estudado no curso dePedagogia começou a dar aulas em uma escola primária, aos 17 anos, para os filhos dos funcionários dos caminhos-de-ferro e para crianças que moravam pelos arredores. Apesar de ter dado início aos estudos de Pedagogia, ele não concluiu o curso de imediato. Só retomou-o depois de nove anos de trabalho, ingressando no Instituto Pedagógico de Poltava, em 1914, finalizando seus estudos em 1917. A sociedade russa passava então por um momento extremamente rico, complexo e difícil. Vivera as experiências da Primeira Guerra Mundial, quando então sua economia ficou totalmente desorganizada, além de protagonizar uma revolução socialista, em 1917.Segundo Branco (s/d), no sistema czarista que antecedeu a revolução russa de 1917, cerca de 80% da economia do país estava concentrada na agricultura, mas os trabalhadores rurais viviam em extrema miséria. Eles tinham que tirar boa parte do salário que recebiam para fazer o pagamento dos altos impostos cobrados por Nicolau II, que governava a Rússia de forma absolutista. Durante este período os poderes eram concentrados no governo, sem abertura para uma democracia na sociedade, o que levou a mesma a fazer manifestações em busca de mudanças. Por volta do ano de 1905, a Rússia foi marcada pelo chamado “Domingo Sangrento”, no qual Nicolau II mandou seu exército fuzilar todos os manifestantes, mostrando a violência de seu governo. Liderados por Vladimir Ilyich Ulyanov (1870-1924), mais conhecido como Lênin, os trabalhadores formaram uma nova organização, os Sovietes, com a qual começaram a preparar uma revolução socialista na Rússia, a fim de conseguir a queda do czarismo e a implantação do regime socialista. Mesmo com o país em ruínas e em situação de miséria, onde faltava tudo, desde alimentos até _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 254 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ empregos, Nicolau II inseriu a Rússia na Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Isso trouxe muitos gastos e os prejuízos só aumentaram a insatisfação da população com o czar, intensificando as greves no país. As manifestações pediam por mais democracia e o fim da monarquia, até que, em 1917, Nicolau II foi retirado do poder e, com governo provisório, Kerenski assumiu seu lugar. O país não teve muitas mudanças, como era esperado pela população, então o grupo liderado por Lênin organizou uma nova revolução, por volta de outubro de 1917. Branco (s/d) explica que, com essa revolução, Lênin assumiu o governo e fez a implantação do governo socialista. Ele redistribuiu as terras para a população, nacionalizou os bancos e passou as fábricas para os trabalhadores. No ano de 1918 Lênin também retirou seu país da Primeira Guerra Mundial e implantou um partido único no país, o Partido Comunista (PC). Com a mudança de governo foram feitas inúmeras reformas, mas o novo sistema adotado pelos russos não obtinha os resultados esperados, devido ao baixo desenvolvimento das forças produtivas do país. A fome e a miséria ainda atormentavam a população.Enquanto isso, os contrarrevolucionários tentavam tomar o poder para que essa nova sociedade não eliminasse o capitalismo. Houve resistência de muitos camponeses para repassar os produtos que eram produzidos em suas propriedades para o governo. Esse problema aliado aos doabastecimento ocasionou novas rebeliões internas. Lênin adotou então uma nova política econômica que, em 1921, com a revolução consolidada,recuperava elementos do capitalismo no Estado russo para solucionar e vencer os impasses econômicos (BRANCO, s/d). Diante das dificuldades reais de reprodução da vida, a fome assolava a maior parte do país e as crianças abandonadas amentavam cada vez mais, gerando um estado de calamidade nacional. Essas crianças eram encaminhadas para colônias organizadas para recebê-las. Foi neste momento que Makarenkotentou abrir uma dessas colônias, localizada perto de Poltava, na Rússia, para receber crianças abandonadas e jovens delinquentes. Ele ficou na _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 255 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ direção dessa colônia de 1920 a 1928. A colônia foi batizada como “Gorki”71, nome proposto pelo autor. A influência de Gorki sobre Makarenko recaiu em sua visão de homem, fazendo com que ele acreditasse em suas possibilidades, mesmo que ele estivesse o mais desesperado possível. Para Makarenko (1980, p. 6), a experiência pedagógica de Gorki tinha o sentido de “extinguir o mais possível do homem e respeitá-lo o mais possível”.O autor acreditava na mudança dos homens, mesmo com as dificuldades que ele pudesse passar em seu dia-a-dia, pois para ele todos seriam capazes de grandes transformações, desde que alguém auxiliasse nesse processo. Makarenko encontrou muitas dificuldades para abrir sua colônia para os que eram então chamados de “jovens ‘delinquentes”. Além da burocracia, que colocava inúmeros obstáculos para que ele desistisse de abrir sua colônia, praticamente ninguém acreditava que suas ideias poderiam dar certo. Isso porque os jovens que escolheu para atender em seu trabalho não tinham mais nada a perder. Ele lutou contra todas as dificuldades, até que conseguiu o apoio de um diretor de uma instituição pública, e por meio desse diretor ele acabou conseguindo outras pessoas influentes, que o ajudaram a abrir a colônia. No início, entretanto, em uma conversa requisitada pelo diretor da instituição pública do governo, Makarenko teve que dar explicações sobre a escola que pretendia abrir. Isso acabou respingando no Conselho da Economia Nacional do governo, que tentava então impedir a abertura da escola 71 Gorki era o pseudônimo de um escritor e jornalista cujo nome verdadeiro era AleksiéiMaksimovitchPiechkóv. (1868-1936). Ele nasceu em Nijini-Nóvgorod em 1868, e era filho de um estofador. Viveu até seus dez anos com seus avós maternos, fazendo pequenos serviços para se manter e frequentou a escola entre os anos de 1876 e 1877. Gorki trabalhou em uma sapataria, no escritório de um arquiteto e conviveu com um lavador de pratos em um navio do Volga. Na tentativa de entrar na universidade, em 1884 foi para Kazan, mas não conseguiu realizar seu desejo. Sem esperança, tentou o suicídio, com um ferimento a bala que perfurou o pulmão. Este evento acarretou uma tuberculose, que o faria sofrer até a morte. Quando Gorki regressou a Nijini-Nóvgorod, em 1890, foi preso por ser suspeito de atividades revolucionárias. Após sair da prisão começou a fazer suas andanças: ele atravessou a Ucrânia e em 1892 um jornal de Tiflis publicou seu primeiro conto, tornando-o conhecido em pouco tempo como escritor e jornalista. Gorki teve suas peças apresentadas na Rússia, estreando com muitas restrições feitas pela polícia. Sua morte em 1936 não ficou muito esclarecida, alguns dizem que ele foi envenenado, outros que ele estaria implicado em uma conspiração(SCHNAIDERMAN, s/d). _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 256 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ queMakarenko pretendia montar em um antigo abrigo, para funcionar como colônia. Sua proposta era de que os jovens estudariam durante o dia e poderiam sair à noite, caso eles quisessem. O autor procurava encontrar oportunidades para essesjovens, que eram mal vistos por não saberem o que queriam e por muitas vezes cometerem vandalismo nas instituições de estudo em que tiveram alguma passagem. O diretor a todo momento se colocava contra as ideias de criar um novo método de ensino para os jovens, mas Makarenko faz uma breve argumentação: “nada de colônia para jovens delinquentes, mas educação social” (MAKARENKO, 1980, p. 21). Ao ouvir suas argumentações, o diretor colocou em pauta o local onde o autor pretendia abrir sua colônia, mas Makarenko já tinha tudo planejado, o lugar e as condições para realizar o trabalho. Só faltava a ajuda do diretor, que ao ver todo o empenho do autor resolveu apoiá-lo em seu novo trabalho. Após conseguir esse aliado, com muito esforço, para auxiliá-lo em seu novo trabalho, Makarenko teve outra barreira para conquistar a sua colônia. O lugar que havia reservado para montá-la era um sítio,que antes fora utilizado como abrigo para jovens infratores, caracterizado por ter disciplinas rígidas. Como essa experiência educativa não mudara o comportamento dos jovens, o resultado foi o fechamento do abrigo. Makarenko não tinha noção de como estava a situação do local. Ao chegar assustou-se com a completa destruição em que se encontrava o lugar. O problema não era o vandalismo, não tinha nada depredado ou quebrado, mas tudo o que havia no sítio fora retirado e levado para os sítios vizinhos. As janelas foram retiradas, os móveis foram levados, sem se quebrar nenhum deles, o fogão foi desmontado e levado, e até as árvores de frutas que havia no pomar haviam sido retiradas e transplantadas para outro lugar, sem haver sequer uma árvore derrubada ao chão. Makarenko, andando pelo sítio, encontrou então o senhor KalinaIvanovtch, que era o contador do antigo abrigo. Com pouca conversa com Ivanovtch o autor percebeu que sua função como pedagogo começava com este homem. Isso porque ele perguntou para Makarenko, por várias vezes, se ele seria o diretor pedagógico ou o diretor da colônia. Foi possível perceber que ele não aceitaria _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 257 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ muito bem ser subordinado de Makarenko, embora soubesse que não tinha formação suficiente para estar na posição de diretor da nova colônia. O autor percebeu que Ivanovtch tinha uma grande força de vontade e prazer pela vida. Foi nesse momento que Makarenko decidiu lutar por este contador: “KalinaIvanovtch tornou-se o primeiro objeto da minha atividade educadora. O que sobretudo me tornava a tarefa difícil era encontrá-lo atafulhado das convicções mais diversas” (MAKARENKO, 1980, p. 24). Ele sabia que Ivanovtch poderia ser muito útil, mas era preciso trabalhar primeiro com ele para uma aceitação do contador quanto aos novos métodos da colônia. Depois de pensar por algum tempo, Ivanovtch foi conversar com Makarenko e colocar-se a disposição para trabalhar, aceitando ser subordinado de Makarenko. Este, por sua vez, mostrou para o contador que na colônia cada um teria sua função e que ele não seria um “menino de recados”, como havia pensado. Em dois meses Makarenko e Ivanovtch organizaram a colônia, arrumando os vidros, o fogão e as demais condições para funcionar. Nesse período eles conseguiram deixar dois barracões prontos para serem utilizados, mas as preocupações com a colônia só aumentavam. Isso porque não havia educadores para dar início às atividades pedagógicas. O autor entrou em desespero por não haver ninguém que quisesse trabalhar com ele para uma educação de novos homens. Makarenko começou a pensar que teria que fechar a colônia, abandonando seu projeto de construir um espaço onde pudesse exercer novos métodos de ensino-aprendizagem para jovens que não tinham mais esperanças. Para sua satisfação, dias depois chegam na colônia duas professoras, EkaterinaGrigorievna e Lídia Petrovna, que eram as novas auxiliares pedagógicas. Estas se colocaram à disposição desse novo trabalho, para educar os jovens que já não sabiam o que esperar do futuro ou mesmo se tinham um futuro para viver. Deram início aos trabalhos em 4 de dezembro de 1920, quando chegaram seus seis primeiros alunos. Assim que olhou as fichas dos jovens recém-chegados,Makarenko viu que dois deles tinham 18 anos e eram acusados de roubo à mão armada. Os outros mais novos eram acusados de roubo. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 258 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ O autor demonstrou que suas expectativas ficaram um pouco frustradas ao receber os jovens, que mais pareciam criminosos do que crianças e jovens abandonados. Como estavam muito arrumados, com as roupas da moda, com o máximo de estilo possível, não pareciam ser crianças carentes que passavam por sérias dificuldades em seu dia-a-dia. “Estavam magnificamente vestidos: calças de montar, botas de fantasia, cabelos à última moda. Não eram de forma nenhuma criança abandonada” (MAKARENKO, 1980, p. 26). Com a chegada dos jovens e o início do funcionamento da colônia todos os que trabalhavam para uma educação social já estavam com medo e desesperados, pois presenciavam constantemente a falta de respeito dos alunos e as atitudes criminosas feitas por eles no decorrer da noite, quando saiam para a cidade. Tudo isso assustava a todos os que trabalhavam ali, pois parecia que esses jovens não tinham muita noção de certo e errado e que tudo o que faziam não passava de um grande divertimento. Makarenko já não sabia o que fazer com os jovens. Os primeiros meses da nossa experiência não foram para mim e para os meus colegas apenas de um período de desespero e de tensão impotente, foram também passados a procura da verdade. Em toda a minha vida nunca li tantas obras pedagógicas como nesse inverno de 1920 (MAKARENKO, 1980, p. 29). Apesar de sentir uma grande impotência frente às atitudes de seus alunos ele não desistiu de lutar por uma educação social, para melhorar a vida desses jovens. Outros, em seu lugar, já teriam abandonado a colônia nos primeiros insultos, mas Makarenko se apoiava em obras pedagógicas para tentar melhorar a vida da colônia. Enquanto isso, seus funcionários já não aguentavam mais passar constantemente por insultos e falta de respeito. Todos os que trabalhavam com Makarenko pensavam em sair da colônia, por achar que não mereciam passar por tantas humilhações para que esses jovens pudessem ter uma educação social de qualidade. Isso porque consideravam que os próprios alunos _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 259 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ não se interessavam em mudar seu futuro. Ele, no entanto, persistia em suas leituras dos manuais pedagógicos, embora sem o sucesso esperado. O principal benefício que retirei dessas leituras foi a convicção, que de repente se transformou em certeza, de que elas não me punham nas mãos qualquer ciência e qualquer teoria e que era preciso retirar esta da soma dos fenômenos reais que se passam diante dos meus olhos. Nem sequer o compreendi a princípio, vi simplesmente que o que tinha a fazer não eram fórmulas livrescas, já que, de qualquer maneira, era incapaz de as aplicar aos fatos, mas tinha necessidade de análise imediato e de ação imediata (MAKARENKO, 1980, p. 30). O autor retirava de suas leituras um ensinamento: o de que as teorias na qual ele se apoiava não o ajudariam a transformar os jovens e nem davam ênfase na educação social. Ele teria que tomar atitudes imediatas perante as indisciplinas dos alunos e teria que fazer essa transformação sem seguir à risca o que diziam os livros pedagógicos. Começava então o novo desafio para o autor: construir uma relação educativa com estes jovens que possibilitasse a recuperação de seus valores sociais e humanos. Vejamos então a educação social que ele construiu nesse momento. 3.A PEDAGOGIA SOCIAL DE MAKARENKO No início dos trabalhos com esses jovens, no decorrer das semanas, as dificuldades iam aparecendo e se intensificavam, pois eles não tinham respeito por praticamente ninguém. Não pretendiam largar a vida de roubos e a colônia era vista como um castigo pelos erros que haviam cometido.Makarenko, todavia, não tinha montado a colônia com o objetivo de castigar ninguém, mas sim para proporcionar a esperança de uma nova vida para esses educandos. Ele começou então a tentar colocar em prática uma nova educação social, para que os jovens mudassem suas maneiras de viver e abandonassem os roubos. O autor encontrou muitas dificuldades, pois esses jovens queriam o caminho mais fácil e não acreditavam na possibilidade de mudanças. Como Makarenko observara que _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 260 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ não iria conseguir fazer mudanças seguindo suas leituras sobre as teorias pedagógicas vigentes, criou uma nova forma de praticar a educação social. Para Makarenko (1980), o método tradicional de educação não poderia ajudar e nem mesmo transformar as crianças das colônias. Isso porque elas chegavam indisciplinadas e acostumadas a viver em duras condições, nas quais imperava a lei do mais forte. A seu ver, para elas não importava a organização social ou a educação, pois o importante e mais urgente era garantir a própria sobrevivência. Essas crianças vinham de uma vivência social sem regras e muitos deles não tiveram acesso algum a uma boa educação. O autor elaborou então novos métodos para educar as crianças, para uma vida em coletividade, desenvolvendo suas responsabilidades para com todos os semelhantes. Para Makarenko o primordial era associar o trabalho coletivo com a educação, por isso em sua colônia a agricultura era importante e tinha que ter uma ótima organização. O caminho para a elaboração e implantação dessa proposta pedagógica, no entanto, não foi nada fácil. Os colonos entraram em diversos confrontos com Makarenko, por vários motivos. Cansado de não ser ouvido pelos jovens ele acabou perdendo a cabeça e brigou com um dos colonos. Em um determinado momento, a partir das diversas dificuldades de diálogo com os chamados “pupilos”, Makarenkoacabou se exaltando e deu uma bofetada em um dos jovens. Todos ficaram surpresos com a ação, mas depois disso os jovens começaram a olhar com outros olhos para o diretor da colônia. Para o autor isso não fora o correto, até mesmo porque ele poderia responder a um processo se os jovens o denunciassem, mas Makarenko já não se preocupava com isso, sua maior preocupação era colocar ordem na colônia, o que acabou funcionando bem. Ele mostrara para todos que dentro da colônia existiam regras a serem cumpridas e que todos teriam que respeitá-las para continuar vivendo lá. O problema do desrespeito e da indisciplina traziam sérios riscos à tarefa pretendida. Os funcionários da colônia, por exemplo, queriam abandonar Makarenko, pois não aguentavam mais a situação. Depois que _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 261 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Makarenkoconsegue fazer com que os colonos entendam a existência de uma hierarquia e de respeito por todos os que trabalham ali, e também por seus colegas, o clima na colônia começa a mudar. Os jovens começam a respeitar e obedecer aos funcionários e também começam a trabalhar, ajudando Makarenko a manter e melhorar a colônia. As dificuldades não acabavam, pois a comida era precária e faltavam roupas para os jovens. As autoridades não queriam apoiar e ajudar, pois o que podiam fazer já haviam feito,o que se restringia a abrir a colônia e não a mantê-la. Isso era problema dele. Makarenko não desanimou, foi em busca de doações para os jovens, para que eles pudessem ter o mínimo de conforto possível para conseguir trabalhar na colônia e estudar. Ele nunca desistiu de seus jovens e sempre acreditou na transformação do homem. Considerava que era preciso saber lidar com esses jovens, pois eles precisavam de alguém que acreditasse neles e que esperasse algo melhor deles. Makarenko fez exatamente isso, ele não obrigou ninguém a ficar em sua colônia, mas acreditou na possibilidade de mudar os que estavam ali. Os jovens percebiam que tinham a confiança de seu diretor e acabavam fazendo os serviços e se dedicando aos estudos,provavelmente para retribuir todos os cuidados que eles haviam recebido. As desavenças e dificuldades, porém, não acabavam. Makarenko sempre encontrava uma forma de descobrir a verdade, que era contada pelos próprios colonos. Com o passar do tempo a colônia foi aumentando e cada vez chegavam mais jovens que queriam fazer parte da colônia “Gorki”. Como resultado de todos os seus esforços, Makarenko conseguiu enviar um de seus colonos para a faculdade operária, o que foi uma grande vitória para todos da colônia. A experiência educativa do autor nos deixa alguns ensinamentos importantes sobre a formação humana da juventude atual e sobre o método de ensino que ele utilizou. Para alguns autores, seu método foi elaborado em condições especiais, mas pode ser transposto para outras situações educativas. Leudemann (2002, p. 24), por exemplo, concluiu que suas “teses nasceram da experiência em condições especiais, em colônia e comunas para infratores da lei, mas acreditava _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 262 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ que sua pedagogia podia ser aplicada tanto com estes quanto com os outros alunos”. Para Makarenko os métodos pedagógicos não podiam ser considerados bons ou ruins, o que determinava como utilizá-los. A escolha de um deles dependia das condições reais para as quais se destinavam. Makarenko acreditava que a pedagogia em que ele utilizava em sua colônia, destinada a estes jovens infratores, poderia ser utilizada também com outros alunos.O sucesso dessa experiência do autor foi muito grande e cada vez mais seu nome ganhava respeito entre todos, pela forma com que seus jovens eram educados e pelo respeito que todos eles passaram a ter para com as pessoas. Há inúmeras contribuições do autor para a tarefa educativa que precisam ser conhecidas na atualidade. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Estas investigações nos permitiram conhecer um pouco sobre a pedagogia social utilizada por Anton Makarenko no contexto da revolução russa, em um período de extremas dificuldades, provindo de várias guerras. O resultado desse processo histórico foi que muitos jovens ficaram abandonados, muitos deles por perderam os pais na guerra. Como não tinham para onde ir, acabavam ficando nas ruas e roubavam para conseguir se manter. Makarenko não aceitou essa situação, ele acreditava na transformação desses jovens epor isso deu inícioa seus trabalhos, abrindo uma colônia para abrigá-los e para garantir sua educação, já que eles não tinham escolaridade concluída. Apesar de encontrar muitos obstáculos e situações difíceis para resolver, como procuramos demonstrar aqui, nada disso o impediu de realizar seu sonho, que era transformar a vida desses seres humanos, que já haviam perdido a esperança de um futuro melhor. Makarenko utilizou seus estudos em pedagogia para educar esses jovens, mas somente as suas leituras foram insuficientes. Ele começou então a resolver as situações com o apoio em suas leituras, mas também considerando a _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 263 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ realidade em que os jovens se encontravam. A partir dessas leituras iniciais, acreditamos que em nossos dias podemos aproveitar algumas das contribuições da educação social proposta por Makarenko. Um dos ensinamentos importantes é no sentido de que sua proposta pedagógica acreditou na possibilidade de desenvolvimento de seus educandos. Ele apostou na mudança dos jovens, cuja história era bastante complexa e difícil, construindo gradativamente o respeito mútuo e conquistando sua confiança. Ao demonstrar que acreditava nesses jovens e nos trabalhos que cada um desenvolvia dentro da colônia, Makarenko uniu a atividade educativa com uma forma de trabalho que propunha a divisão coletiva de seus resultados, numa sociedade que vivia a transição socialista. Mesmo com tantos problemas decorrentes dessa realidade contraditória, ele não desistiu e sua perseverança com esse trabalho deu muitos frutos. Os jovens aprenderam a respeitar, a trabalhar coletivamente e terminaram os estudos básicos. Ele também conseguiu mandar para a faculdade operária uma de suas jovens, que embora não obtivesse o resultado esperado, representou uma grande conquista alcançada através de sua pedagogia social. Estes são os elementos iniciais que resgatamos de sua contribuição para começarmos a analisar sua contribuição para a história da pedagogia. REFERÊNCIAS BRANCO, Eustáquio Lagoeiro Castelo, A Revolução Russa de 1917, s/d. Disponível em: <www.eduquenet.net/revolucaorussa.htm>. Acesso em: 23 jun 2014. LEUDEMANN, Cecília da Silveira. Anton Makarenko. Vida e obra: a pedagogia na revolução. São Paulo: Expressão Popular, 2002. MAKARENKO, Anton. Poema Pedagógico. Portugal: Livros Horizontes, 1980. SCHNAIDERMAN, Boris. Máximo Gorki, s/d. disponível em: <http://www.lpmeditores.com.br>. Acesso em: 03 ago. 2014. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 264 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ APRENDENDO A LUDICIDADE POR MEIO DE INTERVENÇÕES NO PIBID 72 SOUZA, Giovanna Meira 73 BRASIL, Jéssica de Lima² PEREIRA, Cássia Regina de Lima 74 Resumo: O presente artigo tem como finalidade expor a experiência que nós acadêmicas estamos vivenciando por meio do Programa Institucional de Bolsa de Inovação á Docência – PIBID, na Escola Municipal Professora Noêmia Ribeiro do Amaral. Como futuras docentes, trabalhando o lúdico em sala de aula, objetivamos o desenvolvimento intelectual e social do aluno de forma prazerosa. O PIBID vem possibilitando a ampliação de nossos conhecimentos teórico-metodológicos, para a realização de atividades em sala de aula. O processo educativo exercido por meio dos procedimentos envolvendo a ludicidade em sala concorre para a aprendizagem dos alunos das series iniciais se efetive. Palavras – Chaves: Criança. Lúdico. Aprendizagem. Desenvolvimento. INTRODUÇÃO Este trabalho tem como objetivo evidenciar a importância de brincar, jogar e ler na escola levando as crianças a exporem seu imaginário se divertindo e, sobretudo aprendendo. Para tanto, pretendemos mostrar que no planejamento seja incluído o jogo como recurso didático em sala de aula, trabalhando com os materiais que são distribuídos pelo Ministério de Educação, os quais, contem subsídios para o desenvolvimento intelectual do aluno. Ressaltamos também com artigo a importância de se desenvolver atividades com diferentes grupos em sala de aula, com a inclusão de alunos com deficiência, visual, auditiva, motora ou intelectual, crianças que possuem 72 Trabalho de realizado durante a participação das acadêmicas no Programa de Iniciação a Docência-PIBID da FAFIPA, com o apoio da CAPES, no período de 2014 ² Acadêmicas do 3º ano de Pedagogia da Universidade Estadual do Paraná- Campus Paranavaí ³ Professora Me., Colegiado de Pedagogia da UNESPAR, Campus Paranavaí, Coordenadora do Subprojeto de Pedagogia PIBID/CAPES. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 265 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ dificuldades de aprendizagem em sala de aula, até mesmo com hiperatividade. Esses precisam de um atendimento especializado. Com o lúdico trabalhado em sala, o desenvolvimento de alunos com dificuldades sejam quais forem, melhora enormemente, em razão da forma como a atividade é conduzida. A vivência que estamos tendo na Escola Municipal Professora Noêmia Ribeiro do Amaral possibilita observarmos que não há uma matéria específica para estar inserindo o lúdico em sala de aula, a ludicidade pode ser desenvolvida tanto no cálculo, quanto na escrita e leitura do cotidiano do aluno. Na primeira sessão do artigo ressalta-se a importância do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência (PIBID), no qual nós bolsistas estamos inseridas, destacando as finalidades do projeto, que neste ano será voltado à aprendizagem de forma lúdica, desenvolvendo um trabalho diferenciado no âmbito escolar. A segunda sessão dá ênfase às experiências vivenciadas no projeto, ou seja, a prática que tivemos no ano de 2014, na Escola Municipal Prof.ª Noêmia Ribeiro do Amaral. Por fim, na última sessão a importância de trabalhar o lúdico nos anos iniciais, especificando que é o primeiro contato que os alunos têm perante as disciplinas, envolvendo, matemática, língua portuguesa, geografia, entre outras. A proposta do PIBID foi voltada ao cálculo, escrita e leitura, conteúdos em que os alunos encontram mais dificuldade. Para que aprendam de forma diferenciada introduzimos planos de ação de maneira lúdica. Segundo Emerique (2004), o processo de aprendizagem pode ser visto como uma grande brincadeira, despertando o interesse e o raciocínio, tanto da criança quanto do adulto, estimulando sua curiosidade e o desejo pela descoberta. Portanto, o projeto PIBID busca visar esse incentivo de descoberta para a aprendizagem, fazendo um trabalho diversificado do que o aluno vê em sala de aula. 1. PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA PIBID _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 266 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação a Docência-PIBID, é um projeto que busca promover à iniciação a docência dos acadêmicos dos cursos de licenciatura, para que esses futuros professores possam atuar nas escolas de educação básica da rede pública. O projeto busca estimular os futuros professores para que esses conciliem a teoria apresentada no decorrer dos cursos de licenciatura, colocando em prática nas vivencias do projeto, tendo uma aproximação e compreensão da realidade vivida em sala de aula. Desta forma, o PIBID não busca somente a melhoria na formação dos futuros professores, mas também ajudar na formação dos alunos e das escolas contempladas com o projeto. O PIBID tem como finalidade também estar abrindo portas para nós licenciados estar visando a teoria e a prática em um âmbito escolar, nos traz conhecimento e participação da experiência metodológica, tendo um método inovador em sala de aula transmitindo conhecimento e aprendizado através da ludicidade nas escolas. Segundo Sommerhalder e Alves (2011): O jogo traz consigo elementos de nossa identidade pessoal e coletiva. Assim como nós inventamos, criamos, transformamos e/ou reproduzimos uma infinidade de jogos e brincadeiras, também somos inventados, (re)criados, transformados por eles. Nesse sentido, o valor do jogo (assim como de outros elementos da cultura) para nossa aprendizagem e desenvolvimento é inestimável. (p.12). A proposta tem como objetivo trabalhar a ludicidade frente os problemas nas disciplinas de matemática e língua portuguesa, envolvendo cálculo, escrita e leitura. O lúdico permite que as crianças tenham um desenvolvimento global e uma visão de mundo mais real, mediante das descobertas e da criatividade, a criança pode se expressar e transformar a realidade. [...] uma necessidade do ser humano em qualquer idade e não pode ser vista apenas como diversão. O desenvolvimento do aspecto lúdico facilita a aprendizagem, o desenvolvimento pessoal, social e cultural, colabora para uma boa saúde mental, prepara para um estado interior fértil, facilita os processos de socialização, comunicação, expressão e construção de conhecimento (SANTOS 2002, p.12). _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 267 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Nesse sentido, introduzimos o conteúdo, nas práticas vivenciadas, neste ano de dois mil e quatorze, cuja experiência passa a ser relatada. 2. EXPERIÊNCIAS NO PROJETO O PIBID vem propiciando a nós acadêmicos dos cursos de licenciatura um contato direto com a realidade das escolas públicas, onde futuramente podemos exercer a profissão. Neste contexto, hoje, desenvolvemos atividades, orientações, experiências em geral, agregando tudo isso à nossa formação. Nosso trabalho é desenvolvido em um grupo com quatro acadêmicas do curso de Pedagogia: uma acadêmica do 2º ano (Jessica Orejana), duas do 3° (Giovanna Meira e Jessica de Lima) e uma do 4° (Larissa Amaral), juntamente com a Supervisora Alexssandra Rodrigues, na escola Noêmia Ribeiro do Amaral, onde o projeto vem sendo aplicado nas sextas-feiras, no período matutino, cumprindo 12 horas semanalmente. Os planos de aula são elaborados pelo grupo e, em seguida encaminhado à supervisora para correção. Esses são elaborados baseados em histórias infantis, envolvendo a contação de histórias e, em seguida trabalhada com atividades e brincadeiras. Ao longo da prática desenvolvida no projeto, aprendemos a trabalhar em grupo, facilitando nossa convivência como futuras pedagogas, e no âmbito acadêmico também. Este é o primeiro ano que participamos do Programa Institucional de Bolsa de Inovação á Docência, no entanto, vimos que é um programa de suma importância para aprimorar nossos conhecimentos e qualidades. O projeto não só nos dá base na área a ser trabalhada, como na área de metodologia científica: desenvolver artigos, relatórios, planejamentos de aula etc. Neste ano participaremos de vários eventos para apresentações dos trabalhos do grupo, o que valoriza nosso trabalho. É uma oportunidade única para expor tudo que aprendemos e desenvolvemos no projeto. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 268 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Os estudos nos possibilita ressaltar a importância do lúdico a ser trabalhado nas series iniciais, para uma melhor compreensão e formação dos alunos. 3. IMPORTÂNCIA DE TRABALHAR O LÚDICO NOS ANOS INICIAIS O educador precisa compreender o significado e a importância de suas atividades, estimulando o brincar nos projetos educativos das escolas, tendo assim consciência de sua ação em relação à aprendizagem e o desenvolvimento infantil. No decorrer das atividades desenvolvidas no projeto, podemos observar o quanto a ludicidade vem sendo importante para o desenvolvimento das crianças nos anos inicias. Esta se torna uma forma prazerosa de fazer com que a criança aprenda a ler, escrever e calcular. O lúdico permite uma visão mais ampla do mundo mais real para criança, através das atividades desenvolvidas por meio da ludicidade em sala de aula. Dar visibilidade à ludicidade na escola é perceber a criança como um ser que possui uma linguagem própria de expressão, é permitir-lhe experienciar um envolvimento mais profundo com que está sendo proposto (BONFIM, 2010, p. 21). As formas que trabalhamos no projeto abre uma visão ampla para o conhecimento do aluno. Constitui um meio para estarmos observando o mundo de fantasia deles, acaba instigando a criatividade do universo infantil e a arte de criar. Percebemos que por meio das brincadeiras a criança interage com o ambiente em que se encontra, construindo um novo significado utilizando seu potencial intelectual. A atividade pode ser considerada lúdica quando o sujeito não está somente sentindo prazer na realização, mas quando se encontra inteiro, ou seja, quando sentimentos, pensamentos e ações estão agindo de forma integrada e não fragmentada no momento _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 269 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ presente da atividade desenvolvida. Assim, ao ouvir uma música que transmite uma sensação de prazer e bem estar, de reflexão sobre a vida e nos permite a construção de novos olhares em relação à realidade, pode-se considerar que o ato de ouvir a música se constituiu em uma experiência lúdica. (CANDA, 2006, p. 140) Vygotsky (1984, p.39) diz que: “é através do jogo que a criança aprende a agir, sua curiosidade é estimulada, adquire iniciativa e autoconfiança, proporciona o desenvolvimento da linguagem, pensamento, interação e da concentração.” Podemos perceber que o lúdico possibilita para a criança uma relação entre o imaginário e o real, mobiliza o desejo inconsciente o transformando em desejo do saber, na construção do conhecimento. [...] penso que o próprio processo de aprendizagem pode ser visto como uma grande brincadeira de esconde-esconde ou de caça ao tesouro: tanto uma criança pré-escolar brincando num tanque de areia quanto um cientista pesquisando no laboratório de uma universidade estão lidando com sua curiosidade, com o desejo da descoberta, com a superação do não saber, com a busca do novo, que sustentam a construção de novos saberes (EMERIQUE, 2004, p.4). Desde o começo do ano, ponto de partida no PIBID, realizado na instituição de ensino Escola Municipal Professora Noêmia Ribeiro do Amaral E.I.E.F, estamos realizando planos de aula, envolvendo sempre ludicidade nas atividades realizadas em sala de aula, para melhor compreensão da criança. A partir daí passamos a ver o quanto é importante o lúdico na aprendizagem da criança, como no cotidiano. A vontade de aprender dos alunos aumentou com o lúdico em nossas aulas. Os próprios alunos dizem que esperam a semana inteira para a aplicação do nosso projeto, pois as aulas são divertidas e dinâmicas. Esses demonstram que querem mais aprendizagem, se mostrando mais atentos e participativos nas aulas. Uma realidade desejada por muitos educadores. Será que os professores buscam trabalhar formas diferenciadas com seus alunos, inserindo, jogos, dinâmicas, leituras e brincadeiras frente ao conteúdo trabalhado em sala, para se sair da rotina do copiar do quadro? _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 270 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ A brincadeira cria para as crianças uma zona de desenvolvimento proximal que não é outra coisa senão a distancia entre o nível atual de desenvolvimento, determinado pela capacidade de resolver independentemente um problema, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da resolução de um problema, sob orientação de um adulto, ou de um companheiro mais capaz (VYGOTSKY, 1984. p. 97). Cabe a nós futuras pedagogas, acadêmicas e bolsistas, transmitir a importância do lúdico, para a aprendizagem educacional e social da criança. Uma atividade não bem sucedida leva ao esquecimento da criança, devemos estimulála para que se envolva com o que nós professores propomos para o seu desenvolvimento. 3.1 COMO INSERIR O LÚDICO POR MEIO DO CÁLCULO, ESCRITA E LEITURA NOS ANOS INICIAS. No projeto realizado na Escola Municipal Professora Noêmia Ribeiro do Amaral E.I.E.F, buscamos diversas formas para introduzir o lúdico nas áreas do conhecimento. Para apresentar as atividades de forma lúdica em sala de aula, estudamos, recorrendo a autores que discutem a ludicidade. Observamos que muitos professores deixaram de agir de forma lúdica em sala de aula, o que acaba desmotivando o aluno que está na idade de brincadeiras e jogos. Snyders (1996, p.36) comenta, “Educar é ir em direção à alegria.” Ou seja, devemos buscar atividades que desenvolva o imaginário da criança, uma forma prazerosa para trabalhar. É de responsabilidade do professor, dos anos iniciais como 1º e 2º ano, trabalhar o intelectual e o social dos alunos, de forma que eles compreendam o que está sendo transmitido. Preparamos atividades que desenvolvam o raciocínio da criança tanto para a escrita, cálculo e leitura, por meio de jogos e brincadeiras: envolvendo _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 271 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ bexigas com numeral; tinta guache; manuseio de letras, atividades envolvendo a coordenação da criança. Diferentes jogos matemáticos que requerem raciocínio e concentração do aluno, como: disputa entre dois alunos ou entre pares; jogo em que se joga sozinho como quebra cabeça de movimentação e montagem de peças; desafios envolvendo cálculos, lembrando sempre que atividades lúdicas têm a ver com o mundo da criança. O Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil aponta que: Educar significa, portanto, propiciar situações de cuidado, brincadeiras e aprendizagem orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal de ser e estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e confiança, e o acesso, pelas crianças aos conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural’. (BRASIL, 1998, p. 23, v.01). Para desenvolver a escrita e leitura das crianças buscamos apoio em livros de literatura infantil, onde o grupo teve a ideia de apresentar a eles um baú encantado, aonde se encontravam diversos livros infantis. Em cada quinzena renovamos nosso planejamento. Apresentamos o baú, realizamos um teatro para explicitar o que será trabalhado no decorrer das aulas. Esta forma de trabalho acabou se tornando uma deliciosa forma de incentivar os alunos à leitura e escrita. Há diversos recursos para se apresentar uma história como a simples narrativa, narrativa com auxilio de um livro usa de gravuras, flanelógrafo, desenhos ou ainda, com a interferência do narrador e dos ouvintes (COELHO, 2002, p.31). Jogos ou atividades que envolvam a parte fonológica tornam-se importantes instrumentos para a aprendizagem da criança, tanto, nas palavras e suas dimensões, não só na semântica como na parte sonora também. Precisamos, como futuras docentes, saber aproveitar esses diferentes estilos de jogos que desenvolvem a aprendizagem da criança em sala de aula, lembrando sempre que devemos realizar alterações nos jogos ou atividades _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 272 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ lúdicas, caso haja algum aluno com deficiência, para que não seja excluído em nenhum momento da atividade realizada. Considerações finais No transcorrer do artigo procuramos apresentar a importância de introduzir brincadeiras e jogos, que envolvam a leitura, o cálculo e a escrita na escola, levando os alunos a imaginar, sonhar e divertir-se, trabalhando o desenvolvimento integral da criança. Por meio do lúdico é possível o desenvolvimento intelectual e social da criança e o PIBID vem possibilitando este trabalho na escola. A ludicidade possibilita um desenvolvimento sadio e harmonioso. Observamos que por meio das atividades realizadas em sala de aula, envolvendo o lúdico estimulamos a sensibilidade auditiva e visual da criança, como também habilidades motoras, criatividade, enfim caminhando de forma integral no processo escolar. REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil/Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. - Brasília: MEC/SEF, 1998, volume: 1. BONFIM, Patricia Vieira. A criança de seis anos no ensino fundamental: uniduni-tê...corporeidade e ludicidade – mais que uma rima, um porquê. 2010. 153 p. Dissertação (mestrado em Educação). Programa de Pós-Graduação Processos Socioeducativos e Praticas Escolares. Departamento de Ciências da Educação. Universidade Federal de São João del-Rei, São João del-Rei,2010. CANDA, Cilene Nascimento. As Atividades Lúdicas na Alfabetização PolíticoEstética de Jovens e Adultos. Revista da FAEEBA – Educação e Contemporaneidade, Salvador. v.15, n. 25, jan./jun. 2006. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 273 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ COELHO, Betty. Contar histórias, uma arte sem idade. 10ª ed. São Paulo: Ática, 2002. EMERIQUE, P.S. Brincaprende: dicas lúdicas para pais e professores. Campinas: Papirus, 2003. SANTOS, Santa Marli Pires dos. O lúdico na formação do educador. 5 ed. Vozes, Petrópolis, 2002. SNEYDERS, Georges. Alunos felizes. São Paulo: Paz e Terra, 1996. SOMMERHALDER, ALINE. Jogo e a educação infância: muito prazer em aprender/ Aline Sommerhalder, Fernando Donizete Alves. – 1.ed.-Curitiba, PR: CRV, 2011. VYGOTSKY, L. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1984. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 274 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ AS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO COMO RECURSO PEDAGÓGICO NO ENSINO FUNDAMENTAL75 KUSIAK, Carla Fernanda 76 SILVA, Rosangela Trabuco M. Da Silva77 Resumo: Este trabalho propõe-se a fazer um estudo sobre a utilização das tecnologias da informação nas escolas de Ensino Fundamental. Tem como objetivo principal identificar quais os recursos tecnológicos utilizados na escola pelos professores, verificando sua importância para o ensino aprendizagem (como meio para auxiliar ao professor). Ametodologia utilizada é a pesquisa bibliográfica, de caráter qualitativo pautada em Scuisato(2008),Altoé(2005), Teruya(2005), Silva (2005), dentre outros, e pesquisa de campo em duas escolas de Ensino Fundamental da cidade de Paranavaí, sendo uma pública e outra privada. Neste contexto busca-se conceituar e reconhecer as tecnologias da informação, verificando se estão e como estão sendo utilizadas como recursos pedagógicos em sala de aula. Na sequência destaca o papel do professor mediador, que deve utilizar a mídia para enriquecer suas aulas, tornando o seu conteúdo significativo. Ao final deste estudo, espera-se oferecer um referencial teórico aos educadores, para que percebam que o trabalha em sala de aula, deve ser realizado em parceria com o professor. Ambos são detentores de conhecimento e experiências que podem e devem ser compartilhadas. Palavras-chave: Tecnologias da Informação. Recurso Pedagógico. Mediação. Aprendizagem. 1. INTRODUÇÃO Diante do contexto da sociedade atual, entende-se que as tecnologias da informação estão presentes na vida das pessoas, inclusive nas escolas: alunos, professores, funcionários, pais dentre outros. Como destaca Altoé (2005, p.14) 75 Trabalho de Conclusão de Curso - Pedagogia. Acadêmica do 4º ano de Pedagogia da UNESPAR- Campus Paranavaí-PR 77 Professora Orientadora Ms em Educação e Membro do Colegiado do Curso de Pedagogia da UNESPAR-Campus de Paranavaí-PR 76 _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 275 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ “[...] as tecnologias estão presentes em todos os lugares e em todas as atividades que realizamos. Isso significa que para executar qualquer atividade necessitamos de produtos e equipamentos [...]” (ALTOÉ, 2005, p.14). Os professores não podem ficar a mercê desta realidade, devendo utilizar estes recursos em sala de aula, promovendo um ensino significativo. Desta forma, este trabalho visa valorizar a utilização das tecnologias da informação nas escolas, destacando a necessidade de um ensino interdisciplinar que contribua para a formação crítica e participativa dos sujeitos em sociedade. Na sociedade capitalista,novas tecnologias surgem a todo momento, o que ontem ainda era novo, hoje passa a não ser mais. Televisões, rádios, internet, redes sociais, computadores, aplicativos e softwares, são atualizados constantemente facilitando ainda mais a vida das pessoas. Diante destas questões, pode-se indagar: Como utilizar de forma qualitativa esses recursos no processo de ensino aprendizagem? Será que os profissionais da educação estão preparados para utilizar e ensinar a usar esses recursos? Em busca destas e outras respostas, este trabalho será desenvolvido. Parte-se do pressuposto que existe a necessidade de associar novas tecnologias da informação à educação, e que o professor tem um papel fundamental neste processo, pois fica a cargo dele orientar e mediar o conhecimento nesta área. “[...] é chegado o momento de nós, profissionais da educação, que temos o conhecimento e a informação como nossas matérias primas, enfrentarmos as mudanças – com novos objetivos, que exigem novas ideias e novas competências.” (SCUISATO, 2008, p. 5). Diante do exposto, este estudo tem por objetivo, conceituar o termo Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), destacando suaimportância dentro do processo de ensino aprendizagem, ressaltando o papel fundamental do professor neste aspecto, o de mediador. Ainda, por meio de pesquisa de campo, busca verificar seesses recursos tecnológicos vem sendo utilizados dentro das instituições de ensino.Ao final deste estudo espera-se contribuir para que profissionais da educação possam compreender que uma aula interativa torna o conteúdo mais significativo e permanente ao aluno. Buscando esclarecer também _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 276 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ que a mediação é o propulsor para que este ensino aconteça de maneira eficaz, sugerindo formas para que estes recursos venham a ser utilizados, e não apenasocupar um tempo livre ou de distração e entretenimento. 2. CONCEITOS E ELEMENTOS HISTÓRICOS As novas tecnologias invadem o cotidiano das pessoas. Basta querer saber uma notícia previsão do tempo, ouresultado de algum jogo que em um simples toque ou acesso à internet, terá tudo em suas mãos. Os indivíduos estão acostumados à presença desses instrumentos no dia a dia, que os incorporam nos hábitos diários. Essa evolução pode ser observada na sociedade, onde pessoas de todas as classes econômicas também estão habituadas a utilizá-los em sua rotina. A imaginação, que antes era vivida pelas crianças durante as brincadeiras,atualmente é vivenciada virtualmente.É claro que o homem tem muitas facilidades graças ao desenvolvimento da ciência e da tecnologia. Mas nem sempre foi assim. Isso não ocorreu tão rápido quanto se pensa e é fruto de uma construção histórica. Ao revisitar a história dos homens brevemente, pode-se depreender que no período pré-histórico, as tecnologias inventadas eram rudimentares, as ferramentas de caça eram feitas com paus, pedras e ossos (ALTOÉ; SILVA 2005). As tecnologias estão presentes em todas as épocas da evolução humana. Com o passar do tempo, os homens foram evoluindo e assim também as suas ferramentas e tecnologias foram aperfeiçoadas, conforme a necessidade do trabalho e com o contexto histórico que estavam inseridos. Alto é Silva(2005)contextualizam algumas invenções que mudaram o mundo em diferentes épocas. A luz elétrica e a lâmpada incandescente, por exemplo, hoje são objetos acessíveis a maioria das pessoas. Coisas comuns do dia a dia da _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 277 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ população, mas ao ser inventada possibilitou ao mundo o desenvolvimento da indústria e revolucionou o estilo de vida dos indivíduos daquela época. Altoé e Silva(2005) citam também, a fotografia e o filme, onde um dependeu do desenvolvimento do outro para se constituir. Outros como o cinema, o telefone, a televisão, o vídeo, o computador, o satélite e a internet, também foram idealizados com objetivos diferentes, seja para fins militares ou apenas para desenvolvimento do país, serviram para, além disso, facilitar a vida da população em diferentes épocas. Vale ressaltar que direta ou indiretamente todas essas invenções são ou podem ser utilizadas dentro da sala de aula. Trabalhando de forma interdisciplinar o professor mediador por meio do cinema, do vídeo e da internet pode trabalhar os conteúdos científicos, como também propor uma pesquisa histórica de como esse desenvolvimento ocorreu em diferentes tempos cronológicos, ou ainda em um estudo mais minucioso, observar a estrutura química e física que está por traz de cada elemento utilizado. As tecnologias como forma de se obter algum resultado cientifico, começaram a ser utilizadas na década de 1940, “[...] foi utilizada visando formar especialistas militares durante a Segunda Guerra Mundial, sendo desenvolvidos cursos com o auxilio de ferramentas audiovisuais.” (ALTOÉ; SILVA 2005 p.6).. Dentro do currículo escolar, “[...] a tecnologia educacional surgiu nos estudos de educação Audiovisual da Universidade de Indiana, em 1946[...] [...]desde então tem sido uma área permanente de investigações”.(ALTOÉ; SILVA, 2005, p.6). De acordo com as autoras Dorigoni; Silva (s/d), a educação para as mídias, [...] como perspectivas de um novo campo de sabervem se desenvolvendo desde os anos de 1970 no mundo inteiro com o objetivo de formar usuários ativos, criativos, críticos de todas as tecnologias de informação e comunicação.( DORIGONI; SILVA, S/D, p.1). Diante a este impasse, a escola se vê perante a um dilema: como educar o aluno para utilizar esses instrumentos tecnológicos não apenas como consumidores mais como cidadãos críticos. Écompreender que, todas as Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), citadas até aqui, são _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 278 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ instrumentos a serem utilizados e mediados pelo professor, não podendo substituir o papel do mesmo, principalmente no Ensino Fundamental. Cabendo a escola introduzir em seu currículo a criatividade, como forma de instruir o aluno a solucionar problemas científicos e tecnológicos que surgem a todo momento em uma sociedade em desenvolvimento. Todo inventor, até mesmo um gênio, é sempre consequência de seu tempo e ambiente. Sua criatividade deriva das necessidades que foram antes criadas dele e baseia-se nas possibilidadesque, uma vez mais, existem fora dele. É por isso que observamos uma continuidade rigorosa no desenvolvimento histórico da tecnologia e da ciência. Nenhuma invenção ou descoberta científica aparece antes de serem criadas as condições materiais e psicológicas necessárias para o seu surgimento. A criatividade é um processo historicamente contínuo em que cada forma seguinte é determinada pelas precedentes. (VYGOTSKY apudFONSECA, s/d p.7) Neste contexto questiona-se se as escolas estão utilizando as tecnologias da educação nas aulas, e se isso ocorre, o papel do professor em mediar o conhecimento científico propalado por estas tecnologias, está sendo realizado dentro da sala de aula? 3. AS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E A EDUCAÇÃO: O PAPEL DO PROFESSOR Diante do exposto, percebe-se que a sociedade tem se modificado na velocidade das tecnologias da informação, mas a escola caminha a passos lentos. “A maioria das escolas públicas brasileiras de todos os níveis conta apenas com os recursos tradicionais que não vão além dos livros, cadernos e a lousa e o giz” (SCUISATO, 2008, p.9). Estas tecnologias, já não atendem ao nível de desenvolvimento das pessoas que estão inseridas nesta sociedade(percebese que esta realidade não é exclusiva das escolas da rede pública). Conforme Scuisato(2008), o que falta,muitas vezes, tanto na escola pública, quanto na _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 279 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ escola privada, é um trabalho diferenciado do professor que atenda esta demanda. Neste sentido, é preciso entender que o aluno pautado no modelo de escola reprodutora, mecanicista e tradicional, não existe mais.O aluno presente nas escolas da atualidade é diferente, ele atua e interage com as tecnologias da informação e o professor deve se atualizar, “[...] reaprendendo a comunicar-se, a ensinar e aprender, a integrar o humano e o tecnológico” (SCUISATO, 2008, p.21). Quando a escola não é atrativa, podem surgir conflitos em sala de aula como indisciplina e desinteresse. Muitos de nossos alunos já têm grandes conhecimentos tecnológicos, pois relógio digital, calculadoras eletrônicas, forno de micro-ondas, vídeos games, CD, celulares fazem parte do seu dia a dia, além de estarem ligados na internet e participarem de sala de conversas virtuais e jogos no computador (SCUISATO, 2008, p.12). As mídias eletrônicas e as tecnologias de informação transformaram as práticas de leitura, escrita e assimilação de conhecimento da atualidade.A entrada desses meios tecnológicos nas instituições de ensinocontribuem para que surjam novas formas de ensino aprendizagem, interligando o conhecimento científico, às práticas do dia a dia, como o uso de computador, Tv- pendrive, data show, etantas outras mídias. Diante desta realidade, entende-seque o papel do professor deverá ser repensado, pois estas tecnologias da informação podem contribuir para interligar esse aluno superconectado ao mundo, também a sua sala de aula. O professor será o mediador entre essas duas esferas. De um lado o aluno, cujo osmeios tecnológicos fazem parte de sua vida, e do outro um conteúdo a ser transmitido, estando nas mãos do professor usar ou não os recursos tecnológicos ao seu favor.“Nesta perspectiva, o aluno trabalha em parceria com o professor. Ambos são detentores de conhecimentos e experiências que podem e devem ser partilhados” (ANDRADE, 2012, p. 54). Conforme Altoé e Silva (2005) há ainda programas do governo brasileiro, que por meio do MEC, incentiva o uso de novas tecnologias nas escolas, para _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 280 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ aformação continuada dos professores, pelo programa TV Escola. “No Brasil, o uso das tecnologias na educação esteve primeiramente voltado para o ensino a distância” (ALTOÉ, SILVA, 2005, p.20), sendo realizados projetos como experiências educativas, somente depois começou a ser implantado, vagarosamente nas salas de aula do Ensino Fundamental e Médio. [...] a incorporação dessas tecnologias pelas escolas e pelo professor enfrentou e continua enfrentando alguns problemas relacionados á resistência de grande parte dos professores em adotar programas que utilizem os recursos tecnológicos nos processos de ensino aprendizagem. Esses recursos tecnológicos existem em grande parte nas escolas, mas estão guardados em local seguro, geralmente trancados [...] (SCUISATO, 2008, p14.). Quando se pensa em tecnologias de informação, o que logo vem a nossa mente é a utilização de computadores interligados e uma conexão, internet. Este recurso presente em muitas escolas da rede publica do Brasil, “[...] possibilita o acesso rápido às informações atualizadas, permitindo também a troca de informações e debates por meio de grupos de discussão” (TERUYA, 2005,p.27). Este recurso disponibiliza conteúdo para educadores e para alunos, facilitando assim a aprendizagem. Neste contexto o papel do professor é fundamental devendo contextualizar e fundamentar esses saberes adquiridos. A simples inclusão de meios tecnológicos a sala de aula, não a torna mais atrativa ou o conteúdo mais fácil, “[...] mas se a proposta de trabalho for interessante e o ambiente de aprendizagem desafiador, os alunos participam com empenho e interesse pelo conhecimento.” (TERUYA, 2005, p.27). Diante das novas tecnologias e informações atualizadas constantemente, e a utilização desse conhecimento dentro da escola, o professor deve assumir um papel critico, selecionando o que deve e pode ser aproveitado e o que não cabe a uma sala de aula, orientando assim também os alunos, mostrando que nem todas as fontes são confiáveis. Teruya (2005) cita os Parâmetros Curriculares Nacionais (1998), onde o conhecimento é adquirido por meio das mais diversas informações presentes no cotidiano, mas o acesso a esses conteúdos não significa necessariamente _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 281 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ adquirir conhecimento tornando o ser humano qualificado a interagir criticamente em seu contexto social. O indivíduo está sujeito diariamente a muitas informações, e a memória não consegue absorver todo esse conteúdo, ficando o pensamento a mercê das informações não fazendo abstrações mais complexas. Os professores deparam-se com alunos que chegam às escolas com uma visão de mundo deformada, não sabendo questionar ou pensar, apenas aceitando aquilo que lêem, vêem ou escutam. De uma forma geral, as tecnologias trazem informações que não contribuem para a formação integral do indivíduo, cabendoao professor levar os alunos a questionarem sempre o que está sendo veiculado pela mídia, não a tomando como a sua única verdade. “Neste sentido, as novas tecnologias seriam um passo para o diálogo” (TERUYA, 2005, p. 29). Outro recurso que vem sendo utilizado dentro do ensino éo filme. Em proposta deve-se fundamentar historicamente o que vai ser trabalhado diante a essa mídia, e não passá-lo simplesmente como meio de passar o tempo. “Se o aluno não tiver um conhecimento prévio do conteúdo histórico que o tema exige, os recursos audiovisuais se tornam, no máximo, meros espetáculos sem nenhum sentido educativo.” (TERUYA, 2005, p. 32). Sempre que é apresentado algo novo em sala de aula, neste caso um filme, deve-se levar o aluno a refletir sobre o que há por traz daquele roteiro de ficção, deixando-o com um novo olhar sobre o mundo.Diante dos estudos realizados, entende-se que a inserção de novas tecnologias nas escolas não garante que o ensino melhore,mas, juntamente com a mediação estabelecida pelo professor,a transmissão dos conhecimentoscientíficos pode tornar-se mais interativa e significativa. É preciso indagar aqui esta dificuldade em utilização pelos professores desses recursos tecnológicos da informação, já sabendo de sua importância para o processo ensino aprendizagem. Estendendo-se essa interrogativa a má utilização dos mesmos pelo educador. Salientando também o papel de mediador presente em alguns contextos, devendo assim formar, [...] cidadãos críticos e reflexivos, que possam exercer sua cidadania ajudando na construção de uma sociedade mais justa, fazendo surgir uma nova consciência individual e coletiva, que _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 282 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ tenha a cooperação, a solidariedade, a tolerância e a igualdade como pilares (BRASILapud TERUYA, 2005 p.33). Diante do contexto apresentado, buscando construir uma sociedade mais critica e reflexiva, viabilizando também a importância da utilização das mídias dentro da educação, a escola pode oferecer uma ampla formação cultural, social, e o pleno desenvolvimento das habilidades de seus alunos. 3.1 A IMPORTÂNCIA DO PROFESSOR MEDIADOR NA SALA DE AULA Conforme dito anteriormente, atualmente as informações invadem o dia a dia das pessoas passando a fazer parte dele. Mas é preciso ter cuidado, pois informação é diferente de formação. Neste contexto a escola é essencial, pois são os professores que farão a mediação destas informações, transformando-as em conhecimento científico. Desde muito cedo as crianças tem acesso a esses turbilhões de informações e aos aparelhos que as proporcionam. De uma forma direta ou indireta a tecnologia sempre esteve ligada a sala de aula. Seja por um giz, ou pelo quadro negro. Ocorre que estas tecnologias avançaram e agora estão aliadas à informação (SCUISATO, 2008). A informação, vista na televisão, na internet, ou pelo celular trazida por um aluno à sala de aula, não seria um problema, caso utilizado de forma a complementar um conteúdo ou mesmo para transmiti-lo. Mas na atualidade este fato é preocupante e deve estar presente nas discussões de sala de aula. Nem toda informação veiculada, corresponde a fatos reais. Desta forma, esta pesquisa consiste em verificar quais são e como são utilizadas as tecnologias da informação no processo ensino aprendizagem, sendo analisada uma escola do Ensino Fundamental da rede pública e uma escola da rede privada da cidade de Paranavaí. Buscar-se-á apontar respostas a estes questionamentos e possíveis propostas de intervenções no âmbito escolar (TERUYA, 2005). _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 283 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Percebe-se a importância deste estudo, pois a interação do professor com as diferentes mídias existentespodetornar-se um recurso que instigue o conhecimento dos alunos. As novas tecnologias existem e se modificam constantemente. Estão presentes dentro da sala de aula seja direta, por meio da Tv pen drive ou acesso ao laboratório de informática, ou indiretamente, por informações trazidas pelos alunos, vistas nos mais diferentes meios de informação.Neste contexto, se utilizado de forma a complementar o processo de ensino aprendizagem, poderão possibilitar novas formas de ensinar e de aprender. Mas nem sempre os professores estão preparados para estas mudanças. Por este motivo, este estudo é de extrema relevância, pois visa evidenciar que o papel do professor, é o de mediador do conteúdo. Ao apropriar-se dessas novas tecnologias fará com que o interesse da sala aumente e a aula se torne mais interessante e instigante para o aluno. 4. A REALIDADE DAS ESCOLAS PESQUISADAS: APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS NA PESQUISA DE CAMPO Além dos estudos realizados, também foi efetuada uma pesquisa de campo, denominada assim, pois, ela é ministrada no ambiente em que acontecem os fatos (KAUARK; MANHÃES; MEDEIROS; 2010 p.63), buscando vivenciar o que antes havia sido apenas pesquisado bibliograficamente. Esta observação teve uma carga horária de 20 horas sendo distribuídas em duas instituições de ensino, uma pública e outra privada, ambas de Ensino Fundamental. Contribuindo para esse levantamento de dados, foi realizado também uma entrevista com os professores e a equipe pedagógica das escolas em questão, buscando fazer uma comparação do que foi observado com a proposta da instituição. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 284 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ A entrevista tem caráter exploratório, “[...] serão permitidas eventuais indagações ou levantamentos de dados e informações que não estejam contempladas no formulário [...] onde o entrevistador se posiciona frente ao entrevistado; ela é presencial: o entrevistador indaga e o entrevistado responde.” (KAUARK; MANHÃES; MEDEIROS; 2010 p.64). Desta forma trata-se de uma entrevista semi estruturada: [...] em geral, aquela parte de certos questionamentos básicos, apoiados em teorias e hipóteses, que interessam à pesquisa, e que, em seguida, oferecem amplo campo de interrogativas, fruto de novas hipóteses que vão surgindo à medida que se recebem as respostas do informante. Desta maneira, o informante, seguindo espontaneamente a linha de seu pensamento e de suas experiências dentro do foco principal colocado pelo investigador, começa a participar na elaboração do conteúdo da pesquisa (TRIVIÑOS, 1987, p.146). Com o estudo desta temática, buscou-se mesclar o conhecimento cientifico, que fora pesquisado bibliograficamente juntamente com a pesquisa de campo, a prática, desenvolvendo desta maneira resultados significativos para este campo da educação. Primeiramente foi realizada a pesquisa de campo em uma instituição pública de ensino, situada em um bairro comum da cidade de Paranavaí, tendo como clientela educandos de todos os níveis sociais, principalmente os de classe média baixa. Em conversa com a equipe pedagógica foi evidenciado que todos os recursos tecnológicos existentes são decorrentes de projetos que a prefeitura executa e distribui em nível municipal, como por exemplo, os tablets que os alunos receberam no início deste ano letivo, como incentivo a buscar novos conhecimentos. Na segunda etapa da pesquisa de campo, foram observados e questionados professores e alunos de uma instituição privada de Paranavaí. Esta escola fica situada na área central, sendo sua principal clientela alunos de classe média alta.Nessa instituição é utilizado o material do Sistema Positivo, onde na própria apostila são sugeridos aos alunos links de sites e jogos que tratam daquele determinado assunto que esta sendo trabalhado. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 285 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Quando questionadas a respeito da importância de se ter recursos da tecnologia da informação dentro da instituição, ambas responderam que é muito importante ter a tecnologia da informação presente em sala de aula, pois tudo que é diferente atrai o olhar e a atenção de todos. Sobre a questão se a aula com mídias se torna mais significativa, a professora A78 afirmou que sim, mesmo sendo difícil levar em todas as aulas um recurso desses. Já a professora B, discorreu que devido à cobrança excessiva para se vencer o conteúdo proposto pela apostila, mesmo tendo recursos na escola fica difícil encorpar a aula. Com esse relato, pode-se observar duas situações distintas, uma escola que falta recursos tecnológicos e outra que tem, mas devido ao turbilhão de conteúdos a serem vistos, o professor tem dificuldades em empregar essas tecnologias a sua aula. Sobre a utilização das mídias em casa pelos alunospara trazer benefícios à aula,a professora A destacou que eles utilizam mídias como computador, televisão isso é fato, porém pouquíssimas vezes conseguem associar a conteúdo visto com o tipo de programação que assistem.Já a professora B respondeu que os alunos desta instituição, estão cercados por novas tecnologias e que, devido a cobrança que as famílias tem sobre eles em relação aos estudos, mesmo em horários vagos eles assistem programas ou leem revistas que irão contribuir para que tenham algum conhecimento novo. O que a respondeu é importante, pois na aula o professor poderá mediar essa informação, relacionando ao seu conteúdo. Com relação a problemas em sala de aula com tecnologias da informação como o celular, as duas professoras relataram situações bem parecidas onde foi pedido para o aluno guardar, e mesmo assim o aluno continuou utilizando dentro da sala de aula. Como consequência, o celular foi retido e as famílias tiveram que retirar na instituição. A professora da escola pública relatou ainda que isso acontece com alguma frequência, principalmente com o fone de ouvido. 78 Será denominado professor aA (escola Pública), professora B (escola Privada). _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 286 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Na questão, se há algum projeto na escola destinado a fazer a mediação entre os conhecimentos científicos e as tecnologias da informação, a professora A, destacou que existe um projeto da prefeitura onde todos os alunos da rede municipal de ensino receberam um tablet para aprofundar os conhecimentos no campo de pesquisa. Já a professora B disse que projeto específico não existe, mas há o portal positivo onde todos os alunos recebem um login e uma senha e podem aprofundar seus conhecimentos com leituras e jogos complementares. Além disso, os pais também tem acesso as notas de seus filhos pelo portal da escola, podendo ser acessado em qualquer aparelho com internet. Quando questionadas se tem afinidades com as novas tecnologias da informação e se você os utiliza na escola, a professora A disse: ‘Tenho pouca afinidade, mas me esforço para conseguir. Sempre que preparo uma aula tento pesquisar atividades, montar planejamento, incluir músicas e vídeos para o conteúdo’. A professora B: ‘Sei o necessário. Consigo mexer no computador, internet, nos portais da escola, baixar músicas e vídeos, tablets e algumas outras tecnologias’. Com esse conhecimento citado pelas professoras, torna-se mais fácil introduzir esse elementos a aula. Para finalizar, foi questionado se elas relacionam o desinteresse ou a indisciplina com a metodologia utilizada pelo professor, ambas as professoras responderam que sim, pois não é possível em todas as aulas e em todos os conteúdos encaixar um recurso tecnológico deixando a aula mais dinâmica. Para concluir este levantamento de dados, foram entrevistados também três alunos do 5º ano, primeiramente da escola pública onde a professora A dá aula. O questionamento foi realizado de forma individual assim cada um pôde dar a sua opinião a respeito do tema. De forma geral, eles concordaram que uma aula ideal é aquela onde o professor não utiliza apenas a oralidade e o quadro de giz para explicar o conteúdo, trazendo sempre algo novo para complementar, sendo essa atitude pouco utilizada. Um aluno afirmou que: ‘Como não tem uma televisão em cada sala, é raro o dia em que o professor consegue agendar e passar algo diferente. Muitas vezes ainda passa filmes e desenhos que não estão ligados ao conteúdo”’ _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 287 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ (ALUNO l DA ESCOLA A). Outro aluno disse que: ‘Com o tablet ficou mais acessível realizar as pesquisas que os professores pedem em sala, já que em casa ele tem acesso a essas tecnologias’ ( ALUNO ll DA ESCOLA A).Ao fim dessa observação pontua-se que, mesmo o professor querendo interligar conteúdo com a tecnologia, os recursos oferecidos são poucos, dificultando sua utilização. Na instituição privada, foi realizado o mesmo questionamento para os alunos de um 5º ano, que de forma geral afirmaram que existe o uso frequente de tecnologias como: data show, televisão, vídeos, trechos de filmes, visitas aos laboratórios e pesquisas na biblioteca. Além de relatarem que são constantes os trabalhos de pesquisa que são mandados para casa e que eles utilizam a internet para realizá-los.Um aluno em especial relatou que: ‘Em casa minha mãe me deixa utilizar o computador, o tablet e o ipod para jogar desde que eu também utilize pelo menos por uma hora para estudar ou pesquisar algo interessante que contribua com o meu aprendizado’.( ALUNO l ESCOLA B). Ao termino desta breve pesquisa, fica evidente como a mediação tem papel fundamental quando se trata de recursos tecnológicos. Sem ela a informação seria apenas mais uma no meio de um turbilhão que os alunos estão acostumados a ver todos os dias, não se tornaria concreta, não seria conhecimento. Diante aos dados coletados durante a pesquisa de campo, percebe-se que existe diferença na utilização dos recursos tecnológicos disponíveis nas duas escolas pesquisadas e que tanto professores, quanto os alunos entendem a necessidade de uma metodologia diferenciada, que atenda as necessidades da atual sociedade. CONSIDERAÇÕES PARCIAIS Ao final deste pode-se concluir que as crianças chegam às instituições de ensino, com muita vivência sobre as tecnologias da informação, sendo isso associado com os conhecimentos prévios e experiências sociais. Neste aspecto o _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 288 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ professor tem como função primordial, elevar o aluno do senso comum em que esta inserido para conhecimento cientifico. Destaca-se o papel do professor mediador, que deve fazer o paralelo, o contraponto das informações recebidas pelo aluno, com o conhecimento científico da escola. Este também precisa utilizar as tecnologias da informação à seu favor, proporcionando um ensino significativo e de qualidade. Diante as reflexões realizadas na pesquisa de campo, evidencia-se a urgência de implementar a tecnologia ao conteúdo que propiciam a aprendizagem, para que essa se faça de forma eficaz. A sociedade evoluiu historicamente e em consequência a escola, influenciando diretamente na atuação dos profissionais da educação, pensando-se em novas formas de transmitir o conhecimento. Por fim ao termino deste estudo, espera-se contribuir para fundamentar teoricamente o educador, possibilitando uma nova postura diante da utilização das tecnologias da informação na escola, não apenas como forma de ocupar o tempo, mas sim como instrumento que auxilie a transmissão de conhecimentos. Desta forma, introduzir no aluno a concepção de que as tecnologias da informação são uma consequência da sociedade em que vivemos, e já que a informação esta mais acessível porque não utilizá-la. REFERÊNCIAS ALTOÉ, Anair; SILVA, Heliana da. O Desenvolvimento Histórico das Novas Tecnologias e seu Emprego na Educação. 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Itabuna: Via Litterarum, 2010. SCUISATO, Dione Aparecida Sanches. Mídias na Educação: uma proposta de potencialização e dinamização da pratica docente com a utilização de ambientes virtuais e colaborativos. Londrina: PDE, 2008. TERUYA, Teresa Kazuko. As tecnologias de Informação e Comunicação na Educação de Criançase Jovens.In: ALTOÉ, Anair; COSTA, Maria Luiza Furlan; TERUYA, Teresa Kazuko. Educação e Novas tecnologias. Maringá: Eduem, 2005, p. 27-38. TRIVIÑOS, Augusto N. S. Introdução à pesquisa em ciências socais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987. FONSECA, Eliane G. Silva. Implicações da teoria de Vygotsky em processos de ensino – aprendizagem que envolvam a utilização de modelos, analogias e metáforas, na construção e ressignificação de conhecimentos.2010. Disponível em:http://www.senept.cefetmg.br/galerias/Anais_2010/Artigos/GT10/IMPLICACOE S_DA_TEORIA.pdf. Acesso em: 15 de julho. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 290 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO, APOIO PSICOPEDAGÓGICO, SÍNDROME DE DOWN: O CASO R. 79 VAZ, Ariane Cristina da Silva80 GARCIA, Dorcely Isabel Bellanda81 Resumo: Esta pesquisa situa-se no campo da Educação Especial, no contexto da Educação Inclusiva, na Educação Básica. Tem como objetivo verificar a efetivação do Atendimento Educacional Especializado (AEE) em uma escola municipal de Paranavaí, bem como o trabalho desenvolvido com R. na Sala de Recursos Multifuncionais (SRM) e em apoio psicopedagógico fora do âmbito escolar. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica e de campo em uma SRM, da rede pública de ensino, deste município. Fundamenta-se em Conferências e documentos normativos, tais como: Conferência Mundial de Educação para Todos (1990); a Declaração de Salamanca (1994); Constituição Federal de 1988; Estatuto da Criança e do adolescente (ECA) 1990; Lei de Diretrizes e Bases (LDB), nº 9394/96; Instrução nº16/2011- SEED/SUED e autores como Garcia (1999); Shimazaki e Mori (2012), dentre outros. O estudo proposto justifica-se pela sua relevância ao buscar compreender como está a efetivação do AEE em SRM e o trabalho desenvolvido com uma criança com síndrome de Down. Até o momento da pesquisa é possível afirmar que a SRM da escola pesquisada atende as especificações da Política Nacional da Educação Especial na Perspectiva da Educação Incluvisa (PNEEPEI). Com o trabalho desenvolvido com R. em SRM e em apoio psicopedagógico, observa-se um considerável avanço nos aspectos cognitivos, psicomotores, sociais, afetivos, após a realização dos mesmos. R. necessita da continuidade das intervenções realizadas no contra turno, bem como continuar sendo beneficiada pela inclusão no sistema regular de ensino favorecendo a estimulação e o desenvolvimento de suas funções complexas do pensamento. Palavras-chave: Atendimento Educacional Especializado. Síndrome de Down. Apoio psicopedagógico. 1 INTRODUÇÃO A Política Nacional da Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (PNEEPEI), de 2008, está contemplada como uma das políticas públicas significativas que oferece uma educação de qualidade a todos os alunos. 79 Educação Especial na perspectiva inclusiva, o atendimento educacional especializado e síndrome de Down. 80 Acadêmica do 4º de Pedagogia da Universidade Estadual do Paraná – UNESPAR/Campus Paranavaí. E-mail: [email protected]. 81 Professora Orientadora: Docente do colegiado de Pedagogia da Educação da Universidade Estadual do Paraná – UNESPAR/Campus Paranavaí. E-mail: [email protected]. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 291 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Assegura a inclusão escolar de alunos com deficiências, transtornos globais do desenvolvimento (TGD) e altas habilidades/superdotação (AH/SD), no ensino regular em todos os níveis de ensino. Conforme a LDB 9394/96, no capítulo V- Da Educação Especial: “1º haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação especial” (BRASIL, 1996, p. 21). Partindo desse contexto, em 2009 são instituídas as Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado (AEE), conforme expresso no Art. 2º, o AEE tem como função complementar ou suplementar o ensino, disponibilizar serviços, recursos de acessibilidade que possibilite a participação na sociedade e a aprendizagem do aluno com necessidades educacionais especiais, oferecido na rede pública de ensino. Dentre as letras da lei e sua efetivação existe um longo caminho, são necessárias alterações nos aspectos sociais e culturais que mudem o olhar da pessoa com deficiência e consequentemente sobre a sua educação. O presente trabalho tem como objetivo verificar como está a efetivação da PNEEPEI, em uma Sala de Recursos Multifuncionais (SRM) de uma escola municipal de Paranavaí, bem como o trabalho desenvolvido com R. no AEE desta escola e no apoio psicopedagógico fora do âmbito escolar no contra turno. Trata-se de uma pesquisa qualitativa sobre a Educação Especial, no contexto da Educação Inclusiva, na Educação Básica. Os procedimentos metodológicos utilizados são de caráter bibliográfico e de campo. A pesquisa de campo foi desenvolvida na SRM onde estuda R. e na qual a professora regente prontamente participou da amostra, no período de março a junho de 2014. R. é uma criança com laudo de Síndrome de Down (SD), que estudava em uma escola especial e atualmente está inclusa em uma sala do ensino regular da rede pública, frequenta a SRM no contra turno, e apoio psicopedagógico com a pesquisadora. Os dados foram coletados, por meio de entrevista semiestruturada elaborada levando-se em conta os tópicos constantes na Nota Técnica _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 292 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ 055/2013/MEC/SECADI/DPEE sobre Orientação à atuação dos Centros de AEE, na perspectiva da educação inclusiva. A inclusão do público alvo da educação especial no ensino regular e no AEE faz parte dos novos encaminhamentos das políticas públicas inclusivas. Este tema requer maior aprofundamento por parte dos educadores e, em especial, para o professor pedagogo para que possa realizar um trabalho com seus alunos que possibilite o desenvolvimento das funções complexas do pensamento. 2 ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO: ASPECTOS LEGAIS No Brasil a educação tardou a ser um direito de todos. Mudanças nos aspectos culturais, econômicos e sociais, fizeram com que a Constituição de1988 fosse um marco na efetivação do direito a educação básica. Conforme expresso no Art. 205 da Constituição de 1988, no capítulo III, Da Educação da Cultura e do Desporto da Educação: A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (BRASIL, 1988, p. 119). Nenhuma pessoa independente de sua deficiência deve estar exclusa do processo educativo. No entanto, para a efetivação desse direito, foram necessários outros acontecimentos mundiais, como a Conferência Mundial de Educação para Todos (1990) e a Declaração de Salamanca (1994). A partir da década de 1990 com a chegada ao Brasil de algumas obras de Vygotsky, as pesquisas sobre a inclusão das crianças com deficiência no ensino regular se intensificaram, pois para ele, o desenvolvimento humano, ocorre por meio da relação entre o biológico e o social. Pois apesar de possuirmos características biológicas precisamos desenvolvê-las, por meio das relações sociais, desde os primeiros dias de vida (GARCIA, 1999). _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 293 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ De acordo com Shimazaki e Mori (2012), na década de 1990 os inúmeros estudos desenvolvidos mundialmente propiciaram a criação de documentos norteadores que passaram a legitimar a inclusão da pessoa com deficiência na rede regular de ensino. Aspecto este explicitado na Conferência Mundial sobre a Educação para todos de 1990, em Jomtien na Tailândia. O ensino deve possibilitar que toda a criança independente de suas particularidades alcance o desenvolvimento pleno. Em junho de 1994, o governo espanhol juntamente com a UNESCO, realizou a Conferência Mundial que contou com mais de 300 representantes de 92 governos e de 25 organismos internacionais - a Declaração de Salamanca – a Conferência teve como resultado um documento de princípios, política e práticas para a Educação Especial (SHIMAZAKI; MORI, 2012). Além desses acontecimentos históricos, o desenvolvimento de novas legislações, como, a Lei Federal 7853 de outubro de 1989, a promulgação da Constituição Federal de 1988; o Estatuto da Criança e do adolescente (ECA), de 13 de julho de 1990; a Lei de Diretrizes e Bases (LDB), nº 9394 de 20 de dezembro de 1996, efetivaram o direito da pessoa com deficiência a uma educação de qualidade ofertada na rede pública de ensino (SHIMAZAKI, MORI 2012). A Constituição Federal de 1988 determina que a Educação seja um direito de todos e dever do Estado, assim como, garante o AEE às pessoas com deficiência. Vejamos o que define a LDB 9394/96, no capítulo V- Da Educação Especial: Art. 58: Entende-se por educação especial, para os efeitos dessa lei, a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais. § 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação especial. § 2º O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular (BRASIL, 1996, p. 21). _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 294 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Outro dispositivo jurídico que garante o acesso à educação e busca a proteção é o Estatuto da Criança e Adolescente (1990). Dessa maneira, está estabelecido no Art. 53 e Art. 54 da referida Lei: Art. 53: A criança e adolescente têm direito à educação, visando o pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o mercado de trabalho. Art. 54: É dever do Estado assegurar a criança e o adolescente, III: atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino (BRASIL, 1990, p. 28-29) Enquanto que a lei nº 7853 de 24 de outubro de 1989, confirma a obrigatoriedade da oferta da Educação Especial em escolas públicas, como estabelecido na Constituição de 1988. Para que a educação inclusiva se efetivasse na prática, foi necessária a criação de leis específicas como é o caso da Resolução nº 02/2001 do Conselho Nacional de Educação, que publicou diretrizes para a Educação Especial definindo o atendimento dos alunos com necessidades especiais em classes comuns do ensino regular, na Educação Básica (SHIMAZAKI; MORI, 2012). A Lei 10098/2000 que estabelece normas gerais para que a pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida tenha o direito à acessibilidade. A PNEEPEI publicada em 2008 define diretrizes para a Educação Especial, conceituam as deficiências, os TGD e das AH/SD (SHIMAZAKI; MORI, 2012). De acordo com Shimazaki e Mori (2012) um ano depois, a Resolução 04 de 02 de outubro de 2009 é aprovada, esse documento, sobre o AEE tem como objetivo complementar ou suplementar a educação inclusiva no ensino regular. Deve ser ofertado em SRM ou em Centros de Atendimentos Especializados. 3 SÍNDROME DE DOWN: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES Segundo Saad (2003) a Síndrome de Down (SD) foi pela primeira identificada e descrita em 1866, na Inglaterra, por John Langdon Down. “Langdon Down fez a caracterização do quadro fenótipo da referida síndrome, conhecida na _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 295 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ época como doença da idiota mongólica num grupo com comprometimento intelectual dotado de características próprias” (MUSTACCHI, apud SAAD, 2003, p. 29). Down influenciado pelos estudos de Darwin, “inferiu que aquelas características sindrômicas era um retorno a um tipo étnico oriental primitivo, por isso criou a terminologia “mongolismo”, popularizado durante muito tempo” (PIMENTEL, 2012, p. 30). No entanto, tal terminologia atualmente é considera incorreta, pois vincula características étnicas negativas ao povo da Mongólia, o que pode prejudicar a integração social daqueles indivíduos (PIMENTEL, 2012). De acordo com Otto; Otto e Frota-Pessoa (1998, apud Della-Rosa, 2010) a síndrome de Down (SD) é a mais frequente das síndromes de defeitos congênitos múltiplos associados à Deficiência Intelectual (DI). Para Jones (2005, apud DellaRosa, 2010) a criança com SD caracteriza-se por: Apresentar occipital e face achatados, nariz pequeno com ponte nasal baixa, olhos com pregas epicânticas, hipotonia com tendência a manter a boca aberta com projeção da língua, estatura relativamente baixa, com mancha desajeitada e aumento de peso na adolescência. Em 45% dos casos, em média, ocorre presença de prega única (prega simiesca) e anomalias cardíacas em 40%. Pode ainda apresentar qualquer grau de comprometimento intelectual desde o normal até DI grave. (JONES, 2005 apud DELLA-ROSA, 2010, p.14). No que se refere à etiologia, a idade materna pode influenciar a geração de um bebê com síndrome de Down, pois desde o nascimento as mulheres terão os óvulos que serão utilizados em toda a sua vida, assim eles envelhecem junto com elas. Quanto mais velha a mulher, maior será a probabilidade de gerar um filho com síndrome de Down (SAAD, 2003). Conforme Saad (2003) apesar dos homens renovarem constantemente seus espermatozóides, isso não quer dizer que a síndrome de Down não possa ser atribuída ao pai. Relatos de pesquisas revelam que pais idosos também terão maior possibilidade de ter filhos com síndrome de Down (PUESCHEL, 2000 apud _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 296 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ SAAD, 2003). Na síndrome de Down há três tipos de anormalidades cromossômicas, segundo Pueschel (2000, p. 2): 1. Trissomia 21, também chamada de trissomia simples, em que os três elementos do par 21 ficam bem identificados. É mais comum entre os indivíduos com síndrome de Down. Já segundo Mustacchi e Peres (2000, p. 838): quando a síndrome de Down é causada pela trissomia simples, sua origem é defeito cromossômico ocorrido na linhagem das células reprodutivas de um dos progenitores (não disjunção pré-zigótica) ou então na própria célula inicial do afetado que é o zigoto (não disjunção pós zigótica). 2. Trissomia por translocação, em que: [...] o cromossomo 21 extra fica sobreposto ou translocado para outro cromossomo. Geralmente sobre 14, 21 ou 22. Se a translocação é encontrada em uma criança com a síndrome de Down, é importante examinar os cromossomos paternos pois, em um terço dos casos, um dos pais pode ser o responsável pela transição (PUESCHEL, 2000, p. 1-2). 3. Mosaicismo, quando somente algumas células têm 47 cromossomos e outras 46. Acontece logo após a concepção como um erro na divisão celular. Incide, segundo Pueschel (2000, p. 2), em 1% dos casos de síndrome de Down (SAAD, 2003, p. 37-38). Segundo Pimentel (2012) o diagnóstico deve ser realizado por meio do cariótipo, ou seja, a representação do conjunto de cromossomos de uma célula. Na maior parte das vezes, o cariótipo é realizado por meio do exame de leucócitos, retirado de uma parte da amostra de sangue periférico. Outra maneira de realizá-lo, antes do nascimento, deve ocorrer após a décima primeira semana de vida intrauterina, usando tecido fetal. Para ser diagnosticada com segurança como SD, a criança deve apresentar pelos menos seis dos sinais apontados por ALVES (2011): Microcefalia, com ou sem braquicefalia; Olhos oblíquos ou pregas apicânticas (dobra fissurada); Mãos curtas com hipoplasias da falange média do quinto dedo; Aumento do espaço interdigital entre o há lux e o segundo artelho; _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 297 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Orelhas malformadas, pequenas e de implantação baixa; dismorfismo do pavilhão auricular; Palato ogival; Sulco médio palmar; Ângulo ata aumentado e predomínio de pregas ulnares; Pequena estatura; Deficiência mental (ALVES, 2011, p. 31-32). Alguns comprometimentos podem ser observados nas pessoas com SD: perda auditiva, crises convulsivas em 5% dos pacientes. Alterações de pele em 90% dos casos, como xerodermia (secura e descamação da pele) e liquemificação hiperqueratróficas crônicas. Problemas cardíacos congênitos é uma causa importante na mortalidade na infância, entretanto, hoje as taxas de sobrevida aumentaram significativamente, assim 70% dos bebês sobrevivem até seu primeiro ano de vida. Segundo Alves (2011) “São causas importantes de morte na SD, também, as malformações congênitas e as infecções respiratórias, combinadas com doenças e/ou insuficiência cardíaca” (ALVES, 2011, p. 25). Dessa maneira, tornase necessário, o acompanhamento médico periódico, a fim de observar o estado geral da saúde e agir preventivamente. De acordo com Alves (2011), apesar dos comprometimentos que a criança com SD pode vir a ter, ela pode alcançar o desenvolvimento, social, cognitivo, motor e afetivo similar as crianças tidas como normais. 4 O TRABALHO DESENVOLVIDO COM R. NO AEE E EM APOIO PSICOPEDAGÓGICO Diagnosticada com síndrome de Down, R. frequentou a Associação de Pais Mestres e Amigos dos Excepcionais- APAE, dos nove meses de idade aos quatro anos. Durante aquele período R. contou com apoio de profissionais de várias áreas, desenvolveu atividades de terapia ocupacional, fonoaudiologia, fisioterapia, _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 298 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ dentre outras. A família optou em retirá-la e colocá-la em uma escola particular, onde concluiu o Jardim I e II e cursou a 1ª série do ensino fundamental. Atualmente matriculada no ensino regular em uma escola municipal, R. está no 2º ano do ensino fundamental, cursou duas vezes o 1º ano e está pela segunda vez no 2º ano. No contra turno escolar, frequenta a SRM, há três anos, além disso, desde novembro de 2013 a junho de 2014 R. recebe atendimento psicopedagógico domiciliar. Vale destacar que na atualidade a professora responsável pelo AEE da escola onde a pesquisa foi realizada é uma pedagoga, especialista em educação especial; didática e metodologia de ensino; orientação, supervisão e direção educacional e psicopedagogia. De acordo com a professora da SRM, o plano do AEE é semestral e realizado individualmente, para isso é necessário que o aluno tenha passado por uma avaliação psicoeducacional. De tal forma, após R. ter recebido laudo de síndrome de Down, este serve como parâmetro para que a professora utilize para elaboração de seu plano de atividades. Segundo a mesma, o plano visa trabalhar as dificuldades para o desenvolvimento das potencialidades, seis aspectos do desenvolvimento são trabalhados: afetivos; sociais; cognitivos; acadêmicos; de linguagem e psicomotores. A SRM desta escola atende 22 alunos, divididos de acordo com suas dificuldades, 4 alunos são atendidos em 2 horas/relógio, 4 horas/semanais. A orientação, aos professores do ensino regular acontece, continuamente de acordo com as necessidades dos alunos atendidos na SRM. Nessa escola, os alunos que frequentam a SRM, tem diagnóstico de transtornos funcionais específicos (TFE), dentre eles: transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) e dislexia, além de deficiência intelectual (DI). As atividades do atendimento educacional buscam trabalhar as dificuldades, “[...] diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula comum, não sendo substitutivas à escolarização. Esse atendimento complementa e/ou suplementa a _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 299 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ formação dos alunos com vistas à autonomia e independência na escola e fora dela” (BRASIL, 2008, p.16). A avaliação dos alunos da SRM, inclusive de R, acontece semestralmente por meio de relatórios de acordo com as áreas específicas do desenvolvimento. O interesse de ação do município parte de estratégias da Secretaria Municipal de Educação que propicia a formação continuada tanto para os professores que trabalham particularmente nas SRM por meio de cursos, palestras, encontros, quanto para os professores da sala regular que recebem algumas capacitações em épocas e com objetivos distintos daqueles. Desde 2012 R. frequenta a SRM, “organizada com matérias didáticos de acessibilidade. Recursos pedagógicos específicos adaptados, equipamentos tecnológicos mobiliários” (BRASIL, 2011, p. 03). Durante esse período foram desenvolvidas as mais diversas práticas pedagógicas como atividades lúdicas, de lateralidade, psicomotoras, jogos de tecnologia assistiva dentre outras. No trabalho psicopedagógico desenvolvido a prioridade são atividades que contribuem para o desenvolvimento cognitivo, e para isso são trabalhadas, atividades de coordenação, motora fina, raciocínio lógico, concentração, psicomotricidade, memorização e aquisição de conhecimentos gerais. Com o trabalho desenvolvido em SRM e em apoio psicopedagógico, foi possível verificar êxitos de R. em algumas áreas, tais como: no cumprimento de regras; melhoria na concentração; reconhecimento de alguns grafemas/fonemas; conhecimento das sílabas, articulação fonológica e traçado das letras (caixa alta). No entanto, algumas dificuldades ainda persistem: dificuldade de concentração; traçado da letra cursiva; coordenação motora fina, pressão para escrever; noções de lateralidade; coordenação motora global. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS PARCIAIS Até o momento da pesquisa é possível observar que referente à efetivação da PNEEPEI na SRM constatou-se que a escola busca trabalhar em conformidade com as políticas vigentes. O atendimento segue as orientações _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 300 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ expressas nas instruções de critérios para o AEE. Os professores do ensino regular, assim como, os que trabalham com o AEE, recebem formação continuada ofertada pela Secretária Municipal de Educação. Sobre o trabalho desenvolvido com R. no AEE e em atendimento psicopedagógico, pode-se observar um considerável desenvolvimento, em aspectos cognitivos e psicomotores. No entanto em sua participação na sala do ensino regular, conforme expresso, pela professora regente, em uma reunião com a mãe e a pesquisadora, seu comportamento e sua aprendizagem, está aquém do esperado para a série da qual R. freqüenta. R. possui algumas dificuldades características da SD, com DI, tais como: dificuldade de abstração, generalização e raciocínio, concentração curta, consolidação e retenção de conteúdo. Assim o processo de escolarização percorre busca caminhos alternativos em de sua aprendizagem e desenvolvimento. Percebem-se algumas dificuldades cognitivas, acadêmicas, de linguagem e psicomotoras, no entanto, em aspectos afetivos e sociais, R. apresenta um desenvolvimento similar as crianças ditas “normais”. Tais constatações nos possibilita afirmar que o desenvolvimento de potencialidades humanas, das funções psicológicas superiores como denomina Vygotsky só são possíveis por meio de mediações pedagógicas e sociais. “Numa relação de ensino aprendizagem, mediar significa fornecer níveis de ajuda, planejados de forma intencional e que se ajustem às necessidades dos educandos” (PIMENTEL, 2012, p. 71). Complementa o autor, ao mediar, de acordo com os pressupostos vygotskyano, possibilitamos que o aluno desenvolva sua autonomia, pois auxiliamos hoje para que amanhã ele faça sozinho. REFERÊNCIAS ALVES, Fátima. Para entender Síndrome de Down. Rio de Janeiro: Wak Ed., 2011. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 301 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/...constituiçao.htm>. Acesso em 10 mar. 2014. BRASIL. Lei Nº 8069 de 13 de julho de 1990. Estatuto da Criança e do Adolescente. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm>. Acesso em 15 mar. 2014. BRASIL. Lei Darcy Ribeiro (1996). Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/ldb.pdf>. Acesso em 10 mar. 2014. BRASIL. Nota Técnica nº 055/2013 / MEC / SECADI / DPEE.Orientação à atuação dos Centros de AEE, na perspectiva da educação inclusiva. Brasília: MEC, 2013. BRASIL. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília, 2008. BRASIL. Resolução nº 4, de 2 de outubro de 2009. Institui Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica, modalidade Educação Especial. Brasília: MEC, 2004. Disponível em: <http://peei.mec.gov.br/arquivos/Resol_4_2009_CNE_CEB.pdf>. Acesso em: 10 mar. 2014. DELLA-ROSA, Valter Augusto. Etiologia e prevenção da deficiência intelectual. In: DELLA-ROSA, Valter Augusto; RIBEIRO, Maria Júlia, Lemes (Org). Laboratório Temático da Inclusão Digital e Diversidade: teoria e experiências Maringá: Eduem: 2010. Deficiência: contribuições vygotskianas. 1999. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/pontodevista/article/view/1519/1528 Acesso em: 14 ago. 2014. GARCIA, Rosalba. A Educação de Sujeitos Considerados Portadores de Deficiência: contribuições vygotskianas. 1999. PIMENTEL, Susana Couto. Conviver com Síndrome de Down em Escola Inclusiva: Mediação pedagógica e formação de conceitos. SAAD, Suad Nader. Preparando o caminho da inclusão: dissolvendo mitos e preconceitos em relação a pessoa com Síndrome de Down. São Paulo: Vetor: 2003. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 302 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ SHIMAZAKI, Elsa Midori; MORI, Nerli Nonato Ribeiro. Fundamentos da Educação Especial. In: SHIMAZAKI, Elsa Midori, PACHECO, Edilson Roberto (Org). Deficiência e inclusão. Maringá: Eduem, 2012. TRIVIÑOS, Augusto Nibaldo Silva. Três enfoques na pesquisa em ciência sociais: o positivismo, a fenomenologia e o marxismo. In: Introdução à pesquisa em ciências sociais. São Paulo: Atlas, 1987, p. 116-173. UNESCO. Declaração Mundial sobre Educação para todos: satisfação das necessidades básicas de aprendizagem Jomtien, 1990. Disponível em: < http://unesdoc.unesco.org/images/0008/000862/086291por.pdf>. Acesso em: 12 mar. 2014. UNESCO. Declaração de Salamanca: sobre princípios, político e práticas e práticas na área das necessidades educativas especiais. Salamanca, 1994. Disponível em: <http://unesdoc.unesco.org/images/0013/001393/139394por.pdf>. Acesso em: 10 mar. 2014. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 303 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ AUXILIO DA LITERATURA INFANTIL NA PRÁTICA DOCENTE82 PEREIRA, Karla C. P.83 GONTIJO, Carolina P. G. O. B.84 Resumo: O presente artigo tem como objetivo o estudo sobre as possibilidades de uso da literatura infantil nas séries iniciais do Ensino Fundamental. Buscou-se fundamentação teórica através de leituras de textos de estudiosos sobre o tema como: Fanny Abramovich, Lygia Cademartori Maria A. A. Cunha. Foi possível, através deste estudo, perceber que a forma como o docente trabalha com os livros pode ser algo decisiva para que o aluno se interesse pela leitura. O que gerará consequências para seu futuro. Os livros são uma ótima forma de tratar de assuntos difíceis de serem discutidos em sala. De forma mais direta, o educador precisa entender as necessidades dos seus alunos, trabalhando com a literatura neste sentido. Palavras-chave: Ensino e aprendizagem. Educação infantil. Literatura. 1. INTRODUÇÃO A infância ser vista como uma época diferenciada da vida, necessitando, portanto, de aparatos específicos para essa fase levou muito tempo. Com mudanças na concepção de família, causadas principalmente pelo fim do Feudalismo e ascensão da industrialização, a criança passa a ser vista como ser frágil, com necessidades próprias. Dessa forma não é mais permitido que todos tenham acesso ao mesmo ambiente, nesse cenário que surge os livros infantis, que precisaram ir se aperfeiçoando até alcançarem um formato ideal para esse público. 82 Artigo produzido como requisito de participação no Programa Institucional de Bolsa de Iniciação Científica (PIBID) e-mail: [email protected] 83 Bolsista acadêmica do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência (PIBID) e acadêmica do 1º ano de Pedagogia da UNESPAR Campus Paranavaí 84 Supervisora bolsista do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência PIBID/Pedagogia – Unespar Campus Paranavaí. Graduada em Pedagogia pela Faculdade Estadual de Ciências e Letras de Paranavaí – FAFIPA. Especializada em Psicopedagogia Clínica e Institucional e também em Neuropedagogia na Educação pelo Instituto Rhema Educação. Acadêmica dos cursos de especialização em Psicomotricidade e em Arte-educação e Arteterapia no Ambiente Escolar pelo mesmo instituto. Docente nas Séries Iniciais do Ensino Fundamental na Rede Municipal em Paranavaí, Paraná. e-mail: [email protected] _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 304 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Inicialmente a única preocupação com relação à produção desses livros tinha caráter pedagógico. Tratando-se de um público visto como dependente dos adultos, os livros nem sempre falavam de aspectos com relevância social, e mais, procuravam esconder o que classificam como impróprio ou inteligível para essa faixa etária específica. Também por essa visão inferior da infância, apresentavam uma forma característica não se importando com a formulação de opinião junto à criança. “Ao leitor, nenhum espaço que permita a interlocução, nenhuma margem a que, de modo diverso, interprete o que o narrador quer dizer. Este, buscando persuadir, monologa” (CADEMARTORI, 1987, p. 27), tendo como principal característica a manipulação. Dessa forma, “.o narrador converte-se em professor e ao leitor restou apenas assumir a posição de aluno” (ALBINO, s. d., p. 3). Mesmo depois de algumas mudanças, ainda hoje sentimos a dificuldade em discutir alguns temas, não só nos livros como em sala de aula. Em parte por essa mesma ideologia, que vê a criança, por sua pouca idade, como incapaz de entender de certos assuntos, como também pela pressão social com os ditos tabus. Diante desse quadro, o presente artigo busca investigar a história da literatura infantil e a melhor forma de trabalhar os livros infantis na sala de aula. O trabalho tem como objetivo principal indagar os melhores títulos e formas de trabalhos que as escolas podem adicionar ou alterar a sua metodologia, e a importância que os livros demonstram ter na vida acadêmica, desde as séries iniciais. A partir daí delineiam-se os objetivos específicos do estudo, tais como: conhecer a história da literatura infantil e identificar seus fatores de mudança ao longo do tempo; as dificuldades da escola em trabalhar determinados temas; delimitar de que forma a literatura infantil pode ser utilizada em sala, a fim de que esse trabalho seja realizado da forma adequada. Buscou-se uma fundamentação teórica no levantamento das fontes de informação sobre o objeto, para melhor exposição do tema. Utilizando os principais nomes nessa área, para explorar como diferentes autores enxergam esse cenário e procurar melhora-lo no âmbito prático. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 305 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ 2. INÍCIO E MUDANÇAS DA LITERATURA INFANTIL De acordo com Cademartori (1986), a grande proliferação da literatura infantil no país, foi na década de 80, fruto de alguns fatores anteriores que acabaram por se tornar determinantes. Na década de 60, era grande a taxa de analfabetismo no Brasil, que implicava em problemas para o desenvolvimento do país. Com esse quadro, cresceu as tentativas de melhorar esses índices. No início elas se estenderam a todos os níveis de educação. Após algumas falhas, notou-se que as bases da educação tinham uma importância maior do que se supunha até então, e ela quem começa a ganhar destaque. Os livros passam a ser vistos como forma de maior desenvolvimento crítico, mas segundo Cademartori (1987), não foi apenas isso, Não foi, contudo, movida por essa preocupação que a escola, inicialmente, voltou-se à literatura infantil. A educação formal voltou-se ao texto infantil desesperada por interesses mais imediatos. Sendo inegável o abalo de ensino da língua portuguesa, a literatura infantil passou a ser vista como instrumento de uma possível expansão do escasso domínio linguístico dos alunos, um ato de fé do slogan “quem lê, sabe escrever” (p. 19). No cenário mundial, segundo Cademartori, elas só começam a perder essa característica didática com Mark Twain, com As Aventuras de Tom Sawyer (1876), que abre espaço para o diálogo. A personagem retratada é longe de ser o “menino exemplo” que até então era características das obras para criança, e “com Lewis Carrol, em Alice no país das maravilhas (1863), chega-se, efetivamente, à polifonia, à ambiguidade e ao relativismo” (CADEMARTORI, 1986, p. 29-30, grifos do autor), que em sua narrativa vai valorizar muito mais o imaginário. A partir daí, as histórias vão se firmando e ganhando corpo com os contos de fadas, conhecidos até os dias de hoje. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 306 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Nó século XVII, o francês Charles Perrault (Cinderela, Chapeuzinho Vermelho) coleta contos e lendas da Idade Média e adapta-os, constituindo os chamados contos de fadas, por tanto tempo paradigma de gênero infantil. No século XIX, outra coleta de contos populares é realizada, na Alemanha, pelos irmãos Grimm (João e Maria, Rapunzel), alargando a antologia dos contos de fadas. Através de soluções narrativas diversas, o dinamarquês Christian Andersen (O patinho feio, Os trajes do imperador), o italiano Collodi (Pinóquio), o inglês Lewis Carrol (Alice no país das maravilhas), o americano Frank Baum (O mágico de Oz), o escocês James Barrie (Peter Pan) constituem-se em padrões da literatura infantil (CADERMATORI, 1987 p. 33-34). Cunha (1998) frisa que algumas dessas histórias foram reprisadas tantas vezes, que hoje se apresentam com muitas modificações. Além disso, é sabido que dos contos recolhidos por Perrault, também estão modificados de suas versões orais originais. Cademartori (1987) acredita que foram alteradas para atender aos ideais cristãos, mas não se sabe ao certo se o próprio Perrault fez isso, ou se já estava assim quando ele as recolheu. No Brasil, as produções de literatura infantil tiveram a influência dos colonizadores. No início, as obras eram pedagógicas e adaptações de contos portugueses. Porém, segundo Cunha (1998) é “com Monteiro Lobato é que tem início a verdadeira literatura infantil Brasileira”, que também não apresentavam essa preocupação excessiva com a pedagogia. (p. 24). Outro autor nos diz que: Monteiro Lobato cria, entre nós, uma estética da literatura infantil, sua obra constituindo-se no grande padrão do texto literário destinado à criança. Sua obra estimula o leitor a ver a realidade através de conceitos próprios. Apresenta uma interpretação da realidade nacional nos seus aspectos social, político, econômico, cultural, mas deixa, sempre, espaço para a interlocução com o destinatário. A discordância é prevista. (CADEMARTORI, 1987, p. 51). Albino (s. d.) afirma que Lobato fez com que o narrador perdesse a característica de autoridade, possibilitando “que o problema tratado fosse visto por várias consciências de modo abrangente, não de forma unilateral, permitindo ao leitor diferentes modos de perceber a realidade” (p. 13). Mas se educador não _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 307 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ se preocupar com a forma como abordará esse literatura, mesmo possuindo essa característica, o aluno pode ser levado a aceitar sem poder questionar. 3. O ALUNO E A LITERATURA Os livros podem ajudar os alunos na sua formação pessoal. É ouvindo histórias que se pode sentir (também) emoções importantes, como a tristeza, a raiva, a irritação, o bem-estar, o medo, a alegria, o pavor, a insegurança, a tranquilidade, e tantas outras mais, e viver profundamente tudo o que as narrativas provocam em quem as ouve – com toda a amplitude, significância e verdade que cada uma delas fez (ou não) brotar... Pois é ouvir, sentir e enxergar com os olhos do imaginário (ABRAMOVICH, 2001, p. 16). Por isso mesmo, desde as séries iniciais, antes mesmos da alfabetização, é importante cultivar esse hábito. Apostar em livros artísticos, despreocupados com conhecimento científico, desenvolve outras habilidades no leito, como a imaginação. Como Fanny Abramovich (2001) defende, são livros que não têm características de uma aula formal, “se tiver deixa de ser literatura, deixa de ser prazer e passa a ser Didática, que é outro departamento” (p. 17). É certo que existe um desinteresse dos alunos pelos livros, e os motivos podem ser variados. Em parte o pouco investimento que as escolas disponibilizam para os livros, o baixo orçamento, nas escolas públicas, ou a preferência por outros materiais didáticos, nas escolas particulares. Há também o fato de que, em geral, os alunos preferem TV, cinema, revistas, por terem autonomia na hora de escolherem qual lhes agrada. Porém, aceitar que enquanto educador não se é responsável pelo desinteresse dos alunos e tentar de qualquer formar obrigá-los a essa atividade não melhora. Superficialmente parece que todos estão empenhados em fazer das crianças leitores, pela importância que os livros possuem e, mesmo com toda essa motivação, essa realidade não muda. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 308 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Até mesmo os adultos encontram dificuldade em cultivar esse hábito, e mais difícil ainda é dedicar-se a literatura enquanto arte, sem que possua a informação como finalidade. Quando passado isso aos pequenos, a leitura se transforma em atividade pouco agradável, porém necessária. Não há, mesmo nos adultos, a ideia que ler possa ser uma atividade que faça parte do entretenimento. Assim, em todas as idades, a literatura perde espaço para outras formas de arte. Já estando aceito que os livros são importantes, o que se precisa criar é o prazer em executar leituras. O educador pode ser fundamental para que os alunos se interessem pelos livros, mesmo que existam outros fatores envolvidos, Sem dúvida, o desinteresse dos nossos alunos tem como uma das causas esse nosso condicionamento, essa tranquilidade com que vamos, ano após ano, lavando as crianças os mesmos livros, as mesmas histórias, supondo sempre atividades iguais, para alunos iguais (CUNHA, 1998, p. 18). Estando os professores atentos aos alunos, é possível perceber o que pode ou não agradá-los. A escolha dos livros não pode estar pautada apenas em questões pedagógicas. Cunha (1998) diz que “apesar dos avanços, não podemos negar que grande parte da produção literária para a infância no Brasil se ressente da excessiva preocupação pedagógica” (p. 24). O educador pode ceder espaço aos livros literários ao invés de livros com intenções puramente pedagógicas, assim a criança sente prazer em ler e pode se tornar um leitor fiel. 4. LITERATURA INFANTIL NA PRÁTICA Os livros podem ser usados para abordar temáticas difíceis de serem discutidos, por serem tabus sociais ou mesmo por se tratar se problemas individuais. “Sexualidade, drogas, violência, preconceito, diversidade cultural, _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 309 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ morte: estes são alguns exemplos dos temas transversais, assuntos normalmente espinhosos ou tabus” (SIMAS, 2009). Cabe a escola definir de que forma pretende abordar esses temas. Utilizar histórias que façam com que as crianças tenham contato com esses assuntos, pode ser uma boa forma de utilizar os livros sem preocupação pedagógica, apenas que abordem esse tema com uma linguagem adequada, de maneira produtiva educacionalmente. Mas trabalhar dessa forma exige alguns cuidados que merecem atenção. É preciso conhecer bem a história antes de apresentá-la em sala, a forma como contamos pode ser decisiva para a criança gostar ou não. Por isso, a segurança no momento da apresentação do livro é fundamental, é preciso ter domínio do que se fala, para conseguir passar todas as emoções para o ouvinte. Diferentes tonalidades de voz, por exemplo, podem ajudar a prender a atenção dos alunos. Quanto à escolha da história, Qualquer uma, desde que ela seja bem conhecida do contador, escolhida porque tem uma boa trama, porque seja divertida ou inesperada ou porque dê margem pra alguma discussão que pretende que aconteça, ou porque acalme uma aflição... O critério de seleção é do narrador... e que pode suceder depois depende do quanto ele conhece suas crianças, o momento que estão vivendo, os referenciais de que necessitam e do quanto saiba aproveitar o texto (ABRAMOVICH, 2001, p. 20). Os livros podem ser uma ferramenta importante para ajudar o aluno em sua vida fora da escola. A mãe da menina e a menina da mãe, de Flávio de Souza, apresenta a narrativa simples de uma menina de sete anos que descobre que sua mãe já foi criança um dia. Pode ser uma boa forma de entrar no âmbito familiar e, utilizando um fato universal como o que é descrito na trama, para entrar nas individualidades de cada um. Assim todos podem se identificar com sua realidade. Os mais famosos contos infantis, que já venceram a barreira do tempo, como o famoso Peter Pan de James Barrie, ou O Pequeno Polegar dos irmãos Grimm, são exemplos de livros que podem ser trabalhados em sala de aula. Com _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 310 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ uma dose de magia e encanto, que fascina os pequenos, mostram os medos que cercam a infância, como o de crescer e ter que se tornar adulto, ou seu pouco tamanho, que injustamente se relaciona com fragilidade. Lembra-los de que o futuro não é tão assustador quanto parece, e que mesmo pequenos, eles são muito especiais. Ou ainda clássicos como Cinderela, de Charlie Perrault, que além de trazer o tão famoso “felizes para sempre”, capaz de dar-lhes a certeza de que tudo ficara bem no final, mostra que mesmo que as coisas não sejam fáceis, é possível melhorar nossa realidade. Mas somente se agirmos como a protagonista, que mantém íntegra a sua forma doce de ser, mesmo com aqueles que nem sempre merecem. “O sapatinho de vidro” e a “Fada Madrinha”, são responsáveis pela fantasia da trama, além de passar segurança, representando a ajuda que aparece sempre que necessário. O mais importante, é conhecer a realidade e as necessidades dos nossos alunos para podemos escolher as narrativas mais indicadas para casa um. Pedir indicações de outros livros para alunos, também é uma forma de mostrar que podem participar dessa escolha, e incentiva-los a ter contato com outros livros. Parte importante dessas aulas, também é a discussão sobre a narrativa apresentada. Abri espaço para que eles compartilhem o que acharam, sentiram e o que a história fez cada um pensar. o que gostaram ou não no enredo. As criticas levantadas não podem ser repreendidas, mas usadas como forma de delimitar o que a turma gosta de estar em contato, assim como incentivo para que procurem aquilo que mais agrada cada um. 5. CONCLUSÃO Fica claro a importância que os livros possuem, mesmo aqueles que se preocupam apenas com a fantasia, _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 311 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ A criança sabe que é pequena, fraca e frágil, e que para enfrentar os desígnios adultos, só imaginando que outras forças estarão a seu lado, protegendo-a e facilitando o confronto (em geral, com cartas mascadas...). Aliás, pelo sim, pelo não, adultos bem crescidos também saem com seus amuletos, com suas fitas de pedidos e desejos, invocando proteção daqueles nos quais creem, realizam seus pequenos ritos para que nada de mal aconteça à sua casa etc. (ABRAMOVICH, 2001, p. 130). Portanto a fantasia também é parte importante do universo infantil. Além disso, livros que buscam encantar, podem ser usados no âmbito acadêmico para abordar assuntos difíceis. É também uma possível ferramenta para transformar alunos em futuros leitores. A preferência por livros com narrativa parecida com a de Monteiro Lobato, por exemplo, auxilia na formação de opinião junto ao aluno. Que possui um mesmo acontecimento por diferentes ângulos de visão, Nesse sentido, observa-se que o objetivo do autor não é utilizar a literatura de forma utilitária como pretexto para o ensinamento de preceitos pedagógicos ou morais, mas desenvolver o espírito crítico do leitor, ampliando sua capacidade de ver o mundo de forma questionadora (ALBINO, p. 13). É tão almejada a capacidade de transformar o aluno em um ser capaz de avaliar a realidade que vive e, se possível, melhorá-la. Para tais realizações, o sendo crítico é fundamental. Se pensada desde as séries iniciais, esse objetivo pode ser alcançado e a literatura infantil um método de iniciar esse processo. Temos à disposição, um grande número de autores e histórias, que são, porque não dizer, possíveis auxiliadores no processo de ensino. O educador, em conjunto com a escola, precisa planejar bem suas aulas e entender como os livros podem ajudar. É necessário pensar nas necessidades dos alunos, assim como suas preferências. De nada adianta escolher um livro incapaz de trazer discussões significativas ou que não chamam atenção das crianças. Ele perde a sua utilidade em sala. Crianças mais novas são curiosas por natureza, e se possível utilizá-la em sala para, além de atender esse desejo pelo novo, ensinar, nascerá à vontade de aprender sempre mais. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 312 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Há um consenso de que ler não é agradável, mas necessário, que precisa ser mudado. Podemos mostrar que existe prazer nessa atividade. É preciso pensar também no que as crianças são capazes de compreender. Apesar de todas as dificuldades, se o educador conseguir trabalhar de forma harmoniosa com as crianças, os livros e a educação, grandes resultados podem ser alcançados. O educador precisa ter consciência da sua importância e influencia na vida dos seus alunos e estar preparado, desde a sua formação, para observar o máximo possível dentro de sala e trazer o necessário. A educação precisa estar engajada em atender as necessidades da classe, sempre pensando na sua realidade e capacidade de mudança. REFERÊNCIAS ABRAMOVICH, Fanny. Literatura Infantil: gostosuras e bobices. 5 ed., São Paulo: Scipione, 2001. ALBINO, Lia Cupertino Duarte. A literatura infantil no Brasil, tendências e ensino. Disponível em: <http://iesprn.com.br/ftpiesp/Disciplinas%20PROISEP/M%F3dulo%205/LITERATURA%20IN FANTO-JUVENIL/Texto%202%20-%20literatura_infantil%20no%20Brasil.pdf >. Acesso em: 16 jul 2014. CADEMARTORI, Ligia. O que é literatura infantil. 3 ed., São Paulo: Brasiliense s. a.,1987. CUNHA, Maria Antonieta Antunes. Literatura infantil: teoria e prática. 17 ed., São Paulo: Ática, 1998. SOUZA, Flávio de. A mãe da menina e a menina da mãe. São Paulo: FDT, 1992. SIMMAS, Anna. Temas que são tabus devem ser tratados em salas de aula. Disponível em: <http://www.gazetadopovo.com.br/educacao/conteudo.phtml?id=916077>. Acesso em 30 jul. 2014. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 313 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL: O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM85 ROCHA, Alessandra Pereira da86 PASZCZUK, Marilza Pires da Silva87 RESUMO: O presente trabalho tem como objetivo abordar a avaliação na Educação Infantil, apontando os procedimentos a serem percorridos durante o processo de ensino e aprendizagem. Existem diferentes formas de avaliação, as quais o professor pode lançar mão, caso o que se deseja seja a constatação da aprendizagem pela criança. Avaliar uma criança em idade pré-escolar requer muita atenção do educador, se baseia na observação das atividades realizadas pela criança, onde o professor deve estar registrando periodicamente o desempenho diário de seus alunos. Os estudos realizados para a composição desse trabalho tem o enfoque qualitativo em educação, inicia-se com a análise de conteúdos bibliográficos, definindo primeiramente os aspectos referentes ao contexto histórico de avaliação. É necessário entender que a prática avaliativa compreende entre outros aspectos pedagógicos trabalhar todas as dimensões do ser humano (emocional, corpórea, política, espiritual e ética) associados à construção da descoberta de significados com o mundo. Define-se uma pesquisa de campo para a coleta de dados significativos, onde são apresentados estudos de avaliação que focalizam o desempenho dos estudantes. O trabalho investigativo permite visualizar se as atitudes realizadas pelo centro de educação infantil na metodologia utilizada pelo professor condizem com os documentos oficiais da instituição, e com o estágio de desenvolvimento da criança. É preciso entender como ocorre o processo de avaliação na educação infantil, na perspectiva de revisão da própria prática pedagógica utilizada hoje nas instituições de ensino. Palavras-chave: Avaliação; Educação Infantil; Aprendizagem. 85 Trabalho de Conclusão de Curso de Pedagogia da UNESPAR – Campus de Paranavaí, 2014. Acadêmica do 4º ano do Curso de Pedagogia da UNESPAR – Campus de Paranavaí. 87 Professora orientadora e membro do colegiado do Curso de Pedagogia da UNESPAR – Campus de Paranavaí. _______________________________________________________________________________ 86 UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 314 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ DESAFIOS ATUAIS DA FORMAÇÃO DE PROFESSORES: ENSINAR OU EDUCAR88 SANTOS, Josemere Muler dos89 PIZOLI, Rita de Cássia90 Resumo:O presente trabalho pretende discutir a formação do professor e os desafios enfrentados diante a realidade de sua função, que se divide entre a prática do ensino escolar e a tarefa de educar.Objetiva refletir sobre as transformações que ocorreram na sociedade eatribuíram novas funções ao professor em sala de aula, bem como descrever os conceitos de educação na ótica dos autores Aristóteles (384-322 a.C.), Tomás de Aquino (1224-1274) e Immanuel Kant (1724-1804). A pesquisa possui caráter qualitativo, no sentido de contribuir com novos postulados a respeito do assunto, e com a reflexão docente.O método segue o referencial teórico do materialismo dialético, sua base filosófica busca explicar os fenômeno da natureza,da sociedade e do pensamento. Com base na análise das exigências da pesquisa busca-se uma alternativa de pensar a formação docente baseada na participação da prática social. Palavras-chave: Formação de professores. Valores. Educação e Sociedade. 88 Trabalho de Conclusão do Curso de Pedagogia, apresentado em 2014 à banca examinadora constituída pelos professores: (…). 89 Acadêmica do 4º ano de Pedagogia da UNESPAR/FAFIPA. 90 Professoraorientadora Dr. em Educação e Membro do Colegiado do Curso de Pedagogia da UNESPAR Campus de Paranavaí. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 315 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ DESENVOLVIMENTO DOS CONCEITOS CIENTÍFICOS EM IDADE ESCOLAR: PRIMEIRAS APROXIMAÇÕES DA TEORIA HISTÓRICO-CULTURAL SILVA, Ariana Marques da FRANCIOLI, Fátima Aparecida de Souza Resumo: Neste trabalho é analisado como é desenvolvido o processo de formação dos conceitos científicos partindo de uma fundamentação histórico-cultural. Lev Semanovich Vigotski e seus seguidores Alexander Romanovich Luria e Alexis N. Leontiev obtiveram grandes resultados através de um grupo formado para estudar especificamente esse desenvolvimento. Tendo como principal base analisar a transformação do conceito espontâneo em conceito científico no desenvolvimento da criança no início da vida escolar. Com a pesquisa realizada, percebemos que grandes resultados foram obtidos por meio do método de determinação dos conceitos e também os estágios de como se desenvolvem esses conceitos, chegando então ao conceito científico. Portanto, observa-se que o professor é o principal sujeito para a formação desses conceitos, visando que para isso é necessário que ele assuma um papel mediador no processo de ensino-aprendizagem, pois, de certa forma cabe a ele dominar os conhecimentos aplicados e promover situações que desenvolvam o conhecimento dos alunos. Palavras-chave: Conceito espontâneo. Conceito científico. Teoria histórico-cultural. Ensino aprendizagem. 1- INTRODUÇÃO O presente trabalho procurará abordar ao longo desse estudo, uma questão que tem sido pouco discutida na academia, mas que consideramos fundamental para o desenvolvimento dos profissionais da educação, qual seja, como se desenvolvem os conceitos científicos nas crianças em idade escolar. Conforme dados estatísticos divulgados pelo Observatório do Plano Nacional de Educação91 (2013) o Brasil tem 93,8% das crianças em idade de 6 91 O Observatório do PNE é uma plataforma online que tem como objetivo monitorar os indicadores referentes a cada uma das 20 metas do Plano Nacional de Educação (PNE) e de suas respectivas estratégias, e oferecer análises sobre as políticas públicas educacionais já existentes _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 316 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ a 14 anos matriculadas nos anos iniciais do ensino fundamental, o que representa 27.281.664 (vinte e sete milhões, duzentos e oitenta e um, seiscentos e sessenta e quatro). Mesmo que ainda não tenhamos atingido 100% de matriculas, estes dados demonstram um número significativo de crianças frequentando à escola. E qual tem sido o nível de conhecimento que estas crianças concluem os cinco primeiros anos do ensino fundamental? Os dados do sistema de avaliação oficial como Prova Brasil e o Índice de desenvolvimento da educação básica (IDEB) tem demonstrado que há um longo caminho a percorrer para se atingir um nível satisfatório de aprendizagem das crianças. Nossa intenção não é o de analisar os dados estatísticos, mas compreender como o conhecimento se desenvolve nesta etapa da escolaridade. Isto pressupõe analisar o desenvolvimento da aprendizagem das crianças. No entanto, quando se fala em aprendizagem é preciso considerar que o campo é muito aberto e envolve muitas situações, por isso, pretendemos, neste trabalho centrar o foco na aprendizagem intelectual da criança quando esta chega à escola do ensino fundamental, especificamente nos anos iniciais. Para atender este propósito, este trabalho está amparado nos estudos desenvolvidos pela Teoria Histórico-cultural, que tem como mentor os pesquisadores russos Vigotski, Luria e Leontiev. 2. DIFERENÇAS ENTRE CONCEITOS ESPONTÂNEOS E CONCEITOS CIENTÍFICOS E SUA IMPORTÂNCIA NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM A formação dos conceitos científicos está de certa forma ligada à escola, mas desde o seu nascimento, a criança recebe do seu grupo familiar e social e que serão implementadas ao longo dos dez anos de vigência do Plano. A ideia é que a ferramenta possa apoiar gestores públicos, educadores e pesquisadores, mas especialmente ser um instrumento à disposição da sociedade para que qualquer cidadão brasileiro possa acompanhar o cumprimento das metas estabelecidas. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 317 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ influência dos costumes, religião, cultura e outros. Esses hábitos, conhecidos como conceitos espontâneos são aqueles que a criança aprende por meio de observações e experiências no seu meio social, por exemplo, na primeira vez que uma criança pequena vê um cachorro as pessoas mais experientes dirão as informações necessárias: Olha o au-au! Logo a criança verá que o “au-au” é um animal de quatro patas, pêlo, rabo e focinho. Em outra situação, quando a criança se depara com um porco, automaticamente buscará os conceitos já organizado em sua experiência cotidiana: animal de quatro patas, pêlo, rabo e focinho, de modo que chamará o porco de “au-au”. Assim, logo as pessoas que estão à sua volta lhe informam que aquele não é um cachorro, mas um porco, de forma que a criança mais uma vez adquire novos conceitos. Com o tempo, ela vai absorvendo todas as informações que lhe são apresentadas ou vivenciadas no seu cotidiano, passando a formar processos psicológicos mais complexos, que poderão promover o desenvolvimento dos conceitos científicos. Na perspectiva da Teoria Histórico-cultural, segundo Buosi, (2005) o principal sujeito na formação desses conceitos é o professor, considerando que ele assume o papel de mediador no processo ensino e aprendizagem, quando transmiti o conhecimento historicamente produzido pela humanidade. Nesse processo de mediação cabe ao professor dominar os conhecimentos, enquanto ciência, promovendo situações que desenvolvam o conhecimento dos alunos. Para que ocorra a formação de conceitos, a escola deve organizar experiências na qual os alunos possam interagir entre si e principalmente fazse necessário que o professor tenha conhecimento do que o aluno necessita para apropriar-se dos conceitos. Isso significa a organização de um bom trabalho pedagógico, assim definido por Vigotski: O bom ensino é aquele que dirige às funções psicológicas que estão amadurecidas, prontas, mas ainda não se completaram. São processos de desenvolvimento que embora presentes na criança, necessitam da colaboração de pessoas mais experientes do seu meio para se consolidarem (VIGOTSKI, 2005 apud BUOSI, p. 24) _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 318 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Nesse aspecto, analisar como ocorre a absorção de conceitos, quais os meios utilizados para que haja esse desenvolvimento, é uma tarefa que exige a permanente compreensão do que são conhecimentos espontâneos e conhecimentos científicos. O processo dessa transformação de um conceito em outro, implica num longo processo de dominar as etapas anteriores, do conhecimento adquirido (sincrético, análise e síntese) e o domínio de pensamentos mais complexos. Como ocorrem estas etapas? Todo ser humano organiza, internamente, as informações que aprende na relação com a natureza ou com outras pessoas. No primeiro momento esta aprendizagem ocorre de maneira externa, fora do indivíduo, mas ao compreendê-la ela acaba sendo internalizada de maneira que garanta nossa sobrevivência e nossa permanência num determinado grupo social. Assim, durante nossa existência tentamos compreender tudo que nos rodeia e o funcionamento das coisas. Inicialmente compreendemos por meio dos conceitos cotidianos, espontâneos ou pseudoconceitos, mas ao instrumentalizar o conhecimento recebido fundamentando-se em teorias, podemos transformá-lo em conceitos científicos. Foi procurando compreender como os conceitos se desenvolve que Vigotski e seus colaboradores se reuniram para estudar a complexidade desse desenvolvimento. Com base nos estudos desenvolvidos pelos pesquisadores russos é que apresentaremos algumas reflexões sobre o desenvolvimento dos conceitos científicos abordados pela Teoria Histórico-Cultural. Segundo pesquisas de Vigotski (1986) para a criança, mesmo aquela que ainda não começou a fazer parte da escola, a palavra designa objetos do mundo externo, desde ações, traços, relações como também generalizam estes objetos. Isto significa que no início da vida da criança, a palavra possui um significado afetivo, mas com a introdução no ambiente escolar esse significado se transforma em impressões concretas por meio de experiência direta, real e prática. A compreensão do ser humano depende do processo de internalização das formas culturalmente dadas de _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 319 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ funcionamento psicológicos em que cada um dá um significado particular as suas vivências. Por isso, afirma que a aprendizagem precede o desenvolvimento (VIGOTSKI, 2005 apud BUOSI, p.17) Além disso, Vigotski (2005) considerava a escola como o lugar mais favorável ao desenvolvimento psíquico da criança. De forma que o desenvolvimento e aprendizagem estão intimamente ligados. Dessa forma, Vigotski procurou uma abordagem que diferenciasse os conhecimentos construídos pelo individuo em sua vida social e cultural, aqueles que vivenciamos em nosso cotidiano, considerados por ele como conceitos cotidianos ou espontâneos e aqueles ensinados na escola, conhecido como conhecimentos científicos. 3. MÉTODOS DE DETERMINAÇÃO DOS CONCEITOS De acordo com Leontiev (2004) os homens se diferenciam dos animais por meio de seus desenvolvimentos propícios e a forma de apropriação da cultura material e intelectual. Também Luria (2004) afirma que Vigotski, influenciado por Max, concluiu que muitas dessas formas superiores do comportamento deveriam ser encontradas no convívio social. Amparando-se nesse princípio, Vigotski (2004) observou que durante o processo de desenvolvimento a criança se apropria de diferentes mediadores culturais, que transformam seu pensamento e suas ações desenvolvendo, assim, a consciência do ser humano. Nessa mesma direção, Luria (2004) indica que o desenvolvimento mental da criança ocorre em grande parte pela influência da comunicação, que exige uma grande participação da linguagem, responsável pela organização de suas ações como ser humano. Para comprovar estes teses, Vigotski (2004) realizou experimentos com mais de 300 pessoas de diferentes idades, com o intuito de descobrir o papel da palavra e as características de seu uso funcional no processo de formação _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 320 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ de conceitos. Para isso, utilizou um importante método desenvolvido por Luria, que buscava analisar o desenvolvimento e funcionamento dos processos psíquicos superiores, com o auxílio de vários estímulos. De acordo com Luria (1986), os métodos de determinação dos conceitos é um procedimento simples que serve para esclarecer os sistemas de enlaces que se encontra por trás da palavra em cada etapa do desenvolvimento infantil. Para essa situação Luria exemplificou dizendo que se pede à criança que determine o significado de uma ou outra palavra, como por exemplo: perguntase o que é um “cachorro”, o que é uma “mesa”, o que é o “leite”, estudando atentamente suas respostas. Luria diz que esse método está vinculado à psicologia há muito tempo e já recebeu amplo reconhecimento, mas, mesmo assim, foi necessário um estudo mais detalhado dos resultados obtidos com sua ajuda. Nesse caso, para Luria (1986) é possível que a criança responda de duas formas a estas perguntas. A primeira forma fundamenta-se em que, ao responder, ela não determine completamente o significado da palavra dada, mas sim que apresente algum traço, alguma função do objeto ou o introduza em uma situação concreta, como: “o cachorro cuida da casa, o cachorro morde ou o cachorro late; sobre a mesa se almoça ou há mesas escritórios; o leite é uma coisa gostosa, o gatinho toma leite ou as crianças pequenas gostam de tomar leite, etc.” (LURIA, 1986 p. 59) Para Luria essas respostas não são consideradas como determinação de conceito, mas sim, é a enumeração de certos traços do objeto ou das situações nas quais este se encontre incluída. Quando Luria (1986) analisou o segundo tipo de respostas constatou que elas eram diferentes das primeiras. Ao fazer as mesmas perguntas à criança obteve as seguintes respostas: “o cachorro é um animal, a mesa é um móvel, o leite é um alimento, etc.” (LURIA, 1986 p.59) Essas respostas caracterizam que quem está respondendo não está produzindo “uma situação concreta na qual se encontre incluído o objeto dado, _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 321 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ mas sim, introduz o objeto em certos sistemas de conceitos, em determinadas categorias” (LURIA, 1986, p. 59) Com a aplicação desse método pode-se observar que na criança de idade pré-escolar92, as respostas que predominavam eram a do primeiro tipo, ou seja, a criança nunca responderia à pergunta sobre o que é um cachorro dizendo que é um animal, mas, sempre dava uma resposta concreta, nomeando certos traços do animal. Dessa forma, “a criança de idade préescolar predomina em forma absoluta o conteúdo real-imediato da palavra” (LURIA, 1986, p. 59) Nas crianças que estavam iniciando a vida escolar, Luria (1986) observou que não havia uma progressão quanto ao primeiro tipo de resposta. De forma que do mesmo modo, a criança produzia uma situação imediata. Assim, Luria constatou que os escolares jovens em grande parte começavam a responder as perguntas da seguinte forma: “‘o cachorro é um animal’, ‘a rosa é uma flor’, ‘o divã é um móvel’, etc” (LURIA, 1986, p. 60, grifo do autor). Foi utilizando este método desenvolvido por Luria, que Vigotski diferenciou os “‘conceitos cotidianos’ que evocam um sistema de enlaces reaisimediatos, dos ‘conceitos científicos’, que introduzem o objeto em um sistema de determinações lógico-verbais (LURIA, 1986, p. 60, grifo do autor). Esse método proporciona diversos materiais para identificar o grau de desenvolvimento mental e também diagnosticar distintas formas patológicas. Vigotski (2001) demonstrou que a evolução que se eleva no desenvolvimento dos conceitos se constitui em três estágios básicos: agrupamento sincrético, pensamento por complexo, conceito propriamente formado, dividindo-se em várias fases. O primeiro estágio de formação do conceito definido por Vigotski (2001) é o agrupamento sincrético que se manifesta mais frequente na criança, é a formação de uma pluralidade não informada e não ordenada, a diferenciação de um amontoado de objetos no momento em que essa criança se vê diante de um problema. Esse amontoado de objetos é uma extensão difusa e não 92 No período dessas pesquisas a criança pré-escolar era aquela que ainda não tinha ido à escola. Crianças entre 03 a 07 anos. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 322 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ direcionada do significado da palavra a uma série de elementos externamente ligados nas impressões da criança, mas internamente dispersos. A criança busca conectar tal objeto a uma imagem mista. Tanto na percepção, no pensamento e na ação, ela revela essa tendência a associar, a partir de uma única impressão, diversos elementos e inteiramente desconexos fundindo-os em uma imagem que não pode ser desmembrada, ou seja, ela se baseia em impressões imediatas que conhece, onde o significado da palavra não está definido. O segundo estágio abrange uma grande variedade em termos funcionais, estruturais e genéticos do mesmo modo do pensamento. Esse estágio passa a ser conhecido como pensamento por complexo, onde as generalizações criadas por meio do modo de pensamento, pela estrutura, complexos de objetos particulares concretos, não mais unificados à base de vínculos subjetivos que acabaram de surgir e foram introduzidos nas impressões da criança, mas de vínculos que afetivamente existem entre tais objetos. Existem cinco principais complexos, sendo eles: o associativo que se baseia em qualquer tipo de associação que a criança possua em algum traço de algum objeto como cor, forma, entre outros. O segundo é o complexo coleção que se constituem de objetos ou imagens concretas que combinam formando então um agrupamento, recordando uma coleção que possa conter cores iguais, formatos, etc. O terceiro é o complexo em cadeia, que se baseia em determinadas sequências em uma única cadeia, onde a criança irá montar uma sequência de figuras e passará a associar guiando-se sempre pela última figura. O quarto tipo é o complexo difuso onde nesse caso, a associação é indiferente, os grupos de objetos são formados por conexões indeterminadas. O quinto tipo é a formação do pseudoconceitos, que é uma forma de transição entre os complexos e os conceitos, desempenha um papel de ligação entre o pensamento concreto-metafórico e o pensamento abstrato da criança. Vimos até este momento que o primeiro estágio é caracterizado pela construção de imagens sincréticas, já o segundo caracteriza-se pela formação de conexões, na relação entre diferentes impressões concretas e a relação dos _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 323 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ elementos com sua totalidade. Apresentaremos, agora, o terceiro e último estágio que se diferencia do segundo por concluir toda a ontogênese dos conceitos, onde os complexos já formados são construídos segundo leis do pensamento inteiramente diferentes das leis do conceito. Sendo assim, a criança nessa fase já domina a forma superior de pensamento, dividindo-os em fases: abstração onde nesse caso é necessário abstrair, de certa forma é isolar elementos e os conceitos potenciais que seria por agrupamentos com base em só um atributo (objetos redondos, finos, grosso, colorido, etc.) obtendo-se então o conceito propriamente formado. Pode-se assim dizer que Vigotski (2004) conclui em sua pesquisa que é na primeira infância que se encontra a raiz para o desenvolvimento dos processos que podem dar lugar à formação dos conceitos, porém, somente na adolescência que possui as funções necessárias para a definição do pensamento conceitual. Assim, Vigotski (2004) observa que a formação do conceito é progressiva em diferentes idades, ou seja, esta sempre em desenvolvimento. Após alguns estudos, Vigotski afirma que: O verdadeiro conhecimento surge quando “[...] uma série de atributos que haviam sido abstraídos sintetizam-se de novo e quando a síntese abstrata conseguida desse modo se converte na forma fundamental do pensamento, através da qual a criança percebe e atribui sentido à realidade que a rodeia”. (VIGOTSKI 2004, apud FACCI, p.118) Assim para Vigostski, percebem-se muitos avanços na adolescência, de forma que etapas do pensamento sincrético e por complexos acabam por ser desprezadas, tornando de fato os conceitos potenciais cada vez mais raros, sendo que no inicio apareciam dificilmente. Porém, não significa que o adolescente abandonará essas etapas, mas ainda continuaram predominantes em diversas áreas do pensamento, levando o mesmo apenas a um amadurecimento do pensamento. 4. CONCLUSÃO _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 324 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Esta pesquisa encontra-se em processo de finalização, mas podemos antecipar que a formação do conceito científico passa por complexas etapas e está em constante evolução, o que significa que a criança percorre diferentes estágios intelectuais para chegar ao conhecimento científico. REFERÊNCIAS BUOSI, Rosângela B. Os processos de aprendizagem e desenvolvimento: abordagem histórico-cultural. In:CAMARGO, Janira Fiqueira, ROSIN, Sheila Maria (orgs). Psicologia da Educação e os Processos de Aprendizagem e de Desenvolvimento. Maringá. Editora da Universidade Estadual de Maringá. 2005, p. 11 a 24. LURIA, Alexandr Romanovich. Pensamento e linguagem: as últimas conferências de Luria. O desenvolvimento dos conceitos e os métodos para sua investigação. Porto Alegre. Artes Médicas. 1986, p.57 a 75. ______. Vigotskii. In: LURIA, A. R.: LEONTIEV, A. N.: VIGOTSKII, L.S. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. São Paulo: Ícone, 2006, p. 21 a 38. VIGOTSKY, Lev Semenovich. A construção do pensamento e da linguagem. Estudo experimental do desenvolvimento dos conceitos. São Paulo. Martins Fontes. 2001, p. 151 a 239. FACCI, Marilda Gonçalves Dias. Valorização ou esvaziamento do trabalho do professor?: Um estudo crítico-comparativo da teoria do professor reflexivo, do construtivismo e da psicologia vigotskiana. Campinas, SP. Autores Associados, 2004. (Coleção formação de professores). _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 325 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ EDUCAÇÃO BILÍNGUE: A FORMAÇÃO DOS PROFESSORES DE ENSINO REGULAR NO PROCESSO DE ENSINO/APRENDIZAGEM DOS ALUNOS SURDOS E OUVINTES93 MOREIRA, Viviane94 SILVA, Luziete Cristina95 Resumo: Este trabalho tem como objetivo analisar como está sendo feito o processo de inclusão e a proposta bilíngue como metodologia para alunos surdos em escolas regulares. Traz como enfoque também a formação dos professores que atuam nesse contexto, tendo por base a legislação que fundamenta a Educação Inclusiva dos alunos surdos, bem como o contributo de autores que abordam essa temática em suas pesquisas. Como metodologia será utilizada a abordagem qualitativa gerada por meio de referências bibliográficas e de pesquisa de campo, com entrevistas semi-estruturadas em uma escola pública inclusiva, que atendam surdos e ouvintes no mesmo contexto educacional. As linhas de ação dessa pesquisa buscam averiguar as práticas docentes em salas de aula bilíngues, em que os professores precisam reconstruir suas práticas pedagógicas para atender esses alunos em suas diferenças linguísticas, sendo a Língua Portuguesa e a Língua Brasileira de Sinais. Palavras – chave: Inclusão. Práticas Docentes. Bilinguismo. Surdos e Ouvintes. 93 Trabalho de conclusão do Curso de Pedagogia, apresentada em 2014 a banca examinadora constituída pelos professores: (...) 94 Acadêmica do 4º Ano de Pedagogia da UNESPAR/FAFIPA. 95 Docente orientadora e membro do Colegiado do Curso de LETRAS da UNESPAR Campus de Paranavaí. Orientadora do TCC. Especialista em Educação Especial. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 326 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ EDUCAÇÃO DO CAMPO: EM DISCUSSÃO A GESTÃO ESCOLAR DEMOCRATICA96 Tatiane de Amorim Luiz Benteo97 Elias Canuto Brandão98 Resumo: A pesquisa em andamento investiga a gestão democrática nas escolas do campoperpassando suas características e desenvolvimento. Discutiremos a gestão educacional como uma ação mediadora e que a gestão da escola não deve ser tratada como a de uma empresa. Destacamos a importância das políticas educacionais às escolas do campo e às escolas das cidades e o trabalho dos movimentos sociais, junto às escolas do campo. Temos como base para a pesquisa autores como Libâneo, Martins, Viera, Paro entre outros e em leis como a Constituição do Brasil e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, assim como as Diretrizes Operacionais para Educação do Campo. No decorrer da pesquisa analisamos a gestão da educação voltada ao campo e verificamos que a gestão democrática participativa acontece na sua maioria em escolas do campo, visto que a educação, nestes locais, atinge seu objetivo: a transmissão do conhecimento sistematizado e a formação do sujeito social. Palavras-chave: Gestão escolar. Educação do campo. Gestão democrática participativa. Introdução A pesquisa em andamento busca compreender a gestão escolar, com ênfase à gestão escolar democrática e participativa nas escolas do/no campo. O termo gestão da educação é relativamente novo, pois há alguns anos utilizava-se o termo Administração Escolar que, em suma, tem a mesmo significado. Paro (2001, p. 18), definiu que a administração “é a utilização racional de recursos para realização de fins determinados”, enquanto que a gestão deve ser utilizada como uma ação mediadora entre direção, pais, alunos, professores e toda comunidade escolar interna e externa. Segundo Paro, há dois grandes equívocos relacionados 96 Pesquisa vinculada ao projeto de pesquisa do professor doutor Elias Canuto Brandão. Acadêmica do Curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR-Campus Paranavaí) e bolsista de iniciação científica, agência financiadora: Fundação Araucária. 98 Doutor em Sociologia. Docente da Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR-Campus Paranavaí) e orientador. Docente do Programa de Pós-Graduação Mestrado _______________________________________________________________________________ 97 UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 327 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ à “gestão ou administração”. O primeiro é pensar que para haver uma administração é necessário haver um administrador e um administrado, sendo que em uma escola, isto não deve ocorrer, pois a gestão deve acontecer de forma mediadora entre direção e comunidade escolar. Adiantamos que as gestões educacionais públicas não devem ser trabalhadas como a administração empresarial, pois não são empresas. O segundo equívoco é pensar que a gestão refere-se apenas as atividades meios (secretaria de educação), esquecendo-se que o conceito de administração escolar deve ser de mediadora, abrangendo todos os momentos da vida escolar, sejam materiais, financeiros e intelectuais. De acordo com diferentes autores e com a prática observada, a gestão deve propor elementos que levem a escola a realizar seu objetivo final, que é a transmissão do conhecimento sistematizado e a cultura, sempre pensando na formação do sujeito aluno e também do educador. Nossa pesquisa intencionada em demostrar como a gestão influencia na formação do sujeito e uma questão inicial nos inquieta e nos impulsiona à investigação: será que as escolas, tanto no campo quanto nas cidades, formam cidadãos ativos e críticos. É evidente que a questão nos obrigaria a uma investigação ampla, no entanto, nos ateremos à gestão das escolas do campo. O termo “administração escolar” utilizado por Libâneo tem como característica os princípios referentes à organização do trabalho da escola e a coordenação dos recursos materiais e imateriais. O termo “administração escolar” refere-se aos procedimentos que caracterizam os princípios referentes à ação de planejar o trabalho da escola, direcionar o uso dos recursos materiais, financeiros e intelectuais para coordenar e controlar o trabalho das pessoas. (LIBÂNEO, 2001, p.75) Para compreendermos a gestão devemos colocá-la no âmbito da organização. Pois não é possível coordenar ou administrar uma escola sem utilizar a organização para planejar o trabalho da escola e suas ações. A organização tem a pretensão de auxiliar a gestão para alcançar os objetivos determinados pela instituição escolar. Segundo Libâneo, em um sentido amplo, a _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 328 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ organização consiste em, “unidade social que reúne pessoas que interagem entre si e que opera através de estruturas e processos organizativos próprios, a fim de alcançar os objetivos da instituição”. (LIBÂNEO, 2001, p. 77). É fundamental ainda conhecer a política educacional, pois a política está na dimensão das ideias que fundamentam a realidade em que vivemos. Quando falamos em política em uma visão prática, estamos tratando de ideias que geram ações, pois as leis regem a política educacional que orientam a educação e consequentemente a gestão. Segundo Vieira (2007, p. 58), em sua análise das políticas de educação, afirma que “esta deve alcançar a escola e seus agentes e, num movimento de ida e volta, procurar apreender como as ideias se materializam em ações, traduzindo-se, ou não, na gestão educacional e escolar”. A discussão nos leva à Constituição de 1988 ao afirmar que a educação é um “direito e dever do Estado e da família” (Art. 205). Na prática, a Constituição traduz o papel das políticas públicas (educacionais) que devem ser realizadas por meio de ações que concretizam a gestão. No entanto, para que haja uma educação de qualidade é necessário um alto investimento financeiro por parte do Estado, pois sem investimento o trabalho da gestão fica precário. Observamos que em muitos projetos direcionados à educação, a parte financeira tem sido ignorada e os planos e promessas ficam somente no mundo das ideias, sendo inviabilizadas. Por este motivo, os gestores não devem ter apenas boas propostas, mas devem ter a consciência de buscar pensar juntos com a equipe pedagógica a viabilidade e aceitabilidade das ideias, pois uma, [...] gestão se faz com interação com o outro. Por isso mesmo, o trabalho do gestor ou da gestora implica sempre em conversar e dialogar muito. Do contrário as melhores ideias também se inviabilizam. [...] A negociação é outro componente importante nesse processo, porque a gestão é arena de interesses contrários e conflituosos. Neste sentido, o gestor que não é um líder em sua área de atuação poderá se deparar com dificuldades adicionais. (VIEIRA, 2007, p. 59). _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 329 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Tratando-se de gestão democrática participativa, parece-nos que a gestão escolar democrática das escolas do campo com a participação da comunidade está um passo a frente das escolas do meio urbano. As escolas com característica camponesas articuladas aos movimentos sociais, sobretudo ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) tem sua contribuição em relação à democracia com mais eficácia, prática e evidência que outras escolas, pois os povos do campo lutam pela democracia, por uma vida com mais dignidade e respeito e pela terra onde possam criar os filhos e por uma escola de qualidade, onde os filhos tenham o direito ao conhecimento, compartilhando de uma real democracia. O papel da gestão não é apenas o que está prescrito na lei. A gestão democrática não deve estar somente no âmbito escolar, mas em todo sistema educacional. E quando a gestão democrática é participativa, deve envolver a participação de todos. Para o gestor participativo, é um exercício de cidadania. Segundo Vieira (2007), a gestão é dividida em duas esferas, a “gestão educacional que está na esfera macro e a gestão escolar na esfera micro”, sendo que uma não existiria sem a outra. Destacamos ainda que a gestão escolar recebeu suas primeiras orientações com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB, nº 9394/1996), que atribuiu às escolas novas incumbências aos sistemas de ensino. De acordo com o Art.12, por exemplo, cabe ao gestor Elaborar e executar sua proposta pedagógica; administrar seu pessoal e seus recursos materiais e financeiros; assegurar o cumprimento dos dias letivos e horas-aula estabelecidas; velar pelo cumprimento do plano de trabalho de cada docente; prover meios para a recuperação dos alunos de menor rendimento; articular-se com as famílias e a comunidade, criando processos de integração da sociedade com a escola; informar os pais e responsáveis sobre a frequência e o rendimento dos alunos, bem como sobre a execução de sua proposta pedagógica. Informar pai e mãe, conviventes ou não com seus filhos, e, se for o caso, os responsáveis legais, sobre a frequência e rendimento dos alunos, bem como sobre a execução da proposta pedagógica da escola. (BRASIL, 1996, s/p.). Segundo a LDB, a elaboração e a execução de uma proposta pedagógica é uma das principais funções da escola, tendo como dever o gestor orientar para _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 330 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ tal finalidade. Os pesquisadores alertam que o Projeto Político Pedagógico o (P.P.P.) é uma parte principal da escola e deve receber cuidados especiais, pois é a essência da proposta pedagógica da escola. Nas escolas que praticam a Educação do Campo, este deve ser composto pelos elementos que caracterizam os povos do campo sua identidade e cultura, pois trabalha também a realidade concreta dos alunos. As Diretrizes Operacionais para Educação do Campo trata em seus textos sobre a incorporação da escola na construção coletiva dos sujeitos sociais e indica pressupostos de gestão democrática na construção do espaço institucional da Educação do Campo para que em sua proposta pedagógica o (PPP) inclua na formação as características dos sujeitos do campo que são as mais diversas possíveis. Segundo as Diretrizes, A educação do campo, tratada como educação rural na legislação brasileira, tem um significado que incorpora os espaços da floresta, da pecuária, das minas e da agricultura, mas os ultrapassa ao acolher em si os espaços pesqueiros, caiçaras, ribeirinhos e extrativistas. O campo, nesse sentido, mais do que um perímetro não urbano, é um campo de possibilidades que dinamizam a ligação dos seres humanos com a própria produção das condições da existência social e com as realizações da sociedade humana. [...] A identidade da escola do campo é definida pela sua vinculação às questões inerentes à sua realidade, ancorando-se na temporalidade e saberes próprios dos estudantes, na memória coletiva que sinaliza futuros, na rede de ciência e tecnologia disponível na sociedade e nos movimentos sociais em defesa de projetos que associem as soluções exigidas por essas questões à qualidade social da vida coletiva no país. (BRASIL, 2002, s/p). Outro ponto importante que está no Art. 12 da LDB que possibilita a participação da comunidade escolar (interna e externa) na administração da escola, é que o gestor deve fazer a ligação entre escola X comunidade, pois “a escola deve articular com as famílias e a comunidade, fazer com que haja interação entre as mesmas, a escola deve informar e integrar a comunidade sobre a execução de sua proposta pedagógica” (Incisos VI e VII). No entanto em muitas escolas públicas, esta gestão democrática não acontece como determina a lei, _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 331 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ pois para haver uma gestão democrática é necessária a participação de toda comunidade. Diante disto Martins deixa claro que, Democratizar a gestão da escola do campo é inserir a comunidade camponesa, com seus valores, principalmente o da cooperação, no interior das instâncias administrativas da escola. Dessa maneira, o planejamento, as ações, as perspectivas das práticas escolares serão (em tese) um reforço em ações do desenvolvimento comunitário também. (MARTINS, 2009, p. 8). Diante do exposto, a gestão tem um papel importante no processo de ensino e aprendizagem. Vieira (2007), por exemplo, apresenta que temos muitas leis que ampara a educação como sendo um direito de todos. Mas não basta ser um direito se o Estado não cumpre seu papel de executor do direito constitucional. A gestão escolar, por sua vez orienta-se para aquilo que é próprio de sua finalidade – promover aprendizagem, viabilizando a educação como todos, conforme determina a Constituição e Diretrizes e Bases. (VIEIRA, 2007, p. 63). assegurar o ensino e direito de a Lei de O anseio por uma gestão escolar democrática é parte da vontade política de praticamente todo gestor até que assume uma escola e é discutido por muitos educadores. Mas deixemos claro que a gestão democrática é um desafio do cotidiano das escolas, mesmo sendo ela estabelecida por lei. Na prática, a maioria dos gestores abandona a gestão participativa à medida que não envolve a participação da comunidade escolar (interna e externa), ignorando-a desde a elaboração do projeto político pedagógico e concelhos escolares. De acordo com Medeiros e Luce, A gestão democrática da educação está associada ao estabelecimento de mecanismos institucionais e à organização de ações que desencadeiem processos de participação social: na formulação de políticas educacionais; na determinação de objetivos e fins da educação; no planejamento; nas tomadas de decisão; na definição sobre _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 332 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ alocação de recursos e necessidades de investimentos; na execução das deliberações; nos momentos de avaliação. (MEDEIROS; LUCE, 2006, p.18). As escolas, tanto no campo quanto nas cidades “vivem um tempo em que grande parte dos problemas relacionados à educação e a gestão foi diagnosticado, mas, no entanto, deve-se muito em soluções para tais problemas”. O dilema vivido nas escolas está relacionado à teoria e à prática, pois o que se pensa muitas vezes não é aplicado nas escolas ou tais ideias não são viáveis para determinadas realidades, esta é uma atitude errônea dos que pensam e realizam a gestão, pois a teoria e a prática deveriam estar juntas. O dilema dos que pensam a gestão é de que se bastam com a teoria. Não sujam as mãos com a prática, ou com a “rica totalidade de determinações e de relações numerosas”. O dilema dos que fazem a gestão reside no extremo oposto. Se os primeiros se contentam com a teoria, os segundos limitam-se à prática, problema igualmente ardiloso, com implicações distintas. Uma coisa é conhecer pela teoria, outra bastante distinta é conhecer pela experiência. (VIEIRA, 2007, p. 64). O estudo indica que, para que a escola cumpra seu papel de levar “educação de qualidade com direito de todos” é preciso ir da prática à teoria tendo em vista realizar a função social da educação e da escola, de maneira democrática e participativa. E as escolas do campo procuram fazer este exercício político educativo. A gestão democrática e participativa da educação, em tese, busca aproxima todos os envolvidos no processo de ensino/aprendizagem e na organização da escola, por meio da participação efetiva de pais, alunos, professores e gestores, todos buscando fazer com que a escola atinja seu objetivo final: a construção de uma educação de qualidade. De acordo com Vieira, O sucesso de uma gestão escolar, em ultima instância, só se concretiza mediante o sucesso de todos os alunos. Daí porque é preciso manter como norte a “gestão para a comunidade de aprendizes” que implica em uma vigilância permanente e cuidadosa sobre os processos de produção e difusão do saber na escola. (VIEIRA, 2007, p. 68). _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 333 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Por fim, parafraseando Boneti (2001, p. 238), o projeto de uma gestão democrática e participativa busca em seu desenvolvimento que a escola, na medida em que participa da formação do sujeito social, organiza, fortalece e constrói a identidade social de todos seus sujeitos. Nas escolas do/no campo a gestão democrática vai além da colaboração da comunidade. Segundo MARTINS, (2009) a Educação do Campo é “mais do que um movimento social, a Educação do Campo é um movimento da sociedade pela educação pública”. A escola do campo faz parte da vida da comunidade. As escolas que estão inseridas nos acampamentos e assentamentos dos movimentos sociais, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), estão intimamente ligada às pessoas que ali vivem e a escola faz parte de sua luta. Os conteúdos estão relacionados às suas experiências e a prática educativa busca contribuir para o desenvolvimento de todas as pessoas ali inseridas. A escola busca contribuir com o desenvolvimento da comunidade. No caso da Educação do Campo, a democratização da gestão da escola, reside também em ações emanadas da própria prática escolar pautadas pela necessidade de contribuição para com a realidade camponesa. Ou seja, uma gestão democrática da escola do campo, pressupõe uma prática educativa que contribua efetivamente para com o desenvolvimento das relações sociais do campo. (MARTINS, 2009, p. 5). As escolas do campo, quando nos assentamentos, estão ligadas aos movimentos sociais e o gestor deve fazer parte da comunidade onde a escola está, devendo conhecer a comunidade e ter boa interação com ela. Considerações Finais A pesquisa em desenvolvimento tem demonstrado que para que haja um bom funcionamento escolar e acesso à educação de qualidade nas escolas do _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 334 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ campo e das cidades, é necessário que as gestões procurem ser democráticas e participativas. Foi o que procuramos evidenciar neste estudo a respeito da gestão escolar democrática e participativa nas escolas do campo, discutindo a importância deste processo na formação do sujeito social. O exposto evidenciou que a busca por uma educação de qualidade faz parte da luta de educadores populares e movimentos sociais organizados em defesa de um projeto de educação pública de qualidade com participação ativa da comunidade. Sem luta e pressão social não há conquistas, nem mudanças sociais, políticas e culturais. Destacamos assim que o papel do gestor em escolas do campo é levar aos educandos um ensino de qualidade no local em que vivem, aflorando nestes o interesse pela escola, pois uma educação de qualidade e democrática tende a desenvolver no educando e em toda comunidade escolar que estes se sintam parte efetiva da escola. As escolas com características democráticas e participativas, em sua maioria, formam sujeitos ativos que lutam por seus direitos. Por conseqüência, a Educação do Campo busca em sua gestão incluir pais, educandos, educadores e funcionários no processo de gestão escolar democrática e participativa, pois a formação de cidadãos e o acesso destes à educação de qualidade é uma grande tarefa dos sujeitos do campo. Portanto, a educação traz consigo um compromisso maior: a luta pelos direitos que em boa parte, tem sido deixado de lado pelos governantes. Por fim, nossa análise tem evidenciado que as escolas que de fato são do campo, em sua maioria, tem uma gestão democrática e participativa, cumprindo sua função de levar aos alunos uma educação de qualidade no local em que vivem. REFERÊNCIAS BONETI, Lindomar Wessler. As políticas educacionais, a gestão da escola e a exclusão social. In. FERREIRA, NauraSyriaCarapetto, AGUIAR, Márcia Ângela da S.(Org). Gestão da educação: impasses, perspectivas e compromissos. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2001. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 335 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil 1988. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Brasília-DF. 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm. Acesso em: 14 jul. 2014. ______. Lei de Diretrizes e Base da Educação – LDB nº 9394/96. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Brasília-DF, 1996. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm>. Acesso em: 10 de jul. 2014 BRASIL. CNE. Diretrizes Operacionais para a Educação Básica das Escolas do Campo. (Parecer n.º 36/2001 e Resolução 01/2002 do Conselho Nacional da Educação) Brasília: 2002. LIBÂNEO, José Carlos. Organização e gestão da escola: teoria e prática. Goiânia: Alternativa, 2001. MARTINS, Fernando José. Ocupação da escola: uma categoria em construção. Porto Alegre: Tese - (Doutorado em Educação). Faculdade de Educação. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Programa de PósGraduação em Educação. 2009. 282p. ______. GESTÃO DEMOCRÁTICA DA ESCOLA DO CAMPO. Unioeste – Campus de Foz do Iguaçu. 2009. Disponível em: www.anpae.org.br/congressos_antigos/simposio2009/114.pdfAcesso em 10 jul. 2014 MEDEIROS, Isabel Letícia Pedroso de; LUCE, Maria Beatriz. Gestão democrática na e da educação: concepções e vivências. Disponível em: <http://xa.yimg.com/kq/groups/23100729/746988120/name/Texto_08_LUCE_MED EIROS.pdf>. Acesso em 22 jan. 2014. PARO, Vitor. Henrique. Administração escolar: introdução crítica. 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Apresenta de forma descritiva as determinações da legislação educacional e penal a importância das ações de educação neste contexto. Evidencia a problemática nas estatísticas do sistema prisional do país e enfatiza a importância das práticas da educação no sistema penitenciário brasileiro. Mostra na literatura sobre o tema a dificuldade de garantir o cumprimento da legislação quanto à ressocialização do preso por meio da educação. Ressalta a importância da temática aqui discutida, uma vez que se trata de um problema que envolve toda a sociedade, posto o sistema penal brasileiro não apresentar bons resultados na diminuição dos índices de criminalidade no país. Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos; Privação de Liberdade; Leis de Execuções Penais; Ressocialização. 1. INTRODUÇÃO Este trabalho tem como finalidade analisar na Lei de Execuções Penais o papel da Educação para a ressocialização do preso. Para isso buscamos nos documentos normativos e orientadores do Ministério da Justiça e da Educação a importância das práticas da educação no sistema penitenciário brasileiro para o cumprimento da função de ressocialização do preso. É importante observar que, em tempos de cadeias cada vez mais lotadas, vemos que os presos são privados, além de sua liberdade, de muitos dos direitos de cidadania como, por exemplo, o direito a educação. Esta apontada pela própria 99 Acadêmica do 4º ano de Pedagogia da UNESPAR/FAFIPA. Professora orientadora Doutora em Educação e Membro do Colegiado do Curso de Pedagogia da UNESPAR Campus de Paranavaí. _______________________________________________________________________________ 100 UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 337 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ legislação prisional como essencial para o retorno do preso à sociedade, ou seja, sua ressocialização. Enfatizamos ainda que educação é um processo fundamental para a atuação plena do homem na sociedade. Defendemos que a educação proporciona ao homem o seu crescimento pessoal e integra a dignidade humana. É importante salientar que população carcerária, em sua maioria, possui baixa escolaridade o que justifica, por si, a necessidade da oferta da educação para as pessoas que se encontram em regime de privação de liberdade. Desta forma, defendemos a educação como um direito de cidadania para crescimento, e manutenção da dignidade humana. Conforme Andrade (2009, p. 12) explicita-se que Atualmente, a escola neste contexto vem a princípio como reintegradora, ressocializadora dos encarcerados, ou seja, a salvadora dos males sociais e sendo muitas das vezes utilizada como um meio e não como um direito garantido a todo o ser humano. É importante ressaltar que neste trabalho não tomamos a escola como redentora e responsável sozinha pelas correções das mazelas sociais. Vemos aqui a educação como um direito humano e neste sentido a defendemos para as pessoas privadas de liberdade. Ao olhar para a realidade prisional do nosso país vemos que em muitas unidades penais não há o cumprimento pleno de "reeducar” ou ressocializar. O tempo em que o jovem ou adulto permanece em reclusão não garante uma mudança efetivo do sujeito que ali entrou. Para essa situação, entendemos que colabora o não cumprimento dos direitos de cidadania. Conforme Serralheiro e Costa (2007): A educação tomada num sentido amplo como formação e socialização do indivíduo supõe sempre a comunicação, a transmissão, a aquisição de alguma coisa: conhecimentos, competências, crenças, hábitos, e valores, que se constituem o que se chama de conteúdo da educação, suporte de toda experiência humana, pode-se dar o nome a estes conteúdos de cultura. (SERRALHEIRO; COSTA, 2007, p.35). _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 338 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Não podemos perder a atenção que nos dias de hoje a educação social e escolar está sendo procurada no século XXI devido às modernidades, a era tecnológica. Com isso devemos parar para refletir que os presidiários para poderem se ressocializar têm a necessidade de ter uma educação básica e fundamental, caso não tenham, a sociedade vai rejeitá-lo, ou seja, falta- se empregos devido à escolaridade e os mesmos vão voltar à criminalidade, mudando assim o objetivo que é de reintegrar esses presos à sociedade. De acordo com o Plano estadual de educação no sistema prisional do Paraná (2012, p. 25): O Brasil já passou da etapa que discutir sobre o direito à educação dentro das cadeias. Agora o objetivo são as experiências e práticas adquiridas dentro das penitenciárias para se ter uma oferta educacional de qualidade. Assim são necessários programas educacionais de qualidade para prepara o preso ao seu retorno à sociedade. De acordo Plano estadual de educação no sistema prisional do Paraná (2012, p.26) a educação nos presídios, faz com que os presos tenham o acesso a bens culturais e outros, tendo a autoestima elevadas e uma consciência sobre os deveres e direitos criando, assim, oportunidades para que esses presos se ingressem na sociedade. 2. O SISTEMA PENITENCIÁRIO BRASILEIRO E PARANAENSE Segundo o levantamento do Departamento Penitenciário Nacional do Ministério da Justiça - DEPEN-MJ a população carcerária no final de 2012 passava de 540 mil pessoas. Em 2009 chegava a 440 mil pessoas, conforme o gráfico a seguir: _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 339 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Fonte: Sistema Nacional de Informação Penitenciária - Dados Consolidados 2008-2009, p.40. 96760 O gráfico nos revela que acida de 26 mil ainda são analfabetos em 2009, em junho de 2012 já eram acima de 28 mil e em dezembro de 2012 teve uma diminuição para acima de 27 mil. Ainda de acordo com os dados da DEPEN, são considerados Estabelecimentos Penais aqueles que se utiliza de justiça com finalidade de alojar pessoas, que podem ser provisórias ou condenadas, como também os submetidos à medida de segurança. Podendo ser classificados. esses estabelecimentos, como: Estabelecimentos para Idosos: estabelecimentos penais próprios, ou seções ou módulos autônomos, incorporados ou anexos a estabelecimentos para adultos, destinados a abrigar pessoas presas que tenham no mínimo 60 anos de idade ao ingressarem ou os que completem essa idade durante o tempo de privação de liberdade; Cadeias Públicas: estabelecimentos penais destinados ao recolhimento de pessoas presas em caráter provisório, sempre de segurança máxima; _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 340 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Penitenciárias: estabelecimentos penais destinados ao recolhimento de pessoas presas com condenação à pena privativa de liberdade em regime fechado; Penitenciárias de Segurança Máxima Especial: estabelecimentos penais destinados a abrigar pessoas presas com condenação em regime fechado, dotados exclusivamente de celas individuais; Penitenciárias de Segurança Média ou Máxima: estabelecimentos penais destinados a abrigar pessoas presas com condenação em regime fechado, dotados de celas individuais e coletivas; e) Colônias Agrícolas, Industriais ou Similares: estabelecimentos penais destinados a abrigar pessoas presas que cumprem pena em regime semiaberto; Casas do Albergado: estabelecimentos penais destinados a abrigar pessoas presas que cumprem pena privativa de liberdade em regime aberto, ou pena de limitação de fins de semana; Centros de Observação Criminológica: estabelecimentos penais de regime fechado e de segurança máxima onde devem ser realizado os exames gerais e criminológico101, sendo que os resultados serão encaminhados às Comissões Técnicas de Classificação, as quais indicarão o tipo de estabelecimento e o tratamento adequado para cada pessoa presa; Hospitais de Custódia e Tratamento Psiquiátrico: estabelecimentos penais destinados a abrigar pessoas submetidas à medida de segurança. Os estabelecimentos penais brasileiros têm procurado se adaptar às exigências quanto à escolarização dos presos, conforme indicam os documentos normativos e orientadores do Ministério da Educação e do Ministério da Justiça. Além de uma exigência legal a educação torna-se uma necessidade diante da baixa escolaridade do preso no Brasil, conforme observamos nos gráficos abaixo: 101 O exame criminológico é como uma medida para verificar sua progressão, sendo não mais obrigatório desde 2003, podendo ser utilizada para alguns juízes como medida de decisão. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 341 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Fonte: Sistema Nacional de Informação Penitenciária - Dados Consolidados 2008-2009, p.44 E em 2009 a diferença: A educação assim além de ser uma aliada no processo de ressocialização do preso deve ser vista como um direito humano. Como vimos nos gráficos, a grande maioria dos presos brasileiros não tem sequer o ensino fundamental completo. Para estes a educação de jovens e adultos deve ser oferecida como forma de garantir a concretização de um direito que foi negado por muitos anos. A educação dentro das prisões paranaenses acontece em turmas do Programa Paraná Alfabetizado ou em escolas de ensino fundamental e médio de EJA. No Programa Paraná Alfabetizado quem financia é o governo federal, no _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 342 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ entanto é preciso monitoramento por parte desse órgão, porque esse programa é um atendimento especifico para a população carcerária. Já os dados de 2012, mostram que das 540 mil pessoas presas, somente acima de 64 mil são alfabetizadas. Isso demostra que ainda falta muito para que o direito à Educação se efetive no Brasil. Portanto entendemos que falta muito para que esses presos sejam realmente ressocializados, o que necessariamente falta é o cumprimento das leis, sendo o intuito desse artigo é ressaltar a importância das leis que regem e também a ressocialização do individuo por meio da educação, para que haja a diminuição da criminalidade no Brasil. Para Foucault (2002, p.224-225) a educação no sistema prisional tem que definir princípios como: a prisão como função de transformação do comportamento do individuo; a separação dos detentos pela gravidade de delitos cometidos; a progressão do regime de acordo com o comportamento dos presos; o trabalho como pela essencial na transformação e da ressocialização progressiva dos detentos; a educação, como parte do poder público, como precaução ao interesse da sociedade e uma obrigação para com o detento; o controle do sistema penitenciário por pessoal especializado; a assistência oferecida até a adaptação definitiva do antigo detento. Assim verificamos que a primeiro principio é função de transformar, mas como podemos? 3. A EDUCAÇÃO DO PRESO NA LEGISLAÇÃO PENAL E EDUCACIONAL BRASILEIRA O Direito à Educação para todos os brasileiros está assegurado na Constituição Federal de 1988 nos artigos 205 aos 213. Para nosso estudo destacamos a seguir os artigos 205 e 208: Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 343 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (...) Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade própria; (Brasil, 1988, p. 34-35) O novo Plano Nacional de Educação (PNE) que foi aprovado este ano coloca como meta a ser destacada: Meta 9: Elevar a taxa de alfabetização da população com 15 anos ou mais para 93,5% até 2015 e erradicar, até 2020, o analfabetismo absoluto e reduzir em 50% a taxa de analfabetismo funcional. Como estratégia para o cumprimento destas metas o PNE especifica: Estratégias: 9.1) Assegurar a oferta gratuita da educação de jovens e adultos a todos os que não tiveram acesso à educação básica na idade própria. 9.2) Implementar ações de alfabetização de jovens e adultos com garantia de continuidade da escolarização básica. 9.3) Promover o acesso ao ensino fundamental aos egressos de programas de alfabetização e garantir o acesso a exames de reclassificação e de certificação da aprendizagem. 9.4) Promover chamadas públicas regulares para educação de jovens e adultos e avaliação de alfabetização por meio de exames específicos, que permitam aferição do grau de analfabetismo de jovens e adultos com mais de 15 anos de idade. 9.5) Executar, em articulação com a área da saúde, programa nacional de atendimento oftalmológico e fornecimento gratuito de óculos para estudantes da educação de jovens e adultos. Meta 10: Oferecer, no mínimo, 25% das matrículas de educação de jovens e adultos na forma integrada à educação profissional nos anos finais do ensino fundamental e no ensino médio. Estratégias: 10.1) Manter programa nacional de educação de jovens e adultos voltado à conclusão do ensino fundamental e à formação profissional inicial, de forma a estimular a conclusão da educação básica. 10.2) Fomentar a expansão das matrículas na educação de jovens e adultos de forma a articular a formação inicial e continuada de trabalhadores e a educação profissional, objetivando a elevação do nível de escolaridade do trabalhador. 10.3) Fomentar a integração da educação de jovens e adultos com a educação profissional, em cursos planejados de acordo _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 344 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ com as características e especificidades do público da educação de jovens e adultos, inclusive na modalidade de educação a distância. 10.4) Institucionalizar programa nacional de reestruturação e aquisição de equipamentos voltados à expansão e à melhoria da rede física de escolas públicas que atuam na educação de jovens e adultos integrada à educação profissional. 10.5) Fomentar a produção de material didático, o desenvolvimento de currículos e metodologias específicas para avaliação, formação continuada de docentes das redes públicas que atuam na educação de jovens e adultos integrada à educação profissional. 10.6) Fomentar a oferta pública de formação inicial e continuada para trabalhadores articulada à educação de jovens e adultos, em regime de colaboração e com apoio das entidades privadas de formação profissional vinculadas ao sistema sindical. 10.7) Institucionalizar programa nacional de assistência ao estudante, compreendendo ações de assistência social, financeira e de apoio psico-pedagógico que contribuam para garantir o acesso, a permanência, a aprendizagem e a conclusão com êxito da educação de jovens e adultos integrada com a educação profissional. 10.8) Fomentar a diversificação curricular do ensino médio para jovens e adultos, integrando a formação integral à preparação para o mundo do trabalho e promovendo a inter-relação entre teoria e prática nos eixos da ciência, do trabalho, da tecnologia e da cultura e cidadania, de forma a organizar o tempo e o espaço pedagógicos adequados às características de jovens e adultos por meio de equipamentos e laboratórios, produção de material didático específico e formação continuada de professores. (BRASIL, 2011, p.11-12). De acordo com o Plano Estadual de Educação no Sistema Prisional do Paraná (2012, p.26) o plano de educação dos presídios não passa de uma formação para cada um daqueles presos, fazendo com que tenham o acesso a bens culturais e outros, tendo a autoestima elevadas e uma consciência sobre os deveres e direitos, criando assim oportunidade para que esses presos se ingressem na sociedade. Então o que ainda se vê é que por vezes a educação desses presos ainda é tratada como um privilégio para a sociedade, mesmo sabendo a importância das praticas educativas que estão ligadas a inserção deles á sociedade. 4. CONCLUSÕES PRÉVIAS _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 345 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Entende-se que a educação é colocada como forma de ressocializar. A relaidade dos presos mostram a baixa escolaridade e, também, como a criminalidade. Sem possibilidades concretas de alterar esta realidade a Educação se torna responsável por transformar aquele individuo para a sociedade. Então se pode observar por meios dos estudos o grande crescimento de pessoas presas nesses últimos anos, as leis que garantem o direito a educação, e suas escolaridades abaixo das requisitadas pela sociedade, mas para que isso possa mudar existem leis, que foram apresentadas que garantem o direito de cada indivíduo à educação. Conclui-se esse trabalho expondo o novo plano nacional de educação que que foi aprovado esse ano, esperamos que ele possa trazer os benefícios e metas esperados a partir das leis descritas e que todos tenham um outro olhar para uma ressocialização do preso per meio da educação. REFERÊNCIAS BITENCOURT, Cezar Roberto. Falência de Prisão: Causas e Alternativas. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2004. BRASIL, Decreto nº7.626, de 24 de novembro de 2011. Regulamenta o art. 84, incisos IV e VI, alínea “a”, da Constituição, e tendo em vista o disposto os arts. 17 a 21 e § 4o do art. 83 da Lei no 7.210, de 11 de julho de 1984, Institui o Plano Estratégico de Educação no âmbito do Sistema Prisional. Disponível em << https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/decreto/d7626.htm >> Acesso em: 12 abril 2014. ANDRADE, Janaina Campos de Abreu. Formando o cidadão por trás da blindagem: Análise de um projeto político-pedagógico de uma Escola situada em uma instituição carcerária, Londrina, 2009, p1-95. Disponível em http://www.uel.br/ceca/pedagogia/pages/arquivos/JANAINA%20CAMPOS%20AB REU%20FERNANDES.pdf. Acesso em: 03 maio 2014. SERRALHEIRO, José Paulo; COSTA, Ricardo Jorge. Um longo e pormenorizado plano de ação a debater. In: A página da Educação. Nº 166, Ano 16, Abril 2007; BRASIL, Ministério da Justiça. Disponível em:<http://portal.mj.gov.br/data/Pages/ MJC4D50EDBPTBRNN.htm>. Acesso em: 29 set. 2014. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 346 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ BRASIL. Lei Nº 7.210, de 11 de julho de 1984. Lei de Execução Penal. Institui a Lei de Execução Penal. Brasília, 1984. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil/leis/ L7210.htm. Acesso em: 22 mar. 2014. FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir: nascimento da prisão. Petrópolis: Vozes, 2002. BRASIL, Ministério da Educação. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/ index.php?option=com_content&id=16478&Itemid=1107. Acesso em: 01 jul. 2014. PARANÁ: Plano Estadual de Educação no Sistema Prisional do Paraná, Curitiba: Secretaria da Educação do Paraná, Secretaria de Estado da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, 2012. BRASIL, República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 29 set. 2014. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 347 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL: EM DISCUSSÃO AS POLÍTICAS PÚBLICAS DOS ÚLTIMOS 50 ANOS SOUZA, Amanda Aparecida102 GARCIA, Dorcely Isabel Bellanda103 RESUMO: Este artigo insere-se no campo da Educação Especial no Brasil. Faz uma retrospectiva histórica sobre as políticas públicas nesta modalidade de ensino nos últimos 50 anos. Apresenta os principais marcos históricos, normativos e as repercussões da nova forma de entender e conceber as crianças com deficiência no contexto escolar. Trata-se de uma pesquisa de caráter qualitativo e está sendo desenvolvida por meio de estudos bibliográficos, documentos legais. Busca respaldo teórico em autores como Mazzotta (1999), Bianchetti (2002), dentre outros que pesquisam e escrevem sobre a temática. O presente texto tem o intuito de apresentar, de forma sucinta questões de âmbito social, legal, normativo e educacional. Constatou-se que as práticas escolares da Educação Especial passaram por períodos diferenciados, tais como: o período da institucionalização, da integração e hoje da inclusão. Com a pesquisa realizada até o momento é possível afirmar que, no decorrer anos, muitas mudanças significativas ocorreram em beneficio da pessoa com deficiência devido à criação de leis, decretos, resoluções que asseguram o direito do mesmo a inclusão. Dentre eles podemos citar: a Política Nacional da Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva de 2008; a Resolução n° 4 de 2 de outubro de 2009; o Decreto n° 7.611 de 2011, dentre outros. Documentos estes norteadores fundamentais para que a inclusão se efetive em todos os níveis de ensino. Palavras-chave: Educação especial no Brasil. Marcos histórico e normativo. 1 Introdução Este artigo refere-se ao percurso da Educação Especial no Brasil dos últimos 50 anos. A ênfase maior é sobre os marcos históricos a partir da década de noventa, período em que foi elaborado normatizações sobre os Direitos Legais de Educação para Todos e a Declaração de Salamanca (1994), marco definitivo para a propagação da educação inclusiva. 102 Acadêmica do 4º ano de Pedagogia da Universidade Estadual do Paraná – UNESPAR/ Campus Paranavaí. Professora orientadora. Docente do Colegiado de Pedagogia da Universidade Estadual do Paraná – UNESPAR/ Campus Paranavaí. 103 _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 348 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Trata-se de uma pesquisa qualitativa de cunho bibliográfico situada no campo da Educação Especial, especificamente retratando toda a trajetória das políticas públicas até os dias atuais. Segundo Trivinos (1987), a pesquisa qualitativa “[...] parte também da descrição que intenta captar não só a aparência do fenômeno, como também sua essência. Busca, porém, as causas da existência dele, procurando explicar sua origem, suas relações, suas mudanças e se esforça por intuir as consequências que terão para a vida humana” (TRIVINOS, 1987. p. 129). É neste contexto que esse artigo se insere, com objetivo de pesquisar sobre os principais marcos históricos no Brasil, sobre políticas públicas da educação especial na perspectiva inclusiva nos últimos 50 anos. Enfatiza os documentos normativos sobre políticas públicas inclusivas, e por fim, analisará as implicações dessas políticas no contexto escolar. Este artigo constitui-se em uma oportunidade de estudo sobre a Educação Especial para a discente, que pretende continuar se especializando e pesquisando dentro desta modalidade de ensino. Acredita-se também que está temática trará contribuições significativas para sua formação, bem como aos graduandos de Pedagogia e da comunidade acadêmica. 2 POLÍTICAS PÚBLICAS SOBRE EDUCAÇÃO ESPECIAL Segundo Mazzotta (1999) inicialmente, calcada em tendências que entendiam a anormalidade como a totalidade do indivíduo, o deficiente físico ou intelectual era discriminado e segregado pela sociedade como uma aberração, um erro da natureza. Não era dada ao homem a possibilidade de tentar ter uma vida ativa e participativa dentro do contexto social. Em meados dos anos 50, afirma Mazzotta (1999), a criança que nascesse fora do que era considerado padrão de normalidade, tinha sua morte decretada, sem nenhuma chance de escolha por parte dos pais. Deficiência física ou mental era vista como algo espiritual, falta de religiosidade, obra do demônio e até _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 349 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ mesmo castigos decorrentes de pecados cometidos pelos familiares, como roubo, adultério ou assassinato. A luta por uma educação especial se iniciou no final dos anos cinquenta e início da década de sessenta do século XX, foi nesta época onde os olhares sobre um ensino diferenciado passou a mudar. Influencias estrangeira foram determinantes, pois um jovem cego após estudar em Paris, trouxe para o Brasil uma forma diferenciada de trabalhar o ensino de pessoas com deficiência sensorial visual. O jovem que obteve sucesso com a educação de uma menina cega que vivia próxima ao imperador chamou a atenção do mesmo, fazendo com que ele criasse o primeiro instituto para meninos cegos no Rio de janeiro (MAZZOTA, 1999). O atendimento escolar especial aos portadores de deficiência teve início, no Brasil, na década de cinquenta do século passado. Foi precisamente em 12 de setembro de 1854 que a primeira providência neste sentido foi concretizada por D. Pedro II. Naquela data, através do Decreto Imperial nº 1. 428, D. Pedro II fundou, na cidade do Rio de Janeiro, o Imperial Instituto dos Meninos Cegos (MAZZOTA, 1999, p.28.). De acordo com Mazzotta (1999), logo no ano de 1857 D. Pedro II fundou mais um novo instituto para pessoas deficientes, o Instituto Imperial dos Surdos no Rio de Janeiro. Mais tarde passou a se chamar Instituto Nacional de Educação de Surdos-INES. Segundo Mazzotta (1996), ambos os institutos se caracterizavam por ser um estabelecimento educacional voltado para a educação literária e o ensino profissionalizante de meninos surdos, com idade entre 07 e 14 anos. Alguns anos após sua fundação foram incluídas nos institutos oficinas de tipografia e encadernação para meninos cegos, tricô para meninas e oficinas de sapataria, encadernação, pautação e douração para meninos surdos. Mesmo sendo consideradas precárias em termos nacionais as instalações e atendimento desses institutos, IBC e INES, foram quem deu abertura para uma discussão da educação dos deficientes no 1° Congresso de Instrução Pública no ano de 1883, convocado pelo imperador. Um dos principais temas que _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 350 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ constituíam o referido congresso era uma possível criação de currículo e formação de professores para cegos e surdos. Começaram também a se pensar em atendimentos médico-pedagógico aos deficientes. (MAZZOTTA, 1999). Assim, como afirma Mazzotta (1999), até 1950 havia quarenta estabelecimentos de ensino regular mantidos pelo poder público, sendo um federal e o restante estadual, que prestavam atendimento escolar especial a deficientes mentais, além de quatorze instituições de ensino regular que atendiam outras deficiências. Também no ano de 1954 foi fundada a primeira Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), no Rio de Janeiro. Como explica Mazzotta (1999), a partir do ano de 1957 o atendimento aos “excepcionais” foi explicitamente assumido a nível nacional, pelo governo federal, com a divulgação de campanhas, a primeira foi a Campanha para a Educação do Surdo brasileiro (C.E.S.B). Em 1960 criou-se a CNEC- Campanha Nacional de Educação de Cegos e a CADEME-Campanha Nacional de Educação e Reabilitação de Deficientes Mentais, essas campanhas serviam para capacitação de professores, além de oferecer maiores oportunidades de atendimento educacional aos deficientes. De acordo com Miranda (2003), no ano de 1961 se promulgou a lei de Diretrizes e Bases da Educação, primeira lei federal que indicava a necessidade de uma educação especial, onde no seu artigo 88 dizia que “[...] a educação dos excepcionais deve, no que for possível, enquadrar-se no sistema geral de educação, a fim de integrá-los na comunidade”, ou seja, a educação do deficiente intelectual ou físico deve acontecer com a utilização dos mesmos recursos educacionais organizados para a população em geral, abrindo exceções apenas para casos que realmente o aluno tenha uma limitação tanto intelectual quanto física muito grande. Mesmo com a implantação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) de 61, ainda não era garantido um lugar para o deficiente dentro da escola. Em 1971 a lei educacional n° 5.692/71, é formulada na intenção de alterar a LDBEN de 61, dizendo em seu artigo 9°, que é imprescindível um atendimento educacional para alunos com deficiência física, intelectual e com atraso em _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 351 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ relação à idade regular de matrícula e os superdotados, vindo assim a contribuir no aumento das salas e escolas especiais. Cria-se uma contraposição das duas leis, enquanto uma garante um ensino que não diferencie o deficiente de outro aluno, a lei de 1971 estabelece a retirada desses alunos especiais do meio geral de ensino e defende o uso de escolas e classes especiais para atender o público alvo da educação especial. (MIRANDA, 2003). Na constituição de 1988, é garantido um ensino sem desigualdade, que visava proporcionar ao deficiente sua socialização pretendendo desenvolver uma política inclusiva no país, com intenção de preparar o indivíduo com deficiências para exercer funções que antes lhe eram negadas dentro da sociedade. 3 EFETIVAÇÕES DAS POLÍTICAS PÚBLICAS INCLUSIVAS: DOS ANOS 90 AOS DIAS ATUAIS De acordo com Miranda (2003), a década de 90 foi marcada por grandes mudanças em relação à política educacional brasileira, trazendo novas perspectivas para a educação especial no sistema inclusivo. Nesse período, de acordo com Rodriguero (2013), mais precisamente em março de 1990, é realizada a primeira Conferência Mundial de Educação para Todos, mais conhecida como Conferência de Jomtien, na Tailândia. Nessa conferência 155 países incluindo o Brasil fizeram o compromisso de se organizar permitindo que num período de dez anos todas as pessoas pudessem ter acesso a uma escola gratuita de qualidade. Compromisso este que serviu de marco para orientar novas políticas voltadas para uma educação inclusiva que garanta o fácil acesso e permanência do deficiente na educação básica. Por meio do compromisso firmado pelos países presentes na conferência foi elaborado um plano de ação como um norteador na criação de programas e atendimentos voltados ao público especial. Em 1994, o governo espanhol juntamente com a UNESCO, realiza uma conferência mundial, com vários representantes de múltiplos governos, tendo _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 352 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ como objetivo promover uma educação para todos garantida pelos estados. Surge assim a Declaração de Salamanca, um documento de princípios, políticas e práticas para as necessidades educativas especiais (MIRANDA, 2003). A Declaração de Salamanca (1994) proclama que: Cada criança tem características, interesses, capacidades e necessidades de aprendizagem que lhe são próprias; os sistemas de educação devem ser planejados e os programas educativos implementados tendo em vista a vasta diversidade destas características e necessidades; as crianças e jovens com necessidades educativas especiais devem ter acesso às escolas regulares, que a elas se devem adequar através de uma pedagogia centrada na criança, capaz de ir ao encontro destas necessidades; as escolas regulares, seguindo esta orientação inclusiva, constituem os meios mais capazes para combater as atitudes discriminatórias, criando comunidades abertas e solidárias, construindo uma sociedade inclusiva e atingindo a educação para todos, além disso, proporcionam uma educação adequada à maioria das crianças e promove a eficiência, numa óptima relação custo qualidade, de todo o sistema educativo (UNESCO, 1994, p.1). A Declaração de Salamanca surgiu para propagar o conceito de inclusão no contexto da educação comum, tendo como principal objetivo informar sobre políticas e ações governamentais a respeito da educação inclusiva. Visa estabelecer uma nova visão das escolas perante o aluno deficiente, trazendo um novo principio de que todas as crianças devem sempre que possível aprender juntas, independente de sua dificuldade ou diferença (MIRANDA, 2003). Com intuito de reforçar a obrigação do país em prover a educação, é publicada em dezembro de 1996 a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) 9.394/96. Essa lei expressa alguns avanços sobre Educação Especial e inclusão. Podemos citar a extensão da oferta da educação especial em todos os níveis, etapas e modalidades do ensino gratuitamente, preferencialmente na rede regular de ensino. A ideia é da melhoria da qualidade dos serviços educacionais para os alunos e a necessidade de o professor estar preparado e com recursos adequados, de forma a compreender e atender as diversidades do aluno. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 353 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ No capitulo V da LDB que trata especificamente da Educação Especial, diz no artigo 58 “[...] que a educação especial deve ser oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, e quando, necessário deve haver serviços de apoio especializado” (BRASIL, 1996, cap. V, p. 43). No seu artigo 59 a LDB relata os direitos assegurados ao público alvo do atendimento especializado. São eles: I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para atender às suas necessidades; II - terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para os superdotados; III - professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns; IV - educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na vida em sociedade, inclusive condições adequadas para os que não revelarem capacidade de inserção no trabalho competitivo, mediante articulação com os órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam uma habilidade superior nas áreas artística, intelectual ou psicomotora; V - acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementares disponíveis para o respectivo nível do ensino regular (BRASIL, 1996). A LDB (1996) vem ser mais um reforçador do direito do deficiente á inclusão, demonstrando como o portador de necessidades especiais deve ser recebido em uma instituição ensino regular, tendo ela que se adaptar ao mesmo de forma a atender e suprir todas as suas necessidades, permitindo que o aluno especial tenha disponível á ele as mesmas condições de ensino de um aluno sem deficiência alguma. Para Rodriguero (2013), no ano de 1998, com intuito de maior formação ao professor para trabalhar com alunos com deficiência no contexto escolar, a secretaria de educação fundamental e de educação especial desenvolveram um material intitulado de Adaptações Curriculares que fazem parte dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s). Este documento relata várias experiências realizadas no país, sendo elas providências que podem ser tomadas para _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 354 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ proporcionar a todos os alunos uma educação de qualidade, independente de suas condições e dificuldades. Conforme Rodriguero (2013), o documento retrata a importância da inclusão, visando à igualdade de direitos e educação. [...] a inclusão escolar constitui, portanto, uma proposta politicamente correta que representa valores simbólicos importantes, condizentes com a igualdade de direitos e de oportunidades educacionais para todos, em um ambiente educacional favorável. Impõe-se como uma perspectiva a ser pesquisada e experimentada na realidade brasileira, reconhecidamente ampla e diversificada (BRASIL, 1998, p. 17). Por sua vez, no ano de 2001, como explica Dambros (2013), ocorre à promulgação das Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica, resolução CNE/CBE nº. 2/10, que diz em seu artigo 2° que todos os alunos, inclusive da educação infantil, devem ser matriculados nas escolas regulares. Cabe as mesmas se organizar para atender a algum educando com deficiência que se apresente como aluno daquela escola devendo primar pela qualidade da educação oferecida. Em seu artigo 3°, o documento destaca que em todas as etapas do ensino o aluno deve sempre receber apoio pedagógico para auxiliar na sua aprendizagem, ou seja: [...] por educação especial, modalidade da educação escolar, entende-se um processo educacional definido por uma proposta pedagógica que assegure recursos e serviços educacionais especiais, organizados institucionalmente para apoiar, complementar, suplementar e, em alguns casos, substituir os serviços educacionais comuns, de modo a garantir a educação escolar e promover o desenvolvimento das potencialidades dos educandos que apresentam necessidades educacionais especiais, em todas as etapas e modalidades da educação básica. Parágrafo único. Os sistemas de ensino devem constituir e fazer funcionar um setor responsável pela educação especial, dotado de recursos humanos, materiais e financeiros que viabilizem e deem sustentação ao processo de construção da educação inclusiva (BRASIL, 2001, s/p). _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 355 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Conforme DAMBROS (2013), no artigo 5° deste documento as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial, ele traz as características que devem ser consideradas na identificação de um aluno especial dentro da sala de aula. Artigo 5º Consideram-se educandos com necessidades educacionais especiais os que, durante o processo educacional, apresentarem: I - dificuldades acentuadas de aprendizagem ou limitações no processo de desenvolvimento que dificultem o acompanhamento das atividades curriculares, compreendidas em dois grupos: a) aquelas não vinculadas a uma causa orgânica específica; b) aquelas relacionadas a condições, disfunções, limitações ou deficiências; II – dificuldades de comunicação e sinalização diferenciadas dos demais alunos, demandando a utilização de linguagens e códigos aplicáveis; III - altas habilidades/superdotação, grande facilidade de aprendizagem que os leve a dominar rapidamente conceitos, procedimentos e atitude (BRASIL, 2001, p. 2). Conforme DAMBROS (2013), as escolas que recebem esse público alvo da educação especial deve proporcionar a eles uma educação capaz de prepará-los para se tornarem pessoas ativas socialmente, e para que isso se efetive a escola deve estar preparada para fornecer atendimentos que capacitem esses educandos, com professores adequados e capacitados para esse tipo de aluno, assim como prover de serviços diferenciados que são necessários para um atendimento educacional especial de qualidade. No ano de 2008 como relata DAMBROS (2013), o MEC traz a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (PNEEPEI), com o intuito de realizar a efetivação da participação, aprendizagem e o fácil acesso dos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento (TGD) e altas habilidades/superdotação (AH/SD), nas escolas regulares, desenvolvendo um Atendimento Educacional Especializado (AEE), uma formação adequada aos professores que atenderão esse público alvo, sendo ele preparado para trabalhar em sala comum ou em sala de AEE, além de contar com a participação da família do educando e da comunidade na implementação das políticas públicas. Na orientação da Política Nacional a sala de AEE tem como papel, criar formas de desenvolver ou aflorar as capacidades existentes nos alunos que a _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 356 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ frequentam, preparando-os para melhor viver em sociedade e dentro do ambiente escolar regular, além de seu crescimento pessoal (DAMBROS, 2013). O atendimento educacional especializado tem como função identificar, elaborar e organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena participação dos alunos, considerando suas necessidades específicas. As atividades desenvolvidas no atendimento educacional especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula comum, não sendo substitutivas à escolarização. Esse atendimento complementa e/ou suplementa a formação dos alunos com vistas à autonomia e independência na escola e fora dela. Dentre as atividades de atendimento educacional especializado são disponibilizados programas de enriquecimento curricular, o ensino de linguagens e códigos específicos de comunicação e sinalização e tecnologia assistiva. Ao longo de todo o processo de escolarização esse atendimento deve estar articulado com a proposta pedagógica do ensino comum (BRASIL, 2008, p.10). Como relata DAMBROS (2013), os profissionais que preparam as atividades, e as desenvolvem na sala de AEE, devem possuir um domínio pleno em algumas modalidades como LIBRAS, Língua Portuguesa, sistema Braille, Soroban, atividades de vida autônoma, comunicação alternativa, adaptação e produção de materiais didáticos, utilização de materiais ópticos e não ópticos e a tecnologia assistiva. Além de que, são esses recursos que possibilitam a avaliação pedagógica do aluno pelo educador, que visa avaliar o desempenho do educando em relação ao seu desenvolvimento individual e qualitativo (BRASIL, 2008). No mesmo ano de 2008 de acordo com DAMBROS (2013), acontece a promulgação do Decreto n°. 6.571 que dispõe sobre o AEE, regulamentando o parágrafo único do artigo 60 da LDB (1996), ou seja, o documento prevê a oferta do AEE aos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, matriculados na rede pública de ensino regular pelo apoio da União aos sistemas estaduais, federal e municipal (Artigo1). Na verdade o AEE consiste em um conjunto de atividades pedagógicas e recursos de acessibilidade, organizados para complementar ou suplementar o desenvolvimento dos alunos no ensino regular. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 357 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Artigo 2. São objetivos do atendimento educacional especializado: I - prover condições de acesso, participação e aprendizagem no ensino regular aos alunos referidos no Artigo 1º; II - garantir a transversalidade das ações da educação especial no ensino regular; III - fomentar o desenvolvimento de recursos didáticos e pedagógicos que eliminem as barreiras no processo de ensino e aprendizagem; e IV - assegurar condições para a continuidade de estudos nos demais níveis de ensino (BRASIL, 2008 a, p.02) De acordo com DAMBROS (2013), o atendimento em sala de AEE deve ocorrer de forma complementar as outras salas de recursos multifuncionais (SRM), esses ambientes devem conter equipamentos, materiais didáticos e pedagógicos que possibilitem um maior aprendizado e evolução do aluno em relação a sua deficiência. No ano seguinte 2009, é formulado uma resolução n° 4 do dia 2 de outubro pelo Ministério da Educação que serve como um regulamentador do ultimo decreto n° 6.571, apresentando as formas de atuar perante o individuo deficiente. Art. 1º Para a implementação do Decreto nº 6.571/2008, os sistemas de ensino devem matricular os alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação nas classes comuns do ensino regular e no Atendimento Educacional Especializado (AEE), ofertado em salas de recursos multifuncionais ou em centros de Atendimento Educacional Especializado da rede pública ou de instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos. Art. 2º O AEE tem como função complementar ou suplementar a formação do aluno por meio da disponibilização de serviços, recursos de acessibilidade e estratégias que eliminem as barreiras para sua plena participação na sociedade e desenvolvimento de sua aprendizagem. No ano de 2011 é formulado um novo decreto n° 7.611 que acaba por revogar o decreto n° 6.571 de 2008, pois em seu primeiro artigo, inciso VII voltase usar o termo preferencialmente, que não era mencionado no documento anterior. Art. 1o O dever do Estado com a educação das pessoas públicoalvo da educação especial será efetivado de acordo com as seguintes diretrizes: I - garantia de um sistema educacional inclusivo em todos os níveis, sem discriminação e com base na _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 358 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ igualdade de oportunidades; II - aprendizado ao longo de toda a vida; III - não exclusão do sistema educacional geral sob alegação de deficiência; IV - garantia de ensino fundamental gratuito e compulsório, asseguradas adaptações razoáveis de acordo com as necessidades individuais; V - oferta de apoio necessário, no âmbito do sistema educacional geral, com vistas a facilitar sua efetiva educação; VI - adoção de medidas de apoio individualizadas e efetivas, em ambientes que maximizem o desenvolvimento acadêmico e social, de acordo com a meta de inclusão plena; VII - oferta de educação especial preferencialmente na rede regular de ensino; e VIII - apoio técnico e financeiro pelo Poder Público às instituições privadas sem fins lucrativos, especializadas e com atuação exclusiva em educação especial. (BRASIL, 2011) Conforme expõe DAMBROS (2013), com o surgimento de mais um decreto em 2011, o AEE passa a ser oferecido pela escola pública, seja ela polo de assistência ou uma instituição comunitária ou filantrópica. As instituições passaram então a ofertar além da escolarização comum um atendimento educacional especializado aos alunos identificados como possuidores de alguma dificuldade ou deficiência, sendo assim a sala de AEE um complemento para o efetivo aprendizado desse aluno. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS PARCIAIS Considerando as leituras realizadas até o momento, pudemos constatar que a História da Educação Especial no Brasil passou por vários momentos no decorrer dos anos, momentos estes que devido a inquietação das pessoas que necessitavam de um atendimento educacional especializado foram marcos para uma nova visão referente ao deficiente, seja ele mental ou físico. Por meio das lutas e mudanças de paradigmas que predominavam na sociedade, atualmente existem vários amparos legais para que as pessoas com deficiência tenham fácil acesso a serviços básicos como saúde, trabalho e educação, sendo alguns deles a PNEEPEI, Resolução n° 4 de 2 de outubro de 2009, o Decreto n° 7.611 de 2011. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 359 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Ainda nos dias de hoje se fazem muitas as discussões sobre a inclusão e sobre onde esse educando com deficiência devem realmente estudar. Discussão essa que devemos continuar, pois nunca devemos parar de questionar, afinal onde é o local realmente capaz de atender de forma adequada a esse público? Como se pode ofertar uma educação capaz de atender e suprir todas as necessidades desse público? Nunca podemos parar de buscar respostas para tais questionamentos. REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Educação. Portaria Interministerial nº 186 de 10 de março de 1978. Brasília, 1978. BRASIL. Decreto n° 6.571 de 17 de setembro de 2008. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Brasília, 2008. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato20072010/2008/Decreto/D6571.htm. Acesso em: 16 de agosto de 2014. BRASIL. Decreto nº 7.611 de 17 de novembro de 2011. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Brasília, 2011. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato20112014/2011/Decreto/D7611.htm. Acesso em: 16 de agosto de 2014. BRASIL. Ministério da Educação. Lei n° 12.796, de 04 de abril de 2013. Brasília, 2013. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato20112014/2013/lei/l12796.htm. Acesso em: 19 de agosto de 2014. BRASIL. Resolução nº 02/2001 de dezembro de 2001. Instrui diretrizes nacionais para a educação especial na educação básica. Brasília, 2001. BRASIL. Resolução n° 04/2009 de outubro de 2009. Institui Diretrizes Operacionais para o atendimento educacional especializado na educação básica, modalidade educação especial. Brasília, 2009. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/rceb004_09.pdf. Acesso em 14 de agosto de 2014. BRASIL. Ministério da Educação. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: LDB. Brasília, DF, 1996. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm. Acesso em: 22 de maio de 2014. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 360 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ BRASIL. Marcos Políticos-Legais da Educação Especial na Perspectiva Inclusiva. Brasília, 2010. DAMBROS. A. R. T. Educação Especial e Inclusão em Escolas Públicas da Região Norte do Brasil. Tese de mestrado, pg. 01 á 130. Maringá, 2013. GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4 ed. São Paulo: Atlas 1999. MAZZOTA, M. J. C. Educação especial no Brasil, história e políticas públicas. 2 ed. São Paulo: Cortez, 1999. MIRANDA, A. A. B. História, Deficiência e Educação Especial. 2003. Disponível em: http://educacaodialogica.blogspot.com.br/2010/04/historiadeficiencia-e-educacao.html. Acesso em: 17 de abril 2014. ONU. Centro de Documentação e Informação do Portador de Deficiência de 03 de dezembro de 1982. Programa de Ação Mundial Para Pessoas com Deficiência. Organização das Nações Unidas. 1982. Disponível em: http://www.cedipod.org.br/w6pam.htm. Acesso em: 17 de abr. 2014. RODRIGUERO, C. R. B. A Política Nacional de Educação Inclusiva: retratos da região sudeste do Brasil. Tese de doutorado, pg. 01 á 263. Maringá. 2013. TRIVINOS, A. N. S. Introdução á pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987. UNESCO. Declaração de Salamanca. Necessidades Educativas Especiais- NEE In: Conferência Mundial sobre NEE: Acesso em Qualidade. 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Palavras – chave: CEEBEJA Paranavaí. Jovens e Adultos.Trabalhadores. Educação. 1. INTRODUÇÃO Texto aqui apresentado descreve a trajetória histórica, o funcionamento do CEEBJA Paranavaí de Ensino Fundamental e o perfil do aluno que busca a conclusão de seus estudos em nível fundamental nesta escola. Por meio de pesquisa de campo apresenta apresenta algumas caracterísiticas economicas sociais dos jovens e adultos trabalhadores que buscam nessa modalidade de ensino a concusão de seus estudos. A instalação de uma escola de Ensino Supletivo no município de Paranavaí em 1992 trouxe uma nova oportunidade para as pessoas que não concluíram seus estudos na idade que a legislação considera apropriada. Em 07/10/1991 sob o protocolo n° 1.93.265-3 foi dada a entrada, no Departamento de Ensino Supletivo da Secretaria de Estado da Educação do Paraná, a solicitação para implantação do, na época Centro de Estudos Supletivos, hoje denominado Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos (CEEBJAs) de Paranavaí. 104 Trabalho de Conclusão do Curso de Pedagogia da UNESPAR Campus de Paranavaí. Acadêmica do Curso de Pedagogia da UNESPAR Campus de Paranavaí. 106 Professora Doutora da UNESPAR Campus de Paranavaí . _______________________________________________________________________________ 105 UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 362 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Para melhor compreender esta escola, o trabalho que realiza e as características dos alunos de Ensino Fundamental que procuram essa modalidade de ensino, é preciso primeiramente conhecer a história da EJA no Paraná. Posterior é importante compreender o funcionamento dos CEEBJAs por meio de pesquisa bibliográfica e também analisar o contexto social, econômico e educacional em que esses educandos estão inseridos. Para este último objetivo foi realizado a pesquisa de campo com aplicação de questionário estruturado com questões sobre a situação econômica e educacional deste aluno. Ressaltamos que, por meio da coleta de dados é possível conhecer e compreender o funcionamento e o perfil do aluno que procura o CEEBJA Paranavaí. Ao direcionar os estudos em uma instituição escolar e correlacioná-la ao contexto histórico implica em compreender e analisar o desenvolvimento da mesma de acordo com a expansão e mudanças que ocorreram na sociedade e compreender a história de um determinado povo e sua cultura, neste caso a EJA já que: Educação, por sua vez, é conceito genérico, abrange processos educativos diversos. No Brasil, os diferentes serviços prestados à coletividade no âmbito da educação escolar, os que buscam uma formação geral e o profissionalizante, nos graus elementar, médio e superior, têm origem em momentos diversos e sua criação atendeu a imposição econômicas, políticas ou ideológicas distintas.”( BEISIEGEL,1979,p 79). Desta forma, realizar uma pesquisa sobre uma instituição de ensino requer todo cuidado já que a análise deve levar em consideração vários aspectos como políticos, econômicos, sociais e culturais. Sendo assim o presente estudo visa contribuir para a discussão sobre o funcionamento do CEEBEJA Paranavaí sobre o perfil de seus alunos e a sua importância para a sociedade de Paranavaí e região. 2. OS CEEBEJAs E SUA ATUAÇÃO NO PARANÁ _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 363 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Durante o regime militar a iniciativa mais promissora foi em 1970, com a implantação dos Centros de Ensino Supletivo (CES), seu atendimento era bastante flexível ou semi-presencial, as disciplinas eram realizadas por módulos e dispensava o aluno do atendimento individual. Houve um crescente número de matrículas em 1995, já que existia a possibilidade dos trabalhos serem de forma descentralizada tendo flexibilidade entre outras questões facilitadoras, isso vez com que os CES ampliassem seu atendimento. Em 2001 a nomenclatura CES foi alterada e os Centros passaram a se chamar CEEBJAs, os cursos realizados nos CEEBJAs não tinham uma carga horária mínima obrigatória a serem cumprida pelos alunos, os mesmos podiam se matricular em qualquer época do ano e as disciplinas eram dividas por avaliações/módulos, já determinados por cada estabelecimento de ensino e os educandos poderiam comparecer apenas para fazer as avaliações que eram aplicadas na escola. As disciplinas concluídas no Supletivo poderiam ser aproveitadas pelo CEEBEJAs buscando a integralização currículo para obter o certificado. Com a Deliberação 008/00 do CEE, a partir de 2002, todos os CEEBEJAs passaram a ofertar o curso na modalidade semipresencial. Suas matriculas continuaram crescendo por causa de sua flexibilidade. (CORREA, BARROS, 2010). Em 2002, a Seed passou a ofertar os exames supletivos on-line. Com o objetivo de atender candidatos sabatistas, caminhoneiros, trabalhadores por turnos e outros grupos impedidos de participar dos exames aos sábados e domingos, foram ofertados os exames supletivos em datas especiais, utilizando-se de programa de computação próprio e da comunicação via internet para a realização e correção das provas. (CORREA, BARROS, 2010, p. 327). Essas condições de acessibilidade citadas por Correa, Barros, (2010), demonstram os esforços para a EJA se estabelecer de uma vez no Estado do Paraná, facilitando o acesso de seu público, oportunizando cada vez a um maior número de pessoas a chance de concluir seus estudos. A Seed/DEJA manteve-se empenhada no período de 1995 a 2002 dando atenção aos dados estatísticos e a cobrando resultados numéricos no que diz _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 364 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ respeito à conclusão. As metas quantitativas tinham objetivo de fazer as unidades escolares alcançar maior índice de conclusão dos alunos. O discurso era o da ampliação da oferta, no entanto, a questão aluno/resultado de conclusão era determinante para o recebimento de recursos, permanência de cursos, número de professores das escolas, além de ser um elemento corporativo entre as unidades escolares que seguiam a determinação da Resolução n. 246/2001.7.. Tudo isso vez aumentar expressivamente o número de alunos que concluíam o curso, principalmente nos CEEBJAs. (CORREA, BARROS, 2010). Segundo Correa e Barros (2010), podemos compreender que a EJA cumpriu seu papel dentro das políticas implementadas pelo governo Lerner, que visavam certificar o maior número de pessoas. O discurso era o da necessidade de inseri-las no mundo do trabalho, visando atender as demandas daquele momento, mesmo que isso colocasse os educandos à margem de uma educação com pouca qualidade, já que a finalidade era a quantidade. Essas medidas oportunizaram aos jovens e adultos sua entrada no mercado de trabalho, porém à EJA voltou novamente a um patamar de educação secundária, ou seja, uma educação mais facilitadora ou até mesmo “fraca”, comparada a educação do ensino regular. 3. CEEBJA PARANAVAÍ O CEEBEJA Paranavaí nasceu de uma iniciativa da Secretaria Municipal de Educação de Paranavaí, sendo que no dia 07/10/1991, foi protocolado sob n°1.93.265.-3 dada a entrada no Departamento de Ensino Supletivo de Estado da Educação do Paraná, o processo que solicitava a implantação do atual Centro de Estudos Supletivos de Ensino Fundamental e Médio. Encaminhado ao Conselho Estadual de Educação o mesmo emitiu o parecer n°242/92, aprovado no dia 09/10/1992 que autorizou o funcionamento dos cursos reivindicados, sendo assinado posteriormente pelo Secretario de Estado a Resolução n° 3865/92 de _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 365 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ 04/11/1992, publicada no DOE n° 3898 de 27/11/1992, criando o então CES – Centro de Estudos Supletivos de Paranavaí. (PARANAVAÍ,2012). Primeiramente sua sede foi instalada na Rua Antônio Felippe, 1280, Centro onde o órgão mantenedor era o município de Paranavaí. No ano de 1993 seu atendimento foi ampliado estendendo-se para 1° à 4° séries também, inclusive, para os alunos com necessidades especiais. Mais tarde em 1996 para melhor atender os alunos a escola foi transferida Para um novo endereço cedido pela prefeitura de Paranavaí, na Praça dos Expedicionários no Jardim São Jorge. (PARANAVAÍ, 2012). Em 1998 a escola teve seu nome alterado para CEAD – Centro de Educação Aberta, Continuada, a Distância de Paranavaí, sendo de Ensino Fundamental e Médio de acordo com a Resolução 3.120/98 de 11/09/1998. Novamente em 1999 a escola teve seu nome alterado passando a denominar CEEBEJA – Centro Estadual de Educação Básica Para jovens e adultos de Paranavaí, Ensino Fundamental e Médio por meio da Resolução n°4561/99 de 15/12 /1999. De 1996 a 2006 a escola funcionou no prédio do Jardim São Jorge e em julho de 2006 sue sede foi transferida para a Rua Amador Aguiar n° 939 jardim Ipê. (PARANAVAÍ, 2012). Em 2001 o Centro teve sua Proposta Pedagógica modificada e implantada em 2002, de acordo com o parecer favorável do Conselho Estadual de Educação sob n°357/01, passando a ofertar assim também o ensino semipresencial. Desde sue implantação o presente Centro teve dois diretores a professora Cleusa Fátima Scaliante Wiese e o professor Celso Jorge Martins que está atuando no cargo até hoje. A escola contou, durante sua trajetória, com muitos professores, e hoje possui 800 alunos no Ensino Fundamental Médio e Profissionalizante, também possui ações descentralizadas que contam com aproximadamente 400 alunos. No ano de 2009, foi implantado no CEEBEJA o Ensino profissionalizante Integrado (PROEJA) passando a ofertar assim os seguintes cursos: Técnico em Secretariado e Técnico em Estática e Imagem Pessoal. (PARANAVAÍ, 2012). _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 366 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ O curso de ensino fundamental – EJA é reconhecido e autorizado de acordo com a autorização Res. 3865/92 – DOE 27/11/1992 e o reconhecimento Res. 79/07 – DOE 09/02/2007. O estabelecimento visa oferta de escolarização para jovens e adultos que não concluíram seus estudos no ensino regular, seja em nível fundamental, Médio ou Profissionalizante, atendendo os interesses de seu alunado mediantes ações didáticos – pedagógicas coletivas e/ou individuais. No ano de 2011, com nova legislação ficou assegurado o acesso para alunos com idade mínima de 15 anos para cursar o Ensino Fundamental e 18 anos para o acesso no nível Médio. As linhas de ações da escola priorizam a gestão democrática e tem por finalidade desenvolver a formação continuada dos professores e funcionários da educação e a dinamização da proposta pedagógica para assim contribuir com a autonomia e a inserção do educando de maneira ativa na sociedade em que está inserido. (PARANAVAÍ, 2012). As Disciplinas do Ensino Fundamental fase II são Língua Portuguesa, Matemática, História, Geografia, Ciências, Educação Física, Arte e Inglês. Ressaltando que cada disciplina tem uma carga horária para cumprir e que o aluno cursa uma de cada vez. 3.1 A Pesquisa de Campo O número de alunos matriculados no Ensino Fundamental no CEEBEJA de Paranavaí é de 471. De acordo com a secretaria da escola a frequência dos alunos é transitória já que podem escolher entre a modalidade individual ou coletiva, além de escolher também qual disciplina cursar de acordo com suas preferências. Esta liberdade permite que o aluno frequente a instituição conforme seu tempo e necessidade. Por isso, no momento em que o questionário foi aplicado (meses de junho e julho) o número de alunos estava reduzido já que alguns haviam concluído as disciplinas daquele semestre não somando assim os _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 367 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ 471 matriculados. Nossa pesquisa incidiu sobre uma mostra de 5% dos alunos matriculados e frequentando neste momento na escola. A distribuição do questionário foi realizada com base no número de alunos do ensino fundamental do CEEBJA de Paranavaí que voluntariamente responderam ao questionário aplicado na mesma instituição de ensino no período vespertino e noturno. O questionário em sua primeira parte versa sobre os dados pessoais do aluno como idade, sexo. Num segundo momento, questões referentes à situação sociocultural dos mesmos. As tabelas e gráficos a seguir apresentam os resultados dos questionários aplicados. Dos 24 respondestes 13 são do sexo masculino e 11 feminino que transformado em gráfico ficam assim representados: Quanto ao estado civil 12 respondestes se declaram solteiros, 10 casados, 1 sepado e 1 viúvo. Em relação à idade observou-se a seguinte situação: Faixa etária dos alunos do Ensino Fundamental 14 a 18 anos 19 a 24 anos 25 a 30 anos 31 a 35 anos 36 a 40 anos Mais de 40 anos N. 11 2 2 1 3 5 _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 368 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Somando-se as respotas podemos concluir que a a maior parte dos alunos nesta etapa da educação básica têm menos de 30 anos. Os dados da tabela acima transformados em gráfico nos dão a seguinte visão: Indagados sobre a situação profissional no momento as respostas mostram a seguinte situação: No que se refere à trajetória escolar dos alunos do Ensino Fundamental no CEEBJA Paranavaí podemos observar que a grande maioria, 21 alunos estão há menos de uma ano na escola. Dois deles estão no CEEBJA há dois anos e mais de dois anos temos apenas um aluno. Quanto a trajetória escolar anterior ao CEEBJA vemos que os alunos matriculados em sua trajetória abandoram a escola por mais de dois anos. Apenas cinco dos entrevistados relataram não ter _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 369 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ abandonado a escola quando matriculados no ensino regular. No entanto isso significa que muuitos alunos passaram pelo processo de reprovação, conforme evidencia o gráfico abaixo: Por último, registramos as respostas dos alunos quanto à principal motivação dos alunos a procurar a conclusão dos estudos em nível fundamental na EJA. Das respostas evidencia-se a preocupação com o mercado de trabalho. Gráfico 5 4. CONCLUSÃO Ao realizarmos esse estudo é possivel compreender a trajetoria da EJA no Paraná o funcionamento do CEEBEJA de Paranavaí e o perfil do aluno do _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 370 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ CEEBEJA Paranavaí. Conhecer a história é o primeiro passo para a pesquisa cientifica, só conhecendo a história é possível entender de forma mais profunda o assunto e assim desenvolver seu ponto de vista sobre o tema abordado. A EJA sofreu ao longo da história com as rupturas políticas, a falta de incentivo fez com que muitas vezes ela não alcançasse seus verdadeiros objetivos. Conseguir perceber e entender os caminhos seguidos pela EJA ao longo da história nos leva a entender como e porque ela tem o formato atual. Partindo dessa ideia, compreender e analisar o funcionamento do CEEBEJA de Paranavaí e entender quem são estes educandos e por que procuraram a EJA para concluir seus estudos. REFERÊNCIAS BEISIEGEL, Celso de Rui. Estado e educação popular: um estudo sobre a educação de adultos. São Paulo: Pioneira, 1974. CORREIA, Jorge Luiz. A Política pública para educação de jovens e adultos no Paraná (1995-2002). 2008. 181f. Dissertação ( Mestrado em educação). Universidade Estadual de Maringá. Disponível em: http://www.ppe.uem.br/dissertacoes/2008_jorge_luiz.pdf . Acesso em 02 de abr. de 2014. Diretrizes curriculares da educação de jovens e adultos. Secretaria de Estado da Educação – SEED, Curitiba, Paraná, 2006. PARANAVAÍ. Projeto Político Pedagógico do CEEBEJA. Paranavaí: NRE. 2012. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 371 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ ENSINO MÉDIO DE EJA: QUE ESCOLA PARA QUAL ALUNO 107 RIBEIRO, Cássia Fabricia da S. Alves108 CHILANTE, Edinéia Fatima Navarro109 Resumo: O presente trabalho busca relatar as lutas e conquistas nas políticas públicas para a educação de Jovens e Adultos (EJA), no Estado do Paraná, Descreve o perfil do aluno de Ensino Médio do CEBEJA de Paranavaí que busca concluir seus estudos, para garantir a inserção no mercado de trabalho. O objetivo é apresentar, de forma descritiva, a história da EJA no Paraná e em Paranavaí e o perfil do aluno de Ensino Médio do CEEBJA Paranavaí. Para isso, utiliza pesquisa de campo que evidencia as características básicas desses alunos no que se refere à idade, sexo, formas de atendimento, emprego, motivo que o leu para a EJA. Palavras-chave: Políticas Públicas. Educação de Jovens e Adultos. Paraná. CEEBJA Paranavaí. 1. INTRODUÇÃO O Ensino para Jovens e Adultos no Estado do Paraná, iniciou com o Ensino Supletivo na década de 1980 por meio dos Centros de Estudos Supletivos (CES) e os Núcleos Avançados de Ensino Supletivo (NAES). Estes últimos levavam o ensino supletivo de forma descentralizada para as diversas regiões do estado. Os Centros de Estudos Supletivos, depois da LDB 9394/96 passaram a ser denominados Centros Estaduais de Educação Básica para Jovens e Adultos (CEEBJAs). (CORREIA; LARA, 2010). São estas escolas, no Estado do Paraná, responsáveis pelo atendimento educacional na modalidade Educação de Jovens e Adultos, dos jovens e adultos que por diversos motivos 107 O Ensino Médio na modalidade Educação de Jovens e Adultos (EJA) é uma opção para acelerar os estudos de alunos que completaram 18 anos. 108 Acadêmica do 4º ano de Pedagogia da UNESPAR/FAFIPA. Professora orientadora Doutora em Educação e Membro do Colegiado do Curso de Pedagogia da UNESPAR Campus de Paranavaí. _______________________________________________________________________________ 109 UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 372 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ não concluíram seus estudos em idade considerada “apropriada”. (CORREIA; LARA, 2010). Além destas escolas, as Secretarias municipais de Educação estabeleciam convênios com o governo Federal, visando à oferta de alfabetização de jovens e adultos no meio urbano, rural e indígena e a escolarização correspondente às séries iniciais do ensino fundamental, por meio do Brasil Alfabetizado. Nosso trabalho por concentrar-se no perfil dos alunos de Ensino Médio na modalidade EJA tomou como referência as atividades desenvolvidas no CEEBJA Paranavaí. 2. A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO PARANÁ O Ensino para Jovens e Adultos no estado do Paraná, teve início com o então chamado Ensino Supletivo ofertado desde a década de 1980, pelas escolas denominadas de Centros de Estudos Supletivos (CES)110 e os Núcleos Avançados de Ensino Supletivo (NAES) – descentralizando o atendimento da EJA nas diversas regiões do estado. Os Centros de Estudos Supletivos (CES) deveriam ofertar estudos a partir do 3º período (correspondente à 5ª série), mas com idade mínima de 18 anos completos, e no 2º grau, o ingresso seria aos 21 anos completos. Em 1981, começou a funcionar o primeiro Centro de Estudos Supletivos na capital do estado, Curitiba. Os Centros de Estudos Supletivos (CES) buscavam atender jovens e adultos com a utilização de metodologias de ensino à distância, possível naquele momento. Como não havia obrigatoriedade de frequência ou carga horária a ser cumprida, os CES representavam certo grau de flexibilidade e versatilidade no atendimento escolar a uma clientela já inserida no mercado de trabalho. (CORREIA, 2008) As finalidades do Ensino Supletivo postas na Lei 5692/71 e nas funções descritas no Parecer 699/72, do Conselho Federal de Educação, a referida deliberação estabeleceu que o ensino supletivo seria ministrado por meio dos 110 Atualmente estas escolas são denominadas de Centros Estaduais de Educação Básica para Jovens e adultos. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 373 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ cursos: Supletivo de 1º grau; Supletivo de 2º grau; Supletivo de Aprendizagem, de Qualificação Profissional, de Habilitação Profissional e de Atualização de Conhecimentos. Estabeleceu a idade mínima de 14 anos para o ingresso nos cursos de 1º grau e de 16 anos para o 3º período do curso supletivo (correspondente à 5ª série do 1º grau). Para o 2º grau, estabeleceu a idade mínima de 18 anos para o ingresso. Determinava ainda que o curso supletivo de 1º grau teria duração mínima de 2880 horas, divididas em seis períodos, sendo os dois primeiros correspondentes às séries iniciais e os outros quatro períodos, às 4 últimas séries do 1º grau, com 480 horas em cada período. O curso de 2º grau deveria ter 1440 horas divididas em três períodos de 480 horas. Já os cursos de 2º grau com habilitação no nível técnico deveriam ter 1890 horas, divididos em três períodos de 630 horas. (CORREIA, 2008). Em 1995, uma proposta de reestruturação dos Cursos de 1º e 2º Graus Supletiva – Função Suplência de Educação Geral – Fase I, II e III. Nessa forma de oferta, conhecido como Supletivo Seriado, a analogia entre períodos e séries era direta, reforçada pelo fato de que se ofertavam todas as disciplinas, concomitantemente, e pela maioria dos professores atuarem, também, no ensino regular diurno. A Lei 5692/71 trouxe um capítulo específico sobre o Ensino Supletivo, expresso do artigo 24 ao artigo 28. Neles são explicitadas as duas grandes finalidades do Ensino Supletivo, quais sejam a de suprir a escolaridade regular aos jovens e adultos que não a concluíram na idade própria e a de proporcionar o aperfeiçoamento ou atualização de conhecimentos, mediante o constante retorno à escola (Artigo 24). Seu atendimento abarcava desde o processo de alfabetização até a formação profissional e atualização de conhecimentos na forma de cursos de aprendizagem, para alunos de 14 a 18 alunos, para as últimas quatro séries do 1º grau e de cursos de qualificação profissional, ao nível de 2º grau (Artigos 25, 27 e 28) (BRASIL, 1981b). Neste período a EJA no Estado do Paraná assumiu e exerceu funções de grande relevância na política Educacional do Estado, por destacar-se no número de matrículas e pessoas atendidas. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 374 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ A permanência dos alunos em EJA, esta relacionada a adequação de programas, o que se consegue com as políticas para esta modalidade. Analisar as funções dessa política educacional, observando a reorganização das formas e estratégias para o atendimento a jovens e a adultos que Buscam terminar seus estudos. Segundo, Jorge Luiz Correia (2008, p. 12,13) o número de pessoas atendidas pela EJA, no Estado do Paraná, seja por meio de exames Supletivos ou cursos, tem sido apresentado como estratégia de viabilização da universalização do acesso à escola e a reparação de uma dívida para com aqueles que foram excluídos do processo educacional. O entendimento desse processo social, que atingiu milhares de paranaenses, exige um olhar crítico no desvelamento das reformas educacionais promovidas na década de 1990 e seus objetivos, bem como o levantamento e o resgate de fatos, dos dados estatísticos, da legislação e dos resultados que marcaram a EJA, nesse período, para além deles revelar suas intenções e contradições. O principal documento que orienta as ações de EJA no Paraná é o documento que estabelece as Diretrizes Curriculares para a EJA no Estado. Segundo este documento a Educação de Jovens e Adultos é uma modalidade da Educação Básica que atende a alunos trabalhadores. Tem como finalidade a formação humana e o acesso à cultura geral. Por meio da EJA os educandos podem aprimorar sua consciência crítica, adotar atitudes éticas e compromisso político, para o desenvolvimento da sua autonomia intelectual. (PARANÁ, 2006). Os documentos orientadores da EJA falam da garantia da permanência dos adultos na escola, proporcionando ao aluno uma boa participação na sociedade e no mercado de trabalho. Assim, os estudos voltados para a EJA devem garantir a participação dos educandos no trabalho e na vida em coletividade. O Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos de Paranavaí – Ensino Fundamental e Médio, (antigo CES), nasceu por iniciativa da Secretaria Municipal de Educação de Paranavaí. Foram muitas mudanças que esta escola passou. Em 1 de julho de 2006, a escola transferiu sua sede para a _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 375 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Rua Amador Aguiar, n° 939, no Jardim Ipê, em Paranavaí, em prédio pertencente ao Governo do Estado do Paraná. Até o presente, este estabelecimento está em pleno funcionamento. (CEEBJA, 2011). O Projeto Político Pedagógico do CEEBJA Paranavaí reafirma que a Educação de Jovens e Adultos tem como finalidade e objetivos o compromisso com a formação humana e com o acesso á cultura. De modo a que os educandos venham a participar política e produtivamente das relações sociais, com comportamento ético e compromisso político, através do desenvolvimento da autonomia intelectual e moral. (CEEBJA, 2011). O CEEBJA Paranavaí oferta escolarização para jovens, adultos e idosos nos níveis Fundamental, Médio e Profissional. Para isso desenvolve ações didático-pedagógicas na forma coletiva ou individual. Isso permite garantir oportunidades apropriadas, respeitando as particularidades de cada educando. (CEEBJA, 2011). Os alunos que frequentam esta instituição têm trajetórias de vida e escolar muito diversas, assim como são diversos os motivos que levaram cada um ao afastamento do ensino regular e a não conclusão dos estudos na idade preconizada pela Lei para o Ensino Fundamental e Médio. Segundo a Resolução nº 4, de 13 de julho de 2010, na Seção I Educação de Jovens e Adultos: Art. 28. A Educação de Jovens e Adultos (EJA) destina-se aos que se situam na faixa etária superior à considerada própria, no nível de conclusão do Ensino Fundamental e do Ensino Médio. § 1º Cabe aos sistemas educativos viabilizar a oferta de cursos gratuitos aos jovens e aos adultos, proporcionando-lhes oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as características do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos, exames, ações integradas e complementares entre si, estruturados em um projeto pedagógico próprio. § 2º Os cursos de EJA, preferencialmente tendo a Educação Profissional articulada com a Educação Básica, devem pautar-se pela flexibilidade, tanto de currículo quanto de tempo e espaço, para que seja(m): I - rompida a simetria com o ensino regular para crianças e adolescentes, de modo a permitir percursos individualizados e conteúdos significativos para os jovens e adultos; II - providos o suporte e a atenção individuais às diferentes necessidades dos estudantes no processo de aprendizagem, mediante atividades diversificadas; III - valorizada _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 376 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ a realização de atividades e vivências socializadoras, culturais, recreativas e esportivas, geradoras de enriquecimento do percurso formativo dos estudantes; IV - desenvolvida a agregação de competências para o trabalho; V - promovida a motivação e a orientação permanente dos estudantes, visando maior participação nas aulas e seu melhor aproveitamento e desempenho; VI - realizada, sistematicamente, a formação continuada, destinada, especificamente, aos educadores de jovens e adultos. Nas Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná explicita-se que: A Educação de Jovens e Adultos (EJA), como modalidade educacional que atende a educandos-trabalhadores, tem como finalidades e objetivos o compromisso com a formação humana e com o acesso à cultura geral, de modo que os educandos aprimorem sua consciência crítica, e adotem atitudes éticas e compromisso político, para o desenvolvimento da sua autonomia intelectual. O papel fundamental da construção curricular para a formação dos educandos desta modalidade de ensino é fornecer subsídios para que se afirmem como sujeitos ativos, críticos, criativos e democráticos. Tendo em vista esta função, a educação deve voltar-se a uma formação na qual os educandos possam: aprender permanentemente; refletir de modo crítico; agir com responsabilidade individual e coletiva; participar do trabalho e da vida coletiva; comportar-se de forma solidária; acompanhar a dinamicidade das mudanças sociais; enfrentar problemas novos construindo soluções originais com agilidade e rapidez, a partir do uso metodologicamente adequado de conhecimentos científicos, tecnológicos e sócio-históricos (PARANÁ, apud, KUENZER, 2006). O CEEBEJA de Paranavaí funciona nos períodos da manhã, da tarde e noite, de acordo com a demanda de alunos do estabelecimento de ensino e com autorização de funcionamento emitida pela mantenedora e pelos órgãos competentes, tudo para melhor atender este educando trabalhador. De acordo com o Projeto Político Pedagógico do CEEBJA de Paranavaí, o educando da EJA traz consigo um legado cultural, conhecimentos construídos a partir do senso comum. É um saber popular, não cientifico constituído no cotidiano em suas relações com o outro e com o meio, os quais devem ser considerados na dialogicidade das praticas educativas. (CEEBJA, 2011) _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 377 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Desta forma, o mesmo documento aponta que a escola tem a função social de levar o aluno para além do senso comum e chegar ao conhecimento mais elaborado sobre a realidade com possibilidades de intervenção humana. (CEEBJA, 2011). 3. A PESQUISA DE CAMPO Foram entrevistados 51 alunos de Ensino Médio nos meses de junho e julho de 2014. Foi aplicado questionário cujas questões podem nos ajudar a compreender o perfil dos alunos da EJA de nível médio do CEEBJA Paranavaí e, desta forma, contribuir com mudanças necessárias ao bom atendimento desses alunos na escola. Dos alunos entrevistados 23 eram do sexo masculino e 18 feminino. Os alunos foram aleatoriamente selecionados nos períodos da tarde e da noite entre os que estavam assistindo aula. Apenas 16 deles declaram ser solteiros e a faixa etária predominante é acima de 25 anos conforme se pode observar na tabela abaixo: Tabela 1 – Faixa Etária Alunos de Ensino Médio matriculados no CEEBJA Paranavaí – faixa etária Idades N. 14 a 18 3 19 a 24 8 25 a 30 9 31 a 35 4 36 a 40 4 mais de 40 16 Indagados se frequentam algum outro curso além do Ensino Médio no CEEBJA os alunos responderam em sua grande maioria (38 alunos) dedicar-se integralmente ao Ensino Médio. Outra questão importante é quanto a situação de trabalho. Dos 51 alunos entrevistados 21 declaram estar em situação de emprego, cinco declaram estar desempregados e os demais ficaram entre trabalho autônomo e só estudando, conforme a tabela a seguir: _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 378 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Tabela 2. Alunos de Ensino Médio matriculados no CEEBJA Paranavaí – ocupação Empregado Desempregado Autônomo Somente estudante 21 5 7 9 Outra questão importante sobre o perfil dos alunos de Ensino Médio do CEEBJA Paranavaí diz respeito à renda familiar que apontou a maioria entre 1 a 3 salários mínimos, como mostra a tabela a seguir: Tabela 3: Renda familiar 1 a 3 Salários Mínimos 36 3 a 5 Salários Mínimos 4 6 a 10 Salários Mínimos 1 No que se refere á vida escolar destes alunos pudemos constatar que 25 alunos estudam há menos de um ano na escola, 7 estão no CEEBJA há pouco mais de um ano e 8 pessoas estão cursando o Ensino Médio há mais de dois anos. Isso para nós revela a rotatividade dos alunos e a busca pela conclusão desta etapa de ensino em um tempo menor do que o ensino regular. No entanto, observa-se que a conclusão rápida não representa uma regra e, portanto, a escola precisa continuar oferecendo oportunidades de escolarização diferentes para aqueles que não buscam a certificação rápida. Quando indagados sobre sua trajetória escolar antes do CEEBJA, foi possível constatar que um número significativo esteve longe da escola por mais de dois anos. Retornando posteriormente à escola na modalidade EJA. Aliada a esta questão está a questão da reprovação escolar. Dezoito dos nossos entrevistados reprovaram de ano uma vez e cinco pessoas mais de uma vez. Dezoito alunos responderam que nunca sofreram reprovação em sua vida escolar. Pensando em conhecer as necessidades do aluno que procura a EJA indagou-se qual o período costumam vir para escola. Dos entrevistados 32 _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 379 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ disseram frequentar a escola no período noturno o que configura a necessidade de organização da escola para atender às necessidades do aluno que compatibiliza trabalho e escola. Outra questão importante é quanto à frequência destes alunos na escola. A EJA na forma supletiva não incentivava a frequência do aluno na escola. Hoje os CEEBJAs possuem uma forma de organização que permite aos alunos estarem na escola todos os dias. Isso se refletiu nas respostas dadas pelos entrevistados, conforme a tabela abaixo: Tabela 4: Frequência semanal no CEEBJA Uma a duas vezes Três a quatro vezes Todos os dias 1 15 26 Diante desta realidade indagou-se qual a forma de atendimento mais recebe: individual ou coletiva. As respostas apontam um equilíbrio: 25 alunos responderam receber o atendimento na forma individual e 17 alunos a forma de atendimento coletivo. Indagados sobre qual atende melhor suas necessidades as resposta foram ainda mais equilibradas: 22 alunos manifestaram preferência ao atendimento individual. Tabela 5- atendimento mais atende às necessidades dos alunos Alunos de Ensino Médio matriculados no CEEBJA Paranavaí Que tipo de atendimento mais atende suas necessidades? Individual Coletivo 22 20 A última questão destaca em nossa pesquisa foi quanto aos objetivos dos alunos que procuram o ensino médio de EJA. As respostas, embora haja um número significativo que disse estar estudando para entrar no mercado de trabalho o que nos chamou atenção foi o número de alunos que procuram o Ensino Médio na EJA com objetivo de continuar os estudos. Veja abaixo os resultados desta questão. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 380 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Tabela 6 - razão que o levou a estudar na EJA Alunos de Ensino Médio matriculados no CEEBJA Paranavaí Qual a razão que o levou a estudar na EJA? Ingressar, manter-se ou buscar melhor emprego e melhor salário. 12 Desejo de concluir o que havia interrompido 14 Desejo de continuar os estudos em níveis mais elevados 15 5. CONCLUSÕES Ao iniciar esta pesquisa já pude notar a importância das políticas públicas para EJA no Brasil e no Estado do Paraná. Com o foco principal no CEEBJA do Município de Paranavaí, observei o poder que tem o Projeto Político Pedagógico da instituição. Sei que ao longo da pesquisa poderei confirmar fatos levantados na pesquisa que se encontra em andamento constante. Quero evidenciar no decorrer desta pesquisa a matricula, evasão e o perfil do aluno do ensino médio do CEEBJA de Paranavaí. No final desta pesquisa buscarei deixar mais claro as minhas conclusões sobre o tema tratado. REFERÊNCIAS BEISIEGEL, Celso de Rui. Estado e educação popular: um estudo sobre a educação de adultos. São Paulo: Pioneira, 1974. BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Básica. Carlos Roberto Jamil Cury (relator). Parecer CEB11/2000 - Diretrizes curriculares nacionais para a educação de jovens e adultos. Brasília, 2001. CEEBEJA. Projeto Político Pedagógico. Paranavaí, 2011. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 381 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ CORREIA, Jorge Luiz. A Política Pública para a Educação de Jovens e Adultos no Paraná (1995-2002). 178f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Estadual de Maringá. Orientadora: Profª Drª Angela Mara de Barros Lara. Maringá, 2008. DI PIERRO, Maria Clara. As políticas públicas de educação básica de jovens e adultos no Brasil do período 1985/1999. 2000. 314 f. Tese (Doutorado em História e Filosofia da Educação) –Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2000. HADDAD, Sérgio; DI PIERRO, Maria Clara. Escolarização de jovens e adultos. 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A LITERATURA INFANTIL E A FORMAÇÃO DO LEITOR SOUZA, ALESSANDRA FELIX111 SILVA, ROSANGELA TRABUCO MALVESTIO112 RESUMO:O presente trabalho, tem por objetivoanalisar a Literatura Infantil e suas contribuições no processo de construção intelectiva das crianças, bem como na formação de futuros leitores. Para tanto, em um primeiro momento, realiza um histórico da literatura infantil, destacando a importância desta para o desenvolvimento intelectual, emocional, e criativo do aluno, bem como para a formação de leitores. Na sequência lista os cuidados que os professores devem ter ao trabalhar com a literatura Infantil, fornecendo aos profissionais da educação, uma fundamentação teórica que os ajudarão a valorizar o uso da literatura como ferramenta indispensável em sua prática educativa. A metodologia utilizada é a pesquisa bibliográfica, pautada em Abramovich(1991), Bettelheim(1980), Cavalcanti (2002), Coelho (2000), Freire (1996), Silva (1994), Zilbermam (2003), dentre outros autores que discorrem sobre o assunto, buscando oferecer aos educadores subsídios para uma ação educativa que valorize o trabalho com a literatura infantil, destacando os cuidados que os professores devem ter ao trabalhar com a mesma, contribuindo assim para a formação de leitores. Palavras-chave:Literatura infantil. Formação de Leitor. Professor. Aluno. 1. INTRODUÇÃO Os estudos sobre a formação de leitores no país não érecente e há tempos vem ganhando espaço nas discussões educacionais, pelo fato desta ser de fundamental importância para o indivíduo em sua inserção na sociedade letrada. Conforme Freire(1996) épor meio da leitura que o sujeito passa a adquirir novos conhecimentos e informações para que possa interagir como cidadão consciente na sociedade. 111 Acadêmica do 4º ano de Pedagogia da UNESPAR- Campus Paranavaí-PR Professora Orientadora Ms em Educação e Membro do Colegiado do Curso de Pedagogia da UNESPARCampus de Paranavaí-PR 112 _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 383 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Para tanto, já não é mais suficiente que o aluno esteja na escola, mas que goste de ler, que se empolgue com as leituras sugeridas pelo professor e assim, possa participar do processo de ensino e aprendizagem, tornando sua aprendizagem significativa.Neste contexto, Freire (1996) escreve que a leitura deve existir na escola, como prática necessária na vida dos sujeitos, pois por meio desta não só se obtém informações, ampliando o conhecimento, mas contribui para desafiar o aluno leitor, exigindo mais do que apenas decodificação de signos, exigindo a compreensão e interpretação do que o aluno está lendo. Diante das pesquisas realizadas, entende-se que formarleitores não é nada fácil. O gosto pela leitura se inicia na infância, por meio das vivências com objetos e materiais escritos. Segundo Zilberman (2003), parte-se, do pressupostoque o livro de literatura infantil é um desses objetos oportunizadores de apropriação de leitura, que tem um papel importante no desenvolvimento linguístico infantil, pois coloca a criança em contato com a língua, suas formas de expressão e seu uso. Diante do exposto, este estudo de cunho bibliográfico, pautado em Abramovich(1991), Bettelheim(1980), Cavalcanti (2002), Coelho (2000), Freire (1996), Silva (1994), Zilbermam (2003), dentre outros, tem por objetivo analisar como a Literatura Infantil contribui no processo de construção intelectiva das crianças, bem como na formação de futuros leitores. Para tanto em um primeiro momento discorre sobre um breve histórico sobre a Literatura Infantil; na sequência lista os cuidados que os professores devem ter ao trabalhar com a literatura Infantil, enfocando a importância da criança ouvir histórias e do contato desde cedo com o livro.Por fim, esboça algumas estratégias para desenvolver o habito de leitura. Ressalta-se aqui a necessidade dos educadores conhecerem o assunto abordado, para estes profissionais possam contribuir naformação desse futuro leitor. 2. LITERATURA INFANTIL: BREVE HISTÓRICO _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 384 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Na sociedade atual saber ler e escrever é uma capacidade indispensável para que o indivíduo atue como cidadão consciente. Freire (2003) destaca a leitura e a escrita como essenciais neste processo e ressalta que indivíduos capazes de intervir na realidade, aptos a buscar o aprendizado e o aperfeiçoamento contínuo, passam consequêntemente pela leitura consciente. Segundo Zilberman (2003), é tarefa da escola, em todos os níveis, buscar maneiras de estimular, mais do que a capacidade de ler, o prazer pela leitura, no intuito de desenvolver, desde a mais tenra idade, o hábito e o gosto pela leitura, oferecendo às crianças e alunos a oportunidade de leituras de gêneros variados. Mas nem sempre a literatura foi vista desta forma. Conforme Zilberman (2003) foi a partir do século XVII e durante o século XVIII, que foram produzidos os primeiros livros para crianças.Antes não se escrevia para elas, a infância não erareconhecida, as crianças não eram percebidas como uma idade diferenciada do adulto, por este motivo não era separada dos adultos em nenhum momento da vida em sociedade. Já na Idade Moderna é constituído um novo modelo de família que estimula o afeto e a importância do cuidado da mãe no lar, a criança aos poucos vai tendo um espaço diferenciado dos adultos. Com a transição do Feudalismo para o Capitalismo, inicia-se algumas mudanças na estrutura das famílias, onde os pais passam a dedicar mais tempo aos filhose as mães que podiam, ficavam em casa para cuidar dos mesmos.A educação se aproxima dos gêneros literários,e os primeiros textos – escritospor professores e pedagogos da época, expressavam a inocência de crianças, contribuindo para queos educandos fossem preparados para viver socialmente. Zilberman(2003) escreveque a educação passa a ver as crianças como um ser dependente dos mais velhos para sobreviver. Neste contexto é papel da escola prepará-los para o futuro, e a literatura é utilizada paratransmitir ideologiasda sociedade burguesa, repassando seus valores que contribuem para o controledas crianças, que começam a aceitar o que é imposto e concordar com o domínio exercido na formação do leitor. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 385 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Ao se fazer um paralelo com os dias atuais, percebe-se que esse domínio é mantidona sociedade, pelas tecnologias da informação. As crianças cada vez mais disponibilizam seu tempo para ver televisão, ou conectados nos computadores e vários outros aparelhos eletrônicos da modernidade.A leitura é vista como obrigação para alguns os alunos, que por sua vez não desenvolvem o gosto pela mesma.Segundo Goes (1995,p.104) ‘’Enquanto outros meios, os da mídia, muitas vezes, projetam um discurso e uma imagem que silenciam o interlocutor, a leitura permite ao receptor assumir a condição de sujeito, fazendo frente, oferecendo resistência a uma cultura imposta”. Pode-se considerar que uma boa leitura leva a despertar a imaginação,proporcionando muitas experiências e saberes. Neste sentido, entende-se que pais e professores devem oferecer a leitura para a criança, e assim oportunizar o conhecimento de diferentes assuntos e culturas de forma divertida, contribuindo para formar o senso critico e sua visão de mundo. Desta forma, o próximo item irá discorrer sobre a importância dos pais e dos professores nos momentos de contação de história e na formação de futuros leitores. 3. OS PAIS, OS PROFESSORES E A CONTAÇÃO DE HISTÓRIA Quem não gosta de contar suas histórias vividas? De acordo com Silva (1994, p.12-13) ‘’[...] todos somos um pouco contadores de histórias e o gosto por elas vêm desde muito cedo’’. Segundo a autora, o gosto pela leitura vem de um processo que se inicia criançaapreciaovalorsonoro no lar. Mesmo antes da leitura, a das palavras, aprende a gostar do livro pelo afeto, quando sua mãe canta ao embalar o berço, ou narrar velhas histórias apreendidas pelos avós. Sobre esse ponto Silva (1994, p.14) observa que “[...] É tão importante o papel de quem convive com a criança, pois é, sobretudo, através do afeto que a criança desenvolve e aprende”. Ao contar histórias pode-se perceber os olhos _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 386 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ atentos das crianças a observarem o contador. Elas, mesmo não sabendo ler,observam as gravuras, descrevendo o que vêem, ou recontando a historia que acabaram deouvir. Estes momentos contribuem também paradesenvolver sua imaginação. ConformeSouza (1996,p. 305), os pais devem ser o primeiros incentivadores da leitura, promovendoo hábito de ler em seus filhos, estimulando os primeiros contatos com o livro. Ao ler historias para seus filhos antes de dormir, contando histórias reais ouinventadas, estarão proporcionando o envolvimento com a oralidade da leitura, desenvolvendo a curiosidade de querer ouvir sempre mais. Ocorre que na atualidade poucos pais disponibilizam tempo para contar histórias ou brincar com os filhos, estão sempre ocupados e preocupados com o trabalho e com a correria diária. Normalmente acordam, deixam os filhos aos cuidados de alguém, ou da escola e vão trabalhar. Chegam tarde e cansados – amulher normalmente dedica-se aos afazeres do lar, o homem se preocupa em verificar e-mails, assistir TV– semtempo de passar algumas horas com os filhos conversando, brincando ou contando histórias. Conforme Souza (1996), paraformar filhos leitores é preciso que os pais sejam leitores também e gostem de livros.Outro aspecto que deve ser observado com cautela na sociedade atual, são as tecnologiasda informação.Brandão (1996, p.165), destaca que os aparelhos eletrônicos seduzem com suas inovações e distancia as relações pessoais. Passam ideias prontas, onde as pessoas não tem espaço para formular seus questionamentos.As imagens veiculadas pela televisão não possibilitam que a imaginação seja desenvolvida nos espectadores. Diferentemente de um livro, onde o leitor dá asas à imaginação, podendo voltar sempre que necessário na história, rever falas ou figuras. Já no programa de televisão a atenção é focada para não perder o enredo, pois não se pode voltar o programa que está passando. Sem contar que as crianças passam horas assistindo TV, contribuindo para formar um pensamento direcionado (os desenhos animados, as roupas, os cenários, possuem seus aspectos prontos não possibilitando que o expectador crie ou imagine cenários ou enredos diferentes). _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 387 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Diante deste contexto, segundo Souza(1996), quando a família não apresenta o livro à criança, é a escola que deve apresentá-lo. Inicialmente o livro pode representar só um brinquedo para a criança, mas com a mediação do adulto, ou de outras crianças, esta iniciará seu relacionamento com ele (livro), levando-a a perceber suas múltiplas possibilidades. Ao observar o comportamento da criança, percebe-se a sua capacidade de inventar histórias. O mundo da fantasia não tem limites para uma criança. Neste sentido, Coelho (2000) afirma que o papel do educador, é de assumir o compromisso com o livro, tendo o hábito de contar histórias, despertando a curiosidade pelos misteriosos signos da escrita, desafiando-os, encorajando-os, solicitando-os, provocando-os, para que os alunos criem suas hipóteses, abrindo as portas para o universo da leitura, em que a criança irá livremente penetrar guiadas por suas preferências. Tais considerações são confirmadas por Zilberman (2003, p.22), onde destaca que, “[...] um contato diário com atividade de leitura e escrita, a alfabetização será transformada num processo ameno e descontraído, evitandose as atuais rupturas existentes na prática pedagógica, entre a preparação para a alfabetização e a alfabetização propriamente dita”. Outro ponto a ser valorizado na escola, esclarece a autora, é a forma como aliteratura é apresentada à criança. É importante que a escola dinamize e explore a literatura infantil. Quando o professor demonstra prazer em determinadas atividades, desperta também esse sentimento em seus alunos que o observam o tempo todo, ou seja, o professor querendo ou não é um modelo a ser seguido, e quando este gosta de literatura, obviamente tentará despertar o gosto por esta em seus alunos. Mas o professor não deve contar histórias sem o devido preparo, poisnão é de qualquer maneira que se faz a contação.Apenas ler a história, não significa que o aluno estará motivado e interessado em ouvir mais.Zilberman (1991) destaca queé preciso criatividade para prender a atenção do ouvinte, cuidar com a entonação da voz, dentre outros. O primeiro ponto a ser observado pelo professor, conformeAbramovich (1991),é que a história precisa ser conhecida pelo leitor, pois corre-se o risco de encontrar palavras desconhecidas atrapalhando a contação. Por este motivonão _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 388 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ se deve utilizar qualquer livro que não seja de conhecimento para contar uma história, evitando o improviso. Isto pode causar pausas indesejadas e em momento impróprios, gagueiras, que podem dispersar o interesse dos que ouvem. Pode-se dar espaço para a criança manusear o livro e ver as gravuras – isso estimula a imaginação. O professor, conforme Silva(1998), é importante que o professor leve seus alunos para conhecerem a biblioteca e verificar os livros disponíveis, mostrar as capas dos livros, as gravuras com intuito de direcioná-los ao caminho da leitura. Silva (1998), escreve que o educador deve valorizar o conhecimento prévio de seus alunos, introduzindo tudo aquilo que já conhece e esclarecendo o que eles não conhecem. O ato de ler auxilia no entendimento das matérias escolares ,ouvir muitas histórias pode contribuir para que os alunos a descubram coisas novas, lugares novos, compreendendo o mundo. Zilberman (2003) enfatiza que, lidas ou contadas, as histórias constituemse em generoso processo educativo, pois ensina recreando, dando a criança os estímulos e motivações apropriadas para satisfazer seus interesses, suas necessidades, seus desejos, sua sensibilidade.Além disso, destaca Bettelheim(1980), ouvindo histórias pode-se também sentir emoções importantes, como a raiva, a tristeza, a irritação, o bem-estar, o medo, a alegria, o pavor, a insegurança, a tranquilidade. Enfim, ouvir narrativas é uma provocação para mergulhar profundamente em sentimentos, memórias e imaginações.Ao contar uma historia ou um conto, o ouvinte podeidentificar-secom os personagens, ou imaginar-se dentro do contexto da historia.Isso oportuniza o entendimento de problemas, sentimentos, ou mesmo lidar com fases difíceis da vida. Abramovich (1991, p.23) afirma que: “[...] o escutar pode ser o início da aprendizagem para se tornar leitor. Ouvir muitas e muitas histórias é importante para se integrar num universo de descobertas e de compreensão do mundo”. Será por meio das histórias e de diferentes tipos de textos, que a criança entrará em contato com um variado vocabulário, além de identificar-se muitas vezes com as atitudes, valores e sentimentos dos personagens, podendo contribuir para a compreensão de mundo. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 389 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Quando a criança encontra um professor que não gosta de contar historias provavelmente terá dificuldade emquerer conhecer novas histórias, podendo não ter vontade de ler. SegundoFrantz (2005) ao contar uma historia os professores tornam-se co-autores, partem do que está escrito transmitindo a emoção que o autor desejou transmitir ao escrever a mesma.Mesmo que a história seja conhecida, cada pessoa tem sua forma contar, tornando-a única. Muitas vezes a criança lê uma história e não gosta dela, mas quando o professor a conta com entonação, com magia, com encanto a mesma passa a gostar. Contar histórias não substitui o livro, mas aproxima o leitor do livro. 3.1 O QUE SE DEVE OBSERVAR AO ESCOLHER A LITERATURA INFANTIL Mas ao escolher uma história para contar aos alunos o que o professor deve priorizar? Segundo Zilberman (2003),“[...] o querer construir uma sociedade de leitores, vai além do sentimento do desejo, vai à atitude”, ou seja, por meio de atividades simples, como a contação de histórias e dramatização (aos pequenos) ou oferecendo tarefas que exijam planejamentos mais elaborados (alunos que já possuem o domínio da leitura), o professor deve planejar sempre, para ter seus objetivos alcançados. Neste planejamento Coelho (2000, p.32),“observa a necessária adequação dos textos e/ou livros às diferentes etapas do desenvolvimento infanto/juvenil.”A utilização de imagens sempre será atrativa, crianças adoram conhecer seus personagens favoritos que representam um papel justo e heroico, contos, crônicas e novelas que ofereçam aventura e sentimentalismo despertam o interesse do leitor. As literaturas devem ser separadas de acordo com a faixa etária dos alunos. Cada livro possui sua indicação de acordo com a idade. Segundo Coelho (2000), dos quinze meses aos três anos a criança pode começar sua relação com o livro, ela passa pela fase de descobrimento utilizando as mãos, o adulto que _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 390 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ acompanha esse processo deve auxiliar na nomeação de objetos e brinquedos. Dos quatro aos cinco anos é importante que os livros tenham mais gravuras do que texto. Já dos seis aos sete anos a criança tem facilidade em ler livros com formação silábica simples, ela começa a entender a realidade em que vive. Os livros nessa fase devem ter imagens, e as histórias podem apresentar seres humanos ou animais. Ainda segundo Coelho (2000), dos oito aos nove anos o adulto é importante para intensificar a relação entre o livro e o leitor. Este deve motivar e esclarecer dúvidas, estimulando a leitura e a abstração,relacionando o tema da história com as situações presentes em suas leituras. Dos dez aos onze anos a reflexão já é feita pelo leitor sobre o que está escrito, a criança tem valores e desvalores, sabem apontar o que é certo e o que é errado. Dos doze aos treze anos a leitura já pode ser considerada critica, pois já sabem e tem em mente seus próprios objetivos. Por este motivo a leitura deve apresentar a visão de mundo, contribuindo para a reflexão dos problemas sociais. Percebe-se que existe uma construção, uma continuidade na formação dos leitores, para que atinjam um grau de conhecimento e consciência crítica. Desta forma é papel da escola e dos educadores estimularem a leitura em todos os níveis escolares. 4. PROFESSOR, LEITURA E CONSCIÊNCIA CRÍTICA Pode-se deparar no contexto educativo com profissionais não leitores que não tem o gosto pela leitura formando alunos que também não são leitores. Silva (1998) destaca que se o aluno não é motivado pelo professor e a família, este por sua vez nunca apresentará interesse na leitura. “Em termos de trabalho educacional, há que se pensar também nas condições concretas dos professores para realizar o encaminhamento da leitura [...]” (SILVA, 1991, p.18). Muitos profissionais de educação alegam não possuírem recursos para incentivar a Literatura na escola. Esse desestimulo do professor pode distanciar o _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 391 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ aluno do livro, o que favorece a classe dominante, porque na verdade, quando o cidadão sabe ler e interpretar, torna-se critico com a realidade em que vive, e acaba observando as injustiças que existe no País. Por meio daleitura o individuo pode ter uma nova visão de mundo, e entender questões políticas e sociais. Como destaca Silva (1991, p. 19) “[...] a leitura é um importante instrumento para a libertação do povo brasileiro [...]”.Por meio da leitura o individuo pode formular uma visão critica de mundo, fortificando seus próprios conceitos e reconhecendo seus direitos de cidadão,adquirindo informações importantes que facilitam suas relações sociais. Pode-se entender que o individuo que não possui gosto pela leitura, torna-se alienado das ideologias impostas pelos meios de comunicação, aceitando a cultura que é imposta, não formando seu próprio ponto de vista. Conforme Silva (1998), muitosalunos na academia concluem seu curso superior sem nunca ter lido um único livro. Aprenderam a reproduzir as ideias dos outros autores e fazem isto até na Universidade, pois não conseguem formular suas opiniões, continuam fazendo copias e não sabem interpretar um livro.Isto acarreta graves consequências para a educação, aumentando o número de alunos que não sabem expressar opiniões próprias.Os educadores seguem esse caminho e acabam acostumando-se com essa realidade, conformando-se não fazendo nada para mudar esse quadro. Silva (1998) escreve que: “Ninguém aprende a gostar de leitura apenas ouvindo falar de livros ou vendo-os de longe, trancafiados numa prateleira, é necessário que a criança pegue e manipule o ingrediente ‘livro’”. Diante do exposto, entende-se que é necessário refletir e agir, a fim de despertar nos alunos o gosto pela leitura, pois nada mais angustiante para educadores e professores do que ver uma biblioteca repleta de livros e os alunos indiferentes a eles. Segundo Silva (1991) existe uma grande crise na leitura, pois o ato de ler molda criticamente o indivíduo e formar seres críticos não é interessante para a classe dominante. A leitura possibilita criticas, contribuindo para as pessoasexpressaremseus pensamentos.Para Cavalcanti (2002), história e leitura estão diretamente relacionadas, pois as pessoas são constituintes de história(s). _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 392 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Cabe, portanto,ao professor, direcionar o aluno a fazer esta (re)leitura da sociedade a fim de (re) educar os sentidos para que se tenhaoutras possibilidades de leitura de mundo. A leitura de um bom livro contribui grandemente para o início deste processo. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao final deste estudo pode-se concluir que o livro de literatura infantil, nem sempre existiu na história da educação. Esta foi utilizada pela escola como um material doutrinador. Atualmente é um material feito especificamente para a criança, pode ser capaz de tornar os momentos educativos proveitosos e significativos. Por meio deste mundo mágico, cheio de princesas, fadas, bruxas que a criança imagina, viaja no pensamento, responde dúvidas em relação a tantas perguntas, enfrenta conflitos interiores e sacia sua curiosidade sobre as coisas, sobre o mundo. Além disso, a literatura serve para a efetiva iniciação das crianças na construção da linguagem, idéias, valores e sentimentos, aos quais ajudará na sua formação como pessoa. Diante dos estudos realizados, pode-se entender que aleitura deve ser considerada o primeiro passo para formar um cidadão crítico, pois enquanto a globalização ensina o individuo a ser consumidor de ideias e bens materiais, a literatura inserida desde cedo na vida dos alunos pode mudar esse quadro, ensinando a se libertar do que é imposto diariamente pelos meios de comunicação de massa. Por fim, conclui-se que o professor neste contexto deve gostar de ler e expressar o seu carinho pelo livro, para que assim o aluno também se contagie e crie o hábito de ler diariamente, contribuindo para melhorar a qualidade de ensino no país. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 393 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ REFERÊNCIAS ABRAMOVICH. Fanny.Literatura Infantil: gostosuras e bobices. 2. ed. São Paulo: Editora Scipione Ltda, 1991. BETTELHEIM, Bruno. A Psicanálise dos contos de fadas. São Paulo: Paz e Terra, 1980. 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O objetivo deste trabalho visa conhecer mais profundamente um desses direitos que foi conquistado sobre o fato de existir o intérprete de Libras em sala de aula para auxiliar os alunos surdos durante as aulas do ensino regular, buscando identificar as principais dificuldades deste intérprete para trabalhar com alunos que ainda não dominam a Libras e a Língua Portuguesa, bem como conhecer a realidade dos alunos e como é essa relação alunointérprete-professor. Por meio da pesquisa de campo com intérpretes atuantes nos vários níveis educacionais, buscamos responder quais são suas principais dificuldades quando estão em sala de aula e os recursos por eles utilizados para desenvolverem um bom trabalho, comparando tudo isso com o que está garantido em lei no Decreto Federal nº 5.626/2005, onde fica evidente os direitos das pessoas surdas e qual o papel do intérprete educacional. Palavras-chave: Inclusão. Intérprete. Libras. Alunos surdos. 1. INTRODUÇÃO Nas últimas décadas, as pessoas surdas alcançaram um espaço maior na sociedade, conquistando leis que as favorecem na luta pelos seus direitos. Um dos direitos alcançados pelo surdo é ter um intérprete em sala de aula para facilitar a comunicação da Língua Brasileira de Sinais para a Língua Portuguesa e vice e versa, transmitida no ensino regular. Essa garantia está no Decreto Federal nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005, conforme segue: 113 Trabalho de pesquisa e estudo sobre o trabalho do intérprete de Libras. Acadêmica do quarto ano do curso de Pedagogia na Universidade Estadual do Paraná. 115 Pedagogo pela Universidade Estadual de Maringá. Mestre em Educação pela mesma universidade. Professor Colaborador na Universidade Estadual do Paraná. _______________________________________________________________________________ 114 UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 396 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Art. 23. As instituições federais de ensino, de educação básica e superior, devem proporcionar aos alunos surdos os serviços de tradutor e intérprete de Libras - Língua Portuguesa em sala de aula e em outros espaços educacionais, bem como equipamentos e tecnologias que viabilizem o acesso à comunicação, à informação e à educação (BRASIL, 2005, p. 07). Como fica evidente, de acordo com a lei acima, o intérprete de Libras é o profissional que estará em sala de aula juntamente com os alunos surdos que frequentam a rede regular de ensino. Possuindo também o direito de ter acesso a equipamentos e tecnologias que os apóiem e os ajudem durante o processo escolar. O presente artigo foi elaborado para buscar compreender o trabalho e as dificuldades diárias enfrentadas pelos intérpretes de Libras para atuar com alunos que não conhecem a Língua Brasileira de Sinais e nem dominam a Língua Portuguesa, bem como os recursos utilizados por eles diante destas implicações. Desta forma, por meio de pesquisa em livros, artigos, documentos nacionais que garantem o direito dos surdos, e pesquisa de campo com profissionais atuantes nesta área, buscamos entender melhor o trabalho que o intérprete realiza em sala de aula. Lembrando que este artigo não encontra-se encerrado e aqui está apenas os resultados parciais dos estudos realizados até o momento. Inicialmente serão analisadas as leis que garantem aos surdos o direito de ter em sala de aula o auxílio de um intérprete, bem como, as leis que regulamentam o trabalho deste profissional. Em seguida, refletiremos sobre as competências profissionais do intérprete de Língua de Sinais no contexto educacional, encerrando o artigo identificando as dificuldades e impossibilidades de interpretação quando o aluno surdo não domina a Libras e a Língua Portuguesa. Visto que o papel do intérprete é muito importante e fundamental, e que muitos surdos ainda não dominam a Língua Portuguesa e estão em processo de aprendizagem da Língua Brasileira de Sinais, e que precisam aprendê-las para poderem entender as aulas do ensino regular e assim participarem ativamente das mesmas, vimos a necessidade em estudar o tema proposto. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 397 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ É interessante analisar que o trabalho do intérprete tem ido além de transmitir ao aluno as aulas ministradas pelo professor, este acaba também por incumbir-se de realizar atividades que não são de sua competência profissional, como é o caso de terem que atuar como “professores titulares” na hora do ensino aos alunos surdos pelo fato de que, na maioria das vezes, os professores regentes da sala de aula não possuem o conhecimento da Língua de Sinais e atribuem essa responsabilidade ao intérprete, pois só dessa forma esses alunos terão condições de aprender o conteúdo e interagir nas aulas. Outro fator relevante é que nem sempre os alunos surdos têm aquisição da sua língua materna, adentram os espaços escolares sem o domínio da Libras e, assim, dificulta-se ainda mais o exercício profissional do intérprete que terá que ensinar o vocabulário da Libras simultaneamente ao ensino do professor regente, para posteriormente esse aluno ter condições de compreender a interpretação desse profissional. 2. INTERAGINDO COM AS LEIS As pessoas surdas passaram por uma grande luta para serem reconhecidas como cidadãos pensantes, atuantes na sociedade e donos de suas vidas, mas além de conquistarem seus direitos, estes ainda precisam da ajuda de um intérprete educacional para auxiliá-los em sala de aula durante o processo educativo, direito que está garantido no artigo 12 da resolução nº 02/2001, que institui as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica. Neste sentido, o Braille116 e a Língua de Sinais são amparadas por lei, conforme segue: 116 O alfabeto de sinais Braille é artífice da comunicação táctil, legado de Louis Braille (4/01/1809 – 6/01/1852), cego por acidente; que converteu a leitura e escrita simbólica visual pela táctil, substituindo cada caractere da grafia idiomática usual (no português e demais idiomas latinos e anglo-saxônicos), assim como nos alfabetos grego, hebraico e cirílico, entre outros. O alfabeto Braille também representar a simbologia matemática, informática e composição musical por pontos padronizados em relevo e referenciados no mundo externo (SANCLEMENTE, 2011, p. 35). _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 398 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Deve ser assegurada, no processo educativo de alunos que apresentam dificuldades de comunicação e sinalização diferenciadas dos demais educandos, a acessibilidade aos conteúdos curriculares, mediante a utilização de linguagens e códigos aplicáveis, como o sistema Braille e a língua de sinais (BRASIL, 2001, p.03). Sendo assim, fica evidente no artigo acima que as pessoas surdas têm o direito de uma pessoa que domine a Libras para acompanhá-las durante o processo escolar, ou seja, um intérprete é um direito que também foi conquistado por eles e que está garantido no Decreto N° 5626 de 22 de dezembro de 2005: Art. 23. As instituições federais de ensino, de educação básica e superior, devem proporcionar aos alunos surdos os serviços de tradutor e intérprete de Libras - Língua Portuguesa em sala de aula e em outros espaços educacionais, bem como equipamentos e tecnologias que viabilizem o acesso à comunicação, à informação e à educação (BRASIL, 2005, p.07). Deste modo, o intérprete de Libras tem uma importante função em sala de aula, de ser o canal de comunicação do aluno surdo com o professor regente. Mas, ser intérprete vai muito além de dominar a Libras, este profissional além de dominar a Língua Brasileira de Sinais precisa também dominar a Língua Portuguesa e outros requisitos, como fica evidente na Instrução n.º 008SUED/SEED de julho de 2008: O Tradutor e Intérprete de Libras/Língua Portuguesa-TILS é o profissional bilíngüe que oferece suporte pedagógico à escolarização de alunos surdos matriculados na Educação Básica, da rede regular de ensino, por meio da mediação lingüística entre aluno(s) surdo(s) e demais membros da comunidade escolar, de modo a assegurar o desenvolvimento da proposta de educação bilíngüe (Libras/Língua Portuguesa) (PARANÁ, 2008, p.01). Assim, ser intérprete de Libras não é uma atividade simples, afinal, é uma profissão muito importante, pois deste profissional depende de como será a relação do surdo com o professor, amigos e as outras pessoas da escola, desta forma, requer uma formação específica. De acordo com o Decreto Federal nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005: _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 399 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Art. 4o A formação de docentes para o ensino de Libras nas séries finais do ensino fundamental, no ensino médio e na educação superior deve ser realizada em nível superior, em curso de graduação de licenciatura plena em Letras: Libras ou em Letras: Libras/Língua Portuguesa como segunda língua (BRASIL, 2005, p.01). Todas as pessoas podem estudar para se tornarem intérpretes, no entanto, as pessoas surdas possuem prioridade nos cursos de formação, que exigem ao menos uma formação mínima para atuação na Educação Infantil, de acordo com os documentos nacionais, temos: Parágrafo único. As pessoas surdas terão prioridade nos cursos de formação previstos no caput. Art. 5o A formação de docentes para o ensino de Libras na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental deve ser realizada em curso de Pedagogia ou curso normal superior, em que Libras e Língua Portuguesa escrita tenham constituído línguas de instrução, viabilizando a formação bilíngüe. § 1o Admite-se como formação mínima de docentes para o ensino de Libras na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental, a formação ofertada em nível médio na modalidade normal, que viabilizar a formação bilíngüe, referida no caput. (BRASIL, 2005, p.02) Para atuar em nível superior, o instrutor de Libras precisa ter outro tipo de formação, onde também tem prioridade para realizar o curso as pessoas surdas. § 2o As pessoas surdas terão prioridade nos cursos de formação previstos no caput. Art. 6o A formação de instrutor de Libras, em nível médio, deve ser realizada por meio de: I - cursos de educação profissional; II - cursos de formação continuada promovidos por instituições de ensino superior; e III - cursos de formação continuada promovidos por instituições credenciadas por secretarias de educação (BRASIL, 2005, p.02) Neste mesmo decreto, em seu capítulo V, fica exposto sobre a formação necessária para se tornar tradutor e intérprete de Libras–Língua Portuguesa. Vejamos: Art. 17. A formação do tradutor e intérprete de Libras - Língua Portuguesa deve efetivar-se por meio de curso superior de _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 400 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Tradução e Interpretação, com habilitação em Libras - Língua Portuguesa. Art. 18. Nos próximos dez anos, a partir da publicação deste Decreto, a formação de tradutor e intérprete de Libras - Língua Portuguesa, em nível médio, deve ser realizada por meio de: I - cursos de educação profissional; II - cursos de extensão universitária; e III - cursos de formação continuada promovidos por instituições de ensino superior e instituições credenciadas por secretarias de educação. Parágrafo único. A formação de tradutor e intérprete de Libras pode ser realizada por organizações da sociedade civil representativas da comunidade surda, desde que o certificado seja convalidado por uma das instituições referidas no inciso III (BRASIL, 2005. p.05). No caso das instituições de ensino não encontrarem pessoas capacitadas para atuarem no cargo de intérprete, o decreto n° 5626 também prevê a substituição deste profissional por outro, desde que este tenha a formação mínima para atuação de intérprete. Esse fator fica evidente no seguinte excerto: Art. 19. Nos próximos dez anos, a partir da publicação deste Decreto, caso não haja pessoas com a titulação exigida para o exercício da tradução e interpretação de Libras - Língua Portuguesa, as instituições federais de ensino devem incluir, em seus quadros, profissionais com o seguinte perfil: I - profissional ouvinte, de nível superior, com competência e fluência em Libras para realizar a interpretação das duas línguas, de maneira simultânea e consecutiva, e com aprovação em exame de proficiência, promovido pelo Ministério da Educação, para atuação em instituições de ensino médio e de educação superior; II - profissional ouvinte, de nível médio, com competência e fluência em Libras para realizar a interpretação das duas línguas, de maneira simultânea e consecutiva, e com aprovação em exame de proficiência, promovido pelo Ministério da Educação, para atuação no ensino fundamental (BRASIL, 2005, p.05-06). Entendemos que ser intérprete é uma profissão de muita responsabilidade, logo é tão necessário que se tenha ao menos a formação mínima para que se possa atuar como tal, afinal, este profissional vai auxiliar o surdo o tempo todo durante o processo escolar se tornando um dos responsáveis pela formação educacional desta pessoa. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 401 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Cabe ao intérprete, durante o trabalho, cumprir algumas atribuições de suma importância, atribuições estas que estão previstas na instrução n° 008 de 2008 da SUED/SEED que estabelece normas para atuação do profissional tradutor e intérprete de Língua Brasileira de Sinais que apresenta: Compete ao profissional intérprete o cumprimento das seguintes atribuições: 4.1 Mediar situações de comunicação entre os alunos surdos e demais membros da comunidade escolar. 4.2 Viabilizar a interação e a participação efetiva do aluno nas diferentes situações de aprendizagem e interação no contexto escolar. 4.3 Informar à comunidade escolar sobre as formas mais adequadas de comunicação com o(s) alunos(s) surdo(s) (PARANÁ, 2008, p. 02). Nestas primeiras instruções, as quais o intérprete precisa seguir, já fica evidente que este profissional tem a função – além de intérprete – de ser o responsável pela integração do surdo nas relações com outras pessoas, bem como fazer com que este participe ativamente das aulas para que se construa assim, uma verdadeira aprendizagem. Durante seu trabalho, o intérprete precisa estar sempre atento, para que possa transmitir ao surdo de forma coerente aquilo que está sendo transmitido, sem trocas de palavras, mas cumprindo fielmente aquilo que está sendo dito, bem como deve respeitar o surdo dando espaço para que este possa falar o que pensa e também tirar suas dúvidas, respeitando tanto o aluno como o professor. Essas afirmativas podem ser encontradas na instrução n° 008 de 2008 da SUED/SEED: 4.4 Interpretar, de forma fidedigna, as informações e conhecimentos veiculados em sala de aula e nas demais atividades curriculares desenvolvidas no contexto escolar. 4.5 Dar oportunidade à expressão do(s) aluno(s) surdo(s) por meio da tradução, de forma fidedigna, de suas opiniões e reflexões. 4.6 Ter conhecimento prévio e domínio dos conteúdos e temas a serem trabalhados pelo professor, evitando a improvisação e proporcionando maior qualidade nas informações transmitidas. 4.7 Ter um relacionamento amistoso com o professor regente de turma, oferecendo informações adequadas sobre a importância da _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 402 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ interação deste com o(s) alunos(s) surdo(s) (PARANÁ, 2008, p. 02-03). Na instrução n° 008 de 2008 da SUED/SEED, fica evidente que o intérprete tem as mesmas responsabilidades como qualquer professor com os alunos e com a escola em que atua, pois este precisa ter compromisso com seu trabalho, buscando formas de ajudar cada vez mais na integração e no desenvolvimento pessoal e intelectual do aluno surdo. 4.8 Sugerir aos docentes a adoção das estratégias metodológicas visuais mais adequadas ao favorecimento da aprendizagem dos alunos surdos. 4.9 Cumprir integralmente a carga horária designada (20 ou 40 horas), de modo a oferecer apoio especializado aos alunos surdos em todas as disciplinas previstas na matriz curricular semanal para a série em questão. 4.10Participar das atividades pedagógicas que envolvem o coletivo da escola (reuniões pedagógicas, conselhos de classe, atividades festivas, entre outros). 4.11Submeter-se aos direitos e deveres previstos aos demais profissionais, no regimento da escola. 4.12Cumprir o Código de Ética que regulamenta a prática da interpretação/tradução em Libras, emitido pela Federação Nacional de Educação e Integração de Surdos - Feneis, o qual deve ser de conhecimento da equipe técnico-pedagógica do Estabelecimento de Ensino (PARANÁ, 2008, p. 03). Atuar como intérprete, então, exige compromisso com o trabalho e competência profissional, afinal, além de ter que cumprir todas as leis, este profissional também tem que estar em constante estudo para poder auxiliar os seus alunos surdos de forma coerente, tendo que enfrentar sempre novos desafios, que vão além de transmitir o que o professor regente está falando, envolve também situações onde o profissional precisa ajudar nas relações interpessoais do aluno, ensinar a ele os conteúdos que estão sendo trabalhados, o que exige que ele tenha domínio no que faz. Interessante lembrar que o intérprete também precisa estar atualizado com os conteúdos trabalhados pelo professor, bem como apresentar conhecimentos e experiência necessários para poder trabalhar com os alunos quando estes ainda não dominam a Libras e a Língua Portuguesa. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 403 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ 3. COMPETÊNCIAS PROFISSIONAIS DO INTÉRPRETE DE LÍNGUA DE SINAIS NO CONTEXTO EDUCACIONAL Na realidade brasileira existem vários alunos surdos matriculados e em diferentes níveis de escolarização, deste modo, seria impossível acompanhar e colaborar para o seu desenvolvimento intelectual e pessoal sem o apoio de um intérprete educacional. De acordo com os dados do Censo da educação superior (MEC/INEP), o índice de matrícula de estudante com deficiência auditiva, passa de 665 em 2003, para 4.660 em 2009, significando um crescimento de 600,7%. A partir de 2007, são coletados dados específicos sobre a matrícula de estudantes com surdez, que registra 444 em 2007 e 1.895, em 2009, representando um crescimento de 326,8%. Assim, o total de estudantes com deficiência auditiva e surdez, corresponde a 6.555, perfazendo um crescimento de 885,7%. (INCLUSIVE, 2011, s/p). O intérprete educacional deverá atuar como intermediário nas relações entre professores e alunos, bem como entre os colegas surdos e os colegas ouvintes presentes em uma mesma sala de aula. Neste sentido, concordamos com Quadros (2007, p. 79) quando o autor afirma que [...] profissional intérprete é aquele que interpreta a mensagem de forma "precisa e apropriada" de uma língua para permitir que a comunicação aconteça entre pessoas que não usam a mesma língua, isto é, o profissional intérprete intermedia a interação, comunicação. No entanto, o papel do intérprete vai muito além destas funções, sendo que, na maioria das vezes, este profissional é confundido com o professor, os próprios alunos acabam por fazer esta relação, realizando questões e travando discussões sobre o conteúdo com o intérprete. Outras vezes também lhe é atribuída a responsabilidade pelo desenvolvimento do aluno surdo, onde o próprio professor delega ao intérprete, a _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 404 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ responsabilidade de desenvolver os conteúdos em sala de aula com o aluno, como se esta não fosse a função do professor e sim do intérprete. Esta relação se complica ainda mais quando o intérprete atua na Educação Infantil e no Ensino Fundamental, pois o aluno ainda não consegue fazer a diferença entre o professor e o intérprete, estabelecendo uma relação de confiança com o intérprete, que é aquele profissional que está sempre lhe auxiliando, sem contar que é quem entende o que ele fala e consegue solucionar suas dúvidas. Assim, concordamos com Quadros (2007, p. 62) quando afirma que [...] nos níveis mais iniciais, o intérprete estará diante de crianças. Há uma série de implicações geradas a partir disso. Crianças tem dificuldades em compreender a função do intérprete puramente como uma pessoa mediadora da relação entre professor e aluno. A criança surda tende a estabelecer um vínculo com que lhe dirige o olhar. No caso, o intérprete é aquele que estabelece essa relação [...]. . Observando essas dificuldades, fica evidente que o papel do intérprete foge à regra das atividades que ele realmente deveria realizar. Se ao intérprete for atribuída a responsabilidade do ensino, este deveria ser professor além de intérprete, e da mesma forma deveria ser contratado como tal, como professor que domine a língua de sinais, bem como os conteúdos ministrados em sala de aula. Deste modo, o intérprete necessita ter consciência do seu papel em sala de aula para que assim, possa realizar seu trabalho de forma correta, sem assumir várias responsabilidades que compromete o seu trabalho neste ambiente. Mediante essa situação, no ano de 2000, na cidade do Rio Grande do Sul, foi regulamentado o código de ética do profissional de intérprete da Federação Nacional de Educação e Interação dos Surdos (FENEIS) que diz nas letras A e D que o intérprete deve: a) Ser imparcial: o quanto mais imparcial melhor. Não poderá emitir opiniões ou comentários no que ele próprio está interpretando, a não ser que perguntem sua opinião. O interprete deverá ter tão somente o cuidado de passar a _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 405 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ informação para LIBRAS e/ou Português. Não é ele que está falando. Ele é apenas a ponte de ligação entre os dois lados. d) Ser fiel tanto em LIBRAS quanto no português, quanto ao uso. Isto é, conhecer bem a ambas e usar a estrutura gramatical própria de cada uma. Não criar ou inventar sinais. Usar os sinais da comunidade surda local e perguntar se o nível de interpretação está bom e claro para todos.(QUADROS, 2007, p.43-44). Deste modo, o intérprete precisa ser fiel ao passar a mensagem para o surdo, pois ele não tem o direito de mudar aquilo que o professor está falando, por mais que este acredite ser mais fácil para o aluno se ele falasse com outras palavras. A seguir mostraremos uma pesquisa realizada por Quadros (2004, p. 6768) na Universidade Luterana do Brasil, onde mostra como foi realizada uma interpretação do português para Libras na universidade, com a presença de alunos surdos. Esta pesquisa foi publicada em seu livro “O tradutor e intérprete da Língua Brasileira de Sinais e Língua portuguesa”. Intérprete Alain (junho/2001) Português ... baixa temperatura, altas quantidades de celíaca, altas quantidades de gases nestas celíacas... Vão ser chamadas de magnas deoníticos ou graníticos. Por quê? Porque são magnas em que eu vou ter muito mais quartzo aqui, coisa que aqui eu não vou ter. A medida que vai diminuindo, começa a aumentar a quantidade dos outros. Olha aqui ó... Principalmente porque há ferros magnesianos. O que são ferros magnesianos? Temos os minerais. Eu vou falar dos minerais magnos e feltono (?) Isso aqui ó... se separarem, os minerais magnos são os minerais escuros e os minerais feltono (?) são os claros. Por quê? Porque magno de magnésio. Magnésio é de ferro. Por isso vocês têm um basalto e o basalto é escuro, porque ele é mais rico em ferro magnesiano. Minerais em ferro de magnésio. Ele não tem quartzo. Língua brasileira de sinais -r Interpretação realizada pela intérprete \ \ ... TEMPERATURA DIMINUIR BAIXO FRIO MUITO C-I-L-I-C-A MUITO COLOCAR G-S MISTURAR JUNTO SURGIR M-A-GM-A-S TAMBÉM PEDRA G-R-A-N-I-T-I-N-0 <HN> POR CAUSA M-A-G-M-A-S TER MAIS MAIS SURGIR Q-U-A-R-T-Z-0 C-I-L-I-C-A DIMINUIR DIMINUIR COMEÇAR OUTRO AUMENTAR AUMENTAR C-I-L-I-C-A DIMINUIR FERRO M-A-G-N-E-S-I-AN-0 AUMETAR JUNTO _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 406 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ NMIS MAIS MAIS N-I-Q-UE-L DIMINUIR A• MINERAL (?) F-E-L-T-N-0 SEPARAR CONSEGUIR SEPARAR N-I-Q-U-E-L PRETO M-AG-N-E-S-I-0 - DESCULPA EXPLICAR ANTES NÃO, AGORA EXPLICAR MAIS FERRO MAIS JUNTO AJUNTAR FERRO M-A-G-N-E-S-I-0 JUNTO SURGIR PEDRA B-A-S-A-L-T-0 (?) CERTO. Intérprete Alain (junho/2001) Português O quartzo pode aparecer numa situação excepcional que depois nós vamos ver que é dentro dos geódos, dentro de vesículas, mas é excepcional, depois nós vamos ver. Os minerais célcidus - a palavra vem de (?) celíaca - então são minerais claros e por isso vocês têm o granito claro constituído de minerais claros significa que ela tem muito mais celíaca. Ela tem a sílica dos silicatos, ela tem a celíaca dos (?), mas ela tem também a celíaca do quartzo. Aqui, ela não tem quartzo, então ela não tem, então ela não tem cilíca, então é mais pobre. Língua brasileira de sinais -Interpretação realizada pela interprete VER BRANCO, CINZA MAIS-OU-MENOS CINZA JUNTO IODO JUNTO TAMBÉM N-I-Q-U-E-L TEM F-E-L-T-O-N-0 TEM C-I-L-I-C-A JUNTO. R-A-N-T PEDRA CURA MOSTRAR VER TEM CC-L-I-C-A DENTRO JUNTO TEM C-I-L-I-C-A TEM TAMBÉM Q-U-A-R-T-Z-0 MISTURAR JUNTO SURGIR MISTURAR TER COLOCAR C-I-L-I-C-A Como pode ser percebido nas tabelas acima nas interpretações feitas, ocorre muitas trocas de palavras e distorções, o que dificulta ainda mais a aprendizagem do aluno surdo. Interpretar aquilo que é transmitido pelo professor exige veracidade por parte do intérprete, já que o aluno, muitas vezes, não sabe o que o professor está _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 407 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ falando e este por sua vez, muitas vezes, não sabe o que o intérprete está falando para o aluno. É uma questão de ética de responsabilidade por parte do profissional, cumprir e transmitir corretamente a fala do professor. Nas tabelas acima fica evidente que muitos intérpretes abreviam aquilo que está sendo dito ou transmitem seu entendimento para o aluno, coisa que não deve acontecer, já que o aluno precisa tirar suas conclusões, e não o intérprete. Quadros (2007, p. 71) sobre esse assunto infere que [...] a existência de problemas desta ordem evidencia que a necessidade de profissionalização do intérprete de língua de sinais através de formação e qualificação permanente é urgente. Os intérpretes precisam de instrumentalização formal para atuar nesta profissão. Muitas vezes ocorre de não haver profissionais qualificados para atuar como intérpretes, o que leva a contratação de pessoas que conhecem a Libras, mesmo sem serem capacitados na área, ocorrendo então todos esses problemas de interpretação, o que gera dificuldade no entendimento e aprendizagem do aluno surdo. É preciso muito cuidado ao desempenhar tal função, afinal é da formação de um ser social que estamos falando e este precisa estar apto para atuar na sociedade, sendo capaz de resolver seus problemas sozinhos, deste modo a qualificação na área específica, bem como, possuir conhecimento básico nas áreas de conhecimento envolvidas. 4. CONCLUSÃO Lembramos que este trabalho é um Trabalho de Conclusão de Curso e que o mesmo está em fase de finalização, logo, os resultados aqui apresentados não dizem respeito a sua totalidade, mas à parcialidade do mesmo. Diante dos resultados até aqui apresentados, percebemos o quanto é difícil a integração do aluno surdo na rede regular de ensino, já que muitas vezes os _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 408 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ intérpretes contratados não possuem a formação necessária para desempenhar tal função. Também é evidente o quanto esta profissão requer responsabilidade e compromisso por parte do profissional já que existem leis que devem ser seguidas, sem contar que este também influencia muito na aprendizagem que o surdo irá adquirir (ou não). Deste modo, ainda se faz necessário analisar quais são as principais dificuldades encontradas pelo intérprete no trabalho, bem como quais são as principais dificuldades dos alunos quando são inseridos na rede regular de ensino, para podermos compreender como acontece essa troca de conhecimentos entre professor-aluno-intérprete-aluno. REFERÊNCIAS BRASIL. Decreto Nº 5.626. Brasília, 2005. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/decreto/d5626.htm.>. Acesso em: 20 abr. 2014. BRASIL. Institui Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica. Brasília: CNE/CEB, 2001. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/res2_b.pdf>. Acesso em: 19 ago. 2014. CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO. Câmara de Educação Básica. Resolução CNE/CEB 2/2001. Diário Oficial da União, Brasília, 14 de setembro de 2001. Seção 1E, p. 39-40. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CEB0201.pdf>. Acesso em: 01 jul. 2014. INCLUSIVE. MEC: números revelam avanço da política de educação inclusiva no Brasil. 2011. Disponível em: <http://www.inclusive.org.br/?p=19591>. Acesso em: 19 ago. 2014. PARANÁ, INSTRUÇÃO N.º 008. Paraná: SUED/SEED, 2008. Disponível em: < http://www.educacao.pr.gov.br/arquivos/File/instrucoes/instrucao082008.pdf.>. Acesso em: 06 jun. 2014. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 409 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ QUADROS, Ronice Muller. O tradutor e intérprete de língua brasileira de sinais e língua portuguesa. Brasília 2004. SANCLEMENTE, José Manuel Hernandéz. Comunicação táctil para todo público: sistema braille Usando verniz poli(metacrilato de metila) em relevo Polimerizável por ultravioleta (uv) impresso junto com Texto e imagens em tinta (ibr/vza-uvxmf). 2011. Disponível em: < http://repositorio.utfpr.edu.br:8080/jspui/bitstream/1/387/1/CT_PPGEM_M_Sancle mente%2c%20Jos%C3%A9%20Manuel%20Hern%C3%A1ndez_2012.pdf>. Acesso em: 20 ago. 2014. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 410 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ INCLUSÃO, TRAÇOS DA DIFERENÇA: O SURDO NA BUSCA DE SUA IDENTIDADE NO PROCESSO DE EDUCAÇÃO BÁSICA 117 PREUSS, Ivana118 SILVA, Luziete da119 Resumo: O presente artigo tratará das pesquisas teóricas e práticas do processo de inclusão na educação básica, em que consiste aprofundar no campo cultural dos alunos com surdez, para adentrarmos nas questões identitárias de alunos que apresentam identidade surda e identidade surda incompleta. Busca-se evidenciar a importância da ação pedagógica dos profissionais da educação que desenvolvem suas práticas docentes para atender aos alunos com surdez em suas diversas identidades, e ainda mais, reconhecer as leis que garantem o direito inclusivo a esses alunos em relação à educação básica. A pesquisa deste trabalho será de abordagem bibliográfica, somada à pesquisa de campo realizada por meio de entrevistas às pessoas com surdez e aos profissionais envolvidos nessa área, a fim de entendermos como se dá o ensino e aprendizagem daqueles que são surdos e usam a LIBRAS (Linguagem Brasileira de Sinais) como a língua natural para sua comunicação, e daqueles com identidade surda incompleta (deficiência auditiva), que não são usuários da LIBRAS e utilizam-se da oralidade para se comunicarem. Palavras-chave: Inclusão. Identidade Surda. Práticas de Ensino. 1. INTRODUÇÃO Compreende-se que inclusão, segundo Mantoan (2005, p.24-26), é “[...] a nossa capacidade de entender e reconhecer o outro e, assim, ter o privilégio de conviver e compartilhar com pessoas diferentes de nós. A educação inclusiva acolhe todas as pessoas, sem exceção” e a meta da inclusão na escola é 117 Trabalho de Conclusão do Curso de Pedagogia, apresentado em 2014 à banca examinadora constituída pelos professores: 118 Acadêmica do 4º ano de Pedagogia da UNESPAR/FAFIPA. 119 Docente do Colegiado do Curso deLetras da UNESPAR Campus de Paranavaí.Orientadora do TCC. Especialista em Educação Especial. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 411 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ oferecer educação para todos aqueles que possuem necessidades especiais, e interagir com aqueles que não têm, ou seja, “a inclusão exige o viver juntos, o conviver” (MATURANA apud STRIEDER; ZILLMMEMANN, s/d., p. 150). Se os princípios da educação inclusiva vêm se fortalecendo desde meados da década de 1990, na prática é o modelo da integração escolar que ainda predomina. Modelo esse ancorado na Declaração de Salamanca (1994) que ressalta sua definição segundo os autores Shimazaki e Mori (2012): [...] todas as diferenças humanas são normais e de que aprendizagem deve, portanto, ajustar-se às necessidades de cada criança, em vez de cada criança se adaptar aos supostos princípios quanto ao ritmo e à natureza do processo educativo. (DECLARAÇÃO DE SALAMANCAapud SHIMAZAKI E MORI, 2012, p. 35). A integração escolar tinha como objetivo “ajudar” pessoas com necessidades especiais a obter uma existência tão próxima ao normal possível a elas, disponibilizando padrões e condições de vida cotidiana próxima às normas e padrões da sociedade. Garantindo-lhes estar em espaços sociais, aumentar sua proximidade com demais alunos e pessoas; usufruir dos mesmos recursos educacionais; potencializar a integração social. O que se percebe em muitos casos de inclusão escolar é que ainda se mantém, em muitos locais e também nas escolas, as ideias de que somente a pessoa com necessidades especiais precisa se adaptar aos ambientes que quer frequentar, sendo que tais ambientes, apesar de estarem disponíveis a este sujeito, não estão adequados às suas necessidades e expectativas. Assim sendo, percebe-se que além das mudanças que a legislação indica que devem ser feitas nas estruturas escolares, há também a mudança cultural que necessita permear todas as demais. É com base na inclusão do aluno com surdez, na educação básica, que passaremos a tratar nessa pesquisa, para isso é imprescindível entendermos sobre as características identitárias desse referido alunado que adentra os espaços escolares com essa diferença cultural e linguística, e considerando que culturalmente possui várias identidades. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 412 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ A presente pesquisa tem como objetivo maior, identificar tais identidades e aprofundar com mais afinco a inclusão do aluno de Identidade Surda e do aluno de Identidade Surda Incompleta nos espaços escolares. Além disso, busca-se evidenciar a importância da ação pedagógica dos educadores que lecionam para alunos com surdez em suas diversas identidades; Reconhecer as leis que garantem o direito a esses alunos em relação à educação básica; Compreender o atendimento educacional em sala de aula, observando a importância da Libras, as questões de desenvolvimento da oralidade e o papel do Centro de Atendimento Especializado ao Surdo. As duas identidades supracitadas, apresentam formas de aprendizagem diferenciadas, uma com base na língua de sinais (LIBRAS), já a outra se baseia na oralidade da Língua Portuguesa. Com isso, estamos diante das dificuldades que esses alunos encontram no âmbito escolar para ter aquisição dos conhecimentos escolares ao mesmo tempo em que os alunos ouvintes adquirem esses mesmos conhecimentos, consideração no processo de vários fatores devem ser levados em ensino e de aprendizagem desse alunado em específico. Isto é, o grau e o tipo da perda de audição determinam diferenças em relação ao tipo de atendimento e metodologia que o aluno irá receber. Diante do exposto introdutório, chegamos ao seguinte questionamento: Como se dá o processo educacional da pessoa com surdez, frente aos traços de identidade surda e identidade surda incompleta? Será que os professores, os intérpretes, as escolas estão atendendo esses alunos em suas peculiaridades? Estes questionamentos serão discutidos ao decorrer deste trabalho, a fim de nos aproximarmos com o tema. A presente pesquisa procurará responder o problema levantado anteriormente por meio de referências bibliográficas e pesquisa de campo, na qual será feita por meio de Estudos de Casos, tendo por objetivo trazer relatos sobre a experiência educacional de aluno com identidade surda, ou seja, o Surdo; e de aluno com identidade surda incompleta, ou seja, o Deficiente Auditivo. A pesquisa de campo se estenderá também a educadores que lecionam para o _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 413 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ aluno Surdo e o aluno com Deficiência Auditiva, a fim de entendermos como são aplicadas as práticas de ensino a esses educandos. Nesta pesquisa pretende-se obter uma visão qualitativa, que segundo Triviños (1987) consiste em descrever profundamente sobre tal tema, incluindo entrevistas semiestruturadas, histórias de vida, observações, e textos visuais, ou seja, o método qualitativo permite ao pesquisador, receber dados para serem descritos de forma natural. Isto é, ressalta que o método qualitativo parte dos [...] questionamentos básicos, apoiados em teorias e hipóteses, que interessam à pesquisa, e que, em seguida, oferecem amplo campo de interrogativas, fruto de novas hipóteses que vão surgindo à medida que se recebem as respostas do informante. Desta maneira, o informante, seguindo espontaneamente a linha de seu pensamento e de suas experiências dentro do foco principal colocado pelo investigador, começa a participar na elaboração do conteúdo da pesquisa (TRIVIÑOS, 1987, p. 146). Assim sendo, o presente trabalho estruturar-se-á em três seções, sendo a primeira seção referente às questões documentais, leis e diretrizes. A segunda seção enfoca as identidades da pessoa com surdez. A terceira e última seção, apresentará os resultados da pesquisa de campo baseada em entrevistas com o aluno de identidade surda; o aluno de identidade surda incompleta; intérprete de Libras; professor titular da sala de aula que leciona para alunos com surdez e os educadores do CAES – Centro de Atendimento Especializado aos Surdos. 2. QUESTÕES DOCUMENTAIS, LEIS E DIRETRIZES Quando nos concentramos nas discussões acerca do processo de inclusão na escola, tentamos evidenciar questionamentos e tentativas de soluções para a atual discussão sobre a educação dos alunos com surdez. Nesse sentido, Mantoan (2006, p. 23) comenta que [...] A inclusão escolar tem sido mal compreendida, principalmente no seu apelo a mudanças nas escolas comuns e especiais. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 414 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Sabemos, contudo, que sem essas mudanças não garantiremos a condição de nossas escolas receberem, indistintamente, a todos os alunos, oferecendo-lhes condições de prosseguir em seus estudos, segundo a capacidade de cada um, sem discriminações nem espaços segregados de educação. Por meio do documento nacional, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (BRASIL, 1996, p. 24), promulgada em 20 de dezembro de 1996, ressalta que no Capítulo V Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais. [...] §2º O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns do ensino regular. §3º A oferta da educação especial, dever constitucional do Estado, tem início na faixa etária de zero a seis anos, durante a educação infantil. Os artigos da LDB 9394/96 (BRASIL, 1996) nos permitem a interpretação de que a criança com necessidade educacional especial, que no passado era encaminhada para escolas especiais, hoje possui total direito de matricular-se na escola regular de sua preferência. Redondo e Carvalho (2000, p. 34) afirmam que “[...] essa mudança gerou um intercâmbio de experiências, de profissionais e de material, provocando a aproximação dos dois sistemas educacionais: o especial e o regular”. Nesse sentido, é importante salientar que hoje a escola regular é um direito ao educando com necessidades especiais, onde o mesmo terá a oportunidade que qualquer criança tem de entrar em contato com os conhecimentos científicos, aproveitando o que lhe for capaz. A escola especial, nesse contexto, serve como um complemento ao que a escola regular faz, já que o aluno que possui algum tipo de diferença necessita de um atendimento especializado, voltado para essa necessidade. Logo, o atendimento educacional especializado e os serviços de apoio especiais são instrumentos necessários que contribuem para que a educação seja de qualidade e sem nenhum tipo de _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 415 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ discriminação, porém, não substitui e não pode impedir o acesso desse educando a rede regular de ensino (MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, 2004). Sendo assim, para incluir os alunos de identidade surda e de identidade surda incompleta, a escola deve ser inclusiva ou até mesmo especializada, possibilitando atender as necessidades dele, e explorar os recursos de apoio que lhes facilitam a aprendizagem, tanto nos aspectos físico, motor, emocional, quanto cognitivo e social (REDONDO; CARVALHO, 2000). Além disso, a escola que recebe esses alunos deve estar preparada para atendê-los efetivamente. Por meio do Decreto Nº 5.626, criado no dia 22 de dezembro de 2005, onde no Artigo 22, pode-se verificar, que: I - escolas e classes de educação bilíngue, abertas a alunos surdos e ouvintes, com professores bilíngues, na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental; II - escolas bilíngues ou escolas comuns da rede regular de ensino, abertas a alunos surdos e ouvintes, para os anos finais do ensino fundamental, ensino médio ou educação profissional, com docentes das diferentes áreas do conhecimento, cientes da singularidade linguística dos alunos surdos, bem como com a presença de tradutores e intérpretes de Libras - Língua Portuguesa. § 1o São denominadas escolas ou classes de educação bilíngue aquelas em que a Libras e a modalidade escrita da Língua Portuguesa sejam línguas de instrução utilizadas no desenvolvimento de todo o processo educativo. § 2o Os alunos têm o direito à escolarização em um turno diferenciado ao do atendimento educacional especializado para o desenvolvimento de complementação curricular, com utilização de equipamentos e tecnologias de informação. (BRASIL, 2005, p. 5). Desta forma, os documentos evidenciam que os alunos com surdez têm direito a inclusão no ensino regular desde a sua infância até o ensino superior, mesmo que esses indivíduos apresentem uma diversidade identitária. A inclusão desses é comparável à inserção de alunos ouvintes no processo educacional e que, por sua vez, têm suas próprias identidades que, na maioria das vezes, é ignorada pelos professores, que padronizam o ensino e as formas de aprendizado dos alunos. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 416 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ 3. QUESTÕES IDENTITÁRIAS DOS ALUNOS DE IDENTIDADE SURDA E DE IDENTIDADE SURDA INCOMPLETA Para de fato compreendermos o processo de ensino e aprendizagem dos alunos com surdez dentro do âmbito escolar, deve-se primeiramente abordar a distinção entre o termo ‘aluno de identidade surda’, denominado como surdo, e ‘aluno de identidade surda incompleta’, dada como deficiente auditivo. A surdez é um termo usado para indicar a perda de audição ou diminuição na capacidade de escutar sons. Podendo ser dividida em dois grupos: a surdez congênita e a surdez adquirida. A surdez congênita refere-se à criança que nasceu surda, nesse caso a surdez é pré-lingual, ou seja, ocorreu antes da aquisição da linguagem. Já na surdez adquirida o indivíduo perde a audição no decorrer da vida, nesse caso a surdez pode ser entendida como pré-lingual ou pós-lingual dependendo da sua ocorrência ter se dado antes ou depois da aquisição da linguagem (HONORA; FRIZANCO, 2000). O Decreto nº 5.626/2005 (BRASIL, 2005), no Artigo 2º, considera que a pessoa surda é “[...] aquela que, por ter perda auditiva, compreende e interage com o mundo por meio de experiências visuais, manifestando sua cultura principalmente pelo uso da Língua Brasileira de Sinais- Libras”. As pessoas surdas não se sentem deficientes; a língua de sinais supre todas as suas necessidades linguísticas. Já os deficientes auditivos não são usuários da LIBRAS. Behares (1993) enuncia que o deficiente auditivo é visto como portador de uma patologia, uma deficiência que precisa ser tratada e o grau de perda auditiva são decisivos no encaminhamento educacional. Honora e Frizanco (2000, p. 25) salientam que [...] deficiência auditiva: é quando alguma das estruturas da orelha apresenta uma alteração, ocasionando uma diminuição da capacidade de perceber o som. Geralmente o deficiente auditivo se comunica pela fala e apresenta uma perda auditiva de grau leve e moderado; Surdez: também é ocasionada por alguma alteração nas estruturas da orelha, ocasionando uma incapacidade em perceber o som. Geralmente o surdo se _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 417 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ comunica através da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) e apresenta uma perda auditiva de grau severo ou profundo. Pode-se entender que embora sendo a mesma diferença – perda auditiva-, cada um tem uma forma de praticar no seu cotidiano, visto que nem todos utilizam LIBRAS ou nem todos utilizam a linguagem oral. Ou seja, deve-se perceber que há diferenças entre o aluno com deficiência auditiva e o aluno surdo, uma vez que este termo se refere às pessoas que lutam seus direitos de cidadania e linguísticos respeitados, no qual usam a LIBRAS e têm um modo de viver, denominado “cultura surda”. Já o uso do termo “deficiência auditiva”, utiliza a linguagem verbal, e utiliza o aparelho auditivo AASI (Aparelho de Amplificação Sonora Individual). (ANSAY, 2009, p. 30) Substituir o termo de “deficiente auditivo”, por surdo, considerando que o deficiente auditivo e o surdo não têm a mesma identidade: o deficiente auditivo usa a comunicação auditiva, tendo restos auditivos que podem ser corrigidos com aparelhos; o surdo usa a comunicação visual (língua de sinais) e não usa a comunicação auditiva. (ANSAY, 2009, p. 30). Além disso, o Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, na aprovação o Decreto 5.626 (BRASIL, 2005, p. 01), determina a diferença a pessoa surda e a pessoa deficiente auditiva, no Art. 2º situado no Capitulo I, Art. 2o Para os fins deste Decreto, considera-se pessoa surda aquela que, por ter perda auditiva, compreende e interage com o mundo por meio de experiências visuais, manifestando sua cultura principalmente pelo uso da Língua Brasileira de Sinais - Libras. Parágrafo único. Considera-se deficiência auditiva a perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas frequências de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz. Contudo, a pesquisa em que mostra o grau e o tipo da perda de audição, faz com que se estabeleçam as diferenças entre eles, e assim, verificar o tipo de atendimento e metodologia que o aluno irá receber numa escola básica. A autora e pesquisadora Campello (2009, p. 65-66), ressalta que há diferentes identidades surdas, e que cada uma delas tem suas próprias _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 418 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ características. Entre elas são: a Identidade Surda, em que são aqueles que sinalizam “por aquisição com surdos adultos, e ou são filhos de pais surdos [...]. Possuem um espaço cultural, têm a consciência surda [...]”; Identidade Surda Híbrida, são aqueles que “adquirem surdez por doença ou por patologia progressiva ou de enfermidade [...]” e para se comunicar, usam a Comunicação Total, Oralismo, e Libras; Identidade Surda de Transição, este seria em que os indivíduos surdos de identidade incompleta, mudam sua identidade para a identidade surda, assumindo sua surdez, consistindo numa transição pois ao mudar, exige uma inovação de adaptação; Identidade Surda Incompleta, estes se envolvem na comunidade não-surda, pois acreditam no poder ouvintista, e evitam acreditar na cultura surda; Já a Identidade Surda Flutuante, são aqueles que se consideram não-surdos, e que não interagem com a comunidade Surda. Para evidenciar as afirmações, nos baseamos nas contribuições da autora Campello (2009), para afirmar que a identidade surda é aquela que tem consciência surda na qual se comunicam através de LIBRAS. Já a identidade surda incompleta não se envolve na cultura surda, pois utilizam próteses auditivas, e muitas vezes conseguem se adaptar na língua oralizada. Tanto o aluno de identidade surda, quanto o aluno de identidade surda incompleta, deve receber atendimento especializado para se desenvolver habitualmente na escola ou na sociedade. Reconhecemos as diferentes identidades, percebemos que são bem complexas, cada qual tem um modo de conviver na sociedade. Entretanto, o que se pretende alcançar nesse presente trabalho é diferenciar o atendimento ao aluno de identidade surda e o aluno de identidade surda incompleta, isto é, cada criança deve embolsar acolhimento de acordo com suas condições para vivenciar e cultivar suas potencialidades (REDONDO; CARVALHO, 2000). Segundo as autoras Perlin, Strobel (2006) a identidade surda seria uma identidade marcada pela política surda em que sempre está na comunidade surda, carregando consigo mesmo a Língua de Sinais, e se comporta como surdo, assumindo sua surdez para a sociedade. Além disso, tem dificuldade em compreender a ordem da língua falada, utilizam materiais tecnológicos no seu _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 419 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ cotidiano, como legenda de TV. Já a identidade surda incompleta, seriam os que são considerados surdos, mas que se inserem na cultura ouvinte, em que as próteses auditivas e o treinamento oral são de suma importância. Não aceitam intérpretes, e não aceitam na língua de sinais para sua comunicação e sim utilizam a leitura labial para melhor ampliar seu entendimento. A LDB/96 (BRASIL, 1996) assegura o direito de aprendizado efetivo na inclusão educacional dos alunos surdos em suas diferentes identidades. Mas, para que isso ocorra, é necessário existir recursos e metodologias adequadas aos alunos de deficiência auditiva e aos alunos surdos. 3.1. LINGUA BRASILEIRA DE SINAIS – LIBRAS O reconhecimento da LIBRAS se dá a partir de 2002, a Lei nº10436 foi aprovada como um meio legal de comunicação e expressão da comunidade surda. Após três anos, em 2005, a lei de 2002 foi regulamentada, na qual declararam que nem todas as crianças surdas devem ter acesso a LIBRAS, tudo isso devido a diferenças que há nas identidades surdas. De acordo com o Decreto Nº 5.626 de 2005, Art. 3º A Libras deve ser inserida como disciplina curricular obrigatória nos cursos de formação de professores para o exercício do magistério, em nível médio e superior, e nos cursos de Fonoaudiologia, de instituições de ensino, públicas e privadas, do sistema federal de ensino e dos sistemas de ensino dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. § 1º Todos os cursos de licenciatura, nas diferentes áreas do conhecimento, o curso normal de nível médio, o curso normal superior, o curso de Pedagogia e o curso de Educação Especial são considerados cursos de formação de professores e profissionais da educação para o exercício do magistério. § 2º A Libras constituir-se-á em disciplina curricular optativa nos demais cursos de educação superior e na educação profissional, a partir de um ano da publicação deste Decreto (BRASIL, 2005, p.01). _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 420 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Para que os alunos surdos tenham sucesso no seu processo de aprendizagem, cabe aos profissionais estar preparados para atendê-los. Logo então, os profissionais devem ter sua formação de acordo com essas ordens, Art. 4º A formação de docentes para o ensino de Libras nas séries finais do ensino fundamental, no ensino médio e na educação superior deve ser realizada em nível superior, em curso de graduação de licenciatura plena em Letras: Libras ou em Letras: Libras/Língua Portuguesa como segunda língua. Parágrafo único. As pessoas surdas terão prioridade nos cursos de formação previstos no caput. Art. 5º A formação de docentes para o ensino de Libras na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental deve ser realizada em curso de Pedagogia ou curso normal superior, em que Libras e Língua Portuguesa escrita tenham constituído línguas de instrução, viabilizando a formação bilíngüe. § 1º Admite-se como formação mínima de docentes para o ensino de Libras na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental, a formação ofertada em nível médio na modalidade normal, que viabilizar a formação bilíngüe, referida no caput. § 2º As pessoas surdas terão prioridade nos cursos de formação previstos no caput. Art. 6º A formação de instrutor de Libras, em nível médio, deve ser realizada por meio de: I - cursos de educação profissional; II - cursos de formação continuada promovidos por instituições de ensino superior; e III -cursos de formação continuada promovidos por instituições credenciadas por secretarias de educação. § 1º A formação do instrutor de Libras pode ser realizada também por organizações da sociedade civil representativa da comunidade surda, desde que o certificado seja convalidado por pelo menos uma das instituições referidas nos incisos II e III. § 2º As pessoas surdas terão prioridade nos cursos de formação previstos no caput. (BRASIL, 2005, p. 01-02). No entanto, a Língua Brasileira de Sinais é dada como a primeira língua oficial do aluno de identidade surda, já para o aluno de identidade surda incompleta, a língua portuguesa seria a primeira língua, assim como os ouvintes, visto que não se consideram participantes da comunidade surda. Porém, há alunos de identidade surda incompleta que necessitam de intérpretes para melhor acompanhamento, como em palestras, apresentações, entre outros, pois, muitas vezes, não conseguem acompanhar o procedimento de leitura labial. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 421 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ 3.2. CAES – CENTRO DE ATENDIMENTO ESPECIALIZADO AOS SURDOS Segundo Damázio (2007), o Atendimento Educacional Especializado com o uso da Língua Brasileira de Sinais, leciona e promove a aprendizagem dos alunos com surdez na mesma turma. Além disso, o autor relata de como é o centro de atendimento ao aluno surdo, diz-se que O ambiente educacional bilíngüe é importante e indispensável, já que respeita a estrutura da Libras e da Língua Portuguesa. Este atendimento exige uma organização metodológica e didática e especializada. O professor que ministra aulas em Libras deve ser qualificado para realizar o atendimento das exigências básicas do ensino por meio da Libras e também, para não praticar o bimodalismo, ou seja, misturar a Libras e a Língua Portuguesa que são duas línguas de estruturas diferentes. O professor com surdez, para o ensino de Libras oferece aos alunos com surdez melhores possibilidades do que o professor ouvinte porque o contato com crianças e jovens com surdez com adultos com surdez favorece a aquisição dessa língua. [...] O Atendimento Educacional Especializado em Libras oferece ao aluno com surdez segurança e motivação para aprender, sendo, portanto, de extrema importância para a inclusão do aluno na classe comum (DAMÁZIO, 2007, p. 31-32). Ressalta-se que o Atendimento Educacional Especializado com o uso da Língua Portuguesa, também promove aprendizagem aos alunos surdos na mesma turma, sendo que consiste em fazer com que ele tenha conhecimento ao transferir a LIBRAS para a Língua Portuguesa. No entanto, o mesmo autor afirma que O Atendimento Educacional Especializado para aprendizagem da Língua Portuguesa exige que o profissional conheça muito bem a organização e a estrutura dessa Língua, bem como, metodologias de ensino de segunda língua. O uso de recursos visuais é fundamental para a compreensão da Língua Portuguesa, seguidos de uma exploração contextual do conteúdo em estudo; O atendimento diário em Língua Portuguesa, garante a aprendizagem dessa língua pelos alunos. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 422 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Para a aquisição da Língua Portuguesa, é preciso que o professor estimule, permanentemente, o aluno, provocando a enfrentar desafios. O atendimento em Língua Portuguesa é de extrema importância para o desenvolvimento e a aprendizagem do aluno com surdez na sala comum. A avaliação do desenvolvimento da Língua Portuguesa deve ocorrer continuamente para assegurar que se conheçam os avanços do aluno com surdez e para que se possa redefinir o planejamento, se for necessário. (DAMÁZIO, 2007, p. 39). Podemos então observar que o Atendimento Educacional Especializado consiste em ajudar o aluno com surdez tanto na Língua Brasileira de Sinais, quanto na Língua Portuguesa, podendo aperfeiçoá-los na sua alfabetização. 4. PESQUISA DE CAMPO: ENTREVISTAS A pesquisa em campo foi realizada por meio de questões elaboradas com intenção de reconhecer como se dá o processo de ensino e aprendizagem para estes alunos de identidade surda completa e de identidade surda incompleta. Desta forma, foram realizadas entrevistas com o aluno de identidade surda; o aluno de identidade surda incompleta; intérprete de Libras; professor titular da sala de aula que leciona para alunos com surdez e o educador do CAES – Centro de Atendimento Especializado aos Surdos. 4.1. ENTREVISTA AO ALUNO DE IDENTIDADE SURDA COMPLETA E O ALUNO DE IDENTIDADE SURDA INCOMPLETA O aluno de identidade surda completa se considera surdo, pois usa a Libras, e convive com pessoas surdas, mas ao mesmo tempo, convive também com pessoas ouvintes, com estas, ele busca conversar por meio de mímicas e um _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 423 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ pouco de movimentos nos lábios. Sua causa de surdez foi devido a sua mãe ter uma doença durante a gravidez – Rubéola. Na infância, ele frequentou sala especial em apenas um ano e meio, onde ali aprendia a linguagem oralizada, pois na época era proibido o uso de LIBRAS. A partir disso, da infância até o sétimo ano, o aluno estudou em escola regular, mas sem intérprete. Diante destes seus estudos, os professores regentes davam aula sem obter um método diferenciado. No entanto, sua mãe percebeu que era preciso mudar de escola, para que ele recebesse ensino especializado. Em 2006, foi inserido numa escola regular, com acompanhamento de intérprete e atendimento no CAES. Ele nos relata que esse atendimento proporcionou muita aprendizagem, tanto da língua portuguesa quanto em LIBRAS, mas que obteve muitas dificuldades na disciplina de língua portuguesa. No centro de atendimento, ele permaneceu apenas um ano, pois foi transferido no ano seguinte para outro colégio CEEBJA - Centro Estadual de educação Básica para Jovens e Adultos para terminar o ensino médio e terminou seus estudos regularmente em cinco anos. Nesse Colégio também teve intérprete, o qual foi fundamental, pois sem ele, não teria concluído seus estudos. Atualmente, ele é auxiliar de produção de uma empresa, o qual facilita bastante na sua vida, pois necessita apenas de visão, tato e movimento do corpo para trabalhar nesse espaço. No entanto, ele nos confirma que é fundamental incluir o aluno surdo numa escola regular, desde que haja atendimento especializado, bem com ter intérpretes em sala de aula. No entanto, o processo de inclusão ainda falta muito para aprimorar, pois o atendimento que recebia em 2006 estava apenas começando. Para ele, pode ser que já avançou bastante, mas que ainda falta intérpretes para atender todos os alunos surdos, bem como falta de escola regular que possa dar atendimento. Além disso, nos relata que o aluno surdo é um cidadão, não ouve, mas que pode comunicar tanto por meio de LIBRAS como por meio de mímicas. Por seguinte, realizamos uma entrevista com uma pessoa de identidade surda incompleta, esta se considera um ser com deficiência auditiva, no qual utiliza próteses auditivas desde um ano e meio de idade. Não se sabe qual foi a _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 424 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ causa da sua surdez, mas acredita que é genético, pois na família, havia uma prima de seu avô que era surda, e atualmente, há uma irmã e uma prima que tem a mesma “deficiência”, e que são usuárias de próteses auditivas, e sua avó obtém perda auditiva e utiliza próteses auditivas. Nossa entrevistada não utiliza Libras, pois nunca teve a oportunidade de aprender. Mas se fosse para aprender, ela gostaria, pois pode ajudar bastante para acompanhar, assim como em palestras. Na infância, esta aluna estudava em escola regular, mas uma vez por semana ia a um profissional da fonoaudiologia, onde aprendeu falar e escrever. Não durou muito tempo esse atendimento, pois a fonoaudióloga e sua mãe acreditavam que a mesma já tinha se adaptado bastante na escrita e na fala. Por toda sua vida, essa aluna acredita que sua mãe e seus parentes foram a que mais ensinaram a falar e obter o acompanhamento da leitura labial, nunca frequentou uma sala especial. No entanto, essa aluna confirmou que estudou todas as suas séries em escola regular, sem nenhum acompanhamento de intérprete, ou atendimento do CAES. Ela nos relata que a maioria dos professores dava atenção a ela, ficavam de frente para que pudesse acompanhar a aula por meio da leitura labial. E sempre que possível, eles iam até na carteira atendê-la. Ainda mais, ela nos conta que suas dificuldades foram devidas alguns professores não ajudá-la, não ficar de frente a ela, o que fazia com que se perdesse nas explicações, e ainda mais, a convivência com pessoas ouvintes, pois os mesmo debochavam da linguagem oralizada. Ela nos ressaltou que a maioria dos professores, e a família sempre a ajudaram, e influenciaram na educação. E isso é fundamental, pois incentiva a aprender, e ter coragem de enfrentar as barreiras. Evidente que não foi fácil se inserir com pessoas ouvintes, mas que aos poucos ela foi se adaptando, e aqueles também. Concluiu seus estudos regularmente até o ensino médio. E hoje, a pessoa de identidade surda incompleta trabalha como vendedora de loja comercial. Diante da entrevista, ela nos conta que é a favor da inclusão, pois cada ser com “deficiência” tem uma habilidade de aprender alguma coisa, mas para isso é preciso dar atenção especial. Porém, ressalta que mesmo quem não usa Libras, _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 425 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ não é necessário ter acompanhamento de um intérprete, pois isso vai depender de quem quer ou não, pois acredita que quem usa próteses auditivas tem chance e capacidade de acompanhar por meio da leitura labial, e não por meio de LIBRAS. 4.2. ENTREVISTA COM INTÉRPRETE DE LIBRAS A intérprete formou-se na Faculdade de Letras com Habilitação em Libras e Pós-graduação em Educação Especial - área da Surdez, para ingressar na profissão de Intérprete. Em 2009 atuava em sala de aula em que havia quatro alunos surdos e conta que no primeiro bimestre não havia intérprete. Em 2010, cursando a pós-graduação, passou a interpretar para dois alunos do quinto ano. A partir de 2011, iniciou a faculdade de Letras-Libras, e tornou-se apoio do município e do Estado. No ano seguinte torna-se intérprete do Município de Paranavaí e do Estado. Questionamos se houveram dificuldades para interpretar as aulas. Ela relata que em 2010 interpretou para duas crianças surdas no quinto ano, sem dificuldades nas disciplinas, pois trabalhava há quatro anos com a antiga quarta série e um ano com os mesmos alunos surdos; em 2011: havia três crianças surdas no quarto ano e quatro adultos surdos no ensino médio, e também não houve dificuldades nas disciplinas, pois ela interpretava física, que havia estudado na faculdade de matemática e na pós-graduação de métodos e técnicas de ensino na área de exatas e também a disciplina de língua portuguesa, que estava cursando na faculdade; em 2012: havia três crianças surdas no quinto ano e adultos surdos no ensino fundamental, sem dificuldades, pois interpretava inglês e havia feito um curso básico e também a disciplina de geografia e havia estudado o básico no aperfeiçoamento de teologia. Agora em 2014, interpreta duas crianças surdas no segundo ano e um adulto surdo no ensino fundamental. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 426 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Além disso, informou que para se relacionar com eles, tenta não ser só como aluno-intérprete, mas também como surdo-ouvinte. Buscando participar junto com eles no dia dos surdos, como na escola, cinema, shopping, pizzaria; Pastoral dos surdos, como no Éffeta, catequese, missa, encontro e viagem. A intérprete em Libras relata que é necessário ter contato diariamente com o professor regente, e com o do CAES, pois diante das informações, a troca de experiência torna-se essencial para os surdos. Para realização do trabalho de interpretação dos conteúdos escolares para alunos com identidade surda incompleta, informa que este ano é a primeira vez que interpreta para alunos que não são usuários da língua de sinais, visto que eles são alunos do segundo ano do ensino fundamental, nos quais estão aprendendo a língua portuguesa em sala de aula e LIBRAS no CAES. Além disso, montou cadernos de tarefas: caligrafia com o alfabeto em Libras e nas duas formas maiúsculas e minúsculas; aritmética com os numerais em Libras, indoarábicos e palavras nas duas formas; linguagem com palavras do "Novo DeitLibras" – dicionário enciclopédico ilustrado trilíngue da Língua Brasileira de sinais (Capovilla, Raphael e Mauricio, 2008); linguagem com atividades do livro "Letramento em Libras" (Montanher, Jesus e Fernandes, 2010). Segundo a intérprete, para que se incluam os alunos com surdez em salas de aula do ensino regular é necessário que todos os seus direitos sejam garantidos. 4.3. ENTREVISTA COM PROFESSOR REGENTE DE UMA SALA DE AULA A professora regente que foi entrevistada atua na disciplina de matemática e língua portuguesa, tem a sua formação em Pedagogia, Psicopedagogia Psicomotricidade e também já frequentou dois cursos de Libras. A mesma pontua que numa sala de aula que há dois alunos, um de identidade surda, e outra de _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 427 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ identidade surda incompleta, ambos não utilizam LIBRAS. Aos poucos estão se evoluindo, e aprendendo Libras no CAES que há na escola. Ela relata que para relacionar com eles é um pouco difícil. Um deles tem mais facilidade, pois consegue acompanhar por meio da leitura labial. Segundo ela, há uma interprete na sala de aula, o que facilita o ensino tornando-se mais tranquilo a aula. Sua relação a interprete é muito boa, pois sempre estão se comunicando para melhor atendê-los. E há também o educador do CAES. Ela diz que este atendimento ajuda bastante, está sempre passando as dificuldades que ele têm e assim, durante o atendimento, busca ampliar o ensino. Sua prática é dada da mesma forma aos alunos ouvintes, mas que procura ficar sempre de frente com os alunos com surdez, para que possam acompanhá-la. Todavia, ao aplicar a aula, ela consiste em enfatizar a visão, visto que eles não ouvem o bastante, e para isso ela utiliza bastante suas aulas de forma abstrata. A professora regente informa que já se interessou em reconhecer as diferentes identidades, o que nos ressaltou que o aluno surdo é aquele que nasce com a perda auditiva e não teve experiência na linguagem oralizada. Já o aluno de identidade surda incompleta, nasce ouvinte, e foi perdendo a audição, e pode melhorar sua audição através de tratamentos e aparelhos auditivos, e também consegue se adaptar na leitura labial para um melhor acompanhamento. Contudo, ela nos relatou que deve sempre estar compartilhando informações com o educador do CAES, e o intérprete de Libras, visando reconhecer de como estão se desenvolvendo na sua aprendizagem, e as dificuldades que eles se encontram. Além disso, a inclusão é necessária, desde que a escola tenha um intérprete para acompanhar a criança em questão. 4.4. ENTREVISTA COM EDUCADOR NO CAES A educadora entrevistada tem formação em Pedagogia e pós-graduação em Educação Especial. Segundo a educadora, diariamente tem contato com os professores regentes, e o intérprete buscando informações sobre as dificuldades _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 428 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ em determinado conteúdo que o aluno de identidade surda completa encontra na sala de aula. Busca sempre promover o aperfeiçoamento e o aprendizado do aluno. Ressalta que as atividades são separadas conforme o conteúdo da sala de aula, e em língua de sinais, sempre ensinando por meio de Libras, e depois a Língua Portuguesa. Os alunos que atende, têm dificuldades na língua portuguesa, uma vez que demoraram em receber o atendimento, e ainda mais, eles não tinham um prévio conhecimento de Libras, só o básico. A educadora ainda declara que os alunos precisam ingressar nas escolas já nas idades iniciais, pois quando chegam ao ensino fundamental, precisam aprender as duas línguas, o que é dificultado na forma de ensinar e trabalhar, e muitas vezes eles não conseguem dominar todo o conteúdo. Então, pode-se perceber que é necessário que o aluno receba o atendimento desde a educação básica, para assim conseguir seu aprendizado de forma mais eficaz. Ela é a favor da inclusão na escola regular, desde que haja recursos e preparação dos professores que receberão os alunos. 5. CONCLUSÃO A percepção que fica é que para o aluno de surdez (identidade surda) é necessário ter o intérprete em sala de aula, que facilitará a comunicação da Língua Portuguesa para a Língua de Sinais e vice e versa. Essa comunidade surda, se aceita como surdo e se comunica pela Língua de Sinais, recebe atendimento no Centro de Atendimento Especializado ao Surdo, que tem como prioridade oportunizar a ampliação do seu aprendizado tanto na Língua de Sinais quanto na Língua Portuguesa. Quanto ao aluno de “deficiência auditiva” (identidade surda incompleta), muitas vezes essa comunicação não se dá por intermédio de um intérprete, desde que ele esteja bem adaptado à audição ou ao acompanhamento das aulas por meio da leitura labial. Ele usa a linguagem oral, _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 429 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ que não é totalmente desenvolvida, mas que ainda assim faz uso dessa oralidade para a compreensão e comunicação com outros, nesse indivíduo não é a língua de sinais que permeará essa comunicação e sim a fala. A LDB assegura o direito de aprendizagem efetivo na inclusão educacional dos alunos surdos em suas diferentes identidades. Mas, para que isso ocorra é necessário recursos e metodologias adequadas aos alunos de deficiência auditiva e aos alunos surdos. Como podemos ver nas entrevistas relatadas, o intérprete consiste em ensinar e ao mesmo tempo a interpretar as aulas, para assim promover um melhor ensino e logo fazer com que o aluno tenha sua aprendizagem. O educador do CAES também busca promover um ensino qualificado, ensinando LIBRAS e ao mesmo tempo a Língua Portuguesa. A professora regente também busca favorecer o ensino, mesmo não sabendo utilizar a LIBRAS, ela procura satisfazer de forma que eles possam aprender. O aluno de identidade surda e o aluno de identidade surda incompleta, sempre precisarão de apoio para aquisição da aprendizagem. Ou seja, é preciso estar preparados para receber estes alunos oferecendo-lhes um ensino de qualidade para que eles possam aprender aquilo que têm capacidades. O presente artigo se encontra no processo de finalização. Uma vez visto que já foram realizadas a pesquisa bibliográfica e de campo(entrevistas), em que já foram relatadas nas seções, mas que precisa ressaltar os resultados esperados diante das entrevistas realizadas e das analogias dos autores estudados. REFERÊNCIAS ANSAY, Noemi Nascimento. A trajetória escolar de alunos surdos e a sua relação com a inclusão no ensino superior. 2009.Disponível em: <http://www.ppge.ufpr.br/teses/M09_ansay.pdf.> Acesso em: 21 abr. 2014. BEHARES, L. E. Nuevascorrientesenlaeducationdelsordo: de los enfoques clínicos a lós culturales. Cadernos de Educação Especial. Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, n. 4, 1993. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 430 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ BRASIL. O Acesso de Alunos com Deficiência às Escolas e Classes Comuns da Rede Regular. Fundação Procurador Pedro Jorge de Melo e Silva (Org.). Ministério Público Federal. 2. ed. Brasília: Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão, 2004. _______. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. MEC/SEESP. Documento elaborado pelo Grupo de Trabalho nomeado pela Portaria Ministerial nº 555, de 5 de junho de 2007, prorrogada pela Portaria nº 948, de 09 de outubro de 2007. Disponível em: <peei.mec.gov.br_arquivos_politica_nacional_educacao_especial>. Acesso em: 12 mar. 2014. _______. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal, 1998. _______. Decreto 3.298 de 20 de dezembro de 1999. Regulamenta a Lei no 7.853, de 24 de outubro de 1989, dispõe sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência. ______. Decreto Nº 5.626. Regulamenta a Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS, e o art. 18 da Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Publicada no Diário Oficial da União em 22/12/2005. ______. Lei N º 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília. 1996. CAMPELLO, Ana Regina e Souza. Deficiência Auditiva e Libras. Centro Universitario Leonardo da Vinci – Indaial: Grupo UNIASSELVI, 2009. CAMPOS, A. M.; SOUZA, C. L. de; ALMEIDA, D. S.; ARAUJO, R. P. C. de. 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O objetivo é compreender a relevância da criação de políticas educacionais para a qualificação da formação de professores e, consequentemente, da Educação Básica brasileira. Após uma breve exposição da preocupação para com a carreira docente nos dias de hoje, apresentamos os objetivos do PNAIC123, daPARFOR124, do PDE125e do PIBID126. São medidas recentes, regulamentadas por Lei e voltadas à melhoria do quadro da educação por meio dos profissionais do magistério. Contudo, o enfoque do presente artigo consiste na análise do PIBID, por ser um programa desenvolvido em Instituições de Ensino Superior (IES) em parceria com instituições da Educação Básica. Neste sentido, analisando as Políticas Públicas que visam qualificar a educação, acreditamos que o PIBID é um dos Programas que favorece ao acadêmico e futuro professor a compreensão da prioridade de unificação entre teoria e prática, o que promove sua qualidade profissional e contribui, assim, para a melhoria da educação já citada anteriormente. Palavras-chave:Educação Básica. Formação docente.Políticas Públicas. PIBID. 1. INTRODUÇÃO 120 Trabalho parcial de Conclusão de Curso a ser apresentado na XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí. 121 Acadêmica do 4º ano de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí. 122 Professora orientadora Dra. em Educação e Membro do Colegiado do Curso de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí. 123 Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa. 124 Política Nacional de Formação de Professores da Educação Básica. 125 Programa de Desenvolvimento Educacional. 126 Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 433 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Este estudo diz respeito a uma das principais exigências centradas no mundo acadêmico:a qualidade da formação docente dos futuros profissionais da educação. São inúmeras as discussões e os estudos sobre as problemáticas: o que tem faltado para a formação de um professor? As universidades deveriam provocar algum tipo de mudança nas grades curriculares dos cursos de Licenciatura Plena? Questiona-se ainda: quais os meios, além dos estágios supervisionados, para que sejam unificados os campos teóricos e os práticos? Acreditamos que sob este pressuposto é que se faz pertinente a presente pesquisa. À luz de uma abordagem materialista histórico-dialética e fundamentada em autores como Cunha (2005), Vasconcellos (2003), Pizoli e Perin (2013), Pimentel (2005), Neves (2012), dentre outros, analisamos quatro políticas públicas voltadas à educação, mais especificamente à formação do professor: o PNAIC, a PARFOR, o PDE e o PIBID. Estas políticas possuem o propósito de fomentar a carreira docente, a fim de melhorar o quadro da educação atual do Brasil. Porém, destacamos o PIBID por ser um Programa que incentiva o futuro professor desde o campo universitário. Logo, faz com que o acadêmico entre em contato com a realidade educacional e realize um vínculo com conhecimentos teóricos quando ainda está em processo de formação. Na interpretação de Vasconcellos (2003, p. 180), [...] a força, o poder do professor está, intrinsecamente, no [...] conhecimento; quando é mal formado neste campo, seu poder está esvaziado. Só que não se trata do conhecimento em si, enquanto acúmulo, mas o trabalho com o conhecimento, [...] possibilitando aos sujeitos que dele se apropriam a elaboração de significado e a capacitação para intervenção. Desse modo, conforme afirma o autor, a teoria e a prática devem estar intrinsicamente relacionadas no desenvolvimento do conhecimento. O PIBID, por sua vez, proporciona ao acadêmico bolsista vivenciar essa relação, isto é: o contato com os agentes escolares; a elaboração de planejamentos de aula; as reuniões com supervisores escolares e coordenadores institucionais (IES); os estudos e produção de trabalhos científicos; dentre outras atividades não menos _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 434 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ importantes.Oportunizam a prática relacionada com a teoria que ultrapassam os Estágios Supervisionados estabelecidos nas grades curriculares dos cursos de Licenciatura Plena. Essa atuação qualitativa do graduando o aproxima mais do campo de atuação pretendido – o educacional. 2. PREOCUPAÇÕES COM A FORMAÇÃO DE PROFESSORES Discorrer sobre este assunto não é tarefa fácil, aliás, sobre qualquer tema que envolva a educação e o ensino no atual quadro da sociedade brasileira, visto que, estessão inerentes às políticas públicas. São inúmeros os estudos referentes à educação e ensino de qualidade no Brasil, e muitas as discussões e as análises para tal. Porém, nas palavras de Neves(2012, p. 357): “[...] a qualidade da Educação Básica exige qualidade nos processos de formação de professores”. Neste sentido, nossa reflexão encontra-se no plano da carreira docente inicial e continuada127. Após leituras sobre o assunto, entendemos que uma boa formação aponta para a experiênciateórico-prática que um graduado em determinada Licenciatura Plena possui, uma vez que “[...] a prática deve permear todo o curso e requer a reflexão como princípio metodológico norteador, sinalizando que o [futuro] professor, além de saber e de saber fazer, deverá compreender o que faz” (CARVALHO, 2012, p. 491). Cabe ressaltar o que afirma Cunha (2005, p. 127), em sua tese de doutorado sobre o bom professor e no que diz respeito à formação deste,ao transcrever a fala de um de seus entrevistados: Alguns respondentes dizem: “Na parte de ensino acho que o grande mal é a separação entre a teoria e a prática. Na universidade se ensina mas pouco se faz. Isto é complicado e nem sempre traz uma aprendizagem efetiva...”. 127 Entende-se aqui formação continuada como aquela que caracteriza a especialização do indivíduo em determinada área do conhecimento. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 435 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Historicamente, para Vasconcellos (2003), não era este o tipo de formação que se via nas Licenciaturas – e, em alguns casos, ainda não é o que se vê. E mais: [...] o que vemos acontecer, em nome de se cumprir a lei, é um processo de certificação e/ou diplomação, e não qualificação e atualização dos professores para a prática do magistério. Pois, tanto para a graduação de professores em exercício como para a de atualização e especialização com cursos menores são utilizados recursos e métodos que assustam a quem busca e presa pela qualidade e seriedade dessa formação (FREITAS, 2002 apud SANTOS, 2007, p. 133). Contudo, a partir destas afirmações podemos dizer e reafirmar que: não só a pesquisa se faz essencial à constituição do profissional da educação, mas também a integração entre teoria e prática deve ser explicitada em sua atuação. É sob este pressuposto que encaminharemos o presente artigo para uma breve apreciação128 de alguns Programas, três federais e um estadual,objetivando analisar suas contribuições para a qualificação da formação docente nos dias atuais. 2.1 INICIATIVAS PARA QUALIFICAÇÃO DA CARREIRA DOCENTE:PNAIC, PARFOR, PDE E PIBID Abordaremos neste momento, e de modo sucinto, os objetivos de programas como: o Pacto Nacional pelaAlfabetização na Idade Certa (PNAIC), a Política Nacional de Formação de Professores da Educação Básica (PARFOR), o Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) e o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID). O intuito é refletir sobre estas medidas governamentais que são recentes no cenário educacional atual do Brasil, uma vez que as mesmasvisam aqualidade do ensino, seja na modalidade básica ou superior da educação. 128 Neste caso, entende-se “apreciação” como observação/análise. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 436 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ O propósito comum destes Programas é o de garantir a qualidade da educação por meio da atuação do profissional do magistério.O PNAIC foi instituído por meio da Portaria nº 867, em 4 de julho de 2012; resume-se em um curso federal, de dois anos de duração para os professores alfabetizadores da rede básica de ensino público com carga horária anual de 120 horas, e para os orientadores de estudos,200 horas anuais. Em suma, o objetivo é a alfabetização de crianças até os oito anos de idade, ou seja, até o terceiro ano do ensino fundamental. Segundo o Decreto nº 6.755, de 29 de janeiro de 2009, a PARFOR é uma política que visaaorganização da formação inicial e continuada de professores atuantes nas modalidades da Educação Básica. Destacamos, neste contexto, dois de seus princípios: XI – a formação continuada entendida como componente essencial da profissionalização docente [grifo nosso], devendo integrar-se ao cotidiano da escola e considerar os diferentes saberes e a experiência docente; e XII – a compreensão dos profissionais do magistério como agentes formativos de cultura e, como tal, da necessidade de seu acesso permanente a informações, vivência e atualização culturais [grifo nosso] (BRASIL, 2009). Seguindo basicamente o mesmo raciocínio, o intuito do PDE, desenvolvido pelo governo do Estado do Paraná e regulamentado pela Lei Complementar nº 130, de 14 de julho de 2010, é de fomentar a participação de professores do QPM129. Destacamos aqui o Documento Síntese do PDE da SEED-PR, o qual compreende que “[...] o professor é um sujeito que aprende e ensina na relação com o mundo e na relação com outros homens [...]” (PARANÁ, 2012). O que nos faz concordar com a autora Pimentel (2005, p.16) – a qual discute sobre formação de professores – quando esta afirma que “[...] a formação do professor se dá enquanto ensina” e continua: “[...] me eduquei educando”. 129 Professores do Quadro Próprio do Magistério, nível II, classe 8 a 11, segundo Portal Dia a Dia Educação. Disponível em: <http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=20>. Acesso em 16.ago.2014. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 437 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ As políticas mencionadas até aqui, ponderamos possuir o mesmo objetivo: promover a formação continuada dos profissionais do magistério que se encontram em Colégios Estaduais ou Escolas Municipais; políticas que acreditam na qualidade da educação por meio do professor. Subscrevemos tais políticas e, por isso,no capítulo seguinte, analisaremos mais detalhadamenteos princípios e objetivos do PIBID.Buscaremosentender sua contribuição para a qualificação docente ao passo em que esta conduz para a melhoria da educação básica, por considerar que o acadêmico deve concluir sua graduação munido não somente de conteúdo teórico, mas também de práticas pedagógicas eficientes. 3. UMA ANÁLISE OTIMISTA DO PROGRAMA INSTITUCIONAL DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA (PIBID) Até o momento, raciocinamos sobre a importância da formação continuada dos professores que já estão em atividade nas modalidades da Educação Básica brasileira, uma vez que isso é um componente essencial à qualidade desta. No entanto, chegamos ao foco do presente artigo: refletir sobre a formação inicial do profissional desta área; ou melhor, do graduando em Licenciatura Plena. Sabemos que a profissionalização não se dá apenas durante a vida acadêmica e que engloba o contexto social em que se está inserido (VEIGA, 2002). Porém, neste caso, acreditamos que o início da referida profissionalização começana formação do indivíduo enquanto aluno do Ensino Superior. Diante disso é que se faz pertinente uma análise do PIBID, como já citado anteriormente, visto que é “[...] um programa inovador e com perspectiva de melhorar a formação acadêmica de seus alunos de licenciatura por meio da consolidação da relação teoria-prática [...]” (CARVALHO, p. 494). Ou seja, promove bolsas de incentivo para três tipos de indivíduos do âmbito educacional: o acadêmico da IES que participa do Programa; o professor-coordenador de área (IES); e o supervisor da rede municipal ou estadual. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 438 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Sendo estas as informações básicas sobre o Programa, percebemos por meio das leituras que somente o incentivo à pesquisa não basta para as universidades. Hoje é necessário que se faça a tríade: pesquisa, ensino e extensão. Portanto, a investigação da realidade educacional ainda enquanto acadêmicobolsista, por meio de políticas como o PIBID já mencionado anteriormente,constitui-se como subsídio concreto para o fomento à prática reflexiva. [...] Vale ressaltar o quanto se aprende pela prática do cotidiano, pela convivência e o quanto o [futuro] professor precisa estar consciente disso. [...] É fazendo a docência e refletindo sobre este fazer que realmente se aprende a ser professor (CUNHA, 2005, p. 91-92). As autoras Pizoli e Perin (2013, p. 25) afirmam ainda que “o conteúdo ensinado na universidade também pode ficar distante da prática social se visar apenas à pesquisa e, do mesmo modo, vazio, se objetivar apenas o ensino”. Mencionaríamos os Estágios Supervisionados presente nas grades curriculares das licenciaturas, mas um número “x” de horas anuais de observação e/ou participação durante o curso ainda não é o suficiente. De acordo com Brault (1994),é necessário priorizar a aplicação dos conhecimentos teóricos, pois se estes não entram em harmonia com a prática desde a universidade, também não auxiliarão o acadêmico em sua prática profissional. É importante destacar que a prática docente é mutável e suas reflexões, inovações e mudanças devem permear o trabalho do professor ao longo de sua vida. É a partir do exercício de reflexão que o professor aprende a melhorar sua prática em sala de aula. O estímulo à incorporação desta postura deve surgir a partir da criação de situações em que o aluno possa vivenciar, experimentar e interpretar (FREIRE e FAUNDEZ, 1985 apud WEBER, 2012, p. 544). Sendo assim, cabe destacar alguns objetivos do Programa, segundo a Portaria nº 260 (BRASIL, 2010, p. 3), visto que o mesmo contribui para formação do aluno ainda em processo de desenvolvimento profissional: _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 439 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ d) inserir os licenciandos no cotidiano de escolas da rede pública de educação, proporcionando-lhes oportunidades de criação e participação em experiências metodológicas, tecnológicas e práticas docentes de caráter inovador e interdisciplinar que busquem a superação de problemas identificados no processo de ensino-aprendizagem; [...] f) contribuir para a articulação entre teoria e prática necessárias à formação dos docentes, elevando a qualidade das ações acadêmicas nos cursos de licenciatura. A partir desta interpretação, justificamos as análises realizadas até aqui. A unificação entre teoria e prática se faz imprescindível, principalmente no que diz respeito ao profissional da educação. Acreditamos que, devido à expansão e crescimento do PIBID é possível vislumbrar uma melhoria, mesmo que em longo prazo, na qualidade dos profissionais que estão em processo de formação para a carreira do magistério. 4. CONSIDERAÇÕES PARCIAIS Diante do exposto até o momento, concordamos com Neves (2012, p. 357), quando este diz que: “[...] muitas vezes um professor sabe discursar sobre a importância da alfabetização como etapa estruturante para a vida escolar, mas não sabe alfabetizar”. Não interpretamos a alfabetização em si, mas sim o ato de ensinar, a prática deste professor. Entendemos que o PIBID neste contexto representa a oportunidade de qualificar o profissional que está iniciando a sua carreirana docência. Apesar de termos conclusões parciais a esse respeito, como assevera Vasconcellos (2003) sobre a importância da teoria e da prática unificadas, pretendemos realizar, além da fundamentação teórica já desenvolvida, entrevistas com pibidianos130 e ex- 130 Entende-se como pibidiano o acadêmico bolsista que faz parte deste Programa, o PIBID. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 440 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ pibidianose também com graduados que não participaram do referido Programa, mas que estão exercendo e/ou iniciando a carreira profissional como professor. Dessa forma, as entrevistas serão inseridas no último capítulo deste Trabalho de Conclusão de Curso, que será apresentado e avaliado pela Banca convidada. REFERÊNCIAS BRASIL. Decreto nº 6755, de 29 de janeiro de 2009. Institui a Política Nacional de Formação de Profissionais do Magistério da Educação Básica, disciplina a atuação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CAPES no fomento a programas de formação inicial e continuada, e dá outras providências. Não paginado. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/decreto/d6755.htm>. Acesso em 17.ago.2014. _______. Portaria nº 260, de 30 de dezembro de 2010. Normas gerais do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID. Disponível em: <http://www.capes.gov.br/images/stories/download/legislacao/Portaria260_PIBID2 011_NomasGerais.pdf>. Acesso em: 16.ago.2014. _______. Portaria nº 867, de 4 de julho de 2012. Institui o Pacto Nacional Pela Alfabetização na Idade Certa e as ações do Pacto e define suas diretrizes gerais. Disponível em: <http://pacto.mec.gov.br/images/pdf/port_867_040712.pdf>. Acesso em 17.ago.2014. BRAULT, M. A formação do professor para a Educação Básica: perspectivas. Tradução de Joaquim Osório Pires da Silva. Brasília: MEC/UNESCO, 1994. 66p. CARVALHO, A. D. F. O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência: instituindo o paradigma prático-reflexivo na formação docente. In:RBPG -Revista Brasileira de Pós-Graduação. Educação Básica: Ensino de Ciências e Matemática e a Iniciação à Docência. Brasília, sup. 2, v. 8, p. 489-505, mar. 2012. CUNHA, M. I. O bom professor e sua prática. Campinas: Papirus, 2005. 17.ed. 184p. FREIRE, P.; FAUNDEZ, A. Por Uma Pedagogia da Pergunta. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1985 apud WEBER, K. C. et al. Vicenciando a prática docente em Química por meio do Pibid: introdução de atividades experimentais em escolas _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 441 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ públicas. In: RBPG - Revista Brasileira de Pós-Graduação. Educação Básica: Ensino de Ciências e Matemática e a Iniciação à Docência. Brasília, sup. 2, v. 8, p.539-559, mar.2012. FREITAS, H. C. L. Formação de professores no Brasil: 10 anos de embates entre projetos de formação. Educação e Sociedade, Campinas, v. 23, n.80, set. 2002, p. 137-168. In: SANTOS, E. T. Formação de professores: um direito que conduz à emancipação? Uma imposição que leva à alienação? 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Os jogos e as brincadeiras desenvolvem a socialização, a coordenação motora, a cooperação e a oralidade, entre outros benefícios. É a partir das brincadeiras que as crianças exploram o meio em que vive e aprende mais sobre os objetos da cultura humana; também é pelas brincadeiras que a criança internaliza regras e papéis sociais e passa a ser apta a viver em sociedade. Muitos professores usam e devem usar os jogos e brincadeiras para completar o aprendizado da escrita e da leitura. Jogando e brincando a criança aprende a se socializar, a ganhar e a perder, imaginar e respeitar o parceiro. O professor não deve se pautar apenas em pesquisas sobre o conteúdo ou até mesmo em livros didáticos, mas sim trabalhar com a realidade e níveis de aprendizagem dos nossos alunos. Toda criança tem o direito de brincar. Os adultos devem compreender que toda criança precisa brincar, pois assim a mesma conquista sua liberdade, toma iniciativa, passa a ser criativa e inventiva. Procurando discutir os jogos e brincadeiras enquanto forma de aprendizagem recorremos à uma produção bibliográfica na área, principalmente o referencial Vygotsky. Palavras-chave: jogos. Brincadeiras. Aprendizagem. Desenvolvimento. 1. INTRODUÇÃO Os jogos e brincadeiras são de extrema importância na educação de uma criança, pois por meio destes atos a criança desenvolve sua inteligência e coordenação, que são muito importantes para o desenvolvimento e para a socialização da criança. 131 Trabalho realizado durante a participação da acadêmica no Programa de Iniciação a Docência PIBID da UNESPAR,Campus Paranavaí, com o apoio da CAPES, no período de 2014. ² Acadêmica do segundo ano do curso de pedagogia da Universidade Estadual do Paraná- Campo Paranavaí. ³ Professora Colegiado de Pedagogia da UNESPAR, Campus Paranavaí, Coordenadora do Subprojeto de Pedagogia PIBID/CAPES. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 443 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ A pesquisa em questão espera oferecer aos professores subsídios para que eles compreendam o quanto o ato de brincar é pedagógico. Deste modo as aulas se tornam mais dinâmicas e melhora a relação professor-aluno. Percebemos que os jogos e as brincadeiras estão ausentes na vida da criança em seu cotidiano, em razão das muitas atividades da criança fora da escola.Por outro lado os pais também são pessoas extremamente ocupadas, muitas vezes sem tempo para ouvir, questionar e acompanhar seus filhos na vida escolar. Atualmente muitas famílias tendem a orientar seus filhos para a vida profissional, esquecendo que antes da fase adulta a criança necessita de ser criança. A aplicação de jogos e bricadeiras na educação infantil é de suma importância, pois neutraliza o individualismo e o egoísmo das crianças incentivando-as a trabalharem em grupos. Ao aplicar um projeto em sala de aula o professor não deve se pautar apenas em pesquisas sobre o conteúdo ou até mesmo em livros didáticos, mas sim trabalhar com a realidade e níveis de aprendizagem dos nossos alunos. A infância é um período privilegiado durante a vida humana para o desenvolvimento de brincadeiras diversas. Entretanto, o que poucas pessoas sabem é que a criança aprende e se desenvolve nos amplos sentidos por meio das brincadeiras e atividades lúdicas. É a partir das brincadeiras que a criança explora o meio em que vive e aprende mais sobre os objetos da cultura humana; também é pelas brincadeiras que a criança internaliza regras e papéis sociais e passa a ser apta a viver em sociedade. Outros aspectos de grande relevância refere-se ao fato de que as brincadeiras e jogos possibilitam um salto qualitativo no desenvolvimento infantil, pois por meio das brincadeiras as crianças têm a possibilidade de desenvolver as funções psicológicas superiores como atenção, memória, controle da conduta, entre outros aspectos. A brincadeira é uma forma de a criança aprender e distinguir o real do imaginário, construindo sua própria realidade. Dando sentidos diferentes a elementos concretos. No mundo da imaginação, objetos comuns como uma _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 444 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ boneca, se tornam um bebe de verdade, com qual a criança e cuida como se fosse real. Para Vygotsky (1998) os jogos, portanto é de suma importância na formação do sujeito como elemento construtivo que possibilita o desenvolvimento das funções superiores e, pode ser considerada como espaço aberto a experiência de aprendizagem de interação, de sociabilidade, de interpretação e representação do mundo, de criação e construção de significados, alem de ser um recurso que oferece situações significativas aos participantes e desafios. Para esse autor (2007) a brincadeira possui três características: a imaginação, a imitação e a regra. Essas características estão presentes em todos os tipos de brincadeiras infantis, como por exemplo, nas tradicionais ou nas de regras. Os jogos e brincadeiras podem se tornar algo, terapêutico, prazeroso e até uma necessidade interior para a criança. Ajudam no desenvolvimento proximal da criança, colaborando assim no amadurecimento de suas funções, ou seja, ações que a mesma necessita de ajuda de alguém, com tal amadurecimento ela conseguira desenvolver tais atividades posteriormente sozinhas. Por esta razão adentramos nessa área para investigá-la buscando as contribuições para o processo educativo. 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Brincar é uma atividade de fundamental importância para o desenvolvimento da identidade e autonomia da criança, que desenvolve por meio da brincadeira, sua capacidade de criar e imaginar. Quando a mesma brinca, ela transporta para o mundo de fantasias, desenvolvendo suas habilidades e sua forma de compreender o mundo em que vive. (VYGOTSKY, 2001) Ao consultar um dicionário, deparamos com diversos significados para as palavras jogos e brincadeiras. Jogos: atividade física ou mental fundada em sistema de regras que definem a perda ou o ganho. Passa tempo. Jogo de azar, _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 445 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ e, aquele em que a perda ou o ganho dependem mais da sorte que do calculo. O vicio de jogar. Série de coisas que formam um todo, ou coleção conjugação harmônica de peças mecânicas com o fim de movimentar um maquinismo. Brincadeiras: ato ou efeito de brincar. Brinquedo. Entreterimento, passa- tempo, divertimento, brinquedo. A brincadeira é uma forma de a criança aprender e distinguir o real do imaginário, construindo sua própria realidade. Dando sentidos diferentes a elementos concretos. No mundo da imaginação, objetos comuns como uma boneca, se tornem um bebe de verdade, com qual a criança e cuida como se fosse real. Para Vygotsky (1998) o jogo, portanto é de suma importância na formação do sujeito como elemento construtivo que possibilita o desenvolvimento das funções superiores e, pode ser considerada como espaço aberto a experiência de aprendizagem de interação, de sociabilidade, de interpretação e representação do mundo, de criação e construção de significados, alem de ser um recurso que oferece situações significativas aos participantes e desafios. O jogar e o brincar são indispensáveis para uma criança, pois os mesmos ajudam na saúde física, intelectual e emocional da criança. Por meio dos jogos e brincadeiras a criança desenvolve a linguagem, faculdades mentais, coordenação motora, o pensamento, a iniciativa, a socialização e a autoestima. Deste modo ela já vai se preparando para se tornar um cidadão capaz de enfrentar desafios e contribuir na construção de um mundo melhor. Entende-se que os jogos e brincadeiras estão presentes no cotidiano das crianças, como atividades livres e espontâneas, com isso ocorre um aprendizado a partir das interações com as demais crianças. A brincadeira não é dominante na infância, mas sim um processo secundário que exerce grande influencia no processo de desenvolvimento infantil. Nem sempre a brincadeira trás prazer para a criança, se o brinquedo não estiver adequado à idade da dela, a mesma não terá resultado de maneira interessante e assim não sentira prazer. Podemos citar um exemplo bem claro dessa afirmação que é nos jogos esportivos. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 446 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ O brinquedo na fase pré-escolar de uma criança é importante, pois acarreta mudanças no seu desenvolvimento psíquico preparando-a para atingir mais um elevado nível de desenvolvimento. Brougere (1995, p. 329), recorrendo a Vygotsky pontua que no brinquedo a criança comporta-se de forma mais avançada do que nas atividades da vida real, tanto pela criação ou de uma situação imaginaria, quanto pela capacidade de subordinação às regras. Para entender o papel do jogo no desenvolvimento humano, Vygotsky em seus estudos relata que estão relacionadas com as funções psicológicas, típicas do ser humano, como a memória, a linguagem, a atenção, a percepção e a aprendizagem. A linguagem é um elemento fundamental na formação do sujeito e tem um papel central no desenvolvimento do brincar, uma vez que possibilita à troca a socialização. Dessa forma, o brincar permite a socialização, conforme Brougere (1995, p.318) “o conhecimento é construído pelas relações, interpessoais, e as trocas recíprocas que se estabelecem durante toda a vida fornecem as matrizes de significados na formação do individuo”. Na brincadeira quando surge à fala, as crianças conseguem estabelecer negociações entre os participantes, por meio de construções e argumentos, a brincadeira pode ser coordenada, a linguagem é a mediadora, pois permite o intercambio e o desenvolvimento mental de organizar planejar o pensamento e construir significados. Vygotsky (1991) ressalta que a brincadeira cria a zona de desenvolvimento proximal e a partir disto, esta proporciona saltos qualitativos no desenvolvimento e na aprendizagem infantil. Por meio das brincadeiras a criança desenvolve suas funções psicológica superiores, uma vez que ela aprende a atuar numa esfera cognitiva. Assim a criança passa a utilizar matérias que servirão para representar uma realidade ausente, ou seja, ela será capaz de pensar em objetos ausentes, planejar ações a serem realizadas, funções essas exercidas pelos processos mentais superiores. Percebe-se que estimular o uso dos jogos e brincadeiras pode favorecer uma maior interação entre as crianças, permite que elas tenham uma melhor interação com outras pessoas expressando suas angustias e alegrias. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 447 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Brincar é também uma das formas de socialização, que se busca na escola, pois brincando estimula a criança a ter um melhor convívio em sociedade. A brincadeira tem um papel fundamental no desenvolvimento do próprio pensamento da criança. É por meio dela que a criança aprende a operar com o significado das coisas e dá um passo importante em direção ao pensamento conceitual que se baseia nos significados das coisas e não dos objetos. A criança não realiza a transformação de significados de uma hora para outra (VYGOTSKY, 1994, p.54). O brincar, portanto, está relacionado com a aprendizagem, logo brincar e aprender usando os jogos e brincadeiras colaboram para que o educando possa enfrentar as dificuldades no processo ensino aprendizagem. Assim, o professor deve inovar nos jogos e brincadeiras, para trabalhar a expressão individual do aluno, com atividades que possibilitam os alunos a criar, por meio de gestos, da fala e também do próprio do corpo. Numa brincadeira, a criança faz uso espontâneo de sua habilidade de separar significado de um objeto sem saber que está fazendo isso, exatamente como não sabe estar falando em prosa, mas fala sem prestar atenção nas palavras. [...]. Assim de conceitos ou objetos, as palavras se tornam partes de uma coisa. Em certo sentido uma criança brincando está livre para determinar suas próprias ações, mas em outro, esta é uma liberdade ilusória, pois suas ações estão de fato subordinadas aos significados das coisas, e ela age de acordo com eles (VYGOTSKY, 2002, p. 99116). Mesmo no simples ato de brincar a criança desenvolve algumas habilidades até então sem significado aparente, mas isso gera um grande ganho no desenvolvimento da criança. Segundo Vygotsky (2007) a brincadeira possui três características: a imaginação, a imitação e a regra. Essas características estão presentes em todos os tipos de brincadeiras infantis, como por exemplo, nas tradicionais ou nas de regras. Os jogos e brincadeiras podem se tornar algo, terapêutico, prazeroso e ate uma necessidade interior para a criança. Ajudam no desenvolvimento proximal da _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 448 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ criança, colaborando assim no amadurecimento de suas funções, ou seja, ações que a mesma necessita de ajuda de alguém, com tal amadurecimento ela conseguira desenvolver tais atividades posteriormente sozinhas. Para compreendermos o desenvolvimento da criança, é necessário levar em conta as necessidades dela e os incentivos que são necessários para colocálas em ação. O seu avanço está ligado a uma mudança nas motivações e incentivos. Com esse incentivo à criança adquiri novos hábitos no ato de brincar, trazendo assim benefícios significativos para o seu desenvolvimento cognitivo e afetivo. Vygotsky (2003, p.1) explica que [...] podemos adotar a seguinte postura: “a criança realiza, hoje, com ajuda, o que poderá fazer amanhã, sozinha”. Neste sentido, as brincadeiras auxiliaram hoje o cognitivo da criança, trazendo assim benefícios a sua aprendizagem e desenvolvimento. [...] a zona de desenvolvimento proximal define aquelas funções que ainda não amadureceram, mas que estão em processo de maturação. Isto nos permite delinear o futuro imediato da criança e seu estado dinâmico. (VYGOTSKY apud BENEVIDES, 2003, p. 1) O professor tem o papel de mediador entre as brincadeiras e as crianças, pois ele estimulando a brincadeira, e passando ao aluno o gosto pelas mesmas, assim o professor estimula o gostar e o desenvolvimento cognitivo da criança.Deve aproveitar a zona de desenvolvimento proximal da criança e estimular novas descobertas, sempre colocando desafios, onde a criança se sinta cada vez mais estimulada. Assim a criança é motivada a novos desafios tornando-a mesma a gostar mais dos assuntos escolares. 3. CONCLUSÃO _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 449 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ Os jogos e brincadeiras são de suma importância na vida de uma criança, pois nestes dois atos elas conseguem se socializar com outras pessoas e com a realidade em que estão inseridas, e também tem a oportunidade de criar, imaginar, ter iniciativa própria e entre outros benefícios. São importantes na formação do sujeito como elemento construtivo que possibilita o desenvolvimento das funções superiores e, pode ser considerada como espaço aberto a experiência de aprendizagem de interação, de sociabilidade, de interpretação e representação do mundo, de criação e construção de significados, alem de ser um recurso que oferece situações significativas aos participantes e desafios. Segundo Vygotsky (2007) a brincadeira possui três características: a imaginação, a imitação e a regra. Essas características estão presentes em todos os tipos de brincadeiras infantis, como por exemplo, nas tradicionais ou nas de regras. Com estas características a criança já vai se socializando com o mundo e respeitando as regras da sociedade, pois sem as mesmas o sujeito não conseguirá distinguir o certo do errado. Os jogos e brincadeiras podem se tornar algo, terapêutico, prazeroso e até uma necessidade interior para a criança. O professor em sala de aula tem o papel de mediador entre as brincadeiras e as crianças, pois ele estimulando a brincadeira, e passando ao aluno o gosto pelas mesmas, estimula o aluno a gostar concorrendo para seu desenvolvimento cognitivo. REFERÊNCIAS BROUGERE, GILLES, Brinquedo e cultura. São Paulo: Cortez, 1995. VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. 6. ed. São Paulo, Martins Fontes,1998. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 450 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ VIGOTSKI, L.S. A brincadeira e o seu papel no desenvolvimento psíquico da criança. Revista virtual de gestão de iniciativas sociais, Rio de Janeiro, p.2337, jun. 2008. VYGOTSKY, L.S. Formação da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1998. _______________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 451 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ LÚDICO: APRENDENDO BRINCANDO NA EDUCAÇÃO INFANTIL SANTOS, Vanessa Cardozo dos134 SILVA, Rosangela Trabuco Malvestio da135 RESUMO: O presente trabalho tem como objetivo analisar a importância do lúdico e do brinquedo na Educação Infantil, tendo em vista que o lúdico não é apenas uma diversão, mas é um momento onde a criança pode desenvolver os aspectos:intelectivo, físico, social, emocional, dentre outros. Para tanto em um primeiro momento discorre sobre o lúdio, a brincadeira e sua importância para a aprendizagem infantil. Na sequência destaca o papel do professor como mediadorentre o lúdicoe a aprendizagem, utilizando meios que possam desenvolver uma aprendizagem mais significativa para a criança da Educação Infantil. A metodologia utilizada será a pesquisa bibliográfica, tendo como referencial teórico autores que contribuíram para uma compreensão sobre o tema da pesquisa, tais como Vygotsky(1991),Friedmann(2006) e Rodrigues e Rosin (2007), dentre outros. Ao final deste estudo pretende-se contribuir para a atuação do educador, fundamentando teoricamente este profissional, para que entenda seu papel de mediador na Educação Infantil, percebendo que o brincar não é apenas recreação, mas sim, um momento especial onde ocorre a aprendizagem infantil. Palavras-chave: Educação Infantil. Lúdico. Aprendizagem. Mediação. 1. INTRODUÇÃO O presente trabalho discorre sobre a Educação Infantil, mais especificamente sobre a importância do lúdico para tornar a aprendizagem da criança significativa. O brincar é característico da infância e contribui para seu desenvolvimento (físico, motor, intelectivo, afetivo, dentre outros), podendo proporcionar experiências entre o real e o mundo da imaginação. Dessa forma, por meio das brincadeiras as crianças aprendem sobre o mundo que a cerca, repartem e socializam brinquedos, dentre outros benefícios. Vygotsky (2006), escreve que as atividades lúdicas, o brinquedo e as brincadeiras devem estar presentes na Educação Infantil, pois é no decorrer 134 Acadêmica do 4º ano de Pedagogia da UNESPAR/FAFIPA. Professora orientadora Ms. em Educação e Membro do Curso de Pedagogia da UNESPAR Campus de Paranavaí. _______________________________________________________________________________ 135 UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS PARANAVAÍ 452 Anais da XIII Jornada de Pedagogia da UNESPAR – Campus Paranavaí 08 a 11 de setembro de 2014 “Formação de professores: leitura e escrita na Educação Básica” ISSN: 1983-7208 _______________________________________________________________________________ desse processo que a criança poderá desenvolver o seu pensamento, trabalhando com a imaginação e também com a socialização, compreendendo a realidade na qual está inserida. Nesse mesmo sentido a autora Wajskop (2007, p.35), apresenta as suas considerações: [...] a brincadeira é uma situação privilegiada de aprendizagem infantil onde o desenvolvimento pode alcançar níveis mais complexos, exatamente pela possibilidade de interação entre os pares em uma situação imaginária e pela negociação de regras de uma convivência e de conteúdos temáticos. Entende-se que o momento da brincadeira pode contribuir para o desenvolvimento de novos e complexos pensamentos, possibilitando a apreen