Parte 1 - Instituto Homem Pantaneiro

Transcrição

Parte 1 - Instituto Homem Pantaneiro
Aspectos Biológicos da Reserva
Particular do Patrimônio Natural
Engenheiro Eliezer Batista
Pantanal Sul
Descobrindo
o Paraíso
Organizadores
Angelo C. P. Rabelo
Viviane F. Moreira
Alessandra Bertassoni
Camila Aoki
Revisor Técnico
Fabio Olmos
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Descobrindo o Paraíso
Aspectos Biológicos da Reserva Particular do Patrimônio Natural Engenheiro Eliezer Batista
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Descobrindo o Paraíso
Aspectos Biológicos da Reserva
Particular do Patrimônio Natural
Engenheiro Eliezer Batista
RPPN EEB / Pantanal Sul
EDITORA
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Descobrindo o Paraíso
Aspectos Biológicos da Reserva Particular do Patrimônio Natural Engenheiro Eliezer Batista
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MEMBROS IHP
Marta Fernandes - Coordenadora Financeira
Jociara Aparecida da Silva - Assistente Financeiro
Rafael Matsui Arakaki - Coordenador Administrativo
Juliana Freitas de Avellar - Gerente Administrativa
Marcelo H. Galharte - Assessor Jurídico
Silvio Carlos de Andrade - Assessor de Imprensa
INSTITUTO HOMEM PANTANEIRO
Suzana Rozendo - Assessora de MKT e Comunicação
Magadielly da Silva Moraes - Estagiária
Cléia Fernandes Cabrera - Gerente Operacional
Luiza Barros de Lacerda - Assistente Administrativo
ficha técnica
José Roberto dos Santos Júnior - Auxiliar Administrativo
Marcelo Henrique Galharte - Assessor Jurídico
Roselene Alzeman - Secretária
Márcia R. Rolon
Paula Pires - Relações Públicas
Presidente
René Machado - Arte e Criação
Rubens de Souza
Secretário Executivo
DESCOBRINDO O PARAÍSO
MEMBROS DO SETOR DE MEIO AMBIENTE - IHP
ASPECTOS BIOLÓGICOS DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO
NATURAL ENGENHEIRO ELIEZER BATISTA – RPPN EEB /PANTANAL SUL
Viviane F. Moreira – Bióloga e Gestora do Setor de Meio Ambiente do IHP
Stephanie Leal – Geógrafa Especialista em Gestão e Educação Ambiental e técnica ambiental
Nilson Lino Xavier Filho – Biólogo e técnico ambiental
Fernanda Rabelo – Medica Veterinária, Mestranda em Biologia Animal e técnica Ambiental
Organizadores
Grasiela Porfírio - Mestre em Ecologia e Conservação Doutoranda em Biologia Aplicada, técnica Ambiental
Angelo C. P. Rabelo
Ramão Feitosa – ex-sargento da Polícia Militar Ambiental e piloteiro
Viviane F. Moreira
Sebastião Rolon - Colaborador geral
Alessandra Bertassoni
Sabrina Clink – graduanda em Ciências Biológicas e voluntária do IHP
Camila Aoki
Ângelo P.C. Rabelo –Conselheiro
Neide de O. Rodrigues – Estagiaria Serviço Social
Revisor Técnico
Fernanda G. Sandim dos Santos - graduanda em Ciências Biológicas e voluntária do IHP
Fabio Olmos
André Wagner Amorim Brandão - Auxiliar Operacional da RPPN EEB
Francianne Souza da Silva - Auxiliar Operacional da RPPN EEB
Valdir Pereira do Nascimento - Assistente de Monitoramento
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Descobrindo o Paraíso
2012
impresso no Brasil - Rio de Janeiro - RJ
Aspectos Biológicos da Reserva Particular do Patrimônio Natural Engenheiro Eliezer Batista
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Missão do Instituto Homem Pantaneiro
Promover o Desenvolvimento Sustentável do Pantanal
por meio de ações que conservem os capitais natural,
social, cultural e histórico.
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Descobrindo o Paraíso
Aspectos Biológicos da Reserva Particular do Patrimônio Natural Engenheiro Eliezer Batista
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Sumário
PARTE I
Palavras Iniciais / MMX.....................................................................................XXX
Apresentação IHP...............................................................................................XXX
Agradecimentos / Organizadores.....................................................................XXX
Prefácio / Fábio Olmos.......................................................................................XXX
PARTE II
Introdução e Área de Estudo..............................................................................XXX
Criação da Coleção de material botânico..........................................................XXX
abelhas.................................................................................................................XXX
Aranhas (Araneae)..............................................................................................XXX
Besouros..............................................................................................................XXX
Borboletas...........................................................................................................XXX
Formigas..............................................................................................................XXX
Odonata..............................................................................................................XXX
Percevejos............................................................................................................XXX
Mamíferos...........................................................................................................XXX
Vespas.................................................................................................................XXX
Conclusões e ações futuras na Reserva Particular do Patrimônio Natural
Engenheiro Eliezer Batista.................................................................................XXX
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Descobrindo o Paraíso
Aspectos Biológicos da Reserva Particular do Patrimônio Natural Engenheiro Eliezer Batista
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Palavras Iniciais
Guilherme Escalhão
Diretor-Presidente da MMX - Mineração e Metálicos
Uma viagem fascinante...
Com grande satisfação, a MMX associou-se ao Instituto Homem
Pantaneiro para viabilizar a edição deste livro que ora colocamos à disposição da comunidade do Mato Grosso do Sul e do Brasil.
Aspectos Biológicos da RPPN Engenheiro Eliezer Batista é uma
publicação que, temos certeza, contribuirá decisivamente para divulgar
a região do Pantanal e, muito especialmente, para estimular o debate
técnico-científico sobre esta região que apresenta um dos mais notáveis
acervos de biodiversidade do Brasil e do mundo.
É, igualmente, iniciativa que reafirma a filosofia da MMX de pautar suas atividades pelo mais absoluto compromisso com o desenvolvimento sustentável, que tem como uma de suas premissas fundamentais a
preservação ambiental.
Nossa crença, expressa no modelo de gestão que adotamos – a
Gestão Integrada do Território – GIT – é a de que o êxito de um empreendimento empresarial só é alcançado se a região onde se desenvolve – o seu
entorno - também evolui, progride e proporciona melhoria da qualidade
de vida das comunidades e das pessoas.
É um modelo participativo e democrático, que mobiliza e produz
sinergia entre o Poder Público, empresas, organizações da sociedade civil,
instituições de educação e lideranças regionais. O objetivo, sempre, é o
de produzir soluções sustentáveis e apoiadas nas culturas locais para produzir desenvolvimento.
Este é o modelo de gestão que norteia as atividades e as ações da
MMX na Unidade Corumbá, no Mato Grosso do Sul, onde produzimos
minério de ferro desde 2005. E também participamos de ações socioambientais de grande relevância, dentre as quais se destaca a criação, em
2008, da Reserva Particular de Patrimônio Natural Engenheiro Eliezer
Batista.
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Descobrindo o Paraíso
Como se verá nas páginas deste livro, essa Reserva engloba 20 mil
hectares à margem direita do Rio Paraguai, na Serra do Amolar. Com fauna e flora típicas do Pantanal Sul, este ecossistema é reconhecido como
um dos mais bem cuidados de toda a região. Nele, preservados e protegidos, encontramos espécies raras de mamíferos e pássaros, incluindo
animais ameaçados de extinção, como o tatu-canastra, a onça pintada e
a ariranha.
Este é o universo magnífico descrito nas páginas de “Aspectos Biológicos da RPPN Engenheiro Eliezer Batista”. Editado a partir de ampla
e criteriosa pesquisa sobre a biodiversidade da reserva, este livro se torna
em preciosa fonte de estudos para a comunidade científica brasileira.
Adicionalmente, vem contribuir para complementar e enriquecer inúmeras outras atividades que a MMX desenvolve na região em parceria
com o Instituto Homem Pantaneiro, sempre com foco predominantemente na educação e meio ambiente.
No rol destes projetos, destacam-se a inclusão da RPPN Eliezer Batista no roteiro para atividades de campo dos cursos de pós-graduação em
Ecologia e Conservação e em Biologia Vegetal da Universidade Federal
de Mato Grosso do Sul – UFMS, bem como o desenvolvimento de projetos científicos de educação ambiental e o Projeto Coleção Biológica, cujo
objetivo é criar, para fins didáticos, um acervo relevante com materiais
biológicos presentes na RPPN Eliezer Batista.
Ao final, com muito prazer, convido o prezado leitor a nos acompanhar nesta bela e fascinante viagem pelas páginas desse livro. É imperdível, posso assegurar.
Aspectos Biológicos da Reserva Particular do Patrimônio Natural Engenheiro Eliezer Batista
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Apresentação
Instituto Homem Pantaneiro
Ao longo dos últimos 10 anos o Instituto Homem Pantaneiro – IHP
tem buscado cumprir com muita dedicação a grande responsabilidade de
ser o Gestor da Reserva Engenheiro Eliezer Batista, função esta delegada
pela empresa MMX - Mineração e Metálicos S. A. que dentro de seus
compromissos voluntários adquiriu esta importante área com objetivo de
contribuir para conservação do bioma Pantanal.
Durante este período de gestão, implementamos uma serie de
ações a exemplo de elaborar o Plano de Manejo, estabelecer parcerias
estratégicas com a comunidade cientifica e outras ONGs na região.
Um dos pontos que nos chamou atenção foi a ausência de estudos
científicos na região da Serra do Amolar, particularmente na área da
reserva onde definimos nesta deficiência um das nossas principais
metas. Implementar um amplo programa de investigação cientifica era
fundamental para direcionar nossas ações de conservação.
Em maio de 2010, o Instituto Homem Pantaneiro - IHP escreve o
projeto “Programa Coleção Biológica Didática da Reserva Particular do
Patrimônio Natural Engenheiro Eliezer Batista – RPPN EEB”, o qual teve
como objetivo a implantação de uma coleção na RPPN EEB que pudesse
ser utilizada para fins didáticos. A meta inicial era de evidenciar o valor
de biodiversidade de uma região do Pantanal ainda desconhecida. Outro
objetivo foi de servir como um instrumento de educação ambiental para
a população ribeirinha da região da Serra do Amolar, policiais militares
ambientais, estudantes, bem como por pesquisadores e acadêmicos de
graduação e pós-graduação interessados em atividades científicas.
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Assim, foram identificados os especialistas para colocar o programa
em prática e promover ações de conservação, geração de conhecimento
sobre biodiversidade e implantar pesquisas científicas na região da Serra
do Amolar, mais especificamente na RPPN EEB. Essa região configura
como uma das áreas de prioridade e importância extremamente alta para
a conservação segundo a classificação do Ministério do Meio Ambiente,
porém com conhecimento considerado escasso.
A elaboração deste livro é resultado da dedicação de vários
profissionais envolvidos na execução do projeto, desde pesquisadores
seniores, alunos de pós-graduação de mestrado e doutorado, e alunos de
graduação, de diferentes instituições de pesquisa.
Esse esforço resultará em um estímulo às informações já conhecidas
para alguns grupos taxonômicos no Pantanal e a divulgação através do
livro contribuirá para aumentaras medidas de conservação, que poderão
ser melhores definidas, e as necessidades de investigação receberão uma
outra relevância.
Durante um ciclo completo característico do Pantanal, ou seja,
um período de seca e cheia foi identificado, na RPPN EEB 42 espécies
de abelhas, onde 6 delas constituíram um novo registro para o Estado
de Mato Grosso do Sul. Registramos 82 espécies de aranhas durante
o período de estiagem, e 77 durante a cheia, sendo que dentro desse
total existe a possibilidade de confirmação de 10 novas espécies para a
ciência. Entre os grupos em destaque podemos apontar as borboletas,
com 62 espécies, onde 11 delas também representaram um novo registro
para o MS, e 120 espécies de formigas, 2 delas com novo registro para
o Estado. Os besouros somaram 420 espécies, seguidas pelas plantas
com 140 espécies. Quanto ao grupo das vespas foram identificadas 50
espécies, os mamíferos corresponderam a 33 espécies e as libélulas
24 espécies. Os heteropteras somaram 71 espécies, sendo uma delas
confirmada como nova para a ciência. Rhyparoclopius aokiae foi descrito
homenageando uma das editoras dessa publicação pelo seu esforço em
prol do conhecimento e conservação das espécies de invertebrados. O
estudo detalhado da composição desse grupo na Serra do Amolar é uma
das maiores contribuições dessa publicação para a ciência.
O fato, que chama a atenção nos dados que esse livro traz, é que
para a maior parte dos grupos estudados, esta é a primeira listagem para
a região. A carência de estudos técnicos e científicos para a área reflete
na recomendação do Ministério do Meio Ambiente: a necessidade de
inventários sobre fauna e flora.
Acreditando na máxima “Conhecer para preservar”, busca-se através
deste documento aumentar o conhecimento biológico para o Pantanal
Sul Matogrossense e poder auxiliar nas estratégias de conservação da
diversidade biológica.
Espero que esse livro estimule as iniciativas de pesquisas na RPPN
EEB e nas demais áreas da Serra do Amolar, uma vez que a associação da
riqueza de espécies e dos processos ecológicos entre a Planície Pantaneira
e a Serra do Amolar faz desta uma região estratégica para a conservação do
Pantanal, por formar um corredor biológico e geográfico potencialmente
importante.
O Instituto Homem Pantaneiro – IHP cumprimenta os
pesquisadores pela dedicação na qualidade do presente trabalho e
agradece a confiança de todos e reiteramos o respeito pela empresa MMX
e o compromisso de assegurar total empenho nos esforços de conservação
deste valioso patrimônio de nosso país.
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Agradecimentos
Organizadores
A publicação deste livro só foi possível com o apoio e a colaboração
de um grande número de pessoas e instituições.
Agradecemos a todos que participaram das etapas de coleta de
campo, triagem e preparação do material para a Coleção Biológica
Didática da Reserva Particular do Patrimônio Natural Engenheiro Eliezer
Batista – RPPN EEB. Bem como à todos os autores dos capítulos que
analisaram os dados, forneceram panoramas sobre os grupos e dedicaram
o seu tempo à escrever sobre essa área com tanta carência em estudos.
Nossos agradecimentos se estendem ainda a todos os pesquisadores
e fotógrafos que gentilmente cederam imagens para esta publicação, que
enriqueceram grandemente o conteúdo desta obra. Ainda, à todos os
estagiários e voluntários do Instituto Homem Pantaneiro e das demais
instituições que auxiliaram na compilação de informações.
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Participantes desta publicação
Viviane F. Moreira – Bióloga e Gestora do Setor de Meio Ambiente do
IHP (Coordenação Geral e Organizadora do Livro). Possui mestrado em
Estudos Fronteiriços pela Universidade Federal Mato Grosso do Sul –
UFMS (2011) e graduação em Bacharelado em Biologia pela Pontifícia
Universidade Católica do Paraná (2000). Especialização em Ecoturismo
Latu sensu (2002). Atualmente é Gestora do Programa de Meio Ambiente
do Instituto Homem Pantaneiro – MS, e Gestora de Projetos de Desenvolvimento da Prefeitura Municipal de Corumbá - MS. Tem experiência
na área de Ecologia, com ênfase em Gestão de áreas Protegidas e projetos
na área de Conservação da natureza.
Alessandra Bertassoni – Mestre em Ecologia e Conservação e Técnica
Ambiental (Coordenação de campo e do grupo de Pegadas/Mamíferos e
organizadora do livro). Possui mestrado em Ecologia e Conservação pela
Universidade Federal Mato Grosso do Sul - UFMS (2010) e graduação em
Bacharelado em Biologia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná
- PUCPR (2006). Tem experiência na área de Zoologia, com ênfase em
mastozoologia, e em projetos de Conservação da Natureza. Atua principalmente nos seguintes temas: ecologia, conservação, etologia, tamanduá-bandeira, padrões motores, área de vida e educação ambiental.
Participantes da Campanha I – Período de seca, julho de 2010. Da esquerda para direita –
Wellinton, Rodney, Rondon, Sebastião Rolon, Nilson, Alessandra, Sabrina, Iraci, Valdilene, Camila,
Feitosa, Stephanie, Mara. Superior – Viviane e Fernanda. Foto: Bolivar Porto
Stephanie Leal – Geógrafa e técnica ambiental. Possui graduação em
Licenciatura em Geografia pela Universidade Federal do Mato Grosso do
Sul (2006).Especialista em Gestão e Educação Ambiental. Atualmente,
técnica ambiental do Instituto homem Pantaneiro no setor de Meio Ambiente, principalmente, para o desenvolvimento e aprimoramento da geografia humana.
Camila Aoki - Mestre e Doutoranda em Ecologia e Conservação (Coordenação do grupo de Artrópodes). Bióloga com mestrado em Ecologia
e Conservação e doutoranda na mesma área na Universidade Federal de
Participantes da Campanha II – Período de cheia, março de 2011. Da esquerda para direita –
Iraci,Francianne, André, Márcio, Feitosa, Wellinton, Regiane Viviane, Fernanda, Grasiela,Fábio,
Alessandra, Breno, Daiene, Oswaldo, Camila, Nilo e Sebastião. Foto: Daniel DeGrenville
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Mato Grosso do Sul (UFMS), trabalha com interação planta-polinizador
e desenvolve pesquisas na área de ecologia de insetos.
Ramão Feitosa – Policial Militar Ambiental da Reserva e piloteiro (colaborador geral)
Mara Cristina Teixeira Gamarra – Bióloga (Colaboradora do grupo de
Artrópodes). Graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (2006). Tem experiência na área de ecologia e
zoologia, atuando principalmente nos seguintes temas: macroinvertebrados e taxonomia de insetos (com ênfase na ordem Odonata).
Sebastião Rolon - Colaborador geral
Wellinton de Sá Arruda – Mestrando em Botânica (Coordenação do
grupo de Botânica). Possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (2007). Tem experiência na área de
zoologia (herpetofauna), com ênfase em taxonomia dos Grupos Recentes
e na Botânica, com ênfase em fitossociologia. Atualmente é mestrando
do Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegetal pela UFMS.
Nilson Lino Xavier Filho – Biólogo e técnico ambiental (Colaborador
do grupo de Pegadas). Possui graduação em Ciências Biológicas pela
Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (2008). Atualmente é técnico ambiental do Instituto Homem Pantaneiro – IHP. Tem experiência
captura-marcaçao-recaptura de médios carnívoros, monitoramento de
médios carnívoros através de radiotelemetria e armadilhamento fotográfico, análise de material biológico (sangue, fezes, ectoparasitas). Área de
atuação educador ambiental e Ecologia de comunidades no Pantanal.
Fernanda Rabelo – Veterinária e consultora externa (colaboradora
geral). Possui graduação em Medicina Veterinária pela Universidade
Católica Dom Bosco (2008). Mestranda em Biologia Animal UFMS. Atualmente é técnica ambiental do Instituto Homem Pantaneiro (OngCorumba/MS).
Valdilene Garcia – Engenheira agrônoma e técnica ambiental (colaboradora geral)
Bolivar Porto– Fotógrafo profissional
Sabrina Clink – graduanda em Ciências Biológicas e voluntária do IHP
(colaboradora geral). Esta cursando Licenciatura em Ciências Biológicas
pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – Campus Pantanal.
Previsão de termino em 2014. Em 2010 atuou como voluntaria do Programa do Meio Ambiente do Instituto Homem Pantaneiro, uma ONG
situada no município de Corumbá no estado de Mato Grosso do Sul e
atualmente é estagiaria da citada instituição.
Rodney Ribeiro Junior - graduando em Geografia e voluntário do IHP
(colaboradora geral). Atualmente esta cursando Geografia Licenciatura,
pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – Campus do Pantanal.
Previsão de conclusão do curso em 2011. Esta realizando treinamento voluntário no programa de Meio Ambiente do Instituto Homem Pantaneiro
(ONG), que situa-se na cidade de Corumbá-MS.
Iraci Magalhães – Cozinheira e auxiliar de Serviços Gerais
Grasiela Porfírio - Setor de Meio Ambiente do Instituto Homem Pantaneiro – IHP – Corumbá;
Bióloga (2004), Mestre em Ecologia e Conservação pela Universidade
Federal de Mato Grosso do Sul (2009). Doutoranda em Biologia Aplicada, com o tema Ecologia, Biodiversidade e Gestão de ecossistemas pela
Universidade de Aveiro, Portugal. Tem experiência na área de ecologia e
conservação de médios e grandes carnívoros tropicais, além da gestão de
RPPNs.
Antônio Rondon da Silva – Policial Militar Ambiental (apoio operacional)
Gudryan J. Barônio - Universidade Federal de Uberlândia, PPG Ecologia e Conservação de Recursos Naturais. Possui graduação em Ciências
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Biológicas pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (2010). Atualmente é aluno do Programa de Pós Graduação em Ecologia e Conservação de Recursos Naturais da Universidade Federal de Uberlândia,
e desenvolve o trabalho de dissertação com estudo de ecologia comportamental dos visitantes florais de Malpighiaceae e disponibilidade de recursos florais.
Maria Rosângela Sigrist - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul,
PPG Biologia Vegetal. Possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual de Campinas (1989), mestrado (1992) e doutorado
(2001) em Biologia Vegetal pela Universidade Estadual de Campinas. Atualmente é assessora da Revista Brasileira de Botânica (2005-2008) e da
Acta Botânica Brasilica (2003-2008) e professor associado da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Tem experiência na área de Botânica e Ecologia, com ênfase em Ecologia da polinização, atuando principalmente nos seguintes temas: fenologia reprodutiva, conservação de
polinizadores, polinização por abelhas, polinização em Malpighiaceae,
levantamento de fauna antófila e manejo de espécies invasoras nativas.
Durante dois anos (2007-2009) foi coordenadora do Programa de PósGraduação em Biologia Vegetal/UFMS. Desde 2006 é líder do Grupo de
Pesquisa/CNPq “Estudo Multidisciplinar da Flora de Mato Grosso do Sul”.
nos seguintes temas: Anthophila (abelhas silvestres): Taxonomia, comportamento e ecologia (Biocenótica e biofaunística).
Josué Raizer - Universidade Federal da Grande Dourados, Faculdade
de Ciências Biológicas e Ambientais. Licenciado em Ciências Biológicas
(1996) e mestre em Ecologia (1997) pela Universidade Federal do Mato
Grosso do Sul, é doutor em ecologia (2004) pela Universidade Estadual
de Campinas. Atualmente é professor adjunto da Universidade Federal
da Grande Dourados e esta credenciado nos programas de pós-graduação
em ecologia e conservação (UFMS) e em Entomologia e Conservação da
Biodiversidade (UFGD). Tem experiência na área de ecologia de comunidades, com interesse sobre variações espaciais na estrutura de comunidades animais, principalmente aquelas explicadas, em escala local, por
variações na diversidade de habitats e, em escala regional, pelos componentes da paisagem. Por sua atuação no planejamento e delineamento
amostral, participa de vários projetos de pesquisa, incluindo comunidades de mamíferos, aves, repteis, anfíbios e fungos, alem de populações
de plantas invasoras de pastagem e comunidades arbóreas. Seu principal
objeto de estudo corresponde ao conjunto de espécies de aranhas, em especial no Pantanal sul e Cerrado.
Sebastião Laroca - Professor Sênior, Universidade Federal do Paraná.
Possui graduação em Historia Natural pela Universidade Federal do
Paraná (1969), mestrado em Ciências Biológicas (Entomologia) pela Universidade Federal do Paraná (1972) e doutorado PhD em Entomologia
– The University Of Kansas (1983). Meteorologia IPE-Paraná (1966). Atualmente é consultor “ad hoc” – Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq), Financiadora de estudos e projetos,
consultor “ad hoc” da Universidade Federal de Santa Catarina (Departamento de fitotecnia), especialista junto ao Ministério de Relações Exteriores (Brasil) e Professor sênior da Universidade Federal do Paraná.
Pesquisador convidado para coorientar teses e monografias em cursos de
graduação e pós-graduação na UFMS botânica, polinizadores e sustentabilidade (2007-2009). Tem experiência na área de Entomologia com ênfase em Ecologia (área que trabalha desde 1960), atuando principalmente
Antonio D. Brescovit - Instituto Butantan, Laboratório de Artrópodes
Peçonhentos. Possui graduação em licenciatura em Ciências – Habilitação em Biologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do
Sul (1984), mestrado em Zoologia pela Universidade Federal do Paraná
(1989) e doutorado em Zoologia pela Universidade Federal do Paraná
(1995). Atualmente é pesquisador cientifico do Instituto Butantan,
pesquisador associado da Universidade de São Paulo, - Acta Amazônica,
- Papeis Avulsos de Zoologia (São Paulo), - Iheringia. Serie Zoologia, Revista Brasileira de Zoologia, - Revista Biociências (Taubaté), Nenhum
– American Museum Of Natural History, - Studies On Neotropical Fauna
and Environment, - Biota Neotropica (Ed. Portuguesa), - Revista Ibérica
de Aracnología, - Zootaxa (Online) e – Biotemas. Tem experiência na área
de Zoologia, com ênfase em Taxonomia dos Grupos Recentes, atuando
principalmente nos seguintes temas: araneae, arachnida, taxonomia, inventario de aranhas.
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André Marsola Giroti - Instituto Butantan, Laboratório de Artrópodes
Peçonhentos. Tem experiência na área de Taxonomia e Sistemática de
Araneae. Também atuou na área de Genética, com ênfase em Citogenética de Invertebrados, atuando principalmente na obtenção e estudo do
numero e morfologia cromossômicos e sistema cromossômico de determinação sexual em araneae.
Breno Leonel - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Programa
de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação. Biólogo com graduação
em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
e mestrado em Ecologia e Conservação também na Universidade Federal
do Mato Grosso do Sul (UFMS), trabalha com ecologia de aranhas.
Ana Carolina Vieira Pires - Graduação em Ciências Biológicas, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Tem experiência na área de Ecologia, com ênfase em ecologia vegetal, interação
inseto-planta e recuperação de áreas degradadas.
Daiene Louveira Hokama - Programa de Pós-Graduação em Ecologia
e Conservação, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) .
Bióloga com graduação pela Universidade Federal do Mato Grosso do
Sul, atualmente é mestranda em Ecologia e conservação também pela
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Tem experiência na área de
Ecologia, com ênfase em Ecologia de Anuros.
Iria Hiromi Ishii - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – Campus do Pantanal. Avenida Rio Branco, 1270, Bairro Universitário, 79304902, Corumbá-MS. Possui graduação em Ciências Biológicas pela universidade Federal de são Carlos (1980), mestrado em ecologia e Recursos
Naturais pela Universidade Federal de São Carlos (1987) e doutorado em
Ecologia e Recursos Naturais pela Universidade Federal de São Carlos
(1998). Atualmente é professor Associado 2 da Universidade Federal do
Mato Grosso do Sul. Tem experiência na área de Ecologia, com ênfase em
Ecologia de Ecossistemas. Atuando principalmente nos seguintes temas:
dendrocronologia, INUNDAÇÔES, ANEIS DE CRESCIMENTO.
Geraldo A. Damasceno-Júnior - Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegetal da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – Campus
de Campo Grande. Possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (1987), mestrado (1997) e doutorado (2005) em Biologia Vegetal pela Universidade Estadual de Campinas. Atualmente é professor da Universidade Federal de Mato Grosso do
Sul. Tem experiência na área de Botânica, com ênfase em fitogeografia,
florística e fitossociologia atuando principalmente nos seguintes temas:
pantanal, florística, dispersão, florestas decíduas, florestas ripárias e rio
Paraguai.
Regiane C. V. Galharte - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul –
Campus de Campo Grande. Centro de Ciências Biológicas e da Saúde
Tem experiência na área de Zoologia , com ênfase em Herpetologia.
Marcus V. S. Urquiza - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul –
Campus do Pantanal. Avenida Rio Branco, 1270, Bairro Universitário,
79304-902, Corumbá-MS. Possui graduação em Ciências Biológicas pela
Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (2004) e mestrado em Ecologia e Conservação pela Universidade Federal do Mato Grosso do Sul
(2008). Atualmente é biólogo do departamento de ciências do ambiente
da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul. Tem experiência na área
de Biologia Vegetal, com ênfase em ecologia de plantas vasculares, atuando principalmente nos seguintes temas: dendrocronologia, janela de
mariaux, taxa de crescimento radial e fitossociologia de arvores.
Ayr de Moura Bello - Laboratório de Biodiversidade Entomológica, Instituto Oswaldo Cruz, FIOCRUZ (Colaborador externo). Possui graduação
em Curso de Formação de Oficiais Aviadores – Força Aérea Brasileira
(1963). Atua como autodidata em Taxonomia de Coleópteros desde
1985, na identificação de famílias de coleópteras para graduandos e pósgraduandos de universidades e outras instituições de pesquisa no Brasil.
Responsável pela atualização taxonômica da Coleção de Coleópteros do
Instituto Oswaldo Cruz e elaboração do respectivo catalogo de táxons.
Atua como colaborador voluntario no laboratório de Biodiversidade Entomológica do Instituto Oswaldo Cruz.
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Letícia Vieira - Departamento de Ciências Naturais, Universidade Federal de São João Del Rei, Campus Dom Bosco. Bacharel e Licenciada
em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Mato Grosso do
Sul (2002) e Mestre em Ecologia e Conservação pela mesma instituição
(2004). Doutora em Entomologia pela Universidade Federal de Lavras
(2008) com período de treinamento no American Museum of Natural
History (bolsista CAPES-PDEE). Atualmente exerce o cargo de Prof. Adjunto na Universidade Federal de São João Del Rei (UFSJ). Desenvolve
pesquisas em ecologia de comunidades de Coleóptera, conservação de
Scarabaeidae e modelagem de distribuição de espécies. Já participou de
projetos de pesquisa desenvolvidos no Pantanal, Cerrados, Caatinga e
Mata Atlântica (especialmente nas restingas).
Manoel Fernando Demétrio - Programa de Pós-Graduação em Entomologia e Conservação da Biodiversidade, Universidade Federal da Grande
Dourados; Laboratório de Ecologia de Hymenoptera HECOLAB, Faculdade de Ciências Biológicas e Ambientais- UFGD . Doutorando em Entomologia e Conservação da Biodiversidade pela Universidade Federal da
Grande Dourados (UFGD) e Mestre em Entomologia e Conservação da
Biodiversidade pela Universidade Federal da Grande Dourados – UFGD.
Possui graduação em Ciências Biológicas e realiza pesquisas na área de
Biogeografia e Ecologia de formicidae.
.
Rogério Silvestre - Programa de Pós-Graduação em Entomologia e
Conservação da Biodiversidade, Universidade Federal da Grande Dourados; Laboratório de Ecologia de Hymenoptera HECOLAB, Faculdade de
Ciências Biológicas e Ambientais- UFGD. Possui graduação em Biologia, mestrado em Entomologia pela Universidade de São Paulo (1995) e
Doutorado em Entomologia pela Universidade de São Paulo, Museu de
Zoologia (200). Atualmente é professor Adjunto da Universidade Federal
da Grande Dourados, da Faculdade de Ciências Biológicas e Ambientais.
Responsável pelo laboratório de Ecologia de Hymenoptera (hecolab),
do programa de Pós-Graduação em Entomologia e Conservação da Biodiversidade. É curador da coleção cientifica de Hymenoptera do Mubio
(Museu de Biodiversidade da UFGD). Tem experiência na área de Ecologia, com ênfase em Biodiversidade e Biogeografia, atuando principal-
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Descobrindo o Paraíso
mente nos seguintes temas: Mirmecologia e Estrutura de Comunidades
de Formigas, Abelhas e Vespas.
Hélcio R. Gil-Santana - Laboratório Nacional e Internacional de Referência em Taxonomia de Triatomíneos, Instituto Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro. Possui graduação em Medicina pela Universidade Federal Fluminense (1988) e Mestrado em Medicina pela Universidade Federal do Rio de
Janeiro (1998). Atualmente é colaborador voluntário do Laboratório de
Díptera do Departamento de Entomologia do Instituto Oswaldo Cruz e
doutorando em Entomologia na Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Luiz A. A. Costa - Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de
Janeiro, Departamento de Entomologia.
Silvia Leitão Dutra - Programa de Pós Graduação em Ecologia e Evolução, Universidade Federal de Goiás. Doutora em ecologia e evolução
pela Universidade Federal de Goiás (2011), mestrado em biologia animal
pela Universidade de Brasília (2006), graduação em ciências biológicas
bacharelado (2002) e licenciatura (2001) pela Universidade Federal de
Goiás. Tem experiência na área didática e também de ecologia de insetos
aquáticos (limnologia-comunidade bentônica), e também ecologia de
Odonata adulto.
Nelson Silva Pinto - Graduando em Ciências Biológicas, Laboratório de
Ecologia Teórica e Síntese da Universidade Federal de Goiás. Graduado
em Ciências Biológicas da Universidade Federal de Goiás-UFG (2011). Foi
estagiário no Laboratório de Ecologia Teórica e Síntese (2008-2011) sob
supervisão do Prof. Dr. Leandro Juen e Prof. Dr. Paulo De Marco Júnior.
Interesse em Métodos Quantitativos em Ecologia, Taxonomia de adultos
de Odonata (ênfase em Anisoptera), Biologia da Conservação e Ecologia
comportamental (Modelagem de padrões com abordagem em teoria dos
jogos). Experiência nos seguintes temas: Assimetria Flutuante, Taxonomia de adultos de Odonata (ênfase em Anisoptera), Ecologia comportamental com ênfase em teoria dos jogos, Ecologia Teórica, Diversidade
Beta. Bolsista de Iniciação científica PIBIC-CNPq.
Aspectos Biológicos da Reserva Particular do Patrimônio Natural Engenheiro Eliezer Batista
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Paulo De Marco Jr - Laboratório de Ecologia Teórica e Síntese, Departamento de Ecologia, Universidade Federal de Goiás. Possui graduação em
Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Minas Gerais (1988),
mestrado (1992) e doutorado (1999) em ecologia pela Universidade Estadual de Campinas. Atualmente é professor Associado da Universidade
Federal de Goiás, orientador nos cursos de mestrado e doutorado em
Ecologia e Evolução (UFG), doutorado em Ciências Ambientais (UFG) e
colaborador nos cursos de Pós-graduação da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e Universidade Estadual do Mato Grosso (UNEMAT).
Tem experiência na área de Ecologia, com ênfase em Ecologia Teórica,
atuando principalmente nos seguintes temas: ecologia de comunidades,
ecologia de populações, biologia da conservação e ecologia quantitativa.
Tiago Henrique Auko - Programa de Pós Graduação em Entomologia e
Conservação da Biodiversidade, Universidade Federal da Grande Dourados; Laboratório de Ecologia de Hymenoptera HECOLAB, Faculdade de
Ciências Biológicas e Ambientais – UFGD. Formado em publicidade e
Propaganda com ênfase em Marketing pela Universidade de Ribeirão
Preto UNAERP (2003). Formado em Ciências Biológicas na Universidade
Federal da Grande Dourados - UFGD (2009). Mestrando do Programa de
Pós-graduação de Entomologia e Conservação da Biodiversidade realizado na Universidade Federal da Grande Dourados – UFGD.
Bhrenno Maykon Trad - Faculdade de Ciências Biológicas e Ambientais,
Universidade Federal da Grande Dourados; Laboratório de Ecologia de
Hymenoptera HECOLAB, Faculdade de Ciências Biológicas e Ambientais
– UFGD. Acadêmico do Curso de Ciências Biológicas na UFGD – Universidade Federal da Grande Dourados. Estagiário do HECOLAB – Laboratório de ecologia de Hymenoptera. Trabalhando na graduação com
vespas esfecídeas.
Rogério Silvestre - Programa de Pós Graduação em Entomologia e Conservação da Biodiversidade, Universidade Federal da Grande Dourados;
Faculdade de Ciências Biológicas e Ambientais, Universidade Federal da
Grande Dourados; Laboratório de Ecologia de Hymenoptera HECOLAB,
Faculdade de Ciências Biológicas e Ambientais - UFGD. . Possui graduação em Biologia, mestrado em Entomologia pela Universidade de São
30
Descobrindo o Paraíso
Paulo (1995) e doutorado em Entomologia pela Universidade de São
Paulo, Museu de Zoologia (2000). Atualmente é professor Adjunto da
Universidade Federal da Grande Dourados, da Faculdade de Ciências
Biológicas e Ambientais. Responsável pelo Laboratório de Ecologia de
Hymenoptera (HECOLAB), do Programa de pós-graduação em Entomologia e Conservação da Biodiversidade. É curador da Coleção Cientifica
de Hymenoptera do Mubio (Museu de Biodiversidade da UFGD). Tem
experiência na área de Ecologia, com ênfase em Biodiversidade e Biogeografia, atuando principalmente nos seguintes temas: Mirmecologia e
estrutura de Comunidades de Formigas, Abelhas e Vespas.
Daniel De Granville - Biólogo formado pela Universidade de São Paulo
(USP) com pós-graduação em Jornalismo Científico pela Universidade
Estadual de Campinas (UNICAMP). Atualmente vive na região de Bonito
(MS), onde é sócio-proprietário da Photo in Natura, empresa especializada em serviços com temática ambiental. Atua como fotógrafo freelancer, organiza expedições customizadas para públicos de interesses especiais e ministra cursos nas áreas de fotografia de natureza, ecoturismo
e observação de vida silvestre. Suas fotos já foram publicadas nos EUA,
Alemanha, Espanha, Itália, Japão, Argentina, Uruguai e Malásia, entre
outros.
Bolivar Porto (www.bolivarporto.com) é fotógrafo, publicitário, web-designer. É formado em odontologia.Em mais de duas décadas de carreira na
fotografia, atuou nas áreas de publicidade, natureza, turismo, dança e
moda. Inúmeros trabalhos publicados nacional e internacionalmente.
Aspectos Biológicos da Reserva Particular do Patrimônio Natural Engenheiro Eliezer Batista
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Prefácio
Fábio Olmos
Ouvi falar sobre o Pantanal pela primeira vez no final da década
de 1970 graças a Cibele, minha professora de História durante os antigos
ginásio e colegial, que costumava visitar a região para pescar com o
marido. Logicamente, as fotos destas viagens faziam grande sucesso
entre os alunos em uma época em que o mundo era muito menor que na
era da internet e do Discovery Channel.
Foi por esta época que a mídia começou a divulgar as belezas
naturais e a abundância de fauna da região e a guerra que era travada
entre contrabandistas de animais e caçadores profissionais, os coureiros,
e os policiais encarregados de combatê-los. Nesta época imaginávamos
que espécies como araras-azuis e ariranhas desapareceriam para sempre,
tal era a escala do tráfico.
Três décadas depois a situação no Pantanal é muito melhor e vemos
populações crescentes daquelas espécies, além dos antes perseguidos
jacarés e outras que estavam na mira dos caçadores. Aquela guerra
terminou e seus estragos começam a ser reparados.
Este sucesso, no entanto, é um raro ponto positivo em um cenário
menos otimista.
Nossa espécie surgiu no que é hoje o leste da África há cerca de 200
mil anos. Neste período deixamos de ser apenas mais uma espécie única
para nos tornarmos os verdadeiros mestres deste planeta. A civilização que
construímos seria incompreensível para nossos ancestrais, assim como as
fronteiras da Ciência, hoje capaz de observar a origem do Universo, dar
os primeiros passos na construção de novas formas de vida e avançar no
maior mistério, como a mente funciona.
32
Descobrindo o Paraíso
Aspectos Biológicos da Reserva Particular do Patrimônio Natural Engenheiro Eliezer Batista
33
Nosso progresso cobrou um preço elevado deste planeta. Nossos
ancestrais iniciaram um processo de extinção em massa que ainda não
cessou. A exploração direta, as alterações ambientais, a introdução de
espécies exóticas e doenças e tantos outros impactos causados pelos
nossos ancestrais nos negaram um mundo onde vagavam criaturas hoje
míticas, de mamutes siberianos a araras caribenhas.
Nossa ascensão não poupou nem mesmo nossos parentes mais
próximos. Na mesma época em que nossos ancestrais criavam a primeira
arte e começaram a se aventurar no mar, pelo menos outras quatro espécies
de humanos dividiam a Terra conosco. Eles também foram vítimas de
nosso sucesso. O preço de nosso sucesso é um mundo mais pobre.
Em 1900 havia 1,65 bilhão de pessoas na Terra. Em 2011 atingimos
a marca de 7 bilhões e as melhores estimativas sugerem que pelo menos
outros dois bilhões se somarão à fraternidade humana até meados deste
século. Ao mesmo tempo a disponibilidade de recursos como água e
terras aráveis diminui enquanto o consumo aumenta. Vivemos tempos
interessantes que eventualmente responderão o quão realistas são as
previsões tanto de otimistas como de pessimistas.
Independente do que aconteça, vivemos em um mundo cada vez
menor onde uma crescente maré humana deixa cada vez menos espaço
para as outras formas de vida que compartilham este planeta conosco.
Entre 1975, quando eu estava na escola primária, e 2000, quando
defendi meu doutorado, foram extintas 18 espécies de aves. Nesse mesmo
período as florestas de regiões antes inacessíveis e quase míticas, como
as ilhas de Bornéu e Sumatra, o norte de Mato Grosso, o sul do Pará, o
sul da Bahia e partes da bacia do Congo foram em boa parte destruídas
e transformadas em uma colcha de retalhos. Enquanto escrevo recebo
a confirmação de que os rinocerontes do Vietnã e oeste da África,
e os golfinhos do rio Yangtze se juntaram aos dinossauros, dodos e
outras criaturas que nunca mais veremos, exceto como animações de
computador.
O ritmo de perdas durante uma pequena parte de uma vida humana
é impressionante, assim como a facilidade com que não percebemos isso
e nos acostumamos com o inaceitável se o processo é lento o suficiente.
O Pantanal ainda é uma das grandes áreas selvagens da América
do Sul e abriga as maiores populações de algumas espécies, como onças-
pintadas, veados-campeiros e cervos. Espécies de peixes migradores em
declínio no restante da bacia do Paraná-Paraguai graças às hidrelétricas
ainda mantém populações robustas ali, apesar do impacto crescente da
pesca.
A explosão do agronegócio no Brasil, com a auto-atribuída missão
do país se tornar o maior fornecedor de carne e grãos baratos para países
que preferem destinar seus territórios e sua água para outros fins, está
rapidamente consumindo o que foi território selvagem.
O avanço da agropecuária moderna substituiu boa parte da
vegetação natural das bacias que drenam para a planície pantaneira por
pastagens e plantações. Uma pecuária mais intensiva está substituindo
a tradicional, e pastagens plantadas ocupam áreas cada vez maiores das
antigas cordilheiras e cerrados da Planície Pantaneira.
Até 2004, 44% da Bacia do Alto Paraguai havia sido totalmente
alterada pela agropecuária, o mesmo sendo verdadeiro para 17% da
Planície Pantaneira. As projeções, na época, significavam a perda do
Pantanal em menos de 50 anos. Bem menos que a expectativa de vida de
um brasileiro médio.
Esta mudança radical acontece sem que ao menos saibamos o
que está sendo perdido. A lentidão do ritmo das pesquisas científicas,
não apenas de inventários de biodiversidade, mas especialmente a
bioprospecção por novas substâncias e processos metabólicos com
aplicações comerciais contrasta com a agilidade e capacidade de
mobilização do setor agrícola.
É sábio sacrificar nossa herança natural para alimentar nossa
epidemia de obesidade e para que chineses, iranianos e russos comam
carne barata?
A conservação dos espaços naturais que guardam um pouco do que
nosso planeta foi antes do início da Era da Humanidade é uma das poucas
estratégias que permitirão a existência de muitas formas de vida em
paisagens cada vez mais ocupadas por monótonas pastagens e plantações.
A Reserva Particular do Patrimônio Natural Engenheiro Eliezer
Batista (RPPN EEB) é um dos espaços que estão sendo reservados para
a Natureza e seu estudo. Mais que isso, é um espaço onde a Natureza
pode ser usada de forma que não é consumida ou destruída, mas sim
degustada.
34
Aspectos Biológicos da Reserva Particular do Patrimônio Natural Engenheiro Eliezer Batista
Descobrindo o Paraíso
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Afinal, o tamanho da economia baseada nos desejos imateriais
do espírito humano, atrelada em atividades como esporte, religião e
reality shows, mostra quão tolo é imaginar que o importante para nossa
sociedade são meramente as necessidades do corpo. A gente não quer só
comida.
A Serra do Amolar, emergindo como uma ilha na Planície
Pantaneira, abriga florestas secas, cerrados e campos muito diferentes
daquelas da Planície e, como consequência, espécies animais distintas.
As comunidades biológicas desta região, cheia de surpresas, apenas
recentemente passaram a ser objeto de estudo por cientistas.
Este livro mostra os resultados de expedições de inventário biológico
feitas à RPPN – EEB nas estações seca e chuvosa, quando foram estudados
tanto a flora local como diversos grupos de invertebrados, sempre
ofuscados pela fauna vertebrada carismática, mas de maneira alguma
menos importantes. Os resultados incluem não apenas importantes
extensões de distribuição e novos registros para o Pantanal, mas também
a descoberta de espécies totalmente novas para a Ciência.
A RPPN – EEB, propriedade da MMX administrada pelo Instituto
Homem Pantaneiro é parte de uma notável iniciativa de conservação
baseada em áreas privadas no que é uma das porções mais importante do
Pantanal. Região de extrema importância ambiental e rara beleza vizinha
ao Parque Nacional do Pantanal Matogrossense, um total de 272.952 ha
da Serra são protegidos pela Rede de Proteção e Conservação da Serra
do Amolar, que inclui quatro reservas particulares do patrimônio natural
(RPPNs) da Fundação Ecotrópica, a RPPN-EEB, a Fazenda Santa Tereza
e o Instituto Acaia.
Esta iniciativa é parte da melhor esperança de que uma parcela
exuberante e viável do Pantanal sobreviva a este momento crucial da
história da Humanidade e possa, se tudo correr bem, ser legado àqueles
que nos sucederão. Ela também mostra como o setor privado pode ser um
ator positivo na conservação de um legado natural para o futuro quando
os agentes governamentais aos quais se atribui esta função carecem de
visão, recursos ou interesse.
Benfeitores privados criaram instituições como o MASP ou o
Smithsonian como presentes para a sociedade. Em tempos onde um
reconhecimento cada vez maior da importância das questões ambientais
se choca com as demandas de consumo cada vez maiores de nossa
sociedade, é animador ver que o espírito daqueles benfeitores continua
não apenas presente, mas também inclui a ações para a conservação da
Natureza.
Mais de um sábio, ao longo da História, notou que uma das medidas
da civilização de uma sociedade ou de indivíduos é a forma como trata a
Natureza. A iniciativa da MMX caminha no rumo certo.
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Aspectos Biológicos da Reserva Particular do Patrimônio Natural Engenheiro Eliezer Batista
Descobrindo o Paraíso
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Introdução e área de estudo
Alessandra Bertassoni¹, Viviane Fonseca Moreira ¹, Stephanie Leal¹ & Grasiela Porfírio¹,²
¹ Setor de Meio Ambiente do Instituto Homem Pantaneiro (IHP), Ladeira Jose Bonifácio,
171, Porto Geral, Corumbá (MS), Brasil. CEP: 79.300-900 - e-mail: alebertassoni@hotmail.
com, [email protected], stephanie@institutohomempantaneiro.
org.br ² Departamento de Biologia e CESAM – Centro de Estudos do Ambiente e do
Mar. Laboratório de Vida Selvagem. 3810-193. Campus de Santiago. Universidade de
Aveiro, Portugal. e-mail: [email protected]
Pantanal
O Pantanal é o maior complexo de áreas úmidas do mundo, uma grande
planície de sedimentação, com cerca de 160.000 km². Está inserido em
grande parte na região do centro-oeste brasileiro, abrangendo aproximadamente 140.000 km², na Bolívia com 15.000 km², e no Paraguai, com
a menor área, 5.000 km² (Junk et al., 2006). O Pantanal ou planície pantaneira é parte integrante da bacia hidrográfica do Alto Paraguai (BAP),
a qual possui uma área em território brasileiro de 361.666 km² (Silva &
Abdon, 1998), setorizada em Planalto (64%) e Planície pantaneira (36%).
Essas duas grandes unidades geomorfológicas da BAP são distintas em
recursos naturais e comportamentos hidrológicos, contudo são interdependentes em seus processos ecológicos, uma vez que o Planalto acomoda as nascentes dos principais rios que alimentam a planície pantaneira.
A planície aluvionar do Pantanal tem seus limites marcados por variados sistemas de elevações do planalto, como chapadas, serras e maciços
(Magalhães, 1992). Por exemplo, a Chapada dos Guimarães, as Serras
de Maracajú, Amolar e Bodoquena; e o Maciço do Urucum. A planície
é recortada por vários rios, como o Cuiabá, Piquiri, Taquari, Paraguai e
Aquidauana; todos pertencentes à BAP. Essa última condição faz com
que o Pantanal seja considerado uma das maiores áreas úmidas contínuas
do planeta (Pearson & Beletsky, 2005). Por esse conjunto de atributos,
foi intitulado como Patrimônio Nacional pela Constituição Brasileira e
Patrimônio da Humanidade e Reserva da Biosfera pela UNESCO (Unesco,
2010). Além disso, figura como uma das últimas 37 grandes áreas selvagens do planeta (Mittermeier et al., 2003) e possui três sítios Ramsar
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Descobrindo o Paraíso
Aspectos Biológicos da Reserva Particular do Patrimônio Natural Engenheiro Eliezer Batista
39
reconhecidos: o Parque Nacional do Pantanal Matogrossense, a Reserva
Particular do Patrimônio Natural (RPPN) do SESC Pantanal e a RPPN
Fazenda Rio Negro (Ramsar & MMA, 2010).
A fitogeografia do Pantanal compreende um mosaico de paisagens, devido a uma ampla diversidade de condições ambientais. Ao leste, a principal influência é do bioma Cerrado, com ecótones de Floresta Atlântica. No extremo norte, predomina vegetação característica da Floresta
Amazônica, bem como vegetação ecotonal entre os dois ecossistemas.
Por fim, a oeste, surge a influência do Chaco. Nas áreas mais elevadas,
podem ocorrer fragmentos de formações afins da Caatinga (MMA, 2006).
As regiões fitoecológicas do Pantanal são compostas por florestas estacionais decíduas, florestas estacionais semidecíduas, savana (cerrado)
e savana estépica (chaco). Também ocorrem áreas de ecótones entre as
categorias e áreas de vegetação pioneira com influência fluvial (Silva &
Abdon, 2006).
O clima do Pantanal apresenta sazonalidade bem definida, com uma
temperatura média de cerca de 25o C (Fernandes et al., 2010). A classificação climática, segundo Köppen, é do tipo Aw (savana), apresentando
clima quente e úmido no verão, com estação chuvosa de outubro a abril e
seca no inverno, de maio a setembro (Rohli & Vega, 2008), onde o clima é
seco e as temperaturas são relativamente mais baixas. Frentes frias vindas
do sul do país podem ocorrer ao longo do ano, provocando quedas bruscas de temperatura durante alguns dias. O período de chuvas concentra
cerca de 70 a 80% da média pluviométrica anual. A precipitação média
anual deste ecossistema é de cerca de 1.400 mm, variando entre 800 e
1.600 mm (ANA et al., 2005).
As chuvas sazonais, juntamente com um solo predominantemente sedimentar e a baixa declividade do relevo pantaneiro, contribuem para
o transbordamento dos rios e consequentemente para a inundação da
planície. O regime de inundações apresenta variações periódicas anuais,
as quais podem trazer alternância de períodos plurianuais secos e de
cheias, ambos acima da média (Jesus, 2003; Junk et al., 2006).
O pulso hídrico ou de inundação do Pantanal é o principal fenômeno determinante da produtividade dos ecossistemas locais e sua biodiversidade
(Calheiros, 2003; Resende, 2008; Santos & Calil, 2010). A inundação é um
fator determinante para a fertilidade da terra, a riqueza das comunidades
de organismos aquáticos (base da cadeia alimentar deste ecossistema), e
também para a economia regional. Esta última é baseada principalmente
na pecuária, pesca profissional, pesca desportiva e no ecoturismo, o qual
move vários setores econômicos (Harris et al., 2005; Padovani & Jongman, 2006; Resende, 2008).
40
Aspectos Biológicos da Reserva Particular do Patrimônio Natural Engenheiro Eliezer Batista
Descobrindo o Paraíso
As Ameaças à Planície Pantaneira
• Alterações e perdas de habitat
As alterações e supressões de habitat no Pantanal geralmente têm como
causa principal o desmatamento e as queimadas para abertura de pastagens para o gado.
Até o ano de 2004, a estimativa de perdas da vegetação original na planície
pantaneira estava em cerca de 17,5%, o que corresponde a uma área aproximada de 25.750 km². Dessa percentagem, 11% estão no Pantanal do Estado de Mato Grosso do Sul e 6% no Mato Grosso (Harris et al., 2006).
A remoção da vegetação, essencialmente nos planaltos adjacentes onde
se situam as nascentes dos principais rios contribuintes ao Pantanal, é
uma grande ameaça aos habitats. Ainda, a conversão de habitats naturais
no planalto para lavoura, pastagem e extração mineral podem provocar
processos erosivos intensos. Os sedimentos resultantes da erosão acabam
sendo depositados na planície pantaneira, alterando os padrões do fluxo
da água e os regimes hidrológicos locais. Um exemplo desse processo é o
assoreamento do rio Taquari (Harris et al., 2005; Junk et al., 2006).
O hábito de atear fogo é uma prática comum no Pantanal, assim como o
uso de queimadas para a abertura de pastos para o gado. Contudo, é frequente a perda de controle do fogo, resultando em incêndios florestais,
principalmente em épocas de estiagem (Harris et al., 2005).
• Contaminação e poluição por efluentes inorgânicos devido à
presença de indústrias pesadas
Situam-se no Pantanal algumas indústrias pesadas que atuam no beneficiamento de grandes quantidades de matéria-prima para serem utilizadas na fabricação ou no funcionamento de outros bens, tais como
fábricas de cimento, siderúrgicas, mineradoras e empresas de gás. Dentre
41
os impactos ambientais causados pelo segundo setor estão a poluição de
corpos d’água, do ar, sonora, subsidência do terreno, degradação de áreas
naturais e emissão de particulados.
Em relação às empresas mineradoras, pode-se citar a ameaça pela contaminação das bacias hidrográficas por dejetos produzidos pelo processamento do minério de ferro, manganês e carbonato de cálcio (Harris et
al., 2006; Alho, 2011). Ainda, como grande parte dos produtos minerais é
transportada via rio Paraguai, há riscos de acidentes e naufrágios e, portanto, de poluição.
Usinas hidrelétricas e a construção de barragens, tanto no Planato adjacente como na planície pantaneira, podem causar impactos ecológicos
cumulativos (Girard, 2002). Usinas hidrelétricas estão planejadas ou em
construção em grandes afluentes do alto rio Paraguai (Junk et al., 2006),
a exemplo das usinas instaladas em Itiquira, Correntes e Casca na subbacia do rio Cuiabá, e da previsão de nove pequenas centrais hidrelétricas
na bacia do Taquari (Lucianer, 2010). A hidrelétrica do Manso, perto de
Cuiabá, é considerada de grande porte, e dentre os impactos cumulativos
estão a interrupção da rota de migração de muitas espécies de peixes do
Pantanal às suas áreas de desova, impactos sobre os ecossistemas terrestres adjacentes e alteração do regime de inundação do rio Cuiabá (Girard,
2002; Junk et al., 2006).
alguns pesquisadores (Junk et al., 2006). Este status ocorre em razão das
atividades de implementação e construção de melhorias de navegação
das vias fluviais que, por sua vez, provocam alterações de canais e barrancos que englobam as margens dos corpos hídricos. Tais modificações
podem interferir, em grande escala, na amplitude e periodicidade do
pulso hídrico, de forma a promover mudanças nos padrões temporais e
espaciais das comunidades biológicas e nos processos ecológicos (Allan
& Johnson, 1997; Gottens et al., 1998; Mittermeier et al., 2003; Calheiros,
2003; Harris et al., 2005; Millennium Ecosystem Assessment, 2005; Harris et al., 2006; Junk et al., 2006; Zugaib, 2006; Alho, 2011).
• Hidrovia Paraguai-Paraná
Na década de 1980, um grande projeto de estruturação para a Hidrovia
Paraguai-Paraná foi concebido (WWF, 2001; Zugaib, 2006). Porém, no
ano de 2000, por pressão de ONGs conservacionistas e instituições de
pesquisa, o governo brasileiro recuou na realização deste grande empreendimento (Junk et al., 2006). Contudo, empresas privadas continuaram a implementação de infra-estrutura para hidrovia (Junk et al., 2006;
Zugaib, 2006), e atualmente a AHIPAR – Administração da Hidrovia do
Paraguai do Ministério dos Transportes do Brasil tem a competência de
acompanhar e executar as atividades de manutenção, estudos, obras,
serviços e exploração dos rios e portos na bacia hidrográfica do rio Paraguai (AHIPAR, 2010).
A Hidrovia é considerada uma das maiores ameaças para o Pantanal por
• Exploração de estoques pesqueiros
A exploração dos grandes estoques das espécies de peixe de valor comercial no Pantanal é uma ameaça significativa, uma vez que a pesca é uma
das principais atividades econômicas, atrás somente da pecuária extensiva (Calheiros, 2003). A partir do ano 2000, a captura de peixes diminuiu,
e dentre as hipóteses para explicar esse fato está a “diminuição das populações naturais em decorrência do uso” (Albuquerque & Catella, 2009).
As espécies mais capturadas são o pintado (Pseudoplatystoma corruscans), a cachara (Pseudoplatystoma reticulatum) e o pacu (Piaractus
mesopotamicus), em decorrência de alcançarem os melhores preços para
comercialização (Albuquerque & Catella, 2009).
A comercialização de iscas vivas é uma realidade para o Pantanal, em
função da demanda para a pesca desportiva e profissional. As iscas (tuvira, tuvirão, caranguejo, mussum, jejum, cascudo, entre outras) podem ser
capturadas em qualquer época do ano e configuram-se como uma opção
de renda alternativa para muitos pescadores e ribeirinhos. A maior preocupação em relação a essa atividade é o seu potencial para a introdução
e disseminação de espécies exóticas, uma vez que o comércio das iscas
é realizado da Bacia do Alto Paraguai para outras bacias hidrográficas
(Catella et al., 2009).
• Caça ilegal
O comércio internacional de peles de jacarés-do-pantanal (Caiman
yacare) e ariranhas (Pteronura brasiliensis) nas décadas de 1950 e 1960
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Aspectos Biológicos da Reserva Particular do Patrimônio Natural Engenheiro Eliezer Batista
Descobrindo o Paraíso
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foi uma das atividades mais lucrativas da região. As populações de jacarés entraram em declínio populacional e as ariranhas foram caçadas até
quase desaparecerem (Tomas et al., 2000; Harris et al., 2005). Na década
de 1980, e durante muitos anos decorrentes, a caça ilegal do jacaré-doPantanal era uma atividade comum, principalmente em áreas de rios,
onde muitos espécimes foram mortos (Campos et al., 2005). A matança
desses jacarés estava pautada na comercialização da pele e, secundariamente, para o consumo da carne.
Alguns felinos, como a onça-pintada (Panthera onca) e a parda (Puma
concolor), têm sido perseguidos por produtores rurais devido à predação
ao gado (Harris et al., 2005; Junk et al., 2006; Azevedo & Murray, 2007).
Entre 2010 e 2011, uma investigação da Polícia Federal descobriu um esquema de safáris de caça ilegal de diversas espécies de animais para turistas estrangeiros no Pantanal, com foco em onças pardas e pintadas.
Segundo Junk e colaboradores (2006), a caça de subsistência também
acontece em várias regiões do Pantanal, e dentre as espécies-alvo estão
a paca (Agouti paca), veados (Mazama spp.) e tatu-galinha (Dasypus
novemcinctus).
Outra espécie com pressão de caça é o porco monteiro (Sus scrofa). Esse
porco feral chegou ao Pantanal há cerca de dois séculos e estabeleceu
grandes populações. As consequências desse estabelecimento na planície
ainda são pouco compreendidas do ponto de vista ecológico. Contudo, o
porco monteiro tem sido considerado uma espécie de franca preferência
pelos pantaneiros, sendo o sistema de sua caça inserido na cultura regional (Desbiez et al., 2009).
macropomum) são espécies invasoras no Pantanal (Harris et al., 2005;
Soares et al., 2005; Junk et al., 2006). O acompanhamento quanto à dispersão e capacidade de colonização dos rios do Pantanal pelo mexilhão
dourado está sendo monitorado pela Embrapa Pantanal. Essa espécie
exótica é originária da China e foi transportada desde a Argentina via
navegação pela Hidrovia Paraguai-Paraná (Oliveira et al., 2004). O tucunaré, peixe originário da bacia amazônica, é um predador voraz e sua
introdução no Sudeste do Brasil resultou em extinções locais (Harris et
al., 2005; Junk et al., 2006).
A braquiária (Brachiaria subquadripara) e o capim-colonião (Panicum
sp.) são as principais espécies forrageiras exóticas. Ambas as espécies
vegetais são largamente cultivadas no Pantanal e formam densos aglomerados, podendo suprimir a flora local. Além disso, constituem uma biomassa perigosa quando ocorre o fogo (Pott, 2007).
A Sub-região do Paraguai e Serra do Amolar
• Introdução de espécies invasoras
A introdução de espécies é considerada, em termos gerais, a segunda
maior ameaça para a biodiversidade, ficando atrás somente da perda de
habitat. Essa introdução aumenta os riscos de extinção das espécies locais, em função de predação, competição, destruição de habitats, entre
outros. Contudo, alguns elementos, como a sensibilidade do ambiente e
a capacidade de estabelecimento da espécie invasora, são relacionados a
esses riscos (Soares et al., 2005).
O mexilhão dourado (Limnoperna fortunei), o caramujo-gigante-africano (Achatina fulica), o tucunaré (Cichla sp.) e o tambaqui (Colossoma
A extensa área que comporta o Pantanal brasileiro, estimada por Silva &
Abdon (1998) em 138.183 km2, apresenta inúmeras variações, em nível
florístico, edáfico, climático, topográfico e em aspectos que vão desde
a quantidade de corpos d’água (drenagem) às formações circundantes.
Vários estudos foram realizados com foco nas diferenciações da planície
pantaneira, sendo que esta já foi dividida de seis a 17 sub-regiões. Neste
livro consideramos a classificação de Silva & Abdon (1998), que divide o
Pantanal em 11 sub-regiões: Cáceres, Poconé, Barão de Melgaço, Paiaguás,
Nhecolândia, Abobral, Aquidauana, Miranda, Nabileque, Porto Murtinho e Paraguai.
A sub-região do Pantanal denominada Paraguai, em razão do rio, se localiza a oeste do Pantanal (Silva & Abdon, 1998), agrega área dos municípios de Poconé (MT), Corumbá e Ladário (MS), e é delimitada morfologicamente pela Serra do Amolar e pelo Maciço do Urucum (Junk et
al., 2006). A área dessa sub-região compreende 8.147 km2, representando
cerca de 6% do Pantanal brasileiro e fazendo fronteira com a Bolívia.
A região encontra-se em uma das unidades de drenagem ecológica classi-
44
Aspectos Biológicos da Reserva Particular do Patrimônio Natural Engenheiro Eliezer Batista
Descobrindo o Paraíso
45
ficada pela The Nature Conservancy - TNC, no grupo ecológico Pantanal
do rio Paraguai (Jesus, 2003; Higgins et al., 2005). A definição do porte da
maioria dos cursos de água da região é de “grande porte” – de 1.000 a 2.000
km. O regime hidrológico da região tem como principal elemento o rio
Paraguai, sendo considerada uma área de alta inundação, cujo período de
cheia se estende de fevereiro a abril. Os corixos (cursos d’água menores,
com volume e leito variáveis conforme a época do ano) e as baías (lagoas
que podem ser permanentes ou temporárias) são de difícil distinção com
as águas do rio, formando uma extensa área alagável. Nessa sub-região há
a presença de grandes baías permanentemente alagadas, sendo elas a do
Castelo, Vermelha, Mandioré, Gaíva e Uberaba (Jesus, 2003).
A Serra do Amolar tem início a cerca de 180 km do município de Corumbá
e prossegue nas cristas montanhosas orientadas no sentido sudeste - noroeste, por mais 40 km ao longo da fronteira com a Bolívia, até atingir a
divisa com o Estado de Mato Grosso. As suas morrarias de origem PréCambriana funcionam como um controle geológico do escoamento das
águas do Pantanal e desempenham um importante papel na intrincada
rede ecológica que integra rios, planícies e comunidades bióticas (Collischonn et al., 2005). O seu ponto mais elevado é o Pico do Amolar, com
aproximadamente 1.000 m de altitude. A característica peculiar desta
região é a presença desta formação montanhosa relativamente isolada
(Instituto Homem Pantaneiro, no prelo) associada com as influências do
rio Paraguai.
Os principais tipos vegetacionais encontrados nessa região são as savanas
gramíneo lenhosa inundável e não-inundável, florestada e arborizada,
floresta estacional semidecidual, além de áreas de transição com formações aluviais. Esses ambientes são altamente decíduos e na estiagem
apresentam alta vulnerabilidade aos incêndios florestais. Ainda, pela
proximidade geográfica com a Bolívia, a área também apresenta influência das formações da ecorregião do Bosque Seco Chiquitano (Vides-Almonacid et al., 2007; Pott & Pott, 2009). Segundo Pott et al. (1997), a flora
da região ainda é pouco conhecida, em função de coletas escassas. Esta
carência de estudos científicos sistematizados, em relação à caracterização da flora e da fauna, também foi verificada pelo Instituto Homem
Pantaneiro (no prelo). Contudo, a associação da riqueza de espécies e
dos processos ecológicos entre a planície pantaneira e a Serra do Amolar faz desta uma região estratégica para a conservação do Pantanal, por
formar um corredor biológico e geográfico potencialmente importante
(Fundação Ecotrópica, 2003).
O Pantanal é uma área de grande significado para a conservação, devendo ser priorizada em programas regionais e merecendo especial atenção
devido à sua vulnerabilidade aos principais vetores de impacto atuantes
na região (Harris et al., 2006).
46
Aspectos Biológicos da Reserva Particular do Patrimônio Natural Engenheiro Eliezer Batista
Descobrindo o Paraíso
A Reserva Particular do Patrimônio Natural
Engenheiro Eliezer Batista – RPPN EEB
As planícies alagáveis estão entre os ecossistemas mais frágeis e ameaçados do mundo, pois estão sujeitas ao impacto causado pelas atividades
antrópicas, tanto no solo adjacente da planície quanto nas águas que
as compõem (Moore, 2006). Porém, apesar do conhecimento sobre
a relevância do Pantanal
e do seu entorno para a
manutenção dos recursos
hídricos, assim como para
a conservação da biodiversidade regional, há poucas
áreas que garantem sua proteção (Harris et al., 2006).
Em todo esse contexto encontra-se a Reserva Particular do Patrimônio Natural
Engenheiro Eliezer Batista
(EEB; figura 1 e 2).
Figura 1 – Contexto geográfico da área
da Reserva Particular do Patrimônio
Natural Engenheiro Eliezer Batista,
Serra do Amolar, Corumbá/MS. Fonte:
Instituto Homem Pantaneiro, 2008.
47
Figura 2 – Área da Reserva Particular do Patrimônio Natural Engenheiro Eliezer Batista
situada na Serra do Amolar, município de Corumbá/MS. Foto: Haroldo Palo Jr.
Uma RPPN é definida pelo Sistema Nacional de Unidades de
Conservação (SNUC), na Lei n° 9.985, como “uma área privada, gravada
com perpetuidade, com o objetivo de conservar a diversidade biológica”.
Nestas áreas somente são permitidas as atividades de pesquisa científica,
visitação com objetivos turísticos, recreativos e educacionais (SNUC,
2004).
A RPPN EEB tem como atores principais de sua criação a empresa
MMX Mineração e Metálicos S.A. e o Instituto Homem Pantaneiro (IHP).
Essa união conciliou os objetivos do IHP com o comportamento empresarial
proativo da MMX. O IHP é uma Organização Não-Governamental de
Direito Privado, criada em 2002 e localizada no município de Corumbá,
no Estado de Mato Grosso do Sul. A missão da instituição é atuar na
promoção do desenvolvimento e da melhoria da qualidade ambiental
no Pantanal, por meio de ações que promovam a educação, a cultura,
o desenvolvimento social, a preservação e a conservação do patrimônio
cultural e ambiental.
A partir da parceria entre MMX e IHP, em 21 de julho de 2006, foram
adquiridas as áreas das fazendas Novos Dourados e Morrinhos, que somam
juntas 20.260,47 hectares. Após duas expedições de cunho científico,
uma em novembro de 2006 e outra em maio de 2007, foram definidos os
zoneamentos da RPPN e as prioridades para o Plano de Manejo. Em 24
de julho de 2008, através da Portaria nº 51 do Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiversidade – ICMBio, foi criada a RPPN EEB, com
uma área de 12.608,79 hectares (Medeiros, 2008). A responsabilidade do
48
Descobrindo o Paraíso
IHP para com a MMX, como gestor da área, é a de viabilizar técnica e
operacionalmente a execução das atividades necessárias à implantação,
consolidação e desenvolvimento da RPPN (Instituto Homem Pantaneiro,
no prelo).
A RPPN EEB (S 18°05’26”, O 57°28’29”) está localizada ao sul do
Parque Nacional do Pantanal Matogrossense (Parna Pantanal), no
Estado do Mato Grosso do Sul, a noroeste da cidade de Corumbá, e o
seu limite oeste faz fronteira com a Bolívia. Dentro da área da RPPN há
dois inselbergs, o Morro do Chané e o Morro do Campo, que apresentam
uma altitude de cerca de 500 a 600 metros e as primeiras montanhas da
Serra do Amolar: o Morro Comprido, o Morro Morrinhos, o Morro das
Cabras e o Morro Novos Dourados. Dentre os limites geográficos, a RPPN
EEB é margeada pelo rio Paraguai e pela Baía Mandioré. O rio Paraguai
é o principal responsável pela drenagem do Pantanal e um importante
elemento hídrico no pulso de inundação anual deste ecossistema
(Fernandes et al., 2010). A Baía Mandioré é uma das grandes baías da
planície pantaneira; suas águas circundam algumas das morrarias do
Amolar e em toda a extensão faz fronteira com a Bolívia. A associação
entre as áreas montanhosas e a planície de inundação forma um
gradiente ecológico único, sendo a característica peculiar da RPPN EEB.
Essa área ainda desempenha um papel de extrema importância para a
manutenção dos estoques pesqueiros do Pantanal e como refúgio para a
fauna em épocas de inundação intensa, em razão do seu relevo (Unesco,
2010). A área da RPPN EEB merece destaque também por apresentar uma
fauna e flora de beleza exuberante e um cenário paisagístico raramente
encontrado em outras áreas do mundo.
A Coleção Biológica Didática RPPN EEB
O manejo sustentado dos recursos naturais deve ser consolidado
para o Pantanal, a sub-região do Paraguai, a Serra do Amolar e a RPPN
EEB. Contudo, isso só será alcançado com base em estudos biológicos
e ecológicos, os quais devem ter um olhar atento para as ameaças
supracitadas. A identificação taxonômica é o primeiro passo. Sendo
assim, cabe a máxima “Conhecer para conservar” (Pott & Pott, 1994). A
necessidade de descobrir, descrever e catalogar a diversidade de espécies
Aspectos Biológicos da Reserva Particular do Patrimônio Natural Engenheiro Eliezer Batista
49
do mundo, bem como analisar e sintetizar essas informações, é ainda algo
que deve ser concretizado e materializado no século XXI. Foi nesta linha
de pensamento que o IHP iniciou em abril de 2010 a montagem de uma
coleção biológica didática na RPPN EEB.
As coleções biológicas compreendem bancos de materiais,
sejam eles vivos ou preservados, e os dados a eles associados, como
a identificação, descrição e os estudos da biologia. Segundo Martins
(1994), uma coleção é a reunião ordenada de espécimes mortos ou
partes corporais, devidamente preservados; e ainda normalmente a
essas coleções estão associados “produtos resultantes de atividades”,
tais como ninhos, abrigos, excrementos, rastros, pegadas, entre outros.
Esses materiais servem como ferramentas para estudos, testemunhos
de biodiversidade e como apoio fundamentado para muitas áreas do
conhecimento (Peixoto & Morim, 2003).
Existem vários tipos de coleções biológicas, e uma delas é a
didática. Uma coleção biológica didática tem como finalidade propagar
conhecimento biológico e ecológico, sendo uma ferramenta indispensável
ao ensino das ciências naturais, pois o aprendizado se dá de forma visual,
facilitando a compreensão de parte do ambiente representado (IBAMA,
2007). Bem como proporciona, além da aproximação com o mundo
natural, a observação, o registro e a interpretação da natureza.
Em uma unidade de conservação de qualquer categoria, as coleções
significam uma fonte importante de informação que pode ser acessada
facilmente a posteriori. Dessa forma, é de grande valia ter uma coleção
biológica com espécimes da RPPN EEB. O IHP, como gestor da área,
teve como objetivo coletar, montar e administrar a Coleção Biológica
Didática RPPN EEB, destinada à exposição, demonstração e propagação
do conhecimento ambiental e biológico.
Assim, o trabalho de coleta de materiais na RPPN EEB foi realizado
em duas campanhas de 10 dias consecutivos, no período de 24 de julho
a 04 de agosto de 2010, referente ao período de seca (Campanha I), e no
período de 26 de março a 05 de abril de 2011, referente ao período de cheia
(Campanha II). As campanhas estiveram sob a coordenação da bióloga
Viviane Fonseca Moreira, gestora do Setor de Meio Ambiente do IHP. Os
locais amostrados na RPPN EEB foram a estrada Mandioré (S 18°05’42”,
O 57°28’53”), as trilhas Amolar (S 18°05’38”, O 57°28’36”) e Morrinhos (S
18°06’20”, O 57°29’30”), bem como pontos da mata ciliar que margeia a
RPPN (De S 18°05’35”, O 57°28’11” a S 18°09’35”, O 57°22’20”) .
A estrada Mandioré é caracterizada pelos tipos vegetacionais
savana florestada e floresta estacional semidecidual (figura 3); esses
dois tipos também estão presentes na trilha Amolar, juntamente com
savana gramíneo-lenhosa (figura 4); já a trilha Morrinhos é constituída
por savana florestada e savana gramíneo-lenhosa (figura 5). A mata ciliar
da região é composta por alguns gêneros vegetais comuns na área, como
Ipomoea, Cissus, Bactris, Triplaris, Cobretum e Cecropia, bem como
gramíneas influenciadas pelo pulso de inundação (figura 6).
50
Aspectos Biológicos da Reserva Particular do Patrimônio Natural Engenheiro Eliezer Batista
Descobrindo o Paraíso
Figura 3 – Estrada Mandioré localizada na
Reserva Particular do Patrimônio Natural
Engenheiro Eliezer Batista, situada na Serra
do Amolar, município de Corumbá/MS. Foto
superior: início da Estrada Mandioré na época
de estiagem (Valdilene Garcia); foto inferior:
Final da Estrada Mandioré na época da cheia
(Daniel De Granville / Photo in natura).
51
Figura 4 – Trilha Amolar localizada na Reserva Particular do Patrimônio Natural Engenheiro Eliezer
Batista, situada na Serra do Amolar, município de Corumbá/MS. Foto superior: visão da vegetação
da trilha Amolar na época de estiagem (Alessandra Bertassoni); foto inferior: início da trilha Amolar
na época da cheia (Grasiela Porfírio).
Figura 5 – Trilha Morrinhos localizada na Reserva Particular do Patrimônio Natural Engenheiro
Eliezer Batista, situada na Serra do Amolar, município de Corumbá/MS. Foto superior: início da
trilha Morrinhos na época de estiagem (Alessandra Bertassoni); Foto inferior: visão da vegetação da
trilha Morrinhos na época da cheia (Daniel De Granville / Photo in natura).
52
Aspectos Biológicos da Reserva Particular do Patrimônio Natural Engenheiro Eliezer Batista
Descobrindo o Paraíso
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Figura 6 – Visão da mata ciliar que margeia a Reserva Particular do Patrimônio Natural Engenheiro Eliezer Batista, situada na Serra do Amolar, município de Corumbá/MS. Foto: Daniel De
Granville / Photo in natura.
As atividades de coleta foram realizadas mediante autorização
do Ministério do Meio Ambiente (MMA) e do Instituto Chico Mendes
de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), através da licença para
atividades científicas registradas sob o número 24006-1 / 2. As campanhas
seguiram um Plano de Ação, onde foram discriminados os grupos
de coleta divididos por Artrópodes, Mamíferos e Botânica, cada qual
coordenado por um responsável. O primeiro grupo pela bióloga e ecóloga
Camila Aoki, o segundo pela bióloga e ecóloga Alessandra Bertassoni e o
terceiro pelo biólogo Wellinton de Sá Arruda.
Ainda, em relação aos recursos humanos, foram envolvidas 28
pessoas nos trabalhos de campo, desde apoio logístico (cozinheira,
colaboradores gerais, etc.) a auxiliares de campo e coordenadores de
grupo. Um total de 37 profissionais especialistas (dentre eles doutores
em Biologia Vegetal, Ecologia, Zoologia e Entomologia) de instituições
de ensino superior e de pesquisa está envolvido na confecção dos
54
Descobrindo o Paraíso
capítulos deste livro, incluindo a identificação do material biológico
coletado. Essas instituições são a Universidade Federal de Mato Grosso
do Sul (Campus Campo Grande e Pantanal), Universidade Federal da
Grande Dourados, Universidade Federal de Goiás, Universidade Federal
do Paraná, Fundação Oswaldo Cruz, Instituto Butantan, Universidade
Federal de São João Del Rei, Museu Nacional da Universidade Federal do
Rio de Janeiro e Universidade de Aveiro.
Todo o material coletado em campo foi devidamente triado,
analisado e enviado para os especialistas devidos, para a realização de
estudos taxonômicos e de identificação. Após essa etapa, os materiais
foram acondicionados em caixas entomológicas, recipientes apropriados
e material para armazenamento de exsicatas, para que pudessem ser
depositados e expostos no acervo da Coleção Biológica Didática RPPN
EEB e nas demais instituições participantes do projeto.
O presente capítulo introduz a área na qual este livro desenvolveuse, levando ao leitor informações sobre o Pantanal, as peculiaridades
da região do Paraguai e da Serra do Amolar e a caracterização dos
locais de coleta dentro da RPPN EEB. O livro segue com as informações
coletadas nas campanhas referentes aos períodos de seca e de cheia, para
a realização da Coleção Biológica Didática RPPN EEB, com ocasional
junção (devidamente mencionada) de dados sintetizados de coletas
anteriores em períodos similares.
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Descobrindo o Paraíso
Aspectos Biológicos da Reserva Particular do Patrimônio Natural Engenheiro Eliezer Batista
61
Criação da Coleção de Material Botânico
62
Descobrindo o Paraíso
Aspectos Biológicos da Reserva Particular do Patrimônio Natural Engenheiro Eliezer Batista
foto: Daniel Granville
BO
TA
NI
63
Material Botânico
Aspectos Dinâmicos da Flora e Criação da
Coleção de Material Botânico da Reserva
Particular do Patrimônio Natural Engenheiro
Eliezer Batista, Serra do Amolar, Corumbá- MS.
Wellinton de Sá Arruda¹, Marcus V. S. Urquiza², Iria Hiromi Ishii², Geraldo A.
Damasceno-Júnior¹ & Regiane C. V. Galharte³
¹ Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegetal da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
– Campus de Campo Grande, Cidade Universitária, 549, 79070-900. e-mail: [email protected] &
[email protected]
² Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – Campus do Pantanal. Avenida Rio Branco, 1270,
Bairro Universitário, 79304-902, Corumbá-MS. e-mail: [email protected] &
[email protected]
³ Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – Campus de Campo Grande. Centro de Ciências
Biológicas e da Saúde, Cidade Universitária, 549, 79070-900, Campo Grande-MS. e-mail:
[email protected]
de estiagem (julho e agosto de 2010) e chuvoso (março e abril de 2011),
foram realizadas caminhadas pelos principais acessos da RPPN EEB, em
que foram coletados exemplares de 140 espécies botânicas. Destas, 49
espécies foram identificadas apenas a nível taxonômico de gênero. A área
de estudo possui uma flora composta por espécies de Cerrado, de Floresta
Estacional, da Floresta Amazônica, da Mata Atlântica e do Chaco, além de
combinações de grupos que ocorrem em mais de uma destas províncias
fitogeográficas. A partir da identificação do material coletado, foi possível
evidenciar fortes relações entre a área da RPPN EEB e estas províncias
fitogeográficas fronteiriças com o Pantanal com forte predominância de
espécies de Cerrado e de Floresta Estacional. Ainda são necessárias novas
coletas de material botânico a fim de que espécies que estavam apenas
com caracteres vegetativos no período de estudo sejam coletadas.
Introdução
Para o estudo da botânica é primordial que o pesquisador ou
estudante tenha conhecimento de práticas de coleta de material vegetal
e montagem de exemplares de referência para sua identificação por
comparação de caracteres morfológicos. Estes exemplares são as exsicatas
que permanecem guardadas durante anos em herbários, servindo
também de referência para futuros trabalhos em que haja a necessidade
da identificação de alguma espécie. A Serra do Amolar e áreas de entorno
estão localizadas na planície pantaneira no município de Corumbá – Mato
Grosso do Sul. Devido à dificuldade de acesso à região, a elaboração de
grandes estudos florísticos nesses locais ainda é escassa. A criação de uma
coleção botânica de referência situada na Serra do Amolar possibilita que
pesquisadores e estudantes tenham melhores condições para execução
de seus estudos, devido à possível utilização como referência em suas
identificações e como fiel depositária de exsicatas, evitando o extravio das
mesmas durante seu transporte pelo rio Paraguai (principal acesso a estas
áreas). Este estudo teve como finalidade abordar aspectos dinâmicos da
flora e criar uma coleção de material botânico na Reserva Particular do
Patrimônio Natural Engenheiro Eliezer Batista (RPPN EEB). No período
O Pantanal corresponde à maior planície sedimentar inundável do
hemisfério ocidental, ocorrendo dentro do Brasil, nos estados de Mato
Grosso (MT) e Mato Grosso do Sul (MS), na Bolívia e no Paraguai. Foi
formado no período quaternário e preenchido com depósitos aluviais dos
rios da Bacia do Alto Paraguai. A vegetação pantaneira está diretamente
relacionada com a baixa declividade do terreno, que, por apresentar
dificuldade de escoamento das águas, dá à vegetação um aspecto de
mosaico em sua distribuição. Existem grandes baías circundadas por
campos inundáveis, manchas de áreas florestadas nas partes mais
elevadas, além de florestas secas isoladas em morrarias residuais (Prance
& Schaller, 1982).
A flora do Pantanal se caracteriza por possuir espécies de ampla
distribuição do Cerrado, do Chaco, da Floresta Amazônica e da Mata
Atlântica (Ratter et al., 1988; Dubs, 1994). Ocorrem vários tipos de
fitofisionomias (cerrado sensu stricto, cerradão, floresta estacional, mata
ciliar, campos inundáveis (na planície) e campos de altitude (nos morros
residuais) e formações monodominantes (ver Pott & Pott, 2009).
Em relação à flora, o Pantanal ainda carece de informações de cunho
biogeográfico, principalmente em relação às morrarias residuais, que
apresentam difícil acesso e localização remota, tornando-se, em alguns
64
Aspectos Biológicos da Reserva Particular do Patrimônio Natural Engenheiro Eliezer Batista
Resumo
Descobrindo o Paraíso
65
casos, verdadeiras ilhas na planície pantaneira durante as inundações
mais intensas.
Conhecimentos básicos sobre coleta e manutenção de material
botânico de espécies vegetais em herbários são de grande valor para
pesquisadores e estudantes da taxonomia, biologia e ecologia vegetal,
tendo em vista que estes materiais constituem o principal instrumento
para a correta identificação das espécies (Fidalgo & Bononi, 1989).
Conseguir identificar corretamente as espécies é o primeiro passo
para o desenvolvimento e a aplicação eficazes de métodos de manejo
dos recursos vegetais (Marchiori, 1995). Por meio do conhecimento
da nomenclatura correta de uma espécie vegetal é possível encontrar
informações relevantes a respeito de sua distribuição, biologia, ecologia,
fenologia, fisiologia e potenciais de uso (Camargos et al., 1996). Dentro
deste contexto, a identificação botânica torna-se um pressuposto para
a aquisição de diferentes informações sobre espécies que possuem
características individuais e diferem nas propriedades, em que espécies
bem identificadas resultam em produtos homogêneos, seguros e com
qualidade. Além disso, a identificação científica assegura o uso sustentável
da floresta e promove o conhecimento sobre nossas espécies (Fidalgo &
Bononi, 1989; Ferreira, 2006).
Para que boas identificações taxonômicas possam ser realizadas,
é necessário que o pesquisador ou estudante possa ter contato com as
informações já existentes. Em relação à botânica, essas informações
podem ser obtidas dentro dos herbários.
Um herbário nada mais é do que uma coleção taxonômica que
reúne, de forma ordenada, exemplares secos de vegetais ou parte
destes (ramos com folhas, flores e/ou frutos), prensados e dessecados,
devidamente preservados para estudos (Moreira et al., 2010). Ao mesmo
tempo, consiste em um local de depósito de material testemunho que
tenha sido coletado em projetos de pesquisa, tanto em nível acadêmico
quanto em nível técnico. Seus principais objetivos são: dar suporte à
comunicação internacional ligada à taxonomia, por meio da identificação
e da classificação das plantas; contribuir com o reconhecimento da flora
local, regional, nacional ou internacional; realizar intercâmbio científico,
emprestando, doando ou permutando material; subsidiar os trabalhos
de pesquisa; guardar exsicatas de trabalhos de pesquisas pregressas e
fornecer material didático e científico para estudantes de graduação e de
pós-graduação (Moreira et al., 2010).
A Reserva Particular do Patrimônio Natural Engenheiro Eliezer
Batista (RPPN EEB) está localizada nos inselbergs da planície pantaneira
que constituem a Serra do Amolar. Esta localidade do município de
Corumbá-MS, junto à fronteira com a Bolívia, ainda é pouco estudada,
devido à dificuldade de acesso. Na medida em que ocorre a criação de
novas estruturas físicas (ex. alojamentos e trilhas) e intelectuais (ex.
coleções botânicas e zoológicas) nas proximidades locais, ocorre também
um maior investimento em pesquisa científica por parte dos estudiosos
interessados em trabalhos pioneiros. Isso é acarretado pela facilitação do
acesso ou da estada dos mesmos no local.
O objetivo deste trabalho foi apresentar uma discussão a respeito
da dinâmica da flora e montar uma coleção de exsicatas da RPPN EEB,
para a criação de um pequeno herbário dentro da própria Reserva.
66
Aspectos Biológicos da Reserva Particular do Patrimônio Natural Engenheiro Eliezer Batista
Descobrindo o Paraíso
Metodologia
Área de estudo
O estudo foi realizado na RPPN EEB (S 18°05’26”; O 57°28’29”),
localizada na Serra do Amolar, Corumbá-MS. De acordo com o sistema
de classificação de Köppen, o clima do município de Corumbá é do tipo
Aw, ou seja, tropical megatérmico (temperatura média do mês mais frio é
superior a 18ºC), com inverno seco e verão chuvoso, com média anual de
precipitação de 1.070 mm (Soriano, 1997).
Foram utilizadas três áreas para as coletas de material botânico
dentro da RPPN Engenheiro Eliezer Batista, com as seguintes
denominações:
Estrada Mandioré (S 18°05’42’’; O 57°28’53’’): Ao longo desta
estrada é possível perceber a forte influência da inundação causada
pelo extravasamento da baía Mandioré, no período de cheia. É possível
encontrar espécies arbóreas tolerantes a inundação, como Vochysia
divergens, regionalmente conhecido como cambará. Esta dinâmica
também permite que sua flora sofra modificações morfológicas e
67
fisiológicas (ex.: queda de folhas) por um período mais curto durante
a seca. A vegetação passa por transições entre manchas de floresta
estacional decidual, floresta estacional semidecidual e campos nativos.
Trilha Amolar (S 18°05’38’’; O 57°28’36’’): Esta área possui flora
caracterizada por transição entre formações de floresta estacional
semidecidual, cerradão e cerrado, conforme ocorre o aumento da altitude,
que chega a 368 m no ponto mais elevado.
Trilha Morrinhos (S 18°06’20’’; O 57°29’30’’): Está localizada em
uma área de morro, com a altitude variando entre 90 e 411 m, onde ocorre
transição entre floresta estacional decidual (mais abaixo) e campo de
altitude (em áreas mais elevadas), conforme o aumento da altitude.
Coleta de material botânico
As coletas de material botânico foram realizadas em duas expedições
de oito dias cada, nos meses de julho e agosto (estação seca) e de março a
abril (estação chuvosa). Este estudo privilegiou as espécies da flora local
Figura 1. Material botânico coletado na RPPN Engenheiro Eliezer Batista, Corumbá-MS, com
auxílio de tesoura de poda alta. Foto: Daniel De Granville/Photo in Natura.
que se apresentaram férteis (flores, frutos, esporos ou sementes), tendo
em vista a extrema importância para a identificação dos exemplares,
sendo imprescindível para a confecção de exsicatas.
Caminhadas foram realizadas nas trilhas e na estrada da RPPN em
busca de espécies férteis da flora local. Quando novos exemplares eram
avistados, o grupo de coletores adentrava nas formações vegetais para a
realização dos procedimentos de coleta. Todo material coletado seguiu os
padrões de coleta, montagem e preservação de acordo com os protocolos
dos herbários (Fidalgo & Bononi, 1989).
Plantas de hábito arbóreo tiveram o material fértil coletado com
auxílio de tesoura de poda alta. Já os arbustos, ervas e lianas foram
coletadas com tesoura de poda (Figura 1). Epífitas puderam ser coletadas
com auxílio de uma espátula. Todo material de menor porte, tais como
folhas, flores e pequenos frutos, foram prensados em jornais e prensas
de campo (Figura 2). Amostras que não pudessem ser prensadas (ex.:
frutos carnosos) foram armazenadas em sacos de papel de tamanhos
apropriados.
68
Descobrindo o Paraíso
Figura 2. Material botânico sendo prensado em jornal e prensas de campo na Reserva Particular
do Patrimônio Natural Engenheiro Eliezer Batista, Corumbá-MS. Foto: Bolivar Porto.
Aspectos Biológicos da Reserva Particular do Patrimônio Natural Engenheiro Eliezer Batista
69
Montagem de exsicatas
O material coletado foi levado ao Herbário COR, da Universidade
Federal de Mato Grosso do Sul – Campus do Pantanal, para início dos
procedimentos de montagem das exsicatas. Dentro das prensas de campo
foram inseridos pedaços de papelão e placas de alumínio “sanfonadas”,
com a finalidade de aumentar a eficiência da secagem das plantas devido
ao aumento da temperatura, proporcionando melhor evaporação da
umidade das amostras. Em seguida as prensas foram colocadas dentro de
uma estufa para secagem dos exemplares.
Após a secagem, as exsicatas foram confeccionadas em cartolina e
papel pardo (Figuras 3 e 4). O registro das informações referentes a cada
exemplar foi feito em fichas individuais para cada um e em um arquivo
digital disponível no herbário da RPPN EEB.
A identificação do material seguiu o sistema APG II, e foi realizada
com utilização de literatura especializada (Lorenzi, 1992; Lorenzi, 2009;
Pott & Pott, 1994) e comparações com exemplares pertencentes ao
Herbário COR.
Resultados
De acordo com seu plano de manejo, a RPPN EEB apresenta
catalogadas até o momento 287 espécies vegetais, incluindo desde
plantas aquáticas, inclusive algas macroscópicas, até espécies herbáceas
e arbóreas (Instituto Homem Pantaneiro et al., no prelo).
Durante este estudo foram coletados exemplares de 140 espécies
para a montagem de exsicatas. Deste total, 49 não puderam ser
identificadas em nível de espécie, permanecendo determinadas a nível
taxonômico de gênero (Tabela 1).
Das 140 espécies coletadas, 28 (20,00%) foram encontradas férteis
durante a expedição da estação seca e 122 (87,14%) espécies estavam férteis
durante a expedição da estação chuvosa. Apenas 10 (7,14%) espécies foram
encontradas férteis durante as duas expedições de campo, evidenciando a
sazonalidade da fenologia da comunidade local.
Os espécimes que ainda não foram identificados até nível de espécie
serão analisados novamente a partir dos procedimentos de permuta entre
herbários.
Figura 3. Exsicata de Triplaris gardneriana Wedd.
coletada na Reserva Particular do Patrimônio
Natural Engenheiro Eliezer Batista, Corumbá-MS.
Foto: Daniel De Granville/Photo in Natura.
70
Figura 4. Exsicatas em fase final de preparação na Reserva Particular do Patrimônio Natural
Engenheiro Eliezer Batista, Corumbá-MS. Foto: Daniel De Granville/Photo in Natura.
Descobrindo o Paraíso
Aspectos Biológicos da Reserva Particular do Patrimônio Natural Engenheiro Eliezer Batista
71
Tabela 1. Lista de exemplares da coleção de material botânico do herbário da Reserva Particular
de Patrimônio Natural Engenheiro Eliezer Batista, Serra do Amolar, Corumbá-MS.
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Descobrindo o Paraíso
Aspectos Biológicos da Reserva Particular do Patrimônio Natural Engenheiro Eliezer Batista
73
Discussão
Em uma revisão sobre aspectos dinâmicos e fitogeográficos
do Pantanal, Pott & Pott (2009) agruparam as principais espécies
arbóreas segundo suas floras de origem (Cerrado, Floresta Estacional,
Chaco, Amazônica, Bacia do Paraguai-Paraná e Floresta Atlântica),
acrescentando uma categoria para espécies de ampla distribuição (de
ocorrência em vários biomas). Neste trabalho Pott & Pott (2009) puderam
constatar que no Pantanal existe uma prevalência de táxons de grande
amplitude ecológica, devido ao fato de a maioria das espécies lenhosas
não ser exclusiva de uma única província biogeográfica.
A flora encontrada no território pantaneiro recebe influências
da flora amazônica a noroeste, de floresta atlântica ao sul e sudeste, na
Serra da Bodoquena e arredores e nas cabeceiras dos rios Aquidauana e
Miranda, da flora chaquenha a sudoeste, em argilas pesadas e alcalinas
nas sub-regiões de Porto Murtinho, Nabileque e Miranda, e do Cerrado
em solos arenosos distróficos com boa drenagem (Adámoli, 1986; Pott &
Pott, 2009; Pott et al., 2011). Estas floras são determinadas diretamente
pela sazonalidade marcante dos períodos de cheia e seca, pelas pequenas
diferenças topográficas na planície, pelas grandes diferenças topográficas
nos morros residuais de
entorno, pela tolerância das espécies à inundação e pelas queimadas
ocasionais (Pott et al., 1986; Pott & Pott, 2009; Ratter, 1988).
De maneira geral a flora pantaneira é composta pelas espécies
de ampla distribuição, contingentes de Cerrado, Floresta Estacional
e por combinações de grupos que ocorrem em mais de uma província
fitogeográfica – Chaco, Floresta Amazônica, Floresta Atlântica e Bacia do
Paraná-Paraguai (Prance & Schaller, 1982; Pott & Pott, 2009).
Na área de domínio pantaneiro, podemos encontrar grandes áreas
ocupadas por muitas espécies neotropicais de gramíneas, ciperáceas
e outras ervas (Pott & Adámoli, 1999) do grupo de ampla distribuição
definido por Pott & Pott (2009), além de vegetação do Cerrado. Devido
a este predomínio de savanas, o Pantanal por vezes é enquadrado como
pertencente ao bioma Cerrado (Junk et al., 2006).
Na RPPN EEB são encontradas: formações de mata ciliar, às
margens do rio Paraguai, campos inundáveis, em torno da baía Mandioré,
74
Descobrindo o Paraíso
Aspectos Biológicos da Reserva Particular do Patrimônio Natural Engenheiro Eliezer Batista
75
formações de floresta estacional, conforme ocorre o aumento da altitude,
e, nas partes mais elevadas, cerradão com transição para formações de
cerrado senso stricto. Dentro do território da RPPN EEB não ocorre
a transição de cerrado senso stricto para campos de altitude como em
outras formações de planalto residual (ex.: Morraria do Urucum –
altitude acima de 800 m). Entretanto, as mesmas ocorrem em morros
muito próximos e interligados, como, por exemplo, em áreas estudadas
por Prance & Schaller (1982).
Segundo Jardim et al. (2003), muitas árvores caducifólias
que ocorrem no Pantanal também ocorrem em um tipo de floresta
seca denominado de Bosque Seco Chiquitano, ocorrente na Bolívia,
que compartilha espécies com o Cerrado. Exemplos destas espécies
compartilhadas são: bocaiuva Acrocomia aculeata, gonçalo Astronium
fraxinifolium, cumbaru Dipteryx alata e açoita-cavalo Luehea paniculata,
Anadenanthera colubrina e piúvas Tabebuia heptaphylla, T. impetiginosa
e T. ochracea (Ratter et al., 1988; Prado & Gibbs, 1993; Jardim et al.,
2003). A flora da RPPN EEB se assemelha visualmente ao Bosque Seco
Chiquitano devido ao fato de possuir muitas espécies compartilhadas
entre o Chaco e o Cerrado, além de outras espécies de Floresta Estacional
que são fisicamente semelhantes às chaquenhas (principalmente devido
à presença de espinhos).
Nas morrarias da RPPNEEB e de entorno, o fogo ocasional (natural
ou acidental) funciona como um importante e efetivo limitador da flora,
ao ocasionar a mortalidade de espécies sem resistência às queimadas (p.
ex. genipapo Genipa americana e cambará Vochysia divergens) e favorecer
espécies resistentes a este efeito, como as de Cerrado (ex. lixeira Curatella
americana), assim como registrado em outros estudos (Pott, 2000; Pott,
2003; Pott et al., 2006).
Pott & Pott (2009) comentam a possibilidade de ocorrência do fogo
natural no passado dos morros residuais da região pantaneira mesmo
antes da presença do homem, mas, provavelmente com menor frequência.
Mesmo com todo o cuidado dentro da RPPN EEB, no presente, queimadas
naturais podem ocorrer devido ao acúmulo de biomassa seca e queda de
raios em alguns períodos do ano, causando ainda influência na dinâmica
populacional da vegetação da morraria.
Os efeitos da inundação também são limitadores para algumas
espécies da flora local e facilitadores para outras (p. ex. ingás Inga spp.),
estabelecendo um limite entre as áreas de ocupação das espécies anfíbias
e tolerantes a períodos de inundação mais
ou menos longos (distribuídas próximo ao rio Paraguai e baía
Mandioré) e as espécies de ambientes secos, isoladas nas áreas de altitude
mais elevadas da morraria.
Na tabela 2 podemos observar algumas espécies lenhosas, com seus
domínios fitogeográficos característicos, segundo Pott & Pott (2009).
Mesmo o presente estudo não tendo contemplado todas as espécies
lenhosas da RPPN EEB, é possível visualizar um maior predomínio de
espécies que ocorrem no Cerrado (10 espécies), em Floresta Estacional (10
espécies) e na Floresta Amazônica (6 espécies), e um menor predomínio
de espécies oriundas do Chaco (2 espécies) e da Mata Atlântica (2
espécies).
Tabela 2. Lista de domínios de ocorrência da flora da coleção de material botânico do herbário da
Reserva Particular de Patrimônio Natural Engenheiro Eliezer Batista, Serra do Amolar, Corumbá-MS.
76
Descobrindo o Paraíso
Aspectos Biológicos da Reserva Particular do Patrimônio Natural Engenheiro Eliezer Batista
77
A formação das morrarias sedimentares que compõem a Serra
do Amolar é tão antiga quanto a formação dos Andes (Assine & Soares,
2004; Dourojeanni, 2006), nos levando a crer que o conjunto de espécies
que compõem a flora da RPPN EEB vem se modelando ao longo das
mudanças climáticas sofridas na região desde a formação da própria
planície pantaneira, através dos processos de colonização, extinção e
especiação. Estudos paleoclimáticos sugerem que há milhares de anos,
após a formação dos Andes, o clima na região ocupada atualmente pelo
Pantanal foi muito árido, favorecendo a expansão na região de flora da
Caatinga e chaquenha. O predomínio de vegetação de Cerrado ocorreu,
possivelmente, em um passado muito recente (em torno de 1500 anos
atrás), com o estabelecimento de um clima mais úmido (Assine & Soares,
2004).
Agradecimentos
Considerações Finais
O baixo número de exemplares encontrados férteis na primeira
campanha (n = 28) deve-se ao período do estudo, realizado entre o final
de julho e início de agosto de 2010, período de estiagem na região. Dessa
forma nós nos deparamos com poucas espécies que ainda se apresentavam
no final do período de floração e frutificação. Em contrapartida, na
segunda campanha, que ocorreu do final de março ao início de abril
de 2011, encontramos 122 espécies que já haviam iniciado ou estavam
iniciando a floração em resposta ao início da estação chuvosa na região.
Ao longo das expedições de campo, mais de 170 espécies foram
encontradas com possibilidade de identificação devido a características
vegetativas marcantes, que facilitam sua determinação com base nas
experiências de campo do grupo de pesquisa. Entretanto, as mesmas não
foram coletadas para a montagem de exsicatas, pois apenas exemplares
férteis são utilizados para tal finalidade.
Com a realização de novos estudos de caráter fitossociológicos e
fenológicos, visando ao acompanhamento da flora, haverá a possibilidade
de uma ampliação considerável para o acervo atual da coleção botânica,
por possibilitar que todas espécies sejam observadas em seu período de
fertilidade, tendo em vista que apenas 48,78% da flora descrita no Plano
78
de Manejo foram encontradas neste estudo.
Os dois herbários mais próximos da RPPN EEB e proximidades
(herbário COR da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul e o herbário
CPAP da Embrapa Pantanal) estão localizados a, aproximadamente, 5
horas de viagem pelo rio Paraguai em embarcações com velocidade de
cerca de 40 km/h.
A criação do herbário na RPPN EEB facilita a realização de trabalhos
botânicos na região, pois abriga materiais que possibilitam a identificação
de espécies da flora local e também dá uma nova alternativa para que
pesquisadores e estudantes possam depositar exemplares pesquisados.
De maneira geral, herbários necessitam de tempo e coletas
sucessivas para que possam ser implementados, pelo acréscimo de novos
exemplares, como centros de referência em pesquisa.
Descobrindo o Paraíso
Agradecemos a toda equipe do Instituto Homem Pantaneiro, pela
ajuda nos trabalhos de campo e assistência durante a redação do capítulo
de botânica, e à
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – Campus de Corumbá,
por ceder o herbário durante a confecção das exsicatas.
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Aspectos Biológicos da Reserva Particular do Patrimônio Natural Engenheiro Eliezer Batista
Descobrindo o Paraíso
81
foto: Daniel Granville
ABE
LHAS
82
Descobrindo o Paraíso
Aspectos Biológicos da Reserva Particular do Patrimônio Natural Engenheiro Eliezer Batista
83
Diversidade de abelhas
(Hymenoptera: Apoidea) e recursos florais na
RPPN Engenheiro Eliezer Batista,
Pantanal de Mato Grosso do Sul
Camila Aoki1, Mara Cristina Teixeira-Gamarra2, Gudryan J. Barônio3, Maria Rosângela
Sigrist4 & Sebastião Laroca5
1 Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, PPG Ecologia e Conservação. e-mail: aokicamila@
yahoo.com.br / 2 Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Graduação em Ciências Biológicas. e-mail: [email protected] / 3 Universidade Federal de Uberlândia, PPG Ecologia e
Conservação de Recursos Naturais. e-mail: [email protected] / 4 Universidade Federal de Mato
Grosso do Sul, PPG Biologia Vegetal. e-mail: [email protected] / 5 Professor Sênior, Universidade Federal do Paraná. e-mail: [email protected]
Resumo
As abelhas constituem um dos principais grupos de polinizadores das
plantas e, portanto, prestam serviço ecológico relevante para a dinâmica
das interações presentes nas comunidades bióticas, incluindo os ecossistemas agroflorestais. Apesar desta importância ecológica e econômica,
pois influenciam decisivamente a produção agrícola e florestal, são escassos os estudos sobre estes insetos no Mato Grosso do Sul (MS) e, em especial, no Pantanal. Neste levantamento realizado na Reserva Particular
do Patrimônio Natural Engenheiro Eliezer Batista (RPPN EEB), registramos 42 espécies de abelhas, distribuídas em 25 gêneros, 14 tribos e quatro
famílias. Apidae foi a família mais rica, com 29 espécies, das quais 13 são
representantes da tribo Meliponini, conhecidas como abelhas sem ferrão.
Foram amostrados muitos gêneros com poucas espécies e poucos gêneros
com muitas espécies, semelhante ao encontrado em áreas de Cerrado.
Entre as espécies registradas, poucas são comuns aos levantamentos realizados no Estado. Entretanto, a maior parte das espécies foi registrada em
levantamentos realizados no Cerrado. Seis espécies figuram como novos
registros para o MS: Ceratina morrensis, Coelioxys otomita, Hopliphora
velutina, Larocanthidium nigritulum, Trigona chanchamayoensis e Thygater analis. Apis mellifera foi a espécie mais abundante (50% do total de
abelhas coletadas), e entre as nativas houve destaque para Scaptotrigona
jujuyensis, Scaura timida, Trigona chanchamayoensis e T. recursa. Foram
amostradas 50 espécies vegetais em floração, sendo que 26 receberam
84
Descobrindo o Paraíso
visitas de abelhas. A maioria possui hábito herbáceo, subarbustivo ou arbustivo e as flores são principalmente pequenas (até 20 mm), abertas,
nectaríferas, de cores claras e enquadradas na síndrome de melitofilia.
Elevado percentual de abelhas atuou como potencial polinizador (78,1%)
e coletou principalmente néctar (87%) durante as visitas. A publicação
deste trabalho contribui para o conhecimento da fauna de abelhas do
Pantanal, e evidencia a necessidade de levantamentos abrangentes, em
longo prazo e nas diferentes estações, visando entender o efeito da sazonalidade na diversidade de abelhas nas diferentes formações vegetais
do Pantanal.A planície aluvionar do Pantanal tem seus limites marcados
por variados sistemas de elevações do planalto, como chapadas, serras
e maciços (Magalhães, 1992). Por exemplo, a Chapada dos Guimarães,
as Serras de Maracajú, Amolar e Bodoquena; e o Maciço do Urucum. A
planície é recortada por vários rios, como o Cuiabá, Piquiri, Taquari, Paraguai e Aquidauana; todos pertencentes à BAP. Essa última condição faz
com que o Pantanal seja considerado uma das maiores áreas úmidas contínuas do planeta (Pearson & Beletsky, 2005). Por esse conjunto de atributos, foi intitulado como Patrimônio Nacional pela Constituição Brasileira
e Patrimônio da Humanidade e Reserva da Biosfera pela UNESCO (Unesco, 2010). Além disso, figura como uma das últimas 37 grandes áreas
selvagens do planeta (Mittermeier et al., 2003) e possui três sítios Ramsar
Introdução
As abelhas (Apoidea) são consideradas o grupo mais diverso dentre
os Hymenoptera (Neff & Simpson, 1993). O número exato de espécies
ainda é incerto, mas de acordo com Michener (2000) existem cerca de
30.000 espécies de abelhas no mundo. Dentre os insetos, são consideradas os principais polinizadores em diferentes ecossistemas tropicais e
temperados (Roubik, 1979; Arroyo et al.,1985). Portanto, são elementos
fundamentais para a manutenção da integridade destes ecossistemas,
uma vez que a polinização constitui serviço ecológico e econômico de
grande relevância.
Por esta razão, o serviço ambiental realizado pelos polinizadores,
com destaque para abelhas nativas, foi considerado, desde 2000, como
Aspectos Biológicos da Reserva Particular do Patrimônio Natural Engenheiro Eliezer Batista
85
tema transversal na biodiversidade agrícola pela Convenção da Diversidade Biológica e motivou a aprovação da Iniciativa Internacional dos
Polinizadores como programa estratégico para a conservação e uso sustentado de polinizadores (Imperatriz-Fonseca et al., 2007).
No Brasil, a Iniciativa Brasileira de Polinizadores foi legalmente instituída em 2005, e um dos resultados foi a publicação da Bibliografia Brasileira de Polinização e Polinizadores (MMA, 2006), que traz levantamento
detalhado da produção científica nacional sobre o tema. Segundo este
trabalho, o Pantanal aparece como o bioma com o menor número de estudos realizados. Apesar disso, poucos esforços foram realizados até o
momento para compreender a diversidade de polinizadores neste bioma.
Por isso, a composição da fauna de abelhas nativas da região permanece
pouco conhecida.
No Estado de Mato Grosso do Sul (MS) apenas dois trabalhos foram
realizados com a comunidade de abelhas visitante de flores em vegetação
de cerrado (Aoki & Sigrist, 2006; Vieira et al., 2008). Para a região do
Pantanal, apenas um estudo sobre a flora apícola foi realizado por Pott &
Pott (1986).
No Pantanal, levantamentos biológicos são importantes para subsidiar programas de manejo e conservação, pois o bioma teve mais de 40%
dos habitats de florestas e savanas alterados pela pecuária, muitas vezes
com a introdução de espécies de gramíneas exóticas (Harris et al., 2005).
No atual ritmo de degradação, é possível que muitas espécies de abelhas
entrem em processo de extinção nos próximos anos, sem ao menos terem
sido registradas na região. Neste contexto, este trabalho traz uma listagem preliminar de espécies de abelhas e da flora visitada na Reserva Particular do Patrimônio Natural Engenheiro Eliezer Batista (RPPN EEB),
Serra do Amolar, Corumbá/MS.
Metodologia
O estudo foi realizado na RPPN EEB, localizada a noroeste do município de Corumbá (18° 5’25”S e 57°28’27”O), a cerca de 180 km a montante da sede do município, entre o Rio Paraguai e a Baía Mandioré/MS.
O clima é do tipo Aw, quente e úmido (Köppen, 1948), com duas estações
bem definidas: uma chuvosa, de novembro a março, e outra seca, de abril
86
Descobrindo o Paraíso
a outubro. No período de 1973 a 2003, a precipitação e temperatura médias anuais foram de 1070 mm e 25,1ºC, respectivamente (Fava et al., 2011).
O registro das abelhas foi realizado na estrada Mandioré (S 18°05’42”, O
57°28’53”), nas trilhas Amolar (S 18°05’38”, O 57°28’36”) e Morrinhos (S
18°06’20”, O 57°29’30”), na sede da RPPN EEB (S 18°05’25”, O 57°28’27”) e
na margem do Rio Paraguai (S 18°05’06”, O 57°28’38”). Os locais de coleta
de cada espécie são apresentados nos resultados, mas não será realizada
comparação entre eles, uma vez que o esforço amostral não foi padronizado, dependendo da extensão e acessibilidade dos pontos. A vegetação
que margeia a estrada Mandioré é constituída por savana florestada e floresta estacional semidecidual, tipos de vegetação presentes também na
trilha Amolar, juntamente com savana gramíneo-lenhosa. A trilha Morrinhos apresenta savana gramíneo-lenhosa e savana florestada. No entorno da sede da Unidade de Conservação são registradas principalmente
espécies vegetais ruderais.
As coletas foram realizadas em três períodos: de 19 a 24 de maio de
2007 (2ª expedição do Plano de Manejo), 27 de julho a 02 de agosto de 2010
e 28 de março a 04 de abril de 2011, totalizando 21 dias de amostragem.
As abelhas foram coletadas com auxílio de rede entomológica (Figura 1a)
em espécies vegetais em floração, observadas durante 10 minutos cada
planta, entre 7h e 17h. A amostragem foi realizada em plantas com ramos acessíveis, que permitissem observação do comportamento dos visitantes.
Abelhas coletadas
por outras metodologias (e.g. armadilhas de
queda, armadilhas de
borboleta e redes de varredura) também foram
incluídas neste trabalho, e coletas em caixas
de
meliponicultura
foram realizadas na
região (Figura 1b).
Figura 1a. Coleta de abelhas com utilização de rede
entomológica. Daniel De Granville/Photo in Natura
Aspectos Biológicos da Reserva Particular do Patrimônio Natural Engenheiro Eliezer Batista
87
quando, ao coletar o recurso floral, não apresentou tal comportamento.
Para determinação do esforço amostral, utilizamos curvas de acumulação
de espécies pela aleatorização (com 1000 iterações) de diferentes tamanhos de amostras (número de indivíduos), usando o programa EcoSim 7
(Gotelli & Entsminger, 2001).
Resultados e discussão
Abelhas
As flores das espécies vegetais observadas foram classificadas em oito
tipos morfológicos (modificado de Faegri & Van der Pijl, 1979): (1) inconspícua (< 4 mm); (2) prato; (3) campanulada/funil; (4) tubo; (5) goela; (6)
estandarte; (7) pincel; (8) câmara. Quanto ao tamanho, as flores foram
categorizadas em pequena (< 10 mm), média (> 10 ≤ 20 mm), grande (>
20 ≤ 30 mm) e muito grande (> 30 mm) (Machado & Lopes, 2004). De
acordo com a cor principal, oito categorias de cores foram registradas:
branca, esverdeada (incluindo bege e creme), amarela, alaranjada, rosa,
violeta/lilás (incluindo azul) e vermelha. Estas características foram utilizadas para inferir as síndromes de polinização (cf. Faegri & Van der Pijl,
1979), incluindo “diversos pequenos insetos” (d.p.i.) (Bawa et al., 1985).
A determinação da atuação das abelhas nas flores (polinização ou
pilhagem) foi realizada através de observação do comportamento de visita às flores e do recurso floral coletado (néctar e/ou pólen). O visitante foi
considerado potencial polinizador quando, durante a visita, contatou anteras (recebeu pólen no corpo) e estigma(s) (depositou pólen), e pilhador
Na RPPN EEB, foram coletadas 282 abelhas, distribuídas em 42 espécies, 25 gêneros, 14 tribos e quatro famílias (Tabela 1). O número de espécies está bem abaixo do registrado por Aoki & Sigrist (2006 – 113 spp.), mas
é superior ao registrado por Vieira et al. (2008 – 34 spp.), ambos estudos
desenvolvidos em áreas de Cerrado no MS. O esforço amostral representado pela curva de acumulação de espécies indica que a riqueza de abelhas está sub-amostrada na RPPN EEB, uma vez que a curva permaneceu
abaixo da assíntota (Figura 2). Isto indica que, com a continuidade dos
estudos, certamente novas espécies poderão ser adicionadas à listagem.
Entretanto, é esperado que esta riqueza seja menor que a encontrada em
áreas de Cerrado, o que é um padrão para a região do Pantanal, principalmente devido à instabilidade climática e de recursos, os quais são flutuantes, sazonais e imprevisíveis (Brown Jr., 1984).
Em relação ao número de indivíduos coletados por família, verificou-se que Apidae foi a mais abundante (88%), seguida de Megachilidae
(6%), Halictidae (5%) e Colletidae (1%). O maior número de gêneros foi
observado em Apidae (68%), seguido de Megachilidae (20%), Halictidae
(8%) e Colletidae (4%). O padrão de riqueza de espécies foi semelhante,
com Apidae (67%) como a mais rica, acompanhada por Megachilidae
(16%), Halictidae (12%) e Colletidae (5%) (Figura 3).
Apidae, como a família mais rica em espécies, foi registrada em diversos
estudos no bioma Cerrado (e.g. Laroca & Almeida, 1994; Silveira & Campos, 1995; Antonini & Martins, 2003; Aoki & Sigrist, 2006). A porcentagem de espécies registradas neste estudo para Apidae e Megachilidae
assemelha-se à relatada para áreas de savana tropical, segundo a revisão
de Pinheiro-Machado et al. (2002), com 63,1 e 18,2%, respectivamente.
88
Aspectos Biológicos da Reserva Particular do Patrimônio Natural Engenheiro Eliezer Batista
Figura 1b. Coleta em caixas de meliponicultura. Foto: Bolivar Porto.
Descobrindo o Paraíso
89
Entretanto, o percentual de Colletidae (5%) foi superior ao registrado no
referido estudo (1,2%) e o percentual de Halictidae (12%) está bem abaixo
do registrado para savanas tropicais (20,2%), mas assemelha-se ao registrado por Anacleto & Marchini (2005) em Cerrado de São Paulo (13,72%).
Andrenidae não foi registrada neste levantamento, esta é uma família relativamente pequena e pouco representada nos neotrópicos (Corlett, 2004).
Meliponini foi a tribo mais rica e uma das mais abundantes (Tabela 1,
Figura 4), provavelmente porque as abelhas sem ferrão são altamente diversificadas na região Neotropical, mais de 300 espécies são encontradas
nas Américas (Velthuis, 1997). Na RPPN EEB, também se destacaram as
tribos: Augochlorini (5 spp., 11,6%), Megachilini, Centridini e Xylocopini
(4 spp., 9,3% cada). Meliponini figura como a quinta tribo mais rica em
espécies para savanas tropicais brasileiras em revisão feita por PinheiroMachado et al. (2002), na qual Augochlorini, Centridini e Megachilini
são as três mais ricas. No presente estudo, Xylocopini foi mais representativa que na revisão de Pinheiro-Machado et al. (2002).
Apis mellifera foi responsável pela elevada abundância de Apini,
50% de todos os indivíduos registrados (Tabela 1, figura 4). A dominância
da abelha melífera ou europa, como é popularmente conhecida, pode ser
reflexo da criação desta espécie por ribeirinhos da região para a produção
de mel. Para a região do Pantanal, há registro de cerca de 30 a 40 apicultores com aproximadamente 1.500 colmeias (Ebeling, 2002). Além disso,
esta espécie foi a mais versátil quanto aos tipos florais utilizados e foi observada visitando flores ao longo de todo o dia, diferindo nestes aspectos
da maioria das espécies nativas.
Fig. 3. Contribuição relativa (em percentual) de gêneros, espécies e indivíduos de quatro famílias de Apoidea
amostradas na Reserva Particular do Patrimônio Natural Engenheiro Eliezer Batista, Corumbá/MS.
Metodologia. Foto: Bolivar Porto
Figura 2. Curva de acumulação de espécies, representando o esforço amostral
para as abelhas registradas
na Reserva Particular do
Patrimônio Natural Engenheiro Eliezer Batista, Corumbá/MS. As barras indicam o intervalo de confiança
de 95% para a média das estimativas do número de espécies obtido por rarefação.
90
Descobrindo o Paraíso
Aspectos Biológicos da Reserva Particular do Patrimônio Natural Engenheiro Eliezer Batista
91
Legenda: (Am) Trilha Amolar, (Ma) Estrada Mandioré, (Mo) Estrada Morrinhos, (Mr) Margem
do Rio Paraguai, (Mel) coleta em caixas de meliponicultura. * Espécies coletadas apenas na Campanha de reconhecimento (2ª expedição do Plano de Manejo).
Tabela 1. Espécies de abelhas
registradas na Reserva Particular
do Patrimônio Natural Engenheiro
Eliezer Batista, Corumbá/MS, com
suas respectivas abundâncias e
campanhas de registro.
Figura 4. Riqueza de espécies e abundância de 14 Tribos de Apoidea amostradas na Reserva
Particular do Patrimônio Natural Engenheiro Eliezer Batista, Corumbá/MS.
92
Descobrindo o Paraíso
Aspectos Biológicos da Reserva Particular do Patrimônio Natural Engenheiro Eliezer Batista
93
(Moure et al., 2008);
- Hopliphora velutina: com distribuição na Argentina (Chaco) e no Brasil,
nos Estados de Amazonas, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná,
Pará, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo (Moure & Melo,
2008);
- Larocanthidium nigritulum: ocorrência na Bolívia, Colômbia, Equador,
Peru e Brasil, no Acre, Amazonas, Mato Grosso, Pará e Rondônia (Camargo & Pedro, 2008b);
- Trigona chanchamayoensis: distribuição no noroeste do Brasil, Acre,
Amazonas, Mato Grosso, Pará e Rondônia (Camargo & Pedro, 2008a);
- Thygater analis: no Brasil, esta espécie tem registro na Amazônia, Paraná e São Paulo (Urban et al. 2008).
Dentre as espécies nativas, Scaura timida (13 indivíduos), Scaptotrigona jujuyensis (12 ind.), Trigona recursa (12 ind.) e Trigona chanchamayoensis (11 ind.) foram as mais abundantes. Todas pertencem à
tribo Trigonini e são abelhas eussociais, vivem em colônias constituídas
por muitas operárias, que chegam a centenas ou milhares, de acordo com
a espécie.
Dos 25 gêneros registrados, metade contribuiu com uma espécie e os
demais com duas (Ceratina, Coelioxys, Euglossa, Megachile, Melipona,
Scaptotrigona, Scaura, Xylocopa), três (Augochloropsis), quatro (Centris) ou cinco espécies (Trigona). Muitos gêneros com poucas espécies e
poucos gêneros com muitas espécies amostradas parecem ser tendência
para áreas de Cerrado (Silveira & Campos, 1995).
Das espécies registradas, apenas 13 (30,2%) e quatro (9,3%) são comuns a
levantamentos realizados no MS por Aoki & Sigrist (2006) e Vieira et al.,
(2008), respectivamente. Entretanto, a maioria das espécies registradas é
comum para áreas de Cerrado, tendo sido registradas em outros estudos
neste bioma (e.g. Silveira & Campos, 1995; Carvalho & Bego, 1996; Santos
et al., 2004; Anacleto & Marchini, 2005; Andena et al., 2005; Araújo et al.,
2006).
São novos registros para o Mato Grosso do Sul:
- Ceratina morrensis: com registro para o Paraguai (Moure, 2008);
- Coelioxys otomita: no Brasil, esta espécie tem registro na Bahia e Paraná
Plantas
94
Aspectos Biológicos da Reserva Particular do Patrimônio Natural Engenheiro Eliezer Batista
Descobrindo o Paraíso
As abelhas foram amostradas em 50 espécies vegetais pertencentes
a 19 famílias e 41 gêneros (Tabela 2). Fabaceae (Leguminosae) foi a família
mais rica (17 spp., 34%), seguida de Asteraceae, Malvaceae (com 6 spp.
cada) e Rubiaceae (4 spp.). Convolvulaceae e Passifloraceae contribuíram
com duas espécies cada, as demais famílias (13) apresentaram apenas
uma espécie. No Pantanal Pott et al. (2011), relatam Fabaceae como a
família mais representativa em número de espécies, seguida por Malvaceae, Asteraceae, Rubiaceae e Convolvulaceae.
Considerando o hábito, as espécies vegetais amostradas foram predominantemente herbáceas (20 spp., 40%), subarbustivas (11 spp., 22%)
e arbustos (10 spp., 20%). As trepadeiras, com representantes da família
Asteraceae, Convolvulaceae, Fabaceae, Sapindaceae e Vitaceae, totalizaram sete espécies (14%). Apenas duas espécies arbóreas foram observadas
com flor e apresentaram ramos acessíveis para a coleta de abelhas: Inga
vera e Myrcia fallax.
Na RPPN EEB, foram registrados quatro tipos de síndromes de polinização: melitofilia (polinização por abelhas, 34 spp., 68%), d.p.i. (por
diversos pequenos insetos, 13 spp., 26%), ornitofilia (por beija-flores, 2
spp., 4%) e quiropterofilia (por morcegos, 1 sp., 2%). Para melitofilia, o
percentual é próximo do registrado por Silberbauer-Gottsberger & Gotts
95
berger (1988, 65%), mas superior ao registrado em outras áreas de cerrado (e.g. 32% em Oliveira & Gibbs, 2000, 46,1% em Aoki & Sigrist, 2006,
49,6% em Barbosa & Sazima, 2008).
De modo geral, as abelhas formam o principal grupo de polinizadores nos ecossistemas tropicais. No Brasil, 40 a 90% das árvores nativas,
dependendo da região, são polinizadas por abelhas (Kerr et al., 1996).
Algumas famílias de plantas, como Malpighiaceae (Figura 5a) e alguns
grupos de Fabaceae (Caesalpinoideae, Papilonoideae) (Figuras 5b, 5c),
apresentam flores polinizadas exclusivamente por abelhas (Carvalho &
Bego, 1995; Buchmann, 1983).
Tabela 2. Espécies vegetais nas quais foi realizado levantamento de abelhas na Reserva Particular do Patrimônio Natural Engenheiro Eliezer Batista, Corumbá/MS. Síndrome: d.p.i.= diversos
pequenos insetos; Recurso: N= néctar, P= pólen, O= óleo, R= resina. Tipo floral e diâmetro entre
parênteses referem-se à unidade floral (inflorescência).
96
Descobrindo o Paraíso
Aspectos Biológicos da Reserva Particular do Patrimônio Natural Engenheiro Eliezer Batista
97
Figura 5. Unidades de polinização de (a) Banisteriopsis sp. (tipo floral: aberto, recurso: óleo), (b) Senna splendida (aberto, pólen), (c) Canavalia mattogrossensis (goela,
néctar), (d) Dalechampia caperonioides (goela, resina), (e) Centratherum punctatum
(tubo, néctar), (g) Ipomoea rubens (campanulada, néctar), (g) Mimosa xanthocentra
(pincel, pólen+néctar), (h) Cissus spinosa (inconspícua, néctar). Fotos: Camila Aoki.
a
b
c
e
g
A ausência do registro de outras síndromes, como cantarofilia (polinização por besouros), psicofilia (por borboletas) e miiofilia (por moscas), provavelmente é reflexo da insuficiência amostral e ao fato de que
espécies polinizadas por pequenas moscas e borboletas estão incluídas
no sistema de polinização d.p.i..
Considerando que as formações vegetais do Pantanal estão sujeitas
a forte sazonalidade climática, é possível que espécies cantarófilas, cujas estruturas florais são mais restritivas e vinculadas a algumas famílias
botânicas (e.g. Anonaceae, Araceae, Arecaceae), floresçam em períodos
específicos do ano e por esta razão não tenham sido amostradas.
Sete tipos florais foram registrados na área de estudo: prato (18 spp.),
estandarte (8 spp.), tubo (6 spp.), campanulada (4 spp.), pincel (4 spp.),
inconspícuo e goela (2 spp. cada) (Tabela 2, Figuras 5, 6). O tipo floral é
característica importante, pois dependendo da morfologia floral o acesso
dos visitantes aos recursos florais pode ser mais ou menos restritivo (Barbosa & Sazima, 2008). Flores do tipo prato (taça ou disco) são abertas e os
recursos florais ficam mais acessíveis aos visitantes.
d
f
h
Figura 6. Frequência dos tipos florais de espécies vegetais amostradas na Reserva
Particular do Patrimônio Natural Engenheiro Eliezer Batista, Corumbá/MS.
98
Descobrindo o Paraíso
Aspectos Biológicos da Reserva Particular do Patrimônio Natural Engenheiro Eliezer Batista
99
Os principais tipos de recursos florais utilizados por animais que
visitam flores são: néctar, pólen, óleo, fragrâncias, gomas, partes florais
e resinas (Barbosa & Sazima, 2008). Esses recursos são básicos para a
manutenção da fauna antófila. A maioria das unidades de polinização
amostradas na RPPN EEB produz néctar como principal recurso aos visitantes (41 spp.); 12 espécies produziram pólen, uma disponibilizou resina
(Dalechampia caperonioides) (Figura 5D) e Banisteriopsis sp., óleo (Figura 5A). Nos ecossistemas tropicais, geralmente é elevado o percentual
de flores nectaríferas, uma vez que esse recurso é procurado pela maioria dos visitantes florais e, portanto, está presente em unidades de polinização da maioria das síndromes (exceto cantarófilas e melitófilas que
produzem pólen e/ou óleo). Flores nectaríferas são visitadas por animais
que normalmente não “aproveitam” pólen diretamente, mas obtêm esse
recurso secundariamente enquanto, por exemplo, realizam a limpeza do
corpo (Silberbauer-Gottsberger & Gottsberger, 1988).
A coloração floral é atributo importante da morfologia e biologia floral, pois funciona no processo de estimulação visual para determinados
grupos de polinizadores (Barbosa & Sazima, 2008). Na área de estudo, as
unidades florais apresentaram sete categorias de cores, sendo mais frequentes flores de cor amarela (15 spp.), branca (10 spp.) e lilás/violeta (11
spp.), e menos comuns rosa, vermelha, esverdeada e laranja (Tabela 2,
Figura 7). Segundo Kevan (1983), flores de cores claras, em geral, são polinizadas por visitantes não especializados (generalistas).
Figura 7. Frequência das cores nas
unidades florais de espécies vegetais
amostradas na Reserva Particular do
Patrimônio Natural Engenheiro Eliezer
Batista, Corumbá/MS.
100
Descobrindo o Paraíso
O tamanho das flores também é uma característica restritiva aos
visitantes, pois é necessário que haja compatibilidade entre o tamanho
do visitante (comprimento do corpo, bico, língua, etc.) e a dimensão da
unidade de polinização para que ocorram visitas legítimas, ou seja, contato com os órgãos sexuais da flor. Na RPPN EEB, quase 80% das espécies
apresentam flores de diâmetro pequeno (27 spp.) ou médio (12 spp.), com
até 20mm. O mesmo ocorreu com o comprimento da unidade de polinização: 90% das flores são pequenas (31 spp.) a médias (14 spp.) (Tabela 2).
Interação abelha-planta
Trinta e duas espécies de abelhas foram registradas nas flores de 26
espécies vegetais na RPPN EEB (Tabela 3). Apis mellifera foi a abelha que
visitou maior número de espécies, ou seja, 14, das quais seis foram visitadas exclusivamente pela abelha europa (Borreria cf. verticillata, Centrosema brasilianum, Commelina erecta, Eichhornia crassipes, Mimosa
polycarpa, Polygonum acuminatum) (Tabela 3, Figura 8).
Dentre as espécies nativas, as que visitaram maior número de espécies vegetais (3 spp.) foram Trigona chanchamayoensis, Ceratina morrensis, Augochloropsis sp. 3 e Larocanthidium nigritulum (Tabela 3). Dezessete espécies de abelhas visitaram apenas uma espécie vegetal, entre
elas, Centris xanthocnemis, Hopliphora velutina, Melipona rufiventris,
Scaptotrigona jujuyensis e Tetrapedia imitatrix (Tabela 3).
Hyptis suaveolens e Melochia pyramidata foram as espécies vegetais que receberam maior número de visitantes (7 spp.), seguidas por
Bidens gardneri e Mimosa xanthocentra (5 spp. cada), com exceção de B.
gardneri, todas são melitófilas. Doze espécies vegetais receberam visitas
de apenas uma espécie de abelha durante as observações. Contudo, os resultados encontrados neste estudo não podem ser considerados conclusivos quanto à utilização generalista ou especialista das espécies vegetais,
devido ao curto período de coleta.
A maioria das espécies (78,1%) atuou principalmente como potencial polinizador das espécies vegetais visitadas. Entretanto, Apis mellifera, Augochlora mülleri, Augochloropsis sparsilis, Ceratina morrensis,
Melipona rufiventris, Scaptotrigona jujuyensis e Trigona fulviventris atu
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aram principalmente como pilhadoras de recurso floral (Tabela 3).
O fato de Apis mellifera ter visitado maior número de espécies e ter
atuado principalmente como pilhadora de recurso pode ter impacto negativo tanto para as abelhas nativas (pela competição por recursos) como
para as plantas, que podem ter sua polinização comprometida. Estudos
sobre as interações entre essas espécies (nativas e exótica) devem ser desenvolvidos, de modo a permitir conservação e controle destes organismos (Laroca & Orth, 2002).
Néctar foi principal recurso coletado pelas abelhas, embora onze
espécies tenham coletado pólen e néctar nas flores visitadas. Augochloropsis sp. 2, Euglossa aff. townsendi, Eulaema nigrita, Ptiloglossa aff.
willinki, Tetrapedia imitatrix e Xylocopa barbata foram registradas coletando somente pólen (Tabela 3). Foram registradas espécies de abelhas
coletoras de óleo (e.g. representantes de Centris, Tetrapedia e Paratetrapedia), contudo estas não foram observadas coletando este recurso. Também não foram registradas espécies coletando resina.
A maioria das espécies (78,1%) atuou principalmente como potencial polinizador das espécies vegetais visitadas. Entretanto, Apis mellifera, Augochlora mülleri, Augochloropsis sparsilis, Ceratina morrensis,
Melipona rufiventris, Scaptotrigona jujuyensis e Trigona fulviventris atuaram principalmente como pilhadoras de recurso floral (Tabela 3).
O fato de Apis mellifera ter visitado maior número de espécies e ter
atuado principalmente como pilhadora de recurso pode ter impacto negativo tanto para as abelhas nativas (pela competição por recursos) como
para as plantas, que podem ter sua polinização comprometida. Estudos
sobre as interações entre essas espécies (nativas e exótica) devem ser desenvolvidos, de modo a permitir conservação e controle destes organismos (Laroca & Orth, 2002).
Néctar foi principal recurso coletado pelas abelhas, embora onze espécies
tenham coletado pólen e néctar nas flores visitadas. Augochloropsis sp. 2,
Euglossa aff. townsendi, Eulaema nigrita, Ptiloglossa aff. willinki, Tetrapedia imitatrix e Xylocopa barbata foram registradas coletando somente
pólen (Tabela 3). Foram registradas espécies de abelhas coletoras de óleo
(e.g. representantes de Centris, Tetrapedia e Paratetrapedia), contudo
estas não foram observadas coletando este recurso. Também não foram
registradas espécies coletando resina.
Tabela 3. Abelhas amostradas em f lores de espécies vegetais na Reserva Particular do Patrimônio Natural
Engenheiro Eliezer Batista, Corumbá/MS, atuação na polinização e recursos f lorais coletados.
Figura 8. Apis mellifera em flores de Polygonum acuminatum (Polygonaceae). Foto: Camila Aoki.
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Meliponicultura
Considerações finais
No Brasil, a meliponicultura foi desenvolvida inicialmente pelos
índios e, ao longo dos anos, vem sendo praticada por pequenos e médios
produtores, assim como por produtores de base familiar (Nogueira-Neto, 1997; Silva & Lajes, 2001; Venturieri et al., 2003). A meliponicultura é
atividade de baixo impacto ambiental e que produz alimento com bom
nível nutricional (Souza et al., 2004). Embora as espécies de Meliponini
produzam menor quantidade de mel que a exótica Apis mellifera, o mel
destas abelhas sem ferrão tem maior valor de mercado.
A implantação da atividade de cultivo de abelhas nativas na Serra
do Amolar vem sendo incentivada pelo Instituto Homem Pantaneiro em
parceria com a Fundação O Boticário de Proteção a Natureza. Nas caixas
de meliponicultura da região (Figura 9a), foram amostradas três espécies:
o manduri (Melipona orbignyi, Figura 10b), a trubuna ou mandaguari
(Scaptotrigona jujuyensis, Figura 10c) e a jataí ou jatí (Tetragonisca angustula, Figura 10d). São abelhas facilmente adaptáveis e mansas, e como
não apresentam ferrão, seu manejo dispensa uso de equipamentos de
proteção e possibilita o emprego de mão de obra familiar.
Nesta publicação, apresentamos a primeira listagem de abelhas para
o Pantanal, os recursos florais disponíveis e utilizados e a atuação das
abelhas na polinização das espécies vegetais amostradas. Certamente não
corresponde à listagem completa, sendo necessária a realização de levantamentos abrangentes, em longo prazo e em diferentes estações hídricas,
visando entender o efeito da sazonalidade na diversidade de abelhas.
Esta necessidade é particularmente urgente no Mato Grosso do Sul,
onde há carência deste tipo de estudo e mais ainda para o bioma Pantanal, que é formado por mosaico de comunidades (Complexo do Pantanal)
de hidrófilas (submersas e flutuantes), heliófilas, higrófilas, mesófilas e
até mesmo xerófilas. Este mosaico proporciona a ocorrência de grande
número de nichos ecológicos de condições diversas, nos quais proliferam
variados tipos de vegetação, como campos, cerrados, cerradões, florestas
estacionais e Chaco (ver Felfili et al., 2005). Apesar dessa diversidade na
vegetação, é o bioma brasileiro menos conhecido, tomando como base
o número de inventários e levantamentos recentemente publicados
(Lewinsohn & Prado, 2003).
Agradecimentos
a b
Agradecemos ao Instituto Homem Pantaneiro pela iniciativa e logística;
a Vali J. Pott e Wellinton Arruda pelo auxílio na identificação do material
botânico.
Referências
Figura 9. Caixas de meliponicultura na região do Amolar (a) com ninhos de manduri Melipona
orbignyi (b), mandaguari Scaptotrigona jujuyensis (c) e jataí Tetragonisca angustula (d). Fotos
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