10 NúmerosPor10 euros

Transcrição

10 NúmerosPor10 euros
79
editorial
ficha técnica
Chegámos a Dezembro, mês do
Natal, das festas (e resoluções) de
Ano Novo, e de balanços sobre
os 12 meses que passaram. A
nível cultural, a época é também
de levantamento sobre o que
de melhor nos reservou 2010.
Aqui, na DIF, optámos por fugir às
tradicionais listas de melhores do
ano e trazemos na última edição
do ano uma série de conteúdos
frescos. Na música, nas artes, no
consumo, tentamos estar, uma
vez mais, à altura das vossas
expectativas. Acreditamos que
temos correspondido e por isso
dedicamos neste editorial uma
palavra especial aos nossos
leitores e amigos: obrigado pelo
apoio demonstrado em várias
frentes, em particular no Facebook,
onde atingimos recentemente
a bonita marca de dez mil fãs.
Continuem aí desse lado a
ajudar‑nos a crescer. Nós por cá
continuaremos a estar atentos
ao que nos rodeia e prometemos
entrar em 2011 com o pé direito,
energias renovadas e redobradas,
dispostos a enfrentar os desafios
que nos esperam. Feliz Natal a
todos, boas entradas no novo
ano, e vemo‑nos em Fevereiro.
Continuem a mandar‑nos mimo (e
críticas, e sugestões, e insultos, se
caso disso) para as nossas caixas
de email e página Facebook. Nós
agradecemos e retribuimos com
o que fazemos melhor: a revista
que tem em mãos neste momento.
Até já..
Editor‑in‑chief
Trevenen Morris‑Grantham
[email protected]
Design Gráfico & Direcção Criativa
José Carlos Ruiz Martínez
[email protected]
Editora de Moda e Beleza
Susana Jacobetty
[email protected]
Edição
Filipa Penteado (Moda . Cinema)
[email protected]
Pedro Primo Figueiredo (Música .
Cultura)
[email protected]
Célia Fialho (Música . Arte . Cultura)
Colaboradores nesta edição
André Santos, Catarina Sobral, Carolina
de Almeida, Cláudia Guerreiro, Emanuel
Amorim, João Bacelar, João Miguel
Fernandes, João Moço, João Telmo
Dias, José Reis, Laura Alves, Marta Brito,
Nuno Moreira, Rafael Vieira, Ricco
Godinho, Silvia Borges Silva, Telma
Russo, Tiago Santos, Vanda Noronha,
Vanessa Miranda.
Parceiro Ilustração e arte
Who Creative Talents Agency
Redacção e Departamento
Comercial
Rua Santo António da Glória 81. 1250‑216
Lisboa
Telefone: 21 32 25 727 ‑ Fax: 21 32 25 729
[email protected]
www.difmag.com
myspace.com/difmagazine
Propriedade
Publicards, Publicidade Lda.
Distribuição
Publicards
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79
C
M
Y
CM
MY
CY
CMY
K
Impressão
BeProfit ‑ Av. das Robíneas 10, 2635‑545
Rio de Mouro
Sogapal ‑ 2745‑578 Queluz de Baixo
Registo ERC
125233
Número de Depósito Legal
185063/02 ISSN 1645‑5444
Copyright
Publicards, Publicidade Lda.
Tiragem média
21 000 exemplares
Periodicidade
Mensal
Assinatura
10 €
Fotografia capa
João Bacelar
Styling
Susana Jacobetty
Maquilhagem
Inês Pais
Surfista
Pedro Lima
Errata
Na edição 77 da DIF a fotografia
ao cineasta Vicente Alves do Ó não
foi creditada. A autoria da mesma
pertence a Patrícia Andrade. As nossas
desculpas pelo lapso.
índice
8. Moda
The Believers
Texto: Vanessa Miranda
10. Design
Kobi Levi
Texto: Carolina Almeida
12. Kukies
20. Capa Dura
Texto: Carolina Almeida e
Pedro Primo Figueiredo
22. Places
Texto: Carolina Almeida
24. Retroculture
Do sótão, com amor…
Texto: Laura Alves
26. O que andamos a ouvir
27. Música
Kanye West
Agora a sério
Texto: Emanuel Amorim
28. Música
Editora Now Again
O funk global de novo
Texto: Tiago Santos
30. Música
Daft Punk
Um regresso espacial
Texto: Pedro Primo Figueiredo
Ilustração: Cláudia Guerreiro
32. Design
Sam Baron
Colors 79 – Collector
Texto: João Miguel Fernandes e
Pedro Primo Figueiredo
34. Cinema
I’m Still Here
A realidade nem sempre é
o que parece
Texto: João Moço
36. TEDxOporto
Peter Joseph
O senhor “Zeitgeist” chega em Março
ao TEDxOporto
Texto: Nuno Moreira
Ilustração: Catarina Sobral
40. Eroteca
Sexto Sentido
O design da sensualidade
Texto: Célia F.
Ilustração: Mauro Carmelino
44. Moda
Bread & Butter 2011
Quando Berlim rima com denim
Texto: Laura Alves
48. Intervenção Urbana
Luzinterruptus
Texto: Rafael Vieira
50. Surface
Gerard Rancinan
Texto: João Telmo Dias
56. Moda
Once Upon a Time...
Fotografia: João Bacelar
Realização: Susana Jacobetty
64. Moda
Amor Electro
Fotografia: João Bacelar
Realização: Susana Jacobetty
72. Beleza
Beautiful Days
Fotografia: João Bacelar
Realização: Susana Jacobetty
74. Shopping
Fotografia: Telma Russo
Realização: Ricco Godinho
78. Agenda
Destaque, Música, Cinema, Exposições.
Toaster - Colors 79 – Collector
Este mês
André Marques dos Santos vem de
Coimbra, onde tirou Comunicação
Social. Actualmente instalado em Lisboa,
não passa meia hora sem trautear uma
música, e já tem saudades do Verão.
Actualmente, colabora com a New
Optimism, a Fotografia DG e o blogue
Tv/Cinema News. No fundo, apesar de
ser um preguiçoso compulsivo, não
consegue estar muito tempo parado.
Bem‑disposto por natureza, acha o
“Cinema Paraíso” o melhor filme dos que
já viu, mas tem ainda muitos por ver. Este
mês escreve na DIF sobre o conterrâneo
The Legendary Tiger Man.
Vanda Noronha faz, tipo, cenas. Formou‑se em
Antropologia em Manchester, onde esteve oito longos
anos. Fotografa agora muita coisa e muitos concertos (e
Os Golpes, muitas vezes) em Lisboa e gosta muito de cá
estar. É designer, programadora, manufacturadora de
merchandise e uma das cabeças da Chifre. É criativa e
fotógrafa oficial do Offbeatz Lisboa. Está muitas vezes
na Bela em Alfama a tentar ter conversas de negócios
com artistas embriagados. Vive para isto e tem sempre
razão. Escreve nesta edição da DIF sobre os Capitão
Fausto, que vão ser grandes, e tem imagens do Offbeatz
umas páginas mais à frente.
Mauro Carmelino, é um ilustrador
representado pela WHO creative
talents agency. Nasceu em 1989
em Lisboa. Frequentou a escola
artística António Arroio e licenciou‑se
posteriormente em design de
comunicação. Grande consumidor
de cultura visual, procura no seu
trabalho a ligação entre o design e
a ilustração, sempre em busca de um
estilo próprio. Nesta edição da DIF
ilustra o artigo Eroteca Sexto Sentido.
Telma Russo tem 24 anos e é
fotógrafa de moda e conceptual.
Tirou o curso de Coordenação e
Produção de Moda, onde teve
o seu primeiro contacto com a
fotografia. Mais tarde, realizou o
curso Técnico de Fotografia e uma
especialização em Fotografia de
Moda na University of the Arts de
Londres. Após isto começou a realizar
alguns trabalhos como freelancer.
Trabalhou como assistente de alguns
fotógrafos tais como Mário Príncipe,
Sérgio Santos, Milkman, Luís Eça e
João Bacelar. Tem um blogue com
alguns dos seus trabalhos (http://
photographyfashionmaniac.blogspot.
com) e nesta edição da DIF fotografou
as páginas de shopping e produto.
Ricco Godinho nasceu em 1987. Reside
em Lisboa, é licenciado em Design
de Moda e frequenta actualmente
o Mestrado em Design de Moda
focado no “trans como fenómeno de
moda”. Já trabalhou em vários eventos
ligados ao mundo da moda, caso da
ModaLisboe Estoril FashionArt Festival,
e em empresas de comunicação,
assim como em trabalhos de
ilustração e design, nomeadamente
para teatro e publicidade. Mas é
no exercício do styling, shopping,
produção e bastidores que se sente
mais confortável. Actualmente
estagia com Susana Jacobetty como
assistente de styling. Nesta edição da
DIF fez o styling para as páginas de
shopping e produto.
Catarina Sobral, 25 anos, é
licenciada em Design pela
Universidade de Aveiro e frequenta
o Mestrado em Ilustração Artística
da Universidade de Évora/ISEC.
Tem trabalhado como designer de
comunicação e mais regularmente
como ilustradora, sobretudo
nos campos editorial e infantil,
mas também em animação. É
representada pela Who – Creative
Talents Agency, e nesta edição
ilustrou o artigo sobre Peter Joseph.
Cláudia Guerreiro nasceu em Lisboa
em 1980. Formou‑se em escultura
pela Faculdade de Belas Artes de
Lisboa e frequenta actualmente um
mestrado em ilustração científica.
Entre exposições de escultura e
desenho, trabalhou em cinema de
animação com alguns realizadores,
dos quais destaca José Miguel
Ribeiro. Além de escultora e
ilustradora, é baixista de Linda
Martini e guitarrista de ASNEIRA.
Aproveita as horas mortas para
ilustrar para a “migalhas – cultura à
mesa” e fazer moldes de tartarugas
no Museu Nacional de Historia
Natural. Recomenda que espreitem
o seu blogue (desenhopordesenho.
blogspot.com) para melhor
conhecerem o seu trabalho, que
nesta DIF é representado por uma
ilustração dos franceses Daft Punk.
Marta Brito, desde 31 de Dezembro de 1988 a tentar partir
parquímetros em Lisboa. Licenciou‑se em Filosofia e depois
achou que o melhor mesmo era fazer o Mestrado em Ciências
da Comunicação na área de Cinema e Televisão, que está
neste momento a tentar concluir. Não gosta muito de ter opiniões
sobre coisas, principalmente coisas de arte. Enquanto não está
na biblioteca, ou sentada à secretária a fingir que escreve – ou
escrevendo, mesmo – e pode ser vista num concerto ou outro,
mas sempre com uma presença discreta e tímida. Na DIF deste
mês escreve sobre a sexta edição do BES REVELAÇÃO, que está
a decorrer em Serralves até 16 de Janeiro.
dif 6
Sílvia Borges Silva nasceu em Lisboa em 1976. Comeu tulicreme em
criança, usou allstars pretos, trocou muitas cassetes de música e inventou
jornais com amigos, passou depressa pela adolescência, esteve na
faculdade e chegou ao jornalismo com 22 anos. É uma nostálgica
incurável, mas tem sempre saudades do que ainda não leu, viu e escutou.
Este mês escreve na DIF sobre o novo disco de B Fachada.
Rafael Vieira é arquitecto, formado e nascido
em Coimbra. Foi embaixador CouchSurfing
lisboeta durante 2008 para o qual coorganizou
o evento Lisbon Invites You. Teve uma empresa
de cenografia e de conceitos publicitários
durante um ano instalada na LX Factory, os
WATEB, com a qual fez dois anúncios televisivos
(um dos quais Gente com Fibra para a PT) e
montou o coração interactivo em fibra óptica
no Largo Camões. Foi activista do Movimento
Acorda Lisboa no qual chegou a presidente
aquando da transformação em Associação
Cultural. Já escreveu para o DN Jovem, Guia
da Noite, HD, Take, Spotted by Locals e agora
Le Cool Lisboa, do qual é editor. Este mês
apresenta‑nos os Luzinterruptus.
moda
the Believers
Texto: Vanessa Miranda
Acreditar no Futuro. Numa época em que a palavra
sustentabilidade nunca esteve tão em voga, vemos
surgir uma série de respostas criativas face à crise
que o nosso planeta vive em todos os sectores.
Nos dias de hoje, já não é só a protecção da natureza, mas também a criação de
uma classe consumidora com consciência e atenta que importa desenvolver. A noção
de um projecto sustentável é maior do que as meras preocupações ecológicas, ela en‑
globa quatro requisitos obrigatórios: é ecologicamente correto, economicamente vi‑
ável, socialmente justo e culturalmente aceite. Estas condicionantes abragem agora
quase todas as actividades económicas, nomeadamente a moda – actividade normal‑
mente adicta a tendências.
O projecto The Believers (Cult of Craft), do estúdio espanhol La Fortuna – espe‑
cializado em moda e tendências vanguardistas – é um destes exemplos de sustenta‑
bilidade. Criado em 2009, pretende ser uma plataforma não‑lucrativa para ajudar os
designers que queiram desenvolver a sua carreira no âmbito do futuro sustentável da
moda, do luxo e do artesanato. Partindo da forte convicção de que a sustentabilidade
será um dos principais marcos do nosso futuro, e não uma mera tendência passageira,
o projecto organiza exibições, desfiles e workshops, expondo estas jovens mentes cria‑
tivas ao olhar público e publicitando o seu trabalho, criando ainda um portfólio onde
reúne os melhores trabalhos de cada artista, seja através de editoriais fotográficos, fil‑
mes ou publicações escritas.
Imagens que aludem ao planeta Terra, maquilhagem ecológica e acessórios fei‑
tos a partir de restos de sedas, camurças ou desperdícios de livros antigos são alguns
dos exemplos do que podemos encontrar no primeiro portfólio já publicado no site:
www.lafortunastudio.com. Depois da primeira edição, durante o mês de Outubro de
2010, na Modo Parcours – a semana de moda oficial de Bruxelas – onde foi aclama‑
do pelas suas obras vanguardistas e pela sustentabilidade das suas criações, o projecto
The Believers continua na procura de novos talentos que queiram deixar a sua marca
no futuro do mundo.
dif 8
design
kobi Levi
Texto: Carolina Almeida
Até que ponto os sapatos podem re‑
flectir a realidade que nos rodeia? E ter
uma história para contar ao primeiro
olhar? A DIF perguntou a Kobi Levi, o
designer que dá vida ao calçado com um
toque de humor, e descobriu que pode
haver uma vida muito divertida para além
de um simples par de sapatos.
“Estes sapatos artísticos são a minha
abordagem humorística ao calçado”, ex‑
plica o designer israelita. Formado em
Joalharia e Acessórios na Academia de
Arte e Design de Bezalel, em Jerusalém,
Levi especializou‑se na área do calça‑
do, tendo colaborado com a marca
Skinsfootwear e trabalhado em Itália, na
China e no Brasil no desenvolvimento de
calçado industrial. Cada par de sapatos
da linha artística de Kobi Levi, que pro‑
duz à mão no seu próprio atelier, assu‑
me‑se como uma espécie de escultura de
autor que pode efectivamente ser calça‑
da. “Todos os modelos têm um conceito,
que pode ser interpretado simplesmente
como é apresentado ou com outros signi‑
ficados”, refere o designer à DIF.
A inspiração surge‑lhe de todas as
frentes, sobretudo de situações do quoti‑
diano, como o modelo “Chewing‑gum”,
que ilustra um incidente comum. E o hu‑
mor está sempre lá, de uma forma ou
de outra. “O humor é um excelente to‑
que em quase todos os aspectos da vida,
senão todos mesmo”, conta. Produzidos
em diversos materiais – pele, tecido, ma‑
deira, metal, plástico – todos os mo‑
delos são passíveis de serem usados,
garante Levi. Apesar de não estarem a ser
comercializadas, neste momento, estas cria‑
ções estão disponíveis por encomenda em
http://kobilevidesign.blogspot.com. Mas é
preciso ter um bom sentido de humor!
dif 10
Chama‑se Tribute e é inspirada nos ia‑
tes italianos de madeira de mogno dos anos
1960, símbolo de estatuto do jetset daque‑
la época, desde St. Tropez a Portofino. Esta
luxuosa vespa de edição limitada funciona
como uma extensão urbana da mais sofisti‑
cada lancha e está pronta a espalhar requin‑
te e elegância pelas ruas da cidade, nas mãos
de um coleccionador ou seguidor deste ob‑
jecto de culto. A exclusividade da Tribute está
estampada em cada detalhe, como o refi‑
nado acabamento dos espelhos em mogno,
da autoria da Digital Veneer, uma empre‑
sa especializada em materiais alternativos de
alta qualidade e ambientalmente responsá‑
veis. Ou o banco em pele cosido à mão. Ou
os elementos de design que recriam fiel‑
mente estes lendários barcos. Para finalizar,
e como não podia deixar de ser, cada vespa
Tribute é numerada com uma placa de pra‑
ta de edição limitada. Coleccionador ou não,
quem agarrar o volante desta vespa vai sen‑
tir o peso de ter se apresentar com um es‑
tilo à altura. Nada melhor do que seguir fiel
à marca também na roupa e escolher al‑
gum coordenado da linha Vespa by Adidas.
Not only for Vespa addicts...
kukies
vespa Tribute: novo culto
Texto: Carolina Almeida
dif 12
kukies
12 lacoste Legends
Texto: Carolina Almeida
Texto: Carolina Almeida
kukies
o tamanho não Importa
Em homenagem ao lendário pólo
L.12.12, criação da lenda do ténis René
Lacoste, a marca do crocodilo lança o pro‑
jecto Legends, onde convida 12 lendas do
mundo da música, dos media, do design e
do retalho a criarem a sua própria inter‑
pretação de uns ténis Lacoste a partir da
herança da marca e o icónico pólo. O re‑
sultado é uma colecção de 12 ténis que
perpetuam 12 visões contemporâneas de
Jazzy B, Sébastien Tellier, Stones Throw,
ato, Christiphe Lemaire, Tim Hamilton,
Sneaker Freaker, i‑D, Shoes Master,
Bodega, Colette e D‑Mop. Esta lendária
dúzia de modelos, com preços entre 95 e
199 euros, está disponível nas lojas Cocktail
Molotof, no Porto, e Akira, em Lisboa.
kukies
colecção puma Diego
Texto: Célia F.
Diego Maradona honra as barbas grisalhas e completa 50 anos de vida . A sua mar‑
ca de eleição, a Puma, celebra esta ocasião presenteando a lenda do futebol mundial
com uma colecção com o seu nome. As chuteiras, ténis, t-shirt, bola, saco e casaco
King Diego compõem uma colecção de essência vintage e retro que pretende home‑
nagear o ícone argentino e a sua época de glória, mantendo a originalidade e estilo
que caracterizam a Puma.
Está provado que 87% das mulheres
desejam encontrar uns jeans que assen‑
tem melhor do que aqueles que já têm.
Surpreendidos? A Levi’s estudou o corpo
de 60 mil mulheres até criar uma solu‑
ção para esta grande percentagem de in‑
compreendidas e lançou a colecção Levi’s
Curve ID. São três silhuetas diferentes e
três distintos cortes onde se podem en‑
globar 80% das mulheres do mundo:
Slight Curve, para quem tem curvas pou‑
co pronunciadas; Demi Curve, para aque‑
las com curvas ligeiramente destacadas; e
Bold Curve, ideais para as silhuetas femi‑
ninas com mais curvas. Os modelos estão
disponíveis em várias cores e prometem
dar ao corpo feminino o que ele verdadei‑
ramente merece. Porque não é o tama‑
nho que interessa, mas sim a forma...
dif 14
kukies
feliz Amor novo
Com o ano novo já a
bater‑nos à porta, a Lavazza
propõe um calendário para
2011 com o tema “Falling in
love in Italy”, com imagens
do fotógrafo americano Mark
Seliger. Captando a sensuali‑
dade, a paixão e o roman‑
tismo de Itália, Mark Seliger
junta‑se assim a uma lista já
extensa de nomes importan‑
tes da fotografia que colabo‑
raram com a Lavazza, entre
os quais David LaChapelle,
Anne Leibovitz e Miles
Aldrige. Este é o 19.º calen‑
dário do género que a mar‑
ca cria, tendo‑se já tornado
um objecto de culto, tanto
para coleccionadores como
para amantes da fotografia
por todo o mundo. LA
kukies
chivas by Lacroix
d&g gold
kukies
A Dolce&Gabanna lan‑
çou Gold Editon, uma colec‑
ção de óculos de sol preciosa.
Todos os modelos são feitos
em metal chapeado a ouro
de 18 quilates e são entre‑
gues com um porta‑óculos e
um estojo de pele. Para ho‑
mem, o destaque vai para o
modelo retro em cor havana,
inspirado nos anos 1950; para
mulher, os must have são os
óculos em forma de olhos de
gato, também eles de inspi‑
ração vintage. FP
Inspirado no espírito de ca‑
valheirismo e essência artesanal
que define a marca Chivas Regal,
Christian Lacroix concebeu uma
relíquia da coroa. Uma parce‑
ria renovada que dá à luz uma
limitada edição do néctar esco‑
cês. Uma garrafa vestida com
uma tapeçaria de jacquard bor‑
dado, aplicada através da técnica
de metalização a laser desenvol‑
vida para a Chivas 12 Magnum.
Uma caixa espelhada com for‑
ma de relicário protege o conte‑
údo dando o toque que a torna
numa peça de colecção. CF
dif 16
kukies
kukies
kukies
vodafone 543
miss sixty
we are the
destroyers
givenchy
go wild
Uma aliança entre o melhor da
tecnologia e o puro design de moda
dá origem ao mais recente modelo da
Vodafone. A ironia, irreverência e sensua‑
lidade que caracterizam a marca Miss Sixty
reflete‑se neste modelo dando‑lhe cor e
estilo, e tornando‑o em algo mais do que
um mero telefone. Este verdadeiro aces‑
sório de moda vem acompanhado de três
capas únicas e personalizadas, auscultado‑
res originais e uma capa de couro que lhe
afirma a elegância. CF
Este Outono/Inverno, a Nike Sportswear
lança o Destroyer Jacket, a sua versão de
uma das grandes tendências das últimas es‑
tações: o blusão universitário, inspirado pela
iconografia americana. A Nike Sportswear
pegou numa peça clássica e moderni‑
zou‑a com a introdução de um zip frontal,
substituindo o forro de tafetá por nylon e
acrescentando uma dupla camada de lã im‑
permeável. O resultado final está disponível
em várias cores e conjugações de materiais,
para homem e senhora. FP
Eis um bom presente de Natal para
oferecer a Hannibal Lecter, se ele for fã de
alta costura. A Givenchy propõe, na colec‑
ção masculina Primavera/Verão 2011, en‑
tre diversos acessórios, duas máscaras de
cabedal em preto e em branco. As más‑
caras, desenhadas por Riccardo Tisci, tive‑
ram grande impacto na apresentação em
Paris. Poderão não ser muito práticas para
o dia a dia, mas podemos imaginar toda
uma série de situações em que podem ser
usadas. LA
kukies
batmobile,
a réplica
Holy Atencion! Esqueçam todas as
lógicas de consumo/rendimento, espa‑
ço interior e facilidade de parqueamen‑
to. Chegou o carro do momento e para
adquirir um basta só perder a cabeça e o
bom senso e ter muito dinheiro. A réplica
do Batmobile está aí e pode ser adquirida
na Internet. É uma bomba da mecânica e
vem repleto de “Batdetalhes” que trans‑
formarão uma mera ida ao supermercado
numa fantasia de aventura e luta contra o
crime. www.firebox.com. CF
dif 18
capa dura
30 anos i‑D: 1980‑2010
& S oul covers
Texto: Carolina Almeida
capa dura
funk
Texto: Pedro Primo Figueiredo
Joaquim Paulo
“Funk & Soul Covers” é o segundo livro
do jornalista e melómano Joaquim Paulo
editado pela marcante Taschen, depois de
uma primeira obra dedicada a capas de dis‑
cos jazz. As décadas de 1960 e 1970 são
ponto de partida para uma viagem inigua‑
lável pela história da música negra.
São para cima de 500 capas de discos
com respectivas ficha técnica, entevistas e
comentários que contextualizam cada um
dos álbuns escolhidos por Joaquim Paulo.
O soul e o funk são, desta vez, os géne‑
ros homenageados com um livro colossal
que, alerta o autor, não pretende ser uma
enciclopédia, antes um “ponto de partida
para uma viagem de descoberta de mais
e mais música”.
Seja o que Joaquim Paulo quiser,
“Funk & Soul Covers” não se livra de
ser um objecto essencial. E não só para
amantes de música negra – esta é uma
obra triunfante também a nível estético,
com centenas de capas de discos de vinil a
encher o olho de qualquer pessoa.
“Funk & Soul Covers” inclui ainda dez
listas dos melhores álbuns do género em
selecções feitas por, entre outros, Kalaf,
dos Buraka Som Sistema, e famosos en‑
tusiastas como Quantic, Kon, Mys35 e
Nicolas Godin.
Entrevistas com David Ritz – autor
norte‑americano de biografias de Ray
Charles, Marvin Gaye e Aretha Franklin –
e Larry Mizell, lendário produtor da Blue
Note – são também destaque no novo li‑
vro de Joaquim Paulo, segunda aventura
do português na Taschen. Esperemos que
não fique por aqui.
Atenção fashion lovers e fãs da míti‑
ca i‑D: este é um presente obrigatório na
lista de Natal. Para celebrar os 30 anos da
i‑D, a Taschen lança um livro com as ca‑
pas que fizeram história nas três décadas
de existência de uma das maiores referên‑
cias no panorama das revistas internacio‑
nais de moda. São mais de 300 páginas
repletas de momentos de bastidores e
memórias das estrelas de capa, fotógrafos,
stylists, editores, maquilhadores e cabelei‑
reiros que revelam o percurso da revista
desde o nascimento do primeiro número,
em Agosto de 1980, até aos dias de hoje.
Editado pelo director criativo e funda‑
dor da i‑D, Terry Jones, o livro assume‑se
como uma colectânea sobre a evolução
da moda e da cultura pop nas últimas três
décadas, partindo das figuras míticas que
levaram o conceito de cool até às mas‑
sas. A i‑D tornou‑se uma rampa de lan‑
çamento de nomes com história, como os
fotógrafos Nick Knight e Juergen Teller,
artistas como Madonna, Sade e Björk,
que se estrearam como protagonistas de
capa na i‑D, as manequins Kate Moss, um
dos maiores ícones da moda, que foi capa
11 vezes, e Naomi Campbell, que foi capa
no arranque da sua carreira, em 1986. Esta
colectânea de tesouros está disponível por
menos de 30 euros.
dif 20
SAGATEX, Lda. - 22.5089160 - [email protected]
Rua do Norte, 60 – Bairro Alto – www.lojaportebonheur.com
Texto: Carolina Almeida
amuleto do Bairro
places
e inclui roupa, acessórios, artigos de deco‑
ração vintage, linha de barba de homem,
ambientadores, entre outros artigos. Este
é literalmente o “porte bonheur” (amule‑
to da sorte) para “quem procura originali‑
dade e diferenciação, aos que privilegiam
o produto nacional e as tendências, que
não são indiferentes ao espaço e à forma
como são recebidos, que procuram uma
explicação para cada um dos artigos e que
gostam do contacto directo com os cria‑
dores...portugueses ou turistas”, enumera
António Alves.
Texto: Carolina Almeida
tommy Hilfiger em lisboa
places
Meados de Novembro. Os olhos do
mundo estão todos postos em Lisboa.
A capital entra em alvoroço com cons‑
trangimentos no trânsito, ruas cortadas e
eleva o alerta de segurança para o nível
máximo. É a Cimeira da Nato que decorre.
Mas Obama não foi o único famoso nor‑
te‑americano a pisar solo alfacinha nessa
semana de Novembro. Enquanto o aero‑
porto da Portela se preparava para rece‑
ber 50 chefes de Estado e de Governo,
aterra o Sr. Hilfiger. O criador da nor‑
te‑americana Tommy Hilfiger esteve de
visita à capital por ocasião da celebração
do 25.º aniversário da marca e da inaugu‑
ração da sua primeira loja em Lisboa, no
Centro Comercial Colombo. Com cerca de
240 m2, o novo espaço disponibiliza, além
das colecções sportswear, Hilfiger denim
e acessórios, a Icon Collection, uma cap‑
sule collection que celebra os 25 anos da
marca. A colecção inclui 25 peças clássicas
inspiradas em alguns dos ícones do cria‑
dor, como James Dean e Grace Kelly. Na
visita a Lisboa, Hilfiger passou ainda pela
Faculdade de Arquitectura de Lisboa, onde
foi júri numa competição que a própria
Tommy Hilfiger lançou em conjunto com
a faculdade. Os alunos foram convidados a
criar a sua interpretação da moda icónica
americana, inspirada nos 25 anos do estilo
Classic American Cool da marca.
A Rua do Norte, no Bairro Alto,
Lisboa, viu nascer em Outubro um novo
espaço especialmente dedicado a designers
e marcas portuguesas. Amélia Nunes,
Antiga Barbearia de Bairro, El Dourado,
Lua de Champagne, Nelma Nogueira,
Paprika, Paula Estorninho, Portuscale e
Sho são alguns dos nomes que podemos
encontrar na Porte Bohneur. “Um dos
nossos pontos de partida foi promover o
mais possível produtos nacionais e é nesse
sentido que queremos continuar”, explica
à DIF António Alves, um dos responsá‑
veis da loja. Quem passa pela montra da
Porte Bonheur dificilmente consegue não
espreitar (e entrar!) no espaço. Uma espé‑
cie de jardim interior aguarda os olhares
curiosos, rodeado por um papel de tons
quentes, poltronas vintage e um pequeno
boudoir. A oferta é exclusiva e diferenciada
dif 22
21
Herança incorporada no tecido
1957: Dos relvados de Wimbledon às ruas urbanas do centro de Londres; uma nova tendência
de moda emerge nos bares e clubes do ‘West End’ de Londres. A ideia é misturar o estilo
arrumado e elegante com o estilo informal e relaxado. O aprumado pólo Fred Perry conjugado
com calças de ganga e sapatilhas de sola de borracha. Assim nasce a primeira marca britânica
KUKIES
de sapatos ‘sport fashion’.
retro culture
do sótão, com Amor...
Texto: Laura Alves
Joana e Luís, os respigadores, vivem
no Porto, onde participam regularmente
no mercado Porto Belo, que acontece to‑
dos os sábados na Praça Carlos Alberto. A
actividade de procurar e coleccionar me‑
mórias em forma de caixa de lápis de cor,
mala, brinquedo ou jogo infantil já é anti‑
ga, e materializou‑se em blogue em 2009.
Recuperando a primeira entrada, depara‑
mo‑nos com as lanternas que se torna‑
ram a imagem de marca dos respigadores:
“Lanternas de bolso da Siul (Sociedade
Industrial de Utilidades, Lda), extinta fábri‑
ca de fogões que em tempos laborou no
Porto. Chamavam‑lhe “olho de boi”, expli‑
cou‑nos o sábio senhor Martins que as usa‑
va nos acampamentos na Madalena.”
A ideia de Joana e Luís é simples e
cheia de dedicação: recuperam objectos
que outras pessoas menos sensíveis ao sau‑
dosismo deitaram fora ou que esqueceram
em prateleiras e armários à mercê do pó
e das teias de aranha. Os cadernos com
capa de padrão escocês que se usavam na
escola, o Jogo do Sabichão, uma emba‑
lagem de fita para máquina de escrever,
um sabonete de pedra‑pomes da fábrica
Confiança… Tudo isto faz parte do imagi‑
nário de milhares de adultos que em tem‑
po foram crianças e que cresceram com
estas referências. Os respigadores sabem
bem o valor sentimental destas memórias
e passear pelo blogue é uma autêntica via‑
gem a tempos irrepetíveis. Não só pelas
imagens dos objectos, mas pelas pequenas
histórias e curiosidades que partilham.
“Procuramos agulhas em palheiros e às
vezes encontramo‑las. O que não cabe em
casa vem aqui para o armazém”, explicam.
Os “palheiros” são vários, em especial, fábri‑
cas que já não funcionam e cuja produção foi
descontinuada. Dominós, figuras de desenhos
animados como o Marco e a Heidi, garrafas
de refrigerante, latas de pomada para calça‑
do… O inventário do “armazém” é grande e
cresce todos os dias. “Nem tudo está à ven‑
da, mas para lá caminha.” Os curiosos, saudo‑
sistas e clientes podem obter orçamentos e
outras informações por e‑mail, esclarecem. E
se alguém perguntar pelos respigadores, mui‑
to provavelmente eles estão no sótão a abrir
caixas e gavetas.
A descobrir em
http://orespigadorearespigadora.blogspot.com
Respigar, no sentido literal e agrícola, significa
recolher as espigas que ficaram por colher
nas searas. Respigar, para os criadores do
blogue “O Respigador e a Respigadora”, é
procurar relíquias de outros tempos, pequenos
objectos que fizeram parte da infância de várias
gerações. Na Internet, a colecção vai crescendo
e, em grande parte dos casos, está à venda.
Cada gaveta esconde uma história, vem descobri-las em onitsukatiger.com
dif 24
o que andamos a Ouvir
Azevedo Silva é um artista do povo.
Canta os problemas sociais e poli‑
ticos tal como Zeca Afonso. Porém,
Azevedo Silva é um artista que ex‑
plora outros campos lá das suas
influências. Com este “Carrossel”,
Azevedo explora questões sociais
de forma metafórica e por vezes di‑
recta, oscilando entre a progressi‑
vidade dos seus instrumentos e as
vozes arrepiantes que entram por
nós como um aviso, uma necessi‑
dade de reflexão. “Carrossel” é um
apelo profundo aos princípios bási‑
cos do ser humano, à consciência
politica e social, aos problemas in‑
ternos e às relações familiares.
Com sete faixas magnificas, onde
“Desassossego” sobressai como uma
das músicas do ano, temos a hipó‑
tese de viajar pela melhor música
cantada em português que se fez
este ano. Este “Carrossel” é um ál‑
bum obrigatório para qualquer fã
de música portuguesa. Depois de o
ouvirmos temos um pouco mais de
orgulho no nosso país.
No verão andávamos nós a cantar
“Joana Transmontana” e “Os discos
do Sérgio Godinho”, já B Fachada
estava no Poney Dourado a gra‑
var um disco novo. Baptizou‑o de “B
Fachada é Pra Meninos” e diz que
é infantil, para petizes e adolescen‑
tes, mas é só para baralhar. Nas dez
canções há palavras como chu‑
cha e babygrow, expressões como
“larga a sopa, joão” e “o espinafre
é meu amigo”, que só enganam
quem não conhece o subtexto de B
Fachada. O álbum é o oposto do so‑
breproduzido “Há Festa na Moradia”.
Os arranjos são mais simples, sem
camadas de sons e instrumentos,
e as melodias estão quase todas
ao serviço das letras. É B Fachada
a citar‑se a si próprio, com excep‑
ção do momento “Carlos Paião vs
António Variações vs Barata Moura”
na canção “Conselhos de Avô”, um
hit para o Natal. B Fachada gravou
pela primeira vez com uma ban‑
da e convidou Francisca Cortesão
para um dueto em “Primeiro dia”,
perfeito na sintonia vocal.A partir daí
as canções amolecem e embalam,
mas há uma pérola já quase no fim
e que vale o disco todo. Chama‑se
“Barrigão” e é cantado, em voz
amanteigada, com Lula Pena.
Os rapazes são bons, muito bons. O
primeiro EP dos Capitão Fausto de‑
monstra uma surpreendente matu‑
ridade na confecção de pop rock,
daquele que é giro e fica na cabe‑
ça e dá para dançar. Têm boas in‑
fluências e bom gosto, e quando
(por experiência prévia de outras
bandas de popezinho desinteres‑
sante) se está à espera que resva‑
lem para a banalidade, a música
muda, entra uma guitarra, entra
um baixo, entram umas excelentes
teclas, entra qualquer coisa que os
eleva ao bom, muito bom. Ao vivo
são ainda melhores – os rapazes
têm garra e sabem o que é dar um
show daqueles que deixa tudo par‑
vo e que faz toda a gente chegar a
casa e sacar o EP da Internet. Nem
é preciso ilegalidades – está dis‑
ponível à borla em myspace.com/
capitaofausto.
Na década de 1990 foram das mais
gloriosas bandas pop do Reino
Unido. Os Suede tinham tudo: sin‑
gles de excepção, álbuns coesos,
imagem, atitude, fãs. Chegaram os
anos zero e o culto foi‑se perden‑
do até chegar o desinspirado “A
New Morning”, em 2002, antecipar
de uma ruptura que se temeu de‑
finitiva. 2010 marcou o regresso a
palcos, primeiro, e a discos, depois,
embora em registo best of. Aqui fa‑
lamos de uma compilação dupla,
com um primeiro cd com todos
os singles da praxe e um segundo
com uma visão mais pessoal, pon‑
tuado por temas menos conhecidos
e lados b de singles. “The Best Of”
não é para os fãs dos Suede, por‑
que esses já conhecem tudo isto de
trás para a frente: é, todavia, uma
belíssima porta para uma banda
que nunca foi consensual mas que
gerou amores muitas vezes maiores
que a própria vida. E não é qual‑
quer banda que tem um vocalista
como Brett Anderson.
João Miguel Fernandes
Estudante
Música
Kanye
Azevedo Silva
“Carrossel”
Edição de autor 2010
West
Sílvia Borges Silva
Jornalista
agora a sério
B Fachada
“B Fachada é Pra Meninos”
Mbari 2010
Vanda Noronha
Fotógrafa
Depois das
brincadeiras com
o auto‑tune, Kanye
West parece ter
exclamado “agora
a sério!” e fez “My
Beautiful Dark
Twisted Fantasy”,
o seu quinto disco de
originais. Disco épico,
mas não piroso. Disco
genial.
Capitão Fausto
“Capitão Fausto”
Edição de autor 2010
Pedro Primo Figueiredo
Jornalista
Texto: Emanuel Amorim
Suede
“The Best Of”
Suedelimited/Farol 2010
dif 26
O que escrever quando já tudo foi es‑
crito sobre “My Beautiful Dark Twisted
Fantasy”? A crítica não lhe tem poupa‑
do elogios. Há quem diga que Kanye
West é um dos génios musicais do sécu‑
lo XXI. Talvez o maior. Transforma em
ouro tudo o que toca e tem sido capaz
de criar modas – veja‑se a moda irritante
do auto‑tune, da qual Kanye foi precur‑
sor, embora não tenha sido, de longe, o
primeiro a usá‑lo.
Sofre de verborreia. Tem atitudes
polémicas, que geram discussões infini‑
tas no espaço público. Quando abre a
boca, raramente as suas declarações pas‑
sam despercebidas. Mas, ao contrário de
outros polemistas (alô Eminem), tem sa‑
bido renovar‑se e afirmar‑se, acima de
tudo, pela qualidade do seu trabalho.
É inegável que “My Beautiful Dark
Twisted Fantasy” é um passo arriscado
porque não reclama uma linha de continui‑
dade com o seu antecessor (ainda bem).
Tinha tudo para correr mal: é um
disco megalómano e que quer ser épi‑
co. Os épicos são, muitas vezes, demons‑
trações de mau‑gosto, porque caem
facilmente na parolice e da pirosice.
Kanye soube fugir a isso. O bom gosto
impera na produção, a escolha dos sam‑
ples para conseguir essa tal grandiosidade
é acertada (King Crimson, por exemplo)
e demonstrou, mais uma vez, ter controlo
absoluto sobre aquilo que faz.
Uma das características mais in‑
teressantes de “My Beautiful Dark
Twisted Fantasy” é a quantidade inusi‑
tada de convidados (mais de uma deze‑
na). Há‑os para todos os gostos e feitios.
São eles que mais brilham em algumas
das músicas: Raekwon em “Gorgeous”,
Nicki Minaj em “Monster” e RZA em
“So Appalled”.
Tamanha quantidade não ofusca
Kanye West, que não se esconde. A es‑
crita continua cheia de tiradas irónicas e
sem medo de cair no ridículo. Essa é ou‑
tra das características de Kanye: não só
não tem medo do ridículo, como anda
tão próximo dele que acaba por subver‑
ter o sentido de ridículo.
Em suma: Kanye West confirma, em
“My Beautiful Dark Twisted Fantasy”,
que é um génio, mesmo que não falte
quem conteste essa ideia. Kanye, quan‑
do fica longe do auto‑tune, faz sempre as
coisas tão bem feitas, que dá vontade de o
odiar. Foge à mera competência, isto é, os
seus discos estão cheios de imperfeições e
defeitos. O que só confirma a genialidade
do seu criador.
dif 27
Editora
Now
Again
o funk global de novo
Música
Há festa no planeta e
por todos os cantos do
globo ecoam guitarras
com wahwah, gritos
de liberdade, baterias
a cruzar a crueza
do funk com as
polirrítmias das mais
diversas latitudes. Há
sopros em guerra,
tambores em diálogo,
melodias tradicionais
ao encontro do futuro
na modernidade
de um tempo onde
a aventura estava
presente. Esta é
a paisagem onde
se escondem as
preciosidades que
hoje descobrimos
sedimentadas entre o
psicadelismo, o funk e
músicas dos mundos.
Tantos mundos como
os que cabem na
arqueologia do funk
desenterrada do
silêncio pela editora
Now Again.
Texto: Tiago Santos
Do passado, vêm ecos de um perío‑
do onde a música se abriu livremente a
experiências e cruzamentos inesperados
como até aí nunca se tinha visto. A par‑
tir de meados de 1960, com o espírito re‑
volucionário próprio da época associado
a um novo sentimento de liberdade e, cla‑
ro, a um consumo generalizado de drogas
como a cannabis e o LSD, a cultura pop
tornou‑se num símbolo universal de uma
geração que encontraria em 1968 o seu
ponto de explosão em áreas tão diversas
como a arte, a moda ou a política. Desse
período dos finais de 1960 a meados de
1970, há estilhaços dessa contra‑cultura
um pouco por todo lado, permitindo en‑
contrar ainda hoje de África à Índia uma
produção musical aventureira e descom‑
plexada. È na descoberta dessas pérolas,
na arqueologia desse puzzle psicadélico,
que se lançou a editora Now Again, diri‑
gida pelo norte‑americano Egon, A&R e
também director da Stones Throw.
Recentemente levantada do chão foi
a música da Zâmbia de meados de 1970.
Com a colaboração directa de Rikki
Ililonga, um pioneiro da cena agora conhe‑
cida como Zam Rock, a Now Again aca‑
ba de licenciar e editar a música dos grupos
Witch e Amanaz. Aqui descobrimos como
numa conturbada Lusaka, rodeada pe‑
los conflitos militares de Angola e países
vizinhos, os seus músicos viajavam na fu‑
são das guitarras fuzz, com os ritmos de
James Brown e o psicadelismo de Hendrix.
Do próprio Rikki Ililonga, são as primei‑
ras gravações zambianas de rock psicadé‑
lico e pop com o grupo Musi‑O‑Tunya,
agora compiladas em “Dark Sunrise” colec‑
tânea que reúne os singles 7” assim como
os primeiros álbuns. Uma série de recentes
re‑edições, que confirma as mais impro‑
váveis fantasias à volta do que será exacta‑
mente o Zam Rock. Uma música pesada
como os tempos que se viviam, mas em
fuga para onde quer que se sonhasse a vida
tão brilhante como as estrelas no céu. Para
os apaixonados do Afrobeat esta será a re‑
velação de uma outra África moderna e
eléctrica que deve ser seguida da descober‑
ta do gupo Tirogo da Nigéria e do seu ál‑
bum “Float”, com a combustão do afro‑funk
e rock psicadélico a caminho do disco no fi‑
nal da década de 1970. Para os outros, esta
é uma viagem que pode marcar apenas o
início de uma paixão pelos efeitos das cores
do caleidoscópico funk global.
Seu Jorge & Almaz é um exemplo
recente dessa experiência alucinante do
cruzamento do psicadelismo com a tra‑
dição na re‑invenção da pop dos últimos
50 anos, através da visão única de músicos
brasileiros que só vacilam quando é sam‑
ba. Depois do exelente álbum de estreia,
acabam de lançar novo máxi de remistu‑
ras para a sua versão de “The Model” dos
Kraftwerk. Mas também as produções
dos The Heliocentrics ou The Whitefield
Brothers, atestam bem os efeitos de uma
prolongada exposição à música mais via‑
jada, através de uma linguagem moderna
capaz de criar hoje a utopia musical onde
o único tempo que realmente importa,
é aquele onde vive a música e que acen‑
tua as sub‑divisões do funk, do jazz e dos
mais diversos ritmos afro de que se ali‑
menta o groove psicadélico de agora.
dif 28
“Psych Funk Sa‑Re‑Ga” dos mes‑
mos reponsáveis pela compilação
“Brazillian Guitar‑ Fuzz Bananas”, é
por seu lado, mais um capítulo do ma‑
ravilhoso mundo da música indiana.
A ementa soa irresistível e as mãos co‑
meçam a suar quando sabemos que se
trata de uma visita guiada pelos arqui‑
vos de Bollywood ao encontro das suas
mais exóticas fusões com o funk e o psi‑
cadelismo do ocidente.
Há festa no planeta, apesar dos dias
difíceis. Sobretudo quando nos depara‑
mos perante a capacidade humana de
nos reinventarmos, ao longo do tempo,
em todos os contextos e adversidades.
Não importa contra o quê ou contra
quem, há sempre alguém em qualquer
canto do globo, que é capaz de sonhar
mais alto. E neste caso, a cores.
Recomendações:
Witch – “Introduction”
Rikki Ilolonga & Musi‑O‑Tunya –
“Dark Sunrise”
Tirogo – “Float”
V.A – “Psych Funk Sa‑Re‑Ga Seminal
Aesthetic Expressions of Psychadelic
Funk Music 1970‑83”
Whitefield Brothers – “Earthology”
Seu Jorge & Almaz – “The Model 12”
dif 29
Daft
Punk
um regresso espacial
Música
É um regresso, mas não é bem um regresso. É um
novo disco dos Daft Punk, mas não é exactamente
um novo disco dos Daft Punk. Confusos? É caso
para tal. “Tron: Legacy” é o primeiro sinal de vida
– em disco – da dupla francesa em cinco anos.
É uma banda sonora para um filme de ficção
científica da Disney e, não sendo brilhante, chega
para devolver os Daft Punk ao mediatismo de
onde, na verdade, nunca saíram verdadeiramente.
Texto: Pedro Primo Figueiredo
Ilustração: Cláudia Guerreiro
Poucas são as bandas e produtores
de música electrónica que não reconhe‑
cem nos Daft Punk uma das suas maio‑
res influências. Como tal, um novo disco
da dupla formada por Thomas Bangalter
e Guy‑Manuel de Homem‑Christo é
e será sempre um momento ansiado.
A banda sonora para “Tron: Legacy”,
agora editada no mercado nacional, é
um projecto peculiar, mas nem por isso a
curiosidade é menor. Palavra à dupla, em
entrevista à revista Dazed & Confused:
“Este projecto é de longe a coisa mais de‑
safiante e complexa em que já estivemos
envolvidos”.
Um dos riscos maiores tomados em
“Tron: Legacy” passa pelo domínio de
elementos orquestrais sobre ambiên‑
cias electrónicas, o que poderá desiludir
alguns adeptos mas poderá, por outro
lado, angariar novos entusiastas para
a causa. A banda sonora para o filme
(que, dizem os Daft Punk, “alarga hori‑
zontes” da versão “Tron” original, data‑
da de 1982) não é totalmente um álbum
novo, mas as pistas estão cá. Ainda na
entrevista a dupla refere que acha a mú‑
sica electrónica da actualidade menos
acitulante que noutros anos, e deixa no
ar a ideia de que vão continuar a testar
novos rumos musicais a breve trecho.
“Ir em direcção a outras formas artísti‑
cas” foi o desafio para “Tron: Legacy” e
o resultado final foi reconfortante o su‑
ficiente para antecipar novas aborda‑
gens semelhantes no futuro.
A imagem e o sentido estético dos
Daft Punk, por seu turno, continuam
intocáveis. Os capacetes futuristas são
já um clássico, os concertos são um
bem raro mas valioso, e a quem nun‑
ca apanhou a máquina francesa ao vivo
(e Portugal não tem sido presença regu‑
lar da dupla, para mal dos nosso peca‑
dos) recomenda‑se uma passagem por
alguns momentos no YouTube, para
além da escuta ao álbum ao vivo edi‑
tado em 2007. (E, já agora, passem os
olhos pela ilustração aqui ao lado, tra‑
balho exclusivo para a DIF e que mere‑
ce, acreditamos, rasgados elogios.)
“ Daft Punk Is Playing at My
House”, cantavam, e bem, os LCD
Soundsystem. Há poucas bandas como
os Daft Punk. Saibamos preservá‑los,
mesmo que menos pujantes e electróni‑
cos como noutros tempos.
dif 30
Sam
Baron
colors
– collector
Design
Nº79
Sam Baron é um
designer francês que
trabalha actualmente
entre Portugal,
França e Inglaterra.
A sua ligação à
Benetton levou‑o
ao departamento
de design e
comunicação,
ajudando a
desenvolver a
revista Colors. Este
mês apresentamos
aos leitores da DIF
este designer que
já ganhou inúmeros
prémios internacionais.
E há uma curiosidade
extra: as edições
da Colors e da DIF
coincidem no mesmo
número este mês –
são 79 edições.
Texto: João Miguel Fernandes e
Pedro Primo Figueiredo
Fundada em 1991 sob a direcção de
Tibor Kalman, e com a premissa de que a
“diversidade é positiva e todas as culturas
têm igual valor”, a Colors faz parte da activi‑
dade editorial da Fabrica, centro de pesqui‑
sa em comunicação da Benetton. Com uma
rede de colaboradores nos quatro cantos da
Terra, a Colors, de edição trimestral, é vendi‑
da em 40 países e chega este mês ao número
79, precisamente o mesmo que o desta DIF.
Mera curiosidade, mas fica o registo.
Sam Baron, nascido em 1976, é o di‑
rector do Departamento de Design da
Fabrica – o Centro Criativo da Benetton.
Licenciou‑se em Design na École des Beaux
Arts de Saint Etienne, e frequentou também
uma pós‑graduação na área. Em 2003 e 2004
foi convidado pelo Ministério dos Negócios
Estrangeiros de França para representar o
país no evento Tokyo Designers Block, con‑
quistando aí um prémio para melhor insta‑
lação com a exposição “Rendez‑Vous”.
Na área do design ganhou ainda vários
prémios, entre os quais o Grand prix de la
Création la Ville de Paris 2007 e o Award
Elle Decor France ‘Art de la Table’ 2009.
Actualmente, o seu trabalho foca‑se essen‑
cialmente no departamento de design da
Fábrica, que dirige desde 2006.
O número 79 da Colors – ‘Collector’ –,
tem como destaque maior uma entrevista ao
fotógrafo e coleccionador inglês Martin Parr.
Esta edição da revista, comemorativa do seu
20º aniversário, é dedicada aos coleccionado‑
res,“aqueles que recolhem, organizam e cata‑
logam a mesma tipologia de objectos”. E não
falamos só de colecções ditas comuns: há des‑
taque a uma senhora norte‑americana de 61
anos que guarda etiquetas aplicadas em bana‑
nas. Por exemplo. Ou um senhor alemão que
guarda 600 torradeiras velhas.
A Colors é vendida em quiosques, li‑
vrarias e na Internet em quatro edições bi‑
lingues, nenhuma das quais contemplando
o português. É uma boa compra e um bom
documento que comprova a visão avança‑
da de Sam Baron, um designer que impor‑
ta conhecer.
dif 32
I’a m
Still
Here
realidade nem sempre é o que parece
Cinema
Há sensivelmente
dois anos Joaquin
Phoenix anunciou que
iria deixar a carreira
cinematográfica
para se dedicar a
tempo inteiro ao rap.
Poucos foram os que
não acreditaram
na suposta loucura
de mais uma
celebridade. “I’m Still
Here”, realizado por
Casey Affleck, retrata
este período em que
o actor conseguiu
manipular meio
mundo.
Texto: João Moço
dif 34
Estamos a 11 de Fevereiro de 2009 e
Joaquin Phoenix aparece no “Late Show”
de David Letterman visivelmente pertur‑
bado. Não só o aspecto físico se tinha al‑
terado, destacando‑se a farta barba e os
óculos de sol que apenas se mantinham
intactos com fita‑cola, como todo o dis‑
curso do actor norte‑americano era o de
alguém que estava à beira da loucura. Ali
estava um exemplo da desintegração das
celebridades vista em tempo real. Nesta
altura Joaquin Phoenix já tinha referido
mais que uma vez que dava por terminada
a sua carreira como estrela de Hollywood
e que se preparava para revelar ao mun‑
do a sua faceta como rapper. No entanto,
foi no programa de David Letterman que
esta ideia ganhou mediatismo e um pou‑
co por todo o lado a imprensa anunciou
durante semanas que Phoenix teria, pro‑
vavelmente, enlouquecido.
Todavia nada disto foi real. O resul‑
tado final chegou agora aos cinemas sob o
nome “I’m Still Here”, documentário que
nem nos revela a verdade dos factos nem
acaba por ser um documentário ficcio‑
nal. No final de contas podemos‑lhe cha‑
mar um mockumentary. Isto porque tudo
o que Casey Affleck filmou durante mais
de um ano foi propositadamente encena‑
do e muitos poucos foram aqueles que sa‑
biam que todos estes acontecimentos não
passavam de uma performance.
“É o desempenho da carreira dele”, re‑
feriu o cineasta e actor Casey Affleck ao
jornal norte‑americano New York Times.
E provavelmente não estará longe da ver‑
dade. Durante quase dois anos Joaquin
Phoenix transformou o seu dia‑a‑dia
num “estúdio” de cinema, encarnou uma
personagem com um carácter problemá‑
tico e conturbado e manipulou a impren‑
sa e o público.
No fundo, “I’m Still Here” acaba por
ser um retrato algo assustador de uma
cultura obcecada pelas celebridades,
que explora e problematiza habilmen‑
te, e com uma certa dose de subversão, a
noção do que é ou não é real. Basta per‑
ceber a maioria das vezes em que vemos
celebridades inseridas nos denomina‑
dos reality shows, tudo acaba por ser so‑
mente uma farsa, onde cada um veste a
pele de um personagem que lhe serve
determinados propósitos. Mas a obses‑
são do espectador com o mundo das ce‑
lebridades e com uma alegada “vida real”
(os reality shows continuam a ser um
fenómeno de massas há vários anos um
pouco por todo o mundo) torna‑o mui‑
tas vezes cego. E com “I’m Still Here”
Joaquin Phoenix e Casey Affleck mos‑
tram como eles próprios, dois nomes
incontornáveis da indústria cinemato‑
gráfica norte‑americana da actualidade,
são capazes de “produzir” essa cegueira.
Quem não desconfiava que Phoenix
teria mesmo entrado num caminho em
direcção à decadência, só ficou a saber
dos verdadeiros objectivos deste actor
pouco depois do filme ser apresenta‑
do no Festival de Cinema de Veneza.
E em “I’m Still Here” esta suposta de‑
cadência é exposta constantemente, seja
pelos momentos em que se vê Joaquin
Phoenix a contratar prostitutas e a
cheirar cocaína, aos recorrentes desa‑
catos com um assistente pessoal, pas‑
sando por uma actuação momentânea
numa discoteca em que se vê envolvido
num momento de pancadaria com um
dos presentes na plateia.
Este foi também um momento per‑
feito para este filme. Primeiro porque
todo este projecto começou apenas três
anos depois de Joaquin Phonix receber
uma nomeação para um Oscar graças
ao seu desempenho em “Walk the Line”,
de James Mangold. Por outro lado
esta é também uma fase em que o es‑
tilo mockumentary está cada vez mais
em voga, especialmente na televisão
norte‑americana, graças a séries como
“O Escritório” ou “Uma Família Muito
Moderna” (que recentemente foi distin‑
guida como a Melhor Série de Comédia
nos Emmy Awards).
Dado o contexto não só de merca‑
do, mas principalmente social, “I’m Still
Here” é um dos títulos cinematográficos
mais incontornáveis deste ano, ao reflectir
como poucos até onde é que cada um ma‑
nipula a realidade e, no final, se deixa le‑
var neste jogo onde a verdade dos factos
nunca é plenamente apurada.
Peter
Joseph
o senhor “Zeitgeist” chega em Março ao TEDxOporto
TEDxOporto
dif 36
No dia 21 de Março
de 2011 a Casa
da Música, no
Porto, irá receber
as mundialmente
conhecidas palestras
do TED – cujas
iniciais representam
Technology,
Entertainment e
Design. TED é uma
organização sem fins
lucrativos dedicada
à divulgação de
ideias que fazem a
diferença nos mais
diversos quadrantes.
A iniciativa arrancou
há 25 anos na
Califórnia, EUA, e tem
recebido desde então
grandes pensadores
e empreendedores de
todo o mundo – caso
de Bill Gates, Al Gore,
Isabell Allende, James
Cameron, Gordon
Brown, entre muitos
outros.
As ideias apresentadas
em Março na Casa
da Música têm como
tema “Being Blue”
– que engloba a
Terra, o céu, o mar,
a criatividade, as
emoções, o Porto
– que vai servir de
mote para a partilha
das experiências e
paixões de alguns
dos oradores já
confirmados: caso
de Peter Joseph,
o mundialmente
conhecido criador
dos polémicos
filmes “Zeitgeist: The
Movie”, e “Zeitgeist:
Addendum”. O
próximo filme,
“Zeitgeist: Moving
Forward” irá ser
emitido em mais de
60 países a partir
de 15 de Janeiro de
2011 e tem como
foco central o
desenvolvimento de
uma nova economia
global e sistema
social a que o autor
se refere como
“resource‑based
economy.”
Texto: Nuno Moreira
Ilustração: Catarina Sobral / Who
dif 37
Falámos com o produtor, guionista
e realizador para descobrir mais sobre o
movimento “Zeitgeist” e antecipar a sua
apresentação no Porto.
Diz‑nos quem é Peter Joseph, o ho‑
mem por detrás dos documentários
“Zeitgeist”.
Peter Joseph (PJ) – Nasci na
Carolina do Norte nos Estados Unidos,
de uma família de classe média, filho de
um homem dos correios e uma funcio‑
nária pública. Os meus interesses criati‑
vos começaram pela música, onde tentei
seguir uma carreira como percussionis‑
ta e músico. Mudei‑me inicialmente para
Nova Iorque para fazer o conservatório,
mas acabei por desistir por incapacidade
de pagar as propinas. Actualmente o meu
trabalho foca‑se em usar os media social‑
mente relevantes, utilizando a compo‑
sição, edição e pós‑produção de forma a
tentar influenciar a sociedade de uma ma‑
neira produtiva, e fora isso vou coorde‑
nando o movimento “Zeitgeist”.
Como surgiu o projecto “Zeitgeist”?
Qual foi a força motora para quereres
partilhar estes tópicos mundialmente e
de livre acesso pela Internet?
PJ – O “Zeitgeist” original não era na
realidade um filme, mas antes uma per‑
formance multimédia que consistia de
música gravada, instrumentos tocados ao
vivo e projecção de vídeos. O evento ocor‑
reu durante um período de seis noites
em Nova Iorque e depois sem nenhum
interesse profissional e de produção foi
“largado” na Internet de forma arbitrá‑
ria. Nunca foi pensado como um filme
ou um documentário no sentido tradi‑
cional – foi desenhado como algo cria‑
tivo, provocador e de expressão artística.
Contudo, uma vez online, um fluxo enor‑
me e imprevisível de interesse começou a
gerar‑se e em seis meses mais de 50 mi‑
lhões de pessoas já tinham visto o vídeo
no Google. Actualmente mais de 100 mi‑
lhões já viram o “Zeitgeist” e por isso tor‑
nou‑se por si só um filme. A força motora
para espalhar esta informação livremen‑
te pela Internet é simplesmente para au‑
mentar consciência social. A Internet é a
nova agenda mundial. É através desta in‑
formação que se pode mudar a sociedade
de raiz para que as pessoas possam com‑
preender que aquilo que pensam ser ver‑
dade é na realidade um enorme esquema
que gira em torno dos poderes e interes‑
ses de determinadas organizações.
Quais são os objectivos do movimento
“Zeitgeist”?
PJ – O objectivo é o de começar a
transitar para uma nova sociedade que
será baseada economicamente nos recur‑
sos disponíveis. Uma sociedade baseada
nos recursos existentes utiliza esses mes‑
mos recursos ao invés de os comercializar.
Todos os bens e serviços estão disponíveis
sem ser necessário o uso da moeda, cré‑
dito ou outro tipo de débito e servidão.
O objectivo de um tipo de sociedade des‑
te género é libertar as pessoas das repeti‑
ções mundanas e arbitrárias e dos papéis
fixos que não têm qualquer relevância
para o desenvolvimento social. Encorajar
as pessoas para o auto‑preenchimento,
consciência social, educação e criatividade
como oposição à superficialidade de
uma vida centrada em noções de rique‑
za. O mais importante é criar uma socie‑
dade que é verdadeiramente sustentável e
que trabalha em conjunto para o melhor
de todos. A terra é abundante de recur‑
sos, contudo os nossos hábitos velhos de
racionalizar estes recursos através de con‑
trolo monetário já não são relevantes,
são até contra‑produtivos à nossa sobre‑
vivência. O sistema monetário foi cria‑
do há centenas de anos durante períodos
de grande escassez, o propósito era distri‑
buir bens e serviços com base em contri‑
buições laborais. Isto já não faz parte da
nossa realidade actual. Estamos num ca‑
minho de auto‑destruição como espécie.
As taxas de depressão e ansiedade au‑
mentam e existe uma perpetuação da es‑
cassez mundial tanto num ponto de vista
pessoal como do próprio meio ambiente.
O problema reside na raiz do nosso siste‑
ma político e legislativo e temos de mudar
o tecido da nossa realidade social se que‑
remos sobreviver.
Encontramo‑nos num ponto de vira‑
gem para a Humanidade, é evidente tan‑
to num nível espiritual como económico
– é possível ver isso ao assistirmos às notí‑
cias na televisão ou jornais.
Na tua opinião, quais são as mudan‑
ças mais urgentes que necessitamos
tomar?
PJ – A necessidade de mudança é to‑
tal. Existe pouca esperança em qualquer
activismo tradicional, estrutura legal, refor‑
ma económica ou rotação política. Estas
noções pré‑estabelecidas de funcionalidade
social são intrinsecamente problemáticas e
limitadas no seu próprio enquadramento e
referencial. Os limites de debate em socie‑
dade estão circunscritos de forma a man‑
ter invisível o questionamento das próprias
fundações base em que vivemos. Por isso,
poderia fazer sugestões de implementa‑
ção de medidas de energia renováveis, re‑
forma dos métodos de utilização da moeda
ou da nossa aproximação à produção e dis‑
tribuição de bens e serviços, mas nada dis‑
to iria adiantar alguma coisa. É necessário
primeiro mudar a nossa forma de viver e de
lidar com o capitalismo que nos é apresen‑
tado como algo pré‑suposto à nossa exis‑
tência. É preciso reavaliar tudo o que nos
foi ensinado.
O que podemos esperar da tua confe‑
rência no TEDxOporto? Dá‑nos al‑
guns motivos para te irmos ouvir ao
vivo em Março.
PJ – Irei continuar a discutir as ne‑
cessidades fundamentais de transição
para um novo sistema social e o porquê
desse sistema ser empiricamente impor‑
tante para a sobrevivência humana.
Mais informação sobre o
TEDxOporto em:
www.tedxoporto.com
dif 38
dif 39
Sexto
Sentido
o design da sensualidade
Design
Uma porta discreta
com ar moderno.
Do outro lado, uma
loja acolhedora,
confortável, cheia de
estilo e glamour. Um
ambiente intimista,
tranquilo, e uma
decoração que
subtilmente pronuncia
de que se trata o
assunto. Um mundo
cheio de erotismo
e oportunidades
para explorar a
sensualidade e a
sexualidade, onde
prazer e design
partilham a mesma
casa.
Texto: Célia F.
Ilustração: Mauro Carmelino / Who
Nada de paredes brancas cobertas de
posters e embalagens com fotos de estre‑
las porno. Nada de peitos de silicone, sexo
explícito ou dildos por toda a parte. Nada
de essência pornográfica nem vulgaridade.
Aqui, o erotismo é o rei, e este gosta de mis‑
tério, jogo, sabores, cores e gourmet. A arte
de amar impõe requintes e aqui há inven‑
tos para estimular todos os sentidos. Batons,
cremes, pós e óleos com sabores. lingerie co‑
mestível, perfumes afrodisíacos e jogos ima‑
ginativos diferentes dos que normalmente se
encontram. Objectos de masturbação mas‑
culina e feminina e uma panóplia de pro‑
dutos em que os olhos são os primeiros a
comer. Uma cabine/provador decorada com
requinte e uma música ambiente escolhida a
dedo e extremamente adequada ao lugar.
A Eroteca Sexto Sentido, em Lisboa,
introduz no nosso país um conceito novo
e, embora explore o mesmo objecto que
uma sex shop, é antes um lugar onde se re‑
úne uma série de objectos eróticos, uma loja
do erotismo onde também se desenvolvem
workshops sobre artes associadas ao pra‑
zer. Massagem sensual, cozinha afrodisíaca,
feng shui do amor, escrita erótica, fotogra‑
fia bourdoir, tarot do amor e strip tease são
os workshops mais habituais na luxuriosa
agenda. São todos dados por profissionais
qualificados, num ambiente aberto, prefe‑
rencialmente com poucos elementos, para
que cada pessoa possa usufruir ao máximo.
A entrada é permitida a casais ou a seres sin‑
gulares. Todos são bem‑vindos e só se pede
que deixem a vergonha à porta.
dif 41
Outra novidade são os chás de mulhe‑
res. Reuniões informais em que se podem
partilhar experiências, contar truques, des‑
cobrir novas técnicas e sobretudo criar um
lugar sem pudores onde a sexualidade é o
tema de conversa e é abordada com a máxi‑
ma naturalidade e sem tabus, no feminino e
com o jogo completamente aberto.
Todos os objectos expostos na Sexto
Sentido foram pensados para o conforto e
desfrute do corpo e dos olhos. Conquistam
primeiro a visão, depois o tacto e depois...
fica um capítulo para cada um escrever na
sua bolha privada. Peças que atraem pela be‑
leza das formas, das cores e dos materiais.
Peças de requinte, criativas e sensuais, só
possíveis de conseguir tendo o design como
aliado. A lingerie de autores como Nichole
de Carle e de marcas como a Maison Close
são bons exemplos disso. Design de moda
original em autênticas peças de arte que fi‑
cam bem no corpo e que falam por si, pois
cada peça transmite uma mensagem que se
expressa sem recurso a uma única palavra.
Detalhes, minúcia e até humor, num jogo de
sedução em que vale tudo, sobretudo sur‑
preender pela inovação.
Mais do que objectos eróticos, todas
as peças são pura expressão de uma arte.
Nenhuma é merecedora de ser escondida
na gaveta e podem até ser exibidas como ar‑
tigos decorativos. Destacamos as obras de
Fraulein Kink e as suas algemas e trela feitas
à mão, forradas a plumas e que, uma vez re‑
tiradas as correntes metálicas de aros maci‑
ços, se transformam em acessórios de moda
extremamente elegantes, o “8eme ciel” da au‑
toria da designer Matali Crasset, o “Georgia”,
criado por Andrea Knecht, que é um dos
melhores exemplos de design inteligente,
pondo a ergonomia ao serviço da sensuali‑
dade, e o trabalho de Shiri Zinn, mestre da
luxúria, que ganhou vários prémios inter‑
nacionais e apresenta as suas colecções em
eventos como a London Fashion Week, ou
em clubes privados como o sediado na pent‑
house da Louis Vuitton em Tóquio. As
suas peças são as favoritas de vedetas como
Angelina Jolie e Kate Moss e já atingiram
o estatuto de must have fashion accessory.
Recentemente criou uma linha de vibrado‑
res polidos à mão com penas naturais, co‑
sidas manualmente. Chamam‑se “Red” e
“Black Minx” e completam uma colecção de
requinte de que fazem parte os strap‑on e os
dildos a condizer. Para além destes trabalhos
de autor, a Eroteca disponibiliza produtos
de marcas como a Jimmy Jane e a inevitável
Fun Factory, com as suas cores arrojadas e
formas divertidas. Objectos para apimentar
a vida sexual, sair da rotina, melhorar perfor‑
mances, descobrir novos jogos de prazer ou
simplesmente contornar os efeitos da idade.
Moda, design e sexo, num novo concei‑
to de loja que explora e põe o design ao ser‑
viço do prazer numa exposição muito além
do óbvio. Um lugar que em nada se asseme‑
lha a uma sex shop, mas sim a um museu
moderno, pois aqui o acto de amar é tido
como uma arte.
A eroteca fica situada no Parque
das Nações, Edifício Mar do Oriente,
na Alameda dos Oceanos.
dif 43
Texto: Laura Alves
Aquele que um dia foi um simples assis‑
tente de vendas cresceu influenciado pelos
Rolling Stones, David Bowie e The Who.
Gosta de estar em família, de uma boa gar‑
rafa de vinho e ama o denim ao ponto de
sonhar com uma universidade dedicada ao
ensino deste material. A DIF foi falar com
o Karl‑Heinz Müller, presidente do Bread
& Butter (B&B), sobre o presente, passa‑
do e futuro de um projecto que criou quan‑
do tinha uma loja de roupa – a 14 oz. – em
Colónia, na Alemanha.“Sendo um retalhis‑
ta, apercebi‑me que as marcas que oferecia
na minha loja estavam a precisar de plata‑
formas de encomenda adequadas”, recorda.
Desde essa altura, muita coisa mudou, e o
B&B teve várias localizações. Começou por
acontecer em Colónia, tendo mudado para
Berlim e passou também por Barcelona, até
assentar de vez em Berlim.
Moda
Bread
&
Butter
2011
quando Berlim rima com denim
Uma das mais
importantes feiras de
street e urbanwear
do mundo – a Bread
& Butter – teve o
seu início há dez
anos pela mão de
Karl‑Heinz Müller,
um apaixonado
convicto do denim.
A próxima edição
decorre em Berlim,
de 19 a 21 de
Janeiro, no histórico
aeroporto de
Berlim‑Tempelhof.
dif 45
“Não tenho
sangue
azul nas
minhas
veias mas
sim índigo”
Dez anos após o primeiro B&B, que
balanço faz deste evento?
O B&B nasceu para oferecer às mar‑
cas mais relevantes uma plataforma onde
poderiam apresentar‑se no seu próprio
ambiente. A primeira mostra para marcas
seleccionadas teve lugar pela primeira vez
em Julho de 2001 em Colónia. Nessa altu‑
ra, recebemos 50 marcas e cinco mil visi‑
tantes e, hoje, o B&B é a mais importante
feira no segmento de street e urbanware.
Sempre acreditei no conceito, mas é ób‑
vio que, há dez anos, nunca teria imagina‑
do que o B&B seria o que é hoje.
Quando pensa no que o B&B significa
para as empresas, marcas e designers
actualmente, que direcção pretende se‑
guir no futuro?
Temos bastante sucesso com o que
estamos a fazer e como o estamos a fazer.
O tamanho não é importante para nós,
queremos manter padrões de qualidade
elevados e, na verdade, recusamos muitas
marcas. Independentemente do nosso pro‑
cesso de selecção, estamos limitados no que
toca ao próprio espaço disponível no aero‑
porto de Berlim‑Tempelhof. Os nossos ar‑
quitectos encontraram algumas soluções
criativas usando o espaço aberto do aero‑
porto e não apenas os hangares. Iremos
focar‑nos mais na qualidade e vamos cres‑
cer com cautela. Também queremos criar
uma plataforma internacional para roupa
de criança cujo conceito já anunciámos –
B&B Youngstars – e que irá decorrer entre
15 e 17 de Julho de 2011.
A feira alternou entre Barcelona e
Berlim e decorre novamente em Berlim
em Janeiro. Podemos esperar novas lo‑
calizações no futuro? Já considerou
Portugal?
Conheço Lisboa bastante bem, é de
facto uma cidade fantástica. No entanto,
B&B é um evento único e só vemos um
B&B no mundo – e gostaríamos de re‑
ceber o mundo todo num B&B. Iremos
esforçar‑nos de forma a atraírmos cada
vez mais visitantes de outros continentes.
A nossa casa é Berlim e é onde iremos fi‑
car nos próximos dez anos. A cidade tem
um grande potencial para se tornar um
dos locais sensação a nível internacio‑
nal para a indústria da moda. É certo que
Berlim não irá ser uma segunda Milão,
Paris ou Nova Iorque – uma vez que es‑
tas cidades se destacam noutros segmen‑
tos da moda – mas Berlim destaca‑se pela
abordagem criativa, pela mistura da moda
progressiva e contemporânea. O segmen‑
to do street e do urbanware é aquele com
que trabalhamos no Bread & Butter.
Somos berlinenses.
Que novidades podemos esperar da
próxima edição?
Para a edição de Inverno, a instalação
temporária irá novamente manter os par‑
ticipantes e visitantes abrigados das frias
temperaturas do exterior na Denim Base
Area – um conceito arquitectónico único
que foi introduzido com sucesso na edi‑
ção anterior. A tradicional festa de aber‑
tura do B&B terá lugar na noite anterior
à feira. O tema do “B&B Sin Saloon” será
os anos 20 de Berlim, e os convidados po‑
derão apreciar música e performances da‑
quela época, jogar poker e black jack e
ainda assistir a espectaculares combates
de boxe num ringue.
Inspiração e de negócio: qual destas ver‑
tentes é mais importante para o B&B?
Ambas! Sem inspiração, o negócio
não é possível e vice‑versa. Temos de tra‑
balhar em ambos os terrenos. Precisamos
de inspiração das melhores marcas de
­urbanware do mundo, isso movimenta o
nosso negócio. Sem inspiração, estas mar‑
cas não iriam querer ou não precisariam
de uma feira como o B&B. E elas têm
uma nova cultura completamente úni‑
ca no segmento do urbanware devido ao
B&B, atingindo os segmentos de preço
mais elevado. É um luxo secreto e “cool”
que não fica atrás do design internacional
de marcas como Gucci e Prada.
De onde vem o seu fascínio pelo de‑
nim? E porque é uma parte tão impor‑
tante do B&B?
O denim é o coração do B&B e está
em todo o lado: cultura, futuro, design,
música, inspiração. Não há ninguém em
toda a indústria da moda que não traba‑
lhe com o denim. Eu próprio amo imenso
o denim; provavelmente não tenho san‑
gue azul nas minhas veias mas sim índigo.
O segmento do urbanware não seria pos‑
sível sem o denim. É a peça de vestuário
mais importante da indústria têxtil e esta‑
rá sempre presente até ao fim dos dias.
Já pensou em escrever um “guia espiri‑
tual” destinado aos jovens que estão a
começar nesta área?
Gosto muito do meu trabalho e da
minha empresa. Mas a dada altura, no
futuro, claro que irei retirar‑me. Um pe‑
queno sonho que tenho é criar uma
universidade do denim com os meus com‑
panheiros da indústria como François
Girbaud, Goldschmied, Pierre Morisset,
Jos van Tilburg, Adriano e muitos outros
da minha geração, que acredito que se irão
reformar na mesma altura que eu. O ob‑
jectivo é partilhar a nossa experiência e co‑
nhecimento às novas gerações. Claro que,
nesse caso, teremos de escrever um livro –
muitos livros – como referências de traba‑
lho. Voltamos a falar daqui a 20 anos...
Mais informações em
www.breadandbutter.com
dif 47
Caminhar ao acaso
pelas ruas de Madrid
a horas tardias e
dar de vista com
uma instalação
dos Luzinterruptus
é tão um delicioso
acaso como de
uma probabilidade
ínfima, pois pende
excessivamente
mais para que se
encontrem ruas
madrilenas obscuras
e vazias do que as
iluminadas pelas
instalações deste
colectivo madrileno.
Intervenção Urbana
Luzinterruptus
Texto: Rafael Vieira
Fotografia: Gustavo Sanabria
Os seus três elementos vêm das disci‑
plinas da iluminação, da arte e da fotogra‑
fia e fazem arte urbana – segundo as suas
próprias palavras – utilizando a luz como
matéria prima e a noite como tela. A ex‑
pressão latina que tomaram como nome
justifica e surgiu do carácter efémero das
suas peças, pois estas desaparecem sem‑
pre rapidamente quando colocadas nas
ruas, interrompendo assim a luz que de‑
las emanava.
Começaram a ir para a rua a meio de
2008 e foi no Natal desse ano que Madrid
acordou com a sua primeira instalação,
“Red”. Desde então contam‑se para cima
de meia centena de peças e uma dezena
de projectos mais ambiciosos, em reali‑
zações sempre nocturnas que vivem cada
vez mais de matérias que vão encontrando
na rua, abandonadas; reciclando o “que la
calle nos brinda” em peças efémeras lumi‑
nosas de arte pública que cumprem aqui‑
lo que pretendem: dialogar com o espaço
urbano através da luz e da arte, iluminar
áreas urbanas obscuras e assim recupe‑
rá‑las para usufruto dos seus cidadãos e
obter o prolongamento do espaço interior
sobre a rua pelo conforto proporcionado
por uma iluminação cuidada. Realizam
aquilo a que chamam uma cruzada urba‑
na pela luz, saindo uma vez por semana
numa necessária – e imprescindível – in‑
cursão pelas ruas.
A luz pontifica no trabalho de Dan
Flavin, de Turrell, nas instalações públi‑
cas de Osman Akan e nas projecções de
Holzer e em muitos outros artistas saídos
das minimal e light art; vive na preocupa‑
ção ecléctica de Peter Gasper, o light de‑
signer de Brasília e propaga‑se o seu efeito
encantatório pelas ruas de Lyon na Fête
des Lumières, nos festivais dedicados à
luz de Milão, de Berlim e no Skyway de
Toruń. Mesmo Lisboa teve o Luzboa –
bienal que infelizmente se ficou por duas
edições. O que é interessante e original
nos Luzinterruptus é a espontaneidade,
a clandestinidade da sua obra (pois man‑
têm‑se sempre no anonimato não revelan‑
do a identidade nem permitindo captura
de imagens) e a proximidade com o pú‑
blico por trabalharem na (e a) rua – a sua
definição como street artists é concreta,
recebendo o mesmo tipo de perseguição
de que sofrem os restantes artistas urba‑
nos, com quem aliás colaboram amiúde.
Neste momento internacionalizam‑se e
depois de passarem por Kiev, por Lyon,
por Nova Iorque e por Ljubljana, insta‑
laram‑se no Victoria & Albert Museum
em Londres. Lisboa talvez esteja em vis‑
ta, mas tal questão fica sem respos‑
ta certa num trajecto artístico que não é
planeado.
‘Seres Empaquetados en Luz / Beings Packaged in Light’; Instalação dos
Luzinterruptus, 29 de Outubro no jardim interior do Victoria & Albert Museum, incluído
no programa de arte contemporâneo Winter Light Commissions.
www.luzinterruptus.com
dif 48
Gerard Rancinan
Surface
Se Daguerre não
tivesse acordado.
Se Daguerre não se
tivesse espreguiçado,
bocejado e levantado
da cama no dia
seguinte à experiência
com a chapa revestida
com iodeto de prata
vaporizada com
mercúrio, e tivesse,
simplesmente, sofrido
de uma taquicardia
ventricular, vulgo morte
súbita, talvez ainda hoje
tivéssemos de andar a
interpretar graficamente
o Mundo através
de representações
unidimensionais, sem
perspectiva, numa
abordagem cubista,
nas paredes da rua,
nas divisórias das
casas e nos muros e
muralhas por essa
Humanidade fora.
Mas os ponteiros do
relógio arrastaram‑se
num vórtice. E o
daguerreótipo passou
a ser polaróide. E a
polaróide passou a ser
digital. E a pixelização
milimétrica obscena
derramou‑se sobre o
universo das imagens.
E a partir daí, a
fotografia nunca mais
voltou a ser a mesma.
Texto: João Telmo Dias
dif 50
Gerard Rancinan nasceu em Bordéus,
França, a 18 de Fevereiro de 1953 e ence‑
tou a carreira como fotógrafo jornalís‑
tico para a agência de notícias Sygma,
onde teve a oportunidade de viajar por
todo o globo terrestre e por mundos a ha‑
ver. Neste périplo jornalístico, Rancinan
é confrontado com inúmeras catástrofes
naturais, guerras civis e étnicas, hecatom‑
bes, motins e tumultos que o conduzem a
estados de incerteza e questionamento do
Mundo. Rancinan vê as coisas de frente
e chama‑as pelo nome. Testemunhos que
deixarão, posterior e indelevelmente, ves‑
tígios inexoráveis na matriz do seu traba‑
lho e constituirão o mote para a criação
de inúmeros quadros e situações estéticas,
que desafiam o público e geram estados
de interrogação, ambivalência e provoca‑
ção. Após trabalhar durante anos como
fotojornalista, Rancinan envereda pelo
trilho independente, numa ânsia decisi‑
va por uma expressão pessoal e artística,
através de uma criação visual constante‑
mente reinventada.
A segunda parte do caminho come‑
ça quando é convidado para fotografar
campanhas de marketing e comunicação
para eventos e marcas internacionais,
que o coloca sob uma chancela de alta
fasquia. Fotografa retratos de artistas,
atletas, homens de fé e de poder, num ro‑
dopio de cunho iconoclasta que não dei‑
xa ninguém indiferente, expondo o seu
trabalho em colecções de arte contempo‑
rânea, museus internacionais e galerias
de renome. O seu olhar contemporâneo
e aguçado, dotado de um engenho técni‑
co notável, fazem com que amealhe in‑
contáveis prémios, quatro dos quais para
a prestigiante World Press, tornando‑se
num dos melhores fotógrafos franceses
da actualidade, nomeado Chevalier des
Arts et des Lettres.
dif 51
dif 52
dif 53
Este ano, o Museu do Louvre, em
Paris, acolhe trabalhos seus na exposição
“METAMORPHOSES”, desde o co‑
meço de Dezembro, e o Palais de Tokyo,
igualmente em Paris, convida‑o para rees‑
crever a História da Arte, também duran‑
te o mês de Dezembro.
Corpos espojados, cores fortes, uma
lascívia permanente. Marilyn Monroe,
Marina Abromovic, Monica Belucci e o
Papa. Retratos contundentes, um impres‑
sionismo pós‑modernista e subversão de
temas delicados. Campanhas publicitá‑
rias polémicas. É este o léxico estético de
Gerard Rancinan. Sangue, vísceras, pei‑
xes e cabeças de porcos a voar. Colocar
o Mundo em perspectiva e na guilho‑
tina, através de uma objectiva crítica e
lancinante e de uma gramática apurada.
Rancinan pega no bisturi e abre fendas
irreparáveis no nosso imaginário. E nós,
sem pudor e ensanguentados, prossegui‑
mos o caminho. Com o vapor do mercú‑
rio, os píxeis e o iodeto de prata. Todos
juntos numa fotografia de passe.
www.rancinan.com
Gerard Rancinan é representado pela Opera Gallery Paris, NY
dif 54
dif 55
ONCE UPON
A TIME
IN THE WEST
COAST
Fotografia: João Bacelar
Realização Susana Jacobetty
assistida por Ricco Godinho
Maquilhagem: Inês Pais
com produtos Dior
(www.unicorneoazul.blogspot.com)
Surfista: Pedro Lima
Agradecimentos William Faure
e Gustavo Froufe
calças de ganga PEPE JEANS
e casaco de malha FLY LONDON
dif 56
camisola de malha e calças em xadrez TOMMY HILFIGER
casaco de malha LEVIS e calças em xadrez TOMMY HILFIGER
Marisa: Tank top e calças INSIGHT, colete e botas PATRIZIA PEPE, colar MARIA JOAO SOPA
casaco e calças LEE, Camisa Diesel
casaco LEVIS, camisola e calças LEE
calças LEVIS, camisola LACOSTE e casaco ERMENEGILDO ZEGNA
Calças DIESEL
dif 64
Marisa: Vestido MALENE BIRGER
casaco DIESEL, T‑shirt e calças INSIGHT, Botas FLY LONDON
fato de banho DIESEL, Casaco BY MALENE BIRGER, colar LA PRINCESA Y LA LECHUGA
top e calças INSIGHT, colete e botas PATRIZIA PEPE, colar LA PRINCESA Y LA LECHUGA
casaco, camisa, calças e ténis DIESEL
Marisa: fato de banho
DIESEL, casaco BY MALENE
BIRGER, sandálias VIVIENNE
WESTWOOD para Melissa, colar
LA PRINCESA Y LA LECHUGA
Rui: gorro, casaco, t‑shirt,
calças e ténis da produção
Ricardo: calças e casaco DIESEL,
t‑shirt e camisa INSIGHT, lenço
LEE, botas FLY LONDON
Tiago: casaco, camisa,
calças e lenço DIESEL
Marisa: fato de banho INSIGHT, botas VICINI, Colar LA PRINCESA Y LA LECHUGA
Tiago: t‑shirt, casaco vintage e botas da produção, calças e cinto INSIGHT
Ricardo: casaco, t‑shirt e calças DIESEL, ténis MUNICH
Rui: Casaco DIESEL, T‑shirt LEE, calças e ténis da produção
Beautiful Days
1
2
9
4
5
12
10
11
Fotografia
João Bacelar
Produção
Susana Jacobetty
Cerâmicas
Anna Westerlung
para CRAFTCLUB
LX Factory
www.craftclub.com.pt
3
6
7
15
8
13
1. creme L’or de Vie Dior cuidado de excepção
2. J’adore L’or Dior essência de perfume
3. Acqua di Gioia Giorgio Armani
4. Jean Paul Gaultier Madame eau de parfum
5. Dior Homme Sport eau de toilette
6. Jean Paul Gaultier “Classique” X Collection
7. Miss Dior Chérie eau de toilette
8. Trésor Lancôme eau de parfum
9. Hypnotic Poison elixir Dior
10. Play for her Givenchy eau de parfum
11. Kenzo eau de toilette pour femme
12. Armani Code Giorgio Armani eau de toilette pour homme
13. Eau Sauvage extréme Christian Dior
14. Pó compacto YSL paleta metálica
15. Victor & Rolf Flowerbomb eau de parfum
dif 72
14
dif 74
8
Modelos
Maria João Rocha e
António Vaz
Produção
Ricco Godinho
Fotografia
Telma Russo
1
11
Shopping
7
14
17
15
4
18
6
3
13
16
12
5
10
2
9
1 Botas CAT, meias verdes e collants laranja CALZEDONIA
2 Botas creme e rosa claro UGG AUSTRALIA, meias curtas roxas e meias
compridas bordô CALZEDONIA
3 Mochila CAT
4 Ténis K-SWISS e meias CALZEDONIA
5 Botas PALLADIUM e meias CALZEDONIA
6 Botas PALLADIUM e collants tijolo CALZEDONIA
7 Botas CAT e meias bordô CALZEDONIA
8 Mala FRED PERRY
9 Botas MERRELL
10 Ténis CAT e meias xadrês CALZEDONIA
11 Stivaletti 2ME e meia de cano alto com fita de cetim CALZEDONIA
12 Botas UGG AUSTRALIA e caneleiras (da produção)
13 Stivaletti 2ME e meias de malha CALZEDONIA
14 Botas UGG AUSTRALIA e meias cano alto CALZEDONIA
15 Ténis K-SWISS e meias CALZEDONIA
16 Mala BENETTON
17 Mala CAT
18 Ténis PUMA e meias (da produção)
dif 77
15
14
11
4
5
6
12
3
1
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agenda
destaque
Offbeatz Lisboa
Lisboa, todas as quartas‑feiras no
Musicbox
Texto: Pedro Primo Figueiredo
O Cais do Sodré é, por estes dias, um
dos grandes sítios da noite lisboeta. Isto
já não é novidade para ninguém. Ele é
o Viking (melhor bar de sempre, melhor
“streep‑tease” de sempre?), o sempre pre‑
sente Copenhagen, a novidade Roterdão,
o clássico Jamaica, o vanguardista Europa.
E, claro, o Musicbox, cada vez mais uma
sala de concertos de renome mas, ainda e
sempre, um bar que convida à conversa, ao
diálogo, à reflexão. Não por acaso, o pro‑
jecto Offbeatz, agora na sua segunda vida,
mudou‑se para lá depois de uma primei‑
ra temporada no Frágil, em pleno Bairro
Alto. Mas vamos por partes. Para quem
não conhece, o Offbeatz é, citando os
seus fundadores, “um movimento urbano
e criativo de apoio, divulgação e discussão
de tudo o que de mais excitante e inova‑
dor se faz no panorama musical e parte
integrante do LABZ, o novo projecto da
Subfilmes Creative Network”. Mais do que
um festival, o Offbeatz “pretende‑se uma
autêntica revolução urbana de ideias, pro‑
jectos e pessoas na área musical, de modo
a tornar‑se parte indissociável e constan‑
te da vida criativa, cultural e artística das
cidades nele envolvidas”. Isto é: todas as
4ª feiras, no Musicbox, e sempre com en‑
trada livre, o projecto convida dois gru‑
pos para pequenas actuações e apresenta
dois telediscos da “nova geração” musical
portuguesa, com presença de músicos e
realizadores para apresentação do mes‑
mo. No intervalo das apresentações das
bandas e telediscos, o público partilha as
suas opiniões, interroga artistas, questiona
opções estéticas, etc.. No primeiro mês da
nova versão do Offbeatz, o vídeo vence‑
dor foi “The Beasts”, dos Youthless, com
realização de Bruno Ferreira. Telediscos de
Linda Martini, David Fonseca, Os Golpes,
Rita Redshoes e Balla, entre outros, foram
ultrapassados na votação final, escolha de
um júri que integra, a jeito de exemplo, os
músicos B Fachada, Rodrigo Leão Jónatas
Pires (Os Pontos Negros) e Samuel Úria,
os radialistas Nuno Calado, Henrique
Amaro e Pedro Moreira Dias, e os jornalis‑
tas Mário Lopes (Público), Miguel Somsem
e o autor destas linhas, representante da
DIF, parceira do evento. O Offbeatz anda
por aí, o Cais do Sodré está melhor que
nunca – aparte a nova contratação das
noites do Viking, menos entusiasmante
que a sua antecessora – e sair à noite à
quarta‑feira é, cada vez mais, um acto co‑
mum. Vemo‑nos no Musicbox?
agenda dif 78
música
Joanna Newsom
Casa da Música, Porto – 24 de Janeiro
Teatro Aveirense, Aveiro – 25 de Janeiro
Centro Cultural de Belém, Lisboa –
26 de Janeiro
Texto: José Reis
Poucas são as “meninas‑senhoras do seu
nariz” que conseguem aliar o talento para a
música e uma beleza ímpar, de forma a dei‑
xar‑nos colados na fotografia da contracapa
(sempre que ela lá está) e esquecendo a capa,
o nome ou a música do trabalho pelo qual pa‑
gámos quase 20 euros (“tanto?”). Dos tem‑
pos mais ou menos recentes, Karen Elson é
uma delas – e maldito sejas, Jack White; não
podias ter apenas jeito para a música e não
pescares nada do que é o amor?; as géme‑
as Deheza são outro bom exemplo – hey,
Joanna Newsom
Benjamin Curtis, bela jogada, deixar os Secret
Machines e formar os The Phenomenal
Handclap Band sem qualquer homem por
perto... Mas nenhuma consegue chegar aos
calcanhares de Joanna Newsom (opinião
sujeita a refutações). Quer pelo ar angelical,
quer pela voz doce, quer pelo aspecto frágil –
e temos que invejar mais um tipo, desta vez
Andy Samberg, comediante. Estávamos em
2004, “The Milk‑Eyed Mender” dava a co‑
nhecer uma (até então) promessa. Seguiu‑se
“Ys”, em 2006, uma música mais madura,
uma voz mais modelada. Já este ano, che‑
gou mais uma pérola: “Have One on Me”.
Depois de uma passagem em 2007 pelo nos‑
so país, regressa em Janeiro para três con‑
certos a não perder. E nunca como agora as
letras de Marco Paulo fizeram tanto sentido:
“Oh Joana/ Pensar que estivemos tão perto/
Dos sonhos agora desperto/ Só não quero
ouvir o sim que dirás // Oh Joana/ Recordo
agora os momentos/ Passaram nos meus
pensamentos/ Mas longe de mim sei que fi‑
carás (...)” Com muita pena minha, confesso.
música
The Legendary Tiger
Man
Coliseu do Porto – 21 de Janeiro
Coliseu dos Recreios – 22 de Janeiro
Texto: André Marques dos Santos
As discussões sobre Deus ter cria‑
do primeiro o homem ou a mulher
vêm de há muito tempo e, por muito
que não se chegue a conclusão algu‑
ma, propagar‑se‑ão pela eternidade. A
verdade é que um não vive sem o ou‑
tro. Vejamos o caso do nosso homem
tigre que, para o seu último trabalho
se rodeou de várias (e talentosas) se‑
nhoras do mundo da música, para fa‑
zer um álbum que haveria de dar cartas
na contagem dos discos mais vendidos
do país nos últimos tempos – feito
que, nos dias de hoje, só alguns se po‑
dem gabar de conseguir. Muitos con‑
certos depois, e com a crítica do seu
lado, Paulo Furtado, aka The Legendary
Tiger Man, leva “Femina” aos Coliseus,
a 21 de Janeiro no Porto, e a 22 em
The Legendary Tiger Man
Lisboa. Mas não será só a sua última
aventura a ser vítima dos majestosos
holofotes das grandes salas do país: há
já a promessa de uma viagem pelo per‑
curso do músico, com possibilidade de
paragem em pontos remotos como os
Tedio Boys e os Wraygunn (de quem
teremos novidades em breve). Os con‑
vidados serão, a seu tempo anunciados,
mas já está confirmado que os Dead
Combo, que em 2006 participaram no
álbum “Masquerade”, também subirão
ao palco. Depois da digressão do disco
de duetos por todo o país (que ago‑
ra se estendeu a outros territórios eu‑
ropeus), uma promessa está já no ar:
o homem tigre fará aquilo que puder
para que quem entre nos coliseus, te‑
nha uma noite lendária.
agenda dif 80
exposições
BES Revelação
Miguel Ferrão. Proposta para um acordo
Museu da Fundação de Serralves,
Porto, até 16 de Janeiro
Texto: Marta Brito
Foto: Miguel Ferrão
Aproveitar um fim-de-semana soalhei‑
ro para ir aos jardins da Fundação Serralves
(no Porto) passear é sempre boa ideia mas,
quando se pode aproveitar para ir ver a expo‑
sição colectiva dos vencedores da sexta edição
do BES Revelação, torna‑se um programa rela‑
tivamente obrigatório. Mónica Baptista, Miguel
Ferrão, Eduardo Guerra e Carlos Azeredo
Baptista nasceram todos durante a década de
1980 – são, como se costuma dizer, jovens ar‑
tistas. Apesar de ser no questionamento da fo‑
tografia que convergem os quatro trabalhos,
nenhum deles se torna redundante. As abor‑
dagens e os materiais são muito diferentes e,
por isso, oferecem‑nos maneiras de pensar e
de usar um mesmo tema – desde a execução
de um filme animado a partir de centenas de
rolos fotográficos, ao entrosamento do vídeo,
da serigrafia e do texto num mesmo projec‑
to, passando por um novo tipo de escultura
onde o som e a palavra são fundamentais, até
à própria fotografia enquanto comentário ao
que aconteceu às utopias políticas e sociais do
pós‑II Guerra Mundial. A produção jovem tem
muita força e até meio de Janeiro tem espa‑
ço no Museu de Serralves. É muito importante
que se valorize esse espaço usando e abusando
dele porque é uma das raras oportunidade que
temos de nos encontrarmos com o trabalho
de quatro artistas que nos comunicam novas
maneiras de ver através da manipulação de di‑
ferentes técnicas.
Sergei Loznitsa
Comissariado: Margarida Mendes
Produção: Fundação de Serralves
cinema
Retrospectiva Sergei
Loznitsa
Culturgest, Pequeno Auditório, Lisboa,
de 13 a 16 de Janeiro
Texto: Pedro Primo Figueiredo
Entre 13 e 16 de Janeiro, o Pequeno
Auditório da Culturgest recebe um ciclo
de cinema dedicado a Sergei Loznitsa, que
dará a conhecer a obra do cineasta numa
retrospectiva “completa e inédita” em
Portugal, diz a organização. A mostra, pro‑
gramada pela Zero em Comportamento,
será acompanhada pelo realizador, que
estará em Lisboa para apresentar as ses‑
sões. Um pouco de contexto: Nascido na
Bielorússia quando esta ainda fazia par‑
te da União Soviética, Sergei Loznitsa foi
desde cedo encorajado pelos pais, ambos
matemáticos, a ocupar‑se de estudos téc‑
nicos. Seguiu‑os até 1991, na área da ci‑
bernética e da inteligência artificial, mas a
fotografia – uma velha amiga de infância –
e os livros de filosofia e arte pelos quais
sempre cultivou o fascínio, conduziram‑no
nesse ano ao Instituto de Cinema (VGIK)
em Moscovo, onde frequentou o estúdio
de Nana Dzhordzhadze. Os seus dois pri‑
meiros filmes – “Today We Are Going to
Build a House” (1996) e “Life, Autumn”
(1998) – foram co‑realizados com Marat
Magambetov. À prolífica lista de docu‑
mentários em nome individual que se se‑
guiram até 2008, juntou‑se, este ano, a
ficção “My Joy”. Os seus filmes “evocam
uma Rússia de poemas e histórias, sonha‑
dora e idealista, mas também fria e agres‑
te, nem sempre em condições de pôr em
prática princípios mais nobres”, sublinha
a Zero em Comportamento. Os bilhetes
para cada filme do ciclo têm o preço úni‑
co de 3,5 euros.
agenda dif 81
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