Apresentação

Transcrição

Apresentação
Apresentação
V
ivenciamos ao longo dos anos o crescimento e o desenvolvimento da agropecuária
brasileira e gaúcha, em especial, comprovando que o setor primário é o responsável
direto pelo crescimento do Produto Interno Bruto - PIB nacional como levantado
recorrentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. A agropecuária
aparece como um dos principais itens a influenciar positivamente o PIB brasileiro. Porém
ainda existem muitos gargalos a serem enfrentados e superados pelas cadeias produtivas,
seja individualmente, por setores ou de maneira global. Portanto, entendemos ter sido
apropriada a elaboração pela Comissão de Agricultura, Pecuária e Cooperativismo – CAPC,
do projeto ‘Radiografia da Agropecuária Gaúcha’, que se transformou em um diagnóstico
atualizado da situação da agropecuária do RS, com o levantamento das diversas variáveis
que compõe a realidade de cada cultura.
O objetivo deste trabalho foi formatar um mapeamento da realidade atual da cadeia
produtiva do RS nas produções animal e vegetal, a fim de obter-se uma radiografia do
setor no Estado, identificando sua potencialidade, seu desenvolvimento ao longo dos
anos, pontos positivos, pontos a serem melhorados, qualidades e deficiências, bem como
custos de produção, produtividade e atividade exportadora, entre outros itens. Desta forma
contamos com subsídios amplos para estabelecer debates sobre os rumos que o Estado
deve perseguir para o fortalecimento do setor primário.
O presente livro, destinado a servir de material de apoio e pesquisa aos mais diversos setores da
sociedade, foi elaborado pela Comissão de Agricultura, Pecuária e Cooperativismo em conjunto
com a Presidência da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, tendo sido uma das pautas
relevantes da administração do legislativo estadual – gestão 2012. O projeto ‘Radiografia da
Agropecuária Gaúcha’ teve como meta, propor medidas factíveis aos governos estadual e
federal, em conjunto com todas as cadeias produtivas, para que sejam elaborados programas
permanentes de fomento à agropecuária, a fim de ampliar volumes da safra gaúcha, para que a
garantia de renda seja efetiva ao produtor rural, além de sua fixação no campo.
Prefácio
U
ma nave que não conhece sua rota e não identifica seu destino, nunca terá ventos
favoráveis. Isto é válido para qualquer atividade humana. Os elementos da natureza
dispõem-se de forma heterogênea pelas diversas regiões do planeta, gerando
potenciais e carências que devem ser administrados pelo homem na proposta permanente
de crescimento, a cada dia, com enfoque maior na sustentabilidade. Para ser sustentável o
desenvolvimento deve contemplar positivamente o econômico, o tecnológico, o ambiental
e o social. Qualquer destes quatro pilares sendo omitido, o desenvolvimento torna-se
simples crescimento e perde a sustentabilidade. Todos os sistemas de produção, cada vez
mais, necessitam de gestão adequada em sua execução. Para que isto ocorra, é fundamental
o conhecimento pleno do que está sendo feito, bem como a permanente atitude nãodogmática da mente humana, que permite as rápidas mudanças de paradigmas necessárias
ao acompanhamento da evolução tecnológica.
Costuma-se dizer com ufanismo que as coisas boas começam no Rio Grande do Sul e a história
parece ratificar esta assertiva. E, fato concreto, é esta obra Radiografia da Agropecuária Gaúcha,
onde me foi dada a honra de inserir este prefácio. Tarefa de fôlego, que após exaustivo trabalho de
pesquisa no universo do agro, vem mostrar com clareza a real situação da atividade, com a adequada
visão das cadeias produtivas do agronegócio. Missão capitaneada pelo jovem Deputado Ernani
Polo, Presidente da Comissão de Agricultura, que reuniu talentos de dentro e de fora da Assembleia
Legislativa com o objetivo de tornarem realidade esta iniciativa. Faz entender que já não basta apenas
produção, produtividade e mesmo qualidade. Continuam sendo muito importantes. Porém, devem ser,
necessariamente, complementadas pela competitividade dos produtos, só então, tendo assegurada a
sua permanência no mercado. A competitividade é obtida pela racionalização do custo de produção, o
que é resultado da prática progressiva de gestão do processo produtivo, otimizando o uso de insumos,
diminuindo desperdícios e definindo o módulo ideal do sistema de produção.
Historicamente, o Rio Grande do Sul tem sido repositório de capital humano para o país.
Durante o século XIX, recebemos forte imigração de europeus que colonizaram nosso
Estado usando técnicas agrícolas, na época, muito adiantadas se comparadas com o
que aqui era praticado. Isto sem deixar de cometer erros, ao praticar em região tropical
aquilo que era feito em regiões de clima frio. No século XX, então agricultores gaúchos,
impulsionados por forte vocação telúrica e denodado empreendedorismo, colonizaram
o oeste catarinense, o norte do Paraná, o Mato Grosso do Sul, rumando para o norte
e nordeste, chegando às mais setentrionais plagas brasileiras, levando exemplo de
trabalho, progresso, organização cooperativa e, nesta admirável epopeia, transformando
o Brasil em referência mundial de produção de alimentos, sendo já, considerando seu
enorme potencial, identificado como um dos celeiros do mundo.
Antes de qualquer terapêutica é fundamental um detido diagnóstico. Muito se avança
corrigindo os pequenos defeitos de gestão. É a ação preventiva que barateia e torna mais
eficiente o tratamento, trazendo melhores resultados.
A performance brasileira processou-se muito rápida. Em apenas um século, o país saiu da
condição de republiqueta oligárquica periférica para colocar-se entre as maiores economias
do planeta. Isto graças, fundamentalmente, ao desempenho do agro. Cumprida esta meta,
aumenta a responsabilidade com um mundo em rápido crescimento, principalmente
demandante e com recursos naturais em progressivo esgotamento.
A Radiografia da Agropecuária Gaúcha é livro-texto a ser usado em escolas, formando na
mentalidade dos jovens a consciência do quanto é importante para o Rio Grande do Sul e
para o Brasil o competente exercício da agricultura. Isto posto, complementado pela definição
de políticas públicas de produção, uso do solo, zoneamento econômico-ecológico e melhoria
geral da infraestrutura nacional, fará, a curto prazo, a consolidação do agro brasileiro,
transformando-o em atividade sustentável e imbatível nos mercados internacionais.
A qualidade e a pertinência desta obra traduzem a sensibilidade clarividente da Assembleia
Legislativa do Rio Grande do Sul, na pessoa de seu presidente, o deputado Alexandre Postal,
e da Comissão de Agricultura, presidida pelo já citado Deputado Ernani Polo. Parabéns aos
responsáveis pela obra e ao povo gaúcho por mais esta demonstração de pioneirismo na
condução dos rumos do nosso privilegiado país.
Carlos Adílio Maia do Nascimento
Um novo e necessário olhar sobre o Rio Grande do Sul
O
projeto Radiografia da Agropecuária Gaúcha – desenvolvido pela Comissão de
Agricultura, Pecuária e Cooperativismo da Assembleia Legislativa do Rio Grande do
Sul (ALRS) e Presidência da Casa Legislativa - compila os dados das mais diversas
atividades do setor primário, apresentando um cenário que abarca duas décadas anteriores,
com vistas a possibilitar análises e traçar perspectivas dos melhores rumos a seguir perante
os desafios impostos. Estes decorrem tanto de fatores naturais como da crescente demanda
por alimentos no mundo, que devem reunir qualidade e quantidade, com fornecimento nos
prazos adequados e de modo também a garantir a rentabilidade ao produtor, tudo isso com
sustentabilidade ambiental. Parece muito, e é, mas o RS e o País como um todo têm condições
de ampliar espaços e melhorar perspectivas.
formação e orientação técnica, políticas públicas amplas e permanentes, com aporte
financeiro baseado em juros e prazos estipulados a fim de impulsionarem o setor , ao invés
de serem uma preocupação aos que a ele recorrem.
Se por um lado as dificuldades existem, por outro a sociedade mundial precisa de alimentos.
Isso abre perspectivas boas para um Estado como o RS, com vocação para a agricultura
e pecuária, motivo pelo qual deve haver um grande esforço conjunto da sociedade no
desenvolvimento do setor, pilar da economia rio-grandense, permitindo que todo aquele que
gosta de produzir no campo possa sentir vontade de apostar seu futuro nele, bem como, de
sonhar que seus filhos igualmente possam desejá-lo. Neste aspecto, cabe lembrar do papel
da agricultura familiar em nosso meio.
Faço questão de mencionar que, neste ano, o Parlamento gaúcho trouxe à discussão a gestão
das bacias hidrográficas, quando apontei o fato de o RS carecer de uma política de irrigação
permanente e que seja utilizada com autonomia pelas regiões normalmente afetadas pelas
secas. Após o debate, as entidades participantes resolveram criar a Associação Gaúcha das
Águas - uma OSCIP-, e apresentaram a Carta Gaúcha das Águas, pois são muitos os aspectos
relacionados aos recursos hídricos. Foi uma discussão que se somou ao propósito trazido pelo
projeto Radiografia da Agropecuária Gaúcha. Não há mais como produzir sem pensar em
meio ambiente e sustentabilidade, um compromisso de cada cidadão.
Diversas palestras enriqueceram o projeto da Radiografia, com a presença de ministros
gaúchos, técnicos, empresários, estudiosos e produtores rurais. Durante a Expointer 2012,
o ministro Mendes Ribeiro Filho apresentou o projeto voltado à regionalização, algo novo
e necessário num país tão grande como o Brasil, sem falar que no próprio RS há uma
diversidade de biomas e realidades distintas. Se cada região tem suas peculiaridades
econômicas, sociais e geográficas, saber disso e promover ações a partir dessa visão é
um avanço que começa a ser construído.
Este diagnóstico é uma contribuição que o Parlamento rio-grandense oferece com
vistas a estudos para elaboração de políticas e programas voltados à agricultura. Bons
resultados podem surgir com ações integradas entre o setor público e o privado. Os
desafios postos tornam necessários investimentos em pesquisa, controle de sanidade,
A questão requer olhar sempre atento de nós legisladores, incumbidos de fazer as leis e do
papel de fiscalizar as propostas executadas, tanto no âmbito do Estado como federal. Afinal,
não basta aprovarmos projetos se a implementação emperra em burocracia, falta de pessoal
no serviço público para atender um setor que requer sempre agilidade, por fatores climáticos
e especificidade das culturas, por exemplo. Cabe acrescentar que a educação e formação no
meio rural igualmente merecem maior atenção nesse cenário.
Que esta inovadora e rica iniciativa da Comissão de Agricultura,
na presidência do deputado Ernani Polo, seja o início de um
novo olhar sobre o nosso Estado, focado na valorização
efetiva de um setor que se configura numa das nossas
mais expressivas tradições, a produção agropecuária.
Em nome da ALRS, os agradecimentos e cumprimentos
a todos que se dedicaram a este trabalho.
Deputado Alexandre Postal
Presidente da Assembleia Legislativa
do Rio Grande do Sul
O raio X da agropecuária do Rio Grande do Sul
E
ntra ano e sai ano, convivemos, em nosso Estado, com situações de dificuldades
no setor primário. Seja por problemas recorrentes de estiagens, ausência
de incentivos adequados à produção das mais diferentes culturas, pelas
concorrências com importados, ou até mesmo a crescente competição com unidades
de nossa própria federação. Todos estes fatores levam à falta de garantia de renda.
Inegavelmente, o agronegócio tem sido a mola propulsora da economia do país
nas últimas décadas, tanto que, em recente levantamento do IBGE, o setor primário
foi responsável pela segunda atividade estimuladora do PIB nacional, ficando atrás
apenas da arrecadação de impostos. A agricultura familiar brasileira é responsável
por importantes percentuais do Valor Bruto da Produção (VBP) agropecuária e é a
principal geradora de postos de trabalho no meio rural.
Hoje, um dos principais desafios é a produção de alimentos para populações sempre crescentes
e cada vez mais concentradas em áreas urbanas. O mundo precisa do Brasil para se alimentar.
Segundo a FAO, aproximadamente 800 milhões de seres humanos sofrem de fome, que dói e
mata. A maior revolução na história da humanidade foi a agricultura.
Além de fornecer alimento, abre-se agora espaço para novo modelo de agricultura, não alimentar.
O mundo está vivendo a era da biomassa, da bioenergia. Vivemos um clima de mudança.
O Brasil é mundialmente reconhecido por sua grande capacidade de produção de biomassa,
fato comprovado pelo enorme volume de exportações de commodities agrícolas. Nosso
país possui condições de solo e clima invejáveis no contexto mundial. Somos o 5º maior
em área e população. Alcançamos a posição de 7ª economia mundial e, nosso potencial
de desenvolvimento é enorme. Aqui no Rio Grande, temos assistido, nos últimos anos, o
aumento da produtividade em todas as culturas, em razão da qualificação dos produtores e
da apropriação de novas tecnologias e cultivares.
No entanto, não são poucos os gargalos que
verificamos na produção primária do RS, que,
mesmo assim, continua sendo um celeiro para o
abastecimento do país. O Estado do Rio Grande
do Sul visa, sempre, a ampliação dos volumes da
safra gaúcha, para que a garantia de renda seja
efetiva ao homem do campo.
Por sugestão do ex-ministro Francisco Turra, foi criado na
Comissão de Agricultura, Pecuária e Cooperativismo, com o apoio da Assembleia Legislativa,
o projeto Radiografia da Agropecuária Gaúcha, para mapear a realidade atual das cadeias
produtivas do Estado nas produções animal e vegetal.
Exemplos das dificuldades do setor são a suinocultura e a avicultura do RS, que vem perdendo
em competitividade; os problemas de comercialização de orizicultores e triticultores; as
dificuldades enfrentadas pelos sojicultores devido à seca, que afeta nossa agropecuária como
um todo, refletindo-se em setores como os de carne e leite. Este levantamento abordou os
gargalos da irrigação, da sucessão rural, da distribuição de energia elétrica ao campo, dos
licenciamentos ambientais, das exportações e importações, da logística, da armazenagem e
das assimetrias do MERCOSUL, entre outros tópicos.
O “raio X” contou com a realização de fóruns de debates ao longo de 2012 na Assembleia
Legislativa, com a participação de palestrantes conhecedores do cenário da agropecuária
gaúcha, nacional e mundial. Foram aprofundadas discussões sobre a produção primária e seu
futuro. A partir dos índices e resultados apresentados para cada cultura, em comparação com
períodos anteriores distintos e relevantes, foi estabelecido um registro profundo e realista da
produtividade agropecuária do RS. Eis o resultado do nosso trabalho!
Ernani Polo
Deputado Estadual PP
Presidente da Comissão de Agricultura, Pecuária e Cooperativismo da AL-RS
Capítulo 1
Fórum de
Debates
1.1. Relação das Palestras
Ao longo do ano de 2012 foram realizados, sob a coordenação da Comissão de Agricultura,
Pecuária e Cooperativismo da Assembleia Legislativa do RS, fóruns de debates com a
participação de reconhecidas lideranças do setor agropecuário nacional e gaúcho.
Tema: “Agronegócio brasileiro – Ameaças e Oportunidades”
Palestrante: Francisco Turra (Presidente da União Brasileira de Avicultura – UBABEF)
Tema: “Cooperativismo no Século XXI”
Palestrante: Nei César Mânica (Presidente da Expodireto Cotrijal)
Tema: “Agroindústrias – Agregar Valor Para Garantir Renda”
Palestrante: Francisco Signor (Superintendente do Ministério da Agricultura no Rio Grande do Sul)
Tema: “Perspectivas e Desafios da Economia no RS”
Palestrante: Marcus Vinícius Pratini de Moraes (Ex-ministro da Agricultura)
Tema: “Políticas Públicas para a Agropecuária e Agricultura Familiar”
Palestrantes: Mendes Ribeiro Filho (Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) e Pepe Vargas (Ministro do Desenvolvimento Agrário)
Tema: “Sucessão Rural e Produção de Alimentos – Bioernergia e Sustentabilidade”
Palestrantes: Helder Mutéia (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura – FAO) e Vergílio Perius (Presidente do Sistema OCERGS - SESCOOP-RS)
Tema: “Agrocenários 2012-2030 / Visão Global, Zoom
Palestrante: Antônio Sartori (Diretor da BRASOJA)
Local”
1.2. Palestra 1
Tema: “Agronegócio brasileiro – Ameaças e Oportunidades”
Palestrante: Francisco Turra - Presidente da
União Brasileira de Avicultura (UBABEF)
Debatedores: Valdecir Folador (ACSURS) - Eduardo dos
Santos (ASGAV) - Rogério Kerber (FUNDESA)
26/04/2012 - 9h30 - Local: Sala João Neves da Fontoura – Plenarinho - 3º Andar AL
“A vocação sensível, visível e verdadeira do RS tem raízes profundas no
campo. Historicamente, fomos o Estado produtor e indutor de políticas de
produção. Crescemos, diversificamos, atingimos um grau de maturidade
invejável. Nossos produtores passaram a ser bandeirantes desbravando
outros espaços. Partimos para todas as regiões do país colhendo os frutos
do DNA do protagonismo que sempre nos caracterizou no agronegócio.
Mas, neste momento de transformações, mudanças, novas tecnologias, luta
pela produtividade e pela agregação de valor, é fundamental saber como nos
situamos entre os estados Brasileiros. Importante verificar que a realidade
mudou e se a logística nos favorecia outrora, os novos cenários hoje são
outros. Afora as mudanças climáticas, há as mutações de conceitos em relação
às culturas e à pecuária. O zoneamento agroclimático precisa ser avaliado
como caminho.Em síntese, é essencial termos uma
radiografia sobre o momento que nosso estado
vive. A economia é cada vez mais dinâmica
e não podemos ficar parados desbotando
nossa coloração de histórico sucesso”.
Francisco Turra
Presidente da União Brasileira
de Avicultura (UBABEF)
“Em relação à suinocultura, penso que é preciso uma reestruturação do
setor, no sentido de que o produtor tenha renda efetiva na atividade, pois é
ele que faz todos os investimentos sanitários, ambientais e de infraestrutura
para produzir um excelente animal, abastecendo mercados. Porém o retorno
não é suficiente muitas vezes até para cobrir o custo de produção. Este
projeto foi importante pois trouxe o debate, levantado a partir da Comissão
de Agricultura, oportunizando a manifestação das cadeias produtivas, que
colocaram suas necessidades e desafios, para que se busque um caminho
que permita o sucesso e o equilíbrio em cada uma”.
Valdecir Folador - Presidente da ACSURS
“Nossa atenção está voltada para o desenvolvimento
de programas efetivos que tragam mudanças e
modernização na gestão pública e sistemas que
viabilizem o agronegócio. Assim, acreditamos que
a radiografia do agro gaúcho possa nos aproximar
mais da realidade e das soluções para uma evolução
constante das cadeias produtivas!”
Eduardo dos Santos - ASGAV
“O ‘Projeto Radiografia da Agropecuária Gaúcha’ constitui-se
numa iniciativa importante, da Comissão de Agricultura, Pecuária e
Cooperativismo, presidida pelo Deputado Ernani Polo, com participação
de todas as atividades agropecuárias, ampliando com profundidade o
conhecimento dos diferentes setores e sistematizando informações
da situação presente. A participação pública e privada contribuiu
para se alcançar uma visão abrangente, identificando os desafios e as
oportunidades, importantes para o planejamento futuro”.
Rogério Kerber - Presidente do FUNDESA
1.3. Palestra 2
Tema: “Cooperativismo no Século XXI”
Palestrante: Nei César Mânica - Presidente da Expodireto (COTRIJAL)
Debatedores: Ademar Schardong (SICREDI) – Rui Polidoro
Pinto (FECOAGRO) – Clamir Balen (UNICAFES-RS)
17/05/2012 - 9h30 - Local: Sala João Neves da Fontoura – Plenarinho - 3º Andar AL
“As palestras feitas na Assembleia, neste ano, aprofundaram o debate do cooperativismo
e do desenvolvimento sustentável. Lideranças das mais diversas representações
afirmaram que as cooperativas são ferramentas importantes para o combate a fome e a
miséria extrema em todo o mundo.” Clamir Balen - UNICAFES-RS
“Evolução comparativa do fim do século passado e hoje conclui que
o desenvolvimento tecnológico colocou o setor em outro contexto
socioeconômico. Hoje, os principais desafios para a agricultura familiar
no campo são a sucessão familiar e educação, para manter os filhos
dos agricultores no campo e em suas atividades.”
Rui Polidoro Pinto - Presidente da FECOAGRO
“A legislação brasileira (constituição Federal, Lei Complementar 13ª e Lei
5764) interpretadas em seu conjunto, consolida o tipo societário “SOCIEDADES
COOPERATIVAS”, como extraordinário instrumento de organização econômica
da sociedade; escala, rede de distribuição, governança e gestão são os grandes
desafios das sociedades cooperativas contemporâneas; o diferencial competitivo
das sociedades cooperativas é próprio do tipo societário, a partir dos valores
inseridos nos seus princípios de direito. Portanto, preço, qualidade e atendimento,
são decorrentes do negócio, hoje comoditizado e globalizado.”
Ademar Schardong - Presidente do SICREDI
“Com uma participação de 50% na economia gaúcha e
de 32% no Brasil, o agronegócio não só é importante,
como é decisivo, para embasar estudos, estratégias e ações
de desenvolvimento. Levantamentos mostram que os
anos de crise são invariavelmente decretados por fatores
ligados à recessão, câmbio e frustração de safra.
Pelas projeções de crescimento da demanda por alimentos
no mundo, o nosso país terá de produzir até 2050, 50%
a mais do que produz hoje, o que exige um setor de
agronegócio muito bem sedimentado. Temos áreas disponíveis
para cultivos, o melhor e maior lençol freático de água no
mundo, somos um país tropical e podemos diversificar.
Mas para capitalizarmos tais vantagens, precisamos vencer
desafios relacionados principalmente à políticas públicas,
logística, custos de produção e questões ambientais.
O sistema cooperativo, permanentemente focado
em buscar novas tecnologias e oferecer alternativas e
ferramentas que resultem em conhecimento, eficiência
e renda para as propriedades rurais, é um grande aliado
neste contexto. Atualmente, representa 37% do PIB do
agronegócio no país, e tem condições de avançar.
Discutir, portanto, todas estas questões, fazer um diagnóstico
de como o Rio Grande do Sul poderá resolver suas pendências
e ainda ajudar o país a atingir as metas de que é
capaz, pela sua condição natural e de nível
tecnológico, é um ganho para todos nós. O
Projeto Radiografia da Agropecuária Gaúcha
proporciona isso, e tem o nosso apoio.”
Nei César Mânica
Presidente da Expodireto (COTRIJAL)
1.4. Palestra 3
Tema: “Agroindústrias – Agregar Valor para Garantir Renda”
Palestrante: Francisco Signor (Superintendente do
Ministério da Agricultura no Rio Grande do Sul)
Debatedores: Eraldo Marques (SEAPA) – Elci Dickel UPF)
14/06/2012 - 9h30 - Local: Sala João Neves da Fontoura – Plenarinho - 3º Andar AL
“O debate sobre Sistemas de Inspeção foi um momento rico de
esclarecimento sobre os dois sistemas existentes, SISBI e SUSAF.
A adesão a um dos sistemas oportunizará as agroindústrias
a comercialização de seus produtos em outros municípios e
também outros estados. Para haver adesão, os serviços de
inspeção devem ser equivalentes, o que garantirá qualidade ao
produto final, beneficiando assim o consumidor.”
Eraldo José Leão Marques - Diretor DDA/SEAPA
“O Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal -SISBI,
é integrante do Sistema Unificado de Atenção a Sanidade AgropecuáriaSUASA. Tem como objetivos atender as legislações inerentes a Inspeção
Sanitária de Produtos de Origem Animal, principalmente das pequenas
e médias Agroindústrias, com isso, atende-se nos aspectos legais
das questões de ordem sanitária e, principalmente, proporcionando
o desenvolvimento sócio econômico dos diversos munícipios do Rio
Grande do Sul e do Brasil”.
Prof. Dr. Elci Lotar Dickel - Professor da Faculdade de Agronomia
e Medicina Veterinária Universidade de Passo Fundo.
“O estímulo à industrialização familiar dos produtos agropecuários tem
sido um dos mais importantes meios pelos quais as políticas públicas
buscam a promoção do desenvolvimento socioeconômico dos produtores
rurais, traduzindo-se pela agregação de valor e renda à produção
primária, à sustentabilidade do meio ambiente e à preservação dos
valores culturais. A agregação de valor está relacionada diretamente
às características qualitativas dos produtos que os diferenciam dos
demais, ditos “industrializados”, originadas de algum aspecto artesanal
na fabricação e/ou da territorialidade do local onde são obtidos e,
inclusive, do caráter social associado à agricultura familiar.
Estas premissas se tornam mais verdadeiras quanto mais se relacionarem
à organização associativa dos pequenos agricultores e ao estabelecimento
de formas de certificação (orgânicos, por exemplo) e rastreabilidade dos
produtos que permitiriam o aumento do volume de produção, do poder de
barganha e do acesso a mercados consumidores diferenciados. Porém, todo
o esforço será inútil se a essas iniciativas não for associado o aspecto sanitário
e de segurança alimentar, isto é, todos os alimentos, de origem vegetal ou
animal, industrializados ou não, devem ser oferecidos ao consumidor com
garantia de que não oferecem riscos a sua saúde ou a sua segurança e essa
garantia é, necessariamente, chancelada pelo poder público e assegurada
pelo Código de Defesa do Consumidor. Para que os produtos da agroindústria
familiar se apresentem com a qualidade sanitária desejável, os Ministérios
da Agricultura e da Saúde têm a atribuição de exercer a inspeção sobre
a produção de todos os produtos destinados à alimentação humana ou
animal, e a executam através de normas e regulamentos técnicos relativos à
produção primária, à industrialização, distribuição e consumo dos produtos.
Os desafios ao fortalecimento da agroindústria
familiar ainda incluem outros temas como a
gestão agroindustrial, a sucessão familiar e a
permanência do homem no campo, também
matérias de interesse das políticas públicas.”
Francisco Signor
Superintendente do Ministério
da Agricultura no RS
1.5. Palestra 4
Tema: “Perspectivas e Desafios da Economia no RS”
Palestrante: Marcus Vinícius Pratini de Moraes
(Ex-ministro da Agricultura)
Debatedores: Mauro Knijnik (SPDI) – Erasmo Batistela (APROBIO)
Gilberto Borgo (ACERGS)
12/07/2012 - 9h30 - Local: Sala João Neves da Fontoura – Plenarinho - 3º Andar AL
“Este foi um projeto diferenciado que realmente trouxe
muitos temas importantes ligados ao agronegócio do Rio
Grande do Sul, na minha avaliação ficou claro que nós
temos muitas oportunidades para continuar crescendo, em
especial com a chegada dos biocombustíveis no Estado.
Parabenizo toda a comissão por realmente fazer essa
conversa aberta e franca, possibilitando uma noção mais
clara de como está o agronegócio.”
Erasmo Carlos Battistella - Diretor Presidente da BSBIOS
“Julgo muito importante um debate como este que a Comissão de
Agricultura, Pecuária e Cooperativismo da Assembleia Legislativa
promoveu sob a Presidência do Deputado Ernani Polo.
O que nós temos que começar a rever e reeditar
é uma série de ideias e até de projetos que
não são mais concernente com o cenário
novo do mundo e o papel do Brasil
no mundo na área de alimentos.”
Marcus Vinícius
Pratini de Moraes
Ex-ministro da Agricultura
“A evolução da agricultura brasileira é incontestável e segue em ritmo acelerado. Em todas as áreas
da produção o Brasil tem surpreendido, ultrapassando até mesmo países mais desenvolvidos.
O plantio direto, a evolução genética, principalmente a biotecnologia, atrelados ao uso de
novas técnicas de cultivo, com destaque para a agricultura de precisão, tem proporcionado um
crescimento significativo da nossa agricultura, em quantidade e produtividade.
Porém, como nem tudo são flores, da porteira pra fora, a situação
brasileira é caótica. Não temos armazenagem suficiente, nosso
transporte é precário e nossos portos estão sucateados. Tudo
isso eleva o custo Brasil e nos torna menos competitivos no
mercado internacional.
Iniciativas como esta da Comissão de Agricultura da Assembleia
Legislativa do RS são louváveis e chamam a atenção das
autoridades para os desafios que ainda temos que enfrentar, com
o propósito nos tornarmos um país realmente desenvolvido.“
Gilberto Borgo - Presidente da ACERGS
“Quando a agricultura vai bem, a economia gaúcha respira
aliviada, em função do potencial de geração de riqueza e do
profundo enraizamento da atividade primária, e da indústria
ligada a ela, no setor produtivo gaúcho. Por isso, nossa estratégia
de desenvolvimento prevê apoiar setores da chamada Economia
Tradicional. Entre os 22 setores da nossa Política Industrial,
definimos sete setores ligados à agroindústria, para justamente
trabalharmos o aumento da nossa competitividade, inclusive
modernizando os nossos incentivos para promover o investimento.”
Mauro Knijnik - Secretário de Estado do RS
1.6. Palestra 5
Tema: “Políticas Públicas para Agropecuária e Agricultura Familiar”
Palestrantes: Mendes Ribeiro Filho (Ministro da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento) e Pepe Vargas (Ministro do Desenvolvimento Agrário).
Debatedores: Luiz Fernando Mainardi (SEAPA) – Elton Weber (FETAG)
Carlos Rivaci Sperotto (Sistema FARSUL) – Celso Ludwig (FETRAF-SUL)
30/08/2012 - 14h30 - Local: Casa da Assembleia – Expointer
“O trabalho da Comissão de Agricultura, Pecuária e
Cooperativismo da Assembleia sobre a agricultura e pecuária
do nosso Estado foi de suma importância porque trouxe uma
radiografia das características da nossa produção. Além das
diversas discussões feitas nas reuniões e audiências públicas,
o projeto contribuiu e muito para o setor primário por trazer
um diagnóstico preciso e atualizado das necessidades e
potencialidades da agropecuária do Rio Grande do Sul,
contribuindo assim para a construção de políticas publicas
que promovam o desenvolvimento da economia gaúcha.”
Elton Weber - Presidente da FETAG
”Sabemos que a agricultura familiar é a grande responsável
pela produção de alimentos no país, por isso necessita estar
fortalecida. O fortalecimento e valorização deste setor dependem
de um conjunto de fatores que devem ser implementados de
forma articulada por diversos atores e instrumentos que precisam
ser melhorados. Somos líderes, mas há a necessidade de mais
investimentos, pois o Brasil precisa avançar muito ainda nas
políticas públicas para reforçar e alavancar ainda mais a produção
de alimentos e agricultura familiar brasileira”.
Celso Ludwig - Coordenador Geral da FETRAF-SUL/CUT
“As preocupações externadas pelos
ministros Mendes Ribeiro e Pepe Vargas
não diferem das nossas. Permanentemente
são alimentados com informações do Setor
Primeiro da Economia, a requerer a adoção
de Políticas Públicas para a solução ou
minimização dos problemas de agenda.
Conhecidos e reclamados. Seja a falta
de preços (com margem de lucro) para a
orizicultura, seguro agrícola, seja o estoque do passivo da dívida rural ou como o novo
desenho do código florestal para dar segurança jurídica a quem produz. É pela ousadia
de contemplar nesse cenário a discussão de temas tão relevantes – é que elogiamos a
iniciativa da Comissão de Agricultura, Pecuária e Cooperativismo, liderada pelo dep. Ernani
Polo, ao transformar em Fórum Permanente, iniciativa importante para a sobrevivência da
economia rio-grandense.” Carlos Rivaci Sperotto - Presidente do Sistema FARSUL
“As políticas públicas devem buscar o
aumento da renda do produtor, para que ele
continue produzindo, tenha mais qualidade
de vida e para que consigamos conter o êxodo
rural. Assim, fortaleceremos e ampliaremos
a produção, o que é fundamental para a
economia gaúcha, que tem nas cadeias
produtivas primárias uma de suas principais
fontes de sustentação. É necessário
diversificar culturas, estimular a cooperação e criar condições para que cada vez mais ocorra o
processamento da matéria prima pelos produtores, visando agregar valor à produção primária.
Somadas estas ações com a ampliação da assistência técnica, teremos um conjunto potente
de instrumentos de apoio aos produtores gaúchos. Também devemos nos preocupar com a
redução dos custos, pois não adianta aumentar a produção se isso não significar incrementar
a renda.” Luiz Fernando Mainardi - Secretário da Agricultura, Pecuária e Agronegócio
“É muito bom estar na minha terra. Ainda mais para
prestigiar a maior feira agropecuária da América Latina, a
Expointer, evento que espelha as conquistas do agronegócio
brasileiro. O setor agropecuário, aliás, foi o que mais
cresceu no país em 2011 – foram 3,9%, ante o aumento
de 1,6% da indústria e 2,7% de serviços; além de ser
responsável por 38% de tudo o que o Brasil exportou.
E chego a esta edição da Expointer no momento em
que completo um ano à frente do ministério. Durante
este período, andei por todo o Brasil. Colhi muitos
ensinamentos, ouvi críticas e reclamações, mas, acima
de tudo, tive a oportunidade de acolher muitas ideias e
propostas de quem realmente faz o campo acontecer.
“Considero muito oportuno esse projeto da Assembleia Legislativa
do Estado do RS por ter como foco a proposição de medidas
factíveis aos governos estadual e federal, em conjunto com os
agentes das cadeias produtivas da agropecuária gaúcha.
Nessa perspectiva, o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) está
constituindo um marco referencial que permita mapear e trabalhar de
forma objetiva os gargalos, soluções, bem como propor e implementar
políticas públicas que levam em conta as especificidades das mais variadas
cadeias produtivas agropecuárias das quais a agricultura familiar seja
uma protagonista relevante. Neste aspecto, temos um objetivo comum à
Comissão de Agricultura, Pecuária e Cooperativismo, da AL/RS, que é a
elaboração e o aprimoramento de programas permanentes de fomento
à agricultura familiar com a finalidade de aumentar a renda e melhorar
a qualidade de vida dos homens, mulheres e jovens do campo.
O projeto de regionalização que vocês acabaram de
conhecer é fruto deste um ano de trabalho e - tenho a
pretensão de dizer - busca representar o sentimento dos
produtores deste país. A verdadeira essência do projeto de
regionalização do Ministério é melhorar a renda dos pequenos
e médios produtores. Com isso, também incrementamos a
produtividade, sem aumento de área, e ainda
incentivamos as boas práticas ambientais.“
Na Expointer, abordei algumas das nossas políticas de crédito, garantia
de renda e assistência técnica, com ênfase na importância do Programa
Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF) no
financiamento das atividades agropecuárias de custeio, investimento e
modernização, beneficiamento, industrialização e comercialização dos
produtos da agricultura familiar. Na minha avaliação, a combinação de
crédito com assistência técnica e garantia de comercialização da produção
são pontos vitais para o fortalecimento de todas as
cadeias produtivas e para o setor agropecuário
como um todo. Nós estamos à disposição da
AL/RS para contribuir no que for possível
para o aperfeiçoamento contínuo das
políticas públicas para este setor. “
Mendes Ribeiro Filho
Pepe Vargas
Ministro da Agricultura
Ministro do Desenvolvimento Agrário
1.7. Palestra 6
Tema: “Sucessão Rural e Produção de Alimentos
– Bioernergia e Sustentabilidade”
Palestrantes: Helder Mutéia (Representante da Organização das Nações
Unidas para Alimentação e Agricultura – FAO) e Vergilio Perius (OCERGS)
Debatedor: Miguel Montaña (CONSEA)
18/10/2012 - 9h30 - Local: Sala João Neves da Fontoura – Plenarinho - 3º Andar AL
“O tema sucessão familiar nas propriedades rurais afeta diretamente os negócios das
cooperativas agropecuárias. A permanência do jovem no campo tem duas premissas
fundamentais, tendo em vista a estrutura fundiária do Rio Grande do Sul, a saber:
A primeira é a reconversão agroindustrial do campo com a geração de novas
agroindústrias em setores vinculados à produção de alimentos. As agroindústrias no
setor de leite, frango e suínos exigem manejo, além de gerarem muita mão de obra e
valor agregado ao produto. E, em consequência, maior riqueza para o produtor rural.
A segunda é que somente as agroindústrias cooperativas viabilizam a permanência do
jovem no campo. Sua saída, atualmente, é decorrente da falta de
oportunidades de trabalho e renda no setor agropecuário.
Portanto, a decorrência da agroindustrialização
cooperativa, possibilita uma maior oferta de mão de
obra para a juventude no campo. Seja nas próprias
propriedades com manejo intensivo, ou nos
postos de trabalho das plantas agroindustriais.“
Vergilio Perius
Presidente do Sistema OCERGS - SESCOOP-RS
“Destaco a relevada importância deste trabalho liderado pelo deputado Ernani Polo. O projeto
Radiografia da Agropecuária Gaúcha e suas conclusões devem ser encaminhadas ao governo
estadual para subsidiar políticas públicas”. Miguel Montaña - Presidente do Conselho
Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional do Rio Grande do Sul
“Para mim e para a organização que represento, foi uma surpresa
extremamente agradável tomar conhecimento do Programa
Radiografia da Agricultura Gaúcha. Não apenas por aquilo que
ele representa do ponto de vista da promoção do debate público
sobre temas tão relevantes como a agricultura, a alimentação e
a sustentabilidade, mas também pela oportunidade que me foi
conferida de dar um contributo, por mais modesto que seja.
No caso específico, foram duas felizes coincidências: a escolha da
data para a minha apresentação, na semana mundial da alimentação,
e a escolha do tema “Produção de Alimentos – Bioenergia e
Sustentabilidade” que combina a necessidade de produzir mais e
melhores alimentos, a necessidade de encontrar fontes renováveis para
responder a crise energética, e o eterno desafio da sustentabilidade.
Na minha apresentação, referi que a fome, as mudanças climáticas, o
boom demográfico, a escassez da água e a crise energética são alguns
desafios que o mundo tem que enfrentar. Temos que produzir mais
alimentos, mas a base de recursos naturais essenciais para garantir essa
produção e sustentar a vida no planeta como a água e o solo começam
a ficar assustadoramente escassos, contaminados e degradados.
Ao mesmo tempo, o desenvolvimento industrial, a urbanização,
e outras atividades do nosso cotidiano, quando não respeitam
os padrões mínimos da racionalidade, interferem negativamente
nos mecanismos de renovação desses recursos naturais.
Precisamos de iniciativas decisivas e uma liderança
forte. A agricultura gaúcha é um exemplo
a seguir. E a liderança demonstrada pela
Comissão da Agricultura e Cooperativismo,
e pelo respectivo presidente, deputado
Ernani Polo, são uma fonte de
inspiração e encorajamento.”
Hélder Muteia
Representante da FAO no Brasil
1.8. Palestra 7
Tema: “Agrocenários 2012 – 2030 / visão global, zoom local”
Palestrante: Antônio Sartori – Diretor da BRASOJA
Debatedores: Carlos Machi (FEDERASUL) – Marcos Oderich (FIERGS)
08/11/2012 - 9h30 - Local: Sala João Neves da Fontoura – Plenarinho - 3º Andar AL
“O excelente trabalho desenvolvido pela Assembleia
Legislativa, diagnosticando o atual status da Agropecuária
Gaúcha, nos remete a muitas ações, mas uma em
especial, que é a necessidade de se ter definições de
políticas públicas para recuperar, fortalecer e consolidar
esse setor, considerando a sua vital importância no
desenvolvimento e crescimento da economia gaúcha.
Nossa indústria de alimentos, sendo o último elo da
Cadeia Produtiva de Alimentos, desempenha um papel
fundamental na agregação de valor, geração de renda
e emprego e por isso está preocupada em se manter
competitiva não só a nível nacional, como internacional. Assim sendo, a mesma deve ser
lembrada pelos políticos e governantes que devem enfrentar a guerra fiscal e tributária,
assim como, disponibilizar linhas de financiamento similares às concedidas para os
produtores agrícolas. “ Marcos Oderich - Sistema FIERGS
“Num Estado cuja economia tem na atividade
agropecuária substancial representatividade, a
iniciativa da Assembleia Legislativa ao lançar a
Radiografia da Agropecuária do Rio Grande do
Sul, é exemplar para a busca de soluções para os
problemas do setor. Implementadas as soluções
sugeridas, sabemos que o retorno será imediato,
pois o produtor rural gaúcho sabe valorizar o apoio
que recebe e traduz isso em produção e riqueza. “
Carlos Macchi - Vice-presidente da FEDERASUL
“Virou a página do agro no mundo e o Brasil é
competitivo na produção de alimentos e energia.
A Europa só produz por ter subsídios já decrescentes.
A Ásia cresce, a demanda é forte, mas terra fértil e a água são cada vez
mais difíceis. As grandes importações de alimentos favorecem o Brasil.
Na América do Norte, a conta da agroenergia
não fecha, a resposta é política.
O aquecimento global é um fato. Os riscos climatológicos cada vez
maiores, novas tecnologias, biotecnologia, irrigação e agricultura de
precisão, passam a ser necessidades prementes, que dependem em parte
de entendimento governamental e decisões políticas contundentes.
O planeta Brasil tem potencial fantástico para aumentar a produção
via fronteiras agrícolas e produtividade, mas tem gargalos limitadores
inaceitáveis como a logística, a armazenagem insuficiente, as
hidrovias sub utilizadas, as ferrovias defasadas e monopolizadas,
as estradas insuficientes, mal conservadas e perigosas e os portos
ultrapassados que nos tiram a competitividade num contexto global.
O preço dolarizado dos alimentos no mundo dobrou nos últimos
dez anos. Finalmente estamos vivendo um momento justo
do agro no Brasil. Os preços estão em linha com o valor.
É obrigação de quem tem consciência e responsabilidade fazer a sua
parte muito bem feita, pois o comércio agrícola
mundial é uma guerra selvagem e muitas
batalhas dependem de decisões políticas que
devem ser apoiadas e pressionadas pela
sociedade através de suas entidades.
Antônio Sartori
Diretor da Brasoja
Capítulo 2
Dados
Estatísticos
2.1. Dados Econômicos do Rio Grande do Sul
Nos indicadores a seguir, a FEE – Fundação de Economia e Estatística, demonstra-nos
a situação do Rio Grande do Sul em relação à sua economia interna e posiciona-o em
relação à economia do país.
Produto Interno Bruto do RS
Período 2008 - 2011
O PIB do Estado teve um forte incremento nos últimos anos. Em 2008, foi de R$ 199,5
bilhões; em 2009, de R$ 215,86 bilhões; em 2010, de R$ 244,02 bilhões. Em 2011, o
PIB chegou ao expressivo valor de R$ 273,86 bilhões, o maior do período analisado.
Gráfico 001
Fonte: FEE - Elaboração: CAPC - AL
Participação do RS no PIB nacional
Período 2008 - 2011
Taxa de Crescimento da Economia do RS
Período 2006 – 2011
A participação do Estado na riqueza do país oscila na faixa de 6,5% do total brasileiro.
Em 2008, foi de 6,58% do total; em 2009, de 6,66% do total; em 2010, de 6,47% do
total; chegando, em 2011, ao percentual de 6,65% da riqueza produzida no Brasil. O
PIB brasileiro, no ano de 2011, foi de R$ 4,1 trilhões.
O crescimento da economia gaúcha oscila muito, principalmente em função da atividade
agropecuária. Em 2006, o Estado cresceu 4,7%. Porém, em 2009, teve um crescimento
negativo de 0,4%, em função da queda na atividade agropecuária e do câmbio
desfavorável às exportações. Em 2011, cresceu 5,7% em relação ao ano anterior.
Participação do RS no PIB Nacional
anos
participação (%)
2008
6,58
2009
6,66
2010
6,47
2011
6,65
Tabela 001
Fonte: FEE - Elaboração: CAPC - AL
Gráfico 002
Fonte: FEE - Elaboração: CAPC - AL
Taxa de Crescimento da Economia do RS
Ano 2011
Em 2011, a economia gaúcha teve na agropecuária a sustentação de seu crescimento
econômico. Enquanto a indústria cresceu apenas 2,5% e os serviços 5,2%, a
agropecuária cresceu 18,8%, garantindo um aumento de 5,7% na economia estadual.
Estrutura produtiva do RS
A estrutura produtiva gaúcha está embasada, principalmente, na indústria, nos
serviços e na agropecuária. A produção agropecuária que sai diretamente das
propriedades rurais colabora com menos de 10% do PIB estadual. A cadeia
agropecuária que vai desde o produtor até a indústria, no entanto, chega a um
valor próximo de 45% da riqueza do Estado.
Agropecuária
9,40 %
Indústria
29,04 %
Serviços
61,56 %
Gráfico 003
Fonte: FEE - Elaboração: CAPC - AL
Figura 001
Fonte: FEE - Fundação de Economia e Estatística - Elaboração: CAPC – AL
2.2. Relação entre o Meio Rural e Urbano
Taxa de crescimento do RS e do Brasil
Período 2003 – 2011
No gráfico 004, observa-se um comparativo entre o crescimento da economia gaúcha
e da brasileira. Em 2003, o patamar de ambos era abaixo de 2%. Cresceram em 2004,
com o Brasil chegando próximo a 6% e o Estado pouco mais de 3%. Recuaram em
2005, com o Brasil próximo a 3% e o Estado registrando crescimento negativo, em
função da estiagem no ano anterior.
Nos anos seguintes, houve uma semelhança no percentual de crescimento do Estado
e país. Porém, em 2011, o estado gaúcho cresceu bem mais que o brasileiro, em
função do forte incremento do setor agropecuário, que chegou a 18,8%. Isso puxou
o percentual do Estado para cima, chegando a 5,7%, enquanto o Brasil ficou próximo
a 3% de crescimento econômico.
Gráfico 004
Fonte: FEE - Elaboração: CAPC - AL
No Estado, aproximadamente 15% da população gaúcha vive na área rural, sendo recorrente o
êxodo para o meio urbano em busca de melhores condições financeiras e sociais, fenômeno que
cresce anualmente em todo o país. Segundo o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), no
ano de 2010, os beneficiários do Programa Bolsa Família no meio rural somaram 87 mil famílias
com renda de até R$ 70,00 por pessoa, e cerca de 48 mil famílias com rendas entre R$ 70,00
e R$ 140,00 por pessoa. Esses dados levam à percepção de que existe um número significativo
de pessoas em situação de pobreza e extrema vulnerabilidade na área rural do nosso estado.
Outro dado importante se refere à sucessão rural no campo. Segundo o IBGE, em 2010 havia
2,64 milhões de jovens entre 15 e 29 anos, sendo que 87,3% viviam no meio urbano e somente
12,7% (336 mil) no meio rural. Se considerarmos que no Estado há 378 mil estabelecimentos de
agricultores familiares, podemos concluir que aproximadamente 42 mil pequenas propriedades
não possuem um jovem como força de trabalho para dar seguimento à atividade agropecuária
da família. No gráfico 005, a distribuição dos jovens (15 a 29 anos) no meio urbano e rural do
Rio Grande do Sul, demonstrando que tem sido pouco atrativo para a juventude o setor primário.
Gráfico 005
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC - AL
2.3. Estratificação Fundiária
2.4. Decretos de Emergência em Função de Estiagem
O Rio Grande do Sul possui um total de 441.467 estabelecimentos agropecuários com características
bastante peculiares quanto ao seu tamanho, o que esta demonstrado na tabela 002, que coloca
a estratificação fundiária no Estado. A faixa de maior concentração é a que vai de “10 hectares a
menos de 20 hectares”, tendo mais de 112 mil propriedades enquadradas nestas dimensões.
O Rio Grande do Sul lidera em número de notificações e em número de municípios que
decretaram situação de emergência por conta de estiagens nos últimos 20 anos, conforme
levantamento da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), demonstrado no gráfico 006.
Quantidade e estratificação dos estabelecimentos agropecuários do RS
Área (hectares)
Nº estabelecimentos agropecuários
0 a menos de 0,1
2.201
0,1 a menos de 0,2
1.227
0,2 a menos de 0,5
2.084
0,5 a menos de 1
5.706
1 a menos de 2
18.257
2 a menos de 3
21.278
3 a menos de 4
21.310
4 a menos de 5
18.066
5 a menos de 10
81.449
10 a menos de 20
112.563
20 a menos de 50
94.666
50 a menos de 100
25.380
100 a menos de 200
12.608
200 a menos de 500
10.479
500 a menos de 1000
4.510
1000 a menos de 2500
2.318
2500 e maiores
508
produtor sem área
6.857
Total
441.467
Tabela 002 - Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC – AL
Até 100 hectares (aproximadamente quatro módulos fiscais), existem 404.187
estabelecimentos agropecuários, correspondendo a 91,5% do total no Estado. Podemos
concluir, então, que atualmente a estrutura fundiária do Rio Grande do Sul é composta,
basicamente, por pequenas propriedades rurais.
Gráfico 006
Fonte: FEE - Elaboração: CAPC - AL
Do total dos decretos de emergência no Rio Grande do Sul, 64% são em função de estiagem,
20% por inundação e 16% por vendaval. Dos 496 municípios gaúchos, apenas 38 não pediram
auxílio do governo federal e estadual nas últimas duas décadas.
Decretos de emergência em função das estiagens
estados
notificações (nº)
municípios (nº)
RS
2.643
457
BA
2.326
322
MG
1.933
230
PI
1.608
221
SC
1.250
217
Tabela 003
Fonte: UFSC - Elaboração: CAPC – AL
2.5. Uso do Solo
O estado gaúcho possui uma diversidade interna
em sua topografia, geologia, clima, vegetação e
localização, entre outros.
O uso do solo se caracteriza por cada especificidade
de cada região. A área total do Estado é de 282.260
km2 (28,2 milhões de hectares), distribuídos
conforme o mapa seguinte. Na figura 002, verifica-se
que o Rio Grande do Sul possui:
·
38.159 km2 de Florestas naturais em estágios médio e avançado,
13,5% da área total
·
11.396 km2 de Florestas naturais em estágios iniciais, 4,03% da área total
·
2.747 km2 de Florestamentos e reflorestamentos, 0,96% da área total
·
17.369 km2 de Agricultura implantada, 6,14% da área total
·
54.008 km2 de Solo exposto, 19,11% da área total
·
132.102 km2 de Campo e pastagem, 46,73% da área total
·
1.285 km2 de Áreas urbanas, 0,45% da área total
·
20.050 km2 de Lâminas d’água, 7,09% da área total
·
1.655 km2 de Dunas, 0,59% da área total
·
2.018 km2 de Banhados, 0,71% da área total
·
651 km2 de Nuvens, 0,23% da área total
·
1.232 km2 de Áreas não classificadas, 0,44% da área total
Figura 002
Fonte: IBGE
2.6. Energia Elétrica Rural
RELATÓRIO DA SUBCOMISSÃO PARA TRATAR DA
QUALIDADE DA ENERGIA ELÉTRICA RURAL
SITUAÇÃO ATUAL:
A queda de tensão (luz fraca) nas redes elétricas representa um dos mais severos
problemas relacionados à qualidade da energia elétrica. A queda de tensão nada
mais é que uma incapacidade do sistema em fornecer energia dentro dos limites
adequados para o bom funcionamento dos equipamentos. Esses limites são
estabelecidos pelo órgão que regula a prestação dos serviços de fornecimento de
energia elétrica no Brasil, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), os quais são
fixados em adequados, precários ou críticos. A Aneel classifica como adequada, para
a baixa tensão (BT), a energia com queda de tensão de até 9% da tensão nominal de
fornecimento (tensão contratada).
O fornecimento de energia com tensão abaixo do limite classificado como
adequado pode acarretar o mau funcionamento e a redução da vida útil dos
equipamentos como também aumentar as perdas de energia do sistema. Uma
das principais causas de queda de tensão abaixo dos limites adequados é a
sobrecarga do sistema elétrico, provocada, na maioria das vezes, pelo aumento de
carga (aumento do número de equipamentos elétricos na unidade consumidora)
sem o conhecimento da concessionária ou cooperativa. Esse aumento de carga,
não comunicado, impacta diretamente na capacidade de fornecimento dos
transformadores e na capacidade de condução dos cabos.
a) Realização de um levantamento preciso e detalhado nos municípios e localidades
rurais dos problemas existentes, subsidiando, assim, a efetivação de um plano de
ação a curto e médio prazo, a ser executado com recursos advindos de programas
dos Governos Federal e Estadual em parceria com as cooperativas e empresas
concessionárias de energia elétrica;
b) Que o COPERGS, integrado por representantes do Governo do Estado, da Assembleia
Legislativa, da ANEEL, das Prefeituras, cooperativas, concessionárias de energia elétrica
e da sociedade civil organizada, implemente as ações necessárias ao levantamento do
problema nos municípios e localidades rurais, à elaboração do Projeto Técnico para
melhoria das redes de energia elétrica rurais, à viabilização dos recursos financeiros e
à aplicação do plano de execução;
Recomenda-se as seguintes ações a serem implementadas:
c) Criação de um subcomitê de acompanhamento e fiscalização integrado por
representantes do Poder Público (Estadual e Municipal) e por representantes regionais
de entidades da sociedade civil para atuar junto às empresas fornecedoras de energia
elétrica, nas suas respectivas regiões de atuação;
1. Criação de um programa nos moldes do Luz Para Todos para melhoria da qualidade
da energia elétrica no meio rural, com recursos das três esferas governamentais, bem
como, disponibilização de luz trifásica para todos, contemplando:
d) Criação de um Comitê Municipal para levantamento das demandas, interlocução,
acompanhamento e fiscalização acerca do planejamento e da execução do Projeto
Técnico que visa à reestruturação no sistema elétrico na sua área de abrangência.
2.7. Infraestrutura e Logística
No Estado e no país, a falta de infraestrutura para transportar e armazenar os grãos segue como
a principal vilã da competitividade dos produtos agrícolas. Para se ter uma ideia, 65% da safra é
transportada por via rodoviária no país, sendo este, o transporte de maior custo. Dados da ESALQ
– Escola Superior de Agricultura, indicam que o transporte pesa sobre o custo entre 5% e 50%,
dependendo da região do país, época do ano e tipo de produto. No gráfico 007, observa-se a
distribuição do transporte no Brasil, estruturado principalmente nas rodovias, ferrovias e hidrovias.
Transporte de mercadorias no país por modal
Principais pleitos do setor de transporte:
Portos
Liberdade para investimentos da iniciativa privada;
Redução de tributos sobre investimentos;
Competição no setor de terminais de contêineres com a derrubada do decreto 6620/2008;
Eliminação dos obstáculos à cabotagem e aplicação dos recursos para aumentar a
capacidade de carga e descarga.
· Ampliar o atendimento diário dos órgãos públicos para possibilitar mais fluxo de
embarque e desembarque.
·
·
·
·
Armazenagem
· Aumento da capacidade estática, atualmente em 26,65 milhões de toneladas no
estado e em 142,3 milhões no país.
Rodovias
· Garantia de recursos para a construção e manutenção das estradas;
· Revisão em contratos de concessão antigos.
Gráfico 007
Fonte: ANTT - Elaboração: CAPC - AL
A tabela 004 apresenta um comparativo entre os modais de transporte das safras
agrícolas, relacionando-os a alguns dos principais países produtores de alimentos.
Brasil
Rússia
Canadá
Austrália
USA
China
Tabela 004
Fonte: ANTT - Elaboração: CAPC – AL
rodoviário
65%
8%
43%
53%
32%
50%
ferroviário
30%
81%
46%
43%
43%
37%
hidroviário
5%
11%
11%
4%
25%
13%
Ferrovias
· Execução da circular da Agência Nacional de Transportes Terrestres, emitida em
2011, e que deve impulsionar o uso das ferrovias com os novos tetos tarifários. Além
disso, as concessões com mais de 30 anos precisarão executar revitalização das vias,
substituição dos trilhos e o aumento das rotas.
Hidrovias
· Garantir o uso múltiplo dos rios, com planejamento integrado dos modais.
2.8. Orçamentos Públicos para o Setor Agropecuário
Historicamente, o recurso financeiro destinado à atividade agropecuária pelos
governos federal, estadual e municipais, é muito aquém do necessário para um setor
tão importante na economia do país. Os percentuais recebidos anualmente são baixos
quando comparados a outros setores da administração pública. Portanto, o setor
agropecuário ainda está longe de ser uma prioridade dos governos.
A Figura 003 mostra os valores e percentuais destinados ao setor agropecuário.
Orçamento Federal e Estadual e Municipais
para o setor agropecuário (Ano 2012)
Governo
Federal
Governo
RS
MAPA
MDA
Orçamento Total
(BR)
R$ 6,37 bilhões
(0,42%)
R$ 2,37 bilhões
(0,15%)
R$ 1,53 trilhões
(100%)
SEAPA
SDR
Orçamento Total
(RS)
R$ 155,2 milhões
(0,38%)
R$ 280,3 milhões
(0,70%)
R$ 40,26 bilhões
(100%)
Secretarias Municipais de Agricultura
Governo
Municipal
média de 0,90% do orçamento total
Legenda:
MAPA - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
MDA - Ministério do Desenvolvimento Agrário
SEAPA - Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária e Agronegócio
SDR - Secretaria Estadual Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo
Figura 003
Fonte: Governo Federal, Governo Estadual, FAMURS
Elaboração: CAPC – AL
2.9. Irrigação no Estado
A irrigação no Rio Grande do Sul, assim como nos demais estados da federação, ainda é muito
incipiente se relacionarmos com a grande área plantada no país, e o retorno no aumento de
produtividade que as lavouras e pastagens irrigadas poderão proporcionar.
Segundo o Sistema Irriga – UFSM, no mundo apenas 18% das áreas cultivadas possuem
algum sistema de irrigação. Estas terras, porém, produzem 44% da produção de alimentos. Na
contramão, os 82% que não possuem irrigação, produzem apenas 56% da produção agrícola,
bem abaixo do potencial das lavouras irrigadas.
A irrigação está presente em 100% das lavouras de arroz no Estado. Irrigamos, por inundação,
aproximadamente um milhão de hectares anualmente. Das culturas do sequeiro, na qual
plantamos aproximadamente 5,6 milhões de hectares com soja, milho, feijão, fumo e hortícolas,
apenas setenta mil hectares tem irrigação por pivô central, trinta mil por aspersão e cinco mil
por gotejamento. Se somarmos o total de áreas irrigadas anualmente no Estado, chegaremos a
aproximadamente 1,1 milhão de hectares com algum sistema de irrigação implantado.
Na tabela 005, podemos observar o aumento na produtividade das lavouras, quando
contempladas com algum sistema de irrigação.
No gráfico 008, observamos uma relação entre as áreas cultivadas no mundo com e sem
irrigação e a produção agrícola das mesmas.
Média de produtividade dos últimos 10 anos no Rio Grande do Sul
Gráfico 008
Fonte: Sistema Irriga - UFSM - Elaboração: CAPC - AL
No Rio Grande do Sul, dos 441 mil estabelecimentos rurais, aproximadamente 27 mil utilizam
algum tipo de irrigação, ou seja, apenas 6,2% das propriedades se previnem das constantes
estiagens que afetam de sobremaneira a produção agropecuária gaúcha.
cultura
áreas não irrigadas
áreas irrigadas
milho
3.500*
12.000*
soja
2.000*
3.800*
feijão
1.000*
2.600*
* Valores Aproximados - Unidade: (kg/ha)
Tabela 005
Fonte: Sistema Irriga – UFSM - Elaboração: CAPC – AL
2.10. Seguro Agrícola
É preciso aumentar o valor usado na subvenção ao prêmio do seguro rural como forma de atrair
mais seguradoras interessadas na contratação das apólices, pois a atividade agropecuária tem um
risco considerado alto de frustração de safra. O aumento do valor da subvenção implicará, também,
em um aumento na área de plantio coberta com seguro, e maior valor (R$) por hectare segurado. A
concorrência entre as seguradoras tornará o seguro mais barato e acessível ao produtor rural.
A agricultura familiar da linha de crédito do Pronaf possui o seguro chamado “Proagro Mais”, que
cobre 100% do financiamento, mais 65% da renda líquida estimada, num limite de R$ 3.500,00
por produtor. Este modelo deve ser ampliado para os demais agricultores, segurando parte da
renda estimada nas lavouras. No Brasil, as culturas que mais utilizam a subvenção ao prêmio do
seguro rural são a soja, com 35,6% do total; o milho, com 18,3%; o trigo e a uva com 7,7%; o
arroz, com 3,8%; as florestas, com 0,4%; e a pecuária, com 0,2% do total segurado.
Na tabela 006, relacionou-se os dez estados que mais usam o prêmio do seguro rural,
sendo que o RS, em 2011, contratou 13,9 mil operações, segurando um milhão de hectares,
usando R$ 54,4 milhões em subvenção, classificando-se em segundo lugar no ranking dos
estados que mais utilizaram o seguro.
ESTADOS
Nº de Operações
(Unidade)
Área Segurada (ha)
Importância
Segurada (R$)
Prêmio Total
Arrecadado (R$)
Brasil
57.885
10.373.491
7.339.468.651
466.393.329
Paraná
21.562
2.452.532
1.772.878.515
128.046.574
Rio Grande do Sul
13.972
1.072.248
1.784.144.245
99.869.953
São Paulo
8.653
4.697.447
1.214.116.960
73.162.796
Santa Catarina
5.565
224.225
563.437.993
54.785.888
Mato Grosso do Sul
2.788
682.191
565.239.966
49.270.773
Minas Gerais
1.952
289.837
581.339.221
16.739.231
Goiás
1.883
423.889
403.093.980
18.281.171
Mato Grosso
562
248.583
199.539.107
9.126.370
Bahia
500
114.507
146.006.394
11.279.709
Tabela 006
Fonte: Departamento de Gestão de Risco Rural – DEGER – MAP - Elaboração: CAPC -AL
2.11. Armazenagem de Grãos
O Brasil, como um todo, e, em especial o Rio Grande do Sul, são tradicionais produtores de grãos
e alimentos em geral. Diante disto, se faz necessário um eficiente sistema de armazenagem dos
mesmos, pois esse é o resultado de todo o processo produtivo, do plantio a colheita realizada pelos
produtores rurais. Segundo a CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento, a capacidade
estática de armazenagem (quantidade de armazéns cadastrados) no Brasil é de aproximadamente
142 milhões de toneladas, reunidas em 434 unidades armazenadoras. Na Região Sul do país
concentra 59,5% do total de armazéns. Destes 46% estão localizados no estado do Paraná; 45% no
Rio Grande do Sul; e 9% em Santa Catarina. No estado gaúcho a CONAB indica que a capacidade
estática de armazenagem é de 27,1 milhões de toneladas, semelhante à produção de grãos no
estado. Possuímos atualmente 126 unidades armazenadoras credenciadas junto a CONAB. Salientese que o número de armazéns credenciados e aptos a trabalhar com estoques públicos nem sempre
é o total cadastrado em função das exigências documentais e de estrutura física dos armazéns,
que devem estar em dia para serem prestadores de serviços ao governo federal. Em dezembro de
2012 os armazéns do Rio Grande do Sul aptos a armazenar para a CONAB, tinham a capacidade
de estocar apenas 5,7 milhões de toneladas, ou seja, 21% da capacidade estática no Estado.
Com a proximidade do início das colheitas nas lavouras gaúchas, a tendência é que o percentual
de armazenadores aptos a estocar grãos deverá aumentar. As unidades armazenadoras estão
distribuídas da seguinte forma: 69% são armazéns privados; 28% são armazéns de cooperativas; e
os 3% restantes são armazéns da CESA – Companhia Estadual de Silos e Armazéns e da CONAB.
Gráfico 009
Fonte: CONAB - Elaboração: CAPC - AL
Capítulo 3
A Economia do
Agronegócio
3.1. Atividades do Setor Agrícola
A sequência na descrição das atividades agrícolas obedecerá a posição dos vinte primeiros
colocados no valor bruto da produção elaborado pelo IBGE, ou seja, a cultura que gera maior
receita bruta no Estado será a primeira a ser descrita, seguida pelas outras culturas, usando-se,
sempre, o mesmo critério até a vigésima colocada.
No gráfico 010, observamos a receita bruta dos 10 principais produtos agrícolas do RS.
Gráfico 010
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC - AL
Economicamente, a cultura da soja é a que mais produz riqueza para o Estado, ultrapassando
R$ 6,3 bilhões. Em segundo lugar vem o arroz irrigado com aproximadamente R$ 3,8 bilhões.
Em terceiro, está a cultura do fumo gerando em torno de R$ 2 bilhões, e, após, o milho com
pouco mais de R$ 1,7 bilhões.
A partir daí, a receita cai para menos de R$ 1 bilhão por ano. A mandioca, com R$ 978 milhões;
o trigo, com R$ 811 milhões; a uva, com R$ 460 milhões; a maçã, com R$ 361 milhões; a batatainglesa, com R$ 303 milhões; e, finalmente, a laranja, com pouco mais de R$ 207 milhões.
3.1.1. Soja
a) Informações Gerais:
A soja chegou ao Brasil importada dos Estados Unidos em 1882, e foi na Escola de
Agronomia da Bahia que se realizaram os primeiros estudos de avaliação de cultivares
oriundos daquele país. Em 1900, o Instituto Agronômico de Campinas, em São Paulo,
promoveu a primeira distribuição de sementes de soja para produtores paulistas.
Nessa mesma data, há registro do primeiro cultivo de soja no Rio Grande do Sul, onde
a cultura encontrou efetivas condições para se desenvolver, dadas as semelhanças
climáticas do ecossistema de origem: sul dos Estados Unidos.
A primeira anotação de cultivo comercial de soja no Brasil data de 1914 no município de
Santa Rosa, no Rio Grande do Sul, mas foi somente a partir dos anos 40 que ela adquiriu
alguma importância econômica, merecendo o primeiro registro estatístico nacional em
1941, no Anuário Agrícola do Estado: área cultivada de 640 hectares, produção de
450 toneladas e rendimento de 700 kg/ha. Nesse mesmo ano instalou-se a primeira
indústria processadora de soja do País em Santa Rosa, Rio Grande do Sul e, em 1949,
com produção de 25 mil toneladas, o Brasil figurou pela primeira vez como produtor de
soja nas estatísticas internacionais.
Apesar do significativo crescimento da produção nos anos 60, foi na década seguinte
que a soja se consolidou como a principal cultura da agricultura brasileira, passando de
1,5 milhões de toneladas (1970) para mais de 15 milhões de toneladas (1979).
A soja é uma das plantações que vem sendo geneticamente modificada em larga escala,
e atualmente 80% de toda a soja cultivada para o mercado comercial é transgênica.
b) Área Plantada:
Conforme demonstra o gráfico 011, a área de soja plantada no Estado, na safra 1996/1997,
foi de 2,94 milhões de hectares; teve forte incremento na safra 2004/2005 com 4,17
milhões de hectares, mantendo-se na faixa dos 4 milhões de hectares na safra 2009/2010.
Gráfico 011
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC - AL
Na safra 2010/2011, o IBGE indica que tivemos uma área plantada de 4,08 milhões
de hectares, e na safra 2011/2012 de 4,25 milhões de hectares, sendo a maior no
período analisado, e consolidando-se como cultura agrícola mais cultivada no Estado.
c) Produção:
Conforme demonstra o gráfico 012, a produção de soja obtida, no Estado, na safra
1996/1997 foi pouco mais de quatro milhões de toneladas, teve um forte incremento
na safra 2006/2007, com aproximadamente 10 milhões de toneladas, porém, foi
precedida por uma retração na produção na safra 2004/2005, devido à estiagem
ocorrida, alcançando pouco mais de dois milhões de toneladas.
Gráfico 012
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC - AL
Na safra 2010/2011, o IBGE indica que tivemos uma produção de 11,62 milhões de
toneladas, e na safra 2011/2012, de 5,99 milhões de toneladas. Devido a uma nova
estiagem no Estado, houve redução de 48% em relação a safra anterior.
No Brasil, nos últimos anos, observa-se uma acentuada evolução no processamento do
grão de soja. Segundo a CONAB, na safra 1999/2000, a quantia processada no país
ultrapassava pouco mais de 22 milhões de toneladas; a safra 2004/2005, já demonstrava
um incremento com mais de 30 milhões de toneladas, chegando à safra de 2010/2011
com aproximadamente 40 milhões de toneladas processadas da oleaginosa, constatandose um crescimento de 81% no período analisado.
O processamento e a exportação da soja no período, assim como, a exportação e o consumo
interno com farelo de soja, estão representadas nos gráficos da figura 004.
No Rio Grande do Sul em 2011, o volume total exportado com soja foi de 6,1 milhões de toneladas,
representando 52% do produzido que foi 11,62 milhões de toneladas na safra 2010/2011.
As exportações de soja também tiveram um
forte incremento no mesmo período, na safra
1999/2000 o país exportou pouco mais de 10
milhões de toneladas do grão. A safra 2004/2005
ultrapassou 20 milhões de toneladas, chegando à
2010/2011 a cerca de 35 milhões de toneladas
exportadas, ou seja, um crescimento de 250%
entre as safras analisadas.
No Brasil, as exportações e o consumo interno de
farelo de soja acompanharam a demanda nacional
e mundial do produto. Na safra 1999/2000, a
exportação de farelo ultrapassou nove milhões
de toneladas. Houve um forte incremento na
safra 2003/2004 com aproximadamente 14
milhões de toneladas exportadas. Chega-se
à safra 2010/2011 com quase 15 milhões de
toneladas exportadas com farelo de soja, um
aumento de 66% no período. Da mesma forma,
o consumo interno com farelo de soja aumentou
em 94% nas safras analisadas, saindo de 6,7
milhões de toneladas na safra 1999/2000, para
aproximadamente 13 milhões de toneladas
comercializadas com farelo de soja no país.
Figura 004
Fontes: CONAB, USDA, ABIOVE
d) Produtividade:
Conforme demonstra o gráfico 013, a produtividade de soja obtida no Estado na
safra 1996/1997 foi pouco mais de 1.500 kg/ha. Na safra 2002/2003 houve forte
incremento passando para 2.600 kg/ha, aproximadamente, porém, foi sucedida por
uma retração na produtividade na safra 2004/2005, devido à estiagem ocorrida, o
que resultou em pouco mais de 500 kg de grão por hectare plantado.
Gráfico 013
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC - AL
Na safra 2010/2011, o IBGE indica que tivemos uma produtividade de 2.845 kilos/
hectare, porém, na safra 2011/2012 devido uma nova estiagem no Estado, houve uma
redução de 48% em relação a safra anterior, produzindo-se apenas 1.445 kilos/ha.
e) Custo de Produção e Valor do Produto:
O custo de produção, o preço mínimo e o preço de mercado de cada saca de soja produzida, são
demonstrados na tabela a seguir, na qual podemos observar desde o ano de 1997, quais as safras
que o produtor teve renda na atividade agrícola. Se relacionarmos o custo de produção por saca
produzida, com o preço mínimo estipulado pelo governo federal, durante todo o período houve
uma rentabilidade negativa, ou seja, o preço mínimo nunca alcançou o custo de produção. Porém,
se compararmos o custo de produção com o preço de mercado da saca de soja, nas 16 safras
analisadas, apenas em 3 safras o produtor teve prejuízo na comercialização do grão de soja. Na safra
2011/2012, o custo de produção esteve próximo de R$ 32,72 por saca produzida,e o preço médio
de mercado ficou em R$ 51,91, dando um lucro de aproximadamente 58,64% ou R$ 19,19 por
saca de soja. Convém salientar, de que para o cálculo da rentabilidade na cultura da soja, levou-se
em consideração uma produtividade de 38 a 42 sacas por hectare de lavoura, logo, produtores que
colheram abaixo destes valores, não tiveram a rentabilidade apresentada na tabela.
Estudos demonstram que temos o maior custo operacional na produção de soja do mundo.
Pagamos o maior preço por fertilizantes, herbicidas, fungicidas e inseticidas dentre principais
produtores, como também, a carga tributária, baixa eficiência logística e a falta de abertura
comercial são responsáveis pela perda de competitividade.
Tabela 007
Fonte e elaboração: FECOAGRO/RS
f) Valor Bruto da Produção:
No gráfico 014, apresentamos um comparativo entre o
Brasil, Argentina e Estados Unidos, no qual observamos
que que sementes, fertilizantes, herbicidas, fungicidas,
inseticidas, entre outros, são bem mais caros aqui no
nosso país quando comparado com os demais. As lavouras
analisadas situam-se no norte do Mato Grosso e oeste do
Paraná, no norte da Argentina, sul e oeste de Buenos Aires,
no estado de Iowa e Dakota nos Estados Unidos. O custo
operacional em dólares por hectare plantada, no Brasil ficou
entre 350 e 400 dólares, nos Estados Unidos entre 200 e
260 dólares, e na Argentina entre 100 e 130 dólares.
Gráfico 014
Fonte e Elaboração: Sistema FARSUL/SENAR
Dos últimos 15 anos (1997 - 2011), a cultura da soja se manteve em primeiro
lugar no ranking do valor bruto agrícola ao longo de 13 anos, ficando apenas
nas safras 1998/1999 e 2004/2005 em segundo lugar, cedendo o primeiro
lugar para a cultura do arroz irrigado.
Conforme demonstra o gráfico 015, valor da produção obtida com a soja no Estado,
na safra 1996/1997, foi pouco mais de R$ 1,27 bilhões. Houve forte incremento
na safra 2002/2003, com aproximadamente R$ 5,43 bilhões. Foi sucedida por uma
retração na receita na safra 2004/2005, devido a estiagem ocorrida gerando-se pouco
mais R$ 1,16 bilhões. Na safra 2010/2011, a leguminosa obteve uma receita bruta
com mais de R$ 8 bilhões, sendo a maior de todo o período analisado.
Gráfico 015
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC - AL
g) Plantio da Soja nas Várzeas Gaúchas:
O plantio de soja nas várzeas de
arroz tem conquistado cada vez mais
produtores. Além do aproveitamento
de área em pousio, melhoria das
condições de solo e quebra de ciclo de
doenças, um atrativo importante tem
sido a diversificação de receitas não
dependendo somente de uma cultura.
O melhor aproveitamento das
máquinas e da mão-de-obra
ociosas ajuda a reduzir os custos
fixos da lavoura. A Embrapa, UFSM
e IRGA, desenvolvem projetos
de pesquisa para diversificação
de produção em áreas de várzea,
estimulando o plantio de outras
culturas. Propriedades da região
Sul do Rio Grande do Sul que
adotaram esse sistema alcançaram
acréscimos de 20% a 25% na
produtividade do arroz com a
rotação de culturas a cada dois
anos, tendo como vantagem
adicional a desinfestação do arroz
vermelho nas lavouras de arroz.
3.1.2. Arroz Irrigado
a) Informações Gerais:
Com 90% da produção e do consumo mundial de arroz concentrado nos países do
continente asiático, o Brasil se destaca como o principal produtor e, também, como o
principal consumidor de arroz fora da Ásia.
O Brasil ocupa hoje a posição de nono maior produtor e décimo maior consumidor
de arroz do mundo, sendo que a produção no país ocorre em todas as unidades da
federação, no entanto o Rio Grande do Sul se destaca como o principal produtor,
concentrando hoje a produção de aproximadamente 65% da safra nacional.
De acordo com as informações levantadas pelo Instituto Rio Grandense do Arroz
(IRGA), através do seu Censo da Lavoura Orizícola, o setor produtivo do arroz
no Rio Grande do Sul é composto por 9.032 lavouras com aproximadamente
18 mil produtores. As áreas de cultivo estão distribuídas em 133 municípios
principalmente na metade sul do Estado
A maior parte da área cultivada (60,3%) é arrendada, e aproximadamente 70%
das lavouras têm área inferior a 100 ha, porém, estas representam apenas 18,7%
da área total semeada em cada safra.
b) Área Plantada:
Conforme demonstra o gráfico 016, a área plantada com arroz no Estado na safra
1996/1997, foi de aproximadamente 800 mil hectares. Houve incremento na safra
2003/2004, ultrapassando a marca de 1,0 milhão de hectares, mantendo-se na faixa
dos 1,1 milhões de hectares até a safra 2009/2010.
Gráfico 016
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC - AL
Na safra 2010/2011, o IBGE indica que tivemos uma área plantada de 1,17
milhões de hectares. Já na safra 2011/2012, foi de 1,03 milhões de hectares, com
redução de 11% em relação a safra anterior.
c) Produção:
Conforme demonstra o gráfico 017, a produção de arroz obtida no Estado na safra
1996/1997, foi de 4 milhões de toneladas. Houve incremento na safra 2003/2004,
alcançando 7,9 milhões de toneladas na safra 2008/2009.
Gráfico 017
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC - AL
Na safra 2010/2011, o IBGE indica que tivemos uma produção de 8,9 milhões de toneladas.
A maior alcançada até hoje na cultura do arroz. Na safra 2011/2012, houve uma redução
de 13% em relação a safra anterior, ou seja, alcançando 7,7 milhões de toneladas.
d) Produtividade:
Conforme demonstra o gráfico 018, a produtividade na cultura do arroz obtida
na safra 1996/1997, foi de 5.000 kg/ha. Houve incremento na safra 2003/2004,
ultrapassando 6.000 kg/ha, chegando a 7.187 kg/ha na safra 2008/2009.
Gráfico 018
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC - AL
Na safra 2010/2011, o IBGE indica que tivemos uma produtividade de 7.642 kg/
ha, tendo sido a maior obtida até hoje. Na safra 2011/2012, manteve-se a alta
produtividade com 7.471 kg/ha de lavoura. Apenas 2,2% menor que a anterior.
e) Custo de Produção e Valor do Produto:
Nas últimas 15 safras, o resultado financeiro na lavoura arrozeira foi negativo em 10 safras. Em
67% do período analisado o produtor teve prejuízo, pois o custo de produção foi maior que o preço
recebido pelo produto. Desde a safra 2003/2004 até a safra 2010/2011, os produtores sempre
tiveram o preço médio recebido por saca de arroz menor do que o custo de produção cada saca.
Na safra 2003/2004, o prejuízo foi de R$ 5,36 por saca; na safra 2004/2005, foi de R$ 16,22 por saca;
na safra 2005/2006, foi de R$ 12,89 por saca; na safra 2006/2007, foi de R$ 6,45 por saca; na safra
2007/2008, foi de R$ 1,34 por saca; na safra 2008/2009, foi de R$ 4,95 por saca; na safra 2009/2010,
foi de R$ 8,49 por saca; e na safra 2010/2011, foi de R$ 5,06 por cada saca de arroz produzida.
Na figura 005, observamos a relação do preço médio versus custo de produção. O maior custo foi
obtido na safra 2003/2004, alcançando R$ 5.070, 09 por cada hectare de lavoura.
Resultado da Atividade Orizícola
Figura 005
Fonte: IRGA - Elaboração: CAPC – AL
f) Tributação:
Os grandes centros consumidores estão optando por suprir as suas demandas prioritariamente
pelo cereal produzido no Uruguay, na Argentina, no Paraguai e até mesmo de origens mais
distantes como os Estados Unidos por serem de menor custo de aquisição. Os incentivos
tributários concedidos em outros estados da federação estão motivando a migração dos
investimentos industriais para outras regiões do País e dificultando o acesso ao mercado do
arroz beneficiado gaúcho aos principais centros consumidores das regiões centrais do Brasil.
Também existem assimetrias em relação ao ponto de carregamento do arroz beneficiado no Rio
Grande do Sul. No atual cenário, observa-se que é mais barato para os compradores do nordeste
do Brasil adquirirem o nosso cereal através de importação efetuada pelo porto de Montevidéo,
no Uruguay, do que pelo porto de Rio Grande, no nosso Estado. (Fonte: SINDARROZ)
Na tabela 008, observa-se que o
custo de produção da lavoura de
arroz é maior no Rio Grande do Sul
do que em todos os nossos maiores
concorrentes.
Consequentemente
maior custo por tonelada produzida.
O Rio Grande do Sul tem a maior
produtividade por hectare plantado.
No gráfico 019, observa-se a divisão na arrecadação dos tributos sobre a lavoura arrozeira, com
forte concentração nos governos federal e estadual:
Competitividade internacional da lavoura de arroz – ano 2011
País/Estado
Custo de
produção
( US$ / ha )
Produtividade
( kg/ ha )
Custo por ton.
( US$ )
RS
2.200
7.600
289,47
Uruguai
1.450
7.200
201,39
- 30
Paraguai
1.400
6.000
233,33
- 19
Argentina
1.326
6.300
210,48
- 27
EUA
1.300
7.300
178,08
- 38
Tailândia
450
2.500
180,00
- 38
Vietnã
390
3.000
130,00
- 55
Tabela 008
Fonte e Elaboração: Sistema FARSUL/SENAR
Diferença p/ o RS
(%)
Gráfico 019
Fonte IRGA - Elaboração: CAPC - AL
g) Destino da Produção:
Observa-se também na tabela 009, as
assimetrias do Mercosul. Maquinários
e implementos agrícolas, assim como,
insumos, fertilizantes e sementes tem
menor custo nos países vizinhos, com
percentuais que chegam a mais de 60%
entre os parceiros comerciais.
O volume de arroz consumido internamente no Rio Grande do Sul não atinge 10% da
produção do Estado. Assim sendo, o excedente, causa crônico represamento estabelecendo
uma forte pressão negativa nos preços. A redução do beneficiamento e saída de arroz em
casca do Rio Grande do Sul, acrescida do incremento na produção, tem gerado grandes
excedentes. Nos últimos três anos, enquanto a produção gaúcha de arroz aumentou em
16%, o beneficiamento e saída de arroz em casca do Estado caiu em 2%.
No gráfico 020, se observa a redução nos últimos anos na exportação e no
abastecimento do consumo interno, pois os demais estados estão preferindo se
abastecer de outros países do Mercosul.
ÍTEM
ARGENTINA
BRASIL
US$
R$
R$
%
Trator 75 CV - 4 x 2
31.000
55.800
79.500
42
Trator 105 CV - 4 x 4
45.900
82.620
112.287
36
Colheitadeira John Deere 1175 - 180 CV
135.000
243.000
311.500
28
Colheitadeira MF 5660 4 x 2 - 175 CV
131.800
237.211
281.233
19
Herbicida Glifosato (litro)
2,25
4,05
6,25
54
Inseticida Clorpirifos 48% (litro)
5,95
10,71
16,47
54
Fungicida Folicur EW (litro)
27
49
50
3
Fertilizante Superfosfato Triplo
495
891
940
5
Fertilizante Uréia Granulada
455
819
850
4
Tabela 009
Fonte: CONAB, CREA - Elaboração: FARSUL
Acompanhamento do escoamento da produção gaúcha de arroz - CDO (em toneladas)
Gráfico 020
Fonte e Elaboração: SINDARROZ
h) Importação e Industrialização:
No gráfico 021, observa-se a distribuição das importações brasileiras de arroz por país
de origem. A maioria do produto provêm do Uruguai: mais de 45% do total importado.
A participação do porto de Montevidéu como local de embarque das exportações para
o Brasil passou de 19%, no ano comercial 2009/2010, para 38,5% em 2010/2011.
Junto com o crescimento da capacidade de
industrialização,
observa-se
uma
crescente
concentração das empresas do setor. Em 1997 o
Estado contava com 421 unidades de beneficiamento,
em 2007 este número se reduziu para 261 e hoje são
menos de 250 indústrias em atividade.
Apesar disso, o volume beneficiado se ampliou no
período, sendo que em 1997 houve um beneficiamento
de 3,8 milhões de toneladas de arroz em casca; em
2007, um beneficiamento de 4,6 milhões de toneladas;
e hoje beneficia-se mais de 5,2 milhões de toneladas.
Assim, enquanto o número de empresas reduziu em
40%, a capacidade anual de beneficiado teve um
crescimento de 39%. (Fonte: SINDARROZ)
Gráfico 021
Fonte: SINDARROZ
O Rio Grande do Sul, que sempre concentrou as importações, vem perdendo a sua
participação como ponto de entrada de arroz no país. Na safra 2005/2006, 77%
do cereal importado entrou no país pelas fronteiras gaúchas, sendo, na sequência,
beneficiado e destinado aos demais estados do país. Em 2011, o Estado foi o ponto
de entrada de apenas 48,7% do cereal importado, sendo importado diretamente
pelas indústrias, redes atacadistas e varejistas dos principais centros consumidores.
O acompanhamento da evolução de arrecadação da
Taxa de Cooperação e Defesa da Orizicultura (CDO),
evidencia que o beneficiamento e venda de arroz
em casca, vem sofrendo redução nos dois últimos
anos, quebrando uma sequência de cinco anos de
alta. Alavancado pelo crescimento das exportações,
o beneficiamento médio mensal, entre os anos de
2003/2004 e 2008/2009, teve um aumento de
88%, passando de 303 mil toneladas/mes para 570
mil toneladas/mes. Nos dois últimos anos, porém, os
dados apurados pela arrecadação de CDO indicaram
redução de 8,3%, significando uma diminuição de 47
mil toneladas na média mensal.
i) Etanol e Ração Animal do Arroz:
j) Valor Bruto da Produção:
Transformar o excedente de arroz em etanol e ração animal. Essa é a proposta de entidades
ligadas a lavoura arrozeira que buscam alternativas para amenizar os prejuízos causados ao
produtor em virtude do preço baixo do grão na maioria das safras orizícolas. A implantação de
biorefinarias para etanol de arroz, poderá destinar de 1 até 2 milhões de toneladas do grão,
para a produção de 320 a 650 milhões de litros de etanol anualmente. O custo de capital da
usina de etanol de arroz é cerca de 40% menor do que o custo de capital do etanol da cana-deaçúcar que chega a aproximadamente US$ 800 por metro cúbico, e o custo do etanol de arroz
é em torno de US$ 500 por metro cúbico, em função de produzir o ano todo.
Conforme demonstra o gráfico 022, o valor
da produção obtida com o arroz irrigado no
Estado, na safra 1996/1997, foi pouco mais
de R$ 980 milhões. Houve incremento na
safra 2002/2003, ultrapassando R$ 3 bilhões,
chegando a R$ 4,3 bilhões na safra 2008/2009.
Na safra 2010/2011, a receita da lavoura
arrozeira gaúcha, chegou a R$ 3,52 bilhões,
valor menor que o da safra anterior, que foi
de R$ 3,84 bilhões.
O uso do arroz como ração animal, é viável tecnicamente para a alimentação de suínos, aves
e bovinos. Porém, em muitas situações será necessário subvencionar o preço para incentivar o
uso de arroz de classes mais baixas (tipo 2 e 3) como alimentação animal.
Gráfico 022
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC – AL
3.1.3. Fumo
a) Informações Gerais:
A maioria dos historiadores considera que o tabaco é de origem americana, tendo sido
cultivado pelos indígenas, da América do Sul e do Norte. Uma das hipóteses mais prováveis
é a de que a planta tenha surgido nos vales orientais dos Andes Bolivianos, difundindo-se
pelo território brasileiro através das migrações indígenas, sobretudo Tupi-Guarani.
O tabaco passou a ser conhecido e usado no mundo inteiro, expandindo-se de duas
maneiras: a primeira, por meio dos marinheiros e soldados, pois o tabaco era um
passatempo durante os longos períodos das viagens; a segunda, durante as expedições
portuguesas que levaram a planta para Portugal e para a França, difundindo-a até outros
países europeus, da África e do oriente.
Ao longo dos anos, a cultura do tabaco adquiriu importância para a economia do Brasil.
Apesar disso, dados da AFUBRA – Associação dos Fumicultores do Brasil indicam que
na safra 2011/12, no sul do país, houve uma diminuição no número de produtores.
Atualmente são 165.170 agricultores contra 186.810 no exercício anterior. O mesmo
processo atinge o número total de pessoas que dependem diretamente do tabaco no
campo, pois eram 911.630 e agora são 625.840 pessoas.
Na tabela 009, observa-se que no Rio Grande
do Sul, Santa Catarina e Paraná, temos
aproximadamente 125 mil propriedades que
cultivam tabaco, sendo que as mesmas tem 4,9
pessoas em média que dependem diretamente da
lavoura de fumo em cada hectare plantado. Na
figura 006, observamos alguns dados da cadeia
produtiva do fumo no Rio Grande do Sul:
FUMICULTOR SUL-BRASILEIRO
Safra: 2011/12 Fonte: AFUBRA
Tamanho da família na propriedade
Nº de propriedades: 125.450
Famílias produtoras: 165.170 Nº DE PESSOAS
DESCRIÇÃO
MÉDIA POR
Total
Família
Propriedade
1 - Menores que não trabalham no tabaco
0,818
1,077
135.110
2 - Maiores que trabalham no tabaco
2,268
2,986
374.610
3 - TOTAL
3,086
4,063
509.720
4 - Pessoas contratadas
0,703
0,926
116.120
Ocupações na lavoura (2+4)
2,971
3,912
490.730
DEPENDEM DO TABACO (3+4)
3,789
4,989
625.840
Tabela 009
Fonte: Afubra
Figura 006
Fonte: Afubra / IBGE / MDIC-SECEX
b) Área Plantada:
Conforme demonstra o gráfico 023, a área plantada com fumo no Estado na safra 1998/1999
foi de 154.958 hectares. Houve forte incremento na safra 2004/2005 com 242.180 hectares,
reduzindo na safra 2009/2010 para aproximadamente 220.000 hectares.
A área restante é reservada para culturas alternativas e de subsistência (26%), criações
de animais e pastagens (23%), florestas nativas (17,8%), reflorestamento (11,4%) e
açudes e áreas em descanso (5,8%). A pesquisa da AFUBRA aponta que 25% das
famílias que produzem tabaco não possuem terra própria, ou seja, aproximadamente
47 mil famílias desenvolvem a cultura em regime de parceria ou arrendamento.
No gráfico 024, podemos observar a distribuição das atividades agropecuárias na
propriedade. Como base de informação a AFUBRA considerou a safra 2010/2011.
Gráfico 023
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC - AL
Na safra 2010/2011, o IBGE indica que tivemos uma área plantada de 223.029
hectares e na safra 2011/2012, 204.593 mil hectares. Área 8% menor que a anterior.
O cultivo de tabaco no Brasil tem como base as pequenas propriedades, em média com
16,4 hectares, sendo que destes, apenas 16% são dedicados à produção. Apesar da
pequena lavoura plantada, o cultivo representa 56% da renda familiar dos agricultores.
Gráfico 024
Fonte e elaboraçãow: AFUBRA
c) Produção:
Conforme demonstra o gráfico 025, a produção de fumo obtida no Estado na
safra 1996/1997 foi pouco mais de 274 mil toneladas, apresentando um forte
incremento na safra 2003/2004 com aproximadamente 483 mil de toneladas.
Devido a estiagem, foi observado uma retração da produção na safra 2009/2010,
tendo alcançado pouco mais de 343 mil toneladas.
A figura 007 demonstra a distribuição da produção no sul do país, na qual o Rio
Grande do Sul é responsável por mais da metade de todo o fumo produzido:
Gráfico 025
Fonte: FEE - Elaboração: CAPC - AL
Na safra 2010/2011, o IBGE indica que tivemos uma produção de 497,5 mil toneladas,
a maior obtida no período analisado. A safra 2011/2012, no entanto, retornou ao
patamar de 390,2 mil toneladas, redução de 21,5 % em relação a anterior.
Figura 007
d) Produtividade:
Conforme demonstra o gráfico 026, a produtividade de fumo obtida no Estado na
safra 1996/1997 foi pouco mais de 1.900 kg/Ha. Verificou-se um forte incremento em
2003/2004, com 2.109 kg/Ha. Porém, foi sucedida por uma retração na produtividade
na safra 2009/2010, com 1.560 kg/Ha.
Gráfico 026
Fonte: IBGE- Elaboração: CAPC - AL
Na safra 2010/2011, o IBGE indica que tivemos uma produtividade de 2.231 kg/
Ha, e na safra 2011/2012 1.908 kg/Ha, o que representa uma redução de 14,4
% em relação à safra anterior.
e) Custo de Produção e Valor do Produto:
Na tabela 010, observa-se a evolução do custo por hectare plantada de fumo. Nas últimas
quatorze safras, o produtor teve prejuízo apenas nas safras 2005/2006 e 2010/2011, nas quais
o preço recebido pelo quilo de fumo estava abaixo do custo operacional de produção.
O custo total de um hectare de tabaco, considerando-se todos os custos variáveis mais as
depreciações e correção do solo, nos últimos 2 anos ultrapassou o valor de R$ 10 mil por
hectare de lavoura. Mesmo assim, o produtor teve lucro em dois anos, em função de que o
valor recebido pelo quilo de fumo também aumentou, chegando a R$ 6,40 na safra 2011/2012.
Segundo a AFUBRA, como a mão-de-obra é predominantemente familiar, a renda do produtor
pode ser considerada maior, pois não existe esse desembolso com funcionários na grande
maioria das lavouras de tabaco.
Tabela 010
Fonte: AFUBRA - Elaboração: AFUBRA e CAPC – AL
f) Destino da Produção:
O Brasil é o segundo maior produtor mundial
de tabaco, além de ser líder em exportações
desde 1993. Em 2011, o tabaco representou
1,15% do total das exportações brasileiras,
com US$ 2,89 bilhões embarcados. Da
produção de 833 mil toneladas registrada
na safra 2010/2011, 85% foi destinada
ao mercado externo. O principal mercado
brasileiro neste período foi a União
Europeia, com 40% do total dos embarques
de 2011, seguida pelo Extremo Oriente
(28%), pela América do Norte (10%), pelo
Leste Europeu (10%), pela África/Oriente
Médio (7%) e América Latina (5%). Para o
Sul do país, a cultura é uma das atividades
agroindustriais mais significativas. No Rio
Grande do Sul, a participação do tabaco
representou 9,8% no total das exportações
e em Santa Catarina 9,9%.
Na figura 008, observa-se a distribuição
das exportações de fumo em 2011, na qual
se identifica que a Europa é a nossa maior
compradora da produção do tabaco Brasileiro:
Figura 008
Fonte: MDIC /Secex
g) Industrialização:
h) Valor Bruto da Produção:
A indústria do tabaco do Sul do Brasil é composta por empresas de pequeno, médio
e grande porte. Estas empresas estão entre as mais sofisticadas do gênero no mundo,
utilizando modernos conceitos de produção e equipamentos de industrialização de
última geração. Os municípios de Santa Cruz do Sul e Venâncio Aires, no Rio Grande
do Sul, concentram o maior número de empresas, constituindo o maior complexo de
processamento de tabaco do mundo. Em Santa Catarina e no Paraná, as indústrias
de beneficiamento e industrialização de tabaco estão localizadas nas cidades de Rio
Negro (PR), Araranguá, Blumenau e Joinville (SC). A renda gerada a partir da indústria
é decisiva nos municípios em que atua por proporcionar, além dos postos diretos em
suas unidades industriais, diversos empregos indiretos.
Conforme demonstra o gráfico 027, o
valor da produção obtida com o fumo
no Estado na safra 1996/1997 foi pouco
mais do que R$ 502 milhões. Houve um
grande aumento na safra 2008/2009
com, aproximadamente, R$ 2,21 bilhões.
E uma retração na receita na safra
2009/2010, com 1,98 bilhões.
Gráfico 027
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC - AL
3.1.4. Milho
a) Informações Gerais:
O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de milho, totalizando 53,2 milhões de
toneladas na safra 2009/2010. Embora muitos pensem que o cultivo do grão sirva
prioritariamente para o consumo na mesa dos brasileiros, essa é a parte menor da
produção. O principal destino da safra são as indústrias de rações para animais.
Cultivado em diferentes sistemas produtivos, o milho é plantado principalmente
nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul. O grão é transformado em óleo, farinha,
amido, margarina, xarope de glicose e flocos para cereais matinais. O estudo
das projeções de produção do cereal, realizado pela Assessoria de Gestão
Estratégica do Mapa, projeta um aumento de 19,11 milhões de toneladas entre
a safra de 2008/2009 e 2019/2020. Em 2019/2020, a produção deverá ficar
em 70,12 milhões de toneladas e o consumo em 56,20 milhões de toneladas.
Esses resultados indicam que o Brasil deverá fazer ajustes no seu quadro de
suprimentos para garantir o abastecimento do mercado interno e obter excedente
para exportação, estimado em 12,6 milhões de toneladas em 2019/2020.
O Brasil está entre os países que terão aumento significativo das exportações de
milho, ao lado da Argentina. O crescimento será obtido por meio de ganhos de
produtividade. Enquanto a produção de milho está projetada para crescer 2,67% ao
ano nos próximos anos, a área plantada deverá aumentar 0,73%.
Fonte: MAPA
b) Área Plantada:
Conforme demonstra o gráfico 028, a área plantada com milho no Rio Grande do
Sul na safra 1996/1997 foi de 1,65 milhões de hectares. Apresentou um crescimento
na safra 2000/2001 chegando a 1,67 milhões de hectares, mantendo-se na faixa
dos 1,3 milhões de hectares até a safra 2008/2009.
Gráfico 028
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC – AL
Na safra 2010/2011, o IBGE indica que tivemos uma área plantada de 1,09 milhões
de hectares. Já na safra 2011/2012 ficou em torno de 1,18 milhões de hectares.
c) Produção:
Conforme demonstra o gráfico 029, a produção de milho obtida no Estado na safra
1996/1997 foi pouco mais de 4,09 milhões de toneladas. Teve um forte incremento
na safra 2000/2001 com 6,13 milhões de toneladas, porém, foi precedida por uma
retração na produção na safra 2004/2005 devido à estiagem ocorrida, com pouco
mais de 1,48 milhões de toneladas.
Gráfico 029
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC – AL
Na safra 2010/2011, o IBGE indica que tivemos uma produção de 5,77 milhões de toneladas,
e na safra 2011/2012 de 3,21 milhões de toneladas, ou seja, 44% inferior a safra anterior
devido a uma estiagem que castigou o Rio Grande do Sul durante o ciclo produtivo do milho.
d) Produtividade:
Os principais estados brasileiros produtores de milho são Bahia, Minas Gerais, São
Paulo, Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás. A produção
nacional na safra 2009/2010 totalizou 53,2 milhões de toneladas e a expectativa é
alcançar 70,12 milhões de toneladas nos próximos dez anos.
Conforme demonstra o gráfico 030, a produtividade de milho obtida no Estado na safra
1996/1997 foi pouco mais de 2.500 kg/Ha, foi sucedida por uma retração na produtividade
em 2004/2005 devido a estiagem ocorrida, obtendo-se pouco mais de 1.537 kg de grão por
hectare. Na safra 2009/2010 teve uma excelente produtividade, com 4.904 kg/Ha.
Gráfico 030
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC - AL
Na safra 2010/2011, o IBGE indica que tivemos uma produtividade de 5.263 kg/Ha,
sendo a maior do período analisado. Na safra 2011/2012, foi de 3.205 kg/Ha, devido
a uma nova estiagem durante o ciclo da cultura do milho, significando uma redução
de 39,1% em relação a safra anterior.
e) Custo de Produção e Valor do Produto:
O custo de produção, o preço mínimo e o preço
de mercado de cada saca de milho produzida são
demonstrados na tabela a seguir, na qual podemos
observar, desde o ano de 1997, quais as safras em que
o produtor teve renda na atividade agrícola.
Se relacionarmos o custo de produção por saca
produzida com o preço mínimo estipulado pelo governo
federal, praticamente em todo o período houve uma
rentabilidade negativa, ou seja, o preço mínimo não
alcançou o custo de produção. A exceção se dá na
safra 1997/1998, em que o preço mínimo era de R$ 6,70 por saca, e o custo de
produção foi de R$ 5,69 por saca produzida de milho. Se compararmos o custo de
produção com o preço de mercado da saca de milho, nas 16 safras analisadas, em
cinco safras o produtor teve prejuízo na comercialização do grão.
Na safra 2011/2012, o custo de produção esteve próximo de R$ 19,96 por saca
produzida, e o preço médio de mercado ficou em R$ 25,13, dando um lucro de
aproximadamente 25,88% ou R$ 5,17 por saca de milho. Convém salientar, de que
para o cálculo da rentabilidade na cultura do milho, levou-se em consideração uma
produtividade de 75 a 90 sacas por hectare de lavoura. Logo, produtores que colheram
abaixo destes valores, não tiveram a rentabilidade apresentada na tabela 011.
Tabela 011
Fonte: CONAB/MA - FecoAgro/RS
Elaboração: Assessoria Econômica - FecoAgro/RS
f) Destino da Produção:
A produção brasileira e gaúcha de milho em grãos tem dois destinos. Primeiro,
o consumo no estabelecimento rural, referindo-se àquela parcela do produto
que é consumida no próprio estabelecimento, destinando-se à manutenção dos
animais em sua maior parte e ao consumo humano. Segundo, a oferta do produto
no mercado consumidor, direcionada a fabricas de rações, indústrias químicas,
mercado de consumo in natura e exportações, quando é o caso. Segundo o IBGE,
cerca de 21% da produção de milho é consumida nas propriedades, enquanto
79% é vendida para cooperativas, indústrias, intermediários e diretamente aos
consumidores. O intermediário representa o principal agente de comercialização
da cadeia do milho, movimentando algo em torno de 35% de toda a produção
nacional. No mercado interno, o Brasil e o Rio Grande do Sul seguem a tendência
mundial, na qual a alimentação animal é considerada como o grande mercado de
milho, com variação de 70% a 80% do milho produzido.
Conforme o gráfico 032, observa-se a destinação do milho quando usado como
ração animal, estimando-se que 51% do grão é direcionado ao setor avícola,
33% à suinocultura, 11% à pecuária, principalmente a leiteira, e 5% é utilizado
para produzir ração para os outros animais.
Embora o Brasil não tenha tradição de exportador de milho em grãos, sempre se
pensou que o país tinha potencial para participar do mercado externo. Isto pode
ser expresso a partir de 2001, quando o país passou a ocupar cerca de 4% do
mercado mundial de exportação deste grão. Alguns fatores contribuíram para essa
mudança. O primeiro está relacionado com as boas safras de milho colhidas no Brasil
a partir de 2000, o que agravou a situação de queda dos preços do mercado interno,
favorecendo a busca de opções de mercados diferentes para escoar a produção. O
segundo tem relação ao fato de que a cotação do milho no mercado externo estava
mais do que compensadora. Porém, a partir de 2007, verificou-se uma tendência de
queda de preços observada no mercado mundial, confirmada em 2008, o que levou,
necessariamente, a uma retração nas exportações. A necessidade mundial de milho
como ingrediente para indústria de ração animal amplia a demanda de exportações
brasileiras do produto. A estimativa é aumentar em 5,12% as exportações do milho
para a safra 2019/2020, alcançando 22,9 milhões de toneladas. O milho, em conjunto
com a soja, responde por quase 80% da produção de grãos do pais. A diferença entre
as duas está no fato de a soja ter forte valor no mercado internacional, enquanto a
produção de milho é voltada para o mercado interno.
No Rio Grande do Sul, destina-se o produto quase que totalmente ao mercado
interno, salvo a participação em eventuais lotes de exportação. O suprimento total
de milho no país gira em torno de 45 milhões de toneladas, enquanto o consumo
fica na ordem de 42 milhões de toneladas, havendo uma relação muito próxima
entre consumo e produção deste importante produto agrícola.
Gráfico 032
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC – AL
e) Valor Bruto da Produção:
Conforme demonstra o gráfico 033, o
valor da produção obtida com o milho
no Estado, na safra 1996/1997 foi pouco
maior que R$ 471 milhões. Na safra
2007/2008, com aproximadamente
R$ 2,03 bilhões. Uma retração na
receita aconteceu na safra 2009/2010,
gerando pouco mais R$ 1,70 bilhões.
Evolução do valor da produção na cultura do milho no RS
Gráfico 033 - Fonte: IBGE
Elaboração: CAPC – AL
3.1.5. Mandioca
a) Informações Gerais:
A mandioca é uma planta originária do continente americano, provavelmente do
Brasil Central, mas com indícios de cultivo por civilizações pré-incaicas, há 4 mil
anos, na América Central, Venezuela, Colômbia e Peru. Os nativos americanos
foram os responsáveis por sua disseminação no continente, enquanto os
portugueses difundiram para o restante do mundo, especialmente para a África e
Ásia, hoje os maiores produtores mundiais de mandioca. Por ser bastante rústica,
com grande adaptação a solos de baixa fertilidade e por usar o recurso água de
forma bastante eficiente, a mandioca é uma cultura tradicionalmente associada
à agricultura de pouca base tecnológica, mas com grande apelo à segurança
alimentar de produtores familiares de diversos países.
A produção mundial de mandioca estimada pela Food and Agriculture Organizatio of
The United Nations (FAO) é da ordem de 238 milhões de toneladas, sendo que o Brasil
é o terceiro maior produtor mundial com aproximadamente 27 milhões de toneladas,
atrás da Nigéria (49 milhões de toneladas) e da Tailândia (29 milhões de toneladas).
O Estado do Rio Grande do Sul apresenta vocação para as pequenas propriedades
agrícolas familiares nas quais a mandioca sempre foi uma cultura de importância,
servindo tanto para alimentação humana quanto para alimentação animal.
Fonte: Embrapa CT
b) Área Plantada:
Conforme demonstra o gráfico 034, a área plantada com mandioca no Estado
na safra 1996/1997 foi pouco maior que 100 mil hectares e teve uma forte
retração na safra 2001/2002 com 84,7 mil hectares, mantendo-se na faixa dos
80 mil hectares até a safra 2009/2010.
Gráfico 034
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC – AL
Na safra 2010/2011, o IBGE indica que tivemos uma área plantada de 85,1 mil
hectares e na safra 2011/2012 foram plantados 82,6 mil hectares de mandioca.
c) Produção:
Conforme demonstra o gráfico 035, a produção de mandioca obtida no estado na
safra 1996/1997 foi pouco maior que 1,38 milhões de toneladas, sofreu uma forte
redução na safra 2004/2005 com aproximadamente 1,12 milhões de toneladas,
chegando a 1,30 milhões na safra 2009/2010.
Gráfico 035
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC – AL
Na safra 2010/2011, o IBGE indica que tivemos uma produção de 1,3 milhões
de toneladas e na safra 2011/2012, de 1,19 milhões de toneladas, em razão de
uma estiagem ocorrida.
d) Produtividade:
O Estado é o quinto maior produtor brasileiro de mandioca, atrás do Pará, Paraná,
Bahia e Maranhão, destacando-se os municípios de Rio Pardo, com aproximadamente
36 mil toneladas; Venâncio Aires, com 33 mil toneladas; Triunfo, com 29 mil
toneladas; São Pedro do Sul, com 25 mil toneladas; Frederico Westphalen, com 22
mil toneladas e Santa Maria, com 21 mil toneladas.
Na tabela 012, observa-se a produção e o percentual de participação dos
principais estados produtores de mandioca:
Localização
Produção
(em toneladas)
Participação
(em %)
Brasil
27.509.523
100
Pará
4.993.365
18,2
Paraná
4.413.270
16,0
Bahia
4.264.863
15,5
Maranhão
1.687.434
6,1
Rio Grande do Sul
1.325.583
4,8
Demais
10.825.008
39,4
Tabela 012
Fonte: IBGE - safra 2010 - estimativas jan/2010
Conforme demonstra o gráfico 036, a produtividade da mandioca
obtida no Estado na safra 1996/1997 foi pouco maior que 14.233
kg/Ha, teve decréscimo na safra 2004/2005, com 12.975 kg/Ha,
chegando na safra 2009/2010 com 15.975 kg/Ha.
Na safra 2010/2011, o IBGE indica que tivemos uma produtividade
de 16.230 kg/Ha sendo a maior do período, chegando a 15.165
kg/Ha na safra 2011/2012.
Gráfico 036
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC – AL
e) Estratificação Fundiária das Propriedades Rurais
que produzem Mandioca:
Nos mais de 138 mil estabelecimentos agropecuários que produzem a mandioca no Rio
Grande do Sul, o IBGE estima que propriedades com área de até 50 hectares correspondem
a 93% dos estabelecimentos, 94% da produção obtida, e 92% da área colhida, confirmando
que a agricultura familiar é a grande responsável pelo cultivo no estado.
Na tabela 013, a estratificação das propriedades em função de sua área total:
Estratificação
Estabelecimentos
(em %)
Produção
Colhida
(%)
Área Colhida
(%)
Menos de 10ha
44,6
35,6
37,5
10 a menos de 50ha
48,6
58,2
54,9
50 a menos de 100ha
3,7
3,8
1,1
100 a menos de 1000ha
2,1
1,9
2,5
1000 a menos de 2500ha
0,1
0,1
0,1
2500ha a maior
0
0
0
Produtor sem área
0,9
0,4
0,5
Tabela 013
Fonte: IBGE
Quando se relaciona a agricultura familiar com a não familiar observa-se que a familiar
corresponde a 90,6% dos estabelecimentos agropecuários, 92% da produção total e
90,7% das áreas colhidas nas lavouras com mandioca no Estado.
Gráfico 037
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC – AL
f) Destino da Produção:
Embora sua importância nos agroecossistemas familiares permaneça até hoje por sua
rusticidade e produtividade, o valor agroindustrial da mandioca foi gradativamente
reduzido a partir dos anos 70 no Rio Grande do Sul, principalmente devido aos
incentivos a culturas como o trigo e a soja.
Atualmente, a industrialização da mandioca é quase inexistente no Estado. Seu
comércio é feito de forma eventual em feiras para consumo in natura, como aipim
ou para algumas poucas farinheiras de pequeno porte e sua parte aérea usada
para alimentação animal. Porém, mudanças no cenário industrial de processamento
de mandioca no Brasil, ocorreram com o surgimento de novas fecularias e o
fortalecimento de parcerias entre as indústrias nacionais e multinacionais, devido
ao crescimento mundial do mercado de amido modificado. Também o debate atual
sobre o desenvolvimento sustentável, a busca por fontes renováveis de energia e por
alternativas à cultura do tabaco colocou a mandioca novamente em evidência, como
potencial ocupante de parte deste espaço. A grande diversidade de usos da mandioca
na agropecuária como fonte de energia na alimentação humana e na alimentação
animal encontra respaldo também na indústria.
g) Valor Bruto da Produção:
Conforme demonstra o gráfico 038, o
valor da produção obtida com a mandioca
no Estado na safra 1996/1997 foi
pouco mais de R$ 350 milhões, com um
forte incremento na safra 2002/2003,
ultrapassando R$ 600 milhões, chegando,
na safra 2009/2010, a R$ 978 milhões.
Segundo a Embrapa Clima Temperado, o aproveitamento da mandioca se dá em
diversos complexos agroindustriais:
· farinhas e raspas para panificação e rações balanceadas para diversas espécies animais;
· amido para a indústria alimentícia, têxtil, farmacêutica, de papel e celulose, calçadista,
cervejeira, de embutidos de origem animal, de tintas, petrolífera e até de explosivos;
· álcool, tanto carburante quanto para fins alimentícios, farmacológicos e laboratoriais,
sendo a fécula (amido) o principal subproduto da mandioca. Desta forma, no contexto
que se desenha para os próximos anos, a cultura da mandioca representa uma
alternativa altamente interessante para os agricultores.
Gráfico 038
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC - AL
3.1.6. Trigo
a) Informações Gerais:
O trigo é o segundo cereal mais produzido no mundo, com significativo peso na
economia agrícola global. No Brasil, o trigo é cultivado nas regiões Sul, Sudeste e
Centro-Oeste. A produção recebe reforço sistemático dos órgãos de governo, uma vez
que as condições climáticas são desfavoráveis à cultura. O Ministério da Agricultura
tem como desafio estimular a produção do trigo minimizando os efeitos climáticos.
Estudos de zoneamento de risco climático para os principais estados produtores,
reajuste dos preços mínimos em níveis que sustentem a formação da renda da
atividade e ampliação do limite de financiamento para custeio das lavouras são
algumas das ações desenvolvidas para aumentar a produção de trigo e diminuir a
dependência externa do País em relação ao cereal.
Estimativas do Ministério da Agricultura preveem uma taxa de aumento de
consumo do trigo de 1,31% ao ano. Ainda assim, acredita-se na possibilidade de
redução das importações, uma vez que o Brasil vem investindo na autossuficiência
da produção interna do cereal.
Fonte: MAPA
b) Área Plantada:
Conforme demonstra o gráfico 039, a área plantada de trigo no Estado na safra
1996/1997 foi de 496,5 mil hectares. Em 2003/2004 aumentou para 1,12 milhão de
hectares, baixando para 787,4 mil hectares na safra 2009/2010.
Gráfico 039
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC – AL
Na safra 2010/2011, o IBGE indica que tivemos uma área plantada de 932,3 mil
hectares. Na safra 2011/2012 chegou ao valor de 976 mil hectares.
c) Produção:
Conforme demonstra o gráfico 040, a produção de soja obtida no Rio Grande do Sul
na safra 1996/1997 foi pouco mais de 600 mil toneladas, com um aumento na safra
2002/2003 que atingiu 2,39 milhões de toneladas, chegando na safra 2009/2010
com a produção de 2,11 milhões de toneladas.
Gráfico 040
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC - AL
Na safra 2010/2011, o IBGE indica que obtivemos uma produção de 2,74 milhões de
toneladas, tendo na safra 2011/2012, chegado a 2,34 milhões de toneladas produzidas.
O Rio Grande do Sul é o segundo colocado na
produção de trigo do país, tendo uma participação de
aproximadamente 33% entre os estados produtores.
O estado do Paraná produz aproximadamente 1
milhão de toneladas a mais que o RS, colocandose como o maior produtor brasileiro com mais da
metade do resultado obtido nacionalmente.
Analisando um cenário global entre os principais países produtores de trigo, o Brasil
coloca-se em sexto lugar, atrás da China, da Índia, dos Estados Unidos, do Canadá
e da Argentina. Na tabela seguinte, o setor de Serviço Agrícola do Departamento de
Agricultura dos Estados Unidos faz um comparativo entre os países, indicando que na
safra 2009/2010 a China produziu 113 milhões de toneladas, a Índia 77,5 milhões
de toneladas, os Estados Unidos 55,1 milhões de toneladas, o Canadá 26 milhões de
toneladas e, finalmente, o Brasil com 5,5 milhões de toneladas.
Na tabela 014, a produção e a colocação dos
principais estados produtores de trigo:
Estima-se que a produção mundial de trigo fique em torno de 657,6 milhões de
toneladas produzidas anualmente.
Safra
China
Índia
EUA
Canada
Argentina
Brasil
Outros
Mundo
2000/01
99.640
76.369
60.641
26.519
16.230
1.660
300.441
581.500
2001/02
93.873
69.680
53.001
20.568
15.500
3.250
327.206
583.078
2002/03
90.290
71.810
43.705
16.198
12.300
2.925
330.652
567.880
2003/04
86.490
65.100
63.805
23.049
14.500
5.851
294.718
553.513
2004/05
91.950
72.150
58.698
24.796
16.000
5.845
356.138
625.577
2005/06
97.445
68.640
57.243
25.748
14.500
4.873
351.114
619.563
2006/07
108.466
69.350
49.217
25.265
16.000
2.234
325.088
595.620
2007/08
109.298
75.810
55.821
20.054
16.800
3.825
328.089
609.697
2008/09
113.000
78.600
68.026
26.610
8.400
6.000
382.048
682.684
2009/10
113.000
77.500
55.139
26.000
11.000
5.500
369.486
657.625
Tabela 015
Fonte: FAS / USDA
Tabela 014
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC - AL
Segundo o MAPA, no Brasil a produção interna de trigo projetada para 2018/2019 é
de 7,89 milhões de toneladas e o consumo é estimado em 12,25 milhões de toneladas
anualmente. A produção interna do trigo ainda é inferior à demanda de abastecimento.
Atualmente, o país não exporta trigo e busca a autossuficiência do cereal.
d) Produtividade:
Conforme demonstra o gráfico 041, a produtividade de trigo obtida no Rio Grande do
Sul na safra 1996/1997 foi de 1.252 kg/Ha, tendo sido verificado um forte incremento
na safra 2002/2003, com 2.253 kg/Ha, chegando na safra 2009/2010 a 2.688 kg/Ha.
e) Estratificação Fundiária das Propriedades Rurais que produzem Trigo:
Nos mais de 19,7 mil estabelecimentos agropecuários que produzem trigo no
Rio Grande do Sul, o IBGE estima que propriedades com área de até 100 hectares
correspondem a 80% dos estabelecimentos, 28% da produção obtida e 32% da área
colhida. As propriedades com área de 100 a 1000 hectares correspondem a 18% dos
estabelecimentos, 51% da produção e 50% da área colhida. As grandes propriedades
com mais de 1000 hectares, correspondem a 2% dos estabelecimentos, 21% da
produção e 18% da área total colhida com trigo no Estado.
No gráfico 042, observa-se a estratificação das propriedades e os respectivos
percentuais de participação na cultura do trigo no Estado:
Gráfico 041
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC - AL
Na safra 2010/2011, o IBGE indica que tivemos uma produtividade de 2.944 kg/Ha,
sendo a maior do período analisado. Já na safra 2011/2012, foi de 2.401 kg/Ha.
Gráfico 042
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC - AL
f) Custo de Produção e Valor do Produto:
O custo de produção, o preço mínimo e o preço de mercado
de cada saca de trigo produzida são demonstrados na tabela
abaixo, na qual podemos observar, desde o ano de 1997, quais
as safras que o produtor teve renda na atividade agrícola.
Se relacionarmos o custo de produção por saca produzida com
o preço mínimo estipulado pelo governo federal, praticamente
em todo o período houve uma rentabilidade negativa, ou seja, o
preço mínimo não alcançou o custo de produção. A exceção se dá
na safra 2001/2002 em que o preço mínimo era de R$ 17,10 por
saca e o custo de produção foi de R$ 15,36 por saca produzida de
trigo, e na safra 2009/2010 que o preço mínimo foi de R$ 33,30
por saca e o custo de produção de R$ 33,14 por saca de trigo.
Se compararmos o custo de produção com o preço de mercado da saca de trigo, nas
16 safras analisadas, em 14 safras o produtor teve prejuízo na comercialização do grão.
Na safra 2011/2012, o custo de produção esteve próximo de R$ 34,27 por saca
produzida e o preço médio de mercado ficou em R$ 23,73, dando um prejuízo de
aproximadamente 30,76% ou R$ 10,54 por saca de trigo. Convém salientar que
para o cálculo da rentabilidade na cultura do trigo, levou-se em consideração uma
produtividade de 40 sacas por hectare de lavoura. Isso significa que produtores que
colheram abaixo destes valores não tiveram a rentabilidade apresentada na tabela.
Tabela 016
Fonte: CONAB/MA - FecoAgro/RS - Elaboração: Assessoria Econômica - FecoAgro/RS
g) Valor Bruto da Produção:
Conforme demonstra o gráfico 043, valor da produção obtida com o trigo no
estado, na safra 1996/1997 foi pouco maior que R$ 78,9 milhões. Houve um
forte incremento na safra 2002/2003 com R$ 990,9 milhões, chegando na safra
2009/2010 ao valor de R$ 811,8 milhões.
Gráfico 043
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC - AL
3.1.7. Uva
a) Informações Gerais:
A viticultura no Brasil ocupa uma área de aproximadamente 77 mil hectares, com
vinhedos estabelecidos desde o extremo sul do país, em latitude de 30º 56’ 15’’S, até
regiões situadas muito próximas ao Equador, em latitude de 5º 11’ 15’’S.
Em função da diversidade ambiental, existem polos com viticultura característica
de regiões temperadas, com um período de repouso hibernal; polos em áreas
subtropicais, onde a videira é cultivada com dois ciclos anuais definidos em função
de um período de temperaturas mais baixas no qual há risco de geadas; e polos de
viticultura tropical, nos quais é possível realizar podas sucessivas com a realização de
dois e meio a três ciclos vegetativos por ano.
O mundo inteiro está descobrindo o vinho brasileiro, pois o Brasil tem desenvolvido uma
capacidade excepcional para a produção com muita qualidade. Atualmente, o país é
considerado uma das melhores regiões no mundo para o cultivo de uvas destinadas à
produção de vinhos espumantes. O Brasil exporta hoje vinhos para 22 países. Entre os
principais destacamos Estados Unidos, Alemanha, Inglaterra e República Tcheca.
Segundo a Embrapa Uva e Vinho, na vitivinicultura, por ser uma atividade intensiva,
a mão-de-obra é de fundamental importância para o setor, variando de 2 a 5
trabalhadores por hectare de uva plantada. Se considerarmos a área de 51,2 mil
hectares na safra 2011/2012, poderemos ultrapassar 250 mil trabalhadores na
atividade vitivinícola no Estado, com aproximadamente 20 mil produtores de uva.
A área média das propriedades é de 18 hectares, com lavouras de 2,5 hectares de uva.
b) Área Plantada:
Conforme demonstra o gráfico 044, a área plantada com uva no Estado na safra 1997/1998
foi de 35,2 mil hectares. Verificou-se um aumento em 2003/2004, ultrapassando 40 mil
hectares. Na safra 2009/2010, chegou-se a 48,7 mil hectares plantados.
Gráfico 044
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC - AL
Na safra 2010/2011, o IBGE indica que tivemos uma área plantada de 50,6 mil
hectares. Na safra 2011/2012 chegou ao valor de 51,2 mil hectares plantados, sendo
a maior área de plantio até o momento.
c) Produção:
Conforme demonstra o gráfico 045, a produção de uva obtida no Estado na safra 1996/1997
foi pouco mais de 456 mil toneladas. Em 2003/2004 chegou-se aproximadamente a 700
mil toneladas, chegando a 692,9 mil toneladas na safra 2009/2010.
Gráfico 045
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC - AL
Na safra 2010/2011, o IBGE indica que tivemos uma produção de 829,5 mil
toneladas. Na safra 2011/2012, pouco mais de 840 mil toneladas, sendo a maior
de todo o período analisado.
d) Produtividade:
Conforme demonstra o gráfico 046, a produtividade de uva obtida no Estado na
safra 1996/1997 foi de 12.932 kg/Ha, com um forte incremento em 2003/2004, com
aproximadamente 17.263 kg/Ha. Na safra 2009/2010 verificou-se 14.214 kg/Ha.
e) Principais Regiões Produtoras no Estado:
• Serra Gaúcha e Campos de Cima da Serra:
É a maior região vitícola do país com cerca de 40 mil hectares de vinhedos. Trata-se de uma
viticultura de pequenas propriedades, pouco mecanizada devido à topografia acidentada, onde
predomina o uso da mão-de-obra familiar. Mais de 80% da produção da região se origina de
variedades de uvas americanas (Vitis labrusca, Vitis bourquina) e híbridas interespecíficas. As
variedades de maior expressão neste grupo são: Isabel, Bordô, Niágara Branca, Concord Niágara
Rosada, Jacquez, Seibel1077. A maior parte da uva colhida é destinada à elaboração de vinhos,
sucos e outros derivados. No que se refere aos vinhos finos, merece destaque a produção de vinhos
espumantes de alta qualidade, além dos vinhos tranquilos, brancos e tintos. Detentora de alta
tecnologia enológica, sobretudo no segmento de vinhos finos, esta região vem crescendo como
produtora de vinhos de qualidade. Uma evidência da evolução organizacional da vitivinicultura
da região foi a criação da Indicação de Procedência Vale dos Vinhedos, em 2002. Em outubro de
2010, a nova Indicação de Procedência foi Pinto Bandeira, iniciativa que motivou outros grupos
de produtores da região a seguirem o mesmo caminho. (Fonte: IBRAVIN)
• Campanha, Serra do Sudeste e Região Central:
Gráfico 046
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC - AL
Na safra 2010/2011, o IBGE indica que tivemos uma produtividade de 16.868 kg/Ha,
e na safra 2011/2012, foi de 16.836 kg/Ha de uva plantada.
A região da Campanha, atualmente com aproximadamente 1.500 ha plantados consolidou-se
como produtora de vinhos finos na década de 1980, a partir de um projeto implantado por uma
empresa multinacional no município de Santana do Livramento, na fronteira com o Uruguai. Já
na Serra do Sudeste, a vitivinicultura veio a ganhar importância econômica mais recentemente,
a partir de investimentos efetuados por vinícolas localizadas na Serra Gaúcha. Em ambos os
polos produtores são cultivadas exclusivamente castas de Vitis vinifera, com predominância das
uvas tintas Cabernet Sauvignon, Merlot, Tannat, Cabernet Franc, Pinot Noir, Touriga Nacional,
Tempranillo, e entre as uvas brancas destacam-se Chardonnay, Sauvignon Blanc, Pinot Griogio
e Ugni Blan (Trebbiano). A produtividade dos vinhedos na região situa-se entre 8 e 12 ton./
ha, dependendo da cultivar e das condições climáticas da safra. A produção de uvas, das castas
Chardonnay e Pinot Noir, para a elaboração de espumantes cresce em importância. Na Região
Central do Estado do Rio Grande do Sul, numa micro-região denominada Vale do Jaguari, cuja
colonização começou em 1888 com a chegada dos primeiros imigrantes italianos, que em 1889
fundaram o núcleo colonial de Jaguari , também produz-se vinhos de qualidade. (Fonte: IBRAVIN)
f) Distribuição da Vitivinicultura
em Função do Clima no País:
A viticultura é uma atividade tradicional em nove regiões brasileiras. Como zonas de
viticultura temperada destacam-se as regiões da Fronteira, Serra do Sudeste, Serra
Gaúcha, Campos de Cima da Serra e regiões Central e Norte do Rio Grande do Sul;
regiões do Vale do Rio do Peixe, Planalto Serrano, Planalto Norte e Carbonífera de
Santa Catarina; região sudeste de São Paulo e, região sul de Minas Gerais.
A região norte do Paraná é tipicamente subtropical e as regiões noroeste de
São Paulo, norte de Minas Gerais e Vale do São Francisco (Pernambuco e Bahia),
caracterizam-se como zonas tropicais.
As regiões tradicionais e os principais polos emergentes da vitivinicultura
brasileira são apresentados no mapa a seguir, agrupando-se as regiões segundo
suas características ambientais em viticultura temperada, viticultura subtropical e
viticultura tropical. (Fonte: IBRAVIN)
Figura 008
Fonte: IBRAVIN
g) Destino da Produção e Importação:
Tanto no gráfico 047 como na tabela 017, observamos a produção estadual de
vinhos viníferas e comuns, como também dos seus derivados. Em 2004, podemos
observar que a produção total de vinhos e derivados ultrapassou 400 milhões de
litros; em 2010, foi de 321 milhões de litros; em 2011, houve uma recuperação da
produção com aproximadamente 461 milhões de litros produzidos. Cabe salientar
que houve um grande aumento na produção de sucos e espumantes como demais
derivados da uva e do vinho. (Fonte: IBRAVIN)
Gráfico 047
Fonte: IBRAVIN/ MAPA/ SEAPA-RS
Elaboração de Vinhos e Derivados no Rio Grande do Sul - 2004 à 2011
ANO
Milhões de Litros
Vinhos
Viníferas
Vinhos
Comuns
Outros Derivados
de Uva e Vinho
Total
2004
42,96
313,70
51,87
408,53
2005
45,45
226,08
53,50
325,04
2006
32,12
185,08
59,13
276,33
2007
43,18
275,25
70,89
389,32
2008
47,33
287,44
93,19
427,97
2009
39,90
205,42
96,50
341,82
2010
27,85
195,25
98,96
321,21
2011
52,20
258,73
151,15
461,07
Tabela 017
Fonte: IBRAVIN/SEAPA-RS
A comercialização de vinhos finos em 2004 foi de 19,7 milhões de litros. Houve um decréscimo em
2008, com 17 milhões de litros, chegando, em 2011, à quantia de 19,5 milhões comercializados
por empresas gaúchas. Observam-se estes dados no gráfico 048: (Fonte: IBRAVIN)
Gráfico 048
Fonte: IBRAVIN
A comercialização de vinhos de mesa, em 2004 foi de 224,8 milhões de litros. Houve um decréscimo
em 2008, com 197,6 milhões de litros, chegando em 2011 a 230 milhões comercializados por
empresas gaúchas. Observa-se estes dados no gráfico 049: (Fonte: IBRAVIN)
Gráfico 049
Fonte: IBRAVIN
A comercialização de suco concentrado em 2004 foi de 19,2 milhões de kg. Houve um acréscimo
em 2009 com 31,8 milhões kg, chegando em 2011 a quantia de 34,9 milhões comercializados
por empresas gaúchas. Observa-se estes dados no gráfico 050: (Fonte: IBRAVIN)
Gráfico 050
Fonte: IBRAVIN
A comercialização de espumantes em 2004 foi de 5,5 milhões de litros. Verificou-se um acréscimo
em 2009 com 11,2 milhões litros. Chegando, em 2011, a quantia de 13,2 milhões comercializados
por empresas gaúchas. Observa-se estes dados no gráfico 051: (Fonte: IBRAVIN)
Gráfico 051
Fonte: IBRAVIN
h) Valor Bruto da Produção:
As importações brasileiras de vinhos e espumantes chegaram, em 2004, a 39,1 milhões litros.
Em 2007, atingiu-se 60,9 milhões de litros, chegando, em 2011, à quantia de 77,6 milhões
importados por empresas no país. Observa-se estes dados no gráfico 052: (Fonte: IBRAVIN)
Conforme demonstra o gráfico 054, o
valor bruto da produção obtida com a
uva no Estado na safra 1996/1997 foi
de R$ 127 milhões; na safra 2003/2004,
foi de R$ 643,9 milhões; na safra
2009/2010, foi de R$ 460,9 milhões.
Gráfico 052
Fonte: IBRAVIN
Os principais países de origem das importações brasileiras são o Chile, a Argentina e a Itália,
mantendo-se como principais fornecedores no período analisado. Observa-se estes dados no
gráfico 053: (Fonte: IBRAVIN)
Gráfico 054
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC - AL
Gráfico 053
Fonte: IBRAVIN
3.1.8. Maçã
a) Informações Gerais:
A maçã é a fruta de clima temperado mais importante comercializada como “fruta
fresca”, tanto no contexto internacional quanto no brasileiro. O cultivo da macieira
é recente no Brasil e se estabeleceu por meio de grandes empresas atraídas por
incentivos de políticas públicas. As empresas instalaram pomares e montaram toda a
infraestrutura de câmaras frigoríficas, transporte a frio e estrutura de comercialização.
A produção brasileira de maçã está concentrada na Região Sul, que é responsável por
98% da produção nacional.
A maior parte da produção provém de três cultivares: Gala, Fuji e Golden Delicious. A
cultivar Gala é a primeira a ser colhida, em fevereiro, representando 46% da produção total;
a Fuji, cuja colheita se dá em abril, é a mais resistente para frigoconservação, participando
com 45% da produção; e a Golden Delicious, colhida em março, que representa 6% da
produção total, sendo os 3% restantes compostos por outras cultivares.
Na primeira metade do século 20, a maçã gaúcha mal se apresentava em árvores
dispersas em fundo de quintal dos imigrantes italianos instalados na Encosta da Serra,
tendo como atividade principal e comercial a uva. Na década de 50 e 60 nascia um
polo pioneiro no município de Veranópolis que se expandiu para outros municípios da
Serra Gaúcha. Os pioneiros cultivaram a maçã nas encostas da serra, locais de difícil
operacionalização e expansão. O novo rumo apontava para a região dos Campos
de Cima da Serra, com topografia, altitude e clima adequados para a implantação
de pomares. Desta maneira, nasceu o polo de Vacaria, onde já estavam presentes
pequenos produtores plantando maçã. Fonte: Embrapa e Agapomi
b) Área Plantada:
Conforme demonstra o gráfico 055, a área plantada com maçã no Estado na safra
1996/1997, foi de 10,4 mil hectares; na safra 2006/2007, foi de 16 mil hectares; na safra
de 2009/2010, foi de 16,2 mil hectares plantados; na safra 2010/2011, o IBGE indica que
tivemos uma área plantada de 17,6 mil hectares; na safra 2011/2012, o plantio foi de 17,8
mil hectares, sendo a maior dos últimos 15 anos.
Gráfico 055
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC - AL
Dentre os municípios que mais cultivam maçã no Estado, destacam-se Vacaria, com mais de
7 mil hectares plantados; seguida por Caxias do Sul, com 1,9 mil ha; Bom Jesus, com 1,5 mil;
Muitos Capões, com 890 mil; e Monte Alegre dos Campos, com 786 mil hectares de plantio.
A variedade Gala é a mais cultivada, com mais de 62% do total, seguida pela Fuji, com
30,3% do total do plantio no Estado.
c) Produção:
Conforme demonstra o gráfico 056, a produção de maçã obtida no Estado na safra
2000/2001, foi pouco maior que 300 mil toneladas; na safra 2006/2007, atingiu 470 mil
de toneladas, chegando, na safra 2009/2010, a 537,5 mil toneladas; na safra 2010/2011, o
IBGE indica que tivemos uma produção de 634,4 mil toneladas sendo a maior do período; na
safra 2011/2012, a produção foi de 620,8 mil toneladas.
* o gráfico em “toneladas” retrata a partir da safra 2000/2001. Nos anos anteriores eram expressas em mil frutos.
Gráfico 056
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC - AL
A concentração da produção gaúcha de maçã se dá praticamente na serra. Na safra
2010/2011, a Associação Gaúcha dos Produtores de Maçã relacionou os municípios com
a maior quantidade produzida da fruta.
No gráfico 057 elencamos os 10 maiores produtores do Estado. A produção anual
brasileira de maçãs é de aproximadamente 1,15 milhões de toneladas. O Rio Grande
do Sul ocupa o segundo lugar como produtor, com 46,4% do total produzido no país,
Gráfico 057
Fonte: AGAPOMI - Elaboração: CAPC - AL
perdendo apenas para Santa Catarina, responsável por, praticamente, a metade da
produção nacional. No gráfico 058, observamos os estados que mais produzem no país:
Gráfico 058
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC - AL
d) Produtividade:
Conforme demonstra o gráfico 059, a produtividade de maçã obtida no Estado
na safra 2000/2001 foi pouco mais de 22.000 kg/Ha; na safra 2006/2007, foi
de 28.682 kg/Ha; na safra 2009/2010, chegou-se a 32.990 kg/Ha; na safra
2010/2011, o IBGE indica que tivemos uma produtividade de 37.047 kg/Ha, a
maior do período; na safra 2011/2012, foi de 34.801 kg/Ha.
e) Extratificação e Distribuição dos Pomares:
No Estado, segundo a Associação Gaúcha dos Produtores de Maçã – AGAPOMI, cerca
de 600 produtores se dedicam a produção da maçã. Na Serra Gaúcha, predominam
os pequenos produtores, pois, conforme levantamento realizado pela Secretaria
Municipal da Agricultura de Caxias do Sul, identificou-se 228 produtores de maçã
naquele município (95% da população de produtores), agrupados em 177 famílias.
55,4% delas cultivam até 5 hectares de macieira; 22%, entre 5 e 10 hectares; 19,8%,
entre 10 e 50 hectares; e 2,8% acima de 50 hectares.
f) Destino da Produção:
O consumo per capita de maçã no Brasil tem se mantido abaixo de 5,6 kg/hab./ano, sendo
considerado muito abaixo do esperado. Isso se deve, por um lado, à elevada disponibilidade
de outras frutas frescas (banana, laranja, mamão, manga, abacaxi, entre outras), que chegam
aos mercados brasileiros em volumes maiores e a preços menores do que os praticados com a
maçã. O processo de comercialização da maçã brasileira se realiza basicamente em sete níveis:
produtores, intermediários, agroindústrias, centrais de abastecimento, redes de supermercado,
mercado internacional e consumidores. Aproximadamente 85% da produção nacional destinase ao consumo interno, dos quais mais ou menos quatro quintos ao consumo in natura
comercializada em todo o país, principalmente pelas grandes redes de supermercados e pelas
centrais de abastecimento. A maçã cultivada na Serra Gaúcha tem como principal destino o
consumo in natura e as indústrias de sucos.
* o gráfico em “kg/Ha” retrata a partir da safra 2000/2001. Nos anos anteriores, eram expressas em mil frutos.
Gráfico 059
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC - AL
O mercado consumidor é altamente exigente tanto para o preço quanto para a qualidade das
frutas, o que demanda um beneficiamento capaz de selecionar criteriosamente as frutas com
potencial de mercado in natura, com bases em infestações de doenças e em defeitos físicos.
Este fato tem gerado, nos últimos anos, um descarte em torno de 30% da produção nacional,
sendo, normalmente, direcionado à industrialização.
g) Importação e Exportação:
A importação de maçã representa um dos gargalos da cadeia produtiva, sendo que
aproximadamente 65% das frutas são provenientes da Argentina, 32% do Chile e
o restante da Espanha, Estados Unidos, França, Portugal e Uruguai. A exportação
é um canal de comercialização muito importante para o pomicultor brasileiro,
especialmente no primeiro semestre do ano, quando ocorre a entressafra no
Hemisfério Norte. Os principais consumidores da nossa maçã são do continente
Europeu, tais como Países Baixos, Reino Unido, Alemanha, Suécia e Portugal.
Capacidade Estática de Armazenagem em Câmaras Frigoríficas
no Rio Grande do Sul - em toneladas:
h) Armazenagem e Industrialização:
O produtor deve estar atento no que diz respeito a capacidade de armazenamento dos
frutos na região onde pretenda produzir. No Brasil, a capacidade de armazenamento
de maçãs é de 511.525 toneladas, cerca de 60% da produção nacional, com boa
parte dessa capacidade instalada em Santa Catarina.
Na tabela 018, observamos os municípios gaúchos com maior capacidade de
armazenagem, usando tanto o frio convencional quanto atmosfera controlada.
Destaca-se Vacaria, com mais de 237 mil toneladas destinadas à armazenagem, seguida
por Caxias do Sul, com 72,5 mil toneladas, e Bom Jesus, com 19,6 mil toneladas. A
capacidade estática total de armazenagem no Estado, ultrapassa 362 mil toneladas.
Tabela 018
Fonte e Elaboração: AGAPOMI
i) Valor Bruto da Produção:
Conforme demonstra o gráfico 060, o
valor da produção obtida com a maçã no
Estado na safra 1996/1997, foi de R$ 111
milhões; na safra 2005/2006 atingiu R$ 383
milhões; tendo seu ápice no período na safra
2008/2009, com R$ 508,9 milhões.
A indústria de derivados de maçã é ainda inexpressiva no Brasil, fato que se explica
pelo baixo volume de fruta disponível, já que quase toda maçã produzida é destinada
ao consumo in natura e, também, pela pouca exigência do consumidor nacional
quanto à aparência da maçã brasileira. Na indústria processadora de maçã, o suco é
considerado um dos principais produtos. O percentual com industrialização de maçã
em relação à produção nacional é de aproximadamente 25% do total, sendo que o
que determina o volume de industrialização de maçã no Brasil é o tamanho da safra
e a qualidade da fruta. Quase sempre a fruta é industrializada por não ter qualidade
para consumo in natura ou porque o mercado está saturado.
Evolução do valor da produção na cultura da maçã no RS
Gráfico 060
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC - AL
3.1.9. Batata-Inglesa
a) Informações Gerais:
A batata, também conhecida como batatinha ou batata-inglesa, é nativa da América
do Sul, da Cordilheira dos Andes, onde foi consumida por populações nativas há
mais de 8.000 anos. Foi introduzida na Europa por volta de 1570, provavelmente
através de colonizares espanhóis, tornando-se importante alimento principalmente na
Inglaterra, daí o nome batata-inglesa. Por volta de 1620, foi levada da Europa para
a América do Norte, onde tornou-se alimento popular. Atualmente, a batata ocupa o
4º lugar entre os alimentos mais consumidos do mundo, sendo superada apenas pelo
trigo, pelo arroz e pelo milho. No Brasil, o cultivo mais intenso da batata, juntamente
com outras hortaliças, iniciou-se na década de 1920, no cinturão verde de São Paulo.
Hoje, a batata é considerada a principal hortaliça no país, tanto em área cultivada
como em preferência alimentar. A área plantada anualmente está em torno de 170
mil hectares, com produção superior a 2,5 milhões de toneladas.
As Regiões Sul e Sudeste (PR, SC, RS, MG e SP) são as principais produtoras, contribuindo
com aproximadamente 98% da área plantada com batata no Brasil. Apesar da crença
de que a batata só contém carboidratos, seus tubérculos contêm proteínas de alta
qualidade, além de considerável quantidade de vitaminas e sais minerais.
A história da cultura da batata no Rio Grande do Sul remonta a época da
colonização alemã, que trouxe consigo o hábito do consumo. O estado já foi o
maior produtor brasileiro de batata, mas, atualmente, é o quarto, superado por
Minas Gerais, São Paulo e Paraná.
b) Área Plantada:
Conforme demonstra o gráfico 061, a área plantada com batata-inglesa no Estado
na safra 1996/1997 foi de 48,3 mil hectares; na safra 2003/2004 foram plantados
26 mil hectares; reduzindo para 21,4 mil hectares, na safra 2009/2010; na safra
2010/2011, o IBGE indica que tivemos uma área plantada de 21,8 mil hectares; e
na safra 2011/2012, de 19.745 mil hectares.
Gráfico 061
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC - AL
c) Produção:
Conforme demonstra o gráfico 062, a produção de batata-inglesa obtida no
Estado na safra 1996/1997, foi de 450,2 mil toneladas; na safra 2004/2005, foi
de 284,1 mil toneladas; na safra 2009/2010, foi de 367,4 mil toneladas; na safra
2010/2011, o IBGE indica que tivemos uma produção de 388,7 mil toneladas; e na
safra 2011/2012 chegou ao valor de 378,3 mil toneladas.
Gráfico 062
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC - AL
Segundo a Embrapa, atualmente a microrregião de Vacaria
contribui com mais da metade da produção do Rio Grande do Sul,
apresentando uma produtividade superior à nacional. Por outro
lado, a tradicional microrregião de Pelotas reduziu dramaticamente
a área de produção, e a sua produtividade manteve-se baixa.
No gráfico 063, relacionamos os principais municípios produtores do
Estado, com suas respectivas produções anuais de batata-inglesa:
O Rio Grande do Sul situa-se na quarta colocação em produção de
batata-inglesa no país, com pouco mais de 10% do total produzido,
conforme gráfico 064:
Gráfico 063
Fonte: SEAPA - Elaboração: CAPC - AL
Gráfico 064
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC - AL
d) Produtividade:
Conforme demonstra o gráfico 065, a
produtividade da batata-inglesa obtida no
Estado na safra 1996/1997, foi de 9.300 kg/
Ha; na safra 2006/2007, foi de 15.923 kg/
Ha; na safra 2009/2010, foi de 17.213 kg/
Ha; na safra 2010/2011, o IBGE indica que
tivemos uma produtividade de 15.952 kg/
Ha; e na safra 2011/2012 de 17.419 kg/Ha,
sendo a maior do período.
e) Estratificação Fundiária das Propriedades Rurais
que Produzem Batata-Inglesa:
Nos mais de 24,2 mil estabelecimentos agropecuários que produzem a batatainglesa no Rio Grande do Sul, o IBGE estima que propriedades com área de até
50 hectares, correspondem a 94% dos estabelecimentos, 60,1% da produção
obtida e 72% da área colhida, confirmando que a agricultura familiar é a grande
responsável pelo cultivo no Estado.
No gráfico 066, a estratificação das propriedades produtoras de batata-inglesa,
relacionando as mesmas com a produção obtida:
até 50ha
Gráfico 066
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC - AL
Gráfico 065
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC - AL
50ha até 100ha
100ha até 1000ha
mais de 1000ha
f) Destino da Produção:
Segundo o IBGE, a comercialização da batata-inglesa tem um caráter bastante peculiar,
pois aproximadamente 86% das propriedades rurais não comercializam o produto,
produzindo apenas para o próprio consumo. Em torno de 8% dos estabelecimentos
vendem a intermediários e 6% diretamente ao consumidor.
g) Valor Bruto da Produção:
Conforme demonstra o gráfico 067, o valor da produção
obtido com a batata- inglesa no Estado na safra de
1998 foi de R$ 144.895 milhões. Verificou-se um forte
incremento na safra 2008/2009 com R$ 330,3 milhões,
baixando para 303,3 milhões na safra 2009/2010.
Gráfico 067
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC - AL
3.1.10. Laranja
a) Informações Gerais:
As diferentes espécies que compõem o gênero Citrus são originárias das florestas
úmidas do Sul da China, Conchinchina e arquipélago Malaio. Os principais plantios
comerciais localizam-se nos países que margeiam o Mediterrâneo, como Espanha,
Itália e Marrocos e em outros países que possuem regiões com clima semelhante,
como Estados Unidos, África do Sul e Austrália, além do Brasil.
Responsável por 60% da produção mundial de suco de laranja, o Brasil é também
o campeão de exportações do produto. O cultivo de laranja no Brasil se divide em
dois períodos distintos. O primeiro, de 1990 a 1999, caracterizado pelo aumento da
produção e pela conquista da posição de líder do setor. O segundo, a partir de 1999,
é o período de consolidação da capacidade e desempenho produtivo. São colhidas
anualmente no País mais de 18 milhões de toneladas de laranja, cerca de 30% da
safra mundial da fruta. A maior parte da produção brasileira provém de São Paulo,
sendo, também, expressiva em Minas Gerais, Sergipe, Bahia, Rio Grande do Sul e
Paraná. Isto ocorre em função de as espécies de citros apresentarem uma grande
adaptação a diferentes condições de clima e de solo.
Fonte: MAPA e Embrapa CT
b) Área Plantada:
Conforme demonstra o gráfico 068, a área plantada com laranja no Estado na safra
1996/1997, foi de 27,9 mil hectares; na safra 1998/1999, foi de 29,4 mil hectares,
na safra 2009/2010, foi de 27,2 mil hectares; na safra 2010/2011, o IBGE indica
que tivemos uma área plantada de 30,9 mil hectares, sendo a maior dos últimos 15
anos; na safra 2011/2012 foi de 30,2 mil hectares.
Gráfico 068
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC - AL
c) Produção:
Conforme demonstra o gráfico 069, a produção de laranja obtida no Estado na safra
2000/2001, foi de 345 mil toneladas; na safra 2004/2005, foi de 311,7 mil toneladas;
na safra 2009/2010, foi de 371,2 mil hectares produzidos; na safra 2010/2011, o
IBGE indica que tivemos uma produção de 391,8 mil toneladas, sendo a maior dos
últimos 15 anos; na safra 2011/2012 chegamos a 367,7 mil toneladas.
*O gráfico em “toneladas” retrata a partir da safra 2000/2001. Nos anos anteriores eram expressas em mil frutos.
Gráfico 069
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC - AL
d) Produtividade:
O Rio Grande do Sul ocupa a quinta colocação entre os estados que mais produzem
laranja no Brasil, com aproximadamente 1,9% da produção total brasileira. Destacase o estado de São Paulo, com quase 80% da produção; em segundo lugar, com
5,9%, vem o estado da Bahia; em terceiro está Sergipe, com pouco mais de 4%;
em quarto lugar está Minas Gerais, com pouco menos de 3%. Os demais estados
produzem em conjunto 6% do total produzido no país.
Conforme demonstra o gráfico 071, a produtividade de laranja obtida no Estado na safra
2000/2001, foi de 12.866 kg/Ha; obteve-se um resultado na safra 2004/2005, de 11.454
kg/Ha; na safra 2009/2010, foi de 13.370 kg/Ha; na safra 2010/2011, o IBGE indica
que tivemos uma produtividade de 14.151 kg/Ha, sendo a maior do período; na safra
2011/2012, foi de 13.213 kg/Ha de laranja produzida.
No gráfico 070, demonstra-se a produção de laranja no país:
Gráfico 070
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC - AL
*O gráfico em kg/Ha retrata a partir de 2000/2001. Nos anos anteriores eram expressos em mil frutos.
Gráfico 071
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC - AL
e) Zoneamento Agroclimático para o Cultivo da Laranja no RS:
A ocorrência de geadas, o encharcamento do solo, a deficiência hídrica, os ventos fortes, as
temperaturas elevadas, a insuficiência térmica, entre outros fatores, podem comprometer o cultivo
dos citros, havendo a necessidade do estabelecimento das melhores regiões para a cultura. Por
isso, devemos observar o zoneamento agroclimático, que responderá a dúvida “onde plantar” e
viabilizará políticas voltadas ao desenvolvimento das potencialidades agrícolas.
Os resultados apresentados demonstram a imensa potencialidade do Rio Grande do Sul para o
plantio de laranja, que pode ser realizado na maior parte do território. Esses dados são importantes
para o planejamento da produção, orientando investimentos privados e governamentais no
sentido de proporcionar a produção de frutas de qualidade, com geração de empregos e de renda.
O Estado é dividido em seis regiões quanto ao potencial para a produção de laranja:
Na figura 009 observa-se a localização das 6 regiões descritas pelo zoneamento para o cultivo de
laranja no Estado. O mesmo foi elaborado obedecendo as características agroclimáticas de cada região.
• A região 1, correspondente às imediações do Vale do Rio Uruguai, foi considerada apta para
todas as cultivares sobre qualquer porta-enxerto. A maior soma térmica, 2500 a 2900 grausdia, proporciona maior desenvolvimento das plantas, o que, inclusive, viabiliza plantios de citros
destinados à indústria com as cultivares de laranja Valência, Hamlin, Natal, Franck, Seleta e Westin.
Fonte: Embrapa Clima Temperado
• A região 2, correspondente às imediações da Depressão Central, é apta ao cultivo de todas
as cultivares, porém utilizando, preferencialmente, porta-enxertos tolerantes ao frio.
• A região 3 refere-se à Fronteira Oeste e apresenta soma térmica idêntica à da região 1 e
maior do que a da região 2, porém o risco de geada é maior (30% a 35%). Para esta região,
recomenda-se o uso de qualquer cultivar sugerido para o Estado, porém, necessariamente, sobre
porta-enxertos tolerantes ao frio.
• A região 4, relacionada às imediações da região Central do Estado, apresenta soma térmica
idêntica à da região 2, porém há risco de geada bem maior (35% a 45%). Por isso, a
obrigatoriedade do uso de porta-enxertos tolerantes ao frio.
• A região 5, correspondente à região Sul e ao Planalto Médio, apresenta soma térmica inferior
(1800 a 2000 graus-dia) e maior risco de geada (40 a 50%) do que as regiões 1,2, 3 e 4. Por
isso, recomenda-se somente a utilização de cultivares de ciclo precoce, as quais são colhidas
antes do mês de julho, tais como as laranjas Navelina, Hamlin, Do Céu e Piralima.
• A região 6, correspondente à boa parte da Serra do Nordeste (Serra Gaúcha) e parte da
Serra do Sudeste, apresenta insuficiência térmica(< 1800 graus-dia) e elevado risco de
geada (> 50%), não sendo recomendada para o plantio comercial de laranjas.
Figura 009
Fonte e Elaboração: Embrapa CT
f) Destino da Produção:
g) Valor Bruto da Produção:
Projeções do Ministério da Agricultura estimam um crescimento de 0,89% na taxa
anual de produção de laranja, chegando a uma produção de aproximadamente 20,5
milhões de toneladas da fruta na safra 2018/2019. O suco de laranja é o subproduto
mais vendido, mas outros, como o bagaço, também são negociados. As exportações
de sucos prontos para o consumo representam 43% dos negócios no setor.
Conforme demonstra o gráfico 072, valor da
produção obtida com a laranja no Estado, na
safra 1996/1997 foi de R$ 75,1 milhões. Houve
um forte incremento na safra 2003/2004,
ultrapassando R$ 155 milhões, chegando, na
safra 2009/2010, a R$ 207,6 milhões.
O Brasil é autossuficiente na produção de laranja e um dos maiores polos mundiais
na produção de sucos de frutas, sendo que 95,5% corresponde a suco de laranja. As
importações feitas pelo país são residuais, ou seja, praticamente inexistem.
Gráfico 072
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC - AL
3.1.11. Bergamota
a) Informações Gerais:
Tangerina, bergamota ou mexerica, fruta cítrica de cor laranjada e sabor adocicado,
originária da Ásia (Índia, China e países vizinhos de clima sub-tropical e tropical
úmido). Cientificamente recebe o nome de Citrus reticulata, tem como nome popular
oficial de mexerica. Bergamota ou vergamota são as denominações na região Sul
do Brasil, principalmente em Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Mexerica é um
termo mais comum na região Sudeste, especialmente no Espírito Santo. Existem várias
espécies da fruta, sendo mais comuns as bergamotas ponkan, montenegrina, cahy e
nativa. Muito cultivada no Vale do rio Caí, no Nordeste do Rio Grande do Sul, é fruta
símbolo da cidade de São Sebastião do Caí.
A produção de bergamota e dos citros, em geral, é basicamente desenvolvida
pela agricultura familiar, em pequenas propriedades, com uma área média de
pomar por propriedade de 2 hectares. Constata-se ainda, de maneira geral, um
baixo uso de insumos químicos e de equipamentos mecanizados. Por outro lado,
graças à diversificação existente nas propriedades, a utilização de adubação
orgânica é prática bastante comum. Esses e outros aspectos contribuem para
que a citricultura gaúcha esteja mais próxima da sustentabilidade, além de ser
importante fator de geração de trabalho e renda.
b) Área Plantada:
Conforme demonstra o gráfico 073, a área plantada com bergamota no Estado na safra
1996/1997 era de 12,7mil hectares, teve forte incremento na safra 2000/2001 com 13,7
mil hectares, chegando à safra 2009/2010 com a área de 12,7 mil hectares de plantio.
Gráfico 073
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC - AL
c) Produção:
Conforme demonstra o gráfico 074, a produção de bergamota obtida no Estado na
safra 2000/2001, foi de 173,9 mil toneladas; na safra 2006/2007, foi de 171,9 mil
toneladas; na safra 2009/2010, foi de 155,6 mil toneladas.
*O gráfico em “toneladas” retrata a partir da safra 2000/2001. Nos anos anteriores, expressos em mil frutos.
Gráfico 074
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC - AL
d) Produtividade:
O Rio Grande do Sul ocupa a terceira posição na produção de bergamota no País,
com mais de 155 mil toneladas produzidas anualmente. Destaca-se o estado de São
Paulo com 436 mil toneladas, que representa aproximadamente 38% da produção
nacional; o gráfico 075 mostra a relação dos principais estados produtores de
bergamota. O Brasil produz anualmente mais de 1,12 milhões de toneladas de
bergamota, numa área colhida de 57,5 mil hectares.
Gráfico 075
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC - AL
Conforme demonstra o gráfico 076, a produtividade de bergamota
obtida no Estado na safra 1997/1998, foi de 13,3 mil kg/ha;
manteve-se nessa faixa até a safra 2006/2007; diminuiu nas
safras seguintes atingindo 12,2 mil kg/ha na safra 2009/2010.
*O gráfico em “quilos por hectare”retrata a partir da safra 2000/2001. Nos anos anteriores, expressos em mil frutos.
Gráfico 076
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC - AL
f) Valor Bruto da Produção:
Conforme demonstra o gráfico 077, o valor da produção obtido com a bergamota
no Estado na safra 1996/1997, foi de R$ 30 milhões; na safra 2005/2006, foi
de R$ 138,5 milhões; na safra de 2009/2010, foi de R$ 157,7 milhões, sendo a
maior receita no período analisado.
e) Destino da Produção:
A produção de bergamotas, além do abastecimento estadual, tem proporcionado
exportações a outros estados do País em um volume que, nos últimos anos, está entre
oito e dez mil toneladas anuais, com destaque para a variedade Montenegrina. Entre
as variedades precoces e de meia estação, o mercado gaúcho tem a concorrência da
variedade Ponkan colhida em São Paulo e no Paraná, antes da safra gaúcha, o que
afeta negativamente os preços de comercialização no primeiro semestre.
A variedade Montenegrina é responsável por mais de 50% dos novos plantios no
Estado. De maneira geral, os projetos efetuados para implantação de pomares de
bergamotas têm sido em número bastante reduzido em relação às laranjas. A grande
expansão destas frutas na década de 1990, no vale do Caí, fez com que o Rio Grande
do Sul alcançasse uma oferta considerável em relação à demanda e necessitasse
inclusive exportar parte da produção da variedade Montenegrina para garantir preços
compensadores aos citricultores daquela Região do Estado.
Gráfico 077
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC - AL
3.1.12. Cana-de-Açúcar
a) Informações Gerais:
Introduzida no período colonial, a cana-de-açúcar se transformou em uma das
principais culturas da economia brasileira, devido à característica de servir como
matéria prima para a produção de uma série de produtos, entre os quais destacam-se
pela importância econômica, o açúcar e o álcool. A definição do que se deve produzir
mais (açúcar ou álcool) vem do mercado. A produção de açúcar ocorre desde a época
do império, a transformação da cana em etanol, conquistou importância depois
da primeira crise do preço do petróleo em 1973/1974. Em 1975 o Brasil iniciou o
Programa “Pró-Álcool” para diminuir a dependência das importações de petróleo. O
foco atual de interesse, além dos fatores ambientais e de abastecimento do mercado
interno, é o fornecimento em grande escala para o mercado internacional.
Em vista disso e aproveitando das condições naturais favoráveis, o Brasil se tornou o
maior produtor mundial de cana. O crescimento acumulado da produção nacional nos
últimos 20 anos foi de aproximadamente 150%. Na safra 2010/2011, produzimos
mais de 670 mil toneladas, sendo que o estado de São Paulo é o maior produtor
nacional, responsável por mais de 57% da produção, seguido pelos estados de Minas
Gerais e Paraná. O Rio Grande do Sul aparece apenas em 17° posição (IBGE, 2011),
apesar da existência de mais de um milhão e duzentos mil hectares com alta ou média
aptidão ao cultivo da cana-de-açúcar (MAPA, 2009).
A política nacional para a produção da cana-de-açúcar, se orienta na expansão
sustentável da cultura, com base em critérios econômicos, ambientais e sociais.
O programa Zoneamento Agroecológico da Cana-de-Açúcar, regula o plantio
da cana, levando em consideração o meio ambiente e a aptidão econômica da
região. A partir de um estudo minucioso, são estipuladas as áreas propícias ao
plantio com base nos tipos de clima, solo, biomas e necessidades de irrigação.
Está previsto, ainda, um calendário para redução gradual, até 2017, da queimada
da cana-de-açúcar em áreas onde a colheita é mecanizada.
Fonte: MAPA e Embrapa CT
b) Área Plantada:
Conforme demonstra o gráfico 078, a área plantada com cana-de-açúcar na
safra 2007/2008, foi de 36,7 mil hectares sendo a maior do período analisado;
na safra de 2009/2010, foi de 35,9 mil hectares; na safra 2010/2011, o
IBGE indica que tivemos uma área plantada de 33,6 mil hectares; e na safra
2011/2012, de 32,5 mil hectares de plantio.
Gráfico 078
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC - AL
c) Produção:
Conforme demonstra o gráfico 079, a produção de cana-de-açúcar obtida no
Estado na safra 1996/1997, foi de 824 mil toneladas; aumentou para 1,42
milhões de toneladas, na safra 2006/2007; na safra 2009/2010, foi de 1,5 milhão
de toneladas produzidas, a maior do período; na safra 2010/2011, o IBGE indica
que tivemos uma produção de 1,38 milhões de toneladas; e na safra 2011/2012,
de 1,11 milhões de toneladas produzidas.
Gráfico 079
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC - AL
O Brasil não é apenas o maior produtor
de cana, é também o primeiro do
mundo na produção de açúcar e etanol,
e conquista cada vez mais o mercado
externo com o uso do biocombustível
como alternativa energética.
Atualmente somos responsáveis
por mais da metade do açúcar
comercializado no mundo, e o
Ministério da Agricultura estima que
o país deve alcançar uma taxa média
de aumento da produção de 3,25%
ao ano até 2018/19.
O Rio Grande do Sul, consome
anualmente cerca de 900 milhões de
litros de álcool combustível. Entretanto,
produzimos apenas 1% do nosso
consumo em 2.400 hectares plantados
com cana-de-açúcar, por produtores
associados à usina COOPERCANA no
município de Porto Xavier, na região
das Missões do Estado.
Na foto ao lado, a vista aérea da
COOPERCANA.
d) Produtividade:
e) Zoneamento Agroclimático:
O Rio Grande do Sul foi incluído no zoneamento climático para a cultura na safra 2008/2009, e
tem servido de estímulo e apoio ao desenvolvimento da cultura, principalmente para produção
de etanol e açúcar como alternativa à diversificação produtiva e econômica.
Conforme demonstra o gráfico 080, a produtividade de canade-açúcar alcançada na safra 1996/1997, foi de 29.669 kg/
ha; na safra 2006/2007, foi de 39.896 kg/ha; chegandose na safra 2009/2010, a 41.826 kg/ha plantado; na safra
2010/2011, o IBGE indica que tivemos uma produtividade
de 42.258 kg/ha, sendo a maior do período; e na safra
2011/2012 foi de 36.243 kg/ha de lavoura plantada.
No mapa da figura 010, observamos as regiões do Estado, que são aptas à produção de álcool e
açúcar. Possuímos mais de 1,2 milhões de hectares indicados pelo zoneamento, distribuídos em
mais de 200 municípios. As melhores Regiões são as Missões, Noroeste, Vale do Taquari, Costa
Doce, Carbonífera, Vale do Rio Caí, Vale do Rio dos Sinos e Litoral Norte.
Zoneamento Agroclimático - Cana-de-Açúcar - Estado do Rio Grande do Sul
Gráfico 080
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC - AL
Figura 010
Fonte: MAPA
f) Destino da Produção:
A expansão do setor automobilístico e o uso crescente de carros flex (bicombustíveis) são
os principais fatores de crescimento da produção de etanol no Brasil, e estima-se que 74%
dos veículos vendidos no País venham a ser desse tipo em 2017. O Brasil não importa
açúcar e etanol e é responsável por 61,8% das exportações de açúcar de cana no mundo.
As exportações do etanol brasileiro estão concentradas em basicamente três mercados:
União Europeia, Estados Unidos e Japão. A participação brasileira no volume total
comercializado de etanol atinge de forma direta 53% da quantidade total vendida.
g) Valor Bruto da Produção:
Conforme demonstra o gráfico 081, o valor da
produção obtida com a cana-de-açúcar no Estado
na safra 1996/1997, foi de R$ 34,6 milhões; na safra
2006/2007, foi de R$ 113,5 milhões; chegando
à safra 2009/2010 com a receita bruta de 142,5
milhões, sendo a maior do período analisado.
Gráfico 081
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC - AL
3.1.13. Cebola
a) Informações Gerais:
O cultivo da cebola no Brasil está concentrado em determinadas regiões do Rio Grande
do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Bahia e Pernambuco. Em
cada uma dessas regiões são plantadas as cultivares mais adaptadas aos fotoperíodos
e temperaturas. Esses fatos condicionam as épocas de plantio e colheita e, portanto, o
ciclo das safras, o que permite ao Brasil ter colheitas de maio a dezembro.
No Rio Grande do Sul, Santa Catarina e na região do Sub-médio São Francisco tanto
do lado da Bahia quanto de Pernambuco, predominam pequenos e médios produtores,
ou seja, aqueles que cultivam até 20 hectares.
Em São Paulo existem pequenos, médios e grandes produtores, sendo estes
considerados empresários. Na região dos Cerrados de Goiás e na Chapada
Diamantina, na Bahia, a cebola é cultivada por empresas agrícolas. O consumo
de cebola per capita no Brasil é de seis quilos por habitante/ano. Considerando a
população brasileira em 200 milhões de habitantes, chega-se a 1,2 bilhão de quilos
ou 1,2 milhão de toneladas consumidas no País.
Este consumo em torno de 6 kg/hab./ano é considerado baixo se comparado ao
da Turquia (17,8 kg), Argentina (11,7 kg), China (11,7 kg) e Estados Unidos (10,0
kg). Segundo o IBGE, aproximadamente 25,1 mil estabelecimentos rurais produzem
cebola no Estado, e destes, cerca de 37% possuem até 10 hectares de área, e 56%
tem de 10 até 50 hectares de área na propriedade.
b) Área Plantada:
Conforme demonstra o gráfico 082, a área plantada com cebola no Estado na
safra 1996/1997, foi de 16,1 mil hectares; na safra 2003/2004, foi de 11,2 mil
hectares; na safra 2009/2010, foi de 11.130 mil hectares plantados; na safra
2010/2011, o IBGE indica que tivemos uma área plantada de 11,3 mil hectares; e na
safra 2011/2012, foi de 10,6 mil hectares.
Gráfico 082
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC - AL
c) Produção:
Conforme demonstra o gráfico 083, a produção de cebola obtida no Estado na safra
1996/1997, foi de 162,2 mil toneladas; na safra 1999/2000, foi de181 milhões
de toneladas; na safra 2009/2010, foi de 180,1 milhões de toneladas; na safra
2010/2011, o IBGE indica que tivemos uma produção de 225,1 mil toneladas, sendo
a maior do período analisado; e na safra 2011/2012, foi de 207,1 mil toneladas.
Gráfico 083
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC - AL
d) Produtividade:
No Brasil, a produção concentra-se nas Regiões Nordeste, Centro Oeste, Sudeste e
Sul, nos Estados da Bahia, Pernambuco, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa
Catarina e Rio Grande do Sul. Na última safra nacional de cebola, segundo o IBGE,
chegou-se a aproximadamente 1,6 milhão de toneladas produzidas.
Conforme demonstra o gráfico 085, a produtividade de cebola obtida no Estado na
safra 1996/1997, foi de 10.031 kg/ha; na safra 2003/2004, foi de14.050 kg/ha; na
safra 2009/2010, foi de 16.189 kg/ha plantado; na safra 2010/2011, o IBGE indica
que tivemos uma produtividade de 19.910 kg/ha, a maior de todo o período; na
safra 2011/2012, foi de 19.485 kg/ha plantado.
No gráfico 084, observa-se os estados com maior produção de cebola.
Gráfico 084
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC - AL
Gráfico 085
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC - AL
e) Destino da Produção:
A cebola é a terceira hortaliça mais produzida no mundo e, em termos econômicos é a terceira com
maior destaque. No Brasil, destaca-se ao lado da batata e do tomate como a olerícola economicamente
mais importante, tanto pelo volume produzido, quanto pela renda gerada. O Brasil é o oitavo produtor
de cebola do mundo, participa com cerca de 2% da oferta mundial e responde por 36% da produção
sul-americana. Brasil, Argentina e Peru produzem 73% da cebola da América do Sul.
Nosso País é auto suficiente na produção de cebola além disso nem mesmo consome tudo
o que produz, mesmo assim, recebemos parte da produção Argentina. Com a instituição do
Mercosul, em poucos anos a cebola produzida na Argentina conquistou a preferência dos
consumidores brasileiros por sua boa aparência, melhor padronização comercial e visual.
Como resultado, os dados de importação dos últimos anos já atingem números significativos,
respondendo por aproximadamente 30% do consumo nacional.
f) Valor Bruto da Produção:
Conforme demonstra o gráfico 086, valor da
produção obtida com a cebola no Estado na safra
1996/1997, foi de R$ 46,9 milhões; manteve-se
na faixa dos 57,3 milhões na safra 2003/2004,
chegando ao valor de R$ 140,2 milhões na safra
2009/2010, que foi o maior do período.
O abastecimento do mercado interno é obtido pela integração das safras das regiões produtoras
nacionais acrescido pela importação da cebola da Argentina em livre mercado, e com oferta de janeiro
a dezembro, concentrando-se nos meses de maio a setembro. Em muitos casos, esse provimento está
acima das necessidades de consumo do País, que giram em torno de 80.000 toneladas.
Dados da Embrapa, revelam que a cebola é um produto de grande importância sócio econômica
dentro do contexto do agronegócio brasileiro. Calcula-se que a cadeia produtiva gera mais de
250 mil empregos diretos só no setor da produção, sendo mais de 102 mil produtores envolvidos
na exploração econômica da cebola. A cultura tem caráter tipicamente familiar (88%), e é
responsável pela sobrevivência no campo de um grande número de pequenos produtores. A
maior parte (65,8%) dos produtores de cebola, está concentrada em áreas menores que 20
hectares, e são responsáveis por 51,7% da produção nacional.
No Brasil, em razão da importância da cebola na geração de emprego e renda, os prejuízos
causados às atividades ceboleiras pelo produto importado são um problema de ampla
dimensão social. Em razão de não existir uma política comercial restritiva entre os países do
Mercosul, as entradas livres do produto estrangeiro em detrimento das atividades produtivas
do Brasil são uma questão de preocupação nacional.
Gráfico 086
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC - AL
3.1.14. Feijão
a) Informações Gerais:
Cultivado por pequenos e grandes produtores, em diversificados sistemas de
produção e em todas as regiões brasileiras, o feijoeiro comum reveste-se de
grande importância econômica e social. As variações observadas na preferência
dos consumidores orientam a pesquisa tecnológica e direcionam a produção e
comercialização do produto, pois as regiões brasileiras são bem definidas quanto à
preferência do grão de feijoeiro comum consumido.
O feijão preto é mais popular no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, sul e leste
do Paraná, Rio de Janeiro, sudeste de Minas Gerais e sul do Espírito Santo.
No restante do país, essa variedade de grão tem pouco ou quase nenhum
valor comercial ou aceitação. O feijões de grão tipo carioca são aceitos em
praticamente todo o Brasil, daí que 53% da área cultivada é semeada com esse
tipo grão. O feijão mulatinho é mais aceito na Região Nordeste e os tipos roxo
e rosinha são mais populares em Minas Gerais e em Goiás.
O Brasil é o maior consumidor de feijão do mundo, com 18,4 kg/hab./ano,
sendo o Rio Grande do Sul um dos estados com maior consumo per capita no
Brasil. A produção de feijão no Estado está normalmente associada às áreas
de pequena propriedade e aparece diluída em vários municípios. Os maiores
produtores são: Vicente Dutra, Canguçu, Planalto e Caiçara. Do ponto de vista
da distribuição regional, a geração de grão se concentra nas regiões do Médio
Alto Uruguai, Norte, Vale do Rio Pardo, Central e Sul. Estas regiões respondem
a aproximadamente 57,4% da produção de feijão do Estado.
b) Área Plantada:
Conforme demonstra o gráfico 087, a área plantada de feijão no Estado na safra
1996/1997, foi de 189,4 mil hectares; na safra 2004/2005, foi de 118,1 mil
hectares; na safra 2009/2010, foi de 103,6 mil hectares; na safra 2010/2011,
o IBGE indica que tivemos uma área plantada de 92,4 mil hectares; e na safra
2011/2012 foi de 81,4 mil hectares plantados. Observa-se, nitidamente, a constante
redução de área plantada no Rio Grande do Sul.
Gráfico 087
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC - AL
c) Produção:
Conforme demonstra o gráfico 088, a produção de feijão obtida no Estado na
safra 1996/1997, foi de 139,7 mil toneladas; na safra 2004/2005, foi de 75 mil
toneladas; na safra 2009/2010, foi de 112,5 mil toneladas produzidas; na safra
2010/2011, o IBGE indica que tivemos uma produção de 123,9 mil toneladas; e
na safra 2011/2012 de 86,6 mil toneladas.
Gráfico 088
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC – AL
O feijoeiro comum é a espécie mais cultivada no gênero
Phaseolus, contribuindo com cerca de 95% da produção
mundial entre os feijões. É cultivado em cerca de 100 países,
destacando-se Índia, Brasil, China, Estados Unidos e México,
responsáveis por cerca de 63% do total produzido no mundo.
O Rio Grande do Sul situa-se em quinto lugar na produção de feijão, atrás dos
estados do Paraná, Ceará, Minas Gerais e Bahia. Possuímos aproximadamente 103
mil estabelecimentos agropecuários que produzem feijão no Estado, destes, 38% tem
área de até 10 hectares na propriedade, e 54% dos produtores tem entre 10 e 50
hectares, demonstrando a concentração do cultivo nas pequenas propriedades rurais.
No gráfico 089, temos um comparativo entre os principais
países produtores de feijão, no que se refere à área plantada
e produção média, obtida nos últimos anos.
Observamos no gráfico 090, os percentuais de produção de cada estado, em
relação a produção nacional:
Gráfico 089
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC – AL
Gráfico 090
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC – AL
d) Produtividade:
Conforme demonstra o gráfico a 091 a produtividade de feijão obtida no Estado na
safra 1996/1997, foi de 740 kg/Ha; na safra 2006/2007, foi de 1.213 kg/Ha; na safra
2009/2010, foi de 1.092 kg/Ha; na safra 2010/2011, o IBGE indica que tivemos uma
produtividade de 1.318 kg/Ha; e na safra 2011/2012, foi de 1.117 kg/Ha de lavoura.
Gráfico 091
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC – AL
e) Destino da Produção:
Algumas características como cor, tamanho e brilho do
grão podem determinar a preferência pelo seu consumo,
enquanto a cor do halo pode também influenciar
na comercialização. Os grãos menores e opacos são
mais aceitos do que os maiores e que apresentam
brilho. A preferência do consumidor norteia a seleção
e a obtenção de novas cultivares, exigindo destas não
apenas boas características agronômicas, mas também
valor comercial no varejo. Entre os estabelecimentos
produtores de feijão no Estado, segundo o IBGE, nas
últimas safras, aproximadamente 73% não venderam
a sua produção; 12% venderam a intermediários; 9%
venderam ao consumidor; e 6% venderam ou entregaram
o que produziram à cooperativa. Da quantidade vendida,
52% foi para intermediários, 25% para cooperativas, e
o restante foi vendido diretamente ao consumidor. O
Brasil apresentou uma ligeira diferença na quantidade
vendida a cooperativas (19,21%), e a intermediários
(56,81%). Diferentemente dos outros grãos analisados,
o feijão tem os intermediários como principal destino da
produção, o que pode ser entendido pelo baixo grau de
transformação que o produto sofre.
f) Valor Bruto da Produção:
Conforme demonstra o gráfico 092, o valor da
produção obtido com o feijão no Estado, na
safra 1996/1997, foi de R$ 84 milhões; na safra
2001/2002, foi de R$ 161 milhões, tendo seu ápice
na safra 2008/2009, com R$ 196,5 milhões gerados.
Gráfico 092
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC – AL
3.1.15. Melancia
a) Informações Gerais:
Originária da África Tropical, a melancia é encontrada em muitas regiões de
clima tropical e subtropical. A espécie pertence à família das curcubitáceas,
tendo grande importância sócioeconômica por ser cultivada principalmente por
pequenos agricultores. Constitui-se em importante cultura para o Brasil pela
demanda intensiva de mão-de-obra rural pois, do ponto de vista social, gera
renda, empregos e ajuda a manter o homem no campo, além de proporcionar
um bom retorno econômico para o produtor. A melancieira, embora possa ser
produzida em vários tipos de solos, se desenvolve melhor em solos de textura
média, arenosos, profundos, bem drenados e com disponibilidade de nutrientes.
No Rio Grande do Sul, a melancia é cultivada em solos arenosos, onde o sistema
de preparo convencional com aração e gradagens é o mais usado. Uma das
principais olerícolas do País, a melancia se encaixa perfeitamente nos moldes
das pequenas propriedades rurais, devido ao fácil manejo e baixo custo de
produção,comparada com outras culturas. De Norte a Sul do País, o cultivo da
fruta cresce ano após ano, especialmente no Rio Grande do Sul, maior produtor
nacional de melancia. Segundo dados da Emater, aproximadamente 1.500
produtores colocam anualmente no mercado 350 mil toneladas da fruta.
b) Área Plantada:
Conforme demonstra o gráfico 093, a área plantada de melancia no Estado na
safra 1996/1997, foi de 19.520 mil hectares; na safra 2006/2007, foi de 23.814 mil
hectares; na safra de 2009/2010, foi de 18.823 mil hectares.
Gráfico 093
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC – AL
c) Produção:
Conforme demonstra o gráfico 094, a produção de melancia obtida no Estado na safra
2000/2001, foi de 342 mil toneladas; na safra 2006/2007, foi de 581,5mil toneladas; n
safra 2009/1010, foi de 346,4 mil toneladas.
O gráfico em“toneladas”retrata a partir da safra 2000/2001, pois nos anos anteriores eram expressas em mil frutos.
Gráfico 094
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC – AL
Com uma área plantada de aproximadamente 1.800 hectares, o Município de Triunfo,
é o maior produtor de melancia do Estado.
Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura
- FAO, entre as principais frutas produzidas no mundo em 2010, destacamse a banana, melancia, maçã, laranja e uva. Juntas responderam por mais de
60% do volume total da fruticultura mundial, que foi de aproximadamente
720 milhões de toneladas. A banana foi a fruta mais produzida no mundo, com
132,5 milhões de toneladas; seguindo-se a melancia, em segundo lugar, com a
quantidade de 98,3 milhões de toneladas colhidas.
O Brasil ocupa a terceira colocação no ranking da produção mundial
de frutas e é responsável por 5,5% do volume colhido, com uma
produção em torno de 40 milhões de toneladas. Os principais polos
produtores de melancia no País estão no Sul, sendo que os Estados
do Rio Grande do Sul e de São Paulo, abarcam quase a metade de
toda a produção nacional. O Nordeste, mais precisamente os estados
da Bahia e Pernambuco que possuem áreas irrigadas pelo Vale do
Rio São Francisco, são responsáveis por cerca de um quarto do total
produzido, sendo que parte dessa produção destina-se à exportação,
especialmente para alguns países da própria América do Sul.
O Rio Grande do Sul é o maior produtor nacional, seguido por São
Paulo, Bahia, Rio Grande do Norte e Tocantins; e a produção de
melancia do Estado é a maior do País, respondendo por 27% da
produção brasileira. Destacam-se as regiões do Vale do Rio Pardo,
Metropolitano, Delta do Jacuí e Centro Sul, que juntas contribuem
com 63% da produção gaúcha e os municípios de Triunfo, com 85
mil toneladas, e de Encruzilhada do Sul, com 62,6 mil toneladas.
Na figura 012, observam-se as principais regiões produtoras de
melancia no Estado, sendo que os municípios com maior produção
estão coloridos com uma tonalidade mais escura.
Figura 012
d) Produtividade:
Conforme demonstra o gráfico 095, a produtividade de melancia obtida no Estado na
safra 2000/2001, foi de 17.739 kg/Ha; na safra 2007/2008, foi de 25.644 kg/Ha; na safra
2009/2010, foi de 18.628 mil kg/Ha plantada.
Na sua grande maioria, é consumida in natura, sendo comercializada principalmente
por intermediários, que distribuem a fruta em todas as regiões do Estado.
f) Valor Bruto da Produção:
Conforme demonstra o gráfico 096, o valor da produção obtido com melancia no
Estado na safra 1997/1998, foi de R$ 33,5 milhões; na safra 2008/2009, foi de R$
141,1 milhões; chegando à safra 2009/2010, com R$ 129,7 milhões.
O gráfico em “kg/Ha” retrata a partir da safra 2000/2001. Nos anos anteriores eram expressas em mil frutos.
Gráfico 095
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC – AL
e) Destino da Produção:
O cultivo da melancia é considerado de risco elevado devido à sazonalidade nos
preços recebidos pelo produtor e aos problemas agronômicos da cultura. A incidência
de diversas pragas e doenças, muitas vezes, relacionada ao manejo inadequado da
irrigação e adubação, também contribuem para a baixa produtividade.
Gráfico 096
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC – AL
3.1.16. Tomate
a) Informações Gerais:
O cultivo do tomate no País, movimenta uma cifra anual superior a R$ 2 bilhões
(cerca de 16% do PIB gerados pela produção de hortaliças no Brasil), de acordo com
pesquisa da Associação Brasileira do Comércio de Sementes e Mudas (ABCSEM).
O Brasil apresenta uma grande diversidade de área de plantio de tomate. O último
levantamento sobre as áreas cultivadas apontou um total de 55 mil hectares,
sendo que 31% são destinados para o segmento de processamento, porém o
segmento salada é o de maior importância econômica e social, possuindo uma
área plantada de aproximadamente 20 mil hectares.
Outros segmentos importantes são o Italiano/Saladete, com 8 mil hectares; o
Santa Cruz, com 11 mil hectares e o Cereja, com 210 hectares. O consumo per
capita do tomate está em torno 18 kg/ano, o que representa um incremento
acima de 35% nos últimos 10 anos. Se compararmos com o consumo de países
como a Itália, que é próximo a 70 kg/ano, e a Turquia, cujo consumo per capita é
de 86 kg/ano, ainda temos um consumo bastante modesto.
O tomateiro é um dos mais importantes geradores de emprego na atividade rural do
Brasil. Se considerarmos somente o tomate de mesa, podemos estimar que a cultura
emprega cerca de quatro pessoas de forma direta e mais quatro de forma indireta, isso
representa uma oferta de serviços para aproximadamente 300 mil pessoas no País.
O custo de produção do tomate é um dos maiores em toda a atividade agrícola pois,
segundo a ABCSEM, apresenta grande variabilidade, ficando entre R$ 30 mil e R$ 55
mil por cada hectare plantado, dependendo da tecnologia empregada na produção e
dos níveis de produtividade desejáveis para a cultura.
b) Área Plantada:
Conforme demonstra o gráfico 097, a área plantada com tomate no Estado na safra
1996/1997, foi de 2,85 mil hectares; na safra 2005/2006, foi de 2,37 mil hectares; na
safra 2009/2010, foi de 2,36 mil hectares; na safra 2010/2011, o IBGE indica que tivemos
uma área plantada de 2,35 mil hectares; e na safra 2011/2012, de 2,32 mil hectares.
Gráfico 097
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC – AL
c) Produção:
Conforme demonstra o gráfico 098, a produção de tomate obtida no Estado na safra
1996/1997, foi de 80,7 mil toneladas; na safra 2007/2008, foi de 110,5 mil toneladas; na
safra 2009/2010 foi de 104 mil toneladas; na safra 2010/2011, o IBGE indica que tivemos
uma produção de 105,1 mil toneladas; e na safra 2011/2012, de 107,8 mil toneladas.
Gráfico 098
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC - AL
O Rio Grande do Sul possui uma produção pouco significativa de
tomate em termos nacionais, importando a maior parte do que
é consumido. A região da Serra gaúcha é a maior produtora de
tomate no Estado com mais de 50% da produção gaúcha, seguida
pela região Sul com aproximadamente 14% do total produzido. O
Município de Caxias do Sul é o maior produtor gaúcho, ultrapassando
24 mil toneladas, ou seja 25% da produção gaúcha.
Na figura 013, observam-se as principais regiões produtoras de
tomate no Estado, sendo que os municípios com maior produção
estão coloridos com uma tonalidade mais escura.
Figura 013
d) Produtividade:
As regiões produtoras de tomate de mesa no Brasil estão inseridas
normalmente em regiões de planalto e chapada, aproveitando ao
máximo a amplitude térmica que esses ambientes oferecem ao
longo do ciclo da cultura. No Sudeste, está a maior concentração da
área plantada de tomate para consumo in natura com 57% do total,
sendo que São Paulo e Minas Gerais representam 43% desse total.
Já o tomate para processamento tem 62% de sua área em Goiás,
20% em São Paulo e 16% em Minas Gerais.
Conforme demonstra o gráfico 100, a produtividade do tomate obtida no Estado na
safra 1996/1997, foi de 28.000 kg/Ha; na safra 2007/2008, foi de 45.133 kg/Ha; na
safra 2009/2010, foi de 44.000kg/ha; na safra 2010/2011, o IBGE indica que tivemos
uma produtividade de 44.701 kg/Ha; e na safra 2011/2012, foi de 46.725 kg/Ha.
O Brasil produz anualmente aproximadamente 4 milhões de
toneladas de tomate, sendo que o Rio Grande do Sul ocupa a quinta
colocação entre os principais estados produtores, com pouco mais
de 100 mil toneladas produzidas anualmente. No gráfico 099,
observamos os percentuais de participação dos estados:
Gráfico 100
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC – AL
Gráfico 099
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC – AL
A produtividade brasileira está em 59 toneladas por hectare, sendo que nos últimos
20 anos, a tomaticultura nacional duplicou a produtividade. Já temos atualmente
produtores e sistemas de cultivo que alcançam rendimento superior a 100 toneladas
por hectare. Também no Brasil produtores de tomate em estufa têm alcançado
rendimentos expressivos, acima de 500 caixas de 22 kg em estufas médias de 350 m².
e) Destino da Produção:
O consumo de tomate está concentrado nos grandes centros urbanos,
onde a estrutura de atacado e de varejo, tem a responsabilidade de
ofertar diferentes tipologias de tomate para os consumidores.
Aproximadamente, 85% da área cultivada no Rio Grande do Sul
utiliza sementes híbridas. Cerca de 65% do tomate cultivado vai para
o consumo in natura, e 35%, indústrias de processamento, sendo
ofertado ao mercado em forma de extrato de tomate, molhos prontos
e pré-preparados, como catchups.
f) Valor Bruto da Produção:
Conforme demonstra o gráfico 101, o valor da produção
obtido com o tomate no Estado na safra 1996/1997, foi
de R$ 40 milhões; na safra 2006/2007, foi de 108,8
milhões; na safra 2009/2010, foi de 119,7 milhões,
sendo o maior valor do período analisado.
Gráfico 101
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC – AL
3.1.17. Erva-Mate
a) Informações Gerais:
A erva mate era utilizada pelos nativos antes da chegada dos colonizadores ao Novo Mundo.
Básica para a alimentação dos índios Guaranis, foi adotada pelos Tupis do Mato Grosso do Sul.
Os povos Andinos faziam caminhadas por milhares de quilômetros para se abastecerem de
erva-mate. Chamada de erva-do-paraguai pelos colonizadores espanhóis, teve nos jesuítas os
precursores do seu cultivo racional, redundando nos primeiros cultivos em 1610.
As Missões passaram a exercer importante papel na comercialização da erva até o final do
século XVII quando os jesuítas foram expulsos do Brasil. A partir de então, a exploração e a
colheita voltaram a ser feitas pelos nativos. No entanto, com a proibição de exportação da erva,
pelo governo do Paraguai, no início do século XIX, os consumidores argentinos voltaram os
olhos para a produção ervateira brasileira, principalmente para a produção paranaense.
No início da década de 70, outro fator influenciou de forma aguda a economia ervateira:
a política de incentivo à produção de culturas anuais para o mercado interno e para
exportação. Isso resultou na eliminação de inúmeros ervais nativos que foram substituídos
por soja e trigo. Atualmente, apesar de grande parte da área ervateira estar no Brasil,
somos superados pela Argentina em relação ao volume de produção. Vale salientar que,
no caso brasileiro, a maior parte da produção provém de ervais nativos, embora tenha sido
significativamente ampliada a área com ervais cultivados.
Do ponto de vista econômico, é importante ressaltar que, mesmo sendo o segundo maior
produtor de erva-mate, o Brasil continua a importá-la da Argentina, devido às estratégias
comerciais por parte do País e dos industriais. Apesar disso, a exploração da erva-mate constituise numa importante atividade agrícola para o Brasil e, em especial, para a Região Sul, que é a
maior produtora de erva-mate e responde por cerca de 97% da produção nacional.
Nos estados do Paraná e Santa Catarina, a erva-mate tem origem maior nos ervais nativos,
e no Rio Grande do Sul, a situação é inversa. Esse fato pode explicar, a grande procura da
erva-mate produzida naqueles estados, pelos industriais gaúchos.
Do ponto de vista social, a cadeia da erva-mate tem gerado cerca de 700 mil empregos no País.
No Estado gaúcho, aproximadamente 13 mil produtores cultivam a erva-mate.
b) Área Plantada:
Conforme demonstra o gráfico 102, a área plantada da Erva-mate no Estado na safra
1996/1997, foi de 34,9 mil hectares; na safra 2001/2002 foi de 44,9 mil hectares;
chegando à safra 2009/2010, com 30,6 mil hectares.
Gráfico 102
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC – AL
c) Produção:
Conforme demonstra o gráfico 103, a produção de erva-mate obtida no Estado na safra
1996/1997, foi de 212 mil toneladas; na safra 2000/2001, foi de 252 mil toneladas; na
safra 2009/2010, foi de 260,4 mil toneladas sendo a maior do período analisado.
Gráfico 103
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC – AL
Possuímos, no Estado, vários polos ervateiros, nos quais a produção
da erva-mate se dá em maior escala. Os principais são nas regiôes
do Planalto, Missões, Alto Uruguai, Nordeste, Alto Taquari e Vale do
Taquari. Na figura 014, observam-se as principais regiões produtoras
de erva-mate, sendo que os municípios com maior produção, estão
coloridos com uma tonalidade mais escura.
O Rio Grande do Sul é o maior produtor de folha verde derivado da
erva-mate, seguido do Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul.
Figura 014
d) Produtividade:
Conforme demonstra o gráfico 104, a produtividade da erva-mate obtida no Estado
na safra 1996/1997, foi de 8.800 kg/Ha; na safra 2001/2002, foi de 7.734 kg/Ha; na
safra 2009/2010, foi de 8.900 kg/Ha, sendo a maior do período analisado.
Gráfico 104
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC – AL
e) Destino da Produção:
Os gaúchos consomem aproximadamente 65% da produção nacional de erva-mate,
oriundo principalmente do Paraná. No Rio Grande do Sul, segundo o IBGE, a ervamate é produzida em mais de 8 mil estabelecimentos agropecuários, sendo que,
entre os estabelecimentos produtores aproximadamente 50% vendem sua produção
diretamente para as indústrias, 40% não comercializam, e 10% vendem diretamente
para os intermediários. Analisando a quantidade vendida, aproximadamente 90% foi
comercializada diretamente para a indústria, 8% para intermediários, 1% para as
empresas integradoras, e 1% foi vendida ou entregue a cooperativas.
Gráfico 105
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC – AL
g) Valor Bruto da Produção:
Os dados para o Brasil, expõem uma produção total com mais de 185 mil
toneladas, produzidas em cerca de 16 mil estabelecimentos agropecuários. A
distribuição da produção entre os destinos da produção é muito semelhante à
do Estado gaúcho, sendo a indústria o destino mais importante, porém, com
percentual um pouco menor do número de estabelecimentos, 42% ante 50% no
Rio Grande do Sul destinam o produto para as indústrias.
Conforme demonstra o gráfico 106, o valor da
produção obtida com a erva-mate no Estado, na safra
1996/1997, foi de R$ 39 milhões; na safra 2003/2004,
foi de R$ 81 milhões; na safra 2010/2011, foi de R$
117 milhões, sendo a maior do período analisado.
Neste setor é evidente o predomínio da indústria, que assume as funções de
transformação (secagem e moagem), para tornar o produto próprio para o consumo.
O Brasil, exporta mais de 30 mil toneladas de erva-mate anualmente, sendo que as
importações ficam na faixa de 5 mil toneladas.
f) Certificação da Erva-Mate:
A Certificação da qualidade da erva-mate é pioneira no País, e foi desenvolvida
com objetivo de qualificar o processo de elaboração do produto, normatizado
no Manual de Requisitos para a Certificação da Qualidade. São auditados
aproximadamente 150 itens que buscam garantir a adoção de boas práticas
agrícolas e de fabricação, além de atender a outras normas e legislações para a
obtenção de um produto com qualidade diferenciada.
As empresas que cumprem com os requisitos estabelecidos, recebem um certificado de
qualidade e o direito de estampar na embalagem de suas marcas o selo de qualidade,
identificando que aquele produto tem qualidade diferenciada, com a descrição “QualidadeEmater/RS-Certificada”. Também são beneficiadas as indústrias, que podem aprimorar
seus processos operacionais, reduzindo custos e diferenciando seu produto no mercado.
Gráfico 106
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC – AL
3.1.18. Batata-Doce
a) Informações Gerais:
A batata-doce teve origem na América, nas regiões com clima predominantemente
tropical. Foi levada para a Europa pelos portugueses e espanhóis, difundindo-se
posteriormente para os demais continentes, sendo atualmente cultivada em todas
as zonas tropicais e temperadas. É utilizada tanto para o comércio como para a
produção de alimentos de subsistência, principalmente por produtores de base
familiar, por meio da produção de raízes comerciais e alimentação de animais,
utilizando resíduos da parte aérea da planta e descartes de raízes.
O cultivo da batata-doce pode se dar em regiões localizadas desde a latitude de 42N
até 35S, desde o nível do mar até 3 mil metros de altitude, em locais de climas diversos,
como o da Cordilheira dos Andes; em regiões de clima tropical, como o da Amazônia;
temperado, como no Rio Grande do Sul e até desértico, como o da costa do Pacífico.
No Brasil, a Região Sul é a principal produtora de batata-doce, responsável por
mais de 50% da produção, seguida pelo Nordeste com 33,60%, e pela Região
Sudeste com 15,16%. O Estado gaúcho, está em primeiro lugar na produção da
raiz, seguido por Paraná, Santa Catarina e São Paulo.
Fonte: Embrapa CT
a) Área Plantada:
Conforme demonstra o gráfico 107, a área plantada com batata-doce no Estado,
na safra 1996/1997, foi de 16,8 mil hectares; na safra 2003/2004, foi de 13,5 mil
hectares; na safra 2009/2010, foi de 12,6 mil hectares plantados.
Gráfico 107
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC – AL
c) Produção:
Conforme demonstra o gráfico 108, a produção da batata-doce obtida no Estado
na safra 1996/1997, foi de 165 mil toneladas; na safra 2004/2005, foi de 142,5 mil
toneladas; e na safra 2009/2010, com 154 mil toneladas.
Gráfico 108
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC - AL
O Rio Grande do Sul, segundo a média da produção nacional, permanece
como o maior produtor nacional de batata-doce, com uma produção
superior a 150 mil toneladas. Isso representa aproximadamente 29%
da produção nacional que é de 520 mil toneladas anualmente.
Os municípios que possuem maior produção são, Mariana Pimentel,
com uma produção de aproximadamente 7 mil toneladas; São Lourenço
do Sul, com 4,8 mil toneladas; Vale do Sol, com 4,3 mil toneladas;
Santa Maria, com 4,2 mil toneladas; Camaquã, com 4,1 mil toneladas;
e Canguçu, com uma produção ao redor de 4 mil toneladas anuais.
Na figura 015, observam-se as principais regiões produtoras de
batata-doce no Estado, sendo que os municípios com maior produção,
estão coloridos com uma tonalidade mais escura:
Figura 015
d) Produtividade:
Conforme demonstra o gráfico 109, a produtividade
de batata-doce obtida no Estado na safra 1996/1997,
foi de 9.800 kg/Ha; na safra 2007/2008, foi de 12.596
kg/Ha, sendo a maior do período analisado; e na safra
2009/2010, foi de 12.251 kg/Ha de lavoura.
e) Destino da Produção:
O total comercializado de batata-doce nos supermercados e atacadistas é
relativamente pequeno. Ao longo do tempo, não se formou um canal de
comercialização, e não se conhecem casos de produção programada ou organizada
em forma de cooperativas ou associações.
O maior volume de vendas ocorre em mercados de periferia, como feiras e
quitandas, que é individualmente pequeno, formando-se geralmente um ciclo
vicioso de baixa qualidade do produto, baixo valor pago ao produtor, pouco
investimento e baixo nível tecnológico das lavouras.
f) Uso da Batata-Doce como Matriz Energética:
O Brasil é o 10º maior produtor mundial de batata-doce, com mais de 80
mil hectares de plantio, sendo que pode ser usada como fonte alternativa de
bioenergia, pois apresenta uma ótima produção de biomassa para obtenção de
álcool combustível associada à rusticidade do plantio. Resultados preliminares
têm demonstrado que um hectare de raiz de batata-doce rende de 30 a 40
toneladas de biomassa que pode ser transformada em combustível.
No Rio Grande do Sul, a Embrapa Clima Temperado, tem atuado junto aos produtores
no resgate ao material genético existente. Diferentes genótipos de batata-doce têm
sido coletados em várias regiões do Rio Grande do Sul, envolvendo principalmente
alguns municípios da Encosta da Serra do Sudeste (Pelotas, Capão do Leão, Morro
Redondo, Turuçu, Canguçu e São Lourenço do Sul), da Região Litorânea (Tapes,
Guaíba, Cristal e Barra do Ribeiro) e da Região da Campanha (São Borja e Quaraí).
Gráfico 109
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC – AL
Em média, uma tonelada de batata-doce rende até 180 litros de álcool e 300 kg de
resíduo, que é utilizado para produção de farinha e ração animal.
g) Valor Bruto da Produção:
A cana-de-açúcar, principal matéria-prima do álcool produzido no Brasil,
tem um rendimento médio de 86 litros por tonelada. Além disso, o custo de
produção de álcool de batata-doce é menos da metade do que o produto de
cana-de-açúcar. A batata-doce pode produzir álcool fino, que é um produto de
alto valor agregado destinado à fabricação de bebidas, cosméticos, tintas e
remédios, utilizados em vários países como a Bélgica e o Japão.
Conforme demonstra o gráfico 111, o valor da
produção obtida com a batata-doce no Estado,
na safra 1996/1997, foi de R$ 49 milhões; na
safra 2005/2006, foi de R$ 94,3 milhões; na safra
2009/2010, foi de R$ 108,7 milhões, sendo a
segunda maior do período analisado.
No gráfico 110, observa-se um comparativo entre a produção de álcool derivado
da cana-de-açúcar e da batata-doce:
Gráfico 110
Fonte: Embrapa CT - Elaboração: CAPC – AL
Gráfico 111
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC – AL
3.1.19. Pêssego
a) Informações Gerais:
O pessegueiro é uma espécie nativa da China, com registros que remontam a 20
séculos a.C. Estudos indicam que provavelmente teria sido levado da China para
a Pérsia e de lá se espalhado pela Europa.
No Brasil, segundo relatos históricos, o pessegueiro foi introduzido em 1532 por
Martim Afonso de Souza, por meio de mudas trazidas da Ilha da Madeira e plantadas
em São Vicente (no atual estado de São Paulo).
Segundo dados da FAO a produção mundial de pêssegos é de aproximadamente
11 milhões de toneladas, sendo que os principais produtores são a China, a
Itália, os Estados Unidos e a Espanha. Embora seja a maior produtora mundial,
a China não figura na relação dos países exportadores, o que provavelmente se
deve ao grande consumo interno.
Ainda com base nessas mesmas estatísticas, na América do Sul, o Chile e a
Argentina aparecem na oitava e nona posição respectivamente, com produção de
aproximadamente 280 mil toneladas por ano, e o Brasil na 13º posição, com uma
produção anual em torno de 146 mil toneladas.
No Brasil, os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná têm as
melhores condições naturais para o produção comercial do pêssego. É possível,
no entanto, produzi-lo em outros estados com cultivares menos exigentes de frio
ou em estações microclimáticas adequadas às exigências mínimas viáveis, tanto
tecnicamente quanto economicamente. Os principais estados produtores são Rio
Grande do Sul, São Paulo, Santa Catarina, Paraná e Minas Gerais.
Fonte: Embrapa CT
b) Área Plantada:
Conforme demonstra o gráfico 112, a área plantada com pêssego no Estado na safra
1996/1997, foi de 11,9 mil hectares; na safra 2002/2003, foi de 16,3 mil hectares, sendo
a maior do período analisado; e na safra 2009/2010, foi de 14,8 mil hectares plantados.
Gráfico 112
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC – AL
c) Produção:
Conforme demonstra o gráfico 113, a produção de pêssego obtida no Estado na safra
de 2002, foi de 112 mil toneladas; na safra de 2009, foi de 140,7 milhões de toneladas,
sendo a maior produção do período; na safra de 2010 foi de 132,8 mil toneladas.
O gráfico em “toneladas” retrata a partir da safra 2000/2001,pois nos anos anteriores eram expressas em mil frutos.
Gráfico 113
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC – AL
Polos de Produção:
No Rio Grande do Sul, maior produtor nacional, com aproximadamente 50% da
produção, é possível encontrar plantas de pessegueiro em todas as regiões. Entretanto,
a produção comercial está concentrada em três polos que, juntos, segundo a Embrapa
Clima Temperado, somam cerca de 13 mil hectares de pomares.
Na figura 016, observam-se as principais regiões produtoras de pêssego no
Estado, sendo que os municípios com maior produção estão coloridos com uma
tonalidade mais escura:
O primeiro dos três polos mais importantes, localiza-se na chamada Metade Sul
do Estado, que compreende 29 municípios e concentra mais de 90% da produção
destinada ao processamento industrial de diversas formas, com destaque para a
compota. Anualmente são produzidas, em média, 40 milhões de latas de 1kg de
compota destinadas ao mercado interno.
O segundo polo, localizado na Grande Porto Alegre, é composto por nove municípios
e produz, em média, 4.800 toneladas de pêssegos para o consumo in natura numa
área de 312 ha, o que representa uma produtividade média de cerca de 15 ton./ha.
Trata-se de uma região que apresenta uma importante vantagem competitiva, já que
está próxima do principal mercado consumidor do Estado (Grande Porto Alegre).
O terceiro polo está localizado na Região conhecida como Serra Gaúcha, mais
especificamente nos municípios de Caxias do Sul, Bento Gonçalves, Veranópolis,
Farroupilha, Flores da Cunha, Nova Pádua, Antônio Prado, Ipê, Pinto Bandeira e
Campestre da Serra. Os pêssegos, na sua totalidade, são destinadas ao mercado
de consumo in natura, em uma área de aproximadamente 3.200 ha, o que
representa uma produtividade superior a 14 ton/ha.
Os municípios que apresentam produção superior a 10 mil toneladas anuais
são: Bento Gonçalves, Pelotas e Canguçu. Juntos, estes municípios contribuem
com cerca de 35% da produção total do Estado.
Fonte: Embrapa CT
Figura 016
d) Produtividade:
Conforme demonstra o gráfico 114, a produtividade de pêssego obtida no Estado na
safra 2000/2001 foi de 7.283 kg/ha; na safra 2008/2009, foi de 9.500 kg/ha, sendo
a maior do período; e na safra 2009/2010, foi de 8.954 kg/ha.
e) Destino da Produção:
O pêssego, no Rio Grande do Sul, é produzido em aproximadamente 4,3 mil
estabelecimentos rurais. Destes, segundo o IBGE, cerca de 35% não vendem sua
produção, 27% vendem diretamente a intermediários, 24% fornecem para indústrias e
14% comercializam diretamente ao consumidor, conforme demonstrado no gráfico 115.
Gráfico 115
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC – AL
O gráfico em “quilos por hectare”retrata a partir da safra 2000/2001, pois nos anos anteriores eram expressas em mil frutos.
Gráfico 114
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC – AL
Conforme a Emater a área de produção para a indústria apresenta contínua redução,
enquanto que o cultivo para mesa se mantém estável. O número de indústrias de
beneficiamento vem diminuindo gradativamente, e apresenta rotineiras dificuldades
de comercialização, embora o País seja um grande importador de conservas e polpa.
Mesmo com um consumo per capita de apenas 0,25 kg/hab/ano, o Brasil tem importado
anualmente cerca de 20 milhões de latas da Grécia, Espanha, Argentina e Chile.
A produção para mesa é vendida principalmente nas Regiões Sul e Sudeste do Brasil e
há grande dificuldade de obtenção de mão-de-obra especializada na produção.
f) Valor Bruto da Produção:
Conforme demonstra o gráfico 116, o valor da
produção obtido com o pêssego no Estado na safra
1996/1997, foi pouco mais de R$ 38 milhões; na
safra 2003/2004, foi de R$ 116,5 milhões; e na safra
2009/2010, foi de R$ 106,3 milhões.
Gráfico 116
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC – AL
3.1.20. Alho
a) Informações Gerais:
A produção brasileira de alho, embora pouco expressiva com apenas 1% de
participação no volume total dos países produtores, está em oitavo lugar no ranking
mundial, produzindo anualmente, pouco mais de 97 mil toneladas.
Atualmente a produção nacional é insuficiente para atender à demanda do País,
sendo que para complementar o consumo o Brasil importa alho da Argentina e do
Chile, no primeiro semestre, e da Espanha e da China no segundo semestre do ano.
Importante aspecto relativo à concorrência externa que o setor nacional enfrenta diz
respeito à China. Com o seu ingresso na Organização Mundial do Comércio - OMC, as
medidas de restrição às importações de alhos chineses tomadas pelo Brasil, não são mais
permitidas. A China é o maior produtor mundial de alho com cerca de 55,8% da área total
plantada, e 71,2% da produção que está estimada em 8,8 milhões de toneladas.
Os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Minas Gerais, Goiás e Bahia são
responsáveis por cerca de 90% da produção nacional. O aumento da produção de
alho está acontecendo mais pelo uso intenso de tecnologia, o que garante diferentes
níveis de produtividade por hectare, do que pela expansão da área plantada.
No Estado, a produção tem características bastante peculiares, tais como propriedades rurais
com média de 14 hectares de área, mão-de-obra familiar e diversificação com outras culturas.
Dentre as dificuldades do setor, podemos elencar a falta de área no estabelecimento rural
para que os produtores possam fazer a rotação com outras culturas, evitando assim a
disseminação de doenças e insetos na lavoura. Outros entraves são a falta de organização
em cooperativas, poucas sementes certificadas no mercado, constante oscilação de preços
influenciada pelas importações que trazem insegurança ao produtor brasileiro e gaúcho,
assim como os altos custos de produção com elevado consumo de defensivos e da semente.
b) Área Plantada:
Conforme demonstra o gráfico a 117, a área plantada com alho no Estado na safra
1996/1997, foi de 3,86 mil hectares; na safra 2001/2002, foi de 4,58 mil hectares
na safra 2009/2010, foi de 2,63 mil hectares; na safra 2010/2011, o IBGE indica que
tivemos uma área plantada de 2,68 mil hectares; e na safra 2011/2012, foi de 2,63 mil
hectares plantados com a cultura do alho.
Gráfico 117
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC – AL
c) Produção:
Conforme demonstra o gráfico 118, a produção de alho obtida no Estado na
safra 1996/1997, foi de 17,9 mil toneladas; na safra 2001/2002, foi de 28,3 mil
toneladas, sendo a maior do período analisado; na safra 2010/2011, tivemos,
segundo o IBGE, uma produção de 17,7 mil toneladas; e na safra 2011/2012, a
produção foi de 17,9 mil toneladas.
Gráfico 118
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC – AL
d) Produtividade:
Segundo a Emater-RS, o cultivo do alho para fins comerciais apresenta números mais
restritos no Estado. Possuímos cerca de 1.187 produtores, com uma área plantada de
1,7 mil hectares, obtendo uma produção de 9,6 mil toneladas anualmente.
No gráfico 119, demonstra-se a participação percentual de algumas unidades da
Federação na produção de alho, em 2011. Desta forma, nota-se que o principal
produtor é Goiás, seguido do Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Santa Catarina.
Gráfico 119
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC – AL
Conforme demonstra o gráfico 120, a produtividade na
cultura do alho obtida no Estado na safra 1996/1997, foi
de 4.600 kg/Ha; na safra 2006/2007, foi de 6.731 kg/Ha;
na safra 2009/2010, foi de 6.761 kg/Ha de lavoura; na safra
2010/2011, o IBGE indica que tivemos uma produtividade de
6.610 kg/Ha; e na safra 2011/2012 de 6.808 kg/Ha de lavoura,
sendo a maior do período analisado.
Gráfico 120
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC – AL
e) Estratificação Fundiária dos Produtores de Alho no Estado:
Segundo o IBGE, o Rio Grande do Sul possui cerca de 20,7 mil estabelecimentos
agropecuários que produzem alho. Destes, aproximadamente 93% tem até 50
hectares de área na propriedade, caracterizando-se como uma cultura estruturada na
pequena propriedade rural, demonstrada no gráfico 121.
Gráfico 121
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC – AL
f) Dados da Produção:
Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), levando-se em
conta que o consumo per capita de alho em 2011 foi de 1,25 quilogramas
por habitante por ano e a população brasileira chegou a 194 milhões de
habitantes, o consumo aparente foi de 243 mil toneladas, com uma produção
brasileira de 97,4 mil toneladas no mesmo período.
g) Valor Bruto da Produção:
Conforme demonstra o gráfico 122, o valor da produção
obtida com o alho no Estado na safra 1996/1997, foi
de R$ 39,7 milhões; na safra 2001/2002, foi de R$
103,7 milhões, sendo a maior receita do período; e na
safra 2009/2010, foi de R$ 97,7 milhões.
Destinando-se 5% do total produzido para semente, obtem-se 92,4 mil
toneladas produzidas no país, sendo que, para suprir o consumo, houve a
necessidade de se importar aproximadamente 150 mil toneladas de alho.
A produção gaúcha se destina ao mercado brasileiro, e o município de
São Marcos, na Serra Gaúcha, é o maior produtor de alho roxo do Estado.
Gráfico 122
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC – AL
3.2. Demais Atividades Agrícolas
com Importância Econômica e Social
para o Rio Grande do Sul
3.2.1. Florestamento
a) Informações Gerais:
O Brasil, possui aproximadamente 5 milhões de hectares reflorestados. Se compararmos
a China, com 40 milhões, e ao Japão, 10 milhões, sendo que este último é menor em
extensão territorial que o estado de Santa Catarina, nosso país possuí um potencial
muito grande de crescimento na atividade florestal.
A região Sul do país tem uma forte atividade florestal e uma grande vocação na condução
da mesma. São diversos polos moveleiros, indústrias de papel e celulose, laminadoras,
centenas de serrarias e indústrias de chapas, entre outras do segmento florestal.
As principais espécies florestais plantadas no Rio Grande do Sul são o Pinus, o
Eucalipto e a Acácia Negra. Possuímos diversas vantagens comparativas em relação a
outros países, principalmente no que se refere à velocidade de crescimento florestal.
No solo e clima brasileiros, uma floresta está apta a ser cortada para produção de
lenha em apenas sete anos, enquanto que nos países do hemisfério norte, demora
aproximadamente 35 anos para seu aproveitamento.
O reflorestamento é um forte gerador de mão-de-obra, pois, segundo a Associação
Gaúcha de Empresas Florestais - AGEFLOR, para cada sete hectares reflorestados,
é gerado um emprego na cadeia produtiva florestal. Aproximadamente 380 mil
propriedades rurais no Estado têm nas florestas uma utilização como “função social”,
pois são fundamentais na manutenção das atividades diárias na propriedade.
b) Área Plantada:
c) Localização da Produção Florestal no Rio Grande do Sul:
Atualmente, o Rio Grande do Sul possui cerca de 738,8 mil hectares de florestas
plantadas, o que representa 2,6% do território do Estado e o dobro da área existente
em 2001. As espécies florestais mais plantadas são o Eucalipto, com 301.260 ha; o
Pinus, com 263.360 ha; e a Acácia Negra, com 174.150 ha; além de Plátano e do
Pinheiro Brasileiro, estes dois últimos com menor área de plantio no Estado.
A base florestal do Estado está distribuída em seis polos florestais em torno dos quais
se instalaram indústrias que promovem o desenvolvimento de várias regiões, compondo
a cadeia produtiva de base florestal, que gera bens e serviços à sociedade, destacandose por fornecer importantes contribuições nos aspectos econômico, social e ambiental.
Na figura 017, observamos os principais polos de produção no Rio Grande do Sul,
numerados como região 1, na Serra; região 2, na Central/Sudeste; região 3, no Litoral;
região 4, no Alto Uruguai; região 5, na zona Sul/Campanha; e região 6, na Fronteira Oeste.
O mapa nos demonstra, também, a espécie vegetal em cada polo de produção no Estado:
As informações acima descritas estão representadas na tabela 019:
Área de florestas plantadas no RS: período 2001 – 2010
Gênero
Florestal
2001
(ha)
*1
2004
(ha)
*2
2005
(ha)
*2
2006
(ha)
*2
2007
(ha)
*3
2008
(ha)
*2
2010
(ha)
*2
Acácia
96.400
115.370
123.377
142.461
158.961
188.326
174.150
Eucalipto
111.525
132.689
179.690
214.245
222.245
277.316
301.260
Pinus
153.583
159.766
165.080
201.378
182.378
183.163
263.360
TOTAL
361.508
407.825
468.147
558.084
563.584
612.810
738.770
Acréscimo
-
46.317
60.332
89.937
5.500
49.226
125.960
1,28
1,44
1,66
1,97
1,99
2,17
2,61
% da área
do RS
Tabela 019
Fonte:
* 1 SEMA-RS/UFSM – Inventário Florestal Contínuo
* 2 AGEFLOR/ABRAF
* 3 Hendges, E.R. Tese Doutorado – UFSM – 2007
Figura 017
d) Produção:
Segundo
dados
do
Sindicato da Madeira do
RS, a indústria de base
florestal do Estado é
composta por cerca de
cinco mil empresas que
empregam
diretamente
50 mil pessoas. O setor
contribui com 3,4% na
formação do PIB estadual
e com 5% do ICMS gerado
no Rio Grande do Sul. O
segmento madeira serrada
é composto por 1.680
empresas,
produzindo
cerca de 720 mil m³ por
ano, sendo 15% desse
total destinado ao mercado
externo,
principalmente
Itália e Estados Unidos.
atividade envolve mais de
40 mil famílias, localizadas
em minifúndios.
O uso da Acácia Negra
vai desde a produção
de lenha para energia
e carvão vegetal até as
indústrias que exportam
cavacos para celulose,
garantindo aos produtores
maiores rendimentos em
seus plantios.
Quanto à indústria do mobiliário, representada por 2.800 empresas, ocupa
diretamente 30 mil pessoas, participando com aproximadamente 22% de toda a
produção nacional de móveis. A produção de madeira bruta de espécies cultivadas
para a produção de papel e celulose ultrapassa 2.600 mil m3 anualmente.
Na área química foram
desenvolvidos produtos a
partir da casca da Acácia
Negra, produzindo algumas
dezenas de derivados.
Podemos citar, entre outros,
condicionadores de lama
para perfuração de poços de petróleo, redutores de viscosidade para massas
cerâmicas, cupinicidas, bactericidas, clarificador de açúcar, adesivos para
madeira aglomerada e compensada, além do uso na fabricação do MDF (fibra
de média densidade) e do papelão.
O Rio Grande do Sul tem uma posição privilegiada na produção e no comércio
de produtos florestais. É praticamente o único produtor de Acácia Negra
do país, tendo uma produção superior a 210 mil toneladas de casca. Esta
Entre as inúmeras utilizações da Acácia esta o uso como coagulantes e floculantes no
tratamento de águas para abastecimento e de efluentes industriais e como extratos
vegetais, para o curtimento de couro e peles.
3.2.2. Horticultura
a) Informações Gerais:
Segundo a Associação Brasileira do Comércio de Sementes e Mudas – ABCSEM,
o setor de hortaliças é um ramo do agronegócio em pleno crescimento e que
movimenta milhões de reais anualmente em toda a sua cadeia produtiva, indo do
campo ao varejo. Só em 2010, de acordo com dados da Associação, cerca de R$ 307
milhões foram comercializados em sementes no país, valor pago pelos produtores
de hortaliças. Atualmente, são cerca de 700 mil hectares de área plantada no Brasil,
com envolvimento de mais de 700 mil produtores, que geram cerca de 3 milhões
de empregos diretos. Conforme dados da ABCSEM, possuímos mais de 80 espécies
cultivadas, com uma grande segmentação de mercado devido a diferentes tipos de
produto e formas de oferecê-lo ao consumidor.
A melancia, com 98 mil hectares; a cebola, com 53 mil hectares; a alface, com 51
mil hectares; o tomate, com 55 mil hectares; o milho doce, com 36 mil hectares;
e o repolho, com 35 mil hectares; são as espécies de hortaliças que têm mais
representatividade em termos de área no país.
Entre as hortaliças folhosas, o destaque é para o alface, que apresenta um
importante leque de tipos demandados pelo mercado (lisa, crespa, americana,
roxa/vermelha, romana e salad bowl).
b) Comercialização na CEASA/RS:
Na Central de Abastecimento do Rio Grande
do Sul - CEASA/RS, passaram 554,8 milhões de
quilos de produtos hortigranjeiros durante o
ano de 2011, equivalendo a aproximadamente
35% do consumo no Estado, que ultrapassa
1,5 bilhões de quilos anualmente.
A receita gerada na comercialização dos produtos
através da CEASA/RS, em 2011, ultrapassou R$
735 milhões, alavancados, principalmente, pelas
culturas do tomate, com R$ 106,9 milhões; da
batata, com R$ 45,5 milhões; da melancia, com R$
43,6 milhões; da banana, com R$ 43 milhões; da
laranja, com R$ 42,6 milhões; da cebola, com R$
36,1 milhões, entre outros.
Na tabela 020 - Comercialização
dos principais produtos em 2011 observamos a relação dos principais produtos
comercializados pela CEASA/RS. Na tabela
podemos constatar quais foram os produtos,
sua quantidade, a renda gerada, seu percentual
de participação na comercialização total e sua
procedência, identificando se é originário do
Rio Grande do Sul, ou de outro estado:
Tabela 020
Fonte e Elaboração: Setor de Análises e
Informações – Gerência Técnica – CEASA/RS
Responsável por grande parte dos produtos hortifrutigranjeiros comercializados
no Estado, tanto na Capital como no Interior, a CEASA/RS reflete o comportamento
do setor, tanto na quantidade comercializada anualmente quanto em relação aos
valores gerados na venda dos produtos.
No gráfico 123, retratamos, desde o ano de 1997, qual foi o desempenho quantitativo
da comercialização e sua respectiva geração de receita:
Gráfico 123
Fonte: Gerência Técnica da CEASA/RS - Elaboração: CAPC – AL
No Estado, as principais regiões produtoras de
hortigranjeiros estão localizadas na Serra Gaúcha,
com destaque para os municípios de Caxias do
Sul, Farroupilha, Bento Gonçalves, Veranópolis,
entre outros. Na Região do Vale do Rio Caí, nos
municípios de Estrela, Feliz e Bom Princípio.
3.2.3. Agricultura Orgânica
a) Informações Gerais:
Os principais mercados consumidores de produtos orgânicos estão concentrados
na América do Norte e na Europa, com 97% do consumo mundial. Os mercados
da Ásia, da América Latina e da Austrália são importantes produtores e
exportadores mundiais de produtos orgânicos. Mesmo os países que são
considerados como produtores e exportadores vêm apresentando crescimento
da demanda local, podendo ser encontrados produtos orgânicos em feiras, em
lojas especializadas e em redes de supermercado.
As vendas mundiais de produtos orgânicos ultrapassam 50 bilhões de dólares
anualmente. As vendas são realizadas em 154 países, sendo que todos eles
apresentam crescimento da área orgânica. São 1,4 milhões de produtores,
ocupando 35 milhões de hectares de cultivo orgânico certificado, com uma
média mundial de 25 hectares por produtor.
No mundo, as características de áreas plantadas, os números de produtores e as áreas
médias por produtor apresentam uma grande variação entre os continentes no que se
refere à produção de alimentos orgânicos.
Distribuição continental da área orgânica por produtor
Figura 018
Fonte: FIBL e IFOAM,2010. Elaboração: Instituto Promoção Desenvolvimento - IPD Orgânicos
Na figura 018, podemos comparar as peculiaridades de cada continente na produção orgânica.
Os 4,9 milhões de hectares, identificados pelo Censo Agropecuário do IBGE, projetam o
Brasil como a segunda maior área destinada ao cultivo orgânico do mundo, atrás somente
da Austrália, que ultrapassa os 12 milhões de hectares. Considerando mais de 5,1 milhões
de estabelecimentos agropecuários brasileiros computados pelo IBGE, foram apontados
mais de 90 mil estabelecimentos orgânicos no Brasil. Ou seja, 1,7% dos estabelecimentos
são orgânicos. Destes, 5,1 mil são certificados e 85,3 mil ainda não são certificados.
Na figura 019, observa-se a distribuição dos produtos orgânicos no país, segmentada
por regiões, com informações sobre número de estabelecimentos, área ocupada,
receita gerada e área média por propriedade:
Figura 019
Fonte: IBGE Elaboração: Instituto Promoção Desenvolvimento - IPD Orgânicos
Estima-se que as exportações de produtos
orgânicos brasileiros, no ano de 2010,
tenha ultrapassado 250 milhões de dólares,
apresentando um crescimento superior a
20% nos últimos cinco anos.
b) Principais Estados Produtores:
Os principais estados brasileiros que contém
estabelecimentos orgânicos são: Bahia, Minas Gerais,
Rio Grande do Sul, Paraná, Pernambuco, Ceará, Piauí,
São Paulo e Paraíba. Os mais representativos, com
48% destes estabelecimentos, são Bahia, Minas
Gerais, Rio Grande de Sul e Paraná.
Em termos de número de estabelecimentos
certificados, o Paraná lidera com 909; em seguida
encontram-se Rio Grande do Sul, com 662; Minas
Gerais, com 641; Bahia, com 453; São Paulo, com
451; e Santa Catarina, com 353.
Contudo, outras criações também se destacam como
ovinos, galináceos e suínos. Os cultivos de maior
importância são milho, mandioca, horticultura e arroz. Na
figura 020, o Instituto de Promoção e Desenvolvimento
- IPD Orgânicos, relacionou as atividades orgânicas no
estado gaúcho, com informações obtidas no IBGE.
Figura 020
Fonte: IBGE Elaboração: Instituto Promoção Desenvolvimento - IPD Orgânicos
c) Agricultura Orgânica como Inclusão Social:
A agricultura familiar é o sistema rural da
maioria dos estabelecimentos brasileiros. São
cerca de 5 milhões de estabelecimentos em
todo o território nacional, sendo 84% destes
geridos pelas propriedades com base familiar.
Verificou-se que dos 90.497 estabelecimentos
orgânicos brasileiros, 83% são empreendidos
pela agricultura familiar, denotando o
predomínio e a relevância deste modelo de
produção para o país no quesito da garantia
da segurança alimentar e do aumento das
oportunidades para a inclusão social.
No gráfico seguinte, podemos observar os
estabelecimentos orgânicos por estado,
no que se refere ao porte do produtor,
ou seja, se é administrado por agricultor
familiar ou se é por não familiar:
Figura 021
Fonte: IBGE Elaboração: Instituto Promoção Desenvolvimento - IPD Orgânicos
3.2.4. Biodiesel
a) Informações Gerais:
Os Estados Unidos são o maior produtor mundial de biodiesel, fornecendo cerca de
3,6 bilhões de litros ao ano para o mercado. A Alemanha manteve-se como maior
produtor mundial ao longo da última década, seguida de Brasil e Argentina.
O Brasil envolve aproximadamente 103 mil famílias na produção de biodiesel, gerando
mais de 1,3 milhões de empregos na cadeia produtiva do setor.
Em 2012, o Brasil produziu 2,7 bilhões de litros de biodiesel. O Rio Grande do Sul
ocupa o primeiro lugar em produtividade no país, tendo produzido aproximadamente
800 milhões de litros de biodiesel em 2012.
Fonte: ANP
No gráfico 124, observa-se os principais
países produtores de biodiesel, com suas
devidas produções anuais, quantificadas
em bilhões de litros. Tem-se uma forte
concentração nos quatro primeiros
colocados, que, conjuntamente somam mais
de 9 bilhões de litros, o que equivale a 65%
do total produzido no mundo, chegando a
14 bilhões de litros anualmente.
Gráfico 124
Elaboração: Biodiesel BR
b) Matéria-Prima usada na Fabricação do Biodiesel:
c) Benefícios do Biodiesel na Redução de Poluentes:
A diversificação é um fator importante para evitar a dependência de uma única
matéria-prima. A Canola, é uma alternativa de rotação ao trigo durante o inverno,
servindo também como fonte de óleo para a produção de biodiesel. O Governo
Federal receia que um aumento no preço da matéria-prima principal (soja) pressione
o preço do biodiesel para cima, tornando-o muito caro, pois o valor do óleo vegetal,
atualmente, é mais alto que o do óleo derivado do petróleo.
O óleo vegetal derivado do biodiesel é comprovadamente menos poluente que o óleo
oriundo do petróleo. A redução na emissão de gases poluentes na atmosfera, pode chegar
a 57%, dependendo do produto usado como matéria-prima na produção do biodiesel.
A figura 022, ilustra o benefício do óleo vegetal para a natureza.
No gráfico a 125, relacionou-se as principais matérias-primas utilizadas na
produção de biodiesel no país em 2011.
Gráfico 125
Fonte: Agência Nacional do Petróleo - ANP
Elaboração: CAPC - AL
Figura 022
O Brasil tem a intenção de aumentar o percentual de biodiesel que é adicionado ao diesel
derivado do petróleo. Em 2010, a adição foi de 5% de biodiesel. Pretende-se chegar a
10% em 2014 e, em 2020, a 20% de biodiesel adicionado ao diesel convencional.
Na figura 023, ilustra-se o cenário projetado com o aumento da adição de biodiesel no país:
Gráfico 126
Fonte: Agência Nacional do Petróleo - ANP
Figura 023
Fonte: APROBIO
d) O Rio Grande do Sul na Produção de Biodiesel
Segundo a Agência Nacional de Petróleo – ANP, o estado gaúcho é, atualmente, o maior
produtor de biodiesel do país, seguido por Goiás, Mato Grosso, São Paulo e Paraná.
No gráfico 126, observa-se um grande crescimento na produção de biodiesel no Rio
Grande do Sul, chegando a 167% em três anos.
Na tabela 021, observa-se o incremento da produção de biodiesel no Estado:
anos
2008
2009
2010
2011
Produção (m³)
306.056
454.189
605.998
862.110
Tabela 021
Fonte: APROBIO - Associação dos produtores de Biodiesel do Brasil
Elaboração: CAPC – AL
Segundo a Agência Nacional do Petróleo, há 65 plantas industriais de biodiesel em
operação no país. Destas, cinco estão localizadas no Estado nos municípios de Rosário
do Sul, Passo Fundo, Cachoeira do Sul, Veranópolis e Erechim.
Recentemente, 20 novas usinas foram aprovadas, sendo sete para o Rio Grande do Sul,
nos municípios de Canoas, Muitos Capões, Passo Fundo, Ijuí, Camargo Corrêa e duas em
Veranópolis, consolidando o Estado como o maior produtor do país.
Na figura 024, observa-se que o Programa de
Biodiesel implantado no país teve no Rio Grande do
Sul uma influência positiva sobre a indústria gaúcha.
A quota de mercado das indústrias fabricantes de
biodiesel no Estado partiu de 29%, em 2008, para
39%, em 2011, ou seja, verificou-se um aumento
de 10% no mercado brasileiro nos últimos anos.
Atualmente a capacidade industrial instalada é de 2,5 a 3 bilhões de litros e a
produção gaúcha de biodiesel está bem abaixo da capacidade das indústrias, pois
produzimos mais de 860 milhões de litros anualmente.
O faturamento das indústrias gaúchas é de R$ 1,8 bilhão, gerando R$ 130 milhões em
ICMS. Estima-se que 38 mil famílias estejam envolvidas na cadeia do biodiesel no Estado.
Figura 024
Fonte e Elaboração:
APROBIO – Associação dos Produtores de Biodiesel do Brasil
3.3. Atividades do Setor Pecuário
A sequência na descrição das atividades do setor pecuário
obedecerá a posição no valor bruto da produção elaborado pelo
IBGE, ou seja, a atividade que gera maior receita bruta no Estado
será a primeira a ser descrita.
Usando esse critério, iniciaremos pela pecuária de corte, seguindo
pela pecuária leiteira, pela suinocultura, pela avicultura e pela
ovinocultura. Em função da crescente geração de renda e empregos
no Rio Grande do Sul, incluiremos a equideocultura na relação das
atividades do setor pecuário que mais se destacam no estado gaúcho.
Estudo realizado pela Organização das Nações Unidas para
Alimentação e Agricultura (FAO), fez uma previsão para a
produção e o consumo da proteína animal no ano de 2020,
analisando a distribuição da proteína no mundo e suas possíveis
abundância ou deficiência em diversas regiões do planeta.
Foram analisadas a carne bovina, suína e de frango, sendo
que as figuras de animais em azul indicam abundância do
produto, enquanto as coloridas em vermelho preveem a falta de
determinada proteína animal naquela região do mundo.
No Brasil, nota-se uma boa oferta de carne bovina,suína e de
frango, sem nenhuma previsão de deficiência no ano de 2020. Na
figura 025, observamos uma previsão na distribuição da proteína
animal no mundo, no ano de 2020:
Figura 025
Fonte: Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO)
3.3.1. Pecuária de Corte
a) Informações Gerais:
O consumo mundial de carne vermelha tem apresentado um forte crescimento nos últimos
anos. Em 2000, o volume consumido de carne de frango, de suínos, de ovinos e de bovinos
foi de 229 milhões de toneladas. Em 2005, ultrapassou 250 milhões de toneladas, chegando
em 2011, a aproximadamente 287 milhões de toneladas consumidas no planeta.
Como projeção de consumo, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação
e a Agricultura (FAO) estima que no ano de 2015, 308 milhões de toneladas
de carne serão consumidos. Em 2020, 339 milhões de toneladas, derivadas da
bovinocultura de corte, suinocultura, ovinocultura e avicultura.
Dentro do panorama de consumo das principais carnes produzidas no mundo, a carne
bovina também tem apresentado um crescimento significativo. Em 2000, o consumo
foi de 59 milhões de toneladas; em 2005, de 62 milhões de toneladas; chegando, em
2011, a 65 milhões de toneladas consumidas de carne bovina no mundo.
Projetando o consumo, a FAO estima que, no ano de 2015, o mundo consumirá
cerca de 69 milhões de toneladas de carne bovina e, em 2020, chegaremos a
cerca de 74 milhões de toneladas.
O rebanho destinado à pecuária de corte no Brasil, é de aproximadamente 180
milhões de cabeças, credenciando-se como o segundo maior produtor mundial,
atrás, apenas, dos Estados Unidos. A produção nacional, em sua grande maioria,
é consumida no próprio país. Exportamos em torno de 25% da carne produzida, o
que nos caracteriza como o maior exportador de carne bovina no mundo.
b) Rebanho:
Na figura 026, observa-se a posição
brasileira no ranking mundial agrícola,
no ano de 2011. Somos o primeiro
colocado em diversas atividades
agropecuárias, tanto na produção,
quanto na exportação dos produtos,
caracterizando o Brasil como um líder
mundial na produção de alimentos.
Conforme demonstra o gráfico 127, o rebanho de bovinos de corte no Estado no
ano de 1997, era de 13,6 milhões de cabeças; em 2004, chegou-se a 14,6 milhões;
atingindo em 2010, 14,4 milhões de bovinos.
Gráfico 127
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC - AL
Segundo o Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados (SICADERGS), no Rio Grande do
Sul, o rebanho, em 2012, está estimado em 13 milhões de cabeças, de um total nacional
de 180 milhões de cabeças. Somos o sexto Estado em número de cabeças, entre os
demais estados da federação, ultrapassado apenas pelo Mato Grosso, Minas Gerais,
Mato Grosso do Sul, Goiás e Pará.
Figura 026
c) Desfrute Anual:
No Rio Grande do Sul, o número total de cabeças
abatidas em 1997 com inspeção estadual e
federal foi de 1,5 milhões; em 2002, 1 milhão;
em 2011, 1,84 milhões. A produção de carnes
em 1997 foi de 331,7 mil toneladas; em 2006,
de 452,8 mil toneladas; em 2011, de 422,6 mil
toneladas produzidas no Estado sob a inspeção
do CISPOA ou SIF.
No gráfico 128, observa-se a evolução do número
de cabeças abatidas e a produção de carnes no
Estado nos anos de 1997 e 2011:
d) Exportação de Carne Bovina:
A exportação de carne em 1997, foi de 14 mil toneladas no Rio Grande do Sul; em 2006
de 240,5 mil toneladas; em 2011 de 86,7 mil toneladas, aproximadamente 20% do total
comercializado. Num comparativo, desde o ano de 2004, observou-se que a quantidade de
carne exportada como in natura foi menor que a industrializada. Em 2006, chegou a 75%
do total. A partir de 2007, a carne industrializada, manteve-se com a maior quantidade
(toneladas) destinadas à exportação, chegando a 70% do total, com 60,2 mil toneladas.
Os principais países importadores de carnes bovinas in natura são a Venezuela e o Chile, da
América do Sul; da Europa, a Rússia, a Inglaterra, a Holanda, a Ucrânia e a Itália; da Ásia, a
Jordânia e Líbano; e da África, o Egito e Angola. Os principais países importadores de enlatados
são: da América do Sul, o Paraguai; da América do Norte: os Estados Unidos e o Canadá; da
Europa: a Inglaterra, a Holanda e a Alemanha; da Ásia: o Irã, a Jordânia, o Líbano, o Iraque e
a Arábia Saudita, totalizando 110 países que importam carne bovina do Rio Grande do Sul.
No Brasil, a exportação de carne bovina também apresenta um crescimento bastante
significativo nos últimos anos. Os principais mercados de destino das exportações brasileiras de
carne bovina, em 2012, são apresentados no gráfico abaixo:
Destino das exportações brasileiras de carne bovina em 2012
Gráfico 128
Fonte: SICADERGS - Elaboração: CAPC - AL
Gráfico 129
Fonte: ABIEC - Elaboração: CAPC - AL
e) Industrialização na Cadeia Produtiva:
Gráfico 130
Fonte: MAPA - Elaboração: CAPC – AL
Em 2005, o Rio Grande do Sul realizou a sua
primeira exportação de boi em pé, tendo sido
exportadas 38,5 mil cabeças.
Atualmente, no Rio Grande do Sul, existem em torno de 700 plantas frigoríficas
instaladas com inspeção estadual, federal e municipal, sendo 22 com SIF e 90 com
CISPOA, cuja capacidade total para abate é de 3,5 milhões de cabeças anualmente.
O ápice das exportações brasileiras, nesta
modalidade, foi em 2010, quando o país exportou
642,7 mil cabeças. Já no estado gaúcho foi em
2006, quando embarcou mais de 40 mil cabeças.
Em 2011, a exportação brasileira foi de 401,9
mil cabeças e o Rio Grande do Sul embarcou
cerca de 17,8 mil cabeças de boi em pé.
Se considerarmos somente os últimos três anos, a média anual de abate foi de 1,72
milhões de cabeças abatidas, correspondendo a 49,3 % da capacidade total dos
frigoríficos gaúchos, isso significa a existência de uma estrutura ociosa nos frigoríficos.
f) Consumo de Carne:
g) Market Share do Brasil na Carne Bovina:
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos
elaborou um comparativo relacionado ao consumo de
carne por habitante em alguns países do mundo.
A participação do Brasil nas exportações mundiais de carne bovina no ano de 2011
ultrapassou 26% do total exportado. Os gráficos da figura 027 mostram o cenário em
2011 e a previsão para 2022:
A tabela 022 mostra que o Brasil, no ano de 2000,
consumia em média, 34,6 kg de carne bovina por habitante,
aumentando para 38,1 kg em 2011. Também em 2011, os
Estados Unidos consumiu 37,5 kg de carne bovina por
habitante, a Europa 15,5 kg, e a China apenas 4,1 kg de
carne bovina na média por habitante daquele país.
Consumo de carne por habitante, Kg/Hab
Tabela 022
Fonte: USDA (janeiro 2012) - Elaboração: Dept. do Agronegócio da FIESP
Figura 027
h) Status Sanitário do Rebanho do Rio Grande do Sul
em Relação à Febre Aftosa:
Detectada em 1895 a febre aftosa é um vírus que ataca bovinos e suínos. Contagioso
pode ser transmitido através do contato entre animais, da contaminação do solo e da
água, e, pelo vento. Pode ser transportado por até 90 km.
Os sintomas nos animais podem ser detectados por meio de lesões na boca, língua
e patas, impedindo-os de pastar e causando perda de peso e de produção leiteira. O
animal infectado elimina o vírus por todas as secreções e excreções, contaminando
o meio ambiente. Os produtos derivados de animais infectados, tais como, carne in
natura, leite, manteiga, etc. podem contaminar outros animais suscetíveis.
• ÚLTIMO FOCO no BRASIL: 2005
• ÚLTIMO FOCO no Rio Grande do Sul: 2001
• STATUS ATUAL do Rio Grande do Sul: Área Livre de Febre Aftosa com
Vacinação (reconhecimento 1998)
• STATUS TOP: Área Livre de Febre Aftosa sem Vacinação
A distinção entre país ou área livre com ou sem vacinação é importante para
o comércio, uma vez que países como o Japão e a Coreia, por exemplo, preferem
comprar carne de regiões livres, sem vacinação. No Brasil, apenas o estado de Santa
Catarina possui o status de área livre de aftosa sem vacinação.
As causas de introdução de aftosa são o contato com animais suscetíveis de países
vizinhos, a entrada de animais e de seus subprodutos por aeroportos, portos e
fronteiras terrestres, ingresso de pessoas e de veículos que carreguem o vírus e, falhas
nas medidas de biossegurança nos laboratórios, entre outros.
i) Intensificação da Pecuária de Corte:
Nos últimos anos, a pecuária de corte tem
tido uma intensificação na lotação (cabeças
por hectare), ou seja, está havendo um
incremento na eficiência produtiva das
propriedades rurais.
j) Integração Lavoura-Pecuária-Floresta:
No gráfico 131, observa-se que no ano de 1990,
o país tinha mais de 178 milhões de hectares com
pastagens, porém uma lotação de pouco mais de 0,8
cabeça por hectare de campo. Com o passar dos anos,
foi diminuindo a área disponível com pastagens. No
entanto, houve um aumento na lotação do campo, com
mais gado na mesma área de pastagem.
Desenvolvida pela Embrapa, este consórcio permite a produção de carne, de grãos
e de florestas em uma mesma área, levando à total otimização da produção e
conservação dos recursos naturais. Atualmente, trata-se de uma das mais importantes
práticas conservacionistas aplicadas ao campo.
Em função do aumento da eficiência dos produtores rurais
nos últimos anos, chegamos, em 2011, a 171,5 milhões de
hectares destinados a pastagens e uma lotação em torno
de 1,25 cabeças de gado por hectares de campo.
k) Valor Bruto da Produção:
Gráfico 131
Segundo o Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados no Rio Grande do Sul (SICADERGS),
o faturamento na cadeia da carne no Estado é de, aproximadamente, R$ 2,2 bilhões
anualmente, com recolhimento de aproximadamente R$ 50 milhões de ICMS ao Estado.
3.3.2. Pecuária de Leite
a) Informações Gerais:
A cadeia produtiva da pecuária leiteira movimenta no Brasil cerca de R$
50 bilhões anualmente, com aproximadamente 1,3 milhão de produtores,
distribuídos nas várias regiões do país.
O consumo médio de leite anual do povo brasileiro é de aproximadamente 170 litros.
A atividade leiteira no Rio Grande do Sul se constitui como umas das principais
no contexto agropecuário dos gaúchos, pois aproximadamente 450 municípios
(90% do total) produzem leite, sendo que o Estado é o segundo maior produtor
do país, com 11% do total brasileiro.
Atualmente, no Estado, existem aproximadamente 121 mil produtores de leite. Porém,
apenas 51,5 mil produtores possuem Sistema de Inspeção Federal (SIF).
Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, 68% dos
produtores estão na região noroeste do Rio Grande do Sul, 10% na Campanha
Oriental, 7% no Nordeste, 7% no Sudeste, 4% na região Metropolitana, 2% no
Sudoeste e 2% na Campanha Ocidental do Estado.
b) Rebanho:
O mapa da figura 028 mostra as principais
regiões produtores de leite no Rio Grande do Sul.
Identificamos 7 (sete) regiões que produzem leite.
Conforme demonstra o gráfico 132, o rebanho com vacas ordenhadas no Estado no
ano de 1997 foi de 1,1 milhão de cabeças; em 2008 foi de 1,41 milhões; chegando
em 2010 a 1,49 milhões de vacas ordenhadas para a produção leiteira.
Gráfico 132
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC – AL
Figura 028
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC – AL
c) Produção:
Conforme demonstra o gráfico 133, a produção de leite no Estado no ano de 1997, foi
de 1,91 bilhão de litros; em 2008 chegou a 3,31 bilhões; e em 2010, a 3,63 bilhões
de litros de leite produzidos por ano; em 2011 a produção foi de 3,87 bilhões de litros,
sendo a maior do período analisado, permanecendo o Estado como o segundo maior
produtor no país, atrás, apenas, de Minas Gerais.
Na tabela 023, comparamos os anos de 2010 e 2011, observando o crescimento e o
percentual da produção dos principais estados produtores.
2010
(bilhões
litros)
2011
(bilhões
litros)
Minas Gerais
8,38
8,76
Rio Grande do Sul
3,63
Paraná
3,59
Goiás
Taxa
% do total
Crescimento
4,5%
27,3
3,93
7,4%
11,8
3,90
9,3%
11,7
3,19
3,65
5,4%
10,4
Santa Catarina
2,38
2,57
8,1%
7,8
São Paulo
1,60
1,59
-0,8%
5,2
Bahia
1,23
1,35
9,4%
4,0
Pernambuco
0,87
0,96
10%
2,9
Rondônia
0,80
0,84
4,7%
2,6
Mato Grosso
0,70
0,73
3,8%
2,3
Tabela 023
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC - AL
Gráfico 133
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC – AL
No Estado, a região noroeste corresponde a aproximadamente 68% da produção
de leite cru refrigerado com inspeção federal, sendo a grande região produtora. A
segunda colocada é a região nordeste, que aparece com apenas 10% da produção. A
terceira é a região da campanha oriental, com 8% do total produzido.
No gráfico 134, constam as regiões produtoras e suas quantidades, em litros,
produzidas anualmente. Notadamente destacamos a região Noroeste, com mais
de 2/3 da produção do Estado.
Em 2011, a importação brasileira de lácteos foi o equivalente a 781 milhões de dólares e as
exportações a 262 milhões de dólares. A Argentina liderou as exportações de leite em pó para
o Brasil com 429 milhões de quilos, seguida do Uruguai, com 341 milhões de quilos exportados.
Pesquisa realizada por uma empresa fornecedora de embalagens de leite longa vida revela que
existem 2,7 bilhões de novos consumidores de produtos lácteos nos países em desenvolvimento,
especialmente na China, na Índia, na Indonésia, no Brasil, no Paquistão e no Quênia.
No gráfico 135, temos a média “mix” de comercialização no Rio Grande do Sul no período de janeiro
a abril de 2012. Nele é possível observar que o leite UHT ultrapassa 50% do total comercializado,
seguido pelo leite em pó com pouco mais de 26% do total e o queijo mussarela com 4,78%.
Gráfico 134
Fonte: MAPA
c) Destino da Produção:
Segundo o Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados do Estado do Rio Grande do Sul
(SINDILAT), possuímos no Estado 232 estabelecimentos de laticínios, sendo 162 indústrias e 70 postos
de resfriamento de leite cru. O mercado gaúcho consome apenas 40% do leite e de seus derivados
produzidos no Estado. Por isso, temos a necessidade de vender para outros estados e exportar.
Gráfico 135
Fonte e Elaboração: CONSELEITE - RS
d) Industrialização na Cadeia Produtiva:
O aumento crescente na captação de leite nos últimos anos ainda não supre a capacidade
industrial instalada no Estado, pois podemos processar mais de 7 bilhões de litros anualmente e
fecharemos o ano de 2012 com apenas 4,4 bilhões captados dos produtores. Segundo o SINDILAT,
a guerra fiscal entre os estados e a localização geográfica do Rio Grande do Sul, distante dos
centros consumidores, contribuem decisivamente para a ociosidade industrial do setor. No mapa
da figura 029, tem-se a localização das principais industrias processadoras de leite no Estado.
No gráfico 136, podemos observar o crescimento no processamento de leite em Santa
Catarina e no Paraná, principalmente em função de benefícios fiscais que atraíram
novas indústrias para aqueles estados, aumentando sua estrutura industrial para o
processamento do leite.
Figura 029
Elaboração: SINDILAT
Gráfico 136
Fonte: Associação Brasileira dos Produtores de Leite - Elaboração: CAPC – AL
e) Importação e Exportação:
Segundo o Conselho Estadual do Leite (CONSELEITE), a posição atual da produção
e das plantas industriais do Rio Grande do Sul retrata um cenário de ociosidade
industrial, que ultrapassa 40% da capacidade das indústrias processadoras de leite,
quando o ideal seria uma ociosidade de 15%.
Nos últimos anos, a importação brasileira de lácteos tem tido um constante
crescimento. Em contrapartida nossas exportações estão em declínio. Isso
afeta diretamente a produção brasileira e do Estado, achatando a renumeração
recebida pelos produtores de leite.
A produção média diária de leite no Estado em 2012 foi de aproximadamente 9 milhões
de litros, sendo que o ideal seria uma produção diária em torno de 13,7 milhões de
litros. Na figura 030, temos um resumo da situação industrial no Estado:
Na figura 031, observam-se as quantidades em quilos exportadas e importadas pelo
Brasil nos últimos anos:
Figura 030
Fonte: CONSELEITE
Figura 031
Fonte: MDIC
f) Consumo Per Capita Mundial e Brasileiro:
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o consumo ideal de leite para o ser
humano, é algo em torno de 220 litros por ano. Esse valor oscila muito entre os países,
pois temos um consumo de apenas 28 litros por ano na China e de até 300 litros de
leite por cada habitante da Nova Zelândia.
No gráfico 137, podemos observar o consumo per capita (litros/ano) de vários países
comparativamente ao consumo indicado pela OMS:
Levantamento da Organização das Cooperativas Brasileiras
(OCB) retratou um forte incremento no consumo per
capita no Brasil. Em 1980, o brasileiro consumia em torno
de 106 litros de leite anualmente. Em 1996 chegou a 133
litros por habitante. Em 2010, atingiu 163 litros de leite
consumido na média, por cada brasileiro.
Em 2011 e 2012, estimava-se um consumo próximo
a 170 litros de leite por ano, conforme o gráfico 138.
Isto se deve as campanhas que tem sido realizadas
pelo governo, fomentando o consumo.
Gráfico de barras com os países
Gráfico 137
Gráfico 138
Fonte: IBGE, MAA, MF, SECEX/MDIC - Elaboração: OCB, CNA, Leite Brasil, Embrapa Gado de Leite
g) Geração de Emprego e Renda:
A cadeia produtiva da pecuária leiteira é forte geradora de empregos, de renda, e
de tributos. Segundo o CONSELEITE-RS, o aumento de R$ 1 milhão na demanda por
produtos lácteos gera, aproximadamente, 197 empregos diretos, superando setores
como o calçadista, o têxtil, o eletrônico, entre outros.
h) Valor Bruto da Produção:
Conforme demonstra o gráfico 140, o valor obtido com a produção leiteira no Estado
em 1997, foi de R$ 420 milhões; em 2007, R$ 1,56 bilhões; em 2010, foi de R$ 2,29
bilhões, sendo o maior valor do período analisado.
No gráfico 139, temos uma estimativa de geração de empregos, para um aumento de
demanda em R$ 1 milhão, em setores selecionados:
Gráfico 140
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC – AL
Gráfico 139
Fonte: CONSELEITE/RS - Elaboração: CAPC – AL
A cadeia produtiva do leite no Estado, que vai desde o produtor até a indústria,
movimenta, anualmente, cerca de R$ 5,9 bilhões, representando aproximadamente
2,7% da riqueza gerada no Rio Grande do Sul.
3.3.3. Suinocultura
a) Informações Gerais:
Estudos e investimentos na suinocultura posicionaram o Brasil em quarto lugar no
ranking de produção e de exportação mundial de carne suína. Alguns elementos como
sanidade, nutrição, bom manejo da granja, produção integrada e, principalmente,
aprimoramento gerencial dos produtores, contribuíram para aumentar a oferta interna
e colocar o país em destaque no cenário mundial.
Especialistas brasileiros também investiram na evolução genética da espécie por
20 anos, o que reduziu em 31% a gordura da carne, 10% do colesterol e 14% de
calorias, tornando a carne suína brasileira mais magra e nutritiva, além de saborosa.
Como consequência de investimentos, a produção vem crescendo em torno de 4%
ao ano, sendo os estados de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul os principais
produtores de suínos do país. Atualmente, o Brasil contribui com 10% do volume
exportado de carne suína no mundo, com resultado superior a US$ 1 bilhão por ano.
A produção brasileira de carne suína atende o mercado doméstico e gera
excedentes exportáveis, sendo as importações pouco representativas, em
torno de US$ 100 milhões ao ano.
b) Rebanho:
c) Produção:
Os estados que mais produzem suínos no país são Santa Catarina, Rio Grande do Sul,
Paraná, São Paulo, Minas Gerais e Goiás. A produção de suínos desses estados representa
mais de 88,6% da produção brasileira. Atualmente, o Rio Grande do Sul é o segundo
maior produtor nacional de suínos, sendo precedido apenas por Santa Catarina.
Conforme demonstra o gráfico 141, o rebanho com
suínos no Estado no ano de 1997 era de 4 milhões de
cabeças. Em 2007 somava 5,19 milhões, chegando,
em 2010, a 5,72 milhões, sendo o maior do período.
Na tabela 024, observam-se os principais estados produtores e seus respectivos
percentuais de participação na produção total:
Estados
2011
Santa Catarina
28,2 %
Rio Grande do Sul
22,3 %
Paraná
17,4 %
Minas Gerais
10,7 %
São Paulo
5,4 %
Goiás
4,6 %
Soma
88,6 %
Demais Estados
11,4 %
Brasil
100 %
Tabela 024
Fonte: SIPS
Gráfico 141
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC – AL
A evolução dos abates de suínos nos principais estados produtores tem demonstrando
um forte crescimento no Mato Grosso (40,7%), no Mato Grosso do Sul (24,4%), no
Paraná (23,1%) e em Minas Gerais (19,1%), em contraponto ao baixo crescimento no
estado gaúcho com apenas 1,13% nos últimos anos.
d) Destino da Produção:
O Rio Grande do Sul é o principal exportador de carne suína do Brasil, com mais de
40% do total das exportações brasileiras no ano de 2010. Segundo o SIPS, somos
seguidos pelos estados de Santa Catarina e Paraná na quantidade de carne suína
exportada. Em 2009, a carne suína ocupou a oitava posição entre os principais
produtos exportados pelo Estado e, em 2010, subiu para a sexta colocação.
O Rio Grande do Sul tem apresentado um forte incremento nos abates anuais de
suínos. Conforme o Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos do Rio Grande do
Sul (SIPS), em 1985 o Estado abatia cerca de 1,5 milhões de cabeças anualmente.
Ultrapassou 3 milhões de cabeças abatidas em 1996 e rompeu a marca de 6 milhões
de cabeças em 2007. Em 2011, foram abatidas 6,73 milhões de cabeças, e as
agroindústrias produziram mais de 650 mil toneladas de carne suína.
Entre os principais destinos da carne suína gaúcha, encontram-se países como Rússia,
Argentina, Hong Kong, Cingapura, Angola, Ucrânia, Uruguai e Cazaquistão que,
conjuntamente, correspondem a mais de 96% das exportações de produtos suínos no estado.
No gráfico 142, observa-se a evolução do abate de suínos:
No gráfico 143, podemos observar os principais destinos das exportações gaúchas de
carne suína sob inspeção federal, no ano de 2010:
Destino das exportções de carne suína do RS em 2010
L
Gráfico 142
Gráfico 143
Fonte: SIPS/RS - Elaboração: CAPC – A
Além da exportação que equivale a aproximadamente 31% da produção de carne
suína do Estado, 20,5% da produção é consumida no Rio Grande do Sul, e cerca de
48% nas outras unidades da Federação.
Segundo a Fundação de Economia e Estatística (FEE), a restrição à carne suína gaúcha, em 16
meses, de junho de 2011 até setembro de 2012, fez com que o Estado deixasse de comercializar
450 milhões de dólaresára a Rússia.
No gráfico 144, observa-se a destinação da produção suína gaúcha, com suas
quantidades e percentuais, destinadas ao mercado interno e externo no ano de 2011.
No gráfico 145, o Sindicato das Indústrias dos Produtos Suínos do RS (SIPS) relaciona os principais
mercados com acesso à carne suína brasileira. Podemos observar então que as restrições sanitárias
à exportação de carne suína do país têm um forte reflexo na quantidade e na receita que deixa de
ser gerada pelo setor suinícola. Com relação à redução da quantidade exportada, os países que
mais influenciam são o Japão que detém 24% do mercado mundial, Estados Unidos com 10%,
México e Coreia do Sul. Se analisarmos a redução na geração de receita da cadeia produtiva
dos suínos, os países que mais afetam são o Japão com 46% da renda gerada pela suinocultura
Em 2012, deveremos ter uma diminuição na quantia exportada e no faturamento
do setor, principalmente em função do embargo do Governo Russo à carne
suína do Rio Grande do Sul.
mundial, Estados Unidos com 10%, entre outros.
Destinação da Produção RS
Efeito das Restrições Sanitárias na Exportação da Carne Suína do Brasil
Gráfico 144
Fonte e Elaboração: ABIPECS/SIPS
Gráfico 145
Fonte e Elaboração: SIPS
e) Market Share do Brasil na Carne Suína:
A participação do Brasil nas exportações mundiais de carne suína, no ano de 2011,
ultrapassou 10% do total exportado. Tem-se a expectativa de um aumento significativo
nas exportações nos próximos anos, conforme mostra o gráfico 146.
f) Localização da Produção no Rio Grande do Sul:
A produção de suínos está concentrada principalmente na região norte do Rio Grande
do Sul, ocupando uma faixa de leste a oeste desta parte do Estado. Esporadicamente
encontra-se produção de suínos com finalidade comercial na metade sul, porém, a
grande maioria é para consumo próprio, na propriedade rural.
No mapa da figura 032, podemos observar as principais regiões produtoras, com sua
devida localização e os municípios que mais produzem em cada região.
Gráfico 146
Figura 032
Fonte e Elaboração: SIPS
g) Geração de Empregos e Renda:
Segundo a Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (ACSURS), no
Estado possuímos aproximadamente 10 mil produtores de suínos, gerando 14 mil
empregos diretos e 164 mil indiretos. Aproximadamente 600 mil pessoas dependem
da atividade. São mais de 175 mil famílias, correspondendo a cerca de 5,5% da
população gaúcha, distribuídas em mais de 300 municípios do Rio Grande do Sul.
A suinocultura é uma atividade muito importante na composição da renda das
pequenas e médias propriedades, na fixação do homem no campo e na transversalidade
com outras cadeias produtivas, em especial, com a pecuária leiteira. A “Matriz de
Insumo-Produto” computada pela Fundação de Economia e Estatística (FEE) fornece
indicadores de impacto de 44 setores produtivos, nos quais estão classificadas as
atividades econômicas do Rio Grande do Sul.
Indicadores da Matriz de Insumo-Produto do Rio Grande do Sul:
h) Consumo de Carne Suína:
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos elaborou um estudo comparativo
relacionado ao consumo de carne por habitante.
A tabela 025 mostra que o Brasil, no ano de 2000, consumia, em média, 10,4 quilos
de carne suína por habitante, elevando para 13 quilos em 2011. Também em 2011, os
Estados Unidos consumiram 26,8 quilos de carne suína por habitante, a Europa 40,2
quilos , e a China mais de 37 quilos de carne suína na média por habitante daquele país.
Consumo de carne por habitante, kg/hab
• Multiplicador da Produção: para cada R$ 1,00 de demanda no setor de suínos
há efeitos multiplicadores da produção de R$ 3,0459;
• Multiplicador de emprego: cada R$ 1,0 milhão de demanda no setor gera 5
empregos diretos, 47 empregos indiretos e 22 por efeito renda.
O Setor de Abates é o segundo setor mais dinâmico da economia do Rio Grande do Sul
medido pelo seu poder de multiplicar a produção. Segundo a FEE, isso significa que o gasto
em demanda de seus produtos gera forte impacto indireto e de efeito-renda nos demais
setores da economia gaúcha. O Setor de Abates é, ainda, um dos setores importantes
da economia do Estado em termos de empregos que proporciona em outros setores, na
proporção de 5 empregos diretos para 69 empregos por via indireta e por efeito-renda.
Tabela 025
Fonte: USDA (janeiro 2012) - Elaboração: Dept. do Agronegócio da FIESP
j) Participação dos Segmentos na Cadeia Produtiva da Carne Suína:
Diversos setores produtivos participam na geração de receita, obtida na cadeia produtiva
da carne suína. Segmentos como distribuição e varejo, insumos industriais, abate e
processamentos, insumos para grãos, entre outros, compõem a formação da receita obtida.
Dentro do panorama de consumo que leva em conta as principais carnes produzidas
no planeta, a carne suína tem apresentado um crescimento significativo. Em 2000,
o consumo foi de aproximadamente 90 milhões de toneladas. Em 2005, foi cerca de
98 milhões de toneladas, chegando, em 2011, em torno de 109 milhões de toneladas
consumidas de carne suína no mundo.
Projetando o consumo, a Organização das Nações Unidas para Agricultura e
Alimentação (FAO), estima que no ano de 2015 o mundo consumirá algo em torno
de 116 milhões de toneladas de carne bovina e, em 2020, chegaremos a um consumo
próximo de 127 milhões de toneladas.
No gráfico 147, observam-se os principais segmentos da cadeia produtiva, com seus
respectivos percentuais de participação:
i) Custo de Produção e Valor do Produto:
Os anos de 2011 e 2012 tiveram uma caracterização diferenciada pela valorização
global das principais commodities, especialmente do milho, o principal insumo na
alimentação do suíno, com projeção de continuidade.
Este fato implicou numa pressão forte no custo de produção das proteínas animais
que dele dependem, sem sustentação de repasse ao consumo. Soma-se a isto a
valorização do Real, impactando na exportação de carne suína.
Gráfico 147
3.3.4. Avicultura
a) Informações Gerais:
Nas últimas três décadas, a avicultura brasileira tem apresentado altos índices de
crescimento. Seu bem principal, o frango, conquistou os mais exigentes mercados.
O país se tornou um dos maiores produtores mundiais, sendo líder em exportação
de carne de frango. Atualmente, a carne nacional chega a 142 países. Outras aves,
como peru e avestruz, também têm se destacado nos últimos anos, contribuindo para
diversificar a pauta de exportação do agronegócio brasileiro.
Presente em todo território nacional, a carne de frango tem destaque na região
Sul, sendo os estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul os principais
fornecedores. A região Centro-Oeste, por ser grande produtora de grãos, vem crescendo
no setor e recebendo novos investimentos. Fatores como qualidade, sanidade e preço
contribuíram para aperfeiçoar a produtividade no setor.
O Brasil buscou modernização e empregou instrumentos como o manejo adequado
do aviário, sanidade, alimentação balanceada, melhoramento genético e produção
integrada. A parceria entre indústria e avicultores também contribuiu para a excelência
técnica em todas as etapas da cadeia produtiva, resultando em reduzidos custos de
transação e na qualidade, que atende às demandas de todo o mundo.
A taxa de crescimento de produção da carne de frango deve alcançar 4,22%,
anualmente, nas exportações, com expansão prevista em 5,62% ao ano, o
Brasil deverá continuar na liderança mundial.
Fonte: MAPA
b) Produção:
Em 1998, a avicultura gaúcha ocupava o segundo lugar na produção e na exportação de carne
de frango, onde o líder era o estado de Santa Catarina. O terceiro lugar era ocupado por São
Paulo e o Paraná era o quarto colocado. Nos últimos dez anos, o Paraná vem em constante
crescimento e assume, hoje, o primeiro lugar no ranking de produção brasileira de carne de frango.
Santa Catarina vem em segundo lugar e o Rio Grande do Sul está em terceiro lugar no ranking
da produção e da exportação brasileira de carne de frango, participando com cerca de 15% da
produção brasileira. Segundo a Associação Gaúcha de Avicultura (ASGAV), devido ao aumento
nos preços de milho e da soja e à falta de capital de giro, 2012 deverá ser o primeiro ano, dentre
os últimos dez, em que não haverá avanço real da produção de carne de frango. De acordo com
dados da associação, a produção deverá subir 2% no país, chegando a 13 milhões de toneladas,
o que é considerado apenas crescimento vegetativo. O mesmo se verifica no Rio Grande do Sul,
onde o ano promete fechar com 1,6 milhão de toneladas.
Conforme gráfico 148, o abate anual de frangos no Estado, em 1997, foi de 400 milhões de
frangos. Houve um aumento nos abates em 2010, com 807 milhões abatidos; em 2011, cresceu
3,7% e chegou a 833,8 milhões de aves, com volume de 1,6 milhão de toneladas produzidas.
Gráfico 148
Fonte: ASGAV - Elaboração: CAPC - AL
O Brasil, que ocupava a quarta posição
na produção mundial de carne de frango
no ano de 2000, subiu no ranking dos
países produtores e passou a dividir a
segunda posição com a China, com 16%
do total produzido. Os Estados Unidos se
mantêm na primeira colocação, com mais
de 20% da produção de carne de frango
do planeta, como demonstra o gráfico 149.
Produção mundial de carne de frango
Gráfico 149
Fonte: USDA - Elaboração: ICONE
c) Destino da Produção:
d) Market Share do Brasil na Carne de Frango:
O mercado interno absorve cerca de 70% da carne de frango produzida no Brasil, sendo o restante
exportado para outros países. Atualmente, aproximadamente 40% da carne exportada no mundo
tem origem brasileira. Segundo o Ministério da Agricultura, em 2018/2019 as exportações de carne
de frango deverão representar 90% do comércio mundial, o que indica que o Brasil continuará a
manter sua posição de primeiro exportador mundial de carne de frango. A importação de qualquer
tipo de ave para o Brasil é pouco significante, pois os produtos não concorrem com o preço e a
qualidade oferecidos pelo produto nacional. A exportação de frangos no Estado, em 2000, foi de
250 milhões de toneladas. Em 2003 chegou a 707 milhões de toneladas, tendo seu ápice em 2010,
com 800 milhões de toneladas. Em 2011 diminuiu para 744 milhões de toneladas exportadas.
A participação do Brasil nas exportações mundiais de carne de frango, no ano de 2011,
foi de aproximadamente 50% do total exportado. Tem-se a expectativa de um aumento
significativo nas exportações nos próximos anos, conforme mostra o gráfico 151.
No gráfico 150, observamos um comparativo entre os anos de 2010 e 2011 no que tange à
exportação de carne de frango do Brasil e dos principais estados produtores. No mesmo, constatamos
que o Rio Grande do Sul é o único estado da região sul do país que teve redução nas exportações
de carne de frango, chegando a mais de 7% o recuo de um ano para o outro. Os estados de Santa
Catarina e Paraná cresceram 4,4%, e o país aumentou 3,2% nas exportações.
Gráfico 150
Fonte: SECEX - Elaboração: CAPC - AL
Gráfico 151
e) Industrialização na Cadeia Produtiva:
f) Consumo de Carne:
O setor industrial gaúcho conta com uma cadeia bem estruturada que vai desde
a granja produtora até as indústrias processadoras de produtos avícolas. A seguir
alguns dados do Rio Grande do Sul:
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos
elaborou um comparativo relacionado ao consumo de carne
por habitante. Este comparativo encontra-se na tabela 025.
•
•
•
•
•
•
•
•
A tabela 026 mostra que o Brasil, no ano de 2000,
consumia, em média, 29 kg de carne de frango por
habitante, aumentando para 47,5 kg em 2011.
Ainda em 2011, os Estados Unidos consumiram 44,4
kg de carne de frango por habitante, a Europa 17,8
kg, e a China apenas 9,7 kg de carne de frango na
média por habitante daquele país.
Um frigorífico com Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (SISBI)
13 frigoríficos com inspeção federal
Sete frigoríficos com inspeção estadual
30 fábricas de rações
33 granjas produtoras de ovos (médio e grande porte)
300 mini e pequenas granjas produtoras de ovos
Duas indústrias de processamento de ovos (líquido/pó)
Oito agroindustriais de desenvolvimento genético
g) Regiões produtoras de Frango no País:
O consumo global de carne de frango teve um forte
acréscimo nos últimos anos, caracterizando-se como uma
das principais carnes consumidas no mundo.
A região Sul do País, compreendida pelos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio
Grande do Sul, concentra grande parte da produção avícola brasileira, ultrapassando
46% do total produzido. Em segundo lugar, está a região Sudeste, com 30% do total.
No gráfico a 152, observa-se a evolução do consumo no
mundo desde o ano 2000, quando foram consumidos 69
milhões de toneladas. Em 2005, atingiu-se 83 milhões de
toneladas, chegando a 100 milhões de toneladas em 2011. Se
prevê que, em 2015, o consumo seja próximo a 109 milhões
de toneladas e, em 2020, chegue a 122 milhões de toneladas.
No mapa da figura 033, observa-se a distribuição do rebanho de frango no Brasil:
Figura 033
Fonte e Elaboração: Carlos Cogo - Consultoria Agroeconômica
Gráfico 152
Fonte: FAO - Elaboração: CAPC – AL
h) Produção de Ovos:
O Brasil é o 5º maior produtor mundial de ovos, tendo atingido 31,5 bilhões de
unidades no ano de 2011. Aproximadamente 20% da produção é formada por ovos
vermelhos e 80% por ovos de coloração branca.
Os maiores estados produtores são São Paulo, com cerca de 36% da produção;
Minas Gerais, com 11,5%; Espirito Santo e Paraná, cada um com aproximadamente
7% do total de ovos produzidos no país.
i) Consumo de Ovos no Brasil:
No Brasil, o consumo per capita de ovos, em 2011 foi pouco
maior que 162 unidades. Na última década, o consumo cresceu
29% devido ao aumento da produção e ao aquecimento
do mercado consumidor, tanto nas aves de corte como de
postura. A média mundial é de 210 ovos, o que demonstra
que ainda consumimos poucos ovos, pois ocupamos a 21ª
posição no ranking mundial de consumo per capita de ovo.
No gráfico 153, observa-se a distribuição da produção de ovos nos país:
j) Geração de Empregos e de Renda:
No Estado, temos 12 mil famílias de produtores no setor
avícola, gerando 47 mil empregos diretos e 800 mil indiretos.
k) Valor Bruto da Produção:
O valor da produção na cadeia avícola, que passa pela
granja, pelo comércio e pela indústria, chega a R$ 10 bilhões,
representando algo em torno de 4% da riqueza gerada no RS.
Gráfico 153
Fonte: MAPA - Elaboração: CAPC - AL
3.3.5. Ovinocultura
a) Informações Gerais:
A carne ovina tem uma função social relevante, pois é fonte de proteína de origem animal para
diversas regiões do globo. De forma geral, a criação de ovinos se desenvolve de forma extensiva,
com níveis de tecnologia, produtividade e rentabilidade carecendo ainda de tecnificação dos
produtores rurais que investem na ovinocultura.
No caso específico brasileiro, no entanto, percebe-se que vem ocorrendo uma evolução na produção, no
abate e no peso das carcaças, sendo que o país é considerado o 15º produtor mundial. A ovinocultura
brasileira tem maior representatividade nos estados da Bahia, Ceará, Piauí, Pernambuco, Rio Grande do
Norte, Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso do Sul.
A cadeia produtiva de ovinos no Brasil é formada por 35 mil estabelecimentos agropecuários,
e nosso rebanho ovino representa 1,7% do efetivo mundial. Levando-se em conta a extensão
territorial brasileira, bem como as condições edafoclimáticas adequadas ao desenvolvimento
da ovinocultura, os rebanhos são numericamente inexpressivos, especialmente quando
relacionados à criação de bovinos, cujo efetivo nacional é da ordem de 160 milhões de cabeças.
A ovinocultura é uma das principais atividades pecuárias desenvolvidas no Rio Grande do Sul. Seu
estabelecimento como exploração econômica se deu no começo do século XX, com a valorização
da lã no mercado internacional. A partir da década de 1940, com o incremento tecnológico da
produção, a atividade passou por períodos de progresso e de crise, porém a tradição da ovinocultura
no Sul do Estado se consolidou como atividade quase sempre integrada à bovinocultura de corte.
Houve uma crise no setor no final da década de 1980, em consequência dos altos estoques
australianos de lã e do início da comercialização de tecidos sintéticos no mercado têxtil internacional.
A crise se manteve ao longo da década de 1990, o que fez muitos produtores desistirem da atividade,
reduzindo o rebanho comercial e gerando a desestruturação de toda cadeia produtiva.
O aumento do poder aquisitivo da população e o incremento do abate de animais jovens
trouxeram um novo mercado para a ovinocultura. A carne ovina começou a ser apreciada, o
que levou a uma maior demanda de consumo, indicando um excelente potencial para se tornar
um produto substituto no mercado.
b) Rebanho:
Conforme demonstra o gráfico 154, o rebanho de ovinos no Estado no ano de 1997
era de 5,2 milhões de cabeças. Em 2006, decresceu para 3,7 milhões, chegando, em
2010, com 3,9 milhões de ovinos. Estima-se que o rebanho tenha sido de 4 milhões de
cabeças no RS em 2011, caracterizando-se como o maior produtor de ovinos do país.
Atualmente, cerca de 60% do rebanho gaúcho é formado por raças com dupla
aptidão: carne e lã, o que facilita a adequação da produção ao mercado consumidor.
A ovinocultura é uma das atividades mais antigas praticadas no Rio Grande do Sul,
sobretudo na região do Pampa (região de campos e coxilhas).
d) Desfrute Anual dos Ovinos:
Conforme demonstra o gráfico 155, o número total de ovinos abatidos no Rio Grande
do Sul em 2002 foi de 170 mil cabeças. Em 2009, chegou a 335 mil cabeças, atingindo,
em 2011, 240 mil cabeças abatidas com inspeção federal e estadual.
Gráfico 154
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC - AL
c) Produção:
Fortemente dedicado à produção de lã, proveniente da criação de raças laníferas, o
estado, pouco a pouco, observou o declínio desta importante atividade econômica, na
medida em que materiais sintéticos passaram a compor boa parte das necessidades
da indústria têxtil internacional. Os materiais sintéticos se mostraram matérias-primas
mais baratas e de fácil adaptação às exigências do mercado.
Gráfico 154
Fonte: SICADERGS - Elaboração: CAPC - AL
e) Comercialização, Exportação e Importação de Ovinos:
f) Consumo de Carne Ovina:
A produção de carne ovina no país, em particular na Região Sul, encontra um cenário bastante
favorável devido às condições climáticas e de solo, entre outros fatores. Entretanto, a atividade
necessita de uma organização que possibilite aumentar sua competitividade, uma vez que a
produção atual não supre a demanda.
O consumo global de carne ovina tem apresentado um crescimento nos últimos anos.
Em 2000, o mundo consumia 11 milhões de toneladas, tendo aumentado para 12
milhões em 2005 e chegado a 13 milhões de toneladas, em 2011. A FAO estima um
consumo de 14 milhões de toneladas em 2015 e de 16 milhões de toneladas em 2020.
Face a isso, importarmos de outros países, inclusive da longínqua Nova Zelândia. A carne ovina
possui problemas de sazonalidade e de baixa qualidade, devido à genética de seus rebanhos
produtores. Embora tenha potencial para produzir carne de melhor qualidade do que a importada,
o Brasil ainda compra a carne ovina de outros países, especialmente, o cordeiro do Uruguai.
No gráfico 156, observa-se a evolução no consumo mundial de carne ovina e das
demais carnes produzidas no planeta:
Os preços do cordeiro tiveram considerável elevação na última década, fazendo os produtores
vislumbrarem um novo mercado. A tendência é de declínio do consumo nas propriedades e de
comercialização de carne ovina por meio de feiras e açougues, crescendo a possibilidade de
comercialização em supermercados e restaurantes.
Consumo global de carnes - Período ( 2000-2020 )
A sazonalidade produtiva da atividade, a inexistência de um mercado constante, a
exigência de uma oferta regular de animais, a necessidade de escala para comercialização
e a busca por animais jovens por parte dos frigoríficos são dificuldades enfrentadas pelos
produtores na comercialização de animais.
Os principais canais de distribuição da carne ovina produzida pelos produtores da metade
sul são restaurantes e redes de hiper/supermercados. Os restaurantes adquirem a carne já
processada em cortes especiais.
Os hiper e supermercados que comercializam a carne ovina dos produtores estão localizados no
Rio Grande do Sul, no Paraná, em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Pernambuco. Para algumas
redes o frigorífico vende carcaças inteiras e o estabelecimento varejista se responsabiliza pelo
fracionamento e embalagem dos cortes.
Um dos grandes desafios da cadeia está em competir com a carne ovina uruguaia, que
ainda é encontrada em grande quantidade nos balcões de venda do varejo. Essa carne
apresenta um preço competitivo, quase sempre inferior ao da brasileira, e contém o
conceito de grife e de carne de qualidade superior.
Gráfico 156
h) Sistema Produtivo e Principais Raças:
O consumo de carne ovina pela população brasileira ainda encontra restrições
devido à sazonalidade do produto (concentrando a safra de cordeiros no final do
ano). O consumo per capita de carne de ovinos no Brasil gira em torno de 0,7kg por
ano; na Argentina, em torno de 1,7kg; e no Uruguai, 12kg. Vale lembrar que no Rio
Grande do Sul consome-se 2,5kg, porém, em Uruguaiana, Livramento e Alegrete
o consumo está acima de 31kg, enquanto na Patagônia (Argentina), outra zona
produtora, o consumo fica em torno de 11kg .
g) Localização da Região Produtora:
A atividade econômica da ovinocultura está localizada, principalmente, na metade sul
do Rio Grande do Sul, região caracterizada por apresentar campos finos de excelente
qualidade, próprios para a produção pecuária. As propriedades ovinocultoras apresentam
tamanhos diversos, podendo ser caracterizadas como de extensão média a grande.
A região sudoeste é onde está localizada mais da metade da população ovina
gaúcha (53%). Outra mesorregião de destaque, que concentra 23% da população
ovina, é a sudeste. Ao contrário, nota-se que, nas mesorregiões da região central
e norte do Estado, existe 24% do rebanho ovino, sendo que as mesorregiões
nordeste e centro oriental possuem, cada uma, apenas 2% da quantidade total
da população ovina gaúcha.
Quando se compara a quantidade de criadores e o número de ovinos, percebe-se que
na região sul existem, em média, os maiores rebanhos de ovinos por criador. Já na
região noroeste do Estado existe um grande número de criadores com poucos animais.
Os municípios com maior rebanho ovino são Santana do Livramento, Alegrete, Quaraí,
Uruguaiana e Dom Pedrito Rosário.
Os sistemas produtivos são variados, predominando a produção de bovinos de
corte, aliada à ovinocultura de ciclo completo, na qual a bovinocultura de corte
é a principal exploração econômica.
As principais raças exploradas são Ideal, Corriedale, Texel e Cruzas, o que traz a
possibilidade de receita proveniente da comercialização tanto da lã como da carne
(cordeiros). A lã ainda é uma importante fonte de receita, porém, com a desvalorização
do produto e a maior demanda por carne ovina, os sistemas produtivos tendem a dar
cada vez mais atenção à produção de cordeiros. O produto lã é comercializado para as
chamadas “barracas”, que armazenam, qualificam e distribuem-na para as indústrias.
i) Organização da Cadeia Produtiva:
As organizações exercem papel decisivo no funcionamento da cadeia ovina. Destacam-se
na assistência aos produtores os sindicatos rurais e o Serviço Nacional de Aprendizagem
Rural (SENAR), que disponibilizam espaço físico e corpo técnico para a realização
de cursos de aprimoramento nas atividades rurais. O Sebrae também contribui com
a orientação e suporte à cadeia, serviços de apoio à ovinocaprinocultura, realizando
reuniões e palestras com produtores e representantes do poder público local.
A Emater-RS mantém projetos de auxílio à pecuária familiar, estimulando a produção
ovina como fonte de renda para pequenos e médios produtores.
A Associação Brasileira dos Criadores de Ovinos (ARCO) é responsável por todo o controle
genealógico dos rebanhos ovinos e presta serviços técnicos a todos os seus associados. O
incremento tecnológico e as inovações técnicas nos sistemas produtivos são obtidos junto
às instituições de pesquisa, como a Embrapa e as universidades de todo o Estado.
3.3.6. Equideocultura
a) Informações Gerais:
A criação de cavalos para fins comerciais no Brasil e no Estado tem mostrado um forte
incremento nos últimos anos. As associações de criadores investiram em genética,
manejo e sanidade dos animais, entre outras melhorias, qualificando a cadeia
produtiva equina, gerando renda aos produtores e empregados do setor.
Os eventos equestres como as cavalgadas e os rodeios, por exemplo, são atividades
culturais reconhecidas em diversas partes do mundo, além de estimularem o
envolvimento harmônico entre humanos e cavalos. A questão cultural, bem como a
relação entre o ser humano e o animal são aspectos benéficos para toda a sociedade,
pois reforça o combate aos maus-tratos praticados contra os cavalos.
Os equinos, além de estarem presentes na cultura e nos esportes, também são protagonistas
em terapias como a EQUOTERAPIA, um método terapêutico e educacional que utiliza
o cavalo dentro de uma abordagem interdisciplinar, nas áreas de saúde, educação e
equitação, buscando o desenvolvimento biopsicossocial, ou seja, abrangendo os aspectos
biológicos, psicológicos e sociais de pessoas com deficiências e/ou necessidades especiais.
b) Rebanho Equino no Rio Grande do Sul:
Notadamente, o rebanho equino gaúcho tem oscilado nos últimos anos. Partiu de
516,4 mil cabeças em 1997, ultrapassou 523 mil cabeças em 1998 e, daí em diante,
teve um comportamento decrescente, chegando a 2011 com 473 mil cabeças equinas.
Cabe salientar que essa diminuição no rebanho equino não reflete a criação com a
finalidade comercial pois esta encontra-se em franca expansão.
No gráfico 157, observa-se a evolução no rebanho equino gaúcho, desde o ano de 1997:
c) Impacto Econômico do Cavalo no Rio Grande do Sul:
Até hoje o cavalo ainda não pôde ser substituído por máquinas nas
lidas de campo. Estas o ajudam. Embora ajudem as máquinas, ainda
não podem fazer o que o cavalo faz, como, por exemplo, um aparte
no rodeio ou numa porteira de mangueira. Além disso, o cavalo é o
ingrediente que maiores belezas e alegrias produzem nos trabalhos
de uma estância.
É belo, ágil, inteligente, dócil, veloz, vaidoso, forte, enfim, proporciona
momentos de verdadeiro encantamento, principalmente quando, em seu
lombo, são praticadas as difíceis lidas, como o tiro de laço e o aparte, hoje
apelidadas pelos Crioulistas de Paleteadas.
Segundo o Associação dos Criadores de Cavalos Crioulos no Brasil
(ABCCC), o plantel brasileiro gira em torno de 315 mil cavalos, com
uma movimentação financeira anual de R$ 1,28 bilhão no país.
Estima-se que 85% da renda total dos equinos para fins comerciais
venha do cavalo crioulo. Se somarmos as receitas geradas pelas demais
raças de cavalos, chegaremos a um valor próximo a R$ 1,5 bilhão que
circulam anualmente no Brasil. No Rio Grande do Sul, circula R$ 1
bilhão anualmente, em função da criação de cavalo com fins comerciais,
gerando 185 mil postos de trabalho e 37 mil empregos diretos.
Gráfico 157
Fonte: IBGE - Elaboração: CAPC
d) Principais Raças no Rio Grande do Sul:
No Rio Grande do Sul, cria-se as seguintes raças: Crioulo, Inglês, Árabe, Quarto de
Milha, Manga Larga, Percheron, etc.
Descrição das raças:
• Crioulo: São os mais rústicos, engordam em qualquer campo. São pequenos, mas
grossos e fortes, favorecendo manobras rápidas e em espaços reduzidos. Não dependem
de trato suplementar além do campo. São os cavalos ideais para serviços com o gado;
• Inglês: Muito altos, extremamente velozes, não se prestam muito à lida
campeira. São apropriados para carreiras de tiro longo;
• Árabe: Altos, muito ágeis, finos de corpo, belíssimos, porém também não são
aconselháveis para o campo, pois são extremamente nervosos e exageradamente delgados;
• Quarto de Milha: Muito velozes em tiros curtos de até 400 metros, prestamse muito bem para o tiro de laço, porém perdem para o Crioulo na rusticidade
porque dependem sempre de alguma ração suplementar além do campo. São um
pouco maiores que os Crioulos;
• Manga Larga: Boníssimos para longas viagens em face do seu bom cômodo
e da velocidade que desempenham, geralmente são “marchadores”, o que os
fazem perder para o Crioulo num espaço vital: o pique da arrancada. O Crioulo,
por ser geralmente de trote, arranca com mais rapidez em face da posição das
patas que, no trote, estão mais próximas umas das outras;
• Percheron: Insuperável na força, estes animais são apropriados para tração.
Considerações
Finais
A potencialidade produtiva do Rio Grande do Sul
e seus entraves históricos:
D
e acordo com os dados levantados neste trabalho técnico, após uma
profunda pesquisa realizada sobre a atividade agropecuária em
setores estratégicos de nossa cadeia produtiva, somados aos relatos
dos palestrantes que compuseram o projeto Radiografia da Agropecuária
Gaúcha, pode-se afirmar que o Rio Grande do Sul tem, historicamente, no
agronegócio, um ponto vital de sua economia e que esta atividade interfere
diretamente nos índices aferidos no Produto Interno Bruto (PIB) nacional.
É pertinente concluir também, que o Estado possui grande potencial para
alavancar a produtividade em diferentes culturas, mas que enfrenta gargalos
significativos para a expansão de sua atividade, tais como: carências em
logística, irrigação, qualificação de mão de obra; mecanismos de incentivo
à manutenção dos jovens no meio rural, com o oferecimento das devidas
inovações correspondentes ao mundo moderno; incentivos governamentais
à produtividade; elevada tributação e custos de fretes; competição
desigual com itens importados; e sistemas de armazenamento de grãos.
Se levarmos em consideração o fato de que quem sustenta a economia
do ponto de vista internacional é o agronegócio, concluímos que o Brasil
enquadra-se em um cenário promissor para as próximas décadas. O país
triplicou a sua produção de grãos em 30 anos, aumentando apenas em um
terço a área agricultada, o que nos faz afirmar que ainda há muito campo a
ser plantado, realidade que coloca o Brasil como o grande celeiro mundial
para o abastecimento de uma população que cresce vertiginosamente
e precisará cada vez mais de alimentos. A ONU já constatou que, no
mundo, há milhões de pessoas passando fome e que a solução para este
problema passa pelo aumento na produção de alimentos, o qual o Brasil se
enquadra entre os países com grande capacidade de atender a este apelo.
De acordo com levantamento elaborado pela Companhia Nacional de
Abastecimento - CONAB, para a safra 2012/2013, estimou-se uma de área
de grãos a ser plantada no Brasil de 52,98 milhões de hectares, ou seja, 4,1%
superior ao cultivado na safra anterior. A produção nacional de grãos neste
período foi estimada em 185 milhões de toneladas, sendo 11,3% maior que a
produzida na safra anterior. Este mesmo levantamento evidencia que o Brasil
dá certo quando usa tecnologia, pois as produtividades projetadas para a
safra 2012/2013, em culturas como a do milho (+2,5%), a do arroz (+4,1%)
e a da soja (+13,8%) são exemplos disto. De um modo geral, projetou-se um
aumento de 6,9% na produtividade brasileira de grãos na referida safra.
Mas como o Estado pode colaborar com o abastecimento mundial e
ao mesmo tempo beneficiar o crescimento de nossa economia?
O estudo mostra que o Estado enfrenta gargalos significativos para a expansão
de sua atividade, tais como: carências em logística, irrigação, qualificação
de mão de obra; mecanismos de incentivo à permanência dos jovens no
meio rural, com falta das devidas inovações correspondentes ao mundo
moderno; inadequação dos sistemas de armazenamento de grãos; carência
de incentivos governamentais à produtividade; elevada tributação sobre os
custos de produção, fretes em competição desigual com itens importados.
Para tanto, será inevitável quebrar alguns paradigmas e superar entraves
históricos para um desenvolvimento acelerado de nossa produtividade
e consequente produção. A logística de transportes é um deles.
Aproximadamente 65% da safra brasileira é transportada por via rodoviária.
As estradas, em sua maioria, estão deterioradas e sem condições adequadas
para suportar o grande volume de cargas em veículos pesados. Somado
a este fato, temos a Lei 12.619/2012, que limita a jornada de trabalho
dos caminhoneiros, obrigando-os a cumprir um período de intervalo,
o que faz com que os fretes tenham um custo ainda mais elevado.
Além dos entraves em logística, o Rio Grande do Sul perde espaço
na produção de grãos em relação a outros estados pelos constantes
períodos de seca. Lideramos, no país, o número de municípios declarados
em situação de emergência por causa da estiagem. Em períodos
cíclicos da seca, a safra é quebrada, a atividade econômica é reduzida
nos municípios e, consequentemente, no Estado, devido à diminuição
da geração de emprego e renda. Este problema crônico, que afeta a
produtividade gaúcha não pode ser evitado, mas deve ser enfrentado
com medidas factíveis, com investimentos pesados e permanentes em
irrigação, o que já tem sido contemplado em políticas governamentais
estaduais, que, porém, necessitam de medidas complementares,
como acesso a créditos compatíveis com a realidade do setor.
Não há possibilidade de pleno êxito de um programa de irrigação se não
for acompanhado de investimentos estruturais em eletrificação rural. Tem
sido uma constante no campo a sobrecarga do sistema elétrico que causa
queda de tensão. Precisamos melhorar a qualidade da energia elétrica no
meio rural com subsídios para um plano de ação efetiva que disponha de
luz trifásica, necessária para o bom funcionamento dos equipamentos de
irrigação, assim como para a melhoria e a ampliação das agroindústrias.
Há também entraves burocráticos para a liberação de licenças ambientais,
onde os produtores aguardam anos por uma licença. Também não podemos
deixar de destacar a posição que o nosso país e, por extensão o Rio Grande
do Sul, ocupam no que se refere à sanidade animal e vegetal. Foram anos de
muito trabalho e investimento conjunto entre produtores, pesquisadores e
poder público para atingirmos um status invejável em sanidade e qualidade
de carne vermelha, por exemplo. Hoje somos o 4º maior exportador mundial
de carne suína, comercializamos para países da Europa, Ásia e América do
Norte. Sem falar que lideramos a exportação de carne de aves e também
bovina. Este fato se deve ao cuidado que temos ao produzir e ao abater
nosso animais. Devemos estar em alerta permanente para manter este
status frente a outros players, com constantes investimentos na área.
Da mesma forma, devemos buscar alternativas para os produtores de
tabaco, que enfrentam muita resistência pelas características e destinações
dos seus produtos. A diversificação de culturas para este produtor já é
uma realidade. As indústrias fumageiras aqui instaladas precisam de
insumo para suas produções. Caso o RS diminua sua produção de tabaco,
teremos uma necessária importação, a fim de suprir a demanda atual.
A rápida capacidade que o campo tem de se recuperar, após um período de
extrema dificuldade, como a estiagem ocorrida no Estado em 2004, e sua
repercussão na economia no ano seguinte, são demonstrados neste trabalho.
Através de um aporte maior dos recursos públicos (federais, estaduais e
municipais) destinados à atividade agropecuária incentivaremos a permanência
do homem no campo. Mecanismos como o seguro de renda, que funcione nos
moldes de um fundo garantidor, são propostas que devem ser implementadas
como forma de amenizar eventuais prejuízos oriundos de efeitos climáticos.
O Rio Grande do Sul possui em torno de 380 mil propriedades de agricultores
familiares. Aproximadamente 41% destes estabelecimentos não possuem um
jovem (entre 15 e 29 anos) como força de trabalho para dar seguimento à
atividade agropecuária da família. O tema sucessão familiar afeta diretamente
os negócios das cooperativas agropecuárias. As agroindústrias no setor de
leite, aves e suínos exigem manejo diário, além de gerarem muita mão de obra
e valor agregado ao produto. Assim, se criarmos oportunidades de trabalho e
renda, estaremos provocando a permanência do trabalhador rural no campo.
A armazenagem insuficiente limita o crescimento do Estado e do país,
em nível de propriedade, cooperativa, cerialistas, portuário ou armazéns
públicos. O RS deve, com urgência, adequar-se às normas vigentes, previstas
em lei, no que diz respeito aos depósitos de grãos, através da certificação
de suas unidades, minimizando as perdas e aumentando a qualidade
dos grãos pós-colheita, com a modernização das atividades de guarda e
conservação de produtos. É importante incentivar programas de fomento ao
armazenamento nas propriedade e em pontos estratégicos das zonas rurais.
Os países que mais produzem arroz, também são os que mais consomem.
Deve ser mantida uma campanha permanente de estado de fomento ao
consumo do cereal. A tendência de melhorar o aproveitamento das várzeas,
onde atualmente é cultivado o arroz como monocultura, com a utilização de
lavouras de soja é uma realidade. Em relação à vitivinicultura, é necessário
intensificar a fiscalização do selo do controle fiscal, criado em 2011,
para coibir a entrada de vinhos importados de forma clandestina, o
que tira a competitividade e traz prejuízos aos produtores gaúchos.
Parte do Rio Grande do Sul tem clima, solo e relevo muito parecidos aos
de algumas regiões do MERCOSUL como, por exemplo, da Argentina,
indicando que podem gerar produtos semelhantes, como é o caso do
trigo. Nos acordos comerciais do MERCOSUL quem mais se beneficia são
os fabricantes de produtos da linha branca. Estes acordos necessitam
de uma imediata revisão e o estabelecimento de cotas de importação
e exportação de grãos, o que levará a um planejamento internacional
conjunto das produções, provocando uma integração de fato.
O feijão e os produtos orgânicos mantém-se com boa produtividade no
Estado. No caso do milho, haverá um aumento. Segundo o Ministério
da Agricultura (2012), em 10 anos, serão atingidos 70,12 milhões de
toneladas, contra um consumo projetado de 56,20 milhões. Junto com a
soja, o milho representa 80% dos grãos exportados pelo Brasil. Observase um deslocamento de atividades como aves e suínos para a região
Centro Oeste do Brasil em função da proximidade com os Estados com alta
produtividade de milho e soja, otimizando a relação custo-benefício.
A melhor forma de dar andamento aos temas abordados é apostar em
educação. Com investimento na formação de profissionais que atuem na
capacitação de pessoas no meio rural é possível elevar a competitividade em
todos os elos da economia brasileira, ação que se refletirá de forma imediata
nos resultados esperados para a atividade. Desenvolver o conhecimento
é ampliar horizontes, promovendo cada vez mais a qualidade de vida
à toda sociedade e isto passa pelo fortalecimento da agropecuária.
A relação entre o arrendatário e o proprietário deve ser melhorada, fazendo
com que a convivência seja uma parceria de fato, sendo, ambos, solidários nas
receitas, despesas, riscos e garantias das lavouras. Os valores auferidos pelos
arrendamentos de terras e de água devem ter patamares compatíveis com a
renda do negócio. A prevenção de barreiras sociais, ambientais e sanitárias,
através da rastreabilidade, irá gerar um ganho de imagem para o Estado,
mas que deve ser acompanhado de garantia de renda ao produtor.
“O Poder Público deve compenetrar-se de que é seu dever
elementar assistir as fontes de produção. Não se pode
baratear a vida sem aumentar a produção; e não se pode
aumentar a produção sem amparar o produtor. Onde está
o interesse do produtor, está o interesse do Brasil. “
Getúlio Vargas
A. Relatório da CAPC - AL (RS)
1. Introdução
Dentre os assuntos abordados pela Comissão de Agricultura, Pecuária e
Cooperativismo da Assembleia Legislativa/RS (CAPC), em 2012, podemos destacar
os seguintes temas: estiagem; cadeia do leite; qualidade da energia elétrica rural;
educação no campo; irrigação; setor fumageiro; seguro agrícola; suinocultura;
cooperativismo; agroindústrias; vitivinicultura; projeto de lei que trata das
integradoras; desenvolvimento da silvicultura; falta de investimentos do governo
gaúcho no combate à seca; apresentação do projeto de reestruturação do Parque
Assis Brasil em Esteio; Lei 7.747 de 22/12/1982, que dispõe sobre o controle de
agrotóxicos e outros biocidas a nível estadual; e o zoneamento agrícola de risco
climático para a cultura de soja na metade sul do Estado.
Os temas foram debatidos em reuniões ordinárias, em audiências públicas e em
palestras que integraram a Radiografia da Agropecuária Gaúcha. Através dos
debates, foi possível elaborar um panorama das reais necessidades e dificuldades
do setor primário, ajudando a viabilizar programas e contribuindo para o
desenvolvimento do setor. Neste ano, a Comissão resgatou o prêmio Folha Verde,
que é uma forma de reconhecimento do trabalho de entidades e personalidades
que se destacaram no setor primário gaúcho.
2. Reuniões Ordinárias
Em 2012, foram realizadas 38 reuniões ordinárias na CAPC. Ao longo do ano,
em quatro encontros, o órgão recebeu participações externas no período de
Assuntos Gerais, com as seguintes pautas: perdas na produção agrícola do Estado,
considerando dados divulgados pela EMATER; apresentação de relato sobre
a missão técnica à Galícia, realizada pelo governo do RS, com a participação de
parlamentares membros da comissão; apresentação da proposta de criação do
Programa de Desenvolvimento da Cadeia do Leite no RS (PRODELEITE/RS) e do
Instituto Gaúcho do Leite (IGL); Resolução Executiva 464/2012 da EMATER/ASCAR,
que dispõe sobre a licença para concorrer a cargo eletivo público e para o exercício
do consequente mandato, com a presença do diretor-presidente da instituição, Lino
de David; participação de entidades ligadas ao setor fumageiro, com o objetivo de
mobilizar o setor para a 5ª Conferência das Partes (COP5), que ocorreu na Coréia
do Sul, em novembro de 2012. Todas estas reuniões ordinárias com a participação
externa em Assuntos Gerais foram realizadas na sala José Lutzenberger, localizada
no 4º andar da Assembleia, às 9h, nas seguintes datas: 15/03, 12/04, 21/06 e 28/06.
2.1. Projeto Cavalgadas
A CAPC propôs, em 21/12/2012, o PL 312 2012 relativo à ementa do projeto
cavalgadas. Processo nº: 21360.01.00/12-4. A ementa do PL é a seguinte: reconhece o
direito de andar a cavalo, tomado individualmente ou em grupo, em qualquer atividade
ou evento equestre, como bem de natureza imaterial que integra o patrimônio cultural
rio-grandense e estabelece as diretrizes e bases de bem-estar animal para as atividades
e eventos equestres e de apoio à equinocultura, e dá outras providências.
3. Audiências Públicas
A CAPC, presidida pelo deputado Ernani Polo (PP), realizou vinte e seis audiências públicas
no ano de 2012. Onze encontros ocorreram no interior e quinze na capital. Capão da Canoa,
Não-Me-Toque, Rio Pardo, Três Passos, Santa Rosa, Santo Augusto, São Lourenço do Sul,
Nova Petrópolis, Santa Cruz do Sul, Frederico Westphalen e Erechim foram os municípios que
sediaram as audiências públicas no interior.
Dentre os principais temas abordados pelo Órgão Técnico estão: a estiagem que abalou
o Rio Grande do Sul, implicando também em medidas em prol da irrigação e seguro
agrícola; os problemas referentes à má qualidade da energia elétrica, principalmente no
meio rural, prejudicando de forma considerável a produção primária; a cadeia leiteira; o
cooperativismo; o uso de agrotóxicos; as dificuldades enfrentadas pela suinocultura; a
educação no campo, como forma de incentivo à permanência do homem no meio rural;
o quadro de servidores da Fundação de Pesquisa Agropecuária (FEPAGRO); a fiscalização
do trânsito de mercadorias, através da manutenção dos Postos Fiscais; os problemas
enfrentados pelo setor da vitivinicultura; a discussão do Projeto de Lei 330/2011 e do
Projeto de Lei 8023/2010; as políticas necessárias para o desenvolvimento da silvicultura;
a falta de investimentos do governo gaúcho no combate à seca; a apresentação do projeto
de reestruturação do Parque Assis Brasil em Esteio; a Lei 7.747 de 22/12/1982, que dispõe
sobre o controle de agrotóxicos e outros biocidas a nível estadual; e o zoneamento agrícola
de risco climático para a cultura de soja na metade sul do Estado.
3.1. Relação das 26 Audiências Públicas realizadas em 2012
16/02 – 19h - Proponente: Fundação Cultural Cavalgada do Mar e Piquete da OAB
Tema: “Construção de uma Política Pública de apoio a eventos equestres e fomento
à equinocultura para geração de emprego e renda”.
Local: CTG João Sobrinho – Capão da Canoa (28ª Cavalgada do Mar).
10/05 – 9h30 - Proponente: Deputado Heitor Schuch (PSB)
Tema: “Debater o ramo das cooperativas de trabalho no Rio Grande do Sul”.
Local: Assembleia Legislativa – Sala Dr. Alberto Pasqualini, 4º andar.
09/03 – 14h - Proponente: Deputado Ernani Polo (PP)
Tema: “Seguro Agrícola”.
Local: 13° EXPODIRETO COTRIJAL - Não-Me-Toque.
31/05 – 9h30 - Proponente: Deputado Altemir Tortelli (PT)
Tema: “Educação no Campo”.
Local: Assembleia Legislativa - Plenarinho – 3º andar.
Em conjunto com a Comissão de Educação, Cultura, Desporto Ciência e Tecnologia.
23/03 – 9h30 - Proponente: AFUBRA – Associação de Fumicultores do Brasil
Tema: “Estiagem”.
Locais: EXPOAGRO - AFUBRA - Rio Pardo.
01/06 – 14h - Proponente: Sindicato Rural de Santo Augusto
Tema: “Cadeia do Leite no RS”
Local: 11º EXPOFESA - Santo Augusto.
19/04 – 9h30 - Proponente: Deputado Edson Brum (PMDB)
Tema: “Problemas causados pelas frequentes interrupções e quedas de tensão no
fornecimento de energia elétrica”.
Local: Assembleia Legislativa – Sala Dr. Maurício Cardoso, 4º andar.
Em conjunto com a Comissão de Serviços Públicos
04/06 – 16h - Proponente: Altemir Tortelli (PT)
Tema: “Qualidade da Energia Elétrica Rural”.
Local: São Lourenço do Sul.
20/04 – 9h30 - Proponente: Deputado Aloísio Classmann (PTB)
Tema: “Cadeia do Leite no RS”
Local: 12ª FEICAP - Três Passos.
02/05 – 09h30 - Proponente: Deputados Jeferson Fernandes, Edegar Pretto, Altemir Tortelli
Tema: “Agrotóxico no Brasil - O veneno está na mesa”.
Local: Assembleia Legislativa - Plenarinho, 3º andar.
Em conjunto com as Comissões de Saúde e Meio Ambiente e de Cidadania e Direitos Humanos.
04/05 – 9h30 - Proponente: Deputados Ernani Polo (PP) e Aloísio Classmann (PTB)
Tema: “Ações de combate à estiagem - Cadeia do Leite no RS”.
Local: 19° FENASOJA - Santa Rosa.
13/06 – 18h15 - Proponente: Deputado Ernani Polo (PP)
Tema: “Situação do quadro funcional da Fundação Estadual de Pesquisa
Agropecuária - FEPAGRO”.
Local: Assembleia Legislativa - Sala José Lutzenberger, 4º andar.
15/06 – 9h - Proponente: Deputado Heitor Schuch (PSB)
Tema: “Tratar dos projetos de Irrigação, a exemplo do Conceito Base Zero”.
Local: Assembleia Legislativa - Plenarinho, 3° andar.
20/06 – 9h30 - Proponente: Deputado Altemir Tortelli (PT)
Tema: “Debater o fortalecimento da fiscalização de trânsito de mercadorias, através
da manutenção dos Postos Fiscais e reabertura dos Postos e Turmas Volantes”.
Local: Assembleia Legislativa – Plenarinho, 3º andar.
Em conjunto com as Comissões de Finanças, Planejamento, Fiscalização e Controle; de Economia
e Desenvolvimento Sustentável; de Segurança e Serviços Públicos; e de Assuntos Municipais.
29/06 - 9h30 - Proponente: Deputado Ernani Polo (PP)
Tema: “A importância do Cooperativismo no Desenvolvimento do RS”.
Local: Rural Show - Nova Petrópolis
02/07 – 14h - Proponente: Deputado Ernani Polo (PP)
Tema: “Problemas da Suinocultura”.
Local: Assembleia Legislativa - Espaço da Convergência, térreo.
13/07 – 9h - Proponente: Deputado Altemir Tortelli (PT)
Tema: “Educação no Campo e PL 297/2011”.
Local: Frederico Westphalen.
25/10 – 9h30 - Proponente: Deputado Heitor Schuch (PSB)
Tema: “Políticas de Desenvolvimento da Silvicultura do Estado do Rio Grande do Sul”.
Local: Assembleia Legislativa – Plenarinho – 3º andar.
06/11 – 9h30 - Proponente: Deputado Giovani Feltes (PMDB)
Tema: “Tratar sobre a Falta de Investimentos, pelo Governo Gaúcho, no combate à seca”.
Local: Assembleia Legislativa – Sala Professor Doutor Sarmento Leite, 3º andar.
Em conjunto com a Comissão de Assuntos municipais.
12/11 – 14h - Proponente: Deputado Ernani Polo (PP)
Tema: “Apresentação do projeto de Reestruturação do Parque Assis Brasil, em Esteio”.
Local: Assembleia Legislativa - Espaço de Convergência, térreo.
09/08 – 9h30 - Proponente: Instituto Brasileiro do Vinho
Tema: “Problemas enfrentados pelo setor vitivinícola gaúcho”.
Local: Assembleia Legislativa - Teatro Dante Barone.
03/12 – 14h - Proponente: Deputado Ernani Polo (PP)
Tema: “Lei 7.747 de 22/12/1982, que dispõe sobre o controle de Agrotóxicos e
outros biocidas a nível estadual, e da outras providências”.
Local: Assembleia Legislativa – Plenarinho, 3º andar.
13/08 – 14h - Proponente: Deputado Altemir Tortelli (PT)
Tema: “Educação no Campo e PL 297/2011”.
Local: Santa Cruz do Sul.
07/12 – 14h - Proponente: Deputado Ernani Polo (PP)
Tema:“Zoneamento Agrícola de risco climático para a cultura de soja na metade sul do Estado”.
Local: Auditório do Ministério da Agricultura – Porto Alegre.
16/08 – 9h30 - Proponente: Deputado Heitor Schuch (PSB)
Tema: “Discutir o Projeto de Lei 330/2011 e o Projeto de Lei 8023/2010”.
Local: Assembleia Legislativa - Plenarinho – 3 º andar.
14/12 – 09h - Proponente: Deputado Altemir Tortelli (PT)
Tema: “Educação do/no Campo”.
Local: Escola de Ensino Fundamental Antônio Burin – Erechim.
4. Subcomissões
Duas subcomissões funcionaram no órgão técnico. O deputado Heitor Schuch (PSB)
é o proponente/relator da subcomissão sobre irrigação, aprovada dia 1º de março. O
relatório foi entregue na comissão e aprovado no dia 02 de agosto.
A Educação no Campo é o tema da subcomissão proposta pelo deputado e relator
Altemir Tortelli (PT), aprovada no dia 03 de maio. O relatório foi aprovado no dia 1º de
novembro. Todos os componentes da CAPC fizeram parte de ambas as Subcomissões.
5. Radiografia da Agropecuária Gaúcha
Ao longo do ano de 2012, a CAPC também mobilizou-se para a realização do projeto
Radiografia da Agropecuária Gaúcha, em parceria com a presidência da AL/RS. O
objetivo foi reunir dados sobre o setor primário estadual dos últimos 20 anos através de
palestras ministradas por especialistas no assunto. A partir das informações coletadas,
foi elaborado um diagnóstico do setor a fim de apontar as principais dificuldades da
agropecuária gaúcha, bem como os pontos fortes. Ocorreram inúmeras explanações.
6. Projetos de lei para análise
4.1. Subcomissão sobre Irrigação
Ementa: Requer, com base no artigo 74 do Regimento Interno, a criação da
subcomissão de Irrigação, no âmbito da Comissão de Agricultura, Pecuária e
Cooperativismo. Processo nº 20095.01.00/12-1
4.2. Subcomissão para tratar da Educação no Campo
Ementa: Requer a criação de subcomissão para tratar do tema: ”Educação no
Campo e debater o PL 297/2011”, no âmbito da Comissão de Agricultura, Pecuária e
Cooperativismo. Processo nº 20432.01.00/12-5
Projeto de Lei nº 230/2011, proposto pelo deputado Lucas Redecker (PSDB).
Ementa: Inclui o controle do leite e da carne importados nas ações previstas na Lei
nº 12.380/05 e 8.109/85 e dá outras providências. Processo Nº 20760.01.00/11-1
Projeto de Lei nº 75/2012, proposto pelo deputado Aloísio Classman (PTB).
Ementa: Altera a Lei 8.820, de 27 de janeiro de 1989, que institui o Imposto sobre
Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e Sobre Prestações de Serviços de
Transportes Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação – ICMS, e dá outras
providências. Processo Nº 20344.01.00/12-4
7. Prêmio Folha Verde 2012
A Comissão resgatou o prêmio Folha Verde, que é uma forma de reconhecimento do
trabalho de entidades e personalidades que se destacaram no setor primário gaúcho.
As indicações foram realizadas pelos parlamentares. Após o recebimento dos nomes
pela CAPC, os indicados foram submetidos à uma comissão julgadora, composta por
um representante da Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária e Agronegócio,
da Delegacia Federal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, da
Associação dos Jornais do Interior do Rio Grande do Sul – ADJORI/RS, da Associação
Riograndense de Imprensa – ARI, do Sindicato dos Jornalistas do Rio Grande do
Sul e quatro representantes da mídia especializada. A nominata dos vencedores foi
homologada e publicada no Diário da Assembleia Legislativa.
7.1. Histórico
O prêmio Folha Verde foi instituído em 1995 pela Resolução 2.608, de autoria do
deputado Giovani Cherini, presidente da Comissão de Agricultura da época. E em
2003, por iniciativa do então deputado estadual, Jerônimo Goergen, a Mesa Diretora
do Parlamento gaúcho autorizou a realização da homenagem. O Prêmio também foi
entregue nos anos de 2004, e 2007.
7.2. Categorias
Foram dez categorias premiadas no Prêmio Folha Verde 2012: agricultura ecológica, agrícola,
reforma agrária, propriedade agropecuária modelo, cooperativas, florestal, mídia agrícola,
sindicatos de empregadores e trabalhadores rurais, pecuária e público agropecuário.
B. Relatório da Subcomissão de Irrigação
Coordenada pelo deputado Heitor Schuch (PSB), a Subcomissão de Irrigação
debruçou-se nem um tema que vem preocupando cada vez os gaúchos, as sucessivas
estiagens. Nos quatro meses de funcionamento, a subcomissão promoveu diversas
discussões com entidades técnicas e representantes do setor, para traçar um
diagnóstico buscando a definição de alternativas de enfrentamento à falta de chuva
que nos últimos anos atingem o Rio Grande do Sul.
deliberativo, controle dos beneficiários, análise das solicitações e prévia aprovação
do licenciamento ambiental - com flexibilização, menos burocracia e mais agilidade.
Entre as principais conclusões o trabalho apontou a necessidade de se criar um
sistema único estadual de informações sobre irrigação, utilizando e reunindo os
diversos, estudos e pesquisas já existentes no Estado. O relatório final indicou ainda
a necessidade de o Estado instituir um único órgão gestor dessa área, com poder
O relatório sugere ainda a constituição de um Fundo Estadual para Irrigação, que
poderia ser capitalizado ao longo do período de financiamento dos projetos em
andamento, e também com aporte de recursos da União.
“Hoje existem importantes programas de irrigação, porém espalhados em
diversas secretarias, o que acaba dificultando sua operacionalização e o acesso
por parte dos agricultores”, observa Schuch.
Sugestões / Proposições:
1. Governo fazer da Irrigação uma prioridade;
2. Instituir um Sistema Estadual de Informações sobre Irrigação (utilizando e reunindo os
diversos estudos e pesquisas já existentes no Estado), destinado à coleta, processamento,
armazenamento e recuperação de informações referentes à agricultura irrigada, sobre:
• as áreas irrigadas, as culturas exploradas, os métodos de irrigação empregados e o nível
tecnológico da atividade;
• o inventário de recursos hídricos e as informações hidrológicas das bacias hidrográficas
• o mapeamento de solos com aptidão para a agricultura irrigada;
• a agroclimatologia;
• a infraestrutura de suporte à produção agrícola irrigada;
• a disponibilidade de energia elétrica e de outras fontes de energia para a irrigação;
• as informações socioeconômicas do agricultor irrigante;
• a quantidade, a qualidade, a destinação e o valor bruto dos produtos oriundos de sistemas
irrigados;
• as áreas públicas do Estado, suas autarquias, fundações, empresas públicas e sociedade de
economia mista aptas para desenvolvimento de projeto de irrigação.
3. Que o Estado tenha um único órgão gestor, com poder deliberativo, controle dos beneficiários,
análise das solicitações e prévia aprovação do licenciamento ambiental - com flexibilização,
menos burocracia e mais agilidade;
4. Constituir um Fundo Estadual para Irrigação (que pode ser capitalizado ao longo do período de
financiamento dos projetos em andamento) e também com aporte de recursos da União – o
Fundo pode ser gerido por um Conselho Estadual de Irrigação ou órgão gestor;
5. Desenvolver sistemas de armazenamento de águas que evitem ao máximo o potencial de
evapotranspiração.
8. Dar continuidade a projetos já existentes, como a construção das barragens. Aprofundar os
motivos que levaram Odebrecht a gastar 125% do orçamento previsto e não ter concluído a
obra no prazo (auditoria);
9. Garantir assistência técnica e extensão rural ao agricultor familiar irrigante, em projetos
públicos e privados de irrigação, através do IRGA e da EMATER;
10.Realizar convênios com prefeituras, cooperativas e sindicatos para projetos de irrigação
(treinamento de produtores e elaboração de projetos);
11. Estimular a organização dos agricultores irrigantes mediante a constituição de associações ou
cooperativas de produtores (produção coletiva);
12. Os projetos públicos e privados de irrigação poderão receber incentivos fiscais, observando as
regiões com os mais baixos indicadores de desenvolvimento social e econômico, bem como as
consideradas prioritárias para o desenvolvimento e diminuição das desigualdades regionais;
13.Promover o uso de tecnologias que permitam o aumento da produtividade e redução dos
custos pela redução do consumo de energia e perdas de água;
14. Fazer aporte de subsídios para incentivo à irrigação - Subvenção (do governo estadual e federal)
para agricultores irrigantes quando da contratação de seguro rural;
15.Investimentos (público e das concessionárias) para o aumento de carga de energia elétrica
nas regiões que necessitam de irrigação. As concessionárias e permissionárias de distribuição
de energia elétrica poderão acordar desconto no âmbito da política estadual de incentivo à
irrigação, vedado este desconto por meio de repasse às tarifas de energia elétrica;
16. Avançar nas pesquisas e desenvolvimento de equipamentos mais baratos compatíveis com o
custo benefício das lavouras;
6. Organizar estruturas permanentes para dar suporte às medidas a fim de aperfeiçoar o uso da
água na agricultura irrigada - Implantar instrumentos de acompanhamento e controle contra o
desperdício de recursos hídricos;
17. Facilitar o acesso a linhas de créditos, especiais para irrigação para a aquisição de máquinas e
equipamentos;
7. Cadastrar, conscientizar e capacitar os usuários para otimização do uso da água;
18. Investir na formação de técnicos, qualificando os Recursos Humanos do Estado;
19. Tratar as diferentes realidades com diferentes sistemas.
C. Relatório da Subcomissão de Educação no Campo
Relatório aponta necessidade de novo modelo de escola rural
Criada em abril na CAPC, a Subcomissão de Educação do Campo e PL 297/2011 teve
como proposta discutir o atual modelo de educação no meio rural e propor alternativas.
Conforme apontado no relatório final, problemas de estrutura e, principalmente, o
atual modelo pedagógico, são motivos de evasão de jovens. Segundo estudo de 2010
do IBGE, 45 mil famílias gaúchas não contam mais com sucessores. Nos últimos 10
anos, 276 mil agricultores deixaram o interior. Foram realizadas audiências públicas
para debater a questão em diversas regiões do RS.
Para o coordenador e relator da Subcomissão,
deputado Tortelli, o conteúdo oferecido no interior
não é condizente com a realidade, com a cultura da
agricultura familiar. Segundo ele, é preciso que o
educando se qualifique em atividades rurais e adquira
habilidades necessárias para desenvolver projetos que
possam ser implementados em suas propriedades. Sugestões / Proposições:
1. A realidade do meio rural ameaça a soberania alimentar da população e a existência
de muitos municípios;
8. A Construção de um novo modelo da Escola Rural;
9. Ações de fortalecimento do grande agente da nova educação;
2. A atual realidade da educação no campo, compromete e dificulta a sucessão familiar
e o futuro da agricultura familiar;
10.A formação de professores e criação da Bolsa Educação Rural (BOER);
3. A formação de professores é um óbice ao desenvolvimento da educação no campo;
11.Criação do departamento e conselho de educação no campo;
4. A resistência dos agricultores familiares e as experiências das entidades contribuem
para a permanência das famílias e dos jovens no meio rural;
12.Criação do fórum estadual da educação no campo;
5.A Política Nacional de Educação no Campo apresenta avanços que podem ser
aproveitados para melhorar a situação atual;
6. O governo do Rio Grande do Sul não tem clara uma Política de Educação no Campo
que atenda às necessidades dos agricultores familiares;
13.Imediata aprovação e regulamentação do PL 297/2011, como forma de incentivo
às entidades que desenvolvem experiências de educação no campo e que permitam
investimento de recursos públicos nas escolas comunitárias;
14.Ações junto ao governador do Estado;
15.Criação de uma comissão especial para tratar da educação no campo.
7. Criação do Programa Estadual de Educação do Campo (PRONACAMPO-RS);
D. Artigos dos Deputados Titulares da Comissão
Como resultado do esforço conjunto dos
parlamentares que integram a Comissão, alcançamos
iniciativas concretas que se expressaram nos mais
diversos âmbitos, como na instalação de subcomissão
para acompanhar a situação da irrigação no RS
e no lançamento do projeto “Radiografia da
Agropecuária Gaúcha”, cuja proposta é elaborar um
levantamento imprescindível para atualizar o setor.
“Ao final de 2012 é imperioso fazermos um obrigatório balanço, refletindo sobre
as atividades da nossa Comissão de Agricultura, Pecuária e Cooperativismo no
período que finda. Creio que a Comissão produziu propositivos debates acerca
de temas de interesses econômicos e sociais para o RS, sobretudo nas audiências
públicas que realizou, possibilitando um grande diálogo do Parlamento com o setor
primário gaúcho, procurando formular contribuições para seu desenvolvimento.
Assuntos como Código Florestal, estiagem,
vitivinicultura, seguro agrícola, equinocultura e
irrigação, entre outros, foram alguns dos temas
discutidos pela Comissão, demonstrando
a inserção do órgão técnico nas questões
cotidianas da economia rio-grandense.
Mais recentemente, tivemos mais uma oportunidade
de debater a questão dos agrotóxicos e do retrocesso
ambiental que a flexibilização do seu uso traria ao
nosso estado. Foi um importante momento para
reafirmarmos nossas políticas públicas voltadas
para o meio ambiente e a sustentabilidade,
demonstrando que ser contra a flexibilixação da lei
dos agrotóxicos é ser a favor do meio ambiente,
da qualidade dos nossos alimentos, solos e água. É
ser a favor da vida. Flexibilizar é um retrocesso em
relação a uma conquista histórica do vanguardismo
ecológico do Rio Grande do Sul que serviu de
modelo para o país. É atentar contra o presente e
colocar em risco o futuro das próximas gerações.”
Deputado Adão Villaverde (PT)
“Ao assumir o mandato parlamentar, fiz questão
de integrar a Comissão de Agricultura, Pecuária e
Cooperativismo, pois sou natural dos Campos de
Cima da Serra que, a exemplo de Caxias do Sul, tem
um meio rural forte e agroindústrias em expansão.
Destaca-se a vitivinicultura, importante geradora
de renda e emprego, impulsionadora da economia.
Na Serra Gaúcha, temos grande diversificação de
produtos agrícolas. No entanto, através da Comissão
de Agricultura, tive oportunidade de atuar em
favor de outras culturas e de seus produtores. Uma
questão em especial dos Campos de Cima da Serra, e
de boa parte do Estado, mereceu - e merece – nossa
atenção: a sustentabilidade dos campos, seu manejo
legal, ambiental, e socioeconômico. A queima dos
campos é preocupação permanente. Conseguimos,
graças a mobilização da maioria dos parlamentares
com a votação do projeto que se transformou na Lei
13.931/12, alterar a questão da sapeca controlada.
O impedimento das queimadas sempre gerou impactos negativos em relação
às atividades econômicas e sociais, sendo um dos motivos fortes do êxodo rural
nestes municípios e da inviabilidade da pequena e da média propriedade. Por
isso, trabalhamos, em favor das queimadas. A queimada controlada mediante
rigorosas condições - que deve evitar que o fogo se espalhe de forma descontrolada
e coloque em risco animais e áreas de flora ou de fauna que precisam ser
preservadas - é um recurso indispensável e necessário para a pequena propriedade.
Os produtores, no final do inverno, tem por costume a retirada da pastagem
seca para que, de forma mais rápida, se propicie a brotação de nova pastagem
para a alimentação do gado. Esta é, também, a solução mais econômica.
Por isso a importância do Estado em fortalecer as políticas públicas de interesse
regional referente ao manejo dos campos e, notadamente, em regiões acidentadas.
Aguardamos que a justiça libere definitivamente lei
13.931 para viabilizar os procedimentos necessários,
sempre respeitando o ambiente ecologicamente
equilibrado, preservando a paisagem, mas
assegurando a função social da propriedade
rural e de forma mais viável e econômica.”
Deputado Alceu Barbosa (PDT)
2º vice-presidente da Assembleia
“A Comissão de Agricultura, Pecuária e Cooperativismo, vem, ao longo dos
anos, cumprindo um importante papel para a sociedade gaúcha, sobretudo
tendo em vista a importância, histórica, da agropecuária no Rio Grande do Sul,
reconhecidamente um dos pilares de nossa economia. A isso, acrescento o fato
de, nas últimas décadas, o setor estar ganhando novos contornos, o que aos
poucos começa a ser incorporado pela Comissão e é extremamente positivo.
Destaco, especialmente, a questão da agricultura familiar, filão que vem ganhando
relevo e atenção especial das políticas públicas nos últimos
anos e, sem dúvida, merece um olhar especial desta
Comissão nos próximos períodos, como ocorreu
no projeto Radiografia da Agropecuária Gaúcha,
podendo ser aprofundado nas próximas edições.
A agricultura familiar gaúcha é referência no Brasil e
consolida-se na capacidade de absorção de mãode-obra e de geração de renda no campo. Em nosso
Estado, são mais de 441 mil estabelecimentos rurais,
dos quais 378 mil de base familiar (85,7%). Desta
forma, fomentar e criar as estruturas para que o setor
se fortifique significa também solidificar um meio
eficiente de reduzir a migração do campo para as
cidades. Soma-se a este projeto, a forte influência da
agricultura familiar no que diz respeito à segurança
alimentar e à preservação ambiental a partir de
práticas sustentáveis e ecologicamente corretas.
Sendo assim, não se trata de fazer uma diferenciação
pejorativa entre o Agronegócio e a Agricultura
Familiar, pelo contrário. Trata-se de, cada vez
mais, compreendermos o setor agropecuário em
sua estrutura complexa e dinâmica e, pela sua
importância, darmos o destaque para a agricultura
familiar. Tenho certeza de que este será um
louvável exercício parlamentar e de cidadania
que nossa Comissão saberá desenvolver.”
Deputado Aldacir Oliboni (PT)
“A importância da agropecuária para Rio Grande
do Sul é inquestionável. A força do setor para
o desenvolvimento do nosso Estado ganha na
Comissão de Agricultura, Pecuária e Cooperativismo
(CAPC), da Assembleia Legislativa, o seu merecido
espaço. Ao longo de 2012, levamos ao debate
temas relevantes para produtores e comunidade,
no trabalho conjunto de um grupo de deputados
conscientes do seu papel. Um exemplo foi o
lançamento do projeto Radiografia da Agropecuária
Gaúcha, cuja meta é diagnosticar a situação da
produção agropecuária no Estado e direcionar
políticas públicas que fortaleçam o agronegócio.
E como vice-presidente da Comissão, também não posso esquecer as discussões
promovidas sobre a suinocultura. Hoje, o Rio Grande do Sul é o maior exportador
e o segundo maior produtor brasileiro, o que mostra a necessidade de trazer à
pauta os assuntos pertinentes ao ramo. Entre eles, esteve o embargo russo à carne
brasileira, atingindo diretamente a produção gaúcha de suínos e que propagou
uma crise ao levar dificuldades financeiras e total insegurança aos cerca de 300
municípios que sobrevivem da atividade. Mesmo com o fim da medida, anunciada
no final de novembro pelo governo da Rússia - maior comprador da carne
produzida no Brasil, temos muito a fazer por um setor crucial à nossa economia.
Com isso, os milhares de suinocultores do Estado podem contar
com o trabalho realizado pela Comissão de Agriculura da
AL. As portas estarão sempre abertas para ouvir, debater
e buscar soluções que garantam qualidade de vida no
meio rural, o crescimento da indústria, os milhares de
empregos gerados e uma carne nutritiva às mesas.”
Deputado Aloísio Classmann (PTB)
Líder da bancada do PTB e vice-presidente da CAPC
Na questão da educação rural, também por meio
de Subcomissão, realizamos audiências pelo RS
e produzimos relatório destacando a situação
preocupante atual, na qual jovens não se enxergam
nos conteúdos que aprendem e deixam o campo.
Apontamos sugestões para mudarmos essa
realidade. Ainda demos continuidade na luta pela
estruturação da Ascar/Emater e pela garantia
de sua filantropia, debatemos o novo Código
Ambiental, a diversificação em áreas de cultivo
de tabaco e o uso abusivo de agrotóxicos.
“ A CAPC contribui de maneira significativa nos debates e encaminhamentos de
assuntos referentes à agricultura do Estado e país. Um exemplo foi a Radiografia
da Agropecuária Gaúcha, coordenada pelo deputado Ernani Polo, que promoveu
um conjunto de encontros importantes que contribuirão para orientar os melhores
caminhos para superar os gargalos no desenvolvimento da agropecuária gaúcha.
Na Comissão também continuamos as discussões sobre
a energia elétrica no campo, a qual conduzimos
uma Subcomissão, levantamos a problemática
e apresentamos ao Governo do Estado, que
ainda necessita estruturar o setor e atender
a demanda dos agricultores familiares.
Temos como desafio continuar o trabalho por mais
assistência técnica e recursos para investimentos
em irrigação, além da construção de políticas
estruturantes que propiciem o crescimento
e fortalecimento da agricultura familiar e do
agronegócio, vendo a diferenciação entre os dois
modelos de produção. Temos também o desafio
de encontrar soluções sustentáveis visando
a produção de alimentos limpos e a energia,
ambas em equilíbrio com o meio ambiente.”
Deputado Altemir Tortelli (PT)
“Os agricultores familiares, indígenas, e quilombolas
gaúchos, vêm enfrentando dificuldades econômicofinanceiras, principalmente por prejuízos causados
pelos efeitos climáticos, queda dos preços recebidos
e aumento das despesas de produção. Essa
agricultura passou a integrar o complexo rural
mundial, representado por uma cadeia de produção,
processamento, distribuição e consumo. Nesse
ambiente é preciso desenvolver novos conhecimentos
e conceitos destinados para soluções de problemas
da agricultura familiar no processo de inclusão social
e cooperativismo. O projeto radiografia da agricultura
gaúcha servirá para discutir novas políticas de
fomento e capacitação em áreas rurais. Retratar a
realidade do campo permite conhecer o potencial de
mercado e desenvolver um conhecimento destinado
a embasar uma nova inserção dos trabalhadores
rurais no processo de produção que lhes permita
geração de emprego, renda e vida digna no campo.
A agricultura familiar ocupa um papel muito importante nas estratégias de
desenvolvimento e soberania alimentar. Não basta querer progresso e dizer que
devemos respeitar a natureza. Se não transformarmos esses desejos em realidade,
nada acontece. Ao longo de 2012, dezenas de temas do setor primário de nossa
economia foram apreciados pela Comissão de Agricultura,
Pecuária e Cooperativismo da Assembleia Legislativa, num
processo constante que assume papel fundamental no
debate e construção de políticas públicas e trabalho
conjunto entre Parlamento, governo e sociedade.”
Deputado Edegar Pretto (PT)
“Este foi um grande ano para a Comissão de Agricultura, Pecuária e Cooperativismo
(CAPC). Foram realizadas inúmeras audiências públicas em diversos municípios,
que levaram ao alcance de todos os debates em torno do nosso setor primário.
Discutimos sobre questões cruciais para o desenvolvimento da agricultura, como
o Pagamento de Serviços Ambientais (PSA) como alternativa para a implantação
da sustentabilidade ecológica com a viabilidade
econômica em nossas propriedades. A discussão
dentro da Comissão de Agricultura possibilitou a
criação de uma Comissão Especial que discutiu
o tema dentro do parlamento gaúcho.
Além disso, 2012 foi um ano de grande dificuldades
climáticas para os nossos agricultores. Diversas regiões
tiveram suas produções severamente afetadas pela
seca e mais uma vez a Comissão desenvolveu um papel
essencial neste momento de crise. Lutando por auxílios
às cidades afetadas pela estiagem e buscando a
implantação de políticas de prevenção aos seus efeitos.
A agricultura e a pecuária carecem de soluções
práticas e viáveis para suas demandas. Para
que isso seja possível é necessário, em primeiro
lugar, discutirmos nossa atual situação no setor
primário. O projeto Radiografia da Agropecuária
Gaúcha, desde o seu início, em abril deste ano
(2012), intensificou os grandes debates e palestras
essenciais onde foram pensadas soluções para
o crescimento da base da nossa economia.”
Deputado Edson Brum (PMDB)
“ Os homens, mulheres e jovens do setor primário
do Rio Grande do Sul merecem láurea digna dos
heróis. Os desafios são tantos e tão variados que são
fonte de preocupações permanentes. As intempéries,
as oscilações do mercado, as equivocadas
políticas oficiais, o histórico distanciamento das
autoridades com a realidade do campo, parecem
provocações destinadas ao esvaziamento. Mas
ao contrário, a realidade mostra que a fibra
desta gente sobrepuja todo tipo de obstáculo.
A economia gaúcha depende visceralmente
da agricultura e da pecuária. Aprendi a
respeitar o homem solitário da coxilha que, na
companhia do cavalo, singra os campos, zela
pelas fronteiras do Estado e fez da carne do Rio
Grande um ícone. As colheitas giram a roda da
economia, criando empresas, abastecendo de
emprego, renda e desenvolvimento inúmeras
comunidades esculpidas pelas diversas etnias
que forjaram o território riograndense.
Infelizmente aqueles que trabalham sem olhar o calendário não são aquinhoados
com a sensibilidade das autoridades do setor. O seguro agrícola ainda é
claudicante, pulverizando o temor a cada temporal de granizo. A política de
preços mínimos escraviza o produtor, impede o aumento da produtividade,
extingue seus sonhos de prosperidade que repercute em riqueza para todos.
O Parlamento realiza com denodo a função de fiscalização. Com
pesar, todavia, é preciso reconhecer que pouca coisa tem se alterado.
Os problemas se repetem – alguns até se agravaram -, as desculpas
para a falta de apoio se renovam. Somente a teimosia dos produtores
mantém a produção agropecuária em constante atividade.
A Comissão de Agricultura, Pecuária e Cooperativismo, integrada pelas
mais diversas bancadas do Parlamento, é instrumento fundamental para
aproximar o setor primário das soluções. É um exercício diário onde a busca
de alternativas é a tônica, paralelamente ao esforço de negociação.
Batalhar pelo setor primário do Rio Grande é
assegurar o futuro da nossa gente. Este tem
sido o nosso compromisso incansável que
é, acima de tudo, o reconhecimento da
vocação inequívoca da nossa gente!”
Deputado Frederico Antunes (PP)
“Um almoço simples, na base da mandioca, feijão, arroz e carne suína ou ave, coloca
na mesa dos brasileiros, diariamente, o resultado do trabalho da agricultura familiar.
No Rio Grande do Sul, o setor responde pela produção de leite, milho, soja, aves,
suínos, bovinos de corte e fumo. A organização em cooperativas, associações
ou em condomínios rurais (iniciativa do ex-governador Alceu Collares), torna
o campo atrativo e capacitado para negociar preços e prazos de insumos,
máquinas e equipamentos. Um exemplo é a Aprofeira – Associação de Prestação
de Serviços e Assistência Técnica dos Feirantes
Produtores de Ijuí. Os produtores associados
vendem na cidade, semanalmente, atraem
outros municípios e agregam novas áreas,
como floricultura, produtores agroecológicos
ou condomínio de produtores de leite.
Para aumentar a produtividade, uma questão que
precisa ser considerada para a agricultura familiar
é o efeito frequente das estiagens em nosso
Estado. Esta é uma questão que precisa ser tratada
com prioridade pelo Rio Grande, pois o reflexo
no PIB é imediato. Para isso, é preciso investir em
programas que facilitem o acesso dos pequenos
e médios produtores aos métodos de irrigação
ou estudar a possibilidade de trabalharem com
chuva artificial, já em testes em alguns estados
do país e também na região da Associação dos
Municípios do Planalto Médio (AMUPLAN).
Para avaliar este novo cenário rural e apontar
alternativas, a Comissão de Agricultura, Pecuária e
Cooperativismo da Assembleia Legislativa estudou
a evolução da agropecuária gaúcha nos últimos
15 anos. Através desta publicação, buscamos
contribuir com o desenvolvimento da área.”
Deputado Gerson Burmann (PDT)
Líder da Bancada do PDT
“ A Assembleia Legislativa está de parabéns pelo
projeto Radiografia da Agropecuária Gaúcha,
integrando os Grandes Debates da iniciativa da
gestão compartilhada da 53ª Legislatura. De
sua parte, a Comissão de Agricultura, Pecuária
e Cooperativismo conseguiu executar com
muito êxito a tarefa de realizar um diagnóstico
preciso sobre o setor agropecuário gaúcho, com
seus pontos fortes e também os gargalos que
precisam ser resolvidos, nas diferentes áreas.
Ao longo do ano, foram ouvidos representantes, técnicos e lideranças dos mais
diversos setores e cadeias produtivas, permitindo um levantamento objetivo,
profundo, que poderá servir como indicativo para a proposição e execução de
políticas públicas pelos governos estadual e federal. Foi possível assim mapear
as condições de produção do setor primário do Rio Grande do Sul e apontar
deficiências que precisam ser corrigidas para o pleno desenvolvimento da nossa
agropecuária e, por conseguinte, da economia gaúcha. Um trabalho feito em
equipe, envolvendo os diversos setores da sociedade e o conjunto do Parlamento,
com suas diversas representações partidárias, com um propósito comum.
Agora, o desafio é manter os dados permanentemente
atualizados, e que os mesmos não fiquem apenas como
referência, encerrados num estudo, mas atendam
o propósito de contribuir para o fortalecimento
e o crescimento do setor agropecuário, com
sustentabilidade e aumento na renda do produtor.”
Deputado Heitor Schuch (PSB)
A agricultura familiar é um segmento estratégico para
o nosso desenvolvimento, pois além de produzir 70%
dos alimentos consumidos pelos brasileiros, também
responde por 38% da renda agropecuária e ocupa
quase 76% da mão-de-obra do campo. Mesmo assim,
é nela onde encontramos o maior índice de probreza
rural e endividamento agrícola sendo também a mais
sensível às intempéries climáticas e outros fatores.
“Mapear as condições de produção do setor primário no Estado e
apontar políticas que solucionem atuais gargalos, são alguns dos
objetivos do projeto Radiografia da Agropecuária Gaúcha, aprovado pela
Comissão de Agricultura, Pecuária e Cooperativismo, em 2012.
Ao longo do ano foram realizadas audiências públicas com a finalidade de apontar
as qualidades e deficiências da agropecuária gaúcha, analisando custos e capacidade
de produção, índices de produtividade, entre outros.
Vale ressaltar que existem diferentes mundos rurais:
um baseado no agronegócio de agricultura extensiva
e produtora de commodities, e outro na agricultura
familiar, que por sua vez, é maioria no no país.
Nos governos Lula e Dilma, tivemos avanços em
políticas públicas, dos quais podemos destacar o
Pronaf e o Plano Safra da Agricultura Familiar. No
Estado, para fomentar os diversos segmentos do
campo, o governador Tarso criou a Secretaria de
Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo
(SDR) e lançou o Plano Safra Gaúcho.
É por isso que lutamos, para que exista um
conjunto de políticas públicas que promovam o
desenvolvimento rural sustentável, a agroecologia,
a economia solidária, a assistência técnica e
extensão rural, soberania alimentar e nutricional.”
Deputado Jeferson Fernandes (PT)
“A Comissão de Agricultura, Pecuária e
Cooperativismo é uma das mais importantes da
Assembleia Legislativa, pois por ela passam todos
os temas relevantes da agricultura e agronegócio,
grandes responsáveis pelo superávit brasileiro
nos últimos anos. Todos os temas tratados pela
comissão foram amplamente debatidos em
audiências públicas, como a situação da estiagem,
do embargo à carne brasileira, as dificuldades da
suinocultura, entre tantos outros, sempre com a
participação da sociedade e contribuindo para o
fortalecimento da nossa agricultura, que ainda hoje
representa 12% de toda a produção nacional.
O campo também puxou a atividade econômica no terceiro trimestre no RS,
crescendo 22,3% em comparação com igual período do ano passado. Mesmo
assim, 2012 termina com queda de 32,4% na agropecuária, em razão da
estiagem. Esses resultados poderiam ser outros se tivéssemos um plano de
fomento à irrigação efetiva. Não é de hoje que sofremos com as estiagens
prolongadas e mesmo assim não temos políticas públicas que minimizem o
impacto delas a cada nova safra. Este é um desafio importante a superarmos.
Graças à agricultura, as projeções para 2013 são positivas e caso elas se
confirmem, o PIB gaúcho poderá ter um crescimento de aproximadamente
6%, o dobro da economia nacional, puxado pela produção de grãos. Isso
apenas comprova a vocação empreendedora dos nossos agricultores.
Desejo que estas expectativas positivas se
concretizem, pois, historicamente sabe-se que se
o desempenho da produção primária for bom,
os demais setores e atividades econômicas
acompanham o ritmo. Feliz 2013!”
Deputado Lucas Redecker (PSDB)
“O setor primário teve na Comissão de Agricultura da Assembleia uma forte aliada
para enfrentar os entraves à atividade produtiva e para ampliar a luta por mais
infraestrutura na zona rural gaúcha. Os temas levantados pelos deputados estiveram
conectados com a realidade vivida no interior, que muitas vezes passa despercebida
pelas populações urbanas. Entre as pautas que a Comissão discutiu com profundidade
e produziu alternativas estiveram o abastecimento de água, a cadeia leiteira, a
educação rural, o Código Florestal, a irrigação, os agrotóxicos e a reestruturação
do Parque Assis Brasil em Esteio. O trabalho da Comissão inclusive ajudou o
governo do Estado a agir rapidamente no auxílio às milhares de famílias gaúchas
atingidas pelos efeitos da estiagem que castigou o Rio
Grande neste ano. Muitas das ações sugeridas pela
Comissão foram implementadas pelas secretarias
de Agricultura e de Desenvolvimento Rural, o
que demonstrou o respeito do Executivo pelo
trabalho desempenhado no Parlamento.
Devido à atuação que tivemos na Comissão,
promovemos também, neste mês de dezembro, uma
audiência pública em Jaguari, na região Centro,
que aprofundou a discussão sobre o a qualidade
da telefonia móvel nas áreas não urbanas. Este é
um tema que afeta diretamente a vida dos nossos
produtores e que merece cada vez maior atenção do
Poder Público. Sem dúvida, o saldo da Comissão em
2012 é positivo em consequência da atualidade dos
temas e pelo diálogo estabelecido entre os membros.“
Deputado Valdeci Oliveira (PT)