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ÍNDIC
Nossa Capa
Maio 2014
Coordenação Editorial: Davi Castiel Menda
[email protected]
Assistente de Coordenação: Ana Maria Castiel Menda
Diagramação: Micheli Vargas
Correspondentes:
Curitiba - José Zokner
Israel - Nelson Burd
USA - David Nelson Menda
Colaboradores: Abraham Bar Chiyya, Aron
Hazan,
Cecilia Fonseca da Silva, Cynthia Castiel Menda, D.
Benjoya, David Mandel, David Nelson Menda, Duda
Levi, Enrique Saporta y Beja, Idel Menda, Irvin Mandel,
Israel Blajberg, Joel Yudd, José Zokner (Juca), Luiz
Fernando Figueiredo, Nelson Burd, Peter Wolff,
Samantha Castiel Menda e Rabino Shmuel Binjamini
Homenagem às mães
Eva Mask
Colaboração especial nesta edição:
Editorial
Angela M Rodrigues O P Gurgel, Daniel Campos,
Deborah Srour, Ester Azulay Laredo, Fábio
Rosenfeld, Guido Maisuls, Matilda Koén-Sarano,
Religião
Nomes e nomes duplos
Rabi Meir Baal Hanes
Banco de Imagens: DepositPhotos e Schutterstock
Fotos&Imagens: Alphaspirit, Canicula, Eva Mask, K45025,
Kalinovsky,Levgeniiaz, Lucidwaters, Neyrfis, Pepeemilio e
Somatuscanl
Impressão: Ideograf - Gráfica e Editora
Fone: (51)3325.4920 - Porto Alegre
Nossos endereços:
Email: [email protected]
Site: www.centrohebraico.com.br
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matérias, fotos e imagens contidas neste informativo,
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Presidente: Samantha Castiel Menda
Vice-Presidente: Ester Mirian Menda
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Diretor Sócio-Cultural: Fernando Salama
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Diretor Assuntos Internacionais: David Nelson Menda
Comunicação Social: André Barqui Steren
Secretária Executiva: Beatriz Nagelstein
Conselho Fiscal: David Magrisso, Maurício Azubel
e Moisés Pontremoli - Suplente: Abdalah Rahal
Rabino: Shmuel Binjamini
06
07
Artigos/Crônicas/Ensaios
Entrevistas/Reportagens
Livre arbítrio
04
David Mandel: O incrível ‘‘sofrimento’’ dos palestinos 09
Crônicas de Izmir: Na terra dos Ayatolás
11
Santa Mãe Judia
José Zokner: Literatura Argentina-Judaica
12
13
A crônica de Israel Blajberg: Paris está em chamas? 15
Educação, Civilização e Barbárie
16
Pessach
A Direita tinha razão
19
22
Panorama
Noticiário
Coluna Social
Amigos do El Djudió
Diretoria do Centro Hebraico - 2014
03
Memória
Cozinha Sefaradi
Refranero
08
14
18
20
29
29
Internacional
Ladino: Odmar Braga - poeta i eskritor
Ladino: Otro chapeo Borsalino
El perro de Canaán
Anti-semitism in America
Global Jewish Humor
ÚNICA SINAGOGA SEFARADI DO SUL DO BRASIL
VISITE
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Editorial
UM MUNDO MAIS HUMANO
C
omo vivíamos antes de 54? Uma pergunta
interessante e que nos remete a existência de
inúmeros eventos ocorridos nestes últimos 60
anos; uma análise de como conseguimos esta façanha,
sem as mordomias científicas de hoje.
Nós nascemos antes da televisão, antes da penicilina,
da vacina Sabin, da comida congelada, da fralda
descartável, do Xerox, do plástico, das lentes de contato
e da pílula.
Nós nascemos antes dos controladores de velocidade,
do cartão de crédito, da fissão de átomos, do raio laser e
das canetas esferográficas. Antes da máquina de lavar
pratos, dos cobertores elétricos e do ar condicionado.
Nós nascemos antes dos direitos humanos, da mulher
que trabalha fora para aumentar a renda familiar, da
terapia em grupo, dos spas e dos flats. Nós nunca
tínhamos ouvido falar em vídeo cassete, computadores,
vídeo games, Danoninho e rapazes de brinco.
Nós nascemos antes dos antibióticos, dos transplantes
de coração e do Viagra. Aliás, mesmo sem esse último,
a população decuplicou. Era uma época de famílias
numerosas, oito a doze filhos, e as moradias só
possuíam um banheiro e, é fácil imaginar a fila de
espera pela manhã.
Nós casávamos primeiro e só depois morávamos
juntos. O casamento não era descartável. Os casais
viviam juntos durante muitos e muitos anos e,
acreditem, com os mesmos parceiros! Gente estranha,
não?
Sexo era tabu. Motel? Era apelido pejorativo de hotel.
Éramos tão inocentes que acreditávamos em Papai
Noel, Coelhinho da Páscoa e que a cegonha era a mãe
de todos os bebês. Em nossos dias, erva era para fazer
chá ou chimarrão, coca era refrigerante, pó era sujeira e
sacanagem era um enorme palavrão. Embalo era como
se fazia as crianças dormir. Lambada era sinônimo de
chicotada. Fio dental servia para a higiene bucal e
malhar era coisa de ferreiro.
Nós fomos a última geração boba, mas tão boba, que se
precisava de marido para ter filhos. Além disso, éramos
tão ingênuos que cedíamos lugar para uma senhora
sentar no bonde ou ônibus e, éramos nós, homens,
quem pagávamos a conta no restaurante, quando
saíamos com a namorada.
A geração de hoje, talvez olhe para nós com cara de
espanto, tentando saber como sobrevivíamos com tão
poucos recursos e manias tão estranhas e esquisitas...
Bem, nós nos contentávamos com o que tínhamos:
bondes, praias despoluídas, torcer para o nosso time
respeitando a torcida adversária, campeonatos de
futebol com jogadores que amavam a camiseta que
vestiam e raramente eram vendidos para outros clubes.
Viajar para os “Estates” era coisa de rico ou de quem
fazia a última tentativa para curar-se de uma doença
que nós nos negávamos a dizer o nome. Compras eram
no bairro mesmo ou, numa situação chic, na Rua da
Praia. Shopping era coisa de americano; Miami, nem
pensar!
Tínhamos as brincadeiras de rua, os bailes na Reitoria,
as reuniões dançantes e, à noite, escutávamos rádio, de
preferência a Rádio Nacional. À meia noite, as rádios
paravam, afinal, a noite servia para dormir. Somente a
Rádio Metrópole (em Porto Alegre), insistia em
manter-se no ar durante as 24 horas do dia. Divertida e
ao mesmo tempo monótona era a Rádio Relógio, que
informava a hora certa de minuto em minuto
enquanto, no fundo, ouvia-se um tic-tac interminável.
Morávamos em casas com terrenos enormes e árvores
frutíferas ou, em pequenos apartamentos. Coberturas,
nem pensar. Havia o carnaval de rua onde as pessoas
desfilavam nos seus próprios carros de passeio, sem
organização oficial e sem horários a cumprir; e todos,
sentados nos capôs dos carros, eram destaques.
Curtíamos o delicioso namoro no portão - com todo o
respeito - ou namorávamos na sala com a supervisão
dos pais da noiva. Segurar na mão da menina era um
prêmio; dar um beijo era a glória!
As favelas eram apenas tema de música e onde
residiam os boêmios, e não praça de guerra como é
hoje. Existiam muitos terrenos baldios, onde a
garotada se divertia e jogava pelada, sem a
preocupação de assinar um contrato com um time
europeu logo ali adiante. E o que mais nos dá saudades:
andávamos pelas ruas, a qualquer hora do dia ou da
noite, sem medo de assalto ou sequestro.
Parece muito, muito pouco, quase nada comparado
com a trepidante época atual. Mas éramos afortunados,
inocentes e românticos, sem a terrível competição de
hoje. E, a essência de tudo, os pais geravam filhos para
amá-los, e não para matá-los como se lê no noticiário a
todo o instante! Enfim, éramos felizes!
03
“Se a vontade do homem é
livre ou não? A questão ela
mesma é imprópria - é tão
insignificante perguntar se a
vontade do homem é livre
quanto perguntar se seu sono
é veloz, ou sua virtude
quadrada: a liberdade sendo
tão pouco aplicável à vontade,
quanto a velocidade do
movimento ao seu sono, ou a
quadratura à virtude. Todo o
mundo deve rir do absurdo de
uma questão tão peculiar
quanto essa, porque é óbvio
que as modificações do
movimento não pertencem ao
sono, nem a diferença de
figura à virtude; e quando se
considera isso bem, penso que
se percebe que a liberdade, a
qual é apenas um poder,
pertence apenas aos agentes,
e não pode ser um atributo ou
modificação da vontade, a
qual também é apenas um
poder.” - John Locke (filósofo
britânico Séc. XVII)
Um dos grandes enigmas da
humanidade é responder à
questão que vem intrigando há
séculos, físicos, filósofos,
humanistas, biólogos e
sociólogos, além dos
indiscutivelmente - maiores
interessados - teólogos e
religiosos: o homem tem
direito a escolhas ou, sua vida,
ao nascer, já está totalmente
predeterminada?
O enigma dentro do enigma é
a tentativa de explicar o
inexplicável: o conflito da
onisciência de D’us com o livre
arbítrio. Admitindo como
dogmática a onissapiência
04
alphaspirit
LIVRE ARBÍTRIO
divina, Ele saberia com
antecipação tudo o que
ocorreria no futuro, inclusive
os nossos arbítrios, o que
geraria um paradoxo.
O conhecimento eterno de
D’us sobre as opções
individuais do homem
constrange a nossa apregoada
e discutível liberdade de
escolha.
Se agirmos de forma
diferenciada daquilo que D’us
já sabia antecipadamente que
aconteceria, nós O estaríamos
surpreendendo, o que é uma
incongruência - a onisciência
cristaliza o futuro.
Aristóteles, filósofo grego que
viveu 350 anos antes da era
atual, foi praticamente o
pioneiro a plantar a semente
da dúvida, sobre a existência
ou não da liberdade
metafísica, o direito do homem
de escolher as suas
alternativas. De lá para cá,
várias correntes se formaram,
todas gravitando em torno do
tema: determinismo,
incompatibilismo,
indeterminismo, libertarismo,
compatibilismo, que por sua
vez também tiveram suas
ramificações.
O teorema de Bell é o
contraponto ao determinismo
de Albert Einstein e sugere
que D’us esteja jogando dados,
numa metáfora exagerada à
aleatoriedade da vida.
Ou talvez D’us não jogue
dados, mas apenas siga sua
vontade, sendo a mesma não
determinada por nada, nem
mesmo por um objeto formal
como o bem ou a verdade, tal
como na teoria das verdades
eternas de Descartes.
Aceitar ou não que o nosso
destino já estava escrito antes
mesmo do nosso nascimento é
uma questão que todas as
religiões tentam responder,
algumas de forma pragmática.
A maioria, com pequenas
variações, doutrina o livre
arbítrio, e por extensão, que
não devemos culpar a D’us ou
ao destino pelos nossos atos.
Nós somos os responsáveis por
tudo que fazemos!
Se o destino fosse o
responsável direto pelos fatos
bons e ruins que acontecem,
nós seríamos marionetes
manipuladas por extensos
cordéis etéreos. É de se
perguntar, num devaneio
pouco ortodoxo, se os anjos,
em determinadas ocasiões, ao
invés de sonhar, não se
divertiriam manipulando, ao
seu bel-prazer, suas
minúsculas cobaias humanas
(em suma, nós), firmemente
aprisionadas num imenso
labirinto azul chamado Terra.
Entre as exceções, destacamos
o Islamismo que prega ser o
destino de cada um
determinado ainda no embrião
- Maktub! - a teoria do estava
escrito; a Igreja Batista segue
a mesma linha. O judaísmo
aborda o assunto de forma
ambilátera, afirmando que
sim, existe um destino que
predetermina o
comportamento humano mas,
simultaneamente, é dada
liberdade ao homem para
alterar este destino, se assim o
queira.
Resumindo, o homem deve
ajudar-se, não deixando que o
destino o domine, e aja
independente e
soberanamente. Na verdade,
são duas coisas distintas,
destino e livre arbítrio.
Entretanto, não seria coerente
deixar de reconhecer que os
dois conceitos estão
interligados.
Spinoza, filósofo holandês
contemporâneo de Locke,
compara a crença humana no
livre arbítrio a uma pedra
“pensando” que escolhe o
caminho que percorre
enquanto cruza o ar até o local
onde cai.
Diz mais: “as decisões da
mente são apenas desejos, os
quais variam de acordo com
várias disposições”; “não há na
mente vontade livre ou
absoluta, mas a mente é
determinada a querer isto ou
aquilo por uma causa que é
determinada por sua vez por
outra causa, e essa por outra e
assim ao infinito”; “os homens
se consideram livres porque
estão cônscios das suas
volições e desejos, mas são
ignorantes das causas pelas
quais são conduzidos a querer
e desejar”.
Outra questão pertinente:
haveria livre arbítrio antes do
limite zero, o exato momento
em que o embrião começa a
tomar forma? D’us teria nos
consultado se queríamos
realmente vir a esse mundo?
Tivemos direito à escolha do
nosso corpo, local de
nascimento, religião, status
social, a família que iria nos
abrigar e dar educação? Se
alguns filósofos crêem que o
livre arbítrio é equivalente a
ter uma alma, teria a nossa, no
momento da concepção, o
direito àquelas escolhas?
Resta abordar a questão do
livre arbítrio encarado sob a
ótica da responsabilidade
moral e cível, pois a sociedade
considera todos os homens
responsáveis pelos seus atos.
Pessoas que se projetam por
sua notabilidade são
elogiadas; atos criminosos são
reprimidos.
Se o livre arbítrio é real e
verdadeiro, a imputação ao
elogio ou à repressão estão
absolutamente corretos mas,
se formos induzidos pela visão
determinista, onde todos os
eventos são resultados
necessários de causas prévias,
e tudo o que acontece tem uma
causa, estaríamos próximos do
caos e da anarquia, tendo que
perdoar a tudo e a todos,
inclusive os responsáveis pelos
crimes mais hediondos.
Como podemos considerar
alguém responsável por uma
ação prevista desde o início
dos tempos?
Cabe uma derradeira
pergunta: tive eu o direito de
escolher se escreveria este
artigo ou D’us, na sua
ubiquidade e onisciência já
sabia antecipadamente local,
data e hora da sua execução,
dos meus erros e acertos,
enfim, da possibilidade de
exercer um poder sem outro
motivo que não a existência
mesma desse poder, o meu
direito à liberdade de
indiferença?
***
05
Rabino do Centro Hebraico Riograndense
NOMES E NOMES DUPLOS
É notável a presença de várias
pessoas que possuem dois nomes.
Ao analisar este detalhe na vida
judaica percebemos que há uma série
de conjuntos de uso comum
enquanto outros conjuntos são mais
raros entre judeus. Isto se deve a
razões diversas que levaram ao
surgimento destes nomes, e que uma
vez que estes “entram em série”, é
normal que seus descendentes usem
os mesmos nomes como um gesto de
honra a seus antepassados.
Portanto, há nomes com sentido
bíblico conjunto, como por exemplo:
Yaacov Israel (os dois nomes do
patriarca Jacob), ou então Binyamin
Zeev (Zeev significa “lobo” ao qual
Benjamin foi comparado em Gênesis
49:27), ou Yehuda Arye (Judá é
comparado ao filhote de leão em
Gênesis 49:9). Aparentemente, o
fator que mais define os nomes de
crianças judias, é o nome de
antepassados da família.
Provavelmente, muitos nomes duplos
surgiram ao chamar um bebê pelo
nome de dois antepassados. Vale
ressaltar que conforme a Cabala,
evita-se o uso de nomes de pessoas
que tiveram uma morte acidental
pois não sabemos se o nome deles
tem alguma relação com sua morte
(isso só se refere a nomes ou conjunto
de nomes incomuns).
Neste caso, é aconselhável usar um
nome parecido, mas não idêntico ao
do falecido. Pela mesma razão, não é
aconselhável dar nomes novos ou
inventados.
Por outro lado, existem conjuntos de
nomes que foram dados a pessoas
enfermas, com intuito de trazer a
bênção como um último recurso para
06
obter-se cura. Neste caso, costuma-se
acrescentar ao nome original mais
um nome, como “Chaim” (vida),
“Chai” (vivo), ou “Chaia” (viva na
versão feminina). Assim, há um
grande número de nomes duplos
onde um dos nomes é “Chaim”. Vale
notificar que o nome que é acrescido
neste caso, só “entra em vigor” para o
resto da vida se a pessoa ora enferma
viver pelo menos 30 dias depois de
receber o novo nome.
Existem também nomes que refletem
a época do ano na qual nasceu a
pessoa. Pessoas nascidas próximo a
Purim, logicamente podem ser
chamadas de Mordechai, Ester ou
Hadassa. Pessoas nascidas no mês de
Iyar (aproximadamente maio-junho,
em 2014), faz sentido chamar-se de
“Meir Shimon”, pois neste mês há o
aniversário de falecimento de dois
grandes sábios da Mishná (obra de
leis judaicas que serve como a base ao
Talmud): Rabi Shimon Bar Yochai e
Rabi Meir Baal Hanes, ambos
sepultados na Galiléia. Para concluir,
é interessante a presença de nomes
judaicos que são nomes de animais. O
livro Ziv Hashemot explica que estes
nomes invocam a saúde e a força que
tem tais animais.
Rabi Meir e Rabi Shimon
Rabi Meir faleceu em 14 de Iyar e está sepultado dentro de uma bela construção
antiga em Tiberias. É um local onde muitos vão orar pois é considerado um
túmulo “milagroso”.
Rabi Shimon faleceu em 18 de Iyar e está sepultado num antigo edifício em
Miron junto a seu filho Rabi Elazar e perto de muitos túmulos de sábios.
Quem passa por esta região poderá reconhecer de longe os túmulos dos antigos
sábios, que estão pintados na cor azul celeste como marcação.
RABI MEIR BAAL HANES
Muitos conhecem a história de
Rabi Shimon, o autor do livro
cabalístico “Zohar”, que contém
as revelações divinas a ele
concedidas.
Nesta edição vamos detalhar
parte da história de Rabi Meir
Baal Hanes (lit. “dono do
milagre”).
A história consta no Talmud
(Avoda Zará 18a). Rabi Meir era
genro de Rabi Chanina Ben
Tradion. Este Rabi Chanina,
fazia uso do nome de D’us (para
alcançar sua vontade). Isso não
foi bem visto pelos céus e
decretado que ele e sua esposa
fossem mortos e sua filha se
prostituísse.
De fato, Rabi Chanina desafiou o
imperador romano, que proibiu
o ensino da Torá e por esse
motivo ele foi morto numa
fogueira.
Sua esposa foi morta e sua filha
passou a prostituir-se. Só que ela
tinha uma irmã chamada
Beruria, que era esposa de Rabi
Meir.
Ela fez com que Rabi Meir
juntasse uma boa porção de
moedas de ouro (“dinarei” em
aramaico, o que, diga-se de
passagem, pode ser a raiz da
palavra “dinheiro” em
português), e subornou o guarda
que dela cuidava. Rabi Meir
pensou: “se ela se corrompeu,
não merecerá um milagre para
salvação”.
Disfarçado, o rabino tentou
aproximar-se, mas ela esquivou se. Assim, ele pode comprovar
que ela certamente não se
corrompera.
Ao guarda, ele ofereceu uma
soma suficiente para subornar
seu chefe, e ainda lhe restaria
uma boa parte.
Mas esse poderia sofrer a pena
de morte se fosse pego, e temia
aceitar a generosa oferta de Rabi
Meir.
Disse então Rabi Meir: “Se o
levarem a forca, diga ‘D’us de
Meir, salve-me!’ e serás salvo”.
Para provar a eficácia destas
palavras, Rabi Meir agrediu
alguns cães ferozes que por ali
circulavam e quando o atacaram
ele disse a frase e os cães o
soltaram. Sendo assim, o guarda
libertou a sua cunhada. Dias
depois, o guarda foi pego e
levado à forca, quando então ele
disse a frase salvadora: “Elo-ha
de-Meir aneni” e a corda
desprendeu-se de seu pescoço.
Ao verem isso, os carrascos lhe
interrogaram e ele contou tudo
aos mesmos.
Foi anunciado, nos portais de
Roma, um édito de busca contra
Rabi Meir, que se viu obrigado a
fugir para a Babilônia.
Mas, não é correto utilizar o
conhecimento da Torá para
benefício próprio (Ética dos Pais
1:13) haja vista o que como
consta no início desta história,
pois poderá levar a severas
punições.
Talvez seja esta a razão de Rabi
Meir optar por fugir e não
proteger-se através da invocação
de milagres.
É importante ressaltar que,
muitas vezes, sábios fizeram uso
do poder da Cabala. Mas,
geralmente, foram instruídos a
neste sentido ou solicitaram
permissão para salvar outras
pessoas e comunidades.
O casal Rabino Shmuel e Reisel
Binjamini agradece a D’us por
Sua grande bondade ao salvar
seus filhos milagrosamente de
um incêndio ocorrido no dia 7 de
abril em sua casa.
Comentário: Obviamente Rabi
Meir poderia salvar-se com um
milagre.
Aproveita a oportunidade para
agradecer a todos os que
ajudaram a nos restabelecer.
07
ya
r
am
Ba
iy
Ch
ah
ia
or
it
Ed
r
Ab
Pessach é a época em que os celíacos, pessoas com
intolerância a glúten, vão à desforra, em Israel.
Todos os produtos feitos à base de farinha trigo são
substituídos. Pena que, no restante do ano, as
empresas não seguem com estas produções
diferenciadas.
O Dia da Independência cai no início de maio.
Festejos ocorrem por todos os lugares, com
churrascos familiares. Quintais de casas, parques
públicos e até canteiros de avenida são aproveitados
para assar espetinhos e celebrar os 66 anos do
Estado de Israel.
Com a chegada da primavera, cresce o consumo de
sorvetes. A rede Iceberg, de Tel Aviv, chega
aumentar em 40% o seu quadro funcional.
aplicativos de celular, pode-se programar os locais
de busca e devolução.
Sistema de aluguel de bicicletas, da Prefeitura de
Tel Aviv, atrai moradores e turistas. Através de
Durante oito semanas, durante a Contagem do
Omer, não há casamentos em Israel.
Tel Aviv iniciou construção de seu trem de
superfície, no mesmo estilo ao existente em
Jerusalém. A obra ficará pronta em dois anos.
Haifa inaugurou o mesmo trem, fim do ano
passado.
Vinícolas israelenses fizeram de "um limão, uma
limonada". Boicote europeu cessou compra de
vinhos produzidos na região das Colinas do Golan,
mas o mercado interno chegou até a aumentar os
números de vendas. Perdem os outros, que não
desgustam mais nossos excelentes Merlot e
Carbenet.
A notícia mais importante do mês de abril foi a aproximação e a possibilidade de aliança entre o
Hamas e o Al Fatah. Israel tentou de diversas maneiras evoluir nas negociações com os palestinos. Mas,
sempre que havia qualquer avanço, sempre que Israel fazia alguma concessão como, por exemplo,
liberação de quase 80 prisioneiros palestinos, Mahmoud Abbas criava novas condições, que ele mesmo
sabia muito bem que Israel não poderia aceitar.
A pior delas foi esta última aproximação da Autoridade palestina com o grupo terrorista Hamás.
Mahmoud Abbas está abrindo mão de alcançar a paz com Israel para fazer uma aliança com aqueles que
foram os seus próprios algozes há bem pouco tempo. Para quem não lembra, quando assumiu o controle
da Faixa de Gaza, o grupo radical Hamás executou centenas de militantes do grupo Fatah, com uma
crueldade nunca vista antes. Uma das formas de terror era jogar de cima de altos prédios integrantes do
Fatah.
A propósito, ainda existem pessoas que defendem a criação de um Estado binacional para
palestinos e israelenses. Não é o caso de dois estados para duas nações, seria o caso de apenas um Estado
onde vivessem conjuntamente israelenses e palestinos. O problema é juntar na mesma casa dois povos
com problemas de convivência.
Israel recusa um Estado binacional porque, depois de 60 anos de guerras ininterruptas, ninguém
convida para dentro do galinheiro a raposa que andou sempre a rondá-lo.
É só escutar o que diz o Hamás, e mesmo a Autoridade Palestina, para colocar uma pá de cal sobre
qualquer fantasia “binacional”.
Fonte: Fábio Rosenfeld/Hora Israelita-27.04.14/Rádio Band
08
PONTO DE VISTA
Direto de Israel
Tradução: Davi Castiel Menda
[email protected]
David Mandel
O INCRÍVEL “SOFRIMENTO” DOS PALESTINOS
Q
uantos palestinos são
necessários para trocar uma
lâmpada? Nenhum! Eles preferem
sentar-se no escuro e culpar Israel.
O "sofrimento" dos palestinos
assombra o mundo e monopoliza
sua simpatia. As expressões e ações
contra Israel, "a causa deste
sofrimento" (boicotes acadêmicos e
comerciais, demonstrações,
resoluções das Nações Unidas,
campanhas de ONGs, conferências
contra o apartheid), não deixam
tempo, lugar e nem interesse para
que as associações acadêmicas, as
igrejas protestantes, os sindicatos,
os meios de comunicação e o
Conselho de Direitos Humanos
expressem preocupação com o
sofrimento de outras nações.
Não há manifestações contra a
guerra civil na Síria que causou 150
mil mortos e produziu dois milhões
de refugiados. Não há boicote
contra a China que controla um
país vizinho, o Tibet. Não há
condenação contra a Turquia e nem
Marrocos, que invadiram
respectivamente o norte do Chipre
e o Saara Ocidental.
Não há editoriais sobre a fome que
afeta milhões e milhões no sul do
Sudão.
De que "sofrimento" os palestinos
se queixam? Seguramente não é de
morrer por falta de comida já que,
ninguém, nem mesmo os mais
inveterados inimigos de Israel,
afirmam que há fome na
Cisjordânia ou em Gaza.
O "sofrimento" dos palestinos na
Cisjordânia consiste,
principalmente, no tempo que
levam para atravessar os postos de
controle e, a "humilhação" que isso
provoca, em alguns casos, pois são
revistados nestes postos. Não é
mencionado de que essa demora e
essa "humilhação" deva ser
creditada a terroristas palestinos
que, ainda hoje, tentam introduzir
armas para matar israelenses.
O "sofrimento" dos palestinos em
Gaza (Estado de fato independente
e que se governa a si próprio), é o
bloqueio israelense-egípcio no
sentido de impedir a entrada de
armamentos usados para disparar
foguetes contra Israel. Ninguém
menciona que Israel fornece aos
palestinos eletricidade e
combustível, além de permitir a
entrada em Gaza de todo e
qualquer ítem que não se relacione
a armamento. Também não
mencionam que pacientes
palestinos são recebidos e tratados
em hospitais israelenses.
Os palestinos recebem anualmente
centenas de milhões de dólares em
doações dos governos dos Estados
Unidos e da Europa (em 2012 essa
quantia foi de cerca de 800 milhões
de dólares), valor que representa a
mais alta renda per capita do
mundo. O que eles fazem com esse
dinheiro não é muito claro. Pelo
menos 150 milhões de dólares - 5%
do seu orçamento anual - destinase a pagamentos mensais a
terroristas e suas famílias (78 dos
104 terroristas que atacaram Israel
recebem mensalmente 3.500
dólares além de um bônus de
25.000 dólares). Este pagamento a
assassinos desalmados e confessos
é um incentivo para que outros
sigam o seu exemplo.
Em relação aos palestinos que não
possuem um Estado (se não
contarmos Gaza, que é de fato
independente, e Jordânia, onde
metade da população é palestina e a
maioria dos outros é composta de
imigrantes beduínos da Arábia
Saudita), o fato é que os palestinos
da Cisjordânia têm o seu próprio
presidente, parlamento,
embaixadores em mais de 100
países, passaportes palestinos, suas
próprias forças armadas,
representação - na condição de
observadores - nas Nações Unidas,
são membros da Unesco e seus
meios de comunicação têm total
liberdade de criticar, condenar e
atacar Israel (não à liderança
palestina – nesse caso a Autoridade
Palestina pune com prisão). Os
palestinos poderiam ter sido
reconhecido há muitos anos como
um Estado, se não tivessem
rejeitado as ofertas de Clinton e
Barak em julho de 2000 em Camp
David, ou a oferta de Ehud Olmert
em 2008. Há outras nações que
têm direito igual ou maior a ter o
seu próprio Estado, como por
exemplo os curdos, e ninguém faz
manifestações a seu favor.
Concluindo, a palavra "incrível" no
título deste artigo, referindo-me ao
"sofrimento" dos palestinos, não
significa "excessivo" senão, tal
como define a Royal Academy of
Language, "muito difícil de
acreditar".
09
No mês dedicado às mães,
a homenagem do El Djudió
às mães sefaradis, as mães askenazis,
às mães brasileiras, às mães muçulmanas,
às mães israelenses, às mães árabes, enfim,
a todas às mães do mundo que,
ao colocarem seus filhos no mundo,
pensam somente em AMOR
GAL
TAMIR
ROMANCERO SEFARADI
Uma viagem musical ao longo da tradição
e da herança sefaradi-judaica.
www.cdbaby.com/galtamir3
e VIDA.
Crônicas de
Aron Hazan
NA TERRA DOS AYATOLÁS
8
A carne de animais abatidos de
acordo com o costume judaico não
poderia ser vendida a nenhum
açougue muçulmano.
9
Quando um judeu entrava numa
loja para comprar alguma coisa, não
tinha permissão para inspecionar as
mercadorias. Caso sua mão encostasse
por descuido em alguma mercadoria
deveria levá-la pelo preço que o
vendedor estipulasse.
10
As vezes, os persas invadiam as
casa dos judeus e se apoderavam de
tudo que lhes agradasse. Caso o dono
esboçasse a mínima reação, poderia
ser condenado à morte.
11
No ano 587 a.e.c., o rei da Babilônia,
Nabucodonosor, ocupou o Reino de
Judá, destruiu o Templo construído
pelo rei Salomão, e levou muitos
judeus para o cativeiro na Babilônia.
Por sua vez, o Império Babilônico foi
conquistado por Ciro, rei da Pérsia, no
ano 539 a.e.c. O rei deu aos exilados
judeus permissão de voltar a
Jerusalém, e lá reconstruir o Templo.
O Livro de Esdras atesta que 42.000
judeus voltaram para a Judeia. Mas,
muitos optaram em permanecer nas
cidades do Império Persa.
Altos e baixos marcaram a presença
judaica nessa área. A perseguição mais
conhecida foi aquela que deu origem à
Festa de Purim, quando o agagita
Aman procurou exterminar todos os
judeus, sendo salvos pela Rainha
Ester.
O texto abaixo foi resumido do Livro
de Bernard Lewis: Judeus do Islã. O
autor cita como fonte o viajante judeu
J.J.Benjamin, que visitou o Irã em
meados do século XIX.
1
Em toda a Pérsia, os judeus eram
obrigados a viver numa parte da
cidade, separados dos demais
habitantes, pois eram considerados
impuros e poderiam contaminar os
muçulmanos.
2 Não tinham direito de comprar e
vender gêneros alimentícios.
3
Mesmo nas ruas do seu próprio
bairro, não tinham permissão para
manter nenhuma loja aberta. Era-lhes
permitido apenas o ofício de joalheiro.
4 Sendo considerados impuros, não
podiam circular em ruas habitadas por
muçulmanos, podendo ser agredidos
com pedras e sujidades.
5 Eram proibidos de sair quando
chovia pois, a chuva, lavaria sua sujeira
e macularia os pés dos muçulmanos.
6
Se um judeu era reconhecido nas
ruas, era alvo dos maiores insultos. Os
passantes cuspiam na sua cara e, por
vezes, era espancado impiedosamente.
7
Se um persa matasse um judeu, e a
família da vítima não conseguisse
levar duas testemunhas muçulmanas,
o crime permaneceria impune.
Ocorrendo a menor disputa entre
um judeu e um persa, o primeiro era
imediatamente arrastado até o
tribunal (Autoridade Religiosa) e, se o
queixoso apresentasse duas
testemunhas, o judeu era obrigado a
pagar uma pesada multa.
12
Os filhos dos judeus, quando
brigavam com os dos muçulmanos,
eram conduzidos ao Achund e
castigados com bastonadas.
13
Quando um judeu viajava pela
Pérsia, era taxado em cada estalagem
em que se detinha. Caso resistisse a
satisfazer qualquer exigência, era
espancado.
14
Se um judeu se mostrasse à rua
durante os três dias de Katel (quando
se lamenta a morte do fundador persa
da religião de Ali) com certeza seria
assassinado.
15
A cada dia e hora, suspeitas eram
levantadas contra os judeus, de modo
a se obterem pretextos para novas
extorsões. O desejo de lucro sempre foi
o principal incitamento ao fanatismo.
***
11
SANTA MÃE JUDIA
As mães judias são autênticas antiguidades no
campo da maternidade. Tem mais de 5700 anos.
São mulheres que caminharam muito pelo deserto,
muita terra lhe foi prometida, muita maná do céu,
muita tábua da lei, muita diáspora e a maior e
valiosa coleção de prepúcios do mundo.
São mulheres eleitas por D’us, não sabemos
exatamente para quê.
A mãe judia é sagrada como a Torá, os rolos do
Mar Morto e o Muro das Lamentações. É uma
relíquia que passa de geração em geração, de
família em família, de mão em mão. Ou seja, não
se perde, não se transforma e não desaparece. É
objeto de coleção.
Modelos
As mães judias revolucionárias tem como
paradigma Eva, a primeira mulher transgressora.
As contemporâneas preferem como chefe
espiritual Golda Meir.
As menopausicas veneram Sara, que foi
ortodoxamente inseminada ao vivo por D’us aos
120 anos, e que pariu a Isaac.
As progressistas reconhecem a Agar (mãe de
Ismael e serva de Abraham) como o primeiro
ventre alugado, e mulher precursora das novas
tecnologias reprodutivas.
Por último, as sogras judias adoram a Ruth, a
melhor nora da humanidade.
Askenazi y Sefaradí
A mãe judia askenazi é uma coisa e a sefaradi é
outra coisa. Não confundir.
A askenazi tem pele branca, olhos claros, usa
óculos e fica vermelha ao sol.
A sefaradi tem pele de azeitona, usa lentes de
contato e no verão fica marrom. Ou seja, convém
colocá-las ao sol para identificá-las.
A mãe askenazi manda seus filhos as shil, dança
rikudim, fala um pouco de yiddish e em hebraico.
Vai todas as semanas no cabeleireiro.
A mãe sefaradi não manda seus filhos ao shil, fala
em ladino e árabe, veste-se com muito dourado e
adora a dança do ventre. Tem rolos sob a peruca e,
se não usa peruca, procura ter sempre os cabelos
12
impecavelmente arrumados.
A mãe askenazi, quando seus filhos vão ao
colégio, enche seus bolsinhos com kreplaj y leikaj,
e lhes dá uma térmica com borscht.
Quando eles se resfriam, são curados com uma
colher de jrein forte.
A mãe sefaradí, quando os filhos vão ao colégio,
enche seus bolsinhos com mamules, baklavá e
kadaif.
E, na volta, se não comeram tudo, atira-lhes em
pedaços na cabeça.
Instruções para
compreensão e respeito de
uma Mãe Judia
- Quando uma mãe judia sente frio, todos devem
se abrigar.
- Se tem fome, todos devem comer.
- Se tem medo, todos devem temer.
- Se ela se angustia, é porque o que está
acontecendo é terrível.
- Se ela se acorda cedo, é hora de levantar.
- Se ela está cansada e quer dormir, todos devem
deitar.
- Se um filho se resfria, ela espirra.
- Se um filho tem febre, ela põe o termômetro e
transpira.
- Se uma filha esta parindo, ela procura suplantar.
- Se um filho presta exames, ela usa a cabala.
- Se vai em um carro junto ao condutor, freia em
todas as esquinas e grita nas sinaleiras.
A Santa Mãe Judia é dupla e
se desagrega assim
Dentro de casa: bate no peito porque está
descontente com seus filhos e diz para eles.
Fora de casa: enche o peito porque está muito
orgulhosa destes mesmos filhos, e diz para todo o
mundo.
Autoria desconhecida
Tradução do espanhol: Ana Maria Castiel Menda
[email protected]
LITERATURA ARGENTINA-JUDAICA
Alberto Guerchunoff, pai da literatura judia
latinoamericana, autor de Los Gauchos
Judios, considerada sua obra prima.
Como tantas que eu desconheço, a
literatura argentina-judaica é para
mim pouco familiarizada. No
entanto, tive, dentre alguns poucos,
a oportunidade ler dois livros que
retrataram, de maneira marcante,
uma época em que as famílias
judias, vindas da Europa, fugindo
dos pogroms, se defrontavam com
dificuldades, inerentes ao “griner”
(novo imigrante), o temor pelo
desconhecido, a falta de
ambientação, e, claro, a esperança
de poder sobreviver em paz e, por
que não, de “fazer américa”.
Um deles é de autoria de Jacob
Muchnik (z´l), fundador e
proprietário da Muchnik Editores,
intitulado Cuentos sin cuentos,
espécie de autobiografia que
aborda a vida urbana da “velha” e,
por ele, amada e reverenciada,
Buenos Aires.
O outro é Los Gauchos Judios, cujo
autor é Alberto Guerchunoff (z´l),
que relata fatos da vida rural, onde
se criaram as colônias de Entre
Rios (Dominguez) e Santa Fé
(Moisés Ville), por instâncias – de
cunho filantrópico para salvar
vidas ameaçadas pelos pogroms, do
seu fundador – o Barão Moisés
(Maurice) Hirsch, na Argentina.
Gerchunoff é considerado o pai da
literatura judia latino-americana.
Los Gaúchos Judios foi publicado
em La Plata em 1910, em
homenagem ao Centenário da
Revolução de Maio. (No Brasil
aconteceu algo semelhante no Rio
Grande do Sul, também por
instâncias do Barão Hirsch, com
participação de outros banqueiros e
filantropos como o Barão de
Philippson, em Santa Maria da
Boca do Monte (anteriormente
chamada, na grafia atual, Filipson),
Quatro Irmãos, Erebango, Getúlio
Vargas, Erechim. Dois exemplos de
livros brasileiros: Judeus de
Bombachas e Chimarrão, de
autoria de Jacques Schweidson e O
Colono Judeu-Açu, de Adão
Voloch.
O primeiro abordando Santa Maria
e o segundo Quatro Irmãos). O
livro de Guerchünoff foi adaptado
em uma película e, que eu saiba,
nunca apareceu nos cinemas do
nosso país.
A trilha musical é de bela feitura e
tem a participação do uruguaio
Alfredo Zitarrosa (z´l). Ousei
traduzir do espanhol para o
português o conto de Alberto
Gerchunoff, copiando do livro as
ilustrações do artista argentino
Víctor Rebiuffo e que é transcrito a
seguir:
A CHUVA
A tarde se extingue na doçura de
uma paz beatífica. O céu se tingiu
de fulgores amarelos de sol.
Os animais, conhecedores da
hora, vão se aproximando do
curral. A colônia se recolhe ao
descanso. Atrás dos ranchos, os
arados levantam seus braços em
forma de lira e, perto do arroio, o
cincerro da égua repica. Os velhos
murmuram, entredizendo a prece
noturna. O pai pergunta: -“João
voltou?” -“Não. Foi trazer os
arreios que deixou noutro dia no
açougueiro”. -“E Rebeca?” -“Está
lavando a cabeça...” -“A Rosilha?”
-“Amarrada”. Com efeito, a vaca
Rosilha, amarrada junto ao
curral, move a cabeça
melancolicamente.
De repente cai uma chuva
estrepitosa, inesperada, com
aquele alegre sol que reluz
debulhado em diamantes, na
transparência luminosa das gotas.
Alguém grita: -“O terneiro!”
E, rapidamente, aparece Rebeca,
conseguindo agarrar o terneiro
antes que se aposse dos úberes.
Aparece escassamente coberta
pela toalha e a chuva cai
molhando seus peitos de moça
labrega*, fortalecida no trabalho,
triunfante como uma deusa
rústica, sob a glória de suas
morenas melenas.
*Labrego = adjetivo e substantivo
masculino.
1. Diz-se de ou homem rude do
campo; camponês, vilão (Houaiss).
13
‘‘A paciência é uma árvore de raiz muito amarga, mas de frutos muito doces’’
Sabedoria Judaica
O
colunista recebeu dois convites da
Câmara Municipal de Porto Alegre,
através do gabinete do vereador Valter
Nagelstein, convites esses extensivos a
toda a comunidade judaica da cidade. O
primeiro, para o Período de Comunicação
em homenagem aos cinco anos da Ir
Ktaná, a realizar-se às 14h15min do próximo dia 8 de
maio.
C
O segundo, para a Sessão Solene em homenagem aos 66
anos da criação do Estado de Israel, proposta pelo
vereador Valter Nagelstein, a realizar-se às 15 horas do
dia 13 de maio. A revista El Djudió conclama a seus
leitores e amigos para que compareçam à essas duas
homenagens. Ambos os eventos terão lugar no Plenário
Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, Avenida Loureiro
da Silva 255, em Porto Alegre.
entro Hebraico promoveu dois importantes eventos.
No dia 28 de março, um Kabalat Shabat Sefaradi,
contando com a presença de aproximadamente 60
pessoas que, após a cerimônia religiosa, saborearam os
tradicionais quitutes sefaradis.
No dia 15 de maio, um Seder de Pessach dos mais
bonitos já realizados no Centro Hebraico. O rabino
Shmuel e sua esposa Reisel Binjamini foram impecáveis
na condução da leitura da Hagadá.
Para encerrar com chave de ouro, um jantar «de chupar
los dedos», cuja preparação teve a participação de
inúmeros associados e associadas, sob o comando de
Laszlo Schwarcz, que nos presenteou com um cardápio 5
estrelas. Nova diretoria, sob a presidência de Samantha
Castiel Menda, está fazendo bonito. É um bom momento
para que mais associados voltem a apoiar os eventos do
Centro Hebraico.
F
E
aleceu no dia 26 de abril último, aos 82 anos de idade,
um dos ícones do turfe no Rio Grande do Sul, o jóquei
Mário Rossano. Iniciou no antigo Hipódromo dos
Moinhos de Vento (onde hoje está localizado o Parcão),
tendo sido o jóquei que venceu o primeiro páreo na
inauguração do Hipódromo do Cristal, em 21.11.59,
pilotando o cavalo Duelo.
Em 2011 foi homenageado com o livro Dá-lhe Rossano,
com histórias escritas por inúmeros homens ligados ao
turfe, todas versando sobre sua vitoriosa trajetória. Um
desses contos foi escrito pelo editor do El Djudió.
ntidades judaicas começam a preparar-se para mais
uma edição da Festa da Rua, marcada para o dia 25
de maio. No ano passado o stand do Centro Hebraico
bateu um recorde, vendendo todas as borrekas (as
legítimas sefaradis) antes do meio dia, frustrando boa
parte dos visitantes que deixaram para adquiri-las no
período da tarde.
Este ano, dependendo do espaço disponibilizado, o
Centro Hebraico pretende dizer presente com duas
barracas: uma da Sociedade de Damas Sefaradis,
presidida pela Rita Burd, e outra do Leakat Darkeinu,
grupo de dança da entidade.
Aniversariantes de Maio
4 - Elisabeth Salle Levy
5 - Moysés Eli Magrisso
6 - Idel Menda
8 - Bruna Hercovitz Jaeger
8 - Miriam Telichevsky
12 - Catherina Isdra Moszkowicz
13 - Gabriel Isdra Moszkowicz
14 - Maité Pontremoli Salcedo
15 - Vera Beatriz Telichevsky
14
16 - Guaraci Fraga
18 - Sandra Milman
19 - Paulina Maltz Zouvi
19 - Sara Levy Balbe
20 - Moysés Rabeno
24 - Mariah Pontremoli Salcedo
27 - Isaac Ohana
29 - Carla Helale Elnecavé
ns
Parabé
Direto do Rio
A crônica deISRAEL
Blajberg
Israel Blajberg
PARIS ESTÁ EM CHAMAS ?
Ao chegar ao hotel, as lembranças
de uma França sofrida tornam-se
evidentes. Nosso Ibis está bem ao
lado da estação de trem e do metrô,
a Gare de Montparnasse, onde em
um remoto dia de 1944, o General
der Infanterie da Whermacht, Von
Choltitz, assinou a rendição das
tropas alemãs, diante do General
Leclerc de Hauteclocque, recusando
a ordem de Hitler de resistir até o
último homem.
Bem atrás da estação está o seu
Memorial Marechal Leclerc, o
comandante da 2eme. Division
Blindée francesa, que saiu do norte
da África para libertar a cidade,
prosseguindo em seguida para a
Alemanha, onde conquistou
Berschtesgaden, o Ninho da Águia,
de onde o ditador nazista infelicitou
seu país e o mundo, de lá trazendo
como troféu de guerra a própria
Mercedes de Hitler, hoje exposta no
Hotel des Invalides.
O Musée de l'Armée no Hotel
National des Invalides merece uma
detalhada visita. Abriga o túmulo
de Napoleão e ainda tem a
destinação original que lhe deu o
Imperador, de hospital e asilo para
os inválidos, hoje cuidando de
veteranos de guerras recentes,
como a do Afeganistão.
Paris é muito rica em monumentos
e placas de todos os tipos e
tamanhos. Diante do Hotel
Maurice, o QG do General Von
Choltitz, há várias em honra aos
que ali tombaram e, onde o General
atendeu a famosa chamada
telefônica, onde Hitler lhe
perguntava se Paris já estava em
chamas.
Seu gesto de desafio ao ditador, não
aceitando a ordem insana para
dinamitar centenas de
monumentos históricos onde os
explosivos já estavam assentados,
lhe valeu uma homenagem
significativa. Ao falecer, uma
delegação militar francesa
compareceu ao seu funeral.
Um dia dedicamos uma visita à
Normandia, onde existem nada
menos que 37 museus recordando o
Dia-D, que no próximo 6 de junho
completará 70 anos do
desembarque nas praias de Omaha,
Utah, Gold, Juno, Sword.
Simboliza a cerimônia de
degradação a que foi injustamente
submetido, pelo Conseil de Guerre,
tendo sua espada sido quebrada
diante da tropa formada. O artista
foi muito feliz, expressando com
esta imagem forte, o semblante do
oficial, que não se deixou abater,
mantendo sua honra e postura
militar.
A viagem foi uma verdadeira aula
de história. Que a memória do
grande Emile Zola e dos heróis da
resistência iluminem a França.
Israel Blajberg/Rio de Janeiro
[email protected]
Chegamos à beira dos penhascos da
Pointe du Hoc, escalada por um
punhado de rangers com o intuito
de explodir as baterias alemãs e
pisar nas mesmas areias onde
tantos bravos avançaram de peito
aberto enfrentando o fogo nazista.
Consternados, contemplamos o
mar de cruzes brancas e estrelas de
David no Cemitério Americano,
refletindo sobre a incoerência das
guerras.
No antigo bairro do Marais,
visitamos o MAHJ – Musée d'art et
d'Histoire du Judaisme, o antigo
Hotel de Saint-Aignan da Rue du
Temple, fechado durante décadas,
até que a prefeitura o reabilitou,
tendo sido inaugurado por Jacques
Chirac.
Logo à entrada, chama-nos a
atenção, no pátio, a estátua do
Capitão Dreyfus, com 6 metros de
altura, onde executa a continência
com uma espada partida, sem
lâmina, apenas com a
empunhadura.
15
Cecília Fonseca da Silva
MINAS GERAIS
Sergio Pinto Vasconcelos
Wanderson J. Costa
PARANÁ
Reginaldo de Souza
RIO GRANDE DO SUL
Anônimo
Anônimo
Anônimo
Anônimo
Abrahão Stolnik
Ana Catarina Barschak
Beatriz Rebeca Gomel
Davi Castiel Menda
Denise Lague Sehl
Fany Schiengold
Flávio Poyastro Pinheiro
Gerson Sonaglio
Grupo Master de Hotéis
Guilherme Carnos
Henrique Fetter
Isaias Levy
Isaque Zeltser
Israel Kadranel
Jaques Castiel Burd
Jean de Oliveira Carvalho
Jeni Wolff
Joel Evandro Rodrigues
José Cohen
José Maurício Poyastro
Laszlo Schwarcz
Leila Lucie Helale
Lena Magrisso Fanarof
Lenita e Mauro Tornaim
Luiz Fernando Schueler
Rabeno
Luiz Lerrer
Luiz Meyer
Márcio Darlan Knobloch
Marino Rodrigues
Miguel Aspis
Moisés Sabani
Moyses Abensur
Moyses Eli Magrisso
Nelson Telichevsky
Nelson Toledo Barschak
Raquel e Jacobo Melamed
Regina Telichevsky
Roberto Carderelli
Roberto D. Tevah
RIO DE JANEIRO
Aron Hazan
David Albagli Gorodicht
Ester Azulay Laredo
Haim Elias Negri
Isaac Kayat
Israel Blajberg
Israel Rosenthal
Leon Rousseau
José da Silva
Samuel Elias Benoliel
SÃO PAULO
Clara Kochen
GrupoPlam
Noemie Nelly Nahum
SERGIPE
Samuel Breitman
Sarita Bensimon
Sarita Cohen Goldman
Shmuel Binjamini - Rabino
Sidnei Henrique Pardo
Sociedade de Damas Sefaradis
Sofia Diamante
Solon Menda Magrisso
Suzete Mittelman
Vitória Hercovitz
Sady Paulo Castiel Gitz
ISRAEL
Anônimo
USA
Alberto Menda (in memoriam)
BRASÍLIA
CONTAMOS COM A SUA OPCIONAL
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PESSACH
H
á poucos dias festejamos
Pessach. Como é bom poder
reunir a família e amigos para
comemorarmos juntos!
Quando passo a Keará por sobre as
cabeças dos que estão em volta da
minha mesa – mantenho o costume
sefaradita marroquino - agradeço
por mais um Pessach na companhia
dos que tanto amo. Certa vez me
perguntaram se não achava super
difícil manter as pessoas ligadas ao
ritual - sem bate papo paralelo.
Não!! Aqui em casa o serviço é
sempre dinâmico.
Um a um eles se revezam,
traduzindo o que leio em hebraico
– trazem casos, perguntam, fazem
analogias...
Nada de mecanização, afinal tenho
comigo historiadores, médicos,
terapeutas, artistas... Este ano
Jaiminho levou uma cópia da
Hagadá e Matzá para, de Manaus,
participar da nossa mesa.
Confesso que o serviço fica mais
longo mas, apesar do cansaço ao
final da noite, sinto-me feliz e
realizada – missão cumprida!
Avisei-lhes que iniciaria
impreterivelmente às 19 horas. Não
aguento mais terminar às 2 horas!
Pensei que muitos fossem cancelar
devido ao trânsito, entretanto,
todos confirmaram presença! É
bom ou não é?
Fiz minha segunda Hagadá
simplificada com transliteração das
orações principais. Queria um
Seder menos ARI, mais marroquino
– e não tão longo quanto o
tradicional.
Para melhorar, cantamos as
musiquitas finais, tendo ao fundo
um conjunto sefaradim israelense
que usa instrumentos bizarros: pau
de chuva, atabaques...o pessoal
amou! Baseei-me nas Hagadot de
Moises Benlolo – usada por vovô,
da ARI, do Rabino Nilton Bonder e
do Moacyr Scliar.
Reconheço que modernizar, sem
eliminar as partes significativas do
ritual, mantendo todas as belezas
do clã a que pertencemos, é difícil.
Tenho muito orgulho de ser
descendente dos Sefaradim que
vieram de Marrocos. Nosso Pessach
é mais lírico! Ilu Bibilu Mi
Mitzaraim, os bocaditos para
Berachot, comidas orientais
saborosas...
Como gosto quando, ao final, me
pedem um pedacinho do aficoman
para levar e guardar até o ano que
vem!
Moral da história: se eu, na minha
idade, não deixo a motivação da
nossa família diminuir, vocês, que
são brotos, têm que manter as
celebrações religiosas atraentes,
para continuar despertando prazer
e atenção nos mais jovens.
Criem competições, premiando
quem canta melhor ou quem
termina os versos de Ani Iodea sem
respirar no meio... O principal é
não deixar, a corrente que
recebemos, se quebrar.
19
Editoria: Davi Castiel Menda
SEFARADIS
PIONEIRISMO EM COMPUTADORES PESSOAIS NO BRASIL
Entrevista com Davi Castiel Menda – um dos fundadores da Codimex, uma das primeiras empresas a
fabricar - em 1983 - computadores pessoais (com imagens coloridas) no Brasil.
Resumo extraído da revista Jogos80 (resumo) – Ano 8 – Número 11 – Daniel Campos
Leia a entrevista completa acessando o verbete Jogos80 no Google.
Jogos80: Qual foi a razão dos sócios
para investir numa nova indústria
de computadores? O Sr. acha que a
“Reserva de Mercado” ajudou neste
sentido?
Davi Menda: A Reserva de Mercado
nem foi cogitada. Havia duas
pessoas interessadas em investir
num novo negócio, os engenheiros
Luiz Antonio Lopes Neto e Sílvio de
Azevedo Neto, e me convidaram a
participar. Cada um de nós deveria
dar uma sugestão e isto vale mais
por curiosidade: o Luiz sugeriu
montar o “melhor” restaurante de
Porto Alegre; o Sílvio um hotel 4 ou
5 estrelas em Novo Hamburgo e,
eu, que na época desenvolvia
softwares para máquinas
programáveis, sugeri uma fábrica
de computadores. A minha
proposta foi a escolhida mas,
mesmo assim, estudamos por
vários meses a viabilidade
econômica do negócio antes de
iniciar o projeto.
J80: Por que escolheram a linha
TRS-80 Color para investir?
DM: A RadioShack era a que tinha
mais divulgação na época. Havia
muita literatura a respeito dos
micros fabricados nos Estados
Unidos e, eu, pessoalmente, optei
pelo Color Computer.
J80: Onde estava localizada a
20
fábrica do Codimex CD-6809?
DM: A fábrica ficava no bairro
Tristeza, numa zona nobre de Porto
Alegre. Era uma casa grande, muito
bonita, mas que nos criou
problemas de marketing e de
credibilidade. As pessoas ficavam
céticas quando falávamos numa
fábrica de computadores; primeiro
por ser em Porto Alegre
(inacreditável) e, em segundo lugar,
no bairro Tristeza, um bairro
tradicionalmente residencial. Para a
época, era algo realmente difícil de
assimilar. O público comprador, em
geral, quando se fala em fábrica –
de praticamente tudo – direciona
seu pensamento para São Paulo. É
atávico. Então, enquanto nos
estabelecíamos e divulgávamos o
que pretendíamos fabricar naquelas
coordenadas, o público em geral,
futuros compradores e lojistas
ficavam admirados e incrédulos.
Fábrica de computadores - em
Porto Alegre, na Tristeza?!
Huuummm... Apesar dessa
desconfiança, o computador foi
lançado em 27 de julho de 1983 e
produzimos exatamente 380
unidades no total.
J80: Mas como veio a idéia de
entrar num ramo totalmente novo e
desconhecido como a fabricação de
computadores?
DM: O que vou contar, poucos
devem saber no Brasil, e é um fato
histórico com relação à informática
no país. Não posso me aprofundar
muito, pois não estou autorizado,
mas vale a pena conhecer alguns
detalhes. Possivelmente, o primeiro
estudo para a fabricação de um
computador de grande porte no
Brasil (década de 70), partiu de
uma grande empresa gaúcha (de
proprietários sefaradis) voltada a
um ramo que nada tinha a ver com
informática, mas com pessoal
altamente gabaritado e excelente
performance financeira no
mercado. Foi formada uma joint
venture entre essa empresa e uma
grande multinacional do ramo
eletro-eletrônico, e apresentado o
projeto ao CAPRE (Comissão de
Coordenação das Atividades de
Processamento Eletrônico), órgão
criado em 1972 com o objetivo de
propor uma política governamental
de desenvolvimento do setor.
Lamentavelmente, o projeto foi
parcialmente negado, pois o
governo não aceitou a
multinacional em questão,
propondo à empresa gaúcha uma
troca de parceria, o que não foi
aceito. O projeto, então, parou por
aí. Tempos depois, tomei
conhecimento do ocorrido e entrei
em contato com algumas pessoas
no eixo Rio-São Paulo, que tinham
um bom conhecimento sobre o
assunto. A cada dia, aprendia coisas
novas e interessantes, que fizeram
com que eu ambicionasse participar
de algo parecido, mesmo sem ter os
recursos necessários. Essas pessoas
foram extremamente gentis e
altamente didáticas, colaborando e
praticamente implantando no meu
cérebro o sonho de fabricar
computadores; ou que fosse um só,
nem precisava ser em série. Quando
surgiu a oportunidade, com o
convite do Luiz e do Sílvio, vi que ali
estava a chance de aproveitar os
ensinamentos que aquele pessoal
me proporcionara de forma tão
espontânea. Portanto, a semente do
Codimex já tinho sido plantada
muito, muito tempo antes.
J80: Quem era o público alvo do
Codimex?
DM: A maioria dos que compravam
o Codimex estavam pensando em
joguinhos, mas havia inúmeros
aplicativos disponíveis. Uma das
maiores empresas no ramo de
venda de tintas de Porto Alegre
equipou todas suas lojas com
Codimex e os manteve por uns 10
anos. Chegamos a participar de
uma concorrência de um
importante órgão governamental,
em que as características solicitadas
coincidiam com a nossa linha de
fabricação. Seriam de 100 a 150
computadores. O nosso
representante chegou 5 minutos
atrasado à abertura das propostas e
a concorrência foi anulada, por falta
de participantes...
J80: Por que resolveram retirar de
linha o CD-6809?
DM: Com a entrada do CP-400 da
Prológica no mercado, seu poderio
econômico, um marketing violento
e um preço baixíssimo, ficou difícil
competir. Eles eliminaram todos os
concorrentes que fabricavam a
linha TRS-Color: além de nós, da
Codimex, que fomos os pioneiros,
havia o Color 64 da LZ, o MX-1600
da Dynacom, o T-Color da Sysdata,
o TKS800 da Microdigital e o Varix
VC 50 da Engetécnica Varix.
J80: Que curiosidade poderia nos
contar sobre esse período que vai
da criação até o fim da fabricação
do Codimex CD-6809?
DM: Um pouco antes de
começarmos o projeto do Codimex,
recebi um convite para trabalhar na
construção de uma estrada na
Nigéria, já que tenho formação
técnica em Topografia e, inclusive,
participei da construção da FreeWay (Porto Alegre-Osório).
Declinei do convite após pesar prós
e contras. Passado um tempo, já
inteiramente envolvido no projeto
do futuro computador, recebi um
telefonema informando que o
titular da empresa nigeriana estava
em Porto Alegre, e seria oferecido
um coquetel aos interessados em
trabalhar lá na Nigéria. O
engenheiro encarregado (judeu
askenazi) de recrutar o pessoal aqui
no Brasil, insistiu para que eu
comparecesse. Ele apresentou-me
reservadamente ao CEO da
empresa, Mr. Jas, vestido numa
bata branquíssima, uma figura
imponente nos seus 2,10m de
altura, pessoa educadíssima e
primo de um dos ministros de seu
país. Ao saber de minha condição
judaica, levantou-se da cadeira
onde estava e, vindo na minha
direção, exclamou: “My brother
jew!” (Meu irmão judeu!), dandome um forte abraço e explicandonos que era hebreu, seita judaica
observada principalmente por
negros africanos e americanos; eles
se dizem descendentes diretos de
Salomão e a Rainha de Sabá! O
salário inicial, previsto para o cargo
de topógrafo, que era de 2500
dólares (uma bela soma à época),
foi na mesma hora reajustado por
Mr. Jas para 3500 dólares. Ao
explicar que não poderia aceitar,
pois estava envolvido num projeto
de fabricação de um micro pessoal,
seus olhos brilharam e, olhando-me
firmemente, disse-me, como se fora
uma ordem: “You will build this
computer in my country!” (Você vai
fabricar este micro em meu país!).
A partir daí, Mr. Jas prometeu mil
vantagens, que eu convidasse toda
equipe para nos mudarmos para a
Nigéria, que seria uma
oportunidade de ouro para nós e
para o país (dele, naturalmente).
Mesmo assim, resolvi ficar no
Brasil, caso contrário o Codimex
seria nigeriano e talvez eu estivesse
morando por lá até hoje.
J80: Qual a melhor lembrança que
você guarda dessa época? E a pior?
DM: Nós temos inúmeras gavetas
no nosso cérebro. Uma delas
armazena as coisa ruins. A minha
tem um picotador acoplado à essa
gaveta. Das coisas boas, o dia em
que descobri o potencial do som, a
quatro vozes, do computador que
estávamos fabricando, o Codimex6809. Escutei um dia inteirinho a
música Guilherme Tell,
seguramente umas 50 vezes. Mas os
melhores momentos foram quando
concluímos o primeiro computador
e o dia do lançamento oficial,
realizado no Hotel Everest.
***
21
A DIREITA TINHA RAZÃO
A direita tinha razão. Desde os
acordos de Oslo em 1993, os que
se opuseram a um acordo
envolvendo entregar terras
contra uma promessa de paz
dos Palestinos, tiveram razão.
Vinte anos depois, Israel ou o
Oriente Médio não estão melhor
por causa destes acordos.
Durante este tempo, os
israelenses foram
bombardeados pela mídia e
pelos líderes de esquerda com
falsas noções de que um acordo
estaria iminente e que daí para
a frente, Israel não só teria paz
com os palestinos mas com o
resto do mundo árabe, senão
islâmico, com a vantagem de ter
evitado um problema
demográfico que poderia por a
existência de Israel em perigo
ao longo prazo. Assim, com
estes cenários saídos do País
das Maravilhas, a maioria dos
israelenses chegou a apoiar o
princípio da solução de dois
estados.
Mas nos últimos 20 anos, os
inúmeros atentados de homensbomba, as duas intifadas, a
implacável propaganda de ódio
na mídia e nos livros escolares
palestinos, trouxeram esta
maioria de israelenses de volta à
realidade. Hoje os israelenses
vivem no paradoxo. Enquanto
muitos ainda acreditam que a
criação da Palestina seja uma
necessidade existencial para
Israel - que não quer gerenciar
um outro povo, também sabem
que a criação de tal estado será
uma ameaça existencial para o
estado judeu, colocando sua
população civil ao alcance de
milhares de mísseis e foguetes
palestinos.
Os líderes mundiais, muitos
22
deles “amigos” de Israel como
os Estados Unidos, se têm
mantido firme na idéia de dois
estados. Se tudo dependesse do
otimismo e entusiasmo do
secretário de estado John Kerry,
um acordo já teria saído. Mas
apesar de todos os seus
esforços, a direita ainda estava
com a razão. Um acordo
negociado de dois estados entre
Israel e os palestinos não irá
acontecer pelo menos não até o
dia 29 de abril próximo ou num
futuro próximo.
Mahmoud Abbas,
mundialmente conhecido como
o mais “moderado” dos líderes
palestinos, já declarou que não
assinará qualquer acordo que
reconheça o direito do povo
judeu à soberania em sua terra
ancestral e nem abandonará o
chamado “direito de retorno”
pelo qual ele quer que milhões
de palestinos, filhos, netos,
bisnetos dos que abandonaram
suas casas em 1948, invadam
Israel própria. Aliás, a definição
de “refugiado” de várias
gerações só se aplica ao povo
palestino.
A liderança israelense fez tudo o
que podia. Netanyahu congelou
a construção dentro dos
assentamentos por 10 meses em
2009 e 2010 e Abbas esperou
até o décimo mês para reiniciar
as negociações que se
encerraram antes do mês
terminar. É preciso deixar bem
claro que construção nos
assentamentos nunca foi um
problema pois ela é limitada
dentro do perímetro destes
assentamentos determinado há
décadas atrás. Não há nenhum
centímetro de terra a mais a ser
usado. E foi por isso que
durante o governo de Ehud
Olmert as negociações
prosseguiram junto com as
construções nos assentamentos.
O problema não é a construção
nos assentamentos, mas a falta
de vontade ou a incapacidade
psicológica dos palestinos de
aceitarem a legitimidade de um
estado judeu.
Os palestinos continuam a
exigir que sua posição
maximalista prevaleça. Isto
quer dizer, impor o chamado
“direito de retorno” de
refugiados para dentro de Israel
própria, não reconhecer o
direito dos judeus à
autodeterminação, Jerusalem
como capital, a evacuação de
centenas de milhares de judeus
de suas casas na Judéia e
Samária, controlar o Vale do
Jordão - arriscando a segurança
de Israel e da Jordânia, a
soltura de todos os prisioneiros
palestinos independente da
natureza do seu crime e em
troca não querem dar
absolutamente nada além de um
papel assinado por alguém que
não tem legitimidade para
representar os palestinos desde
2009.
A direita tinha razão e continua
a te-la. Mesmo aqueles
israelenses que propõe soluções
temporárias de “armistício” ou
de fronteiras até que os
palestinos estejam prontos para
negociar, não conseguem
confrontar o fato básico que os
árabes ainda não podem aceitar
judeus soberanos e
independentes no seu meio.
A comunidade internacional,
por seu lado continua a insistir
que Israel tem que negociar com
base nas linhas de armistício de
1949, tem que dividir Jerusalem
e tem que mostrar “flexibilidade”
para com as outras exigências, a
primeira das quais é a soltura de
terroristas palestinos que
infelizmente Israel tem feito só
para manter Abbas na mesa de
negociações.
E aqui eu vou abrir um
parêntese. Neste ano, nesta festa
de Pessach em que
comemoramos nossa liberdade
coletiva, Baruch Mizrachi foi
morto por um terrorista quando
se dirigia com a familia para o
Seder. Ele deixou a esposa ferida
e 5 órfãos. Um palestino saltou
na estrada e crivou seu carro de
balas.
Outro, que hoje ninguém lembra,
foi o ataque em março do ano
passado no qual Adva Bitton
dirigia seu carro com suas três
filhas pequenas perto de Ariel
quando uma chuva de pedras
atingiu seu veículo fazendo-o
bater. Todos os ocupantes do
carro se feriram. A pequena Adele
Bitton de dois anos, no entanto,
recebeu uma pedra do tamanho de
um punho na cabeça. Tudo
indicava que ela não sobreviveria.
Mas os serviços médicos
israelenses conseguiram salvar
sua vida. Hoje com 3 anos de
idade, ela vive num estado semicomatoso e os hospitais dizem que
não podem fazer mais nada por
ela. Este incidente “menor”, que
não mereceu sequer a atenção da
mídia internacional, devastou a
familia e a vida da pequena Adele.
Chega de ilusões e de propagandas
mentirosas reconfortantes. Não
haverá apertos de mãos ou
tapinhas nas costas na Casa
Branca. Não haverá Premios
Nobel e capas de “homem do ano”
na Revista Time. Chegou a hora
desta realidade ser reconhecida
pela comunidade internacional
que continua a querer impor a
solução de dois estados a
qualquer preço.
Estes ataques deveriam lembrar
a União Européia e os Estados
Unidos que estes são os
terroristas que irão para a rua
como “gesto de boa vontade” de
Israel quando não há qualquer
boa vontade da Autoridade
Palestina para nem mesmo
cessar o ódio e a incitação. Em
vez da solução de dois estados,
Israel e o mundo deveriam
procurar a melhor maneira de
garantir a segurança de Israel e
seus cidadãos e pressionar os
palestinos a acabarem com sua
propaganda e mensagens de
incitação e o ódio.
E quanto à paz? Como diz o
ditado: o que não tem remédio,
remediado está.
23
La lingua avlada por los sefardim
Cecilia Fonseca da Silva
E
n este mez vamos meldar los biervos yenos de rekodros del poeta i eskritor Odmar Braga. Nasio en
la sivdad de Recife, Brasil, en el anyo 1952, de djenitores de orijin sefaradi de los B'nei Anusim. Su
livro “Lembranças/Rekodros”(kon edisiones en 2001 i 2005) kontiene poeziyas en portugez i
ladino (djudeoespanyol del Oriente). Los livros “Rekodro de mis rekodros”(2011) i “Viduy” (2013)
kontienen poeziyas solamente en ladino.
DIASPORA (Galut)
EKOS
Para mi amado padre
! Anusi ! Anusi !
kuando nasistes
la furiosa inksision de el oksidente
kubrio tu faz
kon el mantel eskuro de la notche,
i el protektor eskudo de David
refujiose eksilado.
De ti,
eredi la tradiksion de mis padres
kon la kavanah disimulada,
Las dulses mitzvot de haShem
haKadosh Baruch Hu
luzes para mis ojos,
El arrogar
de la primera luna mueva
para sanar a mis feridas,
I a las eskondidas
el kontar de las estreyas
ke anuncian
el Shabat.
El polvo de la galut
ya kuvre los pies
de el renegado peregrino,
mientres las nuvles
de los psalmos entonados
elevan su melodia
i kuvre a las paredes.
A ti
debo los arrelumbrados
ojos de la luna
a la orilya de mi dezierto,
las solombras perfumadas
de las oliveras
ke baylan al viento
i esa Nefesh Iehud esperansada
de latir palpitante
en el oriente
de mi korason.
A mi kerida ija (Hannah) Oziane
Gime
en mi alma
el lamento de los siglos.
Mis pies
nomades peregrinos
desde los sielos de Azia.
Kon mi permaneksio
24
ME REKODRO
A la presioza Margalit
Matitiahu,kerida poeta ermana de mi
Sefarad
¡Ah!... Sangre , Sangre
de mi sangre de Espanya
ke Sefarad en mi alma kanta,
Ke en mis versos palpitan
i a mi korason estremerse.
Me rekodro,
Si mi ermana me rekodro
de las konsejas de los avuelos,
Son kinyentos de los anyos i me
rekodro
de los refranes de las kantikas,
De las kansiones la mas antika
i de el golor de los pasteles.
Me rekodro,
Si mi ermana me rekodro
del karinyo de muestros padres,
Son kinyentos de los anyos i me
rekodro
de la guadra de muestra erensia,
De la tradision de los Hahamim
ke disheron de la fidelida de haShem
i del luzero de la Torah.
Me rekodro,
Sion,
La Torah,
El Talmud,
El Shulhan Aruh,
La Kavod,
Sefarad
la identidad i la memoria,
I ese psalmo punzante
ke aze eko solemne
en el Kotel de mi korason.
Si mi ermana me rekodro
de la notche de los tiempos,
Son kinyentos de los anyos i me
rekodro
de la lagrima ke kemo,
De tinieblas sin la Luz
i de la sangre ke yoro.
Me rekodro,
Si mi ermana me rekodro
del sufrimiento de los siglos,
Son kinyentos de los anyos i me
rekodro
ke fuímos dezraygardos de Espanya,
Ke tenemos la fuerza de muestro
espiritu,
Ke djudios solamente somos
i mos yamamos de mozotros.
¡Ah!... Sangre, Sangre
de mi sangre de Espanya
ke Sefarad en mi alma kanta,
Ke en mis versos palpitan
i a mi korasón estremerse.
OTRO CHAPEO BORSALINO
Matilda Koén-Sarano / Petah Tikva
En uno de sus viajes a Italia,
kuando Avraham Piatelli era
Rabino de Venezia (era el anyo
1977), Aharon se merkó en
Milano un ermozo chapeo
Borsalino.
Aharon tinia akel tiempo la
manya de merkarse chapeos
afuera de Israel, i de desharlos
en Yerushaláyim en un kantón.
Dunke Aharon arivó a Venezia
kon el chapeo adientro del
kartón orijinal, para ke no se
bozeara, i lo metió ayá en la
kamareta ande estava
durmiendo, en la kaza de
Avraham i Letizia. De ayá,
después de pokos dias Aharon
partió para Roma (o ke sé yo),
ulvidándose ayá el chapeo, i no
se apersevió pishin de averlo
deshado.
Kuando se apersevió de avérselo
ulvidado, Aharon telefonó a
Avraham i le disho: ‘‘Ten ayá mi
chapeo, asta la otra vez ke vo
vinir, entre pokos mezes (porké
Aharon projetava sus viajes a
Italia, estando ayá, sin tornar a
Israel, en modo ke ya savia
kuando iva tornar)’’
‘‘Bueno!’’ le disho Avraham, i
deshó el chapeo en la kamareta
ande avia durmido Aharon, sin
kitarlo de su kuti, naturalmente.
Entermientres un día vino en
kaza Piatelli la mosa ke azía los
echos de la kaza. Vido en la
kamareta ande avia durmido
Aharon el kuti del chapeo, i,
pensando ke era vazio (pezgo no
tiene!), le demandó de leshos al
rabino, ke estava en su estudio:
«Sinyor Rabino, aki ay un kuti de
kartón. Ke lo eche por ayá?»
«Sí, sí...»gritó Avraham, ke
estava pensando a otra koza.
‘‘Echalo...’’
La mosa avrió la ventana i echó
el kuti (kon el chapeo adientro)
en el kanal de Venezia. (Ayá se
echa todo al kanal!).
En akel punto a Avraham se le
ensendió una ‘‘ampula’’ en el
meoyo, korrió a la kamareta,
gritando: ‘‘No, no, aspera! No!
Este el chapeo de Aharon
Cohen!’’
Ma ya era tadre. Kuando arivó
ayá, vido de la ventana el kuti
Borsalino, ke estava navigando
en el kanal. Adío chapeo! Ma
kedó el kuento. (1992).
El Amaneser, Estambol, febrero
2014. (Adaptamiento del kuento
«El chapeo Borsalino» del livro
«Por el plazer de kontar» de
Matilda Koén-Sarano, Nur Afakot,
Yerushaláyim, 2006).
***
25
EL PERRO DE CANAÁN
Guido Maisuls/Argentina
tenido una larga trayectoria
histórica a lo largo de cientos y
quizás miles de años de
supervivencia. Sus ancestros
provienen de la tierra bíblica de
Israel y desde entonces fueron
conocidos como Kelev Kanani
(perro de Canaán) y descienden
de una raza muy antigua
llamada Perro Pariah cuyos
dibujos se han encontrado por
arqueólogos en las tumbas de
Beni Hassan en Egipto (22002000 antes de la era común).
Hace unas semanas nos
enteramos de la heroica acción
contra una célula de Hamás en
Jenin que estaba decidida a
perpetrar un ataque terrorista
contra ciudadanos israelíes. En
ella actuaron la unidad de élite
Yamam junto a la Brigada Kfir, a
la unidad haredí Netzah Yehuda
y a efectivos de la Guardia de
Frontera.
En este operativo el Yamam
perdió a su perro de ataque, que
fue ultimado a balazos por los
terroristas. Entonces tuve el
deseo de rendir por medio de
este humilde y sencillo artículo,
mi más profundo y sentido
homenaje a ese valiente y
heroico perro para que su
sacrificio por la seguridad de los
seres humanos no quede en un
inmerecido anonimato y olvido.
Los perros de Canaán han
26
Antes de la invasión del Imperio
Romano a Israel, el Perro
Pariah era muy común y
abundaba en las poblaciones
judías de la época y se utilizaba
como pastor o guardián pero
cuando los romanos
destruyeron el país y
dispersaron a los hijos de Israel,
la mayoría de estos perros
quedaron abandonados a su
suerte en la planicie costera y
en el desierto del Negev pero
pudieron salvarse de la
extinción volviendo a la vida
salvaje en el desierto y así
vivieron durante siglos.
En los siglos posteriores los
beduinos y los drusos
capturaron a los cachorros
machos del ambiente silvestre
para criarlos como perros
guardianes y para el ganado
pero su verdadero retorno a la
vida con el ser humano comenzó
en la década de 1930 cuando los
primeros grupos de autodefensa
(Haganah) de los pioneros
sionistas trataron de
desarrollarlos como perros de
combate pues las razas
tradicionales no fueron capaces
de adaptarse a la dureza del
clima.
El perro Canaán debe su
existencia principalmente a los
esfuerzos de una prestigiosa
académica austriaca y ferviente
sionista, la Dra. Rudolphina
Menzel. Su búsqueda de un
perro ideal la llevó a los perros
salvajes autóctonos, fueron
capturados varios y comenzó un
programa de reproducción y
entrenamiento.
Los perros rápidamente
demostraron su valía, sirviendo
como perros guardianes,
mensajeros, detectores de
minas, ayudantes de enfermería
y localizadores de soldados
heridos y en la vida civil estos
perros han tenido un notable
éxito como perro guía para
gente no vidente.
La Dra. Rudolphina Menzel
(1891–1973) originaria de Viena,
Austria, fue una de las
especialistas en cinología mas
conocida del mundo en el
campo de quehacer animal. Ella
emigró con su esposo el Dr
Rudolph Menzel al Israel del
Mandato Británico en 1938. Ella
ya había sido invitada por el
comandante de la Haganah
Yaakov Pat en el año 1934 para
que los ayude a crear una
sección canina que mas tarde se
convertiría en la prestigiosa
Unidad Oketz de las Fuerzas de
Defensa de Israel.
Al comienzo los Menzel se
radicaron en el kibbutz Ramat
Yohanan, cerca de Haifa, donde
organizaron los primeros cursos
de entrenamiento canino para la
Haganah, mas tarde se mudaron
a Kiryat Motzkin, en los
suburbios de Haifa donde se
dedicaron de lleno al estudio y
entrenamiento canino y
comenzaron el programa de
redomesticacion de los perros
de Canaán que vivían en forma
salvaje en las cercanías de los
asentamientos judíos, con los
drusos del monte carmel y con
los beduinos del desierto.
Necesitaban un perro ideal para
ciertas operaciones de seguridad
además de ser un buen
guardián, entonces capturaron
alguno de estos ejemplares para
estudiarlos y saber si esta raza
era apropiada para sus
propósitos aunque se
encontraba en estado
semisalvaje desde lejanas
épocas donde ya había convivido
con el ser humano.
Algunos de estos perros salvajes
fueron atraídos con comidas de
su apetencia y se seleccionaron
los mejores para su cría,
volviendo así al lado del hombre
sin mucho esfuerzo después de
un par de milenios de selección
natural donde sólo el más apto
sobrevive.
Como los perros de Canaán
estaban provistos de una gran
inteligencia y eran fácilmente
adiestrables, unos 400 de ellos
fueron reclutados y entrenados
por la Dra. Menzel como perros
guías y detectores de minas
durante la Segunda Guerra
mundial.
Esta raza de perro ha surgido de
raíces tan salvajes para
convertirse en un compañero
útil y dedicado en tan poco
tiempo, el perro Canaán no se
parece a ninguna de las otras
razas de pastoreo, habiendo
surgido de un entorno desértico
donde debió adaptarse a climas
extremos que van desde los días
de calor agobiante a las noches
de frío intenso por lo que es más
activo durante por la mañana y
por la noche y se dedica a
dormir durante el calor del día
acostumbrado durante siglos a
soportar el calor, el frío y la
aridez de los desiertos de Medio
Oriente.
El perro Canaán esta capacitado
genéticamente para realizar
tareas de confiabilidad y
obediencia. Es un perro
inteligente, fiel, dócil, protector
con su familia y guardián por
naturaleza aunque necesita
mucho ejercicio y desafíos
mentales y físicos pero por sobre
todas las cosas requiere de un
dueño paciente y cariñoso pero
muy firme a la vez y de niños
que lo respeten en su
temperamento.
El perro de Canaán es un
glorioso sobreviviente de las
épocas bíblicas y todo gracias a
su confianza en sí mismo, a su
capacidad de adaptación y a la
decidida ayuda del ser humano.
Esta nota es mi sincero y sentido
homenaje, pleno de respeto y
admiración hacia quienes
llamamos el mejor Amigo del
Ser Humano.
***
27
ANTI-SEMITISM IN AMERICA
by Yvette Alt Miller
On a quiet Sunday afternoon, the
JCC in Overland Park, Kansas was
full of kids. Some were there for a
singing and dancing competition.
Others were just arriving with their
parents for an umpire clinic.
Nearby, in Shalom Village, an
assisted living facility, residents
and staff were getting ready for
Passover, which was starting the
following night.
The calm of that afternoon of April
13, 2014 was shattered when
Frazier Glenn Cross, a 73 year old
white supremacist with a history of
founding racist, anti-Semitic,
paramilitary organizations, strode
into both buildings, shooting at
adults and children alike. A father
who was visiting the JCC that day
with his young son described the
scene: “All of the sudden we heard
a gunshot, a pretty loud gunshot…
I turned to look to my right and I
can see a man standing outside a
car with a shotgun, what to me
looked like a shotgun, and there
was somebody laying on the
ground.”
By the time the rampage was over,
three people were dead: William
Corporon, a local doctor; his 14year-old grandson, Reat
Underwood, who'd been looking
forward to competing in the JCC's
singing competition; and Terri
LaManno, who was visiting her
elderly mother in Shalom Village.
As it happened, none of Cross' fatal
victims were Jewish, but Cross'
intentions to harm Jews by
targeting Jewish institutions was
clear. After his arrest, he shouted
“Heil Hitler!” to the traumatized
crowd around him.
It's tempting to dismiss Cross as an
aberration, one eccentric old man.
But he's hardly alone. In the days
after his rampage, the mayor of a
town near where Cross lived,
Mayor Danny Clevenger of
Marionville, Missouri, even
28
praised Cross, echoing his antiSemitic views, saying Jews are
“destroying” the United States.
As the world prepares to mark
Yom HaShoah to commemorate
and honor the memory of the six
million Jews who were killed in the
Holocaust 70 years ago, it's
incredible to realize that today in
America there are people who will
proudly call out “Heil Hitler” as
they shoot and murder innocent
children – and shocking to realize
that there are others who publicly
support their odious views.
American Jews are used to hearing
of high levels of anti-Semitism and
reading of horrific attacks on Jews
overseas. In the weeks leading up
to Cross' attack, for instance, the
openly neo-Nazi political party
Jobbik won 21 percent of the vote
in Hungarian national elections
and a seat in the government and
France's anti-Jewish National
Front made significant gains in
French local elections, winning
control in several towns. Two
weeks after the shooting, Jews in
Ukraine were handed leaflets
ordering them to register with
local authorities. In some
European countries today, clear
majorities of people polled hold
anti-Semitic opinions: 63% in
Hungary, for example, and 53% in
Spain.
The United States, in contrast, can
sometimes feel like a country free
of the taint of anti-Semitism.
Tragically, the Kansas City JCC
murders remind us that virulent
anti-Semitism does exists in the
US.
According to the FBI, nearly 20%
of all hate crimes in the US are
directed against people of a
particular religion; of those, the
vast majority target Jews. Even
though Jews make up less than 3%
of the population of the United
States, more than 63% of
religiously-motivated hate crimes
in the US were directed against
Jews.
The crimes range from ethnic slurs
and insults, to vandalism, property
damage, even life-threatening
attacks. A 2012 survey found
nearly a thousand reported antiSemitic attacks in the US that year,
including Molotov cocktails
thrown into the house of a rabbi in
New Jersey, a Jew punched in the
face as he walked home from
synagogue, swastikas and threats
to Jews written on buildings,
cemetery vandalism, and more.
And those are just the reported
incidents. For many American
Jews, anti-Jewish feelings create a
climate of fear, eroding their
confidence and comfort. One 2013
poll found that fully 81% of
American Jews feel that antiSemitism is a problem in the
United States.
Other studies concur. A 2013 poll
by the ADL found that fully 12% of
Americans hold anti-Semitic views.
And when it comes to specific
questions about Jews, the numbers
can be far higher.
15% of Americans believe Jews are
more likely than other groups to
use “shady business practices” to
get what they want. 17% of
Americans believe Jews “control”
Wall Street. 14% of Americans
believe Jews have “too much
power” in the business world. 13%
of Americans believe Jews don't
care about other people; 15%
believe Jews have a lot of irritating
habits.
The most widespread suspicion of
Jews in America seems to focus on
the age-old anti-Semitic accusation
that Jews aren't good citizens: fully
30% of Americans believe Jews are
more loyal to Israel than to the US.
Fonte: www.aish.com
Pimyentones Asados
PIMENTÕES ASSADOS
MODO DE FAZER
Assar os pimentões na chama do fogo até que escureçam. Colocá-los durante
15 minutos em água fria com sal e depois tirar a pele. Cortar a coroa, tirar as
sementes, passar por água fria e escorrer.
Colocar os pimentões num recipiente com tampa, por cima o alho e a pimenta
verde e por fim jogar por cima o azeite, vinagre, sal, pimenta e açúcar
devidamente misturados.
Servir como acompanhamento de entradas.
Pode ser conservado no refrigerador por um mês sem que seu sabor se altere.
INGREDIENTES
1 kg de pimentões
2 colheres (sopa) de azeite
4 colheres (sopa) de vinagre
1 colher (café) de açúcar
½ colher (sopa) de sal
4 dentes de alho amassados
1 pimenta verde cortada em rodelas
Desde que parí, mi papo más no hintchí.
(Desde que dei a luz, meu estômago não mais enchi.)
Mostra o quão custoso é criar os filhos e a abnegação
das mães para com eles, que se priva até de comer
para criá-los.
Niervozos e huerquitos, no están calladicos.
(Nervosinhos e diabinhos, não ficam caladinhos.)
Frase que afirma que os nervosos e os maus
sempre estão se manifestando, onde quer que estejam.
Si no llora la criatura no le dan mamadera.
(Se o nenê não chora não lhe dão mamadeira.)
Significa que, o que não pede não é lembrado. Que para
que os demais não nos esqueçam, é bom manifestar-se.
De gusto no hay nada escrito.
(Sobre o gosto não há nada escrito.)
Não existe regulamento para a preferência. Cada
pessoa deve julgar segundo seus próprios critérios.
Los males de Paró.
(Os males do Faraó.)
Referência às 10 pragas do Egito.
A pessoa que sofre dos «males do Faraó» é a que
têm muitos desgostos e contrariedades.
Todos quieren mezurar con el mismo pico.
(Todos querem medir com o mesmo pico.)
Pico é uma distância em uso no oriente que mede 64 cm.
Se diz para censurar aqueles que esquecem da sua
individualidade e imitam o comportamento dos demais.
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5774 ANOS DE HUMOR JUDAICO
Fonte: Pragas&Provérbios de Genni Blank
THE QUIZ SHOW'S
During a new television Quiz
program, Miriam, one of the
contestants, is asked by Isaac the
Quiz master, "OK Miriam, what
category of question would you like
me to start with?"
"Famous People," replies Miriam.
"OK," says Isaac. "As you know,
my questions will start very easy
and get very much more difficult as
you progress. Are you ready for the
first question, then?"
"Yes I am," replies Miriam.
"OK," says Isaac, "Who was the
first man?"
Miriam instantly replies, "Even if
you were offering me one million
dollars for this answer, I would
never ever tell you. I'm keeping
shtoom’’.
shtoom (yiddish) = ficar calada,
muda
EN RUSIA
* Un judío es un punto de venta.
**Dos judíos son un torneo
internacional del ajedrés.
*** Tres judíos ya son la
Orquestra Simfónica Estatal de
Rusia.
Four Yeshiva buchers were taking a course in the Talmud together
and all four had managed to earn A's so far. They were so
confident of passing Monday morning's final exam that they
decided to visit some friends in another town on the Sunday, do
some all-night partying, then leave to get back in time. But they
overdid it and slept soundly on the Sunday night and thus didn't
make it back until Monday afternoon.
After discussing their predicament, all four decided to go to the
Rabbi that afternoon with the same story - that they had visited
some friends out of town, but on the way back their car developed
a flat tyre and they therefore couldn't help missing the final exam.
After hearing their story, the Rabbi agreed they could take the final
the next day. The students were relieved and all studied diligently
that night for the exam.
The next day the Rabbi placed them in separate rooms, giving
each of them an exam booklet. All four
of them were able to answer the first
question, worth 5 points. "A
mekheiyeh," each one thought, "this
exam is going to be easy.»
Kalinovsky
Na casa dos pais do genro (ou nora),
todos são de descendência nobre.
YOU CAN'T FOOL ME
Then they turned the page and written
on the second page was the second
question:
- "For 95 points, which tyre was it that
developed a flat?
TOUR POR ISRAEL
Un judío que vive en la Argentina le dice a su mujer:
- Querida, si este negocio nos sale bien, nos vamos a Israel por
tres meses.
- ¿Y si sale mal?
- Nos vamos a Israel para toda la vida...
HOTEL ZERO ESTRELLAS
Un judío es dueño de un hotel en Madrid, que podría decirse
que es de mala muerte para abajo. Un pasajero se levanta una
mañana y le dice:
- ¡Es una vergüenza!
Anoche dos ratas
estuvieron peleando en
mi habitación.
- ¿Y qué quiere por siete
euros? - dice el
«moishe» -, una corrida
de toros?
Levgeniiaz
Bay di mekhutònim,
zàynem àle yakhsònim.
MOISÉS E O GPS
AINDA PESSACH
Atravesse o Mar Vermelho
Dobre à direita no Mt. Sinai
Destino: Terra Prometida
Tempo estimado: 40 anos
Uma vez por ano é isso.
Não vejo a hora de
voltar para as migalhas
de pão normal.
LÓGICA JUDAICA
cerveja, esse dinheiro poderia ter sido colocado
numa caderneta de poupança e, contabilizados os
juros compostos durante esses últimos 20 anos,
você poderia agora ser dono de uma Ferrari?
Somatuscani
Moishe: David, você bebe cerveja?
David: Sim
Moishe: Quantas cervejas normalmente?
David: Cerca de três, diariamente.
Moishe: Quanto você paga por cerveja?
David: Em torno de R$ 5,00 cada uma.
Moishe: E há quanto tempo você bebe?
David: Cerca de 20 anos.
Moishe: Então, se uma cerveja custa R$ 5,00 e
você bebe três cervejas por dia, significa que seus
gastos com cerveja a cada mês ficam em R$
450,00. Em um ano, você gasta aproximadamente
cinco mil e quatrocentos reais. Certo?
David: Certo.
Moishe: Se em um ano você gasta R$ 5.400,00,
nos últimos 20 anos você gastou em torno de
108.000 reais em cerveja, correto?
David: Correto.
Moishe: Você sabia que se você não bebesse tanta
(Pausa de alguns segundos)
David: Moishe, você bebe cerveja?
Moishe: Não!
David: E onde está a sua Ferrari?
Rápido, Kindale.
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