Nulidade Matrimonial
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Nulidade Matrimonial
Revista da Diocese de Caratinga Ano LIX - Nº 894 - Março de 2016 Nulidade Matrimonial 1144444 R$ 5,00 Diocese realiza mudanças no clero | Instituto N. Sra. das Graças em festa! santo Santo do Mês São José EXPEDIENTE DIRETOR Dom Emanuel Messias de Oliveira Bispo Diocesano de Caratinga .............................................................................................. JORNALISTA RESPONSÁVEL Mons. Raul Motta de Oliveira Registro de Jornalista: Nº 1788 - MTPS-DR 36090/71 .............................................................................................. REDATOR Pe. José Geraldo de Gouveia .............................................................................................. COLABORADORES Itamar Batista Gouveia (Arte na Igreja), Pe. Ademilson Tadeu Quirino (Pastoral do Dízimo), Alba S. Soares (Editorial),Pe. Agrimaldo José Teixeira (Capa), Dom Paulo Mendes Peixoto (Dom Paulo). .............................................................................................. CONSELHO EDITORIAL Pe. Dione J. Vieira Leandro, Henrique Geraldo Soares, Higor Luiz A. Nepomuceno, José Geraldo da Silva, Malvino R. Pires Neto, Heitor Soares Sanglard .............................................................................................. REVISORA E ORGANIZADORA DE TEXTOS Alba da Silva Soares .............................................................................................. DIAGRAMADOR Itamar Batista de Gouveia .............................................................................................. IMPRESSÃO Gráfica Editora Dom Carloto Ltda. .............................................................................................. ASSINATURAS, CORRESPONDÊNCIA E EXPEDIÇÃO: Livraria Dom Carloto Praça Cesário Alvim 156, CEP 35300-036 Caratinga MG Tel: (33) 3321-2521 / (33) 3321-9558 E-mail: [email protected] .............................................................................................. editorial O Senhor Jesus é manso e misericordioso juiz No dia 8 de setembro de 2015, o Papa Francisco assinou uma histórica reforma para simplificar e acelerar os processos de nulidade do matrimônio. A inovação foi apresentada no Vaticano por um grupo de quatro especialistas em direito canônico e um especialista em teologia. Somente dois papas na história recente da Igreja haviam feito uma reforma sobre as causas de declaração de nulidade matrimonial: Bento XIV (1741) e Pio X (1908), segundo explicou o decano da Rota Romana e presidente da comissão encarregada, Dom Pio Vito. (Postado em: http://pt.aleteia.org/2015/09/11) Com essa decisão o Santo Padre acentua mais ainda uma de suas principais características, a misericórdia. Temos consciência que para a Igreja não existe divórcio, mas a invalidade do matrimônio, ou seja, por um motivo ou outro, muito sério, o sacramento foi inválido, não aconteceu. Mas grande é o sofrimento e a angústia daqueles que esperam por uma resposta para decidirem suas vidas. Quem já passou por alguma situação que dependia da resposta de outra pessoa para que sua vida caminhasse, sabe do que estamos falando. E é exatamente para agilizar e diminuir esta espera que o papa Francisco decidiu fazer esta reforma. Outro aspecto muito importante desta reforma está centrado em dois itens: os pobres e a proximidade da Igreja dos que sofrem. Papa Francisco com esta atitude quer que todos compreendam que o amor de Deus vai além de tudo que este mundo nos oferece. Talvez comparar o amor de Deus com os oceanos seria pouco. Ele nos busca e nos resgata o tempo todo e nunca se cansa ou desiste de nenhum de nós, mesmo os que deram um passo em falso na vida. E se esse passo é passível de correção quem somos nós para dificultar essa chance, que é de direito, de pisar corretamente e caminhar de forma certa? “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”. (Mateus11: 2830). São exatamente essas palavras que nosso papa colocou em prática em setembro de 2015 e quer que também tenhamos a mesma atitude diante daqueles que sofrem, levá-los a estar novamente do lado Daquele cujo julgo é suave e o fardo é leve. Esperamos com essa edição ajudar a esclarecer as decisões tomadas pelo santo Padre nos documentos, “Mitis Iudex Dominus Iesus” (Senhor Jesus manso juiz) e “Mitis et misericors Iesus” (Jesus manso e misericordioso), em relação aos processos de nulidade matrimonial. Uma boa leitura a todos ! Diretrizes 894 | Março de 2016 1 SUMÁRIO 08 CAPA Nulidade Matrimonial O Papa Francisco promulgou, no dia 08 de setembro de 2015, duas Cartas Apostólicas, em forma de “motu proprio”, reformando os processos de nulidade matrimonial. Um dos documentos tem o título: “Mitis Iudex Dominus Iesus”... 03 | Eventos 18 04 | Mural do Leitor 20 | 06 | Palavra do Pastor 22 | Dízimo 08 | Palavra do Papa 24 | Dom Paulo 14 | Diocese 25 | Comentários Homiléticos 17 | Igreja Aqui Ali 34 | | Reflexão Arte na Igreja Calendários EVENTOS DA DIOCESE 2º Encontro Diocesano dos Grupos de Reflexão Dia 13 de Março na UNEC I, Caratinga, a partir das 8 horas. Mais informações no escritório paroquial da Catedral São João Batista. Venha participar ! Diretrizes 894 | Março de 2016 3 L A R U M DO Muito importante o tema tratado na edição 892 sobre os Grupos de Reflexão; dá ânimo e incentivo a nossa caminhada de Igreja saber que nosso trabalho está sendo valorizado. Maria Soares, Inhapim. Mensagem enviada na fanpage facebook Parabéns, DIRETRIZES, sempre dando o melhor de si para cumprir o seu papel e desempenhar tão brilhantemente sua função! Luiz Antônio – São Francisco do Glória. Mensagem enviada pelo site. Parabéns! A revista Diretrizes ficou muito bonita com seu novo formato. Diretrizes sempre teve a função de evangelizar e agora com o novo visual vem atender muito melhor nossas expectativas. Ainda tem o encarte da Direkidis que muito contribui para os encontros catequéticos. Estão de parabéns tanto pela arte visual quanto pelo conteúdo. Maria José Silva, Caratinga. Mensagem enviada pelo facebook 4 Diretrizes 894 | Março de 2016 Com um novo jeito, a revista Diretrizes ficou ainda melhor. Ela é um meio de evangelização que alcança todas as comunidades de nossa diocese. Com a revista estamos sempre muito bem informados sobre nossa Igreja; as partes que mais me chamam a atenção são Direito Canônico, Pastoral e Catequese que, contribuem muito para nossa formação como leigos a serviço da Igreja. A equipe de Diretrizes está de parabéns! Danillo Rodrigues, Coordenador do Grupo de Acólitos do Santuário do Senhor Bom Jesus, Caratinga ACESSE www.revistadiretrizes.com.br Parabéns, esta veio para ficar! Deus ilumine toda equipe! Rogério Fernandes. Mensagem envida pelo facebook. Diretrizes 894 | Março de 2016 5 PALAVRA DO PASTOR Dom Emanuel Messias de Oliveira - Bispo Diocesano de Caratinga NÃO EXISTE divórcio na Igreja P or ocasião do Sínodo da Família (outubro de 2015), parece que muita gente, mal informada, aguardava ansiosamente uma Palavra sobre os recasados, no sentido de uma liberação para o casamento, ou pelo menos a possibilidade dos recasados receberem a comunhão. É bom relembrar que o matrimônio cristão é um sacramento. Está fundado na Palavra de Jesus. Não se trata de uma disciplina da Igreja, que ela pode alterar: “O que Deus uniu o homem não separe” (Mc 10,9). A Igreja nunca altera um texto bíblico. É revelação divina: “Em casa, os discípulos perguntaram a Jesus de novo sobre isso. E ele lhes respondeu: “Aquele que se divorcia de sua mulher e casa com outra comete adultério contra ela. E, se ela se divorciar do marido e casar com outro, comete adultério” (Mc 10,10-12). Aqui está a razão pela qual sofremos por não poder acolher os recasados para a comunhão sacramental. O Sínodo tratou da família sobre diversos aspectos. Sobre este e outros casos, o Sínodo pede o máximo de acolhida, de atenção, de respeito pelas pessoas em situação difícil. A Igreja deve ser acolhedora, samaritana. Ela pede para 6 Diretrizes 894 | Março de 2016 atender atenciosamente estas pessoas, ouvi-las, orientá-las. Recomenda que elas não se afastem da Igreja, pois a misericórdia de Deus ultrapassa a Igreja; orienta que elas devem participar da missa aos domingos e, no lugar da comunhão sacramental, elas devem fazer uma comunhão espiritual, que é muito importante para a vida a dois. Os recasados sabem disso, mas o desejo mesmo é a comunhão sacramental. Só este desejo já mostra o valor que eles têm pela Eucaristia. Isto já é um dado muito importante, que não deve ser menosprezado. Mas você, querido(a) leitor(a), pode dizer: “Eu já vi pessoas separadas de um primeiro matrimônio casarem-se de novo”. É verdade! Quando isso acontece é porque a pessoa procurou o Tribunal Eclesiástico para averiguar se o seu casamento foi válido ou não. Para isso existe todo um Processo, parecido um pouco com os processos civis. Se o Tribunal Eclesiástico chegar à conclusão de que faltou o necessário para a validez do sacramento, ela declara a Nulidade Matrimonial. Isto não é anulação do casamento. Isto não significa divórcio, mas significa que, apesar da cerimônia bonitinha, não houve sacramento. Então, “Declaração de Nulidade Matrimonial” não é separar o que Deus uniu, mas a afirmação de que Deus não uniu, ou seja, não houve sacramento por alguma razão séria que neste artigo inicial não dá para explicar, pois ao longo da revista deste mês será bem esclarecido em outros artigos. Se não houve sacramento, a pessoa está livre para um verdadeiro casamento, ou seja, para receber o sacramento do matrimônio. [ “O que Deus uniu o homem não separe” (Mc 10,9). ] PALAVRA DO PAPA Papa Francisco. Audiência geral, quarta-feira, 24 de junho de 2014 Na FAMÍLIA, tudo está INTERLIGADO N as últimas catequeses falamos da família que vive as fragilidades da condição humana, a pobreza, a doença, a morte. Ao contrário, hoje refletimos sobre as feridas que se abrem precisamente no seio da convivência familiar. Ou seja, quando na própria família nos magoamos reciprocamente. O aspecto mais negativo! Sabemos bem que em nenhuma história familiar faltam momentos em que a intimidade dos afetos mais queridos é ofendida pelo comportamento dos seus membros. Palavras e ações (e omissões!) que, em vez de exprimir amor, o subtraem ou, pior ainda, o mortificam. Quando estas feridas, ainda remediáveis, são descuidadas, agravam-se: transformam-se em prepotência, hostilidade, desprezo. E a este ponto podem tornar-se lacerações profundas, que separam marido e esposa, que induzem a procurar alhures entendimentos, apoio e consolação. Mas frequentemente estes «apoios» não pensam no bem da família! O esvaziamento do amor conjugal difunde ressentimento nas relações. E muitas vezes a desunião «desaba» sobre os filhos. Então, os filhos. Gostaria de analisar um pouco este ponto. Não obstante a nossa sensibilidade aparentemente evoluída, e todas as nossas requintadas análises psicológicas, pergunto-me se não nos entorpecemos também em relação às feridas da alma das crianças. Quanto mais se procura compensar com presentes e docinhos, tanto mais se perde o sentido das feridas — mais dolorosas e profundas — da alma. Falamos muito sobre distúrbios de comportamento, saúde psíquica, bemestar da criança, ansiedade dos pais e dos filhos... Mas sabemos porventura o que é uma ferida da alma? Sentimos o peso da mon- tanha que esmaga a alma de uma criança, nas famílias onde as pessoas se magoam reciprocamente e causam mal umas às outras, até quebrar o vínculo da fidelidade conjugal? Que peso tem nas nossas escolhas — escolhas erradas, por exemplo — quanta importância tem a alma das crianças? Quando os adultos perdem o raciocínio, quando cada um só pensa em si mesmo, quando o pai e a mãe se ferem, a alma das crianças sofre muito, prova um sentido de desespero. E são feridas que deixam a marca para toda a vida. [ Marido e esposa são uma só carne. ] Na família, tudo está interligado: quando a sua alma está ferida em qualquer ponto, a infecção contagia todos. E quando um homem e uma mulher, que se comprometeram a ser «uma só carne» e a formar uma família, pensam obsessivamente nas próprias exigências de liberdade e de gratificação, este desvio corrói profundamente o coração e a vida dos filhos. Muitas vezes as crianças escondem-se para chorar sozinhas... Devemos compreender bem isto. Marido e esposa são uma só carne. Mas as suas criaturas são carne da sua carne. Se pensarmos na severidade com a qual Jesus admoesta os adultos para que não escandalizassem os pequeninos — ouvimos o trecho do Evangelho — (cf. Mt 18, 6), podemos compreender melhor também a palavra sobre a grande responsabilidade de preservar o vínculo conjugal que dá início à família humana (cf. Mt 19, 6-9). Quando o homem e a mulher se tornam uma só carne, todas as feridas e todos os abandonos do pai e da mãe incidem sobre a carne viva dos filhos. Por outro lado, é verdade que há casos em que a separação é inevitável. Por vezes, pode tornar-se até moralmente necessária, quando se trata de defender o cônjuge mais frágil, ou os filhos pequenos, das feridas mais graves causadas pela prepotência e a violência, pela humilhação e a exploração, pela alienação e a indiferença. Graças a Deus não faltam aqueles que, apoiados pela fé e pelo amor aos filhos, testemunham a sua fidelidade e um vínculo no qual acreditaram, embora pareça impossível fazê-lo reviver. Contudo, nem todos os separados sentem esta vocação. Nem todos reconhecem, na solidão, um apelo que o Senhor lhes dirige. Ao nosso redor encontramos diversas famílias em situações chamadas irregulares — eu não gosto desta palavra — e colocamo-nos muitas interrogações. Como podemos ajudá-las? Como podemos acompanhá-las? Como podemos acompanhá-las para que as crianças não se tornem reféns do pai ou da mãe? Peçamos ao Senhor uma fé grande, a fim de ver a realidade com o olhar de Deus; e uma grande caridade, para aproximar as pessoas ao seu Coração misericordioso. Diretrizes 894 | Março de 2016 9 MATÉRIA DE CAPA Pe. Agrimaldo José Teixieira Reforma do processo de Nulidade Matrimonial O Papa Francisco promulgou, no dia 08 de setembro de 2015, duas Cartas Apostólicas, em forma de “motu proprio”, reformando os processos de nulidade matrimonial. Um dos documentos tem o título: “Mitis Iudex Dominus Iesus” (O Senhor Jesus, Juiz Clemente), sobre a reforma do processo canônico para as causas de declaração de nulidade do matrimônio no Código de Direito Canônico. O outro traz o seguinte título: “Mitis et misericors Iesus” (Jesus Clemente e Misericordioso), que renova a disciplina dos processos matrimoniais no Código dos Cânones das Igrejas Orientais. Neste artigo, apresentaremos a reforma que o Papa fez no Código de Direito Canônico, que nós, da Igreja Latina, temos que seguir. No caso das Igrejas Católicas Orientais, que estão em comunhão com Roma e o Papa, elas têm um Código próprio, que foi promulgado pelo Papa São João Paulo II, em 1990. O objetivo do nosso Papa, com essa reforma, é fazer com que os processos se tornem mais rápidos e acessíveis. O seu desejo não é favorecer a nulidade dos matrimônios, “mas a celeridade dos processos, assim como uma justa simplicidade, a fim de que, por causa da demora na decisão do juiz, o coração dos fiéis que 10 Diretrizes 894 | Março de 2016 aguardam o esclarecimento de sua situação não mergulhe por muito tempo nas trevas da dúvida” (Mitis Iudex Dominus Iesus). A Igreja Católica continua afirmando o princípio da indissolubilidade do matrimônio. As propriedades essenciais do matrimônio são a unidade e a indissolubilidade (cf. cân. 1056), ou seja, um homem se casa com uma mulher, para formarem um consórcio de toda a vida. E a Igreja Católica mantém esse princípio, por causa da Palavra de Jesus, que diz: “O que Deus uniu, o homem não deve separar” (Mt 19, 6). Porém, para que o matrimônio seja válido, é preciso que as pessoas que vão se casar tenham liberdade para fazer a sua escolha e tenham consciência do que vão assumir. Se faltarem a liberdade e a consciência do compromisso que se deve assumir, o casamento poderá ser nulo. E se uma das partes ou ambas não prestarem um consentimento verdadeiro, isto é, se usarem de simulação, o matrimônio poderá ser nulo. Na simulação, a pessoa que se casa tem consciência do que está assumindo, mas rejeita internamente o matrimônio como a Igreja o propõe, ou rejeita alguma propriedade essencial ou algum elemento essencial do matrimônio. Em alguns casos, também, a pessoa pode não ser capaz de prestar um verdadeiro consentimento, ou por falta de maturidade ou por causas de natureza psíquica. A nulidade de um matrimônio, no entanto, precisa ser provada, pois o matrimônio goza do favor do direito (cf. cân. 1060). Enquanto não se prove o contrário, um matrimônio deve ser considerado válido. Por isso, temos na Igreja Católica os Tribunais Eclesiásticos, que realizam os processos de nulidade matrimonial e também alguns outros tipos de processos. Esses processos já existem há muito tempo na Igreja. Recentemente, o Papa Francisco fez algumas mudanças nesses processos, para torná-los mais ágeis e mais acessíveis às pessoas que desejam realizá-los. E as novas normas entraram em vigor no dia 08 de dezembro de 2015. Para que haja maior acessibilidade das pessoas aos tribunais, o Papa pede que cada bispo constitua, para a sua diocese, um tribunal diocesano para as causas de nulidade matrimonial, embora o bispo possa agregar-se a outro tribunal diocesano ou interdiocesano mais próximo (cf. Mitis Iudex Dominus Iesus, Art. 1, cân. 1673 §2). Para facilitar também o acesso das pessoas aos tribunais, foi feita uma mudança na norma sobre o foro competente: “Nas causas de nulidade do matrimônio não reservadas à Sé Apostólica, são competentes: 1. O tribunal do lugar onde foi celebrado o matrimônio; 2. O tribunal do lugar onde uma ou a outra parte têm domicílio ou quase domicílio; 3. O tribunal do lugar, em que, de fato, deve ser recolhida a maior parte das provas” (cf. Mitis Iudex Dominus Iesus, Art. 1, cân. 1672). Existem casos em que a pessoa se casa em uma diocese e, depois, se muda para um lugar distante, em outra diocese. Com essa mudança na norma sobre o foro competente, torna-se mais fácil realizar o processo onde a pessoa reside. Com essa reforma, é possível nomear mais leigos para serem juízes nos tribunais eclesiásticos. O colégio judicante normalmente é composto por três juízes. Na norma anterior, somente um leigo poderia participar desse colégio; agora, podem ser dois leigos. Uma mudança bastante relevante é que já não existe mais a obrigatoriedade de enviar os processos para a segunda instância. Na nor- ma anterior, mesmo que o tribunal da primeira instância declarasse a nulidade de um matrimônio, era necessário enviar os autos e a sentença para um tribunal de segunda instância, para que fosse examinado todo o processo e realizado um novo julgamento. Somente se o tribunal de segunda instância confirmasse a nulidade do matrimônio, é que a sentença se tornava executiva e as partes poderiam contrair novo matrimônio. A partir de agora, o tribunal de segunda instância será somente tribunal de apelo mesmo. Se alguma das partes se sentir prejudicada por causa da decisão do tribunal de primeira instância, poderá apelar para o tribunal de segunda instância, assim como o promotor de justiça e o defensor do vínculo (cf. Mitis Iudex Dominus Iesus, Art. 4, cân. 1680 §1). Além do processo ordinário nas causas de nulidade matrimonial, haverá também o chamado pro- cesso mais breve, que é uma novidade trazida por esse documento do Papa. Para que se realize o processo mais breve, é preciso que: “1. A petição seja proposta por ambos os cônjuges ou por um deles, com o consentimento do outro; 2. Concorram circunstâncias de coisas ou de pessoas, apoiadas em testemunhos ou documentos que não precisem de uma ponderação ou investigação mais acurada e que tornem evidente a nulidade” (cf. Mitis Iudex Dominus Iesus, Art. 5, cân. 1683). Entre as circunstâncias que permitem a realização do processo mais breve, incluem-se, por exemplo: a falta de fé que pode gerar a simulação do consentimento ou um erro capaz de determinar a vontade; a brevidade da convivência conjugal; o aborto procurado Diretrizes 894 | Março de 2016 11 para evitar a procriação; a permanência pertinaz num relacionamento extraconjugal na época do casamento ou imediatamente depois; a ocultação dolosa de esterilidade ou de doença grave contagiosa ou de filhos nascidos de união precedente, ou de ter sofrido pena de prisão; uma causa para contrair completamente estranha à vida conjugal ou a gravidez não prevista da mulher; a violência física provocada para extorquir o consentimento; a falta de uso da razão comprovada mediante laudos médicos, etc. (cf. Mitis Iudex Dominus Iesus, Regras Processuais, Art. 14 §1). O vigário judicial, ao receber o libelo, deve decidir se a causa deve ser julgada pelo processo ordinário ou pelo processo mais breve. Se for pelo processo mais breve, o vigário judicial, no mesmo decreto em que determina a fórmula da dúvida, deve nomear o instrutor e o assessor e fazer a citação, para uma sessão a ser realizada num prazo não além de trinta dias, de todos aqueles que dela devem participar, ou seja, as partes e o defensor do vínculo (cf. Mitis Iudex Dominus Iesus, Art. 5, cân. 1685). Depois, o instrutor deve recolher as provas, se possível numa única sessão, e determinar um prazo de quinze dias para a apresentação das observações em favor do vínculo e das defesas das partes. No processo mais breve, o bispo é quem deve emanar a sentença. Por isso, “recebidos os autos, o bispo diocesano, após ter consultado o instrutor e o assessor, e tendo ponderado as observações do defensor do vínculo e as defesas das partes, se houver, se chegar à certeza moral da nulidade do matrimônio, emita a sentença. Caso contrário, envie a causa à via ordinária” (cf. Mitis Iudex Dominus Iesus, Art. 5, cân. 1687 §1). 12 Diretrizes 894 | Março de 2016 No caso do processo mais breve, contra a sentença do bispo, apela-se ao Metropolita ou ao Tribunal da Rota Romana. E se a sentença tiver sido dada pelo próprio Metropolita, apela-se ao sufragâneo mais antigo (cf. Mitis Iudex Dominus Iesus, Art. 5, cân. 1687 §3). O Metropolita é aquele que preside uma província eclesiástica, a qual é um agrupamento de dioceses vizinhas. Na província eclesiástica, há uma diocese principal, chamada de arquidiocese, e as dioceses sufragâneas. As propriedades essenciais do matrimônio são a unidade e a indissolubilidade Além do processo ordinário e do processo mais breve, existe o processo documental. Esse tipo de processo é realizado quando o matrimônio é nulo, por causa de um impedimento dirimente ou por falta da forma legítima. Impedimento dirimente é aquele que torna nulo o matrimônio. Por exemplo, se dois primos em primeiro grau desejam se casar, não é permitido, porque existe o impedimento de consanguinidade. Assim, é necessário pedir uma dispensa da lei. A forma canônica consiste num conjunto de formalidades jurídicas, que devem ser seguidas, para que o matrimônio possa ser contraído validamente. Se constar, com certeza, que não foi dada a dispensa do impedimento ou da forma canônica, faz-se o processo documental, que também é um processo rápido. Recebido o libelo, o bispo diocesano ou o vigário judicial, omitindo as formalidades do processo ordinário, mas citando as partes e com a participação do defensor do vínculo, pode declarar, por sentença, a nulidade do matrimônio, se constar, por algum documento, que o matrimônio foi nulo por falta da dispensa de algum impedimento ou da forma canônica (cf. Mitis Iudex Dominus Iesus, Art. 6, cân. 1688). Nesse tipo de processo, pode-se também fazer a apelação. Tanto a parte que se sentir prejudicada, como o defensor do vínculo, se julgar que os vícios alegados ou a falta de dispensa não são certos, podem apelar ao juiz de segunda instância (cf. Mitis Iudex Dominus Iesus, Art. 6, cân. 1689). Na sua Carta Apostólica, o Papa pede que os bispos acompanhem, com solicitude pastoral, os cônjuges separados ou divorciados. Eles compartilham com os párocos o cuidado pastoral para com esses fiéis em dificuldade. E quando esses casais separados ou divorciados duvidam da validade do seu matrimônio ou estão convencidos de sua nulidade, devem ser encaminhados para que realizem o processo de nulidade matrimonial. Outra coisa que o Papa pede é que os bispos invistam na formação de pessoas que sejam capazes de dar sua contribuição no tribunal para as causas matrimoniais, pois os tribunais eclesiásticos necessitam de pessoas com uma formação especializada em Direito Canônico, para que possam ser realizados os processos. Libelo Para se iniciar um processo, é preciso que a pessoa escreva um libelo, isto é, um escrito breve, ordenado e claro, no qual a parte demandante (aquela que quer dar abertura a um processo) indica o objeto da controvérsia com outra pessoa, e com o qual pede explicitamente a intervenção do juiz competente (cf. cân. 1502). O libelo deve: “1. Dizer diante de qual juiz se introduz a causa, o que se pede e de quem se pede; 2. Indicar o direito em que se fundamenta o autor e, ao menos de modo geral, os fatos e provas que possam demonstrar o que é alegado; 3. Ser assinado pelo autor ou seu procurador, com a indicação do dia, mês e ano, do lugar onde residem o autor ou o procurador ou onde disserem residir, para a recepção dos atos que lhes devem ser comunicados; 4. Indicar o domicílio ou quase domicílio da parte demandada” (cân. 1504). No caso do processo de declaração de nulidade, a parte demandante, ao escrever o libelo, deve dizer, de forma breve, como conheceu a outra parte, como foi o tempo de nam- oro e noivado, como foi o dia do matrimônio e a vida conjugal, quais os problemas surgidos durante esse tempo e o que levou o casamento ao fracasso, indicando alguns motivos pelos quais pensa que o seu matrimônio seja nulo. Com o libelo, faz-se, então, uma petição formal para a abertura de um processo. “O libelo com o qual se introduz o processo mais breve, além das coisas enumeradas no cân. 1504, deve: 1. Expor, de modo breve, íntegro e claro, os fatos em que se fundamenta a petição; 2. Indicar as provas que podem ser coletadas imediatamente pelo juiz; 3. Mostrar, em anexo, os documentos em que se apoia a petição” (cf. Mitis Iudex Dominus Iesus, Art. 6, cân. 1688). Diretrizes 894 | Março de 2016 13 DIOCESE Diocese realiza mudanças no clero O bispo diocesano Dom Emanuel Messias de Oliveira realizou, no mês de janeiro mudanças no clero da diocese, observando as necessidades pastorais da Igreja, e para o bem do povo de Deus. Pe. José Carlos de Oliveira deixou a Paróquia de N.Sra. da Conceição em Caratinga e assumiu a Paróquia de São Judas Tadeu no dia 16/1, como pároco. E Pe. José Geraldo Gouveia se tornou seu vigário paroquial. Pe. Geziel José de Almeida deixou a Paróquia de São Judas Tadeu em Caratinga e assumiu a Paróquia de Santo Estevão em Iapu, como pároco. Pe. José Antônio Nogueira assumiu a Paróquia de Sta.Rita de Cássia, em Sta. Rita de Minas no dia 17/1, como pároco. Pe. Ruimar Lopes Machado deixa a Paróquia de Divino, onde era Vigário, e passou a ser Vigário da Paróquia de Sta. Rita de Cássia. Pe. Moacir Ramos Nogueira deixa a Paróquia de Santo Estevão, em Iapu, e assumiu a Paróquia de São João Batista, Catedral, no dia 16/1, como pároco. E Pe. Agrimaldo Teixeira deixou a Paróquia do Senhor Bom Jesus do bairro Santa Cruz em Caratinga, onde era pároco e foi apresentado como vigário da Catedral, também no dia 16. Pe. Marlone Pedrosa deixou a Paróquia de N.Sra. da Conceição, em Vermelho Novo e assumiu a Paróquia de N.Sra. da Conceição em Caratinga no dia 23/1, como pároco. Pe. Elias Garcia Moraes deixou a Paróquia do Senhor Bom Jesus, em Caratinga, onde era Vigário e assume a Paróquia de N.Sra. da Conceição de Vermelho Novo como pároco. Pe. José Raul dos Santos Oliveira continua na Catedral como vigário e assume a Paróquia de Vermelho Velho no dia, 24/1 como Administrador Paroquial. Pe. Flávio Ferreira asuumiu a paróquia do Se nhor Bom Jesus em Caratinga, como administrador paroquial no dia 31/1. 14 Diretrizes 894 | Março de 2016 CURSO DE FÉRIAS SUPERA EXPECTATIVAS “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a Justiça qual riacho que não seca” (Am 5.24). Com essas palavras lindas do Profeta Amós e com toda a disponibilidade e alegria do povo de Deus iniciou-se o Curso de Férias para Educadores Populares e Agentes Pastorais da Diocese de Caratinga. O curso aconteceu de 21 a 24 de janeiro na UNEC I. Com o Tema da Campanha da Fraternidade Ecumênica que traz Ecumenismo e Meio Ambiente “Casa Comum nossa responsabilidade” , todos foram conduzidos em um espaço de cidadania, diálogo, aprendizado e unidade, com os irmãos evangélicos, afro-brasileiros, indígenas e ortodoxos para promover ações concretas de promoção à cultura de paz e à proteção ao meio ambiente. No dia 21 a apresentação ficou por conta da Paróquia Nossa Senhora do Carmo e a mística de abertura foi conduzida pela Associação das Culturas Tradicionais, Dom Emanuel e o Clero se uniram em uma oração feita pelo Cacique Ubiracy de Santa Cruz de CabráliaBA, e Padre Nelito Nonato, que discursou sobre a Campanha da Fraternidade 2016. Na sexta-feira, de manhã, a Professora Doutora Dulce Maria Pereira da UFOP (Universidade Federal de Ouro Preto), explanou sobre Políticas Econômicas e garantias de direitos sociais e ambientais. Desafios ambientais contemporâneos e o Saneamento Básico. A aconteceu as oficinas: A Arte de cuidar, água e agroecologia, audiovisual e comunicação digital, capoeira, dança criativa e afroconsciência, educação ambiental, inclusão da cidadania e sustentabilidade, montador de projetos, música e confecção de instrumentos, naturoterapia, teatro e terapias: indígena, comunitária e corporal, e encerraram os trabalhos com a noite cultural No sábado os terapeutas Marlene Rodrigues e José Galvão da Silva, palestraram sobre Terapia Comunitária Integrativa: Uma metodologia inovadora de cuidado e promoção a saúde. A tarde continuaram as oficinas que consolidaram os projetos e atividades para serem apresentadas na noite cultural e no encerramento, no domingo. A noite cultural contou com o Bloco de Latas: Batuque Batucada, reciclando vidas, lançamento do DVD, apresentação da oficina de capoeira e oficina de confecção de instrumentos, dança do Grupo Afro-brasileiro de Cataguases e muita animação. No domingo, o Pastor Jaider Rodrigues Gonçalves, Secretário Municipal de Educação, palestrou sobre Ecumenismo e Meio Ambiente. Em seguida Padre José Geraldo de Gouveia discursou sobre os Profetas, promotores da Justiça, na defesa da vida e dos direitos dos pobres. Logo após houve a apresentação das oficinas de Teatro, Dança Criativa e afroconciência e Terapia Indígena. Para encerrar com chave de ouro foi celebrada a Santa Missa presidida por Dom Emanuel Messias de Oliveira. Ao final todos se dirigiram para a EE Princesa Isabel para o almoço de confraternização. Os organizadores do evento agradece a todos que de alguma forma ajudaram. “A terra foi preparada, as sementes foram plantadas e regadas... o segundo curso de férias está sendo gestado para 2017 e contamos com a colaboração de todos”, concluiu Giuliane Quintino Teixeira uma das organizadoras do evento. Instituto das Irmãs Missionárias de Nossa Senhora das Graças em festa! No dia 28 de janeiro as Irmãs Gracianas comemoraram os 25 anos de vida consagrada das irmãs Cidisnem Garcia de Matos,Heloísa Maria das Graças Teixeira, Maria Aparecia Teixeira, Júlia Faria, Eleusa Ferraz, Luzia Inês Perine e Ângela Maria de Souza na ocasião do aniversário de fundação do Instituto. A solenidade aconteceu na capela Nossa Senhora do Rosário na Casa de Formação Nossa Senhora do Rosário, bairro Santo Antônio, em Caratinga. Estiveram presentes familiares, benfeitores, amigos e Leigos Missionários Gracianos. Como se não bastasse a alegria em festejar as bodas das 16 Diretrizes 894 | Março de 2016 irmãs e o aniversário de fundação do Instituto as irmãs junioristas: Vânia Danielle, Rosandes Sampaio, Maria da Consolação e Juliana Brum, fizeram a renovação dos votos em caráter permanente e também aconteceu a renovação dos votos de um significativo grupo de Irmãs. A Celebração foi presidida por Dom Emanuel e concelebrada por Frei Francinaldo e os padres Marlone, Humberto Borelli, José Geraldo Gouveia, Agrimaldo, Patrício, Júlio César, Monsenhor Raul, José do Carmo. Em sua homilia Dom Emanuel destacou o trabalho missionário das irmãs e o Instituto como referência na fé. Destacou também a vida de serviço de cada uma das irmãs e a alegria jubilosa em participar desse momento. Após a homilia leu a carta dirigida a ele por irmã Maria Gorete, demonstrando o desejo do Instituto em celebrar os votos perpétuos. Após a leitura da carta, Dom Emanuel se dirigiu a Pe Agrimaldo determinando que todos os trâmites canônicos sejam direcionados para a realização deste desejo. Após a Celebração foi servido um almoço a todos os presentes. IGREJA AQUI ALI Diocese participa do IRPAC 2016 “Viver a misericórdia” a partir de sua expressão infinita que é Jesus Cristo e contemplá-la no nome de Deus, é o convite do Papa Francisco a toda a Igreja, que foi adotado para acompanhar a espiritualidade do IRPAC 2016. O Curso de especialização catequética oferecido pela parceria Regional Leste II da CNBB e PUC-MG, teve início no dia 03 de janeiro durando doze dias e aconteceu na Casa de Retiro São José em Belo Horizonte. Muitos leigos, religiosas, seminaristas e padres das dioceses que compõe o Regional participaram deste curso que em 4 Módulos anuais, oferece formação humana, intelectual, teológica e pastoral, no intuito de ser uma escola de catequistas formadores de catequistas. A diocese de Caratinga sempre bem representada com grande número de alunos, este ano teve treze, sendo três irmãs gracianas, dois seminaristas e leigas de variadas paróquias. Dois concluíram o 4º Módulo: Viviane, da paróquia N. S. da Conceição de Caratinga, que é também, coordenadora da Forania de Caratinga e membro da Equipe diocesana de Catequese e o Seminarista Luiz Antônio, 4º ano de Teologia e membro da Equipe Diocesana de Catequese. Um presente para a Diocese e principalmente para os alunos do IRPAC foi a presença de Dom Emanuel em todos os momentos do Curso. Ele é o Bispo referência para a catequese no Regional Leste II da CNBB; e, no IRPAC este ano, além de sua contribuição para a equipe de coordenação do curso, dedicou-se a favorecer momentos de reflexão da Palavra e vivência Eucarística em todos os dias Presidindo a Celebração Eucarística na Capela da Casa de Retiros. Os alunos do 4º Módulo na missa de formatura fizeram uma retrospectiva e síntese dos últimos 4 anos do IRPAC: Para eles o curso foi um retira-se de casa e de sua comunidade de origem, ingressar-se nesta formação, mediante um CHAMADO maior, uma vocação. No primeiro ano buscaram entender a Igreja e a Catequese a partir de suas respectivas histórias; também, deram passos rumo à pessoa humana que somos pela psicologia e a fé, e mergulharam na catequética, o que lhes rendeu um NOVO OLHAR, e voltaram para casa cheios de anseios, alegrias e esperanças e maior comprometimento ao trabalho de Evangelização. No segundo ano mergulharam na Tradição da Igreja e na Escritura, e firmes por suas metodologias enfrentaram rupturas e perceberam que os conceitos mudam com a experiência. E o terceiro ano foram convidados a viver a ARTE DA PACIÊNCIA dando as mãos a Jesus e a Maria, debruçaram-se sobre a Eclesiologia, a Bioética, na Catequética e na Espiritualidade; para enfim, poderem VIVER A MISERICÓRDIA, por meio das necessidades e possibilidades para a ação catequética e de forma clara, objetiva e catequética refletiram a Escatologia. E para finalizar ressaltaram o amor e dedicação como catequista, leiga, mulher, coordenadora, professora e amiga de Lucimara Trevisan, que faz o Curso ser mais humano e catequético. REFLEXÃO Alba S. Soares O tempo da misericórdia O bispo de Roma encontra os sacerdotes da sua diocese e conta acerca da sua pequena cruz que tirou do caixão do seu confessor e que leva sempre consigo. Choras? Ou perdemos as lágrimas? Choras pelo teu povo? Recitas a oração de intercessão diante do Tabernáculo? Lutas com o Senhor pelo teu povo? À noite, como concluis o dia? Com o Senhor ou com a televisão? Como é que te relacionas com as crianças, com os idosos, com os doentes? Sabes acariciá-los, ou envergonhas-te de acariciar um idoso? E ainda: Conheceis as feridas dos vossos paroquianos? Intuí-las? Estais próximos deles? O bispo de Roma encontra os sacerdotes da sua diocese para iniciar o caminho quaresmal. Fala-lhes da misericórdia, fazendo uma série de perguntas diretas e insistentes. E enriquece a sua reflexão com algumas recordações pessoais, relacionadas com a sua experiência de sacerdote e depois de bispo em Buenos Aires. Entre outras coisas, 18 Diretrizes 894 | Março de 2016 conta a história de uma pequena cruz que leva sempre consigo, mesmo se hoje “as camisas de Papa não têm bolsos”, disse sorrindo. Conserva-a num saquinho de tecido que tem ao peito, por debaixo da veste. Revela que a tirou do caixão do padre Aristi, um sacerdote sacramentino, “confessor famoso” na arquidiocese argentina. Este homem – confidencia – perdoou os pecados a todo o clero de Buenos Aires, também a mim. Teve até o privilégio de confessar João Paulo II durante uma das suas duas viagens ao país. Depois explica o que significa ser sacerdotes da misericórdia a exemplo do bom samaritano: isto é, capazes de pôr as mãos na carne dos irmãos feridos para os curar. Mas para fazer isto, recorda, é preciso imitar Jesus, o qual estava sempre a caminho. E era capaz, diz ainda o Papa, de se comover quando via as pessoas cansadas e desnorteadas, como ovelhas sem pastor. Também hoje, admoesta, há tantas, tantas feridas para curar no corpo da humanidade; e também na Igreja, acrescenta. Eis que volta o tema da misericórdia como remédio para curar as feridas abertas. Depois, diz, far-se-ão as análises, as curas de um especialista. Aqui é a substância do sacramento da reconciliação, um sacramento, adverte, que antes de todos, os sacerdotes devem aprender a amar para o poder doar depois a quem o pede. E a este ponto o Papa Francisco recomenda que se evitem duas atitudes que não ficam bem a um confessor: o laxismo(Doutrina em que predomina uma moral relaxada) e o rigorismo(excessivo rigor; severidade exagerada). Porque a misericórdia verdadeira ocupa-se da pessoa, ouve-a atentamente, aproxima-se com respeito e com verdade da situação e acompanha-a no caminho da reconciliação. Papa Francisco Texto adaptado de: http:// www.osservatoreromano.va/ pt/news/o-tempo-da-misericordia. ARTE NA IGREJA Itamar B. de Gouveia O Milagre da Escada de São José 20 Diretrizes 894 | Março de 2016 H á na cidade de Santa Fé, no Estado do Novo México, EUA, uma capela conhecida como Loretto Chapel. Nela destaca-se uma bela e despretensiosa escada. A piedade tradicional atribui a construção a São José. Em 1898 a Capela passou por uma reforma. Um novo piso superior foi feito, porém faltava a escada para subir. As Irmãs consultaram os carpinteiros da região e todos acharam difícil fazer uma escada numa Capela tão pequena. As religiosas, então, rezaram uma novena a São José para pedir uma solução. No último dia da novena, apareceu um homem com um jumento e uma caixa de ferramentas. Ele aceitou fazer a escada, porém exigiu que fosse com as portas fechadas. Meses depois a escada estava construída como queriam as Irmãs. No momento de pagar o serviço, o homem desapareceu sem deixar vestígios. As religiosas puseram anúncios no jornal local e procuraram por toda a região sem encontrar quaisquer notícias ou informações sobre o ignoto carpinteiro. Nesse momento as Irmãs perceberam que o homem poderia ser São José, enviado por Jesus. Há vários elementos que reforçam a aura de piedoso mistério que envolve a construção da escada: A madeira utilizada não é da região, e ninguém sabe como foi parar lá. Também não foi utilizado prego na escada, apenas pinos de madeira. Além do mais, hoje soa misterioso que ela se mantenha em pé pois é do tipo caracol e não tem apoio central. Na verdade apenas um apoio cola- teral metálico foi acrescentado a posteriori que não resolve a essência do incógnita. Diz-se que engenheiros e arquitetos não conseguiram desvendar a física por trás da obra. Por fim, a escada tem 33 degraus, a idade de Jesus Cristo, o que reforça ainda mais a suposição de um fenômeno de origem sobrenatural. A Capela recebe em média 200 casamentos e mais de 250 mil visitantes por ano. Ela ficou conhecida como a Escada Milagrosa. Grande número de artigos e programas de TV foram dedicados a ela e seus “mistérios”. DÍZIMO Pe. Ademilson Tadeu Quirino UMA PROPOSTA PARA TRABALHO DA PASTORAL DO DÍZIMO NA PARÓQUIA Objetivos: Deus por tudo que dele recebemos Despertar a consciência e a respon- e é uma forma de sustentar a Igreja sabilidade de cada fiel na manuten- e seus ministros como se pode verifição da comunidade paroquial, como car nas Sagradas Escrituras. O dízimo sinal de sua doação e serviço a Deus é tão importante que a Igreja voltou e a Igreja em que está inserido pela a adotá-lo, também em virtude das graça do Sacramento do Batismo. múltiplas razões de natureza pas toral que o aconselham em nossos tempos. Objetivo Específico: Estimular a substituição do Despertar para a unidade: inconveniente sistema de manuten- ção da igreja através de taxas, por Quando todos se sentem um sistema inspirado na Palavra de responsáveis pela comunidade, toDeus –A Pastoral da Partilha. dos trabalham, todos contribuem, todos ganham. E quando todos Linhas de Ação: comungam dos mesmos ideais da Produzir material de co- Cabeça que é Cristo, todo o corpo municação contendo mensagens se coordena e se ordena para a Coque visem conscientizar da necessi- munhão, para a unidade. dade da implantação e manutenção da Pastoral do Dízimo: comu- Missão do Dízimo: nicação pelo jornal ou periódicos da Paróquia, testemunhos pessoais A grande missão do dízimo de como a adesão ao dízimo acar- é evangelizar, como qualquer outra retou bênçãos para o dizimista, for- pastoral. Toda a organização admação os agentes da Pastoral do ministrativa do Dízimo tem uma só Dízimo sobre o aspectos Bíblico e origem nessa missão evangelizadodoutrinário e preparação de subsí- ra. O dízimo tem um destino certo dios para as Celebrações do Dízimo, que são as 3 dimensões: Religiosa, tanto na sua implantação como em Social e Missionária. momentos subsequentes de ação de graças. Dimensão Religiosa Transparência: Reunimo-nos no templo A equipe deve buscar a porque temos fé. Vamos à igreja a transparência, assumindo como fim de viver esta fé profundamente atitude fundamental a prestação de em nossa vida. E para que isto aconcontas aos fiéis da comunidade. teça há as despesas necessárias desde a vassoura até a pequena hóstia Conscientização e importância do e entre elas a manutenção da Igreja, Dízimo: luz, água, velas, flores, material de O dízimo é um gesto de gratidão a catequese e os folhetos litúrgicos 22 Diretrizes 894 | Março de 2016 distribuídos nas missas. Nada deve ficar esquecido. Dimensão Social: Toda comunidade cristã consciente deve ter uma equipe de promoção humana e Social. Os funcionários da paróquia devem estar com a carteira registrada e todos os encargos sociais recolhidos. Isso é promoção humana e social. Dimensão Missionária: Quando se contribui para que a comunidade possa desenvolver um trabalho pastoral eficiente, o Dízimo assume uma dimensão especial na vida do dizimista. São as despesas com ajuda para o seminário, preparação de Missionários leigos, ajuda às Comunidades Missionárias, etc. Onde estiver o missionário, o dizimista estará junto. Divulgação: Na implantação da Pastoral do Dízimo a equipe procura criar uma expectativa valorizando o evento por antecipação, não com o intuito de propagar fiéis, mas sim o que ela poderá fazer com o anúncio da mensagem de Jesus Cristo: “Tudo o que vos digo na intimidade, vocês devem anunciá-lo sobre os telhados.” Depois disso é preciso mais ousadia para fazer acontecer o Dízimo na Igreja, de acordo com a realidade decada paróquia. A Equipe da Pastoral do dízimo, preparada para ajudar a esclarecer as dúvidas,recadastrar novos dizimistas, atualizar cadastros, fica de plantão nas missas em que acontece a entrega do dízimo (sábado e domingo) exclusivamente para esta finalidade. A Pastoral do Dízimo prepara o ambiente para a celebração da partilha, com cartazes alusivos ao tema, e com frases que ajudem os fiéis a refletir sobre a importância de ser dizimista. Manutenção: Uma vez alcançados estes objetivos, a equipe continua trabalhando para conservar o que se conseguiu. Todo mês os agentes da Pastoral doDízimo se reunirá para rezar, estudar avaliar os trabalhos do mês anterior, entregar o relatório financeiro e procurar melhorar naquilo que não está dando certos. Nesta reunião os agentes da Pastoral receberão os envelopes do dízimo para entregar aos dizimistas. Os dizimistas receberão agentes da Pastoral: dos 1. Os envelopes ou carteirinha do dízimo todo mês; 2. As correspondências e mensagens bíblicas; 3. Cartão de aniversário; 4. Cartão de natal e folhinha especial; É muito sugestivo uma assembleias anual da Pastoral do Dízimo para rever a caminha e ce-lebrar este momento de maneira fraterna (oração, estudo, avaliação e confraternização). DOM PAULO Dom Paulo Mendes Peixoto - Arcebispo de Uberaba Instituição Familiar T em sido muito difícil entender os rumos da cultura dentro da chamada “mudança de época”. No cenário visualizado dos últimos tempos, conseguimos ver, com muita facilidade, a crise de valores. Ficamos até nos interrogando se o que víamos como valor, era realmente valor. Onde está o erro, no passado, ou no presente. Nem sei se isto pode ser medido a partir das consequências apresentadas! A família foi sempre compreendida como um grande valor. Ela, sem dúvida nenhuma, deixou um legado muito importante para a sociedade do passado. Será que podemos dizer o mesmo nos dias de hoje? Existe a tentativa da formatação de novos valores familiares, provocando grandes crises, que afetam fortemente o itinerário social. Estamos passando da realidade para a prática de ideologias. Entendo que o amor familiar, conforme os ensinamentos do Evangelho, está desaparecendo. Ele deixou de ser verdadeiro, de comprometimento, e é praticado como ato de satisfação imediata e sem compromisso mútuo. O amor exige sacrifício e doação de vida de um para o outro. Deve crescer com o tempo e não cair no esvaziamento, provocando situações desagradáveis. Alguns detalhes são fundamentais, isto é, valores que não podem faltar na instituição familiar: o diálogo, o respeito mútuo, a igualdade e a paz. Será que o individualismo, a cultura midiática e virtual têm permitido que esses valores sejam realmente valores para a família? Ou estamos num mundo de inversão de valores! Pela natureza humana, ninguém existe para viver na solidão e nem numa situação abaixo dos an- imais. Também não estamos num contexto patriarcal familiar onde um manda mais do que outro, dificultando a convivência. Não pode haver submissão e nem desrespeito pela individualidade do outro. Há, sim, unidade na diferença, no diálogo e no discernimento. Temos que saber entender os limites e os sofrimentos que acompanham o ser humano, mas encará-los com muita dignidade, deixando-nos conduzir na busca da perfeição. Certas facilidades são enganosas e fazem a pessoa perder a direção, o rumo e acaba terminando a vida de forma totalmente infeliz. COMENTÁRIOS HOMILÉTICOS - MARÇO DE 2016 Dom Emanuel Messias de Oliveira 6º Domingo da Páscoa - 1º/ 5/2016 Dia 2: At 16,11-15; Jo 15,26-16,4a Dia 3: 1Cor 15,1-8; Jo 14,6-14 Dia 4: At 17,15.22-18,1; Jo 16,12-15 Dia 5: At 18,1-8; Jo 16,16-20 Dia 6: At 18, 9-18; Jo 16,20-23a Dia 7: At 18,23-28; Jo 16,23b-28 1ª LEITURA – At 15,1-2.22-29 O texto de hoje não descreve o Concílio de Jerusalém (acontecido no ano 49 d.C.) mas apresenta a introdução com a temática do Concílio e o resultado prático através da carta ou decreto apostólico. Temos, portanto, a introdução e a conclusão. Introdução 15,1-2 Homens da Judeia sem autorização apostólica (cf. v. 24), ensinavam, em Antioquia, a necessidade da circuncisão para serem salvos. Isto para Paulo anulava o Evangelho de Jesus Cristo. Paulo ensinava que os pagãos pela fé são chamados a fazer parte do povo de Deus, e é pela fé, independentemente das obras da Lei, que eles são salvos. As normas da Lei de Moisés caducaram. Estes dois pontos de vista provocaram uma grande agitação e controvérsia entre eles. A solução foi apelar para os apóstolos e presbíteros de Jerusalém. O decreto apostólico 15,22-29 A reunião conciliar foi bastante agitada (v.7). Nela tomaram a palavra Pedro, Paulo e Barnabé e depois Tiago. As conclusões foram redigidas numa carta e envi- adas para Antioquia. Eis os pontos principais: - Deixa claro que os homens da Judeia que ensinavam a circuncisão, perturbando a comunidade, não tinham autorização apostólica (v.24). - Mostra a dignidade e a confiabilidade dos mediadores do conflito (vv. 25-27). Paulo e Barnabé recebem um grande elogio, são considerados “amados” e expuseram suas vidas pelo nome de Nosso Senhor Jesus Cristo. Judas e Silas ficaram encarregados de relatar de viva voz. Diante dos conflitos e novos desafios pastorais, o Espírito Santo está à frente para orientar as comunidades (v. 28). - Os apóstolos só exigem o necessário. E fica claro que para se salvar não são necessárias a circuncisão nem a prática da Lei de Moisés. O v. 29 traz as chamadas cláusulas de Tiago que são recomendações transitórias para solucionar algumas dificuldades, em comunidades mistas de judeus e pagãos, para não escandalizar os judeus: comer carnes imoladas aos ídolos, aproveitar o sangue, comer carnes sufocadas que retenham o sangue. Além disso, deveriam abster-se da prostituição ou relações sexuais ilícitas. 2ª LEITURA – Ap 21,10-14.22-23 “Um anjo leva João, em espírito, a um grande e alto monte”. Estar sobre uma montanha é estar mais próximo do céu. A montanha é o lugar onde se experimenta a presença de Deus. Dali ele mostrou para João a Cidade Santa, a Jerusalém que descia do céu como um dom divino e vinha com a glória de Deus (vv. 10-11). Ela vinha como esposa, ornada para seu esposo que é o Cordeiro. Aqui, o texto a apresenta como puro dom, como conquista do Cordeiro. Em outros lugares, sabemos que a nova sociedade se funda a partir do anúncio evangélico e como resultado de sua vivência na luta pela justiça e liberdade. No fundo, podemos ver que a cidade santa, chamada de esposa, parece ser a antiga prostituta, que sobreviveria às custas do abuso do poder, da exploração, da violência e do derramamento de sangue (cf. cap. 17). De fato os cap. 21-22 descrevem a Jerusalém celeste com traços paralelos com a antiga Babilônia idolátrica: quadrada, atravessada por uma avenida ao longo de um rio com jardins. Se isso é verdade, só pode ter acontecido pela conquista do Cordeiro imolado e pela luta e testemunho dos seus santos. Cabe a nós, hoje, a tarefa de transDiretrizes 894 | Março de 2016 25 formar com a força do Evangelho a sociedade prostituída e idólatra em esposa do Cordeiro. Quais são as características da cidade vislumbrada por João? Ela tem o esplendor de Deus (v. 11 = jaspe cristalino, cf. 4,3). É uma sociedade perfeita e aberta a todos os povos (v. 12) (muralha com 12 portas – 3 portas abertas para cada um dos quatro pontos cardeais). A perfeição é indicada pelos números perfeitos: o 4 e o 3 e o resultado de sua multiplicação que é 12. A perfeição da cidade é também indicada pela perfeição de suas medidas e pela qualidade do material de sua constituição (cf. vv. 15ss). O Templo, lugar de encontro com Deus, através de diversas mediações, foi substituído pelo próprio Deus e pelo Cordeiro a quem o povo contempla face a face (v. 22). Sol e lua também desapareceram, pois a cidade resplandece com a glória de Deus. Sua lâmpada é o Cordeiro (v. 23). Como transformar a nós mesmos e a nossa comunidade em esposa do Cordeiro? “Sem mim nada podeis fazer”. Mas devemos esperar tudo caindo do céu? Qual é a missão que Cristo nos confiou? EVANGELHO – Jo 14,23-29 a) Só o amor transforma A pergunta de Judas - não o Iscari- otes (v. 22) - implica numa manifestação de Jesus como Messias glorioso só na linha política, transformando a sociedade através da violência de um exército imbatível. Jesus responde apontando com a arma do AMOR. O compromisso do amor vai transformar a sociedade. Esse compromisso do amor a Jesus tem três consequências: - Quem ama a Jesus guarda a sua palavra e sua palavra é a palavra do Pai (v. 24). - Quem ama a Jesus é amado pelo Pai. - Quem ama a Jesus se torna habitação de Deus. Estas três consequências podem ser sintetizadas em uma só: quem ama a Jesus assume com ele o projeto do Pai que é o mesmo projeto do Filho: levar a vida divina a todos, principalmente, aos mais excluídos. Não foi para isso que ele foi enviado? Sua vida não foi dada para a transformação do mundo? Quem quiser ser discípulo não deve segui-lo? b) A ação da parábola (v. 26) Jesus está se despedindo de seus discípulos, mas a herança que Jesus deixou - seus gestos e ensinamentos - não será esquecida. Em nome de Jesus ou junto com Jesus, o Pai enviará o Espírito Santo sobre os discípulos. Sua missão não é ensinar novidades, pois Jesus, como plenitude da revelação do Pai, já ensinou tudo. “Ensinar e recordar tudo” significa trazer à memória dos discípulos o sentido profundo de todas as ações e palavras de Jesus. O Espírito substitui a presença física de Jesus. É sua presença espiritual junto aos discípulos. É mestre e advogado (= Paráclito) para os discípulos. Ele os capacita no discernimento do que constrói e conduz à vida. c) Jesus se despede, tranquilizando os seus discípulos (vv. 2729) Diante da tristeza e medo dos discípulos, Jesus lhes transmite paz (= shalom), uma paz que não é ausência de conflitos, mas uma certeza da presença de Deus na vida deles, dando-lhes serenidade e coragem até mesmo diante da morte, na convicção de que o bem triunfa sobre o mal, a vida será restituída para todos aqueles que amam o Filho e fazem a vontade do Pai. Eles não precisam ficar com medo, pelo contrário, eles podem ficar alegres, pois Jesus vai para o Pai a quem ele se submeteu totalmente; por isso ele diz que o Pai é maior do que ele. É preciso apenas que eles tenham um amor confiante, pois, conforme ele disse, ele retornará a eles através de seu Espírito Santo. O que significa força transformadora do amor? É algo alienante ou revolucionário? Domingo da Ascensão do Senhor – 8/5/2016 Dia 9: At 19,1-8; Jo 16,29-33 Dia 10: At 20,17-27; Jo 17,1-11a Dia 11: At 20,28-38; Jo 17,11b-19 Dia 12: At 22,30; 23,6-11; Jo 17,20-26 Dia 13: At 25,13b-21; Jo 21,15-19 Dia 14: At 1,15-17.20-26; Jo 15,9-17 26 Diretrizes 894 | Março de 2016 Iª LEITURA – At 1,1-11 A obra de Lucas: Evangelho e Atos (vv. 1-5) São Lucas escreve uma obra em dois volumes. O primeiro é o seu evangelho, ou seja, a atividade e ensinamentos de Jesus, sob a força do Espírito Santo. O segundo é a atividade e ensinamento dos apóstolos sob a força do mesmo Espírito – os Atos dos Apóstolos. Ele inicia o 2º volume relembrando o primeiro que também foi destinado a Teófilo – o amigo de Deus – ou a todos nós que somos amigos de Deus. Nos primeiros versículos ele faz referência à obra de Jesus e sua instrução aos discípulos, após a Páscoa, durante quarenta dias. Este número quer indicar a plenitude dos ensinamentos de Jesus. Depois Jesus pede que aguardem a promessa do Pai de enviar-lhes o Espírito Santo. Não se preocupar com o tempo, mas com o testemunho (vv. 6-8) Os discípulos ainda estão presos às ideias de um messianismo político de restauração da realeza em Israel, e querem saber se já chegou a hora. Jesus responde que isto compete ao Pai. A eles cabe o testemunho em Jerusalém, na Judeia toda, na Samaria e até os confins da terra. É esse, aliás, o programa de atividade traçado por Lucas nos Atos dos Apóstolos. Para testemunhar a verdade sobre Jesus os discípulos receberão a força do Espírito Santo no Pentecostes. Assim como o Espírito atuou em Jesus, atua também na sua Igreja. A ascensão e a missão O v. 9 descreve a ascensão: Jesus é elevado e uma nuvem o oculta aos olhos dos apóstolos. Oculto pela nuvem, Jesus pertence agora à esfera divina. Cabe agora aos discípulos continuar a missão de Jesus. Para isso Jesus vai enviar junto com o Pai o Espírito Santo. É isso que os dois anjos querem anunciar. Eles não devem ficar o- lhando para o céu. Agora começa a missão deles, a missão da Igreja. Jesus não estará mais fisicamentecom eles, mas sua presença continua através do Espírito Santo. 2ª LEITURA – Ef 1,17-23 Agradecimento e súplica Nas comunidades de Éfeso o amor estava presente e a esperança, sem dúvida, animava a caminhada das comunidades. Podemos falar também da firmeza da sua fé, mas havia ameaças perigosas para a fé. Apareceram alguns ensinando um Deus distante das comunidades, atuando apenas através de entidades intermediárias como soberanias, poderes, forças, dominações; e Jesus não passaria de uma dessas entidades. O autor, provavelmente, um discípulo de Paulo, vai, primeiramente, agradecer a Deus pelas virtudes da fé e do amor presentes na vida das comunidades. Depois vai suplicar a Deus um espírito de soberania e revelação para que as comunidades possam reconhecê-lo em profundidade. Em seguida pede luz para que elas tenham consciência da esperança a que Deus as chamou, da herança que as aguarda e da extraordinária grandeza do poder de Deus em favor dos que crêem. O poder de Deus em Cristo e o poder de Cristo sobre tudo A partir do v. 20 o autor relembra o que Deus fez em Cristo, mostrando-se próximo e presente na vida das comunidades. Ele o ressuscitou dos mortos e fê-lo assentar à sua direita nos céus. Esse é um outro modo, o mais comum no Novo Testamento, de falar da “ascensão” de Jesus aos céus não em termos de subida, mas em termos de glorificação. No v. 21, sem polemizar contra as entidades intermediárias, mostra que Jesus está muito acima de qualquer Principado, Autoridade, Poder e Soberania e acima de qualquer nome que se possa nomear não só neste mundo, mas também no vindouro. Jesus é o único Senhor que realizou o projeto do Pai, por isso o Pai colocou todas as coisas debaixo dos seus pés. Quer dizer, ele domina sobre tudo (cf. 1Cor 15,14-18). Deus o “colocou acima de tudo como Cabeça da Igreja, que é seu corpo”: a plenitude daquele que plenifica tudo em tudo. Essas ideias sobre a soberania do Cristo estão também bastante claras em Cl 1,15-20. A ideia da Igreja Corpo de Cristo já foi amplamente desenvolvida por Paulo em 1Cor 12. Você tem consciência clara da majestade e soberania de Nosso Senhor Jesus Cristo? EVANGELHO – Lc 24,46-53 Últimas instruções Jesus, primeiramente, no final de suas aparições, abre a mente dos seus discípulos para que eles entendessem que estava se realizando tudo o que as Escrituras falavam sobre ele. E os primeiros versículos do texto de hoje esclarecem que as Escrituras falam de seu sofrimento, morte e ressurreição ao terceiro dia e que em seu Nome fosse proclamado o arrependimento para a remissão dos pecados a todas as nações, a começar por Jerusalém. E os apóstolos são as testemunhas do cumprimento das Escrituras a respeito de Jesus. Para isso o v. 49 faz referência à promessa do Pai, ou seja, ao envio do Espírito Santo com a força do Alto para ajudá-los a reler as Escrituras, dar coragem, ativar a memória e a disposição nos discípulos para a pregação, o testemunho e o martírio. A ascensão de Jesus é vista como o sumo-sacerdote que abençoa e dá vida Jesus primeiro leva seus discípulos até Betânia, depois ergue as mãos e os abençoa (v. 50) e Diretrizes 894 | Março de 2016 27 enquanto os abençoa, distanciouse deles e era elevado ao céu (v. 51). O v. 52 fala que os discípulos se prostraram diante dele e depois voltaram a Jerusalém com grande alegria. Lucas tem em mente um texto do Primeiro Testamento: Lv 9,22-24. Vejamos as palavras colocadas em negrito: Aarão levantou as mãos em direção ao povo e o abençoou. Havendo assim realizado o sacrifício pelo pecado... entrou na Tenda da Reunião... Diante do que via, o povo gritou de alegria e todos se prostraram com o rosto em terra. Através desse paralelo percebemos a intenção de Lucas de ver Jesus como Sumo Sacerdote em plena comunhão com Deus. Dele recebemos a bênção da vida. Esse é o tema predileto da carta aos Hebreus: Jesus é o Sumo Sacerdote que derramando seu sangue, entrou no santuário da comunhão definitiva com Deus (céu), por isso tem uma bênção plenamente eficaz. O v. 52 registra o retorno dos discípulos para Jerusalém. O evangelho de Lucas começa no Templo (com Zacarias) e termina no Tem-plo. O v. 53 diz que os discípulos estavam continuamente no Templo, louvando a Deus. Com a ascensão de Jesus e a vinda do Espírito Santo vai começar o tempo da Igreja. Pentecostes – 15/5/2016 Dia 16: Tg 3,13-18; Mc 9,14-29 Dia 17: Tg 4,1-10; Mc 9,30-37 Dia 18: Tg 4,13-17; Mc 9,38-40 Dia 19: Tg 5,1-6; Mc 9,41-50 Dia 20: Tg 5, 9-12; Mc 10,1-12 Dia 21: Tg 5,13-20; Mc 10,13-16 1ª LEITURA – At 2,1-11 Como a “Páscoa” recordava a libertação da opressão egípcia e a “passagem” do povo de Deus para uma nova terra, onde corre leite e mel, também “Pentecostes” relembrava o dia em que Moisés, no monte Sinai, recebeu a Lei – 50 dias depois da Páscoa. O Pentecostes cristão também acontece 50 dias depois da Páscoa de Jesus. É o nascimento da Igreja. Descrevendo o Pentecostes cristão, Lucas quer mostrar que o evangelho, graças a força do Espírito Santo, chegou a todos os povos, alcançou todas as línguas, pois quando ele escreve, o evangelho já tinha realmente se espalhado por todo o mundo. Para indicar a universalidade do anúncio evangélico, Lucas usa a expressão “todas as nações do mundo” (v. 5) e enumera 12 povos (vv. 9-11): o número 12 simboliza totalidade. 28 Diretrizes 894 | Março de 2016 Ex 19 apresenta a aliança do Sinai e entrega da Lei acompanhada de fenômenos da natureza. São Lucas descreve o Pentecostes cristão do mesmo jeito (vv. 2 e 3). Ele quer mostrar que com o Pentecostes cristão está acontecendo uma Nova Aliança, está surgindo o Novo Povo de Deus regido não por uma nova Lei, mas pelo próprio Espírito de Deus. Nm 11,10-30 apresenta Deus repartindo do Espírito dado a Moisés aos 70 anciãos para que pudessem organizar o povo. E Moisés exprime seu desejo de que todo o povo recebesse o Espírito do Senhor (Nm 11,29). Lucas, aqui, no Pentecostes, mostra este desejo de Moisés se realizando, pois o Espírito Santo desce sobre todos os presentes. Gn 11 descreve o episódio da torre de Babel, onde Deus confunde as línguas para mostrar que a ambição e o orgulho prejudicam a comunicação e a comunhão. Lá, todos falavam a mesma língua e ninguém se entendia; aqui, todas as línguas diferentes conseguem se entender (v. 11). Lá a linguagem do orgulho e da ambição, aqui a linguagem do amor. Com a linguagem do amor a Igreja é capaz de falar a todos os povos da terra. O que é mais importante: falar muitas línguas, falar em línguas ou falar a linguagem do amor? 2ª LEITURA – 1Cor 12,3b-7.1213 A comunidade de Corinto, rica em dons espirituais chamados carismas, experimentou também divisões internas, vaidades, ambições, orgulho, exclusões. São Paulo exorta seus fiéis à unidade e comunhão de vida. Podemos dizer que ele dá aqui dois exemplos: O exemplo da Trindade Existem dons dife r e n t e s , mas o Espírito é o mesmo. Existem serviços diferentes, mas o Senhor é o mesmo. Existem diferentes modos de agir, mas Deus é o mesmo. Temos aqui uma formação trinitária. Pai, Filho e Espírito Santo vivem uma profunda unidade, na comunhão de três pessoas e um só Deus. Nenhuma divisão. Absoluta harmonia. Perfeita comunicação. Infinito amor. Assim deve ser a comunidade cristã. Todos os dons do Espírito se destinam não à vaidade pessoal, mas para o bem da comunidade, para a utilidade de todos, para a edificação do Corpo de Cristo. O exemplo de Cristo Como um corpo tem muitos membros e não perde sua unidade e harmonia, assim também o corpo social da Igreja, que forma o corpo de Cristo. Se não há divisões na vida trinitária, também não poderá haver divisões na vida da Igreja – Corpo de Cristo. Nós fomos batizados num só Espírito para sermos um só corpo. Todos os povos, através do batismo, se tornam irmãos, formam uma unidade, ficam fazendo parte de um só corpo, a Igreja, que é o Corpo de Cristo. E todos bebem de um só Espírito. Tem sentido na comunidade cristã o espírito de divisão, de violência, de ambição, de exclusão? O corpo não é uma unidade maravilhosa, uma harmonia exemplar? A Trindade não é a comunhão perfeita? Pense em você, no seu grupo, na sua comunidade. O que está faltando? EVANGELHO – Jo 20,19-23 Jesus traz paz e alegria São João fala do Pentecostes – vinda do Espírito Santo – não 50 dias depois da Páscoa como Lucas, mas no próprio dia da ressurreição de Jesus, na tarde do Domingo da Páscoa. Os discípulos tinham se fechado numa sala, mortos de medo das autoridades judaicas, que ligadas a uma sociedade injusta e opressora, haviam matado Jesus. Jesus ressuscitado entra na sala, pois não há barreiras após a ressurreição. Jesus é o mesmo (“mostrou-lhes as mãos e o lado”), mas o seu corpo é espiritualizado. Jesus deseja a paz messiânica para seus discípulos, transformando o medo deles em alegria. Jesus traz o Espírito Santo e envia seus discípulos para a missão. Jesus repete a saudação de paz e envia seus discípulos em missão. O Pai enviou o Filho, assim também o Filho envia seus discípulos. Através dos discípulos Jesus continua o projeto do Pai. Quem vai garantir a missão dos discípulos? O mesmo Espírito que garantiu a missão do Filho. Por isso Jesus sopra sobre os discípulos dizendo: “recebam o Espírito Santo”. É o sopro de Deus. Acontece aqui uma nova criação mais perfeita que a primeira acontecida no paraíso (cf. Gn 2,7). Com este sopro de vida nova surge a comunidade messiânica, guiada não através da Lei, mas através do próprio Espírito de Deus. Os discípulos estão agora capacitados para serem missionários, para formarem a nova comunidade messiânica. O perdão é formador de comunidade Como os discípulos vão formar comunidades messiânicas? Através do perdão. João distingue entre pecado no singular, que é participar de uma sociedade injusta e exploradora, que exclui e mata e pecados no plural, que são atos concretos daqueles que fizeram esta opção contra a vida. Quem estiver disposto a uma nova opção receberá o perdão dos seus pecados. Quem quiser continuar na injustiça e exploração permanecerá no pecado. Quem estiver disposto a uma nova opção receberá o perdão dos seus pecados. Quem quiser continuar na injustiça e exploração permanecerá no pecado. Diretrizes 894 | Março de 2016 29 Domingo da Santíssima Trindade – 22/5/2016 Dia 23: 1Pd 1,3-9; Mc 10,17-27 Dia 24: 1Pd 1,10-16; Mc 10,28-31 Dia 25: 1Pd 1,18-25; Mc 10,32-45 Dia 26: Gn 14, 18-20; Lc 9,11b-17 Dia 27: 1Pd 4,7-13; Mc 11,11-26 Dia 28: Jd 17.20b-25; Mc 11,27-33 1ª LEITURA – Pr 8,22-31 Temos aqui uma personificação literária da sabedoria. Outros textos semelhantes vemos em Jó 28; Br 3,9-4,4; Pr 8-9; Eclo 24; Sb 7-8,etc. O corpo do livro dos Provérbios que vai do capítulo 10 ao 29 são coleções de sentenças anteriores ao exílio Babilônico (séc. VI a.C.). São resultados das experiências dos antepassados, escritas para servirem de orientação para a geração presente. Estas experiências foram colecionadas no pós-exílio, quando o povo vivia sem a orientação de um rei. Quem deveria orientá-los agora? O bom senso, o senso da vida fruto da experiência do povo em ligação íntima com Deus. É essa sabedoria que iria orientar o povo. Os capítulos 1 a 9 são uma espécie de introdução ao livro dos Provérbios. Essa longa introdução parece provir do mesmo colecionador dos provérbios no pós-exílio. No nosso trecho a sabedoria está intimamente ligada a Deus e à criação. Sua importância está em ser o primeiro fruto da obra de Deus. Ela foi estabelecida desde a eternidade, antes que a terra começasse a existir, antes do oceano, das fontes, das montanhas e colinas (vv. 22-26). Um outro papel importante da sabedoria é ser o mestre de obras, ou arquiteto na criação de todas as coisas. Ela co- 30 Diretrizes 894 | Março de 2016 laborava com Deus, quando Deus fixava o céu, condensava as nuvens, fixava as fontes do oceano, punha limites para o mar e quando assentava os fundamentos da terra (vv. 27-29). Os vv. 30-31 consideram a criação como um jogo divertido, onde a sabedoria brincava com a presença de Deus. Ela era o encanto de Deus, sua inspiração, sua alegria. Os Padres da Igreja serviam-se deste texto para elaborar a teologia sobre o Verbo de Deus e sobre o Espírito Santo. Paulo chama Jesus de poder de Deus e sabedoria de Deus (1 Cor 1,24). Para João, Jesus é a sabedoria de Deus que se fez carne (cf. Jo 1,1ss.14; Ap 3,14) para conduzir os homens à plenitude de vida (Jo 10,10; 20,31). 2ª LEITURA – Rm 5,1-5 Nossa salvação vem pela fé em Jesus Cristo. A garantia de nossa salvação está no amor de Deus e no dom do Espírito (v. 5), ou seja, na obra da Trindade Santíssima. Quais são os frutos da fé ou os bens possuídos por aquele que foi justificado pela fé em Cristo? São: - a paz com Deus, ou seja, a vida vivida segundo a vontade de Deus; - o acesso à graça de Deus, quer dizer, o benefício da amizade de Deus; agora, podemos nos aproximar dele; - a esperança da glória de Deus. Nosso desespero de uma vida condenada se transformou na esperança de um dia viver a salvação definitiva com Deus. Quais são as consequências de uma fé comprometida? São as tribulações. Essa palavra se refere às repressões sofridas pelo povo diante de um sistema injusto e anti-cristão. Mas essas tribulações, próprias de quem quer seguir os passos de Jesus, não levam ao desânimo, mas à perseverança, à fidelidade e à esperança. E essa esperança não engana. Por quê? Porque através do dom do Espírito Santo o amor de Deus foi derramado em nossos corações (v. 5). O importante para nós é a certeza da caminhada. A dúvida perturba, desorienta e mata, mas a certeza abre caminhos e gera vida. Antes, no pecado, vivíamos sem chance de vida e salvação. Agora, através da fé na salvação trazida por Jesus, caminhamos seguros enfrentando com amor e garra todo tipo de problema numa esperança firme, pois a Trindade caminha conosco. A graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, o amor do Pai e a comunhão do Espírito Santo estão conosco (cf. 2Cor 13,13). Precisamos de mais alguma coisa? EVANGELHO – Jo 16,12-15 A função do Espírito Santo Estamos dentro dos “Discursos de Despedida” que ocupam os capítulos 13-17 do evangelho de João. Nosso trecho fala da função do Espírito Santo. É um trecho todo trinitário, ou seja, fala do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Nos discursos de despedida, Jesus vai completando os ensinamentos aos seus discípulos. Ele ensina tudo o que ouviu do Pai (cf. 15,15), mas muita coisa os discípulos não conseguem captar em todo o seu alcance (v. 12). Assim Jesus encarrega o Espírito Santo para interpretar o alcance de seus ensinamentos ao longo da história. A função do Espírito é, portanto, conduzir os discípulos à verdade completa e ao sentido profundo dos acontecimentos futuros (v. 13). O Espírito da Verdade Jesus é o caminho, verdade e vida. Aqui no v. 14, o Espírito Santo é chamado de Espírito da Verdade”, pois o Pai e o Filho são uma só coisa (17,11); cf. 10,30). O termo verdade em João está associado à Aliança de amor que o Pai fez com seu povo, aliança que se torna perfeita e definitiva através da revelação total do Pai através do Filho que dá sua vida por amor. O Espírito da verdade é o intérprete das palavras de Jesus e a garantia para os discípulos da fidelidade de sua Igreja ao projeto do Pai revelado no Filho. Cada vez que o Espírito ajudar os cristãs a iluminar as trevas do erro, transformandoas em caminho de luz, cada vez que o Espírito encorajar os cristãos a testemunhar a verdade através da Palavra, do testemunho e até mesmo do martírio; cada vez que o Espírito eliminar divisões e provocar a comunhão, ele está manifestando a glória do Filho, na qual também o Pai é glorificado. A Trindade comunhão-perfeita Há uma comunhão profunda entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Um não age independente do outro. Tudo que pertence ao Pai pertence também ao Filho (v. 15). O Espírito por sua vez, recebe aquilo que também pertence ao Filho e ele não fala em seu próprio nome, mas em nome do Pai e do Filho. Cada um é uma pessoa distinta com funções diversas. Aqui a comunhão é total. Cada pessoa é divina, mas as três pessoas são um só Deus. Nós, Igreja, somos o Corpo de Cristo, cada cristão é Templo do Espírito Santo. O que dizer das divisões entre nós? 9º domingo do tempo comum 29/5/2016 Dia 30: 2Pd 1. 2-7; Mc 12,1-12 Dia 31: Sf 3,14-18; Lc 1,39-56 Dia 1º/6: 2Tm 1,1-3.6-12; Mc 12,18-27 Dia 2: 2Tm 2,8-15; Mc 12,28b-34 Dia 3: Ez 34,11-16; Lc 15,3-7 Dia 4: Is 61,9-11; Lc 2,41-51 1ª LEITURA: 1Rs 8,41-43 O primeiro Testamento discrimina abertamente os órfãos, as viúvas e os estrangeiros. Só os profetas, praticamente, têm uma mentalidade universalista, abrindo a salvação de Deus a todos os povos. O trecho de hoje é claramente universalista. Por quê? É que estes quatro versículos são uma interpolação (um acréscimo posterior colocado na oração de Salomão). Salomão é quem constrói o primeiro Templo de Jerusalém. Sua oração é muito linda por ocasião da inauguração do primeiro Templo de Jerusalém (1Rs 8,14-53). Vale a pena ler. Salomão morreu em 931 a.C. Estes versículos de hoje pertencem à época da construção do segundo Templo (515 a.C.). O primeiro foi destruído em 586 a.C. por Nabucodonosor, rei da Babilônia. O que nos diz a oração de Sa- lomão? Ele relembra a promessa que Deus fez de construir uma casa para Davi (2Sm 7), quando Davi queria construir uma casa para Deus (o Templo). A casa que Deus promete construir para Davi tem o sentido de dinastia, ou seja, a casa (dinastia) de Davi continuaria no trono. O Templo representa a presença de Deus no meio de seu povo e Salomão se alegra com isto e louva a Deus, enaltece seu nome entre Diretrizes 894 | Março de 2016 31 as nações e pede para que Deus mantenha a promessa feitas a seu pai Davi. Além disso, pede a Deus que, com sua presença, ele estenda sua misericórdia a todo israelita que invocar a Deus no Tempo, quando estiver em pecado. O que nos diz o texto de hoje? O texto, praticamente, estende este pedido a todo estrangeiro, que, ouvindo falar da grandeza e do poder do Deus de Israel, vier ao Templo para rezar. Ele pede que Deus escute o pedido do estrangeiro para que todos os povos da terra possam conhecer o nome do Deus de Israel e o temam, como também reconheçam que o nome de Deus é invocado sobre este Templo que ele (Salomão) construiu. Este texto, sem dúvida, se transformou em profecia que se realiza plenamente no novo Templo de Deus que é Jesus, cuja vida foi entregue para a salvação de todos os po-vos. 2ª LEITURA: Gl 1,1-2.6-10 Surge um problema sério nas Comunidades da Galácia. Alguns judaizantes ( judeus cristãos vindos do judaísmo, mas ainda apegados à Lei) andaram pregando a necessidade da circuncisão (prescrição judaica) para a salvação. Isto significa que o cristão para se salvar precisaria passar pelos ritos judaicos e pela estrita observância da Lei judaica. Se eu a observo, eu me salvo, se não, eu me condeno. É a salvação através do mérito pessoal. Isto, na prática, era a negação da salvação através da fé em Jesus Cristo e seu sacrifício salvífico, estendido a todos os homens. Paulo insiste em toda a carta 32 Diretrizes 894 | Março de 2016 que o que nos salva é a fé em Jesus Cristo. Acreditar diferente é eliminar esta revelação que Paulo teve de Jesus ressuscitado, que ele chama de seu evangelho, ou o mistério a ele revelado, que, agora, a salvação é dada a todos os povos, independentes dos ritos judaicos. De todos os povos Deus fez um povo só e a salvação é dada a todos mediante a fé em Jesus Cristo e não pelas obras da Lei. No fundo, ou se acredita no judaísmo ou em Jesus Cristo. Paulo é categórico e diz que a Lei não salva ninguém. O que nos diz o texto? Os vv. 1-2 nos apresentam o remetente ou os remetentes (Paulo e os irmãos que estão com ele) e os destinatários: as Igrejas da Galácia. Só que depois do seu nome, ele se chama de apóstolo (aliás, comum também nas outras cartas), mas a palavra apóstolo aqui é seguida de um longo aposto para justificar a au-tenticidade do seu título de apóstolo, pois os judaizantes estavam negando que Paulo fosse um apóstolo autêntico e verdadeiro. Então ele afirma que é apóstolo não chamado por homem algum, mas diretamente pelo próprio Jesus Cristo e por Deus Pai, que ressuscitou Jesus Cristo dentre os mortos. É uma alusão à sua conversão a caminho de Damasco. O nosso texto depois salta para o v. 6ss., no qual, em tom severo, ele se mostra admirado que os gálatas estão, tão depressa, mudando de evangelho, ou seja, desprezando Paulo e dando atenção aos falsos apóstolos (os judaizantes), negando assim a gratuidade da salvação pela fé em Jesus Cristo, dando atenção aos que os estão perturbando, corrompendo o evangelho de Cristo pregado por ele. Nos vv. 8 e 9 ele considera anátemas, amaldiçoados aqueles (e até ele mesmo ou um anjo) que pregassem um evangelho dife-rente daquele que ele pregou aos gálatas. O texto é bastante pesado e até repetido: “seja excluído”. É que para Paulo é questão de vida ou de morte, de salvação ou condenação negar que a salvação nos vem gratuitamente, ou seja, através da fé na morte redentora de Jesus na cruz. Neste caso, Paulo não vê conciliação ou concessão. No v. 10 ele afirma que não quer agradar aos homens, mas quer apenas a aprovação de Deus. Se ele quisesse agradar aos homens, conciliando as coisas, ele não seria servo de Cristo. O mistério revelado a ele por Jesus Cristo ressuscitado e que salva a todos, inclusive os pagãos, é o amor de Deus manifestado no sangue de Cristo derramado na cruz. O importante, portanto, é a fé no Cristo crucificado e não no fiel cumprimento das obras da lei. EVANGELHO: Lc 7,1-10 O texto de Lucas tem pormenores que Mt 8,5-13 não traz, mas não vou entrar nesses deta-lhes para ser mais objetivo. Ambos narram este milagre depois do Sermão da Montanha (Mt) ou Sermão da Planície (Lc). O v. 1º lembra que Jesus terminava o seu sermão “ao povo que o escutava” e localiza o milagre da cura do servo do Centurião em Cafarnaum. O protagonista do episódio não é o miraculado, mas o centurião, que é um estrangeiro. Podemos lembrar que a primeira e a segunda leitura também estão interessadas nos estrangeiros para mostrar a uni- “Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada, mas dizei uma palavra e serei salvo”. versalidade da salvação de Deus. Deus não pensa só no povo judeu, mas em todos os povos, sobretudo quando envia o seu Filho Amado para salvar o mundo. Este centurião é um pagão romano, mas temente a Deus, ou seja, é simpatizante do povo judeu, embora não seguisse seus costumes. Também é curioso e bonito que ele não está preocupado consigo mesmo, mas com o seu empregado, que está à beira da morte, por quem, na verdade, ele tinha muita consideração. Outra curiosidade é que em Lucas (não em Mt), ele envia mensageiros a Jesus e esses mensageiros são alguns anciãos dos judeus. Ora, os judeus não se relacionam com estrangeiros nem entram em suas casas, para não se tornarem impuros. É que Lucas não é judeu, mas grego (que para os judeus significa estrangeiro) e Lucas não concorda com a mentalidade fechada dos judeus. Os mensageiros, inclusive, apresentam o centurião como uma pessoa boa, que merece o favor de Jesus, porque ama o povo judeu e até construiu uma sinagoga para eles. Estamos percebendo que fora do povo, cumpridor de suas obrigações religiosas, existe gente boa que merece respeito e que não está fora da salvação. Quando Jesus já está perto da casa do centurião, ele manda alguns amigos falarem com Jesus aquilo que em Mt 8,5-13 é o próprio centurião quem fala. Neste ponto, o texto de Lucas ficou um pouco esquisito, desajeitado! Depois o v. 6 diz que Jesus foi com eles para a casa do estrangeiro. É Lucas antecipando o que ele vai narrar nos Atos dos Apóstolos: a Igreja abrindo as portas da salvação para todos os povos. É o universalismo de Lucas. As palavras do centurião se tornaram célebres. Nós até as usamos antes de receber a comunhão: “Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada, mas dizei uma palavra e serei salvo”. É lógico! com umas pequenas modificações. Em Lucas, o centurião não quer incomodar Jesus, pois ele se sente indigno de que Jesus entre em sua casa e justifica que foi por isso que ele nem foi, pessoalmente, ao encontro de Jesus.O centurião tem 100 soldados sob seu comando, mas ele se mostra muito humilde e diz ser um subalterno, mas quando ele dá uma ordem a seus soldados ou a seus escravos eles obedecem prontamente. Ele se coloca assim diante de Jesus com muita fé, confiança e humildade, reconhecendo que Jesus é mais importante do que ele e bastaria uma palavra de Jesus para o milagre acontecer. Tanto é verdade que Jesus se admira e diz: “Eu vos digo que nem mesmo em Israel encontrei uma fé tão grande”. As palavras de Jesus são uma pesada crítica ao povo de Israel, de modo especial, aos seus dirigentes, que, publicamente, se consideravam melhores do que os outros e os tachavam de pecadores por não cumprirem a lei. Também nos ajudam a evitar nossos julgamentos e prepotências, achando-nos melhores do que aqueles que não frequentam a Igreja ou não têm nenhuma religião.É interessante que Jesus não fala mais nada e “aqueles que tinham sido enviados voltam para casa do centurião e encontram o servo em perfeita saúde”. Jesus atendeu ao pedido do centurião e o milagre aconteceu. Diretrizes 894 | Março de 2016 33 CALENDÁRIOS - [ Abril de 2016 ] Calendário do Presbitério 02: Aniv. fal. de São João Paulo II (2005). 05: Aniv. nat. Pe. Aníbal Borges Sobrinho (1955), ex-prefeito de Bom Jesus do Galho. 07: Aniv. nat. Pe. Valcy Ribeiro Soares (1975), vigário paroquial de Nª Sª da Conceição, de Caratinga; e aniv. fal. Pe. Deoclides Casemiro Campos de Araújo SDN (1981): Manhumirim. 08: Aniv. nat. Pe. Moacir Ramos Nogueira (1979), pároco da Catedral São João Batista, Caratinga; e de José Eugênio Pereira. 09: Aniv. nat. Pe. Antônio Geraldo Alves SSS (1964), pároco do Santuário da Adoração, Caratinga. 11: Aniv. nat. Pe. David José Gonçalves (1952), vice-reitor e ecônomo do Seminário Diocesano Nª Sª do Rosário e Vigário paroquial do Senhor Bom Jesus, Santa Cruz, Caratinga. - Aniv. fal. Pe. Tiago Eussen SDN (1977): Manhumirim. 12: Aniv. nat. Pe. Antônio Maurílio de Freitas (1970): missionário pela Diocese de Caratinga, na Diocese de Três Lagoas, Mato Grosso Sul. 14: Aniv. nat. Dom Antônio Afonso de Miranda SDN (1920), bispo emérito de Taubaté, SP., e de Pe. Raniel Carlos de Freitas (1988), vigário paroquial de Simonésia. - Aniv. fal. Pe. Antenor Nunes Pimentel SDN (1981): Manhumirim. 15: Aniv. nat. Frei Joilde de Sousa Lima OCD (1962), BH; e aniv. fal. Pe. José Joaquim Waleck (1946), 10º pároco da Catedral de São João Batista; e de Pe. Léo Schulze-Dinkelborg SDN (1997): Carangola. 16: Aniv. nat. Francisco Célio da Rocha (1961), Carangola; aniv. fal. Pe. Dionísio Homem de Faria (1957): Bom Jesus do Galho; e de Mons. João de Barros (1941): Mutum, Faria Lemos, Tombos. 17: Aniv. ord. Frei João Bonten OCD (1966), missionário na Holanda. 18: Aniv. nat. Pe. Elias de Souza Dorneles (1979): pároco de Tombos; e de Pe. Júlio César de Souza Pereira, pároco de Santa Margarida de Antioquia. 19: Aniv. ordenação episcopal de Dom Emanuel Messias de Oliveira (1998), 6º bispo diocesano de Caratinga. 21: Aniv. nat. Grimaldo Martins de Souza (1972), Ponte Nova. 22: Aniv. natalício de Dom Emanuel Messias de Oliveira (1948), 6º Bispo Diocesano de Caratinga. 23: Aniv. nat. Pe. Fabrício Almeida de Moura (1976), pároco de Sant’Ana do Imbé. 24: Aniv. fal. Pe. José Miguel Arantes (1936): Inhapim. 25: Aniv. nat. Pe. José Paula Vilela (1975), pároco de Bom Jesus do Galho. Aniv. fal. Dom Helvécio Gomes de Oliveira (1960), arcebispo de Mariana; e de Pe. Francisco Dias da Fonseca (1978): Sacramento. 27: Aniv. nat. Pe. Raimundo Turíbio Costa (1951), pároco de Caputira; e de Pe. Matias José Pereira, pároco de Pocrane. 28: Aniv. nat. Pe. Vicente de Paula Dornelas, PIME (1954). Calendário pastoral 03: 2º Domingo da Páscoa ou da Divina Misericórdia. 08: Aniversário da criação da Paróquia de Nossa Senhora Aparecida (2014), Carangola. 09: Aniversário da criação da Paróquia São João Batista (1963), São João do Oriente. 12: Aniversário da criação da Paróquia São José (1959), Vargem Alegre. 15-17: Encontro de formação da Pastoral da Sobriedade, Paróquia N.Sra. do Carmo, Caratinga. 21: Dia de Estudos sobre o IX Plano de Pastoral da Diocese: Padres e Leigos. 22-24: Encontro de formação para Assessores da Infância e Adolescência Missionária, Caratinga. 27: Lançamento do Livro “Padre Lanzilloti”, do Prof. Hélio Amaral, em Entre Folhas. 27: Reunião da Província de Mariana em Mariana. 28: Aniversário da criação da Paróquia Santo Estêvão (1932), Iapu. 34 Diretrizes 894 | Março de 2016 Datas Comemorativas 01: Dia da Mentira 02: Dia do Propagandista 07: Dia do Corretor 07: Dia do Jornalismo 07: Dia do Médico Legista 07: Dia Mundial da Saúde 08: Dia da Natação 08: Dia do Correio 08: Dia Mundial do Combate ao Câncer 09: Dia Nacional do Aço 10: Dia da Engenharia 10: Dia do Exército Brasileiro 12: Dia do Obstetra 13: Dia do Office-Boy 13: Dia dos Jovens 14: Dia Pan-Americano 15: Dia da Conservação do Solo 15: Dia Mundial do Desenhista 15: Dia do Desarmamento Infantil 18: Dia Nacional do Livro Infantil 18: Dia de Monteiro Lobato 19: Dia do índio 20: Dia do Diplomata 21: Tiradentes 21: Dia do Metalúrgico 22: Descobrimento do Brasil 22: Dia da Força Aérea Brasileira 23: Dia Mundial do Escoteiro 24: Dia do Agente de Viagem 24: Dia Internacional do Jovem Trabalhador 25: Dia do Contabilista 26: Dia da Primeira Missa no Brasil 27: Dia da Empregada Doméstica 27: Dia do Sacerdote 28: Dia da Educação 30: Dia do Ferroviário Suplemento Quatro reuniões e um plenário sobre: Grupo de reflexão, fonte de vida para a Igreja Preparado pela equipe do MOBOM, Mariano Caderno 408 março de 2016 ASSINE JÁ! Para assinar basta enviar a ficha abaixo devidamente preenchida para: Gráfica - Editora Dom Carloto Pça. Cesário Alvim 132, Centro Caratinga / MG 35300-036 ou você pode assinar pelo e-mail: [email protected] ou pelos telefones (33) 3321-2521 / (33) 3321-9558 A REVISTA DA DIOCESE DE CARATINGA Receba por um ano inteiro a revista Diretrizes por apenas R$ 50,00 FICHA DE INSCRIÇÃO NOME: ________________________________________________________________ ENDEREÇO: ______________________________________________ Nº: _________ BAIRRO: _______________________________________________________________ CIDADE: __________________________________________________ UF: ________ CEP: _________________________ TELEFONE: (____)___________-_____________ E-MAIL: _______________________________________________________________ CPF: __________________________________________________________________ NÚMERO DE ASSINATURAS:________________________________________________ Não deixe sua ideia entrar em extinção. Pça. 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