fesurv – universidade de rio verde faculdade de medicina

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fesurv – universidade de rio verde faculdade de medicina
FESURV – UNIVERSIDADE DE RIO VERDE
FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA
INCLUSÃO DE PÓLEN APÍCOLA NA DIETA DE FRANGOS DE CORTE
FERNANDO CARLOS LOCH
Orientadora: Profª. Drª. MARIA CRISTINA DE OLIVEIRA
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
à Faculdade de Medicina Veterinária da
Fesurv – Universidade de Rio Verde,
resultante de Projeto de Pesquisa como parte
das exigências para obtenção do título de
Médico Veterinário.
RIO VERDE-GO
2011
FERNANDO CARLOS LOCH
INCLUSÃO DE PÓLEN APÍCOLA NA DIETA DE FRANGOS DE CORTE
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
à Faculdade de Medicina Veterinária da
Fesurv – Universidade de Rio Verde,
resultante de Projeto de Pesquisa como parte
das exigências para obtenção do título de
Médico Veterinário.
Aprovado em: 21/11/2011
Profª. Esp. ANDREA CRUVINEL ROCHA SILVA
Prof. Ms. MURILO SOUSA CARRIJO
Profª. Drª. MARIA CRISTINA DE OLIVEIRA
(Orientadora)
RIO VERDE-GO
2011
DEDICATÓRIA
Dedico aos meus pais, João Hilário Loch e Cecília Ana Loch, com eterna
gratidão, pelo amor, incentivo para superar as dificuldades durante a jornada de minha
formação profissional que acreditaram em minha capacidade.
Aos meus irmãos Ailton Cesar Loch, Fabio Roberto Loch, e Eliane Paula Loch.
As minhas cunhadas Adriana Bassani, Aline Gardino, e ao meu cunhado Jorge Luiz Silva
pelo esforço concedido e confiança depositada.
A vocês, minha profunda admiração e respeito, meus sinceros agradecimentos.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, que me deu muita saúde e perseverança para
superar as dificuldades nestes desafios e guiado na minha vida por não deixado ir para
caminhos errados e inseguros.
A todos meus familiares, em especial, meus pais João Hilário Loch e Cecília Ana
Loch que dia após dia vem acompanhando meu desenvolvimento profissional, além da
valorosa contribuição na minha formação pessoal. Aos irmãos Ailton Cesar Loch, Fabio
Roberto Loch, Eliane Paula Loch e as minhas cunhadas Adriana Bassani, Aline Gardino e o
meu cunhado Jorge Luis Silva, que foram minha fonte de inspiração e sempre demonstraram
alegria nos momentos felizes e apoio em momentos difíceis.
Agradeço a minha orientadora Prof.ª Maria Cristina de Oliveira pela orientação,
paciência e o tempo concedido.
Agradeço a todos os professores e ex professores da Medicina Veterinária da
FESURV em especial ao Murilo Sousa Carrijo, Kenia Alves Barcelos, Ariel Eurides Stella e
outros mestres que contribuíram direta ou indiretamente para minha formação profissional.
Agradeço aos colegas de sala Ildefonso de Freitas, Bruno Fernandes de Faria,
Dionatan da Silva, Camilo França, Arilene Gonçalves, Jhonnatan Andrade.
Também agradeço ao Elenildo Alves de Souza (neguinho), companheiro e
funcionário do setor de cunicultura que contribuiu para realização do trabalho.
Agradeço também aos colegas que contribuíram para a realização do projeto
Gabriel Haab, Grazielle Maia Guimaraes Sousa, Diones Montes da Silva, Marcelle Ferreira
Carmo, Rosana Vilela Machado, Paula Rita Borges Bom Tempo.
A toda família Brasil Foods, em especifico as equipe de aves e suínos, pela
oportunidade de estagiar e poder colocar em pratica alguns conhecimentos adquirido na
faculdade, cujo convívio adquiri muito experiência .
E a todos que contribuíram direta ou indiretamente para a realização deste meu
projeto de vida que é ser Medico Veterinário, e essa vitória será a primeira de muitas que
virão.
A todos meu Muito Obrigado!
RESUMO
LOCH, Fernando Carlos. Inclusão de pólen apícola na dieta de frango de corte. 2011. 35f.
Monografia (Graduação em Medicina Veterinária) – Fesurv - Universidade de Rio Verde, Rio
Verde, 2011¹.
Foram avaliados os efeitos da inclusão de pólen apícola (PA) na dieta para frangos sobre o
desempenho produtivo, os rendimentos de carcaça, de cortes e de vísceras comestíveis e do
pâncreas, a qualidade da cama de frango e a viabilidade econômica de sua inclusão. Foram
utilizadas 400 aves em delineamento inteiramente casualizado (DIC) com quatro tratamentos
e cinco repetições, sendo que os tratamentos consistiram de níveis de inclusão de PA que
foram 0, 0,5, 1 e 1,5%. A inclusão de PA não influenciou (P>0,05) os resultados de
desempenho, rendimentos de carcaça, cortes e vísceras comestíveis e a qualidade da cama até
21 dias de idade. Entretanto, aves que consumiram PA apresentaram um maior rendimento do
pâncreas aos 42 dias e a volatilização de amônia foi menor nas camas cujas aves receberam o
PA nas rações. A inclusão de PA às dietas de frangos de corte foi viável economicamente
somente ao nível de 0,5% e até 21 dias de idade. Concluiu-se que a inclusão do PA em rações
de frangos não foi benéfica ao desempenho produtivo das aves.
PALAVRAS-CHAVE
Nutrição animal, produto apícola, suplemento alimentar.
________________________
1
Banca examinadora: Profª. Drª. Maria Cristina de Oliveira (Orientadora); Profª.Esp. Andrea Cruvinel Rocha
Silva (Fesurv); Prof. Ms. Murilo Sousa Carrijo (IFGoiano Campos Rio Verde).
ABSTRACT
LOCH, Fernando Carlos. Inclusion of bee pollen in diets for broilers. 2011. 35s.
Monograph (Undergraduate Veterinary Medicine) – Fesurv - University of Rio Verde, Rio
Verde, 2011².
It was evaluated the effects of bee pollen (BP) inclusion in broiler diets on the productive
performance, carcass, cuts, edible viscera, and pancreas yields, the poultry litter quality and
the economic viability of its inclusion. Four hundred birds were used in a entirely randomized
design with four treatments consisted of inclusion levels of BP: 0, 0.5, 1 and 1.5%. The BP
inclusion did not influenced (P>0.05) the results of performance, carcass, cuts and edible
viscera yields, and the litter quality until 21 days of age. However, birds that consumed BP
showed a higher pancreas yield at 42 days and the ammonia volatilization was lower in litters
whose birds received the BP in the rations. The BP inclusion to the broiler diets was
economically viable only up to the 0.5% level and until 21 days of age. It was concluded that
the BP inclusion in broiler diets was not beneficial to the productive performance of the birds.
KEY-WORDS
Animal nutrition, bee product, feed supplement.
________________________
² Board of Examiners: Profª. Drª. Maria Cristina de Oliveira (Advisor); Profª. Esp. Andrea Cruvinel Rocha Silva
(Fesurv); Prof. Ms. Murilo Sousa Carrijo (IFGoiano Campos Rio Verde).
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1
Anteras dos estames da flor............................................................................ 14
FIGURA 2
Abelha coletando pólen.................................................................................. 14
FIGURA 3
Grãos de pólen na corbícula da abelha..........................................................
FIGURA 4
Colméia com coletor de pólen instalado em época de produção................... 16
FIGURA 5
Gaveta retirada do coletor de pólen de uma colônia com boa produção de...
15
pólen apícola..................................................................................................
16
FIGURA 6
Agricultor colhendo o pólen..........................................................................
17
FIGURA 7
Distribuição dos pintinhos nos boxes............................................................
20
FIGURA 8
Aquecimento dos pintinhos...........................................................................
21
FIGURA 9
Dosagem fornecimento para as aves.............................................................. 22
FIGURA 10 Frangos bebendo água medicada...................................................................
22
FIGURA 11 Peso relativo do pâncreas de frangos de corte alimentados com rações...
contendo níveis de pólen apícola...................................................................
27
LISTA DE TABELAS
TABELA 1
Composição e custo de rações experimentais contendo níveis crescentes de
pólen apícola (PA) desidratado (PA) para frangos de corte...........................
TABELA 2
Desempenho de frangos de corte alimentados com dietas contendo níveis de
pólen apícola desidratado...............................................................................
TABELA 3
24
26
Rendimentos de carcaça, de cortes e de vísceras comestíveis de frangos
alimentados com dietas contendo níveis crescentes de pólen apícola
desidratado...................................................................................................... 27
TABELA 4
Qualidade da cama de frangos alimentados com dietas contendo níveis
crescentes de pólen apícola desidratado.........................................................
TABELA 5
28
Análise econômica da inclusão de níveis crescentes de pólen apícola
desidratado na dieta de frangos de corte........................................................
29
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
PA –Pólen apícola
R$-Reais
US$-Dolar
mg -Migrama
kg -Quilograma
VIT B- Coenzimas
VIT B12- Cianocobalamina
µm- Micrometro
%-Porcentagem
VIT A- Retinol
VIT C- Acido ascórbico
VIT D – Fator anti raquitismo
VIT E- Fator anti esterilidade
BHT- Butilhidroxitolueno
Fe- Ferro
Cu- Cobre
Zn- Zinco
Cr- Cromo
Mn- Magnésio
Se- Selênio
Ca- Cálcio
DNA - Acrônimo de Ácido Desoxirribonucléico
Aves/m2 -Aves por metro quadrado
Kcal/kg –Kilocalorio por kilograma
pH-Potencial Hidrogenionico
P- Fósforo
EM- Energia Metabolizada
Kg/Box- Kilograma por Box
10
SAEG - Sistema de Análises Estatísticas e Genéticas
CV- Coeficiente de Variação
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...............................................................................................................
12
2 REVISÃO DA LITERATURA ......................................................................................... 13
2.1 Pólen apícola..................................................................................................................
13
2.2 Uso do PA na alimentação animal.................................................................................
18
3 MATERIAL E MÉTODOS..............................................................................................
20
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO......................................................................................
26
5 CONCLUSÃO................................................................................................................
31
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................
32
INTRODUÇÃO
A produção de pólen apícola (PA) nos apiários comerciais está cada vez mais em
evidência no Brasil devido aos bons preços alcançados pelo produto no mercado consumidor
nacional e por ser uma alternativa de diversificação dos produtos apícolas.
O mercado consumidor já identificou o PA como suplemento alimentar para
combater o cansaço, aumentar a longevidade, aumentar a imunidade, combater a depressão,
etc. Sendo assim, houve um interesse crescente por parte dos apicultores em se aprimorar e
especializar sua produção para atender este novo mercado. Entretanto, apesar de haver muita
informação sobre seu uso como suplemento alimentar para humanos, o conhecimento sobre o
seu uso na alimentação animal são escassos.
Com base nos benefícios promovidos pelo uso do PA em seres humanos, espera-se
que ele possa ser utilizado como complemento nutricional para animais, melhorando a
eficiência de utilização dos nutrientes, aumentando sua absorção, melhorando o status
imunitário, acelerando o crescimento e melhorando seu desempenho produtivo.
Um dos grandes desafios encontrados a campo, na produção de frango de corte, é a
qualidade do ar dentro dos galpões,que e influencia pela qualidade da cama. Na cama, estão
presentes as bactérias produtoras de amônia, em maior ou menor quantidade, e a amônia é um
gás volátil que, uma vez no ar ambiente, pode promover problemas respiratórios e oculares
tanto em aves quanto nos trabalhadores, além de poder afetar negativamente o desempenho
dos frangos.
Esta pesquisa foi realizada para avaliar se a inclusão de PA nas dietas de frangos de
corte seria benéfica para o desempenho produtivo, rendimentos de carcaça, cortes e vísceras
comestíveis e pâncreas e para a qualidade da cama de frango e a sua viabilidade econômica.
1 REVISÃO DA LITERATURA
1.1. Pólen Apícola
O interesse em termos de produção de pólen apícola no Brasil iniciou-se
modestamente no final da década de 80 e, a partir deste momento, observou-se um declínio
com posterior retomada da produção e comercialização no final da década de 90 (BARRETO
et al., 2003).
O mercado brasileiro de produtos apícolas está avaliado atualmente em R$ 360
milhões anuais e pesquisas demonstram um potencial de curto prazo para além de US$ 1
bilhão anual (CEPLAC, 2011). A produção de pólen apícola é estimada em 200 toneladas ao
ano, sendo os maiores Estados produtores a Bahia, Santa Catarina e Paraná (BARRETO,
2004). Estima-se que, para uma abelha se desenvolver, sejam gastos 120 mg de pólen e, uma
colméia de tamanho médio, coleta de 40 a 60 kg de pólen por ano (COUTO & COUTO,
2002).
O pólen é um alimento rico em ferro e vitaminas do complexo B (particularmente
B12) e, desta forma, tem a capacidade de recuperar pacientes com anemia por restaurar os
glóbulos vermelhos a valores normais ou aumentar a hemoglobina presente no sangue
(LENGLER, 1999).
Os grãos de pólen são de dimensões microscópicas, em média 50 µm. O pólen
vegetal é o elemento reprodutivo (masculino) das plantas, produzido pelas anteras nos
estames (Figura 1) da flor de onde é coletado pelas abelhas operárias e levados para a colônia
para utilização no preparo do alimento das larvas jovens em decorrência do seu alto valor
nutritivo (WIESE,1995).
14
Fonte: Tiosan (2007)
FIGURA 1 - Anteras dos estames da flor.
As abelhas coletam o pólen das flores (Figura 2) que se aderem aos pelos do seu
corpo quando em contato com os estames. Em seguida, eles são escovados com os pentes
tibiais e aglutinados em bolotas ou grânulos (BREYER, 2007).
Fonte: Breyer (2007)
FIGURA 2 – Abelha coletando pólen.
15
Depois de pousar em várias flores, as abelhas começam a recolher os grãos de sua
cabeça, torax e abdômen transferindo-os com a ajuda das patas dianteiras e intermediárias e
colocando-os na corbículas (Figura 3).
Fonte: Breyer (2007)
FIGURA 3 – Grãos de pólen na corbicula da abelha.
As pesquisas mostram que uma colméia populosa chega a consumir 35 kg de pólen
para alimentação das crias. Para coletar 250 g de pólen as abelhas necessitam de 17 mil vôos.
A necessidade diária de pólen de uma abelha operária é da ordem de 145 mg e é necessária a
visita a 84 flores para uma abelha completar uma carga de pólen que pese até 15 mg
(BREYER, 2007).
O pólen é um pó fino e colorido existente nas flores que, quando coletado pela
abelha para sua alimentação, é umedecido com a saliva das mesmas aglutinando-os formando
um grão que será transportado até a colméia. Para a coleta de pólen nas colméias, são
utilizados equipamentos específicos para esse fim e, após ser recolhido, o pólen é beneficiado
e comercializado (WIESE, 2000; ALMEIDA-MURADIAN, 2002; BARRETO et al., 2003).
O apicultor pode apropriar-se de uma parte do pólen coletado pelas abelhas e, para
tal, utiliza aparelhos denominados coletores de pólen, armadilhas de pólen ou ainda caça-
16
pólen (Figura 4), que retira partes das bolotas presentes nas corbículas antes que as abelhas
entrem na colméia (ALVES et al., 1997).
Fonte: Magalhães (2005)
FIGURA 4 – Colméia com coletor de pólen instalado em época de produção.
Essas bolotas permanecem retidas em gavetas (Figura 5) e são recolhidas pelo
apicultor (Figura 6) em intervalos pré-determinados, para serem posteriormente processadas.
As etapas do processamento do pólen são: coleta, congelamento, secagem, limpeza e envase,
obtendo-se, deste modo, o pólen apícola desidratado (SALOMÉ & SALOMÉ, 1998).
Fonte: Moreti (1995)
FIGURA 5 – Gaveta retirada do coletor de pólen de uma colônia com boa produção de pólen
apícola.
17
Fonte: Magalhães (2005)
FIGURA 6 – Agricultor colhendo o pólen.
O pólen é um aglomerado de pólen de flores coletados pelas abelhas e misturado
com néctar e secreções das glândulas hipofaringeanas (Carpes et al., 2008) e é um suplemento
biologicamente ativo com influência positiva sobre várias funções fisiológicas do organismo.
É rico em carboidratos (2,6 a 22,4%), proteínas (15,01 a 36,73%), aminoácidos, lipídios
(aproximadamente 9,2%) sendo que 60-91% deles são ácidos graxos insaturados (Wang et al.,
2006), vitaminas A, B, C, D e E (Marchini et al., 2006), minerais, carotenóides e flavonóides
(Wang et al., 2005a). Também tem ação antibacteriana, antifúngica, antiinflamatória e
imunomoduladora e, segundo Carpes et al. (2008), apresenta atividade antioxidante
semelhante a de antioxidantes naturais como o α-tocoferol e superior a dos sintéticos como o
BHT, por possuir substâncias polifenólicas, como os flavonóides, que agem como
sequestradores de radicais livres prejudiciais à saúde (NEVES ET AL., 2009).
O PA é também considerado um alimento natural, saudável e de elevado valor
nutritivo. Na sua composição está presente grande quantidade de aminoácidos essenciais,
ácidos graxos, vitaminas, oligo-elementos, fibras vegetais, minerais e moléculas protéicas
como flavonóides (LENGLER, 1999). Além de possuir quantidades de resina, corante,
enzimas e coenzimas (MORETI, 2006).
Com relação à composição química, existem consideráveis variações quantitativas
entre as diferentes espécies de plantas, das quais abelhas coletam o pólen. De modo geral, a
18
composição nutricional do pólen apícola revela que a proteína é o principal componente do
pólen, com um valor médio de aproximadamente 24%. Os carboidratos constituem, em
média, 2% do pólen coletado e consistem, principalmente, de açúcares simples como frutose e
glicose. O pólen contém um teor médio de 5% de gorduras, sendo parte lipídios
hidrocarbonos ou ceras, os quais dificilmente são digeridos e absorvidos pelo organismo e,
portanto, contribuem com poucas calorias. Além disso, o pólen contém minerais, como
potássio, cálcio, magnésio, ferro, zinco, manganês e cobre. Assim como a maioria das plantas,
o pólen contém baixos níveis de sódio. O pólen apícola é rico na maior parte das vitaminas do
complexo B, incluindo tiamina, niacina, riboflavina, piridoxina, ácido pantotênico, ácido
fólico e biotina. Apresenta níveis variáveis de vitamina C, devido a esta ser lábil e, portanto,
facilmente degradada durante o processamento e armazenamento do produto (SHMIDT &
BUCHMANN, 1992).
O PA é rico em oligoelementos, incluindo Fe, Cu, Zn, Cr, Mn, entre outros, contém
muitas substâncias ativas, como a catalase, peroxidase, superóxido dismutase e antioxidantes.
Sendo assim, seu uso tem sido associado ao aumento do número e da atividade de células
imunológicas humorais, dos glóbulos vermelhos, à aceleração da produção de anticorpos e ao
atraso do seu desaparecimento e ainda ao aumento do número e da atividade de fagócitos
(ZUO & XU, 2003).
1.2 Uso do PA na Alimentação Animal
Como o PA é rico em proteínas, aminoácidos, vitaminas e microelementos como Fe,
Se, Zn e Mn que promovem a proliferação e diferenciação das células do sistema
imunológico, é de se esperar melhor imunidade em animais tratados com PA. Em
experimentos com frangos de um a 42 dias de idade, a inclusão de 1,5% de PA promoveu um
aumento nos pesos do baço, da bursa e do timo que são órgãos relacionados à imunidade
(WANG ET AL., 2005a). Já Zhang et al. (2005) estudaram o uso oral de 165, 330 e 660
mg/kg de PA para ratos durante 30 dias e não notaram diferenças nos pesos do baço,
entretanto, os autores relataram maiores quantidades de anticorpos, maior habilidade de
fagocitose dos macrófagos e maior atividade das células natural killer.
Segundo Wang (2005b), o Se aumenta a espessura da cortical do timo, a vitamina C
é importante para manter as células do timo reticular, os polissacarídeos do PA promovem a
produção de linfócitos T e a proliferação e atividade das células do baço e do timo e bursa,
produtores dos linfócitos T e B, respectivamente. Além disso, o PA contém superóxido
19
dismutase que é uma enzima antioxidante que previne a senescência celular nestes órgãos.
Todos estes efeitos resultam em maior nível de imunidade para os animais.
Wang et al. (2005a) incluíram 10, 5 e 1g de PA em um quilo de ração para frangos
vacinados contra a doença de Newcastle e notaram que os menores títulos de anticorpos
contra Newcastle foram obtidos no grupo controle, sem PA, indicando que o PA melhora
bastante a resposta imunológica a vacinas ou desafios até 28 dias de idade, a partir desse, os
níveis de anticorpos foram semelhantes em todos os tratamentos.
O PA pode melhorar a mineralização óssea por possuir altos teores de vitamina D,
que aumentam a absorção de cálcio. Segundo Hamamoto et al. (2006) e Yamaguchi et al.
(2007), o PA tem também efeitos estimulatórios sobre a formação de tecido ósseo e
inibitórios sobre a reabsorção óssea. Yamaguchi et al. (2006) estudaram os efeitos da inclusão
de extratos de PA sobre os componentes ósseos femorais. Os autores verificaram que houve
um aumento no teor de Ca, no teor de DNA e na atividade da fosfatase alcalina no fêmur de
ratos com o uso de 5 e 10 mg/100 g de peso corporal. Isso significa que o PA tem um efeito
estimulatório dos componentes ósseos.
Segundo Wang et al. (2005b), o uso de PA na dieta de frangos também promove o
aumento do comprimento do duodeno, jejuno e íleo durante os primeiros 14 dias de vida, o
que propicia uma maior área de absorção, melhorando a digestibilidade e retenção de
nutrientes. Além disso, a presença de enzimas digestivas no PA (Wang et al., 2006) e o
aumento do número de Lactobacillus que acidificam o intestino aumentando a absorção de
minerais e secretando amilases, proteases e fitases ,colaboram para melhorar a utilização dos
nutrientes pelas aves(Taheri et al., 2009). O PA contém aminoácidos, vitaminas, e
oligoelementos nutricionalmente benéficos para o desenvolvimento das células teciduais, para
a proliferação e diferenciação das células do epitélio e para o crescimento da microbiota
intestinal. Isso resulta em aumento da superfície intestinal para absorção dos nutrientes
(SONG ET AL., 2005; WANG ET AL., 2005b).
A utilização de PA na dieta de frangos pode resultar em aumento do peso corporal de
35,1% de um a 42 dias de idade (Wang et al., 2007), além de aumentar o peso do fígado e do
pâncreas (Song et al., 2005). Pan et al. (2006) relataram que o uso de 0,2% de PA promoveu
aumento no peso corporal das aves na 8ª semana de vida sem alteração, entretanto, da
conversão alimentar. Angelovicová et al. (2010) relataram que a inclusão de 0,1% de PA à
dieta de frangos aumentou o peso das aves em 3,8% e melhorou a conversão alimentar .
2 MATERIAL E MÉTODOS
Foram utilizados 400 pintos de um dia de idade, machos e fêmeas, com peso
inicial médio de 52,44 ± 1,76 gramas. As aves foram alojadas em galpão de alvenaria dividido
em 20 boxes experimentais de 1,85 m2 (Figura 7), portanto, em densidade de 10,8 aves/m2.O
aquecimento das aves foi feito com lâmpadas (Figura 8) sendo elas utilizadas do primeiro dia
ate 14 dias, ápos está idade foram suspensas, e utilizada somente para a iluminação.
Fonte: Arquivo Pessoal (2011)
FIGURA 7 – Distribuição dos pintinhos nos boxes.
21
Fonte: Arquivo Pessoal (2011)
FIGURA 8– Aquecimento dos pintinhos.
O delineamento utilizado foi inteiramente casualizado com quatro tratamentos e
cinco repetições, sendo que os tratamentos consistiram de níveis crescentes de PA moído na
ração dos frangos de corte. Os níveis de inclusão avaliados foram: 0, 0,5, 1 e 1,5%. A
composição determinada do PA utilizado era de 3,83% de umidade, 22,97% de proteína bruta,
3953 kcal/kg de energia bruta, 0,39% de cálcio, 0,99% de fósforo, 3,14% de matéria mineral,
1,71% de lipídios e pH 4,68.
Aos 7 e 21 dias as aves foram vacinadas contra a doença de Gumboro e aos 14
contra a doença de Newcastle. Ambas as vacinações foram realizadas via água de bebida
(Figura 9). As aves eram submetidas a jejum hídrico de três horas para garantir que elas
estivessem com sede e consumissem a água com vacina rapidamente (Figura 10).
22
Fonte: Arquivo Pessoal (2011)
FIGURA 9– Dosagem fornecimento para as aves.
Fonte: Arquivo Pessoal (2011)
FIGURA 10– Frangos bebendo água medicada.
As aves receberam ração inicial a partir do primeiro dia até 21 dias e ração de
crescimento dos 22 aos 42 dias de idade (Tabela 1). As dietas experimentais eram
isonutritivas e formuladas para atender as exigências de frangos de corte, recomendadas por
23
Rostagno et al. (2005), exceto pelos níveis de PB, EM, Ca e P, que corresponderam a 97%
dos níveis recomendados pelos mesmos autores. Tanto a água quanto as rações foram
fornecidas à vontade durante todo o período experimental.
Quando as aves atingiram 21 e 42 dias de idade, foram pesadas para determinação
do ganho de peso. As rações também foram pesadas para cálculo do consumo de ração e da
conversão alimentar. A taxa de sobrevivência também foi determinada.
Aos 42 dias, duas aves de cada box foram postas em jejum hídrico e, após oito
horas, foram pesadas, abatidas e evisceradas e foram avaliados os rendimentos de carcaça e de
cortes, bem como das vísceras comestíveis. O pâncreas também foi coletado e pesado. O peso
ao abate foi utilizado como referência para o cálculo dos rendimentos de carcaça e cortes e o
peso da carcaça foi referência para os rendimentos de vísceras.
A casca de arroz foi utilizada como material de cama em todos os tratamentos, na
quantidade de 10 kg/box. Para a análise de matéria seca, nitrogênio e fósforo totais (Silva &
Queiroz, 2002), amônia volatilizada (Oliveira et al., 2004) e pH da cama, foram coletadas
amostras em seis pontos dentro de cada box, evitando-se as áreas próximas e embaixo de
bebedouros e comedouros.
A viabilidade econômica foi calculada considerando-se os valores médios da
venda do frango vivo para abate que foi de R$ 1,90 o quilo e o valor da ração consumida. A
margem bruta foi obtida pela diferença entre o lucro bruto (peso do frango vivo x preço do kg
de frango vivo) e o custo da ração (peso da ração consumida x preço do kg de ração).
TABELA 1 – Composição e custo das dietas experimentais contendo níveis crescentes de pólen apícola (PA) desidratado (PA) para frangos de
corte.
Inicial
Crescimento
Nível de PA (%)
Nível de PA (%)
Ingredientes (kg)
0,0
0,5
1,0
1,5
0,0
0,5
1,0
1,5
Milho moído
56,10
56,10
56,10
56,10
60,00
60,00
60,00
60,00
Farelo de soja
35,06
35,06
35,06
35,06
31,30
31,30
31,30
31,30
Óleo de soja
3,10
3,10
3,10
3,10
3,65
3,65
3,65
3,65
Fosfato bicálcico
1,75
1,75
1,75
1,75
1,68
1,68
1,68
1,68
Calcário calcítico
0,78
0,78
0,78
0,78
0,80
0,80
0,80
0,80
L-Lisina 99%
-
-
-
-
0,10
0,10
0,10
0,10
Sal comum
0,50
0,50
0,50
0,50
0,48
0,48
0,48
1
0,40
1
0,40
1
0,40
2
0,40
0,48
2
0,402
0,40
Pólen apícola desidratado
0,00
0,50
1,00
1,50
0,00
0,50
1,00
1,50
Inerte
2,31
1,81
1,31
0,81
1,59
1,09
0,59
0,09
Total
100,00
100,00
100,00
100,00
100,00
100,00
100,00
100,00
Composição calculada
0,40
2
Suplemento mineral e vitamínico
3
0,40
1
4
Proteína bruta (%)
20,52
20,52
20,52
20,52
19,14
19,14
19,14
19,14
Energia metabolizável (kcal/kg)
2960
2960
2960
2960
3055
3055
3055
3055
Cálcio (%)
0,83
0,83
0,83
0,83
0,81
0,81
0,81
0,81
Fósforo disponível (%)
0,43
0,43
0,43
0,43
0,41
0,41
0,41
0,41
Lisina total (%)
1,11
1,11
1,11
1,11
1,11
1,11
1,11
1,11
Metionina (%)
0,32
0,32
0,32
0,32
0,30
0,30
0,30
0,30
Metionina+cistina (%)
0,65
0,65
0,65
0,65
0,61
0,61
0,61
0,61
Custo do kg de ração (R$)
0,69
1,00
1,31
1,63
0,82
1,13
1,44
1,76
1
cada kg contém: vit. A 1500000 UI, vit. D3 375000 UI, vit. E 5000 UI, vit K3 375 mg, vit B1 500 mg, vit. B2 1625 mg, vit B6 750 mg, vit B12 3750 mcg, niacina 10000 mg, biotina 20 mg, ácido fólico 250 mg,
pantotenato de cálcio 2500 mg, colina 65000 mg, metionina 450 g, Cu 2000 mg, Fe 8000 mg, I 250 mg, Mn 20000 mg, Se 75 mg, Zn 16500 mg, BHT 60 mg, avilamicina 2500 mg, nicarbazina 25000 mg. 2cada kg
contém: vit. A 1125000 UI, vit. D3 300000 UI, vit. E 3750 UI, vit K3 250 mg, vit B1 450 mg, vit. B2 1125 mg, vit B6 500 mg, vit B12 2500 mcg, niacina 3750 mg, ácido fólico 125 mg, pantotenato de cálcio 2500 mg,
colina 65000 mg, metionina 440 g, Cu 2000 mg, Fe 8000 mg, I 250 mg, Mn 20000 mg, Se 75 mg, Zn 16500 mg, BHT 60 mg, avilamicina 1875 mg, salinomicina 16500 mg.
3
areia lavada 4de acordo com Rostagno et al. (2005).
24
25
As análises estatísticas foram realizadas utilizando-se o SAEG, Sistema de
Análises Estatísticas e Genéticas (UFV, 2001), por meio da Análise de Variância e de
Regressão Polinomial a 5% de probabilidade.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A inclusão de PA nas dietas de frangos de corte não influenciou (P>0,05) o
desempenho produtivo das aves no período de 1 a 42 dias de idade (Tabela 2).
TABELA 2 – Desempenho de frangos de corte alimentados com dietas contendo níveis
crescentes de pólen apícola (PA).
CV1
Níveis de PA (%)
Parâmetros
0,0
0,5
1,0
1,5
(%)
1-21 dias de idade
Ganho de peso (g)
554
688
609
647
6,70
Consumo de ração (g)
755
776
779
801
6,26
Conversão alimentar
1,36
1,13
1,28
1,24
4,85
Sobrevivência (%)
97,78
98,33
97,78
98,00
4,77
1-42 dias de idade
Ganho de peso (g)
2558
2558
2505
2621
4,21
Consumo de ração (g)
4250
4083
4063
4123
2,81
Conversão alimentar
1,80
1,74
1,76
1,70
4,80
Sobrevivência (%)
97,78
97,77
97,14
97,17
2,39
1
coeficiente de variação.
O milho e o farelo de soja são ingredientes de alto valor nutritivo e, portanto, é
possível que a redução nos níveis de proteína bruta e energia metabolizável, de 3%, não tenha
sido suficiente para que o PA promovesse um efeito maior. Além disso, as boas condições de
alojamento a que as aves foram submetidas podem ter colaborado para a ausência de desafio
e, conseqüentemente, de diferença nos resultados de desempenho.
Wang et al. (2007) estudaram os efeitos da inclusão de 1,5% de PA na dieta de
frangos pesados semanalmente até 42 dias de criação e verificaram que o peso corporal das
27
aves foi maior do que das aves do tratamento controle em todas as semanas. Os autores
atribuíram este fato ao efeito trófico do PA na mucosa intestinal destas aves.
Não houve efeito (P>0,05) da inclusão de PA na ração de frangos de corte sobre
os rendimentos de carcaça, cortes nobres e vísceras comestíveis, porém, o pâncreas foi
afetado de forma quadrática (P<0,03), em que os maiores valores foram obtidos com a
inclusão de 1,5% de PA (Tabela 3). O aumento do pâncreas (Figura11) pode ter contribuído
para a maior digestibilidade da proteína bruta e maior metabolização da energia, devido à
secreção de suas enzimas digestivas.
TABELA 3 – Rendimentos de carcaça, de cortes e de vísceras comestíveis de frangos
alimentados com dietas com níveis crescentes de pólen apícola (PA).
CV1
Níveis de PA (%)
Rendimento (%)
0,0
0,5
1,0
1,5
(%)
Carcaça
80,39
82,49
86,71
84,94
5,34
Peito
27,53
27,84
31,10
29,46
4,49
Coxa e sobrecoxa
22,25
23,64
22,79
24,27
5,73
Fígado
2,18
2,21
2,14
2,02
4,03
Coração
0,63
0,63
0,57
0,58
3,69
Moela
1,62
1,84
1,24
1,81
3,22
Pâncreas2
0,18
0,16
0,21
0,22
3,02
coeficiente de variação.
2
Efeito quadrático (Ŷ = 0,18 – 0,020x + 0,034x2 r2 = 0,42)
Peso relativo do pâncreas (%)
1
0,25
0,2
0,15
0,1
0
0,5
1
1,5
Níveis de pólen apícola (%)
FIGURA 11 – Peso relativo do pâncreas de frangos de corte alimentados com dietas contendo
níveis de pólen apícola.
28
Song et al. (2005) também avaliaram os efeitos do PA nos pesos do fígado e
pâncreas de frangos e notaram que o fígado e o pâncreas eram maiores nos frangos que
receberam PA até a 4ª e 5ª semanas de idade, respectivamente, efeito não notado no presente
experimento. O fígado é uma glândula relacionada ao metabolismo de nutrientes e o pâncreas
secreta várias enzimas digestivas. Entretanto, Ke et al. (2006) que utilizaram 0,2% de
polissacarídeos de pólen apícola na ração de frangos, observaram que não houve influência
nos rendimentos de carcaça, peito e coxas na 6ª ou 8ª semana de idade.
A inclusão de PA na dieta de frangos reduziu (P<0,01) a quantidade de amônia
volatilizada da cama de frango aos 42 dias de criação, sendo que os outros parâmetros não
foram afetados (P>0,05) aos 21 e 42 dias (Tabela 4), em que o menor valor de amônia
volatilizada foi obtido com a inclusão de 0,96% de PA. Como o PA apresenta um pH baixo,
em torno de 4,0 a 5,0 segundo Marchini et al. (2006), é possível que tenha ocorrido uma
inibição das bactérias produtoras de amônia e um estímulo à proliferação das bactérias
acidófilas, que são benéficas ao organismos.
TABELA 4 – Qualidade da cama de frangos alimentados com dietas contendo níveis
crescentes de pólen apícola (PA).
CV1
Níveis de PA (%)
Parâmetros
0,0
0,5
1,0
1,5
(%)
21 dias de idade
pH
6,29
6,19
5,93
6,03
6,39
Amônia volatilizada (ppm)
12,62
14,21
10,15
16,70
10,59
Matéria seca (%)
95,28
95,69
94,44
93,93
1,49
Nitrogênio total (%)
2,28
2,22
2,03
2,36
5,37
Fósforo total (%)
0,78
0,75
0,73
0,74
5,94
42 dias de idade
pH
9,07
8,82
8,97
9,04
2,43
240,79
114,26
175,77
118,33
6,78
Matéria seca (%)
70,79
60,88
68,26
65,08
7,30
Nitrogênio total (%)
2,64
2,77
2,51
2,64
4,74
Fósforo total (%)
1,45
1,50
1,56
1,52
5,49
Amônia volatilizada (ppm)
1
2
2
coeficiente de variação. 2CV (log10X)
Efeito quadrático (Ŷ = 247,69 – 256,57x + 123,36x2 r2 = 0,42)
Amônia volatilizada da
cama de frango (ppm)
29
250
220
190
160
130
100
0
0,5
1
1,5
2
Níveis de PA na dieta de frangos de corte (% )
FIGURA 11 – Quantidade de amônia volatilizada da cama de frangos de corte alimentados
com dietas contendo níveis crescentes de pólen apícola (PA).
Segundo Sun et al. (2009), a inclusão de PA na dieta animal contribui para a
inibição de bactérias patogênicas no intestino e acelera a proliferação da microbiota normal.
Em estudos com ratos submetidos a estresse crônico, Bai et al. (2006) verificaram redução nas
bifidobactérias e aumento das enterobactérias e enterococos, indicando um quadro de disbiose
na microbiota intestinal. Porém, em ratos que receberam alimento suplementado com 5% de
PA, não houve redução das bifidobactérias mesmo em estado de estresse, revelando um efeito
protetor do PA contra a disbiose.
A inclusão de PA às dietas de frangos de corte foi viável economicamente
somente ao nível de 0,5% e até 21 dias de idade (Tabela 5). Após este período, o custo da
ração se torna elevado e com níveis de 1 e 1,5%, o custo da ração consumida é maior do que o
custo de venda das aves, tornando a inclusão do PA inviável.
30
TABELA 5 – Análise econômica da inclusão de níveis crescentes de pólen apícola (PA) nas
dietas de frangos de corte.
Níveis de PA (%)
Parâmetros
0,0
0,5
1,0
1,5
21 dias de idade
Renda da venda/frango (R$)
1,15
1,41
1,25
1,35
Custo da ração consumida/frango (R$)
0,52
0,77
1,02
1,30
Margem bruta/frango (R$)
0,63
0,64
0,23
0,05
42 dias de idade
Renda da venda/frango (R$)
4,96
4,96
4,85
5,07
Custo da ração consumida/frango (R$)
3,48
4,61
5,85
7,25
Margem bruta/frango (R$)
1,48
0,35
-1,00
-2,18
4 CONCLUSÃO
O PA não foi benéfico para o desempenho produtivo das aves, não sendo
recomendada a sua inclusão na dieta de frangos de corte.
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